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Possibilidade de Um Novo Paradigma Civilizatório - Claudio - Gavazzoni
Possibilidade de Um Novo Paradigma Civilizatório - Claudio - Gavazzoni
RESUMEN: El presente artículo consiste en una cuenta de los estudios y las intervenciones
pedagógicas implementadas en el State College Padre Carmelo Perrone Cascavel / PR, con seis
clases de la escuela secundaria a través de la línea de investigación sobre EDP Ambiental
2012/2013. El contenido elegido fue el Cultivando Agua Buena (CAB), con corte para el proceso
histórico de la construcción del sistema hidroeléctrico de Itaipú y CAB programa operativo en
Cascavel. La contribución o el razonamiento conceptual pretende contextualizar el estudio y la
enseñanza de la historia ambiental de cuero argumentativa y apreciar las muchas oportunidades y
maneras de producir eventos sistémicos relacionados con la realidad historiográfica, en este
sentido, en lugar de tratar de identificar una historia sobre los temas elegidos, se hizo hincapié en
la provocación directa a los estudiantes que participan en el proceso y con base en la información
disponible para analizar diferentes maneras de entender el contexto y el rol de los derechos
económicos, políticos, culturales, ideológicos y ambientales así como la construcción de la planta
de los muchos programas de la cabina. Por lo tanto, la metodología y prestan básica estuvieron
presentes con igual peso a lo largo del artículo, la formación de una explicación teórica del
conducto de experiencias prácticas.
INTRODUÇÃO
1
Professor PDE do Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone – Cascavel – PR – edson@ecoeducar.com.br
2
Professor Associado da UNIOESTE
2
passando por profundas mudanças não apenas no que tange a sua constituição corpórea e
psicológica, mas especialmente no que se refere à formação educacional e profissional.
Atualmente associado a este cenário se imputa toda a dinâmica tecnológica e conceitual
inerente ao nativo digital, que aos olhos dos analógicos e até mesmo simbólicos, como é o caso
de muitos dos educadores, o modus operandi dos educandos é um desafio gigantesco, em
especial quanto à capacidade e necessidade de estar constantemente vivendo dentro de uma
dimensão multimídia, ou seja, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo.
Não distante constata-se casos de profundas tensões entre alunos e professores, com
destaque para o contexto metodológico de aprender e ensinar; apesar de na maioria das vezes as
partes terem as mesmas intencionalidades, os entraves de acentuam quando a efetiva
operacionalização das tecnologias midiáticas e pedagógicas dentro do processo de ensinar e
aprender, deixando evidente o desejo dos alunos em tornar o ensino multimídia e com uma
linguagem mais dinâmica, enquanto o modo de lecionar ainda é monocromático e estático, tendo
no quadro, caderno, exposições orais e exercícios escritos seus grandes expoentes.
Com base nesta percepção que se deu a escolha tanto da linha de pesquisa como a
temática a ser estuda; assim, de imediato, as propositivas e conceituação de história já indicavam
ao educando algo novo e ao mesmo tempo contextualizado dentro do rol de interesses da
atualidade, uma vez que parece ser indubitável que a temática meio ambiente permeia a maior
parte dos diálogos sociais das diferentes faixas etárias na atualidade.
Seguramente o primeiro impulso é tratar a questão história ambiental apenas como
elemento catalisador da atenção das pessoas, no caso dos alunos; todavia, as premissas da
história ambiental conduzem seus seguidores a contextos muito mais complexos, os quais
transcendem todo o rol apelativo e massificado do ecologismo; conduzindo a uma condição
necessária de analisar de forma crítica as múltiplas relações históricas das diferentes sociedades,
em especial as atuais, também pela perspectiva da natureza.
Assim, o primeiro desafio é entender os recursos naturais não mais como espaços de
conquista, exploração, extração e até mesmo banalização a servido do modo de produção
vigente, o qual, ao mesmo tempo em que gera mais conforto e comodidade para parte dos seres
humanos, suga os recursos naturais de modo desenfreado e sem a menor preocupação com a
natureza.
Estudar este contexto apenas com bases teóricas seria não reconhecer a possibilidade
metodológica de aproveitar o potencial criativo e inovador dos alunos. Logo, a busca dos
conteúdos ligados ao CAB foi uma escolha específica e diretamente alinhada com a metodologia
educativa a ser usada, uma vez que efetivamente permite aos envolvidos dialogarem os cenários
a históricos que estão inseridos e, ao mesmo tempo, refletir o contexto e os impactos de um
processo de profundas transformações que ocorreu na Região Oeste do Paraná a partir da
construção da hidroelétrica de Itaipu.
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Logo, o estudo se justifica pelo conjunto das premissas conceituais ligados à história
ambiental, a qual não se faz presente de forma sistêmica no espaço educacional do Colégio
Carmelo. Pela temática do CAB por ser atual e ao mesmo tempo permitir construir múltiplas
reflexões históricas que também remontam ao passado regional e nacional. Por fim, e não menos
importante, o conjunto de metodologias sugeridas e aplicadas no desenvolvimento das atividades
da Unidade Didática, as quais estão conectadas as novas tecnologias midiáticas, elemento
diferenciador na hora de operar o ensino de acordo com as demandas dos nativos digitais.
Especificamente em relação à metodologia de ensino usada para aplicação didática do
estudo, esta priorizou ao máximo os recursos tecnológicos e midiáticos disponíveis no Colégio
Carmelo, bem como elementos adicionais que os alunos e o professor dispunham, com destaque
para o estúdio de rádio, filmadoras digitais, gravadores de áudio, laboratórios de informática,
máquinas fotográficas, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e programas de edição de
fotos, vídeos, áudio e texto.
Além destes recursos em Hardware e Software, foi usada toda uma tecnológica
pedagógica criada especialmente para o uso dos recursos midiáticos na educação, em com
especial destaque para os roteiros e os manuais de orientação para a produção digitalizada dos
documentos em áudio, vídeo, foto, texto para web.
O processo de implementação aconteceu em 6 turmas do ensino médio, sendo que 2
turmas usaram os conteúdos e as ferramentas tecnológicas e as outras 4 turmas usaram apenas
as tecnologias. Esta divisão atende apenas ao interesse de alargar o uso de metodologias
diferenciadas, servindo como fonte de informação para as análises sobre o uso das mesmas.
Os resultados do estudo e aplicação do rol de propositivas mostraram-se satisfatórios
tanto no quesito conteúdo como implementos metodológicos ou ferramentais, tanto que após o
período de aplicação, as propositivas passaram a ser usadas junto a outros professores do
Colégio Carmelo, bem como estão sendo tomadas como base para projetos externos à instituição.
Um exemplo concreto foi a Expedição São Francisco, organizada pelo Programa
Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional, objeto de estudo desta pesquisa; onde 16 alunos do
Colégio Carmelo, os mesmos que realizaram o estudo da Unidade Didática, foram convidados a
replicar os seus conhecimentos metodológicos de educomunicação em oito municípios da BP3.
Além de ensinarem como produzir documentários midiáticos, realizaram um processo de coleta de
informações e produziram centenas de documentários em vídeo, fotos, textos e áudios.
A expedição iniciou em Cascavel no dia três de novembro de 2013 e terminou no dia
nove no município de Entre Rios do Oeste, percorrendo 200 quilômetros, sempre margeando o rio
São Francisco, a maior microbacia da bacia hidrográfica Paraná 3. Foram visitados oito
municípios com o envolvimento de mais de cinco mil pessoas.
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2 REFLEXÕES CONCEITUAIS
A tomada de consciência deste novo olhar não é o suficiente para resguardar um futuro
para a vida no Planeta, faz-se necessário passar do plano de consciência, seja ela coletiva ou
individual, para a ação. Assim, não basta perceber que a atualidade exige das pessoas uma nova
postura em relação ao semelhante e à natureza, é imperativo a premissa do compromisso da
reeducação tendo como foco o tomar cuidado e não mais o abusar, tal como pondera BOFF
(2004) “[...] tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e viver: uma planta,
um animal, uma criança, um idoso, o planeta Terra”.
Nesta perspectiva a humanidade já deu passos significativos por meio de muitos
encontros globais, os quais renderam inúmeros acordos e documentos que buscam versar sobre
ações e necessidades planetárias, entre eles pode-se destacar: Carta da Terra, Agenda 21, Metas
do Milênio, Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
Protocolo de Kyoto e as recomendações da Conferência Nacional do Meio Ambiente.
Logo, este contexto histórico, tanto na perspectiva local, colégio e o município de
Cascavel, como regional, espaço da BP3, permitem imaginar um conjunto de análises, produção e
encaminhamento metodológicos com o olhar da história ambiental. Este modo de pensar histórico
6
pode expressar não apenas uma concepção acadêmica, mas sim, um caminho relevante para as
pessoas olharem para seu espaço e para outros atores sociais para que juntos, deliberarem sobre
o rumo que a comunidade vai tomar perante o desafio de manutenção do planeta habitável por
todos os seres viventes nele.
reduz ao espaço de diálogo das questões ambientais; pelo contrário, passa a ser um novo
paradigma filosófico e metodológico para um novo modelo de sociedade, tal como destaca Moacir
Gadotti.
Hoje, porém, a ecopedagogia tornou-se um movimento e uma perspectiva da
educação maior do que uma pedagogia do desenvolvimento sustentável. Ela está
mais para a educação sustentável, para uma ecoeducação, que é mais ampla do
que a educação ambiental. A educação sustentável não se preocupa apenas com
uma relação saudável com o meio ambiente, mas com o sentido mais profundo do
que fazemos com a nossa existência, a partir da vida cotidiana. (GADOTTI, 2009.
p. 02)
A escolha pedagógica ou filosófica foi feita não apenas pensando no elemento conceitual,
mas essencialmente como forma de conectar todo o processo metodológico, servindo de
elemento de ligação desde o projeto de estudo, passando pela Unidade Didática até chegar no
artigo final.
3 REFLEXÕES METODOLÓGICAS
planejado por meio dos recursos midiáticos – gravar os áudios, vídeos, fotos e digitalizar os textos
-, para daí passar a editar e formatar o documentário dentro dos padrões mínimos da
educomunicação.
Cada uma destas etapas passaram por estudos específicos e com instrumentos criados
especialmente para este tipo de atividade, ou seja, a propositiva metodológica desta pesquisa não
se restringiu em pegar o ferramental já disponível em termos midiáticos; mas muito fortemente
criar meios especiais para atender uma lógica de ensinar e aprender que pudesse integrar os
múltiplos interesses e meios em um conjunto de práticas educativas diferenciadas.
Assim, a criação do modelo de roteiro para cada uma das ações midiáticas permitiu ao
educando uma profunda segurança no como operar e concretizar suas ideias e intenções na hora
de planejar o documentário. O modelo não servia para estreitar a criatividade e liberdade dos
educandos, muito pelo contrário, ele apenas dava os parâmetros metodológicos.
Já a etapa de criação foi feita em grupo, onde os alunos puderam usar o conteúdo base,
as pesquisas adicionais que cada integrante fez e somar com suas próprias ideias e formatar
dentro do modelo o roteiro geral do que seria gravado, editado e publicado. Este passo foi
fundamental no processo de todos entenderem que a produção da sala de aula teria uma
repercussão externa, ou seja, os alunos não estariam produzindo conhecimentos históricos para
eles mesmos ou para o professor dar nota; mas sim para serem socializados de forma universal.
O passo seguinte foi transformar o roteirizado em um produto midiático, ou seja, gravar o
áudio, filmar, fotografar e digitalizar os textos para serem a posteriori publicados. Estes passos
apontavam para a necessidade de equalizar os conhecimentos tecnológicos dos educandos com
a expectativa metodológica do educador. Parece inegável que a maioria dos alunos nativos
digitais possuem facilidade no uso dos recursos tecnológicos da atualidade; no entanto,
constatou-se que isso não significa a efetivação do uso dos mesmos de modo produtivo e
sistêmico.
Ou seja, a maioria dos alunos sabe gravar, filmar, fotografar e escrever; mas não estão
preparados para fazer isso dentro de um contexto organizado e para atender a demanda
educativa.
Logo, a solução encontrada foi produzir material de apoio capaz de unificar os saberes
dos alunos com as necessidades metodológicas do professor. Para tanto, foram criadas apostilas
para cada um dos recursos midiáticos a serem usados, em especial os softwares para edição de
áudio, vídeo e foto. Na sequência estes materiais forma socializados para todos os alunos.
Para completar a etapa foram promovidas oficinas de socialização destes conhecimentos
com pequenos grupos de alunos. Estas foram feitas no contra turno e de preferência com um
aluno de cada grupo; assim, este garantiria as expertises necessárias para finalizar todo o projeto
de produção do documentário.
No final do processo, os alunos apresentaram o seu trabalho para os colegas e
socializaram tudo na internet, dando a entender a necessidade e urgência de pactuarmos por uma
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4 IMPLMENTAÇÃO
O desafio metodológico de ensinar história para o nativo digital parece assumir uma
conotação tão importante ou até mais do que a escolha dos parâmetros teóricos, filosóficos e
ideológicos da disciplina por parte do professor.
Se por um lado, nos últimos anos os parâmetros curriculares, os Projetos Políticos
Pedagógicos das escolas sofreram profundas transformações, tornando a disciplina de história
uma área do conhecimento com múltiplas formas de configurar-se no espaço da escola,
absorvendo novos formatos conceituais e estruturantes, como por exemplo, a linha da história
ambiental, nem sempre esta evolução mostrou-se tão forte no aparato metodológico.
Neste sentido, todo o conjunto de práticas elencadas ao longo do desenvolvimento do
estudo, focou claramente na premissa de buscar equalizar a linha conceitual de história ambiental,
a variedade dos conteúdos curriculares, as múltiplas maneiras de se fazer a leitura sobre os
processos históricos, com ações didático-metodológicas diferenciadas e compatíveis com a
contemporaneidade dos educandos, especialmente associando com recursos midiáticos e
tecnológicos.
De modo prático a implementação inicia sua objetivação com a construção do Plano de
Trabalho Docente (planejamento de aula), o qual passou a contemplar novos conteúdos
específicos, especialmente os itens sobre a história da construção da Itaipu Binacional e o
Cultivando Água Boa. Estes conteúdos foram dispostos de forma a harmonizar-se com os
conteúdos estruturantes.
Para completar a conectividade do que estava sendo proposto pelo estudo ao sistema
organizacional da instituição de ensino, as justificativas dos conteúdos foram construídas a partir
da demanda conceitual da história ambiental, bem com do contexto histórico dos novos
conteúdos.
Já os encaminhamentos metodológicos, tanto no que se refere à apresentação dos
conteúdos por parte do professor, como das atividades de sala e extra classe passaram a ter uma
diversidade de opções, bem como a ligação direta com os meios tecnológicos e midiáticas.
Este conjunto de ações preparatórias ao processo de implementação pode ser
exemplificado com a parte do Plano de Trabalho Docente abaixo, apesar de ser apenas de um
bimestre, já permite visualizar a presença dos elementos descritos acima.
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PLANO DE TRABALHO DOCENTE
Prof.: Edson Gavazzoni Ano Letivo: 2013 Disciplina: História Ano: 2º
SEGUNDO BIMESTRE
Conteúdo Conteúdo Justificativa Encaminhamento Metodológico
Estruturante Específico e Recursos Didáticos
Básico
Relação de - Iluminismo Parece imperativo que se - Diálogos a partir de documentos
trabalho, poder, - Revolução Industrial entenda as bases e didáticos e outras informações
cultura e meio - Revolução Francesa consequências das referentes aos conteúdos e
ambiente na - Mostras ecológicas no revoluções européias do digitalizadas em mídias diversas.
Europa, África e Oeste do Paraná – século XVIII, pois elas - Produção, edição e publicação de
na América dos Cultivando Água Boa permitem uma melhor um documentário, podendo ser
séculos XVI ao distinção dos fenômenos para rádio web, TV web, álbum
XIX atuais, em especial no que digital ou texto para web site, a
se refere as questões de partir de uma das temáticas do
natureza ambiental. conteúdo específico. Seguindo os
modelos de roteiros criados para
as atividades. Após a produção
postar no Ambiente Virtual de
Aprendizagem do Colégio.
Fonte: Plano de Trabalho Docente: Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone
Para cada um dos tipos diferentes de meio de realização das atividades propostas, foi
criado um conjunto de instrumentos para auxiliar os alunos. Ou seja, para o aluno ou grupo que
escolheu produzir o seu estudo a partir da produção de um documentário para web rádio, lhe foi
fornecido o modelo de produção do roteiro, o manual de um editor de áudio, uma oficina de 4
horas para edição deste áudio, vários exemplos de documentários similares e o endereço
eletrônico onde o seu trabalho deve ser publicado.
Esta lógica se repetiu para os outros meios, tal como documentário em vídeo (TV web),
álbum digital e texto para web sites. Assim, quando cumprido o conteúdo específico da proposta
do PDE, as metodologias propostas continuaram a ser usadas, agora em todas as turmas, como
parte integrante do Plano de Trabalho Docente do professor.
Como não será possível relatar em detalhe todos os processos da implementação, ou
seja, detalhando como foi o trabalho de produção de documentários em vídeo, texto, fotos e
áudio, optou-se ao invés de um descrito geral, a explanação de uma das ferramentas usadas, no
caso a produção de documentário para web rádio. Assim, a lógica operacional desta pode e deve
ser tomada como base para as outras iniciativas.
O processo de produção de documentários em áudio para web rádio na disciplina de
história mostrou-se mais desafiador, tendo muitas vezes que ser avaliada de forma sistemática; no
entanto, destaca-se que os ajustes no modus operandi foram feitos de forma dialogada com os
alunos envolvidos, deixando clara a responsabilidade deles perante o processo. Este modo de
agir permeia todo o trabalho do estudo, sem com isso deixar de consolidar a ação educativa
fundada em ideários como os da colaboratividade e transparência.
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Para a produção do roteiro foi estabelecido o tempo de duas aulas para a primeira
versão, mais uma aula para a correção e produção da segunda versão, trabalho realizado na
semana seguinte, sem dispor de aula para a produção da terceira versão. Para cada versão foi
entregue um formulário modelo. Depois do roteiro finalizado, o encaminhamento passou a ser a
gravação do áudio, a edição e postagem na web rádio.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término dos prazos para o estudo não significa efetivamente ter as respostas para as
hipóteses iniciais, ou ter atingido plenamente todos os objetivos traçados no projeto inicial feito há
mais de dois anos. Parece que novas hipótese foram aflorando no decorrer das pesquisas, aulas
e implementações metodológicas. Toma-se esta condição como normal e até desejável uma vez
que nos instiga a prosseguir na busca por conhecimentos e práticas que garantam à disciplina de
história a condição de dialogar com os temas e as tecnologias da contemporaneidade.
Neste sentido, pode-se dividir as considerações finais em três referenciais, cada uma
com sua importância dentro do conjunto de estudos e práticas da pesquisa desenvolvida para o
PDE.
A primeira se refere ao tema central e elo teórico e alvo teórico de investigação o qual
traz uma espécie de indagação sobre a condição do CAB ser uma possibilidade concreta de um
novo paradigma civilizatório.
Quanto a este elemento não se pode pressupor ter uma resposta simples e objetiva, pois
não se trata de algo mecânico, pelo contrário é um desafio que transcende a simples pesquisa
que se apresenta. No entanto, parece ser inegável que os fundamentos e as práticas do CAB
estão revestidos de significados especiais e que podem ser conectados a um novo modelo
humano de existir, como muito bem pondera Leonardo Boff:
O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que
concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes
dissociadas. Pode também ser denominado visão ecológica, se o termo
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"ecológica" for empregado num sentido muito mais amplo e mais profundo que o
usual. A percepção ecológica profunda reconhece a interdependência fundamental
de todos os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades,
estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última
análise, somos dependentes desses processos). (CAPRA, 16. 1996)
Alguns ícones do pensamento ambiental da atualidade tal como o Capra, Leff e Boff,
servem de cabedal teórico para todo o conjunto de ações do CAB, impulsionando as reflexões em
todos os encontros, os quais trazem na metodologia da Oficina do Futuro, uma dinâmica de
capilaridade ímpar, bem como uma forma de dar voz e poder a todos os pertencentes ao território.
Esta metodologia se faz uso dos ideários de um sistema de educação popular difuso com grande
eficiência na mobilização capaz de traduzir de forma simples e prática todo o rol de premissas do
que Boff chama de pensamento ecocêntrico.
Este modo de pensar holístico e globalizado, mas ao mesmo tempo fortemente ligado a
territorialidade de cada realidade parece tomar forma no sentido de justificar este novo modo de
ser, agir, viver e relacionar-se com a natureza. Pode ainda não ser um símbolo unânime entre os
pensadores, mas seguramente ecoa na mente de milhares de ativistas que hoje já se ergueram
em palavras e atos na busca deste novo modo de existir.
Neste sentido o contexto histórico das milhares de pessoas e dezenas de comunidades
pertencentes a BP3, ao mesmo tempo que pactuam com o global, elegeram um elemento
essencialmente local para ser o elo que as conectam em prol do novo, no caso a água, tal como
expressa os fundamentos do CAB:
Associada a esta concepção surgem muitas outras premissas presentes no CAB e que
seguramente podem ser agregadas a um novo paradigma humano para a vida neste planeta,
posições estas que apesar de ainda não serem unânimes nas comunidades, fazem sim parte do
modo como as ações são desenvolvidas. Pode-se destacar a ética do cuidado como um exemplo.
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Esta forma diferenciada de tratar as relações humanas, bem como as dimensões dos
humanos com a vida como um todo, parece ser uma clara tentativa de superar padrões éticos
associados ao utilitarismo e ao racionalismo, condições muito fortes no mundo contemporâneo.
Contudo, não se pode aferir de forma definitiva e inequívoca que o universo conceitual e
operativo do CAB seja um novo modelo de ocupação planetária, tal como já defendido; porém
seus indícios são fortes e sustentáveis, o que já é significativo e satisfatório para o propósito do
estudo.
A segunda consideração a ser analisado está diretamente ligado aos aspectos históricos
do projeto da Itaipu Binacional, história que precisa ser mais amplamente debatida nas aulas de
história, isso por conta do modo simples e despretensioso que aparece nos livros didáticos, isso
quando é lembrada.
Se por um lado faz-se necessário entender sua história por múltiplos olhares, sem com
isso pretender tipificar a versão oficial dos fatos, ou mesmo, a versão crítica e/ou marginal deste
processo histórico, é inegável que precisamos superar a mera factualidade de colocá-la apenas
como uma das maiores obras da engenharia e uma das maravilhas do mundo moderno. Ou então,
apenas tecer apologias sobre sua magnitude dentro da matriz energética do país, pois sem ele
muitos não teriam o conforto e benefícios da energia em suas casas.
Estes reducionismos podem tornar sua história tão equivocada com igualmente
endemoniar sua existência perante os desajustes ambientais e sociais no processo de sua
construção.
Assim, contar a sua história em sala de aula torna-se uma tarefa de lembrar várias as
partes, interesses, necessidades e possibilidade envolvidas desde sua idealização até e muito
especialmente, sua presença na atualidade; quando deixa de ser apenas uma fonte geradora de
energia e passa também a ser uma referência mundial nas questões ambientais, fato este que
tem início muito antes da criação do CAB.
Ou ainda,
No entanto, um aspecto a ser estudado e avaliado é a deposição de outros
materiais arrastados da água agrícola e depositados no lago: os pesticidas, os
fertilizantes, os herbicidas e outros poluentes. Estas substâncias influenciam a
ecologia do lago e, decorrentemente, poderão diminuir ou afetar as possibilidades
de aproveitamento produtivo e social do reservatório. (IPARDES, 1978. p. 7).
Logo, historicamente o que hoje pode ser elemento de um novo paradigma civilizatório já
foi apontado com uma necessidade não apenas ambiental, mas da própria manutenção e
longevidade do lago da hidroelétrica.
Por fim, a terceira consideração, destaca os encaminhamentos metodológicos analisados
e propostos no processo de pesquisa e desenvolvimento dos estudos do PDE. Se por um lado o
conteúdo e a linha de pensamento histórico são de fundamental importância para a disciplina de
história, acredita-se fortemente que são as metodologias que podem dar empatia ao ensino,
estatuindo uma relação alegre e dinâmica para o ato de ensinar e aprender.
Longe de querer apenas apontar as mazelas do ensino, em especial o de história, o qual
no mundo acadêmico vem se mostrando em crise, tanto que em muitas universidades a oferta de
vagas são maiores do que os interessados; ou ainda, quando as turmas iniciam completas no final
do primeiro ano mostram-se esvaziadas ou reduzidas a alguns bravos e teimosos.
No quadro escolar a condição da disciplina também vem sendo duramente afetada, em
especial nos momentos de reformulação da grade curricular, tendo a história sofrida constantes
baixas no número de aulas tanto no ensino fundamental, médio e técnico integrado.
Se por um lado estes elementos são visíveis no contexto geral, na sala de aula a
realidade também é preocupante uma vez que a dinâmica de ensino ainda não se mostra
compatível com as expectativas dos alunos nativos digitais; os quais buscam na multiplicidade de
meios e recursos tecnológicos um padrão de aprender e ensinar muito específico, o qual
notoriamente não está na prática educacional.
Neste sentido, é lúcido entender que não se restringe apenas à disciplina de história, no
entanto, pelo fato da história representar um rol de conteúdos com menor prospecção de
praticidade, na maioria das vezes a aulas se mantêm no contexto de leitura, exposição oral e
exercícios de análise de questões.
Precisamente neste contexto descrito não apenas por leituras, mas muito e
especialmente pela observação direta e nas próprias práticas educativas desenvolvidas nos
últimos 18 anos como professor; que a maior parte do tempo e energia dispensada no estudo do
PDE focaram na metodologia de ensino. Assim, se por um lado algumas questões de conteúdo e
de fundamento ficaram aquém do imaginado, as propositivas práticas de ensinar e aprender,
foram muito além do planejado.
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Deste modo, ao propor a integração do ensino e construção da história por meio de
recursos midiáticos como web rádio, TV web, coletânea de fotografia e produção textual para
website, não se pensava apenas no uso destes meios para acessar as informações históricas,
mas sim empoderar os educandos para que por meio destes recursos possam estudar a história e
construir novos capítulos do processo de ensino.
Em outras palavras, o contexto real de associar a produção de documentários midiáticos
com as temáticas de história de modo sistêmico, com uso de técnicas e tecnologias de pleno
domínio dos nativos digitais, o ato de ensinar passou a estar muito mais próximo do modo como
os alunos agem nos múltiplos meios sociais.
Este parece ser o ganho adicional da metodologia proposta. Assim, em menos de dez
aulas os textos analisados, as produções feitas em sala já foram transformadas em áudio,
editadas, disponibilizadas na internet e socializadas com o mundo, completando um ciclo de
aprendizagem que vai muito além das fileiras das salas de aula, da monocromia do giz e das
infindáveis explicações e exemplificações do professor. No entanto, elas não desapareceram,
apenas foram redimensionadas.
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REFERÊNCIAS
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