Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Pe sso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R eís
E D IC IO N B IL IN G Ü E D E
J u a n B a r ja y J u a n a In a r e j o s
PROLO GO DE
M ig u e l C a s a d o
E P IL O G O D E
J a v ie r A r n a l d o
A b a d a E d it o r e s
títu lo o r ig in a l: F e rn a n d o Pessoa [R ica rd o R e is ] :
• Poesía
© J u a n a I n a r e jo s y J u a n b a r ja , 20 15
de la traducción
© M i g u e l C a s a d o , 2 0 1 5 , delprólogo
© J a v i e r A r n a l d o , 2 0 1 5 , del epílogo
© A b a d a E d it o r e s , s .l ., 2 0 15
de la presente edición
Galle del Gobernador, 18
28014 Madrid
WWW.ABADAEDITOEES.COM
cubierta E s t u d i o J O A Q U ÍN G a l l e g o
p ro d u cció n G U A D A LU PE G lS B E R T
Pesso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R e ís
E D IC IO N B IL IN G Ü E D E
J u a n B a r ja y J u a n a In a r e j o s
PROLOGO DE
M ig u e l C a sa d o
e p il o g o d e
Ja v ie r A r n a l d o
N O T A S Y G LO SA R IO D E
J u a n B ar ja
« O B R A S » _________
A B A D A EDITORES
EL MANTRA DE RICARDO REIS
Miguel Casado
c ió n d e A n g e l C a m p o s P á m p a n o , B a rc e lo n a , G a lax ia G u te n b e rg ,
2 0 0 1 , p . 211.
p o rtu g u é s cu a n d o Pessoa ap arece e n escen a, el saudosismo de
Pascoaps, en cam b io la d isco n tin u id a d que constitu ye a Reis
es la q u e P essoa estab lece c o n s ig o m ism o : r u p tu r a c o n la
in vestigación d el verso lib re en la q u e C a e iro y C a m p o s asu
m ían u n a in estab ilid ad de los lím ites c o n la p ro sa y el riesgo
de ex p lo rarlos, c o n la vio le n ta en ergía d el futurismo q u e había
dado sop o rte a la irr u p c ió n de C am p o s, c o n el rech azo de la
belleza co m o va lo r que d efin e la p oesía. R eis, en p r in c ip io , es
P essoa c u a n d o so n d e a p o sib le s vías p a ra r o m p e r c o n s ig o
m ism o.
E n p r im e r lu gar, d igo, m ed ia n te la rec u p e ra ció n de las
form as clásicas. S in en trar en la discusión sobre ello que Pessoa
e sc e n ifica a d os vo ces, e n tre A lv a r o de C a m p o s y R ic a rd o
R eis, y q u e h o y n o s resu lta ya escu ch ad a m u ch as veces y u n
ta n to desgastada, la fo rm a cerrada v e n d ría a ser en la p o é tic a
de R eis lo q u e ga ran tiza el lím ite e n tre p o esía y p ro sa ; la
palabra clave para ad optarla es disciplina: « H a m en ester q u e al
estado p o é tic o se ap liq u e u n a d iscip lin a más d u ra q u e a q u e
lla q u e se em p le a en el estado p ro sa ic o de la m e n te . Y esos
a rtificio s —el ritm o , la rim a, la estrofa— so n in stru m en to s de
tal d is c ip lin a » 3. E n p rim e ra in stan cia, se trata p o r tan to de
u n a c u e stió n m étrica. L a p a lab ra artificio n o le p a rece a P es-
soa-R eis negativa, pues la en tien d e co m o el m ed io o in s tru
m en to q u e se em p lea para dar realid ad práctica a algo, igu al
q u e « la v o lu n ta d q u e c o rr ig e d e fe cto s, el o r d e n q u e v ig ila
so cied a d es, la c iv iliz a c ió n q u e r e d u c e lo s e g o ísm o s a su
fo rm a so c ia b le » ; es d ecir, se trata de u n a a cc ió n h u m a n iza -
d o ra , c u a lid a d q u e a lg u n o de lo s p o em a s de R eis c o n c e d e
exp lícitam en te a la sen sib ilid ad rítm ica .
S in em b a rg o , esta sería a ú n u n a a rg u m e n ta c ió n p r e c i
p ita d a , d e u d o r a d el m ec a n ism o p o lé m ic o e n q u e se c o n s
tru y e. P essoa se da cu e n ta de q u e p e n sa r en u n a m a teria
p o é tic a p r im e r a q u e d esp u és se d is c ip lin a m e d ia n te u n a
4 Ib íd e m , p . 2 2 4 -
5 « D is c u s ió n e n tre A lv aro d e C a m p o s y R ica rd o R e is » , e n F ern an d o
Pessoa, El regreso de los dioses, ed. c it., p . 217 -
6 A lv a r o de C a m p o s, « N o ta s p a ra r e c o r d a r al m aestro C a e ir o » , e n
F e rn an d o Pessoa, El regreso de los dioses, e d . cit-, p . 2 0 1 .
7 C o m o r e c u e rd a n las n otas de J u a n B a rja, al fin a l d e l v o lu m e n , las
v e in te p rim e ra s odas d e R eis, in d icad as c o n n ú m e ro s ro m a n o s, so n
las q u e Pessoa p u b lic ó e n la revista Athena, e n 1 9 2 4 - A c o n tin u a c ió n ,
v an tod as las dem ás q u e se co n servan : sigu ien d o u n o rd e n c r o n o ló
g ic o , e n tre j u n i o de 19 14 y n o v iem b re de 19 3 4 (el a u to r m u e re u n
8 M IG U E L C A SA D O
q u e es a lto , y a la su e rte fío , / y a sus leyes, el ve rso ; / q u e,
cu an d o es alto y regio el p e n sa m ien to , / súbdita la frase va a
b u sca rlo / c o n e l esclavo r itm o q u e lo s ir v e » . Pese a q u e la
o p c ió n p o r la fo r m a c erra d a p u d ie r a su g e r ir o tra cosa, lo
d eterm in an te en el p o em a es el p en sam ien to; es su fu erza, la
fu erza esp iritu al, lo que gen era fo rm a , sin qu e sean decisivas
n i v o lu n ta d n i té cn ica . Y d ig o fuerza espiritual, p o r q u e n o
p u e d e lim ita rse el p e n sa m ie n to a sim p le activid ad r a z o n a
d o ra , sin o q u e es u n a a c c ió n c o n c e rta d a de to d o lo q u e
c o m p o n e la m en te o, según se q u ie ra n o m b ra r, el alm a.
P o rq u e el n ú c le o de la c o n e x ió n es m o ra l: « L a m o r a l
pagan a es u n a m o ra l de o r ie n ta c ió n y de d isc ip lin a . [ ...] E l
estoicism o es la más alta m o ral pagana. [...] L a D isc ip lin a es
la ú n ic a d io sa ética de lo s e s t o ic o s » 8 —se trata d e l m ism o
p r in c ip io q u e a rticu lab a la o p c ió n fo rm a l, q u e era el c o ra
z ó n d el tra b a jo r ítm ic o y de su fu s ió n e n el p o e m a c o n la
id e a . Y , si lo d ecisivo es la d is c ip lin a , u n a n o rm a de c o n
ducta, n o extrañará que resulte tan frecu en te en P essoa-R eis
IO A n t o n io M o ra , « P ru e b a s d e la e x iste n c ia d e lo s d io s e s » , e n F e r
n a n d o Pessoa, El regreso de los dioses, ed . c it., p . 13 7.
Q u iz á p o r la re siste n c ia a g e n e r a r d o c tr in a es p o r lo
q ue, m ien tra s lo s d ioses a p a recen m u c h o e n lo s poem as, al
p a g a n ism o s o lo se a lu d e escasam en te e n ello s a través de
adjetivos y adverbios: com o u n a fo rm a de vida —« d e ja d ir m i
v iv ir p a g a n a m e n te » —, c o m o u n ap ela tivo q u e acerca a la
am ada: « p agan a triste y c o n flo res ál r e g a z o » ; y la ú n ica vez
q u e la m e n c ió n p a rece a b so lu ta: « e s e m o m e n to e n q u e,
sosegad os, n o c re em o s e n n ad a , / in o c e n te s p a g an o s de la
d e c a d e n c ia » , el té rm in o asociad o, la « d e c a d e n c ia » , desva
lo riza , relativiza, hace d u d ar sob re el sen tid o : ¿ la d el p aga
n is m o ? , ¿ la de u n tie m p o te r m in a l, d o n d e so lo cabe u n
calm o n ih ilis m o ? Es sig n ific a tiv o q u e las p á g in a s e n p ro sa
q u e d e d ic ó Pessoa —c o m o M o ra o R eis, o c o n su p r o p ia
firm a — al in te n to de sistem atizar u n d iscu rso sob re el p ag a
n ism o p arezcan más pród igas e n p r in c ip io s que e n d esa rro
llo s y, de m o d o gen era l, n o acab en d ese m b o ca n d o en c o n
clusion es.
Es c ierto que él m ism o lo ju stific a : n o es p o sib le c o n s
tr u ir u n sistem a re lig io so p o r m ed io s in telectu a le s, a través
de u n razo n a m ie n to especulativo: « u n fe n ó m e n o tan in te
lectu al n o es u n a re lig ió n . L a r e lig ió n es de lo s sen tid os y de
la e m o c ió n d ire cta y g e n e r a l» 11, « u n a r e lig ió n n ace d e lo
in stin tivo, y n o se p u ed e co n stru ir com o se construye u n sis
tem a m eta físic o . T ie n e q u e n a c e r de la sen sib ilid a d d irecta
de las co sa s» 12. Y sería en to n ces la po esía la q u e, in d ire c ta
m en te, p o d ría evocar u n m o d o relig io so de vivir, sin n o m
b ra rlo (las pocas m en cio n es explícitas de lo s poem as al paga
n is m o , las q u e h e a n o ta d o , so n de i g i ^ i n o re a p a re c e n
lu e g o ), tratan d o de e x p lo ra r su se n tim ie n to . S in em b arg o,
la lectu ra d el resto de la poesía de Reis quizá vaya red u cien d o
m ás las vías de salid a, q u izá d e lo s d os p r o p ó s ito s q u e la
m ovían —segú n la d e sc rip c ió n que el a u to r h izo de su exp e
A u n q u e es o b v io q u e las tin ta s se va n c a rg a n d o c o n el
tie m p o , n o p o d ría p ro p ia m e n te h ab larse de u n a e v o lu c ió n
q u e lleve a este estallido, pu es e n ve rd a d to d o s lo s e lem e n to s
estaban dados desde el p r in c ip io . P o r ejem p lo , la oda III (en
el c o m ien zo de las vein te eleg id as): es u n paisaje m a rin o co n
am b ien tació n m itológica (E o lo , N e p tu n o , S atu rn o ), sus olas
llegan a dos playas cuyo c o lo r se expresa c o n cultism os la tin i
zantes q u e a la vez se h a ce n eco fo n é tic o : alba/atra, b la n c o y
n eg ro , b rillo s d el sol y la h u ella d el d ios m ela n có lico . D esd e
lo sen cillo , co m o aqu í, hasta lo más co m p lejo , los p oem as se
van articu lan d o m erced a sucesivas y cam biantes op osicio n es,
ya de té rm in o s, ya de ideas. L a esp u m a y la arena o scu ra, el
día y la n o ch e, el u so h u m a n o y el u so agrícola de la fu en te ,
las estaciones, los c o lo re s... E n tran d o y salien d o en el m arco
de los topoi, la realid ad parece co m p o n erse de opuestos, ten er
estru ctu ra de c o n flic to . Y esto, in c lu s o hasta la c o n tr a d ic
ción ; véanse estos dos poem as sucesivos, escritos c o n la sepa
r a c ió n de v e in te días: el p r im e r o da cu en ta de la ex a ltació n
d e ljio : « y tan gra n d e m e sien to / en esta h o ra tan so le m n e /
y vana // q u e, así co m o hay dioses / de las eras, las flo re s / y
los cam pos, // yo ah ora q u isiera / q u e u n d ios existiese, / sí,
de m í» ; en cam b io, para el segu n do : « in ú tilm e n te p a re c e
m o s gra n d es. / Salvo n o s o tr o s n a d a a q u í, en el m u n d o , /
canta n u estra g r a n d e z a » . L o s casos de este tip o so n n u m e
rosos, co m o cu an d o el p o eta c o n fía en p o d e r salvarse m e r
ced a la p e r e n n id a d de su o b ra : « S e g u r o a sien to e n la
c o lu m n a fir m e / de m is verso s te n g o / sin te m o r al i n n ú
m e ro fu tu r o / d e l o lv id o y el tie m p o » , y lu e g o , e n o tr o
m o m e n to , r e c o n o c e la e ste rilid a d de sem eja n te co n fia n za:
« a u n q u e el h o m b re / sabe q u e m u ere, se desgasta en obras,
/ u n fu tu r o n o suyo a m b ic io n a n d o » .
Q u ie r o d e c ir q u e, a u n q u e u n o de lo s ce n tro s d e l d is
cu rso de R ica rd o R eis sea la seren id ad , este c o n tin u o d in a
m ism o de las o p o sicio n es, este eje rc ic io de o p o n e rse y c o n
trad ecirse, m uestra la im p o rta n cia , el peso, qu e lo n o d ich o
tien e en él, la necesid ad de le e r e n sus silen cios, en las c o n e
x ion es estructurales, en la su p erficie y textura de las palabras,
to d o lo q u e n o se h a ce e x p líc ito . P u es, m ie n tra s ta n to , lo
d ic h o , e n el to n o y su r e d o n d e z , e n la te rsu ra lé x ica y r í t
m ica , trata de r e c u b r ir , de sella r las fisu ra s. Y eso q u e, en
algú n p o em a, el p r o p io po eta llega a d escrib ir el ju e g o de los
c o n tra rio s co m o el m ecan ism o c o n que fu n c io n a el m u n d o :
« n o atardece sin que m u era el día / n i am o r o fe en n osotros
n a c e n sin q u e / m u era c o n eso, al m e n o s, / el n o am ar o
c re e r. // Q u e to d o gesto q u e h ace n u e stro c u e rp o / c o n el
repo so a él a n te rio r c o n tra sta » . L a fó rm u la de Pessoa, com o
él m ism o explica en u n texto en prosa —« e l artista n o resuelve
la d u a lid a d e n u n id a d ; la resu elve sin em b a rg o e n e q u ili
b r i o » 19—, es el trab ajo p o r co n tra p esar las fu erzas opuestas,
que n u n ca evita que lo sigan sien d o y pu ed an po ten cia lm en te
volver a ch ocar, segu ir ch ocan d o.
A u n n o s ie n d o d em a siad o fr e c u e n te , u n a fo r m a más
e x p líc ita d e c o n flic to es la n e g a c ió n q u e h a ce R eis de las
o b lig a cio n e s o lo s có d igo s sociales, sep arán d ose a q u í de los
estoicos, q u e —a d iferen cia de E p icu ro — siem p re p ro m o v ie
r o n la p a r tic ip a c ió n so c ia l y p o lític a (y S én e c a o M a rco
A u r e lio sería n b u en as p ru eb a s de e llo ). A c u sa al E stado de
a p rop iarse de la « c a r n e » de las personas o p re fie re las rosas
a la patria, o in esp erad am en te se confiesa —n ítid o Pessoa en
la firm a de R eis— en u n r o tu n d o verso de 1 9 3 3 = ^ S o lo estás,
20 E d u a rd o L o u re n ^ o , op. c it , p . 4 7 -
el alm a / co n sig a m o s p e n s a n d o , re c o g id o s / e n d e s tin o
im p alp able / sin espera o r e c u e rd o » : in h ib ir la razó n , pu es,
co m o m eta q u e r a c io n a lm e n te se p u e d e p r o p o n e r y r a c io
n alm en te con segu ir.
Este b u cle e n exceso p a ra d ó jic o p e rm ite , sin em b a rg o ,
recu p era r el peso qu e tien e la razó n e n las Odas. T o d a la f ilo
sofía ep icú rea y estoica es racion alista, y el cu rso de lo s p o e
m as, su sum a, d eja la se n sa ció n d e estar a sistien d o a u n a
serie de a rg u m en tacion es, u n debate acerca de razon es, c o n
otro s y con sigo m ism o; R eis —su sintaxis, sus r e ite r a c io n e s -
es u n p o eta e m in e n te m e n te ra z o n a d o r, y el deseo de e q u i
pararse a los anim ales ch oca c o n sus p rin c ip io s ; reco rd em o s
el va lo r que se co n ced ía a la cu alid ad humanizadora d el ritm o y
de la d iscip lin a. P o r m u ch o qu e se repita co m o p ro p ó sito , la
rep resió n vo lu n ta ria de la c o n cien cia cabe c o n d ificu lta d en
su p en sa m ien to y en su m u n d o .
Y , así, en las m ism as vein te odas elegidas, se en cu en tra
ta m b ié n u n a b ie rto e lo g io de la lu c id e z , q u e se e n m arcaría
en la o p c ió n filo só fic a de la aceptación: « a n tes sabien d o / ser
n ad a q u e ig n o ra n d o : / n ad a d e n tro de n a d a » , o tod avía de
m o d o más claro: « s i n o existiera en m í p o d e r que venza / las
parcas tres y el peso d el fu tu r o , / m e co n ced a n los dioses / el
p o d e r de sa b e rlo » . Igual que se p ed ía a los dioses el n o ten er
n in g ú n deseo, se les solicita ta m b ién , p o r tan to, « u n a c o n
c ie n c ia lú c id a y s o le m n e / de las cosas y se r e s » ; in c lu s o la
evid encia de la p e q u e n e z d el in d iv id u o en el c o n ju n to de lo
q u e existe, p o d r ía lle g a r a c o m p e n sa rse c o n la c u a lid a d
h u m a n a d el c o n o c im ie n to : « p e r o e n d ich a c o n c ie n c ia m e
hago g r a n d e » .
Es sig n ific a tiv o q u e estas ú ltim a s citas se r e fie r a n a la
re la c ió n c o n la realid ad : p e rc e p c ió n de las cosas y lo s seres,
lu gar q u e se o cu p a e n el m u n d o . Q u iz á el carácter secu n d a
r io q u e en R eis tie n e n estas r e la c io n e s , c o m o ta m b ié n lo s
vín cu lo s sociales, su e n c ie rro en sí, su te n d en cia al en sim is
m a m ie n to , le p e r m ite n p r o lo n g a r lo s esp acios ilu s o r io s y,
a u n m ás, c o n tra d ecirse c o n tanta flu id e z y n a tu ra lid a d . N o
sería en ton ces e n sus d eclaracion es d o n d e se p u e d e segu ir el
p a p e l que tie n e la co n c ie n c ia —y sus co m p lejo s v ín cu lo s co n
el sen tim ien to existencial—, sin o a llí d o n d e , sin estar n o m
brad a, se advierte su acción , su vigilan cia.
Signos
Pesso a
poesía vil
LOS POEMAS DE
R i c a r d o R e ís
ODES I
ODAS I
I
S eg u ro assento n a co lu n a firm e
dos versos em que fic o ,
n e m tem o o in flu x o in ú m e ro fu tu ro
dos tem pos e d o olvid o;
5 que a m en te, q u an d o , fixa, em si co n tem p la
os reflexos do m u n d o ,
deles se plasm a to rn a , e á arte o m u n d o
cria, que n ao a m en te.
A ssim na placa o extern o instan te grava
io seu ser, d u ra n d o n ela.
I, a. Seguro assento na coluna firm e / dos versos em que fico. / 0 criador interno
movim ento / por quem fui autor deles / passa, e eu sobrevivo, já nao quem /
escreveu o que fez. / Chegada a hora, passarei também / e os versos, que nao
sentem / seráo a única restanga posta / nos capitéis do tempo. //A obra ¡mortal
excede o autor da obra; / e é menos dono déla / quem a fez do que o tempo em
que perdura. / M orem os a obra viva. / Assim os deuses esta nossa regem / mor
tal e ¡mortal vida; / assim o Fado faz que eles a rejam. / Mas se assim é, é assim.
//A quele agudo interno movimento, /por quem fui autor deles / primeiro passa,
e eu, outro já do que era, / postumo substituo-me. / Chegada a hora, também
serei menos / que os versos permanentes. / E papel, ou papiro escrito e morto I
tem mais vida que a mente. / Na noite a sombra é mais igual á noite / que o
corpo que alumia. [29-1 -1921 ]
I, b. Seguro assento na coluna firm e / dos versos em que fico. / Aquele agudo
interno movimento / por quem fui autor deles / passa, e eu, outro já que o
autor deles, / postumo substltuo-me. / Chegada a hora, também serei menos /
que os versos permanentes. / E papel, ou papiro escrito e morto / tem mais vida
que a mente. / A obra ¡mortal excede o autor da obra; I e é menos dono déla /
quem a fez do que o tempo em que perdura. / Imortais nos morremos. / Durar,
sentir, só os altos deuses unem. / Nós nao somos inteiros. / Assim os deuses esta
nossa regem / mortal e ¡mortal vida; / assim o Fado faz que eles a rejam. / Mas
se assim é, é assim. [29-1 -1921 ]
I
I, b. Seguro asiento en la columna firme / de mis versos tengo. / Aquel agudo interno
movimiento / que me hizo autor suyo / pasa, y yo, siendo ya otro que autor de
ellos, / postumo, sustitúyome. I Llegada la hora, seré menos que aquellos I mis
permanentes versos, / pues papel o papiro escrito y muerto / viven más que la
mente. / A su autor inmortal la obra excede, / siendo menos su dueño / quien la
hizo que el tiem po en que perdura. / Inmortales morimos. / Sienten, duran los
dioses, no nosotros, / siendo sólo incompletos. / Así los dioses esta nuestra rigen
/ mortal e inmortal vida; I así hace el Hado que la rijan ellos. I Si es así, así es sin
duda. [29-1-1921]
A s rosas am o dos ja rd in s de A d o n is,
essas volu cres am o, L id ia , rosas,
qu e em o dia em que nascem ,
em esse dia m orrena.
A lu z para elas é etern a, p o rq u e
n ascem n ascido já o sol, e acabam
antes que A p o lo deixe
o seu curso visível.
A ssim fa ja m o s nossa vid a u m dia,
in scien tes, L id ia , vo lu n ta ria m en te
que há n o ite antes e após
o p o u co qu e d u ram os.
De Adonis los jardines rosas amo,
esas volucres amo, Lidia, rosas,
que, en el dia en que nacen,
ése m ueren.
L a lu z eterna es para ellas, porque
nacen nacido el sol, m ientras acaban
antes que Apolo deje
su visible curso.
Así hagam os nuestra vid a u n día,
inscientes, Lidia, voluntariam ente,
de que haya noche antes y después
del poco que duram os.
O m ar jaz; gem em em segred o os ventos
em E o lo cativos;
só co m as po n tas d o trid e n te as vastas
águas fran ze N e p tu n o ;
5 e a p raia é alva e cheia de p e q u e ñ o s
b rilh o s sob o so l cla ro .
In ú tilm en te p arecem os grand es.
N ada, n o a lh eio m u n d o ,
nossa vista grand eza reco n h e ce
10 o u co m razáo n os serve.
Se aqu í de u m m anso m ar m eu fu n d o in d ic io
tres ondas o apagam ,
que m e fará o m ar qu e n a atra praia
ecoa de S a tu rn o ?
III, a. Yace el mar. En lo oculto gimen vientos / en Eolo cautivos, / y apenas con las
puntas del tridente / frunce el agua Neptuno. / Alba es la playa, y llena de
pequeños I brillos bajo el sol claro. / Yo quisiera, Neera, que el momento / que
ahora vemos tuviera / el sentido preciso de una frase / como se ve en los libros.
/ Así comprenderías mi certeza / si sin mirarte digo / que, con las cosas, juegan
su diálogo / con nosotros los dioses. / Si esta breve ciencia te cupiese, / nunca
más juzgarías / la clara vida solemne o ligera, / no, ni leve ni grave, / ni falsa o
cierta, sino así, divina, / plácida, sí, tan sólo. [6-10-1914]
N a o con sen tem os deuses m ais qu e a vida.
T u d o p o is refu sem o s, que n os alce
a irresp iráveis p ín caros,
peren es sem te r flores.
5 S ó de aceitar ten h am os a cien cia,
e, en q u a n to bate o sangue em nossas fon tes,
n em se en gelh a co n n o sco
o m esm o a m or, d u rem os,
co m o vid ro s, as luzes transparentes
10 e d eixan d o escorrer a chuva triste,
só m o rn o s ao sol q u en te,
e reflectin d o u m p o u c o .
G o m o se cada b e ijo
fo ra de despedida,
m in h a G lo é , b e ije m o -n o s , am an d o.
Talvez que já n os to q u e
5 n o o m b ro a m áo, qu e cham a
á b arca q u e n ao vem senáo vazia;
IV, a. Nao consentem os deuses mais que a vida. / Por isso, Lidia, duradouramente /
fagamos-lhe a vontade / ao sol e entre flores. / Camaleóes pousados na Natura /
tomemos sua calma e alegría / por cor da nossa vida, / por um jeito do corpo. /
Como vidros as luzes transparentes / e deixando cair a chuva triste; / só momos
ao sol quente; / e reflectindo um pouco. [17-7-1914]
N o consienten los dioses sino vida.
Todo pues rehusemos que nos alce
a irrespirables cum bres,
no floridas, perennes.
5 Solo de un aceptar tengam os ciencia.
M ientras bate la sangre en nuestras sienes,
m ientras no se m archita, con nosotros,
hasta el amor, durem os,
cual cristal a las luces transparente
10 y dejando correr la llu via triste,
algo templados al calor del sol
y reflejando u n poco.
C om o si cada beso
fuera de despedida,
Cloé m ía, besémonos, am ando.
Pues tal v e z y a nos roce
5 en el hom bro la m ano que nos llam a
a la barca vacía que se acerca,
IV, a. No consienten los dioses sino vida. / Por eso, Lidia, duraderamente / démosle
lo que pide, / ahí, al sol, y entre flores. / Camaleones en plena Natura, / su ale
gría y su calma revistamos / como coloración de nuestra vida, / como forma
del cuerpo. / Cual cristal a las luces transparente / y dejando caer la lluvia tris
te, / algo templados al calor del sol / y reflejando un poco. [17-7-1914]
e que n o m esm o feixe
ata o que m u tu o s fo m o s
e a alheia som a u n iversal da vida.
VI
VI, a 0 ritm o antigo que há nos pés descalgos / esse ritmo das ninfas copiado /
quando sob arvoredos / batem o som da danga - II pelas praias ás vezes,
quando brincam / ante onde a Apolo se Neptuno alia / as crianzas maiores, /
tém semelhangas breves II com versos já longínquos em que Horáclo / ou mais
. dássicos gregos aceitavam I a vida por dos deuses / sem mais preces que a
vida, II Por isso á beira deste mar, donzelas, / conduzi vossa danga ao som de
risos / soberbamente gregas / pelos pés ñus e a danga II enquanto sobre vós
arqueia Apolo / como um ramo alto o azul e a luz da hora / e há o rito primitivo
/ do mar lavando as costas. [9-8-1914]
y que, en el mismo haz,
ata aquello que mutuos hemos sido
y del vivir la entera ajena suma.
YI
VI, a. El ritmo antiguo de los pies descalzos, / ese de ninfas imitado ritmo, / cuando,
en las arboledas, / baten, al son de danzas, / / en las playas a veces, cuando jue
gan / frente a donde a Neptuno se une Apolo / los muchachos mayores / bre
ves, sí, semejanzas II tienen de Horacio en los remotos versos / en los que él, o
los griegos, aceptaban / la vida, sin más prez / que la vida, donada por los dio
ses. // Por eso aquí, junto a este mar, doncellas, / conducid vuestra danza al son
de risas / soberbiamente griegas, / danzad a pie desnudo I I mientras desde lo
alto arquea Apolo / como alta rama en el azul la hora / hecha de luz, y el rito
primitivo / con que incesante el mar las costas baña. [9-8-1914]
P o n h o n a altiva m en te o fix o e s fo rjo
da altura, e á sorte d eixo,
e as suas leis, o verso;
q ue, q u an d o é alto e rég io o p en sam en to,
súbdita a frase o busca
e o escravo ritm o o serve.
V III
vin
¡Cuán breve tiem po es la más larga vida
y la ju ventu d en ella! ¡Ah, Cloe!
Si no amo, n i bebo,
si no pienso tam poco, sin quererlo,
5 la ley, inim plorable, pesa, y duele
la invicta hora, el incesante tiempo,
y hasta el oído asciende
el ru m or de los juncos
en la oculta ribera donde el lirio
10 frío crece en la gleba, y la corriente
no sabe dónde el día se ha escondido
cual susurro que gime.
C o r o a i- m e de rosas,
c o ro a i-m e em verdade
de rosas —
Rosas qu e se apagam
5 em fr o n te a apagar-se
táo cedo!
C o r o a i- m e de rosas
e de folh as breves.
E basta.
IX, b. Coroai-me de rosas. / Coroai-me em verdade / de rosas. II Quero ter a hora / ñas
máos pagamente / e leve, / / mal sentir a vida, / mal sentir o sol / sob ramos. //
Coroai-me de rosas I e de folhas de hera / e basta.
Coronadme de rosas,
sí, coronadme, en verdad,
de rosas
-¡de rosas que se apagan
5 frente a mí, apagándose,
tan pronto!-.
¡Coronadme de rosas
y hojas breves, sí,
con eso basta!
X II
XII, a. A d juvenem rosam offerentem. A flor que és, nao a que dás, desejo. 1 Porque
me negas o que te nao pego? I Táo curto tem po é a mais longa vida, / e a
juventude nela! II Flor vives, vá; porque te flor nao cumpres? / Se te sorver
esquivo o infausto abismo, / perene velarás, absurda sombra, / buscando o que
nao deste, II na oculta margem onde os lirios frios / da infera leiva crescem, e a
corrente / monótona, nao sabe onde é o dia, / sussurro gemebundo. [21-10-
1923]
Tem o, L id ia, el destino. N ad a es cierto.
A cualquier hora puede sucedem os
lo que todo nos m ude.
Fuera de lo sabido, extraño el paso
5 que damos com o propio. Graves núm enes
guardan las lindes de lo acostum brado.
N o somos dioses; ciegos, recelem os
y esta pequeña vid a antepongamos
al abismo que llega.
XII
XII, a. A l ¡oven que una rosa me ofrecía. La que eres flor, no la que das, deseo. / ¿Por
qué me niegas lo que no te pido? / ¡Si corto tiempo es la más larga vida, /
menos ser joven! II Flor vives vana, ¿por qué no te cumples? / Si te sorbiera
esquivo infausto abismo, / perenne buscarás, absurda sombra, / lo que no diste
I I por la ribera donde lirios fríos / crecen de infera gleba, y la corriente / monó
tona no sabe dónde hay día, / susurrando y gimiendo. [21-10-1923]
O lh o os cam pos, N eera ,
cam pos, cam pos, e so fro
já o fr ió da som bra
em que nao te rei olh os.
5 A caveira antessinto
que serei n ao sen tin d o ,
o u só q u an to o que ig n o ro
m e in c ó g n ito m in istre.
E m en os ao instan te
10 c h o ro , que a m im fu tu ro ,
sú b d ito ausente e n u lo
do u n iversal d e stin o .
XIII, a. Olho os campos, Neera, / verdes campos, e pensó / em que virá un dia / em
que nao mais os olhe. / / Isto se o meditar, I me toldará os céus / e fará menos
verdes / os verdes campos reais. I I Ah! Neera, o futuro / ao futuro deixemos. / 0
que náo stá presente / náo existe pra nós. II Hoje náo tenho nada / senáo os
verdes campos / e o céu azul por cima. / Seja isto todo o mundo. [27-1-1914]
XIII, b. Olho os campos, Neera, / verdes campos, e sinto / que um dia virá a hora / em
que náo mais os olhe. //Tranquilo, apenas gozo, / como brincando, o orgulho /
da serena tristeza / filha da visáo clara. [6-6-1915]
XIII, c. Olho os campos, Neera / verdes campos, e sinto / como virá um dia / em que
náo mais os veja. II Par de árvores cobre / o céu aqui sem nuvens / e faz correr
mais triste / a viva e alegre linfa. II Mas por um só momento / fugaz e passa-
geiro / esta ideia eu emprego / para o seu uso triste. I I Cedo me volve a calma /
com que me fago o espelho I do céu imperturbado / e da fonte insciente. II
Deixa o futuro, - porque / náo chegou, náo é nada; / só a hora presente / tem a
realidade. //V iv e a im perfeta hora / perfeitissimamente / e sem nada esperares
/ dos homens, nem dos deuses.
xm
XIII, a. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y pienso / que ha de llegar un día /
en que no pueda verlos. II Esto que, al meditarlo, I es cual cielo cubierto, / los
que son verdes campos / verdes hace ser menos. / / Lo que no está presente /
nada es, lo sabemos. / ¡Ah, Neera, el futuro / al futuro dejemos! II Salvo los
verdes campos / hoy ya nada poseo. / Arriba, el cielo azul. / Todo el mundo sea
esto. [27-1-1914]
XIII, b. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y siento / que vendrá un día la hora/
en que no pueda verlos. II Tranquilo, apenas gozo, I cual jugando, el orgullo I
de mi calma tristeza, / de visión clara fruto. [6-6-1915]
XIII, c. Veo los campos, Neera, / verdes campos, y siento / que ha de llegar un día /
en que no pueda verlos. // Un par de árboles tapan / ahí un cielo sin nubes / y
hacen correr más triste / su viva, alegre savia. II Por un sólo momento I fugaz
y pasajero / emplearé esta ¡dea / para su triste uso. // Prontamente calmado, /
me convierto en espejo / de ese cielo impasible / y esa fuente inconsciente. //
Deja el futuro, porque / no ha llegado, no es nada; / sólo la hora presente / la
realidad posee. //V iv e la hora imperfecta / perfectísimamente / sin que ya nada
esperes, I no, ni de hombres ni dioses.
D e n ovo traz as aparentes novas
flo res o verao n o vo , e n ovam en te
verdesce a c o r antiga
D as folhas redivivas.
N ao m ais, n ao m ais d ele o in fe c u n d o abism o,
q u e m u d o sorve o q u e m al som os, to rn a
á clara lu z su p ern a
a p rese n ta vivida.
N ao m ais; e a p r o le a qu e, p en sa n d o , dera
a vid a da razáo, em vao o cham a,
q ue as nove chaves fecham
da Stige irreversível.
O que fo i co m o u m deus en tre os qu e cantam ,
o que d o O lim p o as vozes, que cham avam ,
scutando ou viu , e, ou vin d o ,
en ten d eu , h o je é nada.
T e c e i em b o ra as, que teceis, grinaldas.
Q u e m coro ais, n ao c o ro a n d o a ele?
V otivas as d ep o n d e ,
fú n eb res sem te r cu lto.
F iq u e, p o ré m , livre da leiva e do O r c o ,
a fam a; e tu, que U lisses erigirá,
tu, em teus sete m on tes,
o rg u lh a -te m aterna,
igual, desde ele, as sete que c o n ten d e m
cidades p o r H o m e ro , o u alcaica Lesbos,
o u hep tápila Tebas,
O g íg ia m áe de P ín d a ro .
De nuevo trae las aparentes nuevas
flores nuevo verano, y nuevam ente
el color reverdece
de hojas redivivas.
5 N o más y a de él el infecundo abismo,
que m udo sorbe lo que somos, torna
a la clara lu z, alta,
la presencia vivida.
N o más; la prole a que, pensando, diera
10 vid a y razón , lo llam a, inútilm ente,
que nueve llaves cierran
la E stigia irreversible.
E l que fue com o u n dios, entre cantores,
que de O lim po las voces que llam aban
15 supo oír escuchando, y al oírlas
com prendió, ahora es nada.
Tejed aún las, que tejéis, guirnaldas,
mas, ¿a quién coronáis, no a él coronando?
Deponedlas, votivas,
20 fúnebres, aun sin culto.
Quede, aún así, libre de gleba y O rco
la fam a, y tú, que Ulises erigiera,
tú en tus siete montes,
m aterna, enorgullécete,
25 igual, por él, a las que luchan, siete
ciudades, por H om ero, o alcaica Lesbos,
o heptápila Tebas,
m adre, O gigia, de Píndaro.
Este, seu scasso cam p o ora lavran do,
ora, solen e, o lh a n d o -o com. a vista
de q u em a u m filh o olh a, goza in c e rto
a n ao -p en sad a vida.
5 D as fin gid as fro n teira s a m u d an za
o arado lh e n ao to lh e, n e m o em pece
p e r q u e co n cilio s se o d estin o rege
dos povos p acientes.
P ou co m ais n o p resen te d o fu tu ro
10 que as ervas qu e a rran co u , seguro vive
a antiga vida que n ao to rn a , e fica,
filh o s, diversa e sua.
XV, a. Este, seu escasso campo ora lavrando, / ora, cansado, olhando-o com a vista /
de quem a um filho olha / passa alegre na vida. / Pouco lhe importa sob que
Deus arrasta / a vida, louvores doutos ou néscios I sáo-lhe a mesma distancia /
de todos os seus dias... / Figura eterna longe de cidades, / passa na vida sob a
m aior graga / que os deuses nos concedem - / que é nao se nos mostrarem /
ñas activas presentas encobertos / com o céu e a térra e o riso das searas /
quais ricos disfamados / dando aos pobres sem gloria... [27-9-1914]
Este su escaso campo ora labrando,
ora solemne viéndolo del modo
del que mira hacia un hijo, goza incierto
la no pensada vida.
5 De fingidas fronteras la mudanza
no desmonta el arado, ni le estorba
por qué convenios el destino rige
de los pueblos pacientes.
Poco así en el presente del futuro
10 cuya hierba arrancó seguro vive
la antigua vida que no torna, y queda,
hijos, diversa y suya.
XV, a. Éste su escaso campo ora labrando, I ora, cansado, viéndolo del modo / del
que mira hacia un hijo, / pasa alegre la vida. / Poco bajo qué Dios la vida arras
tra / le importa, y la alabanza docta o necia, / a la misma distancia / tiene,
todos sus días... / Figura eterna, lejos de ciudades / pasa la vida con el don más
alto / que conceden los dioses: / el que no se nos muestren. / En activas pre
sencias encubiertos, / con tierra y cielo, y risas de las eras, / como el rico que,
oculto, / sin ostentar, da al pobre... [27-9-1914]
Tuas, n ao m inhas, te jo estas grinaldas,
que em m in h a fr o n te renovadas p o n h o .
Para m i m tece as tuas,
que as m inhas eu n ao vejo.
5 Se n ao pesar n a vid a m e lh o r gozo
que o v e rm o -n o s, v e ja m o -n o s, e, ve n d o ,
surdos co n ciliem o s
o insubsistente su rd o.
G o r o e m o -n o s p o is u n s para os o u tros,
10 e b rin d e m o s u n ísso n o s á sorte
q u e h o u v er, até que chegue
a h o ra do b a rq u e iro .
XVI, a. Nao pra mim mas pra ti tego as grinaldas / que de hera e rosas eu na fronte
ponho. / Para mim tece as tuas / que as minhas eu nao vejo. // Um para o outro,
mancebo, realizemos / a beleza improfícua mas bastante / de agradar um ao
outro / pío prazer dado aos olhos. I I 0 resto é o Fado que nos vai contando /
pelo bater do sangue em nossas frontes / a vida até que chegue I a hora do
barqueiro. [30-7-1914]
Tuyas, no mías, tejo estas guirnaldas
que ahora en m i frente renovadas pongo.
H az para m í las tuyas,
que las mías no veo.
5 Si no pesa en la vid a m ejor gozo
que el de vernos, veám onos, y viendo,
aun sordos, concillem os
al sordo insubsistente.
Coroném onos unos a los otros
10 y unísonos brindem os po r la suerte
que haya, hasta que llegue
la hora del barquero.
XVI, a. Para ti he ido tejiendo estas guirnaldas / de hiedra y rosas que en mi frente
pongo. / Haz para mí las tuyas, / que las mías no veo. II M utuamente, mance
bo, realicemos / la belleza sin fruto mas bastante / de uno a otro agradarnos /
complaciendo los ojos. // El resto, el Hado nos lo va contando / y el latir de la
sangre en nuestras frentes, I vida, sí, hasta que llegue I la hora del barquero.
[30-7-1914]
N ao queiras, L id ia , ed ific a r n o spa^o
q u e figu ras fu tu ro , o u p r o m e te r -te
am an lia. C u m p r e - te h o je , n ao sp eran do .
T u m esm a és tua vida.
5 N a o te destines, qu e n ao és fu tu ra.
Q u e m sabe se, en tre a ta^a qu e esvazias,
e ela de n ovo en ch id a , n ao te a sorte
in te rp o e o ab ism o?
X V III
XVII, a. Nao queiras, Lidia, construir no spa?o / que tu te eres futuro, ou prometer-te /
esta ou aquela vida. / Tu própria és tua vida. / Sonha teus sonhos onde os son
hos vivem. // Nao te destines. Nao te des futura. / Cumpre hoje, e a gestal taga
gasta / ínscia da que se segue / e inda vazia enches. II Quem sabe se entre a
taga que tu bebes / e a que queres que siga nao te a Sorte / nao interpoe, sábia,
/ toda [...]
xvn
XVIII
XX, a. Cuidas tu, loüro Flaco, que apertando / os teus estéreis, trabalhosos dias / em
feixes de hirta lenha, / cumpres a tua vida? / A tua lenha é só peso que levas /
para onde nao tens fogo a que aquecer-te, / nem levam peso ao colo / as som
bras que seremos. / Aprende calma com o céu unido / E com a fonte a ter unido
curso. / Nao sejas a clepsidra / que conta a hora dos outros. [11 -7-1914]
XX, b. «In Flaccum». Cuidas tu, louro Flaco, que cansando / os teus estéreis trabalho
sos dias / darás mais sorrisos ao campo / e mais sorrisos a Ceres antiga... / póe
mais vista em notares que tens flores / no teu jardim
Crees, ignaro, que cumples, apretando
tus infecundos, trabajosos días
en atados de leña,
sin ilusión, la vida.
5 Peso es sólo tu leña, que acarreas
donde u n fuego no habrá que te conforte,
ni tal carga a los hom bros
sufrirán nuestras sombras.
N o huelgas, por holgar. Si legas algo,
10 antes legues ejemplo que riquezas.
C orta basta la vida,
nada dura.
Poco usamos lo poco que tenemos.
L a obra nos cansa, el oro nunca es nuestro.
15 De nosotros la fam a
ríe; no la verem os
cuando, al fin acabados por las parcas,
seamos bultos solemnes de aire antiguo,
sombras ya sólo^
20 ante el fatal encuentro.
E l barco oscuro en el soturno río,
los nueve abrazos de la Estigia helada
y el regazo insaciable
de la plutonia patria.
XX, a. ¿Crees tú, rubio Flaco, que, apretando / tus tan estériles, trabajosos días / en
atados de leña / cumplir puedes tu vida? / Peso es sólo esa leña con que cargas
/ donde fuego no tienes que conforte; / cargar peso no pueden / las sombras
que seremos. / Aprende calma, con el cielo unido; / mantén, como la fuente,
unido el curso. / No seas la clepsidra / que la hora de otros cuenta. [11 -7-1914]
XX, b. «A Flaco». ¿Crees tú, rubio Flaco, que, cansando / tus tan estériles, trabajosos
días / más sonrisas podrás dar a los campos / y más sonrisas a la antigua
Ceres...? / Pon tu atención en ver que tienes flores / en tu jardín.
ODES II
ODAS II
M estre, sao plácidas
todas as horas
qu e n ós p erd em o s,
se n o p e rd é -la s,
qual n u m a ja rra ,
n ós p o m o s flores.
N ao há tristezas
n em alegrias
na nossa vida.
A ssim saibam os,
sábios in cau tos,
nao a viver,
m as d e c o r ré -la ,
tran q u ilo s, p lácid os,
te n d o as crianzas
p o r nossas m estras,
e os olh os cheios
de N a tu re za ...
A b e ir a - r io ,
á b eira -estra d a,
c o n fo rm e calha,
sem pre n o m esm o
leve descanso
de estar viven d o.
O tem p o passa,
nao n os diz nada.
E nvelhecem os.
Saibam os, quasi
M aestro, son plácidas
todas las horas
que aquí perdemos
si es que, al perderlas,
com o en un jarro,
ponemos flores.
N o h a y ni tristezas
n i alegrías
en nuestra vida.
10 Así, aprendamos,
sabios incautos,
a no vivirla,
sino pasarla,
tranquilos, calmos,
15 teniendo al niño
com o maestro
y de N atu ra
los ojos llenos.
D el río o la vía
20 siempre a la orilla,
según el caso,
siempre en el m ism o
leve descanso
de estar viviendo.
25 Calladam ente
el tiem po pasa.
Envejecem os.
Casi gustosos
m aliciosos,
se n tir-n o s ir.
N ao vale a p en a
fazer u m gesto.
N ao se resiste
ao deus atroz
que os p r ó p rio s filh o s
devora sem pre.
C o llia m o s flores.
M o lh em os leves
as nossas m aos
nos rio s calm os,
para a p ren d erm o s
calm a tam bém .
O deus Pá n ao m o rre u ,
cada cam po que m ostra
aos sorrisos de A p o lo
os peitos ñ us de C eres —
C e d o o u tarde vereis
sentir sepamos
nuestro ir pasando.
De nada sirve
hacer u n gesto.
N o se resiste
al dios im pío
35 que a sus hijos
devora siempre.
Cojamos flores.
Mojem os leves
y a nuestras manos
+o en calm os ríos,
para ir tom ando
de ellos su calma.
C ual girasoles
que al sol se vuelven,
4-5 nos m archarem os
sin que nos pese
de haber vivido
rem ordim iento.
12-6-1914
Pá co n tin u a a dar
os sons da sua flauta
aos ouvidos de C eres
recu m b en te n os cam pos.
V é m en tao te r co n n o sco
rem orsos e saudades
e sen tim en tos falsos.
É a presenga deles,
deuses que o d estro n á -lo s
to r n o u espirituais,
de m atéria vencid a,
lo n g ín q u a e inactiva.
V é m , in ú teis forgas,
solicitar em nós
as dores e os cansagos,
que n os tiram da m áo,
co m o a u m b éb ad o m ole,
a taga da alegria.
V é m fa ze r-n o s crer,
despeitadas ruin as
de prim itivas forgas,
5 N os asaltan entonces
rem ordim ientos, penas
y falsos sentimientos
al notar su presencia,
dioses que el destronarlos
10 transform ó en espíritus
de m ateria vencida,
inactiva y rem ota.
Vienen a convencernos
20 -despechadas ruinas
de prim itivas fú e rz a s-
E o p o e n te tem cores
da d o r d u m deus lo n g ín q u o
e ou ve-se so lu fa r
para além das esferas...
D e A p o lo o carro r o d o u p ra fo ra
da vista. A p o eira qu e levantara
fic o u en c h e n d o de leve névoa
o h o riz o n te
C á lid a e lo u ra , n ú b il e triste,
10 tu, m o n d ad eira dos p rados quentes,
que el m undo es más extenso
que lo visto y palpable,
para que así ofendam os
a Júpiter y a Apolo.
Y así, a la orilla
del terreno horizonte,
Hiperión, al crepúsculo,
llora el carro que Apolo
finalm ente le roba,
y el poniente se tiñe
del color de u n rem oto
dios cuyo llanto alcanza
más allá de los m undos...
N eera , passeem os ju n to s
só para n o s lem b ra rm o s d isto ...
D ep o is q u an d o en velh ecerm os
Sin amores n i odios ni pasiones que levantan la vo z,
ni envidias que im prim en demasiado m ovim iento a los ojos,
15 ni cuidados, porque aun teniéndolos correría el río
y acabaría por salir al mar.
Paseemos, N eera,
paseemos, juntos, para recordarlo...
Así después, cuando envejezcam os
e n e m os D euses p u d e re m
dar c o r as nossas faces
e m o cid ad e aos nossos coios,
le m b re m o -n o s , á lareira,
c h eiin h o s de pesar
o ser q u eb rad o o fio ,
le m b re m o -n o s , N eera,
de u m dia te r passado
sem n o s term os a m a d o ...
M as tal co m o é , gozem os o m o m en to ,
solenes n a alegría levem en te,
e agu ard and o a m o rte
com o q u em a con h ece.
y ni los dioses puedan
5 dar de nuevo color a nuestro rostro,
m ocedad a nuestro pecho,
recordem os, sentados al hogar,
llenos de pesadum bre, que se haya
y a quebrado ese hilo.
10 Recordem os, N eera,
que pasamos u n día
sin am arnos...
12-6-1914
7 .
b u scan do o m ín im o de d o r o u gozo,
b e b e n d o a goles os instantes frescos,
tran slú cid o s co m o água
em tajas detalhadas,
P o u co táo p o u co pesará n os b ra jo s
com que, exilados das supernas luzes,
scolberm os do que fo m o s
o m e lb o r p ra lem b ra r
IO
10
II
11
que q u an d o te p u serem
ñas m áos o ó b o lo ú ltim o ,
Q u e tr o n o te q u erem dar
q u e A tro p o s to n ao tir e ?
Q u e lo u ro s que n áo fa n em
10 n os arb itrio s de M in o s?
q ue serás q u an d o fores
n a n o ite e ao fim da estrada?
12, a. Náo tenhas nada ñas máos / nenhuma memoria na alma // que quando te
puserem I ñas máos o óbolo último / nada terás deixado / na térra atrás de ti, //
tu serás só tu-próprio / e Minos ou Plutáo // náo poderáo roubar-te / o que
nunca tiveste. II Que trono te querem dar I que Átropos to náo tire? II Que
Coroa que náo fane / no arbitrio de Minos? II Que horas que náo te tornem / da
estatura da sombra // que serás quando fores / o fim da tua estrada? / Colhe as
flores. Abdica / e sé rei de ti-próprio.
N o guardes nada en las manos,
n ingún recuerdo en el alma.
14
14
valeráo as cancdes
co m que o u tro ra en tre as verdes ervas rijas
d izíam os ao sol
o ave atque vale triste e alegre,
10 solenes e carp in d o .
P o r ora o o u to n o está c o n n o sco ainda.
Se ele nos n áo agrada
a m em o ria do estio cotejem os
com a esp’ran za hiem al.
15 E en tre essas dádivas m em orad as
rio en vales passem os.
17-7-1914
15
15
16
16
q ue q u an d o n os o p rim a n ós sejam os
esse que n os o p rim e,
e q u an d o en trem os p ela n o ite d en tro
p o r nosso p é en trem os.
De nuestra sem ejanza con los dioses
por nuestro bien quitemos
suponernos deidades exiliadas,
poseyendo la Vida
por una autoridad originaria
y coeva de Jove.
N ó s, im ita n d o os deuses,
táo p o u c o livres com o eles n o O lim p o ,
co m o q u em pela areia
ergue castelos para en ch er os olh os,
ergam os nossa vida
e os deuses saberao agrad e ce r-n o s
o serm os táo com o eles.
L ibertad sólo ésta nos conceden
los dioses: someternos
voluntariam ente a su dom inio.
M ejor así, pues sólo
en su ilusión creyendo realm ente
la libertad existe.
B em sei, ó flava* qu e in d a
n os to llie a vid a o co rp o ,
e n áo tem os a m ao
10 o n d e tem os a alma;
b em sei que m esm o aqui
se n os gasta esta carne
que os deuses con ced eram
ao estado antes de A v e rn o .
21
21
D e ix a i-m e a R ealid ad e do m o m en to
e os m eus deuses tran q u ilo s e im ed iatos
q u e n áo m o ram n o In certo
mas n os cam pos e rio s.
In ú teis p ro co s do m e lh o r q u e a vida,
deixai a vid a aos crentes m ais antigos
q u e a C risto e a sua cruz
e M aria ch o ra n d o .
22
22
e n a nossa m em o ria co lo q u em o s,
co m u m deus n ovo du m a n ova térra
tr a z id o , o qu e fic o u em n ó s da calm a
d o dia passageiro.
23
E lo n g e da crista sensualidade
que a casta calm a da b eleza antiga
nos restitua o antigo
sen tim en to da vida.
N o turbulenta, sino con sus ritm os,
nuestra sensación com o un a ninfa
acompañe e im pulse, en sus cadencias,
el rig o r de la d a n za ...
23
G o m o q u em vé u m D eu s e n u n ca ousa
a m á -lo m ais que com o a u m D eu s se ama
d ian te da beleza
fa^ am o-n os sob rio s.
E de tu d o tirem os a b eleza
co m o a p rese n ta altiva e en co b erta
dos deuses, e o sen tid o
calm o e im o rta l da v id a ...
N o com o ante doncella o m u jer viva,
mas con calor en su belleza hum ana,
la belleza m irem os
inm ortal, fijamente.
26
E m G eres an oitece.
N os p ín ca ro s ainda
faz luz.
S in to -m e táo grand e
nesta h o ra solene
agora eu q uisera
que u m deus existisse
de m im .
Pasa la vid a en ve r pasar la de otros,
capullos de un esfuerzo nunca abierto,
en sem ejanza antigua con los dioses
que andan por los campos
enseñando al que no ignora la Parca
cóm o debe la vid a usar, y cóm o
otro uso h a y que agrícola del campo,
y otro de las fuentes
que beber a la hora de la sed.
Pasa así pues la vida, destruyendo
lo que ayer se tejió,
tristes Penélopes.
26
E n Ceres anochece.
Sobre las cum bres hay
lu z todavía.
yo ahora quisiera
que un dios existiese,
sí, de m í.
A n tes de n ós n os m esm os arvored os
passou o ve n to , q u an d o havia ven to,
e as folhas n ao falavam
de o u tro m o d o d o q u e h o jé .
Se aq u i, á b e irá -m a r, o m eu in d ic io
n a areia o m ar com on d as tres o apaga,
q u e fará n a alta p raia
em que o m ar é o T e m p o ?
28
28
29
29
5 T ir e m , mas d eix em -m e,
d eix em -m e apenas
a co n scien cia lú cid a e solen e
das coisas e dos seres.
P o u co m e im p o rta
10 am o r o u glo ria .
A riq u eza é u m m etal, a g lo ria é u m eco
e o am o r urna som bra.
Mas a concisa
atengao dada
15 as form as e as m aneiras dos ob jectos
tem abrigo seguro.
Seus fu n d a m en to s
sao to d o o m u n d o ,
seu a m o r é o p lá cid o u n iverso,
20 sua riq u eza a vida.
A sua g lo ria
é a suprem a
certeza da solen e e clara posse
das form as dos ob jectos.
25 O resto passa,
e tem e a m o rte.
M e retiren los dioses,
en su arbitrio
superior, sí, y urdido ocultam ente,
amor, gloria y riqueza.
Su gloria es
la suprem a
certeza de poseer, clara y solemne,
las form as del objeto.
E l resto pasa
y a la m uerte teme.
Só n ad a tem e o u sofre a visáo clara
e in ú til d o U n iv erso .
Essa a si basta,
n ad a deseja
salvo o o rg u lh o de ver sem p re claro
até deixar de ver.
31
B ocas roxas de v in h o ,
testas brancas sob rosas,
ñus, b ra n co s antebrazos
deixados sob re a mesa:
tal seja, L id ia , o q u ad ro
em que fiq u em o s, m u d os,
etern am en te in scritos
na co n scien cia dos deuses.
Só os deuses so co rre m
co m seu exem plo aqueles
que n ad a m ais p reten d e m
q u e ir n o r io das coisas.
Sólo un a clara e inútil nada teme
visión del Universo.
31
T u d o o qu e é sério p o u co n os im p o rte ,
70 o grave p o u co pese,
o n atu ra l im p u lso dos in stin to s
que ceda ao in ú til gozo
(sob a som b ra tran q u ila d o arvored o)
de jo g a r u m b o m jo g o .
33
??
34
tu d o lh e é nada, e o p r ó p r io p e g u reiro
q u e passa, fin d a a tarde,
sob a árvore o n d e ja z q u em fo i a som b ra
im p e rfeita de u m deus,
34
A realidade
sem p re é m ais o u m en os
do que n ós q u erem os.
S ó n ós som os sem pre
10 iguais a n ó s -p r ó p r io s .
V e de lo n g e a vida.
N u n c a a in terro g u es.
E la nada p o d e
d iz e r-te . A r e s p o s ta
20 está além dos deuses.
M as seren am ente
im ita o O lim p o
n o teu coragáo.
O s deuses sao deuses
25 p o rq u e n ao se pensam .
1-7-1916
Sigue el destino,
riega tus plantas,
am a tus rosas.
De árbol ajeno
5 el resto es sombra.
L o real es siempre
o más o menos
de lo que ansiamos.
Sólo nosotros
10 iguales somos.
G rande y suave
es v iv ir sólo.
V ivir y basta.
Q ue el dolor sea
15 al fin tu ofrenda
C o n se g u í qu e esta h o ra
sacrificasse ao O lim p o .
E escrevi estes versos
p ra qu e os deuses voltassem .
12-9-1916
38
A O lim po consagrada
sacrifico esta hora.
Así escribo, buscando
que los dioses retornen.
12-9-1916
38
38, a. Nao a ti, Cristo, odeio ou menos prezo / que aos outros deuses que te precede-
ram / na memoria dos homens./ Nem mais nem menos és, mas outro deus. // No
Panteáo faltavas. Pois que vieste / no Panteáo o teu lugar ocupa, / mas cuida nao
procures / usurpar o que aos outros é devido. //Teu vulto triste e comovido sobre
/ a stéril dor da humanidade antiga / sim, nova pulcritude / trouxe ao antigo pan
teao incerto. // Mas que os teus crentes te nao ergam sobre / outros, antigos
deuses que dataram / por filhos de Saturno / de mais perto da orige' igual das
coisas, / / e melhores memorias recolheram / do primitivo caos e da Noite / onde
os deuses nao sao / mais que as estrelas súbditas do Fado. [9-10-1916]
38, b. Nao a ti, mas aos teus, odeio, Cristo. / Tu nao és mais que um deus a mais no
eterno / Panteáo que preside / á nossa vida incerta. // Nem maior nem menor
que os novos deuses, / tua sombría forma dolorida / trouxe algo que faltava / ao
número dos divos. // Por isso reina a par de outros no Olimpo, / ou pela triste
térra se quiseres / vai enxugar o pranto / dos humanos que sofrem. // Nao ven-
ham, porém, stultos teus cultores / em teu nome vedar o eterno culto / das pre
sentas maiores / e eguales da tua. I I A esses, sim, do ámago eu odeio I do
crente peito, e a esses eu nao sigo, / supersticiosos leigos / na ciencia dos deu
ses. //A h , aumentai, nao combatendo nunca. / Enriquecei o Olimpo, aos deuses
dando / cada vez maior forga / pío número maior. II Basta os males que o Fado
as Parcas fez / por seu intuito natural fazerem. I Nós homens nos fagamos / uni
dos pelos deuses. [9-10-1916]
Sólo siendo así m últiples, podrem os
estar solos, al fin, con la verdad.
38, a. No a ti, Cristo, te odio o menos precio / que a los otros precedentes dioses / que
del hombre aún están en la memoria. / Otro dios eres tú, ni más ni menos. // En
el Panteón faltabas. Pues viniste, / en el Panteón tu lugar ocupa, / mas cuida no
procures / usurpar lo que a otros es debido. //Tu triste rostro conmovido, sobre
/ el antiguo y estéril de los hombres / dolor, nueva pureza / trajo al antiguo pan
teón incierto. // Pero que tus creyentes no te eleven / sobre los otros dioses más
antiguos, / los datados como hijos de Saturno, / más cerca del origen de las
cosas, II que mejores memorias recogieron / del primitivo caos y la Noche /
donde no son los dioses / sino estrellas súbditas del Hado. [9-10-1916]
38, b. No a ti, a los tuyos odio, Cristo. / Tú no eres sino un dios más del eterno / Pan
teón que esta nuestra / vida incierta preside. // Ni mayor ni menor que otro dios
nuevo, / tu sombría forma dolorida / trajo algo que aún faltaba / en lo divino. II
Reina pues con los otros del Olimpo, / o por la triste tierra, si quisieres, / ve a
enjugar el llanto / de los hombres que sufren. II Pero no vengan tus cultores
necios / en tu nombre a vedar eterno culto / de a la tuya iguales / o mayores
presencias. // A esos, sí, con mis entrañas odio / desde el creyente pecho, y no
los sigo, / legos supersticiosos / del saber de los dioses. II ¡Ah, aum entad, no
combatiendo nunca! / Acreced el Olimpo con más dioses, / dándoles mayor
número / cada vez mayor fuerza. II Basta el mal que hizo el Hado que las Parcas
/ por propio instinto natural hicieran. / Hombre somos, unidos / por los dioses
seamos. [9-10-1916]
S o fr o , L id ia , do m ed o do d estin o.
Q u a lq u e r p e q u e ñ a coisa de o n d e p o d e
b ro ta r urna o rd em nova em m in h a vida,
L id ia , m e aterra.
5 Q u a lq u e r coisa, qu al seja, que tran sfo rm e
m eu p la n o curso de existencia, em b ora
para m elh ores coisas o tran sfo rm e,
p o r tran sfo rm ar
o d e io , e n ao o q u e ro . O s deuses dessem
10 que in in te rru p ta m in h a vida fosse
urna p la n ic ie sem relevos, in d o
até ao fim .
A g lo ria em b o ra eu n u n ca haurisse, o u n u n ca
am o r o u ju sta estim a d essem -m e ou tros,
15 basta que a vida seja só a vida
e que eu a viva.
26-5-1917
39, a. Sofro, Lidia, do medo do destino. / A leve pedra que um momento ergue / as
lisas rodas do meu carro, aterra / meu coragáo. / Tudo quanto me ameace de
mudar-me / para melhor que seja, odeio e fujo. / Deixem-me os deuses minha
vida sempre / sem renovar / meus dias, mas que um passe e outro passe /
ficando eu sempre quasi o mesmo, indo / para a velhice como um dia entra / no
anoitecer.
Sufro, Lidia, de m iedo del destino.
Toda m ínim a cosa donde pueda
orden nuevo brotar, aquí, en m i vida,
Lidia, todo m e aterra.
Cualquier cosa que sea, que transform e
el plano transcurrir de m i existencia
aún para mejor, que la transform e
po r transform ar. N o quiero,
odio ese cam bio. ¡Oh, si los dioses dieran
10 que ininterrupta, sí, m i vid a fuese
com o un a planicie sin alturas,
yendo hasta el fin. L a gloria
no, que nunca a la gloria yo aspirara
ni am or ni justa estim a otros m e dieren.
15 Basta con que m i vid a sólo sea
vida, y que yo la viva.
26-5-1917
39, a. Sufro, Lidia, de miedo del destino. I La leve piedra que un momento eleva / las
lisas ruedas de mi carro, aterra / mi corazón. / Todo cuanto amenace con
mudarme, / aun para mejor, odio y rehúyo. / Dejen los dioses pues mi vida siem
pre / sin renovarse / mis días, que uno pase y otro pase / siempre yo siendo casi
el mismo, yendo I a la vejez igual que el día empieza / a anochecer.
Sé o d o n o de ti
sem fechares os olh os.
N a d u ra m ao aperta
co m u m tacto apertad o
S o m u n d o exterio r
co n tra a palm a sen tin d o
o u tra coisa que a palm a.
1-8-1918
41
41
42
42
43
+3
In d ife re n te a m im e eu a ela,
10 a n atureza deste dia calm o
fu rta p o u co ao m eu senso
de se esvair o tem p o .
44
44
46
46
47
A i, ao m en os, só p o r in im ig o s
os grand es deuses e o D estin o ostentas.
N a o há a d u p la d erro ta
da d erro ta e vileza.
de sentir el am or no sé decirlo,
con lo que, si hablo, hablo de los campos,
y, en dueto conm igo,
am or discurre.
+7
48
U m verso repete
urna b risa fresca,
o veráo n os cam pos,
e sem gen te ao sol
5 o átrio da alm a.
O u , n o in v ern ó , ao lo n g e
os cim os de neve,
á lareira toadas
dos con tos b erdad os,
10 e u m verso a d iz é -lo .
O s deuses co n ced em
p o u co s m ais prazeres
q ue estes, que sao nada.
M as tam bém co n ced em
15 n ao q u ere r ter o u tro s. 29-1-1921
15 expilo, infiel siervo
de la m ente inmensa.
48
Un verso repite
■una brisa fresca;
en el campo estío
y, al sol y solo,
5 el solar del alma.
O en invierno, lejos,
las nevadas cumbres;
ju n to al lar los cantos
de los viejos cuentos
10 que nos dice el verso.
50
50
E m vao p r o c u ro o b e m qu e m e n egaram .
A s flo res dos ja rd in s dadas aos ou tro s
co m o h a o -d e m ais que p e rfu m a r de lo n g e
m eu desejo de té -la s?
12-5-1921
53
53
52
53
Se pudéssem os p ó r o p en sam en to
10 com esta visáo ad en tro á vida
que havem os de ter n aq u ela h o ra ,
estranhos olharíam os
54
C ad a u m cu m p re o d estin o q u e lh e cu m pre,
e deseja o d estin o que deseja;
n e m cu m p re o que deseja,
n em deseja o que cu m p re.
N ao ten h am os m e lh o r co n h ecim e n to
10 do que n os co u b e que de que n o s cou b e.
no conociendo a aquel que será entonces
el que somos ahora.
54
56
Q u e r o , da vida, só n ao co n h e c é -la .
Bastam , a q u em o Fado po s n a vida,
as form as sucessórias
da vid a insu bsistente.
55
56
57
57
A n te s m o p rom etáis
sem m o dardes, que a perd a
será m ais n a sp eran fa
que n a re c o rd a fa o .
59
Vossa fo rm o sa ju v e n tu d e leda,
vossa felicid a d e pensativa,
vosso m o d o de o lh a r a q u em vos olha,
vosso n ao co n h ecer-v o s —
59
60
61
60
61
62
63
62
63
64
65
64
65
64, a. Breve vida consciente / de quien otra persigue, / la repetida imagen / de abismo
de perderla. [22-10-1923]
A v id a é p o u co e cerca -a
a som b ra e o se m -re m é d io .
N ao tem os regras que co m p reen d a m o s,
súb d itos sem go vern o .
66, a. A folha Insciente, antes que própria morra / para nós morre, Cloe, / para nós,
que sabemos que ela morre, / assim, Cloe, assim / antes que os próprios corpos,
que empregamos / no amor, ela envelhece. / Assim, diversos, somos, inda
jovens, / só a mútua lembranga. / Ah, se o que somos é sempre isto, e apenas /
uma hora é o que somos, / com tal excesso e fúria em cada amplexo / a hausta
vida ponhamos, / que a memoria haja vida; e nos beijemos / como se, findo o
beijo / único, houvesse de ruir a súbita / mole do total mundo. [27-10-1923]
Sobre su amor
66, a. Inconsciente la hoja, antes que muera, / para nosotros antes muere, Cloe, / pues
sabemos que muere, / Cloe, así. / Antes que el propio cuerpo que empleamos /
Cloe, sí, en el amor, ella envejece. / Por ser distintos, somos, aunque jóvenes, /
sólo el mutuo recuerdo. / Ya que aquello que somos sólo es esto, / siendo escasa
una hora, / con exceso y con furia en cada abrazo / agotemos la vida. / Viva
pues la memoria, y sea el beso / como un único beso que, acabando, / de
repente viniera a derrumbarse / la gran mole del mundo. [27-10-1923]
Se em verdade n ao sabes (n em sustentas
que sabes) que há n a vida m ais qu e a vida,
p o rq u e co m tanto esforgo e cu ra tanta,
te afasias de viv é -la ?
69
N ao in q u iro d o a n ó n im o fu tu ro
q ue serei, p o is que te n h o ,
q u alq u er que seja, que v iv é -lo . T ir o
os o lh o s do v in d o u ro .
5 O d e io o que n ao vejo. Se pudesse,
n u m b áratro v é -lo ,
d eix a ra -o . V iv o a vida
que te n h o , e fech o a p o rta .
4 - 11-1923
70
H o ra a h o ra n ao d u ra a face antiga
dos rep etid o s seres, e h o ra a h ora,
p en sa n d o , en velh ecem os.
T u d o passa ig n o ra d o , e o qu e, sabido,
5 fica sabe que ig n o ra, p o ré m nada
to rn a , cíen te o u n éscio.
Pares, assim, do que n ao som os pares,
Tan pronto pasa todo cuanto pasa!
¡Tan joven m uere ante los dioses cuanto
m uere! ¡Todo es tan poco!
N ad a se sabe, todo se im agina.
5 Rodéate de rosas, am a y bebe.
Calla, sí. E l resto es nada.
3-11-1923
69
70
N ao to rn a atrás a n egregada p ro le
nascida de S atu rn o ,
n em to d o s deuses im p lo rad o s volvem
q u em fo i á lu z que vem os.
5 M o ra m o s, hospedes n a vida, e vam os
p o r f o r ja d espedidos,
á n o ite d o n d e viem os p e rd e r o dia.
16 - 11-1923
72
72
73
N ao perscru tes o a n ó n im o fu tu ro ,
L id ia ; é igu al o fu tu ro p erscru tad o
ao que n ao perscrutarás,
q u em o d eu , o d eu feito .
74
7?
74
75
76
75
76
78
77
78
79
80
8l
79
80
81
82
83
82
8?
84
N e m re ló g io parad o, n em a falta
da água em clepsidra, o u n a am pu lh eta cheia,
tira m o tem p o ao tem p o .
30-1- 1927
85
86
84
85
86
A trá s n ao to rn a , n em , co m o O r fe u , volve
sua face, S atu rn o .
Sua severa fro n te reco n h e ce
só o lu gar do fu tu ro .
5 N ao tem os m ais d ecerto que o instan te
em que o pensam os certo.
N ao o p en sem os, p o is, mas o fa ja m o s
certo sem p en sam en to.
31-5-1927
88
88
90
90
91
92
Q u a n to s gozam o go zo de gozar
sem que go zem o go zo, e o d ivid em
en tre eles e o que os ou tros
véem que gozam eles.
5 A h , L id ia , as vestes do go zar o m ite,
que o go zo é u m , se é go zo, n em o dam os
aos ou tro s co m o p ré m io
de n o s verem go zan d o.
C ad a u m é ele só, e se co m ou tros
M anos rocé, no alm a, y aquí yacen.
¡Hom bre soy, lloro u n cuerpo!
91
92
93
94
95
93
94
95
96
97
96
97
98
Nirvana
98
Nirvana
N o y a inconsciencia y tiniebla
sino estrellas v o y a abrir,
m irar de ojos que m e eleva;
soñando estoy el dorm ir.
Constelada inexistencia
donde vid a es sólo aquella
m i al fin abstracta inconsciencia,
un a con cielo y estrellas.
D o c e é o fru to á vista, e á b o ca am aro,
b reve é a vid a ao tem p o e lo n g a á alm a.
A arte, com que tod o s,
— ora sem saber vira n d o o co p o vil,
5 ora, e n c h e n d o -o s, cientes — n o s ousam os,
chegada a n o ite, d esp ir.
20-2-1928
IO O
IOI
100
101
103
104
G o m o u m m en d igo a q u em é d ado o n om e
de re i, n ao com e d ele, mas d o prato
d o rei, m in h a sp eran fa
Ingloriosa es la vida, y conocerla.
¡Cuántos, si piensan, no se reconocen
ser los que conocieron!
A cada hora se m uda no la hora,
5 sino lo visto en ella; así la vid a
pasa, en v iv ir y ser.
26-+-1928
103
10 +
X06
106
108
109
108
109
N e g u e -m e tu d o a sorte, m en o s v é -la ,
que eu, stóico sem dureza,
n a se n te n ja gravada d o D estin o
q u ero go zar as letras.
21-11-1928
III
112
Se r e c o rd o q u em fu i, o u tre m m e vejo,
e o passado é u m presen te n a le m b ra n ja .
Q u e m fu i é algu ém que am o
p o ré m som ente em so n h o .
5 E a saudade q u e m e aflige a m en te
n ao é de m im n em do passado visto,
senáo de q u em habito
p o r trás dos olh os cegos.
N ada, senáo o instan te, m e co n h ece.
10 M in h a m esm a le m b ra n ja é nada, e sinto
Todo niegue Fortuna menos verla
que, estoico y sin dureza,
de sentencia grabada por el Hado
quiero go zar las letras.
21-11-1928
111
112
113
Q u a n d o , L id ia , vier o n osso o u to n o
com o in v ern ó qu e há n ele, reservem os
u m p en sa m en to , nao para a fu tu ra
prim avera, que é de ou trem ,
5 n em para o estío, de q u em som os m ortos,
senáo para o que fica do que passa —
o am arelo actual qu e as folhas vivem
e as to rn a d iferen tes.
13 - 6-1930
114
T é n u e , com o se de E o lo a esquecessem ,
a b risa da m anh a titila o cam po,
e há c o m e to do sol.
N ao desejem os, L id ia , nesta h o ra
5 m ais sol do que ela, n em m ais alta b risa
q ue a qu e é p eq u eñ a e existe.
13-6-1930
quien fu i y quien soy
com o distintos sueños.
113
114
I l6
N ao sei de q u em m em o ro m eu passado
que o u tre m fu i q u an d o o fu i, n em m e c o n h e fo
co m o sen tin d o com m in h a alm a aquela
alm a qu e a sen tir le m b r o .
5 D e dia a o u tro n os desam param os.
N ad a de verd a d eiro a n ós n os u n e .
S om os q u em som os, e q u em fo m o s fo i
coisa vista p o r d en tro .
2 - 7-1930
117
Q u e m fu i é extern o a m im . Se le m b ro , vejo;
e ver é ser a lh eio . M eu passado
só p o r visáo relem b ro .
A q u ilo m esm o qu e sen ti m e é claro.
E n breve cifra de sus doce meses
el año pasa. Breves son los años,
pocos dura la vida.
¡Qué son doce o sesenta en la floresta
5 de los núm eros, y cuán poco falta
para el fin del futuro!
Dos tercios ya, tan rápido, del curso
que m e im ponen correr, desciendo, paso,
y acabo, en breve tiempo.
18- 6-1930
116
117
1x8
119
D é b il n o vicio , d éb il n a virtu d e
a h u m a n id a d e d éb il, n em n a fú ria
co n h ece m ais que a n o rm a .
118
119
121
Q u e r p o u c o : terás tu d o .
Q u e r nada: serás livre.
O m esm o am o r que ten h am
p o r n ós, q u e r-n o s , o p rim e -n o s .
1-11-1930
122
N ao só q u em n o s od eia o u n os inveja
n os lim ita e o p rim e; q u em n os ama
n ao m en os n os lim ita.
121
122
123
124
125
N o m u n d o , só co m igo , m e deixaram
os D euses que d isp ó em .
N ao posso c o n tra eles: o qu e deram
aceito sem m ais nada.
Q uien poco quiere tiene todo. L ibre
el que nada. Sin nada y sin deseos
se es igual a los dioses.
12?
124
125
126
127
126
127
129
130
D o m in a o u cala. N ao te percas, d an d o
a q u ilo que n ao tens.
Q u e vale o C ésa r que serias? G oza
b astar-te o p o u co que és.
M e lh o r te aco lh e a v il ch o u p a n a dada
que o palácio devido.
2 7 -9 -I9 3 I
Q uien eres no serás, que tiem po y suerte
te m udarán en otro.
Pues, ¿para qué em peñarte en ser aquello
que no habrás de ser nunca?
5 Tuyo es lo que eres, lo que tienes.
¿De quién lo que tendrías?
22-9-1931
129
130
132
133
132
133
135
135
137
138
137
138
139
140
141
1 19
140
141
1 42
143
142
145
146
145
146
147
Q u e r o ig n o ra d o , e calm o
p o r ig n o ra d o , e p r ó p rio
p o r calm o, en ch er m eus dias
de n ao q u ere r m ais deles.
A o s que a felicid ad e
10 é sol, virá a n o ite.
M as ao qu e nada spéra
tu d o que vem é grato.
2 -3 -1 9 3 3
que de viento la hierba.
Y si las blancas nubes sobre el cielo
se m ueven, más parece
que es la tierra quien gira velozm ente
y ellas van altas, lentas.
Aquí, en este sosiego dilatado,
m e olvidaré de todo.
N i huésped será de eso que conozco
m i vida: un desrecuerdo.
Así mis días su decurso falso
gozarán verdadero.
147
Feliz o a q u em , p o r te r em coisas m ín im as
seu p ra zer p o sto , n e n h u m dia nega
a n atu ra l ventura!
I4 -3 -I9 3 3
149
o p ra zer do m o m en to an tep on h am os
á absurda cu ra d o fu tu ro , cuja
certeza ú n ic a é o m al presente
co m que o seu b e m com p ram o s.
A m a n h á n ao existe. M eu som en te
é o m o m e n to , eu só q u em existe
neste instan te, que p o d e o d erra d eiro
ser de q u em fin jo ser?
Cada día sin goce no fue tuyo,
Sólo duraste en él, pues cuanto vivas
sin gozarlo, no vives.
149
151
152
151
152
P eren e flu i a in te rm in á b e l h o ra
10 que n o s confessa n u lo s. N o m esm o hausto
em que vivem os m o rre re m o s. G o lh e
o dia, p o rq u e és ele.
28-8-1933
153
153
G o ro a de rosas,
5 co ro a de lo u ro s,
de nada n os servem .
Q u e o ven to n os possa
tocar n os cábelos,
c o ro a r -n o s a fron te!
10 Q u e a fr o n te despida
possa re c lin a r-se ,
serena, o n d e durm a.
C lo e ! N ao con llevo
m e lh o r alegria
15 que esta fr o n te lisa.
19-11-1933
155
A g u a rd o , eq u án im e, o qu e n ao co n llevo —
m eu fu tu ro e o de tu d o .
N o fim tu d o será silen cio , salvo
o n d e o m ar b an h a r nada.
13-12-1933
C orona o tiara
no es sino peso
en la frente, antes lisa.
¡Pueda el viento
rozarnos los cabellos,
coronarnos la frente!
10 ¡Desnuda pueda
la frente reclinarse,
donde duerm a, serena!
N o conozco, Cloé,
m ejor contento
15 sino esta frente, lisa.
19-11-1933
155
157
V ivem em n ós in ú m ero s;
se p en só o u sin to, ig n o ro
q u em é que pensa o u sente.
S o u som en te o lugar
5 o n d e se sente o u pensa.
O s im p u lsos cruzados
do que sin to o u nao sin to
disputam em q u em sou.
I g n o r o - o s . N ad a ditam
15 a q u em m e sei: eu escrevo.
Cuanto veo lo am o, por dejar
cualquier día de verlo,
y tam bién porque es.
E n el sobrio intervalo en que m e siento,
5 por amar, más que ser,
am o que sea todo y que y o sea.
M ejor no m e darían, si volviesen
los prim itivos dioses,
que, a su ve z, nada saben.
11-10-1934
157
159
C ad a u m é u m m u n d o ; e co m o em cada fo n te
urna d eid ade vela, a cada h o m e m
p o rq u e n ao h á -d e haver
u m deus só de ele h o m e m ?
160
159
160
162
C o n te m p la já o estéril e lo n g ín q u a
das coisas próxim as, d eixem os qu e ela
olh e até n ao ver nada
co m seus cansados olhos.
E c o m o as h em ad ríad es constantes
m u rm u ra m p elos ru m os das florestas
Com o ese infante que arrabiado duerm e
fu i yo. H o y sé que h ay m uerte.
Lidia, anchas copas por llenar tenemos,
de nuestro amor, que tarda.
Sea cual sea am or o copa, pronto
cesa. L id ia, apresúrate.
162
163
d u m só m o m en to , L id ia , em qu e afastados
das terren as angústias receb em os
olím picas delicias
d en tro das nossas alm as.
163
164
164
165
166
165, a. Flor que colho, ou que deixo, / teu Destino é o mesmo. //V ia que trilho, chegas
/ só até onde chego. // Nada somos que valha, / somo-lo com mais // que só os
dias [...]
15 Y es que m i am or en ella no reside,
no, sino en que am o sólo.
165
5 N ad a somos valioso,
que más que en vano somos.
166
165, a. Flor que yo cojo o dejo, / tu Destino es idéntico. //V ía que abro, llegas / tan
sólo a donde llego. I I Nada somos valioso, / pues que sólo con más // días lo
somos.
Mas con ta tu as tuas p ró p ria s horas,
á tua espera d á -te in certa N aiad e [?]
que a p o rta [?] te n ao dá
tua legada v id a ...
G o n d escen d en te p ’ ra c o n tigo p ró p ria ,
deixa aos certos Letes de fu g ir
vive co m a verdade
n o instan te dos d em o n io s [?]
que alhures a saber preso co m deles
o céu do Fado, gozam a d elicia
altiva de viverem
o n d e gu ardam suas vidas.
167
M e u gesto qu e destrue
a m o le das form igas,
to m á - lo - á o elas p o r de u m ser d ivin o;
mas eu n ao sou d ivin o para m im .
Seja qu al f o r o certo,
m esm o para com esses
que erem os serem deuses, n ao sejam os
in teiro s n u m a fé talvez sem causa.
Sí, pero cuenta tú tus propias horas
que tu espera te da, N áyade incierta,
y la puerta no da,
legada vid a...
Contigo m ism a al fin condescendiente,
deja a los ciertos Letes en su fuga,
con la verdad viviendo
en sus demonios
que, sabiendo ligado con el suyo
del Hado el cielo, gozan la delicia
de viv ir, donde guardan,
altam ente, sus vidas.
167
169
170
169
170
172
173
172
173
175
176
175
176
178
T o m b a i m an ceb os, o v in h o em n o b re ta fa
10 e o b r a fo n u c o m que o en to rn á is fiq u e
n o lem b ra n d o olh ar
u m a státua de h o m e m a p o n ta n d o .
178
N ad a p o d e n d o con tra
o ser qu e m e fizeram ,
desejo ao m en os qu e m e haja o Fado
d ado a paz p o r d estin o.
D a verdade n ao q u ero
m ais que a vida; que os deuses
dáo vid a e n ao verd ad e, n em talvez
saibam qu al a verd ad e.
180
N ad a pudiendo contra
ese ser que m e hicieron,
deseo al m enos que m e haya el Hado
dado paz por destino.
De la verdad no quiero
sino vida; los dioses
vid a dan, no verdad, tal v e z n i saben
cuál la verd ad sería.
180
N ao n o vago qu e m al véem
o rla m isteriosam en te os seres,
mas n os detalhes claros
estáo seus olíaos.
182
182
184
185
N em d estin o sabido,
som os cegos, qu e véem só q u em tocam .
186
N ó s ao igu al destin o
in igu ais p erten cem o s.
187
18 +
Q ue está fuera de m í,
eso es cuanto sé del Universo.
185
N o h a y destino sabido,
somos ciegos, que ven sólo a quien tocan.
186
187
189
189
II. E n esta oda se abre la tem ática que resulta central en todo
el libro: la r e fle x ió n - d a d a en el reflejo m an ifiesto en el
cuerpo y en las c o s a s - del pensam ien to de la « v id a
b reve» (d e trad ició n p o ética - y n o sólo p o é tic a -
rom an a). De ahí se deriva - t a l com o verem os en poem as
y textos su cesivos- un a m elancólica llam ada (co m o in v i
tación, com o ad verten cia) frente a la decadencia in evita
ble a g o za r del instante pasajero en las distintas form as y
matices que en los m odelos clásicos adopta —« co llig e virgo
ro sa s» , « ca rp e d iem » - esa dialéctica de la fin itu d , con sus
sím bolos m ás h abitu ales ( p o r ejem plo, el m o tiv o de las
flo re s). D ich o aviso, en p rin cip io d irig id o a d iferen tes
n om bres (L id ia , N e era , C lo e ) - m á s que p e rso n a je s-
fem eninos, se extenderá después inn om in ada - c ie r to que
en contadas ocasion es- hacia figuraciones del e fe b o .- E n
lo que hace a la referencia, que se repite en m uchos de los
textos, a los dioses pagan os, unas veces se apoya en sus
‘historias’ —puede consultarse a ese respecto el «G losario
de figu ra s m ito ló g ica s» que hem os in clu id o al fin a l del
lib r o - , y otras en cam bio en sus avatares o, con frecu en
cia, en sus advocaciones. Así, en el verso 7 de la oda, vale
«A polo», sin duda, com o « s o l» .- T exto datado a 11- 7-14
en la ed ición pu b lica d a en A tica , que presenta, en el
cuerpo de su apéndice, dos varian tes significativas. Verso
9 : «A sí, hagam os n u eva v id a u n d ía» . V. 10: «inscien tes,
L id ia, sosegadam ente».
VI. L a referencia al baile de las ninfas al que aquí se rem ite a los
«m uchachos» -re p e tid a en poem as su cesivos- tiene sin
duda procedencia clásica. C ierto adem ás que, en segundo
térm ino, las ‘bailadas’ galaicoportuguesas propias de las
cantigas m edievales son un a segunda tradición que podría
im pregnar esta poética. L a del ritm o - y el verso así cread o-
fruto de una alegría natural, ‘inconsciente’ y libre de tem o
res. E xp resión m anifiesta y espontánea de la ecuación de
vid a y poesía. Texto datado a 9 - 8-14 en la edición publicada
en Atica. Es el prim ero, pues, en ser com puesto, si atende
m os a dicha datación, de los publicados en A th en a com o
«L ibro prim ero» de las Odas.
XIII, c. Verso 18: «no está aquí, no llegó». Versos. 19- 2 0 : «pues el
fu g a z presente / solam ente existe m ientras d u ra» . V. 2 2:
«dentro, sí, de tu alm a» -va ria n tes en M P S -.
XIV. C anta el poem a al poeta - a l poeta com o au tor del canto,
com o u n dios entre dioses ( w . 13 -1 6 )-, com o en la ultim a
estrofa se declara. Y lo canta en la form a - e l e p in ic io - en
la cual elp o e ta lo cantó (v e r al respecto verso 28) . - T exto
datado a 22-10-23 en la edición publicada en Atica.
O das II. Damos aquí, com o hemos indicado, ordenados por orden
cron ológico siem pre que así h a podido establecerse y con
num eración correlativa -e sta v e z en núm eros arábigos por
distinguirlos de los an teriores-, todos aquellos textos poe
m áticos que integrarían el proyecto de las odas de Ricardo
Reis.
12. E l últim o verso nos rem ite a otro de los conceptos esencia
les en el pensam iento de E picu ro: la conquista / el retiro
individual de / a la autarquía.
16. Verso 2: « E n la fuente tran qu ila». V. 17: «a, por toda tris
teza, u n suspiro». V 30: «de nuestro pensam iento». V. 31:
«en corvad os y a en vid a ante la idea». V. 33: «de la lívid a
espera y a consciente»—variantes en M PS—.
18. Verso 15: « a lza castillos por usar los ojos» - l a varian te va
en ambas ediciones-. )
27. Los versos 13-20 del poem a son variante libre de los versos
7-14 de la oda I I I .- Versos 3- 4 : «pasaba, y el follaje / como
ahora se m ecía». V. 19 (dos distintas variantes): «¿qué hará
en la hosca playa»; «¿qué h ará en la otra playa» . V. 2 0 :
«donde el m ar es Saturno?». Variantes com unes a M PS y
apéndice de Atica.
30-31. Am bas odas con el m ism o texto en las dos ediciones con
sultadas.
38, b. Sobre los versos 24-y T>—j en conexión con los textos ante
riores de ?8 y 38 a .- el m al hecho a los hom bres por las Par
cas —al cortarles el hilo de la vid a— lo hacen dominadas por
su instinto n atu ral, que es tanático en sí m ism o (d a r
‘M u e rte’ está en su n atu ra le za); sin em bargo es el Hado,
ese destino superior a los hom bres y los dioses, el que
determ ina que lo hagan. Versos 15- 16: «de otras equivalen
tes / o m ayores presencias», varian tes en M PS, en A tica
com o texto principal.
49. Verso 10, variante en M PS, «hasta que todo vu elve a lo que
era, y sin que haya sucedido nada». N o incluye esta oda la
edición de Atica.
65. Versos 11- 12: « N i hom bres ni dioses m arcan los destinos, /
sino lo que ignoram os», variante en M PS. N o incluye esta
oda la edición de Atica.
109. Verso 5: «Ya con frío o tibieza, guardan sólo», variante que
incluye MPS al igual que el apéndice de Ática.
122. La oda expone del modo más explícito uno de los motivos
esenciales, tal como ya hemos visto anteriormente, en el
conjunto de toda esta poética, la doctrina epicúrea de la
busca de un estado perfecto de ataraxia en la totalidad de
las pasiones -en este caso la pasión erótica-, conectando
además dicha temática con su doctrina sobre lo divino.
Cierto que ésta, en Pessoa, en todo caso no posee un origen
epicúreo; como es sabido, dicho pensador tiene el carácter
de «liberador» -como se ve en el texto de Lucrecio (D e
rerum natura , Libro I, versos 62-79)- del temor efectivo de
los hombres a unos dioses que no son otra cosa (si es que
realmente fueran algo) que un nombrar los sucesos natu
rales. El verso 6 , en la segunda estrofa, muestra un tono
nietzscheano inconfundible.- El texto no presenta varian
tes en las dos ediciones consultadas.
124.' El último verso del poema viene a ser una nueva variación
del «sé / rey de ti mismo» de odas 12 y 81 precedentes
(consultar lo anotado a su respecto).- El texto no presenta
variantes en las dos ediciones consultadas.
125- El texto no presenta variantes en las dos ediciones consul
tadas.
126. El final del poema nos remite al que tiene la oda 120 en
algunas de sus variantes. El que los poemas se reflejen de
este modo los unos en los otros -de una manera a veces
casi idéntica, sin evitar las repeticiones sino, bien al con
trario, potenciándolas- es característico de ‘Reis’.- El
texto no presenta variantes en las dos ediciones consulta
das.
136. Versos 3-4: «Pasa el río y murmura, sin que pase / lo que es
nuestro, no el río»; así en Atica, en texto principal.
156. Una vez más aquí hay que remitirse -a l tenor de los versos
7-9- a la inoperancia de los dioses que, en lo que hace al
destino de los hombres, carecen de saber y de poder. Recor
dar al respecto lo anotado respecto a las odas 5, 6 ,17,38 a,
41 y 65.- No incluye el poema la edición de Ática.
157. Este es de nuevo de los pocos casos (ve r tam bién lo anotado
a este respecto sobre el texto de la oda 112, y en la 150 en
cierto m odo) en que la temática insistente de las varias per
sonas de Pessoa - d e las varias pessoas dapessoa’ - comparece
en los textos que componen la concreta poética de ‘Reis’. Más
allá de los versos 7-8 («tengo más almas que una, / h ay más
yos que yo m ism o», verdaderam ente extraordinarios), que
sin duda son de los más claros en lo que respecta a esta temá
tica, mas también más allá de la vulgata de las distintas per
sonalidades (cual si fueran ‘reales’ realm ente), se nos revela,
bien expresam ente, el auténtico drammatispersonae de un
auctor que concibe y que construye —con entera conscien
cia— su proyecto', ése que se declara el efectivo y ‘sí m ism o’
real: e l escritor. A hí «quien m e sé: y o escribo» (verso 9)
incluye en sí la totalidad real y personal de laspessoas y, en su
interior, a Pessoa mismo. Escritor y proyecto se con-fúnden
en un texto que se hace, en consecuencia ( w . 4 -5 y, de inm e
diato, una ve z más los 8-10 siguientes) también radicalmente
‘personal’.- El texto de esta oda no presenta ninguna dife
rencia o variante en las dos ediciones consultadas.
160. Versos 5-6: «Sea cual sea amor o copa, breve / es, por
tanto, apresúrate»; «Sea cual sea amor o copa, breve / es:
ven, sí, ven conmigo»; «Sea cual sea amor o copa, breve /
es: de prisa, desnúdate»; «Sea cual sea amor o copa, es
breve. / Teme. Actuemos: desnúdate». Variantes en MPS.
No incluye el texto la edición de Atica.
166. De manera azarosa desde luego, los versos 5-8 nos presen
tan una escena muy próxima a la espera -igualmente
vivida ‘ante la puerta’- del famoso apólogo de Kafka
incluido en el texto de E l Proceso y que se titula «Ante la
ley». Cierto que aquí, al contrario que en el checo, el que
no ‘dé’ la puerta (no se abra) constituye el legado (como la
ligadura) de la vida. Es un hecho, por tanto, positivo, a
saber, «la delicia / de vivir» (versos 14-15 de la oda).-
Verso 1: «Unido e ininterrupto guía tu curso», variante en
MPS. No incluye el texto la edición de Atica.
167. Verso 12: «de una absoluta fe, tal vez sin dioses», variante
en MPS. El texto de esta oda no presenta ninguna diferen
cia o variante en las dos ediciones consultadas.
A r ist ó t e l e s . Filósofo
griego -s. rv a. C.-. Macedonio y discípulo
de Platón, estudió y enseñó en la Academia, en la Atenas
antigua, y posteriormente en el Liceo, institución fundada
por él mismo. Autor de grandes tratados sistemáticos
-com o sus libros de la F ís ic a , la M e ta fís ic a , los A n a lític o s,
los Tópicos, las dos grandes E tic a s , la P o lític a , la R etó r ic a y
la P o ética —, entre sus dos estancias en Atenas fue preceptor
de Alejandro Magno. [Oda 11 en el libro II]
D estin o . Ver Hado. [Odas XI, XV, XVII y XVII a. en libro I; odas
5,17, 35, 39, 39 a., + 1 ,47,54, 63, 67,72,75, 85,89,160 ,165,165
a., 168,178,179,182,185 y 186 en libro II]
Saturno. Dios del tiem po, que devora a s u s h ijo s cuando nacen
para evitar que éstos lo destronen. Se identifica con el
griego Cronos, destronado en efecto por sus hijos, los
olímpicos Zeus y Poseidón -dioses a su vez equivalentes a
lo que encarnan Júpiter y Neptuno en el sistema del pan
teón romano-. Se le representa con la h o z , con la que siega
todo cuanto v iv e. [Oda III en el libro I y odas 1,3,3 a., 36,38
a., 71, 87 y 162 en libro II]
S u er te . Ver Hado. [Odas XVII a. y XIX en libro I; odas 54, 63, 78,
104 y 150 en libro II]
V e n u s . Diosa romana
del am or y la b ellez a , equivalente a la Afro
dita griega -«nacida del m ar» y del semen de Urano, des
tronado tras ser castrado por su hijo Cronos-. Tuvo
muchos amantes (entre los cuales el pastor Adonis,
incluido igualmente en el «G losario»). [Odas 4, 21 y 170
en libro II]
PESSOA COMO LIBRO.
EL POEMA DRAMÁTICO PARA UN VENTRÍLOCUO
Jav ier Arnaldo
1 [ P o r EL QUÉ DEL q u i é n ]
S o n r í o p o r e l c o n o c i m i e n t o a n t ic ip a d o d e la n in g u n a
[c o s a q u e s e r é ...
P e r o a l m e n o s s o n r í o , p o r q u e s o n r e í r y a es s ie m p r e a lg o .
S í, p r o d u c t o s r o m á n t i c o s , n o s o t r o s ...
2 Poesía V , p p . 12 2 - 1 2 5 -
P e r o s i n o fu é r a m o s p r o d u c t o s r o m á n t ic o s , p u e d e q u e , a
[ lo m e j o r , y a n o f u é r a m o s n a d a .
A s í se h a c e la l i t e r a t u r a . ..
¡ P o b r e c il lo s D io s e s , s i a sí se h a c e h a s ta la v id a !
4 Poesía V , p p . 1 6 8 -16 9 .
5 Poesía I, p p . 38 -39 .
6 F e m a n d o Pessoa, Escritos sobre genioj locura, e d ició n , in tro d u cció n y tra
d u c c ió n d e je r ó n im o P izarro, B arcelo n a, A ca n tilad o , 2 0 13 , p . 3^6.
7 Poesía I, pp. 26- 27-
La técnica romántica y vanguardista de Alvaro de Cam
pos, la antimoderna de Ricardo Reis, la contrafilosófica de
Alberto Caeiro disputan una misma verdad que existe sin
ellos, y exhiben siempre sus poemas como artefactos para su
captura, pero sin inducción para el logro de un objeto y sin
presas, lo que entre pescadores equivaldría a poner a subasta
en la lonja los aparejos en lugar de los pescados. Bien es ver
dad que la arquitectura de los artefactos y la jerarquía de sus
partes, lo mismo que las normas para su empleo, difieren
notablemente de uno a otro. En la Oda marítima8 Alvaro de
Cam pos expone estos útiles de pesca: « ¡m i ansia un remo
partido, / y la tesitura de mis nervios una red tendida
secando en la playa!» Ricardo Reis, poeta del instante cuyos
padecimientos coinciden con « e l verdugo m irar»9 de Orfeo
a Eurídice, se promete en una de sus odas poner la sensación
a «salvo / donde el mar nada b a ñ a » 10, precisamente plan
tando sus artes a resguardo de lo que cambia. Y el poeta de la
experiencia completamente externa, Alberto Caeiro, el que
señala la T ierra como « la única casa artística», también
renuncia a que el poem a difiera de la verdad por el solo
hecho de contenerla. Su arte se limita a la invitación:
8 Poesía III, p p . l 6 o - 2 2 7 *
9 V éa se e n este v o lu m e n Odas II, 6 4 , 6.
10 íd e m . Odas II, 15 5 , 3 - 4 .
11 D e El guardador de rebaños, X X X V I. Poesía I, p p . I 2 4 - I 2 5 *
absurda™, firm ado en 19 16 por Fernando Pessoa. El poema
propicio a lo externo, patrocinador de la expresión impresa
en papel de lo que en el papel no es cosa, pero sí realidad
proclive a morder en el papel un anzuelo de palabras, hace
de la alegoría algo prescindible y falso y del sujeto un estorbo
de símbolos. Habla Gaeiro en su poema recién citado de que
los poetas arman los versos unos con otros como los carpin
teros ensamblan tablones. «¡Q u é triste que no sepan flore
c e r!» añade. Puesto que de la cosa se trata, de la probable
flor sobre un papel expectante, las artes deben ser las de un
sujeto en retirada. La verdad, completamente externa, solo
excede, como la flor y el mar, cuyo ser, persistentemente, no
coincide con los sentidos. Léanse los versos de Reis:
S i a q u í d e u n m a n s o m a r m i im p r e s o i n d i c i o
h a n b o r r a d o tr e s o la s,
¿ q u é m e h a r á e l m a r c u y o e c o e n la h o s c a p la y a
d e S a t u r n o se f o r m a ? 13
I I [« D r a m a m perso nas» ]
16 I b í d ., p . 75-
17 V éa se la carta d el 2 8 . 0 7 -1 9 3 2 , e n las Cartas de Femando Pessoa a Joao Gas-
parSimoes, L isb o a, P u b lic a r e s E u ro p a -A m é ric a , 19 5 7 »PP* I I 5 ~I2 0 -
18 F ern an d o Pessoa, Diarios, ed. c it., p . 13 6.
apareciera co m o H o m b r e -N a c ió n —el P ro m e teo q u e d en tro
de su M u n d o - I n te r io r de g e n io arrastraría to d a u n a n a c io
n alidad: un a raza y u n a cróifcjción—» 19. E n el co n ju n to pessoa-
n o e n d e v e n ir veía S á - C a r n e ir o u n a c o n fir m a c ió n a escala
real d el avatar d el protagonista de su cu en to epistolar E u -P ró -
prio ou Outro, cuyo yo se c o sifica . F o rm a p a rte de su lib r o de
re la to s d e a q u e l m ism o a ñ o Céu em Fogo. A s í o c u rr ía : « A l
fin a l, es sim p lem en te esto: me sobro. [...] ¿ S e ré u n a n a c ió n ?
¿M e habré co n vertid o en u n país? / P u ed e ser. / L o cierto es
que sien to plazas d en tro de m í » so. A q u e lla figu ra de fic c ió n
e n cuya o tre d a d se m a te ria liza b a la se n sib ilid a d d e esa
m an era resultaba, a su vez, p re fig u ra c ió n d el cread or real de
u n a saga de fic tic io s p o etas e n cuya p r o d u c c ió n c o n ju n ta
cristalizab a u n a rea lid a d sen sib le co m o la q u e S á - C a r n e ir o
c o m p a ró co n u n país.
S in e m b a rg o , c o m o sa b em o s, ta l c o n ju n to n o lle g ó
n u n c a a q u e d a r e sta b lecid o p o r P essoa. C o n e x c e p cio n e s
tales co m o la d el p r im e r lib r o de odas de R icard o R eis, que
c o n o ce m o s acabad o p o r h a b e r sid o re c o g id o e n 1 9 2 4 e n el
n ú m e ro in ic ia l de la revista Athena, o d el Guardador de Rebanhos
de A lb e r to C a e iro (poeta m u erto ya en 1915). p o rq u e llegó a
to m a r u n a fo r m a d e fin itiv a , p resta p a ra ser e n treg a d a a la
im p ren ta , segú n su a u to r, el g ru eso de la p r o d u c c ió n p o é
tic a p essoan a su b sistió sin fija rs e . E l c o n ju n to se p e rp e tú a
co m o p ro y ecto . L a p ro v isio n a lid a d de las partes es indicativa
d e l g ra d o de r e le v a n cia c o n c e d id o al todo c o m o v e rd a d e ra
m etáfora.
E n tre los textos que destacan p o r co n clu id o s en la ob ra
d e F e rn a n d o P essoa se e n c u e n tra 0 M arinheiro, u n a p ieza
c o m p le ta m e n te esp ectral, c o n c e b id a , al m o d o de M a u ric e
M a eterlin ck , co m o « d ra m a e stá tic o » . E n treg ó el texto a la
revista de la R en a scen fá A A guia, en tre cuyos colab orad ores se
22 Poesía I, p . 129-
23 F e rn a n d o Pesso a, Diarios, tra d . J u a n J o sé A lv a re z G a lá n , M a d rid ,
G a d ir, 2 0 0 8 , p . 3 5.
sujeto al que apu n ta el en cad en a m ien to de irrealid ad es, este
es u n sujeto en p retérito cuyo p resen te co b ra la fo rm a de u n
cu erp o facetado co m o el d el cristal, talism án de sí m ism o, de
caras m ú ltip le s , sin e sta b ilid a d v isib le , de c o n s is te n cia
velada, tran slú cid o , p e ro n o transparente, cuya diversidad de
facetas se c o rr e s p o n d e c o n u n a d iv e rsid a d de e lo c u c io n e s
que aporta la palabra. Las con jetu ras de las veladoras, que se
ocu p a n de tantas cuestiones m etalingüísticas, con stru yen en
su m u ltip lic a c ió n de voces el su rtid o de facetas q u e ro d e a n
u n a m ism a p é rd id a , la d el qu e llam am os su jeto p rim o rd ia l,
p o r n o d e c ir vid a d el su jeto a n te r io r a to d a e s c isió n de su
o b je to se n sib le . L a m e tá fo ra , de la q u e, p o r in e fic a z , se
p r e sc in d e p a ra el o b je to , se p r o d ig a c o m o fó r m u la para
im agin ar el sujeto. P o r así d ecir, u n despliegue de h e te r ó n i-
m os n o m b ra y m u ltip lic a la trag ed ia d el su jeto , c o n je tu ra a
este en el in te r io r de d u ros cristales tallados p o r la evocación
y el su e ñ o . A lb e r to C a e iro , R ica rd o R eis y A lv a ro de C a m
p o s sig u ie ro n a las tres velad oras de 0 Marinheiro en la lite r a
tu ra de Pessoa. E n la ob ra d el m aestro, e n te n d id a co m o u n
organon, las veladoras de 0 Marinheiro son para la saga de poetas
a lu m b ra d a lo q u e las b ru ja s de Macbeth p a ra la c o r o n a de
Escocia, fábula a la vez que va ticin io. Las d oncellas que velan
se d icen c o n te n id o d el su eñ o d el navegante n áu frag o , com o
si para ese Corpus trágico n o h u b iera otro lan ce patético que el
que está en el o rigen : « D e c id m e u n a cosa m ás... ¿ N o será el
m a rin ero la ú n ica cosa real en to d o esto, y nosotras y to d o lo
dem ás u n sueñ o s u y o ? » .
Las tres d o n ce lla s h a ce n ta m b ié n c o n je tu ra s so b re su
p r o p io o rig e n . « M a s d ebo h a b er vivid o realm en te a la o rilla
d el m a r ...» , d ice la segun da. C ad a u n a de ellas c o lu m b ra en
sus a lo c u c io n e s u n a vid a vivid a realmente e n o tr o lu g a r, cuya
n atu ra leza se a p u n ta co m o paisaje: de m a r el de la segu n da
velad ora, de m o n te segú n a p u n tan los afectos de la p rim era,
y de cam p iñ a en las supuestos de la tercera figu ra. L os paisa
je s que h u b ie r o n alo jad o las sen saciones, d o n d e la vid a era,
co m o afirm aba N a Floresta do Alheamento, « u n eco de so n id o de
fu e n te » , se averiguan en 0 Marinheiro n o com o realidades, n o
c o m o el r o tu n d o y m iste rio so suceso q u e fu e r o n , n o co m o
d e rre d o r, sin o co m o m ero s vislu m b res de u n p r e té rito q u e
in d ic ia n los a trib u to s n atu rales d el su jeto . L a p re g u n ta p o r
el có m o ser qu é va pasando de u n a velad ora a otra en el cu a
d ro e sc é n ic o 0 M arinheiro m ie n tra s d u ra . P ero u n a e n te r a
geografía, c o n su cam p iñ a, sus m o n tes y el m ar, está im p lí
citam en te im p resa en la m e m o ria im p e n e tra b le . U n dram a
« sen sa cio n ista » c o n tres voces n octám b u las rebusca la s e n
sa ció n en la im p ro b a b le p e rip e c ia de u n d iscu rso h u é rfa n o
de certid um bres sensibles y sosten ido p o r figuras exiliadas de
su p r o p ia vid a. S o lo la e n u n c ia c ió n de su b a rru n ta d a q u e
ren cia, dilatada hasta la tau tología, constituye la tarea de esas
figuras, que callan cu an d o am anece.
« N o es d el n avio , es de n o so tro s de lo q u e sen tim o s la
n ostalgia» 2é, sen tenció u n verso d el p reclaro A lb erto C a e iro .
E n R icard o Reis se repetía la tragedia de 0 Marinheiro, co m o si
la c o m b in a c ió n de c irc u n sta n cia s llevad as al h a b la p o r las
tres veladoras h u b iese de hacerse ta m b ién suya:
L a Oda marítima de A lv a r o d e C a m p o s , ca n to d iu r n o
m a rca d o p o r la « n o s ta lg ia ya de c u a lq u ie r co sa » se in ic ia
c o n el re to rn o de « lo s paqu ebotes qu e en tran de m añana en
la b a r r a ,» y de su a d v e n im ie n to d ice , n i m ás n i m e n o s,
« q u e p e rtu rb a n en m í aqu el qu e f u i . . . » 26. La e lo c u c ió n de
las sen saciones se p ro d u c e u n a y o tra vez d esposeída de c e r
tid u m b re p e rso n a l en el a h ora, en re d ad a en u n a irre a lid a d
in e r te cuya vid a te m p o r a l se h a lla e n el co n v u lso y c o n t i
n u a d o lap so q u e q u ed a e n tre el antes y el d esp u és d e u n
n au frag io subjetivo.
III [A l b e r t o C a e ir o vs. Fa u s t o ]
39 Poesía I, p p . 3 4 - 6 5 .
40 Poesía I, p p . 22-23-
41 F ern an d o Pessoa, Fausto. Tragedia Subjectiva, ed. cit., p . 22-
existencia espectral de Fausto, n o se da a c o n o ce r en la exp e
r ie n c ia q u e la p o e sía de A lb e r to C a e ir o h a ce de la vid a .
A m b o s, c o n to d o , Fausto y C a e iro , la p e rso n a liza c ió n c o n
victa y la p e rso n ific a c ió n absuelta de subjetividad, so n e sfo r
zados actores en u n m ism o lan ce que em peñ a a sus h éroes en
la d e sp e r so n a liz a c ió n , v o ra z e n u n o , in ú t il e n o tr o , u n o
h ered e ro ahíto de la h isto ria , o tro sin h isto ria alguna, p e ro
su jeto . U n o y o tr o , có m o n o , resu lta n d el m ism o r e q u e r i
m ien to de crear « e n vez de dram as en actos y acción , dram as
en alm a s» *2, ta n cen tra l para Pessoa e n todas sus escalas de
escrito r. « S o y fá cil de d e fin ir » 43, d ice C a e iro , « m is p en sa
m ien to s so n to d o s se n sa cio n e s» 44. L a c o in c id e n cia en tre la
sen sación y el p en sa m ien to o, m e jo r d ich o , el registro de la
sen sación sin p en sam ien to de q u ie n , co m o C a e iro , se lim ita
a « p a sa r la m ateria a lim p io » 45, p o rq u e « basta existir para
ser c o m p le to » 46, hace in ú til el p r in c ip io de in d iv id u a c ió n .
C a e iro , el p o e ta na'if, q u ie n n u n c a gu ard ó reb añ os a u n q u e
presentara su poesía b ajo la au toridad de u n pastor qu e « sin
a m b ic io n e s n i d e s e o s » 47, sin filo s o fía , s o lo c o n sen tid o s,
p e n d ie n te de « la s im p lic id a d d iv in a » 48, c u id a d e l didum
presen te en lo que es co m p letam e n te extern o a su v o lu n ta d
e n la fo rm a de u n reb a ñ o , n eu traliza , e n sum a, las tr ib u la
cion es d el d octo Fausto. C a e iro , en efecto, in au g u ra la p o e
sía de u n pagan ism o n uevo, secu n d ad o p o r Reis y D e C a m
p o s c o n escritu ra s m u y d ife r e n te s , y su e je r c ic io de la
literatu ra c o n ju ra , al igu al que el de sus segu id ores, la m a l
d ic ió n d el c o n o c im ie n to fá u stico , al su stitu ir ese d ram a de
quim eras p o r el de u n saber que se con creta en la fo rm a del
c o n o cim ie n to p o é tic o . Las in d ivid u alid ad es de C a e iro , Reis
P a sa u n a m a r ip o s a p o r d e la n t e d e m í
y a d v ie r t o p o r v e z p r i m e r a e n t o d o e l u n iv e r s o
q u e la s m a r ip o s a s n o t i e n e n c o l o r n i m o v im ie n t o ,
c o m o n o t i e n e n a r o m a n i c o l o r la s flo r e s .
E s e l c o l o r lo q u e t ie n e c o l o r e n la s alas d e la m a r ip o s a ,
51 Poesía I, p p . I 3 2 - I 3 3 -
52 Poesía I, p p . 4 4 .-4 5 .
S i C a e ir o b u scó a los dioses [E scrib a n en m i tu m b a: / a q u í
yace, sin cru z, A lb e r to C a e ir o / q u e fu e a b u sca r a lo s d io
ses. .. / S i lo s dioses viven o n o viven, eso es cosa vuestra. / A
m í d e jé q u e m e r e c ib ie r a n 53.], R ic a rd o R eis, e n c a m b io ,
resolvió n o m b ra rlo s en el lu g a r de los a rq u etip o s u n iv ersa
les. L a rem in iscen cia de lo a n tig u o e n u n pagan ism o n u evo
o p e ra , p o r lo q u e in c u m b e a la lite r a tu ra de R eis, co m o
r e m e m o r a c ió n viva de d ioses q u e h a n m u e rto y q u e p ara
C a e ir o a ú n te n ía n la existen cia de las cosas. D e lo q u e u n o
b u sca , b u sca el o tr o , R eis e n este caso, u n r e to r n o : « A s í
escrib o, b u sca n d o / qu e lo s dioses r e to r n e n » 54. E n la n ega
c ió n de la m u e r te de lo s d io ses to m a im p u lso u n a lír ic a
en tregada al regreso de la cu ltu ra pagana en la fo rm a de u n a
lite r a tu ra c u lta . C o n lo s n o m b re s de C e r e s, E o lo , U r a n o ,
N e p tu n o , A p o lo , n in fa s y N o c h e las od as de R ic a r d o R eis
p ro te g e n d el cam b io a cu an to n o está exento de fu gacid ad , a
to d o lo q u e, p o r p resen tarse a lo s sen tid o s, cam b ia p e r p e
tu a m e n te , p u es n ad a sin o ello s e n c a rn a in m o rta lm e n te lo
viv o . « S o b r e la ve rd a d están lo s d io s e s » 55. E l g o b ie r n o de
los eru d itos versos de Reis, qu e en absoluto secu n d an la g ra
m á tica r u d im e n ta r ia de C a e ir o , n i sus tru ism o s verb a le s,
p e ro sí la estable cla rid a d de su p o é tic a , tom a p o r p u n ta les
de su d e s c r ip c ió n ó r fic a lo s n o m b r e s p r o p io s de d ioses
im p e re c e d e ro s , su sten to p a ra u n a re n o v a c ió n de la e x p e
rie n c ia apreh en sib le de lo real.
E l d io s P a n n o m u r i ó ,
p u e s ca d a c a m p o m u e stra
al s o n r e ír d e A p o lo
el d esnu d o de C eres
p e c h o ; a h í v e r é is u n d ía
53 Poesía II, p p . 1 5 2 - 1 5 3 .
54 V éase e n este v o lu m e n Odas II, 3 7, 8 - 9 .
55 íd e m , Odas II, 2 9 , I.
q u e e l in m o r t a l, d e p r o n t o ,
d i v in o P a n r e t o r n a 56.
56 íd e m , Odas II, 2 , I~ 7 -
57 íd e m , Odas II, 4 7 » 2 4 -
58 íd e m , Odas II, 17, 2 - 3 .
59 íd e m , Odas II, 12, 17 -18
6o íd e m , Odas II, 40» 6.
6i íd e m , Odas II, II, 14*
62 íd e m , Odas II, 4 °> *•
63 íd e m , Odas II, 1 2 4 » 6.
364 JA V IE R A R N A L D O
re q u ie re el p o e ta filo s ó fic o . U n o de lo s aspectos en lo s qu e
más crucial es el tribu to que las odas de R icardo Reis r in d e n a
las de H o ra cio vien e dado precisam ente p o r la prestan cia del
p o em a com o ve h ícu lo de c o m u n ic a c ió n de u n p en sa m ien to
arraigad o en las filo so fía s ep icú rea y estoica, qu e se divulga
ante tod o m ediante llamadas al autocon ocim ento, en resisten
cia a la in d ivid u ación . R eiteradam ente las form u la Reis.
M e j o r d e s t in o q u e e l d e c o n o c e r s e
n o se g o z a a l p e n s a r . Y a n te s s a b ie n d o
ser n ad a q u e ig n o r a n d o :
n a d a d e n t r o d e n a d a 64.
64 íd e m , Odas I, X , 1- 4 *
65 íd e m , Odas II, 15 2 , I I - I 2 .
66 íd e m , Odas II, 4 , 13 -
que H o ra cio adaptó al latín la m étrica de las odas de P ín d aro
y de la líric a anacreó n tica, en el estab lecim ien to de la poesía
clásica en len gu as ro m a n ces fu e decisiva la a d o p c ió n de los
m o d e lo s h o r a c ia n o s . D e p a r e c id o te n o r a la e je m p la rid a d
q u e H o ra c io tu vo e n la p o esía e sp a ñ o la d esd e Fray L u is de
L e ó n hasta L e a n d r o F e rn á n d e z de M o r a tín y el d u q u e de
Rivas, fu e su in c id e n cia en la p o esía po rtu g u esa . D eb em o s a
A n to n io F erreira las prim eras poesías h oracianas escritas en
la p e n ín su la ib é rica , y es el rito h o ra cia n o en la literatu ra en
p o rtu gu és, que pasa p o r P ed ro G o rre ia G a rfa o y otros a u to
res, lo que vie n e a alcanzar hasta R icard o R eis. Es in tem p e s
tiva la p oesía de este p o r en cu ad rarse en u n c o n tin u u m , n o
p o r rescatar u n pasad o c o n c lu s o . L a in te m p o r a lid a d que
co rresp o n d e a las odas de R icard o R eis refu erza los co n tra s
tes en tre lo s actores lite ra rio s pu estos en escen a p o r Pessoa
p o r m o r de u n a poesía red en to ra d el p agan ism o. E l carácter
fu n d a c io n a l, p rim itiv o y co n clu so que co rresp o n d e a trib u ir
a la p o esía d el te m p ra n a m e n te m a lo g ra d o A lb e r to C a e ir o ,
contrasta c o n el p r in c ip io de c o n tin u id a d y de p e rm a n e n cia
en lo in tem pestivo característico de cu an to co m p ro m ete los
trab a jo s de R ic a rd o R eis. B a jo ese p a ra d ig m a la p o e s ía se
h ace cargo d e l alm a in m o r ta l de lo s d ioses; de e llo s se
esfuerza en c o n firm a r que n o h a n m u erto .
N o m u r i e r o n a l f i n lo s v ie jo s d io s e s .
C a d a v e z q u e r e n a c e la a le g r ía
h u m a n a , e llo s r e g r e s a n
p a r a n u e s t r a n o s t a lg ia 67.
C o n el e te rn o r e to r n o q u e a n u n c ia n y c e le b ra n lo s
poem as de R icard o Reis, cuya tem p o ralid a d se p ro tege en la
d u r a c ió n , c o n tra sta p e rse v e ra n te m e n te , r e c o rd é m o s lo , la
te m p o ralid a d clausurada qu e ocu pa a A lb e r to C a e iro . Es en
el tie m p o , e n u n o u o tr o tie m p o , d o n d e la m e tá fo ra d el
sujeto d isp o n e de su o p o rtu n id a d de acabam ien to.
Y c o n f i e b r e , y m i r a n d o lo s m o t o r e s c o m o N a t u r a le z a
[ t r o p ic a l
68 Poesía II, p p . 1 4 0 - 1 4 1 .
69 Poesía II, p p . I I 4 - I I 5 -
70 Poesía I, p p . 1 3 0 - 1 3 1 .
—g r a n d e s t r ó p i c o s h u m a n o s d e h i e r r o y f u e g o y fu e r z a —,
c a n to y c a n to el p r e s e n te , y ta m b ié n e l p a sad o y el fu tu r o ,
p o r q u e e l p r e s e n t e es y a t o d o e l p a s a d o c o m o es t o d o e l
[ fu tu r o
y h a y P la t ó n y V i r g i l i o e n esas m á q u in a s y e n la s lu c e s
[ e lé c t r ic a s
s ó lo p o r q u e e x i s t ie r o n y q u e f u e r o n h u m a n o s P la t ó n y
[ V ir g ilio ,
y q u iz á s h a y p e d a z o s d e u n A l e j a n d r o M a g n o d e l s ig lo
[ c in c u e n t a ;
á to m o s q u e ir á n a t e n e r fie b r e d e n t r o d e l c e r e b r o d e l
[ E s q u ilo q u e h a b r á e n e l s ig lo c ie n ,
a n d a n p o r estas c o r r e a s d e t r a n s m is ió n , a n d a n p o r e sto s
[ é m b o lo s y p o r e s to s v o la n t e s ,
r u g ie n d o , c h ir r ia n d o , s u s u r r a n d o , r e tu m b a n d o , fe r r e a n d o ,
h a c ié n d o m e u n e x c e s o d e in te n s a s c a r ic ia s e n e l c u e r p o , y
[ u n a s o la e n e l a lm a 71.
R e cin to s so n o r o s d el tie m p o ir r e fr e n a b le , q u e h a ce n
in ú til la in h ib ic ió n d el o íd o , se tra n sfie re n a las carmina del
m aq u in ism o y a los songs de u n W alt W h itm a n filo fu tu rista y
b la sfe m o en ca rn a d o s en las cre a cio n e s de A lv a ro de C a m
p o s. E l M o m e n to se escrib e c o n m ayúscula en sus poem as:
« ¡E n tu sia sm o s n u evo s q u e osten táis la estatura p r o p ia d el
M o m e n to !» 72. Y el M o m en to hace aco p io de cu an to sucede
antes de lo n o a c o n te c id o , es c irc u n sta n c ia p rev ia a u n ya
que gesta, o p o rtu n id a d de exaltación de u n fu tu ro n o dado,
p e r o q u e « y a se h a lla d e n tr o de n o s o t r o s » 73. N ad a en
c o m ú n en tre ese m o m e n to o n to ló g ic a m e n te in c o m p le to y
el carpe diem h o ra cia n o que R icard o Reis co m p lem en ta ra co n
p r e c e p to s co m o a q u e l en q u e in v ita b a a « la m u e llé c o n
fia n za / e n la h o r a q u e h u y e » 74. P o co c o m p a rte a sim ism o
U n a p a r r a n d a la e x is t e n c ia e n t e r a
q u e e m b a r u lla d a se m e m e t e d e n t r o
d e s p la z á n d o m e s ie m p r e d e m i c e n t r o ,
d e m i p s i q u is m o , e n v u e lt o e n esa r u e d a 76.
75 Poesía I, p p . 3 6 - 3 7 .
76 Poesía III, p p . 9 2 - 9 3 .
77 Obras completas de Femando Pessoa, I. Poesías de Femando Pessoa, ed. c it ., p . 88.
« P u se en G a eiro to d o m i p o d e r de d esp erso n aliza ció n d ra
m ática, puse en R icard o Reis to d a m i d iscip lin a m en tal, ves
tida de la m úsica que le es p ro p ia , puse en A lvaro de C am p os
tod a la e m o c ió n qu e n o d oy n i a m í n i a la v id a » 78. C u a n to
ap o rta n los poetas de Pessoa resulta d el ferv o r en el cu idad o
de la, p o r así d e c ir, e x te r io r iz a c ió n d e la se n sib ilid a d . A s í
o c u rre ig u a lm en te en las p r o d u c c io n e s de su ta m b ié n fic ti
cio o r tó n im o , de q u ie n es o p o rtu n o re c o rd a r dos versos de
Chuva oblíqua, el p o em a que p u b licó e n el segu n do n ú m e ro de
Orpheu:
86 Poesía II, p p . 1 7 8 -1 7 9 .
87 F ern an d o Pessoa, Libro de¡desasosiego, ed. c it., p p . 5 1 -5 2 .
L a divisa « o b je tiv a r es c re a r» n o apu n ta, desde lu e g o ,
sin o a u n a su b o rd in a c ió n de la sen sib ilid a d al o b jeto p o r la
q u e Pessoa y to d o s sus trans-meus a b o g a n c o n p erse ve ra n cia.
P o rq u e la vo lu n ta d de facilitar el paso a u n a poesía entregada
a lo ex tern o, a la q u e se presta el p r o p io ejercicio de la d es
p erso n a lizació n , está secundada p o r el m agisterio m ism o del
p o em a com o in stru m e n to para u n a in d iv id u a ció n m a n u m i
tid a, tem a éste ta m b ié n d el heteronimismo. E l p o em a Autopsico-
grafia, q u e Pessoa p u b lic ó en 19 3 2 en la revista Presenta, hace
u n verso de la sig u ie n te a firm a ció n : « E l p o e ta es u n f in g i
d o r » 88. ¿ C ó m o se expresa la sin cerid ad d el fin g ir ? E l « e x i
l i o » d e l su je to , a su n to q u e tantas veces ap arece c o n el
estigm a d e l p r in c ip io de in d iv id u a c ió n , se expresa c o m o
n ecesid ad de en c u e n tro co n lo que le es ex tern o. T o d o s esos
sign os recu rren tes n o s d evu elven a algo q u e n os ocu p a b a al
in ic io de este en sayo: e n el q u é de la se n sib ilid a d y n o el
q u ié n se da rea lid a d al e n c u e n tro q u e im p o rta en la e x p re
s ió n . « L o p e o r q u e hay en la se n sib ilid a d es p e n sa rn o s en
ella, y n o c o n e lla » 89, esc rib ió Pessoa en sus Notas personales.
L o s « is m o s » q u e a cu ñ ó c o n M á rio de S á - C a r n e ir o -s e n s a -
cionismo, paulismo, interseccionismo— resp o n d en a m od alid ad es en
el uso de la sen sib ilid ad .
P ero la a te n c ió n p o r la se n s ib ilid a d e n te n d id a co m o
in s tr u m e n to y n o c o m o o b je to se h a ce ta n p e r e n to r ia en
Pessoa, que hasta aparece co m o cu estió n p rogram ática p r in
cip al. E n sus in c u rsio n e s en la litera tu ra de p roclam as u rge
m u y señ alad am ente a su co n sid e ra c ió n . E l m an ifiesto ULTI
M A T U M , la n za d o e n 19 17 p o r A lv a r o de C a m p o s e n el
n ú m e ro ú n ic o de Portugal Futurista, advertía:
O s e s t í m u lo s d a s e n s i b i li d a d e a u m e n t a m e m p r o g r e s s á o
g e o m é t r ic a ; a p r ó p r i a s e n s ib ilid a d e a p e n a s e m p r o g r e s s á o
- . 90
a r i t m é t ic a .
P rólogo
El mantra de Ricardo Reis 5
por Miguel Casado
Advertencia 33
L O S P O E M A S D E R IC A R D O R E IS 35
Notas 291
por Juan Barja
Epílogo
Pessoa como libro.
El poem a dram ático para un ven trílocuo 343
por Javier Amaldo