Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Esta es una copia digital de un libro que, durante generaciones, se ha conservado en las estanterías de una biblioteca, hasta que Google ha decidido
escanearlo como parte de un proyecto que pretende que sea posible descubrir en línea libros de todo el mundo.
Ha sobrevivido tantos años como para que los derechos de autor hayan expirado y el libro pase a ser de dominio público. El que un libro sea de
dominio público significa que nunca ha estado protegido por derechos de autor, o bien que el período legal de estos derechos ya ha expirado. Es
posible que una misma obra sea de dominio público en unos países y, sin embargo, no lo sea en otros. Los libros de dominio público son nuestras
puertas hacia el pasado, suponen un patrimonio histórico, cultural y de conocimientos que, a menudo, resulta difícil de descubrir.
Todas las anotaciones, marcas y otras señales en los márgenes que estén presentes en el volumen original aparecerán también en este archivo como
testimonio del largo viaje que el libro ha recorrido desde el editor hasta la biblioteca y, finalmente, hasta usted.
Normas de uso
Google se enorgullece de poder colaborar con distintas bibliotecas para digitalizar los materiales de dominio público a fin de hacerlos accesibles
a todo el mundo. Los libros de dominio público son patrimonio de todos, nosotros somos sus humildes guardianes. No obstante, se trata de un
trabajo caro. Por este motivo, y para poder ofrecer este recurso, hemos tomado medidas para evitar que se produzca un abuso por parte de terceros
con fines comerciales, y hemos incluido restricciones técnicas sobre las solicitudes automatizadas.
Asimismo, le pedimos que:
+ Haga un uso exclusivamente no comercial de estos archivos Hemos diseñado la Búsqueda de libros de Google para el uso de particulares;
como tal, le pedimos que utilice estos archivos con fines personales, y no comerciales.
+ No envíe solicitudes automatizadas Por favor, no envíe solicitudes automatizadas de ningún tipo al sistema de Google. Si está llevando a
cabo una investigación sobre traducción automática, reconocimiento óptico de caracteres u otros campos para los que resulte útil disfrutar
de acceso a una gran cantidad de texto, por favor, envíenos un mensaje. Fomentamos el uso de materiales de dominio público con estos
propósitos y seguro que podremos ayudarle.
+ Conserve la atribución La filigrana de Google que verá en todos los archivos es fundamental para informar a los usuarios sobre este proyecto
y ayudarles a encontrar materiales adicionales en la Búsqueda de libros de Google. Por favor, no la elimine.
+ Manténgase siempre dentro de la legalidad Sea cual sea el uso que haga de estos materiales, recuerde que es responsable de asegurarse de
que todo lo que hace es legal. No dé por sentado que, por el hecho de que una obra se considere de dominio público para los usuarios de
los Estados Unidos, lo será también para los usuarios de otros países. La legislación sobre derechos de autor varía de un país a otro, y no
podemos facilitar información sobre si está permitido un uso específico de algún libro. Por favor, no suponga que la aparición de un libro en
nuestro programa significa que se puede utilizar de igual manera en todo el mundo. La responsabilidad ante la infracción de los derechos de
autor puede ser muy grave.
El objetivo de Google consiste en organizar información procedente de todo el mundo y hacerla accesible y útil de forma universal. El programa de
Búsqueda de libros de Google ayuda a los lectores a descubrir los libros de todo el mundo a la vez que ayuda a autores y editores a llegar a nuevas
audiencias. Podrá realizar búsquedas en el texto completo de este libro en la web, en la página http://books.google.com
vaB
Vka
¡Hj HE
Ei&
- ■ s .» ■ - *.vrr
Τ
Ι
NS Σ
ΥΣ
Φ
R
1
DOMIMIA
NUSITIO
KY
ILLU MEA
Τ
L
Ι
Σ
Ο
Ν
Τ &
6
Vet . Por . T . ι
1 . Bought from Rosenthal,
Pri . Oxford
ENG ANOS
DO BOSQUE,
DEZENGANOSDORIO ,
Em que a Alma entra perdida, c
fahe dezenganada. '
A
..:
EN GA NOS
DO BOSQUE,
DEZENGANOS DO RIO ,
Em que a Alma entra perdida , e fa
he dezenganada.
Com outras muitas obras varias , & admiraveis ,
todas por ſua verdadeira Autora
A M . R .MADRE SOROR
MARIA DO CEO ,
Religioſa , e duas vezes Abbadeſa do
Religiofiſimo Mosteiro da Eſperança
de Lisboa Occidentalda Provincia
de Portugal.
.Dadas à eſtampa pelo
DO
zelo , e diligencia
P . FRANCISCO DA COSTA ,
do habito de S. Pedro.
LISBOA OCCIDENTAL ,
NaOffic . deMANOEL FERNANDES DA COSTA ,
Impreſſor do Santo Officio .
Anno de M . DCCXXXVI.
Com todas as licenças neceſarias.
Vende- ſe na Rua nova na logea de Jos5 Rodri
Eues de Carvalho . .
O
UTI
YL
INSTI
TA
ON
UNIVERSITY
9 7 SEP 1976 ?
OF OXFORD
PROLOGO.
S obras da muito Re
verenda Madre Soror
Maria do Ceo, Reli-
giofa, e duas vezes Ab-
badeffa doReligioíifíimo Moftei-
ro da Efperança de Lisboa Occi
dental da Provincia de Portugal,
íaõ hum thefouro de tantas rique
zas, que parece inexhaurivel, pois
tendo-fe jà repartido com todos
por meyo da eftampa em cinco
tomos de oitavo, muita parte del
ias , cada dia apparecem novas ri-
111 que
"J -An
quezas para repartir, porque fêm-
pre fe defcobrem mais obras para
communicar : e como muitas pef-
foas efpirituaes , e curiofas fabem
conhecer o valor , e eftimaçaõ ,
que as taes obras merecem , cada
hora, e com impaciencia mani-
feítaõ os dezejos de que fe lhes
continue a poíTe deitas riquezas j
fendo eu o mais empenhado em
que naõ fiquem algumas efcondi-
das , com a minha coftumada di
ligencia alcancey as que nefte fex-
to tomo te orTereço , naõ fó em
mais quantidade que nos cinco
antecedentes ¿ mas também com
mais fubidas , e proveitofas idéas
de todos os aíTumptos, que em va
riedade goftoíà difcorre, e pro
põem , com que igualmente re^
creya
^reya o entendimento , e inclina
a vontade a todos os actos de per-
feicaó , a que devem afpirar os
Catholicos de todos os eftados,
achando nalic-aó deftas obras em
que empregar o tempo fem delic-
to , evitar a ociofidade com pro-
veito , e gaftar as horas , que de
ibas occupacóes lhe ficarem li-
vres, em aprender o como podem
falvar as íuas almas. No Index,
que vay adiante , conhecerás pe
los títulos das obras , como te in
clina o dezejo para veres a íubti-
leza , e efpirito, com que difcorre
em cada huma dellas , variando
ñas ideas , mas íempre encami-
nhando ao fequito das virtudes.
Muitas riquezas eftaó aínda por
defcubrir neíle thefouro, enelle
* ív . fe
fe vað ajuntando cada vez mais;
porque a mina , donde ſe criao , e
o entendimento , em que ſe fór
mao , nao paraó em compor ou
tras obras, que por ſuas faõ avalia
das pelas melhores riquezas ; ſe
me continuar a felicidade de as
alcançar , prometto , dando-me
Deos vida , de as offerecer à tua
curioſidade , e bem ordenado de
zejo , e apperite,
Vale.
Smmmvmmmi»
LICENCAS
DO SANTO OFFICIO.
O Padre M. Fr. Manoel Coelho, Qua-
lificador dó Santo üfficio veja o li-
vro , de que fe trata , e informe com feu
parecer. Lisboa Occidental 23. deAgof*
to de 1735-.
Fr.R.de LancaJíro. Teixeira. Sylvá.
Cabedo. Soares. Abren.
EMINENTÍSIMO SENHOR.
MAnda-me VoíTa Eminencia ver o
livro intitulado: Enganos doBof-
qne , Dezenganos do Rio , em que a alma
entra perdida , e fahe dezenganada. Au
tora a M- R. Madre Soror Maria do Ceo,
Religiofa , e duas vezes AbbadeíTa do
Religiofiífímo Moíteiro da Eíperanca de
Lisboa Occidental da Provincia de Por
tugal. Li , Eminentiffirno Senhor , com
toda
toda a attenqaó eíte livro , e naó ache^'-
neüe coufa alguma contra nofla Santa
Fé Catholica , ou bons coítumes ; antes
iím muitos diclames , de que fe podem
aproveitar muitas almas para o dezenga-
no da vida ¿ e aífím me parece digno de
fe manifeítar aos olhos de todos por
meyo da cítampa. Vofsa Eminencia
mandará o que for fervido. S. Domingos
de Lisboa 14. de Setembro de 173 <¡.
Fr. Manoel Coelho. I
í .
O Padre M. Dout. Fr. Manoel da Ave
Maria, Qualificador do Santo Ofi
cio veja o livro, de que fe trata , e infor
me com íeu parecer. Lisboa Occidental
16. de Setembro de 173?.
Fr. R: âe Lancajlro. Teixeira. Cabedo.
Soares. Abreu.
EMINENTÍSSIMO SENHOR.
ESta obra , que com o titulo de Enga
nos do Bofaue, e Dezenganos do Rio,
compoz a M. R. Madre Soror Maria do
Ceo , Religiofa , e duas vezes AbbadeíTa
no
ao feu Convento da Efperanqa , he taô
conforme à noíTa Santa Fé , e bons cof-
tumes , que fobre o fer digna de impri
mirle , he dignamente merecedora de fe
eírampar nos coraqóes de todos. Aífím,
o julgo , e me parece o julgarao alfim
os que com a reflexaó que devem , fe
dignem de reparar no que fendo dotes,
poíto que raros , da natureza fe animaó,
e parecem mais impulfos da graqa, com
a qual fortalece tanto , e de tal forte
fuaviza , e recrea para bem das almas
a erudiqao, noticia , e naturalidade,com
que difcorre, e falia aíflm niíto , como
em todas as mais obras , que fe reco
nhecem , e veneraô por fuas , que a nao
ferem todas tao Angulares como eíta,
poderia eíta fó pela recomendaqao de
fiia merecer o credito de fingular entre
todas. líto o que me parece. VoíTa Emi
nencia mandará oque for fervido. Con
vento da SantuTima Trindade em 26.
de Setembro de 1735'.
Fr. Manoel da Ave Maria.
:
Ef
E Stá conforme com o ſeu original. S.
L Domingos de Lisboa 27 . de Abril de
- 1736.
Fr.Manoel Coelho.
I Iſto eſtar conforme com o original,
V pode correr, Lisboa Occidental27
de Abril de 1736.
Fr. R . de Lancastro. Teixeira. Sylva .
Cabedo. Soares. Abreu.
V Iſto eſtar conforme com o original ,
V Abpóde correr
17
. Lisboa Occidental 27.
de ril de 3°
et Ġouvea. .
IN
660 ) Coco
IN D E X
DAS OBRAS, QUE SE CONTEM
nelte Livro ,
ENG `ANOS DO BOSQUE,
dezenganos do Rio ,
Em que a alma
den
entrapetdida , e fake
dezenganada. . . . in
i
C AP. I. Moſtráð -fe à alma ſigni
' , :. . ficada na Peregrina dous
caminhos, o do Ceo , e
o do Mundo ; as virtu
.. des a chamao para o Pa *
raiſo Vergel do Paftor;
os vicios para o Mună
do , do Caçador Bola
que , pag : Il
CAP. 11. Reſoluta a alma a ſeguif
- o conſelho de Christo
* *
Index das obras ,
figurado no Paítor , dá.
os primeiros paflbs pe
lo caminho da virtude;
porém logo o mimo de
feu amor proprio lho
reprezenta impoíRvel
- de vencer, e deltina ao
Bofque do Caeador,a-
onde bebendo de luas
aguas lhe rouba o Mun
do o coracaó ; alli he
cortejada de fuas lizon-
- jas fymbolizadas ñas
Nynfas,pag.i3.
CAP. III. Deicrevem-le as condi-
coens do Mundo fig-
niñeadas no Bofque ,
neíte he moítrado á Pe
regrina o primeiro ído
lo Nobreza , e namora-
da de fua foberania,
corre o dezengano fig-
nificado no Rio a de-
zcnganalla, pag. i8.
Dezengano primeiro , p.
' - ' - -' "** ; CAP.
Que fe contém nejie livro.
CAP. IV. He aalma levada ao fe-
gundo ídolo do. Mun
do Formoíura , e indo
a cegarfe em fuas luzes,
ar foccorre o dezenga
no comíüas vozes,p.45\
Dezengano fegundo , p.
CAP. V. Paila aalma ao terceiro
ídolo Difcripcao huma
na, torna a enganarfe,
e ró dezengano a diffua-
dilla, pag. 6x.
Dezengano terceiro , p.
66. ;
CAP. VIr A' efperanfa do Mundo
ídolo quarto chega a
alma , primeiro a olha
reverente , e logo a dei-
xa dezen ganada , p. 74.
Dezengano quarto,p. 77.
CAP. Vil. Em que a Peregrina pai
ta ao Ídolo Riqueza, le
va-fe primeiro de í'uas
vózes , e logo piza í'eus
poderes, pag.tf 5.
** ü De-
. .. Index das obras ,
· Dezengano
89.
quinto , pag
CAP.VIII, Em que a alma he leva .
da ao culto do amor
proprio , primeiro , e
ultimo Idolo , pag. 96 .
Dezengano fexto , pag,
100 .
CAP. IX, Em que dezenganada a
L inj alma reſolve deixar o
Boſque , fymbolo do
: Mundo , procuraó de
tellą aş ſuas lizonjas na
yoz do Caçador , ven
ce ſeus enganos com o
h favor das inſpiraçoens
fignificadas nos avizos
das Paltoras , pag. 108 .
Ą P . X . Em que yacilante a almą
nas ſombras do Mun
do, penetra ao Ceocom
ſua oraçao , e allumeada
com hum rayo de luz
em ſuas eſcuridades ,
ſahe do Boſque ſeguin
do a Chrifto, pag: 114
Qué fe.contém neſte livro.
A Eſpoſa dos Cantares , doença , e
febredeamor, pag. 121.
Dor , pag . 123 .12. 20hin his
Deſmayos, pag. 126 . . .
Gemidos, pag. 131. .
Sede deamor , pag. 136 .
Sono , pag.139. olur . 42
Retrato de Chriſto Menino , pag .141.
Pranto , pag.145. 12 . ba
Retrato de Chrifto homem , pag. 147.
Retrato de Chriſto morto , pag. Isr.
Retrato de Chrifto reſuſcitado,p . 158.
A ’ Samaritana , pag. 161. 4. 2001
Vilhancico para a Circuncizao , p .173 .
Ao Santiſſimo Sacramento , pag. 18r.
Paſſos de Chriſto , Horto , prizao , e
- bofetada , pag.181, 1821 : 10
No tribunal de Herodes , e açoutes,
pag.813.
Coroa de eſpinhos, e Ecce Homo ,
pag . 184:
Ao lavar Pilatos as mãos, ao encon
tro da Senhora na rua da amar .
gura , e à Veronica , pag. 185.
A ' Cruz de Christo , pregado nella,
e à lança , pag .186 .
A Chrif
Index das obras,
A Chriſto morto , e fepultado , pag.
:: 190 . Ini
Soledade de Noſſa Senhora , pag.191.
Reſurreiçao de Chriſto , appareci
mento a Noſſa Senhora, e à Mag
dalena , pag. 193. . Liri '.
A 's lagrymas de David ; e ao cego
I que pedio viſta a Chrifto , p . 195.
A noſſo Padre S , Franciſco , pag. 196 .
Vilhancico à Magdalena , pag .197.
Significações das flores moralizadas,
i pag . 199 . .. . . . ! !
Significações das frutas moralizadas ,
. . pag .21 8.
218 . . i " ; ") .
Significações das ervas aromaticas
moralizadas, pag. 239. . . .
Clavel, e Roſa , breve Comedia allu
6 dida aos deſpozorios de Maria , e
Jozé , pag.249. .
- OBRAS
'Pag. r
MARÍA DO CEO,
Religiofa, e duas vezes Abbadefía do Mofteiro da
Efperanca de Lisboa da Provincia de Portugal
ENGAÑOS DO BOSQUE,
dezenganos do Rio.
PARTE PRIMEIRA,
Emque a Alma entra perdida, e fahe defepganada.
CAPITULO I.
Moftrao-fe ¡i Atmafignijicada na Peregrina dous cami-
tthot ,o doCeo,e o do Mundo ; as virtudes acharan .'
para o Para»fo Vergel do Pa/ler : os vicio< para
o Mundo , do Capador Boffue. i
R A M da manila ás auroras
defpedidas do dia , erefcidas
as luzes , da tarde nao entra
das asi fcmbras , quando ás
Qügjfrffj) primeiras jornadas defeu ca-
minho feachou huiría Pere
grina tedenta; bufeava com a vifta o cryf-
A taliiao
% T)bras da Madre Soror
tallino objeíto , cm que fatisfazer fua fe-
de ; mas nem os olhos encontravaó as
aguas , nem o ouvido alcanqava o mur-
murido , e ja eraó duas as fedes , huma
de achar a fonte , outra de a efgottar ;
apreflava o paíTo a defcobrilla , quando
fe lhe oíFerecéraó dous caminhos , ambos
iguaes á efperanqa do remedio , mas en
contrados ao agrado dos olhos ; hum pa
recia Corte da Primavera, o outro efque-
cimento de Abril , eíte todo efpinhos, to
do fylvas , todo abrolhos , aquelle todo
flores , todo rofas , todo gala ; hum era
capella de avesmuficas, ao outro fe ar-
rojavaó voos triítes , em hum fe ouvia o
canto, 'de outro fepodia fazer o lamen
to , de hum fó fe viaó verdes manfóes, de
outro fe aviítavaó afperas fubidas , eíte
offerecia tudo tropeóos , aquelle moítra-
va tudo feguros , hum convidava a fadi-
gas , o outro chamava a Hfonjas, hum era
orror a planta delicada , o outro alegria
aos olhos defcuidados : raes os caminhos,
nelles vacillava a Peregrina duvidofa, fem
determinar a qual arrojarfe ; a preda da
fua fede nao lhe dava vagares , fua irre-
foiucao pedia-lhe efperas- A que ve^e-»
da.
da (diziá ella)alentarey meus paíTos, que
sche mais apreflado o remedio a feus de-i-
fignios i aqui me Convidaó conformes
dous camifihos oppoítos ; fe me arrojo
aos rigores de hum , fepulto as efperan-
qas , que em tanto verde me promette o
outro, que nao crefcem nos defvios da
agua os favores de Flora i fe me levo
deíte ás lifonjas, fojo daquelle aos impof-
fiveis, pois hafonte, que rompe na du
reza de huma pedra , nao a criar o mimo
das flores, mas a abater a dureza dos pe*
nhafcos ; aonde pois me chamará o cryfS
tal efcondido com mais brevidade, fe na
diiTimulaqaó deítes efpinhos , fe na oíten-
tacao daquellas rofas ? Haja luz, que me
guie, Eírrella,que me conduza, voz, que
me refponda. Aonde irey ? Aqui foy fua-
ve melodia oraculo prompto, que dix
aífim. - s¡'. i
Al Vergel , al Vergel, '-".. '
Que en fus flores fe aviva el incendio,
Y en fus aguas fe aplaca Ta'íafl.
Pafíeou a Peregrina os olhbs pela ca-
pacidade daquelle fitio, paraavíflar quem
nelle refpondia a fuas anfias-, e encon-
trou olkando Irania companhia de Paíto-
,A ji ras,
4 Obras da Mddrt Soror
ras , que do caminho , cuja afpereza re*
tratamos , fe conduziaó ao lugar, em que
ella fe fuípendia , taó leves no paíTeyo ,
taó feguras no paflo , taó alegres na mu-
fica , como fe tora o caminho outro , e
continuavaó fua cantiga , dizendo. . .
Al Vergel las aldeanas
Se conduzan eíta vez ,
Porque anñ miren las rofas
Las finezas del clavel.
étm»r Cupidillo de las flores
Dhi- Entre las flores fe vé ,
"0' Que el hizo Rey a Cupido ,
Y Cupido Amor a el.
Eítuvo por el partido
Guítozo el clavel, porque
Entre el arder, y el luzir
Más que luzir, quizo arder.
Viíte purpura abrazada
De tan fino rocicler
Por el incendio de amante ,
No por la color de Rey.
Y en tanto fuego , Paítoras ,
Si es que lo quereis faber,
Hay cryítal contra el incendio,
Que queda calor por el.
Al-Vergel pues , aldeanas,
Por
rs -. x Marta do Cea. ;^ $
"'.' Porqueren fu fuente vereis
EltrellaS como a parar , . . . ' '.
Y perlas como a correr. .¡¡<
AlVergel , al Vergel , (cendio,
. -Que en fus flores fe aviva el in-
Y en fus aguas fe aplaca la fed.
Acaba'raó as Paítoras a mufica, che-
gando a Peregrina , que reparando Seljf~
em fuas perfeiqoes , fe admirou del- *y£?
las; erao todas beHiffimas , n» oottHjeu
retratavaó ao cryítal das fontes, nas
faces as rofas do campo , nos cabel
los aos rayos do Sol , nos olhos as
luzes do Firmamento ; veítiaS a pu
reza dos" arminhos , toucavao a gra-
eiofidade das flores , admittiaó a fi
neza dos coraes. Alegre a Peregri
na em taó' agradaveis objeclos lhes
«tifie.
Paítoras , por quem melhor , que ¿t
por Clymene podia o Sol tornar a y¡r-
fer paítor , ja que vofla belleza fa- tndes
tisfez ameus olhos, fatisfaca vo{-fac¿1''.
fa noticia a minha fede ; conduzi- *"". *
me a efle Vergel florido , aonde ef- ¿™m
tá a fonte deíejada , que eu agrade- m¡„ho
cerey a vofla belleza quanto deverw«c«>.
A iii a
$ OhrAS da Madre Soror
a feus cryítaes ; acho-íne neíte paiz
Peregrina, fó , e fedenta , e virey a
morrer de minha fede , fe me nao
valer vofla compayxaó. Peregrina,
refpondéraó as Paítqras , fe quereis
feguirnos , alentay-vos a pizar def-
te caminho as aíperezas , porque
vencido o feu trabalho, entrareis no
Vergel do Paítor , aonde acharei»
huma fonte pura , perenne , e fau-
davel , cujas aguas nao fó fatisfa-
zem a fede , mas tambem feguraó a
vida ao fequiofo ; porém , fe voíTo
melindre fizer efpanto do que nos
conveniencia , e tomardes "por efla
vereda , para onde as rofas vos con
vidad com lifonjas , fabey que a
poucos panos encontrareis outra.
fonte cryítallina aos olhos , morti-»
Eh- fera ao coraqaó , clara a viíta, enga-
ZJ"s0S. nofa á experiencia , prata advertida,
hemdo veneno proyada ; em fuas perolas
JíH„- diiEmula peqonha , em fuas flores
<fo acautela ferpentes, em fuas fombras
V efeonde efpantos : eíta tende-la a
- paflbs de rofas , mas como a rendes?
'.ívj .Aquella acharéis a rigores de efpi-
-# & nhos
-*?..-' María do Ceoé
rftós, mas como a achais ? Duas faó,
e fó duas , de ambas vos avifamos
as condiqóes ; huma eítá no Vergel
do Paítor , que encontrareis fem
mais guia que a de feguirdes o ca-
minho afpero; a outra no Bofque do
Caqador, que defcobrireis fem mais
luz que a de vos cegardes na belleza
das flores : á nona nobreza eíteve o
avifo , ao voflb alvidrio eítá a efco-
lha ; e pois na6 tendes o perigo da
ignorancia , valey^vos do feguro do
aefengano.
Diflerao as Paítoras , e feguirao
feu caminho fem que as vozes da
Peregrina baítaíTem a detellas ; mas,
como em fua advertencia lhe dei-
xaflem«a melhor guia para feus paf-
fos , dava os primeiros para a efca-
broza Vereda , aonde a coiividava
fonte benigna ; mas atrazou fua rfi-
foluqaS prompta voz , que do op-
poíto caminho cantava fuave.
Al bofque, al bofque, (ran
Que en fu fuente las Nynfas fe pa-
A mirarfe en las perlas , q correrj.
.:« A iv Al
< Obras da Madre Somr
Os v¡-. Al bofque, que en fus cryítates
aos Venus fu aliño compone, < - »»
£j£ Siendo olvido para Marte .
dem a El cuydado para Adonis. . . ¿..
Alma Al oro de fus cabellos
* que Fragante tocado pone,
fw> °. Donde el uno toca efpinas
MUK~ Quando el otro coge flores. ¡
'<. t.'. Jove, que ve fu fatiga,- . : .'»
- De fu cuydado fintió-fe, .
Que al mirarla como Dios r.
Tuvo zelos como hombre. ; - ;
Al dia arroja una fombra, ; ;-;-
. ¡Que fus defigriios eítorve,. .
Que para cegar al Sol -'>
. Empeñó toda la noche.
Al bofque, al bofque, (rati
Que en fu fuente las Nyn&s fe pa-
A mirarfe en las perlas , q corren.
Voltou a Peregrina o roíto, e vi<*
defeer pela florida eítancia huma.
efquadra deCaqadoras, que aode-
pois de cantarera a fufpendella, che-
gando a ella , que reparou em feu
traje, llies adoürou a gala; Yeítiaó
á ligeira para o defembaraco , que
pedák-0 officio-j de varias primave-
- '.L vi j., ' ras,
.. i
ñl<r.< Marta do&6.
.«as, roupas curtas, o calcado guarneci
do de pecolas, arcos nas mãos , frechas
nos olhoS , gala no andar , liberdade no
ver , efficacia no perfuadir , e confiadas
neíta difleraó á Peregrina. Aonde, inno
cente belleza, te defpenha tua ignoran
cia a ferir nas plantas o que nao podes
curar no Vergel , pois primeiro que a el-.
le chegues , ferás facrificio ao trabalho,
victima ao tormento , e as pedras, que pi-
zas para o remedio, te daraó fepultura
.para O cadaver ; teu delicado pé magoa-
da flor naqiielles efpinhos , quando te
conduzirá aquellas aguas, que te nao dei-
oce no caminho a beber fó por ellas os
ventos, e.fó dellas os defenganos. Torna^
anuda o paflb a bufcar as perolas , que no
JJofque te convida afontecomhum ja,
je tua fedenaó eítá para hum logo. No
Uofque do Cacador, ó Peregrina, acharas
agua taó clara como o teu roíto , taó li-
fongeira como teus olhos , taó rifonha
como tua boca , tao de perolas como teus
dentes , tao aprafivel como teu Temblan
te , taó de heve como tua garganta , taó
de prata Como tuas mãos , taó peregrina
como teu nome , e taó falutifera como
.. r «--<" to-
to Ohfas da Madri Soror
toda tü. Efta he a verdade , as Outras in-
formac,óes fao bacharelices : noffa fidal1-
guia te tem avifado generofa , "tua refo-
lu$a6 fará o que quizer deítemida. Difie
ras , e feguiraó feu caminho , fem que as
vozes da Peregrina baítaíTem a detellas,
e patada em fuá duvida dizia : Que da-
no me podem fazer as aguas do Bofque,
que ao depois nao poíTa curar nas do
Vergel ? Beberey dellas huma vez , tem-
Eo me fica para goítar das outras muitas,
ufcando-as fem as anfias da fede , e cora
os commodos do vagar : a fingeleza pas
toril fim he verdadeira , mas tambem he
cobarde, e fó as fombras daquelle mal-
quiítaraó a pureza dos cryíbaes , tanto fe-
rá feu medo ; vamos pois a pizar nas flo
res os receyos , e pode fer que fejaó fan-
taíticos os perigos. Refoluta a Peregri-.
na comeqou o caminho pela deliciofa
eítancia , aonde a feítejavao as aves com.
o canto , as rofas com a alegria , as flores
com a fragrancia, e ja a fonte com o mur-
murinho. Poucos paífos tinha dado fua
mal tomada refoluqaó , quando clara voz
ihepenetrou o ouvido , dizendo.
Adonde corres, ovelh-a;q Yaz perdida?
Le-
- María do Ceoi.l ¿It
I^evantou os olhos, e aviítou ao Ionge
hum Paítor paítoreando hum rebanho de
ovelhas taó brancas , que podiaó fer op*-
poííqaó ao Arminho, todas com capel-
las de rofas nas cabecas , fazendo o nacar
com a neve huma graciofa miíhira: já
mais ao perto reparou no Paítor , na6
que lhe pudefle ver o roíto , porque a ef-
te fez fua cautela fombra com a mão , e
tambem diífímúlacaó com os cabellos,
podendo a mao fer vidraca pelo cryítal-
lino , e os cabellos viíta pelo luzente:
velHa hum pelote de pelles cor dourada,
eainda fem fer eíta a cor , elle fizera luf-
trofo o pelote , porque era feu paflb ay-
rofiífimo , feu corpo delicado , animadif-
ííma fua accaó. Paítor , lhe dilfe a Fere-
grina , fallais comigo perdida , ou com a
ovelha defgarrada ? Com a ovelha deí-
garrada , refpondeu elle , que fois vos
perdida. Já que, Paítor , me fazeis avifo ,
tornou ella , day-me o confelho do que
hey de fazer para ganharme ; trocar os
caminhos , refpondeu o Paítor , que nem
fempre he melhor o que melhor parece-
Advertiz* bem, diíTe a Peregrina; mas deí-
cobri o roíto,que de quem. me de.u o con-
~*-¿~„ felho
t* Obras da Madre Soror
felho quero ver o femhlante. Caminha?*
refpondeu elle, para o Vergel doPaítor,
que ahi matando a fede , me vereis a fa
ce , difle ; e tomando o caminho para o
Vergel, fe apreflbu ta6 ligeiro, que a poi>
cos paflbs fe fez defapparecido , deixan-
<do a Peregrina confufa. Se ferá, dizia el
la , eíte Paítor o do Vergel, de cuja forir
te me contáraó as aldeanas taes marav*»
Ihas ? Elle he fem duvidaipois para o Ver
gel me chama ,. que aínda que em fua ca-
pacidade aífíítaó mais o brio de fua pef-
íba , o ar de feu paíTeyo , e o mageítoíb
de fua voz , na6 pode conhecer fuperk>-
ridade a outro. Defandemps pois, cobar*
des plantas , os errados paiTos a vencer a
via , que nos alfombra, caminhemos cora
fadiga ao Vergel , aonde já me levaó duas
fedes , huma de provar fuas aguas , e 4
outra de ver feu Paítor.
--
CA-
Mafia do Cetr> -'>- tf.
CAPITULO I¿
Refoluta a Alma afegttir o confelb» '.»
de Chrijiofigurado no Pastor. .>
f' ' ' ' ' '-.'' ;';'-'. ' - '"
DA' os primeiros paflbs pelo ca- inci\-
minho das virtudes, porém lo- nuda
go o mimo de feu amor prdprio Ihe 4 ¿¡-
reprefenta impoíEvel de vencer , e**f.
íe deírjna ao Bofque do Caqador , ^ lf~
aonde bebendo de fuas aguas , lhej-0¡ve .
rouba o Mundo o coracao , alíi hefeguü-
cortejada de fuas lifonjas fymboli-/"í :-r¡
izadas nasNyhfas. Obedecenda á >
imperiofa voz do Paítor , defandou
$ Peregrina os errados paflbs , que
da belleza das rofas a levavaó á fer-» .: '
pentedo perigo , comecou a feguir <i
animofa pela fegura , íe defabrida -j
eítancia duas vezes chamada ao
Vergel , huma a vejr fuas perolas nas
aguas da fonte, outra a ver fuas fio- ; :./¡
tes no roíto do Paítor , de quem a -
memoria lhe faCilirava o trabalho.
Gaminhou primeiro enganada a fa- : ; - r;
diga no defejo ,7 nías logo entibian- . .-.
?<rr do
i<fe Obras- da Madre Soror
do o defejo na fadiga , o coracao pulía-
va ao comparto , fem que baítaíTe a efpe-
ranqa .para adoqarlhe a queixa: a feda
do veítido padecía ultrajes nos carrafcoS)
o ouro dos cabellos prifóes nos efpinhos,
a perbla do pé mágoa nos penedos, fem
que a concha do calcado baítaíTe a re£-
guardalla do pencante das fylvas ; os pe-
nhafcos fe alguma vez arrimo, hiaó mui^
tas a fer defpenho , e ja a fer arrependi-
mento á Peregrina , que tendo aos olhos
o rigor jieíta yia , e nos ouvidos a mur
murado daquella fonte , o que deixoü
com a execu^ao, tornava a abracar com
o defejo ¡ aonde vou , dizia ella , aonde
me leva a faudade de hum Paítor , que
nao vi , e a faude de humas aguas , qúc¡
nao vejo , fe primeiro que chegue ao aí*¿
fiado Paraifo , perderey a memoria nos
trabalhos , e a vida na fede, que cáminho
he eíte taó defabrido ao ver , tao pavo-
rofo ao intentar, taó cruel ao feguir, aon
de fe contaó pelos paíTós os defalentos,
perdendo-fe nos defmayos as efperanqasj
a meu- veítido defpedaqaó as afperezasi a
meus cabellos quebraó as efquivancas , ar
Hieus olljos cegaO as fónbras ¡ á minh»
yoz
Mario. do Ceo. í£
v-oz prejidem os aflbmbros , a meus pés
ferem as crueldades , e fente mais a mi-
nha vaidade os defaíinhos , que os def-
commodos , mais fe doe que das penali
dades, dos defm anchos : eu entregar meu
adorno á grolTaria dos efpinhcs , meus
cabellos á inconítancia dos ventos , meu
caraó as invejas do Sol , e ficar a huns
olhos laítima, a outros zombaria, quan-
do hontem tudo era zombaria a meus
olhos, eu quebrar na delicada planta, por
conculcar até na dura pedra , eu penetrar
arraírada as afperezas , por fugir ligeira
as lifonjas , eu deixar as roías, que pifa-
va , por fer pifada dos efpinhos, que huf*
quey, naó, nao he poíTivel : perdoay-me,
Paítor, que algum di a tornarey a bufcar-
tos com mais commodo para o caminho,
e com menos preña para a fede, que, aín
da que vos repudio na inconstancia , vos
immortalizo na memoria , tivera vcíTo
Vergel outra via , que eu fó bebera as
aguas da fua fonte ; mas já a do Bofque
murmura minha ingratidao , pois quando
me convidava com lifonjas , vé que a
deixava com porfias : vamos pois, fabo-
i»fas,ainda que mal progaoüisadas aguas,
i-.-'- aPr<^
f(f Obras da Madre Soror
a provar voflbs cryítaes, na6 me pa
gueis com o defengano h confianqa.
Diffe , e defandando os feguros
k paños , fe tornou a arrojar aos pra-
ticados perigos , que diflimulados
afpides na lifonja das flores contra
a noticia dos ouvidos enganáraó os
olhos. Trocou os caminhos , pizou
as roías , medio a diítancia , chegoti
ao Bofque , em cuja entrada corría
a maliciofa fonte a crefcer a anfia,
¿¿/j.. naó a matar a fede. A's floridas mar-
jas do gens fahio a receber a Peregrina
Muk- íium tropel de Nynfas, de quem po-
do- dendo o nome fer credito da belle
za , foy alli a nobreza credito do
nome , tudo de fermofura , nada de
fer ; pareciaó as Nynfas Divindadcs \
pelo claro feitas do cryítal da fon-
te , ou que deltas tomara a fonte
tanto cryítal : de muitas eraó os Ca
bellos luz de rayos, de outras olhos,
e cabellos cor do Ceo , de algumas
cabellos , e olhos cor do campo , e
neíta diíterenqa, em que a natureZa
as particularizou mais , naó asen-
grac,ou íñenos- Era fu» gala 16 de
puro,
' < -— Marta do Ceo¡ \ v O j^
ouro, menos bracos, epeito, que eítes
fó veítiaó dg perolas ; os cabellos borri-
fados de aljofar , os pés calqados de flo
res, as maos occupadas de conchas , e bu-
zios , em cuja madre perola traziao á Pe
regrina a defejáda agua , fendo oíFerta
de todas a que havia de fer aceitaqao de
kuma : entoavaó fuaviífima mufica , cal
mando os ventos , e defatando os montes
neítas coplas. ' '
. .-. . i -.. :».¡»<. .' :<--. &-'-;
Parabien eítas aguas,
O foberana Dea , ' o-'c-:í .-/-:'
Alcancen de tu boca
Rubies, corales, marfiles, y perlas.
Recíbante las Nynfas
En fu orilla ferena , - .
f' Siendo embidia , y feítejo
Naiades, Sirenas, Dryades, Napeas.
Para befar tus plantas
De fus margenes bellas . -<¡ '-» <-
Corran a fufpenderfe ---l'.
Girgeros, favonios, cryítales, arenas.
En tu pié fe tranformen ,
Quando a pizarras llegas,
En fu punto de ambar
Hazares; amores , jafmines, violetas.
-.*- *'\ .' -'.¡ . B *' - - .-- Veas
18 Obras da Madre !¡¡oror
Veas en fus efpejos , ....; ---> .-:-i.:'f';
Quando en ellos te veas, v-: »'»
Narcizo de tu Cielo, *;- '- .
. Candores, luzeres, faroles , eítrellas-
Por eíte verde bofque
¡... En venatoria guerra -.:»;
*:; ; Rindes de amor , y embidia * .. ;
.Gupidos,Beldades;,Apolos,Minervas.
Sus flores te confagren , ».<-. -< <
Por fi afii no las dexas¿ :<-
Siendo prizion, e imperio, <
Cadenas, coronas^ laqadas,diademas.
Sus arboles frondozos :-\r í -
En fus fombras amenas . . .... r: < .". —
Te adormefean fuaves ^^r
Paffiones, envelados, fentidos, ideas.
Del nido de una rofa
Te cante, a un que fin lengua ,
.- La Sirena del ayre . . (chas.
Moretes, canciones , tonillos, ende-
Pára texerte alfombras ,
SÍ aeafo te parteas , ; '<. ..; ,.
-Soplen los ayrez tilos (quetas.
Almendros , naranjos , rófales , mpf-
Mirente defde lexos ., - .. .< -..»..*¡'»
Blandos en tu belleza ,
- - Partidos en tus rayos -. -i -i'-l (ras.
. - ;. Efcollos, peñafcos, montañas, y fierr
'v Mariado Ceo. ^ i<jt
Callou o canto das Nynfas , e nao houve
Paítor ta6 grolTeiro , Fauno tao fylvef-
tre , Tritao tao bruto , que por ouvillas
de mais perro naó deixafle cabana , cova,
e rio. Chegáraó todos á Peregrina a offe-
recerlhe agua em buzios , e conchas , de
quem as maos pareciaó as perolas , e ella
namorada de tao apparente belleza , e
obrigada de tanta cantada lifonja, quize-
ra que as anfias da fua fede pudeflem ef-
gottar o todo de feu offcrecimento , mas
na capacidade de cada concha cabia mais
de huma fede de agua. Nao fey, nobilif-
fimas Nynfas , lhes dizia a Peregrina , fe
por attenta ao voíTo facriricio me deixa-
rey morrer de meu defejo , e excluindo
o de todas , por nao aggravar a de ne- '
nhuma , que melhor que com vofco fet
ingrata , acabarey comigo fer cruel ; to
das me oíFereceis agua , e eu fó de huma
poflb admittilla , e já padeqo mais na du-
vida , que na fede ; e pois fó bebendo na
fonte , bebo de todas , fendo a fonte vof-
fa , me arrojo fem mais ceremonias a feus
cryítaes , e agradecey-me a fede, que me
fica de voíTas maos. DiíTe , e chegando
a fonte bebey feus perigos , tao fegura,
B ii que
¿© Obras da Madre Soror
que nao houve miíter mais agua
contra o fuíto , e hydropica daquel-
les cryítaes ao depois de bebellos
ficava a defejallos,com que nao aca-
bava de bebellos: neíta fatisfacao
repetida , e neíta anila continuada
Q0r_ levantou os olhos ao Bofque , dila-
tando tando-os por fua capacidade , e na-
a Al- morada delle em virtude de fua fó-
*j* tedizia allim.
?7Í. Oh que arvores taó foberanas por
xiaseh altivas , que flores taó maravilhas
Mu»- por fermofas , que frutos taó appe-
do ,.fc tecidos por excellentes , que fom-
vamo- bras taó aprafiveis por feguras , que
ra del- iuzes ra5 eítrellas porditofas, que
ares taó manfos , que zefyros taó
JLnga- brandos, que aves taó muficas , que
'^''fragrancias taó fuaves , oh quera
-mude- fic^ra perpetua deítas flores , Nynfa
Uchú deítas aguas, Diana deítes Bofques,
da Mu aura deítas fombras , Venus deítas
dode- luzes, e deítes ares Filomena ! Naõ
feJafi~ paíTe daqui minha peregrinaqaó,quc
frelg- eíta he a Patria do goíto , fenao do
gr4>t- fer;aqui Caqadora quer ferir ao bru
jía, to com as frechas , ao racional com
os
'<: Mario- do Geo. íi
os olhos ; aqui Nynfa quero refref-
car as flores com os cryítaes,e abra
zar os penhafcos com a belleza;
aqui livre quero feguindo aos cer*
vos na carreira fazcr parar os rios
na fufpenfaó; aqui altiva quero pi
sar as maravilhas por foberba , e
coroarme de rofas por galantária;
aqui pratica perfuadirey as pedras
com a eloquencia , polirey as cor
tinas com o concerto , e finalmente
aqui fico a lograr delicias do Bofque
até que buique nas afperezas ao
Vergel. . -\- . -- .
Aífirrt arrezoava a Peregrina, qua- Vai-
do arrojado tiro lhe arrancou o co- dades
racao fó com a voz , fentio que lho ¿aAl-
tiravao do peito , já lho dizia a dor, ^ **
já o fuíto> já a affliccaó,que ém hum ífo<
inítante pode affligilla , e deixalla¿
e cobrada de taó repentino fobrefr
falto olhou , e vio a hum Cacados
mancebo de galharda prefenc^fem*--
blante aprafivel , olhos liíbngeiros,< . M
gentil parecer ; fazia gala o abrigo a Mu
de hum cazagaó verde o panno na do.
eór¡ vario 'no íorrovque deüe era a
^riijm B iii feda
i% Obras da Madre Soror
feda furtacores, os botóes , que bri*
lhantes o favoreciaS , feriao na luz
do ouro a luz da viíta , a carapuqa
coroava de flores , e de plumas,que
a vaidade , e a inconítancia trazia
fua eítimacaó fobre a cabeca ; fez-
fe objeto aos olhos da Peregrina, *
qual reparou que defcaneando ao
hombro o inítrumento do feu tiro,
prendia nelle a hum ferido coraqaó.
Que he iíto , diíTe ella aíiuítada,fby
por ventura aquelle tiro voífo , e he
por defgraqa eflecoraqaó meu , que
conforme ao fobrelfalto , que oei*
. xon feu grito emmeu peito , pois
na6 podia fentir mais, nao poflb cui
dar menos ? Cuiday tanto , refpon-
. deu elle , que para valer á fineza,
me he forcofo cohfecar q -delicio:
aviítey-vos neíte Bofque , Peregri
. na-, e defejando-vos nelle natural,
vos roubey o coracaó para o BofqKe,
porque afíim. nao pudeffeis deixallo>.
- . ._ que ne grande penhor o coracaó;fe
jtitdi ™y Tig°r contra vofla belleza , fcy
¿¡^«-piedade para meus olhos ; perdoay,
do. Senhora'i a groífaria de querer pfí>*
'kb'ji üí ti meiro
.'-;- . María do C& ° í##
ineiro morrer a.voflas iijas , que á' mP
nha faudade , e fe attendeis ad que vos.
uzurpey , lá vos fica coracaó por cora
ceo. . :.; .' ' "[ '.x '»r~!. - .'-'
Cacador, refpondeu a Peregrina, tao
fatisfeita. me tem a fermofUra déíte Bof-
que , que antes de vervos lhe dava meu
affecío o coraceõ , mas depois de ouvir-
vos lhe déra minha vaidade ascoítas;
porém nao fey que impulfo , fe benigno
antes, violento agora , me obriga a ficar
nelle, ferá eítrella deíta verde esfera,
que melhor que vofla fetta, me podia in
clinar feu -aítro. Neíte Bofque , difle o<
Caqador , eu fó fou o deítíno , nao ha fia
ra , nao ha ave , nao. ha bruto, nao ha ra
cional taó obediente a outra eítrella, que
nao fique fugeito a meu impulfo. A co-
roa da cabeca do Leaó fegue arraítada
neíte Bofque meu imperio,: a tímida.con-
dicaó do Cervo fe faz ira aos fogofos ex-
emplos do meu brío , ficando.deíta forte
o Cervo Leaõy o Leaó Cervo^ a'voraci--
dade do Lcbo fe aqui executa os eítra-
gos , aqui tambera acha em. meu poder :
os caítigos , á paz da Ovclha ao'fumc de
meu alento faco-colera, deixando afllm.
;-¿,V;: B iv a Ove-
*4 Obras da. Madre Soror
Ovelha com as condicoes do Lobo, ao
Lobo cora os perigos da Ovelha ; á can^
dida pureza do Arminho, fe nao nos de-
zaceyos do lodo , fago manchar nas fom-
bras do Bofque , por nao izentar a meu
poder o feu melindre , e por rifo das llo
res tal vez obrigo a afcarofa condicao do
Javali a que faca empenho de huma
íonte, ficando o Arminho maculado na
lombra , e purificado o Porco no cryítal;
da ave o remontado voo abate as azas
a minlia íujeigao, trocando fua inclina-
cao a meu dominio ¡ a Filomena, que em
outro lugar cantava a huma tragedia de-
fenganos, aqui a belleza das flores can
ta Monjas ; a Aguia, que nos tumos de
penetrar o Sol levantava o voo, aqui ef-
condendo-lhe o Sol , a cego nos fumos ?
ao Chamariz , que chama emfeu favort '
aos ares, aqui nao deixo liberdade para
os voos ; ao Solitario , que eñuda a nao
talar em feus retiros, aqui ofaco cantar
em minha esfera. Aífím dos brutos fou,
o Peregrina, deítino fero, e aífimdosra-
cíonaesfou fatal EítreUa ; á Nynfa , que^
neítas aguas quando efcondida congela-
o peito,faqo que neítes Soes quando ma-{'
.~?yV"» vi- íi - . íüfcíu
MaHá do Cev. v íf
nifeíta abraze ocoraqaó; fendo perigo
a luz , feguro o pego ; o Satyro,que fylT
veítre ou he tronco com alma , ou pare-:
ce que fez a alma de hum tronco , nao
tendo fer para entenderfe , abre aqui os
olhos para namorarfe , e perdido na bel
leza das Nynfas nao faz memoria do
que foy , por fazer vontade do que he^
ao Paítor limpies mando eíhidar enredos
nos labyrinthos , á Fé lavradora inconf-
tancias nas flores , e finalmente ao pafla-
geiro eítranho naturalizo neíte paiz , taó
proprio , que fó da fua patria parece
alheyo ; com que as feras , as aves , ás
Nynfas, aos Satyros, aos homens fou' def-
tino , guiando meu poder fua fortuna, e
eoroartdo hoje todas eítas grandezas meu
ti: :- com voflo coracaó. Falava o Cala
dor, e a Peregrina ás memorias do Paítor
defnatural a furto de tanta izencaó pro-
feíTada , o efcutava com huma attenqaó
aífectuofa, admirada das fuas razóes, cre
dula a fuas grandezas , e namorada da fua
gala , introduzindo-fe por ouvidos , e
olhos veneno, que fobrava a hum fenti-
do para huma morte , e diífimularido o
accidente Ihe refpondeu.íi - * :.;.-. . '.'-
Á,¿ -'jíia.': " Do-
z6 Obras da Madre Soror
Dominárdes, ó.Caqador, os Bofques he
fuperioridade do voííb fer, troeardesaos
racionaes he arte de vofla fortuna ; mas
rou bardes meu coracao foy fó eítrella do
voflo Bofque^ Cheguey a eíte lugar Pe
regrina , e logo fiquey do lugar namora-
da , e aehando-o natural do affe&o , me
fiz enteada da patria, e como dey ao Bof
que o coraqaó , confenti me guardafleis
o coraqaó como morador do Bofque. Nao
quero, diíTe o Caqador, arguir poderes
rneus á viíta de foberanias voíTas , fique
embora para o Bofque a prefumpcaó do
que confesais , que a mim me baíta a
fortuna do que alcatacey , e quando as
flores me peqao conta do que guardo,
tambem lhes refponderey com o que per-
co. Nao cuideis, diíTe a Peregrina , que
haveis de tratar as flores como fem al
ma, que eu lhes darey efpinhos para ven-
cervos, quando lhes falte vida parapor-
fiarvos , porque vos nao facais tyranno
daquiilo, de que fois fó thefoureiro. Pois
nem aííim , tornou o Caqador , me quero
trocar pelo Bofque , pois todo elle, ain-
da entrando as feras , nao baíta a tirarme
a preza, por mais que vos me tireis a pre-
-o'-T fumpqao.
r\ - *. Marta do Veo, A íf
fumpcaó. Hia a refponder a Peregrina ,
mas atalhára6-na as-Cácadoras, que avif-
tando a Nynfa da fua fonte , vinhaó a
feítejalla nella. PaíTados os primeiros
obfequios da fua adulacaS , a convidárao
a pañear com ellas o Bofque , e a ver nas
Divindades delle do Caqador os ídolos;
aceitou a Peregrina goítofa o que rogá
ra a nao fer perfuadida ; e refpeitando as
Cacadoras o defdem das Nynfas , pediraó
ao Cacador fe retiraífe-; para que todas
de companhia pudeiTéntajudar ao' diver-
timento da Peregrina fíaquelle pafleyo,
fern que fua prefenca embaracaíTe as fa
cilidades do reítejo : obedeceu elle m ais
attento com a hofpedajcm da Peregrina, '
a que foy prevenir , com a caufa que o
mandava deíterrar , e dando-lhe efta ra-
za6 para o defvio , fe defpedio até tor
rar a bufcalla.
-^nrj.%-,-HÍlbrK-l'r-'-'--V 3 v<-' '»'i.'. x-''» » i' '''-.'
.'-- í.'Í j.orílEV: -'»- . -.')... '.. .:. - - -..<?" j- -1
CA-
'... Marta do Ceo- 45
» 1. ;- ». --. / J
D ii DE
j:2> Obras da Madre $oror
DESENGAÑO IL . -
QUem te elevou , o pedaqo de ter
ra , a mentirte verdade do Ceo,que
tens do Ceo para competillo, ou que tem
o Ceo de ti para aíTemelharte ? Nao es
Sol , porque o Sol naíce do feu( occafo,
e tu nao hafde tornar do teu fepulchro;
pao es Lua , porque a Lua.padece feus
eclipfes por accidente , e tu a qualquer
accidente verás final eclipfe : nao es Ef-
trella , porque hafde cair antes do día
do Juifo , e pode fer que feja teu juifo
neíte dia ; nao es regozijo, porque quau-
do gloria de quem te vé-, es logo Infer
no de.quem te ama : nao es Serafim, por
que ainda fem medir as mais deípropor-
(¡óes os Serafins vivem de amar , e tu vi
ves de amante ; nao es paz, porque da
guerra alhea fazes a Vitoria propria : nao
es bern, porque nafces a crefcer mal : nao
es feguro , porque vives perigo ; nao es
eternidade, porque fó duras inconítan-
cia: fe pois, ó fermofura, nao es Sol,Lua,
Eítrella , Serafim , gloria , paz , bem , fe
guro , eternidade , que tens de Ceo fe-
T nao
-v Marta da Ce». ^ yj
íia6 o nome , que te deu teu defvaneci-
mento : eíte chama-te Ceo , o defenga-
no chama-te flor , e certo que nem o
defengano teacertou anome : a efímera
mais caduca da-Primavera , ou já preza á
esfera propria,ou já lifonja na maoalhea,
retn de vida a idade de hum dia , etu na
incerteza de hum dia nao tens de fegu-
ro nem huma refpiraqao ; a flor aquella
pouca duraqao tem-na de pofle, a fermo-
fura nem duracaó-ta» pouca pode ter fe-
nao em efperanqa ; a flor logra hum fe-
guro breve,a fermoíura nem hum engano
dilatado; a flor- fabe quanto vive, a fermo-
fura nao fabequando morre; a flor corre
as fuas horas fem fobreflalto , a fermoíu
ra nem os inflantes piza fem fuíto ; a flor
olha para o feu tempo como feu , a fer-
mofura para todo o tempo deve olhar
como alheyo , com que excede muito a
flor á fermofura ; fenao es pois nem o
que te chama o defengano , como ferás
o que te chama a vaidade : coníultas com
teu efpelho teu fer , e nao advertes o que
te diífimula teu efpelho i tu perguntas-
lhe o que es, elle diz-te o que pareces , e
tu cuidas que o que pareces he o que es;
D iii mof-
^4 Obras da Madre Soror
moíbra-te as boas cores de tua belleza,
efconde-te o achaque de tua fragilidade,
e correndo tua fermofura a morrer , te
perfuade que para a matar; fe o huleares,
fermofura , como defengano , nao te fa-
lará como efpelho : bellezas do Muudo,
até dos efpelhos fazey os defenganos , e
fe vos nao trataran como cryítaes, que-
bray-os como vidros ; fayes pois de teu
efpelho huma Divindade prefumida, aon-
de a idolatría te deixa huma Divindade
lifongeada , fem advertir que te bufea
humana o mefmo , que te appellida Di
vina ; fó Deos foy^Deos , e homem, e tu,
fermofura , queres fer mulher , e Deufa ,
o que pode unir feu poder, quer aqui
vincular tua prefumpqaó , grande pre-
fumpqaó a que fe atreve ao poder de
Deos , eíTa foy a que lanqou a Lusbel no
abyfmo ; tem-te , fermofura , que elle
tambem eraAnjo de luz.
Nao dás credito á tua realidade , por
dar ouvidos a tua lifonja , e quizeras def-
fazerte de teu fer , por te fazeres de teus
hyperboles ; teu fer he hum pouco de pó,
. teus hyperboles hum muito de menti
ras, emelhor teeítá, ó fermofura, que
tua
. - : / María do Ceo- ' q -$$
tua mentira tua terra , eíta cuidada po
de valerte hum defengano , aquella ef-
cutada pode levarte a hum precipicio ;
cerra pois os ouyidos á lifonja , que te
deípenha , abre os olhos á miferia , que
te compóe , e porque primeiro que em
tua apprehenfaó a vejas , em minhas vo-
zes ouve qual he tua miferia : fabe, bel
leza , que toda a cor de tua fermofura
nao he mais que huma diífímulacaó de
cáveira , efla graqa , que reprefenta tua
vida, he fó hum veo , que efconde tua
morte, defengano cuberto de flores, hor
ror embudado de luzes, e que efíando
tua cáveira por alma de tua fermofura,
te efquecas por tua fermofura de tua
morte , iíto he adorar o engano fobre o
cadaver , quanto melhor te fora adorar
a verdade debaxo do engano. Se tua bel
leza em fua luz attrahe tanta borboleta
errante a confumirfe , a manha em feu
occafo chamará bicho faminto a fuíten-
tarfe; fe agora a maripofa rodea a cham-
ma , ao depois o bichinho bufcará a cin-
za, fenáo podes renafcer da cinza , por
que fazes, ó fermofura, cafo da cham-
ma ? Viver com eítimaqao de Feniz , e
D iv com
$6 Obras da Madre Soror
com perigo de belleza he paflarfe a bel
leza á ignorancia do Feniz , e nao á du-
racaó , e tomas aflim da ave o bruto , e
nao o perduravel ; defprezas pela ferino*-
fura a razaó , com que fazes femrazaõ
a fcrmofura, iíto he fazer da graqa culpa,
pois atonías culpa, quando arecebeíte
graca, e porque nao premeditas , ó bel
leza, que naõ podem as eítimaqoes da
vida livrarre das injurias da fepuítura , e
que fe hoje nao baíta tanto racional a
adorarte, á manha fobrará qualquer bi-
chinho a ofFenderte ; dize pois aquella
idolatría que te livre deíta fatalidade,
efe o feu affecto te nao pode valer na
morte , de que te ferve o feu aírecho na
vida? Quando , ó fermofura , te excluas
das fadigas da Parca, como te hafde izen-
tar dos eítragos do tempo , fe paíTada a
primavera de rua perfei^aó, o que hoje
he emtua belleza faude, a manha ferá
era teu efpelho faudade, eos mefmos
dias , que gaítas em defvanecerte, fao os
proprios , que gaítas em diminuirte, o
tempo confome-fe em defenganarte , e
tu em enganarte confomes o tempo; mas
neíta encontrada porfía hade ceder tua
-'-' ' *- tei
^Ufaría JeCto.^ h
teima a feus rigores , ficando por def-
.pojo tua fermofura : faze pois efcarmen-
-to de tua razaó , não efperes a fazer teu
defengano de teu defengano , que o pri
meiro he voo do entendimento , e o fe-
gundo vagar da ignorancia, e fe tua bel
leza porque hade fer nada ao depois he
nada agora , fe a vês agora , feja conr
templandola como ao depois, bufca-lhe
as luzes fó para lhe penetrares as cinzas,
e aflim no que te encontrares fea , te fa-r
ras fabia. Bellezas humanas, dcfenganay-
vos , antes que vos defenganem , fazey
já por vontade o que hade fer logo por
forca , olhay que eítá a vofla vida a-
meaqada de duas mortes , e que faó mui
to duas mortes para huma vida : quem,
ò fermofura, te chama luz, bem fabe que
foges como fombra, quem te nomea ma
ravilha , bem fabe que duras como ro-
fa , quem te appellida diamante, bem fa
be que cítalas como vidro ; quem te in
voca Eítrella , bem fabe que influes def-
graqa, quem te compara gloria , bcm fa
be que te defvaneces fufpiro, e quando
não tiveras mais mal que o de fazeres
mentirofos, eras, ò fermofura,grande mal.
Que
58 . Obras da Madre "Soror
Que deixas aos feculos vindouros de£
fa tua perfeicao prefente , por ventura
podes repartir o thefouro de tuas gra
bas as idades futuras ? Nao , que eom ti-
go fepultas tuas grabas : a belleza mais
celebrada nas Hiítorias Sagradas foy a de
Raquel, a fermofura mais memoravel nas
narracoes profanas foy a de Helena , e fe
de Raqual nao ficou huma luz, fe de He
lena ib ficou huma cinza , que valeu a
Helena o abrazar com fuas chammas a
Troya , de que fervio a Raquel o alu-
miar com feus Soes a Mefopotamia ? Bem
que fe nao communica aos tempos , nao
tem tempo , fermofura , de fer bem ; a-
quella gloria , que fe deixa , he a mayor
gloria , que fe poíTue , mas tu fó podes
deixar huma compaixaó , aínda quando
logres huma memoria. Fermofuras hu
manas, fe quereis eternizar aperfeiqao,
defcuiday-vos da belleza, quebray vof-
fos efpelhos , e componde-vos de voílbs
defenganos , que efles alinhos agora def-
troqados ao depois vos feriaráojuzes te-
cidas i fe vofla foberba defeja arrancar
as Eítrellas do Firmamento para as fa-
zer alfinetes do toucado , o que nao pó-
- . ' de
Maria do Çeo. 59
de fazer a vaidade prefumida, poderá fa
zer a vaidade pizada , fe hoje vos def-
pirdes de enfeites , à manhã vos touca^
reis de Eítrellas ; olhay que a ambiqao
de voíTas salas fó podem fatisfazer os
cortes das faffiras , e que na terra naó vos
podeis veítir do Ceo, que para alcanqar^
des huma gala do Ceo he precifo repu
diardes os adornos da terra ; que dera
voílb va6 appetite a quem lhe talhaíTe
huma roupa do Sol ? Sem duvida que a
poder o. Sol fer tecido , já farieis cara ao
ouro fiabo ; pois fó com ter valor para
defprefarvos , tereis mais luz , que a de
fete Soes para veítirvos ; mas ah mifera-i
vel fermofura , que todo o teu defvelo
he fazer galas para o valle , aonde ainda
que adornada de perolas o hafde achar
de lagrymas ; todo o teu defcuido he ef-
queceres-te dos luzimentos para a Corte,
aonde atè das lagrymas podias fazer pe
rolas , tanto defmancho para os olhos do
lince, tanto enfeite para as attenqóes dos
cegos , iíto , belleza , peza huma loucu
ra , e tal he atua louctira,que a não pe
za; mas fenão tens juifo para o pezar,
olha que fe hade pezar em teu juifo , e
alli
éo Obras da Madre Soror
allí o ouro , que arraítaó tuas vaidades;
fará carga á balanca de tuas culpas, fem
que baíte a izentarte fua fineza tanta
ambicaó de fer fermofa a tua vida , tan
to interefle de fer fermofa a tua eterni-
dade , fó tinhas defculpa a poder fazer
eternidade- de tua vida ; para a esfera de
hum inítánte qiíeres fer muito para a ca-
pacidade de hum fempre , adquires fer
nada, cá>que te fingularízem como af-
fombro , lá mas que te excluaó como
fombra , c es de taó máo goíto , fermc~
fura, que te eítimas caduca , para te def-
prefares immortal. Entendey, fermofas*
que nao eítá a belleza em fello , fenaó
em haver de fello ; voífas luzes nao po-
dem relTufcitar de volfas cinzas , que fó
podem renafcer de voílb defengano: de-
fenganay-vos pois fe quer ao intereíTe de
melhorardes as luzes, e alfim fe hoje fois
fermofas de accidente , á manhã fereis
fermofas de eternidade. Callou o rio pa
ra cantar a ave , que defcendo do fobe-
rano ninho á inferior esfera do throno
funebre de hum elevado acipreíte diífe
afiim.
O1
' . . Marta do Ceo. 6h
O' tu beldad caduca
En eíta humana esfera,
Si vives como rofa , (Eítreüa?
.. . Que importa, di, que alumbres como
O' tu , que diamante i
Las luzes reverberas ,
Si duras como vidrio , (dra ?
Que importa,di,te eítimeneomo pie-
O' tu lifonja infauíta
- I De maripozas ciegas ,
Si huyes como fombra , ( brera?
Que importa,di,que eítés como lum-
O' tu mortal hermofa ,
Tu celeítial terrena ,
Si corres como agua , (perla?
Que importa , di , que nafcas como
; O' tu de amor armado
La más rara potencia ,
Si mueres como blanco , (flecha?
Que importa , di , que mates como
. O' tu de aprehenfion loca
La más ardiente idea ,
Si buellas como humo , (hoguera?
Que importa , di , que abrazes como.
O' tu deidad mentida »
De muger verdadera ,
Si achacas como humana,
Que importa,di,te adoren comoDea?
6v Obras da Madre Soror
Y finalmente ó tu ;
Vaniflima íbbervia,
Si eres como accidente , (lleza?
Que importa, di, que eííés como be-
Poz-fe o Sol , fugio a fermofura no ído
lo , nas Caqadoras , e Nynfas, que he taó
grande a forfa do defengano, que valida
do Ceo a nao efpera nem o melhor da ter-
re ; a Peregrina vencendo as faudades
com o efcarmento , e por fugir á menti
ra das flores , fixava os olhos na belleza
das Elfrellas , mal fatisfeita da fermofu
ra , que quando tomou da rofa a feme-
lhan^a , foy para lhe tomar a durac,aó.
capitulo v.-r
..í'.k . . ¡: J
Paja a alma ao terceiro ídolo diferífao
humana , torna a enganarfe , e o de-
fengano a dij/uadila.
NYnfas , e Ganadoras torna6 a igno
rante Peregrina , e intradir/indo-fe
eantelofas , já com o affavel da converfa-
caó, já com o fuave damufica/fizerao
fe achafle com ellas á viíta do terceiro
ídolo , cujo culto era hum domicilio de
"--'\-r i 3'iííron
*'•-. Marta do Ceo. 6j
firondofas arvores , aonde tudo flor , e
nada fruto j aquí fe idolatrava huma mu-
lher <de animado femblante , viviífimos
olhos , graviífíma preferida ; fua gala era
branca , cujas guarnieres formavaó de
ouro varias letras , diverfas cifras : ao
peito prendia huma Aguia de diamantes,
na maó fuítentava huma penna de pre-
ciofos efmaltes. Venerou a Peregrina ef-
te ídolo , que lhe influhio affeélos em
inítantes , e vendo que tocando com a
penna as arvores, lhe duplicava as flores,
conheceu ferem todas aquellas flores
produzidas da lua penna; admirou o va
lor de tal penna no primor de taes letras,
e aqui comecou a idolatrar ao ídolo, mas
ignorando o nome á Divindade, alflm co
mo o fer, perguntando quem era ás Nyn-
fas, lherefpondeu aDeufa.
Yo foy la fabia Deidad ,
Que en eíte ameno paiz
Subtilezas enfeño a los ayres ,
Quando flores debuxo al Abril
El Abril , y el ayre ,
Si fe miran aqui ,
Ni uno tan florido ,
. '-Ni otro tan futil.
¿Ti .'¡'viíjiU — 'jo. _ : v i-^ Stíy
¿4 Obras da Madre $úror
Soy del ParnaíTo la Diofa ,
Porque fin mi aliento, oid ,
Ni fu fuente fe obliga a correr,
Ni fu Mufa fe atreve a influir.
Las aguas , las Mufas
Del fabio penfil ,
Si por mi no fueran-, -----.. ::
No fueran fin mi. -.'<'«»/:.-.
El Águila por volante
Al Sol fe atreve gentil , ...--<.
Sin mi viíta no llega a mirar ¿
Sin mis alas no llega afubir.
Sus alas , fus ojos
Son, que anfi los vi,- -. .
Mi luz perfpicás,
Mi pluma gentil.
La Deidad de la hermofura
En competencia venci, -. -
Y a quien la hermofura fe proítra
Haíta el Cielo fe puede rendir.
Beldad, hermofura .-- - / - y
Es conmigo vil,
Que yo de mi renafco , :>
Ella acaba en fi-
De Grecia a los fiete Sabios; ; .;
La Rhctorica les di,
De fama de Athenas foy alnja,
-.,' Que immortal no fe pude morir. .
* Maria do Ceo.5 , 6
A Sabios, y Athenas,
Que tanto applaudis ,
Su mente iluſtré ,
Su penna movi. . .
Thezoros ſon mis concetos ,
Porque exceden , fi advertis ,
Quanto va de hermoſura a la perla,
Quanto tratan de amor al rubi.
Rubies , y perlas , .. . : :
Thezorosmedi, é is
Y dexan grofleroi .
Aloro de Ofiri : p itin
Y al fin tanto es mi poder ,
Si lo llegas a advertir", ovisno
Quehe vencido con quatro palabras
Lo que le proftra con hazañas mil.
Palabras , hazañas , si el
Que vence inferi : 1 Ors
01. El esfuercơ ndio 17 n* o " },
La diſcrecion fi. . , 73 .7% !
Callou a prefumida Rhetorica os ſobera
bos metros , fendo ſeus conceitos iman
attractivo para o coraçað da Peregrina ,
a quem ella em prendas do- que a feſteja
va lhe deu a penna , que na mao tinha,
mas ao querer pegar delła agradecida , a
Deuſa voou ligeira , deixando - a corrid
66 .Obras da Madre Soror
e ao levantar os olhos mais defengana^
da , vendo que o mefmo ar , que levara
da fua mao a penna , roubára das arvores
as folhas ¡ tao leves eraó daquella dtfcri-
qao os conceitos , tao va daquella penna
a gala ; aífim o meditava a Peregrina,
quando a murmuraqaó do rio lhe ajudou
as vozes do penfamento , dizendo aflim.
DES EN GAMO. III
QUe fabes, difcricaó humana , fabes
para teu applaufo , ou fabes para
tua importancia ? Mas eu- vejo que fazes
de tua importancia teu applaufo , e por
iíTo nao' fabes ; fazes de teu entendimen-
to tua vaidade , e deixas de fazello tua
razaó ; razaó tiveras a nao teres enten-
dimento , que culpa ferá tornares as lu-
zes em fombras , quando he culpa o nao
tornares..< as fombras em luzes ; pois -eíta
he , difcriqao , a tua culpa :. logo . aonde
eítá a difcriqaó , fe eirá erro ? Os cegos
quizerao fazer fua claridade de fua ce-
gueira» ;« tu fazes. tua cegueira de tua
claridade, bem podes fufpirar pela luz dos
cegos; elles conhecem^na pana defejalla,-
v. - »-' - etu
Marta do Céói 6f
e fu poíTuella para deítruilla , e aífim fi-
cao de melhor luz , fe de peyor viítaj
dera6-ta para faber , e tu fabes para pre-
fumir , e trocando a condiqaó da dadiva,
defeítimas a obrigaqaó da divida, tornan
do ingratidao por entendimento. Todo
o teu eítudo he faber viver a tua farhá
na vida , nada de teu defvelo -he faber
viver a tua eternidade na morte ] ficarl-
do aífim idiota de tua falvacaó por le
trada de tuavaidade;faybaoMundoque'
fabes , mas que Deos veja o como desat
iendes , que tu fazes ponto em fer dif-
creta da terra, enão fazes dezaremfi-
car ignorante do Ceo : faqaó os homens
conceito de teus conceitos , mas que os
Anjos facaó delles murmuraqaó, que tu
íazes-te dezententida com os Ánjos, por
ficares por entendida com os homens'^
aonde pois eirá 6 levantado de teu jui-
fo ,: fe nao paila de Eítrellas afima, aonde
eftá o fublime de tua fabedoiia , fe fó
comprehdes de tellias abaixo , que pene-1
tra tua agudeza , fe te nao revela o fe-
gredo de tua importancia , que faz tua
viveza, fe nao faz de tua morte tua Vida,
qne ía&iüa prudencia , fe nao faz de tuíí
xi £ü vida
4t Obrais da Madre Soror
vida tua morte, que faz tua delicadeza.
fe não lima tua vontade, que fazem tua:
palavras , fenão -enlinaó tuas obras , que
fazem teus elcritos, felb-faó obras de
palavras ¡, que fazem teus equivocas , fe
¡te tíaò aclaraó, que fazem teus trocados,
fe te naó trocaó -, ~e finalmente que fas
teu entendimento) fe fe-não aproveita de
teu entendimento -? Saber para viver-, ne-
fcia difcriqaó, ate o fabem os brutos,que
a Providencia para a vida lhes fez graça
contra a irracionalidade ; fefabes fó pa
ra viver., fabescomo todo o bruto: lo
go de que prefumes, fe não fabes mais?
Se nafceras bruto , e entenderas como
racional , podias defvaaecerte , mas fe
nafcendo racional alcanqas como bruto,
de que ficas a vangoliarte ? Saber para
morrer he a verdadeira difcriqaó, eítu-
dar na vida para não errar na morte he
a verdadeira fabedoria , eíta intelligen-
cia he entendimento de racional, a ou*
rra he inítinto: Saber na vida para avi
da he huma fciencia , que forfofamente
;hey.de fepultar acabando , faberna vida
para a morte he huma difcriqaó , que
¿fem duvida hey de eternizar renafcen-
<i . - *...- . ao¡
Marta do Ge* > 1&
«lo , faber em quanto vivo, he faber pou-
co , perguntay-o á duracaó humana, fa
ber para quando revivo he alcanqar mui-
to , perguntay-o á infinidade eterna; fa
ber para eíte inítante he o ponto da tua
vaidade , ignorar para aquelle fempre he
a fatalidade de teu engano ; e nem a am-
bicaó- do fer mayor tua fabedoria te
obriga a fazer menor tua,prefumpca<>,
porque fó em tua prefumpcaó eítudas.
Se eítudardes , difcretos , em voflbs de*
fenganos, alli em voJTo fer aprendendo
os nadas, de tudo fabereis melhor o co-
ma tudo he nada ; alli na terra de.voíTa
compoficaó premeditando vos nao ce-
gaña o pó de vofla. vaidade prefumindo^
alli na vileza de voíTa condiqaó conhe-
cerieis a foberba devoífas condiopes, al
li no vidro devoíTa fragilidade repara--
rieis o confiante do voíTo perigo;alli olhã-
do para a fepultura como cafa propria,
nao olharieis para amorte como penfaó
alhea , alli pezando a brevidade do vof-
fo tempo, farieis emquantidade de inf-
tantes negociaqaá de eternidade, alli em
voíTo juifo futuro faberieis condenar vof-
fo juiío prefente ,. alli no conhecimento
&xsrn E iii de
70 Obras da Madre Soror
de voffa miíeria defcobririeis o embuqa*
do de voflb engano , e finalmente allí
fáberieis , porque alli fó fe fabe. Eftuda
pois, difcriqao , neíte livro para felloi
3ue nao entender letras tao claras ain-
a para ignorantes he necedade- ;
Ser düüfericaó , ó Sabio , e fer erre
pao pode combinarfe , pois eu fey que
fois erro , e nao devo cuidar que fejais
difcric,aó ; fois erro quando nao fazeis
fó do Ceo conceito , fois erro quando
nao fazeis fó de Deos eítudo, fois erro
quando nao fazeis da graqa íabedoria,
fois erro quando nao fazeis fó da Glc'
ria gloria , fois erro quando nao fazeis
do defengano papel , da dor penna , das
lagrymas tinta , das firmas feguros ; fois
erro quado nao fazeis do Parnazo Olym-
po , da fonte defengano, do Apollo luz,
das Mufas llluítracpes ; e refolutamente,
entendidos, ou fois Santos , oufois er?
ro , que nao fe une poder fer fabios fem
fazer por fer Santos : fó o Santo, difere*
tos , he fabio, ha mayor engenho que fa^
ber hum ajuntar as miferias da terra ás
fuperioridades do Ceo , ha mayor fubti-
Jsza, que ern hum valle: de perigos fe-?
mear
- »:»:.- ;. María do^§0'^-} \ .^i
mear feguros , ha mayor capacidade,que
em huma terra de loucos fuítentar ra-
zaó, ha mayor tino, que em hum Laby-
rintho de trevas nao perder < o fio , ha
mayor entendimento , que fazer o que
meeítá bem , ha mayor difcricaó, que
fugir do que me eítá mal , ha mayor in-
telügencia, queconhecer o engano, ha
mayor fciencia , que alcanqar o defen-
gano , ha mayor acerto , que trocar o
Mundo peloCeo, ha mayor.'habilidade ,
que goítar do Ceo ainda no Mundo , ha
mayor faber, q faber falvarme ? -Pois eíta
he a fabedoria dos Santos, e quando, ó ig
norante fabio , fofles difcreto, pódias ne
garme que eras difcreto de máo gofio ?
Coítas de tua vaidade , que he hum pou-
eo de fumo , goítas de tua prefumpqaó ,
que he hum pouco de vento , 'goítas de
teus conceitos , que fao huma mentira ,
goítas de tua penna , que he huma men-
tirofa , goítas de teu applaufo , que 'he
huma lifonja , goítas de tua fama, que he
huma embuíteira , goítas de teu entendi
mento, que he huma pequena de loucu-
ra , goítas de ti , que es hum pedaqo de
lodo i vé ago^a, ignorante, fe fendo <ie
E iv tao
& Obras da Madre Soror
taó mío goíto , podes fer difcreto. i *»
Cuida teu delvanecimento prefumido
que alcanqas afaber tudo na terra , e ain-
da nao alcanqas o que íó no Geo fe fa-
be j tudo queres faber, mas ó difcreto,
que aínda te falta muito por faber , tem
habilidadepara ir ao Ceo , e faberás. effe
muito i. í$ no Ceo fe fabe o que he o
Ceo , e quem nao fabe o que he o Ceo,
nao fabe i allí comprenderás na fciencia
dosAnjos a verdade de toda a fciencia,
aonde te farás fciente de verdade , allí
eluidarás no,abrazado dos Serafins a ar
te de amar ;. quem quizer aprender eíta
arte, menos que por hum Serafim nao
eítude ; aWi tíonhecerás na fortuna dos
gloriofos a verdadeira fortuna , aonde
fem haver roda , que atemorizo , ha Ef-
trella fixa, que aflegure , allí na alegria
de todos alcanqarás que na terra era ale
gría de nenhum ; finalmente allí verás na
luz de Deos que tudo o mais he fombra:
faze pois , ó Sabio , por ir ao Ceo , e af-
fim te farás fabio, eíhida aquella fcien
cia, que fez ao fimples Meítre , ao tuf-
ti<jo político , ao humilde Rey , ás pe»
te fogft, aos bronzes cera, as flores m*>
ü ravi
Marta do Ceo. £$
ravilhas, á noite luz, á fombra dia , á nu-
vem Sol , á fera humana , á humana Dea,
ao homem amor , ao amor homem; e fa-
bendo eíta fciencia do amor alcancarás
o Ceo , e ib no Ceo , ó difcreto , fe al
canqa. Acabou o rio , e comeqou a ave
tao mufica, que pode fazer doces os de-
íenganos com as vozes, que foraó eítas.
O' tu del ayre fymbolo ,
Ciertoque obliga a laítimas,
Ver que, podiendo folida,
Solo labes fantaítica.
De la tierra en el ambito
Tus fubtilezas parvula»
O' fon flores inutiles ,
O' fon luzes incandidas.
Tus obfcuros preambulos ,
Tus vaniflímas claufulas
Son neeedades criticas ,
t Si no rudezas fatyras.
Tu que , podiendo altiífima
Beber luzes diafanas ,
Te bazes terreítre florida ,
Siendo volante Águila;
Tan faifa en tuRhetorica,
Tan injuíta tu maxima ,
Que de ti las politicas
J5qo del Sabio tes lagrymas- X
74 Obra?. da Madre Soror
. Y al fin , Sabia loquiífima , . - <s
Llegas a fer tan fatua, (les
Que pretendes en vida de marmo-
.- Confervar duraciones de fabulas.
Voou a ave , deixando pelas Eítrellas do
Olympo as flores do Bofque, aonde já a
Peregrina nao via ao ídolo, nem ás ido
latras , que, como fempre , atemorizadas
'do defengano deraó coítas á forfa da
verdade. . . ,. . -ia-oi;rJr..;.
GlP:-l ^t£Í4Si'vL
';i-h' .ViV;
A efperan'fa da Mundo ídolo quarto che-
ga a alma , primeiro olha.para ella
rcúerenie r. p logo adeim defen-
'. -.. :s .>¡ ganada. : .;rj/
BUfcáda outra vez de Ganadoras , e
Nynfas a Peregrina , e adiada fem-
Íire , porque nao labia fugirlhe nunca ,
by levada da tropa infiel ao quarto ído
lo do Bofque , a quem faziao fombra z-
mendoéiras arvores , cujas flores ferviaó
de primavera a eíta do Mundo efpeían-
5a. Veítia de verde a mentida Deufa, cu
ja cor guarnecía de. varias flores, deítas
compunha feu toucado , e adornava feu
peito ; era feu afpecto aprazivel , feus
olhos lifongeiros , feu femblante alegre,
e todos eítes attra&ivos forao iman, que
leváraó a fi o affeéto da Peregrina, e que-
rendo faber quem lhe roubava o coraca6
pelos olhos , lhe perguntou feu nome re
verente, ao que refpondeu fonora.
t -5oy la hermofa lifonja fuave,
En que humanos rigores fe ablandan,
Más dulce, más ágil, más firme,
Que el ne¿iar,q endulca, q el ayre, c|
La Eítrella,que para. (corre,
;'. -Soy del amor el aliento apacible ,•
La que fopla a fu incendio las llamas,
Que esfuerco , .q* avivo, que acen do,
. La fe que eítremece,la llama q buela,
El yelo que atsu . .
Soy la fuerqa amigable , y rifueña ,
La que a fi coraqones arraítra ,
Que lleva, que anima , que attraye ,
El Colon que furca, el Marte q lidia,
Adonis que ama.
Soy la Diofa, que el Mundo venera;
A mi culto fobervio , a mis aras
.-;: . Se rinde, fe proítra , fe humilla
El fagrado adornóla purpura Regia,
La abarca villana. Soy
7<í Obras da Madre Soror
Soy Deidad del confuelo benigna,
Que con migo piedofa, y fin faña ^
Se acalla, fe lufre , fe enxuga
El gemido tierno, el tormento duro>
La lagryma blanda.
Soy del bien precurfora dichoía,
Y preludio feliz le adelanta,
Que influyo, que arrojo, que exhalo.
Alientos, íi foplo, vidas , fi refpiro ,
Si pronuncio, almas.
Soy al fin la efperanqa del Mundo ,
Más alegre á apreenfiones humanas
Que en bofque,q en prado, q^ en felva,
Las muzicas aves,las rofas fangriétas,
<?-'< Las corrientes manfas;
' Callou o ídolo , e alargou fua mao
tr i a Peregrina ao que eíta lhe pareceu
. com hum thefouro* porque aífim
pjfc. lho promettia feu femblante,e abrin-
fa ¿0 do a. mao para ver o qee nella lhe
Mun- deixára , a achou vazia; levantou
4a- osolhos a queixarfe, e topou com
Pn~ a viíta as amendoeiras já defpidas de
™e¿f? fua flor, que perdida a efperanqa fe
t0 ? e desfolháraó antes de darem fruto.
dmna* Duas- vezes advertida a Peregrina
. d*. Jüa apartandole efcarmentada, quã-
VJ'l .;.; .;..;.- ;._ do
' Ída¥iá dor-Ceü> . f?
ck> a rmirmuraeaó do rio adeteve aef-
cutar feus claros defenganos.
Desengaño iv. /,
S~\ Ue promettes , efperanfa do Mun-
V^ do ? Riquezas , iflb faó vaidades ,
]ionras, illo faó fantazias, voos, iíTo
faó precipios, títulos, iflb faó nomes, co-
roas, iíTo he pezo, Imperios, iíTo he ter
ra, mitras, iflb he encargo, tiaras, iflb fao
obrigaqóes , baítóes, iflb fao lidas , Vito
rias, iflb fao batalhas, laureis,iflb íao fo-
Jhas, e analmente todos os bens do Mun
do, iflb he nada. Qye faó as riquezas,que
promettes ? Quando ouro , huma pouca
xie terra, quando prata, huma falfidade de
liga, quando perolas , humas gottas de
agua , quando diamantes , hum diífimula-
do veneno, quando efmeralda , humas
pedras de melhor cor,quando faííiras, hu
ma cor de melhor femelhanqa , quando
cryítal, hú pedaqo de caramelo , quando
coral, o tronco de huma arvore, eítas faó
as riquezas para quem as conhece; e q fao
as riquezas para quem as poflue ? A quem
as poflue faó cuidados- para a vida, fau-
fc¿- - dades
78 Obras da Madre Soror-
dades para amorte, cargo para o Jirífó,
embaraco para a corita , a moeda faifa
para o Ceo , moeda corrente para o In
ferno. Eítas fao as riquezas.
Que promettes nas honras, promettes
títulos , e que faó eíFes títulos ? Sao hu
ma excellencia , que me nao faz exced
iente , porque me deixa miferavel, huma
fenhoria, cujo fenhorio eítá na voz alhea,
e nao no merecimento proprio ; as nii-
nhas obras podem-me fazer excellente,
porque me podem fazer Santo, as minhas
virtudes podem-me fazer fenhor , por
que me podem fazer grande ; mas cui
dar hum que porque tem huma terra,
ou huma noméaqaó de mais , fica excel-
lente , he huma ignorancia, que bern pa
rece filha da terra: Oh quantas vezes o
que para o Mundo he excellencia, he in-
folenciaparaoCeot Fazeis. Títulos,mais
apreqo daquelle nome , que vos da5 eni
voffb eítado, que daquelle nomé , que
vos deraó em vofíb Baptiímo , pois acó*-
dis pelo titulo, e nao pelo home: eim cer- '
to modo parece que antepondes a fpr- -
tuna á gfaca ; defenganay-vos, Grandes^
quefem gra^á háo' \üíommt~ '-- "!"
Marta do Ceo, ¡ 79
Promettes mais , ò louquiflima efpe^
ranfa , baítóes , e a quem os promettes ?
A hum homem , que para alcanqar efle
baítaó , pafla primeiro por tantos peri
gos da vida , quantas faó as occafioes de
merecello; hum agonizante pafla da mor
te a fua hora , hum Soldado vé-fe na hcK
ra da morte quanto tem de vida , com
que não fó fazes comprar ao triíte con
tendor a honra,que lhe promettes, com a
hora da morte , fenaó com as horas da
morte ; e quantas vezes , ah falfiífima ef-
peranfa , lhe chega a morte fem lhe che
gar a honra ! Servi, homens, a quem vos
promette coroas immortaes , e não a
quem vos acena com laureis caducos,que
a morte he rayo , que não refpeita ao
loyro, com que vos hade defpojar da vai
dade a morte , e fe arriícaítes a cabeqa
para merecello , não vos pode fegurar a
cabeqa para confervallo. Se quereis fer
valentes , fede Santos, não eítá o esforfo
em apreítar exercitos alheyos , eítá o
valor em dominar paixóes proprias , em
vencervos a vós , e não a outrem ; olhay
que mais faz hum juíto em conquiítar o
Ceo , do que fez hum Alexandre em fu-
V:i :. geitar
Obras da Madre'Sorof
geitar o Mundo ; conquiítay o €&Oj qÜS
padece foría. tr-' - - -.- - «¿./tío «o »*T6^
Promettes mais , falfiffima^fperaríft,
Imperios , e que vem a fer effes Impe
rios? Partes da terra, que he a 'iernfc to
da miferias : logo vem a fer fenhór de
mais miferias o que vem a fer fenHór de
mais Imperios. Dize, Fortuna, nene do
minio ao Infante q" nad-nafca chorando,*)
mortal que n&o viva padecendo, á- ra
leza que fe nao olhe ameaqada de huma
cáveira , á grandeza que fe nao veja ef*
treitada a huma cova , á flor que dure , á
Eítrella que pare , á alegria que fique, ao
pranto que tuja, ávida que nao aCabe,
a morte que refpeite ; e fe eíTe pranto fór
rifo , fe eíTe homem nao for miferavel¿ fe
effa belleza nao for fombra , feeffe gran
de nao for mortal, fe eíTa flor for per
petua, fe eíTa Eítrella for fixa, fe efta ale
gria for duravel , fe eíTá vida for conf
iante , fe eifa morte for refpeíliva , eu te
gabarey o Imperio , eu te nao defdenha-
rey a Monarquia. Senhorio de mortaes
polTe deterra , por iffo de miferias d&*
minio. '"'-: 'p''< .'*. -.<;:¡ ..í.-í -''-' ..
DE-.
QUe vales, riqueza, vales huma al
ma ? NaÕ.que a condenas; vales hu
ma vida ? Naó, que a arrifeas ; vales hum
focego ? Naó, que o deítroes ; vales hum
alivio ? Naó,que es pezo; vales hum def-
canqo ? Naó, que es cuidado; vales hu
ma refpiraqaó ? Naó, que es arrogo ; ar
rifeas avida de quem te bufca, conde
nas a alma de quem te guarda , deítroes
o focego de quem te conferva , fazes do
fono cuidado , do alivio carga, da reípi-
raqaó receyo, e es thefouro ? Aonde pois
cíta o teu valor, que fe o achou a eíti-
maqaó , eu o naó defeubro na realidade?
Comtigo poderá o homem comprar ma»
Mundo , porém naó poderá o homem
comprar mais vida : logo para que quer
o homem que o que lhe falte de vida
lhe fobeje de Mundo ? Duplicarlhe as
conveniencias para viver , e não dilatar-
fiie os alentos para durar , naõ he darlhe
mais feguros , e he deixarlhe mais fau-
dades para a morte , com que compra
comtigo para a morte outra agonia. So-
..C . nha
$a Obras áa Madre Soror
nha o ambiciofo com o thefouro , efper-
%z , e acha-fe com o defengano ; logra o
homem breve fono de fua duraqão ,- a
mentida pofle de fua riqueza , acorda na
eternidade , e defapparecelhe o thefou
ro ; com que quantas perolas cria o rhar>
quanto ouro a terra , quanta prata as
minas , faõ hum thefouro fonhado , que
fó vai hum defgoíto verdadeiro ; tudç#
que comtigo, o riqueza, fe faz na vida*
he para a vida ; he a vida hum compof-
to de annos , os annos de mezes; osrae-
zes de dias , os dias de horas , as horas
de minutos , os minutos de inítantes ,
com que de inítantes fe vem a fazer to
da a vida , e cabes , riqueza , em hum
compoíto de inítantes , fervindo fó pa
ra dourar minutos ?
Que tem o homem em teus banque
tes , fenaó huma demafia para o goíto,
hum achaque para a vida , huma injuria
* para a racionalidade ? Que tem em teus
adornos ? Na feda huma lifonja de me
nos dura , na prata huma vaidade mais
clara , no ouro huma terra mais bem pa
recida ; que tem em teus palacios, fenão
mais dous palmos de chao para o trope
Maria do Cea. çt
qd , quatro pedras mais levantadas para
a foberba , quatro torres de vento para
a ruina ; que tem em tuas preciofidades?
Humas pedras , a quem a terra deu o fer,
e a opiniao o valor , melhores para ati
rarem loucos, que para eítimarem fezu-
dos i que tem nos divertimentos , que
lhe compras , fenaó huma tarefa de ocio-
íidades , hum labyrintho de loucuras,
hum theatro de defatinos : iíto he que
tem em ti o homem , que te logra , e fó
huma chave tem em ti o homem , què
te guarda ; fe foras, ò miferavel rique
za , precifa para confervar a vida , ainda
fendo a vida coufa taó pouca , tivera
alguma defculpa quem por ti fizera mui
to . , mas, fe ao homem lhe baíta para feu
abrigo huma cabana, para feu íuítento
huma arvore , para feu veítido huma
pelle, para feu defafogo huma fonte,
que dás ao homem no que lhe fobeja* fe
íem ti tem o homem o que lhe baíta?
O' mortal, fe fó com armar quatro tron
cos te podes guardar das inclemencias >
para que levantas em teu reparo tantoá
marmores , para que eítremeces tantas
pedras , para que fazes trabalhar tanto
o-.» ii a . aiti
$1 Obras da Madre Soror
artífice, fem que efcape à tua fàntafíá
nem a pedra de mayor firmeza , neni o
cedro de mayor duraqaó , fendo injuria
ao Líbano no que te atreves , e ao mef-
mo Paraifo no que te atreveras, pois»
fem duvida que a poder , lavraras de
fuas arvores tua morada ; fe fó com def-
pir a hum bruto podes veítirte , para
que cortas tanto Abril em cores , para
que apuras tanta fineza em ouro , para
que manchas tanta pureza em prata , pa
ra que arraítas tanta foberania em pur
pura, para que teces tanta variedade em
galas ?.. Mas he , ò mortal , porque nao
coniideras que baíta huma pelle na vida
a quem fobra huma mortalha na morte:
fe huma fruita pode fuítentarte , para
que alteras os mares por feus peixes , a
terra por feus brutos , o ar por fuas aves,
o fogo com aves ¿ peixes , e brutos, can*
fando o fuítento de huma fó vida a qua
tro Elementos ; que dirá o ar de lhe da
rem trabalho por- hum fufpiro , fe baíta
à tua. fede agua pura, para que injurias
a clareza da fonte , e a Providencia de
quem a creou para a tua fede, conficio-
nando bebidas, de quem tua vaidade hç
t„u.j. ahy-
Maria do Çeo. 93
a hydropica , e não teu calor o necefli-
tado , e fem duvida que a haver Deu fes,
tu lhe roubaras de fua menza o nettar,
porque em teus copos naó faltafle a am
brolia. Bize-me pois , ò inutil Riqueza,
o de que ferves , fe fem ti eítava provi
da a natureza? Mas já fey que fó fer
ves de injuriar as condiqóes defla mef-
ma natureza. Sabes, ò homem , quando
farás theiburo da riqueza; quando a pi
se teu defprezo como terra , quando a
arroje teu deñntereíTe como lodo, quan
do a olhe teu conhecimento como nada.
Taes vos vejo, ò riquezas do Muudo,que
fois melhores para defprefadas, que pof-
fuidas. Mortal, que furcas os mares, que
rodeas a terra por feus haveres,como naó
advertes que eíti em ti o teu thefouro
com menos duvidas na poíTe , com me
nos trabalho na efperanfa -, fe com as
potencias de tua alma te podes fazer ri
co de eternidades , para que com tuas
diligencias te queres fazer dourado de
inítantes; fe tens em ti cabedal para com
prar o Ceo, para que bufeas cabedal, que
hafde deixar na terra , arrifeando-te a
que te falte pela peregrinaqao a patria i
póe.
94 Obras da Madre Soror
poe , mortal, teu cuidado em nao perdel-
la, e aífim terás em teus alfedtos teus
thefouros. Vontade bem facrificada he
o ouro de melhores quilates , lagryínas
bem choradas as perolas mais preciofas ,
pertfamentos do Ceo as faffíras mais ce-
leítiaes , efperanfas da Gloría as efme-
raldas de rn.elh.or cor, finezas por Deos. os
diamantes de melhor luítre , zelo da íal-
vacaó o rubim mais ardente , defengano
do Mundo o cryítal mais verdadeiro:
chora tua culpa , facrifica tua vontade ,
levanta teu penfamento, abraza teus af-
fe&os , melhora tua eíperanfa , exercita
tua fineza , aclara teu conhecimento , e
acharas , ó homem , o teu thefouro ; e fe
atégora eíteve em ti como em campo ef-
condido , de hoje por diante aproveita-
te delle , que ainda he tempo de o faze-
res achado. Callárao do Rio os defenga-
nos , e comeqou allím da ave a mufica.
M OTE.-;
GRo , y tierra todo es uno ,
Pero tanto el Mundo yerra,
Que adora la tierra tierra.
GLO-
'-* María do Ceo. $$
GLOSA.
LAs verdades, que atheforo,
Mortal , aquí podrás verlas
A tantas Alvas de perlas ,
A tantos Soles de oro.
Todo efle fatal theforo
Eirá de valor ninguno , - .
Sabe , 6 rigor opportuno ,
Porque falgas de tu abyfmo ,
Cipe agua , y perlas fon lo mifmo,
Oro, y tierra todo es uno.
Eres tierra en tal efpanto ,
Oro , y tus rayos ferenos , .
Y fi pudiera hallar menos ,
No te jufgáras por tanto.
Hombre, tu encanto, tu encanto
En cíta verdad deítierra ,
Porque tu valor encierra
Tanta fineza uzurpada ,
La tierra es para pizada ,
Pero tanto el Mundo yerra.
A todo el mortal humano '
En adoraciones hallo
Del Principe haíta el vaíTallo ,
Dekiluítre hafta el-villano.
Tan
9<$ Obras da Madre Soror
Tanto affe&o foberano ,
Dizid, que myíterio encierra?
Su intencion fe dezenterra ,
Que bufca el hombre humillado,
Que idolatra el Rey proítrado,
Que adora ? La tierra tierra.
Callou a ave , defenganou-fe a Peregri
na , fugio ao culto, conhecendo nelle por
ídolo o para que tinha olhado como Di-
vindade.
¡. CAPITULO VIII.
Em que a alma he levada ao culto do
amor proprio , primeiro , e ultimo
ídolo.
PElos perigos do Bofque deixou ou-
tra vez a Peregrina da ave os voos,
que pudera feguir com o penfamento;
conduzida como femprc de Caladoras,
e Nynfas chegou ao ultimo , e raais ve
nerado culto daquella esfera , cujo ído
lo era hum mancebo de aíterainado roí'
to , liíbngeiros olhos , alegre afpe&o,
delicadiilimo talhe ; veítia de hum finif-
limo nacar forrado de cambray , guar-
.-'<' necido
* * * Maria do Ceo , 7
necido de aljofar; era ſua esfera de om
narciſos , que lhe fazia ) culto , al- vor la
tar, e templo : olhava-ſe em hum dolo
rio , que lle fervia de eſpelho , e era heo a
o mais perdido Narciſo neftas aguas: mor
poz-lhe a Peregrina os olhos com
affecto , e ao perguntarlhe quem era."
com cuidado , refpondeu com mes
lodia . it
Yo ſoy el Fuego , ..
Yo ſoy el Agua, oy ſoy la Tierra, yo
ſoy el Viento ,
Y de todos los quatro hago un com - : :
pueſto , atti
Con que quedo a nombrarme quin -' ' .
to Elemento : imped
o Soy Fuego
r on hatan jas ſoy amorr ,
a ,onque
l .lbland eo , ,
an llento
if o , ttan Todos
.Pe : Pero in Sao ef
Que ſon liſonjas las llamas, ? cras
- Son halagos los incendios. . vos de
Pero mortales , tenedme miedo ,bant ? amor
oro
. .
A ES-
.C-\\. v> -i
mmmtti»
ESPOS A
. . . i' - I i .
.DOS
CANTARES.
X>OENC,A DE AMOR.
ADolece de amor laEfpofa,
Porque fue de verdad fu paífion,
Que el amor quando dexa la vida,
Vida fi puede fer, mas no amor. '
Anfi explica fus anlias ardientes ,
Anfi exprime fu fino dolor ,
Attencion, que fe quexa, mas ay ,
Que no cabe el affeóto en la voz !
Febre.
Ardiente fiebre de amor,
Que toda el alma arrebatas,
Que dexas para la vida ,
Si confumes toda el alma?
Ay que me abrazas.
jji In
itiat Obras da Madre Soror
Intenfo ardor, fuego a&ivo, '
Incendio de dulces afcuas,
Si te baíta una centella ,
Porque avivas una llama?
Ay que me abrazas.
En ti , dulciífimo fuego , r
El alma , y vida batallan ,
Que no puede la que vive
Al ardor de la que ama. l\ °;
Ay que me abrazas. 7'*
Aplaca , amorofo incendio ,
CeíTe tu violencia blanda ,
Si quieres matar , yá muero ,
Si quieres herir , yá matas.
Ay que me abrazas.
Yá foy ardor , yá foy fuego , .'
Dime , violencia tyranna ,
Que dexas para las piedras,
Si amenaqas a las flammas ? .
Ay que me abrazas.
Toda effencia del amor
Parece fuego , que exhalas ,
Si baíta de amor el hombre ,
Que hará del amor el alma ?
Ay que me abrazas.
Ayreque ardo,
Flores que muero, -.
'-' Que me abrazo agua. Agu¡
' Maria do Cea. ''' 4Íf
Agua que abraza el fuego ,
Mas ay que el fuego no aplaca,
Porque lagrymas de amor
O fon perlas, ó fon brazas.
Ay que me abrazan ,
Que fon incendos fuertes
Lagrymas blandas.
Ayre , que muero al calor ,
Mas mis fufpiros le traygan , ,
No deva a vueítras piedades
Lo que he podido a mis anilas.
Ay que me abraza ,
Porque el ayre en el fuego
Sopla las llamas.
Flores , que muero de amor,
Tened , que abrazo al tomarlas ,
Porque fiempre a los incendios
Dan materia las fragrancias.
Ay que me matan ,
Que contra un pecho herido
Un jafmin baíta.
Dor.
Dolor de amor ,
Si dexas la vida ,
No tienes valor.
K A :.:. ,'„.:. . ..' E
<**$ Obras.da Madre Soror
El dolor de una ardiente fayeta
Mi pecho palTó,
Mas tan dulce, que diera la vida
Por el dolor.
El dolor de una flecha fuave
Mi aliento robó,
Si anli fon los ahogos, no quiero
Reípiracion. ...< .:.
El dolor de un incendio brillante
Mi pecho abrazó .
Tan fuave, que ni por las luzes
Diera- el ardor.
El dolor de una herida amorofa
Mi affe&o llevó, -.
Si anfi fon los rigores ¿ dexarlos
Será rigor.
Al dolor de una llaga incurable
Mi pecho gemió,
Mas yo diera por eíte fufpiro,
Toda la voz.
Por amor de un dolor amorozo
Mi vida fuffrió.
Que el amor folo puede fuffrirfe
Por el amor.
Si tan dulcemente matas, -
Dolor de amor quando hieres,
Quiero bolver a la vida
Para bolver a la muerte. Hie
ja Maria do Ceo, a 125
Hiereme, hiere , i
Porque no vive quien ,
: De amor no muere. .
Buelve , dolor , amatarme,
Apura la flecha ardiente ,
Que quien ama de una vez ,
Puede morir de dos vezes.
Hiereme, hiere , is
Porque no vive quien ,
De amor no muere.
A prieta , dulce dolor ,
No afloxe, tu valor fuerte ,
Porque es rigor a quien ama ;
Lo que piedad , a quien teme.
Hiereme , hiere ,
Porque no vive , quien
De amor no muere. 1952
Haſta el aliento menor ,cbics
Querido dolor , no dexes , id
Que reſpirar es affrenta , ci
Adonde eſpirar es ſuerte.
Hiereme, hiere , lub PSOE
Porque no vive , quien , jo
De amor no muere and a
Ati , ſuave dolóroms ,261bos
Voto la vida contente , is 2016 )
Que quien ama, lo que vive ,
Viye mal, en lo que quiere . . . Hie
%i.6. Obrts d¿c Madre Soror
Hiereme, hiere,
Porque no vive quien.
De amor no muere:
De/mayos. i.
r/ju
Dulce defmayo de amcrr^
Si aprietas un poco másy
Podrás matar.
Podrás , podrás. : » .
Podrás, fuave deliquio, : - '--: -: /.
Toda la vida llevar, "...'
Porque morir es lo menos ,
Adonde amar es lo más. .-i
Podrás , podrás.
Podrás , dulciífimo incendio,
Toda el alma arrebatar ,
Oye ardor , que al alma no llega ,
Si es mortal , no es immortal.
Podrás, podrás.
Suffocar todo el aliento ,
Podrás, dulciífimo a fan,
Que rezervar un fufpira
Es hazer cargo de un ay.
Podrás, amorofa fuerqa, -¿V
Podrás, amorofa fuerqa ,
Tedo el acuerdo quitar,
.::\
AUFMaria do Ceo. 1291
Que haſta la memoria en ti )
Se convierte en voluntad . .
Podràs podràs. V !
Podràs , querida violencia ,
Todo el coraçon paſſar ,
Que adonde un alma ſe hiere ,
Deun coraçon que ſe hara ?
Podràs , podrás old , 205 il
Podràs dulce paralliſmo ,
Todo el amor transformar, c i
Porque adonde eſtà el amor ,
Nada, fino amor eſtà :Duh
Podràs , podrás. 197196 .. ( tar,
Podràs herir,podrás vencer,podràs ma
Si eres amor, podrás, podràs.
Ay quememuero de amores,
Flores , C “ DE
Ay anſias amoroſas ,030 ST
Rofas ; 2: 26 Lists
Ay amantes tributos ou
I Frutos , porno
Que deſmayo de amores ,
Dadme mançanas, traedme roſas
Cogedme flores,
Dulciſſimo deſalientov
Ardor deſte pecho herido ; Orki
Como
1*8 Obras da Madre Soror
Como llevas el fentido
Si dexas el fentimiento ?
Ay que fin vida lamento!
Serranas,
Dadme manqanas ,
Paítores ,
Cogdme flores.
Dime pues , blando homicida ,
Refponde , amoroía calma ,
Si hieres folo en el alma ,
Como arriefgas el la vida?
Ay que muero de la herida !
Serranas,
-, Dadme manganas.
Paítores,
Cogedme flores.
Si amor , ó dulce tormento ,
Es aliento fuperior ,
Quando dexas el amor ,
Como llevas el aliento ?
Ya liento amor , ya no liento-
Serranas ,
Dadme manganas,
Paítores ,
Cogedme flores.
Dime pues, dolor efquivo,
Porque tu refpuefta efpero,
Marta do Cié¿ \%$
Si eres vida, como muero,
Si eres muerte > como vivo?
Ay que muero , y rio apercibo !
Serranas ,
Dadme manganas ¿
Paítores ,
Cogedme flores.
En vos los Zefyros
Traygan inítantaneas
Con rofas coloridas
Jafmines diafanos.
Tened, que defmayo ¿
De mi Amado fimbolos
Rubicundo , y candido.
Corra en paflb liquido
A tus pulfos languidos
De myrrha odorífera
Unguento aromatico.
Tened , que defmayo ¡
Pues refpira ambares
El que vierte balfamos.
Los claveles , Principes
Deíte verde ambito ,
Curen falutiferos
Tus deliquios palidos.
Tened, que defmayo t
t Pues
13o Obras da Madre Soror
Pues veo en las purpuras
A fus golpes tragicos.
A tu fas puriflima ,
De la luz efcandalo ,
Rocíen aljofares
Por remedio valido.
Tened , que defmayo ,
Que en fus fienes unicas
Hay tan 'fin os átomos.
Filomenas muzicas
Del nido de un álamo
Refpondan a tus lagrymas
Con fus dulces canticos.
Tened , que defmayo ,
) Que a mis quexas intimas
Son alivios fatuos.
Mofquetas , y angelicas
Sin mirar obítaculos ,
Y otras plantas floridas
Te previenen thalamo.
Tened, que defmayo,
Pues por effe vinculo
Gimo eneíte paramo.
Rofas, mancanas, flores,
Si fois amores ,
Tened, tened,/ ^
Que fi defmayo de amores ,
'".:. Marta do Ceol f$ f
Más amores para que ?
Para que?
Myrrhas , nardos , olores ,
Si fois amores ,
Tened , tened ,
Que , ü adolefco de amores ,
JVÍás amores para que ?
Para que ?
Gracias , luzes , primores ,
Si fois amores ,
Tened , tened ;
Si eítoy herida de amores ,
Más amores para que ?
Para que?
Campos, Vales, Paítores,
Si dais amores ,
Tened , tened ,
Si eítoy moriendo de amores,
Más amores para que ?
Para que?
Gemidos.
Terniflimo fufpiro,
Rompe por las prifiones del filencio*
Y fi aliento te falta ,
En enes ayres beberás alientos.
I ii Buf
jrj* Obras da Madre Soror-
Bufca mi Amado auzente ,
Y al llegar a fu afliento ,
Si te deídeña el ayre ,
Dile , fufpiro , que te bufque el fue
go.
A fu pecho te arroja,
Y buelve a verme luego ,
Porque, ü en mi no eítoy ,
Quiero faber que eítoy dentro en fu
pecho.
Dile, fuípiromio,
Si te fale al encuentro ,
Porque efconde las luzes ,
Quando dexa (ay rigor!) a los incen
dios?
Dile que peno , y lloro ,
Mas que tanto le quiero ,
Que entre extremos , y vida
A la vida daré porlos extremos.
Dile que amor me mata ,
Mas tan fina al intento,
Que quando muero , y amo,
Amo, fufpiro mio , en lo que muero.
Dile, porque es verdad
Que en tan feguros riefgos
Por lo que peno folo
Diera, fufpiro mio, lo que peno.
En-
Marta do Cév¿ ' ' .f3 3 ;
Entre aflécto, y dolor .:'.'. : . .'
Di que me abrazo , y quemo,
Y matarme el dolor
:. - Es defayre, fufpiro, del affe&o.
Di que tanto le amo ,
Que es mi ardor tan intenfo,
Que, fi huviera amor más ,
Me muriera al pezar de querer me
nos. . . -. ; ohnr.nO
Dile , fufpiro amante, .'-
En mi dolor fevero
Que , fi. a fu centro huye ,
Pare en mi coraqon,que es fu centro.
Dile que tierna llamo ,
Y me refponde el viento ,\ .
Pues bufcando fus vozes ,
Encuentro ( ay infelice ! ) con mis
eecos. ..:... . .- . .
Dile que amante clamo, --'. \
Si en eñe fino empeño
No alcanqo una palabra
Quando, ay amor, fufpiro por ún
verbo. .
Dile que a fus aromas . -;.
Arrojo mis alientos ,
Y al bufcar las fragrancias
Bebo los ayres , los olores pierdo.
.... MU . 'Di-
Í34 Obras da Madre Soror
Dile, aunque cerca eíté,
Que lexos le contemplo, /
Si un átomo que a parte ,
Aunque tan cerca eíté , fe eftá tan
lexos.
Dile que quando fina
En mi llanto me anego ,
Le bufeo en eítes mares
Quando fé que fe efeonde en efles
Cielos.
Di que la peña dura
Se parte a mi lamento ,
Si las peñas fe quiebran ,
A que aguarda, fufpiro, di, fu pecho?
Pero fufpiro para ,
Recoge tus exceíTos ,
Que el aliento no llega
A dó puede llegar el fentimiento.
Ay de mi, ay,
Que fin aliento me veo
Sufpirar por fufpirar !
En tu auzencia, Amado mio ,
Dura guerra en blanda paz ,
Muero en foledad , y amor ,
Si hay con amor foledad.
Ay de mi , ay ,
Que te bufeo en el afle¿to»
Y me quedo en el afán ! Los
i, alaria do <?eo, .v:< t$$
'Los fufpiros tras el Alma
Te bufcan , mas viendo eífen ,
Quando un Alma no te obliga ,
Como hade obligarte un ay?
Aydemi, ay,
Que el fufpiro puede menos,
Y el Alma no puede más !
Efcucha , que de amor muero
Quando otra muerte me das ,
Si hede morir de tu auzencia,
Muera de mi enfermedad.
Ay de mi, ay,
Muero de amor, fi- te quedas,
;. ¡> Y de dolor , fi te vas J
Buelve , buelve , porque acabo ,
De tus piedades que harás , .J
Si es muerte vivir fin ti ,
Morir fin ti que fera ? ;.
Ay de mi , ay ,
Que flechar un pecho herido
Es crueldad fobre crueldad !
Aydemi , ay,
Que fin aliento me veo
Sufpirar por fufpirar !
Immortal hermofura, - . }
Que folo tu podrás ,
Siendo Lilio, clavel, jaímim, rofa,
. ¿Ser immortal- vi . t . Adon-
lid Oíros da Madre Soror
Adonde eítas,
Que te fufpiro, y no te puedo hal
lar?
Peidad, y hombre tambien ,
Que folo en ti veran ,
Siendo hombre, fiendo amante, fien-
do herido,
El fer Deidad.
Adonde eítas,
Que te fufpiro, y no te puedo hal
lar?
Libertad de mi Alma ,
Oye folo a ti tu tendrás ,
Siendo amor , fiendo affe&o , <Lendo
laqo,
Ser libertad.
Adonde eítas ,
Que te fufpiro, y no te puedo hal
lar?
Y el aliento,que bufca tus gracias.,
fenece yá.
Sede de amor.
i
Arded, coracon,
Goraqon, arded,
Que por más que beba ¿
$ío aplaco la fed, Con
María do Céel: *'
Con fed de mayor calor
De amor al pecho attendi,
Y luego fuego bebí ,
Porque era la fuente amor.
Tanto ardor, y tanto ardor
Pudo duplicar la fed.
Arded, coraqon,
Coraron , arded.
Eíta fuente de amor pura ,
Que fu Deidad acredita ,
Bien fe ve que es infinita,
Pues a mi fed no fe apura.
Si en fu Divina dulcura
Al fuego creció la fed.
Arded, coracon,
Coraqon, arded.
Por myíteriozos favores
Deíta fuente los raudales
A la viíta fon corales ,
A la eflencia fon amores ;
Si en virtud de fus ardores
Al beber creció la fed.
Arded, coracon,
Coracon , arded.
Por eíta fuente querida
En tan amoroía calma
. Bien pudiera toda el Alina
Em
fot . Obras da Madre Soror
Empeñar toda la vida ;
Si amor , que en ella convida ,
Offrece fuego a la fed.
Arded , coracpn ,
Coraqon, arded.
Eira fuente , que en derecho
A la fe de amor fegura ,
No es hija de piedra dura ,
Hija fue de blando pecho.
Amor , que correr la há hecho ,
Fuego le offrece a la fed.
Arded, coraqon, -
Coraqon , arded.
Eíta pues fuente fuave
Sabe amor fin más fabor,
Mas a que fabe el amor
Solo el mifmo amor lo fabe.
Si en fu corriente no cabe
Más de amor en tanta íed.
Arded, coraqon,
Coraqon , arded.
Eíta fuente por verdad ,
Si dezeais conocerla,
No corre, no perla a perla ¿
Corre piedad a piedad i
Si fu ardiente calidad
Haze mayor vueítra fed.
M
Marta do 0¿> Í39
Arded, coraron,
Coraqon, arded.
Muero, fuente, al pretenderte,
Y tambien muero al hallarte ;
De fed muero al dezearte ,
Y de amor muero al beberte.
Si al tenerte , y al no tenerte
Muero de amor , ardo en fed.
Arded , coraqon ,
Coraqon, arded.
Sono.
A la fombra de un Dios me dormí ,
Y en tal fufpenfion
Quien havrá , que fe atreva a inquie
tarme
A la fombra de un Dios ?
El rumor del Amor folo efcucho ,
Mas en tal fazon
Es eítruendo , que llama a quietudes
De amor el rumor.
A fragrancias de flores no fople
El ayre velos ,
Que el amor me refpira en fu aliento
Fragrancias de flor.
Ni la vos Ruífeñora confíente
Mi rezelo hoy, ., Oh
#4© Obvias da Madre Soror
Oh que dulce fe eítá quien defdeña
Voz de Ruifeñor ?
Al temor , que me dexa mi aliento,
Norefpiro, no,
Que en mi mifma mis propios alientos
Me dexan temor.
A la fombra del Sol me dormi ,
Si amor me inclinó ,
Que he dormido bien puedo affirmaf
A la fombra del Sol.
Silencio, filencio, aves ,
Callen vueítras vozes hoy ,
Que duermo para la vida
Defpierta para el amor.
Dexenme dormir ,
No me acuerden , no.
Blandos Zefyros, fociego
Ert vueítro aliento veloz,
Que no es bien fe atreva el ayre
Quando le opprime el ardor.
i Dexenme dormir , .
No me acuerden, no.
Paflito, paifito , affedos,
Quedo , que advertiros voy
Que a los filencios del Alma
No hade ofar ni el coracpn.
Dexenme dormir ,
Ño me acuerden , no. Ar*
v ' Mafia do Céó. 14*
Ardientes fufpiros, paflb,
Adverti d que vozes fois ,
Y fi calla el pensamiento , .-^ü«^\
Como puede ofar la voz ? V 'fk
Dexenme dormir, C 5
No me acuerden, no. Va .*/
Callad , que duermo fegura , ^^?o5^
Y aunque lin fentido eítoy ,
Yo diera toda la vida
Por toda la íufpenfion.
Dexenme dormir,
No me acuerden , no.
Silencio,aves,filencio,fieras,filecio,rios,
Silécio^yreS,filécio^oreS,liléciO,amor,
No gima fiera , no llore fuente, no can
te Nynfa ,
No fople viento , no mueva hoja , no
aliente flor,
Que de amor en los filencios
Aíta el filencio es rumor.
Retrato de Chriíio Menino.
Lobrego tiempo , mas de Sol venido,
Hora nocturna, mas de luz armada ,
Por objecto me offrece a una peña ,
De afpeclo dura,mas de entrañas blãda.
.1 De
142» Obras da Madre Soror
De fus fenos intrinfecos
Se vomitan fin macula
No ya las fombras lobregas ,
Mas las luzes diafanas.
Eítudiando en los claros brillantes ,
Que a la noche las fombras efpantan,
Oygo una quexa de harmonia dulce,
Una terneza de dulqura amarga.
Miro alfecreto concavo,
Y advierto no por fabula
Que fus afperos intentos
Rompen amantes lagrymas.
El tierno llanto en mis oidos quiebra,
Yá que a mis attenciones fe adelanta,
Viendo una noche de efplendores vida,
Viendo una peña de ternezas alma.
Alli el Amor puriífimo
Era en finezas candidas
De las lagrymas Tantalo,
Si de las luzes Águila. -- . .
En contrarios aítectos abforto
Miro uniendo la gloria en el anfia ,
Que al compás de harmonia celeíte
El llanto corre, quando el viento para
Queda el coracon tremulo ,
Porque es de accion fantaítica
Mefclar melodes canticos
Con doloridas laftimas. A
Marta do Ceo. 145
A la efpelunca más adentro miro ,
Y porque bruta concha fe repara ,
Quando a mirarla voy madre de perla,
Ay amor, la miré madre de gracia !
Hoípéda el feno incognito
En fus entrañas afperas
A la belleza unica ,
-No a la rudeza fatyra.
Miro al Amor, admiro un Niño digo,
De los Cielos idea foberana ,
Eíte Niño , eíte Amor aquí vivia ,
Eíte Amor, eíte Niño aqui matava.
Quede al mirarle extatico ,
Que haze fu beldad maxima
Los incendios vivifícos ,
'- Y las acciones languidas.
Retratar fu belleza quíziera ,
Pero yelo en la luz,tiemblo en la llama;
Quien hade darme a los colores vivos ,
Quando a las fombras fon las luzes par
das?
Mas II obfcuros hyperboles
No fon finezas validas ,
Píntenle affe&os candidos
En amorofa claufula.
Re-
144 Obras da Madre Soror
Retrato.
Por el Amor pinto al Niño,
Y a juíticia lo tendran ,
Que el Amor por el amot
Solo fe hade debuxar.
Dame Amor para la frente
Los rayos de fu Deidad ,
Y cupo tanto de luz
En. tan poco de cryítal.
En las cejas puzo el arco , '
Vibrando flechas eítan
Muchos poderes de herir
En pocas fuerqas de edad.
El fuego pone en los ojos , -
Que nacen para abrazar ,
Con todo el fuego de un Dios
Fuego de Dios que ferá ?
Para las mexillas bellas
El Amor todo fe dá,
Que un Cupídito de flores
Se debuxa en cada qual.
A la boquita graciofa
Dio fu purpura Real,
Eira boca es muy pequeña
Para tanta Mageítad.
Su niñés puzo en las manos,
Que es niño Amor claro eítá ,
* María da Cet* t^f
Y eítan fus manos en leche,
Si hade eítar fu cuerpo en pan.
Sus plantas dos flores bellas ,
La flor del amor feran ,
Medidas un poco menos,
Miradas un poco mas¿
Su defnudez el amor
Para veítido le traz ,
Porque eíbaba el niño folo t
Cubierto de fu beldad.
Su llanto , pero fu llanto
Pide otro aflunto capaz,
Llanto de Dios , que Divino f
Llanto de amor , que leal !
,- Prantff*
Sus ojos, que en dulce pa¿ »
Nos trayen contra venenos ,
Lloran perlas, quando menos*
Y finezas, quando mas;
Perlas , y amor al compaz
Corren en finos ardores ,
Y mefclando los primores
Son , fi quereis conocerlas ,
Los amores como perlas
Y ls^ perlas como amores*
K Por-
iq6 Obras da Madre Soror
Porque las pedas , que en ello ,
Moítraron fu amante tino ,
Toman al amor lo lino ,
Y dan al amor lo bello. .
Echd la fineza el fello ,
En fe de tanto valor,
Anfi hallareis en rigor,
Yendo por milagro a verla ,
En cada amor una perla ,
Y en cada perla un amor.
Con que era el Niño conítante
En eíte llanto amorozo
Por los amores preciozo,
Y por las perlas amante. - » -
Mudar pudo en un inítaute ,
Que es de milagros compendio ,
Quedando en eíte difpendio
Fatal' injuria del oro
Los amores un theforó-,
Y las perlas un incendio.
Las flores, que adolecian,
Y de calor enfermavan,
En las perlas fe abrafavan-,
Y en los amores vivian.
Como las perlas fe vian.,
Sayetas al derramaría ,
Como amores al guítarfe ¿
..;.-£. Quaí
Marta do Cea, 147
Qual nectar fuelen tenerfe , '.
Ellos pudieron beberfe,
Ellas pudieron amarfe.
El Niño , que tierno amava ,
Y fed de extremos tenia ,
Lo que por fu amor vertia *
Por fu fineza agottava , :
Y quando incendios guítava.
En lagrymas fuperiores ,
Añelando mas ardores ,
Dixo fentiendo correrlas :
Ya fois muchas para perlas,
Aun fois pocas para amores.
Efie es fu llanto Divino ,
Mas eíte dolor fatal,
Ni a los cryítales del llanto
Se ha podido retratar.!
A que nafce, y por quien llora» -
Solo me falta explicar ,
Nafce a morir ; que fineza !
Llora por. ti , que crueldad !
. Retrato de Chrilío homem.
Por un valle de rofas, y de amores.
Delicias de Amalthea primorofas ,
Adonde por conta&os fuperiores,
-..-.':.- Kii Ab»
14* Obras da Madre Soror
Abjurando inconítancias amorofas',
Los amores dexaron de fer flores ,
Y las flores dexaron de fer rofas ,
Un Joven baxa de belleza , y talle ,
Que es flor del campo , fi lilio del valle.
Graves los paños, movimiento ayrozo,
Paflbs de Mageítad , íi con desbelos ,
Y el Zefyro ha bolado de embidiozo ,
Por no mirar el ayre de los Cielos ;
Las feñas deíte pues Numen hermozo
Te doy , por foccorrer a tus anelos ,
Entre hombres el más bello, no te aíTom-
btes:
Porque el es Hombre Dios , los de más
hombres..
Con ayre a las eípaldas efparcido ,
El hermozo cabello enfortijado ,
La color de avellana fe ha venido , \
Y los rayos del Sol ha defdeñado ,
El Joven, que de amor antes herido,
En un folo cabello fue llagado ,
Bien pudiera, (ay prodigio fiempre bello!)
Bien pudiera herir folo en un cabello.
Un alba de acucenas prevenida ,
De mofquetas un dia luz elada ,
Dejaírninun Aurora florecida ,
En fu frente fe ve por extremada , .-L
-:: *--... FIO-
'^ . "Mátik do Ge*, v O 149
Flores por quien la Eítrella más luzida ,
Troco luzes por hojas arrojadas, )
'Lo que flores pedió contra rigores ,
Sin duda fe acordó de aqueítas flores.
Que el amor era fuerte qual la muerte,
Dixo bien quien fu ardor anfi compara ,
Pues amor de fus cejas, Divo fuerte ,
Por arcos hermoluTimos difpara , £
Guerreros Iris fon, fi bien fe advierte,
Blandos flecheros , fi fe repara ,
Mortal ibis., ó duíciflima homicida ,
Que a merecer tal muerte,no hay tal vida.
Verdes los ojos graves, quando bellos,
Efperanqas de fé, porque confiantes,
Si del amor los ojos nó fon ellos ,
Quede ciego el amor como de antes.
Ojos, en quien la Efpofa , fus cabellos
Alinó para flechas penetrantes > ,. "
Penfamientos de amor , como os alejo ,
Si ps podeis aliñar a tal efpejo.
Candido, y rubicundo es el Amado -
En fu bufca dizia amor profundo ¿ ',-
Ya que la fas del Joven ha moítrado
Ser candido el Amado , y Rubicundo,
Rofas aquien el Mundo ha fenalado ,
Con fus mexillas , fon coza del Mundo ,. '
Rofas de Jericó muy embidiofas ,
Que no fon de la tierra, tales rofas. La
ffo Obras da Madre Soror
La bocea de dulquras cifra cierta,
Como dizia un alma enamorada
Original dejgracias , quando abiert* ,
Retrato' de Rubi, quando cerrada ,
Silencio que la voz de amor defpierta,
Voz que a la íiifpenfion llama admirada,
Clavel , que fin fegundo en fus primores
De la myrrha primera, efparce olores.
Finos theforos fon fus manos bellas,
A las piedras preciofas figurad¿is ,
Hechas yá de jafmines,yá de Eítrellas,
Quando a menos fentido comparadas ,
Quan liberales fon lo digan ellas , -
Manos a repartir nunca cerradas , : y .
Manos de amor, y lo de más es llano,
Que nó dará el amor,que efte en fu mano?
Los pies , candidas flores, fi advertidos,
Y pies de ciervo fon, fi contemplados ,
Ligeros fi a finezas omittidos , r- .:
Tardos quando á caítigos deítinados ,
Fuego veloz , fi llaman fus fentidos ,
E lada flor , fi irritan fus cuidados ,
Anfi quando fe enoja , anfi fe ama ,
Que para rayo , quando buela llama.
De texida violeta es el vellido ,
Sittlamefcla admittir de otras colores ,
Y el Joven, que de flores le ha texido,
lodo
Todo fragrancias es , es todo olores j
Los ungüentos ., que ha vertido ,
En el campo produzen nuevas flores j i
Tal fu fragrancia es, que en dulce calma,
A fus olores corre , toda el Alma. . u\
De aljofar coronada la cabeea , i
Que la Aurora le dio con el defvelo, ;
Quando a puertas llamando la terneza, i
Con la nieve le pagan elanelo¿ , ¡.
Dando amor por eítraño enfu entereza.
A fineza de ardor, laurel deyelp, - ... {
Dudando en fus cabellos de confino
Entre el oro , y la perla, quales más fino.
Eíte pues es el Joven es tremado , ;
A quien un Alma fina ando hufcando ,
Eíte por quien andaba fu cuidado :<' v)
Dejudea a las Nynfas preguntando j ...<{
Eíte folo el amante quando amado,
Si anfi fuelle el amado , quando amando;
O. tü, que fu belleza aqui apercibes, »
Si no mueres de amor , para que vives *
Retrato de Chfisto mortú. /.
La
%' Marta do Ceo. 16$
La frente, que un Dios en frente
Luego encuentra , en el afan >
Si llegó madre de perlas,
Madre de luz bolverá.
En las cejas ya fe vé
Que de ayer a . hoy feran ,
Si en Samaría arcos de guerra,
En Sicar arcos de paz.
Negros los ojos de quien
El Amor cautivo vá,
Y negros que hazen efclavos, ''
Siendo par, no tienen par.
Hermofos , pero traviefos ,
En eíTo duda rió hay ,
Que ojos, que miran a Hete,
No tienen mas gravedad.
De la nariz ya fe fabe
Ser en perfecion cabal ,
Deítinada a las fragrancias ,
Que la primer myrrha da.
La bocea rubi , mas no ,
Que donde hay perlas, hay coral,
Por pequena há fido menos,
Si por bella há ñdo mas.
Entre rofada , y trigueña ,
La color graciofa eítáy
L iii Que
i66 Obras da Madre Soror
Que ni fiempre la hermoíura ,
En blanco fe hade quedar.
Las manos, que al guante ignoran ,
Adrede feenfeñaran,
Porque fon manos tan bellas,
Que la palma han de llevar- .' -
El cuerpo con tanto brio ,
Que al ayre ha hecho parar ,
Y tiene en traje de Aldea,
Gallardia de Ciudad.
Anfi al fin de fu camino, -
Llegó, como al de fu mal» -
Para Aldeana muy Nynfa ,
Muy muger para Deidad.
Llega al pocp , y mira en el ,
Sentado íbbre el boccal ,
Un turnen , un Sol , un Cielo,
Poco he dicho , porque es más.
Mira un hombre , digo un Djos>
Anfi lo hede coníeíTar, .
E a no dizirlo fu fer, <
Lo dixera fu beldad.
Morado el grave veítido ,
Y en eíte color dará ,
Prefinicion a la violeta,
Como a la rofa pezar,
V Vi Ha
' V Marta do Ceo. 167
Rubio, y ayrozo el cabello ;
A la Nazarena va ,
Mas penfamientos de un Dios
No fe pueden retratar.
Las cejas fon tan hermofas,
Cordon delaliberdad,
Que amor en cada cordon
A mil Almas puede atar.
De la frente en frente el tiempo
Canta lo que ha de llorar ,
Que ha de tener dos Coronas
De opprobrio , y de Mageítad.
En los ojos unir ñipo
Lo verde a lo Celeítial ,
Hiriendo de amor fon flechas ,
Mirando de amor , piedad.
La nariz , que fe fuppone
Ser de perfecion igual f
Dezafíando lo bello ,
Ya partiendo el Sol eirá-
Myrrha deítüan fus labios ,
Gracias efparciendo van,
Bocea al fin , que con unj^? .
Hizo Cielo, tierra , y. mar: -
En lo brillante , y lo bello } ;
De fu luminofá fez ,
L iv En-
I$ Obrts fa Madrt Soror
Entre jafmines , y rofas
El Sol empieqa a rayar.
Dos aqucenas las manos,
Quien las contempla dir4 ,
Que todo el poder Divino
En dos flores llega a eítar.
Los pies tofca alparca cubren",
V tan velozes feran ,
Que midan en fiete PaíTos
Del amor la inmenfidad.
Todo el hermozo compuello
Es de tanta Mageítad ,
Que lo humano , a lo Divino ,
Sirve de poco disfraz.
Anfi que llegó Fotina ,
Agua le pide a fu afan,
Es mucho que quien la cria ,
La llegue a nece/Iitar.
Ella con feño le mira ,
Mas luego le hade dexar,
Que a las puertas de eíTe feño
El amor batiendo eítá.
Que le ajo con feño digo ,
Por fu traje le inculcar,
Sobre el rencor defamaría
Las feriales de Juda.
Aníi
Marta dgQtQ. t6$
Aníi le dize, fe admira
De que pretenda llevar ,
Para la fed de Judea ,
De Samaría la piedad.
El agua ledüficulta,
An Fotina adonde eítás ,
Que una fed de agua le niegas,
Aquien el Alma tias de dar !
Y arrepentida , y amante ,
Oy mifmo le offrecerás,
Si en tu pecho todo el fuego,
En tus ojos todo el mar.
Si fupieras, Jefus dixo,
Quien te ruega eíTe raudal,
Aquien el agua te pide ,
Agua havias de rogar. :\.
Que agua viva tengo yo ,
Siendo de tal calidad ,
Que para fiempre la fed,
De una vez llega a matar.
Dame de eífa agua refponde,
Por efeuzarme el afan
De venir por el calor ,
A demandar el cryítaír-
Aqui Jefus le decifra,
Deíta agua el raro caudal,
Que
%yó Obras da Madre Soror
Que yo dizir no fabré , ' ¿
Y el fólo explicar podrá.
Ella , que oyendo le admira ,. .
Tan dulce , y tan efficaz ,
Ya por Profeta le tiene,
Que es lo que llega a alcanzar.
A fus dudas le propone ,
Que todas a la Ley van ,
Y como es Sol , a las nubes
Pudo luego deíterrar.
De alli paíTa a defcobrirle,
Sus tratos , y liviandad ,
Y ya le forpecha un Dios ,
Pfles mira más que un mortal.
Ser el Meífías le dize ,
Al inítante le cree tal ,
Y en un inítante hazer fupo
Fe para una eternidad.
Ardiente fayeta amor ,
Va quitando del Carcaz ,
Y apunta un tiro de fuego
Aun pecho de pedernal.
Con que aqui paíTó Fotina,
Tal es del amor la edad ,
Muchos ligios de querer,
En pocas horas de amar.
'-:.;
María do Qo, lj%-
Jefus con dulce fociego
A Fotina en blanda fragua,
Quanto le ha pedido en agua ,
Ya le va pagando en fuego.
Con que por eíta agua luego,
Le dá fineza , y ardor ,
Y trueca tan íuperior
Excede, ü hay conocerla ,
Lo que va de agua a perla
Lo que va de fede a amor.
Allí mudada , y capaz ,
A muchos dexó por uno ,
Eorque es amor de ninguno ,
A quel , que es amor de más.
Luego con tuerca effiaz
Siente el amor verdadero ,
Antes folo lizongero ,
Entre tantos dividido ,
Que en un coracpn partido,
No cabe un amor entero.
Agua fria iba a bufcar ,
Quando agua viva encontr&¿
Con que la culpa mató,
Si la íed iba a matar.
De alli no intenta paflar ,
Y el Cielo le haze feítia,
Y tan inílammada al fin
En
ífv Obras da Madre Soror
En fu amor fe Heea a ver^ '
Que al poco llegó muger,
Y falió del Serafín.
Anfi Fotina quedó , .
Y Jefus quizo llevar,
Entre tantas maravillas
Eíte milagro de más.
Defpedió-fe á la eítacion ,
Menos luminofa ya,
En que el Topazio del Cielo
> En plata fe iba a engaítar. :- ¡
Si quien ama fe defpide ,
Quequando amor fabe atar,
Aunque el cuerpo fe fepare ,
El coracpn no fé vá.
A dar del Mellias nuevas
Dio la buelta a fu Ciudad,
Adonde entró perla fina ,
Saliendo impuro cryítal.
Hizole acclamar de muchos,
Y ella con los demás ,
Buelve a verle, y adorarle,
Que en amor quietud nó hay.
Haíta que corriendo el tiempo,
Que nunca parado eítá,
Dio por fu Amante la vida ,
Qi¿e es lo mas , que pudo dar.
Elle
Marta doCea. ij$
Eíte el decantado cazo ,
Que eterna memoria da ,
En el poqo de Jacob
A la Raquel de Sicar.
Un peregrino en calor, -. :¡
De Fotina agua queria ,
Y quanto en agua pedia , '
Yba pagando en amor.
Prende en Fotina el ardor ,
Deviendo el fuego aiafed,
Tan abrazada fe vé ,
Por más que en llanto defagua ,
Que dixo mirando al agua :
Arded , coraron , arded.
V I L H ANCIC O
para a Circuncifaó, ';:
A Y que dolor,
Llorando Maria, -j . -
_ Herido el Amor. > - . ; - V
Piedras partidas , : --' {'-. - f>
Almas heridas , -a'Í'Y
Ayes quebrados,
Eccos canfados,
Finos- totmentosi, --;
--:« Du
t74 Obras da Madt*é Soror
Duros lamentos.
Todo rigor ,
Llorando Maria,
Herido el Amor.
En los bracos de fu Madre
Herido el Amor fe vio,
Y las heridas de uno
Ya fon penales de dos.
[ De la que fíente al que fuffre,
Ventaja el dolor llevó,
Que a las heridas del Alma,
Ceden las del coraqon.
Partido el dolor eítá ,
Mas entero te foffrió ,
Qae ni para la fineza ,
Admitte la diítincion.
Blando llanto a duro golpe,
Para remedio corrio,
Pero como hade curar
Las heridas el dolor ? '
CeíTen perlas , y rubies ;
Mas nó pueden ceíTar , nó ,
Que quien llora es la fineza >
Y quien fufire es el Antori
Ay que dolor ,
Llorando Maris,; ..
Herido el Amot £
Plr
** * Maria do Ceo, 175
Piedras partidas , & c . ', ; ; '' !
Ay que dolor , indi
Que no ſe ama elMundo
El Amor ! : ? , . , . '
Ay que cuydado , i
Que en la tierra el Amor,
No es amadolu
- Ay que gemido , r '
Que del Alma el Amor
Nó es querido !
elaAmor no es amado
Ay d i,o.'n
imatacion",
tir uneſtim
AvPorqu.lea en utanta
Llega a reſiſtir un Alma , 1
Toda la fuerça de un Dios!
Ay que fois piedras los hombres ,
Mas ay , que piedras nó fois ,
Que donde una piedra arde ,
Se reziſte un coraçon ! DA
Ay que ſon nieve las Almas ,
Mas no ſon de nieve , nó ,
Que citas reziſten al fuego :
Y aquella ſe rinde al Sol ! . . .
Ay que la vanidad Deva
Todo el affecto veloz ,
Y dan los hombres al ayre , , .
Lo que niegan al Amor !" , IK
i?6 Obras da MadreSoror
Ay que Amor eítá folo, ".-'-'
Porque el Mundo le dexó,
Y fiendo el Amor tan uno,
No ay para feguirle dos !
Ay que dolor ,
Que nó fe ama en el Mundo,
El Amor !
Mundo ingrato, Alma, dura ,
Rinde-te al Amor,
Que a fu valor ,
El bronze fe apura ^ -
La Eítrella fe piza ,
La flor fe eterniza ,
Lapeñafehende,
La nieve fe encende,
Seyelaelardor,
Rinde-te al Amor.
Aunque feas de nieve, y de fuego,
De Eítrella, de peña, de bronze,de ítor,
Rinde-te ,
Yfi quieres rendirte,
Mira-le,
Rinde-te a fu cabello.
Porque nó es bien,
Que, fiendo de Amor l*<p,
Sin preza eíté ,
Rinde-te»
Marta dó CM kff
Y fi quieres rendirte ,
Mira-lft
A fu frente te rinde,
Y advierte que,
Por más que huyas te quedas,
En frente del.
Rinde-te,
Y li quieres rendirte,
Mira-le.
En fus cejas te hiere,
Que en tal poder
De fus cejas fus arcos y
Hizo eíta vez.
Rinde-te,
Y fi quieres rendirte^
Mira-le.
A fus ojos te entrega ,-
Que en tanta fe,
Podrá fer que eri fus ojos*
Por niña eítés.
Rinde-te,
Y fi quieres rendirte,
Mira-le. . <
Rinde-te, a fus mexillas*
Porque tambien
Sin efpinas la rofá
Puede prender.
JA to
Jlj% Obras da Madre Soror
\ Rinde-te,
Y fi quieres rendirte,
Mira-le. .'.'♦'..
A fu bocea te rinde ,
Deuda fiel,
Porque a fu aliento deves ,
Todo tu fer.
Rinde-te i L- r
Y fi quieres Rendirte ,
Mira-le. \
Coracon, de que es tanto infociego?
Fuego.
Que te aíTuíta entre tanto defmayo?
Rayo.
Que te mata en fortuna dehecha?
Flecha.
Ya fabido fe eítá tu dolor ,
Fuego, rayo, faeta es amor.
Que rezelas, que alientas tan tardo?
Dardo.
Que te alcanca entre tanto retiro ?
Tiro.
Que te duele, que nada tehallaga?
Llaga.
Entendido fe eítá tu penar ,
Dardo, tiro, herida es amar.
Co-
Marta do Céoé 179
Coraron que a gemir te condena?
Pena.
Que te anega en un mar de quebranto ?
Llanto.
Que te explica, que oirte no hay ?
Aj.
Entendido fe eítá tu temer ,
Pena, llanto , fufpiro, es querer.-
Que appetecen tus penas forcofas ?
Rofas.
Que dezeas en tantos dolores ?
Flores.
Que quizieras en tiernos tributos ?
Frutos.
Ya fabido fe efíá tu dolor ,
Que flor, rofa, mangana, es amor,
Frutos^ rofas , flores ,
Ays , llanto , pena ,
Llaga, dardo, tiro ,
Que ferá , que feí á coracon ?
Es amor, es amor, es amor,
Y finó es amor i
Y finó- es querer,
Yo nó fé lo que puede fe£
Un coracon , que abrazado ,
Ál fuego de amor fe réf
Y muere de muchas vezGs.,
M ii . Por*
i8o Obras da Madre Soror
Porque quizo de una vez ,
Que hade ferj que hade fer?
Arder, arder.
Que hará, íi de amor herido
En tan ardiente querer ,
Si ayre pide', el ay es fuego ,
Si agua pide , el llanto es fed,
Que hade 1er, que hade fer ?
Arder, arder.
Si la herida es penetrante,
Y tan penetrante , que ,
Por la herida el rniíhio amor,
Si nó fe cura, fe vé ,
Que hade fer, que hade fer?
Arder, arder.
Que hade hazer, fi muere, y vive,
Que en uno , y otro bayben,
Quarido muere como amante,
Reífufcita como fe,
Que hade fer, que hade fer?
Arder, arder.
Coraqon,que en las llamas fe abraza»
Que hade hazer ?
Morir, penar, arder. .
Que hará , que hará ?.
Morir, arder, penar.
Que hade hazer ?^
Morir, penar, arder. A®
<' María do (Hee: \%\ '
AO SJNTISSIMO SACRAMENTO.
Fineza de amor oy fale,
A infinita tu grandeza ,
Pues que vales , ó fineza ,
EíTo mifmo, que Dios vale.
Tu quantidaa fobrefale ,
A no caber en progreíTos ,
El mayor de los fucceffos ,
Como hade explicar la voz,
Sabe , ó exceflb de Dios , -
Que eres Dios de los exceflbs.
Poder, y amor un gran banquete hizíeron
Para el hombre, de entre ambos cóbidado,
í quando el mifmo Cíelo fufperidieron,
Que al fupremo combite fue llamado,
A un bocado no más le refumieron , :
Mas oh valor i nmenfd del bocado !
Oh grandeza fatal al Mundo afíbmbre ,
Que el mifmo Dios bocado fue del hóbre !
Chriftq íi'o Eorto- ' ';' f
Finafangre, que eh virtud ,' '/ ' J'
Corrc^deduro TÍgbr, '<'
Pareces dolor de amor-. .' -í'i
Xquexa de ingratitud: ' - - ' ;i
Miii Ya
\
i8í Obras da Madre Soror
Yafé que nó paras\tu.,
Entre flores inferiores , -% - - ? .
Tus raudales fúperiores ,
Paflan a mayores palmas, . - - > r
Que quien'corre por las Almas,
ísío defcanga entre las flores.
Prizao deChriño.
Dezidme adonde os llevais ,
Armada gente en rigor,
Si eirá prezo por amor ,
Quien por odio aprender vais ?
Tan á prifla caminais ,
rara al Juiz le entregar.
Hombre quemehazes temblar,
Tu -temeridad notando,
Mira que el que eítas jufgando ,
Es el que te hade jufgar. . r'
4" bofetada.
Mano, que contra Dios te levantarte ,
Mano, que contra el Cielo te atrebiíte,
Para mano con alma, mucho erraíte ,
Pata mano fin alma , mucho heriíte,
ütela esfera del Sol horror baxafte., -
_ ' Sí
AU Maria do Ceo: 1082
Si a la esfera del Sol rayo ſubiſte ,
Sabe, o mano cruel, porque te aſombre ,
Que hieres
homb re roſtro
de delo Dios, con mano
s con mano de
de
0 golpe cuya crueldade , innDacial
| Almiſmo Cielo paſmo , in
Si eres mucha injuria a un h
Que injuria fuiſte a un Dios !
A Chrffio morto*
O' tranze , cuyo dolor
A todo dolor excede ,
Yo nó fé como fer puede ,
Explicarfe tu rigor.
Y folo pudo el amor ,
Que uno , y otro pecho heria ,
Dizirlo ; mas nó haria ,
Que folo dixera tanto ,
El mar de fangre , y de llanto ,
De Jefus , y de Maria.
A vida á voíTa morte tan unida ,
Quero Senhor en vinculo tan forte ,
Que pela morte fó refpire a vida,
Ja que foy minha vida voíTa morte ,
Tan reciproca fim , y extremecida ,.
Tan vinculada pois , y de tal forte ,
Que voíTa dor, Senhor, en fina calma,
Fique na minha vida, por minha Alma,
En ninguna accion te he viíto, -
Muerte cruel tan impia,
Gomo en dexar a Maria,
Quando te atreyes a Ghriíto.
Si eíta piedra de lagrymas tranfumpto,
Te mueítra el mifmo amor, como enfer-
rado Nd
. Marta do. Ceo, . '-. ¡ . 191
Nó te aíTuítes al verle fepultado ,
Que amor es inmortal, aunque defunto.
Soledade de N. Saibora. .:
'En tiernas foledades dividido , .:"'v
Un coraron amante firmemente ,
Los lexos de la viíta enternecido , -
Fia de la memoria tiernamente ;
A las piedras obliga fu gemido , -1
Que la miíma dureza fe defmente t
Con alma lo fintieron coza es cierta , >
Que a unica foledad,no ay piedra muerta.
La vida fe llevava dividida ,
Porque la media vida le quedara ;
Mas mal digo , dexó toda la vida ,.--
Que la mitad del Alma nó llevava:
Llevó por alma amor en defpedida ,
Quando el Alma al amor fe la dexava,
Mas todo le diré tiernas verdades ,
En dizir que llevava faudades.
Coraqon de dolor llevar nó ignora ,
Y coracon de amor dexar ordena ,
Por voluntad fe dexa en lo que adora ,
Por fineza fe lleva en lo que pena,
En dexarfe. al aíFefto fe atezora ,
En llevarfe a la magoa fe condena ,
-r 1 . En-
19** Obras da Madre Soror
Entre amor,y dolor nó hade haver qüexa,
Pues fe parte a fentir, y amor fe dexa.
El coraron pues dexa fepultado ,
Qye aflegura fu amor finezas tantas*
Y la piedra le dixo en tierno eítado ,
Ah coracon , y como te quebrantas*
Si me miras unido , y feparado ,
Refponda el coracon,de que te efparrtas,
Más q piedra a fer buelves, piedra liento,
Pues de fentir eítás , fin fentimiento.
Lo que apezados pafibs apartara f
A tiernos fentimientos bien. ouvia ;-
Porque eon la memoria vinculava f
Lo que con la violencia dividia.
Cerca por voluntad en lo que amavff. *
Lexos por fin razon en lo que huda ,
Mas tanto dexa aqui tierno quebranto
Como fe hade apartar , fi dexa tanto.
Con los ojos bolvia al monumento ,
A quien manda fufpiros por defpojos ,
Mas el amor aqui por más tormento *
Con liga de cryítal venda los ojos»
La tierna amante en tanto fentimiento,
Efpejo quizo hazer de fus enojos,-
Mas no lo pudo hazer, q en tal conquiíta.
Más de llanto dexó, menos de viíta.
Ter-
Marta db Céé¡ t^¡
Terniífímos fufpiros dedicara t
Quando cantados ayes reprimia,
Por ver lo que quería fufpirava ,
Sufpirando nó ver lo que quería f
La vida en los alientos embiava,
Adonde toda el Alma le afliítia ,
Y dizia fufpenfa en triíte Calma
Que fe vaya la vida , tras el Alma;
La tierra con dos mares va regando,
Y como de amor llora padeciendo ,
Entre fuego, entre agua eítá dudando „
Si fe abraza , 6 fe anega no fabiendo ,
El incendio por agua vá notando ,
Él llanto por el fuego vá advertiendo/
Y tanto llanto daVan fus pezares ,
Que quien por tierra fue.bolvió por maresv
Refurreifdff.
Con el Sol , con la Aurora ,- y el Alba , *
Madrugava afalir del Sepulcro,
El Señor.
Y a fu viíta por noche' quedavaíi ,
La luz del Autora , la riza del Alva, ,'
Los rayos del Sol.
EíTos finco Rubins hermozds,
Que ayer dolor fueron,y oy fon refpledoYy
A rigores del odio fe lavran ,-
A finezas fe guardan del afíiór,
N 4ppfr
194 Obrar da Madre Soror
As Ugrymas de David
MudaYido amante cuidado,
Llora David fu dolor,
Anegado de un ardor,
Y de otro ardor ya negado.
En el affeclo paíTado,
Y en el prezente querer ,
Tal fu llanto vino a fer ,
O' gran valor del llorar,
Que uno amor pudo anegar ,
Y otro amor pudo incender.
VILHANCICO
á Magdalena.
rOdo el mar en las perlas, que vierte,
Todo el campo al olor,que derrama,
rodo el Sol en cabellos, que enjuja ,
Iodo el ayre en fufpiros, que exala,
Es mucho,
Es nada,
Quando Maria offrece,
Y quando Chriíto paga.
Aquellos puros luzeros,
3ue defde fu Cielo baxan ,
&. fer Eítrellns comentes,
^0 fiendo Eítrellas erradas. -'; &
Que fon? ' J> . \\
'.-'.'. Son lagrymas,
N iü Don-
198 Piras da Madre Soror
Donde María arde , ' . > *1r~
m
Donde Chriíto fe baña. - -. ^ ..
Aquellas perlas vertidas , ";. "-. V ... . ..
Que por flores defpeñadas ,
Quando fe miran fer perlas , " ,
Quando fe pienfan fon afcuasr.
Que fon?
Sonlagrymas, ¡ .
Para Chriíto delicias,
. Para María ancias.
Aquellos puros Jafmines,
Que el llanto, que declaran ¿
Mirando-fe como flores,
Se precian de conítancias. :<-:.
Que fon?
Son lagrymas ,
Que entonces más fe logran »'
Quando más fe derraman.
Aquellas lindas Auroras ,
Que en aljofar dezatadas ,
En hilo de oro aprízionan
El Aljofar , que derraman ,
Que fon? '; -
Sonlagrymas,
Si para Chriíto perlas,
A María triaca.
3Tad-o el mar en. las perlas que vierte» &c
SIG*
María do Ce#. K;s 199
. s Azucena pureza.
Dos campos a Diana,
A candida Aeueena foberana ,
Tao pura lhe compete ,
Que na terra a do Ceo ¿ invejas mete,
E do Sol no ardor, -: :.'
Se teme neve, quando nafce flor.!i f;x' >
A pureza em tal fé ,
He o cryítal aonde Deos fe vé ,
Porem tao delicada como admiro , ,i .
Que fe vé empoada em hum fufpiro ,
Sé^tu como o Arminho em tal fahida»; , ; ..'
Que fó por nao mancharfe perde a vida- i
Violas recato.
A Viola he recato, . r
Que deixa perceberfe pelo olfato,
Ñas folhas efcondida ,
He fó pela fragancia conhecida ,
Dando liqaó á Dama , :..
Qyefó fe deixa ver na boa fama,
Aos cantares fe atreve efpeciofa ,
Dizendo negra fou , pprém formofa,
He de muita virtude, ', '. «'y
* 'Jam-
%o%: Obras ãa Madre Soror
Tambem à Alma fanta niíto allude ,
Dando a todos exemplo eíta flor pura ,
De recato , virtude , e fermofura.
Mofqueta cuidado.
He cuidado a Mofqueta branca flor,
Porque o cuidado faz perder a cor ,
Com efpinhos defende feus arminhos ,
E já em ter cuidados tinha efpinhos ;
Tem entranhas de ouro,
E que mayor cuidado que hum thefòuro,
Mas a maé» do que a olha ,
Allilogo lhe rouba o ouro , e folha;
Allim he o thefòuro do avarento,
Que a morte lhe arrebata em hum mo
mento ,
E de cuidar nao trata ,
Que he mayor o que a culpa lhe arrebata.
Çaxia inveja.
A Caxia invejofa .
Compete nos efpinhos com a Rofa ,
Logo que aífím me informa ,
Com a Perpetua no tamanho, e forma,
Na arvore exaltada, --v-
-♦ Se
Maria do Ceo. %oy
Se poz como a Mofqueta levantada *
E neíta emulaqao,
Retrata dos mortaes a condiqaõ ,
O dano da inveja ,
Pois que no Ceo fe vio, no Ceo fe veja,
-Adonde , que me affombra ,
O que fubio luzeiro , cabio fombra*
Legaçao verdade.
He flor entre os efpinhos offendida ,
Porque fempre a verdade heperfeguida,
Lá nos campos o achaó retirado ,
Que a verdade nao anda em povoado . ,
Suas flores de Flora faó argueiros , , . > -
Aílim as contas daó os verdadeiros -y -
Em cada folha o coraqao defcobre
O que he leal o coraqaõ naô cobre,
Em frefco , e fecco dá fragancia fumma,
Porq a verdade em todo o tempo hehuma,
O' virtude Divina ,
Puas vezes no Mundo peregrina.
Goivo tbefouro.
. (-'-'.--' .'-'- .- .*'.' í!j '+ ..'
He o Goivo thefouro ,
Que em fua cor parece feito de ouro ,
Epa-
zOif Obras da Madre Soror
E para que o creas,
Coimo eíte metal anda em cadeas ,
Em feu fer o naó erra ,
Porque he filho do Sol , e mais da terra ;
Os thefouros mayores ,
Tambem defapparecem como flores ,
Por ferem bens da terra limitada ,
Que hoje faó muito , e à manhã faó nada;
Naó alfim os do Ceo , que em tal demora,
A Eternidade tem em huma Aurora-
Perpetua Conjlaneia.
He a Perpetua digna de louvor,
Pois foube fer perpetua, fendo flor.
Inveja a Slofa íua condiqaõ ,
Que não tem a belleza duraqãõ,
E a flor da fermofura ,
A de mais galla , he de menos dura.
Sendo como a Perpetua a dama fina ,
Diamante no valor, no fer bonina,
Que fuítenta brilhante ,
Em fexo fragil, coraqao confiante,
Qual nos moítraraó tantas Virgens bellasj
Se perpetuas do Ceo, da terra Eítrellas.
Narcizo gentileza.
Campainhas voz.
A' Campainha aqui dou nome tal ,
Porque retrata em fi a de metal ,
Sinos, e campainhas, como ouvimos,
Saõ vozes , a que todos acudimos ,
E como bem le crê,
Na Mifia , e na Igreja he voz de fé ,
No. campanario , quando chama aos feus,
Ao Divino louvor , he voz de Deos ,
Mas em diverfos modos ,
Quando as horas dá , he voz de todos,
E em melhor relogio naó ignoras ,
Que Deos te eítá chamando a todas horas.
Efporas velocidade.
Pelo nome a Efpora perfuade,
Que fignifique aqui velocidade,
Mas
lo8 Obras da Madre Soror
Mas com pouco primor ,
O Aqo duro na mimofa flor ;
E paiTando aos ufos fuperiorefs ,
Deixa tu as do aco , e as de flores ,
Pica tua Alma para que fe mude ,
A correr os caminhos da virtude ,
Donde rafgado o veo ,
Chegue apreíTada defde a terra ao Cea,
Que as ligeirezas,que no Mundo vemos,
Voos fem azas faó velas fem remos.
Flor Adonis vingdn$a.
Flor Adonis he branca , e deímayada,
Na vinganqa de Marte defangrada,
Neíta purpura deo ásRofas Cor,
Hum Adonis deixando em cada flor ,
Picando (medo nos ciumes cobres)
As flores ricas, quando as veas pobres,
Era Adonis ; porem callo fiel,
Por nao manchar com Venus o papel ;
Mas fó direy, que o que quizer ventura,
Fuja de Venus na belleza impura ,
Ame no Ceo donde a Alma aípira ,
Ou do Marte Divino tema a ira.
Sur
apnya Maria do Ceo, 209
Suſpiros Ar.
Os Suſpiros no ar haõ de ficar,
Que ſuſpiros da terra fað fó ar ,
Os que vað ao Ceo em doce affogo ,
Quando começaðar , acabao fogo's
Sao pois eſtas boninas ,
A tao grande elemento pequeninas ,
Varias em cor ſe vem em ſeus retiros,
Que diverſas paixões tem em ſuſpiros ;
As que veftem de azul, em melhor lume,
Deixemo- las no Ceo , nað no ciume,
Voem os corações,que ſe bem olhas ,
Verás que corações fað ſuas folhas.
ini Novelos embrulhadas.
niivis
1 00
Os novelos , ou geldes embrulhadas
Porém em ſimplez flor nað ha meádas,
EVoIeque
OFiado ostað
-nde bray hhe
Dombranco
cambray
efor,
f;
opela
cor , 1
Livre-nos Deos de enredos ,yi . . " ;
Que até na dobadoura cauſao medoso
Donde ſe ha embaraço., .
Por nao querer ſoffrello corta' o aco ; i
Sem laços , nem enredos caminhemos )
Por
no Obras da Madre Soror
Porque à razaó o fio nao cortemos ,
Paflbs torcidos nao , ^ ainda que eílreito,
O caminho do Ceo he muy direito.
Flor triste ingratidao.
< -. ' Cu
i Maria do Ceo. .. 213
Girafol oraçao. . . ?!
O fino Giraſol de Febo amores ,
Gigante do jardim , Aguia das flores ,
O que nameſma hora ,
Enxuga ao Sol lagrymas da Aurora ,
Quando ſegue feliz ,
O coche de Topazio , e Rubiz ,
Por emblema da alma o notara ) ,
Que ſegue o Sol Divino em oraçao
E em tarefa ditoſa , . .
Amante buſca , quando amante goza ,
Porque he à oração a chave do ouro ,
Que do peito de Deos abre o theſouro.
L . Lyrio memoria. . .. .
O Lyrio para gloria ,
De outro Lyriomelhor he amemoria ,
Quando diż do Impyrio,
A for dos campos fou , do yalle Lyrio ,
Invenções do amor ,
Que retrata a hum Deos em huma flor,
E tu fe em doce trato ,
Eftimas eſſa flor pelo retrato ,
Etima de'tua alma a dignidade , . . .
2 Qiy Que
£¡4 Obrei da Madr* Soror
Que a femelhanqa tem da Divindade ;
Flor de tal condiqaó , V. »
Que tem do mefmo Deos a duraqao.
Amer perfeito amor de Deos.-
r
Reymnculo patarata.
Muita folha ao Reynunculo fe olha,
Que tem a patarata muita folha ,.
Sem cheiro de virtude.
; O iv E
fci 6 Obras da Madre Soror
E tambem. nilfco á patarata allude,
E eu ja reparey por derradeiro ,
Singeleza nao ter fendo Eítrangetro ,
Mas he que em tanto mal ,
As raizes de-itou em Portugal.
E tuóPortuguez,
Pois tua alma ao cryítal igual fe fez ,
Nao fejas qual Reynunculo dobrado ,
Ou toma lua cor por afrontado.
i. Tulipa invenfan.
A Tulioa entre as fuas a primeíra ,
Allude á invenc,ao por eítrangeira ,
Quando eíbs fem fer juíto ,
Nos vendem invencoes a muito cuíto.
Na Tulipa o conheqo ,
Porque flor, q nao cheira, nao tem preco;
A dama aqui me chama ,
Que huma flor he o mefmo q huma dama;
E eíta por mais bella, que fe creya ,
Senao cheira a virtude, fica feya.
Leve pois na fragancia que refpira ,
Po Templo incenfo, na6 da flor mentira.
QieJ-
per Maria do Ceo, ido 219
Gieſta dezaſperaçao.
Significa a Gieſta pela cor ; = +
Dezeſperado Mayo neſta flor ,
Em a cauſa nao cayo , i?
Porque jà nos Jaſmins teve hum deſmayo.
Mas alcanço ſubtil , : 7Torto r
Saõ ciumes de Flora com Abril ,
Que dezeſpere embora a flor ſem alma ,
Mas o que a alma tem , por mayor palma.
Se tudo lhe levar hum golpe agudo ,
Olhe que tem a Deos, e nelle tudo ,
Naõ dezefpere pois em tal bonança ,
Quem tem a todo hum Deos por eſpe
rança. 11 dol obnitie
Melalte
3tTVWV¥TTfVVWy¥VVfffS
SIGNIFICAC,ÓES DAS
Frutas moralizadas em eftylo
^'ífrtedlo;-
' .. '': "-„) t» '. ... . . ' :riy
Roma' Imperio. . '.'
A Roma he Imperio, .-;
E nao o figninca fem myíterio.,
Pois para todos abre feu thefouro,
Repartinclo Rubins em caixa de ouro ^
Que hum Rey em altos modos ,
Nao nafceo para fi , mas para todos ¿
Eíta fruta excellente,
O trine alegra, fara ao doente, -
Refrefca o calbrozo ,
A nenhum dá pezar , a todos gozo ,
E a Coroa merece em tal concordia ,
Quem para todos he mifericordia.
„*Mwango$difveIlo» . »
O Morango he difvello,
QiaeÍG em madrugar poe feu anhelo , E
Maria do Cello 219
E ainda que poco creſce , i
He a primeira fruta , que apparece ,
Naſce de humilde planta ,
E com a primazia ſe levanta , ni
Vence quem no deſcanço nað atura., " '
Quehe may a diligencia da ventura , 1
O preguiçozo quando em fello erra , ,
He huma terra inutil para a terra ; at
E nem para o Ceo he trato de alcorça,
Porque o Reyno do Ceo padece força. 4
Amoras amoresa! . . I
-<-.v-' » Fr¡f
Maria do Ceà* *%ç
Frutas novas mocidade.
Às Frutas novas dizem mocidade,
Porque todos faõ novos neíTa idade,
Logo defapparecem ,
E niífo à mocidade fe parecem t -
Porque a muitos fuccede cada hora y
Antes de ver o Sol ficar na Aurora ,
E allí no melhor,
Ficar o tronco quando cahe a flor,
E em breve pífia tempo ,
Se lhe perdoa a morte nao o tempo ,
Naó faqas cafo de taô leve folha ,
Q¿ie he flor,q ou fe murcha,ou fe desfolha,
Peras Ira.
Pyrum, ou Pera he fogo, o fogo Ira ,
Que iíto de fer amor foa a mentira,
Porque em mayor aífbgo ,
Viíta com o amor he neve o fogo ,
A' Pera fogo diz título tal ,
Porque ambos forma tem piramidal y
Seu nome em grego de quem menqaó fizr
Se derivou de Pir , que fogo diz ,
Porém cá neíta esfera ¿
Livra-te tuí da Ira, e nao da Pera,
t P On«r
zi6 Obras da Madre Soror
Que he fadia , e a Ira fulminante.
Dará a morte a mil em hum inítante.
. Pecego guerra.
He o Pecego guerra fem engano ,
Pois forma tem de coraqaó humano ,
Os Perfas nos efcudos mais prezados,
Os davaó por diviza aos mil Soldados.
Seu carocp diz Lidas,
Que nafce todo cheyo de feridas ,
O que fangue derrama he mais illuíixe ,
Que heSoldado fem fangue,aqo fem luítre,
Tu coracaó humano, que aíftm crefces ,
E na forma ao Pecego pareces ,
Sabe q aínda triunfante emoutra gloria,
Só vencendo-te a ti terás vitoria.
Ameixas inconflancia.
A inconflancia na Ameixa bem fe alcanqa,
Porque dizer amey fuppóe mudanqa ,
He palavra fem fé ,
Que diz amor, que foy , e nao que he -y
Huma florinha a cobre, com que rica,
Porque a flor inconflancia fignifica ,
Sempre andao mudadas ,
Velas-heis ja prezentes, ja pafladas ,
Po
Maria do Ceó, - üy
Porém yirtude tem , ' '. '
Porque em mocas,e em velhas fazem bemy
E fe pode paflar a variedade , .
A quem fultenta firme a caridade, .\
Marmelq uni&S.
O Marmelo uniaó aqui fe toma ,
Porque as entranhas tem chéas de goma*
E a goma fe fe apura , . . .
O dividido une com brandura*
Nos doces fua mafia conhecida,
Entre todas fe vé a mais unida , '-'.
Tem cheiro, tem fabor, dezenfaítia, -..!
Porque auniaó nmitos bens cria, .-:
Quehenobre, efuperior,
Por fer filha da paz , e do amor ¿ ' ;.-:'
Amor de Deos aonde a paz fe encerra /
Porque a fer de outro amor, feria guerra
Sorvas Cpnfberfao- .'
As Sorvas ecnverfaó,
Porque amargas.primeíro, e duras faÓ%
Aífim do peccador a alma impura,
Antes de convertida amarga, e dura :
Da arvore mudadas
Brandas fe vao fazendo^ e regaladas,
M-< P ii Va
ii8 Obras da Madre Soror
Do homem o coraqaó , fe pedra era ,
(guando fe muda fe converte em cera ,
O' alta convérfaó de Deos fegredo ,
Diamante, que fe acha em hum penedo,
E tal valor encerra ,
Que excede aos queEítrellas fao da terra.
Laranja formofura.
A Laranja he belleza , e o fegura ,
Quem vê de hum Laranjal a formofura,
- Vem cercadas de efpinhos como as Rofas,
Que fempre fao efquivas a; formofas.
Em tudo a formofura dá tributo ,
He bella em flor,em folha,em fer,em fruto,
Parece de ouro , e mente ,
Que a belleza da terra he apparente ,
E por eíta terreíte hireis à China ,
Quando hum paíTo naó daes pela Divina,
O' quantas vezes erra ,
Quem conhecendo o Ceo, namora a terra.
Limão vontade.
He vontade o Limaó ,
Que eíte nome lhe dá atradiqaó ,
O fer contra a peqonha fe ha notado ,
Como Barreira diz no feu tratado,
Por-
Murta do Ceo. x%g
Porque a boa vontade quando afonha,
Logo armada fe vê contra a peqonha ,
Todo o anño na arvore fe eítá ,
Que quem dá com vontade fempre dá.
Seja exemplo o de Deos, e fem eftudo,
Que a fi mefmo fe deo para dar tudo ,
Que o verdadeiro amor , e atè o louco ,
Quando tudo naô dá, fempre dá pouco.
-J!M
Lima nobreza.
A Lima diz nobreza , e he fabido ,
Que a muitos nobres deo o appellido;
Entre as frutas de efpinho a mais prezada,
Que fempre a fidalguia he eítimada.
Seu goíto a agro , e doce reduzio ,
E Fidalgo fem agros quem o vio ?
Nenhum delia fe queixa por fadia ,
Eíta he a verdadeira fidalguia ,
Fazer a todos bem , com goíto igual ,
Porque harto villaó he o que faz mal ,
E o grande o fuperior ,
Quando affaga o pequeno , eítá mayor.
Toranja efquivança.
He Toranja efquivanqa ,
Por uTo muito pouca a que fe alcanqa,
P iii For
\lo Obras da Madre Soror
Formr>fa entre os efpinhos fe fegura ,
Que a eíquivanc.a he guarda á formofura,
Poucas vezes fe vé pura £'e altiva ,
Porque nao apparece a que he efquiva.
Aífím as damas fejao ,
Pouco fe deixem ver , e pouco vejaó,
Pois fao perolas vivas,
'Que em fahindo da concha vaó cativas ,
Na efquivanc»a ficaó mais brühantes,
Que ornadas de efmeraldas', e diamantes.
Cidra ciume^
*He ciumes a Cidra , . V
E indo a dizer ciumes díflfc Hidra ,
Que o ciume he ferpente,
Que efpedaqa feu louco padecente ,
Dalhe hum cento de amor o appellido,
Que o ciume he amor, mas mal foirrido;
Vé-fe cheyá de efpinhos , e amarella ,
Que piques , e difvellos vao por ella ,
Ja do forno no lume ,
Sidrach foy zello , fenaó foy ciume,
Troqdem pois os amantes, e haja poucos,
Pelo sello de Deos, ciumes loucos. .
Ave-
.. . Maria do Ceano 231
en ! Avelans leviandade . it ,
Leviandade Ayelans ,
Nao direy dellas podres dellas fans ,
Sua arvore ligeira como o vento , ' ;
Toda vem ao primeiro movimento , in
Muitas nao tem miolo como a cana ,
Quenunca tem miolo a que he leviana.
Tem goſto , e nao tem pezo 31.
Que eſte he da loucura o contrapezo , :
Do fizó faça a dama a ſua palmā,
Ou ficará por Avelã com alma , . . . !
Dé bom cheiro de fama eſclarecida ,
Para que aſſim pareça flor com vida.
Medronho retirosis
O Medronho heretiro bem cuidado ,
Que eſtá ſempre no mato retirado ,
Adonde vive certo ,. ,
Coral dos Faunos , braza do Dezerto ,
E quando dahi ſahe que leņað veda , ::
Juntamente regalla , e embebeda , . .
O que o Ermo deixar ſem exercicio ,
Quando virtude vay , ficará vicio , in
Porque a ſolidað he relicario , .. . :
Que guarda o folitario , . . .
Piv
*-3* Obras 4a Madre Soror
Se a deixar fem caufas fuperiores ,
Alurcharáo as virtudes com as flores.
Támaras Doutrina.
A Tamara na palma diz doutrina ,
Porque direita á terra naó fe inclina.
Que a palmeira a impulíbs fuperiores,
Por bufcar as Eítrellas, deixa as flores,
E do Mundo na guerra ,
Quem quer fubir ao Ceo defpreza a tena,
Mas ay do que nao mede por grofleiro,
O que vay de huma flor a hum luzeiro,
E na efcolha agreíte ,
Olha o verde com queixa do Celeíte, -
Qyando em toda a campina ,
Hum dezengario he cada bonina.
Bostas gofios da vida.
Da vida os gofios nas Boletas vaó ,
Que humas amargas, outras doces fa5,
Peítas inamundos brutos fefuítentaó,
A quem os peccadores reprezentao ,
Outra a todos convida,
Mas fempre em dura cafca vay metida,
E as vezes neíta pofle,
A amarga goífca o que bufea a doce;
Gofc
'%.;. \ l Marta do Gw, .- vft
Goíto da vida que nunca he fiel ,
{ Nelie encontra azibar quem bufca mel,
E era perigos mayores ,
Afpides piza , paffeando flores.
Peros firmeza.
i
j Nos Peros a firmeza fe aflegura,
Porque entre as frutas he a que mais dura,
Sao tezos , e confiantes,
Melhor que para fruta,que para amantes;
Menos o Verdeal taó frio logo ,
Que fe áo fogo ehega apaga o fogo ,
Aflim os tibios faó ,
Que daó a Deos as brazas era carvaó,
E aonde quer aíFectos por perfume ,
Encontra a cinza, quando bufca o lume,
Nao aífím o que ama ,
Que fó com hü alento accende a chamma.
. Nefperas efpéras.
Ñas Nefperas efpéras eítou vendo ,
E ellas no feu nome o vaó dizendo ,
E toda a fruta efpéra vem a fer ,
Oye tempo efpéra para amadurecer ,
A$ arvores efpéraó pelo fruto ,
íQué em tato pomo de ouro lhe he tributo,
AS
a-3 4 Obras da Madre Soror
As flores pela Aurora ,
Que fe primeiro as ri, depois as chora,
O homem pelos bens que naô alcanqa,
Em azas verdes voaô na efperança ,
Mas pois he creatura de outra esfera ,
Senaó he pelo Ceo,que he o que efpéra?
Camarinhas humildade.
<*< .' '.. . ...
As Camarinhas faô, pelo retrato ,
As perolas do mato ,
Mas com tal humildade ,
Que nas do mar naõ bufcaó igualdade ,
Antes logo em fahindo das mantilhas ,
Dizem humildes fer das Urzes fílhas ,
Poucas vezes fe offerece , f— :'
GonfeíTar o que he quem mais parece ,
Que em tempo femelhante ,
O que nem he cryítal > diz q he diamante;
Só o humilde fó ,
Ainda que feja ouro, fe diz pó.
_;- . ..'<<-¡'to/-
Murtinhos dor.? "ri "
Dizem q a murta he dor,feu fruto,e folha,
Eíta dor naó encontra quem a olha ,
Pois he em tal tributo , ¡ .'-¡ v
JLindaemdor, frefcaem Kjma, doce era
<'..* fruto, Os
Marta do Ceó. kjf
Os antigos no mais feítivo dia ,
A. levavaó nas maos por alegria,
Com que fica eíta dor nao conhecida^ ;.
Na Murteira efcondida ,
Que a que naó dezaíFoga exterior,
He de todas as dores a mayor ,
E ib fe Deos a olha em cafo tal ,
Acaba bem, quando comeqa mal.
Trememos chocalhijje.
Tremoqos chocalhifle nao me efpanta ,
Que em nafcendo chocalhao fobre a plata,
Naófurtaó porligeiros,
Que fempre leves faó os ehocalheiros ,
Por pouco preqo os compra a golodice ,
Porque anda muy barata a chocalhifle,
Porém aquí repara ,
Que tambem houve vez que cuítou cara ,
Teu fegredo em teu peiro eíteja quedo ,
Que fe o paflas de ti nao he fegredo ,
Sanfaó quando o rompeo te perfuade,
Sem olhos, fem valor, fem liberdade.
= i '.-.: »
Azeitonas Pa¿.
As Azeitonas pazes fignificao ,
E já defde o Diluvio as prognoíticaó,
Quan-
z$6 Obras da Madre Soror
Ojiando fua Oliveira nunca agreíte ,
Era ramo verde trouxe paz celefle ,
Depois que em tanto affogo ,
Brotou caítigo de agua , ira de fogo ,
Tanto cryítal fubio fobre a flor bella ,
Que ficou por peanha da Eítrella ,
Tu que o eítrago vés, que a culpa faz , »
Poem-te com Deos em paz ,
Porque quem do feu Iris louco zomba,
O Diluvio terá fem ver a Pomba.
Cattmhas rettaurafao.
Reítauraqaó em as Caítanhas figo ,
Aífim Barreirao diz, eu nao o digo,
Sua arvore cortada fe repara ,
Que huma mata produz fó de huma vara,
Com que neíta extenqaó ,
Selhedeve chamar reítauraqaó,
He forte o Caítanheiro a toda a forte ,
Que fempre o que reítaura hade fer forte.
Nao fó o que na terra leva a palma ,
Mas quem reítaura a alma ,
Que hade conítante ter fem embaraqo ,
Com coraqao de cera , jaeito di a$o.
;J Non
Marta do Ceo. 137"
Noz Virtude.
Jela Noz a virtude aqui fe entende ,
3 íeu nome a defende >
*orque a virtude he n6,que nao dezata ,
guando o homem a Deos por amor ata,
Víais unido que o Gordio decantado ,
I^ue fenao foy desfeito , foy cortado \
Dura , e afpera a Noz, quando fe aviíta ,
\.ílim a penitencia logo viíta ,
'orém ao goítar feus frutos fós ,
Híefuave, efaboroza como a Noz,
i^ompey fua carranca ,
3ye entre efpinhos tambem a flor fe ar
ranca.
Junfa pobreza.
\. Junfa nao fe preza ,
Em cor, em fer, em preco diz pobreza ,
Entre'todas as frutas defprezada ,
Porque nunca a pobreza he eítimada ,
Só huma pelle a cobre ,
Tem muy poucos vellidos o q he pobre ,
Nunca em mefa fe aíTenta ,
Mal faz quem ao pobre nao fuítenta ,
Mais mifero fe eítá ,
Aínda que o que pede, o que nafidá, . E
13? Obras da Madre Soror
E à mayor compaixao nos perfuade ,
Qiie a pobreza da forte a da vontade.
Pinhões defcanço.
O Pinheiro diz morte, pois cortado ,
Naó torna, nem o homem que ha paliado:
Defcanqo faõ feus frutos , como alcanço-
Porque o fruto da morte he o defcanço,
Que na gloria efcondida ,
Comeqa a vida , quando acaba a vida,
Mas jà purificada ,
Como a Pinha ao fogo preparada ,
Cujo incendio vibrante ,
Primeiro a faz Rubim, depois diamante,
Efe morte he caminho para a forte ,
Podes temer a culpa, enaó a morte.
SJGi
Marta do Ceo- * 13 9r
SIGNIFICAC,ÓES DAS
Ervas aromáticas moralizadas.
Mangerona prazer.
AMangerona com fragancias bellas ,
Convida o ar a perfumarle neilas ,
Dá prazer o feu trato ,
Ifcue manda ao coraqaó pelo olfato ,
Por iíTo o fignifica ,
Vías quem prazer no Mundo folicita ,
cíade achallo enganozo ,
^ue acaba pranto, fe comeqa gozo,
íe flor, que fe desfolha ,
1 flor, que nao dá fruto , fenaó folha *
3; prazeres do Ceo puras verdades ,
solidos bens, queridas faudades.
Sahafalvafao.
k Salva peregrina
He falvacaó, feu nome no lo enfina ,
Nen/
%+o Obras da Madre Soror
Nem bella , nem viçoza fe afigura ,
Que o vicio vive mais na formofura ,
He Abelha , que fere no melhor ,
A' planta deixa , e fó pica a flor.
Tem a falva poderes ,
Para fazer fecundas as eítereis ,
E quem haver mais almas facilita ,
Nome de falvaqaó fe lhe permitta ,
Que a falvaqaó em gloriofas palmas ,
O feu unico emprego faó as Almas.
MatigericaS igualdade-
He do Mangericaó , ¿'
A igualdade toda a perfeiqaó ,
A maó que o tofquia lha procura ,
E tambem fua esferica figura ,
O mefmo nos offerece ,
Igual ao Sol , e à tempeítade erefce ,
Sua pompa fragante,
Quem eítiver no mal , e bem confiante,
Crefcerá nas virtudes felizmente,
Ceo fem nublados , agua fem enchente,
O' paz ferena , verdadeiro fizo ,
Que faz de hum coraqaõ hum Paraifo.
A*
* Maria do Ceo. ; : 146
Alecrim ciume.
Dižem do Alecrim gregos Autores,
Que foy hum Jovem ,& morreo de amores,
Foy eſta mutaçað maravilhoſa ,
Hüm rayo ardente de paixao cio
Amor, que aſſim encanta ,
Matou o homer ; é deo vida å plånta
He activo , e fogozo ,
Que faõ condições proprias de hum ciozo ;
Brota em flores azuis os ſeus queixumes ,
A eſſe forao Ceos , é naõ ciúmes , a
Trocando o coraçao, que tal encerra ,
Pelo zelo do Ceo , zelos da terra . ..
Alfazema Baptizado.
De donde entra a Alfazema com cuidado ;
A poucos dias ſahe o baptizado ,
Por iſſo ſe lhe applica , .. .,
Eſte nome, que graça ſignifica , ing. "
He eſcudo mil vezes da faude ; . .
Tat he ſua virtude ,
Seus grãos em odoriferos ardores ,
Exhalað fumos, que reſpiraõ flores, ,
Taes as fragancias faõ de quem enlaça ,
As virtudes na graças
O que
242 Obras da Madre Soror
O que virtudes tem , ter graça eſtude,
Que he luz ſem Sol, ſem graça humavir
tude. . .
ii . Erva Cidreira alivio. :
Serve a Erva Cidreira nos conftitos; ? '
De corações afflitos ,' '.
Hora em perolas ſeja deftillada , , ?
Ou jà em eſmeraldas applicada ,
Triaga preciosa ſempre tic
Que alivio fignifica , . .
He ſuave , amena ; . :
Ciume à flor, amor à Filomena ,
Tomou da Cidra o nome, e condições ,
E appellido fez deſtes brazões , in
Que tanto luſtre tem ,
Porque a mayor ņobreza hei fazer bem .
* Mumta dor . ' " .
Rofmaninho prántó.-
O Rofmaninho he prantó'y
Que orna as Igrejas no mayor quetranfoy
As flores roxas, que no mato cria , .. .
Antípodas faó de alegria ,.
Q,ü terri
¿44; Obras da Madre Soror
lema folha mais fecca do que amena, I
Que a hum triíte o desfigura a fuá pena,
Affríte na funcao mais dolorofa ,
Adonde até a pedra eítá chorofa ,
E quando as pedras dao eñe tributo ,
O' vívente que allí fe moflía enxuto,
Tua dureza, ó homem te dezalma ,
Pedra pareces , quando a pedra alma.
Erva Limao vontade tibia.
ótsimaó feus efpinhos folicita,
Contra huma Erva , que feu nome imitar,
Que o nobre fempre teve por difgraca ,
Encontrar em hum humilde a fua graos,
Como que a natureza ,
Sópoderá dar dotes ánobreza,
Eíta Erva por pura lealdade ,
Quiz tambem do Limao ter a vontade ,
Mas foy vontade tibia , e imperfeita ,
Porque era .contrafeita ;
Eíta vontade pois ao Mundo demos: ,
E a mais nobre , para Deos guardemos.
Celidonia roubo.
A Celidonia furta á camoeza,
A fragancia, direy , nao a belleza ,
Por
Marta do Ceo. . 14j
Por iflb he roubo o feu lignificado ,
De que murmura o prado ;
He pouco conhecida,
Que huma ladra efcondida*
Faz melhor dos feús lances a traiqao,
"A cara encolhe, quando eítçnde a maó ,
He raíteira da terra ,
Mais longe eítá do Ceo o que mais erra ,
O' vicio, o de furtar, baixo , e cobarde,
Que fó cm peitos viz teu fogo arde.
Neveda amor errado.
He a Neveda fria,
Mais fragante na noite, que no dia ,
Por influencia fua,
Aborrecer o Sol , e amar a Lua ,
Niíto he amor errado ,
Gomo nos diz o fcu fignifícado ;
A Lua , è o Mundo fe parecem
Nas inconítancias,q ambos nos ofTerecerri,
E quem deixar por elle o Sol Divino ,
Da Neveda fará o dezatino ,
Pouco fe lembra dos enganos feus ,
Quçm ama o Mundo , e dezsma a DeiiS.
» ...»
f4¿ Obras da Madre Soror
Trevo Thefouro.
He o Trero thefouro ,
Porque fe touca com plumagens de ouro,
Seu cheiro em odoríferos primores ,
Quer apoítar fragancias com as flores i
Que a vaidade louca da riqueza ,
Lá fe remonta ao folio da nobreza .
Mas detao alto monte ,
Se fobe Apollo , baixará Faetonte ,
Com vinganqas da Rofa ,
Que de foberba tal , eítá iroza ,
Abate ó Trevo humilde aprezunqaS ,
Que hade tornar teu orno em carvaó.
Marcelia difvello.
A Marcella dourada,
He empenho de certa madrugada ,
Epor uTo he difvello ,
A manhã do Baptiíta hade dizello ;
Reparte em muitas partes feus cabellos ,
Que eir.es fao de huma dama os difvellos ,
E fao cabellos louros ,
De que a vangloria faz os feus thefouros,
Os que íaó penfamentos figurados ,
Merecías melhor outrps cuidados ,
Que
ago Maria do Ceo, co
Que tað louços inventos ,
Deſdoura) na figura os penſamentos.
Ervar doce paciencia ,
Regalla a Erva doce dous ſentidos ,
Goito , e olfato traz favorecidos,
He das Ervas mais nobres a primeira ,
E com tudo lhe chamaố confeiteira ;
He continua em dar goſto , sia ob :
A quem lhe dà diſgoſto , on 17 209
Quando fe yê pizada , e opprimida , in
Que eſta he a virtude mais ſobida , mot .
Sua doçura moſtra em troca tal, IM
Que he muy ſuave quem dá bem pormal,
Frutos da paciencia quando he alta gitt
Pois quäto mais fe humilha,mais ſe exalta.
Oriondoin olen iho ono
. ng . .) Nardo devoçambi .
bging ; T O !: Tvis
Foy o Nardo fragante ,
Da Magdalena facrificio amante ,
Quando em luzida fervoroza acçao ,
() derrama licorp,ie e fez unçao ,
le desta
Sem duvida he memoria ,
v
O feu ſignificado deſta gloria
i r , ozost
He Nardo a devoçao dos svirtuozost u ri , and
Que ſe derrama em oleos preciozos ,
Q iv
$48 Obras da Madre Soror
Tambem he mel, e mel de taes primote,
Que as virtudes q geraó como as flores,
Nedtar fuave he , cujas doquras ,
Tiraõ da penitencia as amarguras.
s Alfabor Jhgredo.
Segredo he a raiz ,
E a do Alfabor melhor o diz ,
Pois guarda nella a junca o feu thefouio
Ricas fragancias , fenao rico ouro ,
Bem por dentro da terra,
Mas lá o vay hincar, quem lhe faz guerra,
Para fer repartido , e quebrado ,
Aífím he o fegredo revelado ,
Guarda-o pois no teu peito taõ' inteiro,
Como eíta no feu globo o luzeiro ,
Olhe a prudencia, fenaô for o medo,
Que em paíTandó de dous,naõ he fegreda
•- <
'CLA-
'ív ' Marra 4o Ceo. ££
Wri» ** i« t« ** *♦ *» »* *» e^
*í * fis? «stnRící í¿í- í*t?A«í sásK íssfeí- ££5í? «¡s «a*
CLAVEL, Y ROSA,
Breve Comedia alludida alos defpozoríbS
MARIA.YJOSEHP.
Flores, que hablan en ella.
Rofa. Girafol.
Clavel. Amor perfeito.
LyriQ, Azucena.
Narcizo. Mofqueta.
Bien mequiere. Jafminh
Sale la Mofqueta cantárida.
Mojq. "pv E deípozar a la Rofa
U Trata el Sol,que la dio elfer>
Grande aflumpto para el Ave , -
Gran dia para el Vergel.
Venid, pertended,
Que Rofa fin efpinos
Es favor fin defden.
250 Obrafda Madre Soror
Sale la Rosa .
ROT. - O ’ que bien , y malmeſuena,
Eſta voz dęzigual es , . . .
Porque al genio ſuenamal,
Lo que a la obediencia bien. .
Mofa. Roſa bella Reyna hermoza ,
Mil vezes dichozo a quel,
Que entre venturas de amante
Cu
Rü Rose
%6ó Obras. da Madre Soror
Rof. Y que meritos traeis ,
Para afpirar a mi mano ?
Clav. Solo uno traigo.
RoJ. Yquales?
Clav. Solo merefco em mirar
Que no llego a merecer.
Rof. Eífe merito os aceto.
Mofq. Que difcreto.
Rof. Que cortez.
Clav. Poítrado os rindo las gracias,
Rof. LleVantád i-
Clav. Anfi eítóy bien.
Rof. No eítais , que fois flor, que nafcc
De la raiz de JeíTe.
Clav. Tantos honores a mi 1
Bien. Faboreshaze al Clavel,
Narc. Es fu pariente.
Lyr. . Que importa
Si no excede a todos tres.
Mofq. Que foberbio el gigante folo
Hombrea con un jozeph ,
Cavel digo.
Rof. Ilmítres Flores ,
Mañana en eíte Vergel ,
Os aguardo , y advertid
Para que anfi madrugueis ,
Que al que mas prefto llegare
..-\>"i Ua
2013 Mària do Ceo.10261
Un favor tengo dehazer ,
Com Mageſtades de Reyna ,
Y gratitud demuger.
Quiero ver en eſta accioni, à parte
Qual màs attento ſe ve ,
Y fi fe adelanta a todos,
Como en lo más , el Clayel.
Lyr. Yo con priſas ,
Narc. Yo con alas , : )
Bien . Yo con ancias
cias,, .
Clav . Bolaré.
Tod. Sino nos mata primero ,
Deſta eſperança el.prazer.
Ros. Pues a Dios que aqui os aguardo.
Tod, Quedamos a vueſtros pies. Van
* * ! . se , wla Roſatambien . .
Moſq. Yo apoſtare que las flores ,
Del Ålba alamanecer ,
Para llegar más a prifa ,
lo . Vienen corriendo en un pie ,
M . Si Y vo fi fuera galan , "
Aunque pezaſle a mife ,
Por no dexar de dormir
2 Dexara el fabor perder. Vafe.
R ui . Sau
f¿% Obras ¿a Madre Soror
-Sale el Clavel.
Clav. Un fabor prometió la Rofa bella
Al primero que aqui dexafle huella
i Con que yo me quede de dia a dia,
Que ir , e bolvér feria grolfaria,
Aníi me eítoy confiante ,
Por ambiciozo RÓ,mas por amante,
Que es más juíto fe infiere
Que fea yo quien el fabor efpere.
Y no que el aguardar qae buelva
aqui -'----
Seá.el favor el que me efpere-a mi.
La efcarcha,que ya empieqa,
En plata buelve el oro en mi ca
bera,
El yelo me trefpafla rigurozo ,
Que. vive la fineza en lo coitozo ,
Y ya el fúeño groíTero
Me bufca aunque pezado lizon-
gero,
Aunque amor me divela
Duerman los ojos, que el coraron
; ve& -
&<
40333 Maria do Ceo.10 263
Reclina-ſe el Clavel , y ſale elamor
perfeto cantando.
Am . Deſpierta , diſpierta flor ,
Que te llama el amor ,
Yén traje de Abejuela '.
rivo Buela , bo
Deſpierta, vivifica ,
Que ya te pica ,
ob s Eya a que aguardas,
Que ya tardas en lo que no tardas.
. La fuente puta , TOT
o Ya te murmura , 0751
o2 - La Eſtrella hermoza ,
Vita Verte ho ozai. . . ..
Dizen las flores , 312
si ia Comorduerme ſi tiene , ſi tiene
amores. . .
No de la Aurora , l:.
will I Paffe la hora . sinnvoll ,
El Alva fria ,
nh . No anuncie el dia , la
Y hande ſalir , siis
Una a llorar, otra a reir
Defpiettar, deſpierta for
ims Que te llama el amor.
1024 . R ir Vaſe
7364 Obrasde Madrie Soror
** Vaſe el amor,aſſustado,
y deſpierta el Clavet
soft svaigub troialah
av. Quien ſerá quien me llama? uel
Amor perfeto es,pues dexo flama,
Corrido eſtoy de hallarme conſo
ciego , iviv Steierlo
Siendo ardiente fu fuego ,
Que aunque un inſtante he dado
21,193 on ami pereza , 1stsagtpad
Por un ſiglo lo mide la fineza.
Pero la Reyna viene, y fu arrebol,
Muidemañana meha ſalido el Sol.
No hede ſalir a hablarla de atrevi
do , 2910f 251sic
. Porque no pienſe que el fabor le
pido , 29tonda
Ella memirarà , fi la fortuna , zo
Me llevanta más alto que la Luna
Sale el Clavel. .
Clav. No he venido , porque eítoy : ;
Aqui quede defde ayer
Que era mas fina atencion a la
Rofa
Pr!*
¿68 Obtús da Mdirt Soror
Primero que yos ami,
Os efperaíTe yo a vos.
B-of. En todo el Clavel fe mira a partí
A los de más fuperior.
Ala efearcha haveis quedado?
Clav. EíTa ha fido la licion
Del mayor amante , quando
A fus cienes Coronó
Con las perlas de Aurora.
Rof. El á las puertas llamó ,
Y vos mudo haveis quedado.
Clav. Porque reverente yo
El fabor podré efperar ,
Mas nó llamar el fabor,
Que la fortuna es de todos ,
Y el atrevimiento nó.
Bien. Yo fui el primero en llegar ,
Narc. Yo el primero en la atencion,
Lyr. Yo el primero en la partida ,
Bien. Yo que el Bien me quiere foy,
Narc. Yo fui,
Lyr. Yo hé fido,
Mofq. Y ninguno ha valido un caracol
Lyr. : Mi difvelo ,
Narc. Mi cuidado,
»\ftív
u
Maria do Ceo, 0 269
Ros. No hagamos difinicion i
Que ninguno de los tres
Lleva el fabor por honor . . ?
Los 3 . Porque ? , ,
Clav. Alentad temores. . .
Ros. Porque la hora paſſó
De la fineza , y ninguno
Fue primero en la occazion i
Clav. Segun eſfo yo Señora ſoy el di
chozo
Ros. N6 fois
Porque no viene el que eſtá , ;
Y os haveis eſtado vos.
Clav. Yo proprio me condené
: Pues quien el alto fabor
De vueſtra mente divina
Lleva ? ??
Nari. Quien le mereció ,
Rof . Aquella flor , que en fineza
A todas lleva la flor.
Cyr . Otro podrá ſer mas fino ,
Mas no podrá ſer mayor. Vafe
Narc. Otro havrá de mas fineza , .
Pero de mas gala nó. Vaſe
Bien . Otro Si de mayor dicha
Mas nó de mayor valor, Vafe
Moja.
i^ro Obras da Madre Soror
Mofq. O' que amantes tan groíTeros ,
Troncos parecen, no flor.
Clav. Quien es Senora el dichozo
Saberlo quiero , porque oy
A pezar de tanta imbidia
Le venere tanto honor ?
Rof. Uno de los quatro es.
Clav. Nó mereciendo fer yo
Qual es de los trez ?
Rof Ninguno.
Clav. Luego podré ,
Rof. Que os turbó?
Clav. Prezumir
Rof Que fi , nó digo ,
Clav. Ser en dicha fuperior
Yo quien el fabor alcance.
Rof Tambien nó os digo que nó. .
Clav. Que es lo que explicais feñora ?
Rof. Que ya llevaes el fabor. Vafe.
Clav. Dichozo mil vizes quien
Sin merecer alcanco. Vaft.
Mofq. El fabor feria grande,
Mas entre dientes quedó. Vaft.
. ' . '.
JOR-
' Marta So <Jeo. xyi
JORNADA SEGUNDA.
.Sale el Clavel.
v. Dichozo Amor que imagino ,
Livre de viles rezelos ,
Porque no puede dar zelos
Un íbgeto tan Divino.
Y aunque otro contra mi intento
Si prefiera en la occazion ,
Nó lo hará fu inclinacion,
Y lo hará fu entendimiento.
A fi que quando mi hado
Me quite el laurel dichozo,
Nunca quedaré zelozo ,
Aunque quede defdichado.
Tambien como ayer aqui ,
Quando el fabor alcancé
Que era recKtud penfé ,
Para mi , mas no por mi.
Porque beldad de tal fer
Mageítad tan foberana
Nó hade mirar como humana,
Aunque eité como muger. .
Dichozo amor fin difvelos ,
Buelbo a dizir entre flores
Aunque me dexés temores
ahíncame puedes dar zelos.
Sale
ij-l Obras da Madre Sóror
Sale el Girafol.
Gtr. La ignorancia deíta flor
, Con admiracion oi
Porque nunca prezumi
Haver fin zelos amor.
Haíta aqui nó fé aquien ama
, v Mas lo que llego a entender
Es que nó puede en querer
Haver incendio fin llama.
Y como del Sol candores
Penetro en alto arrebol
Pues foy como Girafol
El Águila de las flores ,
Le voy figuiendo confiante
A ver fi en tal confuzion
Si üvre deíta paífion
Paflará fiempre eíte amante.
Ya eítoy a fus rayos puros
Dei'de donde llego indigno
Haíta fu archivo Divino
A penetrar los futuros.
Pone-fe como mirando al Sol
Clav. El Girafol a ver llego
Que apura el Sol fin defmayos
Y en carateres de rayos
Leepor papel de fuego.
Marta do Ceo< %yj
Canta el Girafol.
O' tu Febo Divino
Peregrino
Rompete a mis anhelos
Los velos
Y mire en ti brillante
Si elte amante
Que oy paíTa fin difvelos-
Tendra Zelos ,
Y de quien al haverlos
Hade tenerlos.
Su muzíca eícuché'
Pero lo que ha explicado nó lo fié
Ni me atrevo a inquietarVu alto
empleo.
O Apollo Divino , que en ti veyo.
Acciones eítá hazíendo de admi
rado.
Que es lo que leyo efl ti Feberfa-
grado ?
Al Sol ya fe fufpetide , y ya fe ad
mira.
Pues a la luz eítá cómo §s men
tira ?
De la fufpencion fale con efpanto.
S '' Gir.
$74 Obras da Madre Soror
Qir. Como tal permitís Apollo Santo
A los Cielos fe atreve amor ze-|
lozo ? con furia.
Clav. Al eítupor divino eítá furiozo.
Gir. O' zelos , ó paffion que es lo que
hiziítes ? Furiozo
Qpe a una hija delSol os atreviíte?
Aquí a las luzes puras ,
Romperé con dolor mis vefliduras
Y es tanto mi dcfpecho
Que paflaré a romper tambien el
pecho.
A una hija del Sol, a una luz pura,
Que eítá quazi deidad , yes crea-
tura ,
Aquien mortal ninguno fe halla
digno,
Como tal permitís Febo Divino ?
Sofpecha obfcura aqui vivos re*
zelos ,
Eítremefcan los exes de los Cie
los.
Clav. Ya paró fu furor , ya eítá templa
do.
Gir. Cielos, que es eíto que por mi ha
paíTado ?
Zelos vi del Clavel contra la Rofa
Dei-
Mafia do Céós '4-7j
Deidad tan pura , eomo tanja er-
moía
A ver más fio llegué ,
Porque en una paífion me arrebate.
Aqui os tí contemplando
Vueítros raros affectos admirando,
Y merecer quiziera
Saber que Viíteis en laclara esfera.
Pues a tu hado efeucha
Mucha es mi informacion.
Mi atencion mucha.
Canta el Gira/oí.-
O' tu Clavel que innocente'
Prezumes en tal enpeño
Ser faerifício de amor
Sin fer victima de zelosj
Sabe que yo Girafol ,
Que a luz del Divino Febo*
Leyo incognitos futuros
De fus arcanos fecretos f
Vi que hafde penar< zelozo
Én un oculto mifterio ,
Donde pagarás a perlas
Quanto has devido a fociegos y
La paz fe bolberá guerra
S ii Y en
.ij6 Obras da Madre Soror
Y en eíte hermozo terreno
Seran jacintos azules
Los que fon jafmines terfos.
Eíte es el fatal preludio ,
Que fiel te reprezento ,
Porque al avizo del Rayo,
Pagues la culpa del Trueno.
Piza, piza con tiento
Del Vergel bello
Las lindas flores r
jorque fi oy fon amores /
Mañana feran Zelos. Vafb'.
Clav. Aguarda flor, que eíta vez
Inquietas en triíte Aurora
A los fociegos de aora
Con las penas de defpues.
Buelve, buelve Girafol ,
Mas ya dezapareciíte ,
Que mucho fe te atreviíte
Adar atomos al Sol.
Sale la Rofa.
Rof. Aquien llamais?
Clav. Ay de mi.
Rof. Que os veyo defcolorido.
Clav. Señora
Rof. Dizidque hafido?
- . Mario- do Ceo. irjjr
Hable conmigo, y fin mi ,
Dexame vana locura,
Que no cabe en mis difvelos
Penfar que pueda dar zelos
Una belleza tan pura.
Penfativo os llego a ver.
Defperté con poco guíto.
Pues de que es vuefixo difguíto ?
De poder venirlo a fer.
No os entiendo , y en verdad
Muí otro os llego a advertir ,
Si os atreveis a dizir
Obfcuros a mi deidad.
Perdonadme fi ante vos
Hablé incauto , ó indifcreto
Porque no fupo el rcfpeto
De lo que fupo la voz.
Si mi color con quebranto
Eítá , feran fus retiros
O' del ayre a los fufpiros
O'ya de la Aurora al llanto.
Sois flor , ninguna en rigor
Dexa de mudar femblante.
Quando una flor es diamante
Luego dexa de fer flor ,
Mas diamantes dezazerlos
Aun puede un dolor lavrando.
S iii Que
Vfi Obras da Madre Soror
Que eítea yo tolerando a partt
Zelos, de haver de tenerlos i
Rof Otra vez,
Clav. PaíTome un clavo.
Rof. Enigmas hablais conmigo
Sin mirar onde eítais ?
Clav. Digo ,
Rof. Quedizis?
Clav. Soy vueítro efclavo. Vafe.
R°f Qye tendrá el Clavel, que anfi
, Con tal diguíto fe infiere,
Mas tenga lo que tubiere ,
Que eflb no me importa a mi.
Sale la Mofqtieta.
Mofq. Señora hallarte configo
Mas fola.
Rof. No advierte oy ,
Que yo nunca fola eítoy
Porque fiempre eítoy conmigo.
Quiero el Jardin paíTear
Dando a las flores honor
Mis plantas , y por mayor
Suavidad mando cantar ;
Q'la , no ay un page ahi ?
Str
v Marta do Oo, Ht *7<fc
&?/e eljafmin.
Jafm. Aquieítá el Jáfmin Señora
Kof. Di al Ruifeñor fin demora,
i Que venga a cantarme aqui;
Hagan fus vozes fuaves
Con el ayre un dulce ajunto.
„ Jq/in. Yo voy a llamar al punto
El Orfeo de las aves. Vafe.
ti
i Sale elLyrio.
i: Ljr. Milagros vueítra beldad
Ha echo eneíta eítacion
Pues lo verde , y lo celeíte
Hizieron pazes por vds.
Mofq. Quando huvo dama , y Jardin
Sin conceto.
Rof. Aqui me eítoy
Bien hallada con las flores ,
' Lyr. IUuminais fu candor. .«1
- -:'. ¡.'.m
Sale Bien mequiere.
Bien. Pizad con tiento Señora . -' '»
Del Jardin lo verde oy
-, S iv Q¿*
iZó Obras da Madre Soror
Que embidian las efmeraldas
De las yervas el fabor.
Mofq. Requiebro de yerva , folp
Lo hé viíto en eíta occazibn.
Rof. Siempre la Mofqueta pica.
Bien. Aqui nada haze dolor.
Sale Narcizo.
Narc. El firmamento, Señora,
Mirando con feño eítoy,
Porque fe quexa la Eítrella
De la dicha de la flor.
Mofq- Efte ha llegado más alto ,
Porque al Cíelo fe fubió
Rof. Eya baíte de lizonjas
O'la cante Ruifeñor.
Canta dentro una voz, y vafaliendo
el Clavel.
Voz Pregunta a faber mejor,
El Ruifeñor entre flores
Qual viene a fer en amores
La mayor prueba de amor.
Uav- Pregunta a faber mejor
El Ruifeñor entre ¿ores
Qual
María dó Veo. '? xU
Qual viene a fer em amores
La mayor prueba de amor ?
Eíto el Ruifeñor pregunta,
Ya fer más ozado yo
Diria mi fentimiento ,
Pero Señora ante vos
Lo que nafce a fer palabra
Luego fenece temor.
Tambien yo mi parecer diría ,
Mi explicacion
No efcuzaria al proemio.
Bien. Yo que Bien mequiere foy
En amor definiria
Si aqui todos por fabor
Vueítra licencia alcanqamos.
Rof. Aunque livre de paflion
Porque a humanos fentimientos
Aun no he viíto la color;
Pues del campo la licencia
Tiene alguna diíKncion,
Permito que cada uno
Explique en eíía occazion
Su entender.
Tod. A vueítras plantas proítrados la
permiífion
Agradecemos rendidos.
Rof. Llevantad.
iife Obra* da Madre Soror
Tod. Tan alto honor.
Lyr. - Del amor la mayor prueba
. Dire confiado yo.
Es que un grande , un poderozo
Prizionero en fu cordon
Se haga por amor efclavo,
Quando ha nafcido Señor.
En fu amorozo cariño
- . Un grande,quando es amante,
Eítá, como fi un Gigante
Si viefle rendido aun niño.
Y de amor en eíte aliño
Se exalta fu fe ferena
Pues que fu grandeza , agena
Mueítra a todo el emisferio
Que ya no eítima fu imperio
Por eítimar fu cadena.
Clav. Tal groíTaria.
Rof. Calla,
Dexa que digan los dos ,
Y tiempo queda defpues
Para la definicion.
Mofq. Tomó tema mui groffero ,
Para delgado fermon.
Narc. Del amor la mayor prueva
Es que uno en tal occazion
Se dexe de amar a fi
V.-r¡ Por amar a lo que amó. Riff-
r . Marta do Ofc. i$j
Rindir tu grandeza aqui
i Es dexar tu feñorio
Mas dexar el amor mio , '•
ií Es más , que es dexarme ami.
t Anfi que poco das vi
f« . Si alamor proprionódaz
t Con que yo de fu carnaz
i La mayor prueva configo
j Pues todo es menos conmigo
t Y yo conmigo foy más.
¿i JR.OJ- O' quanto el Narcizo precia
i Su amor proprio.
Mofq. En quanto habló
I Viendofe eítuvo a la fuente.
\ Rqf. Me enoja fu prezuncion.
j Jiien- El que aventura la vida
Por alcanqar lo que amó
En eíte de amor litigio
Pá mayor prueva al amor.
El que ama , o es frenezi ,
Amor proprio hade tener,
Pues fi quiere, hade querer
Lo que quiere para fi.
La vida en la ardiente lid
Hade aventurar fu flama
Por el premio deíta llama
O' fu fineza dezhaze,
Pues
184 Obras da Madre Soror
Pues no ama el que no haze
Por alcancar lo que ama.
Clav. Quien quiere para alcanqar
Haze el amor interes ,
A fi fabe deíta vez
Que es querer , mas no es amar.
Aquel que llega a adorar
Una divina belleza
Si de amor la gentileza
Bufca, porque no la ofufque,
Solo en fu fineza bufque
El premio de fu fineza.
Tambien ó Lyrio mi voz
Te convence en eíta ley
Porque no fe humilla un Rey
Quando fe ha rendido aun Dios,
Poítrarfe un Cetro veloz
A la beldad, que ve pura,
Es deuda, y paflfa a ventura
Sin fineza ni miíterio ,
Porque nada tiene imperio
Adonde eirá la hermozura.
El Narcizo fue a gloriarfe
De lo que es fuerca en amor
Que ya fe fabe en rigor
Que quien ama no hade amar-
fe.
-- Efcu-
Marta do Ceo> ~\ 18?
Efcuzado era probarte
Si amarfe era cazo atrós
Herido del niño Dios
A fi mifmo, amante alguno ,
Que el amor hade fer uno
Y ya configo eran dos.
Anfi que ninguno aqui ,
El apíaufo mereció ,
Que el tener muchas razones,
Nó es tener mucha razon.
Lyr. Nó me doi por convencido ,
Jyarc. Ni oy tan poco.
Bien. Ni yo.
Rof. Y vos que dizis ?
C/av. Yo digo , y lo afirmo fin temor
Que en un amante los zelos
Son de amor prueva mayor.
Rof. Y no fabeis que los zelos
Son atrevimientos ?
Glav. Nó, que eíTos fon zelos villanos r
Hijos deaffecto traidor,
Adonde el cryltal más puro
Se enturbia en la prezuncion.
Al fin fon zelos grofleros.
Y de aquellos hablo yo ,
Que fin llegar al refpeto
Se atreven folo al dolor.
i86 Obras da Madre Soror
Rof. Y de que eíTe dolor nafce ?
Clav. De un rezelo, que forjó
El mifmo amor en fi mifmo*
Á hurto de la razon.
Y paffo a lo que defiendo.
Mofq. Buena hora te dé Dios.
Clav. Del amante en las firmezas
Las conítancias fon porfías ,
Las finezas bizarrías ,
Las dadivas gentilezas ,
i Los difvelos fortalezas ,
Los defdenes fon favor ,
Todo es gloria, todo honor,
Mas zelos , que es mi intento
Son tormento , y fin tormento
Ninguno prueva el amor.
El que no pafla a penar ,
Que ama nó puede dizir
Que quien no llega a fentir
i No puede llegar a amar.
En los zelos viene a eítar
La pena deítes difvelos
Y como en tales rezelos
Vive de amor el dolor
Solo haze prueva de amor
Aquel que prueva los zelos.
Den-
r '- Marta do Ceo. O ¿^
Dentro vozes.
g) Vi&or, viftor al Clavel
Viva que el lauro llevó.
¡¿ jRo/ O'lá que vozes fon eítas .{
Quien haze eíta aclamacion?
Sale el Jafmin.
I -R?/^ Qiie es e^° mno ?
-' Jafm. Señora, el Jacinto, que fe halló
Aqui cerca, y el problema
Pudo oir con atencion ,
Como tan pratico que es '
En fentimientos de amor
Dio por el Cavel fentencia. >» ..>
Y con figo fe llevó
El aplauzo de las más .
Flores , y una , y otra voz
Uniformes repetieron
. En eíta verde eítacion
Vozes. Victor , victor al Clavel',
Viva que el laurel llevó.
Lyr. Y porque entre todps el
La fentencia mereció,
. Narc. Porque más honor alcanqa ? ' -
Bien. Porque más gloria ganó?
tS& Obras da Madre Soror
Vozes dentro.
Porque quien prueva los zelos
Solo haze prueva de amor.
Lyr. . El ignorante Jacinto.
Narc. Dira la atrevida flor
Mofq. Ya dixo lo que en juizio
Su conciencia le dito
Que el Jacinto es juez redlo.
Bien. Como apaíEonado habló.
Y aunque otra fea la fua ,
Yo me quedo en mi opinion.
Mofq. Señores no ay que arguir
Contra un letrado de amor.
Clav. Princepes eíta victoria
No es de tan grande efplendor
Que a voz os dexe dezaire
Ni ami dexe prezuncion ,
Y anfi del divirtimiento
No agamos duelo.
Bien. Razon teneis fea vueítro el lau
ro.
Lyr. En buen hora.
Narc. Es atencion.
Rof. El laurel vueítro ferá ,
Mas advertid defde oy,
.:- Que
Marta do Ce&i '-O ify
Que en mi Palacio otra vez
Por femejante paffion para el Cla
vel
No argumenteis,que áurique más /
yendofe.
AiTegure vüeflrá Voz',-
Su réfpetp , ó íu pureza i
Adonae prezido yo ¿ . '
Es opinion mui grofíera
Para una hija del Sol. Vafe.
£-yr. Bueno eí Clavel ha quedado.
Mofq. Bien eí triunfo es amargo ,
Mas quattdo en zelos no fueróff
Haíta los triunfos dolor ? Vafe.
Clav. O' rezeíos de los zelos
Que poeo atentos que ibis,
.o! Pues os atreveis a dar - < ¡
En el Cielo diífabor.
Y aun antes del fuego eí hürrítí
Mal fafrido rebeñtó. Vafe.
Bien. Que diremos al Cavel ?
NarC. Chelos zelos defendio y
Si nó los tiene ando mal ¡.
"% fi los tiene, peor. Vanfié
.. -» JO*.
xgo Obras da Madre Sorer
JORNADA TERCERA.
Salen lasflores galanes , y la
Rofa.
Claro. Viendo-os madrugar, Señora,
Alva , y Aurora fe ven
Ojiando una a llorar de embidia
Otra a reir de plazer.
Rof. Un fueño me ha difvelado
Porque aunque de güíto fue
Tanto para el que difpierta
Defvela el mal, como el bien.
Clav. A Morfeo agradecidos
(Quedamos todos , en que
Os dio guíto , aunque difveh),
Lyr. Y el Jardin lo eítá tambien
i Pues que por el con tal flor
Se mira al amanecer.
Narc. De vueítra idea divina
Quien duda que huvo de fer
Haíta el fueño foberano ,
Con que prezumo eíta vea
Que aun quando agena de vos
Como vos os dexaes ver.
' Marta do Ceo. ' ": i^j
Kof! . Porque mejor lo digaes, ' - .
í El fueño revelaré .' .--'.
Sin que lo oculte a ninguno-
| Clav. A todos honor hazeis. -'
Rof. Soñé que via el Cielo eítrerneícerftf
Y fu maquina pura al alterarfeV X
I Ya fe efhrva a cayerfe, ó no cayerfe
Ya fe eítava a quebrarfe, ó no síié*
¿ -I- i ir- brarfe: \. :; .;; s. i
Del Dios de amor fe tío luego
i -..' romperfe ' O . . . -:
, -^ - Porque ligero áeá quizo arrojarte
l Cayendo en mi regado mui veloz,
- -- Con que esfera quedé dé' todo u»
Dios- . :. -'_.."
Clav. Quien duda que fe el amor
I Dexar el Cielo fe ve :-
Será a bufcaros , y ardí
No era baxar el caer. ' .
~- - Si feran eftos mis zelos? ¿parte
Si aqui eítará fu poder?
Mas no puede fer, que un ÍDioí'•J-
Quita duda , y dexa fe.
Bien. Corrido amor quedará , ~:
Si el fueño fabe, porque - -f -' -'?-
_ Ha echo la fantezia. ''- .'»cA
Lo que el devia de hazer;
c- Til <;'-:' Narc.
\$% Obr#s da MádrYSoror
Nare. No es mejor throno el Impiridt
Lyr. Ni el tielo mas gloria fue.
JSarc. Pues yo tambienne íbñado
Y miíteriozo foñé . .
A favor de todo el Orbe.
Si. a. todos nos eitá bien
Sea el fuerío para todos.
Nare. Ya lo refiero coítez.
Sone que quando ociozo yó buf-
cava, -. <. . .. -' '<
Para mi efpejo el agoa cryítalina,
£n campoo de Belen alli encon-
tíava
Una gracioza fuente peregrina ,
Que a beber todo el mundo con-
yidava
En fus- cryítales fi clara , y benig
na,
Y yo guítando fu corriente pura
' «- - Quedava mejorado en hermozu-
ra.
Ly?- Vueftros fueños fon delicias
Mas yo del mio quedé
Ajado-;.
Rqf. Tambien foñaítes?
Lyr. Si, Señora , y eíto fue.
Soñando un. Lirio vlde.^al gran-
.V5v. dezaVü i Qye
me370 ?Maria de Croido 293 .
Por Que alasEſtrellas ſu altivez toca
207 , vai
- imi is Porque ſu pompa , luſtre , y gen
tileza ,
Quando nafcia flor Astro acabava :
Penſando con ſoberbia , y con ruo
deza " , 1 . 071 ,
Yo que a mirmiſmo en elalli mi
raya Like
Yo ſolo , aqui me dixo entre ſe
' vero , in 3. 0
El Lirio ſoy del campo verdade
roboga ? ' '
Mas fon fueños, y de fueños
No ay hazer, cazo.id
Rof. Eſtá bien , imas ay ſueños miſte
To riózos! :DD
Que nos avizan tal vez . .
Contra nueſtra vanidad.
Bien , Elmio de nupcias fue
Con que hemos ſoñado todos.
Ref. Haſta eſfo miſterio es
Bies. Unas nupcias fone de gloria tal,
fr Y de pureza las miré tan llenas,
Que a fu Talaino vi ſer decryſtal
Siendo ſu aparamienta de Açus ;
cenas : all ' s
Tüi . ' Ylas
*94 ObrAFdáMédtf Soror
* r .- ; - Y las- luzes,que álli toda eía igual,
Eran de las Eítrellas mas ferenas;
. -- r . Les confortes n6 vi, mas bien mi
rado
... - . SoIq- qI Sol pudo fer d defpozado-
¿[are. Eít.os miíteriosy Señora,
Sola vos aqui podreis
- :: Cort vueftra mente djyina
Decifrarlos- l ...:
£</! No podré, ; «<!-' ."
Que nó es juíto fe examine
-'-... ; . Con euriozidad infiel :7.
Del oculto lo fagrado
Antes de dexárle ven 7 .
.r:_ Y Si finó
fon fueños, nada importan
lo fon, tambien; .. ' . ;
Haíta que el tiempo los diga
En fus arcanos fe citen. -
Cantan: dentro. --
Muz. Deciirados los fueños .
Muí preílo haveís de ver ~ ...i
-: Porque ni fiempre , ó flores ,
El fueño , fueño ess. -. *
De» una Angelica animada'
Aquien el Sol efta vea. ;.-. <
- . y Fui
Fulminó con. fus rayos - ) »:
» ^ Es la voz i con que ya veis, .
Qye a vueíbros fueños el velo
Mui preíto fe hade romper...
La declaracion del mio , .'-
Con ancias efperaré. ' '¡'T .- -
jRof El vueítro eítá decifrada;
Porque mi Padre el Sol Rey - -'.*
.- \ Oy manda- que me defpoze
. li Siendo de fu guíto ley; i .-«. '-
- '. i: « Y bodas de tal pureza ' :
Solo mias pueden fer ,.. ' .
Y como en vifperas fuyas
Miíterios al parecer »:.:. 7
Todos havemos foñado,7
Yo tengo callentado en que
De mis foberanas nupcias
? - i .* ' . Hande venir a nafcer : ' ---T
Eítos füturosy que aqui . * '' »
Se nos hamdexado ver
En Dios de amor fuente/Lirio/ >
" ' Cuyo raro oculto bien '.
Será erttbidia delos Cielos .'--'I.
Siendo gloria del Vergel.
Clav. Vueíbros altos penfamientos '' -
...' '- o. <Lo' aciertan-y mas poifthlé es
Que tan cerca eíte la dicha?
-..- -..* T iv l$r-
í$6 Qbrjis da fflddftSorar
hyr. Que tan llegada fe ve ?
Tod. Para bien , mas no fabemos ,
Aquien dar el parabien.
Clav. O' como me temo indigno. Aparte
hyr. CJomo alentado me ven. aparte
Nave. En fuente foñe, no digo i
jieíta agoa nó beberé, ¿parte
Bien. Quien duda que foy el nobio ,
Pues con las nppcias foñe ? 4parte
hyr. Quien duda que a mi grandeza
Se hade llegar el laurel- a parte
Clav. Mejor Quien que
dudayoque todos pueden
merecer.' r
hyr. Pues yo con vueítra licencia
Voy a prevenir. fiel
La affiítencia a fai funcion
Entre temor > y piazer. Vafe
Tod. Ene intento nos. aparta. Vanft
Clav. Y yo me quedo: a temer. .
Rof. Vos folo no.haveis foñado?
Clav/ ípambien, Señora, foííe y. 1
Y eítoy dudoso entre íbmbras.
Rof. - Y que fe llegó a oífrecer
Peregrina a vueítra idea ?¿
Ctav. Pues lo mandais, lo dire. ,-. N
-i Que en un campo foñe me paf-
^. '-&»?«* 'o -.: -vi,.-
...r.. Adon-
17* ? Mariá,do Cer. 197.
Adonde folo havia, azules flores
Alicon ſus efpines'me picava
Porque eſtavan cercadas de rigo
respista,
Luego un pañal via , y guſtava,
Que ſuave curaýa mis dolores
Y tan dulce la miet eftáva en el
Que ſe eſtava mas dulce que la
miel. Dola : T
Efte mi ſueño Señora ;
Y aunque ſuave , y cruel
Ni lo temo como mal ,
Nime alegra como bien ,
Y lo que quizo explicarme plom
En ſu archivo lo dexé. A
Muz. Es lo que aqui té mueſtran
Que tus zelos Clavelismo
Seran flores azules ,
Y luego ſeran mielo
Ros. La Angelica ha refpondido
Yo ſolo quizo atender , 7 . 1310
A ſu dulqura , y a la letra a parte
: No di atencion , eſto es )
Hazerme dezentendida ' !
Como que mal eſtuche 5
De zelos , en que un duda , o
Miſterio deve de haver.
Clav .
v$ ObrM?Ü¿Madre Soro*
Clav- Ya la oi con tanto guíto-V
Que dos vezes aqui fue
- : . . \ Alegria; una por canto
Otra, Señora, porque.
Maz; Seran flores azules ,
. . ; - . .Y luego feran mieL
Okv. Dulce voz,que a mis temores
t-i 3„f Has -dexado focegar
En el altar de mi pecho
Doy gracias a tu deidad. '
. Sálela Mofquetú ,- [
Mofq.' Señora eítos memoriales
A tu Auguíto tribunal
.Embian las flores Princepes.
£0/. Pues el Clavel fe los da
Leedlos ; mas a que intento
Oy peticiones me dan ?
-Lee el Cavel.
Clav. Suplica a vueítra belleza
«kV.«i. ú El Lirio en eíta ocazion
Que os acordeis , y es razon
De fu honor , y fu grandeza.
Rof. Bien eítá , tenga el fegurido ,
Mofq. Todos de un pano feran;
.-...- ' - - -' .'--'
U
<*íVí r?Marta da Ceo» o wyf
Lee. El Bien mequiere atrevido ..---._*
Pide en las nupcias de honor:
Os acordeis de fu amor,
Que amor nó merece olvido.
Rof. Aquiendeamorentendieire .?._
Podría fer memorial, A- . <.'r
Ami nó> venga el terceto.
Mofq. Efle efpejo pedirá
Para el dia. -:;:- ;
Rof. Eya acabemos-
Cíav. Ay mucho que ponderar.
Lee. El Narcizo , en la accion pura
Pide acordeis bien mirada ,
' ií¡: No fer para defpreciada
Tanta gala, yhermozura.
Eíto fe atreve a pedir.
Rof. A que no fe atreverá un nefcio ?
Clav. Será dilirio por no dizir natural^
Mofq. Antes de ferio eítes nobios ,
Han dicho la necedad,
Clav. Corrido eítoy de.fu accion, apar"
te. . 7 .. i
Moff. Voy a conduzir las mas
Porque ai Templo te acompañen.
Vafe. • ' 3
Rof Y vos fblo- no rae daes inemorial ?
£t>$ ObrüfÜá Madre$oror
Clav. Nó, gran- Señoray
Y filo huviera de dar,
Que 08 olvidaffeis de mi
Pidiera en el memorial. .
Rof. Porque peticion tan rara? . .;
Clav. Porque íe aperrfar llegaes ^
Lo que vá de vos a mi
Imponible os ve mi afan
Con que arriefgo en la memoria
Aun mas que en la voluntad.
Rof. De efta fuerte- en lo olvidos
Las efperanqas fundaes ?
Clav. Si Señora. -'- ¡ -'-.
Rof. Pues aqui de humilde ignorantt
.. eítaiS, - i. -9 £.'i:'-r i
Porque mejor en la fe
Las podieis fuítentat?
Clav. La fe, Señora, me vale
. En tanta contrariedad ,
A que eítanda desmayado
No he llegado a eítar mortal.
Rof. Si va por merecimiento
Quien ay que pueda' efpera^ '; -
En mi perteneion ? t< í : '. . j ' - .
Clav. Ninguno , °<\W \
Mas- en tal difpdrídad 4
Yo prezumo que foy menos
c~.-» Adonde ninguno es mas. &%
«í* Marta do CeOé -C: 301
RoJÍ O' que lugar en mi pecho ,
Va labrando fu humildad. ú parte
No fe fi fois más, ó menos ,
Pero no llego a dudar-,
Que prezumir no es faber.
Clav. Pues yo quien íby ?
RoJ.j Lo ignorais i
Un rrincepe de la fangre
Conjunto a la Mageítadi
E eíto es que buelvo por mi ,
No por vos- ..¡ . I r .-'.
Clav.] Más me obligais r:i.y
i" Mas quando con vos me miro <
Aunque aqui tanto me honrais
Pareceme que cítoy viendo
Un borron junto aun cryítal.
Rof. Pedi Gonfíanca a los ptros
Que tan hartos della eñan.
Clav. Aun a faber que fon dichas
En fu atrevimiento van ¿
Más quiziera mi rezelo
Que no fu temeridad.
Rof. Con que mejor el eítado -;
- Os eítava de excluido ?
Clav. Si , porque antes que atrevido
Qu ziera fer -defdich ado
Y fiendo' tal el-ob-eck> '\ - ' »
$oi Obras da Madre Soror
Yo de mi proprio homicida
Cortaría por mi vida
Antes q-ue por fu refpeto :
Que fi acazo a la ventura
El roítro llego a mirar
Su fabor no hede comprar
Acoítademi locura.
Dentro vozes , y eaxas.
Vozes. Viva la Rofa, viva la hermozura
Rof. Eítas vozes fon trofeo,
Con que el pueblo en eíte dia
Aplaude con alegría
Las nupcias de fu dezeo.
Vo&es , y canas.
- Viva la Rofa, viva Emineo. - :
Sale la Mofqueta.
Mqjq. Señora , el Templo gozofo
Te aguarda ya, porque el Sol
- Solo efpera tu arrebol
Para nombrar a tu efpozo»
R$P Vamos-pucsv — - -.
Gta<
ng Maria do Ceo. 30
Clav. O quien pudiera .. .
Merecer gloria tan alta ,
Que a las Eftrellas exalta . "?
. Ros . · Venid , que a todos eſpera
Y alli vueſtro lugar fea , ;
Quando la fortuna entrare ,
Ni tan cerca que os repare ,
Ni tan lexos que no os vea, Vaſe .
Clav , Aunque en ſu voz me enageno
Dudo em mi: temor fatal,
Que una Roſa Celeſtial,
Sea de un Clavel terreno . Vafe.
Deſcubreſe una fórina de Templo,
y fake Jaſmin .
Fafm . Al Templo del divo Sol ;
Vengo la Reyna a eſperar. Mi=
rando a dentro. ii
Ya llegan a duplicar . .
Las luzes a ſu farol, ;
Entré todos el Clavel . .
Viene con talMageftad -
Que me parece que eſtá "
Arrebatando el Laurel.
en * Su gala., fu bizarria -
Su gravedad , ſu hernozura
/04 Obras Ha Madre Soror
Va diziendo a la ventura :
Oy de juíticia eres mia.
La Roía viene rtan bella
Con tal grada , y tal primor
Que fe defdeña de flor,-
Y aun fe defprecia de Eítrella.
Ya llegan con gravedad
'- Flores animadas todas
A ver las mayores bodas
Que ha de conocer la edad.
€an~
'$06 Obras da Madre Soror
FIN.
76772069
I'
*í -v
'.'-
I
Km ^M
I ..('> '.^". ':', .- ;V I n*w*
Hü ■ H
. t.\ <-
2x4^4