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DIREITO DE

FAMILIA
Universidade de Lisboa

Lucia Romeo Iglesias 2021-2022


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DIREITO DE FAMILIA -DIREITO MATRIMONIAL

 Direito matrimonial em Portugal


o Natureza jurídica do casamento
o Deveres conjugais na Lei e na jurisprudência
o Forma do casamento
o Modalidades do casamento
o Promessa do casamento
Gastos compensáveis (danos morais)
o Requisitos de fundo do casamento
o Invalidade do casamento

 Direito matrimonial em Espanha

 Bibliografia

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Natureza jurídica do casamento
Ante tudo e preciso analisar a natureza jurídica do casamento, há três correntes que
estudam a natureza jurídica do casamento; em primeiro lugar, a contractualista que
entende o matrimonio como um negócio jurídico bilateral; em segundo lugar, a
institucional que fundamenta o seu ponto de vista na interferência direita da autoridade
pública, que é essencial na formação do matrimonio e por possuir efeitos ``que não se
limitam, como contratos, a constituir direitos de crédito entre os nubentes, mas sim, a
família legítima e uma serie de relações de cunho patrimonial e extrapatrimonial´´; e em
terceiro lugar, a eclética que congrega as duas acima.
Em conclusão, podemos encravar a natureza jurídica do casamento como contrato, mais
concretamente como negócio jurídico bilateral. Igualmente podemos dizer que é um ato
jurídico stricto sensu pelo fato de que ``manifesta a vontade, são atraídos certos efeitos e
deveres jurídicos predefinidos no ordenamento a que é necessário submeter´´ na
observação das professoras Ana Carolina Brochado e Renata de Lima Rodriguez.
Deveres conjugais na Lei e na jurisprudência
Em primeiro lugar, o artigo 1673 do CC consagra o dever de coabitação entendendo por
isto a comunhão de leito, mesa e habitação. Assim, do casamento resulta uma limitação
da liberdade sexual de modo tal que a pessoa casada fica obrigada a ter relações sexuais
com o seu cônjuge e por outro lado a não ter com outras pessoas. Nos casos nos que se
verifique impotência ou outra doença que impida manter relacionamento sexual a
violação do dever de coabitação se verifica destituindo da articulação a vertente de
dever de comunhão do leito.
Não obstante, nenhum cônjuge pode face valer judicialmente o dever de comunhão do
leito, unicamente pode empregar-se para uma ação de divórcio.
Por outro lado, o dever de comunhão inclui também o dever de mesa que consiste no
dever de ter uma vida em comum, e o dever de coabitação que se entende como a
fixação da casa de morada da família. Isso não se confunde com a existência obrigatória
duma única residência nem coa obrigação de conviver constantemente, pois deverá
entender-se de acordo com perfil de vida com casal, tendo em conta determinados
fatores que levam à necessidade de compatibilizar a coabitação com a existência de
períodos mais ou menos longos de distanciamento.
Neste sentido, destaca o artigo 1673 número 3 que diz que a residência familiar não
pode ser alterada ou revogada unilateralmente por qualquer dos conjugues. No caso de
imcumprir este dever pode interver um juiz sem em nenhum caso poder obrigar ao
regresso à casa conjugal, já que isto lesaria o direito à liberdade.
Em segundo lugar, encontramos o dever de fidelidade, é dizer, o direito de não manter
relações sexuais com terceiras pessoas. A consequência jurídica deste incumprimento é

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de novo sui generis, de jeito que podem estender-se a este as considerações empregadas
a violação do dever de coabitação.
Em terceiro lugar, o artigo 1674 trata o dever de cooperação que consiste no dever de
colaborar pôr o bem comum da família, este dever impõe aos conjugues as obrigações
de socorro e auxilio familiar, devendo assumir estas obrigações também com os filhos
ou adotados, de êxito tal que os incumprimentos de esta obrigação com os filhos
supõem também o incumprimento do dever conjugal de cooperação.
Em quarto lugar, o artigo 1675 regula o dever de assistência, que constituem o dever de
prestar alimentos e o dever de contribuir para os encargos da vida familiar.
Em quinto lugar, o artigo 1672 regula o dever de respeito como critério orientador dos
demais deveres conjugais, que se materializa na admissão da personalidade do conjugue
tanto no convívio privado como público. Igualmente o artigo 1671 impõe o dever
residual de que cada conjugue respeite a integridade tanto física como psíquica do outro,
sai como a obrigação de manifestar interesse por este.
Em quanto o sanciona mento polo incumprimento destes deveres e muito difícil para os
tribunais. Em suma não funda, ainda que culposa, o divórcio, é preciso demostrar hoje a
ruptura do casamento.
Em sexto e último lugar, encontramos o artigo 1676 que se reporta as prestações
financeiras e ao trabalho em quanto ao lar e filhos de cada um dos conjugues. Este e o
chamado dever de contribuir para os encargos da vida familiar, dever que deve cumprir-
se a traves de dois pontos: a contribuição patrimonial, e a educação e vida doméstica em
sentido estrito.
Forma do casamento
O casamento exige um processo preliminar destinado à verificação da inexistência de
impedimentos com sede nos artigos 1610 e 1615 do Código Civil. Precisamente no
artigo 1611 regulasse a declaração de impedimentos: até ao momento da celebração do
casamento, qualquer pessoa pode declarar os impedimentos dos que tenha
conhecimento, sendo esta obrigatória para o Ministério Público e para os funcionários
do Registro Civil, uma vez que se realiza a declaração o casamento só poderá impedir-
se em três supostos: dispensa, cesse ou em caso de ser declarado improcedente por um
tribunal.
Naturalmente, para contrair casamento é necessário ser maior de dezesseis anos e ter
uma autorização concedida pelos progenitores ou tutores em caso de ser menores de
dezoito anos. Esta obrigação unicamente poderá ser suprida em caso de razoes
ponderosas que justificarem a celebração do casamento, sempre que o menor tivesse a
maturidade física e psíquica suficiente.
Não só é preciso a autorização dos pais em caso de minoria de idade, também e preciso
em todos os casos uma declaração que deverá ser prestada pessoalmente ou por um
intermediário do procurado, é mesmo esta declaração a que dá início ao processo
preliminar. Esta declaração e dado polo pároco competente para a organização do
processo canônico ou pelo ministro do culto da igreja, mediante requerimento por si
assinado.

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Continuando coa forma do casamento, o artigo 1615 CC determina que a celebração
deve ser pública e estar sujeita a forma fixada no próprio Código Civil e nas leis do
registro e a forma religiosa nos termos de legislação especial.
Por outro lado, a vontade dos nubentes e somente relevante quando seja manifestada no
própria ato da celebração do casamento. Assim, a vontade de contrair casamento, que é
estritamente pessoal, importa a aceitação de todos os efeitos legais do mesmo.
Igualmente, a lei exige para o casamente documentos complementares assim como
elementos identificadores dos nubentes e das famílias e, no caso de que algum dos
nubentes este a contrair novas núpcias, a data da morte ou divórcio do conjugue
anterior.
Incluindo, o artigo 1620 regula o casamento por procuração, e determina que é licito a
um dos nubentes fazer-se presentar por procurador na celebração do casamente sempre
que conte com poderes especiais para o ato, a designação expressa do outro nubente e a
indicação da modalidade de casamento.
Em suma podemos dizer que para poder celebrar o casamento de forma válida os
nubentes deveram presentar uma convocatória no registro correspondente, e traz um
prazo que permite sindicar a capacidade nupcial das partes, o conservador lavra o
despacho final de notificação dos nubentes para a marcação do casamento (artigo 144).
Uma vez que finaliza este procedimento pode ter lugar o casamento contando sempre
com dois testemunhas.
Modalidades de casamento
Por um lado, a secção II do Código Civil regula os casamentos urgentes, estes
casamentos poderão celebrar-se em caso de morte próxima de algum dos nubentes ou
em caso de iminência de parto. Esta modalidade de casamento caracteriza-se por que
não é precisa a intervenção do funcionário do registro civil no processo preliminar.
O que respeita a homologação, uma vez realizada a acta correspondente seguindo o
disposto no Código Civil, a decisão pertence ao funcionário correspondente. No artigo
1624 se determinam as causas que impedem está homologação, estas são em concreto
quatro causas: o incumprimento dos requisitos exigidos por lei, a falsidade dos
requisitos exigidos por lei, a existência dum impedimento dirimente e a consideração do
casamento como católico pelas autoridades eclesiásticas (de jeito que será preciso se
encontrar transcrito).
Por outro lado, encontra-se o casamento civil e casamento católico depois da Republica.
Traz a implantação da Republica em Portugal o casamento passou por fases de
sucessivos afastamentos e aproximações do régime civil ao régime da Igreja Católica,
de êxito que afasta a ordem civil do casamento religioso.
Dentro destas aproximações que se produzem podemos destacar a idade núbil (16 anos)
que coincide coa idade dos ordenamentos, mentores que como afastamentos está a
redução do casamento de pessoas do mesmo sexo (que si é aceitado pelo casamento
civil) e a invalidez do matrimonio fundamentando-se numa anomalia psíquica.

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O casamento católico tem relevância em domínios que excedem a forma de celebração.
Na ordem jurídica portuguesa não se verificam diferenças muitos salientes a separar as
duas modalidades dos casamentos, ao contrário do que sucede noutros países. Em
quanto a regulação do Código Civil, o artigo 1625 estabelece a competência dos
tribunais eclesiásticos com respeito da nulidade e das dispensas e o artigo 1626 regula o
processo.
Em primeiro lugar, a decisão relativa à nulidade pontifícia do casamento rato e não
consumada e notificada às partes, produzindo efeitos civis a requerimento de qualquer
uma delas, após a revisão e confirmação nos termos da lei processual.
Em segundo lugar, o requerimento referido pode ser apresentado à autoridade
eclesiástica no prazo de 20 dias por carta registada com aviso de recepção, notificando
no prazo de 10 dias máximo da devolução do aviso de recepção.
E em terceiro lugar, os tribunais e repartições eclesiásticas competentes podem
reequipar a citação das partes, peritos ou testemunhas, só podendo o pedido ser
recusado caso se verifique algum dos fundamentos que legitimam a recusa de
cumprimento das cartas rogatórias, nos termos da lei processual.
Promessa de casamento
Falamos de promessa de casamento como o contrato pelo qual as pessoas se
comprometem reciprocamente a unir-se em matrimonio. Ante tudo, é importante ter em
conta que a promessa de casamento não se identifica com o ato próprio de celebração.
A eficácia e perfil negocial da promessa de casamento é atribuído pelo novo Código
Civil português afirmando que a promessa de casamento é válida, mas ao mesmo tempo
afasta o direito a exigir a celebração do casamento. Com tudo, já o Código de Seabra
comtemplava a promessa de casamento, mas afirmava a nulidade desses responsórios
para evitar a virtualidade de fazer incorrer em erro sobre a existência de casamento.
Assim, é inquestionável que a responsabilidade que decorre do incumprimento
configure responsabilidade contratual, mas responsabilidade que diverge do regime
general de responsabilidade civil pois o casamento tem natureza de contrato pessoal, de
jeito que não se poderia aplicar o regime do artigo 830CC.
Igualmente, a lei delimita a responsabilidade pelo incumprimento da promessa de
casamento coa finalidade de reparar um nubente e evitar que qualquer decida casar
mesmo não sendo já essa a sua vontade. Esta delimitação está feita em função dos
estritos danos emergentes da responsabilidade de parte faltosa sendo esta lesão
ressarcida de acordo com critério de equidade, que afasta o princípio da
responsabilidade pelo dano provocado e tendo em conta a sua medida.
Incluindo, considera-se que devem valer para a promessa de casamento todos os
impedimentos dirimentes ao casamento e todas as falhas de votado ou vícios da vontade
que relevam para o casamento. Pois a promessa de casamento relaciona-se com o
casamento, sendo nesse sentido um negócio jurídico.
Assim, o artigo 1591 CC trata a ineficácia da promessa dizendo que o contrato pelo qual
duas pessoas se comprometem a contrair matrimonio não dá direito a exigir a

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celebração do casamento nem a reclamar na falta de cumprimento outras indemnizações
que as previstas no artigo 1594. Assim, os artigos posteriores tratam os supostos de
incumprimento.
Em primeiro lugar, o artigo 1592 regula os casos de incumprimento por retratação,
entendendo retratação como uma manifestação do exercício do direito a liberdade
mediante a admissão dum erro, e incapacidade, referindo-se aos casos em que não por
culpa das partes contratantes não pode continuar-se com casamento, netos casos a lei
impõe que se restituam os objetos dotados (dever de reposição) deixando à margem
qualquer ressarcimento por danos causados.
Em segundo lugar, está o incumprimento por morte do artigo 1593 que determina que a
principal consequência é a entrega por parte das famílias dos bens doados e recebidos.
Não obstante, a especificado deste último fundamento origina consequências jurídicas
em parte autónomas porque é a morte de um dos esposados que está na origem da não
celebração do casamento, o outro esposado poderá optar por exigir aos herdeiros do
esposado decesso os donativos que tinha feito. Neste caso, compete-lhe restituir os
donativos que porventura recebeu mas poderá conservar os do esposado decesso
(perdendo neste caso o direito de exigir os que lhe tinha feito).
Podemos adicionar o incumprimento em caso de rompimento sem justo motivo ou de
comportamento de um dos esposados, neste caso falamos de casos de copa nos que a lei
funda o dever de indemnizar do artigo 1594, dever que se estende também as despensas
feitas e às obrigações contraídas na previsão do casamento. Por tanto, não se aplica
nestes casos o regime geral do direito dos contratos, pois não se englobam todos os
prejuízos causados pelo esposado ao outro; assim, não são objeto de indemnização nem
os lucros cessantes nem os danos emergentes que não configurem despesas feitas ou
obrigações contraídas, tampouco os danos morais provocados pelo incumprimento.
Dentro dos supostos deste incumprimento encontramos o rompimento da promessa de
casamento por um dos esposados ``sem justo motivo´´, considerando falta de justo
motivo sempre que algum evento conhecido, anterior ou posterior à celebração da
promessa de casamento, determine agora a decisão. Este rompimento origina uma
obrigação sui generis sem necessidade de supor um comportamento culposo, nem
sequer ilícito.
Neste suposto, a indemnização pode ser exigida ao nubente culpado considerando
desculpável a dessa de não casar motivada pelo comportamento culposo do outro
esposado. A culpa procede a ilicitude do comportamento, ou seja, o comportamento do
esposado leva o outro a retratar-se deverá ser ilícito e culposo. Em qualquer caso, o
comportamento culposo não pode fundamentar um divórcio, unicamente pode dar
origem a ressarcimento e justificar a obrigação de indemnizar antes do casamento.
Naturalmente a indemnização e fixada segundo o prudente arbítrio do tribunal devendo
não só atender-se as despesas e obrigações, se não também a condição dos contraentes e
às vantagens que umas e outras possam proporcionar.
Finalmente, o artigo 1595 estabelece que o direito a exigir a restituição das
indemnizações, assim coma dos donativos coaduna no prazo de um ano contada da dato
do rompimento da promessa ou morte do promitente.

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Gastos compensáveis
O Código Civil tanto no direito espanhol como no direito português determina que a
promessa de matrimonio não produze obrigação de celebra-lo, mais sim de exigir o
pago dos gastos realizados e das obrigações contraídas em consideração ao matrimonio
prometido.
A jurisprudência durante os últimos anos foi determinando o critério a seguir para
delimitar os gatos que são ressarci-lhes e quais não. Em todo caso, deve existir uma
promessa matrimonial que deve cumprir cos requisitos necessários para esta ser válida.
Os gastos que podem exigir-se devem ser reais e efetivos, realizados estreitamento em
consideração do matrimonio prometido. Sendo, deste jeito, compensáveis a reserva do
catering, o viaje de noivos ou as alianças. No caso de Espanha, por exemplo, a
Audiência Provincial de Toledo na sua sentença 168/2000 de 3 de abril, determinou que
a tradicional proba da noiva não se considera gasto compensável pois não estava
demostrado que fosse para o dia da boda.
Nestor ponto, surge a reflexão de se é a dor causada póla ruptura da promessa de
casamento e compensável, os tribunais recusaram que os denominados danos morais
provocados pela ruptura da promessa fossem compensáveis baseando-se no argumento
de que não existe a possibilidade de introduzir culpa na libre decisão de não contrair
matrimonio, sendo este um limite respeita das consequências econômicas que tem
legalmente o incumprimento da promessa de casamento.
Requisitos de Fundo do Casamento
Uma vez que analisamos a forma do casamento e preciso também ver os requisitos de
fundo, estes são à vontade, a liberdade e a capacidade.
Por um lado, o casamento e um negócio jurídica que assenta na vontade das partes,
vontade que deve cumprir uma série de requisitos: deve ser atual (artigo 1617), deve ser
incondicional e aprazível (artigo 1618), deve ser livre e esclarecida (artigo 1619) e deve
ser determinada.
Não obstante, a lei permite a representação de um dos nubentes na celebração do
casamento (casamento por procuração tratado anteriormente).
Neste ponto devemos tratar o artigo 1628 que estabelece os casos de inexistência do
casamento, é dizer, casamentos celebrados sem competência funcional ou sem
declaração de um dos nubentes. Tamente será casamento inexistente o casamento em
que os nubentes não declaram a vontade de casar a traves do silencio, ou o casamento
urgente no caso de não ter lugar a sua homologação (artigo 1628 linha b).
Incluindo, a inexistência pode ser invocada por qualquer pessoa, a todo tempo,
independentemente da declaração judicial, produzindo, a sua vez a inexistência de
nenhum efeito jurídico, nem sequer é havido como putativo.
Além disso, há casamento juridicamente existentes cuja validade a lei não admite por
entender que não são livres, ou porque não cumprem todos os requisitos de vontade e
capacidade por parte de algum dos nubentes ou de ambos. São inválidos em primeiro

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lugar os casamentos nos quais se verifique falta o vício de vontade no momento da
celebração.
Dentro dos vícios da vontade encontramos o erro, este é o caso de que o nubente afirma
querer casar porque o pretende realmente mais está enganado acerca da identidade da
outra pessoa, nestes supostos o erro só e relevante e permite a anulação do casamento
quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge e se mostre que
sem ele o casamente não teria sido celebrado, entendendo qualidades essenciais aquelas
que relevam aspetos muito relevantes da circunstancia pessoal e do próprio modo de ser,
de viver e estar. Se se considerar que o conhecimento de uma doença, da nacionalidade
e da etnia o outro nubente constitui qualidade essencial deste, o desconhecimento
implicará que o nubente desconhecedor incorre em erro vício.
Na verdade, uma parte da doutrina discute se deverão ser colocadas no mesmo plano
realidades tão diferentes como conhecimento da saúde, da nacionalidade ou da etnia,
mais a maioria da doutrina defende que o conhecimento da etnia é determinante pois lhe
pode ser conatural uma certa forma de interpretar certos aspetos da existência e da vida
comum. No entanto, a questão da nacionalidade bem dada há 100 anos atrás onde era
importante saber se o conjugue era europeu nascido em Espanha, Portugal ou Bélgica,
hoje a nacionalidade não é um fator determinante da razão de casar ou de não casar.
Em qualquer caso o erro deve ser próprio, e dizer, não pode recair sobre a existência do
casamento ou sobre circunstâncias que obstem ao casamento, estes são os chamados
impedimentos dirimentes dos que falaremos posteriormente.
Do mesmo jeito, o artigo 1638 determina que é anulável o casamento celebrado sob
coação moral, quando seja grave o mal com que o nubente é ilicitamente ameaçado e
justificado o receio da consumação. Assim é equiparada a ameaça ilícita o pacto de
alguém que consciente e ilicitamente extorquir ao nubente a declaração da vontade
mediante a promessa de o libertar de um mal fortuito ou causado por outrem.
Por outro lado, recorda-se que a doutrina vem entendendo que os vícios requeridos para
o casamento civil não coincidem com os vícios existentes em sede de casamento
católico.
Em quanto o dolo matrimonial, pode suceder que um dos nubentes engane o outro sobre
a sua personalidade ou vida pessoal a fim de conseguir que este outro se seduza pela sua
alegada personalidade ou vivência e assim opte por casar. Sem embargo a lei não prevê
este suposto de invalidade do casamento, pois a sedução e o desejo de agradar forma
parte da estratégia das relações pré-nupciais. Pelo contrário, uma parte de doutrina
defende uma opção diferente, é o caso do professor Leite Campos que considera que o
legislador foi demasiado influenciado por uma certa ideia de proteção ao casamento, de
garantia de permanência dos casamentos ``validamente´´ celebrados.
Para concluir deve falar-se dos impedimentos dirimentes, são aquelas circunstancias que
obstam à celebração do casamento; estes podem ser absolutos (artigo 1601), que são
aqueles que obstam ao casamento de certa pessoa com qualquer outra, ou relativos que
impedem o casamento com certa pessoa (artigo 1602). Ambos são fonte de uma
situação pessoal, cujas consequências se sabem incompatíveis com o estado de casado.

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Por um lado, o artigo 1601 regula o impedimento dirimente absoluto por falta de idade
núbil. Na atualidade a idade núbil situa-se nos 16 anos de jeito que quem tiver menos
de 16 anos não pode casar validamente. Ainda que a idade núbil se situa nos 16 anos, a
maioria de idade situa-se nos 18 de jeito que os menores de 18 somente podem casar se
contam com consentimento dos pais, tutores legais ou coa autorização do conservador
do registro civil.
Regula-se também o impedimento dirimente absoluto por demência notória, entendendo
demência notória como aquela demência evidente, susceptível e de reconhecimento
comum, e o impedimento por casamento anterior não dissolvido, seja este católico ou
civil.
Por outro lado, o artigo 1602 regula os impedimentos dirimentes relativos, referindo-se
ao parentesco em linha reta (descendentes e ascendentes), a que tenha tido relação
anterior de responsabilidades parentais, a os afins na linha reta ou a aqueles colaterais
ata segundo grão. Da mesma forma, obsta ao casamento a condenação por homicídio
contra a pessoa do conjugue do nubente.
Invalidades
Para concluir, no direito português a invalidade matrimonial e a anulabilidade (artigo
287 do CC). Os fundamentos da anulabilidade constam do art. 1631 e, segundo a lei, a
anulabilidade não será invocável por nenhum efeito enquanto não for reconhecida por
sentença judicial transitada em julgado, especialmente intentada para a invalidação do
casamento (art. 1632).
O artigo antes referido (artigo 1632) determina as consequências do casamento
contraído cum impedimento dirimente, dando a legitimidade para prosseguir com a ação
incumbe aos conjugues, aos parentes na linha reta e aos parentes até 4 grãos na linha
colateral, aos herdeiros ou adotantes e ao Ministério Público.
Do mesmo jeito, no caso de invalidade por minoria de idade, além das pessoas
mencionadas supra, podem ainda tentar a ação o tutor ou acompanhante com poderes
para o efeito (ao contrário que o direito espanhol no que unicamente podem prosseguir a
ação o tuto ou pai do menor de idade).
No que respeita aos prazos para o exercício da ação estes não são os mesmos em todos
os casos de invalidade. Em primeiro lugar, o prazo no caso de que o casamento tinha
sido celebrado com impedimentos dirimentes o prazo decorre até 6 meses após a
dissolução do casamento; estes casos são a existência de grau de parentesco que obste
ao casamento, a existência de relação de afinidade em grau que também obste ao
casamento e nos supostos de existência de um matrimonio anterior não dissolvido.
Em segundo lugar, no caso de minoria de idade a ação pode empregar-se até 6 meses
depois de ter finalizado o impedimento que obstava ao casamento.
Em terceiro lugar, nos casos de condenação por crime de homicídio ou cumplicidade no
homicídio daquele conjugue que celebrou casamento com o viúvo o prazo de ação e de
3 anos após a celebração do novo casamento.

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Assim, o Ministério Público tem reconhecida legitimidade para instaurar a ação de
invalidade até a dissolução do casamento, tal e como dispõem o artigo 1643 número 2.
O regime das invalidades em caso de falta ou vicio da vontade de casar contempla-se no
artigo 1640 que prevê a anulação por simulação no número 1 e os restantes casos no
número 2.

Matrimonio no direito espanhol


No direito espanhol o matrimonio regula-se no Código Civil, concretamente no Título
IV. Como primeiro ponto regula-se a promessa do matrimonio, que de igual jeito que no
código português não produze a obrigação de contrapelo nem de cumprir o acordado
para a celebração do mesmo. Assim o incumprimento da promessa no caso de se tratar
duma pessoa maior de idade ou menor emancipada unicamente devera ressarcir a outra
parte dos gastos já realizados em consideração ao matrimonio, tendo esta ação uma
caducidade de um ano desde a negativa a celebrar o matrimonio.
Posteriormente, regulam-se os requisitos do matrimonio. No artigo 44 (modificado no
ano 2005) estabelece-se o requisito fundamental do matrimonio, a igualdade entre as
partes, sendo estas do mesmo ou de diferente sexo. O segundo requisito fundamental é,
ao igual que no direito português, o consentimento.
Em quanto as impossibilidades para contrair matrimonio, excluem-se os menores de 18
anos que não estejam emancipados e aquelas pessoas que já se encontrem unidos por
um vínculo matrimonial. Do mesmo jeito, não podem contrair matrimonio os familiares
em linha reta, a diferença com o direito português é que o Código civil inclui no artigo
``seja por consanguinidade ou por adopção´´. Inclui-se também os familiares por linha
lateral ate terceiro grado e as pessoas condenadas por participação dolosa na morte dum
conjugue anterior.
No entanto, estes dois últimos supostos poderão ser dispensados por um juiz sempre que
haja justa causa e seja solicitado pelas partes contraentes.
Por outro lado, a celebração do matrimonio precisa do que em Espanha chama-se acta
ou ``expediente de cumprimento de lós requisitos´´, isto é similar ao processo
preliminar do direito português, pois é um documento que certifica a inexistência de
obstáculos para poder contrair matrimonio. Este documento deverá ser feito por um
notário, secretario judicial, encarregado do Registro Civil do lugar onde se produze o
casamento ou o encarregado consular do Registro Civil em caso de que as partes
residissem no estrangeiro.
Em quanto a pessoa competente para validar o casamento, o artigo 51 do Código Civil
determina que pode ser um ``juiz de paz´´ o alcaide do município onde tenha lugar a
celebração do matrimonio ou o funcionário diplomático do Registro Civil no
estrangeiro. O artigo 52 inclui o suposto de perigo de morte, neste caso poderão celebrar
o matrimonio validamente o oficial ou efe superior imediato respeito dos militares de
campanha e o capitão ou comandante respeito dos matrimônios celebrados numa nave
ou aeronave. Assim, neste suposto não será preciso a tramitação do acta ou ``expediente
de tramitação´´.

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De igual modo, a validez do matrimonio não ficara afetada pela incompetência ou falta
de nome amento do juiz de paz, alcalde ou secretario judicial que celebre o casamento,
sempre que nenhum dos conjugues conhece-se esta situação.
Entre as modalidades de casamento, o direito espanhol prevê no artigo 54 o matrimonio
segredo, neste caso o acta ou expediente cera___2 tramitado reservadamente. Este tipo
de casamento somente poderá produzir-se quando concorra causa grave suficientemente
provado e seja autorizado pelo Ministro de Justiçai.
Continuando, o artigo 55 regula a possibilidade de contrair matrimonio ``por apoderado
´´ que é o mesmo que o matrimonio por procuração do direito português.
Com respeito a celebração do casamento religioso, permite-se no artigo 49 e se regula
nos artigos 59,60 e 63 do Código Civil, seguindo estas normas, o consentimento poderá
prestar-se na forma prevista por uma confessam religiosa inscrita nos termos acordados
com Estado sempre que hajam sido autorizados póla legislação do Estado. O artigo 59
falas duma confessam religiosa escrita, refere-se a confessa-os inscritas no denominado
Registro de Entidades Religiosas que depende do Ministério de Justiça. Pelo tanto,
permite-se o casamento não somente celebrado na forma religiosa canônica.
Com base nos acordos celebrados entre o Estado Espanhol e a Santa Sede de 3 de
janeiro de 1979, todos os casamentos celebrados em outro tipo de confissões religiosas
devem estar inscritos no registro de Entidades Religiosas e devem ter obtido a
declaração de ``notório arraigo de las conexiones religiosas em Espana´´; está
declaração obténs a traves dum Real Decreto do governo espanhol.
Assim, para o pleno conhecimento dos efeitos civis dos casamentos religiosos exige-se
a inscrição do matrimonio no Registro Civil.
Para continuar, o professor Lá cruz verdejo senzala que o efeito principal da celebração
do casamento é a criação dum vinculo que não é de parentesco, se não precisamente um
vínculo matrimonial.
Para concluir, no direito espanhol o legislador não optou por um regime de
anulabilidade como no direito português, se não num regime de nulidade do casamento
produzem-se como consequência duma declaração judicial, por existir um defeito
estrutural básico, como pode ser por exemplo, a falta de consentimento; entende-se que
este matrimonio não existe e que nunca existiu, com a soledade do denominado
matrimonio putativo do artigo 79 CC.
Por um lado, as causas da nulidade regulam-se no artigo 73 CC, estas são: a celebração
sem consentimento matrimonial do artigo 45 CC, o casamento celebrado entre as
pessoas referidas nos artigos 46 e 47 (salvo as do artigo 40), o casamento celebrado sem
a presença de testo-os, o casamento celebrado por coação ou medo e o casamento
celebrado por erro na identidade da pessoa do conjugue ou de aquelas qualidades
especiais que póla sua entidade se estas fossem conhecidas com anterioridade não se
teria celebrado o casamento.
Neste ponto devemos destacar que o Código Civil espanhol contempla em concreto três
supostos nos que a pesar do defeito estrutural básico do negócio, as circunstancias
concorrentes e post permitem que este seja considerado válido e produza efeitos; em

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primeiro lugar o caso do artigo 48 in fine, que permite convalidar o matrimonio coa
dispensa ulterior, em segundo lugar o suposto que recolhe o artigo 75.2 CC que se
refere aos matrimonio entre menores de 18 anos que se convalida se estes vivem juntos
durante um ano despois de ter alcançado a maioria de idade. Segue o professor Dez
Picasso este último suposto constituem uma espécie de corroboração do consentimento.
Por último, o terceiro suposto se recolhe no artigo 76.2CC e se refere a os casos de erro,
coação e medo grave que se convalida se os conjugues vivessem juntos um ano despois
do erro, cessação da coação e medo grave.
Por outro lado, a ação de nulidade regulasse nos artigos 74,75,76 e 77 do CC e nos
artigos 769 e sós da LEC. Trata-se duma ação não sometida a prazo de exercício, de
modo que pode exercitar-se tanto em vida dos conjugues como depois da morte de
estes.
Em quanto a legitimação para impor a demanda de nulidade matrimonial encontramos o
artigo 74 do CC, este artigo diz que a ação pode ser pedida pelos conjugues, o
Ministério Fiscal e qualquer peso. A que tenha um interesse direto y legitimo em ela.
Esta regra tem em geral duas restrições. Por um lado, se a causa de nulidade fosse a
falta de idade unicamente pode exercitar-se a ação de nulidade pelos pais ou tutores do
conjugue menor, assim como o Ministério Fiscal (equivalente ao Ministério Publico
português); e por outro lado, nos casos de coação e medo grave unicamente pode
empregar-se a ação por aquela pessoa que tivesse sofrido o vício (artigo 76 CC).
Finalmente, o tribunal competente estabelece no artigo 769 LEC que a ação de nulidade
finaliza coa sentencia declarando nulidade ou não nulidade, no caso de ser casamento
nulo isso produze efeitos de casamento que nunca existiu.

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Bibliografia
 Código Civil Espanhol.
 Manual Depreco de Familia-Diez Picazo.
 Manual Direito de Familia- Guilherme Oliveiroa com a colaboraçao de Rui
Moura Ramos.
 Código Civil Portugues.
Lucia Romeo Iglesias.

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