Está en la página 1de 372

Fernando

Pe sso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R eís

E D IC IO N B IL IN G Ü E D E
J u a n B a r ja y J u a n a In a r e j o s

PROLO GO DE
M ig u e l C a s a d o

E P IL O G O D E
J a v ie r A r n a l d o

A b a d a E d it o r e s
títu lo o r ig in a l: F e rn a n d o Pessoa [R ica rd o R e is ] :
• Poesía

© J u a n a I n a r e jo s y J u a n b a r ja , 20 15
de la traducción

© J u a n B a r j a , 2 0 1 5 , de las notas y el glosario

© M i g u e l C a s a d o , 2 0 1 5 , delprólogo

© J a v i e r A r n a l d o , 2 0 1 5 , del epílogo

© A b a d a E d it o r e s , s .l ., 2 0 15
de la presente edición
Galle del Gobernador, 18
28014 Madrid
WWW.ABADAEDITOEES.COM

cubierta E s t u d i o J O A Q U ÍN G a l l e g o

p ro d u cció n G U A D A LU PE G lS B E R T

ISBN 978-84.-15289-13-5 [obra completa]


ISBN 978-8 4-16160 -41-9 [vol. V II]
IB IC DCF
depósito legal M -30571-2015

preim presión D alubert A jllé

im presión V IR O , SERVICIOS GRÁFICOS, S .L .


Fernando

Pesso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R e ís

E D IC IO N B IL IN G Ü E D E
J u a n B a r ja y J u a n a In a r e j o s

PROLOGO DE
M ig u e l C a sa d o

e p il o g o d e
Ja v ie r A r n a l d o

N O T A S Y G LO SA R IO D E
J u a n B ar ja

« O B R A S » _________
A B A D A EDITORES
EL MANTRA DE RICARDO REIS
Miguel Casado

Hay, en la poesía firm ada p o r R icard o Reis, varios pasajes que


h a ce n ex p lícita la c o n c e p c ió n frag m en tad a , d iv id id a , de la
id en tid ad , que distin gue a Fernand o Pessoa: « S o lo sien d o así
m ú ltip les, p o d rem o s / estar solos, al fin , c o n la v e r d a d » 1, o
aun de m o d o más claro y más personal: « E n n osotros, in n ú ­
m eros, viven; si pien so o sien to / n o sé q u ié n piensa o siente.
/ Soy tan sólo el lugar / d on d e se siente o piensa. // T en go más
alm as q u e u n a , / hay m ás yos q u e yo m is m o » . L a p r im e r a
p erso n a d el p lu ra l, que atribuye esta m u ltip licid a d a la c o n ­
d ic ió n h u m a n a , y la p rim e ra d el sin gu lar, qu e se acerca a la
exp eriencia de los h eteró n im o s pessoanos.
S in em b a rg o , la e x p lic a c ió n q u e a co m p añ a al nacimiento
de Reis n o acaba de en cajar c o n tan c o n o cid a prop u esta; en
u n o de sus fam osos relatos de la génesis de los h e te ró n im o s,
escribe Pessoa: « Y o h abía estado oyen d o el día a n te rio r u n a
extensa d iscu sió n sob re los excesos, esp ecialm en te de r e a li­
za c ió n , d e l a rte m o d e r n o . S e g ú n m i m a n e ra de s e n tir las
cosas sin sen tirlas, m e fu i d e ja n d o lleva r p o r la o n d a de esa
r e a c c ió n m o m e n tá n e a . G u a n d o m e d i cu e n ta de lo qu e
estaba p e n sa n d o , vi que había c o n c e b id o u n a te o ría n e o c lá ­
sica y q u e la estaba d e s a r ro lla n d o . L a e n c o n tr é h e r m o s a y
p en sé que sería in teresa n te si la d esa rro lla b a seg ú n p r in c i­
pio s que n o ad o p to n i acepto. Se m e o c u rrió la id ea de c o n ­
v e rtir la e n u n n e o c la sic is m o 'c ie n t íf ic o ’ » 2. P ocas veces

1 T o d a s las citas d e R ic a rd o R eis p r o c e d e n d e la t r a d u c c ió n d e J u a n


B arja y Ju a n a In arejos re co gid a e n este v o lu m e n , salvo p r e c is ió n en
o tro sen tid o .
2 C ita d o e n F e rn a n d o Pessoa, Un corazón de nadie (Antologíapoética), e d i-
en co n tra m o s u n a d eclaració n tan n ítid a de q u e cada u n o de
lo s h e te r ó n im o s es u n a p o é tic a , c o n siste e n u n a p o é tic a , y
que, p o r tan to, el resto de a tr ib u to s —b io gráficos, p s ic o ló g i­
cos, e tc ...— n o serían sin o elem en tos de fic ció n , quizá m ate­
riales, para c o n stru ir esas figuras y su g erir o tro tip o de c o m ­
plejidad en ellas. Tras leer las frases citadas, parecería d ed u cirse
así, al m en os co m o hipótesis in ic ia l.
L a fo r m a fr ía y d esp egad a c o n q u e P essoa h a b la d el
n e o c la sic ism o de R eis, h a ce p e n sa r en este n o c o m o u n
p o e ta , n i siq u ie ra c o m o u n a fir m a , sin o c o m o e le m e n to
m e ra m e n te in s tru m e n ta l p a ra d e s a r ro lla r u n d o b le experi­
mento: p o r u n la d o , la c o n fe c c ió n d e u n a p o e sía clasicista,
c o n sus fo rm a s cerrad as y su te m p le tr a d ic io n a l y a n tim o ­
d e rn o ; p o r o tr o , y articu lad a c o n ella, la e la b o ra ció n de u n
d iscurso n eo p ag an o qu e c o rresp o n d ería a la c o n c e p c ió n del
m u n d o q u e R eis h a b ía a p r e n d id o de su maestro A lb e r to
G a e iro (e l ca rá cte r in s tru m e n ta l de R eis te n d r ía e n to n c e s
u n a u tilid a d añadida: ap u n tar u n a in te rp re ta ció n filo só fic a
de la o b ra de A lb e r to G a e iro ; n o e n v a n o , será R eis q u ie n
firm e el p r ó lo g o a lo s poem as a él a trib u id o s. S in em bargo,
este esfu erzo resu lta c o n tra d ic to rio c o n u n o s textos, lo s de
G a e iro , q u e se o p o n e n de m o d o b e lig e r a n te a to d a i n t e r ­
p reta ció n y sen tid o añ a d id o , y ven d ría a traicio n arlo s in c li­
n á n d o lo s a lo d id á c tic o y lo id e o ló g ic o ) . Pese a q u e Pessoa
esté presen tan d o u n « trab ajo de la b o r a to rio » , n o va a ig n o ­
rar que to d a verd ad era p o ética n o su p o n e solo algu n o s ras­
gos de e stilo , sin o q u e es la fu s ió n de u n a lé n g u a y u n
m u n d o , u n v ín c u lo sin gu lar qu e abarca el p e n sa m ien to y la
vid a. Y esta n ecesid ad suya de ser co n secu en te es la qu e n os
o b lig a a p r e g u n ta r n o s q u é p o n e e n ju e g o e n este e x p e r i­
m en to n eo clásico , qu é de sí m ism o.

S i la po esía firm a d a p o r G a eiro tuvo u n fu erte co m p o n e n te


d e ru p tu ra c o n la to n a lid a d q u e d o m in a b a el m ed io p o ético

c ió n d e A n g e l C a m p o s P á m p a n o , B a rc e lo n a , G a lax ia G u te n b e rg ,
2 0 0 1 , p . 211.
p o rtu g u é s cu a n d o Pessoa ap arece e n escen a, el saudosismo de
Pascoaps, en cam b io la d isco n tin u id a d que constitu ye a Reis
es la q u e P essoa estab lece c o n s ig o m ism o : r u p tu r a c o n la
in vestigación d el verso lib re en la q u e C a e iro y C a m p o s asu ­
m ían u n a in estab ilid ad de los lím ites c o n la p ro sa y el riesgo
de ex p lo rarlos, c o n la vio le n ta en ergía d el futurismo q u e había
dado sop o rte a la irr u p c ió n de C am p o s, c o n el rech azo de la
belleza co m o va lo r que d efin e la p oesía. R eis, en p r in c ip io , es
P essoa c u a n d o so n d e a p o sib le s vías p a ra r o m p e r c o n s ig o
m ism o.
E n p r im e r lu gar, d igo, m ed ia n te la rec u p e ra ció n de las
form as clásicas. S in en trar en la discusión sobre ello que Pessoa
e sc e n ifica a d os vo ces, e n tre A lv a r o de C a m p o s y R ic a rd o
R eis, y q u e h o y n o s resu lta ya escu ch ad a m u ch as veces y u n
ta n to desgastada, la fo rm a cerrada v e n d ría a ser en la p o é tic a
de R eis lo q u e ga ran tiza el lím ite e n tre p o esía y p ro sa ; la
palabra clave para ad optarla es disciplina: « H a m en ester q u e al
estado p o é tic o se ap liq u e u n a d iscip lin a más d u ra q u e a q u e ­
lla q u e se em p le a en el estado p ro sa ic o de la m e n te . Y esos
a rtificio s —el ritm o , la rim a, la estrofa— so n in stru m en to s de
tal d is c ip lin a » 3. E n p rim e ra in stan cia, se trata p o r tan to de
u n a c u e stió n m étrica. L a p a lab ra artificio n o le p a rece a P es-
soa-R eis negativa, pues la en tien d e co m o el m ed io o in s tru ­
m en to q u e se em p lea para dar realid ad práctica a algo, igu al
q u e « la v o lu n ta d q u e c o rr ig e d e fe cto s, el o r d e n q u e v ig ila
so cied a d es, la c iv iliz a c ió n q u e r e d u c e lo s e g o ísm o s a su
fo rm a so c ia b le » ; es d ecir, se trata de u n a a cc ió n h u m a n iza -
d o ra , c u a lid a d q u e a lg u n o de lo s p o em a s de R eis c o n c e d e
exp lícitam en te a la sen sib ilid ad rítm ica .
S in em b a rg o , esta sería a ú n u n a a rg u m e n ta c ió n p r e c i­
p ita d a , d e u d o r a d el m ec a n ism o p o lé m ic o e n q u e se c o n s ­
tru y e. P essoa se da cu e n ta de q u e p e n sa r en u n a m a teria
p o é tic a p r im e r a q u e d esp u és se d is c ip lin a m e d ia n te u n a

3 R ica rd o R eis, « E l arte de A lv aro de C a m p o s » , e n F ern an d o Pessoa,


El regreso de los dioses, ed ició n de A n g e l C r e sp o , B a rce lo n a, A ca n tila d o ,
2 0 0 6 , p. 222.
p la n tilla m é tric a , es algo a rtific io s o —pseudoclásico, d ice él—,
a je n o al p ro c e so de c o n s tru c c ió n de u n a len g u a qu e sea u n
m u n d o , y trata de m ostrar cóm o e m o c ió n y ritm o n o se dan
p o r separado, sin o que su rgen sien d o u n id ad : « la d iscip lin a
resid e e n las m ism as e m o c io n e s, c o n u n a a rm o n ía n a tu ra l
d e l alm a, q u e n a tu r a lm e n te rech aza lo excesivo, in c lu s o al
sen tirlo . [...] L a d iscip lin a d el ritm o se a p ren d e hasta que.se
c o n v ie r te fen u n a p a rte d e l alm a: el v e rso q u e la e m o c ió n
p ro d u c e n ace ya su b o rd in ad o a esa d isc ip lin a » 4. E n segunda
in stan cia , v ie n e a d esm e n tirse q u e se esté h a b la n d o de u n a
técn ica: se da co m o fe n ó m e n o in te r io r, es u n a a rm o n ía que
co m p a rten e m o c ió n y ritm o h a cié n d o se in d istin gu ib les.
P ero , e n verdad, P essoa-R eis n o sitúa tanto el cen tro en
la e m o c ió n c o m o e n la id ea: « y ese r itm o , c u a n d o es p e r ­
fe c to , d eb e antes s u rg ir de la id ea q u e d e la p a la b ra . U n a
id e a p e rfe c ta m e n te c o n c e b id a es r ítm ic a e n sí m is m a » 5.
D esd e el p u n to de vista de h oy, p arece claro q u e « u n a idea
p e rfectam en te c o n c e b id a » n u n ca es efectivam ente o tra cosa
que palabras; p e ro eso n o le qu ita in terés al desp lazam ien to
q u e d e fie n d e R eis desde lo e m o tiv o -se n tim e n ta l a lo r e fle ­
x iv o -c o n ce p tu a l y q u e le alin earía c o n u n a te n d en cia de a le­
ja m ie n to del sim b o lism o sim ilar a la q u e —p o c o m ás ta r d e -
d ib u jó V aléry. C o n la firm a de A lv a ro dé C am p o s, se recoge
u n su p u esto c o m e n ta rio d e R eis e n u n a c o n v e rsa ció n :
« D ete sto la m en tira p o rq u e es u n a in e x a c titu d » 6.
A sí, esta breve p o ética, tom ad a de los textos p u b licad os
de R e is7: « P o n g o e n la altiva m e n te el f ijo e sfu erzo / de lo

4 Ib íd e m , p . 2 2 4 -
5 « D is c u s ió n e n tre A lv aro d e C a m p o s y R ica rd o R e is » , e n F ern an d o
Pessoa, El regreso de los dioses, ed. c it., p . 217 -
6 A lv a r o de C a m p o s, « N o ta s p a ra r e c o r d a r al m aestro C a e ir o » , e n
F e rn an d o Pessoa, El regreso de los dioses, e d . cit-, p . 2 0 1 .
7 C o m o r e c u e rd a n las n otas de J u a n B a rja, al fin a l d e l v o lu m e n , las
v e in te p rim e ra s odas d e R eis, in d icad as c o n n ú m e ro s ro m a n o s, so n
las q u e Pessoa p u b lic ó e n la revista Athena, e n 1 9 2 4 - A c o n tin u a c ió n ,
v an tod as las dem ás q u e se co n servan : sigu ien d o u n o rd e n c r o n o ló ­
g ic o , e n tre j u n i o de 19 14 y n o v iem b re de 19 3 4 (el a u to r m u e re u n

8 M IG U E L C A SA D O
q u e es a lto , y a la su e rte fío , / y a sus leyes, el ve rso ; / q u e,
cu an d o es alto y regio el p e n sa m ien to , / súbdita la frase va a
b u sca rlo / c o n e l esclavo r itm o q u e lo s ir v e » . Pese a q u e la
o p c ió n p o r la fo r m a c erra d a p u d ie r a su g e r ir o tra cosa, lo
d eterm in an te en el p o em a es el p en sam ien to; es su fu erza, la
fu erza esp iritu al, lo que gen era fo rm a , sin qu e sean decisivas
n i v o lu n ta d n i té cn ica . Y d ig o fuerza espiritual, p o r q u e n o
p u e d e lim ita rse el p e n sa m ie n to a sim p le activid ad r a z o n a ­
d o ra , sin o q u e es u n a a c c ió n c o n c e rta d a de to d o lo q u e
c o m p o n e la m en te o, según se q u ie ra n o m b ra r, el alm a.

U n p o em a de R eis ya ta rd ío (de ju n io de 19 3 2 ) vie n e a f o r ­


m u lar las nuevas form as de síntesis q u e el p ro c e so de e s c ri­
tu ra le h a b ía e n se ñ a d o a Pessoa: « S e v e ro n a r r o . C u a n to
sie n to , p ie n s o . / P alabras so n id e a s » . E l fu n d a m e n to más
fir m e q u e estab lecen las eq u iva len cia s id e a -p a la b ra , sen sa­
c ió n -p e n s a m ie n to , se c o rre sp o n d e c o n la c o m p r e n s ió n de
q u e el clasicismo n o p u e d e c o n s is tir so lo —co m o ya e n te n d ió
H ó ld e r lin — en unas estructuras m étricas, sin o que exige u n a
o p c ió n de le n g u a : la s o b r ie d a d . Se trata de u n tra b a jo
e stric to de la le n g u a q u e, c o n u n p r o p ó s ito de ex a ctitu d y
a d e c u a c ió n , b u sca d is c e rn ir d e n tr o de lo d eca n ta d o p o r la
tra d ic ió n lo q u e Pessoa q u erría ex p lo ra r com o fo rm a clásica
—y que, a la vez, sirviera co m o ve h ícu lo de la ru p tu ra con sigo
m ism o que p reten d e c o n la firm a de Reis.
« A s í q u is ie ra el v e rso , a je n o y m ío , / le íd o p o r m í
m is m o » . Ajeno, al objetivarse, a cu ñ ad o en la so b ried ad ; mío,
en la sen sación cu an d o se escucha in tern a m en te. Ajeno, en la
sen sación, ya sin c o n tro l, de lo s dem ás; mío, co m o m a teriali­
dad, cosa p r o d u c id a p o r la a c c ió n de la escritu ra . Ajeno, en
cuan to elem en to de a u to rru p tu ra , d esp erson alización , fru to
de un a vo lu n ta d ob jetivadora, antisubjetiva. Y en esta m ism a

a ñ o d esp u és, e l 3 0 de n o v ie m b re d e 1935)» y a p a r tir d el n ú m e ro


158 fig u ra n las odas q u e n o están fech ad as y q u e, e n m u ch o s casos,
p a re c e n a p u n te s, c o m ie n z o s d e e sc ritu ra , v e rsio n e s d e u n m ism o
in te n to , etc.
lín e a se in s e rib iría n los p r in c ip io s de ge n e ra lid a d y u n iv e r ­
salidad q u e, p ara Pessoa, so n rasgos co n stitu tivo s de lo clá ­
sico : d e las e m o c io n e s in te re sa lo q u e p u e d a ser c o m ú n a
tod os y lo q u e n o pu ed a tom arse co m o característico de un a
ép oca d eterm in ad a . Y lo s m o d elo s clásicos o fre c ía n sus topoi
c o m o fó r m u la e s p e c ia lm e n te a d ecu ad a p a ra p la sm a r estas
a sp iracio n es; la d e c isió n de subrayar su carácter tó p ic o , de
acogerse a lo s grand es tem as h o ra cia n o s (collige virgo rosas, carpe
d iem ...), era casi o b lig a d a p a ra P essoa, si q u e ría c u m p lir el
pro g ra m a que h abía trazado para la p oesía de R eis.
E n ese m arco se in scrib en cierta q u eren cia p o r lo re ite ­
rativo y u n a r o tu n d id a d sen te n cio sa , en p o cas o ca sio n es
velada p o r leve iro n ía ; se p refie re lo absoluto a lo m atizado y
se evita cu alq u ier recurso a lo an ecd ótico, in clu yen d o la u b i­
cación concreta de los espacios y los tiem p os. C o n m u y pocas
excepciones, el p o em a es breve; epigram ático, más en la p r e ­
c isió n y lo co n clu sivo , que e n lo agu d o o sa tírico . L a tó p ica
clásica se abre a la tó p ica b arro ca , e n u n m o v im ien to n o tan
e xtrañ o (m uchas veces p a rece olvid a rse q u e n u e stro cla si­
cism o es b a r ro c o ) qu e se co n creta en cierta co n cep tu o sid a d
—«ya ese crán eo p resien to / que seré n o sin tie n d o » — o en las
consabidas en u m eracio n es correlativas, m u y p ro p ic ia s ta m ­
b ié n p ara el afán estru ctu rad o r y de o rd e n : « la riq u eza , u n
m etal, la glo ria , u n eco, / y el a m or, u n a so m b ra » . Las t o r ­
siones de la sintaxis, c o n frecu en tes h ip érb atos e in cisos, los
fu e rte s cu ltism o s léx ico s, y lo s ju e g o s s o n o ro s ( « u n m anso
m ar m i im p reso in d ic io ...» ) a p u n tan ta m b ién a u n a textura
de sabor b a rro co , a m anera de asim ilada koiné clasicista.
A ello h a b ría q u e a ñ a d ir q u e la m etáfora a flo ra en Reis
de m o d o más tra d icio n a l qu e en A lv aro de C am p o s (C a e iro ,
de m an era obvia, rechazaba todas las figuras analógicas com o
parte de su negativa a a ñ ad ir sen tid o a las cosas o trasladarlo
d e unas a otras), quizá co m o u n recu rso con tra la in flu e n c ia
de lo prosaico; a m en u d o sus m etáforas son fo co s de m a teria ­
lid a d sen so rial d en tro de u n d iscu rso regid o p o r lo esp ecu ­
lativo y lo abstracto, p e rsig u ie n d o q u e o b ie n lo s datos p e r ­
cep tivo s o b ie n la sin taxis u o tr o asp ecto lin g ü ís tic o —« d e
á rb o l fr o n d o s o p o r las altas ram as / h ace el vie n to el ru m o r
más alto y f r ío » — eviten la excesiva co d ifica ció n , a b ran la red
d e im á g e n e s q u e cad a topos in c lu y e e n su a ce rv o ; sin
e m b a rg o , e n m u ch as o c a sio n e s, el fr e c u e n te c o n te n id o
m o ra lista de la r e fle x ió n e m p u ja a la m e tá fo ra a d esliza rse
hacia la alegoría, a teñ irse de co n sejo o enseñanza: « S é l i n ­
te rn a que, tras el v id r io , b r illa / y d e n tro el calor g u a rd a » .
Hasta en los detalles —los n o m b res de m u je r, p o r e je m ­
p lo , a lo s q u e se d irig e el p o e ta : L id ia , C lo e , N e e r a — se
m u estra el m o d e lo e le g id o p a ra esta p ro p u e s ta clasicista:
« A s í, a ti m ás q u e a n ad ie re c o rd a n d o , / b ajo e l ved ad o sol,
a ti te escribo; / ¡b rin d o , in m o rta l H o ra c io , / sin d erech o a
tu g lo ria !» H o ra c io es el m o d e lo , n o tanto en la len g u a y el
r itm o , e n g e n e ra l más leves lo s de R eis q u e lo s h o ra cia n o s ,
co m o e n la travesía de lo s t o p o ij e n u n a p o stu ra de re fle x ió n
acerca de la vid a c o n cierta te n d en cia de gu ía de la con d u cta .
A ello se sum a la re fo rm u la c ió n de algunas im ágenes clásicas,
com o la de la b arca de la m u erte (la qu e siem p re vuelve de su
d e stin o v a c ía ), y e l re c u rso e sp o r á d ic o a la a m b ie n ta c ió n
m itológica, a su capacidad u n tanto decorativa de sugerencia.
N o es aq u í, sin em b arg o, en el esp acio de la im ita c ió n lit e ­
raria, d o n d e ven d rá a insertarse el segu n d o c o m p o n e n te d el
e x p e rim e n to n e o c lá s ic o d e P essoa: la r e iv in d ic a c ió n d el
p agan ism o.

P o rq u e el n ú c le o de la c o n e x ió n es m o ra l: « L a m o r a l
pagan a es u n a m o ra l de o r ie n ta c ió n y de d isc ip lin a . [ ...] E l
estoicism o es la más alta m o ral pagana. [...] L a D isc ip lin a es
la ú n ic a d io sa ética de lo s e s t o ic o s » 8 —se trata d e l m ism o
p r in c ip io q u e a rticu lab a la o p c ió n fo rm a l, q u e era el c o ra ­
z ó n d el tra b a jo r ítm ic o y de su fu s ió n e n el p o e m a c o n la
id e a . Y , si lo d ecisivo es la d is c ip lin a , u n a n o rm a de c o n ­
ducta, n o extrañará que resulte tan frecu en te en P essoa-R eis

8 A n to n io M o ra, « L a sustancia d el pagan ism o (objetivism o in tegra l).


S u d ife re n c ia c ió n de o tro s sistem as re lig io s o s » , e n F e rn a n d o Pes­
soa, El regreso de los dioses, ed. c i t ., p . 4 4 -
la fo rm a clásica d el p o e m a -c o n se jo , el razo n a m ie n to d ia lo ­
gad o (c o n s ig o m ism o so b re to d o , o c o n esos tus su p u e sta ­
m e n te a m o ro so s, m ás n o m b re s d e m u je r q u e v e rd a d e ro s
p ersonajes, o c o n u n p lu ra l que es de lo s otros, casi siem p re
le ja n o s) q u e co n c lu y e e n u n a p a u ta o u n p r o p ó s ito p ara la
vo lu n tad .
E ste n ú c le o m o ra l n o en c u e n tra excesivo d e sa rro llo n i
p ro fu n d id a d , pese a las m uchas páginas en prosa q u e Pessoa
atrib u yó a su h e te r ó n im o filó so fo , A n to n io M o ra . L o s d io ­
ses d el p agan ism o le o fr e c e n a R eis u n a vaga a m b ien ta ció n ,
en trela za d o s c o n lo s e le m e n to s de la n a tu ra le za , casi c o n ­
fu n d id o s c o n ella , y u n a p o s ib ilid a d de calm a y c erca n ía ,
co m o en u n a p e cu lia r síntesis q u e fu era con creta y abstracta
a la vez: « D e ja d m e lo R e al de este m o m e n to / y m is d ioses
tran q u ilos e in m ed iato s / que en lo In cie rto n o m o ra n / sino
e n cam pos y r ío s » . A p a rtir de esta base, resulta m u y va ria ­
b le el m o d o qu e tie n e n los p oem as de referirse a lo s dioses:
a veces, c o n u n a rra n q u e fid e ísta , d e fie n d e q u e se les d ebe
ad orar p o r en cim a de la razón , o los reviste de la s u p e rio ri­
d ad p la tó n ic a de a q u e llo q u e v ie n e de u n m u n d o m ás alto,
m o d e lo de to d o valor; p e ro otras veces, reco g ie n d o u n a cita
de P ín d a r o ( « la raza de lo s d ioses y de lo s h o m b re s es u n a
s o la » ), lo s r e c o n o c e co m o de u n a esp ecie n o d istin ta de la
h u m a n a o in clu so los lim ita —sig u ien d o u n a lín e a de p en sa­
m ien to que rem ite a G aeiro— a entes irreales que cu m p liría n
u n a fu n c ió n pragm ática en la realid ad 9. Esta variab ilid ad n o
lle g a a g e n e r a r c o n tr a d ic c io n e s en la c o n c e p c ió n de R eis,
p o rq u e esta n o se p reten d e d o ctrin a l; se trataría de plu rales
m o d o s de r e fe r irs e a algo q u e p a rece existir, p e ro q u e solo
e n cada m o m e n to se c o n c r e ta ( « d e ja d m e lo rea l de este
m o m e n to » ).
« S ie m p re tu vim os, ángeles o dioses, / la con fu sa visió n
d e q u e , fo r z á n d o n o s , / so b re n o s o tr o s o b ra n / in v isib les
p rese n cias» , y, sin em b argo, esas fuerzas externas n o se d is­
tin g u e n de lo qu e creem os más ín tim o : « n u estra v o lu n ta d y
p e n s a m ie n to / so n esas m a n o s c o n las q u e n o s g u ía n » .
E n ergía vital, m ovim ien to s espirituales, c o m u n ic a ció n en tre
el m u n d o y la in tim id a d , u n c o n o c e r in e sta b le , b o r r o s o ,
a lejad o de la so le m n id a d de u n a reve la ció n : « D e la verd a d
n o q u ie ro / sin o vida; los dioses / vida dan, n o verdad, tal vez
n i sab en / cu ál la ve rd a d s e r ía » . E n o c a sio n e s, n i s iq u ie ra
resulta evid en te la rea lid a d de la p resen cia: los d ioses estu ­
v ie ro n ahí, siem p re h a n estado, p e ro a la vez estarían re g re ­
san d o, es su r e to r n o lo que p o stu la n estos p o em as; o q u izá
to d o sea u n p r o b le m a de p e rsp ectiv a : « L o s d io ses n o h a n
m u e r to : lo q u e h a m u e rto h a sid o n u estra v is ió n de e llo s.
N o se h a n id o : h em o s d e ja d o de v e rlo s . O h em o s c e r ra d o
los ojos o u n a n ie b la cu alq u iera se h a in terp u esto en tre ellos
y n o s o tr o s . C o n tin ú a n e x istie n d o , viv en co m o h a n viv id o ,
c o n la m ism a d ivin id a d y la m ism a c a lm a » 10.
Y será a q u í —en la d efe n sa de u n m o d o de v e r, n o en
u n a p o s ic ió n d o c tr in a l de n in g ú n tip o — d o n d e se in s e rte n
los ton os p o lém ico s d irig id o s a los cristianos (crististas, los lla ­
m ará h a b itu alm en te A n to n io M o ra , q u ie n se en fre n ta sobre
to d o a lo s « cristia n o s d el s u r » , m ien tras que en cu en tra más
p ró x im o s al pagan ism o a los « cristia n o s d el n o r t e » ) . C risto
es u n d io s m ás, u n o q u e fa ltab a en el p a n te ó n clá sico , tan
d u d o so y a u tén tico co m o lo s o tro s; lo q u e n o es a d m isib le,
p a ra Pessoa, es el fa n a tism o de sus creyen tes, su a fá n de
exclu sivid ad , c u a n d o n i siq u ie ra se c o n o c e n a sí m ism o s,
a d o ra n d o —o b via la h u e lla de N ie tz sc h e , la te n te e n o tro s
aspectos ta m b ién — a u n d ios m u e rto , id ólatras de u n n u evo
p o lite ís m o v e rg o n z a n te c o n sus M a ría s y sus sa n to s. L a
in d ig n a c ió n tiñ e en to n ces el to n o de R eis, le lleva a ser más
tajan te de lo q u e suele; p e ro en segu id a recu p era su actitu d ,
la p refe re n cia p o r la n atu ralid ad fre n te a la verdad.

IO A n t o n io M o ra , « P ru e b a s d e la e x iste n c ia d e lo s d io s e s » , e n F e r­
n a n d o Pessoa, El regreso de los dioses, ed . c it., p . 13 7.
Q u iz á p o r la re siste n c ia a g e n e r a r d o c tr in a es p o r lo
q ue, m ien tra s lo s d ioses a p a recen m u c h o e n lo s poem as, al
p a g a n ism o s o lo se a lu d e escasam en te e n ello s a través de
adjetivos y adverbios: com o u n a fo rm a de vida —« d e ja d ir m i
v iv ir p a g a n a m e n te » —, c o m o u n ap ela tivo q u e acerca a la
am ada: « p agan a triste y c o n flo res ál r e g a z o » ; y la ú n ica vez
q u e la m e n c ió n p a rece a b so lu ta: « e s e m o m e n to e n q u e,
sosegad os, n o c re em o s e n n ad a , / in o c e n te s p a g an o s de la
d e c a d e n c ia » , el té rm in o asociad o, la « d e c a d e n c ia » , desva­
lo riza , relativiza, hace d u d ar sob re el sen tid o : ¿ la d el p aga­
n is m o ? , ¿ la de u n tie m p o te r m in a l, d o n d e so lo cabe u n
calm o n ih ilis m o ? Es sig n ific a tiv o q u e las p á g in a s e n p ro sa
q u e d e d ic ó Pessoa —c o m o M o ra o R eis, o c o n su p r o p ia
firm a — al in te n to de sistem atizar u n d iscu rso sob re el p ag a­
n ism o p arezcan más pród igas e n p r in c ip io s que e n d esa rro ­
llo s y, de m o d o gen era l, n o acab en d ese m b o ca n d o en c o n ­
clusion es.
Es c ierto que él m ism o lo ju stific a : n o es p o sib le c o n s­
tr u ir u n sistem a re lig io so p o r m ed io s in telectu a le s, a través
de u n razo n a m ie n to especulativo: « u n fe n ó m e n o tan in te ­
lectu al n o es u n a re lig ió n . L a r e lig ió n es de lo s sen tid os y de
la e m o c ió n d ire cta y g e n e r a l» 11, « u n a r e lig ió n n ace d e lo
in stin tivo, y n o se p u ed e co n stru ir com o se construye u n sis­
tem a m eta físic o . T ie n e q u e n a c e r de la sen sib ilid a d d irecta
de las co sa s» 12. Y sería en to n ces la po esía la q u e, in d ire c ta ­
m en te, p o d ría evocar u n m o d o relig io so de vivir, sin n o m ­
b ra rlo (las pocas m en cio n es explícitas de lo s poem as al paga­
n is m o , las q u e h e a n o ta d o , so n de i g i ^ i n o re a p a re c e n
lu e g o ), tratan d o de e x p lo ra r su se n tim ie n to . S in em b arg o,
la lectu ra d el resto de la poesía de Reis quizá vaya red u cien d o
m ás las vías de salid a, q u izá d e lo s d os p r o p ó s ito s q u e la
m ovían —segú n la d e sc rip c ió n que el a u to r h izo de su exp e­

lí A n t o n io M o ra , « E v o lu c ió n d e l c ris tism o hasta n u e s tr o s d ías: las


fases de su d e s in te g r a c ió n » , e n F ern an d o Pessoa, El regreso de los dioses,
ed . cit-, p . IOO.
12 Ib íd e m , p . 1 0 2 .
rim e n to — solo el trab ajo de la form a cerrada c o n tin u ó hasta el
fin a l (y c u a n d o v o lv ió a h acerse p re se n te la in q u ie tu d r e l i ­
gio sa to m ó c u e rp o e n o tro s p o em as, lo s firm a d o s p o r F e r­
n a n d o Pessoa ele mesmo, y su o rie n ta c ió n g iró hacia el h e r m e ­
tism o e s o té r ic o ). ¿ P o r q u é o c u r r ió a sí? S e g u ra m e n te ,
in ten ta r resp o n d er n o es d istin to de segu ir leyen d o .
Y es fu n d a m en ta l para ello re fe rirse a u n ele m e n to d el
sistema que hasta ahora n o h e tocado: « e l pagan ism o es sen ­
c illa m e n te la c o n c e p c ió n d e l u n iv e r s o q u e estab lece, p o r
en c im a de to d o , la ex iste n cia d e u n D e s tin o im p la c a b le y
a b stra cto al q u e lo s h o m b re s y lo s d ioses están ig u a lm e n te
s u je to s » 13. Y es esta c o n c ie n c ia —p o r lo d em ás, p e r fe c ta ­
m en te clásica— la q ue, d esp lazan d o la lectu ra religio sa , abre
el espacio de la ex p erien cia existencial. Y tam bién , m e a tre­
vería a d ecir, la grieta qu e socava la p resu n ta in d e p e n d e n cia
de R icard o Reis co m o p erso n aje y poeta.
Y a lo sugería la cita de P ín d a r o : los dioses y lo s h om b res
n o c o m p o n e n esp ecies d istin tas; e n to d o caso, se ob serva
u n a leve p r io r id a d para los p rim e ro s d e n tro de c irc u n sta n ­
cias sim ilares: a u n q u e so m e tid o s a lo s dioses, de h e c h o los
h u m a n o s los im ita n , pues tod o s están som etid os igu alm en te
al d estin o. E n realidad, la cu alid ad de los dioses es n om irial,
to d o s lo s seres —ello s ta m b ié n , e n ta n to existan — están
g o b e rn a d o s p o r las leyes n atu ra les —« h asta lo s d ioses, soles
q u e son cen tro s, / p e ro siervos, de u n cu rso in a b a rca b le » —,
resp e cto a las cu ales c u a lq u ie r a u to n o m ía o lib e r ta d so lo
p u e d e ser ilu so ria . E l análisis de có m o to d o esto aparece en
las Odas así lo m u estra. U n p o em a de 1918 d escrib e la ló g ica
q u e sigue el d estin o para el g o b ie rn o d el u n iv e rso , c o n v ir ­
tié n d o se e n u n a p e c u lia r c r ó n ic a d e l a b su rd o e n verso s y
to n o clásicos: « N o sin ley, m as seg ú n su ley ig n o ta , / a lo s
h o m b re s el h a d o d istrib u ye / e l b ie n y el m al e s t a r » . G o in -
cid e c o n algu n o s cien tífico s m o d e rn o s, para q u ien es el azar
—« so m b ra q u e p royecta el H a d o » — n o existe; sim p lem en te
se llam a así aq u ello cuya ló g ica n o llega a com p ren d erse aú n.
L a su e rte —c o n la fig u r a in c lu s o , e n a lg ú n m o m e n to , de la
m edieval ru ed a de la fo rtu n a — reparte el b ie n y el m al de u n
m o d o d istan te de m erec im ien to s; de ella resu lta u n a d icta ­
d u ra d el a b su rd o , q u e es a m o ra l y re d u ce a n ad a c u a lq u ie r
in te r v e n c ió n de la v o lu n ta d : « s i m e re c e r te p la ce , q u e eso
sea / sólo p o r m e re c e r» .
L a vid a —c o m o la fo r m a — está c e rra d a , n o hay en ella
m ás q u e lo q u e h ay, n o cabe b u s c a r lo . N o hay vía p o sib le
para n in g u n a trascen d en cia. Las invocacion es de R eis flo ta n
co m o n ubes p o r en cim a de su im p u lso an tim etafísico, d iscí­
p u lo fin a lm e n te fie l de C a e ir o . L a p reg u n ta sería en to n ces
c ó m o se c o n c ib e , a p a r tir de a h í, la c o n d ic ió n h u m a n a ,
có m o se m u eve el can to de R ic a rd o R eis, p riva d o de lo qu e
p a re c ía su fu n d a m e n to . S i e l p o e m a asu m e la fo r m a d el
c o n s e jo , q u é c o n s e jo cabe d a r. P ara q u é merecer « s ó lo p o r
m e r e c e r » . Q u e d a r ía —en el an álisis de Pessoa—, fr e n te al
in ú til esfuerzo de u n a m o ral p erso n a l, u n a fo rm a p o sib le de
ob jetivid ad : « T u co ra zó n sea d ig n o de los dioses. / D eja a la
in c ie rta vid a ser q u ie n sea. / L o q u e te venga acepta, / p o r ­
que los dioses n u n ca so n re b e ld e s» . Esto es: q u ed a asum ida
la apuesta rítm ica, p e ro cam bia el signo d el ex p erim en to , es
ya o tr o d el q u e se h ab ía declarado,- con siste e n ex p lo ra r las
fo rm a s d e la aceptación, de u n a m o r a l de la a c e p ta c ió n q u e
tom a m o d e lo de u n a síntesis en tre E p icu ro —a q u ie n u n a de
las odas re c o n o c e ese p apel— y el estoicism o . O tr a cala en el
m u n d o g r ie g o , c o m p a tib le e n p r in c ip io c o n la q u e trae el
p a g a n ism o , p e r o q u e, e n este c o n te x to , va a acab ar d i r i ­
g ie n d o a o tro lu gar.

L a aceptación, p u es, co m o resp u esta al d e stin o , e n el p e n sa ­


m ien to y en la con d u cta . Se trata, en p r in c ip io , de u n saber
aceptar que in c o rp o ra u n ten u e, p o co m arcado, carpe diem, n o
b u sca d o , p e q u e ñ o s go ces q u e se d egu stan en a ctitu d pasiva
(co m o la de u n cristal: tran sparen te a la lu z, resbaladizo co n
la lluvia, tem plad o al sol, co n su p e q u e ñ o b rillo que vien e de
fu era ), parte d el m ism o flu ir de la vida. P ero la leve p re se n ­
cia d e l tó p ic o vita lista se c o n c e n tr a so lo e n las v e in te odas
q u e s e le c c io n ó y p u b lic ó Pessoa, y en el resto de la o b ra va
desvan ecién dose, m ien tras se refu erza la o p c ió n p o r la p a si­
vid ad : « S a c o a la llu via el c u b o y agua c o jo . / M i v o lu n ta d ,
así, exp on go al m u n d o . / L o que m e dan recib o , / n o q u ie ro
lo q u e fa lta » . Se excluye el d eseo, las a m b ic io n e s, la d u ra ­
c ió n , tod o s los absolutos; el tó p ico h o ra cia n o que d o m in a es
ya la aurea mediocritas, que en Reis es m en os d orad a qu e carac­
terizada p o r la igu ald ad consigo m ism a, p o r la u n ifo rm id a d ,
la im a g e n de u n a lla n u r a e x te n d id a hasta d o n d e a lca n za la
vista.
U n paso cualitativo en la id ea de acep ta ció n aparece en
« L o s ju g a d o re s de a je d re z » , el p o em a más la rgo de los f i r ­
m ados p o r R eis y escrito e n 19 16 , a ú n cerca n o p o r ta n to al
p r in c ip io de su tra y e c to ria . R e c o rd a n d o u n o s verso s de
H o r a c io q u e a firm a b a n : « s i d estro za d o se d e sp lo m a ra el
m u n d o le alcanzarían im pávid o sus r u in a s » 1*, m ien tras u n a
c iu d a d p e rsa es p resa de la g u e rra , in v a d id a e in c e n d ia d a ,
violadas sus m u jeres e hijas, dos ju g a d o re s de ajed rez c o n ti­
n ú an su p a rtid a sin in m u tarse. O y e n sin rea ccio n a r to d o lo
que o cu rre e in clu so cu an do u n en em igo llega para asesinar­
los: « a ú n , e n su ú ltim o in stan te, / vive en tregad o al p r e d i­
lecto ju e g o , / c o n p le n a in d ife r e n c ia » . S i, p e n sa n d o en las
fu en te s griegas, h a b ía re su m id o E d u a rd o L o u r e n jo la id ea
de a ce p ta c ió n c o m o : « A s u m ir la n ecesid ad , tra n s fo rm a rla
estoicam ente en v ir tu d » 16, Pessoa-R eis hace im p osib le el uso
de la palabra virtud, de n in g u n a q u e tenga sen tid o m oral: esta
aceptación es ajen a a la m o ra l, la ig n o r a p o r c o m p le to , n o la
in clu ye en su h o riz o n te de expectativas; recargan d o la escena
d e m o d o p r o v o c a d o r , c o n a lg u n o s gestos q u e re c u e rd a n

14 O d a III, L ib r o III. L a frase la re c o g ió p o s te rio rm e n te E p icte to y la


in c o r p o r ó a la tra d ic ió n estoica.
15 E duardo Lo uren ^ o, Pessoa revisitado. Lectura estructurante del «drama engente».
T ra d u c c ió n de A n a M árquez, V alen cia, P re-T extos, 2 0 0 6 , p . 48 .
lejan a m en te la v io le n c ia y la cru e ld a d de P esso a -C am p o s, la
aceptación queda expulsada de la ética —« cu m p le la ley, sea vil
o vil tú seas, / que p o co p u ed e el h o m b re ante la v id a » , a co n ­
seja Reis en 1921—, se in scrib e en o tro o rd en p o r d e fin ir.
¿ E n q u é se cifra en ton ces aqu ella disciplina, d iosa ética de
los estoicos y de los poetas clásicos? N o es co n poem as extre­
m os co m o el de lo s ajed recistas c o m o se p u e d e r e fle x io n a r
a cerca de e llo , sin o c o n esa m a y o ría de textos q u e traza el
p e r fil de la llanura. V u elve a ser u n asunto de m ed id a: « c u m ­
p la m o s lo q u e som os, / n ad a m ás n os es d a d o » . R e c o n o c i­
m ie n to d e fu erzas su p e rio re s , fle x ib ilid a d p ara la su p e rv i­
ven cia: « A s í el trig o se d ob la b ajo el v ie n to / y, al calm arse,
se a lz a » . T o d a la c o n d u c ta q u e se p r o p o n e b u sca el m al
m en o r: re d u cir el d o lo r, p rev en ir la h erid a; n o hay id eal n i
p ro y ecto , sin o , al parecer, m era ad ap tación . A sem ejarse a la
vida para flu ir co m o ella, « c u a l girasoles / que al so l se v u e l­
ven».

E n este p u n to , a u n sin ob viar el c h o q u e m o r a l a n o ta d o , se


r e c u p e ra la r e fe r e n c ia ep icú re a , in c o r p o r á n d o la al m ism o
con texto: « ¡ O h , h erm a n o s qu e am am os a E p icu ro ! / [ ...] /
de la h isto ria y la calm a / de esos ajedrecistas ap ren d a m o s /
có m o pasar la v id a » . L a ataraxia: la n eg a c ió n e in h ib ic ió n de
todas las pasion es, positivas y negativas; que p r o p o n ía el f iló ­
so fo g rie g o , q u e rr ía n d a rle u n a c o h e re n cia a esta fo r m a de
v e r. P e ro n o será ya a q u e lla calm a ataraxia pagan a, sin o que
ven d rá a situarse en el con texto de la aceptación a m oral que se
h a p e r fila d o ; y, e n el c o n tra ste c o n el m o d e lo , se p o d rá
ap reciar m e jo r el sesgo que aqu í tom a. D esaparece exp lícita­
m e n te el carpe diem, in c lu so en tre lo s p o em a s m ás a n tig u o s16
(n o se trata en R eis de u n a e v o lu c ió n te m p o ra l, sin o de u n
m o n ta je de v a riab les q u e tra ta n de ir e je r c ie n d o el experi­
mento): « Y a g o c e m o s o ya n o g o ce m o s, vam os ta m b ié n
p a sa n d o , c o m o el r ío , / q u e es m e jo r ir p a sa n d o de ese

16 C o t i l a e xc ep ció n , co m o se d ijo , de las v ein te Odas p u b licadas, esco­


gidas p ara dar im agen p ú b lic a de R e is .
m o d o , en silen cio , / y sin sobresaltos. // S in am ores n i od ios
n i p a sio n e s q u e le v an ta n la v o z » . A q u í p u e d e r e c o rd a rs e
que, au n q u e R eis habla a veces d el « triste d ios c ristia n o » , la
id ea más rep etid a en Pessoa n o es esa: « e l paganism o era, en
re la c ió n al c ristia n is m o , u n a r e lig ió n triste, sí, p r o fu n d a ­
m en te tr is te » 17. N o se trata de valorar esta o p in ió n , sin o más
b ie n de c o n sid e ra r p o r qué lo en tien d e así: « ¡M e co n ced a n
los dioses que, d esn u d o / de afectos, fría lib e rta d posea, / u n
vacío de c u m b r e s !» , y c o n v ie n e acercarse m ás a la cu alid ad
de este fr ío .
P ues, sep arán d ose rea lm e n te d el m o d e lo q u e o fr e c e la
ataraxia, casi n u n c a la a ce p ta ció n ap arece en R eis c o m o algo
n e u tr o , sin o q u e in c o r p o r a m ás b ie n , n e u tr a liz á n d o lo , u n
d eseo c o n tr a r io , u n d o lo r ; así, se le e lite r a lm e n te : « ¡ O h ,
d ioses in m o rta le s !, sepa, al m e n o s, / a cep tar sin q u e re rlo ,
s o n r ie n te , / e l cu rso ásp ero y d u r o / d e l fo r z o s o c a m in o »
—sin quererlo: hay u n d eseo q u e se o p o n e , u n te m o r q u izá ,
r e p r im id o ; la a c e p ta c ió n s u p o n e n e g a c ió n de sí m ism o ,
a n u la c ió n v o lu n ta ria de sí. « E n m u d e z c a m o s » , se le e en
o tro p o e m a , c o m o si cierta c la n d e stin id a d ex iste n c ia l p e r ­
m itie ra p o n e rs e a salvo, pasar d e sa p e rc ib id o , c o m o si algo
acechara o estuviera esp ian d o —tal vez aqu ella « c e la d a » de la
que J o rg e M a n riq u e avisó.
P e ro esta a n u la c ió n , esta fu e rz a so b re sí m ism o q u e
delata la p ersisten cia de los sen tim ien to s co n tra rio s, n o es el
ú ltim o gra d o e n el p ro c e so de la aceptación; la d esb o rd a algo
que p o d ría d escrib irse co m o a n tic ip a ció n d el m al. S i la rosa
se va a m a rch ita r, será p re fe rib le a celerar su fin a l lle v á n d o ­
sela u n o c o n s ig o , ev ita n d o q u e se c u m p la —c o n su r itm o
le n to y leta l— el c ic lo d e la n a tu ra le za ; y, así, el tie m p o se
e n ra re c e hasta p e r d e r su se n tid o , in c lu s o su d ir e c c ió n :
« H o y n ostálgico ya de este veran o / a sus flores m i llan to les
d e d ic o / e n el r e c u e rd o in v erso / de cu a n d o h e de p e r d e r ­
la s » . C o n tr a el re c u e rd o d e l fu tu r o , a n tic ip a r la m u e rte ;
c o n tra la certeza de la in u tilid a d v e n id era , h acerse ya to ta l­
m en te in ú til; c o n tra el te m o r de la m u erte, m atar, m atarse:
« so b re n o so tro s m ism os construyam os / u n had o vo lu n ta rio
/ [ • • • ] / y. e n la n o ch e fin a l, q u e n u estro sea, / d ec id id o , ese
p a so » . Y , co m o el su icid io n o llega a p o n e rse en práctica, su
fo rm u la c ió n se m anifiesta com o gesto de h ostilid a d con tra la
p r o p ia vid a, e n el lím ite d el m a so q u ism o . Este m o v im ie n to
extrem o, su te rrib le rad icalid ad , d em u estra la im p o stu ra de
la aceptación y de tod a la filo so fía q u e la acom paña: la ataraxia y
la in a c c ió n h a n d e ja d o p aso a u n em p e ñ a d o e sfu e rz o de
n e g a c ió n de la vid a , a u n a v o lu n ta d activa de a u to d e s tru c -
c ió n ; el e je r c ic io de la ascesis se revela de este m o d o co m o
em presa de a u to m u tila ció n .
« A s fix ia n te es el esp acio e n q u e P essoa se e n c ie rr a
c o m o R e is » , escrib e L o u re n ^ o 18, y el p r o p io p o e ta se p r e ­
sen ta « a p r is io n a d o / e n el m a lig n o c ie r r e / de u n a fo r m a
in d e c is a » , c o m o si a la a ltu ra de 19 2 5 la form a cerrada del
m o d e lo clásico se h u b iera c o n v ertid o en sen ten cia de r e c lu ­
sió n existencia!, d o m in a d o su ritm o c o n adm irable m aestría,
arrastrada a ex p lo ra r m u n d o s de u n a aspereza qu e apenas el
recu rso a lo s topoi p u e d e d isim u lar. Felices ya n o son los que
saben d isfru ta r d el m o m e n to , aju star el cu rso de su vid a al
de la naturaleza; n o: « felices cuyos cu erp os, b ajo u n á rb o l, /
en la h ú m ed a tierra / yacen, sin su frir ya n u n ca el s o l» , fe li­
ces so n lo s m u erto s, y su estado, el ú n ic o en q u e h u m a n o y
n atu ra leza se fu n d e n , el ú n ic o en q u e —segú n u n tó p ic o de
o rig e n m u y d istin to de los esgrim id os p o r Reis— se p u ed e ser
feliz, requiescat inpace.
L a ela b o ra ció n de u n d iscu rso pagan o se ro m p e , así, en
el p o d e r d e l d e stin o ; la a c e p ta c ió n , q u e im ita b a la sen d a
ep icú rea -esto ica , desem boca e n a n u la ció n y ascesis au tod es-
tru c to ra . N o hay a ce p ta ció n , casi n i siq u ie ra rep resen ta d a .
E l ex p erim en to de Pessoa parece estallarle en las m an os. E n

l8 E d u a rd o I.o u re n c o , Op. <:¡L, p . 7 3 -


la e sc ritu ra a sign ad a a cada h e te r ó n im o crece fa ta lm e n te ,
desde la raíz, u n a a u tocrítica d em o le d o ra . E l m u n d o de R eis
cada vez se d istin g u e m en o s d el m u n d o d el seg u n d o C a m ­
p os, el que em p ieza c o n Passagem das horas y se alarga —co m o el
d e l p r o p io R eis— hasta el fin a l de la vid a de su ú n ic o a u to r.
L o s d ife r e n c ia el tip o de m o v im ie n to : C a m p o s se ex tie n d e
en el flu ir de las cosas, R eis se a b riga en la r e ite r a c ió n y su
po esía se con vierte en u n p r o lo n g a d o m an tra de la n eg a c ió n
de e x istir. U n a le n te abstracta de a u m e n to , u n a b u r b u ja
exasperada.

A u n q u e es o b v io q u e las tin ta s se va n c a rg a n d o c o n el
tie m p o , n o p o d ría p ro p ia m e n te h ab larse de u n a e v o lu c ió n
q u e lleve a este estallido, pu es e n ve rd a d to d o s lo s e lem e n to s
estaban dados desde el p r in c ip io . P o r ejem p lo , la oda III (en
el c o m ien zo de las vein te eleg id as): es u n paisaje m a rin o co n
am b ien tació n m itológica (E o lo , N e p tu n o , S atu rn o ), sus olas
llegan a dos playas cuyo c o lo r se expresa c o n cultism os la tin i­
zantes q u e a la vez se h a ce n eco fo n é tic o : alba/atra, b la n c o y
n eg ro , b rillo s d el sol y la h u ella d el d ios m ela n có lico . D esd e
lo sen cillo , co m o aqu í, hasta lo más co m p lejo , los p oem as se
van articu lan d o m erced a sucesivas y cam biantes op osicio n es,
ya de té rm in o s, ya de ideas. L a esp u m a y la arena o scu ra, el
día y la n o ch e, el u so h u m a n o y el u so agrícola de la fu en te ,
las estaciones, los c o lo re s... E n tran d o y salien d o en el m arco
de los topoi, la realid ad parece co m p o n erse de opuestos, ten er
estru ctu ra de c o n flic to . Y esto, in c lu s o hasta la c o n tr a d ic ­
ción ; véanse estos dos poem as sucesivos, escritos c o n la sepa­
r a c ió n de v e in te días: el p r im e r o da cu en ta de la ex a ltació n
d e ljio : « y tan gra n d e m e sien to / en esta h o ra tan so le m n e /
y vana // q u e, así co m o hay dioses / de las eras, las flo re s / y
los cam pos, // yo ah ora q u isiera / q u e u n d ios existiese, / sí,
de m í» ; en cam b io, para el segu n do : « in ú tilm e n te p a re c e ­
m o s gra n d es. / Salvo n o s o tr o s n a d a a q u í, en el m u n d o , /
canta n u estra g r a n d e z a » . L o s casos de este tip o so n n u m e ­
rosos, co m o cu an d o el p o eta c o n fía en p o d e r salvarse m e r ­
ced a la p e r e n n id a d de su o b ra : « S e g u r o a sien to e n la
c o lu m n a fir m e / de m is verso s te n g o / sin te m o r al i n n ú ­
m e ro fu tu r o / d e l o lv id o y el tie m p o » , y lu e g o , e n o tr o
m o m e n to , r e c o n o c e la e ste rilid a d de sem eja n te co n fia n za:
« a u n q u e el h o m b re / sabe q u e m u ere, se desgasta en obras,
/ u n fu tu r o n o suyo a m b ic io n a n d o » .
Q u ie r o d e c ir q u e, a u n q u e u n o de lo s ce n tro s d e l d is ­
cu rso de R ica rd o R eis sea la seren id ad , este c o n tin u o d in a ­
m ism o de las o p o sicio n es, este eje rc ic io de o p o n e rse y c o n ­
trad ecirse, m uestra la im p o rta n cia , el peso, qu e lo n o d ich o
tien e en él, la necesid ad de le e r e n sus silen cios, en las c o n e ­
x ion es estructurales, en la su p erficie y textura de las palabras,
to d o lo q u e n o se h a ce e x p líc ito . P u es, m ie n tra s ta n to , lo
d ic h o , e n el to n o y su r e d o n d e z , e n la te rsu ra lé x ica y r í t ­
m ica , trata de r e c u b r ir , de sella r las fisu ra s. Y eso q u e, en
algú n p o em a, el p r o p io po eta llega a d escrib ir el ju e g o de los
c o n tra rio s co m o el m ecan ism o c o n que fu n c io n a el m u n d o :
« n o atardece sin que m u era el día / n i am o r o fe en n osotros
n a c e n sin q u e / m u era c o n eso, al m e n o s, / el n o am ar o
c re e r. // Q u e to d o gesto q u e h ace n u e stro c u e rp o / c o n el
repo so a él a n te rio r c o n tra sta » . L a fó rm u la de Pessoa, com o
él m ism o explica en u n texto en prosa —« e l artista n o resuelve
la d u a lid a d e n u n id a d ; la resu elve sin em b a rg o e n e q u ili­
b r i o » 19—, es el trab ajo p o r co n tra p esar las fu erzas opuestas,
que n u n ca evita que lo sigan sien d o y pu ed an po ten cia lm en te
volver a ch ocar, segu ir ch ocan d o.
A u n n o s ie n d o d em a siad o fr e c u e n te , u n a fo r m a más
e x p líc ita d e c o n flic to es la n e g a c ió n q u e h a ce R eis de las
o b lig a cio n e s o lo s có d igo s sociales, sep arán d ose a q u í de los
estoicos, q u e —a d iferen cia de E p icu ro — siem p re p ro m o v ie ­
r o n la p a r tic ip a c ió n so c ia l y p o lític a (y S én e c a o M a rco
A u r e lio sería n b u en as p ru eb a s de e llo ). A c u sa al E stado de
a p rop iarse de la « c a r n e » de las personas o p re fie re las rosas
a la patria, o in esp erad am en te se confiesa —n ítid o Pessoa en
la firm a de R eis— en u n r o tu n d o verso de 1 9 3 3 = ^ S o lo estás,

19 F e rn a n d o Pessoa, « E l artista y lo s d io se s» , e n F e rn a n d o Pessoa, El


regreso de los dioses, ed. c it., p . 246-
n o lo sa b en . G a lla y f in g e » . L e m a q u e , e n b u e n a m e d id a ,
p o d r ía r e c o rd a r el ju e g o antes r e fe r id o e n tre lo d ic h o y lo
n o d ic h o e n estos p o em a s. G a lla y fin g e . H ay ta m b ié n la
su g eren cia de u n m u n d o aparte, c o n s tru id o m e n ta lm e n te ,
d o n d e otras pautas p o d ría n regir: tres o cu atro veces e n que
se h a b la d e l c o n s u e lo d e l p e n s a m ie n to , de q u e el g o c e e n
su e ñ o s g o ce es: « h a ya in v ie r n o e n la tie r r a , n o e n la
m e n te » . T o d o esto q u izá e x p lic a ría , c o m o u n tra b a jo de
su p erp o n er capas que acolchan, la sen sación de que segú n se
van leyen d o los poem as de Pessoa en el o rd e n de esta ed ic ió n
—G a e iro , C a m p o s, R eis— las m a n ife sta c io n e s de u n deseo de
realidad q u e q u e rr ía r o m p e r p o r u n m o m e n to c o n este
m u n d o fantasm al de silen cios y exp lo sion es, co n este a rrie s­
gad o y a la vez te m e ro s o la b o r a to r io , se van h a c ie n d o cada
vez m e n o re s. Pese a que siem p re se sigan d a n d o : « S o b r e la
m a n o , abierta, / el tacto a ca rician d o / c o n fu erza el m u n d o
e x te rn o , / y s in tie n d o , en la m a n o , / alg o q u e n o es la
p a lm a » .

Y q u izá , seg ú n lo q u e v e n g o d ic ie n d o , subyace a to d o s lo s


con flictos que atraviesan la co n c e p c ió n de la realidad de Pes-
so a -R e is el q u e g ira e n to r n o al p a p e l q u e se c o n c e d e a la
co n cien cia y el q u e de h ech o d esem peñ a.
Las v e in te odas pu b licad as p o r Pessoa se ab ren c o n u n a
in v ita ció n a su sp en d e r el c o n o c im ie n to , a n o p e n sa r e n los
lím ite s de la v id a , « in s c ie n te s v o lu n ta r ia m e n te » , y e n ese
Corpus de textos e le g id o d o m in a la id ea de q u e te n e r c o n ­
cien cia p ro d u c e d o lo r , obstaculiza la p o sib ilid a d de sentirse
feliz o , al m en os, de flu ir co n ligereza al com pás de los días.
L a fiesta, la alegría, la danza se asien tan en la d e sp re o cu p a ­
c ió n . C o n e c ta a q u í P esso a -R e is c o n lo s p la n te a m ie n to s de
C a e iro , que siem p re en fren ta p e rc e p ció n y reflex ió n , hechos
y c o n c ie n c ia , y a lo la r g o de las odas se sa lp ica n lo s q u e
p o d ría n llam arse momentos Caeiro, que casi p o d ría n trasladarse
a lo s lib r o s q u e este fir m ó , salvo p o r la m é tric a , y q u e se
p r o lo n g a n , a u n s ie n d o e sp o rá d ic o s , h asta é p o c a ta rd ía ,
c o m o estos verso s de 1 9 3 2 : « ¿ P a r a q u é c o m p lic a r i n ú t i l ­
m e n te , / p e n sa n d o , lo q u e sin p e n sa r ex iste ? / S in r a z ó n
n acen h ierb as. / O jo s y n o razon es so n el a lm a » . Y los p o e ­
m as de R eis se a treven a p o n e r al n iñ o c o m o m o d e lo de
deseable d esc o n o c im ie n to , co m o m aestro de in co n scien cia .
A sí, llega a asegurar E d u a rd o L o u r e n fo que « e l lem a central
de R eis es siem p re el m ism o: ser consciente es ser infeliz^™ ■
P ero lo c ierto es que c o n ello n o se garantiza la in c o n s ­
c ie n c ia , sin o sus efe cto s e n el caso de q u e p u d ie r a c o n s e ­
g u irse , y q u e resu lta d u d o so sacar u n a c o n c lu s ió n tan
r o tu n d a y g e n e ra l. Y a la a fir m a c ió n p r im e r a de q u e el n o
saber es vo lu n ta rio parece lim itarse a sí m ism a e n la práctica,
p u e s la v o lu n ta rie d a d p r e s u p o n e otras o p c io n e s p o sib les;
in clu so im p lica u n fu n d a m en to , al m en os, de saber, d el que
se d ecid iría p rescin d ir. Y este contrapeso im p lícito —siem pre
la la te n c ia y la in q u ie tu d de lo n o d ic h o — se in s in ú a c o n
m u ch a fr e c u e n c ia y de m o d o s d iversos en la p o esía de P es-
so a -R eis: « M e jo r , pues, n o p en sa rlo / y d ejar qu e soñ em os
/ la lib erta d más plena, / qu e es la ilu sió n que ahora / ser nos
h a ce c u a l d io s e s » —de m a n e ra m u y d istin ta d e l so siego de
C a e ir o p a ra d esca rta r el p e n sa m ie n to y a fian zarse en lo s
h e c h o s, a q u í el p r o p ó s ito se m a n ifie sta c o m o u n a d efen sa
d e l su e ñ o y la ilu s ió n , c o m o a b r ir u n p a ré n te sis q u izá de
en gañ o, en el qu e p o d ría vivirse como si.
A ú n m ás fre c u e n te e n R eis es la c o n te m p la c ió n desde
fu era de có m o la in h ib ic ió n de la co n cien cia fu n cio n a ría en
otros: lo observa en los jó v e n e s —« vu estro n o co n o ce ro s , //
to d o a q u ello que sois, que os asem eja / a la vid a total, la que
os o lv id a » — q u e, afectados p o r la falta de ex p e rie n c ia , solo
alcanzan u n espacio an álogo a la vida, sin llegar a p e rc ib ir su
falta de realid ad . L o observa en los que celeb ra n el carnaval,
atravesados p o r u n a fu erza vital q u e actúa p o r ello s, y a los
q u e se m ira c o n lástim a p ró x im a al d esp re cio : « ¡ Q u é p o ca
d ife r e n c ia e n tre la m e n te / d e l h o m b re y la d el b r u t o ! » .
In cluso , en u n b u cle radical, el objetivo de sen tir al m o d o de
los anim ales sería tan deseable q u e exige em p eñ ar los r e c u r­
sos de la razó n para con segu irlo: « D e l b ru to n o la vida, sino

20 E d u a rd o L o u re n ^ o , op. c it , p . 4 7 -
el alm a / co n sig a m o s p e n s a n d o , re c o g id o s / e n d e s tin o
im p alp able / sin espera o r e c u e rd o » : in h ib ir la razó n , pu es,
co m o m eta q u e r a c io n a lm e n te se p u e d e p r o p o n e r y r a c io ­
n alm en te con segu ir.
Este b u cle e n exceso p a ra d ó jic o p e rm ite , sin em b a rg o ,
recu p era r el peso qu e tien e la razó n e n las Odas. T o d a la f ilo ­
sofía ep icú rea y estoica es racion alista, y el cu rso de lo s p o e ­
m as, su sum a, d eja la se n sa ció n d e estar a sistien d o a u n a
serie de a rg u m en tacion es, u n debate acerca de razon es, c o n
otro s y con sigo m ism o; R eis —su sintaxis, sus r e ite r a c io n e s -
es u n p o eta e m in e n te m e n te ra z o n a d o r, y el deseo de e q u i­
pararse a los anim ales ch oca c o n sus p rin c ip io s ; reco rd em o s
el va lo r que se co n ced ía a la cu alid ad humanizadora d el ritm o y
de la d iscip lin a. P o r m u ch o qu e se repita co m o p ro p ó sito , la
rep resió n vo lu n ta ria de la c o n cien cia cabe c o n d ificu lta d en
su p en sa m ien to y en su m u n d o .
Y , así, en las m ism as vein te odas elegidas, se en cu en tra
ta m b ié n u n a b ie rto e lo g io de la lu c id e z , q u e se e n m arcaría
en la o p c ió n filo só fic a de la aceptación: « a n tes sabien d o / ser
n ad a q u e ig n o ra n d o : / n ad a d e n tro de n a d a » , o tod avía de
m o d o más claro: « s i n o existiera en m í p o d e r que venza / las
parcas tres y el peso d el fu tu r o , / m e co n ced a n los dioses / el
p o d e r de sa b e rlo » . Igual que se p ed ía a los dioses el n o ten er
n in g ú n deseo, se les solicita ta m b ién , p o r tan to, « u n a c o n ­
c ie n c ia lú c id a y s o le m n e / de las cosas y se r e s » ; in c lu s o la
evid encia de la p e q u e n e z d el in d iv id u o en el c o n ju n to de lo
q u e existe, p o d r ía lle g a r a c o m p e n sa rse c o n la c u a lid a d
h u m a n a d el c o n o c im ie n to : « p e r o e n d ich a c o n c ie n c ia m e
hago g r a n d e » .
Es sig n ific a tiv o q u e estas ú ltim a s citas se r e fie r a n a la
re la c ió n c o n la realid ad : p e rc e p c ió n de las cosas y lo s seres,
lu gar q u e se o cu p a e n el m u n d o . Q u iz á el carácter secu n d a­
r io q u e en R eis tie n e n estas r e la c io n e s , c o m o ta m b ié n lo s
vín cu lo s sociales, su e n c ie rro en sí, su te n d en cia al en sim is­
m a m ie n to , le p e r m ite n p r o lo n g a r lo s esp acios ilu s o r io s y,
a u n m ás, c o n tra d ecirse c o n tanta flu id e z y n a tu ra lid a d . N o
sería en ton ces e n sus d eclaracion es d o n d e se p u e d e segu ir el
p a p e l que tie n e la co n c ie n c ia —y sus co m p lejo s v ín cu lo s co n
el sen tim ien to existencial—, sin o a llí d o n d e , sin estar n o m ­
brad a, se advierte su acción , su vigilan cia.

P o r e je m p lo , e n la m e la n c o lía . E vid en cia to n a l p ara el le c ­


to r , la p o e s ía firm a d a p o r R eis es in s e p a ra b le d e u n d eje
m e la n c ó lic o q u e n u n c a calla c o m p le ta m e n te . S in d u d a, la
tó p ic a activada p o r lo s p o em a s la in c lu y e , c o m o c u a n d o se
evoca la m ú sica d el d ios P an: « e sa flau ta llo r a s o n r ie n d o /
m ien tras la o y es» , o en las in equ ívocas alu siones a S atu rn o ,
n u m e n de lo s m e la n c ó lico s —la ya citad a « a tra p la y a » se le
asigna, o la referen cia a su fu erza co m o algo que n o se pu ed e
e lu d ir : « N o se resiste / al d io s im p ío / q u e a sus h ijo s /
devora sie m p re » . N o solo los topoi la prevén , sin o que se in s ­
c rib e e n la a ce p ta c ió n , se a d h ie re in e v ita b le m e n te a to d a
c o n fo rm id a d .
P e ro lo c ie rto es q u e, e n su m era p re se n c ia to n a l, ya
trae con sigo u n a fisu ra, u n d esd o b la m ien to , p o rq u e vie n e a
su g erir sep aración em otiva, p o r m ín im a que sea, c o n a q u e­
llo q u e se está e n u n c ia n d o . E ste e fe c to in d u d a b le se h ace
m a n ifie s to e n a lg u n o s esp o rá d ic o s cu ad ro s q u e p o n e n en
escena tal clase de distancia; así, este m o m en to de atardecer:
« A l h o g ar, n o de la ob ra fatigados, / sin o p o r ser la h o ra del
can san cio, / n o fo rce m o s la voz / sob re el se c re to » , y en esa
voz en so rd ecid a e n cu en tra n lu g a r p o r u n a vez los recu erd os,
a u n q u e sea de m o d o reticen te: « sea n in terru m p id a s, casua­
les / n uestras palabras de re m in isc e n cia / (de n ad a más n os
sirve / el n e g r o caer d e l s o l) » . L a a tm ó sfe ra m elan cólica*
c o m o e n u n r e c o g im ie n to d e la e n e rg ía v ita l, se abre a la
m e m o r ia y , c o n ella , a lo e le g ia c o : n i siq u ie ra e l j o p u e d e
reco n o ce rse id é n tico al que antes fu e y ah ora parece ya p e r ­
d id o . Está ló g ica , la de la p é rd id a , se im p o n e e n to n ces co n
sen cillez: « T o d o ver de creen cia se acom paña, / tod a c re e n ­
cia d e a c c ió n . L a a c c ió n se p ie r d e , / agua e n agua e n tre
t o d o » . C u esta n o le e rlo co m o balance.
S i lo elegiaco aparece co m o relativa n o ved a d respecto a
lo com en tad o hasta ahora, n o se p u ed e d escon ocer su p e rte ­
n en cia tam b ién a los rep e rto rio s tóp icos: el carpe diem siem pre
fu e aco m p añ ad o de u n a exp lícita lam e n ta ció n p o r el en veje­
c im ie n to , esos ca b ello s q u e c a m b ia n de c o lo r c o m o lo s
m o n tes c o n las estacion es. L a m ela n c o lía se da sin s o lu c ió n
de c o n tin u id a d c o n la r e fle x ió n clásica s o b re el p aso d el
tie m p o , y que sea tó p ica n o im p id e que actúe en ella, n e c e ­
saria, la co n cien cia .
« V a r io s p in ta n e n ti, p e r o el d o lo r es u n o » , e sc rib ía
J o s é -M ig u e l U llá n 21, c o n d u c ie n d o la diversid ad y fr a g m e n ­
ta c ió n de la id e n tid a d a la síntesis existen cial, y resu lta fá cil
le e rlo en clave pessoana: « d u e le la h o ra invicta, el in cesan te
tie m p o » . R o to s to d o s lo s d iq u e s, el d o lo r es d e l tie m p o
—« P asa así p ues la vida, d estru yen d o / lo qu e ayer se te jió , /
tristes P e n é lo p e s» —, de lo s efectos d el tie m p o y d el d e sm o ­
r o n a m ie n to ín tim o q u e este c o n tin u a d o a te n d e r a ello s
ge n e ra ; tod as las p a lab ras p r o h ib id a s , tod as las e m o c io n e s
re p rim id a s a flo ra n en to n ces: « S u f r o , L id ia , de m ie d o d el
d e s tin o » , « a q u í, en m i vid a, / L id ia , to d o m e a te r r a » . La
estan cia en la vid a se n o m b r a c o m o an g u stia y a m a rg u ra , y
lo s lu m in o so s tó p ico s clásicos d ejan su lu ga r a otra tóp ica: la
m edieval y b a rro ca de la fu gacid ad de la vida, d el tiem p o e fí­
m ero .
C o n u n r e fle jo m u y de R ica rd o R eis, lo que se p e rc ib e
c o m o r e c u r r e n c ia e n lo s p o em a s se r e e n c u e n tr a c o m o
n o rm a de fu n cio n a m ie n to del m u n d o ; se v io a p ro p ó sito del
ju e g o de lo s c o n tr a r io s , y se r e p r o d u c e a p r o p ó s ito de lo s
tó p ico s relativos al tiem p o : « C u a t r o veces m u d ó la estación
falsa / en el falso añ o, el in m u tab le cu rso / d el tiem p o su ce­
sivo; / verde sigue a lo seco, y seco a verd e, / y n ad ie sabe cuál
es el p r im e r o / o el p o s tr e r o , y a c a b a n » . E l p u lso b a r r o c o
b ie n so s te n id o le sirve a q u í al p o e ta p a ra u n m o v im ie n to
re p e tid o en él: la o b je tiv a c ió n , la p r o y e c c ió n e n el e x te rio r
de lo q u e es e sc e n a rio ín tim o , el trá n sito f lu id o e n tre las
leyes naturales y lo p s ic o ló g ic o .
L a angustia te m p o ra l ad q u iere u n carácter obsesivo. N o
es a jen o a ello el m o d o en que, com o se vio , la a cep ta ció n se

21 J o s é -M ig u e l U llá n , « P r e lu d io s » , e n Ondulaciones. Poesía reunida ( i g 6 8 -


S o o y ) , B a rce lo n a , G alaxia G u te n b e rg , 2 0 0 8 , p . 715 -
tra n sfo rm a en a n tic ip a c ió n , la p a siv id a d c o n fo r m e en
vo lu n ta d de p re c ip ita r el d esenlace; hay u n p u n to de h ip é r ­
b o le e n cada im a g e n , e n cada r a z o n a m ie n to : n o es q u e la
ro sa se m a rc h ite , es q u e n a ce c o n la lu z de la m a ñ a n a y
m u e re e n el c re p ú sc u lo , d e m o d o q u e so lo c o n o c e el día,
e m b lem a así de u n a in v e r o s ím il r e d u c c ió n de la vid a —sin
q u e lo o sc u ro ten g a p o sib le acceso a ella — c o m o la q u e, en
a lg ú n p u n to , p a r e c ió p r e te n d e r Pessoa c o n R e is. E n este,
explica José G il, « la angustia d el tiem p o es tanto más sentida
c u a n to se a rriesg a e n cada m o m e n to a d e s tru ir el lem a :
'¡vivam os el p re s e n te !’ (estan d o s o b re e n te n d id o o, a v e c e s ,
in clu so e x p líc ito ,: 'p u es p u e d e so b reve n ir la m u e r te ’). Para
C a e iro n o hay m u erte, n o d istin gu ién d o se el sen tid o de esta
d el de u n a c o n te cim ie n to n a tu ra l. P ara R eis, la p o sib ilid a d
d e la m u e r te c o n d ic io n a to d a su a ctitu d e s t o ic a » 22. Y p o r
condiciona h ab ría qu e e n ten d er descompone.
C o n el h ilo antes p r o p u e s to d e la c o n c ie n c ia , h a b ría
que enlazar la co n v icció n in term iten te que los poem as a p o r­
tan sobre la falta de n atu ralid ad de esta angustia, qu e, pese a
los in ten to s de a trib u irla a la fu erza de las cosas o al destin o,
n o es sin o fo rm a de la vid a interior-. « N u e stro s d o lo res n o ,
N e e ra , v ie n e n / de causas n a tu ra le s, / n a c e n d el a lm a » .
E d u a rd o L o u re n ^ o ha h a b la d o de « in c u r a b le e n fe rm e d a d
en R e is » 23 y el p r o p io p o eta ha situ ad o el escen a rio « e n el
in fie r n o de la m e n te » .
L a o b se sió n re d u c e el á m b ito de la vid a y d e l p e n s a ­
m ie n to —« esta ex p erien cia rep etid a / de la suerte m o r ta l» —,
red u ce in clu so los elem en tos de la len gu a que p u e d e n in te r ­
v e n ir e n el p o em a , lle g a n d o a tr a n s fo r m a r lo casi, c o m o se
d ijo , e n u n m a n tra . L a v id a q u e el te m o r d e la m u e rte
im p id e v iv ir se d esen vu elve c o m o p r e p a r a c ió n y esp era,

2,2, Jo sé G il, Femando Pessoa ou a metafísica das sensa$oes. T r a d u c c ió n d el fr a n ­


cés al p o rtu g u é s d e M ig u e l S erras y A n a L u isa F aria, L isb o a , R e ló -
gio d ’A g u a , s .f., p . 13 1 (la tra d u c c ió n al castellano es m ía).
23 E d u a rd o L o u ren ^ o , op. cit., p . 5 2 .
siem p re alerta, de lo más te m id o , de la m u erte; el ascetism o
se vacía de sen tid o.

P o r este c a m in o se r e to r n a , p u e s, a la falta d e se n tid o :


« n a d a tie n e se n tid o —ya n i el a lm a / .c o n la q u e p ie n s o , a
so la s» . L a c o n stru c c ió n d el pagan ism o, y de la m o ra l estoica
q u e lo a co m p a ñ a b a , se va ció e n el a b su rd o d e l d e stin o ; la
angustia p ro d u c id a a p a rtir de ahí solo c o n d u ce, e n la satu ­
r a c ió n obsesiva de la c o n c ie n c ia , a p o te n c ia r al m á x im o su
p r o p ia p e rtu rb a d o ra en ergía . « L o s dados lan zad o s u n a vez
—sin tetiza D e le u z e — so n la a firm a c ió n d el azar, la c o m b in a ­
c ió n q u e fo r m a n al caer es la a firm a ció n de la necesidad»34.
A q u í te rm in a el itin e ra rio ; sin em b argo, q u e rría r e c o ­
g e r p o r u n in stan te algo qu e antes ap u n té acerca de la exte-
rio riza c ió n , y señ alar otro s m o d o s de h ab lar de la existencia
q u e in tu y e n q u izá a lg u n a clase de hueso en ella , de m a te ria
sólid a parp ad ean d o en m ed io de lo fantasm al. A sí, estas fr a ­
ses, que p o d ría n tom arse co m o exp resió n de raro p an teísm o
o, sen cillam en te, de u n a d ep en d e n cia absoluta respecto a los
d ioses: « ta l sea, L id ia , el cu a d ro / en q u e, m u d o s, quede^
m os / en la c o n c ie n c ia , ete rn o s, / de lo s d ioses, in s c r ito s »
—en tre los tro p ie zo s d el h ip é rb a to n , la id ea de su stitu ir u n a
co n c ie n c ia p r o p ia p o r u n lu ga r e n la co n c ie n c ia de lo s d io ­
ses, p o d r ía s u g e r ir la im a g e n de u n a ex iste n cia o b jetiva ,
c o m ú n a to d o lo q u e existe, en la q u e d iso lver lo p e rso n a l.
N o im p o r ta q u e R eis n o haya se g u id o esta vía , p u e s a q u í y
allá, siem p re en lo m en os subrayado, aparecen raras c o n c o ­
m itancias co n ella.
L a te n d e n c ia a d esp lazar la v id a p r o p ia h a cia u n lu g a r
e x te rn o p u e d e m a n ifestarse c o m o u n efe cto d el tran scu rso
te m p o ra l: « Q u i e n f u i es e x te rn o a m í » . O c o m o cu rio s a
m a n e ra de n o m b r a r lo a je n o q u e le resu lta el a m o r:
« G u a n d o vam os pasean d o p o r los cam pos / y n u estro a m o r

24 G ilíe s D e le u z e , N iet& ch ej la filosofía. T r a d u c c ió n d e C a r m e n A r t a l,


B a rce lo n a, A n a gra m a , 19 8 6 , p . 4 1 -
allí es u n te rcero / que u su rp a q u e sepam os / casi el u n o del
o t r o » . O co m o fo rm a de h u ir de la in tim id a d , n o ya de la
e x p re s ió n d e la in tim id a d , sin o de la p o s ib le ex iste n cia,
in c lu so secreta, de u n á m b ito c o m o ese: « C o n c é n t r a t e y
serás seren o y fu erte , / m as c o n cén trate fu era de ti m is m o » .
T o d o s estos d esd o b la m ie n to s tie n e n en c o m ú n la d istan cia
en tre el m e ro existir y el se n tim ie n to de h a c e rlo , y re c o g e n
en alguna m ed id a el h ech o d esn u d o de la existencia, q u e era
el n ú c le o de la c o n c e p c ió n de C a e ir o , sin e la b o ra cio n es n i
teorías que traten de exp licarla.
C o m o las cosas son exteriores —« q u e está fu era de m í, /
eso es c u a n to sé d e l U n iv e r s o » —, ta m b ié n la p r o p ia vid a,
pues la d istin gu e su m aterialid ad , es ex te rio r. La m u ltip lic i­
dad q u e h a b ita cada su jeto p o n e de m a n ifiesto , p o r el c o n ­
tra rio , su in d ife re n c ia c ió n , su falta de sustancia p erso n a l, su
p a r tic ip a c ió n e n u n a vid a q u e n o le p e rte n e c e , q u e pasa a
través de él, co m o de to d o lo q u e existe. A v e c e s , p arece que
esta c o n v ic c ió n p u d ie r a p r o p o r c io n a r d esca n so , aliv io de
u n a resp o n sab ilid ad ; p e ro sob rad am en te se h a v e n id o co m ­
p r o b a n d o q u e n o es así. S im p le m e n te se trataría —segú n la
lectu ra de R icard o R eis que h ace J u d ith B also— de « la va len ­
tía d e e x te n d e r al ser d e l h o m b re este p e n s a m ie n to de las
cosas [el de C a e iro ] y de so p o rta r el carácter sin sen tid o de
tal p e n s a m ie n to » 25. E n esa m ed id a , q u izá la c a n c ió n o b se­
siva de R eis n o sea « la su p rem a p e tr ific a c ió n » , c o n el valor
q u e E d u a rd o L o u r e n fo le da a tal ju ic io 26, sin o u n r e c o n o ­
cer lo que n o p u ed e ser n o m b ra d o , lo que está fuera.
S e g ú n la « b io g r a fía » p ro p u e sta p o r Pessoa, el d o c to r
R eis em ig ra a B ra sil en 19 19 . L a p e rsiste n cia d e su vo z, sin
em b arg o , p ro lo n g á n d o se hasta el fin a l de la vid a de Pessoa,
en p a ralelo c o n la de A lv aro de C a m p o s (o quizá h abría que

25 J u d ith B also , « L ’h é té ro n y m ie : u n e o n to lo g ie p o e tiq u e sans m éta -


p k y s íq u e » , e n Colloque de Cerusy. Pessoa, P a rís, C h r is t ia n B o u rg o is ,
2 0 0 0 , p . 181 (la tra d u c c ió n es m ía).
26 E d u a rd o L o u r e n s o , op. c it , p . 6 8 .
d ecir: en c o n v e rg e n c ia ), v e n d ría a m o stra r el can sa n cio de
esa fic c ió n y qu e lo s h eteró n im o s son en realid ad poéticas. Y
v e n d r ía a n e g a r c u a lq u ie r clase de ex iste n cia a u tó n o m a a
estos personajes, p o rq u e el fracaso d el experimento resp o n d e p r e ­
cisam ente a la po ten cia co n que aflora lo específico p e sso a n o :
la co n cien cia de q u e n o existe lo p erso n al, y la angustia in s o ­
p o rtab le que se deriva de ello.
Advertencia

L a presente edición u tiliza y sigue, parcialm ente, la fijación y orde­


nación de textos realizada por M anuela P arreira da Silva (cit. com o
M P S ), publicada en Lisboa en el 2 0 0 0 . E n lo que hace a su fijación,
cuando nos apartam os de su texto, recogiendo lecturas (o fragm en ­
tos) de la edición de L u ís de M o n ta lvo r, A tica, L isboa, 1980 (cit.
com o A tica ) o la antología de Yiqueira (B arcelona, 1981, 2 v o ls.), lo
indicam os en nota. L a ordenación ha sido corregida para ofrecer en
todo lo posible la sucesión cronológica supuesta (m uchos de los te x ­
tos v a n datados, m ien tras otros se en cu en tran sin d a ta r). P o r lo
dem ás, y a d iferen cia del crite rio de la ed itora portuguesa, hem os
suprim ido los apéndices, situando los textos fragm entarios o en su
caso las grandes variantes en el lugar que les corresponde - lo s frag ­
m entos, com o queda d ich o, donde les corresponde p o r su fechas;
por su parte las grandes variantes se dan con barras de separación, y
en su lu gar a pie de página, a efectos de que puedan com pararse con
lo que es el poem a ‘p rin cip a l’. E n cuanto a las pequeñas variantes se
señalan en n ota (págin as 291-328 de este lib r o ) con referen cia al
núm ero de verso, tal com o es la norm a general para esta edición en
su conjunto. C on objeto de evitar repeticiones en las notas al texto,
se h an añadido (e n tre páginas 329- 34-2) u n glosario de figu ras y
m otivos, casi siempre de carácter m itológico.

Signos

[...] L agu n a en el m anuscrito original.


[?] L ectu ra insegura.
F ern an d o

Pesso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R e ís
ODES I
ODAS I
I

S eg u ro assento n a co lu n a firm e
dos versos em que fic o ,
n e m tem o o in flu x o in ú m e ro fu tu ro
dos tem pos e d o olvid o;
5 que a m en te, q u an d o , fixa, em si co n tem p la
os reflexos do m u n d o ,
deles se plasm a to rn a , e á arte o m u n d o
cria, que n ao a m en te.
A ssim na placa o extern o instan te grava
io seu ser, d u ra n d o n ela.

I, a. Seguro assento na coluna firm e / dos versos em que fico. / 0 criador interno
movim ento / por quem fui autor deles / passa, e eu sobrevivo, já nao quem /
escreveu o que fez. / Chegada a hora, passarei também / e os versos, que nao
sentem / seráo a única restanga posta / nos capitéis do tempo. //A obra ¡mortal
excede o autor da obra; / e é menos dono déla / quem a fez do que o tempo em
que perdura. / M orem os a obra viva. / Assim os deuses esta nossa regem / mor­
tal e ¡mortal vida; / assim o Fado faz que eles a rejam. / Mas se assim é, é assim.
//A quele agudo interno movimento, /por quem fui autor deles / primeiro passa,
e eu, outro já do que era, / postumo substituo-me. / Chegada a hora, também
serei menos / que os versos permanentes. / E papel, ou papiro escrito e morto I
tem mais vida que a mente. / Na noite a sombra é mais igual á noite / que o
corpo que alumia. [29-1 -1921 ]

I, b. Seguro assento na coluna firm e / dos versos em que fico. / Aquele agudo
interno movimento / por quem fui autor deles / passa, e eu, outro já que o
autor deles, / postumo substltuo-me. / Chegada a hora, também serei menos /
que os versos permanentes. / E papel, ou papiro escrito e morto / tem mais vida
que a mente. / A obra ¡mortal excede o autor da obra; I e é menos dono déla /
quem a fez do que o tempo em que perdura. / Imortais nos morremos. / Durar,
sentir, só os altos deuses unem. / Nós nao somos inteiros. / Assim os deuses esta
nossa regem / mortal e ¡mortal vida; / assim o Fado faz que eles a rejam. / Mas
se assim é, é assim. [29-1 -1921 ]
I

Seguro asiento en la columna firme


de mis versos tengo
sin temor al innúmero futuro
del olvido y el tiempo;
5 cuando la mente, fija en sí, contempla
los reflejos del mundo
de ellos plasma se torna, como al arte
mundo, no mente, crea.
Así en la placa externo instante graba
10 su ser, durando en ella.

I, a. Seguro asiento en la columna firme / de mis versos tengo. / El creador interno


m ovim iento / que me hizo autor suyo / pasa y yo sobrevivo, ya no siendo /
quien trazó esos escritos. / Llegada la hora, pasaré también. / Insensibles, los
versos / serán único resto rematando / el capitel del tiempo. //A su autor inmor­
tal la obra excede, / siendo menos su dueño / quien la hizo que el tiem po en
que perdura. / A obra viva morimos. / Así los dioses esta nuestra rigen / mortal
e inmortal vida; / así hace el Hado que la rijan ellos. / Si es así, así es sin duda.
//A q u e l agudo interno movimiento / que me hizo autor suyo / pasa, y yo, ya
siendo otro del que era, / postumo, sustitúyome. / Llegada la hora, seré menos
que aquellos I mis permanentes versos, / pues papel o papiro escrito y muerto /
viven más que la mente. / A la noche la sombra se asemeja / más que al cuerpo
que brilla. [29-1-1921]

I, b. Seguro asiento en la columna firme / de mis versos tengo. / Aquel agudo interno
movimiento / que me hizo autor suyo / pasa, y yo, siendo ya otro que autor de
ellos, / postumo, sustitúyome. I Llegada la hora, seré menos que aquellos I mis
permanentes versos, / pues papel o papiro escrito y muerto / viven más que la
mente. / A su autor inmortal la obra excede, / siendo menos su dueño / quien la
hizo que el tiem po en que perdura. / Inmortales morimos. / Sienten, duran los
dioses, no nosotros, / siendo sólo incompletos. / Así los dioses esta nuestra rigen
/ mortal e inmortal vida; I así hace el Hado que la rijan ellos. I Si es así, así es sin
duda. [29-1-1921]
A s rosas am o dos ja rd in s de A d o n is,
essas volu cres am o, L id ia , rosas,
qu e em o dia em que nascem ,
em esse dia m orrena.
A lu z para elas é etern a, p o rq u e
n ascem n ascido já o sol, e acabam
antes que A p o lo deixe
o seu curso visível.
A ssim fa ja m o s nossa vid a u m dia,
in scien tes, L id ia , vo lu n ta ria m en te
que há n o ite antes e após
o p o u co qu e d u ram os.
De Adonis los jardines rosas amo,
esas volucres amo, Lidia, rosas,
que, en el dia en que nacen,
ése m ueren.
L a lu z eterna es para ellas, porque
nacen nacido el sol, m ientras acaban
antes que Apolo deje
su visible curso.
Así hagam os nuestra vid a u n día,
inscientes, Lidia, voluntariam ente,
de que haya noche antes y después
del poco que duram os.
O m ar jaz; gem em em segred o os ventos
em E o lo cativos;
só co m as po n tas d o trid e n te as vastas
águas fran ze N e p tu n o ;
5 e a p raia é alva e cheia de p e q u e ñ o s
b rilh o s sob o so l cla ro .
In ú tilm en te p arecem os grand es.
N ada, n o a lh eio m u n d o ,
nossa vista grand eza reco n h e ce
10 o u co m razáo n os serve.
Se aqu í de u m m anso m ar m eu fu n d o in d ic io
tres ondas o apagam ,
que m e fará o m ar qu e n a atra praia
ecoa de S a tu rn o ?

III, a. 0 m ar jaz. Gemem em segredo os ventos / em Eolo cativos, / apenas com as


pontas do tridente / franze as águas Neptuno, / e a praia é alva e cheia de
pequeños / brilhos sob o sol claro. / Eu quisera, Neera, que o momento, / que
ora vemos, tivesse / o sentido preciso de urna frase / visível nalgum livro. /
Assim verías que certeza a minha / quando sem te olhar digo / que as coisas
sao o diálogo que os deuses / brincam tendo connosco. / Se esta breve ciencia
te coubesse, / nunca mais julgarias / ou solene ou ligeira a clara vida, / mas
nem leve nem grave, / nem falsa ou certa, mas assim, divina / e plácida, e mais
nada. [6-10-1914]
Yace el mar; en lo oculto gimen vientos
en Eolo cautivos;
con las agudas puntas del tridente
frunce Neptuno las inmensas aguas;
5 alba es la playa, y llena de pequeños
brillos bajo el sol claro.
Inútilmente parecemos grandes.
Nada esa nuestra, en el ajeno mundo,
presupuesta grandeza reconoce
10 o con razón nos sirve.
Si aquí de un manso mar mi impreso indicio
han borrado tres olas,
¿qué me hará el mar cuyo eco en la hosca playa
de Saturno se forma?

III, a. Yace el mar. En lo oculto gimen vientos / en Eolo cautivos, / y apenas con las
puntas del tridente / frunce el agua Neptuno. / Alba es la playa, y llena de
pequeños I brillos bajo el sol claro. / Yo quisiera, Neera, que el momento / que
ahora vemos tuviera / el sentido preciso de una frase / como se ve en los libros.
/ Así comprenderías mi certeza / si sin mirarte digo / que, con las cosas, juegan
su diálogo / con nosotros los dioses. / Si esta breve ciencia te cupiese, / nunca
más juzgarías / la clara vida solemne o ligera, / no, ni leve ni grave, / ni falsa o
cierta, sino así, divina, / plácida, sí, tan sólo. [6-10-1914]
N a o con sen tem os deuses m ais qu e a vida.
T u d o p o is refu sem o s, que n os alce
a irresp iráveis p ín caros,
peren es sem te r flores.
5 S ó de aceitar ten h am os a cien cia,
e, en q u a n to bate o sangue em nossas fon tes,
n em se en gelh a co n n o sco
o m esm o a m or, d u rem os,
co m o vid ro s, as luzes transparentes
10 e d eixan d o escorrer a chuva triste,
só m o rn o s ao sol q u en te,
e reflectin d o u m p o u c o .

G o m o se cada b e ijo
fo ra de despedida,
m in h a G lo é , b e ije m o -n o s , am an d o.
Talvez que já n os to q u e
5 n o o m b ro a m áo, qu e cham a
á b arca q u e n ao vem senáo vazia;

IV, a. Nao consentem os deuses mais que a vida. / Por isso, Lidia, duradouramente /
fagamos-lhe a vontade / ao sol e entre flores. / Camaleóes pousados na Natura /
tomemos sua calma e alegría / por cor da nossa vida, / por um jeito do corpo. /
Como vidros as luzes transparentes / e deixando cair a chuva triste; / só momos
ao sol quente; / e reflectindo um pouco. [17-7-1914]
N o consienten los dioses sino vida.
Todo pues rehusemos que nos alce
a irrespirables cum bres,
no floridas, perennes.
5 Solo de un aceptar tengam os ciencia.
M ientras bate la sangre en nuestras sienes,
m ientras no se m archita, con nosotros,
hasta el amor, durem os,
cual cristal a las luces transparente
10 y dejando correr la llu via triste,
algo templados al calor del sol
y reflejando u n poco.

C om o si cada beso
fuera de despedida,
Cloé m ía, besémonos, am ando.
Pues tal v e z y a nos roce
5 en el hom bro la m ano que nos llam a
a la barca vacía que se acerca,

IV, a. No consienten los dioses sino vida. / Por eso, Lidia, duraderamente / démosle
lo que pide, / ahí, al sol, y entre flores. / Camaleones en plena Natura, / su ale­
gría y su calma revistamos / como coloración de nuestra vida, / como forma
del cuerpo. / Cual cristal a las luces transparente / y dejando caer la lluvia tris­
te, / algo templados al calor del sol / y reflejando un poco. [17-7-1914]
e que n o m esm o feixe
ata o que m u tu o s fo m o s
e a alheia som a u n iversal da vida.

VI

O ritm o an tigo q u e h á em pés descalzos,


esse ritm o das n in fa s rep e tid o ,
q u an d o sob o arvored o
batem o som da d an ja ,
5 vós n a alva p raia relem b ra i, fazen d o ,
q u e scura a spum a deixa; vós, infan tes,
que in d a n ao ten d es cu ra
de te r cura, rep o n d e
ru id o sa a rod a, e n q u a n to arq u eia A p o lo ,
10 com o u m ram o alto, a curva azul que d ou ra,
e a p e re n e m aré
flu i, en ch en te o u v a za n te.

VI, a 0 ritm o antigo que há nos pés descalgos / esse ritmo das ninfas copiado /
quando sob arvoredos / batem o som da danga - II pelas praias ás vezes,
quando brincam / ante onde a Apolo se Neptuno alia / as crianzas maiores, /
tém semelhangas breves II com versos já longínquos em que Horáclo / ou mais
. dássicos gregos aceitavam I a vida por dos deuses / sem mais preces que a
vida, II Por isso á beira deste mar, donzelas, / conduzi vossa danga ao som de
risos / soberbamente gregas / pelos pés ñus e a danga II enquanto sobre vós
arqueia Apolo / como um ramo alto o azul e a luz da hora / e há o rito primitivo
/ do mar lavando as costas. [9-8-1914]
y que, en el mismo haz,
ata aquello que mutuos hemos sido
y del vivir la entera ajena suma.

YI

El ritmo antiguo de unos pies descalzos,


ese ritmo de ninfas repetido
cuando, entre la arboleda,
baten, al son de danzas,
5 en la alba playa recordad, muchachos,
enturbiando la espuma; sí, vosotros,
y aún sin cuidado de tener cuidado
no cejéis en trenzar la alegre ronda
mientras arquea Apolo
10 como alta rama la curva azul que dora,
y la marea perenne,
que sube o baja, fluye.

VI, a. El ritmo antiguo de los pies descalzos, / ese de ninfas imitado ritmo, / cuando,
en las arboledas, / baten, al son de danzas, / / en las playas a veces, cuando jue­
gan / frente a donde a Neptuno se une Apolo / los muchachos mayores / bre­
ves, sí, semejanzas II tienen de Horacio en los remotos versos / en los que él, o
los griegos, aceptaban / la vida, sin más prez / que la vida, donada por los dio­
ses. // Por eso aquí, junto a este mar, doncellas, / conducid vuestra danza al son
de risas / soberbiamente griegas, / danzad a pie desnudo I I mientras desde lo
alto arquea Apolo / como alta rama en el azul la hora / hecha de luz, y el rito
primitivo / con que incesante el mar las costas baña. [9-8-1914]
P o n h o n a altiva m en te o fix o e s fo rjo
da altura, e á sorte d eixo,
e as suas leis, o verso;
q ue, q u an d o é alto e rég io o p en sam en to,
súbdita a frase o busca
e o escravo ritm o o serve.

V III

Q u á o breve tem p o é a m ais lo n g a vida


e a ju v e n tu d e nela! A h G lo é , C lo é ,
se n ao am o, n em b eb o ,
n em sem q u ere r n ao p en só ,
p e sa -m e a le i in im p lo rá ve l, d ó i-m e
a h o ra invita, o tem p o qu e n ao cessa,
e aos ouvidos m e sobe
dos ju n c o s o ru id o
n a ocu lta m argem o n d e os lirio s frio s
da in fe ra leiva crescem , e a co rren te
n ao sabe o n d e é o dia,
sussurro g e m eb u n d o .
Pongo en la altiva m ente el fijo esfuerzo
de lo que es alto, y a la suerte fío,
y a sus leyes, el verso;
que, cuando es alto y regio el pensam iento,
5 súbdita la frase va a buscarlo
con el esclavo ritm o que lo sirve.

vin
¡Cuán breve tiem po es la más larga vida
y la ju ventu d en ella! ¡Ah, Cloe!
Si no amo, n i bebo,
si no pienso tam poco, sin quererlo,
5 la ley, inim plorable, pesa, y duele
la invicta hora, el incesante tiempo,
y hasta el oído asciende
el ru m or de los juncos
en la oculta ribera donde el lirio
10 frío crece en la gleba, y la corriente
no sabe dónde el día se ha escondido
cual susurro que gime.
C o r o a i- m e de rosas,
c o ro a i-m e em verdade
de rosas —
Rosas qu e se apagam
5 em fr o n te a apagar-se
táo cedo!
C o r o a i- m e de rosas
e de folh as breves.
E basta.

M e lh o r d estin o que o de co n h e c e r-se


n áo fr u i q u em m en te fr u i. A n tes, sabendo
ser nada, que ig n o ra n d o :
nada d en tro de n ada.
5 Se n áo h o u v er em m im p o d e r que ven<ja
as parcas tres e as m oles d o fu tu ro ,
já m e d éem os deuses
o p o d e r de s a b é - lo ;
e a beleza, in criá v el p o r m eu sestro,
10 eu goze extern a e dada, repetid a
em m eus passivos olhos,
lagos qu e a m o rte seca.

IX, a. Coroai-me de rosas! / Coroai-me em verdade / de rosas! // Quero toda a vida /


feita desta hora / breve. II Coroai-me de rosas / e de folhas de hera, / e basta!
[12-6-1914]

IX, b. Coroai-me de rosas. / Coroai-me em verdade / de rosas. II Quero ter a hora / ñas
máos pagamente / e leve, / / mal sentir a vida, / mal sentir o sol / sob ramos. //
Coroai-me de rosas I e de folhas de hera / e basta.
Coronadme de rosas,
sí, coronadme, en verdad,
de rosas
-¡de rosas que se apagan
5 frente a mí, apagándose,
tan pronto!-.
¡Coronadme de rosas
y hojas breves, sí,
con eso basta!

Mejor destino que el de conocerse


no se goza al pensar. Y antes sabiendo
ser nada que ignorando:
nada dentro de nada.
5 Si no existiera en mí poder que venza
las parcas tres y el peso del futuro,
me concedan los dioses
el poder de saberlo.
Y la belleza, increable por mi sistro,
10 goce yo externa y dada, repetida
en mis pasivos ojos,
lagos desecados por la muerte.

IX, a. ¡Coronadme de rosas! / ¡Sí, coronadme, en verdad, I de rosas! II Toda la vida


/ hecha esta hora / breve. // ¡Coronadme de rosas / y hojas de hiedra, sí, / con
eso basta! [12-6-1914]

IX, b. ¡Coronadme de rosas! / ¡Sí, coronadme, en verdad, / de rosas! // La hora en


mis manos, / sí, pagana, / y leve. II No sentir sino vida / no sentir sino sol / bajo
las ramas. // ¡Coronadme de rosas / y hojas de hiedra, sí, / con eso basta!
T em o , L id ia , o d estin o. N ad a é certo.
E m q u alq u er h o ra p o d e su ced er-n o s
o qu e n os tu d o m u d e.
F ora do c o n h ecid o é estranh o o passo
5 q u e p r ó p rio dam os. G raves n u m es gu ard am
as lin d as do que é u so.
N ao som os deuses; cegos, receem os,
e a parca dada vid a an tep on h am os
á n ovid ade, abism o.

X II

A flo r que és, n ao a q u e dás, eu q u ero .


P o rq u e m e negas o que te n ao p e jo .
T em p o há para negares
d ep ois de teres d ado.
5 F lo r, sé-m e flo r! Se te c o lh e r avaro
a m áo da infausta esfin ge, tu p e re n e
som b ra errarás absurda,
b u scan d o o que n ao deste.

XII, a. A d juvenem rosam offerentem. A flor que és, nao a que dás, desejo. 1 Porque
me negas o que te nao pego? I Táo curto tem po é a mais longa vida, / e a
juventude nela! II Flor vives, vá; porque te flor nao cumpres? / Se te sorver
esquivo o infausto abismo, / perene velarás, absurda sombra, / buscando o que
nao deste, II na oculta margem onde os lirios frios / da infera leiva crescem, e a
corrente / monótona, nao sabe onde é o dia, / sussurro gemebundo. [21-10-
1923]
Tem o, L id ia, el destino. N ad a es cierto.
A cualquier hora puede sucedem os
lo que todo nos m ude.
Fuera de lo sabido, extraño el paso
5 que damos com o propio. Graves núm enes
guardan las lindes de lo acostum brado.
N o somos dioses; ciegos, recelem os
y esta pequeña vid a antepongamos
al abismo que llega.

XII

L a que eres flor, no la que das, y o quiero,


porque m e niegas lo que no te pido.
Tiem po h ay de negar
tras haber dado.
5 ¡Flor, séme flor! Si te coge, avaro,
de la esfinge la m ano, tú perenne
infausta som bra errarás, absurda,
a la busca de aquello que no diste.

XII, a. A l ¡oven que una rosa me ofrecía. La que eres flor, no la que das, deseo. / ¿Por
qué me niegas lo que no te pido? / ¡Si corto tiempo es la más larga vida, /
menos ser joven! II Flor vives vana, ¿por qué no te cumples? / Si te sorbiera
esquivo infausto abismo, / perenne buscarás, absurda sombra, / lo que no diste
I I por la ribera donde lirios fríos / crecen de infera gleba, y la corriente / monó­
tona no sabe dónde hay día, / susurrando y gimiendo. [21-10-1923]
O lh o os cam pos, N eera ,
cam pos, cam pos, e so fro
já o fr ió da som bra
em que nao te rei olh os.
5 A caveira antessinto
que serei n ao sen tin d o ,
o u só q u an to o que ig n o ro
m e in c ó g n ito m in istre.
E m en os ao instan te
10 c h o ro , que a m im fu tu ro ,
sú b d ito ausente e n u lo
do u n iversal d e stin o .

XIII, a. Olho os campos, Neera, / verdes campos, e pensó / em que virá un dia / em
que nao mais os olhe. / / Isto se o meditar, I me toldará os céus / e fará menos
verdes / os verdes campos reais. I I Ah! Neera, o futuro / ao futuro deixemos. / 0
que náo stá presente / náo existe pra nós. II Hoje náo tenho nada / senáo os
verdes campos / e o céu azul por cima. / Seja isto todo o mundo. [27-1-1914]

XIII, b. Olho os campos, Neera, / verdes campos, e sinto / que um dia virá a hora / em
que náo mais os olhe. //Tranquilo, apenas gozo, / como brincando, o orgulho /
da serena tristeza / filha da visáo clara. [6-6-1915]

XIII, c. Olho os campos, Neera / verdes campos, e sinto / como virá um dia / em que
náo mais os veja. II Par de árvores cobre / o céu aqui sem nuvens / e faz correr
mais triste / a viva e alegre linfa. II Mas por um só momento / fugaz e passa-
geiro / esta ideia eu emprego / para o seu uso triste. I I Cedo me volve a calma /
com que me fago o espelho I do céu imperturbado / e da fonte insciente. II
Deixa o futuro, - porque / náo chegou, náo é nada; / só a hora presente / tem a
realidade. //V iv e a im perfeta hora / perfeitissimamente / e sem nada esperares
/ dos homens, nem dos deuses.
xm

Miro el campo, Neera,


campo y más campo, y sufro
ya el frío de la sombra
donde ya ojos no tenga.
5 Ya ese cráneo presiento
que seré no sintiendo,
o aquello que ignoro
de mí incógnitamente.
Menos aún el instante
10 lloro que a mí, futuro
súbdito, ausente y nulo,
del destino de todo.

XIII, a. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y pienso / que ha de llegar un día /
en que no pueda verlos. II Esto que, al meditarlo, I es cual cielo cubierto, / los
que son verdes campos / verdes hace ser menos. / / Lo que no está presente /
nada es, lo sabemos. / ¡Ah, Neera, el futuro / al futuro dejemos! II Salvo los
verdes campos / hoy ya nada poseo. / Arriba, el cielo azul. / Todo el mundo sea
esto. [27-1-1914]

XIII, b. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y siento / que vendrá un día la hora/
en que no pueda verlos. II Tranquilo, apenas gozo, I cual jugando, el orgullo I
de mi calma tristeza, / de visión clara fruto. [6-6-1915]

XIII, c. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y siento / que ha de llegar un día /
en que no pueda verlos. // Un par de árboles tapan / ahí un cielo sin nubes / y
hacen correr más triste / su viva, alegre savia. II Por un sólo momento I fugaz
y pasajero / emplearé esta ¡dea / para su triste uso. // Prontamente calmado, /
me convierto en espejo / de ese cielo impasible / y esa fuente inconsciente. //
Deja el futuro, porque / no ha llegado, no es nada; / sólo la hora presente / la
realidad posee. //V iv e la hora imperfecta / perfectísimamente / sin que ya nada
esperes, I no, ni de hombres ni dioses.
D e n ovo traz as aparentes novas
flo res o verao n o vo , e n ovam en te
verdesce a c o r antiga
D as folhas redivivas.
N ao m ais, n ao m ais d ele o in fe c u n d o abism o,
q u e m u d o sorve o q u e m al som os, to rn a
á clara lu z su p ern a
a p rese n ta vivida.
N ao m ais; e a p r o le a qu e, p en sa n d o , dera
a vid a da razáo, em vao o cham a,
q ue as nove chaves fecham
da Stige irreversível.
O que fo i co m o u m deus en tre os qu e cantam ,
o que d o O lim p o as vozes, que cham avam ,
scutando ou viu , e, ou vin d o ,
en ten d eu , h o je é nada.
T e c e i em b o ra as, que teceis, grinaldas.
Q u e m coro ais, n ao c o ro a n d o a ele?
V otivas as d ep o n d e ,
fú n eb res sem te r cu lto.
F iq u e, p o ré m , livre da leiva e do O r c o ,
a fam a; e tu, que U lisses erigirá,
tu, em teus sete m on tes,
o rg u lh a -te m aterna,
igual, desde ele, as sete que c o n ten d e m
cidades p o r H o m e ro , o u alcaica Lesbos,
o u hep tápila Tebas,
O g íg ia m áe de P ín d a ro .
De nuevo trae las aparentes nuevas
flores nuevo verano, y nuevam ente
el color reverdece
de hojas redivivas.
5 N o más y a de él el infecundo abismo,
que m udo sorbe lo que somos, torna
a la clara lu z, alta,
la presencia vivida.
N o más; la prole a que, pensando, diera
10 vid a y razón , lo llam a, inútilm ente,
que nueve llaves cierran
la E stigia irreversible.
E l que fue com o u n dios, entre cantores,
que de O lim po las voces que llam aban
15 supo oír escuchando, y al oírlas
com prendió, ahora es nada.
Tejed aún las, que tejéis, guirnaldas,
mas, ¿a quién coronáis, no a él coronando?
Deponedlas, votivas,
20 fúnebres, aun sin culto.
Quede, aún así, libre de gleba y O rco
la fam a, y tú, que Ulises erigiera,
tú en tus siete montes,
m aterna, enorgullécete,
25 igual, por él, a las que luchan, siete
ciudades, por H om ero, o alcaica Lesbos,
o heptápila Tebas,
m adre, O gigia, de Píndaro.
Este, seu scasso cam p o ora lavran do,
ora, solen e, o lh a n d o -o com. a vista
de q u em a u m filh o olh a, goza in c e rto
a n ao -p en sad a vida.
5 D as fin gid as fro n teira s a m u d an za
o arado lh e n ao to lh e, n e m o em pece
p e r q u e co n cilio s se o d estin o rege
dos povos p acientes.
P ou co m ais n o p resen te d o fu tu ro
10 que as ervas qu e a rran co u , seguro vive
a antiga vida que n ao to rn a , e fica,
filh o s, diversa e sua.

XV, a. Este, seu escasso campo ora lavrando, / ora, cansado, olhando-o com a vista /
de quem a um filho olha / passa alegre na vida. / Pouco lhe importa sob que
Deus arrasta / a vida, louvores doutos ou néscios I sáo-lhe a mesma distancia /
de todos os seus dias... / Figura eterna longe de cidades, / passa na vida sob a
m aior graga / que os deuses nos concedem - / que é nao se nos mostrarem /
ñas activas presentas encobertos / com o céu e a térra e o riso das searas /
quais ricos disfamados / dando aos pobres sem gloria... [27-9-1914]
Este su escaso campo ora labrando,
ora solemne viéndolo del modo
del que mira hacia un hijo, goza incierto
la no pensada vida.
5 De fingidas fronteras la mudanza
no desmonta el arado, ni le estorba
por qué convenios el destino rige
de los pueblos pacientes.
Poco así en el presente del futuro
10 cuya hierba arrancó seguro vive
la antigua vida que no torna, y queda,
hijos, diversa y suya.

XV, a. Éste su escaso campo ora labrando, I ora, cansado, viéndolo del modo / del
que mira hacia un hijo, / pasa alegre la vida. / Poco bajo qué Dios la vida arras­
tra / le importa, y la alabanza docta o necia, / a la misma distancia / tiene,
todos sus días... / Figura eterna, lejos de ciudades / pasa la vida con el don más
alto / que conceden los dioses: / el que no se nos muestren. / En activas pre­
sencias encubiertos, / con tierra y cielo, y risas de las eras, / como el rico que,
oculto, / sin ostentar, da al pobre... [27-9-1914]
Tuas, n ao m inhas, te jo estas grinaldas,
que em m in h a fr o n te renovadas p o n h o .
Para m i m tece as tuas,
que as m inhas eu n ao vejo.
5 Se n ao pesar n a vid a m e lh o r gozo
que o v e rm o -n o s, v e ja m o -n o s, e, ve n d o ,
surdos co n ciliem o s
o insubsistente su rd o.
G o r o e m o -n o s p o is u n s para os o u tros,
10 e b rin d e m o s u n ísso n o s á sorte
q u e h o u v er, até que chegue
a h o ra do b a rq u e iro .

XVI, a. Nao pra mim mas pra ti tego as grinaldas / que de hera e rosas eu na fronte
ponho. / Para mim tece as tuas / que as minhas eu nao vejo. // Um para o outro,
mancebo, realizemos / a beleza improfícua mas bastante / de agradar um ao
outro / pío prazer dado aos olhos. I I 0 resto é o Fado que nos vai contando /
pelo bater do sangue em nossas frontes / a vida até que chegue I a hora do
barqueiro. [30-7-1914]
Tuyas, no mías, tejo estas guirnaldas
que ahora en m i frente renovadas pongo.
H az para m í las tuyas,
que las mías no veo.
5 Si no pesa en la vid a m ejor gozo
que el de vernos, veám onos, y viendo,
aun sordos, concillem os
al sordo insubsistente.
Coroném onos unos a los otros
10 y unísonos brindem os po r la suerte
que haya, hasta que llegue
la hora del barquero.

XVI, a. Para ti he ido tejiendo estas guirnaldas / de hiedra y rosas que en mi frente
pongo. / Haz para mí las tuyas, / que las mías no veo. II M utuamente, mance­
bo, realicemos / la belleza sin fruto mas bastante / de uno a otro agradarnos /
complaciendo los ojos. // El resto, el Hado nos lo va contando / y el latir de la
sangre en nuestras frentes, I vida, sí, hasta que llegue I la hora del barquero.
[30-7-1914]
N ao queiras, L id ia , ed ific a r n o spa^o
q u e figu ras fu tu ro , o u p r o m e te r -te
am an lia. C u m p r e - te h o je , n ao sp eran do .
T u m esm a és tua vida.
5 N a o te destines, qu e n ao és fu tu ra.
Q u e m sabe se, en tre a ta^a qu e esvazias,
e ela de n ovo en ch id a , n ao te a sorte
in te rp o e o ab ism o?

X V III

S audoso já deste verao que vejo.


Lágrim as para as flo res dele em p rego
n a le m b ra n fa in vertid a
de q u an d o h e i- d e p e rd é -la s.
5 Tran spostos os p o rtá is irreparáveis
de cada a n o , m e a n tecip o a som bra
em que h e i- d e erra r, sem flores,
n o abism o r u m o r o s o .
E co lh o a rosa p o rq u e a sorte m anda.
10 M arcen d a, g u a rd o -a ; m u rch e -se com igo
antes qu e co m a curva
d iu rn a da am pia térra.

XVII, a. Nao queiras, Lidia, construir no spa?o / que tu te eres futuro, ou prometer-te /
esta ou aquela vida. / Tu própria és tua vida. / Sonha teus sonhos onde os son­
hos vivem. // Nao te destines. Nao te des futura. / Cumpre hoje, e a gestal taga
gasta / ínscia da que se segue / e inda vazia enches. II Quem sabe se entre a
taga que tu bebes / e a que queres que siga nao te a Sorte / nao interpoe, sábia,
/ toda [...]
xvn

No construir quieras, Lidia, en el espacio


que imaginas futuro, o prometerte
mañana. Cúmplete hoy, ya no esperando.
Tú misma eres tu vida.
5 No te destines, pues no eres futura.
¿Quién sabe si entre la copa que vacías
y la llena de nuevo la fortuna
no interpone el abismo?

XVIII

Hoy nostálgico ya de este verano


a sus flores mi llanto les dedico
en el recuerdo inverso
de cuando he de perderlas.
5 Trasgredido el portal irreparable
de año y año, a la sombra me anticipo
yendo a errar al abismo
y ya sin flores.
Cojo la rosa, pues la suerte ordena.
10 Marcescente, la guardo, que conmigo
antes marchitará que con la curva
diurna de la amplia tierra.

XVII, a. No construir quieras, Lidia, en el espacio / que imaginas futuro, o prometer­


te / esta o aquella vida. / Tú misma eres tu vida. / Sueña tu sueño donde el
sueño vive. II No te destines, no te des futura. / Cumple hoy. La gestal copa
consume / sin saber cuál le sigue, / que, ahora vacía, llenas. / / ¿Quién sabe si
entre la copa que te bebes I y la que siga quieres no la Suerte / no te habrá ya
interpuesto, sabia, / toda...
P razer, mas devagar,
L id ia , q u e a sorte aqueles n ao é grata
qu e lh e das m áos arran cara.
F urtivos retirem o s do h o r to m u n d o
os d ep red an d o s p o m o s.
N ao d espertem os, o n d e d o rm e, a E rín is
que cada go zo trava.
G o m o u m regato, m u d os passageiros,
gozem os escon d id os.
A sorte inveja, L id ia . E m u degam os.
Placer, pero despacio,
L idia, porque la suerte no sonríe
a quien quiere arrancarla.
D e este huerto del m undo retirem os
a hurtadillas los pomos.
N o despertemos, donde duerm e, a E rinnia
que todo gozo traba.
D e la corriente, m udos, pasajeros,
gocem os escondidos.
L a suerte envidia, Lidia. E nm udezcam os.
C u id as, ín v io , que cu m pres, apertand o
teus in fe cu n d o s, trabalh osos dias
em feixes de h irta len h a,
sem ilusáo a vida.
5 A tua len h a é só peso q u e levas
para o n d e n ao tens fo g o que te a q u eja ,
n em so frem peso aos om b ro s
as som bras qu e serem os.
Para fo lg a r nao folgas; e, se legas,
10 antes legues o exem p lo, que riquezas,
de co m o a vida basta
curta, n em tam bém d u ra.
P o u co usam os do p o u c o q u e m al tem os.
A ob ra cansa, o o u r o n ao é n osso.
15 D e n ós a m esm a fam a
r i-s e , que a nao verem os
q u an d o , acabados pelas parcas, fo rm o s,
■mitos solenes, de rep e n te antigos,
e cada vez m ais som bras,
20 ao e n c o n tro fatal —
O b arco escuro n o so tu rn o rio ,
e os n ove abramos da frieza stígia
e o regado insaciável
da pátria de P lu táo .

XX, a. Cuidas tu, loüro Flaco, que apertando / os teus estéreis, trabalhosos dias / em
feixes de hirta lenha, / cumpres a tua vida? / A tua lenha é só peso que levas /
para onde nao tens fogo a que aquecer-te, / nem levam peso ao colo / as som­
bras que seremos. / Aprende calma com o céu unido / E com a fonte a ter unido
curso. / Nao sejas a clepsidra / que conta a hora dos outros. [11 -7-1914]

XX, b. «In Flaccum». Cuidas tu, louro Flaco, que cansando / os teus estéreis trabalho­
sos dias / darás mais sorrisos ao campo / e mais sorrisos a Ceres antiga... / póe
mais vista em notares que tens flores / no teu jardim
Crees, ignaro, que cumples, apretando
tus infecundos, trabajosos días
en atados de leña,
sin ilusión, la vida.
5 Peso es sólo tu leña, que acarreas
donde u n fuego no habrá que te conforte,
ni tal carga a los hom bros
sufrirán nuestras sombras.
N o huelgas, por holgar. Si legas algo,
10 antes legues ejemplo que riquezas.
C orta basta la vida,
nada dura.
Poco usamos lo poco que tenemos.
L a obra nos cansa, el oro nunca es nuestro.
15 De nosotros la fam a
ríe; no la verem os
cuando, al fin acabados por las parcas,
seamos bultos solemnes de aire antiguo,
sombras ya sólo^
20 ante el fatal encuentro.
E l barco oscuro en el soturno río,
los nueve abrazos de la Estigia helada
y el regazo insaciable
de la plutonia patria.

XX, a. ¿Crees tú, rubio Flaco, que, apretando / tus tan estériles, trabajosos días / en
atados de leña / cumplir puedes tu vida? / Peso es sólo esa leña con que cargas
/ donde fuego no tienes que conforte; / cargar peso no pueden / las sombras
que seremos. / Aprende calma, con el cielo unido; / mantén, como la fuente,
unido el curso. / No seas la clepsidra / que la hora de otros cuenta. [11 -7-1914]

XX, b. «A Flaco». ¿Crees tú, rubio Flaco, que, cansando / tus tan estériles, trabajosos
días / más sonrisas podrás dar a los campos / y más sonrisas a la antigua
Ceres...? / Pon tu atención en ver que tienes flores / en tu jardín.
ODES II
ODAS II
M estre, sao plácidas
todas as horas
qu e n ós p erd em o s,
se n o p e rd é -la s,
qual n u m a ja rra ,
n ós p o m o s flores.

N ao há tristezas
n em alegrias
na nossa vida.
A ssim saibam os,
sábios in cau tos,
nao a viver,

m as d e c o r ré -la ,
tran q u ilo s, p lácid os,
te n d o as crianzas
p o r nossas m estras,
e os olh os cheios
de N a tu re za ...

A b e ir a - r io ,
á b eira -estra d a,
c o n fo rm e calha,
sem pre n o m esm o
leve descanso
de estar viven d o.

O tem p o passa,
nao n os diz nada.
E nvelhecem os.
Saibam os, quasi
M aestro, son plácidas
todas las horas
que aquí perdemos
si es que, al perderlas,
com o en un jarro,
ponemos flores.

N o h a y ni tristezas
n i alegrías
en nuestra vida.
10 Así, aprendamos,
sabios incautos,
a no vivirla,

sino pasarla,
tranquilos, calmos,
15 teniendo al niño
com o maestro
y de N atu ra
los ojos llenos.

D el río o la vía
20 siempre a la orilla,
según el caso,
siempre en el m ism o
leve descanso
de estar viviendo.

25 Calladam ente
el tiem po pasa.
Envejecem os.
Casi gustosos
m aliciosos,
se n tir-n o s ir.

N ao vale a p en a
fazer u m gesto.
N ao se resiste
ao deus atroz
que os p r ó p rio s filh o s
devora sem pre.

C o llia m o s flores.
M o lh em os leves
as nossas m aos
nos rio s calm os,
para a p ren d erm o s
calm a tam bém .

G irassóis sem pre


fita n d o o sol,
da vida irem os
tran q u ilos, ten d o
n em o rem o rso
de te r v iv id o .

O deus Pá n ao m o rre u ,
cada cam po que m ostra
aos sorrisos de A p o lo
os peitos ñ us de C eres —
C e d o o u tarde vereis
sentir sepamos
nuestro ir pasando.

De nada sirve
hacer u n gesto.
N o se resiste
al dios im pío
35 que a sus hijos
devora siempre.

Cojamos flores.
Mojem os leves
y a nuestras manos
+o en calm os ríos,
para ir tom ando
de ellos su calma.

C ual girasoles
que al sol se vuelven,
4-5 nos m archarem os
sin que nos pese
de haber vivido
rem ordim iento.
12-6-1914

E l dios Pan no m urió,


pues cada cam po m uestra
al sonreír de Apolo
el desnudo de Ceres
5 pecho; ahí veréis u n día
p o r lá aparecer
o deus Pa, o im o rtal.

N ao m atou o u tro s deuses


o triste deus cristáo.
C risto é u m deus a mais,
talvez u m que faltava.

Pá co n tin u a a dar
os sons da sua flauta
aos ouvidos de C eres
recu m b en te n os cam pos.

O s deuses sao os m esm os,


sem pre claros e calm os,
cheios de etern id ad e
e desprezo p o r n ós,
trazen d o o dia e a n o ite
e as colheitas douradas
sem ser para n o s dar
o dia e a n o ite e o trigo
mas p o r o u tro e d ivin o
p ro p ó sito casual.
que el im m ortal, de pronto,
divino Pan retorna.

N o dio m uerte a los dioses


el triste dios cristiano.
10 Cristo es sólo u n dios nuevo,
tal v e z el que faltaba.

A ún Pan sigue dando


el sonar de su flauta
a los oídos de Ceres
15 recostada en los campos.

Son los mism os los dioses,


siempre claros y calmos,
de eternidad repletos,
despreciándonos siempre,
20 día y noche trayendo
y cosechas doradas
sin hacerlo por darnos
día y noche y los trigos,
sino por otra causa
25 azarosa y divina.
12-6-1914-
O s deuses desterrados,
os irm áos de S atu rn o ,
as vezes, n o crepú scu lo
vém esp reitar a vida.

V é m en tao te r co n n o sco
rem orsos e saudades
e sen tim en tos falsos.
É a presenga deles,
deuses que o d estro n á -lo s
to r n o u espirituais,
de m atéria vencid a,
lo n g ín q u a e inactiva.

V é m , in ú teis forgas,
solicitar em nós
as dores e os cansagos,
que n os tiram da m áo,
co m o a u m b éb ad o m ole,
a taga da alegria.

V é m fa ze r-n o s crer,
despeitadas ruin as
de prim itivas forgas,

Os deuses desterrados / os irmáos de Saturno / ás vezes no crepúsculo / vém


espreitar a v id a ... II Vém entáo ter connosco / remorsos e saudades... / É a pre­
senta deles, / deuses que o destroná-los / tornou espirituais, / de matéria divina
/ longínqua e inactiva... II e o poente tem cores / de tristeza e cansagos / e
ouve-se solu^ar / para além das esferas / Hipérion que chora / o seu palácio
antigo / que Apolo Ihe roubou... [12-6-1914]
Los desterrados dioses,
herm anos de Saturno,
al crepúsculo, a veces,
a espiar vienen la vida.

5 N os asaltan entonces
rem ordim ientos, penas
y falsos sentimientos
al notar su presencia,
dioses que el destronarlos
10 transform ó en espíritus
de m ateria vencida,
inactiva y rem ota.

Vienen, fuerzas inútiles,


pretendiendo im ponernos
15 el dolor y el cansancio,
y quitarnos, de pronto,
com o a u n flojo borracho
el licor que lo alegra.

Vienen a convencernos
20 -despechadas ruinas
de prim itivas fú e rz a s-

3, a. Los desterrados dioses, / hermanos de Saturno, / al crepúsculo, a veces, / a


espiar vienen la vida... / / Vienen así a inspirarnos / remordimientos, penas... /
Su presencia hoy es eso, / dioses que, destronados, / se tornaron espíritus / de
divina materia, / inactiva y remota... // El poniente se tiñe / de tristeza y can­
sancio, / mientras tras las esferas / se percibe el sollozo / de Hiperión, cuando
llora / su palacio primero / que Apolo robó... [12-6-1914]
que o m u n d o é m ais extenso
que o que se vé e palpa,
para que ofen d am os
25 a J ú p ite r e a A p o lo .

A ssim até á b eira


terren a do h o riz o n te
H ip e r ió n n o crepú scu lo
vem ch o rar p e lo carro
30 que A p o lo lh e ro u b o u .

E o p o e n te tem cores
da d o r d u m deus lo n g ín q u o
e ou ve-se so lu fa r
para além das esferas...

35 A ssim ch o ram os deuses.


12-6-1914.

D e A p o lo o carro r o d o u p ra fo ra
da vista. A p o eira qu e levantara
fic o u en c h e n d o de leve névoa
o h o riz o n te

5 a flauta calm a de Pá, descen d o


seu to m agudo n o ar pausado,
deus m ais tristezas ao m o rib u n d o
dia suave.

C á lid a e lo u ra , n ú b il e triste,
10 tu, m o n d ad eira dos p rados quentes,
que el m undo es más extenso
que lo visto y palpable,
para que así ofendam os
a Júpiter y a Apolo.

Y así, a la orilla
del terreno horizonte,
Hiperión, al crepúsculo,
llora el carro que Apolo
finalm ente le roba,

y el poniente se tiñe
del color de u n rem oto
dios cuyo llanto alcanza
más allá de los m undos...

Así lloran los dioses.

De Apolo el carro ha rodado fuera


de nuestra vista. L a polvareda
que alzó ha llenado de leve niebla
el horizonte.

L a calm a flauta de Pan, bajando


su agudo tono en el aire calm o,
dio más tristeza a ese suave
dia que m uere.

Cálida y blonda, n úbil y triste,


tú, escardadora de ardientes prados,
Ticas o u v in d o , co m os teus passos
m ais arrastados,

a flauta antiga do deus d u ra n d o


c o m o ar q u e cresce p ra v en to leve,
e sei que pensas n a deusa clara
n ad a dos m ares,

e que váo ondas lá m u ito a d en tro


do qu e o teu seio sente alheado
de q uan to a flauta so rrin d o chora
e estás o u v in d o .
12-6-1914

V em sen ta r-te co m igo , L id ia , á b eira do rio .


Sossegadam ente fitem o s o seu curso e aprend am os
que a vid a passa, e nao estam os de m áos en lajad as.
(E n lacem os as m áos).

D e p o is p en sem os, crianzas adultas, que a vida


passa e n ao fica, nada deixa e n u n ca regressa,
vai para u m m ar m u ito lo n g e , para ao p é d o Fado,
m ais lo n g e que os deuses.

D esen lacem os as m áos, p o rq u e n ao vale a p en a


[can sarm o-n os.
Q u e r gozem os, quer nao gozem os, passamos com o o rio .
M ais vale saber passar silen ciosam en te
e sem desassossegos grandes.
oyendo quedas, entre tus pasos
pesados, lentos,

la flauta antigua del dios que dura


alzando el aire y a en viento leve,
m ientras recuerdas la clara diosa
del m ar nacida,

y entran sus ondas ahí, en tu seno,


que dentro siente, enajenado,
lo que esa flauta llora sonriendo
m ientras la oyes.
12-6-1914

Siéntate aquí conm igo, L id ia, aquí, ju n to al río.


Sosegados m irem os su curso y descubramos
cóm o pasa la vida, y no tenemos enlazadas las manos.
(Enlacém oslas).

Y pensemos después, niños adultos,


que la vid a transcurre y no se queda, que nada deja y que
[jamás regresa,
avanzando hacia u n m ar que está m u y lejos, al pie del Destino,
más allá de los dioses.

Mas soltemos las manos, que no vale la pena cansarnos.


Ya gocem os o y a no gocem os, vam os tam bién pasando, com o
[el río,
que es m ejor ir pasando de ese m odo, en silencio,
y sin sobresaltos.
Sem am ores, n em odios, n em paixoes que levantara a voz,
n em invejas qu e dao m o v im en to dem ais aos ollios,
n em cuidados, p o rq u e se os tivesse o r io sem pre correría,
e sem pre iria te r ao m ar.

A m e m o - n o s tran q u ila m en te, p e n san d o que p o d ía m o s,


se quiséssem os, tro car b eijo s e abramos e caricias,
mas que m ais vale estarm os sentados ao p é u m do ou tro
o u v in d o c o rre r o r io e v e n d o -o .

C o lh a m o s flo res, pega tu nelas e deixa-as


n o c o lo , e q u e o seu p e rfu m e suavize o m o m e n to —
este m om en to em que sossegadamente nao erem os em nada,
pagaos in o cen tes da d ecadencia.

A o m en os, se fo r som b ra antes, le m b ra r-te -á s de m im


[depois
sem qu e a m in h a le m b ra n ja te arda o u te fira o u te m ova,
p o rq u e n u n ca en laja m o s as m aos, n em n o s beijam os
n em fo m o s m ais do qu e crianzas.

E se antes do que eu levares o ób o lo ao b arq u eiro som b río,


eu n ad a te rei que so frer ao le m b ra r-m e de ti.
S e r -m e -á s suave á m e m o ria le m b ra n d o -te assim — á
[b e ira -rio ,
paga triste e co m flo res n o re g a jo .
12 -6 -19 14 .

N eera , passeem os ju n to s
só para n o s lem b ra rm o s d isto ...
D ep o is q u an d o en velh ecerm os
Sin amores n i odios ni pasiones que levantan la vo z,
ni envidias que im prim en demasiado m ovim iento a los ojos,
15 ni cuidados, porque aun teniéndolos correría el río
y acabaría por salir al mar.

Am ém onos pues tranquilam ente, dado que aunque podríam os,


sí, cambiar, si quisiéramos, besos, y caricias, y abrazos,
es m ucho m ejor estar sentados, uno ju n to al otro,
20 oyendo el río y viéndolo correr.

Cojamos flores, júntalas y déjalas


en el regazo, sí, y que su perfum e suavice el m om ento
-e se m om ento en que, sosegados, no creem os en nada,
inocentes paganos de la decadencia-.

25 Por lo m enos, si y o soy som bra antes, tú te acordarás de m í


[después
sin que te rem uerda m i recuerdo, te conm ueva o te hiera,
porque nunca enlazam os nuestras manos, ni nos besamos,
ni fuim os sino niños.

Y si antes que yo llevas el óbolo al som brío barquero


30 nada habré de sufrir al recordarte.
Has de serm e suave a la m em oria recordándote así, a la orilla
[del río,
pagana triste y con flores al regazo.
12-6-1914

Paseemos, N eera,
paseemos, juntos, para recordarlo...
Así después, cuando envejezcam os
e n e m os D euses p u d e re m
dar c o r as nossas faces
e m o cid ad e aos nossos coios,
le m b re m o -n o s , á lareira,
c h eiin h o s de pesar
o ser q u eb rad o o fio ,
le m b re m o -n o s , N eera,
de u m dia te r passado
sem n o s term os a m a d o ...

A o lo n g e os m on tes tém neve ao sol,


mas é suave já o fr ió calm o
q u e alisa e agudece
os dardos do sol alto.

H o je , N eera , n ao n os escondam os,


nada n o s falta, p o rq u e n ad a som os.
N ao esperam os nada
e tem os fr ió ao sol.

M as tal co m o é , gozem os o m o m en to ,
solenes n a alegría levem en te,
e agu ard and o a m o rte
com o q u em a con h ece.
y ni los dioses puedan
5 dar de nuevo color a nuestro rostro,
m ocedad a nuestro pecho,
recordem os, sentados al hogar,
llenos de pesadum bre, que se haya
y a quebrado ese hilo.
10 Recordem os, N eera,
que pasamos u n día
sin am arnos...
12-6-1914

7 .

A lo lejos los m ontes m uestran la nieve al sol,


pero es suave ya el frío calm o
que acucia y alisa
del alto sol los dardos.

5 Hoy, N eera, no nos ocultem os,


porque nada nos falta y nada somos.
Porque nada esperamos
y, al sol, tenemos frío.

Tal com o es, gocemos el m om ento,


10 con solemne alegría, levem ente,
aguardando la m uerte
com o quien la conoce.
16-6-1914
Só o te r flores p ela vista fo ra
ñas áleas largas dos ja rd in s exactos
basta para p o d erm o s
achar a vida leve.

D e to d o o e s fo rjo segurem os quedas


as m áos, b rin ca n d o , p ra qu e n o s n ao to m e
do p u lso , e n os arraste.
E vivam os assim,

b u scan do o m ín im o de d o r o u gozo,
b e b e n d o a goles os instantes frescos,
tran slú cid o s co m o água
em tajas detalhadas,

da vid a pálid a levando apenas


as rosas breves, os sorrisos vagos,
e as rápidas caricias
dos instantes volúveis.

P o u co táo p o u co pesará n os b ra jo s
com que, exilados das supernas luzes,
scolberm os do que fo m o s
o m e lb o r p ra lem b ra r

q u an d o, acabados pelas Parcas, fo rm o s,


vultos solenes de rep en te antigos,
e cada vez m ais som bras,
ao en c o n tro fatal

do b arco escu ro n o s o tu rn o rio ,


e os n ove a b rajo s do h o r r o r estígio,
C on tener unas flores a la vista,
en la alam eda del jard ín exacto,
basta para ju zg a r
leve la vida.

D e nuestro esfuerzo afiancem os, quedas,


estas m anos, jugando, no nos tome
de la m uñeca él, y nos arrastre.
Y vivam os, buscando

el m ínim o dolor o el go zo m ínim o,


bebiendo a sorbos los instantes frescos
com o agua, translúcidos,
en delicadas copas,

de la pálida vid a soportando


las rosas breves, las sonrisas vagas
y las raudas caricias
del instante voluble.

Poco tan poco pesará en los brazos


que así, exiliados de las altas luces,
de lo sido escojamos
los m ejores recuerdos

cuando al fin, acabados por las Parcas,


seamos bultos solemnes de aire antiguo,
sombras y a sólo
ante el fatal encuentro

del barco oscuro en el soturno río,


los nueve abrazos del h orro r estigio,
c o regazo insaciável
da p átria de P lu táo.

P obres de n ós qu e p erd em o s q uan to


seren o e fo rte n os dava a vida
o ú n ic o m o d o
o ú n ic o h u m a n o de a te r ...
Pobres de nós
crianzas tristes que m al se lem b ram
de pai e máe
e and am sozinhas n a vid a cega
sem te r carinhos
n em saber nada
de ao n d e vam os pela floresta,
n em d o n d e vim os pía estrada f o r a ...
E som os tristes, e som os velhos,
e fracos sem p re...
sem que n os sirva ...

IO

D ian a através dos ram os


espreita a vin d a de E n d im io n
E n d im io n que n u n ca vem ,
E n d im io n , E n d im io n ,
lá lo n g e na flo r e sta ...
y el regazo insaciable
de la plutonia patria.

¡Ay de nosotros, que perdemos cuanto


sereno y fuerte daba nuestra vida,
que es el único m odo,
único m odo hum ano, de tenerla!...
¡Pobres, ay, de nosotros,
tristes niños que casi ni recuerdan
padre y m adre
y van solos, así, en la vid a ciega,
sin cariño tener
n i saber nada
de hacia dónde avanzam os por el bosque
n i de dónde procede este cam ino!...
Y que tan tristes somos, y tan viejos,
y tan débiles siempre,
inútilm ente...

10

Diana, entre las ramas,


espera la venida de Endim ión.
De E ndim ión, que no viene.
E ndim ión, a lo lejos,
en el bosque...
E a sua voz ch am an do
através dos ram os
E n d im ió n , E n d im ió n ...

A ssim ch o ram os d eu ses...


1 6 - 6 -1 9 1 4

II

A p alid ez do dia é levem en te d ou rad a.


O sol de in v ern ó faz lu zir co m o orvalho as curvas
dos tro n co s de ram os secos.
O fr ió leve trem e.

D esterra d o da p átria antiqu íssim a da m in h a


c re n ja , co n so lad o só p o r pensar n os deuses,
a q u e jo -m e trém u lo
a o u tro sol d o que este—.

O sol que havia sobre o P a rté n o n e a A c r ó p o le


o q u e alum iava os passos len to s e graves
de A ristó teles fa la n d o .
M as E p icu ro m e lh o r

m e fala, co m a sua cariciosa voz terrestre


te n d o para os deuses urna atitude tam bém de deus,
seren o e ven d o a vida
á d istancia a q u e está.
1 9 - 6 -1 9 1 4
Y su v o z v a llam ando
a través de las ramas.
E ndim ion...

Así lloran los dioses...


16-6-1914

11

L a palidez del día -levem en te dorada—, el sol de invierno


que hace relucir, com o rocío,
en los troncos curvados, ramas secas.
Un tem blor, frío leve.

Y a desterrado de la antigua patria


de m i creencia, consolado sólo por pensar en los dioses,
trém ulo, m e tem plo
a otro sol que éste.

E l del Partenón y de la Acrópolis,


que alum braba los pasos, graves, lentos,
de Aristóteles que habla.
N o , mejor, Epicuro

que m e habla con su acariciante v o z terrestre


teniendo de este m odo hacia los dioses un a actitud de dios,
viendo la vida, calm o,
a su distancia estricta.
19-6-1914
N ao tenlias nada ñas m áos
n em u m a m e m o ria n a alm a,

que q u an d o te p u serem
ñas m áos o ó b o lo ú ltim o ,

5 ao a b rire m -te as m áos


nada te cairá.

Q u e tr o n o te q u erem dar
q u e A tro p o s to n ao tir e ?

Q u e lo u ro s que n áo fa n em
10 n os arb itrio s de M in o s?

Q u e h oras qu e te náo tornem .


da estatura da som bra

q ue serás q u an d o fores
n a n o ite e ao fim da estrada?

15 G o lh e as flo res mas larga-as,


das m áos m al as olhaste.

S e n ta -te ao sol. A b d ica


e sé r e i de ti p r ó p rio .
19-6-1914

12, a. Náo tenhas nada ñas máos / nenhuma memoria na alma // que quando te
puserem I ñas máos o óbolo último / nada terás deixado / na térra atrás de ti, //
tu serás só tu-próprio / e Minos ou Plutáo // náo poderáo roubar-te / o que
nunca tiveste. II Que trono te querem dar I que Átropos to náo tire? II Que
Coroa que náo fane / no arbitrio de Minos? II Que horas que náo te tornem / da
estatura da sombra // que serás quando fores / o fim da tua estrada? / Colhe as
flores. Abdica / e sé rei de ti-próprio.
N o guardes nada en las manos,
n ingún recuerdo en el alma.

Cuando en ellas te pongan


aquel últim o óbolo,

5 nada podrá caerse


al abrirte las manos.

¿Qué trono darte pueden


que no te quite Atropo?

¿Qué inm arcesible lauro


10 bajo el ju icio de Minos?

¿Qué horas que no te tornen


de estatura de sombra

cuando estés, en la noche,


al final del camino?

15 Coge flores, y tíralas


una v e z las miraste.

Siéntate al sol. Abdica


y sé rey de ti mism o.
19-6-1914

12, a. No guardes nada en las manos / ni un recuerdo en el alma. // Cuando en ellas


te pongan / aquel último óbolo, / nada ya habrás dejado / tras de ti en la tie­
rra. //T ú serás tú tan sólo, / y ni Plutón ni Minos // podrán nunca robarte / lo
que nunca tuviste. II ¿Qué trono darte pueden / que no te quite Atropo? //
¿Qué perenne Corona / en el reino de Minos? / / ¿Qué horas que no te tornen
I de estatura de sombra I la que serás, estando I al fin de tu camino? I I Coge
flores. Abdica / y sé rey de ti mismo.
Sábio é o que se co n ten ta co m o espectáculo do m u n d o ,
e ao b eb er n em record a
qu e já b eb eu na vida,
para q u em tu d o é n ovo
e im arcescível sem pre.

C o r o e m - n o p ám pan os, o u heras, o u rosas volú teis,


ele sabe que a vida
passa p o r ele e tanto
corta á flo r co m o a ele
io de A tro p o s a tesoura.

M as ele sabe fazer que a c o r do v in h o escon d a isto,


que o seu sabor orgíaco
apague o gosto as horas,
com o a urna voz c h o ran d o
i5 o passar das bacantes.

E ele espera, co n ten te quasi e b e b e d o r tra n q u ilo ,


e apenas desejando
n u m desejo m al tid o
qu e a ab om in ável on d a
20 o n ao m o lh e táo c e d o .
1 9 - 6 -1 9 1 4

14

B reve o in v ern ó virá co m sua branca


n u d ez vestir os cam pos.
A s lareiras seráo as nossas pátrias
e os con tos que con tarm os
Sabio quien se contenta con contem plar el m undo
y, al beber, ni recuerda
que bebió ya en la vida,
para quien todo es nuevo
y siempre inm arcesible.

Corónenlo de pámpanos y de hiedras y rosas...


Sabe bien que la vid a
por él pasa, e igual corta
a él y a la flor, aguda,
10 la tijera de Atropo.

Sabe, sí, lo que el vin o en sus tonos esconde,


que en su orgiástico gusto
va apagando las horas,
cual v o z que v a llorando
15 el báquico desfile.

Así espera, contento casi, y bebe tranquilo,


am bicionando apenas
en su tenue deseo
que la ola espantosa
20 no lo arrastre tan pronto.
19-6-1914

14

Breve invierno vendrá con su desnudo


blanco a vestir los campos.
Junto al hogar tendrem os nuestras patrias;
contarem os los cuentos
¡i s entados ao pé do seu calor
un,

valeráo as cancdes
co m que o u tro ra en tre as verdes ervas rijas
d izíam os ao sol
o ave atque vale triste e alegre,
10 solenes e carp in d o .
P o r ora o o u to n o está c o n n o sco ainda.
Se ele nos n áo agrada
a m em o ria do estio cotejem os
com a esp’ran za hiem al.
15 E en tre essas dádivas m em orad as
rio en vales passem os.
17-7-1914

15

C ad a coisa a seu tem p o tem seu tem p o .


N áo flo rescem n o in v ern ó os arvoredos,
n em pela prim avera
tém b ra n co fr ió os cam pos.

A n o i t e , que en tra, náo p e rten ce, L id ia ,


o m esm o a rd o r que o dia n os ped ia.
C o m m ais sossego am em os
a nossa in certa vida.

A lareira, cansados náo da ob ra


mas p o rq u e a h o ra é a h o ra dos cansados,
náo pu xem os a voz
acim a de u m segredo,

e casuais, in terro m p id a s sejam


nossas palavras de rem in iscen cia
abrigados al pie de su calor;
valdrán por las canciones
con que entre los verdes herbazales
decíamos, al sol,
aquel ave at<jue va le, alegre y triste,
m u y solemnes, plañendo.
Pero el otoño aún nos acom paña
y, si no nos agrada,
las m em orias de estío cotejemos
con la invernal promesa.
Así, entre aquellos dones, por el valle
pasemos, com o el río.

15

Cada cosa, a su tiem po, da su tiempo.


N o en invierno florecen los boscajes,
ni h a y en la prim avera
blanco frío en los campos.

A la noche que entra no pertenece, Lidia,


el ardor que aún el día nos pedía.
Am em os, con sosiego,
nuestra vid a insegura.

A l hogar, no de la obra fatigados,


sino por ser la hora del cansancio,
no forcem os la v o z
sobre el secreto.

Sean interrum pidas, casuales


nuestras palabras de rem iniscencia
P o u co a p o u c o o passado reco rd e m o s
e as h istorias contadas n o passado
agora duas vezes
20 historias, que n os falem

das flo res que na nossa in fa n cia ida


co m o u tra con scien cia n ós colhíam os
e sob urna o u tra espécie
de o lh a r lan zad o ao m u n d o .

25 E assim , L id ia , á lareira, co m o estando,


deuses lares, ali na etern id ad e
com o q u em c o m p o e rou pas
o o u tro ra co m p o n h a m o s

nesse desassossego qué o descanso


30 n os traz as vidas q u an d o só pensam os
n a q u ilo que já fo m o s,
e há só n o ite lá fo ra.
3 0 -: -1914,

16

Q u e r o , N eera , que os teus láb ios laves


n a p iscin a tran q u ila
para qu e con tra a tua feb re e a triste
d o r q u e p ó es em viver,
5 sintas a fresca e calm a natureza
da água, e rec o n h e ja s
que n ao tém penas n em desassossegos
Poco a poco el pasado recordem os
y las viejas historias ya contadas
sean, ahora, dos veces
historias que nos hablen

de aquellas flores que en la infancia ida


con distinta conciencia recogíam os,
bajo distinta especie
de m irada hacia el m undo.

Ahí, ju n to al hogar, com o si fuéram os


dioses lares, ahí, en la eternidad,
recosamos, cual ropa,
lo pasado,

en el desasosiego que el descanso


a la vid a nos trae cuando pensamos
en aquello que fuim os
y, afuera, sólo h ay noche.

16

Q uiero, N eera, que tus labios laves


en la calm a piscina
y así, frente a tu fiebre y ese triste
dolor que en v iv ir pones,
el tan fresco y sencillo ser del agua
ahora reconozcas,
porque no tienen penas n i inquietudes
as n in fas das nascentes
n em m ais so lu to s d o que o som da água
10 alegre e n atu ral.

A s nossas dores, n ao, N eera , vém


das causas naturais
datam da alm a e do in fe liz fr u ir
da vida com os h o m en s.
15 A p re n d e p o is, ó a p ren d iza jo v e m
das clássicas delicias,
a n áo p o r m ais tristeza qu e u m sorriso
n o m o d o com o vives.
N asceste pálid a, d eita n d o a água
20 da tua vá beleza
sobre a estólid a fé das nossas m áos
m edrosas de ter gozo
dem asiado preso á d escon fian za
qu e vem de teu saber,
25 n áo para essa vá m n e m ó n ica
do fu tu ro fatal.

Fagamos vividas grin ald as várias


de sol, flores e risos
para ocu lta r o fu n d o fie l á N o ite
30 dos nossos pensam en tos
curvado já em vida sob a id eia
do p lu tó n ic o ju g o
cónscias já da lívida esperanza
d o caos redivivo.
11-7-1914
de las fuentes las ninfas,
ni más llanto que el dulce son del agua,
alegre y natural.

Nuestros dolores no, N eera, vienen


de causas naturales,
nacen del alm a y el infausto goce
del v iv ir con los hom bres.
Aprende pues, ¡oh joven iniciada
en las delicias clásicas!,
a por toda tristeza una sonrisa
darle al m odo en que vives,
que pálida naciste, agua vertiendo
de tu vana belleza
en la estólida fe de nuestras manos,
temerosas de u n goce
en exceso prendido del recelo
que tu saber emana,
no y a de esa m nem ónica vacía
frente al fatal futuro.

Varias trencem os vividas guirnaldas


de sol, flores y risas,
para ocultar así el nocturno fondo
de nuestros pensamientos,
curvado en vid a y a bajo la idea
del plutónico yugo,
conscientes de la lívida llegada
del caos redivivo.
D a nossa sem elh an ja co m os deuses
p o r nosso b em tirem os
ju lg a r m o - n o s deidades exiladas
e p o ssu in d o a V id a
p o r urna a u torid ad e p rim itiva
e coeva de Jove.

A ltiv am e n te d o n o s de n ó s-m esm o s,


usem os a existencia
co m o a vila qu e os deuses n os co n ced em
para esquecer o estio.

N ao de o u tra fo rm a m ais apoq u en tada


n os vale o e s fo rjo usarm os
a existencia ind ecisa e a flu en te
fatal do r io escuro.

G o m ó acim a dos deuses o D estin o


é calm o e inexorável,
acim a de n ó s-m esm o s con stru am os
u m fad o v o lu n tá rio

q ue q u an d o n os o p rim a n ós sejam os
esse que n os o p rim e,
e q u an d o en trem os p ela n o ite d en tro
p o r nosso p é en trem os.
De nuestra sem ejanza con los dioses
por nuestro bien quitemos
suponernos deidades exiliadas,
poseyendo la Vida
por una autoridad originaria
y coeva de Jove.

Altivam ente dueños de nosotros,


la existencia habitem os,
cual villa concedida por los dioses
donde obviar el estío.

N o de m anera m enos decidida


se ha de em plear el esfuerzo
de esa vid a indecisa y afluente
fatal del río oscuro.

Com o sobre los dioses el Destino


es calm o e inexorable,
sobre nosotros mism os construyam os
un hado voluntario,

siendo nosotros, cuando nos oprim a,


ése que nos oprim e,
y, en la noche final, que nuestro sea,
decidido, ese paso.
Só esta lib e rd a d e n os co n ced e m
os deuses: su b m ete rm o -n o s
ao seu d o m in io p o r vo n tad e nossa.
M ais vale assim fazerm os
p o rq u e só na ilusáo da lib erd a d e
a lib e rd a d e existe.

N em o u tro je ito os deuses, sob re q u em


o etern o fad o pesa,
usam para seu calm o e p ossu íd o
co n v en cim en to antigo
de que é divin a e livre a sua vida.

N ó s, im ita n d o os deuses,
táo p o u c o livres com o eles n o O lim p o ,
co m o q u em pela areia
ergue castelos para en ch er os olh os,
ergam os nossa vida
e os deuses saberao agrad e ce r-n o s
o serm os táo com o eles.
L ibertad sólo ésta nos conceden
los dioses: someternos
voluntariam ente a su dom inio.
M ejor así, pues sólo
en su ilusión creyendo realm ente
la libertad existe.

N o otra argucia a los dioses, sobre quienes


el eterno hado pesa,
les confirm a su calm o y pretencioso
viejo convencim iento
de que libre y divina sea su vida.

Im itando a los dioses,


poco libres com o ellos, en su O lim po,
com o quien en la arena
alza castillos por llenar los ojos,
alcemos nuestra vida,
que los dioses sabrán agradecernos
que com o ellos seamos.
A q u í, N eera , lo n ge
de h o m en s e de cidades,
p o r n in g u é m n os to lh e r
o passo, n em vedarem
5 a nossa vista as casas,
p o d em o s c re r-n o s livres.

B em sei, ó flava* qu e in d a
n os to llie a vid a o co rp o ,
e n áo tem os a m ao
10 o n d e tem os a alma;
b em sei que m esm o aqui
se n os gasta esta carne
que os deuses con ced eram
ao estado antes de A v e rn o .

15 Mas a q u i n ao nos p ren d em


m ais coisas do que a vida,
m áos alheias náo tom am
do nosso bra^o, o u passos
h u m a n o s se atravessam
20 p e lo nosso cam in h o .

N áo n o s sen tim os presos


senáo co m pen sar nisso,
p o r isso náo pensem os
e d e ix e m o -n o s crer
25 n a in teira lib erd a d e
que é a ilusáo que agora
n os to rn a iguais dos deuses.
2-8-1914
Aquí, N eera, lejos
de hom bres y ciudades,
donde nadie im pida
nuestro paso, o cierren
la vista las casas,
nos creerem os libres.

Bien sé, flava, que el propio


cuerpo lastra la vida,
que no aspira la m ano
a lo m ism o que el alma,
y sé bien que aquí mism o
se nos gasta esta carne
que a este estado los dioses
dieron, antes que a Averno.

Mas aquí no más cosas


que la vid a nos prenden,
m ano ajena no tom a
nuestro brazo, ni el paso
de otros hom bres se cru za
frente a nuestro cam ino.

Presos no nos sentimos


sino al pensar en ello.
Mejor, pues, no pensarlo
y dejar que soñemos
la libertad más plena,
que es la ilusión que ahora
ser nos hace cual dioses.
D a lám pada n o ctu rn a
a cham a estrem ece
e o q uarto alto o n d eia.

O s deuses con ced em


5 aos seus calm os crentes
que n u n c a lhes trem a
a cham a da vida
p e rtu rb a n d o o aspecto
do que está em roda,
10 mas firm e e esguiada
co m o p reciosa
e antiga ped ra,
gu ard e a sua calm a
b eleza co n tin u a .
2-8-1914

21

V ó s que, crentes em C risto s e M arías


turvais da m in h a fo n te as claras águas
só para m e dizerdes
que há águas de o u tra espécie

5 b a n h a n d o p rados com m elh ores h o ra s,—


dessas outras regióes p ra que fa la r-m e
se estas águas e prado s
sao de aqu i e m e bastam ?

Esta realid ad e os deuses deram


10 e para b e m real a deram externa.
De la nocturna lám para
el p rim er cuarto ondea
y estremece su llama.

Pues los dioses conceden


5 a sus calm os creyentes
que para ellos no tiemble
de la vid a la llam a
perturbando el aspecto
de lo que ahí los rodea,
10 sino que, esbelta y firm e
com o piedra preciosa
y aun antigua, su calm a
se conserve, y m antenga
su belleza continua.
2-8-191+

21

Los creyentes en Cristos y M arías


que turbáis de m i fuente el agua clara
sólo para decirm e
que aguas h ay de otra especie

5 bañando prados a m ejores h o ra s-,


de esas otras regiones ¿por qué hablarm e
si estas aguas y prados
son de aquí y m e bastan?

Si esta realidad los dioses dieron


10 y para bien la hicieron ser externa,
Q u e serao os m eus son h os
m ais que a ob ra d os deuses?

D e ix a i-m e a R ealid ad e do m o m en to
e os m eus deuses tran q u ilo s e im ed iatos
q u e n áo m o ram n o In certo
mas n os cam pos e rio s.

D e ix a i-m e a vid a ir -s e pagám en te


acom p an h ad a pías avenas ténues
co m que os ju n c o s das m argens
se confessam de Pá.

V iv e i n o s vossos son hos e d eix a i-m e


o altar im o rta l o n d e é m eu cu lto
e a visível p rese n ta
dos m eus p ró x im o s deuses.

In ú teis p ro co s do m e lh o r q u e a vida,
deixai a vid a aos crentes m ais antigos
q u e a C risto e a sua cruz
e M aria ch o ra n d o .

C eres, d o n a dos cam pos, m e con solé


e A p o lo e V é n u s, e U ra n o antigo
e os trovoes, co m o interesse
de ire m da m áo de Jove.

22

N este d ia em que os cam pos sáó de A p o lo


verd e c o lo n ia d om in ad a a o u ro ,
¿qué podrán ser mis sueños
sino obra de los dioses?

Dejadm e lo Real de este m om ento


y m is dioses tranquilos e inm ediatos
que en lo Incierto no m oran
sino en campos y ríos.

Dejad ir m i-vivir paganam ente


acompañado por las flautas tenues
con que acuáticos juncos
se confiesan de Pan.

Vuestros sueños viv id y, a m í, dejadme


el altar inm ortal para m i culto,
y la presencia nítida
de m is dioses cercanos.

Buscando inútilm ente algo más grande


que la vida, ¡dejadla a los antiguos
creyentes!, no del Cristo
y M aría que'llora.

De campos dueña, Ceres m e consuele,


y Apolo y Venus y él Urano antiguo,
y los truenos que vienen
de la m ano de Jove.

22

Hoy, cuando los campos son de Apolo


verde colonia de oro dom inada,
N ao tu rb u le n ta , mas co m os seus ritm os
que a nossa sen safáo co m o urna n in fa
a co m p a n h e em cadencias suas a
d iscip lin a da d a n fa ...

A o fim do dia q u an d o os cam pos fo re m


im p é rio con q u istad o pelas som bras
com o u m a legiao qu e segue m archa
ab d iq u em os do dia,

e n a nossa m em o ria co lo q u em o s,
co m u m deus n ovo du m a n ova térra
tr a z id o , o qu e fic o u em n ó s da calm a
d o dia passageiro.

23

A q u i, sem o u tro A p o lo do que A p o lo ,


sem u m su sp iro ab an d o n em o s C risto
e a feb re de b u scarm os
u m deus dos d u alism os.

E lo n g e da crista sensualidade
que a casta calm a da b eleza antiga
nos restitua o antigo
sen tim en to da vida.
N o turbulenta, sino con sus ritm os,
nuestra sensación com o un a ninfa
acompañe e im pulse, en sus cadencias,
el rig o r de la d a n za ...

Al fin del día, cuando el cam po sea


un im perio ganado por las sombras,
tal com o un a legión sigue avanzando
abdiquemos del día

y en nuestra m em oria coloquemos,


com o un dios nuevo de un a nueva tierra
traído, lo que quede aún de calm a
del día pasajero.

23

Aquí, sin otro Apolo ya que Apolo,


a Cristo abandonemos sin suspiros
ni esa fiebre que busca
u n dios de dualismos.

Lejos de la sensualidad cristiana,


la casta paz de la belleza antigua
nos restituya el viejo
sentim iento de vida.
N ao co m o ante d on zela o u m u lh e r viva
co m c alo r na b eleza h u m a n a délas
devem os dar os olh os
á b eleza im o rtal.

E tern a m en te lo n g e ela se m ostra


e calm a e para os calm os a d orarem
n ao de o u tro m o d o é ela
im o rta l co m o os deuses.

Q u e n u n c a a alegria tran sito ria


n em a paixáo que busca — p o rq u e exige
devem os o lh a r de néscios
olh os para a beleza.

G o m o q u em vé u m D eu s e n u n ca ousa
a m á -lo m ais que com o a u m D eu s se ama
d ian te da beleza
fa^ am o-n os sob rio s.

Para o u tra cousa nao a dao os deuses


á nossa feb re h u m an a e vil da vida,
p o r isso a con tem p lem o s
n u m claro esq u ecim en to.

E de tu d o tirem os a b eleza
co m o a p rese n ta altiva e en co b erta
dos deuses, e o sen tid o
calm o e im o rta l da v id a ...
N o com o ante doncella o m u jer viva,
mas con calor en su belleza hum ana,
la belleza m irem os
inm ortal, fijamente.

Eternam ente lejos se nos m uestra,


calma, y para los calmos que la adoren,
no de otro m odo es ella
inm ortal cual los dioses.

Que jam ás la alegría pasajera


ni la pasión que busca -p o rq u e exige—
m irar hemos con necios
ojos a la belleza.

Com o quien un dios ve y nunca osa


am arlo más que com o a un dios se ama
para con la belleza
seamos sobrios.

Para otra cosa no nos dan los dioses


esta hum ana y v il fiebre de la vida;
así pues, contem plém osla
desde un claro olvido

y de todo tom em os la belleza


com o presencia altiva y encubierta
de dioses, y el sentido
inm ortal de la vida.
Passando a vida em ver passar a de ou tros,
b o to e s de flo r de u m e s fo r jo n u n c a aberto
n a antiga sem elh an ja co m os deuses
q u e andam n os cam pos
5 a en sin a r aos que as Parcas n ao ig n o ra m
co m o a vida se deve usar, e com o
há o u tro u so qu e agrícola dos cam pos
e o u tro das fon tes
que b e b e r délas na h o ra da sede.
10 Passando assim a vida, d estru in d o
o que fiam o s o n te m [ ...] ,
P en élop es tristes.
11-8-1914

26

E m G eres an oitece.
N os p ín ca ro s ainda
faz luz.

S in to -m e táo grand e
nesta h o ra solene

que, assim co m o há deuses


dos cam pos, das flores
das searas,

agora eu q uisera
que u m deus existisse
de m im .
Pasa la vid a en ve r pasar la de otros,
capullos de un esfuerzo nunca abierto,
en sem ejanza antigua con los dioses
que andan por los campos
enseñando al que no ignora la Parca
cóm o debe la vid a usar, y cóm o
otro uso h a y que agrícola del campo,
y otro de las fuentes
que beber a la hora de la sed.
Pasa así pues la vida, destruyendo
lo que ayer se tejió,
tristes Penélopes.

26

E n Ceres anochece.
Sobre las cum bres hay
lu z todavía.

Y tan grande m e siento


en esta hora tan solemne
y vana

que, así com o h a y dioses


de las eras, las flores
y los campos,

yo ahora quisiera
que un dios existiese,
sí, de m í.
A n tes de n ós n os m esm os arvored os
passou o ve n to , q u an d o havia ven to,
e as folhas n ao falavam
de o u tro m o d o d o q u e h o jé .

Passamos e a g ita m o -n o s d eb ald e.


N ao fazem os m ais r u id o n o que existe
do que as folh as das árvores
o u os passos do ven to.

T en tem o s p o is com a b a n d o n o assíduo


en tregar n osso esfo rzó á N atu reza
e n áo q u ere r m ais vida
que a das árvores verdes.

In ú tilm e n te p arecem os grandes.


Salvo n ó s nada p e lo m u n d o fo ra
n os saúda a grand eza
n e m sem q u ere r n os serve.

Se aq u i, á b e irá -m a r, o m eu in d ic io
n a areia o m ar com on d as tres o apaga,
q u e fará n a alta p raia
em que o m ar é o T e m p o ?

28

A n jo s o u deuses, sem p re n ó s tivem os


a visáo p ertu rb ad a de q u e acim a
Antes y po r las mismas arboledas
que nosotros el viento, si había viento,
pasó, m ientras las hojas
hablaban com o ahora.

5 Agitados pasamos, sin sentido,


sin hacer más ruido en lo que existe
que el que hacen las hojas
o los pasos del viento.

Tratem os pues con abandono asiduo


10 de a la N atu ra darle nuestro esfuerzo,
no queriendo más vid a
que la del verde árbol.

Inútilm ente parecem os grandes.


Salvo nosotros nada aquí, en el m undo,
15 canta nuestra grandeza
ni sin querer nos sirve.

Si aquí, en la orilla de este mar, m i huella


en la arena del m ar borran tres olas,
¿qué hará en la alta playa
20 donde el m ar es el Tiem po?
8-10-1914

28

Siempre tuvim os, ángeles o dioses,


la confusa visión de que, forzándonos,
de n ós e c o m p e lin d o -n o s
agem outras presen tas.

G o m o acim a dos gados qu e há n os cam pos


o nosso e sfo rfo , que eles n ao c o m p reen d em ,
os coage e ob riga
e eles n ao n os p erceb em ,

nossa vo n tad e e o nosso p en sam en to


sao as m áos pelas quais o u tro s n os gu iam
para o n d e eles q u erem
e n ós n ao desejam os.
16 - 10-1914

29

A c im a da verdade estáo os deuses


a nossa cien cia é urna falhada copia
da certeza com que eles
sabem que há o U n iv erso .

T u d o é tu d o , e m ais alto estáo os deuses


n ao p e rten ce á cien cia c o n h e c é -lo s,
mas ad o ra r devem os
seus vultos co m o ás flores,

p o rq u e visíveis á nossa alta vista,


sao tao reais co m o reais as flores
e n o seu calm o O lim p o
sao o u tra N atureza.
1 6 - 1 0 - 1914 .
sobre nosotros obran
invisibles presencias.

Com o sobre el ganado por los campos,


nuestro esfuerzo, que ellos no com prenden,
tam bién a ellos los fuerza,
aunque no nos perciben,

nuestra volu ntad y pensam iento


son esas m anos con las que nos guían
hacia donde desean,
sin nosotros quererlo.

29

Sobre la verdad están los dioses,


pues nuestra ciencia es fallida copia
de la certeza con que
saben que h ay Universo.

Todo es todo y, más alto, están los dioses,


de la ciencia no es cosa el conocerlos,
sino adorar debemos,
com o flores, sus rostros,

porque, visibles a nuestra alta vista,


son tan reales com o son las flores,
otra N atura, allá,
en su calm o Olim po.
T ir e m - m e os deuses
em seu a rb itrio
su p e rio r e u rd id o as escondidas
a m or, g lo ria e riq u eza.

5 T ir e m , mas d eix em -m e,
d eix em -m e apenas
a co n scien cia lú cid a e solen e
das coisas e dos seres.

P o u co m e im p o rta
10 am o r o u glo ria .
A riq u eza é u m m etal, a g lo ria é u m eco
e o am o r urna som bra.

Mas a concisa
atengao dada
15 as form as e as m aneiras dos ob jectos
tem abrigo seguro.

Seus fu n d a m en to s
sao to d o o m u n d o ,
seu a m o r é o p lá cid o u n iverso,
20 sua riq u eza a vida.

A sua g lo ria
é a suprem a
certeza da solen e e clara posse
das form as dos ob jectos.

25 O resto passa,
e tem e a m o rte.
M e retiren los dioses,
en su arbitrio
superior, sí, y urdido ocultam ente,
amor, gloria y riqueza.

Q uítenm elo, mas déjenme,


sí, apenas,
una conciencia lúcida y solemne
de las cosas y seres.

Poco m e im porta, sí,


am or o gloria.
L a riqueza, un m etal, la gloria, u n eco,
y el amor, una sombra.

Pero una concisa


atención puesta
en las form as y m odos del objeto
tiene abrigo seguro.

Sus fundam entos son


el m undo todo,
com o su am or el plácido universo,
su riq u eza la vida.

Su gloria es
la suprem a
certeza de poseer, clara y solemne,
las form as del objeto.

E l resto pasa
y a la m uerte teme.
Só n ad a tem e o u sofre a visáo clara
e in ú til d o U n iv erso .

Essa a si basta,
n ad a deseja
salvo o o rg u lh o de ver sem p re claro
até deixar de ver.

31

B ocas roxas de v in h o ,
testas brancas sob rosas,
ñus, b ra n co s antebrazos
deixados sob re a mesa:

tal seja, L id ia , o q u ad ro
em que fiq u em o s, m u d os,
etern am en te in scritos
na co n scien cia dos deuses.

A n te s isto que a vida


co m o os h o m en s a vivem ,
cheia da n egra p o eirá
que ergu em das estradas.

Só os deuses so co rre m
co m seu exem plo aqueles
que n ad a m ais p reten d e m
q u e ir n o r io das coisas.
Sólo un a clara e inútil nada teme
visión del Universo.

E lla se basta a sí,


nada desea
salvo el orgullo de v e r siempre claro
hasta dejar de ver.

31

Bocas rojas de vino,


blancas bajo las rosas
frentes, brazos desnudos,
blancos, sobre la mesa:

tal sea, L id ia, el cuadro


en que, m udos, quedemos
en la conciencia, eternos,
de los dioses, inscritos.

M ucho m ejor es esto


que la vid a que viven
los hom bres, entre el negro
polvo que alza el cam ino.

Solo au xilian los dioses


con su ejemplo a los pocos
que sólo a ir con el río
de las cosas aspiran.
O s JO G A D O R ES DE XADREZ

O u v i d izer que o u tro ra , q u an d o a Pérsia


tin h a n ao sei q u al gu erra,
q u an d o a invasáo ardia n a G id ad e
e as m u lh eres gritavam ,
5 d ois jo g a d o res de xadrez jogavam
o seu jo g o co n tin u o .

A som b ra de am pia árvore fitavam


o ta b u le iro antigo,
e, ao lad o de cada u m , esp eran d o os seus
10 m om en to s m ais folgad os,
q u an d o havia m ovid o a p ed ra , e agora
esperava o adversário,
u m p ú ca ro com v in h o refrescava
sob ria m en te a sua sede.

ig A r d ia m casas, saqueadas eram


as arcas e as paredes,
violadas, as m u lheres eram postas
c o n tra os m u ros caídos,
trespassadas de langas, as crianzas
20 eram sangue ñas rú a s...
M as o n d e estavam, p e rto da cidade,
e lo n g e d o seu r u id o ,
os jo g a d o res de xadrez jogavam
o jo g o do xadrez.

25 In d a que ñas m ensagens do erm o vento


lhes viessem os gritos,
e, ao re fle c tir, soubessem desde a alm a
L O S JU G A D O R E S D E A J E D R E Z

He oído que antaño, cuando en Persia


no sé qué gu erra había
y en la Ciudad ardía la invasión,
m ientras que gritaban las m ujeres
5 dos jugadores de ajedrez jugaban
sin descanso a su juego.

A la som bra de u n árbol, observaban


el antiguo tablero,
y allí, a cada lado, aprovechando
10 los m om entos de pausa,
cuando cada uno, tras m over su pieza
esperaba el contrario m ovim iento,
con un jarro de vin o refrescaba
su sed, mas sobriamente.

15 Ardían casas, saqueadas eran


sus paredes y arcones,
violadas eran las mujeres, puestas
contra m uros caídos,
m ientras los niños, m uertos a lanzazos,
20 eran sangre en las calles...
M as donde estaban, cerca de la villa,
no de su ruido,
los jugadores de ajedrez seguían
jugando su juego.

25 Aunque en las nuevas que traía el viento


oyeran los gritos,
y, al reflexionar, fueran conscientes
que p o r certo as m ulh eres
e as tenras fillias violadas eraxn
nessa v itó ria p róxim a,
in d a q ue, n o m o m en to que o pensavam ,
urna som b ra ligeira
lhes passasse n a fr o n te alheada e vaga,
breve seus olh os calm os
volviam sua atenta c o n fia n za
ao ta b u le iro v e lh o .

Q u a n d o o r e i de m a rfim está em p e rig o ,


que im p o rta a carne e o osso
das irm ás e das maes e das crianzas?
Q u a n d o a to rre nao cob re
a retirad a da rain h a alta,
p o u c o im p o rta a v itória.
E q u an d o a m áo co n fia d a leva o xeque
ao r e i d o adversário,
p o u c o pesa na alm a que lá lo n g e
estejam m o rre n d o filh o s.

M esm o que, de rep en te, sobre o m u ro


surja a sanhuda face
d u m g u e rre iro invasor, e breve deva
em sangue a li cair
o jo g a d o r solen e de xadrez,
o m o m en to antes desse
é ain d a en tregu e ao jo g o p red ilecto
dos grandes i n d i f rentes.

G aiam cidades, so fra m p o v o s, cesse


a lib e rd a d e e a vida,
os haveres tran q u ilo s e avitos
ard em e que se arran q u em ,
mas q u an d o a g u erra os jo g o s in terro m p a ,
de que las m ujeres y las tiernas
hijas eran violadas
con la victoria próxim a,
y tam bién aunque, m ientras lo pensaban,
un a som bra ligera recorriera
su enajenada y vaga frente,
nuevam ente sus ojos, encalmados,
volvían, con confianza su atención
a aquel viejo tablero.

Cuando el rey m arfileño está en peligro,


¿qué im portan carne y huesos
de las herm anas, los hijos y las madres?
Si la torre no cubre
la alta retirada de la reina,
la victoria carece de im portancia.
Si la m ano, confiada, le hace jaque
al enem igo rey, bien poco pesa
en el alm a que, lejos del tablero,
se asesine a los hijos.

Aunque de repente, sobre el m uro


surja el sañudo rostro
de un guerrero invasor, y pronto vaya a
caer, m anando sangre,
el tranquilo y solemne ajedrecista,
aún, en su últim o instante,
vive entregado al predilecto juego,
con plena indiferencia.

Caigan ciudades, sufran pueblos, cesen


libertades y vidas,
los tranquilos haberes, lo heredado
se destruyan, se abrasen,
mas, si la gu erra el juego interrum piera,
6o esteja o rei sem xeque,
e o de m a rfim peáo m ais avanzado
p r o n to a c o m p rar a to rre .

M eus irm aos em a m a r n o s E p icu ro


e o en ten d erm o s m ais
65 de a co rd o co m n ó s -p r ó p r io s que co m ele,
aprend am os n a h isto ria
dos calm os jo g a d o res de xadrez
co m o passar a vida.

T u d o o qu e é sério p o u co n os im p o rte ,
70 o grave p o u co pese,
o n atu ra l im p u lso dos in stin to s
que ceda ao in ú til gozo
(sob a som b ra tran q u ila d o arvored o)
de jo g a r u m b o m jo g o .

75 O que levam os desta vid a in ú til


tanto vale se é
a glo ria , a fam a, o a m o r, a cien cia, a vida,
com o se fosse apenas
a m em o ria de u m jo g o b em jo g a d o
80 e urna p a rtid a ganha
a u m jo g a d o r m e lh o r.

A g lo ria pesa co m o u m fa rd o rico ,


a fam a co m o a feb re,
o a m o r cansa, p o rq u e é a sério e busca,
85 a c ien cia n u n ca en co n tra ,
e a vid a passa e d ó i p o rq u e o c o n h e c e ...
O jo g o do xadrez
p re n d e a alm a tod a, mas, p e rd id o , p o u co
pesa, p o is n ao é nada.
60 libre esté el rey de jaque,
y el blanco peón más avanzado
se encuentre a punto de tom ar la torre.

¡Oh, herm anos que amamos a Epicuro,


y que aun lo entendemos
65 más que en sí m ism o com o nos conviene!,
de la historia y la calm a
de esos ajedrecistas aprendamos
cóm o pasar la vida.

Todo aquello que es serio poco im porte,


70 poco pese lo grave,
el natural im pulso del instinto
ceda al inútil gozo
(a la tranquila som bra del sotillo)
de ju gar u n buen juego.

75 L o que llevam os de esta vid a inútil,


tanto vale si es gloria,
fam a, amor, ciencia o vida,
com o si fuera apenas
la m em oria de u n juego bien jugado,
80 la partida ganada
a u n ju gad or más hábil.

Pesa la gloria com o u n grueso fardo,


com o fiebre la fama;
cansa el amor, porque v a en serio, y busca;
85 nunca encuentra la ciencia;
pasa y duele la vida, pues conoce...
E l ajedrez es juego
que ocupa toda el alm a mas, perdido,
pesa poco, no es nada.
go A h , sob as som bras que sem q u ’re r n o s am am ,
co m u m p ú ca ro de vin h o
ao lad o , e atentos só á in ú til fain a
do j o g ° do xadrez,
m esm o qu e o jo g o seja apenas son h o
95 e n ao haja p a rce iro ,
im item o s os persas desta h isto ria,
e, en q u a n to lá p o r fora,
o u p e rto o u lo n g e , a gu erra e a pátria e a vida
cham am p o r n ós, deixem os
100 que em vao n os cham em , cada u m de nós
sob as som bras amigas
so n h a n d o , ele os p arceiros, e o xadrez
a sua in d ife ren ga .
1-6-1916

33

P re firo rosas, m eu a m or, á pátria,


e antes m agn olias am o
que a g lo ria e a virtu d e.

L o g o que a vida m e n ao canse, deixo


5 que a vid a p o r m im passe
lo g o qu e eu fiq u e o m esm o .

Q u e im p o rta áquele a q u em já nada im p o rta


q u e u m perca e o u tro venga,
se a au ro ra raia sem pre,

10 se cada an o co m a prim avera


aparecem as folhas
e com o o u to n o cessam ?
Bajo las que nos am an, sin quererlo,
sombras, ¡ah!, con un jarro
de vin o, y sólo atentos al inútil
ejercicio del juego,
aunque el juego no sea sino sueño
y no exista adversario,
im item os los persas de esta historia.
Y así, m ientras, afuera
o cerca o lejos gu erra y patria y vid a
nos reclam an, dejemos
que nos llam en en vano, cada uno
bajo sombras amigas, y soñando,
uno sus com pañeros, y el tablero
del ajedrez en su indiferencia.

??

Rosas prefiero, amor, que no la patria


y antes m agnolias amo
que no gloria y virtudes.

Porque la vid a no m e canse, dejo


que ella, sí, por m í pase,
y que y o siga, el mism o.

¿Qué im porta a aquel a quien y a nada im porta


que uno pierda, otro gane,
si aún apunta la aurora,

si cada año, con la prim avera,


aparecen las hojas
que caerán en otoño?
E o resto, as outras coisas qu e os h u m an o s
acrescentam á v id a ,
que m e au m en tam na alm a?

N ada, salvo o desejo de i n d i f r e n fa


e a c o n fia n za m o le
n a h o ra fugitiva.

34

Felizes, cu jos co rp o s sob as árvores


ja ze m n a h ú m id a térra,
q ue n u n c a m ais sofrem o sol, o u sabem
das d o en fa s da lú a.

V erta E o lo a caverna in teira sobre


o o rb e esfarrapado,
erga N e p tu n o , em cheias m áos, ao alto
as on d as esp u m an d o,

tu d o lh e é nada, e o p r ó p r io p e g u reiro
q u e passa, fin d a a tarde,
sob a árvore o n d e ja z q u em fo i a som b ra
im p e rfeita de u m deus,

n ao sabe que os seus passos vao colean d o


o que p o d ia ser,
se a vid a fosse sem p re a vida, a glo ria
de urna in m o rta l saudade.
Y las restantes cosas que los hom bres
a la vid a le añaden,
15 ¿en qué aum entan m i alma?

N ad a salvo aum entar m i indiferencia,


y la m uelle confianza
en la hora que huye.
1-6-1916

34

Felices cuyos cuerpos, bajo u n árbol,


en la húm eda tierra
yacen, sin sufrir y a nunca el sol
ni de la luna el hado.

5 ¡Ya la entera caverna vierta E olo


sobre el orbe harapiento,
yerga en alto N eptuno, a m anos llenas,
espum ando sus olas!

Todo le es nada, y hasta el pastorcillo


10 que pasa, anocheciendo,
bajo el árbol que cubre al que la som bra
fue im perfecta de u n dios,

no percibe vibrar, bajo sus pasos,


lo que pudo haber sido
15 siendo vid a la vida, la alta gloria
de un a inm ortal nostalgia.
1-6-1916
S egue o teu d estin o,
rega as tuas plantas,
am a as tuas rosas.
O resto é a som b ra
5 de árvores alheias.

A realidade
sem p re é m ais o u m en os
do que n ós q u erem os.
S ó n ós som os sem pre
10 iguais a n ó s -p r ó p r io s .

Suave é viver só.


G ra n d e e n o b re é sem pre
viver sim plesm en te.
D eixa a d o r ñas aras
ig com o ex -vo to aos deuses.

V e de lo n g e a vida.
N u n c a a in terro g u es.
E la nada p o d e
d iz e r-te . A r e s p o s ta
20 está além dos deuses.

M as seren am ente
im ita o O lim p o
n o teu coragáo.
O s deuses sao deuses
25 p o rq u e n ao se pensam .
1-7-1916
Sigue el destino,
riega tus plantas,
am a tus rosas.
De árbol ajeno
5 el resto es sombra.

L o real es siempre
o más o menos
de lo que ansiamos.
Sólo nosotros
10 iguales somos.

G rande y suave
es v iv ir sólo.
V ivir y basta.
Q ue el dolor sea
15 al fin tu ofrenda

para los dioses.


M ira la vida,
no la interrogues.
N ad a te puede
20 decir, ni nada

dirán los dioses.


Com o el O lim po
tu alm a, serena.
Los dioses sonlo
25 pues no se piensan.
1-7-1916
Feliz a qu ele a q u em a vid a grata
c o n ced e n qu e dos deuses se lem brasse
e visse co m o eles
estas terren as coisas o n d e m ora
5 u m reflexo m o rta l da im o rta l vida.

Feliz, q u e q u an d o a h o ra trib u tária


tra n sp o r seu átrio p o rq u e a Parca corte
o fio fia d o até ao fim ,
gozar p o d e rá o alto p ré m io
10 de errar n o A v e rn o grato abrigo
da convivencia.

M as aquele que q u er C risto an tep o r


aos m ais antigos D euses qu e n o O lim p o
seguiram a S atu rn o —
15 o seu b lasfem o ser aban d o n ad o
n a fria exp ia fá o — até que os D euses
de q u em se esqu eceu deles se reco rd e m —
erra, som b ra in q u ieta , etern am en te,
n em a viúva lh e p o e n a b oca
20 o ó b o lo a C a r o n te grato,
e sob re o seu co rp o in sep u lto
n ao deita térra o viand an te.
11/12-9-1916
Feliz aquel a quien la vid a grata
concedio acordarse de los dioses
y así v e r com o ellos
estas cosas terrenas donde m ora
5 u n reflejo m ortal de inm ortal vida.

Feliz, que cuando la hora tributaria


su um bral transponga al cortar la Parca
el hilo al fin hilado
g o za r podrá del prem io
10 de errar en el Averno al grato abrigo
de aquella convivencia.

M as quien anteponer quisiera a Cristo


a los dioses antiguos que al Olim po
siguieron a Saturno,
15 ese blasfemo ser, abandonado
a su frío castigo -h a sta el m om ento
que los dioses recuerden al que o lv id a -
yerra, cual som bra inquieta, eternam ente.
N i su viu d a le pone entre los dientes
20 el óbolo a Caronte destinado,
ni a su cuerpo, insepulto,
el viandante da tierra.
11/12-9-1916
D eixa passar o vento
sem lhe p e rg u n tar nada.
S eu sen tid o é apenas
ser o ven to que passa...

C o n se g u í qu e esta h o ra
sacrificasse ao O lim p o .
E escrevi estes versos
p ra qu e os deuses voltassem .
12-9-1916

38

N ao a ti, C risto , o d eio o u te n ao q u ero .


E m ti co m o n os ou tro s cre io deuses m ais velhos.
Só te te n h o p o r n ao m ais n em m en os
d o que eles, mas m ais n o vo apenas.

O d e io - o s sim , e a esses co m calm a aborrego,


que te q u erem acim a dos o u tro s teus iguais deuses.
Q u e r o - te o n d e tu stás, n em m ais alto
n em m ais b aixo que eles, tu apenas.

D eu s triste, p reciso talvez p o rq u e n e n h u m havia


co m o tu , u m a m ais n o pan teáo e n o cu lto,
nada m ais, n em m ais alto n em m ais p u ro
p o rq u e para tu d o havia deuses, m en os tu.

C u ra tu , id ólatra exclusivo de C risto , qu e a vida


é m ú ltip la e tod o s os dias sao d iferen tes dos o u tros,
Deja pasar al viento
sin preguntarle nada.
Su sentido es tan sólo
ser el viento que pasa.

A O lim po consagrada
sacrifico esta hora.
Así escribo, buscando
que los dioses retornen.
12-9-1916

38

N o a ti, Cristo, te odio o no te amo.


E n ti, y en los otros más viejos dioses, creo,
pero te tengo por ni más n i menos
que ellos, sino más joven solamente.

Esos, sí, odio, esos aborrezco


que a ti te am an sobre tus iguales.
Ahí, donde estás, te amo, ni más alto
ni más bajo que ellos, tal com o eres.

Triste dios necesario, que en el culto


10 no había otro cual tú, por eso sólo,
no por ser ni más alto ni más puro.
Salvo tú, para todo había dioses.

Oye, de Cristo idólatra: es la vid a


m últiple, y los días son diversos.
e só sen d o m ú ltip lo s co m o eles
starem os co m a verdade e sós.

38, a. Nao a ti, Cristo, odeio ou menos prezo / que aos outros deuses que te precede-
ram / na memoria dos homens./ Nem mais nem menos és, mas outro deus. // No
Panteáo faltavas. Pois que vieste / no Panteáo o teu lugar ocupa, / mas cuida nao
procures / usurpar o que aos outros é devido. //Teu vulto triste e comovido sobre
/ a stéril dor da humanidade antiga / sim, nova pulcritude / trouxe ao antigo pan­
teao incerto. // Mas que os teus crentes te nao ergam sobre / outros, antigos
deuses que dataram / por filhos de Saturno / de mais perto da orige' igual das
coisas, / / e melhores memorias recolheram / do primitivo caos e da Noite / onde
os deuses nao sao / mais que as estrelas súbditas do Fado. [9-10-1916]

38, b. Nao a ti, mas aos teus, odeio, Cristo. / Tu nao és mais que um deus a mais no
eterno / Panteáo que preside / á nossa vida incerta. // Nem maior nem menor
que os novos deuses, / tua sombría forma dolorida / trouxe algo que faltava / ao
número dos divos. // Por isso reina a par de outros no Olimpo, / ou pela triste
térra se quiseres / vai enxugar o pranto / dos humanos que sofrem. // Nao ven-
ham, porém, stultos teus cultores / em teu nome vedar o eterno culto / das pre­
sentas maiores / e eguales da tua. I I A esses, sim, do ámago eu odeio I do
crente peito, e a esses eu nao sigo, / supersticiosos leigos / na ciencia dos deu­
ses. //A h , aumentai, nao combatendo nunca. / Enriquecei o Olimpo, aos deuses
dando / cada vez maior forga / pío número maior. II Basta os males que o Fado
as Parcas fez / por seu intuito natural fazerem. I Nós homens nos fagamos / uni­
dos pelos deuses. [9-10-1916]
Sólo siendo así m últiples, podrem os
estar solos, al fin, con la verdad.

38, a. No a ti, Cristo, te odio o menos precio / que a los otros precedentes dioses / que
del hombre aún están en la memoria. / Otro dios eres tú, ni más ni menos. // En
el Panteón faltabas. Pues viniste, / en el Panteón tu lugar ocupa, / mas cuida no
procures / usurpar lo que a otros es debido. //Tu triste rostro conmovido, sobre
/ el antiguo y estéril de los hombres / dolor, nueva pureza / trajo al antiguo pan­
teón incierto. // Pero que tus creyentes no te eleven / sobre los otros dioses más
antiguos, / los datados como hijos de Saturno, / más cerca del origen de las
cosas, II que mejores memorias recogieron / del primitivo caos y la Noche /
donde no son los dioses / sino estrellas súbditas del Hado. [9-10-1916]

38, b. No a ti, a los tuyos odio, Cristo. / Tú no eres sino un dios más del eterno / Pan­
teón que esta nuestra / vida incierta preside. // Ni mayor ni menor que otro dios
nuevo, / tu sombría forma dolorida / trajo algo que aún faltaba / en lo divino. II
Reina pues con los otros del Olimpo, / o por la triste tierra, si quisieres, / ve a
enjugar el llanto / de los hombres que sufren. II Pero no vengan tus cultores
necios / en tu nombre a vedar eterno culto / de a la tuya iguales / o mayores
presencias. // A esos, sí, con mis entrañas odio / desde el creyente pecho, y no
los sigo, / legos supersticiosos / del saber de los dioses. II ¡Ah, aum entad, no
combatiendo nunca! / Acreced el Olimpo con más dioses, / dándoles mayor
número / cada vez mayor fuerza. II Basta el mal que hizo el Hado que las Parcas
/ por propio instinto natural hicieran. / Hombre somos, unidos / por los dioses
seamos. [9-10-1916]
S o fr o , L id ia , do m ed o do d estin o.
Q u a lq u e r p e q u e ñ a coisa de o n d e p o d e
b ro ta r urna o rd em nova em m in h a vida,
L id ia , m e aterra.
5 Q u a lq u e r coisa, qu al seja, que tran sfo rm e
m eu p la n o curso de existencia, em b ora
para m elh ores coisas o tran sfo rm e,
p o r tran sfo rm ar
o d e io , e n ao o q u e ro . O s deuses dessem
10 que in in te rru p ta m in h a vida fosse
urna p la n ic ie sem relevos, in d o
até ao fim .
A g lo ria em b o ra eu n u n ca haurisse, o u n u n ca
am o r o u ju sta estim a d essem -m e ou tros,
15 basta que a vida seja só a vida
e que eu a viva.
26-5-1917

39, a. Sofro, Lidia, do medo do destino. / A leve pedra que um momento ergue / as
lisas rodas do meu carro, aterra / meu coragáo. / Tudo quanto me ameace de
mudar-me / para melhor que seja, odeio e fujo. / Deixem-me os deuses minha
vida sempre / sem renovar / meus dias, mas que um passe e outro passe /
ficando eu sempre quasi o mesmo, indo / para a velhice como um dia entra / no
anoitecer.
Sufro, Lidia, de m iedo del destino.
Toda m ínim a cosa donde pueda
orden nuevo brotar, aquí, en m i vida,
Lidia, todo m e aterra.
Cualquier cosa que sea, que transform e
el plano transcurrir de m i existencia
aún para mejor, que la transform e
po r transform ar. N o quiero,
odio ese cam bio. ¡Oh, si los dioses dieran
10 que ininterrupta, sí, m i vid a fuese
com o un a planicie sin alturas,
yendo hasta el fin. L a gloria
no, que nunca a la gloria yo aspirara
ni am or ni justa estim a otros m e dieren.
15 Basta con que m i vid a sólo sea
vida, y que yo la viva.
26-5-1917

39, a. Sufro, Lidia, de miedo del destino. I La leve piedra que un momento eleva / las
lisas ruedas de mi carro, aterra / mi corazón. / Todo cuanto amenace con
mudarme, / aun para mejor, odio y rehúyo. / Dejen los dioses pues mi vida siem­
pre / sin renovarse / mis días, que uno pase y otro pase / siempre yo siendo casi
el mismo, yendo I a la vejez igual que el día empieza / a anochecer.
Sé o d o n o de ti
sem fechares os olh os.

N a d u ra m ao aperta
co m u m tacto apertad o
S o m u n d o exterio r
co n tra a palm a sen tin d o
o u tra coisa que a palm a.
1-8-1918

41

N ao sem le i, mas segu n do ign ota le i


en tre os h o m en s reparte o fad o d istrib u í
o b em e o m al estar
fo rtu n a é glo ria , danos e p erigos.

S B em o u m al, n ao terás o que m ereces.


Q u e r e m os deuses a isto o b rig a r-te .
N em castigo o u p rem io
speres, desprezes, tem as o u precises.

P o rq u e até aos deuses to d a a acgáo é clara


10 e é b o a o u m á, d ign a de h o m e m o u deus,
p o rq u e o fad o nao tem
leis nossas co m que reja a sua lei.

Q u e m é r e i h o je , am anhá scravo cruza


c o m o scravo de h o je qu e am anhá é rei.
15 S em razáo u m caiu,
sem causa n ele o o u tro ascenderá.
H azte dueño de ti
y no cierres los ojos.

Sobre la m ano, abierta,


el tacto acariciando
5 con fu erza el m undo externo,
y sintiendo, en la m ano,
algo que no es la palm a.
1- 8-1918

41

N o sin ley, mas según su ley ignota,


a los hom bres el hado distribuye
el bien y el m al estar,
fortuna y gloria, daños y peligros.

5 Bien o m al, no tendrás lo que mereces.


Q uieren los dioses obligarte a eso.
N i castigo ni prem io
esperes ni desprecies ni requieras.

Para los dioses toda acción es clara,


lo sea buena o m ala, digna de hom bre o dioses,
porque el hado no tiene,
com o nosotros, leyes que lo rijan.

Q uien h o y es rey m añana pasa, esclavo,


jun to al esclavo de h o y que es rey mañana.
15 Sin razó n cayó uno,
tal com o el otro ascenderá sin causa.
N ao em n ós, mas dos deuses n o cap rich o
e ñas som bras p ra além do seu d o m in io
está o que som os, e tem os,
20 a vida e a m o rte do que som os n ós.

Se te apraz m ereceres, qu e te apraza


p o r m ereceres, n ao p o rq u e te o Fado
dé o p ré m io o u a paga
de com constan cia haveres m erecid o .

25 D ú b ia é a vida, in con stan te o qu e a govern a.


O que esperam os n em sem pre acon tece
n em n os falece sem pre,
n em há c o m qu e a alm a urna o u o u tra cousa spere.

T o r n a teu co ra fá o d ign o dos deuses


30 e deixa a vida in certa ser q u em seja.
O qu e te a co n tecer
aceita. O s deuses n u n ca se revoltam .

Ñas m áos inevitáveis do destin o


a ro d a ráp id a soterra h o je
35 q u em o n te m viu o céu
do tra n sito rio alto do seu g iro .
17-11-1918

42

A n te s de ti era a M ae T erra scrava


das trevas súperas que da alm a nascem
e caem sobre o m u n d o
p o rq u e atrás o sol b rilh a .
Pues no en nosotros, sino en el capricho
de los dioses, o bien el de las sombras
más allá de ellos, se halla lo que somos,
lo que son nuestra m uerte y nuestra vida.

Si m erecer te place, que eso sea


sólo por merecer, no porque el hado
paga o prem io te otorgue
por haber m erecido con constancia.

Inconstante es la vid a y su gobierno


y no siempre se da lo que esperamos,
com o no siempre falla,
n i h ay con qué el alm a esto o aquello aguarde.

T u corazón sea digno de los dioses.


Deja a la incierta vid a ser quien sea.
L o que te venga acepta,
porque los dioses nunca son rebeldes.

E n las forzosas manos del destino


la acelerada rueda y a derriba
a quien ayer vio el cielo
desde aquel su alto giro transitorio.

42

Antes de ti era la M adre T ierra esclava


de las tinieblas que del alm a nacen
y caen sobre el m undo
porque, atrás, el sol brilla.
A realid ad e ao m u n d o devolveste
q ue haviam os cristaos fech ad o n a alm a
e as portas reabriste
p o r o n d e a u rora o carro

o u Febo gu ie e os dois irm aos celestes


q u an d o n o extrem o m astro á n o ite luzem ,
m ais valham que u m lu zeiro
na p o n ta de u m pau seco.

R estituiste a T erra á T e rra . E agora


és parte c o rp o ra l da p r ó p ria térra,
o u som b ra [...]
erras ñas som bras frias,

mas ao o u v ir-te os povos co m que auroras


do abism o os ín colas as tristes fron tes
ergu em e sen tem deuses
cam in h ar pelas som bras.

E eis que de nova lu z o abism o se en ch e


e u m céu raía a c o b rir o absorto fu n d o
da fau ce m isteriosa
que traga o m al do m u n d o .

43

U rna após urna as ondas apressadas


en ro la m o seu verde m ovim en to
e ch iam a alva spum a
n o m o re n o das práias.
L a realidad al m undo devolviste
que en el alm a encerraron los cristianos
y las puertas abriste
por donde aurora el carro

o Febo guíen y los dos celestes


gemelos que en el m ástil, por la noche,
lucen más que la llam a
en la punta de un palo.

D evolviste la T ierra, sí, a la Tierra,


siendo ahora una parte de su cuerpo
o som bra
yerras en las sombras frías.

Al oírte los pueblos, ¡con qué auroras


los que el abism o habitan y a sus frentes
alzan, y sienten dioses
cam inar por las sombras!

Así una nueva lu z colm a el abismo


y raya el cielo sobre el fondo absorto
de la incógnita boca
que el m al del m undo traga.

+3

Una tras otra, olas presurosas


van rizan do su verde m ovim iento
y esparcen la alba espuma
en las m orenas playas.
5 U rna após urna as nuvens vagarosas
rasgam o seu r e d o n d o m o v im en to
e o sol aquece o sp ajo
d o ar en tre as nuvens scassas.

In d ife re n te a m im e eu a ela,
10 a n atureza deste dia calm o
fu rta p o u co ao m eu senso
de se esvair o tem p o .

Só urna vaga p en a in co n seq u en te


15 pára u m m o m en to á p o rta da m in h a alm a
e após fita r-m e u m p o u co
passa, a s o r rir de nada.
23-11-1918

44

M an há que raias sem o lh a r a m im ,


sol que luzes sem q u ’re r saber de eu v e r-te ,
é para m im que sois
reais e verd ad eiros;
5 p o rq u e é n a o p o sifa o ao que eu desejo
que sin to real a natureza e a vida.
N o qu e m e nega sin to
q u e existe e eu sou p e q u e ñ o .
E nesta co n scien cia to r n o a gran d e
10 co m o a o n d a, qu e as torm en tas atiraram
ao alto ar, regressa
pesada a u m m ar m ais fu n d o .
23-11-1918
5 Una tras otra, nubes vagarosas
rasgan su redondo m ovim iento
y el sol tem pla el espacio
que se abre entre las nubes.

Indiferente a m í, com o y o a ella,


10 el calm ado transcurso de este día
hurta poco al sentido
del flu ir de m i tiempo.

Sólo una vaga pena inconsecuente


15 se detiene u n m om ento ante la puerta
de m i alma; m e m ira,
pasa y ríe, por nada.
23-11-1918

44

Alba que ahora despuntas sin m irarm e,


sol que, luciendo, ign orar pretendes
que te veo, m e sois
verdaderos, reales.
5 Pues, en oposición a m i deseo,
real siento ser naturaleza y vida.
Siento, en lo que m e niega,
que existe y soy pequeño.
Pero en dicha conciencia m e hago grande
10 cual ola que han lanzado las torm entas
a lo alto, y retorna,
pesada, a un m ar más hondo.
23-11-1918
C e d o vem sem pre, G lo é , o in v e rn ó , e a d o r.
E sem p re p rem a tu ro , in d a que o spere
nosso h á b ito , o esfriar
do desejo que h ou ve.

5 N ao en tard ece qu e n ao m o rra ó dia.


N ao nasce am o r o u fé em n ós qu e nao
m o rra co m isso ao m en os
o n ao am ar o u crer.

T o d o o gesto qu e o n osso c o rp o faz


10 co m o rep o u so a n te rio r contrasta.
N esta m á circu nstan cia
d o tem p o etern os som os.

Sabe m ais da arte com que viva a vida


aquele que, de tao co n tin u a u sá-la,
15 fu rte ao tem p o a vitó ria
das m udanzas depressa,

e en ta rd ecen d o co m o u m dia tró p ic o ,


até ao fim inevitável gu ie
urna igual vida, súbito
20 p re c ip ite n o abism o.
7- 7-I9 I9

46

N o m o m en to em qu e vam os p elos prados


e o nosso am o r é u m te rceiro ali,
Pronto llega el dolor, pronto el invierno
siempre, Cloé, prem aturo, aunque se espere,
por costum bre, el enfriarse
del deseo que hubo.

5 Pues no atardece sin que m uera el día


ni am or o fe en nosotros nacen sin que
m uera con eso, al m enos,
el no am ar o creer.

Que todo gesto que hace nuestro cuerpo


10 con el reposo a él anterior contrasta.
E n el difícil paso
del tiem po, eternos somos.

M ás sabe el arte de v iv ir la vid a


ese que, por usarla sin descanso,
15 h u rta victoria al tiempo
sobre el célebre cambio;

com o u n trópico día atardeciendo,


hasta su fin inevitable guíe
un a igual vid a y, súbito,
20 precipite al abismo.
7-7-1919

46

Cuando vam os paseando p o r los campos


y nuestro am or allí es u n tercero
nesse m o m e n to , em qu e o qu e vem os m esm o
sem o verm o s n a p r ó p ria esséncia en tra
da nossa alm a co m u m —
L id ia , nesse m o m en to

de tao sen tir o am o r n ao sei d iz e r -to ,


antes, se fa lo , só dos p rados falo
e em d u eto com igo
discu rso o a m or.
7-7

47

G u m p re a lei, seja vil o u vil tu sejas.


P ou co p o d e o h o m e m c o n tra a extern a vida.
D eix a haver a inju stiga.
N ao odeies n em creias.

N ao tens m ais re in o do que a p r ó p ria m en te.


Essa, em que és d o n o , grato o Fado e os D euses,
govern a, até á fro n te ira ,
o n d e m o ra a vo n tad e.

A i, ao m en os, só p o r in im ig o s
os grand es deuses e o D estin o ostentas.
N a o há a d u p la d erro ta
da d erro ta e vileza.

A ssim p en só , e esta m ó rb id a ju stiga


c o m que q u erem os in terv ir ñas coisas,
cuando incluso sucede que lo vem os
y, aun sin verlo, en la propia esencia entra
de nuestra alm a com ún,
sí, Lidia, entonces,

de sentir el am or no sé decirlo,
con lo que, si hablo, hablo de los campos,
y, en dueto conm igo,
am or discurre.

+7

Cum ple la ley, sea v il o v il tú seas,


que poco puede el hom bre ante la vida.
Deja estar la injusticia
y n i creas n i odies.

Reino no h a y más que el de la propia mente


donde, con hado y dioses favorables,
dueño serás; gobierna hasta ese lím ite
en que volu ntad m ora.

Por lo m enos ahí com o enemigos


sólo a los dioses y el destino ostentas.
De derrota y vileza
ahí no h a y doble derrota.

Así pienso, y la m órbida justicia


con que querem os gobernar las cosas
exp ilo, com o u m servo
in fie l da am pia m en te.

Se n e m de m im posso ser d o n o , com o


q u ero ser d o n o o u le i do que acontece
o n d e m e a m en te e co rp o
20 n ao sao mais do qu e coisas?

B asta-m e que m e baste, e o resto m ova-se


n a ó rb ita prevista, em que até os deuses
giram , sóis cen tro s servos
de u m m o v im en to im en so .
29 - 1-1921

48

U m verso repete
urna b risa fresca,
o veráo n os cam pos,
e sem gen te ao sol
5 o átrio da alm a.

O u , n o in v ern ó , ao lo n g e
os cim os de neve,
á lareira toadas
dos con tos b erdad os,
10 e u m verso a d iz é -lo .

O s deuses co n ced em
p o u co s m ais prazeres
q ue estes, que sao nada.
M as tam bém co n ced em
15 n ao q u ere r ter o u tro s. 29-1-1921
15 expilo, infiel siervo
de la m ente inmensa.

Si ni de m í puedo ser dueño, ¿cómo


quiero ser dueño o ley de lo que pasa
cuando m ente y cuerpo
20 no son sino cosas?

Que m e baste me basta, el resto m uévase


en la prevista órbita en que giran
hasta los dioses, soles que son centros,
pero siervos, de u n curso inabarcable.
29-1-1921

48

Un verso repite
■una brisa fresca;
en el campo estío
y, al sol y solo,
5 el solar del alma.

O en invierno, lejos,
las nevadas cumbres;
ju n to al lar los cantos
de los viejos cuentos
10 que nos dice el verso.

Pues los dioses pocos


más placeres que éstos,
que son nada, donan;
mas tam bién conceden
15 no querer más cosas.
A m áo invisível do ven to ro§a p o r cim a das ervas.
Q u a n d o se solta, saltam n os intervalos d o verde
p apoulas rubras, am arelos m alm equ eres ju n to s,
e outras pequ eñas flores azuis que se n ao véem lo g o .

N ao ten h o q u em am e, o u vida que queira, o u m orte


[que ro u b e.
P o r m im , co m o pelas ervas u m ven to qu e só as d obra
p ara as deixar voltar á q u ilo que fo ram , passa.
T am b ém para m im u m desejo in ú tilm e n te bafeja
as hastes das inten<jóes, as flo res d o qu e im ag in o ,
e tu d o volta ao que era sem n ad a llie acontecesse.
30-1-1921

50

T o r n a r -te -á s só q u em tu sem pre foste.


O que te os deuses dáo, dáo n o c o m e to .
D e urna só vez o Fado
te dá o fa d o , que és u m .

A p o u co chega p ois o esfo rzó posto


na m ed id a da tua fo r fa nata —
a p o u c o , se n ao foste
para m ais c o n ceb id o .

C o n te n ta -te co m seres q u em n ao podes


deixar de ser. In d a te fica o vasto
Con su m ano invisible ro za el viento las hierbas.
Si se detiene asoman, en m edio de sus verdes intervalos,
amapolas rojizas entre am arillos grupos de m argaritas
y otras flores pequeñas que tardam os en ver.

Y no tengo a quien ame, ni una vid a que quiera ni una m uerte


[que robe.
Por m í, com o en las hierbas ese viento que tan sólo las dobla
para hacerlas vo lver a lo que fueron, ese viento que pasa,
Y para m í un deseo que tam bién alienta inútilm ente
los tallos de las intenciones, las flores de lo que im agino,
hasta que todo vuelve a lo que era, y sin que pase nada.
30-1-1921

50

Sólo te tornarás quien siempre fuiste.


L o que los dioses dan, danlo al com ienzo,
pues de un a v e z el Hado
hado te da: eres uno.

A poco llega aquel esfuerzo puesto


en la m edida de tu fu erza nata:
poco, sí, si no fuiste
para más concebido.

Conténtate con ser el que no puedes


dejar de ser, pues aún te queda el vasto
51

E m vao p r o c u ro o b e m qu e m e n egaram .
A s flo res dos ja rd in s dadas aos ou tro s
co m o h a o -d e m ais que p e rfu m a r de lo n g e
m eu desejo de té -la s?
12-5-1921

53

N ao q u ero a glo ria , qu e co m ig o a tém


H e ró stra to e o p re to r
ser o lh a d o de to d o s — que se eu fosse
só b e lo , m e o lh ariam .

O fausto r e p ú d io , p o rq u e o com p ram .


O a m or, p o rq u e aco n tece.
A m ig o fu i, talvez n ao co n ten te,
p o ré m certo e sem e rro .
12-5-1921

53

P eq u eñ o é o espago que de n ó s separa


o que havem os de ser q u an d o m o rre rm o s.
51

E n vano busco el bien que m e negaron.


Las flores del jard ín dadas a otros
¿cómo harán sino perfum ar, de lejos,
m i anhelo de tenerlas?
12-5-1921

52

G loria no quiero, pues tam bién la tienen


el pretor y Eróstrato,
que son vistos por todos; si y o fuera
bello, m e m irarían.

5 Y o repudio lo fausto, pues lo com pran,


y el amor, pues sucede.
Am igo fui, mas tal v e z no contento,
aunque sin falta, y firm e.
12-5-1921

53

Pequeño espacio es el que nos separa


de lo que hem os de ser cuando m uram os,
N ao co n h ecem o s q u em será en táo
aquele que h o je som os.

5 Só o passado, a ele e n ós com u m ,


será in d ic io de que a nossa alm a
persiste e co m o antiga am a, con ta
h istorias esq u ecid as...

Se pudéssem os p ó r o p en sam en to
10 com esta visáo ad en tro á vida
que havem os de ter n aq u ela h o ra ,
estranhos olharíam os

o que som os, c u id a n d o ver u m o u tro


e o sp afo te m p o ral que h o je habitam os
15 lu z o n d e nossa alm a nasceu
p e rd id a antes de a term os.
31-1-1922

54

C ad a u m cu m p re o d estin o q u e lh e cu m pre,
e deseja o d estin o que deseja;
n e m cu m p re o que deseja,
n em deseja o que cu m p re.

5 C o m o as pedras n a o rla dos can teiros


o Fado n os d ispóe, e ali ficam os;
q u e a S o rte n o s fez postos
o n d e h ou vem os de sé -lo .

N ao ten h am os m e lh o r co n h ecim e n to
10 do que n os co u b e que de que n o s cou b e.
no conociendo a aquel que será entonces
el que somos ahora.

Sólo el pasado nos será com ún,


siendo el indicio de que nuestra alm a
persiste y, com o vieja am a, cuenta
olvidadas h isto ria s...

Si pudiésemos ahora el pensam iento


fijar en la visión de aquella vid a
que habrem os de tener en esa hora
extrañados veríam os

lo que somos, creyendo ve r a otro,


y el espacio de tiem po h o y habitado
cual lu z donde naciera nuestro espíritu,
de antem ano perdido.

54

Cum ple cada uno el hado que le cum ple


y desea el destino que desea;
no cum ple lo deseado
ni desea lo que cum ple.

Piedras form ando el borde de la acera,


nos dispone el Destino, y ahí quedamos,
pues la Suerte nos puso
en donde estar debíamos.

N o tengam os m ejor conocim iento


de lo que cupo que de que nos cupo.
Q u e r o versos qu e sejam co m o jó ia s
para que d u re m n o p o rv ir extenso
e os n ao m acu le á m o rte
que em cada coisa a espreita,
5 versos o n d e se esquece o d u ro e triste
lapso cu rto dos dias e se volve
á antiga lib erd ad e
que talvez n u n ca hou vem os.
A q u i, nestas am igas som bras postas
10 lo n g e , o n d e m en os n os co n h ece a h isto ria
le m b ro os que u rd e m , cu idad os,
seus descuidados versos.
E m ais que a tod o s te le m b ra n d o , screvo
sob o vedado sol, e, te lem b ra n d o ,
15 b e b o , im o rta l H o rá cio ,
su p érflu o , á tu a g lo r ia ...
5-8-1923

56

Q u e r o , da vida, só n ao co n h e c é -la .
Bastam , a q u em o Fado po s n a vida,
as form as sucessórias
da vid a insu bsistente.
55

Q uiero versos que sean com o joyas


para que duren todo lo futuro
sin m ancharlos la m uerte
que acecha en cada cosa,
versos donde se olvide el duro y triste
breve lapso del tiem po, y se regrese
a la libertad antigua,
que q u izá no tuvim os.
E n las amigas sombras, puestas lejos,
donde m enos la H istoria nos conoce,
a los que urden recuerdo
sus descuidados versos.
Así, a ti más que a nadie recordando,
bajo el vedado sol, a ti te escribo;
¡brindo, inm ortal Horacio,
sin derecho, a tu gloria!...

56

D e la vida, no quiero conocerla.


Bastan a quien el Hado ha dado vid a
las sucesivas form as
de vid a insubsistente.
5 P o u co serve pensar que sao etern os
os nossos nadas com qu e na alm a am am os
os ou tro s p o bres nadas
que [...]
G ratos aos deuses, m en os p ela in certa
10 posse do S o n h ad o certo, recolh am o s
a m ercé passageira
de instantes que n ao d u ram .
6-8-1923

57

N ad a m e d izem vossos deuses m o rto s


q ue eu haja de a p ren d e r. O cru cifixo
sem am o r e sem o d io
do m eu [...] aparto.

5 Q u e te n h o eu com as cre n fa s qu e o C risto


curvado o to rso a m im , la tin o , m o rra ?
M ais com o sol m e en ten d o
q ue com essas v e rd a d es...

Q u e o seja m ... D eu s a m im n ao só fo i dado


10 que urna visáo das coisas qu e h á na térra
e urna razáo in certa,
e u m saber que há d eu ses...
6-8-1923
5 Poco sirve pensar que son eternos
nuestros nadas con que en el alm a amamos
a otros pobres nadas
[...]
Siendo a los dioses gratos - n o en la incierta
10 posesión de eso cierto que soñ am os-
recojam os la gracia
del instante que pasa.
6-8-1923

57

N ad a m e dicen vuestros dioses m uertos


que yo deba aprender. E l crucifijo
sin am or y sin odio
de m í aparto.

5 ¿Qué se m e da en las creencias sobre un Cristo


que curvado hacia m í - la t in o - muera?
Más con el sol m e entiendo
que con esas verdades...

Que lo sean... N o sólo u n Dios m e dieron,


10 mas visión de las cosas terrenales
y un a razó n incierta
y el saber de que h a y dioses...
6-8-1923
N ao q u ero as oferen d as
co m que fin g ís, sin ceros,
d a r-m e os d on s qu e m e dais.
D a is-m e o que p e rd e rei,
c h o r a n d o -o , duas vezes,
p o r vosso e m eu , p e rd id o .

A n te s m o p rom etáis
sem m o dardes, que a perd a
será m ais n a sp eran fa
que n a re c o rd a fa o .

N ao te rei m ais desgosto


que o c o n tin u o da vida,
v en d o que com os dias
tarda o qu e spera, e é nada.

59

Vossa fo rm o sa ju v e n tu d e leda,
vossa felicid a d e pensativa,
vosso m o d o de o lh a r a q u em vos olha,
vosso n ao co n h ecer-v o s —

tu d o q u an to vós sois, qu e vos sem elha


á vida u n iversal que vos esquece,
dá carinh.0 de am o r a q u em vos ama
p o r serdes nao lem b ra n d o
N o quiero las ofrendas
con que fingís, sinceros,
otorgar vuestros dones.
Dais lo que he de perder,
po r dos veces, m ío y vuestro,
lo perdido llorando.

Prom etedlo sin darlo,


y que así dicha pérdida
más se dé en la esperanza
que en lo que es m i recuerdo.

N o tendré más disgusto


que el correr de la vida,
viendo que, con los días,
lo que se espera es nada.

59

Vuestra ju ven tu d alegre, herm osa,


vuestra felicidad tan pensativa,
el m odo de m irar a quien os m ira,
vuestro no conoceros,

todo aquello que sois, que os asemeja


a la vid a total, la que os olvida,
da cariño de am or a quien os ama
po r ser, no recordando
quanta igual m o cid ad e a etern a praia
10 de C ro n o s , pai in ju sto da ju stiga,
ondas, q u eb ro u , d eixan d o á só m e m o ria
u m b ra n co som de espum a.
2-9-1923

60

N ao can to a n o ite p o rq u e n o m eu canto


o sol que canto acabará em n o ite.
N ao ig n o ro o qu e e sq u e jo .
C a n to p o r esq u ecé-lo .

5 Pudesse eu su sp en der, in d a que em son h o,


o A p o lín e o cu rso, e c o n h e c e r-m e ,
in d a que lo u c o , gém eo
de urna h o ra im perecível!
2-9-1923

61

N ao q u ero reco rd a r n em c o n h e c e r-m e .


S om os dem ais se olham os em q u em som os.
Ig n o ra r qu e vivem os
c u m p re bastante a vida.

5 T a n to q u an to vivem os, vive a h o ra


em que vivem os, igu alm en te m orta
q u an d o passa co n n o sco ,
que passam os co m ela.
cuánta igu al m ocedad la eterna playa
de Cronos, padre injusto de Justicia,
ondas rom pió, dejando en la m em oria
blanco eco de espuma.

60

N o le canto a la noche, que en m i canto


el sol que canto en noche al fin acaba.
L o que olvido no ignoro.
Canto por olvidarlo.

¡Si detener pudiese, aun en el sueño,


el apolíneo curso, y conocerm e,
aunque loco, gem elo
de un a hora im perecible!

61

N o quiero recordar n i conocerm e,


somos de más si vem os el que somos.
Ignorar que vivim os
cum ple y basta a la vida.

Cuanto vivim os vive aquella hora


en que vivim os, igualm ente m uerta
al pasar con nosotros,
que pasamos con ella.
Se sa b é -lo n ao serve de sa b é -lo
(pois sem p o d e r que vale c o n k e c e rm o s? ),
m e lh o r vid a é a vida
q u e d u ra sem m e d ir-s e .
2 -9 -1 9 2 3

62

A abelha q u e, vo an d o , frem e sobre


a c o lo rid a flo r , e pousa, quasi
sem d ife r e n fa déla
á vista que n ao olha,

5 n ao m u d o u desde G ecro p s. S ó q u em vive


urna vid a co m ser que se co n h ece
en velh ece, d istin to
da espécie de qu e vive.

E la é a m esm a q u e o u tra que n ao ela.


10 Só n ó s — ó tem p o , ó alm a, ó vida, ó m o rte !—
M o rta lm en te com pram o s
te r m ais vid a que a vida.
2 - 9-1923

63

D ia após dia a m esm a vid a é a m esm a.


O q u e d eco rre , L id ia ,
n o que n ó s som os co m o em qu e n ao som os
igu alm en te d ecorre.
C o lh id o , o fru to dep erece; e cai
Si saberlo no sirve de saberlo
(pues, sin poder, sabernos, ¿de qué sirve?)
m ejor vid a es la vid a
que dura sin medirse.

62

L a abeja que, volando, tiem bla sobre


la colorida flor, y que se posa,
sin diferencia en cuanto
a u n m irar que no m ira,

no cam bió desde Cécrope. Q uien vive


una vid a con ser que se conoce
envejece distinto
de la especie en que vive.

E lla es la m ism a que otra que no es ella.


N osotros -a lm a , tiem po, vid a, m u e rte -
m ortalm ente com pram os
v iv ir más que la vida.

63

Igual vida, la m ism a, día tras día.


L o que, Lidia, transcurre
en lo que somos y en lo que no somos
v a corriendo igualm ente.
M uere el fruto, cogido, com o cae
n u n c a sen d o c o lin d o .
Igual é o fa d o , q u er o p ro cu re m o s,
q u er o sperem os. S o rte
h o je, D estin o sem pre, e nesta o u nessa
fo rm a alh eio e inven cível.
2-9-1923

64

P equ eñ a vid a con scien te, sem pre


da rep etid a im agem p ersegu id a
do fim inevitável, a cada h o ra
se n tin d o -se m udada,
e, co m o O r fe u vo lven d o á vin d a esposa
o o lh a r algoz, para o passado ergu en d o
a m em o ria p ra em m ágoas o apagar
n o b áratro da m en te.
22-10-1923

65

D e urna só vez reco lh e


as flores qu e pu d eres.
N ao d ura m ais qu e até á n octe o dia.
G o lh e de que lem b rares.

a. Pequeña vida consciente / a quem outra persegue / a imagem repetida / do


abismo onde perdé-la. [22-10-1923]
siendo nunca cogido.
E l destino es igual, y a lo busquemos
o lo esperemos. Suerte
hoy, y siempre destino, de esta o de esa
10 form a. Ajeno, invencible.
2-9-1923

64

Consciente, breve vida, sin reposo


por repetida im agen perseguida
del fin inevitable, a cada hora
transform ada sintiéndose,
5 com o O rfeo volviendo hacia la esposa
el verdugo m irar, hacia el pasado
la m em oria volviendo, para en llanto,
al pensarlo, extinguirlo.
22-10-1923

65

Recoge, todas juntas,


cuantas flores pudieres.
N o duran más que hasta la noche el día.
Coge de qué acordarte.

64, a. Breve vida consciente / de quien otra persigue, / la repetida imagen / de abismo
de perderla. [22-10-1923]
A v id a é p o u co e cerca -a
a som b ra e o se m -re m é d io .
N ao tem os regras que co m p reen d a m o s,
súb d itos sem go vern o .

G o za este dia com o


se a V id a fosse n ele.
H o m e n s n em deuses fadam , n e m d estinam
S en ao q u em ign o ram o s.
Pues la vid a es bien poco, y la rodea
la sombra, sin rem edio.
Carecem os de norm as comprensibles,
súbditos sin gobierno.

Coge este día com o


si ahí la V ida estuviera.
N i hom bres ni dioses m arcan los destinos
sino a quien ignoram os.
De amore suo

Folha após fo lh a caem ,


C lo é , as folh as todas.
N em antes qu e para elas, para n ós
que sabem os que m o rre m .
5 A ssim , C lo é , assim,
antes que os p r ó p rio s co rp o s, que em pregam os
n o a m or, ele envelhece;
e n ós, diversos, som os, in d a joven s,
u m a m e m o ria m ú tu a.
10 A h , se n ao hem o s que ser m ais qu e este
saber do qu e ora fo m o s,
p o n h a m o s ao am o r haver tod a a vida,
co m o se, fin d o o b e ijo
ú n ic o , sobre n ó s ruísse a súbita
15 m o le do total m u n d o .
27-10-1923

66, a. A folha Insciente, antes que própria morra / para nós morre, Cloe, / para nós,
que sabemos que ela morre, / assim, Cloe, assim / antes que os próprios corpos,
que empregamos / no amor, ela envelhece. / Assim, diversos, somos, inda
jovens, / só a mútua lembranga. / Ah, se o que somos é sempre isto, e apenas /
uma hora é o que somos, / com tal excesso e fúria em cada amplexo / a hausta
vida ponhamos, / que a memoria haja vida; e nos beijemos / como se, findo o
beijo / único, houvesse de ruir a súbita / mole do total mundo. [27-10-1923]
Sobre su amor

Hoja tras hoja, hoja tras hoja, Cloe,


caen todas las hojas,
pero no para ellas, no: nosotros
conocem os que m ueren.
5 Pues así, Cloe, antes
que nuestros cuerpos, que en am or usamos,
el am or envejece,
mas nosotros diversos somos, jóvenes
en la m utua m em oria.
10 ¡Ah!, si no hemos de ser y a más que éste
conocer que hemos sido,
la vid a toda en el am or pongam os,
com o si, tras el beso
único, caiga al fin, sobre nosotros,
15 la gran m ole del m undo.
27-10-1923

66, a. Inconsciente la hoja, antes que muera, / para nosotros antes muere, Cloe, / pues
sabemos que muere, / Cloe, así. / Antes que el propio cuerpo que empleamos /
Cloe, sí, en el amor, ella envejece. / Por ser distintos, somos, aunque jóvenes, /
sólo el mutuo recuerdo. / Ya que aquello que somos sólo es esto, / siendo escasa
una hora, / con exceso y con furia en cada abrazo / agotemos la vida. / Viva
pues la memoria, y sea el beso / como un único beso que, acabando, / de
repente viniera a derrumbarse / la gran mole del mundo. [27-10-1923]
Se em verdade n ao sabes (n em sustentas
que sabes) que há n a vida m ais qu e a vida,
p o rq u e co m tanto esforgo e cu ra tanta,
te afasias de viv é -la ?

5 P o rq u e, sem paraíso qu e apetegas,


am on toas riquezas, n em as gastas,
é p ara teu cadáver qu e am on toas?
G ozas m en os qu e ganhas.

A h , se n ao tens qu e esperes, salvo a m orte,


10 n ao cures m ais que d o p reciso esforgo
para passar in c ó lu m e n a vida
de [...]

S im , gozas. Mas m ais ric o és q u e ditoso


se só para o que perdes gozas,
15 m en os te o esforgo o n eraria,
sem ele.

A h servidao irrep rim ív e l, nada


da vid a h u m a n a subsiste, q u e sabe
que m o rre toda, e gasta-se ñas obras
2o egoísta de u m fu tu ro qu e n ao é seu.

Mas resp o n d es-m e : E os poem as qu e screves


a q u em os dás fu tu r o ? A o b ra obrigas
e o h o m e m só p o r sem ear sem eia
o que o D estin o m anda.
29-10-1923
Si de verdad no sabes (n i sostienes
saber) que h a y en la vid a más que vida,
¿por qué con tanto esfuerzo y tal cuidado
te apartas de vivirla?

¿Por qué, sin paraíso que apetezcas,


am ontonas riquezas que no gastas?
¿Es para tu cadáver que amontonas?
G ozas m enos que ganas.

Si nada has de esperar sino la m uerte


cuídate sólo del preciso esfuerzo
para pasar incólum e la vid a
[...]

Gozas, sí, mas más rico que dichoso,


pues sólo gozas para lo que pierdes.
Carga m enos pesada llevarías
sin haberlo tenido.

¡Ah, servidum bre irreprim ible!, nada


de la vid a subsiste, y aunque el hom bre
sabe que m uere, se desgasta en obras,
un fu tu ro no suyo am bicionando.

M e replicas: los poemas que compones,


¿para quién han de ser? A la obra obligas,
y el hom bre por sem brar tan sólo siem bra
lo que el Destino m anda.
T á o ced o passa tu d o q u an to passa!
M o rre táo jo v e m ante os deuses q uan to
m orre! T u d o é táo p o u co !
N ad a se sabe, tu d o se im agin a.
5 C ir c u n d a - te de rosas, am a, b eb e
e cala. O m ais é nada.
3 - 11-1923

69

N ao in q u iro d o a n ó n im o fu tu ro
q ue serei, p o is que te n h o ,
q u alq u er que seja, que v iv é -lo . T ir o
os o lh o s do v in d o u ro .
5 O d e io o que n ao vejo. Se pudesse,
n u m b áratro v é -lo ,
d eix a ra -o . V iv o a vida
que te n h o , e fech o a p o rta .
4 - 11-1923

70

H o ra a h o ra n ao d u ra a face antiga
dos rep etid o s seres, e h o ra a h ora,
p en sa n d o , en velh ecem os.
T u d o passa ig n o ra d o , e o qu e, sabido,
5 fica sabe que ig n o ra, p o ré m nada
to rn a , cíen te o u n éscio.
Pares, assim, do que n ao som os pares,
Tan pronto pasa todo cuanto pasa!
¡Tan joven m uere ante los dioses cuanto
m uere! ¡Todo es tan poco!
N ad a se sabe, todo se im agina.
5 Rodéate de rosas, am a y bebe.
Calla, sí. E l resto es nada.
3-11-1923

69

N o pregunto al anónim o futuro


qué seré, y a que tengo,
sea quien sea, que vivirlo. Aparto
del fu tu ro los ojos.
5 Odio lo que no veo. Si lo viese,
aun en el infierno, lo dejara.
V ivo sólo m i vida, la que tengo,
ésta, y cierro la puerta.
4—11-1923

70

H ora a hora no dura el rostro antiguo


de los seres, iguales, y, hora a hora,
pensando, envejecemos.
Todo pasa ignorado, y lo sabido
5 que perm anece sabe cuánto ignora;
inconsciente o consciente, nada vuelve.
Pares de aquello a que no somos pares,
71

N ao to rn a atrás a n egregada p ro le
nascida de S atu rn o ,
n em to d o s deuses im p lo rad o s volvem
q u em fo i á lu z que vem os.
5 M o ra m o s, hospedes n a vida, e vam os
p o r f o r ja d espedidos,
á n o ite d o n d e viem os p e rd e r o dia.
16 - 11-1923

72

C o m que vida en ch erei os p o u co s breves


dias q u e m e sao d ados? S erá m in h a
a m in h a vid a o u dada
a o u tro s o u a som bras?

A som b ra de n ós m esm os quantas vezes


in co n scien tes n os sacrificam os,
e u m d estin o cu m p rim o s
n e m n osso n em alheio!

P o ré m nosso destin o é o qu e f o r nosso,


que n o s d eu o acaso, o u , alh eio fado,
a n ó n im o a u m a n ó n im o ,
n o s arrasta a co rren te.
71

N o vuelve atrás la denegrida prole


de Saturno nacida,
ni devuelven los dioses al que antes
vivió a la lu z que vem os.
5 Huéspedes de la vida, aquí avanzam os,
por fu erza hacia esa noche
donde el día venim os a perder.
16-11-1923

72

¿Con qué vid a colm ar los pocos breves


días que m e son dados? ¿Será m ía
esta m i vida, o dada
a otros, o a las sombras?

5 A nuestra propia som bra, ¡cuántas veces


nos sacrificam os, inconscientes,
y u n destino cum plim os
que no es nuestro ni ajeno!

Pero nuestro destino es ése, el nuestro,


10 que el azar otorgó, o ajeno hado:
que, anónim o, a u n anónim o
llevará la corriente.
Ó deuses im ortais, saiba eu ao m en os
aceitar sem q u e ré -lo , so rrid e n te ,
15 o cu rso áspero e d u ro
da strada p e rm itid a .
5 -S -I925

73

N ao perscru tes o a n ó n im o fu tu ro ,
L id ia ; é igu al o fu tu ro p erscru tad o
ao que n ao perscrutarás,
q u em o d eu , o d eu feito .

5 D isfo rm es son hos an tecip am coisas


que seráo p io res que os d isform es son h os.
N o te m o r do fu tu ro
n os fu tu ro s perscru tam os.

Sabe ver só até o h o rizo n te


10 e o dia, m em o ra da flo r h esterna
m ais qu e do m e lh o r fru to
que talvez n ao colham os.
13-6-1925

74

N o ciclo etern o das m udáveis coisas


n ovo in v e rn ó após n ovo o u to n o volve
á d iferen te térra
c o m a m esm a m an eira.
P o ré m a m im n em m e acha d iferen te
¡Oh, dioses inm ortales!, sepa, al m enos,
aceptar sin quererlo, sonriente,
el curso áspero y duro
del forzoso cam ino.

7?

N o escrutes el anónim o futuro,


Lidia, pues es igual el escrutado
que el que no escrutarás.
N os lo dan hecho.

Disform es sueños anticipan cosas


que han de ser peores que el disform e sueño.
D el fu tu ro en el m iedo
nos buscamos, futuros.

M ira no más allá del horizonte,


sí, y del día, la flo r sólo m em ora
exterior, y no el fruto
que tal v e z no cojamos.

74

E n ciclo eterno de m udables cosas


nuevo invierno tras nuevo otoño vuelve
a la tierra, distinta,
con idéntica form a.
Pero, a m í, n i m e encuentra diferente
n em d iferen te d eix a -m e , fech ad o
n a clausura m align a
da ín d o le in d ecisa.
Presa da pálid a fatalidade
10 de n ao m u d a r-m e , m e in fie l ren ovo
aos p ro p ó sito s m u d os
m o ritu ro s e in fin d o s.
24-11-1925

75

N ao só v in h o , mas n ele o olvid o , d eito


n a ta ja: serei led o , p o rq u e a dita
é ign ara. Q u e m , lem b ra n d o
o u p rev en d o , so rrira ?
5 D os b ru to s, n ao a vida, senáo a alm a,
consigam os, p en sa n d o ; reco lh id o s
n o im palpável d estin o
que n ao spera n e m lem b ra .
C o m m áo m o rta l elevo á m o rta l b o ca
10 em frá g il taga o passageiro vin h o ,
b a jo s os olh os feito s
para deixar de ver.
13-6-1926

76

Já sob re a fro n te va se m e acin zen ta


o cábelo d o jo v e m q u e p e r d i.
M eus olh os b rilh a m m en os.
Já n ao tem ju s a b eijo s m in h a boca.
ni distinto m e deja, aprisionado
en el m aligno cierre
de un a form a indecisa.
Presa siendo fatal de un deslucido
no cambiar, infielm ente m e renuevo
entre m udos propósitos
incom pletos, m urientes.

75

Ya no vin o tan sólo, sino olvido


vierto en la copa, alegre, pues la dicha
ignara es. ¿Quién, previendo
o acordándose, ríe?
Del bruto no la vida, sino el alm a
consigam os pensando, recogidos
en destino impalpable
sin espera o recuerdo.
Con m i m ano m ortal llevo a la boca
m ortal, en frágil copa, el pasajero
vin o, y m iro, con ojos
que han de dejar de ver.

76

Y a es ceniciento en la vacía frente


el cabello del joven que he perdido.
B rillan m enos mis ojos,
zu m o no h a y y a de besos en m i boca.
Se m e aín d a am as, p o r a m o r n ao ames:
traíras-m e co m igo .

Q u a n ta tristeza e am argura afoga


em con fu sao a streita vida! Q u a n to
in fo r tú n io m esq u in h o
n os o p rim e suprem o!
5 Feliz o u o b ru to que n os verdes cam pos
pasee, para si m esm o a n ó n im o , e en tra
n a m o rte co m o em casa;
o u o sábio que, p e rd id o
n a cien cia, a fú til vid a austera eleva
10 além da nossa, com o o fu m o que ergue
b raco s que se desfazem
a u m céu in existen te.
14.-6-1926

78

N ao to rn a ao ram o a fo lh a que o d eixou ,


n em co m seu m esm o p é se urna o u tra fo rm a.
O m o m en to , que acaba ao coretejar
este, m o rre u p ’ra sem pre.
5 N ao m e p ro m ete o in c erto e váo fu tu ro
m ais do que esta rep etid a exp erien cia
da m o rta l sorte e a c o n d ijá o p erd id a
das coisas e de m im .
P o r isso, neste r io un iversal
Si aún m e amas, por am or no sea,
pues lo harás traicionándom e.

77

¡Cuánta tristeza y am argura ahoga


en confusión la estrecha vida! ¡Cuánto
infortu nio m ezquino
nos oprim e supremo!
5 Feliz el bruto que en los verdes campos
pace, para sí anónim o, y penetra
com o en casa en la m uerte;
o el sabio que, perdido
en la ciencia, la fútil vid a eleva
10 más allá de la nuestra, com o el hum o,
cuyos brazos se alzan
a u n cielo inexistente.
14-6-1926

78

N o a la ram a tornó la hoja caída


ni otra form a por sí de nuevo vuelve.
E l m om ento que acaba cuando otro
da com ienzo, y a ha m uerto.
5 Vano e incierto fu tu ro no m e anuncia
sino esta experiencia repetida
de la suerte m ortal, y la perdida
condición m ía y de todo.
E n este río universal en donde
io de q u e sou, n ao urna o n d a, senao on das,
d e c o rro in e rte, sem p e d id o , n em
deuses a q u em o fa ja .

79

N e m va sp eran ja n em , nao m en o s va,


desesperanza, L id ia , n os govern a
a con su m an d a vida;
S ó spera o u desespera q u em co n h ece
5 que h á -d e sperar. N ó s, n o lab en to curso
do ser, só ign oram o s.
N e m p o r p razer as rosas d esfolh am os
mas co m o q u em n ao pensa, e, desatento,
folK a a fo lh a , fen ece.
28-9-1926

80

G re r é erra r. N ao crer de nada serve.


28-9-1926

8l

F ru tos, d a o -o s as árvores q u e vivem ,


n ao a ilu d id a m en te, que só se o rn a
das flo res lívidas
d o ín tim o abism o.
10 más que ola soy olas,
transcurro inerte sin pedirlo, ni
dioses a los que hacerlo.

79

Pues ni van a esperanza o m enos vana


desesperanza, Lidia, nos gobierna
la consum anda vida.
Espera o desespera quien conoce
5 que ha de esperar. N osotros, en el curso
del ser, sólo ignoram os.
N i por placer las rosas deshojamos
sino cual quien no piensa y, desatento,
hoja a hoja fenece.
28-9-1926

80

Creer es errar, no creer de nada sirve.


28-9-1926

81

Frutos los dan los árboles que viven ,


no la m ente engañada que se adorna
sólo de flores lívidas
de su íntim o abismo.
5 Q u a n to s rein o s ñas m en tes e ñas coisas
te n ao talhaste im agin ário ! T antos,
sem te r perdeste,
son h os cidades!
A h , n ao consegues c o n tra o adverso m u ito
10 cria r m ais qu e p ro p ó sito s frustrados!
A b d ica e sé
r e i de ti m esm o .
6-12-1926

82

G o zo son h ad o é go zo, ainda q u e em so n h o .


N ó s o que n o s su p om os n o s fazem os,
se co m atenta m en te
resistirm os em c r é -lo .
5 N ao , p o is, m eu m o d o de p en sa r ñas coisas,
n os seres e n o fad o m e censures.
Para m im crio tanto
quan to para m im c rio .
F ora de m im , alh eio ao em que pensó,
10 o fad o cu m p re-se. Mas eu m e cu m p ro
segu n d o o ám bito breve
do qu e de m eu m e é d a d o .
30-1-1927

83

O re ló g io de sol p a rtid o m arca


do m esm o m o d o que o in te iro o lapso
da m esm a h o ra p e r d id a ...
¡Cuántos reinos, soñados, o en las cosas,
form aste im aginando! ¡Cuántos de ellos
perdiste sin tener,
sueños-ciudades!
¡Contra lo m ucho adverso no consigues
crear sino propósitos frustrados!
¡Abdica pues, y sé
r e y de ti mismo!

82

Goce soñado es goce, aun siendo en sueños.


L o que nos suponemos nos hacem os,
si con atenta mente
persistimos creyendo.
N o pues m i form a de pensar las cosas
o los seres o el hado m e censures.
Para m í creo tanto
cuanto para m í creo.
Fuera de m í, ajeno a eso en que pienso,
se cum ple el hado. Pero y o m e cum plo
en el ám bito breve
de lo que se m e dio.

8?

Ese reloj de sol partido m arca


del m ism o m odo que uno entero el lapso
de igual hora perdida...
O m esm o go zo co m qu e e s q u e jo , o u o ju lg o ,
5 a vida, fin d a , m e a m im m esm o m ostra
m ais fatal e m o rtal,
para o n d e q u er que siga a certa n o ite
co m o q u er que a en ten d am o s.
30-r

84

N e m re ló g io parad o, n em a falta
da água em clepsidra, o u n a am pu lh eta cheia,
tira m o tem p o ao tem p o .
30-1- 1927

85

O acaso, som b ra qu e p ro jecta o Fado,


seus dados la n ja , e o D estin o os som a,
e reco lh em ao co p o .
30-1- 1927

86

S o len e passa sob re a fé rtil térra


a b ra n ca , in ú til n u vem fu gid ia,
que u m n eg ro instan te de en tre os cam pos ergue
u m so p ro a rrefecid o .

5 Tal m e alta n a alm a a len ta id eia voa


e m e en egrece a m en te, mas já to rn o ,
E l m ism o go zo con que olvido, o ju zg o
5 acabada la vida, a m í m e m uestra
más fatal y m ortal,
donde quiera la cierta noche vaya,
com o quiera entendamos.
30-1-1927

84

N I el reloj detenido, ni la falta


en la clepsidra de agua o su abundancia
quitan el tiempo al tiempo.
30-1-1927

85

E l azar, som bra que proyecta el Hado,


sus dados lanza, que el Destino sum a
y el vaso recoge.
30-1-1927

86

Solemne pasa por la fértil tierra


la blanca, inútil nube fugitiva
que u n negro instante entre los campos yergue
u n aterido soplo.

5 Alta en m i alm a así vu ela la idea


m i m ente oscureciendo, mas y a torno,
87

A trá s n ao to rn a , n em , co m o O r fe u , volve
sua face, S atu rn o .
Sua severa fro n te reco n h e ce
só o lu gar do fu tu ro .
5 N ao tem os m ais d ecerto que o instan te
em que o pensam os certo.
N ao o p en sem os, p o is, mas o fa ja m o s
certo sem p en sam en to.
31-5-1927

88

A ñ a d a im p lo ra m tuas m aos já coisas,


n em con ven cem teus láb ios já parados,
n o abafo su b terrán eo
da h ú m id a im posta térra.
5 Só talvez o sorriso co m que amavas
te em balsam a rem ota, e ñas m em orias
te ergu e qual eras, h o je
c o r t ijo a p o d recid o .
E o n o m e in ú til que teu co rp o m o rto
10 u so u , vivo, na térra, co m o urna alm a,
n ao lem b ra . A od e grava,
a n ó n im o , u m so rriso.
87

N i retorna ni vuelve, com o Orfeo,


no, su rostro, Saturno,
pues su severa frente reconoce
solam ente el futuro.
5 N uestra sola certeza es el instante
que pensamos cual cierto.
N o lo pensemos pues, sino que sea
cierto sin pensamiento.
31-5-1927

88

A nada im ploran, cosas ya, tus manos


ni convencen tus labios, detenidos
bajo el terreno ahogo
de la húm eda tierra.
5 Sólo aquella sonrisa con que amabas
te embalsama, rem ota, y la m em oria
aún te yergu e cual eras,
h o y corteza podrida.
E l nom bre inú til que tu cuerpo m uerto
10 usó, vivo, en la tierra, com o u n alma,
no recuerda. Mas la oda
graba, aquí, una sonrisa.
E n q u an to eu v ir o sol d o ira r as folhas
e sen tir tod a a b risa n os cábelos
n ao q u ere re i m ais nada.
Q u e m e p o d e o D estin o c o n ced e r
5 m e lh o r que o lapso grad u al da vida
en tre ign oran cias destas?
P om os a dúvida o n d e há rosas. D am os
m etade d o sen tid o ao en ten d im en to
e ign o ram o s, pensantes.
10 E stran ha a n ós a n atureza extern a
cam pos espalha, flores ergu e, fru tos
red o n d a , e a m o rte chega.
T e re i razáo, se a alguém razao é dada,
q u an d o m e a m o rte c o n tu rb a r a m en te
15 e já n ao veja m ais
que á razáo de saber p o rq u e vivem os
n ós n e m a acham os n em achar se deve,
im p ro p íc ia e p ro fu n d a .
Sáb io deveras o que nao p ro cu ra ,
20 que en co n tra o abism o em todas coisas
e a dúvida em si-m esm o .
16-6-1927

90

A q u i, dizeis, n a cova a que m e ab eiro,


n ao stá q u em eu am ei. O lb a r n em riso
se escon d em nesta leiva.
A h , m as olh os e b oca aqu i se escondem !
M ientras que vea al sol dorar las hojas
y aún sienta la brisa en mis cabellos
no pediré otra cosa.
¿Qué conceder pudiéram e el Destino
5 m ejor que de la vid a el breve lapso
entre estas ignorancias?
D uda ponem os donde h ay rosas. Dam os
medio sentido y a al entendim iento
e ignoram os, pensando.
10 A nosotros extraña, la N atu ra
campos extiende, flores yergue, frutos
colm a, y la m uerte llega.
Tendré razón , si a alguien razón es dada,
cuando la m uerte a conturbar la mente
15 venga, y yo y a no vea,
pues la razó n que tenga el que vivam os
ni la encontram os ni encontrar se debe,
que es im propicia y honda.
Sabio de veras es el que no busca,
20 el que encuentra el abism o en cada cosa
y, en sí, la duda sólo.
16-6-1927

90

Aquí, en esta tum ba a que m e acerco


no está quien amé. M irar o risa
no esconde esta gleba.
¡Ah, mas ojos y boca aquí se esconden!
5 M áos apertei, n a alm a, e aqu i jaze m .
H o m e m , u m co rp o ch oro!

91

L en ta, descansa a on d a que a m aré deixa.


Pesada ced e. T u d o é sossegado.
Só o que é de h o m e m se ouve.
G resce a vin d a da lú a.
5 N esta h o ra , L id ia o u N eera o u C lo é ,
q u alq u er de vós m e é estranha, qu e m e in c lin o
p ara o segredo dito
p e lo silen cio in c e rto .
T o m o ñas m áos, co m o caveira, o u chave
10 de su p érflu o sep u lcro, o m eu d estin o,
e ign a ro o aborrego
sem co ra fá o que o sinta.
6-7-1927

92

Q u a n to s gozam o go zo de gozar
sem que go zem o go zo, e o d ivid em
en tre eles e o que os ou tros
véem que gozam eles.
5 A h , L id ia , as vestes do go zar o m ite,
que o go zo é u m , se é go zo, n em o dam os
aos ou tro s co m o p ré m io
de n o s verem go zan d o.
C ad a u m é ele só, e se co m ou tros
M anos rocé, no alm a, y aquí yacen.
¡Hom bre soy, lloro u n cuerpo!

91

D e la m area la ola se remansa.


Pesada cede. Todo se ha calm ado.
Solo se oye lo hum ano.
H ay lu z de luna.
5 A esta hora, Lidia, o N eera o Clóe,
cualquiera m e es extraña, pues m e inclino
ante el secreto
que ha dicho el silencio.
Tom o en m is manos, calavera o llave
10 del superfluo sepulcro, m i destino,
y lo aborrezco, ignaro,
sin corazón que sienta.
6-7-1927

92

¡Ah, cuántos gozan de go zar el goce


sin que gocen el goce, y lo dividen
entre lo que ellos y otros
ven que, sí, gozan ellos!
5 Las capas, Lidia, del go zar om ite,
que el goce es uno si lo es, sin darlo
a los otros cual prem io
por su vernos gozando.
Cada uno es él sólo, y si con otros
io goza, d os ou tro s goza, n ao co m eles.
A p re n d e o que te ensina
teu c o rp o , teu lim ite.

93

F loresce em ti, ó m agna térra, em cores


a vária prim avera, e o verao vasto,
e os cam pos sao de alegres.
Mas d o rm e em cada cam p o o o u to n o dele
5 e o in v e rn ó espreita a azu cena q u e ign o ra
e a m o rte é cada dia.
9-10-1927

94

T o d a visáo da cren^a se acom p an b a,


to d a c re n fa da acfá o ; e a ac^áo se p erd e,
água em água en tre tu d o .
C o n h e c e -te , se po d es. Se n ao pod es
5 co n h ece que n ao po d es. Saber sabe.
Sé te u . N ao des n em speres.
19-10-1927

95

O son o é b o m p o is despertam os dele


para saber qu e é b o m . Se a m o rte é son o
10 go za es que de ellos goza, no con ellos.
L o que te enseña aprende,
sí, tu cuerpo, tu lím ite.

93

Florece en ti en colores, m agna tierra,


la varia prim avera, y el verano
vasto, y el campo alegre.
Mas duerm e en cada cam po y a su otoño
5 y a la flor, ignorante, invierno acecha.
Cada día es y a m uerte.
9-10-1927

94

Todo ve r de creencia se acompaña,


toda creencia de acción. L a acción se pierde,
agua en agua entre todo.
Conócete si puedes. Si no puedes,
5 que no puedes conoce. Saber sabe.
N ad a des, nada esperes, no. Sé tuyo.
19-10-1927

95

Bueno es el sueño, pues que despertamos


para saber que es bueno. Si es la m uerte
despertarem os déla;
se n ao , e n ao é son o,

co m q u an to em n ós é nosso a refu sem os


e n q u a n to em nossos corp os con d en ad os
du ra, do carcereiro,
a lic e n ja indecisa.

L id ia , a vid a m ais vil antes que a m orte,


que deseo n h e jo , q u ero ; e as flo res colh o
que te en trego , votivas
de u m p e q u e ñ o d estin o.
19-11-1927

96

O rastro breve que das ervas m oles


ergue o p é fin d o , o eco que o co coa,
a som b ra que se ad u m b ra,
o b ra n c o qu e a ñ au larga —
5 N em m a io r n em m e lh o r deixa a alm a as almas,
o id o aos in d o s. A le m b r a n ja esquece.
M o rto s, in d a m o rre m o s.
L id ia , som os só nossos.
25-1-1928

97

Pesa a se n te n ja atroz d o algoz ig n o to


em cada cerviz néscia. E e n tru d o e riem ,
sueño, despertaremos,
y, si no, no es sueño.

5 Con lo nuestro en nosotros, rehusémosla


m ientras en nuestros cuerpos condenados
la indecisa licencia
del carcelero dura.

Vida quiero, aunque vil, antes que m uerte


10 que, Lidia, desconozco, y flores cojo
que votivas te entrego
de u n pequeño destino.
19-11-1927

96

E l rastro breve que entre yerbas blandas


form a el pie, el eco hueco que despide,
la som bra, ensom brecida,
la blanca estela que la nave larga...
5 N ad a más n i m ejor el alm a deja
a las almas, el ido al que aún va yendo.
M em oria olvida. M uertos, aún m orim os.
Tan sólo somos nuestros.
25-1-1928

97

D el ignoto verdugo atroz sentencia


sobre cada cerviz. Carnaval: ríen
D e rosas, in d a qu e de falsas te^am
capetas veras. B reve e vao é o tem p o
q ue lhes é d ado, e p o r m iserico rd ia
breve n e m váo s e n tid o .

Se a cien cia é vida, sábio é só o n éscio.


Q u á o p o u ca d ife r e n fa a m en te in tern a
do h o m e m da dos b ru to s! Sus! D eixai
b rin c a r os m o rib u n d o s!
20-2-1928

98

Nirvana

V o u d o rm ir, d o rm ir, d o rm ir,


v o u d o r m ir sem despertar,
mas n ao d o r m ir sem sen tir
que stou d o rm in d o a son h ar.

N ao a in scién cia e só treva


mas tambera, strelas a a b rir
olh os cu jo o lh a r m e eleva,
q u e estou so n h a n d o a d o rm ir.

C o n stela d a in existen cia


em que só vive de m eu
urna abstracta in scién cia
u n a co m strelas e céu.
D e falsas rosas tejen verdaderas
guirnaldas. Breve es el vano tiempo
que otorgado les fue, mas no lo sienten,
po r piedad, breve y vano.

Si ciencia es vida, sabio es sólo el necio.


¡Qué poca diferencia entre la m ente
del hom bre y la del bruto! ¡Dejad, vam os,
ju g a r a los que m ueren!
20-2-1928

98

Nirvana

Voy a dorm ir, a dorm ir,


a dorm ir sin despertar,
mas no dorm ir sin sentir,
que al dorm ir v o y a soñar.

N o y a inconsciencia y tiniebla
sino estrellas v o y a abrir,
m irar de ojos que m e eleva;
soñando estoy el dorm ir.

Constelada inexistencia
donde vid a es sólo aquella
m i al fin abstracta inconsciencia,
un a con cielo y estrellas.
D o c e é o fru to á vista, e á b o ca am aro,
b reve é a vid a ao tem p o e lo n g a á alm a.
A arte, com que tod o s,
— ora sem saber vira n d o o co p o vil,
5 ora, e n c h e n d o -o s, cientes — n o s ousam os,
chegada a n o ite, d esp ir.
20-2-1928

IO O

D o is é o prazer: gozar e o g o z á -lo .


A o n éscio elege o parvo, o sábio ao o u tro .
E o igual fad o é diverso.
N a ta ja que ergo , o n d e io , e vejo, as bolhas
5 in c lu o n o qu e sin to , e ao pegar
m ais p u ro stá na ta ja.
21-2-1928

IOI

C o n c e n tr a -te , e serás seren o e fo rte;


mas c o n c e n tra -te fo ra de ti m esm o.
N ao sé m ais para ti que o pedestal
n o q u al ergas a státua do teu ser.
5 T u d o m ais em p o b rece, p o rq u e é p o b re.
D ulce el fru to a la vista; al gusto, amargo;
breve es la vid a al tiem po, larga al alma.
Y el m odo en el que todos
- s in saber apurando la v il copa
5 o, al contrario, colm ándola, conscientes-
se desnudan, de noche.
20-2-1928

100

Dos el placer: go zar y aun gozarlo.


E l tonto elige al necio, u n sabio a otro.
Igual hado es diverso.
E n el vaso que alzo, ondear veo
5 las burbujas, que incluyo en lo que siento,
y, al beber, es más puro.
21-2-1928

101

Concéntrate y serás sereno y fuerte,


mas concéntrate fuera de ti mism o.
Sé para ti tan sólo la peana
donde la estatua de tu ser eleves.
5 Todo el resto empobrece, porque es pobre.
In g ló ria é a vida, e in g ló rio o c o n h e c é -la .
Q u a n to s, s ep en sa m , n ao se reco n h e ce m
os que se conh eceram !
A cada h o r a se m u d a n ao só a h o ra
5 mas o q u e se vé n ela, e a vid a passa
en tre viver e ser.
26-4-1928

103

N os altos ram os de árvores fron d osas


o ven to faz u m r u m o r fr ió e alto,
nesta floresta, em este som m e p erco
e so zin h o m e d ito .
S A ssim n o m u n d o , acim a do qu e sin to,
u m ven to faz a vida, e a deixa, e a tom a,
e n ad a tem sen tid o — n em a alm a
c o m qu e pen só so zin h o .
26-4-1928

104

O an el d ado ao m en d igo é in ju ria , e a sorte


dada a q u em pensa é in fa m ia , que q u em perisá
q u er verd ad e, e n ao sorte.

G o m o u m m en d igo a q u em é d ado o n om e
de re i, n ao com e d ele, mas d o prato
d o rei, m in h a sp eran fa
Ingloriosa es la vida, y conocerla.
¡Cuántos, si piensan, no se reconocen
ser los que conocieron!
A cada hora se m uda no la hora,
5 sino lo visto en ella; así la vid a
pasa, en v iv ir y ser.
26-+-1928

103

D e árbol frondoso po r las altas ramas


hace el viento el ru m or más alto y frío.
E n tal floresta, en su sonar, m e pierdo
y en soledad medito.
5 Así en el m undo, sobre lo que siento,
hace un viento la vida, y deja, y toma,
nada tiene sentido - y a ni el alm a
con la que pienso, a solas-.
26-4--1928

10 +

D ar anillo al m endigo es insultarlo,


suerte a quien piensa, infam ia, pues quien piensa
quiere verdad, y no suerte.

Com o el m endigo a quien le es dado el nom bre


5 de rey no com e de él, sino del plato
del rey, m is esperanzas
105

T u d o que cessa é m o rte, e a m o rte é nossa


' se é para n ós que cessa. A q u e le arbusto
fen ece, e vai co m ele
párte da m in h a vida.
5 E m tu d o q u an to o lh e i fiq u e i em parte.
C o m tu d o qu an to vi, se passa, passo,
n em d istin gu e a m em o ria
do que v i do qu e fu i.
7-6-1928

X06

Tard a o veráo. N o cam p o trib u tá rio


da nossa sp ran fa, n ao há sol bastante,
n em se speravam as que vém , chuvas
n a estafáo, deslocadas.
5 M e u váo c o n h ec im e n to d o q u e vejo
co m o que é falso se co n ten ta, a n o ite
em p o u c o d an d o á con clu sáo facticia
d o m o rib u n d o tu d o .
105

Cuanto cesa y a es m uerte, una que es nuestra


al cesar en nosotros. Ese arbusto
fenece y, con él,
parte de m i vida.
5 E n todo cuanto v i m e quedé en parte.
Con todo cuanto vi, si pasa, paso.
N o distingue el recuerdo
lo que v i y lo que fui.
7-6-1928

106

Se retrasa el verano, y en el campo


de este nuestro esperar no h a y sol bastante,
ni se esperaban las que vienen, lluvias
de estación desplazada.
5 M i vano conocer de cuanto veo
se com place en lo falso, así la noche,
que basta a dar la conclusión ficticia
de u n todo m oribundo.
7-6-1928
A cada qual, co m o a statura, é dada
a ju stifa : u n s faz altos
o fa d o , ou tro s felizes.
N ad a é p ré m io : sucede o que acon tece.
N ada, L id ia , devem os
ao fa d o , senáo té -lo .
20-11-1928

108

N e m da erva h u m ild e se o D estin o esquece.


Saiha a le i o que vive.
D e sua n atureza m u rch am rosas
e prazeres se acabam .
Q u e m n o s con h ece, am igo, tais quais fo m o s?
N e m n ós os co n h ecem o s.
20-11-1928

109

Q u e m diz ao dia, D ura! e á treva, A caba!


E a si n ao diz, N ao digas!
Sen tin elas absurdas, vigilam os,
ín scios dos con ten d en tes.
U n s sob o fr ió , ou tros n o ar b ra n d o , gu ardam
o posto e a in scién cia sua.
D ieron a cada cual, com o estatura,
justicia, a unos h izo altos
el hado, a otros felices.
L o que acontece ocurre, nada es prem io.
5 N ad a, Lidia, debemos
al hado, y sí al tenerlo.
20-11-1928

108

N i una m ínim a hierba el Hado olvida,


que es ley de lo que vive.
Por su ley natural caen las rosas,
los placeres se acaban.
5 ¿Quién nos conoce com o fuimos? N adie.
N i siquiera nosotros.
20 - 11-1928

109

A l día: ¡Dura!, a la tiniebla: ¡Acaba!


dicen, y no: ¡N o digas!
Centinelas absurdos, vigilam os
sin com prender, la lucha.
5 Bajo frío o tibieza, guardan sólo
el puesto y su inconsciencia.
21-11-1928
no

N e g u e -m e tu d o a sorte, m en o s v é -la ,
que eu, stóico sem dureza,
n a se n te n ja gravada d o D estin o
q u ero go zar as letras.
21-11-1928

III

Sé lan te rn a, dá luz com vid ro á rod a.


D a lu z o calor gu arda.
N ao p o d e ra o os ventos opressivos
apagar tua luz;
5 n em teu calor, disperso, irá ser frió
n o in ú til in fin ito .
3 -3 -1 9 2 9

112

Se r e c o rd o q u em fu i, o u tre m m e vejo,
e o passado é u m presen te n a le m b ra n ja .
Q u e m fu i é algu ém que am o
p o ré m som ente em so n h o .
5 E a saudade q u e m e aflige a m en te
n ao é de m im n em do passado visto,
senáo de q u em habito
p o r trás dos olh os cegos.
N ada, senáo o instan te, m e co n h ece.
10 M in h a m esm a le m b ra n ja é nada, e sinto
Todo niegue Fortuna menos verla
que, estoico y sin dureza,
de sentencia grabada por el Hado
quiero go zar las letras.
21-11-1928

111

Sé linterna que, tras el vid rio, brilla


y dentro el calor guarda.
N o lograrán los vientos opresivos
apagar pues tu lu z,
5 ni tu calor, disperso, se hará frío
en el van o infinito.
3-3-1950

112

Si recuerdo quien fui, otro m e veo


-reco rd an d o, el pasado es u n p resente-.
Q uien fu i es alguien que amo,
cierto que en sueños sólo.
5 Esa nostalgia que m i m ente aflige
no es ni de m í n i del pasado visto,
sino de quien habito
tras de los ojos ciegos.
N ad a sino el instante m e conoce.
10 M i recuerdo no es nada, y es que siento
que quem. sou e q u em fu i
sao son hos d iferen tes.

113

Q u a n d o , L id ia , vier o n osso o u to n o
com o in v ern ó qu e há n ele, reservem os
u m p en sa m en to , nao para a fu tu ra
prim avera, que é de ou trem ,
5 n em para o estío, de q u em som os m ortos,
senáo para o que fica do que passa —
o am arelo actual qu e as folhas vivem
e as to rn a d iferen tes.
13 - 6-1930

114

T é n u e , com o se de E o lo a esquecessem ,
a b risa da m anh a titila o cam po,
e há c o m e to do sol.
N ao desejem os, L id ia , nesta h o ra
5 m ais sol do que ela, n em m ais alta b risa
q ue a qu e é p eq u eñ a e existe.
13-6-1930
quien fu i y quien soy
com o distintos sueños.

113

Cuando, L id ia, nos llegue nuestro otoño


con el invierno que h ay en él, brindemos
un pensam iento no a la futura
prim avera, que es de otros,
5 ni a u n nuevo estío, en que estaremos m uertos,
sino a aquello que queda en lo que pasa:
ese am arillo que las hojas viven
y distintas las vuelve.
13-6-1930

114

Tenue, cual si de Eolo la olvidaran,


la m añanera brisa riza el campo
y h ay com ienzo de sol.
N o deseemos, Lidia, en esta hora,
5 ni más sol que ella, n i más alta brisa
que esta brisa pequeña, mas que existe.
13-6-1930
N o b reve n ú m e ro de d oze m eses
o a n o passa, e breves sao os anos,
p o u co s a vida dura.
Q u e sao d oze o u sessenta n a floresta
5 dos n ú m ero s, e q u an to p o u co falta
para o fim d o fu tu ro!
D o is tercos já , tao ráp id o , d o curso
que m e é im p osto c o rre r d escen d o, passo.
A p resso , e breve acabo.
18 - 6-1930

I l6

N ao sei de q u em m em o ro m eu passado
que o u tre m fu i q u an d o o fu i, n em m e c o n h e fo
co m o sen tin d o com m in h a alm a aquela
alm a qu e a sen tir le m b r o .
5 D e dia a o u tro n os desam param os.
N ad a de verd a d eiro a n ós n os u n e .
S om os q u em som os, e q u em fo m o s fo i
coisa vista p o r d en tro .
2 - 7-1930

117

Q u e m fu i é extern o a m im . Se le m b ro , vejo;
e ver é ser a lh eio . M eu passado
só p o r visáo relem b ro .
A q u ilo m esm o qu e sen ti m e é claro.
E n breve cifra de sus doce meses
el año pasa. Breves son los años,
pocos dura la vida.
¡Qué son doce o sesenta en la floresta
5 de los núm eros, y cuán poco falta
para el fin del futuro!
Dos tercios ya, tan rápido, del curso
que m e im ponen correr, desciendo, paso,
y acabo, en breve tiempo.
18- 6-1930

116

N o sé de quién recuerdo m i pasado,


que otro fu i cuando fui, no m e conozco
com o sintiendo con m i alm a aquella
que, sintiendo, recuerdo.
5 De u n día a otro nos desamparamos.
N ad a de verdadero nos reúne
con nosotros, que somos quienes somos.
Q u ien fuim os fue, por dentro.
2-7-1930

117

Q uien fu i es externo a m í. Recuerdo y veo,


mas ve r es ser ajeno. M i pasado
sólo en visión recuerdo.
Aquello m ism o que sentí m e es claro.
5 A lh e ia é a alm a antiga; o qu e em m im sin to
veio h o je e isto é estalagem .
Q u e m p o d e co n h ecer, en tre tanto erró
de m o d o s de sen tir-se, a p r ó p ria fo rm a
que tem para c o n sig o ?
2 - 7-1930

1x8

O que sen tim os, n ao o que é sen tid o,


é o q u e tem os. C la r o , o in v ern ó estreita.
C o m o á sorte o acolham os.
H aja in v ern ó n a térra, n ao n a m en te,
e, am o r a a m or, o u livro a liv ro , am em os
nossa lareira breve.
8 - 7-1930

119

D é b il n o vicio , d éb il n a virtu d e
a h u m a n id a d e d éb il, n em n a fú ria
co n h ece m ais que a n o rm a .

Pares e d iferen tes n os regem os


p o r urna n o rm a p ró p ria , e in d a que dura,
será á lib erd ad e.

S e r livre é ser a p ró p ria im posta n o rm a


igual a tod o s, salvo n o am pio e d u ro
m a n d o e u so de si m esm o.
Ajena, el alm a antigua; lo que siento
h o y veo en m í, ahí, com o en posada.
E ntre tantos errores del sentirse
¿quién la form a que tiene propiam ente
para sí y a conoce?
2-7-1930

118

L o que sentimos, no lo que es sentido,


eso tenemos. Claro invierno aprieta.
C ual la suerte acojámoslo.
H aya invierno en la tierra, no en la mente
5 y, am or a amor, o libro a libro, amemos,
breve, sí, nuestro fuego.
8-7-1930

119

Débil en la virtu d com o en el vicio,


¡débil hum anidad!, que hasta en la furia
sólo norm a conoce.

Pares y diferentes nos regim os,


5 sí, por la propia.norm a que, aunque dura,
es libertad por cierto.

Ser libre es ser la propia norm a im puesta


igual a todos, salvo el am plio y duro
sobre sí m ando y uso.
N ao sei se é a m o r que tens, o u a m o r que finges,
o que m e dás. D á s -m o . T an to m e basta.
Já q u e o n ao sou p o r tem p o ,
seja eu jo v e m p o r erro .
5 P o u co os D euses n os dao, e o p o u c o é falso.
P orém , se o dao, falso que seja, a dádiva
é verd ad eira. A c e ito ,
c e rro olhos: é bastante.
12 - 9 -1 9 3 0

121

Q u e r p o u c o : terás tu d o .
Q u e r nada: serás livre.
O m esm o am o r que ten h am
p o r n ós, q u e r-n o s , o p rim e -n o s .
1-11-1930

122

N ao só q u em n o s od eia o u n os inveja
n os lim ita e o p rim e; q u em n os ama
n ao m en os n os lim ita.

Q u e os D euses m e con ced am qu e, despido


5 de afectos, ten h a a fr ia lib e rd a d e
dos p ín ca ro s sem nada.
N o sé si ese am or tienes o si finges
ese am or que m e das. L o das, m e basta.
Y a sin serlo en los años,
joven sea por yerro.
5 Poco los dioses dan, y aun eso es falso,
mas si lo dan, aun falso, el m ism o darlo
es verdadero. Acepto
a ojos cerrados. Basta.
12-9-1930

121

Q uiere poco y tendrás todo,


quiere nada y serás libre.
E l propio am or que nos tengan
al querernos nos oprime.
1- 11-1930

122

N o sólo quien nos odia o nos envidia


nos lim ita y oprime; quien nos ama
no nos lim ita menos.

¡Me concedan los dioses que, desnudo


5 de afectos, fría libertad posea,
u n vacío de cumbres!
Q u e m q u er p o u co , tem tu d o ; q u em q u er nada
é livre; q u em n ao tem , e n ao deseja,
h o m e m , é igual aos D euses.

123

N ao q u ero , G lo e , teu a m or, qu e o p rim e


p o rq u e m e exige a m o r. Q u e r o ser livre.

A speran^a é u m dever do sen tim en to .


1-11-1930

124

N u n c a a alheia von tad e, in d a qu e grata,


cum pras p o r p ró p ria . M an da n o qu e fazes,
n em de ti m esm o servo.
N in g u é m te dá q u em és. N ad a te m u d e.
5 T e u ín tim o d estin o in v o lu n tá rio
cu m p re alto. Sé teu filh o .
19-11-1930

125

N o m u n d o , só co m igo , m e deixaram
os D euses que d isp ó em .
N ao posso c o n tra eles: o qu e deram
aceito sem m ais nada.
Q uien poco quiere tiene todo. L ibre
el que nada. Sin nada y sin deseos
se es igual a los dioses.

12?

N o , Cloé, tu am or quiero, que m e oprim e


al am or exigir. Ser libre quiero.

L a esperanza es deber del sentim iento.


l-U-1930

124

N u n ca la ajena voluntad, aunque grata


cum plas por propia. M anda en lo que haces,
ni de ti m ism o siervo.
N adie te da quien eres. N o te m uden.
5 T u íntim o destino involuntario
cum ple, sí. Sé tu hijo.
19-11-1930

125

Aquí, a solas conm igo, m e dejaron


los dioses que disponen.
Contra ellos no puedo: lo que dieron
sin más he de aceptarlo.
5 A ssim o trigo baixa ao ve n to , e, q u an d o
o ven to cessa, ergu e -se.

126

O s deuses e os M essias qu e sao deuses


passam , e os son h os váos que sao Messias.
A térra m u d a d u ra.
N e m deuses, n em Messias, n em ideias
5 m e trazem rosas. M in h as sao se as te n h o .
Se as te n h o , que m ais q u e ro ?
8-2-1931

127

D o q u e q u ero ren egó , se o q u e ré -lo


m e pesa n a vo n ta d e. N ad a que haja
vale qu e lh e con ced am os
u m a aten^ao que doa.
5 M e u b ald e ex p o n h o á chuva, p o r te r água.
M in h a vo n tad e, assim , ao m u n d o exp on h o .
R ecebo o qu e m e é dado,
e o qu e falta n ao q u ero .
I4 -3 -I9 3 I
5 Así el trigo se dobla bajo el viento
y, al calmarse, se alza.

126

Pasan los dioses y esos otros dioses,


los Mesías, pues son sueños vanos.
M u d a dura la tierra.
Pues n i ideas ni dioses ni Mesías
5 rosas m e dan. Son mías si las tengo.
Así pues, ¿qué más quiero?
8-2-1931

127

L o que quiero reniego si el quererlo


me pesa en el querer. N ad a que haya
vale que le prestemos
un a atención que duela.
5 Saco a la llu via el cubo y agua cojo.
M i volu ntad, así, expongo al m undo.
L o que m e dan recibo,
no quiero lo que falta.
14-3-1931
Q u e m és, n ao o serás, q u e o tem p o e a sorte
te m u d aráo em o u tro .
Para qué p o is em seres te em p en hares
o q u e nao serás tu ?
T e u é o que és, teu o qu e tens, de q u em
é q u e é o qu e tiveres?
2 2 -9 -I9 3 I

129

B reve o dia, breve o an o, breve tu d o .


N a o tarda nada serm os.
Isto, pen sad o, m e de a m en te absorve
to d o s m ais pen sam en tos.
O m esm o breve ser da m ágoa p esa -m e,
q u e, in d a que m ago a, é vida.
27- 9-1931

130

D o m in a o u cala. N ao te percas, d an d o
a q u ilo que n ao tens.
Q u e vale o C ésa r que serias? G oza
b astar-te o p o u co que és.
M e lh o r te aco lh e a v il ch o u p a n a dada
que o palácio devido.
2 7 -9 -I9 3 I
Q uien eres no serás, que tiem po y suerte
te m udarán en otro.
Pues, ¿para qué em peñarte en ser aquello
que no habrás de ser nunca?
5 Tuyo es lo que eres, lo que tienes.
¿De quién lo que tendrías?
22-9-1931

129

Breve el día, y el año, breve todo.


N o ser nada no tarda.
Esto, pensado, de m i m ente absorbe
todo otro pensamiento.
5 E l propio y breve ser del pesar pesa,
que es pesar, pero es vida.
27-9-1931

130

D om ina o calla. N o te pierdas dando


justo lo que no tienes.
¿Qué vale el César que serías? G oza;
basta el poco que eres.
5 M ejor te acoge la v il choza dada
que el palacio debido.
27-9-1931
T u d o , desde erm os astros afastados
a n ós, n os dá o m u n d o .
E a tu d o , alh eios, nos acrescentam os,
p e n san d o e in terp re ta n d o .
A p ró x im a erva a que m ao chega basta,
o que há é o m elh o r.
1 0 -1 2 -1 9 3 1

132

N in g u é m , na vasta selva religiosa


do m u n d o in u m erável, fin a lm en te
ve o deus que con h ece.
Só o que a b risa traz se ouve na brisa.
O que pensam os, seja am o r o u deuses,
passa, p o rq u e passam os.
1 0 -1 2 -1 9 3 1

133

Se a cada coisa que há u m deus com pete,


p o rq u e n ao haverá de m im u m deus?
P o rq u e o n ao serei e u ?
E em m im que o deus anim a p o rq u e eu sin to.
O m u n d o extern o claram ente vejo —
coisas, h o m en s, sem alm a.
D e z e m b ro , I 9 3 1
Todo, del yerm o a los lejanos astros,
a nosotros da el m undo,
com o a todo, aunque ajenos, nos sumamos
pensando e interpretando.
5 L a hierba, que a la m ano llega, basta.
L o m ejor: lo que existe.
10-12-1931

132

N adie en la vasta selva religiosa


del m undo innum erable, finalm ente,
ve al dios que conoce.
L o que la brisa trae se oye en la brisa.
5 L o que pensamos, sea am or o dioses,
pasa, porque pasamos.
10-12-1931

133

Si a cada cosa que hay u n dios compete,


¿por qué no podrá haber u n dios de mí?
¿Por qué no he yo de serlo?
E n m í, sí, el dios anim a, pues que siento.
5 Veo con claridad el m undo externo:
cosas, hom bres, sin alma.
Diciembre, 1931
A zu is os m on tes que estao lo n g e param .
D e eles a m im o vário cam p o ao ve n to , á brisa,
o u verd e o u am arelo o u variegad o,
o n d u la in certa m en te.
5 D é b il co m o urna haste dé p ap o ila
m e su p orta o m o m e n to . N ad a q u ero .
Q u e pesa o escrú p u lo do p en sam en to
na b alan za da vid a?
G o m o os cam pos, e vá rio , e co m o eles,
10 ex te rio r a m im , m e en trego , filh o
ig n o ra d o do G aos e da N o ite
as férias em que existo.
31-3-1932

135

L id ia , ign o ram o s. S om os estrangeiros


o n d e q u er que m o rem o s. T u d o é alh eio
n em fala lín g u a nossa.
Fagamos de n ós m esm os o retiro
5 o n d e e sc o n d e r-n o s, tím id o s do in su lto
do tu m u lto do m u n d o .
Q u e q u er o am o r m ais qu e n ao S e r dos o u tro s?
G o m o u m segredo d ito n os m istérios,
seja sacro p o r n osso.
9-6-1932
A lo lejos, de azu l, se alzan los montes.
De ellos a m í la brisa, el vario campo,
am arillo, o bien verde o variegado,
ondulando, dudoso.
5 Débil, igual que u n tallo de amapola,
m e soporta el m om ento. N ad a quiero.
¿Qué pesan los sutiles pensamientos
en el fiel de la vida?
Com o los campos, vario, y com o ellos
10 externo a m í, m e entrego, com o hijo
ignorado del Caos y la N oche,
al descanso en que existo.
31-3-1932

135

Lidia, ignoram os. Somos extranjeros


donde m orem os, pues ajeno es todo
y nada h ay que nos hable en nuestra lengua.
De nosotros hagam os el retiro
5 en que escondernos, por m iedo al insulto
del tum ulto del m undo.
¿Qué quiere am or sino no ser de otros?
Com o u n secreto dicho en los misterios,
sea, por nuestro, sacro.
9-6-1932
S evero n a rro . Q u a n to sin to , p en só .
Palavras sao ideias.
M ú rm u ro , o r io passa, e o som n ao passa,
q u e é n osso, n ao d o r io .
5A ssim quisera o v e rso : m eu e alh eio
e p o r m im m esm o lid o .
16-6-1932

137

F lores am o, nao b u sco . Se aparecem


m e agrado le d o , que bu scar prazeres
tem o e s fo rfo da busca.
A v id a seja co m o o sol, qu e é dado,
5 n em a rran q u em o s flo res, que, tiradas,
n ao sao nossas, mas m ortas.
16-6-1932

138

S eren o aguarda o fim qu e p o u c o tarda.


Q u e é q u alq u er vid a? Breves sóis e so n o .
Q u a n to pensas em prega
em n ao m u ito pensares.

A o n auta o m ar o b scu ro é a ro ta clara.


T u , n a con fu sa solid áo da vida,
Severo narro. Cuanto siento, pienso.
Palabras son ideas.
Pasa el río y m urm ura, no el sonido,
que es nuestro, no del río.
5 Así quisiera el verso, ajeno y m ío,
leído por m í mism o.
16- 6-1932

137

Flores am o, no busco. Si aparecen,


feliz, m e alegro, que al buscar placeres
pide esfuerzo su busca.
Sea la vid a com o el sol, que es dado.
5 N o arranquem os las flores, que, al cortarlas,
m uertas son, que no nuestras.
16 - 6-1932

138

Sereno aguarda el fin, que poco tarda.


¿Qué es cualquier vida? Breves soles, sueño.
A l pensar trata
de pensar no m ucho.

5 A l nauta el m ar oscuro es ru ta clara.


T ú , en la confusa soledad - l a v id a -
a ti m esm o te elege
(n ao sabes de o u tro ) o p o rto .

139

N in g u é m a o u tro am a, senáo q u e ama


o que de si há n ele, o u é su p osto.
N ad a te pese que n ao te am em . S e n te m -te
q u em és, e és estran geiro.
5 G u ra de ser q u em és, a m e m -te o u n u n ca.
F irm e c o n tig o , sofrerás avaro
de penas.
10-8-1932

140

Para qué c o m p licar in ú tilm e n te ,


p e n sa n d o , o que im p en sad o existe? N ascem
ervas sem razáo dada
para elas olhos, n ao razoes, sao a alm a.
5 G o m o através de u m r io as con tem p lem o s.
3 -9 -1 9 3 2

141

V ive sem h oras. Q u a n to m ed e pesa,


e qu an to pensa m ed e.
N u m flu id o in c e rto n ex o , co m o o rio
elígete a ti m ism o
cual puerto (otro no sabes).

1 19

N adie h a y que ame a otro, sino qué ama


lo que de sí h ay en él, o lo supone.
Q ue no te am en no im porta. Es que te sienten
quien eres, extranjero.
5 Te am en o no, de ser quien eres cuida.
Lograrás ser avaro de dolores
siendo contigo firm e.
10-8-1932

140

¿Para qué com plicar inútilm ente,


pensando, lo que sin pensar existe? ,
Sin razó n nacen hierbas.
Ojos y no razones son el alma.
5 Com o a través de un río, contem plem os.
3-9-1932

141

Yive sin horas. Cuanto m ide pesa


y cuanto piensa mide.
E n fluido incierto nexo, com o el río,
cujas ondas sao ele,
5 assim teus dias sé, e se te vires
passar, com o a o u trem , cala.

1 42

N ad a fica de nada. N ad a som os.


U m p o u co ao sol e ao ar n o s atrasam os
da irresp irável treva que n os pese
da h ú m id a térra im posta,
5 cadáveres adiados qu e p ro c ria m .

L eis feitas, státuas altas, odes fin d as —


tu d o tem cova sua. Se n ós, carnes
a que u m ín tim o sol dá sangue, tem os
p o e n te , p o rq u e nao elas?
10 S om os con tos co n tan d o co n to s, nada.
28-9-1932

143

Q u e m ais que u m lu d o o u jo g o é a extensa vida,


em que n os distraím os de o u tra coisa —
que coisa, n ao sabem os —;
livres p o rq u e b rin ca m o s se jo ga m o s,
5 presos p o rq u e tem regras cada jo g o ;
in co n scien tem en te?
Feliz o a q u em surge a con scién cia
cuyas ondas él son,
así tus días sé tú, y si te vieras
pasar, com o otros, calla.

142

N ad a queda de nada. N ad a somos.


Un poco al sol y al aire, retrasam os
la asfixiante tiniebla que nos pese
de húm eda tierra impuesta,
5 aplazados cadáveres que engendran.

Leyes, estatuas, odas, concluidas,


todo tiene su tum ba. Carne somos
que con su sangre anim a un sol interno.
Si tenemos poniente, tam bién ellas.
10 Un cuento que se cuenta somos, nada.
28-9-1932

Q ué sino ludo o juego es nuestra vid a


que nos v a distrayendo de otra cosa
-q u é cosa, no sabem os-;
libres porque jugam os, si jugam os;
5 presos, po r tener reglas cada juego;
¿de m anera inconsciente?
F eliz ese en quien surge la consciencia
144

Para ser gran d e, sé in te iro : nada


te u exagera o u excluí.
Sé to d o em cada coisa. P o e q u an to és
n o m ín im o que fazes.
5 A ssim em cada lago a lú a tod a
b rilh a , p o rq u e alta vive.
14 -2 -19 3 3

145

Q u a n to fagas, su p rem am en te faze.


M ais vale, se a m em o ria é q u an to tem os,
lem b ra r m u ito que p o u c o .
E se o m u ito n o p o u co te é possível,
5 m ais am pia lib e rd a d e de lem b ranga
te to rn a rá teu d o n o .
2 7 - 2 -1 9 3 3

146

Rasteja m o le p elos cam pos erm os


o ven to sossegado.
M ais parece trem er de u m tre m o r p r ó p rio ,
144

Para ser grande sé completo: nada


tuyo exagera o excluye.
Sé todo en cada cosa, pon cuanto eres
en lo m ínim o que haces.
5 Pues así en cada lago entera brilla
la luna, que alta vive.
1+-2-1933

145

Cuanto hagas, lo harás suprem am ente.


Si la m em oria es cuanto tenemos, ,
m ejor es recordar m ucho que poco.
Y si m ucho en lo poco te es posible,
5 más amplias libertades de recuerdo
te han de hacer ser tu amo.
27-2-1933

146

Blando se arrastra por los campos yerm os


el viento sosegado.
M ás parece tem blar de u n tem blor propio
q ue do ven to, o qu e é erva.
5 E se as n uven s n o céu, brancas e altas,
se m ovem , m ais parecem
que gira a térra ráp id a e elas passam,
p o r m u ito altas, lentas.
A q u i neste sossego dilatado
10 m e esq u ecerei de tu d o ,
n em h o sp ed é será do qu e c o n h e fo
a vid a que d eslem b ro.
A ssim m eus dias seu d ecu rso falso
gozarao verd ad eiro .
27-2-1933

147

Q u e r o ig n o ra d o , e calm o
p o r ig n o ra d o , e p r ó p rio
p o r calm o, en ch er m eus dias
de n ao q u ere r m ais deles.

5 A o s que a riq u eza toca


o o u r o irrita a pele.
A o s que a fam a b afeja
em b acia-se a vida.

A o s que a felicid ad e
10 é sol, virá a n o ite.
M as ao qu e nada spéra
tu d o que vem é grato.
2 -3 -1 9 3 3
que de viento la hierba.
Y si las blancas nubes sobre el cielo
se m ueven, más parece
que es la tierra quien gira velozm ente
y ellas van altas, lentas.
Aquí, en este sosiego dilatado,
m e olvidaré de todo.
N i huésped será de eso que conozco
m i vida: un desrecuerdo.
Así mis días su decurso falso
gozarán verdadero.

147

Q uiero ignorado, y calm o


por ignorado, y propio
por calm o, hen chir mis días
con tan sólo quererlos.

A l que riq u eza toca


la piel irrita el oro.
A l que la fam a alienta
la vid a se le empaña.

A l que feliz le hace


el sol, vendrá la noche.
M as al que nada espera
grato es cuanto le viene.
C ad a dia sem go zo n ao fo i téu:
fo i só durares n ele. Q u a n to vivas
sem que o gozes, n ao vives.

N ao pesa que am es, bebas o u sorrias:


basta o reflexo do sol id o n a água
de u m charco, se te é grato.

Feliz o a q u em , p o r te r em coisas m ín im as
seu p ra zer p o sto , n e n h u m dia nega
a n atu ra l ventura!
I4 -3 -I9 3 3

149

P ois q u e nada qu e d u re, o u q u e, d u ra n d o ,


valha, neste co n fu so m u n d o ob ram os,
e o m esm o ú til para n ós p erd em o s
co n n o sc o , ced o, cedo,

o p ra zer do m o m en to an tep on h am os
á absurda cu ra d o fu tu ro , cuja
certeza ú n ic a é o m al presente
co m que o seu b e m com p ram o s.

A m a n h á n ao existe. M eu som en te
é o m o m e n to , eu só q u em existe
neste instan te, que p o d e o d erra d eiro
ser de q u em fin jo ser?
Cada día sin goce no fue tuyo,
Sólo duraste en él, pues cuanto vivas
sin gozarlo, no vives.

N o cuenta que ames, bebas o sonrías;


del sol basta el reflejo sobre el agua
de u n charco, si te es grato.

F eliz aquel que por poner en cosas


pequeñas su placer ni u n día niega
la natural ventura.

149

Pues no h ay nada que dure o que, durando,


valga aquí en este m undo en el que obramos,
y lo útil y propio nos perdemos
con nosotros, tan pronto,

el placer del m om ento antepongamos


al absurdo cuidado del futuro,
cuya certeza es sólo el m al presente
con que su bien se com pra.

E l m añana no existe. Sólo m ío


es el m om ento; yo soy quien existe
en este que es, quizá, el últim o instante
de ese que ser yo finjo.
Estás só. N in g u é m o sabe. G ala e fin g e.
Mas fin g e sem fin g ires.
N ad a speres que em ti já n ao exista,
cada u m con sigo é tu d o .
5 T en s sol se há sol, ram os se ram os buscas,
sorte se a sorte é dada.
6 -4 -1 9 3 3

151

A q u i, neste m isérrim o d esterro


o n d e n em desterrado estou , h a b ito ,
fiel, sem que q u eira, áqu ele an tigo erro
p e lo qu al sou p ro scrito .

5 O erro de q u ere r ser igu al a alguém —


feliz, em sum a — q u an to a sorte deu
a cada cora^áo o ú n ic o b em
de ele p o d e r ser seu.
6 -4 -1 9 3 3

152

U n s, co m os olh os postos n o passado,


véém o que n ao véem ; o u tro s, fitos
os m esm os olh os n o fu tu ro , véem
o qu e n ao p o d e ver-se .
Solo estás, no lo saben. Calla y finge.
Finge, mas sin fingir,
y nada esperes que antes, en ti, no exista.
Cada uno ya es todo consigo.
5 Tienes sol si lo hay, ram os si h a y ramos,
suerte si la conceden.
6-4-1933

151

Aquí, en este m ísero destierro


donde ni desterrado estoy, habito,
fiel sin quererlo a aquel antiguo yerro
por el que m e han proscrito.

5 E l error de querer com o otro ser


- fe liz , en su m a -, cuando azar le dio
a cada uno el solo bien de ser
suyo, que de otro no.
6-4-1933

152

Unos, vu elta la vista hacia el pasado,


ven lo que no ven, com o otros, fijos,
vueltos los ojos al futuro, m iran
lo que no puede verse.
5 P o rq u e tao lo n g e ir p o r o que está p e rto —
a seguran za nossa? Este é o dia,
esta é a h o ra , este o m o m e n to , isto
é q u em som os, e é tu d o .

P eren e flu i a in te rm in á b e l h o ra
10 que n o s confessa n u lo s. N o m esm o hausto
em que vivem os m o rre re m o s. G o lh e
o dia, p o rq u e és ele.
28-8-1933

153

S ú b d ito in ú til de astros d om in an tes,


passageiros co m o eu, vivo urna vida
q ue n em q u ero n em am o,
m in h a p o rq u e sou ela,

N o ergástulo de ser q u em sou, c o n tu d o ,


de em m im p en sar m e livro , o lh a n d o n o alto
os astros que d o m in a m ,
subm isso de os ver b rilh a r.

V astidáo va qu e fin g e de in fin ito


(com o se o in fin ito se pudesse ver!) —
D á -m e ela a lib e rd a d e?
G o m o , se ela a n ao te m ?
19-11-1933
¿Por qué poner tan lejos lo cercano,
ese nuestro seguro? Éste es el día,
ésta es la hora, éste es el m om ento
en que somos, es todo.

Perenne fluye la hora interm inable


que nos confiesa nulos. Un aliento
el v iv ir y el m orir. Coge y a el día,
ese día que eres.

153

Súbdito inútil de astros dom inantes,


pasajeros cual yo, viv o un a vid a
- m ía , porque soy e lla -
que n i quiero ni amo.

E n la cárcel de ser quien soy, con todo,


de en m í pensar m e libro, y m iro al cielo,
los astros que dom inan,
som etido a su brillo.

Vana extensión que finge lo infinito


(cu al si él fuese visible), ¿me da ella
la libertad?, mas ¿cómo,
sin tenerla ella misma?
G o ro a o u tiara
é só peso posto
n a fr o n te antes lisa.

G o ro a de rosas,
5 co ro a de lo u ro s,
de nada n os servem .

Q u e o ven to n os possa
tocar n os cábelos,
c o ro a r -n o s a fron te!

10 Q u e a fr o n te despida
possa re c lin a r-se ,
serena, o n d e durm a.

C lo e ! N ao con llevo
m e lh o r alegria
15 que esta fr o n te lisa.
19-11-1933

155

A g u a rd o , eq u án im e, o qu e n ao co n llevo —
m eu fu tu ro e o de tu d o .
N o fim tu d o será silen cio , salvo
o n d e o m ar b an h a r nada.
13-12-1933
C orona o tiara
no es sino peso
en la frente, antes lisa.

Las coronas, de rosas,


5 de laureles,
para nada nos sirven.

¡Pueda el viento
rozarnos los cabellos,
coronarnos la frente!

10 ¡Desnuda pueda
la frente reclinarse,
donde duerm a, serena!

N o conozco, Cloé,
m ejor contento
15 sino esta frente, lisa.
19-11-1933

155

Eso que no conozco aguardo, ecuánime:


m i futuro, el de todo.
Todo al final será silencio, salvo
donde el m ar nada baña.
13-12-1933
A m o o que vejo p o rq u e d eixarei
q u alq u er dia de o ver,
a m o -o tam bém p o rq u e é.
N o p lá cid o in tervalo em q u e m e sin to,
5 p o r am ar, m ais que ser,
am o o haver tu d o e a m im .
M e lh o r m e n ao d ariam , se voltassem ,
os p rim itivo s deuses,
q ue tam bém , nada sabem .
n-10-1934

157

V ivem em n ós in ú m ero s;
se p en só o u sin to, ig n o ro
q u em é que pensa o u sente.
S o u som en te o lugar
5 o n d e se sente o u pensa.

T e n h o m ais alm as que urna.


H á m ais eus do que eu m e sm o .
E xisto todavia
in d ife re n te a tod o s.
10 Fa^o-os calar: eu falo .

O s im p u lsos cruzados
do que sin to o u nao sin to
disputam em q u em sou.
I g n o r o - o s . N ad a ditam
15 a q u em m e sei: eu escrevo.
Cuanto veo lo am o, por dejar
cualquier día de verlo,
y tam bién porque es.
E n el sobrio intervalo en que m e siento,
5 por amar, más que ser,
am o que sea todo y que y o sea.
M ejor no m e darían, si volviesen
los prim itivos dioses,
que, a su ve z, nada saben.
11-10-1934

157

E n nosotros, innúm eros,


viven; si pienso o siento
no sé quién piensa o siente.
Soy tan sólo el lugar
5 donde se siente o piensa.

Tengo más almas que una,


hay más yos que y o mism o.
Existo, sin em bargo,
indiferente a todos.
10 Hago que callen. Hablo.

Los cruzados impulsos


de lo que sí o no siento
disputan en quien soy.
Los ignoro. N o dictan
15 a quien m e sé: yo escribo.
13-11-193+
C ad a m o m en to qu e a una prazer n ao voto
p e rco , n em cu ro se o prazer m e é dado;
p o rq u e o son h o de u m gozo
n o go zo n ao é so n h o .

159

C ad a u m é u m m u n d o ; e co m o em cada fo n te
urna d eid ade vela, a cada h o m e m
p o rq u e n ao h á -d e haver
u m deus só de ele h o m e m ?

N a en co b e rta sucessáo das coisas,


S ó o sábio sente, que n ao fo i m ais nada
q u e a vid a que d eixou .

160

C a n to s, risos e flores alu m iem


n osso m o rta l destin o,
para o erm o ocu lta r fu n d o , n o ctu rn o
de nosso p en sam en to,
curvad o, já em vida, sob a id eia
do p lu tó n ic o g o z o ,
cón scio já da lívida speran^a
d o caos redivivo.
Cada m om ento que a u n placer no voto
pierdo, y no curo si el placer m e es dado,
porque el sueño de un goce
en el goce no es sueño.

159

Cada uno es u n m undo y, com o en cada fuente


vela un a deidad, en cada hom bre
¿por qué no habría u n dios
tan sólo suyo?

5 E n la encubierta sucesión de todo


sólo el sabio percibe no ser nada
sino vid a que pasa.

160

Cantos, risas y flores ilum inen


nuestro m ortal destino
para el yerm o ocultar -h o n d o y nocturno^
de nuestro pensam iento
5 bajo la idea y a en vid a curvado
del plutónico gozo,
consciente de la lívid a esperanza
del caos redivivo.
G o m o este in fa n te que a lo u ra d o d o rm e
fu i. H o je sei q u e há m o rte.
L id ia , h á largas tajas p o r en ch er
n osso am o r que n os tarda.
Q u a lq u e r qu e seja o a m o r o u as tajas, cedo
cessa. R eceia, e apressa.

162

D eixem os, L id ia , a cien cia que n ao p 5 e


m ais flo res do qu e F lo ra p elos cam pos,
n em dá de A p o lo ao carro
o u tro cu rso que A p o lo .

C o n te m p la já o estéril e lo n g ín q u a
das coisas próxim as, d eixem os qu e ela
olh e até n ao ver nada
co m seus cansados olhos.

V e co m o C eres é a m esm a sem pre


e co m o os lo u ro s cam pos en tu m ece
e os cala prás avenas
d os agrados de Pá.

V e co m o com seu je ito sem p re antigo


a p ren d id o n o o rige azul dos deuses,
as n in fas n ao sossegam
n a sua d a n ja etern a.

E c o m o as h em ad ríad es constantes
m u rm u ra m p elos ru m os das florestas
Com o ese infante que arrabiado duerm e
fu i yo. H o y sé que h ay m uerte.
Lidia, anchas copas por llenar tenemos,
de nuestro amor, que tarda.
Sea cual sea am or o copa, pronto
cesa. L id ia, apresúrate.

162

Pues la ciencia no-esparce por los campos


flores más que no Flora, abandonémosla,
y a que de Apolo al carro
no da Apolo otro curso.

Contem plación estéril y rem ota


de las cosas cercanas: ¡que ella m ism a
m ire hasta que no vean
los fatigados ojos!

Fíjate: Ceres es la m ism a siempre,


Lidia, sí, esponjando el rab io campo
donde crezca la caña
a Pan tan grata.

M ira que con su m odo siempre antiguo,


que del divino azu l su origen tom a,
nunca su eterna danza
las ninfas interrum pen.

Ve cóm o las constantes ham adríadas


en la floresta em iten su m urm ullo,
e atrasam o deus Pá
n a a ten fao á sua flauta.

N ao de o u tro m o d o m ais d ivin o o u m en os


deve a p ra ze r-n o s c o n d u z ir a vida,
q u er sob o o u r o de A p o lo
o u a prata de D ian a.

Q u e r tro e J ú p ite r n os céus told ad os,


q u er ap ed reje com as suas ondas
N e p tu n o as planas praias
e os ergu id os ro ch ed o s.

D o m esm o m o d o a vida é sem p re a m esm a.


N ós n ao vem os as Parcas a ca b arem -n o s.
P o r isso as esq u ejam os
co m o se n ao houvessem .

C o lh e n d o flo res o u o u v in d o as fon tes


a vid a passa com o se tem éssem os.
N ao n o s vale pensarm os
n o fu tu r o sabido

que aos nossos olh os tirará A p o lo


e n os p o rá lo n g e de G eres e o n d e
n e n h u m Pá cace á flauta
n en h u m a b ran ca n in fa .

Só as h oras serenas reservan do


p o r nossas, co m p a n h eiro s n a m alicia
de ir im ita n d o os deuses
até se n tir-lh e a calm a.

V en h a d ep ois co m as suas cas caídas


a v e lh ic e , que os deuses co n ced era m
del dios Pan retrasando
la atención a su flauta.

N o de otro m odo más divino o menos


placernos debe conducir la vid a
de Apolo bajo el oro
o de D iana la plata.

Júpiter truene en los cerrados cielos


o sacuda N eptuno con sus ondas
los alzados escollos,
o las playas extensas,

igualm ente la vid a es igual siempre.


A las Parcas no viendo final darnos,
de inm ediato olvidémoslas
com o si no existiesen.

Cogiendo flores o escuchando fuentes


pasa la vid a com o si tem iéram os,
no nos vale pensarnos
el sabido futuro

en el que a Apolo ve r y a no podrem os,


y a alejados de Ceres, allí donde
n in gú n Pan con su flauta
blancas ninfas atrape.

Los serenos m om entos preservem os


com o nuestros, teniendo la m alicia
de im itar a los dioses
hasta sentir su calma.

Venga después con sus cadentes canas


la vejez, que los dioses concedieron
q u e esta h o ra p o r ser sua
n ao sofra de S atu rn o

mas seja o tem p lo o n d e sejam os deuses


in d a que apenas, L id ia , p ra n ó s p ró p rio s
n em precisam de crentes
os que de si o fo ra m .

163

É tao suave a fu ga deste dia,


L id ia , que n ao parece que vivem os.
S em dúvida qu e os deuses
nos sao gratos esta h o ra ,

em paga n o b re desta fé que tem os


n a exilada verdade dos seus co rp o s
n o s dao o alto p rém io
de n o s deixarem ser

convivas lú cid o s da sua calm a,


h erd eiro s u m m o m en to d o seu je ito
de viver toda, a vida
d en tro d u m só m o m en to

d u m só m o m en to , L id ia , em qu e afastados
das terren as angústias receb em os
olím picas delicias
d en tro das nossas alm as.

E u m só m o m en to n os sen tim os deuses


im o rtais p ela calm a que vestim os
que, aunque suya, esa hora,
no perturbe Saturno,

mas sea el tem plo donde seamos dioses,


aunque, Lidia, n i aún para nosotros
necesiten creyentes
los que de sí lo fueron.

163

Tan suave es la fuga de este día,


Lidia, que no parece que vivim os.
Sin duda que los dioses
nos son gratos ahora.

E n noble pago de esta fe que damos


a la verdad exiliada de sus cuerpos,
perm itiéndonos ser
altam ente nos prem ian.

Com partiendo aquí, lúcidos, su calma,


y herederos u n tiempo de su m odo
de v iv ir nuestra vid a
en u n solo m om ento,

uno tan sólo, L id ia, en que, apartados


de la angustia terrena, recibim os
olím picas delicias
dentro de nuestras almas.

Y un solo instante nos sentimos dioses


inm ortales, de calm a revestidos,
e a altiva in d ife re n fa
as coisas passageiras.

C o m o q u em gu arda a c ’ro a da vitó ria


estes fañad os lo u ro s de u m só dia
gu ard em os para term os,
n o fu tu ro en ru gad o ,

p e re n e á nossa vista a certa prova


de que u m m o m en to os deuses n os am aram
e n os deram urna h o ra
n ao nossa, mas do O lim p o .

164

E u n u n ca fu i dos que a u m sexo o o u tro


n o a m o r o u n a am izade p re fe rira m .
P o r igual am o, com o a ave pousa
o n d e p o d e pou sar.

Pousa a ave, o lh a n d o apenas a q u em pousa


p o n d o q u ere r p o u sar antes d o ram o;
c o rre o rio o n d e en co n tra o seu retiro
e n ao o n d e é p reciso .

A ssim das diferen^as m e separo


e o n d e am o, p o rq u e o am o o u n e n h u m am o,
n em a in o ce n c ia inata de q u em ama
ju lg o postergada n isto.

N ao n o o b jecto , n o m o d o está o am or,


lo g o que a am e, a q u alq u er coisa am o.
con alta indiferencia
de cuanto es pasajero.

Com o quien gu arda un a triunfal corona,


los m architos laureles, ¡ay!, de u n día,
para tener, guardem os,
en u n turbio futuro

perenne a nuestra vista prueba cierta


de que u n día los dioses nos am aron
y un a hora nos dieron
nuestra no, del Olim po.

164

Yo nunca fu i de los que a u n sexo el otro


en el am or o en la am istad prefieren.
Por igual amo, cual se posa el ave
donde posarse puede.

Casi n i m ira el ave en qué se posa,


más atiende al posar que no a la rama;
corre el río donde halla su retiro,
no donde necesita.

De toda diferencia m e separo


y, donde am o, pues lo am o o no am o a nadie,
ni la innata inocencia de quien ama
ign orar así creo.

E n el m odo el amor, no en el objeto,


que, por am arla, amo alguna cosa.
15 M eu am o r n ela n ao resid e, mas
em m eu am or.

O s deuses que n os d eram este ru m o


do am o r a que cham am os a b eleza
n ao n a m u lh e r só a puseram ; n em
ao n o fru to apenas.

165

F lores que co lh o , o u d eixo,


vosso d estin o é o m esm o.

V ia que sigo, chegas


n ao só a o n d e eu chego.

5 N ad a som os que valha


s o m o -lo m ais que em vao.

166

In in te rru p to e flu id o gu ia o teu curso


L id ia , e seren o para o m ar distante.
Teus m anes nao to param .
In te r r o m p é m -to apenas.

165, a. Flor que colho, ou que deixo, / teu Destino é o mesmo. //V ia que trilho, chegas
/ só até onde chego. // Nada somos que valha, / somo-lo com mais // que só os
dias [...]
15 Y es que m i am or en ella no reside,
no, sino en que am o sólo.

Los dioses que nos dieron este rum bo


del am or que llam am os la belleza
no sólo en la m ujer la dispusieron,
20 n i aun en el fruto apenas.

165

Flores que cojo o dejo,


tenéis destino idéntico.

Via que sigo, llegas


no sólo a donde llego.

5 N ad a somos valioso,
que más que en vano somos.

166

Fluido e ininterrupto gu ía tu curso,


Lidia, sereno hacia el m ar distante.
N o lo paran tus manes,
no, lo interrum pen sólo.

165, a. Flor que yo cojo o dejo, / tu Destino es idéntico. //V ía que abro, llegas / tan
sólo a donde llego. I I Nada somos valioso, / pues que sólo con más // días lo
somos.
Mas con ta tu as tuas p ró p ria s horas,
á tua espera d á -te in certa N aiad e [?]
que a p o rta [?] te n ao dá
tua legada v id a ...
G o n d escen d en te p ’ ra c o n tigo p ró p ria ,
deixa aos certos Letes de fu g ir
vive co m a verdade
n o instan te dos d em o n io s [?]
que alhures a saber preso co m deles
o céu do Fado, gozam a d elicia
altiva de viverem
o n d e gu ardam suas vidas.

167

M e u gesto qu e destrue
a m o le das form igas,
to m á - lo - á o elas p o r de u m ser d ivin o;
mas eu n ao sou d ivin o para m im .

A ssim talvez os deuses


para si o n ao sejam ,
e só de serem do que n ós m aiores
tire m o serem deuses para n ós.

Seja qu al f o r o certo,
m esm o para com esses
que erem os serem deuses, n ao sejam os
in teiro s n u m a fé talvez sem causa.
Sí, pero cuenta tú tus propias horas
que tu espera te da, N áyade incierta,
y la puerta no da,
legada vid a...
Contigo m ism a al fin condescendiente,
deja a los ciertos Letes en su fuga,
con la verdad viviendo
en sus demonios
que, sabiendo ligado con el suyo
del Hado el cielo, gozan la delicia
de viv ir, donde guardan,
altam ente, sus vidas.

167

M i gesto, que destruye


el alzado horm iguero,
ellas lo tom an por de u n ser divino,
mas y o no soy divino para mí.

Así tal v e z los dioses


para sí no lo sean;
sólo por ser m ayores que nosotros
quizá a nosotros nos parecen dioses.

Sea o no cierto, incluso


hasta para con esos
que creemos sean dioses, n o seamos
de una absoluta fe, tal v e z sin causa.
N ao m ais pensada q u e a dos m u d os b ru to s
se fada a h u m an a vida. Q u e m destina
m ais q u e os gados n os cam pos
o fim do seu d estin o ?

169

N ao m o rre ra m , N eera , os velhos deuses.


S em p re qu e a h u m an a alegria
renasce, eles se voltam
para a nossa saudade.

170

N ao p o rq u e os deuses fin d a ra m , alva L id ia , c h o r o ...


mas p o rq u e ñas bocas de h o je os n om es sobrevivem
m o rio s apenas, co m o n om es em pedras sepulcrais.
P o r isso, L id ia , lam en to
5 que V é n u s em bocas cristas seja urna palavra dita,
que A p o lo seja u m n o m e que usam quantos
sequentes de C risto — e a c re n fa lú cid a
n os deuses p u ra m en te deuses,
tenha passado e fica d o , cinza d o que era fo g o ,
10 lam a do que era água reflectin d o as árvores,
tro n co m o rto do que dava fru to e florescia,
mas se c h o r o , n ao creio
m en os qu e ain d a existo, co m o existem os deuses.
N o más pensada que del m udo bruto
se hada la vid a hum ana. ¿Quién destina
más que el buey en los campos
su destino final?

169

N o m urieron al fin los viejos dioses.


Cada v e z que renace la alegría
hum ana, ellos regresan
para nuestra nostalgia.

170

N o por los dioses irse, Lidia, lloro...


sino porque, nom brados, sobreviven
casi m uertos, cual nom bres en las lápidas.
Y po r eso lam ento
5 que Venus sea h o y una palabra que em plean los cristianos,
que Apolo sea u n nom bre que u tilizan
los de Cristo - y la lúcida creencia
que hubo en los dioses puram ente dioses
haya pasado, y quede com o cen iza de lo que era fuego,
10 lodo que fue agua y reflejó los árboles,
tronco m uerto que antes daba su fruto, cuando florecía.
M as, por llorar, no dejo
de creer en que existo, cual los dioses.
N o gra n d e espado de n ao haver nada
que a n o ite fin g e, b rilh a m m al os astros.
N ao há lúa, e ain d a b em .
N este m o m en to , L id ia , co n sid e ro
tu d o , e u m fr ió que nao há m e en tra
n a alm a. N ao existes.

172

N o m agn o dia até os sons sao claros.


P elo rep o u so do am pio cam p o tardam .
M ú rm u ra , a b risa cala.
Q u isera , co m o os sons, viver das coisas
mas n ao ser délas, co n seq u én cia alada
em que o real vai lo n g e.

173

O u tr o s co m liras o u co m harpas n arram ,


eu co m m eu p en sa m en to .
Q u e , p o r m eio de m úsica, acham nada
se acham só o qu e sen tem .
M ais pesam as palavras qu e, m edidas,
d izem qu e o m u n d o existe.
E n el espacio de que nada exista
que ha fingido esta noche no h a y estrellas,
n i luna tampoco.
E n este instante, Lidia, considero
5 todo, y u n frío que no h a y penetra
m i alma. N o existes.

172

A pleno día hasta el sonido es claro;


en el reposo del ancho cam po tarda
y se calla la brisa, susurrando.
Vivir, sí, de las cosas, cual sonido
5 quiero, mas no ser de ellas, consecuencia
donde lo real se m archa.

173

Otros con liras o con arpas narran,


yo con m i pensamiento.
Con la m úsica sólo, nada encuentran
si es sólo lo que sienten.
5 Más pesan las palabras que, medidas,
dicen que el m undo existe.
Q u a tro vezes xnudou a esta^áo falsa
n o falso a n o , n o im utável curso
do tem p o co n sequ en te;
ao verd e segue o seco, e ao seco o verde;
e n ao sabe n in g u é m qu al é o p r im e ir o ,
n e m o ú ltim o , e acabam .

175

Q u e r o dos deuses só que m e n ao lem b rem .


S erei livre — sem dita n e m desdita,
co m o o ven to qu e é a vida
d o ar que n ao é nada.
O ó d io e o am o r iguais n os buscam ; am bos,
cada u m co m seu m o d o n o s o p rim em .
A q u em deuses co n ced em
nada, tem lib erd a d e

176

A o s deuses pe^o só que m e con ced am


o n ad a Ibes p e d ir. A dita é u m ju g o
e o ser feliz o p rim e
p o rq u e é u m certo estado.
N ao q u ie to n em in q u ie to m eu ser calm o
q u ero e rg u e r alto acim a de o n d e os h om en s
tém prazer o u dores.
C uatro veces m udó la estación falsa
en el falso año, el inm utable curso
del tiem po sucesivo;
verde sigue a lo seco, y seco a verde,
y nadie sabe cuál es el prim ero
o el postrero, y acaban.

175

De los dioses, que nunca m e recuerden.


Libre seré, sin dicha ni desdicha,
com o el viento, que es vid a
de ese aire que es nada.
O dio y am or igual nos buscan; ambos,
cada uno a su m odo, nos oprim en.
A quien los dioses nada
conceden, ése es libre.

176

Sólo pido a los dioses m e concedan


nada pedirles, no. L a dicha es yu go
y oprim e el ser feliz,
por ser estado.
Y a ni quieto n i inquieto, m i ser calm o
quiero a lza r del terreno donde el hom bre
placer tiene, y dolores.
Se h á s-d e ser o que choras
ter que ser, n ao o chores.
Se tod a a m o le im ensa
do m u n d o s e r -te -á n o ite,
5 aproveita este breve
dia, e sem ch o ro o u cura
g o za -o , co n ten te p o r víveres
o p o u c o que te é d a d o .

178

Sem clepsid ra o u sem re ló g io o tem p o escorre


e n ó s co m ele, nada o á rb itro scravo
p o d e con tra o destin o
n em c o n tra os deuses o desejo n osso.

5 H o je , quais servos com ausentes deuses,


na alheia casa, u m dia sem o ju iz ,
beb am os e com am os.
Será para am anhá o qu e a có n te la .

T o m b a i m an ceb os, o v in h o em n o b re ta fa
10 e o b r a fo n u c o m que o en to rn á is fiq u e
n o lem b ra n d o olh ar
u m a státua de h o m e m a p o n ta n d o .

S im , h eró is s é -lo -e m o s am anhá.


H o je ad iem os. E n a nossa ta ja
15 o ro x o vin h o tran sparefa
dep ois — p o rq u e a n o ite n u n ca tarda.
Si has de ser el que lloras
deber ser, no lo llores.
Y si la m ole inm ensa
del m undo ha de ser noche,
5 aprovecha este breve
día y, sin cura o llanto,
vive y goza, contento,
eso poco, lo dado.

178

Sin clepsidra o reloj se escurre el tiempo


y nosotros con é l , nada ese árbitro
esclavo puede en contra del destino
ni nuestro querer contra los dioses.

5 Hoy, com o siervos, con ausentes dioses,


sin el ju e z u n día, en casa ajena,
bebamos y comamos.
Será para m añana lo que venga.

Verted, mancebos, en noble copa el vino


10 y el nudo brazo que lo vierte sea,
en el m irar cargado de recuerdos,
una estatua de hom bre que señala.

Aunque m añana hayam os de ser héroes,


aplacém oslo hoy, y en nuestra copa
15 transparezca brillando el rojo vino
después, porque la noche nunca tarda.
S ob a leve tutela
de deuses descuidosos,
q u ero gastar as con ced id as horas
desta fadada vida.

N ad a p o d e n d o con tra
o ser qu e m e fizeram ,
desejo ao m en os qu e m e haja o Fado
d ado a paz p o r d estin o.

D a verdade n ao q u ero
m ais que a vida; que os deuses
dáo vid a e n ao verd ad e, n em talvez
saibam qu al a verd ad e.

180

Sob estas árvores o u aquelas árvores


c o n d u zi a d an fa,
c o n d u zi a d a n fa , n in fas singelas
até ao am pio gozo
q ue tom áis da vida. C o n d u z i a dan^a
e sé quasi hum anas
com o vosso gozo d erram ado em ritm os,
em ritm o s solenes
que a vossa alegria to rn a m aliciosos
para nossa triste
vid a q u e n ao sabe sob as m esm as árvores
c o n d ú z ir a dan^a...
Bajo leve tutela
de descuidados dioses
quiero gastar las concedidas horas
de esta vid a y su hado.

N ad a pudiendo contra
ese ser que m e hicieron,
deseo al m enos que m e haya el Hado
dado paz por destino.

De la verdad no quiero
sino vida; los dioses
vid a dan, no verdad, tal v e z n i saben
cuál la verd ad sería.

180

Bajo estos árboles o aquellos


conducid vuestra danza.
Vuestra danza im pulsad, ¡oh, puras ninfas!
hasta aquel am plio go zo
que tom áis de la vida. Conducidla,
para ser casi hum anas
con vuestro go zo derram ado en ritm os
-eso s ritm os solemnes
que la alegría torna m aliciosos-,
frente a nuestra triste
vid a que, bajo esos mism os árboles,
no sabría danzar...
Para os deuses as coisas sao m ais coisas.
N ao m ais lo n g e eles véem , mas m ais claro
na certa N atureza
e a co n to rn a d a v id a ...

N ao n o vago qu e m al véem
o rla m isteriosam en te os seres,
mas n os detalhes claros
estáo seus olíaos.

A N atureza é só urna su p erficie.


N a sua su p erficie ela é p ro fu n d a
e tu d o c o n tém m u ito
se os olh os b e m olliarem .

A p re n d e , p o is, tu, das cristas angustias,


ó tr a id o r á m u ltíp lice p rese n ta
dos deuses, a n ao teres
véus n os olh os n em n a alm a.

182

A in co n stá n cia dos deuses n o s com p ele


e a f o r ja ign ota do D estin o a tu d o .
A los dioses las cosas son más cosas,
pues no más lejos ven, sino más claro
en la N atu raleza
y en la vida...

5 N o y a eso vago que no ven apenas,


aureolado m isterio de los seres,
sino el claro detalle
ven sus ojos.

N atu raleza es sólo superficie


10 y en su superficie ella es profunda.
Todo contiene m ucho
si los ojos bien m iran.

Aprende pues, de la cristiana angustia,


¡oh, traidor a la m últiple presencia
15 de los dioses!, a no
velar n i ojos n i alma.

182

L a divina inconstancia, y del Destino


ignota fu erza, nos com pele a todo.
A v id a é triste. O céu é sem p re o m esm o. A h o r a
passa segu n do nossa estéril, tím id a m an eira.
A h n ao haver terrados sob re a E speranza.

184

E q u an to sei do U n iv erso é que ele


está fo ra de m im .

185

N em d estin o sabido,
som os cegos, qu e véem só q u em tocam .

186

N ó s ao igu al destin o
in igu ais p erten cem o s.

187

Q u e r co m a m or, q u er sem a m or, senesces


A n te s senescer ten d o p e rd id o qu e n ao te n d o tid o .
L a vid a es triste, el cielo siempre el mismo.
Pasa la hora de conform idad a nuestra estéril y tím ida m anera.
¡Ah, que no haya terraza a la Esperanza!

18 +

Q ue está fuera de m í,
eso es cuanto sé del Universo.

185

N o h a y destino sabido,
somos ciegos, que ven sólo a quien tocan.

186

Desiguales, sí, pertenecemos


a u n igual destino.

187

Pues con am or o sin am or senesces,


más habiendo perdido que envejecer sin haber tenido.
S em p re m e leve o b reve te m p o flu í.
N e m d o r o faz m ais le n to .

189

S er feliz é u m ju g o , o ser gran d e


é urna servid á o : tu d o rep u g n o
salvo esta m ajestade.
E l breve tiem po levem ente fluye
siempre, sin que el dolor lo haga más lento.

189

Ser feliz es u n yugo, y el ser grande


es una servidum bre: nada quiero
salvo esta majestad.
NOTAS

A d v e r te n c ia . L a presente versión de la poesía de Fernando Pessoa


rea liza el intento de reprod u cir rítm icam en te —en la
m edida en que nos es fa c tib le - lo que constituye el ritm o
propio del texto portugués original. E n lo que hace al pre­
sente caso - a los poemas de R icardo R e is - ello im plica
seguir la adaptación - ‘im itación de un a im itación ’, si es
lícito decirlo de este m o d o - que el poeta realiza por su parte
de m odelos griegos y latinos —poemas griegos tardíos de la
tradición anacreóntica y, sobre todo, de entre los latinos, las
famosas odas horacianas (Ver poem a VI. a de «O das I» y 55
de «O das II» ), pero tam bién, sin duda, otros m odelos de
carácter casi epigram ático-. Hemos tratado pues de m ante­
ner en lo posible la estructura estrófica y, en las ocasiones en
las cuales no lo hem os logrado po r com pleto, sí la estruc­
tura rítm ica del verso (con atención a la acentuación y a las
pautas m étricas com unes). M antenem os tam bién, en
m uchos casos, ciertas expresiones arcaizantes y neologis­
mos acuñados desde raíces latinas que nos presenta el texto
origin al cuando nos lo ‘p erm ite’ el castellano. A lgo que
tam bién, en ocasiones (sigu iend o los m odelos de Pessoa),
ha determ inado la sintaxis de algunos versos de la trad u c­
ción. Por lo demás, y en cuanto al contenido, hem os de
señalar un a v e z más que, al concebirse globalm ente la pre­
sente edición de la P o esía de Fernando Pessoa, hem os pre­
tendido lim itar la anotación de cada vo lu m en - e n lo que
hace a la in terpretación - a las variantes significativas en el
desplegarse ‘sucesivo’ - o . po r ser m ás exactos, ‘ sim ultá­
neo’ - de lo que cada poética supone. E n consecuencia, sólo
señalamos lo que nos aparece com o n u evo - o , po r m ejor
decir, d ife re n cia l- en los textos que form an este libro,
frente a los incluidos en los seis tomos anteriores de la obra.

O das I. L a denom inación «L ibro prim ero» de las Odas de Ricardo


Reis fue establecida po r Pessoa. E l conjunto de los veinte
textos, con su n u m eración correlativa (rea.liza.ia. en
núm eros rom an os) se pu b licó en la revista A th e n a en su
n ú m ero 1, de octubre de 1924. E l proyecto, iniciad o en el
1914, en principio previsto en cinco ‘libros’, nunca se llegó
a establecer.

poema I. E l p rim er poem a de la serie, en fu n ció n declarada de


poética, sirve tam bién ahí para fijar los criterios epistem o­
lógicos desde donde se escriben —o m ejor, se in s c r ib e n —
dichos textos. A h í es el « m u nd o» lo que «crea» el «arte»
al «plasm ar» en la «m en te» su « reflejo» . A la estructura
an tiq u izan te que caracteriza los poem as se corresponde
pues u n contenido que se pretende antisubjetivo: an tirro -
m án tico, antisim bolista... y, en d efin itiva, antim oderno.
Un desafío al « tiem po» - a todo tie m p o -, con pretensión
de p e re n n id a d .- T exto datado a 29 - 1-21 en la edición
publicada en Atica.

I, b. L a versió n I b de este poem a m uestra, en la edición de


M PS, ciertas variantes textu ales que recogem os a con ti­
n uación . Yerso 4 : «que m e h iz o pensarlos». Tersos 7-8
« L le ga d a la h ora, y o m ism o seré todo. / M enos que esas
palabras». Y. 10: «M ás yo será que m ente». Y. 14: «M uere a
la obra la v id a » .- E n la edición publicada en A tica -q u e
sigue siem pre, igu al que M P S, la edición de la revista
A th en a — h a y variantes dadas en apéndice. L a prim era va al
verso 14: «Siendo pues inm ortales, nos m atam os». Aparece
luego u n verso 15 (q u e presenta un a cierta sem ejanza con
el verso 15 de I, a): « M u ere pues a la obra n uestra vid a » .
Desde ahí, el verso 15 de I, b aparece com o 16, corriendo la
num eración hasta el final.

II. E n esta oda se abre la tem ática que resulta central en todo
el libro: la r e fle x ió n - d a d a en el reflejo m an ifiesto en el
cuerpo y en las c o s a s - del pensam ien to de la « v id a
b reve» (d e trad ició n p o ética - y n o sólo p o é tic a -
rom an a). De ahí se deriva - t a l com o verem os en poem as
y textos su cesivos- un a m elancólica llam ada (co m o in v i­
tación, com o ad verten cia) frente a la decadencia in evita ­
ble a g o za r del instante pasajero en las distintas form as y
matices que en los m odelos clásicos adopta —« co llig e virgo
ro sa s» , « ca rp e d iem » - esa dialéctica de la fin itu d , con sus
sím bolos m ás h abitu ales ( p o r ejem plo, el m o tiv o de las
flo re s). D ich o aviso, en p rin cip io d irig id o a d iferen tes
n om bres (L id ia , N e era , C lo e ) - m á s que p e rso n a je s-
fem eninos, se extenderá después inn om in ada - c ie r to que
en contadas ocasion es- hacia figuraciones del e fe b o .- E n
lo que hace a la referencia, que se repite en m uchos de los
textos, a los dioses pagan os, unas veces se apoya en sus
‘historias’ —puede consultarse a ese respecto el «G losario
de figu ra s m ito ló g ica s» que hem os in clu id o al fin a l del
lib r o - , y otras en cam bio en sus avatares o, con frecu en ­
cia, en sus advocaciones. Así, en el verso 7 de la oda, vale
«A polo», sin duda, com o « s o l» .- T exto datado a 11- 7-14
en la ed ición pu b lica d a en A tica , que presenta, en el
cuerpo de su apéndice, dos varian tes significativas. Verso
9 : «A sí, hagam os n u eva v id a u n d ía» . V. 10: «inscien tes,
L id ia, sosegadam ente».

III. Com parecen aquí, un a v e z más, los nom bres - y funciones


esp ecífica s- de los dioses clásicos antiguos. Si ahí « N ep -
tun o» vale com o « m ar» , « S atu rn o» , a su v e z , vale com o
tie m p o .- T ex to datado a 6 - 1 0 -1 4 en la edición publicada
en Atica.

IV. T exto datado a 17- 7-14 en la edición publicada en Atica

IV. a. Variante, verso 5: «Cam aleones posados en las cosas» - e n


la edición de M P S -.

V. L a «barca» de que habla el verso 6 es la m ítica barca de los


m uertos que conduce C aron te, el barquero del in fiern o
griego. T exto datado a 17- 11-23 en la edición publicada en
Atica.

VI. L a referencia al baile de las ninfas al que aquí se rem ite a los
«m uchachos» -re p e tid a en poem as su cesivos- tiene sin
duda procedencia clásica. C ierto adem ás que, en segundo
térm ino, las ‘bailadas’ galaicoportuguesas propias de las
cantigas m edievales son un a segunda tradición que podría
im pregnar esta poética. L a del ritm o - y el verso así cread o-
fruto de una alegría natural, ‘inconsciente’ y libre de tem o­
res. E xp resión m anifiesta y espontánea de la ecuación de
vid a y poesía. Texto datado a 9 - 8-14 en la edición publicada
en Atica. Es el prim ero, pues, en ser com puesto, si atende­
m os a dicha datación, de los publicados en A th en a com o
«L ibro prim ero» de las Odas.

VI, a. L o declarado en el noveno verso es la prim era referencia a


H oracio, el m odelo latino de las Odas. Variante en A tica
- e n a p én d ice- y en M PS, verso 15: «Soberbiam ente an ti­
guas».

VIL N o h ay datación de este poema.

VIII. Texto datado a 2 4 - 10- 2? en la edición publicada en Atica.


IX. Texto datado a 12- 6-14 en la edición publicada en Atica.

IX. a. Versos 3- 6 : « Q uiero tener esta hora, / leve, sí, / po r la vid a


toda». Variante en apéndice de Atica.

X. E l «sistro» m encionado en verso 9 vale ahí com o sím bolo


de la capacidad poética de ‘Reis’ - y de su dependencia de lo
rítm ico de la m úsica propia de las o d a s-. T ex to datado a
22-10-23 en la edición publicada en Atica.

XI. N o hay datación de este poema.

XII. E n este caso el destinatario - c o m o tam bién sin duda en la


oda VI, pero aquí claro destinatario e r ó tic o - es expresa­
m ente m asculino, tal com o hem os antes señalado en nues­
tra nota al poem a II. Texto datado a 21- 10-23 en la edición
publicada en Atica.

XII, a. L a «corriente» de que habla el verso 11 ha de ser la del río


del Averno, ese «abism o» infern al del verso 6. Verso 8: «lo
que no doy, buscando» (variante en M P S). « L o que no dio
buscando» -va ria n te en apéndice de A tic a -.

XIII. Texto datado a 25- 12-23 en la edición publicada en Atica. Es


pues, qu izás, el ú ltim o com puesto, si atendem os a dicha
datación, de los publicados en A th e n a com o « L ib ro p r i­
m ero» de las Odas (h a y que tener en cuenta en todo caso
que de cu atro poem as de la serie no consta fecha de com ­
posición).

XIII, a. Verso 16: « Q u e la vid a sea esto» —variante en M P S -.

XIII, c. Verso 18: «no está aquí, no llegó». Versos. 19- 2 0 : «pues el
fu g a z presente / solam ente existe m ientras d u ra» . V. 2 2:
«dentro, sí, de tu alm a» -va ria n tes en M P S -.
XIV. C anta el poem a al poeta - a l poeta com o au tor del canto,
com o u n dios entre dioses ( w . 13 -1 6 )-, com o en la ultim a
estrofa se declara. Y lo canta en la form a - e l e p in ic io - en
la cual elp o e ta lo cantó (v e r al respecto verso 28) . - T exto
datado a 22-10-23 en la edición publicada en Atica.

XV. Texto datado a 16- 11-23 en la edición publicada en Atica.

XV. a. Yerso 3: «de aquel que m ira u n ente». V. 6: «le im porta, y la


fam a o la soberbia». V. 13: «en activas presencias encubier­
tas» -va ria n tes en apéndice de A tic a -.

XVI. Tal com o y a hem os visto en la O da X II, nuevo poem a del


am or efébico. - T exto datado a 17- 11-23 en la edición
publicada en Atica.

XVII. N o h ay datación de este poema.

XVII. a. Verso 6: « N o te destines, no, que tú no eres». Yersos 8- 9 :


« L a que prevés siguiente / quién sabe si la gozas». V. 11: « y
la que ha de seguir, la m uda Suerte».

XVIII. N o h ay datación de este poema.

XIX. Texto datado a 3- 11-23 en la edición publicada en Atica.

XX. Yerso 22: «N uevos abrazos de la helada Estigia» -va ria n te


señalada en A tic a -. E n su edición, el texto está datado a 11-
7- 14.

XX, a. Yerso 10: « M an tén continu o, cual la fuente, el curso»


—varian te en M P S —. Versos 9 - 11: «D e ese cielo que hay)
aprende calm a / y del llan to a tener unido el curso. / N o
imites la clepsidra» -varian tes en apéndice de A tic a -.
XX, b. Verso 4 - d o s varian tes en M P S -: « y más m ohines a la
am iga Ceres?»; « y más alto de Ceres será el pecho?».

O das II. Damos aquí, com o hemos indicado, ordenados por orden
cron ológico siem pre que así h a podido establecerse y con
num eración correlativa -e sta v e z en núm eros arábigos por
distinguirlos de los an teriores-, todos aquellos textos poe­
m áticos que integrarían el proyecto de las odas de Ricardo
Reis.

1. H ay u n testim onio m anuscrito encabezado por la dedica­


toria «A Alberto Caeiro». É l sería el «m aestro» - t a l com o
se inicia el p rim er v e r s o - al que em p ieza invocan do este
poem a. L u ego , llegando al verso 17, ahí la m en ción a la
N a tu ra leza - c o m o sucede en toda esta p o é tic a - es casi a
u n personaje deificado - t a l com o se ve con el D e s tin o -
N uestra ‘naturaleza’ es el «m aestro» que debemos seguir y
practicar. Versos 33-36: es Saturno - e l T ie m p o - el «dios
im pío» que «devora a sus hijos» incesante (v e r sobre esto
lo dicho en el «G losario»).

2. Aquí se abre el segundo tema propio de la poética de Reis. L a


afirm ación de los antiguos dioses que, al m odo de H ólder-
lin, no han m uerto, sólo se han alejado de nosotros bajo el
im pulso del «triste dios cristiano. / Cristo es sólo u n dios
nuevo, / tal v e z el que faltaba» (y . 9) - l a posición, sin
duda, es bien distinta; lo que en H ólderlin es u n cu m p li­
m iento aquí es algo penoso, lam entable (p o r p rovocar la
h u id a de los dioses, no por el m ero hecho de v e n ir ) —. Frente
a lo cual se eleva la promesa -q u e poco antes N ietzsche fo r­
mulara: el retorno de Pan (v. 7) . Cierto que si los dioses son
los mismos, nada les im porta de nosotros: «despreciando» a
los hoihbres (v. 19) , vari m anteniendo el curso de las cosas
sin causa alguna, por «divino azar» ( w . 16- 26).
N u evam en te aquí el tem a de los dioses, pero ah ora en
fuerte v a riació n tem ática: las antiguas fu erzas naturales
- la s divinidades destronadas dom inantes en la era de
S a tu rn o -, com o « m era m ateria destronada», « fu erzas
inútiles» frente a los O lím picos ( w . 9-13 y 2 0 - 25) - v e r lo
dicho al respecto de Saturno e H iperión en el « G lo sa rio » -.

Tras el verso 11 continúan, conform ando el inicio de otra


estrofa, m anuscritos, dos versos incom pletos: «H iperión
vien e entonces / a llo ra r...» -v a ria n te en M P S - ; se trata
de un inicio alternativo a la tercera estrofa del poem a.

E l poem a prosigue el argum ento: llan to/flau ta de Pan (el


dios ausente; w . 11-14 y 19-20 -a n te s, llanto/poniente de
H ip erión, poem a 3, w . 2 6 - 35- ) , y m em oria perd id a de la
Venus ( « cla ra diosa» que fu e « d el m a r n acid a» , w . 15-
16) , de la sensualidad y la b e lle z a .- Versos 18- 2 0 : «siente,
cansado, en tran las olas, / m ien tras la flau ta llo ra son­
riend o / p á lid a m e n te » -e n A tica, com o lectu ra p rin c i­
p a l- .

U na v e z más sobre la tem ática de los dioses antiguos,


encontram os e n .w . 7-8 la vieja d octrin a teológica por la
cual el Destino n i los dioses pueden alterarlo; es anterior y
superior a ellos - » a l pie del Destino, / más allá de los dio­
ses», w . 7- 8, según el poeta lo fo rm u la -. «Sentados» pues
ante lo inevitable ( w . 25-32), el texto adopta u n tono de
renuncia a la busca de u n m odo de a ta ra xia ~ «sin amores
n i odios n i pasiones... / ... en vid ias... / ... cuidados», w .
13- 1 4 - que presenta u n carácter epicúreo -v é a se luego el
verso 17: «am ém onos pues tran qu ilam en te» , de m anera
pasiva ( w . 27- 28) una v e z m á s-.

E l texto constituye un a versión (n o incluida en la edición


de A tica) de la oda anterior, simplificada. H ay referencia al
h ilo de las Parcas - v e r sobre esto lo dicho en el « G lo sa ­
r io » - en el verso 9 del poema.

7. E l poem a presenta el m ism o texto en las dos ediciones con­


sultadas.

8. E l texto, en las dos últim as estrofas ( w . 21- 28) , v a rep i­


tiendo casi exactam ente los versos últim os del poem a X X
( w . 17- 24) , es decir, el de cierre de la serie de Odas I com -
puesta por Pessoa.

9. Verso 5: «Pobres, ay, de nosotros, niños h u érfan os»


- v a ria n te en M P S - . N o in clu y e el poem a la ed ición de
Ática.

10. Verso 9 : «Así lloran los dioses». E l intenso m otivo de este


verso repite aquí el v. 35 -ú ltim o ta m b ién - de la oda ?. Ahí
hallam os el llanto de H iperión - y el de la flauta de Pan en
la oda 4 - com o aquí el de D ian a po r su am ado (sob re el
m ito de D ian a y E n d im ión consu ltar lo anotado en el
« G lo sa rio » ). E l d olor es com ú n a hom bres y dioses; en
efecto, el Destino, lo hemos visto en el com entario a la oda
5, es radicalm ente inquebrantable. Este sistema interno de
resonancias y duplicaciones que se presenta entre unos y
otros textos se revela esencial, con stitu tivo dentro de la
poética d e Reis, variaciones —en el c o n te n id o - de un
auténtico tem a, a la m anera de las com posiciones m usica­
les, configu ran do así u n a estru ctu ra de valores m otívicos
cam biantes: en su ‘co lo r’, en su ‘ crom atism o’, su ‘son ori­
dad’: ‘conceptual’.

11. L a referencia -ex p resa a q u í- a Epicuro, reincide en lo que


hemos señalado en la anotación a la oda 5.

12. E l últim o verso nos rem ite a otro de los conceptos esencia­
les en el pensam iento de E picu ro: la conquista / el retiro
individual de / a la autarquía.

13. E l poem a presenta el m ism o texto en las dos ediciones con­


sultadas.

14. Verso 9 : « a v e atque v a le » era la fórm u la del saludo latino,


fórm u la equivalente, m ás o m enos, a «te saludo y espero
que estés bien». N o incluye el poem a la edición de Atica.

15. Variantes en M PS, versos 11- 13: «no forcem os la v o z. / E n


su secreto, / sean interrum pidas, casuales». Versos 22- 2 4 :
«para u n go zo distinto recogim os, / con distinta concien­
cia / al m ira r h acia el m u n do » . Verso 32: « y h a y noche
sobre C e r e s » .- Variantes en apéndice de Atica, w . 11- 12:
«n o forcem os la v o z / a estar m ás que en secreto». V. 22
(dos variantes): «por go zar de otro m odo recogíam os»; « y
con ciencia distinta recogíam os».

16. Verso 2: « E n la fuente tran qu ila». V. 17: «a, por toda tris­
teza, u n suspiro». V 30: «de nuestro pensam iento». V. 31:
«en corvad os y a en vid a ante la idea». V. 33: «de la lívid a
espera y a consciente»—variantes en M PS—.

17. L a referencia en verso 14 al «río oscuro» es, un a v e z más,


al río del Hades, y, en consecuencia, de la muerte. L uego en
versos 15-16 com parece u n a n u eva referen cia (tras las
hechas en odas 5, 6 y 10) a lo in exorab le del D estino para
hom bres y dioses.

18. Verso 15: « a lza castillos por usar los ojos» - l a varian te va
en ambas ediciones-. )

19. Variantes en M PS, verso 10: « a lo m ism o que el gu sto» .


Una va rian te - d e tres v e rs o s - a los w . 21- 22: «Si o lvid a ­
m os la vid a , / y a podrem os ju zg a rn o s / libres en tera­
m en te» . Versos 2 6- 27: «E sa ilu sión de ahora / nos hará
com o dioses» (la expresión nos im pone rem itirn os más
a llá del pan teón olím pico, que es realm ente lo que ‘R eis’
invoca, a la reserva expresa de Yaveh en el libro del G énesis ,
que advierte sin duda ese peligro - q u e los hom bres se vu el­
va n sus iguales en conocim ien to y a m b icio n e s- en los
m itos del árbol del E dén y en el m ito babélico de n uevo,
G én e sis 3, 2 2 -2 4 y 11, 1- 9) . - L as dos prim eras varian tes
señaladas vien en tam bién en Á tica, en apéndice. P or el
contrario, en cuan to a la tercera, h a y gran diferen cia de
concepto: « y la ilu sión de que / hem os de hacernos d io­
ses». Por lo demás, en texto principal, a la altura del verso
22, otra lectura significativa: «sino al pensarnos en ello».

20. L a ‘dedicataria’ de la oda, esa luna a la cual se refieren los


tres prim eros versos, tiene tam bién consideración de d ivi­
nidad en el m undo antiguo. De ahí los «calm os creyentes»
(v. 5) que la honran.

21. N u e v a polém ica frente al dios cristiano (v e r sobre esto


nota al poem a 2) , un a en la cual la N atu ra leza - l a « reali­
dad ex tern a» que el poeta canta com o la prop ia del
« m o m en to » - un a v e z más asom a en las figuras -d esd e los
n o m b re s- de los viejos dioses. F ren te a la in ú til busca de
algo ajeno, distinto, de la vida, el poem a reclam a para sí su
vivir, «pagan am ente» .- Variantes comunes a M PS y apén­
dice de Á tica, verso 4 : «que aguas h a y más alegres». V, 8:
«son de aquí y m e agradan?». V. 22: «el altar n atural para
m i c u lto » .- O tra variante en Ática, verso 15 del texto p rin ­
cipal: «que en lo Vago no m oran».

22. N o incluye el poem a la edición de Atica.

23. Un nuevo poem a de la serie (v e r las odas 2 y 21) que opone


cristianismo y paganismo. N o está incluido en la edición de
Atica.

24. Versos 23- 2 4 : « Y la sonrisa extensa / de quien v a con la


vid a» -v a ria n te en M P S -. N o incluye el poem a la edición
de Atica.

25. N o incluye el poem a la edición de Atica.

26. C om o sucede en otras ocasiones, «C eres» , ahí, vale com o


« cam p os» o, m ejor, com o « tie r r a c u ltiv a d a » , c o n tra ­
puesta en el texto con las cum bres en tanto espacio de lo
n a tu r a l.- N o in clu ye el poem a la edición de Atica.

27. Los versos 13-20 del poem a son variante libre de los versos
7-14 de la oda I I I .- Versos 3- 4 : «pasaba, y el follaje / como
ahora se m ecía». V. 19 (dos distintas variantes): «¿qué hará
en la hosca playa»; «¿qué h ará en la otra playa» . V. 2 0 :
«donde el m ar es Saturno?». Variantes com unes a M PS y
apéndice de Atica.

28. Verso 2: «la confiada visión de que, forzándonos». Variante


com ún a M PS y apéndice de Atica. Versos 11- 12: « hacia
donde ellos quieren / que nosotros queram os». Variante en
M PS.

29. Verso 11: «son otra H um anidad». Variante com ún a M PS y


apéndice de Atica.

30-31. Am bas odas con el m ism o texto en las dos ediciones con ­
sultadas.

32. Sobre el título propio del poem a -q u e continúa, al m enos


parcialm ente, la conexión con el epicureism o y su preten­
sión a la a ta ra xia (v e r la octava estrofa de su t e x t o ) - apa­
rece, al principio de la hoja, uno más general y referido al
conju n to previsto de poem as dentro del que se en cu ad ra
dicha oda. Su tenor com pleto es el siguiente: « A l Servicio de
los D ioses ( A l Servicio de Apolo ) / Odas y Poem as neopaganos /
de R ica r d o R e is » . -V arian tes, verso 1; « O í con tar que
antaño, cuando en Persia»; la varian te, que señala M PS,
vien e en A tica en texto principal. V. 14-: « u n a sed siem pre
sobria». V. 27: «Y, al pensarlo, supiesen con certeza » .
Variantes com unes a M PS y apéndice de Atica. V. 30: «en la
p ro x im id ad de esa d istancia». V. 41: « L a retirad a de la
reina blan ca» . V. 4 2 : «¡la apertu ra qué im porta!» . Tres
variantes en M PS, en Atica com o texto principal. Versos 53-
54: «sum ido está en el cálculo de un lance / para horas des­
pués», variantes en MPS.

33. Verso 3: «que no fam a y virtudes», variante en MPS.

34. Versos 7- 8 : « lan ce a lo alto N ep tu n o , a m anos llenas /


reventan do sus olas!». V. 13: « n o percibe yacer, bajo sus
pasos». V. 16: «de un a eterna belleza». Variantes en M PS,
' • • • 1
en Atica com o texto principal.

35. A l final del poem a, y en inglés, h a anotado Pessoa lo


siguiente: «corregir todo esto —las dos prim eras estrofas no
están m al—».

36. E l poem a se encuadra, u n a v e z m ás, en la serie - y en la


oposición e n tr e - cristianism o y paganism o (odas 2, 21 y
23) . - O tro de los temas recurrentes, respecto a la m uerte y
el A verno com o hum ano destino inevitable, reproduce la
im agen de la Estigia (odas X X y 8) y la m ítica barca de los
m uertos, ahora bajo el nom bre de Caronte, el oscuro b ar­
quero al que los hom bres dan su últim o óbolo -p u esto bajo
la boca del ca d á v e r- com o pago al servicio de c r u za r . Verso
12: «M as quien anteponer a otro quisiera», varian te
com ún a M PS com o al apéndice de Atica. V. 18: « yerra,
cual som bra inquieta, in ciertam en te» , varian te en M PS,
en A tica com o texto principal. Versos 19- 2 0: « N i su hijo le
pone entre la boca / el estigio óbolo debido», variantes
com unes a M PS y apéndice de Atica.

37. Versos 5-6 (vien en sustituidos po r tres versos com o


variante en M P S ) : «Conseguí de esta hora / que al Olim po
subiera / del h u m o el sacrificio » N o in clu ye esta oda la
edición de Atica.

38. E l poem a aparece idéntico, sin variantes significativas, en


las ediciones de Atica y M PS, pero las dos versiones de esta
últim a, que aquí van num eradas com o ?8 a. y b. se recogen
en A tica com o u n solo poem a diferente —cierto que de
idéntica te m á tic a - L os textos continúan la secuencia que
opone cristianism o y paganism o (v e r odas 2, 21, 2? y ?6
anteriores), presentando al «triste» dios cristiano com o el
que «faltaba» entre los dioses, últim o y, quizás, epigonal.

38, a. L os dos últim os versos del poem a repiten la d octrin a del


destino, superior e inm odificable (ver, entre otros, textos
de las odas 5, 6,10 y 17) .

38, b. Sobre los versos 24-y T>—j en conexión con los textos ante­
riores de ?8 y 38 a .- el m al hecho a los hom bres por las Par­
cas —al cortarles el hilo de la vid a— lo hacen dominadas por
su instinto n atu ral, que es tanático en sí m ism o (d a r
‘M u e rte’ está en su n atu ra le za); sin em bargo es el Hado,
ese destino superior a los hom bres y los dioses, el que
determ ina que lo hagan. Versos 15- 16: «de otras equivalen­
tes / o m ayores presencias», varian tes en M PS, en A tica
com o texto principal.

39. E l poem a continúa la tem ática del tem or al destino, m ez-


ciada aquí con la idea epicúrea de lim itar deseos y am bicio­
nes y la aspiración, de tono estoico, (q u e nada cam bie, ni
«aún para m ejor» , versos 5-7 especialm ente) a la a u rea
m ediocritas de H oracio. Tanto el texto de esta oda 39 com o
el de la 39, a. que sigue son totalm ente idénticos tanto en
A tica com o en M PS, con la diferencia en todo caso de que
la 39, a. citada es en Atica texto principal, y al contrario, la
oda 39, vien e com o texto va rian te en el apéndice a dicha
edición.

40. Versos 4—5: «con el tacto enclavado / con fu erza al m undo


externo», variantes en M PS. N o incluye esta oda la edición
de Atica.

41. Variantes en M PS, verso 1: « N o sin ley, mas según diversas


leyes». V. 3: « el bien y el m al que sienten». Versos 2 - 4
(va rian te a ltern ativa): «a los hom bres reparten dioses y
hado / sin ju sticia o inju sticia / placer, d olor y go zos y
peligros» . Segunda estrofa, dos versos al m argen: «¿Q ué
confiar en los dioses, / si ni los dioses saben del Destino?».
V. 10: «sea buena o m ala, lo es para ju zg a rn o s» . V. 1 4 :
«junto al que lo es m añana y luego es rey» . V. 36: «desde el
auge de un giro transitorio». N o incluye esta oda la edición
de Atica.

42. Versos 9 - 10: se refiere al lu c ir de los herm anos C astor y


P ólux (v e r al respecto lo dicho en el « G losario»). Variante
en M PS, verso 2 4 : «que se traga la vid a » . N o in clu ye esta
oda la edición de Atica.

43. E l poem a presenta el m ism o texto en las dos ediciones con­


sultadas.

44. N o incluye esta oda la edición de Atica.


45- Variante en M PS, versos 13- 14: « N o sabe el arte de v iv ir la
vid a / sino aquel que al u sarla sin descanso». N o inclu ye
esta oda la edición de Atica.

46. E l « am or» de esta oda, ese tercero de que se nos habla en


verso 2, viene sin duda p erso n ifica d o , com o se v e en la
segunda variante que a continuación reproducim os. M PS,
versos 11-12, I a variante: « y la m úsica suena / de am or que
me acom paña». 2a variante: « y la m úsica suena / de Eros,
invisible». N o incluye esta oda la edición de Atica.

47. Variantes en M PS, verso 4 : « y ni quieras ni odies». V. 4 , 2a


variante: « N ad a cam bia si cam bias». V. 5: «Reino no h ay
sino de postiza m ente». Versos 7- 8: «siervo serás; gobierna
hasta aquel lím ite / donde libertad finge». V. 9 : « A h í, ven­
cido, tú por vencedores». V. 13: «Así pienso, y la súbita justi­
cia». Verso 14, I a variante: «con la que querem os ser las
cosas»; 2a variante: «con que queremos m oderar las cosas».
Versos 15- 16: «expilo, en la am plia / m ente entrom etién­
dom e». V. 20: «no son sino parte?». V. 21: «Q ue m e baste me
basta, el resto gire». V. 2 4 : «pero siervos, de externo m ovi­
m iento». N o incluye esta oda la edición de Atica.

48. Variantes en M PS, verso 3: «en la hierba, estío». Versos 3- 4 :


«en el cam po estío. / Sufre al sol, vacío» . V. 5, I a va ria n ­
te: « el solar, a bierto» ; 2a va rian te: « e l solar, d esierto» .
V. 15: «que no deseem os». N o in clu ye esta oda la edición
de Atica.

49. Verso 10, variante en M PS, «hasta que todo vu elve a lo que
era, y sin que haya sucedido nada». N o incluye esta oda la
edición de Atica.

50. L a ‘lim itació n ’ a que se aspira desde el p rim er verso del


poem a viene a recordar en cierta form a el m andato n ietzs-
cheano cu ya tarea exige: ‘llega a ser —llega a con vertirte—
en el que eres’. N o incluye esta oda la edición de Atica.

51. Verso 2 , variante en M PS: «D e ese jard ín las heredadas flo ­


res». N o incluye esta oda la edición de Atica.

52. L a referen cia hecha ("en verso 2) al pastor E róstrato de


E feso - q u e , con el objeto de lo g ra r que su n om bre fu era
conocido de los hom bres presentes y fu tu ros, le prendió
fuego al tem plo de A rtem isa - se em pareja con la de Pilatos
- e l « p reto r» cu ya fam a no se debe sino a cond enar a
m uerte al C risto. M PS, varian tes, verso 1: « F am a no
quiero, pues tam bién la tienen». V. 8: «natural y sin falta».
N o incluye esta oda la edición de Atica.

53. Versos 3- 4-, variantes en M PS: « n o conociendo quién será


ese m uerto / de h oy que acabe entonces». 2a variante: «no
conociendo quién será ese m uerto / de h o y que nos m uera
entonces». Tras el verso 12, u n in icio distinto de la
siguiente estrofa, con dos versos que han sido suprimidos:
«nuestro ser presente y lim itad o / en lo que de nuestro
hubiera allí». V. 16: «ajeno de antem ano». N o incluye esta
oda la edición de Atica.

54. L a oda vien e, aunque idén tica, sin fecha en la edición


publicada en Atica.

55. E n la dedicatoria aquí hecha a H oracio - e n el texto com ­


pleto de la oda, pero en especial, de m odo expreso, entre los
versos V, y 16- , reconoce el poeta su m odelo y la « glo ria
in m o rta l» a la que aspira. Variantes, en M PS, verso 1, I a
variante: « Q u iero versos que queden com o joyas» . V. 1, 2a
varian te: « Q u iero versos que d u ren com o jo y as» . V. 2 :
«para u n porven ir largo y extenso». N o incluye esta oda la
edición de Atica.
56. N o incluye esta oda la edición de Atica.

57. Un poem a más de la secuencia que opone cristianism o y


paganism o (v e r odas 2 , 21, 23,36 y 38 anteriores). A quí la
oposición más específica en relación al sím bolo cristiano es
el Sol, que m uere -c o m o C risto -, pero, divino ‘por natura­
le za ’ (com o lo son las «cosas terrenales», tal com o se dice
en verso 10), tras su curso apolíneo (lo hemos visto ‘encar­
nado’ en poemas anteriores; por ejemplo en odas II, VI y YI
a., com o tam bién, después, expresam ente, en odas 2 , 4 , 21,
22 y 23 - l a oposición expresa A polo/Cristo se hace y a m ani­
fiesta en ese texto—) cumple con su destino: occidental.

58. Versos 2- 3: «en las que, a pesar vu estro, / m e negáis lo


donado», variante com ún a M PS y apéndice de Atica.

59. L a «playa de Cronos» vale ahí ( w . 9 - 10) com o ‘playa del


tiem po’ estrictam ente. Para su relación con la Justicia, ver
lo señalado en el « G lo s a rio » .- T exto id én tico, y sin
variantes, en las dos ediciones empleadas.

60. « E l apolíneo cu rso» (v. 9) es el curso del sol —‘curso del


tiem po’ en el sentido propio del p o em a -. Texto idéntico, y
sin variantes, en las dos ediciones empleadas.

61. E l poem a, desde el prim er verso, es un a directa im pu gna­


ción del im perativo délfico - y so c rá tic o -, el fam oso
«conócete a ti m ism o». Texto idéntico, y sin variantes, en
las dos ediciones empleadas.

62. Cécrope (v. 5) , m ítico re y de la antigu a G recia, fu n dad or


de Atenas y la A crópolis, habría sido, entre otras m uchas
cosas, y com o héroe civ iliza d o r - h a b r ía instituido el
m a trim o n io -, prim er cu ltiva d o r de los panales. T exto
idéntico, y sin variantes, en las dos ediciones empleadas.
63. Texto idéntico, y sin variantes, en las dos ediciones em plea­
das.

64. A l v o lv e r la m irad a hacia el pasado —com o O rfeo la vista


hacia su esposa cuando estaba saliendo y a del Hades (el
«reino de P lutón» de otros poem as; vid . odas X X y 8 pre­
ced en tes)- queda fijado, m uerto para siempre com o m ero
‘recu erd o ’ (v e r de n uevo, al respecto, oda 61, verso 1),
cadáver de lo que antes fuera ‘vid a ’. N o incluye esta oda la
edición de Atica.

65. Versos 11- 12: « N i hom bres ni dioses m arcan los destinos, /
sino lo que ignoram os», variante en M PS. N o incluye esta
oda la edición de Atica.

66. Variantes en M PS, verso 9 : «en el m utuo recuerdo». V. 10:


«¡Ah!, si siem pre ha de ser esto que som os». V. 11 (tres
varian tes): «si sólo u n día som os»; «si sólo u n a h ora
som os»; « si no som os, en fin , sino u n m om en to» . V. 12,
existe varian te que lo sustituye po r tres versos hasta enla­
za r con el verso 1?: «con gran fu ria y exceso en cada abrazo
/ esa v id a pongam os / que aún tiem bla en la m em oria, y
nos besemos» («que aún llena la m em oria, y nos besemos»
es aún, ahí, otra v a ria ció n ). V. 15: « todo el peso del
m undo». N o incluye esta oda la edición de Atica.

66, a. Variantes en M PS, versos 3- 5: «pues sabem os que m uere,


sí, que m u ere / antes que el cuerpo / que en am or usa­
m os». V. 11 (dos varian tes): « con tal fu ria a esa h o ra nos
am em os»; « con tal fu ria a esa h o ra nos usem os». Versos
12-13 (tres v a rian tes): «h u n d ám on os con fu ria en u n
abrazo / que brille cual la vid a» ; «hundám onos con fu ria
en u n abrazo / que ard a en el recu erd o» ; «hundám onos
con fu ria en u n abrazo / que brille en la m em oria». Ver­
sos 13-1+ (tres v a rian tes): «agotem os la v id a / en la
m em oria, C loe. Sí, besém onos»; «agotem os la v id a /
com o si vid a fuera, y sí, besém onos»; «agotem os la vid a /
com o vid a , sí, C loe, y sí, besém onos». Y. 16 (tres v a ria n ­
tes): « m u erto , el en tero m u n d o » ; « otro y a , todo el
m undo»; «extin gu id o y a el m un do». N o inclu ye esta oda
la edición de Ática.

67. Variantes en M PS, verso 2 : « saber) si h a y en la v id a más


que vid a » . Verso 4 : « en tu afán no la vives?». N o inclu ye
esta oda la edición de Ática.

68. T exto idéntico y sin variantes en las dos ediciones em plea­


das.

69. Variantes en M PS, versos 5-6 (dos variantes): «O dio lo que


n o veo. Si pudiese / verlo , n o lo vería » ; « O d io lo que no
veo , y si lo viese / no sería con gu sto» . Versos 7-8 (v a n a
am pliarse hasta cuatro versos): « N i m ostrándolo un cu a­
dro y o tend ría / eso, sí, que no tengo. / L o que m and a el
destino es cosa suya. / N o ser nada m e basta.» (« L a ign o­
rancia m e basta» es aún, ahí, otra variación). Verso 8, otra
variante: «sin preguntarm e nada». N o incluye esta oda la
edición de Ática.

70. Variantes en M PS, verso 1 (dos varian tes): « H ora a h ora


va ría el rostro antiguo»; «H ora a hora se cam bia el rostro
antiguo». V. 8: «de hora incierta la llam a celebrem os». V. 9
(dos varian tes): « en tre los fríos dedos»; « en tre las frías
m anos». N o incluye esta oda la edición de Ática.

71. Variantes en M PS, verso 2 : «que produjo Saturno». Versos


3- 4 : « N i devuelven jam ás los m agnos dioses / al que antes
vivió a la lu z que vem os». Versos 6-7 (sustituidos por cinco
nuevos versos): «tras hacer breve curso; / a su hora parti­
mos; somos nada. / Un discurso en el tiem po, / u n breve
am or, u n a sonrisa breve, (« u n a breve sonrisa, am or
dudoso», es, ahí, una nueva variación ) / u n nostálgico día
de lo sido». N o incluye esta oda la edición de Atica.

72. Variante en M PS, versos 1?—16: « ¡N ú m en es inm ortales,


sepa al m enos / sin exudado o fu ror pasar mis días / y, en lo
anón im o anón im o, / la corrien te m e lleve» . N o in clu ye
esta oda la edición de Atica.

73. N o incluye esta oda la edición de Atica.

74. Texto idéntico y sin variantes en las dos ediciones empleadas.

75. Terso 5: « el b ru to » , en su sentido de anim al irracion al.


P ublicada en P r e se n ta 6 a 18 de ju lio 1927, el texto de esta
oda no presenta n in gu n a diferen cia o varian te en las dos
ediciones consultadas.

76. Publicada en P resen ta 10 a día 15 de m arzo 1928, el texto de


esta oda no presenta n in gu n a d iferen cia o varian te en las
dos ediciones consultadas.

77. P ublicada en P r e se n ta 6 a día 18 de ju lio 1927, el texto de


esta oda no presenta n in gu n a d iferen cia o varian te en las
dos ediciones consultadas.

78. Tersos 6 -7: «sino esta experiencia continuada / de la suerte


m ortal, y la desierta». T. 12: «dioses a los que orarles»;
«dioses a los que alzarm e» . Tariantes en M PS. N o incluye
esta oda la edición de Atica.

79. Tariantes en M PS, verso 5: « Q u e h a y que esperar. N o so ­


tros, en el curso» . Terso 9 : «deshoja y desconoce». Tersos
7-9 (un a variante alternativa): «Breves, sí, en el gozo, des­
hojamos / rosas, sí, mas, más breves que nosotros, / fingen
legar la v id a com parada». N o in clu ye esta oda la edición
de Atica.

80. N o viene el texto en la edición de Atica.

81. L os dos últim os versos de la oda son repetición casi com ­


pleta de los dos últim os de la O da 12 - e n lo que hace a su
contenido, nos rem itim os a lo allí a n o ta d o -. Verso 8: « ya
de antem an o» , varian te en M PS. Versos 5- 8 : «¡C uánto
rein o en los seres o en las cosas / trazaste im aginando,
cuántos otros / arando abriste, sí / sueños-ciudades!», en
A tica com o texto principal (d ich a edición presenta, en
varian te, los que nosotros dam os en el texto siguiendo la
edición de M P S). Versos 10- 12: « Contra lo m ucho adverso,
nada propio / y único logras, fracasado. Sabes / que invia-
ble es la vida. Abdica entonces / y sé rey de ti m ism o» ( « y
sé rey de ti sólo», viene com o verso alternativo), variantes
en MPS.

82. Verso 1: «Goce soñado es goce, aun siendo sueño», variante


en M PS. V. 5: «en los seres y el hado m e consum o»,
variante incluida en Atica. V. 9 : «se cufnple el hado. Así, yo
m e cum plo», variante en M PS que es en Atica texto princi­
pal. V. 11: «de lo que yo me di», variante en MPS.

83. Verso 4 : « E l m ism o gozo con que olvido, o creo». V. 8: «la


veam os o n o» . Variantes en M PS. N o in clu ye esta oda la
edición de Atica.

84. Verso 2: «en sii am polla del agüa, o de la arena», variante


en M PS. N o incluye el texto la edición de Atica.

85. É l breve texto parece u n com entario del m allarm eáno Un


coup de des (« N o abolirá el azar / tirar los dados»). Verso 1:
« E l caso, som bra qué proyecta el H adó». Verso 3: « J
alguien gu arda en el vaso». Variantes en M PS. N o incluye
el texto la edición de Atica.

86. Versos 7- 8 : « co m o a sí m ism o el m ism o cam po, al d ía /


de la im p e rfecta v id a » . E n A tic a com o te x to p rin c ip a l
fren te a la v e rsió n M PS que hem os segu id o en n u estra
edición.

87. L os dos versos de inicio del poem a vu elven un a v e z más a


referirse al m otivo de O rfeo (O d a 64-, verso 5) , y tam bién
nuevam ente en relación con las tensiones de lo tem p oral.-
P or lo dem ás, el texto n o presenta n in gu n a diferen cia o
variante en las dos ediciones consultadas.

88. Publicada en P r e se n ta 6 a 18 de ju lio 1927, el texto de esta


oda no presenta n in gu n a d iferen cia o varian te en las dos
ediciones consultadas.

89. Variantes en M PS, verso i: « M ientras que vea al sol lu cir


las hojas». V. 5: « m ejor que el sensual y vital lapso». V. 7:
«casi todo el sentido al entenderlo». Versos 10- 12: « A noso­
tros ex tern a, la N a tu ra / cam pos expan de (« cam p os
on d ula» es otra v a ria n te ), flores abre, fru tos / cu elga
(« p in ta » es ahí otra v a ria n te ), y la m u erte llega» . V. 2 0 :
«el que, al buscar, en todo encuentra abism o». N o incluye
esta oda la edición de Atica.

90. Versos 1- 2 : « A qu í, en esta tu m b a a que m e allego, / «no


está quien amé. Voz o m irad a» , variantes com unes á M PS
y la ed ición de A tica. V. 3: « n o esconde este cam p o» , en
A tica com o te xto prin cipal. V. $: « M anos rocé, n o alm a,
que aquí m u eren » , v a rian te en M P S. «M anos rocé en el
alm a que aquí y acen » ; en A tica com o texto p rin cip al
(m ien tras el te xto de n u estro ve rso 5 - l a lectu ra que da
M PS que aquí adoptam os com o p r in c ip a l- a llí aparece
com o v a ria n te ). V. ó: « C u erp o, otro cu erpo llo ro » ;
«H om bre, lo hum ano lloro » , variantes en Atica.

91. Verso 1: «D e la m area la ola se sosiega», variante recogida


en Atica. Y. «Crece la luna, ausente»; versos 7- 8: «ante ese
secreto / incierto y va n o » , variantes com unes a M PS y la
edición de Ática.

92. Los conceptos que expone este poem a pasan, de m anera


sorprendente, por encim a de su propio tiem po y, más allá
del lím ite freu d ian o, va n a caer del lado de L a c a n .-
Yariantes en M PS, verso 5: « E l fasto, L id ia , del go za r
om ite»; «las ropas, L id ia, del g o za r om ite». Y. 6: «Uno el
goce si nuestro, y no lo dam os». V. 8: «cu an d o ve n que
gozam os»; «cuando ven nuestro goce». V. 10: « go za es que
de ellos goza, no para ellos». N o incluye esta oda la edición
de Atica.

93. Variantes en M PS, verso $: « y con las verdes hojas crece


invierno» . V. 6: « Y es que todo es olvido»; «todo habrá de
olvidarse». N o incluye esta oda la edición de Atica.

94. N o incluye esta oda la edición de Atica.

95. E l verso 9 parece ser probable rem iniscencia de lo que dice


Aquiles a Odiseo en la n ek ía hom érica: « N o intentes conso­
larm e de la m uerte [...]. P referiría ser labrad or y servir a
otro, a u n hom bre indigente que tu viera poco caudal para
m antenerse, antes que rein a r sobre los m u ertos» (d el
canto X I de la O disea ). L a oda, sin variantes, es idéntica en
las dos ediciones empleadas.

96. Publicada en P r esen ta 10 a día 1$ de m arzo 1928, el texto de


esta od a no presenta n in gu n a diferen cia o va rian te en las
dos ediciones consultadas.
97- Frente al verso 1 en MPS -que es el de la edición que utili­
zam os- vienen dos versos en el texto de Atica: «Pesa el
decreto atroz del fin certero / y la sentencia igual del juez
ignoto»; el primero de ellos aparece como variante en
MPS. «Pesa el decreto atroz del fin diverso» (es una nueva
variante, en Atica, al que se da -en el texto principal-
reproducido como primer verso). En MPS, y para el verso
1, se recogen aún dos variantes: «Pesa sentencia atroz de
ignota suerte»; «Pesa sentencia atroz de ignota muerte».
Al verso 2, en MPS, se le presentan cinco variantes: «en
cada mortal cuerpo. Antroido: ríen»; «en cada breve
cuerpo. Antroido: ríen»; «sobre sierva cerviz. Antroido:
ríen»; « a inconsciente cerviz. Antroido: ríen»; «cae en
viva cerviz. Antroido: ríen» ( e s t e último verso se recoge
igualmente en apéndice de Atica). V. 6 de nuestra edición:
«guirnaldas. Corto es el vano tiempo»; «guirnaldas. Es
escaso el vano tiempo»; «guirnaldas. Hueco es el vano
tiempo»; «guirnaldas. Nada y solo el vano tiempo»;
«guirnaldas. Corto es el vano espacio» ( c i n c o variantes en
M PS).- Al invertir estrofas 2 y 3, las variantes sobre el
mismo tema son correspondientes a los versos 11-12 en la
edición de Atica: «guirnaldas. Breve y vana es esa hora /
que otorgada les fue, mas no lo sienten»; «guirnaldas.
Breve y vano es el espacio / que otorgado les fue, mas no lo
sienten».- Al verso 8 de nuestra edición: «menos mal,
breve y vano»; al verso 12 de nuestra edición: «vivir a los
que mueren!» variantes en MPS.

98. Aunque escrito en forma de canción - y canción realzada


por sus rimas-, bien distante por tanto de la forma general
adoptada por las odas, la temática propia de este texto -los
motivos del ‘sueño’ y la ‘inconsciencia’ (que ahí tiene
carácter ‘positivo’) relacionados con el de la ‘muerte’, que
hemos visto en poemas anteriores- justifican, al menos
parcialmente, su atribución a la poética característica de
‘Ricardo Reís’ que se realiza en MPS - y que nosotros
hemos aceptado-. Verso 7: «m irar de ojos que me arras­
tran». V. 9 (un par de alternativas): «Estelar inexisten­
cia»; «Negra, sí, inexistencia». V. 10 (aún dos alternati­
vas): «donde dura sólo aquella»; «donde se da sólo
aquella». Versos 10-11 (otra variación): «donde mi vida es
aquella / sola y abstracta inconsciencia». Variantes en
MPS. No incluye el poema la edición de Atica.

99 - No incluye el poema la edición de Atica.

100. Verso 6: «y, en el fondo, es más puro»; « y su gusto es más


puro», variantes en MPS. No incluye el poema la edición
de Atica.

101. No incluye el poema la edición de Atica.

102. Verso 2: «¡Cuántos, si piensan, ni se reconocen»; «¡Cuán­


tos, si piensan, ya se desconocen», variantes en MPS (la
segunda también se reproduce dentro del apéndice de
Atica). V. 5: «sino lo allí creído», variante en la antología
en dos volúmenes y edición bilingüe de Manuel Viqueira,
Barcelona, en febrero del 1981.

10 3 - El texto de esta oda no presenta ninguna diferencia o


variante en las dos ediciones consultadas.

10 4 - No incluye el poema la edición de Atica.

10 5 - El texto de esta oda no presenta ninguna diferencia o


variante en las dos ediciones consultadas.

106. No incluye el poema la edición de Atica.

107. Versos 1-2: «A cada cual, cual la estatura, cabe / justicia,


pues a unos». V. 3: «la suerte, a otros felices». Variantes
comunes a MPS y apéndice de Atica.

108. El texto de esta oda no presenta ninguna diferencia o


variante en las dos ediciones consultadas.

109. Verso 5: «Ya con frío o tibieza, guardan sólo», variante que
incluye MPS al igual que el apéndice de Ática.

110. Verso 1: «Todo niegue Fortuna salvo verla», variante que


incluye MPS al igual que el apéndice de Ática.

111. Versos 1-2: «Sé linterna, que, envuelta en vidrio, brilla / y


así el calor guarda», variante en MPS. No incluye el texto
la edición de Ática.

112. Versos 1-2: «E n pasado -presente del recuerdo- / justa­


mente me siento como un sueño», variante común a MPS
al igual que al apéndice de Ática. V. 2 ( o t r a alternativa en
Ática, en el texto principal): «-recordando, el pasado es el
presente-». V. 11: «quienes fui y quien soy», variante en
MPS; «lo que fui y quien soy», variante en apéndice de
Ática.- Las tres lecturas de este verso 11 -en especial las de
las variantes- encajan bien con el carácter múltiple, o, a su
vez, con el carácter cósico, en todo cuanto hace a(T) / (los)
‘sujeto(s)’ de / en las poéticas ‘propias’ de Pessoa. Lo que
aquí es específico de ‘Reis’ quizá es su relación con lo
soñado (sobre el mismo motivo recurrente de un ‘com­
prender’ la vida como sueño podemos remitir, entre otros
textos, al poema 98 de este libro).

113. Publicada en Presenta, números 31-32, marzo-junio de


1931, el texto de esta oda no presenta ninguna diferencia o
variante en las dos ediciones consultadas.
114- P ublicad a en P r e se n ta , núm eros 31- 32, m a rzo -ju n io de
1931, el texto de esta oda no presenta n in gun a diferencia o
variante en las dos ediciones consultadas.

115. Versos 8- 9 : «declinando, por fu erza y a apresuro / m i paso


m oribundo», variante en M PS (añadidos com o versos 10 y
11 en A tica com o texto p rincipal, no nos parece la m ejor
opción al repetirse entonces los conceptos de los 7-9 ante­
cedentes).

116. Sin variantes significativas en las dos ediciones consulta­


das.

117. Verso 6: « h oy llegó a la posada»; v. 8: «¿quién la form a que


tiene exactam ente». Variantes en MPS.

118. Verso 2 : «eso tenem os. T riste el claro in viern o / cual la


suerte acojam os»; v. 6: «¡ay!, nuestro breve cráneo».
Variantes en MPS.

119. E n los versos de estrofas 2 y 3 puede reconocerse u n argu ­


m ento más cercano en el tiem po que el pensam iento anti­
guo que se evoca n orm alm ente a través de esta poética: el
idealismo alemán, de K ant a Hegel.

120. Verso 2: «ese am or que m e das. L o das, m e baste», variante


en M PS. V. 8, se nos ofrecen m últiples variantes: «m e basta.
¡Qué más quiero!» (alternativa en M P S); «m e basta. ¡Qué
he de hacerle!», « cierro los ojos, sueño», « cerrar de ojos,
m e aplazo » (las tres en A tica y en M P S ); «no m iro y no
pregunto», « y al placer m e resigno» (M P S, dos alternati­
vas). L a prim era de dichas variantes aparece com o verso 9
en el texto p rin cipal de A tica, al cerrar el poem a de este
m odo: «E s verd ad ero. Acepto / a ojos cerrados. Basta. /
¿Qué más quiero?» ( w . 7-9 de dicha edición).
121. Al igual que el poema numerado como 98 del conjunto,
este texto parece más cercano a una sencilla forma de can­
ción. Su carácter, de tono epigramático, sí que establece su
comunidad con la poética propia de las odas -el amor ata
aún siendo verdadero, y por ello el poeta lo rechaza; el
goce, en cambio, es propio realmente y liberador en su
carácter, conforme a la doctrina de Epicuro que alimenta
el conjunto de estos textos-, integrándose en ella sin reser­
vas en las dos ediciones consultadas.

122. La oda expone del modo más explícito uno de los motivos
esenciales, tal como ya hemos visto anteriormente, en el
conjunto de toda esta poética, la doctrina epicúrea de la
busca de un estado perfecto de ataraxia en la totalidad de
las pasiones -en este caso la pasión erótica-, conectando
además dicha temática con su doctrina sobre lo divino.
Cierto que ésta, en Pessoa, en todo caso no posee un origen
epicúreo; como es sabido, dicho pensador tiene el carácter
de «liberador» -como se ve en el texto de Lucrecio (D e
rerum natura , Libro I, versos 62-79)- del temor efectivo de
los hombres a unos dioses que no son otra cosa (si es que
realmente fueran algo) que un nombrar los sucesos natu­
rales. El verso 6 , en la segunda estrofa, muestra un tono
nietzscheano inconfundible.- El texto no presenta varian­
tes en las dos ediciones consultadas.

123. Un pequeño poema que parece ser corolario del que le


antecede. El texto no presenta variantes en las dos edicio­
nes consultadas.

124.' El último verso del poema viene a ser una nueva variación
del «sé / rey de ti mismo» de odas 12 y 81 precedentes
(consultar lo anotado a su respecto).- El texto no presenta
variantes en las dos ediciones consultadas.
125- El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­
tadas.

126. El final del poema nos remite al que tiene la oda 120 en
algunas de sus variantes. El que los poemas se reflejen de
este modo los unos en los otros -de una manera a veces
casi idéntica, sin evitar las repeticiones sino, bien al con­
trario, potenciándolas- es característico de ‘Reis’.- El
texto no presenta variantes en las dos ediciones consulta­
das.

127. Versos 7-8: «L o que me es dado quiero, / grato después de


dado»; «Sólo lo dado quiero, / lo tenido deseo». Varian­
tes en MPS, vienen incluidos a su vez Atica como parte
del texto principal (sucesivamente numerados en calidad
de versos 9- 12); una opción que, al tenor de dichos versos
en relación con los precedentes (7-8 de su y nuestra edi­
ción) que sin duda repiten-y-varían, nos parece ser equi­
vocada.

128. Verso 6 : «¿De quién pues lo no-tuyo que tendrías?»; «¿De


quién pues eso otro que tendrías?». Variantes en MPS. No
incluye el poema la edición de Atica.

129. Verso 3: «Esto, pensando, de mi mente absorbe»; así en


Atica, en texto principal. Versos 5-6: «Breve es el pesar
mas, pesar siendo, / siendo dolor, es vida», variantes
comunes a MPS y apéndice de Atica.

130. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.

131. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.
132. Verso 1: «Nadie, no, en la vasta selva virgen»; en Atica, en
el texto principal.

133. En Atica, en el texto principal, se ha desdoblado en dos el


verso 5: «E n mí, sí, el dios anima, / pues que siento» (el
poema, así, cuenta siete versos). No se da ninguna otra
variación en las dos ediciones consultadas.

134. Verso +: «tiene algún movimiento», variante en apéndice


de Atica.

135. Verso 2: «donde quiera que estemos», variante en M PS.-


(Dicho verso, tras el anterior verso 1 de ambas ediciones
vienen a ser los versos 1 7 2 según el texto principal de
Atica, añadiéndose luego los dos versos con los que se ini­
cia, aquí, esta oda -así el poema consta de once versos^. Es
evidentemente preferible, dado que nada añaden al poema,
entenderlos en tanto variante).

136. Versos 3-4: «Pasa el río y murmura, sin que pase / lo que es
nuestro, no el río»; así en Atica, en texto principal.

137. Versos 2-3: «feliz, me alegro, que en buscar placeres / pide


esfuerzo la busca». V. 3: «displacer trae la busca». V. 5: «N o
arranquemos las flores, que, arrancadas,». Variantes en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

138. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.

139. El texto de esta oda reproduce dos de los argumentos que


hemos visto anteriormente, mas por separado: de una parte
lo expuesto en el texto de la 92, versos 9-10 especialmente
-cada uno goza desde y para sí, sin que se dé intercambio
en ese goce, que aquí se convierte en amor ‘propio’—; de
otra parte, lo dicho en el segundo hemistiquio de su verso 5
(a saber, cuídate de ser quien eres, un mandato de tono
nietzscheano por cuanto hace a un llegar a ser -ver lo
dicho al respecto de la oda 50 antecedente-, como exige el
esfuerzo del cuidado) viene a constituirse en variación de
una aspiración ya reiterada —el «sé rey de ti mismo» de
odas 12, 81 y 124-. - Tersos 1-2: «Nadie ama otra cosa, sino
que ama / lo que de sí hay allí, o lo supone». Variante en
MPS -no la presenta la edición de Ática-,

140. Verso +: «Ojos y no razones dispongamos». Variante en


MPS. No incluye el texto la edición de Ática.

141. Verso 1: «Vive sin horas. Cuanto mide hiere», variante en


MPS. V. 2: «cuanto piensas mide»; v. 5: «así tus días ve, y si
te vieras», lecturas de Ática en texto principal.

142. El «cuento que se cuenta», nada siendo, tiene innegable


tono shakesperiano. Verso +: «de humilde tierra impuesta»,
variante en Ática, en texto principal. V. 6: «Ley hecha, esta­
tua vista, oda acabada», en Ática como texto principal,
variante en MPS.

143. Verso 5: «presos por tener reglas todo juego». En medio de


los versos 6 y 7, y añadidos a mano, otros dos versos:
«Lidia, Lidia, ¿quién somos? / ¿quién seremos?». Varian­
tes en MPS. No incluye el texto la edición de Ática.

144. P ublicad a en P r e se n ta , 37, febrero de 1933, el texto de esta


oda n o presenta n in gu n a d iferen cia o varian te en las dos
ediciones consultadas.

145. Sobre el argumento reiterado del dominio de sí -del «ser tu


dueño»—, ver nota a oda 139 y las precedentes referidas.—El
texto no presenta variantes en las dos ediciones consultadas.
146. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­
tadas.

147. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.

148. Verso 1: «D ía en que no gozaste, no fue tuyo», variante


común a MPS y edición de Atica.

149. Verso 10: «es el momento; yo soy quien existo», variante


en MPS, no señalada en la edición de Atica.

150. Lo que expresan los dos primeros versos nos remite al


concepto de ficción que es el famoso y propio de Pessoa,
la ficción verdadera del poema que comienza: «E l poeta es
fingidor». La verdad del poema - y del poeta- reside en
ese modo ‘personal’ de afrontar la ficción - y las ficcio­
nes- que, por entero, traman ‘nuestra(Y)’ vida(s). Verso
2: «Finge sin fingimiento»; v. +: «Triste es uno con­
sigo»; en Atica como texto principal. V. 6 : «suerte si es
cjue es tu suerte», variante común a MPS y apéndice de
Atica.

151. El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.

152. Frente a la lectura utilizada dado que aparece más com­


pleta -la que recoge la edición de Atica-, esta oda es más
breve y más concisa en la edición de MPS - y quizá tam­
bién más eficaz—. En su versión los cuatro últimos versos
- a saber, los versos 5-8 en la segunda estrofa del poema—se
traducirían como sigue: «¿Por qué poner tan lejos el cer­
cano, / día real que se ve? En el mismo aliento / de vivir
moriremos. Coge el día, / ese día que eres».
153- Verso 10 : «(cu al si él fuese visible), ¿me recuerda»,
variante común a MPS y apéndice de Ática.

154. Verso 1: «Corona o ram o»; v. ?: «en la frente, antes lim­


pia»; v. 6 : «que la frente trastornan»; w . 8-9: «agitarnos
los cabellos, / refrescarnos la frente», variantes en MPS.
No incluye el texto la edición de Ática.

155. E l texto no presenta variantes en las dos ediciones consul­


tadas.

156. Una vez más aquí hay que remitirse -a l tenor de los versos
7-9- a la inoperancia de los dioses que, en lo que hace al
destino de los hombres, carecen de saber y de poder. Recor­
dar al respecto lo anotado respecto a las odas 5, 6 ,17,38 a,
41 y 65.- No incluye el poema la edición de Ática.

157. Este es de nuevo de los pocos casos (ve r tam bién lo anotado
a este respecto sobre el texto de la oda 112, y en la 150 en
cierto m odo) en que la temática insistente de las varias per­
sonas de Pessoa - d e las varias pessoas dapessoa’ - comparece
en los textos que componen la concreta poética de ‘Reis’. Más
allá de los versos 7-8 («tengo más almas que una, / h ay más
yos que yo m ism o», verdaderam ente extraordinarios), que
sin duda son de los más claros en lo que respecta a esta temá­
tica, mas también más allá de la vulgata de las distintas per­
sonalidades (cual si fueran ‘reales’ realm ente), se nos revela,
bien expresam ente, el auténtico drammatispersonae de un
auctor que concibe y que construye —con entera conscien­
cia— su proyecto', ése que se declara el efectivo y ‘sí m ism o’
real: e l escritor. A hí «quien m e sé: y o escribo» (verso 9)
incluye en sí la totalidad real y personal de laspessoas y, en su
interior, a Pessoa mismo. Escritor y proyecto se con-fúnden
en un texto que se hace, en consecuencia ( w . 4 -5 y, de inm e­
diato, una ve z más los 8-10 siguientes) también radicalmente
‘personal’.- El texto de esta oda no presenta ninguna dife­
rencia o variante en las dos ediciones consultadas.

158. Sobre la problemática del sueño, remitimos aquí especial­


mente a la oda 82 -en verso 1 , y en lo que en su nota se
señala-, y a la 98 subsiguiente.- No incluye el texto la edi­
ción de Atica.

159. No incluye el texto la edición de Atica.

160. Versos 5-6: «Sea cual sea amor o copa, breve / es, por
tanto, apresúrate»; «Sea cual sea amor o copa, breve / es:
ven, sí, ven conmigo»; «Sea cual sea amor o copa, breve /
es: de prisa, desnúdate»; «Sea cual sea amor o copa, es
breve. / Teme. Actuemos: desnúdate». Variantes en MPS.
No incluye el texto la edición de Atica.

161. No incluye el texto la edición de Atica.

162. Verso 44: «hasta saber su calma», variante común a MPS y


apéndice de Atica.

163. Versos 5-6: «E n noble pago de esta fe que usamos / en la


verdad exiliada de sus cuerpos», variante en MPS. Versos
9-12: «Compartiendo aquí, lúcidos, su calma, / mas mar­
chitos laureles de una hora, / nuestra vida viviendo / en el
cano futuro», variantes en apéndice de Atica. V. 20: «de
cuanto es transitorio», variante en MPS.

164. El poema explícita el argumento del amor homoerótico en


Pessoa, que en el caso de ‘Reis’ tiene presencia menos fre­
cuente —aunque más razonada, como podemos ver en este
caso, w . 13-16 especialmente- que en las otras personas de
sus nombres —con sus concretas ‘personalidades’- . Anterior­
mente hemos visto, en ‘Reis’, en poemas XII, XII a. y XVI,
otras tres odas de tendencia efébica.- Versos 3-4: «Por igual
la belleza yo apetezco, / allí donde lo sea»; w . 10 - 12 : «y
donde amo, porque amo o porque no amo, / ni la innata
inocencia, cuando se ama, / se me posterga en esto»; w . 18-
20 : «también dieron la flor para cogerla, / y con mejor
amor tal vez cojamos / lo que a coger se ofrece»; v. 20
(segunda variante): «eso que usar buscamos», variantes en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

165. Poema «sin fecha» en MPS, va datado a 2-9-192? en el


apéndice a la edición de Atica.- No presenta variantes tex­
tuales en las dos ediciones consultadas.

165. a. Verso 4: «allí a donde llego», variante en apéndice de


Atica.

166. De manera azarosa desde luego, los versos 5-8 nos presen­
tan una escena muy próxima a la espera -igualmente
vivida ‘ante la puerta’- del famoso apólogo de Kafka
incluido en el texto de E l Proceso y que se titula «Ante la
ley». Cierto que aquí, al contrario que en el checo, el que
no ‘dé’ la puerta (no se abra) constituye el legado (como la
ligadura) de la vida. Es un hecho, por tanto, positivo, a
saber, «la delicia / de vivir» (versos 14-15 de la oda).-
Verso 1: «Unido e ininterrupto guía tu curso», variante en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

167. Verso 12: «de una absoluta fe, tal vez sin dioses», variante
en MPS. El texto de esta oda no presenta ninguna diferen­
cia o variante en las dos ediciones consultadas.

168. El «bruto», el animal, como en la oda 75 ya hemos seña­


lado.- No incluye el texto la edición de Atica.

169. No incluye el texto la edición de Atica.


170. Una vez más aquí se recupera la polémica, típica de ‘Reis’,
entre paganismo y cristianismo (véase a este respecto lo
indicado en nota 57 y anteriores que en dicha oda se seña­
lan); un paganismo que, en esta oda, no implica sólo la
huida de los dioses sino, más grave - a ojos del poeta—, su
asimilación por los cristianos, como decir, por el enemigo
que los ha conseguido destruir («muertos, como nombres
en las lápidas», es ahí, en los versos 3 y 4 el profundo
«lamento» de Pessoa).—Versos 9-10: «de nosotros huyera,
y dure sólo / como falso oropel sobre nosotros», variantes
en MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

171. No incluye el texto la edición de Atica.

172. Verso 4 (dos alternativas): «Salir, sí, de las cosas, cual


sonido»; «nacer, sí, de las cosas, cual sonido»; v. 6: «donde
lo real se hunde». Variantes comunes a MPS y apéndice de
Atica.

173. No incluye el texto la edición de Atica.

174. No incluye el texto la edición de Atica.

175. El poema se encuentra en conexión de manera especial con


lo expresado respecto del amor -com o del odio en este
caso, ver el verso 5- en la oda 121 y la oda 122 . El texto no
presenta variantes en las dos ediciones consultadas.

176. Oda sin fecha en la edición de Atica, no recogida por MPS.

177. Una vez más, la forma de canción. N o incluye el texto la


edición de Atica.

178. Verso 4 (dos alternativas): «n i nuestro placer contra los


dioses»; «n i un mortal querer contra los dioses; v. 12 (tres
alternativas): «como el agua de nuestra mortal vida»;
«como un agua que parece vino»; «como un agua de
vida»; w . 13- 16 : «aunque mañana todos seamos héroes /
aplacémoslo hoy; alzad la copa / y en ella espejee el rojo
vino / después, sí, que la noche nunca falta». Variantes en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

179. Se renueva de nuevo la sospecha -en especial en versos 11-


13—de la inoperancia de los dioses, ya no sólo impotentes
en cuanto a su y nuestro destino sino en realidad despo­
seídos de un saber verdadero que les venga a otorgar una
existencia y una capacidad regulativa, más allá de su
ejemplo ‘nominal’. El camino de ‘Reis’ a este respecto va
trazando una línea que arruina, desde su interior, en
negativo, su afirmación neopagana. Revisar al respecto lo
anotado respecto a las odas 5, 6 ,17,38 a, 41, 65 y 156.- L a
oda no presenta variantes en las dos ediciones consultadas.

180. No incluye el texto la edición de Atica.

181. El texto de esta oda se levanta sobre una cierta oposición


-una que es inmanente en cierto modo a las posiciones del
poeta- a lo que venimos indicando en 179 y anteriores. De
otra parte, se insiste en la polémica entre paganismo y cris­
tianismo -oda 170 y las antecedentes señaladas-. El texto
no presenta variantes en las dos ediciones consultadas.

182. No incluye el texto la edición de Atica.

183. Verso 3: «¡Ah, que no haya horizontes a una aurora!»;


«¡Ah, que no haya horizonte a lo Imposible!», variantes en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.

184-189. Textos no incluidos en la edición de Atica.


GLOSARIO DE FIGURAS
Y MOTIVOS MITOLÓGICOS

De modo general señalaremos que Pessoa utiliza


A d v e r t e n c ia .
algunas veces el nombre romano de los dioses, el griego
mucho más escasamente. Aun no siendo figuras mítica y
ritualmente equivalentes, esta indiferencia en el empleo
en el momento en que el poeta escribe era normal en la
literatura. En relación con su uso en los poemas, vamos
marcando en las definiciones -mediante el empleo de cur­
sivas- los valores simbólicos que informan su presencia en
el curso de los versos y de la poética de ‘Reis’.

La ciudadela fortificada que coronaba la antigua


A c r ó p o l is .
Atenas, sede, entre otras cosas, de los templos del Erec-
teion y el Partenón. [Oda 11 en el libro II]

A d o n is. Pastor hijo de Cíniras y de Mirra, joven de belleza des­


lumbrante, se convirtió en amante de A frodita -diosa del
amor y la belleza-. Cazador temerario, m urió a l ser ata­
cado p o r un fie r o j monstruoso ja b a lí. Por decreto de Zeus
-padre de los dioses del Olimpo-, pasa a habitar medio año
entre los v iv o s j otro medio en el reino de los muertos , mito que
-com o otros semejantes de los llamados ‘dioses que retor­
n a n '- viene a simbolizar, entre otras cosas, el curso de los
ciclos naturales. [Oda II en el libro I]

A f r o d it a Ver Venus. [Oda 4 en el libro II]


Poeta lírico griego (siglos vi-v a. C), natural de Lesbos.
A lc e o .
Sus poemas suelen dividirse en estásicos (lírica política),
eróticos, simposíacos (poemas del banquete) e hímnicos.
Algunos de sus fragmentos y motivos fueron imitados por
Horacio. [Oda XIV en el libro I]

Personificación del carnaval en el mundo galaicopor-


A n tro id o .
tugués. [Oda 97 en libro II]

A p o lo .Dios del Olimpo griego, hijo de Zeus, d iv in id a d so la r por


excelencia -tal como aparece normalmente mencionado
en el curso de estas odas-. Identificado así con Helios
(sol), guía y mantiene el curso de su carro Q ca rro d e l so l'
en el mito griego) a través de los cielos, produciendo el día
con su l u z —cuyos r a jo s, que surcan el azul, son las dora­
das flechas de su a rco — pero manteniéndolo a distancia
para evitar la destrucción del mundo. Como advocación
de lo solar era denominado Febo Apolo. [Odas II, VI, y VI,
a. del libro I; odas 2,3,3 a., 4, 21, 22, 23, 60,162 y 170 en
libro II]

A r ist ó t e l e s . Filósofo
griego -s. rv a. C.-. Macedonio y discípulo
de Platón, estudió y enseñó en la Academia, en la Atenas
antigua, y posteriormente en el Liceo, institución fundada
por él mismo. Autor de grandes tratados sistemáticos
-com o sus libros de la F ís ic a , la M e ta fís ic a , los A n a lític o s,
los Tópicos, las dos grandes E tic a s , la P o lític a , la R etó r ic a y
la P o ética —, entre sus dos estancias en Atenas fue preceptor
de Alejandro Magno. [Oda 11 en el libro II]

A tr o po . Ver Pa rcas. [Odas 12,12 a. y 13 en libro II]

A u ro r a .La Eos griega, es la divina hija de Hiperión y hermana


de Helios y Selene (es decir, del Sol y de la Lima). [Oda 42
del libro II]
azar . Aparece, in v irtien d o - a v e c e s - su concepto, en relación
con Hado y con Destino. [Odas 72, 85 y 151 en libro II]

b a c a n t es. Seguidoras de B aco - d e D io n is o s- que, invadidas de


fu ro r sagrado, iban form ando parte del thyassos - e l d esfile
o r g iá s tic o - del dios. E n el m ito grieg o son las M énades.
[O da 13 en el libro II]

Uno de los motivos recurrentes para hablar de


barca , ba r q u er o .

la muerte y el Averno como humano destino inevitable es


la mítica barca de los m u ertos que guía la figura de Caronte,
el oscuro barquero al que los hombres dan su último óbolo
-m oneda puesta en la boca del cadáver- como pago al
servicio de c r u z a r lo s hasta el otro lado de la E s tig ia , de la
infernal laguna situada justamente en el ‘■reino d e P lu tó n ’.
[Odas V, XVI, XVI a. y XX en libro I; odas 5 y 8 en libro II]

Ca o s. Espacio cósmico de carácter confuso y primigenio que da


origen a l m undo. Poseedor de condición divina para la con­
cepción del mito griego, en relación con Gea y con la
Noche es un dios de carácter in fe r n a l (para ‘Reis’ asociado
con la m u e rte ). [Odas 16,38 a., 134 y 160 en libro II]

Caro nte. Barquero del in fie r n o griego (ver antes, en barca).


[Oda 36 del libro II]

C éc r o p e . Mítico rey de la antigua Grecia, fundador de Atenas y


la Acrópolis. En tanto que tal, tiene carácter de '■héroe c iv i­
liz a d o r ’ para los griegos. [Oda 62 del libro II]

C e r e s . Divinidad romana, diosa agrícola, encarnación del cereal


y los c u ltiv o s -identificada con la Deméter griega-. Se la
representaba con la cabeza coronada de espigas y un
manojo de flores en la mano. Su nombre se puede leer
como ‘Natura’ -cierto que ‘naturaleza cultivada’- dentro
de la poética de ‘Reis. [Oda XX b. del libro I; odas 2, 21, 26
y 162 del libro II]

el C ésa r . El emperador romano. [Oda 130 en libro II]

C r is t o . Para la poética de ‘Reis’ Cristo no es el Dios único, sino


que es, nada más, « e l que fa lta b a » , un dios «triste» y final
-e p ig o n a l- junto a todos los otros más antiguos (y tam­
bién más vivificadores) cuya existencia -ausente- es
indudable. [Odas 2, 21,2?, 36,38,38 a., 38 b., 57,170 y 181 en
libro II]

C ro n o s. Es el dios griego del tiempo. Ver lo dicho respecto de


Saturno, que es el dios romano equivalente. [Odas 1 y 59
en libro II]

D estin o . Ver Hado. [Odas XI, XV, XVII y XVII a. en libro I; odas
5,17, 35, 39, 39 a., + 1 ,47,54, 63, 67,72,75, 85,89,160 ,165,165
a., 168,178,179,182,185 y 186 en libro II]

D ia n a . Diosa latina identificada con la figura de la Artemis


griega, diosa hermana de Apolo, hija de Zeus. En contra­
posición a su gemelo -Febo Apolo, dios Sol-, la luna, dis­
tinguida por los nombres de Selene y de Febe (bajo dicha
figura enamorada de la mortal belleza de Endim ión ), esta­
ría entre sus advocaciones. Diosa de la vegetación y de la
caza, y de la castidad especialmente. [Odas 10 y 162 del
libro II]

E n d im ió n . Pastor griego, hijo de Zeus y de la ninfa Cálice. Tras


intentar poseer a Hera -diosa y esposa de su padre Zeus-
se le condenó, como castigo, a sumirse,yacente, en sueño
eternoen el interior de una caverna. Allí iría Diana -en a­
morada, y en su advocación como Selene- a rendirle
visita cada noche y acariciarlo, llena de deseo, aunque sin
poderlo despertar. [Oda 10 en el libro II]

E o lo . Dios menor de la mitología griega, hijo de Poseidón


(latín: Neptuno), que habitaba en las islas hoy llamadas
Eolias (volcánicas, muy cerca de Sicilia), donde mantenía
y regulaba -dándoles salida o encerrándolos- la intensi­
dad y el curso de los vien tos , de las calmas y de las tem pesta­
des. [Odas III y III, a. del libro I; odas 34 y 114 en libro II]

E picuro . Pensador ateniense que en los primeros treinta años del


siglo ni dirigió una Escuela en la ciudad en su período de
abierta decadencia. De entre sus escritos conservamos
unas cuantas epístolas - A M en ec eo , A H eródoto, A su m adre,
A Idom eo, A P ito cles— junto a sus M á x im a s , sus E x h o r ta c io ­
nes, su pequeño tratado Sobre e l Sabio y diversas noticias y
fragmentos. [Odas 11 y 32 del libro II]

Divinidades in fe r n a le s hijas de Urano y Gea. Para la


E r in n ia s .
concepción del mito griego -como las Furias para los lati­
nos-, personificaban la ven g a n za . [Oda XIX en libro I]

E ro s. Dios del a m or -del deseo ‘erótico’- en la mitología de los


griegos (como Cupido para los romanos). Hijo de Afrodita
(de la Venus) según los mitos del período clásico, es en las
concepciones más arcaicas uno de los dioses primigenios
sin el cual no podría darse nada, ninguna clase de g en era ­
ción. [Oda 46 y variante a dicha oda en el libro II]

E róstrato . Pastor de Efeso que, con el objeto de lograr que su nom ­


b re fu e r a corn a d o por los hombres presentes y futuros, le
p r e n d ió fu eg o a l templo de A rtem isa , una de las obras más
famosas de la arquitectura de su tiempo. [Oda 52 del libro n]
Monstruo fabuloso, hijo de Orto y Equidna. Dotado de
e s f in g e .

alas, cuerpo de león y pecho femenino, daba m u erte a los


hombres que no conseguían resolver los en igm as que les
planteaba. Finalmente la Esfinge se dio muerte al resultar
vencida por Edipo. [Oda XII en el libro I]

E speranza . Bajo el nombre de Spes, personificada como diosa en


el mundo romano, también a ella se le daba culto. Era
hermana del Sueño y de la Muerte. [Odas 79 y 13? del libro
II]

E st ig ia . Río o laguna del in fie r n o , en la concepción del mito


griego. [Odas XIV y XX en libro I, así como oda 8 en libro
II]

F ama . Divinidad alegórica romana, es personificación de la Opi­


y m en sajera de J ú p ite r [oda 32 del libro II]. Aparece
n ió n
igualmente como gloria [odas 30,34-, 39,41 y 52 en libro II]

F ebo . Ver Apolo. [Oda 42 del libro II]

F lo ra . Diosa romana -con origen sabino especialmente- de la


y lap r im a v era . [Oda 162 del libro II]
fe c u n d id a d

F o rtuna . Ver Hado. [Oda XVII en libro I; odas 41 y 110 en libro


II]

G em elo s c e l e s t e s . Castor y Pólux, hijos de Zeus y Leda, uno

mortal e inmortal el otro. Al morir el primero, Pólux


obtendría de su padre alternar vida y muerte con su her­
mano. Así m oraban, altern a tiv a m en te, en Olim po y en H a d es
desde entonces. Como héroes griegos, participan en la
navegación y aventura de los Argonautas, siendo conside­
rados p r o te c to re s de lo s v ia je s m a r ítim o s (como lucientes
estrellas en el cielo). [Oda 42 del libro II]
H a d es. Nombre griego del mundo de u ltra tu m b a . Ver el Orco
latino.

H ad o . En latín F a tu m , el D e stin o , mas concebido como divini­


dad, el insondable hijo de la N o c h e . N i los dioses podrían
quebrantarlo. M o ir a s o P a r c a s eran sus agentes. En rela­
ción con él operan otras advocaciones que también poseen
—la S u er te, la F o r tu n a con su rueda—junto a su carácter
caprichoso, o más bien a za ro so en otros casos, un aspecto
d ivin o y destinal. [Odas I a., I b. y XVI a. en libro I; odas 17,
18, 34-, 38 a., 38 b., 41,47, 50, 54-, 56, 65, 72, 82, 85,100,107,
108,110,166,168 y 179 en libro II]

h a m a d r Ia d a s . Ninfas de los árboles. Ver ninfas. [Oda 162 del


libro II]

h ilo . Ver Parcas. [Odas 6 y 36 en libro II]

H ip e r ió n .Titán, hijo de Gea -divinidad de orden primigenio


identificada con la T ierra- y Urano -identificado con el
Cielo-. Expulsado por su padre al Tártaro en unión de
todos sus hermanos ante el temor de que lo destronaran,
participará en la rebelión que iba a establecer -temporal-
mente- el dominio de Cronos -o Saturno-, hasta que éste
a su vez sea destronado por el Zeus Olímpico —o por Júpi­
ter-. Con la caída de Cronos -o Saturno- se produciría, al
mismo tiempo, la derrota final de los T ita n e s y con ellos
también la de Hiperión, una de cuyas personificaciones lo
identifica con H e lio s -con el S ol—, siendo sustituido, en su
caída, en su advocación de dios solar, por otro de los dioses
vencedores, el olímpico Apolo. [Odas 3y 3 a. del libro II]

H o m er o . Aedo griego —que habría vivido en torno al siglo vm


a.C., probablemente natural de Esm irna-. Se le ha atri­
buido haber compuesto los grandes y famosos poemas
épicos de la Ilía d a y de la Odisea. [Oda XIV en el libro I]

H oracio . Gran p o e ta latino de la época augústea -siglo i a. C . -


Natural de Venusia, siendo niño vino a vivir a Roma con su
padre. Sus famosos libros de las O das (en total cuatro
libros), junto con el librillo de los Epodos j el pequeño Canto
S ecu la r, son modelo evidente y declarado de las Odas de
‘Ricardo Reis’. [Oda VI, a. en el libro I y oda 55 en libro II]

I n f ie r n o . Nombre genérico del mundo de u ltr a tu m b a -es el


lugar del castigo eterno para los pecadores condenados,
como infierno cristiano-. Ver en relación a dicho espacio,
las entradas de Averno, Orco y Hades. [Oda 69 en libro II]

J o ve. Ver Júpiter. [Odas 17 y 21 en libro II]

J ú p it er .Dios supremo en el panteón romano clásico -identifi­


cado al griego Z e u s p a d r e de lo s d io s e s j los hom b res. De
entre la abundancia de sus símbolos, el del ra jo destaca por
sup o d e r y lum in osida d. [Odas 3,17 y 162 del libro II]

J u st ic ia .Diosa romana que responde al contenido de su nom­


bre. En tanto Temis (en el mito griego), no era hija de
Cronos —como afirma la oda 59, concretamente en su
verso 10, contraponiendo Justicia e Injusticia-, sino de su
padre, Urano, y Gea. Primera esposa de Zeus, engendraría
de ese dios a la s P a r c a s y a la s H o r a s -com o decir D estin o ,
M u e r t e y T iem po—. [Odas +7, 59 y 107, libro II]

la r es. Son los dioses menores, fa m ilia re s -almas de los difuntos en


el imaginario primitivo, en el mundo romano- que tute­
lan la casa y lo dom éstico. [Oda 15 en el libro II]
L esbo s. Isla - y ciudad- del mar Egeo, patria de Alceo y Safo,
dos de los grandes poetas y cantores de la lírica griega.
[Oda XIV en el libro I]

le te s. Son las alm as de los m uertos que, llegados al mundo de


ultratumba y para olvidarse del pasado, bebían de las
aguas del Leteo -es decir, del río del O lv id o -. [Oda 166 del
libro II]

L u na. Divinidad natural que suele formar pareja con el Sol.


Selene o Febe en el mito griego, en el romano se identifica
con Diana. [Odas 20,34, 91 y 14-4 en libro II]

M a d re T ie r r a . Diosa primigenia - la Gea griega, la romana


Tellus-, que, tras salir del Caos originario, engendró a
Urano (Cielo), siendo madre de los dioses todos (y del
m undo). [Odas 42 y 93 del libro II]

m an es. Almas de los difuntos a las cuales, en el mundo romano,


se les rendía culto en el interior de la familia; pueden ser
igualmente, en otros casos, divinidades menores infernales o
genios tutelares de los muertos. Se confunden a veces con los
lares. [Oda 166 del libro II]

M a r ía . Madre de Cristo. [Oda 21 en el libro II]

M e s ía s . ‘Enviado’ de Yaveh como liberador para su pueblo,


según se anuncia en la escatología característica del profe-
tismo hebreo.- Cristo, hijo de Dios y Dios él mismo, el
'■Redentor' para los cristianos. [Oda 126 del libro II]

M in o s . Hijo de Zeus y Europa y rey de Creta, para encerrar al


monstruoso Minotauro -que su esposa engendrara con un
toro- hizo construir a Dédalo el primer y famoso la be­
rinto. Por su reconocida integridad, junto con Eaco y
Radamanto Zeus lo nombraríaj u e z d e l H a d es. [Odas 12 y
12 a. del libro I]

Nombre de las ninfas de los ríos. Ver ninfas. [Oda 166


n á ya d e .

del libro II]

N eptu n o . Dios romano de los m ares (equivalente al griego Poseí­


do n). Es hermano de Jove (dios supremo en el panteón
clásico romano), y como él hijo de Saturno. [Odas III, III,
a. y VI, a. del libro I; odas 16,34 y 162 del libro II]

n in fa s .Divinidades menores que, en el sistema mítico de la civi­


lización y la época clásica, personificaban y encarnaban
ciertos e sp ír itu s de la n a tu r a le z a . Así había ninfas de los
árboles, los ríos, los mares, las grutas, los montes, las
fuentes... M o r ta le s p e r o eternam ente jó v e n e s, vivían despre­
ocupada, alegremente -cual si estuvieran en perpetua
d a n z a — junto a las divinidades naturales. [Odas VI y VI a.
en el libro I; odas 16, 22,162 y 180 en el libro II]

N och e. Divinidad primigenia (la N yx griega), h ija d e Caos y


esposa d e Erebo (la región más oscura y apartada del
H a d e s ) , m a d re engendradora d e l D e stin o . [Odas 38 a., 60 y
134 en libro II]

num en. Nombre romano de los e sp ír itu s d iv in o s. [Oda XI en el


libro I y en variante a verso 13 de oda 72 del libro II]

óbolo . Ver en barca [Odas 5,12,12 a. y 36 en el libro II]

O gigia . Es la isla habitada por la ninfa Calipso. Amante de Uli-


ses, retuvo allí al héroe griego siete años, cuando viajaba
de retorno a Itaca. [Oda XIV en el libro I]

O lim po . Morada de los dioses superiores -sita en un lugar in a c­


sobre la cadena montañosa de idéntico nombre-
cesib le,
en el imaginario griego antiguo. [Oda XIV en el libro I;
odas 18,29,35,36, 37, 38 b. y 163 en libro II]

O rco . Nombre romano del mundo de ultratumba-, es equivalente


ai Hades griego. [Oda XIV en el libro I]

O r feo . Poeta y cantor mítico tracio —el tenor de su canto y de la


música que emitía su lira era tan dulce que acu d ía n la s f i e ­
ras a e sc u c h a r lo -. Siendo hijo de Apolo y de Calíope, conse­
g u ir á b a ja r a los In fiern o sp a ra rescatar de ellos a E u r td ic e , su
joven esposa, muerta el mismo día de sus bodas. Para
retornar los dos del Hades se le impuso avanzar delante de
ella sin volver la vista a contemplarla antes de salir del
inframundo. No logrando cumplir con su promesa, per­
dería a su esposa de manera ya definitiva. Tras volver ella
al Hades nuevamente, Orfeo morirá desesperado víctima
de las bacantes -de las Ménades-. [Odas 64 y 87, libro II]

P an . Antiguo dios silv estre ( ‘natural’: encarnación de la ‘N a tu r a ­


le z a ' concebida en s u estado p r im ig e n io ) , hijo de Zeus y la
ninfa Dríope en la mitología de los griegos. Su figura es
humana parcialmente, mas dotado de cuernos y de cola y
pezuñas caprinas, como en ca rn a ció n d e lo sa lv a je. Como
acom pañante de D io n iso s y apasionado am ante de la s n in fa s su
figura posee, al mismo tiempo, un extremado com ponente
erótico. Inventor de la f la u t a de su nombre, en el mundo
romano se confunde con la figura propia de los faunos.
[Odas 2, 4, 21 y 162 del libro II]

pa n te ó n . Nombre y orden de los seres divinos. [Odas 38 a. y b.


del libro II]

P ar ca s . Cloto, Láquesis y Atropo, las terribles hermanas, diosas


que, según lo previsto a cada hom­
ejecu toras d e l D e stin o ,
bre, otorgaban su suerte a cada uno, hasta que, llegado su
momento, d a ba n e l corte a l ‘h ilo d e la v id a ’ —es Atropo en
concreto quien lo corta, tras el hilado que hacen sus her­
manas—. Hijas de Zeus -que era el dios supremo-, su
madre es Temis - a saber, la diosa que instituye las leyes
naturales, adivinadora del futuro-; según otras versiones,
son hijas de la Noche, como el Hado. [Odas X y XX en
libro I; odas 6 , 8,12,12 a., 13,25,36, 38 b. y 162 en libro II]

Partenó n. El más famoso de los tem plos griegos erigido en la


acrópolis de Atenas en honor a Atenea -la diosa olímpica
de la inteligencia, de la virginidad y de las artes-. [Oda 11
en el libro II]

P en élo pe. Fiel esposa de Ulises, rey de Itaca. Mientras esperaba


su regreso de la guerra de Troya, que se dilató por veinte
años, iba poniendo como condición para aceptar en matri­
monio a uno de sus muchos pretendientes terminar el
sudario destinado a Laertes, su suegro. Mas lo que tejía p o r
e l d ía lo ib a d estejien d o p o r la n och e, difiriendo sin fin ese
momento. [Oda 25 en libro II]

Imperio de la antigüedad. Su repetido intento de con­


P e r s ia .
quista de la Grecia europea fue derrotado a manos de la
Liga encabezada por los atenienses durante las llamadas
guerras médicas (en el siglo v a. C.). Finalmente, en el
siguiente siglo, el Imperio cayó bajo el empuje de las tro­
pas de Alejandro Magno. [Oda 32 del libro II]

P índ a ro . Poeta griego natural de Tebas , gran ciudad de Beocia


-vive a mediados del siglo v a. C .-, famoso autor de los
E p in ic io s —grandes odas corales concebidas para canto y
danza, P ític a s , ístm ic a s, O lím p ica s y N e m e a s, destinadas a
celebrar fama y memoria de los triunfadores en los jue­
gos-, Es autor de tendencia aristocrática, poco amigo de
Atenas y partidario de la oligarquía. [Oda XIV en el libro
I]

P lu t ó n . Hijo de Saturno y hermano de Jove, soberano absoluto


del A vern o . Su nombre puede leerse como 1M u e r t e ’ dentro
de la poética de ‘Reis’. [Oda XX en el libro I; odas 8,12 a.,
16 y 160 en el libro II]

preto r . Encargado del gobierno de una de las provincias del


Imperio romano -el término aparece designando a P o n d o
P ila to s, el gob ernad or de P a lestin a q ue h iz o c ru cific a r a J e s u ­
cristo en la época augústea-. [Oda 52 del libro II]

Saturno. Dios del tiem po, que devora a s u s h ijo s cuando nacen
para evitar que éstos lo destronen. Se identifica con el
griego Cronos, destronado en efecto por sus hijos, los
olímpicos Zeus y Poseidón -dioses a su vez equivalentes a
lo que encarnan Júpiter y Neptuno en el sistema del pan­
teón romano-. Se le representa con la h o z , con la que siega
todo cuanto v iv e. [Oda III en el libro I y odas 1,3,3 a., 36,38
a., 71, 87 y 162 en libro II]

S u er te . Ver Hado. [Odas XVII a. y XIX en libro I; odas 54, 63, 78,
104 y 150 en libro II]

T eb a s h ept á pila ( ‘la de siete puertas’). Ciudad beocia de la anti­

gua Grecia. [Oda XIV en el libro I]

T ie m p o . Consultar Saturno y Cronos. [Oda VIII en el libro I;


odas 27, 84,174,178 y 188 en libro II]

U l ise s . Héroe griego, rey de Itaca, que se ganó su fama por su


y sus aventuras incesantes, de su esencial participa­
astucia
ción en la guerra de Troya -inventor del caballo de
madera dentro del cual los griegos, escondidos, consegui­
rán entrar en la ciudad para, finalmente, conquistarla—al
regreso a su trono y a su patria superando diversas aven­
turas que Homero canta en su O disea. [Oda XIY en el libro
I]

U rano. Divinidad primigenia, d io s d e l c ie lo , hijo y esposo d e la


Gea, es elp r im e r p a d r e de los dioses'. Fue destronado
T ierra ,
por su hijo Cronos -e l Saturno del panteón rom ano-.
[Oda 21 en libro II]

V e n u s . Diosa romana
del am or y la b ellez a , equivalente a la Afro­
dita griega -«nacida del m ar» y del semen de Urano, des­
tronado tras ser castrado por su hijo Cronos-. Tuvo
muchos amantes (entre los cuales el pastor Adonis,
incluido igualmente en el «G losario»). [Odas 4, 21 y 170
en libro II]
PESSOA COMO LIBRO.
EL POEMA DRAMÁTICO PARA UN VENTRÍLOCUO
Jav ier Arnaldo

Un yo negándose escribe el poema Estanco1, logro de alguien,


pero sobre todo poema. ¿O hay que preguntarse quién es
Alvaro de Cam pos, su autor? El sólo es quién, y no qué.
« N o soy n ad a», comienza diciendo. Y un poco más ade­
lante ese alguien desprovisto de qué añade: «Pero al menos
me queda, de la amargura de eso que nunca seré, / la rápida
caligrafía de estos versos, / pórtico que va hacia lo Im posi­
b le » . El largo poema, lanzado en esa dirección entre los
pilares de un pórtico de inexistentes sillares que levanta,
llega a término al coincidir feliz y finalmente con la poesía.
Esta es sonreída por el dueño del estanco y toma su consis­
tencia de algo tan sencillo como un saludo de buena vecin­
dad. Un cliente del estanco reconoce al salir del estableci­
miento a quien escribe, y lo saluda con la mano. El universo
«se reconstruyó enteramente, sin ideal y sin esperanza»,
con la concreción de una respuesta que se transcribe literal­
mente: «¡A d ió s, E steves!». Las ventanas del cuarto de
quien escribe, que dan, según dice más de ciento cincuenta
versos más arriba, «so b re una calle inaccesible a todos los

I F ern an d o Pessoa, Poesía, ed. b ilin g ü e d e J u a n B arja y ju a n a Inarejos,


M a d rid , A b a d a , 2 0 12 y ss. v o l. I V ( 2 0 1 4 ), pp- 2 9 4 ,- 3 ° 7 - [E d ic ió n
citad a e n lo sucesivo so lo c o n e l títu lo , Poesía, se gu id o d el n ú m e ro
d e l v o lu m e n ; a q u í Poesía IV ] R ealizaré las citas siem p re e n la tra d u c­
c ió n al ca stella n o estab le cid a e n la r e fe r id a e d ic ió n , salvo q u e sea
otra la fu e n te o la tra d u c c ió n u tilizad a. E n lo s casos e n q u e se citan
textos cuya re fe re n c ia re m ite a u n a e d ic ió n e n p o rtu gu é s la tra d u c­
c ió n es m ía, a u n q u e p u n tu alm e n te he p re fe rid o , p o r razones q u e se
e n ten d e rán , d eja r e n p o rtu gu és algu n a cita.
diversos pensamientos, / real, imposiblemente real, cierta,
desconocidamente cierta», enmarcan en ese final la parusía
de una cosa real a la vez « p o r fu era» y « p o r d en tro», p ro­
nunciándose sin negarse, sucediéndose como cierta y cono­
cida, como cosa, como qué del lenguaje entre sujetos, Cam­
pos y Esteves, que se despiden hasta otra.

1 [ P o r EL QUÉ DEL q u i é n ]

La pregunta, en efecto, no es por Alvaro de Campos, sino


por una poesía completamente independiente y externa,
pero de la que solo él da cuenta, aunque de ella hiciera
experiencia junto a otros; desde luego junto al estanquero, y
presum iblemente a Esteves, parroquiano de la tienda de
tabacos. Una fraternidad de términos, expresada en la coin­
cidencia de tres sujetos, hace de ecuación « s in ideal y sin
esperanza» de la poesía, y esta aparece como cosa, como cosa
visible a la que se habla, diciéndose adiós entre sujetos por
un momento intercambiables.
La sonrisa toma la consistencia de un algo para el
alguien que, como Alvaro de Campos, vuelca sus esfuerzos
en el puro propósito de ser idéntico en su decir con un qué,
no con un quién. En el poema Casi2, donde el poeta acaba
por formular el símil de su cansancio con un objeto externo
(« u n barco viejo que se va pudriendo en la playa desierta»),
se menciona la sonrisa como ocasión para que se inviertan
los térm inos del quién y el qué y la vida se pronuncie cle­
mentemente:

S o n r í o p o r e l c o n o c i m i e n t o a n t ic ip a d o d e la n in g u n a
[c o s a q u e s e r é ...
P e r o a l m e n o s s o n r í o , p o r q u e s o n r e í r y a es s ie m p r e a lg o .

S í, p r o d u c t o s r o m á n t i c o s , n o s o t r o s ...

2 Poesía V , p p . 12 2 - 1 2 5 -
P e r o s i n o fu é r a m o s p r o d u c t o s r o m á n t ic o s , p u e d e q u e , a
[ lo m e j o r , y a n o f u é r a m o s n a d a .
A s í se h a c e la l i t e r a t u r a . ..
¡ P o b r e c il lo s D io s e s , s i a sí se h a c e h a s ta la v id a !

En Oda mortal3, que acaba también en cosificación del


sujeto, esta vez como «polvo sin se r » , Alvaro de Cam pos
empieza invocando solemnemente a un poeta, Alberto
Gaeiro, irrepetible ejemplo: «C aeiro, maestro mío, [ ...] » .
C on Alberto Gaeiro se había iniciado la generación de
poetas alumbrada por Pessoa, como si su maestría ocupara el
lugar de lo que en una cosmogonía se reserva a los elementos
primordiales. Gaeiro había urgido a la expresión de lo real
sin trazas de engaño, de la verdad depositaría de la poesía.
Rememora su enseñanza De Campos en la mencionada Oda
mortal mediante un enunciado apodíctico: « la verdad que
existe en todo es la verdad misma que lo excede». La pre­
gunta por la verdad como objeto real previo al sentido de la
verdad, como exceso de verdad, como, dicho con Nietzsche,
verdad en sentido extramoral, desafió a Gaeiro, lo mismo que a los
otros escritores que com ponen la saga por él inaugurada,
redactores órficos de la teogonia sin dioses o con dioses ya
muertos que compuso Pessoa. El motivo del canto no cambia
de Alberto Gaeiro a su discípulo y albacea Ricardo Reis ni de
este a Alvaro de Campos, ni a Fernando Pessoa, en la medida
en que, aunque los temas que tratan no sean, ni mucho
menos, los mismos, las inquietudes de todos ellos coinciden
en el exceso de verdad que desafía su individuación; todos
ellos dan además por acabada en el pretérito la satisfacción
de ese motivo ya inasible del canto en los poemas de Gesário
Verde ( 1 8 5 5 - 18 8 6 ), a cuyo nombre quiso Gaeiro que fuera
dedicada su propia obra. Pero además sí cambia elocuente­
mente el arte, la técnica con la que uno u otro de los com­
ponentes de esa saga pugna por pronunciar un contacto y
satisfacer sensitivamente el motivo de la verdad, que a todos
sin excepción, heterónimos o no, excluye como sujetos,
pero a cuyos sentidos, sea preferentemente la vista del auto­
didacta Gaeiro, el tacto del médico Reis o el oído del inge­
niero naval Alvaro de Campos, uno sencillo, otro culto, el
tercero desinhibido, se expone. La mirada de Cesário
Verde, en la que, según Alvaro de Campos, coinciden alma y
cosa, hace salvedad, sin embargo y en pretérito, en la
secuencia de poetas de nombre real o apócrifo que se des­
pliega desde un origen:

Cesário, que logró


ver claro, ver simple, ver puro,
ver el mundo en sus cosas,
ser una mirada con un alma detrás, ¡y qué vida tan breve!*

Una generación de poetas nacidos en las postrimerías


del siglo X I X (en 1887 Reis, en 1888 Pessoa, en 1889 Caeiro,
en 18 9 0 De Campos) se significa por su estima común de un
libro hecho público en el año 1 9 0 1 , de un poem ario sin
público con el que daban por iniciado el tiempo propio, el
siglo X X en Portugal, 0 Livro de Cesário Verde. Lo leo «hasta que
los ojos me arden »5, escribió de ese volumen Alberto Caeiro,
avatar de vida aún más corta que su modelo, y también su lec­
tor menos formado, más autodidacto y más primitivo, su cono­
cedor menos condicionado y más ejemplar del nuevo siglo. A
su vez, con Alberto Caeiro, de quien en un solo día de marzo
de 1 9 1 4 » el día 8 , quedaron escritos sus prim eros treinta y
tantos poemas, Fernando Pessoa dijo: «había aparecido en
mí mi m aestro»6. En la poesía del maestro que compartió
con De Campos y Reis se realizaba el canto del «Argonauta
de las sensaciones verdaderas»7, cuya objetivación, completa­
mente externa, obtienen sus versos.

4 Poesía V , p p . 1 6 8 -16 9 .
5 Poesía I, p p . 38 -39 .
6 F e m a n d o Pessoa, Escritos sobre genioj locura, e d ició n , in tro d u cció n y tra ­
d u c c ió n d e je r ó n im o P izarro, B arcelo n a, A ca n tilad o , 2 0 13 , p . 3^6.
7 Poesía I, pp. 26- 27-
La técnica romántica y vanguardista de Alvaro de Cam ­
pos, la antimoderna de Ricardo Reis, la contrafilosófica de
Alberto Caeiro disputan una misma verdad que existe sin
ellos, y exhiben siempre sus poemas como artefactos para su
captura, pero sin inducción para el logro de un objeto y sin
presas, lo que entre pescadores equivaldría a poner a subasta
en la lonja los aparejos en lugar de los pescados. Bien es ver­
dad que la arquitectura de los artefactos y la jerarquía de sus
partes, lo mismo que las normas para su empleo, difieren
notablemente de uno a otro. En la Oda marítima8 Alvaro de
Cam pos expone estos útiles de pesca: « ¡m i ansia un remo
partido, / y la tesitura de mis nervios una red tendida
secando en la playa!» Ricardo Reis, poeta del instante cuyos
padecimientos coinciden con « e l verdugo m irar»9 de Orfeo
a Eurídice, se promete en una de sus odas poner la sensación
a «salvo / donde el mar nada b a ñ a » 10, precisamente plan­
tando sus artes a resguardo de lo que cambia. Y el poeta de la
experiencia completamente externa, Alberto Caeiro, el que
señala la T ierra como « la única casa artística», también
renuncia a que el poem a difiera de la verdad por el solo
hecho de contenerla. Su arte se limita a la invitación:

dejar que el viento cante para que nos durmamos,


y no tengamos sueños dentro de nuestro sueño” .

Los poemas, que, articulando su propia expectación,


solo acusan el marchamo subjetivo de la voluntad mientras
no acaban, se disponen como aparejos expuestos al aire, que
no deben contener nada que estorbe a la completitud de lo
que su riguroso silencio abarca. « T u silencio es un barco
con todas sus velas p an d as», dice el prim er verso de Hora

8 Poesía III, p p . l 6 o - 2 2 7 *
9 V éa se e n este v o lu m e n Odas II, 6 4 , 6.
10 íd e m . Odas II, 15 5 , 3 - 4 .
11 D e El guardador de rebaños, X X X V I. Poesía I, p p . I 2 4 - I 2 5 *
absurda™, firm ado en 19 16 por Fernando Pessoa. El poema
propicio a lo externo, patrocinador de la expresión impresa
en papel de lo que en el papel no es cosa, pero sí realidad
proclive a morder en el papel un anzuelo de palabras, hace
de la alegoría algo prescindible y falso y del sujeto un estorbo
de símbolos. Habla Gaeiro en su poema recién citado de que
los poetas arman los versos unos con otros como los carpin­
teros ensamblan tablones. «¡Q u é triste que no sepan flore­
c e r!» añade. Puesto que de la cosa se trata, de la probable
flor sobre un papel expectante, las artes deben ser las de un
sujeto en retirada. La verdad, completamente externa, solo
excede, como la flor y el mar, cuyo ser, persistentemente, no
coincide con los sentidos. Léanse los versos de Reis:

S i a q u í d e u n m a n s o m a r m i im p r e s o i n d i c i o
h a n b o r r a d o tr e s o la s,
¿ q u é m e h a r á e l m a r c u y o e c o e n la h o s c a p la y a
d e S a t u r n o se f o r m a ? 13

La expectación ante algo con exceso de verdad y efectivo


requiere una confianza en el poema como texto inhibido de
cualquier interpretación metafórica. No hay metáfora, sino
sugestión de verdad en los trabajos de estos poetas perseve­
rantes en su inclinación a lo que es independiente de ellos
mismos. Pendiente de recibir el marchamo de integridad del
que aún no dispone, el poema realiza los mismos esfuerzos
que el sujeto por abandonar su quién a favor de un qué.
«Tengo la furia ya de ser raíz / persiguiendo al interior mis
sensaciones al igual que una sav ia», dice Alvaro de Campos
en El paso de las horas. La expresión de esa urgencia de ser raíz o
de hacer cosa la sensación coincide con el propósito del
poema. Las destrezas de este apremian asimismo a la oportu­
nidad de un sujeto posiblemente próxim o a abandonar su

12 Obras completas de Femando Pessoa, I. Poesías de Femando Pessoa, L isb o a, N ova


A tic a , s. a ., p . 19.
13 V éase e n este v o lu m e n Odas I, III, I I - 1 4 .
in d iv id u a c ió n , a s e n tir c o rp ó re a s sus d isp o sic io n e s y a
h acerse q u é, c o m o el p ro ta g o n ista de esa m ism a od a de D e
C a m p o s , e n lo s verso s q u e sig u e n a lo s m e n c io n a d o s :
« Q u e r r ía te n e r to d o s lo s sen tid o s, in c lu y e n d o ta m b ié n la
in teligen cia, / la im a g in a ció n , la in h ib ic ió n , / a flo r de p ie l,
p ara p o d e r irm e r o d a n d o p o r la tie r r a ru go sa , / y a ú n más
a d e n tro , sin tie n d o m ás ru g o sid a d e irre g u la rid a d e s. / P ero
sólo estaría satisfecho si m i cu erp o fu era ya m i a lm a ... » 14. E l
p o em a se ladea hacia u n contacto que se posterga c o n la p r o ­
p ia m a te ria de la sen sa cio n es, h a cia u n h a cerse cosa de las
d ispo sicion es y hacia u n hacerse cu erp o del alm a, p a rtien d o ,
eso sí, sie m p re d e l in d iv id u o p a r tic u la r q u e a p o rta e n ese
lan ce n o la m ateria de las sensaciones, sin o la de la fic c ió n .

I I [« D r a m a m perso nas» ]

L a sin c e rid a d , q u e está e n tre las c u alid ad e s u n a y o tr a vez


apelad as p o r P essoa p ara su o f ic io , c o m o en P au l V aléry ,
guía, co m o p o d ría h a cerlo la co n fia n za en el azar, u n a escri­
tu ra cuya a u to ría rep a rte en tre n o m b res falsos e im p o sib les
verdades, p e ro c o n afán de sin cerid ad total. « M as to d o fra g ­
m en tos, fragm en tos, fra g m e n to s» 13, dice en 1914 en su carta
d el 19 de n o viem b re a A rm a n d o C o rte s-R o d rig u e s a p r o p ó ­
sito de la re d a c c ió n d el Livro do Desassossego, ya en m arch a p o r
en ton ces. Ese lib r o que con o cem os, inacabado y p o stu m o, le
o c u p ó to d a su v id a lite r a r ia , al ig u a l q u e su Fausto, al ig u a l
que tantas otras obras qu e dam os p o r acabadas en ed icio n e s
que n os p e rm ite n a ten d er a u n a obra cu m plid a, p o r así d ecir,
c o m o m e tá fo ra , p e r o n o a la c o n c lu s ió n de las o b ra s q u e
c o m p o n e n esta, in sisten tem en te, p o r lo dem ás, n o m e ta fó ­
ricas en su in te n c ió n . S o n escasas las piezas de Pessoa c o n u n
carácter co n clu so , m u ch o m en os aú n , n i q u e d ecir tien e, las

14 Poesía TV, p p . IO O -IO I.


15 F e rn an d o Pessoa, Cartas a Armando Cortes-Rodrigues, L isb oa, In q u é rito ,
s. a. (I 9 S 9 ) , p . 6 4 .
publicadas en vida, y todavía m en os si n o s o cu p a n las e n tre ­
gas de sus h e te ró n im o s , lo m ism o qu e las de « p e rs o n a lid a ­
des literarias» co m o B ern a rd o Soares, el a u to r im p líc ito del
Livro do Desassossego. C o n pocas excep cion es, co m o la d el p o e -
m a rio Mensagem, p u b lic a d o e n 1 9 3 4 7 m u y p o c o antes titu ­
lad o Portugal, la e d ic ió n de lo s lib r o s de Pessoa ha sid o esta­
b le c id a a p a r tir de sus p a p e les p o stu m o s y de escrito s cuya
p u b lic a c ió n él m ism o había d ispersad o a lo largo de su tr a ­
y e c to r ia lite r a r ia e n revistas varias. B ie n es c ie rto q u e al
m en os desde 1915 estaba en su h o r iz o n te « la n za r p s e u d ó n i­
m am en te la ob ra de C a e ir o - R e is - C a m p o s » 16, y en 19 3 2 , ya
c o n p o c o s a ñ os de vid a p o r d e la n te , e n p r e v is ió n de sacar
algunos lib r o s de p oem as, trab ajó en la sele cció n y el o rd en
de sus m an u scritos y trazó u n p la n ap roxim ad o para su ob ra
p o ética co m p leta o , al m en o s, c o n u n sen tid o de c o m p le ti-
tu d 17, cuyos com p o n en tes, cuyas partes diferen ciadas eran las
a p o rta cio n e s de lo s h e te r ó n im o s y d el o r tó n im o F ern a n d o
Pessoa, q u e co n v e rtía n el, d igam os, Libro o Drama resu ltan te
e n ó rg a n o de u n a escuela. C a d a u n a de las in d iv id u a lid a d e s
q u e c o n t r ib u ía n a ese c o n ju n to « fo r m a u n a e sp e c ie de
d ram a, y tod as ju n ta s fo r m a n o tr o d ra m a » 18, d ijo . N o p o r
otra razó n p u ed e p o n erse el n o m b re de Drama en el lu gar del
d escrip to r de u n a ob ra po ética com p leta que b ie n cabría lla ­
m ar igu alm en te Libro, p o r a fin id ad , desde lu eg o , c o n el Livre
co n je tu ra d o p o r M allarm é, y ta m b ié n p o r el sen tid o a m p li­
ficad o que e n ella cob ra el m ism o Livro do Desassossego, expresa­
m en te c o n c e b id o co m o « lib r o de u n a g e n e r a c ió n » . M á rio
de S á - C a r n e ir o r e c o n o c ió en la « g r a n d e z a » d el c o n ju n to
heteronímico al q u e daba fo r m a la p o esía de Pessoa n i m ás n i
m en os q u e « toda una civilización» . Se lo decía en la carta qu e le
rem itió desde París el 2 4 de agosto de I 9 I 5 > d o n d e ta m b ién
leem os: « s i estuviésem os en 1830 y yo fu era H o n o r é de B a l-
zac le d e d ic a ría u n lib r o de m i Comedia Humana d o n d e u sted

16 I b í d ., p . 75-
17 V éa se la carta d el 2 8 . 0 7 -1 9 3 2 , e n las Cartas de Femando Pessoa a Joao Gas-
parSimoes, L isb o a, P u b lic a r e s E u ro p a -A m é ric a , 19 5 7 »PP* I I 5 ~I2 0 -
18 F ern an d o Pessoa, Diarios, ed. c it., p . 13 6.
apareciera co m o H o m b r e -N a c ió n —el P ro m e teo q u e d en tro
de su M u n d o - I n te r io r de g e n io arrastraría to d a u n a n a c io ­
n alidad: un a raza y u n a cróifcjción—» 19. E n el co n ju n to pessoa-
n o e n d e v e n ir veía S á - C a r n e ir o u n a c o n fir m a c ió n a escala
real d el avatar d el protagonista de su cu en to epistolar E u -P ró -
prio ou Outro, cuyo yo se c o sifica . F o rm a p a rte de su lib r o de
re la to s d e a q u e l m ism o a ñ o Céu em Fogo. A s í o c u rr ía : « A l
fin a l, es sim p lem en te esto: me sobro. [...] ¿ S e ré u n a n a c ió n ?
¿M e habré co n vertid o en u n país? / P u ed e ser. / L o cierto es
que sien to plazas d en tro de m í » so. A q u e lla figu ra de fic c ió n
e n cuya o tre d a d se m a te ria liza b a la se n sib ilid a d d e esa
m an era resultaba, a su vez, p re fig u ra c ió n d el cread or real de
u n a saga de fic tic io s p o etas e n cuya p r o d u c c ió n c o n ju n ta
cristalizab a u n a rea lid a d sen sib le co m o la q u e S á - C a r n e ir o
c o m p a ró co n u n país.
S in e m b a rg o , c o m o sa b em o s, ta l c o n ju n to n o lle g ó
n u n c a a q u e d a r e sta b lecid o p o r P essoa. C o n e x c e p cio n e s
tales co m o la d el p r im e r lib r o de odas de R icard o R eis, que
c o n o ce m o s acabad o p o r h a b e r sid o re c o g id o e n 1 9 2 4 e n el
n ú m e ro in ic ia l de la revista Athena, o d el Guardador de Rebanhos
de A lb e r to C a e iro (poeta m u erto ya en 1915). p o rq u e llegó a
to m a r u n a fo r m a d e fin itiv a , p resta p a ra ser e n treg a d a a la
im p ren ta , segú n su a u to r, el g ru eso de la p r o d u c c ió n p o é ­
tic a p essoan a su b sistió sin fija rs e . E l c o n ju n to se p e rp e tú a
co m o p ro y ecto . L a p ro v isio n a lid a d de las partes es indicativa
d e l g ra d o de r e le v a n cia c o n c e d id o al todo c o m o v e rd a d e ra
m etáfora.
E n tre los textos que destacan p o r co n clu id o s en la ob ra
d e F e rn a n d o P essoa se e n c u e n tra 0 M arinheiro, u n a p ieza
c o m p le ta m e n te esp ectral, c o n c e b id a , al m o d o de M a u ric e
M a eterlin ck , co m o « d ra m a e stá tic o » . E n treg ó el texto a la
revista de la R en a scen fá A A guia, en tre cuyos colab orad ores se

19 M á rio d e S á - C a r n e ir o , Cartas a Femando Pessoa, L isb o a , Á tic a , 1 9 5 9 ,


II, p. 70.
20 M á r io de S á - C a r n e ir o , El cielo en llamas, tra d . J u a n J o s é A lv a re z
G a lán , M ad rid , G a d ir, 2 OQ7■ p . 18 5 .
e n c o n tra b a , p e r o fu e re c h a z a d o . S e p u b lic ó e n el p r im e r
n ú m e r o de Orpheu, en I 9 I 5 > e iha firm a d o e n o c tu b re de
19 13 , c o n lo q u e n o d ejaba d u d as, al m en o s p o r en to n c e s,
sobre su acab am ien to. A u n q u e había p u b lica d o antes N a Flo­
resta do Alheam ento , u n au ra de p ie z a fu n d a c io n a l en vu elve 0
Marinheiro. E n sus ap u n tes a u to b io g rá fic o s Pessoa da cu en ta
de ese cu ad ro escén ico co m o la p rim e ra de sus piezas lite ra ­
rias en h acerse p ú b lica . U n a p re g u n ta q u e lan za la p rim e ra
de las tres d o n ce lla s q u e d ia lo g a n e n 0 M arinheiro es esta:
« ¿ P e r o sab em os, h erm a n a s m ías, p o r q u é se da c u a lq u ie r
c o s a ? ...» 21. 0 Marinheiro traza u n a escen ifica ció n de la irr e a ­
lid a d d e p lo ra d a a tres vo ces —tres co m o el n ú m e r o de las
Parcas, tres vo ces d e l d e stin o q u e vela a q u í e n la h o r a d el
sueñ o—, conversada para co n ju ra r el silen cio , para c o n ju ra r
u n c o n te n id o m u d o e n tre lo s sin tagm as de la le n g u a qu e
am enaza c o n volverse cosa, c o n hacer de la irrealid ad cu erpo
rea l, p o r in t e r r u m p ir el su e ñ o : « E l s ile n c io c o m ie n z a a
to m a r c u e r p o , a ser c o sa ... L o sie n to c o m o u n a n e b lin a
en v o lv ié n d o m e ... ¡A h , h ablad , h a b la d ! ...» . S o lo la palabra
m a n tie n e e n u n c ia d o al p e rs o n a je , lo q u e q u ie re d e c ir c o n
vid a , p e r o el im p o s ib le e n c u e n tr o e n tre la e lo c u c ió n d el
pen sam ien to y la realizació n de su exp erien cia hace espectra­
les las in d ica cio n es de la palabra, cuyo d estin o es ap u n tar la
irre a lid a d de las frag m en tarias p e rc e p cio n e s: « S o lo el m ar
de otras tierras es el b ello . L o qu e vem os n os p rovoca la n o s­
talgia d el q u e n o verem os n u n c a » . D esem b o ca ese d iálo g o ,
ese d iscurso tr in o y n o c tu rn o fren te a u n tro zo de m ar visto,
co m o u n c u a d r o , p o r la estrech a v e n ta n a ju n t o a la q u e
velan , e n lo s c o n te n id o s de u n su e ñ o q u e n a rra la segu n da
de las tres d o n ce lla s. E n ese su eñ o h abía h e c h o a p a ric ió n el
marinero. G u an d o el m a rin ero n áu frago, superviviente en un a
isla so lita ria , o c u p a d o e n s o ñ a r la le ja n ía , e n im a g in a r el
paisaje de u n a patria d istin ta q u e le h u b iese p o d id o ro d e a r,
en im ag in ar tan exp lícitam ente su geografía que llegó a c o n ­

21 « O M a r in h e ir o (d ram a estático em u m q u a d r o ) » , Orpheu [ l 9 l 5 ]>


reed . L isb o a, A tic a , I 9 7 1 » PP- 3 5 “ 5 5 -
fu n d ir su esp ejism o c o n u n a tie r r a n a ta l y p r o p ia , q u iso
r e c o rd a r s u patria v e rd a d e ra , se e n c o n tr ó c o n q u e n a d a de
esta alcan zab a a c o n c re ta rs e , sin o c o n la fis o n o m ía de su
« p a tria de s u e ñ o » . E l p e n sa m ien to que gestion a la palab ra
agranda para el p rotag on ista d el su eñ o la lejan ía, am p lía los
abism os que separan su jeto, len gu aje y sen tid o. E n la trag e­
d ia « e stá tic a » 0 Marinheiro actú an c o m o p e rso n a jes lo s té r ­
m in o s de u n d estin o que se con creta co m o habla. A l hablar,
a firm a la te rc e ra d o n c e lla , el p e n s a m ie n to d is c u rre p o r la
garganta, rige el cu erp o de q u ie n d ice n o reco rd a r q u ié n es,
salvo c u e r p o e n el m is te rio d e l h a b la r, e n c a r n a c ió n de u n
a m u le to « c o n c o n c ie n c ia de sí m is m o » , q u e da c u m p li­
m ie n to a la in c e r tid u m b re . Esa fig u ra , la ve la d o ra te rc e ra ,
que n o recu erd a su q u ié n , se id e n tifica co m o o b jeto au scu l­
tad o p o r el le n g u a je , co m o a m u le to de u n le n g u a je in t e r ­
p uesto en tre su jeto y sen tid o. Y se le d ice: « H a b la , así pues,
sin reparar en qu e existes» . H ab lar es la ú n ica a cció n en este
dram a sin accion es, en el cu ad ro escén ico q u e n o da paso a
nada ex tern o, p e ro en el qu e tres voces se c o n fo rm a n co m o
talism an es e n cuyo esp eso r facetad o u n su jeto m e ta fó ric o y
u n sen tid o p e rd id o se buscan.
E n el cu ad ro escén ico n ad a c o b ra fo rm a que n o q u ed e
tocad a p o r el su e ñ o co m o d e stin o . U n a ve lad o ra d el su eñ o
cuen ta que so ñ ó c o n u n m a rin e ro n áu frago que soñ aba. E n
u n en cad en a m ie n to de su eños pu esto en abism o se su ced en
los sujetos de cuya g e n e ra c ió n es irrea lid a d fin a l lo q u e en el
tie m p o se situ a ría co m o causa p rim e ra : el n a u fra g io de u n
su jeto p r im o r d ia l, el su jeto p r im o r d ia l p e r d id o , p r ó jim o
p r o b a b le de a q u e l « H o m b r e p r im itiv o y v e r d a d e r o » de
q u ie n A lb e r to G a eiro d irá « q u e veía al sol n acer y a ú n n o lo
a d o r a b a » 22. E n su d ia r io de I 9 ° 7 F e rn a n d o Pessoa h a b ía
escrito de sí m ism o : « E sto y tan so lo co m o u n n á u fra g o en
m e d io d el m a r. D e h e c h o , soy u n n á u f r a g o » 23. S i h ay un

22 Poesía I, p . 129-
23 F e rn a n d o Pesso a, Diarios, tra d . J u a n J o sé A lv a re z G a lá n , M a d rid ,
G a d ir, 2 0 0 8 , p . 3 5.
sujeto al que apu n ta el en cad en a m ien to de irrealid ad es, este
es u n sujeto en p retérito cuyo p resen te co b ra la fo rm a de u n
cu erp o facetado co m o el d el cristal, talism án de sí m ism o, de
caras m ú ltip le s , sin e sta b ilid a d v isib le , de c o n s is te n cia
velada, tran slú cid o , p e ro n o transparente, cuya diversidad de
facetas se c o rr e s p o n d e c o n u n a d iv e rsid a d de e lo c u c io n e s
que aporta la palabra. Las con jetu ras de las veladoras, que se
ocu p a n de tantas cuestiones m etalingüísticas, con stru yen en
su m u ltip lic a c ió n de voces el su rtid o de facetas q u e ro d e a n
u n a m ism a p é rd id a , la d el qu e llam am os su jeto p rim o rd ia l,
p o r n o d e c ir vid a d el su jeto a n te r io r a to d a e s c isió n de su
o b je to se n sib le . L a m e tá fo ra , de la q u e, p o r in e fic a z , se
p r e sc in d e p a ra el o b je to , se p r o d ig a c o m o fó r m u la para
im agin ar el sujeto. P o r así d ecir, u n despliegue de h e te r ó n i-
m os n o m b ra y m u ltip lic a la trag ed ia d el su jeto , c o n je tu ra a
este en el in te r io r de d u ros cristales tallados p o r la evocación
y el su e ñ o . A lb e r to C a e iro , R ica rd o R eis y A lv a ro de C a m ­
p o s sig u ie ro n a las tres velad oras de 0 Marinheiro en la lite r a ­
tu ra de Pessoa. E n la ob ra d el m aestro, e n te n d id a co m o u n
organon, las veladoras de 0 Marinheiro son para la saga de poetas
a lu m b ra d a lo q u e las b ru ja s de Macbeth p a ra la c o r o n a de
Escocia, fábula a la vez que va ticin io. Las d oncellas que velan
se d icen c o n te n id o d el su eñ o d el navegante n áu frag o , com o
si para ese Corpus trágico n o h u b iera otro lan ce patético que el
que está en el o rigen : « D e c id m e u n a cosa m ás... ¿ N o será el
m a rin ero la ú n ica cosa real en to d o esto, y nosotras y to d o lo
dem ás u n sueñ o s u y o ? » .
Las tres d o n ce lla s h a ce n ta m b ié n c o n je tu ra s so b re su
p r o p io o rig e n . « M a s d ebo h a b er vivid o realm en te a la o rilla
d el m a r ...» , d ice la segun da. C ad a u n a de ellas c o lu m b ra en
sus a lo c u c io n e s u n a vid a vivid a realmente e n o tr o lu g a r, cuya
n atu ra leza se a p u n ta co m o paisaje: de m a r el de la segu n da
velad ora, de m o n te segú n a p u n tan los afectos de la p rim era,
y de cam p iñ a en las supuestos de la tercera figu ra. L os paisa­
je s que h u b ie r o n alo jad o las sen saciones, d o n d e la vid a era,
co m o afirm aba N a Floresta do Alheamento, « u n eco de so n id o de
fu e n te » , se averiguan en 0 Marinheiro n o com o realidades, n o
c o m o el r o tu n d o y m iste rio so suceso q u e fu e r o n , n o co m o
d e rre d o r, sin o co m o m ero s vislu m b res de u n p r e té rito q u e
in d ic ia n los a trib u to s n atu rales d el su jeto . L a p re g u n ta p o r
el có m o ser qu é va pasando de u n a velad ora a otra en el cu a­
d ro e sc é n ic o 0 M arinheiro m ie n tra s d u ra . P ero u n a e n te r a
geografía, c o n su cam p iñ a, sus m o n tes y el m ar, está im p lí­
citam en te im p resa en la m e m o ria im p e n e tra b le . U n dram a
« sen sa cio n ista » c o n tres voces n octám b u las rebusca la s e n ­
sa ció n en la im p ro b a b le p e rip e c ia de u n d iscu rso h u é rfa n o
de certid um bres sensibles y sosten ido p o r figuras exiliadas de
su p r o p ia vid a. S o lo la e n u n c ia c ió n de su b a rru n ta d a q u e ­
ren cia, dilatada hasta la tau tología, constituye la tarea de esas
figuras, que callan cu an d o am anece.
« N o es d el n avio , es de n o so tro s de lo q u e sen tim o s la
n ostalgia» 2é, sen tenció u n verso d el p reclaro A lb erto C a e iro .
E n R icard o Reis se repetía la tragedia de 0 Marinheiro, co m o si
la c o m b in a c ió n de c irc u n sta n cia s llevad as al h a b la p o r las
tres veladoras h u b iese de hacerse ta m b ién suya:

Mi recuerdo no es nada, y es que siento


quien fui y quien soy
como distintos sueños2®.

L a Oda marítima de A lv a r o d e C a m p o s , ca n to d iu r n o
m a rca d o p o r la « n o s ta lg ia ya de c u a lq u ie r co sa » se in ic ia
c o n el re to rn o de « lo s paqu ebotes qu e en tran de m añana en
la b a r r a ,» y de su a d v e n im ie n to d ice , n i m ás n i m e n o s,
« q u e p e rtu rb a n en m í aqu el qu e f u i . . . » 26. La e lo c u c ió n de
las sen saciones se p ro d u c e u n a y o tra vez d esposeída de c e r ­
tid u m b re p e rso n a l en el a h ora, en re d ad a en u n a irre a lid a d
in e r te cuya vid a te m p o r a l se h a lla e n el co n v u lso y c o n t i­
n u a d o lap so q u e q u ed a e n tre el antes y el d esp u és d e u n
n au frag io subjetivo.

24 Poesía II, p . 85-


25 V éa se e n este v o lu m e n Odas II, 112, 1 0 -1 2 .
26 Poesía III, p p . 16 7 y 1 6 1 -1 6 3 .
Pessoa había h ech o del teatro sin a cció n adelan tado p o r
OMarinheiro u n a tragedia del sujeto lib re, la tragedia generada
en el acto m ism o del co n o cim ien to ind ivid u al, de u n a form a
de exp erien cia que in clu so el epicureísta R icard o Reis habrá
d e r u b r ic a r e n u n c iá n d o la c o m o « la e n te ra a je n a s u m a » 27
d el vivir.
« G o m o p o e ta d ra m á tico sie n to d esp eg án d o m e de
m í » 28, escrib ía el a u to r d el Livro do Desassossego a J o a o G aspar
S im ó es en u n a larga carta d el II de d icie m b re de 19 3 1.
«P o eta d ra m á tico » es d escrip to r qu e vale para la p e rso n a li­
dad artística de Pessoa en su co n ju n to , com o él m ism o d ijo y
tantas veces se ha reiterado. Pero la desperson alización p ro p ia
d el p o eta d ra m á tico a co n te ce en su o b ra co m o esp ecífico
lan ce trágico de la rep resen tación . E l h e te ró n im o o « tra n s-
m e u » 29 n o c o m p o n e u n a p e rso n a lid a d ajena al dram a cuyo
escenario se inscribe en el espacio dado entre el « m í y el y o » ,
sin o que cosifica literariam en te la p ro p ia d esp erson alización
que se expresa, req u erid a com o acto de la sen sibilidad. D e lo
escrito b a jo el n o m b r e de A lb e r to G a e iro , R ic a rd o R eis y
A lv a ro de C a m p o s d ijo Pessoa q u e « está sen tid o en la p e r ­
sona de o tr o » , y añadía: « p e ro es sin cero [ ...] , co m o es sin ­
cero lo que dice el rey L ear, que n o es Shakespeare, sin o un a
c re a c ió n su y a » 30. L a n ecesid a d de llevar a u n a e x p lic a c ió n
sencilla el sen tid o de ese p lu ralism o, le llevaba a com parar u n
h e te r ó n im o c o n u n p e rso n a je d ra m á tico , a u n cu an d o las
naturalezas de am bas figuras n o so n equivalentes. A n te tod o
p o rq u e en la fo rm a en que cristaliza la obra de Pessoa, en ese
« d ra m a en p e rso n a s, en lu g a r de en a c to s » 31, está p r e s u ­
puesto u n solo actor. E l poeta aparece, en efecto, com o dram-
matispersonnae para u n ju e g o d el que él es actor ú n ic o , en ensa­
yos altern os y sucesivos de d esp erson alización . P o r así d ecir,

27 V éase e n este v o lu m e n Odas I, V , 9.


28 Cartas de Fernando Pessoa ajoao Gaspar Simoes, ed. cit., p . 1 0 2 -
29 I b íd ., p . 4 1. C a rta d el 1 7 .I O .I9 2 9 .
30 F e rn a n d o Pesso a, Cartas a Armando Cortes-Rodrigues, ed . c it ., p . 7 5 -
C a rta de I9 .O I .I9 1 5 .
31 F ern an d o Pessoa, Diarios, ed. c it., p . 137 -
si u n arte escén ico se c o rresp o n d e c o n el de este p o eta d ra ­
m á tico , n o es o tr o q u e el d el v e n tr ílo c u o , cuyas voces so n
diversas, p e ro cuyo estóm ago es so lo u n o . D e ig u a l m o d o ,
u n a puesta en escena ideal de 0 Marinheiro n o solo p id e que el
r o stro de q u ie n e s re p re se n ta n a las velad oras q u ed e o c u lto
p o r la m áscara, que actúa p o r él, sin o ta m b ién que las voces
sean ajenas a q u ie n e s las e n c a rn a n . C o n el d esp laza m ien to
d el q u ién hacia u n qué que lo in terp reta com o ficticio m uda
la razó n del dram a, y, en efecto, deriva poesía de la tragedia
del n au fragio subjetivo. « H e cread o en m í varias p e rs o n a li­
dades. [...] Soy la escena viva p o r la que pasan varios actores
rep resen tan d o varias p ie z a s» 32, leem o s en tre las con fesion es
del Livro do Desassossego. E l p o eta m ism o aporta, co m o u n v e n ­
trílo cu o , el escenario a cuantas voces ensayan su d esp erson a­
lizació n . E n u n a carta que d irig e en agosto de 1923 a R o gelio
B u en d ía a p ro p ó sito del lib ro de este La rueda de color, elogia las
virtudes de esa pieza ultraísta, c o n co rd an te , según él, c o n lo
que co rresp o n d e a la poesía actual, puesto qu e « v iv ir la vida
com o si bebiésem os p o r ella u n a bebid a que com place sin a li­
m e n ta r co n stitu y e u n a de las razo n es de ser d el h o m b re
m o d e r n o » 33. Esa c o n d ic ió n de la vid a vivida co m o in o cu a
ingesta, reco g id a de tantas otras m aneras en los escritos del
m aestro, cede explícitam ente a la d isp o sición d el v e n trílo cu o
el p rotag on ism o de la m o d ern a actu ación poética.
S i el p r o p io Pessoa h a b ló de u n « o r ig e n o r g á n ic o » de
su « h e te r o n im is m o » 34, ese b ie n p o d ría , desde lu eg o , ra d i­
car en el estóm ago, ó rg a n o de la síntesis. Y , c o n to d o , n in ­
g ú n ó rga n o garantiza la c o n c ilia c ió n in tern a de cu an to c o n ­
cu rre en esa vida analítica, « in te rd isc ip lin a d o ra de alm as» 35
q u e o c u p ó al m a e stro . E l Fausto p u e d e te n e rse p o r la p ie za

32 F ern an d o Pessoa, Libro del desasosiego, trad. A n g e l C re sp o , B a rcelo n a,


S eix B a rra l, 19 9 1, p . 51.
33 F e rn a n d o Pesso a, Correspondéndia Inédita, e d . M a n u e la P a rre ira da
Silva, L isb o a, H o riz o n te , 19961 p- 5 2 *
34 F ern an d o Pessoa, Escritos sobre genioy locura, ed . cit., p . 3 8 4 .
35 F e rn a n d o P esso a, Cartas a Armando Cortes-Rodrigues, ed . c it ., p . 1 0 5 -
C a rta de 1 9 .0 4 .1 9 1 5 .
m ás in d ó m ita de Pessoa. D esd e a p ro x im a d a m e n te I 9 ° 8
hasta al m e n o s 19 3 3 fu e su m a n d o m a n u sc rito s p a ra este
auto, p ersisten tem en te en suspenso, frag m en tario , disperso
y tru n c a d o , q u e e n alg ú n m o m e n to id e n tific ó co m o « T r a -
géd ia S u b je c tiv a » 36. A u n q u e a lgu n o s d iálo g o s, co m o lo s de
Fausto y M aría, están en tre lo más señalado d el dram a y a u n ­
que u n o s cuan tos perso n ajes in terven g a n en él, u n fr a c c io ­
n a d o s o lilo q u io , d o m in a n te m e n te de Fausto, p e ro sin que
m úchas veces sepam os qué figu ra lo sostien e, llen a sus p á g i­
nas. T o d o en ese dram a es ex p erien cia espectral d el c o n o c i­
m ie n to : « S u e ñ o s d e n tr o de su e ñ o s, / in v o lu c io n e s d el
so ñ a r. / L o s p e n sa m ien to s so n sin iestro s / cu an d o se q u ie ­
re n a h o n d a r » 37. D e l d ram a de G o e th e , su vago m o d e lo ,
recrea de m il m aneras las cuitas qu e p ro n u n c ia en su p rim e r
m o n ó lo g o Fausto, él, el e ru d ito en M e d ic in a y T e o lo g ía , el
titu lad o en tantos saberes, que en cu an to em pieza a p re se n ­
tarse concluye: « U n d sehe, daft w ir n ich ts w issen k ó n n e n !»
[ « ¡y veo q u e n o p o d e m o s saber n a d a !» ] P ero e n su Fausto
Pessoa crea el m ism o estado de to r p o r para to d a a sp iració n
al c o n o c im ie n to ; co n cu alesqu iera figu ras que h acen a p a ri­
c ió n e n el auto se a crecien ta la ju r is d ic c ió n de la q u im e ra .
Sea L u c ife r, sean Fausto, B u d a, Shakespeare o C ris to , en el
Fausto de Pessoa to d o s sueñan. L a p r e g u n ta p o r el a u té n tic o
s e n tir y p o r la v e rd a d e n el c o n o c e r c o lm a las a lo c u c io n e s
que se su ced en e n u n d ram a, ta m b ié n , « e s tá tic o » , p r in c i­
p ia d o p o r u n la m e n to q u e e n to d o él se p e rp e tú a : «¡AJh,
to d o es sím b o lo y analogía! » 38. L a nostalgia p o r u n m isterio
in m a n e n te sin rastro de d u d a y de m etá fo ra , p o r la e x p re ­
sió n de lo que en sí m ism o tien e la consisten cia de la verdad
sin ser p e n sa d o , se r in d e a u n a sola tr ib u la c ió n , u n a y otra
vez repetida: « to d o tran scien d e to d o » . La tragedia subjetiva
Fausto, tragedia de la in d iv id u a ció n , cosida de im precacion es,

36 F e rn a n d o Pessoa, Fausto. Tragedia Subjectiva, e d .T e re sa S o b ra l C u n h a ,


L isb o a, P resen ta , 19 8 8 , c fr. p . 203-
37 I b í d ., p . 31.
38 I b íd ., p . 5.
aporta en la ob ra pessoana u n a in te rp re ta ció n de d im e n s io ­
nes suprahistóricas —c o n su con vocatoria de griegos y cristia­
n os, de u n « ca n sa n cio v io le n to y d e sm e d id o » que la c iv ili­
z a c ió n arrastra e n el tie m p o —, de u n c o n flic to cuyos
d esasosegad os a trib u to s n o s d ev u elve n , q u é d u d a cab e, al
m ism o d ram a q u e lo s h e te r ó n im o s de su a u to r viv en co m o
necesid ad de d esp erson alización .

III [A l b e r t o C a e ir o vs. Fa u s t o ]

C o n u n carácter modélico lo g ra n p restar resistencia al p r in c i­


p io de in d iv id u a c ió n lo s p o em a s de A lb e r to G a e ir o , cuyo
lib r o acabad o 0 Guardador de Rebanhos, escrito p rá ctic a m e n te
e n u n so lo d ía, p u e d e c o n s id e ra rs e e n lo s a n típ o d a s d el
Fausto, p r o y e c to de u n a vid a e n te ra e in c o n c lu s o . C o n la
in d iv id u a c ió n trá g ica de Fausto co n tra sta la p o e sía de la
m o stra ció n p rístin a c o n la cual A lb e r to G a eiro da cu en ta de
u n a existen cia p le n a . N in g u n a ed ad más d ife re n te de la del
a ñ oso Fausto la de la lu m in o sa ju v e n tu d d el N iñ o E te r n o 39
cuya m ira d a c o in c id e en su d ir e c c ió n c o n la de A lb e r to
G aeiro . C u a n to hay de ansiedad de sen tid o y de n au fragio de
la c o n cien cia e n la ex p lo ra ció n fáustica del ser y sus causas es
a firm a ció n p rístin a y p len a , co n tra ria a esa, en lo s versos de
u n A lb e r to C a e ir o , q u ie n n o c o n o c e el se n tid o d e l a isla ­
m ie n to e n la ex iste n c ia . S i en G a e iro , cuya o b ra , seg ú n su
a d m ir a d o r R ic a rd o R eis, « r e p r e s e n ta la r e c o n s tr u c c ió n
in te g r a l d el p a g a n ism o e n su ese n cia a b s o lu ta » 40, to d o es
in m a n e n c ia , el p e n sa m ie n to d e Fausto rastrea to r tu o s a ­
m en te la « tra n sc e n d e n te m e n tira » 41 q u e hace al to d o . S i el
re c ita d o de C a e ir o se v u elca en reve la r re a lid a d sin p e n s a ­
m ien to , el de Fausto está co n d e n a d o a « fin g ir fic c ió n » en el
pen sar. E l p r in c ip io de in d iv id u a c ió n , que se exacerba en la

39 Poesía I, p p . 3 4 - 6 5 .
40 Poesía I, p p . 22-23-
41 F ern an d o Pessoa, Fausto. Tragedia Subjectiva, ed. cit., p . 22-
existencia espectral de Fausto, n o se da a c o n o ce r en la exp e­
r ie n c ia q u e la p o e sía de A lb e r to C a e ir o h a ce de la vid a .
A m b o s, c o n to d o , Fausto y C a e iro , la p e rso n a liza c ió n c o n ­
victa y la p e rso n ific a c ió n absuelta de subjetividad, so n e sfo r­
zados actores en u n m ism o lan ce que em peñ a a sus h éroes en
la d e sp e r so n a liz a c ió n , v o ra z e n u n o , in ú t il e n o tr o , u n o
h ered e ro ahíto de la h isto ria , o tro sin h isto ria alguna, p e ro
su jeto . U n o y o tr o , có m o n o , resu lta n d el m ism o r e q u e r i­
m ien to de crear « e n vez de dram as en actos y acción , dram as
en alm a s» *2, ta n cen tra l para Pessoa e n todas sus escalas de
escrito r. « S o y fá cil de d e fin ir » 43, d ice C a e iro , « m is p en sa ­
m ien to s so n to d o s se n sa cio n e s» 44. L a c o in c id e n cia en tre la
sen sación y el p en sa m ien to o, m e jo r d ich o , el registro de la
sen sación sin p en sam ien to de q u ie n , co m o C a e iro , se lim ita
a « p a sa r la m ateria a lim p io » 45, p o rq u e « basta existir para
ser c o m p le to » 46, hace in ú til el p r in c ip io de in d iv id u a c ió n .
C a e iro , el p o e ta na'if, q u ie n n u n c a gu ard ó reb añ os a u n q u e
presentara su poesía b ajo la au toridad de u n pastor qu e « sin
a m b ic io n e s n i d e s e o s » 47, sin filo s o fía , s o lo c o n sen tid o s,
p e n d ie n te de « la s im p lic id a d d iv in a » 48, c u id a d e l didum
presen te en lo que es co m p letam e n te extern o a su v o lu n ta d
e n la fo rm a de u n reb a ñ o , n eu traliza , e n sum a, las tr ib u la ­
cion es d el d octo Fausto. C a e iro , en efecto, in au g u ra la p o e ­
sía de u n pagan ism o n uevo, secu n d ad o p o r Reis y D e C a m ­
p o s c o n escritu ra s m u y d ife r e n te s , y su e je r c ic io de la
literatu ra c o n ju ra , al igu al que el de sus segu id ores, la m a l­
d ic ió n d el c o n o c im ie n to fá u stico , al su stitu ir ese d ram a de
quim eras p o r el de u n saber que se con creta en la fo rm a del
c o n o cim ie n to p o é tic o . Las in d ivid u alid ad es de C a e iro , Reis

42 F ern an d o Pessoa, Escritos sobregenioj locura, ed. cit, p . 3 7 9 *


43 Poesía II, p p . 2 8 - 2 9 .
44 Poesía I, p p . 6 6 - 6 7 .
45 Poesía II, p p . 12 - 13 -
46 Poesía II, p p . 1 6 -1 7 .
47 Poesía I, p p . 32-33-
48 Poesía I, p p . 7 6 -7 7 -
y D e C am p os, ejercicio s de d esp erson alización de su a u to r y
sujetos hech o s cosa escrita, se h acen in terd e p e n d ien tes en la
rep resen tación que exorciza el n au fragio del sujeto m ed ian te
la fic c ió n de su jeto s sen sitivos q u e resisten : « L a s o b ras de
estos tres poetas fo rm a n , co m o ya se ha d ich o , u n c o n ju n to
d r a m á tic o » 49, y b ie n p u e d e e n te n d e r se d eclam a d o e n u n
escen ario in accesible com o rea lid a d a Fausto, a cuya fic c ió n
sustituye.
D e l p o eta de las sen sacio n es e n la « casa de lo R e a l» 5°,
A lb e r to C a e iro , para q u ie n to d o d ice p erfila rse n ítid a m en te
a la vista, sorp ren d e la escasa p recisió n o p a rticu la riza ció n de
sus d escrip cio n es, siem pre atentas, pese a ello, a lo más p r ó ­
x im o . L eerem o s en su p o esía c o n frec u en c ia palabras co m o
planta, árbol, flo r , piedra y sus p lu ra le s, y so lo m u y p u n tu a l­
m e n te e n c o n tra re m o s m e n c io n a d o u n c h o p o , u n a ro sa o
u n a m argarita. Las d esig n a cio n es u n iversales p r im a n sob re
el u so d e l n o m b r e p a r tic u la r de las cosas, de m o d o q u e
cuan to se n os muestra, in clu so en la escala de lo p r ó x im o , n o
lo hace c o n la a p a rien cia de lo c o n c re to , sin o in s crito en la
p u ra a firm a ció n de la in m a n en cia co m o u n id a d de los seres.
C ie r ta m e n te en su p o esía sin p e n sa m ie n to , q u e n o p recisa
r a c io c in io , n o p ro c e d e d istin g u ir en tre lo p e rc ib id o p o r el
p e n sa m ie n to y p o r lo s sen tid o s, p u es to d o se revela a estos
ú ltim o s. Y , sin em b argo, lo p e rc ib id o se sitúa en el te r r ito ­
r io de lo q u e es c o m ú n a lo s se n tid o s p o r el p e n s a m ie n to .
L o que está exen to de cam bio en sus d escrip tores es p recisa ­
m en te lo que p erp etu am en te cam bia. U n p recioso p o em a de
este g e n io de la poesía n a íf dice:

P a sa u n a m a r ip o s a p o r d e la n t e d e m í
y a d v ie r t o p o r v e z p r i m e r a e n t o d o e l u n iv e r s o
q u e la s m a r ip o s a s n o t i e n e n c o l o r n i m o v im ie n t o ,
c o m o n o t i e n e n a r o m a n i c o l o r la s flo r e s .
E s e l c o l o r lo q u e t ie n e c o l o r e n la s alas d e la m a r ip o s a ,

49 F ern an d o Pessoa: Diarios, ed. c it., p . 13 6.


50 Poesía II, p p . 12 - 1 3 -
y e n e l m o v im i e n t o d e la m a r ip o s a e l m o v i m ie n t o es lo
[ q u e se m u e v e ;
es e l a r o m a lo q u e t ie n e a r o m a e n e l a r o m a d e la f l o r .
L a m a r ip o s a n o es c a s i m a r ip o s a ,
c o m o la f l o r n o es a p e n a s flor®1.

A la vez q u e sus versos realizan la n u d a m o stra ció n de la


m a rip o sa y de la f lo r sin o tra p r e c is ió n q u e la de h a b e r
advertido su existencia, d ice n de los atrib u tos particu lares de
la m ariposa y de la flo r qu e se in scrib e n en cualidades p r e e ­
x isten tes. In c lu s o el fin a l d e l p o e m a p r e s u p o n e q u e esos
m ism os seres p e rcib id o s, m aripo sa y flo r , p a rticip an de u n a
existen cia sep arad a de su p a rtic u la rid a d . E n el p o eta na'if y
primitivo se actualizan , digam os, los in terrog an tes de u n p e n ­
sa m ien to ta n releg a d o a u n a h u m a n id a d p re té rita co m o el
e leá tic o , p ues u n n u evo y lu sita n o P a rm én id e s se p reg u n ta
p o r « e l c o lo r » o « e l m o v im ie n to » co m o en tid ad es se n si­
bles n o circunscritas a la p u ra aparien cia, al tiem p o qu e hace
visión de ellas. E l p en sa m ien to n o se aparta de la sen sació n n i
con sid era la existencia de lo qu e p e rcib e co m o algo separado
d e sus F orm as, p e ro la sen sa ció n am p lía su p resen cia co m o
algo in d e p e n d ie n te d el sujeto de las sensaciones. E n la p e r ­
c e p c ió n está e l a rq u e tip o de lo re a l. « H a y m eta física de
so b ra e n n o p e n sa r e n n a d a » 52, can ta el p o e ta . H ay e n esa
p o esía u n a p ro p ed éu tic a d el m agisterio p astoril; en las p e r ­
cep cion es sensibles de G a eiro se r e p ro d u c e n las co g n icio n es
p re p a ra to ria s de la a u té n tic a s im p lic id a d p rim itiv a , que
h acen de su ex p erien cia d el cam po p o rtu g u és, com p arab le a
la q u e en E spañ a h iz o J u a n de M a ire n a de la escu ela ru ra l,
c o n su fo r m a de r e m e m o r a c ió n d e la G r e c ia p re á tic a , u n
n uevo co m ien zo para el saber sobre las cosas.

51 Poesía I, p p . I 3 2 - I 3 3 -
52 Poesía I, p p . 4 4 .-4 5 .
S i C a e ir o b u scó a los dioses [E scrib a n en m i tu m b a: / a q u í
yace, sin cru z, A lb e r to C a e ir o / q u e fu e a b u sca r a lo s d io ­
ses. .. / S i lo s dioses viven o n o viven, eso es cosa vuestra. / A
m í d e jé q u e m e r e c ib ie r a n 53.], R ic a rd o R eis, e n c a m b io ,
resolvió n o m b ra rlo s en el lu g a r de los a rq u etip o s u n iv ersa ­
les. L a rem in iscen cia de lo a n tig u o e n u n pagan ism o n u evo
o p e ra , p o r lo q u e in c u m b e a la lite r a tu ra de R eis, co m o
r e m e m o r a c ió n viva de d ioses q u e h a n m u e rto y q u e p ara
C a e ir o a ú n te n ía n la existen cia de las cosas. D e lo q u e u n o
b u sca , b u sca el o tr o , R eis e n este caso, u n r e to r n o : « A s í
escrib o, b u sca n d o / qu e lo s dioses r e to r n e n » 54. E n la n ega ­
c ió n de la m u e r te de lo s d io ses to m a im p u lso u n a lír ic a
en tregada al regreso de la cu ltu ra pagana en la fo rm a de u n a
lite r a tu ra c u lta . C o n lo s n o m b re s de C e r e s, E o lo , U r a n o ,
N e p tu n o , A p o lo , n in fa s y N o c h e las od as de R ic a r d o R eis
p ro te g e n d el cam b io a cu an to n o está exento de fu gacid ad , a
to d o lo q u e, p o r p resen tarse a lo s sen tid o s, cam b ia p e r p e ­
tu a m e n te , p u es n ad a sin o ello s e n c a rn a in m o rta lm e n te lo
viv o . « S o b r e la ve rd a d están lo s d io s e s » 55. E l g o b ie r n o de
los eru d itos versos de Reis, qu e en absoluto secu n d an la g ra ­
m á tica r u d im e n ta r ia de C a e ir o , n i sus tru ism o s verb a le s,
p e ro sí la estable cla rid a d de su p o é tic a , tom a p o r p u n ta les
de su d e s c r ip c ió n ó r fic a lo s n o m b r e s p r o p io s de d ioses
im p e re c e d e ro s , su sten to p a ra u n a re n o v a c ió n de la e x p e ­
rie n c ia apreh en sib le de lo real.

E l d io s P a n n o m u r i ó ,
p u e s ca d a c a m p o m u e stra
al s o n r e ír d e A p o lo
el d esnu d o de C eres
p e c h o ; a h í v e r é is u n d ía

53 Poesía II, p p . 1 5 2 - 1 5 3 .
54 V éase e n este v o lu m e n Odas II, 3 7, 8 - 9 .
55 íd e m , Odas II, 2 9 , I.
q u e e l in m o r t a l, d e p r o n t o ,
d i v in o P a n r e t o r n a 56.

S igu en a estos los versos qu e d icen , c o n in u tilid a d r e tó ­


rica , que « n o d io m u erte a los dioses / el triste d ios c ris ­
tia n o .» P on er a los dioses paganos a salvo significa p o d er p e r ­
p e tu a r c o n su regreso u n alm a p reexisten te, exen ta de
dualism os, de la que la poesía de Reis hace guía contra la in d i­
vid uación. A l igual que el dios excede, el sujeto soberano, sir­
viénd ose de la d ivin id ad com o h ito , neu traliza el aislam iento
d el in d iv id u o en cu ad rad o en el « c u rso in a b a r c a b le » 57. L o
dice exh o rtan d o : « p o r n u estro b ie n q u item os / su p on ern os
deidades exiliadas» 5 . P orq u e n o hay dualism o en A p o lo , hay
en él ejem plaridad para u n sujeto que recita: « S ién tate al sol.
A b d ica / y sé rey de ti m ism o » 59. U n a Seelenkunde pagana presta
al sujeto instrum entos de realización. L os poem as de R icardo
Reis h acen d el presen te exp erien cia de u n a A n tig ü e d a d que
d esean a p reh en sib le , qu e sus in d iv id u a lid ad es p r o n u n c ia n
to cá n d o se de gu irn a ld as, « s in tie n d o , en la m a n o » 6° y en
com u n ió n , además, con la «acariciante voz terrestre» de E p i-
c u ro, en su co o rd in a ció n filosófica, « te n ie n d o de este m o d o
hacia los dioses u n a actitud de d io s » 61. E n efecto, la ética de la
soberanía necesaria al ind ivid u o persigue su dem ostración p o r
u n a analogía de este co n la d ivin id ad . S i en la exp erien cia de
C a e iro el p e n sa m ien to es u n c o m p o n e n te en d ilu c ió n , en
Reis to d o d iscu rrir p o ético está orien tad o p o r el pensar c o n ­
fo rm e a u n a filo so fía p eren n e, atenta a la divina im p ertu rb a ­
b ilid a d , y veraz com o el tacto, co m o el sen tid o in m erso en la
fe lic id a d p e rso n a l. « H a zte d u e ñ o de t i » 52. « S é tu h i j o » 63,

56 íd e m , Odas II, 2 , I~ 7 -
57 íd e m , Odas II, 4 7 » 2 4 -
58 íd e m , Odas II, 17, 2 - 3 .
59 íd e m , Odas II, 12, 17 -18
6o íd e m , Odas II, 40» 6.
6i íd e m , Odas II, II, 14*
62 íd e m , Odas II, 4 °> *•
63 íd e m , Odas II, 1 2 4 » 6.

364 JA V IE R A R N A L D O
re q u ie re el p o e ta filo s ó fic o . U n o de lo s aspectos en lo s qu e
más crucial es el tribu to que las odas de R icardo Reis r in d e n a
las de H o ra cio vien e dado precisam ente p o r la prestan cia del
p o em a com o ve h ícu lo de c o m u n ic a c ió n de u n p en sa m ien to
arraigad o en las filo so fía s ep icú rea y estoica, qu e se divulga
ante tod o m ediante llamadas al autocon ocim ento, en resisten­
cia a la in d ivid u ación . R eiteradam ente las form u la Reis.

M e j o r d e s t in o q u e e l d e c o n o c e r s e
n o se g o z a a l p e n s a r . Y a n te s s a b ie n d o
ser n ad a q u e ig n o r a n d o :
n a d a d e n t r o d e n a d a 64.

¿ A q u é tie m p o c o rr e s p o n d e esa p o e sía a n tim o d e rn a ,


desplazada hacia coord en ad as inactuales y que llam a al le c to r
a h a ce r suyo el d ía ? « C o g e ya el d ía / ese d ía q u e e r e s » 65,
recita Reis. E l p en sa m ien to de este se ocu pa d el p resen te n o
ya co m o o ca sió n d el re to rn o de u n a A n tig ü e d a d qu e rearm a
al in d ivid u o fren te al aislam iento en virtu d del saber qu e co n
ella regresa, sin o en p o s ic ió n m a n ifiesta m e n te e x te m p o rá ­
n ea . L a p o e sía de R ic a rd o R eis h ace de la a n a c r o n ía
n u trie n te para u n p ro n tu a rio de la actitu d artística su scep ti­
b le de c o rre g ir la in d iv id u a c ió n d el su jeto . La in te m p o ra li-
dad, n o la regresió n , es el c o m p o n e n te decisivo de esa p o e ­
sía q u e h ace so n a r « la flau ta a n tig u a d el d ios q u e d u r a » 66.
P o r d e c irlo de otra m an era, e n el p o em a d ram ático de P es­
soa, d e l q u e R eis es a cto r, n o h ay u n a r e e n c a r n a c ió n d el
poeta a n tigu o; c o n la figu ra de R eis aparece, antes b ie n , u n a
rem in iscen cia intem pestiva ajustada a u n a tra d ic ió n rep a ra ­
d o r a . N o es H o r a c io , sin o el r ito h o r a c ia n o lo q u e R eis
a ctu aliza, p o r m u c h o q u e d ecla re á a q u e l p o r su m o d e lo .
C o m o sabem os, en la poesía de H o ra cio sefu n d a m en tó un a
p a rte sustan cial de la líric a ren a cen tista , q u e e n g e n d ra u n a
d u rad era tr a d ic ió n en las len gu as nuevas. D e l m ism o m o d o

64 íd e m , Odas I, X , 1- 4 *
65 íd e m , Odas II, 15 2 , I I - I 2 .
66 íd e m , Odas II, 4 , 13 -
que H o ra cio adaptó al latín la m étrica de las odas de P ín d aro
y de la líric a anacreó n tica, en el estab lecim ien to de la poesía
clásica en len gu as ro m a n ces fu e decisiva la a d o p c ió n de los
m o d e lo s h o r a c ia n o s . D e p a r e c id o te n o r a la e je m p la rid a d
q u e H o ra c io tu vo e n la p o esía e sp a ñ o la d esd e Fray L u is de
L e ó n hasta L e a n d r o F e rn á n d e z de M o r a tín y el d u q u e de
Rivas, fu e su in c id e n cia en la p o esía po rtu g u esa . D eb em o s a
A n to n io F erreira las prim eras poesías h oracianas escritas en
la p e n ín su la ib é rica , y es el rito h o ra cia n o en la literatu ra en
p o rtu gu és, que pasa p o r P ed ro G o rre ia G a rfa o y otros a u to ­
res, lo que vie n e a alcanzar hasta R icard o R eis. Es in tem p e s­
tiva la p oesía de este p o r en cu ad rarse en u n c o n tin u u m , n o
p o r rescatar u n pasad o c o n c lu s o . L a in te m p o r a lid a d que
co rresp o n d e a las odas de R icard o R eis refu erza los co n tra s­
tes en tre lo s actores lite ra rio s pu estos en escen a p o r Pessoa
p o r m o r de u n a poesía red en to ra d el p agan ism o. E l carácter
fu n d a c io n a l, p rim itiv o y co n clu so que co rresp o n d e a trib u ir
a la p o esía d el te m p ra n a m e n te m a lo g ra d o A lb e r to C a e ir o ,
contrasta c o n el p r in c ip io de c o n tin u id a d y de p e rm a n e n cia
en lo in tem pestivo característico de cu an to co m p ro m ete los
trab a jo s de R ic a rd o R eis. B a jo ese p a ra d ig m a la p o e s ía se
h ace cargo d e l alm a in m o r ta l de lo s d ioses; de e llo s se
esfuerza en c o n firm a r que n o h a n m u erto .

N o m u r i e r o n a l f i n lo s v ie jo s d io s e s .
C a d a v e z q u e r e n a c e la a le g r ía
h u m a n a , e llo s r e g r e s a n
p a r a n u e s t r a n o s t a lg ia 67.

C o n el e te rn o r e to r n o q u e a n u n c ia n y c e le b ra n lo s
poem as de R icard o Reis, cuya tem p o ralid a d se p ro tege en la
d u r a c ió n , c o n tra sta p e rse v e ra n te m e n te , r e c o rd é m o s lo , la
te m p o ralid a d clausurada qu e ocu pa a A lb e r to C a e iro . Es en
el tie m p o , e n u n o u o tr o tie m p o , d o n d e la m e tá fo ra d el
sujeto d isp o n e de su o p o rtu n id a d de acabam ien to.

67 íd e m , Odas II, 169, 1 - 4 .


E l tiem p o en presente, cu estion ad o en u n o de los Poemas
inconjuntos, d o n d e G a e iro d ic e « [ ...] yo n o q u ie r o e l p r e ­
sen te , q u ie r o la r e a lid a d » , es, c o n to d o , el tie m p o q u e lo
o c u p a . P ero p resta a te n c ió n a la lite r a lid a d de lo v iv id o e n
u n presen te fu e ra de vecto r, llevado a su lím ite ir ó n ic o , que
es n e c e sa ria m e n te u n tie m p o ir r e d im ib le . « Y o so la m e n te
q u ie ro rea lid a d , las cosas sin p r e s e n t e » 68, c o n fir m a e n ese
m ism o p o e m a . E n su e lo c u e n c ia p rim itiv a lo s p o em a s de
C a e iro se sostien en para el le c to r co m o u n presente fu era de
otra d u ra c ió n q u e la d el a som b ro. « E n el m o m en to e n que
desperté vi el m u n d o e n te r o » 69, d ice u n o de sus versos. N o
hay, p o r así d e c ir, vid a p rev ia o p o stu m a e n la e x p e rie n c ia
lite ra l d el tie m p o o b je to d el p o e m a , in trín se c o , in o c e n te y
co n secu en tem en te in im ita b le . G u a n d o « las cosas n o tie n e n
s ig n ific a c ió n , sin o e x is te n c ia » 70, o p re c isa m e n te p o r q u e
solo tie n e n existencia para G a eiro , se sitúan, en sum a, en ese
tiem p o in g é n ito qu e es el p resen te co n clu so tra n sferid o p o r
el p o em a . D e n atu ra leza d istin ta es, a su vez, la fo r m a de la
p ro y e c c ió n te m p o ra l exhortada p o r los poem as de A lv a ro de
C a m p o s, q u e sie m p re acu san u n a in c lin a c ió n al fu tu r o
co m o c o n d ic ió n de p o sib ilid a d de rep a ra ció n de u n tiem p o
in c o m p le to .
E l de A lv aro de C am p o s n o es u n tiem p o satisfecho p o r
el carácter ú n ic o o p e re n n e de su c o n ten id o , sin o u n tiem p o
que tie n e el pagan ism o aú n p o r realizar, en in saciab le p r o ­
gresió n , cuyas coord en ad as co b ra n la con sisten cia de h élices
q u e lo tra n sp o rta n y lo a ctu alizan co m o to r b e llin o . L a Oda
triunfal de este po eta es ejem p lar a ese respecto, pues canta el
fra g o r de las m áq u in as, cuya « b e lle z a to ta lm en te d e s c o n o ­
cida a los a n tig u o s» tom a p o r co sifica c ió ñ d el deven ir.

Y c o n f i e b r e , y m i r a n d o lo s m o t o r e s c o m o N a t u r a le z a
[ t r o p ic a l

68 Poesía II, p p . 1 4 0 - 1 4 1 .
69 Poesía II, p p . I I 4 - I I 5 -
70 Poesía I, p p . 1 3 0 - 1 3 1 .
—g r a n d e s t r ó p i c o s h u m a n o s d e h i e r r o y f u e g o y fu e r z a —,
c a n to y c a n to el p r e s e n te , y ta m b ié n e l p a sad o y el fu tu r o ,
p o r q u e e l p r e s e n t e es y a t o d o e l p a s a d o c o m o es t o d o e l
[ fu tu r o
y h a y P la t ó n y V i r g i l i o e n esas m á q u in a s y e n la s lu c e s
[ e lé c t r ic a s
s ó lo p o r q u e e x i s t ie r o n y q u e f u e r o n h u m a n o s P la t ó n y
[ V ir g ilio ,
y q u iz á s h a y p e d a z o s d e u n A l e j a n d r o M a g n o d e l s ig lo
[ c in c u e n t a ;
á to m o s q u e ir á n a t e n e r fie b r e d e n t r o d e l c e r e b r o d e l
[ E s q u ilo q u e h a b r á e n e l s ig lo c ie n ,
a n d a n p o r estas c o r r e a s d e t r a n s m is ió n , a n d a n p o r e sto s
[ é m b o lo s y p o r e s to s v o la n t e s ,
r u g ie n d o , c h ir r ia n d o , s u s u r r a n d o , r e tu m b a n d o , fe r r e a n d o ,
h a c ié n d o m e u n e x c e s o d e in te n s a s c a r ic ia s e n e l c u e r p o , y
[ u n a s o la e n e l a lm a 71.

R e cin to s so n o r o s d el tie m p o ir r e fr e n a b le , q u e h a ce n
in ú til la in h ib ic ió n d el o íd o , se tra n sfie re n a las carmina del
m aq u in ism o y a los songs de u n W alt W h itm a n filo fu tu rista y
b la sfe m o en ca rn a d o s en las cre a cio n e s de A lv a ro de C a m ­
p o s. E l M o m e n to se escrib e c o n m ayúscula en sus poem as:
« ¡E n tu sia sm o s n u evo s q u e osten táis la estatura p r o p ia d el
M o m e n to !» 72. Y el M o m en to hace aco p io de cu an to sucede
antes de lo n o a c o n te c id o , es c irc u n sta n c ia p rev ia a u n ya
que gesta, o p o rtu n id a d de exaltación de u n fu tu ro n o dado,
p e r o q u e « y a se h a lla d e n tr o de n o s o t r o s » 73. N ad a en
c o m ú n en tre ese m o m e n to o n to ló g ic a m e n te in c o m p le to y
el carpe diem h o ra cia n o que R icard o Reis co m p lem en ta ra co n
p r e c e p to s co m o a q u e l en q u e in v ita b a a « la m u e llé c o n ­
fia n za / e n la h o r a q u e h u y e » 74. P o co c o m p a rte a sim ism o

71 Poesía III, p p . IIO -II3 .


72 Poesía III, p p . 112 -1 1 3 .
73 Poesía III, p p . 1 2 6 - 12 7 -
74 V éase e n este v o lu m e n Odas II, 3 4 , 1 7 -1 8 .
co n lo s a trib u to s d el m o m e n to q u e h ace suyos la p o e s ía de
A lb e r to C a e ir o , cuyo v ita lism o p o n e to d a fr a c c ió n de
tie m p o a salvo de su v e cto r p o r q u e la e x p e rie n c ia se realiza
c o m o p o r p r im e r a vez e n c u a lq u ie ra de sus in te rv a lo s:
« S ie n t o q u e vo y n a c ie n d o a cada in s ta n te / p a ra la e te rn a
n ovedad del m u n d o » 75, dice este.
Q u é d u d a cabe q u e in c lu s o e n el m ás p ro a ctiv o de lo s
po etas de la saga pessoana, p ro a ctiv o p o r el v o lu m e n de sus
p ro d u c cio n e s y p o r la en érgica d e sin h ib ic ió n de su sen sib i­
lid ad , A lv a ro de C am p o s, el am ante de las m ayúsculas, p e r ­
vive el esfuerzo p o r p ro p ic ia r las ocasiones de aband onarse al
vó rtice que p u e d e d esplazarlo.

U n a p a r r a n d a la e x is t e n c ia e n t e r a
q u e e m b a r u lla d a se m e m e t e d e n t r o
d e s p la z á n d o m e s ie m p r e d e m i c e n t r o ,
d e m i p s i q u is m o , e n v u e lt o e n esa r u e d a 76.

L a in d iv id u a c ió n se d e sfig u ra e n las e x p e rie n c ia s q u e


d esb ord an p o r exceso a este am ante irreveren te de la h ip é r ­
b o le , los n a rcó tico s y el a n h elo de to talid a d . La a fe c ció n de
A lv a r o de C a m p o s p o r d e sp ro te g e r su a isla m ie n to es, c o n
to d o , c o m ú n a cu an tos c o m p o n e n su saga, in c lu id o el po eta
o r tó n im o F ern a n d o Pessoa. La q u ere n cia , eso sí, se expresa
c o n in stru m en to s espirituales en cada caso p ro p io s, com o la
p ro v erb ia l m ela n co lía de este ú ltim o : « U n deseo, n o de ser
ave, / mas de p o d e r / haber n o sé qu é de vu elo suave / d en tro
de m i s e r » 77.

75 Poesía I, p p . 3 6 - 3 7 .
76 Poesía III, p p . 9 2 - 9 3 .
77 Obras completas de Femando Pessoa, I. Poesías de Femando Pessoa, ed. c it ., p . 88.
« P u se en G a eiro to d o m i p o d e r de d esp erso n aliza ció n d ra ­
m ática, puse en R icard o Reis to d a m i d iscip lin a m en tal, ves­
tida de la m úsica que le es p ro p ia , puse en A lvaro de C am p os
tod a la e m o c ió n qu e n o d oy n i a m í n i a la v id a » 78. C u a n to
ap o rta n los poetas de Pessoa resulta d el ferv o r en el cu idad o
de la, p o r así d e c ir, e x te r io r iz a c ió n d e la se n sib ilid a d . A s í
o c u rre ig u a lm en te en las p r o d u c c io n e s de su ta m b ié n fic ti­
cio o r tó n im o , de q u ie n es o p o rtu n o re c o rd a r dos versos de
Chuva oblíqua, el p o em a que p u b licó e n el segu n do n ú m e ro de
Orpheu:

O maestro sacode a batuta,


E lánguida e triste a música rom pe.. , '9

E n la carta q u e r e m itió a J o a o G asp ar S im ó es el 28 de


ju n io de 19 3 0 en fatizab a la im p o rta n c ia de ese agen te de la
cre ació n artística: « e s el uso de la sen sib ilid a d , y n o la p r o ­
p ia s e n s ib ilid a d , lo q u e vale e n el a r t e » 80. Es este u n o de
esos aspectos de la p o ética de Pessoa tan cabalm ente in s tru c ­
tivos que, al tiem p o qu e se hace o b liga d o señ alarlo, r e q u e ri­
ría p r o lo n g a r m e jo r p o c o que m u ch o su co m en ta rio .
A u n a riesgo de desviar el tem a, n o está de más p o n e rlo
en contacto c o n los m ateriales de la fic ció n . U n ejem p lo e lo ­
c u en te de m a te ria p o é tic a n o p e rs o n a l e n la q u e a b u n d a la
p o esía de Pessoa es la in fa n c ia . Sab em o s p o r su c o rr e s p o n ­
d en cia el escaso apego qu e a títu lo in d iv id u a l expresa p o r la
etapa te m p ra n a de su vida; b ie n es cierto q u e ta m p o co cabe
situar los atributos de la « in fa n c ia » en franjas de edad sim i­
lares para cualesquiera in d ivid u o s. Sea com o sea, p o r relativa
que resulte su im p o rta n cia personal, n in g u n o de los poetas de
la saga pessoana h ace de la in fa n cia u n tem a m e n o r. « L e m -

78 F ern an d o Pessoa, Escritos sobre genioj locura, ed . cit, p . 3 8 3 .


79 Obras completas de Fernando Pessoa, I. Poesías de Fernando Pessoa, e d . c i t . , p .
30.
80 Cartas de Femando Pessoa a Joao Gaspar Simoes, ed . c it., p . 57-
b r a - m e a m in h a in fa n c ia d ice en Chuva ohlíqua
[« M e re c u e rd a m i in fa n c ia » ] . R ic a rd o R eis d ice can ta r
« te n ie n d o al n iñ o / co m o m a estro / y de N a tu ra / lo s o jo s
lle n o s » 82. C o n alguna frecu en cia n os topam os c o n la palabra
patria en la literatu ra de Pessoa, em pleada co n vo lu n tad c o m ­
p arab le a la de H ó ld e r lin c o n Heimat, y más expresam en te en
a lu sió n al o r ig e n y al lu gar de la in fa n cia , com o en 0 M arin­
heiro. E n el tan destacado p o em a V III de 0 Guardador de Rebanhos
A lb erto C a e iro retom a el asunto: « E l N uevo N iñ o que habita
d o n d e vivo / m e da a m í u n a m a n o / y la o tra a to d o cu an to
existe, / y así vam os los tres p o r el cam in o que h a ya» 83. A lvaro
de C am p os, sin em bargo, aparta la in fa n cia de en tre sus alia ­
d os, in teresa d o , si acaso, e n p e rv e rtirla : « ¿ M e r o ju e g o de
n iñ o s ? / E so n o , [ . . . ] » 84. P o r o tr o la d o , A grande sombra, el
cuen to que M á rio de S á -C a rn e iro d ed icó a F ernando Pessoa,
co m ie n za p rec isa m en te c o n la c e le b ra c ió n de u n a in fa n c ia
tan in c u e s tio n a b le m e n te p red isp u esta al m iste rio co m o
excepcion al, p o rq u e « e n esa ép oca on d u lan te de la vida solo
som os fantasía, créd u la fa n ta sía » 85. E n el Pessoa lite r a r io sí
hay in fa n cia , y n o en m ed id a m e n o r . E n to d o caso, la p e r ­
cep ció n in fa n til, la de los circunstantes de la realid ad in m u ­
nes a la duda n o cesa com o m ateria de fic c ió n en la ob ra p o é ­
tica de Pessoa, al m argen com pletam en te de qu e a la in fan cia
le c o rre sp o n d ie ra u n a p o r c ió n m ayo r o m e n o r de su p a tr i­
m o n io b io g rá fic o . Q u e « e l u so de la sen sib ilid a d » , p e ro n o
la p rop ia, es lo que vale a efectos artísticos dice tam bién, c ie r­
tam ente, sobre el lugar su b o rd in ad o que ocu p a n las circu n s­
tancias de lo p e rso n a l. P ero la c u e stió n v e rd a d e ra m e n te es
o tra , y, sin d u d a, de m ayo r in te ré s q u e cu a n to d e p e n d e de
fa cto res de tan d ifíc il m e d ic ió n c o m o la p siq u e d el a u to r,
o b jeto , p o r lo dem ás, de m ú ltiples reflexion es en escritos de

81 Obras completas de Fernando Pessoa, I. Poesías de Fernando Pessoa, e d . c it ., p .


30.
82 V éase e n este v o lu m e n Odas II, I, 1 5 -1 8 .
83 Poesía I, p p . 6 0 - 6 1 .
84 Poesía IV , p p . 1 8 8 -1 8 9 .
85 M á rio d e S á - C a r n e ir o , El cielo en llamas, ed. c it., p . 21.
tod a n aturaleza qu e d ejó el m aestro. Se trata de la ob jetiva­
c ió n de las sen sacio n es, cu e stió n e n la q u e la lite ra tu ra de
Pessoa in tervien e co n afán co rrecto r en su época.
E n la a p ó c rifa y ta m b ié n ú n ic a en trevista q u e A lb e r to
C a e iro co n c e d ió , el jo v e n po eta fu e p reg u n tad o p o r su ads­
c rip c ió n a la c o rrie n te de la R en a scen fa portu gu esa. « S i hay
g e n te b ie n d istin ta de m i o b ra es ésa. [ ...] E sos so n u n o s
m ístico s, m ie n tra s yo n o lo soy e n a b so lu to . ¿ Q u é h ay en
c o m ú n en tre ellos y y o ? N i el ser poetas, p o rq u e ellos n o lo
so n . C u a n d o le o a Pascoaes m e h arto de re ír. N u n c a h e sido
capaz de le e r algo suyo hasta el fin a l. U n h o m b re qu e d escu ­
b re sen tid o s o c u lto s e n las p ie d ra s, s e n tim ie n to s h u m a n o s
en los árboles, que con vierte en perso n as los p o n ien te s y de
las m ad ru g ad as h ace alm as [ . . . ] » 86. L a s u b o r d in a c ió n d el
o b je to a lo s r e q u e rim ie n to s de la se n sib ilid a d , p ara la cu al
p o n e de ejem p lo lo s trabajos de T eix eira de Pascoaes —com o
p o d r ía a p u n ta r o tro s, in c lu s o al P essoa p a u lista —, es u n
equivalente del esp u rio uso de u n a sen sibilidad « p r o p ia » en
el lu gar de « la se n sib ilid a d » . A b u n d a n en esto m ism o , p o r
e je m p lo , d iversos pasajes d e l Livro do Desassossego, q u e lo
exp resa de u n a fo r m a p r o b a b le m e n te m ás d ire cta: « D ijo
A m ie l q u e u n paisaje es u n estado de alm a, p e ro la frase es
u n a felic id a d in d o le n te de so ñ a d o r d éb il. D esd e qu e el p a i­
saje es p aisaje d eja de ser u n estad o de alm a. O b je tiv a r es
crear, y n adie d ice que u n p o em a h ech o es u n estado de estar
p e n san d o en h a c e r lo » 87. E l rid íc u lo de los poetas qu e h acen
gala de su « p r o p ia » se n sib ilid a d y de lo s paisajistas q u e se
o c u p a n de su alm a n o es p r o p ie d a d e n u su fru cto exclusivo
d el saudosismo e n p o esía o de la m o d a sim b olista en p in tu ra ,
sino p e rten e n cia de cu alq u ier época, b ie n es verdad que Pes­
soa lo d e n u n c ia p o r lo q u e afecta a la c o n d u c ta a rtística
m o d e rn a , lo m ism o q u e estu d ia, p o r e je m p lo , a A n te r o de
Q u e n ta l y a C a m ilo Pessanha para observar u n a exp resió n de
la sen sib ilid ad que desdice aquel o tro m o d o .

86 Poesía II, p p . 1 7 8 -1 7 9 .
87 F ern an d o Pessoa, Libro de¡desasosiego, ed. c it., p p . 5 1 -5 2 .
L a divisa « o b je tiv a r es c re a r» n o apu n ta, desde lu e g o ,
sin o a u n a su b o rd in a c ió n de la sen sib ilid a d al o b jeto p o r la
q u e Pessoa y to d o s sus trans-meus a b o g a n c o n p erse ve ra n cia.
P o rq u e la vo lu n ta d de facilitar el paso a u n a poesía entregada
a lo ex tern o, a la q u e se presta el p r o p io ejercicio de la d es­
p erso n a lizació n , está secundada p o r el m agisterio m ism o del
p o em a com o in stru m e n to para u n a in d iv id u a ció n m a n u m i­
tid a, tem a éste ta m b ié n d el heteronimismo. E l p o em a Autopsico-
grafia, q u e Pessoa p u b lic ó en 19 3 2 en la revista Presenta, hace
u n verso de la sig u ie n te a firm a ció n : « E l p o e ta es u n f in g i­
d o r » 88. ¿ C ó m o se expresa la sin cerid ad d el fin g ir ? E l « e x i­
l i o » d e l su je to , a su n to q u e tantas veces ap arece c o n el
estigm a d e l p r in c ip io de in d iv id u a c ió n , se expresa c o m o
n ecesid ad de en c u e n tro co n lo que le es ex tern o. T o d o s esos
sign os recu rren tes n o s d evu elven a algo q u e n os ocu p a b a al
in ic io de este en sayo: e n el q u é de la se n sib ilid a d y n o el
q u ié n se da rea lid a d al e n c u e n tro q u e im p o rta en la e x p re ­
s ió n . « L o p e o r q u e hay en la se n sib ilid a d es p e n sa rn o s en
ella, y n o c o n e lla » 89, esc rib ió Pessoa en sus Notas personales.
L o s « is m o s » q u e a cu ñ ó c o n M á rio de S á - C a r n e ir o -s e n s a -
cionismo, paulismo, interseccionismo— resp o n d en a m od alid ad es en
el uso de la sen sib ilid ad .
P ero la a te n c ió n p o r la se n s ib ilid a d e n te n d id a co m o
in s tr u m e n to y n o c o m o o b je to se h a ce ta n p e r e n to r ia en
Pessoa, que hasta aparece co m o cu estió n p rogram ática p r in ­
cip al. E n sus in c u rsio n e s en la litera tu ra de p roclam as u rge
m u y señ alad am ente a su co n sid e ra c ió n . E l m an ifiesto ULTI­
M A T U M , la n za d o e n 19 17 p o r A lv a r o de C a m p o s e n el
n ú m e ro ú n ic o de Portugal Futurista, advertía:

88 Obras completas de Fernando Pessoa, I. Poesías de Fernando Pessoa, e d . c i t ., p .


235-
89 F ern an d o Pessoa, Diarios, ed. c it., p . 14 2 .
P r o c la m o , e m p r i m e i r o lu g a r ,
A L E I D E M A L TH U S DA S E N S IB IL ID A D E

O s e s t í m u lo s d a s e n s i b i li d a d e a u m e n t a m e m p r o g r e s s á o
g e o m é t r ic a ; a p r ó p r i a s e n s ib ilid a d e a p e n a s e m p r o g r e s s á o
- . 90
a r i t m é t ic a .

Postula a c o n tin u a c ió n la im p o rta n c ia de la a d ecu ació n


de la sen sib ilid ad al m ed io en que fu n cio n a : « E n la p r o p o r ­
c ió n de la a d a p ta c ió n de la se n s ib ilid a d al m e d io está la
g ra n d eza y la fu e r z a de la o b ra r e s u lta n te » . A h o r a b ie n ,
d e n o ta q u e, p o r causas tales c o m o la so b r e e x p o s ic ió n y el
exceso de e stím u lo s, e n la ed a d c o n te m p o rá n e a h a te n id o
lu g a r u n a c re c ie n te d e sa d a p ta ció n de la s e n sib ilid a d al
m e d io , h a e n tr a d o e n u n estad o m ó r b id o , an te lo c u al la
civilizació n d eb e rea ccio n a r. Y es ah í d o n d e p r o p o n e el c u l­
tivo de u n a a d a p ta c ió n a r tific ia l de la se n sib ilid a d , c o n
m ed id a s tales c o m o « la in te r v e n c ió n q u ir ú r g ic a a n tic r is ­
tia n a » , p r o p ic ia d o r a de u n n u evo p a g an ism o , y la « a b o li­
c ió n d el c o n c e p to de in d iv id u a lid a d » . A b o lic ió n , ese té r ­
m in o p o r el q u e s in tió q u e re n c ia S té p h a n e M a lla rm é ,
siem bra el lib e lo de A lvaro de C am p os: « A b o lic ió n total del
c o n c ep to de q u e cada in d iv id u o tie n e el d erech o o el d eb er
de expresar lo qu e s ie n te » 91.
M u ch o de la lectu ra crítica que h izo Pessoa d el lib r o de
M ax N o r d a u Entartung se vie rte e n este m a n ifie sto de A lv a ro
de C a m p o s. P ero e n su a lo c u c ió n p a n fle ta ria n o actúa éste
co m o analista n i co m o crítico , sin o co m o p o rtavoz de su je­
tos com o los poetas de su saga, en p u gn a con tra la in d iv id u a ­
c ió n . F e r n a n d o Pessoa, el « e x ilia d o d el m is te rio en sí
m ism o , de la p r o p ia v id a » 92, se d is p o n e u n a y o tra vez a

90 F ern an d o Pessoa, ULTIMATUM de Alvaro de Campos, L isb oa, N ova A tica ,


2 0 0 6 , p . 10 .
91 I b íd ., p . 13.
92 F e rn an d o Pessoa, Diarios, ed. c it., p . 9 3 -
favor de u n a po esía apta para c o rre g ir su exilio c o n la ex p e­
rie n c ia de aq u ello que a la vez « p o r fu e r a » y « p o r d e n tr o »
a co ge la vid a e n su in s o n d a b le m is te r io . D ife r e n c ió tres
c a m in o s, el m á g ic o , el m ístic o y el a lq u ím ic o p a ra ese
o b je to . Y abogó p o r el cam in o a lq u ím ico , q u e « c o m p re n d e
u n a tr a n sm u ta c ió n de la p r o p ia p e rs o n a lid a d q u e la p r e ­
p a r a » 93, y cuyo p aren tesco co n la « a d a p ta c ió n a rtific ia l» de
la sen sib ilid ad a la que u rg ía el p a n fle to de A lv a ro de C a m ­
p o s n o es le ja n o . E ra el m aestro de am bos A lb e r to C a e ir o
q u ie n escribía: « O ja lá que m i vid a fu ese u n carro de bueyes
[...] / Y o n o te n d r ía q u e te n e r esp eran zas —só lo d e b e ría
te n e r r u e d a s ...» 94'. E l a b a n d o n o d el quién y la expectativa de
su restitu ción p o r u n qué hace el cam in o alq u ím ico llevadero.

93 F ern an d o Pessoa, Escritos sobre genioj locura, ed. cit, p . 3 9 o -


94 Poesía I, p p . 8 o - 8 l .
ÍNDICE

P rólogo
El mantra de Ricardo Reis 5
por Miguel Casado

Advertencia 33

L O S P O E M A S D E R IC A R D O R E IS 35

Notas 291
por Juan Barja

Glosario de figuras y motivos m itológicos 329

Epílogo
Pessoa como libro.
El poem a dram ático para un ven trílocuo 343
por Javier Amaldo

También podría gustarte