Está en la página 1de 9

___________43

Sobre la originación radical de las cosas

Título original: De reru m originatione radicali.


Fecha: 23 de N oviem bre de 1697.
Manuscrito: I.H IV 1, 10.
Edición utilizada: GP VII, 302-308.
Otras ediciones: Erdmann 147-150.
Ediciones anteriores en castellano: O laso, 541-550; Andreu , II, 159-164.
Traductor de la presente edición y notas: A ngel L uis G onzález.
Contexto y relevancia del texto: Este opúsculo es u no de los textos más relevantes de la
entera producción filosófica leibniziana. Muchas de sus frases son de las más conocidas
y expresivas de su pensam iento, alguna de las cuales pasarán a la Teodicea, en la que
te n d rá n u n cum plido desarrollo. Especial im portan cia ad q u ieren en este opúsculo la
d em ostración cosm ológica del Ser N ecesario, los distintos tipos de necesidad, que
Leibniz ex p o n e p o r esos años con el fin de explicar la elección del m ejor m u n d o
posible; verdades eternas y verdades tem porales, y cóm o éstas p ro ce d en d e aquéllas.
Y sobre todo la explicación del llam ado m ecanism o m etafísico en qu e consiste la crea­
ción, con todo el m apa de problem as metafísicos que conlleva: posibles, exigencia de ,
existir de los posibles, el grave problem a de la com posibilidad, la elección infalible de
lo m ejor y su p resu n to o real determ inism o. Y com o p rea n u n cia n d o el com etido de
la Teodicea, las referencias al problem a del mal.

* * *

SOBRE LA ORIGINACIÓN RADICAL DE LAS COSAS

(23 de N oviem bre de 1697)

A dem ás del m u n d o , es decir, el c o n ju n to de cosas finitas, se da cierta


U n id a d D o m in an te , n o sólo com o m i alm a se d a e n m í, o m e jo r todavía
com o m i p ro p io yo se d a e n m i c u e rp o , sino incluso g u a rd a n d o c o n el
m u n d o u n a relació n m u ch o m ás p ro fu n d a . La U n id a d d o m in a n te del u n i­
verso, en efecto, n o rige ú n ic a m e n te el m u n d o , sino q u e tam b ié n lo cons-
278 METAFISICA

A
truye, es decir, lo crea, y es su p e rio r al m u n d o y, p o r así decir, es e x tra m u n ­
d a n a , y de ese m o d o es la raz ó n ú ltim a de las cosas. E n efecto, n o sólo
n o es posible d e sc u b rir la razón suficiente de la existencia de las cosas en
n in g u n o de los seres p articu lares, sino q u e tam p o c o lo es h allarla e n el
_ c o n ju n to e n te ro ni en la serie de las cosas. S u p o n g am o s q u e el lib ro Los
Elementos de Geometría haya existido d esd e to d a la e te rn id a d , y q u e siem ­
p re se h a sacado u n a co p ia a p a rtir de u n e je m p la r a n te rio r; es claro que
a u n q u e sea posib le d a r raz ó n del lib ro p re se n te a p a rtir del e je m p la r a n ­
te rio r del q u e se copió, ja m á s sin e m b a rg o se llegaría a la razón p e rfe c ta
a u n q u e fu e ra posible a b a rc a r retro sp e c tiv a m e n te todos los libros, cuales­
q u ie ra que sean; e n efecto, siem p re p o d rá p re g u n ta rse co n aso m b ro p o r
q u é existen sem ejantes libros d esd e siem pre, p o r qué h u b o p rec isam e n ­
te libros y cuál es el m otivo de q u e hayan sido escritos d e esa m an e ra. Lo
q u e es v erd ad d e los libros lo es tam b ié n de los diversos estados del m u n ­
do, p u es to d o estado su b sig u ien te h a sido co p iad o , en cie rta m ed id a, del
p re c e d e n te (a u n q u e haya cam biado a te n o r de d e te rm in a d a s leyes). P o r
consiguiente, cu alesq u iera sean los estados an terio res a q u e u n o se re m o n ­
te, ja m á s se h a lla rá en d ichos estados u n a razón a d e c u a d a d e p o r q u é es
p re fe rib le q u e exista u n m u n d o e n vez de n a d a , y p o r q u é u n o q u e sea
tal com o es.
P o r tan to , a u n q u e c o n je tu ra ra s u n m u n d o e te rn o , co m o sin em bar-
' go sólo p u e d e s e stab lecer u n a sucesión de estados y com o e n n in g u n o de
ellos tam p o c o p u e d e s d e sc u b rir u n a razó n suficien te d e la existencia, y
adem ás com o a d m itir c u a le sq u ie ra estados n o es ú til e n lo m ás m ín im o
p a ra lleg ar a d a r razó n d e ellos, es ev idente q u e es p reciso b u scar la ra­
zón e n o tra p a rte . Pues e n las cosas etern as, a u n q u e n o exista causa algu-.
na, d e b e co n ceb irse sin em b a rg o u n a razón, la cual en las cosas in m u ta ­
bles es la n e c esid ad m ism a, es decir, la esencia; e n cam bio, e n la serie de
las cosas m u tab les, a u n q u e esta serie se su p o n g a e te rn a d esd e siem pre,
la raz ó n e s trib a ría e n el p re d o m in io m ism o d e in c lin a c io n e s, co m o se
p o d rá c o m p re n d e r en breve; en este caso, en efecto, las razones n o obli­
gan d e m o d o n ecesario (con n e c esid ad absoluta, es decir, m etafísica, de
m o d o tal q u e su c o n tra rio im p liq u e c o n tra d ic c ió n ), sino q u e so lam en te
303 in clin an . De to d o lo cual resu lta p a te n te q u e ni siq u iera su p u e sta la e te r­
n id a d del m u n d o es posible soslayar u n a razó n ú ltim a e x tra m u n d a n a de
las cosas, es decir, Dios.
Así pues, las razones d el m u n d o están ocultas en u n ser e x tra m u n d a ­
n o , d ife re n te del e n c a d e n a m ie n to de los estados o serie de cosas, el co n ­
j u n to de las cuales constituye el m u n d o . Pues b ien , d e este m o d o es p re ­
ciso p asar d e u n a n e c esid ad física, o sea, h ip o té tic a , q u e d e te rm in a los
SOBRE LA ORIGINACION RADICAL DE LAS COSAS 279

estados p o ste rio re s del m u n d o a p a rtir de los p rim ero s, a algo q u e sea de
n ecesid ad absoluta, es decir, m etafísica, de la q u e n o p u e d e darse razón.
El m u n d o a c tu a l, en e fe c to , es n e c e s a rio fís ic a m e n te , es d ecir, h ip o ­
téticam en te, p e ro no de m an e ra absoluta, o sea, m etafísicam ente. En efec­
to, estab lecid o u n a vez de u n a d e te rm in a d a m a n e ra , es lógico q u e surjan
d e in m e d ia to otras d e te rm in a c io n e s sem ejantes. P o r eso, p u e sto q u e la
raíz ú ltim a d e b e h allarse e n algo q u e exista co n n e c esid ad m etafísica, y
com o la razó n de u n a cosa ex isten te ú n ic a m e n te p u e d e p ro v en ir de o tra
cosa ex istente, de a h í es preciso q u e se siga q u e existe u n ser ú n ico , m e­
tafísicam ente n ecesario, es decir, q u e su esen cia im plica su existencia; y,
p o r c o n sig u ie n te , existe algo q u e es d ife re n te de la p lu ra lid a d d e los se­
res, es decir, del m u n d o , del q u e h em o s ad m itid o y d e m o stra d o q u e no
existe p o r n ecesid ad m etafísica.
N o o b stan te, p a ra ex p licar con u n po co m ás d e c la rid a d cóm o de las 1
v e rd a d e s e te rn a s, esenciales o m etafísicas se o rig in a n las v erd ad es tem ­
porales, c o n tin g e n te s o físicas, d e b e m o s re c o n o c e r en p rim e r lu g ar q ue,
p o r lo m ism o q u e existe algo m ás b ie n q u e n a d a , hay e n las cosas posi­
bles, es decir, en la p o sibilidad m ism a o en la esencia, u n a cierta e x ig e n ­
cia d e existencia, o p o r así d ecirlo, u n a p re te n s ió n a existir, y p a ra e x p re ­
sarlo e n u n a p alab ra, q u e la esencia tie n d e p o r sí m ism a a la existencia.
De aq u í, pues, se sigue q u e todas las cosas posibles, es decir, q u e e x p re ­
san la esencia o la realid ad posible, tie n d e n con u n d e re c h o igual a la exis­
ten cia e n p ro p o rc ió n a la c a n tid a d de esencia o d e realid ad , o sea, e n p ro ­
p o rc ió n al g ra d o de p e rfe c c ió n q u e e n c ie rra n ; la p e rfe c c ió n n o es o tra
cosa, e n efecto, q u e la c a n tid a d de esencia.
P o r eso, pues, se c o m p re n d e de m a n e ra clarísim a q u e e n tre las in f in i- '\
tas co m b in acio n es de los posibles y las series posibles existe aq u élla p o r
m ed io de la cual llega a la existencia la m ayor c a n tid a d d e esencia, o sea,
d e posibilidad. Es m anifiesto q u e siem p re hay en las cosas u n p rin c ip io
d e d e te rm in a c ió n q u e se d e b e o b te n e r de u n a c o n sid e rac ió n de m áxim o
o m ín im o , a saber, q u e se asegure, p o r así d ecirlo , el m áxim o efecto con
el m e n o r gasto. Y en este asu n to , el tiem p o , el lu g ar o p a ra d e c irlo con
u n a p alabra, la receptividad o la capacidad del m u n d o p u e d e considerarse
com o el gasto, es decir, el te rre n o en el q u e se d e b e ed ificar lo m ás favo
rab le m e n te q u e sea posible; y p o r su p arte, la variedad de form as resp o n d e
a la c o m o d id a d del edificio y al n ú m e ro y eleg an cia de las h abitaciones.
S ucede com o en ciertos ju e g o s e n los q u e hay q u e re lle n a r todas las casi­
llas d e u n tab le ro según unas d e te rm in a d a s norm as, d o n d e si n o se u tili­
za u n p ro c e d im ie n to in g en io so te e n c o n tra rá s al final im p o sib ilitad o p o r 304
espacios p erju d iciales, y d e b e rá s d e ja r m ás lu g ares vacíos d e lo q u e po-
280 METAFISICA

días o q u erías. A h o ra b ien , hay u n m é to d o seg u ro m e d ia n te el cual se


p u e d e c o m p le ta r d el m o d o m ás fácil el m ayor n ú m e ro d e casillas. Igual
q u e si su p o n em o s q u e se d ecid e trazar u n trián g u lo , sin q u e c o n c u rra n in ­
g u n a o tra d e te rm in a c ió n particu lar, lo lógico es q u e resu lte u n triá n g u lo
eq u ilátero ; y su p u esto q u e sea preciso trasladarse de u n p u n to a o tro , sin
q u e haya alg u n a o tra co n d ic ió n q u e d e te rm in e el cam ino, se eleg irá u n a
vía m áx im a m e n te fácil, es decir, la m ás corta; d e la m ism a m a n e ra , esta­
blecid o de u n a vez q u e el e n te tie n e p re d o m in io so b re el n o e n te , o sea,
q u e hay u n a raz ó n de p o r q u é existe algo m ás b ie n q u e n a d a , es decir,
q u e se d e b e p asar d e la p o sib ilid ad al acto, e n to n c e s de a q u í se sigue q u e
a u n q u e n o se d e te rm in e n in g u n a o tra c o n d ic ió n m ás, lo q u e llega a exis­
tir es el m áxim o p o sible resp e c to de la cap ac id ad de tie m p o y lu g a r (o
sea, del posible o rd e n d e e x iste n c ia ), tal y com o las baldosas se sitú an en
u n a su p erficie de m o d o q u e e n u n á re a prevista q u e p a el m ayor n ú m e ro
de ellas.
A p a rtir d e los ejem p lo s a n te rio re s se p u e d e e n te n d e r m aravillosa­
m e n te cóm o e n el m ism o o rig e n de las cosas se ejerce u n a cie rta m a te ­
m ática divina, es decir, u n m ecan ism o m etafísico J, y cóm o tie n e lu g ar la
d e te rm in a c ió n d el m áxim o. Al igual q u e en g e o m e tría , d e e n tre todos los
ángulos, el án g u lo d e te rm in a d o es el án g u lo recto; y com o asim ism o los
líq u id o s e c h ad o s e n o tro s d ife ren te s, a d q u ie re n la fo rm a m ás d ig n a de
todas, a saber, la fo rm a esférica; p e ro , so b re to d o , e n la m ism a m ecán ica
o rd in a ria , al p u g n a r e n tre sí n u m ero so s cu e rp o s pesados, surge al final
u n m ovim iento m e d ia n te el cual e n ú ltim o té rm in o el d escenso se h ace
m áxim o. En efecto , lo m ism o q u e to d o s los posibles tie n d e n c o n igual
d e re c h o a existir e n p ro p o rc ió n a su rea lid a d , ig u alm e n te co n el m ism o
d e re c h o todos los c u erp o s pesados tie n d e n a d e sc e n d e r en p ro p o rc ió n a
su gravedad, y así com o a q u í se p ro d u c e el m ovim iento e n el q u e está co n ­
te n id o el d escen so m áxim o d e los cu e rp o s graves, de igual m a n e ra allí
surge el m u n d o , p o r m ed io d el cual se efe c tú a la m áxim a p ro d u c c ió n de
.p o sib le s
Y de este m o d o ten e m o s ya la n e c esid ad física a p a rtir de la n ecesi­
d a d m etafísica; en efecto, a u n q u e el m u n d o n o es m etafísicam en te n e c e ­
sario de tal m o d o q u e lo c o n tra rio im p liq u e co n tra d ic c ió n , es decir, u n
ab su rd o lógico, sin e m b a rg o es físicam en te n e c esa rio o está d e te rm in a ­
d o de m a n e ra tal q u e lo c o n tra rio im p lica im p e rfe c c ió n o u n a b su rd o
m oral. Y com o la posib ilid ad es el p rin c ip io de la esencia, de igual m o d o

i
Esa expresión, com o es notorio, está tom ada de P lotino , Enéada, I, 8.
SOBRE LA ORIGINACION RADICAL DE LAS COSAS 281

la p e rfe c ció n , es decir, el g rad o d e esencia (m e d ia n te el cual son co m p o ­


sibles el m ayor n ú m e ro d e cosas) es el p rin c ip io de la existencia. Y d e a h í
al m ism o tie m p o se h a c e p a te n te có m o existe lib e rta d e n el A u to r del
m u n d o , a u n q u e h a g á to d as las cosas d e u n m o d o d e te rm in a d o , p u e sto
q u e actú a según el p rin c ip io de la sa b id u ría o d e la p e rfe c ció n . La in d i­
feren cia p o r sup u esto surge de la ig n o ran cia y cu a n to m ás sabio es alguien
ta n to m ás se d e te rm in a hacia lo m ás p erfecto .
Se p o d ría decir, sin em bargo, q u e esta co m p aració n e n tre u n m ecanis­
m o m etafísico d e te rm in a n te y u n o físico refe rid o a cu e rp o s pesados, a u n ­
q u e p a rezca atractiva, re su lta sin em b a rg o d eficien te p o r el h e c h o d e q u e
los c u erp o s graves, d o tad o s de fuerza, existen v e rd a d e ra m e n te , m ie n tra s
q u e las posibilidades o esencias, a n te rio re s a la ex isten cia o al m arg e n de
ella, son im aginarias, es decir, ficticias, y p o r ta n to n o se p u e d e b u sc ar en
ellas n in g u n a razó n de existencia. R esp o n d o q u e ni estas esencias ni las
q u e referid as a ellas llam an verdades e te rn as son ficticias, sino q u e exis­
ten , p o r d e c irlo así, en cie rta reg ió n d e las ideas, es decir, e n Dios m is­
m o, fu e n te d e to d a esencia y de la ex isten cia de to d o s los dem ás entes. Y
p a ra q u e n o p a re z c a q u e se h a d ic h o esto g ra tu ita m e n te , la e x isten cia
m ism a de la serie actual de las cosas lo d e m u e stra . En efecto, co m o en
esa serie, según pusim os d e m anifiesto antes, n o se e n c u e n tra la razón,
sino q u e d e b e buscarse en las n ecesid ad es m etafísicas, es decir, en las ver­
dades etern as, y com o p o r su p a rte las cosas existentes n o p u e d e n p ro c e ­
d e r m ás q u e d e cosas existentes, según ya lo h em o s adv ertid o m ás arriba,
es p reciso q u e las verdades e te rn as te n g a n existencia en u n cierto sujeto
ab so lu to o m etafísicam en te n ecesario , esto es, e n Dios, m e d ia n te el cual
(p o r e m p le a r u n b a rb a rism o p e ro c ie rta m e n te expresivo) lle g u e n a re a ­
lizarse estas cosas, que de o tro m o d o serían im aginarias.
Y, efectivam ente, d escu b rim o s q u e en el m u n d o to d o se realiza según
las leyes de las v erd ad es e te rn as, n o sólo geo m étricas sino tam b ié n m e­
tafísicas, o sea, n o sólo según n ecesid ad es m ateriales sino tam b ié n según
razones form ales; y esto es v e rd a d e ro e n g e n e ra l n o sólo p o r la razón, que
acabam os de p ro p o rc io n a r, según la cual el m u n d o existe m ás b ien que
n o existe, y existe de este m o d o m ás b ien q u e d e o tro (explicación que
c ie rta m en te d eb e extraerse d e la te n d e n c ia de los posibles a la e x iste n cia ),
sino q u e tam b ién , d e sc e n d ie n d o a los detalles, nos percatam o s de q u e las
leyes m etafísicas d e causa, d e p o ten c ia, de acción tie n e n lu g ar co n ad m i­
rable p ro p o rc ió n e n to d a la n atu raleza, y c o m p ro b a m o s q u e ellas tie n e n
p re e m in e n c ia so b re las m ism as leyes p u ra m e n te geo m étricas de la m ate ­
ria; co n g ran asom bro m ío lo adv ertí al ex p licar las leyes del m ovim ien­
to, h asta tal p u n to q u e m e h e visto obligado fin a lm e n te a a b a n d o n a r la
282 METAFISICA

ley de la co m p o sició n g e o m é tric a de las fuerzas, q u e h a b ía d e fe n d id o en


o tro tiem p o , de jo v en , c u a n d o e ra m ás m aterialista, com o lo h e explica­
do m ás e x te n sa m e n te e n o tra p a rte 2.
Así pues, ten e m o s ía raz ó n ú ltim a de la rea lid a d , ta n to de las e sen ­
cias c o m o de las ex isten cias, en u n se r ú n ic o , el cual, c ie rta m e n te , es
n e c esa rio q u e sea m ás g ra n d e , s u p e rio r y a n te rio r al m u n d o m ism o, ya
q u e p o r m ed io d e él no sólo alcan zan re a lid a d los seres existen tes q u e
a b a rc a el m u n d o , sino tam b ié n los seres posibles. Esto, e n efecto, sola­
m e n te p u e d e buscarse e n u n a ú n ica fu en te , p o r causa de la co n e x ió n de
todas estas cosas e n tre sí. A h o ra b ien , es p a te n te q u e las cosas existentes
fluyen de y son y h a n sido p ro d u cid a s de m a n e ra c o n tin u a p o r esa fu e n ­
te, a u n q u e n o se p u e d a c o m p ro b a r p o r q u é b ro te d e ella u n d e te rm in a ­
do estado del m u n d o m ás q u e o tro , el de ayer m ás q u e el de hoy. Incluso
es p a te n te cóm o actú a Dios n o sólo física sino tam b ién lib re m e n te , y cóm o
está en El no sólo la causa eficiente sino tam b ié n la causa final, y cóm o
Él m u estra n o sólo su g ran d e z a y p o d e r e n la m á q u in a del universo ya es­
306 tablecida, sino tam b ié n su b o n d a d o sa b id u ría al realizarla.
— Y p a ra q u e n a d ie p ien se q u e se c o n fu n d e a q u í la p e rfe c c ió n m o ra l o
b o n d a d co n la p e rfe c c ió n m etafísica o g ran d eza, y c o n c e d id a ésta n ieg u e
aquélla, es preciso te n e r en c u e n ta q u e de lo q u e h em o s d ich o se sigue
n o sólo q u e el m u n d o es el m ás p e rfe c to físicam ente, o si se p re fie re me-
tafísicam ente, es d e c ir q u e c o n tie n e la serie d e las cosas q u e o ste n ta lo
m áxim o d e re a lid a d en acto, sino q u e incluso es m o ra lm e n te el m ás p e r­
fecto, p o rq u e en v erd ad la p e rfe c c ió n m o ral es p a ra los espíritus m ism os
u n a p e rfe c ció n física. De a h í se d e s p re n d e q u e el m u n d o n o sólo es u n a
m áq u in a m áx im a m e n te m aravillosa, sino q u e tam b ié n en c u a n to q u e está
c o m p u e sto de esp íritu s, es la m e jo r re p ú b lic a , p o r m ed io d e la cual se
c o n fiere a los seres d o tad o s d e esp íritu la m ayor felicidad o aleg ría posi­

V ble; e n ella estrib a la p e rfe c c ió n física de aquéllos.


P e ro p o d ría decirse q u e en el m u n d o n o so tro s e x p e rim e n ta m o s lo
c o n tra rio , q u e a los m ejores m uy fre c u e n te m e n te les va m uy m al, y que
se a p e sa d u m b ra c o n m ales e in clu so se m a ta c o n suplicios a seres in o ­
centes, n o sólo anim ales, sino tam b ié n a p ersonas, y q u e e n fin el m u n ­
do, esp ecialm en te si se e x am in a el g o b ie rn o del g é n e ro h u m a n o , p a re c e
m ás b ien u n caos confuso q u e u n a su n to o rd e n a d o p o r u n a sa b id u ría su­
prem a. C onfieso q u e a p rim e ra vista así se p rese n ta; p e ro m irad a la cues­
tió n co n m ás p ro fu n d id a d hay q u e a firm a r lo c o n tra rio ; es e v id e n te a

2 Se refiere a su SpecimenDynamicum, de 1695 (OFC, 8, 411-444).


SOBRE LA ORIGINACION RADICAL DE LAS COSAS 283

priori, a p a rtir de los m ism os raz o n a m ie n to s señalados, q u e todas las co­


sas, y a m ayor a b u n d a m ie n to los espíritus, p u e d e n alcan zar la m ayor p e r­
fecció n q u e p u e d a darse.
Y re a lm e n te es injusto ju z g a r antes de an alizar la ley e n su in te g rid a d , j
com o afirm an los ju risco n su lto s. C onocem os u n a p a rte m uy p e q u e ñ a de i
la e te rn id a d q u e se e x tie n d e en lo d o ta d o d e in m e n sid a d , p u es cierta- 1
m e n te son m uy pocos los m illares de años cuya m em o ria nos p ro p o rc io - j
n a la h isto ria . Y sin e m b a rg o , c o n ta n escasa e x p e rie n c ia ju z g a m o s te- í
m e ra ria m e n te sobre la in m e n sid a d y la e te rn id a d , sem ejantes a un o s h o m ­
b res q u e nacidos y criados e n u n a cárcel, o si lo prefieres, en las salinas
subterráneas de Sarm acia, p e n sa ra n q u e n o hay en el m u n d o o tra luz que
a q u e lla lám p a ra in su ficien te q u e a d u ras p e n a s basta p a ra g u iar sus pa- j
sos. C o n te m p le m o s u n c u a d ro precioso, tap ém o slo to d o co n u n velo d e ­
ja n d o lib re sólo u n a p a rte p e q u e ñ a ; y a u n q u e se c o n te m p le c o n sum a
a te n c ió n esta p o rc ió n , incluso m irá n d o la lo m ás cerca posible, no a p a re ­
c e rá m ás q u e u n a co nfusa m a n c h a d e colores p u esto s sin d isc e rn im ie n ­
to, sin arte; al q u ita r el velo, sin em b arg o , y c o n te m p la r la p in tu ra e n te ra
d esd e u n a posición c o n v en ien te, se p o d rá c o m p re n d e r q u e lo q u e e n el
lienzo p a re c ía e m b a d u rn a d o al azar, h a sido e je c u ta d o c o n la m ayor pe­
ricia p o r el a u to r de la o b ra. Lo q u e los ojos c a p ta n en la p in tu ra es igual •
a lo q u e los oíd o s c a p ta n en la m úsica. Los c o m p o sito res egregios m ez­
clan m uy f re c u e n te m e n te n o tas d iso n a n te s c o n o tra s a rm o n io sa s p a ra
e x citar y casi com o in tra n q u iliz a r al oyente, q u e com o deseoso del des­
en lace, tan to m ás se aleg ra al reo rg an izarse d e p ro n to todas las notas; del
m ism o m o d o gozam os a n te p elig ro s leves o p ru e b a s calam itosas p o r la
c o n cien cia m ism a a n te ellos de n u e stro p o d e r o de n u e stra dicha, o p o r ;307
ja c ta n c ia ; así e n u n esp ectácu lo de saltim b an q u is o en el salto e n tre es­
p a d a s ( sauts périlleux3) nos d e le ita m o s con n u e stro s p ro p io s tem o res; y
n o so tro s m ism os, con los niñ o s e n brazos, rié n d o n o s, hacem os a d e m á n
de lanzarlos al aire, com o si fuéram os a soltarlos; de m an e ra sim ilar a aqne-
11a m o n a q u e to m a n d o a C hristian, rey de D in am arca, c u a n d o todavía era
u n b e b é y estaba en v uelto en p añales, lo llevó a la p a rte s u p e rio r del te­
c h o y luego rie n d o , en m ed io de la g e n e ra l angustia, lo devolvió sano y
salvo a su cu n a. P o r el m ism o p rin c ip io resu lta in síp id o p ro b a r siem p re
a lim e n to s dulces: hay q u e m ezclarlo s co n o tro s agrios, ácidos, in clu so
am argos, q u e e x citen el ap etito . Q tñ e n no h a p ro b a d o lo q u e es am argo
d esco n o ce lo d ulce, e incluso n o p o d rá ap reciarlo . Esta es la p ro p ia ley

3 En francés en el original.
284 METAFISICA

de la diversión, a saber, q u e el p lac e r n o sea co n stan te, p ues en ese caso


p ro d u c e hastío y e n vez de a le g rarn o s nos p ro d u c e a tu rd im ie n to .
.— Y e n c u a n to a lo q u e decim os de q u e el d e so rd e n de u n a p a rte p u e ­
de concillarse con la a rm o n ía del to d o , no hay q u e e n te n d e rlo en el sen ­
tid o d e q u e n in g u n a d e las p a rte s te n g a im p o rta n c ia , o co m o si fu e ra
su ficiente q u e el m u n d o e n te ro sea p e rfe c to e n su co n ju n to , a u n q u e p u e ­
d a o c u rrir q u e el g é n e ro h u m a n o sea d esg raciad o y q u e n o exista en el
universo p re o c u p a c ió n alg u n a p o r la ju sticia, o n o se ten g a c o n sid eració n
de no so tro s, com o o p in a n , de m a n e ra n o m uy c o rre c ta , algunos q u e em i­
ten ju ic io s so b re la to ta lid a d de las cosas. Pues hay q u e sab er q u e lo m is­
m o q u e en u n a rep ú b lica ó p tim a m e n te c o n stitu id a se p ro c u ra q u e cada
individuo posea to d o el b ien q u e sea posible, de igual m o d o el universo
n o será su fic ie n tem e n te p e rfe c to a n o ser q u e se tom e en c o n sid eració n
a cada u n o d e los individuos singulares, su p u esto q u e la a rm o n ía u niver­
sal q u e d a salvada. De esto n o se h a p o d id o e sta b lec e r u n a m ed id a m ejo r
q u e la ley m ism a de ju stic ia , q u e o rd e n a q u e cad a u n o p a rtic ip e d e la
p e rfe c c ió n del universo co n la p ro p ia felicidad, en p ro p o rc ió n a la p ro ­
pia virtud, y co n su afán p o r el b ien c o m ú n , afán con lo q u e se d e te rm i­
n a eso q u e llam am os c a rid ad y a m o r d e Dios; ú n ic a m e n te e n esto estrib a
la fu erz a y el p o d er, tam b ié n de la relig ió n cristiana, seg ú n el ju ic io de
teólogos sabios. Y no d e b e p a re c e r aso m b ro so q u e los espíritus sean te­
ñid o s e n tan g ra n d e c o n sid eració n en el universo, p u esto q u e reflejan con
g ran p a re c id o la im ag en d el H a c e d o r S u p re m o y se re la c io n a n co n El n o
com o las m áq u in as lo h a c en con su artífice (com o sucede a alg u n as), sino
ta m b ié n com o se rela cio n a n los c iu d a d a n o s c o n el p rín c ip e ; esos esp íri­
tus d u ra rá n ta n to com o el m ism o universo, y e n cierto m o d o e x p re sa n y
c o n c e n tra n en sí m ism os la to ta lid a d , de m o d o q u e p o d ría decirse q u e
los espíritus son p artes totales.
A h o ra b ien , p o r lo q u e resp ecta a las aflicciones de los h o m b res, espe­
c ia lm e n te los q u e son b u e n o s, es preciso so ste n e r q u e se tra n sfo rm ará n
p a ra ellos en u n b ien m ayor; y esto es v e rd a d e ro n o sólo desde el p u n to
de vista teológico sino tam b ié n d esd e el p u n to de vista físico, lo m ism o
q u e el g ran o a rro jad o en la tie rra sufre antes de fru c tific a r4. Y p u e d e afir­
m arse de m o d o ab so lu to q u e los su frim ien to s son m ales d u ra n te u n tiem ­
po, p e ro resu lta n b ien es al final, p u e sto q u e constituyen el cam in o más
308 co rto p a ra u n a m ayor p e rfe c ció n . S ucede lo m ism o que e n los asu n to s fí­
sicos, d o n d e los líq u id o s q u e fe rm e n ta n le n ta m e n te se m ejo ran tam b ién

4
Cfr. Evangelio de S. Juan, 12, 24.
SOBRE IA ORIGINACION RADICAL DE I AS COSAS 285

m ás le n ta m e n te , m ie n tra s q u e aquellos en los cuales se p ro d u c e u n a alte­


ración m ás vigorosa, al expulsar sus partículas h acia afu era con m ayor fu er­
za, se p u rific a n antes. A p ro p ó sito de esto se p o d ría d e c ir a q u ello d e q u e
se da u n paso atrás con el fin de d a r con m ayor im pulso u n salto m ejo r
h acia a d e la n te ( q u ’on reculepour mieux sauter5). P o r co n sig u ien te, hay q u e
d e ja r sen tad o q u e to d o esto n o sólo es agrad ab le y re c o n fo rta n te sino tam ­
b ién m uy cierto. Y en g e n e ra l p ien so q u e n a d a hay m ás v e rd a d e ro q u e la
felicidad, ni n a d a m ás ag rad ab le y d u lce q u e la verdad.
P ara el c o ro n a m ie n to , pues, de la belleza y la p e rfe c c ió n universales
de las obras divinas, hay q u e re c o n o c e r q u e existe u n cierto p ro g re so c o n ­
tin u o y m uy libre d e to d o el universo, de m o d o q u e avance siem p re h a ­
cia u n cultivo superior. De la m ism a m a n e ra e n la a c tu a lid a d g ran p a rte
de n u e stra tie rra es objeto de cultivo, y lo seguirá siendo m ás y más. Y a u n ­
q u e es cierto q u e a veces algunas p artes re tro c e d e n a u n estado salvaje o
vuelven a destruirse y a rru in arse , sin em b arg o esto se d e b e to m a r tal com o
h ace p o c o h em o s in te rp re ta d o el su frim ien to , a saber, q u e esa m ism a des­
tru c c ió n y ru in a sirven p a ra c o n seg u ir u n b ien m ayor, d e m a n e ra q u e en
c ie rta m ed id a nos b en eficiam o s c o n lo m ism o q u e es p erjudicial.
Y a la posible o b jeció n d e q u e si fu e ra así, sería p reciso q u e el m u n ­
do ya hace tiem p o q u e se h u b ie ra co n v ertid o en u n paraíso, la resp u esta
es inm ediata: a u n q u e m uchas substancias hayan llegado ya a u n a g ran p e r­
fec c ió n , sin e m b a rg o p o r causa d e la división al in fin ito d e l c o n tin u o ,
q u e d a n a ú n sie m p re e n el abism o de las cosas p a rte s m o rte cin a s q u e d e ­
b e n ser estim uladas y prom ovidas a u n nivel m ayor y m ejor, y p a ra decirlo
e n u n a palab ra, a u n m e jo r d esarro llo . P o r tan to , el p ro g re so ja m á s p o ­
d rá lleg ar a su térm in o .

* * *

5 En francés en el original.

También podría gustarte