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Gayeté
(Montaigne, Des Hvres)
Ex L i b r i s
José M i n d l i n
HISTORICAS, E POLITICASI
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1
I *
• *
MEMORIAS
HISTORICAS, E POLITICAS
DA
DEDICADAS
cor.
TOMO V.
1843.
Seni) or*
SECCÀO QUINTA.
BESCOBERTA, E ESTÀBELECIM OTO DAS MINA9,
*» ** ****** * >W *** *** *** *** * ** *** ****** *** *** ****** *
Espirito-San lo, quo se com eco u a saber nào ser o Brasi! me-
nos favorecido da naturerà, quanto ao reino m i n e r a i , do
que o erào aqucllas partes da America auslral, e posloque
o volvcr dos seculos, c o esquecimento dos antigos nào per-
311 il là o hoje dàr» Se èxactà i\lacào historica dessa descober-
j
(() Pcrtcnce-lhe com effe-ilo essa gloria, porque fointuito posteriormente que
se auhou aquelle metal nas provincia* ile S. Paulo, e ftlinas-geraes. K m i6'»3 o
J>au lista Antonio Rodrigues Arzùo, da villa de TauUaté, reeolhendo-sc a v i l l a ,
ora cidade da Victoria, da liandeira em que andava con Ira os indios, vindo da
aldèa denominada Casa de casca, junlo a margoni a usti al do Rio-duce, apre-
séntou ao capitati mór regente dessa cidade tres dilava» de ouro, que havia des-
«:oberto em suas excureòes, do qual se fizerao dnus pequenos anneis, ou memo-
rias: u n i desses Hie foi dado, furando aquelle eapità\>mòr coin o nutro, que
ainda a pouoos annoi se conservava na camara de 5. Paulo; mas a verdadeira
descoberta de ouro na provincia de Minas-gcroes data de tCujS pelos Paulistas
Carlos Pedroso da Silveira, e Bartolomei! Boèiio Cerqueira, que offerecerào as
primeiras amostras delle'ao govemador do Rio de Janeiro Sebastiao de Castro
Caldas, p o r quei» forao remeltidas para Lisboa,
DA. PROVINCIA DA BAHIA. 3
fa) Veja-seo r. voi. destas Mem, png. 72.— A ligacao dos faci os bistoricos,
q u e respèitào a« objecto da seccào que l'urina o presenie volume, obriga-nie a
Iraospòr os limite» qi»e me havia proposto, da tratar unicamente do que fosse
relativo a Balda: assim pois torci algumas vezes de repeiir squillo que ja tem
sido p u b l i c a d o por escritoiTs de eminente merito, quaes Pisarro Memor Hìstpr,
do Rio de Janeiro, Doutor Baltazar da Silva Lisboa Ann. Hìst. e Claudio Mauoel
da Coata, cuja ex celiente Memòria se \è a pag 4o do n, 4 su! sciipcào do Pa*
(nota j o r n a l lilterario publicado ein i8i.3 ua capila! deste imperio, eie. etc.
ti MEMORI AS HTSTOMCAS, E POLTTICAS
*
DA PROVINCIA I U B A H I A .
q u e beneficiando-se pnderaò ser eie grande ut: lieta de a m i n i l a reni filze oda e
vassall-s, eucarregueì n lì. Francisco de Souza, que f o i d o meu congelilo, a
averiguacao e benefìci» dell.is, em que nào pòde lazer cousa de consideracào
p u r succeder fallecer em breve t e m p o , e depois o vosso avo Salvador C«rrc\i
de Sa. E p o r q u e pelos ditos respeitos, e o u t r o s d o meu servirò, convém m u l -
t o averiguar-se a cerle/.a dcllas, c o n i i a n d o de vòs p e l a m i n t a e x p e r i c n c i a q u o
tcndus das cousas daquellas purtes, e pelas que conenrrem na vossa pessoa,
verdade c zelo q u e tendes d o meu servino, que servireis nisso a m i n h a sa-
tisfacào; b e i p o r beni de vos e n e a r r e g a r da averiguaeào das ditas minas, d e i -
x a n d o e m vossa p r u d e n c i a o m o d o que Disto deveis ler, e dehgencìas que haveis
de fazèr, p a r a se conseguir o i n t e n t o com mais certeza e b r e v i d a d e . L e m h r a n -
do-vos que nào me b;ivcrei p o r meuos servido de vòs em se a v e r i g u a r , se ha as
ditas minas, e q u e sào de inij>ortancia, (jue em averìguar-sc que as nào ha, c o m
t a n t o q u e p o r descuido, n c g l i g e n c i a , e p o i i c a i n d u s t r i a se nào d e i x e de fazer
l u d o o que convèlli p a r a urna e o u t r a co usa} e para este el'fcito b e l p o r b e n i
que lenliàes a j u r i s d i c c a o s e g u i u t e —
i , Ksfareis em t o d o o locante as ditas minas e d i l i g c n e i a s , q u e sobre ella;»
i i o u v e r d e s de fazer , isento d o g o v e m a d o r geral d a q t i e l l c cstado d o Brasi!, o
q u a l nào podera m a n d a r sobre vòs ce usa alguroa: e p a r a este elTeìto l h e d e r r o g o
p o r està seus podere», para todas as consas e dtiigeneias que o r d e u a r d e s p a r a *
averiguacào e benefìcio das ditas minas. T e r c i s jurisdiccào e alcada sobre lodos
os capitàes da d i t a capitani» de S. P a u l o e b, V i c e u t e , e das fortalezas, camaraa,
j o s t i c a i , e m i i m t r o s dcllas e das minas; sobre todas as pessoas n a t u r a e s , m o r a -
dores e cstantes nella s, as quaes todas para o d i t o effetto seraò obrigadas a cum-
p r i r Vassos mandados corno seu s u p e r i o r : o q n e a vòs assini concedo, c o n i i a n d o
de vòs que usarcis deste poder de mane tra q u e , fazendo-se o que convém , e a
ben» daa ditas diligencias e meu s e r v i c o , nào haja causa? de desavencas. corno
esnero da vossa p r u d e n c i a , e p a r a o q u e Vos f o r necessario das mais capitauias
do d i t o cstado, m a n d o o n f e n a r ao g o v e m a d o r geral d e l l e , e aos mais capitàes «
m i n i s t r o s de justica e fazenda deilas, vos acudao c o m a q u i l l o que lbes periirdes,
e f o r mister para b e m d o e s t a b u l a mento das ditas minas, e boa administracào
dellas. E q u a n d o elles vos nào aeudào, enlào protestare:» c e n t r a elles e me da-
reis conta.
a. P o r q u a n t o as rendas das ditas capìtanias e das mais d o s u l , de mais de es-
t a r e m applìéadas d o pagamento das o r d i u a r i a s e sustento dos presidio*, tenbo de
n o v o m a n d a d o a p p l i c a r os sobejos, coni os mais elfeilos que h o u v e r , aos soccor-
ros de Angola, p o r cuja rasào nào é possivél valer-sc delles para se eomeuir nesta
fabrk-a e eulabolamento das minas; espero de vòs, e de vosso t i o D u u r t e C o r r e a
6 MEMORIAS rnSTOfilCAS, E POLITICA»"
Vasquennes, que nislo vos Inule ajudar e succeder nas vossns ausencins, por con-
v i r assilli ao meu servico, supracs com a vossa fazenda, e elie com a sua e cre-
d i t o , as despesas que nislo se iizerein, pagando-se ludo o que assito despender-
des dos rendiineutos das mesraas minas. Além de que teuho entendido, que se
anetterdes logo qnantidade de indios nesta fabrioa, conio em todas lem as ditas
capkanias em que se aehu ouro. havendo nisto boa ordem, se pudenS t i r a r com
que se sustente està genie, e juuiamcntc ajuntar cabedal para se iretn buscando
os mineraes e betas, de que se possa tirar maior quautia para as ditas uiinas se
•entabularem, e se pórem as fdincas em sua peifeicao.
3. Seudo-vos necessario, para averiguacào c beuclicìo das ditas minas, valer-
TOS dos indios que ha ila* dit.is capitànias Q>ne esiào domestkos, dareis conta ao
govemador geral, e seguircis nisto a ordem quo elle vos dcr, a quem mando
«screver proceda nisso conio entender que mais conveni ao meu sei vico, e me-
Ihor, e mais boni elieito dò que su pretende, conio lambem l.»e inondo cucar-
aegar que vos de* 'oda ajuda e favor que e u m p i i r , para inelbor fazer a dìli-
gcucia a que ides.
4> Pcrquc ba uotieiasj pelas avisos que se tivcrao de vosso avò, que, de mais-
das minas de S. Paulo, ha outvas em que ale agora se nào boliò, nem buvia
o u t r o que tivesse notici as della» senào elle; bei por bem que, di-puis de terdea
v.vcriguado a certeza dedas, e achando-se, e sendo de importaneia, manda-
reis p o r esse respeito fazer aos que vCs acompanbarem na empreza as mercés
que merecerem.
5. Hei p o r bem que, para melhor effeìto desto» diligencias, va em vossa
eompanhia u n i letpado, que, em quanto ella» durarem , sirva de o n v i d o r ,
assim para escrever coni vosco por sua mào todas as cousas uecessarias, e
que lhe ordenardes para bem das ditas diligencias, corno para fazer as exe-
cucòes que lhe mandardes nas ditas oapilauias, e se tratarem entre as pes-
soas que andarem «ellas, para o que nomenreis urna pessoa de satisfaeào que
sirva com elle deescrivào, a quem por vìrlude deste regimento passareis car-
ta, e lhe dareis juramento para haver de servir o d i l o officio em quanto d u -
rarem as ditas diligencias,
6. Achando-se as ditas minas, nssim «mas conio outras, on qualquer del-
las, lambem notada a sua bondade e certeza, coni informacòes que para isso
lomareis de pessas.de mais pratica, e experieucia; averiguareis tambem com as
mesmas informacòes o que convém, e é necessario que se faca para a sua admi-
niitracào, avisando-me de ludo o maisparùcular c aimudadauiente, para mandar
DA PROVINCIA DA BAHIA*
r e s , que S a l v a d o r C o r r e a de S a satisfoz c o m p l e t a m e n t e S s
vistas d o m e s m o m o n a r c a , até q u e a o c c u p a c a o d e Angola
pelos H o l l a n d c z e s o obrigou a i r expeliil-os da quella parte.
Mas, e m q u a n t o pelo s u l desta p r o v i n c i a proseggia c o m
a r d o r b espirito dos d e s c o b r i m e n l o s dos lugares aurifera;,
naò ecssavào t a m b e m m u i l o s p a r t i c u l a r e s d e tcnlal-os p o r
o r d e n a r n q u e h o u v e r p o r mais meu servico. F u i q u a n t o nào f o r o r d e m m i -
n i l a em c o n t r a r i o c o r r e r e i * c o m a. administracào das ditas minas, p r o c u r a n d o
coni t o d o o c u i d a d o q n c se nào deseueaminne o q u e pertence a reni fazenda.
7, P a r a q u e se consiglio os elTeilos das ditas minas, l i e i p o r Lem q u e qual»
q u e r pessou q u e esleja condemuada c u i depredo para a l g u m a p a r t e , possa i r
s e r v i r nas d i t a s minas, com declaracào, q u e as laes pessoas degradadas nào seraò»
de galcs, nem dellas se poderaò t i r a r nenlimnas, ainda q u e scja oflìctal, e c o n i
certidào vossa, e de q u e m vos succeder n o vosso d i t o c a r g o , de corno as taes
pessoas serviraò nas d i t a s m i n a s o t e m p o q u e tinhào de degredo lhes ser.i leva-
d o em conta, e llies m a n d a r c i * passar alvar.1 em f o r m a .
8. H e i p o r beni q u e acontecendo m o r r e r d e s vòs, o u o d i t o vosso t i o Duarte*
C o r r e a , cstando s e r v i n d o o d i t o carge podcrà q u i l q u e r d e vos, q u e s e r v i r 110-
m e a r '.em q u a n t o c u nào p r o v e r ) a pcssoa q u e p a r e c e r , i i a n d o de cada u n i d e
vós q u e sera a de q u e l i v e r mais satisfaccio, e s e r v i r até e u m a n d a r p r o v e r ,
para nào p a r a r e m as minas, nem se p e r d e r o q u e j a tìver-se o b r a d o .
y. H e i o u l r o s i m p o r bem q u e vòs, o u vosso t i o D u a r t e C o r r e a , em q u a n t o
vòs o u elle s e r v i r o d i t o cargo, hajào de o r d c u a d o c m Cada u n i a n n o 5 o o $ o o o
rs„ e 3 o o y j o o o rs. de m e n ò o r d i n a r i a para se r c p a r t i r e m pelas pessoas, q u o
a n d a r e m nas fabrìcas das mìiuu, e t u d o sera pago d o r e n d i m e n t o dellas.
- 10. H a v e r a tambem uni p r o v e d o r das ditas m i n a i , q n c lera de ordenado e m
cada uni' anno quatrocentos erusndos, e ura tesoureìro coni tresentos ditos cada;
uni anno de ordenado, q u e ambos seraò pagos de 3 o o $ o o o rs., q u e p e l o c a p i t u -
Ìo antecedente vòs mando dar de mercè o r d i n a r i a cada anno para r e p a r l i r d e s , o u
o vosso tio D u a r t e Correa, pelas pessoas q u e nas ditas minas a i d a r c n i .
n . I l e i p o r bem m i t r o s i m q n c haja nas ditas minas os ofiìciaes segumles;
dous m i n e i r o s de o u r o , q u e haveraò cada anno seìsccntos crusudos de orJena-
do cjda u n i ; u m m i n e i r o de o u r o de betas, com o u t r o s seìsccntos crusados; ma
ensaiador coni seìsccntos ernsados; u m m i n e i r o de esmeraldas com seiscenloa
erusados; dous m i n e i r o s de f e t i ' ) , q u e haveraò ambo* quatrocentos crusados,
1
mm ( 5 ) .
Concorrerào esles e x e m p l o s a fazer desconhecida a ser-
tissìmas. Que s;1o certas estas noticias da serra das esmeraldas, pois que no an-
n o de i 6 3 i p e d i r a o os padres da compatitila ao g o v e m a d o r D i o g o Lui?, de G i i -
r e i r a , q u e era n o m e de V. M. Ines desse m licenca paia a sua c u j u ìveca desco-
b r i r a d i t a s e r r a , cntentk-iido q u e c o m o q u e d a q u e i l a ve* tirasseny., fìcariào
tlesenvidados de mais de celilo e cìneoenta m i l crnsadus, em q u e na q u e l l e tem-
po estava empimliada a ppòlinciai Forao c o n i effeito os padres e nào aeharao
a s e n a , pi>r falla de guia q n c Ihcs adoeceo no c a m i n l i o , o u p u r q n e Deoa l i n l i a
gUM'dado osta mina para o t e m p o de V. M., conio outras m u i i a s n q u e t a s , q u e
nas seiras d a q u e l l e scrlào é c e r t o esiao escondidas, e p o r tiegligencìa dos l'or-
tuguezesfle nào logràp. Se V. M. f o r s e r v i d o resolver-està descobrimento. nin-
gut-m o potici ìa K.zer com mais f a c i l i d a d e e c o n v c n i c n c i a , q u e os ditos padres
da cooipanhia > assìni p o r q u e se bade fazer està jorn.ula c o m os i u d i o s das
m a s aldù.is, q u e llies sào m u i obedientes, conio p o r q u e as nacòes dos bar-
i l a i o * , q n e vìvem pelo seriào, tem grande concéitQ e confìanca dclles, d e i x a n -
do-os passar de pa* p o r q u a l q t i e r parli?, o quo uào coiisen'em a onlrem, c
indo-se de potrà maneira seria fazer noia c o n q u i s t a : o q u e nào se impede c o m
isto mandai- V. M. pessoa o u pessoas q u o f o r s e r v i d o . Fara brevid.ide da execu-
•cào, deve-se m a n d a r a~ ordens nestes nn#ics, q u e estào para p a i t i r , ao gover-
n a d o r <lo I l i o de J a n e i r o , e ao p r o v i n c i a l ou l e t t o r daqueìle collegio, para que se
possào p r e v e n i r as cousàs necessorias, pel.» d e p c i u l e n e i u q u e l e m a j o m a d a , as-
silli das mon^oes da costa, corno das euchenles d o R i o •duce', pelo q u a l se ( a i a
roaior p a i i e d o camintìo, e q u i nào se m a n d a n d o as o r d e m paia se execntareml
ale j t i u h o pi'oximo, se bade esperar para d a l l i a u m anno. E q u e os «nstns«
c o m q u e da o u t i a se Jez està j o r n a d a , nào ebegào a dous m i l cru/.ados. K quan-
d o V . i t i . os nào q u e i r a gaatar da sua fazenda, uào f a l l a r l o vassallos u n R i o de
J a n e i r o q n e o facao, c o n i promessa de q u e V. M. farà p a r l i e u l r conside-
racào a e6te servico em seus despacli«>s. Para este conselho com mais justiea po-
d e r f o r m a r juìzo sobre a materia de q u e I r a t a o papel r e f e n d o , o r d e n o u ao ge-
n e r a l da f r o t a Salvador C o r r e a de Sa informasse c o m o scu parerei-, pela m u i t a
experìencia q u e tem daqucllas partes, e satisfei dicendo — que o quo sal;c das
ditas minas é que ttido quauio n o d i t o m e m o r i a l se relata f o i assim, accres-
ci orando q u e o p a d r e Ignacìo de Sequeira , religioso da c o m p a n l i i a , q u e f o i a
està mi'' i c l b e deo relacào p e l o iniùdo della», e q u e e n t r e as mais cousas,
T O M O V. 3
IO "MEMORIAS I I I S T O R I C A S , E P O L I T I C A S
le a qtianiia de r:3oo$ reis, pelo rendimento das baléas, e por està occasiào rc-
cebeo o govemador està catta regia. Alfonso Furtado de Mendonca etc. Eni
rasào di> successo que pjdera ter a averiguacào das minas de prala de Itabaià-
rià, e convir ao meu servico prevenir ludo o de que se póde ter cuidado na
preveucao de alguma invasào do inimigo coni tal noticia ; me pareceo ordenar-
vos, que des^e logo mandeis pessoa intelligente na materia de f o r t i f i c a r l o , e-
faea tuda a diligcncìa possivel nos portos de mar dessa costa , das barras, e pon.-
tos de desembarque, suas sondas, e surgidouros, facendo de tudo màpas , que
seraò remeltidos, para se baver de tratar da sua ioriificacao ; e o mesmo aviso
erdenei se n'zcsse ao govemador de Pernambuco, pela parte que Ine locar uà.
quella capitania, pois que se aeba a l i com uni engenbeiro. E a D. Rodrigo p!e
Castello-branco ordeno faca o mesmo no terreno das minas com o capìtào .forge
Soares, que leva em sua companbia e emende deste negocio, e Rento S u r r c l ,
para que succedendo (corno confio em Dcos) o entabolaoiento das minas de
prata, se disponha o que neste particular sq deve obrar para seu rcsguardo.
Lisboa a8 de j u n b o de 1G73.—Principe.
14 MEMORIAS HISTORICAS, E FOLfTICAS
(SJ Paranagua, villa da provincia de S. Paulo siluada aos a5° 3i* e 3" de la-
tìtude, e 5o° e 56' de longitude. •> O dilatadissimo sertao de Sabara-bussù f o i
penetrado muito antes de qualquer das minas, p o r quanto os primeiros conquis-
tadores d e m a n d a l o o Rio das vellias, cujas extensas campìnas erào mais povoa-
das de gentio, e ferteisde caca; e as primeiras diligencias do ouro e pedrarias
se Gzerao ao norte de S. Paulo. Cousta que o seu descobridor, ou denuncianfe
de suas faisqueiras, fora o tenente general Manoel de Bbrba Gato, naturai de
8, Paulo no anno de 1700. Por inaccào do govemador Antonio de Albuquerque,
assislio a rcparlieao o govemador A r t u r de Sa e ftlehezes. Passou a villa em 1 7
de j u n h o de tpi, a sua siluacao é em 14 a i * ' — C l a u d i o Manoel da Costa.—
0
Biem. ciu
DA PROVINCIA DA BAHIA. 39
» Eni 20 de fevereiro deste anno me ehegou das ditas minas do Serro do frio
e Itacambìra ani proprio, re metti do pelo guarda-mór Antonio Soares Ferrei-
ra, de quem recebi a carta, que envio p o r copia j u n l o a està , escrita cui 20
de novendiro do anno passado, em que me da conta dos descobrimentos que
tem feito, das terras que lem repaitido com o povo, quo ali (em concorrido
das pinias, que apparcecm, e da arreCaducào dos quintos, e <|iie se carece m i l i -
to de urna casa para os quintos, a qual se offerece a fa/.er a sua custa, e assmi
nislo, corno no mais que tem obrado, me parece digno, de que V. M. o bonre
coni aquelìe agradecimento, com que a sua real grandesa costuma: a ami stra
de ouro que me offereceo, e se mostra da sua mesma caria, nào a aceitei, e a
mandei por em deposito, para dispòr della corno sua, o que consta da cerlidào
j i i n t a , e o mais ouro da lomadia que elle fez, para que quando nào conste ter
pago os quintos, o Cquein perdendo para a fascnda de V. M, O ouro dos quin-
tos, e preco das dalas de V. M. tenbo ordenado ao referido guarda-mór An-
tonio Soares Ferreira, o remetta coni toda a brevidade e seguranc,!, e se che-
gar a lempo de i r nesta froia, o remeiterei a entiegar a V. M, pelo consellio
ultramarino, Ao mesmo guarda-mór dei patente de capitào-mór daquella des-
coberta, em rasào dos grandes servicos que tem f e i i o , e ser l i l h o de um p a i ,
que tanlos fez na guerra do geniio bravo, que assolou està capitania, tendo o
posto de sargenlo-mór, o que tudo levo ao conhecimcnto de V. M. para me-
recer a real a p p r o v a l o . Bahia a i de a b r i l de 1705.—D. Rodrigo da Costa.
DA PROVINCIA. DA BAHIA. 21
tios do Rio-grande, que tanto damno tem causado naquel-
las paragens com as suas correrias, deixando-se para m i t r o
tempo mais commodo scmclhantes descobertas de minas
de ouro. Lisboa 9 de j u l h o de 4 7 0 3 . — R e i . $
Mandou o govemador publicar està determinarlo p o r
meio de u m bando, no qual comminava graves penas aos
que a contraviessem ; mas ja enlào para cima de duas m i l
pessoas de todas asclasses, inclusive u n i fradc dominica-
no, se entregavào ao traballio da mineracào, que offerecia
as maiores vautagens, e conio quasi sempre a considerarlo
do lucro consegue tornar illu sor ias as melhores leis, todas
as providencias do mesmo govemador de nada mais servi-
rà© que de estender os descobrimentos aurifero? pelo d i l a -
tado districto de Jacobina, sondo por esse tempo aprcendi-
das nesta capital duas folhètas de ouro extraidas a l i , urna
das quaes pesava ih marcos, 5 oncas e h'2 gràos, e o u t r a
11 marcos, à oncas e 16 gràos. ìNào cessarào D. Joào de
Lencastre, e seus successores de demonstrar à cèrte a ncces-
sidadc do enta boia mento dessas minas, mas, a despeito de
suas representacòcs, determinou-sc em cartas regias de
9 de j u i i i o de 1713, e 19 de dezembro de 1714, subsis-
tissem asprimeiras ordens, por nào ser conveniente que se
patenteassem essas minas, em quanto nào fosseni f o r t i f i -
cados os seus caminhos, e portos que tivessem, para c u j o
firn vinha m u n i d o das necessarias autorisaoòcs o novo go-
vemador conde de V i m i e i r o , com q u e m conferirla o go-
vemador exislente, marquez de Angcja, ouvindo a cama-
ra da c a p i t a l , e pessoas pralicfts das localidades, e deco-
rando tambem se convìria crìar-se alguma villa em Jacobi-
na, sondo com tudo m u i t o recommendado, que no entanlo
ficasse sujeito ao confisco todo ouro quo dellas seextraiisse.
Està proibicào porém continuou a ser frustrada, e d i -
grossava diariamente o numero dos garimpeiros (11), c o n i
(tj) Cumpre norar-se que .no passo em que proibia a extraccao do ouro des-
sas minas descobertas no i n t e r i o r , permiltia-se a salda p a r a ellas de muitos es«
cravos, destiuados aoseu respectivo l a b o r a t o r i o , e p o r c u j o p r i n c i p i o p-gava cada
u m c e r t o t r i b u t o na aliandega da c a p i t a l . — D e j a n e i r o até o u t u b r o de 1716 lift-
p o r t o u essa imposicào em r3:i73j;»ooo rs., e a carta regia de 5 d o mesmo anno,
d e c l u r a u d o baver-se recebido a q u a n l i a , que 0 g o v c r n a d o r havia r e n i c t t i d o p u r
semelhante m o t i v o , d e t e r m i n a v a que t o d o s os aunos fizes*e i g u a l remessa.
22 MEMORIAS IIIST0RICAS, E POLITICAS
so a m a i o r p a r t e d e l l e s , q u e ainda se c o n s e r v a , e é u r n a
feira contìnua dos vìveres, q u e cada c o m b o i leva.
*>Ha p o r estes d i s t r i c l o s alguns m o r a d o r e s a largas d i s -
tancias uns dos o u t r o s , j a de annos ali estabeiecidos c o m
suas f a m i l i a s , e fasendas de p o u c o gado e menos m a n t i -
m e n t o s , p o r nào ser o paiz a b u n d a n t e delles, mas n e n h u m
t e m n u m e r o deescravos c o m q u e e m p r c e n d e r g r a n d e ope-
racào, pois p o r estes se r e g o l a o poder p o r estes sertòes,
Sondo s i l o m a c n t r e e l l e s — fuào é poderoso , p o r q u e pòe
tantas a r m a s — , e neste n u m e r o entràoos negros, m u l a t o s ,
i n d i o s , m a m e l u c o s , Carijós, e mais varicdade d e g e n t e q u e
h a p o r a q u e l l c sertào.
» A tres leguas de Malo-grosso, p o r aspero c a m i n h o d e
m o r r o s e penedias, està o r i a c h o , e m q u e m i n e r o u o co-
r o n e ! Paulista Sebastiào Raposo, o q u a l v i n d o de S. P a u -
lo c o m t o d a a c o m i t i v a , q u e là t i n h a de escravos, i n d i o s , e
m u c à m a s , de q u o t i n h a vàrio* filKos, se m c t l e o p o r a q u e l -
las serras, o n d e j a alguns tinhào a n d a d o sem d e s c o b r i -
r e m e u r o de boa p i n t a ; mas este, c o n i o tivesse m u i t a ex-
perioncia e fi/.esse seus exanies, l h e a g r a d o u o s i l i o , e assim
p i a n t o l i suas rocas nos capòes de m a l o , q u e a c h o u visinhos,
e fez ali seu a r r a i a l . Capòes c h a m à o a a l g u m a s porgòes de
m a t o , q u e se achào p o r aquellas serras e campos, e / d e r r u -
b a n d o ao m a c h a d o , l h e pòc o f o g a p a r a depois p l a n t a r e m
m i l h o , m a n t i m e n t o o r d i n a r i o d a q n e l l a s p a r t e s : este P a u -
l i s t a , diziào, se retiràra de S. P a l i l o , e das Minas geraes, r e -
ceòso das ordens d o t r i b u n a l do santo o f f i c i o , e, ao q u e p a -
r e c i a a t o d o s , a v i d a era m a e o coragào c r u c i , p o r q u e
mutava p o r cousas m u i leves, e a sua gente o servia m i t i
violenta, p o i s a cada b o r a espcrava cada q u a l delles a d a
sua m o r t e , t a n t o assim q u e n o c a m i n h o , nào o p o d e n d a
ja a c o m p a n h a r d u a s das suas m u c à m a s de caneadas, n o
m e i o de uns serros m a t o u u r n a , e d e s p e n h o u o u t r a , d i -
zendo nào q u e r i a deixal-as vivas, sé p o r nào servirem a ou»
treni.
" Assentado o seu a r r a i a l na d i t a p a r a g e m , c n t r o u a m i -
n e r a r , p o n d o vigias nas partes mais alias, e sentinella;* n o
c a m i n h o , p a r a q u e nào deixassem là chegar a l g u e m , e
c o n i o era p o d e r o s o , c o m o t e m e r conservava scu respeito e
32 MEMORIAS HTSTORICAS, E POLITICAS
despotico i m p e r i o . Teve t a l f o r t u n a q u e a c t i o n o o u r o a
q u a t r o e c i u c o p a l m o s de cava da sua formacao, e t r a b a -
l l a v a ao p r i n c i p i o c o m o i t c n t a batèas: mas d a n d o c o m e u -
r o g r a t u l o , metteo l o d a a c o m i t i v a , c o l o m i n s ( 1 2 ) , e f e -
meas a t r a b a l h a r , c o n i q u e c h e g o u a trazer n o r i a c h o c e n t o
e I n u l a batèas; jaenlào despresava o o u r o m i ù d o , p o r l h e
gaslar t e m p o nas lavagens, e assilli m a n d a v a despejar as
batèas, e so buscava pedacos, f o l h c t a s , e gràós m a i o r e s ,
castigando f o r t e m e n t e alguns q u e l h e da vào de j o r n a l sé
u r n a l i b r a de o u r o : o q u e mais admiraeào faz, nào t e n d o
nada de p a r a d o x o , é t i r a r u n i pcdaco de a r r o b a e m o i a ,
d o feitio da aza de u m t a x o , e, a i n d a m a i s , q u e e m um
dia, d a n d o na m a i o r m a n e ha, t r a b a l h o u desde a m a d r u g a -
da atè as dez horas da noi t e , valendo-se p a r a isto d e f a -
eh os, e a p u r o u nella nove a r r o b a s .
• Havia trazido o d i t o Paulista c o m s i g o e m c o m p a n h i a
t i n i s o b r i n h o , c h a m a d o A n t o n i o de Almeida, ao q u a l o aos
p o u c o s da sua c o m i t i v a nào a d m i l t i a a m i n e r a r e n i j u n t o
c o m a sua f a b r i c a ; mas separados v i n t i ao a t r a z , r e v o l v e n -
d o a t e r r a , e cascalho ja m o v i d o , e m c u j o f r a g m e n t o l i r a -
rào q u a n t i d a d e de o u r o . P a r t o j a o d i l o Kaposo, o u t e n d o
o o u r o q u e bastava à sua ambicào, o u p o r q u e j a as g r a n -
desas nào.centinuavào c o m i g u a l r e n d i m e n t o , o u reeeòso
de q u e c o m aquella fama se aj untasse a l g u m p o d e r m a i o r
q u e o destruisse, se a u s e n t o u c o m o seus p e l o m a l o d e n *
t r o p a r a esses serlòes, t e n d o m i n e r a d o n o d i t o r i a c h o p o r
u r n a colonia, q u e o t e r r e n o faz a distanzia de u n i o i l a v o de
legua, e nesta t i r o u t o d o o v u i r o q u e l e v o u , e m q n e f a l l o u
s e m p r e c o m v a r i e d a d e ; e d u v i d a n d o eu d o n u m e r o d e a r *
r o b a s q u e nesta c i d a d e , e p o r este sertào t i n h a o u v i d o q u e
elle tiràra, e n l r e i a a v e r i g u a l - o c o n i m a i o r exame, e a s s i m
v e n d o e n t r e aquelles h o m e n s a l g u n s de mais capacidadc, e
u n i delles c o n f i d e n t e d o d i t o i l a p o s o , a q u e m c o m p r a v a
gados e m a n t i m e n t o s p a r a a f a b r i c a d o seu t r a b a l l i o , e p o r
esla causa l h e p e i m i n i a e n t r a r nas suas lavras, e t i r a r d e l -
las l i m i l a u t i l i d a d e ; e vendo t a m b e m c n l r e os Paulistas a l -
g u n s mais capazes, e u m m a m e l u c o d o d i t o I t a p o s o , o
q u a l pòde escapar-ihc u r n a n o i t e , depois de se m e t t e r ao
sertào, p o r r e c e a r o matasse; de cada u m destes c o l l i i , se-*
m i n o r a v a , e m e assegurarào aquellos h o m e n s q u o se t i n h a
r e v o l v i t l o mais d e t r i n l a vezes, c o m t u d o aìnda d a v a v a -
r i a m e n t e citava e meia, d u a s e tres oitavas de j o r n a i , e nào
se da vào p o r co n ten tes pois queriào maiores porcòes d o
9
!
r a d o r e s nào p o d e m p e n e t r a r mais ao seriào, p e l o m u i t o
g e n t i o b a r b a r o c o m q u e cnconlrào; c a s s i n i estuo v i v e n -
d o precisamente e n t r o aquellos l i m i t e s . Pela extensào da
costa, afastado d o m a r aquellas poucas leguas, c o r r e u r n a
m a n c h a d o m a t o virgem, e ó malo em quo nunca h o u -
ve córte, o n d e h a q u a n t i d a d e de g e n t i o , q u e para o s o r -
tao o m a i s q u e se estendem e pelo R i o - p a r d o : osto, per-
seguido dos P a u l i s t a s , q u a n d o e m o u t r o t e m p o cnidavào
m a i s n a sua extinccào, e andavào à caga delle espai h a *
dos p o r estes sertòes, se f o i r o t i r a n d o para a q u o l l a p a r -
t o , o n d o a c a n t o n a d o s se toni c o n s e r v a d o até o p r e s e n t e ,
sem experìmentarem a m e n o r invasào, t e n d o p r o d u / i d o
i n n u m o r a v e l m o n t e pelas suas aldèas; e corno se pódo v o n -
oor osta d i t n c e l d a d e p o r E n r o p e o s n o v a m e n t c t r a n s p o r t a *
dos a q u o l l a costa, t o n d o contea si, alóni das mais d i f f i c i l i *
dades, a de g u o r r e a r c o m os i n i m i g o s c o n t r a os quaes nào
basta o v a l o r , pois è differente a sua g u e r r a ('a de se bate-
vem exorcitos, assai la r e m pracas, e d e f o n d e r o m brochas?
» Dado, e nào concedido, q u o so podosse vencer osto g r a n -
d e o b s l a e u l o , atravessaudo a q u e l l e m a l o , soguia-se a m u l -
tidào de sèrros, ponodias, o m o r r o s q u e a l i haviàode pas-
s a r , e d e o u t r o s se haviào de a f a s l a r ; os largos rodeios a
•v.v fumivi'
DA PROVINCIA DA BAHIA. 33
Por ser igualmenle apreeiavel por sua exactidao o itinerario que acima
seràencioiia,aeliei conveniente nào o m i u i r sua publicacSo nesle lugar.
»Eihbarca-se neste porto da Bahia pura a V J ! I ; I da Caclioeira, e navegawta
para o reconcavo se vai entrar pela lian a Uo rio Paraguassù, e d'alù ale a villa
T O M O V. 7
5 T E M 0 R Ì A S UISTOIÌICÀS, E POLITiCAS
«eguem os barcos as voìtas, qnc o rio da: fazem commumente os praticos desta
navcgacào q u a l n r z e leguas da r i d a d e a dita v i l l a .
Desembiirca-se defronte da villa d a o u t r a p a r i e d o r i o , e se v a i fazer alto n a
freguezia de S. Pedro, da qua! principiào toda a j o r n a d a d o costume,
W A 8 U B MARCH*. LEGUAS.
J . — De S. P e d r o a o Apoi-a pequeno,
1
4
a . — D o Apora" ao G e n i p o p o , , g
3.—Do G c n i p a p o ao C n r r a l i n h o , a
»3.—Da C a p i v a r a às A r a r a s ^
14 — Das A r a r a s a b a r r a d o r i o l i n a , q u e e n t r a no Paraguassù . , . 5
i 5 . — D o r i o U n a a passagem do mesmo r i o . . , «
A q u i p r i n c i p i a a travessia da C h a p a d a .
' * — p a s s a g e m d o r i o L u , i a o n o Gib«»ia
f i
3
17.—Do G i b o i a ale o firn d a C h a p a d a * |
Meia legua d e distancia d o firn da C h a p a d a , fica a passagem d o
r i o Paraguassù, q n e é princìpio dos G e r a e s .
18.—Do firn da C h a p a d a a o firn dos G e r a e s ; y
19.—Do u n i dos Geraes aie e passagem d o R i o das contas g r a n d e . . 5
A q u i fica u m c u r r a l i n t e r m e d i o . Onde se f a z t c r c e i r a vez pro-
visào d e c a r n e * e fin inhas.
a o . — D o R i o iias c o n l a s g r a n d e ao Riheirào 4 ^
21.—Do Ribcirào ao Malo-grosso. . g
Total. . . xo5
Aqui finda a viagem das minas do Rio das contas, por ser este sitio de maior
concurso, e onde se p r i n c i p i o u a a j u u l a j gente n o q u e l l c s d i s u i c t o s , e a elle v i *
DA P R O V I N C I A DA BAHIA
ro que tiravào os qne bisso se empregavìio, còm quanto perdessem nào pou-
co , por careceiem dos conherimeiitos necessario», e q u e r e i t m evitar o major
encommodo em emeJhante traballio. Consta dos regislros officiaes de se tempo,
B
tiva, eolie a qual se conta vào duscntos e eincoenta «aeravo» indios Catijós, para
o centro da provincia do Piauhy, o n t e tencionava estal.elecer-se com fasenda*
de gado, foi atra 1 eoa da in ente mono em urna cacada, e seu fillio o capitai An-
tonio Raposo, p o r M a n o e l de Almeida, scelerado que coni elle se introdnzira de
amisadc na povoacào de Alongas, di* «Io-se possuidor de diversa* fasendas, que
cu
queslào de juriadiccao em sdenta e eineo ilbas, que ale ali crac- adjacontes i
mesma comarca de Jacobina, e hoje & propriamente dita—do Rio de S. Fran-
cisco, eriada por alvui'a" de 3 de j u n h o de i f i a r , segundo seus primari* s l i m i -
tes, alterados actualmenle pela moderni' legista c3o, do que na topografìa tratar.
se-a*. A camara da villa da (taira, repreteutou no govemador de Pernambuco, a
cuja provincia e ni fio pertencia essa v i l l a , con ira a MicorporacSo f i vii que o ou-
vidor de Jacobina José da Silva Maga Ih fi e a hnvin feito du lilla do Miradouro ao
julgado, ora villa, rie Chique-ebiqur-: esse Mugulhucs tambem fez chegnr uo mi-
nisteri» urna re preseli tiicSo sua «olirò identico m o t i v o , mas por «viso de 17 de
novembro de i8o5 mandou-se qne o govemador, condu da l'onte,nada innovas-
se a la] respeiio, esperando pela decisilo da consulta do consolilo ultra mar, quo
liavia sido r u v i d o .
Durante as referidas cuntestacoes, em que tornarlo parte a d i v a os governa*
di-res desia provincia e de Pernambuco, f u i assas importante a correspoudencia
officiai bavida entre ambo» por esse motiva, e j u l g u e i aeertado transcrevcr aqui
as ppeas que se segucm, n à o sò porque sua leitura inleressara aos que aorao 0
conbecimento das nntiguidades do para, corno porque talvez para diante ellas
c o p v i r a ò a regular melbor a divisào provincial, por essa parte do interior.
•
Officio do govemador de Pernambuco ao da Bahia*
« I l l m . e F.xrn . Sr.—I>a copia inclusa, assinada pelo secretarlo deste gover-
0 0
no, sera presente a V . Ex. a vìolencia pratica da pelo ouvidor ila comarca de
. Jacobina J o s é d.i Silva Magalbaes, na enrreicao que fez ua viltà de S. Francis-
Co das Cli^gas da barra do Rio-grande no anno de i8o3, e o que eu ao dito res-
peito determinei à camara daquella v i l l a , fundando-mc na ordem regia que
achei nesla secretarla, 0 qual decide esla questào em caso identico.
» Depois que escrevi a refenda carta, aebei mais a doacào feita em Evora, em
i o de marco de i 5 3 i , pelo senhor r ^ i D . J o à o 3. a Duarte Coelho, primeiro do-
natario desta capitania, e forap os limitcs, que se lite c o n c e d e r à o , deade o I l i o de
Santa Cruz alé o Rio de S. Francisco, entrando este l o d o , corno è expresso na*
(ormnes p.davras segui 11 les te assim entrarà na dita terra, e demarcamo della todo
» 0 Hia ce S. Francisco, e a inctade do Rio deSanta Cruz pela demarcacào sob/edita.n
» Sendo pois a posse desta capitania coèva com a sua exìsteucia, e sendo ella
fundada ein t i t i l l o legiiimo, e co « f i r m a da por urna ordem regia, espcro que V .
E x . se digjiara de fazer conbecer ao sobredito ouvidor a iucompetencia da sua
inuovacao, mandando V . Ex. que esla l ì q u e de ncnhum effeito. Oeos guarde a
V . Ex. muitos annos. Recite de Pernambuco 11 de marco de i S o 5 , — U l m ° . e Exru*.
Sr- Francisco da CuuUa fllenezes-—Gaetano Pinfo de Miranda Montenegro, a
e soffrendo a qualro dias impertincntes se&òcs, que nào origem de nào i esla de
meu p r o p r i o punho, me vcjo precisalo a mandar este p r o p r i o , expondo a V ,
DA PROVINCIA DA BAHIA, 55
So, a r i fajer divisao c o n i as terras d a c o m a r c a d e Sorgine
d e U r e i , C d'ahi alé fazer o u t r a divisao na fazenda da G a m e *
leira, e d'alu saindo, b u s c a n d o o rio Jacuìpe, e o r d e n o u .
Ex. o caso qne vou referir, e, depois du necessario narrneào, para o conhecU
m e n t o da just a dcliberacào.
» Pelu curtn regìa de $ de agosto d e f)to t expedida no i l l u s t r i s s i m o e excel-
lentissimo senlior Vasco F e m a n d e s Cesar de Mcnc/es, vice-rei e capìtao general
da cidade da Bahia, a q u a l se aclia na secreiaria de V , Ex., f o i m a n d a d o pelo so-
l i era no c r i a r està v i l l a de Jacobina, e sendo encarregada està o r i a m o .10 desem-
b a r g a d o r L u i z de S i q u e i r a da Gaina, adoeccndo esie na j o r n a d a , recolheo-se à
i n t i m a cidade, v i n d o p o r ihso, p o r cotnmissào d o mesmo ilìnsirissimo e cxccllen-
linai ino senbor V a s c o IVrnandes Cesar de Menezes, u l t i m a r 0 estabelecimento o
c o r o n e l P e d r o barbosa Lea!, e depois, p o r haver s i d o cstabelecìda a villa no l u -
gar da missào da Senhora das Neves, a veio m u d a r e trasladar daquelle t e r r e n o
p a r a este da Jacobina o dezembargador P e d r o Goncalvcs C o r d e h o , o u v i d o r q u e
entào era dessa cidade ila Bahia , o q u a l r e g u l o u o d i s t r i c t o demarcando c o m
S c r g i p e d'cl-reì, erra a v i l l a de M a r a g o g i p e , com os Ilhéus na pancada do m a r ,
c o n i o R i o das raortes, capitania de Minas-geraes, e com a de Pernambuco nas
ilbas q u e flcào no meio do R i o de S. Franeìsco, para a p a r t e da Bahia, conio l u -
d o consta da crrtidào j u n t a ex tra Ida d o l i v r o dacriacào cesta v i l l a .
» C o n i o 03 òuyidores da Rabia • p^la g r a n d e distancia q u e havia desta a M i -
nas novas, nào iàn a correicào, v i n l i a o o u v i d o r do Serro do f r i o exercer nesse
t e r m o a sua j u r i s d i c c . i o , porém o soberano em 10 de dezembro de 1734 man-
dou crìar esla comarca. nào com a denominaoào de o u v i d o r da Jacobina, c s i m
a de o u v i d o r da Bahia da pai te do sul, nomenndo para c r i a d o r a Manoel da F o n -
ceca Brandào, de q u e lhe passou carta em 3o de j u u b o de 1 7 4 ' , conio tambem
consta da ceriidao q u e remetto, e tornando posse m a n d o u observar a antiga de-
marcacào, na q u a l a i n d a q u e a nào ho u vesso p e l o q u e pertence as ilbas d o R i o
de S. F r a n c i s c o , devia observar se a disposicào do § M d o l i v r o 2. da I n s l i i u t a
t i l . t.'—De rerum divisione — que serve de rei no nosso reino, p o r nào haver nel-
le legislacao c o n t r a r i a ,
«Esla disposicao a i n d a e mais t e r m i n a n t e ao t e r r e n o , q n e presentemente f o r -
ma a liba d e n o m i n a d a Mìradnuro, a q u a l c a q u e serve de 0 I n e t t o da que*.tào,
p o r q u e està illia nào é daqutdlas, q u e o mar descohre, nem das q u e nascem nos
r i o s , e sim f o i o i i g i n a d a pelas annuaes ailuvioes, c enebenfes d o R i o de S. F r a n -
cisco, q u e r o m p e n d o p o r urna baixa a terra f i r m e do jnlgado do Cbique-cbiquc,
p e r l e n c e n l e a capitania da Jiabia, a b r i o c o n t o lap.so do tempo esubcavacào das
agua* urna vali», q u e l e m de l a r g u r a q u a r e n i a bracas, e no verào da passagem
a pé e u c a v a l l o ,
«Este facto e constante a todos os Itabitantes, e oinda se acbào homens q n e
se lembrào d i s t o : acresce mais urna rar.ào n a t u r a i , a q u a l é* vcr-sc ni i l l i a d o
M i r a d o u r o os mesmos arvoredos silvestre* e qualidade de terra q u e se vècnx
n a terra f i r m e ; em rarào d o q u e fica d e m c i i s t i a d o p e r t e n c c r esla ilha a o j u l g a *
d o d e Citiqtie-cbique e capitania da Bahia, conforme a a n t i g a demarcacào, c o *
DIO pertencìa anles q u e 0 r i o a separasse.
MKM01\IAS ITISTOttlCAS, E P O l I T i C A S
* Aquelle documento, que se envia a* camara com a carta, nào serve de regu-
l a m e n t o p i r a a questào, pois a sua dccisào teve p o r o b j e c t o a c o b r a n c i d e d i -
Ziroos; e a i u d a q u e se q u e i ra t i r a r diversa Macào, com t u d o nos termos das de-
njarcac,òes nao vem a t e r l u g a r o arbìtrio do i l l u s t r i s s i m o e excellentissimo go-
v e m a d o r d e P e r n a m b u c o , sem c o n h e r i m e n t o d e c.iusa, corno bouve para a ex-
pedicao d a q u e l l a regia provisào, e s i m deve r e c o r r c r immediatamente a sua
altesa, urna vez q u e nào q u e r estar pela antiga deiiiarcacào.
» I g u a l m e n t e represeiUo a V. E x . conio p r e s i d e n t e da real j u n t a da fasenda
da cidade d a B a h i a , q u e a q u e l l e excelleulissimo g o v e m a d o r escreveo a outra.
carta da copia j u n t a ao c o r o n e l de cavalla r i a da Barra , a c u j o d i s t r i c t o p e r t e n -
cem os julgados d e C a m p o - b r g e , d o Rio-preto , d a C a r i i i h a n h a , e de Pilào-nr-
c a d o , para effeito d e pòr em exccucào p p e d i t o r i o r e a l , fendo eu ja o anno
passado, em v i r t u d e da o r d e m d e V. Ex., mandado fazer està diligencia: e por-
q u e este manclado é u m r i g o r o s o esbulbo, e allei.iado feitò ao r e g i o t r i b u n a l d a
fasenda da cidade d a B a h i a , p e l o q u a l , p o r m e i o da jurisdiccào desta ouvedo-
xia, se l e m s e m p r e c o h r a d o os d i u h e i r o s respectivos dè loda aquella v i l l a , e seu*
julgados, des.le a criacao d a mesma, c o m ò baile constar das arreeadacòcs entra-
das Daquelle real e r a r i o pela tesouraria d a nifandega, conio forào as c o n t r i h u t -
còcs v o l u n t a r i a s tanto dos p r i m e i r o s l i i n l a annos, corno dos dez q u e depois so-
brevierào, se faz p o r t a t i l o necessario repelìir està forca, para q u e se nào b a j a
de d i m i n u i r a jurisdiceào da petti j u n t a da fasenda p o r u m tal modo.
» Vossa exccllencia a vista destos dous objectos, a q u e d u o causa as cartai da-
q u e l l e i l l u s t r i s s i m o e exeellentissiino g o v e m a d o r de P e r n a m b u c o , me darà , n a
decisuo q u e VOU p r o c u r a r , as mstruccoes necessarias para beni poder teger-me
a firn de q u e nào fi que para o f u t u r o c m respousabilidade alguma, p o r nào ter
r e c o r r i d o a vossa exceilencia c o n i o devo. Peos guardè a Vossa exceilencia. Vi Uà
de Jacobina 3o de j u ' b o de i 8 o 5 , — O d i ^ m b a r g a d o r o u v i d o r d a comarca d e
J a c o b i n a , José da Silva iHagalliaes,
t e n c c n d o as d u a s freguezias q u e só t i n h a d e antes, c t u d o
s q u i l l o m a i s q u e se nào separasse pelo t e r m o e limite d a v i i *
la d o R i o das contas, no caso q u e se substabelcca; e o u t r a
lem verificatiti, lembrando-se entretanto de um paragrafo da instituta, que seria
appticavel para rcgular os limite*, e dominios de dous parliculares, ou de duas
mcóes, mas alheio e estranilo para a divisao de duas cajutanias pertenccntes ao
mesmo soberano. Entrando eu pois na averiguacào do que podia haver a este
respeito, achei e vim no conhecimento, de que nào era ja novo nos ministros do
districto da Bahia a pretencào de usurparem & capitania de Pernambuco a posse
das ilhas do Rio de S. Francisco, porque no anno de 1732 na criacào da V i l l a -
nova, front eira A villa do Penédo, ja o ouvidor da comarca de Sergipe d'elrei
Cipriano Jose da Roclia, quiz desmembrar as ilbas circumvisinbas, de que esta-
va de posse a villa do Penédo, mas oppondo-se a camara, e queixando-se ao
vice-rei, deo esle a seguinte resolurào—So que respéiia ao termo destinndo para
a Villa-nova que mandei erigir, em que se acita gravado a do Penédo, tambem man-
tici se conserti/i na jurisdiccào desta as ilhas que até agora lhe estavao sujeita
se haver e.vcvdido a minha ordem.
* Em consequencia daquella decisào, continuou a villa do Pendilo na antiga
posse das mesma» ilbas até o anno de i 5 5 , em que tornou a snsci.ar-sc a mes-
7
que estando aquella camara na posse im.nemorial, desde a sua criacào, de régér
e admunslrar um lugar chamado a ilha da Paraiina do brejo grande, a que d i -
Vde o R lo de S. I-rancisco, e das mais ilhas adjacentes, feilas e p o r fazer, até
onde chegào as suas innnndacòes, pelo forai dado a Ouarle Coelho de A l b a .
querque, donatario e govemador perpetuo, qne f o i dessa capitania muito ante*.
da mvasao dos Iiolla„,l na qual posse se c o n s e r v a l o sempre os seus ante-
m%
m i t t i d a a mitléra^ào , p o r haver o m e s m o g o v e m a d o r j u l -
gado conveniente r i s t r i n g i r a provisào de 31 de o u l u b r o de
4 7 2 1 , r e v o g a n d o todavia essa restricoào, s o b r e m a n e i r a op-
posta aos interesses d a fasenda p u b l i c a e dos m i neiros. p o r
e l i c i l o de justas ponderacocs d a q u e l l e c o r o n e l , q u e assellou
c o m este i m p o r t a n t e servico sua c a r r a r a p o l i t i c a , e m c o n -
sequencia d e e b t e r a demissào, q u e p e d i o , d e s u p e r i n t e n -
d e n t e das m i n a s , pelas moleslias q u e solTria, aggravadas
p o r sua avancada idade, sendo n o m e a d o p a r a succeder-lhe
o c o r o n e l P e d r o L e o l i n o M a r i z , e p o r c e r t o nào p o d i a ser
m e l h o r s u b s t i t u i d o lào prestante s e r v i d o r do estado, p o r
q u a n t o r e u n i a o snecessor a q u a l i d a d e d e i n t r e p i d o s e r t a *
nejo, u m zelo, e c o r d t a l deferencia ao b e n i publicò, a l e m de
c o n s u m m a d a probidade. Forào seus p r i m e i r o s c u i d a d o s o
p r o m o v o r novas descobertas de m i n a s , seguindo os r o t e i -
ros q u e conservava d o celt b r a d o B e l c h i o r Dias Moribèca,
r o t e i r o s esses q u o os antigos Paulistas legavào c o n i o r i c o
p a t r i m o n i o a seus f i l h o s , e a p p r o v a n d o o g o v e m a d o r seme-
n t a n t e resoli!cào, levou a c t i e i l o sua v i a g e m , c u j o interes-
sante r e l a t o r i o f o i c o n c e b i d o nesles t e r m o s —
» Senhor. D o n c o n t a a vossa excellencia dos exames, q u e
p o r o r d e m d e V. Ex. fìz n o s d e s c o b r i m e n t o s d e A n t o n i o
C a r l o s P i n t o : achei o ribcirào de N. Senhora dos R e m e d i o s ,
c o m o c o m p r i m e n t o d e quasi 3 0 leguas p o n c e menos ; nas-
ce d e tres m o r r o s j u n t o à serra d a T r o m b a , t e n d o suas ca-
beceiras à p a r i e d o s u l , busca o n o r i e e m 7 o u 8 leguas
c o n l i n u a d a s , e despenhando-se e m urna c a c b o c i r a digna d e
ser vista, passa p o r d e b a i l o d e u r n a lage, m e t t e n d o - s e e m
u m c a n a l m u i t o e s t r e i t o , e c o m paredes q u e ao m e u v e r
terào setenta a o i t e n t a p a l m o s de a l t u r a , c o r r e p o r elle p o u -
co menos d e u m q u a r t o d e legua, o q u a l c a n a l c o r t a u m
jeitns as despesas da casa da moeda, que forào reis ?:552$i47 quanto aos pri-
m e i r o s , e 8 : ^ 7 i f l j S o q u a n t o aos segundos.
Seria ainda m a i o r esse r e n d i m e n t o a nao t e r h a v i d o desraesurado deseami-
u h o , apoiado até p o r alguns preposto* a c o i b i l - o , p o i s vé-se d e u m o f f i c i o do
g o v e m a d o r d e 16 d e agosto d e 1726 q u e o p r o p r i o escrivào d a mesma casa
da moeda liavia sido processado, p o r t e r c o m p r a d o t r i n t a lìbras eie o u r o a u m
m i n e i r o no l u g a r de S. Pedro d o m o n t e ^Moritìba^ apreendendo-se a o u t r o
n o m e m o l u g a r o i t e n t a libras, q u e t a m b e m passa vào p o r a l t o : deduzia-se dos
q u i n t o s a v i n t e m i , q u e p e l o d e c i e t o d e 5 d e setembro d e 1720 p e r t e u c i a a
rainha, p o r cujo procurador e r a arrecadada nesta cidade.
DA PROVINCIA DA BAHIA. 63
polii terra, nona mostra que entrarci, por nao ter passacio
do barranco, rasao porque se vira a p e r m i t l i r por faisquei-*
ra c o m m u n i , nào obstante cu tel-o proibido ale a q u i , e m
quanto nào acabo os oxarnos, e se nào aposcntào aquelles,
que querem assistir em data p r o p r i a ; de uns e de outros
bavera no ribeiro, para onde ja cor rem, os (sue precipita-
l a mente o deserta rào sem as devi das iudagacòes.
» Estas indaga^òes e exanies dào m u i t o traballio, a terra
é aspera e dilatada, e mei ti da nos centros destas monlanhaS,
sem man ti mento algum, rasao porque andamos vaga rosa-
mente nos ditos cxames: agora seacabou d e a b r i r a picada
para eu podcr entrar ao chamado servi, fo, ou antiga eata,
que achou a bau dei ra de Antonio Carlos Pioto, ainda que
me diflìcuitào o podcr chegar la a cavallo. É distante deste
lugar 8 leguas grandes, e de. qualquer sorte para la vou no
firn desta semana, e nào quiz dilatar està conta a V* lìx.,
nem as amostras até ver esla cata, paia quo antes da p a r l i *
da frota V. Ex. Beasse certo do que l e m oceorrido. Persua-
do-ni e que se o chamado servico nào for effeito do tempo,
seria exame do anligo Belchior Dias Moribéca, antes de ter
descoberto os havercs que promette nos seus roteiros, os
quaes acho cerlissimos , e todos os sitios que vou vendo
c o m os meus ollios; e é para ad mirar corno o coronel Pe-
d r o Barbosa Leal é pratico em todos estes desertos, e e o i
que lhe nào escapòu co usa alguma, e tudo quanto delles
t e m dito se acha tào certo, conio se descrevéra as ruas da
cidade da Bahia,
» Pelo que yen ho a diserba V. Ex., que se as demarcaeoes,
e sinaes dos roteiros se achào certos, tambem serào certos
os haveres nas paragens aponladas, porque só por grande
interesse de riquesas, ou de servico real, se podem vencer
tantos incommodos da mais peni ve] jornada. A vista do mar-
co, e do conhecimento que se tem de que o o u r o deste r i -
beirào veniva daquella parte, se accenderlo os desejos de
buscar a mancha, e eu encarreguei com m u i t o empenho ao
descobridor Antonio Carlos P i n l o , e aos mais que declara
o termo da visiona (19) e vesperas do Espirilo Santo eros-
TOMO v. 1 0
6G MEMORIAS HISTOMICAS, T i POLITICAS
tes fujos nao erào senào socavòes, feitos anlìgainenle pelo dito ftetchior e sna
gente, pnra procurarci» o veeirn do ouro que saio para este ribeiro em lauta
abundancia, que porle abranger o espaco de ao e mais leguas, nào baveudo em
todo elle outra paragem que se possa premunir ser minerai, e que o dito marco
fora posto naquellé lugar para inostrar a serra mài da tanto ouro, que sem duvi-
da se deve presumir acharia o dito Belchìor Dias Moribéca, e tanto que nisto
concordarlo, encarregnu o dito superintendente ao dito descobridor Antonio
Carlos Finto, que continuasse coni loda a diligencia o seu descobrimento, para
a l i m e n t o da real faseuda, e utilidade dos seus vu-.s.dlos, que S. M. lhe darla a re-
ttilinei acào dossens servicos. K logo o mesmo descobridor mandou a Miguel de
Sòusa^ grande mineiro e gran.de descobridor, com escravos seus, que fossem
esaminar todos estes morros, o qual partio ioge coni grande alvoroco, dando
indicios de boas er-perancas: da mesma maneira cucarregou o dito superinten-
dente ao tenente coronel Marcellino Correa Só e Moraéso ajudasse naquella d i -
ligencia, da qual logo se etfcarregou e p a r d o ; e para que essa mesma diligencia
se hV.esse p o r loda a parte, tambem foi encarregado o ntestre de rampo Anto-
nio do Prado da Cimba ile i r examinar os .norros das cabereiras distantes deste
inarco 7 leguas, por ser esle de opiuiào que de la corra este ouro, asseverando
o mesmo supcrinlendenie a todos em nome do Hxm.* vice-rei os premios dignos
de seu traballio e merceiiueulo*. De que mandou fazer oste termo, em que to-
dos se assimrào, e cu Manoel (lardoso Moreno, escrivào.da superìntendencia,
por norueacào do dito superinlendente, 0 cscrevi e assidei. * ( .teguiào*se at assi'
naturas dos desìgnados neste termo J
DA PROVINCIA DA BAHIA. G7
m o s a s c a m p i n a s clessas p a r a g c n s , c o n c o r r e n d o à p r o s p e r i -
d a d e d e taes e s t a b e l e c i m e n t o s a d o e i l i d a d e d o s i n d i o s i n d i *
g e n a s , e n t r e o s q u a e s erào m a i s n u m c r o s o s o s d a tribù d e -
n o m i n a d a Ilenia, d e q u e m h o j e n e n h u m a n o l i c i a e x i s t e ,
por se liaver extinguido.
E m q u a n t o p o r é m estes h o m e n s a v e n l u r e i r o s a u g m e n t a -
vào assim o c o n h e c i m e n t o pbysiocralico d o paiz, e p r o m o -
\iào a p o v o a c à o d o i n t e r i o r , d i v e r s o s P a u l i s t a s , e m c u j o n u -
m e r o s e distinguiào o m e s t r e d e c a m p o D o m i u g o s D i a s do
P r a d o e Sebastiào L e m e , c o n t i n u a v à o v a n t a j o s a m e n t e n o s
d e s c o b r i m e n t o s d a s c e l e b r a d a s m i n a s d a s c a b e c e i r a s d o Rio
d e S. M a t e u s (20), e o u t r o s l u g a r e s a b u n d a n t e s d e o u r o : o
p r i m e i r o desses r e m e t t e o ao g o v e m a d o r u m roteiro dos r i -
beiròcs a u r i f e r o s q n c d e s c o b r i r a , a v i s t a d o q u a l e d e u m
m a p a t o p o g r a f i c o , c o o r d i n a d o p o r u m habiì s o r r a n e j o , fez o
m e s m o g o v e m a d o r levantar urna carta q u e enviou a o r e i
D J o à o V., p r o c e d e n d o l o g o a d e m a r e a c a o d o t e r r i t o r i o d e s -
t a p r o v i n c i a c o n i a d e M i n a s - g e r a e s p o r a q u e l l a p a r t e (21),
q u e c o m os s o l d o s , na f o r m a q u e se p r a t i c a e m Minas-ge-
raes: f u este p r o v i m c n t o p o r aquellas causas , e l a m h e u i
c o n s i d e r a n d o , q u e só c o m osta t r o p a se p o d e r i a segurar o
estabelccimento da d i t a colonia, e i m p e d i r os regulos, e se-
diciosos de p r a t i c a r o m insultos; porém dependente da a p -
p r o v a r l o de Y. M. {'23), q u e nào d u v i d o se persuada, q u e
o b r e i b e m neste expediente, ainda q u e f a l l o de jurisdiccào,
mas de a l g u m a sorte f u n d a d o no cap. 40 d o r e g i m e n t o n o -
vo deste governo, e na p r i n c i p a l obrìgaeào, e m q u e V. M.
m e poz de c u i dar na soguranca d o estado, e nos meios q u e
facili t e m a n i e l l i o r arreeadacào da sua real fasenda.
0 q u e t e n h o r c s o l v i d o sobre a dependencia destas m i -
nas desde q u e partio a f r o t a , consta da copia n.° ')7 das
carta s, q u e esc re vi ao s u p e r i n l e n d e n t e , no q u e me p e r s u a -
d o tenho dado Sodas as providencias, q u e cabìao na m i n h a
possìbilidade. Agora reeebo a c a r i a n.° 1 8 de alguus, e o
p o r t a d o r della, q u e se d e m o r o u depois de a receber tres o u
q u a t r o dias, me diz q u e os prcsos erào d o u s socios deiìraz
Lsleves, dos quaes u m t i n h a a r i n a d o u r n a t r o p a à d r a g o -
ncsa, c o n i 40 mauielucos e m u l a t o s , todos c o n i suas n i i -
t r a s , e nellas pinta d o u m braco c o m u n i c u t c l l o , para s a i -
r e m desta maneira no d i a e m q u e se havia ajustado d a r firn
1
DA P R O V I N C I A D A B A H I A . 81
t i c u l a r q u e os a r r c m a t a r , e serao t a n t a s as d e n u n c i a s e
os c o n f i s c o s , q u e l u d o se porà e m confusào e d c s o r d e u i ,
o u v i n d o V. M. m u i t o d e l o n g e o c l a m o r e queixas dos seus
vassallos, sem Ihes p o d e r d a r r e m e d i o , q u e os l i v r e dessa
oppressilo, e abandonar-se-hào as m i n a s , o u irào n o l a r g o
seriào deste c o n t i n e n t e d e s c o b r i r o u t r a s , o n d e se j u l g u e m
seguros desse flagello, e cis entào a p e r d a i n f a l l i v e l dos d i -
r e i l o s d e V. M, P o r t a n t e parecia-mc necessario r e p r o v a r
o a r b i t r i o desta arrematacào, e cseolher-sc o m e i o mais se-
g u r o , c e r t o , e p r o v o i t o s o , d e menos v c x a m e para os povos,
e d e m e n o s d i s p e n d i o à fasenda real. 0 m e i o mais u l i l , e
de m e n o s e m b a r a c o e d i s p e n d i o p a r a se a r r e c a d a r e m os
q u i u l p s , s e m vexa§àp dos povos das m i n a s , é o c o b r a r e m -
se p o r l a n c a m e n t o d e batèas, à rasào d e .40 oitavas cada
u r n a , pagas aos q u a r t e i s , e a i n d a q u e este a r b i t r i o é j a r e -
provado ( s e m embargo de q u e e m m e n a r n u m e r o ) c o n i
t u d o nào h a o u t r o , n e m e n t e n d o se d e s c o b r i r a , q u e possa
ser efìieaz.
N à o pareca e x o r b i la n t e n e m excessivo este m e i o de c o n -
tribuicào, p o r q u e a i n d a c o m elle se faz f a v o r aos m i n e i -
r o s , p o i s se r e g u l a r m e n t e l i r a cada oseràvo nas m i n a s c e m
oiiavas p o r a n n o , d e q n e d e v e m v i n t e , v e m só a pagar
m e i o s q u i n t o s , e sondo c e n t o e v i n t e , o u c e n t o e t r i t i l a
m i l batèas, e a i n d a mais cérno todos dizom, se faz u m r e n -
d i m e n t o f o r m i d a v e l , c o r t o , e seni despesas , p o r nào h a -
ver nccossidade d e mais d i l i g e n c i a . d o q u e do fazer t i r a r
as lislas v e r d a d o i r a s d e todas as batèas, e nào é facil q u e os
m i u e i r o s escondào u n i n e g r o , q u e é visto na sua lavi a, n a
sua roea, em s u a casa, nas listas dos p a r o c h o s , nas d o ca-
pilào d o d i s l r i c t o , n o r e g i s t r o dos l i v r o s d a s c a m a r a s , e p o r
t o d o s os seus visinhos, c o r n o p o d e m fazer ao o u r o , q u e o
n i et l e m nas suas algibeiras , nas suas arcas , e e m o u t r a s
p a r t e s , seni q u o n i n g u e m o veja.
E p a r a o o u r o , q u e sair das m i n a s , se nào e x t r a i r p a r a
f o r a deste estado e m pò e se r e d u z i r a m o e d a , deve V. M.
m a n d a r estabelecer u r n a l e i , proìbindo c o m penas graves
q u o n e n h u m a pessoa o possa l e v a r p a r a o r e i n o , n e m p a r a
DÀ PROVINCIA. DA BAHIA. 83
O u t r a q u a l q u e r p a r t e para fora d o B r a s i l , e q u e t o d o e l i -
tre nas casas da moeda, pagando-se nella a q u i n z e luslòes,
p o r q u e c o n i està resoiucào experimcntarà a fasenda real
u r n a g r a n d e u t i l i d a d e , nao só n o avanco d o t o q u e , c o n i o
n o r e n d i m e n t o da braca g e n i , q u e nào é para desprosar, e
para esse effeito se fazem precisas mais duas casas de moe-
da, u r n a e m P e r n a m b u c o , e o u l r a n o p o r l o de Sanlos, es-
c u s a n d o se a eccessiva despcsa q u o se faz c o n i as de firn»
dicào. Bahia 3 1 de j u l h o do 1730.!.
O esèmpio dos p r e j u i s o s causados p o r D. R o d r i g o de
Castello-branco dictava necessariamente ao g o v e r n o P o r -
tuguez'maior circunspeccào na escollia das pessoas, a q u e m
commettesse a direccào de novas descobertas; c o m l u d o
sempre a i m p o s t u r a , e o o l i a r l a t a o i s m o liverào seguici ores>
e q u a n d o se acabava de o r d o n a r a proibicào de novas inves-
tigagoes a u r t f e r a s , conferio-se e m Lisboa a Manoel F r a n -
cisco da Solcdadc, p o r provisào de S de janeiro de 1730, a
su p e r i n te n de ne i a da minas q u e elle descobrisse n o espaco
de dez annos, e a administracào de todos os aborigenes q u e
domesticasse, além de urna sesmaria de q u a r e n t a leguas
de t e r r a , r e u n i d a s o u separadas, e m r e m u n e r a r l o dos ser-
vioos q u e a l l e g a l a haver p r e s t a d o , inculcando-se o v e r d a -
d e i r o d e s c o b r i d o r das minas do Arassuahy, e de o u t r a s
m u i t a s , no p e r i o d o do t r i n i a annos, doz dos quaes aiììrma-
va t e r e m sido c o n s u m i d o s e m c o n t i n u a d a g u e r r a c e n t r a os
indios' selvagens, q u e habìtavào desde aseoslas de Jlhéos e
P o r l o - s e g u r o , ale o R i o - p a r d o ,
T r a t o u logo o vice-rei de écientiflcar ao m o n a r c a q n c
havia sido c o m p l e t a m e n t e i l l u elido, p o r é m nada conseguio
c o n i isso, e Manoel Prancisco da Solcdadc àcompanhadó
de d o u s e s t r a n g e i r o s , Este vào A K e r , e Alexandre Poe b o r i ,
nào menos ignorali tes q u e e l l e , mas q u e todavia i u c u l -
cavaò-se c o r n o habeis miuerulogos, ségùiò, poucos dias de-
pois de sua chegada de P o r t o gal a està cidade. para a Ca-
c h o e i r a , onde c o m e c o u a fazer exploraeòes mineralogicas
nos terrénos cuhivàdos, p r a t i c a n d o de i g u a l maneira e m
o u t r a s viìlas, e c o n i tantos actos de violeiicia, q u o o govcr-
n a d o r vio-se o b r i g a d o a fazcl o r e c o l h o r preso a for talora
de S. i ' e d r o , onde se eonservou bastantes mézés, sondo
entào p o r nova o r d e m regia p r i v a d o das gracas q u e o b r e -
plìciamcntc havia obtìdo.
84 SrEMOBlAS HISTORICAS, E P O U T I O A S
c o n t i n u a n d o p ò r é m o infatigavcl c o r o n e l P e d r o L e o l i n o Ma-
riz era r e p e l i d a s invesligacòes sobre as m i n a s de p r a l a , e m
c u j o e n l a b o l a m c n t o o r d e n o u a provisào de 27 d e d e z e m b r o
de J729, c x p e d i d a pelo conselho u l t r a m a r i n o , se obsorvas-
se o qne se achava disposto para a laboracào das m i n a s d e
ouro (27): c o m tudo o a p p a r e c i m c n t o q u e sohreveio d e
dia man tes, produzio urna especie d e t o r p o r nessa laboracào,
q u e p a r a l i s o u p o r a l g u m tempo,
Forào descobertos os p r i m e i r o s d i a m a n t e s e m J727, nas
m a r g e n s de alguns ribeiròes d a c o m a r c a d o Serro d o frio,
p o r B e r n a r d o eia F o n c e c a L o b o , e r e c o n h e c i d o s verdndciros
pelo s e g u n d o o u v i d o r d a m e s m a c o m a r c a Antonio F e r r e i -
ra do Yalle, q u e h a v e n d o servido e m Góa, entreposto en-
tào das pedras preciosas de G o l c o n d a , tinha obtido esse co-
lili ( c i m e n t o ; m a s a c o n s i d e r a v e l r i q u e s a das lavras d e o u -
ro nessa epoca, fez a p r i n c i p i o e n c a r a r semelhante desco-
b e r t a c o n i a l g u m a indillerenea, pois q u o foi s o m e n l e d o u s
annos depois q u o ella foi c o n i m u n i c a d a ao governo s u p r e -
mo, j a pelo vice-rei c o n d e de S a b u g o s a , ja pelo g o v e m a d o r
de L\Ì inas-geraes (28) D. L o u r e n e o d e Almeida, este remet-
dos a cadéa da capital desta provincia, por sentenza da relacào respectiva forao
degoludos no p e l o n r i n h o , em conscqucncia da nobresa de que gosavào. Pela
m a n e i r a p o r q u e se e x p r i m i o o g o v e m a d o r em o f f i c i o de 16 d e scteinhro de
i 7 3 a , partecipando iste ao m o n a r c a , p^rece o u que alguma p a r t e activa l o m o u
e m tal condeinnacào, o u q u e naquelle t e m p o nìo se compcnsavào penas de de-
l i c l o s , com a consideracào de servicos.
(37) Nessa provisào agradecia tambem o^monarca o interesse que o vice-rei
Vasco Fernandes Cesar havia patenteado na descoberta das minas de p r a t a , e
lhe c o m m i t o icava quo a amostra d o melai, remettida p o r elle em o f f i c i o de 3 d o
c u m i n o do anno antecedente, era de finissima p r a t a , segundo o e.\aine a q u e
procederà, na casa da moeda de Lisboa, o ensaiador-mór K o q u c Francisco.
(aS) « O r i o J e q u i i i n b o n h a de q n e fallei a pag. t i f i , nascido na l a t i t . de iS° ao*,
e longìt. de 333° 36* ao n o r t e das serras de S. A n t o n i o ( c u j o r i o fa?, b a r r a na-
quelle), e de Itambé, levando comsigo o u t r a s yguas c o r r e n t c s , vai no r u m o de
n o r t e banhar grande parte da comarca do S e r r o , desde i6° a i ' de l a t i l u d e , e
33à° 34' de longiturìe, i n c l i n a n d o d'ali o seu m o v i m e n t o apressado para o
o r i e n t e , a despejar-se no m a r da villa de B e l m o n t e c o m o n o m e d o Rio-gran-
de, ao n o r i e d o r i o Caravellas. Desse manancial de riquesas (corno c l a m b e i n
o R i o de S. M a t c u s j dimanào os diamantes, que achados p o r B e r n a r d o da Fon-
ceca Lobo, (a quem el rei fez merce do posto de capnào-mòr da villa do P r i n -
1
•onta a] usta da no primeiro do mez passado, pela qual conta constava, quo em
p o u e o mais de um a n n o t i n h a registra do, e passado carlas de guia a oitocenias
e seteuta e ties a r r o b a s ; e lantos a r r a t e i s de o u r o , que se lemciterào em pò p a r a
a Bah:a, e t a m b e m me d e o a n o t i c i a d e q u e nas taes minas nào se l i r a o u r o ,
que baste para se c o m p r a r com e l l e o i n a n t i m e n t o , p o r cuja causa eslào p e r d i -
dos todos os homens q u e a ellas o levào, p n r q n e Ilio nà > pagào
«Desta grande abundancia d e o u r o q u e se r e g i s t r o u , se couhece evidente-
m e n t e , q u o f o i a m a i o r p a r i e d e l l e leva d o destas m i n a s , e deseiicaminhado .-os
reacs q u i n t o s , p o r q u e consta q u e naquellas minas o u faisqueiras nunca se t i r o u
o u r o coni a b u n d a n c i a , o q u e se p r o v a p o r q u e nào h o m e urna so pessoa t u i e
enriqnecesse, o u se pozesse c o m mais cabcdal d a q u e l l e q u e pa>a ellas lovoU, e
se o o u r o q u e se regfetròu fossi t i r a d o nestas minas, l i m i t a gente havia d e fì-
car n c a , e nào perd;da corno eslào todos os que nellas se empregào; e t a m b e m
se p r o v a q u e nào foi este g r a n d e n u m e r o d e arrobas de o u r o l i r a d u nas ditas
minas o u raisqueiràs, senào e x t r a i d o destas, e desencainink,do aos reacs q u i n -
tos, p o r q u e a • mesmo t e m p o q u e nas laes minas, o u faisqneiras, a p p a r e c i a com.
graudesa este o u r o a levar-se para a Bahia c o m c a i t a s de guht , faltdà l o g o
nesta casi «le lumhcào a q u i n t i l i - s e , e està l e m sido a c«n veni ernia q n e tem da-
d o a fasenda l e a l ile V M. as t.ies minas novas, e desannexarcin-se destas geraes.
O mesmo h o m e m me den n o t i c i a , q u e o vròe4ej mandarti le vantar nas ditas
Ipinas uiua Companhia d e seteuta cavullus, e q u e ao t e m p o q u e elle saio daquel-
las minas, estavao j a os s o l d a d i s m.iirieuladus coni os mcsinos soldos q n e l e m
estes dragóes, q u e sào dez m i l reis cada ine/, sfòra a f a r i olia e Iarda , e os taes
B"ld"dos m a i r i c u l i d u s sào c r i m i i i t i s o s e lugidos p o r d i v i das para as taes minas:
o c a p i t a n é u m h o m e m fillio d o recuncavo d a B a h i a , c o n i g r a n d e p a r t e d e ca-
bòcolo, o q u a l assisiio i n u i t m annos ncstas m i n a s , e se foi dellas o anno passa-
d«; s e m p r e procedeo b e n i , p o r c i l i nunca S i l v i o a V. M. senào nas ordenaucas,
e chama-se l i e l c l n o r dos Iteìs d e M e l l o : o tenente chama-se M a n u e l M e n d c s f o i
cabo i;e e-quadra deste» dragócs, m u i t o m a l p r o c e d i d n , e c u Mie dei h;u.\a d e
cabo de esquadra, p o r q u e trazeudo u n i pouco de o u r o de V. M , que lhe e n t r e -
garào n o Ki<i das m o r l c s , p^na o e n i r e g a r na p r o v e d o r i a da fasenda', o j o g o u ,
e c o n i o deseonto dos soldos, e mais algimyt eousa q u e Mona* o pagou, e depois
de suldado l>z taes desordeUs q u e f u g h i ; o altère,? e f u r r i e l nào sci q u e m sào,
e assegurfl a V . M. q u e lenito grande reccio desta cùmpanbìa levautada d e
criminoso», e com taes ofìiciaes, porque a paga ha d e falla r - i he certamente,
p o r q u e aquellas mùias nào r e n d e i n , n e m p o d e m r e n d e r , e f a l l a n d o a paga a
està casta d e gente pudem d a r em b a n d o l e i r o s , q u e é o q u e se p u d e esperar
delles, e aìnd.i q u e a m i n i me nào perteuca d a r esla conta a V. M., p o r ser està
c o m p a u l i i a levaniada p e l o v i c e - r e i , c o n i o ;»s Ucs minas cstao d e n t r o dente go-
v e r n o , e qu;iiio dias de j o r n a d a souicute d.i V i l l a d o p r i n c i p e , aoiide assiste
o o u v i d o r g e r a l d o S e r r o d o f r i o , e loda a d c s o r d e i n q u o h o u v c r e u i de fazer
estes novos soldados, ha de ser n a m i n h a jurisdiccào, p o r esla causa c que d o u
TOMO V P iS
90 MEMORIAS HISTORICAS, E P0L1T1CA3
a V. M. està conta, para que a V. M. seja presente, e resolva o que for servido
porque sempre é mejhor. Dcos guarde etc. Vilta-riea 29 de j u l h o de 1529, *
Iri/brmacao do vice-rei.
Senhor—Desta barbara inveneào da inalevoleneia usou ja o govemador das
Minas-geraes, quando em 19 de outubro de 1713 deo conia a V. M., que cu
impedia se observassc a divisao provisionai, que o conde de Assumar tinha f e i -
to p u r ordem sua; e se entào , captando profonda e reverentemente a benefì-
eencia de V, M,, dìzia que nào havia compasso, nem instrumentos que media*
sera a dislancia, que havia dos incus p r o c e d i m e n e aos de D. Lourenco de A l -
meida, eum maior rasào o poderei dizer agora, porque no giro o u cìrculo des-
te* annos tem mostrado a experiencia, a cusia do servico e fasenda de V. M.
«pcego, e cabedul dos seus vassallos, ss suas ambicoes, e os meus desinteresses,
eélaslima que nào basteiu lantos estimulos para este fidalgo se abster das suas
artificiosa* representacoes, meutindo nellas a V. M.. e desmentindo se a si p o r
antepùra sua paixào a tautas vevjades notorias, corno lestifìcarào os documen-
tos, que entào offereci, e agora p o n t o de novo n i sua real preseuca.
l o g o que recebi a provisào de V. M., e copia da carta do goveVnador D.
M u r e n c o de Almeida, mandei tirar desta casa da moeda urna certidào d o ou-
ro, q,.e tinbà entrado com carlas de guia das minas do Arassuahy e Fanado
e mais con.incnles das Minas novas, e nào satisfeito com està diligencia, remettl
ao superinlendente geral Pedro I n o l i n o Mariz a mesma carta e provisào, e que
respondesse a ella, porque continha circunstaucias, ne necessitavào d
()
. , „ , ac maior
JUdagacao; o quo lem resultado de loda està tragedia se servirà V M. do
«mandar ver dos transcrip.os inelusos, e se D. Lourenco de Almeida dicesse
a \. AI. que principiava a fallar ouro na casa real da fundieào, depois quo
permillio se eng.sse urna Lisa, queCaborou quasi qua.ro annos, fallaria eniào
verdade, porem quer capear os seus descuidos, os seus .interesse», e toda a,
quahdadc de desordeus, impondo omissòes a quem lhe leu. dado lantos exem-
plos de ajustado procedimento.
E m prova do seu dep.avado e escandaloso orgulho, eu bem podéra
co—
ov.ce.rei do Brasi!, fallar mais diffusamente a V, M. dos procedimi
«.o v.cc-re. do Brasi!, fallar mais diffusamente a V, M. dos procedimento*
delle govemador, porco- corno os termos- laconicos sào p o r via de . egra me-
l h o r aceitos corno expressivos, emendo que nào fallo a ,„i„ha ftbrigaeào
ein d e x a r d e ser agora mais extenso. Deos guarde etc. Bahia 21 de i u n h J
de I?3Ì.» J
As contestacòes a g i t a d a s e n t r o o v i c e - r e i e o g o v e m a d o r
d e M i n a s - g e r a e s D. L o u r e n c o d e A l m e i d a , c o n f o r m e se t e m
v i s t o d o s ofììcios d e a m b o s q u e fìcào t r a n s c r i p t o s , p r o d u z i -
rào, à'iem d e o u t r o s m a l e s , a c o n s i d e r a vel diminuicào q u e
so e s p e r i m e n t o u n o r e n d i m e n t o d o s q u i n t o s , a r r e c a d a d o s
n a s casas d e fundtcào, prò p o r c i o n a l m e n t e à q u a n t i d a d e
d e o u r o , q u e se èXtraia das differenlés l a v r a s e m o p e r a i o ,
p o r isso q u e a m a i o r p a r t e deste s e g u i a p a i a aqucHa»provm-
c i a , o n d e e r a a p e n a s s n j e i t o ao m o d i c o i m p o s t o d e 8 | està-
belecjdo pelo m e s m o I ) . L o u r e n c o d e Almeida, scudo o u t r a
p a r l o r e d u z i d o a barras e moeda, e m diversas fabricas p a r -
t i c u l a r e s q u e a l i existiào, senào p r o t e g i d a s , a o m e n o s p e r -
m i t t i d a s pela i m p a s s i b i l i d a d e de tal g o v e m a d o r : o despejo
n e s t e g e n e r o d e c i i m e . d e l a t r i a h ha g r a v i d a d e n a q u e l l a e p o -
c a , transcendìa c o m e f f e i i o d e l o d a a c r e d i h i l i d a d e , e e n l r e
o u t r a s participa^Òes, d i r i g i d a s p o r s e m e l h a n t e m o t i v o a o
v i c e - r e i , e m a i s d i g n a d e n o t a a d o o u v i d o r d e Sabaià, D i o -
go C o l r i i n d e S e n z a , c o n s t a n t e d o s e g n i n t e o f f i c i o —
B S e n h o r . A d i s l a n c i a destes d e s e r t o s e m q u e a c o r r e s p o n -
dcncia corre tantos perigos, c o n i o e x p e r i m e n t o , q u a n d o me
c o n s i d e r o m a i s s e g u r o n a * n t r e g a d a s cartàs faz p a r e e e r
g r o s s e i r a a m i n h a obrigacào, q n e m u i t o r c p e t i d a s vezes b u s -
c a v a os pés d e Y. l'x. p a r a nel Ics e x p r e s s a r o g r a n d e alTe-
c t o e veneracào, q u a n d o t e n h o a s u a pessoa p o r p r i m e i r o
r e g e n t e d e s t e e s t a d o , e d o velo e h o m a d o s e r v i c o d e D e o s ,
m e u p r i m o de n o m e R a i m o n d o d a Silva F u r t a d o .
K m distancia d e q u a r t o de legua estava f u n d a d a a d i t a
casa da moeda, c o m todos os preparos ueeessarios, e só lire
fallava o c u n h o g r a n d e para o q u a l se tinhào feito duas f n n -
dieòes, p r i m e i r a e m u m frasco e pào d e vasar, c u n h o este
que, por se fazer e m b a r r o o u aréa nào l e v e e i f e i t o ; fundio-so
segundo e m m o l d e d e pao, q u e , p o r se q u e i m a r a fórma,
ficou i m p e r f e i t o , e só u m pedago que m o s t r a v i n t e a r r o b a s
de pezo; preparava-se u m terceiro, para o q u a l se fez u n i
m o l d e d e pào de c i u c o p a l m o s d e c o m p i ido, c e s i e m o l d e
se m e l i e o e m urna argamassa d e b a r r o , crnza, e c o m a l -
g u n s cabellos, m u i t o ben) ligado c o m cintas de f e r r o e m
u n i caixole d e laboaSj e n i c u j a fórma depois de sécca se
q u e r i a f u o d i r o t e r c e i r o . p a r a o q u e havia f o r n o p r e p a r a d o ,
c o tal c u n h o , pelo m o l d e e braco d e f e r r o q u e ja estava
f e i t o , julgarào os q u e o virào p o d e r i a v i r a ter d e pezo qua-
r e n t a e c i u c o arrobas.
A l e n i destas casas havia o u t r a e m q u e estava o p r i n c i p a l
a r t i f i c c , e nella se aehavào varios m o l d e s e m p a o e f e r r o ,
e t u d o p e r t e n c e n t e a casa da moeda, e t a m b e m o c u n h o d e
m a r c a r as bar ras, f c r r o s riè p o r os n u m e r o s , mareas e s c u l -
p i d a s e m pastas d e c h u n i b o , e o u l r o s m u i t o s u t e n c i l i o s , e m
f i r n n e m o t e m p o , n e m o m e u p o n c e c o n h e c i m e n t o deslas
fabricas me deo p o r ora l u g a r a i n d i v i d u a r l u d o a V. Ì£x«, mas
b r e v e m e n t e espero o f f i c i a i da casa real da moeda, para i n -
v e n t a r i a r t u d o c o m elaresa* e t a m b e m achei varios c u n h o s
p e q u e n o s coro as a r n i a s d e S. M , e rei r a t o para c u u h a r
d o b l a s , e o u t r o s p o r a b r i r . A diligencia é tào grave, q l e
nào sei se as m i n h a s forcas darào a q u e l l a interra c o n t a , e
c u m p r i m e n t o q u e q u i z e r a , pois ao m e s m o t e m p o v e j o - m e
e m b a r a c a d o de o i t o prezos, sem c o n i m o d i da de d a cadéa pa-
r a a seguranca e c a u t e l a , c o m q u e d e v e m e s t a r , e n a d i -
ligencia de p r e n d e r o u t r o s , q n e me fugirào d a d i t a casa d a
m o e d a , a q u e nào p o d e a c u d i r a m i n h a preveneào, p o r -
q u e erro» o p r a t i c o o c a m i n h o , e nào l i v e mais r e m e d i o
q u e a c u d i i à p a r t e p r i n c i p a l , q u e ainda esleve m u i t o e m
riseo, p o i s v i g i a n d o l o d a urna noite c o m e r r o s d o d i t o p r a -
t i c o , nào v e n c i d e m a r c h a m a i s q u e u r n a legua até o r o m -
per do dia.
DA PROVINCIA DA BAHIA. 97
0 c o n f i s c o contém i m m e n s i d a d e de c i r c u n s t a n c i a s , pelos
nogocios e o i q u e este h o m e m vivia e n g o i f a d o , e c o m t a l
m o d o de vida, q u e sera de m u i t o t r a b a l l i o e difììcnldade
descobrir-sc todas asclaresas, e p r i o c i pai m e n t e nào g i r a n -
d o esles negoeios na m i n h a c o m a r c a , mas na de V i l i a - r i c a
aonde t i n h a casa, e teve negocio de fasendas, e o u t r o s n o
S e r r o d o f r i o , o n d e c o m p r a v a e mandava t i r a r pedras, e
agora nào sei se o u r o , p o r q u e l h e fazia m a i o r conta. C o n i
t u d o da m i n h a p a r t e a p p l i c o a m a i o r diligencia q u e posso,
e alem da obrigacào de avisar, q u e devo faser l o g o a S. M. f
nar a p r o v i n c i a de Minas-geraes.
E m observancia da c a r t a regia de 22 de m a i o de 1736.
estabeleceo o c o n d e das Galvèas a commutacào d o d i r e i t o
senhorial dos q u i n t o s , mas a experiencia das agitacòes q u e
esse systerna havia padecido e m Minas-geraes ( 3 9 ) , d i c l o u -
•
108 M E M O C U S HISTORICAS, E POLITICAS
Total , , . fi20:80tìJ[ó8S
fc
(40) S.ìo old ito dignas de considerarlo as palavras dopren.nbulo dessa lei—
E u d r e i fìieo salici- aos quo este al vara c o m forca de lei v i r e m , q u e t e n d o
c o n s i d e r i t e l o às repeiidas s u p p l i c a s , c o m q n e os povos de Minas-geraes me t e m
representii do, q u e em se c o b r a r p u r c a p i i a c a o o d i i e i t o seu b o r i a i dos q u i n t o s
recebem midestià e véxaeaó, c o n t r a r i a s ;is pias intcncòes, c o n i que el-rei m e u
senhor e p . i i , q u e saula g l o r i a haj»i, ho u v e p o r bem p e r n i i l i i r aquelte me-
t o d o de cobranca, eui ra/.àu de lite haver sido p r o p o s t o CONIO O mais suave: e
desej.mdo nào so a l l i v i a r os r e f e r i dos povos na affliccào q u e me represeutarào,
r e n i o v e n d o delles t u d o o q u e pòde causur-lhes oppressilo, mas t a m b e m soc. o r -
rel-os ao mesmo tempo de s o r t e , que experìuieulem os effeitos da m i n h a real
beuìgnidade, do p a t e r n a ! a m o r , com q u e «Ilio p a r a o bem c o m m u m dos meus
lìeis Vassallos, e do dezejo q u e t e n b o de fazer mercé aos q u e c o n c o r r e m c o n i os
Seus fructuosos t r a b a l b o s , para a u t i l i d a d e publìca do meo r e i n o , sendo e n t r e
os b e n c m e r i t o s delle dignos de urna distincta attencào os q u e se euipregào c u t
c u l t i v a r , e f e r i i lisa r as reteridas minas: f u i s e r v i d o etc.
(f i) C o n s l i t u i d o territorio de minas o de Jacobina, c r i o u i o g o o g o v e m a d o r
t
desses direitos ante o congelilo oltramarino, por termo lavrado aos 3 de outu-
bro de 1749, Joao Alves V i e i r a , mas antes dessa arrematacào havia 0 vice-rei
d e t e r m i uado a cobraoca de laes direitòs, cujo p r i m e i r o r e n d i i n e u l o , e u v i u d o
p a r a L i s b o a em de maio de 1729* f o i de t,àoo oilavas de o u r o . A seguuda
arrematacào d o t r i e n n i o , q u e p r i n c i p i a v a no i.° de j a n e i r o de 1754» f o i feita
p o r José B e r n a r d i n o e F e l i p p c R o d r i g u e s p o r i:oio;$>uoo rs. cada anno.
(43) K m a i de agosto de i j 5 6 p e d i o a camara de Cachoeira, q u e fossetti deso-
nerados os seus m u n i c i p e s d o gravame a q u e erào sujeitos, de dar q n a r t e l aos
destacamentos exìstenies n o sen t e r m o , o d°a v i l l a , o r a cidade, e o de S. Pedro
d o monte, o u M o r i l i b n : mas, sem q u e a provisào d e 3 de j u n h o de i 7 7 a
defi-
risse a t a l supplica, j a o g o v e m a d o r haVia-os a b o l i d o , convenendo de sua ìnuti-
l i d a d e , conservando porém os o u t r o s , e os fiscaes, que, sem vencer ©rdenado,
existiào em S. Amaro, Pojuca, e Boqueirào. Pelo c i t a d o alvara de 3 de dezèin-
faro de t 7 5 o devia haver urna casa de fundicào em cada urna das coma rea*; e
em 4 d e m a r c o de 1731 deo-se regimento às intcndencias c e a s a s d e fuudicao,
118 MEMORIAS H1ST0RICAS, E POMTICAS
K m u m t e m p o porém e m q u e a falla de c o n h c c i m e n t o 3
da verdadeira r c o n o m i a , apenas r e p u t a v a i m p o r l a n t e s os
t r a b a l h o s da mineracào, e q u a n d o os povos d o i n t e r i o r os-
ta vào h a b i t u a d o s à faci! a c q u i s i r l o de suas r i q u e s a s , é
obvìo o conhecer-se q u e a citada provisào careseria de t e r
a execueào necessaria, corno aconleceo, pois q u e n u n c a d e -
sisti» ào os exploratlores de c o n t i n u a r e m novas descobertas»
até q u e arre fecondo a q u e l l e zelo dos Paulistas, os quaes
segundo se ha m o s l r a d o , erào os q u e mais se entregavào
c o m a r d o r a essas diligencias. e f a l l a n d o aos m i u e i r o s as
forcas necessai ias para c o n t i n u a r e m na extraeeào d o o u r o ,
q u e ja era d i f f i d i de cnconlrar-se à s u p e r f i c i e da t e n a , f o -
rào g r a d u a l m e n t e abandonando-as, e cntregando-se à l a -
v o u r a , sendo m u i t o p o u c o s os q u e e m Jacobina e R i o das
c o n t a s continuarào nesse l a b o r a t o r i o .
l i r a apenas conhecida a existencia d o o u r o n o t e r r i t o r i o
da m a r g o n i o r i e n t a i d o R i o de S. F r a n c i s c o , mas e m 1 7 9 1
verificou-se havel-o t a m b e m no l a d o o p p o s t o , nas a d j a c e n -
cias d o R i o das eguas, q u e naquelle c o n f l u e q u a r e n t a l e -
guas abaixo da villa de C a r i o h a n h a ; e p o r sor a l g u m t a n t o
historica essa descoberta, descrevel-a-ei t r a n s c r e v e n d o a
parlieipacào, q u e p o r tal m o t i v o d i r i g i o à raiuha. o o u v i -
d o r da c o m a r c a de Jacobina Joào Manuel P e i x o t o d e
Araujo
" S e n h o r n — I N o a n n o de 9 1 eslaudo e u e m correicào na
v i l l a do R i o das contas, m e r e q u e i e o Francisco José T e i x e i -
ra, m o r a d o r n o t e r m o da d i t a villa, o r d e m para socavar, e
a v e r i g u a r se havia o u r o c<fm conta nos geraes d o R i o da3
eguas, e r e c o l h e n d o - n i e pela villa do U r u b ù molesto p a -
ra csìa, n o (ini d o m e s m o a n n o me apresentou elle a h i
m e n o s de meia oitava de b o i n o u r o , q u e disse era o u n i c o
i r n e lo de sua averiguacào, do q u e poreatào nào p o d i a d a r
inforrnacào, mas q u e i a à sua casa, e e m m e l h o r t e m p o
havia de t o r n a r à tental-a.
Reeoilìi-ine p a i a està siila g r a v i s s i m a m e n t e m o l e s t o , e
c o m licenca d o g e v e r n o passei à cidade da Bahia a t r a t a r -
me, e a h i nos u l t i t n o s mezes de 9'2 recebi delie as d u a s
j a n e i r o do 9 3 , e ostando a q u i e m i n a r c o d o m e s m o a n n o ,
me disse, u m religioso esmoler da o r d e m de S F r a n c i s c o ,
q u e passando j u n t o daquelle silio t i v e i a n o t i c i a , q u e nelle
andavao laiscando f u r t i v a m e n t e algumas pessoas, e neste
m e s m o t e m p o me r e q u e r e o Francisco L a m b e r t o da ( l o s l a
JUcamy Ferreira o r d e m p a r a o socavar, e averiguar , a
q u a l l h e concedi para p o r este m e i o p b l e r a verdade, q u e
de o u l r a f o r m a nào podia alcane.ir, p o r maiores diligencias
q u e h'zesse, de todas q u a n t a s pessoas passavào d a q u e l l a s
visinhàncas. CSesla inccrtesa, e p o r q u e o t e m p o e cheias d o
R i o <le 8. Francisco, c o m as carneiradas iufalliveis e m seme-
I h a n t e eslaoào e m todas as suas visinhàncas, me nào davào
l u g a r a passar, e as mesmas carneiradas erào e m m i n i t a n -
t o mais"perigosas, q u a n t o e u padeciii a i n d a de molestia,
o c c u l t a n d o està de a l g u m a f o r m a , ex p e d i a o r d e m n.° 3
(47) ao j u i z o r d i n a r i o da \ i l l a d a b a r r a , a c u j o d i s t r i c t o
tempo de cito dias, que V. m. me concede na dita ordem para eu fazer o di-
Io exame, nào é t e m p o sufficiente, porque a l i sò em urna sécca toda se pòde
fazer X) d i t o esame: ainda mais, que cuidando e u , q u e era c a m p o , nào l e v e i
ferramenta, naehadus, e fouces para a b r i r picadas, pois t u d o sào catingas a
l>eira d n rù», e estas m u i t o leehadas, q u e p o r mais qne eu procurasse urna
ibuce, a nào p u d e descobrir nos moradores daquella t e r r a , nào p o r q u e a nào
livessem, mas s i m p e l o dcsejo q u e tinhào de me v e r e m de l a f o r a , que n u n -
ca f u i a terra de gente mais tirava, e i n i m i c a de justica conio é aquella: po-
r c u i sou à dizer a V . n i . , q u e nào t e n l i o d u v i d a q n e naquelles geraes l i a j a
m u i t o o m o , q u e l h e a elio milita capacìdadc de o t e r , pelas confrontacòes do
r i a c h o e cahecciras q u e fazem barra n a q u e l l e r i o de urna e o u t r a parte, q u e
certamente julgo, q n e se deseobrisse co usa de se r e p a r t i r ao p o v o , me parece
se descohriria m u i t o o u r o , nào sò no d i t o R i o das egnas, c o m ò em todos aquel-
les geraes, c q u e arredado do d i t o K i o das eguas o i t o leguas, me dinem t a m b e m
h a v e r fuisca. Isto me disse u m h o m e m de quem j u l g o v e r d a d e , ja na volta,
e m q u e me v i n h a e in bora: de diamantes nào ha n o t i c i a , nem de o u t r a s quaes-
q u e r pedras de valor. O m e l h o r seria V, m, m a n d a r para aquella l u g a r u n i h o -
mem m i n e i r o . Gel c desiateressado, q u e fosse socavar, aquelle s i t i o c o n i c u i -
dado, e p r o p o s i t o , d a n d o buracos de l e i em t o d o o s i t i o , q u e certamente c o r r i
d o n d e fa z barra o d i t o K i o das eguas c o r n o C o r r e n t e , u m sò b u r a c o de l e i
nào achei, e nem ainda buracos pequenos, pois sò cnidarào aquelles, a q u e m
V . m. mandou passar p o r t a r i a , em v e r se achavào c o n v e n i e n c i a , corno a fa n a o
ao meu v e r , segundo j u l g o pela terra q u e v i lavrada: eu, conio j a là f u i , nào
me offereco para socavador, q u e serei snspeito. N o t e r m o q u e mandei lavrar,
e incluso r e m e t t o , c o m m u t e i os jornaes m u i t o para baixo, q u e certamen-
te feito o servico c o m agua p o r cima, se farà mais a l g u m a ceuveniencia; p o r é m
c o n i o as necessidades sào muitas e se poderàò a j u n t a r mineìros e póvo, nào
«]uero q u e se q u e i x c m de m i m .
E u com boa vontade li' o q u e V. m. me r e c o m m e n d o u , e se contém na o r -
dem: nào f o i corno eu desejava, p o r q u e Deos DOSSO senhor nào f o i servido estar
descoberto, o u descohril-o para )he d a r urna boa n o t i c i a , q u e p o r este m o d o
f o i o mesmo q u e se l a nào fosse; porém ao menos tenba V . ni. a certesa d o
q u e h a , q u e na verdade i n f o r m o com a mesma verdade. "V. ni. releve a (alta
q u e em m i n i bouve de me d e m o r a r nlguns t e m p o s , e n a o seguir com b r e v i d a d e
c o m o q u e me m a n d o u ; pois Deos nosso senhor d e t e r m i n o u o c o n t r a r i o p e l a
grave molestia em quo estive, da q u a l ainda depois de estar nesta v i l l a p a d e c i ,
e ebegueì a seguir a dita viagem c o m resto della, da q u a l j a v i v o l i v r e e com
forcas, supposto q u e v e l b o , porém moco para ohedecer a V . m., q u e Deos
guarde p o r m u i t o s annos. V i l l a d a b a r r a d o Rio-grande do sul a i de agosto de
•1793. Nao mando p r o p r i o p o r e v i t a r m a i o r gasto, e nào ser e u tào d i t o s o
que podesse ser o mesmo c o n d u c t o r desta. De V . m. e t c — J o à o de Castro Gai*
uiaràes.
DA P R O V I N C I A DA BAHIA. 129
Termo,
a ù!i)igencia nos trinta dias qne V. m, determina, ainda que nos parece nào
faraò completa averiguacào, p o r conta d e estarem entradus as aguas, e serem
os rios caudalosos, mas sempre Ihes delerminamos, q u e depois de l a estarem,
fazendo-se-lhcs preciso recorrào a V. m, para Ihes facuìtar mais teoipo. Deos
queira ImclìGque està d i l i g e n c i a , e q u e tenhamos o goslo de acompanhar a
V . m, para a p a r t i l h a dau,uelle lugar. De V . m. m u i t o attento venerador e Gel
c r i a d o — F e l i x Ribeiro de liovaes,
( i o ) Ha poucos dias escrevi u V. m. dizendo, ficavamos apromptando os so-
cavadores c o m c mais necessario, p a r a o exame dos tres r i o s nomeados na porta-
r i a q n e V. «n. i b i servido remetter-ncs, e estando t u d o p r o m p t o pegou urna
ìnverna<la, que a i n d a ao fazer desta continua com excesso de l a i f o r m a , q u e ,
nos parece iuipussivel o fa/.er-se neste t e n ^ o a averiguacào q u e V. u i , deter-
m i n a n quelle*> lugares, p o r serem faltos de uiantimentos, e ìnvadiaveis ao p r e -
sente pelos mnìtos r i o s : notes termos determinamos snhstar esla d i l i g e n c i a ,
até q n e haja tempo commodo, p o r q u e sò na sécca pode-se bem averiguar, e sem
embargo de l u d o segoiremos o q u e V. n i , ordenar. A g o r a tenho noticia, da-
da p o r u m sujeito, que a poucos dias chegou do t a l descoberto, q u e ha o u r o
para j o r n >es d e n t r o do r i o , e q u e p o r t e r r a seguiudo as cabeceiras, ainda se
nào fez as necessarias diligencias, e que o j u i z da B a r r a , q u e l a f o i socavar
p o r o r d e m de V. i n , coni e f f e i t o nào é m i n e i r o , pois em alguns buracos q u e
a b r i o nào chegou a p i c a r r a , e scudo assim fraca averiguacào podia fazer. D i a
mais o d i t o sujeito q u e pela ordem d e V. m-, conio pelas cheias dos r i o s , o
l u g a r se achava evacuado do povo. Andrequissé em aa de o u t u b r o de 1793.
D e V. m. e t c . — Felix Ribeiro de A'ovaes.
( 5 i ) A i n d a agora é q u e tenho occtisiào de responder 4 carta d e V. m., datada
e m 10 de fevereiro passado , p o r q u e uns porladores, q u e d e ca forào, passarào
p o r a q u i , mas eoi silencio, c sem q u e o soubesse, e o n t r o s em occasiào, q u e e u
M T M 0 R U 8 HISTORICAS, E POUTICAS
mar, para a parte do Para e Maranhào, por evitar duvida», corno ja as hou-
ve, fica rad pertencendo a comarca de Goiaz. Assim mais me a presentalo ou-
t r o do dito senhor, respectivo as mais comarcas, em que diz que todos os desco-
berto» que appareeerein no sertào beira-mar, ficarao pertencendo as minas mais
chegadas, a qual reserva se emenderà Sò com o descoberto de o u r o , e menos
no dizimo, quefìcaràòsempre pertencendo as incsmas comarcas, corno sem-
p r e se costa ina r i o pagar, e julgo que pelas justìcas sera o mesmo, mas neste ca-
so me nào leuabra corno dizia respectìvo ao governo das justicas O que vendo
eu nestes termos respondi, que tudo estava muito diretto e justo, porém que
tambem nessa villa de Jacobina pnder-sc-ia achar ordem ou decreto de 5. M.,
em que j a mandarla o contrario, do qne diz o decreto que me apresentarào,
e Ihes requeri da parte de S. R. M. deixassem estas cousas corno estavào, e
que enlretanto informasse"! ao senhor doutor ouvidor de Goiaz de toda a ver-
dade, e a paragem em que se achava o descoberto, e que no mesmo tempo da-
rla eu tambem parte a V. m. Por nada estiverào: re*ponderào-me que uào t i -
nhào de que dar parte, sò sim dar execueào as ordens que traziào, e se eu t i -
nha de que dar parte désse a V. ni.
E logo no outro dia sairào os ditos socavadores a socavar p o r terra, visto
que o r i o està agora muito notorio ter muito ouro, se^redo quo tem andado
com grande cautela, que nem a mim, quando là fui por maudado de V. m.,
houve pessoa qne tambem me informasse, corno agora me estùo dizendo. Tam-
bem requeri da parte de S. M-, porque è certo, que se puxarcm os ouros da-
quelle para S. Felix, bavera grande prejuiso na real fasenda, o que nào succe-
derà se fosse para a Jacobina, pois se acha a casa de fundicào em estrada direi-
ta par» a cidade da Bahia, e é por ora o que posso informar a V. m.
Reuictio inclusa a certidào que mandei gassar pelo tabelliào do julgado do
Campo largo, termo da V i l l a da barra, comarca de Jacobina, e a ordem que
em meu poder se achava, que V. m. me mandou, a qual por ora nào serve de
mais nada. Nào sei se ùz mal ou beni em i r ao dito descoberto; se fìz mal descul-
pe minha innocencia. Castello 28 de marco de 1794.—Joao de Castro Guimaràes»
Certidào.
Certifico eu abaixo assinado em corno aos 25 dias do mez de fevereiro de
179$ annos me achava eu tabelliào do arraial do Campo largo, tèrmo da V i l l a
da barra do Rio grande do sul, comarca de Jacobina, ein servilo do meu cargo,
e scudo ahi chegado a noticia de Joao de Castro Guimaràes, qne vìnha urna
tropa das minas de Goiaz para o chamado descoberto do Rio das eguas. For-
moso, e Arrojado , logo o dito Joào de Castro Guimaràes me aprescnton urna
ordem do mentissimo senhor doutor ouvidor desta comarca, para que eu fosse
coro elle dito ao dito descoberto por servico deS, M,; e logo saimos no 1, do
met de marcio do dito anno, e chegamos a 7 do dito me*/, aonde estivemos à
espera da dita tropa, a qual chegou a 17 do dito iaea, e nella chegou 0 guarda,
.18*
43>» MEMORIAS HISTOR1CAS, E POLÌTICAS
3Yiòr do arraial das Arraias, com turi caho cowniandnnte, e dous soldados dra-
góeSj os quaes entraràó uiuìto soberbos no dito descoberto, mas nào Coi olis-
tante a sua soberba, para que o dito Joào de Castro Guimaràes logo Ihes nào
lìzesse apresentar a ordem do merlassimo senhor doutor ouvidor desta comar-
ca, a qual eu tabelliào Ihes li, e dcclarei toda a forma della, os quaes nào se
dcrào p o r ella, e lizerào apresentar outra do senhor ouvidor da Villa boa de
Goiaz, acobertada a dita coni um decreto de S. R. M. o senhor D Joao V., que
peos tenba em gloria, nò qual diz que todos os descobertos, que appareeerem
em beira mar e sertào, fìeariào pertencendo as minas mais perto, e na dila or.
dem, que trazcui do senhor ouvidor de Goiaz se declara, que a sua noticia
tinha chegado que nos geraes, fora da contagem deS. Domingos vìnte leguas,
havia o descoberto do Rio das eguas,. e neste caso requereo o dito Joào de Cas-
tro Guimaràes da parte de S. R.fcl.,que o dito descoberto era perteucente a
està comarca da Jacobina, pois estava em povoado, e nào em geraes; e da mes-
ma (orma tambem requeria que os ditos nào coutinuasscm em accào alguma,
sem que primeiro nào déssem parte ao seu ouvidor, e quo o dito tambem fazia
" mesmo por suppòr cstar o dito descoberto em d u v i d a , ao que elles respon-
derào, que se elle quizesse dar parte, que desse, e que elles nào tinhào parte
alguma que dar, sò sim c u m p r i i e m as ordens que traziào coinsigo, e um que j a
esfava, que socavassem, c que se houvesse quem a isso se opponesse, que os
prenderiào, e remetteriào ao senhor general de Goiaz, assim se < expressa va, e
quando o podcr fosse grande, que lhe desse parte para elle dar o soccorro ne-
cessario. E por assim passar na verdade, passei a presente certidào, de que don
fé, neste d<*scobcrtc do Rio das eguas aos i t i do mez de marco de 1794. E eu
Antonio Xavier Lrò.i, escrivào que o cscrevi e assinei.
(53) I l l m . e Exm, senhor. Em (jata de a5 do mez passado cscrevi a V. Ex.
0 u
dando-lhe parte, de que saia para' a correicào e da derrota que fazia tei) cào se-
guir, descendo daqui ao Joa/.eiro, ou Pamlm, subindo 0 Rio de S. Francisco
acima , corregìndo as villas e julgados ale chegar a da Barra, om cujo districto
tinha inandado averiguar om descoberto de ouro; e por csias e outras ira,'
portantes e nrriscadas diligencias, que tinha de fazer, rogava a V. Ex- me man-
dasse ordem para uni soldado do destacameuto da casa da fundicào desia villa
m é acompanhar, ou quando nìsto nào coirviesse, para quaesqner tropas auxi-
liares, eordenancas, me darem o auxilio de que precisasse. Agora porém so-
Lrevém luna uovjdadc que tudo tianstoma, e por causa da qual nào só preciso-
o auxilio das tropas pagas e das outras, mas tambem do de V. Ex. Desde a qua-
resm.t do anno passado se falla no descoberto do Rio das eguas, sem que desde
entào até agora me icnba sido pussivel averiguar a verdade delle, por mais*
cxactas que tenbào sido as niihhas diligencias. Nào molesto a V. Ex. em refe- 1
ril-as loda*, que a maior parte tenho por dorumenlos, e sy lhe apresento a co-
pia do n°. 1, em resp.sta da qual nào sendo aiuda nada averiguado, e suspenu
so todo o servico minerai, que se estava fazendo, mandei portaria ao maior mi-
DA P R O V I N C I A DA BAHIA
neiro desta comarca para o ir averiguar, o qual nào pòde ir no anno passado
p o r se adiantarcin as truvuadas, e ficou d e i r agora sobre a pascoa passada.
N o d i a 12 deste me» leeebi a u l t i m a carta d e l l e , q u e d i z fìcava aprom-
ptando » sua gente para a mandar, e no d i a i 3 r o c c h i a de Joào de Castro
Guimaràes, cuja c o p i a faz o n.° 2, e o a u t o , que me remetteo, de n.° 3, e m
que me d a p a i te da v i o l e u c i a , q u e està fazendo o guarda-mòr das Arraias,
da comarca de Goiaz, p o r o r d c r n do o u v i d o r da d i l a comarca Este districto é
«em duvida alguma do t e r m o d a V i l l a da b a r r a desta comarca, na capitania de
Pernambnco, e aleni d e l l e , para a parte q n e d i v i d e com Goiaz, ha fasendas d e
gado, e muìtos moradores su jeitos a d i t a v i l l a desta comarca, q u e eslào em
posse d e admìnislrardhes j n s l i c a ; aleni da vìsivcl e clarissiina competencìa d a
jurisdiccào no d i t o d i s t r i c t o , tenho eu a prevencào della, p o r m u i t o s e repe-
t i d o s actos a respeito do mesuio d<scuberto. Os dous decretos q n e refere a
carta .do j u i z , que f o i da V i l l a da barra Joào d e Castro Guimaràes n o n.* a,
n e n h u m a applicacào podem t e r neste caso, p o r quanto nem é 0 d i s t r i c t o em
sertào b e i ra-mar, pois confina coni estas uiinas em q u o ha casa de fundicào,
nem tào p o u c o em sertào, q u e confine coni o l'ara: neslas circunstancias
nada vejo mais conducente ao servic < de S. M., que, m a r e b a r e u com a
pressa q u e pps.se-, o quo porém n u n c a p o d e ser antes d e 10 d o mez que
vem, corno estava d e i e r m i n a d o , p o r nào haver conduccóes, ao d i t o Sitio t i r a r
devassa de usurpacào de j u r i s d i c c t o , suspender, e a n n u l l a r t u d o quanto com
v i o l e u c i a t i v e r tfìdo f e i t o , mandar socavar e a v e r i g u a r nà minha presenta o
t e r r e n o , r e p a r t i l - o , sendo <te conta, corno se l e m p o r certo, e proceder ao
mais, q u e as ordens d e S, M. e p r u d e n c i a me i n inuarem, e a s i t u a l o e m
qui- ine achar o pedir
P o r é m corno nao sei as \ iolencìas, q u e terei de soffrer, e a repulsa, de q u e
p r e c i s a r c i , p o r q u e pode r e i ahi encontrar-me com o o u v i d o r de GoÌaz, e esto
m u u i d o com ordens, e forcas d o governo, nào obstante nao ser aquelle dis-
t r i c t o da capitania de V Ex. e sim de Pernambuco, mas p o r q u e pertence ao
seu governo, d e q u e m só devo r e c c h c r ordens e instruecóes, p u r isio preciso'
cui p r i m e i r o l u g a r ordem d e V. E x . com as maiores f o r c a s , e as q u e l h e pare-
c c r e m couvcnicntcs a quanto c o n v i e r ao servico d e S. M , repeliìndo a forca, c
violeucia praticada d e n t r o do seu governo, osservando o mais que deixo d i t o i
em segundo l u g a r o u t r a o r d e m para dous soldados deste destacameuto me
a c o m p a n h a r e m , pois j a os mandei a p r o m p t a r para isso; e em terceiro o u t r a
p a r a todas as ordenancas, e a u s i l i a r e * me prestarem os auxilìos q u e pedir.
N à o pense V. E x . , q u e eu ine p r o p o n i l a a i i brigar, pois sò pretendo f o r -
cas q u e me fj<jào respeiiar. effettuar as diligencias. e r c p c l l i r a violeucia, q u e
é certa razào de d i c i d i r em loda a capitania d e Goiaz, e mesmo e«a todas as
ininas em scmelhautes occasióes, em que o povo coiicorre a m i l h a r e s , e tào
i n q u i e t o e ambicioso, q u e a mesma forca nào respcita: aleni do q u e cpstu-,
m à o os ouvidores daquella comarca acompanbai-se d e t r o p a p a g a , e d e m u l -
336 MBMOBIAS HISTOBICAS, E POLITICAS
tìdào de gente. Sem embargo das preveneòes que tomo, é ade qne mais pro-
curo encher-me, e em que faco o maior apoio, a da prudencia.
No caminho vou esperar as ordeus de V. Ex., a quem ultimamente rogo,
que n o caso de alguma infelieidade minha, que nào espero, faca ver na pre-
senca de S. M. a justica que defendo 'da sua causa, e o meu zèlo, lìeos guar-
de a V. Ex. por muitos annos. Jacobina 4 de maio de «794.—Joào Manoe\
J'n''.<':•• de Araujo.»
DA PROVINCIA DA BAHIA 137
nambuco, e qunnto ao governo ci vii da Bahia, no rio cha-
m a d o das Eguas, que faz barra no Corrente, ceste no de
S. Francisco. Ha ahi uns a qne, segundo o estilo da ter-
ra, chamào geraes, de capins agrestes com alguns capòes de
malo, que lem as suas ca bocci ras para o poente, onde es-
tà comarca e governo divide com a de Goiaz, em distancia
de vinte para trinta leguas, pouco mais ou menos, e para o
sul com a capitania e comarcas de Minas-geraes, d i v i d i n -
do pelo r i o Carinhanha, que fica u m pouco menos dis-
tante , e pela parte do nascente e norte fica encravado
dentro desta comarca.
As razòes quo ha para a ella pcrtencer sem duvida algu-
ma, e ao governo da Bahia, vào ditas na carta p o r m i m
escrita ao mesmo dito n.° li, e alèrti destas me occorre, quo
para Minas-geraes nào deve accrescer, por ficarem m u i t o
mais looge as justioas ordina nas, su peti n tendone ias, casa
de fundicào, governo, e j untamente por nào alterar o ajus-
te das cem arrobas de ouro, que aquelles povos se obriga-
rap a perforar a V, M. (54); e para a comarca e governo de
Goiaz, por subsistirein as mesmas razòes, menos a da quo-
ta dos quintos, que alias devem ser pagos e f u n d i d o o o u -
ro na real casa da fundicào desta villa,, pois quo a de S.
Felix, que é a mais visinha, depois desta, de todas as m i -
55 34 6 c 33 i / 5
107 00 6: a5 i/5
•# .
X754 IIS a
9 4 7 39 3/5
1755 117 57. 0 5 0
1730 • m 5 0
1757 I IO 53 5- 0 43 -;5
1755 89 4i 2. 7 49 i/5
1759 117 15 1 4 3o 4/5
1760 la 0 a. 4a 4/5
III 59 4 a(i a/5
ioa 50 7 6 3 a a/5
Total, . .. i , M 5 ao 5 %i n8 /,/5
jU hmdo-se este rendimento por anno communi, loca a cada um cento e
quatro arrobas e vinte uni marcos.
DA -PROVINCIA DA B A H I A . J&)
(5fi) Jiiito Nero ftlarlms, que se dìz proprietario do terreno, onde teve lu-
gar a p r i m e i r a descuberta, p e r c e n t i u t n a oitava de o u r o p u r cada braca q u a -
d r a d a , q u e demarcava aos m i u e i r o s , e s e r c e n d o p u r està fvnua as funcroes»
que a antiga iegislacào fazia p r i v a t i v a dos guarda-móres,
( 3 7 ) A c o m a r c a do R i o de S. Francisco, segundo sua p r i m e i r a organisacào,
DA PROVINCIA DA BAHIA
m i l h a d a m a r g o n i esquerda d a q u e l l e r i o , e m u m valle p i t -
toresco e espacoso, q u e se a l e u t a na dhecoào d o n o r n o r -
deste ao s u l sudueste, fecbado ao oriente pelos inórros d o
B o m despacho e Ro/ario, e ao occidente pelo d a Boa-via-
gcm.
Dista d o R i o de Janeiro, a o noroeste meio oeste, 2 8 1 l e -
guas geografica*; da Bahia 3 5 0 , a oesle meio sudoesie; d e
F e r n a m b u c o 449, a oes-sudoeste; de Maranhào 357, ao s u -
doeste; d o Para 3 2 7 , ao sul-sudoeste; d e S, P a u l o 2 3 0 ,
ao noroeste; d o Porto-alegre 3 0 1 , ao n o r t e meio noroeste;
da cidade de Mato-grosso, o u t r ' o r a capital da p r o v i n c i a
do m e s m o nome, 7b' a lèste meio sudoeste, c o m p o u c a d i f -
ferenza; d a cidade d e O u r o - p r e t o 249, a oes-ooroeste; d e
Goiaz 1 2 9 , a oeste meio noroeste; de Monte-video 392 ao
n o r t e ; da cidade da Assumpcào d o Paraguay 199, ao n o r -
te m e i o nordeste, e 4 60, quasi n o m e s m o r u m o , da V i l l a
real d o Paraguay: d o forte de B o u r b o n 1 1 4 , a o n o r t e
q u a r t a e meia ao nordeste; d o d e C o i m b r a 9 6 , ao n o r n o r -
deste; d o presidio d e M i r a n d a 80, ao n o r i e a p r o x i m a d a -
mente; de S. Rafael d e C h i q u i t o s 9 5 , a Ics nordeste; d e
Santa C r u z de la Sierra 470, a lèste meio nordeste, o d a c i -
dade de L i m a 4 4 2 , a les-sueste meio s u l .
Poratleneào à s a l u b r i d a d e de seu e l i m a , passon a ser
a capital da p r o v i n c i a , c u j o p r i m e i r o g o v e m a d o r , D. A n -
tonio R o l i m de M o u r a , nomcado em 2 5 de setembro de
1 7 4 ^ , apenas t o m o u posse desse governo a 17 de janeiro
d e 4751 : l e m c i u c o l e m p l o s , ineluida a igreja p a r o q u i a l ;
u m bello c h a f a r i z , u n i vaslo qùartel par.i a forca ria g u a r -
n i r l o , q u e até 1825 coilstava de 8 4 9 pracas d e 1 . " e 2 / l i -
n h a ; u m h o s p i t a l d e lazaros, e o u t r o da misericordia; suas
casas sào g e r a l m c n l e terreas, abunda e m m a n t i n i e n l o s d e
t o d o o $.< nero, e ja m a n teve frequentes relaeòes c o m m e p r
ciaes c o m o Para pelo r i o Tapajós, e m favor d e c u j a nave-
gacao passou a classe d e v i l l a , órdenada pelo alvara d e 2 3
de n o v e m b r o de 4820, o arraial D i a m a n t i n o , q u e d e m o r a
t r i n t a leguas distante d o Cuiabà ao nor-nordéste, e na l a l i t ,
de 44°, 37', e 5 9 % d e l o n g .
A naturesa foi excessivamentc p r o d i g a c o m a provincia
de Mato grosso, quasi ern todos os seus r a m o s ; possue f a -
mosas salinas mincraes n o lugar d e n o m i n a d o Vargem , 4'i
leguas a o sudoeste d a c a p i t a l ; o terreno è fertilissimo para
452 ME MORÌ AS ilTSTOniCAS, t rotPrtCÀS
(fia) Apesar do qne sena de&viado aos direilos, entrarao na casi de fundicào
de Cuiaba, e m o anno de 1772 , em q n e ella foi eslabelecida, cento e sete a r r o -
bas, tres marcos, duas oncas, d u a s oitavas e quarenta e dous gràos*
DA PROVINCIA DA BAHIA. 353
t a l p r o i b i e a o , p o r effeito de repetidas supplicas das.cama-
ras da p r o v i n c i a , c o m a c o n d i c i o de fica r e m pertencendo
a c o m a todos os diamantes q u e apparecessem, e em con-
fi! qu oncia disto eomeeou o o u v i d o r Sehastiào JPita de Cas-
t r o a nova divisao das terras, e m o dia 13 de maio de 1805,
criando«se depois a j u n t a de g r a t i f i c a r l o de diamantes e m
Cuiabà, c o n f o r m e fora estabeiecido p o r c a r t a regia de 13
de n o v e m b i o de 1809.
• Fica a p r o v i n c i a do Mato-nrosso c o n i p o u c a difierenca
no c e n t r o da America m e r i d i o n a l , c é a mais Occidental d o
i m p e r i o , entre os p a r a l l i los de 7% 36', e 2 2 % e os m e r i d i a -
no* de 5 2 % 3 0 % e 6 7 % 7% e 30'% q u o tocào seus pootos
ma:s s a l i e n t e ao n o r t e , s u l , lèste, e oeste, distando o p r i -
m e i r o d o segundo 2 8 8 leguas, e o terceiro d o q u a r t o 3 1 0 ,
f o r m a n d o urna superficie a p r o x i m a d a de 48,000 leguas
quadradas.
F m beneficio de seus interesses e s p i r i t u a e s , e a i n s t a n -
cias d o r e i l ) . Joào V., expedio o papa lìenediclo X I V . a
b u l l a Condor lucìa (vtcr?ue, de 6 de dezembro de 1746, pela
q u a l separou a m e s m a p r o v i n c i a d o bispado d o R i o de Ja-
n e i r o , e r i g i o d o nella a prelasia de Cuiabà, e conta até hoje
OS seguintes p r e l a d o s — o padre José ìNtcolau de Azereclo
C o u t j n h o G e n t i l , q u e sendo nomeado ètti 23 de Janeiro de
1782, c o n f e r i u d o - l h e as k l r a s apostolicas de i ! de o u t u -
b r o do a n n o seguinte, o U l u l o de bispo de Z o r a r a , jamais
Saio de P o r t u g a l : o conego r e g u l a r de 8. Joào Evangelista
L u i z de Castro Pereira, sagraci o e in. .14 de j u l h o de 1805,
c o m o l i t u l o de b i s p o de Ptoìomaida, q u e regeo d i g n a -
m e n t e a diocesc até o 1." de agosto de 1822, dia e m q u o
fuileeeo, e o a c t u a l bÌ3po de Chrisopolìs, e de Cuiaba ( 6 3 ) .
C o n t i g u a ao valle da lavra de S. l g n a c i o , cujas tei ras
p e r t e u c e m ao padre Joào R o d r i g u e s Cova, acha-se a serra
o r a d e n o n i i n a d a Diamantìna, ao aspecto da q u a l associa-
Se ao ebservador m i n e i r o a idèa da riquesa q u e ella encer-
ra: suas s u m m i d a d e s f o r m a d a s pela nature/a de rochas g i -
gantescas, suas chapadas e collinas c o m grandes pedras de
f o r m a p i r a m i d a l , assentadas sobre superiicies arenosas, e
exlensos iagedos c r u s t r a d o s de eriataes, e entrecortados de
(G3) Confer. Pisarr. Mem. cit. Alìmourt Viag. a Cuiaba, Cosca Pereira Dice.
•top. do Hraail, e a uiiuba Corografo Paradise.
TOMO V. a«
45u MEMORIAS H1ST0RICAS, E POLlTidAS"
•
DA PROVINCIA DA BAHIA 355
encontrào, c sendo r e c o m m e n d a v c h seus d i a m a n t e s pela
bellissima forvnacào q u e os reveste ( 6 5 ) . D u a s leguas ao no-
roeste dessa p a r a g e m acha-se o u t r a lavra d e n o m i n a d a Bar-
r a d a solidào, c u j o s d i a m a n t e s s u p p o s t o sejào de menor
t a m a n h o , e m relaeào aos eonhecidos, gosào todavia de me-
l h o r a p r e c o , e x c e p t u a d o s os d a lavra d e S. Joào, sendo
desconhecidos o s q u e e m Minas-geraes se distinguem c o n i
a d e s i g n a r l o do olhos d e m o s q u i t o e area, talvez por per-
d e r e m m o n a lavagem.
N à o menos de q u a t r o annos de eifectiva laboracào d e
taes m i n a s se haviào volvido, e quantidade copiosa d e s c u
o u r o e diamantes ja era c o n h e c i d a na E u r o p a , q u a n d o o
juiz d e diretto d a c o m a r c a do R i o d e S. Francisco, F r a n -
cisco Pereira Dtitra, paiticìpou semelhante descoberta a o
governo ptovincial, e posto q u e nào importasse essa p a r t i -
(63) Os diamantes nào sò diiYerem de stia forma exlerior mas tambem aprc-
sentào variodades em su i l e x t u i M i n t e r i o r , tfaity Theoric sur la strutture t/es cris-
taux, ol-scrva q u e està I e x t u r a eompòe-se d e lamhins parallelas, que se separào
na lapidacào, pelo q u e suppóe q u e as moUcuIas integrantes deste m i n e r a i sào
t e t r a e d r o * reguiares, e q u e o d i a m a n t e Ionia extcrnameute a f o i ina de u m octae.
d r o exacm, cujas faces naturaes sao muitas ve/es convexas. Os diaiuautes b r u -
tos apparerei» revestidos das mais hcllas e reguiares f o r mas geometrico* ; sua
c o r e I b m i a assemelbào-se muitas vezes à gomma arabia , mostrando a appa-
r e n z a p o i i d a , p r i n c i p a l m e n t e as pedras iriguèiras, e outros sào bacns tendo den-
t a d a a , e asperas as suas la m i nas. Segundo Mawe, a f o r m a mai» c o m m u n i dos
di.unantes bruros é a octaedra , roodiiicada v a r i a d a m e n t e na o r l a com facè-
t a * e p i r a m i d e * baìxas, em cada face dos t r i a n g u l o s . Segue-se a d o decadre-
d o , q u e tambem se apicscnta differentemente nnidificado, o u ncs fios ou nas
facétas: o u t r o s sào chaios e tri;.ngulares, a q u e ebamào diamantes de veia, e
q u a n d o detgados, serrào-se e cortao-se para diamantes rosas. O cubo é a for-
ma mais r a r a , e n e n l i n m a substancia n o r e i n o minerai mostra em m i n i a t u r a
tao beila variédade de solido» reguiares corno o diamante.
Està d i f f e r e n c a d e qualiilàdes relativas em terrenos apioximados, nao é no-
va e n t r e os Ihbologos. M. Caire a pag. 3» de sua o b r a j a citada, rel'ere que»
sendo o r d i n a r i a m e n t e cctaedros os diaiuautes de Cani, e cubico* os de Malaca,
poder-se d p a r t i r desse p o n t o para cxaininar-lbes a nalurcsa , o tecìdo, e a
crnsta, tornando p o r base o q u e mostrar cada variedade p o r meio da arte.
N à o c r e i o , c o n t i n u a e l l e , q u e aie agora alguem se t e n i a occupado em esami-
n a r , se a diversidade das Ibrmas i n d i c a differcucas na rigesa dos diamantes;
urna sem duvida duve aebar-se, e, bum q u e ligeira, descobiir-se-a pela aceào
da m ò , reconbecendo-se igualmente q u e a tinta e a transparencia, sendo d e
alguma sorte i u v a r i a v e i s n a mesma mina, m u d à o todavia m u i t o .ordinariamen-
te de urna a o u t r a veia.
ai*
MEMORIAS HISTORICAS, E POLITI CAS
n h o r m i n i s t r o d o impecio, o officio q u e V E x l h e d i r i g i o
e m 2 8 de j u l h o deste anno, n.° 22, a c o m p a n h a d o de o u -
t r o d o juiz, de diretto da c o m a r c a do R i o de S. Francisco,
e m q u e p a r t i c i p a o a p p a r e c i m e n to d o o u r o e diamantes na
serra do A s s u m a , e pede providencias para obstar à ex-
traccào. q u e a l i é feita p o r g r a n d e c o n c u r s o d o povo, cabe-
m e declara r a V. Ex.» e m resposta ao s o b r e d i t o o f f i c i o , q u e
a respeito da extraccào d o o u r o deverà fazer observar o de-
c r e t o de 47 de s e t e m b r o de 4824; c o m as devidas m o d i -
fìcacòes, isto é, s c u d o s u b s t i t u i d o s o o u v i d o r e juiz de
f o r a pelo juiz de d i r e i t o da comarca, p a r a servir de i n t e n -
dente, e a j u n t a da fasenda e c a m a r a s m u n i c i p a c s pela t e -
s o u r a r i a , e respeclivas colleetorias, para se effettuar a ma-
n i f e s t a l o d o o u r o , e a deduceào dos d i r e i l o s : e q u a n t o à
dos diamantes, c u m p r e q u e V. Ex faca observar a legisla-
cào a n t i g a , q u e os declara pertencentes ao fìsco, e o b r i g a
as pessoas q u e os achào, sob graves penas, a manifestal-os
às a u t o r i d a d o s , para os r e m e t t e r e i n ao tesouro. Deos g u a r -
de a V. Ex. palacio d o Rio de Janeiro e m 3 de s e t e m b r o
de 1 8 4 0 , — M a r t i n i Francisco litbeiro de Andrada— Sr. p r e -
sidente da p r o v i n c i a da Bahia.»
Està determinacào porém nào m e l h o r o u a indifFerenca
d o m i n a n t e e m negocio de t a m a n h a i m p o r t a n z a , pois q u e
consistirào as medidas adopladas, e m m a n d a r - s e d a Villa da
(CO) Nào ficou na secretoria ilo governo a copia do officio do refendo juiz,
q n e talvez desse alguma n o t i c i a mais delalhada, sendo o p r o p r i o o r i g i n a i en-
v ù d o para o R i o de J a n e i r o c o m este o f f i c i o — *
I l l m " e Exm.° Sr. T e n d o r e c e b i d o o o f f i c i o i n c l u s o do juiz de direìto da
comarca do K i o de S. Francisco* e m q u e d a n d o p a r t e de haver a p p a r e c i d o a
poucos annos q u a n t i d a d e de o u r o e diamantes na serra d o Assurti a, pede p r o -
videncias para obstar & extraccào, que ali é pratica da p o r grande cònctirso de
povo, v o u t r a n s m i t t i r a V. E x . està i m p o r t a n t e n o t i c i a , para d e l i b e r a r o q u e
mais conveniente lhe pareeer, e haj» de ser determinado pelo' regente em no-
me d o l i n p e r a d o r . Uens guarde a V. E x . p a l a c i o d o g o v e r n o da bahia 38 de
j u l h o de 1S40. I l l m . " e Exm.° 5 r . J o a q u i m José Rodrigues Torres.—Thomas
X a v i e r Garcia de Almeida.
DA PROVINCIA DA BAHIA
r e n d i m e n t o dos q u i n t o s , d e tanta q u a n t i d a d e d e o u r o ,
q u e dellas ha sido exfcraido, no espaco d e mais de sete a n -
nos de sua eflectiva laboracào, e seus nunierosos d i a m a n -
tes segue n i f r a n c a m e n t e a direceào d a E u r o p a , sendo o
p r i n c i p a l ent reposto delles a cidade d o R i o de J a n e i r o ,
pois q u e o estaciouarìo, o u antes marasmodieo, c o m m e r c i o
a c t u a l da Bahia i m p e l l e aos q u e se empregào e m t a l m i -
neracào, a d i q i o r e m ali mesmo d o resultado d e seus t r a b a -
Jhos, ao enxame d e coutrabandistas q u e successivamente
c o n c o r r e aqnellas la* ras, s u p e r a n d o os i n c o m m o d o s e d i s -
tancia de semel halite j o r n a d a , p o r isso q u e as vantagens re-;
sultantes d e tal negocia^ào, compensào-ihes d e sobcjo t o -
dos os dispendi os e fadigas
Passa igualmente p o r c e r t o haver diamantes em d i v e r -
sos lugares d a c o m a r c a dos llhèos, e alò a cerca .disso re-
ferem-se alguns faetos, q u e t o d a v i a nào se p o d e m a i f i r m a r ,
p o r falla de ulteriores investigacòes a respeilo desse m i n e -
r a i , c e n i t u d o é sabido possnir a mesma c o m a r c a o u t r o s
e m g r a n d e copia, scudo ja coohecidos especialniente o o u -
r o , f e r r o , zinco, e seleni tes descoberto u l t i m a m e n t e na f a -
senda d e n o m i n a d a Q u e i m a d o , o i t o leguas acima da foz d o
r i o I t a i p e , e alétn de urna lagòa q u e desagua n o mesmo
r i o pela sua m a r g o n i austro!
Sabc-se t a m b e m desde 1 8 0 8 q u e è s o m m a m e n t e a u r i -
fera a serra d o A r u b n , d i s t r i c t o d a Conquista d o seriào d a
Ressaca, c o n h e c i m c n t o esse devido ao r e s p e c l i v o capitào-
m ó r Joào Goncalves d a Costa, q u a n d o na q u e l l e a n n o p e r -
c o r r a t a l c o n t i n e n t e , c o m m a n d a n d o urna b a n d e i r a c e n t r a
os indios selvagens, .que haviào hostilisado algumas fasen-
das, ignorando-se t o d a v i a o m o t i v o p o r q u e d e i x o u d e p r o -
g r e d i r em o u t r a s indagacòes locaes, c o n i o l h e fora o r -
d e n a d o em aviso d e 2 d e o u t u b r o d o mesmo -anno, e'xpe-
d i d o ao g o v e m a d o r desta p r o v i n c i a , pelo m i n i s t r o de es-
t a d o o conde, depois marque/,, d e A g u i a r , a q u e m o ines-
Xno capitào u n i r havia r e m e t t i d o urna a m o s l r a d o o u r o d e
sua descoberta, q u e se v e r i f i c o u n o R i o de Janeiro ser
de q u a l i d a d e s u p e r i o r .
prazer de conhecél-o: està segunda Memoria aeba-se a pag. 65 tom. 4 das Meni,
d a Acad, r e a l das scieneias d e Lisboa, a qneni leu' apresentada, sendo i g u a l u i e n -
l e apreeiuvel o u l i o i g u a l escrito d o UKSIUO u a l u r a l i s U i , q u e se le* d e pag. i a
ji d o t o n i . 9 dussas M e m o r i a s .
DA PROVINCIA DA BAHIA. 161
(76) Nào se encontrando mais esse termo, nem o off]no que o inclina, exis-
tem com tudo outros de nào menos transeoiidencia, a fazer conhecidas ceilas
particularidades, que interessa saber o estudioso, e amigo dos paradoxos scitu-
tìfteos da naturesa.
(97) Accusou o marquea de Valeuca o recebimento deste officio pelo que
se segue —
Recebi a carta de V. m. de n do corrente, ero que me partìcipa a re-
niessa que faz da grande percào de coì-Ye, que se achou no di&tricto da sua
jurisdiccào, e quo eu tinha raandado remetter para està cidade. A dita por-
cào de cobre logo qne se desembarcou, a f u i ver com algumas pessoas curìo-
sas, e intelligentes da historia naturai: mandei-a pesar, e se vio que o seu peso
era de oitenta e duas arrobas e dez libras. Eu, e as referidas pessoas que fo-
rào commigo, assentàmos que este cobre nào é fundido, e que é naturai, e. por
essa razào tenho estimado muito este descobrimento, pois achando-se mais al-
l u r i ) , de modo que se eutenda que ba pedreira, ou mina, sera muito u t i l à
»osfa nacào, e de muita gloria para mim, e para V. m.
N o caso porém de que se nào descubra outro pedaco do sobredito cobre,
sempre me parece que se deve remetter o qne V. ni< me mandou, a rainha
minba senhora, p o r ser raro achar-se urna porcào deste metal, que pese oi-
tenta e duas arrobas e dez libras, seni ser fandido. Para examinar com V. m.
o sitio, onde se achou o metal de que se Irata, e se descobrir mais alguns, fa-
1:0 passar a essa villa o capitao de miueiros do regimento de aiiilharia José
Raoios de Souza, para que V. ni. e o dito capitào facao està diligencia tào
366 MEMORIAS H1ST0RICAS, E FOtlTICAS
neira. ?—
* I l l m . e Exm. S r . ~ M a r c e l i n o da Silva Pereira, juiz de
0 #
c m ih d e s e t e m b r o de 1 7 8 2 . — M a r t i n h o de Mello e Castro
— S r . m a r q u e z de Valenca.»
C o m o t r a n s u m p t o deste aviso, e m officio q u e c o n t i n h a
as mais lisongeiras expressòcs, r e c o m m e n d o u o g o v e r n a d o r
ao juiz de fora M a r c o l i n o da Silva Pereira a execueào dos
exames, e m a i s diligencias q u e o r d e n a v a o m i n i s t r o de es-
t a d o , e essai expressòes, quo, cmanadas de taes a ( f l o r i d a *
des, ainda n a q u e l l e t e m p o sereputavào de g r a n d e apreco,
p o r isso q u e erào somenle applicadas aos bons servidore»
d o estado, forào de considerava! e s t i m u l o a a c l i v a r o n o -
tavel p a t r i o t i siti o d e u m h o m e m tào interessante, q u a !
e r a aquelle j u i z : c h a i u o u p o i s o capitào Domingos Jorge
da Silva, e M a n o e l Ferreira G o m e s , entendidos e m traf>a-
I h o s de mincracào, para d i r i g i r e m os operarios nesses exa-
m e s ( 7 8 ) , q u e durarào do 1 * a 7 de fevereiro de 1 7 8 3 ,
achando-se logo no p r e c i t a d o dia o u t r o palhelào de c o b r e
de mais de ai r o b a , e nos Ires u l t h n o s diversos gràos de
o u r o , de t o q u e de 2 3 3/8 q u i l a t e s , segundo se v e r i f i e o u n o
ensaio depois feito, p e r a n t e 0 s o b r e d i t o g o v e m a d o r , p o r
C l e m e n t e Alves de A g u i a r , ensaiador da casa d a m o e d a , o
s e t e m b r o de 1 7 8 2 , p r o c e d i ao d e t e r n i i n a d o exame na f o r -
m a d o a u t o i n c l u s o , e pelo p l a n o da m i n h a antecedente, q u e
se bem o m e n o s efficaz, c o n i t u d o o mais c o n f o r m e c o m a
estacào*, e mais chegado às c i r c u n s t a n c i a s da m e s m a o r -
d e m ; o r e s u l t a d o foi a invencào de q u i n z e gràos de o u r o fi-
n i s s i m o , c o m o l o q u e de m a i s de v i n t e e tres q u i l a t e s , e a
d e u m granéte de c o b r e , de i g u a l q u a l i d a d e ao j a r e m e t t i -
d o c o m o peso de mais de a r r o b a .
Està nova descoberta de u n i e o u t r o m e t a l , o v a p o r e
cruslas ferreas, de q u e se achào b a n h a d a s as pedras d a q u e l r
l e r i o , e m o n t a n h a , e o ser finalmente està p r i m i t i v a , i n c u l -
cào b e m a existencia de urna m i n a , c u j o l u g a r p o r é m nào
p o d e designar-se a i n d a , sem u m s e g u n d o e mais i n d i v i d u a i
exame, q u a l e u p r o p o n d o me fazer, f u i necessitado a d e i -
x a r de m à o , pelos i n c o m u i o d o s provenientes d o m à o t e m p o ,
sendo u n s dos maiores o c r o s c i m e n t o d o r i o pelas m u i t a s
chuvas, e a molestia q u e a t a c o u a q u a s i todos, pela g r a n d e
f r i a l d a d e da t e r r a : aquelles p r i m e i r o s m o t i v o s , q u e o c c o r -
ressi para p e r s u a d i r a existencia da m i n a , p o d e r i a b e m j u n -
tar-se alguns m a i s , dos o u t r o s pelos m i n e r a l o g i e o s i n d i c a -
d o s , a nào o b s t a r p a r a indagal-os o lòdo pela razào ja ex-
p e n d i d a , e a l g u n s , se b e n i q u e tenues, f o g o s , q u e p r e c e -
derào à m i n h a i d a , pelas margens d o d i t o r i o , a firn nào só
de descortinal-as, mas de expurgal-as a l g u m a cousa das
m u i t a s serpentes venenosas, d e q u e abundào a q u e i l a s m a t a s .
Chegada a estacào c o n v e n i e n t e , e u c o n t i n u a r c i o exame
p r o j e c t a d o , a Y. Ex. o p e r m i t t i r , e depois de i n d a g a r m a i s
c o m m o d a , e i n d i v i d u a l m e n t e o c u m e das m o n t a n h a s , e
estas mesmas o u t r a vez, p r o p o n h o - m e s e g u i r os veios d a
DA PROVINCIA DA RAII1A. 471
ticos, e restriccoes fiscaes, se tem opposto até agora aos seus progressos, taes
Como o monopolio do sai, os grandes direilos impostos sobre o ferro, e o u t r o s
nào menos gravosos sobre a introduucao dos escravos; desejando a mesma se-
nhora alliviar quanto esteja da sua parie, aos seus vassallofl, tem resolvido em
primeiro l u g a r —
Que o monopolio do sai, baja de cessar em todo o Brasil, logo que se ex-
l i n g u i r o contrato; e que este commercio fique livre para todos os colonos,
e franca* tod.is as sa l i nas, que se poderem estabelecer nesse continente; po-
rém comò este contrato rende para a corda annualmente a quantia de cento
c vinte uiil rrusado», e o real erario se nào pode des falcar deste rendimento;
ordena 5. M. que V. S. onviudo as camaras dessa capitania, Ibe baja de pro-
p o r um equivalente racionavel, coni que o mesmo erario se possa resarcir do
rendimento que percebia de um sciuelbante genero, segundo o consumino da
inesma capitania, ou seja por alguma leve cp.mposic.ao assentada sobre elle, ou
por algum outro meio, ou arbitrio, que pareeer mais conveniente.
Tem S. M. resolvido em segundo lugar, que em todo o continente do Bra-
sil se possào abrir minas de fèrro, e se possào manufacturar todos e quaesquec
inslrumentos deste gcuero; mas para se suprir o desfalque, que urna scnie-
lhante liberdade possa occasionar nos reaes direilos, é a mesma senhora outro
t i n i servida ordenar, qne ouvindo V, S. as camaras dessa capitania baja de
assentar com ellas em unta larifa moderada dos direilos, que um semelhaute
genero devera pag;ir nas fabricas do paiz, logo que ali se puzer em venda,
tanto pelo que respeita ao ferro em bruto, ou em barra, conio daquelle que
se vender ja manufacturado para instrumeutos de agricultura, e outros ulen-
cilios domestico».
E persuadida S. M. de que a tarifa actual, qne regni a a entrada deste ge-
nero para o interior do paiz é summimenie defeituosi, pagando um quintal
de ferro o mesmo que costumaci pagar fasendas fìnas e de grande valor, em
igual porporcào de peso; é a mesma senhora servida ordenar, que esaminan-
do V, S. a dita tarifa com pessoas intelligcntes do commercio lhe haja de pro-
por os meios mais propri os de se emendar semelhaute irregularidade, allìvian-
dò-se, quanto f o r possivcl, os direilos d o ferro, c re movendo-se està imposi cào
sobre os mais generos de menor necessidadc, que prudentemente possào re»
sarci r o desfalque que haja de occasionar aquelle benefìcio.
Finalmente para S. M, poder formar urna idèa clara do estado dos direi-
tos, que se costumào pagar d.'S fasendas importadas e exportadas a essa capi-
tania, se faz preciso que V, S, passe as ordens necessaria*, par» nas alfande-
gas e registros dellas, se tire urna copia exacta das pautas porqne ss raesmas
se regulào na percepcào dos direitos, assim de importacào conio de exporta-
$ao, e mais direilos de tranzito, que V. S. ; emetterà com a possivcl brevidade
a està secretarla de estado: e quer igualmente S. M. que V. S. ooande pro-
ceder a um' calculo medio da importaucia de todos os direitos, que se peroe-
DA PROVINCIA DA BAHIA. 175
t r a n s m i l t i d a ao m i n i s t e r i o , fez e x p e d i r o aviso d e 2 0 d e
m a i o d e 1 7 9 9 , pelo q u a l ordenou-se ao m e s m o govema-
d o r informasse mais a m p i a m e n t e sobre a possìbilidade d o
l a b o r a t o r i o d e lars m i n a s , p o r empresas p a r t i c u l a r e s , cujas
consideracòes elle apresenta ria.
Prosperava entào a casa c o m m e r c i a l de Francisco Agos-
tinho G o m r s , e este r e u n i n d o à f o r t u n a q u e possuia vastos
c o n h e c i m e n t o s l i t t e r a r i o s , e p a r t i c u l a r deferencia a t u d o
q u a n t o interessasse à e n g r a n d r c e r o p a i z , f o i o p r i m e i r o
q n e se offereceo para tal empresa, p o r certo gigantesca, as-
sociando-se c o m o i l l u s t r a d o Manoel Ferreira da Camara,
q u e servia d e i n t e n d e n t e dos diamantes no S e r r o do f r i o ,
a p r e s e n l a n d o ao g o v e r n o s u p r e m o sua reprcsenlacào c o u -
cebida nestes termos.
* N a occasiào e m q u e P o r t u g a l e seus d o m i n i o s estào n a
m a i o r preci sào de f e r r o e c o b r e , tanto p a r a estender a sua
c u l t u r a , corno a sua navegacao, e a i n d a conserval-a, pela
excessiva c a r e s t i a , a q u e l e m s u b i d o estes mctaes tao n c -
cessaiios ' 8 l ) a u n i estado, para l a n c a r a base de todas as
v
suas riquesas; e ao m e s m o m o m e n t o c m q u e a I n g l a t e r r a
acaba d e p r o i b i r a saida d e t o d o o seu c o b r e , è q u e o a u -
t o r deste p l a n o , a n i m a d o d e u n i a r d e n t e p a t r i o t i s m o , p r o -
pèse a S. M« meios q u e l e m para fazer c o n i q u e P o r t u g a l
v e n h a a ser a b u n d a u l e d e mctaes, tào uteis à a g r i c u l t u r a ,
beraó pi-la real fasenda no espaco de ciuco annos, dos dons ramos do ferro,
e da introduccao « saida dos escravos, cada uiu de per s i , e coni a devida
di itine Cào e d a resa; o que a mesma senhora ha por inui recoinmcndado a V;
S. para que assim o maude cxeeutar coni a hrevidade possiveh Deos guarde a
V. S. palacio de Quelu/. em %y de maio de 1705.—Luia Pinto de Souza.—Sr.
D. Fernando Jose de Purtugal.»
(81) Km officio de *a de a b i l i de 1780 parlicipou o govemador marques
de Valenza ao ministro e secretarlo de estado Martinho de Mello e Castro, re-
mctler-lhe, para sereni apresentadas a rainha, differentes esferas de certa coni-
binacào metallica, as quaes por scu formato cbauiava balas, que lhe havia cu*
viado o maj r Luì» Cadano Simòes, inspector do córte das raadeiras do Je-
quirica, em cujas roatas as achara , asseverando ser tanta a quantidade dellas
que fomeceiiào o carregamento de bnreos. Nào consta precisamente a mate-
ria que formava essa notavel r a r i d a d e , e apenas *e sabe p o r aquelle officio
que reuniào tamanha rijesa, que, impcllidas pelo tiro de espingarda de
qualquer adarmé, varavào urna taboa de duas pollegadas de grossura, e fica*
vào inteiras, por cujo. motivo indicava-as o mesmo govemador para servirei»
de metralha.
.76 MEMORIAS nisTonicAs, E POLITICAS
lentes e sabios religiosos, e bispos q u e ten» illustrado e san tifica do o seu paiz,
c o m muitas o u t r a s pessoas seculares, q u e amontuarao os tesouros espiriluaes
da igreja, pela observancia e illustracào do evangelhoj, desde o I l i o da p r a t a
até ao Amaxouas. M u i t o s hens t a m b e m vierào da commuuicacào com os Por-
tugue/cs, q u e penetracào o i n t e r i o r do p a i z , obteudo conhecimento das r i -
quesas n a t u r a e s , ss quaes fi/erào mudar todas as relacòes politicas da Euro-
pa, daudo forca e p o d e r as nacòes. As visgens pelos r i o s d o ìuterior, e as cor-
rerias das DiÓntanhas, em a pesquÌf,;:cao dos metaes e pedras preciosas; quan-
tas riquesas e conhecimenlos novos nos nào subuunistrarào em todos os r e i -
nos da naturesa? Que m à o l o i collocar nas cabeceiras de Vasa-barrìs, nas p i a -
nìcies do r i b e i r o bendegò, u m pedaco de f e r r o p u r o , f l e x i v e l , malleavel à
f o r j a , d u r o , e l i m p o da f e r r u g e m , de f o r m a quasi o v a i , c o m nove palmos de
c o m p r i d o , seis dilos na maior l a r g u r a , e de tres na m a i o r a l t u r a , q u e seis
juntas de bui», apen.'i suino a c a r r a t a , arrastarào quarenta passos, examina-
i l a de o r d e m d o g o v e m a d o r conde da Poute sobre u m t e r r e n o de arca sulla,
longe das montanbas, sem a l g u m i n d i c i o de volcào, nem de a l g u m o u t r o me-
t a l o u semimetal, em distancia vasta das serras da Tiùba, p ^ r dilatadas cam-
pinas, e d e n t r o dellas lagòas d'agua salgada, em unta das quaes e u achei um
monstro petriOcado, que parecia urna baleia!»
A i n d a prevalece a idèa de s*>r a sobredita massa de f e r r o u m meteorolite, e
assim t a m b e m p o r m u i t o tempo se peusou na E u r o p a a respeilo de outra gran-
de massa m e t a l l i c a , q u e existia na m a Burlu-l, em Aix-la-Ohapelie, cujo peso se
eslimava exceder de quiuze m d libras, mas que f o i depois recouheeida p o r M.
C l e r o , engenheiro das minas, nada mais i m p o r t a r q u e u m residuo de antiga
fundicào, sem conter parte alguma de n i c k e l , que é quasi inseparavel de todos
os m e i e o r o l i t e s , e cuja faita basta para evitar iguaes equivoco*.
si*
i-80 MHMOUIAS I I I S T O R f C A S , POtlTlCAS
dinheiro cento e quinze milhóes, quinhentos e nove mil, cento e trinta e dou
8
s. a
A cstabelecer p e l o menos em u m p o n t o conveniente d a cidade u n i ma*
q u i n i s m o , o u p l a n o indieado em c a r r o s oU vei'culos, m o v i d o p o r u m engenho
d e vapor, estacìonario p a r a fazer s u b i r , e descer t u d o q u a n t o se quizesse trans-
p o r t a r , eousas e pessoas, d a cidade b a i x a p a r a a cidade a l t a , e vice-versa.
a.* O meeanismo trabalharia c o m r e g u l a r i d a d e durànte o d i a , e mesmo d e
ìioite, subindo o u descendo p e l o espaco d e tempo, q u e conviesse para a facì-
l i d a d e do c o m m e r c i o , e c o m m o d i d a d e public». U r n a tabella i n d i c a r i a os pe-
riodo» da subida e descìda p a r a passageiros, e outra o dos fife tes e passagens,
que nào poderiào ser alterado» p a r a mais, d e n t r o d o espaco de u m anno, d o
t e m p o em q u e fossem estabelecidas.
3.* A n e n b u m i n d i v i d u o o u companhia seria p e r m i t i i d u usar deste, o u o u -
t r o maquinismo, a p p l i c a d o a una p l a n o i n e l i n a d o p a r a o uso do p u b l i e o , so-
b r e alguma das elevacòes desta cidade, p o r espaco de 2 5 annos, uontados do
d i a em que se cornee asse a t r a b a l h a r , fica odo este p r i v i l e g i o de u e n h u m e f f e i -
t o , »e d e n t r o de dous annos e raeto, depois d n cpnclusao do c o n t r a t o nào fos-
se co mecado o mesmo maquìnìsmo, e aeabado d e n t r o dos dous annos seguintes.
DA PROVINCIA DA BAHIA. 185
•
il 88 MEMORIAS HISTORICAS, E POLITICAS
feito miraculosas curas neste genero de enfermidades: o qne disse acerca do be-
n e f i c i o , e acondiciouamenlo do p r i m e i r o tanque, se p o d e r a igualmente a p p l i -
c a i a este, e supposto esteja este a salvo de toda e q u a l q u e r euebente d o r i o ,
c o m t u d o nào se devem fuzer maiores obras, sem q u e urna observac/io reitera-
da c o m p r o v e o j u i s o , q u e f o r m o de sua u t i l i d a d e nas doencas de p e l l e . José
L'ino Concinno.»
MEMO-MAS HISTOMCAS, E POtITIGAS
ANALI SE CHIMICA.
(87) Por se ter quebrado na viagem o barometro, nao se pòde tnedir a près-
s o atmosferica.
DA P R O V I N C I A DA BAHIA.
•
MEMORIAS IIISTORICAS, E TOLTTICAS
GR AMIVI AS.
5,961
VERTENTE DO MOSQCBTG.
PR0PIUEDADF.5 CHIMICAS.
C h l o r u r e t o de s o d y u m 0,584
Àcido silico . o;iso
S u l f a t o de soda . . 0,045
C a r b o n a t o de cai. 0,264
C a r b o n a i o de magnesia 0,260
Perda . . . . . 0,237
4,540
CRAMMAS.
Chlorureto de sodium 0,935
Dito de magnesinm . . . . . . 0,152
Acido silico . . . . . . . . 0,036
Sulfato de soda . 0,021
Carbonato de cai. . . . . . . 0,2l4
Dito de magnesia. . . . . . . 0,150
Peroxido de ferro. . . . . . . 0,000 vestigio*,
Materia organica destruida. . . ì 0 206
Perda , . . . . . . . , ] '
4,714
PROPRIEDADES THERAPEUTIC&S.
FERRO.
Il A UMORE.
PEDRA DE CAL.
m e i o m u i t o f a c i l m e n t e p o d e a c a i ser levada ao i n t e r i o r , o n *
de existéui bastantes engetthos , além de q u e e n t r e os pe-
queno» p o r l o s d o oceano e a villa de A b r a n t e s , apenas ha a
distancia de tres a q u a t r o legoas , e al l i c o m a m a i o r f a c i l i -
dade se pode d a r saida aos p r o d u c t o s das fabricas q u e sé
estabelecerem.
M i o obstante porém sereni tantas as pedreiras nesta p r o v i n -
cia, q u a t r o u n i c a m e n t e secontàoqneseaproveitào, mas é tào
e n o r m e a despesa q u e se faz c o n i ellas, q u e o seu p r o d u c l o
sò a grandes precos se p o d e a d q u i r i r no m e r e n d o , e m c u j a s
c i r c u i i sia ncias està a cai'. Sua extraccào no f u n d o d'agua é de
eccessivo custo, e assim i n q u e s l i o n a v t I m e n t e preferi vel se-
r i a t i r a l - a à s u p e r f i c i e , o u n o i n t e r i o r da t e r r a , o u e i n f i r n fa-
b r i c a l - a , e l u d o isto segundo as c i r c u n s t a n c i a s , e localidade
p r o p r i a a u n i o u o u t r o processo: mas i n f e l i z m e n t e ainda os
p r o d u c t o s de algumas paragens apenas sào c o n h e c i d o s m u i -
t o de leve, e x i s t i n d o ainda p o r descobrir o u t r o s m u i t o s .
A Franca t e m senlidó està necessidade para os seus i m -
mensos traballio», e q u e r e n d o lorìial-òs p o u c o dispendiosos
p a r a o f u t u r o , a t t e n d e n d o i g u a l m e n t e ao seu p r o p r i o i n t e -
resse, e n c a r r e g o u a u m dos seus mais sabios e n g e n h e i r o s ,
il/. Ficai, da direccào das ponti;» e calcadus de l o d o o r e i -
n o , t e n d o porém p o r p r i m e i r a obrigacào o visitar todos os
t e r r e n o s p a r a reconhecer onde se podera d e s c o b r i r c a i , e f a -
zer as experiencias nccessarias para obtcl-a de m e l h o r qua-
l i d a d e , e d o m e n o r preco possivcl.
Eis pois u m e n g e n h e i r o percebendo p o r este u n i c o servi-
co mais de 5:000#000 r s . (15:000 f r a n c o s ) de o r d e n a d o ,
além das despesas das viagens, eas s o m m a s nccessarias para
as experiencias postas à sua disposicào : mas a q u i o n d e os
p o u c o s engenheiros sào m u i t o i n f e r i o r m e n t e p a g o s , exìgc-
se-lhes t o d a a q u a l i d a d e de servicos, fa/endo elles à sua cos-
t a m u i t a s vezes dispendiosa» experiencias d o q u e desejào
p o r e m p r a t i c a , e ao passo q u e nào se enconlrào as c o r n i n o -
d i d a d e s das viagens da E u r o p a , é o e n g e n h e i r o o b r i g a d o a
pagar c o m sua saude e forcas os i n c o m n i o d o s de suas e x c u r -
fcòes, c a s o l f r e r insanos t r a b a i h o s no e s l u d o de q u a l q u e r p e -
q u e n o p r o j e c t o , sem q u e ao m e n o s as m a i s das vezes p a r t i c i -
p e d o prazer de ver executados seus p r o j e e t o s : teria m u i t o
q u e dizer a cerca d i s t o , m a s c u m p r e t e r m i n a r .este esc r i t o .
Achao-sc m u i t a s e ricas m i n a s o u p e d r e i r a s u o t e r r i t o r i o
APPENDICE. . 215
FIM DO TOMO V-
*?AC. KOT. UHBAS. BEH DB. EMENDA».
7 W 19 corge cargo
8 » a* Poscoal Paacoal
30 il meno» morraria, de menos morraria
(
co 8 no arbitrio ao arbitrio
61 n SO deslreM dexferidade
65 32 egrpstiwimua ag realissima
71 5 1720 172A
80. 2* por-itao por Isso
od SS possoas. peawwt
«01 n 11 Frauda Franga
103 50 felli feiin,
»» 21 companhia companhia,
103 j eslrangciroj eatrdiigeiros,
146 4 Com denoniinacflc* pdlaa dcnoroioacSea
tao 23 23u. 230- de longit.
»» 30 de Hcspanba da Hespanlia
ISO SI o illustre Ifnmboldt o profuodo Humboldt
162 » 21 oli. e Mem. de Lue, cit. e M. de Lue
164 2, 6, 18 2«. 5*.
18* »• «, K 4<*. 8°.
207 38 Amorfe. Airaorea.
INDICE
BAS MATEMAS MAIS IKTEBESSAKTES.
Companhia de dragòes 79
*9
TOMO V.
218 INDICE.