Construindo alguns conceitos de ciência política ESTADO, PODER E IDEOLOGIA Poder A política, sendo a ciência que discute a maneira como se dá a distribuição, o exercício e o controle do poder em uma dada sociedade, suscita a necessidade de se definir o que realmente é o poder. No discurso de muitos ocupantes de cargos públicos, é comum ouvir a expressão de que basta vontade política para realizar certas transformações.
Não é tão simples como se imagina, ou pelo
menos como vendem a questão certos detentores de mandatos Poder: “a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos” (ARANHA; MARTINS, 2005, p. 180). De forma bem simples, podemos afirmar que o poder é “a relação ou um conjunto de relações pelas quais indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos” (ARANHA; MARTINS, 2005, p. 180). A força é o instrumento pelo qual o poder é exercido. A força permite aos detentores do poder que eles possam interferir na atividade dos que se submetem a este poder. a força deve ser compreendida de forma bem ampla.
Não se trata da coação física, apesar de essa
também ser uma expressão de força. A força é também, e principalmente, um conjunto de meios utilizados para interferir no comportamento de outras pessoas. O poder é uma relação não uma substância. EXEMPLO: Imagine que uma determinada pessoa receba a delegação de um grupo para que exerça o poder sobre este grupo. Se essa pessoa tiver a concepção de que o poder é uma substância, realizará o que bem entender sem se preocupar com o que os demais pensam. ...O resultado você já deve imaginar. Com o passar do tempo, essa pessoa perderá o respeito dos que o escolheram e com certeza terá suas atribuições retiradas pelo grupo e perderá o poder. ...O resultado você já deve imaginar. Com o passar do tempo, essa pessoa perderá o respeito dos que o escolheram e com certeza terá suas atribuições retiradas pelo grupo e perderá o poder. Não basta “ter” o poder é preciso saber conservá-lo. Por outro lado, se essa mesma pessoa tivesse a concepção de que o poder é uma relação, provavelmente procuraria obter o consentimento dos demais no exercício do poder. Nas sociedades modernas, o Estado é a instituição que detém a primazia sobre as relações políticas de poder. Do século XVI em diante o Estado vem se configurando como o detentor do monopólio legítimo da força. É importante compreender que o Estado não consegue manter o controle político da sociedade sem contar com o consentimento das pessoas. Não basta, portanto, apenas o uso da força, da coação; é preciso que os indivíduos se convençam de que aquele poder é legítimo. Estado Estado é o local por excelência do fenômeno político. Analisar e compreender o que é o Estado e quais conseqüências derivam dessa compreensão é necessário para o bom estudo da política. algumas definições de Estado que Dallari (2005, p. 117) cita em sua “Teoria Geral do Estado”:
a nação politicamente organizada;
é a nação juridicamente organizada; é a força material irresistível limitada e regulada pelo direito; é a unidade de dominação em que o poder é institucionalizado. O Estado na concepção de Dallari (2005, p. 119) seria “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. Dessa forma Dallari pretende colocar em seu conceito de Estado os elementos político, jurídico e social que seriam as esferas típicas de atuação do Estado. Jellinek define o Estado como a corporação territorial dotada de um poder de mando originário. Como você pode perceber, ambas as definições ficam presas ao aspecto puramente jurídico do Estado. Ideologia O termo ideologia, conforme Cotrim (2000) foi criado pelo filósofo francês Destut de Tracy (1754-1836) e definido como a ciência que estuda a origem e o desenvolvimento das idéias. Com o passar do tempo, o termo assumiu várias designações conforme a corrente filosófica que o usasse. A concepção mais difundida do termo foi elaborada por Karl Marx, tendo sido a mais utilizada pelas ciências humanas e sociais. Um exemplo que atesta esse caráter é a maneira como as famílias, sem saber, definem desde cedo o papel social do homem e da mulher, privilegiando o homem nessa relação. Essa ideologia, machista se reflete na forma como presenteamos nossas crianças: se for um menino, provavelmente receberá uma bola ou carrinho de brinquedo. A ideologia, segundo Marx, seria uma compreensão, uma consciência ilusória da realidade por não explicar as contradições existentes e também por servir como justificativa para a dominação das minorias por parte da classe dominante. Para Gramsci é necessario distinguir entre ideologias historicamente orgânicas, isto é, que são necessárias a uma determinada estrutura, e ideologias arbitrárias, racionalistas, “desejadas”. O papel das ideologias arbitrárias se confunde com a concepção marxiana de ideologia, ou seja, serve para mascarar a realidade. Por outro lado, as ideologias orgânicas promovem a unidade de um grupo social sobre os seus ideais proporcionando a tomada de consciência. Na medida em que são historicamente necessárias, as ideologias têm uma validade “psicológica”: elas organizam as massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam etc. A POLITICA COMO VOCAÇÃO No debate atual sobre a ideologia está claro que é impossível escapar da influência da ideologia.
O campo político é o terreno privilegiado
em que as mais diversas ideologias políticas procuram explicar a realidade conforme as suas conveniências. Obrigado!!!