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A Inconstitucionalidade Da Lei 13.429/17 Colacionada Aos Dispositivos Constitucionais de Proteção Social Do Trabalhador
A Inconstitucionalidade Da Lei 13.429/17 Colacionada Aos Dispositivos Constitucionais de Proteção Social Do Trabalhador
1. Introdução
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Acadêmica do 3ª ano do curso de Direito da UEMS; email: marixd2862@gmail.com
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Acadêmica do 3º ano do curso de Direito da UEMS; e-mail: tailinearaujocavalcante@gmail.com
3
Professora orientadora da UEMS; email: manuellauems@uol.com
Federativa do Brasil de 1988, que estão sendo contestados por meio de Ações Diretas de
Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.
Para discorrer sobre o embate que permeia a Lei nº 13.429/2017 cumpre esclarecer
alguns pontos. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, conforme
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destaca Delgado (2017) baseou-se no paradigma de constitucionalismo conhecido como
constitucionalismo humanista e social contemporâneo. A partir desse paradigma erigiu-se o
conceito de Estado Democrático de Direito, um dos principais eixos da atual Constituição
Brasileira. O Estado Democrático de Direito ampara-se em um tripé conceitual, quais
sejam, a dignidade da pessoa humana, a sociedade política e a sociedade civil, ambas
democráticas e inclusivas. Sendo, portanto, a Carta Magna Brasileira de 1988, um reflexo
do Estado Democrático de Direito, ela posiciona em seu cerne a pessoa humana, revestida
de sua dignidade. A partir daí desenvolveu-se os dispositivos mais importantes de nossa lei
maior, os direitos e garantias fundamentais do indivíduo.
O legislador, mantendo a coerência na preocupação com o indivíduo, abarcou, no
bojo dos direitos fundamentais, os direitos sociais, nestes incluídos os direitos do
trabalhador. Assim, a Constituição de 1988 fortaleceu os direitos trabalhistas,
estabelecendo o que se permite denominar de dispositivos constitucionais de proteção ao
trabalhador. Os preceitos destacados em tal dispositivo constituem a manta protetiva do
trabalhador, em seus direitos primordiais.
O mercado de trabalho, entretanto, já há muito tempo absorve um fenômeno social
denominado de terceirização, como descrito anteriormente. Tal fenômeno, constituído por
situações laborais que caminhavam a margem dos princípios e regras jurídicas, insultava,
na maioria das vezes, as normas trabalhistas. Com o intuito de proteger os trabalhadores
terceirizados e minorar as constantes lides no judiciário trabalhista, inseriu-se no
ordenamento jurídico a Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974.
A Lei nº 13.429/2017, idealizada a partir do Projeto de Lei nº 4.302/1998,
promoveu mudanças na Lei nº 6.019/74, encontrando esteio na primordialidade de
adaptação das normas trabalhistas a nova realidade das empresas, que exigia maior
flexibilidade nas formas de contratação e procedimentos mais ágeis. Isso, pois, a economia
brasileira vivenciava a sua inserção em um mundo globalizado, com novas e modernas
formas de produção.
A terceirização dos serviços, constitucionalmente permitida na atividade-meio,
conforme destaca Delgado e Amorim (2014), é ferramenta que propicia ao empreendedor
dispensar esforços à realização de sua atividade fim, seu core business, com o intuito de
“racionalizar o aproveitamento do tempo e das energias institucionais com máxima
eficiência administrativa”.
Considerando o trabalho temporário uma atividade legitimada pelo ordenamento
jurídico pátrio e um meio de promoção do desenvolvimento das empresas, surge a questão
sobre quais seriam, então, as principais disposições constitucionais afrontadas pela Lei nº
13.429/17. Tema de extensa apreciação, e sem a pretensão de esgotar a discussão sobre o
assunto, optou-se, no presente trabalho, por uma breve análise dos dispositivos
constitucionais discutidos na apreciação da inconstitucionalidade material da lei em
destaque (Lei nº 13.429/17), e elencados nas ADIs, que tramitam atualmente no STF.
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4.1 Ampliação do regime de locação de mão de obra para além do caráter de
excepcionalidade
A norma jurídica, nesse estudo analisada, prevê em seu art. 10, § 1o que “o contrato
de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo
de cento e oitenta dias, consecutivos ou não.” Reforça em seu § 2o que, desde que
mantidas as condições do contrato, o mesmo poderá ser prorrogado por até noventa dias,
consecutivos ou não, além do prazo de cento e oitenta dias. Observa-se que o legislador
promoveu uma elastização temporal, inserindo a possibilidade de recontratação do
trabalhador temporário, em seu § 5o, após noventa dias do término do contrato anterior.
Infere-se, então, que a norma possibilita à empresa tomadora de serviços manter o
empregado terceirizado até nove meses na empresa, assim como oportuniza a contratação
do mesmo, três meses após o término do contrato de trabalho anterior. O excerto
“consecutivos ou não”, inserido nos §§1º e 2º, do art. 10 da lei em questão, submete o
terceirizado a um vínculo permanente, ainda que indireto, com a empresa tomadora de
serviços. Entretanto, o mesmo não goza da proteção dispensada aos empregados
contratados, destarte, conforme preleciona Amorim (2014)
O problema central reside em que a terceirização reduz o nível de efetividade
dos direitos fundamentais dos trabalhadores terceirizados, mesmo sem retirá-los
do plano de vigência formal, já que promove a redução salarial e de benefícios
sociais, enseja empregos precários com alta rotatividade de mão-de-obra,
piora consideravelmente as condições de saúde e segurança, permite a maior
incidência de acidentes de trabalho entre os trabalhadores terceirizados e
dificulta a ação sindical voltada à conquista de novos direitos.(grifo nosso)
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A proteção temporal está diretamente relacionada ao princípio da continuidade da
relação de emprego, refletido nas disposições do art. 7º da Constituição, que demonstram a
relação de emprego, com intuito permanente: férias, aposentadoria, indenização por
dispensa injusta. A proteção espacial denota a total integração do trabalhador à empresa e a
valorização da relação direta entre empregado e empregador. A função social da
propriedade (art.170, III, CF) destaca-se como um dos princípios da ordem econômica,
estabelecida constitucionalmente, e extensiva à empresa, que figura no contexto social
como promotora da justiça social. O enaltecimento da relação direta entre empregador e
empregado valida a função social da empresa, e a empresa ao se submeter ao princípio da
livre-iniciativa, concretiza os preceitos constitucionais trabalhistas, por meio da garantia de
emprego de qualidade, da valorização do empregado e da adoção do regime constitucional
do emprego socialmente protegido. (DELGADO E AMORIM, 2014)
Dessa forma, ressalta Amorim (2017, p.160), terceirizar sem limite, incluindo a
atividade-fim, promove o esvaziamento da “garantia constitucional da relação de emprego
socialmente protegida (CF/88, art. 7º, I) como fonte dos direitos fundamentais sociais dos
trabalhadores (CF/88, arts. 7º a 11 da Constituição)”. Conclui, ainda, o referido autor, que
a terceirização em quaisquer atividades empresariais, nestas incluídas as de meio e fim,
promove a supervalorização do princípio constitucional da livre iniciativa, que de forma
nefasta, sacrifica os princípios do valor social do trabalho e da função social da
propriedade. Logo, constata-se que, fomentar em demasia a terceirização nas empresas,
rompe o equilíbrio salutar que deve existir no mercado de trabalho, por meio da
convivência harmônica entre a livre iniciativa, o valor social do trabalho e a função social
da empresa.
5. Considerações Finais
6. Referências Bibliográficas
BARROS, A. M. de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2016. p.295-
296
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BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.
Portal da legislação, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 8 ago.
2018.
______. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho. Portal da Legislação, 1943. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm >. Acesso em: 8 ago.
2018.
______. Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983. Portal da Legislação, 1983. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7102.htm>.Acesso em: 8 ago. 2018 .
______. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 331 do TST, Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011, 2011. Disponível em:
<http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#
SUM-331 >. Acesso em: 28 ago. 2018.
CASSAR, V. B. Direito do Trabalho- Revisada, Atualizada e Ampliada. 14. ed. São
Paulo. Editora Método. 2017.
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