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Bertoldo PDF
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HISTORIA
OE LA V!0A
D E L ."RUSTICO BERTOLDO,
LA BE BERTOLDINO SU HIJO
• Y JL>A 3>E¡ C A O A S E N O S U NIETO.
MADRID.
HISTORIA
EL RUSTICO BERTOLDO.
TRATADO PRIMERO.
h o m b r e b u s c a y no quisiera hallar?— ¡
Bert. Los animales i n m u n d o s que se I
«encuentran en la camisa.—Rey. ¿Có~ f
m o cojerías u n a liebre sin perro?—
J3ert. Esperaría q u e estuviese cocida
y e n t o n c e s la cojería.—Rey. T ú tienes
í m e n o s sesos, si se v i e r a n . — B e r t . Y
t ú mejor h u m o r si no c o m i e r a s . —
.Rey. E a , pídeme cuanto quieras, q u e
y o estoy pronto á dártelo.—Bertoído.
Q u i e n n o tiene n a d a s u y o , m a l p u e d e ASTUCIAS DE BE1\TOLDO.
d a r á otros.—Rey. P u e s ¿por q u é no
t e p u e d o dar lo que tú pidas?—Bertoí- Partióse á su casa y m o n t ó e n u n
do. P o r q u e yo ando buscando la feli- borrico viejo que t e n i a , todo llen-o d e
c i d a d , y tú no la tienes; y así no m e l a m a t a d u r a s , y se volvió á p a l a c i o a c o m -
p u e d e s dar.—Rey. P a r a saber si sny pañado de millares de m o s c a s y t á b a -
•feliz, ¿no te basta verme sentado en nos, al olor de semejante c a r n i z a , q u e
«1 trono?—Bert. Aquel que m á s alto todos juntos f o r m a b a n u n n u b l a d o ; y
se sienta, está m á s expuesto á p r e c i - llegando á l a presencia d e l r e y , a s i l e
pitarse.—Rey. Mira cuántos nobles le dijo: Bert. Ya m e t i e n e s a q u í , r e y
s e ñ o r e s q u e están aquí p a r a obedecer mío.—Rey. ¿"No t e dije y o q u e si no,
m i s órdenes.—Bert. También l a s h o r - volvías delante de m í c o m o l a s m o s -
(
V;
6 —
¿es vevi&№.~I!er t. T ú lo h a s a d i v i ' con evpuma.—Rey. P u e s m i r a , ш a u
nado, y no m e p u e d e s c a s t i g a r e n des que s e r á s b i e n recibido,
virtud de la p a l a b r a q u e m e diste.— P r e s e n t a r o n á Bertoldo d e l a n t e d e
Лет/. Quedas perdonado; y d i g o q u e la reina, l a c u a l estaba noticiosa d é l a
eres t ú m a s inventor de enredos q u e b u r l a q u e h a b í a hecho á l a s m u j e r e s ;
el mismo Merlin. A h o r a conozco q u e el dia anterior h a b í a h e c h o a p r e s t a r
las infelices m u j e r e s h a n tenido m i l a l g u n o s g a r r o t e s , y ordenó á l a s c r í a
razones de m o s t r a r s e c o n t r a m í t a n das lo e n c e r r a s e n en u n c u a r t o y l e
i r a c u n d a s ; y t ú , p u e s , m e h a s dado] sacudiesen bien el polvo; pero c u a n d o
ocasión de decir j n a l de ellas (lo q u e le vieron de t a n m o n s t r u o s a figura ве
siento mucho) desde a h o r a m e d e s retiraron, y l a r e i n a dijo:—Reina. [Jo
d i g o y arrepiento, y d e n u e v o vuelvo s u s q u é figura d e mico!—Ber t. Dijole
á decir q u e el h o m b r e sin 2a mujer la zorra al lobo ¿qué haces, b o b o t
es como la v i ñ a sin poda, j a r d í n sin Reina. ¿Cómo t e llamas?—Ber t. Y o
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fuente, rio sin b a r c a , p r a d o s i n y e r b a , no llamo á n a d i e , y cuando m e l l a m a n
m o n t e sin leña, e s p i g a sin g r a n o , á r respondo. —Reina. ¿Cómo t e apelas?
bol sin fruto, palacio s i n balcones, tor — Bert. Yo no m e acuerdo q u e j a m á s
r e sin escalera, rosa s i n olor, pino sin m e h a y a n pelado,
sombra, d i a m a n t e s i n brillo, en fin.... Mientras q u e l a reina hacía p r e g r m
—Bert. U n borrico s i n cabeza.—Rey. t a s á Bertoldo, u n a de las criadas v e
Gran bestia QTQS.—Ber t. T ú me h a s n í a por detrás con u n j a r r o de a g u a
conocido el p r i m e r o ; b i e n veo que p a r a mojarle; pero advirtiólo él, y p a r a
proteges m u c h o á las mujeres; y así libertarse del c h a p a r r o n inventó u n a ?
« a r g ó sobre otro.
titilábase presente u n palaciego, el • h a s estado h a s t a ahora?—Bert. Donde
j;ual solo servia de bufón; su n o m b r e b e estado n o podia.estar n i n g u n o m á s
e r a F a g o t o , era s u m a m e n t e p e q u e ñ o que yo.—Rey. ¿Y q u é h a c e n tu padre,
y d e e x t r a ñ a figura. -Llegóse al r e y , y m a d r e , h e r m a n o y hermana?—Bertol-
l e d i j o : Señor, te pido la g r a c i a de per- do. Mi padre es deshacedor de u n daño,
m i t i r m e examinar á este salvaje, y m i m a d r e hace á u n a v e c i n a lo q u e
enseñarle el modo que debe o b s e r v a r , no h a r á m á s , m i h e r m a n o cuantos
ea estos l u g a r e s respetuosos. Kespon- j h a l l a tantos m a t a , y m i h e r m a n a efltí.
dióle el r e y , q u e era gustoso en ello; < llorando lo q u e h a reído a n t e s . —^Rey^,
volvióse F a g o t o á Bertoldo y le dijo: j Descíframe estos e n i g m a s , que/no l o s
padre está en el campo cerrando n n a l »plicn, a c e p t a n d o l a instancia y h a -
senda con espinos p a r a que n o pasen b e r l a s partícipes de todo. E s p e r a m o s
los caminantes. Mi m a d r e cierra los »que V. M., como m u j e r , recomen-
ojos á u n a vecina q u e a c a b a de morir. »dará con toda eficacia esta g r a c i a . »
Mi h e r m a n o está al sol m a t a n d o los Después que el rey se h u b o h e c h o
piojos de su camisa. Mi h e r m a n a h a c a r g o de la pretensión tan d e s a t i n a d a ,
pasado el año r i e n d o , y ahora está se volvió á Bertoldo, y le reveló t o d o
con los dolores del p a r t o . —Bey. ¿Cuál el contenido del papel, el cual no p u -
ss el dia m a s l a r g o q u e hay?—Bert. do reprimir la risa. Entonces el r e y l e
Aquel que u n o se q u e d a sin comer.— dijo: y a sé q u e para todo hallas b u e -
Bey. ¿Cuál es l a y e r b a q u e h a s t a el n a salida, y p u e s estás colmado d e
ciego la conoce?—Bert. L a ortiga.— i n v e n t i v a s y astucias, quiero q u e t e
Bey. ¿Cuál es la c o s a m á s atrevida e n c a r g u e s de resolver este n e g o c i o .
que hay?—Bert. E l viento que entra En efecto, se fué Bertoldo á la p l a -
por debajo del vestido de las m u j e - za, c o m p r ó u n pajarillo, y le metió e n
res.—Rey. ¿Y cuál es la cosa m á s cla- u n a cajita. L a que llevó al r e y dicién-
ra que hay?—Bert. El ñi&.~liey. Más dole q u e e n t r e g a s e aquella cajita d e
que la leche?—Bert. Más aún.—Bey. p a r t e de la r e i n a á las p r e t e n d i e n t e s ,
Si no m e h a c e s v e r esto que dices te i con el p r e c e p t o de q u e á la m a ñ a n a
m a n d a r é castigar.—Bert. ¡Oh y qué s i g u i e n t e t e n í a n que traerla á'palacio
felicidad es la de l a corte! e n la m i s m a forma que se les e n t r e -
Buscó Bertoldo u n cubo de leche, g a b a , y se les concedería l a g r a c i a
y sin que nadie l e viera le llevó al q u e p r e t e n d í a n . Recibieron las m u j e -
cuarto del r e y c e r r a n d o las p u e r t a s y res aquella cajita m u y gozosas y c o n -
balcones: entró el r e y en el cuarto, y soladas por ver que iban á q u e d a r s a -
como no veía, tropezó con el cubo tisfechos s u s deseos.
faltando poco p a r a q u e cayera. Acu- L u e g o que se vieron lejos de la p r e -
dieron al ruido, abrieron los balcones, sencia de S. M . las dominó tal c u r i o -
y vieron el cuarto lleno de leche. El sidad de saber lo que aquella cajita
r e y se mostró enfadado, pero cono- e n c e r r a b a , q u e empezaron las m á s
ciendo que aquello h a b í a sido u n ar- curiosas á decir: veamos lo q u e h a y
did de Bertoldo, le dijo: eres u n a s t u - a q u í d e n t r o : y aunque a l g u n a s s e
to villano, y á c a d a cosa hallas fácil "opusieron á ello por lo que les p u d i e -
salida. r a suceder, al fin, después de m u c h o s
Llegó á este tiempo de parte de la debates, se resolvieron á a b r i r l a ; y
r e i n a u n mensajero á la presencia a p e n a s q u i t a r o n la tapa, voló el p a -
del rey y haciéndole su a c a t a m i e n t o , jarillo con t a n t a velocidad, q u e no
le presentó un paviel que contenía lo pudieron ver de qué clase era; con lo
siguiente: q u e q u e d a r o n confusas y a p e s a d u m -
«Señora: H a c e m o s presente á V. M. b r a d a s .
»fpara. que interceda con el rey) las Habiendo sabido la reina el c a s o , lo
g u s t a s razones de todas l a s nobles de sintió m u c h o ; pero con todo, se a n i -
t e s t a ciudad, s u p l i c a n d o rendidamen- m ó , y con la comitiva de m u j e r e s , s e
t e nos conceda el p o d e r asistir en presentó al r e y ; e n t r a r o n con la c a b e -
¡¡dos consejos, g o b e r n a r y senten- z a baja y l l e n a s de confusión. L a r e i -
c i a r , como es permitido á los h o m - n a saludó al r e y , diciéndole e n s e g u i -
»bres; p a r a esto a l e g a m o s que h a h a - da, como l a casualidad h a b i a p e r m i -
sóido ejemplares d e mujeres que h a n tido q u e u n a de aquellas matronas»
^mandado imperios y reinos habiendo m á s c u r i o s a q u e d a s otras, t u v o i m -
«también salido á c a m p a ñ a como los pulsos de v e r lo que encerraba-la c a j a
»má¡j esforzados c a m p e o n e s , así que, i q u e les h a b i a encomendado, h a b i é n -
sesperan no será d e s p r e c i a d a s u sú- , dose escapado el pajarillo sin poderle
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r e m e d i a r , por Jo que las demás c o n d o - revientes m e h a s de h a c e r u n a corte-
lidas le suplicaban las perdonase, sía, m a ñ a n a lo veremos; a h o r a te p u e -
E l r e y , fingiéndose enojado, se v o l - des r e t i r a r . y
vio á ellas con rostro airado, y las Se despidió Bertoldo, y aquella no-
dice: ¿Sois vosotras las que habéis che hizo el rey bajar l a p u e r t a de su
dejado escapar el pajarillo? ¡Ah, rnuje- g a b i n e t e de m a n e r a que no se pudiese
res locas! ¿Y con tau poco juicio tenéis . e n t r a r sin tener q u e bajar con p r e c i -
alientos p a r a pretender entrar en l o s ' sion la cabeza, solo con el fin de que
consejos de mi corte? ¿Cómo podríais cuando entrase Bertoldo tuviese que
g u a r d a r u n secreto de entidad que bajarla, cumpliéndose así el deseo del
i m p o r t a r a á mi reino? Volved á vues- rey de que hiciese r e v e r e n c i a ,
t r a s casas, y ejercitar vuestros oficios Volvió á la m a ñ a n a s i g u i e n t e el
mujeriles, y dejad el gobierno á los 'astuto Bertoldo, y r e p a r ó e n la p u e r t a ;
hombres. conoció la idea del r e y p a r a hacerle
Se fueron las pobres mujeres tan bajar la cabeza al t i e m p o de e n t r a r ,
desconsoladas y llenas de v e r g ü e n z a , pero el g r a n socarrón, en l u g a r de
q u e n u n c a volvieron á tocar tal espe- e n t r a r de enfrente, se volvió de espal-
cie. E n t o n c e s el sutilísimo Bertoldo das, y le h o n r ó con el fiador,
volvió á salir con g r a n d e risa, y vién- El r e y se admiró de s u g r a n sutile-
dole el r e y le dijo: Rey. Esto h a sido za; no obstante, se fingió a l g o enfada-
u n a ' b e l l í s i m a invención, y nos h a do contra él y le dijo: idiota, rúslico
salido bien.—Bert. Bien va la c a b r a y descortés, ¿cómo e n t r a s en mi cuar-
coja, c o m o el lobo no la coja.—Rey. to de esa m a n e r a ? A lo q u e contestó
¿ P u e s p o r qué dices eso?—Bert. Por- Bertoldo diciendo, q u e el c a n g r e j o se
q u e m u j e r y fuego hallan l u g a r l ú e - lo h a b í a e n s e ñ a d o .
go.—Rey. Quien se sienta en la or- En s e g u i d a se puso á referir u n a
t i g a a l g u n a , vez le pica la h o r m i g a . — fábula de las a v e n t u r a s de un c a n g r e -
Bert. Quien al aire escupe en la c a r a jo, que por l a p r e c a u c i ó n que tenia de
l e cae.—Rey. Quien orina en la nieve a n d a r hacia a t r á s , p u d o escaparse con
l u e g o l a deshace.—Bert. Quien l a v a vida de lances m u y p e l i g r o s o s , por lo
l a c a b e z a al asno pierde j a b ó n y tierrí- cual dejó ordenado e n s u testamento
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P.
TRATADO ...SEGUNDO
RIDÍCULAS SIMPLEZAS DE B E R T O L D I N O .
3 ue á m í no m e conviene t a n t a g r a n -
eza. Yo, señor, vivo a v e r g o n z a d a de
ver que de u n p a d r e t a n entendido y
sentencioso como Bertoldo, h a y a s a -
lido u n hijo t a n rudo y simple, c u y a
i g n o r a n c i a es t a n t a , q u e p r e g u n t a al
levantarse de la c a m a , cual es lo p r i -
mero que h a de p o n e r al suelo, si los
pies ó la cabeza: q u e es á c u a n t o p u e -
de llegar la i g n o r a n c i a . — R e y . ¿.Es
verdad esto, Bertoldino? ¿Qué dices t ú
á eso?—Bert. Yo d i g o q u e quisiera te venir t a n sofocado, le p r e g u n t ó e l
fueses pronto de a q u í , porque m i e n - motivo de su alteración, y Bertoldino
tras estás n o puedo i r m e á m e r e n d a r . le explicó todo c u a n t o le h a b í a s u c e -
—Marc. ¡Ah! picaro i n g r a t o . ¿Son dido con las r a n a s , y de como para
esas p a l a b r a s decentes p a r a decirlas á d e s e n g a ñ a r l a s l a s h a b í a echado todos
nuestro dueño y señor, después que los escudos del cofrecillo que el rey
nos hace t a n g r a n d e s beneficios?— les h a b í a r e g a l a d o , p a r a q u e viesen
Rey. Tiene m u c h í s i m a razón en lo que q u e e r a n m a s de cuatro. Al oir esto
dice, y ahora digo q u e n o es t a n tonto Marcolfa, exclamó: ¡ay pobre de m í !
como lo haces; y a m e v o y , quédate en Salvaje, i n c a p a z , no sé como no te
paz, y no os olvidéis de venir á verme; a h o g o entre m i s u ñ a s . ¿Qué dirá el
y adiós, h a s t a la p r i m e r a visita.— r e y c u a n d o t e n g a noticia d e s e m e j a n -
Marc. El cielo te g u a r d e y t e dé todo te locura? E s n a t u r a l se irrite y_ n o s
lo q u e desea m i g r a t i t u d . despida p o r t u culpa: ¡qué m a n i á t i c o
L u e g o q u e se fué el r e y , quedaron h u b i e r a h e c h o locura m a s desatinada!
Marcolfa y Bertoldino hechos dueños Oyendo Bertoldino q u e las r a n a s s e -
de la casa de recreo q u e les acababa g u í a n c a n t a n d o en l a m i s m a f o r m a ,
de ceder S. M., y entre los jardines y no p u d i é n d o s e contener de e n c o l e -
h a b í a un e s t a n q u e q u e contenía g r a n rizado q u e e s t a b a , i m a g i n ó q u e á f u e r -
diversidad de pesca, y q u e como es za de bocaditos de p a n c o n s e g u i r í a
n a t u r a l se criaban t a m b i é n r a n a s . Un a t r a e r l a s á la orilla y cogerlas. C o n
dia que Bertoldino e s t a b a asomado al esta idea a g u a r d ó el prime?@lescuido
borde del estanque divirtiéndose, r e - de su madre,, se fué á donde estaba el
paró en u n g r a n n ú m e r o de r a n a s que p a n , lo partió todo en bocados, volvió
cantaban m u y recio; y como en su al estanqiie y lo echó dentro; pero al
canto particular p a r e c e q u e dicen cua- caer en el a g u a , t o d a s las r a n a s s e
tro, cuatro, Bertoldino creyendo le bajaron al h o n d o , y los, peces s u b i e -
decían que el rey n o les h a b í a dado r o n a r r i b a h comer el* p a n . Viendo
mas que cuatro escudos (habiéndoles Bertoldino q u e no le h a b í a salido l a
dado mil), fué corriendo á su casa cosa como se creía, fuese á casa r a -
— SI —
bioso, c a r g ó con un snco de h a r i n a tinos y locuras que ejecuta c o n t i n u a -
con el fin de echársela'á los ojos y m e n t e . — Rey. ¿Qué es lo q u e h a h e c h o ?
c e g a r l o s . Con este disparate echó al ¿Se h a meado e n la cama?—Marc. S e -
e s t a n q u e todo el saco de la h a r i n a , ñor, es m u c h o peor.-—Rey. ¿Se h a
y volvióse á casa n l u y satisfecho de movido ó aflojado el vientre?— Mar-
que h a b í a t o m a d o v e n g a n z a , dejando colfa. Mil veces peor.—Rey. P u e s q u é
los peces ciegos. cosa peor y m á s sucia p u e d e h a b e r
H a b i e n d o hecho Bertoldino la boba- hecho?—il/<m?. Señor, c u a n d o te lo di-
d a referida, reparó que en un rincón g a , yo sé que te h a s de enfadar, y c o n
de la casa h a b í a u n a g a l l i n a clueca m u y j u s t a razón: y así te v u e l v o á de-
e n u n cesto empollando unos h u e v o s ; i cir que h u b i e r a sido m u c h o mejor que
se fué á ella, la echó fuera, y él se en- nos hubieras dejado e n n u e s t r a s m o n -
cajó dentro de la cesta, poniéndose en t a ñ a s , p o r q u e no fueran c o n o c i d a s de
acción de empollarlos. Estando metido nadie las tontadas de este necio.—
e n la cesta, llegó Marcolfa, que venia Rey. ¿Pues q u é ' h a h e c h o este p o b r e ,
de la c i u d a d de ver á la reina y darla que s e g ú n lo ponderas s e r á a l g ú n de-
ú n rato de diversión y g u s t o , que le lito gravísimo? Dime p r e s t o , y n o t e
tenia m u y g r a n d e cada vez que veía aflijas, que le perdono al i n s t a n t e ,
á Marcolfa; llegó á casa y llamó á la sea lo que fuere.
puerta, q u e extrañó e n c o n t r a r l a cer- Marcolfa contó al rey todo lo q u e l e
r a d a , y empezó á dar voces, diciendo: h a b í a sucedido con Bertoldino; lo de
—Marc. Bertoldino, Bertoldino, ven, los escudos, el p a n arrojado á las r a -
hijo, y á b r e m e la p u e r t a . — B e r t . Yo n a s , y la h a r i n a á los p e c e s ; y p o r ú l -
no p u e d o ir á abrirte, porque estoy e n t i m o , la s a c a d u r a de los pollos, con
la cesta de la clueca.—Marc. ¿Y q u é todos los demás desatinos q u e h a b í a
haces del cesto?—Bert. Estoy s a c a n d o ejecutado. El rey, en l u g a r de r e p r e n -
los pollitos que ahora e m p i e z a n á n a - derle, empezó á reir de tal forma, q u e
cer, y siento y a que uno m e está p i - a p e n a s podía tenerse de pió; y vuelto á
c a n d o e n las posaderas.—Marc. ¿Tú Marcolfa, la dijo: q u e si e r a n aquellas
sacar pollos? ¡Oh, n u n c a h u b i e r a v e - las g r a v e s culpas q u e q u e r í a d e c i r ,
nido con este tonto! Bertoldino, B e r - pues aquello no eran cosas de g r a n d e
toldino, ábreme.—-Bert. E s p e r a u n entidad: antes h a b í a h e c h o m u y bien
poco, q u e y a voy.—Marc. ¡Ah picaro e n s e ñ a r á las r a n a s c ó m o h a n de h a -
infame! ¿Qué h a s hecho? ¡Puerco, m i - blar . En s e g u i d a m a n d ó q u e e n t r a s e n
r a cómo estás e m p r i n g a d o , y q u é b u e - al cuarto de la r e i n a p a r a q u e tuviese
n a h a c i e n d a has puesto! ahora m i s m o u n rato de diversión con ellos.
voy á pedir al rey licencia p a r a q u e m e E n t r a r o n Marcolfa y Bertoldino en
deje volver a la montaña, pues con los el cuarto de la r e i n a , la c u a l los r e c i -
desatinos y brutalidades tuyas, n o es bió con cariño. Hallábase p r e s e n t e u n a
posible p o d e r vivir entre g e n t e s ; a h o r a doncella de la real s e r v i d u m b r e l l a -
conozco la prudencia de que usó t u m a d a Librada, con la q u e Bertoldino
p a d r e en no querer revelar á n a d i e t r a b ó u n a q u i m e r a diciéndola m i l des-
que t e n í a hijos, conociendo q u e t ú n o v e r g ü e n z a s , h a s t a q u e la r e i n a le dijo:
servirías m á s que de sonrojo y v e r - Reina. Calla, Bertoldino, y dime: ¿Có-
g ü e n z a . ¡Oh Bertoldo miol ¿si t ú vie- m o haces eso con m i doncella?—Ber-
r a s esto, qué dirías? toldino. El r e y m e lo m a n d ó , y si no
D e s p u é s de estos deoates, Marcolfa p r e g ú n t a s e l o á m i m a d r e . —Reina.
y Bertoldino se fueron á'ver al rey; y ¿Es cierto esto, Marcolfa?—Mar. S e -
Marcolfa, después de hecho el s a l u d o renísima señora, y o v a r i a s veces h e
correspondiente, le dijo de esta m a n e - dicho al rey q u e este m u c h a c h o n o
ra: Marc. ¡Ah señor! este hijo m e tiene conviene dentro de l a corte, y que
s u m a m e n t e desazonada con los desa- . p u e d e ser perjudicial en a l g u n a ' _ o c a -
— 22 —
sion, p u e s no iodos se hacen cargo ayudes en u n a cosa m í a de i m p o r t a n -
n i reflexionan que está fatuo. Vuestro cia.—Mate. El haber menester nace
esposo antes de e n t r a r le h a dado li- de l a necesidad; la necesidad viene d e
cencía p a r a que h a b l a s e como le p a - la pobreza, y l a pobreza viene de aque-
reciese, con toda libertad; y como este lio que se carece, y h a b i é n d o m e t ú
b r u t o todo lo entiende como s u e n a , menester vienes á ser m á s pobre q u e
¡habiendo oido l l a m a r á v u e s t r a doñee- yo: y así c l a r a m e n t e t e he probado q u e
lia con el nombre de L i b r a d a , h a pen- por g r a n d e y poderoso que sea u n o
sado el salvaje q u e el r e y le habia d i - siempre h a m e n e s t e r . — Ruina. T ú t i e -
cho que le dijese c u a n t o le viniese á n e s m u c h í s i m a razón, y te a s e g u r o
l a boca, y ' e s t e h a sido el motivo. que n u n c a m e alabaré de ser t a n feliz.
Cuando la r e i n a oyó semej ante t o n - que no t e n g a en este m u n d o necesidad
tería se echó á reir sin poderse c o n t é - de n a d i e . H a s de saber que esta noche
jaer, y j l u e g o después en tono serio le pasada la t u v i m o s m u y divertida con
dio u n a b u e n a reprensión, diciéndole: u n a g r a n función de música y baile,
que e n adelante no se desvergonzara y ni iin se determinó hacer u n j u e g o ;
con s u s d a m a s y n o fuese descortés, entre las d a m a s y caballeros, y el q u e
porque de lo contrario esperimentaria perdiera en él p a g a r í a u n a p r e n d a y ;
reina, la cual la hizo sentar j u n t o á sí; ciso beber a g u a por necesidad; porque
y con a m o r y apacible rostro, la dijo: si tuviera a g u a para moler, t e n d r í a
'Mein-a. Querida Marcolfa, y o t e n g o dinero p a r a c o m p r a r vino. Esta es l a
precisión de tu persona p a r a que m e , explicación del e n i g m a . ¿Estáis e n t e -
máut—Reina. Ya quedo h e c h a c a r g o , dio l a d e s g r a c i a de q u e a t r a v e s a n d o
y v e r d a d e r a m e n t e conozco que esta es por encima de u n e s t a n q u e de a g u a ,
s u p r o p i a i n t e r p r e t a c i o n , y que y o n u n - se rompió el cinto donde e s t a b a n s u -
ca h u b i e r a adivinado.—Marc. Señora, j e t a s , y el pobre cayó de cabeza d e n -
a h o r a c o n vuestro permiso me iré á tro del a g u a , pero c o m o la f o r t u n a
mi casa, q u e creo hallaré a l g u n a n o - está g u a r d a d a p a r a los t o n t o s , d e s p u é s
vedad.—Reina. Anda, vete m u y en- de h a b e r s e zambullido m u c h a s veces:
h o r a b u e n a , y te encargo que v e n g a s en el a g u a , salió fuera sin lesión a l -
á verme m á s á menudo. g u n a . L l e g ó Marcolfa e n este t i e m p o :
ínterin q u e Marcolfa había ido á h a - viéndole hecho u n a sopa, le p r e g u n t ó
blar con la reina, Bertoldino se entró lo q u e le h a b í a sucedido; y d e s p u é s
en el corral, vio volar u n a infinidad ele que Bertoldino la h u b o i n f o r m a d o d e
g r u l l a s ; y discurriendo g r a n d e s a r b i - todo, fué á buscar u á vestido p a r a q u e
trios p a r a oojerlas, no halló otro m á s se quitase.el mojado, q u e d á n d o s e e n -
fácil q u e el de •emborracharlas: se fué tretanto en cueros; y como e r a en lo
á la b o d e g a , tomó .un barril de vino más ardiente del mes d e J u l i o , e m -
m u y especial, y c a r g a n d o con él lo pezaron á acribillarle l a s m o s c a s p o r
echó en la artesa, y fué á esconderse todas partes sin que pudiese librarse
p a r a v e r el efecto que baria: a p e n a s lo de su furor; h a s t a q u e l l e g ó á e n f a -
ejecutó, c u a n d o bajaron las g r u l l a s al darse t a n de veras, q u e c o g i e n d o u n
olor del vino-, tanto bebieron q u e e m - manojo de c a m b r o n e r a s , empezó &
pezaron á caer por. u n lado y por otro i desafiarlas á u n a s a n g r i e n t o b a t a l l a
como m u e r t a s . Viendo Bertoldino tal | h a s t a q u e llenó el cuerpo de l l a g a s . A
espectáculo, fué con g r a n d e a l e g r í a
recogiéndolas y colocándolas alrede-
dor del c i n t o , las llevaba ensartadas
por los pescuezos, y determinó salir á
recibir á s u m a d r e con aquel trofeo.
L u e g o q u e la vio venir de lejos, em
pezo á saltar y á g r i t a r de alegría; pero
sucedió q u e con. su continuo m o v i -
miento y el h a b e r pasado a l g ú n tiem -
po q u e l a s g r u l l a s h a b í a n digerido y a
el vino, empezaron á s e n t i r l a opresión
del cinto, esforzándose p a r a sacudir
l a s alas p o r si poúian escaparse. De esto llegó Marcolfa, y v i e n d o q u e s o
tal s u e r t e apretaron los vuelos, que estaba desollando vivo, le quitó l o s
c o m o e r a n m u c h a s consiguieron l e - manojos, cubriéndole s u s . e n s a n g r e n -
vantarle á bastante a l t u r a . Marcolfa, tadas carnes; púsole en l a c a m a , p o r -
q u e v e n i a de la ciudad, r e p a r ó que que no podia tenerse m á s e n pié ya
Bertoldino a n d a b a levantado p o r el por la caída e n el e s t a n q u e , y a t a m -
aire, y no sabiendo el motivo de u n a bién p o r lo d e s a n g r a d o q u e e s t a b a , de
cosa t a n e x t r a ñ a , t r é m u l a y confusa, suerte que p r e s e n t a b a u u l a s t i m o s o
empezó á g r i t a r y á exclamarse d i - espectáculo. F u é Marcolfa a l p u n t o á
ciendo: [Ay pobre de mí! ¡Ay q u e las b u s c a r á u n médico con el q u e volvió
g r u l l a s se llevan á mi hijo! ¡Dios sabe á casa al cabo de poco r a t o : e n t r a r o n
si le volveré á ver más! ven, m u e r t e , y al cuarto de Bertoldine q u e e s t a b a
acaba c o n m i g o , y con esto me quita - d u r m i e n d o , y el médico a c e r c á n d o s e
ras tantos disgustos pomo paso. á la c a m a le descubrió u n poquito
' Mientras Marcolfa se quejaba de s u p a r a ver como estaba d e s u s h e r i d a s ,
desdicha, l a s g r u l l a s volvieron el v u e - • a c u y o tiempo despertó Bertoldino» y
lo hacia el suelo; y c a s u a l m e n t e s u c e - ¡ volviéndose á su m a d r e la dijo; S&r
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toIdino.iQiúéu es ese n o m b r e que está a p u r o , y en c u a n t o se sintió tm poco
contigo? ¿Es a l g ú n capador? Pero no aliviado, Marcolfa le hizo u n a b u e n a
importa, que á tí,no te h a n d e c a p a r . porción de p u c h e s , las que se c o m í é
Señor F i g u r a , q u í t a t e de delante de con b u e n a p e t i t o , y con el peso d e
mí, p o r q u e . . . A g r a d e c e q u e estoy ellas se fué debajo de u n árbol para,
d u r m i e n d o , que si n o m e h a b i a de l e - a l i g e r a r s e el c u e r p o .
v a n t a r y darte t a n t o s palos como p u e - L u e g o q u e se sintió b u e n o p a r a ir h
de llevar u n borrico.—Méd. Solo esto la ciudad, el r e y le m a n d ó á b u s c a r
m e faltaba: v a y a , d u e r m e , d u e r m e , con un coche; y cuando le vio p r e s e n -
que p a r a m i h a sido u n a fortuna el te, le dijo: Bey. ¿Cómo estás, Bertol-
q u e t ú n o estés despierto. Marcolfa, y a d i n o , cómo te sientes?—Bert. Yo estoy
heconocido la enfermedad, y o t e envia- de pié, y siento tocar las c a m p a n a s .
r é t r e s pildoras capilares p a r a que se le —Bey. Lo que y o te p r e g u n t o es si t e
d e s c a r g u e la cabeza; le pondrás u n a sientes m a l o ó bueno.—Bert. P u e s si
por tres m a ñ a n a s consecutivas, y con y a te he dicho que siento tocar l a a
esto espero que en p o c o s dias se p o n - c a m p a n a s ¿no siento bien?-~i2ey. Ea*
drá b u e n o , y no h a y q u e t e n e r cuida- pues y a q u e n o quieres responder ade
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TRATADO T E R C E RO .
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—. 28 —
él deseo de m a n d a r l e á la corte. la cabeza con este garrote, pues no c o -
Mientras estaban discurriendo elmodo noces aun quién soy.
q u e h a b i a de u s a r p a r a llevárselo, oyó Es menester advertir que Herminio,
a D o m i n g a , m u j e r de Bertoldino, que mientras hablaba con él hacia varios
Tenia c a n t a n d o esta coplilla: movimientos y ademanes con las ma-
nos. Cacaseno creyó que le. quería s a -
Dicen soy la pastorcilla car los ojos, se enfadó, alzó el palo, y
Más cariñosa y más tierna, lo quiso dar en la cabeza; pero Mar-
• Dé cuantas en nuestro valle colfa llegó al punto, y le sacudió u n
Sus ganados apacientan; buen bofetón, con lo que le hizo m u y
Yo me pongo sonrojada presto bajar el palo; empezó á gritar
Sentada en la alfombra amena, Cacaseno, de suerte que parecía un-
Que de rosas matizada becerro, ó por mejor decir, un lecho»
Abril cede á su belleza... cuando le degüellan; corrió entonces-
E n este tiempo entró Bertoldino y Dominga, le llevó un gazpacho para
reconociendo á su n u e v o huésped, se aquietarle, y le dice: Dom. J¿Quó t i e -
saludaron y abrazaron cordialmen- nes t ú , Cacaseno mió, que tanto chi-
te. E n aquel m o m e n t o entraron Do- l l a s ? — Cacas. IT, n, ú; que la abuela,
m i n g a (mujer de Bertoldino) y Cacase- me lia pegado porque me lie defendido,
n o con manojos de e s p á r r a g o s y r e - ú, ú, ú, de ese hombre que me quería,
quesones que t r a í a n d e su cortijo: h i - sacar los ojos con los dedos, á, a, á.
riéronse l o s saludos u n o s y otros, y — Dom. Calla, Cacasenito ¡mió, que
Herminio dijo: Herm. ¿Eres t ú aquella hemos de hacer que la abuela v a -
m o c i t a que cantaba?—Dom. No señor, I y a descalza á l a c a m a , ¿sí, sí, hijo
era u n a pastora nuestra.—jifafe. ¡Ah 1 mió? E a , escupe y verás como la c a s -
mentirosal Si, señor, era ella, y sabe co.— Herm. No es cierto lo q u e dice
« a n t a r m u c h a s coplillas graciosas.— de que le q u e r í a sacar los ojos; v a m o s ,
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puede seguir a tu casa estando ausen- Mis señores: Siendo tan debido el
te sería m i m a y o r g u s t o el q u e te que- obedecer los preceptos de vuestras ma-
daras á vivir en l a corte; p u e s tendría jeslades, me obliga d participar mi
contigo u n a vida c o n t e n t a y m u y g u s - arribo d esta humilde choza; pomo
tosa. omitirlo, mi obligación se vale de la
Mandó el r e y á su m a y o r d o m o que ocasión del retorno del literero á esa.
entregase doscientos escudos áMarcol corte, añadiendo á vuestras majes ta-
fa, y la reina se quitó del dedo u n a sor- des, hemos sido recibidos con grandi-
tija de esmeraldas y se l a dio para q u e simo aplauso de Bertoldino y Bomin-
en su n o m b r e l a r e g a l a s e á Dominga, ga, habiéndoseles aumentado mucho el
El mayordomo se partió p a r a obe- alborozo con los regalos con que nos
decer la orden que se le h a b i a dado; habéis honrado, de lo que os damos to-
pero de m u y m a l a g a n a , dándose pal- dos juntos muy rendidas gracias. No
madaa y encogiéndose de hombros, escribo cosa particular de Üacaseno,
x iba diciendo: ¡oh, q u é desatinos come porque el literero sale hoy por la ma~
' íjen algunos señores, e n a p o y a r y p r o - ñaña muy temprano, y ¿{todavía está
t ^ e r tontos como a l presente se vé en la cama, y así esta mia servirá de
• cifo este señor, que m a n d a d a r dos un pequeño reconocimiento, mientras
ciíáitos escudos á estos monos, que 3on yo y toda mi familia deseamos á vues-
P í a p r i s i ó n de la corteI Mejor p r e m i a I 'iras majestades todas las mayores je-
l
asa, ^