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1º momento: desplazamiento
El comienzo de la película se basa en gran medida en la perspectiva de los
miembros de la FUNAI, principalmente del antropólogo indígena Bruno Pereira - quien
tiempo después fue asesinado en la misma región del Vale do Javari donde se desarrolla
la película, que es un território muy conflictivo. El barco es cargado con alimentos,
medicinas y suministros diversos. El viaje comienza y descubrimos lo que está a punto de
suceder: un reencuentro entre los miembros de la familia Korubo. En una serie de
conversaciones, médicos, antropólogos, traductores y “mateiros” hablan de cómo se
articulará la inmersión, de los riesgos que pueden surgir y de las especificidades de la
población Korubo que hay que tener en cuenta. Si bien estos aspectos se presentan de
manera seria a través de las reuniones de equipo, también escuchamos algunas
conversaciones más informales en las que los miembros del equipo (indígenas y no
indígenas) y los Korubo comienzan a construir amistades, hablan de intimidad, deseos,
miedos, cuentan chistes y historias, de manera que se forman vínculos. La película parte
de una perspectiva muy blanca, técnica, científica y occidental, pero a medida que
navegan por el río y se alejan de la ciudad / evidencia humana en la naturaleza, se
construye otra lógica, otra sabiduría gana importancia.
En cierto momento, Xuxu, uno de los Korubo que intenta encontrar a su familia
nuevamente, les cuenta una historia a los participantes de la expedición. Se viste con
adornos típicos de su pueblo y narra esta historia de manera dramática y performativa. En
ese momento nos damos cuenta que han llegado a un punto de la selva que ya se rige
por otra lógica, este es el punto de inflexión para un segundo acto en el que pueden
encontrar a los familiares de Xuxu en cualquier momento. Navegan por las profundidades
del Amazonas, un territorio que resulta más peligroso, más desconocido para los
miembros de la FUNAI, pero más íntimo para Xuxu. Se está generando una expectativa,
los Korubo pueden estar muy cerca o muy lejos, pueden ser una amenaza si no se les
aborda con cuidado, pueden haber cambiado de territorio. Hay que buscar pistas, estar
atento a los detalles.
O filme “A invenção do outro”, realizado pelo cineasta Bruno Jorge acompanha um grupo
de profissionais da FUNAI - instituição responsável por garantir a proteção e os direitos
dos povos indígenas no Brasil - que buscam levar de volta alguns rapazes da população
Korubo que acabaram se perdendo de suas famílias. Os Korubo vivem isolados no Vale
do Javari, no meio da floresta amazônica, não tendo contato com pessoas não-indígenas.
O filme poderia ser pensado a partir de três partes principais: um primeiro momento no
qual a expedição se desloca até chegar no território em que vivem os Korubo, um
segundo momento em que chegam ao território e buscam os parentes isolados, e um
terceiro momento de encontro entre familiares que não se viam a muito tempo,
concomitante ao encontro entre a população Korubo e a equipe da FUNAI.
Em certo momento Xuxu, um dos Korubo que busca reencontrar sua família, conta uma
história para os participantes da expedição. Ele se veste com trajes típicos do seu povo, e
narra de maneira dramática e performática essa história. Nesse momento percebemos
que chegaram a um ponto da floresta que já regido por uma outra lógica, esse é o
momento de virada para um segundo ato no qual em qualquer momento podem encontrar
os familiares de Xuxu. Navegam pela Amazônia profunda, um território que se mostra
mais perigoso, mais desconhecido para os membros da FUNAI, porém mais íntimo para
Xuxu. Uma expectativa vai se construindo, os Korubo podem estar muito perto ou muito
longe, podem ser uma ameaça se não forem abordados com cuidado, podem ter mudado
de território. É preciso buscar indícios, estar atento aos detalhes.
Uma pegada humana de criança é encontrada, a filmagem se torna mais ansiosa. Bruno
Pereira fala para Bruno Jorge abaixar a câmera - única alusão direta ao realizador
exposta no filme - um segundo ponto de virada: Xuxu encontra sua família e vivemos o
transe da celebração. Começa então o terceiro momento do filme que se trata da
aproximação da população Korubo e a alegria do encontro entre irmãos. Nesse momento,
os agentes da FUNAI que tinham um protagonismo no início do filme, perdem
centralidade e a lógica dos Korubo assume um primeiro plano. Passamos a estranhar os
não-indígenas naquele ambiente, sendo que em princípio os Korubo apareciam como o
“outro” no início do filme.