Está en la página 1de 350

F ernando

Pessoa
poesía in
, LOS POEMAS DE
ALVARO DE CAMPOS 1
OBRAS

Cualquier forma de reproducción, distribución, comunicación pública o transformación


de esta obra sólo puede ser realizada con ia autorización de su s titulares, salvo excep­
ción prevista por la ley. Diríjase a CEDRO {Centro Español de Derechos Reprográficos,
www.cedro.org) si necesita fotocopiar o escan ear algún fragm ento de e sta obra.

t ít u lo o r ig in a l: Fem ando Pessoa [Álvaro de C am pos]:


• Poesia 1

© J uana I na rejo s y J uan barja , 2012


de la traducción

© J u a n B a r ja , 2012, de las notas

© M ig u e l C a s a d o , 2012, delprólogo

© A b a d a E d it o r e s , s . l . , 2012
de lá presente edición
C alle del G o b e rn a d o r, l8
2 8 0 1 4 M ad rid
T e l . : 91 429 6882 / fax: 91 429 7507
www. ab ad aed ito res. com

c u b ie rta ESTUDIO JOAQUÍN GALLEGO

p ro d u c c ió n G u a d a l u p e GlSBERT

ISBN 9 7 8 -8 4 -1 5 2 8 9 -1 3 -5 [o b ra c o m p le ta]
ISBN 9 7 8 -8 4 - 1 5 2 8 9 -4 4 -9 [vol. III]
IBIC DCF
d e p ó sito leg al M -1 9 0 7 2 -2 0 1 2

p r e im p r e s ió n D a l u b e r t A llé

im p r e s ió n LavEL
Fernando
Pessoa
poesía in
/ LOS POEMAS DE
A lvaro d e C a m p o s 1

EDICION BILINGÜE DE
J u a n B arja y J u a n a I n a r e jo s
PROLOGO DE
M ig u e l C asado
NOTAS DE
J u a n B arja

«OBRAS»
A B A D A EDITORES
PARA UNA LECTURA DE ÁLVARO DE CAMPOS
M ig u e l Casado

G o m o es sa b id o , F e rn a n d o Pessoa n o solo q u iso d e s a rro lla r


su o b ra a varias voces, sin o q u e adem ás ad scrib ió cada u n a de
sus lín e a s p o é tic a s a u n p e r s o n a je c o n n o m b r e p r o p io , c o n
u n esbozo d e b io g ra fía y u n r e tr a to físic o . Es lo q u e se h a
d a d o e n lla m a r heteronimia y co n stitu y e el n ú c le o e n to r n o al
q u e g ir a n el m ito y la le y e n d a d e l g r a n p o e ta p o rtu g u é s .
S e g ú n su re la to fu n d a c io n a l, q u e r e m ite a u n d ía d e s lu m ­
b r a n te de m a rz o de 1914> su rg e p r im e r o A lb e r to C a e iro 1 a
q u ie n p re se n ta b a Pessoa (q u e h a b ía n a c id o e n 18 8 8 ) co m o su
p r o p io m a e stro y el de to d o s los d em ás h e te r ó n im o s ; p o cas
sem anas m ás ta rd e , le a c o m p a ñ a n ya las otras dos firm as f u n ­
d am en ta le s d el u n iv e rso p e sso a n o , R ic a rd o R eis y Á lvaro de
C a m p o s. N o es m i in te n c i ó n a d e n tr a r m e e n ese esp acio ,
sim p lem en te situ ar aq u í al p ro ta g o n ista de este v o lu m e n , cuya
obra tra ta ré de le e r —p a re c e lóg ico y n e c e sa rio —co m o u n a de
las m an ifestacio n es de la p o é tic a de F e rn a n d o Pessoa, to m á n ­
d o le a él, C a m p o s, c o m o el n o m b r e e n q u e se d e s d o b la su
a u to r s in d e ja r d e a s u m ir, así lo c re o , la re s p o n s a b ilid a d
ú ltim a de la escritu ra.
A lvaro de C am p o s es el ú n ic o de los d esd o b lam ien to s del
p o e ta q u e lleva u n a vida pública: a p a rece a c tiv a m e n te e n las
publicaciones de la efím era revista Orpheu, d o n d e se in clu y en su

I L os d o s v o lú m e n e s de la p o esía d e P e sso a -C a e iro h a n a p a re c id o ya


e n la p r e s e n te e d ic ió n de A b a d a . E n e l s e g u n d o , se in c lu y e c o m o
ep ílo g o m i tex to « A lb e rto C a e iro , o e l deseo de r e a lid a d » , al q u e
hay e n estas p ág in as algunas alu sio n e s im p lícitas.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 5


Oda triunfalj su Oda marítima; p e ro ta m b ié n escribe e n los p e r ió ­
dicos, p a rtic ip a e n polém icas literarias y sociales y asum e p a rte
d e la o b ra ensayística y de re fle x ió n estética de Pessoa, q u ie n
incluso —e n su fabulación—le atribuyó anécdotas q u e le h acían
in te rv e n ir e n algunos dé sus asu n to s personales. Esta p ro life ­
ra c ió n de su presencia n o llevó, sin em bargo, a u n trab a jo espe­
cífico q u e e stru c tu ra ra la o b ra a él atrib u id a, q u e p re p a ra ra su
c o n ju n to —o u n a p a rte de él—p a ra ser p u b lic ad o e n fo rm a de
lib ro . La actitu d de Pessoa c o n los poem as firm ad o s p o r C a m ­
p os fu e b astan te d istin ta de la q u e m antuvo c o n los p o em as de
C a e iro : a u n h a b ié n d o lo s d if u n d id o m e n o s e n p u b lic ac io n e s
p arc iale s, o r d e n ó y p r e p a r ó lo s lib ro s q u e h o y co n o c e m o s,
a u n q u e él n o llegara a v erlos im p re so s. C o m o co n secu en cia,
e n lo q u e p a ra n o s o tr o s es la o b ra c o m p le ta d e A lv aro de
C am pos, se m ezclan p oem as q u e f u e r o n ob jeto d e u n a te n tí­
sim o p ro c e so de c o n s tru c c ió n y o tro s q u e n o se te rm in a r o n ,
q u e d a ro n a b a n d o n a d o s o p a re c e n sim ples a p u n te s ab ierto s a
u n tra b a jo p o s te rio r; esta obra n o es tal, sin o u n espacio d isí­
m il, q u e , e n g ra n d e s zon as, tie n e m ás de taller q u e d e lib r o
c e rra d o . A veces, q u ie n lee tie n e la sensación de estar u san d o
u n a le n te q u e se en fo ca y desenfoca, la n ítid a ex actitu d d e u n
p o e m a al lado del que p ie rd e sus perfiles; coexisten aq u í varias
voces, fru to e n b u e n a p a rte del tie m p o q u e separa lo s p r im e ­
ro s y los ú ltim o s p oem as, p e ro ta m b ié n coexisten piezas p e r ­
fectas y sim ples tentativas, lo casi sie m p re b rilla n te c o n lo en
ocasiones fallido. Pessoa n u n c a c e rró n i a b a n d o n ó la escritu ra
firm a d a p o r C a m p o s, a d ife re n c ia d e lo q u e h iz o c o n la de
C a e iro ( q u ie n , se g ú n la fic tic ia b io g ra fía , h a b r ía fallecid o
en se g u id a , e n 1915) o la de R eis (q u e se h a b r ía ex iliad o e n
B rasil e n 1919) o la de Soares (q u e se lim itó al m e m o rab le Libro
del desasosiego); A lvaro de C a m p o s asu m ió q u izá la voz m ás
ín tim a y p e rso n a l de Pessoa hasta los ú ltim o s días d e su vida, y
la falta de c ie rre de su o b ra fu e el tr ib u to q u e h u b o d e p ag ar
p o r ese d estin o .
Las e d ic io n e s q u e h o y se c o n s id e ra n m ás fiab les d e esta
e sc ritu ra tr a ta n de seg u ir u n c rite rio c ro n o ló g ic o , ap o y an d o
su h ilo e n los p oem as q u e están fechados y b u sc an d o las c o n e ­
x io n e s q u e p u e d a n s itu a r a p ro x im a tiv a m e n te lo s d em ás. La

6 MIGUEL CASADO
e s tru c tu ra q u e así se o fre c e p re s e n ta , e n p r im e r lu g a r, u n
breve p ó rtic o de poem as iniciales —e n cuyas circu n stan cias m e
d e te n d r é u n m o m e n to e n se g u id a —. E n se g u n d o lu g a r, u n a
z o n a d o m in a d a p o r los c u a tro g ra n d e s p o e m a s ex ten so s de
P essoa-C am pos —las dos O das aparecidas e n Orpheu, la Salutación
a Walt Whitman y El paso de las cosas—, e n tre los q u e van in tercalad o s
o tro s de m e n o r a m p litu d o frag m en to s de odas q u e n o cuaja­
r o n p o r co m p leto ; pese a las d im e n sio n e s de este p e r io d o , se
tra ta ap e n as de lo escrito e n tres o c u a tro añ o s, e n tre 1914 y
igi7> qtie sin em b arg o constituye el c e n tro d e esta p o é tic a y a
lo q u e m ás a te n c ió n h a b ré de p resta r. F in alm en te , se rec o g en
lo s m u y n u m e ro s o s p o e m a s q u e llev an d esd e a h í al ú ltim o
fe c h a d o , d el 21 de o c tu b re d e 1 935, e n el u m b r a l ya d e la
m u e rte de Pessoa, o c u r r id a el 3 0 de n o v ie m b re ; y u n a cu es­
tió n inevitable: la sem ejanza o diferen cia, c o n tin u id a d o r u p ­
tu ra , e n tre to d o este la rg o d e s a rro llo fin a l y a q u e l n ú c le o
explosivo de la escritu ra a trib u id a a C am pos.

Q u izá los p o em as q u e c o m p o n e n el breve p ó rtic o q u e ab re la


obra de A lv aro d e C a m p o s n o se a n lo s m e jo re s n i lo s m ás
característicos d e los suyos. Sí doy im p o rta n c ia , sin em b arg o ,
a la lu c id e z q u e P essoa m u e s tra e n ello s acerca d e su p r o p ia
e s c ritu ra y de lo s p r in c ip a le s c o n flic to s q u e la a tra v ie sa n ; y
ta m b ié n m e p a re c e n de in te ré s —n o circ u n sta n cia l, n o lim i­
ta d o al e n to rn o lite ra rio p o rtu g u é s de en to n ce s—las cu e stio ­
n es de h is to ria de la lite ra tu ra q u e su scitan. P o r am b o s m o ti­
vos, m e d e te n d ré e n ellos u n m o m e n to .
Esta ed ició n se abre co n u n p o em a inacabado, qu e se c o n ­
servó e n u n a h o ja m a n u sc rita a cuyo fre n te Pessoa h ab ía a n o ­
ta d o , quizá a m a n e ra de títu lo , « T h e b e g in n in g o f Á lvaro de
C a m p o s » 2. S u e s c ritu ra quizá n o sea la m ás a n tig u a, p e r o el

2 V er, e n las n o ta s fin ales a este v o lu m e n , la q u e J u a n B a rja d e d ic a al


p o e m a , así c o m o las q u e se r e f i e r e n a las c u e s tio n e s c ro n o ló g ic a s
p lan tead as p o r alg u n o s de lo s siguientes.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS ^


gesto m u e stra u n a in te n c ió n p recisa, la de q u e este p o e m a —o
algo e n él—constara com o u n in ic io . Y cum ple b ie n ese p apel.
E l p o e m a ab re la o b ra c o n el to n o exclam ativo, y la c o n s tru c ­
c ió n enum erativa y anafórica, que la van a caracterizar e n ad e­
lan te; ta m b ié n , c o n la v o lu n ta d de d e fin ir las cosas a través de
u n a m ira d a privativa y negativa, q u e las con o ce p o r lo q u e les
falta: « ¡T a n p o co heráldica la vida! / ¡Tan sin tro n o s y oropeles
cotidianos! / ¡Tan sentirse desnuda, ta n h ueca de sí m is m a !» 3.
D e este m o d o c o n c ib e Pessoa el m u n d o , co m o u n sistem a e n
q u e to d o acto positivo im p lica sie m p re o tro negativo, e n qu e
to d o lu g a r es u n n o - lu g a r y to d a id e n tid a d está desplazada,
re m ite a fu e ra de sí, g e n e rá n d o se u n a d in á m ic a d e d esd o b la­
m ien to s sin fo n d o e n lo que existe —« s o ñ a r u n su eñ o es p e rd e r
o tr o » , « c a d a su e ñ o es existencia de o tro s u e ñ o » —. E sto hace
que lo ú n ic o real parezca ser el m ovim iento co n tin u o , u n d in a ­
m ism o sin descanso, cuyo m otivo em blem ático es el viaje, desde
estas p rim e ra s p áginas: el viaje y su deseo n o r e m itir ía n , p o r
ta n to , a los lugares a d o n d e p u e d e n llevar, sin o a la sen sació n
m ism a de m overse, e n el desplazam iento así co m p artid o —si tal
p u e d e decirse—p o r el cu e rp o y la conciencia.
E l p o e m a « O p i a r i o » e la b o ra ya este n ú c le o d el viaje de
m a n e r a m u y re c o n o c ib le p a r a c u a n to s se h a y a n a c e rc a d o
alg u n a vez a los escritos d e P e sso a -C am p o s: el m ó v il d el viaje
es n u d a m e n te existencial y se m a n ifiesta co m o u n a b ú sq u e d a
q u e tie n d e sie m p re a i r m ás allá, a d a rle u n a ú ltim a v uelta de
tu e rc a a lo p r o p u e s to : « S e n t i r la v id a ca n sa y d e sfa lle c e . /
M as yo b u s c o e n el o p io q u e c o n s u e la / u n O r i e n te al
o r ie n te d el O r i e n te » : el rechazo d e l m u n d o e n q u e el p o e ta
vive se su m a a la in sa tisfa cto ria co n siste n cia d el o b jetiv o p e r ­
se g u id o . A sí, el viaje g e o g rá fic o va a se r s u s titu id o p o r el
o p io y fin a lm e n te p o r u n a m ira d a hacia el in te r io r d el p r o ­
p io v ia je ro , sed e ú n ic a d e to d o s lo s m is te rio s : « ¿ P a r a q u é
f u i la I n d ia a v er allá / c u a n d o n o hay In d ia , sin o el alm a e n
m í? » E l desajuste e n tre deseo y re a lid a d q u e d a co m o c o n te -

3 T o d as las citas d e A lvaro d e C a m p o s están to m ad as de la tra d u c c ió n


d e J u a n B arja y J u a n a In are jo s q u e se inicia co n el p re se n te v o lu m en .

8 M IG UEL CASADO
n id o ú n ic o d e l p e r m a n e n te d e s p la z a m ie n to y c o m o ló g ic a
q u e vuelve fo rz o so su fracaso : « m i p a tr ia es el lu g a r d o n d e
n o esto y » .
Si casi to d o A lvaro de C a m p o s, casi to d o Pessoa, están in
nuce aquí, el p o e m a « C a rn a v a l» v iene a c o m p letar el p ró lo g o ;
el p r o p io títu lo ya a p u n ta a u n a te m atiza ció n d e las m áscaras,
las m á scaras-p erso n as. E l te d io —el viejo spleen— es el m a rc o e n
q u e se p ersig u e in ú tilm e n te la p r o p ia id e n tid a d y el carnaval
o fre c e u n a p is ta , n o de p o r d ó n d e p u e d e e je rc e rse la b ú s ­
qued a, sin o de có m o d e sb o rd a rla, p o n e rs e a c u b ie rto de ella:
« H o y , q u e to d o s so n m áscaras, te ves / gesto -m áscara, ahí, e n
lo p r o f u n d o » . T o d o lo q u e vaya a h acerse a p a r tir d e e n t o n ­
ces n o será m ás q u e u n p re c a rio a p u n ta la m ie n to d e este lu g a r
vacío, d esp laz ad o , h a b ita d o so lo p o r el d eseo d e n e g a rse :
« ¡ Q u e n o haya co m o u n alm a a c o m p o n e rm e / c o n co rd eles
o alam b res q u e se a g u a n te n , / c o n m ad eras y h ie rr o s q u e n o
fa lte n / y m e d e n u n id a d al so s te n e rm e !» .

P ero si h e d ic h o q u e Pessoa n o p r e p a ró los p o em as firm a d o s


p o r C a m p o s p a ra su p u b lic a c ió n co m o lib ro , q u e n o e s tru c ­
t u r ó su o b r a , h a b r ía q u e r e c o n o c e r c o m o e x c e p c ió n a esta
a c titu d —y tra ig o a q u í el se g u n d o p u n to a n u n c ia d o , la cu e s­
ti ó n de h is to ria — lo s p e q u e ñ o s gestos q u e llevó a cab o p a ra
p o n e r le u n p ó r tic o a la p o esía d e A lvaro de C a m p o s: a n o ta r
el p o s ib le títu lo d e l p r i m e r p o e m a , e s c r ib ir a lg u n o s o tr o s
p a ra q u e lo a c o m p a ñ a ra n , falsear ciertas fechas d e e s c ritu ra
p a r a f a b u la r u n a m ín im a prehistoria d e l p o e ta - C a m p o s . L os
textos, q u e a n te c e d e n a la Oda triunfal y a b r e n este v o lu m e n
f u e r o n c o m p u e s to s así e n lín e a s g e n e ra le s. Y lo a isla d o d e
este m o d o de tra b a ja r les c o n fie re u n v alo r, h ace q u e se c o n ­
v ie rta n e n u n a p r e g u n ta so b re su p r o p ia fin a lid a d .
Y es q u e , a u n q u e lo s d etalles p u e d a n s u g e rirlo , n o m e
p a re c e q u e to d o eso sea a c c e so rio . J u n t o al esb o zo d e u n a
c o n c e p c ió n d e l m u n d o y d e u n a a c titu d ex iste n c ia l q u e se
c o n f u n d ía n c o n la e m p re sa p o é tic a , c re o q u e lo s te x to s d el
p ó r tic o —e s p e c ia lm e n te , lo s m ás c o m p le jo s, « O p i a r i o » y
« C a rn a v a l» —p r e te n d ía n situ a r las raíces de A lvaro d e C a m ­
pos e n el sim b o lism o francés. E sto co n c u e rd a c o n la p u b lic a -

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 9


c ió n , f irm a d a p o r Pessoa c o n su p r o p io n o m b r e , y ta m b ié n
a n t e r io r a la ép o c a d e Orpheu, d e l p o e m a « P a u is » [p aú les,
p aulares: zonas p an tan o sa s]: « E l 'c re p u sc u lism o ’ u sad o e n la
c o m p o s ic ió n Pauis e ra , p o r así d e c ir, u n leit-motiv —escrib e
G aspar S im ões— E l p o e ta lo h ab ía ad o p tad o c o n d e lib e ra c ió n
y lo cultivaba p o r esp íritu de sistem a. Bajo la in flu e n c ia de los
p o e ta s sim b o listas q u e e n to n c e s le ía [ ...] , es co m o lo v em os
a leja rse d e l sa u d o sism o a través d e u n p ro c e so 'in fe c c io s o ’,
q u e consistía e n elevar a te m p e ra tu ra s febriles el lad o cre p u s­
cu lar de tal p o e s ía » 4. A u n q u e el p ro ce so d escrito sea fam iliar
a los lecto res d el C am p o s p o s te rio r —ese extrem o febril—, n o es
exactam ente el m ism o p ro c e d im ie n to de « O p ia r io » , d o n d e
se da cierto fo rm a lism o d ecad en te, cierto exotism o d e r e p e r ­
to rio ; p e ro sí hay co in cid e n cia e n lo d elib erad o de la p o stu ra,
e n su deseo de r o m p e r c o n las lín eas d o m in a n te s d e la po esía
p o rtu g u e sa del m o m e n to —el saudosism o de Pascoaes—y e n la ­
zar, e n cam bio, c o n u n a lín e a e u ro p e a ren o v a d o ra : in tr o d u ­
c ir u n a r u p tu r a exterior e n el p a n o ra m a p o é tic o n a c io n a l. Y,
así, « O p i a r i o » estará d ed ica d o a S á - C a r n e iro , ta n p ró x im o
a su le n g u a , am ig o e n tra ñ a b le , casi el ú n ic o , y, so b re to d o
aquí, c o m p a ñ e ro de armas e n este espacio.
A v ec es, el p eso a b r u m a d o r d e u n a o b ra , la p e rc e p c ió n
d e la g e n ia lid a d de u n p o e ta , h a c e n q u e se m e n o sp re c ie este
f a c to r decisiv o e n su tr a y e c to r ia —el d ecisiv o , el q u e lleva a
h a c e r c a m in o p r o p io : la n e c e s id a d d e r u p tu r a c o n el c o n ­
texto in m e d ia to , la p e rc e p c ió n de u n a d ife re n c ia q u e g en e ra
le n g u a p e rs o n a l, la p o lé m ic a im p líc ita sie m p re e n los p o e ­
m as c o n a q u e llo q u e su e n a a lre d e d o r. A sí lo m u e s tra n , p o r
e je m p lo , lo s e s tu d io s d e P e te r S z o n d i s o b re la p o e s ía d e
H õ ld e r lin , c u a n d o se n ieg a a u n iv e rsa liz ar las refe re n c ia s de
su p e n s a m ie n to e sté tic o y las s itú a e n el c o n te x to : « e n la
c a rta d e H õ ld e r li n 5 n o se h a b la de n a d a de esto [de v a lo ra -

4 J o ã o G asp ar S im ões, Fem ando Pessoa. A lfragide, T exto E d ., 2 0 1 0 , p . 8.


La tra d u c c ió n es m ía e n los casos e n q u e n o se especifica o tra cosa.
5 H a b la d e la célebre carta a C .U . B o h le n d o rf, del 4 de d ic ie m b re de
1801.

10 MIGUEL CASADO
cio n es estéticas u n iv e rsa le s], sin o de las c o n d ic io n e s y p o s i­
b ilid a d e s d e la c re a c ió n p o é tic a a lr e d e d o r d e l 8 o o , b a jo la
d ic ta d u ra clasicista de W e im a r» 6. Y ta m b ié n es e n u n a fech a
y u n lu g a r d e te r m in a d o s d o n d e P e s s o a - C a m p o s e s c rib e :
« E s a g e n te es ig u a l, yo soy d iv e rso , / n i e n tr e lo s p o e ta s se
m e a c e p ta ría . / A v e c e s n i s iq u ie r a e s c rib o e n v e rso , / y, lo
q u e digo, n u n c a lo d ir ía n » .
E l sim b o lis m o n o es el c a n o n de A lv aro d e C a m p o s,
d e sd e lu e g o ; H o m e r o , S h a k e sp e a re y P e tra rc a s e rá n lo s
n o m b re s q u e m ás subraye; m e n c io n a rá ta m b ié n a M ilto n o
Shelley, a lu d irá a M allarm é: el O lim p o es ya u n iv ersal, co m o
s in d u d a las le c tu ra s de Pessoa lo so n . P e ro es re le v a n te q u e
a lg u ie n de f o r m a c ió n e in c lin a c io n e s ta n a n g lo fila s c o m o
P esso a -C am p o s, salp iq u e su d isc u rso de p alab ras e n fran cés,
c ifre la g lo ria lit e r a r ia e n la p u b lic a c ió n e n e d ito r ia le s o
revistas p a r is in a s 7 y te n g a s ie m p r e ta n in d is c u tib le m e n te
p re se n te el m ag iste rio de B a u d elaire, ab o cad o a vivir y e sc ri­
b ir co m o « e l h o m b r e d e la m u lt itu d » 8. E l n o m b r e clave de
este m u n d o , d el n u ev o e s p íritu u r b a n o de la p o esía s in au ra,
es, sin em b arg o , C esário V erde, ra tific a n d o c o n ello el c o m ­
p o n e n t e p o lé m ic o , in m e d ia to , q u e m u e v e a P esso a: « o h
C e sá rio V erd e, o h M a estro / d el " S e n tim ie n to d e u n O c c i­
d e n ta l” » , se lee e n « D o s fra g m e n to s de O d a s » y, to d av ía e n
1 9 3 0 , se v o lv e rá a r e n d i r h o m e n a je al p o e ta q u e e ra capaz
—dice C a m p o s— de e m o c io n a rs e h a sta las lá g rim as a n te u n a
fac tu ra , sen sib le co m o él a la m o d e rn a vida co m ercia l: « H e
en g alan ad o , e n m i co ra zó n , la Plaza de F igu eira p a ra ti / y n o
hay r in c ó n q u e n o vea a través tu y o » .
A lv aro d e C a m p o s n o es u n sim b o lis ta ; p e r o P esso a
p o n e esp ecial in te r é s e n m o s tra r q u e e n este esp acio estuvo
su m a triz p o é tic a —al m a rg e n de lo q u e e n seg u id a h a b rá q u e

6 P e te r S zo n d i, Estudios sobre H ólderlin. T ra d u c c ió n de J u a n L uis V erm al.


B arcelo n a, D e stin o , 1 992, p . 149 ■
7 « Q u i e r o te n e r novelas y p o e m a s / p u b lic a d o s e n P ió n y e n el Afer­
rare» ( « O p i a r i o » )
8 « H é - l á - h ó , la fo u le » [la m u ltitu d ] : O da triu n fa l

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 11


d e c ir re sp e c to a W alt W h itm a n —y q u e n o es u n p o e ta se p a ­
ra d o de sus c o n te m p o rá n e o s —de algunos d e sus c o n te m p o r á ­
n e o s. E n te n d e r lo así ayudará a p e r c ib ir las m ú ltip le s p o s ib i­
lid ad es d e ev o lu ció n q u e ese espacio c o n te n ía , m ás allá d e las
ya catalogadas, y a le e r, p o r ta n to , c o n m ás lib e rta d , la o b ra
de los p o etas e u ro p e o s y a m e ric a n o s de la p r im e ra m ita d d el
siglo X X . Es s ie m p re n e c e s a rio r e c o r d a r lo , p o r q u e —c o m o
P e s s o a -C a m p o s sabía b ie n c u a n d o a n o ta b a p a r a e m p e z a r a
hablar.- « d e s d e a q u í, P o r tu g a l» — la h is to r ia q u e h e m o s
h e re d a d o tie n d e a n o e q u ip a r a r to d o s los lu g ares y to d a s las
lenguas.
A lv aro d e C a m p o s n o es u n sim b o lis ta , y se c u id ó d e
h a c e r explícita la r u p tu r a c o n sus o ríg e n e s —a trib u y é n d o la a
la in flu e n c ia de su m ítico m a estro C a e iro —, a u n q u e fu e ra e n
n eg a tiv o , e n f o rm a de q u e ja p o r u n exceso d e lu c id e z exis­
te n c ia l: « ¡ H ic ie r a el D io s ig n o to q u e yo c o n tin u a r a sie n d o
a q u e l, / sí, a q u e l p o e ta d e c a d e n te , ta n e s tú p id a m e n te p r e ­
te n c io so , / [ . . . ] / y q u e n o su rg ie ra e n m í la p av o ro sa cien cia
d e ese v e r ! » . N o es u n sim b o lista , p e r o a P essoa le p a re c ió
n ec esario p re p a ra rn o s c o n esa p erspectiva de su o rig e n an tes
d e q u e e m p e z á ra m o s a le e r sus c u a tro g ra n d e s p o e m a s
extensos, la g ra n ép o ca de Orpheuy de C am pos.

S i la prehistoria sim b o lista p re p a ra d a p o r Pessoa, s u p o n ía u n a


fo rm a de d istan c iarse c o n el co n tex to p o rtu g u é s y la elecció n
d e u n a vía p a ra ex p licar el acceso a la m o d e rn id a d , el n u ev o
p e r io d o im p lic a te n s io n e s m ás fu e rte s , ya n o c o n u n a c o n ­
c e p c ió n tra d ic io n a l, sin o c o n to d a la in s titu c ió n p o é tic a tal
co m o v en ía d ad a p o r h e re n c ia . E l im p u lso futurista y la a d o p ­
c ió n d e l v erso lib r e s o n lo s sig n o s e x te rn o s m ás v isib les d e
esta r u p tu r a .
D esd e las p rim e ra s lín eas de la Oda triunfal se ad v ierte q u e
el p o e ta h a cam b iad o p o r co m p le to de espacio. Las a tm ó sfe­
ras so m b ría s y cre p u scu lares, cerra d as, h a n d ejad o p aso a u n
m u n d o y a u n o s e le m e n to s q u e, e n la h is to ria d el a rte , tie n -

12 M IG UEL CASADO
d e n a id e n tific a rs e c o n el fu tu ris m o , la p r im e r a d e las v a n ­
g u a rd ia s h is tó ric a s : la e x a lta c ió n d e la m o d e r n id a d ,
h a c ie n d o énfasis e n la n u ev a te c n o lo g ía de la in d u s tr ia y los
tr a n s p o r te s , el m a q u m is m o , y el im p u ls o d e la e c o n o m ía ,
v alo re s c o m o la v e lo c id a d o la fu e rz a , el to n o ex clam ativ o ,
ta ja n te m e n te aseverativo. G o m o h a escrito M a rjo rie P erlo ff:
« E l m o m e n to fu tu ris ta fu e la breve fase u tó p ic a d el m o d e r ­
n is m o te m p r a n o e n q u e lo s a rtista s se s e n tía n el c o m ie n z o
d e u n a n u e v a e ra q u e se ría m ás e x c ita n te , p r o m e t e d o r a e
in s p ira d o ra q u e n in g u n a de las q u e la h a b ía n p r e c e d id o » 9.
Y, pese a q u e su e s tu d io n o lo te n g a e n c u e n ta , a pocas
situ acio n es se ad a p ta ta n b ie n el co n c e p to de P e rlo ff co m o al
e fím e ro fu tu ris m o p o rtu g u é s, ag ru p a d o e n to r n o a la revista
Orpheu: a u n q u e solo a lg u n o s de sus m ie m b ro s , y so b re to d o
los artistas p lá stic o s, a s u m ie ra n e n to n c e s la e tiq u e ta , r e s u l­
ta b a ob v ia la s in to n ía e n tr e el m u n d o d e s p le g a d o p o r lo s
fu tu rista s ita lian o s o rusos y el q u e c o n s tru ía A lvaro d e C a m ­
p o s, ta n re a c io a c u a lq u ie r a d s c r ip c ió n q u e lo e n c a s illa ra
co m o se n sib le a lo s cam b io s e n el relieve d e la r e a lid a d q u e
vivía. E l ta m b ié n , p o r ta n to , v in o a p ro c la m a r e n voz alta la
c e le b ra c ió n y el im p u lso de la nu ev a sociedad , la p ro x im id a d
de la u to p ía : « m e da el m o d e rn o o rg u llo de vivir u n a ép o ca
e n la cual es ta n fácil / q u e se m e zc len las razas, y q u e se tr a s ­
p o n g a n los espacios, y q u e se p e rc ib a fá c ilm e n te la to ta lid a d
d e las cosas, / q u e se goce la vida re a liz a n d o g ra n n ú m e r o de
s u e ñ o s » . Las m á q u in a s se le a p a r e c e n a P e s s o a -C a m p o s
c o m o u n a n u e v a r e f e r e n c ia e s té tic a y ex iste n c ia l: « ¡A h ,
p o d e r ex p re sarm e to ta lm e n te cual se expresa u n m o to r , / ser
c o m p le to ta l c o m o u n a m á q u in a ! » . Y , j u n t o a to d a esta
a tm ó s fe ra y estas to m a s de p a r ti d o , se a s u m e n ig u a lm e n te
rasgos de ép o ca co m o el peso d e las in te rje c c io n e s y o n o m a -
topeyas, d e las zo n as d e tex to casi m e ra m e n te fo n é tic a s , las
v a ria c io n e s tip o g rá fic a s. A p e s a r d el p o c o tie m p o q u e d u r ó
la o fensiva social y estética d e l f u tu ris m o p o rtu g u é s , d a u n a

9 M a rjo rie P erlo ff, El m om ento fu turista. T ra d u c c ió n de M a ria n o P eyrou.


V alencia, P re -T e x to s, 2 0 0 9 , p- 125-

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 13


p r u e b a d e la m u ltip lic id a d activa de la m o d e r n id a d p e s s o -
an a , p o r q u e c o n firm a la p lu r a lid a d fe c u n d a d el im p u lso de
las v a n g u a rd ia s y p o r q u e se c o n v ie rte p a ra el p o e ta e n v e h í­
culo y ca ta liz ad o r m uy p o d e ro s o d e p e n s a m ie n to . A l f in y al
ca b o , c u a n d o e n 1 9 ^ 9 e s c rib ió P e s s o a -C a m p o s u n p o e m a
titu la d o « M a r in e tti , a c a d é m ic o » , d ir ig id o a h a c e rle al
e s c r ito r ita lia n o u n tr is te r e p r o c h e —« h a s ta a h í lle g a n
to d o s » —, le lla m a se n c illa m e n te « c o m p a ñ e r o » .

Y era, p o r o tra p a rte , la p r o p ia P e rlo ff q u ie n se p re g u n ta b a


« q u é re su lta b a ta n atractivo de la 'p ro s a ’ p a ra lo s p o e ta s d el
p e r io d o p re v io a la P r im e r a G u e r r a M u n d ia l, a tra c c ió n
re fle ja d a , p o r e je m p lo , e n el títu lo d e l p o e m a d e B laise
G e n d ra rs, Laprosa del Transiberia.no» 10. La resp u esta, co m o ta n ­
to s rasgos de las v an g u ard ias, estaba ya e n los p r im e ro s añ o s
d e l R o m a n tic is m o a le m á n , lo s a ñ o s d e J e n a , c u a n d o F r ie ­
d r ic h S ch le g el h a b la b a d e m e z c la r y f u n d i r e n el p o e m a la
p o esía y la p ro sa , la c re a c ió n y la c rític a 11; estaba ta m b ié n e n
la s a tu ra c ió n irre s p ira b le d e u n a c o n c e p c ió n tr a d ic io n a l d e
la p o e s ía d e l tip o de la sa u d o sista , e n la n e c e s id a d d e b u s ­
c a rle u n a sa lid a , c o m o lo m o s tra b a el c r u d o re c h a z o q u e
P e sso a -G ae iro h izo de sus p r in c ip io s de liris m o tra d ic io n a l.
A sí, al em p e z a r la Oda triunfal, el u so d el v erso lib re a p a ­
rece co m o la fo rm a e n q u e Pessoa co n c reta su o p c ió n . N o en
v an o lleg ó a e s c r ib ir u n a fic tic ia p o lé m ic a e n tr e A lv aro de
C a m p o s y R ic a rd o R eis, e n la q u e el p r im e r o satiriza b a c o n
c o n tu n d e n c ia y sarcasm o las fo rm a s neoclásicas d el seg u n d o :
el v erso d e b e a lca n za r la fle x ib ilid a d d e las se n sac io n es y las
ideas, la te x tu ra de las voces: « concebida fu e r te m e n te la e m o ­
c ió n , la frase q u e la d e fin e se esp o n tan e iza , y el r itm o q u e la
tr a d u c e su rg e e n la f r a s e » 12. E n lo s c u a tro g ra n d e s p o e m a s

10 Ib id e m , p . 3 3 0 . El p o e m a citado es u n p o e m a e n verso, lo q u e hace


m ás significativo su t í tu lo .
11 C f. F rie d ric h Schlegel, Fragmentos. T ra d u c c ió n de P ere P ajerols. B a r­
celo n a, M a rb o t, 2 0 0 9 , p- 81.
12 F e rn a n d o Pessoa, El regreso de los dioses. E d ic ió n y tra d u c c ió n de A n g el
C re sp o . B a rcelo n a, A ca n tila d o , 2 0 0 6 , p . 215-

14 MIGUEL CASADO
extensos de C a m p o s, la lib e rta d del ritm o se e n g ra n a e n u n a
p o d e ro sa capacidad constructiva, e n u n a se n sib ilid ad extrem a
p a ra las v a ria c io n e s to n a le s , p a r a lo s ca m b io s d e tempo, p a ra
a u n a r la d isp e rs ió n y la c o n c e n tra c ió n ; y el verso lib re resu lta
se r el v e h íc u lo im p r e s c in d ib le d e ese tr a b a jo , el ú n ic o q u e
p o d r ía p e r m itir lo . Pocas veces, desde q u e los p o etas se a tr e ­
v ie r o n a e x p lo ra rlo , h a a lca n za d o ta n ta a ltu ra , ta n to p o d e r
m usical y expresivo.

D e la m a n o d e estas dos m uescas, in c isio n e s d e r u p tu r a —el


fu tu ris m o , el verso lib re —, lleg o , p u es, a p la n te a rm e la le c ­
tu r a d e lo s c u a tr o p o e m a s c ita d o s . M a n ife s ta c io n e s d e l
m is m o im p u ls o y d e l m is m o s e n tim ie n to , a d m ite n , p id e n
in c lu s o , u n a m ir a d a de c o n ju n to ; s in e m b a rg o , m e p a re c e
n ec esario h a c e r an tes u n a brev e síntesis del itin e r a r io p a r ti­
cu la r de cada u n o .
A sí, e n u n a rra n q u e q uizá ta n ex p resio n ista co m o f u tu ­
rista —« A la lu z d o lo ro s a de g ra n d e s lá m p aras e lé c tric a s » —,
q u e se p r o lo n g a r á e n la ex a lta ció n d el m a q u in is m o y la te c ­
n o lo g ía , la Oda triunfal d e c la ra p e r s e g u ir u n n u e v o tip o d e
belleza, « to ta lm e n te desco n o cid a a los a n tig u o s» . Más allá de
la p ro v o c a c ió n a b ie rta p o r R im b a u d '3, q u e los m a n ifiesto s de
M a rin e tti e x p lo ta ro n c o n frases efectistas, Pessoa fu n d a m e n ta
su estética de m o d o ac o rd e c o n él m u n d o q u e va a c o n s tru ir:
« T o d o es u n ju e g o de fuerzas, y e n la o b ra d e a rte n o h em o s
de b u sc a r 'b e lle z a ’ o lo q u e p u e d a a n d a r e n p o s e s ió n d e ese
n o m b re . E n to d a o b ra h u m a n a , o n o h u m a n a , buscam os solo
dos cosas, fu erza y e q u ilib rio de fu erza —en e rg ía y a rm o n ía si
u ste d q u ie r e » '4. Y la m ayor fu erza q u e se p o n e aq u í e n p rá c ­
tica es la d el deseo.
P o d ría d e c irse q u e es la e x a lta c ió n d e l d eseo , llev ad a a
u n ex tre m o , la q u e, to m a n d o co m o m a rc o e h ilo c o n d u c to r 134

13 « U n a ta r d e , s e n té a la B elleza e n m is r o d illa s . Y la e n c o n tr é
am arga. Y la i n s u l t é » : e n el p r in c ip io de U na tem porada en el infierno.
14 F e rn a n d o Pessoa, Teoría poética. E d ic ió n de J o s é L u is G arcía M a rtín .
T ra d u c c ió n d e J o s é A n g el C ille ru e lo . G ijó n , Jú c a r, 1 9 8 5 , p . 1 0 4 .

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 15


la c e le b ra c ió n de c ie rta m o d e r n id a d m a te ria l, p ro ta g o n iz a
esta p r im e r a O d a ; fiebre o furia s o n los n o m b re s d e su d e s e n ­
c a d e n a m ie n to c o n tin u o y s ie m p r e c r e c ie n te . E l d eseo se
fra g m e n ta e n u n a cascada de sen saciones v ig o ro sam en te c o r ­
p o ra le s —« ¡C o n s e g u ir p o r lo m e n o s p e n e tr a r m e físicam en te
d e esto , / ra sg a rm e to d o , a b r ir m e to ta lm e n te , v o lv e rm e
esp o n jo so / a to d o s los p e rfu m e s d el aceite, el calo r, los c a r­
b o n e s » —, cada vez m ás tensas, q u e van d a n d o lu g a r e n p a r a ­
lelo a u n a e x p lo sió n de v io le n cia y a u n a sa tu ra d a carga e r ó ­
tic a, re s u e lta e n u n esp a c io q u e se n o m b r a c o n c la rid a d :
« ¡M a so q u ism o a través de m a q u m ism o s! / ¡N uevo sad ism o
d e n o sé q u é m o d e r n o , y q u é y o , y q u é r u i d o ! » . E n u n
m o v im ie n to m u y p r o p io d e l p o e ta , el e n tu s ia s m o d a e n
e n e rg ía negativa, a u to d e stru c tiv a , y los ciclos rítm ic o s , c o n
sus te n sio n e s y d iste n sio n e s, tra s c ie n d e n el esp eso r se n so rial
e n u n a d e m a n d a d e a b s o lu to —« ¡N u e v a R e v e la c ió n h o y
m a n ifie sta , m e tá lic a y d in á m ic a , d e D io s ! » — o e n tr a n e n el
á m b ito o s c u ro d e u n a in s u f ic ie n c ia delj)o, c o m o re fle ja la
le c tu ra q u e h izo O ctavio Paz: « L a Oda triunfal n o es e p ic ú re a
n i r o m á n tic a n i tr iu n f a l: es u n c a n to de ra b ia y d e r r o ta . Y
e n esto ra d ic a su o r ig in a lid a d » 15.

« E n su in o r g a n ic id a d re la tiv a —d e s c rib e E d u a r d o L o u -
re n ç o —, la Oda triunfal conlleva u n d e s a rro llo claro , m u sic a l­
m e n te e s tru c tu ra d o , de tie m p o s fu e rte s, h iste riz a d o s p o r la
in te rje c c ió n [ ...] , y tie m p o s d e re p o s o , descriptiv o s y e n u n ­
ciativos, c o n u n a a b ru p ta depresión e n c ie rto m o m e n to , m arca
d e fáb rica de A lvaro de C a m p o s q u e de r e p e n te se r e tira d el
ju e g o , y q u e se va a r e p e tir e n lo s o tro s g ra n d e s p o e m a s » 16.
Y , e n e fe c to , las lín e a s g e n e ra le s s o n se m e ja n te s e n tr e esos
c u a tro p o em as, a u n q u e n o lo s o n las d im e n sio n e s, la v a rie ­
d a d , la o r q u e s ta c ió n ; la Oda marítima c a b ría e n ese r e tr a to ,
p e r o es ta m b ié n el p o e m a m ás e x te n so d e P esso a, el q u e

15 O ctavio Paz, C uadrivio. M éxico, J o a q u ín M o rtiz, 1969 (2 a), p- 150.


16 E d u a rd o L o u ren ço , Pessoa revisitado. Lectura estructurante del « d ra m a en g en te» .
T ra d u c c ió n d e A n a M árquez. V alencia, P re-T extos, 2 0 0 6 , p . 97-

16 M IG UEL CASADO
o fre c e m ás m a tic es rítm ic o s y e m o c io n a le s, la c u lm in a c ió n
d e esta p o é tic a d e p e c u lia r, p e r s o n a l futurismo, ya casi e n el
u m b ra l de p e r d e r su n o m b r e a p o c o de h a b e rlo to m a d o .
E s m u y c o n o c id o el p r i n c i p i o d e la Oda marítima: el
p a se a n te q u e m u y de m a ñ a n a se acerca al m u e lle y, so lita rio ,
« m ir a n d o hacia la b a r r a » e n la e m b o ca d u ra d el río , c o n te m ­
p la u n le ja n o p a q u e b o te q u e p a re c e v e n ir h a c ia el p u e r to ;
ju n t o c o n el espacio real d el p o e m a , se h ace p re s e n te el q u e
será c o rre la to d e su m o v im ie n to im a g in a rio : « d e n t r o d e m í
u n volante em pieza ya a g irar, m uy le n ta m e n te » . E l b arc o y el
v o la n te se van m o v ie n d o y d ib u ja n el largo p o em a, « c o m o si
u n itin e ra rio de im a g in a ció n -se n sac ió n se desarro llase c o n el
trayecto de los navios; com o si u n 'p u n to m a teria l’ se m oviese
p a ra trazar el d iagram a del s e n tir » 17.
E n tr a a q u í e n to n c e s la re fle x ió n acerca d el viaje, m ie n ­
tras el m u n d o m a rítim o —las nuevas técnicas d e la n avegación
y sus m a q u in a ria s, y las del p u e r to —p e rm ite co n serv ar cierta
p re s e n c ia d e u n a a rq u e típ ic a m o d e r n id a d , cada vez m e n o s
c e n tra l e n el d e sa rro llo d el p o e m a . L a reflex ió n se tre n z a c o n
la im a g in a c ió n y sus v a ria d ísim o s r itm o s van d e te r m in a n d o
lo s r e to r n o s d e l « v o la n te » , su te n s ió n o su v e lo c id a d . E n
alg u n o de sus giros, o tra cara d el m a r se abre, m o stra n d o u n
abism o de tie m p o e n sí: tra d ic ió n , e te rn id a d , lu g a r p o r exce­
le n c ia m e tafísico ; q u iz á sea esta p e rsp e c tiv a la q u e, e s tim u ­
la n d o u n fo n d o m ítico e n el m o v im ie n to im a g in a rio , al g rito
in a rtic u la d o d e u n viejo m a rin o in g lés, favorece q u e la O d a
se p re c ip ite e n u n a esp ira l de d e lirio : es la fuerza ya c o n o c id a
del deseo la q u e hace trizas a h o ra to d o s los d iq u e s d e la raz ó n
(salvo el rig o r co n stru ctiv o y m u sical del p o e m a ).
L o sin ie s tro y lo b r u ta l, el la d o m ás c ru d o d e esa fuerza,
d e s e m b o c a n e n u n e sc e n a rio de v io le n cia, d e d e s e n fre n a d o
sadism o, q u e p u e d e e n s o ñ a r co m o m o m e n to s d e éxtasis s e n ­
s o ria l lo s p e o re s c rím e n e s de la c o lo n iz a c ió n e u r o p e a o los
q u e se d ir ig e n c o n tr a lo s m ás d é b ile s . E l d e se o del_yo se

17 J o s é G il, D iferença e N egação na Poesia de Fernando Pessoa. L isb o a, R e ló g io


d ’Á g u a, 1 9 9 9 , p . 123.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 17


m u e v e c o m o d eseo d e id e n tif ic a c ió n c o n esos acto s, h a sta
q u e se d e s n u d a co m o deseo de m u e rte , de a u to d e stru c c ió n :
el sad ism o d a e n u n m a so q u ism o evocado c o n d etalle. Es el
m o m e n to e n q u e el m ito d e l m a r in o da p aso a la a p a r ic ió n
d e lo s p ir a ta s : al c o m p á s d e la c a n c ió n d e l c a p itá n F lin t,
to m a d a d e La isla del tesoro, su b a r b a r ie se d e sp lie g a c o n u n
signo eq uívoco, n o solo p o r el e n c o m io d el salvajism o, sin o
ta m b ié n p o r el d e s tin o q u e a rra s tra la p r o p ia c a n c ió n , c a n ­
c ió n de fantasm as, r e m itid a sie m p re e n la novela d e S tev en ­
so n a la voz de u n m u e rto , h im n o socavado p o r la a u to d e s ­
tr u c c ió n y la d is o lu c ió n d e l m ito e n la d e r r o ta . E n la Oda
marítima, p o r fin , la « o r g ía d e sa n g re » c o n e cta d e n u ev o c o n
la b ú sq u e d a d e tra sc e n d e n c ia , c o n la a c e le ra c ió n v ertig in o sa
d el « v o la n te » , c o n la arq u e típ ic a y p revista « d e p r e s ió n » del
p e r s o n a je y d e l m o v im ie n to . L a f ie b re « r o e » , se d ic e, y la
c o m p a ra c ió n c o n la v id a re a l y c o tid ia n a se h ac e im p lac ab le
e n el m o m e n to q u e su rg e. E n el m u e lle h a pasad o el d ía, va
a z a rp a r o tr o b a rc o , el v o la n te se d e tie n e .

G o m o se ve, el r e c o r r id o b ip o la r d e las O d a s s u p o n e u n a
s u e rte de r e p e tic ió n ta n tá lic a , u n casi to c a r n o se sabe q u é
am b ig u o cielo p a ra cada vez d esp eñ a rse e n u n in f ie rn o in te ­
r i o r . E n el caso d e la Salutación a Walt Whitman, a u n q u e el
esq u em a se re p ro d u c e , so n la existencia de u n in te r lo c u to r y
su cu alid ad de p o e ta las q u e im p r im e n su sello sin g u lar. A u n
s in q u e P essoa lo h u b ie r a r e c o n o c id o , n o h a b r ía re s u lta d o
d ifíc il p e r c ib ir la raíz w h itm a n ia n a de lo s p o e m a s extensos:
su p e r m a n e n te v o ca ció n h ím n ic a , el so ste n id o énfasis excla­
m ativo, la sintaxis yuxtapuesta, h ip e rn o m in a l, e n u m erativ a,
la te n d e n c ia a lo s p a ra le lis m o s y a n á fo ra s q u e c o m p o n e n
r e c u rr e n te s le ta n ía s, la p e c u lia r alian z a de la e x a lta ció n y el
p ro sa ís m o , etc., a b o n a n esta le c tu ra , m ás allá de los p o sib les
o ríg en e s c o m u n e s q u e p u e d a n r e m itir a Blake o lo s r o m á n ­
tico s alem a n es. P ara la m a y o ría de los crítico s, el e n c u e n tro
c o n la o b ra de W h itm a n —q u e, pese a la fo rm a c ió n inglesa de
su ad o lescen cia e n D u rb a n , h u b o de ser p o s te rio r—le a p o rta
a P essoa el m a rc o d e la r u p t u r a a q u e su e v o lu c ió n te n d ía .
S in e m b a rg o , q u iz á n o q u e p a h a c e r v a lo ra c io n e s a b so lu ta s

18 MIGUEL CASADO
c o m o la d e E d u a r d o L o u r e n ç o , p a r a q u ie n W h itm a n « lo
su stra jo de u n a vez p o r to d a s a las d e c a d e n c ia s fo rm a le s d e
u n sim b o lis m o q u e n o a c ab a b a d e a b a n d o n a r , y lo d ir ig ió
c o n u n a avidez de n e ó fito hacia el tu m u lto y la v astedad d e la
e x p e rie n c ia h u m a n a , h ac ia el r o s tr o d e la c o tid ia n id a d m ás
p u ja n te y p r ó x im a » 18. La r e c o n s tr u c c ió n q u e P esso a q u iso
h a c e r de su raíz sim bolista, las fre c u e n te s referen c ias fra n c e ­
sas, las a fin id a d e s em o cio n a le s e ideo ló g icas c o n B a u d e la ire
y c o n C e sário V erde, el c o n o c im ie n to de M a llarm é, la i n d u ­
d ab le v o lu n ta d de s in to n iz a r c o n el « m o m e n to f u tu r is ta » ,
p e ro ta m b ié n el peso de los clásicos ingleses o la d e n s id a d de
sus le c tu ra s filo só ficas, h a c e n p e n s a r e n W h itm a n co m o u n
d e s e n c a d e n a n te , c o m o u n c a ta liz a d o r de fo rm a s , m ás q u e
c o m o u n a m a tr iz p e r s o n a l. Ya se sabe q u e las in f lu e n c ia s
n u n c a ac tú a n de m a n e ra ta n rec tilín e a, sin o q u e —co m o b ie n
explicó V aléry— s u e le n p a r ti r d e zo n as acceso rias o la te n te s
de la o b ra q u e in flu y e . A u n q u e v e rd a d e ra m e n te la Salutación
le o fre c e a W h itm a n el p e d e s ta l d e u n r e c o n o c im ie n to q u e
p o co s p o etas h a n te n id o e n la e s c ritu ra de o tro s.
Es c ie rto q u e el m u n d o w h itm a n ia n o tie n e n u m e ro s o s
p u n to s d e c o n ta c to c o n el de P e s s o a -C a m p o s (la h u e lla d e
u n a sexualidad h o m o se x u a l y p ro v o c a d o ra , o la p re se n c ia de
la té c n ic a m o d e rn a ju n t o al m ito n e o -a rc á d ic o a m e ric a n o ),
p e r o n o c o in c id e n am b o s e n su n ú c le o fu n d a m e n ta l, e n lo
q u e d e te rm in a su ac en to , se o p o n e n in c lu so . La ce le b ra c ió n
in d is c rim in a d a de la existencia e n c u e n tra su eje, e n el p o e ta
d e l Canto a mí mismo, e n u n a p a s io n a d o n a rc is is m o p o sitiv o
—« e sto y p r e n d a d o d e m í m is m o ... hay ta n to d e m i ser y ta n
s u c u le n to , / cada m o m e n to y to d o lo q u e o c u r r e m e h a c e
estre m e ce r de a le g ría » 19—, q u e p a re c e el envés d el vacío exis­
te n c ia l y el n a rc is is m o n eg a tiv o d e A lv aro d e C a m p o s . E n
to d o caso, a h í q u e d a n p o r p a r te d e éste las d e c la ra c io n e s de
fid e lid a d —« s e g ú n se n tiste to d o , sie n to t o d o ; y a q u í estam os,

18 E d u a rd o L o u re n ç o , op. c i t , p . 8 6 .
19 W alt W h itm a n , H ojas de hierba. T r a d u c c ió n de J o s é L u is C h a m o s a y
R osa R a b ad án . M a d rid , E sp asa-C alp e, 2011, p . 143*

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 19


c o g id o s d e la m a n o » — e in c lu s o d e p e r f e c ta id e n tid a d :
« sa b es q u e yo, A lvaro de C a m p o s, in g e n ie ro , / p o e ta se n sa-
c io n ista , / n o soy t u d isc íp u lo n i ta m p o c o tu am ig o , n o soy
t u c a n to r ; / ¡sabes q u e yo soy T ú . . . ! » S ea c o m o f u e re , la
Salutación le o fre ce a Pessoa u n n u ev o á m b ito , esp e c ia lm e n te
ad e cu a d o , p a ra u n d e te n id o análisis de los excesos d el deseo,
su salto a lo tra s c e n d e n te y la e s tru c tu ra l caída q u e los sigue.

P o r ú ltim o , El paso de ¡as horas se o rg a n iz a e n to r n o a u n le m a


—« s e n tir to d o de todas las m a n e r a s » —q u e v iene a re s u m ir el
p ro g ra m a se n sac io n ista de C a m p o s; el p o e m a crece e x p e ri­
m e n ta n d o las m ú ltip le s v ariacio n es de esta frase y lleva quizá
la té c n ic a c o n s tru c tiv a de P essoa a su p u n to m ás a lto , p u e s
p re s c in d e d e apoyos n a rra tiv o s o d e p ro ta g o n is ta s ex te rn o s
p a ra tra m a rse e n el in a d v ertid o tra s c u rrir de las h o ra s d el día,
u n e n t o r n o c o tid ia n o y las re la c io n e s co n sig o m is m o d el
s u je to - p e r s o n a je . S in e x tre m o s ta n h ir ie n te s p e r o c o n alta
te m p e ra tu ra p o ética, el p o e m a vuelve a r e c o rr e r la p lu ra lid a d
to n a l y los in fin ito s m atices de las a n te rio re s odas. E n el vai­
v é n de sus e m o cio n e s, largas series enum erativ as se a rtic u la n
c o n sucesivas an á fo ra s, ya e n to r n o a p e rso n a je s —ely o so b re
to d o , o tra s fig u ra s de ca rá c te r c o tid ia n o —, ya o rie n ta d a s a la
in tim id a d —« m i c o ra z ó n » —u o b ed ien te s a la lógica d e la ace­
le r a c ió n r ítm ic a —« g a lo p a d a » —. E l v o la n te o las m á q u in a s
re a p a r e c e n c o m o e n u n f in a l de e ta p a , m ie n tr a s el m o tiv o
in ic ia l va s ie n d o cada vez m ás afectad o p o r u n f e n ó m e n o d e
d e sd o b la m ie n to —« d o b lo to d o s los días todas las esq u in as de
to d a s las calles, / y sie m p re q u e estoy p e n s a n d o e n u n a cosa,
estoy p e n s a n d o e n o tr a » —, hasta a lu m b ra r u n ú ltim o escena­
r io q u e ta m b ié n se h a rá a rq u e típ ic o e n P esso a -C a m p o s: co n
la ca íd a d e la ta rd e , ac u d e el re c u e r d o , im p re c iso y d e s p la ­
zado, de la in fan c ia.

E n tre los cu a tro gran d es p o em as extensos de P esso a-C am p o s,


u n o s tie n e n m ás c o m p o n e n te n a rra tiv o q u e o tr o s , u n o s

20 M IG UEL CASADO
d e ja n m ayor lu g a r a la im a g in a c ió n y a la c o n s tru c c ió n d e u n
p ro ta g o n is ta m ás p e c u lia r —v ia je ro , in g e n ie r o , s o lita rio u n
ta n to p e rv e rso —, m ie n tr a s e n o tr o s se tr a n s p a r e n ta u n j o
m u c h o m ás su m erg id o e n avatares co tid ian o s, en so rd e c id o e n
su tra n sc u rso . P ero se g u ra m en te estas d iferen c ia s d e se n sib i­
lid a d n o s o n decisivas, n o c o n s titu y e n lo f u n d a m e n ta l d e
estos p oem as; m ás b ie n , p arece p o sib le in te n ta r leerlo s, a c e r­
carse a sus p rin c ip a le s n ú cleo s y a la lógica de su m o v im ie n to ,
co m o a h o ra tra ta ré de h a c e r c o n u n a m ira d a d e c o n ju n to .

La p lu r a lid a d de se n tid o s d e l viaje p r o p o r c io n a el m o d o de


c o m p o n e r, e n la p o esía de A lvaro de C a m p o s, u n esc e n a rio
ex iste n cia l q u e n o p u e d a s e n tirs e n u n c a co m o d e n o r m a l i­
dad; la p o lisem ia d el viaje n o sería sin o la in e sta b ilid a d e m o ­
c io n a l de u n a re la c ió n c o n la v id a m a rc a d a p o r el d esp laz a­
m ie n to , el fu e ra - d e - lu g a r . E l viaje se e m p re n d e co m o fo rm a
de olvidarse de sí y de ser o lvidado, de c o n v e rtirse e n d esco ­
n o c id o p a ra u n o m ism o y p a r a lo s d em ás, tie n e algo d e
h u id a . P e ro el viaje va a se r ta m b ié n —se h a visto ya p a r a
« O p i a r i o » —u n m o v im ie n to in ú til, q u e n o lleva a n in g ú n
sitio . Y s u p o n e u n a m a n e r a d e a b r ir in c e r tid u m b r e s :
e n c u e n tro c o n fo rm a s ancestrales d el m ie d o , c o n fo rm a s d el
m isterio y el desam p aro , o b ie n « u n a gran , in d e fin id a y esca­
lo f r ia n te e s p e ra n z a » , « u n a tr é m u la se n sa c ió n d e f u t u r o » .
Sucesividad d e las sensaciones, quizá p erspectiv ism o asu m id o
e n la m ira d a.
J u a n B arja re c u e rd a 20 c ó m o , e n la lín e a q u e a r ra n c a de
B a u d elaire, spleen y viaje v e n ía n a se r sin ó n im o s, y así n o m b ra
ta m b ié n Pessoa ese estado im p re ciso : « u n a vaga a n sied a d qu e
m ás se ría o te d io o d o lo r / si es q u e s u p ie ra c ó m o s e r lo » .
P e ro , se in tu y e ya e n sus v erso s, hay a q u í u n p lie g u e , u n a
d o b le z: « e n e rg ía s ro íd a s h asta la r u tin a —h a e s c rito S te in e r
so b re el spleen— a m e d id a q u e a u m e n ta la e n tro p ía . E l m o v i­
m ie n to o la in a c tiv id a d r e p e tid o s , c u a n d o se p r o lo n g a n lo
suficien te, segregan u n v en e n o e n la sangre, u n to r p o r ácido.

2,0 V er sus n o ta s al fin a l de este v o lu m e n .

PARA UNA LECTURA DE ÁLVARO DE CAMPOS 21


L etargia feb ril, la náusea a m o d o rr a d a » 212. Es la d ificu ltad p ara
se p arar los hilo s, p a ra an alizar los significados, los c o n tra rio s
s im u ltá n e o s . P e s s o a -C a m p o s lo f o r m u ló c o n én fasis:
« ¡A n g u s tia , fo rja de las em o cio n e s! / ¡R abia, e sp u m a , y esa
in m e n s id a d q u e n o p u e d e cab er e n m i p a ñ u e lo ! » —d o n d e el
q u ie to viaje d e l te d io to m a el n o m b r e de d eseo , y a u n de
p asió n : « e s tá n h irv ie n d o e n m í / e n u n id a d explosiva la to ta ­
lid a d de m is ansias, / y de m is p ro p io s te d io s vueltos d in á m i­
c o s » . M overse, a u n q u e n o sea e n el espacio, sin o e n el curso
d e la p r o p ia vida. M overse, a u n q u e n o haya e n ello fin alid ad .
M overse, co m o a firm a c ió n c o n tin u a , co m o n a tu ra le z a : « e l
m o v im ie n to , ah , el m o v im ie n to , / rá p id a cosa h u m a n a y
c o lo rid a q u e pasa y se q u e d a » .
C o m o se h a visto, al p re se n ta r e n p a rtic u la r las O d as, ese
d eseo, d el q u e el viaje es c o rre la to , se da c o n la m áxim a t e n ­
sió n : fieb re, fu ria , rabia, incandescencia, eb rie d ad ; ren o v ad o
e n la vieja m e tá fo ra p e tra rq u is ta del fuego: « e l alm a m e ard e
ta n físic a m e n te co m o si fu e ra u n a m a n o » . E n la p o esía f i r ­
m ada p o r A lvaro de C am p o s, la in te n sid a d y la a u to n o m ía sin
c o n tr o l q u e a d q u ie re el d eseo lo c o n v ie rte n e n c u e s tio n a -
m ie n to d e lo h u m a n o : c u a lid a d h u m a n a q u e se d e s b o rd a ,
cru z a u n lím ite , p a ra ag o ta r su p o te n c ia lid a d se h ac e i n h u ­
m a n a ; lo s p o e m a s e x p lo ra n esa tra y e c to ria e n d o s d ire c c io ­
n es: h ac ia lo in o rg á n ic o p r o d u c id o p o r la té c n ic a y h ac ia lo
q u e es n a tu ra le z a b r u ta , y tie n d e n u n a p e r tu r b a d o r a tra m a
q u e p are ce f u n d ir las d iferen c ia s e n tre am bas. L o q u e afirm a
L o u re n ç o so b re el la d o té cn ic o b ie n p o d r ía g en e ralizarse e n
el o tro se n tid o y e n to d o el f u n c io n a m ie n to del deseo: « N o
es casualidad q u e Pessoa haya escogido la m e tá fo ra 'm á q u in a ’
p a r a p la s m a r a través de ella su fin g id a y re a l e x a lta c ió n . La
m á q u in a es la exterioridad pura, la irre sp o n sa b ilid a d p u r a ju n to
a la eficacia su p rem a , el acto id e al s in su je to » —y a ello, esa
d in á m ic a su je to -o b je to , h a b rá q u e volver.

21 G e o rg e S te in e r , E n el castillo de B arbazul. T ra d u c c ió n d e H e r n a n d o
V alencia. M a d rid , G u a d a rra m a , 1977’ P- 14"
22 E d u a rd o L o u re n ç o , op. c i t , p . 94-

22 M IG UEL CASADO
D esde el p rin c ip io de la Oda triunfal, se ap recia q u e la g eo ­
m e tría q u e suele asociarse c o n la m á q u in a , la in v isib le e n e r ­
gía q u e la alim e n ta , sus frías su p e rfic ies e in e rte s m ie m b ro s,
sin p e r d e r la re fe re n c ia de su estricto carácter físico, a d q u ie ­
r a n u n a vida ta n in te n sa y se vayan ca rg an d o d e in sin u a c io n e s
eróticas; m ás allá de las n u m e ro sa s figuras fálicas d isem in ad as
p o r el p o em a, se e n c o n tra rá « lú b r ic o » el g iro de las g rúas, o
se h a b la rá d e la « p r o m is c u a f u r ia d e se r p a r te - a g e n te / d el
r o d a r fé rre o y co sm o p o lita / de los ágiles t r e n e s » . « U n a id ea
g en ial de C a m p o s —h a escrito A la in B a d io u — es m o s tra r q u e
la o p o sic ió n clásica e n tre el m a q u m ism o y el im p u lso es c o m ­
p le ta m e n te rela tiv a . C a m p o s es el p o e ta d e l m a q u in is m o
m o d e rn o , y de las gran d es m e tró p o lis [...] , co n ceb id o s co m o
dispositivos de cre ació n , co m o analogías n a tu ra le s » 23. Sigue
así ab ierta la p o sib ilid a d de la le c tu ra deleuzian a, q u e Jo s é G il
h a p ro p u e sto e n sus sugerentes trab a jo s so b re Pessoa2425; p e ro ,
m ás allá de este e n fo q u e vitalista, seg u iría q u e d a n d o la cu es­
tió n del lím ite , de la exterioridad.
E se estar fuera, r o m p e r el m a rc o d e lo r a c io n a l ( p o r
m u c h o q u e la té c n ic a u tilic e co m o in s tru m e n to la ra z ó n , sus
m ecan ism o s carecen de e lla ), es quizá lo ú n ic o q u e m á q u in as
y an im ales c o m p a rte n . Y, así, la o tr a lín e a d e fuga d e l deseo
p esso an o es la a n im a lid a d . Ya observó K a th ry n B is h o p -S a n -
chez el re c u rso de las O d a s al estado a n im a l d el celo 23, q u e a
veces, lla m a tiv a m e n te , p u e d e r e u n i r o b je to s té c n ic o s y sexo

23 A la in B a d io u , « U n e tá c h e p h ilo s o p h iq u e : é tre c o n te m p o r a in de
P esso a» , e n C o llo q u e de C erisy, Pessoa. Unite, diversité, obiiquité. E d ic ió n
d e Pascal D e th u r e n s y M a ria -A lz ira S eixo. P arís, C h r is tia n B o u r -
gois, 2 0 0 0 , p . 145-
24 V er so b re to d o Fernando Pessoa ou a metafísica das sensações. T ra d u c c ió n del
fra n c é s al p o r tu g u é s d e M ig u e l S e rra s y A n a L u isa F aria. L isb o a ,
R eló g io d ’A gua, s.f.
25 K a th ry n B ish o p -S a n c h e z , « B e ija r to d as as p ro stitu ta s: deslocaliza-
ção d a m u lh e r e a p o é tic a da m o d e r n id a d e em A lvaro de C a m p o s » ,
e n : A n n a M . K lo b u ck a y M a rk S ab in e (e d s.), O corpo em Pessoa. Corpo-
ralidade, género, sexualidade. T r a d u c c ió n al p o r tu g u é s de H u m b e r to
B rito . L isboa, A ssírio & AI vim , 2 0 1 0 , p . 25§-

PARA UNA LECTURA DE ÁLVARO DE CAMPOS 23


a n im a l co m o c u a n d o se lee, e n el co n tex to de las m á q u in as:
« M e ro z o e n to d o esto c o m o u n a gata e n celo a lo la rg o de
u n m u r o » . F ó rm u la a q u í d e u n a e x c ita c ió n p e r m a n e n te ,
f u n d id a a lo c o tid ia n o , P e s s o a -C a m p o s r e c u r r e c o n m a y o r
fre c u e n c ia a lo a n im a l co m o u n in d ic a d o r de g rad o , cu a n d o
el deseo d e sb o rd a , ¿ c u a n d o se co n v ierte él m ism o e n v e rd a ­
d e ro su jeto m ás allá de la c o n c ie n c ia ? « A m o a to d o s, a to d o ,
igual q u e u n a fiera. / ¡O s digo q u e os am o c a rn ív o ra m e n te » .
Es significativo —y quizá co n e cta c o n u n a p o sib le d e su b -
je tiv a c ió n q u e así se o p e r a r ía (d e « ir r e s p o n s a b ilid a d »
h a b la b a L o u re n ç o ) — q u e los m o m e n to s e n q u e las excitadas
sensacio n es eró ticas se tra n s fie re n a lo a n im a l su e la n c o in c i­
d ir c o n aq u e llo s e n q u e se d e s e n c a d e n a n las escenas d e v io ­
le n ta c ru e ld a d : « q u e r r ía se r u n a b e s tia q u e re p itie s e to d o s
v u estro s g e s to s» , les dice el p e rs o n a je a lo s p ira ta s, o a ñ a d e
e n la e n u m e ra c ió n : « s e r p ie n te d e m a r m o n s tru o s a y fe m e ­
n in a q u e se ceba e n lo s c r ím e n e s » . V o lv ien d o al p r in c ip io ,
p o d r ía r e c o rd a rs e lo q u e S te in e r d e c ía a p r o p ó s ito de
Salambo: « E l sad ism o d el lib r o , su im p u lso , c o n tro la d o a p e ­
n as, h a c ia el salvajism o, p ro c e d e in m e d ia ta m e n te d el re la to
q u e F la u b e rt h ac e de su p r o p ia c o n d ic ió n . D esd e la a d o le s­
cencia n o h a se n tid o o tr a cosa sin o 'deseos in saciab les’ y 'u n
te d io a tro z ’» 26.

E n este m a rc o q u izá n o r e s u lte n ex tra ñ o s los té r m in o s q u e


usa Pessoa p a ra e n c o m ia r el vitalism o in c o n te n ib le d e W h it­
m a n : « m i g r a n h é r o e e n t r a n d o p o r la M u e rte y d a n d o
cabriolas, / y b ra m id o s, y ch illid o s, y b e r r id o s » ; lo a n im a l es
lo so b re h u m a n o , o viceversa. P ero in te re sa re c o rd a r la id e n ­
tid a d de cualidades y acciones e n tre el p e rso n a je d e W h itm a n
—e n la Salutación—y elj o q u e p ro ta g o n iz a los p o em as extensos,
c o m p ro b á n d o s e có m o la fig u ra d e l p o e ta a m e ric a n o le sirve
a C a m p o s p a r a d e c ir lo q u e e n p r im e r a p e r s o n a p o d r ía
re s u lta r le m ás d ifíc il; así: « g r a n p e d e ra s ta r o z á n d o te e n la
v a rie d a d d e las cosas, / sex u alizad o p o r p ie d ra s y p o r á r b o -

26 G eo rg e S te in e r, op. c i t , p . 25-

24 M IG UEL CASADO
le s » , o h a c e r q u e W h itm a n re c ib a ca lific ac io n es asociadas a
u n im a g in a rio h o m o se x u a l: u n a m a s c u lin id a d m u sc u lo sa y
cicló p ea, « e l M o m e n to de tr o n c o d e s n u d o y ca lie n te co m o
u n fo g o n e r o » , m ítico s m a rin e ro s q u e e n c o n tra m o s ta m b ié n
e n L o rc a o e n F assb in d er.
S o n éstas im ágenes n ítid a s y c o n u n a f u n c ió n c e n tra l e n
la e x p re s ió n d e l d e se o , p u e s v ie n e n m u y e x p líc ita m e n te
c o n e c ta d a s c o n el im p u ls o m a s o q u is ta d e lo s p o e m a s d e
C a m p o s: « L o s m a rin e r o s m e lle v a ro n p re s o . / M e ap la sta ­
r o n las m a n o s e n lo o sc u ro . / M o r í te m p o r a lm e n te d e s e n ­
t i r l o » . E s el lu g a r e n q u e se in s e rta , e n n u m e ro s a s o c a sio ­
nes, la fan ta sía d e se r m u je r —« lo s b raz o s de to d o s los atletas
m e a p r e ta r o n , vuelto sú b ita m e n te f e m e n in o , / y ta n sólo de
p e n s a r e n eso m e desm ayé e n tre m ú sc u lo s s u p u e s to s » —, q u e
n u n c a f u n c io n a co m o u n a id e n tific a c ió n , sin o co m o e x p re ­
s ió n a r q u e típ ic a d e s u m is ió n y p a siv id a d , d e o b je to sex u al
d o m in a d o y s u s c e p tib le d e d e s tru c c ió n . E n té r m in o s d e
é p o c a , q u e n o r e s u lta n a h o r a fác iles d e a s u m ir , se tr a ta r ía
q u iz á d e u n a m e tá f o r a , de u n a f o r m a d e c ifr a r el d e se o d e
m u e rte , de p é r d id a d e la id e n tid a d .
E n efecto, la fan ta sía de ser m u je r ap arece e n co n tex to s
de v iolencia ex p e rim en tad o s c o n u n a sensib ilid ad m aso q u ista
—« y o p o d r ía m o r ir tr itu r a d o q u iz á p o r u n m o to r / c o n ese
se n tim ie n to de deliciosa en treg a de la m u je r p o se íd a » —, p e ro
suele tra ta rse d e u n p r im e r m o m e n to y p r o n to ese equívoco,
im a g in a rio placer, cede paso a u n ansia im p e rio sa d e au to d es-
tru c c ió n , cada vez m ás exaltada: « ¡A rro ja d m e a los altos h o r ­
nos! / ¡T irad m e, sí, debajo de los trenes! / ¡A zotadm e a b o rd o
de n av io s!» . E sta d e m a n d a alcanza extrem os q u e h a ría n p e n ­
sar e n u n e ro tism o de la to r tu r a , e n la lín e a d esarro llad a p o r
B ataille. G osificado e n o b je to de violencia, el p erso n a je vuelve
a e n c o n tra r u n a salida hacia el e x te rio r de lo h u m a n o . A sí, en
m e d io del d elirio c o n los piratas, p u e d e en c o n tra rse esta aspi­
r a c ió n q u e p a re c e de o tr o o r d e n : « ¡ H u i r c o n v o so tro s d e la
civilización! / ¡P erder c o n vosotros la n o c ió n de m oral! / ¡Sen­
t i r q u e ca m b ia m i h u m a n id a d e n la le ja n ía ! » . L a fu ria
m a ch ista y sádica q u e se d e s e n c a d e n a v e n d ría a se r ta m b ié n
u n a re p re s e n ta c ió n fallida, m o n s tru o s a m e n te desplazada, de

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 25


la o p r e s ió n q u e e je rc e n esas in sta n c ia s: civilizació n , m o ra l,
h u m a n id a d .
L o c ie rto es q u e el im p u ls o a u to d e stru c tiv o va m ás allá
d e lo q u e ex p lícitam en te es deseo sexual m aso q u ista, co m o si
se ñ ala ra u n a fo rm a de in se rta rse e n la re a lid a d , u n lu g a r e n
el q u e p o d r ía e n c o n tr a r su s itio , a llí d o n d e e m itir ía su voz
p r o p ia : « a d h e r ir m e a las ru e d a s d e lo s v ehículo s y m e te rm e
d e b a jo » , « s e r el a p la sta d o , a b a n d o n a d o , d esp laz ad o , a c a­
b a d o , / y to d o p a r a c a n ta rte y sa lu d a rte . / D a n z a c o n m ig o ,
W a lt» . Es d el o r d e n de aq u e lla id e a de K a n t: « E l o b je to es
r e c ib id o c o m o s u b lim e c o n u n p la c e r q u e so lo es p o s ib le
m e d ia n te u n d o l o r » 27. I m p lic a , p o r ta n to , ta m b ié n u n a
estética. Y u n a psico lo g ía: « L a tr a n s f o r m a c ió n d el sad ism o
e n m a s o q u is m o sig n ific a u n r e t o r n o al o b je to n a rc is is ta
—escrib e F re u d . [ ...] La o r ie n ta c ió n de las p u lsio n e s c o n tra
el p r o p io j o y la tr a n s ic ió n d e la a c tiv id a d a la p a siv id a d
d e p e n d e n d e la o r g a n iz a c ió n n a rc is is ta d e l j o y lle v an
im p re so el sello de esta fase. C o r r e s p o n d e n q uizá a las t e n ­
tativas d e d efe n sa d el d e s a rro llo deljyo»28.

« P o e sía d in á m ic a , se n sac io n ista, silb a n d o / a través d e m i


im a g in a c ió n » , así d e fin ía P e s s o a -C a m p o s su e s c ritu ra , y
se g u im o s se g ú n esta su g e re n c ia —q u e en g arza c o n la e n e rg ía
d el deseo—el re c o rrid o de los p o em as extensos. La fu n c ió n de
la im a g in a c ió n co m o h ilo c o n d u c to r , de raíz ro m á n tic a ,
parece h oy m ás in fre c u e n te e n nuestras costum bres d e lectura;

27 I n m a n u e l K a n t, C rítica del J uicio. T ra d u c c ió n d e M a n u e l G arcía


M o r e n te . M a d rid , E s p a s a -C a lp e , 1991 (5 a), p* 2 0 3 . C f. J e a n -
F ra n ç o is L y o ta rd , El entusiasm o. Crítica kantiana de la historia. T ra d u c c ió n
d e A lb e rto L . B ixio. B a rcelo n a, G edisa, 1994» pp* 5 * "8 8 .
28 S ig m u n d F re u d , « L a s p u lsio n e s y sus d e s tin o s » , e n Los textos fu n d a ­
mentales del psicoanálisis. T ra d u c c ió n d e L uis L ópez B allesteros, R a m ó n
R e y y G ustavo D essal. B a rcelo n a, Altaya, 1993, p . 2 6 3 .

26 M IG UEL CASADO
p e ro resu lta decisiva p a ra c o n s titu ir la voz de A lvaro d e C a m ­
p o s y re c o n o c e r e n ella el n ú cleo del p e n sa m ie n to de Pessoa.
Sensacionista, sí, la im a g in a c ió n c o n s tru y e c o n se n s a c io ­
n es. C u a n d o la Oda triunfal d ec la ra su a m o r p o r to d o s los e le­
m e n to s rep rese n tativ o s de la m o d e rn id a d , dice h a c e rlo « c o n
el o jo , el o íd o y el o lf a t o » . C u a n d o el p a s e a n te d e la Oda
marítima ex p resa c u á n to le c o n m u e v e n lo s b a rc o s, su m ir a d a
va a c erca n d o y se p a ra n d o los p la n o s —«visto s d esde ab ajo , de
los b o tes, altos m u ro s de c h a p a » —, m ie n tra s to d o s los dem ás
se n tid o s se a b re n , se im p r e g n a n d e o lo r , ro z a n las cu e rd as.
P essoa e s c rib e a q u í c o n la s e n c illa efic ac ia d e las im á g e n e s
físicas q u e n o b u sc a n tra d u c irs e e n sig n ificad o , o d eja q u e el
p o e m a se deshaga e n o n o m a to p ey a s, e n g rito s in a rtic u la d o s,
q u e s o n m a te r ia lm e n te el s o n id o p o r e n c im a d e l c u a l las
p alab ras se e n to n a n .
E l cu e rp o e n te ro es el ó rg a n o sen so rial sin p arcelas y, e n
su p e r c e p c ió n p o te n c ia d a , la n itid e z y el reliev e d e las d e s ­
c rip c io n e s se afila d e u n m o d o q u e in c lu s o el visual C a e iro
desco n o cía: « o s c u ra b la n c u ra d e l agua, / in v isib le p e lu sa e n
lo s z a rz a le s» . L a p e r c e p c ió n alcan za lo c o n tr a d ic to r io , las
caras ocu ltas d e las cosas, lo s estados d e á n im o , la a m b ig ü e ­
dad, las laten cias q u e ap en as p u e d e n fo rm u la rse —« e s e g rito
in g lé s, a n tiq u ís im o , / el q u e re s u m e ta n v e n e n o s a m e n te , /
p a ra alm as com plejas co m o lo es la m ía, / la lla m a d a co n fu sa
de las ag u a s» . P o r eso, sensaciones y em o cio n e s n o se d e s lin ­
d an , y to d a la p e r s o n a se ve im p lic a d a e n sus efecto s, r e m o ­
vida, afectada p o r ellos: « S u e n a e n el acaso d el río u n p itid o ,
su en a ta n sólo u n o , / y tie m b la el suelo de m i p siq u ism o to d o
e n t e r o » . Y así p u e d e P e s s o a -C a m p o s m o s tra r el m o d o e n
q u e u n j o —u n tú, el p e rso n a je W h itm a n e n este caso—se c o n s­
tituye: « ¡ T ú , lo q u e eras, tú , lo q u e veías, sí, tú , lo q u e oías,
/ su je to y o b je to , activo y pasivo, / tú a q u í y allí, tú e n to d a s
p arte s, / círc u lo c e rra n d o las p o sib ilid a d es d e s e n tir » .
Q u ie n e n s u e ñ a la Oda marítima e n c u e n tra e n lo s d e s m a ­
n e s p ir a ta s « u n a s in f o n ía d e s e n sa c io n e s in c o m p a tib le s y
a n á lo g a s » , y te je r su tra m a se le c o n v ie rte e n to n c e s e n u n a
p e r m a n e n te o b s e rv a c ió n d e lo se n sib le , u n m ic ro s c ó p ic o
ejercic io d e te n d e r co n e x io n e s, d e a fila r las zo n as co rta n te s,

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 27


d e c o lo re a r las chispas q u e sa lta n e n los ch o q u e s. C a d a d ato
s e n s o ria l es cada vez el m u n d o , a c tú a c o m o lu z -g u ía p a ra
m overse p o r él, co m o f iltro q u e se leccio n a los e le m e n to s de
ese m u n d o y d e te r m in a sus v ín c u lo s; así, h ac e y se desh ace.
« E l a n á lis is d e la se n s a c ió n —h a e s c rito J o s é G il— p r o c e d e
co m o si la e m o c ió n analizase la id e a o b je tiv a y la id e a o b je ­
tiva analizase la e m o c ió n . A sí el p o e m a se analiza a sí m ism o
y, al an alizarse, se d e sa rro lla n a tu r a lm e n te » 29. Se h ace p o s i­
b le c o n ello q u e u n a le n g u a d e m ín im o s r e tó ric o s a d q u ie ra
ta l c a p a c id a d d e e v o c a c ió n lír ic a . Y se ex p lica q u e P esso a -
G a m p o s sea q u iz á u n o d e lo s p r im e r o s e n n o m b r a r c o m o
p r in c ip a l v alo r p o é tic o la intensidad.

P e ro m a tiz a el p o e ta : « Q u e r r í a te n e r to d o s lo s s e n tid o s,
in c lu y en d o ta m b ié n la in te lig e n c ia » , y es q u e el re tra to q u e ­
d aba in c o m p le to c o n los estricto s d atos sen so riales. L os tex ­
to s de C a m p o s, q u e se calificó d e « e x p lo r a d o r d e to d a s las
selvas in te r n a s d e l r a c io c in io » , h a c e n s ie m p re p r e s e n te la
in te lig e n c ia , a la q u e lla m a n « a n t e n a s e n s ib le » o to m a n
co m o s in ó n im o de la im a g in a c ió n . Se d ir ía q u e la activ id ad
in te le c tu a l es el p iv o te e n q u e g ira el h ilo de las sen sac io n es
p a ra c o n s titu irs e e n im a g in a c ió n ; e n u n p o e m a p o s te r io r a
las O d as, Pessoa u tiliz a estos e le m e n to s p a ra d e s c rib ir có m o
la p e rc e p c ió n c o n stru y e el re la to d e la ex p e rien c ia: « e n t r a n
p a r a a d e n tr o alg u n o s días a través de la s e n sa c ió n q u e ello s
van causando e n m i c e re b ro , q u e n o tie n e ojos p a ra v e rlo s» .
E ste c o m p o n e n te de in te rio riz a c ió n a través del p e n s a m ie n to
re su lta c e n tra l p a ra e n te n d e r la actividad im ag in ativ a y d arle
su m á x im o p o d e r . T al ce rte z a le lleva a C a m p o s a to m a r la
im a g in a c ió n co m o fo rm a de la to ta lid a d creativa, e x p re sió n
de c o n ju n to d el m o v im ie n to c re a d o r d el p o e m a , e id e n tif i­
carla c o n el « v o la n te » q u e guiab a el ritm o de la Oda marítima,
o h a b la r d e ella c o m o el m o m e n to e n q u e se e n g a n c h a n y
em p iez an a a n d a r las « c o rre a s de tra n sm isió n d el a lm a » .

29 J o s é G il, F em ando Pessoa ou a M etafísica das sensações, ed . cit. p . 45-

28 M IG UEL CASADO
Es im p o r ta n te e n te n d e rlo así, p o r q u e , e n el f u n c io n a ­
m ie n to de la im a g in a ció n , p are cería e n p rim e ra in stan c ia q u e
c o in c id e n , de m o d o p a ra d ó jic o , la ac tiv id ad in te le c tu a l y la
su sp e n sió n de la conciencia: « c o m o u n vendaval d e ca lo r del
esp íritu , / n u b e a rd ie n te de polvo n u b la n d o m i lucidez e n te ­
r a m e n te / y h a c ié n d o m e v e r y s o ñ a r esto só lo c o n p ie l y
v e n a s» ; es algo así co m o si el c u e rp o se cegara e n su p r o p ia
in s p ira c ió n y c o n s ig u ie ra e n to n c e s, a ciegas, o b te n e r su
m áxim a p o te n c ia . E so se ría la visión —y h a b r á u n a re fe re n c ia
explícita a B lake e n u n p o e m a f irm a d o p o r C a m p o s—, u n
efecto de la velocidad m ism a del p en sam ien to , u n a aceleración
vertig in o sa e n la p r o d u c c ió n de id e a s-e m o c io n e s q u e v ien e a
d esb o rd a r el lím ite in m e d ia to de la conciencia, es d ecir, a sus­
p e n d e r alg u n as de sus fu n c io n e s d e c o n tro l: d e ló g ica, de
v ero sim ilitu d , de ju ic io m o ra l. L a actividad im aginativa sería
co m parable a la m e n te de la in fan cia, u n p aré n tesis e n el se n ­
tid o de rea lid ad , situarse al m a rg e n de algunos códigos so cia­
les. U n ca m b io de m u n d o , p a ra vivir e n aq u e l q u e el p e n s a ­
m ie n to de u n o m ism o d is p o n e co m o e s c e n a rio : « u n a la rg a
lín e a q u e p arece estar p in ta d a e n m i a lm a » .
Estas c o n d ic io n e s p e r m i te n q u e sea e n la im a g in a c ió n
d o n d e se h ac e p o s ib le « s e n tir to d o de to d a s las m a n e r a s » ,
d o n d e es p o sib le p re g u n ta rs e « ¿ p o r q u é m is sen sac io n es se
rele v an ta n d e p ris a e n tr e e lla s ? » Es el lu g a r e n q u e el sensa-
cionismo p u e d e to m a rse co m o u n a b s o lu to : « M i im a g in a c ió n
es u n A rco de T riu n fo , / d eb a jo de ella pasa la to ta lid a d d e la
V id a » . S o lo q u e e n to n c e s se d e s c u b r e n m u c h o s n iv eles d e
r e a lid a d p a ra le lo s e n t r e sí, o q u e se c ru z a n s in i n t e r r u m ­
p irse , y la re a lid a d d eja de se r u n ív o c a, p ie rd e su c e r tid u m ­
b re ; e n d efin itiv a, n o hay c o rte e n tre re a lid a d e im a g in a c ió n
—« to d a s las cosas so n , e n v erd a d , excesivas / y la to ta lid a d de
lo re a l es exceso, v io le n c ia , / a lu c in a c ió n e x t r a o r d i n a r ia ­
m e n te n í t i d a » —, s in o d if e r e n c ia e n t r e q u ie n e s las viven,
m u ltip lic id a d de sujetos, in c o n m e n s u ra b ilid a d d e su resp e c­
tivo vivir. L a v a rie d a d de las g en tes es « ig u a l q u e e n el c in e ­
m a tó g ra fo , e n u n a sala ta m a ñ o de to d o el U n iv e r s o » .
E ste esta tu to de realidad de lo im a g in a rio , ta n expresivo y
c o n v in c e n te e n el v ig o r d e las s e n sa c io n e s , re s u lta , sin

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 29


e m b arg o , d ifíc il de p re c isa r, d e a p r e h e n d e r . Es n o ta b le p o r
eso la in siste n c ia de Pessoa e n q u e se id e n tif iq u e n im a g in a ­
c ió n y c u e r p o : n o só lo q u e las se n sa c io n e s im a g in a ria s
a d q u ie ra n existencia e n analogía c o n las c o rp o rale s, sin o qu e
la im a g in a c ió n m is m a sea u n c u e r p o , c u e r p o v ir tu a l q u e
sie n te y p a d e c e , a u n q u e haya q u e r e c u r r ir al p o d e r c o n tr a ­
d ic to r io d e la p o e s ía p a r a n o m b r a r lo : « y q u e al f in f lo r e ­
c ie ra co m o lo h ac e u n a h e r id a esco c ien d o e n la c a rn e irre a l
d e m i a l m a » . R e c u e rd o a h o ra có m o d escrib e S a rtre la r e la ­
c ió n c o n u n mundo q u e se estab lece p o r p a r te d e q u ie n lee:
« L o s sig n o s v erb a les n o so n , c o m o p o r e je m p lo e n el caso
d e los m a tem ático s, in te r m e d ia r io s e n tre las sig n ific ac io n e s
p u ra s y n u e s tra co n cien cia; re p re s e n ta n la su p e rfic ie d e c o n ­
ta cto e n tr e ese m u n d o im a g in a rio y n o s o tr o s » 30. P a la b ra s-
se n sac ió n , p a la b ra s -c a rn e , c a rn e d el alm a.
« E s té tic a m e n te es el e n tu sia sm o s u b lim e —d ic e K a n t—
p o r q u e es u n a te n s ió n d e las fu erza s p o r id eas q u e d a n al
e s p íritu u n a im p u ls ió n q u e o p e ra m u c h o m ás fu e rte y d u r a ­
d e r a m e n te q u e el esfu e rz o p o r m e d io d e re p re s e n ta c io n e s
se n sib le s» 31, y, de m o d o c o n c o rd e , P esso a-C am p o s d e fin e su
p o esía co m o « e l au to m ó v il de la sen su alid ad d el en tu siasm o
a b s tra c to » : m ás allá d el efectism o fu tu rista , está fo rm u la n d o
así lo q u e ya p o d ía in tu ir s e e n lo e x p u e sto , el c a rá c te r
b if ro n te —sensual, ab stracto — de la im a g in a c ió n . U n as lín eas
m ás abajo de los versos de « la h e r id a » q u e acabo d e citar, se
lee e n la Oda marítima: « s e r p ira ta -re s u m e n de to d a la p ira te ría
e n su auge m ás alto / y la v íc tim a -s ín te s is , p e r o d e c a rn e y
h u e s o , d e lo s p ira ta s d e l m u n d o » , d o n d e ese pero estab lece
b ie n u n a im p o sib ilid a d , b ie n u n a ley nueva de le ctu ra.
E l e s c e n a rio p r e f e r id o d e l A lv aro d e C a m p o s d e lo s
p o e m a s extensos es la im a g in a c ió n ab stracta, y su p r o p ó s ito
el p a r a d ó jic o de c re a r concretos absolutos, o b je to s v erb ales c o n
to d a la p o te n c ia se n so ria l d e lo q u e existe, p e r o n o s o m e ti­
d os a u n e sta tu to de re a lid a d , lib re s de accid en te s y c o n tin -

30 J e a n - P a u l S a rtre , L ’imaginaire. P arís, G a llim ard , 1 986, p . 127-


31 I n m a n u e l K a n t, op. c i t , p . 2 l8 .

30 M ÍG UEL CASADO
g en c ia s. A sí, p u e d e m ir a r c ó m o n u e s tr o p la n e ta g ira e n el
espacio —« r u e d a , b o la g ra n d e , h o r m ig u e ro d e c o n c ie n cia s,
tie r r a , / ru e d a , a u r o r e a d a , a ta r d e c id a » — c o n u n a in m e n s a
c a p a c id a d d e m a te r ia liz a c ió n , c o n u n a a d m ir a b le v ir tu d
p rá c tic a , y p u e d e ta m b ié n p r o p o n e r l e al « v o la n te » d e su
actividad im aginativa q u e asu m a u n p o d e r o m n ím o d o y u n i ­
versal, f u e r a d e to d o c u e r p o : « m a n te n t e só lo tú , v o la n te
a b s tra c to e n lo s a ire s, / c o m o S e ñ o r s u p r e m o d e la h o r a
e u ro p e a , m e tálico , e n c e lo » .
« L o su b lim e —vuelvo a K a n t—, solo p o r q u e p u e d e p e n ­
sar lo in f in ito co m o u n todo, d e n o ta u n a fac u ltad d el e s p íritu
q u e su p e ra to d a m e d id a de los s e n tid o s » 32. Q u e d a te n d id o ,
p u es, el nexo e n tre la im a g in a c ió n y la m etafísica.

E n a lg ú n m o m e n to de la fra g m e n ta ria y fallid a « O d a m a r ­


c ia l» , tra s d a r c u e n ta de u n a e m o c ió n fu e rte p r o d u c id a p o r
la v io le n c ia y p o r el s e n tim ie n to d e c u lp a , se le e : « p o r la
e sp in a d o rsa l m e fu e b a ja n d o el so p lo de D io s » , co m o si la
re v e la c ió n de lo d iv in o p u d ie r a h a c e rs e s e n tir d e f o r m a
física, p o r los c irc u ito s d el c u e rp o . E n u n o s versos d e El paso
de las horas, la a c u m u la c ió n de e n e rg ía y la v elo cid a d —ac e le ra ­
d o re s de p a rtíc u la s a n tic ip a d o s— c o n d u c e n a la a b s tra c c ió n ,
desm aterializan : « c a d a vez m ás d ep risa , y cada vez m ás c o n el
e s p íritu p o r d e la n te d el c u e r p o » ; e n u n a m e ta m o rfo sis q u e
tra sc ie n d e la re a lid a d , la d im e n s ió n m etafísica ap arece co m o
p r o d u c to d ire c to de la té c n ic a m o d e rn a .
N o sé si esto r e m ite a lo q u e J o s é G il lla m a « e m o c ió n
m e ta físic a » 33, u n a am algam a de p e n s a m ie n to y se n sac ió n , o
a lo q u e ex p lica b a el p r o p io P essoa e n u n o d e sus e s c rito s
te ó rico s: « E l arte , d e b ie n d o r e u n ir , p u es, las tres cualidades
d e A b s tr a c c ió n , R e a lid a d y E m o c ió n , n o p u e d e d e ja r d e
to m a r c o n c ie n c ia d e sí co m o s ie n d o la c o n c re tiz a c ió n a b s­
tr a c ta d e la e m o c ió n (la c o n c r e tiz a c ió n e m o tiv a d e la a b s­
tr a c c ió n ) » 34. Se h ac e e v id e n te , e n to d o caso, q u e la p o e s ía

32 Ib id e m , p . 19b.
33 C f. J o s é G il, Fernando Pessoa ou a m etafísica..., ed . c it., p . 112.
34* F e rn a n d o Pessoa, El regreso de los dioses, ed. c it., p . 321.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 31


d e Á lvaro de C a m p o s to m a esas « c u a lid a d e s » co m o espacios
e n c o n ta c to . A sí, lo q u e e n la o b r a f irm a d a p o r A lb e r to
C a e iro e ra u n in te n s o deseo de re a lid a d , p a re c e fo rm u la rse
a q u í co m o « h a m b re abstracta de las co sas» , « o r g ía in te le c ­
tiva d e s e n tir la v id a » , q u e —s e g ú n el im p u ls o d e l l e c t o r -
p u e d e r e s u lta r algo c e rc a n o o —p o r c o n tr a — m u y alejado-,
venga m a rc a d o el c a rácter u tó p ic o d el deseo p o r u n a ansiosa
q u e re n c ia posesiva h acia la m a te ria o p o r u n a fá n d e ab arcar,
d e u n iv e rsa liz ar, de f u n d ir e n c o n o c im ie n to los o b je to s.
U n c o n o c im ie n to m etafísico p ro c e d e ría en to n c e s de las
se n sacio n es a u n q u e las d e s b o rd a ra ; sería u n a fo rm a d e s e n ­
sa ció n c o n to d o s los rasgos c o rp o ra le s, p e r o q u e, ab straíd a,
n o se v in c u la ría a n in g ú n c u e rp o e n p a rtic u la r. Q u iz á p e n ­
saba e n algo así Pessoa c u a n d o tra ta b a de f o rm u la r los p r i n ­
cip io s p ro g ra m á tic o s d el S e n sa c io n ism o : « D e l S im b o lism o
a c e p ta la p r e o c u p a c ió n m u sic a l, la s e n s ib ilid a d a n a lític a ;
a c e p ta su a n á lis is p r o f u n d o d e lo s e stad o s d e a lm a , p e r o
p r o c u r a in te le c tu a liz a rlo » 35 —h a c e r q u e lo ab stra cto y m e ta -
físic o r ija n p o r e n c im a d e la e m o c ió n , e n tie n d o y o . Es e n
este p u n to d o n d e P e s s o a -C a m p o s va a a b ra z a r u n a se rie de
p o s ic io n e s q u e P e s s o a -C a e ir o h a b ía d e s e c h a d o ta ja n t e ­
m e n te , ju z g án d o la s v inculadas al sim b o lism o : m iste rio , in v i­
s ib ilid a d —p a la b ra s q u e e r a n a n a te m a p a ra « e l m a e s tr o » , y
q u e e n c a ja n c o n ex actitu d e n el cu rso q u e las O d a s traz an .
E n el m e m o r a b le p o e m a « E s ta n c o » ( « T a b a c a r ia » ) ,
b a sta n te m ás ta rd ío (de 1 9 2 8 ), el d eb ate se re p re se n ta e n u n
e s c e n a rio d o b le : las v e n ta n a s d e l c u a rto d e sd e d o n d e e l j o
m ir a , y la calle b a jo ellas, i n t e r i o r y e x te r io r ; lo q u e , e n
p r in c ip io , p a re c e ría c la ra m e n te real re tro c e d e u n a y o tr a vez,
ased ia d o p o r las p re g u n ta s m etafísicas: « c o n el m is te rio de
las cosas p o r d e b a jo d e las p ie d ra s y lo s s e re s » , y lo su b y a­
ce n te a la m a te ria , lo p r o f u n d o , lo o cu lto a la vista, a d q u ie ­
r e n c a rta d e e x iste n c ia . A sí, las se n sa c io n e s c o n c e b id a s d e
m o d o c o n v e n c io n a l d e ja n d e se rv ir y se r e q u e r ir ía n o tro s
s e n tid o s capaces d e m e d ir s e c o n re a lid a d e s o sc u ra s, d e

35 Ibidem, 3 2 0 .

32 M IG UEL CASADO
in c ie rto o rig e n , espectrales ta lv e z : « e n esa h o r a cuya m is e ­
r ic o r d ia es ta n to r tu r a d a y excesiva, / cuyas so m b ra s v ie n e n
de c u a lq u ie r o tr a cosa q u e n o s o n las cosas, / cuyo p aso n o
a rra s tra p a ñ o s so b re el suelo de la V id a S e n s ib le ...» —h e m o s
v u e lto c o n estas im á g e n e s a la é p o c a d e las O d a s, a u n o s
fra g m e n to s q u e , e n t r e la Triunfal y la Marítima, se rv ía n d e
p a ré n te sis e n la ap o teo sis se n so ria l. L os se n tid o s se s u s p e n ­
d e n , n o tie n e n acceso a este o r d e n de e x iste n c ia , q u e , n o
o b sta n te , se d ec la ra co m o rea l. S en sib le e n o tr a d im e n s ió n .
Q u ie b r a d el co n c e p to de re a lid a d . L ín eas de fuga.
Se toca e n este p u n to algo relativo a la te n s ió n d el deseo
de la q u e h ab lé an tes: su exigencia, su v o lu n ta d d e a b s o lu to ,
de todo o nada, ya c o n te n ía e n p o te n c ia esta clase de q u ie b ra , de
d e s b o rd a m ie n to . J u n t o a los d e s a rro llo s v isio n a rio s, Pessoa
h a id o in tro d u c ie n d o im ágenes q u e tra ta b a n de tra e r a la re a ­
lid a d la u to p ía to ta liz a d o ra , p o r e je m p lo e n la fig u ra d e los
g ran d es barco s oceánicos, cuyo ta m a ñ o y capacidad d e d u r a ­
c ió n y d istan cia a d q u ie re n v alor m e ta fó ric o , p r o p o n e a r q u e -
típicas arcas: « c o n te n e r e n sí to d a especie de traje, d e ro s tro ,
de r a z a » . E n su te n d e n c ia a la ab stracció n , A lvaro d e C a m p o s
p r e f ie r e s e g u ra m e n te u s a r té r m in o s m ás esp ecu lativ o s q u e
p u e d a n ex p re sa r algo a n á lo g o , a p o r ta n d o ta m b ié n u n a u ra
m a te m á tic a c o m o de lo s c a m p o s d e e n e rg ía d e la c ie n c ia
m o d e rn a : « la M eta invisible de to d o s esos p u n to s d o n d e n o
e s to y » .
E ste p u n to d e p u n to s in tr o d u c e la re fe re n c ia p la tó n ic a ,
ta n arraig a d a e n el p e n s a m ie n to d e P e sso a -C a m p o s (in clu so
se m e n c io n a varias veces al m ism o P la tó n co m o n ú c le o p r i ­
m e ro de u n a tr a d ic ió n s in c irc u n s ta n c ia s ). A sí, e n el ju e g o
de m in ú s c u la s y m ayúsculas, el m u e lle y el M u e lle , lo s e le ­
m e n to s d e l p o e m a e m p ie z a n a a le ja rs e a b s tra y é n d o s e y
a d q u ir ie n d o o tra s d im e n s io n e s : C o s a s-R e a le s, E s p ír itu s -
C osas, D ista n c ia A b so lu ta , P u ra L e ja n ía ... Es c o m o si cada
ser, cada cosa, in c lu so cada se n sac ió n , se e sc in d ie ra , se d es­
d o b la ra e n d o s clases d e e x iste n c ia : u n a se n sib le , o tr a v ir ­
tu a l; u n a física, o tr a e n el s e n tid o . J o s é G il h a v isto e n este
p ro c e s o u n a f u n c ió n s e m e ja n te a la m e n c io n a d a p a r a lo s
g ra n d e s b a rc o s : « e l M u e lle tra z a la 'f r o n t e r a i n t e r n a ’ d el

PARA U N A LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 33


esp acio d o n d e o c u r r e n to d o s lo s a c o n te c im ie n to s . E sp acio
i n t e r i o r q u e e n g lo b a el esp a c io d e las se n sa c io n e s , d e la
m e m o ria y de las p e rc e p c io n e s m etafísicas de las cosas m a te ­
r ia l e s » 36. B a d io u , p o r su p a r te , h a b u sc a d o r e p o n e r co m o
u n id a d lo q u e p a re c ía e s c isió n : « E l p o e m a d e c la ra q u e las
cosas son idénticas a su Mea. P o r eso, la n o m in a c ió n d e lo visible se
c u m p le c o m o r e c o r r id o a través d e u n a r e d d e m o d e lo s de
se r, r e c o r r id o cuyo h ilo c o n d u c to r es la sin ta x is. E x a c ta ­
m e n te co m o la dialéctica p la tó n ic a n o s c o n d u c e al p u n to e n
q u e el p e n s a m ie n to d e la cosa y la in tu i c ió n d e la Id e a so n
in s ep arab les » 37.
P a re c e n a ju sta rse b ie n al m u n d o de A lvaro d e C a m p o s
estos análisis, q u e ay u d an a e n te n d e r algunas d e sus c o n c e p ­
c io n e s f u n d a m e n ta le s . P e ro ¿ n o hay e n ese p o s ib le d e s d o ­
b la m ie n to u n a fig u ra d e o tro s d e s d o b la m ie n to s cuya raíz es
e x iste n c ia l, a u n q u e se tr a te d e f e n ó m e n o s ta n a p a r e n te ­
m e n te h e te ro g é n e o s ? Y , so b re to d o , ¿ n o hay, e n m u ch as de
esas m ay ú scu las, o tr o b u l l i r ? Se oye la voz, el g r ito d e J i m
B arn s, y tie n e u n efecto p o d e ro so : « ¡ o h re p e n tin o frío d e la
p u e r ta q u e da so b re el M isterio q u e a h o ra se a b re al in te r io r
de m í y d eja e n tr a r u n a c o r r ie n te de a ire ! » ; y es d esp u és de
evocar algunas sen saciones de ese tip o c u a n d o se p ro d u c e u n
sa lto de n iv e l: « s u r g id a a s o m b ro s a m e n te d e m ás allá d e la
a p a rie n c ia d e las cosas, / la V oz so rd a y re m o ta a h o ra co n v e r­
tid a e n L a V oz A b s o lu ta , e n la V oz S in B oca, / v e n id a d e
e n c im a y d e n tr o d e la so le d a d n o c t u r n a de lo s m a re s, / m e
lla m a .. . » E l silen cio h ab la y se tra n s fo rm a e n voz m ás allá de
u n su je to . L os n o m b re s ab so lu to s c o n tie n e n ta m b ié n la p r e ­
g u n ta p o r la tra sc e n d e n c ia .

L íneas de fuga. E l deseo ex trem o q u e reclam aba to d o o n ad a,


el p e rso n a je q u e q u e ría se n tir todas las sensaciones, d esem b o ­
can in e v itab lem en te, ta m b ié n c o n la m e d ia c ió n d e W h itm a n ,
e n el p a n teísm o . C asi lo p e d ía la sim ple lógica p o ética, se trata

36 J o s é G il, Diferença e negação..., ed. c it., p . 122-


37 A la in B a d io u , lo e. c it., p . 151.

34 M IG UEL CASADO
r
de u n sig n o de época, p r e s e n te asim ism o e n J u a n R a m ó n
Jim é n e z . E n té rm in o s q u e q u e r r ía n a m p lia r las viejas c o rre s­
p o n d e n c ia s sim bolistas al n uevo m a q u in is m o : « la e n e rg ía es
to d a la m ism a, la naturaleza es to d a lo m is m o ... / L a savia de la
savia de los árb o les es la m ism a en e rg ía q u e a h o ra m ueve / las
ru e d a s de la lo c o m o to r a » . Es u n a e fu s ió n d e u n id a d c o n el
c o n ju n to de lo q u e existe: « G a lo p a d a p an teísta de m í m ism o
avan zan d o p o r d e n tr o de to d a s las c o s a s» . Es la e x a lta ció n
n a rc isista deljio, c o n v e rtid a e n tó p ic o de esta c o n c e p c ió n :
« Y O , u n u n iv e rso p e n s a n te e n c a rn e y h u e s o » , « e l e s p íritu
q u e da la v ida ¡e n este in s ta n te soy Y O ! » . .. , y q u e a veces
alcanza u n a fó rm u la p o ética m e n te exacta: « e l sen tid o -y o de la
palab ra In fin ito » .
L íneas de fuga. P arece h a b e r e n el P esso a-C a m p o s d e las
O das u n a do b le conciencia. P o r u n lado, el ansia d e to talid ad ,
c o n su extrem a a m b ic ió n y sus in c o m p a tib ilid a d e s resp e cto a
lo que existe, solo se p o d ría saciar m etafísicam en te e n u n D ios
to ta l —n o u n D io s m o ra l, n i eje m p la r, n i in sc rito e n n in g ú n
sistem a re lig io so —; e n u n a c o n c re c ió n , concreto absoluto, d el
T o d o . P o r o tr o la d o , la v in c u la c ió n —a u n im a g in a ria —c o n el
se r-to d o h ip e rtro fia alyo a la vez q u e lo disuelve; es u n a p a ra ­
doja fre cu e n te e n la líric a m o d e rn a , in te n sa e n Pessoa: ser a la
vez « e l s u p ra -G a m ó e s» —co m o alguna vez sug irió —y n ad ie.
G u a n d o , p o r m o m e n to s o e n la época p o s te rio r, b aja el
to n o de exaltación, la tra sc e n d e n c ia n o v iene co m o d e s a rro ­
llo de u n a lógica de vida o d e p e n s a m ie n to , sin o e n f u n c ió n
d e l h o r iz o n te de la m u e rte . Se in te n ta a larg ar h asta d esp u és
de ella la validez d el p ersp e ctiv ism o —ese se r m u c h o s, v e r de
m u c h a s m a n e ra s , s e n tir , e tc .—, im a g in á n d o la c o m o o tr o
p u n to de vista p o sib le, quizá el q u e u n ifiq u e a los d em ás, o se
c o n c ib e u n d esa rro llo de la n a tu ra le z a e n el q u e se g e n e ra ría
u n su p le m e n to de se n tid o —« N o c h e A bsoluta, y tal vez D ios,
co m o u n a L u n a E n o r m e p e r o s ig n if ic a n d o » , y eso s e ría la
tra s c e n d e n c ia . S e rá n m o v im ie n to s q u e c a b e n e n u n m a rc o
especulativo, p o sib ilid a d e s in sc rita s e n lógicas d adas, ta lv e z
te n u e ap a g am ien to d el d e s e o .
L a m u e rte y su falta de ex p lica ció n se a so m a n ta m b ié n á
o tro de lo s d esa rro llo s p esso an o s de la m ism a p re g u n ta . A la

PARA U N A LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 35


p a r q u e en tu sia sm o , la in tu ic ió n de tra sc e n d e n c ia q u e crecía
e n la im a g in a c ió n p ro v o ca u n a s u e rte de h o r r o r m etafísico :
la p o s ib ilid a d d e q u e la e x p e r ie n c ia se vea d e s b o rd a d a p o r
u n a fu e rz a q u e n o se c o n tro la , q u e n o se g e n e ra e n el m o v i­
m ie n to i n t e r i o r : « tr a s m is p aso s s u e n a n p aso s d e ta m a ñ o
in f in ito / y así u n p av o r físico de e n c o n tr a r m e c o n D io s m e
h a c e c e r r a r lo s o jo s de r e p e n t e » ; p o r eso, lu e g o se h a b la rá
de « lo s ojos d el B u lto / invisible q u e acecha e n las estre lla s» ,
a c o g ié n d o s e a la te r m in o lo g ía d e lo in h u m a n o e in f o r m e
p r o p ia d e lo sin ie stro . E n u n p o e m a m ás ta rd ío , sin suavizar
su efe cto , el m ism o h o r r o r p a re c e c o n v e rtirse e n fu e n te de
tra sc e n d e n c ia ; p e r o , ya al o tr o la d o de lo d iv in o , s in n in g ú n
co n su elo : to d o « se tr a n s fo rm a e n o tr a cosa / —u n a sola, tr e ­
m e n d a , im p o s ib le y n e g ra , / y ad e m á s u n a cosa q u e se
e n c u e n tra m ás allá de lo s dioses, y de D io s, d e l D e s tin o —» .
L os a g u je ro s n e g ro s n o se p u e d e n a tra v e sa r, a b s o rb e n ; la
p r e g u n ta te n ía re s p u e s ta , p e r o es u n a n e g a c ió n . Q u iz á , al
o tro la d o d e la tra sc e n d e n c ia , reg resa la m e ra m u e rte .
M o v im ien to de id a y v uelta, la p ro y e c c ió n m etafísica de
la im a g in a c ió n reg resa al su je to q u e vivió to d a s sus vidas.

U n a d e las fo rm a s q u e to m a e n las O d as la c o n tin u a te n s ió n


d el deseo —co m o ya se d ijo — es la a lte rn a n c ia e n tre actividad
y p a siv id a d , m u y m a rc a d a e n la fa n ta sía sexual y p r o b a b le ­
m e n te v in c u la d a a la p u ls ió n n a rc is is ta . R e to m o esta id e a
co m o p o sib le p u n to de p a r tid a de u n a le c tu ra ex isten cial de
lo s p o em as extensos, e n la q u e aflo ra el co n flicto d el su jeto .
S e g u ra m e n te r e s u lta m ás lla m a tiv o , m ás f u e r te , q u izá
m ás significativo, el m o m e n to pasivo de aq u e lla a lte rn a n c ia ,
a u n q u e la e u f o r ia p a n te ís ta o fre z c a ta m b ié n in te n s o s
m o m e n to s activos; así lo ve E d u a rd o L o u re n ç o , re firié n d o se
al c o r te p e s s o a n o e n la h e r e n c ia d e W h itm a n : « E n t r e la
in m e n s a c a n tid a d d e tem as d e l c a n to r d e la v id a lib re , d e la
d e m o c ra c ia , d e l tra b a jo , P essoa quedafijado (es exacto a q u í el
té r m in o p s ic o a n a lític o ) e n u n solo p u n to , d e lir a n te m e n te

36 M IG UEL CASADO
fa n ta s m a g o riz a d o [ . . . ] , el d e la p a s iv id a d e r ó t i c a » 38. C ité
an tes u n o s versos e n q u e las fig u ra s d e este im p u lso obsesivo
v e n ía n a re s u m irs e e n u n e x p líc ito d e se o d e c o s ific a c ió n :
« h a c e d de m í v u estro esclavo y v u estra c o s a » . Y, e n té rm in o s
m ás suaves, se a ñ a d iría la fre c u e n c ia c o n q u e la p e rc e p c ió n o
la im a g in a c ió n de alg ú n o b je to c o n llev a n la ilu s ió n d e c o n ­
v e rtirse e n él. E n to d o s estos casos, c o n u n a s u o tras c o n n o ­
ta cio n e s, la d in á m ic a s u je to -o b je to sigue la m ism a p a u ta : el
paso al lu g a r d e l o b je to .
A u n q u e , e n o casiones, se su g iera u n efecto p o te n c ia d o r
de la p r o p ia p e rso n a lid a d e n esta ac titu d , u n efecto b u m e rá n
b u scad o a c o n c ie n c ia —« y o p e rte n e z c o a to d o p a ra p e r te n e -
c e rm e c re c ie n te m e n te a m í m is m o » —, m ás b ie n lo s d e s p la ­
zam ien to s y tra sfo rm a c io n e s d el su jeto al o b je to g e n e ra n u n a
re ite ra d a d in á m ic a de exteriorización, u n a salida de sí, n e g a c ió n
de c u a lq u ie r in tim id a d , d e c u a lq u ie r esp acio d e e n c u e n tro
p e r s o n a l —« n i sé q u e existo h a c ia d e n t r o » . Ya se c o m e n tó
c ó m o el elo g io y la id e n tif ic a c ió n c o n las m á q u in a s y la
nueva te c n o lo g ía te n ía n ta m b ié n este carácter. D eja d e h a b e r
a h í, c o n m u c h a f re c u e n c ia , d o s esp ac io s e n r e la c ió n , p a r a
p r o p o n e r so lo u n o : « t o d o está e n el e x te r io r , p o r q u e el
e x te rio r re su lta d e l p o n e r s e d e l revés, h a c ia fu e ra , m i i n t e ­
r i o r » 39. A sí, el c o n tin u o le n g u aje apelativo, el gesto d e h a c e r
in te r lo c u to r e s d e to d o s lo s e le m e n to s , s e ría u n a f o r m a d e
n e g a r la c o n v e rs a c ió n i n t e r i o r —« y o , e n f in , u n d iá lo g o
c o n tin u o , / u n h a b la r -e n -a lto in c o m p r e n s ib le » —, d e tr a d u ­
c ir e n fá b u la d e d iá lo g o lo q u e e n s e n tid o e s tric to es u n
m o n ó lo g o ; y el p r o p io én fa sis d e lo h ím n ic o se ría la r e s ­
p u e s ta in m e d ia ta al r u id o q u e d o m in a la v id a m o d e rn a , u n
m a n te n e r la co n v e rsac ió n c o n m e ra f u n c ió n fática, im p e d ir
q u e el h a b la —al verse sile n c ia d a — p u d ie r a in te r io riz a rs e . O
có m o , e n el p o e m a q u e rela ta u n viaje e n coche p o r la c a rre ­
te ra de S in tra , la p rim itiv a se n sac ió n de lib e rta d se co n v ierte
e n s e n s a c ió n d e e n c ie r r o , el c o c h e p asa d e s e r m á q u in a

38 E d u a rd o L o u re n ç o , op. c it, p . 93*


39 J o s é G il, F em ando Pessoa ou a m etafísica..., e d . c it., p . 7 0 .

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 37


p u ja n te a se r u n a cosa q u e o b lig a a in c lu irs e e n ella, s o m e ­
tié n d o se , h a c ié n d o se cosa el v ia jero ta m b ié n . L a m u ltip lic a ­
c ió n d e l s u je to —« m e m u ltip liq u é p a r a s e n t i r m e » — n o lo
p o te n c ia y e n riq u e c e co m o tal, sin o q u e co n stitu y e de n u evo
u n ex terio rizarse; la su p u esta a firm a c ió n delyo es, e n verd ad ,
e n c u e n tro c o n lo a je n o , e n tre g a, salir de sí.
Pese a to d o , hay m u c h o s m o m e n to s e n q u e la voz del
p o em a alude a su capacidad de cam bio de p apel, a su constante
desplazarse: «y o m ism o soy sujeto y o bjeto, / yo m ism o , A rco y
Galle, / ciño y dejo pasar, y abarco y lib e ro , / observo de lo alto
y, desde abajo, m e observo observando, / paso debajo, p e rm a ­
nezco en c im a , m e q u e d o e n los la d o s .. . » —y ello e n u n texto
q u e q u ie re analizar el p ro ceso de la im a g in a ció n . Pessoa c o n ­
c u e rd a c o n las c o n c e p c io n e s clásicas acerca de su f u n c io n a ­
m ie n to ; así, C o lerid g e e n c o n tra b a característico q u e el sujeto
se to m e e n ella a la vez com o activo y pasivo respecto a sus o b je­
tos, y piensa que se p u ed e salvar la posible co n trad icció n de que
lo d istin to sea lo m ism o a través de la p ro p ia actividad de c o n ­
te m p la r: la au to co n c ien c ia deljJO le p e rm ite co n tem p larse a sí
m ism o y, p o r ta n to , co n stitu irse sim u ltá n e a m e n te e n su jeto y
o bjeto. Pese al carácter d o m in a n te de la din ám ica de extraver­
sió n e n la p o esía firm a d a p o r A lvaro de C a m p o s, p are ce ú til
d e te n e rse e n este p ro c e so de a u to c o n c ie n c ia , co m o m o to r
incluso del conflicto existencial deljio-C am pos.

L a im a g in a c ió n d e sp le g a d a e n las O d a s tie n e u n a fu e rz a
a r r o lla d o ra , a rra s tra c o n su r itm o , c o n sus im á g en e s, y, sin
e m b arg o , a q u í y allá, se ap re cia e n ella u n a fisu ra, a través de
la c u a l se ve s e p a ra rs e al su je to d e l p o e m a d e l su je to d e la
e n u n c ia c ió n , aljyo p ro ta g o n is ta del_yo-voz. B astaría c o n u n a
vez p a r a q u e q u e d a r a d e s le g itim a d o el m u n d o im a g in a rio
c o m o m u n d o s u fic ie n te , c o m o verdad p o é tic a , y n o p u e d o
s u p o n e r q u e se tra te de algo in a d v e rtid o p a ra Pessoa —m a es­
tr o c o n s tru c tiv o co m o n u n c a e n estos p o e m a s—, sin o d e su
in v ita c ió n a q u e leam o s e n ese in te rstic io , e n esa leve d is ta n ­
cia: « m i im a g in a c ió n se n ieg a d e re p e n te a a c o m p a ñ a rm e » .
A sí o c u r r e c u a n d o el a le ja m ie n to d el v a p o r q u e z a rp a vacía
de a rg u m e n to la Oda marítima, p o n ie n d o u n c ie rre sim é tric o a

38 M IG UEL CASADO
la in ic ia l lle g a d a d e l p a q u e b o te ; el s u je to d ic e h a b e r sid o
devuelto « a m i triste z a » , a « la h o r a rea l y ta n d e sn u d a co m o
u n m u e lle sin b a r c o s » . E l e s trid e n te v iajero d e épocas y c r í­
m e n es, de o cé an o s y ciudades, e ra u n h o m b r e triste , vivía e n
o tra re a lid a d , ¿ q u é se tra jo de allá?
P e ro la fis u ra es m ás p a te n te c u a n d o se p r o d u c e e n u n
m o m e n to de en e rg ía rítm ic a , y es la p r o p ia voz q u e lo cu e n ta
la q u e, a la vez, a n u la la p o sib le r e a lid a d d el re la to ; r e c u é r ­
d e n se a q u e llo s verso s: « lo s b ra z o s d e to d o s lo s atletas m e
a p re ta ro n , vuelto sú b itam e n te fe m e n in o , / y ta n sólo d e p e n ­
sar e n eso m e desm ayé e n tre m ú sc u lo s su p u e s to s » ; el p la c e r
q u e se d a b a e n la im a g in a c ió n ya e ra im a g in a rio e n ella
(« so lo de p e n s a r » , « s u p u e s to s » ), d o b le m e n te vetado co m o
real. P o rq u e c u a lq u ie r m ira d a es, an tes q u e u n a p e rc e p c ió n
de o b je to , u n p u n to de vista: « y o cabeza abajo a h í e n el c e n ­
tro d e m i p r o p ia co n c ie n cia de m í m is m o » .
E l p e r s o n a je A lv aro de C a m p o s rea liza sus acto s e n
seg u n d o g rad o : se sie n te se n tir, se im a g in a im a g in a n d o , se ve
m ir a n d o . S u a u to c o n c ie n c ia le d istan c ia c o n s ta n te m e n te de
sus sensacio n es. A v ec es, so rp re n d e m o s u n ju ic io m o r a l q u e
d escu b re a a lg u ie n p a ra liz a d o p o r u n a lu c h a in te r n a , e n vez
de r e m i tir a u n a v e n tu re ro ex a ltad o y s in e s c rú p u lo s —« e s a
an sia de cosas e n to d o a b o m in a b le s y cru e le s / q u e r o e cu al
celo a b s tra c to n u e s tro s m ís e ro s c u e r p o s » —. O tr a s veces es
difícil acep tar s in sospecha de ir o n ía q u e co n sid ere caballeros
an d a n te s de la m o d e rn id a d a los viajantes de co m ercio , o q ue
se enorgullezca de h a b e r id o e n el b arco q u e p e rd ió u n tr ip u ­
la n te , ah o g a d o e n u n a isla d el P acífico , y de h a b e rse c o n ta ­
g ia d o d e esa « g l o r i a » . O d ic e s e n tir « u n a t e r n u r a a h o ra
in e x p lic a b le » . O e n la im a g e n se in tr o d u c e u n a se n sa c ió n
que p arece p ro c e d e r de fu e ra de ella, de fu e ra d e su co n tex to :
« s u e ñ o to d o esto c o n m ie d o a alg u n a cosa re sp irá n d o m e p o r
d etrá s de la n u c a » . O se ap re cia e n o tro s p e rso n a je s la esci­
s ió n e n tr e d o s e m o c io n e s sim u ltá n e a s , im p r e g n a n d o la
escena de u n d e s d o b la m ie n to q u e sería fo rz o so : u n a fam ilia
despide a alg u ien q u e rid o e n el m u e lle , « c o n cu id ad o visible
y subjetivo / de n o ca er al agua e n m e d io de la e m o c ió n » . E
in sistir e n subjetivo m o stra ría q u e u n a co n c ie n cia a te n ta detrás

PARA U N A LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 39


de las sensaciones les es ta n necesaria a éstas, p a ra tram arse e n
re la to e m o c io n a l, co m o ig u a lm e n te les re s u lta u n d o b le
fo n d o q u e acaba h a c ie n d o se n tir u n peso de o tro o rd e n , p e r ­
tu r b a d o r , u n a n e g a c ió n im p re sa e n ellas.
H ay, p u e s, u n d esaju ste in te r n o q u e p ro c e d e d e esta
ac tiv id ad c o n tin u a d e la c o n c ie n c ia , d e a q u e l e sta r a r r ib a y
ab a jo a la vez, a p a r e n te m e n te ta n d ig n o d e o r g u llo . Y los
casos e n q u e este desajuste se coloca c o n c larid ad e n el c e n tro
y p r e d o m in a so b re la se n sac ió n p r im e ra s o n n u m e ro so s . Sea
u n r e c u e rd o , el p á lp ito d e u n déjá vu q u e d ista n c ia aly o d e lo
q u e está v iviendo, y le lleva a m ir a rlo co m o o b je to ex te rn o o
co m o e s c e n a rio , y n o co m o m a n ife s ta c ió n de su v id a, d e su
tie m p o p e r s o n a l vivo. Sea u n a v a lo ra c ió n de sí m is m o , u n a
desvalorización d ejada caer casi al paso —« y q u e to d a m i vida,
e n su c o n ju n to sie m p re n erv io so , h isté ric o y a b su rd o , / fuese
el g ra n o rg a n is m o » , e tc .—, q u e h ac e co e x istir d o s escalas de
valores, d os in stan c ias de ju ic io d iv ergentes e n la m ism a voz.
E sta fisu ra y el co n sig u ie n te desajuste revelan u n d e s d o ­
b la m ie n to , u n a d iv isió n delj)o4°, e n las d istin ta s fo rm a s q u e
se h a n id o d e te c ta n d o . L a v ig ilia d e la a u to c o n c ie n c ia se
vuelve in e v ita b le m e n te c o n tr a sí m ism a, p ro v o c a la r u p tu r a
d el p ro c e so p o r el q u e u n su je to se re c o n o c e : « ¡ Q u é le ja n o
estoy ya d e l q u e fu i h ace solo u n m o m e n to ! / ¡H iste ria d e la
se n sa c ió n —o ra ésta o c o n tra ria ! —» . Es S a rtre e n su e s tu d io
so b re lo im a g in a rio q u ie n d escrib e este f e n ó m e n o q u e, a u n
s ie n d o p a r a él c o n s titu tiv o , d a c u e n ta d e l m o d o ra d ic a l e n
q u e P e s s o a -C a m p o s lo asu m e, h a sta c o n v e rtirlo e n su d e s­
tin o existencial: « E l o b je to e n la im a g e n es irre a l. S in d u d a
está p r e s e n te , p e r o , a la vez, f u e r a d e a lc a n c e . N o p u e d o
to c a rlo , ca m b ia rlo de lu g a r; o, m ás b ie n , p u e d o , p e ro c o n la
c o n d ic ió n d e h a c e rlo ir re a lm e n te , d e r e n u n c ia r a u s a r m is
p r o p ia s m a n o s, p a ra r e c u r r ir a u n a s m a n o s fan ta sm a s [ ...] ; 40

40 N o estoy h a b la n d o , o b v ia m e n te , de la d iv isió n e n h e te r ó n im o s de
F e rn a n d o Pessoa, ta l co m o él la co n v ierte e n relato y e n ab an ico de
p o é tic a s , s in o d e la d iv isió n d e l p e r s o n a je A lvaro d e C a m p o s y de
q u ie n dicejyo e n lo s p o em as a él a trib u id o s p o r Pessoa.

40 M IG UEL CASADO
p a r a a c tu a r so b re esto s o b je to s ir re a le s , es p re c is o q u e yo
m ism o m e d esd o b le, m e haga irre a l» ^ 1. L a voz d e C a m p o s va
m ás allá: « d e s h e c h o e n tro z o s c o n s c ie n te s » . O b ie n , d esd e
o tr o la d o : « so y so la m e n te u n a se n sa c ió n sin p e rs o n a q u e le
c o rre sp o n d a , / u n a a b s tra c c ió n d e a u to c o n c ie n c ia » .

Más allá de estas fisuras y d el d e s d o b la m ie n to d el su jeto in s ­


c r ito e n ellas, m ás allá d e l g iro d e p re siv o q u e c a ra c te riz a
e s tru c tu ra lm e n te las O d as, hay ocasiones e n q u e se h ace m uy
fu e rte la p re se n c ia de u n sujeto q u e p are ce d ife re n te d el p e r ­
sonaje, u n j o q u e se s u p e rp o n e a ljo o lo suplan ta. Así, cu a n d o
p u e d e le e rse e n la Oda marítima: « y a s e n tí d e m a sia d o p a ra
se g u ir s in tie n d o . / Se m e h a a g o ta d o el alm a y ta n so lo h a
q u e d a d o e n m i in t e r i o r u n e c o » : la voz q u e h a b la e n el
p o em a p arece co rp o reiz arse, a d q u irir p e rso n a lid a d , m ie n tra s
el p e rso n a je j o se vacía. E ste fe n ó m e n o se va a d a r d e fo rm a
sistem á tic a e n la se g u n d a p a r te de la Salutación a Walt Whitman,
c o n u n c o n te n id o y u n a in te n s id a d q u e ab re, s in d u d a , o tro
espacio e n la p o esía firm a d a p o r A lvaro de C am p o s.
In c lu s o e n lo s m o m e n to s e n q u e se p r o c la m a c o n m ás
e u f o r ia la id e n tif ic a c ió n c o n el s u p e r h o m b r e - W h itm a n ,
p o d r ía n rastrearse elem e n to s de o tro o rd e n : elj o se coloca al
m ism o n iv e l d e l m ito , p e r o a la vez lo s d ato s q u e d a d e sí
m ism o in s in ú a n su le ja n ía : « Y o , c o n m i m o n ó c u lo y m i
abrigo exageradam ente en tallad o , / n o soy in d ig n o d e ti, [...]
/ ta n co n tig u o a la in e rc ia , ta n fá c ilm e n te co lm ad o d e te d io ,
/ yo soy d e lo s tu y o s » —« lo soy, a u n q u e n o lo p a r e z c a » ,
p a re c e d e c ir Pessoa, y e n ese no pero sí p r o p o n e u n r á p id o y
eficaz a u to rr e tra to ( re tra to q u e elj o h ac e d e sí m ism o , a u n ­
q u e elj o sea u n p e rso n a je de ficció n ) q u e a p u n ta la la sin g u la­
rid a d d el j o co m o p e rs o n a je e x te rio r al tex to : « p o r m ás q u e
n o te co n o c ie ra , n ac id o e n to r n o al añ o e n q u e m o r ía s » .

41 J e a n -P a u l S a rtre , op. c i t , p . 2 4 0 -

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 41


E ste tip o de c o n tra p e s o o c o m p a r a c ió n e m b r io n a r ia ,
in tr o d u c e u n a z o n a d e la Salutación e n q u e las p r o p o r c io n e s
e n tre los e le m e n to s van a a lte ra rse y, e n co n sec u en cia, ca m ­
b ia c u a lita tiv a m e n te el c u rs o d e l p o e m a : e l j o a b a n d o n a el
h ilo w h itm a n ia n o p a ra c e n tra rse e n sacar co n c lu sio n e s p e r ­
so n a le s d e la a v e n tu ra im a g in a tiv a y la r e f le x ió n p o é tic a y
ex iste n cia l q u e h a e x p e rim e n ta d o de la m a n o d e W h itm a n .
C ifra d a s e n lo m á x im o p e n s a b le sus a s p ira c io n e s , se p r e ­
g u n ta elj o q u é h a r á c u a n d o reg rese a su re a lid a d co tid ia n a :
« N o sie n d o el p r im e ro q u e r r é n o ser n ad a , n o e n c o n tra rm e
allí, / [ . . . ] / n o p u d ie n d o m a n d a r, al m e n o s q u ie ro n o o b e ­
d e c e r. / / E xcesivo e n m is an sias p a r a to d o , ta n excesivo ya
q u e n i fra c a so , / y n o fra ca so e n ta n to q u e n o in te n to , /
d a d o q u e "T o d o o N a d a ” p o s e e u n s e n tid o p e r s o n a l p a ra
m í » . E l su jeto q u e h ab la, su c o n c e p c ió n de sí m ism o y de la
vida, n o s o n ya los de las O d as, sin o los q u e se p r o lo n g a r á n
e n el re s to d e la o b r a d e P e s s o a - C a m p o s a lo la rg o d e d o s
d écadas: r e n u n c ia a la vida, a c e p ta c ió n prev ia d e u n fracaso
q u e o c u p a a h o ra el lu g a r p e rse g u id o de lo ab so lu to .
La im p o s ib ilid a d q u e p e rfila Pessoa n o es solo d e ín d o le
so cial n i se d e b e solo a c irc u n s ta n c ia s p e rs o n a le s , s in o q u e
p are ce n ec esaria al carácter de la re a lid a d , al se r d e las cosas,
d e m o d o q u e n o es p o s ib le s iq u ie ra p re g u n ta rs e si h a b r ía
a lg u n a clase de so lu c ió n : « P e r o es q u e se r u n iv e rsa l n o
p u e d o , p o r q u e soy p a rtic u la r. / N o p u e d o ser to d o s, p u es soy
U n o , sólo u n o , yo sólo. / N o p u e d o ser p rim e ro e n cu alq u ier
cosa, p o r q u e n o hay u n p r im e ro . / Y p o r eso p re fie ro la n ad a
de ser sólo ese ser n a d a » . La h e te ro n im ia ap arecería a esta luz
com o u n asalto a la im p o sib ilid ad , rá p id a m e n te d ep u esto . E n
to d o caso, se g ú n el ra z o n a m ie n to de A lvaro de C a m p o s, las
excitaciones d el deseo le h a b ía n llevado a u n d isc u rso irre a l,
a je n o a lo q u e existe, y su lógica a ltern ativ a solo p u d o so ste­
n e rs e e n la a ltu ra , la e n e rg ía d e la voz, h asta e n c o n tr a r su
lím ite . Pessoa q u ed a descolocado—« co m o u n viajante q u e ven d e
g ra n d e s b a rc o s a la g e n te q u e h a b ita tie r r a a d e n t r o » — y el
re sto d e la o b ra firm a d a p o r C a m p o s n o se rá m ás q u e u n
g ira r d e n tro de las d im e n sio n e s —soledad, fracaso, rechazo de
la vida, n ad a—q u e h a establecido el fin a l de la Salutación. Y q ue

42 MIGUEL CASADO
lo h a h e c h o —esto es im p o rta n te —al cabo de u n d iscu rso cuyo
p rin c ip a l in te ré s e ra la e scritu ra, la poesía.
E l p o e m a te r m in a c o n u n a ra d ic a l d e c la ra c ió n d e in c a ­
pacidad e im p o ten cia, que co n trad ice el grueso d e su d e s a rro ­
llo , y cuyo im p a c to em o tiv o se in c lin a m u c h o m ás a lo p e r ­
so n a l q u e a la re fle x ió n p o é tic a . E l s e n tid o se tra sla d a , casi
d e g o lp e , a la n a d a , o a n a d a . A lc a n z a in c lu s o al p r o p io
W h itm a n , e x p u lsa d o f in a lm e n te d e su m ito : « ¡ M e p a r o ,
e scu c h o y m e re c o n o z c o ! / / E l s o n id o d e m i voz cayó e n el
a ire s in vida. / Yo m e q u e d é igual, y tú estás m u e r t o » . Y la
q u eja fin a l, ya a solas p o r c o m p le to : « ¡ C o r a z ó n p o r s a n a r ! ,
¿ q u i é n m e salva d e t i ? » C o m o e n o tr o s p o e m a s d e P essoa
—in c lu y e n d o alg u n o s de los firm a d o s p o r C a e iro —, el c e n tro
y la g rie ta se s itú a n e n el m ism o lu g a r; c u a n d o la voz llega a
su p u n to m ás alto , el p o e ta ya está in tu y e n d o , e n u n a s ín te ­
sis fa ta l, lo s p aso s q u e lo a n u la r á n . L a Salutación a c tú a , así,
c o m o b isa g ra e n t r e el v u elo im a g in a rio d e las O d a s y el
re la to de la d e s e s p e ra c ió n ex iste n c ia l y d e l fracaso q u e va a
c o n s titu ir el resto de la o b ra de A lvaro de C a m p o s. Es c ie rto
q u e —co m o d ije —solo h a n cam b iad o las p r o p o rc io n e s , p e ro ,
a la vez y c o n ello , el cam b io es rad ic al.

P o r eso, n o p u e d o c o n c o r d a r d e l to d o c o n E d u a r d o L o u -
re n ç o , c u a n d o a firm a q u e es e n El paso de las horas d o n d e a p a ­
re c e la voz d e A lv aro de C a m p o s q u e ya n o ca lla rá h a sta la
m u e rte de Pessoa, p u e s h a b ía a p a re c id o c la ra m e n te a n te s.
A u n q u e sí resu lte m uy su g eren te —y m uy expresiva d el m u n d o
d el ú ltim o de los g ran d es p o em as extensos—la c o n c re c ió n e n
p o é tic a q u e h a c e d e su ju ic io : « la s o m b ra m e la n c ó lic a de
C esário triu n f a e n él sobre la de W h itm a n d efin itiv am en te , el
C esário d el crep ú scu lo de los in m ó v iles s u e ñ o s » 42. E n cu a l­
q u ie r caso, El paso de las horas, a u n q u e vuelva a alcanzar las a ltu ­
ras de la ex altación h ím n ic a , se p ro y ec tará e n el esce n ario de
la vida c o tid ia n a y se o r ie n ta r á h ac ia la in v e stig a ció n —m ás o
m e n o s a lte ra d a p o r el m o v im ie n to im ag in ativ o — e n to r n o al

42 E d u a rd o L o u re n ç o , op. cit, p . 178.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 43


j o . E n el p r in c ip io se h a c e n ya p re se n te s las h u e lla s d el c a n ­
sancio existencial: « d a p e n a sa b er q u e a ú n hay vida p a ra vivir
m a ñ a n a » , y c o n tin u a r á n e n el c ie rre , c o n re ite ra d a v o lu n ta d
negativa: « S e e n c e n d ie ro n las luces, cae la n o ch e , se sucede la
vida; / de c u a lq u ie r m o d o q u e sea, hay q u e seg u ir v iv ie n d o » .
E n u n p o e m a de títu lo casi id é n tic o , « E l p asar d e las
h o ra s » , escrito u n o s años m ás ta rd e (e n 1923), la capacidad de
p o n e r e n m a rc h a las sensaciones, de activar los p o d e re s d e la
im a g in a ció n , ya n o se ve co m o u n privilegio, u n a p o te n c ia de
elevarse a lo divino, sino com o fo rm a de h acer m ás p ercep tib le
la p é rd id a , m ás sensibles las p ro p ia s carencias: « N a d a m e
p re n d e , n o , a n ad a m e ligo, a n ad a pertenezco. / T odas las se n ­
saciones, sí, m e invaden, p e ro n in g u n a q u e d a » . Algo ya n o se
siente com o se sentía, es decir, algo ya n o es com o era, y es m uy
expresiva esta la m e n ta c ió n de P e sso a -C a m p o s, d a ta d a e n el
p e n ú ltim o añ o de su vida: « ¡H a c e ya ta n to q u e n o soy capaz /
de escribir u n p o em a extenso! / [ . . . ] / P erdí la v irtu d p ro p ia del
d esarrollo rítm ico / e n d o n d e idea y form a, / com o u n a u n id a d
de cuerpo y alm a, / se ib a n m oviendo de m an era u n á n im e » . O
u n a iro n ía am arga señala q u e h a n dejado de fu n c io n a r las exal­
taciones im aginarias y sus dotes p a ra g e n e ra r in te n sid a d , a u n ­
q u e fu e ra al m a rg e n d el escen ario e n q u e se ven tilab a la vida:
« S e n tir vale la p en a, p ara d ejar al m e n o s de s e n tir » .
L a m a n e r a e n q u e P essoa se r e f ie r e a lo s a ñ o s d e las
O d as, u n a vez pasados, n o su p o n e solo u n b alan c e p e rso n a l,
sin o q u e in c lu y e c la ra m e n te algo de f in de época: « y o , q u e
ca n té / [ . . . ] / las cosas de m i tie m p o sólo p o r q u e ese tie m p o
fu e ra el m ío » —d e p u e sto to d o e n tu sia sm o , to d a c re en cia e n
la m o d e r n i d a d c o m o c u lm in a c ió n d e la h is to r ia . F in d e
é p o c a : « l o q u e f u e r a a n ta ñ o fu e u n d eseo q u e d e s p u é s se
r o m p ió » . L uís Q u in ta is h a asociado esta voz de C a m p o s a la
« p e r te d ’a u r é o le » d e q u e h a b la b a B a u d e la ire 43, la p é r d id a

43 G f. L u ís Q u in ta is , « A lv aro de C a m p o s, 'T ab acaria’» , e n O svaldo


M a n u e l Silvestre y P ed ro S e rra (e d s.), Século de O uro. A ntología crítica da
poesía portuguesa do século X X . L isboa, A ngelus N ovus & C otovia, 2 0 0 2 ,
P- 3 2 6 .

44 M IG UEL CASADO
de a u ra d el p o e ta m o d e rn o , p e rc ib id a de n u ev o tras el breve
p a ré n te sis de en tu sia sm o q u e d istin g u ió a algunas d e las v a n ­
g u a rd ia s (d e l f u tu r is m o a d a d á o el s u r re a lis m o ) . E n u n a
p r e f ig u r a c ió n d e l c o n o c id o c u e n to d e B o rg e s, A lv aro d e
C a m p o s d ic e e n c o n tr a r s e e n 1 9 3 2 c o n sig o m is m o c u a n d o
te n ía v e in te a ñ o s m e n o s: n o se re c o n o c e n , n o hay siq u ie ra
d iálogo e n tre lo s dos, silen cio so lo , u n a m ira d a .
E l c a m b io al té r m in o d e lo s g ra n d e s p o e m a s e x te n so s
es, so b re to d o , to n a l y de p u n to de vista. C o m o h e d ic h o , n o
hay p ro p ia m e n te elem e n to s nuevos, sin o m o d ific a c ió n d e las
p ro p o rc io n e s . A u n q u e la te n d e n c ia a lo exclam ativo se m a n ­
tie n e , se ap lic a a h o r a a la q u e ja , al la m e n to ; la lu z se o sc u ­
rece, el m u n d o se hace an g o sto . Y el p u n to d e vista es c o n fe ­
s io n a l. N o lo d ig o e n el m is m o s e n tid o d e G a sp a r S im õ es:
« c o n el a n d a r del tie m p o A lvaro de C a m p o s ev o lu cio n a, y es
él q u ie n e x p o n e h asta el fin a l d e la vida d e Pessoa lo q u e e n
este p id e e x p re s ió n c o n f e s io n a l d i r e c t a » 44, s in o —r e p i t o -
corno p u n to de vista. Q u e u n a p o é tic a sea c o n fe sio n a l n a d a
dice acerca de las rela cio n e s e n tre ely o d el p o e m a y u n su jeto
e x te r io r a él, re a l o fic tic io —la e x a c titu d d e lo s d a to s se rá
cosa de lo s b ió g ra fo s y d e l re la to q u e e la b o r e n , p e r o n o le
atañ e al le c to r—. L o c o n fe sio n a l es u n d e te rm in a d o p u n to de
vista —u n a voz q u e se expresa e n p r im e ra p e rs o n a y se re fie re
a la vida p e rs o n a l de q u ie n h ab la—, u n a to n a lid a d , u n acen to
de v erd ad , u n a atm ó sfera.

Y u n a m a te ria : la c o n fe s ió n es d e algo. U n a p o é tic a c o n f e ­


s io n a l im p lic a ta m b ié n d e te r m in a d a p r o p u e s ta d e p e n s a ­
m ie n to y de análisis, u n a te o ría de la existen cia. E n ella se va
a e n to n a r la voz de Pessoa c o n u n a especie d e rea lism o ra c io ­
n alista, u n a ir o n ía lú c id a y fría q u e re c o n stru y e , e n el m a rc o
de la vida d ia ria , el a p a rato p e rfe c to del n ih ilis m o . A q u e l mal
del siglo q u e ya llegaba a su se g u n d a c e n tu ria .
La Salutación a Walt Whitman co n c lu ía c o n u n « c o r a z ó n p o r
s a n a r » y, e n e fe c to , la v id a se c o n c ib e c o m o u n a e n f e r m e -

44 J o ã o G asp ar S im ões, op. cit, p . 25-

PARA UNA LECTURA DE ÁLVARO DE CAMPOS 45


d a d ; e ra así d e sd e el im p o s ta d o p r in c i p io de « O p i a r i o » :
« P o r eso to m o o p io . E s m e d ic in a . / Soy c o n v a le c ie n te d e l
M o m e n to » . Es la ya c ita d a e n f e rm e d a d d e l te d io , el spleen,
u n h a s tío s in ra íc e s, d e p r e s ió n o a b u lia , u n a n o - v id a q u e
c o r r o e el c o ra z ó n d el vivir, y q u e P essóa p e rc ib e co m o e p i­
dém ica: « ¡P o b re , p o b re g en te la to ta lid a d de la g e n te ! » . Los
p o em as d a n c u e n ta de u n m alestar c o n tin u o , u n a in satisfac­
c ió n de o r ig e n im p re c is o , q u e e n c u e n tra sie m p re lo m e jo r
e n lo q u e n o se tie n e , e n d o n d e n o se está, c o m o e n el ta n
c o n o c id o e p iso d io de la c a rre te ra d e S in tra , a d o n d e solo se
ib a p a ra n o estar e n L isboa, sa b ie n d o q u e al lleg ar se r e p r o ­
d u c iría a la in v e rsa la s itu a c ió n . N i p a r a este v iaje n i p a ra
o tr o ac to hay m ás m o tiv o q u e « e s ta a n g u s tia excesiva d el
e s p íritu p o r n in g u n a c o s a » . E l c o n s ta n te a f ir m a r y d e s d e ­
cirse de y a n te sí m ism o es el q u e n e u tra liz a to d o , c o n d u c e a
la p a rá lis is afectiva: « Q u i e r o el b ie n , q u ie r o el n ia l, y al
fin a l n a d a q u ie r o » . E l su je to de los p o em as está c o n d e n a d o
a u n a a n sied a d estéril, y lo q u e p are cía u n exceso d e ser viene
e x a ctam e n te a c o in c id ir c o n u n a falta de se r. Pessoa lo f o r ­
m u la c o n la c a ra c te rístic a p r e c is ió n d e su h a b la r a b stra c to :
« s ó lo es este e s ta r - e n tr e , / este casi, / este p o d e r se r q u e » ,
« to d o in te rstic io s, / to d o a p ro x im a c io n e s » .
S i p ie n s a q u e el exceso d e d e se o h a c o n d u c id o a este
v a c ia m ie n to , elj o se c u lp a b iliz a . S i la falta de se r se m a n i­
fie s ta im p la c a b le , es la im p o te n c ia lo q u e r o e su a n á lis is
in c e s a n te . P a ra E d u a r d o L o u r e n ç o , to d o s lo s p o e m a s d e
P e s s o a -C a m p o s p o s te r io r e s a 1 9 2 5 ° 1 9 2 6 (q u iz á ig u a l
p o d r ía d e c irs e I9I7> u n a d é c a d a a n te s ) , « t i e n e n alg o d e
p o s tu m o , p a r e c e n lo s d e u n s u p e rv iv ie n te c a n sa d o d e su
p r o p ia a g o n ía » 45. Y , e n e fe c to , e n vez de a c tu a r el m é d ic o
r e c e ta n d o a lg ú n re m e d io , es a h o r a el f o re n s e q u ie n d ic ta ­
m in a : « n e c ro s is d el alm a. / P o d re d u m b re de to d o s los s e n ­
tid o s » .
L os p o e m a s r e f ie r e n u n a m o n o to n í a s e n tid a co m o
h o r r ib le p o r el j o , q u e u n a y o tr a vez, agotado p e r o sin d e ja r

45 E d u a rd o L o u re n ç o , op. c it, p . 186.

46 MIGUEL CASADO
d e h a c e rlo , le v a n ta b a la n c e d e su v ida: la falta d e lo g ro s , el
se n tim ie n to de fracaso, la le ja n ía irre sta ñ a b le d e aq u e llo q u e
u n o fu e, d e se m b o c a n p o r sistem a e n la d u d a acerca d e l p r o ­
p io ser, de la id e n tid a d , d el s e n tid o de la existen cia —o b ie n ,
m ás allá de d u d a r, n ie g a n to d o ello . L o h a c e n c o n u n a c o n s­
ta n cia q u e co n v ierte la r e ite ra c ió n e n el o b je to p rin c ip a l, e n
la idea, casi p o r en cim a de lo q u e se ocu p a de d ecir. ¿ Q u é hay,
q u é se ju eg a, e n esa re p e tic ió n fatigada y ag o tad o ra? , ¿cu ál es
el o tro lado, el lado de allá, de u n énfasis ta n cargado de e n e r ­
gía e n el fracaso, e n el n o se r? La m ism a re a lid a d se vacía de
realidad. A parece e n los poem as u n curioso fe n ó m e n o g ram a­
tical: la fo rm a im p e rs o n a l hay d a c o n tra n a tu ra e n u n i n f in i­
tivo, q u e desgaja del tie m p o la existencia, q u e irrealiza lo qu e
sería su d ire c ta , sen cilla, c o n s ta ta c ió n : hay. « ¿ Q u é es h a b e r
ser, qué es h a b e r seres, q u é es h a b e r co sas?» , o « e ste h o rrib le
ser q u e es h a b e r s e r» .

H a b la L o u re n ç o de « la o b se sió n regresiva, m a te rn a l, d e los


te m as d e l cansancio, d el insomnio y d e l sueño»: « E l p o e ta tie n e
u n a c o n c ie n c ia aguda de su espacio h u m a n o d e fin itiv a m e n te
b lo q u e a d o , p e r o n o le p a re c e m e n o s b lo q u e a d o el p r o p io
u n iv e rso p o é tic o , a n te s ilu s o ria m e n te a b ie r to , d iv e rg e n te ,
re n o v a b le » 46. Es así, p e ro ta m b ié n o c u rre q u e Pessoa, e n esa
c e r ra z ó n y ese vacío e x iste n cia les y p o é tic o s , in tu y e fo rm a s
q u e p e r m ite n q u e los p o em as crezcan pese a to d o . Ig u al qu e
e n la voz d e G a e iro lo g ra b a h a c e r de la ta u to lo g ía u n p o d e ­
ro so vehículo creativo, consig u e algo se m ejan te c o n el m e c a ­
n ism o lin g ü ístic o de la re p e tic ió n , e x p lo ta n d o la d ife re n c ia
de carácter q u e hay e n tre la r e p e tic ió n existencial y la r e p e ti­
c ió n lin g ü ístic a.
C o n esta ú ltim a « s e tr a ta s ie m p re —ex p lica S ilv in a
R o d rig u e s— d e u n a m a n ife s ta c ió n p a ra d ó jic a d e n o - c ie r r e :
al h ac erse in m e d ia ta m e n te o tr o , p o r se r o tra s las re la c io n e s
d e c o n tig ü id a d d e q u e p asa a f o r m a r p a r te , a q u e llo q u e se
re p ite alía c o n la c o m p u ls ió n a la re p e tic ió n , o rig in a d a e n la

46 Ib id e m , p . 190.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 47


in ic ia l se n sac ió n de d esac ierto 47, u n im p u lso hacia lo n u ev o ,
y d e se n c a d e n a u n m o v im ie n to im p a ra b le , s in f i n » 48. E n u n
p o e m a cu a lq u ie ra a trib u id o a A lvaro de C am p o s: « llo r o co n
la alegría d e al f in v er la lu cid ez c o n q u e l lo r o » .
E s u n m e c a n is m o s e m e ja n te al q u e h a b ía d e te c ta d o
J a k o b so n e n el u so pesso an o d el o x ím o ro n 4950y q u e B a d io u h a
g lo sa d o , a p lic á n d o lo a la n e g a c ió n , c o n rasg o s q u e , sin
d u d a , r e m ite n a P e s s o a -C a m p o s y a su siste m a r e ite ra tiv o :
« P e sso a es in v e n to r d e u n u so casi la b e r ín tic o d e la n e g a ­
c ió n , q u e se d istrib u y e a lo la rg o d e l v erso de ta l s u e rte q u e
n u n c a se está se g u ro de p o d e r jijar el té r m in o n e g a d o . [ ...]
U n a negación flotante, d e s tin a d a a im p r e g n a r el p o e m a d e u n
c o n s ta n te equívoco e n tre la a firm a c ió n y la n e g a c ió n , o m ás
b ie n de u n a esp ec ie de re tic e n c ia a f ir m a tiv a » 30, d o n d e sin
d u d a c o n t a r ía n las d if e r e n te s fisuras y desdoblamientos q u e h e
v e n id o a n o ta n d o . E n la la rg a é p o c a f in a l de la p o e s ía d e
A lv aro de C a m p o s, la c o m b in a c ió n de los d o s m e c a n ism o s
v ien e, adem ás, m atizad a p o r la p re se n c ia c o n tin u a d e la i r o ­
n ía , q u e ya n o es u n a leve d istan c ia e n tre j o y j o , co m o e n las
O d a s, sin o q u e se p r o fu n d iz a e n m u c h as o ca sio n e s h a sta el
sarcasm o . L a d ista n c ia de la ir o n ía p o te n c ia la ca p ac id a d de
u n a m is m a p a la b r a p a r a v a ria r su s e n tid o , s in q u e v a ríe su
sig n ific a d o n i a p a r e n te m e n te haya h a b id o m o v im ie n to
alg u n o e n la su p e rfic ie v erb al, salvo u n cam b io d e to n o , u n a
m ín im a su g e re n cia de in te r r u p c ió n : « ¡ O h m a d ru g a d a , ta r ­
das ta n t o .. . V e n ... / v en , in ú tilm e n te , / a tr a e r m e o tr o d ía
co m o éste, segu id o de o tr a n o c h e co m o é s ta !» .

47 Se re fie re la a u to ra aq u í a la se n sació n de tentativa sugerida p o r Pes­


soa e n m u c h a s d e sus re p e tic io n e s , q u e s e ría n u n a especie d e r e s ­
p u e s ta a la p r o p ia im p re c is ió n , in te n ta n d o lim a rla , re d u c irla , e n
cada re c u rre n c ia .
48 S ilv in a R o d rig u e s L o p es, Exercícios de aproxim ação. L isb o a , V endaval,
2003, p.13.
49 C f. R o m a n Ja k o b s o n y L u c ia n a S te g a g n o -P ic c h io , « L o s o x ím o ro s
d ia lé c tic o s d e F e r n a n d o P e ss o a » , e n : R o m a n J a k o b s o n , E studios de
poética. T ra d u c c ió n de J u a n A lm ela. M a d rid , F C E , 1977*
50 A la in B a d io u , lo e. c it., p . 146.

48 M IG UEL CASADO
E n la re ite ra c ió n , la n e g a c ió n « f lo ta n te » , la reticen c ia ,
la ir o n ía , la sim p le c o n tig ü id a d , se apoya Pessoa p a r a c o n s ­
t r u i r lo s p o e m a s c o n u n p r o c e d im ie n to d e s liz a n te , cuyo
tra n s c u rs o d ig resiv o d ila ta la c o n s tru c c ió n d e u n s e n tid o
hasta alejarse de ella, m ie n tra s va d e ja n d o fu ertes im p acto s de
se n tid o e n cada u n a de sus co n e x io n e s y g iro s. Es el caso d el
p o e m a de la c a rre te ra de S in tra , cuyo m o v im ien to va p e rfe c ­
ta m e n te h ilv a n ad o sin r u p tu r a de p rin c ip io a fin y cuyo s e n ­
tid o , s in e m b a rg o , va c a m b ia n d o e n cada u n a d e las lín e a s
q u eb ra d as d el d isc u rso , c o n cada u n o de sus g iro s. U n p o c o
co m o el p r o p io C h e v ro let q u e va c o n d u c ie n d o el p e rso n a je y
q u e p arece seguir u n curso a u tó n o m o , m ie n tra s el c o n d u c to r
n o consigue p re sta rle a te n c ió n n i al coche n i al c a m in o n i al
d estin o p ro p u e sto : u n deslizam iento e n tre v o lu n ta rio e in v o ­
lu n ta r io , c o n s c ie n te e in c o n s c ie n te , p r o p io d el j o y a je n o ,
subjetivo e im p u e sto p o r las c irc u n sta n c ia s, i r co m o d ejarse
llevar, p e ro n o d e ja r de ir. V eo e n ese viaje q u e n o p r e te n d e
d irig irse a n in g u n a p a rte n i ta m p o c o llegar, u n caso b rilla n te
d e la e s c ritu ra q u e tr a to d e evocar. Y la e n s o rd e c id a p e r o
c o n s ta n te in v e stig a ció n f o rm a l d e Pessoa n o te r m in a ah í: es
m u y n o ta b le c ó m o m u c h a s veces lo s p o e m a s d e la ú ltim a
época se deslizan hacia la p é rd id a d el p o e m a , los m o tiv o s n o
se e n g r a n a n , se re p e le n , o la r e ite r a c ió n se o b tu r a ya p o r
c o m p le to , d esh ilá n d o se el cu rso p o é tic o fu e ra d e to d a ra z ó n
rítm ica, e n u n a v aria n te ex isten cialm en te cargada d e aqu ello s
te x to s q u e R im b a u d d e p r o n t o in te r r u m p í a e s c rib ie n d o
« e t c .» « E sto s versos —d irá Pessoa— están fu e ra d e m i r itm o .
/ Yo ta m b ié n estoy fu e ra de m i r i t m o » .

T o d a la o b r a d e P essoa, es b ie n sa b id o , g ira e n t o r n o a la
p re g u n ta p o r la id e n tid a d : desde la c re a c ió n de la h e te r o n i-
m ia a to d a s las fra ses q u e m ás se h a n p o p u la riz a d o —« e l
p o e ta es u n f in g i d o r » , p o r e je m p lo —. A lo la rg o d e estas
p áginas, h a id o a p a re c ie n d o el p a rp a d e o de este c o n flic to e n
las fisu ras de la im a g in a c ió n o e n la d in á m ic a d e a lte rn a n c ia
e n tr e el su je to y el o b je to , e n la a d o p c ió n ú ltim a d e u n a
p o é tic a c o n f e s io n a l o e n la c o n c e p c ió n d e la v id a co m o
e n f e rm e d a d . H e evitad o c e n tr a r m e e n ello p a r a n o r e p e tir

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 49


los c a m in o s m ás tra n sita d o s y, e n esa m e d id a , re d u n d a n te s ;
sin em b a rg o , a b o ra q u e m i le c tu ra va b u sc a n d o su té rm in o ,
n o p u e d o sin o h a c e r p re s e n te p o r u n m o m e n to la o b se sió n
d e f o n d o . Q u e se a b re ya e n « C a r n a v a l» —« g a s to h o ra s
in ú tile s , e n te ra s, / d e s c u b rie n d o q u ié n soy; m as n u n c a d io
/ / re su lta d o la b ú s q u e d a » . Q u e re su m e y co n c ita e n sí to d as
las d e m á s p r e g u n ta s , las d e la v id a y las d e la p o e s ía . Q u e
lle g a h a s ta lo s v erso s e s c rito s e n s e p tie m b re d e 1 9 3 5 , d o s
m eses a n te s de la m u e rte de F e r n a n d o Pessoa: « m e lev an to
[cada m a ñ a n a ] s in saber e n m í m i n o m b r e » .
In s is to e n q u e el d e b a te d e la id e n tid a d n o h ac e r e f e ­
re n c ia a la le y en d a de la h e te r o n im ia n i a n in g u n a c u e stió n
b io g ráfic a o, p ro p ia m e n te , psicológica, n i del ficticio A lvaro
de C a m p o s n i d el e s c rito r; el d e b a te se da d e n tr o d e ljo q u e
c o n s tru y e n los p o em as, fo rm a p a rte de su m a te ria , los c o n s­
titu y e . E n c u e n tr a su f ó r m u la m ás c la ra e n las tir a d a s d e El
paso de las horas c o m p u e sta s p a r a le lís tic a m e n te a p a r t i r d e la
a n á fo ra d el p r o n o m b r e j o : v e rs o s -d e fin ic io n e s d el j o , id e n ­
tid a d es sucesivas y /o a lte rn a n te s to r re n c ia lm e n te en to n a d a s,
v e r d a d e r o h im n o a la m u ltip lic a c ió n d e l s u je to —« y o el
c o m p le jo , yo el n u m e ro s o , / s a tu rn a lia de to d as las p o s ib ili­
dades, / yo el q u e b r a r d el d iq u e s e p a ra d o r de las p e r s o n a li­
z a c io n e s » . Y, e n alg ú n m o m e n to , se alcanza u n a síntesis de
sa b o r rim b a ld ia n o : «Y o, e n fin , lite ra lm e n te yo, / y yo ta m ­
b ié n e n lo m e ta f ó r ic o » . O esta im a g e n , m u y p o s te r io r , d e
d e s d o b la m ie n to , y su in c o n f u n d ib le d e u d a d o b le c o n S h a ­
k espeare y S tev en so n desde la le ja n a ad o lescen cia d e f o rm a ­
c ió n in g le sa : « e l b u f ó n c o n el tr a je de la ta lla d e o tr o , / al
q u e le tin tin e a n las cam p an illas q u e cuelg an d el g o r r o » .
L a m u ltip lic a c ió n p u e d e v e n ir d a d a p o r el tie m p o
—c u a n d o la s e n s ib ilid a d y la c o n c ie n c ia d e lo s jo e s q u e ya
p a s a ro n sig u e n d e já n d o se n o ta r, a c tu a n d o —. P u e d e se n tirse
có m o u n a p e n e tr a c ió n s in c o n tr o l de lo a je n o , al m o d o d el
coche p re sta d o q u e f u n c io n a co m o m e tá fo ra d el p r o p io ser.
G o m o u n a h u id a de la a n g u s tia —« ¡ a h , el o p io d e se r o tr o
c u a lq u ie r a ! » —. G o m o u n a f ra g m e n ta c ió n ir r e p a r a b le : u n
j a r r ó n q u e se h a r o to y lo s tr o z o s q u e d a n d is p e rs o s e n u n
fe lp u d o q u e h a b rá q u e sa c u d ir. L a m u ltip lic a c ió n d elj o e n

50 M IG UEL CASADO
o tr o s , q u e ta m b ié n d ic e n jio , r e s u lta a b ie r ta m e n te p o lis é -
m ica: p u e d e to m a rs e co m o n u e v a y m ás p o d e ro s a f o rm a de
la id e n tid a d —« to d o s lo s e s tre m e c im ie n to s d e las h o ja s s o n
d e l m is m o á r b o l » — o c o m o su p é r d id a —« v o y s ie n d o yo a
través de u n a g r a n c a n tid a d d e p e r s o n a s s in se r, / y así voy
s ie n d o to d o m e n o s y o » —. S e g u r a m e n te , ésta es la le c tu r a
m ás f re c u e n te p a r a el p r o p io P e s s o a -C a m p o s , y u n a d e las
causas m a y o re s de su a n g u s tia ; p e r o eso n o im p id e q u e se
su c ed a n ta m b ié n las im ág en es q u e tr a ta n de d a r c u e n ta d e la
unidad d el su je to , sea co m o p ro y e c to o co m o sen sac ió n , ig u al
q u e las q u e e v o c an el g ra d o d e ir r e a lid a d c o n q u e p e r c ib e
c u a n to lo r o d e a . C r e o q u e , e n el c o n ju n to d e la p o e s ía d e
A lv aro d e C a m p o s , esto q u e d a s in re so lv e r, c o m o algo
in tr ín s e c a m e n te ir r e s o lu b le , e x p e rie n c ia y p e n s a m ie n to
irre p a ra b le m e n te c o n tra d ic to rio s .

S in e m b a rg o —p ie n s a J o s é G il—, « c a d a vez q u e A dvaro de


C a m p o s se p r e p a ra p a ra c o n s tr u ir u n p la n o d e co ex isten cia
d e to d a s las se n sa c io n e s , su rg e la in f a n c i a » 31. Y n o sé si es
p r o p ia m e n te eso, si las se n sa c io n e s e id e n tid a d e s d isp e rsas
ca b en ahí, n o lo creo ; a u n q u e lo c ie rto es q u e se tra ta d e u n
lu g a r d e o r d e n d if e r e n te a lo s d e m á s q u e a p a re c e n e n esta
p o esía: sea cu a l fu e re el to n o e m o c io n a l de los p o e m a s, sea
su im p u lso im a g in a rio o f ría m e n te lú c id o , tie n d e n sie m p re
a r e e n c o n tr a r lo , a reco g erse e n ese lu g a r.
E n u n texto p o s te rio r a las O d as, C a m p o s está d e viaje.
D o m in a la escena la so le d ad n o c tu r n a e n el b a rc o : los p asa­
je ro s se h a n id o re c o g ie n d o , h a cesado ya la o rq u esta , sólo se
oyen ru id o s e n el c u a rto de m á q u in a s ... La f u e rte se n sac ió n
d e so le d a d e n m e d io d e la n o c h e —cielo y m a r— c o n d u c e al
re c u e rd o de la in fa n c ia . Y a esta exclam ación: « ¿ P o r q u é n o
m e h a b ré m u e rto s ie n d o n iñ o [ . . . ] ? » E l deseo d e m u e rte es
ta m b ié n deseo de aq u e lla vida: el fin a l de la in fa n c ia fu e u n a
f ro n te r a e n la c o n d ic ió n existencial, e n él, e n ese fin al, esta­
ría la raíz de to d o lo q u e h e m o s v e n id o le y en d o . C o n re g u - 51

51 J o s é G il, Diferença e negação... e d . c it., p . 8 5 .

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 51


la rid a d a p a re c e esta c o n c ie n c ia : se evoca b re v e m e n te a q u e l
co rte : « m i D e stin o de p r o n to se acabó co m o u n m a n u sc rito
i n t e r r u m p i d o » . Es « c o m o si él —in tu y e L o u r e n ç o — fu ese
q u ie n h a b ía a b a n d o n a d o a su in f a n c ia , y n o al c o n tr a r io ,
co m o le sucede a to d o el m u n d o » 52. E n efecto , a veces, eljio
p a re c e a tr ib u ir s e u n a c u lp a b ilid a d , al m e n o s h ay u n a id e a
clara d e q u e el tr á n s ito n o fu e n a tu r a l y n o p u e d e asu m irse
así, d e q u e a lg u ien o algo in te r v in ie r o n adversam en te y d e c i­
d ie ro n : « ¿ q u i é n h izo le ñ a c o n la c u n a d e m i in f a n c ia ? » La
supervivencia, la m u e rte e n v id a , em p ez aría en to n c e s.
D e la in fa n c ia se re c u e rd a q u e el n iñ o se n tía u n a id e n ­
tid a d c o n s ig o m is m o . V ista d e sd e el p r e s e n te , la in fa n c ia
aparece co m o lo o tr o , p o r q u e n o h a b ía n c o m en z ad o d e s d o ­
b la m ie n to s y p é r d id a s . E l n i ñ o re g re sa e n u n fla sh d el
re c u e rd o , está e n el ja r d ín , al sol, n o sabía « q u ié n h ab ía de
s e r » . E l r e c u e r d o h ac e llo r a r : « y las lá g rim a s ca e n e n c im a
d e m i c o ra z ó n y lo van lavando d e la v id a » .
Es m a n ifie sto , p ues, lo q u e la n iñ e z su p o n e p a ra el p e r ­
so n a je d e l p o e m a , d el p r e s e n te ; s in e m b a rg o , ap e n a s sa b e ­
m os algo a ú n acerca de aq u el tie m p o . Se n o m b r a la in fan c ia,
se h a c e n referen c ias al n iñ o , p e r o aq u ella época r e to r n a m ás
e n f u n c ió n de la vida actual deljio q u e p o r sí m ism a; eso lleva
in c lu so a a b s tra e ría , a d a rle u n a r a r a c u a lid a d m e tafísica , a
in te m p o ra liz a rla : « c o m o q u ie n ro za c o n la in fa n c ia m u e rta
cada p ie d ra d el m u r o / y de p r o n to ve ab ie rto s f re n te a él los
e te rn o s ca m p o s d e o tr o tie m p o » . S ería la « in f a n c ia in m e ­
m o r ia l» a la q u e se h a r e f e r id o A n to n io T a b u c c h i, c o m o
o b je to p re f e r e n te de la « f e r o z n o stalg ia de C a m p o s » 53.
P ero este m o m e n to m etafísico re su lta b a s ta n te a isla d o :
la in fa n c ia evocada n o suele d istin g u irse p o r su cap acid ad de
a p e r tu ra , sin o p o r su o p a c id a d . « M i vieja tía e n su a n tig u a
casa, allá e n el c a m p o / e n d o n d e yo e ra feliz y tr a n q u ilo
sie n d o el n iñ o q u e e r a » , es q u izá el pasaje m ás p ró x im o a lo

52 E d u a rd o L o u re n ç o , op. c it., p . 133.


53 A n to n io T a b u c c h i, Un baúl lleno de gente. T ra d u c c ió n d e P e d ro L uis
L a d ró n d e G uevara. M a d rid , H u e rg a & F ie rro , 1997» p- 9 8 .

52 M IG UEL CASADO
n a rra tiv o : los re c u e rd o s s o n detalles, e le m e n to s su elto s, c o n
fre c u e n c ia r e p e tid o s , re la c io n a d o s c o n lu g a re s d if e r e n te s ,
n o a c o rd e s d e l to d o e n tr e sí; v a rio s a p u n ta n a u n a in e s p e ­
ra d a in fa n c ia r u r a l e n la vida d el in g e n ie ro , ta n p o c o d a d o al
ca m p o . U n a casa c o n v en tan a s s o b re el T ajo, p o r e n c im a de
alg u n o s te jad o s; la o tra m a rg e n d el r ío , las eras a m e d io d ía ;
ju e g o s e n la q u in ta , el n iñ o n o sabía álgebra; p a n c o n m a n ­
teq u illa . O tro s d atos r e m ite n a u n a ép o ca m ás re m o ta , co m o
p r o c u r a n d o u n a a rq u e o lo g ía de la a u s e n c ia d e la m a d re : la
cu n a, los fa ld o n e s de encaje del b a u tiz o .
L a in fa n c ia es u n n ú c le o o p ac o , in te g ra d o p o r fo siliz a­
dos datos em blem áticos, ajenos a m o v im ie n to y vida, s in o tra
h u e lla p e rs o n a l q u e la in te n s id a d q u e la voz d el p o e m a p o n e
e n ellos. N o se a b re , co m o la im a g in a c ió n . Es u n m ito q u e,
p r o p ia m e n te , n o g e n e ra s e n tid o d e la m a n e r a e n q u e lo
h a c e n lo s m ito s , s in o q u e lo p re se rv a la te n te e n su o s c u r i­
d a d , c o m o u n a cá p su la de s ile n c io . P a ra g u a rd a rs e se
re g re sa . S o lo lo s m u e rto s e s tá n vivos a h í, su m is te r io lleg a
c o n el te m b lo r de aq u ella vida.

PARA UNA LECTURA DE ALVARO DE CAMPOS 53


A d ve rte n c ia

L a p rese n te ed ició n sigue, de m a n e ra fu n d a m e n ta l, la fijació n y


o rd en a ció n de te x to s re a liz a d a p o r T eresa R ita L opes (c it. com o
T R L ), publicad a en L isboa en 2 0 0 2 . Siendo su o rd en estricta m e n te
cronológico, se h a suprim ido la división in te rn a —n o tem p o ral, sino
in te le c tu a l y su p u e sta m e n te e v o lu tiv a - p ro p u e sta p o r la e d ito ra
portuguesa. C uando nos separam os de su texto, recogiendo lecturas
(o fra g m e n to s) de la ed ició n de L uís de M o n ta lv o r y Jo ã o G asp ar
Simoes, Á tica, L isboa, 1 9 8 0 Çcit. com o Á tica) lo indicam os en n o ta.

Signos

[...] L ag u n a en el m a n u scrito original.


[?] L ec tu ra insegura.
F ernando
Pesso
poesía in
A
, LOS POEMAS DE
A lvaro d e C a m p o s 1
T ã o p o u c o h e rá ld ic a a vida!
T ã o sem tr o n o s e o u ro p é is q u o tid ia n o s!
T ã o de si p r ó p r ia oca, tã o d o s e n tir -s e d esp id a.
A fo g a i-m e, ó r u íd o da acção, n o som dos vossos oceanos!

5 S ede ab e n ço a d o s, [...] ca rro s, c o m b o io s e tre n s,


r e s p ira r re g u la r de fábricas, m o to re s tre m e n te s a a tro a r
co m vossa c ró n ic a [...]
sede ab e n ço a d o s, vós o c u lta is-m e a m im .

V ós ocu ltais o silên cio re a l e in te ir o da H o ra ,


io vós despis de seu m u r m ú r io o m is té rio .
aquele q u e d e n tro de m im quase grita, quase, quase ch o ra
d o rm e em vosso e m b a la r fé rre o .

L ev a i-m e p a ra lo n g e de eu saber q u e v id a é q u e sin to ,


e n c h e i de b a n a l e de m a te ria l o m e u ou v id o vosso,
15 a v ida q u e eu vivo —ó [ ...] — é a vida q u e m e m in t o ,
só te n h o aq u ilo q u e [ ...] ; só q u e ro o q u e te r n ã o p osso.

58 POESÍA III
¡Tan poco heráld ica la vida!
¡Tan sin tro n o s y oropeles cotidianos!
¡Tan sentirse desnuda, ta n h u eca de sí m ism a!
A hogadm e, oh ru id o de la acción, en el sonido de vu estro s
[espacios oceánicos!

5 ¡Benditos seáis, [...] coches, tren es y vagones,


resp irar reg u lar de fábricas y tem blorosos m otores atro n an d o
con v u e stra crónica [...]!
¡Sí, benditos seáis, p o r ocultarm e!

Vosotros ocultáis el real y en tero silencio de la H ora.


10 D esnudáis de ru m o re s al m isterio
que casi g rita en m í, que casi llora,
que d u erm e en v u estro férreo balanceo.

L levadm e lejos de saber qué v id a siento.


L le n ad con lo banal y m a teria l m i oído que es v uestro.
15 E sa v id a que v iv o - ¡o h ! [ . . . ] - es la v id a que m iento.
Tengo sólo eso que [...]; y sólo quiero lo que te n e r n o puedo.

59 LOS POEMAS DE ALVARO OE CAMPOS 1


V ia g e m

S o n h a r u m so n h o é p e r d e r o u tr o . T ris to n h o
fito a p o n te p esad a e c a lm a ...
C a d a so n h o é u m ex istir d e o u tr o so n h o ,
o e te rn a d e s te rra d a e m ti p r ó p ria , ó m in h a alm a!

5 S in to em m e u c o rp o m ais c o n s c ie n te m e n te
o r o d a r estre m e cid o d o c o m b o io . P á r a ? ...
C o m u m co m o q u e in te n to in te r m ite n te
de [ ...] m a l ro d a , estaca. N u m a estação, clara

de re a lid a d e e g en te e m o v im e n to .
io O lh o p ’ra f o ra ... G esso ... E stagno em m im .
R esfolgar da m á q u in a ... C a ríc ia de v en to
p e la ja n e la q u e se a b re ... E sto u d e s a te n to ...
P a r a r ... se g u ir... p a r a r ... Isto é sem fim .

O o h o r r o r da chegada! 0 h o r r o r . 0 n u n c a
15 chegares, ó f e r ro em tr é m u lo seguir!
A m a rg e m da viagem p ro s s e g u e ... T ru n c a
a re a lid a d e , passa ao la d o d o ir
e p e lo la d o in te r io r da H o ra
foge, usa a e te rn id a d e , vive...
ao Sobrevive ao m o m e n to [...] vai!
S u av em en te ... suavem ente, m ais suavem ente e d e m o ra
[ ...] e n tra n a g a re ... R a n g e -se ... estaca... È agora!
T u d o o q u e fu i de s o n h o , o e u - o u tr o q u e tive
resv a la-m e p e la a lm a ... N e g ro declive

60 POESÍA III
S oñar u n sueño es p e rd e r o tro.
T riste contem plo el pu en te, ta n pesado y en calm a...
Cada sueño es existencia de o tro sueño,
¡oh etern a d esterrad a en ti m ism a, o h m i alma!

Siento en m i cuerpo, m as conscientem ente,


el ro d a r que estrem ece todo el tre n , y ¿se para?...,
con u n in te n to com o in te rm ite n te
de [...], apenas ru ed a , se detiene. E n u n a estación, clara

de rea lid ad y gente y m ovim iento.


M iro afu e ra ... L o dejo... y m e encierro en m í.
R esollar de la m á q u in a ... C aricia del vien to
p o r la v en tan illa que se ab re ... E stoy desaten to ...
P a ra r... seguir... p a ra r... N o tiene fin.

¡H o rro r de la llegada, h o rro r! ¡Oh, n u n ca


llegaras, h ie rro en trém u lo seguir!
Sigue, al m a rg e n del v iaje... Siem pre tru n ca ,
la rea lid ad se cam bia p o r el lado del ir,
m ie n tras que p o r el lado in te rio r de la H o ra
huye, y v a desgastando la etern id ad , al v iv ir...
¡Sobrevive al m om ento, sí, allá [...] va!
Suave, m ás suave... y se dem ora,
[...] y a en la estación... c h irría ... se detiene... ¡Es ahora!
C uanto he sido de sueños, el o tro -y o que tuve
resbala p o r m i alm a... E n u n n egro declive

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


resvala, so m e -se , p a ra se m p re se esvai
e da m in h a co n sciê n cia u m E u q u e n ã o obtive
d e n tr o em m im de m im cai.

POESÍA III
25 v a resbalando, hundiéndose, p a ra siem pre se va;
de m i p ro p ia conciencia aquel Yo que no obtuve
ahí, en m i in te rio r, de m í se cae.

63 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


L entidão dos vapores p elo m ar...
Tanto que ver, tanto que abarcar.
N o etern o p resente da p upila
ilhas ao lon ge, costas a despontar
5 na im en sid ão oceânica e tranquila.

Mais depressa... Sigam os... H oje é o real...


O m o m en to em briaga... A alma esquece
que existe n o m o v er -se ... Gais, carnal...
Para os b otes n o cais q uem é que desee?
i° Q u e im porta? vamos! T udo é tão real!

Q uantas vidas que ig n o ro que m e ignoram !


Passo p or casas, fum o em cham inés
in teriores que adivinho! C horam
em m im desejos lívidos, rés-vés
15 do téd io de ser isto aqui, e ali
ou tro n ã o -e u ... S igam os... Outras terras!

Q uantas paisagens vivi!


Planícies! mares! serras
ao longe! Pareceis com tanta curva,
20 pinheirais! Igualdade das culturas!
D ias m o n ó to n o s de chuva...
N oites de lua nova —canto de ruelas escuras,

a n tros... D ias de sol, de agasalho


de que o olhar abrasa e am odorrado
25 m al tem espaço para desejar...
C am pos ch eios de vultos em trabalho.

64 POESÍA III
Los vapores van lentos por el m ar...
tanto que ver, y tanto que abarcar.
En su eterno presente, en la pupila,
islas lejanas, costas despuntando
5 en la grandeza oceánica y tranquila.

Más deprisa... Seguir... Hoy: lo real...


El m om ento que em briaga... El alm a olvida
que existe en el m overse... Lo carnal
es el m uelle... A los botes, ¿quién desciende?
10 ¿Qué importa? ¡Vamos! ¡Todo es tan real!

¡Cuántas vidas que ignoro que m e ignoran!


¡Paso por casas, fum o en chim eneas
internas que adivino! En m í, lloran
los lívidos deseos que acarrea
15 el tedio de ser esto aquí, y allí
otro n o -y o ... Sigam os... ¡Otras tierras!

¡Viví tantos paisajes!


¡Planicies!, ¡mares!, ¡sierras
lejanas! ¡Parecéis con tanta curva
20 pinares! ¡Igualdad de las culturas!
Y los días m onótonos de lluvia...
N oches de luna nueva -rin co n es de callejas, tan oscuras,

antros... Días de sol - y de agasajo


en que el m irar se abrasa, amodorrado
25 casi sin sitio para desear...
campos llenos de bultos al trabajo;

65 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


À som bra de u m carvalho ali isolado
—A h e eu passo!—u m m en d igo a descansar.

O longe! O além! O outro! A rota! Ir!


Ir absolutam ente! Ir entregadam ente
ir sem mais con sciên cia de sentir
que tem u m suicida na corrente
que passa a dor da m orte na água a rir.

S o n h o - desolação!
O m eu desejo e téd io das viagens,
cansado anseio do m eu co r a çã o -
cidades, brum as, m argens
de rios desejadas para olh ar...
Gosta triste, erm o mar
barulhando segredos,
negru m e cortiçado dos rochedos
d o n d e pulsa chiando a espum a na água—
—frio pela con sciên cia dos m eus nervos—.
D e não estar eu a ver-vos, ód io-m ágoa!
O T éd io! só pensar estar a v er -v o s...

G ozo gloriosam en te estéril e oco


de en ch er de m em órias de cidades,
de cam pos fugitivos, feitos p ou co
na fuga do com b oio —sociedades
só pensadas de velha bancarrota,

surpresas n o olhar sobre colinas,


rios sob p on tes, águas instantâneas,
grandes cidades através n eblinas,
fábricas —fu m o e fragor—son h os in só n ia s...
Mares súbitos, através carruagens
vistos p o r m eu olhar sem pre cansado

POESÍA III
a la sombra de un roble solitario,
mientras paso, un m endigo, a descansar.

¡La ruta! ¡Lo lejano! ¡Lo otro! ¡Ir!


30 Ir entregada, ¡absolutamente!,
ir sin más conciencia de sentir
que el dolor que el suicida, en la corriente,
siente m uerto en el agua, al sonreír.

¡Sueño-desolación!
35 Oh m i deseo y tedio de los viajes
-cansado anhelo de m i co r a zó n -,
ciudades, brumas, márgenes
de ríos que deseo contem plar...
Costa hecha de tristeza, yerm o mar
40 m urm urando secretos,
acorchada negrura en los roquedos
donde late la espuma sobre el agua
- fr ío en la conciencia de m is n erv io s-.
¡Por no estaros viendo, odio-lástim a!,
45 ¡y tedio sólo de pensar en veros!...

Gozo gloriosam ente estéril, hueco,


a llenar con mem orias de ciudades
y fugitivos campos, reducidos
por la fuga del tren - y sociedades
50 pensadas com o vieja bancarrota-,

sorpresas al m irar sobre colinas,


ríos bajo puentes, aguas instantáneas,
grandes ciudades entre la neblina,
fábricas -h u m o y fragor- sueños insom nes...
55 Súbitos mares entre los vagones
vistos por m i m irar siempre cansado;

67 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


tudo isto cansa, só de im aginado
ten h o em m inh a alma o téd io das viagens.
Q u e quero eu ser? Eu que desejo q u ’rer?
6° Feche eu os olh os, e o co m b o io seja
apenas u m estrem ecim ento a [encher]
m eu corpo in erte, m eu cérebro que nada deseja
e já não quer saber o que é viver...

M in u to exterior pulsan d o em m im
65 m in u ciosam en te, en treon d u lan d o
n um a oscilada indecisão sem fim
m eu corpo in e r te ... Sigo, recostando
m in h a cabeça n o vidro que m e trem e
de en co n tro à con sciên cia o m eu ser todo;
7° para que viajar? O téd io vai ao lem e
de cada m eu angustiado m o d o .

P o r e n tre árvores —f u m o ...


O d om ésticos [...] escondidos!
O te d io ... O d o r ... O vago é o m eu ru m o.
75 V iajo só p elos m eus sentid os.
D ó i- m e a m o n o to n ia dessa v ia g em ...
P e so -m e ... E n treolh o sem m e levantar
estações [ ...] ... [G am p olid es]... Reagem
in u tilm en te em m im desejos de goza r...

68 POESÍA III
todo esto cansa; sólo im aginado,
tengo en m i alma ya el tedio de los viajes.
¿Qué quiero ser? ¿Qué deseo querer?
60 Que yo cierre los ojos y el tren sea
solam ente un tem blor que llena el ser
de cuerpo y m ente que ya nada desean
y qué es vivir no quieren ya saber...

El m inuto exterior latiendo en m í


65 m inuciosam ente, entreondulando,
en su oscilante indecisión sin fin,
m i cuerpo inerte... y sigo, recostando
m i cabeza en el vidrio, que sacude
contra m i conciencia m i ser todo;
70 ¿a qué viajar? El tedio guía, y sube
de lo más angustiado de m i m odo.

Por entre los árboles - e l h um o...


¡Oh, en lo doméstico, [...] escondidos!
¡Oh tedio!... ¡Oh dolor!... Vago es m i rumbo,
75 viajo sólo a través de m is sentidos.
Me duele lo m onótono del viaje...
m irando, sin quererme levantar,
estaciones ... [C am pólides]... renacen
inútiles deseos de gozar...

69 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


T rês so n e t o s

I
[A Raul de Campos]

Q u a n d o o lh o p a ra m im n ã o m e p e rc e b o .
T e n h o ta n to a m a n ia d e s e n tir
q u e m e extravio às vezes ao sair
das p r ó p ria s sensações q u e eu rec eb o .

5 O a r q u e re s p iro , este lic o r q u e b e b o


p e rte n c e m ao m e u m o d o d e existir,
e e u n u n c a sei co m o h e i- d e c o n c lu ir
as sensações q u e a m e u p e sa r co n c eb o .

N e m n u n c a , p r o p ria m e n te , re p a re i
io se n a v erd a d e sin to o q u e sin to . E u
se re i tal q u al p a re ç o em m im ? S erei

ta l q u al m e ju lg o v e rd a d e ira m e n te ?
M esm o a n te as sensações so u u m p o u c o ateu ,
n e m sei b e m se so u eu q u e m em m im sen te.

70 POESÍA III
T res so n eto s

I
[A Raúl de Campos]

N o m e consigo ver cuando m e m iro.


Tengo tanta m anía de sentir
que m e extravío a veces, al salir
de aquellas sensaciones que recibo.

5 Este aire que bebo, que respiro,


pertenece a m i m odo de existir,
y nunca sé cóm o he de concluir
la sensación que a m i pesar concibo.

N i nunca, propiamente, reparé


10 si siento lo que siento cual lo veo.
¿Seré com o parezco en mí? ¿Seré

com o m e creo verdaderamente?


Hasta en la sensación soy algo ateo,
y no sé si soy yo quien en m í siente.

71 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


II

A Praça da Figueira de manhã,


quando o dia é de sol (como acontece
sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,
embora seja uma memória vã.

5 Há tanta coisa mais interessante


que aquele lugar lógico e plebeu,
mas amo aquilo, mesmo aqui... Sei eu
porque o amo? Não importa nada. Adiante...

Isto de sensações só vale a pena


io se a gente se não põe a olhar pra elas.
Nenhuma delas em mim é serena...

De resto, nada em mim é certo e está


de acordo comigo próprio. As horas belas
são as dos outros, ou as que não há.

III
[A Daisy M ason]

Olha, Daisy, quando eu m orrer tu hás-de


dizer aos meus amigos aí de Londres,
que, embora não o sintas, tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de

5 Londres pra York, onde nasceste (dizes


que eu nada que tu digas acredito...),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes

72 POESÍA III
II

La Praça da Figueira de mañana,


cuando el día es de sol (como es el día
siempre en Lisboa), nunca en mí se olvida,
por más que sea una memoria vana.

5 Hay tantas cosas más interesantes


que ese lugar tan lógico y plebeyo...
Mas lo amo, incluso aquí... Pero, ¿qué sé yo
por qué? No importa nada. Adelante...

Sólo la sensación vale la pena


10 cuando no nos ponemos a observarla.
Ninguna de ellas es en mí serena...

Pero nada es seguro en mí ni está


de acuerdo con mí mismo. La hora bella
o es la de otros o jamás se da.

III
[A Daisy Mason]

Escucha, Daisy, cuando muera has de


decir a mis amigos allá en Londres,
que, aunque tú no lo sientas, tú ya escondes
el dolor grande de mi muerte. Irás de

5 Londres luego hasta York, donde naciste


(dices que en nada que tú digas creo...),
a contarle a aquel chico (aún lo veo)
que me dio tantas horas tan felices

73 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


(em bora não o saibas) que m orri.
M esm o ele, a quem eu tanto ju lg u ei amar,
nada se im portará. D ep o is vai dar

a n o tícia a essa estranha C ecily


que acreditava que eu seria gran d e...
Raios partam a vida e q uem lá a n d e!...

74 POESÍA III
(aunque tú no lo sepas) que m orí.
10 Hasta a él, a quien tanto creí amar,
nada le importará. Después ve a dar

la noticia a esa extraña Cecily


que creyó que yo había de ser grande...
¡Lleve el diablo la vida y quien la ande!...

75 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O p iá r io

Ao senhor Mário de Sá-Carneiro

E antes do ó p io que a m in h ’alma é d o en te.


S en tir a vida convalesce e estiola
e eu vou buscar ao ó p io q u e consola
u m O r ien te ao orien te do O rien te.

5 Esta vida de b o rd o h á -d e m atar-m e.


São dias só de febre na cabeça
e, p or mais que p rocu re até que adoeça,
já não en con tro a m ola pra adaptar-m e.

E m paradoxo e in com p etên cia astral


io eu vivo a vincos d ’ou ro a m in h a vida,
on d a o n d e o p u n d o n o r é um a descida
e os p róp rios gozos gânglios do m eu m al.

E p o r u m m ecanism o de desastres,
um a engrenagem com volantes falsos,
15 que passo entre visões de cadafalsos
n u m jard im o n d e há flores n o ar, sem hastes.

V ou cam baleando através do lavor


dum a v id a -in ter io r de renda e laca.
T en h o a im pressão de ter em casa a faca
20 co m que fo i degolado o Precursor.

76 POESÍA III
O p ia r io

A l señor M ario de Sá-Cameiro

Antes del opio m i alma sí está enferma.


Sentir la vida cansa y desfallece.
Mas yo busco en el opio que consuela
un Oriente al oriente del Oriente.

5 Esta vida de a bordo ha de matarme.


Días sólo de fiebre en la cabeza
y, por más que lo busque y enloquezca,
ya no encuentro el resorte al que adaptarme.

En paradoja e incom petencia astral


10 vivo entre pliegues de oro yo m i vida,
ola donde el honor es la caída,
y el propio gozo es ganglio de m i mal.

Y por un m ecanism o de desastres,


un engranaje con volantes falsos
15 que paso entre visiones de cadalsos,
jardín sin tallos, flores en el aire,

tambaleante a través de la labor


de una vida-interior de encaje y laca,
creo tener en casa aquella faca
20 con que fue degollado el Precursor.

77 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A n d o expiando u m crim e n um a m ala
que u m avô m eu com eteu p o r requinte.
T en h o os nervos na forca, vin te a vinte,
e caí n o ó p io com o n um a vala.

25 A o toq u e ad orm ecido da m orfina


p e r c o -m e em transparências latejantes,
e n um a n o ite cheia de brilhantes
ergu e-se a lua com o a m in h a Sina.

Eu, que fu i sem pre u m m au estudante, agora


3° não faço m ais que ver o navio ir
p elo canal de Suez a conduzir
a m inh a vida, cânfora na aurora.

Perdi os dias que já aproveitara.


Trabalhei para ter só o cansaço
35 que é h oje em m im um a espécie de braço
que ao m eu p escoço m e sufoca e ampara.

E fu i criança com o toda a gente.


N asci num a província portuguesa
e ten h o con h ecid o gen te inglesa
4° que diz que eu sei inglês p erfeitam en te.

Gostava de ter poem as e novelas


publicados p or P lo n e n o Mércure,
mas é im possível que esta vida dure.
Se nesta viagem n em houve procelas!

45 A v id a a b ord o é um a coisa triste


em bora a gente se divirta às vezes.
Falo com alem ães, suecos e ingleses
e a m in h a m ágoa de viver persiste.

78 POESÍA III
Expío un crim en, oculto en m i maleta,
que un m i abuelo h izo con esmero.
De la horca los nervios tensos cuelgan,
caí en el opio com o en el vertedero.

25 La m orfina y su toque m ortecino


m e pierde en transparencias palpitantes,
y en una noche llena de brillantes
se alza la luna com o m i Destino.

Fui un m al estudiante, pero ahora


30 sólo veo el navio que se va
por el canal de Suez, bajando ya
m i vida, blanco brillo de la aurora.

Perdí los días que ayer aprovechara,


sólo por el cansancio trabajé
35 que h oy en m í es una especie de
abrazo que m e ahoga y que m e ampara.

He sido niño com o lo es la gente.


N ací en una provincia portuguesa
y luego he conocido gente inglesa
40 que dice que sé inglés perfectamente.

Quiero tener novelas y poemas


publicados en Pión y en el M é r c u r e ,
Mas no es posible que esta vida dure.
¡Si en este viaje no hubo ni sirenas!

45 La vida a bordo es una cosa triste


aunque divertida algunas veces.
Hablo con alemanes, con ingleses,
pero m i pena de vivir persiste.

79 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


E u ach o q u e n ã o vale a p e n a te r
id o ao O r ie n te e visto a ín d ia e a C h in a .
A te r r a é se m e lh a n te e p e q u e n in a
e h á só u m a m a n e ira d e viver.

P o r isso eu to m o ó p io . E u m re m é d io .
S o u u m convalescente d o M o m e n to .
M o ro n o r é s - d o -c h ã o d o p e n s a m e n to
e v er passar a V id a fa z -m e té d io .

F u m o . C a n so . A h u m a te r r a a o n d e , e n fim ,
m u ito a leste n ã o fosse o oeste já!
P ra q u e fu i v isitar a ín d ia q u e h á
se n ã o h á ín d ia senão a alm a em m im ?

S o u desgraçado p o r m e u m o rg a d io .
O s ciganos r o u b a r a m m in h a S o rte .
Talvez n e m m esm o e n c o n tr e ao p é d a m o rte
u m lu g a r q u e m e a b rig u e d o m e u f rio .

E u fin g i q u e e stu d e i e n g e n h a ria .


V ivi n a E scócia. V isitei a Irla n d a .
M e u coração é u m a avozinha q u e a n d a
p e d in d o esm ola às p o rta s da A leg ria.

N ão chegues a P o rt-S a id , navio de fe rro !


V o lta à d ire ita , n e m eu sei p a ra o n d e .
Passo os dias n o s m o k in g -r o o m co m o c o n d e
u m escroc fran cês, c o n d e de fim de e n te r ro .

V o lto à E u ro p a d e s c o n te n te , e em so rtes
de v ir a se r u m p o e ta so n a m b ó lic o .
E u so u m o n á rq u ic o m as n ã o católico
e gostava d e ser as coisas fo rte s.

POESÍA III
Me parece que no vale la pena
ir hasta Oriente y ver la India y China.
La tierra es semejante y pequeñina
y de vivir sólo hay una manera.

Por eso tom o opio. Es medicina.


Soy convaleciente del M om ento.
Vivo en el bajo de m i pensamiento
y m e da tedio ver pasar la Vida.

Fum o. Me canso. ¡Ah, un sitio donde, al fin,


m u y al este, no hubiera oeste ya!
¿Para qué fui la India a ver allá
cuando no hay India, sino el alma en mí?

Soy desgraciado por prim ogenitura,


los gitanos robaron m i Destino.
N i en la m uerte ha de hallarse, por ventura,
un lugar que m e abrigue de m i frío.

He fingido estudiar ingeniería.


Viví en Escocia, he recorrido Irlanda.
M i corazón es una vieja que anda
m endigando al portón de la Alegría.

¡No llegues a Port-Said, barco de hierro!


Gira hacia la derecha, no sé a dónde.
Paso el tiem po fum ando con el conde
-q ü e es u n escroc francés, conde de en tierro-.

Vuelvo a Europa frustrado, pero en suertes


de volverm e un poeta sonambólico.
Siendo m onárquico, pero no católico,
m e gustaría ser cosas m uy fuertes.

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Gostava de ter crenças e d in h eiro,
ser vária gen te in síp ida que vi.
H oje, afinal, não sou senão, aqui,
8o n u m navio qualquer u m passageiro.

N ão ten h o personalidade alguma.


E m ais n otad o que eu esse criado
de b ord o que tem u m b elo m o d o alçado
de laird escocês há dias em jeju m .

85 N ão p osso estar em parte algum a. A m inha


pátria é on d e não estou . S ou d oen te e fraco.
O com issário de b ord o é velhaco.
V iu -m e c o ’a sueca... e o resto ele adivinha.

U m dia faço escândalo cá a b ord o,


90 só para dar que falar de m im aos mais.
N ão p osso com a vida, e acho fatais
as iras com que às vezes m e d eb ord o.

Levo o dia a fum ar, a beber coisas,


drogas am ericanas que en ton tecem ,
95 e eu já tão bêbado sem nada! D essem
m elh or cérebro aos m eus nervos com o rosas.

Escrevo estas lin h as. Parece im possível


que m esm o ao ter talento eu m al o sinta!
O facto é que esta vida é um a quinta
100 on d e se aborrece um a alma sensível.

O s ingleses são feitos pra existir.


N ão há gen te com o esta pra estar feita
co m a Tranquilidade. A gen te deita
u m vin tém e sai um deles a sorrir.

82 POESÍA III
Querría tener creencias y dinero,
ser tanta gente insípida que vi.
Después de todo, no soy sino, aquí,
80 en un barco cualquiera, un pasajero.

Personalidad no tengo alguna.


Más notorio que yo, hasta el criado
de a bordo, con su estilo alambicado
de escocés hace días en ayunas.

85 N o m e puedo parar. Débil y enfermo,


m i patria es el lugar donde no estoy.
El detective a bordo es un m al tipo,
m e vio con u na... y todo adivinó.

Un día armo un escándalo en el barco,


90 sólo por dar que hablar a los demás.
N o puedo con la vida, y m e desmando
a veces de ira, ¡qué fatalidad!

Paso el día fum ándom e y bebiendo


drogas americanas que m e atontan.
95 ¡Con nada m e emborracho! Si a m is nervios
más cerebro les dieran, ¡como rosas!

Escribo estos renglones. ¡Imposible


que teniendo talento ni lo sienta!
La vida es una quinta polvorienta
100 donde se aburre u n alma tan sensible.

Los ingleses están ahí para ser.


N o hay gente com o ésta para eso,
con tal Tranquilidad. Dejo caer
un centavo y sale uno sonriendo.

83 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


io5 Pertenço a u m gén ero de portugueses
que d ep ois de estar a ín d ia descoberta
ficaram sem trabalho. A m orte é certa.
T en h o p ensado n isto m uitas vezes.

Leve o diabo a vida e a gen te tê-la!


no N em le io o livro à m in h a cabeceira.
E n o ja -m e o O rien te. É u m esteira
que a gente en rola e deixa de ser bela.

Gaio n o ó p io p or força. Lá querer


que eu leve a lim p o um a vida destas
n5 não se p o d e exigir. A lm as honestas
com horas pra dorm ir e pra com er,

Q u e u m raio as parta! E isto afinal é inveja.


P orque estes nervos são a m in h a m orte.
N ão haver u m navio que m e transporte
izo para o n d e eu nada queira que o não veja!

Ora! Eu cansava-m e do m esm o m o d o .


Q u ’ria ou tro ó p io mais forte pra ir de ali
para son h os que dessem cabo de m im
e pregassem com igo nalgum lo d o .

125 Febre! Se isto que ten h o n ão é fehre,


n ão sei com o é que se tem febre e sente.
O facto essencial é que estou d oen te.
Está corrida, am igos, esta lebre.

V eio a n o ite . T ocou já a prim eira


130 corneta, pra vestir para o jantar.
V ida social pro cima! Isso! E m archar
até que a gen te saia pia coleira!

84 POESÍA III
105 Soy de la clase de esos portugueses
que, tras ser la India descubierta,
se quedó sin trabajo. Muerte cierta.
He pensado ya en esto m uchas veces.

¡Lleve el diablo la vida y el tenella!


lio Cerrado el libro a m i cabecera,
el Oriente m e enfada. Es una estera
que, al enrollarla, deja de ser bella.

Caigo pues en el opio. Así, querer


que lleve en lim pio una vida de éstas
115 no se puede pedir, almas honestas
con horas de dorm ir y de comer.

¡Que un rayo las parta! Envidia fea.


Estos nervios acaban por matarme.
¡Que no haya un solo barco a transportarme
120 a donde nada quiera que no vea!

¡Vaya! Me aburriré del m ism o m odo.


Quiero un opio más fuerte que m e arrastre
a sueños que darán conm igo al traste
y m e hagan rebozarm e sobre el lodo.

125 ¡Fiebre! Si no es fiebre esto que tengo,


no sé cóm o se tiene y siente fiebre.
Mas lo esencial es que estoy enfermo.
Está corrida, amigos, esta liebre.

Llega la noche y suena la primera


130 llamada. Hay que vestirse ya a cenar.
¡Vida social! ¡Pues eso! ¡Y a marchar
hasta que nos salgamos de la hilera!

85 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


P orque isto acaba m al e h á -d e haver
(olá!) sangue e u m revólver lá prò fim
*35 deste desassossego que há em m i
e não há form a de se resolver.

E q uem m e olhar h á -d e m e achar banal,


a m im e à m inh a v id a... Ora! U m rapaz...
O m eu p ró p rio m o n ó c u lo m e faz
*4° p ertencer a u m tip o universal.

A h quanta alma haverá que ande m etida


assim com o eu na Linha, e com o eu mística!
Q u an tos sob a casaca característica
n ão terão com o eu o h o rror à vida?

145 Se ao m en os eu p or fora fosse tão


interessante com o sou p o r dentro!
V ou n o M aelstrom , cada vez m ais p rò centro.
N ão fazer nada é a m in h a perdição.

U m in ú til. Mas é tão ju sto sê-lo!


150 Pudesse a gen te desprezar os outros
e, ainda que c o ’os cotovelos rotos,
ser h eró i, d o id o , am aldiçoado o u belo!

T en h o vontade de levar as m ãos


à boca e m ord er nelas fu n d o e a m al.
155 Era um a ocupação original
e distraía os outros, os tais sãos.

O a b s u rd o co m o u m a f lo r da ta l Ín d ia
q u e n ã o v im e n c o n tr a r n a ín d ia , nasce
n o m e u c é re b ro fa rto de c a n sa r-se .
160 A m in h a vida m u d e-a D eu s o u fin d e - a ...

86 POESÍA III
Esto va a acabar m al, aún ha de haber
sangre y una pistola com o fin.
155 Este desasosiego que hay en m í
no hay form a en que se pueda resolver.

El que m e m ire m e verá banal...,


-¡venga! un m u c h a c h o ...-, a m í, com o a m i vida.
Pues m i propio m onóculo m e obliga
140 a ser parte de un tipo universal.

¡Ah, cuánta alma habrá que ande m etida


sobre la Línea, mística cual yo!
Y, ¿cuántos, bajo capa, a nuestra vida
no tendrán com o yo el m ism o horror?

145 ¡Si al m enos yo por fuera m e igualara


en interés a com o soy por dentro!
Voy en el Maelstrom, v oy hacia el centro,
y m i perdición es no hacer nada.

Un inútil. ¡Pero es tan justo serlo!


150 y despreciar sin más a cualquier otro
y, aunque perdido y con los codos rotos,
¡ser héroe o loco, o ser m aldito o bello!

Me m eteré en la boca las dos m anos


para morderlas hasta hacerm e mal.
155 La ocupación sería original,
distraería a ésos, a los sanos.

Lo absurdo com o flor de aquel confín,


de la India que en la India no encontré,
nace en m i m ente, pero m e cansé.
160 M i vida, Dios la cambie o le dé fin ...

87 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


D e ix e -m e estar aqui, nesta cadeira,
até virem m eter -m e n o caixão.
N asci pra m andarim de con d ição,
mas faltam -m e o sossego, o chá e a esteira.

165 A h que b o m que era ir daqui de caída


prà cova p or u m alçapão de estouro!
A v id a sab e-m e a tabaco lo u ro .
N u n ca fiz m ais do que fum ar a vida.

E afinal o que quero é fé, é calma,


i7° e não ter essas sensações confusas.
D eu s que acabe com isto! abra as eclusas
e basta de com édias na m in h ’alma!

88 p o e s ía mi
hasta que al fin me metan al cajón.
Yo nací mandarín de condición,
me faltan el sosiego, el té y la estera.

¡Ah, qué bueno ir directo, en mi caída,


desde una trampilla hasta la fosa!
La vida es mi tabaco, buena cosa.
Nunca hice más que fumar la vida.

Después de todo lo que quiero es calma,


fe, y no sensaciones tan confusas.
¡Dios acabe con esto! ¡Abriendo esclusas!
¡Basta ya de comedias en mi alma!

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


C arnaval

A v id a é urna trem enda bebedeira.


Eu n un ca tiro dela outra im pressão.
Passo nas ru as, te n h o a sensação
d e u n carnaval ch eio d e c o r e p o e ir a ...

5 A cada hora ten h o a d olorosa


sensação, agradável todavia,
de ir aos en con trões atrás da alegria
dum a plebe farsante e co p io sa ...

Cada m o m en to é u m carnaval im en so
io em que ando m isturado sem querer.
So p en so n isso m aça-m e viver
e eu, que am o a in tensidad e, acho isto in ten so

de m ais... Balbúrdia que entra pela cabeça


d en tro a quem quer parar u m só m o m en to
15 em ver on d e é que tem o p en sam ento
antes que o ser e a lucidez lh e esqueça...

A u to m ó v e is, veículos, [...]


as ru a s cheias, [...]
fitas de cin e m a c o r r e n d o se m p re
20 e n u n c a te n d o u m s e n tid o p rec iso .

J u lg o -m e bêbado, sin to -m e con fuso,

90 POESÍA III
Carnaval

La vida es una inm ensa borrachera.


N un ca he sacado de ella otra im presión.
Yoy por las calles, con la sensación
de un carnaval de lu z y polvareda...

5 A cada hora m e da la dolorosa


sensación, agradable todavía,
de ir tropezando en pos de la alegría
de una plebe farsante y num erosa...

Cada m om ento, un carnaval inm enso


10 entre el cual, sin querer, m e dejo ir.
Pienso en ello y m e canso de vivir.
Amo la intensidad mas, ¡tan intenso...!

Tal alboroto la cabeza invade


de quien quiere parar sólo un solo m om ento
15 para ver dónde tiene el pensam iento,
antes que ser y lucidez se apaguen.

Vehículos y coches, [...]


calles llenas, [...]
Rollos de cine que van pasando siempre
20 sin tener un sentido bien preciso.

Ebrio parezco, y torpe, en esta vía,

91 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


cam baleio nas m inhas sensações,
sin to um a súbita falta de corrim ões
n o p len o dia da cidade [...]

25 U m a pândega esta existência to d a ...


Q u e em brulhada se m ete p or m im dentro
e sem pre em m im desloca o crente centro
do m eu p siqu ism o, que anda sem pre à ro d a ...

E co n tu d o eu estou com o n in gu ém
30 de am oroso acordo com isto tu d o ...
N ão en co n tro em m im , quando m e estudo,
diferença entre m im e isto que tem

esta balbúrdia de carnaval to lo ,


esta m istura de eu rop eu e zulu
35 este batuque trem en d o e ch u lo
e elegan tem ente em d esc o n so lo ...

Q u e tipos! Q u e agradáveis e antipáticos!


G om o eu sou deles com u m n o jo a eles!
O m esm o to m eu rop eu em nossas peles
40 e o m esm o ar con ju ga-n os [...]

T en h o às vezes o téd io de ser eu


com esta form a de h oje e estas m an eiras...
Gasto in ú teis horas inteiras
a descobrir quem sou; e n un ca deu

45 resultado a p esq u isa... Se há u m plano


que eu form e, na vida que talho para m im
antes que eu chegue desse p lano ao fim
já estou com o antes fora d ele. È engano

92 POESÍA III
entre m is sensaciones tropezando;
falto de apoyo sigo, mas temblando,
aquí, en la ciudad, a pleno día [...]

Una parranda la existencia entera


que embarullada se m e m ete dentro
desplazándome siempre de m i centro,
de m i psiquismo, envuelto en esa rueda.

Aunque, con todo, estoy com o ninguno,


en amoroso acuerdo con la gente...
Si m e estudio, no m e hallo diferente,
sin distancia entre eso y lo que es uno.

Alboroto de loco carnaval


m ezclado de zu lú y de europeo,
el tan tremendo y chulo m artilleo,
desconsuelo elegante, capital.

¡Qué tipos! ¡Agradables mas molestos!


Blanca piel europea, de igual tono,
y yo yendo asqueado, mas con éstos,
por idéntico aire unidos todos...

Tengo a veces el tedio de ser yo


con esta form a de h oy y estas m aneras...
Gasto horas inútiles, enteras,
descubriendo quién soy; mas nunca dio

resultado la búsqueda... ¿Un proyecto


en la vida que trazo para mí?
Antes que lo consume, estoy aquí
fuera de él com o antes. En efecto,

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


a gen te ter confiança em quem tem se r ...
[ . ..]

5o O lh o p ’ró tip o com o eu que aí v e m ...


[...]
C o m o se veste [...] b e m
p o r q u e é u m a n ecessid ad e q u e ele te m
sem q u e ele te n h a essa n ecessid ad e.

A h, tudo isto é para dizer apenas


55 que não estou b em na vida, e quero ir
para u m lugar mais sossegado, ouvir
correr os rios e não ter mais penas.

Sim , estou farto do corpo e da alma


que esse corpo con tém , o u é, ou fa z-se...
6o Cada m o m en to é u m corpo n o que nasce...
Mas o que im porta é que não ten h o calma.

N ão ten cio n o escrever ou tro p oem a,


te n c io n o só dizer que m e aborreço.
A hora a hora m inha vida m eço
65 e a ch o-a u m lam entável estratagema

de D eu s para com o bocado de m atéria


que resolveu tom ar para m eu c o r p o ...
T od o o con teú d o de m im é p orco
e de um a chatíssim a m iséria.

70 Só é d ecente ser outra pessoa


mas isso é p orq ue a gen te a vê p or fo r a ...
Q u alq uer coisa em m im parece agora
[...]

94 POESÍA III
engaño es la confianza en qué ha de ser...
[...]
50 M iro a ése, com o yo, que viene ahí...
[...]
Lo bien que se ha vestido [...]
una necesidad que él ha tenido,
mas sin que tenga tal necesidad.

Ah, y todo esto por decir apenas:


55 no estoy bien en la vida, quiero ir
a un lugar más tranquilo, para oír
correr los ríos, no tener más penas.

Harto estoy de ese cuerpo y de esa alma


que ese cuerpo contiene, o es, o se hace...
60 Cada instante es un cuerpo en el que nace...
mas lo que im porta es que no tengo calma.

N o pretendo escribir otro poema,


que m e aburro decir tan sólo intento.
Voy m idiendo m i vida en el m om ento,
65 pero es una pobre estratagema

de Dios para ese trozo de m ateria


que decidió tom ar para m i cuerpo...
todo cuanto hay en m í es sucio y puerco
y una pesadísima miseria.

70 , Sólo es decente ser otra persona.


Pero eso es por verla por afuera...
que cualquier cosa en m í parece ahora
[...]

95 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


È C arnaval, e estão as ru a s cheias
de g e n te q u e conserva a se n saç ão .
T e n h o in te n ç õ e s, p e n s a m e n to , ideias,
m as n ã o p o sso te r m áscara n e m p ão .

E sta g e n te é igual, e u so u diverso —


m e sm o e n tre os p o etas n ã o m e ac eitaria m .
A s vezes n e m se q u e r p o n h o isto em verso —
e o d ig o , eles n u n c a assim d iria m .

Q u e p o u c a g en te a m u ita g e n te aqui!
E sto u cansado, co m c é re b ro e cansaço.
V ejo isto , e fico, e x tre m a m e n te a q u i
so z in h o co m o te m p o e co m o espaço.

D e trás de m áscaras n o sso se r esp reita,


de trá s de b ocas u m m is té rio acode
q u e m e u s versos a n o d in o s e n je ita .
[...]

S o u m a io r o u m e n o r ? C o m m ãos e pés
e b o c a falo e m e x o -m e n o m u n d o .
H o je , q u e to d o s são m áscaras, és
u m se r m áscara-g esto s, em tão f u n d o ...

[ ...] n ã o te n h o c o m p a rtim e n to s estan q u es


p a ra os m e u s se n tim e n to s e em o ç õ e s...

V idas, re a lm e n te se m is tu ra m ,
o q u e e ra c é re b ro acaba s e n tim e n to ,
m in h a u n id a d e m o r r e ao re le n to .

POESÍA III
Es Carnaval, y están las calles llenas.
Hechos de sensaciones todos van.
75 Tengo intenciones, pensamiento, ideas...
no puedo tener máscara ni pan.

Esa gente es igual, yo soy diverso,


n i entre los poetas se m e aceptaría.
A veces n i siquiera escribo en verso,
80 y, lo que digo, nunca lo dirían.

¡Qué poca gente tanta gente aquí!


Cansado de m i m ente y m i cansancio,
veo esto y m e quedo sólo ahí,
solo con el tiem po y el espacio.

85 Tras de las máscaras nuestro ser acecha,


y tras las bocas un m isterio acude
que m is insulsos versos abandona.
[...]

¿Soy m ayor o menor? Con m anos, pies


y boca hablo y m e m uevo por el m undo.
90 Hoy, que todos son máscaras, te ves
gesto-máscara, ahí, en lo profundo...

[...] com partim ento estanco no poseo


para m is sentim ientos y em ociones...

Vidas que se m ezclan realm ente,


95 lo que es cerebro acaba en sentim iento
y toda m i unidad m uere al relente

97 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


[...]

Q u an d o quero pensar, sin to, n ão sei


se m e sin to q uem sou e queria.
Psique de fora da psicologia,
io o vivo fora da [ ...] e da lei

am orfo anexo ao m u n d o exterior


reprodu zind o tud o o que n ele há
sem que em m eu ser qualquer ser m eu m e vá
com pensar p essoalm ente a m inh a dor.

105 N ão: sem pre as dores doutra gen te que é eu


(sem pre alegrias de várias pessoas),
[...]
sem pre de u m centro d iferen te e m eu .

Carnaval de [...]
b eb en d o p ’ra se sentir alegres e outros,
no ou tros b eb en d o com o eles [ ...] se sentem ,
ten d o de ser alegres [...]

D ê e m -m e u m sentir que cansa e é b o m e cessa


p ren d a m -m e para que eu não faça m ais versos
façam [ a d f in e m ? ] com que o sentir cesse,
115 p ro íb a m -m e pensar com a cabeça.

D ó i- m e a vida em tod os os m eus poros,


estala-m e na cabeça o coração,
[...]
Para que escrevo? E um a pura perda.
[ ...]
D ep o is [...]
120 se escrevo o que sin to [ ...] . B om . Merda.

98 POESÍA III
[...]

Cuando quiero pensar, siento, no sé


si m e siento quien soy y qué querría...
m i psique fuera de la psicología...
loo pues vivo fuera de la [...] y de la ley.

Amorfo anexo al m undo, a lo exterior,


reproduciendo aquello que en él haya
sin que en m i ser cualquier ser m ío vaya
com pensando, en persona, m i dolor.

105 Dolores de ser yo siempre otra gente,


(siem pre alegrías de personas varias)
[...]
siempre de un centro m ío y diferente.

Carnaval de [...]
bebiendo por sentirse alegres y otros,
lio bebiendo otros com o ellos [...] tal se sienten,
siendo alegres por fuerza [...]

Dadm e un sentir que cansa, es bueno, y cesa,


prendedme y que más versos ya no escriba.
Haced [¿ a d fin e m ? ] que el sentir se inhiba,
115 prohibidm e pensar con la cabeza.

Duele la vida ya en todos los poros,


revienta en m i cabeza el corazón,
[...]
¿Para qué escribo? Es pura perdición.
[...]
Después [...]
120 si escribo lo que siento [...]. Bueno. Mierda.

99 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


P ron to. A cab ou -se. Q u eb ro a p en a e a tinta
e n to r n o -a aqui só para a en to r n a r ...
N ão haver vida que se possa DAR!
N ão haver alma com que não se sinta!

125 N ão haver com o essa alma con sertar-m e


co m cordéis o u arames que se aguentem
com ferros e m adeiras que não m en tem
e m e d êem u n id ad e n o aguentar-m e!

N ão haver [...]
130 N ão haver, não [...]
N ão haver. N ão Haver!

A quela falsa e triste sem elhança


entre q uem ju lgo ser e quem eu sou.
S ou a máscara que volve a ser criança,
135 mas recon h eço, adulto, aon de estou.

Isto n ão é o Carnaval, n em eu.


T en h o vontade de d orm ir, e an do.
O que passa, on d ean d o, em to rn o m eu,
passa [...]

140 D o rm ir, d esp ir-m e deste m u n d o ultraje,


com o quem despe u m d o m in ó roubado.
D esp ir a alma postiça com o a u m traje.
[...]

T en h o náusea carnal d o m eu d estin o.


Q uase m e cansa m e cansar. E vou,
145 a n ó n im o , [ ...] m en in o ,
p o r m eu ser fora à busca de quem sou.

100 POESÍA III


Rompo la plum a aquí, cierro la cuenta,
vierto la tinta aquí, por derramarla...
¡Que no haya vida que uno pueda DARLA!
¡Que no haya alma con que no se sienta!

125 ¡Que no haya com o un alma a com ponerm e


con cordeles o alambres que se aguanten,
con maderas y hierros que no falten
y m e den unidad al sostenerme!

Que no haya [...]


130 Que no haya,
no, no haya...

Aquella falsa y triste semejanza


entre quien creo ser y ése que soy.
Soy máscara que vuelve a ser infancia,
135 mas reconozco, adulto, dónde estoy,

Esto no es n i el Carnaval ni yo,


pues tengo ganas de dorm ir y ando.
Y eso que pasa, en torno a m í, ondeando,
pasa [...]

14-0 Dormir, desnudo de este m undo ultraje,


com o quitarse un dom inó robado,
fuera el alm a postiza, igual que un traje.
[•••]

Tengo náusea carnal de m i destino.


Casi m e canso de cansarme. Y voy,
145 v oy anónim o, [...] niño,
fuera de m í, en busca de quien soy.

101 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


Barrow - o n -F u rness

S ou vil, sou reles, com o toda a gente,


n ão ten h o ideais, mas n ão os tem n in gu ém .
Q u em diz que os tem é com o eu, mas m en te.
Q u em diz que busca é p orq u e não os tem .

5 E com a im aginação que eu am o o bem .


M eu baixo ser p orém não m o con sente.
Passo, fantasm a do m eu ser presente,
éb rio, p o r intervalos, de u m A lém .

C o m o tod os não creio n o que creio.


io Talvez possa m orrer p or esse ideal.
Mas, en q uan to não m orro, falo e le io .

Ju stifica r-m e? S ou quem tod os são...


M o d ifica r-m e? Para m eu igu al?...
—Acaba lá com isso, ó coração!

II

D euses, forças, almas de ciência ou fé,


eh! Tanta explicação que nada explica!
E stou sentado n o cais, n um a barrica,
e não com p reen d o mais do que de p é.

102 POESÍA III


Ba rro w - o n - F u rness

Vil, despreciable, com o lo es la gente,


sin ideales, nadie los cultiva.
Quien dice que los tiene sólo m iente.
Quien los busca, claro es, no los abriga.

5 Yo am o el bien ahí, en lo im aginario,


pero m i bajo ser no lo consiente.
Paso, fantasma de m i ser presente,
ebrio de un Más Allá en lo fragmentario.

Como todos, no creo en lo que creo.


10 Q uizá pueda m orir por m i ideal.
Pero, mientras no m uero, hablo y leo.

¿Justificarme? Soy quien todos son...


¿Modificarme? ¿En lo que es m i igual?...
¡Acaba ya con eso, corazón!

II

Dioses, fuerzas y almas, ciencia o fe,


¡Eh! ¡Tanta explicación que nada explica!
Sentado aquí en el m uelle, en m i barrica,
no comprendo mejor que puesto en pie.

103 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


5 P orque o havia de com p reen der?
Pois sim , mas tam bém p orq u e o não havia?
A gua do rio, corrend o suja e fria,
eu passo com o tu, sem mais valer...

O u niverso, n ovelo em aranhado,


io que paciência de dedos de q uem pensa
em outra coisa te p õ e separado?

D eixa de ser n ovelo o que n o s fic a ...


A que b rin car? A o am or?, à in d i f rença?
Por m im , só m e levanto da barrica.

III

C orre, raio de rio , e leva ao mar


a m in h a in diferença subjectiva!
Q u al «leva ao m ar!» Tua presença esquiva
que tem com igo e com o m eu pensar?

5 Lesm a de sorte! Vivo a cavalgar


a som bra de u m ju m en to . A v id a viva
vive a dar n om es ao que n ão se activa,
m orra a p ôr etiquetas ao grande ar...

Escancarado Furness, m ais três dias


io te aturarei, p obre en gen h eiro preso
a sucessibilíssim as vistorias...

D ep o is, ir - m e - e i em bora, eu e o desprezo


(e tu irás do m esm o m od o que ias),
qualquer, na g a r e , de cigarro aceso...

104 POESÍA III


5 ¿Por qué habría yo de comprender?
Pues sí, pero también ¿por qué no habría?
Agua del río, corriendo sucia y fría,
yo paso com o tú, sin más valer...

¡Oh universo, ovillo enmarañado!,


10 ¿qué paciencia de dedos de quien piensa
de otra cosa te pone separado?

Deja de ser ovillo, pobre resto...


¿A qué jugar? ¿A amor? ¿A indiferencia?
Me alzo de m i barrica, sólo esto.

III

¡Corre, rayo de río, y lleva al mar


esta m i indiferencia subjetiva!
¡Cómo que «lleva al m ar»! ¿Tu form a esquiva
qué es respecto de m í y de m i pensar?

5 ¡Mierda de suerte! Vivo cabalgando


sobre una sombra asnal. La vida viva
vive nombrando lo que no se activa,
m uere nombres al viento colocando...

Furness, te aguantaré otros tres días


10 aún, pobre ingeniero, estando preso
aún de otras inspecciones sucesivas...

Después yo, y m i desprecio, nos marchamos


(tú seguirás de igual m odo que ibas),
anónim os, al tren, cigarro en m ano...

105 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


IV

C onclu são a sucata!... Fiz o cálculo,


sa iu -m e certo, fu i elo g ia d o ...
M eu coração é u m en o rm e estrado
o n d e se expõe u m p eq u en o a n im álcu lo ...

5 A m icroscóp io de desilusões
fin d ei, p rolixo nas m inúcias fú teis...
M inhas con clusões práticas, in ú teis...
M inhas con clusões teóricas, con fu sõ es...

Q u e teorias há para quem sente


io o cérebro quebrar-se, com o u m dente
dum p en te de m en d igo que em igrou?

Fecho o caderno dos apontam entos


e faço riscos m oles e cinzen tos
nas costas do envelope do que s o u ...

H á quanto tem p o, Portugal, há quanto


vivem os separados! A h, mas a alma,
esta alma incerta, n un ca forte ou calma,
não se distrai de ti, n em b em n em tanto.

5 S o n h o , h istérico ocu lto, u m vão recan to...


O rio Furness, que é o que aqui banha,
só iron icam en te m e acom panha,
que estou parado e ele corrend o tan to ...

io6 POESÍA III


IV

¡Conclusión: la chatarra!... Hice su cálculo,


m e salió bien exacto, fui elogiado...
M i corazón es un enorm e estrado
donde sólo se expone un anim álculo...

5 Al m icroscopio de las desilusiones


hallé, abundante en las m inucias fútiles,
mis conclusiones prácticas, inútiles...
Teóricas también, m is confusiones...

¿Qué teorías hay para quien siente


10 el cerebro quebrarse com o un diente
de un peine de m endigo que emigró?

Cierro de m is apuntes el cuaderno


y trazo trazos grises, suaves, tiernos,
en el dorso del sobre que soy yo ...

¡Ya tanto tiem po, Portugal, ya tanto


vivim os separados! Mas el alma,
esta alma incierta, nunca fuerte o calma,
no se distrae de ti tanto ni cuanto.

5 Sueño, histérico oculto, hallar un vado...


E l río Furness, que es el que aquí baña,
sólo irónicam ente m e acompaña,
que él va corriendo y yo aquí estoy parado...

107 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


T anto? Sim , tanto relativam ente...
io A rre, acabem os com as distinções,
as subtilezas, o in tersticio, o entre,
a m etafísica das sensações —.

A cabem os com isto e tu d o m ais...


A h, que ânsia hum ana de ser rio ou cais!

108 POESÍA li l i
¿Corriendo? Sí, mas relativam ente...
10 Arre, acabemos con las distinciones,
la sutileza, el intersticio, el entre,
la metafísica de las sensaciones.

Acabemos con esto y lo que quede...


¡Ah, qué ansia hum ana de ser río o muelle!

109 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O d e t r iu n f a l

À d olorosa luz das grandes lâm padas eléctricas da fábrica


ten h o febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
para a beleza disto totalm ente desconhecida dos antigos.

5 0 rodas, ó engrenagens, r - r - r - r - r - r - r eterno!


Forte espasm o retido dos m aqu inism os em fúria!
E m fúria fora e d en tro de m im ,
p or tod os os m eus nervos dissecados fora,
p or todas as papilas fora de tud o com que eu sinto!
io T en h o os lábios secos, ó grandes ruídos m od ern os,
de vos ouvir dem asiadam ente de perto,
e ard e-m e a cabeça de vos querer cantar com u m excesso
de expressão de todas as m inhas sensações,
com u m excesso con tem p orân eo de vós, ó máquinas!

15 Em febre o olhando os m otores com o a um a Natureza tropical —


G randes tróp icos h um anos de ferro e fogo e força —
C anto, e canto o presente, e tam bém o passado e o futuro,
p orq u e o presen te é to d o o passado e to d o o futuro
e há Platão e V irgílio dentro das m áquinas a das luzes eléctricas
ao só p orq u e houve outrora e foram h um anos V irgílio e Platão,
e pedaços do A lexandre M agno do século talvez cinquenta,
átom os que h ã o -d e ir ter febre para ó cérebro do E sqilo do
[século cem ,
andam por estas correias de transmissão e p or estes êm bolos e
[por estes volantes,

110 POESÍA III


O d a t r iu n f a l

A la lu z dolorosa de grandes lámparas eléctricas de fábrica


tengo fiebre y escribo.
Rechinando los dientes, com o fiera ante esta belleza,
ante esta belleza totalm ente desconocida a los antiguos.

5 ¡Oh ruedas, oh engranajes, r -r -r -r -r -r -r eterno!


¡Poderoso espasmo retenido de máquinas en furia!
¡Esa furia que hay fuera y dentro de m í,
entre todos mis nervios disecados por fuera,
y todas las papilas exteriores a todo aquello m ediante lo que
10 ¡Tengo los labios secos, grandes ruidos m odernos, [siento!
de estar oyéndoos demasiado cerca,
y m i cabeza arde de quereros cantar con exceso
en la expresión de m is sensaciones,
con un exceso que es contemporáneo de vosotras, oh máquinas!

15 Y con fiebre, y mirando los motores como Naturaleza tropical


—grandes trópicos hum anos de hierro y fuego y fuerza—,
canto y canto el presente, y también el pasado y el futuro,
porque el presente es ya todo el pasado com o es todo el futuro
y hay Platón y Virgilio en esas máquinas y en las luces eléctricas
20 sólo porque existieron y que fueron hum anos Platón y Virgilio,
y quizás hay pedazos de un Alejandro Magno del siglo cincuenta;
átomos que irán a tener fiebre dentro del cerebro del Esquilo
[que habrá en el siglo cien,
andan por estas correas de transmisión, andan por estos
[ém bolos y por estos volantes,

111 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


ru gin d o, ran gen d o, cician d o, estrugindo, ferreando,
25 fa ze n d o -m e u m excesso de carícias ao corpo n um a só carícia
[à alma.

A h, p oder exp rim ir-m e tod o com o u m m o to r se exprime!


Ser com p leto com o um a m áquina!
Poder ir na vida triunfante com o um autom óvel ú ltim o-m od elo!
P oder ao m en os p en etra r-m e fisicam ente de tu d o isto,
30 rasgar-m e tod o, ab rir-m e com pletam ente, to rn a r-m e passento
a tod os os p erfum es de ó leos e calores e carvões
desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!

Fraternidade com todas as dinâm icas!


Prom íscua fúria de ser p arte-agen te
35 do rodar férreo e cosm op olita
dos com b oios estrénuos,
da faina transportadora-de-cargas dos navios,
do giro lú brico e le n to dos guindastes,
do tum ulto d isciplinad o das fábricas,
4-o e do q u ase-silên cio ciciante e m o n ó to n o das correias de
[transmissão!

H oras europeias, produtoras, enlatadas


entre m aqu m ism os e afazeres úteis!
G randes cidades paradas n o s cafés,
n o s cafés — oásis de in utilidad es ruidosas
45 on d e se cristalizam e se precipitam
os rum ores e os gestos do U til
e as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
N ova M inerva sem -alm a dos cais e das gares!

N ovos entusiasm os de estatura do M om ento!

112 poesía mi
rugiendo, chirriando, susurrando, retum bando, ferreando,
25 haciéndom e un exceso de intensas caricias en el cuerpo, y una
[sola en el alma.

¡Ah, poder expresarme totalm ente cual se expresa u n motor,


ser com pleto tal com o una máquina!
¡Poder ir triunfante por la vida igual que un coche últim o
[modelo!
¡Conseguir por lo m enos penetrarme físicam ente de esto,
30 rasgarme todo, abrirme totalm ente, volverm e esponjoso
a todos los perfumes del aceite, el calor, los carbones
de esta flora estupenda, negra, artificial, siempre insaciable!

¡Fraternidad con todas las dinámicas!


¡Promiscua furia de ser parte-agente
35 del rodar férreo y cosmopolita
de los ágiles trenes,
de la cinta transportadora-de-las-cargas que carga los navios,
del giro lúbrico y lento de las grúas,
del tum ulto disciplinado de las fábricas
+0 y del casi-silencio susurrante y m onótono que emiten las correas
[de transmisión!

¡Horas europeas, productoras,


aprisionadas entre m aqum ism os y útiles quehaceres!
¡Grandes ciudades paradas en los cafés,
en los cafés —oasis de inutilidades ruidosas—
45 donde se cristalizan y precipitan
los rum ores y gestos de lo Útil,
así com o las ruedas, los apoyos y los engranajes del Progreso!
¡Nueva M inerva sin-alm a de los m uelles y de las estaciones!

¡Entusiasmos nuevos que ostentáis la estatura propia del


[M omento!

113 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


5° Q u ilh as de chapas de ferro sorrin d o encostadas às docas,
o u a seco, erguidas, n os p la n o s-in clin a d o s dos portos!
Actividade internacional, transatlántica, C a n adian -P acific!
Luzes e febris perdas de tem p o n o s bares, n os h otéis,
n os Longcham ps e n os D erbies e n o s Ascots,
55 e P iccadillies e A venues de l ’O péra que entram
pela m in h ’alma dentro!

H é -la as ruas, h é -lá as praças, h é -lá -h ô la fo u le !

T u do o que passa, tud o o que pára às montras!


Comerciantes; vadios; escrocs exageradamente bem -vestidos;
6o m em bros evidentes de clubs aristocráticos;
esquálidas figuras dúbias; chefes de familia vagamente felizes
e paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete
de algibeira a algibeira!
T udo o que passa, tud o o que passa e n un ca passa!
65 Presença dem asiadam ente acentuada das co c o tte s ;
banalidade interessante (e q uem sabe o qué p o r d en tro ? )
das burguesinhas, m ãe e filha geralm ente,
que andam na rua com u m fim qualquer;
a graça fe m in il e falsa dos pederastas que passam, lentos;
7° e toda a gente sim plesm ente elegante que passeia e se mostra
e afinal tem alma lá dentro!

(Ah, com o eu desejaria ser o so u ten eu r disto tu d o!)

A m aravilhosa beleza das corrupções políticas,


d eliciosos escândalos fin an ceiros e d iplom áticos,
75 agressões políticas nas ruas,
e de vez em quando o com eta d um regicídio
que ilu m in a de P rodígio e Fanfarra os céus

114 POESÍA 111


50 ¡Quillas de chapas de hierro sonriendo apoyadas en los
[embarcaderos,
erguidas o en seco, en los planos inclinados de los puertos!
¡Actividad internacional y transatlántica, C a n a d i a n - P a c i f i d .
¡Luz y febriles pérdidas de tiem po en los bares y hoteles,
en los Longcham ps, y los Derbies y los Ascots,
55 y Piccadillies y Avenues de l’Opéra que m e van entrando
por el alma!

¡He-la las calles, h é-lá las plazas, h é-lá -h o la fo u le l


¡Todo cuanto pasa o se detiene puesto delante de los escaparates!
¡Vosotros, comerciantes; vagabundos; los escro cs demasiado bien
[vestidos;
60 evidentes m iem bros pertenecientes a clubs aristocráticos;
escuálidas figuras de lo ambiguo; cabezas de familia vagamente
[felices,
paternales incluso en la cadena de oro que les cruza el chaleco
de bolsillo a bolsillo!
¡Todo lo que pasa, todo lo que pasa y nunca pasa!
65 ¡Presencia demasiado acentuada que exhiben las c o c o tte s ;
banalidad interesante Q y quién sabe qué más por allá adentro?)
de las burguesitas, madre e hija por lo general,
que cam inan tranquilas por la calle con un fin cualquiera;
com o la gracia, fem enina y falsa, de los pederastas que pasan, tan
[lentos,
70 junto a toda la gente sim plem ente elegante que pasea y se exhibe,
y al final, por dentro tiene alma!
(¡Ah, y cóm o querría ser el s o u t e n e u r de todo eso!)

¡La espléndida belleza de las corrupciones políticas,


deliciosos escándalos de financieros y de diplomáticos,
75 y la agresión política en las calles,
y aun, de vez, en cuando, el com eta de los regicidios
que ilum ina en Prodigio y Fanfarria los cielos

115 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


usuais e lú cid os da Civilização quotidiana!
N otícias desm entidas dos jorn ais,
80 artigos p olítico s in sin ceram en te sinceros,
n o tíc ia s p a s s e z à - la - c a is s e , grandes crim es —
duas colunas deles passando para a segunda página!
O ch eiro fresco a tinta de tipografia!
O s cartazes postos há p o u co , m olhados!
85 am arelos co m um a cinta branca!
V ie n s -d e -p a r a itr e

C o m o eu vos am o a tod os, a tod os, a todos,


com o eu vos am o de todas as m aneiras,
com os olh o s e com os ouvidos e com o olfacto
e com o tacto (o que palpar-vos representa para m im !)
90 e com a in teligên cia com o um a antena que fazeis vibrar!
A h , com o tod os os m eus sen tid os têm cio de vós!

A du bos, debulhadoras a vapor, progressos da agricultura!


Q u ím ica agrícola, e o com ércio quase um a ciência!
O m ostruários dos caixeiros-viajantes,
95 dos caixeiros-viajantes, cavaleiros-andantes da Indústria,
prolongam entos hum anos das fábricas e dos calmos escritórios!

O fazendas nas montras! ó m anequins! ó últim os figurinos!


O artigos in ú teis que toda a gente quer comprar!
O lá grandes arm azéns com várias secções!
100 O lá an ú n cios eléctricos que vêm e estão e desaparecem!
O lá tu d o com que h oje se con strói, com que h o je se é
[diferente de ontem !
Eh, cim en to arm ado, b etó n de cim en to , novos processos!
Progressos dos arm am entos gloriosam en te m ortíferos!
Couraças, canhões, m etralhadoras, subm arinos, aeroplanos!

116 POESÍA III


usuales y lúcidos de la C ivilización de cada día!
¡Noticias que desm ienten los periódicos,
80 artículos políticos insinceram ente sinceros,
noticias p a s s e z a -la -c a ü s e y grandes crímenes
- y dos columnas de ellos, pasando luego a la segunda página!-
¡El fresco olor a tinta de la tipografía!
¡Los carteles pegados hace poco, aún mojados!
85 ¡V i e n s - d e - p a r a i t r e amarillos con una cinta blanca!
¡Cómo os amo yo a todos, sí, a todos, a todos,
cóm o os amo de todas las maneras,
con el ojo, el oído y el olfato
y también con el tacto (¡cuánto im porta para m í palparos!)
90 y con la inteligencia com o antena que m e hacéis vibrar!
¡Ah, hasta qué extrem o todos m is sentidos se encuentran en celo
[por vosotros!

¡Abonos, trilladoras a vapor, nuevos progresos de la agricultura!


¡Química agrícola, y com ercio que es casi una ciencia!
¡Los m uestrarios que llevan los viajantes,
95 sí, los viajantes, esos caballeros-andantes de la Industria,
extensiones hum anas de las fábricas y calmosos despachos!

¡Oh telas de los escaparates! ¡Oh también, maniquíes! ¡Figurines


[recientes!
¡Oh artículos inútiles que ahora todo el m undo am biciona
[comprar!
¡Hola, vosotros, grandes almacenes con diversas secciones!
loo ¡Hola también, anuncios lum inosos que nos vienen, están,
[desaparecen!
¡Hola a todo eso con lo que h oy se construye, con lo que hoy
[se es sin duda diferente de ayer!
¡Eh, cem ento armado, com o tú, horm igón, nuevos procesos!
¡Nuevos progresos de irnos armamentos gloriosamente mortíferos!
¡Acorazados, cañones, metralletas, barcos submarinos, aeroplanos!

117 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


ios A m o -v o s a tod os, a tu d o, com o um a fera.
A m o -v o s carnívoram ente,
p ervertidam ente e en roscan do a m in h a vista
em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, in úteis,
ó coisas todas m odernas,
no ó m inhas contem porâneas, form a actual e próxim a
do sistem a im ed iato do U niverso!
N ova Revelação m etálica e dinâm ica de Deus!

O fábricas, ó laboratórios, ó m u sic -h a lls, ó Luna-Parks,


ó couraçados, ó p ontes, ó docas flutuantes —
H5 na m in h a m en te turbulenta e encandescida
p ossu o-vos com o a um a m u lh er bela,
com pletam ente vos possuo com o a um a m ulher bela que não
[se ama,
que se en con tra casualm ente e se acha interessantíssim a.

E h -lá -h ô fachadas das grandes lojas!


120 E h -lá -h ô elevadores dos grandes edifícios!
E h -lá -h ô recom p osições m inisteriais!
Parlam entos, políticas, relatores de orçam entos,
orçam entos falsificados!
(U m orçam ento é tão natural com o um a árvore
125 e u m parlam ento tão b elo com o um a b o rb o leta ).

E h -lá o interesse p or tu d o na vida,


p orq u e tu d o é a vida, desde os brilhantes nas m ontras
até à n o ite, p o n te m isteriosa entre os astros,
e o m ar antigo e solen e, lavando as costas
13° e sen d o m isericord iosam en te o m esm o
que era quando Platão era realm en te Platão
na sua presença real e na sua carne com a alma d entro,
e falava com A ristóteles, que havia de não ser d iscípulo dele.

118 POESÍA 111


105 Amo a todos, a todo, igual que una fiera.
¡Os digo que os amo carnívoramente,
pervertidam ente, enroscando la vista
en vosotras todas, cosas grandes, banales, útiles, inútiles,
cosas todas modernas,
lio mis contemporáneas, form a actual y próxim a
del sistema inm ediato de nuestro Universo!
¡Nueva Revelación hoy manifiesta, metálica y dinámica, de Dios!

¡Oh fábricas, laboratorios, m u s ic -h a lls , oh tam bién Luna-Parks,


oh acorazados, puentes y m uelles flotantes!,
115 en m i m ente incandescente y turbulenta
os poseo com o a una herm osa mujer,
com pletam ente os poseo, com o a urna mujer bella a la cual no
[se ama,
que se encuentra de m odo casual y nos parece tan interesante.

¡H e-lá-hó, fachadas de las grandes tiendas!


120 ¡H e-lá-hó ascensores de los elevados edificios!
¡H e-lá-hó, h e-lá-h ó, rem odelación ministerial!
¡Parlamentos, políticas, relatores de los presupuestos,
de presupuestos tan falsificados!
ÇUn presupuesto es tan natural com o un árbol,
125 y un parlamento es bello com o una m ariposa).

H e-lá el interés ya por todo en la vida,


porque todo es la vida, desde los brillantes de los escaparates
hasta la propia noche, puente misterioso entre los astros,
y el m ar solem ne, antiguo, lavando las costas
130 y siendo m isericordiosam ente el m ism o
que era cuando Platón era en verdad Platón
en su presencia real y con su carne, con el alma dentro,
y hablaba aún con Aristóteles, que no habría de ser además su
[discípulo.

119 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Eu p od ia m orrer triturado p o r u m m otor
135 com o sentim ento de deliciosa entrega duma m ulher possuída.
A tire m -m e para den tro das fornalhas!
M etam -m e debaixo dos com b oios!
E sp an q u em -m e a b o rd o de navios!
M asoquism o através de m aqum ism os!
140 Sadism o de não sei quê m o d ern o e eu e barulho!

U p - lá - h ô jockey que ganhaste o Derby,


m ord er en tredentes o teu ca p de duas cores!

(Ser tão alto que não pudesse entrar p o r n en h u m a porta!


A h , olhar é em m im um a perversão sexual!)

145 E h -lá, eh -lá , eh -lá , catedrais!


D eix a -m e partir a cabeça de en con tro às vossas esquinas,
e ser levantado da rua ch eio de sangue
sem n in g u ém saber quem eu sou!

O tramways, funiculares, m etrop olitanos,


i5 ° roçai-vos p o r m im até ao espasmo!
H illa! hilla! h illa-h ô!
D a i-m e gargalhadas em p len a cara,
ó autom óveis apinhados de pândegos e de putas,
ó m u ltid ões quotidianas n em alegres n em tristes das ruas,
155 rio m u ltico lo r a n ó n im o e o n d e eu nao m e p osso banhar
[com o quereria!
A h, que vidas complexas, que coisas lá pelas casas de tudo isto!
A h, saber-lhes as vidas a todos, as dificuldades de dinh eiro,
as dissensões domésticas, os deboches que não se suspeitam,
os pensam entos que cada u m tem a sós consigo n o seu quarto
160 e os gestos que faz quando n in gu ém o p o d e ver!
N ão saber tu d o isto é ignorar tu d o, ó raiva,
ó raiva que com o um a febre e u m cio e um a fom e

120 POESÍA III


Yo podría m orir triturado quizá por un m otor
135 con ese sentim iento de deliciosa entrega de la mujer poseída.
¡Arrojadme a los altos hornos!
¡Tiradme, sí, debajo de los trenes!
¡Azotadme a bordo de navios!
¡Masoquismo a través de maqumismos!
1+0 ¡Nuevo sadismo de no sé qué m oderno y qué yo y qué ruido!

¡Up-lá-hó, jockey que ganaste el Derby,


tener para m orderlo, entre los dientes, tu pequeño cap de dos
[colores!

(jY ser tan alto que no pudiera entrar por puerta alguna!
¡Ah, el m irar es en m í perversión sexual directam ente!)

145 ¡Eh-lá, eh-lá, eh-lá, oh, catedrales!


¡Dejadme que m e parta la cabeza contra vuestras esquinas,
y que m e levanten de la calle bañado de sangre
sin que nadie sepa quién soy yo!

¡Tramways, funiculares, metropolitanos,


150 oh, rozaos en m í hasta el espasmo!
¡Hilla! ¡hilla-ho!
¡Carcajeaos de m í en plena cara,
oh coches atestados de juerguistas y putas,
oh grandes multitudes cotidianas, ni alegres ni tristes, de las calles,
155 ese gran río m ulticolor anónim o donde yo no m e puedo bañar
[com o querría!
¡Ah, qué vidas complejas, cuánto de todo esto por las casas!
¡Ah, saber de la vida de cada uno, las dificultades de dinero,
disensiones domésticas, vicios insospechados,
pensam ientos que cada uno tiene a solas, en su habitación,
160 y los gestos que hace cuando nadie ya lo puede ver!
¡No saber todo esto es ignorarlo todo, oh qué rabia enorme,
esa rabia que es tal com o una fiebre y un celo y un hambre,

121 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


m e p õ e a m agro o rosto e m e agita às vezes as m ãos
em crispações absurdas em p len o m eio das turbas
165 nas ruas cbeias de encontrões!

A h, e a gente ordinária e suja, que parece sem pre a m esm a,


que em prega palavrões com o palavras usuais,
cujos filh o s roubam às portas das mercearias
e cujas filhas aos oito anos —e eu acho isto b elo e a m o -o ! —
170 m asturbam h om en s de aspecto decente n os vãos de escada.
A gentalha que anda p elos andaim es e que vai para casa
p or vielas quase irreais de estreiteza e p odridão.
M aravilhosa gen te hum ana que vive com o os cães,
que está abaixo de tod os os sistemas m orais,
175 para q uem n en h u m a religião fo i feita,
n en h u m a arte criada,
n en h u m a p olítica destinada para eles!
G om o eu vos am o a todos, p orq u e sois assim,
n em im orais de tão baixos que sois, n em b o n s n em maus,
180 inatingíveis p or tod os os progressos,
fauna maravilhosa do fu n d o do mar da vida!

(N a nora do quintal da m inh a casa


o b urro anda à roda, anda à roda,
e o m istério do m u n d o é do tam anho disto.
185 Lim pa o suor com o braço, trabalhador d esconten te.
A lu z do sol abafa o silên cio das esferas
e havem os tod os de m orrer,
ó p in h eirais som brios ao crepúsculo,
p in h eirais o n d e a m inh a in fân cia era outra coisa
19° do que eu sou h o je ...)

122 POESÍA III


que enflaquece m i rostro, hace que tiem blen m is m anos de
[repente
en crispación absurda que m e ataca en m edio de las turbas,
en las calles llenas de tropiezos!

¡Ah, y la gente sucia y ordinaria, que parece ser siempre la misma,


que emplea palabrotas com o siendo palabras usuales,
cuyos hijos roban a las puertas de los ultramarinos
y cuyas hijas a los ocho años - ¡ y a m í m e parece que eso es bello
[y lo amo!—
masturban a hombres de aspecto decente en los rellanos de las
[escaleras!
¡Esa gentualla que anda en los andamios y después se va a casa
por callejuelas que son casi irreales en su estrechez y su
[podredumbre,
esa maravillosa gente hum ana que vive cual perros
debajo de todos los sistemas m orales,
para quien ninguna religión fue hecha,
ningún arte creado,
n i política a ellos destinada!
¡Cómo os amo a todos, porque sois así,
ni inmorales de tan bajos que sois, ni buenos n i malos,
inalcanzables por todos los progresos,
maravillosa fauna puesta al fondo del mar de la vida!

([En la noria del huerto de m i casa


va el burro dando vueltas, dando vueltas,
y el m isterio del m undo es de ese tamaño.
Limpíate el sudor pasando el brazo, trabajador descontento.
La luz del sol ahoga el silencio en que yacen las esferas
y habremos todos de morir,
oh pinares sombríos al crepúsculo,
pinares donde m i infancia fue otra cosa
que eso que soy h o y .. .)

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Mas, ah outra vez a raiva m ecânica constante!
O utra vez a obsessão m ovim entada dos óm n ib u s.
E outra vez a furia de estar in d o ao m esm o tem po dentro de todos
[os com b oios
de todas as partes do m u n d o,
195 de estar d izend o adeus de b ord o de tod os os navios
que a estas horas estão levantando ferro o u afastando-se das docas.
O ferro, ó aço, ó alu m ín io, ó chapas de ferro ondulado!
O cais, ó p ortos, ó com b oios, ó guindastes, ó rebocadores!

E h -lá grandes desastres de com boios!


200 E h -lá desabam entos de galerias de minas!
E h -lá naufrágios d eliciosos dos grandes transatlânticos!
E h -lá -h ô revoluções aqui, ali, acolá,
alterações de con stituições, guerras, tratados, invasões,
ru íd o, injustiças, violências, e talvez para breve o fim ,
205 a grande invasão dos bárbaros am arelos pela Europa,
e ou tro S ol n o novo H orizon te!

Q u e im porta tud o isto, mas que im porta tud o isto


ao fúlgid o e rubro ru íd o con tem p orân eo,
ao ru íd o cruel e d elicioso da civilização de h o je?
210 T udo isso apaga tud o, salvo o M om en to,
o M om en to de tron co n u e q uente com o u m fo g u eiro ,
o M om en to estrid en tem en te ru id oso e m ecânico,
o M om en to d inâm ico passagem de todas as bacantes
do ferro e do bron ze e da bebedeira dos m etais.

215 Eia com b oios, eia p on tes, eia h otéis à hora do jantar,
eia aparelhos de todas as espécies, férros, bru tos, m ín im o s,

124 POESÍA III


Pero, ¡ah, otra v ez la rabia m ecánica constante!
¡Otra vez la obsesión en m ovim iento que em iten los óm nibus,
y otra v ez esa furia de estar yendo dentro al m ism o tiem po de
[todos los trenes
de todas las partes del mundo,
195 esa furia de estar diciendo adiós yendo a bordo de todos los
[navios,
que a estas horas están levando anclas o se van alejando de los
[embarcaderos!
¡Oh hierro, oh acero, oh aluminio, oh vosotras, chapas de
[hierro ondulado!
¡Oh muelles, oh puertos, oh trenes, oh grúas, oh remolcadores!

¡Eh-lá, catástrofes ferroviarias!


200 ¡Eh-lá, derrumbes de las galerías de las minas!
¡Eh-lá, naufragios deliciosos de los descomunales transatlánticos!
¡E h-lá-ho, revoluciones aquí, allá, acullá,
alteraciones de las constituciones, guerras, invasiones, acuerdos,
[tratados,
ruido, injusticias, violencias, y quizá en breve el fin,
205 con la gran invasión de toda Europa inundada de bárbaros de
y otro sol entonces en el nuevo Horizonte! [color amarillo,

¿Qué im porta todo esto, pero en verdad qué im porta todo esto
a ese fúlgido y rubro ruido contem poráneo,
al ruido cruel y delicioso de la actual civilización?
210 Todo eso borra todo, salvo sólo el Momento,
el M om ento de tronco desnudo y caliente com o u n fogonero,
el M om ento estridente, ruidoso y m ecánico,
el M om ento dinám ico que es el paso de todas las bacantes
del hierro y el bronce y la gran borrachera del m etal.

215 ¡Eia trenes, eia puentes, eia hoteles a la hora de la cena,


eia aparatos de todas las especies, férreos, brutos, m ínim os,

125 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


in stru m en tos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,
en gen h os, brocas, m áquinas rotativas!
Eia! eia! eia!
220 Eia electricidade, nervos d oen tes da Materia!
Eia telegrafia-sem -fios, sim patía m etálica do Inconsciente!
Eia tú n eis, eia canais, Panamá, K iel, Suez!
Eia to d o o passado den tro do presente!
Eia to d o o futuro já d en tro de nós! eia!
225 Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e ú til da árvore-fábrica cosm opolita!
Eia! eia! eia! e ia -h ô -ô - ô !
N em sei que existo para dentro. G iro, rod eio, en g en h o -m e.
E n gatam -m e em tod os os com b oios.
230 Içam -m e em tod os os cais.
G iro d en tro das h élices de tod os os navios.
Eia! eia -h ô ! eia!
Eia! sou o calor m ecánico e a electricidade!
Eia! e os rails e as casas de m áquinas e a Europa!
235 Eia e hurrah p or m im -tu d o e tudo, m áquinas a trabalhar,
[eia!

Galgar com tud o p or cim a de tudo! H u p-lá!

H u p lá, hup lá, h u p -lá -h ó , h up -lá!


H é-h á ! H é -h ô ! H o - o - o - o - o !
Z -z - z - z - z - z - z - z - z - z - z - z !

240 A h não ser eu toda a gente e toda a parte!

126 P O E S IA 111
instrum entos de extrem a precisión, aparatos de triturar y de
[cavar,
nuevos ingenios, brocas, máquinas rotativas!
¡Eia! ¡eia! ¡eia!
220 ¡Eia electricidad, nervios enfermos de lo que es la Materia!
¡Eia telegrafía sin hilos, simpatía metálica propia del Inconsciente!
¡Eia túneles, eia canales, Panamá, Kiel, Suez!
¡Eia todo el pasado dentro del presente!
¡Eia todo el futuro que ya se halla dentro de nosotros!
225 ¡Eia! ¡eia! ¡eia!
¡Frutos del hierro y lo ú til del árbol-fábrica más cosmopolita!
¡Eia! ¡eia! ¡eia! ¡eio-hô-ô-ô!
N i sé que existo hacia dentro. Giro, cruzo, m e ingenio,
y m e enganchan de todos los trenes,
2?o m e izan en cada uno de los m uelles,
giro en las hélices de todos los navios.
¡Eia! ¡eia-ho! ¡eia!
¡Soy el calor m ecánico y la electricidad!
¡Eia! ¡y los railes y los cuartos de máquinas, y soy toda Europa!
235 ¡Y eia y hurrah, por m í-tod o y por todo, máquinas trabajando,
[eia!

¡Saltar al fin con todo por encim a de todo! ¡Hup-lá! ¡Hup-lá!

¡Hup-lá, hup-lá, hup-lá, h u p -lá-h ó, hup-lá!


¡Hé-lá! ¡Hé-ho!¡ ¡H o-o-o-o-o!
¡Z -z -z -z -z -z -z -z -z -z -z -z !

2+0 ¡Ah, que yo no sea todo el m undo y todo lugar!

127 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


Dois e x c e rto s de o d es
(F in s d e d u a s o d e s , n a t u r a l m e n t e )

V em , N o ite antiquíssim a e idêntica,


N o ite R ainha nascida destronada,
N o ite igual p or den tro ao silên cio , N o ite
com as estrelas lantejoulas rápidas
5 n o teu vestido franjado de In fin ito .

V em , vagam ente,
vem , levem ente,
vem sozinha, solen e, com as m ãos caídas
ao teu lad o, vem
i° e traz os m ontes lon gín q u os para ao pé das árvores próxim as,
fu n d e n u m cam po teu tod os os cam pos que vejo,
faze da m ontanh a u m b loco só do teu corpo,
apaga-lhe todas as diferenças que de lo n g e vejo,
todas as estradas que a sobem ,
15 todas as várias árvores que a fazem verd e-escu ro ao lo n g e,
todas as casas brancas e com fu m o entre as árvores,
e deixa só um a luz e outra luz e m ais outra
na distância im precisa e vagam ente perturbadora,
na distância subitam ente im possível de percorrer.

20 N ossa Senhora
das coisas im possíveis que procuram os em vão,
dos so n h os que vêm ter co n n o sco ao crepúsculo, à janela,

128 POESÍA III


DOS FRAGMENTOS DE ODAS
CEl FINAL DE DOS ODAS, POR SUPUESTO)

Ven, Noche antiquísima e idéntica,


Noche Reina, nacida destronada,
Noche igual por dentro al silencio, Noche
con las estrellas lentejuelas rápidas
en tu vestido orlado de Infinito.

Ven tú vagamente,
levemente,
ven solemne y sola, con las manos caídas
a tu lado, ven
y acerca los montes más remotos a los árboles próximos,
fúnde en un campo tuyo los campos que veo,
haz de la montaña un solo bloque, uno con tu cuerpo,
bórrale todas esas diferencias que veo de lejos,
todos los caminos que la suben,
todos los varios árboles que la hacen verde oscuro a lo lejos,
todas las casas blancas y con humo ahí, entre los árboles;
deja sólo entonces una luz y otra luz y otra más
en la distancia imprecisa, vagamente también perturbadora,
en la distancia imposible ya de recorrer.

Nuestra Señora
de las cosas imposibles que buscamos en vano,
de los sueños que vienen a encontrarnos al crepúsculo, estando a
[la ventana,

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


dos p ro p ó s ito s q u e n o s ac aric iam
n o s g ra n d e s te rra ç o s dos h o té is co sm o p o litas
25 ao so m e u r o p e u das m úsicas e das vozes lo n g e e p e r t o ,
e q u e d o e m p o r sa b erm o s q u e n u n c a os re a liz a re m o s...
V em , e e m b a la -n o s ,
vem e afag a-n o s,
b e ija - n o s sile n c io sa m e n te n a f ro n te ,
3° tã o le v em en te n a f ro n te q u e n ã o saibam o s q u e n o s b e ija m
sen ão p o u m a d ife re n ç a n a alm a
e u m vago soluço p a r tin d o m e lo d io sa m e n te
d o a n tiq u íssim o de n ó s
o n d e tê m raiz todas essas árvores de m arav ilh a
35 cujos fru to s são os so n h o s q u e afagam os e am am o s
p o r q u e os sabem os fo ra de relação co m o q u e h á n a vida.

V em soleníssim a,
so len íssim a e cheia
de u m a o c u lta v o n ta d e de so lu çar,
40 talvez p o r q u e a alm a é g ra n d e e a vida p e q u e n a ,
e to d o s os gestos n ã o saem d o n o sso c o rp o
e só alcançam os o n d e o n o sso b ra ç o chega,
e só vem os até o n d e chega o n osso o lh a r.

V em , d o lo ro sa ,
45 M a te r-D o lo ro s a das A ngú stias dos T ím id o s,
Turris-Ebúrnea das T ristezas dos D esprezad o s,
m ão fresca so b re a testa em fe b re dos h u m ild e s,
sa b o r de água so b re os láb io s secos d os C an sad o s.
V em , lá d o fu n d o
5° d o h o r iz o n te lívido,
vem e a r r a n c a - m e ,
d o solo de an g ú stia e de in u tilid a d e
o n d e vicejo.
A p a n h a -m e d o m e u so lo , m a lm e q u e r esq u ecid o ,
55 fo lh a a fo lh a lê em m im n ã o sei q u e sin a

130 POESÍA III


de los propósitos que nos acarician
en las g randes te rra z a s de los hoteles m ás cosm opolitas
25 y al son europeo de las m úsicas com o de las voces, cerca y lejos,
y que tanto nos duelen p o r saber que n u n ca los podrem os rea liza r...
Ven y arrú llan o s,
ven, y acaricíanos,
bésanos de m a n e ra silenciosa en la frente,
30 levem ente, en la fren te, que n i au n sepam os que nos besan
sino p o r u n a m ín im a d iferencia en el alm a
y u n vago sollozo que p arte m elodioso
desde lo antiquísim o en n osotros
donde tie n e n h u n d id a su ra íz esos árboles de fábula
35 cuyos fru to s son aquellos sueños que acariciam os y am am os
p o r saber que no tien en relación con lo que h a y en la vida.

Ven tú , solem nísim a,


solem nísim a y llena
de oculta v o lu n ta d de sollozar,
40 sí, tal v ez p o rq u e el alm a sea g ran d e y la v id a pequeña,
y que todos los gestos n o nos salen desde n u estro cuerpo
y ta n sólo llegam os donde llega el brazo ,
y sólo vem os donde alcan za la m irad a.

Ven tú , dolorosa,
45 M a ter D olorosa de las graves A ngustias de los T ím idos,
Turris Ebúrnea de todas las T ristezas de los que son Despreciados,
fresca m an o en la fren te enfebrecida de todos los h u m ild es,
sabor de agua en los labios secos de todos los Cansados.
Ven, desde el fondo
50 del h o riz o n te lívido,
v en y arrán c am e
al suelo de esta angustia e in u tilid a d
sobre el cual reverdezco.
Recógem e a h o ra de m i suelo, m a rg a rita olvidada,
55 h oja a h o ja lee en m í n o sé qué sino

131 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


e d e s fo lh a -m e p a ra te u ag rad o ,
p a ra te u ag rad o silen cio so e fresco.
U m a fo lh a d e m im la n ça p a ra o N o rte ,
o n d e estão as cidades d e H o je q u e e u ta n to am ei;
6o o u tr a fo lh a de m im la n ça p a ra o S ul,
o n d e estão os m ares q u e os N avegadores a b rira m ;
o u tr a fo lh a m in h a a tira ao O c id e n te ,
o n d e a rd e ao r u b r o tu d o o q u e talvez seja o F u tu ro ,
q u e e u sem c o n h e c e r a d o ro ;
65 e a o u tra , as o u tra s, o resto de m im
a tira ao O rie n te ,
ao O r ie n te d o n d e vem tu d o , o d ia e a fé,
ao O r ie n te p o m p o so e fa n á tic o e q u e n te ,
ao O r ie n te excessivo q u e e u n u n c a verei,
7° ao O r ie n te b u d ista , b ra m â n ic o , sin to ísta,
ao O r ie n te q u e é tu d o o q u e n ó s n ã o te m o s,
q u e é tu d o o q u e n ó s n ã o som os,
ao O r ie n te o n d e —q u e m sab e? — C risto talvez a in d a h o je
[viva,
o n d e D eu s talvez exista re a lm e n te e m a n d a n d o t u d o . ..

75 V em so b re os m ares,
so b re os m ares m aio res,
so b re os m ares sem h o riz o n te s p reciso s,
vem e passa a m ão p e lo d o rso d e fera,
e a c a lm a -o m is te rio sa m e n te ,
80 ó d o m a d o ra h ip n ó tic a das coisas q u e se ag itam m u ito !

V em , cu id ad o sa,
vem , m a te rn a l,
p é a n te p é e n fe rm e ira an tiq u íssim a , q u e te sen taste
à cab ec eira dos deuses das fés j á p e rd id a s,
85 e q u e viste n asce r Jeo v á e J ú p ite r ,
e so rris te p o r q u e tu d o te é falso e in ú til.

132 POESÍA III


y deshójam e p a ra t u placer,
p o r tu p lacer ta n silencioso y fresco,
u n a h oja m ía y lá n za la h acia el N o rte ,
donde están las ciudades de H oy que yo ta n to h e am ado;
60 o tra h oja m ía lá n zala hacia el Sur,
en donde están los m ares que los N avegantes ab riero n ;
o tra hoja m ía lá n zala a O ccidente,
donde ard e al rojo vivo todo lo que ta l vez sea el F u tu ro ,
que sin conocerlo y a lo adoro;
65 y la o tra, las otras, el resto de m í,
lánzalo h acia el O riente,
hacia el O rien te de donde viene todo, el día y la fe,
el O rien te pom poso y caliente y fanático,
el O rien te excesivo que n u n c a veré,
70 el Oriente budista, sintoísta, brahmánico,
el Oriente que es todo eso que no tenemos,
y que es todo eso que no somos,
ese O rien te en d onde -¿ q u ié n lo sab e?- tal vez v iv a C risto
[todavía,
donde tal vez Dios exista realm en te, y m a n d an d o en to d o ...

75 Ven sobre los m ares,


p o r los m ares m ayores,
los m ares sin precisos h o rizo n tes,
v en y pasa la m an o p o r el dorso a la fiera,
p a ra calm arla m isteriosam ente,
80 ¡oh domadora hipnótica de las cosas que tanto se agitan!

Ven, cuidadosa,
v en tú , m a tern al,
de puntillas, viejísim a en fe rm e ra , que te habías sentado
a la cabecera de los dioses de las fes y a perdidas,
85 y que viste n ac er a Jeh o v á y a Jú p iter,
y que sonreiste po rq u e todo te es in ú til y falso.

133 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


V em , N o ite silen cio sa e extática,
vem envolver n a n o ite , m a n to b ra n c o ,
o m e u c o ra ç ã o ...
9° S e re n a m e n te co m o u m a b risa n a ta rd e leve,
tra n q u ila m e n te co m o u m gesto m a te rn o afag an d o ,
co m as estrelas lu z in d o n as tu as m ãos
e a lu a , m áscara m iste rio sa , so b re a tu a face.
T o d o s os sons soam de o u tr a m a n e ira
95 q u a n d o tu vens.
Q u a n d o tu en tra s baix am to d a s as vozes,
n in g u é m te vê e n tra r,
n in g u é m sabe q u a n d o e n tra ste ,
senão de re p e n te , v e n d o q u e tu d o se rec o lh e,
ioo q u e tu d o p e rd e as arestas e as cores,
e q u e n o alto céu a in d a c la ra m e n te azul
j á crescen te n ítid o , o u círc u lo b ra n c o , o u m e ra lu z nova qu e
[vem,
a lu a co m eça a se r real.

II

A h o cre p ú scu lo , o ca ir da n o ite , o a c e n d e r das luzes nas


[g ran d es cidades,
e a m ã o d e m is té rio q u e abafa o b u líc io ,
e o cansaço de tu d o em n ó s q u e n o s c o rro m p e
p a ra u m a sensação exacta e p rec isa e activa d a V ida!
5 C a d a r u a é u m can al de u m a V eneza de té d io s,
e q u e m iste rio so o f u n d o u n â n im e das ru as,
das ru a s ao ca ir da n o ite , ó G esário V erd e, ó M estre,
o d o « S e n tim e n to de u m O c id e n ta l» !

134 POESÍA III


Acude, N o ch e silenciosa y extática,
v en a envolver en la noche, m a n to blanco,
ya m i co ra zó n ...
90 serenamente, al m odo de la brisa en la tarde leve,
tran q u ilam e n te , com o u n gesto m a tern o qu e nos acaricia,
con las estrellas luciendo en tu s m anos
y con la lu n a, m isteriosa m áscara, ahí, en tu ro stro .
Todos los sonidos suenan de o tra m a n era
95 en cu a n to tú vienes.
C uando en tras apagan y a todas las voces,
nadie te ve en trar,
nadie sabe n u n c a cu ándo entraste,
sino que, de repente, vem os cóm o todo se recoge,
100 y que todo p ierde sus aristas com o sus colores,
y que en el alto cielo, todavía claram ente azul,
y a creciente y nítido, o círculo blanco, o lu z n u ev a que viene,
la lu n a em pieza, al fin, a ser real.

II

¡Ah el crepúsculo, el caer la noche y encenderse las luces en


[las g ran d es ciudades,
la m an o de m isterio que ahoga el bullicio,
y el cansancio en nosotros y a de todo, el cansancio que entonces
[nos corrom pe
a rru in a n d o con ello la sensación exacta y precisa y activa de la
[Vida!
5 ¡Cada calle, el canal de u n a Venecia de tedios,
pero qué m isterioso el u n á n im e fondo de las calles,
el de las calles al caer la noche, oh Cesário Verde, o h M aestro
del « S en tim ien to de u n O ccidental»!

135 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Q u e in q u ie ta ç ã o p ro fu n d a , q u e desejo d e o u tra s coisas,
10 q u e n e m são países, n e m m o m e n to s, n e m vidas,
q u e desejo talvez de o u tro s m o d o s de estados d e alm a
h u m e d e c e in te r io r m e n te o in s ta n te le n to e lo n g ín q u o !

U m h o r r o r so n á m b u lo e n tre luzes q u e se ac en d e m ,
u m p av o r te r n o e líq u id o , e n c o sta d o ás esq u in as,
15 co m o u m m e n d ig o de sensações im possíveis
q u e n ã o sabe q u e m lhas possa d a r ...

Q u a n d o e u m o r re r ,
q u a n d o m e fo r, ig n o b ilm e n te , co m o to d a a g en te,
p o r aquele ca m in h o cuja id eia se n ão p o d e en c a ra r de fren te,
20 p o r aq u e la p o r ta a q u e, se p u d éssem o s asso m ar, n ão
[asso m aríam o s,
p a ra aq u e le p o r to q u e o cap itão d o N avio n ã o co n h e ce ,
seja p o r esta h o r a c o n d ig n a dos té d io s q u e tive,
p o r esta h o r a m ística e e s p iritu a l e an tiq u íssim a,
p o r esta h o r a e m q u e talvez, h á m u ito m ais te m p o d o q u e
[parece,
25 P latão s o n h a n d o v iu a id e ia de D eus
e sc u lp ir c o rp o e ex istência n itid a m e n te plausível
d e n tr o d o seu p e n s a m e n to ex te rio riz a d o co m o u m cam p o .

Seja p o r esta h o r a q u e m e leveis a e n te r ra r,


p o r esta h o r a q u e eu n ã o sei co m o viver,
30 e m q u e n ã o sei q u e sensações te r o f in g ir q u e te n h o ,
p o r esta h o r a cuja m is e ric ó rd ia é to r tu r a d a e excessiva,
cujas som bras vêm de q u a lq u e r o u tra coisa q u e n ã o as coisas,
cuja passagem n ã o ro ç a vestes n o chão d a V id a Sensível
n e m deixa p e rfu m e n o s c a m in h o s d o O lh a r.

35 C ru z a as m ãos so b re o jo e lh o , ó c o m p a n h e ira q u e e u n ão
[te n h o n e m q u e ro te r,

136 POESÍA III


¡Qué in q u ie tu d p ro fu n d a , qué ansia de o tras cosas,
10 que n i son países, n i m o m en to s, n i vidas,
qué deseo tal vez de o tros m odos de estados de alm a
hum edece in te rio rm e n te el in stan te ta n len to y rem oto!

U n h o r ro r sonám bulo en m ita d de las luces que se encienden,


u n p av o r tie rn o y líquido que se apoya en la esquina
15 com o u n m endigo de sensaciones im posibles
que n u n c a sabe quién las p u ed a d a r...

C uando m e m u era,
cu ando m e vaya, ta n in n o b lem en te com o todos,
p o r aquel cam ino cuya idea n o es posible en c a ra r de fren te,
20 p o r aquella p u e rta p o r la cual, au n q u e nos p u d iéram o s asom ar,
[no nos asom aríam os,
p ara llegar a aquel p u erto que el capitán del N av io n o conoce,
que sea en esta h o ra, condigna con el tedio que yo tuve,
en esta h o ra m ística, espiritu al y antiqu ísim a,
en esta h o ra en la que tal vez, hace m u ch o m ás tiem p o del que
[nos parece,
25 pudo P lató n soñando v e r la idea de Dios
esculpirse en cuerpo y existencia n ítid am e n te plausible
al in te rio r de su pensam iento, ex terio riza d o com o u n cam po.

Q ue sea en esa h o ra que m e llevéis a en terra r,


en esa h o ra que n o sé cóm o vivir,
?0 que n o sé qué sensaciones concebir o fin g ir que tengo,
en esa h o ra cuya m iserico rd ia es ta n to rtu ra d a y excesiva,
cuyas som bras vienen de cualquier o tra cosa que no son las cosas,
cuyo paso n o a rra stra paños sobre el suelo de la Y ida Sensible
n i nos deja u n a ro m a en los varios cam inos del M irar.

35 C ru za las m anos sobre la ro d illa, oh, tú , co m p añ era que no


' [tengo n i qu iero tener,

137 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


cruza as m ãos so b re o jo e lh o e o lh a -m e em silên cio
a esta h o r a em q u e eu n ã o p o sso v er q u e tu m e olhas,
o lh a -m e e m silên c io e em segred o e p e rg u n ta a ti p r ó p r ia
—tu q u e m e co n h eces — q u e m e u s o u ...

138 POESÍA III


c ru z a las m anos sobre la ro d illa y después co n tém p lam e en
[silencio,
m íra m e a esta h o ra en que n o p uedo y a v e r que m e m iras,
m íra m e en silencio y en secreto, y p reg ú n ta te,
tú que m e conoces, quién soy yo...

139 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A c o rd a r da cid ad e de L isboa, m ais ta rd e d o q u e as o u tra s,
a c o rd a r da r ú a d o O u r o
a c o rd a r d o R ossio, às p o rta s dos cafés,
a c o rd a r
5 e n o m e io d e tu d o a gare, a gare q u e n u n c a d o rm e ,
co m o u m coração q u e te m q u e p u lsa r através d a vigilia e do
[so n o .

T o d a a m a n h ã q u e ra ia ra ia se m p re n o m e sm o lu g a r,
n ã o h á m a n h ã s so b re cidades, o u m a n h ãs so b re o cam p o
à h o ra em que o dia raia, em q u e a luz estrem ece a erg u e r-se.
io T o d o s os lu gares são o m e sm o lu g a r, to d a s as te rra s são a
[m esm a,
e é e te rn a e de to d o s os lugares a frescura q u e sobe p o r tu d o
e [...]

U m a e s p iritu a lid a d e feita co m a nossa p r ó p r ia ca rn e,


u m alívio de viver de q u e o n o sso c o rp o p a rtilh a ,
15 u m en tu sia sm o p o r o d ia q u e vai v ir, u m a aleg ria p o r o q u e
p o d e a c o n te c e r d e b o m ,
são os se n tim e n to s q u e n ascem de estar o lh a n d o p a ra a
[m ad ru g ad a,
seja ela a leve s e n h o ra dos cum es d os m o n te s,
seja ela a invasora le n ta das ruas das cidades q ue vão leste-oeste,
seja [...]

20 A m u lh e r q u e c h o ra b a ix in h o
e n tre o r u íd o d a m u ltid ã o e m vivas...
O v e n d e d o r d e ru as, q u e te m u m p reg ão esq u isito ,
ch eio de in d iv id u a lid a d e p a ra q u e m r e p a r a ...

140 POESÍA III


D espertar de L isboa, la ciu d ad de L isboa, m ás ta rd e que las
[otras ciudades,
desp ertar de la calle del O ro,
desp ertar del Rocío, a las p u erta s de los cafés,
despertar,
5 y en m edio de todo la estación, esa que n u n c a d u erm e,
com o u n co ra zó n que h a de la tir a través del sueño y la vigilia.

P orque to d a m a ñ a n a que desp u n ta siem pre d esp u n ta en el


[m ism o lugar,
n o h ay m añ an as sobre las ciudades y otras sobre el cam po
a la h o ra en que desp u n ta el día y la lu z tiem b la irguiéndose.
10 Todos los lugares son el m ism o lugar, todas las tie rra s son la
[m ism a tie rra ,
y es e te rn a y de todos los lugares la frescu ra que sube p o r todo

U na e sp iritu alid ad h ech a de n u e s tra carne,


u n alivio de v iv ir del que n u e stro cuerpo p articip a,
15 u n entusiasm o p o r el día que v a a llegar ya, u n a aleg ría p o r lo
que de b u eno puede suceder,
sentim ientos que n acen de estar m ira n d o a la m ad ru g ad a,
sea ella la leve señora de las cum bres del m o n te,
sea la le n ta invasora de las calles de las ciudades que v an de este
s e a [...] [a oeste,

20 L a m u je r que llo ra p o r lo bajo


en tre la m u ltitu d que estalla en vivas...,
el v en d e d o r am bu lan te, con su p reg ó n ex trañ o ,
lleno de in d iv id u alid ad p a ra q uien p resta a te n c ió n ...,

141 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O a rc a n jo iso lad o , e sc u ltu ra n u m a cated ral,
25 S irin g e fu g in d o aos b raç o s e ste n d id o s d e Pã,
tu d o isto te n d e p a ra o m e sm o c e n tro ,
b usca e n c o n tr a r -s e e f u n d ir - s e
n a m in b a alm a.

E u a d o ro to d a s as coisas
30 e o m e u coração é u m alb erg u e a b e rto to d a a n o ite .
T e n h o p e la vida u m in te re sse ávido
q u e b u sca c o m p re e n d ê -la s e n tin d o - a m u ito .
A m o tu d o , a n im o tu d o , e m p re sto h u m a n id a d e a tu d o ,
aos h o m e n s e às p ed ra s, às alm as e às m á q u in as,
35 p a ra a u m e n ta r co m isso a m in h a p e rso n a lid a d e .
P e rte n ç o a tu d o p a ra p e r te n c e r cada vez m ais a m im p r ó p r io
e a m in h a am b ição e ra tra z e r o u n iv e rso ao colo
co m o u m a c ria n ça a q u e m a am a b eija.

E u am o to d as as coisas, u m as m ais d o q u e as o u tra s —


4° n ã o n e n h u m a m ais d o q u e o u tra , m as se m p re m ais as q u e
[esto u v en d o
d o q u e as q u e vi o u v erei.
N ad a p a ra m im é tão b elo co m o o m o v im en to e as sensações.
A v id a é u m a g ra n d e fe ira e tu d o são b arracas e saltim bancos.
P en so n isto , e n te r n e ç o -m e m as n ã o sossego n u n c a .

45 D á - m e lírio s, lírio s
e rosas ta m b é m .

142 POESIA 111


el aislado arcángel, escu ltu ra de u n a catedral,
25 la Siringa h u y en d o de los brazos extendidos de P an,
todo esto tiende al m ism o centro,
y p ro c u ra fun d irse y enco n trarse
en m i alm a.

A doro todas las cosas


30 y m i co razó n es u n albergue abierto to d a la noche,
m as tengo p o r la v id a u n ávido interés
que busca co m p ren d erla sintiéndola m u ch o .
Amo todo, anim o todo, presto h u m a n id a d a todo,
a hom b res y piedras, a alm as y m áquinas,
35 p a ra así a u m e n ta r m i p ersonalidad.
Yo p erten ezco a todo p a ra p erten ecerm e crecien tem en te a m í
[m ism o
y m i am bición sería llevar al u niverso e n tre m is b razos
igual que a u n n iñ o al que besa el am a.

Amo todas las cosas, u nas m ás que las otras


+0 —no u n a m ás que otra, sino siem pre m ás a las que veo
que a las que v i o v e r é -.
N ad a es p ara m í ta n bello com o el m ovim iento y las sensaciones.
L a v id a es u n a g ra n feria y todo son saltim b an q u is y casetas,
pienso en esto, m e entern ezco , jam ás m e tran q u ilizo .

45 D am e lirios, lirios
y rosas tam bién.

143 LO S PO E M A S D E ÁLVARO D E C A M PO S 1
T u d o se fu n d e n o m o v im e n to
[...]
E cada a rb u sto fita d o
n e m é o te rc e iro q u e está a se g u ir.

A b o n d a d e da ch am a n o c tu r n a e m casas d istan tes,


5 os lares d o s o u tro s, m e ra s estrelas h u m a n a s n a n o ite ,
a in d e fin id a felicid a d e p a ra n ó s de v er o u tro s a d istân c ia.

144 POESÍA III


Todo se fu n d e en el m ovim iento
[...]
y cada arb u sto contem plado
n o es el tercero que está a continuación .

B ondad de la llam a n o c tu rn a en las casas distantes,


5 los hogares de otros, com o estrellas h u m an as en m ita d de la
[noche,
in d e fin id a felicidad, p a ra no so tro s, de p o d er v e r a o tro s a
[distancia.

145 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


C hove m u ito , chove excessivam ente...
C hove e de vez em q u a n d o faz u m v en to f r i o . ..
E sto u triste , m u ito triste , co m o se o d ia fosse eu .

N u m d ia n o m e u f u tu ro em q u e chova assim ta m b é m
5 e eu , à ja n e la , d e r e p e n te m e le m b re d o d ia d e h o je ,
p e n s a re i eu « a h nesse te m p o e u era m ais fe liz »
o u p e n s a re i « a h , q u e te m p o tris te fo i a q u e l» !
A h , m e u D eu s, e u q u e p e n s a re i deste d ia nesse d ia
e o q u e serei, de q u e fo rm a ; o q u e m e será o passado q u e
[h o je só p re s e n te ? .
io O a r está m ais d esag asalh ad o , m ais f r i o , m ais triste
e h á u m a g ra n d e d ú vida de c h u m b o n o m e u c o ra ç ã o ...

146 POESÍA 111


L lueve m u ch o , llueve con exceso...
llueve y de vez en cu ando h ace u n viento frío ...
y estoy triste, m u y triste, cual si yo fu era el día.

U no de m i fu tu ro que ta m b ié n llueva así


5 y yo, en la v en tan a, de rep en te m e acuerde del d ía de hoy,
pensaré « e n ese tiem po era yo m ás feliz»
o p ensaré «¡ah, qué tiem po de triste z a fue aquél!».
Ah, Dios, ¿qué p ensaré de este día ese día,
qué seré y de qué form a; qué m e será el pasado que h o y es sólo
[presente?...
10 E l aire es h o y m ás frío, m ás desabrido y triste,
y u n a d u d a de plom o pesando, inm ensa, en m i co ra zó n ...

147 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O m e lo d io so sistem a d o U n iv erso ,
o g ra n d e festival pagão de h av e r o sol e a lú a
e a titâ n ic a d an ç a das estações
e o r itm o p lá c id o das eclípticas
5 m a n d a n d o tu d o estar c a la d o .
E a te n d e r ap enas ao h r ilh o e x te rio r d o U n iv erso .

148 POESÍA III


E l m elodioso sistem a del U niverso,
el g ra n festival pagano de que ex istan el sol y la lu n a
y la d a n z a titán ic a de las estaciones,
y el plácido ritm o que siguen las eclípticas
o rd en an d o que todo esté callado.
Y atender, apenas, al brillo e x te rio r del U niverso.

149 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


O s m o rto s! Q u e p ro d ig io sa m e n te
e co m q u e h o rrív e l re m in isc e n c ia
vivem n a no ssa re c o rd a ç ã o deles!

A m in h a velha tia n a sua an tig a casa, n o cam p o


5 o n d e e u e ra feliz e tr a n q u ilo e a cria n ç a q u e eu e r a ...
P enso nisso e u m a sau d ad e to d a raiva re p a ssa -m e ...
E , além disso, p e n s o , ela j á m o r r e u h á a n o s ...
T u d o isto, v en d o b em , é m isterio so com o u m lu sc o -fu sc o ...
P en so , e to d o o en ig m a d o u n iv e rso re p a ssa -m e .
10 Revejo aq u ilo n a im ag in ação co m tal re a lid a d e
q u e d ep o is, q u a n d o p e n s o q u e aq u ilo acab o u
e q u e ela está m o rta ,
e n c a ro co m o m is té rio m ais p á lid a m e n te
v e jo -o m ais escu ro , m ais im p ie d o so , m ais lo n g ín q u o
15 e n e m c h o ro , de a te n to q u e e sto u ao te r r o r d a v id a ...

C o m o eu d esejaria se r p a rte da n o ite ,


p a rte sem c o n to rn o s da n o ite , u m lu g a r q u a lq u e r n o espaço,
n ão p ro p ria m e n te u m lugar, p o r n ão te r posição n e m co n to rn o s,
m ais n o ite n a n o ite , u m a p a rte dela, p e rte n c e n d o -lh e p o r to d o s
[os lados
ao e u n id o e afastado c o m p a n h e iro da m in h a au sên cia de e x istir...
A q u ilo e ra tão real, tão vivo, tão a c tu a l!...
Q u a n d o e m m im o revejo, está o u tr a vez vivo em m im ...
P asm o de q u e coisa tão re a l p u d esse p assar...
e n ã o ex istir h o je e h o je ser tã o d iv e rso ...
25 C o r r e p a ra o m a r a água d o r io , a b a n d o n a a m in h a vista,

150 POESÍA 111


¡Los m uertos! ¡Qué prodigiosam ente
y a u n con qué h o rrib le rem iniscencia
viven en el recu erd o que de ellos tenem os!

M i vieja tía en su an tig u a casa, allá en el cam po


5 en donde yo era feliz y tra n q u ilo siendo el n iñ o que e ra ...
Si pienso en eso, u n a rabiosa nostalgia m e traspasa...
Y, adem ás, de eso, pienso, y a hace años que ella m u rió ...
Todo esto, bien visto, es m isterioso, com o lo es u n crepúsculo.
Pienso, y to d o el enigm a del univ erso m e trasp asa de p ro n to .
10 Vuelvo a v e r aquello en la im aginación con tal rea lid ad
que después, cuando pienso que aquello acabó
y que ella está m u e rta,
encaro el m isterio m ás p álidam ente,
lo veo m ás oscuro, m ás im pío y rem o to
15 y n i lloro, de aten to que m e en c u en tro al te rr o r de la v id a ...

Cóm o desearía ser y a p a rte de la noche yo m ism o,


p arte de la noche, sin co ntornos, u n lu g a r c u alq u iera en el
[espacio
no u n lu g a r pro p iam en te, p o r n o te n e r co n to rn o s n i te n er
[posición,
sino noche en la noche, u n a p a rte de ella, p erteneciéndole y a
[p o r todos lados
20 u n id o y alejado com pañero de m i p ro p ia ausencia de e x istir..
¡Aquello era ta n real, ta n actual, ta n vivo!...
C uando en m í vuelvo a verlo, o tra v ez vive en m í...
Y m e so rprende que algo ta n rea l p u d ie ra p asar
y que n o exista hoy, y que h o y sea algo ta n d iv erso ...
25 Va co rrien d o h acia el m a r el agua del río , ab an d o n a m i vista,

151 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


chega ao m a r e p e r d e -s e n o m a r,
m as a água p e r d e -s e de s i- p r ó p r ia ?
U m a coisa deixa de se r o q u e é a b so lu ta m e n te
o u p e c a m d e v ida os nossos o lh o s e os n o sso s ouv id o s
3o e a no ssa co n sciê n cia e x te rio r d o U n iv e rso ?
O n d e está h o je o m e u p assad o ?
E m q u e h a ú o g u a rd o u D eu s q u e n ã o sei d a r c o m ele?
Q u a n d o o revejo em m im , o n d e é q u e o e sto u v e n d o ?
T u d o isto deve te r u m s e n tid o —talvez m u ito sim p les —
35 m as p o r m ais q u e p e n se n ã o a tin o c o n ele.

152 POESÍA III


y al fin llega al m a r y se p ierde en el m ar,
P ero el ag u a ¿se p ierde respecto a sí m ism a?
¿Algo deja de ser absolutam ente lo que es
o bien pecan de v id a n uestros ojos y n u estro s oídos,
30 n u e stra conciencia e x te rio r del Universo?
¿Dónde está h o y m i pasado?
¿En qué b aúl lo h a g u ard a d o Dios, que n o sé d a r co n él?
C uando después lo vuelvo a v e r en m í, ¿en d ó nde lo veo?
Todo esto debe te n e r u n sentido - y ta l v ez m u y sim p le -
35 pero, p o r m ás que piense, n o atin o con él.

153 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A h , os p r im e iro s m in u to s n o s cafés d e novas cidades!
A chegad a p e la m a n h ã a cais o u a gares
cheios de u m silên c io re p o u sa d o e claro!
O s p rim e iro s passantes nas ruas das cidades a q u e se ch eg a...
5 e o so m especial q u e o c o r r e r das h o ra s te m n as v ia g en s...

O s ó m n ib u s o u os eléctrico s o u os au to m ó v eis...
O novo aspecto das ru as de novas te rra s ...
A paz q u e p a re c e m te r p a ra a no ssa d o r,
o b u líc io alegre p a ra a no ssa tristeza,
lo a falta d e m o n o to n ia p a ra o n o sso coração c a n sa d o !...
A s praças n itid a m e n te q u a d ra d a s e g ran d es,
as ru a s co m as casas q u e se a p ro x im a m ao fim ,
as ru a s transversais rev e lan d o sú b ito s in teresses,
e através disto tu d o , co m o u m a coisa q u e in u n d a e n u n c a
[tra n sb o rd a ,
15 o m o v im e n to , o m o v im e n to ,
rá p id a coisa c o lo rid a e h u m a n a q u e passa e fica ...

O s p o r to s co m navios p a ra d o s,
excessivam ente navios p ara d o s,
co m b arc o s p e q u e n o s ao p é , e s p e ra n d o ...

154 p o e s ía m
¡Ah, prim eros m inutos d entro de los cafés de las nuevas ciudades!
¡El llegar de m a ñ a n a h asta los m uelles o a las estaciones,
llenos de u n silencio reposado y claro!
Los p rim ero s paseantes p o r las calles de las ciudades a las que
[se llega
5 y el especial sonido que el c o rre r de las h o ras ad o p ta e n los
[viajes...

Los autobuses, o los tran v ías, o los autom óviles,


el n uevo aspecto de las calles de las nuevas tie rra s...
¡Esa paz que p arecen poseer, p a ra n u estro dolor,
el alegre bullicio p a ra n u e s tra tristeza,
10 la falta de m o n o to n ía que precisa n u estro co ra zó n cansado!
Las p lazas n ítid am e n te cuad rad as y grandes,
las calles con las casas que se acercan al fin,
las calles transversales que rev e lan su atractiv o súbito,
y, en tre todo eso, com o cosa que in u n d a y que n u n c a tran sb o rd a,
15 el m ovim iento, ah , el m ovim iento,
ráp id a cosa h u m a n a y colorida que pasa y se q u ed a ...

Los p u erto s, con navios atracados,


dem asiados navios atracados,
y los barcos pequeños a su lado, esp eran d o ...

155 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A través d o r u íd o d o café c h e io d e g en te
c h e g a -m e a b risa q u e passa p e lo convés
nas lo n g as viagens, n o alto m a r, n o verão
p e r to dos tró p ic o s (n o a m o n to a d o n o c tu r n o d o navio —
5 sa cu d id o re g u la rm e n te p ela h élice p a lp ita n te —
vejo passar os u n ifo rm e s h ra n c o s dos oficiais d e b o r d o ) .
E essa b ris a traz u m r u id o d e m a r- a lto , p lu r o m a r,
e a no ssa civilização n ã o p e rte n c e à m in h a .re m in isc ê n c ia .

156 POESÍA III


A través del ru id o del café colm ado de gente
m e llega la brisa que c ru z a la cu b ierta
en los largos viajes, alta m ar, en verano,
cerca ya de los trópicos ( e n tre el denso n o c tu rn o del navio
5 -sa c u d id o de m odo re g u la r p o r la hélice siem pre p a lp ita n te -
veo p asar los blancos u n ifo rm es de los oficiales de a b o rd o ).
Y esa b risa nos tra e consigo u n ru id o de altam ar, p lu rim a r,
y n u e s tra civilización n o p ertenece a m i rem iniscencia.

157 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


M as m e sm o assim , de re p e n te , m as devagar, devagar,
atravessando todas estas coisas m o d e rn a s e p re se n te s,
v in d o n a tu ra lm e n te através de todas estas coisas e estes ru íd o s,
com o se tu d o isto fosse u m v id ro fosco tra n sp a re n te a essa luz,
5 através do ru íd o dos guindastes, pelos interstícios do m a ru lh a r
[dos barcos,
c o a n d o pelas frin c h a s dos assobios dos c o m b o io s,
m is te rio sa m e n te rep a ssan d o , e n s o p a n d o a fa in a das gen tes,
to ra , através d o m o d e rn o e d o actual, a e te rn a voz m a rítim a ,
a e te r n a voz re p re se n ta tiv a das g ran d e s coisas oceânicas,
[...]

158 POESÍA III


Incluso así, de repente, m as despacio, despacio,
atravesando todas estas cosas presentes m odernas,
viniendo n a tu ra lm e n te a través de todas estas cosas, todos estos
[ruidos,
com o si todo esto fu era u n cristal oscuro, tran sp a ren te a esa lu z,
5 a través del ru id o de las grúas, p o r los intersticios que se ab re n
[al oscilar los barcos,
colándose a través de los resquicios del agudo silbido de los trenes,
m isteriosam ente traspasando, em papando el trab ajo de la gente,
vuelve, a través de lo m o d ern o , de lo que es actu al, la e tern a
[voz m a rítim a ,
la etern a v o z rep resen tativ a de las g randes cosas oceánicas,
[...]

159 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O d e m a r ít im a

a S a n ta R ita P in to r

S o z in h o , n o cais d e se rto , a esta m a n h ã d e v erão ,


o lh o p r ò la d o da h a rra , o lh o p r ò In d e f in id o ,
o lh o e c o n te n ta -m e ver,
p e q u e n o , n e g ro e claro , u m p a q u e te e n tra n d o .
5 V em m u ito lo n g e , n ítid o , clássico à sua m a n e ira .
D eixa n o a r d ista n te atrás de si a o rla vã d o se u fu m o .
V em e n tra n d o , e a m a n h ã e n tra co m ele, e n o rio ,
a q u i, acolá, a c o rd a a v ida m a rítim a ,
e rg u e m -s e velas, avançam re b o c a d o re s,
io su rg em b arcos p e q u e n o s de trás dos navios q u e estão n o p o rto .
H á u m a vaga b risa.
M as a m in h ’alm a está co m o q u e vejo m e n o s,
co m o p a q u e te q u e e n tra ,
p o r q u e ele está co m a D istâ n cia, co m a M a n h ã,
15 co m o se n tid o m a rítim o desta H o ra ,
co m a d o ç u ra d o lo ro sa q u e sobe em m im c o m o u m a n áu sea,
co m o u m co m eç ar a e n jo a r, m as n o e s p írito .

O lh o de lo n g e o p aq u e te , co m u m a g ra n d e in d e p e n d ê n c ia de
[alm a,
e d e n tro de m im u m v o la n te com eça a g ira r, le n ta m e n te .

20 O s p a q u e te s q u e e n tra m de m a n h ã n a h a r r a
tra z e m aos m eu s o lh o s consigo
o m is té rio alegre e triste de q u e m chega e p a rte .
T ra z e m m e m ó ria s d e cais afastados e d o u tr o s m o m e n to s ,

I 6O POESÍA III
O da M a r ít im a

a Santa Rita Pintor

Solo, en el m uelle desierto, en la m a ñ a n a de v eran o ,


m ira n d o hacia la b a rra , hacia lo Indefinido;
m iro y m e g u sta ver,
pequeño, n egro y claro, en tra n d o , u n paquebote.
5 Viene m u y lejos, n ítid o , m u y clásico a su m odo.
D eja en el aire, d istante tras de sí, su v an a o rla de h u m o .
A hora está y a en tra n d o , y la m a ñ a n a e n tra co n él, y ah í, en el río ,
aquí, allá, despierta ya la v id a m a rítim a ,
se iz a n velas, av an zan los rem olcadores,
10 surgen barcos pequeños detrás de los navios que están en el puerto.
H ay u n a vaga brisa.
Pero m i alm a está con lo que veo m enos,
con el paquebote que a h o ra en tra,
dado que él está con la D istancia, está con la M añ an a,
15 con el sentido m a rítim o de la H ora,
la dolorosa d u lz u ra que a h o ra sube p o r m í, com o u n a náusea,
com o el inicio de u n m areo, pero u n m areo del esp íritu .

M iro de lejos a h o ra al paquebote, con u n a g ra n in d ep en d en cia de


[alm a,
y d en tro de m í u n v olante em pieza ya a g irar, m u y len tam en te.

20 Los paquebotes que e n tra n de m a ñ a n a en la b a rra


tra e n consigo a m is ojos
el triste y alegre m isterio de aquel que llega y p arte.
T raen m em orias de m uelles m u y lejanos y de o tro s m om entos,

161 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


d outro m od o da m esm a h um anid ad e n o u tro s portos.
25 T od o o atracar, to d o o largar de navio,
é —s in to -o em m im com o o m eu sangue —
in co n scien tem en te sim b ólico, terrivelm ente
am eaçador de significações m etafísicas
que perturbam em m im quem eu fu i...

30 A h , to d o o cais é um a saudade de pedra!


E q uando o navio larga d o cais
e se repara de repente que se abriu u m espaço
entre o cais e o n avio,
v e m -m e , n ã o sei p o r q u ê , u m a an g ú stia re c e n te ,
35 um a névoa de sen tim en tos de tristeza
que brilha ao sol das m inhas angústias relvadas
com o a p rim eira janela o n d e a madrugada bate,
e m e envolve com o um a recordação dum a outra pessoa
que fosse m isteriosam en te m inh a.

40 A h , quem sabe, quem sabe,


se n ã o p a r ti o u tr o ra , an tes d e m im ,
d u m cais; se n ã o deixei, navio ao sol
o b liq u o d a m a d ru g a d a,
ú m a o u tr a espécie d e p o r to ?
45 Q u em sabe se não deixei, antes de a hora
do m u n d o exterior com o eu o vejo
raiar-se para m im ,
u m grande cais ch eio de pouca gente,
dum a grande cidade m eio-d esp erta,
50 d u m a e n o r m e cid ad e co m ercia l, crescida, ap o p lética,
tanto quanto is s o p o d e ser fora d o Espaço o do T em p o?

Sim , d um cais, d um cais dalgum m o d o m aterial,


real, visível com o cais, cais realm ente,
o Cais Absoluto por cujo m odelo inconscientem ente im itado,
55 in se n siv e lm e n te evocado,

162 POESÍA III


de otro m odo de la m ism a hum anidad situada en otros puertos.
25 Todo atracar, todo zarpar de algún navio,
es - y lo siento en m í com o m i san gre-
inconscientem ente algo sim bólico, com o terriblem ente
am enazante, con significados m etafísicos
que perturban en m í a aquel que fu i...

30 ¡Ah, que ya todo el m uelle es nostalgia de piedra!


Luego, cuando el navio va zarpando del m uelle
y de pronto se advierte que se ha abierto un espacio
entre el m uelle y el barco,
m e viene, sin saber por qué razón, una angustia reciente,
35 una niebla de sentim ientos de tristeza
brillando al sol que reverbera en m is angustias,
tal com o si fuera la primera ventana.en la que bate el amanecer,
y entonces m e envuelve, al igual que un recuerdo de otra persona,
uno que fuera m ío en su misterio.

40 Ah, ¿quién sabe, quién sabe,


si no he partido otrora, antes de m í,
una vez de algún muelle; y si no dejé, navio al sol,
al sol oblicuo de la madrugada,
otra especie de puerto?
45 ¿Quién sabe si no dejé, antes que la hora
del m undo exterior tal com o lo veo
viniera despuntando para m í,
un gran m uelle lleno de m uy poca gente
de urna gran ciudad semidespierta,
50 de rma ciudad enorm e, com ercial, m uy crecida, apoplética,
en tanto en cuanto eso se pueda dar fuera del Espacio y el Tiempo?

Sí, partido de un m uelle, de uno de algún m odo material,


uno real y visible com o m uelle, u n m uelle realm ente,
ese Muelle Absoluto por cuyo modelo, inconscientemente imitado,
55 com o evocado insensiblem ente,

163 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


n ó s os h o m en s construím os
os n ossos cais n o s n ossos p ortos,
os n ossos cais de pedra actual sobre água verdadeira,
que d ep ois de con stru íd os se an un ciam de repente
6o C oisas-R eais, E spíritos-C oisas, Entidades em Pedra-Alm as,
a certos m o m en to s n ossos de sen tim en to -ra iz
quando n o m u n d o -ex ter io r com o que se abre um a porta
e, sem que nada se altere,
tud o se revela diverso.

65 A h o G rande Cais d o n d e p artim os em N avios-N ações!


O G rande Cais A n terio r, etern o e divino!
D e que p o rto ? E m que águas? E p orq u e p en so eu isto?
G rande Gais com o os ou tros cais, mas o U n ic o .
C h eio com o eles de silên cios ru m orosos nas antem anhãs,
7° e desabrochando com as m anhãs n u m ru íd o de guindastes
e chegadas de com b oios de m ercadorias,
e sob a nuvem negra e ocasional e leve
do fu m o das cham inés das fábricas próxim as
que lh e som breia o chão preto de carvão p eq u en in o que
[brilha,
75 com o se fosse a som bra dum a nuvem que passasse sobre
[água som bria.
A h, que essencialidade de m istério e sentid os parados
em divin o êxtase revelador
às horas cor de silên cios e angústias
não é p o n te entre qualquer cais e O Gais!80*5

80 Cais negram ente reflectido nas águas paradas,


b u lício a b ord o dos navios,
ó alma errante e instável da gente que anda embarcada,
da g en te sim bólica que passa e com quem nada dura,
que quando o navio volta ao p orto
85 há sem pre qualquer alteração ab o rd o !

164 p o e s ía m
construim os los hombres
nuestros m uelles que hay en nuestros puertos,
nuestros m uelles construidos en piedra actual por encim a del
[agua verdadera,
que después de construidos se anuncian de pronto
60 com o Cosas-Reales, Espíritus-Cosas, Entidades hechas de
[Almas-Piedra
en ciertos m om entos nuestros de sentim iento-raíz
cuando en el m undo-exterior parecería que se abre una puerta
y, sin que nada se altere,
todo se revela ser diverso.

65 ¡Ah, ese Gran M uelle de donde partimos en N avios-N aciones!


¡El Gran M uelle Anterior, eterno y divino!
¿De qué puerto? ¿En qué aguas? ¿Yjjor qué pienso esto?
Gran Muelle como los otros, pero Único.
Como ellos colmado de rum orosos silencios en los amaneceres
7o desatándose en m itad de las mañanas con ruido de grúas
y llegadas del tren de mercancías,
bajo la nube negra, ocasional y leve,
del hum o de chim eneas de las cercanas fábricas
que sombrea ese suelo de negro carbón dim inuto que brilla,
75 com o si fuera la sombra de una nube que estuviera pasando
[sobre u n agua sombría.
¡Ah, qué esencialidad del m isterio y los sentidos, parados
en divino éxtasis bien revelador
en las horas color de angustia y de silencio,
no hace de puente de cualquier m uelle al Muelle! 80*5

80 Muelle negramente reflejado en las aguas paradas,


con el bullicio a bordo de las naves,
¡oh alm a errante e inestable de la gente que anda embarcada,
de la gente sim bólica que pasa, con la cual nada dura,
y que, cuando el navio vuelve al puerto,
85 siempre hay alguna alteración a bordo!

165 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


Õ fugas contínuas, idas, ebriedade d o Diverso!
A lm a eterna dos navegadores e das navegações!
Cascos reflectidos devagar nas águas,
quando o navio larga do porto!
90 Flutuar com o alma da vida, partir com o voz,
viver o m o m en to trém u lam en te sobre águas eternas.
A cordar para dias m ais directos que os dias da Europa,
ver p ortos m isteriosos sobre a solidão do mar,
virar cabos lon g ín q u o s para súbitas vastas paisagens
95 p o r inum eráveis encostas atón itas...

A b, as praias lon gín qu as, os cais vistos de lo n g e,


e d ep ois as praias próxim as, os cais vistos de p erto.
O m istério de cada ida e de cada chegada,
a d olorosa instabilidade e in com p reen sib ilid ad e
100 deste im possível universo
a cada hora m arítim a m ais na própria p ele sentido!
O solu ço absurdo que as nossas almas derram am
sobre as extensões de mares diferentes com ilhas ao lo n ge,
sohre as ilhas lon gín qu as das costas deixadas passar,
sobre o crescer n ítid o dos portos, com as suas casas e a sua
para o navio que se aproxim a. [gente,

A h, a frescura das m anhãs em que se chega,


e a palidez das m anhãs em que se parte,
quando as nossas entranhas se arrepanham
e um a vaga sensação parecida com u m m ed o
no — o m ed o ancestral de se afastar e partir,
o m isterioso receio ancestral à Chegada e ao N ovo —
e n c o lh e -n o s a p ele e agon ia -n o s,
e to d o o n osso corpo angustiado sente,
115 com o se fosse a nossa alma,
um a inexplicável vontade de p oder sentir isto doutra maneira:
um a saudade a qualquer coisa,

166 POESÍA III


¡Fugas continuas, idas, auténtica ebriedad de lo Diverso!
¡El alma eterna de los navegantes y las navegaciones!
¡Cascos reflejados lentam ente en las aguas,
cuando zarpa el navio al fin del puerto!
90 Fluctuar com o alma de la vida, partir com o voz,
y vivir el m om ento, m uy trém ulam ente, sobre aguas eternas;
despertar a días más directos que los días de Europa,
ver m isteriosos puertos que aparecen sobre las soledades de los
doblar cabos remotos hacia paisajes súbitos y vastos [mares;
95 de innumerables, atónitas, laderas...

¡Ah, las remotas playas, ah, los m uelles así vistos de lejos,
y, después, playas próxim as y m uelles ya vistos de cerca.
El m isterio de cada partida y de cada llegada,
la inestabilidad dolorosa y la condición incom prensible
too de este imposible universo
a cada hora m arítim a sentido ya cada vez más en propia piel!
El absurdo sollozo que nuestras almas derraman
sobre las extensiones de diferentes mares e islas a lo lejos,
sobre islas remotas de unas costas dejadas pasar,
105 sobre el crecer nítido de puertos, con casas y gente,
para ese navio que se acerca.

Ah, el frescor sentido en las mañanas en que por fin se llega,


la palidez de la m añana en que se parte,
cuando nuestras entrañas ya se encogen
no y entonces una vaga sensación, m u y parecida al m iedo,
a ese m iedo ancestral de partir y alejarse,
- e l m isterioso y ancestral tem or a la Llegada y lo N u e v o -
nos encoge la piel y m ortifica,
y todo nuestro cuerpo siente ahora, angustiado,
115 tal com o si fuera nuestra alma,
el deseo del todo inexplicable de poder sentir eso de otra manera:
la nostalgia ya de cualquier cosa,

167 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


um a perturbação de afeições a que vaga pátria?
A que costa? A que navio? A que cais?
120 Q u e se adoece em n ó s o p en sam ento
e só fica u m grande vácuo d en tro de nós,
um a oca saciedade de m in u tos m arítim os,
e um a ansiedade vaga que seria téd io o u dor
se soubesse com o s ê -lo ...

125 A m anhã de verão, está, ainda assim, u m p o u co fresca.


U m leve torp or de n o ite anda ainda n o ar sacudido.
A celera-se ligeiram ente o volante den tro de m im .
E o paquete vem en tran do, p orq u e deve vir entrando sem
[dúvida,
e não p orq u e eu o veja m over-se na sua distânca excessiva.

130 N a m in h a im aginação ele está já p erto e é visível


em toda a extensão das lin h as das suas vigias,
e trem e em m im tu d o, toda a carne e toda a p ele,
p or causa daquela criatura que n un ca chega em n en h u m
[barco
e eu vim experar h oje ao cais, p or u m m andado o b líq u o .

135 O s navios que entram a barra,


os navios que saem dos portos,
os navios que passam ao lon ge
(su p o n h o -m e v en d o -o s dum a praia deserta) —
tod os estes navios abstractos quase na sua ida,
140 todos estes navios assim com ovem -m e com o se fossem outra
e não apenas navios, navios in d o e v in d o . [coisa

E os navios vistos de perto, m esm o que se não vá embarcar


[neles,
vistos de baixo, dos botes, m uralhas altas de chapas,
vistos d en tro, através das câmaras, das salas, das dispensas,

168 POESÍA II!


perturbación de afectos -p e ro ¿a qué vaga patria?,
¿a qué costa?, ¿a qué navio?, y ¿a qué m uelle?-
120 que enloquece en nosotros lo que es pensamiento
con lo que sólo queda un vacío en nosotros,
la saciedad en hueco de m inutos marítim os,
y una vaga ansiedad que más sería o tedio o dolor
si es que supiera cóm o serlo...

125 La mañana de verano está, aun así, algo fresca,


leve torpor de noche por el aire aún temblando.
Ahora se acelera un poco el volante que hay dentro de m í,
y entra el paquebote, porque él debe ir entrando sin duda,
no porque yo vea que se m ueve desde tanta distancia.

130 En m i im aginación está ya cerca, y resulta visible


en esa amplia extensión de líneas que se prolonga sobre sus vigías,
y en m í tiem bla todo, la carne y la piel,
sí, por culpa de aquella criatura que no llega jamás en ningún
[barco
y h oy he venido a esperar al m uelle, por un casual recado.

135 Los navios que entran en la barra,


los navios que salen de los puertos,
los navios que pasan a lo lejos
(m e im agino viéndolos desde una playa desierta),
todos estos navios, abstractos casi ya en su partida,
1+0 todos estos navios m e conm ueven tal com o si fueran otra cosa
y no sólo navios, siempre yendo y viniendo.

Y los navios vistos m uy de cerca, aunque uno no vaya a embarcar


[en ellos,
vistos desde abajo, de los botes, altos mimos de chapa,
vistos por dentro, vistos a través de las cámaras, y de las salas, y
[de las despensas,

169 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


olh a n d o de p erto os m astros, a filan d o -se lá p rò alto,
roçand o pelas cordas, d escen do as escadas in cóm odas,
ch eiran do a untada m istura m etálica e m arítim a de tudo
[aquilo —
os navios vistos de p erto são outra coisa e a m esm a coisa,
dão a m esm a saudade e a m esm a ânsia doutra m aneira.

Toda a vida m arítim a! T udo na vida m arítim a!


In sin u a -se n o m eu sangue toda essa sedução fina
e eu cism o in d eterm in ad am en te as viagens.
A h , as linhas das costas distantes, achatadas p elo h orizonte!
A h , os cabos, as ilhas, as praias areentas!
As solid ões m arítim as, com o certos m o m en to s n o Pacífico
em que não sei p or que sugestão aprendida na escola
se sente pesar sobre os nervos o facto de que aquele é o m aior
[dos oceanos
e o m u n d o e o sabor das coisas torn am -se u m deserto dentro
[de nós!
A extensão m ais hum ana, m ais salpicada, do A tlântico!
O In d ico, o mais m isterioso dos oceanos todos!
O M editerrâneo, doce, sem m istério n en h u m , clássico, u m
[m ar para bater
de en co n tro a esplanadas olhadas de jard ins p róxim os p or
[estátuas brancas!
T od os os mares, tod os os estreitos, todas as baías, tod os os
[golfos,
queria ap ertá-los ao p eito, se n ti-lo s b em e m orrer!

E vós, ó coisas navais, m eus velhos b rin qu ed os de sonho!


C o m p o n d e fora de m im a m in h a vida interior!

POESÍA III
14-5 m irando desde cerca hacia los mástiles que se afilan allá, en lo
[más alto,
rozándose al contacto de las cuerdas, bajando las incóm odas
[escalas,
olisqueando la m ezcla untuosa, m etálica y m arítim a que exhala
[todo aquello...
Pues los navios, cuando se ven de cerca, son otra cosa y son la
[ m ism a cosa,
dan la m ism a nostalgia e idéntica ansia, pero de otra manera.

150 ¡Toda la vida marítima! ¡Todo en la vida marítima!


En m i sangre se viene insinuando esa refinada seducción,
y entonces cavilo indeterm inadam ente con respecto a los viajes.
¡Ah, las líneas que trazan las costas distantes, achatadas por el
¡Ah, los cabos, las islas, playas arenosas, [horizonte!
155 soledades marítimas, com o ciertos m om entos del Pacífico
en los cuales no sé por qué sugestión adquirida en la escuela
siente uno pesar sobre los nervios el hecho de que aquél es el
[mayor de todos los océanos,
y entonces el m undo y el sabor de las cosas se vuelven desierto
[en nuestro interior!
¡Extensión más hum ana, también más salpicada, del Atlántico!
160 ¡La extensión del Indico, com o el más m isterioso de todos los
[océanos!
¡Y el Mediterráneo dulce y sin m isterio, en tanto mar clásico,
[mar para romper
contra terrazas vistas de jardines cercanos por las blancas
[estatuas!
¡Todos los mares, todos los estrechos, todas las bahías y los golfos,
querría yo apretarlos en m i pecho, sentirlos bien y por fin morir!

165 ¡Pero también vosotras, oh cosas navales, vosotros, viejos juguetes


[de mis sueños,
com poned ahí, fuera de m í, m i vida interior!

171 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Q uilhas, m astros e velas, roda do lem e, cordagens,
cham inés de vapores, h élices, gáveas, flâm ulas,
galdropes, escotilhas, caldeiras, colectores, vávulas,
i7° caí p o r m im d en tro em m on tão, em m o n te,
com o o con teú do confuso de um a gaveta despejada n o chão!
Sede vós o tesou ro da m inh a avareza febril,
sede vós os frutos da árvore da m in h a im aginação,
tem a de cantos m eus, sangue nas veias da m inha inteligência,
175 vosso seja o laço que m e u n e ao exterior pela estética,
fo r n e c e i-m e m etáforas, im agens, literatura,
p orq u e em real verdade, a sério, literalm ente,
m inhas sensações são u m barco de quilha p ró ar,
m in h a im aginação um a âncora m eio subm ersa,
180 m in h a ânsia u m rem o partido,
e a tessitura dos m eus nervos um a rede a secar na praia!

Soa n o acaso do rio u m apito, só um .


T rem e já to d o o chão do m eu p siqu ism o.
A c e le ra -se cada vez m ais o v o la n te d e n tro d e m im .

185 A h , os paquetes, as viagens, o n ã o -se -sa b e r-o -p a ra d eir o


de F u la n o -d e -ta l, m arítim o, n osso con h ecido!
A h, a glória de se saber que u m h om em que andava con n osco
m orreu afogado ao p é dum a ilh a do Pacífico!
N ó s que andám os com ele vam os falar nisso a todos,
190 com u m orgu lh o legítim o, com um a confiança invisível
em que tud o isso tenha u m sen tid o m ais b elo e mais vasto
que apenas o ter -se p erd id o o barco o n d e ele ia
e ele ter id o ao fun do p or lhe ter entrado água prós pulm ões!

A h, os paquetes, os navios-carvoeiros, os navios de vela!


195 V ão rareando —ai de m im ! — os navios de vela n o s mares!

172 POESÍA III


¡Mástiles, quillas y velas, ruedas de tim ón, cordajes,
chim eneas de vapores, hélices, gavias, flámulas,
galdropes, escotillas y calderas, colectores, válvulas,
170 caed dentro de m í en m ontón, al m ontón,
com o el confuso contenido de u n cajón vaciado en el suelo!
¡Sed tesoro febril de m i avaricia,
sed los frutos del árbol de m i im aginación,
sed tem a de m is cantos, sangre en las venas de m i inteligencia,
175 y sea vuestro el lazo que m e une al exterior por la estética;
proporcionadme metáforas, prestadme im ágenes y literatura,
porque en real verdad, literalm ente en serio,
mis sensaciones son un barco con la quilla invertida,
m i im aginación un áncora a m edio sumergir,
180 m i ansia u n rem o partido,
y la tesitura de m is nervios una red tendida secando en la playa!

Suena en el acaso del río un pitido, suena tan sólo uno,


y tiem bla el suelo de m i psiquism o todo entero,
mientras, crecientem ente, se acelera el volante que hay en m i
[interior.

185 ¡Ah, los paquebotes y los viajes, el q u e-n o -se-co n o zca -el-
[paradero
de Fulano-de-tal, aquel m arino, conocido nuestro!
¡Y, ah, la gloria de saber así que un hombre que iba con nosotros
m urió ahogado junto a una isla del Pacífico!
¡Nosotros, que andábamos con él, vam os a contárselo ahora a
con legítim o orgullo, con confianza invisible [todos,
190 puesta en que todo eso posea u n sentido más bello y más vasto
que el haberse perdido ese barco en que iba
y haberse ido al fondo al entrarle agua en los pulmones!
¡Ah, los paquebotes, los barcos de transporte de carbón y los
[barcos de vela!
195 ¡Cómo ahora escasean —ay de m í- los barcos de vela en los mares!

173 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


E eu, que am o a civilização m oderna, eu que beijo com a alma
[as m áquinas,
eu o engenheiro, eu o civilizado, eu o educado n o estrangeiro,
gostaria de ter outra vez ao p é da m inh a vista só veleiros e
[barcos de m adeira,
de não saber doutra vida m arítim a que a antiga vida dos mares!
200 P orque os mares antigos são a D istância A bsoluta,
o P uro L on ge, lib erto do p eso do A ctual...
E ah, com o aqui tud o m e lem bra essa vida m elh or,
esses mares, m aiores, p orq u e se navegava m ais devagar.
Esses m ares, m isteriosos, p orq u e se sabia m en o s deles.

205 T od o o vapor ao lon ge é u m barco de vela p erto.


T od o o navio distante visto agora é u m navio n o passado
[visto p róxim o.
T odos os m arinheiros invisíveis a b ord o dos navios no
[horizonte
são os m arin heiros visíveis do tem p o dos velhos navios,
da época lenta e veleira das navegações perigosas,
2 io da época de m adeira e lo n a das viagens que duravam m eses.

T o m a -m e p ou co a p ou co o d elírio das coisas m arítim as,


p en etra m -m e fisicam ente o cais e a sua atm osfera,
o m arulho do Tejo galga-m e p or cim a dos sentidos,
e com eço a sonhar, com eço a envolver-m e do son ho das águas,
2i5 com ençam a pegar b em as correias-de-tran sm issão na
[m in h ’alma
e a aceleração do volante sacod e-m e n itid am en te.

C ham am p or m im as águas,
cham am p or m im os mares.
C ham am p or m im , levantando um a voz corpórea, os lon ges,

174 POESÍA III


Y a m í, que amo la civilización moderna, sí, a m í, que beso con
[el alm a las máquinas,
a m í, el ingeniero, a m í, el civilizado, a m í, el educado en el
[extranjero,
¡cómo m e gustaría encontrar de nuevo, ante m i vista, sólo veleros
[y barcos de madera,
y no tener noticia de otra vida m arítim a que de la antigua vida
[de los mares!
200 Pues los mares antiguos son Distancia Absoluta,
la Pura Lejanía, liberada del grave peso que tiene lo A ctual...
Y, ¡ah, cóm o aquí todo m e recuerda esa vida mejor,
esos mares m ayores, porque se navegaba más despacio,
mares aún misteriosos, porque se sabía m enos de ellos.

205 Todo vapor a lo lejos es un barco de vela cercano.


Todo navio distante visto ahora es un navio del pasado visto cerca.
Todos los marineros invisibles a bordo de navios allá, en el
[horizonte,
son los marineros visibles del tiem po de los viejos navios,
de la época lenta y aún velera de las navegaciones peligrosas,
210 de aquellos tiem pos de m adera y lona de aquellos viajes que
[duraban meses.

Poco a poco m e viene invadiendo el delirio de las cosas marítimas,


y m e van penetrando bien físicamente el m uelle y su atmósfera,
El ondular del Tajo salta por encim a de m is sentidos,
y yo em piezo a soñar, com o a envolverm e en el sueño del agua;
215 es entonces cuando em piezan a enganchar las correas de
[transm isión de m i alma
y la aceleración de m i volante m e sacude, m uy nítidam ente.

Me llaman las aguas,


me llaman los mares,
m e llam an, levantando una v o z corpórea, amplias lejanías,

175 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


as épocas m arítim as todas sentidas n o passado, a chamar.

Tu, m arin h eiro inglês, J im Barns m eu am igo, foste tu


que m e ensinaste esse grito an tiquíssim o, inglês,
que tão ven en osam en te resum e
para as almas com plexas com o a m inha
o cham am ento con fu so das águas,
a voz in éd ita e im plícita de todas as coisas do mar,
dos naufrágios, das viagens longínquas, das travessias perigosas.
Esse teu grito inglês, torn ado universal n o m eu sangue,
sem feitio de grito, sem form a hum ana n em voz,
esse grito trem en d o que parece soar
de d en tro dum a caverna cuja abóbada é o céu
e parece narrar todas as sinistras coisas
que p o d e m acontecer n o L on ge, n o Mar, pela N o ite ...
(Fingias sem pre que era p o r um a escuna que chamavas,
e dizias assim, p o n d o um a m ão de cada lado da boca,
fazendo porta-voz das grandes m ãos curtidas e escuras:

A h ò ò - ò ò - ò - ò - ò - ò ò - ò ò ------ yyyy...
S ch o o n er a h ò - ò - ò ò - ò - ò - ò ---- yyyy---)

E scu to-te de aqui, agora, e desperto a qualquer coisa.


E strem ece o ven to. Sobe a m anhã. O calor abre.
S in to corarem -m e as faces.
M eus olh os con scien tes d ilatam -se.
O êxtase em m im levanta-se, cresce, avança,
e com u m ru íd o cegó de arruaça acentua-se
o giro vivo do volante.

POESÍA III
220 y cada una de las épocas marítimas que hubo en el pasado están
[ahora llamando.

TÚ, m arinero inglés, Jim Barns, amigo m ío, sí, tú fuiste


quien m e enseñó ese grito inglés, antiquísim o,
el que resume tan venenosam ente,
para almas complejas com o lo es la mía,
225 la llamada confusa de las aguas,
la voz inédita e im plícita de las cosas del mar,
de los naufragios, de los remotos viajes, de las travesías peligrosas.
Ése tu grito inglés, ya convertido en grito universal en m i sangre,
sin aspecto de grito, sin form a hum ana n i voz,
250 ese grito trem endo que parece sonar
desde el interior de una caverna cuya bóveda form a su único
[cielo
y parece narrar todas las cosas siniestras
que pueden darse en la Lejanía, en el Mar, por la N o ch e...
(siem pre fingías llam ar a una goleta,
235 y lo decías poniendo cada m ano a uno y otro lado de la boca,
para form ar así un altavoz con tus grandes m anos, curtidas y
[oscuras:

• t \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \
Aho o-o o -o -o -o -o 0-0 o------- yyyy...
Schooner ahò-ò-ó ò -ò -ò -ó — yyyy...}

Yo te escucho ahora, desde aquí, y quedo alerta frente a cualquier


[cosa.
240 Se estremece el viento. Sube la mañana. El calor se abre.
Siento enrojecerse las mejillas
y mis ojos, conscientes, se dilatan.
Ahora el éxtasis se levanta en m í, crece, se adelanta,
y con u n ruido ciego de m otín se acentúa
245 el giro acelerado del volante.

177 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Õ clam oroso cham am ento
a cujo calor, a cuja fúria fervem em m im
num a u nid ade explosiva todas as m inhas ânsias,
m eus p róp rios téd ios torn ados dinâm icos, to d o s!...
250 A p elo lançado ao m eu sangue
d um am or passado, não sei o n d e , que volve
e ainda tem força para m e atrair e puxar,
que ainda tem força para m e fazer odiar esta vida
que passo entre a im penetrabilid ade física e psíquica
355 da gen te real com que vivo!

A h, seja com o for, seja para o n d e for, partir!


Largar p or aí fora, pelas ondas, p elo p erigo, p elo mar,
ir para L onge, ir para Fora, para a D istância Abstracta,
in d efin id am en te, pelas n o ites m isteriosas e fundas,
260 levado, com o a poeira, p ios ventos, p ios vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!
T od o o m eu sangue raiva p or asas!
T od o o m eu corpo atira-se prà frente!
Galgo pia m inh a im aginação fora em torrentes!
265 A tr o p e lo -m e , rujo, p recip ito-m e!
Estoiram em espum a as m inhas ânsias
e a m inh a carne é um a on da dando de en co n tro a rochedos!

Pensando n isto —ó raiva! p en sand o n isto — ó fúria!


p en san d o nesta estreiteza da m in h a vida cheia da ânsias,
270 subitam ente, trém ulam ente, extraorbitadam ente,
co m um a oscilação viciosa, vasta, violenta,
d o volante vivo da m inh a im aginação,
rom p e, p o r m im , assobiando, silvando, vertiginando,
o cio som brio e sádico da estridula vida m arítim a.

?75 Eh m arin heiros, gajeiros! E h tripulantes, pilotos!


Navegadores, m areantes, m arujos, aventureiros!
Eh capitães de navios! H o m en s ao lem e e em mastros!

178 POESÍA III


¡Clamorosa llamada
a cuyo calor, a cuya furia están hirviendo en m í
en unidad explosiva la totalidad de m is ansias,
y de m is propios tedios vueltos dinámicos, todos!...
250 ¡Invocación lanzada, hacia m i sangre,
de un am or pasado, no sé dónde, que vuelve
y aún tiene la fuerza de atraerme y tirar de m í,
y aún tiene fuerza para hacerm e odiar esta vida,
ésta que paso en la impenetrabilidad física y psíquica
255 de la gente real con la que vivo!

¡Ah, sea com o sea, a donde sea, partir!


¡Ir por ahí, al largo, por las olas, ir por el peligro, por el mar,
ir a la Lejanía, ir hacia Afuera, a la Distancia Abstracta,
indefinidam ente, por las noches misteriosas y hondas,
260 llevado, com o el polvo, por el viento y por los vendavales!
¡Ir, ir, ir, de una vez!
¡Toda m i sangre rabia y pide alas!
¡Todo m i cuerpo se lanza hacia adelante!
¡Salto en torrentes por m i imaginación!
265 ¡Rujo, m e precipito, m e atropello!...
Y m is ansias estallan en espuma
y es m i carne una ola que se rom pe en las rocas.

Pensando en esto —¡oh rabia!—pensando en esto —¡oh furia!—


pensando en la estrechez de esta m i vida, tan llena de ansias,
270 súbitamente, trém ulam ente, extraorbitadamente,
con una oscilación siempre viciosa, siempre vasta y violenta,
de ese veloz volante de m i im aginación,
rompe en m í, pitando, silbando, vertigando,
el celo sombrío y sádico de la vida m arítim a estridente.

275 ¡Eh, marineros, gavieros! ¡Eh, tripulantes, pilotos!


¡Navegantes, mareantes, aventureros, marinos!
¡Eh, capitanes de navios! ¡Hombres del tim ón y de los mástiles!

179 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


H o m en s que d orm em em beliches rudes!
H o m en s que d orm em c o ’o Perigo a espreitar pias vigias!
280 H o m en s que d orm em c o ’a M orte p or travesseiro!
H om en s que têm tom b adilhos, que têm p on tes d on d e olhar
a im en sid ade im ensa do m ar im enso!
Eh m anipuladores dos guindastes de carga!
Eh am ainadores de velas, fogu eiros, criados de bordo!
285 H o m en s que m etem a carga n o s porões!
H o m en s que en rolam cabos n o convés!
H o m en s que lim p am os m etais das escotilhas!
H o m en s do lem e! H o m en s das m áquinas! H o m en s dos
[mastros!
E h -e h -e h -e h -e h -e h -e h !
290 G ente de b o n e t de pala! G ente de cam isola de malha!
G ente de âncoras e bandeiras cruzadas bordadas n o peito!
G ente tatuada! G ente de cachim bo! G ente de amurada!
G ente escura de tanto sol, crestada de tanta chuva,
lim p a de olh o s de tanta im en sid ade diante deles,
295 audaz de rosto de tantos ventos que lh es bateram a valer!
E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h !
H o m en s que vistes a Patagónia!
H o m en s que passastes p ela Austrália!
Q u e enchestes o vosso olhar de costas que n un ca verei!
300 Q u e fostes a terra em terras o n d e n u n ca descerei!
Q u e com prastes artigos toscos em colónias à proa de sertões!
E fizestes tud o isso com o se não fosse nada,
com o se isso fosse natural,
com o se a vida fosse isso,
3°5 com o n em sequer cu m p rin d o u m destino!
E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h !
H o m en s do m ar actual! H o m en s do m ar passado!

180 POESÍA III


¡Hombres que duerm en en literas toscas!
¡Hombres que duerm en mientras el Peligro les acecha en todas
[las vigías!
280 ¡Hombres que duerm en con la Muerte por almohada!
¡Esos hombres que tienen tum badillos, que tienen puentes
[desde los que mirar
la inm ensa inm ensidad del m ar inmenso!
¡Eh, operadores de las grúas de carga!
¡Eh, am adores de las velas, eh, fogoneros, camareros de a bordo!
285 ¡Hombres que m eten la carga en las bodegas!
¡Hombres que enrollan cabos en cubierta!
¡Hombres que van lim piando los metales de las escotillas!
¡Hombres del tim ón y de las máquinas! ¡Hombres de los mástiles!
¡E h -eh-eh -eh-eh !
290 ¡Gente con la gorra de visera! ¡Gente con camiseta tejida de red!
¡Gente con banderas y con áncoras cruzadas y bordadas en el
[pecho!
¡Gente tatuada! ¡Gente con pipa! ¡Gente de las amuras!
¡Gente oscura de darle tanto sol, curtida de caerle tanta lluvia,
limpia de ojos de tanta inmensidad ante ellos,
295 gente audaz de rostro, de darles tantos vientos azotando sin
¡E h -eh-eh -eh-eh ! [ pausa!
¡Hombres que habéis visto la Patagonia!
¡Hombres que pasasteis por Australia!
¡Que llenasteis vuestra mirada de unas costas que yo nunca veré!
300 ¡Que fuisteis a tierra en tierras donde no estaré nunca!
¡Que comprasteis toscos artículos en lejanas colonias, alcanzando
[al confín de las tierras desérticas,
e hicisteis todo eso com o si no fuera nada,
com o si eso fuera natural,
com o si la vida fuera eso,
305 com o n i cum pliendo algún destino!
¡E h -eh-eh -eh-eh !
¡Hombres del mar actual! ¡Hombres del mar pasado!

181 LOS POEM A S D E ALVARO DE CAMPOS 1


C om issários de bordo! Escravos das galés! C om batentes de
[L ep an to!
Piratas do tem po de Roma! Navegadores da Grécia!
310 Fenícios! Cartagineses! Portugueses atirados de Sagres
para a aventura indefinida, para o Mar A bsoluto, para realizar
[o Impossível!
E h - e b -e h - e h -e h - e h - e h !
H o m en s que erguestes padrões, que destes n o m es a cabos!
H o m en s que negociastes p ela p rim eira vez co m pretos!
3t5 Q u e p rim eiro vendestes escravos de novas terras!
Q u e destes o p rim eiro espasm o eu rop eu às negras atónitas!
Q u e trouxestes o u ro, m issanga, m adeiras cheirosas, setas,
de encostas exp lod in d o em verde vegatação!
H o m en s que saqueastes tranquilas povoações africanas,
320 que fizestes fugir com o ru íd o de canhões essas raças,
que matastes, roubastes, torturastes, ganhastes
os p rém ios de N ovidade de quem , de cabeça baixa,
arremete c o n tr a o m is té r io de novos mares! E h -e h -e h -e h -e h !
A v ó s tod os n u m , a vós tod os em vós todos com o um ,
325 a vós tod os m isturados, entrecruzados,
a vós todos sangrentos, violentos, odiados, tem idos, sagrados,
eu vos saúdo, eu vos saúdo, eu vos saúdo!
E h -e h -e h -e h ! E h -e h -e h -e h ! E h -e h -e h e h -e h -e h -e h !
!E h -la h ô -la h ô -la H O —la h á -á -á -à à!

33° Q u ero ir convosco, quero ir convosco,


ao m esm o tem p o com vós todos
pra toda a parte p r ’o n d e fostes!
Q u ero encontrar vossos perigos frente a frente,
sentir na m inh a cara os ventos que engelharam as vossas,
335 cuspir dos lábios o sal dos mares que beijaram os vossos,
ter braços na vossa faina, partilhar das vossas torm entas,

182 POESÍA III


¡Comisarios de a bordo! ¡Esclavos de galeras! ¡Combatientes
[del golfo de Lepanto!
¡Piratas del tiempo de Roma! ¡Navegantes de Grecia!
310 ¡Fenicios! ¡Cartagineses! ¡Portugueses arrojados de Sagres
a la aventura indefinida, al Mar Absoluto, para que realizarais
[lo Imposible!
¡E h -eh-eh -eh-eh !
¡Hombres que levantasteis nuevos mapas, que disteis nombres
[a cabos!
¡Hombres que negociasteis con los negros aquella v ez primera,
315 y fiue Po r vez primera habéis vendido los esclavos traídos de las
[nuevas tierras
y disteis el prim er espasmo europeo a las negras atónitas!
¡Que trajisteis oro y abalorios, flechas y maderas olorosas,
de laderas que explotaban en verde vegetación!
¡Hombres que saqueasteis los tranquilos poblados africanos,
320 que hicisteis huir con ruido de cañones a todas esas razas,
que matasteis, robasteis, torturasteis, ganasteis
aquel prem io que da la N ovedad al que, apretando el gesto,
arremete al m isterio de los nuevos mares!
¡A vosotros en uno, a vosotros todos en vosotros todos como uno,
325 todos vosotros m ezclados, todos entrecruzados,
todos vosotros sangrientos y violentos, odiados y tem idos y
yo os saludo, os saludo, yo os saludo! [sagrados,
¡E h -eh -eh -eh eh! ¡E h -eh -eh -eh eh! ¡E h -eh -eh -eh eh-!
¡E h-lahô-lahô-laH O - lah á-á-á-à a!

330 ¡Quiero ir con vosotros, quiero ir con vosotros,


ir al m ism o tiem po, con todos vosotros,
a todos los lugares donde fuisteis!
¡Dar con vuestros peligros frente a frente
y sentir en m i rostro aquellos vientos que estriaron los vuestros,
335 escupir de los labios la sal de los mares que besaron los vuestros,
meter el brazo en vuestra faena, participar de vuestras tormentas,

183 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


ch e g ar co m o vós, e n fim , a e x tra o rd in á rio s p o rto s!
F u g ir convosco à civilização!
P e rd e r convosco a n o ç ã o d a m o ral!
S e n tir m u d a r- s e n o lo n g e a m in h a h u m a n id a d e !
B e b e r convosco em m ares d o sul
novas selvagerias, novas b a lb ú rd ia s da alm a,
n o vos fogos c e n tra is n o m e u v ulcânico esp írito !
I r convosco, d e s p ir de m im —ah! p õ e - te d a q u i p r a fora! —
o m e u tra je de civilizado, a m in h a b r a n d u r a d e acções,
m e u m e d o in a to das cadeias,
m in h a pacífica vida,
a m in h a v ida se n tad a, estática, re g ra d a e revista!

N o m a r, n o m a r, n o m a r, n o m a r,
eh! p ô r n o m a r, ao v en to , às vagas,
a m in h a vida!
S algar de esp u m a a rrem e ssa d a p elo s v en to s
m e u p a la d a r das g ran d e s viagens.
F u stig a r d e água c h ic o te a n te as c a rn es d a m in h a av e n tu ra,
rep a ssar de frio s oceân ico s os ossos d a m in h a existência,
flagelar, c o rta r, e n g e lh a r de v en to s, d e esp u m as, d e sóis,
m e u se r c icló n ico e a tlâ n tic o ,
m e u s n erv o s p o sto s co m o enxárcias,
lir a nas m ãos d os ventos!

S im , sim , s im ... C ru c ific a i-m e nas navegações


e as m in h a s espáduas g ozarão a m in h a cruz!
A ta i-m e às viagens co m o a postes
e a sensação dos postes e n tra rá p e la m in h a e s p in h a
e eu p assarei a s e n ti-lo s n u m vasto espasm o passivo!
Fazei o q u e q u ise rd e s de m im , lo g o q u e seja n o s m ares,
so b re conveses, ao so m de vagas,
q u e m e rasgueis, m ateis, firais!

POESÍA III
y llegar por fin, com o vosotros, a extraordinarios puertos!
¡Huir con vosotros de la civilización!
¡Perder con vosotros la noción de moral!
?+o ¡Sentir que cambia m i hum anidad en la lejanía!
¡Beber con vosotros en los mares del sur
nuevas m ezclas salvajes, nuevos trastornos del alma,
nuevos fuegos centrales en m i volcánico espíritu!
¡Ir con vosotros y desnudarme —¡ah! ¡fuera!-
345 m i vestido tan civilizado, m i blandura de acciones,
m i m iedo innato a las cárceles
y m i serena vida,
asentada y estática, reiterada y reglada!

En el mar, en el mar, en el mar, en el mar,


350 ¡eh! ¡poner en el mar, dar al viento, a las olas,
esa vida, la mía!
Y salar con espuma lanzada en los vientos
m i paladar de los grandes viajes.
¡Fustigar con agua flagelante la carne en que se encarna m i
[aventura,
355 traspasar de fríos oceánicos los huesos que levantan m i
[existencia,
flagelar, cortar, curtir con vientos, con espumas, con soles,
todo m i ser ciclónico y atlántico
y m is nervios tensos com o jarcias,
lira en m anos del aire!

360 ¡Crucificadme en las navegaciones,


sí, y m is espaldas gozarán m i cruz!
¡Atadme a los viajes com o a postes
y la sensación de los postes subirá a través de m i colum na
y llegaré a sentirlos com o en u n pasivo y vasto espasmo!
365 ¡Haced, haced de m í lo que queráis, con que sea en los mares,
sobre las cubiertas, al son de las olas,
donde m e desgarréis, hiráis, matéis!

185 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O q u e q u e ro é levar p r à M o rte
u m alm a a tra n s b o r d a r d e M ar,
37° ébria a cair das coisas m arítim as,
ta n to dos m a ru jo s co m o das án c o ras, dos cabos,
ta n to das costas lo n g ín q u a s co m o d o r u id o d o s v entos,
ta n to d o L o n g e co m o d o G ais, ta n to dos n au frág io s
co m o dos tra n q u ilo s co m ércio s,
375 tanto dos m astros com o das vagas,
levar p r à M o rte co m d o r , v o lu p tu o s a m e n te ,
u m c o rp o ch eio de sanguessugas, a sugar, a sugar,
d e estra n h as verdes ab su rd a s sanguessugas m arítim as!

Façam enxárcias das m in h a s veias!


380 A m a rra s dos m eus m úsculos!
A r r a n q u e m - m e a p ele, p r e g u e m -n a às q u ilh as.
E possa eu s e n tir a d o r dos p reg o s e n u n c a d eix ar d e se n tir!
Façam d o m e u coração u m a flâm u la d e a lm ira n te
n a h o r a de g u e rra dos v elhos navios!
385 C a lq u e m aos pés n o s conveses m e u s o lh o s arran cad o s!
Q u e b r e m - m e os ossos de e n c o n tr o às am u rad as!
F u stig u e m -m e atad o aos m astro s, fu stig u e m -m e !
A to d o s os v en to s de to d a s as la titu d e s e lo n g itu d e s
d e rra m e m m e u sangue so b re as águas arrem essad as
39° q u e atravessam o navio, o to m b a d ilh o , d e la d o a lad o ,
n as vascas bravas das to rm e n ta s!

T e r a au d ácia ao v en to dos p a n o s das velas!


S er, co m o as gáveas altas, o assobio do s ventos!
A velha g u ita rra d o Fado dos m a re s ch eio s d e p erig o s,
395 canção para os navegadores ouvirem e não repetirem !

O s m a rin h e iro s q u e se sublevaram


e n fo rc a ra m o capitão n u m a verga.
D e se m b a rc a ra m u m o u tr o n u m a ilh a d eserta.

186 POESÍA 111


¡Pues lo que deseo es llevar a la Muerte
un alma que se halle desbordante de Mar,
370 ebria hasta caerse de las cosas marítimas,
tanto de los m arinos com o de las áncoras y cabos,
de las costas remotas y el ruido de vientos,
tanto del M uelle com o de la Lejanía,
del tranquilo com ercio y los naufragios,
375 y de los mástiles com o de las olas,
y llevar a la M uerte voluptuosam ente, con dolor,
un cuerpo atiborrado de sanguijuelas, chupando, chupando,
extrañas, verdes, absurdas sanguijuelas marinas!

¡Que elaboren jarcias con m is venas!


380 ¡Amarras con m is m úsculos!
¡Que m e arranquen la piel y que m e claven delante de las quillas.
Y que pueda sentir el dolor de los clavos y que no deje nunca de
[sentirlo!
¡Que hagan una flám ula de almirante con m i corazón
en la hora guerrera de los viejos navios!
385 ¡Que aplasten con los pies en las cubiertas, arrancados, mis ojos!
¡Que m e quiebren los huesos contra las amuras!
¡Y que m e fustiguen atado a los mástiles, sí, que m e fustiguen,
y que a todos los vientos de toda longitud y latitud
derramen m i sangre en las aguas revueltas
390 que atraviesan el navio, el tum badillo, de un lado a otro lado,
en el bravo estertor de las tormentas!

¡Tender la audacia al viento, extendidas las velas!


¡Ser, cual las altas gavias, el silbido del viento!
¡Yieja guitarra del Fado de unos mares llenos de peligros,
395 canción que los navegantes oigan y no repitan!

Los marineros que se sublevaron


ahorcaron al capitán en una verga,
y abandonaron a otro en una isla desierta.

187 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Marooned!
4-oo O sol dos tróp icos p ôs a febre da pirataria antiga
nas m inhas veias intensivas.
O s ventos da Patagónia tatuaram a m inh a im aginação
de im agens trágicas e obscenas.
Fogo, fogo, fogo, d en tro de m im !
4°5 Sangue! sangue! sangue! sangue!
E xplode tod o o m eu cérebro!
P a rte-se -m e o m u n d o em verm elho!
E stoiram -m e com o som de amarras as veias!
E estala em m im , feroz, voraz,
410 a canção do G rande Pirata,
a m orte berrada d o G rande pirata a cantar
até m eter pavor pias espinhas dos seus h o m en s abaixo.
Lá da ré a m orrer, e a berrar, a cantar.-

Fifteen men on the Dead Man’s Chest.


4 :5 Yo-ho ho and a bottle o f rum!

E d ep ois a gritar, num a voz já irreal, a estoirar n o ar:

Darby M ’Graw-aw-aw-aw-aw!
Darby M ’Graw-aw-aw-aw aw-aw-aw-aw!
Fetch a-a-aft the ru -u -u -u -u -u -u -u -u -u -u -u m , Darby!

42° Eia, que vida essa! Essa era a vida, eia!


E h -e h -e h e h -e h -e h -e h !
E h -la h ô -la h ô -la H O -la h á -á -á -à -à !
E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h !

Q u ilh as partidas, navios ao fu n d o , sangue n os mares!


425 C onveses ch eios de sangue, fragm entos de corpos!
D ed os decepados sobre amuradas!
Cabeças de crianças, aqui, acolá!
G ente de olh o s fora, a gritar, a uivar!

188 POESÍA III


¡M arooned!
400 Puso el sol de los trópicos la fiebre de la vieja piratería
en lo intensivo de m is venas.
Y los vientos de la Patagonia tatuaron m i im aginación
con obscenas y trágicas imágenes.
¡Fuego, fuego, fuego, fuego, dentro de mí!
405 ¡Sangre! ¡sangre! ¡sangre!
¡Está explotando todo m i cerebro!
¡Se parte en rojo el mundo!
¡Estallan con sonido de amarras mis venas!
Y en m í revienta, feroz y voraz,
410 la canción que canta el Gran Pirata,
la bramada muerte del Pirata cantando
hasta infundir pavor entre la espina dorsal de sus hombres.
que m ueren en la popa mientras braman y cantan:

Fifteen men on the dead M a n ’s Chest.


415 Yo-ho ho an d a bottle o f rum!

Y después gritando, con voz ya irreal, estallando en el aire:

D arby M ’G ra w -a w -a w -a w -a w !
D arby M ’G ra w -a w -a w -a w a w -a w -a w -a w !
Fetch a - a -a f t the r u -u -u -u -u -u -u -u -u -u m , D arby!

420 Eia, qué vida! ¡eso era vida!


E h-eh-eh-eh eh-eh!
Eh-lahô-lahô-laHO-lahá-á-á-à-à!
Eh-eh-eh-eh-eh!

¡Quillas partidas, barcos a pique, sangre en los mares!


425 ¡Sangrientas cubiertas, fragm entos de cuerpos!
¡Dedos m utilados en amuras
y cabezas de niños por aquí y allá!
¡Gente con ojos fuera de las cuencas, gritando y aullando!

189 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h -e h - e h -e h !
43° E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h -e h - e h -e h !
E m b ru lh o -m e em tudo isto com o n um a capa n o frio!
R o ço -m e p or tudo isto com o um a gata com cio p or u m m uro!

Rujo com o u m leão fam in to para tud o isto!


A rram eto com o u m tou ro lo u co sobre tudo isto!
435 Gravo unhas, parto garras, sangro dos dentes sobre isto!
E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h -e h - e h -e h !

D e repente estala-m e sobre os ouvidos


com o u m clarim a m eu lado,
o velho grito, mas agora irado, m etálico,
44° cham ando a presa que se avista,
a escuna que vai ser tomada:

A h ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó ----------yyyy...
S ch o o n er a h ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó - ó ----------- yyyy...

O m u n d o in teiro não existe para m im ! A rd o verm elho!


445 Rujo na fúria da abordagem!
Pirata-m or! César-Pirata!
P ilh o, m ato, esfacelo, rasgo!
Só sin to o mar, a presa, o saque!
Só sin to em m im bater, b aterem -m e
450 as veias das m inhas fontes!
Escorre sangue q uente a m in h a sensação dos m eus olhos!
E h - e h -e h - e h -e h - e h - e h -e h - e h -e h !

A h piratas, piratas, piratas!


Piratas, a m ai-m e e od iai-m e!
455 M istu rai-m e convosco, piratas!

Vossa fúria, vossa crueldade com o falam ao sangue

190 POESÍA III


¡E h -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh !
+30 ¡E h -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh !
¡Me envuelvo en todo esto com o con una capa que m e guarda
[del frío!
¡Me rozo en todo esto com o una gata en celo a lo largo de un
¡Rujo com o un león hambriento a todo esto! [muro!
¡Arremeto igual que un toro loco contra todo!
+35 ¡Clavo uñas en esto, m e parto las garras, m e sangran los dientes!
¡E h -eh -eh -eh -eh -eh eh -eh -eh-eh !

Y, de repente, estalla en m is oídos


com o un clarín, al lado,
el viejo grito, ahora airado, metálico.
++0 La llamada a la presa que se avista,
a la goleta que va a ser tomada:

• 1 / / / / / / / / / / /
A h o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o ----------- yyyy. •*
r . 1 i / / / / / / / / / / / / /
Schooner a h o -o -o -o -o -o -o -o o - o -o -o -o - - 7777 -

¡Ahora el m undo entero para m í no existe! ¡Ardo enrojecido!


++5 ¡Rujo en la pasión del abordaje!
¡Yo! ¡Pirata mayor! ¡Cesar-Pirata!
¡Pillo, m ato, desgarro, despedazo,
tan sólo siento el mar, la presa, el saqueo!
¡Tan sólo siento en m í latir, latirme
+50 la vena en m is sienes!
¡Mis sensaciones vierten sangre ardiente a través de m is ojos!
¡E h -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh -eh !

¡Ah piratas, piratas!


¡Amadme y odiadme!
+55 ¡M ezcladme a vosotros!

Vuestra crueldad y vuestra furia, ¡cómo, cómo hablan a la sangre

191 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


d um corpo de m u lh er que fo i m eu outrora e cujo cio
[sobrevive!
Eu queria ser u m b ich o representativo de to d o s os vossos
[gestos,
u m b ich o que cravasse dentes nas am uradas, nas quilhas,
460 que com esse mastros, bebesse sangue e alcatrão nos conveses,
trincasse velas, rem os, cordam e e p oleam e,
serp en te do mar fem in in a e m onstru osa cevand o-se n os
[crimes!

E há um a sin fo n ia de sensações incom patíveis e análogas,


há um a orquestração n o m eu sangue de balbúrdias de crimes,
465 de estrépitos espasm ados de orgias de sangue n os mares,
furibu nd am en te, com o u m vendaval de calor p elo espírito,
nuvem de p oeira q uente anuviando a m in h a lucidez
e fa zen d o -m e ver e sonhar isto tudo só com a p ele e as veias!

O s piratas, a pirataria, os barcos, a hora,


470 aquela hora m arítim a em que as presas são assaltadas,
e o terror dos apresados foge prà loucura — essáh ora,
n o seu total de crimes, terror, barcos, gente, mar, céu, nuvens,
brisa, latitude, lon gitu d e, vozearia,
queria eu que fosse em seu T od o m eu corpo em seu T od o,
[sofrendo,
475 que fosse m eu corpo e m eu sangue, com pusesse m eu ser em
[verm elho,
florescesse com o um a ferida com ichan do na carne irreal da
[m inha alma!
A h, ser tudo nos crimes! ser todos os elem entos com ponentes
dos assaltos aos barcos e das chacinas e das violações!
Ser quanto fo i n o lugar dos saques!
480 Ser quanto viveu ou jazeu n o local das tragédias de sangue!

192 POESÍA III


de un cuerpo de mujer que antes fue m ío y cuyo celo todavía
[vive!
¡Querría ser una bestia que repitiese todos vuestros gestos,
que clavara los dientes en amuras y quillas,
460 que com iera los mástiles, que bebiera sangre y alquitrán sobre
[las cubiertas,
que m ordiera las velas y los rem os, que mordiera poleas y
[cordajes,
serpiente de mar m onstruosa y fem enina que se ceba en los
[crímenes!

Hay una sinfonía de sensaciones incom patibles y análogas,


orquestación en m i sangre de crím enes confusos,
465 y choques espasmódicos de orgías de sangre por los mares,
furibundam ente, com o un vendaval de calor del espíritu,
nube ardiente de polvo nublando m i lucidez enteramente
y haciéndom e ver y soñar esto sólo con piel y venas.

¡Los piratas, la piratería, los barcos, la hora,


470 aquella hora m arítim a en la que son asaltadas las presas
y el terror de los prisioneros que caen se hunde en la locura,
hora de horror y crím enes, y de barcos y gente, y de mar, cielo
brisa, latitud, longitud, vocerío; [y nubes,
yo querría que fuese en su Todo m i cuerpo, en su Todo,
[sufriendo,
475 ¡sí, m i cuerpo y m i sangre, com poniendo m i ser todo de rojo,
y que al fin floreciera com o lo hace una herida escociendo en la
[carne irreal de m i alma!

¡Ah, ser todo en los crímenes! ¡todos los elementos componentes


de los abordajes a los barcos, de las matanzas y las violaciones!
¡Ser todo cuanto fue en el m ism o lugar de los saqueos!
480 ¡Ser cuanto vivió o cuanto yació en el lugar exacto de las
[ tragedias de sangre!

193 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


S er o p ir a ta - re s u m o de to d a a p ira ta r ia n o seu auge,
e a v ítim a -sín te se , m as de c a rn e e osso, d e to d o s os p ira ta s do
[m u n d o !
S er n o m e u c o rp o passivo a m u lh e r -to d a s - a s m u lh e re s
q u e f o ra m violadas, m o rta s, ferid as, rasgadas p io s piratas!
485 S er n o m e u ser su b ju g a d o a fêm e a q u e te m d e ser deles!
E se n tir tu d o isso —todas estas coisas d u m a só vez —pela espinha!

O m e u s p e lu d o s e ru d e s h e ró is d a av e n tu ra e d o crim e!
M in h a s m a rítim a s feras, m a rid o s da m in h a im aginação!
A m a n te s casuais da o b liq u id a d e das m in h a s sensações!
490 Q u e r ia ser A q u e la q u e vos esperasse n o s p o rto s ,
a vós, o d ia d o s am ad o s de seu sangu e d e p ira ta n o s so n h o s!
P o rq u e ela te ria convosco, m as só em e s p írito , raivado
so b re os cadáveres n u s das v ítim as q u e fazeis n o m ar!
P o rq u e ela te ria a c o m p a n h ad o vosso crim e, e n a org ia oceânica
495 seu e s p írito de b ru x a d a n ç a ria invísivel em v o lta d o s gestos
dos vossos c o rp o s, dos vossos cutelo s, das vossas m ãos
[estra n g u lad o r as!
E ela em te rra , esperando-vos, q u a n d o viésseis, se acaso viésseis,
ir ia b e b e r n o s ru g id o s d o vosso a m o r to d o o vasto,
to d o o n e v o e n to e sin is tro p e rfu m e das vossas v itó rias,
5°o e através dos vossos espasm os silvaria u m sab b at d e v e rm e lh o e
[am arelo!

A c a rn e rasgada, a ca rn e a b e rta e estrip ad a, a sangue co rre n d o !


A g o ra , n o auge co n ciso de so n h a r o q u e vós fazíeis,
p e r c o - m e to d o de m im , j á n ã o vos p e r te n ç o , so u vós,
a m in h a fe m in in id a d e q u e vos aco m p a n h a é ser as vossas almas!
5°5 E star p o r d e n tro de to d a a vossa ferocidade, q u an d o a praticáveis!
S u g ar p o r d e n tro a vossa co n sciê n cia das vossas sensações
q u a n d o tin g íeis de sangue os m a re s altos,
q u a n d o de vez em q u a n d o atiráveis aos tu b a rõ e s

194 POESÍA III


¡Ser p ira ta -re su m e n de to d a la p ira te ría en su auge m ás alto
y la v íctim a-síntesis, p ero de carne y hueso, de los p iratas del
[m undo!
¡Ser en m i cuerpo pasivo esa m u je r-q u e -e s-to d a s-la s-m u je re s
violadas y heridas, m u ertas, desgarradas al fin p o r piratas!
485 ¡Ser en m i ser subyugado esa h em b ra que tiene que pertenecerles!
¡Y se n tir todo eso - to d a s estas cosas de u n a v e z - p o r la espina
[dorsal!

¡Oh, m is héroes rud o s y peludos de la av e n tu ra y el crim en!


¡Mis m a rítim a s fieras, los m aridos de m i im aginación!
¡Casuales am antes de lo oblicuo de m is sensaciones!
490 ¡Cómo desearía ser Aquélla que os esperara en los p u erto s,
a vosotros, odiados am ados p o r su sangre de p ira ta en los sueños!
¡Ella h a b ría rabiado con vosotros, p ero sólo en esp íritu ,
en los desnudos cadáveres de las víctim as que hacéis en el m ar!
¡Ella h a b ría acom pañado v u estro crim en , y en la o rg ía oceánica
495 su alm a de b ru ja d a n z a ría invisible alred ed o r de los gestos
de vuestros cuerpos, de v uestros m achetes, de v u estras m anos
[estran g u lad o ras!
¡Y ella en tie rra esperándoos h asta cuándo v in ierais, si acaso
[veníais,
c o rre ría a beber en los rugidos de v u estro am o r lo vasto,
el p erfu m e siniestro y nebuloso de vuestras victorias,
50Q y e n tre v uestros espasm os silbaría u n sabbat en rojo y am arillo!

¡La carn e rasgada, destrip ad a y abierta, y la sangre corriendo!


¡Ahora, en el conciso auge de so ñ ar lo que vosotros hacíais,
m e p ierd o p o r com pleto de m í m ism o, y a n o os p erte n ez co , soy
m i fem inidad que os acom paña es ser vuestras alm as, [vosotros,
505 es el estar p o r d e n tro de v u e stra cru eld ad al p racticarla,
es sorber p o r d en tro v u e stra conciencia de v u estras sensaciones
cu ando teñíais de sangre la alta m ar,
cuando, de v ez en cuando, arrojabais a los tib u ro n es

195 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


os c o rp o s vivos a in d a dos fe rid o s, a c a rn e ro sa d a das crianças
510 e leváveis as m ães às am u rad as p a ra v ere m o q u e llies acontecia!

E sta r convosco n a c a rn ag em , n a pilh ag em !


E sta r o rq u e s tra d o convosco n a s in fo n ia d o s saques!
A h , n ã o sei q u ê, n ã o sei q u a n to q u e ria e u se r d e vós!
N ão era só ser-vos a fêm ea, ser-vos as fêm eas, ser-vos as vítimas,
5!S se r-v o s as vítim as —h o m e n s , m u lh e re s, crian ças, navios —,
n ã o e ra só ser a h o r a e os b arc o s e as o n d as,
n ã o era só se r vossas alm as, vossos c o rp o s, vossa fú ria , vossa
[posse,
n ã o e ra só ser c o n c re ta m e n te vosso acto ab stra cto d e o rg ia,
n ã o era só se r isto q u e e u q u e ria ser — e ra m ais q u e isto , o
[D e u s-isto !
520 E ra p rec iso se r D eus, o D eu s d u m cu lto ao c o n trá rio ,
u m D eu s m o n stru o so e satân ico , u m D eu s d u m p a n te ísm o de
[sangue
p a ra p o d e r e n c h e r to d a a m e d id a da m in h a fú ria im aginativa,
p a ra p o d e r n u n c a esg o tar os m eus desejos d e id e n tid a d e
co m o cada, e o tu d o , e o m a is - q u e - tu d o das vossas vitórias!

525 A h , to r tu r a i- m e p a ra m e curardes!
M in h a c a rn e —fazei d ela o a r q u e os vossos cu telo s atravessam
an tes de c a íre m so b re as cabeças e os o m b ro s!
M in h a s veias sejam os fatos q u e as facas trespassam !
M in h a im a g in a çã o o c o rp o das m u lh e re s q u e violais!
530 M in h a in te lig ê n c ia o convés o n d e estais d e p é m a tan d o !
M in h a vida to d a, n o seu c o n ju n to n ervoso, h istérico , ab su rd o ,
o g ra n d e o rg an ism o de q u e cada acto d e p ira ta ria q u e se
[co m eteu
fosse u m a célula c o n sc ie n te — e to d o eu tu rb ilh o n a s s e

196 POESÍA III


los cuerpos de los h eridos a ú n con vida, la ro sad a c arn e de los
[niños,
510 y llevabais a las am u ras a las m adres p a ra que v ie ra n lo que les
[sucedía!
¡Ah, estar con vosotros en la ca rn ice ría y el pillaje!
¡Ah, estar o rquestado con vosotros en la sinfonía del saqueo!
¡Ah, n o sé qué, n o sé cuán to q u e rría ser vuestro!
¡N o sería ta n sólo el haceros de h em b ra , el haceros de h em b ras,
[el haceros de víctim as,
515 el haceros de víctim as -h o m b re s y m ujeres, n iñ o s y n a v io s-,
no sería y a sólo ser la h o ra , lós barcos, las olas,
n o sería ser sólo vuestras alm as, sólo v uestro s cuerpos, v u e stra
[furia, v u e stra posesión,
no sería sólo ser concretam ente v u estra acción abstracta de orgía,
n o sería ser ta n sólo esto que q u e rría ser - s in o m ás que esto, ser
[sin m ás el D ios-esto!
520 ¡D ebería ser Dios, Dios de u n culto invertid o ,
ser u n Dios satánico y m onstruoso, D ios de u n pan teísm o hecho
[de sangre
p ara lle n a r en to d a su m e d id a to d a la fu ria de m i im aginación,
p a ra conseguir n o ag o tar n u n c a m is deseos de id e n tid a d
con el cada, y el todo, y el a ú n m ás-que-todo de vuestras victorias!

525 ¡T orturadm e, ah, p ara curarm e!


¡Con m i carne, haced de ella el aire que atraviesan vuestras hachas
antes de ir a caer sobre las cabezas y los h om bros!
¡Que m is venas sean los vestidos que atraviesan cuchillos!
¡Que m i im aginación sea y a el cuerpo de todas las m u jeres que
[violáis
530 y m i inteligencia la cubierta donde, puestos en pie, estáis m atando!
¡Y que to d a m i vida, en su co n ju n to siem pre n ervioso, histérico
[y absurdo,
fuese el g ra n organism o respecto al cual cada acto de p ira te ría
[que se com etió
fu era u n a célula consciente —p a ra a rrem o lin arm e todo en tero

197 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


c o m o u m a im e n sa p o d r id ã o o n d e a n d o , e fosse aq u ilo tu d o !
535 C o m ta l v elo cid ad e d e sm e d id a , pavorosa,
a m á q u in a de fe b re das m in h a s visões tra n s b o rd a n te s
g ira ag o ra q u e a m in h a co n sciê n cia , v o lan te,
é a p e n as u m n e v o e n to c írc u lo asso b ian d o n o a r.

Fifteen men on the Dead Man’s Chest.


54° Yo-ho ho and a bottle o f rum!

E h - l a h ô - la h ô - la H O ----------la h á - á - á á á ---------- à à à ...

A h! a salvageria desta selvageria! M e rd a


p r a to d a a v ida co m o a nossa, q u e n ã o é n a d a disto!
E u p r ’a q u i e n g e n h e iro , p rá tic o à fo rç a , sensível a tu d o ,
54S p r ’a q u i p a ra d o , em relação a v ó s, m e sm o q u a n d o a n d o ;
m e sm o q u a n d o ajo, inerte-, m esm o q u a n d o m e im p o n h o ,
[d éb il;
estático, q u e b ra d o , d issid e n te c o b a rd e d a vossa G ló ria ,
da vossa g ra n d e d in â m ic a e s trid e n te , q u e n te e san g ren ta!

A rre! P o r n ã o p o d e r ag ir d ’ac o rd o co m o m e u d elírio !


55° A rre ! P o r a n d a r se m p re ag a rra d o às saias d a civilização!
P o r a n d a r co m a douceur des moeurs às costas, co m o u m fard o de
[rendas!
M oços de e sq u in a —to d o s n ó s o som o s — d o h u m a n ita ris m o
[m o d e rn o !
E stu p o re s de tísicos, d e n e u ra sté n ic o s, d e lin fá tico s,
sem co ra g em p a ra ser g e n te co m v io lên cia e au d ácia,
555 co m a alm a co m o u m a g a lin h a p re sa p o r u m a p e rn a !

A h , os piratas! os piratas!

198 p o e s ía mi
al igual que u n a inm ensa p o d red u m b re, o n deando de m odo que
[yo fu e ra aq u e llo !-.
535 A rreb atad a a tal velocidad, velocidad trem en d a, desm edida,
la enfebrecida m á q u in a de m is visiones siem pre d esbordantes
g ira cuando, v olante, m i conciencia,
es apenas u n círculo nebuloso silbando en el aire.

Fifteen men on the D ea d M a n ’s Chest.


540 Yo-ho-ho an d a bottle o f rum!

E h -la h ô -la h ô -la H O — -la h á -á -á á á ---------àà à...

¡Ah! ¡el salvajism o de este salvajismo!


¡M ierda p a ra u n a v id a com o la n u estra , que no es n a d a de esto!
¡Aquí estoy yo, ingeniero, práctico a la fu erza, siendo sensible a
[todo,
545 y aquí estoy, p arado, com parado a vosotros, h asta al cam in ar;
y cu ando actúo, inerte; y h asta cu an d o m e im pongo, siendo
[débil;
quebran tad o , y estático, disidente cobarde de la que es v u estra
[G loria,
v u e stra g ra n d inám ica estrid en te, y caliente y sangrienta!

¡Arre!, ¡arre!, ¡por no poder ac tu a r en conform idad con m i delirio!


550 ¡Arre!, ¡por a n d a r siem pre ag a rrad o a las faldas de lo civilizado!
¡Por a n d a r con la douceur des moeurs a cuestas, com o u n fardo
[de encajes!
¡Putos de esquina - q u e eso som os to d o s - del h u m a n ita rism o
[m oderno!
¡Estupores de tísicos, neuróticos, linfáticos,
sin v alo r de ser gente de violencia y audacia,
555 con alm as de gallina atad a de u n a pata!

¡Ah, piratas!, ¡ piratas!

199 LO S PO E M A S D E ALVARO DE C A M PO S 1
A ân sia d o ilegal u n id o ao fero z
a ân sia das coisas a b s o lu ta m e n te c ru é is e ab o m in áv eis,
q u e r ó i co m o u m cio ab stra cto os nosso s c o rp o s fra n z in o s ,
560 os nosso s nerv o s fe m in in o s e delicado s,
e p õ e g ran d e s feb res loucas n o s nosso s o lh a re s vazios!

O b rig a i- m e a a jo e lh a r d ia n te de vós!
H u m ilh a i- m e e b a te i-m e !
Fazei de m im o vosso escravo e a vossa coisa!
565 E q u e o vosso desp rezo p o r m im n u n c a m e a b a n d o n e ,
ó m e u s senh o res! ó m e u s senh o res!

T o m a r se m p re g lo rio sa m e n te a p a rte suhm issa


n o s ac o n te cim en to s de sangue e nas sensualidades estiradas!
D esab ai so b re m im , co m o g ra n d e s m u ro s p esad o s,
570 ó b á rb a ro s de an tig o m ar!
R a sg ai-m e e fe ri-m e !
D e leste a oeste d o m e u c o rp o
risca i de sange a m in h a carne!
B eijai co m cutelo s de b o r d o e açoites e raiva
575 o m e u alegre t e r r o r c a rn a l de vos p e rte n c e r,
a m in h a ân sia m a so q u ista em m e d a r à vossa fú ria ,
em ser objecto in e rte e se n tie n te da vossa o m n ív o ra crueldade,
d o m in a d o re s , se n h o re s, im p e ra d o re s, corcéis!
A h , to r tu r a i- m e ,
580 ra sg a i-m e e a b ri-m e !
D esfeito em p ed a ço s co n scie n tes
e n to r n a i- m e so b re os conveses,
e s p a lh a i-m e n o s m ares, d e ix a i-m e
nas p ra ia s ávidas das ilhas!
585 C evai so b re m im to d o o m e u m isticism o d e vós!
C in z e la i a sangue a m in h ’alm a! C o rta i, riscai!
O ta tu a d o re s da m in h a im ag in ação co rp ó rea !
E sfo lad o res am ados da m in h a c a rn a l subm issão!

200 POESÍA III


¡Ansia de lo feroz cuando se en c u e n tra u n id o a lo ilegal,
esa ansia de cosas en todo abom inables y crueles
que roe cual celo abstracto n u estro s m íseros cuerpos,
560 n u estro s ta n fem eninos y delicados nervios,
y pone locas fiebres en n u estras vacuas m iradas!

¡Forzadm e a arro d illa rm e an te vosotros!


¡H um illadm e, azotadm e,
haced de m í vu estro esclavo y v u e stra cosa!
565 Y que v u estro desprecio p o r m í n o m e abandone,
¡oh, señores míos! ¡oh, señores míos!

¡Siem pre, gloriosam ente, to m a r p arte sum isa


en los sangrientos acontecim ientos y las sensualidades prolongadas!
¡D errum baos sobre m í, com o pesados m u ro s,
570 vosotros, bárbaros del an tig u o m ar!
¡D esgarradm e y heridm e!
¡M arcad co n sangre m i carn e
de este a oeste del cuerpo!
¡Besad con m achetes de a bordo, con azotes y rab ia
575 m i alegre te rr o r carn al de perteneceros,
m i ansia m asoquista de d a rm e a v u estra fu ria
p ara servir de objeto sintiente e in erte a v u estra siem pre o n n ív o ra
dom inadores, señores, em peradores, corceles! [crueldad,
¡Ah, sí, to rtu ra d m e ,
580 desgarradm e y abridm e!
¡Deshecho en tro zo s conscientes,
d erram a d m e sobre las cubiertas,
esparcidm e en los m ares, y dejadm e
en las ávidas playas de las islas!
585 ¡Cebad, cebad en m í todo m i m isticism o de vosotros!
¡Cincelad m i alm a a sangre! ¡C ortad y m arcad!
¡Oh ta tu ad o res de m i im ag in ació n corpórea!
¡Desolladores am ados de m i ca rn al sum isión!

201 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


S u b m e te i-m e co m o q u e m m a ta u m cão a p o n ta p és!
59° Fazei de m im o p o ç o p a ra o vosso desp rezo d e d o m ín io !

Fazei de m im as vossas v ítim as todas!


G o m o C risto so fre u p o r to d o s os h o m e n s , q u e ro so fre r
p o r to d a s as vossas vítim as às vossas m ãos,
às vossas m ãos calosas, sa n g re n tas e d e d ed o s d ecep ad o s
595 n o s assaltos b ru sc o s de am uradas!

Fazei d e m im q u a lq u e r coisa co m o se eu fosse


a rra sta d o — ó p ra z e r, ó b e ija d a d o r! —
a rra sta d o à cauda de cavalos ch ico te ad o s p o r v ó s...
M as isto n o m a r, isto n o m a - a - a - a r , isto n o M A -A -A -A R !
600 E h -e h -e h -e h -e h ! E h -e h -e h -e h -e h -e h -e h ! E H -E H -E H -
[ E H - E H - E H - E H ! N o M A -A -A -A -A R !
Y e h -e h -e h -e h -e h -e h ! Y e h -e h -e h -e h -e h -e h ! Y e h -eh -eh -
[eh -e h -e h -e h -e h !
G rita tu d o ! tu d o a g rita r! v en to s, vagas, b arco s,
m ares, gáveas, piratas, a m in h a alm a, o sangue, e o ar, e o ar!
E h -e h -e h -e h ! Y eh -eh -eh -eh -eh ! Y eh -eh -e h -e h -e h -e h !
[T u d o ca n ta a g ritar!

605 F IF T E E N M E N O N T H E D E A D M A N ’S C H E S T .
Y O - H O - H O A N D A B O T T L E O F RU M !

E h - e h - e h - e h e h - e h -e h ! E h - e h - e h - e h - e h - e h - e h ! E h e h -
[eh e h - e h - e h - e h !
H é - la h ô - la h ô H O - O - O - ô ô - l a h á - á - á -------- ààà!

A H Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó Ó - Ó - Ó Ó Ó -------- yyy!...
610 S C H O O N E R A H Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó - Ó ------- y y y y » . . .
D arb y M ’G raw -aw -aw -aw -aw -aw !
D A RBY M ’G RA W -A W -A W -A W -A W -A W -A W !

202 POESÍA III


¡Som etedm e tal com o quien m a ta a pun tap iés u n perro!
590 ¡Haced conm igo el p ozo de v u estro desprecio del dom inio!

¡Haced de m í y a todas v uestras víctim as!


Q uiero sufrir, ¡como C risto p o r todos los h o m bres,
p o r todas vuestras víctim as m u e rtas a v u estras m anos,
vuestras m anos callosas y sangrientas, vuestras m anos de dedos
595 en los bruscos asaltos de am uradas! [m utilados

H aced de m í algo así com o si fu era


a rra stra d o - ¡ o h placer, y, o h dolor, b esad o !-.
A rrastrad o a la cola de caballos que fustigais v o so tro s...
¡Pero esto en el m ar, esto en el m a -a -a -a r, ahí, esto en el
[MA-A-A-AR!
600 ¡E h -e h -e h -e h -e h ! ¡E h -e h -e h -e h -e h -e h -e h ! ¡E H -E H -E H -
[E H -E H -E H -E H ! E n el M A-A-A-A-AR!
¡Y eh -eh -eh -eh -eh eh! ¡Y eh -eh -eh -eh -eh -eh ! ¡Y eh -eh -eh -eh -
[e h -e h eh-eh!
¡G rita todo! ¡gritando! ¡vientos, olas y barcos,
m ares, gavias, piratas, m i alm a, la sangre, y el aire, y el aire!
¡E h -e h -e h -e h ! ¡Y eh-eh-eh-eh-eh! ¡Y eh-eh-eh-eh eh-eh!
[¡Todo ca n ta g ritando!

605 F IF T E E N M E N O N T H E DEAD M A N ’S CHEST.


Y O -H O -H O A N D A B O T T L E O F RUM!

¡E h -e h -e h -e h eh -e h -e h ! ¡E h -e h -e h -e h -e h -e h -e h ! ¡E h e h -e h
[eh -eh -eh -eh !
¡H é -lah ô -lah ô -la H O -O -O -ô ô -la h á -á -á -------ààà!

¡A H O -O -O -O -O -O 0 - 0 - 0 O O -------jy y ! ...
610 SC H O O N E R A H Ó -Ó -Ó -Ó -Ó -Ó -Ó -O -Ó -Ó - -yyyy!.
¡D arby M ’G ra w -a w -a w -a w -a w -a w !
¡DARBY M ’GRAW-AW-AW-AW-AW-AW-AW!

203 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


FEGTGH A -A -AFTTH E R U -U -U -U -U -U M , DARBY!

E h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h -e h !
615 E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H !
E H - E H - E H - E H - E H - E H - E H - E H - E H - E H E H -E H !
E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H !

E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H !
P a rte -s e em m im q u a lq u e r coisa. O v e rm e lh o an o ite c e u .
620 S e n ti de m ais p a ra p o d e r c o n tin u a r a se n tir
E s g o to u -s e -m e a alm a, fic o u só u m eco d e n tro d e m im .
D ecresce sen siv elm en te a v elo cid ad e d o v o la n te.
T ir a m - m e u m p o u c o as m ã o s dos o lh o s os m e u s so n h o s.
D e n tr o de m im h á só u m vácuo, u m d e se rto , u m m a r
[ n o c tu r n o .
625 E lo g o q u e sin to q u e h á u m m a r n o c tu r n o d e n tr o d e m im ,
sobe dos lo n g es dele, nasce d o seu silên cio ,
o u tr a vez, o u tr a vez, o vasto g rito an tiq u íssim o .
D e re p e n te , com o u m relâm pago de som , q u e n ão faz b a ru lh o
[mas te rn u r a ,
su b ita m e n te a b ra n g e n d o to d o o h o r iz o n te m a rítim o ,
630 h ú m id o e so m b rio m a ru lh o h u m a n o n o c tu r n o ,
voz de sereia lo n g ín q u a c h o ra n d o , c h a m a n d o ,
vem d o f u n d o d o L o n g e, d o f u n d o d o M ar, d a alm a dos
[A bism os,
e à to n a dele, co m o algas, b o ia m m eu s so n h o s d esfe ito s__

A h ò ò - ò ò ò ò ò - ò ò ò ò ------ yy..
635 S c h o o n e r a h ò - ò - ò ò - ò ò ò ò - ò - ò - ò ------ yyy.......

A h , o o rv alh o so b re a m in h a exitação!
O fre sc o r n o c tu r n o n o m e u o c e a n o in te rio r!
Eis tu d o em m im de r e p e n te a n te u m a n o ite n o m a r
cheia d o e n o rm e m isté rio h u m a n íssim o das o n d as n o c tu rn a s.
640 A lu a sobe n o h o riz o n te

204 P O E S ÍA II!
¡F E T C H A -A -A F T T H E R U -U -U -U -U -U M , D A R BY !

¡E h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eheh-eh-eh!
615 ¡E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H E H -E H E H -E H -E H !
¡E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H E H -E H !
¡E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H -E H !

¡EH-EH-EH-EH -EH -EH -EH -EH -EH-EH!


Algo se p a rte en m í. L o rojo h a anochecido.
620 Ya sentí demasiado para seguir sintiendo.
Se m e h a agotado el alm a y ta n sólo h a quedado en m i in te rio r
d ism inuyendo la fu e rz a del volante. [u n eco,
Van b o rra n d o las m anos de los ojos m is sueños.
D en tro de m í el vacío, m a r n o c tu rn o , desierto,
625 y en cu a n to sé que en m í se d a u n n o c tu rn o m ar,
sube de lo lejano, nace de su silencio,
o tra vez, o tra vez, el vasto g rito antiguo.
Y así, com o u n relám pago colm ado de sonido, que n o hace
[ru id o sino sólo te rn u ra ,
que abarca el h o riz o n te m a rítim o de p ro n to
650 com o som bría y h ú m e d a o la h u m a n a en la noche,
débil v o z de siren a que nos llam a y que llora,
nos llega del fondo de la L ejanía, sí del fondo del M ar, desde el
[Abismo,
flotando en él, com o algas, y a m is sueños deshechos...

. t \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \
Ano o -o o o o o -o o o o ----- yy..
o í | \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \
635 S chooner a h o -o -o o -o -o o o o -o -o -o - " 77
-

¡Ah, el rocío sobre m i excitación!


¡Ah, el frescor n o c tu rn o puesto sobre m i océano in terio r!
Todo en m í, de rep en te, an te u n a noche en el m a r
colm ada del m isterio hum anísim o, enorm e, de las olas nocturnas.
6+0 L a lu n a sube en el h o riz o n te

205 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


e a xninlia in fâ n c ia feliz aco rd a, co m o u m a lág rim a, em m im .
O m e u passado ressu rg e, co m o se esse g rito m a rítim o
fosse u m a ro m a , u m a voz, o eco d u m a canção
q u e fosse c h a m a r ao m e u passado
645 p o r aq u ela felicid a d e q u e n u n c a m ais to r n a r e i a te r.

E ra n a velha casa sossegada, ao p é d o r io ...


(As ja n e la s d o m e u q u a rto , e as da casa d e ja n ta r ta m b é m ,
davam , p o r so b re u m as casas baixas, p a ra o r io p ró x im o ,
p ara o T ejo, este m esm o T ejo, m as n o u tro p o n to , m ais ab aix o ...
650 Se e u ag o ra chegasse às m esm as ja n e la s n ã o chegava às m esm as
[janelas.
A q u e le te m p o p asso u co m o o fu m o d u m v a p o r n o m a r
[a lto ...)

U m a inexplicável te rn u r a ,
u m re m o rs o com o v id o e la crim o so
p o r to d a s aquelas vítim as —p r in c ip a lm e n te as crian ças —
655 q u e so n h e i fazen d o ao s o n h a r- m e p ira ta an tig o ,
em o çã o com ovida, p o r q u e elas fo ra m m in h a s vítim as;
te r n a e suave, p o r q u e n ã o o f o ra m re a lm e n te ;
u m a te r n u r a con fu sa, co m o u m v id ro em b ac iad o , azulada,
ca n ta velhas canções n a m in h a p o b re alm a d o lo rid a .

660 A h , co m o p u d e eu p e n s a r, s o n h a r aquelas coisas?


Q u e lo n g e esto u d o q u e fu i h á u n s m o m e n to s!
H is te ria das sensações — o ra estas, o ra as opostas!
N a lo u r a m a n h ã q u e se erg u e , co m o o m e u o u v id o só escolhe
as coisas de ac o rd o co m esta em o ção — o m a ru lh o das águas,
665 o m a ru lh o leve das águas d o r io de e n c o n tr o ao ca is...,
a vela p assan d o p e r to d o o u tr o lad o d o rio ,
os m o n te s lo n g ín q u o s , d u m azul ja p o n ê s,
as casas de A lm ada,
e o q u e h á de suavidade e de in fâ n c ia n a h o r a m a tu tin a ! ...

206 POESÍA III


y m i feliz in fancia se d espierta, com o lág rim a, en m í.
Resurge m i pasado, cual si el g rito m a rítim o
fu era v o z, fu e ra arom a, eco de u n a canción
que v in ie ra a lla m a r a m i pasado,
645 felicidad que y a n o te n d ré n un ca.

E ra en la vieja casa sosegada, al lado del río ...


(L as v entanas de m i cu a rto , y las del com edor,
p o r encim a de u nas casas bajas, dab an al río p ró x im o ,
d ab a n al Tajo, a este m ism o Tajo, m ás allá, en o tro p u n to ...
650 Si a h o ra m e asom ara a las m ism as v entanas n o m e aso m aría a
[las m ism as v entanas.
Aquel tiem po pasó ta l com o el h u m o que expulsa u n v ap o r en
[alta m a r...)

U na te rn u ra a h o ra inexplicable,
u n rem o rd im ien to , conm ovido llorand o ,
p o r todas esas víctim as -s o b re todo los n iñ o s -
655 que h e hecho soñando ál ir soñándom e com o an tig u o p irata,
em oción conm ovida, p o rq u e fu ero n m is víctim as,
pero tie rn a y suave p o r n o serlo realm ente;
y así, u n a te rn u ra az u la d a y confusa, de cristal em pañado,
ca n ta viejas canciones en m i alm a doliente.

660 ¿Cómo p u d e p en sar y so ñ a r tales cosas?


¡Qué lejano estoy y a del que fu i hace sólo u n m om ento!
¡H isteria de la sensación —o ra ésta o co n tra ria!—
¡En la ru b ia m a ñ a n a que se yergue, m i oído sólo escoge
las cosas que h ay de acuerdo a esta em oción - e l o n d ear del agua,
665 el o n d ea r leve de las aguas del río en el m uelle...,
la vela pasando cerca, al o tro lado del río,
y los m ontes rem otos, de u n a z u l japonés,
y las casas de A lm ada,
y lo que h a y de in fancia y suavidad en la h o ra tem p ran a!...

207 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


67° U m a gaivota q u e passa,
e a m in h a te r n u r a é m a io r.

M as to d o este te m p o n ã o estive a r e p a ra r p a ra n ad a .
T u d o isto fo i u m a im p re ssão só da p ele, co m o u m a carícia.
T o d o este te m p o n ã o tir e i os o lh o s d o m e u so n h o lo n g ín q u o ,
675 d a m in h a casa ao p é d o rio ,
d a m in h a in fâ n c ia ao p é d o rio ,
das ja n e la s d o m e u q u a rto d a n d o p a ra o r io d e n o ite ,
e a paz d o lu a r esp arso n as águas!...
M in h a velha tia, que m e amava p o r causa d o filh o qu e p e r d e u ...,
680 m in h a velha tia costum ava a d o r m e c e r- m e c a n ta n d o -m e
(se b e m q u e eu fosse j á crescid o dem ais p a ra isso )...
L e m b ro -m e e as lágrim as caem sobre o m e u coração e lav am -n o
[da vida,
e e rg u e -se u m a leve b ris a m a rítim a d e n tro d e m im .
A s vezes ela cantava a « N a u C a tr in e t a » :

685 Lá vai a Nau Catrineta


por sobre as águas do mar...

E o u tra s vezes, n u m a m e lo d ia m u ito sau d o sa e tão m edieval,


era a « B e la I n f a n ta » ... R e le m b ro , e a p o b re velha voz erg u e-se
[d e n tro de m im
e le m b ra -m e que p o u co m e le m b rei dela depois, e ela am ava-m e
[tanto!
690 C o m o fu i in g ra to p a ra ela —e afin a l q u e fiz e u d a v id a?
E ra a « B e la I n f a n ta » ... E u fechava os o lh o s, e ela cantava:

Estando a Bela Infanta


no seujardim assentada...

E u a b ria u m p o u c o os o lh o s e via a ja n e la ch eia d e lu a r


695 e d ep o is fechava os o lh o s o u tr a vez, e em tu d o isto era feliz.

208 P O E S ÍA III
670 U na gaviota pasa,
y es m a y o r m i te rn u ra .

P ero en todo este tiem po, yo n o he estado fijándom e en nada.


Todo esto h a sido u n a im p resió n de la piel solam ente, com o u n a
[caricia.
¡Y es que, en todo este tiem po, n o h e apartad o los ojos de m i
675 de aquella m i casa ju n to al río [sueño rem o to ,
com o de m i infancia ju n to al río,
y de las v entanas de m i cu a rto d ando al río de noche,
y a la p az del brillo de la lu n a esparcido en las aguas!...
Y m i vieja tía, que m e am aba p o r causa del h ijo p e rd id o ...,
680 sí, m i vieja tía solía d o rm irm e cantando, can tán d o m e
( p o r m ás que yo fu era m a y o r p a ra eso)...
M e acuerdo y las lágrim as caen encim a de m i co ra zó n y lo v an
[lavando de la vida.
Y, entonces, u n a leve y m a rítim a b risa se alza d e n tro de m í.
M e cantaba a veces la « N a o C atrin eta» :

685 A h í va la N ao Catrineta
sobre las aguas d el m a r...

Y en cam bio otras veces, con su m elodía m edieval y nostálgica,


era la «B ella I n fa n ta » ... C uando lo recu erd o , su p o b re v o z vieja
[se alza en m i in te rio r;
m e rec u erd a lo poco que m e acordé de ella, ¡queriéndom e tanto!
690 ¡Qué ingrato h e sido —m as, después de todo ¿qué hice de m i vida?
E ra la «B ella In fa n ta » ... Yo ce rra b a los ojos, y ella cantaba:

Estando la Bella Infanta


en su ja rd ín sentada...

A bría u n poco los ojos y veía la v e n ta n a co n el rayo de luna.


695 C erraba luego los ojos o tra vez, y con todo esto e ra feliz.

209 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Estando a Bela Infanta
no seujardim assentada,
seu pente de ouro na mão,
seus cabelos penteava...

7°° O m e u passado de in fâ n c ia , b o n e c o q u e m e p a rtira m !

N ão p o d e r viajar p ra o passado, p ara aquela casa e aquela afeição,


e fica r lá se m p re , se m p re c ria n ç a e se m p re c o n te n te !
Mas tu d o isto fo i o Passado, la n te rn a a u m a esq u in a de ru a velha.
P ensar rusto faz frio , faz fo m e d u m a coisa qu e se n ã o p o d e o b ter.
7°5 D á - m e n ã o sei q u e re m o rs o a b s u rd o p e n s a r n isto .
O tu r b ilh ã o le n to de sensações dessen co n trad as!
V ertig e m té n u e de co nfusas coisas n a alma!
F ú ria s p a rtid a s, te rn u r a s co m o c a rrin h o s d e lin h a co m q u e as
[crian ças b rin c a m ,
grandes desabam entos de im aginação sobre os olhos dos sentidos,
710 lág rim as, lág rim as in ú te is,
leves b risas de c o n tra d iç ã o ro ç a n d o p e la face a a lm a ...

E voco, p o r u m esforço v o lu n tá rio , p a ra sa ir d esta em o ção ,


evoco, co m u m esfo rço d esesp e ra d o , seco, n u lo ,
a canção d o G ra n d e P ira ta , q u a n d o estava a m o r re r :

7*5 Fifteen men on the Dead Man’s Chest


Yo-ho-ho and a bottle o f rum!

Mas a canção é u m a lin h a re c ta m a l tra ç a d a d e n tro d e m im ...

210 POESÍA 111


Estando la Bella Infanta
en su ja rd ín sentada,
su p ein e de oro en la mano,
y sus cabellospeinaba...

700 ¡Oh, m i pasada infancia, m uñeco que rom pieron!

¡N o p o d er v ia jar h asta el pasado, a aquella casa y al cariñ o aquel,


y q u ed arm e allí y a p a ra siem pre, y a siem pre n iñ o , y a siem pre
[contento!

Pero todo eso fue el Pasado, la farola en la esquina de u n a calle


[m u y vieja,
p ensar eso da frío, d a h am b re de u n a cosa que no puede obtenerse.
705 M e pro d u ce n o sé qué rem o rd im ien to , rem o rd im ien to absurdo,
[el p en sar eso.
¡Oh torbellino lento de u nas sensaciones en co n trad as,
vértigo te n u e de cosas confusas en el alm a,
furias p artid as, te rn u ra s com o carretes de hilo con que los niños
[juegan,
grandes d erru m b es de la im aginación sobre los ojos de n u estro s
710 lágrim as y lágrim as inútiles [sentidos,
y leves brisas de contradicción ro z a n d o el ro stro al alm a...

Evoco, con u n esfuerzo v o lu n ta rio , p a ra p o d er salir de esta


[em oción,
evoco, con tesón desesperado, esfuerzo seco, n u lo ,
la canción del G ran P ira ta cuando estaba m u rien d o :

715 Fifteen men on the D ea d M a n ’s Chest.


Yo-ho-ho a n d a bottle o f rum!

M as la canción es u n a lín ea recta, línea m a l tra z a d a , en m i


[in te rio r...

211 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


E sfo rç o -m e e consigo c h a m a r o u tr a vez a n te os m e u s o lh o s n a
[alm a,
o u tr a vez, m as através d u m a im ag in ação quase lite rá ria ,
720 a fú ria da p ira ta ria , da ch acin a, o ap e tite, q uase d o p a la d a r, do
[saque,
da c h a cin a in ú til de m u lh e re s e d e crianças,
da to r tu r a fútil, e só p ara n o s distrairm os, dos passageiros p o b res,
e a se n su alid ad e de escan g alh ar e p a r tir as coisas m ais q u e rid a s
[dos o u tro s,
m as so n h o isto tu d o co m u m m e d o de q u a lq u e r coisa a
[re s p ir a r -m e so b re a n u ca .
725 L e m b ro - m e de q u e se ria in te re ssa n te
e n fo rc a r os filh o s à vista das m ães
(m as s in to - m e sem q u e r e r as m ães deles),
e n te r r a r vivas nas ilhas d esertas as crian ças d e q u a tro an o s
lev an d o os pais em b arc o s até lá p a ra v ere m
73 ° (m as estrem eço , le m b r a n d o - m e d u m filh o q u e n ã o te n h o e está
[d o rm in d o tra n q u ilo em casa).

A g u ilh o o u m a ân sia fria dos crim es m a rítim o s,


d u m a in q u isiç ã o sem a d escu lp a da Fé,
crim es n e m se q u e r co m razão de ser de m a ld a d e e d e fú ria ,
feitos a frio , n e m seq u er p a ra fe rir, n e m seq u er p a ra fazer m al,
735 n e m se q u e r p a ra n o s d iv e rtirm o s, m as ap en as p a ra p assar o
[ te m p o ,
com o q u e m faz paciências a u m a m esa de ja n ta r de p ro v ín cia com
[a to a lh a atirad a p ra o o u tro lado d a m esa d ep o is d e ja n ta r,
só p e lo suave gosto d e c o m e te r crim es abom ináveis e n ã o os
[ach ar g ra n d e coisa,
de v er s o fre r até ao p o n to d a lo u c u ra e d a m o r te - p e la - d o r m as
[n u n c a d eix ar ch eg ar l á . ..

M as a m in h a im aginação rec u sa -se a a c o m p a n h a r-m e .

212 POESÍA Hl
Y m e esfuerzo y logro tr a e r n u ev am en te a los ojos del alm a,
tr a e r de n uevo, p ero a través a h o ra de u n a im ag in ació n casi
[literaria,
720 la fu ria de la p ira te ría y la m a tan z a, el apetito paladeable casi
[del saqueo,
de la in ú til m a ta n z a de m ujeres y niños,
de la to r tu r a fútil, sólo p o r d istraernos, de pasajeros pobres,
y la sensualidad de d estro zar y de ro m p er las cosas m ás queridas
[de otros;
pero a h o ra sueño todo esto con m iedo a alg u n a cosa
[respirándom e p o r detrás de la nuca.

725 Se m e o cu rre que sería in teresan te


ah o rc ar an te sus m adres a los hijos, ah í d irectam en te
(p ero m e siento, sin querer, com o sus m a d re s),
ir e n te rra n d o vivos en las islas desiertas n iñ o s de c u a tro años
llevando allí a sus p adres em barcados p a ra que así los vean
730 (pero de repente m e estrem ezco, acordándom e de u n hijo que no
[tengo y que está ah o ra durm iendo tran q u ilam en te en casa).

M e aguijonea u n ansia fría de crím enes m arítim o s,


de u n a Inquisición que n o posee p o r d isculpa la Fe,
crím enes que n o tienen n i la ra z ó n de ser de la m ald ad y la fúria,
hechos en frío, n i siquiera p a ra h e rir, n i a u n p a ra h a c e r daño,
735 n i siquiera p a ra d iv ertirn o s, sino sólo p o r p asar el tiem po,
com o quien hace solitarios en u n com edo r de p rovincias con el
[m an tel arru g ad o , co rrid o al o tro lado de la m esa
[después de cenar,
solam ente en ra z ó n del suave gusto de ir com etiendo crím enes
[abom inables y de n o tenerlos en g ra n cosa,
de v e r su frir llegando a la lo c u ra y hasta la m u e rte-en -el-d o lo r,
[sin lleg ar n u n c a a ta n to ...

Pero es que a h o ra m i im aginación se niega de rep e n te a


[acom pañarm e.

213 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


740 U m calafrio a rre p ia -m e .
E de re p e n te , m ais de re p e n te d o q u e da o u tra vez, d e m ais lo n g e,
[de m ais fu n d o ,
de r e p e n te — o h p av o r p o r to d a s as m in h a s veias! —,
o f rio r e p e n tin o da p o r ta p a ra o M isté rio q u e se a b r iu d e n tro
[de m im e d e ix o u e n tr a r u m a c o r r e n te d e a r ! ,
le m b r o - m e de D eus, d o T ra n s c e n d e n ta l d a vida, e d e re p e n te
745 a velha voz d o m a rin h e ir o inglês J im B arn s, co m q u e m e u falava,
to rn a d a voz das te rn u ra s m isteriosas d e n tro de m im , das p eq u en as
coisas d e regaço de m ãe e de fita de cabelo d e irm ã ,
m as e s tu p e n d a m e n te v in d a de além da a p a rê n c ia das coisas,
a V oz su rd a e re m o ta to r n a d a A V oz A b so lu ta , a V oz S em B oca,
750 v in d a de so b re e de d e n tro da so lid ão n o c tu r n a d o s m ares,
ch am a p o r m im , ch am a p o r m im , ch am a p o r m im ...

V em s u rd a m e n te , co m o se fosse su p rim id a e se ouvisse,


lo n g in q u a m e n te , co m o se estivesse so a n d o n o u tr o lu g a r e aq u i
[n ã o se p u d esse o u vir,
co m o u m soluço ab afad o , u m aluz q u e se apaga, u m h á lito
[silen cio so ,
755 d e n e n h u m la d o d o espaço, n e n h u m lo c al n o te m p o ,
o g rito e te rn o e n o c tu r n o , o so p ro fu n d o o c o n fu so :

A h ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô — yyy........
A h ô - ô - ô - ô - ô - ò - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô __ yyy........
S c h o o n e r a h ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô - ô ...... yy..............

760 T re m o co m u m frio da alm a re p a s s a n d o -m e o c o rp o


e a b ro de r e p e n te os o lh o s, q u e n ã o tin h a fec h ad o .
A h , q u e alegria a de sa ir dos s o n h o s de vez!

214 POESÍA III


7+0 U n escalofrío m e horrip ila.
Y de repente, m ás au n que la o tra vez, y tam b ién de m ás lejos, y
[tam b ién de m ás h o n d o ,
de rep en te - ¡ o h p avor y a p o r todas m is v e n a s!-,
¡oh rep e n tin o frío de la p u e rta que d a sobre el M isterio que ah o ra
[se abre al in te rio r de m í y deja e n tra r u n a c o rrien te de aire!
m e acuerdo de Dios, de lo T rascendental de n u e s tra v id a, y de
[repente, entonces,
7+5 la vieja voz del m arinero inglés J im Barns, con quien antes hablaba,
co n v ertid a en la voz de las te rn u ra s m isteriosas que h ay en m í, y
[de esas pequeñas
cosas que son las propias de u n regazo de m a d re y de la cin ta del
[cabello de u n a h erm a n a,
p ero su rg id a asom brosam ente de m ás allá de la ap arien cia de las
[cosas,
la Voz sorda y rem o ta a h o ra convertida en L a Voz A bsoluta, en la
[Voz Sin Boca,
750 v en id a de encim a y d e n tro de la soledad n o c tu rn a de los m ares,
m e llam a, m e llam a...

Viene sord am en te, com o si h u b ie ra sido su p rim id a y se oyera,


viene rem o tam e n te, cual si so n ara en u n lu g a r d istin to y aquí no
[p u d iera ser oída,
u n sollozo ahogado, u n a lu z que se apaga, u n silencioso hálito,
755 desde n in g ú n lado del espacio, n in g ú n lu g a r del tiem po,
g rito etern o y n o c tu rn o , soplo confuso y hondo:

• l A A A A A A A A A A A A
A n o -o - o -o -o -o -o -o -o -o -o -o .. ..yyy.......
• 1 A A A A A A A A A A A A A A A
A h o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o -o ..... y y y.......
o í i A A A A A A A A A A A A A A A A
S chooner ah o - o -o -o - o -o - o - o -o - o - o -o - o -o - o - o ..... y y ...........

760 T iem blo con frío del alm a traspasándom e el cuerpo,


luego abro los ojos de rep en te, que n o hab ía cerrado.
¡Qué alegría, salir de u n a v ez de los sueños!

215 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


E is o u tr a vez o m u n d o rea l, tã o b o n d o s o p a ra os nervos!
E i- lo a esta h o r a m a tu tin a e m q u e e n tra m os p a q u e te s q u e
[ch eg an ced o .

765 J á n ã o m e im p o r ta o p a q u e te q u e entrav a. A in d a está lo n g e .


Só o q u e está p e r to ag o ra m e lava a alm a.
A m in h a im ag in ação h ig ié n ic a, fo rte , p rá tic a ,
p r e o c u p a -s e ag o ra ap en as co m as coisas m o d e rn a s e ú teis,
co m os navios de carga, co m os p a q u e te s e os passageiros,
77° co m as fo rte s coisas im e d ia tas, m o d e rn a s , co m erciais,
[v erd ad eiras.
A b ra n d a o seu g iro d e n tro de m im o v o la n te.

M aravilhosa vida m a rítim a m o d e rn a ,


to d a lim p ez a, m á q u in a s e saúde!
T u d o tã o b e m a rra n ja d o , tã o e s p o n ta n e a m e n te aju stad o ,
775 to d a s as peças das m á q u in a s, to d o s os navios p elo s m ares,
to d o s os e le m e n to s da actividade co m ercia l d e ex p o rta çã o e
[im p o rta ç ã o
tão m a ra v ilh o sa m e n te c o m b in a n d o -s e
q u e c o rre tu d o co m o se fosse p o r leis n a tu ra is,
n e n h u m a coisa e s b a rra n d o co m outra!

780 N a d a p e r d e u a p o esia. E ag o ra h á a m ais as m á q u in a s


co m a sua p o esia ta m b é m , e to d o o nov o g é n e ro d e vida
co m ercia l, m u n d a n a , in te le c tu a l, se n tim e n ta l,
q u e a e ra das m á q u in a s veio tra z e r p a ra as alm as.
As viagens ag o ra são tã o belas co m o e ra m d an tes
785 e u m navio será se m p re b e lo , só p o r q u e é u m n av io .
V iajar a in d a é viajar e o lo n g e está se m p re o n d e esteve —
em p a r te n e n h u m a , graças a D eus!

O s p o r to s cheios de v ap o res d e m u itas espécies!

POESÍA 111
¡He aquí o tra v ez el m u n d o real, ta n bondadoso p a ra con los
[nervios!
H elo a esta h o ra m a tu tin a en la que v a n e n tra n d o poco a poco
[los barcos que llegan tem p ran o .

765 Ya n o m e im p o rta el paquebote que arribab a. T odavía está lejos.


Sólo lo que está cerca a h o ra m e lava el alm a.
M as m i im aginación, fu erte, práctica, higiénica,
casi y a n o se ocupa sino de n u estras cosas m o d ern as y útiles,
de los cargueros, paquebotes y pasajeros,
770 fuertes cosas in m ediatas y m odern as, v erd ad eras, com erciales.
E l vo lan te am in o ra y a su giro, ad e n tro de m í.

¡M aravillosa v id a m a rítim a m o d ern a,


to d a lim pieza, y salud y m áquinas!
¡Todo ta n bien dispuesto, espontáneam en te ajustado,
775 todos los com ponentes de las m áquinas, todos los navios de los
[m ares,
todos los elem entos de la actividad com ercial de ex p o rtació n e
[im p o rtació n
com binándose ta n m aravillosam ente
que todo se pro d u ce com o si fu era p o r leyes n atu rales,
n in g u n a cosa chocando con la otra!

780 Pero n a d a p erdió la poesía. Y a h o ra adem ás están las m áquinas,


su poesía tam bién, y todo el n uevo g énero de v id a
com ercial y m u n d a n a , in telectu al, sentim en tal,
que la era de las m áquinas vin o a tr a e r a las alm as.
Pues los viajes ah o ra son ta n bellos com o antes lo eran
785 y u n navio siem pre será bello, sólo p o r ser navio.
Viajar es a ú n viajar, com o la lejanía a ú n está d o nde siem pre
- ¡ e n n in g u n a p arte , dem os gracias a D io s!-.

¡Los p u erto s llenos de vapores de ta n tas especies!

217 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


P equenos, grandes, de várias cores, com várias disposições de
[vigias,
790 de tã o d e lic io sa m e n te ta n ta s co m p a n h ia s d e navegação!
V apores n o s p o rto s , tã o in d iv id u a is n a sep aração destacada
[dos an c o ram erito s!
T ã o p ra z e n te iro o seu g arb o q u ie to de coisas co m ercia is q u e
[a n d a m n o m a r,
n o velh o m a r se m p re o h o m é ric o , ó Ulisses!
O o lh a r h u m a n itá rio dos faró is n a d istân c ia d a n o ite ,
795 o u o sú b ito fa ro l p ró x im o n a n o ite m u ito escu ra
( « q u e p e r to da te r r a q u e estávam os p a s sa n d o !» e o so m da
[água c a n ta -n o s ao o u v id o !)...

T u d o isto h o je é co m o se m p re fo i, m as h á o co m ércio ;
e o d e s tin o c o m ercia l dos g ran d e s v apores
e n v a id e c e -m e d a m in h a época!
800 A m is tu ra de g en te a b o r d o dos navios d e passageiros
d á -m e o o rg u lh o m o d e rn o de viver n u m a época o n d e é tão fácil
m is tu ra re m -s e as raças, tr a n s p o r e m -s e os espaços, v er co m
[facilid ad e to d a s as coisas,
e go zar a v ida re a liz a n d o u m g ra n d e n ú m e ro d e so n h o s.

L im p o s, regulares, m o d e rn o s co m o u m e s c ritó rio co m guichets


[em red e s d e ara m e am arelo ,
8o5 m eus se n tim e n to s agora, n a tu ra is e co m ed id o s co m o g en tlem en ,
são p rá tic o s, lo n g e de d esv airam en to s, e n c h e m d e a r m a rítim o
[os p u lm õ e s,
co m o g e n te p e rfe ita m e n te c o n sc ie n te d e co m o é h ig ié n ic o
[re s p ira r o a r d o m a r.

O d ia é p e rfe ita m e n te já de h o ra s d e tra b a lh o .


C o m e ç a tu d o a m o v im e n ta r-se , a re g u la riz a r-se .

218 POESIA III


¡Los pequeños, los grandes, de colores, con variada disposición
[de las vigías!
790 ¡Deliciosos, de tantas com pañías navieras!
¡Vapores en los p uertos, ta n individualizad o s en la separación
[de sus fondeaderos!
¡Tan placen tero ese su quieto g arbo de cosas com erciales que
[van p o r el m ar,
viejo m a r siem pre hom érico, oh Ulises!
¡La h u m a n ita ria m ira d a de los faros, ahí, en la d istancia de la
795 del súbito faro p ró x im o e n tre la noche oscura. [noche,
(« ¡Q u é cercanos a tie rra estábam os pasando!» Y el sonido
[del agua que nos ca n ta al oíd o )!...

H oy todo esto es tal com o siem pre fue, pero adem ás está el
[com ercio;
¡el destino com ercial de los grandes vapores
m e hace estar orgulloso de m i época!
800 L a m ezcla de gente a bordo que viaja en los navios de pasajeros
m e d a el m o d e rn o orgullo de v iv ir u n a época en la cual es ta n
[fácil
que se m ezclen las razas, y que se trasp o n g an los espacios, y
[que se p erciba fácilm ente la to ta lid a d de las cosas,
que se goce la v id a rea liza n d o g ra n n ú m e ro de sueños.

L im pios, regulares y m odernos, igual que u n a oficina con


[guichets enrejados con alam b re am arillo,
805 m is sentim ientos, ah o ra n atu ra les, com edidos, d&gentlemen,
son prácticos, n o p adecen desvarios, y llen an de aire m a rin o
[los pulm ones,
com o gente consciente de lo higiénico que es el re sp ira r aire
[del m ar.

E l día consiste ya, p erfectam ente, en h oras de trabajo,


y todo em pieza a reg u la riza rse y a m overse.

219 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


8io C o m u m g ra n d e p ra z e r n a tu ra l e d ire c to p e r c o r r o co m a alm a
to d a s as o p era çõ es co m ercia is necessárias a u m e m b a rq u e de
[m e rc a d o ria s.
A m in h a ép o ca é o c a rim b o q u e levam to d a s as factu ras,
e sin to q u e to d a s as cartas d e to d o s os e sc ritó rio s
deviam ser e n d e reça d as a m im .

815 U m c o n h e c im e n to de b o r d o te m ta n ta in d iv id u a lid a d e ,
e u m a a ssin a tu ra de c o m a n d a n te de navio é tão b e la e m o d e rn a !
R ig o r c o m ercia l d o p r in c íp io e d o fim das cartas:
Dear Sirs —Messieurs — A m igos e S n rs,
jours faithfully — ... nos salutations empressées...
820 T u d o isto é n ã o só h u m a n o e lim p o , m as ta m b é n b elo ,
e te m ao fim u m d estin o m a rítim o , u m v ap o r o n d e e m b a rq u e m
as m e rc a d o ria s de q u e as cartas e as factu ras tra ta m .

C o m p le x id a d e da vida! As fac tu ra s são feitas p o r g en te


q u e te m am o re s, ó d io s, paixões p o lítica s, às vezes crim es —
825 e são tã o b e m escritas, tã o alin h ad a s, tão in d e p e n d e n te s d e tu d o
[isso!
H á q u e m o lh e p a ra u m a fa c tu ra e n ã o sin ta isto .
C o m certeza q u e tu , C e sário V erd e, o sen tias.
E u é até às lag rim as q u e o sin to h u m a n íssim a m e n te .
V enham d iz er-m e que n ão h á poesia n o com ércio, n o s escritórios!
830 O ra , ela e n tra p o r to d o s os p o r o s ... N este a r m a rítim o re sp iro -a ,
p o r q u e tu d o isto vem a p r o p ó s ito d os v ap o res, d a navegação
[m o d e rn a ,
p o r q u e as factu ras e as cartas co m erciais são o p r in c íp io da
[h istó ria
e os navios q u e levam as m ercadorias p elo m a r e te rn o são o fim .

A h , e as viagens, as viagens d e re c re io , e as o u tra s,

220 POESÍA III


810 Y con u n g ra n placer, n a tu ra l y directo, rec o rro co n el a lm a
todas las operaciones com erciales necesarias p a ra e m b arca r las
[m ercancías.
M i época es el sello que va im preso en todas las facturas,
y siento que todas las cartas de todas las oficinas
deberían de ir rem itid as a m í.

815 ¡Un en c u en tro a bordo es ta n individual,


y u n a firm a de co m an d an te de navio es ta n bella y m o d e rn a !...
R igor com ercial del principio y el final de las cartas:
Dear Sirs -M e ssie u rs- A m igos y Srs.,
yours faithfully—. ..n o s salutations empressées...
820 Todo esto no es sólo h u m a n o y lim pio, sino que es tam bién bello,
y al final posee u n destino m a rítim o , u n v ap o r donde em barcan
las m ercancías de las que esas cartas y esas factu ras tra ta n .

¡Com plejidad de la vida! ¡Las facturas están hechas p o r gente


que tiene am ores, odios o pasiones políticas, crím en es a veces,
825 y sin em bargo están ta n bien escritas, ta n ind ep en d ien tes y
[alineadas!
H ay q uien m ira u n a fa c tu ra sin sentirlo.
Pero tú, con certeza tú, Cesário Verde, lo sentías.
Yo lo siento a h o ra h asta las lágrim as, h u m a n ísim am e n te.
¡Y que m e v engan con que n o h a y poesía en el com ercio y en
[las oficinas!
830 Pero si es que ahí entra por todos los poros... En este aire marino
[la respiro,
dado que todo esto viene justo a propósito de los nuevos vapores,
[la navegación m o d ern a.
Las facturas y las cartas com erciales son sin d u d a el prin cip io
[de la historia,
y los navios que llevan las m ercancías p o r el m a r etern o son y a
[su final.
¡Ah, y los viajes, los viajes, de recreo y los otros,

221 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


®35 as viagens p o r m a r, o n d e to d o s som os c o m p a n h e iro s dos o u tro s
d u m a m a n e ira especial, co m o se u m m is té rio m a rítim o
n o s ap ro x im asse as alm as e n o s to rn a sse u m m o m e n to
p a trio ta s tr a n s ito rio s d u m a m e sm a p á tria in c e rta , ,
e te rn a m e n te d e s lo c a n d o -s e so b re a im e n sid a d e das águas!
840 G ra n d e s h o té is d o I n fin ito , ó tra n sa tlâ n tic o s m eus!
C o m o co sm o p o litism o p e rfe ito e to ta l d e n u n c a p a ra re m n u m
[p o n to
e c o n te re m to d a s as espécies de trajes, d e caras, d e raças!

As viagens, os viajantes —ta n tas espécies deles!


T an ta n a c io n a lid a d e so b re o m u n d o ! ta n ta p ro fissão ! ta n ta
[gente!
845 T a n to d e s tin o diverso q u e se p o d e d a r à vida,
à vida, afin a l, n o fu n d o se m p re , se m p re a m esm a!
T antas caras curiosas! T odas as caras são cu rio sas
e n a d a traz ta n ta relig io sid a d e co m o o lh a r m u ito p a ra g en te.
A f ra te rn id a d e afin a l n ã o é u m a id e ia re v o lu c io n á ria .
850 E u m a coisa q u e a g e n te a p re n d e p ela vida fo ra , o n d e te m q u e
[to le ra r tu d o ,
e passa a a c h a r graça ao q u e te m q u e to le ra r,
e acaba quase a c h o ra r de te r n u r a so b re o q u e to le ro u !

A h , tu d o isto é b e lo , tu d o isto é h u m a n o e a n d a ligado


aos s e n tim e n to s h u m a n o s, tã o conviventes e b u rg u eses,
855 tão co m p lic a d a m e n te sim ples, tã o m e tafisica m en te tristes!
A v id a flu tu a n te , diversa, acaba p o r n o s e d u c a r n o h u m a n o .
P o b re gente! P o b re g e n te to d a a gente!

D e sp e ç o -m e desta h o r a n o c o rp o deste o u tr o navio


q u e vai ag o ra sa in d o . È u m tra m p -s te a m e r inglês,
860 m u ito su jo , co m o se fosse u m navio fran cês,
co m u m a r sim p ático d e p r o le tá r io dos m ares,

POESÍA III
835 viajes p o r m ar, donde todos som os com pañeros
de m a n e ra especial, cual si u n m isterio m a rítim o
a p ro x im a ra n u estras alm as y nos h iciera ser, p o r u n m o m en to ,
tran sito rio s p atrio tas de alg u n a p a tria in c ierta
desplazándose etern a en la in m e n sid a d de las aguas!
84-0 ¡G randes hoteles del In fin ito , transatlán tico s míos!
¡Con el cosm opolitism o to ta l y perfecto de n u n c a detenerse
y co n ten e r en sí to d a especie de traje, de ro stro , de raza!

¡Ah viajes y viajeros de ta n tas especies!


¡Tantas nacionalidades sobre el m undo! ¡tan ta profesión! ¡y
[ta n ta gente!
845 ¡Tanto destino diverso que puede darse a la vida,
a la vida, que es siem pre la m ism a en el fondo!
¡Tantas caras curiosas! Pero todas lo son,
n ad a ta n religioso com o v e r a la gente.
L a fra te rn id a d después de todo no es u n a idea rev o lu cio n aria.
850 ¡Cosa que se aprende d u ra n te la vida, donde todo h a y que
[to lerarlo ,
y hasta se em pieza a h allar gracioso eso m ism o que h a de tolerarse,
y al fin se acaba llo ran d o casi de te rn u ra sobre sobre aquello que
[se toleró!

¡Ah, que todo esto es bello, que todo esto es h u m a n o , y que va


[unido
a los sentim ientos h u m an o s, ta n convencionales y burgueses,
855 com plejam ente sencillos, m etafísicam ente tristes!
L a vida, flu ctu an te y ta n diversa, acaba p o r ed u carn o s en lo
¡Pobre, p obre gente la to ta lid a d de la gente! [h u m an o .

M e despido de esta h o ra sobre el cuerpo de ese o tro navio


que v a a h o ra saliendo. U n tramp-steamer inglés,
860 ta n sucio com o si fu e ra u n navio francés,
con u n aire sim pático de p ro letario del m ar,

223 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


e sem d ú vida a n u n c ia d o o n te m n a ú ltim a p ág in a das gazetas.

E n te rn e c e -m e o p o b re v ap o r, tão h u m ild e vai ele e tão n a tu ra l.


Parece te r u m certo escrúpulo n ão sei em quê, ser pessoa ho n esta,
865 c u m p rid o ra d u m a q u a lq u e r espécie de deveres.
Lá vai ele d eix an d o o lu g a r d e fr o n te d o cais o n d e estou.
Lá vai ele tra n q u ila m e n te , p assan d o p o r o n d e as n au s estiveram
o u tr o ra , o u tr o r a ...
P ara C a rd iff? P ara L iv e rp o o l? P ara L o n d re s ? N ao te m
[im p o rtâ n c ia .
870 E le faz o seu dever. A ssim façam os n ó s o n o sso . B ela vida!
B oa viagem ! B oa viagem!
B oa viagem , m e u p o b r e am igo casual, q u e m e fizeste o favor
de levar co n tig o a fe b re e a triste za dos m e u s so n h o s,
e r e s titu ir - m e à vida p a ra o lh a r p a ra ti e te v er passar.
875 B oa viagem ! B oa viagem ! A v id a é isto ...
Q u e a p ru m o tão n a tu ra l, tão in e v itav elm en te m a tu tin o
n a tu a saída d o p o r to de L isboa, hoje!
T e n h o - te u m a afeição c u rio sa e g rata p o r isso ...
P o r isso q u ê ? Sei lá o q u e é !... V ai... Passa...
88o C o m u m lig e iro e s tre m e c im e n to ,
( t - t - - t ---- 1 ------- 1 -------- 1 ...)
o v o la n te d e n tro de m im p á ra .

Passa, le n to v ap o r, passa e n ã o fiq u e s...


Passa de m im , passa da m in h a vista,
885 v a i-te de d e n tr o d o m e u coração,
p e r d e - te n o L o n g e, n o L o n g e, b r u m a d e D eus,
p e r d e - te , segue o te u d e s tin o e d e ix a -m e ...
E u q u e m so u p a ra q u e c h o re e in te r ro g u e ?
E u q u e m so u p a ra q u e te fale e te am e?
890 E u q u e m so u p a ra q u e m e p e r tu r b e v e r - te ?
L arga d o cais, cresce o sol, e rg u e -se o u ro ,

224 POESÍA III


que ayer seria anunciado en la ú ltim a página que d an las gacetas.

¡Como m e enternece ese p obre v a p o r que v a ta n h u m ild e y ta n


[n atu ral.
Parece te n e r escrúpulo de algo, ser p ersona honesta,
865 cum p lid o ra de alg u n a clase de deberes.
Ahí va a h o ra d ejando su lu g a r fre n te a ese m uelle d onde estoy.
Ahí va, ta n tran q u ilo , p o r ah í va, pasando p o r d onde las naos
o tro ra ... [estuvieron
¿Hacia Cardiff? ¿A Liverpool? ¿A Londres? N o tiene im portancia.
870 Cum ple con su deber. C um plam os pues nosotros con el n u estro .
[¡Allá va! ¡Bella vida!
¡Y buen viaje! ¡Buen viaje!
B uen viaje, pobre am igo casual, que m e favoreciste
al llevarte contigo esa triste fiebre de m is sueños,
restitu irm e a la v id a sólo p a ra m ira rte , p a ra v erte pasar.
875 ¡Buen viaje! ¡Buen viaje! Pues la v id a es esto...
¡Qué n a tu ra l aplom o, in evitablem ente m atu tin o ,
tu salida h o y del p u e rto de Lisboa!
Yo te tengo u n afecto curioso y g rato p o r eso...
Pero, ¿por qué eso? ¡Qué sé yo!... Vete, m á rc h ate ... Pasa...
880 Y, con u n ligero estrem ecim iento,
( t - t —t — t -----1--------1...)
el v olante se p a ra en m i in terio r.

Pasa, lento vapor, no, no te quedes...


Pasa de m í, pasa de m i vista.
885 Vete de d en tro de m i corazón,
p ara p erd erte en la L ejanía, lejos, b ru m a de Dios,
piérdete, sigue tu destino y déjam e...
¿Q uién soy yo p a ra llo ra r e in te rro g a r?
¿Q uien soy yo p ara h ab larte y p a ra am arte?
890 ¿Q uién soy yo p a ra que v erte m e p erturbe?
Z a rp a del m uelle, crece el sol, se y ergue el oro.

225 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


lu z e m os te lh a d o s d os ed ifício s d o cais,
to d o o la d o de cá da cid ad e b r ilh a ...
P a rte , d e ix a -m e , to r n a - te
p r im e ir o o navio a m e io d o r io , destacad o e n ítid o ,
d ep o is o navio a c a m in h o da b a rra , p e q u e n o e p re to ,
d e p o is p o n to vago n o h o r iz o n te (ó m in h a an g ú stia !),
p o n to cada vez m ais vago n o h o r iz o n te ...,
n a d a d ep o is, e só eu e a m in h a tristeza,
e a g ra n d e cid ad e ag o ra ch e ia de sol
e a h o r a re a l e n u a co m o u m cais já sem navios,
e o g iro le n to d o g u in d a ste q u e co m o u m co m p asso q u e gira,
tra ç a u m se m ic írc u lo de n ã o sei q u e em o ção
n o silen c io co m o v id o da m in h ’a lm a ...

POESÍA III
L u cen los tejados de los edificios del m uelle,
b rilla todo este lado en la c iu d a d ...
P arte, déjam e, v uélvete
895 al principio navio en m ita d del río, destacado y n ítid o ,
y después navio que v a h acia la b arra, m ás p equeño y negro,
y después vago p u n to en el h o riz o n te (¡o h , an g u stia m ía!),
p u n to que se hace cada vez m ás vago en el h o riz o n te ...,
y después y a n ada, sólo yo y m i tristeza,
90 0 y la g ra n ciu d ad llena de sol
y la h o ra real y ta n desn u d a com o u n m uelle sin barcos,
y el giro len to de la g rú a que com o u n com pás g ira
p a ra así ir tra z a n d o u n sem icírculo de n o sé qué em oción
en el tu rb a d o silencio de m i alm a...

227 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A Fe r n a n d o P esso a

D e p o is d e l e r o s e u d r a m a e s t á t i c o
«O M A R IN H E IR O » EM « O r P H E U I»

D e p o is de doze m in u to s
d o seu d ra m a 0 Marinheiro,
e m q u e os m ais ágeis e astu to s
se se n te m co m so n o e b ru to s,
5 e de s e n tid o n e m c h e iro ,
diz u m a das v eladoras
co m la n g o ro sa m agia:

De eterno e belo há apenas o sonho. Porque estamos nósfalando ainda ?

O r a isso m e sm o é q u e e u ia
io p e r g u n ta r a essas se n h o ra s ...

228 poesía iii


A F e r n a n d o P esso a

D espués de leer su drama estático


« E l m arinero » e n « O rpheu I»

D espués de doce m in u to s
de su d ra m a E l M a r in e r o ,
en el que ágiles y astutos
se sienten con sueño y b rutos,
5 y de sentido n i olerlo,
urna de las veladoras
con dulce m agia decía:

E te r n o y bello so la m en te e l su eñ o. ¿ P o r cjue esta m o s h a b la n d o to d a v ía ?

Y eso m ism o es lo que iba


10 a d ecir yo a las seño ras...

229 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


M a n if ie s t o d e Á lv aro d e C a m p o s

O r a p o rra !
N e m o r e i ch eg o u , n e m o A fo n so C o sta m o r r e u q u a n d o caiu
[d o c a rro abaixo!
E fic o u tu d o n a m esm a, te n d o a m ais só os alem ães a m e n o s ...
E p a ra isto se f u n d o u P ortugal!

23O POESÍA III


/
M a n if ie s t o d e A lvaro d e C a m po s

¡Pues vaya!,
¡ni el re y llegó, n i Afonso Costa m u rió cu ando se cayó del coche!
Y así todo siguió igual, tenien d o sólo de m ás los alem anes de
[m enos...
¡Y p a ra esto h ay P ortugal!...

231 LOS POEMAS DE ALVARO OE CAMPOS 1


A rre , q u e ta n to é m u ito p o u co !
A rre , q u e ta n ta b esta é m u ito p o u c a gente!
A rre , q u e o P o rtu g a l q u e se vê é só isto!
D eix em v er o P o rtu g a l q u e n ã o deixam ver!
5 D eix em q u e se veja, q u e esse é q u e é P o rtu g al!
P o n to .

A g o ra com eça o M an ifesto :


A rre!
A rre!
io O iç a m b e m :
ARRRRRE!

232 POESÍA 111


¡Arre, que ta n to es m u y poco!
¡Arre, que ta n ta bestia es poca gente!
¡Arre, que el P o rtu g al que se ve sólo es esto!
¡Dejen v e r el P ortu g al que n o nos dejan ver!
5 ¡Dejen y a que se vea, que ése sí que es P o rtugal,
y punto!

Y a h o ra com ienza el M anifiesto:


¡Arre!
¡Arre!
10 ¡Ó iganm e bien:
¡ARRRRRE!

233 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O r a p o rra !
E n tã o a im p re n sa p o rtu g u e sa é
q u e é a im p re n s a p o rtu g u e sa ?
E n tã o é esta m e rd a q u e tem o s
5 q u e b e b e r co m os o lh o s?
F ilh o s da puta! N ã o , q u e n e m
h á p u ta q u e os p arisse.

234 POESÍA III


¡Vaya!
E ntonces, la p ren sa po rtu g u esa
¿no es sino la p ren sa portuguesa?
¿Así que es esta m ie rd a lo que entonces
5 tenem os que bebem os con los ojos?
¡Hijos de puta! N o , que n i siquiera
h a b rá p u ta que a éstos los p ariera.

235 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O d e m a r c ia l

[A Raul Leal]

C la rin s n a n o ite ,
c la rin s n a n o ite ,
c la rin s su b ita m e n te d istin to s n a n o ite ...

(E de cavalgada, de cavalgada, de cavalgada o ru íd o lo n g ín q u o ? )

O q u e é q u e estrem ece de diverso p ela erva e nas alm as?


O q u e é q u e se vai a lte ra r e j á lá lo n g e se alte ra —
n a d istân c ia, n o f u tu ro , n a an g ú stia —n ã o se sabe o n d e — ?

C la rin s n a n o ite ,
c la rin s... n a n o ite ,
IO
c l a r i - i - i - i - i n s ........

E de cavalgada,
é de cavalgada, de cavalgada,
é de cavalgada, de cavalgada, de cavalgada
o r u íd o , r u íd o , r u íd o ag o ra j á n ítid o .

15 V ejo -as n o coração e n o h o r r o r q u e h á em m im :


v alq u írias, bru x as, am azonas d o a s so m b ro ...
São u m a g ra n d e so m b ra —c o n ju n to d e so m b ras pegadas q u e
[m exe n a n o ite .
V ê m e m cavalgada, e a te r r a estrem ece d u as vezes,
e o coração co m o a te r r a estrem ece d u as vezes ta m b é m .

236 . POESÍA III


O da m a r c ia l

[A R a ú l L e a l]

C larines en la noche,
clarines en la noche,
clarines súbitam ente distintos en la noch e...

Q E s de cabalgada, de cabalgada, de cabalgada el rem o to ruido?)

5 Pero ¿qué se estrem ece de diverso p o r la h ierb a, en las almas?


¿Qué es lo que v a a alterarse que a lo lejos se altera
en la distancia, en la angustia, en el fu tu ro , - n o se sabe d ó n d e?-.

C larines en la noche...
en la noche,
10 c la ri-i-i-i-in e s .....

Es de cabalgada,
es de cabalgada, de cabalgada,
es de cabalgada, de cabalgada, de cabalgada
el ru id o , el ru id o , ru id o ah o ra y a nítido.

15 Y yo las veo en el co ra zó n y en el h o r ro r que siento en m í:


w alq u irias, brujas, am azonas del asom b ro ...
Son u n a g ra n som bra —u n co n ju n to de som bras p ersistentes
[que se m ueve en la n o c h e -.
V ienen en cabalgada, y la tie rra se estrem ece dos veces,
y el co razó n , com o la tie rra , se estrem ece dos veces tam bién.

237 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


2° V ê m d o fu n d o d o m u n d o ,
vêm d o ab ism o das coisas,
vêm de o n d e p a r te m as leis q u e g o v ern a m t u d o ;
vêm d e o n d e a in ju s tiç a d e rra m a -s e so b re os seres,
vêm de o n d e se vê q u e é in ú til a m a r e q u e re r,
25 e só a g u e rra e o m al são o d e n tr o e fo ra d o m u n d o .

H e la - h ô - h ô ô ô ... h e la h ô - h ô ô ô ô ô .........

R u íd o lo n g ín q u o e p ró x im o n ã o sei p o r q u ê
da g u e rra e u r o p e ia ... R u íd o d e u n iv e rso d e c a tá stro fe ...
q u e vai m o r r e r p a ra além de d o n d e ouv im o s e v em o s?
3° E m q u e f ro n te ira s d e u a m o r te ren d e z -v o u s
ao d e s tin o das n açõ es?

O A g u ia Im p e ria l, cairás?
R o ja r -te - á s , n e g ra a m o rfa coisa em sangue,
p e la te rr a , o n d e sob o te u cair
35 ain d a tens m arcado o sinal das tuas garras p ara antes fo rm a r o voo
q u e deste so b re a E u ro p a c o n fu sa ?

C airás, ó m a tu tin o galo francês,


se m p re sa u d a n d o a a u r o r a ? Q u e am os saúdas agora,
q u e sol d e sangue n o azul p á lid o d o h o r iz o n te m a tu tin o ?
4° P o r q u e atalh o s de so m b ra q u e c a m in h o buscas,
q u e c a m in h o p a ra o n d e ?
O civilizações ch e g an d o à e n c ru z ilh a d a n o c tu r n a

238 POESÍA ill


20 V ienen del fondo del m u n d o ,
vien en del abism o de las cosas,
vien en de donde p a rte n las leyes que g o b iern an todo;
vien en de donde se v ierte la in justicia encim a de los seres,
vien en de donde vem os que es in ú til a m a r y q u erer,
25 y sólo m a l y g u e rra son el d e n tro y el afu era del m u n d o .

t t 1 1 A 1 A A A 1 1 1 A 1 A A A A A \
H ela -h o -h o o o ... h elah o -h o o o o o ....... \

R uido rem o to y p ró x im o , que no sé a qué se debe,


de la g u e rra europea... R uido de u niverso de catástro fe...
¿Qué v a a m o rir m ás allá de donde oím os y vem os?
30 ¿En qué fro n te ras dio la m u e rte rendez-vous
al destino que tie n en las naciones?

O h A guila Im perial, ¿te caerás?


¿Te a rra stra rá s, negra, am o rfa cosa en sangre,
p o r la tie rra , donde bajo tu caer
35 a ú n quedó m a rc ad a la señal de tus g arras p a ra antes de in iciar el
que diste p laneando sobre E u ro p a confusa? [vuelo

¿Te caerás, o h gallo m a tu tin o francés,


saludando siem pre hacia la aurora? ¿Qué amos vas ah o ra s a lu d a r ,
y a qué sol de sangre en el a z u l pálido del lejano h o riz o n te
[m atu tin o ?
+0 ¿Por qué atajos de som bra qué cam ino buscas,
qué cam ino a dónde?
¡O h civilizaciones alcanzando la encru cijad a n o c tu rn a

239 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


d o n d e tir a ra m o p o n to - d e - a p o io
e d o n d e p a r te m c a m in h o s curvos n ã o sei p a ra o n d e ,
45 e n ã o h á lu a r so b re as in d e c is õ e s ...

D eu s seja c o n n o s c o ...
C h o r a n a n o ite a S e n h o ra de M isericó rd ia ,
to r c e n d o as m ãos, de m o d o a o u v ir-s e q u e elas se to rc e m
n o silên c io p r o fu n d o .

5° D eu s seja co n n o sc o n o céu e n a te rra ,


ó D eu sa T u te la r d o F u tu ro , ó P o n te
so b re os ab ism o s d o q u e n ã o sabem os q u e seja...
D eu s seja c o n n o sc o , e n ã o esqueçam os n u n c a
q u e o m a r é e te rn o e afin a l de tu d o tra n q u ilo
55 e a te r r a g ra n d e e m ãe e te m a sua b o n d a d e
p o r q u e se m p re p o d e m o s n e la re c o sta r a cabeça cansada
e d o r m ir en c o stad o s a q u a lq u e r coisa.

C la rin s n a n o ite , d e s m a ia n d o ... O M istério


q u e se está f o rm a n d o lá fo ra , n a E u ro p a , n o I m p é r io ...
6o T ro p e l v ário de raças in im ig as q u e se ch o c am
m ais p ro fu n d a m e n te d o q u e seus exércitos e suas esq u ad ras,
m ais re a lm e n te do q u e h o m e m c o n tra h o m e m e n ação c o n tra
[n aç ão ...

C la rin s de h o r r o r tré m u lo e f rio n a n o ite p r o f u n d a ...


E o q u ê ? ... T am b o re s p a ra além d o m is té rio d o m u n d o ?
65 T am bores de q u ê ... d o rm is deitados, dob res m in ú scu lo s sobre q u ê?
Passa n a n o ite u m só passo s o tu r n o d u m ex ército e n o r m e ...
C la rin s su b ita m e n te m ais p e r to n a N o ite ...
O H o m e n de m ãos atadas e levado e n tre se n tin e las
p a ra o n d e , p o r q u e c a m in h o , p a ra ao p é d e q u e m ?
7° P ara ao p é de q u e m , clarin s a n u n c ia d o re s d e q u ê ?
(T ítir o , a to c a r flau ta e os cam pos de Itália sob C é sar A u g u sto ).
A h , p o r q u e se a rm a m de lágrim as ab su rd as os o lh o s

24O POESÍA III


de la cual h a n quitado el p u n to de apoyo
y de donde p a rte n , yo n o sé hacia dónde, los cu rv o s cam inos
45 y no h a y lu n a que aclare las indecisiones...

¡Dios esté con nosotros!...,


que en la noche llo ra la S eñora de la M isericordia,
reto rcien d o las m anos de m a n e ra que se oye cóm o las retu e rc e
en el h o n d o silencio.

50 ¡Dios esté con n osotros en el cielo y la tie rra ,


o h T u te la r D iosa del F u tu ro , o h Puente
sobre el abism o de eso de lo que n o sabem os lo que es!...
¡Dios esté con nosotros!, y n o olvidem os n u n c a
que el m a r etern o es, al fin, tran q u ilo
55 n i que la tie rra es g rande y, siendo m ad re, tiene su b o n d ad
po rq u e siem pre podem os reco star en ella la cabeza cansada
y d o rm ir apoyados c o n tra algo.

¡Clarines en la noche que v an desvaneciéndose!... ¡O h M isterio


form ándose ah í afuera, en E u ro p a , el Im p erio !...
60 ¡Vario tro p el de razas enem igas que chocan
m ás p ro fu n d a m en te que sus ejércitos y que sus escuadras,
aú n m ás realm ente que h o m b re a hom b re, nación c o n tra n ac ió n ...

H ay clarines de h o r ro r tré m u lo y frío en la no ch e p ro fu n d a ...


Pero, ¿y qué m ás?... ¿Tambores m ás allá del m isterio del m undo?
65 ¿Tambores, sí, de qu é... do rm ís tum bad o s, m in ú scu lo s redobles
[sobre qué?
Pasa en la noche u n solo paso lú g u b re de u n ejército en o rm e ...
P asan clarines súbitos y a m ás cerca en la N o c h e ... "
¡H om bre de m anos atadas, conducido e n tre centinelas!,
¿a dónde, p o r qué cam ino, ju n to a quién?
70 ¿Sí, ju n to a quién, clarines, an u n c ia n d o qué cosa?
(T Ítiro, tocando la flauta y los campos de Italia bajo César Augusto).
¿Por qué se a rm a n de lágrim as absurdas los ojos

241 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


e q u e d o r é esta, d o an tig o e d o ac tu al e d o f u tu ro ,
q u e d ó i n a alm a co m o u m a sensação de ex ílio ?
75 ( T ítir o a to c a r flau ta em Éclogas lo n g ín q u a s ...
V irg ílio a a d u la r o C é sar q u e v en ceu ,
perpopulum datjuri)... U m povo em g u e rra .
O m in h a alm a in tr a n q u ila ... O silên cio s q u e as p o n te s
sob as fortalezas a n tiq u issim a m e n te te ria m ,
8o sabeis e vedes q u e a te r r a tre m e sob os passos d o s exércitos,
fluxo e te r n o e d iv in o das o n d a s sob os c ru z ad o res e os
[to rp e d e iro s ...

O o m a io r h o r r o r de te re m cessado os clarin s,
q u e sons in d e ciso s n o s traz o q u e su b stitu i o v en to
n e sta p r o f u n d a p alid ez dos q u e m a ta ra m ?
85 Q u e m é q u e v em ? O q u e se vai d a r?
Q u e m com eça a so lu ç ar n a calm a n o ite in tra n q u ila ,
m e u ir m ã o ? A ir m ã de q u e m ? O an o s d e in fâ n c ia
em q u e e u olhava da ja n e la os so ld ad o s evia os u n ifo rm e s
e a san g ren ta e carn al realidade das coisas n ã o existia p ara m im !...

9° C h o q u e de cavaleiros o n d e ?
A rtilh a ria , o n d e , o n d e , o n d e ?
O d o r da in d e cisão co m agitações inexplicáveis à su p e rfíc ie d e
[águas estag n ad as...
O m u r m ú r io in c o m p re e n sív e l da m o r te co m o q u e v en to nas
[fo lh a g en s...
O p av o r ce rto de u m a re a lid a d e d ese n h a d a p elo s espelhos
[in d e c iso s... 95

95 (L ágrim as n as tu as m ãos
e p lá c id o o te u o lh a r ...
E tu , a m o r, és u m a re a lid a d e ta m b é m ...
A h , n ã o se r tu d o sen ão u m q u a d ro , u m q u a d ro q u a lq u e r...
E q u e m sabe se tu d o n ã o será u m q u a d ro e a d o r e a aleg ria

242 POESÍA III


y qué d o lo r es éste, de lo antiguo, de lo actu al, del fu tu ro ,
que nos duele en el alm a con sensación de exilio?
75 T ítiro tocando la flau ta en Églogas re m o ta s...
V irgilio ad u lan d o al César que venció,
p e r p o p u lu m d a t ju r i ... U n pueblo en g uerra.
¡O h alm a m ía in tra n q u ila !... ¡O h vosotros, silencios, que los
bajo las fortalezas hace ta n to tendrían!, [puentes
80 sabéis y veis que la tie rra tiem b la bajo los pasos de los ejércitos,
flujo etern o y divino de las olas bajo los to rp ed ero s y cru cero s...

¡Oh, el h o rro r a ú n m ás g rande de que hay an cesado los clarines!,


¿qué indecisos sonidos tra e a h o ra ese cam b iar del v ien to
en la h o n d a palidez de los que m ueren?
85 ¿Q uién viene? ¿Qué va a darse?
¿Q uién em pieza ah o ra a sollozar en la noche calm a e in tran q u ila,
será m i h erm an o ?, ¿o ella es la h e rm a n a de quién? ¡O h años de
[infancia
en los que yo m ira b a desde la v en tan a a los soldados p o r el gusto
[de v e r sus u n ifo rm es,
y la carnal, san g rien ta rea lid ad de las cosas n o te n ía existencia
[p a ra m í!...

90 ¿C ontienda de caballeros dónde?


¿A rtillería, dónde, dónde, dónde?
¡O h d o lo r de la indecisión con agitación inexplicable en la
[superficie de aguas estancadas!...
¡R um or incom prensible de la m u e rte cual v ien to en el follaje!...
¡O h p avor cierto de u n a rea lid ad tra z a d a p o r espejos indecisos...95

95 (L á g rim as en tu s m anos,
plácido tu m ir a r...
Pero tú , am or, eres rea lid ad ta m b ién ...
¡Ah, que n o sea todo sino u n cu ad ro , u n c u ad ro cualquiera!...
Y quién sabe si todo no será sólo u n cuad ro , y el dolor, la alegría

243 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


IOO e a in c e rte z a e o t e r r o r
coisas, m eras coisas, n a d a sen ão coisas sem a o n d e , m as qu e
[p erce b em o s
lágrim as nas tuas m ãos, n o te rraç o sobre o lago azul d a m o n ta n h a
e le n to o cre p ú scu lo so b re os cum es altos das n o ssas d u as alm as
e u m a v o n ta d e de c h o ra r a a p e r ta r -n o s aos d o is ao seu p e ito ...) .

105 A g u e rra , a g u e rra , a g u e rra re a lm e n te .


E xcessivam ente a q u i, h o r r o r , a g u e rra re a l...
C o m a sua re a lid a d e de g e n te q u e vive re a lm e n te ,
com a sua estratégia rea lm en te aplicada a exércitos reais com postos
[de gente real
e as suas co n seq u ê n cia s, n ã o coisas co n tad a s e m livros,
no m as frias v erd ad es, de estragos re a lm e n te h u m a n o s, m o rte s d e
[q u e m m o r re u , n a v erd ad e,
e o sol ta m b é m re a l so b re a te r r a ta m b é m real,
reais em acto e a m esm a m e rd a n o m e io d isto tu d o !

V erd ad e d o p e rig o , dos m o rto s , dos d o e n te s e das violações,


e os so n s flo re sc em n o s g rito s m is te rio sa m e n te ...
115 A g aiola d o c a n á rio à tu a ja n e la , M aria,
e o su ssu rro suave d a água q u e g o rg o leja n o ta n q u e ...

O c o r p o ... E os o u tro s c o rp o s n ã o m u ito d ife re n te s deste,


a m o r te ... E o c o n trá rio d isto tu d o é a v id a ...
D ó i- m e a alm a e n ã o c o m p re e n d o ...
12 ° G u sta -m e a a c re d ita r n o q u e e x iste ...
P á lid o e p e r tu r b a d o , n ã o m e m exo e so fro .

244 POESÍA III


100 y la in c ertid u m b re , y el te rro r,
cosas, cosas ta n sólo, n ad a m ás que cosas sin adonde, p ero que
[percibim os...
L ágrim as en tu s m anos, en la te rra z a , sobre el lago a z u l de la
[m o n ta ñ a
con u n len to crepúsculo sobre las altas cum bres de n u estras dos
[alm as,
y u n ansia de llo ra r que nos oprim e a los dos en el p ec h o ...).

105 Sí, la g u erra, la g u erra, la g u e rra realm ente.


E xcesivam ente, h o rro r, real g u e rra ...
¡Con rea lid ad de gente que rea lm en te vive,
con sus estrategias rea lm en te aplicadas a reales ejércitos de
[gente real
y con sus reales consecuencias, no las cosas contadas en los libros,
lio sino frías verdades, estragos realm en te h u m an o s, m u e rtes de
[quienes m u e re n de v erd ad ,
y ese sol real tam b ién sobre la tie rra que ta m b ié n es real,
reales pues en acto, y la m ism a m ie rd a en m edio de eso!

L a v e rd a d del peligro y de los m u erto s, de los enferm os y de las


[violaciones,
y los sonidos que florecen en los g ritos ta n m isterio sam en te...
115 L a ja u la del canario en tu v en tan a , M aría,
y el su su rro suave que h ace el agua en el estanque, co rrien d o ...

E l cu erp o ... Y otros cuerpos no m u y distintos de éste.


L a m u e rte ... Y lo c o n tra rio de todo esto, v id a ...
M e duele el alm a, pero n o com p ren d o ...
120 y m e cuesta creer en lo que ex iste...
Pálido y p ertu rb ad o , sin m overm e, sufriendo.

245 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


Hela hoho, helahoho!
D esfilam d ia n te de m im as civilizações g u e rre ira s ...
Num a marcha triunfal,
125 n u m a lo n g a lin h a co m o q u e p in ta d a em m in h a alm a,
sucessivam ente, in d e te rm in a d a m e n te ,
couraças, lanças, capacetes b r ilh a n d o ,
escudos v irad o s p a ra m im ,
viseiras caídas, cotas de m alh a,
130 os p ré lio s, as ju stas, os com bates, as em boscadas.
Archeiros de Crecy e de Azincourt!
Armas de Arras.

E tu d o é u m a p o e ira in c e rta , u m a n u v e m d e g e n te a n ó n im a
q u e o v en to da estratégia levanta em fo rm a s diversas,
135 e em o n d a s s o p ra e n tre os m e u s o lh o s aten to s
e o S o l da v erd a d e e te rn a , e a e n c o b re s in istra m e n te .

M a rc h a triu n f a l, o n d e a u m te m p o e n ã o a u n te m p o ,
o n d e n u m a sim u ltan eid ad e p o r tran sp arên cias u n s de o u tro s,
su rg em , ap arecem , a g lo m e ra m -se em m in h a co n sciên cia,
140 os g u erreiro s de todos os tem pos, os soldados de todas as raças,
as co uraças de to d a s as o rig en s,
as arm as b ra n c a s de to d as as forjas,
as h o ste s co m p o stas de usos m arciais de to d o s os exércitos.

246 POESÍA 111


¡Hela h o h o , helahoho!
D esfilan an te m í las civilizaciones g u erreras...
en u n a m a rc h a triu n fal,
125 en u n a la rg a lín ea que parece estar p in ta d a en m i alm a,
sucesivam ente, in d e term in a d am en te ,
con corazas y lanzas, y con cascos brillando,
los escudos vueltos hacia m í,
las cerradas viseras y las cotas de m alla,
130 las batallas y justas, em boscadas, com bates.
¡Arqueros de C recy y de A zincourt!
¡Armas, arm as de Arras!

Y todo es u n a in c ierta polvareda, todo es u n a n u b e de an ó n im a


[gente
que el vien to de la estrategia va elevando bajo fo rm as diversas,
135 soplando en ondas en tre m is atentos ojos
y el Sol de la v erd a d , v e rd a d eterna, esa que en cu b re ta n
[siniestram ente.

M a rc h a triu n fa l en que a u n tiem po m as no a u n tiem po,


sim u ltan eid ad p o r transparencias de los u n o s en otros,
surgen, aparecen, se ag lom eran d en tro de m i conciencia,
140 los guerreros que vienen de todos los tiempos, los soldados nacidos
[de todas las razas,
las corazas de todos los orígenes,
las arm as blancas de cada u n a de las forjas,
y las huestes com puestas de usos m arciales de los ejércitos todos.

247 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


A G u erra !
i45 D e fila m d ia n te de m im as civilizações g u e r r e ir a s ...
As civilizações d e to d o s os te m p o s e lu g a re s ...
N u m p a n o ra m a co n fu so e lú c id o ,
em quadras m isturadas e n ão m isturadas, separadas e com pactas,
[mas só quadras
em desfile sucessivo e ap esar disso ao m esm o te m p o ,
150 p assam ...
P assam e eu, e u q u e esto u e s te n d id o n a erva
e só os carros passam , passam —cessam d epois p ara n ó s m esm os,
v e jo -o s e o m e u e sp an to n e m se sen te calm o n e m in te ressa d o ,
n e m os vê n e m os deixa de ver,
155 e eles passam p o r m im co m o u m a so m b ra pelas águas.
A h a p o m p a antiga, e a p o m p a m o d e rn a , os u n ifo rm e s dos
[e n g e n h o s d e g u e rra ,
a fú ria e te rn a e irre m e d iá v e l d os com b ates,
os m o rto s sem p re a m esm a m isteriosa m o rte —o c o rp o n a chão
[(e o q u e é o m u n d o , afin al, e a o n d e ? ).
O s fe rid o s g e m e n d o d o m e sm o m o d o em c o rp o s os m esm o s
160 e o céu, o e te rn o cé u in sen sív el so b re isso tu d o !

B arcos p esados v in d o p a ra as m elan có licas so m b ras


dos g ran d e s o lh o s in c o m p le to s dos arcos das p o n te s,
e n o rm e s escaladas m edievais d o s altos m u ro s d o castelo
(lu ze m co m o escam as os aços dos elm o s e das co uraças)
165 e os escudos d eitad o s clam am co m o goelas fu m eg a n tes dos
[q u e assaltam
e o sú b ito d e sa b ro c h a r aé reo das g ran d e s flo re s am arelas e
[violentas das g ran ad as.

248 poesía m
¡La G uerra!
145 A nte m í, desfilando, civilizaciones g u erreras...
las civilizaciones de todos los tiempos, com o las de todos los lugares...
sobre u n p an o ra m a que es confuso y lúcido,
fo rm a n d o escuadras m ezcladas y n o m ezcladas, exentas y
[com pactas, pero ta n sólo escuadras
en extenso desfile sucesivo y, a pesar de eso, al m ism o tiem po.
150 P asan..., ,
pasan y yo, yo que m e en c u en tro ex tend id o en la h ie rb a
—sólo p asan los carros, v an pasando, hasta que luego cesan, p ara
[nosotros m is m o s-
yo los veo, y m i espanto n o se siente interesad o o calm o,
n i los ve n i tam poco los deja de ver,
155 y ellos p asan p o r m í com o u n a som bra pasa p o r las aguas.
¡Ah, la p o m pa an tig u a, y la p o m pa m o d e rn a , ah , los u n ifo rm es e
[ingenios g u errero s,
la etern a fu ria irrem ed iab le p ro p ia de los com bates,
los m uertos, siem pre en la m ism a y m isteriosa m u erte - c o n el cuerpo
[en el suelo Q y qué es el m undo , después de todo, adonde?).
Los h eridos gim iendo de igual m odo en los m ism os cuerpos
160 y el cielo, el cielo etern o e insensible, p o r e n cim a de todo!

Pesados barcos v iniendo a m elancólicas som bras


de esos g randes ojos incom pletos de los arcos de pu en te,
enorm es escaladas m edievales de los altos m u ro s de castillo
(lu cien d o com o escam as los aceros de yelm os y co razas),
165 los escudos tendidos que clam an com o g arg an tas h u m e an d o de los
[asaltantes
y el rep e n tin o desatarse aéreo de grandes flores v iolentas y
[am arillas que son las granadas.

249 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


(O nde o teu cavalo pôs a pata, Átila, torna a crescer erva
e tudo renasce e a vida da natureza cobre
o que fica das conquistas).
Antenas de ferro —capacetes em bico —de Bismark.

As mortes, o ruído, as violações, o sangue, o brilho das baionetas...


Todas estas coisas são uma só coisa e essa coisa sou E u ...

Inúm ero rio sem água —só gente e coisas,


pavorosamente sem água!

Soam tambores longínquos no m eu ouvido,


e eu não sei se vejo o rio se ouço os tambores,
com o se não pudesse ouvir e ver ao mesmo tempo!

H elahoho! Helahoho!

A máquina de costura da pobre viúva morta à baioneta.


Ela cosia à tarde indeterm inadam ente...
A mesa onde jogavam os velhos.

Tudo misturado, tudo misturado com corpos, com sangues,


tudo um só rio, uma só onda, um só arrastado horror.

POESÍA 111
(D o n d e puso la p ata t u caballo, Atila, ah o ra vuelve y a a crecer la
po rq u e todo renace, y la n a tu ra le z a va cu b rien d o [hierba,
lo que qued a después de las conquistas).
170 ¡O h an tenas de h ie rro -ca sco s en p ic o - de B ism ark!

M uertes, ru id o , violaciones, sangre, y a u n el brillo de las


[bayonetas...
todas esas cosas son sólo u n a sola, esa sola cosa que soy Yo...

¡In n u m erab le río carente de ag u a -s ó lo gente y c o sas-,


pavoroso, sin agua!

175 ¡S uenan rem otos tam bores en m i oído,


pero yo n o sé si veo el río al o ír los tam bores,
¡como si n o p u d ie ra o ír y v e r al tiem po!

¡H elahoho! ¡helahoho!

L a m á q u in a de coser de la p obre viuda*"muerta a la bayoneta.


180 P o r la ta rd e cosía, in d e fin id am e n te ...
y la m esa en la cual ju g a b an los viejos.

Todo m ezclado, m ezclado, con cuerpos, con sangres,


todo u n solo río, u n a sola ola, todo al fin u n solo y arrastrado horror.

251 LOS POEMAS OE ÁLVARO DE CAMPOS 1


Helahoho! Helahoho!

D esenterrei o com boio de lata da criança calcado no m eio da


[estrada,
e chorei com o todas as mães do m undo sobre o horror da vida.

Os meus pés panteístas tropeçaram na máquina de costura da


[viúva que mataram à baioneta
e esse pobre instrumento de paz meteu uma lança no meu
[coraçao.

Sim, fui eu o culpado de tudo, fui eu o soldado todos eles


que matou, violou, queim ou e quebrou,
fui eu e a minha vergonha e o m eu remorso com o uma sombra
[disforme
passeiam por todo o m undo com o Ashavero,
mas atrás dos meus passos soam passos do tamanho do infinito
e um pavor físico de encontrar Deus faz-m e fechar os olhos de
[repente.

Cristo absurdo da expiação de todos os crimes e de todas as


[violências,
a m inha cruz está dentro de m im , hirta, a escaldar, a quebrar
e tudo d ói na m inha alma extensa com o um Universo.

Arranquei o pobre brinquedo das mãos da criança e bati-lhe,


os seus olhos assustados do m eu filho que talvez terei e que
[matarão também
pediram -m e sem saber com o toda a piedade por todos.

D o quarto da velha arranquei o retrato do filho e rasguei-o,


ela, cheia de m edo, chorou e não fez nada...
Senti de repente que ela era m inha mãe e pela espinha abaixo
[passou-me o sopro de Deus.

poesía ui
¡Helahoho! ¡helahoho!

185 D esenterré el tre n de h ojalata de alg ú n n iñ o , pisoteado en la


[ca rrete ra ,
y lloré com o todas las m adres del m u n d o sobre el h o r ro r de la
[vida.

M is pies panteístas tro p e z a ro n en la m á q u in a de coser de


[aquella v iu d a que m a ta ro n a la bay o n eta
y ese pobre y pacífico instrum ento clavó u n a lan za en m i corazón.

F u i el culpable de todo, fui el soldado-todos


190 que m ató , violó y quem ó, el soldado que despedazó,
fui yo, y m i vergüenza y m i rem ordim iento, com o som bra disform e,
se pasean a h o ra p o r el m u n d o , igual que A shavero,
pero tras m is pasos su en an pasos de ta m añ o in fin ito
y así u n p av o r físico de e n c o n trarm e con D ios m e hace c e rra r
[los ojos de repente.

195 A bsurdo C risto de la expiación de todos los crím enes y todas las
[violencias,
m i c ru z d e n tro de m í, ah í está, h irsu ta , escaldando, queb ran d o
y todo duele en m i alm a, ta n ex ten sa com o u n U niverso.

A rrebaté aquel pobre ju g u e te de las m anos del n iñ o , y después le


[azoté,
y sus ojos de susto, de m i hijo, que ta l v ez y o te n d ré y ta m b ié n
200 m e p id iero n , sí, sin saber cóm o, pied ad p a ra todos. [m atarán ,

De la h ab itac ió n de aquella vieja a rra n q u é el re tra to de su hijo,


[y después lo rasgué,
y ella, m u e rta de m iedo, llo ró y n o h iz o n ad a ...
Y sentí de rep e n te que ella e ra m i m ad re, y p o r la espina dorsal
[m e fue bajando el soplo de Dios.

253 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Q uebrei a máquina de costura da viúva pobre.
205 Ela chorava a um canto sem pensar na máquina de costura.
Haverá outro m undo onde eu tenha que ter uma filha que enviúve
[e a quem aconteça isto?

Mandei, capitão, fuzilar os camponeses trémulos,


deixei violar as filhas de todos os pais atados a árvores,
agora vi que fo i dentro de m eu coração que tudo isso se passou,
210 e tudo escalda e sufoca e eu não me posso mexer sem que tudo
[seja o mesmo.
Deus tenha piedade de m im que a não tive de ninguém!

Q ue imperador tem o direito


de partir a boneca à filha do operário?
Q ue César com suas legiões tem justiça
215 para partir a máquina de costura da velha?
Se eu fora pela rua
e arrancar a fita suja na mão da garota
e a fizer chorar, onde encontrar qualquer Cristo?

Se eu tirar com uma pancada


22o o bolo barato da boca da criança pobre
onde encontrarei justiça no m undo,
onde me esconderei dos olhos do Vulto
invisível que espreita pelas estrelas
quando o coração vê pelos olhos o mistério olhar o universo?
225 M inha emoção concreta, ó brinquedo de crianças,
ó pequenas alegrias legítimas da gente obscura,
ó pobre riqueza exígua dos que não são ninguém ...

254 POESÍA III


R om pí ta m b ié n la m á q u in a de coser de la v iu d a pobre.
205 E lla estaba llo ran d o en u n rin có n , sin pen sar en la m á q u in a de
[coser.
¿Existirá otro mundo en que yo tenga que tener una hija que
[enviude y a quien le pase esto?

Ordené fusilar, como capitán, trémulos campesinos,


dejé violar a las hijas de todos los padres atados de árboles,
pero de pronto veo que fue en m i corazón donde pasó todo eso,
210 todo quema y sofoca, y no puedo moverme sin que todo sea ya
[lo mismo.
¡Dios tenga piedad de mí, que no la tuve de nadie!

¿Qué emperador tiene el derecho


de romper la muñeca de la hija pequeña del obrero?
¿Qué César con sus legiones p o d rá te n e r ju sticia
215 p a ra ro m p e r la m á q u in a de coser de la vieja?
Si yo fuera avanzando por la calle
y quisiera arrebatar la sucia cinta de manos de la chiquilla
y la hiciera llorar, ¿dónde hallar cualquier Cristo?

Si de una patada le quitara


220 el pastel barato de la boca de pronto al niño pobre
¿en dónde podré hallar ya justicia en el mundo,
dónde me esconderé de los ojos del Buhó
invisible que acecha en las estrellas
cuando el corazón ve p o r los ojos al m isterio m iran d o el universo?
225 M i em oción concreta, ¡oh ju g u e te de n iño ,
oh pequeña, legítima alegría de la gente oscura,
pobre riqueza exigua de los que no son nadie!...

255 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


O s m óveis c o m p ra d o s c o m ta n to sacrifício ,
as to a lh as re m e n d a d a s co m ta n to cu id ad o ,
23° as p e q u e n a s coisas d e casa tã o ajustadas e p o stas n o lu g a r
e a r o d a de u m dos m il c a rro s d o re i v e n c e d o r
p a r te tu d o , e to d o s p e r d e ra m tu d o .

Por aqueles, minha mãe, que morreram, que caíram na batalha...


dlôn —ôn —ôn —ô n ...
235 Por aqueles, m inha mãe, que ficaram mutilados no com bate...
dlôn —ôn —ôn —ô n ...
Por aqueles cuja noiva esperará sempre em vão...
dlôn —ôn —ôn —ô n ...
Sete vezes sete vezes murcharão as flores no jardim ...
240 dlôn —ôn —ôn —ô n ...
E os seus cadáveres serão do pó universal e anónim o...
dlôn —ôn —ô n —ô n ...
E eles quem sabe, minha mãe, sempre vivos, com esperança...
loucos, m inha mãe, loucos, porque os corpos morrem e a dor
[não m orre...
245 dlôn —dlôn —dlôn —dlôn —dlôn —d lô n ...
Q ue é feito daquele que fo i a criança que tiveste ao p eito ? ...
d lôn ...
Q uem sabe qual dos desconhecidos mortos aí é o teu filh o?...
d lô n ...
25° A inda tens na gaveta da cóm oda os seus bibes de criança...
ainda há nos caixotes da dispensa os seus brinquedos velhos...

256 POESÍA III


Esos muebles comprados con tal sacrificio,
toallas remendadas con tanto cuidado,
230 las pequeñas cosas de la casa, siempre tan ajustadas, puestas en su
[lugar,
y la rueda de uno de los mil grandes carros del rey Vencedor
que va rompiendo todo, y todos todo lo pierden.

Por aquellos, madre mía, que murieron, por los que cayeron en la
dlôn-ôn-ôn-ôn... [lucha...
235 Por aquellos, madre mía, mutilados por efecto del combate...
ti A A A A
dlon-on-on-on...
Por aquellos cuya novia en adelante va a esperarlos en vano...
11 A A A A
dlon-on-on-on...
Siete veces siete veces se marchitan las flores del jardín...
11 A A A A
240 dlon-on-on-on...
Y sus cadáveres van a ser el polvo, universal y anónimo...
11 A A A A
dlon-on-on-on...
mientras ellos, quién sabe, madre mía, siempre vivos, y con
[esperanza...
locos, madre, locos, porque los cuerpos mueren y el dolor no
[muere...
245 dlôn-dlôn-dlôn-dlôn-dlôn-dlôn...
¿Qué ha sido de aquél que era ese niño que tuviste al pecho?...
dlón...
¿Quién puede saber cuál de esos muertos de ahí? desconocidos, es
[tu hijo?...
dlón...
250 Si aún estás guardando en el cajón de la cómoda sus babis de niño...
todavía en las cajas que hay en la despensa sus viejos juguetes...

257 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


ele h o je p e rte n c e a u m a p o d r id ã o ó rfã somewhere in France...
ele q u e fo i ta n to p a ra ti, tu d o , tu d o , tu d o ...
o lh a , ele n ã o é n a d a n o g eral h o lo c a u sto d a h is to ria ...
255 d lô n — d lô n ...
d lô n — d lô n — d lô n — d l ô n ...
d lô n — d lô n — d lô n — d l ô n ...
d lô n —d lô n — d lô n — d lô n — d lô n — d l ô n ...

A i de ti, ai de ti, ai de nós!


260 Por detrás destas leis inflexíveis e ferozes da vida
haverá algum a ternura divina que com p en se isto tu d o?

A in d a tens o berço dele a u m canto, em casa...


A in d a tens guardados os fatinhos dele, de p e q u e n o ...
A in d a tens n um a gaveta alguns b rin q u ed os p a rtid o s...
265 A gora, sim , agora, vai o lh á -lo s e chorar sobre eles...
N ão sabes o n d e é a sepultura do teu filh o ...
Foi o n .° qualquer coisa do regim en to u m tal,
m orreu lá prà M arne em qualquer p a rte... M o r re u ...
O filh o que tu tiveste ao p eito, que amamentaste e que criaste...
27° Q u e rem exera n o teu v en tre ...
O rapazote feito que dizia graças e tu rias ta n to ...
A gora ele é p o d r id ã o ... Bastou em lin h a alem ã
u m bocado de chu m b o, d o tam anho dum prego, e a tua vida é
[triste...
Receberás u m p rém io do Estado. D irão que o teu filh o fo i um
275 (N in gu ém sabe, de resto, se ele fo i h éro i o u n ã o ), [h e r ó i...
é u m a n ó n im o pra a h istó ria ...

258 POESÍA III


él, que pertenece a esa p o d red u m b re a h o ra h u é rfa n a , somewhere
él, que ta n to era p a ra ti, todo, todo, to d o ... [in France...
m ira, y a n o es n ad a en el to ta l holocausto de la h isto ria ...
255 d lô n -d lô n ...
d lô n -d lô n -d lô n -d lô n ...
d lô n -d lô n -d lô n -d lô n ...
d lô n -d lô n -d lô n -d lô n -d lô n -d lô n ...

¡Ay de ti, ay de ti, ay de nosotros!


260 P o r detrás de estas leyes inflexibles, estas feroces leyes de la v id a
¿no podrá quizá haber u n a te rn u ra divina que com pense todo esto?

A ún tienes su ctm a, en u n rin có n , en casa...


A ún g u ard as los trajes que llevó de p equeño...
T ienes todavía, en u n cajón, irnos juguetes ro to s...
265 A hora, sí, ve a m ira rlo s y a llo ra r p o r ellos...
N o sabes dónde está la se p u ltu ra d onde yace t u h ijo ...
É l fue el n ú m e ro tal del reg im ien to tal,
m u e rto en el M arne, en cu a lq u ie r p a rte ... m u e rto ...
E l hijo que tenías a tu pecho, que am am an taste y que criaste...
270 que se m ovía d en tro de tu v ie n tre ...
Ese m u c h ac h o te hech o y d erech o con cuyas gracias te reías
A hora es p o d re d u m b re ... E n la lín ea alem an a [ta n to ...
bastó u n poco de plom o del ta m añ o de u n clavo, y a h o ra tu v id a
[es triste ...
Recibirás u n prem io del Estado, te dirán que tu hijo fue u n h éro e...
275 (P o r lo dem ás, nadie sabe si fue u n h éroe o n o ),
u n an ó n im o y a p a ra la h isto ria ...

259 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


«M orreram 2 0 m il h o m en s na batalha de t a l...» . Ele era u m
[d eles...
E o teu coração de m ãe sangrou tanto p o r esse h e r ó i de que a
[historia não dirá n a d a ...
O acontecim ento mais im portante da guerra fo i aquele para t i...

260 POESÍA III


« M u rie ro n veinte m il h om b res en la b atalla ta l...» y él e ra u n o
[de ellos...
T u corazón de m ad re sangró p o r el héroe sobre el cual la h isto ria
[n u n ca d irá n a d a ...
Y lo m ás im p o rta n te de la g u e rra fue aquel suceso p a ra ti...

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


Sa u d a ç ã o a W alt W h it m a n

P o rtu g a l-In fin ito , onze de J u n h o de m il n o v ecen to s e q u in z e ...


H é - lá - á - á - á - á - á - á !

D e aq u i, de P o rtu g a l, to d a s as épocas n o m e u c é re b ro ,
s a u d o -te , W alt, sa ú d o -te , m e u irm ã o em U n iv erso ,
5 ó se m p re m o d e rn o e e te r n o , c a n to r d o s c o n c re to s ab so lu to s,
c o n c u b in a fogosa d o u n iv e rso d isp e rso ,
g ra n d e p e d e ra sta r o ç a n d o - te c o n tra a d iv e rsid ad e das coisas,
sexualizado pelas p e d ra s, pelas árvores, pelas pessoas, pelas
[p ro fissõ es,
cio das passagens, dos e n c o n tro s casuais, das m eras observações,
io m e u e n tu sia sta p elo c o n te ú d o de tu d o ,
m e u g ra n d e h e r ó i e n tra n d o p e la M o rte d e n tr o aos p in o te s,
e aos u rro s , e aos g u in ch o s, e aos b e rro s s a u d a n d o -te em Deus!

C a n to r da f ra te rn id a d e fe ro z e te r n a co m tu d o ,
g rande dem ocrata epidérm ico, contíguo a tu d o em c o rp o e alma,
15 carnaval d e to d a s as acções, b a c an a l de to d o s os p ro p ó sito s,
irm ã o gém eo de to d o s os a rra n c o s,
J e a n -J a c q u e s R ou sseau d o m u n d o q u e havia d e p r o d u z ir
[m áq u in as,
H o m e r o d o insaisissable d o flu tu a n te ca rn al,
S hakespeare d a sensação q u e com eça a a n d a r a v ap o r,

262 POESÍA III


Sa l u t a c i ó n a W a l t W h it m a n

P o rtu g a l-Iiifin ito , once de ju n io de m il novecientos qu in ce...


TT / 1/ / / / / / /,
¡H e -la -a -a -a -a -a -a !

Desde aquí, P o rtugal, todas las épocas a h o ra en m i cerebro,


¡te saludo, W alt, yo te saludo, h e rm a n o en U niverso,
5 siem pre etern o y m o d ern o , c a n to r de los concretos absolutos,
fogosa co n cu b in a del disperso universo
g ra n p ed erasta ro zá n d o te en la v arie d ad de las cosas,
sexualizado p o r piedras y p o r árboles, p o r las personas y p o r
[las profesiones,
celoso siem pre p o r todos los pasajes, p o r todos los en cu en tro s
casuales, p o r las observaciones m ás sim ples,
10 entusiasta m ío p o r el contenido de todo,
m i g ra n h éro e en tra n d o p o r la M u erte y d an d o cabriolas,
y bram idos, y chillidos, y b erridos saludándote en Dios!

¡C antor de la feroz fra te rn id a d , siem pre tie rn a con todo,


g ra n d em ó crata epidérm ico, contiguo a todo, en el cuerpo y el
[alm a,
15 carnaval de todas las acciones, bacanal de todos los propósitos
h e rm a n o gem elo de todos los arrebatos,
Jean-Jacques R ousseau de u n m undo-que acab aría p roduciendo
[m áquinas,
H om ero de lo que es insaisissable en lo flu ctu an te carn al,
Shakespeare de la sensación que y a h a co m enzado a a v a n za r a
[vapor,

263 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


20 M ilto n -S h e lle y d o h o r iz o n te da E le c tric id a d e fu tu ra !
In c u b o d e to d o s os gestos,
espasm o p r a d e n tro de to d o s os o b jecto s d e fo ra
souteneur de to d o o U n iv erso ,
ra m e ira de to d o s os sistem as solares, p a n e le iro d e D eus!

25 E u , de m o n ó c u lo e casaco ex a g erad a m e n te cin ta d o ,


n ã o so u in d ig n o d e ti, b e m o sabes, W alt,
n ã o so u in d ig n o de ti, b asta s a u d a r-te p a ra o n ã o s e r...
E u tã o co n tíg u o à in é rc ia , tã o fa c ilm e n te ch e io d e té d io ,
so u dos teus, tu b e m sabes, e c o m p re e n d o - te e a m o -te ,
30 e e m b o ra te n ão conhecesse, n ascid o p e lo a n o em q u e m o rria s,
sei q u e m e am aste tam b ém , q u e m e conheceste, e estou co n ten te .
S ei q u m e co n h e ce ste , q u e m e c o n te m p la ste e m e explicaste,
sei q u e é isso q u e eu sou, q u e r em B roo k ly n F erry dez an o s antes
[d e eu nascer,
q u e r p ela r u a d o O u r o acim a p e n s a n d o em tu d o q u e n ã o é a r u a
[do O u ro ,
35 e c o n fo rm e tu se n tiste tu d o , sin to tu d o , e cá estam os d e m ãos
[dadas,
d e m ãos dadas, W alt, de m ãos dadas, d a n ç a n d o o u n iv e rso n a
[alm a.

Q u a n ta s vezes eu b e ijo o te u re tra to .


L á o n d e estás ag o ra (n ã o sei o n d e é m as é D eu s)
sen tes isto , sei q u e o sentes, e os m e u s b eijo s são m ais q u e n te s
[(e m g en te)
4° e tu assim é q u e os q u ere s, m e u velho , e agradeces d e lá,
s e i-o - b e m , q u a lq u e r coisa m o diz, u m ag rad o n o m e u esp írito ,
u m a erecção abstracta e in d ire c ta n o fu n d o d a m in h a alm a.
N a d a d o engageant em ti, m as cicló p ico e m u sc u lo so ,
m as p e r a n te o u n iv e rso a tu a a titu d e e ra d e m u lh e r ,
45 e cada erva, cada p e d ra , cada h o m e m e ra p a ra ti o U n iv erso .

2Ó 4 POESÍA III
20 M ilto n -S h elley del h o riz o n te de la E lectricid ad fu tu ra!
¡íncubo de todos los gestos
y espasm o h acia d en tro de todos los objetos ex terio res,
souteneur de todo el U niverso,
ra m e ra de todos los sistem as solares, m ancebo de Dios!

25 Yo, con m i m onóculo y m i abrigo ex agerad am en te entallado,


n o soy indigno de ti, bien lo sabes tú , Walt,
n o soy indigno de ti, basta con saludarte p a ra y a n o serlo...
ta n contiguo a la inercia, ta n fácilm ente colm ado de tedio,
yo soy de los tuyos, bien lo sabes, te com p ren d o y te am o,
30 y p o r m ás que n o te conociera, nacido en to rn o al año en que
[m orías,
sé que ta m b ié n m e am aste, que m e conociste, estoy co n tento,
sé ta m b ié n que m e conociste, que m e contem plaste y explicaste,
sé que eso es lo que soy, y a sea en B rooklyn F e rry diez años antes
[de que yo n aciera,
o calle del O ro arriba, pensando en todo lo que n o es calle del O ro.
35 Según sentiste todo, siento todo; y aquí estam os, cogidos de la
[m ano,
de la m ano, de la m ano, Walt, y el universo d an zan d o en n u estra
[alm a.

¡C uántas veces beso tu retrato !


Ahí d onde estás ah o ra (yo n o sé dónde es, p ero sé que eso es D ios)
sientes esto, lo sé, sé que lo sientes, y m is besos (d e g e n te ) son
[m ás cálidos,
40 así es com o los quieres, viejo m ío, y m e lo agradeces desde allí.
L o sé de sobra, algo m e lo dice, u n agrado en m i esp íritu ,
u n a erección ab stracta e in d ire c ta en el fondo de m i alm a.
N a d a en ti de engageant, sino que eras m usculoso y ciclópeo,
pero, an te el u niverso, tu a c titu d era fem enina,
45 y cada hierb a, cada p ie d ra y cada h o m b re p a ra ti era el U niverso.

265 LOS POEMAS DE ALVARO OE CAMPOS 1


M e u velh o W alt, m e u g ra n d e C a m a ra d a, evohé!
P e rte n ç o à tu a o rg ia b á q u ic a de s e n sa ç õ e s-e m -lib e rd a d e ,
so u dos teus, desde a sensação dos m eu s pés até à n áu sea m e u s
[so n h o s,
sou dos teus, olha p ra m im , de aí desde D eus vês-m e ao co n trário :
50 de d e n tro p a ra f o r a ... M e u c o rp o é o q u e adivinhas, vês a m in h a
[alm a —
essa vês tu p r o p ria m e n te e através dos o lh o s dela o m e u c o rp o —
o lh a p r a m im : tu sabes q u e eu , Á lvaro d e C a m p o s, e n g e n h e iro ,
p o e ta sen sacio n ista,
n ã o so u te u d isc íp u lo , n ã o so u te u am igo, n ã o so u te u c a n to r,
55 t u sabes q u e eu so u T u e estás c o n te n te co m isso!

N u n ca p osso ler os teus versos a f io ... H á ali sentir de m a is...


Atravesso os teus versos com o a um a m ultidão aos en co n trõ es a
[m im ,
e c h e ira -m e a su o r, a óleos, a actividade h u m a n a e m ecân ica
n o s te u s versos, a c e rta a ltu ra n ã o sei se le io o u se vivo,
60 n ã o sei se o m e u lu g a r re a l é n o m u n d o o u n o s teu s versos,
n ã o sei se e sto u a q u i, de p é so b re a te rr a n a tu ra l,
o u d e cabeça p r a b aixo, p e n d u r a d o n u m a espécie de
[esta b elec im en to ,
n o te c to n a tu ra l da tu a in sp ira ç ã o de tro p e l,
n o c e n tro d o te cto da tu a in te n s id a d e inacessível. 65

65 A b ra m - m e to d a s as p ortas!
P o r fo rç a q u e h e i- d e passar!
M in h a se n h a ? W alt W h itm a n !
Mas não d ou senha n e n h u m a ...
Passo sem explicações...
7° Se for preciso m eto den tro as p ortas...
S im — e u fra n z in o e civilizado, m e to d e n tro as p o rta s,
p o r q u e n este m o m e n to n ã o so u fra n z in o n e m civilizado,
sou E U , u m universo p e n sa n te de carn e e osso, q u e re n d o passar,

266 POESÍA III


¡Mi viejo W alt, g ra n C am arada, evohé!
¡Pertenezco a tu o rgía báquica de libres-sensaciones,
yo soy de los tuyos, de la sensación de m is pies a la n áu sea en m is
, [sueños;
soy de los tuyos, m íra m e, que de ahí, desde D ios, m e estás viendo
[al co n trario :
50 m e ves de d en tro a fu e ra ... A divinas m i cuerpo y ves m i alm a
- é s a es lo que tú ves p ro p iam en te, y a través de sus ojos ves m i
[c u e rp o -.
M íram e: sabes que yo, A lvaro de Cam pos, in g en iero ,
poeta sensacionista,
n o soy tu discípulo n i tam poco tu am igo, n o soy tu can to r;
55 ¡Sabes que yo soy TÚ, y estás co ntento de eso!

N u n c a p uedo leer de seguido tus versos... D em asiado se n tir...


A travieso tu s versos com o u n a m u ltitu d a en co n tro n azo s,
y m e h uelen a sudor, hu elen a aceites, huelen a actividad h u m a n a
[y m ecánica,
tu s versos que, a p a r tir de cierto p u n to , n o sé si leo o vivo.
60 Porque no sé si m i lugar real está en el m un d o o si está en tus versos;
n o sé si estoy aquí, en pie sobre la tie rra n a tu ra l,
o bien cabeza abajo, de repente colgado, en u n a especie de estancia,
del techo n a tu ra l de tu insp iració n en tropel,
en el cen tro del techo de tu in ten sid ad inaccesible. 65*70

65 ¡Abrid todas las puertas!


¡Por fu e rz a h e de pasar!
¿C ontraseña? ¡Walt W hitm an!
¡Pero no doy n in g u n a c o n tra s e ñ a ..^
paso sin ofrecer explicaciones!...
70 Si fu era necesario d errib aré las p u e rta s...
Sí, yo, civilizado y delicado, d errib aré las p u ertas,
p orque, en este m o m en to , yo n o soy delicado n i civilizado,
soy YO, u n universo pensante en carne y hueso, y queriendo pasar,

267 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


e q u e h á - d e passar p o r fo rç a , p o r q u e q u a n d o q u e ro p assar so u
[Deus!

75 T ir e m esse lixo da m in h a fre n te!


M e ta m -m e em gavetas essas em oções!
D a q u i p r a fo ra , p o lític o s, lite ra to s,
c o m e rc ia n te s pacatos, p o líc ia , m e re trize s, souteneurs,
tu d o isso é a le tra q u e m ata, n ã o o e s p írito q u e d á a vida.
8o O e s p írito q u e dá a vida n e ste m o m e n to so u EU!

Q u e n e n h u m filh o da p u ta se m e atravesse n o ca m in h o !
O m e u c a m in h o é p e lo in f in ito fo ra até ch e g ar ao fim !
Se so u capaz de cheg ar ao fim o u n ã o , n ã o é co n tig o , d e ix a -m e
[ir...
E co m ig o , co m D eu s, co m o s e n tid o - e u d a p alavra I n f in ito ...
85 P rà fre n te!
M e to esporas!
S in to as esp o ras, so u o p r ó p r io cavalo em q u e m o n to ,
p o r q u e eu , p o r m in h a v o n ta d e de m e co n su b stan c ia r co m D eus,
p o sso se r tu d o , o u p o sso se r n a d a , o u q u a lq u e r coisa,
90 c o n fo rm e m e d e r n a g a n a ... N in g u é m te m n a d a co m iss o ...
L o u c u ra furio sa! V o n ta d e de g a n ir, de saltar,
de u r r a r , z u rra r, d a r p u lo s, p in o te s , g rito s co m o c o rp o ,
d e me cramponner às ro d a s dos veículos e m e te r p o r baixo,
de m e m e te r a d ia n te d o g iro d o ch ico te q u e vai b a te r,
95 de m e
de se r a cadela de to d o s os cães e eles n ã o b astam ,
de ser o v o la n te de to d a s as m á q u in a s e á v elo cid ad e te m lim ite ,
de se r o esm agado, o deix ad o , o deslo cad o , o acabado,
e tu d o p a ra te c a n ta r, p a ra te sa u d a r e
100 D an ç a co m ig o , W alt, lá d o o u tr o m u n d o esta fú ria ,
salta com igo n este b a tu q u e q u e e sb arra co m os astros,

■268 POESÍA III


que h a de p asar p o r fu erza, po rq u e ¡cuando yo q u iero p asar es
[que soy Dios!

75 ¡Fuera esa b asu ra de m i vista!


¡E m paquetad esas em ociones!
F u era de ahí, políticos, literatos,
pacatos com erciantes, policía, souteneurs, m eretrices,
eso es le tra que m ata, ¿ o es el esp íritu que d a la vida.
80 pues el esp íritu que da la v id a ¡en este in stan te soy YO!

¡Que n in g ú n hijo p u ta 'v e n g a a atravesarse en m i cam ino!


¡Mi cam ino a través del in fin ito hasta llegar al fin!
Si soy capaz de llegar al fin o n o, eso n o es cosa tu y a, déjam e que
[m e vaya...
Es cosa m ía, com o es cosa de D ios, y del sen tid o -y o de la p alab ra
85 ¡Adelante, adelante...! [In fin ito ...
¡Pico espuelas!
Siento esas espuelas, soy el propio caballo que yo m o n to ,
Pues yo, en m i v o lu n ta d de consubstanciarm e con Dios m ism o,
puedo ser todo o ser n ad a, o ser cualq u ier cosa,
90 según m e dé la g a n a ... y nadie tiene n a d a que v e r co n todo eso...
¡Oh, lo c u ra furiosa! ¡Ganas de a u lla r y de b rin car,
de b ram a r, reb u z n ar, y de d a r saltos, d a r cabriolas, g rito s con el
[cuerpo,
de ad h e rirm e a las ruedas de los vehículos y m e term e debajo,
de p o n erm e delante de la o n d a del látigo que v a a h o ra a azotar,
95 de
de ser la p e rra de todos los p erros, y no bastan todos,
de ser el vo lan te de todas las m áquinas, au n q u e la velocidad
[posea u n lím ite,
de ser el aplastado, abandonado, desplazado, acabado,
y todo p a ra ca n ta rte y saludarte.
100 D an za conm igo, Walt, desde el o tro m u n d o , en esta fu ria,
baila conm igo este baile que choca en los astros,

269 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


cai co m ig o sem forças n o chão,
e sb a rra co m ig o to n to nas p are d es,
p a r te - te e e sfra n g a lh a -te com igo
105 e
em tu d o , p o r tu d o , à ro d a de tu d o , sem tu d o ,
raiva ab stracta do c o rp o faz en d o m a elstro m s n a a lm a ...

A rre ! V am os lá p r à fre n te!


Se o p r ó p r io D eu s im p e d e , vam os lá p r à f r e n te ... N ão faz
[d ife re n ç a ...
no V am os lá p r à fre n te
vam os lá p r à f re n te sem se r p a ra p a rte n e n h u m a ...
In fin ito ! U niv erso ! M eta sem m eta! Q u e im p o r ta ?
P um ! p u m ! p u m ! p u m ! pum !
A g o ra , sim , p a rta m o s, vá lá p r à fre n te , p u m !
115 Pum
Pum
H e ia ... h e ia ... h e ia ... h e ia ... h e ia ...

D e s e n c a d e io -m e co m o u m a tro v o ad a
em p u lo s da alm a a ti,
120 co m b a n d a s m ilita re s à f re n te p ro lo n g o a s a u d a r - te ...
C o m u m g ra n d e c o rte jo e u m a fú ria de b e r r o s e saltos
estard alh aço a g r ita r - te
e d o u - te to d o s os vivas a m im e a ti e a D eu s
e o u n iv e rso a n d a à ro d a de n ó s co m o u m c a rro c e i co m m ú sica
[d e n tro d o s no sso s crâ n io s,
125 e te n d o luzes essenciais n a m in h a e p id e rm e a n te r io r
eu , lo u c o de m u sica l sib ilar é b rio das m á q u in a s,
tu céleb re, tu te m e rá rio , tu o W alt — e o in s tin to ,
tu a se n su alid ad e p o n to ,
eu a se n su alid ad e c u rio sa m e n te n asce n te até d a in te lig ê n cia,
13 ° tu a in te lig ê n c ia ...

270 POESÍA III


cae conm igo sin fuerzas en el suelo,
choca conm igo ato lo n d rad o en las paredes,
ró m p ete y desgárrate conm igo
105 y
en todo y p o r todo, alred ed o r de todo y y a sin todo,
rabia abstracta del cuerpo conform ando m aelstrom s en el alm a...
/
¡Arre! ¡arre! ¡adelante!
Si el pro p io Dios lo im pide, ad elan te... N o im p o rta ...
lio adelante, vam os,
adelante, sin ser a p a r te alg u n a...
¡Infinito! ¡Universo! ¡M eta sin m e ta alguna! ¿Qué m e im porta?
¡Pum! ¡pum! ¡pum! ¡pum! ¡pum!
¡Ahora, sí, p u m , p artam o s, adelante!
115 P um
Pum
H eia... h e ia ... h e ia ...

M e desencadeno com o u n a to rm e n ta
d ando grandes saltos del alm a h acia ti.
120 Con bandas m ilitares siem pre al fren te, m e p ro lo n g o ah o ra
[salu d án d o te...
y con u n g ra n cortejo y u n a g ra n fu ria de b errid o s y brincos,
con estru en d o , g ritán d o te,
te doy todos los vivas, a m í, a ti y a Dios,
y el u niverso g ira sobre nosotros, com o u n carru sel con m úsica
[d en tro de n u estro s cráneos,
125 y, tenien d o luces esenciales en m i piel an terio r,
voy, loco p o r el ebrio y music-ál silbar que h acen las m áquinas,
tú célebre, tú te m erario , tú W alt - c o n tu in s tin to - ,
tú la sensualidad, y n a d a m ás;
yo la sensualidad cu riosam ente naciente incluso h asta de la
[inteligencia,
150 esa inteligencia que tú eres...

271 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


P o rta p r a tu d o !
P o n te p r a tu d o !
E stra d a p r a tu d o !
T u a alm a o m n ív o ra e
135 tu a alm a ave, peixe, fe ra , h o m e m , m u lh e r,
tu a alm a os dois o n d e estão dois,
tu a alm a o u m q u e são d o is q u a n d o dois são u m ,
tu a alm a seta, ra io , espaço,
am plex o , nex o , sexo, Texas, C a ro lin a , N ew Y o rk ,
140 B ro o k ly n F erry à ta rd e ,
B ro o k ly n F erry das idas e dos regressos,
L ib e rta d ! Democracy! S éculo v in te ao longe!
P um ! p u m ! p u m ! p u m ! p u m !
PUM !

145 T u , o q u e eras, tu o q u e vias, tu o q u e ouvias,


o su je ito e o o b je cto , o activo e o passivo,
a q u i e ali, em to d a a p a rte tu ,
círc u lo fe c h a n d o to d a s as p o ssib ilid a d es d e se n tir,
m a rc o m iliá rio de to d as as coisas q u e p o d e m ser,
150 D eu s T e rm o de to d o s os o b jecto s q u e se im a g in e m e és tu!
T u H o ra ,
tu M in u to ,
tu S egu n d o !
T u in te rc a la d o , lib e rto , d e sfrald ad o , id o ,
155 in te rc a la m e n to , lib e rta ç ã o , id a , d e s fra ld a m e n to ,
in te rc a la d o r, lib e rta d o r, d e s fra ld a d o r, re m e te n te ,
c a rim b o e m to d a s as cartas,
n o m e e m to d o s os e n d e reço s,
m e rc a d o ria en tre g u e , devolvida, se g u in d o ...
160 c o m b o io de sensações a a lm a -q u iló m e tro s à h o ra ,
à h o r a , ao m in u to , ao se g u n d o . PUM !

E to d o s estes ru íd o s n a tu ra is, h u m a n o s, d e m á q u in a s
to d o s eles vão ju n to s , tu m u lto c o m p le to d e tu d o ,

272 POESÍA III


¡Puerta a todo!
¡Puente a todo!
¡C arretera a todo!
T u alm a o m n ív o ra y
135 tu alm a ave, pez, fiera, h o m b re, m ujer,
sí, tu alm a los dos donde están dos,
y tu alm a el u n o que son dos cuand o dos son u no,
tu alm a flecha, rayo, espacio,
am plexo, nexo, sexo, Texas, C arolina, N e w York,
140 B rooklyn F e rry a la tarde,
B rooklyn F e rry de idas y regresos.
¡Libertad! ¡Democracy! ]Siglo v einte a lo lejos!
¡Pum! ¡pum! ¡pum! ¡pum! ¡pum!
¡PUM!

145 ¡TÚ, lo que eras, tú , lo que veías, sí, tú , lo que olas,


sujeto y objeto, activo y pasivo,
tú aquí y allí, tú en todas partes,
círculo ce rra n d o las posibilidades de sentir,
m ilia r p ie d ra de todo cu a n to puede ser,
150 tú m ism o, Dios T é rm in o de cuantos objetos se pien sen y eres
¡TÚ H ora,
tú M in u to ,
tú Segundo!
¡TÚ intercalado, liberado, desplegado, ido,
155 intercalación, liberación, ida, despliegue,
intercalad o r, liberador, desplegador, rem iten te ,
sello en todas las cartas,
n o m b re puesto en todas las direcciones,
m e rcan cía entregada, devuelta, siguiendo...
160 tre n de sensaciones y en d é a a lm a-k iló m etro s p o r h o ra,
p o r h o ra , p o r m in u to , p o r segundo, PUM!

Y todos esos ru id o s n atu rales, h u m an o s, de m áq u in as,


todos ellos v an ju n to s, en tu m u lto com pleto,

273 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


cheios de m im até ti, s a u d a r-te ,
165 cheios de m im até ti,
vão g rito s h u m a n o s , vão c h o ro s de te rra ,
vão os volu m es dos m o n te s,
vão os ru m o re s de águas,
vão os b a ru lh o s da g u e rra ,
170 vão os e s tro n d o s da [ ...] , os [...] da [...]
vão os ru id o s dos povos em lágrim as,
vão os so n s débeis d os ais n o escuro
e vão m ais cerca da vida, r o d e a n d o -m e ,
p r é m io m e lh o r d o m e u s a u d a r-te
175 os ru íd o s , cicios, assobios dos co m b o io s,
os r u íd o s m o d e rn o s e das fábricas,
so m re g u la r,
ro d as,
volantes,
180 hélices
p u m ...

H é -lá que eu vou chamar


ao privilégio ru id oso e en su rd eced or de saudar-te
to d o o form ilh am en to h u m an o do U niverso,
185 to d o s os m o d o s de to d as as em oções,
tod os os feitios de tod os os p ensam entos,
todas as rodas, tod os os volantes, tod os os êm b olos da alma.
H eia que eu grito
e n u m cortejo de M im até ti estradalhaçam
19° com um a algaravia m etafísica e real,
com u m ch in frim de coisas passado p or d en tro sem nexo,

274 POESÍA III


llenos de m í h asta ti, a saludarte,
165 llenos de m í h asta ti,
v an los g ritos h u m an o s, v a n los llantos de tie rra ,
com o v a n las m asas de los m ontes,
los ru m o re s del agua,
los ru id o s de g u erra,
170 los estruendos de la [...], y los [...] de la [...].
Tan a ti los ru id o s de los pueblos en lágrim as,
v a n los sonidos débiles de ayes en lo oscuro
y, a ú n m ás cercanos a la vida, rodeánd o m e
-c o m o p rem io m e jo r de m i s a lu d o -,
175 los n u d o s, susurros y silbatos de trenes,
los ruid o s m o dernos y los de las fábricas,
sonido regular,
ruedas,
volantes,
180 y las hélices,
p u m ...

¡Hé-lá!, vo y a lla m a r
al estrepitoso privilegio de i r a saludarte
al h u m a n o h orm igueo de todo el U niverso,
185 todos los m odos de las em ociones,
todas las form as de los p ensam ientos,
todas las ruedas, todos los volantes, com o todos los ém bolos del
I [alm a.
H eiá, que g rito,
y en u n cortejo desde M í h asta ti, con g ra n estru en d o ,
190 algarabía rea l y m etafísica,
con b u lla de cosas p o r d en tro , sin nexo,

275 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


ave, salve, viva, ó g ra n d e b a s ta rd o de A p o lo ,
a m a n te im p o te n te e fogoso das no v e m usas e das graças,
fu n ic u la r d o O lim p o até n ó s e de n ó s ao O lim p o ,
195 fú ria d o m o d e rn o c o n c re ta d o em m im ,
espasm o tra n slú c id o de ser,
flo r de ag ire m os o u tro s,
festa p o r q u e h á a V ida,
lo u c u ra p o r q u e n ã o h á v ida b a sta n te em u m p ’ra se r to d o s
200 p o r q u e se r é ser b a sta rd o e só D eu s n o s servia.
A h , tu q u e cantaste tu d o , deixaste tu d o p o r c a n ta r.
Q u e m p o d e v ib ra r m ais q u e o seu c o rp o em seu c o rp o ,
q u e m te m m ais sensações q u e as sensações p o r te r ?
Q u e m é b a sta n te q u a n d o n a d a b asta?
205 Q u e m fica c o m p le to q u a n d o u m só vin co d e erva
fica co m a raiz fo ra d o seu co ra ç a o ?

Por isso é a ti que endereço


m eus versos saltos, m eus versos p ulos, m eus versos espasm os,
os m eus versos-ataq u es-histéricos,
210 os m eus versos que arrastram o carro [ ...] dos m eus nervos.
A os tram bolhões m e in sp iro,
m al p o d e n d o respirar, t e r -m e -d e -p é , m e-ex a lto ,
e os m eus versos são eu não p o d er estoirar de viver.

A b ram -m e todas as janelas!


215 A rra n q u em -m e todas as portas!
Puxem a casa toda para cim a de m im !
Q u ero viver em liberdade n o ar,
quero ter gestos fora do m eu corpo,
quero correr com o a chuva pelas paredes abaixo,
220 quero ser pisado nas estradas largas com o as pedras,

276 P O E S Í A III
¡ave, salve, viva, gran bastardo de Apolo,
tú, amanté fogoso e im potente de las nueve musas y las gracias,
funicular del Olimpo hasta nosotros y de aquí al Olimpo,
fúria de lo m oderno concretado en m í,
el espasmo traslúcido de ser,
flor de acción de los otros,
fiesta de que haya Vida,
locura por no haber vida bastante para que u no sea todos,
pues ser es ser bastardo y sólo Dios servía!
¡TÚ, que cantaste todo, y que dejaste todo por cantar!
¿Quién puede vibrar más que su cuerpo en su cuerpo?
¿Quién podría tener más sensaciones que las sensaciones por tener?
¿Quién es bastante cuando nada basta?
¿Quién puede estar completo cuando una sola brizna de la hierba
enraíce fuera de su corazón?

Por eso es a ti a quien rem ito


m is versos brincos, m is versos saltos, m is versos espasmos,
esos m is versos-ya-ataques-histéricos,
mis versos con el carro [...] de m is nervios.
Dando tumbos m e inspiro,
casi sin poder ya respirar, ten erm e-en-pie, m e-exalto,
y mis versos son que yo no pueda estallar de vida.

¡Abridme ahora todas las ventanas!


¡Arrancadme las puertas!
¡Tirad toda la casa por encim a de mí!
¡Quiero vivir en libertad en el aire,
tener gestos fuera de m i cuerpo,
correr com o la lluvia paredes abajo,
ser pisoteado en los anchos cam inos com o lo son las piedras,

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


quero ir, com o as coisas pesadas, para o fu n d o dos mares,
com um a voluptuosidade que já está lo n g e de m im !

N ão q uero fechos ñas portas!


N ão q uero fechaduras n o s cofres!
Q u ero in tercalar-m e, im isc u ir -m e , ser levado,
q uero que m e façam pertença d oída de qualquer ou tro,
que m e despejem dos caixotes,
que m e atirem aos mares,
que m e vão buscar a casa co m fin s obscenos,
só para não estar sem pre aqui sentado e quieto,
só para não estar sim p lesm en te escrevendo estes versos!

N ão quero intervalos n o m undo!


Q u ero a contiguidade penetrada e m aterial dos objectos!
Q uero que os corpos físicos sejam uns dos outros com o as almas,
não só d inam icam ente, mas estaticam ente também !
Q u ero voar e cair de m uito alto!
Ser arrem essado com o um a granada!
Ir parar a ... Ser levado a té ...
Abstracto auge n o fim de m im e de tudo!

C lím ax a ferro e m otores!


Escadaria pela velocidade acima, sem degraus!
B om ba hidráulica d esan coran d o-m e as entranhas sentidas!

P o n h a m -m e grilhetas só para eu as partir!


Só para eu as partir com os dentes, e que os dentes sangrem ,
gozo m asoquista, espasm ódico a sangue, da vida!

O s m arin heiros levaram -m e p reso.


A s m ãos apertaram -m e n o escuro.
M orri tem porariam ente de se n ti-lo .

POESÍA III
ir, com o las cosas, con su peso, al fondo del m ar,
con v o lu p tu o sid ad que y a se e n c u e n tra m u y lejos de mí!

¡No a los cerrojos en las puertas!


¡No a las cerra d u ra s en los cofres!
225 ¡Q uiero inm iscu irm e, in te rcalarm e, dejarm e llevar,
quiero que m e h ag an loca p erte n en c ia de o tro cualq tñ era,
y que m e vacíen de las cajas,
y que m e arro je n a los m ares,
y que m e v ayan a b uscar a casa con fines obscenos,
2?0 sólo p o r n o estarm e siem pre aquí ta n sentado y ta n quieto,
sólo p o r n o estar aquí, sin m ás, escribiendo estos versos!

¡No quiero intervalos en el m undo!


¡Q uiero co n tig ü id ad com p en etrad a, con tig ü id ad m a teria l de los
[objetos!
¡Q uiero que los cuerpos sean unos de otros, al igual que las almas,
235 y no sólo dinám ica, sino estáticam ente!
¡Q uiero v o la r y caer desde m u y alto!
¡Q uiero ser lan zad o com o u n a granada!
Q uiero ir a d a r a ... Ser llevado a ...
¡Auge abstracto en el fin y a de todo y de mí!

240 ¡Clím ax de h ie rro y m otores!


¡Escalinata velocidad a rrib a , p ero sin escalones!
¡Bomba h id ráu lica desancorándom e las sentidas entrañas!

1
¡Colocadm e grilletes sólo p a ra rom perlos!
¡Sólo p a ra rom perlos con los dientes, y que los dientes sangren,
245 gozo m asoquista, y espasm ódico a sangre, de la vida!

Los m a rin ero s m e llev aro n preso.


M e aplastaro n las m anos en lo oscuro.
M orí te m p o ralm en te de sentirlo.

279 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


S egu iu -se a m in h ’alma a lam ber o cbão do cárcere-privado,
Z5° e a cega-rega das im possibilidades con torn an d o o m eu acinte.

Pula, salta, tom a o freio n o s dentes,


p ég a so -ferro -em -b ra sa das m inhas ânsias inquietas,
paradeiro in d eciso do m eu d estin o a m otores!
Salta, p u la , e m b a n d e ira -te ,
855 deixa a sangue o rasto n a im e n sid a d e n o c tu rn a ,
a san g u e q u e n te , m e sm o de lo n g e ,
a san g u e fresco , m e sm o d e lo n g e ,
a sangue vivo e frio n o a r d in â m ic o a m im !
Salta, galga, p u la ,
260 e rg u e -te , vai sa lta n d o ...

N u m a grande m arche au xf l a m b e a u x - t o d a s - a s - c i d a d e s - d a -
[Europa,
n u m a g ra n d e m a rc h a g u e r r e ir a a in d ú s tria e co m é rc io e ócio ,
n u m a g r a n d e c o r r id a , n u m a g ra n d e s u b id a , n u m a g ra n d e
e s tro n d e a n d o , p u la n d o , e tu d o p u la n d o com igo, [descida
265 salto a s a u d a r-te ,
b e r r o a s a u d a r-te ,
d esen c ad eio -m e a sa u d a r-te , aos p in o te s, aos p in o s, aos guiños!
H é -lá

Ave, salve, viva!...

270 A rregim ento!


C o m ig o , coisas!
S ig a m -m e , gentes!
M áquinas, artes, letras, n ú m eros — com igo!

28 O POESÍA III
Luego vino m i alma a lam er en el suelo de m i encierro privado,
250 y la carraca de las imposibilidades esquivando m i ansia de ofender.

¡Salta, brinca, adelante, no obedezcas al freno,


pegaso-hierro-en-brasa de m is ansias inquietas,
paradero indeciso del destino a motores!
¡Brinca, salta, engalánate,
255 deja un rastro de sangre en lo inm enso nocturno,
rastro de sangre ardiente, incluso de lejos,
rastro de sangre fresca, incluso de lejos,
la sangre viva y fría en el aire dinám ico, hacia mí!
¡Brinca, trepa, salta,
260 salta, yérguete!...

¡En g ran d e marche dax/úw w úeízw x-todas-las-ciudades-de-


[Europa,
en g ra n m a rc h a g u e rre ra de ocio, in d u stria y com ercio,
en u n a g ra n ca rre ra , g ra n subida y descenso,
saltando con estruendo, saltando aquí conm igo,
265 b rinco yo saludándote,
g rito yo saludándote,
m e desencadeno saludándote h aciendo el p in o , d an d o cabriolas,
H é-lá. H é-lá -lá . [a tum bos!

\
¡Ave, salve, viva!...

270 ¡Salve! ¡Regimiento!


¡Las cosas, conm igo!
¡Seguidm e a m í, gentes!
¡M áquinas, artes, letras, n ú m e ro s, conm igo!

281 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


V ós, que ele tanto am ou, coisas que são a terra:
875 árvores sem sentid o salvo verde,
flores com a cor na alma,
[...]
Escura brancura das águas,
rios fora dos rios,
paz dos cam pos p orq ue não são as cidades,
280 seiva le n ta ao e m e rg ir da avareza das crostas.

O n d e n ã o so u o p r im e ir o , p r e f ir o n ã o se r n a d a , n ão estar lá,
o n d e n ã o p o sso ag ir o p r im e iro , p r e f ir o só v er ag ir os o u tro s.
O n d e n ã o p o sso m a n d a r, an tes q u e ro n e m o b e d e c e r.

Excessivo n a ânsia de tu d o , tã o excessivo q u e n e m falh o ,


285 e n ã o falh o , p o r n ão te n to .
« O u T u d o o u N a d a » te m u m s e n tid o p esso al p a ra m im .
M as se r u n iv e rsa l —n ã o o posso, p o r q u e so u p a rtic u la r.
N ão p osso ser todos, p orq u e sou U m , u m só, só eu.
N ão p osso ser o p r im e iro em q u a lq u e r coisa, p o r q u e n ã o h á o
[ p rim e iro .
290 P re firo p o r isso o n a d a de se r ap en as esse ser n ad a .

Q u a n d o é q u e p a rte o ú ltim o co m b o io , W alt?


Q u e r o d eix ar esta cidade, a T e rra ,
q u e ro e m ig ra r de vez deste país, E u,
deixar o m u n d o com o que se com prova falido,
295 co m o u m ca ix e iro -v ia jan te q u e v en d e navios a h a b ita n te s d o
[in te rio r .

282 POESÍA III


\

Vosotras que am aba, cosas que son tierra:


275 árboles sin sentido salvo el verde,
flores color de alm a,
[...]
Y la o scura b la n cu ra de las aguas,
y los ríos fu era de los ríos,
p az de los cam pos p o r n o ser ciudades,
280 le n ta savia que em erge de avaras cortezas.

N o siendo el p rim e ro q u erré n o ser n ad a, n o e n c o n tra rm e allí,


no pudiendo ac tu a r com o el prim ero, p refiero ta n sólo v er actu ar
[a otros.
n o p u diendo m a n d ar, al m enos quiero no obedecer.

Excesivo en m is ansias p a ra todo, ta n excesivo y a que n i fracaso,


285 y n o fracaso en ta n to que n o in te n to ,
dado que «Todo o N a d a » posee u n sentido p erso n al p a ra m í.
Pero es que ser u niversal, n o puedo, p o rq u e soy p articu lar.
N o p uedo ser todos, pues soy U no, sólo u n o , yo sólo.
N o p uedo ser p rim e ro en cu alq u ier cosa, p o rq u e n o h ay u n
[p rim ero .
290 Y p o r eso p refiero la n a d a de ser sólo ese ser nada,
t
D im e, W alt, ¿cuándo p arte el ú ltim o tren?
Q uiero dejar esta ciudad, la T ie rra ,
em ig rar de u n a v ez del país que soy Yo,
dejar el m u n d o con todo lo que se vio fallido,
295 com o u n viajante que vende grandes barcos a la gente que
[h ab ita tie rra ad en tro .

283 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


O fim a m o to re s p artid o s!
Q u e fo i to d o o m e u s e r? U m a g ra n d e ân sia in ú til —
e s té ril realização co m u m d e s tin o im possível —
m á q u in a de lo u c o p a ra re a liz a r o m o tu - c o n tín u o ,
3°° te o re m a de a b s u rd o p a ra a q u a d ra tu ra d o círc u lo ,
travessia a n a d o d o A tlâ n tic o , fa lh a n d o n a m a rg e m d e cá
an tes d a e n tra d a n a água, só co m o lh o s e o cálculo,
a tin a r de p e d ra s à lu a
ân sia a b su rd a d o e n c o n tr o dos p a ra le lo s D e u s-v id a .

305 M egalom ania dos nervos,


ân sia de elasticidade d o c o rp o d u ro ,
raiva de m e u c o n c re to ser p o r n ã o se r o au g e -eix o ,
o c a rro da se n su alid ad e d e e n tu sia sm o ab stracto ,
o vácuo d in â m ic o d o m u n d o !

310 V a m o -n o s e m b o ra de S er.
L a rg u em o s de vez, d efin itiv a m e n te , a ald eia -V id a ,
o a rra b a ld e -M u n d o d e D eus,
e e n tre m o s n a cid ad e à av e n tu ra, ao rasgo,
ao auge, lo u c a m e n te ao I r ...
3J5 la rg u e m o s de vez.

Q u a n d o p a rte , W alt, o ú ltim o co m b o io p ’ra a í?


Q u e D eu s fu i p a ra as m in h a s saudades se re m estas ân sias?
Talvez p a r tin d o regresse. Talvez ac ab a n d o , chegue,
q u e m sab e? Q u a lq u e r h o r a é a h o r a . P artam o s,
32° vam os! A e stra d a ta rd a . P a r tir é te r id o .

P a rta m o s p a ra o n d e se fiq u e .
O e stra d a p a ra n ã o -h a v e r-e stra d a s!
T erm in us n o Não-Parar!

284 POESÍA III


¡A hora es el fin de los m o to res rotos!
¿Qué fixe todo m i ser? U n ansia in ú til
-re a liz a c ió n estéril de u n destino im p o sib le -
m á q u in a loca en busca del m o v im ien to -c o n tin u o ,
300 absurdo te o re m a de la c u a d ra tu ra del círculo,
travesía a nad o del A tlántico, fracasando en esta m ism a m arg en
antes de e n tra r al agua, solam ente con los ojos y el cálculo,
irle tira n d o piedras a la lu n a,
en el ansia ab su rd a del en c u en tro del paralelo D ios-vida.

305 ¡M egalom anía de los nervios,


ansia de elasticidad del cuerpo d uro,
rab ia sen tid a p o r m i ser concreto p o r n o ser auge-eje,
el au to m ó v il de la sensualidad del entusiasm o ab stracto
la v acu id ad d inám ica del m undo!

310 ¡Vámonos y a de Ser!


¡L arguém onos definitivam ente, de u n a vez, de la aldea-V ida,
fu era del arra b a l-M u n d o de Dios,
y entrem o s en la ciu d ad a la av e n tu ra, a la h azañ a,
buscando el apogeo, locam ente, hacia el Ir!...
315 ¡L arguém onos, larguém onos p o r fin!

D im e W alt, ¿cuándo p a rte el ú ltim o tre n h acia ahí?


¿Qué D ios h e sido p a ra que m i nostalgia sea a h o ra estas ansias?
Tal vez p artien d o regrese. Q u izá acabando llegue.
¿Q uién sabe? C ualquier h o ra es la h o ra. ¡Partam os!
320 ¡Vamos, que ta rd a el cãm ino! P a rtir es h ab e r ido.

P artam o s h acia u n donde que p o r fin perm an ezca.


¡O h cam ino h acia n o -h ab e r-ca m in o s!
¡Term inus N o -P arar!

285 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


U m co m b o io de criança m ovido a corda, puxado a cordel,
325 tem m ais m ovim en to real do que os n ossos versos...
O s n ossos versos que não têm rodas,
os n ossos versos que não se deslocam ,
os nossos versos que, nunca lid os, não saem para fora do papel.
(E stou farto —farto da vida, farto da arte—,
330 farto de não ter coisas, a m en os ou a m ed o —
rabo-leva da m in h a respiração chagando a m inh a vida,
fantoch e absurdo de feira da m in h ã ideia de m im .
Q u an d o é que parte o ú ltim o co m b o io ? )

S ei que cantar-te assim não é cantar-te —mas que im porta?


335 S ei que é cantar tu d o, mas cantar tu d o é cantar-te,
sei que é can tar-m e a m im —mas cantar-m e a m im é cantar-te
[a ti,
sei que dizer que não posso cantar é cantar-te, Walt, ain da...

Heia? Heia o quê e porquê?


O que tiro eu de heia ou de qualquer coisa,
340 que valha pensar em heia!?

Decadentes, m eu velho, decadentes é que nós som os...


N o fundo de cada um de nós há uma Bizâncio a arder,
e nem sinto as chamas e nem sinto Bizâncio
mas o Im pério finda nas nossas veias aguadas
345 e a Poesia fo i a da nossa incom petência para agir...
Tu, cantador de profissões enérgicas, Tu o Poeta do Extremo,
[do Forte,
tu, músculo da inspiração, com musas masculinas por destaque,

286 POESÍA III


/
M ovido con la cuerda, tira d o a cordel, u n tr e n de ju g u e te
325 tiene m ás m ovim iento real que n uestro s v erso s...
n u estro s versos, que n o tien en ruedas,
n u estro s versos que n u n c a se desplazan,
n u estro s versos que, jam ás leídos, n o se salen fu e ra del papel.
(E sto y h a rto , estoy h a rto - h a r to de la vida, h a rto del a r te - ,
330 h a rto de n o te n e r cosas, de ten erlas de m enos o te n erlas con
[m iedo,
m onigote de m i respiración llagando m i vida,
fantoche absurdo de feria de m i idea de m í.
D im e, ¿cuándo p a rte el ú ltim o tre n ? )

C an tarte así n o es can ta rte , lo sé, ¿mas qué im porta?


335 Sé que esto es c a n ta r todo, p ero eso es ca n tarte,
sé que es ca n ta rm e a m í - p e r o ca n ta rm e a m í es ca n ta rte a ti,
e incluso decir que n o puedo ca n ta r tam bién es, Walt, can tarte...

¿Heia?, ¿mas qué y p o r qué?


¿¡Qué saco yo de heia o cu alq u ier cosa
340 que valga de algo el p en sar en heiaH

D ecadentes, viejo, decadentes, eso es lo que som os...


E n el fondo de cada u n o de nosotros u n B izancio ardiendo.
Yo n i siento las llám as n i m e siento B izancio,
pero el Im p erio acaba en n u estra s venas aguadas
345 y la Poesía al fin h a sido n u e s tra incom p eten cia de a c tu a r...
TÚ, que cantas las profesiones m ás enérgicas, Poeta de lo E xtrem o,
[de lo Fuerte,
tú , g ra n m úsculo de la inspiración, al sesgo de tu s m usas
[m asculinas,

287 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


tu , afin a l, in o c e n te em viva h iste ria ,
afin a l ap en as « a c a ric ia d o r d a vida
35° m o le o cio so , p a n e le iro p e lo m e n o s n a in te n ç ã o ,
—h e m ... isso e ra co n tig o —m as o n d e é q u e ai está a V id a?

E u , e n g e n h e iro co m o p ro fissão , fa rto d e tu d o e d e to d o s,


eu, ex a g erad a m e n te s u p é rflu o , g u e rre a n d o as coisas,
eu, in ú til, gasto, im p ro fíc u o , p re te n sio so e am o ra l,
355 b ó ia das m in h a s sensações desg arrad as p elo te m p o ra l,
á n c o ra d o m e u navio j á q u e b ra d a p r o fu n d o ,
eu feito c a n to r da V id a e da F orça —a c red ita s?
E u , co m o tu , en é rg ico , sa lu ta r, n o s versos—
e a fin a l sin c e ro co m o tu , a rd e n d o co m te r to d a a E u ro p a n o
[c é re h ro ,
360 n o c é re b ro explosivo e sem d iq u e s,
n a in te lig ê n c ia m e stra e d in â m ic a,
n a se n su alid ad e c a rim b o , p r o je c to r , m arca, c h e q u e,
p r a q u e d ia b o vivem os, e fazem os v erso s?
R aios p a rta m a m a n d riic e q u e n o s faz p o etas,
365 a d e g e n erescên c ia q u e n o s e n g a n a artistas,
o té d io fu n d a m e n ta l q u e n o s p r e te n d e en é rg ico s e m o d e rn o s ,
q u a n d o o q u e q u e re m o s é d is tra ir -n o s , d a r - n o s id e ia d a vida,
p o r q u e n a d a fazem os e n a d a som os, a vida c o r r e - n o s len tas nas
V ejam os ao m enos, Walt, as coisas com p le n a v e rd a d e ... [veias.
370 B ebam os isto co m o u m re m é d io am arg o
e c o n c o rd e m o s em m a n d a r à m e rd a o m u n d o e a vida,
p o r q u e b ra n to n o o lh a r, e n ã o p o r d esp rezo o u aversão.

Isto , a fin a l é s a u d a r -te ?


Seja o q u e fo r, é s a u d a r-te ,
375 seja o q u e valha, é a m a r-te ,
seja o q u e calhe, é c o n c o rd a r c o n tig o ...
Seja o q u e f o r é isto . E tu c o m p re e n d e s, tu gostas,

288 POESÍA III


tú, después de todo, tan inocente en tu viva histeria,
después de todo apenas «acariciador de nuestra vid a»,
350 tierno ocioso, sarasa, por lo m enos sí en la intención.
B ien... eso era sólo asunto tuyo, pero ahí, ¿dónde puede estar la
[Vida?

Yo, ingeniero de profesión, de todo harto y de todos,


exageradamente supérfluo, luchando con las cosas,
inútil, infructífero, agotado, pretencioso, amoral,
355 boya de m is sensaciones desgarradas por la brutal torm enta,
ancla de m i navio ya quebrada en el fondo,
convertido en cantor de Vida y Fuerza -p ero , ¿puedes creerlo?-,
yo, com o tú, saludable y enérgico, en los versos
y al final sincero com o tú, ardiendo por tener a toda Europa
[entera en el cerebro,
360 en el cerebro explosivo y carente de diques,
en la inteligencia, maestra y dinámica,
sello de la sensualidad, proyector, marca, cheque,
¿a qué diablos vivim os, para qué hacem os versos?
M il rayos partan a la holgazanería que nos hace poetas,
365 a la degeneración que nos engaña para creernos artistas,
al tedio fundam ental que nos pretende m odernos y enérgicos,
cuando sólo queremos distraernos, hacernos una idea de la vida,
dado que nada hacem os, nada somos, y la vida va lenta por las
Veamos al m enos, Walt, con plena verdad las cosas... [venas.
370 Bebamos esto com o un rem edio amargo
y concordem os en mandar al diablo el m undo y la vida,
por debi|idad de la mirada, pero no por desprecio o aversión.

¿Esto, después de todo, es saludarte?


Es saludarte, sea lo que sea.
375 Cualquier cosa que sea, sí, es amarte,
sea lo que quiera, es concordar contigo...
Sea lo que sea, pero es esto. Y así tú lo comprendes, y te gusta,

289 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


tu , a c h o r a r n o m e u o m b ro , c o n c o rd a s, m e u v elh o , co m ig o —
( q u a n d o p a rte o ú ltim o c o m b o io ? —
380 v ile g ia tu ra e m D e u s ...) .
V am os, c o n fia d a m e n te , v am o s...
Isto tu d o deve te r u m o u tr o se n tid o
m e lh o r q u e viver e te r t u d o . ..
D eve h av e r u m p o n to da co n sciê n cia
385 e m q u e a p aisagem se tr a n s fo rm e
e com ece a in te re s s a r-n o s , a a c u d ir -n o s , a s a c u d ir - n o s ...
E m q u e com ece a h av e r fresco n a alm a
e sol e ca m p o n o s se n tid o s d e sp e rto s re c e n te m e n te .
Seja o n d e f o r a E stação, lá n o s e n c o n tra re m o s ...
39° E s p e ra -m e à p o r ta , W alt; lá e sta re i...
Lá estarei sem o u n iv e rso , sem a vida, sem e u - p r ó p r i o , sem
[ n a d a ...
E re le m b ra re m o s , a sós, silenciosos, co m a n o ssa d o r,
o g ra n d e a b s u rd o d o m u n d o , a d u ra in é p c ia das coisas,
e s e n tire i, o m is té rio s e n tire i tão lo n g e , tã o lo n g e , tã o lo n g e ,
395 tã o ab so lu ta e a b stra c ta m e n te lo n g e ,
d e fin itiv a m e n te lo n g e .

H e ia o q u ê ? H e ia p o r q u ê ? H e ia p r a o n d e ?
H e ia até o n d e ?
H e ia p r a o n d e , co rcel su p o sto ?
400 H e ia p r a o n d e , co m b o io im a g in á rio ?
H e ia p r a o n d e , seta, p ressa, velocid ad e,
to d a s só eu a p e n a r p o r elas,
to d a s só e u a n ã o tê -la s p o r to d o s os m e u s n erv o s fo ra .

29O POESÍA 111


tú , llo ran d o en m i h o m b ro , concuerdas, viejo, conm igo.
(-¿ C u á n d o sale el tre n ú ltim o ? -,
380 el v eraneo en D ios...).
Vamos, confiadam ente, vam os, v am os...
Todo esto h a de te n e r o tro sentido
m ejor, sí, que v iv ir y te n e r to d o ...
Debe h a b e r u n p u n to en la conciencia
385 en el que el paisaje se tran sfo rm e
y de p ro n to em piece a interesarnos, a acu d im o s y a sacudirnos..
E n que em piece a h acer fresco ahí, en el alm a,
y a h ab e r sol y cam po en los sentidos, ahí, recién despiertos.
D onde esté la E stación, ah í es donde nos en c o n trarem o s...
390 E spéram e en la p u e rta , Walt, que allí estaré...
Allí estaré sin el U niverso, sin la v id a o y o -m ism o , y a sin n ad a..
Y estando así a solas, silenciosos, record arem o s, con n u estro
[dolor,
el g ra n ab surdo del m u n d o , la d u ra in e p titu d de to d a cosa,
y yo sentiré, sentiré, sí, el m isterio, ta n lejos,
395 ta n absoluta y ab stractam en te lejos,
ta n lejos ya, definitivam ente.

¿Heia qué? ¿Heia por qué? ¿Heia hacia dónde?


¿Heia, heia, hasta dónde,
hacia dónde, hacia qué, corcel supuesto?
400 ¿Sí, hacia dónde, tren imaginario?
¿Heia, hacia dónde, flecha, a dónde, a dónde prisa y velocidad?
Todas, y sólo yo peno por ellas,
todas, y sólo yo sin poseerlas a través de mis nervios.

291 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


H e ia p r a o n d e , se n ã o h á o n d e n e m c o m o ?
4°5 H e ia p r a o n d e , se e sto u se m p re o n d e e sto u e n u n c a a d ia n te ,
n u n c a a d ia n te , n e m se q u e r atrás,
m as se m p re fata lissim am en te n o lu g a r d o m e u c o rp o ,
h u m a n issim a m e n te n o p o n to - p e n s a r d a m in h a alm a,
se m p re o m esm o áto m o indivisível da p e rs o n a lid a d e d iv in a ?

410 H e ia p r a o n d e ó triste za de n ã o re a liz a r o q u e q u e r o ?


H e ia p r a o n d e , p a ra q u ê, o q u ê, sem o q u ê ?
H e ia , h e ia , h eia, m as ó m in h a in c ertez a, p r a o n d e ?

N ão escrever versos, versos, versos a re sp e ito d o f e rro ,


m as v er, te r, se r o f e r ro e se r isso os m eu s versos,
415 v e rs o s —f e r ro —versos, círc u lo m a te ria l-p s íq u ic o -e u .

( Q u a n d o p a rte o ú ltim o c o m b o io ? )

A expressão, a b o rto a b a n d o n a d o
em q u a lq u e r v ã o -d e -e sc a d a da rea lid ad e .

O que é a necessidade de escrever versos senão a v erg o n h a de


[c h o ra r? ...
42° O que é o desejo de fazer arte senão o adultism o p ra b rin q u e d o s?
( Q u a n d o é q u e p a rte o ú ltim o co m b o io , W alt,
q u a n d o é q u e p a rte o ú ltim o c o m b o io ? )

B o n e co s da m in h a in fâ n c ia co m q u e m eu im aginava m e lh o r
[q u e h o je ...

a q u ím ic a p o r baixo d o Aquijaz,..,

292 POESÍA III


¿Heia hacia dónde, si n o h a y dónde n i cómo?
+05 ¿Heia a dónde, si siem pre estoy en d onde estoy, n u n c a delante?
N u n c a delante, n i siquiera atrás,
sino que siem pre m e h allo, fatalísim am en te, en el lu g a r de m i
h u m anísim am ente en el p en sar-p u n to de m i alm a, [cuerpo,
y siem pre el m ism o indivisible átom o de la d iv in a perso n alid ad .

+10 ¿Heia h acia dónde, o h triste z a de que n o realizo lo que quiero?


¿Heia, heia, hacia dónde, p ero p a ra qué y qué, sin qué?
Heia, heia, heia, pero, oh, incertidum bre, ¿hacia dónde entonces?

N o escribir versos, versos, versos, versos respecto del h ie rro ,


sino v e r y te n e r y ser el h ie rro , y ser eso m is versos,
+15 v erso s-h ierro -v erso s, círculo m a terial-p síq u ico -y o

( - m a s , di, ¿cuándo p a rte el ú ltim o tr e n ? - ) .

La expresión, aborto abandonado


ahí, en cualquier hueco-de-escalera de la realidad.

¿Qué es la necesidad de escribir versos sino la vergüenza de


* [llorar?...
+20 ¿Qué es el deseo de hacer arte sino mero adultismo con juguetes?
(¿Cuándo parte el último tren, Walt,
dime, cuándo parte el último tren?)

Muñecos de mi infancia con los cuales yo imaginaba, mucho


[mejor que hoy...,

la química avanzando por debajo del aqu í descansa...,

293 LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS 1


425 a d o r , fe b re q u e b o je é q u ím ic a só, lá lo n g e n a cavada en co sta
á h o r a e m q u e e ra co stu m e ele v ir p a ra casa,

e o m e sm o c a n d e e iro h o je ilu m in a d o ,
e ap e n as o silen c io j á sem n o s d iz e r q u e o fazem p o r se te re m
[calado.

P ara sa u d a r-te ,
43° p a ra s a u d a r-te co m o se deve s a u d a r-te
p rec iso to r n a r os m eus versos corcel,
p rec iso to r n a r os m eus versos co m b o io ,
p rec iso to r n a r os m e u s versos seta,
p rec iso to r n a r os versos pressa,
435 p rec iso to r n a r ós versos ñas coisas d o m u n d o .

T u d o cantavas, e em ti cantava tu d o —
to le râ n c ia m a g n ífica e p r o titu íd a
a das tu as sensações de p e rn a s abertas
p a ra os d etalh es e os c o n to rn o s d o sistem a d o u n iv e rso .

440 A b ra m falên cia à no ssa vitalidade!


Escrevem os versos, cantam os as coisas-falências; n ão as vivemos.
G o m o p o d e r viver to d a s as vidas e to d a s as épocas
e to d a s as fo rm a s da fo rm a
e to d o s os gestos d o g esto?

2 9 4 P O E S Í A III
+25 el dolor, fiebre que h o y es sólo quím ica, a lo lejos, allá, en la
[excavada lad era,
a la m ism a h o ra en que él solía volver a la casa,

la m ism a lám para, a ú n h o y ilu m in ad a,


y y a sólo el silencio, pero sin decirnos que lo h acen p o r haberse
[callado totalm en te.

P a ra saludarte,
450 salu d arte ta l com o se debe,
es preciso que haga corcel de m is versos,
he de h ac er u n tre n ya con m is versos,
he de h ac er de m is versos u n a flecha,
de m is versos prisa,
455 de m is versos todas las cosas del m undo .

TÚ lo cantabas todo, en ti to d o cantaba,


to leran cia m agnífica y p ro stitu id a,
dei tu s sensaciones con las p iern as abiertas
a los detalles y co ntornos del sistem a del en tero universo.

440 ¡D eclarad la q u ie b ra a n u e s tra vitalidad!


E scribim os versos, cantam os cosas-quiebras, p ero n o las vivim os.
¿Como p o d er v iv ir todas las vidas, v iv ir todas las épocas,
com o todas las form as de la fo rm a
y los gestos del gesto?

295 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


445 O q u e é fazer versos senão co n fe ssar q u e a v id a n ã o basta,
o q u e é a rte sen ão u m e sq u ec er de q u e é só isto,
adeus, W alt, adeus!
A d eu s até ao in d e fin id o d o p a ra além d o F im .
E sp e ra -m e , se ai se p o d e e sp e ra r.
450 Q u a n d o p a rte o ú ltim o c o m b o io ?
Q u a n d o p a r te ? ( Q u a n d o p a r tim o s ) .

C h o r o co m o a cria n ç a a q u e m falta a lu a p e rto ,


co m o o a m a n te a b a n d o n a d o p e la q u e n ã o te m a in d a ,
co m o liv ro in e x p líc ito d o seu R e in o p o r vir,
455 o q u e se ju lg a e m vão M o to r,
eixo d o m o v im e n to dos esp írito s,
fu lc ro das am bições so m b ria s,
auge d in â m ic o das tro p a s da ascensão,
o u , m ais claro e m ais rá p id o ,
460 p ro to p la s m a d o m u n d o m a te m á tic o d o fu tu ro !

Q u e m so u eu , afin a l, p o r q u e te sa ú d o ?
Q u e m co m n o m e e lín g u a e sem voz?

A la b u ta p r o s titu ta d o ca ld e a m e n to de [...]
N o s altos f o rn o s de m im !

296 P O E S Í A III
4+5 ¿Qué es.el h ac er versos sino confesar que la v id a n o basta,
y ta m b ié n qué es el a rte sino u n olvidarse de que es esto sólo?
¡Adiós pues, Walt, adiós!,
h asta lo in definido m ás allá del F in.
E spéram e, siA hí es posible esperar.
+50 D im e, W alt, ¿cuándo p a rte el u ltim o tren?
¿C uándo parte? (SÍ, cuando p a rtim o s)...

¡Lloro com o el n iñ o a quien le falta te n e r cerca la lim a,


lloro com o el am an te abandonado p o r la que to d av ía no posee,
con el lib ro inexplícito de su R eino fu tu ro ,
+55 ese m ism o que en vano cree ser el M otor,
eje del m ov im ien to de los espíritus,
fulcro de las som brías am biciones
y dinám ico auge de las tropas que v an en ascenso,
o, m ás claro y m ás rápido,
+60 protoplpsm a del m u n d o m atem ático que h ab ita el fu tu ro !

¿Q uién soy, después de todo, y p o r qué te saludo?


¿Q uién con n o m b re y le n g u a y, en cam bio, sin voz?

¡La la b o r p ro stitu ta de i r caldeando de [...]


en los altos h o rn o s de m í m ism o!

297 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


465 M in h a oração-cavalgada!

M in h a sa u d a ç ã o -a rra n c o !

Q u e m co m o tu s e n tiu a vida in d iv id u a l d e tu d o ?
Q u e m co m o tu esg o to u s e n tir -s e —a vida—s e n tir - n o s ?
Q u e m co m o tu te m se m p re o so b re se le n te p o r p r ó p r io
47° e tr a n s h o r d a p o r n o r m a d a n o r m a - f o r m a d a V id a ?

A m in h a alegria é u m a raiva,
o m e u a rra n c o u m c h o q u e
(pá!)
em m im ...

475 S a ú d o -te em ti ó M estre da m in h a d o e n ç a d e saú d e,


o p r im e ir o d o e n te p e rfe ito da u n iv e rsa lite q u e te n h o ,
o c a s o -n o m e d o « m a l d e W h itm a n » q u e h á d e n tr o d e m im !
St. W alt dos D e lírio s R u id o so s e a Raiva!

A b ra m to d a s as p o rtas!
480 P a rta m os v id ro s das jan elas!
O m ita m fechos n a vida d e fechar!
O m ita m a vida de fe c h a r da v ida de fechar!
Q u e fe c h a r seja estar a b e rto sem fechos q u e le m b re m ,
q u e p a r a r seja o n o m e alvar d e p ro sse g u ir,
485 q u e o fim seja se m p re u m a coisa abstracta e ligada,
flu id a a to d a s as h o ra s de passar p o r ele!
E u q u e ro re sp ira r!

298 POESÍA III


465 ¡Mi o ración-cabalgada!
<

¡Mi arranque-saludo!

¿Quién sintió como tú la individual vida de todo?


¿Quién como tú agotó el sentirse - la v id a-, y sentirnos?
¿Quién cual tú tiene siempre lo sobresaliente como propio
470 y desborda por norma siempre la norma-forma de la Yida?

Mi alegría, u sa rabia,
mi arrancada, un choque,
(¡pafQ
en mí...

475 ¡Y ahora saludo en ti, Maestro de la enfermedad de mi salud,


primer enfermo perfecto de la universalitis que padezco,
el diagnóstico-nombre de ese «mal de Whitman» que hay en
¡Oh, San Walt del Delirio Ruidoso y la Rabia! [mí!

¡Abrid todas las puertas!


480 ¡Romped ya los cristales de toda ventana!
¡Dejad de echar cerrojos a la vida!
¡Y dejad esa vida de cerrar de lo que es esa vida de cerrar!
¡Que cerrar sea ahora estar abierto, y estar sin cerrojos que
[recuerden!
¡Que parar sea el nombre equivocado para un proseguir!
485 ¡Que el fin al sea siem pre cosa abstracta y ligada
a cu alq u ier h o ra de p asar p o r él!
¡Lo que yo deseo es respirar!

299 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


D is p a m -m e o peso d o m e u co rp o !
T ro q u e m a alm a p o r asas abstractas, ligadas a nada!
490 N e m asas, m as a A sa e n o r m e de V oar!
N e m V o a r m as o q u e fica de veloz q u a n d o cessar é v o ar
e n ã o h á c o rp o q u e pese n a alm a de ir!

Seja e u o c a lo r das coisas vivas, a feb re


das seivas, o r itm o das o n d a s e o [...]
495 in te rv alo e m S er p a ra d eix ar S er s e r ...!

F ro n te ira s em nada!
D ivisões em nada!
Só E u .

P ara c a n ta r-te ,
5°° p a ra s a u d a r-te
e ra p re c iso escrever aq u e le p o e m a su p re m o ,
o n d e , m ais q u e em to d o s os o u tro s p o em as su p re m o s,
vivesse, n u m e síntese c o m p leta feita de u m a an álise sem
[esq u e cim en to s,
to d o o U n iv e rso de coisas, de vidas e de alm as
5°5 to d o o U n iv erso de h o m e n s, m u lh e re s, crianças,
to d o o U n iv erso de gestos, de actos, de em o çõ es, d e
[p en sa m en to s,
to d o o U n iv erso das coisas q u e a h u m a n id a d e faz,
das coisas q u e a c o n te c e m à h u m a n id a d e -
p ro fissõ es, leis, re g im e n to s, m e d ic in a s, o D e stin o ,
5!0 escrito a e n tre c ru z a m e n to s, a in te rsec çõ e s c o n stan tes
n o p a p e l d in â m ic o dos A c o n te c im e n to s,
n o p a p iru s r á p id o das co m b in aç õ es sociais,

300 POESÍA III


¡Desvestidm e del peso de m i cuerpo!
¡Que m e m u d e n el alm a y a en alas abstractas y ligadas a nada!
490 ¡Y n i alas siquiera, sólo la en o rm e Ala de Volar!
¡Y n i Volar siquiera, sino lo que queda de veloz cu an d o cesar es
~~ [v o lar
y en el alm a de ir y a n o h ay cuerpo que pese!

¡Que yo sea el calor de las cosas vivas, de la fiebre,


de las savias, del ritm o de las olas y a ú n [...]
495 in te rv alo de Ser p o r d ejar ser al Ser...!

¡Y fro n te ras en nada!


¡Divisiones en nada!
Sólo Yo.

P ara can tarte,


500 p a ra saludarte
' h a b ría que escribir el poem a suprem o,
en donde, m ás que en todos los restantes poem as suprem os,
viviera, en u n a síntesis com pleta hecha de u n análisis caren te de
[olvidos,
todo el U niverso de las cosas, las vidas, las alm as,
505 todo el U niverso de los h om bres, las m ujeres, los niños,
todo el U niverso de los gestos, em ociones, actos, pensam ientos,
todo el U niverso de las cosas que hace la h u m a n id a d
y que a la h u m a n id a d v a n sucediendo,
profesiones, leyes, reglam entos, m edicinas, D estino,
510 escrito siem pre con entrecruzam ientos e intersecciones constantes
en el papel d inám ico de los A contecim ientos,
en el p ap iro ra u d o de las com binaciones sociales,

301 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


n o palim psesto das em oções renovadas con stantem en te.

O v e rd a d e iro p o e m a m o d e rn o é a v ida sem p o em as,


515 é o c o m b o io re a l e n ã o os versos q u e o can tam ,
é o fe rro dos rails, dos rails quentes, é o fe rro das rodas, é o g iro
[real delas.
E n ã o os m e u s p o em as fa la n d o de rails e d e ro d a s sem eles.

N o m e u verso canto com boios, canto autom óveis, canto vapores,


m as n o m e u v erso, p o r m ais q u e o ice, h á só ritm o s e ideias.
520 N ão b á f e r ro , aço, ro d a s, n ã o h á m a d eiras, n e m co rd as,
n ão h á a re a lid a d e d a p e d ra m ais n u la da rú a ,
da p e d r a q u e p o r acaso n in g u é m o lh a ao p isa r
m as q u e p o d e se r o lh a d a, peg ad a n a m ão , p isad a,
e os m e u s versos são co m o id eias q u e p o d e m n ã o ser
[c o m p re e n d id a s.

525 O q u e e u q u e ro n ã o é c a n ta r o f e rro : é o f e rro .


O q u e e u p e n s o é d a r só a id e ia d o aço — e n ã o o aço —.
O q u e m e e n fu re c e em to d a s as em o çõ es d a in te lig ê n c ia
é n ã o tr o c a r o m e u r itm o q u e im ita a água ca n ta n te
p e lo fre sc o r rea l da água to c a n d o - m e nas m ãos,
53° p e lo so m visível d o r io o n d e p osso e n tr a r e m o lh a r -m e ,

302 p o e s ía III
en el palimpsesto de las emociones incesantemente renovadas.

E l poem a m o d e rn o v erd a d ero es v iv ir sin poem as,


515 él es el tre n real, pero n o en cam bio los versos que lo can tan ,
h ie rro de los railes, de los railes calientes, el h ie rro de las ruedas,
[él, su real giro.
Pero n o m is poem as h ab lan d o de railes y de ru ed as sin ellos.

C anto en m i verso a los trenes, canto a los autom óviles, canto a


[los vapores,
peho es que en m i verso, p o r m ás que lo ice, sólo h a y ritm o s e
[ideas,
520 n o h a y h ie rro , acero o ruedas, n o h ay m ad eras n i cuerdas,
n i la rea lid ad de cu alq u ier p ie d ra callejera y nula;
la de aquella p ie d ra que, casualm ente, nadie m ira al pisar,
pero puede m ira rse y ser pisada, y tom arse en la m an o ,
y m is versos en cam bio sólo son com o ideas, com o ideas que
[pueden n o ser com prendidas.

525 L o que quiero no es ca n ta r al h ie rro : es el h ie rro .


L o que pienso es d a r sólo la idea de acero - p e r o n o es el a c e ro -.
L o que m ás m e enfurece en la em oción de la inteligencia
es el n o p o d er cam b iar m i ritm o , ese ritm o que im ita al agua
[que canta,
p o r lo que es el real frescor del agua tocan d o m is m anos,
530 el sonido visible de ese río, ése en el que puedo e n tra r y m ojarm e,

303 LOS POEMAS DE ALVARO DE EAMPOS 1


que pode deixar o m eu fato a escorrer,
onde m e posso afogar, se quiser,
que tem a divindade natural de estar ali sem literatura.
Merda! M il vezes merda para tudo o que eu não posso fazer.
535 Q ue tudo, Walt —ouves?—que é tudo, tudo, tudo?

Todos os raios partam a falta que nos faz não ser Deus
para ter poemas escritos a Universo e a Realidades por nossa
[carne
e ter ideias-coisas e o pensam ento Infinito!
Para ter estrelas reais dentro do m eu pensam ento-ser,
54° nom es-núm eros nos confins da rainha em oção-a-Terra.

Futilidade, irrealidade, [...] estática de toda a arte,


condenação do artista a não viver!

O quem nos dera, Walt,


a terceira coisa, a média entre a arte e vida,
545 a coisa q u e se n tiste, e n ã o seja estática n e m d in â m ic a,
n e m re a l n e m irre a l,
n e m n ó s n e m os o u tro s —.
Mas com o até imaginá-la?
O u m esmo apreendê-la,
55° m e sm o sem a esp eran ç a de n ã o a te r n u n c a ?

A dinâmica pura, a velocidade em si,


aquilo que dê absolutamente as coisas,
aquilo que chegue táctilmente aos sentidos,

304 POESÍA III


que puede dejar m i traje ch o rrean d o ,
^ donde p o d ría ahogarm e, si quisiera,
que tien e la n a tu ra l d iv in id ad de estar ah í sin lite ra tu ra .
¡M ierda! ¡Mil veces m ie rd a a todo lo que yo n o p u ed o hacer!
535 ¿Qué todo, W alt - m e oyes—?, ¿qué es todo, qué es todo?

¡Y que m il rayos p a rta n la falta que nos hace n o ser Dios


p a ra escrib ir poem as al U niverso y a la R ealidad p o r n u e stra
[carne,
te n e r ideas-cosas, p ensam iento Infinito!
P ara lo g ra r te n e r estrellas reales en el in te rio r de m i
[ser-p en sam ien to ,
5+0 n o m b res-n ú m e ro s y a e n los confines de la g ra n re in a
[em o ció n -la-T ierra.

¡Futilidad, irre alid ad , [...] estática de todo arte,


co ndena del a rtista a n o vivir!

¡O h quién nos diera, W alt,


esa te rc e ra cosa que es la m ed ia e n tre el arte y la vida,
5+5 cosa que tú sentiste, y que n o sea estática o d inám ica,
n i real n i irre al,
n i que sea nosotros n i los otros!
M as, ¿cómo im ag in arla
o ap reh en d erla incluso
550 „ hasta sin la esperanza de n o te n erla nunca?

L a d in ám ica p u ra , la velocidad en sí,


sí, aquello que dé to ta lm e n te las cosas,
que llegue táctilm en te a los sentidos,

305 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


construam os com b oios, Walt, e não os cantem os,
555 cavemos e não cantem os, m eu velho, o cavador e o cam po.

P ro v em o s e n ã o escrevam os,
am em o s e n ã o can tem o s,
m etam os dois tiro s de revólver n a p rim e ira cabeça co m ch ap éu
e n ão façam os o n o m a to p e ia s in ú te is e vãs n o n o sso verso,
5 60 n o n o sso verso escrito a f rio , e d e p o is à m á q u in a e d ep o is
[im p resso .

P o em a q u e esculpisse em M óvel e E te rn o a escu ltu ra ,


p o e m a q u e esculpisse palavras.
Q ue [...] ritmo o canto, a dança e [...]
poem a que fosse todos os poemas,
565 q u e dispensasse b e m o u tro s p o em as,
p o e m a q u e dispensasse a V ida.
Irra , faço o q u e q u ero , estorça o q u e estorça n o m e u ser central,
fo rc e o q u e fo rc e em m e u s n erv o s in d u s tria d o s a tu d o ,
m a q u in e o q u e m a q u in e n o m e u c é re b ro f u r o r e lu cid ez,
57° se m p re m e escapa a coisa em q u e eu p e n so ,
se m p re m e falta a coisa q u e [ ...] e eu v ou ver se m e falta,
se m p re m e falta, em cada cu b o , seis faces,
q u a tro lados em cada q u a d ra d o d o q u e q u is e x p rim ir,
trê s d im e n sõ e s n a solidez q u e p r o c u r e i p e r p e tu a r ...
575 S em p re u m co m b o io de cria n ç a m o v id o a co rd a , a co rd e l,
te rá m ais m o v im e n to q u e os m e u s versos estáticos e lid o s,
se m p re o m ais v e rm e dos v erm es, a m ais q u ím ica célu la viva
te rá m ais vida, m ais D eus, q u e to d a a vida d o s m eu s versos,
n u n c a com o os d u m a p e d ra to d o s os verm elhos q ue eu descreva,

306 POESÍA III


hagamos trenes, Walt, pero no los cantemos,
labremos, no cantemos, viejo m ío, al labriego y su campo.

Probemos, no escribamos.
Amemos, no cantemos.
Y metamos dos tiros de revólver en la primera cabeza con
[sombrero.
Mas no hagamos inútiles, vanas onomatopeyas aquí en nuestro
[verso,
aquí, en nuestro verso escrito en frío, después escrito a máquina,
[y después impreso.

Poema que esculpiera en lo Móvil y Eterno la escultura,


poema que esculpiera las palabras.
Que [...] ritmo y canto y danza,
poema que fuera todos los poemas,
que dispensara bien otros poemas,
poema que dispensara ya la Yida.
¡Caramba, si es que hago lo que quiero, sea lo que sea lo que así
[se retuerza en mi ser central,
fuerce lo que se fuerce ahí, en mis nervios, habituados a todo,
maquine lo que maquine en m i cerebro lucidez y furor,
siempre se me escapa esa cosa en que pienso,
sí, siempre me falta esa cosa que [...], y veré si me falta,
siempre me faltan seis caras, ahí, en cada cubo,
me faltan cuatro lados en cada cuadrado de lo que quise expresar,
faltan tres dimensiones en la solidez que intenté perpetuar...
¡Siempre un infantil tren de juguete movido a cuerda, a cordel,
tendrá más movimiento que mis versos leídos y estáticos;
siempre el gusano más gusano, siempre la más química de las
[células vivas
tendrá más vida y más Dios que no toda la vida de mis versos.
Nunca serán como los de una piedra todos los tonos rojos que
[describa,

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


nunca com o numa música todos os ritmos que eu sugira!
N unca com o [...]
Eu nunca farei senão copiar um eco das coisas,
o reflexo das coisas reais no espelho baço de mim.

A m o r te de tudo na m inha sensibilidade (que vibra tanto!),


a secura real eterna do rio lúcido da minha imaginação!
Q uero cantar-te e não posso cantar-te, Walt!
Q uero dar-te o canto que te convenha,
mas nem a ti, nem a nada, —nem a m im , ai de m im !—dou um
[canto...
Sou um surdo-m udo berrando em voz alta os seus gestos,
um cego fitando à roda do olhar um invisível-tudo.

Assim te canto, Walt, dizendo que não posso cantar-te!


Meu velho com entador da multiplicidade das coisas,
m eu camarada em sentir nos nervos a dinámica marcha
da perfeita físico-quím ica da [...],
da energia fundamental da aparência das coisas para Deus,
da abstracta forma de sujeito e objecto para além da vida.

Andam os a jogar às escondidas com a nossa intenção...


Fazemos arte e o que queremos fazer afinal é a vida.
O que queremos fazer já está feito e não está em nós fazê-lo,
ou fá-lo o [...] m elhor do que nós, mais de perto,
mais instintivamente.
Sim, se o que nos poemas é o que vibra e fala,
o mais casto gesto da vida é mais sensual que o mais sensual
[dos poemas,
porque é feito por alguém que vive, porque é [...] porque é Vida.

POESÍA III
580 n u n c a com o se d a n e n la canción todos aquellos ritm o s que
N u n ca , n u n c a com o [...] [sugiera!
n u n c a log raré sino copiarles u n eco a las cosas,
copiar el reflejo de las cosas reales, ahí, en el espejo em pañ ad o de
[m í.
Y la m u e rte de todo en m i sensibilidad O í116 v ib ra ta n to !),
585 real y e te rn a sequía del río lúcido de m i im aginación.
¡Q uiero ca n tarte, W alt, m as n o p uedo cantarte!
Yo quiero d arte el canto que te convenga a ti,
pero n i a ti n i a n ada, - n i a m í ta n siquiera, ¡ay de m í! - doy u n
[can to ...
Soy u n sordom udo b errean d o en v o z alta todos y cada u n o de
[sus gestos,
590 soy u n ciego observando, todo alre d ed o r de la m ira d a , u n
[todo-invisible.

j ¡Así te canto, Walt, así, diciendo que no p uedo ca n tarte,


viejo co m en ta d o r de la en o rm e m u ltip lic id a d de las cosas,
ca m arad a en se n tir e n tre los nervios la d in ám ica m a rc h a
de la físico-quím ica perfèctà [...],
595 de la energía fu n d am e n tal qe la aparien cia de las cosas a Dios,
y de la fo rm a abstracta de sujeto y objeto m ás allá de la vida!

Vamos así ju g a n d o al escondite con n u e stra in te n ció n ...


Vamos haciendo arte, cuando lo que querem os h a c e r es la vida.
L o que q uerem os hacer, que y a está hecho, y que n o está en
[nosotros el hacerlo,
600 o que lo hace el [...] y a m ejor que nosotros, y tam bién m ás de cerca,
m ás in stin tiv am en te.
P o r m ás que en los poem as h ay a algo que v ib ra y que habla,
el m ás casto gesto de la v id a y a es m ás sensual que el m ás sensual
[de los poem as,
porque él está hecho p o r alguien que vive, porque es [...], porque es
[Vida.

309 LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


6o5 P aro , escuto, re c o n h e ç o -m e !
O so m da m in h a voz caiu n o a r sem vida.
F iq u e i o m e sm o , tu estás m o r to , tu d o é in se n sív e l...
S a u d a r-te fo i u m m o d o de e u q u e r e r a n im a r - m e ,
p a ra q u e te sa u d ei sem q u e m e ju lg u e capaz
610 da e n e rg ia viva de sa u d a r alguém !

O coração p o r sarar! Q u e m m e salva d e ti?

310 POESÍA 111


¡Me p aro , escucho y m e reconozco!
E l sonido de m i v o z cayó en el aire sin vida.
Yo m e quedé igual, y tú estás m u e rto , todo es in sen sib le...
S aludarte fue u n m odo de q u e re r an im arm e,
pero, ¡para qué te saludé sin creerm e capaz
de la viva energía de sa lu d ar a alguno!

¡C orazón p o r sanar!, ¿quién m e salva de ti?

LOS POEMAS DE ALVARO DE CAMPOS 1


NOTAS

pág. 59 v. 1. Al tex to m a n u scrito del poem a lo precede u n a n o ta en

ning o f Alvaro de Campos» ( « E l in icio de A lvaro de C am -


p o s » ). E l te x to m u e s tra d u d as, en efecto, en c u a n to al
cam ino del poeta. D e u n a p a rte , tal com o sucede en todos
los poem as p rim erizo s de Cam pos - v e r los incluidos h asta
la « O d a T riu n fa l» (p. I l l de este v o lu m e n ) -, se m an tien e,
o se in te n ta m a n ten e r, la e s tru c tu ra de la com posición en
los té rm in o s m ás tradicionales - a q u í cu a tro cu arteto s con
fin al (salv o en los versos fa lto s) y
l a r - , con to n o s v ag a m e n te
‘m o d e rn ista s’. P ero y a desde los p rim e ro s versos que p re ­
sen tan el « ru id o de la acción» [v. +], con sus «coches, tr e ­
nes y v a g o n e s» [v. 5 ] y « fáb rica s y [...] m o to re s a tr o ­
n a n d o » [v. 6 ], aparece el m a q u in ism o ca ra c te rístic o y el
d in a m ism o de la p o ética c a m p ia n a - q u e e sta lla rá en el
cu erp o de las « O d a s » - . C om o, en el o tro e x tre m o , en el.
o tro po lo de su im á n , el c a rá c te r ficticio de su ‘v id a ’
-d e s d e el ta m b ié n ficticio de su te x to - : « E sa v id a que
vivo [...] es la vida que m iento» [v. 15, las cu rsiv as son
m ías], q u ed a ex p re sa m e n te d eclarad o . D e esa m a n e ra ,
e n tre u n o y o tro polo, y a lo la rg o de to d a su p o ética (d e
esa que recibe el n o m b re p ro p io del p oeta A lvaro de C am ­
p o s) se ab re el cam po m ag n ético y el te rrito rio e n tero de
la O bra. E l poem a com entado carece de fecha.

313 n o t a s
61-63 «Soñar» [v. 1], « o tr o -jo » [v. 21], « jo que no obtu ve» [v. 26,
las cursivas son mías]. Como en el poema anterior y en la
mayor parte de los siguientes (no será necesario señalarlo
en anotaciones sucesivas), el polo existencial de esta
poética (que coincide en ello con Caeiro, como con Piran­
dello o Unamuno por poner tan sólo dos ejemplos), en el
intento —siempre fracasado- de fijar la identidad como
ficción, destruye (deconstruye: sobre el texto) la fijación
de toda identidad -q u e sólo puede fingirse (pro-ducirse,
re-velarse) en tanto que ‘soñada’- .

6 5 -6 9 «Los vapores van lentos por el mar» [v. 1]. El océano y su


contemplación, después el tren y su monotonía [«fuga del
tren», v. 49; «m e duele lo m onótono...», v. 76] abren,
ambivalentes, el «deseo y tedio de los viajes» [v. 15]. Ambos
motivos, tópicos y característicos en Campos -frente a lo
siempre inm óvil de Caeiro, su maestro confeso y su
‘diferencia’ inseparable (irrenunciable en sus simili­
tu d es)-, trazan ahí su genealogía tan evidente como
decaída de(sde) la poesía simbolista y, en especial, baude-
lairiana. Campos: «¡La ruta! ¡Lo lejano! ¡Lo otro! ¡Ir!» [v.
29]; Baudelaire: « Homme libre, toujours tu chériras la m e rl»
(primer verso de «L’Homme et la M er» en L es fle u rs du
mal-, como la invocación de lo lejano en «L’invitation au
voyage», un famoso poema perteneciente a la misma sec­
ción del libro, titulada «Spleen et ideal» (sobre el primer
concepto, e incluido en idéntica sección, hay otros cuatro
poemas de ese título, los numerados lx x v a lx x v iii ) . Y es
que, en Baudelaire y sus epígonos,1spleen' y ‘viaje’ siempre
son sinónimos (recordemos aún sobre este aspecto que es el
« E n n u i» —el «Tedio»- la figura que en el libro de poemas
de Baudelaire cierra el famoso «Prólogo al lector»). Por lo
demás, aún hay que señalar que en los poemas de Campos
-q u e parecen trazar una parodia involuntaria de algunas
poéticas coetáneas como las de Morand y de Cendrars-

314 POESÍA III


siempre se nos avisa expresamente: « via jo sólo a tra v és de
m is sentidos» [v. 75; las cursivas son mías].

67 v. 34. «Ansia-desolación». Variante señalada en TRL.

69 v. 78. Un nombre cualquiera de lectura insegura.

71 [ T r e s s o n e t o s ] En distinta versión del manuscrito, estos


sonetos, en los que se hace bien presente de manera con­
creta y literal el ‘sensacionismo’ caeiriano -e n la versión
irónica de Campos, llena de spleen y distanciamiento (« ... y
no sé si soy yo quien en mí siente», s. I, v. 14-)- aparecían
en cambio dedicados a Fernando Pessoa.

[i] «Lisboa (unos seis o siete meses antes del «Opiario»),


en agosto de 1913». -F echa ficticia en el manuscrito. La
real se situa en torno al 1915—.

73 [II] Fecha ficticia en el manuscrito: «Londres (unos cinco


meses antes déí «Opiario»), octubre de 1913».

[Ill] [A D a is j M a so n ] Fecha ficticia en el manuscrito: «A


bordo del navio en que embarcó hacia Oriente, cuatro
meses antes del «Opiario», en diciembre de 1913». Tardía­
mente publicado en Contemporánea, el 6 de diciembre de
1922. En el segundo cuarteto del poema hace aparición por
vez primera la sexualidad homoerótica de Campos, toda­
vía, aquí con un carácter estetizante y decadentista (se
trata, aún, de crear un ‘tipo’, de «ser parte de un tipo uni-
vesal» tal como se expresa en el «Opiario» [vid. p. 87, w .
137-140]), en la tradición del malditismo de los textos de
Wilde o de Verlaine («¡ser héroe o loco, o ser maldito o
bello!», v. 152 del mismo texto). De otra parte, también se
da noticia de la temprana ‘estancia’ en Inglaterra del ‘poeta
Alvaro de Campos’.

315 NOTAS
77 [ O p i a r i o ] Ficticiamente fechado en «marzo de 1 9 1 4 , en el
canal de Suez, a bordo», y publicado en el primer número
de Orpheu en marzo de 1915- El opio, que da título al
poema, se inscribe igualmente, desde Quinçey (en sus
Confesiones de un opiómano, y de nuevo a través de Baude­
laire, L osparaísos artificiales ante todo) en el corazón de la
poética - y en especial la estética- simbolista. El asunto,
aquí superficial, se vuelca en la temática del viaje y su cró­
nica imaginaria y humorística.

79 v. J2. Mantenemos aquí «ca n fo ra » , la lectura de Orpheu


-publicada en vida de Pessoa y recogida por Luís de Mon-
talvor y João Gaspar Simões en la edición de Ática, Lisboa,
1980- frente al «ánfora» - e n la edición de TRL, que no
parece tenga más sentido-. «Canfora», es decir, el «alcan­
for», es definido por el diccionario portugués-español de J.
Martínez Almoyna, Oporto, 1959, como «sustancia
blanca... cristalina». Es su brillo en la «aurora» —junto
con la implícita remisión a la sustancia misma del «Opia­
r io » - el de esa vida efímera que ‘disuelve’ la vida del poeta.
(La imagen del «ánfora en la aurora» -que juzgo incom­
prensible en su con texto- remitiría en cambio, como
mucho, a una del barco, no a la de la vida).

w . 57-40. Aquí se mezcla la ‘biografía’ del ‘poeta Alvaro de


Campos’ con la biografía de su autor, pues Pessoa, en
efecto, tuvo su temprana residencia en tierras de Sudáfrica.

8i w . 65-66. La primera m ención -co m o « fin g id a » - de la


condición profesional del «ingeniero» Álvaro de Campos
(una condición que, en todo caso, abre la base para su
poética para un mundo industrial y maquinista).

v. 72. Escroc: tahúr (en francés en el original).

316 P O E S ÍA III
83 v. 81. El verso nos remite aquí en dos diferentes direccio­
nes (contradictorias y complementarias). El no tener
«personalidad» marca las diferencias con Pessoa - y con
las personas de Pessoa-; y así también con Alvaro Campos
- la ‘persona’ supuesta del poeta o el supuesto poeta ‘no-
persona’- . En el poema siguiente, «Carnaval», reaparece,
de nuevo, este problema - e n el verso 70: «Sólo es decente
ser otra p e rso n a » (las cursivas son m ías), y, por lo tanto,
siempre una ‘distinta’ que difiere su propio ser persona, y
que lo difiere a cada v e z -.

91 [ C a r n a v a l ] El poema, aun temprano en la producción de


este ‘poeta’, recoge ya, en conjunto, una gran parte de los
temas que forman su poética —y, con ella, su ‘personali­
dad’- . El «carnaval», que es un viejo tema procedente del
romanticismo (recordemos así, en este ámbito, el famoso
artículo de Larra, E l mundo todo es máscaras o Todo el año es
carn aval , o el cuento de Poe, L a máscara de la m uerte roja,
entre otros m uchos), le permite aquí a Campos abordar
sus motivos/ésenciales -invariantes ya en su desarrollo-.
El motivo de la[sensación: presentado en versos 2 y 6 , rea­
parece en el 2 2 («entre mis sensaciones tropezando»)
para reconocerlo finalmente como algo genérico y común
(v. 74: «hechos de sensaciones todos v a n »). Unos
«todos», laplebe (v. 8 ; recordemos de nuevo la figura de la
multitud en Poe —E l demonio de la m u ltitu d —y Gogol —L a
perspectiva N evsk y—, por citar tan sólo dos ejemplos de esa
angustia m oderna), que avanzan con-fundidos en la
m áquina de la nueva m etrópoli, amenazadora y fascinante
-m o tiv o que, a través de Baudelaire, va a desembocar al
futurismo, y que aquí comparece por ejemplo en v. 24 (la
«ciudad») o los inacabados w . 17-18 («vehículos y
coches, / [ . . . ] / calles llenas») convertidos en signo per­
ceptivo de un ‘presente’ cinético y confuso (esos «rollos de
cine», ese montaje que aparece pasando sin cesar cau-

317 NOTAS
sando la «ebriedad» y la «torpeza», w . 19-22)—. Ahí se
abre el mom ento , la incesante dilatación del tiempo en la
que se «m ide» nuestra «vida» (y. 64) -«cad a instante es
un cuerpo», se nos dice en el verso 60 antecedente-, ese
«momento inmenso» que arrebata en un «dejarse ir» sin
resistencia (w . 9-10) ante el aluvión de los iguales [el alu­
vión de «todos» que constituyen nuestra semejanza
-« é s e , como yo, que viene ahí» (v. 5 0 ) - y, por lo tanto,
nuestra(s) diferencia(s): «esa gente es igual, yo soy
diverso» (y. 77)]. Pero también elj o , como es sabido, se
diferencia aquí en sus person as (en su ‘constelación’ cons­
titutiva). Pues el poeta, que se sabe otro [la lección de
Rimbaud - « j e e stu n a u tr e » , convertida aquí en impera­
tivo en el sentido ético del término: «sólo es decente ser
otra persona» (vid . el verso 70, ya comentado en nota
de la p. 83 anterior), muestra su carácter conflictivo:
«dolores de ser yo siempre otra gente» (v. 1 0 5 ); im pe­
rativo que rige y al que aspira contradictoriam ente,
buscando superar ese conflicto de manera inconsciente e
irresponsable, igualmente cada uno de los «otros»:
«...bebiendo por sentirse alegres y otros / [ . . . ] otros como
ellos [...] tal se sienten», w . 109-110-; nótese que aquí
reaparece, a través de la imagen del alcohol, el motivo de
lo a rtific ia l en relación a la diseminación/multiplicación
de la (s) persona(s); sobre esto, remito a m i análisis de
Baudelaire en sus Paraísos artificiales (vid. Juan Barja, «La
palabra de cruce», en Ausencia,y fo rm a , Madrid, 2008, cf.
especialmente pp. 50-51) y a su evidente conexión con el
‘arabesco’ en Alian Poe] viene a desplegarse en este ‘caso’
en sus distintas cristalizaciones y disoluciones incesantes
(tan sucesivas como simultáneas); citaremos aquí algunos
versos que no precisan nuevo comentario: «desplazán­
dome siempre [ . . . ] / de mi psiquismo» (w . 27-28); «des­
cubriendo quién soy» (v. 44); «voy anónimo, [ . . . ] / fuera
de mí, en busca de quien soy» ( w . 145-146); «aquella

318 POESÍA III


falsa y triste semejanza / entre quien creo ser y ése que
soy» (yv. 112-133). Así, ése-que-soy se nos revela como
«búsqueda inútil» sin ningún «resultado» ni «proyecto»
(yv. + + -4 $ ), «engañosa confianza» sin destino (y . 49);
mas se muestra también, y sobre todo, en la conciencia de
su ocultamiento, y de uno que es su condición (su p h ysis,
por decirlo al modo antiguo, o ahí quizá, mejor, origi­
nario: «naturaleza gusta de ocultarse», Heráclito, frag­
mento 208 de la edición Kirk, Raven, Schofield, L os filóso­
fo s p resocrá tico s , Madrid, 1970). La p erso n a /la . m áscara
muestra en su carnaval el movimiento -com o contradic­
ción indecidible- de lo que ella ya es, la (im)propia vida:
«Tras de las máscaras nuestro ser acecha» (v. 85); «soy
máscara que vuelve a ser infancia» (y. 134); «com pen­
sando, en persona, mi dolor» (y. 104); «siempre alegrías
de personas varias» (y . 106); «hoy, que todos son más­
caras, te ves / gesto-máscara, ahí, en lo profundo...» (y v .
90-91). Contradicción que arrastra, que con-lleva, final­
mente, su .propia negación: «no puedo tener máscara ni
pan» (y. »6 );\«fuera el alma postiza, igual que un traje»
(y. 142). Porque sin «unidad» que lo «sostenga» (y. 128),
sin ese «ser» supuesto que «acecharía tras la máscara»
(verso 85 ya citado; y es que ‘máscara’ y ‘ser’ parecen anu­
larse m utuam ente) no hay ya sino náusea, sino tedio
(sp le e n ),, sino angustia confesa que proviene de una fic­
ción vacía, insuperable. El poema lo expresa claramente:
«tengo a veces el tedio de ser yo» (y . 41); «que me aburro
decir tan sólo intento» (v. 63 ); «tengo náusea carnal de mi
destino» (v. 143); «no estoy bien en la vida» (y . 55)-.• Y,
con el poema, su poeta.

97 v. 76. La persona = la «máscara».

v. 77. De esta insistencia en la «diversidad» -hacia la gente


y hacia «los poetas» (según se dice en el siguiente v erso)-

319 NOTAS
nace (y se niega) la constelación de los ‘propios’ poetas
‘de’ Pessoa.

99 v. 11+ A d finem : finalmente y con ese fin (en latín en el


original).

103 [ B a r r o w - o n - F u r n e s s ] Bajo este título se agrupa una


segunda serie de sonetos que domina el motivo del spleen.
Aquí también la nueva aparición de la ‘estancia’ de Cam­
pos en el territorio de Inglaterra, llevado por motivos de
trabajo (la biografía de Pessoa y su formación en lengua
inglesa, tal como ya antes se anunció, es transfigurada de
este modo).

105 [III] v. 10. «Ingeniero»; de nuevo se menciona esta condi­


ción profesional esencial al poeta —y a su Obra—,

111 [ O d a t r i u n f a l ] Ficticiamente fechada en Londres en


junio del 1914 y firmada como «Alvaro de Campos. De un
libro llamado Arco de Triunfo, a publicar», apareció en el
primer número de Orpheu, del mes de marzo de 1915- Esta
primera de las grandes Odas que conforman el centro
medular de toda la poética de Campos muestra ya clara­
mente en sus versículos —como en su fuerte apuesta por lo
nuevo y por el moderno maquinismo— la impronta de
Whitman, sobra la que se injerta de manera natural, casi
orgánica, la coetánea tendencia futurista.

v. 4. La razón - y la necesidad- de una nueva poética


viene aquí fundada de este modo que no invalida la belleza
antigua (Pessoa, y aun ‘Pessoa-como-Campos’, será siem­
pre un conservador). Esa belleza nueva (com o un nuevo
concepto de belleza) que no existía en el mundo antiguo
es lo que ahora tiene que cantarse constituyendo una
nueva épica.

320 POESÍA 111


w . 15-2?. La técnica, como fruto de lo humano, es desarro­
llo humano, natural, igual que el tiempo, como tiempo
histórico, se nos revela como tiempo orgánico [«hay Pla­
tón y Virgilio en esas máquinas» (V. 19), como hay «peda­
zos de [...] Alejandro Magno» (v. 21), como los «átomos»
de nuestro presente (v. 2 2 ) ~ e l de nuestras «correas» y
«volantes» (v. 23)- encarnan el «cerebro del Esquilo» que
ha de escribir «en el siglo cien» (y. 22)]. Y por eso la épica
presente (y la presente historia que el poeta celebra en esa
épica) es siempre también, al mismo tiempo, la de todo «el
pasaso y el futuro» (w . 17-18). De este modo el poema - y
el poeta- se sitúan también, y para siempre, en mitad de
ese Tiempo (in-temporal).

115 v. 57. Foule: multitud (en francés en el original).

59. Escroc (ver nota de la p. 81).

v. 65. Cocottes: prostitutas (en francés en el original),

v. 72. Souteneur: chulo (id .).

117 v. 81. P assez a-la-caisse: pase a caja (id .).

v. 8 5 . V iens-de-paraitre: última hora - ‘acaba de aparecer’-


(id.).

119 w . 113-118. Ese mundo orgánico (m oderno) que compone


en conjunto la actual civilización maquinista es sexualizado
en el poema - y a hemos asistido, por ejemplo, al «giro
lúbrico y lento de las grúas» (v. 38 ) , de la misma manera
que se canta a la «nueva Minerva [...] de los muelles» (v.
48) más las «escuálidas figuras de lo ambiguo» (v. 61), la
«presencia [...] que exhiben las cocones» (v. 65 ) , la «gracia
[...] falsa de los pederastas» (v. 6 9 ) - y por eso puede ser

321 NOTAS
amado -«¡C om o os amo yo a todos, / cómo os amo de
todas las maneras» (w . 86-87), «hasta qué extremo todos
mis sentidos se encuentran en celo por vosotros!» (v. 91),
«amo [...] a todo igual que una fiera. / ¡Os digo que os
amo carnívoramente, / pervertidamente / [ . . . ] / cosas
todas modernas» (vv. 1 0 5 - 1 0 9 ) — y completamente
poseído: «os poseo como a una hermosa mujer» (v. 116).
Una situación que va a invertirse, hasta en el sentido más
estricto, en las próximas líneas del poema y sobre el
cuerpo de las restantes odas, en las que el poeta es poseído
- y lo es además hasta el extremo: poseído-violado-
asesinado, «como una mujer» precisamente-.

w . 119-125. Lo político, en Campos, como lo industrial o lo


mecánico, la civilización o la ciudad, es un fruto orgánico
directo, parte integrante de la naturaleza -quizá mejor, es
algo natural, como Caeiro nos corregiría-. Y es ajeno por
tanto a todo tipo de consideraciones éticas. [Ya hemos visto
en los versos anteriores que este mundo moderno e indus­
trial no es sino Revelación divina -« N u ev a Revelación [...]
metálica y dinámica, de Dios» (v. 112)-; y que puede exis­
tir - y de hecho existe- lo que llama «la espléndida belleza
de las corrupciones políticas / deliciosos escándalos [ . . . ] /
[...] agresión [ . . . ] / [...] regicidios/ [ . . . ] / [ . . . ] civilización
de cada día» ( w . 71-78)]. Cierto, sin embargo, al mismo
tiempo, que su reivindicación de la barbarie -d e una nueva
barbarie que venga a destruir un orden viejo- y su poético
desocultamiento de lo que en el campo de la lírica viene
normalmente reprimido por el predominio de lo ‘estético’
-lo s abusos sociales y políticos, la crueldad, la guerra y el
pillaje, las violaciones, los asesinatos- viene a señ alar
concretamente (ya que no a denunciar) lo que celebra. Un
estatuto ambiguo que supone una ética quizás ‘involun­
taria’: mostrar lo más extremo, lo radical del mundo de la
vida.

322 POESÍA III


w . 126-133. Continuidad existencial del tiempo, de natu­
raleza-pensamiento (personificado en Mar-Platón: quizá
habla aquí del «m ar [...] antiguo» -v . 129-, Océanos).
Continuidad esencial de lo que ‘vive’.

121 w . 134-148. Vid. nota a los versos 113-118. Desde aquí en


adelante, constantemente reaparecerá este juego mecánico
adiajéctico, sexual, de sadismo/masoquismo, sumisión-y-
dominio, moderna encarnación de nuestro mundo.

v. 142. Cap: gorro (en francés en el original).

123 w . 166-181. Vid. nota de w . 119-125; aquí se aplica a la


procedencia y estructuras de clase lo que antes a las formas
de gobierno: moral, política, arte, religión ( w . 174-177)
son el vaçiádo negativo (« n i bueno ni m alo») - y también
la ‘denuncia’ involuntaria- de una vida de «perros», ani­
mal, que es «maravillosa» (v. 173), en cuanto es ‘vida’.

125 w . 199-206. Una vez más, continuidad del mundo


-«catástrofe» «invasión» « revolu ción »- como delicia-
injusticia simultánea (como «nuevo horizonte» necesario
-v . 2 0 6 -). Puesto frente a la misma expectativa del
Kavafis que existe «Esperando a los bárbaros» (y com ­
partiendo coetáneamente una semejante posición sexual y
social), Campos escoge la celebración como oda-estruc­
tura de su canto. El no es el cantor de un mundo muerto
-d e alejandrinismo decadente-, sino, sin reservas ni nos­
talgia, el poeta «de la actual civilización» (v. 209), el
constructor de su nueva épica.

w . 213-214. Aquí de nuevo la referencia a Eurípides (y a su


tragedia L a s Bacantes ) encarna por completo en el
«M omento» - y un «M omento» sin duda sim ultáneo tal
como lo es el tiempo en Campos más allá de su idilio con lo

323 NOTAS
‘nuevo’: se trata de un momento-en-movimiento, y uno que
está hecho de «estar yendo dentro al mismo tiempo» en
«todo el m undo» (yv. 193-194), pues su «borrachera»
dionisíaca («hierro-metal-y-bronce», v. 214) es «Momento
dinámico» -v . 213- Çnietzscheano). Lo ahí ‘nominado’ es
ese libro: el discutido - y aun reciente- ensayo sobre el Ori­
gen de la tragedia ; pero es que ese origen es aquí.

127 w . 220-221. Dos nuevas metáforas de lo orgánico como


eterno fantasma (¿fantasmagoría?) de lo nuevo -com o
‘desarrollo’ natural-. En la «Materia» la «electricidad»
constituye sus «nervios» (invisibles); la «telegrafía» nos
revela el «Inconsciente» que atraviesa el mundo y que le
subyace (sobre el aire).

w . 223-224. Vid. notas a versos 126-133 y 213-214. El con­


cepto de tiempo que hay en Campos -d ad o en su
momento-simultáneo y, en consecuencia, siempre inter­
m inable- se presenta aquí radicalmente de manera
expresa y acabada, cierto que en tanto que actualización
de un viejo concepto temporal (o, mejor, de una antigua y
reflexiva -reflexionada en y sobre s í - percepción del
tiempo -d esd e el tiem p o -). Es aquella que encarna en
Agustín cuando nos habla de los tres presentes (del pre­
sente, el pasado y el futuro: «Presente del pasado es la
memoria; presente del presente la visión; presente del
futuro es la espera», Agustín de Hipona, Confesiones, Libro
XI, 20, 26); o bien, dicho con Dante: « ilp u n to a cui tu tti i
tem pi son p r e s e n tí» [claro que ese concepto de lo ‘eterno’,
todavía en Dante teológico, viene a laicizarse en ‘nuestra’
historia, que es el fruto de un robo -com o en el viejo robo
prometeico-. Como con el concepto de ‘creación’ y el con­
cepto (griego) de ‘destino’, sucede aquí con la ‘eternidad’
que se dilata -a h o r a - en el «M om ento» ( w . 210-213
anteriores). A no ser que, al contrario, el viejo enano de la

324 POESÍA III


teología, oculto bajo el mueble del tablero (Walter Ben­
jamin, Sobre el Concepto de H isto ria , fragmento I) sea quien
dirige la partida]. Siendo tres los presentes - ‘todo-el-
tiempo’- sin duda que ese ‘tiempo’ es un ‘lugar’.

v. 234. «Toda Europa» es el nombre (del lugar), «puerto»


y «destino» de esta poesía y de toda la Historia que con­
tiene. Poesía de un mundo que se abre (« la portátil
«Europa» gracianesca, como la define E l Criticón en las
^prim eras líneas de su «P rólogo») como historia del
tiempo -radicada en el curso del tiempo (del lugar)—.

129 [D os f r a g m e n t o s d e o d a s ] Fechado el segundo frag­


mento a día 30 de junio del 1914, ambos fueron junta­
mente publicados en R evista de Portugal, en su número 4,
julio de 1938.

v. 1. Amplio himno a la noche, lleno de resonancias proce­


dentes de la poesía romántica -a sí, entre otras muchas
producciones, las conocidas N oches de Musset y, sobre
todo, muy en especial, los H im nos a la Noche de N ovalis-.
En lo que hace a su tono, quizá pueda entenderse como
torso (voluntariamente inacabado) surgiendo de los ver­
sos 127-128 de la «Oda Triunfal» (p. 119 de esta edición):
«porque todo es la vida [...] / hasta la propia noche,
puente misterioso entre los astros» -am bos poemas son,
esencialmente, según los datos de que disponemos, textos
escritos en las mismas fechas-.

129-131 w . 20-48. A partir de «Nuestra Señora» (v. 20), como


un fragmento del fragmento, la oda se transmuta en cierto
modo sobre la forma de la letanía - la invocación « T u rris
E b ú rn e a » (v. 4 6 ), es decir, a la «Torre de M arfil» (en
latín en el original) es cita directa de las «Letanías del
R osario»-. Es el único caso de poema de tono entera-

325 NOTAS
mente y declaradamente religioso -incluyendo un motivo
religioso—en toda la poética de Campos (situación similar
es la que ofrece el poema VIII, poema dedicado al N iñ o -
Dios, de E l g u a rd a d o r de rebaños de Caeiro —vid. vol. I,
pp. 54—65 de la presente edición de la Poesía de Fernando
P esso a -). Tono que todavía se prolonga en los versos
siguientes (ese «Cristo vivo todavía» -v . T i—, «Dios que
tal vez exista realmente» —v. 74— o aquellos «Jehová y
Júpiter» realmente ‘nacidos’, dioses de una «fes» hoy «ya
perdidas» —w . 84—85- emparejados ahí, extrañamente,
como viejos patronos de dos simétricos «Antiguos Testa­
m entos»), impregnados de noche y de nostalgia mientras
se va apagando toda voz (v. 96).

135 [n]. A lo largo de todo este fragmento -que continúa, ya en


el verso 1 , tanto en el tono como en el color [el crepúsculo
que da nombre a Occidente: eso que - y a - no son -ante la
mirada del poeta- «cosas» ni «países» ni «momentos» ni
«vidas» (w . 9 - 10 )], lo que son los tonos y colores del frag­
mento I de estas «Odas», los temas son, de nuevo, el del
spleen (la «Venecia de tedios», v. 5; «el tedio que yo tuve»,
v. 2 2 ) junto a la pérdida o inanidad de las sensaciones [por
mostrar sólo un caso, aquella estrofa donde se señala «no
sé qué sensaciones concebir o fingir que tengo» (v. 1 0 ; ver
anteriormente w . 4- y 15) - la distancia de Campos, su
irreconducible diferencia con el sensacionismo de Caeiro
(aunque quiera llamarlo «su maestro», como a Cesário
Verde, que sería el ‘maestro del maestro’) queda aquí
expresamente confesada-; como también, en la misma
estrofa, el avance sin huella «sobre el suelo de la Vida Sen­
sible» (v. 11) que «ni [...] deja un aroma en los varios
caminos del Mirar» (v. 14) —en el fracaso de esa sinestesia
podemos advertir el hundimiento no ya de la poética-
caeiro, sino también de las bases mismas de la baudelairiana
antecedente («Correspondences», «La Chevelure» y otros

326 POESÍA III


/
varios textos del p o eta )-]. A lo que al fin se añade —una
vez más, sin duda- el tercer tema, el que se formula la pre­
gunta, ya en el último verso, «quién soy yo» (v. 39). [La
estructura musical de este fragmento es en cierto modo un
movimiento construido/escrito en forma-sonata, que nos
■''presenta tres distintos temas (la sensación , el spleen, y lap e r -
s ^ o n a ) cada uno con sus m otivos respectivos. Cierto que al
presentar el tercer tema el desarrollo se corta bruscamente].

v. 7. Poeta portugués de finales del siglo xix, especialmente


admirado por Caeiro-Pessoa. Vid. Fernando Pessoa, Poesía
I, L o s p o em a s de A lberto Caeiro, vol. 1, pp. 38-39 y 183,
Abada, Madrid, 2011.

137 v. 20. La metáfora recuerda en cierto modo la puerta del


apólogo kafkiano normalmente citado como «Ante la
Ley» del capítulo IX del Proceso -puerta también, de
hecho, irrebasable, también emparejada con la m uerte-.

v. 25. Nuevamente el motivo de «la idea de Dios» -variado


aquí en el Dios platónico—, que ya formaba parte (w . 74 y
84-85) —al igual que el motivo del ‘nocturno’—del frag­
mento I de estas «Odas».

141 El poema traza un paralelo -aunque sin duda uno tenta­


tiv o - con el universo caeiriano: la ciudad frente al campo
(com o el campo), dos manifestaciones de lo mismo [«no
hay mañanas sobre las ciudades y otras sobre el campo»
(v. 8 ); «todos los lugares son el mismo lugar, todas las
tierras son la misma tierra» (v. 1 0 ); porque la luz de «la
madrugada» es al mismo tiempo la «señora de las cum­
bres del m onte» y la «lenta invasora» que inunda «las
calles de [...] la ciudad» ( w . 17-18)-; puede señalarse al
mismo tiempo cómo el motivo diurno del poema se opone
al nocturno de las dos «Odas» fragmentarias anteriores-].

327 NOTAS
El reclamarse de las sensaciones (v. 42) y el sentimiento de
copertenencia -q u e ahí afirma y re-construye la forma y
la estructura ‘personal’ (w . 2 9 -1 7 )- corresponden ahí del
mismo modo a la herencia y el mundo caeirianos [sólo en
este sentido pueden aceptarse y entenderse los dos últimos
versos del poema («Dam e lirios, lirios / y rosas también»;
w . 4 5 -4 6 ) que vienen a cerrar en pleno ‘campo’ - y con
una cita popular- un poema que empieza y se desarrolla en
la ciudad].

145 Al final del poema aún pueden verse dos versos y medio
que han sido tachados. Su texto es el siguiente: «Quimera
moderna do movimento / da ansia da fuga nós mesmos, /
estatua partida». («L a moderna quimera del m ovi­
miento, / nuestra ansia de fuga, nosotros, / estatua par­
tida...»).

147 Fechado a 20 de noviembre de 1914.

v. 9. Una nueva - y le v e - referencia a su concepto de lo


temporal. Vid. al respecto notas sobre el tema a los versos
126-113, 211-214 y 221-224 de la «Oda Triunfal».

149 Fechado a 27 de noviembre de 1914.

151 Fechado a 11 de diciembre de 1914.

157 Fechado a 1 de m ayo de 1915-

159 v. 9. E n v e z de «etern a » , «vieja» -v a ria n te señalada en


TR L-.

161 [ O d a m a r í t i m a ] Firmada «Alvaro de Campos. Inge­


niero», se publicó en Orpheu, a 11 de julio de 1915- Siendo
quizá este texto el más amplio y el más característico de la

328 POESÍA III


producción poética de Campos, mantiene y desarrolla
-desarrolla-y-m antiene- en gran medida mucho de lo
que ya hemos señalado, ahora con más intensa coherencia.
Sobre la dialéctica del viaje —que gira sobre su eje, sobre sí,
levantado en su propia negación (a partir del verso 620, y
sobre todo, m uy en especial, en torno al 660 e inmediatos)
hasta el retorno con el que se cierra (v. 858 hasta el final,
especialmente en torno a los 881-887), al recobrar de
nuevo -v . 891- la que fue la visión desde el puerto, desde
el muelle (el mismo en que se abrió en el verso 1) - se van
desarrollando y desplegando los temas que le son ‘conna­
turales’: la crítica d e l tiempo y delprogreso, la violencia y su
fuerza destructiva frente al cansancio de la civilización y el
spleen del sujeto que la vive, la reivindicación de la ternura
-co m o experiencia humana, en lo sensible - frente a una
justicia siempre abstracta que en realidad no sabe del dolor
-ése que, según Hegel, es «el privilegio de lo vivo», G. W.
F. Hegel, E nciclopedia de la s ciencias filosóficas, 1.a parte,
«La ciencia de la lógica», Concepto previo, parágrafo
6 0 - , la configuración -siem pre d ifícil- de la (y de las)
personaos ) del poema - y del mismo poeta que lo habita-...
Lo señalado en notas anteriores puede aplicarse aquí y en
lo que sigue sin añadirle nuevos comentarios. Solamente,
y de modo general para todo el conjunto de las «Odas»,
queda por advertir que su estructura -q u e se basa en el
canto [el poeta ‘canta’, y su v o z , construida como ‘voces’,
configura en conjunto todo el ‘coro’ (tal es el origen de la
oda desde la oda pindárica hasta Whitman)] es una estruc­
tu ra m usical. Un análisis pormenorizado -q u e aquí solo
podemos in d icar- puede quizá mostrarnos la función
musical (constructiva) de los tem as y su (s) respectivo(s)
desarrollóos) —la distribución de los m otivos nos presenta
un trabajo minucioso, como la base rítm ica y las variaciones
en el tim b re —. Ya hemos hablado antes (en la nota al
segundó de los «Fragmentos de Oda» conservados -véase
la primera de las notas a p. 135 de este lib ro -) de la utiliza­
ción de la sonata como forma matriz de estos poemas. Pero
lo que allí quedaba en torso es aquí un proyecto confor­
mado, una construcción (construcción-destrucción)
‘finalizada’: el regreso a la tónica hacia el final de la recapi­
tulación viene a rematar el edificio - e l poema, la o d a -
como un todo (así la «Oda Marítima» hace visible/audi-
ble en su conjunto esa condición que en las restantes se
hace quizá menos evidente, por más que su estructura sea
la misma: pero también, al tiempo, las odas en estado
inacabado muestran mejor el modo - y hasta los m odos- de
su composición. La p a r titu r a está siempre completa, por lo
menos lo está en su proyecto; lo que falta son sólo varia­
ciones o amplificación de los motivos, pero el poema existe
- la partitura existe, como tal, realizada y completa en
cada caso-, Y es así, a partir de esa estructura, como la
forma de la contradicción que engendra la dialéctica de
Campos queda en sí conformada: como forma.
Una transcripción de sus perfiles (de su partitura subya­
cente) podría ser -co m o tentativa- la que ahora ofrece­
mos en esquema: el primer tema que vertebra la «Oda»
-y a desde el título y los primeros versos (los primeros
‘compases’ del poem a)- es la entera temática del «viaje»,
sobre el cual se despliegan en la tensión de sus polaridades
los restantes temas, cada uno con sus respectivos desarro­
llos conformando distintos episodios abiertos, en espejo,
en sus armónicos, com poniendo/tejiendo de este modo
con estructurada coherencia la totalidad del material [hay
que señalar en todo caso que el efecto complejo que pro­
duce es el de un sólo campo - a saber, el campo ondulato­
rio, magnético y marino, del poema; una red ‘infinita’ de
modulaciones incesantes en el canto complejo de la voz (y
las voces que se cruzan) sobre el cuerpo del texto (de ‘su’
vo z)]. El «puerto» confrontado a la «distancia» -q u e se
define como lejanía en dirección (en fuga) a lo ‘otro’ posi-

330 POESÍA 111


ble («in d efin id o»). Sobre el «m ar» - e l espacio- del
poema se aproxima y aleja -«atraca y zarpa»- el «paque­
bote» - e l barco- la negación del «m uelle», tierra firme
en que se enclava el texto (y con él la mirada) del poeta.
Negación que se da, del mismo modo, ahí entre «puerto»
y «playa», «industrial» (lo m oderno) y «primitivo» (lo
incivilizado), el «Mediterráneo» y los «Océanos», o tam­
bién la metrópoli (el comercio) y las colonias (tierras de
aventura), donde toda barbarie (aventura-comercio son
al fin las dos puertas de lo mismo, los dos rostros de Jano
de un ‘imperio’) queda legitimada/denunciada en el
impulso civilizatorio —y uno al que se dota en todo caso de
connotaciones sexuales, entre Europa y lo (s) otro(s),
entre poseedor y poseído-. La Historia contrapuesta a lo
Actual se nos ofrece como diferencia entre distintas técni­
cas cuya contradicción divide el «alma» en sus tensiones
siempre inconciliables - l a persona/el «poeta», como
«técnico», sufre ahí la «nostalgia» de unas formas de
«vida» (formas también de «m uerte») rebasadas, con­
servadas tan sólo como formas en el espacio de lo «imagi­
nario», reconducibles sólo como « su eñ o » -. Ese sueño
-e sa «estética» soñada—que constituye el cuerpo de su
«canto» - e l mismo canto que lo constituye en calidad de
voz: como sujeto- y del que al fin, de modo inevitable, el
poema tendrá que ‘despertar’.

171-175 w . 165-210. Tal como ya hemos señalado en la nota


global a este poema, en el desarrollo de estos versos surge
la temática del «canto» (v. 174) junto con su «estética»
específica (v. 175) en relación al tema principal, es decir, la
temática del «viaje» (a su vez dividido entre lo ‘firme’ -e l
barco, que se va desplazando—, y su destino) y el derivado
de la técnica (la contradicción irresoluble entre los
motivos combinados de la «modernidad» y de la
«m áquina», de la «educación» y el «ingeniero»... y los

331 NOTAS
que contiene el sentimiento - lo Anticuado, la Historia, la
Distancia, contrapuestos ahí a lo «Actual»—). Y, en el cen­
tro de dicho desarrollo, el «sentido» del «muerto» (y de
la «m uerte»; individual, como proyecto —tal como lo
hemos visto en los versos 163-164 anteriores-), específica­
mente proclamado en los versos 185-193- Eso es justamente
-ese «sentido», señalado en el verso 191- lo que le otorga
al «viaje» su sentido. Ambos temas así se configuran como
el tema total -M uelle-Absoluto (y. 54) que se cifra al final
de la «Distancia» (pero una que es siempre inabarcable).

177 w . 237-238. «Ahoy schooner», «ah de la goleta» (en inglés


en el original).

181-183 w . 307-327. Sobre la violencia del pasaje - y la de la His­


toria que describe, que realiza ahí su propia crítica (o, al
menos, su crisis) en el momento mismo del relato—ver lo
comentado anteriormente en las notas a páginas 121,123 y
125, así como en la nota general a la «Oda Marítima»
(nota a la p. 161, ver últim o párrafo; aún regresaremos
sobre el tema).

185-187 w . 354-369. Aquí el masoquismo del poeta -s u angustia


de muerte y las implicaciones sexuales que anteriormente
ya hemos señalado (vid. notas a p. 119, w . 113- 118 , y p. 121 ,
w . 134-148)- va a cristalizar por un momento en la figura
crística -c o n su mención de la «crucifixión», w . 3 6 0 - 361 -
y la odiseica -cuerpo «atado al poste», w . 362-364-, Dos
motivos (dos mundos) donde se entrelaza -e n sus figuras
(ver también al respecto la imagen cristo-mascarón de
proa que avanza «clavado» sobre el casco, en los siguientes
w . 381 - 382 ) - todo el devenir occidental.

332 POESÍA III


^ -'1 8 7 w . 394-395- La imagen es aquí una referencia clara y
directamente portuguesa para un mar-océano (un «m en­
saje») del imaginario portugués.

1 8 7 -2 0 5w . 395-618. Comienza aquí, y así lo dice el texto, la


‘canción del pirata’ (los piratas), viejo tema romántico y
popular —piénsese por ejemplo en el famoso poema deci­
m onónico de José de Espronceda— que aquí va a citar
expresamente la literatura anglosajona - la de Stevenson
m uy en especial, reproduciendo dentro del poema la can­
ción de L a isla d el tesoro : «¡Quince hombres sobre el cofre
( del muerto, / yu-ju-jú, y una botella de ron!», w . 414-
415, 539-540, 605-606 a voz en grito-. Junto a la narrativa
popular (anterior en el tiempo mas también coetánea a
este poema -d e Salgari a MacOrlan, por ejem p lo-) este
tema se enlaza con el que ya hemos señalado de la
dinámica sexo-masoquista —w . 456-457 y 483-489 entre
otros m u ch o s-, que aquí incluye el anhelo de úna
destrucción más general: precisamente la de lo «moderno»,
quizá mejor, de lo «civilizado» [una decena de años sola­
mente viene a separar este poema de la «Canción de
‘Jenny-de-íos-Piratas’» en la famosa ópera brechtiana
(en la bien conocida D reigroschenoper), donde la destruc­
ción cobra carácter de revolución y de anarquía (ahí lo
que Jenny espera - y también su figura es femenina, como
la de Campos-travestido, w . 490-500 y siguientes- de
estos bandoleros de los mares es la destrucción de la ciu­
dad -u n a ciudad portuaria, desde lu ego-, la detención de
cuantos se alojan en el hotel en donde trabaja, y que den
muerte «a todos» y cada uno de los prisioneros. Del
mismo modo, de esa misma época es, en palabras de los
surrealistas (m ás exactamente de Buñuel en articulo
publicado en V arietés y L a R evo lu tio n su rré a liste , ver la
referencia en sus memorias tituladas M i ú ltim o suspiro,
Madrid, 1982, p. 108) y en referencia a sus producciones,

333 n o t a s
el «apasionado llamamiento al asesinato» que ellos no
dudaron en lanzar)]. Respecto al contenido - y al carác­
te r - musical de la «O da», se nos hace aquí audible
-sob re el te x to - la combinación de la v o z sola - la del
poeta como protagonista (com o primer ‘sujeto’ más
paciente que agente, que sufre lo que hace en/del
p oem a )- con la voz colectiva —los piratas que entonan, a
coro, sus canciones—.

189 w . +17-419. «Darby M’Graw! / [ . . . ] / Trae el ron a popa,


Darby!» (en inglés en el original).

197 w . 522-52?. En estos versos comienza a insinuarse el carác­


ter imaginario de una escena - o mejor, de un «ensueño»,
ver el verso 655 - que, a partir del 619, va a quedar conver­
tida en su «contraria» («¿Cómo pude pensar y soñar tales
cosas? / ¡Qué lejano estoy ya del que fui hace sólo un
momento! / ¡Histeria de la sensación -o r a ésta o con­
traria!»-, w . 660-662). Dado que ahí «ensueño» y «sen­
sación» sirven al intento del poeta de no agotar nunca sus
«deseos» de una «identidad» siempre inestable (ahí, bajo
la máscara de Campos, surge la persona -q u e es la ‘más­
cara’ en el «drama en personas»—de Pessoa).

199 v. 551 - D ouceu r des moeurs: suavidad de costumbres (en


francés en el original).

w . 5+2-555- Los versos hablan aquí directamente del


impulso anticivilizatorio -v e r lo dicho al respecto en nota
a pp. 187-205.—que domina el ‘sentido’ de esta «Oda».

203 v. 590. «De vuestro desprecio del dom inio» (las cursivas son
mías). Se expresa aquí el motivo anárquico (vid. supra lo
que ya hemos señalado - e n nota a pp. 187-205- en el
mismo sentido sobre Brecht).

334 POESÍA III


w . 592-595. «Sufrir como Cristo por todos los hombres, /
por todas vuestras víctimas [...]» . Ya hemos señalado en
otra nota, a pp. 185-187 -sob re los versos 560-561 y 581-
5 82 - , ese carácter crístico del protagonista del poema que
aquí ya se nombra expresamente.

205 w . 619-711. Para este cambio repentino me remito a lo que


hemos señalado en nota a p. 197. Igualmente se inicia en
estos versos (reapareciendo luego en los siguientes 628,
6+1, 658, 669, 671, 676,700, 702...) el tema doble -y a iden­
tificado en la nota general a este poema (nota de p. 161,
primer párrafo)- que se articula sobre los motivos de la
ternura, del sueño y de la infancia.

207 v. 650. Sobre la distancia temporal —y lo irreversible de su


cu rso- se trasluce la cita y la memoria de un viejo pen­
samiento heraclitiano (vid. fragmentos 21+ y 215 de la edi­
ción Kirk-Ravenya citada).

v. 6 6 8 . Población en la orilla sur del Tajo, m uy cercana a


Lisboa.

2 og v. 6 8 +. «M e cantaba la Nao Catrineta»: romance popular


del siglo X V . La inclusión repentina, en el recuerdo, de este
viejo rom ance , y el siguiente ( w . 687-699) -c o n su lírico
tono de canción y de infancia (infancia del poeta e infan­
cia del tiem p o)- crea un verdadero contracanto frente a la
coral de los piratas (y uno que contrapone sobre el texto
dos musicalidades, dos estéticas, dos impulsos, dos tiem­
pos, dos culturas y dos moralidades). La condición binaria
y contra-dictoria del poema se produce en el salto, pero
uno que aún va a prolongarse, inevitable, indefinidamente
(«porque todo eso» - l a ‘ternura’- era para siempre ya
«el Pasado» -v . 705—) , regresando a la tónica, al inicio,
mas sin posible reconciliación (no hay ‘dialéctica’ alguna

335 NOTAS
entre estos textos, entre estos ‘momentos’ del poema que
es ahí, también, como un collage en bruto —algo que es
además característico de lo epocal de esta poesía, que antes
hubiera sido inconcebible-). Luego, en el v. 712, vuelve de
nuevo —y c o n m a y o r violencia— la renovación de la
«m atanza» -p ero ahora regresa sobre un tono volunta-
rista, forzado e impostado, dado que ahora sin duda cono­
cemos ( y la voz que nos habla ya conoce) su condición
ficticia («literaria», a través de la «imaginación», v. 719,
como sueño que «sueña» quien nos habla -q u izá mejor
aquí: eso que habla- pero con «miedo» -a h o r a - a «alguna
cosa [...] por detrás de la nuca», respirándole, v. 724;p o r
detrás de la imagen otra imagen c¡ue vigila, en abismo, los dos
sueños).

213 w . 719-759. Debilitándose ya lo «imaginado» (y . 739), se


levanta de nuevo, aterradora, otra voz, la del muerto (el
de los versos 1 8 5 -1 9 3 y 2 2 1 - 23 9 ) , que es aquí revelado-
desvelado en tanto que figura de la Muerte -quizá aun un
Dios-Muerte (v. 744), un dios-real, bien distinto del otro,
el del poeta (el de aquel Dios-poeta que en los versos 520-
522 era un dios-de-juguete, «imaginario», contraído en el
juego del poem a)-.

2 1 5 -227 w . 760-904. Abandonando el mundo «de los sueños» (v.


762) se retorna por fin -e n el poema, ya por última v e z - a
«lo real» ( v . 763 y 901), es decir: alprincipio del poema. La
visión desde el «muelle» (v. 901) de ese mundo -d el desper­
tar, visión de la «mañana» (v. 7 6 4 )- que el poema no había
abandonado (él se lee a sí mismo en las dos ‘direcciones’ de
su texto -d e su proyecto en tanto que trayecto-: del princi­
pio al final, siguiendo el rumbo natural de los ‘textos en el
texto’; refigurando al tiempo el movimiento que viene del
final hacia el principio. Es la esfera completa de ese cruce la
que teje la red de sus ‘palabras’).

336 POESÍA III


217 w . 772-783. El canto del «com ercio» (w . 776-882) -q u e
ya antes se había insinuado- viene aquí a combinarse -d e
manera ya definitiva—con el mundo «m oderno», de la
«m áquina». Sobre esa afirmación-confirmación
(«racionalidad de lo real») se consuma en sí mismo (y se
justifica) el propio canto ( w . 780-78?, pues ahí «nada
perdió la Poesía», que conserva su historia pero añade
-« a d e m á s» - su desarrollo: y uno que es suyo, orgánico,
deriva de sus propias «leyes naturales», v. 778).

219 w . 792-80?. En continuidad con lo expresado como con­


tinuidad de lo poético - y de la historia que lo constituye- la
Historia (siempre eterna en su continuo: «viejo mar siem­
pre homérico», el de «Ulises», v. 793; «mar eterno» del v.
833 ) se transforma - s e d a - como la «época» de la que el
poeta está «orgulloso» (v. 79 9 ): esa historia total donde «la
vida realiza [...] gran número de sueños» (v. 803 ).

22i w . 818-819. En inglés y francés en el original (com o es


bien sabido, Pessoa trabajó por muchos años en varias
oficinas comerciales -c f. versos 80+ y 811 - 833- atendiendo
a la correspondencia; su conocimiento de los idiomas que
se inscriben aquí y en otros versos forma en realidad su
único medio de ganarse la vida -escasam ente-).

v. 827. «Cesário Verde». Vid. nota de p. 135, v. 7.

229 [A F e r n a n d o P e s s o a ] Fechado en el año 1915, el poema


sería publicado en el n.° + de Solução E d ito ra . Lisboa,
1929. El juego ( ‘oculto’) en la dedicatoria -d e (Pessoa)
Campos a Pessoa- forma aquí parte de la extensa trama
—dicho en sus palabras « d ra m a e m g e n te » , es decir, de las
« d r a m m a tis p e r s o n a e » , las «personas del dram a»—que
figuran (e n ) el Drama, la Obra, de Pessoa.
23i [ M a n i f i e s t o d e A lv a r o d e C a m p o s] Fechado a 27 de
junio del año 1916.

233 El fragmento es continuación (probablemente, vid. el


verso 7) del que inmediatamente le precede, que con el
fragmento que le sigue pudo formar parte de un conjunto
-m en o r sin duda, casi un desabogo- sobre el (m al)
‘momento’ portugués.

237 [O d a m a r c i a l ] L o s dos primeros fragmentos de esta oda


están fechados al día 2 de agosto de 1914-. Los fragmentos
restantes carecen de fecha. La fecha está -s in duda- ante­
datada con objeto de hacerse profecía -profecía política y
poética -d e la Guerra Europea desatada el día 4 de agosto
de 1914 (por un lado la E n ten te -form ada por Francia,
Rusia y Gran Bretaña, más Bélgica y Serbia- y del otro
Alemania y Austria-Hungría). La oda muestra lazos evi­
dentes -la zo s materiales y form ales- con la «Oda Marí­
tima»: la violencia se transforma en guerra como el viaje se
hace galopada, pero la muerte es la misma muerte, como el
canto -solista o en coral- es de igual manera el mismo
canto -a h í la voz de Pessoa (como Campos) se ha configu­
rado por com pleto-. Cierto al mismo tiempo que su texto
se nos muestra quebrado, fragmentario (aún sin completar
la partitura), y sin embargo, en sus variaciones, desarrolla
unos temas más estrictos y bastante menos abundantes que
los vistos en la oda precedente. El ‘Cristo’, la ‘violencia’, la
‘ternura’, los problemas del ‘tiempo’ y de la ‘Historia’, la
dialéctica en torno a la ‘injusticia’ y, unificando todo ello,
la ‘participación’ del que nos habla - u n ‘sujeto’ poético,
soñado, pero al mismo tiempo, reponsable del entero dolor
de la existencia—serían esos temas que comparten.

v. 4. Esta «cabalgada» de la guerra es la heredera algo


tardía (recuérdese: la guerra del 14 será la última en que la

338 POESÍA III


caballería -a n im a l- mantuvo su papel, y uno que mar­
caría su fracaso frente a la guerra técnica de la nuevas
armas atomáticas y los nuevos aviones y blindados) de un
mundo pasado, wagneriano, resto estético del siglo xix; las
«walquirias» del verso 16 son el testimonio de ese resto
que, junto a las «brujas» —shakespeareanas—y las «ama­
zonas» -m u n d o an tigu o-, muestran el rostro eterno
-cantan el viejo m ito - de la guerra, y aun, con él, el de la
poesía como ‘épica’ nueva (maquinal; más o menos en
esos mismos años, de manera efectiva -n o soñada- Marc
y Jünger cantan el conflicto -co m o Apollinaire, del otro
lad o- en ‘expresiones’ más que semejantes).

239 w . 20-25. Como antes la metáfora del «río» -m etafórica­


mente transformada, vid. la nota a p. 207 v. 650 de la «Oda
M arítim a»-, es abora la guerra como ley (como «ley que
todo lo gobierna», v. 22 ) lo que nos remite nuevamente a
los pocos fragmentos conservados del libro de Heráclito
(fr. 204 y, m uy en especial, los frs. 211 y 212 -« q u e la
guerra es común [...] y es el padre y el rey de todas las
cosa s» - de la edición de Kirk-Raven ya citada). Unos
seguramente conocidos, como era normal en esa época, a
partir de los textos nietzscheanos.

v. ?0. R en dez-vou s: cita (en francés en el original).

2 4 1 -2 4 3 w . 70-77. Epica como historia al igual que la Historia


como épica -la del «dolor» «antiguo» y «actual» (v. 71),
ya lo hemos oído anteriormente— que se concreta en
forma bien expresa en Virgilio «adulando» al vencedor
( w . 76-77; ahí la referencia es a la E neida —una reflexión
del mismo tipo, en relación con la segunda guerra, es la de
Broch en M u erte de Virgilio —) . Es la vieja función —propia
pero inauténtica, ahí denunciada en toda su bajeza- de la
más elevada poesía...

339 n o t a s
243 v. 77. P erpopu lu m d a t ju r i: da al pueblo sus derechos (en
latín en el original).

245 w . 105-114. Realidad espantosa (realidad «mierdenta», v.


112 ) de la guerra (v. 1 0 5 ) frente a «cosas contadas en los
libros» (v. 109). Diferencia esencial con lo «soñado» en la
«Oda Marítima» y -e n general- en la Poesía.

w . 115-121. El curso de la oda sigue a ‘saltos’ -saltos musi­


cales y poéticos tal como ya hemos señalado-, cambiando
de la épica a la lírica (otro inciso anterior, y marcado,
además, entre paréntesis, ya lo hemos visto en esta oda en
versos 95-104). La alternativa va a continuar —en el
cuerpo del texto y en la vid a- como contradicción irresolu­
ble (los versos 117-118 - « e l cuerpo y ... otros cuerpos no
[...] distintos [...] / la muerte ... y lo contrario de [...]
esto, v id a ...» - son, a este respecto, literales).

247 w . 122-112. El desfile guerrero se traslada de la Antigüedad


a la Edad Media -«arqueros de Crezy y de Azincourt, /
armas, armas de Arras» (w . 111-132), algunos de los lugares
señalados durante la guerra de los Cien A ños-, o, para
decirlo de otro modo, de los versos de la Eneida de Virgilio a
los de E n riq u e V , los de Shakespeare (los tres versos
siguientes, 111-115, envueltos en su « incierta polvareda»,
bien pudieron haber sido leídos por el Orson Welles de Cam­
panadas -que adapta los Enriques shakespeareanos-).

v. 117. El inicio del verso recuerda intensamente -d e otra


form a- el famoso poema de Darío que, compuesto en
‘hexámetros’ (adaptación castellana aproximada del
metro épico clásico) y con esas palabras como título,
forma parte —por esos mismos años- de sus Cantos de vida
j esperanza.
25i w . 167-170. Desde el medioevo de la invasión mongol a la
guerra franco-alemana del 70, la guerra desarrolla su
continuo. Y, frente a ella, la naturaleza que también con­
tinúa -q u e «renace» reiniciando su ciclo, sin cesar—. En
los versos siguientes ( w . 171 y sucesivos) el texto se va
haciendo fragmentario, troceando la estrofa y la con­
tinuidad de los motivos (pero «todo mezclado», «un solo
río», una única «ola», un sólo «horror», w . 182-181).

253 w . 185-258. Reaparece, de nuevo, el tema ético en frag­


mentos alternos e incluso en versos inmediatos. Rea­
parece también el tema crístico que hemos subrayado
anteriormente -« ex p ia ció n » de «todas las violencias»,
expiación «absurda» (y. 19$) en todo caso—, A partir de
ahí se identifican - y se separan, alternativam ente-, las
figuras de víctim a y verdugo (vv. 198 y subsiguientes);
luego el problema ético deriva en la dirección de lo social
-tem as de lo justo y de lo injusto (vv. 212-212)-. Y, de
ahí, nuevamente transformado, el texto se convierte en la
memoria de la destrucción, de lo caído, y el poema
deviene le ta n ía , adoptando la forma (y el ritmo form al)
de la oración-, el redoblar a muerto de cam panas traza un
nuevo m otivo -d e sen tid o - sobre un nuevo timbre
-m u sica l-.

257-259 w . 211-261. La épica se disuelve en canto fúnebre


-aunque eso también era la épica- y la «Oda Marcial»
viene a negarse a partir de su texto - y en su seno-: la recla­
mación de la «ternura» (insinuada en el verso 261) frente a
la «locura» de lo humano (porque «los cuerpos mueren»
pero «el dolor no muere», es el verso 244) viene a naufra­
gar en lo que llama, de manera clara y bien expresa, «el
total holocausto de la historia» (v. 254, las cursivas son mías).
Uno que es sin duda el resultado de lo que son las «leyes
inflexibles», las «feroces leyes de la vida» (v. 260).

341 NOTAS
259 v. 252. Somewhere in France: en algún sitio, en Francia (en
inglés en el original).

v. 268. Tal como indicamos al principio (Ver nota general a


la p. 217), la referencia hecha a la cruenta batalla del Marne
—y, en este sentido, hay aun referencias anteriores—viene a
corregirnos claramente la supuesta data de la «Oda».

2 5 9 -2 6 1w . 274-278. La negación del héroe -«m u erto» con un


«premio del Estado» (V. 2 7 4 )- y su caída en el «anoni­
mato» que es la negación de toda «historia» (v. 276) niega
al mismo tiempo toda ‘épica’. El poema se cierra de este
modo -m ejor dicho, se ciega de este m od o- como
negación de su sentido (no por esta vez, sino por todas).
‘Epica negativa’ la de Campos, para siempre ya la única
posible.

263 [ « S a l u t a c i ó n a W a l t W h i t m a n » ] Esta, que es señalada


normalmente - e n su posible orden cronológico- como la
cuarta de las grandes «Odas» escritas por Campos, com ­
pone sobre todo tres temáticas: la primera, la «m odernidad»,
moderno mundo del tráfico y la máquina; la segunda la
camaradería o, de otro modo, la « fra te rn id a d » , clave
homosexual —y varonil en el imaginario que lo anima—del
complejo que forman Whitman-Campos; y, la tercera, el
«C anto», la oda misma - s u condición de h im n o- alcanza
un tono de celebración y epitalamio (frente a la letanía
funeraria de la anterior «Oda Marcial» aquí oímos el
canto de las bodas). La estricta y fuerte reducción - y con­
centración— de la temática hace más hom ogéneo el
desarrollo que en los poemas anteriores, por más que, por
su estado fragmentario (al igual pero aún en mayor grado
que esa «Oda Marcial» que la precede), este desarrollo es
sincopado y aparece ‘colmado’ de lagunas. Cosa que aquí
' no impide, en todo caso -co m o en todos los casos ante-

342 POESÍA III


riores- la percepción de la ‘partitura’ como algo ‘com­
pleto’ (no acabado pero completo en tanto que proyecto,
realizado, de hecho, en su conjunto). Observado el poema
de este modo vemos que el primer tema ya es común a toda
la poética de Campos; el segundo hizo ya su aparición,
tímida todavía en calidad de «tipo», de figura -o , musical­
mente, de ‘m otivo’- en los poemas tempranos (en el ter­
cero de los «Tres sonetos», como luego, también, en el
«O p ia rio » ...)- para presentarse como tema dotado de su
propio desarrollo en la condición de los «piratas» -y a
hemos señalado en su momento la alterna valencia sexual
(que se hace, en su caso, polaridad de ‘víctim a/verdugo’)
del sujeto que canta (que se can ta)-. Lo nuevo, aquí, es la
fraternidad/camaradería señalada -siguiendo los modelos
w hitm anianos- junto al hecho de alzarse a tema p rin c ip a l
en todo el texto. Tema éste sin duda que permite - o mejor,
que p ro-voca-, nuevamente, la condición coral que se
percibe y que constituye el tercer tema -ese canto directo y
colectivo que es la «Salutación» en su conjunto como cele­
bración del «U niverso»- [En el poema es clave este con­
cepto: un «Universo» que es historia-tiempo, donde vida-
muerte no se oponen sino que se com-ponen como forma.
Forma poética en su continuidad (tradición-y-dinámica,
fuerza con-formadora ‘creadora’: dada en los poemas y en
los nombres - w . 17-20—) , donde los motivos «D ios» y
«muerte» - a lo largo de todo el desarrollo- son la vida - e l
‘espacio’- que se canta]. En otro orden de cosas, es aquí
necesario señalar el fuerte parentesco con la poesía w hit-
maniana - u n parentesco que ahora se duplica: con la
poesía y el poeta—. [Unos años después sería el caso de la
«Oda a Walt Whitmann» del Lorca de Poeta en N u e va York
(las similitudes con Pessoa pueden señalarse en todo el
libro, un proyecto también inacabado...)]. Subrayemos por
último que -c o n evidentes diferencias materiales/formales
caso a caso-, la tradición poética donde encarna la forma de

343 NOTAS
la oda, que renace en la época moderna en torno al período
ilustrado -s o n los casos de Klopstock y de Holderlin (el
segundo a partir de «El Archipiélago»)-, pasa por Whit­
man (con su impronta bíblica, aunque también en él de
tono clásico) para dar, tras el caso excepcional sin duda de
Pessoa - y el del Pound de los Cantos, aunque ahí el proceso
de collage y montaje es m uy distinto, no pudiendo
encuadrarse de manera estricta en este ‘género’- , en León
Felipe (su «Oda rota» -en tre otras m uchas- sería, ahí,
otro caso clave), Lorca (ya mencionado y anterior, espe­
cialmente desde el año 1910), Juan Ramón (versión en
verso de su «Espacio»), Saint-John Perse o Seferis, por
citar solamente algunos grandes. Situar a Pessoa en el cen­
tro de esa tradición es importante para desmentir - o quizá,
mejor dicho, refutar— esa supuesta condición de ‘isla’
-caso ‘original’ e ‘irrepetible’- donde suele ‘aislarlo’ cierta
crítica que se mantiene, miope y ‘escondida’, en la
estrechez de lo ‘nativo’ (en contradicción con un poeta, y
con unas poéticas concretas, encarnadas, reales, que son sin
duda todo lo contrario, tanto en sus raíces europeas - e l
poeta «arde por tener toda Europa entera en su cerebro»,
dice el verso 159- como en su vocación - e n su proyecto:
«Portugal - Infinito», v. 1 - universal).

v. 8 . «Sexualizado sobre las piedras, y por...». Variante


recogida en Ática.

v. 18. Insaisissable: que no puede captarse (en francés en el


original).

265 v. 22. «Espasmo pra dentro de todos os objectos-força»


(«espasmo interior de todos los objetos-fuerza»). Variante
de lectura en Ática.

v. 21. Souteneur: chulo (en francés en el original).

344 POESÍA III


v. 43. Engageant: atractivo (en francés en el original).

267 v. 46. «Amén, viejo Walt». Variante señalada en TRL.

v. 54. «N i tampoco tu amante». Variante señalada en Atica.

269 v. 80. El motivo del «yo» —como sentido: de la «palabra»


y de quien le profiere (V. 8 4 ) - vive directamente, en este
caso, de el «Canto a mí mismo» whitmaniano.

v. 87. «Soy el propio caballo que yo m onto». Señalemos


aquí, de modo expreso, el tema de la poética del canto - lo
que hemos llamado tercer tem a-, cuya ‘identidad’ es cir­
cular (creándose a sí mismo en ese círculo que se re-pro­
duce, en movimiento: su movimiento es lo que lo ‘crea’).
El poeta se crea en el poema que Se crea en sí mismo, para
/
SI.

v. 9?. «Quedarme debajo». Variante señalada en TRL.

2 73 v. 1?1. Marcado en rojo, al inicio del fragmento, en inglés:


« h e calis W alt» («se llama Walt»), lo que parece un título
parcial -a sí se indica en nota en T R L -, mientras lo inclu­
yen como verso en Atica (p. 212 en su edición). Luego,
unos versos más abajo (v. 142), «Democracia», en inglés
en el original.

v. 145-161. Aquí tiempo y espacio van a fundirse en un


concepto sólo (una dimensión conceptual), la de ese Dios-
Término (v. 1 5 0 ) , distancia espacial-temporal donde se
alzan la temporalidad y los «objetos» (el concepto de
«térm ino» reúne ya por sí mismo ambas dimensiones); la
distancia que cubre, por la que estrictamente se desplaza,
ese «alma-kilómetros por hora» (v. 160) - la distancia que
es ya el poema mismo que se despliega en su desplaza-

345 NOTAS
miento, como, en ella, es también ‘ese’ poeta: ese «tú» que
es ahí sujeto-objeto sobre el espacio de su enunciación-.

v. 162. «Mecánicos». Variante señalada en TRL.

277 v. 205. Una referencia, literal, a las H ojas de hierba de Walt


Whitman.

v. 208. «Mis versos sueltos». Variante de lectura en Atica.

281 v. 261. M arch e a u x flam beaux: marcha entre antorchas (en


francés en el original).

v. 262. La «gran marcha guerrera» de este verso permite


suponer una unidad -evidente en los temas y en las citas
(por ejemplo en los «m arineros» del verso 2 + 6 prece­
d en te)- que abarca las odas en conjunto. Una ‘Oda Total’
(«poema supremo», w . + 9 9 - 513) hacia la que apunta cada
parte como poema en marcha: hacia el Poema.

2 8 3 -2 8 5 w . 28+-32?. Ahora el «Yo» (w . 288-293) invierte su(s)


m otivo(s). El «fracaso» ( w . 28+-285) de «ser» en tanto
que uno en lo «particular» (v. 2 8 7 )- el gran fracaso de no
poder ser-todo ( w . 2 8 6 -2 8 8 )- es la misma potencia que
arrastra el poema a su destino [el ser-término (w . 320-323)
uno-universal (v. 287), a donde avanza, inexorablemente,
ese «último tren» (w . 2 9 1 , 316 , ?2 +, 333-••) que es el poema:
aldea-vida (v. 311), M undo-Dios (v. 312), Dios-Término
( w . 150, 30+ , 323. . . ) , son el único-espacio que se crea en
tanto espacio-uno (que se canta)].

285 v. 3IO. «¡Vámonos ya de sernos!»; «¡vámonos ya de yo!»;


«¡vámonos ya de mí!». Variantes recogidas en TRL. Ver a
este respecto lo ya dicho en la nota anterior.

346 POESÍA 111


v. 318. «Tal vez partiendo regrese. Quizá acabando lle­
gue». El tono es fuertemente semejante al de los Cuatro
Cuartetos eliotianos [especialmente «East Coker», I y V:
«En mi comienzo está mi fin ...» (I, v. 1), «En mi fin está
mi com ienzo» (V, último verso del poem a)], aunque sin
duda hay que subrayar que éstos son treinta años posterio­
res a lo formulado por Pessoa. Nuevamente, en los versos
que le siguen, se manifiesta de modo decidido («partir es
haber ido», v. 32 0 ) la circularidad de este poema - y del
espacio en que se constituye-.

287 324-337. Frente a la insuficiencia de la vida, se tematiza,


paralelamente, la insuficiencia de la poesía. Pero una que
afecta - y que define- a la poesía en cuanto tal [dice ahí en
efecto «nuestros versos» -v . 325 — corrigiéndose así la
variante que rezaba «m is versos» (com o se señala en
TRL)]. -Aquí vale sin duda aquel principio: «toda deter­
minación es n egación »-. Lo insuficiente no es pues ‘su’
poética sino cualquier Poética existente (y esto, precisa­
mente, por la insuficiencia de existir que afecta real, radi­
calmente, por igual al poema y a la vida). Cierto sin
embargo que el poeta, más allá de esa doble posición y de
ese fracaso paralelo, todavía parece sospechar que el
poema es menos que la vida (mero producto de su «deca­
dencia» - w . 338-351); pues «la Poesía al fin ha sido nues­
tra incompetencia de actuar...» ( w . 345 y ss.). N ueva­
mente, un poco más abajo: «¿a qué diablos vivimos, para
qué hacemos versos?» (v. 363), el poeta vuelve a reunir,
correlativamente, ambos motivos (ver también, al
respecto, versos 413-415; 4 4 0 -4 4 6 y 514-604).

v. 337. «Es también cantarte, amigo m ío». Variante seña­


lada en TRL.

347 NOTAS
289 v. 366. Reaparecen juntos, en el verso, los temas de lo
moderno y el spleen.

295 v. 425. «Fiebre que hoy es sólo un deshacerse». Variante


señalada en TRL.

299 v. 465. «Oración-cabalgada». Otro de los motivos com ­


partidos con la «Oda Marcial» (Ver nota a p. 237 sobre el
verso 4 de esa oda).

3 0 1 -3 0 9 w . 499-604. Este largo himno conclusivo desarrolla


hasta el fin el tercer tema (Ver nota general sobre esta
oda), ése que hemos ya identificado como el ‘Canto del
Canto'. El que éste sea un canto negativo (ya hemos hablado
de ‘épica negativa’ en nota a pp. 2 5 9 - 26 1 ) no impide, al
contrario, hace posible -« a sí [...] canto [...] diciendo que no
p u ede can tarte» (y. 591, las cursivas son m ía s)-, la condi­
ción de ser que lo levanta -porque se ‘fundamenta’ en una
falta («siem pre [...] falta esa cosa [ . . . ] / [ . . . ] / faltan tres
dimensiones», w . 571 y 574; «nunca lograré sino copiarles
un eco a las cosas», v. 582 ) , pero su fundamento es su no-
ser-.
303 v. 524. «Como ideas sólo para ser comprendidas». Variante
señalada en TRL.

309 v. 584. «Que cambia tanto». Variante señalada en TRL.

311 w . 605-611. La acelerada coda de estos versos re-produce


el retorno del poema hacia el «yo» que lo canta (desde el
Canto) como presencia (siempre) inevitable. Retorno que
confiesa su fracaso, dado que de ese ‘yo’ no hay salvación.

348 POESÍA III


ÍNDICE

P rólogo
« P a ra una lectu ra de Álvaro de C am p os» 5
por Miguel Casado

Advertencia 55

LOS POEMAS DE ÁLVARO DE CAMPOS - I 57

N otas 313
Juan Barga

También podría gustarte