Está en la página 1de 18

REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
EBENEMAR

TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTO DESCRITIVO

Luanda, 2022.

0
EBENEMAR

TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTO DESCRITIVO

Classe: 7ª.
Turno: Tarde.
Turma: A.

Integrantes:
Ariete;
Domingas;
Fortunato
Isaura;
Joelma;
Joice Teixeira;
Jones Neto;
Jossane;
Olívio.

Docente
______________________________
Francisco Filipe Cariato.

Luanda, 2022.

1
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
DESENVOLVIMENTO.................................................................................................................4
1. Noção de Tipo Descritivo....................................................................................................4
1.1. Texto descritivo............................................................................................................9
2. Características Linguísticas da Descrição............................................................................9
3. Textos Descritivos..............................................................................................................11
3.1 Textos descritivos não-literários.................................................................................11
2.2 Textos descritivos literários............................................................................................11
4. Características do Texto Descritivo...................................................................................13
4.1 Texto descritivo objetivo e subjetivo..........................................................................13
4.2 Estrutura......................................................................................................................14
CONCLUSÃO..............................................................................................................................16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................17

2
1.1. INTRODUÇÃO

Vamos abordar o texto descritivo, sob o ponto de vista da sua produção e funcionamento
discursivo, com base na ideia de que um texto se define pela sua finalidade situacional - todo o
acto de linguagem tem uma intencionalidade e submete-se a condições particulares de produção,
o que exige do falante da língua determinadas estratégias de construção textual.
Em cada texto, portanto, podem combinar-se diferentes recursos (narrativos, descritivos,
dissertativos), em função do tipo de interacção que se estabelece entre os interlocutores. Nesse
contexto teórico, o texto descritivo identifica-se por ter a descrição como estratégia
predominante.

3
DESENVOLVIMENTO

2.1. Noção de Tipo Descritivo

O tipo descritivo vai se caracterizar por trazer a localização do objeto de descrição (não
obrigatoriamente), características (cores, formas, dimensões, texturas, modos de ser, etc.) e/ou
componentes ou partes do “objeto” descrito.

O tipo descritivo tem relacionadas a ele algumas espécies que se caracterizam por
aspectos de conteúdo, às vezes em conjugação com aspectos formais:

a) segundo a tradição dos estudos tipológicos (classificatórios) de textos, na descrição


objetiva o produtor do texto se guia exclusivamente pelo objeto visto como algo exterior ou não
ao falante, ou seja, o conteúdo são a localização, as características e componentes ou partes do
objeto de descrição sem interferência do estado emocional, afetivo, psicológico de quem diz,
enquanto na descrição subjetiva tem-se o tipo de informação própria do tipo descritivo
(localização, características, partes ou elementos) fundida a uma expressão dos sentimentos,
afetividade e estados psicológicos daquele que diz;

b) a descrição estática tem como conteúdo dizer como são objetos e seres, já a dinâmica
caracteriza movimentos, eventos (uma dança, uma tempestade, uma festa), dizendo como são.
Dizer como algo é constitui o objetivo da descrição, como veremos adiante;

c) Travaglia (1991, p.225, 234-237) propôs a distinção de duas espécies de descrição: a


comentadora e a narradora. A narradora se refere sempre a um exemplar único do elemento
descrito (acontecimento, ser, coisa, objeto, etc.) e a comentadora se refere sempre a uma classe
de elemento descrito. Por exemplo, uma descrição narradora diria como foi a festa de casamento
de minha filha, enquanto uma descrição comentadora diria como são as festas de casamento em
geral em qualquer lugar ou época ou pelo menos em uma dada sociedade.

Na verdade, o uso de conectores e de tipos de relações entre cláusulas tem se revelado


ligado ao tipo de texto:

a) nos descritivos predominam os conectores de conjunção, somando as características


que formam o “quadro” resultante da descrição e aparecem também os de contrajunção,

4
permitindo a oposição de características para o mesmo fim (Ela é bonita, mas um pouco
deselegante);

Segundo Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a representação verbal de um objecto


sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos
pormenores que o individualizam, que o distinguem."

Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços
mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão dominante e
singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exactidão e minúcia na descrição.

Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções
na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objecto, enfim, o que o autor
julgar necessário para dar mais consistência ao texto. Pode também ter a finalidade de ambientar
a história, mostrando primeiro o cenário, como acontece no texto abaixo:

"Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de apartamentos. Onde antes
eram cinco românticas casinhas geminadas, hoje instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala
vejo a varandas (estilo mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, não mais. E
foi numa dessas varandas que o facto se deu." (Mário Prata. 100 Crónicas. São Paulo, Cartaz
Editorial, 1997).

Inserindo-se numa abordagem mais geral sobre os mecanismos de elaboração textual,


com base nos conceitos de coesão e coerência, o trabalho pedagógico de leitura e produção do
texto de base descritiva deve partir dos seguintes pontos:

a) O texto de base descritiva tem como objectivo oferecer ao leitor /ouvinte a


oportunidade de visualizar o cenário onde uma acção se desenvolve e as personagens que dela
participam;

b) A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos romances, nas
novelas, nos contos, nos poemas) como em outros tipos de textos (nas obras técnico-científicas,
nas enciclopédias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas);

5
c) A descrição pode ter uma finalidade subsidiária na construção de outros tipos de texto,
funcionando como um plano de fundo, o que explica e situa a acção (na narração) ou que
comenta e justifica a argumentação;

d) Existem características linguísticas próprias do texto de base descritiva, que o


diferenciam de outros tipos de textos;

e) Os advérbios de lugar são elementos essenciais para a coesão e a coerência do texto de


base descritiva, permitindo a localização espacial dos cenários e personagens descritos;

f) O texto descritivo detém-se sobre objetos e seres considerados na sua simultaneidade, e


os tempos verbais mais frequentes são o presente do indicativo no comentário e o pretérito
imperfeito do indicativo no relato.

A descrição tem sido normalmente considerada como uma expansão da narrativa. Sob
esse ponto de vista, uma descrição resulta frequentemente da combinação de um ou vários
personagens com um cenário, um meio, uma paisagem, uma colecção de objectos. Esse cenário
desencadeia o aparecimento de uma série de subtemas, de unidades constitutivas que estão em
relação metonímica de inclusão: a descrição de um jardim (tema principal introdutor) pode
desencadear a enumeração das diversas flores, canteiros, árvores, utensílios, etc., que constituem
esse jardim. Cada subtema pode igualmente dar lugar a um maior detalhe (os diferentes tipos de
flor, as suas cores, a sua beleza, o seu perfume...).

Em trabalho recente, Hamon (1981) mostra que o descritivo tem características próprias e
não apenas a função de auxiliar a narrativa, chegando a apontar aspectos linguísticos da
descrição: frequência de imagens, de analogias, adjectivos, formas adjectivas do verbo, termos
técnicos...

Além disso, o autor ressalta a função utilitária desempenhada pela descrição face a
qualquer tipo de texto do qual faz parte: "descrever para completar, descrever para ensinar,
descrever para significar, descrever para arquivar, descrever para classificar, descrever para
prestar contas, descrever para explicar."

6
No texto dissertativo, por exemplo, a descrição funciona como uma maneira de comentar
ou detalhar os argumentos contra ou a favor de determinada tese defendida pelo autor. Assim,
para analisar o problema da evasão escolar, podemos utilizar como estratégia argumentativa a
descrição detalhada de salas vazias, corredores vazios, estudantes desmotivados, repetência.

Numa descrição, quer literária, quer técnica, o ponto de vista do autor interfere na
produção do texto. O ponto de vista consiste não apenas na posição física do observador, mas
também na sua atitude, na sua predisposição afectiva em face do objecto a ser descrito. Desta
forma, existe o ponto de vista físico e o ponto de vista mental.

a) Ponto de vista físico

É a perspectiva que o observador tem do objecto; pode determinar a ordem na


enumeração dos pormenores significativos. Enquanto uma fotografia ou uma tela apresentam o
objecto de uma só vez, a descrição apresenta-o progressivamente, detalhe por detalhe, levando o
leitor a combinar impressões isoladas para formar uma imagem unificada. Por esse motivo, os
detalhes não são todos apresentados num único período, mas pouco a pouco, para que o leitor,
associando-os, interligando-os, possa compor a imagem que faz do objecto da descrição.

Observamos e percebemos com todos os sentidos, não apenas com os olhos. Por isso,
informações a respeito de ruídos, cheiros, sensações tácteis são importantes num texto
descritivo, dependendo da intenção comunicativa. Outro factor importante diz respeito à ordem
de apresentação dos detalhes.

Texto - Trecho de conversa informal (entrevista)

"Vamos ver. Bom, a sala tem forma de ele, apesar de não ser grande, né, dá dois
ambientes perfeitamente separados. O primeiro ambiente da sala de estar tem um sofá forrado de
couro, uma forração verde, as almofadas verdes, ladeado com duas mesinhas de mármore, abajur.
Depois então no outro, no alongamento da sala há uma mesa grande com seis cadeiras com um
abajur em cima, um abajur vermelho. A sala é toda pintadinha de branco ..."

Neste trecho da entrevista, a informante descreve a sala, nomeando as peças que


compõem os dois ambientes, reproduzidos numa sequência bem organizada. A localização da
mobília é fornecida por meio de diversas expressões de lugar, como em frente, defronte, à
esquerda, em cima, que ajudam a imaginar com clareza a distribuição espacial. Há uma

7
preocupação da informante em fazer o nosso olhar percorrer a sala, dando os detalhes por meio
das cores (verde, areia, preto, vermelhas), do tamanho ( televisão enorme, poltroninhas,
mesinhas, sala pintadinha).

É também interessante observar que essa informante deixa transparecer as suas


impressões pessoais, como por exemplo ao usar o adjectivo horrorosa, para falar da televisão e
pintadinha, no diminutivo, referindo-se com carinho à sua sala de estar e de jantar.

b) ponto de vista mental ou psicológico

A descrição pode ser apresentada de modo a manifestar uma impressão pessoal, uma
interpretação do objecto. A simpatia ou antipatia do observador pode resultar em imagens
bastante diferenciadas do mesmo objecto. Deste ponto de vista, dois tipos de descrição podem
ocorrer: a objectiva e a subjectiva. A descrição objectiva, também chamada realista, é a
descrição exacta, dimensional. Os detalhes não se diluem, pelo contrário, destacam-se nítidos em
forma, cor, peso, tamanho, cheiro, etc.

Este tipo de descrição pode ser encontrado em textos literários de intenção realista (por
exemplo, em Euclides da Cunha, Eça de Queiroz, Flaubert, Zola), enquanto em textos não-
literários (técnicos e científicos), a descrição subjectiva reflecte o estado de espírito do
observador, as suas preferências. Isto faz com que veja apenas o que quer ou pensa ver e não o
que está para ser visto. O resultado dessa descrição é uma imagem vaga, diluída, nebulosa, como
os quadros impressionistas do fim do século passado. É uma descrição em que predomina a
conotação.

"Ao descrever um determinado ser, tendemos sempre a acentuar alguns aspectos, de


acordo com a reacção que esse ser provoca em nós. Ao enfatizar tais aspectos, corremos o risco
de acentuar qualidades negativas ou positivas. Mesmo usando a linguagem científica, que é
imparcial, a tarefa de descrever objectivamente é bastante difícil. Apesar dessa dificuldade,
podemos atingir um grau satisfatório de imparcialidade se nos tornarmos conscientes dos
sentimentos favoráveis ou desfavoráveis que as coisas podem provocar em nós. A consciência
disso habilitar-nos-á a confrontar e equilibrar os julgamentos favoráveis ou desfavoráveis.

Um bom exercício consiste em fazer dois levantamentos sobre a coisa que queremos
descrever: o primeiro, contendo características tendentes a enfatizar aspectos positivos; o
segundo, a enfatizar aspectos negativos.

8
3.1. Texto descritivo

Angola situa-se na costa do Atlântico Sul da África Ocidental, entre a Namíbia e


o Congo. Também faz fronteira com a República Democrática do Congo e a Zâmbia, a oriente.
O país está dividido entre uma faixa costeira árida, que se estende desde a Namíbia até Luanda,
um planalto interior úmido, uma savana seca no interior sul e sudeste, e floresta tropical no norte
e em Cabinda. O rio Zambeze e vários afluentes do rio Congo têm as suas nascentes em Angola.
A faixa costeira é temperada pela corrente fria de Benguela. Existe uma estação das chuvas
curta, que vai de Fevereiro a Abril. Os verões são quentes e secos, os invernos são temperados.
As terras altas do interior têm um clima suave com uma estação das chuvas de Novembro a
Abril, seguida por uma estação seca, mais fria, de Maio a Outubro. As altitudes variam, em
geral, entre os 1.000 e os 2.000 metros. As regiões do norte e Cabinda têm chuvas ao longo de
quase todo o ano.

1.1.1 Gêneros de textos descritivos:

Diários;

Relatos de viagem;

Biografias;

Anúncios de classificados;

Listas;

Cardápios;

Notícias;

Currículos.

Exemplo de texto descritivo

Vende-se casa 3 quartos, sala, cozinha e W.C, com um pequeno quintal nos fundos e garagem
com vaga para dois carros).

9
4.1. Características Linguísticas da Descrição

O enunciado narrativo, por ter a representação de um acontecimento, fazer-


transformador, é marcado pela temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação, é atemporal.

Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semânticas encontradas no texto


que vão facilitar a compreensão: Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de
propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no presente e no imperfeito do
indicativo (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).

a) Enfâse na adjectivação para melhor caracterizar o que é descrito;

Exemplo:

"Era alto , magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito.
O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no
alto; tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto
lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto,
caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha
no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio. "(Eça de Queiroz - O Primo
Basílio).

a) Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesias).

Exemplos:

"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo
como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e
saltitante que lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue."
(José de Alencar - Senhora),

b) Uso de advérbios de localização espacial.

Exemplo:

"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente,
uma grade de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que

10
devia ter uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido
de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que
ia dar no quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça ..." (Entrevista
gravada para o Projeto NURC/RJ)

Fica evidente que esse "passeio" pelo cenário, feito como se tivéssemos nas mãos uma
câmara cinematográfica, registando os detalhes e compondo com eles um todo, deve obedecer a
um roteiro coerente, evitando idas e vindas desconexas, que certamente perturbam a organização
espacial e prejudicam a coerência do texto descritivo.

5.1. Textos Descritivos

Conforme o objectivo a alcançar, a descrição pode ser não-literária ou literária. Na


descrição nãoliterária, há maior preocupação com a exactidão dos detalhes e a precisão
vocabular. Por ser objectiva, há predominância da denotação.

5.1Textos descritivos não-literários

A descrição técnica é um tipo de descrição objectiva: ela recria o objecto usando uma
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever aparelhos, o seu
funcionamento, as peças que os compõem, para descrever experiências, processos, etc.

Exemplo:

a) Folheto de propaganda de carro:

Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o espaço interno. Os seus
interiores são amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat
Variant possuem direcção hidráulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a
climatização perfeita do ambiente.

Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode


ser ampliada para até 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. Tanque - O tanque
de combustível é confeccionado em plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras,
para evitar a deformação em caso de colisão.

11
2.2 Textos descritivos literários

Na descrição literária predomina o aspecto subjectivo, com ênfase no conjunto de


associações conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de pessoas; cenários,
paisagens, espaço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também
podem ocorrer tanto em prosa como em verso.

2.2.1 Descrição de pessoas

A descrição de personagem pode ser feita na primeira ou terceira pessoa. No primeiro


caso, fica claro que o personagem faz parte da história; no segundo, a descrição é feita pelo
narrador, que, ele próprio, pode fazer ou não parte da história.

Texto – Retrato de Mónica

Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de
família, ser chiquíssima, ser dirigente da "Liga Internacional das Mulheres Inúteis", ajudar o
marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar
muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda gente, toda gente
gostar dela, coleccionar colheres do século XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo,
comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais,
estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.

Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua
caricatura. Esquecem-se sempre do ioga ou da pintura abstracta. Por trás de tudo isto há um
trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e contente. Pode-se dizer que Mónica
trabalha de sol a sol. De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que
possui, Mónica teve de renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

Texto – Calisto Elói

Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de
sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e
dissimétrica saliência do abdómen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros
alimentos intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de
carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de

12
algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo
coisa de repulsão. (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)

A descrição de pessoas pode ser feita a partir das características físicas, com predomínio
da objectividade, ou das características psicológicas, com predomínio da subjectividade. Muitas
vezes, o autor, propositadamente, faz uma caricatura do personagem, acentuando os seus traços
físicos ou comportamentais.

Os personagens podem ser apresentados directamente, isto é, num determinado momento


da história, e neste caso a narrativa é momentaneamente interrompida. Podem, por outro lado,
ser apresentados indirectamente, por meio de dados, como comportamentos, traços físicos,
opiniões, que vão sendo indicados passo a passo, ao longo da narrativa.

Há autores que apresentam a definição como um tipo de texto descritivo. Para Othon
M.Garcia (1973), "a definição é uma fórmula verbal através da qual se exprime a essência de
uma coisa (ser, objecto, ideia)", enquanto "a descrição consiste na enumeração de caracteres
próprios dos seres (animados e inanimados), coisas, cenários, ambientes e costumes sociais; de
ruídos, odores, sabores e impressões tácteis." Enquanto a definição generaliza, a descrição
individualiza, isto porque, quando definimos, estamos a tratar de classes, de espécies e, quando
descrevemos, estamos a detalhar indivíduos de uma espécie.lização ( Domingo, 07 Agosto 200

6.1. Características do Texto Descritivo

Algumas particularidades diferenciam o texto descritivo dos demais. A utilização de


muitos substantivos, adjetivos e locuções adjetivas, que ajudam o leitor a ter uma ideia exata do
que está sendo detalhado são alguns exemplos.

Outra característica é o uso de verbos de estado, como ser, estar, permanecer, parecer,
ficar, continuar, entre outros. Além disso, a linguagem é sempre dinâmica e clara, com uso
também de figuras de linguagem, comparações e enumerações. Nesse tipo de texto também são
pontuados detalhes físicos, como altura, textura, peso, comprimento, dimensões, clima, função,
como também aspectos psicológicos e comportamentais, como personalidade, caráter e humor.

Quando se descreve objetos, por exemplo, é feita uma descrição física, mas pode ser
também sensorial, relacionada ao tato e olfato. No caso dos pormenores de um local, além das

13
características físicas, podem ser detalhados o ambiente econômico, político ou social. Já no
caso de texto descritivo sobre pessoas, é possível retratar tanto os detalhes físicos, como os
psicológicos.

6.1Texto descritivo objetivo e subjetivo

A descrição pode ser objetiva e subjetiva. No primeiro caso, ela é feita de maneira
realista, sem juízo de valor ou opinião do autor. A linguagem é direta, clara e denotativa. No
texto descritivo subjetivo, a opinião do autor e suas impressões se sobressaem ao descrever um
objeto, acontecimento ou pessoa, o que dá ao texto um cunho pessoal. É utilizada uma
linguagem conotativa e metafórica.

Para facilitar o entendimento, observe abaixo um exemplo de texto descritivo subjetivo:

“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta,
bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com
um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil
bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa
acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos
davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz).

6.2Estrutura

A estrutura de um texto é composta de três partes:

Introdução: é a primeira parte do texto, quando o autor apresenta o que será descrito.

Desenvolvimento: nesse momento, como o próprio nome diz, a descrição se desenvolve,


com detalhes pormenorizados.

Conclusão: é a última parte e encerra a descrição do objeto, pessoa, lugar ou situação


abordada.

Exemplos

Descrição Subjetiva

14
“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda
preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco
desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça
pequenina, de per¦l bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo
encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis
de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz)

Descrição Objetiva

"A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marília, era magra, alta
(1,75), cabelos pretos e curtos; nariz ¦no e rosto ligeiramente alongado."

15
CONCLUSÃO

Concluímos que um enunciado descritivo, portanto, é um enunciado de ser. A descrição


não é um objecto literário por princípio, embora esteja sempre presente nos textos de ficção, ela
encontra-se nos dicionários, na publicidade, nos textos científicos.

Texto descritivo é aquele que detalha de maneira pormenorizada os aspectos de um


determinado lugar, acontecimento, pessoa, objeto ou animal. O objetivo do autor é justamente
transmitir as impressões, qualidades, sensações, características e observações sobre aquilo que
está sendo detalhado.

Reportagens, biografias, listas de compras, relatos históricos ou sobre viagens, anúncios


de classificados e currículos são alguns exemplos de textos descritivos, que possuem
características bem diferentes dos demais tipos textuais (narração, descrição, injunção e
argumentação).

16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Travaglia, C. O aspecto verbal no português: a categoria e sua expressão. Uberlândia: Editora da


Universidade Federal de Uberlândia, 1981.

- Um estudo textual-discursivo do verbo no português. 1991. 330, 124 f. Tese (Doutorado


em Lingüística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas,

Campinas, 1991.

Diana, D. Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e


Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014.
Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-

line.

17

También podría gustarte