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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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Projeto de Pesquisa apresentado a INSTITUTO GALDINO – Jaraguá como requisito parcial para a conclusão
do Curso Pós-Graduação em Gestão em Docência Universitária.
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Adélcia Paula Mendes Soares Gomes, natural de Jaraguá, Goiás. Licenciada em Pedagogia (UEG), Pós-
Graduanda em Gestão em Docência Universitária(INSTITUTO GALDINO) e-mail:adelciapaula7@hotmail.com
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Kamilla Cristhian da Silva Mota,naturaldeGoianira, Goiás. Bacharel em Ciências Contábeis (UEG)Pós-
Graduanda em Gestão em Docência Universitária (INSTITUTO GALDINO) e-mail:
kamillacris.contabeisueg@yahoo.com
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Samuel Rosa da Silva, natural de Jaraguá-GO, Bacharel em Ciências Contábeis (UEG), Pós-Graduando em
Gestão em Docência Universitária (INSTITUTO GALDINO) e-mail:samu.cien.contabeis@outlook.com
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Ricardo de Faria Pinto Filho e-mail:pintofilho.rf@gmail.com
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no mundo, e a desigualdade sofrida por parte de pessoas de cor negra é grande e reproduzida
em diversos campos sociais, como na oportunidade de emprego, distribuição de renda e no
ensino superior.
Conforme o censo do IBGE (IBGE, 2010) percebe-se um crescimento de pessoas que
se declaram pretas, pardas ou indígenas, assim o presente artigo, tende a mostrar o surgimento
da política de cotas, ganho territorial, as características para ser aprovado no sistema de cotas
raciais, como são tratadas nas graduações, e como os alunos se sentem, quantos alunos
cotistas em média existem nas universidades brasileiras.
O objetivo é a analisar a política de cotas nas universidades brasileiras, qual o efeito
governamental e educacional que essa política trouxe para as universidades
Assim com base nas determinações referentes a sistema de cotas raciais para se
ingressar em universidades e instituições de ensinos, elaborou-se as seguintes problemáticas:
o sistema é eficaz ou se trata apenas de racionalização para combater o racismo? O sistema
tem progredido ou a desigualdade continua a mesma entre negros e brancos nas
universidades?
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O termo “Ações afirmativas” tem origem nos Estados Unidos que com a promulgação
da Lei de Direitos Civis em 1964, e a Lei de Direito de Voto assinado pelo governo do
Presidente Lyndon Johson (1963-69), em 1965, garantiram juridicamente direitos iguais aos
afro-americanos em relação aos brancos. Em um contexto sócio-histórico de segregação racial
oficializada pelo próprio Estado, e o fortalecimento do movimento negro em prol dos direitos
civis dos afro-americanos, também foram implantadas medidas de reserva de vagas ou bônus
para membros deste grupo na concorrência de vagas em universidades e no mercado de
trabalho (LINHARES, 2010).
Ações Afirmativas são medidas que tem por objetivo reverter à histórica situação de
desigualdade e discriminação que estão submetidos indivíduos de grupos específicos. Elas
partem do reconhecimento de que alguns grupos sociais – tais como negros indígenas e as
mulheres – foram historicamente privados de seus direitos, resultando em uma condição de
desigualdade (social, econômica, política ou cultural) acumulada que tende a se perpetuar. São
ações públicas ou privadas que procura reparar os aspectos que dificultam o acesso dessas
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Em 1888 foi o marco principal para os negros através da abolição da escravatura onde
o negro antes tido como mercadoria e escravizado passou a ser um homem livre.
No dia 13 de maio de 1888, o Senado se reuniu para discutir a lei da abolição que
saiu aprovada. Imediatamente, o documento foi levado para a cidade do Rio de
Janeiro onde a princesa Isabel, como regente do império, aguardava para sancioná-
la. Ao lado de senadores, tal qual Manuel Pinto de Sousa Dantas 91831-1894), O
Senador Dantas, e outras autoridades do Império, a Regente assina a Lei Áurea (Lei
nº 3.353), foi sancionada pela princesa Dona Isabel, filha de Dom Pedro II,
que concedeu a liberdade total aos escravos que ainda existiam no Brasil, um
pouco mai s de 700 mil, abolindo a escravidão no país. A sanção dessa lei
resultou numa vitória dos conservadores que aboliram sem pagar
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Mesmo com a abolição da escravidão e homem se tornando livre, a mesma deixa uma
marca profunda nos negros que agora de alguma forma foram inseridos em um ambiente no
qual deveria sobreviver por si só, em uma sociedade que ainda os considerava inferior e os
excluía pela sua cor e cultura e sem nenhuma preparação para isso, tanto no âmbito
educacional, como social e econômico, ou seja, o negro antes escravizado agora passa a ser
um trabalhador livre em um mundo excludente.
O negro liberto passa a ser excluído carregando consigo o legado escravocrata e essa
bagagem o impede de ser inserido de forma digna no mercado de trabalho, sendo então
negado o acesso da população negra a alfabetização ou qualquer outro acesso a educação
formal, a classe não contou com nenhum apoio ou proteção social e, pois os senhores ou ex-
senhores os considerava ainda como classe inferior e com menos direito o que o impede de se
inserir no desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil, aumentando ainda mais a
desigualdade entres os grupos étnicos.
No Brasil, o debate social e acadêmico sobre as ações afirmativas tem como marco a
década de 1980, quando as demandas por parte do Movimento Negro e da organização das
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Carlos Alberto Caó incluiu o racismo entre os crimes inafiançáveis quando foi
deputado constituinte e em 2 de fevereiro de 1888, Caó convocou parlamentares a construir
uma democracia em que a população negra estivesse representada, depois de três séculos de
escravidão.
2.3. Política de Cotas (Brasil)
uma pessoa sem experiência profissional, sem estudos, jogada a sua própria sorte, onde essas
pessoas se juntaram em grupos e por isso em sua grande maioria hoje os negros que são
descendentes desse povo, ainda não conseguiram vencer a diferença social apesar dos anos.
Partindo da premissa de que a população negra brasileira foi, e continua sendo, alvo
de inúmeras formas de discriminação racial a reivindicação por cotas nas formas de
ingresso nas universidades públicas seria uma forma de compensação pelas perdas
geradas a esse grupo, possuindo como utopia uma futura igualdade sócio econômica
real entre negros e brancos na sociedade brasileira (MUNANGA, 2003).
Nosso país em sua grande maioria negra, por consequência não consegue superar
outros países em termos educacionais, principalmente no Ensino Superior. As instituições de
Ensino Superior (IES) brasileiras oferecem poucas vagas e um sistema de acesso à graduação
tradicionalmente baseado em exame vestibular, que privilegia estudantes com formação
secundária mais qualificada, advindos predominantemente de escolas privadas. Desta forma,
as instituições mais concorridas e públicas são dominadas pelos filhos de famílias com maior
poder aquisitivo, que dispõem de maior tempo para se dedicarem aos estudos e maior capital
social e cultural (SCHWARTZMAN, 2013). Notamos que as retóricas se referem ainda à tese
do class-over-race, que se tornou emblemática na compreensão do racismo. Os contrários às
cotas afirmaram que o problema é de classe e não de cor ou, noutros termos, mas no mesmo
sentido, que a solução seria investir em escolas públicas. Visão que retoma as teses de
Gilberto Freyre sobre a democracia racial brasileira. Dados semelhantes foram encontrados
por Oliveira Filho (2009).
Especificamente no ensino superior é visível que, desde que a Lei foi criada, cada vez
mais homens brancos e mulheres brancas chegam ao nível superior, sendo que os homens
negros e as mulheres negras não alcançam esse patamar, mesmo tendo o aval da Lei. A
diferença social a inclusão cedo no mercado de trabalho leva o indivíduo a uma escolha, com
isso o acesso ao ensino superior fica limitado aos negros, que em grande maioria são de classe
baixa, por sua vez, não conseguem ascender socialmente, através da escolarização, na mesma
proporção que os brancos.
Um aspecto importante, uma vez que a análise da evolução das atitudes em relação a
um objeto social ajuda a melhor entender como este é significado e ressignificado,
legitimando ou contestando as primeiras atitudes (Wood, 2000).Pettigrew (2007) desenvolve
essa ideia quando mostra que é o surgimento de amizade com pessoas de grupos ou categorias
diferentes que reduz as visões negativas do outro. Infelizmente, o ambiente acadêmico e sua
lógica meritocrática estrita, presente, sobretudo nos cursos mais concorridos, não são ainda o
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lugar ideal para a criação de atividades de cooperação nas quais os grupos interajam visando a
objetivos comuns. Pensamos ser essa uma tarefa pedagógica a ser estimulada nos conselhos e
departamentos universitários, a fim de permitir que efetivamente se possam combater, além da
desigualdade de acesso, os estereótipos e preconceitos sociais
O Projeto Lei do Senado (PLS n. 215/2003), afirma que as distorções sociais levam as
camadas médias e altas a ocupar quase 100% das vagas nas universidades públicas, sendo
indispensável à adoção de medidas compensatórias que permitissem aos alunos “carentes” o
acesso aos níveis mais elevados de ensino. As desigualdades sociais seriam, portanto,
“distorções” sociais que seriam corrigidas pelo acesso, ao ensino superior, dos “carentes”.
O programa de reserva de vagas, aprovado pela Lei de Cotas, corresponde, em parte
ao que foi proposto no Projeto de Lei (PL) nº. 3.627/2004, encaminhado pelo Presidente Luís
Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional, que “institui Sistema Especial de Reserva de
vagas para estudantes egressos de escolas públicas, em especial negros e indígenas, nas
instituições públicas federais de educação superior [...]” Brasil,2004).
A Lei nº. 12.711 foi sancionada pela Presidente Dilma Roussef no dia 29 de agosto de
2012 e determinou que em todas as instituições federais de ensino superior e de ensino técnico
de nível médio seriam reservadas um percentual para cotistas por cor, com base no último
Censo Demográfico de IBGE (BRASIL, 2012).
O argumento de usar o critério de cotas por escola pública somente e não no subgrupo
de cor baseia-se na observação de que os alunos de classe populares seriam prejudicados
porque não tiveram acesso à educação básica no setor privado e as condições de ensino na
rede pública são inferiores ou menos completo. Assim as cotas auxiliariam no ingresso dos
menos favorecidos nas universidades, porém deve-se haver uma melhoria no ensino público
das escolas através de aplicação de recursos e incentivos governamentais.
Seguido a determinação do art. 8º da Lei nº 12.711/2012 as instituições federais de
ensino que ofertam vagas de educação superior deveriam implementar, no mínimo, 25%(vinte
e cinco por cento) da reserva de vagas previstas a cada ano, e teriam o prazo máximo de
quatro anos para o cumprimento integral.
A lei foi criada com intuito de que determinado grupo que foi discriminado de alguma
forma ou até mesmo negligenciado ao longo da história possa ter mais fácil acesso ao ensino
superior brasileiro.O tema sobre cotas teve maior enfoque no nosso século e vem gerando
várias opiniões a favor e contra.
Logo, os direitos sociais universais proclamados pela Constituição passam a ser
atendidos por políticas sociais focalizadas, ou por políticas sociais formalmente universais
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A política de cotas por cor ainda segundo alguns estudiosos poderia vir a
desconsiderar as relações de classes.
O negro, de segmento historicamente explorado, passa a ser portador de uma dívida
histórica, hipotecada pelo seu caráter de opressão. O negro, doravante, não mais
pertence á parcela dos explorados pelo capital – portanto, ‘igual’ a todos aqueles
pertencentes á classe trabalhadora -, mas descola-se dos trabalhadores, para se tornar
‘merecedor’ de políticas de exceção, porque é ‘diferente’ dos demais. Que os outros
trabalhadores busquem seus espaços específicos quer para terem acesso aos estudos,
quer para conseguirem um lugar no mundo do trabalho. Instala-se o reinado do
‘farinha pouca, meu pirão primeiro’ (LEITE, 2022 p.28).
A Seletividade quanto aos beneficiários das AAs fica evidente ao se observar os dados
socioeconômicos com recorte racial no referido período. Em 1999, 54% da população era
composta por brancos e 45% por negros. Entre a população pobre, 36% eram brancos e 64%
negros. E entre a população que vivia abaixo da linha da pobreza, 31% eram brancos e 69%
eram negros. Havia, portanto, uma clara e acentuada predominância da população negra entre
os mais pobres. Ao longo dos anos 1990, os negros tinham acesso a mais de 50% da renda
atribuída a metade mais pobre, e menos de 15% da renda apropriada pelos 10% mais ricos.
Tais evidências, entre outras que envolvem o mercado de trabalho, o trabalho infantil, as
condições materiais da população conforme a raça levou á constatação de que ser negro
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De acordo com (A REVISTA DO IBGE, 2018) “Em 1890 a categoria parda foi
substituída por “mestiça” e o termo continuou sendo “raça”. Em 1940 no primeiro censo
realizado pelo IBGE o quesito passou a ser denominado “cor” e foram incluídas as categorias
(branca, preta, amarela). Já em 1950 a categoria “parda” voltou a ser incluída nos altos, em
1991 foi incluída a categoria “índios”, mas somente para quem morava em aldeias, os demais
eram classificados como pardos. Já em 1980 o quesito cor voltou a ser investigado, passando
a fazer parte do questionário de amostra. Em 1991 a categoria “indígena” foi incluída no
recenseamento, no ano 2000 o censo seguiu o mesmo padrão de 1991. Porém no último
recenseamento do IBGE ano de 2010 o termo usado referente à cor foi “cor ou raça”
(p.18,19).
Segundo Emerson Machado, Juliana Bezerra,
Apesar de o termo raça ser utilizado no senso comum, é comum, é incorreto afirmar
que a espécie humana possui diferentes raças. Isto porque o DNA entre pessoas com
diferentes características físicas varia em menos de 0,1 %. Para a Ciência, isto não
justifica a criação de subespécies ou subcategorias de seres humanos. O termo raça
refere-se á divisão de seres vivos em grupos de acordo com suas características
físicas. Apesar do uso popular referindo-se a seres humanos, é incorreto afirmar que
existem diferentes raças humanas. A raça seria definida por meio das características
biológicas ou genéticas em comum, mas é aplicado a animais, como cães e gatos
(2017.
“Etnia é o termo correto para identificar diferentes grupos de pessoas, o que se deve
considerar como relevantes são os fatores socioculturais, as diferenças fenotípicas (na
aparência física) que também seriam consideradas fatores étnicos” (EMERSON MACHADO,
JULIANA BEZERRA, 2017).
“Etnia” determina as características de um grupo por seus aspectos socioculturais.
Um grupo étnico é um grupo cujos membros se identificam com base em seus
aspectos culturais, como seus costumes ou suas tradições artísticas. A etnia diz
respeito aos traços culturais ou história compartilhada entre determinado grupo.
Alguns grupos étnicos também compartilham traços linguísticos ou religiosos. Há
vários tipos de etnia. Alguns exemplos são brancos, negros, indígenas (que são
classificados também em etnias menores), etc. (EMERSON MACHADO, JULIANA
BEZERRA, 2017).
O racismo é a crença de que há “raças humanas”, mesmo que isto não seja aceito
cientificamente. Isto leva a ideia de que existiriam raças de seres humanos
superiores as outras. Apesar de a “raça” ser ligada a fatores biológicos, muitas vezes
o termo é usado para designar grupos de culturas diferentes, o que gera contradição.
Portanto, reafirma-se, etnia é o termo correto para identificar grupos de seres
humanos com diferentes características socioculturais ou até mesmo físicas. A
palavra “raça” deve ser usada apenas em seu conceito biológico, que se aplica a
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subgrupos de uma espécie. Como a raça humana não possui subgrupos, não existem
de seres humanos (EMERSON MACHADO, JUIANA BEZERRA,2017).
Definição de Negros
O sistema de cotas por cor leva em conta as características individuais de cada pessoa
designando se ela encaixa ou não nos pré-requisitos. Preto e pardo são dois dos cinco grupos
de cor e raça definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isto junto
com brancos, amarelos e indígenas. (MENEZES, 2017).
Segundo o IBGE definem-se como negros as pessoas que se autodeclaram pretos e
pardos, e brancos os que se declaram brancos, amarelos e índios os que se declaram dessa
forma, e outra forma é a identificação genética.
Conforme (MENEZES, 2017) O termo preto toma como referência a ascendência
oriunda de nativos da África. Independentemente de seu território ou construção social, pelo
fenótipo manifestado por sua pele de cor escura. Por pardo, é entendida a pessoa que possui
ascendência étnica de mais de um grupo.
Há argumentos contrários á classificação de pretos e pardos em um mesmo grupo.
Algumas correntes de pesquisa afirmam que os pretos sofrem muito mais discriminação. E,
segundo a teoria de Colorismo, quando mais escura a cor da pele de uma pessoa, maior o
racismo sofrido em nossa sociedade.
Diz-se ainda que as políticas de cotas por cor possam vir a reforçar o racismo por
separar grupos de pessoas, deixando em pauta que elas são de diferentes, deixando clara a sua
desigualdade. As AAs de recorte racial representariam ainda “corporativismo” de uma pessoa
sobre a outra, reforçando o racismo intrínseco a esta organização societária, não sendo a
cor/etnia a questão central (LESSA, 2007).
Já alguns estudiosos partem do princípio do mérito, pois para eles é a principal forma
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de se obter a igualdade de uma forma justa, ou seja, oportunidades iguais para todos, pois as
desigualdades que ocorreram ao longo da história se deram de forma social e não por
diferenças intelectuais.
A sociedade meritocrática não representaria um perigo, pois o princípio da diferença
transformaria os objetivos da sociedade em aspectos fundamentais. (RAWLS, 2008).
A educação superior também possui seus atritos, interferências e contradições bem
como as Ações Afirmativas e elas assim como o sistema de cotas por cor somente não irão
mudar a sociedade e trazer mais igualdade, e sim pode possibilitar o desenvolvimento social
de uma determinada classe étnica.
A operacionalização das reservas se da pelo Decreto n. 7.824, de 2012, que
regulamenta a política de cotas, instituiu o Comitê de Acompanhamento e Avaliação da
Reserva de Vagas nas IFES e do Ensino Técnico de Nível Médio como mecanismo de
avaliação e acompanhamento. Mas uma notícia anunciada em março de 2017 informou que o
Comitê de acompanhamento nunca teria se reunido passados cinco anos da sanção da Lei.
Diante disso o MEC informou que os membros desse fórum, cuja tarefa seria acompanhar o
cumprimento da reserva de vagas, serão convocados em breve para reunião-ainda sem data
definida. (CORREIO BRAZILIENSE, 2017).
De maneira geral, a política e as ações afirmativas acabam por ser analisadas somente
em estudos discentes e em grupos de pesquisas vinculados a algumas universidades.
Entre estes últimos, destaca-se o Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação
Afirmativa (GEMAA), que vem se dedicando ao estudo da temática, e que possui, dentre as
suas principais atividades, a produção de levantamentos anuais sobre as práticas adotadas
pelas universidades públicas para a promoção racial e social, incluindo o impacto da Lei
12.711 nas mesmas (EURÍSTENES; et AL., 2016).
Dados do IBGE mostram que antes da promulgação da lei de cotas a maioria das
universidades possuía alguma modalidade de ação afirmativa sendo que 32 delas utilizavam a
reserva de vagas [...] (EURÍSTENES; et AL., 2016).
As políticas de cotas têm como objetivo expandir o acesso a Educação de nível
superior a todas as camadas sociais, e foi construída para tornar mais justo o acesso ao ensino,
porém para se alcançar esse propósito se faz necessário garantir a sustentabilidade como
ressalta (DIAS SOBRINHO, 2010).
[...] a “democratização” da educação superior não se limita à ampliação de
oportunidades de acesso e criação de mais vagas. Além da expansão das matrículas e
da inclusão social de jovens tradicionalmente desassistidos, em razão de suas
condições econômicas, preconceitos e outros fatores, é imprescindível que lhes
sejam assegurados também os meios de permanência sustentável, isto é, as
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condições adequadas para realizarem com boa qualidade os seus estudos (p.1.226).
(LIPSKY, 1980; NAJAN, 1995). Ressalta que para que seja implementada tal etapa é
complexa e reflete um importante processo de interação entre a determinação dos objetivos da
política pública e as ações empreendidas para atingi-los.
Ou seja, para que o novo programa instituído por lei seja inserido com sucesso é
necessário levar em consideração que as IES já possuíam anteriormente um programa de
reservas de vagas e precisam agora introduzir a sua rotina novos procedimentos instituídos
pela lei.
As referidas entidades foram obrigadas a se adequar em um prazo de quatro anos a
partir da aprovação da nova lei. O primeiro Programa de cotas brasileiro foi realizado em
2003 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Desde então, as universidades
que aderiram ao programa de cotas cresceu rapidamente em um curto período. De 2003 a
2005, 14 universidades já somavam 83 instituições de ensino superior com cotas
(Guarnieri,2008).
De acordo com os dados do Censo da Educação Superior, ano de 2015 havia no Brasil
104 Instituições de Ensino Superior vinculadas ao MEC. Nesse conjunto existiam 40
instituições da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, 63 universidades e o
Instituto Nacional dos surdos (INES). Todas essas instituições estavam subordinadas às
determinações da Lei 12.711/2012 de cotas. Em 2017, a partir do levantamento realizado por
meio de informações coletadas junto ao sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao
Cidadão (e-Sic) e no site das IFES, as 63 universidades federais já reservavam 50% das vagas.
Esses dados não são oficializados nas páginas oficiais do governo, lembrando que as
comissões têm o dever de anualmente acompanhamento e divulgação de relatórios sobre a
implantação, implementação e verificação da continuidade do sistema dentro das IES.
Conforme já afirmado, a Lei n. 12.711 será revista no prazo de dez anos a contar da
publicado da Lei. Com a construção e a implementação que visem ao monitoramento e
avaliação de políticas sociais públicas, por meio de coleta, processamento e disponibilização
de dados, que são essenciais para financiar o planejamento e a direção destas, além de
estimular a transparência e a participação popular.
Os dados produzidos, e sua transformação em informação e conhecimento, tornam-
se importante instrumento para subsidiar a elaboração de diagnósticos e fundamentar
a definição e redefinição do conteúdo das políticas sociais públicas, dar visibilidade
e transparência à gestão dos recursos públicos, democratizar as decisões sobre
conteúdos e padrões de qualidade das ações desenvolvidas, entidades e órgãos
públicos ou privados. (CARRARO; LAZZARI, 2013, p.972).
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METODOLOGIA
O artigo foi feito em forma de pesquisa, com o objetivo de avaliar e também
correlacionar teorias e práticas sobre as cotas para negros no ensino superior. Apesar de ser
um tema discutido na atualidade, a sua complexidade é maior por não lidar só com o futuro
aluno cotista, mas todos os envolvidos nesse processo, em que integra primeiramente a
família, a universidade, e também a sociedade que participa com leis e programas muitas
vezes sem o retorno desejado.
Uma pesquisa de natureza qualitativa, ou seja, o estudo que trabalha com o universo
de significados, aspirações, crenças, valores que dizem respeito a um espaço profundo das
relações e dos fenômenos.
Foi feita uma análise da política de cotas nas universidades federais e sua relação com
o desenvolvimento social no país, a partir de objetivos que envolvem a investigação das linhas
teóricas presentes na política de cotas e nas concepções acerca do desenvolvimento social,
bem como a implantação de tal política nas universidades federias. Leis, decretos, foram
usados para fortalecer a base para a compreensão da inclusão dos menos favorecidos no Brasil
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pela cor de sua pele, um absurdo vindo de um país com tanta miscigenação como o nosso.
O contexto, supracitado, aguçou nossa curiosidade para realizar essa pesquisa e para
produzir este trabalho científico. O estudo foi realizado com base também em pesquisas
bibliográficas com materiais já existentes como: artigos, livros, revistas, através de leitura
para se construir um novo conceito. Com isso Ludke e André (1986, p. 01), afirma: “Para se
realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as
informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a
respeito dele", observamos com a citação acima a relevância que se tem a realização de uma
pesquisa bibliográfica, em que é o momento de realizarmos uma busca de informações sobre
o tema e partindo disso confrontar os variados conceitos.
O método utilizado para este trabalho foi o materialismo histórico dialético de Marx, e
a partir de Gomide (2014, p.130), temos a seguinte afirmação: "O materialismo histórico-
dialético enquanto método de investigação é essencialmente polêmico e crítico, pois busca
superar o senso comum, a maneira de pensar dominante indo além da reflexão que se esgota
em si mesma". Esse método tem em sua estrutura três elementos que são: História, dialética e
contradição. Uma pesquisa baseada no mesmo deve realizar um resgate histórico do objeto
pesquisado, fazer uma dialética, ou seja, um diálogo e trazer para o trabalho uma contradição
em torno do mesmo. A partir do método os profissionais e pesquisadores buscam
compreender o real, considerando a materialidade que o compõe.
Com isso, este trabalho se organiza e se estrutura da seguinte maneira: foi feito um
retorno ao começo da história, onde se chama atenção as terminologias usadas através dos
tempos e os novos termos usados na atualidade, e também abrangem as trajetórias das pessoas
negras ao longo da história e as transformações sociais.
A Legislação e Políticas Educacionais voltadas para Educação Superior apresentam as
leis em vigência, as que tiveram maior repercussão, assim como os planos aprovados para
fazer valer os direitos dos negros.
Este estudo visa promover um maior conhecimento em torno do sistema de cotas para
negros e para as pessoas que tiverem convívio com eles. Através deste buscamos proporcionar
uma visão crítica a respeito do tema proposto, em que este apresente uma estimulação, pois
ainda possui muitas coisas a serem mudadas na sociedade para realmente haver uma inclusão
que venha a ser significativa para as pessoas negras. Neste será possível através de
fundamentação teórica situar o leitor em um contexto que precisa ser revisto, em que em sua
maioria as leis ficam na utopia. E a instituição de ensino e a sociedade, tem o papel de incluir
as pessoas negras, e com isso os educadores que são parte integrante do contexto escolar
16
precisam discutir o tema aqui proposto, para que a escola realize seu papel social em relação à
pessoa negra. E os profissionais que tenham interesse pelo tema, como os estudantes de
diferentes áreas do conhecimento possam neste estudo encontrar um sentido real da educação,
a fim de ter um novo olhar para este que tem grande relevância na sociedade em que vivemos.
Esperamos que este trabalho promova maior conhecimento às pessoas que tiverem
contato com essa obra, proporcionando-lhes uma visão crítica a respeito do tema proposto, e a
profissionais e estudantes de Pedagogia que procuram um sentido real na Educação e suas
dialógicas contraditórias.
Dados também da PNAD só que mais antigos, de 2015, mostram que apesar dos negros e
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pardos representarem 54% da população na época, a sua participação no grupo dos 10% mais
pobres era muito maior: 75%.
Já no grupo do 1% mais rico da população, a porcentagem de negros e pardos era de apenas
17,8%.
10
8
6
4 Negros
Brancos
2
0
2001 2015
Gráfico alunos pretos e brancos matriculados nas universidades entre 2005 e 2015
45
40
35
30
25
Brancos
20 Negros e pardos
15
10
5
0
2005 2015
O percentual de negros no nível superior deu um salto e quase dobrou entre 2005 e 2015. Em
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2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos
jovens pretos ou pardos na classificação do IBGE e em idade universitária frequentavam uma
faculdade. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior, entre
os brancos no entanto o o número equivale a menos da metade dos jovens brancos com a
mesma oportunidade, que eram 26,5% em 2015 e 17,8% em 2005
Ainda aqui nota-se uma grande discrepância nos índices educacionais das pessoas
quando classificadas por cor. Mais um fato que demonstra a necessidade de um programa de
Ações afirmativas para o grupo étnico.
A demanda pelo ensino superior cresceu intensamente no pais nos últimos anos. A
oferta aumentou, porém jovens pobres e negros continuam com baixa representação entre os
ingressantes nas universidades ou seja as vagas são limitadas a um pequeno grupo com
relação a demanda.
50.4
50.3
50.2
50.1
50
49.9 Brancos
49.8 Pretos Pardos
49.7
49.6
49.5
49.4
2019
Esse sistema tem surgido efeito primeiramente porque o Brasil é um dos países com
oportunidades mais desiguais, onde entra novamente a questão da meritocracia que nesse
19
contexto não faz tanta diferença, pois pessoas que nascem pobres no Brasil mesmo que sejam
muito inteligentes não conseguiram ter as mesmas oportunidades de pessoas que pessoas ricas
ou classe média, ou seja o mérito não define o sucesso na vida profissional,então o sistema
tem sido eficaz em combater a desigualdade entre negros e brancos.
Foi feita uma análise de um artigo elaborado por (ISABELE BATISTA DE LEMOS,
2017) com a trajetória de alunos cotistas onde os mesmos contam as suas experiências
vivenciadas em vários cursos dentro da Universidade Federal do Pará (UFPA) onde os alunos
relatam as experiências vivenciadas durante a trajetória acadêmica, onde foi analisada
questões como a qualidade da permanência nos cursos que escolheram, os padrões de
sociabilidade entre o alunos, professores e servidores no que concerne ás relações raciais e as
repercussões que o ingresso no ensino superior causou no âmbito pessoal e profissional de
suas vidas. A idade dos entrevistados varia de 22 a 32 anos os pais quase concluíram o ensino
fundamental, alguns o ensino médio, uma parte analfabeta e poucos possuem curso de nível
superior, foram analisados os cursos de Direito,Ciências Sociais Engenharia da Computação e
medicina.
Analisando o curso de Engenharia da computação foi comprovado que os dois alunos cotistas
entrevistados,um relatou que sofreu dificuldades de se adequar ao conteúdo porque a
preparação não era no mesmo nível que os outros alunos e apenas no terceiro semestre
conseguiu superar essa dificuldade, também passaram por dificuldades para se sustentar
durante o curso e fazer as atividades exigidas no mesmo por não terem em casa a tecnologia
necessária para o desenvolvimento. Os dois sofreram preconceito velado por parte dos
professores e alunos e concordam com a existência e permanência do sistema de cotas, e
como relataram acreditam que ser o negro hoje em dia sofre mais dificuldades de ingressar no
ensino superior porque a maioria da classe é pobre. Os três alunos de medicina que foram
entrevistados relataram sofrer preconceito por serem cotistas por cor, pois os outros alunos os
julgava inaptos para estarem lá e com QI inferior, já que passaram por cotas e diziam que
outras pessoas que mereciam mais poderia estar no lugar deles, eram excluídos de festas e
trabalhos em grupos, existia o grupo dos não cotistas, mais com o passar do tempo os alunos
não cotistas perceberam que os colegas tinham a mesma capacidade e mereciam estar ali. Um
dos alunos relatou que muitos professores e colegas defendiam que as cotas deviam ser
somente por escolas públicas e sem o recorte de 20% por cor, porque assim alcançaria mais
pessoas das camadas mais baixas, o mesmo também relatou sofrer preconceito dentro do
curso por ser negro, pois a maioria das pessoas tem o estigma de que o médico seja o cara
branco, disse que as vezes ao pedir roupa ou material os colaboradores quase sempre
concluíam que ele era técnico e ficavam surpresos ao perceberem que era aluno de medicina
O estudo demonstra que o desempenho dos alunos cotistas e não cotistas similares e
em determinadas situações até maior isso porque as habilidades socioemocionais dos alunos
cotistas são mais desenvolvidas por terem passado por inúmeras dificuldades econômicas que
foram superadas para obter a sua formação. O preconceito vem diminuindo dentro das
universidades por verem que isso não tem procedência, pois há milhares de jovens negros
inteligentes que no Brasil, ou seja essa política de ações afirmativas mesmo com várias falhas
e muito a ser desenvolvida principalmente no âmbito econômico vem obtendo resultados
conseguirem pagar uma universidade particular. Outra questão a se colocar em pauta é que a
maioria dos não cotistas que estudam nos cursos mais concorridos nas universidades públicas
fez o ensino básico inteiro em escolas privadas, e isso posteriormente possibilitou a sua
entrada nas IES públicas sem pagar nada, E como foi demonstrado ao longo do texto a
maioria da população pobre no Brasil é negra e se não fosse através do sistema não teriam a
possibilidade de ingressar em um curso de nível superior.
Vale ressaltar que o Estado brasileiro adotou progressivamente um discurso antirracista,
trazendo o tema para a agenda política. A partir dos anos 2000, a participação do Brasil na III
conferencia Mundial contra o Racismo, Discriminação, Xenofobia e Discriminações
Correladas de Durban (2001) impulsionou a crescente adoção nas universidades públicas
brasileiras, estaduais e federais de medidas afirmativas para distintos grupos de beneficiários,
entre os quais o dos negros (HERINGER,2006).
O sistema tem mudado alguma coisa ou a desigualdade continua a mesma entre negros e
brancos?
Analisando o artigo sobre a entrevista com os alunos cotistas na UFPA chegamos a conclusão
de que o sistema de cotas por cor tem sido eficaz em combater a desigualdade entre brancos e
negros e vem mudando a vida de vários jovens como foi demonstrado, embora ainda
enfrentem dificuldades financeiras, de acesso a bens culturais e o preconceito tanto por serem
cotistas quanto por serem negros (ISABELE BATISTA DE LEMOS).
Pode ser melhorado?
O sistema como qualquer outro que seja apresentado no papel possui as suas falhas, pois só a
partir da prática do mesmo percebe-se onde se esta pecando, o que pode ser aperfeiçoado.O
direito à igualdade formal, isto é, o direito a não ser discriminados arbitrariamente na lei e
perante a lei; e a igualdade material, que é o direito a ter as mesmas oportunidades em termos
financeiros, políticos e simbólicos (Piovesan,2006).
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