Está en la página 1de 361

KEYWORDS

ENSAYO
CITA
FRASE
FENOMENOLOGÍA DEL FIN

Sensibilidad y mutación conectiva


Berardi, Franco
Fenomenología del fin: sensibilidad y mutación conectiva
Franco Berardi - la ed. Ciudad Autónoma de Buenos
Aires: Caja Negra, 2017.
360 p.; 20 X 13 cm.

Traducción de Alejandra López Gafarielidís


ISBN 978-987-1622-56-6

1 . Ensayo Filosófico. 2. Tecnología. I. López Gabrielidis,


Alejandra, trad. II. Título.
CDD 142.7

Título original: And. Phenomenology of the End


(The MIT Press)

© Franco Berardi, 2016


© Caja Negra, 2017

Caja Negra Editora


3ple

Js

Buenos Aires / Argentina


pJa 0 1

:s
a, info@cajanegraeditora.com.ar
— I
eu-u a& lvu

'U
3 o5

"'
~·ιΐ 9 -Β J

www.cajanegraeditora.com.ar
ß su ä

·-

>'
S J O d up

-, -- '-
np 2daJ-ep

IJÄUP

Dirección Editorial:
3eE 3= 0 s d

9e

0-
Diego Esteras / Ezequiel Fanego
/ eupua&iv u a o s a ld E I

--
us n -- s E

'
0 Producción: MaLena Rey
--
'o :s

Diseño de Colección: Consuelo Parga
:E
OJd

'u Maquetación: Julián Fernández Mouján


131^οιρ^Η

ep n

J;, Revision de traducción: Lourdes López Gabrielidi


oB s

1
', Corrección: Sofía SteL y Cecilia Espósito
a,
c,
FRANCO "BIF〇〃 BERARDI

FENOMENOLOGÍA DEL FIN

Sensibilidad y mutación conectiva

Traducción / A lejandra L ópez G abrielidis


IN D IC E

9 Prólogo: ¿El fin de qué?

15 Introducción: Concatenación,
conjunción y conexión

37 Parte 1 : La sensibilidad

39 1 . La info esfera sensitiva

67 2. La piel global: u n mosaico transidentitario

125 3. La genealogía e stética de la globalización

157 Parte 2: El cuerpo del general intellect

159 4. Lenguaje, lím ite, exceso

193 5. Los avatares del general intellect

227 6. El efecto enjam bre

251 Parte 3: La subjetivación

253 7. Morfogénesis social y neuroplasticidad

287 8. Lo transhum ano

313 9. El horizonte de m utación

343 10. Conciencia y evolución

351 1 1 . E lfin
Γ%
PRÓLOGO:
¿EL FIN DE QUÉ?

El títu lo de e s ta obra e n la e d ic ió n o r ig in a l e n in g lé s e s
And. Phenomenology of the end. Cuando se m e ocurrió e l
ju e g o de palabras e n tr e and [y] y end [fin ], m e p a reció ta n
d ivertid o q ue d esca rté e l t ítu lo p ro v isio n a l p revio (Conjun­
ción. Conexión, Sensibilidad), a u n q u e fu e s e m ás fá c il d e in ­
terp retar y com prender. De h e c h o , e s te lib ro e s tá d ed icad o
a la m u ta ció n q u e e s tá e x p er im en ta n d o la se n sib ilid a d y la
se n sitiv id a d 1 en la a c tu a l tr a n sic ió n te c n o ló g ic a .
D e sa fo rtu n a d a m e n te , e l ju e g o d e p alab ras n o p ud o
co n serv a rse e n la p r e s e n te tr a d u c c ió n a l id io m a e s p a ñ o l,
por lo q u e la tra d u cto ra , e l e d ito r y y o d e c id im o s lla m a rlo
Fenomenología del fin. D esca rta m o s la c o n ju n c ió n and d el
in g lé s , y a q u e e n e s p a ñ o l y n o fu n c io n a b a t a n b ie n .
Es u n a lá stim a . De to d a s form as, e l le c to r querrá sab er
e l porqué detrás d el título Fenomenología del fin. ¿El fin de

1 .El término sensitividad será explicado en la Introducción de este libro.


Ver página 17.
qué? N ada e s tá lle g a n d o a su fin e n realid ad; m ás b ie n se
e s tá d iso lv ie n d o e n e l aire y so b re v iv ie n d o e n u n a form a
d ife r e n te , bajo a p a rien cia s m u ta d a s. E ste lib ro tra ta sob re
la in te rm in a b ilid a d , sob re la in fin ita e x tin c ió n a sin tó tic a
de tod o: e l p ro ce so de d ev en ir o tro .
A l fin a l d e l d ía (s í, s í, cu a n d o te r m in a e l d ía y lle g a
la n o c h e ), e s u n lib ro acerca d e la d is o lu c ió n de la c o n ­
c e p c ió n m od ern a d e h u m a n id a d . El c e n tr o de m i a te n c ió n ,
a q u í, e s la e x tin c ió n d e l h om b re o la m ujer h u m a n is ta . Los
h om b res y la s m ujeres a ú n e s tá n a q u í, v iv ie n d o , m a ta n ­
d o , su fr ien d o , in te rc a m b ia n d o b ie n e s y h a c ie n d o e l am or
com o a n te s de la filo s o fía p o sth u m a n ista . Pero a lg o h a
cam b iado p ro fu n d a m e n te e n su m irada, e n su c o m p o rta ­
m ie n to y (so sp e c h o q u e ) ta m b ié n e n su s s e n tim ie n to s , e n
la m anera e n la q u e s ie n t e n y s e p erc ib en a sí m ism o s.
No e s t o y h a b la n d o ú n ic a m e n te de u n ca m b io s o c io ­
ló g ic o : lo s a u to m ó v ile s h a n ca m b ia d o d r a m á tic a m e n te e l
p a isa je u rb an o y lo s t e lé f o n o s c e lu la r e s e s t á n ca m b ia n d o
la m a n era e n la q u e la s p e r s o n a s c a m in a n p o r la c a lle y
s e r e la c io n a n c o n lo c ir c u n d a n te y lo le ja n o . Pero e s to
so lo su c e d e a n iv e l s u p e r fic ia l. Yo e s t o y h a b la n d o de a lg o
m ás ín tim o y f u n d a m e n ta l, q u e r e s u lta d ifíc il de c o m ­
p ren d er. La m u ta c ió n d ig it a l e s tá in v ir tie n d o la m a n era
e n la q u e p er c ib im o s n u e s tr o e n to r n o y ta m b ié n la m a­
n era e n la q u e lo p r o y e c ta m o s. No in v o lu c r a ú n ic a m e n te
n u e s tr o s h á b ito s , s in o q u e a f e c ta , a la v e z , n u e s tr a s e n ­
s ib ilid a d y s e n s itiv id a d .
R ecuerdo q u e e l p rim er p r e s e n tim ie n to q u e tu v e de
e s te lib ro ocu rrió ca m in a n d o b ajo la s arcadas de B o lo ñ a ,
cu a n d o de r e p e n te v i e l b rillo de u n c a r te l q u e d ecía " and”.
La c o n ju n c ió n . Me im a g in e cu er p o s to c á n d o s e y c o n ju g á n ­
d o se, ca ricias, p érd id a s e n su a l de la id e n tid a d , c o n fu sió n
de in d is tin c ió n , fu sió n y m ix tu ra físic a : c o m p o sic ió n q u í­
m ica d e l cu erp o so c ia l.
La p rin cip a l ra z ó n p or la c u a l q u ise escrib irlo fu e e l
d e se o de d escrib ir e l cam b io e n la p e r c e p c ió n e r ó tic a , que
P R O L O G O : ¿ EL FI N DE

h a m o d ifica d o la c o m u n ic a c ió n e n tr e lo s cu e r p o s s e n s i­
b le s e n e l c o n te x to de la a c tu a l m u ta c ió n d ig ita l. C om encé
escr ib ien d o sob re la p ie l, lu e g o e x p a n d í e l cam p o d e m i
a te n c ió n e in c lu í e l a rte d en tr o de m i fe n o m e n o lo g ía d el
fin . El a r t e t e n e f e c t o , p u e d e se r co n sid er a d o com o u n a
e s p e c ie de in d icad or, de a n te n a para la d e te c c ió n d e lo s
ca m b io s q u e ocu rren e n la e sfe r a in v is ib le de la s e n s i­
b ilid a d h u m a n a . ¿Cómo e s tá cam b ia n d o n u e str a ca p a c i­
dad para d e te c ta r s ig n o s e n la in fo e s fe r a q u e n o s rodea?
¿Cómo e s tá cam b ian d o n u e str a h a b ilid a d para in te r p r e ta r
la form a de la s n u b es: so n r is a s, in s in u a c io n e s , m ir a d a s...?
Lo in d e fin ib le , lo q ue e s tá m ás a llá de la lín e a de la
d efin ició n y de la d iscr im in a c ió n clara: e s to e s lo e s e n c ia l­
m en te h u m an o e n e l m un do h u m a n ista q u e y o c o n o cía ,
h ab ita b a y am aba y e n e l q u e h a b ía crecid o . L u ego, e n u n
d eterm in ad o m o m en to de m i v id a , m e d i c u e n ta d e q u e
esta b a u n p o co fuera de fo c o , q ue y a n o era ca p a z de e n ­
ten d e r algo m uy s u til y al m ism o tie m p o e s e n c ia l com o e l
sig n ifica d o de u n g e s to q u e p u e d e ser o b ie n u n a in v ita ­
c ió n , o b ie n u n rech a zo .
La se n sib ilid a d e s la fa cu lta d q ue h a ce p o sib le la in te r ­
p reta ció n de lo s s ig n o s q ue n o p u e d e n d efin irse co n p re­
cisio n e n térm in o s verb a les. El su p u e sto fu n d a m e n ta l d el
libro q u e e s to y in tr o d u cien d o aq u í se refiere a la d ife re n c ia
in fin ite s im a l e in d isce r n ib le q ue so lo la e x p e r tic ia e n la
co n ju n ció n p u ed e d etecta r. ¿Están lo s h u m a n o s p erd ien d o
e s ta h ab ilid ad ä m ed id a q u e su co m u n ic a ció n p a sa cada v e z
m en os por la co n ju n c ió n de cu erp o s y cad a v e z m ás por la
c o n e x ió n de m aq u in a s, se g m e n to s, fra g m en to s sin tá c tic o s
y m ateria se m á n tica r
Mi r e sp u e sta t e n ta t iv a e s q u e s í. E stam os p e r d ie n ­
do algo q u e n i siq u ie r a so m o s c o n s c ie n te s d e te n e r (q u e
sab em os p e r fe c ta m e n te q u e t e n e m o s , sin siq u ie r a te n e r
q ue p en sa r e n e llo ) . E stam os p erd ie n d o la ca p a cid a d para
d e te c ta r lo in d e te c ta b le , para le e r lo s s ig n o s in v is ib le s y
para s e n tir lo s s ig n o s de su fr im ie n to o de p la cer d e l o tro .
E sta e s la in d e sc r ip tib le c a tá str o fe de la q ue h ab lo
aq u í, q ue m e h a a co m p a ñ a d o d u ra n te lo s a ñ o s de tr a n si­
c ió n d esd e m i fe r v ie n te co m p ro m iso p o lític o e n m i j u v e n ­
tu d a lo s a ñ o s de se n ilid a d q u e n o p u e d o d efin ir p orq ue
te n g o p rob lem a s para m irarm e a m í m ism o d e sd e afu era.
Com encé a escribir e s te libro e n e l añ o 1 9 9 6 , cu ando la
ex p lo sió n de la rev o lu ció n d ig ita l n o era algo in esp erad o.
D urante a ñ o s, h a b ía se g u id o la cibercultu ra y le íd o la s n o v e ­
la s de W illiam G ibson y la rev ista Wired, y t e n ía a m igos que
trabajaban en e l n e g o c io d el softw are q ue m e m a n ten ía n a c­
tu a liza d o resp ec to de la s c o n sta n te s in n o v a c io n e s té c n ic a s.
En 1 9 9 4 , trabajé para e l C onsorzio U n iv e r sity C ittä de
B oloñ a y ju n to a Oscar M archisio, Elda C rem onini y Lúea
S o ssella o rg a n ic é Cibernauti, e l prim er en c u e n tr o sob re In ­
te r n e t celebrado e n Europa. En e s e m o m e n to , to d o giraba
en to rn o al lad o p o sitiv o de la e x p a n sió n de In te r n e t, la
ex p a n sió n in te le c tu a l y p o lític a de la s p o sib ilid a d e s h u m a ­
n a s. Progreso en riq u eced o r, p o te n c ia m ie n to de la s ca p a ci­
d ades de c o n o c im ie n to .
En lo s a ñ o s q u e sig u ie r o n , e n te n d í p o c o a p o c o q ue
la p e r s p e c tiv a de la e x p a n sió n in te r m in a b le de la red v in ­
cu lad a a la p e r s p e c tiv a de la g lo b a liz a c ió n e c o n ó m ic a no
c o n s titu ía u n p ro ce so p ro g re siv o e n sí m ism o . M uchas p e r ­
so n a s de m i g en e r a c ió n q ue s e so r p r en d ie ro n y fa sc in a r o n
co n la re v o lu ció n d ig ita l e n lo s a ñ o s o c h e n ta y p rin cip io s
de lo s n o v e n ta , lu e g o lle g a r o n a co m p ren d er la in tr ín se c a
a m b ig ü ed a d de e s te p r o c e so . M uchos de e llo s d esa r ro lla ­
ron d iscu rso s acerca de lo s p e lig r o s p o lític o s y e c o n ó m ic o s
q u e e s ta te c n o lo g ía p o d e ro sa g en er a d en tro de la e sfe r a
d e l ca p ita lism o . Pero e s t e n o era, e s p e c ífic a m e n te , m i i n ­
te r é s p rin cip a l. Mi m ayor p r e o c u p a c ió n n o c o n c e r n ía a la
e x p lo ta c ió n c a p ita lis ta de e s ta n u e v a te c n o lo g ía , sin o m ás
b ie n , in flu e n c ia d o por e l a c e r c a m ie n to e s q u iz o a n a lític o de
F élix G u attari, a su d im e n sió n a n tr o p o ló g ic a .
E v id en tem en te , la te c n o lo g ía d ig ita l, com o cu a lq u ier
otra te c n o lo g ía , e s algo am b igu o y su s p o te n c ia lid a d e s p u e -
P RÓ L O G O : ¿ EL FI N DE Q U É ?

d en ser ex p lo ta d a s en d ire cc io n e s d ife r e n te s o in c lu so c o n ­


flic tiv a s . S in em bargo, m is in t e n o g a n t e s n o se refería n al
u so so c ia l de la s p o te n c ia lid a d e s de la red. Mi p reg u n ta era,
m ás a llá de lo s u so s so c ia le s y lo s o b je tiv o s e c o n ó m ic o s de
la te c n o lo g ía e n s í m ism a: ¿q ué tip o de m u ta ció n se g en era
a partir de la im p lem e n ta c ió n de la te c n o lo g ía d ig ita l e n la
v id a co tid ia n a ? E ste in te r r o g a n te s e d irig ía , e s e n c ia lm e n te ,
a la s v a ria cio n es q ue se p ro d u cen a n iv e l de la c o g n ic ió n , la
p ercep ció n y la se n sib ilid a d p or e l h ech o d e h a b ita r e n u n
en torn o d ig ita l la m ayor p a rte de n u e str a s v id a s.
El prim er borrador de e s t e lib ro lo e sc r ib í e n ita lia n o
en tre lo s a ñ o s 1 9 9 6 y 2 0 0 1 . L uego m e d is ta n c ié , arrastrado
por otras p reo c u p a cio n e s, y d ejé de la d o e s t e t e x t o sob re
la co n ju n c ió n y la c o n e x ió n . E staba a to rm en ta d o p or la
derrota p o lític a de la n u e v a g e n e r a c ió n de trab ajad ores,
por la p reca riza ció n y e l su r g im ie n to de n u e v a s form as
de a g resiv id a d p o lític a y r e lig io sa . Pero, fin a lm e n te , co m - ,
p ren d í q u e la s re sp u e sta s a m u c h o s de m is in te r r o g a n te s 3
p o lític o s y c u ltu r a le s s e h a lla b a n en e s t e d e sp la z a m ie n to '
de la conjunción h a cia la conexión.
Me d i c u e n ta de q u e e l a c tu a l d e sm a n te ta m ie n to de la
c iv iliz a c ió n m od ern a , la p ro g re siv a im p o te n c ia y la p ro p a ­
g a ció n de la v io le n c ia y la lo c u r a d e l fu n d a m e n ta lism o y e l
racism o n o p u e d e n co m p ren d erse e n su j u s ta m ed id a si n o
te n e m o s e n c u e n ta la m u ta c ió n a n tr o p o ló g ic a q u e se h a
prod ucido e n la se n sib ilid a d y en la s e n s itiv id a d y , por lo
ta n to , e n la h a b ilid a d de p ercib ir e l cu erp o d e l o tro com o
u na e x t e n s ió n v iv a de m i p ro p io cu er p o .
Si s e q u iere, e s t e e s u n o d e m is lib ro s m e n o s p o lític o s .
Aquí n o so lo h a b lo de lo s trab ajad ores y d el c a p ita l, de la
guerra y lo s m o v im ie n to s s o c ia le s . H ablo de la p ie l, d e l
sex o y de la v is io n . Pero, a l fin y al ca b o , y o d iría q u e e s te
libro es m i m anera de co m p ren d er e l sig n ific a d o ín tim o de
m i a ctiv id a d so c ia l y xni trab ajo te ó r ic o .

25 de j u lio de 2 0 1 6
INTRODUCCIÓN:
CONCATENACIÓN, CONJUNCIÓN
Y CONEXIÓN

Un rizoma no empieza ni acaba, siempre está en el medio,


entre las cosas, inter-ser, intermezzo. El árbol es filiación,
pero el rizoma tiene como tejido la conjunción y... yr,.
En esta conjunción hay fuerza suficiente para sacudir
y desenraizar el verbo ser. [... Y para] instaurar una lógica
de la Y [AND], derribar la ontología, destruir el fundamento,
anular fin y comienzo.
Gilles Deleuze y Félix Guattari, Mil mesetas.
Capitalismo y esquizofrenia

LA METÁFORA DEL RIZOMA

En u n rizo m a n o h a y p r in c ip io n i fin , s e g ú n D e le u z e y
G uattari, q u ie n e s p r o p u sie ro n q u e v e m o s la rea lid a d com o
u n rizom a in fin it o , e s d ecir, com o u n a c o n c a te n a c ió n
ab ierta d e c o n ju n c io n e s : y . . . y . . . y . . .
E sta e s la ra z ó n p or la q u e escrib o e s ta fe n o m e n o lo ­
g ía d e l fin . Pero n o h a y fin . Para a lg u n o s e s ta afirm a ció n
p u e d e ser u n a f u e n t e de in fin ita e sp e r a n z a , para o tr o s,
u n a fu e n te de in a g o ta b le d e se sp e r a n z a . A m b os e sta r ía n
eq u iv o ca d o s.
Que n o se m e m a lin te r p r e te . No p r e te n d o sab er lo q ue
e s tá b ie n o lo q u e e s tá m a l. No te n g o e sp e r a n z a , n i ta m ­
p o co e s to y d ese sp e r a n z a d o . La fe n o m e n o lo g ía e s u n a t a ­
rea in fin ita , p or lo q u e la fe n o m e n o lo g ía d el fin d eb e ser,
a sim ism o , u n a ta r e a in te r m in a b le .
D ecid í dejar d e escrib ir e s te lib ro , e n e s t e p u n to , p o r­
q u e m i v id a n o e s in te r m in a b le y m e e s to y a cercan d o a su
fin . A un a sí, s é q u e n o dejaré de co n c a te n a r : y , y, y.
En 1 9 7 7 , e l a ñ o de la p r e m o n ic ió n , D e le u z e y G uattari
escr ib iero n u n p e q u e ñ o t e x to llam ad o Rizoma, q ue m ás
tard e fu e p u b lica d o com o in tr o d u c c ió n de Mil mesetas. En
e s e a ñ o , lo s m o v im ie n to s so c ia le s, la cu ltu r a p u n k y la
im a g in a c ió n d istó p ic a det a rte y la lite r a tu r a a n u n cia b a n ,
en gran m ed id a , la m u ta c ió n q ue ah ora e s ta m o s p r e s e n ­
cian d o y a tra v e sa n d o . U n a m u ta c ió n q u e s e h a in filtra d o
en e l a m b ie n te te c n o ló g ic o , e n la s r e la c io n e s so c ia le s y en
la cu ltu ra.
El rizom a e s , s im u ltá n e a m e n te , e l a n u n c io de u n a
tra n sfo rm a ció n d e la rea lid a d y la p rem isa para u n a n u ev a
m e to d o lo g ía d e l p e n sa m ie n to . Es ta n to u n a d esc rip ció n
de la c a ó tic a d e ste r r ito r ia liz a c ió n q u e tu v o lu g a r tra s e l
racio n a lism o m o d e rn o , com o u n a m e to d o lo g ía para la d e s­
cr ip ció n cr ítica d e l ca p ita lism o d e ste r r ito r ia liz a d o .
E ste p e q u e ñ o t e x t o de D e le u z e y G u attari p red ijo la
d iso lu c ió n d e l ord en p o lític o h ered a d o de la M odernidad
y la d esa p a ric ió n d e lo s fu n d a m e n to s ra c io n a le s e n la fi­
lo s o fía o c c id e n ta l. A l m ism o tie m p o , ab rió la v ía para u n a
n u e v a m e to d o lo g ía , q u e , e n lu g a r de la o p o s ic ió n d ia lé c ti­
ca , a d o p tó lo q u e y o d e n o m in o concatenación com o m o d e­
lo q u e p erm ite c o n c e p tu a liz a r lo s p r o c e so s c u ltu r a le s y la s
tra n sfo r m a c io n e s so c ia le s.
I N T R O D U C C I Ó N : C O N C A T EN A C I Ó N ,
C O N J U N C I Ó N Y C O N E X I ÓN

D écadas d e sp u é s d e la p u b lic a c ió n de e s t e t e x t o , la
m etá fo ra r izo m á tica p u e d e se r v is t a com o u n a m a n era de
cartografiar e l p ro ce so d e g lo b a liz a c ió n n e o lib e r a l y la
p reea riza ció n la b o ra l q u e e s t e im p lic a . Pero e lla s e refiere,
ta m b ié n , a lo in te r m in a b le de la ta r e a filo só fic a . ¿Pero
acaso t ie n e e l filó so fo a lg u n a tarea? Y, e n t a l c a s o , ¿ cu á l
sería? C artografiar e l te r r ito r io de la m u ta c ió n y forjar
la s h erra m ien ta s c o n c e p tu a le s q u e p e r m ita n o rien ta r n o s
e n e s t e ter rito rio d e ste r r ito r ia liz a d o e n c o n s ta n te cam b io:
ta le s s o n la s ta re a s d e l filó so fo e n n u e str o s tie m p o s .

FENOMENOLOGÍA DIACRÓNICA Y SINCRÓNICA

Mi m anera de abordar e l tem a de e s te lib ro , a saber: la fe n o ­


m en o lo g ía de la sen sib ilid a d e n n u e str o p r e se n te h istó rico
de m u ta ció n te c n o c u ltu r a l e s tá con figu rad a por u n a m eto - ,
d o logía rizom ática. C onsidero q ue la tra n sició n - e n c u r s o - w
de la in fo e sfer a a lfa b é tica h a cia la in fo e sfe r a d ig ita l refleja
u n d esp la za m ien to d el m od elo c o g n itiv o de c o n c a te n a c ió n
conjuntiva h a cia u n m od elo de co n c a te n a c ió n conectiva.
E ste lib ro tr a ta so b re lo s e fe c t o s q u e p ro d u ce e s te d e s ­
p la z a m ie n to e n e l ám b ito de la se n sib ilid a d e s té tic a y de
la s e n s itiv id a d 1 e m o c io n a l.
La m u tación a la q ue m e e s to y refiriendo e s diacróni-
ca. Se p resen ta com o u n a tra n sició n que se e x tie n d e a lo

1 .Traducimos el sustantivo como sensitividad -en inglés, sensitivity- para


acercarnos con justeza al concepto de Berardi, dado que este no se co-
rresponde exactamente con la idea de la "sensorialidad” propuesta por los
actuales diccionarios en español. Esta última, en español,o bien se refiere
a todos los sentidos por igual, o bien tiene una connotación más auditiva,
mientras que en inglés sensitivity tiene una connotación táctil, tangible,
y, precisamente, este es el matiz que resultará de gran importancia para
el planteo del autor, como se verá más adelante y a lo largo de toda la
obra. [N. de la T·]
largo de varias g en era cio n es h u m an as y q ue tran sform a, e n
e se p eríodo de tie m p o , lo s p atron es co g n itiv o s, lo s com por­
ta m ie n to s so cia le s y la s ex p e c ta tiv a s p sico ló g ica s. Sin em ­
bargo, e s te cam bio tie n e lugar, asim ism o, e n u n co n tex to
sin crón ico. In vestig a r e s e c o n te x to m e perm itirá describir la
co m p o sició n , lo s c o n flic to s y la c o e v o lu ció n de lo s d iferen tes
regím en es p sico cu ltu ra les q ue se acercan u n o s a otros, c o li­
sio n a n y se en trela za n e n e l proceso de g lo b a liza ció n .
El prim er eje, tem p o r a l y d ia cró n ico , de la fe n o m e n o ­
lo g ía de la se n sib ilid a d q ue e s to y in tr o d u cien d o aq u í se
refiere al p aso d el o rd en m ec á n ic o a l d ig ita l, y a lo s e fe c to s
p s ic o ló g ic o s de d ich a tr a n sic ió n . El se g u n d o eje, e sp a c ia l y
sin cr ó n ico , s e refiere a la c o e v o lu c ió n d e d ife r e n te s re g ím e­
n e s cu ltu ra les de su b je tiv a c ió n e n u n m un d o g lo b a liza d o .
En e l curso de lo s ú ltim o s tr e in ta a ñ o s, la tr a n sic ió n
d esd e la te c n o s fe r a m e c á n ic a a la d ig ita l h a p rovocad o
u n a m u ta ció n e n la te x tu r a de la e x p e r ie n c ia h u m a n a y
e n e l te jid o m ism o d e l m u n d o . El m odo c o n ju n tiv o de i n ­
te r a c c ió n so c ia l q u e h a b ía p rev a lecid o d e sd e la re v o lu c ió n
n e o lít ic a h a sid o r á p id a m e n te re em p la za d o p or u n m odo
de in te r a c c ió n c o n e c tiv o . E ste u ltim o c o m e n z ó a im p o n e r ­
s e cu an d o la s in te r fa c e s a u to m á tic a s de la s m á q u in a s d e
in fo r m a c ió n in v a d ie r o n e in er v a ro n la e sfe r a lin g ü ís tic a .
In ten taré describir e l paso de la era d el cap italism o in ­
dustrial a la era d el se m io ca p ita lism o , d esd e e l p u n to de v is­
ta d el giro de la co n ju n ció n a la c o n e x ió n , e n cu a n to m odelo
d om in an te de in te ra c ció n so cia l. Tanto la sen sib ilid a d com o
la sen sitiv id a d s e h a n v isto afecta d a s por e s te cam bio, a u n ­
que e s ta m u tació n h a tom ad o d ife re n tes form as e in te n sid a ­
des e n la s d istin ta s áreas g eo c u ltu ra les2 d el m un do. S eguiré,
en to n c e s, la s lín e a s g en erales de su g en ea lo g ía e s té tic a .

2. La palabra geocultura fue propuesta por Irit Rogoff en ^Geo-cultures: cir­


cuits of art and globalizationM, en Open 16: The art bienal as a Global Phe­
nomenon. Strategies in Neo-Political times, Roterdam, NAi Publishers, 2009.
I N T R O D U C C I Ó N : C ON C A T EN A C I Ó N ,
C O N J U N C I Ó N Y C O N E X I ÓN

Mi m ayor in te r é s e sta r á p u e s to e n la s e n sib ilid a d . A l


in v e s tig a r su d im e n sió n e s t é t ic a y e m o c io n a l m e p r o p o n ­
g o , e n e s ta s p á g in a s, d ibu jar u n m ap a fe n o m e n o ló g ic o
de la m u ta c ió n g lo b a l. Para e s t e p r o p ó sito , rastrearé lo s
e fe c to s q u e h a su sc ita d o e n la s d ife r e n te s g e o c u ltu r a s e l
d e sp la z a m ie n to d e l m od o c o n ju n tiv o a l m o d o c o n e c tiv o .
No o b sta n te, debo agregar que e s ta in v e stig a c ió n no t ie ­
ne n in g u n a p reten sió n de ex h a u stiv id a d , p u e s d esd e H usserl
sabem os que "la fen o m e n o lo g ía e s u n a tarea infinita".

SENSIBILIDAD Y CREACIÓN ぐ

La em o ció n e s u n a c o n c a te n a c ió n de c o sa s, e v e n to s y p er­
c e p c io n es in c o n e x a s. P odríam os p reg u n ta r n o s cóm o e s p o ­
sib le la c o n c a te n a c ió n e n tr e c o sa s q ue n o tie n e n c o n e x ió n .
¿E xisten filtro s y red es q ue h a c e n q u e e l org a n ism o h u - ,
m ano se a se n sib le a lo s co lo re s de la s h o ja s de o to ñ o , a ㈢
la tern u ra de u n g e s to o a l so n id o de u n a ca n ció n ? ¿Son '
la s p artes co n ca te n a d a s fra g m en to s de u n m o sa ico cu ya
u n id ad se h a perdido? ¿0 d eb eríam os ev ita r p resu p o n er u n
d isen o p r e e x iste n te e n d o n d e lo s se g m e n to s e s tá n in te g r a ­
dos y p o s e e n u n sen tid o ?
U na co n ca ten a ció n co n ju n tiv a no im p lica u n d iseñ o ori­
gin al que deba ser restaurado. La co n ju n ció n e s u n acto crea-
tivo; ella crea u n núm ero in fin ito de c o n stela c io n es que no
sig u en tas lín ea s de u n orden preconceb id o n i s e h a lla n in te ­
gradas en n in g ú n program a. A l co m ien zo d el acto co n ju n tiv o ,
no es necesario cum plir co n u n d iseñ o n i tam p oco h a y u n
m odelo en e l origen d el proceso por e l cu al em erge u n a for­
ma. La b elle za no se corresponde co n u n a arm onía escon d id a
que form a parte del e s p m tu u n iversal o de la m en te divina.
No e x iste u n código que h aya que cumplir. Por e l contrario,
la con caten ación con ju n tiv a e s u n a fu e n te de singularidad:
se trata de u n ev en to , no de u n a estructura; y e s irrepetible
porque aparece en u n p u n to ú n ic o en la red esp a cio -tiem p o .
JÍCuanto más profundicemos en la naturaleza del
tiempo; más comprenderemos que duración significa in­
vención, creación de formas, elaboración continua de lo
absolutamente nuevow, señala Bergson.3 Según él, perci­
bimos la duración como wuna corriente que no sabríamos
remontar",4 como una corriente contra la que no podemos
nadar. Y, en esta corriente, nuevas configuraciones del ser
emergen de la nada a cada instante.
La sensibilidad es la facultad que hace posible encon­
trar nuevas vías que aún no existen o conexiones entre
cosas que no poseen ninguna implicación lógica. La sen­
sibilidad es la creación de conjunciones guiada por los
sentidos y la habilidad para percibir el significado de las
formas una vez que estas emergen del caos. Esto no sucede
por la vía del reconocimiento, como si tales formas fuesen
compatibles con otras que previamente hayamos visto.
Esto sucede porque percibimos su correspondencia esté­
tica, su concordancia y conformidad con las expectativas
del organismo consciente, sensitivo y sensible.
Las expectativas son cruciales en el acto estético de la
conjunción, así como en la percepción y la proyección de
formas. Dichas expectativas se forman en lo que yo llamo
las geoculturas ancladas en el flujo del tiempo, esto es,
el ámbito de la cultura que posee una historia temporal y
una ubicación geográfica determinadas. Sin embargo, no
existe una lógica implícita que una un signo con otro y
su composición no aspira a lograr un isomorfismo con el
mundo. La parte no se completa a través de la conjunción
con otra parte, ni tampoco crean una totalidad las partes
puestas unas junto a las otras.
El único criterio de verdad es el placer de la conjun­
ción: tú y yo, esto y aquello, la abeja y la orquídea. La

3. Henri Bergson, La evoludón creadora, Buenos Aires, Cactus, 2016, p. 21.


4. Ibíd., p. 45.
INT R O D U C C IÓ N : CONCATENACIÓN,
C O N J U N C I Ó N Y CO N EX IÓ N

conjunción es el placer de volverse otro y la aventura del


conocimiento nace de ese placer.
El problema es: ¿cómo sucede que, bajo ciertas cir­
cunstancias, los signos conjugados dan a luz un signifi­
cado? ¿Cómo sucede que, bajo ciertas circunstancíaselos
eventos se convierten en historia y las percepciones con­
jugadas, en realidad? Witold Gombrowicz sugiere que la
realidad es el efecto de una obsesión.5 ご
Gregory Bateson propone que la piel es la línea de
conjunción y la interfaz sensible por excelencia.6 Las for­
mas son evocadas y conjuradas dentro de la esfera es­
tética. ¿Pero qué significa westéticaw? Con esta palabra,
Bateson se refiere a todo aquello que pertenece al ámbito
de la sensibilidad. Pero la sensibilidad no es el espacio
donde queda registrada la conjunción, sino1más bien la
fábrica que produce conjunciones. Estas no se dan afuera,
en alguna parte del mundo, sino en la mente sensible. ,
Para Bateson, la cuestión de la verdad debe pasar del ^
ámbito de la metañsica y la historia al ámbito de la biología '
y la sensibiudad. La mente es capaz de pensar la vida porque
pertenece a un mundo vivo. Es una cuestión de coextension
y no de representación. No existe una correspondencia on-
tologica entre la mente y el mundo, como le gustaría creer a
la metafísica. No existe tampoco una totalización histórica

5. "Yo rtunca podía saber en qué grado era yo mismo el autor de las
combinaciones que se combinaban a mi alrededor. Ah, el asesino siempre
vuelve a la escena del crimen. Si se piensa en la enorme cantidad de sonidos
y formas que se nos presentan a cada instante de nuestra existencia... un
enjambre, una multitud, un torrente... entonces no hay nada más sencillo
que combinar. ¡Combinar! Esta palabra me sorprendió por un instante, como
si hubiese encontrado un. animal salvaje en. medio de un bosque, pero poco
después se perdió en el tumulto de esas siete personas que hablaban y
comían sentadas a la mesa; la cena seguía su curso normal f...]77 (Witold
Gombrowicz, Cosmos, Barcelona, Seix Barral,1969, pp. 62 y 63).
ß. Gregory Bateson, Espíritu y naturaleza, Buenos Aires, Amorrortu
Hditores, 1996.
donde mente y mundo puedan coincidir. No hay correspon­
dencia, ajuste o Aufliebung7-redi\iza.ci6n. Solo existen con­
junciones. (Y conexiones, como veremos más adelante. Pero
esta es otra historia).
La realidad puede ser descripta como et punto de con­
junción de innumerables proyecciones psicocognitivas. Si
la mente puede procesar el mundo como una serie infinita
de realidades en coevolución que actúan unas sobre otras
es porque la mente está en el mundo. Y el lenguaje es el
ámbito donde el hombre produce el ser. Es la conjunción
de fragmentos artificiales (signos) que produce un todo
coherente y con sentido. Pero el significado no se da en
una naturaleza preexistente o en una realidad que existe
en sí misma, de manera independiente; el significado sola­
mente se da en la concatenación de las mentes.

NEURONAS ESPEJO, LENGUAJE Y ABSTRACCIÓN CONECTIVA

Cuando hablamos de conexión, el marco conceptual


cambia completamente. Con la palabra conexión me re­
fiero a una implicación lógica y necesaria o a la inter­
funcionalidad entre segmentos. La conexión no perte-
nece al reino de la naturaleza, sino que es un producto
de la mente lógica y de la tecnología lógica de la mente.
(Volveré más adelante sobre la distinción entre conjun­
ción y conexión porque la inquietud principal de esta
obra son los efectos antropológicos y estéticos producidos

7. Este término es utilizado por Hegel para explicar la dinámica dialéctica


y designa la subsunción de la tesis y la antítesis en la síntesis. Es decir, la
eliminación de la contradicción no por exclusión de los términos puestos
en relación sino por su asunción. Este concepto le permite a Hegel plan­
tear la superación de la condición subjetiva del sujeto como yo aislado y
abstracto (tesis) y la condición objetiva del sujeto alienado (antítesis) en
su realización como Espíritu Absoluto. [N. de la T.l
INTR OD UC C IÓN : CONCATENACIÓN,
C O N JU N C IÓ N Y CONEXIÓN

pör el desplazamiento de una a la otra: de la conjunción


a la conexión).
En su libro Saggio sulla negazione [Ensayo sobre la
negación], Paolo Virno afirma que el lenguaje, en lugar
de facilitar el contacto humano, es, en realidad, la fuen­
te básica del conflicto, los malentendidos y la violencia.8
Solo el lenguaje establece la posibilidad de negar lo que
nuestros sentidos están experimentando. La negación es
como un cambio que rompe el vínculo natural entre nues­
tra experiencia sensorial y su elaboración consciente. Si
la experiencia inmediata reconoce un estado de ánimo, el
lenguaje, por su parte, puede negar ese estado que está
siendo experimentado. En este sentido, podemos decir que
la negación es el principio de toda mediación.
En las primeras páginas de su libro, Virno hace refe­
rencia a la investigación del biólogo Vittorio Gállese sobre
las neuronas espejo. De acuerdo con Gállese y sus colegas, las ,
neuronas espejo son las que les permiten a los seres hu-
manos comprenderse unos a otros. Estas establecen una '
red de conexiones inter-individuales que desencadenan el
proceso de comprensión mucho antes de que el individuo
sea consciente. Y esto implica, en efecto, que la compren­
sión, antes de ser un acto intelectual, es un fenómeno
físico y afectivo. Según Gállese, comprendemos las emo­
ciones y acciones de otra persona porque, al mirarla, acti­
vamos las mismas neuronas que se activarían en nosotros
si estuviésemos sintiendo esas mismas emociones o reali­
zando esas mismas acciones. A este tipo de entendimiento
especular lo podemos llamar empatia.
El desarrollo de las competencias lingüísticas, lejos de
fortalecer o confirmar la empatia, puede ser visto como
el comienzo de un proceso de mediación que la erosiona

8. Paolo Virno, Saggio sulla negazione: per una antropología lingüistica,


Turin, Bollati Bonnghieri, 2013.
gradualmente, transformando la comprensión en un acto
de adaptación sintáctica puramente intelectual, más que
en un proceso de osmosis semántico-pragmática.
Según Virrio, el lenguaje crea la posibilidad antina­
tural de reducir el brillo de la evidencia inmediata que
rodea a la experiencia perceptual. El orden del lenguaje
es sintáctico: leyes convencionales abren y cierran el ac­
ceso a la significación. En el transcurso de la evolución
humana, el orden sintáctico del lenguaje ha invadido y
transformado la inmediatez de la empatia y ha perverti­
do o destruido, en gran medida, su mera posibilidad. Por
su parte, en La revolución electrónica, William Burroughs
concibe el lenguaje como un virus que se expande creando
una mutación en el entorno humano.9 Virno añade que el
contenido de este virus es la negación, una laceración en
el lienzo de las percepciones y proyecciones compartidas
al que llamamos "realidad"·
La empatia es fuente de conjunción. A lo largo de la
historia de la civilización y de la tecno-evolución parece
que la sintactización del mundo, es decir, la reducción del
mundo común a la sintaxis del intercambio lingüístico,
ha erosionado lentamente las huellas de entendimiento
empático y, en su lugar, ha fortalecido el espacio de con­
venciones sintácticas. A su vez, la mediación lingüística
ha desarrollado tecnologías que moldean el Unwelt,10 el
ambiente que nos rodea. Desde esta perspectiva, con lo
digital se ha llegado a un punto decisivo en este proceso
de creciente abstracción y a la cima en el aumento de la
disociación entre empatia y comprensión.

9. William Burroughs, La revolución electrónica, Buenos Aires, Caja Negra


Editora, 2013.
10. Unwelt significa et entorno tal como lo puede percibir sensonalmente un.
organismo. Por ejemplo, una abeja, aunque comparta su entorno vital con
un murciélago, no tendrá la misma percepción del ambiente. [N. de la T.]
IN T R O D U C C IÓ N : CON CATEN ACIÓN ,
C O N J U N C I Ó N Y CO N EX IÓ N

Con el fin de explicar la crueldad y la violencia entre los


seres humanos, el psicólogo británico Simon Baron-Cohen
habla de erosión de la empatia. En su libro Empatia Cero:
nueva teoría dé la crueldad, este autor señala que la empa­
tia consiste en dos pasos que se relacionan causalmente: el
primero es la interpretación de los signos que proceden de
un otro y, por ende, la extrapolación de sus sentimientos,
deseos y emociones; el segundo es la habilidad para respon­
der en consecuencia.11
A esta forma de comprensión empática, la llamo conjun­
ción. Por otro lado, llamo conexión al tipo de entendimiento
que no está basado en una interpretación empática del sen­
tido de los signos e intenciones que vienen de otro, sino,
más bien, en la conformidad y adaptación a una estructura
sintáctica. La mejor explicación de la diferencia entre con­
junción y conexión la encontramos en la tercera obra de
Tolstoi, Guerra y paz, cuando el príncipe Andrei Bolkonski ,
compara el juego de ajedrez con el juego de la guerra.12 幻

1 1 .Simon Baron-Cohen, Empatia Cero: nueva teoría de la crueldad, Ma­


drid, Alianza, 2012.
12. W -Sin embargo, se dice que la guerra es semejante al juego de ajedrez.
»-Sí -dijo el príncipe Andrei-, pero con esta pequeña diferencia: que en el
juego puedes reñexionar a cada momento y todo lo que quieras; te hallas
en una cierta manera fuera de las condiciones del tiempo, y con la certeza
de que un caballo vale siempre mas que un peón, y que dos peones son más
fuertes que uno solo, mientras que, eri la guerra, a veces un batallón resulta
más fuerte que una división entera y otras más débil que una compañía.
Nadie puede conocer la fuerza relativa de las tropas. Créeme -continuó-,
si aependiera algo de las órdenes de los Estados Mayores, yo me habría
quedado allí y daría órdenes en vez de tener el honor de servir aquí, en el
regimiento, con estos señores. Porque creo que el día de mañana depende de
nosotros y no de los Estados Mayores... El éxito de una batalla no depende
m aependerá nunca ni de las posiciones, ni del armamento, ni del número^
ni de cualquier otra circunstancia; y, menos que nada, de las posiciones.
»-Entonces, ¿de qué?
»-De este sentimiento que hay en mí, en él -y señaló a Timojm- y en
cualquier soldado^ (Liev N. Tolstoi, Guerra y paz, Barcelona, Planeta,
1988, pp. 930 y 931).
La oposición entre conjunción y conexión no es, sin
embargo, una oposición dialéctica. El cuerpo y la mente no
son reductibles de manera opuesta ni a la conjunción rii a
la conexión. Siempre hay una sensibilidad conectiva en un
cuerpo conjuntivo, así como siempre existe una sensibili­
dad conjuntiva en un cuerpo humano formateado en condi­
ciones conectivas. Es una cuestión de gradientes, matices y
trasfondos, no de oposición antitética entre polos.

RECOMPOSICIÓN Y RECOMBINACIÓN A-SIGNIFICANTE

En medio de las infinitas muertes y nacimientos, en medio


de la decadencia, de las hojas que caen de los árboles y
las olas del mar -todos los infinitos eventos caóticos que
ocurren aleatoriamente en el universo-, la única cosa sor­
prendente e inesperada es nuestra inagotable búsqueda de
sentido, armonía y orden.
La filosofía metafísica y dialéctica se centró en la idea
de totalidad, un concepto que estuvo basado en el supues­
to de un orden, ya sea preexistente, ya sea final, que se
restauraría o nacería. Según los principios de la filosofía
totalitaria, cada fragmento encontraría su lugar preesta­
blecido y todas tas partes se combinarían en una totalidad
original o final, en un código o en un destino.
El enfoque fenomenológico deja atrás el supuesto de
que el conocimiento conduce a una perfecta totalidad y
abandona el proyecto de identificación totalitaria entre
pensamiento y mundo. Así, abre la vía a diferentes cons­
trucciones teóricas basadas en distintas Erlebnisses13 o for­
mas de vida. La metodología rizomática es solo una entre la
multiplicidad de posibles aproximaciones fenomenológicas.

13. El termino alemán Erlebnisses en la corriente fenomenológica designa


la experiencia en cuanto "vivencia inmediata”· [N. d é la T.]
INT R O D U C C IÓ N : CONCATENACIÓN,
C O N JU N C IÓ N Y CONEXIÓN

Según la metodología rizomática, el significado surge


de una vibración que es singular en su genealogía y que
puede proliferar y ser compartida. Por lo tanto, el signi­
ficado es un evento y no una necesidad, un evento que
podemos compartir con otras singularidades que entren
en una sintonía o simpatía vibratoria con nuestras inten­
ciones significativas. Una metodología rizomática tampo­
co presupone ni implica ninguna totalidad que deba ser
establecida o restaurada; esta se basa, en cambio, en el
principio de las conjunciones no-necesarias y, hablando
en términos científicos, en la continuidad molecular de re­
composición celular, cuya destinación no se halla implícita
en su programa o código genético.
La recomposición es un proceso de subjetivación incierto
y autónomo, donde los flujos de enunciación se entrecruzan
y crean un espacio común de subjetividad. Esta subjetividad
colectiva puede ser el resultado de una forma de pertenen- ,
cia imaginada, como una tribu, una nación o una creencia. <^¡
En este tipo de existencia colectiva, una enunciación que ■
pretende instaurar una verdad y su divergencia pueden ser
vistas como una traición. Pero la subjetividad colectiva tam­
bién puede consistir en la expresión de una atracción: por
ejemplo, el deseo como la particular creación del otro en
cuanto singularidad. En este caso, podemos hablar de singu­
laridad colectiva como la experiencia viva de un camino que
va de ninguna parte hacia ninguna parte. Como escribe An­
tonio Machado y repiten los zapatistas: ^Caminante no hay
camino, se hace camino al andará Y el deseo como atracción
hacia la singularidad genera, pues, el camino y la razón de
la existencia colectiva (su raison dfétré).
Más allá de la patria, la familia o el dogma ideológico, la
subjetividad que estoy tratando de rastrear no está basada
en la pertenencia o en un código, sino en el deseo nómade.
Reformulando, utilizo el término recomposición ^axa
describir el proceso de conjunción social, es decir, la apertu­
ra y conjuntura de individuos en una singularidad colectiva.
a través de la cual expresan una solidaridad afectiva y po­
lítica que no reposa, no obstante, en una identificación, en
códigos convencionales o en marcas de pertenencia.
La recomposición es el encuentro, el punto de con­
vergencia y la unión de cuerpos singulares en un camino
que comparten provisoriamente durante un período de
tiempo. Ese camino en común no se halla inscripto en un
código genético, en una pertenencia cultural; es, mejor
dicho, el descubrimiento de una posibilidad compartida
como punto de encuentro en la deriva singular del deseo.
La comunidad que resulta de este proceso de recomposi­
ción es una comunidad de deseo, y no de necesidad. Esto
es muy diferente del proceso de recombinación donde los
segmentos a-significantes se conectan de acuerdo con re­
glas de generación codificadas.

CONJUNCIÓN VERSUS CONEXIÓN: LA MUTACIÓN EN CURSO;

Llamo conjunción también a la concatenación de cuer­


pos y máquinas que pueden generar significado sin seguir
un diseño preestablecido y sin obedecer a ninguna ley o
finalidad interna. La conexión, por su lado, es una conca­
tenación de cuerpos y máquinas que solo puede generar
significado obedeciendo a un diseño intrínseco generado
por el hombre, y respetando reglas precisas de cotrípor-
támiento y funcionamiento. La conexión no es singular,
intencional o vibracional. Es, específicamente, una conca­
tenación operativa entre agentes de significado (cuerpos
o máquinas) previamente formateados de acuerdo con un
código. La conexión genera mensajes que solo pueden ser
descifrados por un agente que comparta el mismo código
sintáctico en que se generó el mensaje,
En la esfera de la conjunción, el agente de significa­
do es un organismo vibrante. Vibración se refiere aquí a
una oscilación incierta e irresuelta alrededor de un punto
IN TR OD UC C IÓN : CONCATENACIÓN,
C O N JU N C IÓ N Y CONEXIÓN

asintótico de isomorfismo. La producción de significado es


el efecto de singularización de una serie de signos (hue­
llas, memorias, imágenes o palabras...). La conjunción es
la sintonía provisoria y precaria de organismos vibratorios
que intercambian significado. El intercambio de significado
está basado en la simpatía, en un pathos compartido.
La conjunción, por lo tanto, puede ser vista como
una manera de volverse otro. Guando las singularidades
se conjugan, cambian, se transforman en algo diferente
de lo que eran anteriormente. De la misma manera en que
el amor transforma al amante, la composición conjuntiva
de signos a-significantes da lugar a la emergencia de un
significado previamente inexistente. Por el contrario, en
el modo conectivo de concatenación cada elemento per­
manece diferenciado e interactúa únicamente de manera
funcional. Más que una fusión de segmentos, la conexión
supone un simple efecto de funcionalidad maquinal. Para ,
que la conexión sea posible, los segmentos deben ser lin- 幻
güísticamente compatibles. Por lo tanto, presupone un '
proceso por el cual los elementos que necesitan conec­
tarse se vuelven compatibles. La red, por ejemplo, se ex­
pande a partir de la reducción progresiva de un número
creciente de elementos a un formato, a un estándar y a
un código que compatibiliza los diferentes componentes.
Considero, entonces, y estas reflexiones pretenden dar
cuenta de ello, que una mutación antropológica está su­
cediendo en nuestro tiempo y se trata, esencialmente, de
una transición de la predominancia de un modo conjuntivo
a la de un modo conectivo en la esfera de la comunicación
humana. Desde un punto de vista antropológico, este cam­
bio tecnocultural está centrado en el desplazamiento de la
conjunción hacia la conexión en los paradigmas de inter­
cambio de los organismos conscientes; un cambio cuyo fac­
tor predominante es la inserción de segmentos electrónicos
en el continuum orgánico, la proliferación de dispositivos
digitales en el universo orgánico de la comunicación y en el
F
R
A
N
cuerpo mismo. Esto conlleva una transformación en la re- I
C
0 lación entre la conciencia y la sensibilidad y a un creciente
intercambio desensibilizado de signos. ■]
B Mientras que la conjundón es el encuentro y la fusión ]
I
de cuerpos esféricos o irregulares que están continuamen­
F
0 te serpenteando su camino sin precision, repetición o per­
fección, la conexión es la interacción puntual y repetitiva
B de funciones algorítmicas, de líneas rectas y puntos que se
E
superponen perfectamente y se enchufan o desenchufan
R
A según modos discretos de interacción que vuelven las di­
R ferentes partes compatibles a un estándar preestablecido. |
D En este panorama, el pasaje de la conjunción a la conexión
I
como modo predominante de interacción consciente entre
los organismos es una consecuencia de la digitalización !
de los signos y de la creciente mediatización de las rela­
ciones: esta digitalización de los procesos comunicativos |
induce a una desensibilización de la curva y del proceso
continuo del lento devenir, junto a una simultánea sensi- :
bilización al código o a los cambios repentinos de estado.
La conjunción requiere un criterio semántico de inter­
pretación. Para que dos organismos entren en conjunción, 丨
el primero le envía signos al otro, cuyo significado solo ·|
puede ser interpretado rastreando, dentro del contexto 1
pragmático de su interacción, una intención, una sombra
de lo no dicho, de las implicaciones conscientes e incons­
cientes, etc. La conexión, por el contrario, requiere úni­
camente un criterio sintáctico de interpretación. El intér- j
prete debe reconocer una secuencia y ser capaz de llevar
adelante una operación que está prevista por la sintaxis
general (o sistema operativo); en este intercambio de men­
sajes no hay margen para la ambigüedad ni tampoco es po­
sible manifestar una intencionalidad por medio de matices.
El proceso de esta transición gradual de interpretación
semántica a diferencias sintácticas va desde el ra c io n a lis-1
mo científico moderno hasta la cibernética y los progra­
mas de inteligencia artificial·
IN T R O D U C C IÓ N : CON CATENACIÓN,
C O N J U N C I Ó N Y CO N EX IÓ N

LÓGICA CONECTIVA

El debate sobre la inteligencia artificial comenzó en los


años sesenta. Para explicar el problema central en torno a
la inteligencia artificial, Hubert Dreyfus distinguió entre
^áreas en las que la relevancia ha sido definida de antema­
no [...],y áreas en las que determinar qué es relevante es
precisamente el problem a14
Cuando intercambiamos mensajes en la esfera conjuntiva,
estamos intentando descubrir qué es lo relevante para aque­
llos que están participando en la comunicación. No sabemos
cuál es nuestro objeto común de interés y atención: la comu­
nicación consiste en arrojar luz sobre ese punto. En la esfera
conectiva, por el contrario, partimos de un punto en común
de conocimiento convencional, traducido a estándares tecno-
lógicos y a formatos que hacen posible la conexión.
En lo que respecta a la génesis de la metodología conectiva ,
en la historia de la filosofía moderna, Hubert Dreyfus escribe: ^

Así como Galileo descubrió que se puede encontrar un puro for­


malismo para describir el movimiento físico ignorando cualida­
des secundarias y consideraciones teológicas, uno podría supo-
ner el éxito de un Galileo del comportamiento humano al reducir
todas las consideraciones semánticas (apelación al significado) a
las técnicas sintácticas (formales) de manipulación.
La creencia de que semejante formalización total del conocúrdento
debe sex posible pronto llegó a dominar el pensamiento octídentál.
[...] Hobbes fue el primero en hacer explícita la concepción sintácti­
ca del pensamiento como cálculo. [...] Leibniz pensó que había en­
contrado un sistema de notación universal y exacto, un álgebra, un
lenguaje simbólico, una "característica universal" por la cual podemos
^asignar a cada objeto su número caracténstico determinadow.15

14. Hubert L. Dreyfus, What Computers Still Donrt Do, Nueva York, Harper
CoUins,1979, p. 33.
15. Ibid, pp. 68 y 69.
Luego, Dreyfus sigue los pasos que condujeron a la
formación de la mentalidad digital contemporánea.

Una importante característica de la máquina Babbage es que era


digital. Existen dos tipos fundamentales de máquinas de compu­
tación: las analógicas y las digitales. Las computadoras analógi­
cas no computan en el sentido estricto del término. Ellas operan
midiendo la magnitud de cantidades físicas. Al usar cantidades
físicas como el voltaje, la duración, el ángulo de rotación de un
disco, etc., proporcionales a la cantidad que debe ser manipu­
lada, combinan estas cantidades de una manera física y miden
el resultado. Una computadora digital [...] representa todas las
cantidades por estados discretos, por ejemplo, transmisores que
están abiertos o cerrados, un dial que solo puede asumir diez
posiciones, etc.; y luego cuenta literalmente para obtener re­
sultados. [...] Dado que una computadora opera con símbolos
abstractos que pueden representar cualquier cosa y operaciones
lógicas que pueden relacionar cualquier cosa con cualquier otra,
toda computadora digital [...] es una máquina universal.

La condición lógica y tecnológica de nuestra actual


mutación antropológica es la máquina digital y universal.
La conjunción es la apertura de los cuerpos a la com­
prensión de los signos y los eventos, y su habilidad para for­
mar rizomas orgánicos, es decir, concatenaciones concretas y
carnales de pulsaciones vibratorias de fragmentos corporales
con otras pulsaciones vibratorias de fragmentos corporales.
Por el contrario, en el entorno digital solo se puede conectar
lo que cumpla con el estándar de compatibilidad, lo cual im­
plica que ciertos elementos no podrán conectarse con otros.
Para lograr que dos agentes comunicativos distantes se co­
necten, debemos proveerlos de herramientas que les permi­
tan acceder al flujo de información digital.16

16. Hubert L. Dreyfus, ibid., p. 71.


IN T R O D U C C IÓ N : CONCATENACIÓN,
C O N J U N C I Ó N Y CO N EX IÓ N

Cuando la conexión reemplaza a la conjunción en el pro­


ceso de comunicación entre organismos vivos y conscientes,
se produce una mutación en el campo de la sensibilidad, de
la emoción y de lo afectivo. Como ya he mencionado, esta
mutación ocurre en el tiempo, en la dimensión diacrónica
de transición del entorno mecánico propio de la realidad
industrial17 al entorno posmoderno de la semioeconomía.
Pero no es homogénea, ya que depende de las características
particulares del contexto cultural, geocultural y sincrónico,
donde tiene lugar.
Por ello, me concentraré en determinados contextos
culturales sincrónicos para investigar las diferentes for­
mas de esta mutación conectiva diacrónica, poniendo es­
pecial atención en la relación entre sensibilidad estética
y vida emocional.

ΓΟ
EVOLUCIÓN Y SENSIBILIDAD ro

Existe una expresión que se refiere a la captación y al someti­


miento de la vida y la actividad mental a la esfera del cálculo:
cableado cognitivo. Esta captación ocurre en dos niveles dife­
rentes: uno epistémico, que implica un formateo de la activi­
dad mental,y otro biológico, que implica una transformación
técnica del proceso por el cual se genera la vida.
En la Edad Moderna, la modelización del cuerpo era
esencialmente macrosocial y anatómica, como lo ha

t?. La expresión en el texto original en inglés no es ^industrial reality^ sino


"indust-reality" Esta última es un concepto introducido por Alvin Tofñer en
La tercera ola para referirse ,al nuevo complejo de ideas que debían asumir
las generaciones, de la era industrial para entender su entorno a diferencia
(lo las ideas que predominaban en la era agrícola. Es un término, por lo
tanto, que se refiere al entrelazamiento de la matriz tecnológica y psicoló-
(|ica de la sociedad industrial. En adelante, cada vez que aparezca "realidad
industrial/' será traducción de "indust-reality". [N. de la T.]
mostrado ampliamente Foucault en sus trabajos sobre
la genealogía de la Modernidad. La sujeción del cuerpo
social a la disciplina industrial estaba vinculada a la
acción macrosocial que las máquinas represivas ejercían
en el cuerpo individual. Hoy en día, la tecnología digi­
tal se basa en la inserción de memes neurolingüísticos
y dispositivos automáticos en la esfera de la cognición,
en la psique social y en las formas de vida. Tanto meta­
fórica como literalmente, podemos decir que el cerebro
social está sufriendo un proceso de cableado, mediado
por protocolos lingüísticos inmateriales y dispositivos
electrónicos. En la medida en que los algoritmos se vuel­
ven cruciales en la formación del cuerpo social, la cons­
trucción del poder social se desplaza del nivel político
de la conciencia y la voluntad, al nivel técnico de los
automatismos localizados en el proceso de generación
de intercambio lingüístico y en la formación psíquica y
orgánica de los cuerpos.
Mi atención se centrará entonces en la modelización
biosocial de la sensibilidad, es decir, en la inserción de auto­
matismos cognitivos en los profundos niveles de la percep­
ción, la imaginación y el deseo. Esto implica que ya no se
puede comprender el devenir social desde un marco históri­
co, sino que debe comprenderse desde un marco evolutivo.
Como sabemos, el concepto de historia, enfatizado por
la tradición romántica, fue particularmente importante
para la tradición dialéctica hegeliana, incluyendo a Marx
y al movimiento marxista. El concepto de evolución, por
su parte, fue elaborado en un contexto cultural más afín
a la escuela de pensamiento positivista. Ambos conceptos
se pueden distinguir y oponer desde el punto de vista de
la intencionalidad, y en esto quiero hacer hincapié: la
historia es la esfera conceptual donde actores conscientes
y voluntarios transforman las condiciones y las estructu­
ras sociales que los rodean; en la esfera de la evolución,
en cambio, los seres humanos no pueden ser considerados
IN T R O D U C C IÓ N : CON CATEN ACIÓN ,
C O N J U N C I Ó N Y CO N EX IÓ N

actores porque la evolución misma se refiere al devenir na­


tural de los organismos en su interacción con el entorno.
La acción histórica sucede cuando la intencionalidad
política resulta efectiva en la modelización del entorno.
La evolución, por el contrario, ocurre cuando el inter­
cambio entre los humanos y la naturaleza y su recíproca
transformación no puede ser controlada por una acción
política intencional.
En las actuales condiciones de hipeicomplejidad y de
aceleración tecnológica, la esfera social ya no puede en­
tenderse adecuadamente en términos de intencionalidad y
de transformación política. Esta se explica mejor en térmi­
nos evolutivos, particularmente de evolución neurológica.
En efecto, la evolución del cerebro que resulta de la acción
del entorno en la cognición y la sociedad y la adaptación
subjetiva de la mente humana son hoy en día los princi­
pales factores de transformación social y difícilmente pue- ,
den ser sometidos a la voluntad política. 沿
Como he señalado, en el contexto de la historia la ac- '
ción política era aingida por la voluntad, el entendimiento
racional y la predicción, mientras que, en el contexto de la
evolución, se entiende que el organismo entra en sintonía
con su medio ambiente, y es la sensibilidad la facultad que
hace posible esa sintonización. Por consiguiente, la rele­
vancia o efectividad de la acción humana ya no sucede en
el nivel del conocimiento racional, de la decision política y
la voluntad, sino en el nivel de la intuición, la imaginación
y la sensibilidad. Claramente, la esfera conceptual y prácti­
ca de la política moderna ha perdido terreno.
En la era que comenzó con Maquiavelo y terminó con
Lenin, la voluntad política (el príncipe, el Estado, la pa-
t;ria) era capaz de reinar en la infinita variación caótica de
Civentos y proyectos, y de someter los intereses y pasiones
individuales a los objetivos comunes de orden social, cre­
cimiento económico y progreso civil. Ahora, las transfor­
maciones técnicas que hemos presenciado en las últimas
F
R
A
N
décadas del siglo xx y la infinita proliferación de fuentes
C
0 y flujos de información desatada por la aceleración de la
tecnología de redes han hecho imposible la elaboración
B consciente de la información por parte de la mente indivi­
I
dual y la coordinación consciente de agentes individuales
F
0 intencionales. Como resultado, la falta de efectividad en
la acción política se debe esencialmente a un cambio en la
B temporalidad: en las condiciones de aceleración y comple-
E
jización de la infoesfera, la razón y la voluntad (esas ca­
R
A racterísticas cruciales de la acción política) ya no pueden
R procesar ni decidir en el tiempo.
D Es insoslayable que las condiciones técnicas han alte­
I
rado radicalmente las condiciones de la actividad mental
y las formas de interacción entre la esfera individual y
la colectiva. En la era de la acción voluntaria a la que se
llamó Modernidad, estas dos esferas podían distinguirse,
vincularse externamente e interactuar sobre la base de
1ΓΟ0 una intencionalidad efectiva. Pero, hoy en día, se ha bo­
rrado la distinción entre lo individual y lo colectivo. Las
masas y las multitudes se hallan envueltas en cadenas de
comportamiento automático, impulsadas por dispositivos
tecnolingüísticos. La automatización del comportamiento
individual hat sido penetrada y concatenada íntegramente
por interfaces tecnolingüísticas, que han dado lugar a un
efecto enjambre. Si el humano es el animal que moldea
el entorno y este, a su vez, moldea su propio cerebro, el
efecto enjambre es entonces el resultado de la transfor­
mación humana de su entorno tecnológico, que conduce
finalmente a la subyugación del comportamiento mental.
LA S E N S I B I L I D A D

Lu
i
LA IN F O E SF E R A S E N S IT IV A

La piel humana de las cosas,


la dermis de la realidad [...].
Antonin Artaud, El cine

EL ORGANISMO SENSIBLE

¿Qué entendemos por sensibilidad? En su libro sobre Francis


Bacon, Deleuze escribe: yyLa sensación es vibración. Se sabe
que el huevo presenta justamente ese estado del cuerpo
interior d! la representación orgánica: ejes y vectores, gra­
dientes, zonas, movimientos cinemáticos y tendencias diná­
micas, en relación con las cuales las formas son contingen-
tes y accesorias"·1 La sensación es la apertura al mundo que
le permite al huevo tántrico del cuerpo sin órganos vibrar.

1 . Gilles Deleuze, Francis Bacon. Lógica de la sensación, Madrid, Arena


Libros, 2009, pp. 50 y 51.
Un CsO [Cuerpo sin Órganos] está hecho de tal forma que solo
puede ser ocupado, poblado por intensidades. Solo las intensida­
des pasan y circulan. Además, el CsO no es una escena, un lugar,
ni tampoco un soporte en el que pasaría algo. Nada tiene que ver
con un fantasma, nada hay que interpretar. El CsO hace pasar
las intensidades, las produce y las distribuye en un spatium a su
vez intensivo, inextenso. Ni es espacio, ni está en el espacio, es
materia que ocupará el espacio en tal o tal grado, en el grado que
corresponde a las intensidades producidas. Es la materia intensa
y no formada, no estratificada, la matriz intensiva, la intensidad
= 0; pero no hay nada negativo en ese cero, no hay intensidades
negativas ni contrarias. Materia igual a energía. Producción de lo
real como magnitud intensiva a partir de cero. Por eso nosotros
tratamos el CsO como el huevo lleno anterior a la extensión del
organismo y a la organización de los órganos, anterior a la for­
mación de los estratos, el huevo intenso que se define por ejes y
vectores, gradientes y umbrales, tendencias dinámicas con mu­
tación de energía, movimientos cinemáticos con desplazamiento
de grupos, migraciones, y todo ello independientemente de las
formas accesorias, puesto que los órganos solo aparecen y funcio­
nan aquí como intensidades puras. El órgano cambia franquear
un umbral, al cambiar de gradiente. rtLos órganos pierden toda
constancia, ya se trate de su emplazamiento o de su función, [...]
por todas partes aparecen órganos sexuales, brotan anos, se abren
para defecar, luego se cierran, [...] el organismo entero cambia de
textura y de color, variaciones alotrópicas reguladas a la décima
2
del segundo..·"· Huevo tántrico.
. . . .
El organismo es la sedimentación específica de las vibra­
ciones por las cuales se actualiza la potencialidad del huevo
y naturalmente retiene la habilidad de volver al estado del
cuerpo sin órganos, siempre que encuentra el potencial para2

2. Gilles Deleuze y Félix Guattari, Mil mesetas. Capitalismo y esquizofrenia,


Valencia, Pre-textos, 2015, p p .158 y 159.
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

cambiar nuevamente. Un organismo está condenado a per­


der sensibilidad y su habilidad para vibrar cuando anquilosa
sus obsesiones, sus códigos de interpretación y lo que De-
teuze y Guattari llamaron su ritornello o refrán.3
La sensibilidad puede ser definida como la facultad
que le permite al organismo procesar signos y estímulos
semióticos que no pueden ser verbalizados o codificados
verbalmente. En general, de alguien incapaz de compren­
der los estados de ánimo, las emociones, las alusiones y lo
no-dicho (una gran parte de lo que constituye la comuni­
cación y la vida cotidiana social y afectiva) se dice que le
falta sensibilidad.
La sensibilidad les permite a los seres humanos unirse y
conectarse a través de relaciones de empatia, como una fina
película que registra y decodifica las impresiones no-ver-
bales; en otras palabras, les permite regresar a un estado
no-específico y no-codificado en el que los cuerpos sin órga- ,
nos vibran al unísono. A través de las relaciones empáticas 5
somos capaces de entender signos que son irreductibles a la
información y que constituyen, sin embargo, las bases de
la comprensión interhumana. La sensibilidad es la facultad
que decodifica la intensidad, que, por definición, significa
escapar a la dimensión extensiva del lenguaje verbal.
La sensibilidad es la habilidad para comprender lo tácito.

LA BELLEZA

Según Paul Klee, la tarea de la actividad creativa no es


reproducir lo visible, sino hacer visible. La sensibilidad es
la facultad de hacer visible una configuración del mundo.

B. En ellenguaje de Guattari, un ritornello es una concatenación semiótica


recurrente que vincula al sujeto con el ambiente que lo rodea y con el
cosmos. Una canción, un eslogan, un ritual, un símbolo, un mensaje viral
pueden ser vistos como refranes.
La poesía, la música, la pintura, el cine, la literatura
no representan simplemente realidades existentes; su fun­
ción es hacer que el mundo sea perceptible sensorialmen­
te, traducir el mundo a configuraciones sensitivas. A pesar
de que el arte y la sensibilidad no se limitan al ámbito de
la belleza, llamaremos belleza a la emergencia de formas
en el terreno de la sensibilidad. En este sentido, la belle­
za no se vincula necesariamente a la noción de armonía.
De hecho, puede haber belleza en la armonía o simetría
intrínseca a un objeto, lo que no quita que la violación
del orden simétrico sea capaz de producir el mismo placer
estético. La belleza implica una regresión al estado del
cuerpo sin órganos, donde es posible crear nuevas conste­
laciones de significado y nuevas funcionalidades para los
objetos de la experiencia.
El teórico literario ruso Viktor Shklovski define la poe­
sía como una reconstitución del pathos de las palabras
que han sido usadas y consumidas excesivamente, y llama
ostranenie (extrañamiento) al procedimiento que le de­
vuelve el significado y la energía a tales signos. En lugar
de fijarse en la simetría y la disimetría, para explicar la
emoción estética y el placer de las formas, Shklovski invo­
ca al extrañamiento, en cuanto desviación imprevista en
la relación entre signo y significado.
El punto es que la belleza se da en el descarrilamiento
de la relación habitual y previsible entre signo y signi­
ficado y en el descubrimiento de perspectivas múltiples
e imprevistas. La belleza tiene que ver con la sorpresa.
La simetría y disimetría son simples modalidades de la
configuración de los signos, mientras que el valor estético
depende de la improbabilidad, la imprevisibilidad y la ex-
trañeza, de un distanciamiento del orden predecible.
Quizá la belleza sea una tolerancia irónica de las im­
perfecciones de la vida real, que relaja las tensiones entre
un organismo y su medio ambiente, entre el cuerpo y la
mente, entre la existencia y el ser para la muerte.
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

Pero, también, puede que sea algo completamente dife­


rente, por ejemplo: la crueldad de lo inabordable. En efecto,
la vida produce continuamente cuerpos que no podemos
disfrutar, que pasan imperturbables a nuestro lado y rozan
indiferentemente nuestra mirada. La belleza es la crueldad
de este infinito exceso de naturaleza. Es el repentino cono­
cimiento de la fragilidad de nuestro organismo consciente,
la intuición de la imposibilidad de una experiencia infinita.
El arte, la creación estética y el gesto de la suspensión
juegan con esta irónica tolerancia de la belleza. Pero tam­
bién está la belleza que el lenguaje erótico desracionaliza,
que brota del juego ciego y despiadado de la naturaleza
en la ternura de la energía sexual y en la descomposición.
La tradición filosófica occidental ha concebido la esté­
tica como una teoría de la belleza. Pero esta concepción ha
revelado ser en sí misma inconclusa. Creo que sería mejor
concebirla como una cieneia de la interacción entre la ema­
en
nación semiótica y la sensibilidad. Lá estética debería reto­
mar su significado etimológico. En este sentido, más que a
la belleza (que es una cualidad del objeto en sí mismo), se
referiría a la, sensibilidad, a la experiencia del objeto.
Demócrito concibió la sensación como la integración
química de la materia sensual y ambiental. La sensibilidad
puede ser vista como una modulación de esta syntonia
(sintonización). Es la certeza del juicio, una certeza sin­
gular de lo que está bien o mal para un organismo. Según
Gabrielle Dufour-Kowalska,

La s e n s i b i l i d a d n o e s s im p le m e n te la f a c u lta d d e lo b e llo , y la b e ­

lleza d el a rte n o c o n s titu y e u n d o m in io s e p a ra d o . [...] La s e n s i b i -


h d a a p e rte n ec e a la e sfe ra d e la c e rte z a , q u e n in g ú n G o n o cim ien -

to o b je tiv o p o d ría p re te n d e r, p o rq u e , e n re a lid a d , es e lla y n o


4
el intelecto la verdadera fuente del conocimiento humano [...].

A. Gabrielle Dufour-Kowalska, Vart et la sensibilité de Kánt ά Michel Henry,


París, V rin,199.6, p p . 11 y 12.
¿Qué es lo que causa vibraciones armónicas o inar­
mónicas entre una singularidad y el cosmos? ¿Cuáles son ^
las similitudes y diferencias entre el placer estético y el
erótico? ¿Deberíamos postular una predisposición neuro-
fisiológica en la humanidad, un programa innato para la
recepción sensual del mundo o, en otras palabras, una bio- t
gramática de la cenestesia y el eiotísmo? ¿0, en su lugar, ■
deberíamos suponer que las condiciones de la armonía son
exclusivamente culturales?
Ciertamente, la armonía y la disonancia no son intrín­
secas al cosmos. Son modalidades de una relación entre la
psique receptiva singular y el devenir det cosmos: en esto
reside el secreto del placer y la belleza.

GENEALOGÍA DE LA PIEL

El área que estoy investigando en este libro se extiende


entre los dos polos de la emanación tecnosemiótica y
la; sensibilidad. El devenir cultural, histórico y social
del planeta puede ser examinado de acuerdo con las
modulaciones tecnosemióticas y culturales de la sensi-
bilidad humana·
El entorno, acelerado por el poder de la tecnología,
hoy en día excede cualquier posibilidad de medida hu­
mana. Pensemos en la hipersaturación del entorno me­
diático, que está arrasando con la capacidad de pensa-
miento crítico. La razón humana se encuentra exhausta.
La infinita complejidad de los fenómenos satura nuestra
capacidad de observación. La sensibilidad, impulsada más
allá del dominio de lo propiamente humano a través de su
interfaz tecnológica, se ha incorporado a lo inorgánico.
La sensibilidad puede ser vista como un dominio
particular de lo que Foucault define como episteme: el
moldeamiento de la percepción social que refuerza una
proyección unitaria del mundo y conduce a la disciplina
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

social.5 El semiocapitalismo ha permeado profundamente


en el circuito neuronal de la cultura social a través de
la penetración tecnológica de la sensibilidad. En lo que
sigue, trazaremos una fenomenología de la mutación de
la sensibilidad.
Antes que nada, debemos distinguir lo sensorial de lo
sensual. Lo sensorial es la facultad perceptiva del orga­
nismo, mientras que lo sensual es la atracción/repulsión
selectiva que el organismo proyecta sobre su entorno. La
sensibilidad es la facultad singular que permite una pro­
yección de lo real. Como tal, es morfogenética y crea for­
mas continuamente. En este sentido, ella es la certeza del
juicio, porque el juicio estético no se aplica a lo que se
halla separado del placer o del dolor y, por lo tanto, impli­
ca la certeza singular de lo bueno y lo malo.
Aquí se invierte la vision idealista. Mientras que para
Hegel el arte, es decir, la actividad de la creación morfoge- ,
nética, era un momento en el proceso hacia el conocixuien- ^
to, nosotros diremos, por el contrario, que el pensamiento ‘
es un momento de la sensibilidad, la sintonización de at­
inan y pranar la respiración singular y el ritmo cósmico.
Si el pensamiento tiende hacia la captura conceptual
del mundo, la sensibilidad lo acaricia y le da forma sin
interrumpir su devenir, sin pretender establecer ninguna
verdad absoluta.
La epidermis es el punto de contacto, la interfaz sensi­
tiva entre el yo consciente y la emisión infinita de signos.
En eL cielo nocturno, el deseo es el orden de las conste­
laciones. La epidermis es el estrato donde ese orden se
rompe, se abre y se crea, a lo largo de las coordenadas del
placer y el dolor. Entre la infinidad de signos que provie­
nen del cosmos y de la infoesfera artificial, emergen cons­
telaciones, regidas y diseñadas por la intuición epidérmica

íj. Michel Foucault, Las palabras y las cosas. Una arqueología de las cien­
cias humanas, Madrid, Siglo xxi, 1999.
y el deseo, que crean, componen, eligen, esconden y ha­
cen mundos. Pero la epidermis no es un estrato biológico
o natural. La piel está formada por el tacto, las carieias,
el sufrimiento y las cicatrices. La infoesfera configura los
sensores que crean las constelaciones de mundos que ha­
bitan en ella. La epidermis es una memoria de caricias y
cicatrices, la interfaz de lo social, y su sensibilidad es la
que sufre con mayor intensidad la mutacion en curso.
Quisiera cuestionar aquí el supuesto habitual de que la
sensibilidad es algo pasivo y puramente receptivo, mientras
que la imaginación implica creación, falsificación y simula­
ción. Desde mi perspectiva, considero la sensibilidad como
una acción en el entorno y una emanaciónr tanto como una
recepción y percepción.

LA INFOESFERA Y LA SENSIBILIDAD

La infoesfera es la esfera de los signos intencionales que


rodean al organismo sensible^ La percepción y la arquitec­
tura tecnológica que rodean al organismo perceptivo se
entrecruzan. Las innovaciones teóricas de Marshall McLu-
han consistieron esencialmente en este descubrimiento,
al comprender que la estructura técnica de la semiótica,
el formato de emisión de los flujos semióticos, moldea la
percepción y la imaginación.
En el Renacimiento, la percepción humana del espacio
cotidiano cambió debido a las innovaciones en la técnica
representativa, en particular, debido a la invención de la
perspectiva. Antes de la llegada de la Modernidad, la in-
foesfera estaba caracterizada por un régimen de transmi­
sión lenta, y este ritmo lento incidió en el tiempo vivido
y en las expectativas culturales.
A lo largo de la historia de la civilización, la per­
cepción siempre ha sido moldeada por regímenes artifi­
ciales de imágenes y por técnicas que producen y hacen
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

circular representaciones del mundo. La aceleración moder­


na en la transmisión de signos y la proliferación de fuentes
de información han transformado, pues, la percepción del
tiempo. La infoesfera se ha hecho más rápida y densa, y
la proliferación de infoestímulos ha sometido la sensibili­
dad a un estrés mutagénico. Debido a la intensificación de
las señales electrónicas, la aceleración de la infoesfera está
arrastrando la sensibilidad al vértigo de la estimulación si­
mulada. Esto conduce a una reconfiguración de la percep­
ción del otro y de su cuerpo. La presión, la aceleración y la
automatización están afectando los gestos, las posturas y
toda la proxémica social.
A medida que las imágenes proliferan, nuestra facul­
tad de imaginación experimenta una vertiginosa acele­
ración. Debemos tener en cuenta que una imagen no es
la percepción bruta de los datos empíricos que llegan
a nuestra atención a través de la materia, sino la ela- ,
boración imaginaria de la materia visual, realizada por 5
nuestra mente. Y el modo técnico en el que recibimos y
elaboramos las imágenes incide en la formación de nues-
tra imaiginapión.
En este sentido, los ajustes tecnomediáticos y las mu­
taciones psicocognitivas son tan interdependientes como
el organismo y su ecosistema. El organismo consciente
también es un organismo sensual, pues es un conjunto
de receptores sensitivos. La tecnosfera conectiva que ha­
bitamos hoy en día se asemeja al efecto de un zapping
proyectivo donde combinamos secuencias provenientes de
diferentes fuentes. El inconsciente social reacciona a esta
continua desterritorialización de diversas maneras, a tra­
vés de la adaptación, la desconexión o la patología.
El núcleo de la identidad, golpeado repentinamente
por la erupción de la proliferación semiótica y desprovisto
de los filtros inscriptos en la mentalidad crítica y disci­
plinaria de la Modernidad, se fuga y se disuelve en todas
las direcciones.
LA EMOCION EN EL CIBERTIEMPO

Llamemos infoesfera al universo de transmisores y cerebro


social al universo de receptores. El universo de recepto­
res (seres humanos hechos de carne y de órganos tragiles
y sensuales) no está formateado de acuerdo con los es­
tándares de los transmisores digitales. Aunque el sistema
nervioso es sumamente plástico y puede mutar al ritmo de
la infoesfera, el formato del transmisor no se corresponde
con el del receptor. ¿Entonces qué sucede? A medida que
el universo electrónico de transmisores interactüa con el
mundo orgánico de receptores, produce efectos patológi­
cos: pánico, sobrexcitación, hiperactividad, trastorno por
déficit de atención, dislexia, sobrecarga de información y
saturación de los circuitos neuronales.
Desde la Modernidad tardía, con la transición del régi­
men de comunicación alfabético al electrónico, el universo
de transmisión ha ido experimentado una constante acele­
ración, mientras el universo de receptores trata desespera­
damente de seguir su ritmo, acelerando y estandarizando su
respuesta cognitiva. Porque, si «bien el sistema nervioso es
flexible, la mente humana evoluciona a un ritmo totalmen­
te diferente al ritmo en el que evolucionan las máquinas.
Esta es la razón por la cual la expansión del ciberespacio
implica una aceleración del cibertiempo, que tiene efectos
patológicos en la terminal viviente, es decir, en la mente
humana con sus limites físicos, emocionales y culturales.
Por ejemplo, el multitasking actual implica pasar rápi­
damente de una estructura de información a otra. No obs­
tante la mente humana parece completamente apta para
esto, en realidad este fenómeno conlleva una mutación
psicológica que produce nuevas formas de sufrimiento,
como et pánico, el trastorno por déficit de atención, el
burnout, el agotamiento mental y la depresión.
Y estamos atrapados, además, en un frenesí de socia­
lización forzada. Producir y trabajar implican estar conec-
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

tados. La conexión es trabajo. La obsesión económica pro­


voca una permanente movilización de la energía producti­
va. Según Jonathan Crary, /yesta es la forma del progreso
contemporáneo: la implacable apropiación y dominio del
tiempo y de la experiencia”.6
Este es el objetivo principal de la semiocorporación.
Su misión es establecer una relación flexible y dinámica
entre la red y el internauta, entre la máquina y el traba-
jador cognitivo: Google.
La sobreproducción que, según Karl Marx, condujo a
crisis cíclicas en la era del capitalismo industrial se vuelve
permanente en la esfera dél semiocapitalismo, dado que la
proliferación de fuentes de estimulación nerviosa implica
una infinita sobrecarga del mercado de la atención. Según
Crary, la creciente demanda de atención conduce a un ase­
dio permanente y a una expansión incesante del tiempo
que se nos exige estar alerta. La atención se ha conver- ,
tido en el recurso más escaso: puesto que no tenemos 写
tiempo para la atención consciente, tenemos que tratar la
información y tomar decisiones de una manera cada vez
más automática. Por lo tanto, tendemos a ser gobernados
por decisiones que no responden a estrategias racionales a
largo plazo, sino más bien a simples alternativas binarias.
El psiquiatra Eugene Minkowski, autor del libro El
tiempo vivido: estudios fenomenológicos y psicopatológi-
cosr publicado en 1933, destaca el vínculo que existe entre
el sufrimiento mental y la percepción del tiempo, es decir,
la manera en la que percibimos cómo ñuimos en el tiempo,
o si nuestros estados al experimentar la vida tienden a ser
perezosos o frenéticos.
Claramente influenciado por Henri Bergson, para
quien el tiempo es duración o la proyección de un vécu

6. Jonathan Crary, 24/7. El capitalismo tardío y elfin del sueño, Buenos


Aires, Paidós, 2015, p. 67.
existencial, Minkowski no habla de tiempo sino de tiempo
vivido. Siguiendo la línea de este autor, las formas pre­
dominantes de psicopatologías contemporáneas podrían
denominarse cronopatologías.
En el sistema educativo estadounidense, el diagnóstico
de tdah (trastorno por déficit de atención con hiperactivi-
dad) es cada vez más frecuente. Este trastorno se manifiesta
como hiperactividad y la consecuente incapacidad para con­
centrarse en un tema por períodos prolongados de tiempo.
Aparentemente, la exposición diaria a flujos electrónicos de
psicoestimulación desde edades tempranas produce cambios
en el carácter afectivo y emocional, én el lenguaje, la ima­
ginación y la percepción misma del tiempo vivido.
A través del proceso laboral, los humanos se transfor­
man en productores de información conectados. Puesto
que el incremento de la productividad está basado en la
aceleración de los flujos de información, la contracción
temporal y la aceleración en la activación del cerebro que
esto implica debilita la experiencia personal.
Mientras que el ciberespacio, la dimensión virtual de
la interacción infoproductiva eñtre agentes de comunica­
ción, puede ser infinitamente expandido, el cibertiempo,
es decir, la duración de la percepción, no puede ser expan­
dido más allá de ciertos límites porque está limitado tanto
por una temporalidad emocional y cultural como por res­
tricciones orgánicas. La elaboración emocional y cultural
de los estímulos se da en el tiempo, y el tiempo necesario
para una elaboración psicológica y corporal no puede ser
reducido más allá de cierto punto.
A medida que se expande la cantidad de información
que demanda nuestra atención, disminuye el tiempo de
atención disponible para su elaboración. La composición
técnica del mundo ha cambiado, pero las modalidades de
apropiación cognitiva y de elaboración no pueden adap­
tarse a este cambio de manera lineal. El entorno técnico
está cambiando a un ritmo mucho más acelerado que la
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

cultura y, en particular, que el comportamiento cognitivo.


Esto es: aunque podamos expandir nuestra exposición a
los flujos de información e incrementar nuestra eficiencia
a través de las drogas, no podemos intensificar la expe­
riencia más allá de ciertos límites. Y, dado que las moda­
lidades intensivas del placer y del conocimiento han sido
estresadas hasta el punto del agotamiento, la aceleración
está asimismo empobreciendo la experiencia.
Este conflicto o incompatibilidad entre el ciberespacio
y el cibertiempo es una alarmante paradoja de nuestra
sociedad y, debido a la explotación capitalista, está pro­
duciendo efectos patológicos.
También conduce a una sensibilidad reducida. Más allá
de un cierto límite, la experiencia de la aceleración produce
una contracción del tiempo^ disponible para la elaboración
consciente y, por consiguiente, una pérdida de la sensibi­
lidad (que también tiene consecuencias éticas). La sensi- ,
bilidad existe en el tiempo, y el ciberespacio ha crecido de
forma tan densa que el organismo sensible (como singulari- '
dad consciente) ya no tiene tiempo para extraer significado
y placer de la experiencia.
Como resultado, en el amor actual,, para los amantes
precarios ya no habría tiempo disponible para las caricias
y la conversación, y el sexo rápido exige, entonces, un
soporte farmacológico. En la sensibilidad reducida, el sexo
es sexo sin atención, y la atención requiere tiempo. El
soporte farmacológico,, y dentro de este las drogas para la
disfunción eréctil, como el Viagra, tienen más que ver goxi
la disminución de la atención de la que hablo que con la
impotencia física.

COLAPSO PROZAC

Hoy en día, el universo de los transmisores, el eiberespa-


cio, ya no^ puede ser trasladado al universo de los recep-
F
R
A
N
tores, el cibertiempo. Aquí reside un vacío patogénico,
C
0 ocupado por el florecimiento de la industria psicofarmaco-
lógica, que vende más píldoras cada año, dado que las dro­
B gas se han vuelto la única manera de tratar el sufrimiento
I
mental, la ansiedad y la tristeza.
F
0 A finales de los años setenta, cuando los trabajadores
se vieron forzados a acelerar la productividad, se exten­
B dió una enorme epidemia de drogadicción en las aéreas
E
metropolitanas de industrialización tardía. Cuando el ca­
R
A pitalismo entró en la era de la aceleración neohumana, se
R puso muy de moda la cocaína, una sustancia que acelera
D el ritmo mental y corporal. En el mismo período, sin em­
I
bargo, muchas personas comenzaron a inyectarse heroína,
una sustancia que desactiva el vínculo entre la percepción
individual y la percepción del ritmo circundante. Desde
1970 a 1980, esa epidemia del polvo blanco desencadenó
una devastación existencial y cultural cuyas huellas son
CVJ
tn visibles en la música, la literatura y las artes visuales de
la no wave estadounidense y la cultura punk británica.
El uso de productos psicofarmacológicos continuó expan­
diéndose hasta entrar en la era de los antidepresivos y los
estimulantes, como Prozac, Xanax, Zoloft, etc.
Puesto que el semiocapitalismo se basa en una cons­
tante explotación de la energía mental y la competen­
cia constituye la forma generalizada de las relaciones en
el precario mercado laboral, el sufrimiento mental se ha
convertido en una epidemia social. La fuente principal
de las patologías es la competencia en el área de las rela­
ciones interpersonales. Los síntomas individuales de esta
epidemia son el estrés constante de la atención, la reduc­
ción del tiempo disponible para los afectos, la soledad,
la miseria existencial y luego la angustia, el pánico y la
depresión. En este sentido, cada vez son más estrechos
los vínculos entre psicopatología y economía. En la tran­
sición al semiocapitalismo, el sufrimiento mental ya no
concierne a una pequeña minoría de gente rara, sino que
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

tiende a convertirse en la norma de un sistema basado en


la explotación del trabajo cognitivo precario.
Mientras el capitalismo buscaba ,extraer la energía fí­
sica del cuerpo de los asalariados, la psicopatología podía
permanecer recluida en espacios marginales. ¿A quién le
importaba tu sufrimiento mientras estuvieses atornillan­
do, martillando, trabajando en un torno o ensamblando
las partes de una máquina? Podías sentirte tan solo como
una mosca en una botella, pero tu productividad no se
vería afectada por tu soledad y tu dolor porque tus mús­
culos aún podían trabajar. Contrariamente, hoy en día, el
semiocapitalismo requiere de la energía neuronal para el
trabajo mental y la alienación crece en el núcleo de la ma­
quinaria social. Altibajos, pánico y depresión son palabras
compartidas entre el lenguaje económico y el psicopatoló-
gico. Estos términos no son metafóricos, sino pistas de la
creciente interdependencia del comportamiento económi- ,
co y la patología mental. S
Después del fin de las vanguardias, después de la infil­
tración del arte en el territorio de la comunicación social,
la estimulación estética se expandió agresivamente en todas
las direcciones del panorama mediático, en la publicidad,
la television, el diseño y el diseño web. El organismo cons­
ciente y sensible está envuelto por un flujo semiótico que
no solo contiene información, sino también un factor de
estimulación perceptiva y excitación psicológica. La este-
tización generalizada absorbe la energía erótica y la desvía
del cuerpo hacia los signos.
La filosofía estética clásica estaba basada en la cen-
tralidad conceptual y sensible de la catarsis. En el modelo
aristotélico, el arte era concebido como el disparador de
una ola cautivante que provocaba excitación y conducía a
un clímax, a la emoción catártica. En la concepción clási­
ca, romántica y moderna, la belleza se identificaba con un
momento de culminación que relajaba la tensión implícita
entre el cuerpo sensitivo y el mundo: la catarsis, la armonía
y la liberación sublime. Alcanzar el clímax catártico de una
emoción estética es un evento que se asemeja a la descarga
orgásmiea que produce el contacto sexual entre los cuer­
pos, cuando se alivia la tensión muscular con la relajación
y el placer.
Introducir un ítem inorgánico en el ciclo de excitación
y placer, como por ejemplo la estimulación electrónica, o
acelerar la intensidad y la frecuencia del estímulo resulta­
rán en una contracción del tiempo psicofísico de reaeción
y en un reemplazo de la descarga orgásmiea por espasmos
de excitación inacabada.
En el arte de la Modernidad tardía, la catarsis como obje­
tivo va desapareciendo y da lugar a una concepción más fría
y cerebral en la relación con las obras artísticas: la belleza se
separa del placer y tiende a parecerse más a un juego con-
ceptual, a un espacio de tensiones no resueltas. A menudo
se asemeja, así, a un gélido gesto de desensibilización. En
lugar de la excitación catártica de la tradición moderna, cier­
tos artistas prefieren el montaje conceptual recombinante.
¿Podríamos decir, entonces, que una cierta tendencia a-emo-
ríonal que marcó el arte de la Modernidad tardía antiapó la
emergencia de formas de vida an-afectivasl
En el comportamiento social de una generación que
vive bajo condiciones de precariedad Gonectiva, la afasia
parece predominar a medida que la elaboración verbal se
comprime y acelera hasta el punto de provocar desórdenes
emocionales· La dislexia puede ser vista como un síntoma
de esta aceleración.
La estimulación intensiñeada trastorna la elaboración
emocional de significado. Actualmente, la afección y la se­
xualidad parecen estar oscilando entre la soledad y la agre­
sividad predatoria salvaje, como podemos ver en tos ritua-
les de desapego emocional, la virtualización, la pornografía
y la anorexia sexual.
La sensitividad ha entrado en un proceso de reforma-
teo. El lenguaje debe convertirse en un intercambio de
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

información uniforme y fluido para poder ser compatible


con la máquina digital. La imaginación sexual actualmen­
te se halla revestida por las superficies lampiñas de la
imagen digital. La primera generación digital está mos­
trando síntomas de atrofia emocional a raíz de esta des­
conexión entre el lenguaje y el sexo. Se habla de sexo en
todos lados, en los medios, la publicidad, la television;
pero en el sexo ya no hay espacio para hablar dado que se
ha desconectado del lenguaje. El sexo es ahora una especie
de balbuceo, tartamudeo, murmullo o grito desganado. Las
palabras se están secando.
Los medios electrónicos actúan, en definitiva, como
un acelerador de infoestimulación y, simultáneamente,
como un instrumento para reducir la sensibilidad de la
psique y la piel colectiva.

EMOCIÓN: HUELLA Y CUERPO S

¿Qué es la emoción? En sus escritos, el psicoterapeuta e


investigadar Max Pagés intenta superar la distinción en­
tre la concepción freudiana de la emoción como signo y
la concepción de Wilhelm Reich de la emoción como una
reacción corporal instintiva.
Según Pages, la emoción es la huella de eventos psico­
lógicos y fisiológicos, vinculados por conexiones relevan­
tes como las expresiones de alegría, odio y miedo.7
Tanto la corporalidad como la cultura contribuyen a
generar valores emocionales en los objetos, los signos y
los actos. La reacción sensual y sensitiva del cuerpo está
vinculada con su contexto cultural. Según Pagés, exis­
te una memoria sensible por medio de la cual el cuerpo

7. Max Pagés, Trace ou sense: le Systeme emmotionelr París, Hommes et


groupes,1986, p . 109.
registra su propia historia de contactos y experiencias
de ternura o violencia. Estas son huellas corporales de
eventos psíquicos, que se expresan particularmente como
inhibiciones emocionales y problemas psicosomáticos.8
La piel cubre nuestro cuerpo y lo protege del mundo
externo y es también nuestro órgano sensorial más antiguo
y sensible, nuestra primera herramienta de comunicación.
Aunque cubre y encierra, la piel también abre el cuerpo al
mundo trayendo a la mente mensajes de nuestro entorno in-
mediato· En la evolución del sistema sensorial, el sentido del
tacto, cuyo órgano es la piel, es el que aparece primero. Ella
es de una importancia primordial, porque introduce nuestro
organismo al conocimiento sensual del mundo. Pero el mun­
do solo se vuelve parte de nuestra experiencia cuando nues­
tra piel entra en contacto con el cuerpo de otro (sea humano
o no-humano) y el calor puede fluir de un organismo a otro.
La sociedad, como el espacio donde nos encontramos
con otros cuerpos a los que podemos tocar, oler y ver, es
también el espacio donde el tocar está sujeto a reglas. La
cultura implica una regulación del tocar y de la proxémica
(la manera en la que los cuerpos están localizados y posi-
donados uno en relación con el otro). Existen culturas en
las que el tocar, empezando por la relación entre madre
e hijo, se considera algo común. Hay otras sociedades en
las que esto está fuertemente ritualizado y se lo conside­
ra vergonzoso, como algo con lo que debemos lidiar solo
secretamente dentro de los confines cerrados de la casa y
que debe ser reducido al mínimo en los espacios públicos.
Noli me tangere [no me toques]9 parece ser la regla del
comportamiento de la sociedad moderna, donde la obsesión
higiénica se ha unido y reforzado con la religiosa. La religión

8. Max Pages, ibid., p . 118.


9. Célebre frase que aparece en el evangelio de San Juan (versículo 17,
capítulo 20) en el Nuevo Testamento y son las palabras que después de su
resurrección Jesucristo le dice a Magdalena. [N. de la T.]
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

monoteísta tiende a identificar el contacto con la culpa y a


someter el tacto a una rígida regulación simbólica. Pero, en
nuestros tiempos modernos higiénicos, es más una disuasión
proveniente de la medicina y no de la religión la que retiene
a las personas de tocarse y de buscar el placer. Michel Fou­
cault describe la medicalización como el proceso que marca
los espacios y las funciones sociales, disciplinando los cuer­
pos y sometiéndolos al orden de la producción económica.
Mientras tocar el cuerpo era un peligro para el alma
religiosa, los seres humanos desafiaron el consecuente sen­
timiento de culpa. Pero cuando el cuerpo del otro se siente
como un portador de enfermedad epidémica, entonces el
deseo en sí mismo y no simplemente su expresión es re­
primido y reconfigurado. Cuando el deseo se convierte en
un peligro para el cuerpo, el miedo comienza a amenazar
desde dentro al deseo y lo asimila como enfermedad. El
erotismo, entonces, da un giro mórbido que lo estetiza y lo ,
transfiere al dominio de los tabúes sociales y las transgre- t
siones individuales.
La propagación epidémica por contacto ha marcado
la historia cultural de la humanidad, particularmente en
los tiempos modernos promiscuos, urbanos y masificados;
pensemos en la importancia que tuvo la sífilis en el paisa­
je cultural del siglo xix.
En el umbral de la posmodernidad, las epidemias se
han amplificado enormemente por el entorno mediático y
se han convertido en fenómenos psicovirales que transfie­
ren sus peligros al espacio semiótico, para luego pasar a la
esfera de las emociones y finalmente volver al espacio me­
diático en una especie de efecto Larsen10 de la psicoesfera.

10. Este efecto, también conocido como wacople/,/ es un fenómeno de retro-


alimentación y se produce cuando un sonido amplificado, por ejemplo por
un altavoz, es captado por un receptor, como puede ser un micrófono, que
lo vuelve a amplificar y a introducir al sistema de amplificación. De esta
forma, el sistema recoge sucesivamente la fuente reamplificada. [N. de la T.]
El sida es la metáfora perfecta de este giro antropoló­
gico. Quizá más que cualquier otra, esta enfermedad tuvo
efectos masivos en el ámbito de la comunicación. En las
décadas finales del siglo pasado, la pandemia del sida se
propagó también en los medios y congeló y esterilizó si­
multáneamente el acto de tocar, al transferir la energía
erótica al ámbito pornográfico y a la interminable exci­
tación pospuesta de los rituales de cortejo en las redes
sociales. El virus cultural ha penetrado tan profundamen­
te en nuestra psique colectiva que somos incapaces de
ponderar sus efectos en la calidad de nuestra experiencia
y en nuestra vida cotidiana. Si bien el miedo a adquirir
hiv ha sido mitigado por las ciencias médicas, sus efectos
culturales y psicológicos están aquí para quedarse, trans­
formados en ritual, moda y estilos de vida.

LA FRÁGIL PSICOESFERA

Las artes en el siglo xx favorecieron el registro de la uto­


pía bajo dos formas: la utopía radical del futurismo y el
surrealismo y la utopía funcional de la Bauhaus.
Sus tejidos distópicos subyacentes, escondidos en los
pliegues de la imaginación artística y literaria, tomaron
prestado el expresionismo de Fritz Lang y una especie de
amargo surrealismo que resurgió en las novelas de Philip
K. Dick.
En la segunda mitad del siglo xx, florecieron las disto-
pías literarias de Orwell, Burroughs y DeLillo. En los años
de transición del siglo xix al siglo xx, la distopía jugó un
papel central y conquistó todo el campo de la imaginación
artística. En la poesía, la escritura, el cine y las artes vi­
suales proliferó una epidemia de sufrimiento mental.
A lo largo de la Modernidad tardía, los artistas fueron
precursores de la precariedad, a la que internalizaron en
una estética de incertidumbre, azar y exceso. Pero en la
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

primera década del nuevo siglo, la precariedad se volvió


una condición social que penetró en el mercado laboral y
en la autopercepción de los trabajadores.
El arte precario es un intento de mitigar el dolor social
y la impotencia política con una especie de ironía distópica.
En la Exhibición de Arte Visual de Limerick 2012, vi
The trainee [La becaria], un inquietante trabajo de la ar­
tista finlandesa Pilvi Takala producido en colaboración
con Deloitte, una red global de empresas consultoras, y el
Museo de Arte Contemporáneo Kiasma. Para realizar este
trabajo, la artista pasó un mes como becaria del departa­
mento de marketing de Deloitte, donde solo algunas per­
sonas sabían la verdadera naturaleza de su proyecto. Al
comienzo parecía una becaria de marketing normal, pero
eventualmente comenzó a poner en práctica métodos de
trabajo peculiares. Por ejemplo, por momentos se sentaba
en su puesto de trabajo, en el espacio común de oficinas ,
abiertas o en la biblioteca del departamento de impuestos, S
sin hacer nada en todo el día. En un video se la ve pasando
toda la jornada en un ascensor. Estos actos, o más bien
la ausencia de la acción visible, hacen lentamente inso­
portable la atmósfera que la rodea y fuerza a sus colegas
a buscar soluciones y encontrar explicaciones para esta
situación. Poco a poco se convierte en objeto de rechazo y
especulación. Sus colegas comienzan a hacerle preguntas
embarazosas, a mitad de camino entre un interés sincero
y un divertimento desconcertante. Ellos le transmiten a
su supervisor sus inquietudes respecto a esta trabajadora
y su extraño comportamiento. Ocultar la pereza aparen­
tando estar en actividad o navegar en Facebook durante
las horas de trabajo son parte de los patrones de com­
portamiento aceptados en una comunidad de trabajo. Sin
embargo, estar sentado en silencio, inmóvil frente a un
escritorio vacío, pensando, sonriendo y mirando la pared
amenaza la paz de la comunidad y perturba la concen­
tración de los otros trabajadores. La persona que no está
haciendo nada no está comprometida con ninguna activi­
dad y por eso tiene el potencial para cualquier cosa. Dado
que el no-hacer no tiene un lugar en el orden general de
las cosas, se convierte en una amenaza para este. Aquí, se
hace visible la degradante religión del trabajo junto a la
inutilidad del trabajo contemporáneo.
En los videos The Windf I f 6 was 9, Anne, Aki & God [El
viento. Si 6 fuera 9, Anne, Aki y Dios], Eija-Liisa Ahtila
narra las psicopatologías de las relaciones y la inhabilidad
para tocar y ser tocado.
En la película Túf yo y todos los demás, Miranda July
cuenta la historia de una videoartista que se enamora de
un hombre joven y de su dificultad para trasladar la emo­
ción a las palabras y las palabras al tacto. El lenguaje se ha
separado de la afectividad. Lenguaje y sexo son divergen­
tes en la vida cotidiana. Se habla de sexo en todas partes,
pero d sexo ramea habla·
La película de Jia Zhangke titulada Naturaleza muerta
[Sanxia Haoren], producida en Hong Kong en 2006, muestra
la devastación progresiva de la China contemporánea. El co­
lor predominante es un verde violáceo, grisáceo y putrefac­
to. La historia es simple, pero cruel. Han Sanming vuelve a
su pueblo natal con la esperanza de encontrar a su mujer y
a su hija, a quienes había dejado años atrás para ir a buscar
trabajo a una mina lejana del norte· Al llegar descubre que
este ha desaparecido, junto con la ribera del río Yangtze,
desde la construcción de la presa de las Tres Gargantas. Mu­
chos pueblos habían sido borrados del mapa, y casas, perso­
nas y calles se encontraban cubiertas por el agua. Aun así, la
construcción de la represa prosigue, los pueblos continúan
desapareciendo y el agua sigue creciendo. Han Sanming lle­
ga a este escenario de devastación y no logra encontrar ni
a su mujer ni a su hija. Entonces empieza su búsqueda, que
sucede mientras un grupo de trabajadores armados con pi­
cos tiran abajo paredes, demuelen edificios con explosivos y
transforman el paisaje en una enorme extensión de basura.
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

Después de buscarla largamente, Han Sanming en­


cuentra al fin a su mujer. Ella ha envejecido y ha sido
vendida a otro hombre por su hermano. Se hallan en la
habitación de un edificio en demolición y hablan de su
hija, en susurros y con la cabeza gacha. Una nave espa­
cial verde oscura planea sobre el fondo, donde ladrillos y
hierro salpican un cielo amarronado como el estiércol. En
la última escena de Naturaleza muerta, un equilibrista ca­
mina sobre una cuerda desde el techo de una casa hacia la
nada, sobre un fondo que recuerda al surrealismo oscuro
de las amargas pinturas de Dalí. Este film es una represen­
tación lírica del capitalismo chino desde adentro, desde el
punto de vista de la vida sumergida.
Las correcciones, una novela de Jonathan Franzen, ha­
bla de los microgiros psicopatológicos y de la adaptación
psicofarmacológica de una humanidad cada vez más devas­
tada por la depresión y la ansiedad. La novela nos muestra ,
a personas que intentan ajustarse a una existencia que S
aparenta y pretende ser normal, mientras sus mentes son ‘
incapaces de lidiar con el caos que las rodea y gobierna
sus vidas íntimas. El título hace referencia a los ajustes
que deben hacerse en un mercado de valores volátil para
no perder el dinero invertido en fondos de pensiones pri­
vadas, que repentinamente pueden desaparecer.
Franzen narra las andanzas de una vieja pareja del
medio oeste que se ha vuelto loca como resultado de dé­
cadas de excesivo trabajo y conformismo. El término wco-
rreccioneswaquí se refiere también al lento e insoportable
deslizamiento hacia la pérdida del deseo sexual, al terror
que provoca la vejez, en una civilización donde reina la
competencia, y al horror ante la sexualidad, en un mundo
de encienda puritana.
En esta novela de 2001, Franzen se adentra profunda­
mente en los pliegues de la psique estadounidense para
describir en detalle la reducción a cenizas del cerebro de
los ciudadanos, mostrando la depresión y la demencia que
resultan de la exposición prolongada al bombardeo psí- 1
quico del estrés laboral, la apatía, la paranoia, la hipo­
cresía puritana y la industria farmacéutica, que engloba
todo esto. Franzen muestra el desmantelamiento psíquico
de aquellos que se encuentran encerrados en la burbuja
claustrofóbica e ilusoria del hiperproteccionismo econó­
mico y revela la infantílidad de aquellos que pretenden
creer, o que quizá realmente creen, en el obsequioso cuen- i
to de hadas de la compasiva crueldad liberal de la Navidad.
Al final de una larga y esperada cena de Navidad, mientras
la familia psicopática está felizmente reunida, el padre in­
tenta suicidarse pegándose un tiro en la boca. No lo logra.
触 ízafcana JVb t/ta comienza con un pescado envuelto !
en papel celofán en una góndola de supermercado. Un niño 丨
lo toma y lo lleva a la caja registradora. Paga, se va, lo pone \
en La cesta de su bicicleta y pedalea para volver a casa. i
"Buen día, señor estudiante. Estoy muy feliz de estar j
con usted. No se preocupe. No soy un pez que se que- \
ja^, dice el pescado mientras el estudiante pedalea rá- \
pidamente. wEs un placer conocer a un ser humano. Son j
seres extraordinarios. Son prácticamente los dueños del <
universo. Desafortunadamente, no siempre son pacíficos. *
A mí me gustaría vivir en^tin mundo pacífico donde todos ;
se amaran mutuamente e incluso peces y humanos fueran í
capaces de darse la mano. Oh, es tan bello ver el atarde- ^
cer. Siempre me gustó mucho,/. Dicho esto, el pescado se i
emociona y se retuerce en la bolsa de celofán dentro de la j
cesta. yyPuedo oír el sonido de un arroyo... Me encanta el ΐ
sonido de la corriente, me recuerda a mi infancia^. \
Cuando llegan a la casa, el nmo saca el pescado de la ξ
bolsa, lo pone en un plato y le echa un poco de sal por ^
encima. El pescado, cada vez más emocionado, comenta: ;
wAh, me gusta mucho la sal, me recuerda a algow. Mientras í
el rimo lo coloca en el horno y gira la perilla, el pescado i
sigue hablando: "Oh, señor estudiante, es agradable estar j
aquí, puedo ver una luz por allí... Tengo calor... calor^, í
1
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

hasta que la voz se vuelve dudosa. Entonces empieza a


cantar una canción, cada vez más débil e inconexa, que
recuerda a Hal en 2001: Odisea del espacio cuando sus
cables están siendo desconectados.
Aunque Yakizakana No Uta de Sakamoto fue quizá el
film de animación más desgarrador que vi en el CaixaForum
de Barcelona durante el festival Historias Animadas en ju ­
nio de 2006, percibí un tono común de cinismo irónico y de
desesperanza en todos los trabajos presentados.
Animales de compañía de Ruth Gómez utiliza imáge­
nes feroces para contar la historia de una generación de
antropófagos bien vestidos, de jóvenes bestias en corbata.
Los personajes están constantemente huyendo para evitar
ser atrapados por colegas, amigos y amantes, quienes los
lastiman, matan y comen tan pronto como caen en sus
garras, con sonrisas aterradoras y ojos dilatados.
El arte que estoy describiendo no es un arte de denun- ,
cia. Los términos denuncia y compromiso ya no tienen sentí- S
do cuando eres un pescado que está a punto de ser cocinado.
Aunque sigan utilizándose expresiones que forman par­
te del léxico del siglo pasado, los artistas del siglo xxi ya
no muestran ese tipo de energía, quizá porque están asus­
tados de su propia verdad. Los artistas ya no buscan la
ruptura. En su lugar, buscan un camino que pueda conducir
a un equilibrio entre ironía y cinismo, una manera de sus­
pender, al menos por un momento, la ejecución, la condena
a muerte.

GEQCULTURAS: PIEL E IMAGINACIÓN

En este libro rastreo la mutación que ha producido la


globalización de la tecnología y los medios en el cuerpo
viviente de las culturas. Asimismo, describo la mutación
antropológica que conlleva la difusión a gran escala de la
tecnología electrónica y la manera en que la digitalización
de la comunicación social afecta a las distintas culturas,
con sus propios conflictos internos.
Contrariamente a la presuposición de la teoría del
choque de civilizaciones, en mi opinión, las identidades
no existen como tales. Estas son construcciones frágiles y
cambiantes, basadas en la historia social de grupos huma­
nos y en los efectos de los flujos de estímulos tecnopsico-
lógicos. Las civilizaciones ya no son bloques homogéneos
de identidades consistentes, sino el espacio de una conti­
nua negociación entre diferencias.
Si observamos el mapa geopolítico y geocultural del
mundo, veremos que los conflictos más recientes están
sucediendo al interior de la así llamada /-civilización〃 .
En su libro El choque de las civilizaciones (1996), Samuel
Huntington escribe que el cristianismo occidental está
destinado a enfrentarse con el islam; pero la experien­
cia de los últimos diez años ha demostrado que la mayor
fuente de guerras es la oposición dentro del islam, entre
el chiismo y el sunismo.
Las identidades, lejos de ser la evolución natural de
legados a largo plazo, están siendo constantemente mo­
dificadas, fragmentadas y remodeladas por los ñujos me­
diáticos que las atraviesan. Y, estrictamente hablando,
las civilizaciones no existen. Los factores transversales de
mutación, es decir, la tecnología. Internet, el colapso fi­
nanciero, más que enfrentar las civilizaciones unas contra
otras, están impregnando los diferentes paisajes cultura­
les con los mismos colores.
La palabra civilización no define tampoco una homoge­
neidad política. La transición en cuestión no opone razas
o religiones, las marcas tradicionales de la civilización. En
su lugar, opone estilos de vida tecnológicos y económicos
en un marco común de explotación, iniseria social y sufri­
miento mental.
En este libro pretendo seguir la huella de esta evolu­
ción molecular de las geoculturas y me centraré, por ello.
LA I N F O E S F E R A S E N S I T I V A

en las identidades simplemente como construcciones tem­


porales. Para dibujar el mapa de esta mutación, seguiré
dos caminos diferentes. Comenzaré trazando primero una
fenomenología de la piel y continuaré con una genealogía
de la imaginación global. Esta fenomenología de la piel
traza el mapa de las múltiples formas de aproximación
hacia la percepción del cuerpo del otro, donde la cultura
se entiende como la esfera de la imaginación social, es de­
cir, la percepción y proyección del entorno. Los siguientes
capítulos se centrarán, por su parte, en la sensibilidad y
la imaginación social de la era moderna.

in
<X)
LA PIEL GLOBAL: UN MOSAICO
TRANSIDENTITARIO

Una geografía siniestra, siniestra en el sentido freudiano de "aquella


variedad de lo terrorífico que se remonta a las cosas conocidas
y familiares desde hace largo tiempo"· [." ] [Lo] "siniestro" es
en realidad lo unheimlich, lo sin-casa o lo que no está en casa. Tanto
su cualidad terrorífica como su cualidad familiar vienen de su extraña
relación con el hecho de no estar en el hogar, con la extrañeza que
implica esta condición.
Irit Rogoff, Terra Infirma: Geographyrs Visual Culture

La piel es básicamente una membrana de dos capas. La inferior,


dermis gruesa y esponjosa, de uno o dos milímetros de espesor, es
principalmente tejido conectivo, rico en colágeno proteínico; su
función es proteger y almohadillar el cuerpo y alojar los folículos
capilares, terminales nerviosas, glándulas sudoríferas, sangre y vasos
linfáticos. La capa superior, la epidermis, tiene un espesor de entre
0,07 y 0,12 milímetros. Se compone primordialmente de células
epiteliales escamosas, que comienzan su vida redondas e hinchadas
en la frontera con la dermis, y en un período de 15 a 30 días son
empujadas hacia arriba por las células nuevas que nacen debajo. Al
ascender, se van achatando, se hacen fantasmales, llenas de una
proteína llamada queratina, y al fin llegan a la superficie, donde son
arrastradas sin gloria al olvido.
David Hellerstein, //Skinff/ en Science Digest,
citado en Diane Ackerman, Una historia natural de los sentidos.
Nuestra piel se interpone entre nosotros y el mundo, y
actúa como un procesador sensitivo de la experiencia. Está
continuamente regenerándose, emergiendo sobre la super­
ficie, envejeciendo, deteriorándose y finalmente desapa­
reciendo al fundirse con el aire, olvidada. Pero los datos
sensitivos que há registrado no mueren ni desaparecen,
se guardan en el cerebro transformados en recuerdos y
convertidos en expectativas sensitivas. La piel alimenta el
cerebro con percepciones del mundo y, a cambio, este su­
ministra a la piel de sensitividad, inclinaciones estéticas
y tendencias: deseo. El deseo no es la necesidad de algo,
sino la creación sensible del mundo en tanto entorno car­
gado de sentido estético.
La historia cultural, por lo tanto, tiene algo que ver
con la historia de la piel. Las experiencias depositan sedi­
mentos en nuestra memoria corporal (estos sedimentos, a
su vez, nos dan forma a nosotros mismos)· Sin embargo,
como sugiere Max Pages en Traces ou sense [Huellas o sen­
tido], no deberíamos inferir que existe una memoria o piel
colectiva que definiría una identidad étnica y cultural. La
memoria corporal es singular y la interacción entre seres
individuales no está predeterminada por ninguna identi­
dad supraindividual. La identidad colectiva (una etnia, un
volkr1 una nación, etc.) no es otra cosa que una ficción,
una fijación arbitraria en el proceso de identificación. ^
La actual transición de un entorno conjuntivo a un
entorno conectivo está reconfigurando la percepción del
yo, en un contexto definido por diferentes formas de vida.
En el idioma inglés/existe una pequeña pero muy pro­
funda diferencia semántica entre las palabras sensibility y
sensitivity. La sensibility [sensibilidad] se refiere a la ha­
bilidad para detectar significado, es decir, las implicacio­
nes morales y conceptuales que resultan relevantes en las

1 . VbZfc significa en alemán tanto "gente" como "pueblo”. [N. de la T·]


LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

enunciaciones no verbales, tales como gestos, insinuacio­


nes y situaciones existenciales. La sensitivity [sensitivi­
dad], por otro lado, se refiere a la habilidad para detectar
implicaciones significativas en las percepciones táctiles,
en los estímulos epidérmicos y en la insinuación sexual.
Estas dos palabras dan acceso a las esferas de la estética
y del erotismo.
La mutación que estamos experimentando hoy en día
está provocando una dolorosa disonancia entre las esferas
de la sensibilidad y la sensitividad, que se hace sentir de
diversas maneras. A medida que el organismo consciente
se abre sensualmente a otros cuerpos, entra en resonancia
con el placer suscitado por signos estéticos artificiales. El
eros y el arte se interfieren mutuamente, creando pertur­
baciones, superposiciones y contaminaciones.
Las dimensiones de lo natural y de lo artificial no se
pueden disociar desde el punto de vista de la respuesta ,
emocional. El lenguaje erótico obviamente implica una es- S
tética y, claramente, la producción estética estimula efec- '
tos eróticos en la esfera social.

EL SENTIR INTERNO

En su libro The Inner Touch [El sentir interno], Daniel He-


ller-Roazen investiga las fuentes filosóficas de la percep­
ción del en cuanto autoconciencia: iyla experiencia
del único sentido compartido y sentido por todos los senti­
dos individuales, por más débil e intermitente que sea, en
todas las sensaciones es el sentido de sentir [“ .]〃 .2 Diane
Ackerman, en Una historia natural de los sentidos, escribe:
^¿Qué es el sentido de uno mismo? En gran medida, tiene

2. Daniel Heller-Roazen, The Inner Touch: Archeology o f a Sensation, Nueva


York, Zone Books, 2007.
que ver con el tacto, con lo que sentimos. Nuestros pro-
pioceptores (del latín, receptores de uno mismo) nos man­
tienen informados sobre el sitio donde estamos, si nuestro
estómago está ocupado [...]〃 .3
Kant habla de apercepción para definir la unidad
autopercibida de la conciencia, el espacio donde puede
tener lugar la actividad cognitiva. Heidegger habla del
Dasein para definir la presencia perceptible de la existen­
cia del "yo".
Heller-Roazen reformula el problema de la unidad de
la conciencia a través de la aisthesis, el sentido del sentir.

En los orígenes lejanos de la palabra sinestesia, el término griego


no era ningún neologismo cuando los pensadores de la Antigüe­
dad tardía le confirieron un sentido técnico dentro de la doctri­
na del alma. Formada por la suma del prefijo con (sun-) y el
verbo sentir o percibir (aisthanesthai), la expresión muy proba-
blemente designaba un "sentimiento en común", una percepción
compartida por más de uno. [...] En este punto del desarrollo
del idioma griego, el término se aplicó a la vida comunitaria
de muchos, y su significado distaba de aquel que más tarde le
atribuyeron los comentaristas.
Uno de los indicadores más tempranos de un giro en el senti­
do de la expresión lo encontramos en la literatura médica que
〇/--
floreció tras el comienzo de la era cristiana. Se ha constatado
que Galeno, por ejemplo, emplea sunaisthesis para designar una
sensación en común, no en el sentido de ser compartida por mu-
chos, sino como algo que se extiende repentinamente por todo
un único cuerpo, y que consiste, en efecto, en una multiplicidad
de afecciones fisiológicas.4

3. Diane Ackerman, Una historia natural de los sentidos, Barcelona, Ana­


grama, 1992, p . 1.
4. Daniel Heller-Roazen, ob. cit., p. 81.
LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

El desplazamiento de la noción de synaesthesis como


percepción compartida por muchos a la noción de synaes-
thesis como un sentir interior5 destaca la relación entre
la conciencia sensitiva del JJyorr y la conciencia proxémica
de los otros. La autopercepción no solo implica el acto si-
nestésico del sentir interior, el sentir singular del cuerpo
de uno mismo, sino que implica, también, a los otros que
están percibiendo tu cuerpo y tu existencia en su propio
espacio. La autoconciencia y la proxémica se interfieren
mutuamente y los procesos de individuación e identifica­
ción están estrechamente vinculados. De acuerdo con el
antropólogo Edward Hall, la proxémica es una disciplina
que estudia la comunicación no-verbal y la disposición de
los cuerpos en el espacio.
Hoy en día, la transición conectiva está transforman­
do las condiciones de la proxémica social, es decir, la or­
ganización de los cuerpos en el espacio. A medida que los (
medios de comunicación transforman la manera en la que C
las personas interactúan, la disposición de los cuerpos en '
el paisaje urbano cambia.
La proxémica también define el sustrato físico de lo
que Gilbert Simondon denomina individuation. Con esta
palabra, Simondon se refiere a la separación del indivi­
duo del continuo indiferenciado del entorno, así como a
la especificación del yo en cuanto organismo consciente
y sensible. El individuo, que en la filosofía moderna ha
sido considerado generalmente la premisa de todo discurso
acerca de la sociedad, debería, en su lugar, ser repensado
como el producto de relaciones sociales y como el resultado

5. La frase en la edición inglesa es 'Inner touch'", en correspondencia con el


título de la obra de Daniel Heller-Roazen. En la traducción no ha resultado
posible conservar la ambivalencia que posee en inglés el término touch, en
cuanto un sentir, una emoción o conmoción y algo táctil. Pero, como ya se
ha visto y como lo hemos señalado anteriormente, la dimensión táctil es
sumamente importante para el planteo del autor. [N. de la T.]
de un proceso de diferenciación de la realidad preindivi­
dual de la materia orgánica.
El pensamiento liberal considera las relaciones sociales
como una interacción entre individuos cuya existencia ya
se da por hecho. Por el contrario, se entendería mejor a
estos últimos si se los considera como el producto de un
laberinto de relaciones e implicaciones. La autopercepción
del individuo solo puede emerger si se tiene a este entra­
mado como telón de fondo. La sensitividad, la habilidad
para sentir el sentido del otro, es lo que conduce a la per­
cepción diferenciada del y o . .
Las siguientes páginas, trazarán un mapa de algunas
de las maneras en las que funcionan los procesos de iden­
tificación en diferentes contextos psicoculturales. No pre­
tendo ningún tipo de descripción taxonómica exhaustiva
y tampoco intento graficar en detalle una cartografía psi-
cocultural. Por el simple deambular a través del paisaje
cultural contemporáneo, intento arrojar luz sobre algunos
pasajes cruciales de la historia de la sensibilidad, con el
objetivo de preparar el terreno para una comprensión más
profunda de la actual mutación tecnocultural.
Las psicoculturas se hallan localizadas en una dimen­
sión geográfica, a pesar de que la ubicación geográfica
tiene muy poco o nada que ver con la cuestión del perte^
necer, como lo afirma Irit Rogoff en Terra Infirma: ’

Mi investigación no pretende responder a la pregunta de la localiza­


ción del pertenecer; esto no es en absoluto prescriptívo dado que no
tengo idea adonde pertenece nadie ni, mucho menos, yo misma. Es,
sin embargo, un intento de reflexionar acerca de la cuestión misma
. del pertenecer y su naturalización como un conjunto de realidades
políticas, estructuras epistémicas y sistemas de significación.6

6. Irit Rogoff, Terra Infirma: Geographyfs Visual Culture, Nueva York, Rout-
ledge, 2000, p . 15.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I O E N T I T A R I O

Comenzaré mi deambular geopsicocultural con un es­


critor hindú que se ha centrado, particular y casi obsesi­
vamente, en los problemas de identidad. A mi entender, la
globalización contemporánea poscolonial de la cultura es
un proceso de desensibilización que resulta paralelo al na­
cimiento de un nuevo proceso de sensibilización. Volveré,
entonces, a las fuentes de la sensitividad moderna. Empe­
zaré por una investigación de los conceptos cristianos de
amor y erotismo, para llegar al análisis de la estética ro­
mántica y del romanticismo tardío. Esto me permitirá de­
terminar el sex appeal de la electrónica y el efecto digital
que el proceso actual de desensibilización está teniendo
en la psicocultura contemporánea. Finalmente, describiré
este proceso de desensibilización o de mutación de la sen­
sibilidad en relación con la vida cotidiana en países como
Japón y Corea del Sur, donde la digitalización ha afectado
profundamente la esfera psicológica. ,
m
I'-··
I

EL DESARRAIGO 7 Y LA IDENTIDAD

Aunque hablaré de identidades en las próximas páginas,


mi intención no es celebrarlas o aceptar su definición
como algo naturalmente dado. Me interesa, en cambio,
deconstruir sus génesis y hacer una crítica de sus usos con
fines políticos y psicológicos. Pues la palabra identidad
fija generalmente un estadio en el proceso de identifica­
ción y lo hipostasia como si se tratara de algo natural.
Tomaré prestada la expresión ^psicología culturar de
los escritos de Sudhir Kakar, el psicoanalista de la India
que ha escrito extensamente acerca de la sexualidad^ mi­
tología hindú. La psicología cultural es la disciplina que

7. La palabra en inglés es homelessness, que se refiere específicamente a


las personas que carecen de hogar. [N. de la T.]
investiga los procesos de identificación en los diferentes
entornos culturales, evitando fijar e hipostasiar estadios
particulares del proceso de identificación. Asimismo, los
escritos teóricos y literarios de V.S. Naipaul son el punto
de partida perfecto para reflexionar acerca de las trampas
inherentes al concepto de identidad, ya que sus trabajos ras­
trean la soledad emocional de los nómades poscoloniales,
mientras se mueven de la individuación a la identificación.
El nomadismo cultural se ha convertido en una en­
fermedad generalizada en la era de la globalización de los
mercados laborales y los medios de comunicación. El no­
madismo, el proceso de desterritorialización cultural y su
subsecuente destierro psicológico, afecta profundamente
la percepción del "yo", causando sufrimiento psicológico a
la vez que, de manera simultánea, abre nuevas perspecti­
vas de imaginación e identificación. La experiencia litera­
ria de Naipaul ofrece, en este sentido, un incisivo panora-
ma general de nuestra mutación cultural contemporánea.
Nacido de una familia originaria del sur de la India, en
Trinidad, una isla caribeña donde migraron muchos jornaleros
hindúes durante la primera parte del siglo xx, Naipaul fue cria­
do en la tradición hindú, pero en su juventud viajó a Londres
para estudiar en Oxford y, eventualmente, se convirtió en uno
de los escritores ingleses más importantes de nuestro tiempo.
Sus libros nanan sus viajes, sus encuentros con personas de
ámbitos culturales muy distantes y describen varios contextos
(el hindú, el islámico, el europeo, el sudamericano^ el africa­
no) desde un punto de vista desterritorializado, es decir, exter-
no a las múltiples situaciones en las que se ve envuelto. A tra­
vés de su escritura, Naipaul intenta lograr lo que élUama: "una
síntesis de los mundos y las culturas que me habían hechor8
Miedos, inhibiciones, vergüenza y aversiones emergen
desde su propio trasfondo psicocultural para determinar sus

8. V.S. Naipaul, El enigma de la llegada, Barcelona, Debate, 2002, p . 186.


LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

juicios, sus gestos y la específica ironía y sarcasmo que se in­


serta entre él y los demás. El evitar el tacto, algo tan arraigado
en el estilo de vida y el carácter brahmánico, está presente
constantemente en sus palabras cuando denuncia la vergüen­
za provocada por el cuerpo, la comida, las creencias y la se­
xualidad del otro. Sus libros expresan una especie de repul-
sión que despierta e infunde en él la presencia física humana.
Paradójicamente, Naipaul puede ser visto, asimismo, como
un testigo del eros global, aunque uno también podría dedr que
sus escritos son exactamente lo contrario al erotismo, ya que se
centran en el sentimiento (malestar) erótico y en el (dis)placer
provocado por la accesibilidad de otros cuerpos.
Por sus libros creo que, aunque Naipaul desprecie pro­
fundamente a los individuos y grupos humanos que co­
noce mientras viaja, la persona a la que esencialmente
desprecia es a sí mismo: su propia piel, su propio cuerpo,
su propio rostro, su propia historia y su propio pasado. ■
Naipaul incluso odia la lengua inglesa, que él mismo C
maneja de una manera perfecta y cristalina, pero que no
le pertenece. Odia su propia materia lingüística, aunque
escriba doblegándose y arrastrándose ante las luminosas
alturas y las oscuras complejidades del idioma del colo­
nizador, al que ha recibido como un regalo venenoso y al
que ha transformado en algo absolutamente íntimo.

El mundo es una ilusión, dicen los hindúes. Hablamos de desespe­


ración, pero la verdadera desesperación es algo demasiado profun­
do para expresarlo. Hasta ahora cuando mi experiencia de la India
se define más claramente al contrastarla con mi propio desarraigo,
no he comprendido lo cerca que he estado durante el último año
de la negación india absoluta, hasta qué punto se había converti-
9
do en la base del pensar y del sentir.

9. V.S. Naipaul, Una zona de oscuridad. El descubrimiento de la Indiar


Barcelona, Debate, 2015, p. 294.
Desarraigo es la palabra clave para el trabajo y la ex­
periencia de Naipaul. Es posiblemente la palabra clave de
nuestro tiempo, del cual Naipaul es un decodificador pri­
vilegiado. Este término hace referencia a la condición de
aquellos que no tienen un hogar, una patria o una identi­
dad, ni tampoco un lugar al cual puedan retornar.
El universo psicológico y político de la era poscolonial
está fundamentalmente perturbado por la falta de perte­
nencia, por el deseo de pertenecer, así como por el vacío
y la decepción que esto implica. La raíz de esta angustia
puede ser localizada en el espacio de la proxémica sensi­
tiva y sexual; se encuentra vinculada al desvanecimiento
del cuerpo en la esfera de la globalización virtual y al
retorno obsesivo de este como deseo insatisfecho.

Para nosotros, que no teníamos una mitología, toda la literatura


era extranjera. Trinidad era pequeña, remota y poco importante,
y sabíamos que no podíamos pretender leer en los libros la vida
que pasaba frente a nuestros ojos. Los libros provenían de muy
lejos; solo podían ofrecer fantasía. Fui a los libros buscando fan­
tasía; al mismo tiempo yo necesitaba realidad.

En el mundo colonial, el centro era claramente el


Occidente colonizador, mientras que las colonias (tanto
Trinidad como la India) estaban relegadas a un rol peri­
férico. La realidad poscolonial ha comprometido la per­
cepción centralista del mundo, y hoy todcfö se preguntan:
"¿Dónde es aquí?"· No hay una respuesta posible para esta
pregunta, dado que hemos perdido las referencias que
existían previamente y la identidad ha sido finalmente
expuesta como un engaño, como una infinita búsqueda de
algo que no existe.

10. V.S. Naipaul, The overcrowded Barracón and Other Articles, Londres,
D eutsch,1972, pp. 24 y 25.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

Las costumbres de mi juventud eran, a veces, misteriosas. Yo no


lo sabia en aquel entonces, pero los cantos rodados en el san­
tuario de la casa de mi abuela, traídos por mi abuelo de la India
junto con sus otros enseres domésticos, eran emblemas fálicos:
los guijarros de piedra se presentaban como las más flagrantes
columnas de piedra. ¿Y por qué era necesario que la mano de un
hombre sostuviera el cuchillo con el que se abría una calabaza?
Me pareció en un momento (debido a la apariencia de la calabaza
dividida en dos) que había un elemento sexual en este rito. La
verdad es aún más aterradora, de acuerdo con lo que aprendí
recientemente [...]. La calabaza, en Bengal y ciertas áreas ad­
yacentes, es un vegetal que sustituye el sacrificio viviente: la
mano del hombre era, por lo tanto, necesaria. Yo sé que en la
India soy un extraño, pero cada día comprendo mejor que los
recuerdos de esa India que vivieron en mi infancia en Trinidad
son como trampas que conducen a un pasado sin fondo.11

Es muy interesante definir la pertenencia y la identi- に


dad como "trampas que conducen a un pasado sin fondo"· '
En la esfera de la globalizacion contemporánea, esta tram­
pa de la identidad ha perdido su significado y sus cimien­
tos. Sin embargo, paradójicamente, el mismo desarraigo y
la falta de memoria viva son los que alimentan el deseo
nostálgico de una identidad que realmente nunca existió
en primer lugar. La revelación histórica sobre la inconsis­
tencia de las raíces identitarias, de hecho, ha exacerbado
la necesidad de pertenecer. ^Cuando era bastante joven
empecé a tener la sensación de que en aquel lugar había
algo a medio terminar, un vacío, y de que el mundo real
existía en alguna otra parte".12 Por supuesto, el mundo

11. V.S. Naipaul, India: A Wounded Civilization, Nueva York, Vintage, 2003,
p . 10.
12. V.S. Naipaul, Al límite de la fe. Entre los pueblos conversos del islam,
Madrid, Debate, 2002, p. 82.
real siem p re e s tá e n a lg ú n o tro lu gar. Pero r e su lta d ifíc il
asim ilar c o n s c ie n te m e n te e s a e x tr a ñ e z a y , a ú n m ás d ifíc il,
a cep ta rla . Esa e s la ra zó n por la c u a l te n d e m o s a id e n tifi­
car e l m un do re a l c o n e l a m b ie n te q u e n o s ro d ea . Pero e l
m arco d e la id e n tid a d e s tá sie n d o reform u lad o e n la a c tu a l
tr a n sic ió n cu ltu r a l. Lét d e ste r r ito r ia liz a c ió n , la v ir tu a ü z a -
c ió n d e l esp a c io so c ia l y e l re em p la zo de la e x p e r ie n c ia f í ­
sic a p or la sim u la c ió n h a n p ro d u cid o u n a n u e v a d im e n sió n
de id e n tid a d s in t é t ic a , cu y o n om b re e s A m é rica .13

DEVENIR AMERICANOS

La c o n c e p c ió n n a z i d e la e u g e n e s ia e s ta b a b a sa d a e n la
e x c lu s ió n . S olo a a q u e llo s q u e p e r te n e c ía n a la raza aria se
le s p erm itía u n a c c e so p riv ileg ia d o a l m u n d o p ro y ec ta d o
h a cia e l fu tu r o , u n m u n d o lim p io d e to d a s la s im p u re za s
re sid u a les. J u d ío s, ru m a n o s, a fric a n o s, h o m o se x u a le s y
c o m u n is ta s fu e r o n ex p u lsa d o s d el p a ra íso n a z i. La id e n ­
tid a d e s ta d o u n id e n s e , p or e l co n tra r io , e s tá m o v id a por
u n a in te n c ió n in c lu siv a . Tan p ro n to com o su s tier ra s f u e ­
ron c o lo n iz a d a s , cu a lq u iera p o d ía h a cer se a m er ica n o , to d o
gru p o é tn ic o y lin g ü ís tic o era a d m itid o e n su e c u m é n ic o
m u n d o , d on d e d ife r e n te s id e n tid a d e s s e fu n d ie r o n e n u n
cr iso l y forjaron la id e n tid a d am erica n a .

13. "América" en esta frase designa un lugar imaginario y no geográfico.


Con esta fórmula el autor intenta señalar el alcance global de la maquina­
ria hollywoodense e hipertecnologizada promovida por los Estados Unidos
y los efectos concretos de fascinación, uniformidad y sometimiento que
su imperialismo cultural ejerce sobre los individuos del mundo entero.
De esta forma, a lo largo del texto el autor utiliza de forma irónica los
términos "América" y "americano" para designar las producciones cultu-
rales estadounidenses que han colonizado el imaginario global, haciendo
hincapié en la paradójica apropiación y reducción imperialista de este
término por parte de un único pueblo de este continente. [N. de la T.
acordada con el autor]
LA P I E L G L OB A L :
UN M O S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

S in em b argo, la id e n tid a d c u ltu r a l d e la h is to r ia e s t a ­


d o u n id e n s e e s tu v o b a sa d a , a l m ism o tie m p o , e n e l c u lto
p u rita n o a la p alabra de D ios (co m o s o s t ie n e S a m u el H u n ­
t in g to n e n su lib ro de 2 0 0 4 , Who Are We? The Challenges tb
America^ National Identity [¿Q u ién es so m o s? Los d e sa fío s
de la id e n tid a d n a c io n a l e s ta d o u n id e n s e ]).
E stas dos c o n d ic io n e s n o s o n c o n tr a d ic to r ia s. El p u r i­
ta n ism o n o e s u n a id e n tid a d , sin o u n p ro ce so de c a n c e la ­
ció n de id e n tid a d e s p a sa d a s. E ste y a era e l c a so e n e l sig lo
XVII, cu a n d o lo s in g le s e s p u r ita n o s d ejaron la s isla s b r itá ­
n ica s y e l c o n tin e n te e u r o p e o para o lv id a r se d e su h is t o ­
ria, q u e form aba p a rte de u n a I g le sia q u e d e sc e n d ía de la
im pura I g le s ia rom an a. Lo p rim ero q u e h ic ie r o n lo s Padres
P eregrin os fu e aband on ar, o lv id a r y borrar su v ín c u lo co n
la im p u reza d e l p a sa d o . S o lo e n to n c e s en c o n tr a r o n u n a
n u ev a p a tria q u e n o era u n a c o n tin u a c ió n de u n p a sa d o
h istó r ic o , sin o u n e sp a c io v a cío d o n d e la p alab ra d e D ios ,
p o d ía crear in s t itu c io n e s y form as de v id a . E sto ab rió u n a ^
d im e n sió n n eo h u m a n a e n e l te r r ito r io n o r te a m e r ic a n o .
La in c lu s ió n e n lo n e o h u m a n o r e su lta d e u n refo rm a ­
t e o m u ltid im e n s io n a l d e a q u e llo s in d iv id u o s q u e d e s e a ­
b an se r a d m itid o s e n e l n u e v o m u n d o . E sto su p o n e u n
p ro ceso d e re fo rm a te o c u ltu r a l, lin g ü ís t ic o y e m o c io n a l
q ue s e e n tr e te je co n u n o t e c n o ló g ic o , lo c u a l p e r m ite la
in te g r a c ió n fu n c io n a l de lo s in d iv id u o s e n u n u n iv e r so
c o n e c tiv o . E sta in te g r a c ió n n o to m a la fo rm a d e u n a a s i­
m ila c ió n c u ltu r a l, lin g ü is t ic a o e m o c io n a l. Más b ie n im ­
p lica q u e lo s in d iv id u o s s e v u e lv e n c o m p a tib le s o p e r a c io -
n a lm e n te c o n la r a c io n a lid a d c o n e c tiv a . Las e x p e c ta tiv a s
y lo s d e s e o s se r e co n fig u r a n a tr a v é s d e u n p r o c e so de
co n fo rm id a d o p era c io n a l.
M ientras q ue la cu a lid a d e x c lu y e n te d e l n a cio n a lism o
é tn ic o e s tá b asad a e n u n a id e n tid a d in a c c e sib le , la a m e­
rican a resid e, p rec isa m e n te , e n su d ev en ir e x p a n siv o . La
h isto ria e s ta d o u n id e n se e s u n ex p e r im e n to de c o n str u c ­
ció n s in té tic a q ue ab sorb e p ro g re siv a m en te la s id e n tid a d e s
o rgán icas y , c o n s e c u e n te m e n te , m argin a o ca n c e la lo q ue j
n o p u e d e d ob leg a rse a l p rin cip io o p era c io n a l, o lo q ue n o 5
p u ed e ser trad ucid o a l le n g u a je d ig ita l.
La p a rticu la r id a d n o r te a m e r ic a n a c o n s is te , e n prim er
lu gar, e n e l h e c h o d e q u e e l p a ís h ere d ó e l le g a d o e s e n c ia l
de to d a s la s cu ltu r a s d el m un do y a l m ism o tie m p o se '
d e sh iz o de su se n so r ia lid a d , su m a te ria lid a d h istó r ic a y S
d el p e so de su s e x p e r ie n c ia s v iv id a s. En se g u n d o lu g a r, ¡
ta m b ié n c o n s is te e n la r e iv in d ic a c ió n de la a u to n o m ía 5

e c o n ó m ic a , p o lític a y m ilita r q u e d e fin e la e s tr a te g ia y la ¡


v is io n de la d a s e d ir ig e n te a m erica n a . Con "América" n o ;
n o s referim o s a q u í a l te r r ito r io so m e tid o a la ju r isp r u d e n ­
cia de lo s E stados U n id o s de A m érica, sin o a u n p rin cip io i
a n tr o p o ló g ic o g en er a liz a d o q ue d e fin e e l m od o de v id a y i
la a u to p e r c e p c ió n de la c la se c o n e c ta d a a tr a v é s d el cir c u i­
to de la ec o n o m ía g lo b a l. !¡
En e f e c t o , to d a la p o b la c ió n d el p la n e ta h a in ic ia d o ,
d esd e la S eg u n d a Guerra M undial, e l p r o c e so de " d even ir :丨
a m erica n a ff, e n gran m ed id a gracias a la a d h e sió n v o lu n ­
ta ria a la m ito lo g ía p rop agad a p or H o lly w o o d , a la in - く:
d u stria p u b lic ita r ia g lo b a l y a la m a q u in a ria p o lític a de
lo s d ere ch o s h u m a n o s. D ev en ir a m er ica n o s sig n ific a , e n :
prim er lu gar, ser p a rte de la c irc u la c ió n g lo b a l d e b ie n e s e '
im á g e n e s. En se g u n d o lugar, la p o sib ilid a d de lib era rse d e l '
p e so de la tra d ic ió n , d el p e r te n e c e r , d e la su je c ió n y de la s '
reg la s trib a le s de opresioricfde la s m ujeres. Pero, sim u ltá - i
n e a m e n te , im p lic a la p érd id a d e c o n ta c to c o n ta e x p e r ie n - j
cia c o n cr eta de la sin g u la rid a d a fe c tiv a y la d ep u r a ció n de ■
la e x is te n c ia so c ia l de to d o a q u e llo q u e p u e d a o b stru ir la ¡
in te g r a c ió n p e r fe c ta e n e l c iclo p ro d u c tiv o .
E xiste u n a a b u n d a n te lite ra tu r a acerca d e l d ob le s e n tí- .j
do de "devenir am ericanos"· Por u n la d o , e s tá e s te eu fórico
se n tim ie n to de lib er ta d q u e cu a lq u iera p u e d e ex p erim en ta r
al cam inar por la s c a lles de u n a ciu d ad d o n d e n a d ie t e m ira ¡
o t e m o le sta , la eu fó rica p erc ep ció n de u n a e s p e c ie de vacío
q ue abre la p u erta a la a v en tu ra , a l a u to d e sc u b r im ie n to , a :
LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T 1 T A R I O

la in ic ia tiv a y a l é x ito . Pero, por otro la d o , e s tá e s te se n -


tido de so le d a d y en v p o b iecim i^ a to de la se n sib ilid a d com -
partida. In n u m era b le s p erso n a s h a n ex p er im en ta d o e s to en
e l m od ern ism o, y m u ch os escr ito r es, e n p articu lar e s c r ito ­
ras m ujeres, h a n narrado e s te p ro ce so . B harati M ukherjee,
Chitra B an erjee D ivak aru ni y J h u m p a Lahiri so n tr e s e sc r i­
toras q ue h a n com parado e l esp e so r de su s recu erd o s de
la India co n la e x p e r ie n c ia d e su p r e se n te am erican o y la s
d ificu lta d es q u e lo acom p añ an ·
El im a g in a r io h in d ú q u e c o n s titu y e p a r te de su m e m o ­
ria e s tá lle n o d e m ito s , r itu a le s, form as d e v id a , a fe c to s
y em o c ió n ; y d e s d e e l p u n to d e v is t a de g é n e r o , ca d a u n o
rastrea de m a n era d ife r e n te la tra n sfo r m a c ió n d e su p a n o ­
rama e m o c io n a l, lo s ca m b io s e n su r e la c ió n c o n la co m id a
y la ciu d a d , pY a q u e llo s r e sp e c to a có m o lo s c u e r p o s se
org a n iza n e n e l e s p a c io , su s in te r a c c io n e s , m irad as y c o n ­
te m p la c io n e s, a s í com o to d a la p ro x ém ica s o c ia l. ,
En The Interpreter of Maladies [In térp rete de em o c io - w
n e s ] / 4 3 h u m p a Lahiri d escrib e co n gracia e l d o lo ro so p ero '
em o c io n a n te en c u e n tr o e n tr e su p esa d o u n iv e rso e x is te n -
cial h in d ú y la liv ia n d a d a n sio sa d el u n iv e rso a m erican o al
que se e s tá u n ie n d o . E ste lib ro e s u n a c o le c c ió n de c u e n to s.
Uno de e llo s, "La señ o ra S e n ” , narra la v id a c o tid ia n a de
u na m ujer q u e s e m uda d e C alcuta a B o sto n para p od er vivir
con su e s p o s o , u n p ro feso r u n iv e r sita r io . Sus d ías e stá n
vacíos, su sp en d id o s e n u n a a tm ó sfera de so le d a d y s in s e n ­
tido· EUa com para la d en sid a d a fe c tiv a d el m un d o q ue h a
dejado atrás, la fam ilia n u m ero sa , la ciu d ad abarrotada y
sus recu erdos de in fa n c ia , c o n e l d esie rto e m o c io n a l de su s
días e n e l n u ev o m u n d o , d o n d e e l trabajo e s e l ú n ic o d e ­
nom in ador com ú n para e l in terca m b io y e l e n te n d im ie n to .
El c u e n to q u e da n o m b re a l lib r o , " In té r p r e te de
e m o c io n e s ”, re fleja e l tra u m a de la a u to tr a n sfo r m a c ió n 14

14. El título del libro en inglés es The Interpreter o f Maladies, que literal­
mente significa 7/el intérprete de las enfermedades^. [N. de la T.l
F
R
A
N
q u e p ro v o ca la in m ig r a c ió n y la s e r ie d e id e n tid a d e s ro ­
C
0 ta s q u e r e s u lta d e e lla , u n a c o le c c ió n de m ú ltip le s p u n ­
t o s de a n c la je . Pero la p é r d id a d e la id e n tid a d p u e d e ,
B e n o c a s io n e s , c o n d u c ir a l d e sc u b r im ie n to d e u n ran go
I
m ás a m p lio de p o s ib ilid a d e s , p r e v ia m e n te in im a g in a b le s .
F
0 Los r e la to s de L ah iri m u e str a n có m o lo s m iem b r o s de la
d ia sp o r a lu c h a n para m a n te n e r su c u ltu r a t r a d ic io n a l al
B tie m p o q u e in v e n ta n n u e v a s v id a s p ara s í m ism o s e n la s
E
c u ltu r a s e x tr a n je r a s, r e a liz a c io n e s h íb r id a s t a n e x c it a n ­
R
A t e s com o a terra d o ra s.
R E ste d ev en ir a m er ica n o s p u e d e ser v is to com o e l p a sa ­
D j e a la esfe ra de lo n e o h u m a n o . E ste im p lic a u n p ro ce so de
I
p u r ifica c ió n de lo s re sid u o s de la id e n tid a d y d e l p e r te n e ­
cer q u e n o s e da e x a c ta m e n te com o u n a e lim in a c ió n de la
m em oria, sin o e n ca m b io co m o u n a e s p e c ie de r e c o d ific a ­
c ió n y r e se m io tiz a c ió n de su s c o n te n id o s .
A rjun A p p a d u ra i, e n su lib ro d e 1 9 9 6 , Modernity At
CO Large: Cultural Dimensions of Globalization [La m o d e r­
n id a d d esb ord a d a : d im e n s io n e s c u ltu r a le s d e la g lo b a li-
z a c ió n ], h a b la de la s esferas públicas en diáspora para
referirse al d e sp la z a m ie n to de u n a im a g in a c ió n a o tra y
a la su p e r p o s ic ió n de d ife r e n te s ca p a s d e m em o ria . Pero
e s ta c o e x is t e n c ia y s u p e r p o s ic ió n de d ife r e n te s m u n d o s
c u ltu r a le s q u e/A p p a d u ra i v e co m o u n a e s fe r a p u lv e r iz a d a
y ex p a n d id a de la m o d e rn id a d s e r e c o d ific a y r e f u n d o -
n a liz a p or u n a e s p e c ie de m á q u in a a b str a c ta de o p e r a ti-
v id a d c o g n itiv a .
S olo a q u e llo s q u e lo g r e n a ju sta rse a la m e n te d ig ita l
q ue e s tá arraigad a y o b je tiv a d a e n e l u n iv e r so t e c n o e -
co n ó m ic o , p od rán in te g r a r se c o m p le ta m e n te e n la e sfe ra
n e o h u m a n a . E sta m o d ern id a d d esb o rd a d a , in co rp o ra d a
e n la co m p a tib ilid a d t e c n o e c o n ó m ic a , se in filtr a e n cad a
fra g m en to de la v id a d e a q u e llo s q u e s e h a n lib rad o de la s
lim ita c io n e s tr a d ic io n a le s y c o lo n ia le s . M oldea y c o n c a ­
t e n a la s r e sp u e sta s c o g n itiv a s in d iv id u a le s p reser v a n d o ,
h a s ta cier to p u n to , la s d ife r e n c ia s c u ltu r a le s.
LA P I E L G L OB A L :
UN M O S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

PECADO Y PLACER

El m ito c r is tia n o d e la e n c a r n a c ió n s ig n if ic ó u n a ru p tu ra
rad ical c o n e l le g a d o ju d ío d e la in a c c e s ib ilid a d d e D io s,
cu y o n o m b re n o p u e d e se r p r o n u n c ia d o y c u y a im a g e n
no p u e d e se r re tr a ta d a . C uando D ios d e v ie n e h u m a n o e n
la tra d ició n c r istia n a , la s im p lic a c io n e s q ue c o n c ie r n e n a la
carne e n la e s fe r a r e lig io s a d a n u n n u e v o s ig n ific a d o a l
c o n c e p to d e am or.
La o p o sic ió n de la fin itu d d e la carne y de la in fin itu d
de la rela ció n co n D ios e s u n a de la s o b se sio n e s b á sic a s de
la cu ltu ra o c c id e n ta l. E sta co n fo rm a la p r ec o n d ic io n para e l
tip o de histeria romántica q ue su rgió e n la esfe ra cr istia n a
d urante lo s tie m p o s m o d ern os.
La o p o s ic ió n a g u s tin ia n a e n tr e eros y ágape en cerrab a
u n d esp recio d el d e se o co m o a lg o e g o c é n tr ic o y e g o ís ta .
La cu ltu ra c r istia n a , q u e e s tu v o o r ig in a lm e n te b a sa d a e n ,
e l am or y la c o m p a sió n , s e tra n sfo rm ó e n u n a c u ltu r a de S3
la re n u n cia . El eros fu e e s tig m a tiz a d o com o la b ú sq u e d a '
e g o ís ta de la lu ju ria y s e o lv id ó y n e g ó e l a sp e c to a ltr u ista
d el p lacer, lo q u e abrió a sí la v ía a u n a c o n c e p c ió n fó b ic a
d el in d iv id u o . La d iso c ia c ió n e n tr e e l am or y e l er o tism o
redujo la co m p a sió n a u n s e n tim ie n to m e r a m e n te m oral,
m ien tra s q u e la raíz e tim o ló g ic a de la p alab ra s ig n ific a
percepción compartida. La se p a r a c ió n d e l p la ce r y e l i n ­
te r é s, q u e p u e d e se r v is t a co m o u n a p a to lo g ía d e l am or
p rop io, fu e la c o n a ic io n para la o p o s ic ió n de d ic h o s té r m i­
n o s, q u e forjó e l c u lto a la a c u m u la c ió n y a la v a lo r iz a c ió n
c a p ita lis ta e n la M odernidad.
A p esa r de la cu lp a q u e s e le in fu n d ió a l p la ce r e r ó tic o
en la esfe ra c r istia n a d e sp u é s de A g u stín , a c o m ie n z o s
d el se g u n d o m ile n io su rg e u n a n u e v a se n sib ilid a d com o
fru to d e l e n cu en tro e n tr e la c u l t o a cr istia n a y m u su lm a n ä
en e l área o c c id e n ta l m ed ite r r á n e a de A n d a lu cía , b asad a
en la n o c ió n d el am or com o c o n o c im ie n to e s p ir itu a l. A quí
en co n tra m o s lo s o r íg e n e s de la p o e s ía c o r te sa n a (o poesía
córtese s e g ú n la d e n o m in a c ió n to s c a n a d e l Dolce Stil Novo)
q u e flo r e c ió e n tr e lo s s ig lo s xvii y xviii a lo la rg o de la c o s ta
m ed iterrá n ea , d esd e S e v illa h a s ta F lo ren cia . D u ran te e s to s
s ig lo s , e l e n c u e n tr o de d os cu ltu r a s r e lig io sa s q u e eran
e n sí m ism as b a s ta n te fó b ic a s e in to le r a n te s se x u a lm e n te
p rovocó e l su rg im ie n to de u n a n u e v a form a d e im a g in a ­
c ió n y e x p r e sió n , q u e p reparó e l ter ren o para la c o n c e p ­
c ió n m od ern a de la lib e r ta d y la se n su a lid a d .
En lo s txabajos d e l filo so fo Ib n A rabi, d e p r in c ip io s d el
sig lo Xu, eros y ágape le jo s de o p o n e r se , se re tro a lim e n ta n
y s e e x a lta n m u tu a m e n te . En e l m ism o p e r ío d o , e l p o e ta
Ibn H azm , a u to r de Tawq al-hamama [El collar de la pa­
loma], co m p o n e p o e m a s q u e a la b a n e l am or e r ó tic o com o
u n a c o n d ic ió n para la e le v a c ió n e s p ir itu a l.
Es b ie n sab id o q u e e t am or m o v iliz a e n e r g ía s. Y e s ta s
e n e r g ía s p u e d e n p rovocar e fe c t o s d e s e s ta b iliz a n te s . Esta
e s la razón por la c u a l la s r e lig io n e s m o n o te ís ta s , q u e se
re la c io n a n co n u n p o d er p a tria rca l y tie n d e n a p r o te g e r su
es ta b ilid a d , t ie n e n m ied o a la se x u a lid a d fe m e n in a .
S eg ú n Fatim a M ern issi, e n la esfe ra cu ltu r a l m usu lm a·
n a 'la s m ujeres so n te m id a s p orq ue la se x u a lid a d fu era de
co n tro l e s v is ta com o algo d e se sta b iliz a n te para la com u ­
n id ad (y la sex u a lid a d de la m ujer e s co n sid era d a la m ás
p e lig r o sa ). La palabra árabe fitna s ig n ific a d eso rd en o caos,
pero ta m b ién p u e d e referirse a u n a m ujer h erm o sa , por lo
ta n to , u n v ín cu lo en tre la m ujer y la in estab ilid ad " ·15
Pero, com o escribe Ibn Haziti/ e l d eseo ta m b ién p u ed e ser
v isto com o u n a fuerza de elevación y m ovilización espiritual:

Y veo ya tu amor como unas brasas


que arden, pero bajo la ceniza.16

15. Fatima Memissi, Beyond the Veil, Bloomington, Indiana University Press,
1987, p . 17.
16. Ibn Hazam, El collar de la paloma, Madrid, Alianza Editorial,1971,p. 249.
LA P I E L GL OBA L :
UN M O S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

A l v o lv e r sob re lo s o r íg e n e s d e l am or a p a sio n a d o
com o u n a c a r a c te r ístic a d is t in t iv a de la s e n s ib ilid a d
m o d ern a o c c id e n ta l, D e n is d e R o u g e m o n t a firm a q u e e l
am or r o m á n tic o t a l co m o ló c o n o c e m o s e s u n a e la b o r a ­
ció n r e la tiv a m e n te r e c ie n te , p a r tic u la r a la c u ltu r a de
O ccid en te, q u e g e n e r a lm e n te im p lic a u n a r e la c ió n ilí c it a
com o e l a d u lte r io y, a sim ism o , u n v ín c u lo in e x tr ic a b le
con la m u e rte.
Cuando com en ta la a d ap tación d el m ito de Tristán e Iso l­
da por e l p o e ta norm ando B éroul, De R o u ^ m o n t escribe:

Pasión quiere decir sufrimiento, cosa padecida, preponderancia


del destino sobre la persona libre y responsable. Amar más al
amor que al objeto del amor, amar a la pasión por sí misma, des­
de el amaban amare de Agustín hasta el romanticismo moderno,
es amar y buscar el sufrimiento. Amor-pasión: deseo de lo que
nos hiere y nos aniquila en su triunfo. Es un secreto cuyo reco- ,
nocimiento Occidente jamás ha tolerado, que nunca ha dejado de S
17 1
reprimir, ;de preservar! [...]
No hay pasión concebible o declarada de hecho, en un mundo
donde todo está permitido, pues la pasión supone siempxe/ entre
el sujeto y el objeto, un tercero que obstaculice su abrazo -u n rey
Marcos que separe a Tristán de Isolda-, siendo el obstáculo, gene­
ralmente, social (moral o de costumbres, político incluso) hasta el
punto de que lo vemos confundiéndose, en último término, con la
propia Sociedad, aunque suela ser simbolizado por una dramatis
18
persona, por necesidades de la narración y la retórica del relato.17

S eg ú n De R ou gem o n t, e l topos d e l am or a p a sio n a d o


en v u elv e u n doble sig n ifica d o : la a m b iv a len cia d e l p la cer
y e l pecado·

17. Denis de Rougemont, El amor y Occidente, Barcelona, Kairos, 1978,


p. 52.
18. Denis de Rougemont, Los mitos del amor, Barcelona, Kairos, 1999,
pp. 41 y 42.
D esde la se g u n d a c e n tu ria d e l se g u n d o m ile n io , e n
a lg u n a s á reas d e l m u n d o c ris tia n o , e sp e c ia lm e n te e n A n ­
d a lu c ía , L anguedoc y la T oscana, el am o r se em an cip ó de
la s c a d e n a s de la p a sió n y e l pecad o y se desp leg ó como
u n cam ino h a c ia la elev ació n .
En p alab ras de Guido G uinizelli, considerad o el p re c u r­
sor de la esc u e la ita lia n a Dolce Stil Novo, el am or e s tá lib re
de la d u p licid ad e sq u iz o fré n ic a del pecado y el p lacer y
es concebido como u n c a n a l p a ra la ilu m in a c ió n d iv in a.
C ontem plar la b e lle z a de o tro cu erp o es u n a m a n e ra de
acercarse a la v isió n de Dios. Esto im plica la su p resió n de la
oposición en tre lo te rre n a l y lo e sp iritu al y el fin de la tr a u ­
m á tic a se p a ra c ió n e n tre eros y ágape.

Al corazón gentil acude siempre Amor


como el pájaro de la selva a la verdura;
ni hizo a Amor antes que a corazón gentil,
ni a gentil corazón antes que a Amor, Natura.
Que entonces como existió el Sol,
así pronto fue el esplendor luciente,
mas no antes que el Sol.
Y toma Amor en la gentileza el sitio,
tan propiamente
como el calor en la claridad del fuego.

Fuego de amor en gentil corazón se enciende


como virtud de la piedra preciosa,
pues de estrella no acude valor
antes que el Sol ta haga gentil cosa;
luego que le ha quitado afuera
la vileza con su fuerza el Sol,
la estrella le da valor:
así al corazón hecho por Natura,
elegido, puro, gentil,
mujer a guisa de estrella lo enamora.
LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

Amor arde de este modo en corazón g en til,.


como fuego en lo alto de la antorcha:
esplende a su gusto, claro y sutil; r
no de otra guisa, pues es fuerte.
Y si ia burda naturaleza
enfrenta a Amor como agua al fuego
ardiente, porque es fría.
Amor al gentil corazón se allega,
como al preciado sitio
adamantino el hierro en la mina.

Se da el Sol al fango todo el día,


aunque es vil, pero no pierde calor el Sol.
Dice el hombre: "Vox mi raza soy gen tir,
pero es como el barro: el Sol es gentil valor.
No debe dar el hombre fe
a que gentileza sin corazón exista ,
con debida dignidad, 〇

y sin virtud en el corazón,
como rayo en el agua
y en el cielo estrellas y esplendor.

Esplende en la inteligencia del cielo


Dios creador más que en nuestros ojos, el Sol:
el juicio oye a su factor más allá del cielt^
y el cielo deseando, a Él lo obedece;
y así como corresponde al juicio
dar a la justicia de Dios beato cumplimiento,
así en verdad obra deseo
la mujer bella: en la mirada enciende,
por gentileza, el talento
que le será siempre obediente.

Señora, Dios me dirá: "¿Qué presumiste?",


siendo mi alma de Él delante.
"Έ\ cielo pasaste y hasta Mí viniste
y diste en vano amor a Mí en semblante:
que a Mí convienen laudes,
y a la reina del dominio digno
por quien cesa el fraude".
Decirle podré: "Tiene semblante de ángel
que fuese de tu reino;
no ha sido una falta que la amase".19

F re n te a Dios, Guido G uinizelli n o ru e g a p e rd ó n por


su am or a u n a m ujer. Él no cree h a b e r c o m etid o n in g ú n
p ecado p o rq u e la m u jer lu c ía como u n o de su s á n g eles.
El am or c ristia n o es to m ad o com o u n arm a de doble
filo, e n la m e d id a e n q u e e s tá su je to a m a n d a m ie n to s c o n ­
tra d ic to rio s , com o "Ama a t u prójim o com o a t i m ism o’’ y
"No c o m e te rá s a d u lte rio ’’· El am o r lib re e n tr a e n co n flicto
co n el in s titu c io n a liz a d o v ín cu lo m a trim o n ia l.
En la v e rsió n de B éroul sobre la le y e n d a de T ristá n e
Iso ld a , T ristá n (d e sh o n e sto a p e sa r su y o ) tra ic io n a a M ar­
cos y su fre p o r su p ro p ia tra ic ió n . Su p a sió n lo d eg ra d a e n
lu g a r de elevarlo.
La sim u ltá n e a ex altació n y co n d en a c ristia n a de la s e n ­
su alidad fo m en ta el deseo de conocim iento y co n stitu y e, p o r
co n sig u ien te, u n a p u e rta hacia la revolución h u m a n ista . yiLa
p asió n es esa form a de am or que rech aza lo in m ed iato , huye
de lo próxim o, desea la d istan cia y la in v e n ta si es necesario.
p ara m ejor sen tirse y exaltarse^.20 A quí encontram o s el sín ­
to m a de u n a enferm edad que se re tro a lim e n ta y el origen del
ferv ien te discurso que se co n cretará en el im pulso ro m ántico
a su p erar c o n tin u a m e n te los lím ites y, asim ism o, e n la m o ti­
vación psicológica para la in versión in c e sa n te de en erg ía, la
acum ulación y el progreso.

19. Guido Guinizelli, rtAl corazón g en tir, disponible online en El portal de


la palabra, www.epdlp.com/texto.php?id2=4267 [última consulta: junio ;:;§
de 2017].
20. Denis de Rougemont, Los mitos del amor, ob. cit.f p. 41.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S AI C O T R A N S I D E N T I T A R I O

La fo rm a e x tre m a de e s ta p a ra d o ja la e n c o n tra m o s e n
el m isticism o c a tó lic o . El p la c e r y la to r tu r a se e n tre c ru - >
z a n e n e l é x ta sis de la v isio n q u e h a c e de la c ru z e l p a ­
rad ig m a e s té tic o u n iv e rsa l. P ensem os e n S an J u a n de la
Cruz, e l a m a n te e x tre m o , c u y a c a rn e es c o n su m id a e n u n a
fieb re de deseo m ístic o . P ensem os e n Z u rb arán , M urillo y,
p a rtic u la rm e n te , e n El G reco, p in to re s q u e e s ta b le c ie ro n
el m odelo del Sagrado C orazón de Je s ú s . En e s ta m ito lo g ía
p o p u la r de la re lig io sid a d m o d e rn a m e d ite rrá n e a , la re p re ­
s e n ta c ió n físic a del d esg a rro de la c a rn e de J e s ú s re s u e n a
con la sá d ic a m ezcla de p ie d a d y p la c e r q u e e x p e rim e n tó
la g e n te a l p re se n c ia r e l to rm e n to p ú b lic o in flig id o e n la s
v íc tim a s d el e sp e c tá c u lo re lig io so . φ
El p ro ceso de m o d e rn iz a c ió n c ristia n o im p licó , sim ul-
tá n e a m e n te , la re p re sió n d el a sp e c to salv aje de lo se n so ­
ria l (e l ta c to , e l o lfa to , el p la c e r se x u a l) y la re g u la c ió n de
los se n tid o s civilizados (e l oído y la v is ta ). La v isu a liz a - ,
ció n del e ro tism o fu e la c a ra c te rís tic a p re d o m in a n te de la «
re g u la c ió n m o d e rn a de la s e n su a lid a d . '

LA CARNE ESTÁ TRISTE

La e s té tic a ro m á n tic a re c o n fig u ró la id e a m ism a de b e lle z a


de acu erd o co n el am biguo e sq u e m a de la n o c ió n de lo
su b lim e. E sta re c o n fig u ra c ió n se dio e n p a ra le lo a la re s­
tru c tu ra c ió n m o d e rn a de la se n sib ilid a d e ró tic a .
A n te s de la e ra ro m á n tic a , a fin a le s d el siglo xvm, el
e s p íritu g eo m étrico d el ra c io n a lism o (esprit de géometrie)
co in cidió co n e l e s p ír itu ce re b ral y ca lc u la d o r d e l lib e r ti­
n aje. En el d e s p e rta r de la R e sta u ra c ió n , u n n u ev o se n tid o
de la tra g e d ia h is tó ric a y la d e b ilid a d h u m a n a ofuscó el
e sc e n a rio de la Ilu s tra c ió n , y u n s e n tim ie n to de e x te n u a ­
ció n e in d is tin c ió n in v a d ió la se n sib ilid a d . P ara S ch ellin g ,
el p e n sa d o r que m ejor m a n ife stó el ocaso del e s p ír itu ilu s­
tra d o y e l su rg im ie n to de u n a se n sib ilid a d m ás m a tiz a d a
y d ifu sa , lo su b lim e e ra u n a m a n e ra de e x p re sa r u n a c re­
c ie n te c o n c ie n c ia de in fin itu d .
C uando n o s c o n fro n ta m o s co n la in fin itu d cósm ica,
n u e s tro s se n tid o s so n in d u c id o s a u n a c o n d ic ió n de c o n fu ­
sió n y p á n ic o . En la m ito lo g ía g rie g a . P an es la d iv in id a d
q u e sim b o liza la in fin itu d de la n a tu ra le z a . Tan p ro n to
com o la ra c io n a lid a d g e o m é tric a de la Ilu s tra c ió n se fu e
d e sv a n e c ie n d o , d eja n d o lu g a r a la e x p e rie n c ia p e rtu rb a d o ­
ra de lo ilim ita d o . P an reg resó .
Lo sublim e y el p á n ic o so n c o n c e p to s c o lin d a n te s . El
p á n ic o es la a p e r tu r a de la c o n c ie n c ia a n te la in fin itu d de
la n a tu ra le z a y el fracaso de los filtro s ra c io n a le s de la ex ­
p e rie n c ia , y lo su b lim e es la e p ifa n ía de lo in co g n o scib le.
P an su m erg ió la p e rc e p c ió n casi h a s ta el p u n to de
a h o g a rla ; su lle g a d a re p e n tin a provocó m iedo y p lacer,
m a le s ta r y e x c ita c ió n . E sta p e rc e p c ió n d e l p á n ic o a p areció
c la ra m e n te e n las p in tu ra s de Caspar D avid F rie d ric h , o e n
los p o em as de Percy B ysshe Shelley.
En e l le n g u a je p sic o p a to ló g ic o de la M odern id ad t a r ­
d ía , lo s d o cto res u sa ro n la p a la b ra pánico p a ra d e fin ir u n
n u ev o tip o de p a to lo g ía , cuyos sín to m a s e ra n la a cele­
ra c ió n d el ritm o card íaco , su d o r in te n s o , d ific u lta d p a ra
re sp ira r, c o n fu sió n de la m e n te , a n sie d a d y te m b lo re s.
En c ie rto m odo, e l d e sp la z a m ie n to del esprit de géo-
metrie ra c io n a lis ta al re to rn o ro m á n tic o d e l esprit de fi­
nesse p u e d e se r v isto com o u n a m o d u la c ió n del d ilem a
q u e o p o n e a L eibniz y S p in o za, los p a d re s fu n d a d o re s de
la filosofía m o d e rn a : la ra c io n a lid a d re c o m b in a n te de la
d iv isib ilid a d f in ita de la m a te ria (la m ó n a d a com o in fo r­
m ació n ) v ersu s la in f in ita s u s ta n c ia del u n iv e rso com o u n a
f u e n te in a g o ta b le de e x p e rie n c ia.
Me e sto y re firie n d o a q u í a la g e n e a lo g ía de los te m a s
p rin c ip a le s de e s te lib ro , a saber, e l d ilem a e n tr e c o n ju n ­
ció n y c o n e x ió n , e l d e sp la z a m ie n to h istó ric o d el m odo de
co m u n icació n so cial c o n ju n tiv o a l m odo c o n e c tiv o , y la
ap ro x im ació n e p iste m o ló g ic a de la e x p e rie n c ia . Podem os
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

re le e r la h is to r ia de la c u ltu ra m o d e rn a (filo so fía y s e n s i­


b ilid a d e s té tic a ) d esd e e l p u n to de v is ta de e s te d ilem a,
q ue solo a h o ra , e n la e ra de la d ig ita liz a c ió n , p u e d e se r
p le n a m e n te a p re c ia d o .
¿De d ó n d e v ie n e la p a sió n ro m á n tic a p o r lo sub lim e?
Más q u e lo su b lim e, fu e la b e lle z a e l v alo r q u e a p re c ia ro n
los clásicos. El a r te clásico (y e l reg reso h u m a n is ta al c la ­
sicism o) id e n tific ó la b e lle z a co n el e sp le n d o r y la lu z , con
la s im e tría y la p ro p o rc io n a lid a d , con la fiñ itu d d el m u n d o
y la m e n su ra b ilid a d d e l c u e rp o y de lo s o b je to s cread o s p o r
el a rtific io h u m a n o . 、 'ラ
Las re lig io n e s m o n o te ísta s d ev alu aro n la se n su a lid a d
como la re g ió n del pecado y la te n ta c ió n , e n to n c e s la b e ­
lleza se volvió u n c o n c e p to am biguo, p o rq u e d e sv iab a las
en erg ías de los h om bres de la in fin itu d de la tra sc e n d e n c ia :
el v erd ad ero o b jeto de la v id a e s p iritu a l. La d ev alu ació n de
los se n tid o s es in h e r e n te a las c u ltu ra s re lig io sas m o n o ­
te ís ta s . M ientras que e n el ám b ito de la s c u ltu ra s p a g a n a s S
la e x p e rie n c ia e n te ó g e n a de las drogas, las alu c in a c io n es y
el m isticism o so n p a r te de la sen sib ilid ad relig io sa, e n la
esfera de la s relig io n es m o n o te ísta s e s te ú ltim o re s u lta sos­
p ech o so p o rq u e m ezcla la ex p e rie n c ia se n su a l d el placer, la
e u fo ria y la ex c ita c ió n con el c o n o cim ien to e s p iritu a l de
Dios. En e s te c o n te x to , se d em o n iza, se v ela y se p ro h íb e la
p e rcep ció n e ró tic a de la b e lle z a , dado que se la id e n tific a
con el d ista n c ia m ie n to pecam in o so de Dios.
D espués del cism a p ro te s ta n te , algo cam bio e n el do­
m inio c u ltu ra l c ristia n o . La R eform a p r o te s ta n te e stab leció
u n espacio e sté tic o de sev erid ad y esencialism o; el Barroco
c ató lico , e n cam bio, e n tró e n el espacio e sté tic o de la fa n ­
ta sm a g o ría , de lo m aravilloso y del p ro d u cto e sp e c ta c u lar
del a rtin c io h u m a n o , q u e carg ab a la m e n te co n e x citació n
y co n d u cía a la im a g in a c ió n h a c ia la v isio n d iv in a.
Pero la e sté tic a b arroca fu e m arginada po r la cu ltu ra
m oderna de la b u rg u e sía de los países del n o rte europeo.
Fue allí, lejos de la fan tasm ag o ría barroca, donde prosperó la
sensibilidad ro m án tica, donde lo sublim e conoció lo horro ro ­
so y la excitación se m ezcló G〇n la agonía. E ventualm ente,
el rom anticism o se desvaneció en la esfera del sim bolism o.

¿Vienes del cielo profundo o sales del abismo,


oh Belleza? Tu mirada, infernal y divina,
derrama confusamente la buena acción y el crimen[...]2122

La p e rc e p c ió n de la b e lle z a e s té tic a se m ezcló am b ig u a


e ín tim a m e n te co n la a n g u s tio s a p e rc e p c ió n de la s e n s u a ­
lid a d e ró tic a .

El amante que jadea inclinado sobre su querida


parece un moribundo acariciando su tumba.

Que vengas del cielo o del infierno, ¿qué importa,


¡oh Belleza!, ¡monstruo enorme, espantoso, ingenuo!
si tu mirada, tu risa y tu pie, me abren la puerta
de un Infinito que amo y que jamás conocí?

El sim bolism o su rg ió de la su b lim a c ió n y la e x te n u a ­


ció n de la carn e. El a z u r de M allarm é ap a re c ió de u n frí­
gido é x ta sis m e n ta l q u e to m ó el lu g a r del p la c e r se n su a l.

Mi alma hacia tu frente donde sueña, oh calma hermana,


un otoño cubierto de pecas,
y hacia el cielo errante de tu ojo angélico
sube, como en un jardín melancólico,
fiel, un blanco surtidor suspira hacia el azur.
Hacia el azur enternecido de octubre pálido y puro

2 1 . Charles Baudelaire, HHimno a la Belleza", en Las flores del mal, Buenos


Aires, Coíihue, 2006. Traducción de Américo Cristófalo.
22. Ibíd. 、
LA P I E L G L OB A L :
UN MO S AI C O T R A N S I D E N T I T A R I O

que reñeja en los grandes estanques su languidez infinita


y deja, sobre el agua muerta donde la leonada a g o iij^
de las hojas va errante al viento y cava un frío surco^',
arrastrarse el sol amarillo de un largo rayo.2324 、

La frig id e z o to ñ a l de la e x tin g u id a s e n su a lid a d im ­


p reg n ó la p o e sía sim b o lista·

La carne está triste ¡ay! y leí todos los libros.


¡Huir! ¡Huir allá lejos! Noto que hay pájaros ebrios
24
de estar entre la espuma desconocida y los cielos!

La carne e stá tris te porque el cuerpo h a quedado ex h au s­


to de su vuelo h acia la in fin itu d de la e x p erien cia. En la e s­
fera sim b o lista la d u lz u ra , el placer y la se n su a lid a d fu ero n
co m p letam en te absorbidos p o r el len g u aje, el sonido de las
p alabras y su reso n an cia. ,
El c u e rp o (de la m u je r) e s tá c arg ad o de sig n ific a d o s S
am b ig u o s (e u fo ria y p e lig ro , e x tre m a e s p iritu a lid a d y
c a rn a lid a d d ia b ó lic a ). A fin a le s d el siglo xix, la c o n d ic ió n
m e tro p o lita n a e stu v o m a rc a d a p o r la p ro p a g a c ió n de e n ­
fe rm e d a d e s se x u a le s com o la sífilis, y la belle dame sans
merci de la m ito lo g ía ro m á n tic a ta r d ía fu e v is ta com o su
p o r ta d o r a .25 A trib u ir la c u lp a a u n a m u je r to m a a q u í u n
n u ev o giro: la belle dame sans mercif la m u je r b e lla y
d e sp ia d a d a , e ra la p e c a d o ra q u e p ro p a g a b a la e n fe rm e d a d
m o ral y físic a e n el p ro m isc u o to rb e llin o de la m o d e rn i­
d ad m e tro p o lita n a .

23. Stéphane Mallarmé, Mallarmé. Poesía, Barcelona, Editorial Yunque,


1940, col. Poetas Franceses 2, p. 21.
24. Ibíd., p. 35.
25. Mario Praz, La carne, la muerte y el diablo en la literatura romántica,
Barcelona, Acantilado, 1999.
LA SUBLIME FRIGIDEZ DE LA ABSTRACCION

El sim bolism o fu e el p ináculo de lo sublim e ro m án tico , pero


ta m b ié n fu e la p u e r ta de e n tra d a p a ra la ab stracció n lin ­
g ü ístic a del a rte y la ex p e rie n c ia vivida e n el nuevo siglo.
Según Wassily K andinsky, m ien tras m ás aterrad o r se hace
el m undo, m ás abstracto se hace él a rte. En la M odernidad
ta rd ía , la cara aterrad o ra del m undo se visualizaba p len am erb
te . Según N atalia Ilyin, la abstracción nació de las trin ch eras
de la Prim era Guerra M undial. En Chasing the Perfect [En b ú s­
q u ed a de lo perfecto ], u n a descripción te ó ric a e h istó rica de
los orígenes y el significado del diseño m odernista, escribe:

Diez millones de soldados murieron y veinte millones resultaron


heridos en los cuatro años de wla guerra que terminaría con todas
las guerras", declarada en 1914. Estos números no incluyen los
civiles que murieron, los niños víctima de fuegos cruzados. Solo en
la batalla de Verdún, una wbatallawque duró seis meses, murieron
350.000 hombres franceses y 330.000 alemanes. Esto es cerca de
3778 muertes por día (lo que equivaldría a acabar con todas las
personas que trabajan por día en el World Trade Center, durante,
seis meses, en una sola batalla). [...] Imagina volver a tu bella
casa victoríana después de esto. Imagina haber pasado los últimos
cuatro años de tu vida viendo a tus amigos morir, colgando de los
alambres de púas enredados en tierra de nadie. Imagínate a ti mis­
mo, refugiado en tu trinchera, escuchándolos gritar toda la noche
hasta que se hace el silencio. Imagina volver a casa después de
esto, vestirte de gala para la velada musical de tu madre y escuchar
a una matrona soprano cantar wLa última rosa del verano^. ¿Cómo
se supone que seas capaz de sentarte en tu pequeña silla dorada
de salón de baile, usando tu esmoquin y bebiendo tu digestivo
después de lo que has vivido, como si nada hubiese cambiado?26

26. Natalia Hyn, Chasing the Perfect: Thoughts on Modernist Design in Our
Time, Nueva York, Bellerophon Publications, 2006, p. 31.
く、 が LA P I E L G L OB A L :
UN MO S AI CO T R A N S I D E N T I T A R I O

"No se p u e d e e sc rib ir p o e sía d e sp u é s de A u sch w itz",


s e n te n c io T heodor A dorno lu e g o de la S e g u n d a G uerra
M undial. Pero e sto e ra solo u n a m a n e ra de d ecir q u e la em ­
p a tia h a b ía m u e rto y q u e solo la s fo rm as a b s tra c ta s se ría n
po sib les e n el p erío d o p o s te rio r a l in d e sc rip tib le ho rro r.

Mientras el afán de Einflihlung [empatia] como supuesto de la


vivencia estética encuentra su satisfacción en la belleza de lo
orgánico, el afán de abstracción halla la belleza en lo inorgáni­
co y negador de la vida, en lo cristalino o, expresándolo en for-
27
ma general, en toda sujeción a la ley y necesidad abstractas.

La h isto ria de la civilización occidental y, p articu larm en ­


te, la h isto ria del a rte de la M odernidad ta rd ía , puede ser vis­
ta como el le n to e irreversible alejam iento de la n atu raleza.
La v o lu n tad de abstracción es, sim u ltán eam en te, la expresión
de la an siedad y el m iedo que invadió el co n tex to m sto n c o ,
y la condición para el surgim iento de la perfección d ig ital. S
Tras la sen su alid ad del sim bolism o, tra s la p recipitació n
hacia el abism o histórico de la violencia, el se n tim ie n to de lo
sublim e se desplazó a la fríg id a reg io n in co rp ó rea de lo digi­
ta l. En el proceso de ab stracció n de la m odernidad ta rd ía , se
negó al cuerpo y se lo tran sfo rm ó e n u n objeto a sép tico . El
sexo fu e reem plazado con la po rn o g rafía y la felicidad con el
m a n te n im ie n to psicofarm acologico. La abstracción p e rfe c ta
del m undo d ig ita l es el resu ltad o de e s ta tra y e c to ria m o­
d ern o -tard ía: abstracción de la producción e n las finan zas,
ab stracción del trab ajo e n la actividad, ab stracció n de la u ti­
lid ad de los b ien es, ab stracció n del tiem p o e n la sensualid ad .
C o n fro n ta d a co n la ú ltim a a m e n a z a , la d e stru c c ió n
n u c le a r y el sm a ro m e de tra n s m is ió n s e x u a l, sid a , la c u l­
tu r a c ib e rp u n k p re p a ró e l sa lto h a c ia el h ip e rm u n d o de la 27

27. Wilhelm Worringer, Abstracción y naturaleza, México, Fondo de Cultura


Económica, 1953, p p .18 y 19.
a b stra c c ió n . En la im a g in a c ió n c ib e rp u n k , e l c u e rp o era
p e rc ib id o com o u n doloroso e incóm odo re sid u o d el pasad o
o rg á n ic o . La c ib e rc u ltu ra re e m p la z ó a l c u erp o co n lo a sé p ­
tic o , lo lim p io , la su p e rfic ie lisa de la p a n ta lla .
U na e sp e c ie de h is te r ia m a sc u lin a se e s c o n d ía e n la
c u ltu ra d ig ita l de los a ñ o s o c h e n ta y n o v e n ta . La d e c a d e n ­
cia de fin a le s del siglo xix se o rig in ó co n e n la p ro p a g a c ió n
de e n fe rm e d a d e s in fe c c io sa s com o la sífilis; el te c n o -g la -
m o u r e s té tic o de fin a le s d el siglo xx floreció lu e g o de la
e p id e m ia se x u a l y v ira l del sida.
La e sté tic a p ro té sic a del cyborgr u n organism o im agi­
n ario m ejorado p or p ró tesis digitales, pu ed e ser v ista como
el p u n to cúlm ine de la h iste ria ro m án tica m ascu lin a que
quiere escap ar de la peligrosa am bigüedad de la sen su alid ad .
Cuando lo sublim e rom ántico se e n c u e n tra con la superficie
fríg id a de la ex periencia d ig ita l, surge e l p án ico y la d ep re­
sión. Los a ta q u e s de pánico son u n sín to m a generalizado f
e n la experiencia de la generación conectiva. Ya no se tr a ta
del pánico p asio n al que re su lta de las confusas, in ag o tab les
posibilidades de la n a tu ra le z a, sino e n cam bio del frígido
p ánico que re su lta de la contracción del tiem po: u n tiem po
fren ético , u n cuerpo inasible, u n a ex p erien cia frag m en tad a y
u n abanico cada vez m ás am plio de posibilidades que n u n ca
se v uelven realidad.
La e s té tic a a n e s té s ic a de la v irtu a lid a d es el ú ltim o
a v a ta r e n u n pro ceso de su b lim ació n d el c u erp o (de la m u ­
je r) q u e , e n e l m u n d o c iis tia n o , se e x tie n d e d esd e F ran cis­
co de Q uevedo, p a sa n d o p o r J e a n des E sse in te s y G eorges
B ataille, h a s ta lle g a r a D avid Bowie.
En 1977, D avid Bowie la n z a su sen cillo yjHeroesf\ En
él, c a n ta so b re u n nuevo tip o de h é ro e q u e em erg e ju s to a
tie m p o p a ra la rev o lu ció n n e o lib e ra l y p a ra la tra n s fo rm a ­
c ió n d ig ita l d el m undo.

I Él héroe ha muerto, ¡larga vida al héroe! Pero el héroe de Bowie


I ya no es un sujeto, sino un objeto: una cosa, una imagen, un
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

espléndido fetiche: una mercancía imbuida de deseo, resucitada


más allá de la miseria de su propio final.
Basta con echar un vistazo a un video de 1977 para entender por
qué: muestra a Bowie cantándose a sí mismo desde tres ángulos
simultáneos, con técnicas de superposición que triplican su ima­
gen; el héroe de Bowie no solo ha sido clonado, sino que sobre
todo se ha convertido en una imagen que puede ser reproducida,
multiplicada y copiada. [...] El héroe de Bowie ya no es un ser
humano más grandioso que la vida cumpliendo sensacionales
misiones ejemplares, y ni siquiera es un icono, sino un producto
resplandeciente dotado de una belleza poshumana: una imagen
y nada más que una imagen.
La inmortalidad de este héroe ya no se origina en su fuerza
para sobrevivir a cualquier prueba, sino en su capacidad de ser
fotocopiado, reciclado y reencarnado. La destrucción alterará su
forma y apariencia, pero su sustancia permanecerá intacta. La
inmortalidad de la cosa es su finitud, no su eternidad.28 ,
S

EL VIDEOPQRNQ Y EL CUERPO EVANESCENTE

D ebido a la f a lta de h o m o g e n e id a d e n la s g eo p sico cu l-


tu r a s , lo s e fe c to s de la m u ta c ió n c o n e c tiv a so b re la s e n ­
sitiv id a d n o se d e sa rro lla n de u n a m a n e ra u n ifo rm e . No
o b s ta n te , p a re c e e m e rg e r u n a te n d e n c ia g e n e ra l ta n to e n
el c o m p o rta m ie n to c o g n itiv o com o s e x u a l de la p rim e ra
g e n e ra c ió n q u e h a crecido e n u n a m b ie n te p re d o m in a n te ­
m e n te c o n e c tiv o .
De acu erd o co n la O rganización M undial de la S alu d , el
su icid io se h a in c re m e n ta d o n o ta b le m e n te , e n p a rtic u la r
e n tre los jó v e n e s. La d e p re sió n y el p á n ic o se h a n p ro p a ­
gado a l in te r io r de e s ta g e n e ra c ió n .

28. Hito Steyerl, Los condenados de la pantalla, Buenos Aires, Caja Negra
Editora, 2014, pp. 50 y 51.
La p o rn o g ra fía e s tá o cu pando u n espacio cad a vez m a­
y o r e n la v id a em o cio n al, y la id e n tid a d relig io sa h a co­
m enzado a ocu p ar el lu g a r que p rev iam en te, e n el co n te x to
de la M odernidad, se le dab a a la so lid arid ad social. ¿Existe
u n a relació n e n tre el espacio cada vez m ayor que o cu p a la
p o rn o g ra fía e n la v id a em ocional y la cre c ie n te relev an cia
de la re lig ió n en los p rocesos de au to id e n tific a ció n ?
S egún u n ensayo de Freud de 1907 sobre la sin to m a-
to lo g ía de la o b sesió n y las p rácticas relig io sas, los r itu a ­
les g u a rd a n relació n con la o b sesió n p o rq u e c o m p a rte n las
m ism as c a ra c te rístic a s de irre a liz ac ió n y c o m p u lsió n .29 La
irre a liz ac ió n y la re p e tic ió n com pulsiva so n c a ra c terístic a s
que su e le n en c o n tra rse , a m enudo, e n el c o m p o rta m ie n ­
to religioso y e n el sexo p o rnográfico. A unque u n o p u e d a
e n c o n tra r paz y b ie n e s ta r p o r m edio de ritu a le s religiosos
y p la c e r po r m edio del consum o po rn o g ráfico , ta n to los
ritu a le s com o las im ágenes po rn o g ráficas c o m p a rte n , sin
em bargo, el e stig m a de la n eu ro sis obsesiva, es decir, la
re p e tic ió n de actos que e s tá n desp ro v isto s de significado
sem án tico y de eficiencia específica. La o b sesió n es la re ­
p e tic ió n com pulsiva de u n r itu a l que no cum ple con su ob­
je tiv o . Un r itu a l es u n conjuro cuyo fin es d ar co h eren cia al
m undo del a u to r del rito . Desde e ste p u n to de v ista , el p o r­
no tie n e algo en com ún con el rito . En la ex p e rie n c ia de la
p rim era g e n eració n v id e o -e le c tró n ic a , el p o m o se co n v irtió
e n la re p e tic ió n de u n acto v isu a l que n u n c a a lcan za su fin
em ocional. El ritu a l en sí m ism o to m a el lu g a r d el placer.
A quí no e sto y reclam ando n in g ú n tip o de a u te n tic id a d
o rig in a ria del ero tism o , n i su p o n ie n d o u n a e ra d o rad a de
fe licid ad sex u al. Solo e sto y afirm ando que la a c tu a l p ro li­
feració n de la p o rn o g ra fía e s tá v in c u la d a a u n a p ato lo g ía

29. Sigmund Freud, Los actos obsesivos y las prácticas religiosas, 1907,
disponible online en www.mercaba.org/Filosofia/Freud/freud_cartel.htm
[última consulta: junio de 2017].
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

em o cional, a c e n tu a d a p o r la m e d ia tiz a c ió n del p o m o y es­


p e c ia lm e n te p o r su e x p a n sió n e n I n te r n e t. La p e rc e p c ió n
im p e ra n te del cuerpo e n la s a tu ra d a in fo e sfe ra es la de u n
espacio p a ra la e stim u la c ió n del propio placer, que red u ce
al o tro a u n a proyección de la m e n te . Dado q u e la im ag en
se separó del ta c to , el acto p o rn o g ráfico , que e se n c ia lm e n ­
te es u n acto de v isió n , y a no p ro d u ce el p ro m etid o p lacer
sin e sté sic o . Por lo ta n to , el acto de v isió n se re p ite u n a
y o tra vez. I n te r n e t es u n espacio de in te rm in a b le d u p li­
cación; p o r e s te m otivo, re s u lta u n espacio id e a l p a ra la
p o rn o g rafía. La estim u la c ió n h ip e rtró fic a y la sim u lació n
del p lacer g en e ra n o bsesión.
D urante su larga evolución, los seres hum anos h a n ap ten -
dido Íen tam en te a elaborar los estím ulos de la excitación
sexual. Toda la h isto ria c u ltu ra l puede ser v ista como u n re ­
corrido hacia la elaboración del deseo sexual. A trav és de la
im aginación y el lenguaje, los seres hum anos h a n aprendido ,
a equilibrar los estím ulos que provienen del en to rn o y las S
resp u estas físicas y sexuales que tie n e n a n te ellos.
Con la p ro life ra c ió n de in fo rm a c ió n , la s a tu ra c ió n de
la in fo e s fe ra h a p rovocado u n a so b re c a rg a de e stím u lo s
q ue tie n e u n e v id e n te e fe c to c o g n itiv o . El tie m p o d isp o ­
n ib le p a ra la a te n c ió n , com o y a h e se ñ a la d o , d is m in u ­
ye. La a te n c ió n a fe c tiv a re q u ie re su tie m p o , y e s te no
p u e d e se r a c o rta d o o a c e le ra d o . La h ip e ie s tim u la c ió n y
la so b re c a rg a v is u a l p ro d u c e n d e só rd e n e s e n la e la b o ­
ració n e m o c io n a l de s ig n ific a d o . E ste tip o de a te n c ió n
e s tá su frie n d o u n a e sp e c ie de c o n tra c c ió n q u e la fu e rz a
a e n c o n tr a r m a n e ra s de a d a p ta rs e . El o rg a n ism o a d o p ta
h e rra m ie n ta s de sim p lific a c ió n y tie n d e a u n ifo rm a r su
r e s p u e s ta p síq u ic a y a r e e s tr u c tu r a r su c o m p o rta m ie n to
a fe c tiv o e n u n m arco m ás c o n tra íd o y v elo z. El p u n to
p rin c ip a l de e s te p ro c e so de d e s e n sib iliz a c ió n es la r e ­
d u cció n del tie m p o d isp o n ib le p a ra la e la b o ra c ió n de las
em o cio n es. La p o rn o g ra fía es ta n t o u n a de la s c au sas de
e s ta s a tu ra c ió n com o u n o de su s e fe c to s o , m e jo i dich o .
u n o de sus sín to m a s. La p o rn o g ra fía co in c id e co n la s a tu ­
ra c ió n de la in fo e s fe ra y es, s im u ltá n e a m e n te , u n a v ía de
e sc a p e de la p e r tu r b a d a p sic o e sfe ra .
La em o ció n es e l p u n to de c o n flu e n c ia e n tr e e l cu erp o
y la co g n ic ió n . Es la e la b o ra c ió n c o rp o ra l de la in fo rm a ­
ció n q u e lle g a a n u e s tr a m e n te . El tie m p o de la em ocio-
n a lid a d p u e d e se r rá p id o , in c lu so m u y rá p id o , o p u e d e se r
le n to , p ero la e la b o ra c ió n de la em oción se x u a l re q u ie re
tie m p o . Si b ie n la farm aco lo g ía p u e d e a c e le rar la s re a c c io ­
n e s se x u a le s y la s e re c c io n es, lo s p ro p u lso re s a u to m á tic o s
no p u e d e n re d u c ir el tie m p o n e c e sa rio p a ra las caricias.
La e x c ita c ió n e le c tró n ic a q u e se tr a n s m ite p o r to d o
el e n to rn o m e d iá tic o p o n e al o rg an ism o se n sitiv o e n u n
e sta d o de p e rm a n e n te e le c tro c u c ió n . El tie m p o n e c e sa rio
p a ra la e la b o ra c ió n lin g ü ís tic a de u n solo input se re d u c e a
m e d id a q u e in c re m e n ta el n ú m ero y la v e lo c id a d de inputs.
Se h a b la de sexo e n to d a s p a rte s , p ero e l sexo e n sí y a no
h a b la . En su lu g a r, b a lb u c e a , titu b e a y su fre p o r ello , o
lo que es peor, lo ig n o ra . D em asiadas p o cas p a la b ra s, d e ­
m asiado poco tie m p o p a ra h a b la r, dem asiad o poco tie m p o
p a ra s e n tir ... El p o rn o p u e d e se r v isto com o u n in te n to de
a u to m a tiz a c ió n e m o c io n a l y de c reació n de u n ifo rm id a d
e n la te m p o ra lid a d de la r e s p u e s ta em o cio n al.
R efo rm atear la esfera m e n ta l im p lica re fo rm a te a r la d i­
m e n sió n em ocional. El nuevo fo rm ato es liso , co n ectab le y
recom binable. La la m p iñ a y p u lid a im ag en d ig ita l h a in v a ­
dido la im ag in ació n sex u al y h a provocado su m u ta c ió n . La
ex p e rie n c ia del v id eo p o m o se ex p an d e a m ed id a q u e la p re ­
sen cia física del cuerpo del o tro se h ace cada vez m ás rara.
De m a n e ra sim ilar, p odem os d e c ir q u e la p e rte n e n c ia
re lig io sa se v u elv e cad a vez m ás im p o rta n te e n la v id a de
la s p o b lacio n es p o sm o d e rn a s a m e d id a q u e se p ierd e e l
se n tim ie n to de p e rte n e n c ia a u n te r r ito r io , a u n a c o m u n i­
d ad o a u n a clase so cial. El a c tu a l re su rg im ie n to de fo rm as
de a u to id e n tific a c ió n relig io sas tie n e poco q u e v e r co n la
e s p iritu a lid a d , la p ie d a d o e l s e n tim ie n to de lo sagrado.
LA P I E L G L OB A L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

Por e l c o n tra rio , tie n e m ucho q u e v e r co n u n a n h e lo de


p e rte n e n c ia , q u e p arece s e r la c o n tra c a ra de la d e s te rrito -
ria liz a c ió n y el d e c re c im ien to de la so lid a rid a d provocad o s
p o r la v irtu a liz a c ió n .

LA ESPIRITUALIDAD RUSA Y LA RUINA DEL COMUNISMO

En u n ensayo titu la d o The Revelation about Man in the


Creativity of Dostoesvky [La revelación acerca del hom bre
e n la c re a tiv id a d de D ostoievski], N ikolái A leksándro v ich
B erdiáyev evoca la " h is te ria m e ta físic a del e s p íritu ru so ’’·30
B asada en la e x a lta c ió n é tic a y e s té tic a de la in felicid ad ,
e s ta h is te ria conduce a u n a esp ecie de m isticism o fu n d a ­
m en tad o e n e l su frim ie n to .
La lite r a tu r a ru s a p u e d e se r c o n sid e ra d a com o u n a
m a n ife s ta c ió n ra d ic a l de la a u to in m o la c ió n t e a tr a l y ro ­

■m
m á n tic a . P ara e n te n d e r la p e c u lia r v ib ra c ió n de la su b je ­

·
tiv id a d ru s a , es n e c e sa rio u n a n á lis is de la e sp e c ific id ad
c u ltu ra l y te o ló g ic a d e l c ristia n ism o o r ie n ta l. Su d ife re n ­
cia con e l c ristia n ism o o c c id e n ta l e s tá b a s a d a , e se n c ia l­
m e n te , e n la e s p iritu a liz a c ió n de la p e rs o n a de C risto,
cu y a c a rn a lid a d se n ie g a o, al m e n o s, se h a lla e c lip sa d a .
Si P lo tin o s e n tía v e rg ü e n z a de te n e r u n c u e rp o , la c u l­
tu r a ru sa p a re c e e s ta r p o se íd a p o r la id e a de la c o rp o re i­
d ad com o e x e c ra ció n , com o u n crim e n q u e e n c u e n tr a la
p e n ite n c ia e n sí m ism o. P a re c e ría q u e te n e r u n cu erp o
fu e se u n a f u e n te de d o lo r c o n tin u o e in e v ita b le , y que
ese d o lo r fu e se el c a stig o m erecid o p o r la c u lp a de h a b e r
n acid o e n ese h o rrib le lu g a r lla m a d o R usia. La re tó ric a de
la b e lle z a de la p a tr ia y d el p u e b lo ru so p u e d e s e r le íd a al

30. Nikolái Aleksándrovich Berdiáyev, The Revelation about Man in the


Creativity of Dostoesvky, disponible online en www.berdyaev.com/ber-
diaev/beid_lib/1918_294.html [última consulta: junio de 2017].
re v és, com o u n a m a n ife s ta c ió n d el m a so q u ism o o rto d o x o
y ,s u g u sto por e l d o lo r a u to in flig id o . Los e s c r ito r e s ru so s
h a c e n o d a s a l in fin it o d o lo r q u e la v id a in flig e so b re lo s
se re s v iv o s y a e s t e d o lo r e llo s lo lla m a n ^ alegría^
Las c u e s tio n e s t e o ló g ic a s q u e c o n c ie r n e n a la h u m a ­
n id a d en ca rn a d a de Cristo ( e l c e n tr o d e l d e b a te so b re su
n a tu ra le za ) s o n c r u c ia le s para la g e n e a lo g ía de la cu ltu r a
o rto d o x a . A qu í r e sid e la ex a c er b a c ió n de la e sp ir itu a lid a d
y la b ú sq u e d a de p u r ific a c ió n q u e a tr a v ie sa to d a la h is t o ­
ria d el cr istia n ism o o r ie n ta l y q ue to m a form a h istó r ic a y
p o lític a e n la su b je tiv id a d ru sa. En la e sfe r a c u ltu r a l d e l
c r istia n ism o o r ie n ta l, la e x is te n c ia h u m a n a e s co n sid e r a d a
u n a c o n d ic ió n de a b so lu ta a lie n a c ió n , u n a f u e n t e d e p er­
p e tu a in fe lic id a d .
El ita lia n o V ittorio Strada, esp e c ia lista en e stu d io s e s la ­
v o s, escrib e: wEl cr istia n ism o o c c id e n ta l a c tú a e n e l e s p a ­
cio de la H isto ria , e l cr istia n ism o o r ie n ta l se e m p e ñ a por
ta Eternidad^.31 El d e se o p or lo a b so lu to s e h a c e v is ib le e n
la esfe ra h istó r ic a com o u n a v o lu n ta d de t o t a l p a lin g e n e ­
sia y de p u r ifica c ió n d e la co m u n id a d s o c ia l de lo s v e s t i­
g io s d e l p a sa d o . E sta re fe r e n c ia a la p u r eza r e su lta m u y ;
clara e n la c o n c e p c ió n ru sa d e r e v o lu c ió n , p a r tic u la r m e n te
e n la p e r su a sió n le n in is t a d e q u e e l p a rtid o rev o lu cio n a rio
era la " encarn ación" de la id e a pura q u e d e sc e n d ía de la
filo s o fía alem a n a y q u e d eb ía ser co r p o r eiza d a p or u n a
p e q u e ñ a o rg a n iz a c ió n d e (p r o fe sio n a les p o rta d o r es de la
verdad re v o lu cio n a ria .
La ex a c er b a c ió n ru sa d el rol de la su b je tiv id a d pura
en tró e n e s c e n a e n la h isto r ia m u n d ia l e n 1 9 1 7 . La Re-,
v o lu c ió n s o v ié tic a (q u e L en in se la s arregló para d esa ta r
co n tra la v o l u n t a d l e n u m er o so s líd e r e s im p o r ta n te s d el
m o v im ien to s o c ia lis ta ru so) p ro v o có u n a p o la r iz a c ió n ca-

3 1 .Vittorio Strada, La questione rusa: identitá e destino, Venecia, Marsilio, i


LA P I E L GL OBA L :
UN M O S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

ta str ó fic a d el c o n flic to so c ia l a n iv e l in te r n a c io n a l y fo rzó


al m o v im ien to obrero a id e n tific a r s e co n u n e x p e r im e n to
to ta lita r io b asad o e n u n a lu c h a de c la s e s estr u c tu r a d a p or
u n E stado a u to r ita r io .
La R ev o lu ció n rusa p ro v o có u n a ru p tu ra ir rev ersib le y
u n a la c er a ció n im borrab le e n e l cu erp o s o c ia l, c u y o s e f e c ­
to s p e r s istie r o n g lo b a lm e n te d u ra n te to d o e l s ig lo . L en in
forzó a lo s trab ajad ores d e l m un d o a d e fe n d e r e l e sta d o s o ­
cia l de lo s s o v ie ts y a en tra r e n u n p ro ce so de gu erra p e r ­
m a n e n te. E sta guerra duró h a s ta 1 9 8 9 , p ero la c la se obrera
y a h a b ía sid o co n d en a d a , d e sd e e l p r in c ip io , a l fra c a so .
La u to p ía m e siá n ic a q u e s e e x p a n d ió e n la so c ie d a d
rusa d u ra n te e l s ig lo xix s e fu s io n ó c o n u n p r o y e c to b o l­
ch ev iq u e ex tr e m a d a m e n te v o lu n ta r is ta , de m od o q u e la
h isto r ia de la r e v o lu c ió n c o m u n is ta c o m e n z ó co m o u n a
tra g e d ia e n u n c o n t e x t o de in m o la c ió n c u ltu r a l y e s tu v o

_ SI
d e stin a d a d esd e e l p r in c ip io a ter m in a r, ta m b ié n , com o
u n a tra g e d ia . La v io le n c ia y e l a u to r ita r ism o q u e e l e x ­

-
p erim e n to le n in is t a d e sa tó p or to d o e l p a ís y e x p o r tó
g lo b a lm e n te , ca m b ia n d o b r u ta lm e n te la s p e r s p e c tiv a s de
e m a n c ip a c ió n d e l m o v im ie n to obrero in te r n a c io n a l, e s t a ­
b an in sc r ip to s e n la h is to r ia d e lo s s ig lo s p r e c e d e n te s de
Rusia y p erv iv iero n e n su v id a p o lític a d e sp u é s d el fin d e la
d icta d u ra s o v ié tic a .

EL BOLCHEVISMO Y LA DEPRESIÓN PSÍQUICA

P uede q u e e l co m u n ism o ru so h a y a arruinad o a R usia, pero


R usia arruinó (¿para siem p re? ) e l co m u n ism o co m o p o sib le
a lte r n a tiv a a l c a p ita lism o . De h e c h o , e l su b je tiv ism o ru so
y su c u lto a la p u reza arrastraron e l m o v im ie n to o b re­
ro in te r n a c io n a l h a cia u n a v is io n de m o v iliz a c ió n m ilita r
p erm a n en te q u e n o era p a rte d el e sq u e m a m a rx ista .
La c o n c e p c ió n d e l co m u n ism o le n in is t a t ie n e m u y p o co
que v er co n et p e n sa m ie n to m a rx ista y c o n la h isto r ia de
la s lu ch a s obreras co n tra la e x p lo ta c ió n c a p ita lista . T ien e
m ucho m ás q u e v er c o n la h isto r ia d el se cta rism o m ile -
n a rista y co n e l e sp lr itu a lism o d u a lista y m a n iq u e o que
im p regn ó la cu ltu ra ru sa d esd e lo s tie m p o s de la in flu e n c ia
de B o g o m il e n la Ig le sia o rto d o x a .
S eg ú n N ik olá i A lek sá n d r o v ich B erd iáyev:

El pueblo ruso no llegó a cumplir su antiguo sueño de Moscú


como la Tercera Roma. La division eclesiástica del siglo xvii re­
veló que el zarismo moscovita no era la Tercera Roma. La idea
mesiánica del pueblo ruso asumió o bien una forma apocalíp-
, tica, o bien una forma revolucionaria; y entonces ocurrió algo
asombroso en su destino. En lugar de la Tercera Roma en Rusia,
se erigió la Tercera Internacional, y muchas de las caracterís-
ticas de la Tercera Homa pasaron a la Tercera IntemadoriaL La
Tercera Internacional también era un Santo Imperio y también
fue fundada en la fe ortodoxa. La Tercera Internacional no era
32
internacional, sino una idea nacional rusa.

La m eta e s p o n tá n e a d el m o v im ie n to obrero era e x ­


p an d ir e l esp a c io de a u to n o m ía fr e n te a la e x p lo ta c ió n
c a p ita lis ta . La id e a de q u e e l m o v im ie n to e sta b a atrapado
e n u n a c o n tra d ic c ió n d ia lé c tic a fu e u n e fe c to de la in te r ­
p reta c ió n h e g e lia n a d el p ro ce so so c ia l. E sta id e a se v o lv ió
u n a realid ad h istó r ic a cu a n d o e l c u lto p a lin g e n é sic o ruso
a la p u reza s e m ez cló c o n la tr a d ic ió n h e g e lia n a .
En m i o p in io n , la fu s ió n d e l m arxism o y e l le n in ism o
fu e e l o rig en de la d errota de lo s trab ajad ores. L en in trajo
al d iscu rso p o lític o obrero u n e le m e n to de su b je tiv ism o
y de p u reza q u e n o p e r te n e c ía n a la e x p e r ie n c ia de lo s
m o v im ien to s so c ia le s a u tó n o m o s. El m o v im ie n to obrero
p re te n d ía em a n cip a r la v id a y e l te r r ito r io de la doxni-23

32. Citado en Benedikt Sarnov, Nash sovetskii novoiaz: malen^kaia entsiklo-


pediia reaVnogo sotsializma, Moscú, Materik, 2002, pp. 446 y 447.
LA P I E L GL OBA L :
UN MOS AI CO T R A N S I D E N T I T A R I O

n a ció n c a p ita lis ta , pero e l a v a n ce le n in is t a tran sform ó e l


m o v im ien to e n u n p ro y ec to de a b so lu ta se p a r a ció n de la
realid ad e x is te n t e , de d e m o lic ió n rad ical y de p u r ifica c ió n
p a lin g e n é sic a . La p articu la r id a d d e la h is te r ia e s p ir itu a lis ­
ta rusa e s la p u reza b a sa d a e n la n e g a c ió n de la e n c a r n a ­
c ió n h u m a n a de C risto. L en in h ered ó e s te c u lto a la p u r eza
y c o n stru y ó su p artid o r e v o lu cio n a rio bajo e s ta p rem isa.
El t e x t o fu n d a m e n ta l d e la p o lític a le n in is t a e s ¿Qué
hacer?, p u b lica d o e n 1 9 0 2 . En é l s e d escrib e a l p a rtid o
rev o lu cio n a rio com o u n c o le c tiv o in te le c t u a l q ue p e r sig u e
u n p ro y ec to q u e n o d ep e n d e d e la h isto r ia co n c r e ta de la s
lu c h a s so c ia le s . En la prim era p a rte d el t e x t o , L en in c o n ­
firm a q u e e l a rg u m en to d e L asalle sob re la p u r ifica c ió n ,
es decir, la d ep u ra ció n y la lim p ie z a , e s tá fo r ta le c ie n d o
al p a rtid o . E sta id e a de lim p ie z a id e o ló g ic a c o n s titu y e e l
p rin cip a l h ilo c o n d u c to r e n la h isto r ia d el P artido Comu­

-SI ,
n is t a de la U n ió n S o v ié tic a , p a r tic u la r m e n te d u ra n te e l
e s ta lin is m o . S eg ú n L en in , la c la se obrera e n su e s p o n ta ­
n eid a d p o d ía ú n ic a m e n te d esarrollar u n a a c c ió n e c o n ó m i­
ca s in d ic a lis ta , p ero era in c a p a z de d esarrollar u n p ro ce so
de re v o lu ció n p o lític a . E sta im p u re za de la c la se obrera
d eb ía ser su p era d a , de m odo q u e la so c ie d a d p u d iera a d ap ­
ta rse a la p u reza d el id e a l c o m u n is ta . S olo u n p a rtid o que
fu e s e p o se e d o r d el Logos p u ro , m ás q u e la sim p le su m a
im pura de cu erp o s so c ia le s , p o d ría ser e l p ortad or d e l p ro­
y e c to re v o lu cio n a rio .
Si m iram os la rea lid a d d e l c o n flic to so c ia l, p o d em o s
ver q u e n o t ie n e n a d a q u e v er c o n la p u r eza d e la s id e a s.
Las lu c h a s obreras e x p r e sa n u n re ch a zo rad ical a la e x p lo ­
ta c ió n , pero ta m b ié n la h a b ilid a d para c o e x is tir y c o e v o ­
lu cio n a r c o n la m á q u in a c a p ita lis ta . Gracias a ta le s c o n ta -
m in a c io n e s, la lu c h a obrera p u e d e ser, a la v e z , u n a crítica
p ráctica de la e c o n o m ía p o lític a y u n m o to r d in á m ico d el
d esarrollo in d u str ia l. E sta s e h a d e sp le g a d o e n u n esp a c io
a u tó n o m o a la ló g ic a c a p ita lis ta , sin rom p er e l v ín cu lo
con la in n o v a c ió n t é c n ic a y p o lític a . El c o n flic to so c ia l h a
a ctu a d o ta n to para in terru m p ir e l p ro ce so de p ro d u c c ió n ,
com o para gen era r in n o v a c ió n y tra n sfo r m a c ió n .
Creo que re su lta im p o r ta n te v in cu la r la ca ta stró fic a
R evolu ción rusa de 1 9 1 7 c o n la b io g ra fía in te le c tu a l y p s i­
c o ló g ica de V ladim ir Ilic h U lián ov, ta m b ié n c o n o cid o com o
L enin. En su en sa y o b io g rá fico sob re L en in , H élén e Carrére
d’E n causse, h isto ria d o ra fra n cesa de o rig en g eo r g ia n o ,
m en cio n a dos gran d es e p iso d io s de d e p resió n clín ic a que
g en er a lm en te so n ig n o ra d o s por la tra d ició n h a g io g rá fica
le n in is ta . Su libro re su lta e s p e c ia lm e n te in te r e s a n te p o r­
q ue se cen tra e n la v id a em o c io n a l d el líd er c o m u n ista , e n
la im p o rta n cia de la re la c ió n co n su m adre, su h erm an a y,
p a rticu la rm en te, co n su e sp o sa N ad ezh d a K rupskaya, q u ien
lo cu id ó d urante lo s p erío d o s de p rofu n d as crisis p síq u ica s.
El libro ta m b ién h a b la d e In és A rm and, la a m a n te q ue se
en tro m etió e n la v id a de L enin y q ue lu e g o fu e sacad a d el
m ed io y n eu tra liz a d a com o u n p elig ro p o te n c ia l para la
in te g rid a d p o lític a d el líder·
La d ep resió n e s u n a n o ta b le c a r a c te r ístic a d e l retra­
to p sic o ló g ic o d e L e n in . Las cr isis d ep resiv a s c o in c id e n
c o n la s d e c is io n e s p o lític a s m ás im p o r ta n te s de su v id a .
La prim era gran c r isis, se g ú n H é lén e Carrére d’E n cau sse,
tu v o lu g a r e n 1 9 0 2 , p a ra lela a la d e c isio n de fu n d a r e l
P artido C om u nista y a la e la b o r a ció n de ¿Qué hacer? La
se g u n d a ocurrió e n 1 9 1 4 , cu a n d o L en in d e cid ió rom per
c o n la S eg u n d a I n te r n a c io n a l a n te la C o n feren cia de Zim-
m erw a ld ,33 y cu a n d o s e p rod ujo la d iv isio n d e l c o m u n is­
m o a lo largo de to d a Europa. La ter cer a su c e d ió e n la

33. La Conferencia de Zimmerwald se celebró clandestinamente el 5 y el 8


de septiembre de 1915 en un pueblo de Suiza. Esta supuso la separación
definitiva de los líderes socialistas radicales de los líderes reformistas, que
habían apoyado a sus Gobiernos en la decisión de entrar en guerra durante
la Primera Guerra Mundial, dando fin, así, a la Segunda Internacional, Esta
conferencia sienta las bases para la creación de la Tercera Internacional/
liderada por Lenin. [N. de la T.]
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

p rim avera de 1 9 1 7 , s im u ltá n e a a la d e c is io n d e la n z a r la


in su r re cc ió n s o v ié tic a q u e tu v o lu g a r e n o c tu b r e .34 E stas
d e c is io n e s m arcaron e l su r g im ie n to de la id e n tid a d co m u ­
n is ta e im p u sie ro n u n a a c e le r a c ió n v o lu n ta r ia d e la h is t o ­
ria de la lu c h a de c la s e s p o r to d a Europa y e l m u n d o . En
m i o p in ió n ;p u e d e n v in c u la r se a lo s c ic lo s d e p r e siv o s de
L en in . Cuando la in te lig e n c ia e s d e p resiv a , la v o lu n ta d e s
la ú n ic a ter a p ia q u e h a c e p o sib le ig n o ra r e l a b ism o . E ste
n o es re m o v id o , r e s u e lto , e v ita d o o su p e ra d o . Es ig n o ra d o ,
p ero p erm a n ec e, y la s d éca d a s s ig u ie n t e s a la re v o lu c ió n
h ic ie r o n e v id e n te su p e r s is te n c ia , c o n d u c ie n d o a l sig lo
h a cia e l ab ism o.
Más a llá d e l s ig n ific a d o p o lít ic o d e la s d e c is io n e s de
L e n in , m e in te r e s a a q u í la r e la c ió n e n tr e e l v o lu n ta r ism o
b o lc h e v iq u e y la in c a p a c id a d m a sc u lin a para lid ia r c o n
la d e p r e s ió n . D esd e e l p u n to de v is t a p o lít ic o , la in s u ­
rr ec ció n b o lc h e v iq u e p r e c ip itó la c o n fr o n ta c ió n e n tr e lo s

¿
ob reros y e l c a p ita l e n e l m u n d o e n te r o . Los ob rero s f u e ­

一-
ron em p u ja d o s h a c ia u n a fo rm a de o p o s ic ió n t o t a liz a n t e
y h a c ia la g u erra c iv il. La a u to n o m ía s o c ia l s e v io fo r z a d a
a e le g ir e n tr e e l terro r r e v o lu c io n a r io o la c a p itu la c ió n .
Y, a llí d o n d e lo s p a r tid o s c o m u n is ta s lo g r a ro n to m a r e l
p o d e r p o lít ic o , a c u d ie r o n a v io le n t a s d ic ta d u r a s y a l s o ­
m e tim ie n to d e la v id a s o c ia l. A sí e s co m o la e s tr a te g ia
de L en in prep aró la c a tá s tr o fe m u n d ia l q u e , a fin a le s d e l
s ig lo XX, co n d u jo a la p e o r de la s d err o ta s p o s ib le s y c u ­
y o s e f e c t o s s e g u ir e m o s e x p e r im e n ta n d o d u r a n te d é c a d a s.
El p ro y ec to de re n o v a c ió n m u n d ia l, q u e c o m e n z ó co n
la v io le n c ia p a lin g e n é s ic a de la r e v o lu c ió n , e s u n a m ito ­
lo g ía sin n in g ú n fu n d a m e n to h is tó r ic o . En la h is to r ia no
e x is te n lo s p r o c e so s p u ros de a b o lic ió n , p a lin g e n e s ia o
r e n a c im ie n to . La h isto r ia sie m p re t ie n e q u e v e r c o n la e s ­
tr a tific a c ió n , la n e g o c ia c ió n , la c o e v o lu c io n , la a u to n o m ía

34. Héléne Carrére d^Encausse, Lenin, Maana, Espasa, 1999.


o la d e p e n d e n c ia , la id e n tific a c ió n o e l e x tr a ñ a m ie n to .
No c o n la a b o lic ió n .
El le n in ism o p u e d e ser co n sid era d o com o u n in te n t o de
n eg a r la d e p r e sió n , com o u n a a firm ación de la p u r eza de la
v o lu n ta d y u n rech a z o a a ce p ta r la fin itu d de la p o te n c ia
h u m a n a . P uede se r v is to com o la h is te r ia m a scu lin a que
y a es ta b a p r e s e n te e n lo s e s c r ito s de D o sto ie v sk i. S eg ú n
u n t e x t o de B erd iá y ev de 1 9 1 5 , "en e l ca rácter ru so h a y
u n a c ier ta h is te r ia m e ta físic a , q ue D o sto ie v sk i p ercib ió y
reveló ta n extraord in a ria m en te" .36 E sta h is te r ia , sob re la
q u e escrib e B erd iáyev, p u e d e ser v is ta com o u n a e u fo ria
m ístic a q ue resp o n d e a la in fe lic id a d q u e la n a tu r a le z a y
la s a c c io n e s d el h om b re in flig e n e n e l cu erp o h u m a n o . wNo
llo r e s, m am á. La v id a e s u n p a ra íso . Lo q u e p a sa e s que
n o q u erem os v e r lo w, 35637 e scr ib e D o sto ie v sk i e n Los hermanos
Karamazov, co n u n a e s p e c ie de c o n c ie n c ia ir ó n ic a de la
c o n d ic ió n h isté r ic a de su im a g in a c ió n n arrativa.
En e l sig lo xix, lo s p siq u ia tra s c o n c e b ía n la h iste r ia
com o u n a a fe c c ió n e s e n c ia lm e n te fe m e n in a , v in c u la d a a
la n e g a c ió n d el cu erp o s e x u a l. La h is te r ia m a sc u lin a se
e s c o n d ió d etrás de lo s a lto s v a lo r es é tic o s y d el é x ta s is e s ­
p iritu a l. Pero e n verd ad s e tra ta b a d e lo m ism o: e l terror a
e sta r e n co n ta c to c o n e l c u er p o , q u e e s siem p re e l cu erp o
d el o tro , p orq u e e l p ro p io cu erp o e s otro en r e la c ió n a l y o
La sonata a Kreutzer de T o lsto i com o e n
in terio r. T an ta e n
Una historia aburrida de Chejov, e l tem o r d e l h om b re al
cu erp o de la m ujer e s p rovocad o por la in c a p a cid a d c u ltu ­
ral de im a g in a r e l am or com o u n a d isp o n ib ilid a d m u tu a y
u n ju e g o ir ó n ic o , y a ca u sa de la d ra m a tiz a ció n d el ta c to .

35. En la jerga operaísta italiana decimos estraneitá, que significa ajeni-


dad, ser externo, extraño y, por lo tanto, autónomo.
36. Nikolái Aleksandrovich Berdiáyev, "The New Russia”, disponible online
en www.berdyaev.com/berdiaev/berd_lib/1915_188.html [última consul­
ta: junio de 2017].
37. Fedor Dostoievski, Los hermanos Karamazov, Colihue, 2007.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

e l am or e s v is to in tr ín s e c a m e n te co m o u n a cu lp a m e ta fís i­
ca. La in sa lv a b le d ista n c ia e n tr e la e sfe r a de la e s p ir itu a ­
lid a d y la esfe ra d e l p la ce r fís ic o a lim e n ta la in h a b ilid a d
h is té r ic a para e x p er im e n ta r a le g r ía e n la v id a .

DESIDENTIFICACIÓN JAPONESA

A l recorrer e l lab erin to de la M odernidad tardía h e in te n ta d o ,


h a sta ahora, esta b lecer la c o n e x ió n en tre la s p sico cu ltu ra s y
la sen sib ilid ad y, ta m b ién , en tre e s ta ú ltim a y lo s p ro ceso s
h istó rico s de su b jetivació n . La m u ta ció n que tie n e lu gar en
e s te n u evo siglo p u ed e aso cia rse a la tra n sició n te c n o ló g ic a
hacia e l en torn o digital; pero e s ta tra n sició n to m a d ife re n tes
form as y se con creta de diversas m aneras se g ú n lo s d istin to s
am b ien tes cu lturales. Por e s ta ra zón , in te n to seg u ir tas h u e ­

_6°l _
lla s de lo s d iferen tes ca m in o s de e s ta m u ta ció n cu ltu ra l de
acuerdo a la s diversas co n fig u r a cio n e s p sico a n tro p o ló g ica s
ancladas e n su s lo ca ció n es g eo cu ltu ra les.
J a p ó n e s u n p u n to de v is t a p r iv ile g ia d o para in v e s ­
tig a r la a c tu a l m u ta c ió n , y a q u e la r e la c ió n d in á m ic a e n ­
tre la o b liter a ció n y la p e r s is te n c ia de u n p a sa d o c u ltu r a l
n eg a d o h a a fec ta d o p a r tic u la r m e n te su e x p e r ie n c ia de la
m od ern id ad . S eg ú n e l p s ic o a n a lis ta Takeo D oi, la carac­
t e r ís tic a d is tin tiv a de la p s ic o lo g ía ja p o n e s a e s e l amaef
u n c o n c e p to q ue d e sig n a u n a form a p a siv a d e am or o ,
m ejor d ic h o , u n a form a de c o n fia n z a y a u to c o m p r o m iso .38
Takeo D oi d escrib e el amae co m o u n a e m o c ió n e x p e r im e n ­
ta d a p or e l n iñ o d u ra n te e l p e r ío d o de la c ta n c ia . Pero e s te
p u ed e ser v is to ta m b ié n co m o u n a e s p e c ie de d e p e n d e n ­
cia in d u lg e n te b a sa d a e n la a tr ib u c ió n a u n o tro de u n a
fu n c ió n sim b ó lica tr a n q u iliz a d o r a , co m o , p or e je m p lo , el

38. Takeo Doi, The Anatomy o f Dependence: The Key Analysis o f Japanese
Behavior, Tokio, Kodansha InternationaL 1973.
padre, el esposo, la autoridad política o la corporación. La
atribución de dicha función simbólica coloca al otro en
una posición de autoridad y certidumbre.
En artículos, entrevistas y charlas dadas durante sus
viajes a Japón, Félix Guattari esbozó una serie de intere­
santes consideraciones antropológicas acerca de la sub­
jetividad japonesa. Algunas de sus reflexiones se corres­
ponden con la identificación de Takeo Doi del amae como
la característica distintiva de la psicocultura japonesa.
Guattari estaba fascinado con la génesis simbiótica de la
subjetividad japonesa, con la apertura y la disposición
prensil de su mente. En las discusiones que mantuvo con
los filósofos e intelectuales Masaaki Sugimura, Asada Aki­
ra y Shin Takamatsu, Guattari parecía estar interesado en
cómo el modernismo tecnológico y las cualidades de la
cultura arcaica se combinaban creativamente en Japón.
A pesar del persistente mito de homogeneidad étnica,
- 0 U_

la realidad de la cultura japonesa, y particularmente de


su idioma, es de apertura y permeabilidad.39 Las religio­
nes a menudo se combinan y su idioma es una mezcla de
inñuencias chinas con elementos de Occidente. Esta adap­
tabilidad se manifestó, en primer lugar, con la asimilación
del budismo chan proveniente de China. El confucionismo
ejerció una influencia en la formación de la clase dirigente
política y coexistió sin problemas con el sintoísmo de su
cultura originaria.

Las ideas para los japoneses no son más que herramientas que
pueden usarse para diversos propósitos. Si una sierra no funcio­
na, puedes usar un hacha. De la misma manera, si el confucionis­
mo no da el resultado deseado, se puede recurrir al budismo.40

39. Oguma Eiji, A Genealogy of Japanese Self-Images, Melbourne, Trans


Pacific Press, 1995.
40. Yosiyuki Noda, Introduction to Japanese Law, Tokio, Editorial de la
Universidad de Tokio, 1976, p . 170.
LA P I E L GL OBAL:
UN MO S AI CO T R A N S I D E N T I T A R I O

En la segunda mitad del siglo xix, la crisis política que


afectó al Shogunato abrió una vía para lo que se llamó la
Restauración Meiji, que, de hecho, no fue una restaura­
ción, sino el establecimiento de un proceso de moderniza­
ción basado en la importación de técnicas y procedimien-
tos occidentales.
El sistema educativo se reformó de acuerdo con las su­
gerencias de asesores prusianos y el sistema industrial se
creó y desarrolló en colaboración con expertos británicos
y norteamericanos. Incluso la constitución del moderno
Estado Meiji se escribió siguiendo el modelo de la consti­
tución prusiana. La historia de la denominada ^restaura­
ción^ (que, en efecto, fue la creación de una nueva rea-
lidad política inspirada específicamente en experiencias
e instituciones occidentales) fue la reinvención artificial
del pasado en relación con un proyecto político y cultural
que estaba enteramente orientado hacia el futuro. El pa­
sado fue completamente olvidado y borrado, dado que la
identidad japonesa parecía poder ser caracterizada como
un proceso de continua autodefinición.

COLAPSO NERVIOSO

En Hakuchi, una película basada en una novela corta de


Ango Sakaguchi, el director Makoto Tezuka imagina que la
bomba nuclear nunca fue arrojada a Japón y que la guerra
continuó durante veinte o treinta años. La locura es el
núcleo de la película, la locura de aquellos que han sido
obligados a vivir la totalidad de sus vidas bajo condiciones
de constante estrés.
Desde finales del siglo xix, la modernización forzada de
Japón sometió a una intensa presión las energías nerviosas
de las personas que habían estado profundamente inmersas
en un modo de vida tradicional. Natsume Söseki, autor de
Soy un gato y de Sanshiro, entre otras obras, es considerado
uno de los novelistas más brillantes de su tiempo. A comien­
zos del siglo xix, predijo que Japón se dirigía hacia un co­
lapso nervioso colectivo debido al intento de digerir rápida-
mente la cultura occidental y el ritmo de la modernidad. En
Londres, durante un viaje por Europa, Söseki experimentó el
sufrimiento y el estrés provocado por el ritmo discordante de
la vida moderna occidental y escribió lo siguiente: /yLos dos
años que viví en Londres fueron los dos años más infelices
de mi vida. Entre los caballeros ingleses, yo era como un des­
greñado perro solitario mezclado en una jauría de lobos^.4142
El sentimiento de ser como un desgreñado perro soli­
tario mezclado en una jauría de lobos es extremadamente
conmovedor, pero también expresa el sentimiento de hu­
millación que la mutación impuesta por los reformadores
Meiji provocó en muchos intelectuales y, de diferentes ma­
neras, en la población en general.
En mi opinión, un aspecto distintivo de la violencia psi­
cológica necesaria para impulsar la modernidad reside en
la forzosa masculinización de la cultura japonesa. Esto se
asemeja, en muchos sentidos, a la violenta desfeminización
impuesta por el futurismo italiano en la autopercepción psi-
copolítica del pueblo italiano durante la revolución fascista.
El arte y la poesía italiana siempre han retratado su
país mediterráneo como una hermosa mujer. En su poema
"Italia mía", identificando a Italia con un hermoso cuerpo
femenino, Petrarca escribe:

Italia mía, aunque el hablar sea vano


a las llagas mortales
42
de que tan lleno está tu cuerpo hermoso [...]

4 1 . Natsume Söseki, Theory of Literature and Other Critical Writings, Nueva


York, Columbia University Press, 2009, p. 48.
42. Francesco Petrarca, Cancionero, disponible online en www.uruguayeduca.
edu.uy/Userfiles/P0001/File/Francesco_Petrarca_-_Cancionero_I_-_
vl.O.pdf [última consulta: junio de 20171.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I O E N T I T A R I O

En el Manifiesto futurista, F.T. Marinetti expresó y/el des­


precio por la mujer^, en su intento por enfatizar los valores
masculinos de la nación frente al crecimiento económico, las
guerras coloniales y la competición internacional. De ma-
ñera similar, los japoneses se vieron obligados a fortalecer
su carácter y a negar su gentileza femenina y su timidez
cuando se los forzó a convertirse en un poder colonial y a
luchar guerras modernas para competir a nivel mundial. A
pesar de la retorica del honor encarnada en la tradición de
los samurais, la cultura tradicional japonesa está marcada
por el autocontrol y la aprensión. El estrés y la violencia
psicológica hacia el "yo", como resultado de la represión de
la emocionalidad espontánea durante el proceso de moder-
nización, condujo al colapso nervioso colectivo que Natsume
Söseki había anunciado, y que se volvió evidente en los años
de conversion masiva a la ideología íenno-psicopática,43 una
version histérica de la agresividad política hitleñana.

- m_
En Bodies of Memory [Cuerpos de memoria], Yoshikuni
Igarashi describe el momento más dramático de la aventura
fascista japonesa, la derrota, la rendición y el encuentro del
emperador Hirohito con el general estadounidense MacArthur.

Inmediatamente después de la derrota de Japón, Estados Unidos


y Oapón refundaron su relación en términos de un melodrama de
rescate y conversion. Según este melodrama, Estados Unidos res­
cata a un buen enemigo, Hirohito, de los elementos nocivos del
país enemigo y el buen enemigo se convierte en un representante
de los valores de Estados Unidos. Hirohito surge en el drama como
un objeto de deseo para explicar por qué merece ser rescatado; las
relaciones de ambos países se expresan a través del drama que se
presenta como un cruce mutuo de deseo por el otro.
La relación entre Estados Unidos y Japón en el melodrama de pos­
guerra está sumamente sexualizada. El drama muestra a Estados

43· rermo es un ténnino japonés que significa "emperador".


Unidos como un hombre y a Hirohito y Japón como una mujer
dócil, que acepta incondicionalmente el deseo de autoconfianza
44
de los Estados Unidos.

En su d ia rio , M acA rth u r d e sc rib e la e s c e n a de su


e n c u e n tr o co n H iro h ito de u n a m a n e ra e x c e siv a m e n te
t e a t r a l q u e dice m ucho re s p e c to a e s ta s e x u a liz a c ió n y
s u b ra y a la n a tu r a le z a fe m e n in a de la c o n d ic ió n p sic o ló -
g ic o -c u ltu ra l ja p o n e s a .

Él estaba nervioso y el estrés de los pasados meses se eviden­


ciaba con toda claridad. Hice que todos se retiraran salvo su
intérprete y nos sentamos ante una hoguera que se encontraba
al final del largo pasillo de la recepción. Le ofrecí un cigarri­
llo americano, que él aceptó agradecido. Noté que sus manos
temblaban cuando se lo encendí. Traté de hacerlo lo más fácil
posible para él, pero sabía cuán profunda y espantosa debía ser
45
su agonía de humillación.

Luego de la d e rro ta y la co n v ersió n a valores económ i­


cos occidentales, la co m p eten cia se desplazó desde el ám bito
de la a g resió n m ilita r al de la p ro d u c tiv id a d y e l crecim ien ­
to económ ico. No h a y d u d a de que la a c tu a c ió n ja p o n e sa
fu e a lta m e n te e fe c tiv a e n las d écadas de la p o sg u e rra , pero
el precio que pagó fu e ig u a lm e n te a lto . Por ello , es p o si­
ble afirm ar que el J a p ó n c o n te m p o rá n e o es u n a esp ecie de
la b o ra to rio de p sico p ato lo g ías relacio n ad as con el estré s
y, e n p a rtic u la r, u n la b o ra to rio de p a to lo g ía s relacio n ad as
con la m u ta c ió n c o n e c tiv a de la te c n o lo g ía y d e l com por­
ta m ie n to social. 4

44. Yoshikuni Igarashi, Bodies o f Memory: Narratives o f War in Postwar


Japanese Culture, 1990-2011, Princeton, Princeton University Press, 2000,
pp. 28 y 29.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

El s u ic id io d e l e s c r ito r Y ukio M ish im a e n 1 9 7 0 fu e


u n a s e ñ a l d e l s u f r im ie n to p s íq u ic o p ro v o c a d o p o r la f o r ­
z o sa h o m o lo g a c ió n de v a lo re s o c c id e n ta le s e n la c u ltu r a
ja p o n e s a . M ish im a e ra c ie r ta m e n te u n n o s tá lg ic o d e la
tr a d ic ió n m ilita r d e l p a s a d o de s u p a ís , p e ro lo m ás
in t e r e s a n t e e n su s ú ltim a s p a la b ra s y e n s u harakiri es
l a p e r c e p c ió n de u n a in s o p o r ta b le d is o n a n c ia c o g n itiv a
q u e se h a c ía c a d a v e z m á s d o lo ro s a , a p e s a r d e l é x ito
tr i u n f a l d e l c a p ita lis m o ja p o n é s . G racias a la e lim in a ­
c ió n s is te m á tic a d e l a m e m o ria y a la r e e s c r itu r a d e la
id e n tid a d c o le c tiv a , la s u p e r f ic ie lla n a de la v id a so c ia l
se v u e lv e p e r f e c ta m e n te a d e c u a d a p a ra la p ro d u c tiv id a d
e n a s c e n s o y e l c o n su m o c r e c ie n te . El le n g u a je s o c ia l se
p u r if ic a de to d o re s id u o h is tó r ic o y de la s im p u re z a s de
la v id a e m o c io n a l, de m o d o q u e la e c o n o m ía se c o n v ie r ­
t e e n e l le n g u a je u n iv e r s a l. U n a v e z m á s, l a n e g a c ió n
p u r i t a n a d e l p a sa d o a c tú a com o in tr o d u c c ió n a l p ro c e so

s

d e v ír tu a liz a c ió n . L ibre de la ru g o s id a d s u p e r f lu a de la
id e n tid a d c u ltu r a l y de la e m o c ió n p s íq u ic a , la s u p e r ­
fic ie lla n a de la v id a s o c ia l se v u e lv e p e r f e c ta m e n te
c o m p a tib le c o n e l s is te m a de in te r c a m b io d ig ita l. La
m u ta c ió n p o s h u m a n a se d e s p lie g a a s í m is m a d e m a ­
n e r a m á s e fic a z a llí d o n d e la p o lv o r ie n ta m e m o ria h a
sid o e lim in a d a .

HIKIKOMORI

En 1 9 7 7 , a l f in a l de la s v a c a c io n e s d e v e r a n o , u n a o la
de s u ic id io i n f a n t i l g e n e ró re v u e lo e n to d o e l p a ís . En
t a n so lo a lg u n o s d ía s , tr e c e n iñ o s d e e s c u e la p rim a ria
se h a b ía n q u ita d o la v id a . Lo a r b itr a r io e in c o m p r e n s i­
b le d e l g e s to r e s u lta b a p a r tic u la r m e n t e d e s c o n c e r ta n ­
te , p u e s n o p a r e c ía h a b e r m o tiv a c io n e s o ra z o n e s p a r a
s e m e ja n te a c to . H a b ía u n a s o r p r e n d e n te a u s e n c ia de
p a la b r a s , u n a in c a p a c id a d p o i p a r t e de lo s a d u lto s q u e
h a b ía n c o n v iv id o c o n lo s n iñ o s de p re d e c ir, e n te n d e r o
e x p lic a r lo q u e h a b ía s u c e d id o .
En 2002, el c in e a s ta y p o e ta Sion Sono escrib ió y d i­
rig ió la p e líc u la El club del suicidio, q u e p re s e n ta b a u n a
o lead a m asiv a a p a re n te m e n te in c o n e x a de su ic id io s co m e­
tid o s p o r jó v e n e s e s tu d ia n te s . U na e p id e m ia de su icid io s
p a re c ía e s ta r a p o d e rá n d o se d e l país.
En 1983, u n g ru p o de e s tu d ia n te s de se c u n d a ría a se ­
sin ó a u n o s a n c ia n o s in d ig e n te s e n u n p a rq u e e n Y okoha­
m a. C uando fu e ro n in te rro g a d o s , los n iñ o s no o freciero n
m ás ex p lic a c ió n q u e los v a g a b u n d o s q u e h a b ía n m a ta d o
e ra n obutsur cosas su cias e im p u ra s. Como e n u n m a n g a
q u e alcan zó u n e n o rm e n ú m ero de le c to re s p re c isa m e n te
e n la se g u n d a m ita d de lo s a ñ o s s e te n ta , e l en em ig o no
e ra el m al, sino la su c ie d a d . La lim p ie z a y la e lim in a c ió n
de los ^ p ro d u c to s re sid u a le s^ d e l m u n d o , e sto es, lo in d e ­
•SI;

fin id o , lo c o n fu so , lo v ellu d o o p o lv o rie n to , p re p a ra ro n


e l te rre n o p a ra la s su p e rfic ie s d ig ita le s u n ifo rm e s y sin
.

a sp e re z as. La se d u c c ió n e ró tic a se d e sc o n e c tó p ro g re siv a ­


m e n te d el c o n ta c to se x u a l, h a s ta lle g a r a c o n v e rtirse e n
m era e stim u la c ió n e s té tic a . Es e n J a p ó n d o n d e se h ic ie ro n
v isib les lo s p rim ero s sín to m a s de e s ta te n d e n c ia .
A dem ás, desde los p rim ero s a ñ o s del n u ev o sig lo , u n
n u evo c o m p o rta m ie n to com enzó a e x p a n d irse e n J a p ó n .
Un gru p o de p e rso n a s, e n su m ay o ría jó v e n e s, ro m p iero n
sus lazo s con el m undo e x te rio r y se e n c e rra ro n e n sus
h a b ita c io n e s , re c h a z a n d o c u a lq u ie r tip o de so cializació n
q ue no fu e ra la c o n ex ió n v ir tu a l co n o tro s de su m ism a
ín d o le. Se h a n v u e lto ta n n u m ero so s q u e se lo s h a d e n o ­
m inado o fic ia lm e n te com o hikikomorir y el E stado ja p o n é s
se h a v isto obligado a p ro v eer a y u d a so cial a a q u e llo s que
lo n e c e s ite n .
S eg ú n la d e fin ic ió n oficial, los hikikomori so n p e rso ­
n a s q u e v iv en e n u n e sta d o de c o m p leto a isla m ie n to . Los
in v e stig a d o re s h a n su g erid o seis c rite rio s esp ecífico s r e ­
q u e rid o s p a ra d ia g n o stic a r e s ta c o n d ició n :
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I O E N T I T A R I O

1) p a s a n la m ay o r p a r te d el d ía y casi to d o s lo s d ías
d e n tro de sus casas,
2) se c a ra c te riz a n p o r u n a m a rc a d a y p e r s is te n te ev a­
sió n de s itu a c io n e s so ciales,
3) m a n ifie s ta n sín to m a s que in te rfie re n sig n ific a tiv a ­
m e n te con su r u tin a n o rm a l, com o el fu n c io n a m ie n to ocu-
p a c io n a l o académ ico, a c tiv id a d e s o re la c io n e s so ciales,
4) el a isla m ie n to es p ercib id o com o e g o sin tó n ic o ,
5) d u ra al m enos seis m eses,
6) no e x iste o tro d e so rd e n m e n ta l q u e p u e d a e s ta r
relacio n ad o con el a isla m ie n to so cial y la ev asió n .
S eg ú n la s e stim a c io n e s d el M inisterio de S alu d ja p o ­
n é s, e n 2010, 7 00 .0 0 0 p e rso n a s de u n p ro m ed io de 31
a ñ o s de e d ad e s ta b a n v iv ie n d o bajo e s ta c o n d ic ió n y se
e stim a b a q u e u n m illó n y m edio de p e rso n a s e s ta b a n al
b o rd e de c o n v e rtirse e n hikikomori.
La d e fin ic ió n p s iq u iá tr ic a de e s ta c u ltu r a m e p a re c e

¿
b a s ta n te e lu siv a , y a q u e n o d a c u e n ta del p ro b le m a c r u ­

,
I
cial q u e im p lic a e s te c o m p o rta m ie n to e n ta n to s jó v e n e s
ja p o n e s e s . Tal c o n d u c ta n o d e b e ría s e r v is ta sim p le m e n te
com o u n s ín to m a p a to ló g ic o , sin o com o u n a fo rm a de
a d a p ta c ió n a la a c tu a l m u ta c ió n so c ia l y a n tro p o ló g ic a ,
com o u n a re s p u e s ta a l in s o p o rta b le e s tr é s q u e p ro v o c a n
la c o m p e te n c ia , la e x p lo ta c ió n m e n ta l y la p re c a riz a c ió n .
S eg ú n el lib ro de M ichael Z ie le n z ig e r de 2 0 09, Shutting
Out the Sun: How Japan Created its Own Lost Generation
[B lo q u ean d o al so l. Cómo J a p ó n creó su p ro p ia g e n e ra ­
ció n p e rd id a ], la m a y o ría de lo s hikikomori q u e él e n ­
tre v is tó m o s tra b a n u n a a u to n o m ía de p e n s a m ie n to y u n
s e n tid o d el wy o w q u e e l a c tu a l e n to rn o ja p o n é s no p o d ría
asim ilar. Si se tie n e e n c u e n ta e l e s tré s p ro v o cad o p o r
la c o m p e te n c ia e n e l c o n te x to e co n ó m ico ja p o n é s , u n o
p o d ría a firm a r q u e el c o m p o rta m ie n to hikikomori es u n a
re a c c ió n s a n a a n te la v id a fre n é tic a y p re c a ria c re a d a p o r
el c a p ita lism o ta rd ío : u n a fo rm a su m a m e n te c o m p re n si­
b le de e s c a p a r d e l in fie rn o .
EL LADO OSCURO DEL S U P E R F L A T

En la s ú ltim a s d é c a d a s d e l sig lo p a sa d o , e l p o d e r f in a n c ie ­
ro ja p o n é s b u scó d e se s p e ra d a m e n te u n a im a g e n de J a p ó n
n u e v a e in te r n a c io n a l, y e x p lo tó a lo s a r tis ta s com o u n
re c u rso p a ra e x p o r ta r la m a rc a d el Cool Japan. El tie m p o
d el rá p id o c re c im ie n to e co n ó m ico se h a b ía te rm in a d o y
e l e s ta n c a m ie n to p a re c ía s e r la c o n d ic ió n a la rg o p la z o de
u n a so c ie d a d ja p o n e s a e n v e je c id a . Fue e n e s te m o m en to
cu a n d o el superflat46 lle g ó a d o m in a r la p e rc e p c ió n del
re s to d el m u n d o so b re e l a r te c o n te m p o rá n e o ja p o n é s ,
m o n o p o liz a n d o esp a c io s y o fre c ie n d o u n a v isió n d is to r ­
sio n a d a de la v id a de lo s jó v e n e s: a d o ra b le s c o le g ia la s,
lo lita s g ó tic a s y d is p o sitiv o s tie rn o s y c o lo rid o s.
Cool Britannia fu e la m arca de la e ra p o st-T h a tc h e r, u n
tie m p o e n e l que los jó v e n e s a rtis ta s b ritá n ic o s se la s a rre ­
g la ro n p a ra r e in v e n ta r L ondres, esc o n d ie n d o la a g re sió n
la te n te e n el E stado de b ie n e s ta r, el em p o b re c im ie n to de
grandes áreas del país y la ex plotación y precaried ad de j ó ­
v e n e s tra b a ja d o re s . Los a r tis ta s jó v e n e s ja p o n e s e s (Takas-
h i M urakam i, Y oshim oto N ara y M ariko M orí, e n tre o tro s)
re p lic a ro n el p ro ceso , in v e n ta ro n el Cool Japan y e x p o r­
ta r o n el a r te superflat a O ccidente. A u n a ro n fu e rz a s con
e m p re n d e d o res a rtís tic o s m u n d ia le s, g a le rista s de m o d a,
v e n d e d o re s e x tra n je ro s y cu rad o res q u e los a y u d a ro n a
cre a r la im a g e n Cool Japan p a ra e l m ercado m u n d ia l. G ran­
des g ru p o s fin a n c ie ro s com o la c o m p a ñ ía Mori B uilding y
líd e re s p o lític o s del co n serv ad o r P artid o L iberal D em ocrá­
tic o se a p ro p ia ro n d el a u g e creativ o y d el g lam o u r q ue
p ro v e n ía de la ola superflat.

46. El superflat es un movimiento artístico japonés influenciado por el


manga y el anime, caracterizado por el uso de formas y figuras planas y
achatadas. [N. de la T.]
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

Con el pop estadounidense como antecedente, [...] el "neopop"


japonés parodió el infantilismo de la cultura consumista japonesa
' de posguerra, haciendo arte a través del sampleo y el remix de
la infinita gama de basura consumista con la que tos japoneses
llenan sus vidas pacíficas y dependientes de los Estados Unidos.

El otaku es la versión jap o n esa del nerd, que tr a ta de


en carnar los valores positivos de la clase creativa, sufriendo
sim u ltáneam ente e l estrés y la m iseria afectiva que form an
p a rte del ju eg o com petitivo. El superfiat fue u n in te n to de
traslad ar e l estilo otaku a u n a audiencia de m asas n o rteam e­
rican a y fue u n éxito de m ercado. La escultura pop de Takes­
h i Murakami, My Lonesome Cowboy [Mi vaquero solitario ], se
vendió por 13,5 m illones de dólares y los dispositivos tiern o s,
glam orosos y de a lta tecnología de M anko Mori se hicieron
populares e n el ám bito global del video.

丨 6U
Mariko Morí quedó a trap ad a en la clásica m etáfora neo-
jap o n esa, la de Ja p ó n como u n paraíso tecnológico fu tu rista.

,
Allí estaba: la chica b o n ita vestid a de a stro n a u ta recibiendo
al cansado viajero espacial con breves palabras de la m ística
religión asiática. Era el Ja p ó n contem poráneo ta l como se lo
h ab ía previsto e n la Exposición Mundial de Osaka de 1970.4748
Pero, según A drian Favell,

La belleza predigerida del arte superfiat era, para todo aquel que su­
piera algo acerca del país, una descarada caricatura y una distorsión
del Japón moderno. Durante una década, se convirtió prácticamente
en el ümco arte contemporáneo japonés con visibilidad internacio­
nal. De hecho, el éxito de su estilo artístico otaku se presentó como
una sorprendente excepción frente al fracaso de gran cantidad de
arte japonés contemporáneo por equiparar el impacto internacional
de otras industrias creativas japonesas.

47. Adrian Favetl, Before and After the Superflat: A Short History o f Japanese
Contemporary Art, 1990-2011, Hong Kong, Blue Kingfisher, 2011,p . 19.
48. Ibid., p. 40 y 11.
El super 仰 t no ayudó a ex p lic a r la re a lid a d p s ic o o iltu -
ra l del p a ís, p a rtic u la rm e n te la re a lid a d de la g e n e ra c ió n
p re c a riz a d a , " u n a g e n e ra c ió n que〃 , se g ú n Favell, "n u n c a
tu v o u n tra b a jo d ig n o , n u n c a tu v o que lid ia r co n u n a v e r­
d a d e ra re la c ió n , que vivió con sus p ad res y se qu ed ó en
casa n o c h e y día e stu d ia n d o d e te n id a m e n te sus co leccio ­
n es o b se siv a m e n te catalo g ad as^ .49
A m ed id a que los a n o s del boom de p o sg u e rra se a c e r­
c ab an a su ocaso a co m ien zo s de 1990, el p aís e n tró e n u n
p erío d o de la rg a y le n ta d e c a d e n cia que c o n tin u ó h a s ta el
d e sa stre ecológico de 2011. El año de F u k u sh ím a m arcó
u n cam bio e n la p e rc e p c ió n de la so cied ad ja p o n e s a , a se ­
d ia d a po r la d e p re sió n , la so le d a d y el su icid io . La e s té ti­
ca superflat e n fa tiz ó el lado glam oroso de la se n sib ilid a d
u n ifo rm e q u e su rg ía del pro ceso de d ig ita liz a c io n . Pero el
g lam o u r se disolvió y lo que quedó es el lado p ato ló g ic o de
la se n sib ilid a d u n ifo rm e : la d e p re sió n s o lita ria del nerd.

CONECTIVIDAD Y SUICIDIO EN COREA DEL SUR

Al in te n ta r ra s tre a r los e fe c to s a n tro p o ló g ic o s y p sico cu l-


tu ra le s de la tra n s ic ió n co n e c tiv a que se h a lla e n curso,
no p u ed o d e ja r de m e n c io n a r a Corea del Sur, el p aís con
el ín d ic e m ás a lto de c o n e x ió n de b a n d a a n c h a .
Así com o e n Ja p ó n , e in clu so p o sib le m e n te a ú n m ás, la
p rim e ra p a rte del siglo xx e n Corea del Sur e stu v o m arcad a
p o r u n e sta d o c o n tin u o de g u e rra , v io le n c ia , d e v a sta c ió n y
b o m b ard eo s. La co lo n izació n ja p o n e s a se h a b ía p ro p u e sto
e lim in a r la id e n tid a d n a c io n a l y dos g u e rra s h a b ía n d e s­
tru id o físic a m e n te la m ayor p a r te de su te rrito rio u rb a n o .
F in a lm e n te , e n las ú ltim a s décadas del siglo, u n in te n so

49. Adrian Favell, ibíd.


LA P I E L G L O B A し·
UN MO S AI CO T R A N S I O E N T I T A R I O

p ro ceso de in d u s tria liz a c ió n y de re d ise ñ o te r r ito r ia l b o rró


a q u e lla s z o n a s de p a isa je s n a tu ra le s que no h a b ía n sido
d e s tru id a s p o r la g u e rra .
En la cap ital surcoreana de Seúl, to d o s los rastro s de la
vida tradicional h a n sido reem plazados po r u n a vid a red iseñ a­
da artificialm ente. La com unicación social se h a transform ado
com pletam ente por los smartphones, que in se rta n la red en
la vida co tid ian a y en el deam bular urbano. La m ayoría de
las personas e stá n siem pre m irando sus pequeñas pan tallas
de celulares. En la tie rra de Sam sung y lg , la conexión es
p erm an en te. M ientras e stá n cam inando, sentados en u n café,
parados o esperando el m etro, las m anos de los h a b ita n te s
de la ciudad e stá n fren éticam en te to q u etean d o sus pantallas.
La v isio n u rb a n a ta m b ié n h a sido e n te ra m e n te redise-
ñ a d a p o r p a n ta lla s de diversos ta m a ñ o s que se e n c u e n tra n
p o r to d o s lados: gran d es p a n ta lla s e n las p ared es de los ra s­

_s
cacielos, p a n ta lla s m ed ian as e n los a n d e n e s de las e s ta d o -
n e s de tr e n . Las p e q u e ñ a s p a n ta lla s p riv ad as de los te lé fo ­

_
n o s in te lig e n te s g a n a n la a te n c ió n de la m u ch ed u m b re, que
a rra s tra sus p ies calm ada y sile n c io sa m e n te , y q ue ap e n a s
m ira a su alrededor. La m e n te su rc o re a n a se h a reco n fig u -
rado en e ste p aisaje a rtin c ia l y h a e n tra d o sin pro b lem as en
la esfera d ig ita l, con u n bajo grado de re siste n c ia c u ltu ra l
si lo com param os con o tra s po b lacio n es del m undo.
En u n espacio social vaciado po r la a g resió n m ilita r y
c u ltu ra l, la ex p e rie n c ia c o re a n a e s tá m arcada p o r u n nivel
ex trem o de in d iv id u a liz a c ió n y, sim u ltá n e a m e n te , se e n c a ­
m in a h a c ia u n cableado com pleto de la m e n te co lectiv a. El
in d iv id u o se h a co n v ertid o e n u n a m ó n ad a s o n rie n te que
cam in a so la e n el espacio u rb a n o , en u n a tie r n a y c o n tin u a
in te ra c c ió n con fo to s, tu its y ju e g o s que se alo ja n en su
p e q u e ñ a p a n ta lla . Dado que las relacio n es sociales e stá n
m ediadas p o r la co n ex ió n , sus reg las y p ro c e d im ie n to s se
h a lla n o cu lto s en el fo rm ato té c n ic o de la red.
El organism o perfectam en te aislado y conectado se h a
convertido e n u n a in terfaz uniform e del ñu jo de inform ación.
Para acceder a la in te ra c c ió n , el in d iv id u o debe a d a p ta rse
al fo rm ato y sus e n u n c ia c io n e s d e b e n se r c o m p a tib le s con
el código.
La h is to ria c u ltu ra l co re a n a re s u lta p a rtic u la rm e n te
ap ro p ia d a p a ra e s ta tra n sfe re n c ia de la v id a social al fo r­
m ato d ig ita l. Hangeul, el alfab eto coreano in v e n ta d o e n el
siglo XV p or el rey Sejong, parece ser u n a de las razo n es del
éx ito económ ico del país d u ra n te la M odernidad ta rd ía . De
h ech o , se g ú n d ife re n te s lin g ü ista s y an tro p ó lo g o s, la h a b i­
lid a d co rean a p a ra tra n s m itir co n te n id o d ig ita l m ás rápido
q ue c u a lq u ie r o tro país del m undo tie n e que v er con el
siste m a de e sc ritu ra hangeul que se a d a p ta p e rfe c ta m e n te
a la te c n o lo g ía d ig ita l.

Corea es un líder mundial en tecnología y producción de telefo­


nía móvil, y la velocidad con la que los usuarios pueden inter­
cambiar mensajes de texto por medio de teclados de celulares es
221
_

incuestionablemente la más rápida del mundo. Como el alfabeto


hangeul, los teclados de los teléfonos móviles coreanos están
basados en un principio de adición de trazos a las consonantes
y vocales básicas, lo que significa que se necesita un mínimo
número de teclas para crear el alfabeto completo.50

En el lapso de u n a única vida de trabajo, la econom ía


coreana h a crecido diecisiete veces, pero la prosperidad de la
que gozan los coreanos no h a aliviado la presión com petitiva a
la que e stá n expuestos. En el transcurso de dos generaciones,
los surcoreanos h a n pasado de la ham bruna a altos niveles
de consum o, pero la últim a generación se halla a trap ad a en
la tram p a del trabajo precario, la com petencia y la ansiedad
social. Los jóvenes se ven obligados, cada vez m ás, a contraer
deudas si quieren estudiar, casarse y alquilar u n a casa.

50. Robert Koehler et. a l, Hangeul: Korean^ Unique Alphabet, Seúl, Seoul
Selection, 2010, p. 60.
LA P I E L GL OBA L :
UN MO S A I C O T R A N S I D E N T I T A R I O

Corea del Sur tie n e el ín d ic e m ás a lto de c o n e c tiv id a d


y u n o de lo s ín d ic e s m ás a lto s de su icid io e n e l m u n d o .
E ntre los p a íse s de la oecd (O rg an izació n p a ra la C oope­
ració n y el D esarrollo E conóm icos), Corea se h a lla a la
cab eza del tr is te c o n te o co n 2 8 ,4 su ic id io s cada c ie n m il
p e rso n a s. En se g u n d o lu g a r v ie n e H u n g ría, con 1 7 , lu eg o
F in la n d ia y Ja p ó n .
A unque q u isie ra e v ita r la cau sa lid a d d e te rm in is ta ,
debo re m a rc ar e s te p u n to s ig n iñ c a tiv o : tre s de e sto s p a í­
ses con a lta p ro p e n sió n al su icid io (J a p ó n , F in la n d ia y Co­
rea d el Sur) ta m b ié n p o se e n a lto s ín d ic e s de c o n e c tiv id a d .
¿Existe u n v ín cu lo e n tre los a lto s n iv e le s de c o n e c tiv id a d
y el su icid io ? A p a r tir del re su lta d o de m i in v e stig a c ió n
sobre los e fe c to s psico ló g ico s de la e v o lu ció n te c n o ló g ic a ,
la re s p u e s ta se ría q u e sí. E xiste u n v ín cu lo e n tr e la co n ec-
tiv id a d y la p ro x ém ica so cial, e n tre la c o n e c tiv id a d y la
p é rd id a de la e m p a tia y la so lid a rid a d , e n tre la c o n e c tiv i­

¿
dad y la p re c a riza c ió n del tra b a jo . E xiste u n v ín cu lo e n tre

一,
la c o n e c tiv id a d y el su icid o .
El suicidio es la cau sa de m u e rte m ás com ún e n tre las
p erso n as m enores de c u a re n ta años e n Corea del Sur. Más
in te re s a n te a ú n , el núm ero de m u e rte s po r suicidios e n e ste
país se duplicó en la ú ltim a década y se c u ad ru p licó d u ra n ­
te las tre s décadas de tra n sic ió n e le c tró n ic a, de 6,8 cada
cien m il p e rso n a s e n 1982 a 28,4 e n 2011. En el espacio
de dos gen eracio n es, las co n d icio n es de v id a c ie rta m e n te
m ejo raron en lo que con ciern e a los in g reso s, la n u tric ió n ,
la lib e rta d y la p o sib ilid ad de viajar. Pero el precio de ta le s
avances h a sido la d e se rtific a ció n de la v id a c o tid ia n a , la
h ip eraceleració n de los ritm o s, la ex tre m a in d iv id u a liz a c ió n
de las b io g rafías, la c o m p e tic ió n feroz e n las escu elas y en
el m ercado lab o ral, y u n a p re c a ried a d lab o ral que ta m b ié n
im p lica u n a c o m p e te n c ia d e se n fre n a d a. Sin d u d a, e sto e x ­
p lica la e x tra o rd in a ria p ro p e n sió n de los co rean o s, ta n to
de los jó v e n e s com o de las p e rso n a s de m e d ia n a ed ad , a
co m eter suicidio.
El c a p ita lism o de a lta te c n o lo g ía im p lic a m ejo ras e n
los in g re so s y e n e l co n su m o , p ero asim ism o im p lic a u n a
p ro d u c tiv id a d cada vez m ayor, u n a c o m p e te n c ia c o n s ta n te
y u n a in te rm in a b le in te n s ific a c ió n de lo s ritm o s de t r a ­
b ajo . C uando lo s c o rean o s m ira n h a c ia las c o n d ic io n e s de
v id a de su s ab u e lo s, los im p re s io n a n te s a v an ces e n las
c irc u n sta n c ia s eco n ó m icas se v e n o scu recid o s p o r su p re ­
s e n te a lie n a c ió n . Y p a ra alg u n o s e s ta a lie n a c ió n es in s o ­
p o rta b le . La d esex tificació n d el p a isa je y la v irtu a liz a c ió n
de la v id a e m o c io n a l p ro v o can s e n tim ie n to s de so led ad
y d e se sp e ra c ió n q u e r e s u lta n d ifíciles de re c h a z a r de u n
m odo c o n sc ie n te y h a c e rle s fre n te de m a n e ra c o le c tiv a . La
so led ad , e l e s tré s , la c o m p e titiv id a d , el s e n tim ie n to del
s in s e n tid o , la c o m p u lsió n y el fracaso: p o r a ñ o , 28 p e rso ­
n a s de cien m il lo g ra n p o n e rle fin a ese m a le sta r acab an d o
co n su v id a , a u n q u e so n m uchos m ás los q u e lo in te n ta n
y no lo c o n sig u e n .
LA GENEALOGÍA ESTETICA
DE LA GLOBALIZACIÓN

¿一
Cuando meditamos sobre la Edad Moderna nos preguntamos

-
por la moderna imagen del mundo. ¿0 esto de preguntar
por la imagen del mundo solo responde a un modo moderno
de representación de las cosas? [...] El fenómeno fundamental de
la Edad Moderna es la conquista del mundo como imagen.
La palabra imagen significa ahora la configuración
de la producción representadora.
Martin Heidegger, La época de la imagen del mundo

La id e a de e scrib ir algo so b re la tra n s ic ió n de la d im en sió n


c o n ju n tiv a de la se n sib ilid a d h a c ia la d im e n sió n c o n e c tiv a
v ino a m i m e n te e n la p rim a v e ra de 1997 lu e g o de dös v ia ­
je s su cesivos, e l p rim ero a C órdoba, A n d a lu c ía , y el s e g u n ­
do a J a ip u r, R a ja stá n . En C órdoba v is ité la G ran M ezq u ita y
en J a ip u r v is ité e l P alacio A m ber. A m bos lu g a re s re s u lta n
e x tra o rd in a rio s p o r la m ezcla y su p e rp o sic ió n de la d eco ra­
ció n a b s tra c ta d el e stilo islám ico con e le m e n to s fig u ra tiv o s
p ro v e n ie n te s de la c u ltu ra v isu a l c a tó lic a e h in d ú . Córdoba
y J a ip u r h a n sido ciu d ad es fro n te riz a s d u ra n te siglos.
Fue e n to n c e s que com encé a p e n sa r sobre los p u n to s de
su p e rp o sic ió n y tra n s ic ió n e n la sen sib ilid ad y la p ro d u c ­
ció n e sté tic a s . En ese m o m en to , la c ib e rc u ltu ra y la n u e ­
v a eco n o m ía e s ta b a n e n su ap o g eo , prom ovien d o n u ev as
p e rsp e c tiv a s de desarrollo y de civilización. Pero, a p e sa r
de e sta s e x p e c ta tiv a s o p tim ista s de e x p a n sió n , p ro sp e rid a d
y p az, p o r lo bajo se p o d ía oír e l so n id o del viejo m undo
m o derno e n im p lo sió n . El fu n d a m e n ta lism o e s ta b a a z o ta n -
do A rgelia, la g u e rra civil e s ta b a d e stro z a n d o Y ugoslavia y
e n el A fg a n istá n ta lib á n fin an ciad o p or los E stados U nidos
o p rim ían s is te m á tic a m e n te a las m ujeres. El m ilen io de la
civilización b u rg u e sa e sta b a acercán d o se a su fin y u n a
n u ev a fo rm a de b a rb a rie se h a c ía visible a la d ista n c ia . Se
re q u irie ro n m iles de añ o s p a ra tra n sfo rm a r la b a rb a rie e n
b u rg u e sía , p ero solo tom ó u n a s décadas c o n v e rtir la b u r­
g u e sía e n b arb arie.
Luego de m i v ia je a A n d a lu c ía y a R a ja s tá n , c e n tré m i
a te n c ió n e n la p s ic o p a to lo g ía d el d e se o . En la se g u n d a
m ita d de e s ta d é c a d a , la p rim e ra g e n e ra c ió n p o s a lfa b é ti­
ca h a c ía su a p a ric ió n e n la e s c e n a m u n d ia l. E sta e ra u n a
g e n e ra c ió n q u e h a b ía sido e x p u e s ta d esd e su n a c im ie n to
a l flu jo e le c tró n ic o de im á g e n e s s in té tic a s y cu y a p e r ­
c e p c ió n se h a b ía fo rm ad o e n u n a m b ie n te d o n d e la m a ­
y o ría de la s e x p e rie n c ia s e ra n p ro d u c to de la sim u la c ió n .
S u m e rg id a e n u n p ro c e so de m u ta c ió n , e s ta g e n e ra c ió n
e s ta b a d e sa rro lla n d o n u e v a s c o m p e te n c ia s c o g n itiv a s y
a tro fia n d o o tra s.
En e l tra n sc u rso de la ev o lu ció n h u m a n a , la e sfe ra del
e ro tism o y la e s té tic a h a n e sta d o siem p re v in c u la d a s y,
p o r lo g e n e ra l, su c o n ta m in a c ió n h a e n fa tiz a d o e l p lacer
e ró tic o y, al m ism o tie m p o , e n riq u e c id o la se n sib ilid a d
e s té tic a . En u n d e te rm in a d o m o m en to de la M odernidad
ta rd ía , cu an d o la p ro life ra c ió n de la in fo rm a c ió n h a b ía
in v a d id o e l o rganism o so cial, la e s té tic a y e l ero tism o
LA G E N E A L O G I A E S T E T I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

e n tra ro n e n u n a z o n a de c o n flic to . En ese m o m e n to , el


o rg an ism o c o n sc ie n te c o n fu n d ió los códigos de acceso ,
in te rc a m b ia n d o sig n o s e s té tic o s y e ró tic o s h a s ta el p u n to
de p e rd e rse e n u n la b e rin to .
Ya h a n p asad o m ás de c in c u e n ta a ñ o s y m i tra b a jo p a ­
rece in te rm in a b le . Dado q u e e l n ú cleo de m i in v e stig a c ió n
es u n a m u ta c ió n q u e se h a lla e n curso a c tu a lm e n te , su
te rrito rio se e x p a n d e al tie m p o q u e yo in te n to c a rto g ra -
fiarlo y su e sc e n a rio cam b ia de m a n e ra c o n tin u a , lo q ue
p o n e e n p elig ro m is s iste m a tiz a c io n e s e in te rp re ta c io n e s
p ro v isio n a le s y d e sp la z a sin c e sa r m i p u n to de v is ta . Por
ello, h e dejado de lad o to d a p r e te n s ió n de s iste m a tic id a d ,
e in te n to sim p le m e n te c a rto g ra fia r o b je to s lo cales y p a r ­
tic u la re s , com o obras de a rte , n o v elas, p e líc u la s o e v e n to s
q ue p u e d e n se r c o n sid e ra d o s ejem p lo s de e s ta m u ta c ió n .
M ientras la c o n ex ió n e s tá in tro d u c ie n d o c o n traccio n es
p a to ló g icas d e n tro del flujo de la c o n ju n c ió n , e s tá a b rie n ­

¿一_
do, sim u ltá n e a m e n te , u n nuevo h o riz o n te p a ra la com u­
n icació n . ¿Será posible im a g in a r u n nuevo y fe liz b a la n -
ce e n tre la sen sib ilid ad y la se n sitiv id a d , u n a n a tu ra le z a
p o sn a tu ra l del a p a ra to se n so ria l h u m an o ? ¿0, e n su lugar,
d eberíam os im a g in a r lín e a s de fu g a del u n iv erso de in fe li­
cidad e n e x p a n sió n , islas de le n titu d y c o rp o ralid ad social?

HACER INVISIBLE EL MUNDO:


CAPITALISMO Y SEMIOCAPITALISMQ .

Llamo semiocapitalismo a la a c tu a l c o n fig u ració n de la re ­


lació n e n tre le n g u a je y eco n o m ía. En e s ta con fig u ració n , la
p ro d u cció n de c u a lq u ie r b ie n , y a sea m a te ria l o in m a te ria l,
p u ed e ser tra d u c id a a u n a co m b in ació n y reco m b in ació n
de in fo rm a c ió n (alg o ritm o s, figuras, d iferen cias d ig ita le s).
La sem iotización de la p ro ducción social y del in te rc a m ­
bio económ ico im plica u n a p ro fu n d a tra n sfo rm ació n en el
proceso de subjetívación. La in fo esfera a c tú a d irectam en te
e n el sistem a nervioso de la sociedad, afectan d o a la psi-
coesfera y a la sensibilidad e n p articu lar. Por e s ta razó n , la
relación e n tre econom ía y e sté tic a es crucial p a ra e n te n d e r
la a c tu a l tran sfo rm ació n c u ltu ra l.1
D u ra n te la s u ltim a s d é c a d a s d e l siglo p a sa d o , la in -
fo e c o n o e s fe ra su rg ió com o u n cam po de in v e s tig a c ió n
u n ific a d o p a ra la s c ie n c ia s so c ia le s. La e c o n o m ía y la so ­
c io lo g ía de lo s m ed io s de c o m u n ic a c ió n e x p e rim e n ta ro n
u n p ro c e so de in te g r a c ió n y m u ch o s a u to re s d e s ta c a ro n
la re la c ió n e n tr e la e c o n o m ía d ig ita l y la s tr a n s f o r m a ­
c io n e s s o c io c u ltu ra le s . E n te n d e r los p ro c e so s h is tó ric o s
y a n tro p o ló g ic o s q u e h a n so m e tid o la a c tiv id a d so c ia l
m o d e rn a a la ló g ic a e c o n ó m ic a es ta r e a de la s c ie n c ia s
so c ia le s, p ero ta m b ié n creo q u e se t r a t a de u n a ta r e a de
la te o r ía e s té tic a .
En su sem in ario sobre el n acim ien to de la b io p o lítica,
F o u cau lt vinculó la génesis de la lógica económ ica con la
¿一·

h is to ria de la do m in ació n c a p ita lis ta y h ab ló , e n p a rtic u la r,


de la u n ifo rm iz a c ió n u n iv e rsa l de la c u ltu ra h u m a n a e n el
m odelo o p eracio n al de la enterprise como núcleo del p ro ­
y ecto n eo lib eral. F oucault describió el cap italism o como el
so m e tim ie n to de la p o te n c ia social (física e in te le c tu a l) a
las reg las de escasez y acu m u lació n , y concibió la e co n o ­
m ía como u n a té c n ic a id eológica u sa d a p a ra tra n sfo rm a r
el valor de uso e n v alo r a b stra c to , p a ra b o rra r la realid ad
c o n c re ta de la a c tiv id a a h u m a n a y e n fa tiz a r la fu n c ió n abs^
tr a c ta del tra b a jo , es decir, p a ra crear la p lu sv alía q ue hace
q ue sea posible la acu m ulación. La p o te n c ia del tra b a jo es
fo rzad a a ceder a n te las reglas de in te rc a m b io , q ue no son
ley es n a tu ra le s sino reglas sociales, efe c to s de u n a d ecisio n
p o lític a y de u n acto del le n g u a je que coacciona al cuerpo
social. S egún F oucault, la g én esis de la lógica económ ica

1 . Ver, por ejemplo, Geert Lovink, Derrick de Kerckhove y Manuel Castells, |


entre otros. i
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I C A
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

p u ed e se r d e sc rip ta , asim ism o, desde el p u n to de v is ta de


la co n fig u ració n de la sen sib ilid ad .
La e c o n o m ía es u n m odo p a rtic u la r de h a c e r v isib les
las cosas.
En P la tó n , la e sfe ra de lo visib le es d e sp re c ia d a y
c o n d e n a d a re sp e c to de u n a e sfe ra su p e rio r, la e sfe ra d e l
e n te n d im ie n to p u ro y de la in te le c c ió n e s p iritu a l. U na ex ­
te n s a tra d ic ió n ic o n o c la s ta m arcó la h is to r ia de la s re li­
g io n es m o n o te ísta s.
La ló g ic a eco n ó m ic a m o d e rn a ju e g a u n p a p e l am b ig u o
e n té rm in o s de la v ie ja d ic o to m ía e n tr e m a te ria lism o e
id ealism o (que tie n e algo e n co m ú n con la d ic o to m ía e n tre
lo v isib le y lo in v isib le ).
En su fase in d u s tria l, la eco n o m ía c a p ita lis ta valoró
la d ig n id a d de la m a te ria lid a d v isib le, la tra n sfo rm a c ió n
física de la s cosas m a te ria le s y el goce c o rp o ra l de ellas.


La creación de realid ad es in d u stria le s e s ta b a v in c u la d a a la
se c u la riz a c ió n de lo v isib le.

,
D u ra n te la tra n s ic ió n h a c ia la c iv ilizació n m o d e rn a , el
giro de la p e rsp e c tiv a r e n a c e n tis ta h a c ia la p ro life ra c ió n
de p u n to s de v is ta d el b arro c o c o n trib u y ó a e s ta b le c e r la
ló g ica eco n ó m ica d e n tro d el esp acio de la v isió n y de la
im ag en . En los siglos de la e v o lu ció n m o d e rn a , la re a lid a d
in d u s tria l p ro d u jo u n cam bio e n e l cam po de la v isib ili­
dad. El m u n d o físico se c o n fig u ró y tra n sfo rm ó e n fu n c ió n
de p ro y e c to s ra c io n a le s so b re el espacio u rb a n o , de a c u e r­
do co n e s tá n d a re s de p ro d u c c ió n m asiva.
En su fase m ás recien te, la producción c a p ita lista h a m ar­
ginado la transform ación física de la m a te ria y la producción
m aterial de bienes in d u striales, lo que p erm ite ta acum ula­
ción de ca p ita l por m edio de la recom binación de inform ación
y la m anipulación de la abstracción financiera. En la esfera de
la producción ca p ita lista , lo visible, la m aterialid ad física del
valor de uso es ta n solo la a n te sa la a la sagrada abstracción
del valor de intercam bio. Este es el doble m ovim iento que
Marx denom inó el fetichismo de la mercantía.
El p ro c e so de in v is ib iliz a c ió n d el m u n d o se h a lla e n
e l n ú c le o d el p ro c e so de a b s tra c c ió n y es la p rin c ip a l
te n d e n c ia e n la re la c ió n e n tr e el m u n d o re a l y la e c o ­
n o m ía . J/Todo lo só lid o se d e sv a n e c e e n e l a ir e w e sc rib ió
M arx e n e l Manifiesto comunista e n 1 8 4 8 . P ero, e n la
re a lid a d in d u s tr ia l, la m e ta in v is ib le de la v a lo riz a c ió n
a b s tr a c ta se o b tie n e p o r m ed io de la m a n ip u la c ió n físic a
de co sas v isib le s.
El se m io c a p ita lism o d isu elv e el p ro ceso v isib le de la
p ro d u c c ió n . El c a p ita lism o fin a n c ie ro es la a b s o lu ta f u n ­
d ició n de la e sfe ra de la v isib ilid a d y la a c u m u la c ió n d el
c a p ita l e n el rein o a b stra c to d e l in te rc a m b io v irtu a l.

LA IMAGINACIÓN GLOBAL Y EL BARROCO

M ientras la eco n o m ía te rrito ria liz a d a de la b u rg u e sía es­


ta b a b a sa d a e n la sev erid ad ico n o fó b ica del h ie rro y el
acero, h o y en d ía la e c o n o m ía se b a sa e n la caleid o scó p ica
y d e s te rrito ria liz a d a m á q u in a de p ro d u c c ió n se m ió tic a : las
m e rc a n c ías q u e circ u la n e n el esp acio económ ico so n sig ­
n o s, fig u ras, im á g e n e s, p ro y eccio n es y e x p e c ta tiv a s .
El le n g u a je ya no es u n a m era h e rra m ie n ta p a ra la re ­
p re se n ta c ió n del proceso económ ico, sino que se h a v u elto
la p rin c ip a l fu e n te de acu m u lació n , d e ste rrito ria liz a n d o
c o n sta n te m e n te el ám bito de in te rc a m b io . La esp ecu la­
ción y el e sp ectácu lo se e n tre c ru z a n debido a la in trín se c a
n a tu ra le z a in fla c io n a ria (m etafó rica) del le n g u a je . La red
lin g ü ístic a de la sem io p ro d u cció n es u n ju e g o de espejos
in e v ita b le m e n te p e rtu rb a d o p or crisis de su p erp ro d u cció n ,
b u rb u ja s y desbordes.
Para te n e r u n p a n o ra m a g e n e ra l de n u e s tr a tra n s fo r­
m ació n c u ltu ra l p o s in d u s tria l, r e s u lta ría ú til re e v a lu a r el
rol del b arro co e n la M odernidad y c o m p re n d e r cóm o o pera
a c tu a lm e n te com o te ló n de fondo de n u e s tr a im ag in ació n
y p e rc e p c ió n c o n te m p o rá n e a s. S eg ú n D eleuze, el b arro co '
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I CA
OE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

es u n a tra n s ic ió n q u e in v o lu c ra a la p e rc e p c ió n , a la im a ­
g in a c ió n y a l e n to rn o so c ia l.2
Volvamos a la e ra d o ra d a d e l b arro co .
El d e sc u b rim ie n to del N uevo M undo y la c o lo n iz a c ió n
de A m érica m arcaro n el co m ienzo de la e x p a n sió n m o d e r­
n a . El cam bio re p e n tin o y la e x p a n sió n del u n iv e rso de
e x p e rie n c ias fu e la f u e n te d el e s p íritu b a rro c o , u n e s p íritu
b asad o e n la id e a de la in fin itu d de la c reació n d iv in a . Al
c o m e n z a r e n lo s siglos de oro de la e x p a n sió n e s p a ñ o la ,
la se n sib ilid a d b a rro c a ab rió la p u e r ta a la o n to lo g ía de la
p ro life ra c ió n in f in ita y, p o r lo ta n to , a la e x p e rie n c ia de
la m o d e rn id a d .
En e l siglo xvn, e n e l a u g e de e s te p e río d o , la in fo e sfe -
ra e x p e rim e n tó u n a im p re s io n a n te m u ta c ió n . El d e sc u b ri­
m ie n to de n u e v a s tie rra s provocó u n a e x p a n sió n d e sm e su ­
rad a de la e x p e rie n c ia y la te c n o lo g ía de la im p re n ta h izo
p o sib le d is trib u ir te x to s e sc rito s. Lo q u e a n te s h a b ía sido

•一 ε
u n a f u e n te de p riv ileg io raro y c o sto so , el códice y el te x ­

ι_
to e sc rito e n g e n e ra l, se e x p a n d ió a m p lia m e n te p o r to d a
E uropa e n el siglo xvi. La d ise m in a c ió n de copias y re p ro ­
d u ccio n es, co m b in ad a con la p ro p a g a c ió n de la p e rs p e c ti­
va e n la p in tu r a , p re p a ró el te rre n o p a ra la sim u lació n de
m u n d os im a g in a rio s que in v a d iría n to d o s lo s ám b ito s de la
e x p e rie n c ia c o tid ia n a y la c u ltu ra social.
En e l siglo xvi, la in fla c ió n tr a s to r n ó , p o r p rim e ra v ez,
el o rd e n de la eco n o m ía. E ste n uevo fen ó m e n o econ ó m ico
q uedó re g istra d o com o u n e v e n to tra u m á tic o q u e a fectó
el in te rc a m b io , com o así ta m b ié n las esfe ra s p síq u ic a y
lin g ü ís tic a .3
P o e ta s e s p a ñ o le s com o F ran cisco de Q uevedo y Luis
de G óngora se re fie re n a la lo c u ra com o u n e fe c to de i n ­
flació n d el sig n ific a d o p ro v o cad o p o r la p ro life ra c ió n de

Gilles Deleuze, El pliegue: Leibniz y el barroco, Barcelona, Paidós, 1989.


λ, José Antonio Maragall, La cultura del barroco, Barcelona, Ariel, 2012.
e s tim u la c ió n se m ió tic a . La in fla c ió n s e m ió tic a fu e de la
m an o co n la in fla c ió n m o n e ta ria .
En el léxico de los e c o n o m istas, inflación sig n ifica que
a u n co n u n a m ayor c a n tid a d de d inero m enos b ie n e s p u e ­
d en se r com prados. De m a n e ra sim ilar, la in fla c ió n sem ió ­
tic a im p lica que u n a m ayor c a n tid a d de signos g e n e ra cada
v ez m enos significado. La in fla c ió n se m ió tic a p u e d e sei
d e sc rip ta como u n exceso de sig n o s que a b ru m a la a te n c ió n
co n sc ie n te h a s ta ro m p er el vín cu lo e n tre signo y re fe re n te.
El barroco es el registro de e sta exorbitancia: e ste exceso
de signos y la relación ale a to ria e n tre signo y significado.
El fen ó m en o de la m oda (la mode) y el in fin ito ju e g o de
ap a rie n c ias de las cosas, ta le s como la v e stim e n ta , los e d i­
ficios, los e stilo s, e tc ., e s tá n v in cu lad o s a la c o n v ersió n del
re fe re n te e n algo a le a to rio . Todo el m undo to m a los signos
d el o tro p a ra referirse a sí m ism o. El "yo” es p ro d u cto de
u n a creació n , u n a co n stru c c ió n a rtific ia l que m ezcla y com ­
b in a signos to m ad o s del caleidoscopio de la im a g in ació n . El
"yo" es u n a sim ulación, que deviene o tro ·4
El establecim iento de u n espacio c u ltu ra l c a p ita lista e stá
m arcado p or u n a d isrupción de los códigos de p e rte n e n c ia.
¿Quién eres? ¿De dónde vienes? ¿De q u ién eres hijo? ¿Cuál es
t u rol? ¿Cuál es t u valor? A ntes de la M odernidad, en la era
del o rden aristo crático , la je ra rq u ía social e sta b a e te rn a m e n ­
te fijada po r el conocim iento teológico. Toda p re g u n ta te n ía
u n a re sp u e sta , to d a p erso n a ocupaba u n lu g a r y te n ía u n v a­
lor. Pero todo se desplazó cuando la revolución co p ern ican a
añrm ó que el hom bre ya no era el cen tro del univ erso , cuan-
do se descubrió u n nuevo m undo d etrás del océano y cuando
la proliferación de te x to s im presos y las im ágenes e n p ers­
p ectiv a de la p in tu ra reem plazaron la creación div in a con la
sim ulación h u m an a. El capitalism o estableció su dim ensión

4. Néstor Luján, La vida cotidiana en el siglo de oro español, Barcelona,


Planeta, 1988.
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

an tro p o ló g ica y sus b ases epistem ológicas e n e ste espacio


sin cim ientos, que era ta m b ié n u n espacio de lib e rta d . Dios
y a no d efin ía el valor y e ste y a no era algo fijo referido a u n
criterio n a tu ra l. El valor e ra producto del tra b a jo , el tiem p o
y el poder: el valor era sim ulación.
Novelas picarescas como El Buscón56y Lazarillo de Tormes^
que se M cieron increíblem ente populares durante los siglos de
oro del Im perio español, n a n a n e sta desorientación y los efec­
tos de esta desterritorialización social y cultural. Lazarillo, el
buscón por excelencia, está buscando algo. Pero ¿qué busca?
Comida, dinero, pero sobre todo su propia identidad. El "pica­
ro" representa el pasaje de u n a sociedad basada en la filiación
sanguínea y la tra a ia o n a u n a sociedad b asada en el dinero. La
sangre y la tradición eran las garantías de la descendencia y la
filiación; eran la prueba del vínculo con el origen. La filiación
tradicional im plicaba u n a relación con la verdad (donde la ver­
dad es el origen o Dios), u n a referencia ä la realidad últim a,

s
más allá de las apariencias y las fabricaciones m undanas.


El d inero es lo o p u esto a la filiación y a l fu n d a m e n to .
El d inero no tie n e cim ientos, y la riq u e z a de la b u rg u e sía
im p licaba u n p e rp e tu o cam bio de u n a a p a rie n c ia a o tra . El
din ero es u n eq u iv a le n te a b stra c to , nö el sig n ific a n te de u n
re fe re n te fijo. El picaro no es hijo de n adie, e n c o n tra p o si­
ción al hid alg o , que es hijo de alguien (del la tín aliquis). El
picaro e s tá en to n c e s bu scan d o su p ro p ia id e n tid a d y e n e sta
b ú sq u e d a ju e g a e l ju e g o de la s ap arien cias y la sim ulación.
La b ú sq u ed a barroca del significado, a trav és del v e rti­
ginoso reino de la proliferación de apariencias, e sta b a con­
d en ad a a caer e n el desen g añ o , porque la condición general
del m odernism o e sta b a b a sa d a e n el reconocim ien to de la
au sen cia de u n fu n d am en to ontológico, e n el p e rp e tu o desli­
zam iento y desplazam iento de u n nivel de sim ulación a otro.

5. Francisco de Quevedo, El Buscón, Buenos Aires, Losada, 2000.


6. Anónimo, Lazarillo de Tormes, Barcelona, Círculo de Lectores, 1988.
C uando se inv ad ió el espacio v isu a l co n o ste n sib le s
re p re se n ta c io n e s, espacios sim ulados y tru c o s p e rc e p tu a -
les, la in fo e sfe ra se volvió cada vez m ás d e n sa y com pleja.
M aravall h a b la de la cosm ovision b a rro c a , u n a cosm ología
b a sa d a e n el relativ ism o de la v ision.

El Renacimiento f...] ve en el mundo fenoménico manifestación o


reñejo de una realidad objetiva, [mientras que para el Barroco] la
experiencia es traducción de una visión interior. [...] Apariencia
y manera no son falsedad, sino algo que de algún modo pertenece
a las cosas. Apariencia y manera son la cara de un mundo que
para nosotros es, en cualquier caso, un mundo fenoménico

S eg ú n Panofsky, la p e rsp e c tiv a fu e u n sín to m a del ago­


ta m ie n to de la te o c ra c ia a n tig u a y del su rg im ien to de u n a
v isió n a n tro p o c é n tric a . La p o sib ilid ad de sim u lar el espacio
condujo a la d isem in ació n de los p u n to s de v ista . La m e n te
b a rro ca olvidó que la fe e ra el fu n d a m e n to de la im a g in a ­
ción y ad q u irió u n a n u ev a co n cien cia de la su p erficie y de
los p o d eres p ersu asiv o s de la sim ulación artific ia l.
Pero h a b ía u n p roblem a p o lítico e n e s ta tra n sic ió n . La
m e ta de la Ig lesia y de los reyes c a tó lico s e n su lu c h a co n ­
tr a la R eform a p r o te s ta n te e ra crear co n sen so y p ro p ag ar la
fe, p ero ta m b ié n fo rta le c er el proyecto de evan g elizació n y
colonización del Nuevo M undo. En pos de e s te p ro y ecto , la
esc e n a v isu a l de la C ontrarreform a no e stu v o b a sa d a e n la
c o n te m p la c ió n a sc é tic a , sino e n u n a e sp e c ta c u la r p ro fu sió n
de im ágenes. Más que el silencio del é x ta sis m o n á stic o , la
co n d ició n de la Propaganda f id e 78 fu e la ru id o sa exp lo sió n
de u n a in te rm in a b le pro d u cció n de im ágenes.

7. José Antonio Maravall La cultura del Barroco, Barcelona, A riel,1980,


pp. 358 y 397.
8. La Sagrada Congregación para la Propagación de la Fe fue la curia romana
responsable del trabajo misionero, de la difusión del catolicismo y la regu­
lación de los asuntos eclesiásticos en los países no católicos. [N. de la T .]. ■

LA G E N E A L O G I A E S T E T I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

El fre n e sí c a p ita lis ta co m enzó e n sim ilares c o n d ic io ­


n e s c u ltu ra le s. Ya q u e la e x p e rie n c ia p e rc e p tu a l e ra e n ­
g a ñ o sa , y la p ro life ra c ió n de la sim u lació n (d el tra b a jo ,
la c re a c ió n , la in v e n c ió n , el c o n o c im ie n to , e l a r te y la s
te c n o lo g ía s de re p ro d u c c ió n ) in u n d ó la m e n te co n u n a i n ­
flació n se m ió tic a , la e c o n o m ía to m ó el lu g a r de la te o lo g ía
com o f u e n te ú ltim a de la v e rd a d .
D esde la c o lo n iz a c ió n e sp a ñ o la a la c o lo n iz a c ió n de la
m e n te g lo b al p o r H ollyw ood, la co n d ic ió n de la p e n e tr a ­
ció n c a p ita lis ta e n el in c o n s c ie n te co lectiv o h a sido s a tu -
ra r e l espacio de la im ag in ació n ·
Don Q uijote d e a m b u la co n su sín d ro m e de d e c e p c ió n
p a to ló g ic a . A bsorto e n su m undo de fa n ta s ía s c a b a lle re s­
cas, e s tá fascin ad o p o r su h e c h iz o y e v e n tu a lm e n te se e n ­
c u e n tra e n u n m u n d o q u e y a n o ex iste .

s_
LA VERDAD Y LA MEDIDA

2

M ientras q u e la m e n te b a rro c a e s ta b a o b se sio n a d a co n la
p e rc e p c ió n de la in f in ita a p e r tu r a de la c reació n d iv in a y
la c o n sig u ie n te fa n ta sm a g o ría o p lu ra lid a d de m u n d o s p o ­
sib les, la im a g in a c ió n p r o te s ta n te (re c e lo sa d el le n g u a je
e n g a ñ o so de la s im á g e n e s), e n cam bio, confió e se n c ia l­
m e n te e n la sev erid ad de la sem iosis v e rb a l. La v isió n gó­
tic a de la b u rg u e s ía p r o te s ta n te y a c ía e n la p e rfe c c ió n de
u n Dios te c n o ló g ic o q u e h a b la b a u n le n g u a je q u e no era
am b ig uo: e l le n g u a je de los h e c h o s, la p re c isió n m ecán ica,
la e q u iv a le n c ia y la m e d ic ió n . P odríam os ta m b ié n lla m a r­
lo: el le n g u a je de la ra z ó n .
A sim ism o, el barro co o b te n ía e n e rg ía im a g in a tiv a de la
d e sterrito rializació n (la co n q u ista , la proliferación de im á ­
g en es, el triu n fo de la e n e rg ía e v a n e sc e n te de la im a g in a ­
ció n ), m ie n tra s q u e el n ú cleo p u rita n o de la c u ltu ra pro-
te s ta n te afirm ab a que la c o n c ie n c ia in d iv id u a l e ra el lu g a r
de la u n ic id a d de la v e rd a d . La p u re z a de lo s p u rita n o s era .
sobre to d o , el e fe c to de la e lim in a c ió n del pasad o y la m e­
m o ria h is tó ric a y re lig io sa . E sta elim in a c ió n creó esp acio s
lla n o s de u n fu tu ro sin lím ite s q u e d eb ía se r e sc rito e n u n
código p u ra m e n te té c n ic o .
El c a p ita lism o m o d ern o e stu v o b a sa d o , p rin c ip a lm e n ­
te , e n la a firm a c ió n de u n a re la c ió n m e n su ra b le e n tre
tra b a jo y valor. Las d in á m ic a s de ac u m u la c ió n d e fin ie ro n
las m ed id as d el v a lo r de u n a m e rcan cía so b re la b a se d el 1
tie m p o n e c e sa rio p a ra su p ro d u c c ió n .
La b u rg u e sía era esencialm ente u n a clase te rrito ria liz a-
da. La p ropia definición de e sta clase e sta b a relacio n ad a con ■
el te rrito rio del bourg, la ciudad, el lu g a r donde se re u n ía n
las energías productivas, donde se c o n stru ía n las fábricas y
donde la propiedad e sta b a p ro teg id a. La é tic a p ro te s ta n te
d efendía u n sen tid o de p e rte n e n c ia a la com unidad local, ya
que e s ta era te stig o de la gracia de Dios, m a n ife sta d a e n la
acum ulación de la riq u eza. Además, la riq u eza de la b u rg u e­
sía e sta b a te rrito ria liz a d a y la acum ulación del cap ital era
posible gracias a la producción de cosas h e c h a s a p a rtir de
m ateriales físicos vinculados al lugar, al suelo y al te rrito rio .
El tie m p o de tra b a jo y el te rrito rio e ra n la s co n d icio n es ;
de la m ed id a ra c io n a l u n iv e rsa l. El b arro co e n fa tiz ó , p o r su
p a rte , la n a tu ra le z a e n g a ñ o sa del le n g u a je , su am b ig ü ed ad ,
y su c a rá c te r m u ltifa c é tic o ; la c u ltu ra p r o te s ta n te se b asó ,
e n c o n tra p o sic ió n , e n el su p u e sto de u n a relació n fija e n tre f
signo y s e n tid o , e n tre sig n ific a n te y significad o .

PURITANISMO Y VIRTUALIZACIÓN: LA CULTURA NEOHUMANA

O bservem os la d ife re n c ia e n tre el e stilo de la c o lo n iz a c ió n ;


c a tó lic a e n México y A m érica del Sur y el e stilo p u rita n o
de la c o lo n iz a c ió n de A m érica del N orte. ぐく
D espués del descubrim iento del Nuevo Mundo, al co- ;
m ienzo de la colonización española e n Am érica Central, B a r-1
tolom é de las Casas, u n hom bre religioso que acom pañó a lo s ^
LA G E N E A L O G I A E S T E T I CA
OE LA 6 L O B A L I Z A C I Ó N

españoles en su c o n q u ista, p reg u n tó lo s ig u ie n te :¿ b e b e r í a ­


mos considerar h u m anos a los n ativ o s que hem os descubierto
e n e ste nuevo te rrito rio ? ¿Tienen u n alm a como la n u estra?
¿Pueden recibir el m ensaje cristiano que solo p uede ser tra n s ­
m itido a los seres h um anos?w. La re sp u e sta de la Iglesia c a tó ­
lica fue la de evangelizar a los aborígenes, co n q u istar el alm a
de los n ativ o s y p e rm itir u n cierto grado de to leran cia a n te
la im aginación sin crética religiosa. Evangelización y coloni­
zación fu ero n de la m ano,
Los p u rita n o s q u e o c u p a ro n la s tie r r a s de A m érica d el
N o rte e ra n m enos to le r a n te s y su a c tiv id a d re lig io sa fu e
m enos in c lu siv a . Ellos no se h ic ie ro n la p r e g u n ta b a rro c a
so b re e l alm a de los n a tiv o s. Los n a tiv o s e ra n v isto s ú n ic a ­
m e n te com o u n o b stá c u lo a n te la e x p a n sió n , no com o p e r ­
so n as a la s q u e h a b ía q u e c o n v e rtir. La g e n te q u e v iv ía e n
las p ra d e ra s d el n o rte d e b ía se r rem o v id a y e x te rm in a d a .
Su e rra d ic a c ió n fu e la c o n d ic ió n p a ra e l e sta b le c im ie n to

¿
de u n a h u m a n id a d n u e v a y p e rfe c ta , cuyo p ro p ó sito e ra


一:
la re a liz a c ió n de la p a la b ra de Dios e n e l espacio u n ifo rm e
de A m érica. El g en o cid io de lo s in d io s del n o r te no fu e
u n a c c id e n te , sino el c a rá c te r d is tin tiv o de u n a c u ltu ra
n e o h u m a n a e m e rg e n te .
El a m b ie n te c u ltu r a l e n e l q u e la a b s tra c c ió n m o n e ­
ta r ia p o d ía p ro s p e ra r n o e ra e l te r r ito r io m e d ite rrá n e o ,
d e n s a m e n te fe rtiliz a d o p o r la re lig io n y la h is to r ia , sin o
u n lu g a r re c ié n d e s c u b ie rto , h a b ita d o p o r c re e n c ia s s in ­
té tic a s y c o n s tru c c io n e s a rtific ia le s q u e p r e s u p o n ía n la
e lim in a c ió n de le g a d o s h is tó ric o s . U na fo rm a p u rific a d a
de la ló g ic a ec o n ó m ic a a lla n ó el cam in o p a ra e l larg o p ro ­
ceso de m u ta c ió n m a te m á tic a d e l le n g u a je q u e c o n d u jo a
la c re a c ió n de m á q u in a s c a lc u la d o ra s, a l re fo rm a te o m a ­
te m á tic o de la m e n ta lid a d so c ia l y, e n la M o d ern id ad t a r ­
d ía , al d e sp la z a m ie n to de u n le n g u a je y u n a te c n o e s fe ra
a lfa b é tic a h a c ia u n a d ig ita l. Los te r r ito r io s , h is tó r ic a y
é tic a m e n te p u rific a d o s, de A m érica d e l N o rte c o n s titu ía n
el e sp acio p e rfe c to p a ra d e s e n c a rn a r e l le n g u a je y p a ra
in ic ia r e l p ro ceso de a b s tra c c ió n q u e c o n d u jo a la c u ltu ra
d ig ita l y a la v irtu a liz a c ió n .
La e n tid a d p o lític a q u e se g en eró e n lo s te rrito rio s
v írg e n e s de la u to p ía a m e ric a n a, u n espacio u n ifo rm e a je ­
no a las a sp e re z a s de los leg ad o s h istó ric o s y c u ltu ra le s,
p u e d e s e r v is ta com o u n a c iv ilizació n n e o h u m a n a . La p u ­
rificació n p u r ita n a rom pió la c o n tin u id a d de la h is to ria
h u m a n a , y el h u m an ism o se re in s e rtó sobre la b a se de
u n a v e rd a d a te m p o ra l d el te x to . En el esp acio p u rita n o ,
el le n g u a je se co n c e b ía e n té rm in o s de m era in fo rm ació n :
v e rd a d o p e ra c io n a l y re d u c c ió n de los s ig n ific a n te s a sig ­
n ificad o s in eq u ív o co s.
S eg ú n la v isió n p u r ita n a , A m érica era la tie r r a sin h is ­
to ria y la h is to ria a m e ric a n a se b a sa b a e n el in te rm in a b le
d e sp la z a m ie n to de su fro n te ra . No e x is tía n in g ú n p asad o
o tra d ic ió n fe u d a l que re tu v ie ra o in flu e n c ia ra la creació n
de u n a c o m u n id a d p u ra . El pasado no e ra n a d a y la fr o n te ­
ra era to d o , u n fu tu ro sin c o n ta m in a c ió n n i re s is te n c ia . El
p u rita n ism o am erican o fu e, a n te to d o , la p u re z a d el h o ri­
z o n te te m p o ra l. /yLos E stados U nidos c o n s titu y e n u n caso
ú n ic o e n c u a n to a la e x te n s ió n e n q u e se h a dejad o cam po
lib re al in d iv id u o , sin re stric c io n e s im p u e s ta s p o r u n viejo
o rd e n so cial o p o r u n a c ie n tífic a a d m in istra c ió n g u b e rn a -
m entaV ,.9 La m ito lo g ía de las raíces, q u e h a b ía sido ta n
im p o rta n te e n la h is to ria e u ro -a s iá tic a , fu e a n u la d a y se
co ncibió al Nuevo M undo com o el lu g a r d o n d e la s o p cio n es
e ra n p e rfe c ta m e n te b in a ria s: b ie n o m al, lu z u o scu rid ad .
Las esferas civil y re lig io sa , p u rific a d a s de la re fe re n ­
cia em o cio n al al cu erp o y la m em o ria é tn ic a , d e b ía n fu ­
sio n a rse p a ra q u e p u d ie se re in a r la ra z ó n p e rfe c ta . /yLa
sim ple em oción re lig io sa d e b ía e s ta r siem p re c o n tro la d a
p o r la ra z ó n . Por ello , el clero p u rita n o form ado e n las

9. Frederick Jackson Turner, La frontera en la historia americana, San


José, Universidad Autónoma de Centro América, 1987, p. 245.
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I CA
DE LA 6 L O B A L I Z A C I Ó N

u n iv e rsid a d e s se e n o rg u lle c ía de la lu c id e z y el ra c io n a ­
lism o de sus se rm o n e s,,.1° El e s p íritu p u rita n o , d ilu id o en
el ám b ito relig io so del p ro te s ta n tis m o a m erican o , m arcó
p ro fu n d a m e n te ta n to la re lig ió n com o la c u ltu ra civil,
p u e s la c u ltu ra n a c io n a l a m e ric a n a n o reco n o ció n in g u n a
d is tin c ió n e n tre e s tr u c tu r a s relig io sas y civiles.
La te c n o lo g ía se concibió relig io sam en te como eupraxia,
la co rresp o n d en cia e n tre el a rte hu m an o y divino. Un Dios
racio n al y fu n c io n a lista solo po d ía a y u d a r a la h u m a n id a d a
co n d ició n de que e s ta purificase su m e n te de cu alq u ier r e ­
siduo c u ltu ra l del pasado. La purificación y la em an cip ació n
de la h isto ria s e n ta ro n las b a se s de u n espacio e p istem o ló ­
gico donde p o d ían ser concebidas la ab stracció n del código
y la p o te n c ia o p eracio n al del despliegue tecnológico.
La o b sesió n co n la p u re z a generó u n a trad u cció n de
la realid ad a u n código escrito . Solo lo que po d ía verba-

_ 6ε
lizarse e ra te a l, y to d a la re a lid a d p o d ía verbalizarse. Lo
q ue no p o d ía v erb alizarse e ra u n a su g eren cia dem oníaca. En


el p rin cip io . Dios p ro n u n ció palabras y e sta s era n verbum,
len g u aje p u ra m e n te op eracio n al. wEl p rin cip al problem a del
p ro te sta n tism o es la fijación verbal: el e stu d io de las escri­
tu ra s c o n stitu y e su n ú cleo . No se n e c e sita n in g ú n m ediador
carn al e n tre el alm a y Dios; tam poco e s tá n p erm itid as las
im ágenes de los sa n to s, de M aría o de Dios. [...] Por el co n ­
tra rio , e n el catolicism o ita lia n o y esp añ o l a lta m e n te ritu a -
lizados, la a p elació n a los se n tid o s es c o n sta n te y directa"·1011
La p u rificació n del len g u aje de su am bigüedad corp o ral fu e
la condición previa p a ra la reducción de las relaciones so­
ciales al cálculo y para el d esp lieg u e de la p o te n c ia su p erio r
del capitalism o en el cam po de la eficiencia operacional.

10. Carl N. Degler, Historia de los Estados Unidos. La formación de una


potencia (1600-1860), Barcelona, Ariel, 1986, p. 37.
11. Camille Paglia, Sexf Art, and American Culture, Nueva York, Vintage,
1992, p. 29.
Todo lo que la enterprise tra n s h is tó ric a d e b ía e n f r e n ­
t a r e ra u n a fro n te ra siem p re e n m o v im ie n to , sin c o n ta m i­
n a c ió n n i re s is te n c ia . El p u rita n ism o am e ric a n o im p licó ,
a n te s q u e n a d a , la p u re z a d el h o riz o n te . El u n iv e rso e s ta ­
b a p u lid o y p re p a ra d o p a ra u n a p e rc e p c ió n é tic a b in a ria .
El m u n d o e ra la e m a n a c ió n de u n ñ u jo v e rb a l y Dios e ra
el código o rig in a l q u e p o d ía a c tu a r e n la s m e n te s de los
h o m b res, a co n d ic ió n de q u e e sto s e s tu v ie s e n p u ro s, lim ­
p ios de las c o n ta m in a c io n e s de la p e rte n e n c ia c u ltu ra l.
El D estino M anifiesto12 de la e n tid a d n eo h u m a n a e n ­
carnado e n los E stados U nidos de A m érica es el sig u ien te:
lim piar el m undo, rem over las im perfecciones h u m an as y
o p tim izar la id en tificació n del m undo con la v o lu n ta d de
Dios, u n a v o lu n ta d e sc rita e n u n lenguaje claro e inequívoco.

EL RESURGIMIENTO DEL BARROCO


EN EL SEMIOCAPITALISMO POSBURGUÉS

La re a lid a d in d u s tr ia l y la m e c a n iz ac ió n d el tra b a jo c o n fi­


g u ra ro n la p e rc e p c ió n del m undo m o d ern o , cu lm in a n d o e n
la e s té tic a de la s v a n g u a rd ia s m o d e rn ista s.
La co in cid en cia de la s v an g u ard ias con la in d u s tria y
los m edios de com unicación condujo a la p ro liferació n de
o b jeto s a rtístic o s y a la su p e rp o sic ió n e n tre a r te y p ro d u c ­
ción y, p o r lo ta n to , a la e ste tiz a c ió n de la v id a c o tid ia n a .
c a ra c terístic a s d istin tiv a s de la M odernidad ta rd ía . La es­
té tic a inv ad ió la p ro d u cció n e n m asa y cada o b jeto re a l, al
p e rd e r su sin g u la rid a d , se p re se n tó com o la rep ro d u cció n

12. La doctrina, del Destino Manifiesto es la creencia, originada en el Λ


siglo xvn, de que los Estados Unidos estaban destinados por la providencia
divina a expandirse como nación desde el océano Pacífico hasta el océano;
Atlántico. Luego esta frase fue retomada para justificar la expansión esta- |
dounidense fuera de América del Norte. [N. de la T.1
LA G E N E A L O G I A E S T E T I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

de u n m odelo. Desde e ste p u n to de v is ta , el m odern ism o


ta rd ío p u e d e se r v isto como u n proceso de s u s titu c ió n de
u n a re a lid a d o rig in a l p o r a rte fa c to s . El a rte h a b ía m u e rto ,
dijo J e a n B audrillard, no solo p o rq u e la tra sc e n d e n c ia crí­
tic a h a b ía m u e rto , sino ta m b ié n p o rq u e la re a lid a d m ism a
e sta b a siendo c o n fu n d id a co n su im ag en .
Desde en to n ces, el proceso de d ig italizació n h a tra n sfo r­
m ado las cosas e n signos y los objetos e n m ensajes. La p ro ­
liferación de m ercancías sem ióticas h a producido u n a sa tu -
ración de la a te n c ió n social, u n efecto neobarroco. El pasaje
del capitalism o m oderno al sem iocapitalism o e s tá m arcado
p o r e l f i n de la m esura y el reto rn o del e sp íritu barroco.
En su lib ro Vuelta de siglo, B olívar E cheverría afirm a
q u e el p o d e r e s p iritu a l e in m a te ria l de la Ig le sia ro m a n a
siem p re e stu v o b asad o e n e l c o n tro l id eo ló g ico de la im a ­
g in a c ió n , p ero e s ta in flu e n c ia d ifíc ilm e n te fu e c o n sid e ra ­
d a p o r la é tic a p ra g m á tic a de la c u ltu ra in d u s tria l.
La E spaña c a tó lic a de lo s siglos d orados fu e p re c u rso ra
de u n a ram a de la a c u m u la c ió n no in d u s tr ia l b a sa d a e n el
saq u eo m asivo de las A m éricas. E sta v a ria n te de la m o d e r­
n id a d fu e m a rg in a liz a d a lu e g o de la d e rro ta m ilita r de la
A rm ada In v e n c ib le e n la g u e rra n a v a l c o n tra el Im p erio
b ritá n ic o , la cu al d e sa tó e l declive eco n ó m ico y p o lític o
de E spaña. La m o d e rn id a d p r o te s ta n te d e fin ió el ca n o n ,
p ero su v a ria n te b a rro c a n o fu e e lim in a d a . C ontinuó p o r
lo b a jo , crean d o tú n e le s p ro fu n d o s e n los recovecos del
im a g in a rio m o d ern o p a ra re s u rg ir a fin a le s del siglo xx,
cu an d o el s iste m a c a p ita lis ta e x p e rim e n tó u n d ram ático
cam bio de p a ra d ig m a h a c ia u n a p ro d u c c ió n p o sin d u stria l·
El se m io c a p ita l e s tá b asad o e n la c re a c ió n y la m er-
c a n tiliz a c ió n de d isp o sitiv o s te c n o lin g ü ís tic o s que, p o r su
p ro p ia n a tu ra le z a , so n se m ió tic o s y d e ste rrito ria liz a d o s.
D ebem os com p ren d er las im p licacio n es sociales de las
dos d is tin ta s v a ria n te s de la m o d ern id ad . La relació n e n tre
la b u rg u e sía in d u s tria l y la clase tra b a ja d o ra e sta b a b asad a
en el c o n flicto , pero ta m b ié n e n la m u tu a cooperación. A
p e sa r del co n flicto rad ical que o p o n ía salario y g a n an cia,
la b u rg u e sía y la d a s e o b rera no p o d ía n diso ciar su d estin o
p o rq u e v iv ían e n el m ism o espacio físico y se n e c e s ita ­
b a n re cíp ro cam en te p a ra sobrevivir y p a ra crecer. A unque
la a lia n z a e n tre tra b a jo y c a p ita l se rom pió e n tre los años
s e s e n ta y s e te n ta , u n a n u ev a asociación se hizo posible
e n las ú ltim a s décadas del siglo xx. La e x p e rie n c ia de las
em p resas p u n to -c o m fu e la ex p resió n de u n a u n ió n e n tre el
c a p ita l de riesgo y el tra b a jo i n te le c tu a l,y e s ta c o n v e rg e n ­
cia te m p o ra l de in g e n ie ro s, a rtis ta s y esp ecu lad o res fin a n ­
cieros g eneró u n p rogreso te c n o ló g ico e x tra o rd in a rio e n la
esfera d ig ita l hacien d o posible la creación de I n te r n e t. Pero
e s ta a lia n z a se rom pió cuando el p o d er fin an ciero p rev ale­
ció p o r sobre el tra b a jo co g n itiv o y su m á q u in a p re d a to ria
in v adió el espacio vacío del valor v u e lto ale a to rio .
Cuando el le n g u a je se c o n v ie rte e n el cam po g e n e ra l de
p ro d u cció n , cuando la relació n m a te m á tic a e n tre tiem p o
Z

de tra b a jo y valor se rom pe, cuando la d esreg u lació n d es­



H

tru y e to d a resp o n sab ilid ad , el c o m p o rta m ie n to p re d a to rio


se v uelve la n o rm a. Esto es lo que h a o cu rrid o desde que
el capitalism o fin an ciero ocupó la e sc e n a m u n d ial. La des-
re g u lació n debe ser v is ta e n el c o n te x to de la evolución
te c n o ló g ic a y c u ltu ra l que desplazó el proceso de creación
de valor del ám b ito de la in d u s tria m ecánica al de la p ro ­
d u cción se m ió tica. Como el tra b a jo co g n itiv o d ifícilm en te
p u ed e ser reducido a u n a m ed id a de tie m p o , la relació n e n ­
tr e tie m p o de tra b a jo y valo rizació n se vuelve in c ie rta , in ­
d e te rm in a b le . Y cuando la relació n e n tre tra b a jo y v alo r y a
no p u ed e e stab lecerse, lo que re in a e n el m ercado lab o ral
global es ex clu siv am en te la ley de la v io len cia y el abuso.

NE0BARR0C0 Y DESREGULACIÓN

La sim ulación y la fractalizacion (rasgos del sem iocapitalism o)


son categorías esencialm ente barrocas. En su üoro La era neo-
LA G E N E A L O G Í A E S T ÉT I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

barroca, Omar Calabrese so stien e que el posm odernism o recu ­


peró la e sté tic a y los 1110 délos discursivos que surgieron por
prim era vez e n el siglo xvn. M ientras el barroco es, fu n d am en ­
talm en te, la proliferación de los p u n to s de v ista, la digitaliza-
ción contem poránea del trabajo h a desplazado la producción y
el intercam bio hacia u n ám bito de indeterm inación.
D esde la d e c isio n q u e to m ó N ixon e n 1971 de d e sre ­
g u la riz a r e l dólar, e m a n c ip á n d o lo del p a tr ó n oro, la eco ­
n o m ía n o rte a m e ric a n a se h a lib erad o de las re g la s de la
ley y su d e u d a h a po d id o cre c e r in d e fin id a m e n te , dado
q ue el d e u d o r tie n e u n p o d e r m ilita r m ás fu e rte q u e el
acreedor. Lejos de se r la m a te ria de u n a c ie n c ia o b je tiv a ,
la eco n o m ía, e n e s te caso, se m u e stra a sí m ism a como
u n a acció n que m oldea las re la c io n e s so ciales a tra v é s de
la v io le n c ia . En El intercambio simbólico y la muerte, Bau-
d rilla rd e scrib e: /yEl p rin c ip io de re a lid a d h a co in cid id o

_
2
co n u n e sta d io de la le y del valor. Hoy, to d o e l siste m a
o scila e n la in d e te rm in a c ió n , to d a re a lid a d es a b so rb id a

-
p o r la h ip e rre a lid a d del código y de la in d e te rm in a c ió n . Es
u n p rin c ip io de sim u lació n el que n o s rige e n lo sucesivo
e n lu g a r d e l a n tig u o p rin c ip io de re a lid a d . Las fin a lid a d e s
h a n d e sa p a re cid o , so n los m odelos los q u e nos g e n e ra n . Ya
no h a y id e o lo g ía , solo h a y sim u lacro s".13 Todo e l siste m a
se h a p re c ip ita d o e n la in d e te rm in a c ió n p o rq u e la c o rre s­
p o n d e n c ia e n tre re fe re n te y sig n o , sim u la c ió n y e v e n to ,
v alo r y tie m p o de tra b a jo y a no e s tá g a ra n tiz a d a .
D esde los a ñ o s s e te n ta , el giro h a c ia u n a p ro d u c c ió n
in m a te ria l h a ido so cav an d o la id e n tific a c ió n de la riq u e z a
con la p ro p ie d a d físic a y la id e n tific a c ió n del v alo r co n el
tra b a jo te rrito ria liz a d o .
El se m io c a p ita l d e sre g u la riz a d o h a m arg in a liz a d o a
la b u rg u e sía , re e m p la z á n d o la co n dos clases d is tin ta s y

13. Jean Baudrillard, El intercambio simbólico y la muerte, Barcelona,


Monte Ávila Editores, 1980, p. 6.
o p u e sta s: el c o g n ita ria d o , a saber, lo s tra b a ja d o re s co g n i-
tiv o s p re c a rio s y c e lu la riz ad o s, y la clase e je c u tiv a fin a n ­
c iera, c u y a ú n ic a a p titu d es la m a n ip u la c ió n fin a n c ie ra y
la c o m p e titiv id a d .
El p ro ceso de d e sre g u la riz a c ió n h a p re p a ra d o el te r r e ­
no p a ra el esp acio b arro co de a le a to rie d a a . P arad ó jicam en ­
te , el im a g in a rio b arro co solo p u e d e se r p ro d u c tiv o u n a
vez q u e e l e s p íritu p u rita n o h a y a red u cid o c o m p le ta m e n te
el le n g u a je a p ro ceso s o p e ra c io n a les a lg o rítm ic o s. Cuando
se co n sig u ió la p u rific a c ió n de la a c u m u la c ió n d el c a p ita l
p o r m edio de la s fin a n z a s, el b arro co e n tró e n la e sc e n a de
la p ro d u c c ió n h ip e rre a l.

IC0N0F0BIA

Las c u ltu ra s p a g a n a s a m en u d o a trib u y e n a la im a g e n el


v a lo r de u n a re a lid a d tra s c e n d e n ta l. Las im á g e n e s p u e ­
d e n te n e r e fe c to s m ágicos. Los d io ses p a g a n o s n o tie n e n
celos de e llas p o rq u e su d iv in id a d re sid e e n la im ag en
m ism a. Ella es p a r te de la c o n tin u id a d a n im is ta q u e im ­
p re g n a ta n to la n a tu r a le z a com o lo s a rte fa c to s . El e s p íritu
n o p u e d e se r sep arad o de su e n to rn o .
El s e n tim ie n to ic o n o fó b ic o t ie n e d o s f u e n te s p r in ­
c ip a le s . La p rim e ra es la filo s o fía p la tó n ic a , q u e im p lic a
u n a c o n tr a d ic c ió n e n tr e la im a g e n y la id e a v e rd a d e ra ;
la s e g u n d a es la p ro h ib ic ió n b íb lic a de la r e p lic a c ió n
d e im á g e n e s .
En e l m o n o te ísm o , la p a la b ra (verbum), la v oz y la
Ley so n la s fu e rz a s s e m ió tic a s q u e d e fin e n l a p s ic o c u ltu -
ra re lig io sa . "E scu ch a, Isra e l" , d ice el Dios cuyo n o m b re
n o p u e d e s e r p ro n u n c ia d o . La p a la b ra es Su f u e rz a y p o r
m ed io de e lla c re a y g o b ie rn a e l m u n d o . Dios p ro p a g a
e l te r r o r p o r m ed io de la p a la b ra y p o r m ed io d e e lla d a
c o n su e lo . Y, de h e c h o . Su n o m b re no p u e d e se r c o n te n i-
do p o r n in g u n a p a la b ra .
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I C A
OE LA 6 L O B A L I Z A C I Ó N

La ic o n o fo b ia ju d ía e s ta b a a c o m p a ñ a d a de u n a d e ifi­
cació n o b sesiv a de la p a la b ra . En la d iá sp o ra , la tra d ic ió n
lite r a r ia ju g ó u n ro l im p o rta n te al h a c e r p o sib le la tr a n s ­
m isió n de u n a fu e r te id e n tid a d c u ltu ra l. Esto e x p lic a p o r
q ué el a r te v isu a l ju d ío no e x iste re a lm e n te , a u n q u e sí
e x is ta n a r tis ta s ju d ío s.
P in to re s ju d ío s com o C hagall se in s p ira ro n e n e l re ­
p e rto rio m ito ló g ico e ic o n o g ráfico c ris tia n o , m ie n tra s q u e
o tro s, com o M ark R o th k o , e lig ie ro n la v ía de la a b stra c c ió n
y d e l e x p resio n ism o n o fig u ra tiv o . La ic o n o g ra fía ju d ía es
u n a esp e c ie de espacio in e x is te n te , lle n o de c a lig ra fía, p a ­
la b ra s e in sc rip c io n e s.
Las e sc ritu ra s so n e x p líc ita s so b re e s te p u n to :

Yo soy JEHOVÁ tu Dios, que te saqué de la tierra de Egipto, de


casa de siervos.


53 -
No tendrás dioses ajenos delante de mí.
No te harás imagen, ni ninguna semejanza de cosa que esté
arriba en el cielo, ni abajo en la tierra, ni en las aguas debajo
de la tierra.
No te inclinarás a ellas, ni las honrarás; porque yo soy Jehová tu
Dios, fuerte ;celoso, que visito la maldad de los padres sobre los
hijos, sobre los terceros y sobre los cuartos, a los que me aborre­
cen, y que hago misericordia en millares a los que me aman, y
guardan mis mandamientos.14

N in g u n a de las cosas q u e e x iste n e n la n a tu ra le z a o e n


el cielo p u e d e se r re p re s e n ta d a p o r las m anos del hom bre.
Pero u n a p re g u n ta p erm an ece. ¿E stá p e rm itid o re p re s e n ta r
lo q ue no e x iste n i e n la n a tu ra le z a n i e n el altísim o cielo,
sino solo e n la im a g in a c ió n h u m a n a ? ¿P uede s e i re p re se n ­
ta d o lo irreal? ¿Qué h a y de ios d ragones y los seres q u im é­
ricos, q u é h a y de la im ag in ació n fan tasm ag ó rica? ¿Y de la

14. Antiguo Testamento, Éxodo 20:2-6, Madrid, Verbo Divino, 1995.


d eco ració n , el ju e g o v isu a l de g eo m etrías a b stra c ta s? ¿Pue­
d e n s e r p in ta d a s e sta s cosas ta n in e x iste n te s? Desde e ste
p u n to de v is ta , C hagall p u e d e ser considerado u n p in to r
ju d ío que no re p re se n tó n a d a que e x istie se re a lm e n te , sino
solo su e ñ o s, alu c in a c io n es y fa n ta sía s. Tanto la ab stracció n
g e o m é tric a (M ondrian) como la ab stra c c ió n e x p re sio n ista
(Chagall) e s tá n c ie rta m e n te in flu e n c ia d a s p o r la n e cesid ad
de p in ta r lo q u e e x iste solo e n la m e n te h u m a n a .

EL VELO Y EL ROSTRO

En el isla m , la p ro h ib ic ió n de la re p re s e n ta c ió n v is u a l solo
se h ace e x p líc ita e n la te rc e ra g e n e ra c ió n d e sp u é s d el P ro ­
fe ta . Pero se g ú n A ndré Grabar, a u to r de La iconoclastia
bizantinar el h o rro r a n te la s im á g e n e s h a sido u n rasgo
c o n s ta n te e n la c iv ilizació n m u su lm a n a d esd e sus in icio s.
U n p u rism o a-icó n ico p a re c e e s ta r in s c rip to e n e l có d i­
go c u ltu ra l d e l isla m , com o re m in isc e n c ia d el d e sie rto , el
esp acio irre p re s e n ta b le del v acío. Solo la a rm o n ía p e rfe c ta
de las fo rm as g e o m é tric a s q u e e m erg en de la a b stra c c ió n
m e n ta l m e re c e n se r p in ta d a s y v is ta s , y no la s irre g u la re s
y c a m b ia n te s fo rm as Öel cu erp o h u m a n o y de la m a te ria
físic a . La d eco ració n a b s tra c ta y la c a lig ra fía so n las fo r­
m as de v isió n p e rm itid a s e n e s ta c u ltu ra . y/U n m a e stro su fí
d eclara: 'N unca h e v isto cosa a lg u n a sin v e r a Dios e n e lla f.
Y o tro : 'N unca h e v isto o tra co sa q u e a Dios て Se d iría q ue
la in v isib ilid a d de Dios im p lic a la in v isib ilid a d de las cosas
h e c h a s p a ra se r v ista s^ .15 El c a rá c te r a-icó n ico m u su lm án
p a re c e te n e r sus raíces e n la a b s o lu ta tra s c e n d e n c ia de la
d iv in id a d , m ás q u e e n la p ro h ib ic ió n y re p re sió n de la fa ­
c u lta d im a g in a tiv a . Por lo ta n to , el isla m to le ra u n am plio
e sp e c tro de p ro d u c c ió n ic o n ic a p ro fa n a .

15. Alain Besangon, La imagen prohibida, Madrid, Siruela, 2003, p . 106.


LA G E N E A L O G Í A E S T É T I CA
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

La c a lig ra fía d e c o ra tiv a a p a re c e com o la fo rm a m ás

I
a lta de sim bolism o a r tís tic o . La b e lle z a es in h e r e n te al

-— ·· i
g e sto c a lig ráfico . En el siglo xvi, Qadi A hm ad esc rib e , e n


-
Gulistan-i-hunar [El ja r d ín de ro sas d el a r te ] : y,La e se n c ia

-5 ·

·。
de la e s c ritu ra e s tá e n el e s p íritu . [ ...] La e s c ritu ra e x c e ­

B

e
J·¥
le n te c larifica la v is ta , [ ...] la e s c ritu ra es la g e o m e tría

":
-
'
-

HB s· ^ - - -m
d el alm a".16
D ebido a que la e s c ritu ra c rea el m u n d o e n ta n to m u n ­
do d el alm a, la e s c ritu ra es la g e o m e tría d el m u n d o . La
c reació n m ism a p u e d e se r v is ta com o u n g e sto calig ráfico

-
^
----------------------
q ue d eco ra la s p á g in a s d el tie m p o de acu erd o co n e l d ise ­

B5
ño d iv in o . Dios es e l p rim e r p in to r, o m ás b ie n e l p rim e r

I
c alíg rafo , y a q u e la c reació n p a re c e se r m ás u n acto de
c o n c e p c ió n y de e s c ritu ra in te le c tu a l q u e u n a e m a n a c ió n

!
o p ro y ecció n de im ág en es.

ϋ
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
R uini, el m ás céleb re p o e ta islám ico , esc rib e q u e Dios
es el calíg rafo q u e d ib u ja su s o b ras co n la p lu m a d el co ­

-m -
ra z ó n h u m a n o .
En su lib ro Soufisme et art visuel [Sufism o y a r te v i­
s u a l], S h a k e r Laibi ex p o n e la s d in á m ic a s p sico ló g icas im ­
p licad as e n el re c h a z o islám ico a la fig u ra c ió n y e n el m ar-
g in a l, y c a si m is te rio so , flo re c im ie n to de lo s ta lis m a n e s ,
o b je to s co n f u e rte s m a tic e s m ágicos.

El arte islámico [...] se basa en la exclusión de aquello que con­


sidera secundario, empezando por la forma humana, y por el re­
chazo de toda representación de la realidad objetiva, en favor de
lo que considera la única verdadera realidad: la de lo invisible.
La gran paradoja del arte islámico reside en su deseo de repre­
sentar una realidad situada fuera de lo real visible [...].17

16. Citado en John Renard, Seven Doors to Islam: Spirituality and the Re­
ligious Life of Muslims, Berkeley, Universidad de California, 1996, p . 126.
17. Shaker Laibi, Soufisme et art visuel: iconographie du sacré, París,
UHarmattan,1998,. p . 14.
El ta lism á n , que ya ex istía e n tre los caldeos^ los eg ip ­
cios y los la tin o s, p la n te a el surgim iento de u n a v isu alid ad
re p re se n ta tiv a que no e stá p e rm itid a en el ám bito artístico
reconocido. Lo que se n ie g a e n la esfera del a rte oficial (la
re p re se n ta ció n visu al del cuerpo) reaparece como u n a ex p e­
rien cia tran sg resiv a e n el m isticism o sufí. El cuerpo (jism)r
la form a (surah) y lo visible (ruyfa) e stá n vinculados e n u n a
relación de o cu ltam ien to , n egación y tra n sg re sió n . La se n ­
sibilidad e sté tic a islám ica e stá basad a e n e sta te n sió n d ia­
léctica, que pu ed e ser expresada e n el velo como form a de
o cu ltar y de insinuar, al m ism o tiem p o , lo visible oculto.
Según D om inique Clévenot: WE1 rostro de Dios e s tá oculto,
au n q u e los creyentes vuelvan la m irada h acia él. El Corán
define a los creyentes como aquellos que desean ver el rostro
de Dios. A quí reside el núcleo de la concepción m u sulm ana
del velo, u n a barrera que lim ita la v ision, pero que al mismo
tiem p o e x a lta el d e s e o s 18 Clévenot m u estra que la psicoesfe-
ra islám ica e stá basada e n el ensom brecim iento de lo visible.
El paisaje urbano trad icio n al ta m b ié n pu ed e ser descripto
desde e ste p u n to de v ista: wEn e sta s ciudades, la calle es
u n a serie de in te rru p c io n e s visuales. [ ...] La casa u rb a n a
tra d ic io n a l del m undo árabe-m usulm án [ ...] tr a ta de reh u ir
la m irada. E nteram ente v u e lta hacia d en tro , hacia su patio
in terio r, [ ...] desde afu era solo revela alg u n as secciones de
pared^.19 El velo, u n obstáculo ubicado e n tre el ro stro y la
v isió n , es u n co m p o n e n te crucial del im ag in ario islám ico.
La v isib ilid a d p u e d e ca u sa r p e lig ro , el v é rtig o de la m e n te
y la atracció n fatal. yyDios tie n e s e te n ta (o s e te n ta mil) velos
de luz y oscuridad. Sin estos velos, las radiaciones de Su ros­
tro consum irían, sin duda alguna, a cualquiera que lo v ie se n 20

18. Dominique Clévenot, Une esthétique du yoile: essai sur Vart arabo-isla-
mique, París, UHarmattan,1994, p. 85.
19. Ibíd., p. 8.
20. Sahih al-Bukhari, en Dominique Clévenot, ob. cit., p. 86.
LA G E N e A L O G Í A E S T É T I CA
DE LA 6 L 0 B A L I Z A C I Ó N

AGAR

Al in v e s tig a r el p ro b le m a del velo e n el c o n te x to de u n a


co n sid e ra c ió n m ás am p lia de la fe m in e id a d e n el m u n d o
islá m ic o , F e th i B en slam a evoca la n e g a c ió n (refoulement)
de la v isib ilid a d de la m u jer y, m ás g e n e ra lm e n te , de la
sin g u la rid a d del c u e rp o . La m o vilidad y la v isib ilid a d q ue
le o frecen a la m u jer los m edios de c o m u n ic a c ió n g lo b ales
h a n ex acerb ad o la a c titu d re a c c io n a ria de los h o m b res en
el m undo islám ico .
En Psychoanalysis and the Challenge of Islam [El p si­
co a n á lisis y el desafío del isla m ], F e th i B enslam a h a b la
d el to rm e n to n o stá lg ic o del o rig e n com o u n a c a ra c te rístic a
p e c u lia r de la p s ic o c u ltu ra islám ica. S eg ú n é l, e l tormento
d el o rig en se m a n ifie sta e n el islam bajo la form a de su p re ­
sió n de lo fem en in o y, p a rtic u la rm e n te , en la d e n e g a c ió n
de la fig u ra de Agar, q u ie n , p ese a su rol fu n d a c io n a l como

- 6,
m adre, no es n u n c a m e n c io n a d a e n el Corán. A sim ism o, se

n
la ex p u lsa de la n a rra tiv a b íb lic a de m odo q u e el pad re,
A braham , p u e d a re c o n c ilia rse con su h ijo . A gar e ra u n a e s­
clava q u e le dio a A braham u n h ijo llam ad o Ism ael cu an d o
a Sara, su e sp o sa le g ítim a , se la co nsideró in f é r til. Luego,
se g ú n la B iblia, Sara quedó e m b a ra z ad a y dio n a c im ie n to a
Isaac. D espués del n a c im ie n to de Isaac, Agar, q u ie n n u n c a
h a b ía sido p le n a m e n te a c e p ta d a en la tr ib u a p e sa r de ser
la m adre del hijo de A braham , fu e c o m p le ta m e n te re c h a z a ­
d a y e x p u lsa d a al d e sie rto . A gar sig n ifica J,extranjera,r. Ella
era de E gipto y cu an d o q u ed ó em b a ra z ad a Dios le p ro m etió
q ue su hijo se ría el a n c e stro de u n a g ran n a c ió n . Esa g ran
n a c ió n es e l p u e b lo árabe.
B enslam a se ñ a la el h e c h o de que los fu n d a m e n to s t e o ­
lógicos del islam e s tá n m arcad o s p o r la id e n tific a c ió n de la
m u jer co n el p e lig ro . El Corán (1 9 :2 8 ) h a b la de la in m e n sa
co n d ic ió n e n g a ñ o sa de la m ujer, que no tie n e n i razó n
n i re lig ió n . La v isib ilid a d del ro stro de la m u jer es el o ri­
g en de la c u lp a , p o rq u e el ho m b re es in c a p a z de c o n tro la r
su p ro p ia re a c c ió n a n te e s ta v isio n . S eg ú n B en slam a, el
re c h a z o islám ico de ta v isib ilid a d y, p a rtic u la rm e n te , la
v isib ilid a d d e l ro stro fe m e n in o n o es, com o e n la filo so ­
fía p la tó n ic a , u n a c o n se c u e n c ia d el c a rá c te r ilu so rio de
lo v isib le. Al c o n tra rio , la v isió n y la v e rd a d tie n e n u n a
re la c ió n d ire c ta : v e r p e rm ite a b n r ios ojos a la v e rd a d y la
v e rd a d debe se r o c u lta d a . ^V elada, d e sv e la d a , re v e la d a , es­
to s son los tre s estadios que operan e n la teología de la m ujer:
in ic ia lm e n te v e la d a , es d esv elad a p a ra d e m o stra r la v erd ad
o rig in a ria y lu e g o re v e la d a e n ra z ó n de la c re e n c ia e n esa
v e rd a d d el o rig e n . P orque, u n a v ez e sta b le c id a , la v erd ad
a sp ira a o c u lta r la n a d a p o r la q u e h a pasado^.2122
La v isib ilid a d de la m u jer es u n p e lig ro p a ra la id e n ti­
d a d m a sc u lin a y p a ra la c o m u n id a d e n sí m ism a.

Como un orificio visual incontrolable, él puede ser penetrado


por revelaciones femeninas que lo poseen y lo someten hasta el
punto de hacerlo olvidar la ley. [...] El discurso teológico nos
ha presentado continuamente la confusión del hombre en torno
a la mujer, una perturbación que está relacionada con el poder
clarividente de la mujer, con su conocimiento de la alteridad y
22
con la confusión originaria ante la identidad de su ser.

O c u lta r la p e rtu rb a d o ra v e rd a d q u e im p re g n a la v id a
c o tid ia n a y la s re la c io n e s p o lític a s es la v e rd a d e ra m o ti­
v a c ió n d el velo m u su lm á n . Las v erd ad es d el c u e rp o , de
la s in g u la rid a d y del deseo d e b e n se r n e g a d a s y o c u lta ­
d a s con e l fin de p ro te g e r la c o h e sio n de la c o m u n id ad .
La c u ltu ra m u su lm a n a e s tá b a sa d a , e se n c ia lm e n te , e n el
su p u e s to de q u e el in d iv id u o o b tie n e le g itim id a d y c o n ­
s is te n c ia p sico ló g ica solo cu an d o p e rte n e c e a la coxnuni-

2 1 . Fethi Benslama, Psychoanalysis and the Challenge o f Islam, Minneapo­


lis, Universidad de Minnesota, 2009, p . 136.
22. Ibíd., p p .138 y 139.
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I C A
OE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

d ad . Las m u e stra s de sin g u la rid a d , p o r lo ta n to , d e b e n se r


o c u lta d a s y si es p o sib le e lim in a d a s.

VERDAD, EFECTIVIDAD, ICONOCRACIA

En el m u n d o c ristia n o ta n to la ic o n o filia o rto d o x a com o la


ic o n o c la sia c o m p a rte n la m ism a fu rio sa p a sió n p o r la tr a s ­
c e n d e n c ia. La re p re s e n ta c ió n h u m a n is ta su rg ió d e l a b a n ­
dono de e s ta p a sió n y de u n in te r é s m ás rico y m u ltifa c é -
tic o p o r la re a lid a d de la v id a h u m a n a . S e g ú n M ondzain
en Image, Icon, Economy [Im ag en , ic o n o , e c o n o m ía ], el
ico n o n o d e b e ría c o n fu n d irse co n u n a re p re s e n ta c ió n . En
e l ico n o lo q u e c u e n ta no es e l o b jeto de re p re s e n ta c ió n ,
sin o s u c a re n c ia, su a u se n c ia e s p ir itu a l.23 El ico n o es la
fig u ra c ió n de la im p o sib ilid a d de la fig u ra c ió n . M ondzain
h a c e u n reco rrid o p o r la h is to r ia del siste m a g e n e ra l de

¿
v isib ilid a d , e m p e z a n d o p o r la g u e rra e n tre la ic o n o c la sia y


t
la ico n o filia e n la e ra b iz a n tin a .
S eg ú n la a u to ra , la re la c ió n e n tre lo v isib le y lo in ­
v isib le c o n s titu y e el n ú cleo de la h is to ria eco n ó m ica. De
h e c h o , la e c o n o m ía es la e sfe ra e n la c u a l la s co sas m a te ­
ria le s q u e so n v isib les, ta n g ib le s y u sa b le s so n in te r p r e ta ­
d as e in te rc a m b ia d a s e n té rm in o s de a b stra c c ió n , es decir,
de d in e ro y valor.
La sen sib ilid ad o rto d o x a e s tá c e n tra d a , p rin c ip a lm e n ­
te , e n la v erd ad , la in te rio rid a d , la in te n s id a d y la p u re z a ,
m ie n tra s que la v e rsió n c a tó lic a de la le lig ió n p e rsig u e la
e fe c tiv id a d de la p a la b ra , de la im ag en y del g esto.
El m u n d o c ris tia n o o r ie n ta l e s tá d iv id id o e n tr e la ic o ­
n o c la sia y la ic o n o d u lía e n n o m b re de la v e rd a d . Para los
ic o n o c la sta s, se deb e re c h a z a r la im a g e n p o rq u e es u n a

23. Marie-José Mondzain, Image, Icon, Economy: The Byzantine Origins of


the Contemporary Imagination, Stanford, Stanford University Press, 2004.
m e n tira ; p a ra los ic o n ó d u lo s, la im ag en d eb e s e r a su m i­
d a como u n paso e n el cam ino hacia la experiencia ascética,
com o e l sig n o de u n a a u se n c ia y ta m b ié n com o u n a a y u d a
p a ra la m ay o ría de lo s fieles.
Pero e n el p erío d o q u e sig u ió a la R eform a p r o te s ta n ­
te , la Ig le sia c a tó lic a y á n o p e n só e n té rm in o s de v e rd a d ,
sin o e n té rm in o s de p e rsu a sió n y eficacia. En e sto co n sis­
tió la innovación barroca. La im agen era u n a rte fa cto y a u n
a rte fa c to n o se lo p u e d e ju z g a r se g ú n c rite rio s de v e rd a d o
fa lse d a d . E ste deb e se r ju z g a d o , m ás b ie n , e n té rm in o s de
eficacia. La eficacia n o se lim ita al p ro b le m a de la p ro p a ­
g ació n de la fe, sin o q u e se re fiere a la c reació n d e l po d er,
d el co n sen so p o lític o . A quí e n c o n tra m o s las b a se s de la
ico n o c ra c ia m o d e rn a , el p o d e r de las im ág en es.
En la Edad M oderna, la im ag en invadió el espacio u rb a ­
no gracias a las te c n o lo g ía s de rep ro d u cció n , las m áq u in as
de im p re s ió n a la e le c tric id ad y, fin a lm e n te , gracias a la si­
m u lación d ig ita l. La econom ía y el e sp ectácu lo ev o lu cio n a-
rori de la m ano.
La g lo b a liz a c ió n de la s im á g e n e s corre e n p a ra le lo con
la g lo b alizació n eco n ó m ica, y la in te g ra c ió n de la im ag en
e n el pro ceso de v a lo riz a c ió n es s im u ltá n e a a la su b su n -
ció n de la c re a tiv id a d h u m a n a y la p o te n c ia in te le c tu a l
p o r la fo rm a g e n e ra l d el se m io c a p ita l. Podem os, p o r lo
ta n to , v e r la M odernidad com o u n a e ra ic o n o c rá tic a .

CULTURA VISUAL Y GLOBALIZACIÓN

D espués de u n corto período de tiem po de h a b e r estad o in ­


m ersa e n u n en to rn o video-conectivo, la m e n te h u m an a h a
adquirido com petencias cognitivas ta le s como la capacidad
de leer im ágenes electrónicas, e n te n d e r el significado de los
flujos reco m b in an tes de inform ación v isu al e in te ra c tu a r con
la m áq u in a conectiva. Sin em bargo, los m odos de elab o ra­
ció n c u ltu ra l y psicológica no se h a n adaptado ta n rápido.
LA G E N E A L O G I A E ST E T I C A
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

La re te rrito ria liz a c ió n id e n tita r ia es, a m en u d o , u n a


re s p u e s ta a la d e ste rrito ria liz a c ió n ;te c n o -im a g in a ria . E sta
reacció n co n d u ce al su rg im ie n to de p a to lo g ía s m a n ia c o -d e ­
p resiv as com o e l p á n ic o , la d e p re sió n y la p a to lo g ía p o lític a
del fa n a tism o m asivo. E sta es la ra z ó n p o r la cu al la v isió n
de u n im p erio g lo b al pacífico, q u e prevaleció e n lo s añ o s
n o v e n ta , falló. C om partida p o r p en sad o res te c n o -lib e ra le s
com o K evin K elly y p o r m a rx ista s rad icales com o Toni Ne­
g ri, e s ta v isio n e s ta b a b a sa d a e n el s u p u e sto de q ue la
d em ocracia y la im p le m e n ta c ió n te c n o ló g ic a de la p o te n c ia
in te le c tu a l d e l cerebro so cial e s ta b a n a n u e s tro alcance.
D espués del colapso de la s em p resas p u n to -c o m en
a b ril del año 2000 y del b o m bardeo de las Torres Geme­
la s en 2001, la g u e rra pasó a se r el ce n tro d e l p a n o ra m a
m u n d ial; a u n q u e la g lo b alizació n no re tro c e d ió , p u e s y a
h a b ía recodificado ta n to el im a g in a rio como el e stilo de co­
m u n icació n te c n o c o g n itiv a . El im p erio d e ste rrito ria liz a d o

¿
provocó el re su rg im ie n to de u n a te rrito ria lid a d agresiva,

I ,
pero las ^djentidades te rrito ria le s solo p o d ía n ex p resarse en
el le n g u a je d e ste rrito ria liz a d o y a tra v é s de los m edios té c ­
nicos d e s te rrito ria liz a n te s de la red global. Y e s te le n g u a je
es p rin c ip a lm e n te v is u a l.24
Según McLuhan, la tra n sic ió n del en to rn o in d u stria l m o­
derno al electrónico im plica que la configuración im p era en la
cu ltu ra. A m edida que se reem plaza el p a tró n secuencial de la
escritu ra im presa con la configuración de im ágenes, ta m en ­
te social tie n d e a reem plazar lo crítico con u n a m etodología
de in te rp re ta c ió n m itológica. La evaluación crítica es posible
solo cuando el intercam bio de signos es lo su ficien tem en ­
te len to para poder ser exam inado secuencialm ente p o r u n
lecto r y cuando e l recep to r dispone de tiem p o p a ra discernir
en tre la verdad y la falsedad. Esto es lo que se llam a crítica.

24. Nicholas Mirzoeff, Una introducción a la cultura vzsuaZ/Barcelona,


Paidós, 2003.
La in fo rm a c ió n v isu a l, p a rtic u la rm e n te e l flu jo ele c ­
tró n ic o de c o n fig u ra c io n es, es dem asiad o rá p id o p a ra la
exaxninación c rític a . La m e n te v isu a l, p o r lo ta n to , tie n d e
a c o m p re n d e r e s te flujo a p a r tir de m arcos de in te r p r e ta ­
ció n m ito ló g ico s.
Lo v is u a l (e n e s te c o n te x to ) tie n e p oco q u e v e r co n
la r e p re s e n ta c ió n . El c o n c e p to de c u ltu r a v is u a l no r e ­
fie re a fo rm a s re p re s e n ta c io n a le s , sin o m ás b ie n a u n
m odo y u n a v e lo c id a d de e m a n a c ió n y de re c e p c ió n de
c u a lq u ie r tip o de s ig n o . Las p a la b ra s y lo s te x to s p a s a n a
fo rm a r p a r te de la c u ltu r a v is u a l c u a n d o s u e x p o sic ió n se
a c e le ra t a n to q u e so n a p re h e n d id o s s in té tic a m e n te com o
e s tim u la c ió n v is u a l, m ás q u e d e c o d ific a d o s e i n t e r p r e t a ­
d o s s e c u e n c ia lm e n te .
El te x to e sc rito n o e s tá d e sa p a re cie n d o b ajo lo s efec- ;
to s de lo s m edios te c n o ló g ic o s e le c tró n ic o s. Los m en sajes
de te x to del celular, de h e c h o , h a n in c re m e n ta d o e n o r­
m e m e n te la c a n tid a d de te x to e sc rito q u e c ircu la e n la
in fo e sfe ra . Pero los m en sajes de te x to fo rm a n p a r te de lo
v isu a l y d e m a n d a n p ro c e d im ie n to s v isu a le s y co n fig u ra - :
d ó n a le s de re c e p c ió n e in te rp re ta c ió n . Las té c n ic a s de e s - :
c ritu ra c a m b ia n , se v u e lv e n cad a vez m ás s in té tic a s , co n - ■;
fig u ra c io n a les, rá p id a s, a c rític a s y m ito ló g icas. P ensem os
e n T w itte r com o ejem plo. ;
Las im á g e n e s tr a b a ja n com o a c tiv a d o re s de cad en as
c o g n itiv a s q u e tra s c ie n d e n ta n to lo s lím ite s del le n g u a je
v e rb a l com o los códigos de in te r p r e ta c ió n n a c io n a le s y
lo cales. C uanto m ás p u e d a tra d u c irse a im á g e n e s u n co n - ^
te n id o c u ltu ra l, m ás a m p lia m e n te p o d rá d ise m in a rse , y a
q u e la s im á g e n e s so n m enos d e p e n d ie n te s q u e la s p alab ras
de la te r r ito r ia lid a d d e l id io m a n a c io n a l. .|
La co n fig u ració n v isu a l h a fo m en tad o la in te g ra c ió n
e n tre la c u ltu ra o c c id e n ta l y la le ja n a c u ltu ra o rie n ta l b a sa ­
d a e n la e sc ritu ra id eo g ráfica. La p u b licid ad , la te le v isio n ,
lo s éx ito s de ta q u illa de H ollyw ood y B ollyw ood, m ás que
lo s libros, h a n sido los re sp o n sab les de la globalizació n .
LA G E N E A L O G Í A E S T É T I C A
DE LA G L O B A L I Z A C I Ó N

El p ro ceso de g lo b a liz a c ió n o c u rre e n u n n iv e l m ucho


m ás p ro fu n d o q u e e n e l q u e se d e sa rro lla n los p ro ceso s
p o lític o s. El colapso d el Im p e rio so v iético n o fu e u n e fe c to
de p e rsu a sió n p o lític a , sin o , e n to d o caso , el re s u lta d o de
la g lo b a liz a c ió n c u ltu ra l q u e lo s m ed io s de c o m u n ic a c ió n
e le c tró n ic o s h ic ie ro n p o sib le e n los a ñ o s o c h e n ta .
En su libro La guerra de las imágenes,25 e l a n tro p ó lo ­
go Serge G ruzinski se re m o n ta a los o ríg e n e s d el p ro ceso
de g lo b alizació n v isu a l c o m en zan d o p o r el e n c u e n tro de
la v isu a lid a d p re c o lo m b in a m e x ic a n a con el b a rro c o . El
leg ad o v isu a l de lo s p u e b lo s in d íg e n a s, v in c u la d o a l uso
de su s ta n c ia s a lu c in ó g e n a s y a u n a m u ltifa c é tic a im a g i­
n a c ió n re lig io sa , fu e d o m in ad o y a b so rb id o p o r la m ito ­
lo g ía y la im a g in a c ió n c ris tia n a s . S in em b arg o , e sto no
elim inó la m em oria v isu a l y m ito ló g ic a in d íg e n a , sin o q u e
provocó u n a c o n ta m in a c ió n q u e co n d u jo al re fo rm a te o ,
a u n a re c o n fig u ra c ió n de la d o c trin a c a tó lic a e n sí m is­

¿
m a. El p o d e r su g e stiv o d e l im a g in a rio b arro co p e n e tró e n


,
la im a g in a c ió n de la s p o b la c io n e s lo cales. Los in d íg e n a s
re a c c io n a ro n a la re p re sió n c a tó lic a de la s im á g e n e s p a ­
g a n a s co n m a n ip u la c io n e s, tra d u c c io n e s y a sim ilacio n es
que tu v ie ro n com o re su lta d o e l rico im a g in a rio d e l sin c re ­
tism o q u e c o n s titu y e la c u ltu r a p o p u la r de g ra n p a r te de
A m érica L a tin a .
En el im a g in a rio no o p e ra el p rin c ip io de c o n tra d ic ­
c ió n , y la s p e rsp e c tiv a s in c o m p a tib le s p u e d e n co ex istir,
como lo h a c e n e n el in c o n s c ie n te , se g ú n F reud.

25. Serge Gruzinski, La guerra de las imágenes. De Cristóbal Colón a Blade


Runner (1492-2019), México D.F., Fondo de Cultura Económica, 1994.
CN EL C U E R P O DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

LU
l w d
¿Cuál es La historia de la reLadón entre la potencia
tecno-dentifica y el cuerpo sociaL y, particularmente,
cuál es La genealogía del capitalismo financiero desde
el punto de vista del lenguaje y de la evolución técni­
ca de La producción? Según Marx, La expresión g e n e r a l
in te lle c t hace referencia al desarrollo det conocimiento
técnico y científico como fuerza productiva. ,Jñ de­
sarrollo del capital fijo revela hasta qué punto eL co­
nocimiento social general se ha convertido e n f u e r z a
p r o d u c tiv a in m e d ia ta , y, por lo tanto, hasta qué punto
las condiciones deL proceso de la vida social misma
han entrado bajo Los controles del g e n e r a l in te lle c t y
han sido remodeladas conforme a estew. A medida que
el g e n e r a l i n t e lle c t se desarroUa como una fuerza pro­
ductiva, es capturado por La máquina abstracta de La
semiovaLorización y es separado de su cuerpo sociaL y
afectivo. Esta captura del g e n e r a l in te lle c t y eL some­
timiento del conocimiento a La Lógica de La economía
basada en Las ganancias son características distintivas
del semiocapitalismo.
Los trabajadores cognitivos, el cognitariado, su­
fren una nueva forma de alienación, provocada por la
separación de La actividad virtual de su existencia y
comunicación corporaし
La recomposición del g e n e r a l in te lle c t como una
fuerza social y política soLo es posible cuando la po­
tencia intelectual del trabajo se reúne con el cuerpo
afectivo de los trabajadores cognitivos. Por consi­
guiente, este proceso de recomposición deL trabajo
cognitivo pasa, simultáneamente, por eL Lenguaje y
por el cuerpo.


L E N G U A JE , L IM IT E , EXCESO

PROFECÍA, INMINENCIA, POSIBILIDAD

Si in te n ta m o s c a rto g ra fia r u n a fe n o m e n o lo g ía del p a n o ­


ram a e s té tic o c o n te m p o rá n e o , n o ta re m o s q u e im p e ra u n a
im a g in a c ió n p ro fé tic a o scu ra. La p ro fe c ía no es u n a p re ­
d icció n a b s tra c ta del fu tu r o , sino q u e tie n e q u e v er con
la in m in e n c ia .
La in m in e n c ia es a q u e llo q u e el p re s e n te d e ja v er so ­
bre el fu tu ro , el h o riz o n te d esd e el cu al el p re s e n te rev ela
u n a p o sib ilid a d e n c ie rn e s. La in m in e n c ia es in m a n e n te ,
e s tá in s c rip ta e n el p re s e n te . No h a y tra s c e n d e n c ia e n ­
v u e lta e n ella. Toda ev o lu c ió n p o sib le y a e s tá a q u í. Pero
las p o sib ilid a d e s so n m u ch as y d ife re n te s .
La in m a n e n c ia es la c u a lid a d de e s ta r d e n tro del p ro ­
ceso. Es la in h e re n c ia de u n a cosa e n la o tra . El fu tu ro
e s tá in s c rip to e n la p re s e n te e s tr u c tu r a d el m u n d o como
u n ab a n ic o de p o sib ilid a d e s, com o u n a te n d e n c ia q ue
p o d em o s im ag in ar, s e n tir y p e rc ib ir a u n q u e no podam o s
v e rla c la ra m e n te . La p ro fe c ía es, de h e c h o , u n a s u e rte de
p re m o n ic ió n , u n se n tid o v ib ra to rio de la in tu ic ió n q ue n o s
p e rm ite s e n tir el fu tu ro com o u n a te n d e n c ia . El a c tu a l e s­
ta d o del m undo p u e d e ser d e sc rip to como la c o n c u rre n c ia
v ib ra to ria de m u ch as p o sib ilid a d e s. ¿Cómo n a c e el ev en to
a p a r tir de las v ib ra c io n e s caó tic a s? ¿Por qué, e n tr e to d a s
la s o p c io n e s de d e sa rro llo , p rev alece solo u n a ?
La re la c ió n e n tre los e sta d o s del m u n d o , e n tre el a h o ra
y el m a ñ a n a , el p re s e n te y el fu tu ro no es u n a re la c ió n
de n e c e sid a d . El p re s e n te no c o n tie n e al fu tu ro com o u n
d esarro llo lin e a l. El su rg im ie n to de u n a fo rm a e n tr e las
m u ch as p o sib les es el e fe c to p ro v isio n a l e in e s ta b le de
u n a p o la riz a c ió n , es la fijació n de u n p a tró n . En el cam po
so cial, la em e rg e n c ia de u n a form a es el e fe c to de u n a
red u c c ió n e n la a le a to rie d a d de la su b je tiv id a d .
La se n sib ilid a d e s té tic a c o n siste e n u n a s in to n iz a c ió n
d e n tro de la p lu ra lid a d v ib ra to ria de p o sib ilid a d e s y en la
d e te c c ió n de u n a in c lin a c ió n fa c tib le e n té rm in o s de su
ev o lu ció n . El acto p o é tic o es la in sin u a c ió n p ro fé tic a del
clinamen,1 del p u n to de p re c ip ita c ió n y fijació n d el m ovi­
m ie n to v ib ra to rio de los e v e n to s p o sib les.
En la p ro d u cció n e s té tic a c o n te m p o rá n e a re s u lta fácil
d e te c ta r signos de u n Zeitgeist oscuro. El Zeitgeist, el e sp í­
r itu del tie m p o , in v o lu cra u n a p ercep ció n de la in m in e n c ia .
En la fe n o m e n o lo g ía e s té tic a de n u e s tro tie m p o se h a ­
lla a m p lia m e n te e n ju e g o u n a im a g in a c ió n a p o c a líp tic a .
El a rte , la p o e sía , ta lite r a tu r a , la m úsica y el cin e d ib u ja n
u n p a isa je de o sc u rid a d in m in e n te : in v o lu c ió n so cial, de-
c ad en cia físic a y n e u ro to ta lita ris n io .

1 .La teoría del clinamen de Epicuro defiende la idea de que, en determina­


dos momentos de sus trayectorias, los átomos sufren inclinaciones imprevis­
tas y espontáneas. Esta teoría física le sirvió a Epicuro para deshacerse de la
idea aristotélica del motor inmóvil como causa primera de todo movimiento,
y así defender el libre albedrío como fundamento de toda acción ética. Estas
ideas fueron recuperadas por Althusser en el libro ΡαΓα un materialismo
aleatorio, Madrid, Arena Libros, 2002. [N. de la T.]
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

Toda p ro fecía es e n a lg ú n p u n to u n a p ro fecía a u to -


rre a liz a d a , p o rq u e e llas p re d isp o n e n a la im a g in a c ió n so ­
cial a e sp e ra r u n a d e te rm in a d a e v o lu ció n y c o n fig u ra n la
p e rc e p c ió n co m ú n de t a l m odo q u e a q u e llo q u e e se n c ia l­
m e n te e ra u n a p re v isio n se c o n v ie rte e n s e n tid o c o m ú n .
El p a n o ra m a a rtís tic o d el nuevo siglo p a re c e e s ta r
re p le to de u n im a g in a rio d istó p ic o , de d e sc rip c io n e s d e ­
p resiv as del p re s e n te y de e sc e n a rio s a te rra d o re s sobre
el fu tu ro in m in e n te . Con e sto m e refiero a los é x ito s de
ta q u illa como Los juegos del hambrer p ero ta m b ié n al t r a ­
b ajo de so fisticad o s c in e a s ta s , com o el co rean o Kim Ki-
d u k (Hierro 3, Piedad) y el ch in o 3ia Z hangke (Naturaleza
muerta, Un toque de violencia); y ta m b ié n a n o v elas como
El círculo de Dave Eggers o Las correcciones de J o n a th a n
F ra n z e n . U na c o n c ie n c ia c ín ic a p arece b r o ta r de la im a g i­
n a c ió n c o n te m p o rá n e a , se ñ a la n d o la a c e p ta c ió n re sig n a d a
de la in e v ita b le m ise ria de la v id a p re c a ria.

¿一_
Sin em bargo, el acto p o é tic o ta m b ié n p u e d e se r la e x ­
p e rim e n ta c ió n e s té tic a de u n cam bio e n la se m io tiz a c ió n
d el m u n d o . E ste p u e d e tra n s fo rm a r el a lg o ritm o se n sitiv o
q ue p ercib e y p ro y e c ta el m u n d o . La n a rra c ió n y la p o e sía
e x h ib e n form as de a cció n y de a v e n tu ra que p u e d e n ser
re c re ad a s e n la v id a . Ellas so n u n a mitopoiesis, la creació n
de m ito lo g ía s q u e re c o n ñ g u ra n la s e x p e c ta tiv a s .
La p ro fe c ía es la e n u n c ia c ió n de u n a te n d e n c ia p e r ­
cib id a e n c u a n to m o v im ien to del e n to rn o h a c ia u n a d e ­
te rm in a d a d irecció n . La c o m p lejid ad v ib ra to ria d el m undo
p u e d e se r in te r p r e ta d a e n té rm in o s de p o sib ilid a d e s co e­
x is te n te s , c o n flic tiv a s e in te ra c tiv a s . U na te n d e n c ia es la
a lte r n a tiv a q u e p a re c e p re v a le c er e n u n d e te rm in a d o m o­
m e n to del p ro ceso v ib ra to rio y q u e co n d u ce a u n e v e n to ,
a la p ró x im a g eo g rafía po sib le.
El a c to p o é tic o p u e d e s e i c o n c e b id o com o u n d is ip a ­
d o r d e l p e sim ism o , com o u n a in g e n ie r ía s e m ió tic a d e s ­
tin a d a a h a c e r d e s a p a re c e r la p ro fe c ía a u to c u m p lid a de
la d e p re sió n .
LA POESÍA COMO EXCESO
' a
¿Por q u é los seres h u m a n o s a b o rd a n la s p a la b ra s, lo s so ­
n id o s y los sig n o s v isu a le s p o é tic a m e n te ? ¿Por q u é se
d e sp la z a n d e l n iv e l de la sem iosis? ¿Por q u é s u s tra e n lo s 1
sig n o s d el m arco de in te rc a m b io e sta b le c id o ?
H ö ld erlin re sp o n d e a e s ta p r e g u n ta e n su ta rd ío
p o e m a "En el am ab le a z u l ” :

Lleno de méritos, sin embargo poéticamente, habita


2
el hombre esta tierra.

H e id e g g e r y o tro s filó so fo s h a n d isc u tid o e l te x to de


H ö ld e rlin a su m a n e ra . Mi in te n c ió n a q u í es e n c o n tra r
u n a d im e n sió n d el a c to p o é tic o que p u e d a se r v is ta , e n
p a la b ra s de e s te p o e ta a le m á n , com o o p u e s ta a lo s méri­
tos d el ho m b re.
¿Qué es el m érito? Yo d iría q u e el m érito es la cualid ad
de ser valioso, o m ereced o r de re co n o cim ien to o reco m p en ­
sa, la c u alid ad de sa tisfa c e r la m ed id a (co n v en cio n al) que
co n ciern e al v alo r (co n v en cio n al) de los in d iv id u o s e n su
in te ra c c ió n de u n o s con o tro s e n la esc e n a social.
Los se re s so ciales e s tá n , m ás o m en o s, lle n o s de m é - .
rito s. Ellos m e re c e n re c o n o c im ie n to cu an d o in te rc a m b ia n
p a la b ra s y accio n es de u n a m a n e ra m e rito ria , y re c ib e n
u n a e sp e c ie de pago m o ral q u e es el m u tu o e n te n d im ie n to
y la co n firm ació n de su lu g a r d e n tro del te a tr o d el in te r ­
cam bio social.
Pero el m érito , el pago m oral y el reco n o cim ien to p e r­
te n e c e n a la esfera de lo co n v en cio n al. Cuando los h u m an o s
in te rc a m b ia n p alab ras e n el espacio social, p re su p o n e n que
sus p alab ras p o se e n u n significado estab lecid o y p ro d u cen -2

2. Citado en Martin Heidegger, Conferencias y artículos, Barcelona, Serbal,


1994, p . 169.
L E N G U A J E , L I M I T E , EXCESO

u n efecto predecible. Sin em bargo, podem os h a c e r cosas


co n las p alab ras que ro m p e n la relació n e sta b le c id a e n tre
sig n ific a n te y significado y ab rir n u ev as p o sib ilid ad es de
in te rp re ta c ió n , nuevos h o riz o n te s de significado.
En la s ú ltim a s lín e a s del p o e m a , H ö ld erlin e scrib e:

¿Hay en la tierra una medida? No hay

I ninguna.3

La m e d id a es u n a c o n v e n c ió n , u n acu erd o in te r s u b je ­
tiv o que fu n c io n a com o c o n d ic ió n del m é rito o re c o n o c i­
m ie n to so cial. La p o e sía es el exceso q u e ro m p e el lím ite
y e sc a p a a la m esu ra.
La a m b ig ü e d a d d el le n g u a je p o é tic o es, de h e c h o , u n
efe c to de su p e rin c lu siv id a d se m á n tic a . Como e t e sq u iz o ­
fré n ic o , e l p o e ta n o re s p e ta lo s lím ite s c o n v e n c io n a le s e n
la re la c ió n e n tr e sig n ific a n te y sig n ificad o , y re v e la e l ca­

¿
rá c te r in a g o ta b le d el pro ceso de a trib u c ió n de sig n ificad o .

I _
El exceso es la co n d ic ió n de e s ta rev elació n .
El m u n d o es e l e fe c to de u n p ro ceso de o rg a n iz a c ió n
se m ió tic a de la m a te ria p re lin g ü ís tic a . El le n g u a je o rg a ­
n iz a el tie m p o , el esp acio y la m a te ria de ta l m a n e ra que
se v u e lv e n reco n o cib les p a ra la c o n c ie n c ia h u m a n a . E ste
pro ceso de e m a n a c ió n s e m ió tic a no es algo d ado n a t u ­
ra lm e n te , es m ás b ie n u n a p e r p e tu a re o rg a n iz a c ió n , u n a
c o n tin u a refo rm u la c ió n d e l e n to rn o . La p o e sía se p u e d e
d e fin ir com o la e x p e rie n c ia de esa re o rg a n iz a c ió n y re-
c o m b in ació n de p a tro n e s co n la s p ro y eccio n es d el m u n d o .
El in te n to de d e fin ic ió n q u e acabo de re a liz a r es a rb i­
tra rio e ilíc ito , p o rq u e la p r e g u n ta ''¿ q u é es la p o e sía ? w no
p u e d e s e r re sp o n d id a . No p u e d o decir lo q u e es la p o e sía ,
p o rq u e de h e c h o , la p o e sía no es n a d a . Solo p o dem o s i n ­
t e n ta r d e c ir lo q u e la p o e sía hace.

3. Ibíd.
El acto de co m p o n er signos, y a se a n v isu ales, lin g ü ís ti­
cos, m usicales, e tc ., p u e d e revelar u n espacio de significado
q ue no e x iste e n la n a tu ra le z a y que no e s tá basad o e n u n a
co n v en ció n social.
El acto poético es la em anación de u n ñu jo sem iótico que
arroja u n a luz de significado no convencional e n el m undo
e x isten te. Es u n exceso sem iótico que se in sin ú a m ás allá de
los lím ites del significado convencional. S im ultáneam ente,
revela u n a posible esfera de la experiencia que no h a sido
previam ente experim entada, a saber, lo "experienciaW e”. El
acto poético a c tú a en el lím ite e n tre el consciente y el in ­
consciente, de ta l m anera que e ste lím ite se desplaza y p artes
del paisaje in co n scien te (el Ausland interior, el íntim o país
ex tranjero) se ilu m in an o disto rsio n an y se re-significan.
Dicho e sto , no h e dicho n a d a , casi n a d a o m uy poco.
La p o esía es el acto de le n g u a je que no p u e d e ser defin id o ,
y a que de-finir significa p o n e r lím ite s. La p o e sía es, p reci­
sam en te, el exceso m ás allá de los lím ite s del le n g u a je , que
so n los lím ite s del m undo. No podem os d efin ir la p o esía n i
los acto s p o é tic o s. Solo u n a fen o m en o lo g ía de los ev en to s
p o é tic o s p u e d e d arn o s u n m ap a de sus p osibilidad es.

EL MUNDO Y EL MANTRA

La producción sem iótica se da en tre los polos de rep resen ta­


ción e inm ersión. El signo puede actuar como u n a re-presen-
tación de la realidad o como u n activador de cadenas asociati­
vas y u n estim ulador de la sensibilidad. En el prim er caso, el
a rtista es activo y aquellos que lo rodean son ta n solo espec­
tadores. En el segundo caso, el a rte es la fu e n te nootrópica4

4. Los nootrópicos son fármacos que funcionan como estimulantes cogni-


tivos y potenciadores de la memoria que elevan las capacidades cerebrales.
[N. de la T.]
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

de estim ulación m ental, que a c tú a directam ente en la percep­


ción, la cognición y el com portam iento. El a rtista a c tú a como
el cham án que conoce las reglas del ritu a l y el efecto (tan to
orgánico como sem iótico) de la sustancia capaz de desencade­
n a r u n proceso psicodélico de estim ulación m ental.
En la m ú sica, el ser e n v o lv e n te es u n a de sus ca ra c ­
te rís tic a s in trín s e c a s . La m ú sica no significa. En cam bio,
a c tú a p a ra e s tim u la r e in m e d ia ta m e n te m o d ificar e sta d o s
m e n ta le s sin la m e d ia c ió n de la sig n ific a c ió n . Fue p o r e s ta
ra z ó n q u e el sim bolism o e n fa tiz ó el e fe c to e n v o lv e n te de
las p a la b ra s, su m a te ria so n o ra y su s e n su a lid a d a u d iti­
va. La m u sicalid ad es su m a m e n te im p o rta n te e n la p o e sía
p o rq u e la p o te n c ia ev o cad o ra de las v ib ra c io n e s m u sicales
a c tú a de form a d ire c ta en la m e n te . En la acció n m u sical,
sig n ific a n te y sig n ificad o no e s tá n se p a ra d o s, y la m ú sica
p rovoca e fe c to s de e stim u la c ió n a -sig n ific a n te e n v o lv e n te .
wLa p o e sía e s tá m ás a llá de la p ro sa , p o rq u e su ritm o crea
u n a u n id a d su p e rio r q u e rom pe las ca d e n a s q u e s u je ta n al
e s p íritu . Pero la m úsica es a ú n m ás s u til que la p o e sía , e n
ta n to q u e nos h ace tra s c e n d e r el se n tid o de las p a la b ra s y
nos coloca e n u n e sta d o de re c e p tiv id a d in tu itiv a " ·5
A lex an d er Blok, el p o e ta sim b o lista que fu e ta n im ­
p o r ta n te e n el p a n o ra m a lite ra rio ru so e n las p rim eras
d écad as del siglo p a sa d o , escrib e: wLa m ú sica es la m ás
p e rfe c ta de las a rte s , p rin c ip a lm e n te p o rq u e e x p re sa y re ­
fleja, e n to d a su m a g n itu d , el d iseñ o del Gran A rq u ite c to .
[ ...] La m úsica c rea al m u n d o y es el c u erp o e s p iritu a l de
e ste , p e n sa m ie n to flu id o [ ...] la p o e sía , y en d o m ás allá
de su s lím ite s, p ro b a b le m e n te , se a h o g a ría e n la m ú s ic a " 6
La m ú sica es la ritu a liz a c ió n del ru id o . Es u n r itu a l sin
sig n ificad o . R ené D aum al, al h a b la r de la m ú sica h in d ú

5. Lama Anagarika Govinda, Fundamentos de la mística tibetana, Editor


TitíviUus, 1956, p . 17.
6. Del diario de Alexander Blok, 29 de junio, 1909.
e n su lib ro Bharata, c o m ie n z a p o r la d istin c ió n e n tre mot
[p alab ra] y parole [h a b la ]. La parole est plus réel que les
mots [El h a b la es m ás re a l q u e la s p a la b ra s].
Parole e n e s te c o n te x to es la p a la b ra no d e n o ta tiv a ,
la e stim u la c ió n sen sib le que difiere de la p a la b ra como
d e n o ta c ió n , mot. La d ife re n c ia e n tre e sto s dos té rm in o s
fra n c e se s, se g ú n F e rd in a n d de S au ssu re, es la d ife re n c ia
q u e e x iste e n tre la m a te ria lid a d so n o ra y la sig n ificació n
d e n o ta tiv a . En parole, re s u e n a la sin g u la rid a d de la voz.
La m ú sica o c c id e n ta l h a in te rn a liz a d o la re g la de la su c e ­
sió n so n o ra bajo la form a de la m elo d ía, e n la c o n s tru c ­
ció n del contrappunto y la n o ta c ió n c o n v e n c io n a l. E sta
fo rm a liz a ció n tie n d e a s e p a ra r la m úsica de la sin g u la rid a d
de la voz e n c u a n to e v e n to , es decir, e n ta n to s itu a c ió n
irre p e tib le e n el tie m p o .
La m úsica h in d ú h a re su e lto su re la c ió n con la m elo­
d ía de u n m odo pecu liar. La in d iv id u a lid a d de los m úsicos
o c c id e n ta les se h ace e v id e n te e n la creació n de u n a su ce­
sió n m elódica o rig in a l, m ie n tra s que los m úsicos h in d ú e s
se m a n tie n e n fieles a las reglas y las se c u e n c ia s m elódicas
e sta b le c id a s desde tie m p o s in m em o riales, y a q u e u n a t r a ­
d ició n a n tig u a h a lim ita d o el e sp e c tro de te m a s m usicales
d isp o n ib les. E ntonces, dado que su e s tru c tu ra m eló d ica se
h a lla m in u c io sa m e n te d e ta lla d a , la m úsica ra g a 7 se c e n tra
e n las v ib racio n es sin g u la re s del in té r p r e te . La in te r p r e ta ­
ció n no es u n a re a c tu a liz a c ió n de u n a p a r titu r a m usical,
como lo es p a ra los m úsicos o c c id e n ta les, sino la sin g u la ri-
zació n de u n a m elodía tra d ic io n a l.
R aghava R. M enon escribe: "U na tra d ic ió n b asad a e n la
n o ta c ió n no te n d ría n in g u n a u tilid a d e n la tra n sm isió n p e r­
so n al del estilo del g u rú , ya que e n ella ex iste u n a m edida

7. Modos melódicos de la música hindú clásica que establece principios de


composición e improvisación basados en una colección de notas dadas y
patrones rítmicos. [N. de la T.]
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

e x te rn a y m ecánica del sonido m usical, cuyas cara c terístic a s


p erso n ales son m enores y a p e n a s in te re s a n te s . Las n o ta s e s­
ta n d a riz a n la m úsica; Swara la libera. Es e n e s ta lib eració n
donde reside el secreto del g u rú y su v ita l co n ex ió n con
la p reservación del in te rio r e n llam as del arte^.8 La perfor­
mance de los m úsicos es u n ev en to sin g u la r e irre p e tib le .
La m úsica es la ritu a liz a c ió n del sonido y del silencio, que
co n stru y e cam inos rítm ico s y co n stelacio n es sonoras a tr a ­
vés del in fin ito ruido del universo.
Félix G uattari habla del ritornello, u n ritm o singular a-sig-
niflcan te que ayuda a detem vinar la orientación e n el m un d o .9
S eg ú n el c rític o m u sical ita lia n o S alv ato re S ciarrin o ,
el ro m a n tic ism o e u ro p e o h iz o que la m úsica p a sa ra de ser
u n a m á q u in a b a sa d a e n el tie m p o a u n a m á q u in a b a sa d a
e n el e sp acio . La m ú sica tra d ic io n a l flu y e de p rin c ip io a
fin com o u n río tra n q u ilo , m ie n tra s q u e la s in fo n ía clásica
es u n a c o n stru c c ió n e sp a c ia l. La m ú sica sin fó n ic a ob ed ece

-¿91_
a reg las e s tric ta s , a p a tro n e s que c o n tie n e n el curso n a t u ­
ra l de su río . B e e th o v e n c o n s titu y e el p u n to de in fle x ió n
e n tre la m ú sica com o u n flujo y la m ú sica com o u n a fo r­
m a a lta m e n te e s tru c tu ra d a . De acu erd o con el a n á lisis de
S ciarrin o , la m úsica h a p asad o de se r p re d o m in a n te m e n te
a c ú stic a y te m p o ra l a ser v is u a l y esp acial.
S eg ú n el p sic o a n á lisis, escrib e M ircea Eliade e n su li­
bro Imágenes y símbolos, wlos dram as d el m u n d o m o d ern o
p ro c e d e n d e l p ro fu n d o d e se q u ilib rio de la p siq u e - t a n t o
de la v id a in d iv id u a l com o de la c o le c tiv a - pro v o cad o , en
g ra n p a rte , p o r la c re c ie n te e ste riliz a c ió n de la im a g in a -
c ió n M.10 Eliade a firm a q u e la e s ta n d a riz a c ió n lin g ü ís tic a

8. Raghava Menon, índfan Cíassíc Music: Λη Jm'íiatícm, Delhi, Vision


Books,1997, p. 58.
9 _ Félix Guattari, ITie Mac/iímc びnconsrious: fw ays in Schízoandysb, Los
Ángeles, Semiotext(e), 2001.
10. Mircea Eliade, Imágenes y símbolos, Barcelona, Planeta-DeAgostini,
1994, p. 20.
e s tá v in c u la d a a la re d u c c ió n del le n g u a je a u n a m era h e ­
rra m ie n ta de in te rc a m b io . Las p a la b ra s de Eliade h a c e n
eco de la s de A n a g a rik a G ovinda:

En la era de la radio y de los periódicos, cuando las palabras -di-


chas o escritas- se proyectan a millones por el mundo entero, el
valor del vocablo ha descendido tanto que es difícil darle al hom­
bre de hoy una idea -siquiera sea lejana- de la actitud tremenda­
mente respetuosa que el hombre de otros tiempos más espirituali-
zados y las civilizaciones religiosas observaban frente a la palabra,
portadora de la tradición sagrada y encarnación del espíritu.11

La su p e rp ro d u c c ió n se m ió tic a y la re d u c c ió n de los
sig n o s a m eras h e rra m ie n ta s de in te rc a m b io m en o scab an
la riq u e z a ev o cativ a de la p a la b ra , a u n q u e , e n o p in ió n
de E liade, los sím bolos n u n c a d e sa p a re c e n de la p ro fu n d a
esfe ra p sico ló g ica de los seres h u m a n o s.
Como escribió V iktor S hklovski en su Teoría de la pro­
sa, la lite r a tu r a tie n e la cap acid ad de re a c tiv a r el p o d er
v ita l de la s p a la b ra s d e sg a sta d a s p o r su uso c o tid ia n o y de
re to rn a rla s a su o rig in a l p o te n c ia e p ifá n ic a .
De u n m odo sim ilar, la s su sta n c ia s p sico d élicas tie n e n
el p o d e r de ren o v ar la p e rc e p c ió n , es decir, la s e x p e rie n ­
cias v isu a le s y a u d itiv a s como así ta m b ié n las e x p e rie n c ias
ín tim a s , q u e h a n p e rd id o su a u te n tic id a d y fre sc u ra p o r­
q ue al re p e tirs e ta n to h a n d ev en id o b a n a le s. Las drogas
p sico d élicas le p e rm ite n a la m e n te evocar v isio n e s c o rre­
la tiv a s a ilu sio n e s p e rc e p tu a le s . De h e c h o , la ilu sió n es
sim p le m e n te la reco m b in a c ió n n e u ro n a l de lo s e n g ra m a s12
p e rc e p tu a le s , es decir, de los fra g m e n to s de e x p e rie n c ias

11. Lama Anagarika Govínda, Fundamentos de la mística tibetana, ob.


cit., p . 14.
12. Engramas se les llama a las estructuras de interconexión neuronal
estables. [N. de la T.]
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

p a sa d a s q u e h a n sido m em o n zad o s. E sta re c o m b in a c ió n


to m a la form a de u n a e p ifa n ía . La e p ifa n ía , d el g riego
epipháneia, sig n ifica a p a ric ió n , m a n ife sta c ió n sen sib le
de u n a re a lid a d evocada. En e s ta , el sig n ificad o ap a re c e
de u n m odo p e rc e p tib le , ta n g ib le , visib le y au d ib le, y las
p a la b ra s y a no so n m eros in d ic a d o re s d e n o ta tiv o s , sino
a c tiv a d o re s de u n a c a d e n a de re a c c io n es se n so ria le s.
A n ag arik a G ovinda d is tin g u e e n tre las p a la b ra s h in ­
d ú es shabda y mantra. Shabda se refiere a la p a la b ra o rd i­
n a ria , u sa d a p a ra d e n o ta r o b je to s y c o n c e p to s e n el in te r -
cam bio n o rm a l de sig n ificad o s o p e ra c io n a les. El mantra,
p o r el c o n tra rio , g e n e ra la cre a c ió n de im á g e n e s m e n ta le s
y sig n ificad o s sen sib les.

En la palabra mantra se encuentra la raíz man- (pensar: de ahí


el griego menos y el latín mens) unida a la partícula -tra-, que

6
forma parte de las palabras que designan los útiles. Así sucede

s
- 丨
con mantra: es un útil para pensar, una herramienta que permite
aprehender una imagen mental. Por su resonancia, llama a la
inmediata realización de su contenido. El mantra es potencia y
no simple opiaión que el espíritu podría contradecir o incluso
eludir. Lo que designa el mantra es así, está aquí, se realiza.
Aquí -y en ninguna otra parte como aquí- las palabras son actos
13
cuya realización es inmediata.

El mantra es u n a e m isió n v o cal q u e tie n e e l p o d e r de


crear e sta d o s m e n ta le s con sig n ificad o no c o n v e n c io n a l.
La p o e sía m o d e rn a , desde fin a le s de siglo xix, h a sido u n
e sfu e rz o c o n sc ie n te p o r e m a n c ip a r la p a la b ra de su f u n ­
ció n d e n o ta tiv a , p re te n d ie n d o e n fa tiz a r el v alo r ep ifán ico
y e n v o lv e n te de la p a la b ra com o mantra. Al revivir e l p o d e r
ev o cativo de la p a la b ra , el sim bolism o generó u n a n u ev a 13

13. Heinrich Zimmer, La India Eterna, citado en Lama Anagarika Govinda,


ob. cit., p . 14.
se n sib ilid a d , que, p a ra d ó jic a m e n te , a n tic ip ó ta n to la v ir-
tu a liz a c ió n té c n ic a de lo s m edios de c o m u n ic a c ió n com o
la re a c tiv a c ió n d el le n g u a je c o rp o ra l sin g u la r.
Q uisiera e n fa tiz a r e s ta a m b iv alen cia d el sim b o lism o .
Los p o e ta s sim b o listas elim in a ro n la d e p e n d e n c ia de la p a ­
la b ra de su re fe re n te y, a l m ism o tie m p o , c e le b ra ro n la
v ib ra c ió n c o rp o ra l q u e n a c e de ella.

Con qué fin la maravilla de transponer un hecho de la naturaleza


en su casi desaparición vibratoria, según la representación de la
palabra, entretanto, si no es para que emane, sin la molestia de
una próxima o concreta llamada, la noción pura.
Digo: ¡una ñor! y, fuera del olvido en que mi voz relega todo
contorno, en tanto que algo distinto de los consabidos cálices,
asciende musicalmente, idea también y suave, la ausente de to­
dos los ramos.

El sim bolism o ab rió u n n u ev o esp acio p a ra la p rax is


p o é tic a . El acceso a e s te espacio se h izo p o sib le al e m a n ニ
cip a r la p a la b ra de su ta r e a referencia!·.
La p o e sía es el le n g u a je q u e, com o se h a d ich o , excede
e l in te rc a m b io . Es el in fin ito r e to m o de la h e rm e n é u tic a y
la re a c tiv a c ió n d el c u erp o se n s u a l del le n g u a je . Con p o e ­
sía, m e refiero a la p o e sía com o u n exceso d e l le n g u a je ,
u n recu rso o c u lto q u e n o s p e rm ite d e sp la z a rn o s h a c ia su
d im e n sio n su g e stiv a .
La e m a n c ip a ció n del re fe re n te e fe c tu a d a p o r el sim b o ­
lism o le d a u n c a rá c te r a m b iv a le n te . Por u n la d o , p o sib i­
li t a la e x p e rim e n ta c ió n e n e l espacio se m ió tic o , y de e ste
m odo la a b stra c c ió n fin a n c ie ra . Por el o tro , a c tú a com o u n
mantra, es decir, com o u n a re a c tiv a c ió n del c u erp o s e n so ­
ria l que la te e n e l le n g u a je . 14

14. Stephane Mallarmé, Divagaciones. Seguido de prosa diversa/correspon-


dencia, Lima, Pontificia Universidad Católica del P erú ,1998, p. 223.
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

La p a la b ra s im b o lista quiso lib e ra rse d el re fe re n te ,


a b rie n d o la v ía a lo s p ro c e so s de ev ocación; p e ro , a l m ism o
tie m p o , quiso a c tu a r com o v ib ra c ió n c o rp o ra l p a ra re a c ti­
v ar el v ín cu lo se n s u a l q u e u n e so n id o y sig n ificad o : la voz,
el p u n to de c o n ju n c ió n e n tr e la ca rn e y el s ig n ific a d o .15

LA EMANCIPACIÓN DEL SIGNO

Q uisiera in v e s tig a r a q u í la g e n e a lo g ía d e l s e m io c a p ita lis-


mo y, p a rtic u la rm e n te , d el c a p ita lism o fin a n c ie ro , desde
el p u n to de v is ta de la se n sib ilid a d lin g ü ís tic a y sus tr a n s ­
fo rm acio n es. El sim bolism o fu e u n e x p e rim e n to q u e b u scó
e m a n c ip a r al sig n o p o é tic o de su re fe re n te , a trib u y é n d o le
al m ism o tie m p o u n p o d e r ev o cativ o . La p a la b ra sim b o lis­
t a no se c a ra c te riz a b a p o r la re p re s e n ta c ió n de u n o b je to ,
sin o p o r la evocación de u n e fe c to de sig n ific a c ió n .

- U丨
Lo q u e m e in te r e s a es lá a n a lo g ía q u e e x iste e n tr e la

l
rev o lu ció n sim b o lista e n la e sfe ra del le n g u a je y la rev o ­
lu c ió n q u e la s fin a n z a s e I n te r n e t tra je ro n a la e sfe ra de
la eco n o m ía.
El d in e ro y el le n g u a je tie n e n algo .en co m ú n : no so n
n a d a y m u ev en to d o . No so n m ás q u e sím bolos, c o n v e n ­
cio n es, flatus vocis, p ero tie n e n e l p o d e r de p e rsu a d ir a
la g e n te p a ra q u e a c tú e , tra b a je y tra n sfo rm e la s cosas
físicas. "El d in e ro h a c e q u e su c e d a n la s cosas. Es la f u e n te
de la acció n e n e l m u n d o y q u iz á s el ú n ic o p o d e r e n el q ue
in v e rtim o s^ .16 En el c a p ítu lo c ato rce de Comprender los
medios de comunicación, y>El d in e ro : ta r je ta de c ré d ito del
p o b re ” , M cLuhan escrib e:

15. Giorgio Agamben, El lenguaje y la muerte. Un seminario sobre el lugar


de la negatividad. Valencia, Pre-Textos, 2008 (1982).
16. Robert Sordello, Money and the Soul o f the World, Dallas, Texas, The
Pegasus Foundation, 1983, p p . 1 y 2.
"El dinero habla" porque es una metáfora, una transferencia, un
puente. Como las palabras y el lenguaje, el dinero es un almacén
de trabajo, conocimientos y experiencia alcanzados en común.
No obstante, el dinero también es una tecnología especializada
como la escritura; y, como la escritura, intensifica el aspecto
visual del discurso y del orden; y, así como el reloj separa visual­
mente el tiempo del espado, el dinero diferencia el trabajo de
las demás funciones sociales. Incluso hoy en día, el dinero es un
lenguaje en que se traduce el trabajo del granjero en el trabajo
del barbero, médico, ingeniero o fontanero. Como extensa me­
táfora social, puente o traductor, el dinero -como la escritura-
acelera los intercambios y estrecha los lazos de interdependencia
en cualquier comunidad.17

M arx h ab ló del d in e ro com o u n e q u iv a le n te g e n e ra l,


com o el tra d u c to r de c u a lq u ie r cosa a c u a lq u ie r o tra cosa.
Esto e ra c o rre c to , y a ú n lo es, p ero el d in ero n o es ú n ic a ­
m e n te u n s ig n ific a n te cuyo sig n ificad o es in fin ita m e n te
d iv erso. El d in ero es ta m b ié n u n m otor, u n m ovilizador,
u n a f u e n te de e n e rg ía q u e tra sc ie n d e la re fe re n c ia lid a d y
la m e n su ra b ilid a d .
El c a p ita lism o fin a n c ie ro se b a sa e n a u to n o m iz a r las
d in á m ic a s del d in e ro y la p ro d u c c ió n d e l v a lo r de la m a n i­
p u la c ió n físic a de la s cosas y de la in te ra c c ió n físic a e n tre
la s p e rso n a s. En e sto resid e la a n a lo g ía e n tr e la h is to ria
de la p o e sía como u n la b o ra to rio sem iótico y la h is to ria de
la e c o n o m ía ta rd o -m o d e rn a e n su tra n s ic ió n del c a p ita lis ­
mo in d u s tr ia l a l se m io c a p ita lism o .
J e a n B audrillard propuso u n a sem iología general de la
sim ulación b asad a e n la prem isa del ñ n de la referen cialid ad
ta n to e n la econom ía como e n el cam po lin g ü ístico . En El es­
pejo de la producción, escribe: la necesidad, el valor de

17. Marshall McLuhan, Comprender los medios de comunicación. Las exten­


siones del ser humano, Barcelona, Paídós, 2009, p p .165 y 166.
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

u so , el re fe re n te, yno e x iste n ,: no son sino conceptos p ro d u ­


cidos y proyectados e n u n a dim ensión genérica po r el propio
desarrollo del sistem a del valor de c am b io ^18 El proceso de
au to n o m izació n del dinero, que es la p rin cip al característica
del capitalism o financiero, p u ed e inscribirse en el m arco ge­
n e ra l de la em ancipación de la sem iosis de la referencialid ad .

Hoy en día, cuando los nuevos vértices de poder se configuran


por la instantánea interdependencia eléctrica de todos los in­
dividuos del planeta, está retrocediendo el factor visual en la
organización social y en la experiencia personal, y el dinero
deja cada vez más de ser una forma de almacenar o intercambiar
trabajo y conocimientos. La automatización, que es electrónica,
no representa tanto el trabajo físico como el saber programado.
A medida que el trabajo es sustituido por el mero movimiento
de información, el dinero como acumulación de trabajo se funde

_s 丨
con el crédito y las tarjetas de crédito.19

La p é rd id a de m a te ria lid a d del d in e ro fo rm a p a r te del


p ro ceso g e n e ra l de a b stra c c ió n , la te n d e n c ia glo b al del
c a p ita lism o .
Al v o lv er los p a so s sobre la h is to ria del d in e ro , de
m ercan cía in te rc a m b ia b le a d in e ro re p re s e n ta tiv o , a v alo r
e stá n d a r, a a b stra c c ió n e le c tró n ic a , M cLuhan escrib e:

la tecnología de Gutenberg creó una nueva y extensa república de


las letras y dio lugar a mucha controversia en cuanto a los límites
de los campos de la literatura y de la vida. El dinero signo, basado
ei\ la tecnología de Va imprenta, creó nuevas y lápidas dimensio­
nes de crédito incompatibles con la inerte masa del metal precio­
so y con el dinero mercancía. Y, sin embargo, todos los esfuerzos

18. Jean Baudrillard, E l e s p e j o d e la p r o d u c c i ó n , Barcelona, Gedisa, 2000,


p. 27.
19. Marshall McLuhan, ob. cit., p . 167.
iban encaminados a que el nuevo y veloz dinero se comportara
como los lentos transportes de metales preciosos. J.M. Keynes
describe esta política en su Tratado sobre el dinero: ^Finalmente,
la larga edad del Dinero Mercancía ha dejado paso a la del Dinero
Signo. El oro ha dejado de ser moneda, tesoro, reivindicación
tangible de riqueza, cuyo valor no puede escurrirse, siempre que
su posesor individual se aferre a la sustancia en sí. Se ha conver­
tido en algo mucho más abstracto, un simple patrón de valor; y
solo conserva su categoría nominal porque de vez en cuando se
lo pasan entre sí un pequeño grupo de Bancos Centrales

La te o ría m a rx ista del v alo r se basó e n el co n cep to de


tra b a jo a b stra c to . Dado que e ste e ra la fu e n te y la m ed id a
del valor, el tra b a jo d eb ía c o rta r su relació n con la u tili­
d ad c o n c re ta de su a ctiv id ad y de su p ro d u c to . La u tilid a d
c o n c re ta no im p o rta b a desde el p u n to de v is ta de la valo ­
rizació n . El proceso de a b stra c c ió n , b ase de la c a p tu ra ca­
p ita lis ta o su b su n ció n del tra b a jo , im plicaba la ab stracció n
de la n ec e sid a d de los p ro d u c to s concretos: se b o rra b a el
re fe re n te . BaudriU ard h a b la , e n los m ism os té rm in o s, de la
relació n e n tre significado y le n g u aje:

A las máquinas industriales correspondían las máquinas de la


conciencia, racionales, referenciales, funcionales, históricas. Ä
las máquinas aleatorias del código corresponden las máquinas
aleatorias del inconsciente, irreferenciales, transferenciales, in­
determinadas, flotantes.
Toda la estrategia del sistema radica en esta hiperrealidad de los
valores ñotantes. Sucede con el inconsciente tanto como con las
monedas o las teorías. El valor reina de acuerdo al orden inasible
de ta generación por modelos, según el encadenamiento indefini-
21
do de la simulación.120 2

20. Marshall McLuhan, ibíd, p p .170 y 171.


2 1 . Jean Baudrillard, El intercambio simbólico y la muerte, Caracas, Monte
Ávila Editores, 1980, p. 7.
L E N G U A J E , L I M I T E , EXCESO

El p u n to cru c ia l de la c rític a de B au d rillard es e l fin


de la re fe re n c ia lid a d y la (in ) d e te rm in a c ió n d e l valor. En
la e sfe ra d e l m ercado, las cosas no so n c o n sid e ra d a s d esd e
e l p u n to de v is ta de su u tilid a d c o n c re ta , sino d esd e su
in te rc a m b ia b ilid a d y su v alo r de in te rc a m b io . De m a n e ra
sim ilar, e n la e sfe ra de la c o m u n ic a c ió n , el le n g u a je es
co m ercializad o y v alorado com o performance. Es la e fe c ­
tiv id a d , y no e l v alo r de v e rd a d , la re g la d el le n g u a je en
la esfe ra de la c o m u n ic a c ió n . Es la p ra g m á tic a , y n o la
h e rm e n é u tic a , la m e to d o lo g ía p a ra c o m p re n d e r la co m u ­
n ic a c ió n so cial, p a rtic u la rm e n te e n la e ra de los n u ev o s
m ed io s de co m u n icació n .
R eco n stru y e n d o el p ro ceso de la p é rd id a de re fe re n c ia
ta n to e n la se m ió tic a com o e n la eco n o m ía, B au d rillard
h a b la de la e m a n c ip a ció n d e l signo:

¿7
Una revolución ha puesto fin a esta economía "clásica" del valor,
una revolución del valor que, más allá de su forma mercantil, la
lleva a su forma radical.
Esta revolución consiste en que los aspectos del valor que se
creían coherentes y eternamente ligados como por una ley na­
tural están desarticulados, el valor referencial es aniquilado en
provecho del solo juego estructural del valor. La dimensión estruc­
tural se autonoraiza, excluyendo la dimensión referencial y se
instaura a expensas de la muerte de aquella. [...] todos los signos
se intercambian entre sí en lo sucesivo sin cambiarse por algo real
(y no se intercambian bien, no se intercambian perfectamente
entre sí sino a condición de no cambiarse ya por algo real).22

La e m a n c ip a ció n d el sig n o de su fu n c ió n re fe re n c ia l
p u e d e se r v is ta com o la te n d e n c ia g e n e ra l de la M oderni­
d ad ta rd ía , te n d e n c ia q u e im p e ra e n la lite r a tu r a y el a rte ,
como a sí ta m b ié n e n la c ie n c ia y la p o lític a .

22. Ibíd., p p .11 y 12.


En el p a sa je del realism o ro m á n tic o al tra n sre a lism o
s im b o lista se ab rió u n nuevo espacio p a ra la p rax is p o é ­
tic a , y la em a n c ip a ció n de la p a la b ra de su ta r e a re fe re n ­
cia! fu e la p rin c ip a l p u e r ta de acceso al n u ev o la b o ra to rio
sem ió tico que fu e el a r te e n e l siglo de las v a n g u a rd ia s.
La e m a n c ip a ció n d el d in e ro (e l sig n o fin a n c ie ro ) de
la p ro d u c c ió n in d u s tria l de b ie n e s siguió el m ism o p ro ­
c e d im ie n to se m ió tic o , de la sig n ificació n re fe re n c ia l a la
a u to rre fe re n c ia l.

D A R K P O O L S :23 ABSTRACCIÓN FINANCIERA

En los escrito s de Marx, la a b stra c c ió n era v is ta como la


p rin c ip a l te n d e n c ia del c ap italism o , su efecto g en eral sobre
la a ctiv id ad h u m a n a . Sin em bargo, e n el proceso de p ro d u c­
ció n in d u stria l, se debía p ro d u cir algo ú til si el c a p ita lista
q u e ría v e n d e r su m ercancía e in c re m e n ta r el c a p ita l que
h a b ía in v e rtid o al com ienzo del proceso de pro d u cció n . El
v alor de uso del p ro d u cto del tra b a ja d o r era solo u n paso
h acia la cosa real, que era la plusvalía. Así, al c a p ita lis ta no
le im p o rta b a si su tra b a jo p ro d u cía pollos, libros o c o c h e s...
A él le im p o rta b a solo esto : c u á n to valor p o d ía p ro d u cir su
tra b a jo e n u n a u n id a d de tie m p o d e te rm in a d a . De to d a s
m an eras, algo ú til d eb ía p ro d u cirse e n el proceso.
Esto y a no es v erd ad e n las p re s e n te s c o n d ic io n e s del
c a p ita lism o fin a n c ie ro , y a q u e el in c re m e n to del c a p ita l
m o n e ta rio no n e c e s ita p a sa r p o r el pro ceso de p ro d u c ­
ció n de b ie n e s ú tile s . El c a p ita lis ta ya no e s tá ob ligado a
in v e rtir d in e ro en b ie n e s ú tile s p a ra a d q u irir m ás d inero
al ñ n a l del in te rc a m b io . La v irtu a liz a c ió n fin a n c ie ra h a

23. Las denominadas dark pools son mercados paralelos que se hallan
fuera del control y la regulación de los mercados tradicionales, y donde
operan inversores de forma completamente anónima. [N. de la T.]
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

h e c h o p o sib le u n n u ev o ciclo de v a lo riz a c ió n , el d in e ro se


p u e d e tra n s fo rm a r e n m ás d in e ro sa lte á n d o s e la in s ta n c ia
de la p ro d u c c ió n de b ie n e s ú tile s .
La v irtu a liz a c ió n fin a n c ie ra es el ú ltim o paso e n la
tra n s ic ió n h a c ia la fo rm a d e l s e m io c a p ita l. En e s ta e sfe ra ,
a p a re c e n dos n u ev o s n iv e le s de a b stra c c ió n , com o fru to
d el d esarro llo de la a b stra c c ió n del tra b a jo so b re la que
escrib ió M arx.
La a b stra c c ió n d ig ita l su m a u n a se g u n d a c a p a a la
a b stra c c ió n c a p ita lis ta . La tra n sfo rm a c ió n y la p ro d u c c ió n
y a no a c o n te c e n e n e l cam po de los c u e rp o s, de la m a n i­
p u la c ió n m a te ria l, sino e n el de la p u ra in te ra c c ió n a u to -
rre fe re n c ia l e n tre m á q u in a s in fo rm á tic a s. La in fo rm a c ió n
to m a el lu g a r de la s cosas y el c u erp o q u e d a elim in ad o del
te rre n o de la c o m u n icació n .
Luego, h a y u n te rc e r n iv e l de a b stra c c ió n , q ue es el

_
de la ab stra c c ió n fin a n c ie ra. Las fin a n z a s (q u e hace alg ú n

LL丨
tiem p o so lia n ser la esfera donde los p ro y ecto s p ro d u ctiv o s

l
e n c o n tra b a n al c a p ita l, y d o n d e el c a p ita l p o d ía e n c o n tra r
p ro y ectos p ro d u ctiv o s) se h a n desvinculado de la n e cesid ad
de la p ro d u cció n . El proceso de v alorización del c a p ita l, es
decir, a q u e l que in c re m e n ta el d inero in v e rtid o , y a no p asa
p o r la in s ta n c ia de la p ro d u cció n del valor de uso o, in c lu ­
so, p o r la de la p ro d u cció n física o se m ió tic a de b ien es.
Ya e n la v ie ja e c o n o m ía in d u s tr ia l d e s c rip ta p o r Marx,
el o b jetiv o de la p ro d u c c ió n e ra la v a lo riz a c ió n d el cap i­
ta l m e d ia n te la e x tra c c ió n de v alo r agregado del tra b a jo .
Pero p a ra p ro d u c ir v alo r a ú n se re q u e ría q u e el c a p ita lis ta
in te rc a m b ia ra cosas ú tile s , p o r lo q u e e s ta b a obligado a
p ro d u c ir a u to m ó v ile s, lib ro s y p a n .
Cuando se elim inó el re fe re n te y se hizo posib le o b te ­
n e r b en eficio s p o r la m era circu lació n del d in e ro , la p ro ­
du cción de au to m ó v iles, lib ro s y p a n devino su p e rñ u a . La
acu m ulación del valor a b stra c to se hizo posible gracias al
so m e tim ie n to de los seres h u m a n o s a la d eu d a y a la d ep re­
d ación de los recu rso s e x iste n te s . La d e stru c c ió n del m undo
r e a l c o m i e n z a a p a r t i r d e e s t a s e p a r a c i ó n d e l a v a l o r i z a c ió n
y la p r o d u c c ió n d e la s c o s a s ú tile s , y c o n la a u to rr e p lic a -
c ió n d e l v a lo r e n e l á m b ito d e la s f in a n z a s . L a s e p a ra c ió n
d e l v a lo r d e u n r e f e r e n te c o n d u c e a la d e s tru c c ió n d e l m u n ­
d o e x i s t e n t e . E s to e s e x a c t a m e n t e lo q u e e s t á s u c e d i e n d o
b a j o e l m a n t o d e l a l l a m a d a c r is i s f i n a n c i e r a , q u e n o e s e n
a b s o l u t o u n a c r is is , s in o l a t r a n s i c i ó n h a c i a e l c a p i t a l i s m o
fin a n c ie ro a u to rr e f e r e n c ia l.
E n e l lib ro Data Trash [ D a to s b a s u r a ] , A r t h u r K ro k e r y
M ic h a e l W e i n s t e i n e s c r i b e n q u e , e n e l á m b i t o d e l a a c e l e ­
ra c ió n d ig ita l, m á s in f o r m a c ió n im p lic a m e n o s s ig n ific a d o ,
p o r q u e e l s ig n i f i c a d o r a l e n t i z a l a c i r c u l a c i ó n d e l a i n f o r ­
m a c ió n . En la e s f e r a d e la e c o n o m ía d ig ita l, m ie n tr a s m á s
r á p id o c irc u la la in f o r m a c ió n , m á s r á p id o se a c u m u la e l
v a lo r . P e ro e l s i g n i f i c a d o l e n t i f i c a e s t e p r o c e s o , y a q u e n e ­
c e s ita tie m p o p a ra s e r p ro d u c id o , e la b o ra d o y c o m p re n d i­
d o . A s í, l a a c e l e r a c i ó n d e lo s ñ u j o s d e i n f o r m a c i ó n s u p o n e
l a e l i m i n a c i ó n d e l s i g n i f i c a d o . 24
E n la e s f e r a d e la e c o n o m ía f in a n c ie r a , la a c e le r a c ió n
e n la c irc u la c ió n y v a lo riz a c ió n im p lic a la e lim in a c ió n d e
l a u t i l i d a d c o n c r e t a d e lo s p r o d u c t o s , s i n i m p o r t a r q u e
s e a n m a te r ia le s o in m a te r ia le s , in d u s tr ia le s o s e m ió tic o s .
El p r o c e s o d e r e a l i z a c i ó n d e l c a p i t a l , e s d e c ir , e l i n t e r c a m ­
b io d e b i e n e s p o r d i n e r o , e v i d e n t e m e n t e r a l e n t i z a b a e l
ritm o d e la a c u m u la c ió n m o n e ta r ia . La te c n o lo g ía v ir tu a l
h a c re a d o la p o s ib ilid a d d e s a lte a r s e e s te le n to p a s a je p o r
lo s b i e n e s c o n c r e t o s , s i g n i f i c a t i v o s y ú t i l e s . E s to e s lo q u e
C h r i s t i a n M a ra z z i U a m a e l " d e v e n i r r e n t a d e l a g a n a n c ia " ·
El in c r e m e n to d e la e n t id a d a b s tr a c t a q u e e s e l d in e ro
s e a g iliz a c o n la v ir tu a liz a c ió n , y la c irc u la c ió n v ir tu a l d e l
v a l o r a b s t r a c t o , q u e n i s i q u i e r a e s d i n e r o s in o a l g o r i t m o s
e im p u l s o s e l e c t r ó n i c o s , s e h a a c e l e r a d o h a s t a t a l p u n t o

24. Arthur Kroker y Michael Weinstein, Data Trash: The Theory o f the Vir­
tual Class, Nueva York, Saint Martini Press, 1994.
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

q u e e s c a p a a t o d a p o s i b i l i d a d d e c o m p r e n s i ó n h u m a n a y,
o b v ia m e n te , d e c o n tro l p o lític o .
E n s u li b r o Dark Pool, e l p e r io d is ta S c o tt P a tte r s o n
e s c r i b e s o b r e l a a c e l e r a c i ó n e x t r e m a d e l a t e c n o l o g í a f i­
n a n c i e r a . E l lib r o r e l a t a c ó m o lo s o p e r a d o r e s r o b o t s e h a n
a p r o p i a d o d e lo s m e r c a d o s g lo b a le s . P a t t e r s o n h a b l a d e
" l a g u e r r a d e lo s a l g o r i t m o s " p a r a r e f e r i r s e a l a m a n e r a
e n la q u e lo s c a b le s d e ñ b r a ó p tic a c o n e c ta n lo s m e rc a ­
d o s f in a n c ie r o s a v e lo c id a d e s c a d a v e z m á s r á p id a s , y a l
h e c h o d e q u e e s t o s c a b le s e s t á n s i e n d o a h o r a s u s t i t u i d o s
p o r e s ta c io n e s d e o n d a s in c lu s o m á s v e lo c e s q u e e je c u ta n
in te r c a m b io s f in a n c ie r o s d e a l t a v e lo c id a d . E n e l p a s a d o ,
e l i n t e r c a m b i o e c o n ó m i c o s o l í a o c u r r i r e n u n l u g a r f ís ic o
d o n d e se re u n ía la g e n te p a ra c o m p ra r o p a ra v e n d e r, co n
l a e s p e r a n z a d e o b t e n e r e l m e jo r p r e c i o .
E n lo s ú l t i m o s v e i n t e a ñ o s , l a s c o m p u t a d o r a s , lo s i n ­
te r c a m b io s e le c tr ó n ic o s , la s dark poolsf la s ó rd e n e s r e ­

- 6 ¿丨
l á m p a g o , lo s i n t e r c a m b i o s m ú l t i p l e s , l a s p l a t a f o r m a s d e

i
n e g o c i a c i ó n a l t e r n a t i v a s , lo s a g e n t e s d e a c c e s o d i r e c t o ,
lo s d e r i v a d o s d e l M e rc a d o E x t r a b u r s á t i l y lo s c o r r e d o r e s d e
a l t a f r e c u e n c i a h a n c a m b ia d o c o m p l e t a m e n t e e l p a n o r a m a
fin a n c ie r o y, e n p a r tic u la r , la r e la c ió n e n t r e lo s o p e ra d o re s
h u m a n o s y lo s a u t o m a t i s m o s a l g o r í t m i c o s a u t o d i r i g i d o s .
P a tte r s o n p re d ic e q u e c o n tin u a r á la te n d e n c ia d e a l ta f re ­
c u e n c i a . C u a n to m á s s e r e m u e v e l a r e f e r e n c i a a l a s c o s a s
f ís i c a s , a lo s r e c u r s o s m a t e r i a l e s y a l c u e r p o , t a n t o m á s
s e p u e d e a c e l e r a r l a c i r c u l a c i ó n d e lo s f l u j o s f i n a n c i e r o s .
E n g r ie g o parthenos s i g n i f i c a yV i r g e n w. J e s u c r i s t o f u e
cre ad o p o r parthenogenesis. L a V ir g e n M a ría d io a l u z a s u
h ijo s in n in g ú n tip o d e r e la c ió n c o n la r e a lid a d d e l se x o .
D e m o d o s im ila r , l a e c o n o m í a f i n a n c i e r a , c o m o e l a r t e c o n ­
c e p tu a l, es u n p ro c e so p a r te n o g e n é tic o . La m o n e ta riz a -
c ió n y fin a n c ia riz a c ió n d e la e c o n o m ía r e p r e s e n ta n u n a
t r a n s f o r m a c i ó n p a r t e n o g e n é t i c a d e l a c r e a c i ó n d e l v a lo r.
El v a l o r y a n o e m e r g e d e u n a r e l a c i ó n f í s i c a e n t r e e l t r a ­
b a j o y l a s c o s a s , s in o d e l a i n ñ n i t a a u t o r r e p l i c a c i ó n d e lo s
in te rc a m b io s v ir tu a le s d e n a d a c o n n a d a , cu y o re s u lta d o
e s m á s d in e ro .
L a a b s t r a c c i ó n d i g i t a l v i r t u a l i z a e l a c t o f ís i c o d e l e n ­
c u e n t r o y l a m a n i p u l a c i ó n d e l a s c o s a s . E s to s n u e v o s n i ­
v e l e s d e a b s t r a c c i ó n n o s o lo c o n c i e r n e n a l p r o c e s o l a b o r a l ,
s in o q u e tie n d e n a a b a r c a r to d o s lo s e s p a c io s d e la v id a
s o c ia l. L a d ig ita liz a c ió n y la f in a n c ia r iz a c ió n e s tá n t r a n s ­
f o r m a n d o e l t e j i a o m is m o d e l c u e r p o s o c i a l e i n d u c i e n d o
m u t a c i o n e s e n é l.

EN EL REINO DE LOS VALORES FLOTANTES

L a te o r ía e s tr u c tu r a l d e C h o m sk y se b a s a e n la id e a d e q u e
lo s s ig n o s l i n g ü í s t i c o s p u e d e n i n t e r c a m b i a r s e g r a c ia s a u n
b a n c o d e e s t r u c t u r a s c o m p a r t i d a s , e s d e c ir, g r a c ia s a c o m ­
p e t e n c i a s c o g n i t i v a s c o m u n e s q u e h a c e n p o s ib l e e l i n t e r ­
c a m b io . El l e n g u a j e , d e l m is m o m o d o q u e e l d in e r o , e s u n
e q u i v a l e n t e g e n e r a l, u n t r a d u c t o r u n i v e r s a l d e d i f e r e n t e s
b i e n e s . P o d e m o s i n t e r c a m b i a r c u a l q u i e r c o s a c o n e l d in e r o ;
p o d e m o s in te r c a m b ia r c u a lq u ie r c o s a c o n la s p a la b ra s .
P e ro e l d i n e r o t a m b i é n e s u n a h e r r a m i e n t a p a r a f o r z a r
a l a s p e r s o n a s a h a c e r a lg o y , e n l a e s f e r a d e l c a p i t a l i s ­
m o f in a n c ie r o , e s c a d a v e z m á s u n a c to p r a g m á tic o d e
a u to e x p a n s ió n . La p r e s e n te c o n fig u ra c ió n d e l p a n o ra m a
e c o n ó m ic o e n f a t i z a e s t e a s p e c t o d e l d i n e r o , h a c i e n d o h i n ­
c a p ié e n s u c a r a c te r ís tic a d e h e r r a m i e n ta p r a g m á tic a p a r a
o b lig a r a la g e n te a a c e p ta r c u a lq u ie r tip o d e tr a b a jo , a
s e r s u m is a , a s u f rir e x p lo ta c ió n , h u m illa c ió n y v io le n c ia .
E n e l á m b i t o d e l c a p i t a l i s m o f i n a n c i e r o , e l d i n e r o rio
e s t a n t o u n i n d i c a d o r c o m o u n f a c t o r d e m o v i l i z a c i ó n . O b­
s e r v e m o s l a r e a l i d a d d e l a d e u d a , lo s h o r r i b l e s e f e c t o s d e
s u m is ió n , e m p o b re c im ie n to y e x p lo ta c ió n q u e e s tá p ro v o ­
c a n d o e n e l c u e r p o s o c ia l. L a d e u d a e s u n a r m a c o n tr a la
a u to n o m ía s o c ia l, u n a tr a n s f o r m a c ió n d e l d in e ro e n u n a
h e r r a m ie n ta d e e x to r s ió n . D esd e q u e lo s f a n á tic o s n e o -
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

l i b e r a l e s d e s t r u y e r o n l a e d u c a c i ó n p ú b l i c a y lo s c o s t o s
d e ta s e s c u e la s p riv a d a s se h a n in c re m e n ta d o d e fo rm a
e x o r b i t a n t e , lo s j ó v e n e s s e v e n f o r z a d o s a p e d i r d i n e r o
p r e s ta d o p a r a p o d e r p a g a r s u e d u c a c ió n . T an p r o n to co m o
se g ra d ú a n d e la u n iv e rs id a d d e b e n c o m e n z a r a p a g a r su s
d e u d a s y se v e n o b lig a d o s a a c e p ta r c u a lq u ie r tip o d e t r a ­
b a jo p r e c a r io y a s u f r ir to d o tip o d e e x to r s io n e s .
El d i n e r o , q u e s u p u e s t a m e n t e e r a l a m e d i d a d e l v a ­
lo r , s e h a c o n v e r t i d o e n u n a h e r r a m i e n t a d e s o m e t i m i e n t o
p s íq u ic o y s o c ia l. U n a d e u d a m e ta f ís ic a u n e a l d in e r o , e l
le n g u a je y la c u lp a . La d e u d a es c u lp a , y e n c u a n to c u l­
p a , e n t r a e n e l d o m in io d e l in c o n s c ie n te y c o n f ig u r a e l
le n g u a je d e a c u e rd o c o n e s tr u c tu r a s d e p o d e r y s u m is ió n .
El e f e c t o p r a g m á t i c o d e t l e n g u a j e f i n a n c i e r o s e c r i s t a ­
liz a e n u n a e s tr u c tu r a lin g ü ís tic a q u e to d o s e s ta m o s o b li­
g a d o s a c o m p a r tir . P a r a p o d e r e n t e n d e r n o s u n o s c o n o t r o s ,

丨 m
d e b e m o s ir a l b a n c o d e la tra d u c c ió n u n iv e rs a l, p u e s e l
e n te n d im ie n to e s tá b a s a d o e n u n e s tá n d a r c o m ú n , e n u n a

-
m e d id a c o n v e n c io n a l q u e se h a lla d e p o s ita d a e n e s te b a n ­
c o . Y e l t r a d u c t o r e s , a l m is m o t i e m p o , e l f a b r i c a n t e d e l s i g ­
n if ic a d o y e l d u e ñ o d e l a r e l a c i ó n e n t r e v i d a y s ig n i f ic a d o .
G u a tta ri ro m p e c o n e s ta id e a d e l in te rc a m b io u n i­
v e rs a l d e s ig n ific a n te s e s tru c tu r a le s y a b re e l ca m p o de
v is io n h a c ia u n p a n o r a m a d if e r e n te . P a ra é l, e l le n g u a je
e s e s e n c ia lm e n te la p r a g m á tic a d e l a c o m u n ic a c ió n , la
c r e a c ió n d e s ig n ific a d o s q u e n o e x i s tía n a n t e s d e l a c to
d e c o m u n i c a c i ó n . Q u is ie r a d e s t a c a r a q u í l a a n a l o g í a e n t r e
e s te tip o d e p r a g m á tic a d e la c o m u n ic a c ió n y la c re a c ió n
fin a n c ie ra d e l v a lo r a p a r tir d e la n a d a , a p a r tir d e l p u ro
in te rc a m b io y la a c tiv a c ió n v ir tu a l. E n Uinconscient ma-
chinique [E l i n c o n s c i e n t e m a q u í n i c o ] , G u a t t a r i h a b l a d e l
ritornello p a r a d e f i n i r l a r e l a c i ó n e n t r e u n a s i n g u l a r i d a d
y e l c o s m o s . E l l e n g u a j e e s l a c r e a c i ó n d e ritornellos s i n ­
g u la re s q u e se c o n c a te n a n c o n e l c o sm o s e n la m e d id a
e n q u e se h a lla n c ris ta liz a d o s p o r e s tr u c tu r a s d e p o d e r y
a u to m a tis m o s c o g n itiv o s .
Vinconscient machinique f u e u n in te n to de d esh ac erse
d e l a i d e a c h o x n s k ia n a d e q u e e l l e n g u a j e e s t á g o b e r n a d o
p o r e s tru c tu r a s d e la m e n te u n iv e rs a l. No h a y m e n te u n i­
v e r s a l , n o h a y e s t r u c t u r a s u n i v e r s a l e s d e l l e n g u a j e , s o lo
h a y s ig n o s a - s ig n if ic a n te s q u e p r o d u c e n s ig n ific a d o g r a ­
c ia s a la c o n c a te n a c ió n c o n o tr o s s ig n o s a - s ig n ific a n te s .
El s i g n i f i c a d o n o e s i n h e r e n t e a u n a g r a m á t i c a d e l a m e n t e
u n i v e r s a l , s in o a l a r e l a c i ó n d e d e s l i z a m i e n t o e n t r e u n a
v o z , u n o y e n t e y u n c o n t e x t o . E l s ig n i f i c a d o e s i n t e n c i ó n ,
a c u e rd o , c o n flic to y d e s e o .
C u a n d o e n tra m o s e n e l ñ u jo d e la c o m u n ic a c ió n , n o
e s ta m o s in te r p r e ta n d o s ig n o s e n re la c ió n c o n u n a e s tr u c ­
tu r a , e s ta m o s p ro d u c ie n d o , y n o e x is te n in g u n a e s tr u c tu ­
r a a n t e s d e l a c t o d e c o n c a t e n a c i ó n . El l e n g u a j e e s e l p r o -
d u c to d e la a c tiv id a d lin g ü ís tic a y e s ta e s u n a v a ria c ió n
c o n s ta n t e d e la s e x p e c ta tiv a s d e s ig n ific a d o e x i s te n te s .
A r t h u r R im b a u d f u e e l p r im e r o e n h a b l a r d e l a d e s r e ­
g u la c ió n a l d e c la r a r e l d e s a r r e g lo d e t o d o s lo s s e n t i d o s (le
déréglement de tous les sens).25 L os im p r e s io n is ta s m a n if e s ­
t a r o n q u e n o q u e r í a n m o s t r a r l a c o s a , s in o s u im p r e s i ó n . L os
s im b o l i s t a s i n v i t a r o n a lo s l e c t o r e s a o lv id a r s e d e l r e f e r e n t e .
L a p o e s í a s i m b o l i s t a q u e r í a s e r e v o c a c ió n . A l r o m p e r l a r e l a ­
c i ó n f ija e n t r e e l r e f e r e n t e , l a i n t e r p r e t a c i ó n y l a e s t r u c t u r a ,
l a p o e s í a s i m b o l i s t a r e i n v e n t ó l a r e l a c i ó n e n t r e la s p a l a b r a s
y la s c o s a s . N o m á s r e p r e s e n t a c i ó n , s in o e v o c a c ió n , d e s t e r r i -
to r i a l i z a c i ó n d e l s ig n i f ic a d o , e p i f a n í a y s im u la c ro .
E s te p r o c e s o d e d e s r e f e r e n c i a l i z a c i ó n d e l l e n g u a j e ( l a
e m a n c i p a c i ó n d e l s ig n o l i n g ü í s t i c o d e s u r e f e r e n t e ) , q u e
h a s id o l a m a r c a d e l a e x p e r i m e n t a c i ó n p o é t i c a y a r t í s t i c a
c o n e l l e n g u a j e d u r a n t e e l s ig lo xx, p r e s e n t a u n a i n t e r e ­
s a n te s im ilitu d c o n la tra n s fo rm a c ió n de la re la c ió n e n tre
e c o n o m ía e in te r c a m b io m o n e ta r io .

25. Arthur Rimbaud, 'Xarta a Georges Izambard de mayo de 1871w, en Pro­


meto ser bueno: cartas completas, Barcelona, Barril & Barral, 2009, p. 22.
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

El 1 5 d e a g o s t o d e 1 9 7 1 , e l p r e s i d e n t e N ix o n a n u n c i ó
c a m b io s d r a m á t i c o s e n l a p o l í t i c a e c o n ó m i c a . C o n c r e t a ­
m e n t e , d io f i n a l s i s t e m a m o n e t a r i o i n t e r n a c i o n a l d e B r e ­
t t o n W o o d s . El s i s t e m a d e B r e t t o n W o o d s , c r e a d o a f i n a l e s
d e l a S e g u n d a G u e r r a M u n d ia l, e s t a b l e c í a t a s a s d e c a m b io
f ija s c o n e l d ó l a r n o r t e a m e r i c a n o c o m o m o n e d a d e r e f e r e n ­
c ia , p e ro ta m b ié n e l o ro c u m p lía u n r o l a l e s ta r v in c u la d o
a l d ó l a r a 3 5 l a o n z a . E l s i s t e m a c o m e n z ó a f l a q u e a r e n lo s
a ñ o s s e s e n ta d e b id o a u n a e x c e s iv a f u g a d e d ó la re s f u e r a
d e lo s E s ta d o s U n id o s , y q u e d e b í a n a b s o r b e r l o s b a n c o s
c e n tr a le s e x tra n je r o s . T odo e s to tu v o u n fin a l u n ila te r a l
c o n l a d e c i s i o n d e N ix o n . L u e g o d e u n b r e v e i n t e n t o p o r
c r e a r u n s i s t e m a d i s t i n t o d e t a s a d e c a m b io f ijo , e l m u n d o
p a s ó a l a s t a s a s d e c a m b io f le x i b le s .
L a d e c i s i o n d e N ix o n p u e d e s e r v i s t a c o m o u n a c t o d e
d e s re fe re n c ia liz a c ió n e n e l re in o d e la e c o n o m ía m o n e ta ­

丨S I ,
ria . A l ro m p e r e l A c u e rd o d e B r e tto n W oods, e l p r e s id e n te
e s t a d o u n i d e n s e d e c la r ó q u e e l d ó l a r n o t e n í a n i n g ú n r e f e ­
r e n te y q u e s u v a lo r s e d e c id ía p o r u n a c to d e l le n g u a je .
E s to f u e e l c o m i e n z o d e u n l a r g o p r o c e s o d e ^ f i n a n c i a n -
z a c i ó n /, d e l a e c o n o m í a , b a s a d o e n l a e m a n c i p a c i ó n d e l a
d in á m ic a f in a n c ie r a d e c u a lq u ie r e s tá n d a r c o n v e n c io n a l
o d e c u a lq u ie r r e a lid a d e c o n ó m ic a . La o f e n s iv a n e o lib e r a l
c o m e n z ó e n e s e p re c is o m o m e n to , c u a n d o s e d e c id ió a r b i­
tr a r ia m e n te e l v a lo r d e l d ó la r f u e r a d e to d o e s tá n d a r c o n ­
v e n c i o n a l . P a r a l a e s c u e l a n e o l i b e r a l d e lo s C h ic a g o B o y s ,
e l d in e ro c re a l a r e a lid a d , t a n t o co m o la s p a la b ra s h a b ía n
c re a d o la r e a lid a d p a r a lo s p o e t a s s im b o lis ta s .
A sí c o m e n z ó la re p lic a c ió n h ip e r tr ó f ic a d e la d e u d a .
La e c o n o m ía f in a n c ie r a y a n o se o c u p ó d e p ro d u c ir c o sa s,
s in o m á s b ie n d e e v o c a r e l m u n d o a tr a v é s d e la c irc u la ­
c ió n d e l d in e ro .
A lg u n o s a ñ o s d e s p u é s d e l a d e s r e g u la c ió n d e l s i s t e m a
i n t e r n a c i o n a l m o n e t a r i o , J e a n B a u d r i lla r d e s c r ib ió El inter­
cambio simbólico y la muerte, d o n d e a n u n c ió q u e l a e c o n o ­
m ía h a b í a a b a n d o n a d o l a a n t i g u a le y d e l a d e t e r m i n a c i ó n d e l
v a l o r y q u e s e h a b í a d i s u e l t o e l r e f e r e n t e e n e l in te r c a m b io
l i n g ü í s t i c o y e c o n ó m ic o .

El principio de realidad ha coincidido con un estadio determinado


de la ley del valor. Hoy, todo el sistema oscila en la indetermina­
ción, toda realidad es absorbida por la hiperrealidad del código y
de la simulación. Es un principio de simulación que nos rige en lo
sucesivo en lugar del antiguo principio de realidad. Las finalida­
des han desaparecido, son los modelos los que nos generan. [...]
Toda la estrategia del sistema radica en esta hiperrealidad de los
valores Rotantes. Sucede con et inconsciente como con las mo­
nedas o las teorías. El valor reina de acuerdo al orden inasible de
la generación por modelos, según el encadenamiento indefinido
de la simulación.26

MITOLOGÍA FUTURISTA

L o s f u t u r i s t a s le c h a z a x o n e l s im b o lis m o , a l q u e c o n c e b í a n
c o m o u n e s t i l o d é b i l, l á n g u i d o y f e m e n i n o . S in e m b a r g o ,
l a m i t o l o g í a f u t u r i s t a d e l a o m n i p o t e n c i a d e l a c to c o n s ­
t r u c t i v o e s t u v o b a s a d a e n l a e l i m i n a c i ó n s i m b o l i s t a d e la
r e a lid a d co m o r e f e r e n te e n la e s fe ra d e la c re a c ió n p o é tic a .
" O lv í d a te d e l r e f e r e n t e ” , d ic e e l s i m b o l i s t a , a lo q u e a g r e g a
e l f u tu r is ta : "N ad a p re e x is te a la a c tiv id a d s e m ió tic a d el
i n v e n t o r , e l d e s t r u c t o r - c o n s t r u c t o r , e l a r t i s t a . S o lo e x i s t e
e l f u tu ro c re a d o p o r la a n iq u ila c ió n d e l p a sa d o
El 2 0 d e f e b r e r o d e 1 9 0 9 , F. T. M a r i n e t t i p u b l i c ó e l p r i ­
m e r M a n if i e s t o F u t u r i s t a . E se m is m o a ñ o , e n u n a f á b r i c a
d e a u t o m ó v i l e s e n D e t r o i t , H e n r y F o rd p u s o e n m a r c h a l a
p r im e ra c a d e n a d e m o n ta je , e l s is te m a te c n o ló g ic o que
m e jo r d e ñ n i o l a e r a d e l a m a s i f i c a c i ó n i n d u s t r i a l . A m b o s
e v e n t o s p u e d e n s e r c o n s i d e r a d o s c o m o lo s i n a u g u r a d o r e s

26. 3ean Bauáiillaid, ob. cit., p. 6.


L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

d e u n s ig lo e n e l c u a l l a s o c i e d a d i n v i r t i ó e n e r g í a p s í q u i c a
y c u ltu r a l e n la d im e n s ió n f u t u r a d e la r iq u e z a y e l c o n o c i­
m ie n to e n c o n tin u a e x p a n s ió n . La v e lo c id a d y e l c u lto a la
m á q u i n a f u e r o n lo s v a l o r e s e n f a t i z a d o s p o r e l M a n if i e s t o
F u tu ris ta .
R e s u lta s ig n ific a tiv o q u e e l m o v im ie n to f u t u r i s t a a p a ­
r e c i e s e e n I t a l i a y e n R u s ia . E s to s d o s p a í s e s c o m p a r t í a n
c o n d ic io n e s c o m u n e s d e a tr a s o s o c ia l y e c o n ó m ic o , u n e s ­
c a so d e s a n o llo d e la p ro d u c c ió n in d u s tr ia l, u n a e x p a n s ió n
m a rg in a l d e la c la se b u r g u e s a , u n a f u e r te d e p e n d e n c ia de
m o d e lo s c u l t u r a l e s y r e l i g i o s o s d e l p a s a d o y u n a a t r a c c i ó n
p o r la c u ltu r a e x tra n je r a , e s p e c ia lm e n te la fra n c e s a , e n el
á m b i t o d e lo s i n t e l e c t u a l e s u r b a n o s .
L a m ito lo g ía d e la v e lo c id a d fu e s u b y a c e n te a to d o el
e d i f i c io d e l a m o d e r n i d a d . El p r o g r e s o e s t a b a , d e h e c h o ,
b a s a d o e n la in te n s ific a c ió n d e la p ro d u c tiv id a d d e l tra b a jo .
El M a n if i e s t o F u t u r i s t a a f ir in ó e l v a l o r e s t é t i c o d e l a

¿
m á q u in a . La m á q u in a p o r e x c e le n c ia e ra la m á q u in a de

I,
v e lo c id a d (e l a u to m ó v il, e l a v ió n ) , h e r r a m ie n ta s q u e h i ­
c i e r o n p o s i b l e m o v i l i z a r e l c u e r p o s o c ia l .
El f u t u r i s m o e x a l t ó l a m á q u i n a c o m o u n o b j e t o e x t e r ­
n o , v is i b le e n e l p a n o r a m a u r b a n o , p e r o e n e l s ig lo xxi l a
m á q u i n a s e h a i n t e r n a l i z a d o . Ya n o n o s c e n t r a m o s e n la
m á q u in a e x te r n a ; a h o ra la info-máquina c o n te m p o r á n e a se
e n t r e c r u z a c o n e l s i s t e m a n e r v i o s o s o c ia l , l a bio~máquina
i n t e r a c t ú a c o n e l d e v e n i r g e n é t i c o d e l o r g a n is m o h u m a n o .
Lo d i g i t a l y l a s b i o t e c n o l o g í a s h a n c o n v e r t i d o l a m á q u i n a
e x te r n a d e h ie rro y a c e ro e n u n a m á q u in a in te r n a liz a d a
y re c o m b in a n te . La m á q u in a b io in fo rm á tic a y a n o es es-
c i n d ib le d e l c u e r p o y l a m e n t e , p o r q u e y a n o e s m á s u n a
h e r r a m ie n ta e x t e r n a , s in o q u e se h a c o n v e r tid o e n u n
tra n s fo rm a d o r in te r n o d e l c u e rp o y la m e n te , e n u n p o te n -
d a d o r lin g ü ís tic o y c o g n itiv o . La nano-máquina p r o d u c irá
la m u ta c ió n d e l c e re b ro h u m a n o y d e la h a b ilid a d lin g ü ís ti­
c a p a r a p r o d u c i r y c o m u n ic a r .
S om os la m á q u in a .
E n l a e r a m e c á n ic a , la m á q u in a e s ta b a f r e n te a l c u e rp o
y tr a n s fo rm a b a e l c o m p o rta m ie n to h u m a n o a u m e n ta n d o
l a p o t e n c i a c o r p o r a l p o r m e d io d e l a i m p o s i c i ó n e x t e r n a .
L a c a d e n a d e m o n t a j e , p o r e j e m p l o , a u n q u e m e jo r ó e i n ­
c r e m e n t ó e l p o d e r p r o d u c t i v o d e l t r a b a j a d o r , n o m o d if ic ó
s u o r g a n i s m o f ís ic o y c o g n i t i v o . A h o r a l a m á q u i n a y a n o
se h a l la f r e n t e a l c u e r p o s in o a l i n te r io r d e l c u e r p o - m e n ­
t e . D e b id o a e s t a t r a n s f o r m a c i ó n , l a n a t u r a l e z a d e l p o d e r
p o lític o h a c a m b ia d o . C u a n d o la m á q u in a e r a e x t e r n a , e l
E s ta d o d e b í a r e g u l a r e l c u e r p o a l q u e s e le a p l i c a b a l a le y .
S e m o v iliz a ro n a g e n c ia s d e r e p r e s ió n p a r a f o r z a r a l o r g a ­
n is m o c o n s c i e n t e a s o m e t e r s e a e s e r i t m o s i n r e b e l a r s e .
H o y e n d ía , l a d o m in a c ió n p o lít ic a se h a in te r n a liz a d o y
e s i n d i s c e r n i b l e d e l a m á q u i n a e n s í m is m a .
E n la e s fe ra c o n e c tiv a , la m á q u in a e s u n a d ife re n c ia
d e i n f o r m a c i ó n . Ya n o e s u n d i s p o s i t i v o e x t e r n o , s i n o u n
s is te m a d e a u to m a tis m o s c o g n itiv o s y d e n e c e s id a d i n ­
t e r n a . C ie n a ñ o s d e s p u é s d e l a p u b l i c a c i ó n d e l M a n if i e s t o
F u tu r i s ta , la v e lo c id a d s e h a in te r n a liz a d o . L a c o lo n iz a ­
c ió n de la m e n te y d e la p e rc e p c ió n e s tá b a s a d a e n u n a
a c e le ra c ió n i n t e r n a d e l m o d o d e p e rc ib ir e l tie m p o .

LENGUAJE, RITMO Y RESPIRACIÓN

H ac e m u c h o tie m p o , p a r tic ip é e n u n a a c c ió n d e l Living


Theater. A lre d e d o r d e c ie n p e r s o n a s se r e u n ie r o n e n u n
a n tig u o t e a t r o ita lia n o p a r a h a c e r u n m a n tr a c o le c tiv o :
u n a e m is ió n c o n ju n ta d e s o n id o , u n a re s p ira c ió n c o m p a r­
t i d a y u n a o la v o c a l flu y e n d o d e b o c a e n b o c a , d e c u e rp o
e n c u e rp o . E n c u a n to a l re s p ira r, la s a b id u ría y o g u i c o n c i­
b e la r e s p ira c ió n in d iv id u a l (atman) com o la re la c ió n d e l
o rg a n is m o c o n l a r e s p ir a c ió n u n iv e r s a l {prana).
L o s o r g a n is m o s f ís ic o s i n t e r a c t ú a n c o n e l e n t o r n o n a t u ­
r a l , l a c i u d a d , e l l u g a r d e tr a b a j o y c o n u n a a t m ó s f e r a c o n t a ­
m i n a d a . L o s o r g a n is m o s p s íq u i c o s t a m b i é n í n t e r a c t ú a n c o n
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

e l e ñ t o r n o , p r i n c i p a l m e n t e c o n l a in f o e s f e r a d o n d e c i r c u la n
lo s i n f o e s t ím u lo s .
L o s f l u j o s s e m i ó t i c o s q u e l o s m e d io s d e c o m u n i c a c i ó n
p r o p a g a n p o r la in f o e s f e r a e s t á n c o n ta m in a n d o la p s ic o e s -
f e ra y g e n e ra n d o u n a d e s a rm o n ía e n la re s p ira c ió n p s íq u i­
c a . M ie d o , a n s i e d a d , p á n i c o y d e p r e s i ó n s o n s í n t o m a s d e
la e n fe rm e d a d p ro v o c a d a p o r e s te tip o de c o n ta m in a c ió n .
La c o n ju n c ió n p u e d e s e r c o m p a ra d a c o n la re s p ir a c ió n
c o n ju n ta , y a q u e im p lic a e l in te r c a m b io y la tr a n s m is ió n d e
s u s t a n c i a s m a t e r i a l e s , e s d e c ir , d e l a m a t e r i a f í s i c a c o n t e ­
n id a e n e l a ire q u e r e s p ira m o s o la m a te r ia s e m ió tic a t r a n s ­
p o r t a d a p o r lo s s ig n o s . L a b ú s q u e d a d e u n r i t m o c o m ú n ,
l a i n t e r p r e t a c i ó n t e n t a t i v a d e m a t i c e s c o r p o r a le s y s e m i ó ­
tic o s , y la d e s a m b ig u a c ió n n o v e rb a l d e s ig n o s v e rb a le s ,
fo rm a n p a r te d e la c o m u n ic a c ió n c o n ju n tiv a .
La s e n s ib ilid a d e s la p o s ib ilid a d d e e n t r a r e n re la c ió n

_ m■
c o n e n tid a d e s q u e n o h a b la n n u e s tro le n g u a je y q u e e s tá n
c o m p u e s ta s p o r s u s ta n c ia s q u e d ifie re n d e la s n u e s tra s .
La s e n s ib ilid a d e s l a h a b ilid a d d e a rm o n iz a r c o n e l
riz o m a h e te r o g é n e o .

[...] los agenciamientos colectivos de enunciación funcionan


directamente en los agenciamentos maquínicosr y no se puede
establecer un corte radical entre los regímenes de signos y sus
objetos. [...] La orquídea se desterritorializa al formar una
imagen, un calco de abeja; pero la abeja se reterritorializa
en esa imagen. No obstante, también la abeja se desterrito­
rializa, deviene una pieza del aparato de reproducción de la
orquídea; pero reterritorializa a la orquídea al transportar él
polen. La abeja y la orquídea hacen rizoma, en tanto que
heterogéneos.27

27. Gilles Deleuze y Félix Guattari, Mil mesetas. Capitalismo y esquizofre­


nia, Valencia, Pre-textos, 2015, p p . 13 y 15.
E n e l ;p la n o o n t o l ó g i c o , te o l ó g i c o o , i n c l u s o , físic o ^ l a
a b e j a y l a o r q u í d e a , c o m o s e a c a b a d e le e r , n o s o n h o m o g é ­
n e a s . P e r te n e c e n , d e h e c h o , a re in o s n a tu r a le s d if e r e n te s .
P e ro e s t o n o le s im p i d e t r a b a j a r j u n t a s e n e l s e n t i d o d e
d e v e n ir u n a c o n c a t e n a c i ó n y , a l h a c e r e s t o , g e n e r a r a lg o
q u e n o e x i s t í a a n t e s . ^ S er, s e r, s e r w e s e l g r ito m e ta f ís i c o q u e
d o m in a e l p e n s a m i e n t o j e r á r q u i c o . A lo q u e e l p e n s a m i e n t o
r i z o m á tic o r e s p o n d e : " C o n c a te n a r , c o n c a t e n a r , c o n c a te n a r " ·
El p rin c ip io d e l d e v e n ir r e s id e e n l a c o n c a te n a c ió n
c o n ju n tiv a :

devenir abeja de la orquídea, devenir orquídea de la abeja, ase­


gurando cada uno de esos devenires la desterritorialización de
; uno de los términos y la reterritorialización del otro, encadenán­
dose y alterándose ambos según una circulación de intensidades
que impulsa la desterritorialización cada vez más lejos. No hay
imitación ni semejanza, .sino surgimiento, a partir de dos series
heterogéneas, de una línea de fuga compuesta de un rizoma
común que ya no puede ser atribuido ni sometido a significante
alguno. Remy Chauvin tiene raz6n cuando dice: "Evolución apa-
ralela de dos seres que no tienen absolutamente nada que ver el
uno con el o tr o '28

La tra n s ic ió n d e la e s fe ra d e la c o n ju n c ió n h a c ia la e s fe ­
r a d e l a c o n e x i ó n e s l a m u t a c i ó n q u e , c o m o m e n c io n é , e s t á
a c t u a l m e n t e a f e c t a n d o a l o r g a n is m o s o c ia l y l i n g ü í s t i c o . E n
e s t e g ir o , o c u r r e e l c a m b io . M ie n tr a s q u e l a c o m u n ic a c i ó n
c o n j u n t i v a e s u n a a p r o x im a c i ó n t e n t a t i v a a la s i n t e n c i o n e s
d e s ig n i f ic a d o d e u n c u e r p o q u e e n v í a m e n s a j e s a m b ig u o s
c u y a in te r p r e ta c ió n e s o b je to d e n e g o c ia c ió n e in c e r tid u m ­
b r e s , la c o m u n ic a c ió n c o n e c tiv a im p lic a y p r e s u p o n e u n a
in te ra c c ió n p e rfe c ta m e n te in e q u ív o c a e n tre a g e n te s de
s ig n i f i c a c i ó n q u e s o n s i n t á c ü c a m e n t e c o m p a t i b l e s . P a ra

28. Gilles Deleuze y Félix Guattari, ibíd, p . 16.


L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

e n t e n d e r lo q u e e s l a c o m u n i c a c i ó n c o n j u n t i v a , t a n s o lo
im a g in e m o s a d o s p e r s o n a s c o r t e j a n d o , a c t i v i d a d q u e i n v o ­
lu c ra e l d e s e o , la tim id e z , la a m b ig ü e d a d , la s in s in u a c io n e s
d e in tu ic ió n e in f in ita s c a p a s d e (m a l)e n te n d id o s . P ara e n ­
t e n d e r lo q u e e s l a c o m u n i c a c i ó n c o n e c t i v a , p e n s e m o s e n l a
s u p e rp o s ic ió n s in tá c tic a y e n l a id e n tific a c ió n s e m á n tic a d e
d o s c a d e n a s d e in f o rm a c ió n . L a c o n e x ió n e s la in te r a c c ió n
e n t r e m á q u i n a s s i n t á c t i c a s q u e p o s e e n u n m is m o f o r m a t o .
C u a n d o lo s s e r e s h u m a n o s q u i e r e n p a r t i c i p a r e n l a c o n e ­
x ió n d e b e n a c e p ta r, p r e v ia m e n te , la re d u c c ió n s in tá c tic a de
lo s c o n te n id o s d e s u in te r c a m b io a l f o rm a to d e la s m á q u i­
n a s q u e t r a n s p o r t a n s u s s ig n o s .

COMPOSICIÓN Y RECOMBINACIÓN

_S I
L a c o m p o s ic ió n i m p l i c a l a m e z c la d e d i f e r e n t e s s u s t a n c i a s
q u ím i c a s . L a r e s p i r a c i ó n i m p l i c a u n p r o c e s o d e c o m p o s i ­

-
c i ó n , f u s i ó n y c a m b io e n e l o r g a n is m o . S i r e s p i r a m o s u n a
s u s t a n c i a v e n e n o s a , n u e s t r o o r g a n is m o s e e n f e r m a r á . L a
c o m p o s ic ió n s o c ia l e s e l p r o c e s o d e c o n t a m i n a c i ó n c u l t u r a l
e n t r e o r g a n is m o s c o n s c i e n t e s y s e n s i b l e s q u e s o n r e l a t i v a 1
m e n t e d i f e r e n t e s , y q u e c o m p a r t e n l a m is m a h a b i l i d a d p a r a
c o m p r e n d e r a q u e llo q u e n o e s e x a c t a m e n t e i n t e r c a m b i a b l e ,
s in o q u e p u e d e s e r i n t e r c a m b i a d o a t r a v é s d e p e q u e ñ a s (o
g r a n d e s ) t r a n s f o r m a c i o n e s e n lo s o r g a n is m o s e n s í m is m o s .
E n e l v o c a b u la rio áe\ post-operaísmo ita lia n o , la n o ­
c ió n d e r e c o m p o s ic ió n (d e c la s e ) s o c ia l j u e g a u n r o l im ­
p o r ta n t e , y a q u e se re fie re a l p ro c e s o q u e e s tá e n la b a s e
d e la s o lid a rid a d p o lític a y d e la c re a c ió n d e c o n d ic io n e s
c u l t u r a l e s y p s i c o l ó g i c a s p a r a l a a u t o n o m í a s o c i a l d e lo s
tr a b a ja d o r e s d e la s re g la s c a p ita lis ta s . El p ro c e s o d e r e ­
c o m p o s i c i ó n i n v o l u c r a a t o d o e l r a n g o d e l a v i d a s o c ia l ,
lo q u e i m p l i c a e x p e c t a t i v a s , e s t i l o s d e v i d a c o a t e s c e n t e s ,
c o n f lic to s n a c io n a le s o é tn ic o s , e m p a tia p s ic o ló g ic a , m i­
to lo g ía s , tr a d ic io n e s c u ltu r a le s , e tc .
La so lid a rid a d es u n a p re c o n d ic io n p a ra la o rg a n iz a ­
c ió n p o lític a y la lu c h a so cial. La h is to r ia de la lu c h a de
clases, su s v ic to ria s y d e rro ta s, no p u e d e se r e x p lic a d a sin
re fe rirse al grado de s o lid a rid a d q u e h a y a n sido cap aces de
e sta b le c e r lo s tra b a ja d o re s . La so lid a rid a d n o e s tá b a sa d a
e n c u e s tio n e s é tic a s o id eo ló g icas, sino q u e d e p e n d e de
las c a ra c te rís tic a s de la s re la c io n e s e n tr e los in d iv id u o s
e n el tie m p o y el e sp acio . El fu n d a m e n to m a te ria l de la
so lid a rid a d es la p e rc e p c ió n de la c o n tin u id a d de lo s c u e r­
p o s y la in m e d ia ta c o m p re sió n de la c o n s is te n c ia de m is
in te re s e s co n los d el o t r o . ;
La solidaridad tie n e que ver con la conspiración que sig­
n ifica, p recisam en te, resp irar en co n ju n to (del la tín conspi­
rarer se desprende con: c o n ju n ta m e n te , y spirare: resp irar).
D u ran te la p rim era p a rte del siglo XX, cu an d o los tra b a -
ja d o re s in d u stria le s e s ta b a n lu c h a n d o e n el m undo e n te ro
c o n tra la o p resió n im p e ria lista y la ex p lo tació n c a p ita lista ,
la c o n sp iració n c o m u n ista fu e la en e rg ía p síq u ic a y c u ltu ra l
q u e hizo posible la so lid a rid a d d e n tro del cuerpo so cial de
la clase tra b a ja d o ra in d u s tria l, a p e sa r de la re a lid a d a u ­
to r ita r ia de los p a rtid o s co m u n ista s y de la in d e sc rip tib le
v io len cia de sus E stados.
El p ro ceso de reco m p o sició n e s tá a c tu a lm e n te a m e n a ­
zado y co m p ro m etid o d ebido a la re s tru c tu ra c ió n té c n ic a
de la m a q u in a ria so cial. En la s ú ltim a s décad as d el siglo
p a sa d o , la o fe n siv a n e o lib e ra l, lig a d a a la d e s te rrito ria li-
zació n té c n ic a p ro v o cad a p o r la g lo b a liz a c ió n , d e stru y ó
la s a n tig u a s fo rm as de o rg a n iz a c ió n so cial de lo s tra b a ja ­
d o res y com enzó u n p ro ceso de d esco m p o sició n q u e co n ­
d ujo a la p re c a riz a c ió n lab o ral..
La p re c a riz a c ió n h a provocado la p é rd id a de so lid a ­
rid a d y la d e sa rtic u la c ió n de la c o m p o sició n so cial del
tra b a jo . La v irtu a liz a c ió n de la p ro d u c c ió n , q u e p e rm i­
tió la d e slo c a liz a cio n , es u n a c a u sa c o m p le m e n ta ria de
la p é rd id a de so lid a rid a d . El tra b a jo p re c a rio p ro v o ca la
c o m p e tic ió n so cial e n tr e lo s tra b a ja d o re s . El tra b a jo se h a
L E N G U A J E , L Í M I T E , EXCESO

c o n v e rtid o e n in fo rm a c ió n y la v irtu a liz a c ió n c o rre sp o n ­


d ie n te p o n e e n p e lig ro las re la c io n e s a fe c tiv a s e n tr e las
p e rso n a s in v o lu c ra d a s e n p ro ceso s la b o ra le s.
El p ro d u c to del tra b a jo d e ste rrito ria liz a d o es reco m b i­
n ad o e n la re d . La re c o m b in a c ió n , q u e es algo c o m p le ta ­
m e n te d ife re n te de la re c o m p o sic ió n , im p lica la c o m p a ti-
b ilid a d y la fu n c io n a lid a d in te ro p e ra tiv a e n tre c u e rp o s de
tra b a jo d e s te rrito ria liz a d o s . Para p o d e r c irc u la r p o r la red ,
el le n g u a je debe h a c e rse c o m p a tib le co n el código .
Los se re s h u m a n o s in v o lu c ra d o s e n lo s p ro c e so s p ro ­
d u c tiv o s, c o o p e ra d o res p re c a rio s cu y a co m p o sició n so cial
es fra g m e n ta ria , so n tra n sfo rm a d o s e n fra c ta le s , e n se g ­
m e n to s p e rfe c ta m e n te re c o m b in a b le s de ñ u jo s de in fo r­
m ació n m o d u lares.
El c u erp o so cial e s tá fra g m e n ta d o y la re sp ira c ió n se
h a ro to y se h a so m etid o a lo s ritm o s de la m á q u in a v ir­

_ 161
tu a l. La fra g m e n ta c ió n fra c ta l del tra b a jo es p a ra le la y
c o m p le m e n ta ria co n la fra c ta liz a c ió n d el c a p ita l fin a n c ie ­


ro: la c o n tin u a re c o m b in a c ió n de la s u s ta n c ia a b s tra c ta
fin a n c ie ra , que co n d u ce a fra g m e n to s v irtu a le s de c a p ita l
d e se n c a rn a d o y d e sp e rso n a liz a d o .
LOS AVATARES
DEL· G E N E R A L I N T E L L E C T

LA M A T R I X Y l k NUBE

En m i opinión, las películas de Lana y A ndy Wachowski (Matrix


y El atlas de las nubes) son m editaciones visuales acerca del
determ inism o y la libertad, acerca de la neuroplasticidad y el
entram ado del tiem po. ¿Puede la matrix cap tu rar la cognición
y la sensibilidad, cuando sabem os que la cognición y la sensi-
bilidad, como las nubes, son im posibles de m apear? ,
La re d glo b al de a u to m a tism o s alg o rítm ic o s q u e h a
p e n e tra d o e n la e sfe ra d el c a p ita lism o fin a n c ie ro es u n i n ­
te n to p o r c a rto g ra fia r y so m e te r el general intellect. P u ed e
q u e e s te in te n to te n g a é x ito , e n la m e d id a e n q u e a q u e l
p u e d a se r re d u c id o a u n s is te m a de fu n c io n e s o p e ra tiv a s,
im p lic a c io n e s ló g icas e in te ra c c io n e s te c n o ló g ic a s. Por el
c o n tra rio , p u e d e q u e n o te n g a é x ito , y a q u e el general
intellect p o se e u n c u e rp o , q u e es e l c u erp o de in c o n ta b le s
tra b a ja d o re s c o g n itiv o s q u e v iv e n b ajo c o n d ic io n e s de p r e ­
c a rie d a d s a la ria l, c o m p e te n c ia e s tre s a n te , e x p lo ta c ió n e
h ip e re s tim u la c ió n n e rv io sa .
A quí re sid e e l p u n to d é b il de la matrix, a q u í se h a lla
la ú n ic a s a lid a d e l p ro ceso de d o m in a c ió n t o t a l d e l cereb ro
so cial, d el n e u ro to ta lita ris m o q u e se p e rc ib e h o y e n d ía
com o u n a fa ta l e in m in e n te p o sib ilid a d .
El c u e rp o d el c o g n ita ria d o (la fu e rz a de tra b a jo co g n i-
tiv a so m e tid a p o r la m á q u in a lin g ü ís tic a ) e s tá c o m p u e sto
p o r la e x iste n c ia in d iv id u a l de m illo n es de p e rso n a s q ue
e s tá n s e n ta d a s f re n te a la p a n ta lla in te rc o n e c ta d a , la c a ­
d e n a de m o n ta je v ir tu a l del se m io c a p ita lism o . Por e s te
m o tiv o , e s te c u e rp o n o es c o m p le ta m e n te re d u c tib le a la
matrix, p u e s no es solo in te le c to , sino ta m b ié n se n sib ili­
d ad . El general intellect tie n e u n c u erp o se n sib le -se n sitiv o
q u e s ie n te p la c e r y dolor, m ie n tra s no e s té so m etid o a
la a n e s te s ia to ta l. Es u n a n u b e , u n a v ib ra c ió n e n c o n s­
t a n te v a ria c ió n de e m o cio n es, e x p e c ta tiv a s , m ied o s, d e ­
seo s y a g o ta m ie n to . La n u b e n o p u e d e s e r c a rto g ra fia d a ,
com o su g ie re D avid M itchell e n su n o v e la , y L an a y A ndy
W achow ski e n su p e líc u la .
La n u b e es la irre d u c tib ilid a d de la p sic o e sfe ra al de-
te rm in ism o y la tra z a b ilid a d a b so lu ta . La se n sib ilid a d es
e l exceso, la p lu sv a lía de v id a e m o c io n a l q u e n o p u e d e ser
tra d u c id a a u n alg o ritm o .
■-'

TRABAJO ABSTRACTO Y GENERAL INTELLECT ÍH MARX


• .

C om encem os p o r e l c o n c e p to de tra b a jo a b s tra c to . Con


e s ta e x p re sió n , M arx se re fie re al v alo r e n c u a n to c ris­
ta liz a c ió n d el tie m p o de tra b a jo , y a l tra b a jo e n c u a n to
tie m p o m a te ria liz a d o e n el valor. Lo q u e e l c a p ita l d eb e
m o v ilizar no es la h a b ilid a d c o n c re ta p a ra p ro d u c ir cosas
ú tile s , sino la h a b ilid a d a b s tra c ta del tie m p o sin calid ad
p a ra g e n e ra r valor·

La indiferencia frente a un género determinado de trabajo su­


I pone una totalidad muy desarrollada de géneros reales de tra-
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

bajos, ninguno de los cuales predomina sobre los demás. Así,


las abstracciones más generales surgen únicamente allí donde
existe el desarrollo concreto más rico Por otra parte, esta
abstracción del trabajo en-general no es solamente el resultado
intelectual de una totalidad concreta de trabajos. La indiferencia
por un trabajo particular corrésponde a una forma de sociedad
en la cual tos individuos pueden pasar fácilmente de un trabajo
a otro y en la que el género determinado de trabajo es para ellos
fortuito y, por lo tanto, indiferente.12

La a b stra c c ió n d el tra b a jo se e x p a n d e p ro g re siv a m e n te


h a c ia to d a s la s form as p o sib les de a c tiv id a d so cial. El p u n ­
to fin a l de e s te pro ceso es e l s o m e tim ie n to de la a c tiv id a d
m e n ta l a la e sfe ra de la v a lo riz a c ió n d e l c a p ita l y la a b s­
tra c c ió n de la a c tiv id a d m e n ta l e n sí m ism a:

•sl_
el aumento de la fuerza productiva del trabajo y la máxima nega­
ción del trabajo necesario son la tendencia necesaria del capital.
La realización de esta tendencia es la transformación del medio
de trabajo en maquinaria. [...] el valor objetivado en la maqui­
naría se presenta además como supuesto frente al cual la fuerza
valorizadora de la capacidad laboral individual desaparece como
algo infinitamente pequeño [...].

G racias a la ac u m u la c ió n de la c ie n c ia y la s fu e rz a s
g e n e ra le s d el in te le c to so cial, e l tra b a jo físico d ev ien e
su p e rflu o . La te n d e n c ia d el c a p ita l es e lim in a r e l tr a b a ­
jo h u m a n o ta n to com o se a p o sib le p a ra re e m p la z arlo p o r
el u so te c n o ló g ic o de la c ie n c ia . Pero el c a p ita l n e c e s ita ,
sim u ltá n e a m e n te , e x p lo ta r e l tra b a jo h u m a n o , y a q u e el
v a lo r a b stra c to solo es g e n erad o p o r e ste .

1 . Karl Marx, Elementos fundamentales para la crítica de la economía polí­


tica (Borrador) 1857-1858, v o l.1 , Madrid, Siglo xxi,1976, p. 25.
2. Ibíd., vol. 2, pp. 219 y 220.
La naturaleza no construye máquinas, ni locomotoras, ferroca­
rriles, e le c tr ic te le g r a p h s [telégrafos eléctricos], s e lf a c tin g m u le s

[hiladoras automáticas], etc. Son estos productos de la indus­


tria humana; material natural, transformado en órganos de la
voluntad humana sobre la naturaleza o de su actuación en la
naturaleza. Son ó r g a n o s d e l c e r e b r o h u m a n o c r e a d o s p o r la m a n o

hum ana; fuerza objetivada del conocimiento. El desarrollo del


c a p ita l f ix e revela hasta qué punto el conocimiento o k n o w le d g e

social general se ha convertido en f u e r z a p r o d u c tiv a in m e d ia ta ,

y, por lo tanto, hasta qué punto las condiciones del proceso de


la vida social misma han entrado bajo los controles del gen eral

in te lle c t y remodeladas conforme a este. Hasta qué punto las


fuerzas productivas sociales son producidas no solo en la forma
del conocimiento, sino como órganos inmediatos de la práctica
social, del proceso vital real.3

El desarrollo c o n c e p tu a l de e s ta te n d e n c ia d esp laza v ir­


¿一—

tu a lm e n te al siste m a p ro d u ctiv o fu era de la ó rb ita p a ra d ig ­


m á tic a del c ap italism o . M ediante el reem plazo del trab ajo
p o r m á q u in as, que a su vez tie n e n la capacidad de p ro d u cir
m ás m áq u in as que re e m p la z an el tra b a jo h u m a n o , el ca p ita l
red uce el tiem p o de tra b a jo necesario p a ra la rep ro d u cció n
social. La n e cesid ad social de tie m p o de tra b a jo tie n d e h a ­
cia u n grado cero. E sta es la razó n p or la cual Marx afirm a
que el cap italism o tra b a ja a c tiv a m e n te e n pos de su p ro p ia
d iso lu ció n . Pero, p a ra c o n tra rre sta r su p ro p ia diso lu ció n , el
c a p ita l ta m b ié n tra b a ja c o n tra e s ta te n d e n c ia p ro d u cien d o
escasez y n ecesid ad , y d estru y e n d o los p ro d u c to s del t r a ­
bajo de diversas m an eras, m e d ia n te la g u erra, las crisis de
su p erp ro d u cció n y el colapso fin an ciero .
Gracias a la tecnología, la productividad se h a increm en ­
tad o significativam ente. En u n a hora podem os producir la
m ism a can tid ad de bienes que solía requerir u n día en tero .

3. Karl Marx, ibíd., vol. 2, pp. 229 y 230.


LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

Sin em bargo, el tiem po capturado y som etido al trab ajo , lu e ­


go de u n a dism inución pasajera e n la seg u n d a m itad del siglo
XX, ahora se e stá increm entando nuevam ente, absorbiendo la
m ayor p a rte del tiem po de la vida social.
Se p o d ría decir que la civilización social y el p rogreso
h u m an o c o n siste n , fu n d a m e n ta lm e n te , e n la e m an cip ació n
del tie m p o de v id a de la obligación de tra b a ja r. Cuando el
tie m p o de tra b a jo se red u ce, las p e rso n a s p u e d e n d ed icar
sus en erg ías a la a te n c ió n m u tu a , al cuidado p ro p io , a la
ed u cación y al placer. Cuando estam o s lib res de la o b lig a­
ción del tra b a jo a b stra c to , la p ro d u cció n de cosas y se rv i­
cios ú tile s no d ism in u y e, po r el c o n tra rio , a u m e n ta .
Luego de a lg u n a s décadas de d ism in u ció n del tiem p o
de tra b a jo , que c o in cid iero n ju s ta m e n te con la d ifu sió n de
u n a c u ltu ra p ro g re sista y m ovim ientos sociales de a u to ­
d e te rm in a c ió n , la id eo lo g ía n eo lib e ra l la n z ó u n a cam p añ a
global a largo plazo p a ra la re d u cció n de los salario s reales

¿一_
con el fin de fo rzar a las p e rso n a s a tra b a ja r m ás. El in ­
crem ento del tie m p o de tra b a jo y la in te n sific a c ió n de la
p ro d u c tiv id a d no e s ta b a n d e stin a d o s a m ejorar la v id a de
las p e rso n a s, sino a m axim izar el crecim ien to económ ico,
es decir, la acum ulación del c a p ita l. S om eter las en erg ías
sociales a la do m in ació n del d inero es la form a n e o lib e ­
ral de reafirm ar la p rim acía de la acum ulación sobre la del
b ie n e s ta r social.
Lo que Marx su b e stim ó e n su v isio n a ria p re d ic c ió n e n
Fragmento sobre las máquinas, es la fu e rz a c u ltu ra l del
p ara d ig m a b asad o en la a c u m u la c ió n , la av a ric ia m e ta fís i­
ca que tra n s fo rm a la v id a del m undo e n u n a m era h e rra ­
m ie n ta p a ra la e x p a n sió n eco n ó m ica. El c a p ita l se m io tiz a
las p o te n c ia lid a d e s del general intellect, se g ú n u n p a ra ­
d ig m a m o n e ta rio q u e c o n s triñ e y p e rv ie rte la cap acid ad
d el tra b a jo in te le c tu a l p a ra in c re m e n ta r la p ro d u c c ió n de
cosas ú tile s , m ie n tra s re d u c e , sim u ltá n e a m e n te , el tie m p o
de tra b a jo . E sta es la p a ra d o ja q u e M arx fu e cap az de p re ­
s e n tir, p ero que no llegó a c larificar c o m p le ta m e n te :
el capital -de manera totalm ente impremeditada- reduce a un
mínimo el trabajo humano, el gasto de energías. Esto redunda­
rá en beneficio del trabajo emancipado y es la condición de su
em ancipación.[…]
Tan pronto como el trabajo en su forma inmediata ha cesado
de ser la gran fuente de la riqueza, el tiempo de trabajo deja,
y tiene que dejar, de ser su medida y por tanto el valor de
cambio [deja de ser la medida] del valor de uso. El plustrabajo
de la masa ha dejado de ser conaicion para el desarrollo de la
riqueza social, así como el no-trabajo de unos pocos ha cesado
de serlo para el desarrollo de los poderes generales del intelecto
humano. Con ello se desploma la producción fundada en el valor
de cambio, y al proceso de producción material inmediato se le
quita la forma de la necesidad apremiante y el antagonismo.
Desarrollo libre de las inamdualidades, y por ende no reducción
del tiempo de trabajo necesario con miras a poner plustrabajo,
sino en general reducción deL trabajo necesario de la sociedad a
un mínimo, al cual corresponde entonces la formación artística,
científica, etc·, de los individuos gracias al tiempo que se ha
4
vuelto libre y a los medios creados para todos.

El siste m a económ ico d el c a p ita l, q u e a c tú a com o u n a


ja u la se m ió tic a g e n e ra l, im p id e la p o sib ilid a d d e e m a n c i­
p a c ió n d el tra b a jo h u m a n o , m ie n tra s que, sim u ltá n e a m e n ­
te , e x p a n d e la c a p acid ad del general intellect p a ra reem -
p la z a r el tra b a jo co n te c n o lo g ía .

El capital mismo es la contradicción en proceso, [por el hecho


de] que tiende a reducir a un mínimo el tiempo de trabajo,
mientras que por otra parte pone al tiempo de trabajo como
única medida y fuente de la riqueza. Disminuye, pues, el tiem­
po de trabajo en la forma de tiempo de trabajo necesario, para
aumentarlo en la forma del trabajo excedente; pone por tanto.

4. Karl Marx., ibíd, vol. 2, pp. 224, 228 y 229.


LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

en medida creciente, el trabajo excedente como condición [...]


para hacer que la creación de la riqueza sea (relativamente) in­
dependiente del tiempo de trabajo empleado en ella. Por el otro
lado se propone medir con el tiempo de trabajo esas gigantescas
fuerzas sociales creadas de esta suerte y reducirlas a los límites
requeridos para que el valor ya creado se conserve como valor.5

E stas p á g in a s so n u n m a p a c o n c e p tu a l q u e p re fig u ra
el d esarro llo so cial y te c n o ló g ic o de la h is to ria d el siglo
XX, d esd e la a c e le rac ió n de la m a q u in a ria m e c á n ic a h a s ta
la d ig ita liz a c ió n de la p ro d u c c ió n g lo b al e n la s ú ltim a s
d écad as d el siglo.
Cuando Marx habló del c a p ita l como u n a contradicció n
e n proceso, an ticip ó la so rp re n d e n te h isto ria del siglo xx, e n
la cu al el c a p ita l e n sí m ism o, conducido po r u n in s tin to
de conservación de su propio m odelo social y económ ico,

_ 661
d estru y ó las grandes po ten cialid ad es que se h a b ía n creado
e n el dom inio técn ico . Cuando habló del desarrollo de las

_
facu ltad es creativas, a rtístic a s y científicas, Marx pred ijo la
in te le c tu a liz ac ió n del trab ajo que re su lta claram en te visible
h o y e n día. Luego de in te n sific a r el progreso tecn o ló g ico , el
cap ital deviene u n c o n stre ñ im ie n to sem iotico.

FIGURAS DEL INTELECTUAL MODERNO

La p a la b ra intelectual h a p e rd id o g ra n p a r te de su s ig n i­
ficado h o y e n d ía , p ero d u ra n te el tra n s c u rs o d e l siglo xx
e s ta p a la b ra fu e c ru c ia l e n el ám b ito é tic o y p o lític o . En
la M o d ernidad ta rd ía , la n a tu r a le z a del tra b a jo in te le c tu a l
cam bió d rá s tic a m e n te a l se r a b so rb id a p ro g re siv a m e n te
p o r la p ro d u c c ió n eco n ó m ica. C uando la te c n o lo g ía d ig ita l
h izo p o sib le c o n e c ta r fra g m e n to s in d iv id u a le s de c o g n i-

5. Ibíd., vol. 2, p. 229.


ció n eo n la p ro d u c c ió n s e m ió tic a , se c a p tu ró y so m e tió al
tra b a jo in te le c tu a l a l ciclo de la p ro d u c c ió n de valor.
La Ilu stra c ió n n o d efinió al in te le c tu a l p o r su c o n d i­
c ió n social, sino como la en carn ació n de la id eo lo g ía, como
la fu e n te del sistem a u n iv ersal de valores. En la esfera de la
Ilu stra c ió n , el in te le c tu a l e ra el fu n d a d o r y la g a ra n tía de
la re alizació n de los p rin cip io s u n iv e rsa le s, el re sp e to p o r
los derech o s del h om bre y la u n iv e rsa lid a d de la ley.
En el c o n te x to del p e n sa m ie n to k a n tia n o , e l in te le c tu a l
se c o n v irtió e n u n a fig u ra tra s c e n d e n ta l cuya a c tiv id a d era
in d e p e n d ie n te de la ex p e rie n c ia social o que, e n to d o caso,
no se h a lla b a co n dicionado so cialm en te e n sus decisio n es
co g n itiv as o é tic a s. Este sé p r e s e n ta b a /e n to n c e s , como el
p o rta d o r de u n a ra c io n a lid a d u n iv e rsa l, a b stra c ta m e n te
h u m a n a , de m odo que p o d ía ser considerado como la d e ­
te rm in a c ió n h istó ric a del wyo p ie n so w (Ich denke). En e ste
s e n tid o , el in te le c tu a l e ra q u ie n g a ra n tiz a b a la dem ocracia.
E sta no p u e d e p ro c e d e r de o ríg en es c u ltu ra le s, de a lg ú n
tip o de p e rte n e n c ia , sino solo del ilim itad o h o riz o n te de la
elecció n , de la p o sib ilid ad de acceso y c iu d a d a n ía p a ra to d a
p e rso n a e n c u a n to a g e n te sem ió tico , es decir, e n c u a n to
su je to que in te rc a m b ia signos con el fin de acced er a la ra ­
cio n alid ad u n iv e rsa l. E sta fig u ra del in te le c tu a l se p re s e n ta
como c o n tra ria a la fig u ra ro m á n tic a del p ueblo (volk), o
m ás b ie n reh ú y e de ella. El p e n sa m ie n to u n iv e rsa l, del cual
nació la a v e n tu ra m o d ern a de la dem ocracia, evade la te r r i­
to ria lid a d de la c u ltu ra . Este siste m a no p u e d e carg ar con
la im p ro n ta de u n a c u ltu ra , de u n p ü eb lo o u n a tra d ic ió n ;
d ebe se r u n ju e g o de b a se s, in v en cio n es o co n v en cio n es sin
la afirm ación del p e rte n e c e r.
El p u n to de v is ta d el re v o lu c io n a rio in te le c tu a l re s u lta
s ig n ific a tiv a m e n te d ife re n te , y a que se a firm a a sí m ism o
d esdé u n p e n sa m ie n to h istó ric o -d ia lé c tic o . En la décim o-
p rim e ra te s is de F eu erb ach , h a c ie n d o re fe re n c ia a l ro l q ue
d eb e te n e r el co n o c im ie n to e n e l p ro ceso h is tó ric o , Marx
e scrib e: ^Los filósofos solo h a n in te r p r e ta d o d ife re n te -
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

m e n te e l m u n d o , se t r a t a de cam b iarlo o tra n s fo rm a rlo ^ 6


El in te le c tu a l m a rx is ta se c o n cib e a sí m ism o o a sí m ism a
com o u n a h e rra m ie n ta d e l pro ceso h istó ric o q u e co n d u ce
a u n a so c ie d a d sin clases so ciales. S eg ú n M arx, el p e n s a ­
m ie n to solo es e fe c tiv o a n iv e l h istó ric o cu a n d o reco n o ce
e n la clase tra b a ja d o ra su h o riz o n te de acció n . El p ro y e c ­
to c o m u n ista co n cib e la te o r ía com o u n p o d e r m a te ria l
y el c o n o c im ie n to com o u n in s tru m e n to p a ra cam b iar el
m u n d o . El in te le c tu a l, solo e n la m e d id a e n q u e p a rtic ip e
e n la lu c h a p a ra a b o lir la e x p lo ta c ió n d el tra b a jo , p u e ­
de c o n v e rtirse e n el re sp o n sa b le de u n a m isió n u n iv e rsa l.
S eg ú n e s ta v isio n , el in te le c tu a l no tie n e n a d a q u e ver
co n el volkf p o rq u e e l p u e b lo es la fig u ra te rrito ria liz a d a
d el p e rte n e c e r, e l p re d o m in io de \di kultur re sp e c to a la
ra z ó n , la p re e m in e n c ia de la ra íz re sp e c to a la fin a lid a d .
Por el c o n tra rio , la clase tra b a ja d o ra no p e rte n e c e a n in ­

丨l
g ú n te r r ito r io , a n in g u n a c u ltu ra y su h o riz o n te m e n ta l es

°2 _
a q u e l de la clase e x p lo ta d a g lo b al, q u e lu c h a p o r la ta r e a
de lib e ra r a l m undo de la e x p lo ta c ió n .
Los in te le c tu a le s ju e g a n u n rol c e n tra l e n e l m arco d el
p e n sa m ie n to re v o lu c io n a rio c o m u n ista , p a rtic u la rm e n te
e n la v isio n de L en in . En ¿Qué hacer?, L en in a firm a q ue
los in te le c tu a le s no so n u n a clase so c ia l, no p o se e n u n
in te ré s so cial específico q u e d efen d er. G e n eralm en te v ie ­
n e n de la s clases so ciales a lta s o de la p e q u e ñ a b u rg u e sía ,
to m a n d e c isio n e s puramente intelectuales y se c o n v ie rte n
e n in te rm e d ia rio s y o rg a n iz a d o res de u n a c o n c ie n c ia r e ­
v o lu c io n a ria q u e d e sc ie n d e d el p e n sa m ie n to filosófico . En
e s te se n tid o , so n sim ilares al p u ro d e v e n ir d e l e s p íritu , al
d e sp lie g u e h e g e lia n o de la a u to c o n c ie n d a . Por o tro lad o ,
los tra b a ja d o re s , a ú n p o rta d o re s de in te re s e s so ciales,
p u e d e n d e sp la z a rse de u n a e x is te n c ia p u ra m e n te eco n ó -

6. Kart Marx, wAd Feuerbachw, en La ideología alémana (I) y otros escritos


filosóficos. Losada, Buenos Aires, 2010, p ;19.
m ica (el an sich h e g e lia n o de la in m e d ia te z d e l se r so cial)
a u n a a c tiv id a d p o lític a m e n te c o n sc ie n te (e l für sich de
la a u to c o n c ie n c ia ), solo a tra v é s de la fo rm a p o lític a del
p a rtid o , e l c u a l e n c a rn a y tr a n s m ite e l le g a d o filosófico
a la s m asas. En el v o c a b u la rio le n in is ta , se p u e d e h a b la r
d e l p ro le ta ria d o com o el h e re d e ro de la filo so fía clásica
a le m a n a : g racias a la s lu c h a s o b reras se h a c e p o sib le la
re a liz a c ió n h is tó ric a del h o riz o n te d ia lé c tic o , el p u n to fi­
n a l del d esarro llo filosófico a lem án .
En G ram sci, la re fle x ió n e n to rn o a los in te le c tu a le s
tie n e u n a c o n n o ta c ió n de a n á lisis so cial y p la n te a u n a
fo rm u lació n m a te ria lis ta del c a rá c te r o rg án ico de la re la ­
ción e n tre los in te le c tu a le s y la clase tra b a ja d o ra . No o b s­
ta n te , id e n tific a la d im e n sió n c o le c tiv a de la a c tiv id a d in -
te le c tu a l c o n e l p a rtid o , a l c u a l d efin e com o e l in te le c tu a l
co le c tiv o . El in te le c tu a l de la tra d ic ió n m o d e rn is ta p u e d e
acced er a la d im e n sió n c o le c tiv a y p o lític a solo si a d h ie re
al p a rtid o . En la se g u n d a m ita d del siglo x x , l a e d u c a c ió n
de la s m asas y el cam bio té c n ic o -c ie n tífic o re fo rm u la ro n
el ro l de los in te le c tu a le s . Estos ya no so n in d e p e n d ie n te s
de la p ro d u c c ió n , y a n o so n in d iv id u a lid a d e s lib re s que
asu m e n la ta r e a de u n a d e c isio n c o g n itiv a p u ra m e n te é t i ­
ca y libre, sino u n a s u b je tiv id a d so cial m asiv a q u e tie n d e
a c o n v e rtirse en u n a p a rte in te g ra l d e l p ro ceso p ro d u c tiv o
g e n e ra l. En e s te c o n te x to , Paolo Virno u tiliz a la fra se ''in -
te le c tu a lid a d de m a sa s,/. S eg ú n su v isió n , e l su rg im ie n to
d e l m o v im ien to e s tu d ia n til e n lo s a ñ o s s e s e n ta fu e la e x ­
p re sió n c o n sc ie n te de e s ta n u e v a fig u ra.
D u ran te el siglo de las revoluciones c o m u n ista s, la tra -
α ια ο η le n in is ta pasó p o r a lto la n o ció n del general inte­
llect, p ero a la lu z de la tra n sfo rm a c ió n p o sin d u stria l surge
como u n a fu e rz a c e n tra l. A m ed id a que la te c n o lo g ía d ig i­
ta l y la creación de la red global re d e fin e n c o m p le ta m e n te
el proceso social e n to rn o al trab ajo del general intellectr
la concepción le n in is ta del p a rtid o e incluso la n o ció n
g ram scian a del in te le c tu a l orgánico p ie rd e n c o n siste n c ia .
LOS AVATARES DEL GENERAL INTELLECT

EL CIBERTIEMPQ Y LA EXPANSION DEL CAPITALISMO

Rosa L uxem burgo afirm a q u e el c a p ita lism o e s tá in tr ín s e ­


c a m e n te im p u lsad o h a c ia u n p ro ceso de c o n tin u a e x p a n ­
sió n . El im p e ria lism o es la e x p re sió n p o lític a , eco n ó m ic a y
m ilita r de e s ta n e c e sid a d de c o n tin u a e x p a n sió n q ue h ace
q ue el c a p ita l am p líe c o n s ta n te m e n te su d o m in io .
¿Pero qué sucede cuando cada rin có n del te rrito rio p la ­
n e ta rio h a sido som etido a la n orm a de la econom ía c a p ita ­
lis ta y cada objeto de la v id a c o tid ia n a h a sido tran sfo rm ad o
e n u n a m ercancía? En la M odernidad ta rd ía , el cap italism o
p arecía h a b e r agotado to d a posib ilid ad de fu tu ra ex p an sió n .
D urante u n d eterm in ad o p erío d o , la c o n q u ista del espacio
e x traterrestre aparen tab a ser la nueva dirección de desarrollo
p a ra el crecim iento c a p ita lista . P o sterio rm en te, no s dim os
c u e n ta de que la dirección de desarrollo e ra sobre to d o la

*S 3,
c o n q u ista del espacio in te rio r, el m undo in te rio r, el espacio
de la m e n te , del alm a y del tiem p o .
La colonización del tiem p o h a sido u n objetivo fu n d a m e n ­
ta l en el desarrollo del capitalism o d u ran te la Edad M oderna.
La m utación antropológica que produjo el capitalism o e n la
m en te h u m an a y e n la vida c o tid ian a h a sido, a n te to d o , u n a
transform ación en la percepción del tiem po. Sin em bargo,
con la difusión de la tecn o lo g ía digital, que hizo posible u n a
ab so lu ta aceleración, algo nuevo ocurrió. El tiem p o se convir­
tió en el principal cam po de b a ta lla , dado que es el espacio de
la m ente, el tiem p o -m en te, el cibertiexnpo.
He introducido a q u í u n a distinción en tre el concepto de
ciberespacio y el de cibertiem po. El ciberespacio es la esfera
de conexión de innum erables fu en tes de enunciación hum anas
y m aquínicas, el ám bito de conexión e n ilim itada expansión
en tre m en tes y m áquinas. Esta esfera puede crecer ind efin i­
dam ente, porque es el p u n to de intersección en tre el cuerpo
orgánico y el cuerpo inorgánico de la m áquina electrónica.
Pero el cibertiem po es el lado orgánico del proceso, y su
ex p ansión e stá lim itad a p or factores biológicos. La capacidad
del cerebro hum an o para procesar se p uede a u m e n ta r con
drogas, con e n tre n a m ie n to y a te n c ió n , pero posee lim ites
q ue e stá n conectados a la dim ensión em ocional y sen sitiv a
del organism o co n scien te. No se tr a ta de u n a dim ensión in ­
fin ita m e n te ex ten sib le po rq u e e s tá co n ectad a con la in te n ­
sidad de la experiencia. La esfera objetiva del ciberespacio
se expande a la velocidad de la replicación d ig ital, pero el
núcleo subjetivo del cibertiem po evoluciona a u n ritm o m ás
le n to , al ritm o de la corporalidad, del placer y del su frim ien ­
to . La com posición té c n ic a del m undo p u ed e cam biar, pero
la apropiación co g n itiv a y la capacidad de reacción física no
la sig u en de m an era lin eal. La m u tación del a m b ien te te c n o ­
lógico es m ucho m ás ráp id a que los cam bios e n los h áb ito s
cu ltu rales y en los m odelos cognitivos.
El e s tra to de la in fo e sfe ra crece p ro g re siv a m e n te y se
h ace cad a vez m ás d en so y esp eso , y los e stím u lo s in fo r­
m á tic o s in v a d e n cada áto m o de la a te n c ió n h u m a n a . El
cib eresp acio crece sin lím ite s, m ie n tra s que, al c o n tra rio ,
el tie m p o m e n ta l no es in fin ito . El n ú cleo su b je tiv o del
c ib e rtie m p o sig u e el ritm o le n to de la m a te ria o rg án ica.
Podem os a u m e n ta r el tie m p o de ex p o sic ió n d el org an ism o
a la in fo rm a c ió n , p ero la e x p e rie n c ia no se p u e d e in t e n ­
sificar m ás a llá de c ie rto s lím ite s. F uera de e sto s lím ite s,
la ace le rac ió n de la e x p e rie n c ia provoca u n a co n cien cia
re d u c id a de lo s e stím u lo s, u n a p é rd id a de in te n s id a d que
co n c ie rn e a la esfe ra de la e s té tic a , de la se n sib ilid a d y
ta m b ié n de la é tic a . La e x p e rie n c ia del o tro se h ace ra ra e
in có m o d a, in clu so do lo ro sa, y a que e s te se v u e lv e p a r te de
u n estím u lo in in te rru m p id o y fre n é tic o , y p ie rd e su s in ­
g u la rid a d , su in te n s id a d y su b e lle z a . La c o n se c u e n c ia es
u n a re d u c c ió n de la c u rio sid a d y u n in c re m e n to d el e stré s,
la ag re siv id a d , la a n sie d a d y el m iedo.
La aceleración de la infoesfera produce u n em pobreci­
m iento de La experiencia, porque nos expone a u n a m asa cre­
cien te de estím ulos que no podem os elaborar in ten siv am en te
o percibir y conocer profundam ente. Más inform ación, menos
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

signm cado. Más estím ulos, m enos placer. La sensibilidad se


m an ifiesta dentro del tiem p o . La sensualidad se desarrolla
con le n titu d . Como el espacio de inform ación es dem asiado
vasto y rápido no logra dilucidar la sensualidad de m an era
in te n sa y profunda· El p u n to crucial de la m utación co n tem ­
p o ránea reside e n la in tersecció n e n tre el ciberespacio elec-
tro n ico y el cibertiem po orgánico.
El cerebro social se h a lla som etido a la in v a sió n de flu ­
jo s v id e o e le c tró n ico s y e x p e rim e n ta la su p e rp o sic ió n del
código d ig ita l sobre los códigos de reco n o cim ien to e id e n ti­
ficación que d an fo rm a a las c u ltu ra s o rg án icas. La ace le ra ­
ción p ro d u cid a p o r las te c n o lo g ía s de red y la p recarizació n
del tra b a jo cognitivo p ro vocan u n efecto p a to g é n ic o de sa ­
tu ra c ió n del tie m p o de a te n c ió n . La p a to lo g ía del tra b a jo
co g n itiv o es la n u ev a co n d ició n de alie n a c ió n , el re q u isito
previo p a ra la re b e lió n del co g n ita ria d o y, p o sib lem en te,

_S2 _
p a ra la reco m p o sició n del cuerpo del general intellect.

EL INTELECTUAL, EL COMERCIANTE Y EL GUERRERO

Hay un momento en que la operación de la máquina se vuelve


tan odiosa, los hace sentir tan enfermos del corazón que no
pueden participar más. ¡Ni siquiera pasivamente! Y deben poner
sus cuerpos sobre los engranajes y sobre las ruedas, sobre las
palancas y sobre todo el aparato, ¡y hacer que se detenga! Y
deben indicarles a las personas que la dirigen, a la gente que la
posee, que, a menos que ustedes sean libres, ¡la máquina se verá
impedida de trabajar en absoluto!7

E stas p a la b ra s, p ro n u n c ia d a s p o r Mario Savio e n la


P laza de S proul H all e n B erkeley e n el añ o 1964, p u e d e n

7. Discurso de Mario Savio en la Plaza de Sproul Hall en la Universidad de


California, Berkeley, 1964.
se r co n sid e ra d a s com o el co m ien zo de u n m o v im ien to que
sacu dió al m u n d o e n lo s a ñ o s s e s e n ta y q u e alcan zó su
p u n to álgido e n 1968. El m o v im ien to e s tu d ia n til e stu v o
o rig in a lm e n te m o tiv ad o p o r el h e c h o de c o m p re n d e r q ue
el c o n o c im ie n to e s ta b a so m etid o al siste m a m ilita r, p a r ­
tic u la rm e n te a la g u e rra c rim in a l que los E stado s U nidos
e s ta b a lib ra n d o e n In d o c h in a . Para los e s tu d ia n te s d el
M ovim iento L ib ertad de E x p resió n , la u n iv e rsid a d e ra u n
in s tru m e n to de las p o lític a s de g u e rra d el G obierno e s ta ­
d o u n id e n se y de to d a la m á q u in a c a p ita lis ta .
El lu g a r d o n d e com enzó la re v u e lta de los e s tu d ia n ­
te s es el m ism o d o n d e, añ o s m ás ta rd e , p ro sp e ró la n u ev a
in d u s tr ia de la e le c tró n ic a y la c o m p u ta c ió n . En el libro
From Counterculture to Cyberculture [De la c o n tra c u ltu ra a
la cib er c u ltu ra ], Fred T u rn er escrib e:

Treinta años más tarde, los mismos aspectos de la informática que


amenazaban con deshumanizar a los estudiantes del Movimiento
Libertad de Expresión prometían liberar a los usuarios de Internet.
El 8 de febrero de 1996, John Perry Barlow, periodista y experto
en tecnología de la información y excompositor de una banda local
de la escena ls d de San Francisco, los Greatful Dead, se encontraba
frente a su computadora portátil en Davos, Suiza. Mientras asistía
al Foro Mundial de Economía, una cumbre internacional de políticos
y ejecutivos corporativos, vio al Congreso de Estados Unidos apro­
bar el A c t a d e te le c o m u n ic a c io n e s y con ella una cláusula adicional
llamada ^cía d e d e c e n c ia c o m u n ic a tiv a , la cual tenía como objetivo
restringir la pornografía en Internet. Indignado por lo que percibía
en la cláusula como una amenaza para la libre expresión, Barlow
redactó la D e c l a r a c i ó n d e I n d e p e n d e n c i a d e l C ib e r e s p a c io y la subió
a Internet. Según Barlow los "Gobiernos del Mundo Industrial" se
habían convertido en "cansados gigantes de carne y acero".8

8. Fred Turner, F r o m C o u n t e r c u l t u r e to C y b e r c u ltu r e , Chicago, The Univer­


sity Chicago Press, 2006, p . 13.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

En la Declaración de Independencia del Ciberespacio


c ita d a p o r T urner, B arlow se d irig e d ire c ta m e n te a lo s lí ­
d eres del m u n d o de la s ig u ie n te m an era:

Sus conceptos legales sobre propiedad, expresión, identidad,


movimiento y contexto no se aplican a nosotros. Se basan en la
materia. Aquí no hay materia.
Nuestras identidades no tienen cuerpo, así que, a diferencia de
ustedes, no podemos obtener orden por coacción física. Creemos
que nuestra autoridad emanará de la moral, de un progresista
9 -
interés propio y del bien común.

En e l d iscu rso de M ario Savio y e n la d e c la ra ció n de


Barlow, e n c o n tra m o s lo s c o n c e p to s b á sic o s de la c ib e tc u l-
tu r a e n c u a n to id e o lo g ía d el general intellect y ta m b ié n
las p rin cip ales co n cep cio n es e rró n eas que la co n d u c e n a las


tra m p a s del dogm a n e o lib e ra l.
De hecho, en e sta declaración, Barlow reclam a con razón

02_
la radical novedad de la producción in m aterial y la incom p ati­
bilidad del nuevo m undo tecnológico con el viejo sistem a legal
de propiedad y privatización. Pero, al mismo tiem po, e sta ­
b a com pletam ente equivocado cuando escribió que "n u estras
id en tid ades no tie n e n cuerpo^, porque aunque el cuerpo p u e ­
da ser negado y olvidado e stá siem pre p alpitando detrás de la
p an talla. La virtualización del lenguaje cam bia las condicio­
nes corporales de la vida y la com unicación, pero no elim ina
la ex istencia del cuerpo. La negación del cuerpo y los efectos
psíquicos de la v irtualización fu ero n las falacias fu n d am en ta­
les de la ciberideología que floreció en los años noventa. Esta
falacia condujo a la creación de ciberutopías ingenuas que
term in aro n contribuyendo a las políticas neoliberales. 9

9. John Perry Barlow, D e c l a r a c i ó n d e I n d e p e n d e n c i a d e l C ib e r e s p a c io , dispo­


nible online en www.uhu.es/ramon.correa/nn_tt_edusocial/documentos/
docs/declaracion_independencia.pdf [última consulta: junio de 2017].
En su lib ro , Fred T u rn er re c o n stru y e la tra y e c to ria
q ue va d esd e la cre a c ió n de la m e tá fo ra c o m p u ta c io n a l de
N o rb e rt W iener, p a sa n d o p o r la e x p e rie n c ia in te le c tu a l
d el Whole Earth Catalog [Catálogo de to d a la T ierra]10 y del
W hole E a rth T e c tro n ic L ink [Enlace e le c tró n ic o de to d a la
T ierra]1121fu n d a d o s p o r S te w a rt B rand y c o n te m p o rá n e o s a
la c o n stru c c ió n té c n ic a de re d e s e le c tró n ic a s e n lo s añ o s
o c h e n ta , h a s ta la e la b o ra c ió n de u n a e sp ecie de te o lo g ía
de la m e n te global basada e n la idea de la m ano invisible de
la eco n o m ía e n red.

Wiener comenzó a imaginar la duplicación del cerebro huma­


no por medio de circuitos electrónicos. Para el año 1948, ya
había transformado la metáfora computacional en las bases de
una nueva disciplina. Es sus libros, define la cibernética como
un campo centrado en el estudio de los mensajes como medio
para controlar la maquinaria y la sociedad, donde la maquinaria
parecía incluir, por analogía, a los organismos biológicos. [...]
Weiner creía que los sistemas biológicos, mecánicos e informá­
ticos, incluyendo las incipientes computadoras digitales, podían
ser vistos como análogos los unos de otros. Todos se controlaban
a sí mismos enviando y recibiendo mensajes y, al menos meta­
fóricamente, todos eran sencillamente patrones de información
ordenada en un mundo que, de otro modo, tendía a la entropía
y al ruido.

10. El Whole Earth Catalog ( w ec ) fue una revista de cultura alternativa


editada por Stewart Brand entre 1968 y 1972, en la que se publicaban en­
sayos, artículos y reseñas de productos que promovían una vida creativa,
ecológica y autosuficiente. La idea eia general acceso a las henamientas.
El título proviene de la primera imagen completa de la Tierra difundida
por la n a s a , a la que Brand veía como símbolo del destino compartido de
las personas y la Tierra. [N. de la T.]
1 1 . El Whole Earth 'Lectronic Link ( w e l l ) es una de las comunidades
virtuales más antiguas que aún sigue activa, fundada por Stewart Brand y
Larry Brilliant en 1985. [N. de la T.]
12. Fred Turner, From Counterculture to Cyberculture, ob. cit., p. 22.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

Al d esarro llar las im plicaciones de sus p ro p ias rea liz a ­


ciones té c n ic a s y te ó ric a s, N orbert W iener señ aló que la
c ib e rn é tic a p u ed e conducir a u n a a u to m a tiz a c ió n m aliciosa
del co m p o rtam ien to h u m an o . Tal como él su g irió , las com ­
p u ta d o ra s p o d ría n so b rep asar el alcance del c o n tro l de los
h o m bres y com enzar a a c tu a r p or sí m ism as. D u ran te los
sig u ie n te s quince años, c u rio sam en te, W iener e n tró en co n ­
ta c to con líd eres sindicales con el ñ n de d escu b rir cómo los
tra b a ja d o res p o d ría n co m b atir las am enazas que re p re s e n ta ­
b a n los efecto s avanzados de la co m p u tació n . La h isto ria y
el desarrollo de la in v e stig a c ió n tec n o ló g ic a a v an zad a e stá n
m arcados po r e s ta especie de a c titu d p aradójica p o r p a rte
de los in g e n ie ro s y los cien tífico s. C onducidos po r el p lacer
d el co n o cim ien to , h a n creado h e rra m ie n ta s que p e rm ite n
el reem plazo del trab ajo h u m an o p o r m á q u in as, h a n d escu ­
b ie rto las leyes in trín se c a s de la v ida, pero e n u n seg u n d o

I•
m om ento h a n com prendido que sus pro p ias realizacio n es
té c n ic a s y te ó ric a s p o d ría n co n v ertirse e n h e rra m ie n ta s

.
p a ra la creación de u n a n u ev a form a de to ta lita rism o .
Desde que u n g ru p o de c ie n tífic o s fu e convocado p o r
e l E jército e sta d o u n id e n s e e in v ita d o a tra b a ja r e n el m a r­
co del P ro y ecto M a n h a tta n p a ra p ro d u c ir la b o m b a a tó m i­
ca, se ev id en ció la te rrib le a lte r n a tiv a que e n c e rra b a el
tra b a jo c ie n tífic o . La h is to ria m o d e rn a h a e sta d o m arcad a
p o r la in te ra c c ió n , el c o n flic to , la n e g o c ia c ió n y la a lia n z a
e n tre el in te le c tu a l, el c o m e rc ia n te y el g u e rre ro . El i n t e ­
le c tu a l es el h e re d e ro del tra b a jo h u m a n o , el p o rta d o r de
la in te lig e n c ia a c u m u la d a p o r la in f in ita su c e sió n de acto s
de tra b a jo y de a c to s de re c h a z o al tra b a jo . El re c h a z o al
tra b a jo in d u c e el m o v im ien to ev o lu tiv o de la in te lig e n c ia .
La in te lig e n c ia es el re c h a z o a l tra b a jo h u m a n o c o n v e rtid o
e n u n a form a so c ia lm e n te ú til. Gracias a la in te lig e n c ia es
p o sib le re e m p la z a r el tra b a jo h u m a n o p o r m á q u in a s. Dado
el re c h a z o al tra b a jo , la c ie n c ia a v a n z a , se d e sa rro lla y se
p o n e e n p rá c tic a . D esde sus c o m ien zo s, la c ie n c ia m o d e rn a
h a sido c o n sc ie n te de su fu n c ió n e n e s te se n tid o .
El c o n o c im ie n to m u ltip lic a la cap a c id ad h u m a n a de
p ro d u c ir cosas ú tile s e in c re m e n ta la lib e rta d de to d o s los
seres h u m a n o s a l re d u c ir el tie m p o de tra b a jo n e c e sa rio
p a ra p ro d u c ir lo q u e la so c ie d a d n e c e s ita . Esto sig n ifica
q u e el c o n o c im ie n to es p o te n c ia . El c o m e rc ia n te y el g u e ­
rrero q u ie re n c o n v e rtir e s ta p o te n c ia ú til y c o n c re ta e n
u n in s tru m e n to de p o d er, del p o d e r a b s tra c to d el d in e ro o
d e l p o d e r d e stru c tiv o de la v io le n c ia . Y, p a ra ta l fin , d e b e n
so m e te r al in te le c tu a l, al sabio y al c ie n tífic o . Pero e sto
no su ced e fá c ilm e n te , p o rq u e el c o n o c im ie n to n o to le ra
la d o m in a c ió n . Por lo ta n to , el g u e rre ro y e l co m e rc ia n te
re c u rre n a tra m p a s y e n g a ñ o s p a ra p o d e r su b y u g a r la p o ­
te n c ia d el p e n sa m ie n to al p o d e r del dinero, y la v io len cia.
En u n lib ro de 1958 titu la d o Más brillante que mil
soles: los hombres del átomo ante su concienciaf R o b ert
J u n g k c u e n ta cóm o, d u ra n te la S eg u n d a G uerra M undial,
el g u e rre ro c a p tu ró a l sabio a tra v é s de la h is to r ia del
P ro y ecto M a n h a tta n , q u e co n d u jo a la re a liz a c ió n de la
b o m b a a tó m ic a .13 Un gru p o de c ie n tífic o s fu e e x to rsio ­
n ad o : ^H itler p u e d e e s ta r p re p a ra n d o u n a b o m b a nu clear.
N ecesitam os a p re su ra rn o s p a ra p o d e r a n tic ip a rn o s a έΓ . El
G obierno de los E stados U nidos se las a rreg ló p a ra c o n v e n ­
cer a u n g ru p o de c ie n tífic o s de ce d e r a n te e s ta e x to rsió n .
El e fecto de la re n d ic ió n d e l in te le c tu a l a n te el g u errero
fu e H iro sh im a. Esto fu e el co m ien zo de la lu c h a d el i n t e ­
le c tu a l p o r lib ra rse d el g u e rre ro , u n a lu c h a q u e cu lm in ó
e n 1968. E ste añ o re p re s e n tó , a n te to d o , el re c h a z o i n t e ­
le c tu a l de p re s ta r su c o n o c im ie n to a l g u e rre ro , com o así
ta m b ié n la d e c isio n de p o n e rlo al servicio de la so cied ad .
Pero, e n to n c e s, ap areció el co m e rc ia n te p a ra se d u cirlo y
so m e te r sus c o n o c im ie n to s a la d o m in a c ió n de lo s a u to m a ­
tism o s te c n o e c o n ó m ico s.

13. Robert Jungk, Más brillante que mil soles: los hombres del átomo ante su
conciencia, Barcelona, Argos, 1959.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

Así, se so m etió la ev a lu a c ió n de la v e rd a d e n el cam po


d el c o n o c im ie n to a los c rite rio s de c o m p e titiv id a d , e fic a ­
cia eco n ó m ic a y b ú s q u e d a d el m áxim o b e n e fic io . En las
d écad as in a u g u ra d a s p o r T h a tc h e r y R eag an , e l c o n o c i­
m ie n to fu e p u e s to a tr a b a ja r e n c o n d ic io n e s de a b s o lu ta
d e p e n d e n c ia re sp e c to del c a p ita l. La cie n c ia se h a b ía i n ­
co rp o rad o a los a u to m a tism o s de la te c n o lo g ía , d e sp ro v is­
t a de la p o sib ilid a d de cam b iar la s fin a lid a d e s q u e g u ia-
ro n su o p e ra tiv id a d fu n c io n a l. La a p lic a c ió n in te n s iv a del
c o n o c im ie n to e n la p ro d u c c ió n co n d u jo a la cre a c ió n de
la te c n o e s fe ra d ig ita l, la c u a l gen eró e fe c to s de u n p o ­
te n c ia l e x tra o rd in a rio . Pero e s te p o te n c ia l fu e so m e tid o a
los a u to m a tism o s té c n ic o s e n los q u e se h a lla e n c a rn a d o
el p o der. La te c n o lo g ía , c o n s tre ñ id a p o r las c a te g o ría s de
b en e fic io eco n ó m ico , in c re m e n tó la p ro d u c tiv id a d d el t r a ­
b ajo m u ltip lic a n d o , sim u ltá n e a m e n te , la m ise ria , la s u b o r­

« u丨
d in a c ió n de los se re s h u m a n o s a l tra b a jo a sa la ria d o , la
p re c a rie d a d , el d esem p leo y n u e v a s fo rm as de a lie n a c ió n ,

z
q u e g e n e ra ro n in fe lic id a d .

EL COGNITARIADO

Con lo s d istu rb io s e n S e a ttle c o n tra la cu m b re de la


O rg anización M undial d el Com ercio e n 1999, su rg ió u n
m o v im ien to cuyo o b jetiv o e ra la re c o m p o sic ió n so cial,
e p isté m ic a y te c n o ló g ic a d el tra b a jo c o g n itiv o . Esto im p li­
cab a q u e la in v e stig a c ió n c ie n tífic a d e b ía se r a u tó n o m a de
los in te re s e s de lo s c o m e rc ia n te s. La d ifu sió n de p rá c tic a s
de código a b ie rto , ta n to e n te c n o lo g ía in fo rm á tic a como
e n b io te c n o lo g ía , es decir, e l acceso lib re a lo s p ro d u c to s
de la in n o v a c ió n in te le c tu a l y a l a ctiv ism o m e d iá tic o , h a
sido u n a m a n ife sta c ió n de e s ta lu c h a p o r la a u to n o m ía
y la a u to o rg a n iz a c ió n d el tra b a jo c o g n itiv o . En lo s a ñ o s
m arcados p o r la m o v ilizació n c o n tra la s in s titu c io n e s de
g o b e rn a n z a glo b al com o la omc, el fm i y el g8 , e n tr e o tro s.
los tra b a ja d o re s c o g n itiv o s a su m ie ro n e l lid e ra z g o de u n
am plio m o v im ie n to , e rró n e a m e n te e tiq u e ta d o com o "an -
ti-g lo b a liz a c ió n ’’· De h e c h o , e s te fu e el p rim e r m o v im ien to
g lo b al y e stu v o d irig id o c o n tra la g lo b alizació n c a p ita lis ­
t a , no c o n tra la g lo b alizació n e n sí m ism a.
En lo s a ñ o s n o v e n ta , debido a la a p e r tu r a del m ercado
de v alo res y el m asivo com ercio a tra v é s de la re d , se hizo
p o sib le u n a e x te n s a p a rtic ip a c ió n e n lo s b e n e fic io s del
c a p ita l. Esto tu v o com o re su lta d o la eco n o m ía p u n to -c o m .
Los tra b a ja d o re s c o g n itiv o s in v irtie ro n su c o m p e te n c ia ,
co n o c im ie n to y c re a tiv id a d y h a lla ro n fo rm as de crear
em p re sa s d e n tro del m ercado de v alo res. D u ra n te a lg u n o s
a ñ o s, la c reació n de em p resas v irtu a le s fu e la z o n a de
e n c u e n tro e n tr e el c a p ita l fin a n c ie ro y el tra b a jo co g n i-
tiv o . U na n u e v a fo rm a de a u to e m p re sa glorificó ta n to la
a u to n o m ía del tra b a jo com o la d e p e n d e n c ia e n el m ercado.
Pero, lu eg o de u n a d écad a de c re c im ie n to , la a lia n z a e n tre
el tra b a jo c o g n itiv o y el c a p ita l re c o m b in a n te se q u eb ró
e n la p rim a v e ra del 2000. La caíd a de la B olsa e n a b ril del
2000 fu e el com ienzo de u n a crisis p o lític a e n la re la c ió n
e n tre e sto s dos c o m p o n e n te s. D iversos fa c to re s p ro v o ca­
ro n e s ta r u p tu ra . El p rim ero fu e el colapso de la s e n e rg ía s
p síq u ic a s y sociales del tra b a jo c o g n itiv o . La so b re x p lo ta -
c ió n , la ac e le rac ió n de los ritm o s de v id a , las v e in tic u a tro
h o ra s de tra b a jo de lo s tra b a ja d o re s freelance p re c a riza d o s,
la d e p re sió n y el uso excesivo de d ro g as e s tim u la n te s p a ra
s o s te n e r el ritm o del tra b a jo ca u sa ro n el co lap so fin a n c ie ­
ro de la net-economy y, c o n s e c u e n te m e n te , a b rie ro n la v ía
a la p re c a riza c ió n m asiv a del tra b a jo c o g n itiv o .
El p ro ceso de a u to o rg a n iz a c ió n del general intellect
q u e e stu v o im p licad o e n la e x p e rie n c ia de la s p u n to -c o m
y e n el p ro ceso de c reació n c o m p a rtid a de I n te r n e t fu e d e­
b ilita d o y d errib ad o p o r la p riv a tiz a c ió n c o e rc itiv a de los
p ro d u c to s del co n o c im ie n to co lectiv o y p o r u n pro ceso de
d e sfín a n c ia ció n y p riv a tiz a c ió n de las in s titu c io n e s p ú b li­
cas e d u c a tiv a s. El d e sm a n te la m ie n to d el general intellect
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

h a e sta d o e n m a rc h a d esd e lo s co m ien zo s d e l n u ev o sig lo .


Las g u e rra s de B ush re s ta u ra ro n la p rim a c ía de la a n tig u a
eco n o m ía m ilita r, so m e tie n d o la n u e v a te c n o lo g ía a los
v iejo s siste m a s m ilita re s. Esto h a provocado la su m isió n
d el general intellect.
Las p u n to -c o m fu e ro n u n la b o ra to rio p a ra la fo rm a ­
ció n de n u ev o s m odelos de p ro d u c c ió n y m ercad o s, pero
fin a lm e n te lo s m o n o p o lio s so fo caro n el com ercio y el e jé r­
cito de em p re sa rio s a u to e m p re n d e d o re s y m ic ro e sp e c u la-
d o res fin a n c ie ro s fu e d isp e rsa d o y, p o r ú ltim o , so m e tid o a
fo rm as p re c a ria s de em p leo . Las c o rp o ra c io n es te rm in a ro n
im p o n ié n d o se e n el ciclo de la net-economy y se a lia ro n
co n el g ru p o d o m in a n te de la v ie ja eco n o m ía, b lo q u e a n d o
y p e rv irtie n d o el p ro y e c to de la g lo b alizació n e n sí m ism o.
El n e o lib e ra lism o p ro d u jo su p ro p ia n e g a c ió n : la d o m in a ­
c ió n del m o n o p o lio y la d ic ta d u ra e s ta ta l-m ilita r. A los

_
tra b a ja d o re s c o g n itiv o s se los m arg in a liz ó y se lo s red u jo

-z
a la p re c a ria co n d ic ió n de la su m isió n s a la ria l. La p ro m esa


im p líc ita e n la id e o lo g ía de la n u e v a e c o n o m ía v ir tu a l e ra
la de c o m p e n sa c ió n elev ad a y p a rtic ip a c ió n e n la s f o r tu ­
n a s eco n ó m icas del s iste m a . Pero, desde el co lap so de la
eco n o m ía v ir tu a l e n el añ o 2000, el tra b a jo c o g n itiv o h a
sido so m etid o a la p re c a riza c ió n .
El in te le c tu a l se c o n v irtió e n u n cognitarior es decir, al
m ism o tie m p o , e n u n tra b a ja d o r co g n itiv o y u n p ro le ta rio .

EL ARTISTA, EL INGENIERO Y EL ECONOMISTA

El in te le c tu a l, el c o m e rc ia n te y el g u e rre ro fu e ro n los p e r ­
so n a je s d o m in a n te s de la fá b u la a la q u e llam am o s m o d e r­
n id a d . Pero la fu n c ió n in te le c tu a l e s tá lejos de se r con-
s is te n te y u n ív o c a . Por e l c o n tra rio , e s tá a tra v e s a d a p o r
u n co n flicto in te r n o , cuyas d in á m ic a s in te n ta r é d escrib ir
a q u í. En la esfe ra d e l tra b a jo c o g n itiv o , el a r tis ta , el in g e ­
n ie ro y el e c o n o m ista h a n sido los p e rso n a je s p rin c ip a le s
de la fá b u la a la q u e llam am o s general intellect. Su ju e g o
se h a lla e n el n ú cleo de las d in á m ic a s de la v id a in te le c ­
tu a l d el siglo p a sa d o . ¿Pero q u ié n ganó?
El a r tis ta , fig u ra ¡ c o n la q u e m e re fie ro a l p o e ta y
a l c ie n tífic o , e n c a rn a e l exceso d el c o n o c im ie n to y d e l
le n g u a je , el exceso q u e p ro d u c e la r u p tu r a de su s m a r­
cos e s ta b le c id o s. Él es el cre a d o r de n u e v o s c o n c e p to s y
p re c e p to s q u e re v e la n n u e v o s h o riz o n te s p o sib le s p a ra
la e x p e rie n c ia so c ia l. El a r tis ta h a b la el le n g u a je de la
c o n ju n c ió n . En s u c re a c ió n , la re la c ió n e n tr e sig n o y sig ­
n ific a d o no se h a lla fija d a a p a r tir de u n a c o n v e n c ió n ,
sin o q u e se d e sp la z a p ra g m á tic a m e n te y se re n e g o c ia de
m a n e ra c o n s ta n te .
El in g e n ie ro es el m a e stro de la te c n o lo g ía , e l i n t e ­
le c tu a l q u e tra n s fo rm a los c o n c e p to s e n p ro y e c to s y los
p ro y e c to s e n a lg o ritm o s. El in g e n ie ro h a b la el le n g u a je de
la c o n e x ió n . La re la c ió n e n tr e sig n o y sig n ificad o se h a lla
c o n v e n c io n a lm e n te in s c rip ta e n su á m b ito . Él es u n p ro ­
d u c to r de m á q u in a s, de co m binaciones té c n ic a s de c o n c e p ­
to s , a lg o ritm o s y dé m a te ria físic a q u e a c tú a de acu erd o
co n d e te rm in a d o s c o n c e p to s. Su tra b a jo es p re d o m in a n te ­
m e n te el tra b a jo c o g n itiv o c o n te m p o rá n e o .
La te rc e ra fig u ra del general intellect c o n te m p o rá n e o
es e l e c o n o m ista , q u e es u n falso c ie n tífic o y, a l m ism o
tie m p o , e l té c n ic o re a l q u e h a e sta d o e n carg ad o de re d u c ir
e l p o d e r com binado d e l a r tis ta y el in g e n ie ro a la s reg las
e sta b le c id a s p o r la acu m u lació n c a p ita lis ta .
Los e c o n o m ista s so n m ás sa c e rd o te s q u e cie n tífic o s.
Su d iscu rso in te n ta s o m e te r la a c tiv id a d de lo s o tro s a las
re g la s de la e x p a n sió n eco n ó m ica. Ellos d e n u n c ia n el m al
c o m p o rta m ie n to de la so c ie d a d e in s ta n a la g e n te a p a g a r
p o r sus d e u d a s, am e n a z an d o co n p ro v o car in fla c ió n y m i­
s e ria p o r los p ecad o s de la s p e rso n a s. A doran lo s dogm as
d el cre c im ie n to y la c o m p e te n c ia.
La m eto d o lo g ía c ie n tífic a es d ife re n te a la m e to d o lo ­
g ía d el e c o n o m ista .
I O S AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

¿Qué es la c ie n c ia d e sp u é s de to d o ? S im p le m e n te , diré
q u e la c ie n c ia es u n a fo rm a de c o n o c im ie n to lib re de d o g ­
m as, que p re te n d e e x tra p o la r leyes g en erales a p a r tir de la
o b serv ació n de los fe n ó m e n o s e m p írico s y q u e e x tra e de
e s ta e x tra p o la c ió n la h a b ilid a d p a ra p re d e c ir algo acerca
de lo q u e su c e d e rá e n el f u tu r o . Pero la c ie n c ia ta m b ié n es
cap az de tra s c e n d e r c u a lq u ie r tip o de d e te rm in ism o c a u sa l
y de e n te n d e r los "cam bios de paradigm a". Esto sig n ific a
q u e la in n o v a c ió n c ie n tífic a es, e se n c ia lm e n te , la tr a n s ­
g re sió n de lo s lím ite s e sta b le c id o s del c o n o c im ie n to .
H a sta d o n d e yo sé, la e c o n o m ía no se co rre sp o n d e
co n e s ta d e sc rip c ió n . En p rim e r lu g a r, los e c o n o m ista s
e s tá n o b sesio n ad o s co n n o c io n e s d o g m á tic a s ta le s com o
el c re c im ie n to , la c o m p e te n c ia y e l p ro d u c to b ru to i n t e r ­
n o . P ro fesan q u e la re a lid a d so cial e s tá e n crisis si n o se
a ju s ta a la s ex ig e n c ia s q u e e s tip u la n esos d o g m atism o s.
En se g u n d o lu g a r, los e c o n o m ista s so n in c a p a c e s de in f e ­

- g -,
rir ley es a p a r tir de la o b se rv a c ió n de la re a lid a d ; e n su
lu g a r, p re fie re n q u e la re a lid a d se a d a p te a su s p ro p ia s
p re su p o sic io n e s. Como c o n se c u e n c ia , no p u e d e n p re d e c ir
n a d a y la e x p e rie n c ia h a d em o strad o a m en u d o e sa in c a ­
p a c id a d p a ra p re d e c ir tra n sfo rm a c io n e s y c o n tin g e n c ia s.
F in a lm e n te , lo s e c o n o m ista s no p u e d e n re c o n o c e r cam bios
e n los p a ra d ig m a s so ciales y se re h ú s a n a a ju s ta r su m arco
c o n c e p tu a l e n re la c ió n co n ellos. Todo lo c o n tra rio , in s is ­
t e n e n q u e es la re a lid a d la q u e debe cam b iar p a ra e s ta r e n
c o rre sp o n d e n c ia co n sus c rite rio s d e sa c tu a liz a d o s.
La físic a , la q u ím ica y la a s tro n o m ía c o n c e p tu a liz a n
u n cam po específico de la re a lid a d ; e n la s e sc u e la s de e c o ­
n o m ía y n eg o cio s e l o b je to de e n s e ñ a n z a y a p re n d iz a je , e n
c a m b ió le s u n a te c n o lo g ía , u n c o n ju n to de h e rra m ie n ta s ,
p ro c e d im ie n to s y p ro to c o lo s p ra g m á tic o s q u e p re te n d e n
te rg iv e rs a r la re a lid a d so cial p a ra q u e sirv a a fin es p rá c ti­
cos: g a n a n c ia , c re c im ie n to , a c u m u la c ió n , p o d er. La re a li­
d a d eco n ó m ic a n o e x iste . Es e l re su lta d o de u n p ro ceso de
m o d elado té c n ic o , de su m isió n y e x p lo ta c ió n .
El discurso teó rico que so stie n e a e sta tecn o lo g ía eco­
nóm ica pu ed e ser definido como ideología, e n el sen tid o
p ro p u esto por Marx, q u ien no fue u n econom ista, sino u n
crítico de la econom ía p o lítica. La ideología es, de hecho,
u n a tecn o lo g ía te ó ric a que p re te n d e prom over determ in ad o s
objetivos políticos y sociales. La ideología económ ica, como
to d a tecn o lo g ía, no es au to rreflex iv a y, por lo ta n to , no p u e ­
de desarrollar u n a au to co m p ren sió n te o ré tic a . No p u ed e re­
configurarse e n relación con u n cam bio de paradigm a.
El e c o n o m ista c a p tu ra al in g e n ie ro . La in g e n ie ría , en
c u a n to te c n o lo g ía , p u e d e v in c u la rse al a r te y a la cíen -
cia y tra n s fo rm a r la cre a c ió n c o n c e p tu a l e n (feposítzVos
té c n ic o s p a ra la o rg a n iz a c ió n de la v id a so cial. Pero, en
e l tra n s c u rs o d e l ú ltim o sig lo , h a sido so m e tid a a la e c o ­
n o m ía p o r m edio de la re d u c c ió n de las p o sib ilid a d e s té c ­
n ic a s de la s m á q u in a s a la d e te rm in a c ió n de u n a ló g ica
p u ra m e n te eco n ó m ica.
Cuando el ingen iero se vincula al a rtista , produce m áq u i­
n as d estin ad as a lib erar el tiem po del trab ajo y a desarrollar
la m áxim a u tilid a d social. Cuando es controlado p o r el eco­
n o m ista, produce m áquinas p a ia a ta r el tiem p o hu m an o y la
in te lig e n c ia a la ite ra c ió n de la m axim ización de la ganan cia
y la acum ulación del cap ital. Con el a rtis ta , su h o riz o n te es
la in fin id ad de la n a tu ra le z a y el lenguaje. Bajo el co n tro l
del econom ista, su h o riz o n te es el crecim iento económ ico
y es e n nom bre de e ste dogm a que d estru y e la n a tu ra le z a y
obliga al lenguaje a ser com patible con el código.
El cap italism o , hoy e n d ía, y a n o lo g ia se m io tiz a r y
o rg a n iz a r la p o te n c ia lid a d social de la p ro d u c tiv id a d cog-
n itiv a po rq u e la c o n c e p tu a liza c ió n económ ica re s u lta d e ­
m asiado e stre c h a con relació n a la p o te n c ia in te le c tu a l de
la sociedad, que exige u n a d im ensión tra n se c o n ó m ic a. El
cam bio de la form a de p ro d u cció n in d u s tria l a la sem ió tica
h a im pulsado al cap italism o fu e ra de sí m ism o, fu e ra de su
a u to c o n c e p ció n ideológica. Los e c o n o m istas e s tá n d eslu m ­
brados p o r e s ta tran sfo rm ació n .
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

En la a c tu a l crisis d e l c a p ita lism o g lo b alizad o , el p ro ­


b le m a es el s ig u ie n te : ¿es p o sib le d e sv in c u la r la a c tiv id a d
y el co n o c im ie n to de las g a rra s del p ara d ig m a eco n ó m i-
c o -seiu ió tico ? ¿Ha so m etid o p o r c o m p leto el e c o n o m ista al
in g e n ie ro , q u ie n p re v ia m e n te , a su v ez, h a b ía c a p tu ra d o
al a rtis ta ? ¿0 p u e d e el in g e n ie ro lib e ra rse de las r e s tr ic ­
c io n es eco n ó m icas y re c o n fig u ra r la te c n o lo g ía se g ú n las
in tu ic io n e s de la cie n c ia y la sen sib ilid ad ?

UTOPÍA VIRTUAL

El fu tu ro es el esp acio im a g in a rio q u e in te n ta co lo n iz a r la


u to p ía . E sta c o lo n iz a c ió n n u n c a se a lc a n z a del to d o , pero
siem pre d eja h u e lla s e n el c u e rp o del fu tu ro .
El siglo XX e stu v o co lo n izad o p o r la u to p ía del f u tu r is ­
m o, b a sa d a e n u n a ce le b ra ció n re tó ric a de la a celeració n

¿2
_
y la v io le n c ia . E sta u to p ía , de h e c h o , in v ad ió la re a lid a d
so cial y e s té tic a de ese sig lo , p a ra lu e g o a g o ta r sus fu e n ­
te s de e n e rg ía .
La c o lo n iz a c ió n f u tu r is ta del m undo e x te n u ó al fu tu ro
e n sí m ism o, p o rq u e e s te no solo es u n a d im e n sió n te m ­
p o ra l, sino u n a p ro y ecció n c u ltu ra l, la in te rn a liz a c ió n del
tie m p o como e x p a n sió n . En e s te se n tid o , el fu tu ro lle g a a
su fin cu an d o se acab a la e x p a n sió n , cu an d o n o s volvem os
c o n sc ie n te s física, e s té tic a y c o n c e p tu a lm e n te de la e x te ­
n u a c ió n y del a g o ta m ie n to re a l de las en e rg ía s.
La tra y e c to ria de la M odernidad ta r d ía com en zó co n el
fu tu rism o y fin alizó con el p u n k , cu an d o la c u ltu ra to m ó
co n c ie n c ia del in c ip ie n te d e s g a s te de la e n e rg ía m o d e rn a .
Esto p u e d e re fo rm u la rse en té rm in o s de frontera. El
fu tu ro es el d e sp la z a m ie n to de la fro n te ra , la e x p a n sió n
d el te rrito rio carto g ra fiad o y co lo n izad o . C uando el p ro ­
ceso de c o lo n iz a c ió n físic a del p la n e ta alcan zó su p u n to
m áxim o, cu an d o el te r r ito r io físico del m u n d o fu e com ­
p le ta m e n te c o lo n izad o , cu an d o cada fo rm a de a c tiv id a d
fu e fin a lm e n te so m e tid a a las re g la s del m ercado y cu an d o
cad a fo rm a de le n g u a je fu e s u p e d ita d a a la ló g ic a eco ­
n ó m ica, e n to n c e s la p a la b ra frontera se c o n v irtió e n u n a
p a la b ra v acía. Se n e c e s ita b a u n a n u e v a d im e n sió n p a ra el
in c e s a n te p ro ceso de d e ste rrito ria liz a c ió n q u e es el m o to r
d el c a p ita lism o .
A sí, lu e g o de la caíd a del m uro de B erlín , d u ra n te la
d écad a de la g lo b a liz a c ió n , su rg ió u n a n u e v a fro n te ra , se
im ag in ó u n nuevo fu tu ro y se concibió y pro p ag ó u n a n u e ­
v a u to p ía : e l c ib e rfu tu ro , m ás a llá de la fro n te ra v irtu a l.
La c ib e ru to p ía de los a ñ o s n o v e n ta d esp lazó la fro n te ra de
u n a d im e n sió n físic a h a c ia u n a v irtu a l.
D esde los añ o s s e s e n ta , e l tra sfo n d o u tó p ic o d el cibe-
resp acio e stu v o a lim e n ta d o p o r lo s freaks, los lib e rta rio s
y lo s p o e ta s y, de h e c h o , la c re a c ió n de I n te r n e t e n lo s
n o v e n ta no p u e d e se p a ra rse del flo re c im ie n to u tó p ic o de
la im a g in a c ió n p sic o d é lic a y la s p o lític a s lib e rta ria s . Para
m u chos, la W orld W ide Web e stu v o c a rg a d a de u n m istic is­
mo u tó p ic o , d esd e el m o m en to e n que M arshall M cLuhan
se re fe ría a e lla de la s ig u ie n te m a n e ra : "Hoy, tr a s m ás de
u n siglo de te c n o lo g ía e lé c tric a , h em o s e x te n d id o n u e s ­
tro siste m a n erv io so c e n tra l h a s ta a b a rc a r to d o e l globo,
ab o lie n d o tie m p o y esp a c io , a l m en o s e n c u a n to a e s te
p la n e ta se refiere^.14 En el p rim e r n ú m ero de Wiredr la
re v ista q u e pro m u ev e desde 1993 la id e a de la re d com o
u n a fu e rz a de re n o v a c ió n to ta l, su je f e de re d a c c ió n Louis
R o sse tto escribió:

La revolución digital está azotando nuestras vidas como un hu­


racán bengalí, trayendo consigo cambios sociales tan profundos
que su único paralelismo es, probablemente, el descubrimiento
del fuego. [...] Wired trata sobre las personas más poderosas del

14. Marshall McLuhan, Comprender los medios de comunicación. Las exten­


siones del ser humano, Barcelona, Paidós, 2009, p. 27.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

planeta hoy en día: la generación digital. Son quienes no solo


previeron cómo la fusión de las computadoras, las telecomunica­
ciones y los medios de comunicación transformaría la vida en el
15
apogeo del nuevo milenio, sino que están haciéndolo realidad.

En lo s a ñ o s n o v e n ta , la c ib e ru to p ía se c o n v irtió e n la
p ro m esa de la e x p a n sió n eco n ó m ica sin lím ite s y, ta m b ié n ,
e n u n a p ro m esa de p a z y co o p e ra c ió n . P e te r S ch w artz y
P e te r L eyden e sc rib ie ro n u n te x to so b re la n u e v a e c o n o ­
m ía p ro m o v id a p o r el networking titu la d o The Long Boom:
A History of Future [El larg o boom : u n a h is to r ia d e l f u t u ­
ro ]. Luego de la v ic to ria de C linton e n la s e le c c io n es de
1992, el c ib e rfu tu rism o u tó p ic o a lim e n tó e x p e c ta tiv a s de
u n a la rg a era de e x p a n sió n eco n ó m ica y de fu sió n co n la
te o lo g ía d e l m ercado q u e se h a lla e n el n ú cleo del fu n d a -
m e n ta lism o n e o lib e ra l.

丨 612
E sth e r D yson, G eorge Gilder, A lvin Toffler y George
K eyw orth e sc rib ie ro n u n a wC arta M agna p a ra la Era d el

_
C o n o cim ien to ", e n la q u e d e c la ra b a n e n su p reám b u lo :
yyEl e v e n to c e n tra l d e l siglo xx es el d e rro c a m ie n to de la
m a te ria . [ ...] Por to d o s lad o s, los p o d e re s de la m e n te
a sc ie n d e n so b re la fu e rz a b r u ta de la s co sas,/.15 16 El h ech o
de q u e la m e n te se e m a n c ip a ra de la m a te ria fu e e l efe c to
sim u ltá n e o de la im p le m e n ta c ió n de la te c n o lo g ía del co ­
n o c im ie n to y d el re to rn o del viejo su e ñ o p sico d élico .
^D espués de to d o , ¿qué e ra lo q u e lo q u e lo s c o n su ­
m id o res de LSD q u e ría n lo g ra r sino el d e rro c a m ie n to de la
m a te ria p o r m edio de los p o d e re s de la m e n te ? ,,/ señ aló
Fred T u rn er e n From Counterculture to Cyberculture.

15. Louis Rossetto, Wired, citado en Fred Turner, From Counterculture to


Cyberculture, ob. cit., p. 207.
16. Esther Dyson, George Gilder, George Keyworth y Alvin Tofñer, Cyberspace
and the American Dream: A Magna Carta for the Knowledge Ager disponible
0111ine en www.pff.org/issues-pubs/futureinsights/fil.2magnacarta.htnil
[última consulta: junio de 2017].
La c o n v e rg e n c ia de la c ib e ru to p ía y e l p e n sa m ie n to
n e o lib e ra l fu e c la ra m e n te a rtic u la d a p o r K evin K elly e n su
lib ro Out of Control [F uera de C ontrol] . Para Kelly,

La red es un emblema de lo múltiple. De ella nace el ser enjambre


-ser distribuido- que se dispersa a sí mismo por toda la red, de ma­
nera que ninguna parte puede decir: 'Ύο soy el yo^. Es irremedia­
blemente social, el producto descarado de muchas mentes. Reñeja
tanto la lógica de la Computadora como la de la Naturaleza, la cual
a su vez manifiesta un poder más allá de la comprensión.
En la red se halla oculto el misterio de la mano invisible, el
control sin autoridad.17

D esde A dam S m ith , la m an o in v isib le h a sido u n c o n ­


c e p to c ru c ia l p a ra la filosofía o rie n ta d a al m ercad o . Este
c o n c e p to im p lic a el su p u e s to de u n p e rfe c to fu n c io n a ­
m ie n to de la m e n te -c o lm e n a , donde las m e n te s in d iv i­
d u a le s tra b a ja n de m a n e ra h o m o g é n e a de acu erd o con u n
m ism o p rin c ip io , e l p rin c ip io económ ico.

Las pequeñas abejas en mi enjambre son más o menos incons­


cientes de su colmena. Por definición, su mente-colmena co­
lectiva debe trascender su pequeña mente de abeja. Mientras
nosotros nos conectamos a una red-enjambre, surgirán muchas
cosas que, como meras neuronas de la red, no esperamos, no
comprendemos, no podemos controlar o ni siquiera percibimos.18

La re d abrió u n n u ev o h o riz o n te ta n to p a ra la com u­


n ic a c ió n h u m a n a com o p a ra la e x p a n sió n c a p ita lis ta , pero
la im a g e n p e rfe c ta de la re d como la m an o in v isib le solo
fu n c io n ó h a s ta cie rto p u n to .

17. Kevin Kelly, Out of Control: The New Biology of Machines, Social Systems
& the Economic World, Boston, Addison-Wesley, 1994, p. 3.
18. Ibid., p. 36.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

En el añ o 2000, a p e n a s a lg u n o s a ñ o s d e sp u é s d el d e s­
p e r ta r d el m undo c ib e ru tó p ic o , la c e le b ra ció n te rm in ó r e ­
p e n tin a m e n te y la c a íd a de la s em p resas p u n to -c o m p ro -
vocó u n a crisis eco n ó m ica q u e ab rió la p u e r ta a u n cam bio
d ra m á tic o . A p rin c ip io s de sig lo , e sta lló la b u rb u ja v ir tu a l
y d e se n c a d e n ó la s ú b ita a p a ric ió n de lo s fa n ta sm a s de la
ag re siv id a d y la g u e rra . La p re c a riz a c ió n d e l tra b a jo co g ­
nitive» y el desem p leo m asivo se c o n v irtie ro n e n los ras-
gos c a ra c te rístic o s d el m ercado la b o ra l, y la e u fo ria de los
a ñ o s n o v e n ta cedió e l p aso a u n p esim ism o g e n e ra liz ad o .
¿Por q u é p asó e sto ? Yo creo que e l e rro r fu n d a m e n ta l
de la c ib e ru to p ía fu e a su m ir q u e la ''m a te ria h a b ía sido
d e rro c a d a ” y que, com o dice Barlow, " n u e s tra s id e n tid a d e s
no tie n e n cuerpo^. E ste p re s u p u e s to e stu v o b asad o e n u n
e rro r doble. En p rim e r lu g a r, la e sfe ra de la e le c tró n ic a
no es in m a te ria l; sim p le m e n te p e rte n e c e a u n a d im e n sió n
m a te ria l d ife re n te q u e la de la m e c á n ic a. En se g u n d o lu ­

一 •
,
gar, y lo que es a ú n m ás in te r e s a n te , la m e n te tam p o c o

32
d e b e ría p e n sa rse com o algo in m a te ria l. S eg ú n el p u n to de
v is ta a n tro p o ló g ic o , psico ló g ico y n e u ro ló g ic o , la m e n te
d eb e se r e n te n d id a e n té rm in o s m a te ria le s.
C o n c e p tu a lm e n te , solo la e sfe ra se m ió tic a p u e d e o p o ­
n e rse a la m a te ria y fu e la tra n sfo rm a c ió n e le c tró n ic a la
q u e h izo p o sib le o r ie n ta r la p ro d u c c ió n so cial e n u n s e n ti­
do se m ió tic o . El s e m io c a p ita l es el ám b ito d o n d e e l in t e r ­
cam bio económ ico es p re d o m in a n te m e n te u n in te rc a m b io
de sig n o s, p ero las fu e rz a s q u e p ro d u c e n la in m a te ria lid a d
se m ió tic a no so n in m a te ria le s .
La c ib e ru to p ía olvidó y su b e stim ó lo s e fe c to s de la v ir-
tu a liz a c ió n e n la p siq u e h u m a n a y e n la s u b je tiv id a d so ­
cial, y a q u e su a m b ie n te te c n ó filo los com prenaxo a e u n a
m a n e ra a b s o lu ta m e n te su p e rfic ia l. La c a íd a de la s p u n -
to -c o m e n e l 2000 no solo exp u so la fra g ilid a d de la n u e v a
e c o n o m ía , sin o q u e ta m b ié n d e se n m a sc a ró la fra g ilid a d
d el s iste m a n erv io so e n re d . Los c ib e ru tó p ic o s y n e o lib e ­
ra le s no e s ta b a n in te re s a d o s e n lo s e fe c to s de la te c n o lo -
g ía so b re la s u b je tiv id a d so c ia l, y a q u e ello s p e n s a b a n q ue
la re a lid a d p sico ló g ica p o d ía se r re d u c id a a ta su p e rfic ie
c o n sc ie n te y s u b e stim a ro n p o r c o m p leto la c o m p lejid ad
d e l in c o n s c ie n te . E sta n e g lig e n c ia m arca e l fracaso del e n ­
c u e n tro e n tr e la te o lo g ía del m ercado y la c ib e ru to p ía de
lo s a ñ o s n o v e n ta . D ebem os a h o ra in v e s tig a r el in c o n sc ie n -
te de la m e n te -e n ja m b re .

ALMAS AL TRABAJO
■ . . · . ■
El sem io cap italism o se b a sa e n la e x p lo ta c ió n d el alm a en
c u a n to fu e rz a p ro d u c tiv a y e n c u a n to espacio de m ercado.
Pero el alm a es m ucho m ás im p red ecib le q u e la fu e rz a de
tra b a jo m u scu lar q u e ob rab a e n la cad en a de m o n taje. En
lo s añ o s de la econom ía del Prozac, el alm a era fe liz al
丨 zzz-

se r e x p lo ta d a , p ero e sto no p o d ía d u ra r p a ra siem p re. Las


aflicciones del alm a co m en zaro n a a p a re c er e n el últim o
año de la d écad a de la s p u n to -c o m , cuando se an u n ció el
a p o calip sis te c n o ló g ico bajo el nom bre de millennium bug
[erro r del m ilenioJ. La im a g in ació n social e s ta b a ta n carg a­
d a co n e x p e c ta tiv a s a p o c a líp tic a s que el m ito del colapso
té c n ic o global generó u n a ola convulsiva p o r to d o el m u n ­
do. F in alm en te, n a d a sucedió d u ra n te la n o ch e del m ilen io ,
pero la p siq u e global ta m b a le ó al b orde de u n abism o.
Lo e se n c ia l de las tra n sfo rm a c io n e s so ciales cau sad as
p o r la d ig ita liz a c ió n de la p ro d u c c ió n no es la p é rd id a de
re g u la riz a c ió n de la re la c ió n la b o ra l, q u e d e sp u é s de to d o
siem p re h a sido p re c a ria a p e sa r de la s re g u la c io n e s le g a ­
les; m ás b ie n , es la d iso lu c ió n de la p e rso n a e n u n a g e n te
p ro d u c tiv o , e n fu e rz a de tra b a jo .
El ciberespacio de la p roducción global d eb ería se r v isto
como u n a in m e n sa e x te n sió n de tiem p o h u m an o d esp erso ­
n alizad o . El in fo tra b a jo , el su m in istro de tie m p o p a ra la e la ­
b o ración y la recom binación de segm entos de info m ercan -
cías, es e l p u n to c u lm in a n te d e l proceso de ab stra c c ió n de
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

las actividades co n cretas que Marx analizó como u n a t e n ­


d en cia in sc rip ta e n la relació n e n tre c a p ita l y tra b a jo . Este
proceso h a despojado p ro g resiv am en te a l tie m p o de tra b a jo
de to d a p a rtic u la rid a d c o n c re ta e in d iv id u al. El átom o de
tie m p o del cu al h a b la Marx es la u n id a d m ín im a de trab ajo
p ro d u ctiv o . Pero e n la p ro d u cció n in d u stria l, e l tie m p o de
trab ajo a b stra c to e sta b a e n carn ad o e n u n p o rta d o r físico y
ju ríd ic o , personificado p o r u n tra b a ja d o r de carn e y h u eso
con u n a id e n tid a d p o lític a d e te rm in a d a . N a tu ralm en te, el
c a p ita l no com praba u n c o n ju n to de d e te rm in a c io n es p e r­
so n ales, sino el tie m p o a b stra c to del cu al los tra b a ja d o res
e ra n los p o rtad o res. El c a p ita lista e s ta b a obligado a conr
tr a ta r seres h u m an o s y, p o r c o n sig u ie n te , a lid ia r con sus
deb ilidades físicas, e n ferm ed ad es, con sus derechos h u m a ­
n o s y a h a c e r fre n te a los sin d ic a to s como así ta m b ié n a las
exigencias p o líticas que d em an d asen e sto s su jeto s.
Cuando n o s a d e n tra m o s e n la e sfe ra d el tra b a jo in fo r­

¿
m á tic o , y a no h a y n e c e sid a d de co m p rar la d isp o n ib ilid a d


2
de u n a p e rso n a p o r ocho h o ra s a l d ía . El c a p ita l y a no
r e c lu ta p e rso n a s, sino q u e co m p ra p a q u e te s de tie m p o ,
se p a ra d o s de su s p o rta d o re s in te rc a m b ia b le s y o c a sio n a ­
les. En la net-economy, la fle x ib ilid a d h a e v o lu cio n ad o
h a s ta a lc a n z a r u n a fo rm a de fra c ta liz a c ió n d e l tra b a jo .
F ra c ta liz a ció n , a q u í, re fie re a la fra g m e n ta c ió n m o d u la r y
re c o m b in a n te del tie m p o de la a c tiv id a d . El tra b a ja d o r y a
no e x iste com o p e rso n a . Él o e lla so n solo u n p ro d u c to r
in te rc a m b ia b le de xaicro -frag m en to s de sem io sis reco m b i-
n a n te q u e e n tr a e n e l flujo c o n tin u o de la re d .
El c a p ita l y a no le p a g a a u n tra b a ja d o r d isp u e sto a ser
ex p lo ta d o p o r u n larg o p erío d o de tie m p o ; y a n o p a g a u n
salario q u e cu b re e l ra n g o co m p leto de n e c e sid a d e s e c o n ó ­
m icas de u n a p e rso n a q u e tra b a ja . Al tra b a ja d o r, m á q u in a
d o ta d a de u n cereb ro que p u e d e se r u sad o p o r fra g m e n ­
to s de tie m p o , se le p a g a p o r sus o c a sio n a le s serv icio s
te m p o ra rio s. El tie m p o de tra b a jo se h a lla fra g m e n ta d o y
c e lu la riz ad o . Las c é lu la s de tie m p o e s tá n a la v e n ta e n la
re d y las em p resas p u e d e n co m p rar ta n to com o q u ie ra n
sin e s ta r o b lig ad as de n in g u n a m a n e ra e n lo q u e c o n c ie rn e
a la p ro te c c ió n so cial del tra b a ja d o r. El tie m p o d e sp e rso ­
n a liz a d o se h a c o n v e rtid o e n el a g e n te re a l d el p ro ceso de
v a lo riz a c ió n y e s te no tie n e d erech o s n i n e c e sid a d e s. Tan
solo p u e d e e s ta r d isp o n ib le o no d isp o n ib le.
La m á q u in a lin g ü ís tic a rec o m b in a y c o n e c ta los fra g ­
m e n to s de tie m p o n e c e sa rio s p a ra p ro d u c ir in fo m e rc a n cía s.
La m á q u in a h u m a n a e s tá a h í, la tie n d o y d isp o n ib le , como
in n u m e ra b le s cereb ro s e n e sp e ra . La e x te n s ió n d e l tie m p o
e s tá m e tic u lo sa m e n te c e lu la riz ad a : y e sto s fra g m e n to s de
tie m p o p ro d u c tiv o se p u e d e n m ovilizar de form a p u n tu a l
y c a su a l. La reco m b in a c ió n se re a liz a a u to m á tic a m e n te e n
la red El te lé fo n o celu lar es la h e rra m ie n ta que p e rm ite la
co n e x ió n c o n tin u a e n tre las n e c e sid a d e s del se m io c a p ita l
y la m o vilización del tra b a jo vivo del c ib eresp acio . El rin­
gtone d el te lé fo n o c e lu la r lla m a a lo s tra b a ja d o re s a re c o ­
n e c ta r su tie m p o a b stra c to con el flujo re tic u la r.
En e s ta nueva dim ensión del trab ajo , las p erso n as no
tie n e n n in g ú n derecho sobre el tiem po del cual ellos so n fo r­
m alm en te dueños. Ese tiem p o e n realidad no les p erten ece,
p orque h a sido separado de la ex isten cia social de aquellos
que lo h acen disponible e n el reco m b in an te circuito ciber-
productivo. El tiem p o de trab ajo e s tá fractalizado , reducido
a fragm entos m ínim os que p u e d e n ser reensam blados y esto
le p erm ite al cap ital e n c o n tra r c o n sta n te m e n te las condicio- ¡
n es para p ag ar salarios m ínim os. Este tip o de trab ajo puede
rebelarse e n alg ú n nodo de la red, pero esto no moviliza
n in g u n a ola de luchas. Para que las luchas form en u n ciclo,
los cuerpos trab ajad o res deb en e sta r e n u n a piox im id ad es­
pacial y e n u n a c o n tin u id a d ex isten cial y tem p o ral. Sin esos
d e te rm in a n te s, los cuerpos celularizados no p o seen las con-
alciones para ex p erim en tar el tip o de afectiv id ad que hace
posible la solidaridad social. El com portam iento solo pu ed e
co nvertirse e n u n a ola cuando h a y u n a proxim idad co n tin u a
e n el tiem p o , co n tin u id ad que el in fo trab ajo ya no perm ite.
LOS AVATARES DEL G E N E R A L I N T E L L E C T

La a ctiv id ad c o g n itiv a siem pre h a sido la b ase de to d a


p ro d u cció n h u m a n a , in clu so de aq u ella de tip o m ás m e­
cánico. No e x iste u n proceso de tra b a jo h u m a n o q ue no
im p liq u e u n ejercicio de la in te lig e n c ia . Pero, h o y e n día,
la capacidad c o g n itiv a es el recurso p ro d u ctiv o esen cial.
En la e sfe ra del tra b a jo in d u stria l, la m e n te fu e p u e s ta a
tra b a ja r como u n a u to m a tism o re p e titiv o , com o el so p o rte
fisiológico del m ovim iento m uscular. A c tu a lm e n te , se h a
p u e sto a tra b a ja r la m e n te de diversas m an eras, p o rq u e el
le n g u a je y las relacio n es e s tá n cam biando c o n tin u a m e n te .
La su b su n c ió n de la m e n te e n el proceso de valo rizació n ca­
p ita lis ta conduce a u n a v e rd a d e ra m u ta c ió n . El org an ism o
c o n sc ie n te y sen sitiv o e s tá so m etid o a u n a p re sió n co m p e­
titiv a , a la aceleració n de los estím u lo s y a u n c o n s ta n te e s­
tré s de la a te n c ió n . Como co n secu en cia, la in fo e sfe ra e n la
cu al se form a la m e n te y e n tra en relació n con o tra s m e n ­
te s , se c o n v ie rte e n u n a a tm ó sfe ra p sic o p a to g é n ic a . Para
co m p ren d er el in fin ito ju e g o de espejos del sem io cap ital,
debem os tra z a r u n nuevo cam po d iscip lin ario , delim itad o
p o r tre s a sp ecto s: la c rític a de la econom ía p o lític a de la
in te lig e n c ia c o n ectiv a, la sem iología de los flujos lin g ü ísti-
cos-económ icos y la psico q u ím ica de la in fo esfera.
EL EFECTO ENJAMBRE

-•-

CAPITALISMO ABSOLUTO

En m i o p in ió n , es in ad ecu ad o d e fin ir el siste m a económ ico


co n te m p o rá n e o com o cap italism o n e o lib e ra l. El n e o lib e ra -
lism o es solo la ju stific a c ió n id eo ló g ica de la tra n sfo rm a ­
ción que tu v o lu g a r e n las ú ltim a s décadas d el siglo xx.
Tam bién es in c o rre c to d efinirlo como m o n etarisn io , y a q ue
el ro l q u e ju g ó la v ariació n d el su m in istro de d in ero es,
sim p lem en te, u n a sp ecto té c n ic o .
Yo creo q u e e s ta tra n sfo rm a c ió n c o n te m p o rá n e a d e ­
b e ría se r v alo rad a desde el p u n to de v is ta de la ev o lu ció n
h u m a n a a larg o p lazo com o el p u n to de in fle x ió n m ás a llá
de la e ra d el h u m a n ism o . El c a p ita lism o de la b u rg u e s ía
m o d e rn a fu e p ro d u c to de la re v o lu c ió n h u m a n is ta y e s ta
fu e la clase q u e, fre n te al d e stin o te o ló g ic o , e n c a rn ó los
v alo res de u n a lib e rta d h u m a n is ta . Pero la c a ra c te riz a c ió n
b u rg u e s a d e l s is te m a económ ico se d iso lv ió com o efe c to
d el fin de la p re p o n d e ra n c ia de la in d u s tr ia e n la a c u m u ­
la c ió n d e l c a p ita l y de la d e s te rrito ria liz a c io n d el pro ceso
p ro d u c tiv o . El se m io c a p ita lism o to m ó el lu g a r d e l c a p ita ­
lism o in d u s tr ia l p o rq u e la p ro d u c c ió n y el in te rc a m b io de
sig n o s a b s tra c to s p a sa ro n a ju g a r u n rol p re d o m in a n te en
to d o el p ro ceso de a c u m u la c ió n . La a b stra c c ió n fin a n c ie ra
es la m a n ife s ta c ió n e x tre m a de e s ta p re d o m in a n c ia .
La ex p resió n capitalismo cognitivo ta m b ié n me parece
in c o rre c ta . No es el c a p ita l el que p u ed e se r den o m in ad o
co g n itiv o , sino el tra b a jo . El c a p ita lis ta no es el su jeto de
u n a a ctiv id ad c o g n itiv a , sino el e x p lo ta d o r de esa a c tiv i­
dad. El p o rta d o r de c o n o cim ien to , cre a tiv id a d y h ab ilid ad es
es el trab ajad o r.
El té rm in o semiocapitalismo m e p a rece q u e p ro v ee u n a
d e fin ic ió n a p ro p ia d a del a c tu a l siste m a económ ico a n iv e l
glo bal. S in em bargo, p a ra co m p re n d e r la d im e n sió n p o líti­
ca de la tra n sfo rm a c ió n que provocó la d e sre g u la c ió n n e o ­
lib e ra l, creo q u e deb eríam o s re fe rim o s a e lla e n té rm in o s
de "ab so lu tism o c a p ita lista ".
La b u rg u e sía lu ch ó u n a b a ta lla c o n tra el a b so lu tism o
de la M o d ern id ad te m p r a n a , lu e g o de h a b e rs e b e n e f i­
ciado de los efecto s de u n ificació n n a c io n a l y reg u lació n
so cial que los m onarcas a b s o lu tista s h a b ía n aplicado sobre
las form as de v id a tra d ic io n a le s. Esta lu c h a fu e p a rte de la
b a ta lla p o r la lib eració n del c o n tro l e s ta ta l sobre las em ­
p resas p riv ad as y, asim ism o (y lo m ás in te re s a n te desde m i
p u n to de v is ta ), u n a b a ta lla p o r el dom inio de la ley, p o r
la lim ita c ió n c o n stitu c io n a l de las acciones del m onarca.
El té rm in o absolutismo v ie n e del la tín absolutusr y
p u e d e tra d u c irse p o r "em an cip ad o de to d a lim ita c ió n ”· En
e s te c o n te x to , la p a la b ra absoluto sig n ifica v/n o lim ita d o
p o r re stric c io n e s, in c o n d ic io n a d o , sin re stric c io n e s c o n s­
titu c io n a le s u o tra s disposiciones"· La b u rg u e s ía reclam ó
el d om inio de la ley p a ra lim ita r el p o d e r de la a risto c ra c ia
fe u d a l y de los m o n arcas. E n to n ces, a c e p tó que el do m in io
de la le y solo e s ta b a lim ita d o p o r su p ro p ia e x p a n sió n
eco n ó m ica, p o rq u e su p re o c u p a c ió n e ra la c o m u n id a d de
tra b a ja d o re s y co n su m id o res, el te rrito rio de la ciu d ad y el
EL E F E C T O ENJAMBRE

fu tu ro del b ie n e s ta r co m ú n , q u e o b v ia m e n te e s ta b a v in c u ­
lad o a l fu tu ro de sus p ro p ia s in v e rsio n e s. E sta es la ra z ó n
p o r la cu al la clase b u rg u e s a a c e p tó el p a c to d em o crático
y dio su c o n s e n tim ie n to p a ra n e g o c ia r co n la clase t r a ­
b a ja d o ra . Ella no p o d ía se r in d ife re n te al d e stin o de su
te r r ito r io y al de la co m u n id a d que tra b a ja b a e n él. Los
tra b a ja d o re s y la b u rg u e s ía c o m p a rtie ro n el m ism o esp acio
u rb a n o y el m ism o fu tu ro . Si la eco n o m ía se d e rru m b a b a ,
era ta m b ié n u n a desgracia p ara los p ro p ietario s, au n q u e era
im icho p e o r p a ra lo s tra b a ja d o re s y sus fam ilias.
Como consecuencia del surgim iento del capitalism o fi­
n anciero, de la d esterrito rializació n de la producción y del in ­
tercam bio y, finalm ente, de la aparición de u n a clase v irtu a l
no id entificable en térm in o s territo riales, se produjo u n pro­
ceso general de desregularízación. En prim er lugar, el hecho
de que las corporaciones estu v iesen globalizadas, obstaculizó

-63·
e hizo im posible cualquier tip o de co n tro l legal de su activ i­
dad. La soberanía de los E stados-nación perdió su efectividad
y las corporaciones globales g an aro n ab so lu ta lib e rta d al no
te n e r que responder ya a u n a au to rid ad local y al poder m o­
ver sus activos in m ateriales de u n lu g ar a otro. En segundo
lugar, la globalización del m ercado laboral destruyó el poder
sindical de los trabajadores y abrió la vía a u n a dism inución
general de los salarios, a u n increm ento de la explotación y
a la elim inación de cualquier tip o de regulación e n relación
con las condiciones y el tiem p o de trabajo· La plaga de la ex­
p lotación in fa n til h ä re to m a d o e n m uchas áreas del m undo,
al mismo tiem po que se h a posp u esto la edad de ju b ilació n y
las personas e stá n obligadas a tra b a ja r h a s ta los 65, 67 años
o incluso m ás. También los lím ites a la explotación de los re ­
cursos físicos y a la p olución del m edioam biente e s tá n siendo
sistem áticam en te ignorados por las corporaciones cuyo único
p arám etro es el crecim iento de las ganancias.
Por to d o e sto co n sid ero q u e n u e s tr a re a lid a d glo b al
c o n te m p o rá n e a d e b e ría d e fin irse com o u n c a p ita lism o
a b so lu to . La ac u m u la c ió n d el valor, el in c re m e n to de las
g a n a n c ia s y la c o m p e te n c ia e c o n ó m ic a s o n la s ú n ic a s
re g u la c io n e s e fe c tiv a s de e s te m u n d o , sus p rio rid a d e s g lo ­
b a le s y su s fu e rz a s to d o p o d e ro sa s. Toda o tra p rio rid a d o
in te ré s , in c lu y e n d o la su p e rv iv e n c ia del p la n e ta y el d e s­
tin o de la s g e n e ra c io n es v e n id e ra s, n o tie n e im p o rta n c ia .
C om parada con la h isto ria del capitalism o de la b u r­
g u esía in d u stria l, la relación e n tre el b ie n e s ta r so cial y la
re n ta b ilid a d fin an ciera se h a in v e rtid o . En u n a econom ía
in d u stria l, las g a n an cias in c re m e n ta b a n cuando los ciu d a­
d anos p o se ía n su fic ie n te d inero p a ra com prar las m ercan ­
cías p roducidas e n las fábricas. En la esfera del cap italism o
fin an ciero , los ín d ices del m ercado de valores su b e n cuando
los salarios b a ja n y cuando se desm orona el b ie n e s ta r social.
No es so rp re n d e n te que los pocos c ien to s de billo n ario s que
se h a lla n e n la lis ta de la re v ista Forbes h a y a n in crem en tad o
e n o rm em en te su c a p ita l d u ra n te e sto s ú ltim o s añ o s, que
h a n e stad o m arcados p o r el au m en to del desem pleo y la
m iseria, y el re c o rte de los g asto s públicos.
¿E stá la clase fin a n c ie ra h acién d o se in m e n sa m e n te rica
a p e sa r del em p o b recim ien to general? No, la clase fin a n ­
ciera se e s tá hacien d o in m e n sa m e n te rica por y gracias al
em p o b recim ien to de la sociedad. Por e sto creo q u e abso­
lutismo capitalista es la defin ició n m ás ad ecu ad a p a ra el
a c tu a l siste m a .

LA MATRIX Y LA NUBE, OTRA VEZ

El c a p ita lism o a b so lu to e s tá d e stru y e n d o la s p ro te c c io n e s


q u e fu e ro n cread as p o r la c iv ilizació n m o d e rn a y n o so tro s
e sta m o s volv ien d o a la co n d ic ió n o rig in a l y d e sn u d a de la
e x is te n c ia h u m a n a : la p re c a rie d a d . La v e rd a d acerca d e la
e x is te n c ia h u m a n a , q u e la M odernidad in te n tó ra c io n a li­
z a r y fre n te a la c u a l n o s b rin d ó p ro te c c ió n , se n o s rev ela
n u e v a m e n te de m a n e ra b r u ta l. El d o m in io de la le y fu e
elim in ad o p o r décad as de g lo b a liz a c ió n n e o lib e ra l y, e n
EL EFECTO E N J A M B R E

la a c tu a lid a d , las e s tru c tu ra s de b ie n e s ta r e s tá n sien d o


d e s tru id a s p o r et c a p ita lism o a b so lu to .
F rag m en to s d e s te rrito ria liz a d o s de tie m p o p re c a rio se
h a lla n e sp arcid o s p o r e t m u n d o físico , fra g m e n to s de v id a
q u e so n in c a p a c e s de e n c o n tra rs e y c o n ju g a rse , p ero q u e
so n p e rfe c ta m e n te cap aces de in te r a c tu a r cu an d o la red
d ig ita l los re c o m b in a .
La expansión m etro p o litan a e stá lle n a de p ersonas q ue se
e n c u e n tra n po r u n in s ta n te y luego se sep aran para no volver
a verse n u n c a m ás. Se c o n ectan e n la producción, e n el pro­
ceso abstracto de intercam bio sin táctico , y luego desaparecen
e n el caos de la d esterrito rializació n precaria. Las condiciones
de solidaridad social, u n ió n , proxim idad u rb a n a y colabora­
ción d uradera e n u n m ism o lu g ar de trab ajo se h a n d isu elto .
El an tig u o orden de la razó n p o lítica se h a perdido , como
así ta m b ié n la relación reg u lad a e n tre tiem p o y valor. Como
escribió Marx e n 1848, to d o lo sólido se desvanece e n el

s
-
aire y la ex isten cia social, al no e sta r reg u lad a p o r co n v en ­

-
ciones com partidas, se co n v ierte e n u n a n u b e, e n v ap o r de
ag u a que se m ueve in c e sa n te m e n te, se condensa, se d isu el­
ve, cam bia de form a y de grado de densidad. Se h a v u elto
im posible dib u jar u n m ap a de las tra y e c to rias u rb a n a s o del
m ercado lab o ral porque ya no re su lta posible prever adonde
m ig rarán las m oléculas de v id a social. ¿Cómo p u ed e u n o d e­
cidir de m an era racional acerca del fu tu ro ? No se puede. Esto
es la precariedad: u n a n u b e im posible de cartografiar.
Y, sin em bargo, la re d de la acum ulación c a p ita lis ta e stá
p erm ean d o de m an era sim u ltá n e a ta n to la n u b e como la
matrix. La v id a fra g m e n ta d a se recodifica, se fra c ta liza y se
reco m bina a tra v é s de las reg las de co n ex ió n in sc rip ta s e n
las in te rfa c es té c n ic a s de la com unicación social. La matrix
c o n e c ta las tra y e c to ria s n e u ro n a le s de los cu erp o s d isp e r­
sos, d is ta n te s en el tie m p o y e n el espacio p ero co n ectad o s
e n el m arco o p eracio n al del código. Así, la m atrix e s tá so­
m etien d o la cognición colectiva a los p a tro n e s reg u lares del
algoritm o y e s tá c o n v irtien d o la n u b e e n u n enjam b re.
EL CULTO EUROPEO A LA GOBERNANZA

¿Qué su ced e co n la so lid a rid a d so cial y la e m p a tia Guando


el esp acio co lectiv o se h a lla in v ad id o p o r la p re c a ried a d ?
¿Qué su ced e co n la lib e rta d p o lític a y la d em o cracia b ajo
el o rd e n sisté m ic o que h a sido d en o m in ad o " g o b e rn a n z a ” ?
Para re sp o n d e r a e sta s p re g u n ta s, volvam os sobre la
crisis eu ro p e a c o n te m p o rá n e a. Su h isto ria , que se h a lla en
pleno desarrollo m ie n ta s escribo e sta s p á g in a s, es la ev i­
d en cia de la p é rd id a de e fe c tiv id a d de la acció n v o lu n ta ria
y de la to m a de decisio n es d em o cráticas. De h e c h o , el s is te ­
m a fin an ciero , que h a ganado la d e la n te ra e n las din ám icas
p o lític a s de la U nión E uropea, h a in se rta d o u n a cad en a de
im plicaciones a u to m á tic a s d e n tro de la eco n o m ía social,
privando a la dem ocracia de cu a lq u ie r c o n te n id o , al m enos
en el cam po social.
Cuando el elegido p rim er m in istro de G recia, Georgios
P ap an d reo u , declaró su in te n c ió n de h a c e r u n re fe ré n d u m
p a ra decidir si ap lic a r o no las m edidas de a u ste rid a d im ­
p u e sta s po r el Banco C entral E uropeo, fu e obligado a dim i­
t ir de u n día p a ra o tro . Luego de su re n u n c ia , se nom bró e
in sta ló e n su lu g a r a u n ex aseso r de u n a ag en cia fin an ciera
global. De ig u a l m an era, cuando los ita lia n o s v o ta ro n m a­
siv am en te c o n tra la a u ste rid a d e n las eleccio n es de febrero
de 201 3, el p re sid e n te del Banco C entral E uropeo, Mario
D raghi, reaccionó diciendo iró n ic a m e n te que el re su lta d o
de las elecciones no d eb ería ser so b restim ad o , y a q ue la
p o lític a económ ica ita lia n a e sta b a e n p ilo to a u to m á tic o . En
o tra s p alab ras, e sta b a siendo g o b e rn a d a p o r los a u to m a tis ­
m os im plicados e n el Pacto Fiscalr u n c o n ju n to de m edidas
im p u e sta s sobre los p a rla m e n to s n acio n ales del c o n tin e n te .
La creen cia de que los seres h u m an o s tie n e n la p o sib ili­
dad de g o b ern ar su p ro p ia h isto ria n u n c a h a esta d o e n v e r­
dad b ie n fu n d a d a . La v o lu n ta d h u m a n a siem pre h a sido u n
facto r e n tre m uchos o tro s e n la d e te rm in a c ió n d el proceso
h istó ric o . Pero e n la Edad M oderna, desde M aquiavelo p ara
EL E F E C T O E N 3 A M B R E

ser m ás precisos, ese fa c to r ganó im pulso gracias al co n o ci­


m ien to cien tífico y el e sta b le c im ie n to del espacio p o lítico
de la civilización b u rg u e sa . El G obierno, e n c u a n to p ro y ec­
to ra c io n a l que conduce a u n a tra n sfo rm a c ió n p la n e a d a y
c o n tro la d a de la re a lid a d social, h a sido posible m ie n tra s la
b u rg u e sía fu e capaz de so m e te r la com plejidad de las p a sio ­
n es h u m a n a s a los in te re s e s del crecim ien to económ ico y al
c o n ju n to de avances de la v id a social. Tanto e n las form as
a u to rita ria s del a b so lu tism o m o n árq u ico , como e n las fo r­
m as lib erales de la dem ocracia, la p a la b ra gobierno re fe ría a
la h a b ilid a d del cerebro p a ra su p e rv isa r el desarrollo de las
fu e rz a s sociales. El c o n o cim ien to , la a n tic ip a c ió n , la p la n i­
ficación, pero ta m b ié n la vio len cia, era n h e rra m ie n ta s des-
tin a d a s a g o b e rn a r la so cied ad y re d u c irla a e ste objetivo
co m ún, e n la m ed id a e n que e s ta re d u cció n fu ese posible.
Con la e x p a n sió n d el p o d e r económ ico y la a c eleració n
e x tre m a d a m e n te rá p id a d e l in te rc a m b io in fo rm a c io n a l,
gobierno se h a c o n v e rtid o e n u n a p a la b ra vacía y la v o lu n ­

,
ta d h u m a n a h a cedido el paso a la a u to rre p lic a c ió n de la
in fo rm a c ió n y del poder.
Pese a que la ilu sió n d em o crática a ú n c o n tin ú a y a q ue
su re tó ric a se h a prom ovido como el m ito u n iv e rsa l d el d is­
curso p o lític o , cuando se t r a t a de los m ecanism os de p o d er
e n la e sfe ra de la econom ía, la dem ocracia no es m ás que
u n ritu a l. La U nión E uropea, q u e estu v o c o n stru id a bajo la
p rem isa de fo rta le c er el e s p a d o d em o crático , h a ex p u esto
re c ie n te m e n te la vacu id ad de ese discurso e n la era d ig ita l.
Gobernanza es la p a la b ra clave de la co n stru c c ió n e u ro ­
p ea, pero ta m b ié n del cap italism o fin an ciero global. Supone
e s ta el reem p lazo de la v o lu n ta d h u m a n a y del go b iern o d e ­
m ocrático p o r siste m a s a u to m á tic o s con im p licacio n es ló g i­
cas y te c n o ló g ic a s. Es p u ra fu n c io n a lid a d sin significad o , la
a u to m a tiz a c ió n del p e n sa m ie n to y de la v o lu n ta d .
En el c o n c e p to de g o b e rn a n z a , las c o n e x io n e s a b s tra c ­
ta s e n tre los o rg an ism o s vivos se e n c u e n tr a n in te g ra d a s
e n e l le n g u a je y e n la s in te ra c c io n e s de la v id a so cial.
La c o n caten ació n de elecciones, decisiones y prio rid ad es se
h a lla id e n tific a d a co n u n a ra c io n a lid a d ló g ic a y o b je tiv a d a
e n p ro to c o lo s té c n ic o s.
En sus com ienzos, la e n tid a d eu ro p e a se concibió como
la p o sib ilid ad de su p e ra r las p asio n es n a c io n a lista s, id e o ­
ló g icas o c u ltu ra le s, to d a s m arcas pelig ro sas de la p e r te ­
n e n c ia . In clu so la e s té tic a eu ro p e a se c a ra c te riz a p o r u n a
frig id ez in te n c io n a l que p u e d e ser le íd a com o u n in te n to
p o r d ista n c ia rse de la im p ro n ta ro m á n tic a de la M odernidad
q ue condujo a las c a ta stró fic as g u erras del siglo xx. Desde
e s te p u n to de v ista , la U nión E uropea es u n a p e rfe c ta c o n s­
tru c c ió n p o sm o d e m a , e n la cual el p o d er e s tá e n c a m a d o
p o r d isp o sitiv o s te c n o lin g ü ístic o s de in te rc o n e x ió n .
En su in te n to p o r fu n d ir y su p e ra r las f u e rte s id e n ti­
d ades n a c io n a le s, so b re to d o la fra n c e sa y la a le m a n a , la
U n ió n E uropea no p o se e u n a id e n tid a d c u ltu ra l. Por ello,
E uropa fu n d ó su id e n tid a d com ún b a sá n d o se e n la p ro s­
p e rid a d . D u ran te v a ria s d écadas, la p ro sp e rid a d h a sido el
p u n to de c o n v e rg e n c ia de u n a u n ió n h e te ro g é n e a . La e n ­
tid a d e u ro p e a no se h a id e n tific a d o co n p a sio n e s p o lític a s,
g ra n d e s v isio n e s id eo ló g icas o líd e re s c a rism á tic o s, sino
con la im a g e n cool de los b a n q u e ro s. E sta id e n tific a c ió n
sirvió h a s ta fin a le s de la p rim e ra d écad a del nu ev o siglo.
M ientras el ca p ita lism o fin a n c ie ro g a ra n tiz ó u n n iv e l c re­
c ie n te de p ro sp e rid a d , m ie n tra s el d o m in io m o n e ta ris ta
ay u dó al cre c im ie n to de la eco n o m ía, E uropa p ro sp e ró .
¿Pero qué v ie n e lu eg o ? ¿Qué p a sa rá si E uropa p ierd e
su e s ta tu s de p ro sp e rid a d y c recim ien to ? M ien tras escribo
e sta s lín e a s en el añ o 2013, u n a p re g u n ta se p la n te a de
m a n e ra in s is te n te : ¿sobrevivirá E uropa a l colap so fin a n ­
ciero y a la con m o ció n q u e le se g u irá , dado q u e la a rq u i­
te c tu r a fin a n c ie ra h a sido su ú n ic o so p o rte ?
La ue no es u n a dem ocracia, p u es e s tá g o b e rn a d a p o r u n
o rganism o a u to c rá tic o , p o r el Banco C entral E uropeo y p o r
la clase fin a n c ie ra que no resp o n d e n i a los ciu d ad an o s n i al
p a rla m e n to . Ya que el Tratado de M aastrich t se co n v irtió en
EL EFECTO E N J A MB R E

u n siste m a de dogm as a b so lu to s, las sociedades vivas de los


p aíses eu ro p eo s e s tá n siendo so m e tid a s a u n a re g la e s tric ­
ta m e n te n e o lib e ra l, a los re c o rte s en los co sto s d el tra b a jo
y a la re d u c c ió n de la esfera p ú b lica. La g o b e rn a n z a h a
reem plazado la v o lu n ta d p o lític a con u n siste m a de te c n i­
cism os a u to m á tic o s que fu e rz a n a la re a lid a d a e n tra r e n u n
m arco lógico in c u e stio n a b le . E stabilidad fin a n c ie ra, com pe-
titiv id a d , re d u cció n de los co sto s de tra b a jo e in c re m e n to
de la p ro d u ctiv id ad : la a rq u ite c tu ra sisté m ic a de la ue e s tá
b a sa d a e n e sto s fu n d a m e n to s dog m ático s que no p u e d e n
ser desafiados n i c u e stio n a d o s p o rq u e e s tá n in te g ra d o s en
el fu n c io n a m ie n to de los su b siste m a s de g e stió n té c n ic a .
N inguna e n u n c ia c ió n o acción es o p eracio n al si no se a ju s ta
a las a rra ig a d as reglas de la g o b e rn a n z a n e o lib eral.
La g o b e rn a n z a es la g e s tió n de u n s is te m a q u e re s u l­
t a d em asiad o com plejo p a ra se r g o b e rn a d o . El c o n c e p to
de g o b ie rn o im p lic a la p o sib ilid a d de c o m p re n sió n de los
p ro c e so s so c ia le s y la s e x p e c ta tiv a s c u ltu ra le s , y la h a b i­
lid a d de la v o lu n ta d h u m a n a , y a se a d e s p ó tic a o d em o ­
c rá tic a , de c o n tro la r los flu jo s de in fo rm a c ió n de m odo
q u e u n a p a r te re le v a n te d e l c o n ju n to so c ia l p u e d a se r
c o n tro la d a y d irig id a . El g o b ie rn o es p o sib le e n la m e d id a
e n q u e el g rado de c o m p le jid a d de la in fo rm a c ió n so cial
s e a b a jo . Pero la c o m p le jid a d de la in fo rm a c ió n h a ido
cre c ie n d o a lo larg o de la M o d ern id ad ta r d ía y e s ta lla n d o
f in a lm e n te e n la era de la s re d e s d ig ita le s . D ebido a la
p ro life ra c ió n del in te rc a m b io in fo rm á tic o , la in te n s id a d
y la v e lo c id a d de c irc u la c ió n de in fo rm a c ió n so c ia l h a
crecid o d em asiad o rá p id o p a ra el c o n o c im ie n to c e n tr a li­
zado y p a ra el p o d e r p o lític o . Por eso m ism o, u n g o b ie rn o
ra c io n a l es im p o sib le , p u e s y a no es v ia b le n in g ú n tip o
de d isc rim in a c ió n y d e te rm in a c ió n c rític a e n la se c u e n c ia
de e v e n to s. Esto m a rc a el co m ien zo de la g o b e rn a n z a . La
c o n c a te n a c ió n a b s tr a c ta de fu n c io n e s té c n ic a s re e m p la z a
la e la b o ra c ió n c o n s c ie n te , la n e g o c ia c ió n so c ia l y la d e c i­
sió n d e m o c rá tic a . La c o n e x ió n a u to m á tic a de se g m e n to s
a -s ig n ific a n te s re e m p la z a la e la b o ra c ió n d ia tó g ic a de u n
o rd e n y la a d a p ta c ió n re e m p la z a a l c o n se n so .
En la e sfe ra de la g o b e rn a n z a , los a g e n te s q u e e n tr a n
e n el ju e g o so c ia l d e b e n s e r fo rm a te a d o s y h a c e rse co m ­
p a tib le s a n te s de co m e n z a r a in te ra c tu a r. Los in te re s e s y
p ro y e c to s co n flic tiv o s tie n e n q u e d o b leg arse a n te la r a ­
c io n a lid a d in c u e s tio n a b le de lo s a lg o ritm o s q u e d e fin e n
la g o b e rn a n z a . La re tó ric a de la c o m p lejid ad d el siste m a
re e m p la z a la re tó ric a de la d ia lé c tic a h is tó ric a y las d is-
ru p c io n e s p a sa n a s e r tr a ta d a s de acu erd o co n u n p a tró n
de c o m p a tib ilid a d co m ú n .

COMPLEJIDAD, CAOS Y SIGNIFICADO

En Out of Control [Fuera de control], Kevin Kelly explica que


y/el m undo que hem os creado nosotros mismos se h a vu el­
to ta n complejo que debem os volvernos h a d a el universo
del recién nacido para en te n d e r cómo m anejarlo,,.:l Desde el
p u n to de v ista epistem ológico, la noción de com plejidad en
sí m ism a no dice m ucho. En u n te x to publicado e n 1985, el
propio Edgar Morin escribió que e sta aparece como ^dificultad
e incertidum bre, no como u n a resp u esta precisaw. La noción
de com plejidad adquiere u n a relevancia significativa solo si
uno piensa e n térm inos de inform ación. Si consideram os el
en torno como u n a fu e n te de infoestím ulos y la m en te como
u n receptor-decodificador, la com plejidad puede ser definida
como u n a función en la relación en tre la in ten sid ad del ñ ujo
de inform ación y el ritm o de elaboración m en tal de los inputs.
El caos em erge e n la co ncatenación en tre la m en te y el
en to rn o , cuando los flujos de inform ación son dem asiado rá ­
pidos p ara la elaboración consciente y la decision racional.

1 .Kevin Kelly, Out of Control: The New Biology of Machines, Social Systems &
the Economic World, Boston, Addison-Wesley, 1994, p. 2.
EL EFECTO E N J A M B R E

La palabra caosr po r lo ta n to , re su lta adecuada p a ra definir


u n am b ien te que es dem asiado complejo para ser decodifica­
do por las e stru c tu ra s explicativas disponibles. Este térm in o
d e n o ta u n grado de com plejidad que es dem asiado denso,
in te n so y rápido para que n u e stro cerebro logre descifrarlo.
Desde e ste p u n to de v ista , se considera a la com plejidad como
u n tip o de relación e n tre la velocidad del recep to r (la m en te)
y la velocidad del tran sm iso r (la infoesfera que nos rodea).
A veces, e n la c ie n c ia y e n la v id a , u n a s e c u e n c ia de
e v e n to s p u e d e a lc a n z a r t a l n iv e l de c o m p lejid ad q u e u n a
p e q u e ñ a p e rtu rb a c ió n p u e d e lle g a r a te n e r e n o rm e s e im -
p re d e c ib le s e fe c to s. H ablam os de caos cu an d o e s te tip o de
in d e te rm in a c ió n se p ro p a g a p o r to d o s lados.
El proceso de m a te m a tiz a c ió n del m u n d o , q u e es e l n ú ­
cleo de la m e to d o lo g ía de la c ie n c ia m o d e rn a , es el acto
de re d u c c ió n del e n to rn o a u n a m a g n itu d m e n su ra b le . La

丨 m丨i
p a la b ra d e l la tín p a ra razón, de h e c h o , se re fiere a la m e­
d id a , ratio. E sta ú ltim a n o se p u e d e re a liz a r sin u n a r e ­
d u c c ió n q u e d e lim ite la e x te n s ió n de lo q u e se c o n sid e ra
re le v a n te d e n tro del in fin ito flujo de sig n o s d e l m u n d o .
E ste p ro b le m a es cru c ia l e n e l p a sa je del caos a l o rd e n y,
p o r lo ta n to , e n el p ro ceso de c iv ilizació n . Para m ed ir, h a y
q u e d isc rim in a r lo s e v e n to s im p o rta n te s .
La cie n c ia n o p u e d e p ro d u c ir c o n o c im ie n to sin e s ta ­
b le c e r lím ite s p a ra la in v e s tig a c ió n . Lo q u e se h a lla d e n tro
de lo s lím ite s e sta b le c id o s es lo q u e se c o n sid e ra re le v a n ­
te , lo q u e se h a lla fu e ra es irre le v a n te . De m a n e ra sim ilar,
la m e n te p o lític a no p u e d e to m a r d e c isio n e s sin e s ta b le c e r
lím ite s. Solo lo q u e re s u lta p e r tin e n te d esd e el p u n to de
v is ta d e l c o n o c im ie n to s e rá ela b o ra d o p o r la m e n te ra c io ­
n a l. El g o b iern o ra c io n a l p re su p o n e la e x tra p o la c ió n de la
in fo rm a c ió n im p o rta n te a p a r tir de u n flujo in fin ito . ¿Qué
es re le v a n te , q u é no lo es? E sta p r e g u n ta im p lic a la ra c io ­
n a liz a c ió n e p isté m ic a del flu jo d isp o n ib le de in fo rm a c ió n .
La cu ltu ra científíca m oderna solo pudo conservar la rea­
lidad bajo el co n tro l racional, a trav és de la lim itació n y la
e x c lu s ió n d e la s m ito lo g ía s ir r a c i o n a le s y o t r a s f o rm a s s im ila ­
r e s d e lo c u r a d e l e s p a c io d e d e c is io n . M a q u ia v e lo d i s t in g u ió
l a e s f e r a d e l a f o r t u n a d e l a e s f e r a d e l a r e a lid a d . El p r ín c i p e
e ra la p e r s o n a (m a s c u lin a ) q u e s o m e tía la f o r tu n a (fe m e ­
n i n a ) a l a v o l u n t a d p o l í t i c a r a c i o n a l La f o r t u n a e r a e l c a o s
o c u lto e n lo s p lie g u e s d e l a e x p e r ie n c ia h u m a n a . P a ra q u e
e l p r ín c i p e p u d ie s e g o b e r n a r, d e b ía s e le c c io n a r p r e v ia m e n t e
u n a c a d e riä li m i t a d a d e e v e n to s d e l a i n f i n i t u d d e l a f o r t u n a .
La o s c u r a i n f i n i t u d d e l c a o s i r r e d u c t ib le y a c ía e n l a f r o n t e r a
d e l o r d e n e s ta b l e c i d o . El c a o s e r a m i d o ; e l o r d e n e r a r itm o .
O rd e n a r e l r itm o h a c í a p o s ib l e l a s i n c r o n i z a c i ó n d e l a
f o r t u n a y l a v o l u n t a d , d e l a r e a l i d a d y l a r a z ó n . P e ro s o lo u n a
p e q u e ñ a p a r te d e la e s fe ra d e la r e a lid a d p o d ía s in to n iz a rs e
c o n l a r a z ó n y s o lo u n a p e q u e ñ a p a r t e d e l a f o r t u n a p o d í a
h a c e r lo c o n l a v o l u n t a d p o l í t i c a . E s ta p e q u e ñ a p a r t e f u e
lo q u e s e d e n o m in ó ^ r e le v a n te ^ p o r e l i n t e l e c t o d o m i n a n t e
d e l o r d e n . L a p r e t e n s i ó n d e g o b ie r n o t o t a l s ie m p r e f u e u n a
ilu s ió n , p o rq u e la m u ltip lic id a d d e e v e n to s d e l m u n d o es
i n g o b e r n a b l e e n s u t o t a l i d a d . P e ro e s t a i l u s i ó n p o d í a s e r v ir
y p ro d u c ir e fe c to s c u a n d o la in f o e s fe ra e ra t a n d e lg a d a y
lo s ñ u j o s d e i n f o r m a c ió n t a n l e n t o s q u e l a c o n c i e n c i a p o lí­
t i c a p o d í a s e le c c io n a r u n a p e q u e ñ a á r e a d e e v e n t o s s o c ia le s
r e l e v a n t e s e i n t e n t a r p r o t e g e r e s t e e s p a c io c iv iliz a d o d e l
o c é a n o d e m a t e r i a i n g o b e r n a b l e q u e lo r o d e a b a .
E s ta e s l a r a z ó n p o r l a c u a l e l x e in o d e l a c i v iliz a c ió n
e s t á e n c r is i s h o y e n d ía . L a a c e l e r a c i ó n d e lo s f lu jo s m e ­
d i á t i c o s q u e e s t i m u l a n e l c e r e b r o c o l e c tiv o e s t á r o m p ie n d o
l a e s t r u c t u r a r í t m i c a q u e h e r e d a m o s d e l a E d a d M o d e rn a . El
c a o s r e s u rg e c u a n d o la c o r r ie n te d e flu jo s d e in fo rm a c ió n
d i g i t a l e s d e m a s i a d o r á p i d a p a r a lo s r i t m o s d e l a t e o r í a
m e c á n ic a y d e la v o lu n ta d p o lític a . A m e d id a q u e lo s ñ u jo s
e le c tró n ic o s in v a d e n la p a n ta lla d e n u e s tr a a te n c ió n , la v a ­
l l a p r o t e c t o r a d e l a r e l e v a n c i a s e r o m p e , y a q u e n o lo g r a m o s
d i s c r i m i n a r lo q u e e s i m p o r t a n t e d e lo q u e n o l o e s .
Q u is ie ra c o n c e n t r a r m e a h o r a e n l a p r o d u c c i ó n d e s i g n i ­
f ic a d o e n e l m a rc o d e l a r e l a c i ó n e n t r e l a m e n t e y s u e n t o r -
EL EFECTO E N J A M B R E

n o . El s ig n i f ic a d o p u e d e s e r d e f in i d o c o m o u n a r e d u c c i ó n
d e la re a lid a d a u n a c o n c a te n a c ió n f in ita d e e n u n c ia c io n e s .
C u a n d o l a i n f o e s f e r a e s lo s u f i c i e n t e m e n t e l e n t a p a r a s e r
a b a rc a d a y e s c a n e a d a p o r la m e n te , e n to n c e s p o d e m o s e x ­
t r a e r s ig n i f ic a d o d e e l l a y e n c o n t r a r u n r i t m o c o m ú n . E s te
ritornello e s la s in c ro n iz a c ió n d e la a c tiv id a d m e n ta l c o n
e l e n to rn o . C u ando la in fo e s fe ra s a tu r a n u e s tro tie m p o d e
a t e n c i ó n y lo s f lu jo s s e m i ó t i c o s v a n d e m a s i a d o r á p i d o p a r a
q u e n u e s tr a m e n te p u e d a p r o c e s a r la in f o rm a c ió n d e u n a
m a n e r a r a c i o n a l , h a b l a m o s d e c o m p le j id a d .
D e n tr o d e c i e r t a s c o n d i c i o n e s d e v e l o c i d a d , c u a n d o e l
i n f o f l u j o e s l e n t o , u n m o d e lo r a c i o n a l d e g o b i e r n o p u e d e
c o n tro la r e l e n to rn o y d e c id ir e n tr e p o s ib ilid a d e s y a l t e r ­
n a t i v a s . P e ro c u a n d o l a i n t e n s i d a d d e l a i n f o r m a c i ó n y l a
v e lo c id a d d e la in f o e s f e r a s o b r e p a s a n e l r itm o d e e la b o r a ­
c ió n d e la m e n te , y a n o p o d e m o s e x tr a e r s ig n ific a d o d e la

_
63
e x p e rie n c ia y la p s ic o e s fe ra se v e a f e c ta d a p o r u n a s e n s a ­
c i ó n d e c o n f u s i ó n . El s i g n i f i c a d o y a n o p u e d e s e r c a p t a d o

-
d a d o q u e n o p o d e m o s e x tr a e r u n a e x p lic a c ió n f in ita d e l
f lu jo i n f i n i t o c o m o h e r r a m i e n t a f u n c i o n a l p a r a l a i n t e ­
r a c c i ó n s o c i a l y l a c o m p r e n s i ó n . L le g a d o s a e s t e p u n t o ,
e l o r d e n s o c i a l s o lo p u e d e p r o d u c i r s e p o r m e d io d e s e l e c ­
to r e s d e s ig n ific a d o s in tá c tic o s y d e c is io n e s a u to m á tic a s .
L a in te r p r e ta c ió n s e m á n tic a y a n o e s p o s ib le d a d o q u e e l
tie m p o e s d e m a s ia d o c o r to . L as d e c is io n e s d e b e n to m a r s e
p o r d e fe c to a tr a v é s d e m á q u in a s p u r a m e n te s in tá c tic a s . A
e s to n o s re f e r im o s c u a n d o h a b la m o s d e g o b e r n a n z a .

ENJAMBRE Y CONECTIVIDAD

U n a m u ltitu d es u n a p lu ra lid a d d e s e re s c o n s c ie n te s y
s e n s itiv o s q u e n o c o m p a rte n n i s u in te n c io n a lid a d n i su
p a tró n de c o m p o rta m ie n to . L as m u c h e d u m b r e s que se
m e z c la n e n la c iu d a d se m u e v e n e n in n u m e r a b le s d ir e c c io ­
n e s d if e r e n te s c o n in c a lc u la b le s y d iv e rs a s m o tiv a c io n e s .
C a d a c u a l s i g u e s u c a m in o y l a i n t e r s e c c i ó n d e e s t o s m o v i­
m i e n t o s e s lo q u e c o n s t i t u y e l a m u l t i t u d . A v e c e s , p a r e c e
m o v e rse d e f o rm a c o o r d in a d a : la s p e r s o n a s c o r r e n h a c ia la
e s ta c ió n p o rq u e e l t r e n p a r te p ro n to o se d e tie n e n a n te
e l s e m á f o r o . P e ro c a d a c u a l e s t á s i g u i e n d o s u v o l u n t a d
d e n t r o d e l a s c o n s t r i c c i o n e s d e l a i n t e r d e p e n d e n c i a s o c ia l .
E s te t i p o d e m u c h e d u m b r e e s u n a m u l t i t u d , y a q u e e s c a p a
a c u a lq u ie r in te n c io n a lid a d o d ire c c ió n c o m ú n .
U n a r e d e s u n a p lu r a lid a d d e s e re s o rg á n ic o s y a r tif ic ia ­
l e s , d e h u m a n o s y m á q u i n a s , q u e r e a l i z a n a c c i o n e s g r a c ia s
a p r o c e d i m i e n t o s q u e h a c e n p o s ib l e s u i n t e r c o n e x i ó n e i n ­
te r o p e r a c ió n . Si u n o n o se a d a p ta a ta le s p r o c e d im ie n to s y
n o s ig u e l a s r e g l a s t é c n i c a s d e l j u e g o , n o e s t á j u g a n d o . S i
u n o n o r e a c c io n a a n t e c ie r to s e s tím u lo s d e u n a fo rm a q u e
s e a j u s t e a l p r o t o c o l o , n o p e r t e n e c e a l a r e d . El c o m p o r ­
t a m i e n t o d e la s p e r s o n a s q u e s o n p a r t e d e u n a r e d n o e s
a l e a t o r i o c o m o lo s m o v i m i e n t o s d e u n a m u l t i t u d , p o r q u e
l a r e d i m p l i c a y p r e e s t a b l e c e c a m in o s p a r a e l i n t e r n a u t a .
C om o e s c r i b í e n La sublevaciónrz l a m u ltitu d , la re d y
e l e n ja m b re c o n fo rm a n d if e r e n te s fo rm a s d e o rg a n iz a c ió n
s o c ia l. L a p r im e ra im p lic a la p lu r a lid a d d e s e re s c o n s c ie n ­
te s y s e n s itiv o s q u e n o c o m p a rte n n i u n a in te n c io n a lid a d
c o m ú n n i u n p a tr ó n d e c o m p o rta m ie n to . La s e g u n d a im ­
p lic a re g la s q u e d e b e n s e r r e s p e ta d a s p o r e l i n t e r n a u t a ,
q u e r e a l i z a a c c i o n e s c o m u n e s g r a c ia s a p r o c e d i m i e n t o s q u e
h a c e n p o s ib le s u in te r c o n e x ió n e in te r o p e r a c ió n . L a t e r c e ­
r a , e l e n j a m b r e , i m p l i c a u n a p l u r a l i d a d d e s e r e s v iv o s q u e
s ig u e n la s re g la s q u e se h a lla n in te g r a d a s e n s u s is te m a
n e r v io s o , r e c u r r ie n d o a a tr ib u c io n e s d e s ig n ific a d o c o m u ­
n e s y a u to m á tic a s , y a u n c o m p o rta m ie n to a c o rd e .
A m e d id a q u e e l s e m i o c a p i t a l in t r o d u c e m á q u i n a s te c n o -
l i n g ü í s t i c a s e n e l ñ u j o d e c o m u n ic a c i ó n , e l c u e r p o v iv o d e l a
s o c ie d a d s e c o n v i e r t e e n u n e n j a m b r e . C om o c o n s e c u e n c i a . 2

2. Franco Berardi, La sublevaciónf Buenos Aires, Hekht, 2014.


EL EFECTO E N J A M B R E

s e t r a n s f o r m a e l c o n c e p t o m is m o d e l i b e r t a d h u m a n a . L as
f o rm a s d e d is i d e n c ia p u e d e n s e r e x p r e s a d a s y lo s a c to s d e r e ­
c h a z o p u e d e n lle v a r s e a c a b o , p e r o n o s e r á n e f e c tiv o s p o r q u e
n o p u e d e n c a m b ia r l a d ir e c c ió n d e l e n j a m b r e n i l a m a n e r a e n
l a q u e s u c e r e b r o p r o c e s a l a in f o r m a c ió n .
E l e n t o m ó l o g o M o r to n W h e e l e r c o n s i d e r a a l e n j a m b r e
com o u n s u p e ro rg a n is m o q u e s u rg e d e la m a sa d e o rg a n is ­
m o s d e l o s i n s e c t o s o r d i n a r i o s . C om o e s c r i b e K e v in K e lly
en Out of Control: wL a c o l m e n a p o s e e m u c h o m á s d e lo q u e
p o s e e c u a lq u ie ra d e s u s p a r te s . U n a p a r tíc u la d e ce re b ro
d e l a a b e j a m e l í f e r a o p e r a c o n u n a m e m o r i a d e s e i s d ía s ;
la c o lm e n a c o m o u n to d o o p e r a c o n u n a m e m o ria d e tr e s
m e s e s , e l d o b le q u e e l p r o m e d i o d e v i d a d e u n a a b e ja " · 3
K eU y, u n e s c r i t o r e i n v e s t i g a d o r e n b i o l o g í a q u e e s t u d i a l a
in f o r m á tic a s o c ia l, lle g a a la s ig u ie n te c o n c lu s ió n :


0,
De algún modo, también surge una mente global a partir de una
cultura interconectada. La mente global es la unión de la computa­
dora y la naturaleza (de teléfonos y cerebros humanos, y más). Es
una gran complejidad de aspecto indeterminado, gobernada por una
mano invisible con vida propia. Nosotros los humanos no seremos
conscientes de lo que la mente global pondere. Esto no es porque
no seamos lo suficientemente inteligentes, sino porque el diseño de
una mente no permite a las partes entender el todo. Los pensamien­
tos particulares de la mente global y sus acciones subsecuentes es­
tarán fuera de nuestro control y más allá de nuestra comprensión.4

E s ta e s u n a d e s c r i p c i ó n d e l p r o c e s o q u e s e h a d e s a ­
r r o l l a d o e n l a s ú l t i m a s d é c a d a s , y a q u e lo s s i s t e m a s s o ­
c i a le s q u e i n c o r p o r a n info y b io -m á q u in a s se h a n v u e lto
d e m a s i a d o c o m p le j o s p a r a q u e l a i n t e l i g e n c i a h u m a n a lo s
p u e d a e n t e n d e r y p a r a q u e l a v o l u n t a d h u m a n a lo s p u e d a

3. Kevin Kelly, Out of Control, ob. cit., p. 202.


g o b e r n a r . Lo a l a r m a n t e d e e s t e p r o c e s o e s q u e l o s h u m a n o s
y a n o p u e d e n d e te n e r la m a q u in a ria q u e h a n cre ad o y c o ­
r r e g i r l a s e l e c c i o n e s q u e h a n s id o p r o g r a m a d a s .
D e n tr o d e u n a r e d , e l l e n g u a j e h u m a n o s o lo p u e d e s e r
o p e ra c io n a l c u a n d o o b e d e c e a re g la s in te g r a d a s d e o rd e n
s in tá c tic o y c o m p a tib ilid a d s e m á n tic a . Los a c to s lin g ü í s ti­
co s q u e n o s ig u e n la s r e g la s c o n fo rm e a l c ó d ig o s o n s im ­
p le m e n te d e s c a rta d o s : e l s u p e ro g a n is m o b io in fo rm á tic o
l e e e l l e n g u a j e h u m a n o y lo d e s c a r t a c o m o r u i d o .
E n u n a r t í c u l o t i t u l a d o " N e tw o r k s , S w a rm s , M u l t i t u d e s "
[R e d e s , e n j a m b r e s , m u l t i t u d e s ] , e l b ió lo g o E u g e n e T h a c k e r
e s tu d ia la s a n a lo g ía s y d ife re n c ia s e n tr e la c o le c tiv id a d y
la c o n e c tiv id a d y d e s ta c a q u e la c o le c tiv id a d im p lic a c ie r ­
to g ra d o d e c o n e x ió n , p e r o n o a la in v e rs a : la c o n e c tiv id a d
n o im p lic a la e x is te n c ia d e u n c o le c tiv o .
H a b la n d o s o b re lo s e n ja m b r e s , T h a c k e r e s c rib e :

- Un enjambre es una organización de múltiples unidades indivi­


dualizadas con algún tipo de relación entre ellas. Es decir, un en­
jambre es un tipo particular de colectividad o fenómeno de grupo
que puede o no depender de una condición de conectividad.
- Un enjambre es una colectividad definida por lo relacional.
Esto se aplica tanto al nivel de las unidades individuales como
a la organización total del enjambre. La relación es la regla en
el enjambre.
- Un enjambre es un fenómeno dinámico (a raíz de su condición
relacional). Esto lo diferencia del concepto de "red〃 , que tiene
su raíz en la teoría de grafos y en modelos espaciales para com­
prender matemáticamente las "cosas^ (o nodos) y las ''relacio-
nesH (o límites). Un enjambre siempre existe en el tiempo yr por
ello, está siempre actuando, interactuando, interrelacionándose
y autotransformándose. En algún punto, las "redes vivas" y los
ííenjambres,/ se superponen. [...]
Todos los estudios en ciencias de redes, inteligencia de enjam­
bres y biocomplejidad, definen la autoorganización como el
surgimiento de un patrón global a partir de interacciones lo-
EL EFECTO E N J A M B R E

calizadas. Esta definición paradójica hace interesante política,


tecnológica y biológicamente a los enjambres, ya que introduce
una intencionalidad-sin-intención, un acto-sin-actor y un todo
heterogéneo. En los enjambres no existe un comando central,
una unidad o agente que sea capaz de vigilar, supervisar y con­
trolar su totalidad. Y, sin embargo, sus acciones están dirigidas,
su movimiento motivado y su patrón tiene un propósito. Esta es
la paradoja de los enjambres.
De hecho, la tensión en los enjambres, en tanto entidades polí­
ticas como biológicas, es una tensión entre el patrón y el propó­
sito. La organización no implica necesariamente una razón para
su propia existencia, a no ser que la organización en sí misma
sea la razón. En un polo, son colectividades altamente dirigidas
y con un propósito, como una multitud de manifestantes (cuyo
propósito es bloquear las calles de la ciudad para obtener visi­
bilidad), o en términos puramente biológicos, un enjambre de

-33
hormigas obreras (cuyo propósito es buscar una fuente de ali­
mento). Tales colectividades pueden llamarse enjambres, ya que


poseen dos componentes básicos que las caracterizan: muestran
patrones globales a partir de interacciones locales y una fuerza
direccional con intención que no tiene un control centralizado.
En el otro polo, están las colectividades altamente ordenadas y
organizadas dinámicamente, pero que no muestran ningún ^pro-
pósito^ u objetivo manifiesto más que el de mantenerse a sí mis­
mos como tales. Los ejemplos pueden incluir una gran multitud
en un festival o concierto o, a nivel biológico, bandadas de pá­
jaros y bancos de peces. Mientras los investigadores interpreten
tales ejemplos como resultado de una necesidad evolutiva (y, por
lo tanto, dictada por el propósito de la supervivencia), el tipo de
teleología que esto implique será remota, indirecta y dependerá
en última instancia de la capacidad explicativa de la teoría de
la evolución. [...]
Existen, entonces, dos ejes, dos tipos de tensión diferente y
dos conjuntos de conceptos. En un eje se encuentra la tensión
entre colectividad y conectividad. Mientras que la conectivi-
dad es un prerrequisito para la colectividad, la colectividad.
en cambio, no es un prerrequisito necesario para la conecti-
vidad como tal. Las complicaciones surgen cuando una com­
binación de euforia tecnológica y nuevas prácticas sociales
conducen a una vision extremadamente optim ista de la co-
nectividad como algo que implica colectividad. En el punto
extremo del determinismo tecnológico, las formas políticas
como la democracia se vuelven inherentes tanto a la n atura­
leza como a la tecnología.

C o n e c tiv id a d n o im p lic a c o le c tiv id a d . L a c o le c tiv id a d ,


d e h e c h o , es u n a re la c ió n de c u e rp o s q u e c o m p a rte n u n
e n te n d im ie n to a n a ló g ic o , que n e g o c ia n c o n tin u a m e n te
so b re la re le v a n c ia s e m á n tic a d e su s in te r c a m b io s lin g ü ís ­
tic o s y s o b re e l s ig n ific a d o d e su s in te r a c c io n e s , e n c o n d i­
c io n e s d e in c lu s ió n a fe c tiv a .
La c o le c tiv id a d tie n e lu g a r b a jo c o n d ic io n e s d e c o n ­
ju n c ió n , m ie n tr a s q u e e l e n ja m b r e e s u n c u e r p o c o n e c tiv o
s in c o n ju n c ió n , s in c o le c tiv id a d a fe c tiv a c o n s c ie n te . La
c o n ju n c ió n s u r g e d e u n a a tr a c c ió n s in m o tiv o y ló g ic a ­
m e n te in n e c e s a r ia , c u y o p ro p ó s ito n o e s tá im p líc ito e n
s u p a tró n . La c o n ju n c ió n es u n a c o n c a te n a c ió n a le a to ­
ria , c u y a ú n ic a re g la es e l d e s e o . A d e m á s, la c o n ju n c ió n
n o t i e n e n a d a q u e v e r c o n l a p e r t e n e n c i a . M ie n t r a s e s t a
s u p o n e u n a i m p l i c a c i ó n n e c e s a r i a y u n a i d e n t i d a d f ija ,
l a c o n j u n c i ó n n o r e f i e r e a a l g o i n t e g r a d o o n a t u r a l . L os
a c to s c o n ju n tiv o s n o p r e s u p o n e n n in g ú n s ig n ific a d o , y a
q u e e s te es creado p o r lo s a c t o s d e c o n j u n c i ó n .
E n l a c o n j u n c ió n , e l c o n o c im ie n to e s c r e a c ió n , n o r e c o ­
n o c i m ie n to . P o r e l c o n t r a r i o , e n lo s s is te m a s c o n e c tiv o s n o
h a y c o n o c im i e n to , s in o m e ro r e c o n o c im i e n to s i n t á c t i c o . La
c o n e x ió n s u p o n e u n e f e c to d e f u n c io n a lid a d m a q u ín ic a y n o 5

5. Eugene Thacker, "'Networks, Swarms, Multitudes, Part Two^, en CTheory,


disponible online en www.ctheory.net/articles.aspx?id=423 [última consul­
ta: junio de 2017].
EL EFECTO E N J A M B R E

d e f u s ió n s ig n i f ic a t iv a . E n e l la , l a c o m u n ic a c ió n im p l ic a l a i n ­
t e r f a z y l a in te r o p e r a t í v i d a d . S o lo lo s s e g m e n t o s q u e c o n a n ­
te r i o r i d a d s e h ic ie r o n l i n g ü í s t i c a m e n t e c o m p a ti b le s p u e d e n
in te r a c t u a r .. L a r e d p e n e t r a e l c u e r p o s o c ia l, i n s e r t a n d o s e g ­
m e n to s c o n e c tiv o s y c o n v i r t ie n d o e l c u e r p o e n u n e n ja m b r e .
M ie n t r a s q u e l a c o n j u n c i ó n s u p o n e u n c r i t e r i o d e i n ­
te r p r e ta c ió n s e m á n tic o , la c o n e x ió n r e q u ie re u n o p u r a ­
m e n t e s i n t á c t i c o . E l a g e n t e c o n e c t i v o (o m á q u i n a ) d e b e
rec o n o cer u n a s e c u e n c ia y lle v a r a ca b o la o p e ra c ió n
p re v is ta p o r la sintaxis general (o s i s t e m a o p e r a t i v o ) . L a
tr a d u c c ió n d e p o s ib ilid a d e s s e m á n tic a s a a lte r n a tiv a s b i­
n a ria s s in tá c tic a s es e l p ro c e so q u e c o n d u c e a la c o n s tru c ­
c ió n d e u n a re d d ig ita l. No h a y m a rg e n p a r a la a m b ig ü e -
d a d e n e l in te rc a m b io d e m e n s a je s .
La c o le c tiv id a d to m a fo rm a e n la e s fe ra d e la c o n ­
j u n c i ó n , c u a n d o lo s o r g a n is m o s c o n s c ie n te s y s e n s i t i ­
v o s e n tr a n e n u n a r e la c ió n re c íp ro c a d e tra n s f o r m a c ió n

-ss
m u tu a , q u e im p lic a la a m b ig ü e d a d y e l c u e s tio n a m ie n to

-
c o n tin u o s . La c o n e c tiv id a d , e n c a m b io , e s l a im p lic a c ió n
ló g ic a in te g r a d a en la s in te r f a c e s b io in f o r m á tic a s del
le n g u a je te c n o ló g ic o .

COLAPSO Y SUB3ETIVACIÓN

E n e l p a n o ra m a p o lític o m o d e rn o , e l c o la p so d e l s is te m a
s e c o n s i d e r a b a c o m o u n a o p o r t u n i d a d p a r a e l c a m b io r a d i ­
c a l. Revolución e s e l té r m in o q u e s e r e fie re a la s u b v e rs ió n
y a l c a m b io c o n s c i e n t e d e l a s e s t r u c t u r a s s o c i a l e s e x i s t e n ­
t e s . E s te c o n c e p t o , c r u c i a l e n e l l é x i c o d e l a M o d e r n id a d ,
n o d e s c r i b e a d e c u a d a m e n t e e l p r o c e s o d e c a m b io , y a q u e
se b a s a e n la ilu s ió n d e l c o n tr o l t o t a l d e la r e a lid a d s o c ia l
a tr a v é s d e u n a v o lu n ta d r a c io n a l y d e p ro y e c to s lin e a le s
d e t r a n s f o r m a c i ó n . S in e m b a r g o , a u n q u e s e a t e ó r i c a m e n t e
i m p r e c i s o , e l c o n c e p t o d e r e v o l u c i ó n h a s id o ú t i l a n i v e l
p rá c tic o p a r a d e s c rib ir e s o s p ro c e s o s ra d ic a le s d e tr a n s f o r -
m a c ió n c o n s c ie n te y v o lu n ta r ia q u e m a rc a r o n la h is t o r ia
d e lo s tie m p o s m o d e rn o s .
L as re v o lu c io n e s e s tu v ie r o n a m e n u d o c o n d e n a d a s a
d a r n a c im ie n to a s is te m a s v io le n to s y to ta lit a r io s , y p o r
lo g e n e r a l n o l o g r a r o n r e a l i z a r s u s p r o y e c t o s u t ó p i c o s . N o
o b s t a n t e , t r a n s f o r m a r o n lo s c o l a p s o s s o c i a l e s e n c a m b io s
ra d ic a le s y s e n ta r o n la s b a s e s p a ra la tr a n s f e r e n c ia d e l
p o d e r p o lític o d e u n g ru p o d o m in a n te a o tro .
L a d e s r e g u la c ió n n e o l i b e r a l p u e d e s e r v i s t a c o m o l a ú l t i ­
m a r e v o lu c ió n e f e c t i v a e n l a h i s t o r i a h u m a n a . A l u n i r s e a la
r e v o lu c ió n t é c n i c a d e l a r e d d i g i t a l , e l c a p ita lis m o n e o l i b e ­
r a l s e h a c o n v e r tid o e n u n s i s t e m a q u e e s s i m u l t á n e a m e n t e
f le x ib le y resiliente. G ra c ia s a e s a f le x ib ilid a d , e l c a p ita lis m o
n e o l i b e r a l lo g r ó r e p r i m i r l a t u r b u l e n c i a s o c ia l d e lo s a ñ o s
s e t e n t a y c a p t u r a r l a e v o l u c ió n t é c n i c a d e lo s a ñ o s o c h e n t a .
A u n q u e c e le b ró l a d e m o c r a c ia c o m o u n v a l o r p o l í t i c o u n i ­
v e r s a l, l a d e s r e g u la c ió n f in a n c i e r a d e s t r u y ó la s c o n d i c io n e s
d e l a d e m o c r a c ia m o d e r n a b u r g u e s a y r e e m p la z ó l a d e c is ió n
p o l í t i c a p o r u n s i s t e m a d e a u t o m a t i s m o s f in a n c ie r o s ·
S in e m b a r g o , l e j o s d e s e r e s t a b l e , e l c a p i t a l i s m o i n t e r ­
c o n e c ta d o es u n s is te m a q u e e s tá c o n tin u a m e n te a l b o rd e
d e l c o l a p s o . P e ro e l c o l a p s o f i n a l n u n c a l l e g a , g r a c i a s a l a
re s ilie n c ia d e la a u to rr e g u la c ió n q u e e l c a p ita lis m o to m a
p r e s ta d a d e l s is te m a e n re d d e l in te rc a m b io s e m ió tic o .
C u a n to m á s c o m p le j o s e v u e l v e u n s i s t e m a , m á s i n c l i n a d o
s e h a l l a h a c i a l a d i s r u p c i ó n y , a l m is m o t i e m p o , m e n o s
s u s c e p t i b l e s e r á a l c o n t r o l v o l u n t a r i o y , p o r lo t a n t o , a l
c a m b io c o n s c i e n t e e i n t e n c i o n a l .
E n 1 9 1 7 , c u a n d o lo s s i s t e m a s p o l í t i c o y m i l i t a r d e R u s ia
e s ta b a n a l b o rd e d e l c o la p s o , L e n in in s tó a la tr a n s f o r m a ­
c i ó n d e l a g u e r r a i m p e r i a l i s t a e n r e v o l u c i ó n . C om o s a b e ­
m o s , s u l l a m a m i e n t o f u e e f e c t i v o . L a R e v o lu c ió n s o v i é t i c a
s o b r e v in o y l a m o r f o g é n e s is s o c ia l to m ó l a f o r m a d e u n a
d i c t a d u r a c o m u n i s t a . L a h i s t o r i a d e lo s d o s s ig l o s d e m o ­
d e r n i d a d e s t á l l e n a d e e s t e t i p o d e e j e m p l o s . L as d i s r u p -
c i o n e s c u l m i n a i o n e n c o l a p s o s y l o s c o l a p s o s d ie x o n l u g a r
EL EFECTO E N J A M B R E

a r e v o lu c io n e s . P e ro , h o y e n d í a , e l c o l a p s o t o m a l a f o r m a
d e u n a d is r u p c ió n , y y a n o d a lu g a r a u n a r e v o lu c ió n . En
s u lu g a r, c o n d u c e a la c o n s o lid a c ió n d e l p o d e r. L u eg o de
l a d i s r u p c i ó n s ig u e u n a m o r f o s t a s i s , 6 d e m a n e r a q u e u n
p r o c e s o d e m o r f o g é n e s is r e v o l u c i o n a r i a p a r e c e e s t a r f u e r a
d e a lc a n c e .
C om o a f ir m é a n t e r i o r m e n t e , l a c o m p l e j i d a a e s u n a r e l a ­
c ió n e n tr e e l tie m p o y la in fo rm a c ió n . U n s is te m a e s c o m ­
p le jo c u a n d o l a d e n s i d a d d e l a i n f o e s f e r a s a t u r a l a r e c e p t i -
v id a d d e l a p s i c o e s f e r a , y l a v e l o c id a d d e c i r c u l a c i ó n d e l a
in f o r m a c i ó n s u p e r a l a c a p a c id a d h u m a n a d e e l a b o r a r s ig n o s
e n e l tie m p o . C u an d o la in f o e s f e ra se s a tu r a y s e v u e lv e
d e m a sia d o d e n s a y rá p id a p a r a la e la b o ra c ió n c o n s c ie n te ,
c o m i e n z a n a o p e r a r r e d u c t o r e s a u t o m á t i c o s d e l a c o m p le j i­
d a d . U n a d i s r u p c i ó n e s e l e f e c t o p r o d u c id o p o r l a i r r u p c i ó n
d e u n e v e n t o i m p r e d e c i b le e n u n a c a d e n a o u n f lu jo . E n l a


g
e s f e r a d e l a c o n e c t i v i d a d , l a s d i s r u p c i o n e s t i e n d e n a p r o li-

z,
f e r a r p o r q u e l a s o b r e c a r g a d e l a i n f o e s f e r a h a c e a lo s a c t o r e s
h u m a n o s i n c a p a c e s d e g o b e r n a r l a c o m p le j id a d s i s t é m i c a d e
la s e s t r u c t u r a s s o c ia l e s y te c n o l ó g i c a s .
L as d is r u p c io n e s p u e d e n s u c e d e r d e b id o a la i n t e r f e ­
re n c ia im p re d e c ib le d e la n a tu r a le z a e n la te c n o e s fe ra ,
com o c u a n d o la n u b e d e u n v o lc á n d e I s la n d ia b lo q u e ó e l
trá fic o a é re o e u ro p e o e n m a rz o d e 2 0 1 0 . 0 la s d is ru p c io ­
n e s p u e d e n o c u r r i r d e b i d o a lo s l í m i t e s d e l c o n t r o l t e c ­
n o ló g ic o , co m o s u c e d ió e n C h e rn ó b il e n 1 9 8 6 , o c o n e l
d e r r a m e m a s iv o d e p e t r ó l e o e n e l g o lf o d e M é x ic o d u r a n t e
l a p r i m a v e r a d e 2 0 1 0 . T a m b ié n p u e d e n p r o d u c i r s e p o r l a
in te r f e r e n c ia d e la p s iq u e s o c ia l e n e l ñ u jo a u to m á tic o d e
in f o r m a c ió n , c o m o , p o r e je m p lo , c u a n d o lo s e f e c to s d e
p á n ic o a f e c ta n e l c irc u ito fin a n c ie ro .

6. Proceso por medio del cual un sistema mantiene intercambios con el


ambiente que lo rodea, sin que esto pueda alterar las condiciones internas,
cuyo objetivo es controlar su equilibrio y buen funcionamiento. [N. de la T.]
E n e l t r a n s c u r s o d e l a M o d e r n id a d , c o n l a l e n t a c i r c u ­
la c ió n d e l a in f o rm a c ió n y , c o n s e c u e n te m e n te , c o n la e f e c ­
t i v i d a d d e l a v o l u n t a d p o l í t i c a y e l g o b ie r n o r a c i o n a l , la s
d is r u p c io n e s e r a n c o n s id e r a d a s d e s e n c a d e n a n te s d e m o rfo ­
g é n e s is s o c ia l e s . D u r a n t e u n a d i s r u p c i ó n , s e e s p e r a b a q u e
e l p o d e r p o l í t i c o s e d e b i l i t a r a , q u e l a s f u e r z a s s o c ia l e s s e
m o v i l i z a r a n , y a s í e s t a s i t u a c i ó n p r o v e ía u n a o p o r t u n i d a d
p a r a la re v o lu c ió n . E n c o n d ic io n e s d e b a ja c o m p le jid a d , la
r a z ó n p o l í t i c a e r a c a p a z d e c a m b ia r l a o r g a n i z a c i ó n s o c ia l
d e m a n e r a t a l q u e p u d i e r a s u r g i r u n n u e v o p a t r ó n . P e ro e n
n u e s tr a s itu a c ió n a c tu a l, c u a n d o la d e n s id a d y la v e lo c i­
d a d d e in fo rm a c ió n s o n d e m a s ia d o a lta s p a r a la e la b o ra c ió n
c o n s c i e n t e , la s d i s r u p c i o n e s t i e n d e n a s e r m o r f o s t á t i c a s y a
r e f o r z a r lo s p a t r o n e s q u e l a s p r o d u j e r o n .
¿P o r q u é lo s s is te m a s s e v u e lv e n m á s r e s il ie n t e s c u a n ­
d o c r e c e s u c o m p l e j i d a d ? P o r q u e m i e n t r a s m á s c o m p le j o s
s e a n , m á s c o n o c im ie n to d e b e c o n c e n tra rs e , h a s ta q u e el
s is te m a d e v ie n e in a c c e s ib le e n s u to ta lid a d .
Erv u n a r t í c u l o t i t u l a d o " T h e G re a t C o n s o lid a t io n " [L a
g r a n c o n s o l i d a c i ó n ] , q u e c o m e n t á b a l a s m ú l t i p l e s d is r u p c i o -
n e s d e l a ñ o 2 0 1 0 - e l c o la p s o f in a n c ie r o g r ie g o , l a n u b e p r o ­
v e n i e n t e d e I s l a n d i a q u e c u b r í a lo s c ie lo s e u r o p e o s y e l g r a n
d e r r a m e d e p e t r ó l e o e n e l g o lfo m e x i c a n o - . R o ss D o u t h a t ,
c o lu m n is ta d e o p in ió n p a r a e l New York Timesf e s c r i b i ó : .

la crisis económica está produciendo consolidación en lugar de


revolución, el afianzamiento de la autoridad en lugar de su diso­
lución y la concentración del poder en manos de la misma élite
que presidió al desastre en primer lugar. [...] El pánico de 2008
sucedió en parte porque el interés público se había vinculado
de tal manera con los intereses privados que estos últimos no
podían permitirse fallar. Pero todo lo que hicimos para frenar
el pánico y toda la legislación que hemos pasado, solo ha for­
talecido la simbiosis. [...] Dieciocho meses después de la crisis
financiera, los intereses de los financieros [estadounidenses],
de los directores ejecutivos, burócratas y políticos se han unido
EL EFECTO E N J A M B R E

más que nunca. [...] Esta es la lógica perversa de la meritocracia.


Üna vez que un sistema se hace lo suficientemente complejo,
ya no importa cuánto demos de lo mejor y más brillante de no­
sotros, las cosas se arruinan igual. Cada crisis incrementa su
autoridad, porque ellos parecen ser los únicos que comprenden
el sistema lo suficientemente bien como para poder arreglarlo.
Pero sus arreglos tienden a hacer al sistema aún más complejo
y centralizado, y más vulnerable ante la próxima sorpresa de
seguridad nacional, el próximo desastre natural y la próxima
crisis económica.

E s ta s c o n s i d e r a c i o n e s a p u n t a n e s e n c i a l m e n t e a l a r e -
s ilie n c ia d e l s is te m a , p e ro n o re s p o n d e n a u n a s e g u n d a
p r e g u n ta : ¿ p o r q u é la s o c ie d a d p a re c e s e r in c a p a z d e c re a r
fo rm a s d e s o lid a rid a d c o n s c ie n te q u e p u e d a n g e n e ra r u n a
r u p tu r a e n e l s is te m a y c o m e n z a r d e e s te m o d o p ro c e so s
d e a u to n o m ía c o le c tiv a ?

-名6 -
E n u n a s itu a c ió n d e a l t a c o m p le jid a d , e l c u e r p o s o ­
c ia l se d e s c o n e c ta d e l c e re b ro s o c i a l , y la s e n s ib ilid a d se
d e s c o n e c ta d e l in te le c to ; la c o n c ie n c ia s o c ia l se v e a m e ­
n a z a d a y se fra g m e n ta de t a l m a n e ra q u e la r a b ia c o n tra la
e x p lo ta c ió n se c o n v ie rte e n f ru s tra c ió n y a u to d e s p re c io .
L o s p r o c e s o s d e s u b j e t i v a c i ó n n o e n c u e n t r a n e l c a m in o
h a c i a l a a u t o n o m í a s o c i a l . Es t i e m p o a h o r a d e e x a m i n a r
la s u b je tiv a c ió n . De e s to t r a t a r á la te r c e r a p a r t e d e l lib r o .7

7. Ross Douthat, wThe Great Consolidation^, en The New York Timesr 16


de mayo de 2010, disponible online en www.nytimes.com/2010/0 5 /1 7 /
opimon/17douthat.html?„r=0 [última consulta: junio de 2017].
co LA SUBJETIVACIÓN

LU
fc
"EL tiempo está fuera de quicio”, escribió Gregory
<d

Bateson citando a Hamlet. Desquiciado, dislocado.


La creciente conectividad y el sometimiento de la
actividad cognitiva a las máquinas digitales ha pro­
vocado una desarticulación entre el ritmo mutado
de La mente conectada y eL ritmo de La mente cor­
poral. Como consecuencia, eL g e n e r a l i n t e l l e c t se ha
separado de su cuerpo.
El problema aquí no es eL sujeto en cuanto
realidad dada y estática. EL problema es la subje-
tivación, el proceso de surgimiento de conciencia y
autorreflexividad de la mente, sin considerar a esta
última de manera aislada, sino en eL contexto deL
entorno tecnológico y del conñicto social. La subje-
tivación también debe ser entendida como morfogé­
nesis, como la creación de formas.


M O R FO G EN ESIS SO C IA L
Y N E U R O P L A ST IC ID A D

FUERA DE QUICIO

En la s e c c ió n a n te r io r , e s b o c é u n a b re v e h is to r ia d e l ge­
neral intellect, b a s a d a e n la re la c ió n e n tre e l le n g u a je d e
l a m á q u i n a y lo s c e r e b r o s v iv o s q u e c o o p e r a n e n e l c o n o ­
c im ie n to c ie n tífic o y e n la p r o d u c c ió n té c n ic a d e l m u n d o .
A h o ra q u is ie ra in v e s tig a r e l c o n c e p to d e n e u r o p a to lo g ía y
n e u ro p la s tic id a d p a ra v is u a liz a r la m u ta c ió n q u e e s tá e x p e ­
r im e n ta n d o e l c e re b ro s o c ia l y p a r a v a lo ra r la s p o s ib ilid a d e s
q u e t r a e c o n s ig o l a a c t u a l c o m p o s ic ió n d e l general intellect
D e s d e lo s ú l t i m o s a ñ o s d e l s ig lo p a s a d o , s e v i e n e n m u l ­
tip lic a n d o , e n la e s fe ra d e la s e n s ib ilid a d e s té tic a , s ín to m a s
d e u n a e s p e c i e d e d i s o n a n c i a y d e s e q u i l i b r i o t e m p o r a l . El
r itm o d e v id a se h a l la p e r tu r b a d o p o r u n a s e n s a c ió n d e
a c e le ra c ió n q u e f ra g m e n ta la e x p e r ie n c ia y la p e r c e p c ió n
s e n s o r i a l e n s í m is m a .
El t i e m p o e s t á d e s q u i c i a d o / d e s a r t i c u l a d o ; y e l gene­
ral intellect se h a d e s c o n e c ta d o d e s u c u e rp o . D ado q u e
s a b e m o s q u e e l c e re b ro e s tá e q u ip a d o c o n u n n iv e l in c re í-
b le m e n te a lto d e n e u r o p la s tic id a d , te n e m o s m o tiv o s p a r a
p r e g u n ta r n o s si e l c e re b ro p lá s tic o lo g r a r á e n c o n tr a r la
s a lid a d e e s te la b e r in to y s i e l s is te m a n e r v io s o d e s c u b r ir á
u n a n u e v a c o n ju n c ió n p o s ib le e n t r e e l m u n d o y la m e n te .
D e b e m o s c o n c e n t r a r n o s e n e l c o n c e p to d e n e u r o p l a s t i -
c id a d , e s d e c ir, l a c a p a c id a d d e l c e re b ro p a r a r e c o n f ig u r a r la
r e la c ió n e n t r e e l r itm o d e l a m e n t e r e c e p t o r a y e l d e l t r a n s ­
m is o r, u n u n iv e r s o c a ó tic o q u e e n v í a s ig n o s q u e y a n o e s t á n
f iltr a d o s p o r l a e s t r u c t u r a d e u n o r d e n s e m ió tic o c o m p a r tid o .

NEUROPLASTICIDAD: LA MUTACIÓN CONECTIVA Y EL CEREBRO

La m ig r a ñ a e s u n a e n f e r m e d a d b ie n c o n o c id a ( a u n q u e n o
e x p lic a d a c o m p le ta m e n te , n i t r a t a d a d e m a n e ra e fe c tiv a ).
S e g e n e r a p o r p r o c e s o s f ís ic o s l o c a l i z a d o s e n e l c e r e b r o
q u e p u e d e n p r o d u c ir e f e c to s p s ic o ló g ic o s , co m o la d e p r e ­
s i ó n . E n s u l i b r o s o b r e l a s m i g r a ñ a s , O liv e r S a c k s d e s t a c a
l a u n i d a d i n d i s o c i a b l e d e l a s r e a c c i o n e s p s ic o f i s i o l ó g i c a s
y r e c u rr e a la te o r í a d e l c a o s co m o m a rc o p a r a e x p lic a r
e s t e f e n ó m e n o . L a c o m p l e j i d a d d e l c e r e b r o h a c e im p o s i b l e
d e s c r i b i r c o m p l e t a m e n t e lo s p r o c e s o s i n v o l u c r a d o s e n la s
m ig ra ñ a s , p e ro s e g ú n S acks:

La migraña empieza como una inestabilidad, una perturbación,


un desequilibrio, un estado inestable (o metaestable), que tarde
o temprano gravita hacia una de esas dos posiciones estables: la
de la "salud” o la de la "enfermedad". [·.·]
McKenzie Uam6 en una ocasión al párkinson "caos organizado",
y lo mismo podemos decir de la migraña. Primero el caos, a con­
tinuación la organización, un orden enfermo; ¡es difícil saber
qué es peor! Lo terrible de lo primero reside en su incertidumbre,
su ñuir; lo terrible de lo segundo en su sensación de inmutable
y aplastante permanencia. Sin embargo, el tratamiento solo es
posible antes de que la migraña se ^solidifique^ en formas fijas
e inamovibles.
El término "caos", por cierto, puede considerarse en este caso
algo más que una figura retórica, pues el tipo de inestabilidad,
de ñuctuación, de cambio repentino que podemos observar aquí
nos recuerda enormemente al que podemos ver en otros sistemas
complejos -el clima, por ejemplo-, y su comprensión puede exi­
gir la idea formal del ^caos" y una teoría de los sistemas dinámi­
cos y complejos (teoría del caos). Puede que sea importante, en-
tonces, considerar así la migraña, como un trastorno complejo y
dinámico del comportamiento y la regulación neural. El control
sutil (y, normalmente, la libertad de acción) de lo que llamamos
//saludí, podría, paradójicamente, estar basado en el caos.1

En The New Wounded [L o s n u e v o s h e r i d o s ] , C a t h e r i n e


M a la b o u r e d e f i n e l a r e l a c i ó n e n t r e c e r e b r o , m e n t e y a l m a
p a r tie n d o de la c o n s id e ra c ió n de q u e E L p á r k in s o n , e l
a lz h é im e r y e l e s tr é s p o s tr a u m á tic o s o n h o y e n d ía la s
p rin c ip a le s f u e n te s d e s u f rim ie n to m e n ta l, y q u e d e b e ­
r í a m o s , p o r lo t a n t o , e s t a r p r e p a r a d o s p a r a v i n c u l a r lo


n e u r o l ó g i c o a l a e s f e r a c o g n i t i v a y lo c o g n i t i v o a l a e s f e ­
ra p s ic o ló g ic a . "L a a c tiv id a d c e r e b r a l v a m u c h o m á s a llá
d e l m e ro t r a b a j o d e c o g n i c i ó n e i n c l u s o d e l a c o n c i e n c i a ,
p a r a a b a r c a r la tr a m a a f e c tiv a , s e n s o r ia l y e r ó ti c a , s in la
c u a l n i la c o g n ic ió n n i la c o n c ie n c ia e x is tir ía n ^ , s e ñ a ­
l a M a l a b o u .2 E l f u n d a m e n t o t e ó r i c o d e l p s i c o a n á l i s i s d e
F re u d e ra e s e n c ia lm e n te la s e p a ra c ió n d e la p s ic o lo g ía y
l a n e u r o l o g í a , y e s t e a c t o d io c o m o r e s u l t a d o l a i n t e r p r e ­
ta c ió n d e lo s p r o c e s o s p s íq u ic o s e n té r m in o s d e le n g u a je .
P e ro " e l i n c o n s c i e n t e e s t á e s t r u c t u r a d o c o m o u n l e n g u a ­
j e " , d i c e l a a u t o r a , " s o lo e n l a m e d i d a e n q u e e l c e r e b r o
n o h a b le " .3

1 .Oliver Sacks, Migraña, Barcelona, Anagrama, 2010, p. 57.


2. Catherine Malabou, The New Wounded: From Neurosis to Brain Damage,
Nueva York, Universidad de Fordham, 2012, p. 4.
3. Ibid·, p. 9.
L a i n t e r p r e t a c i ó n f r e u d i a n a d e l a s e x u a li d a d e s t á b a s a d a
e n l a e l im in a c i ó n d e t o d a c o n s id e r a c ió n f ís ic a d e l c e r e b r o ,
p e r o M a la b o u c u e s t i o n a e s t a s u p r e s i ó n , a l o b s e r v a r q u e :

No hace falta mucho (unas pocas rupturas vasculares, mínimas


en términos de su tamaño y envergadura) para alterar la iden­
tidad de manera, a veces, irreversible. [...] Contrariamente a
lo que afirma Freud, la sexualidad siempre está expuesta a un
régimen más radical de eventos: el shock y la contingencia de
rupturas que anulan conexiones neuronales. [...] De ahora en
adelante, las personas con lesiones cerebrales formarán una par­
te integral del panorama psico-patológico.4

El t r a u m a , e l d e t e r i o r o f ís ic o d e l a f u n c i o n a l i d a d c e ­
re b ra l y e l e s tré s p ro v o c a d o p o r a g re s io n e s e x te r n a s s o n
c o n d ic io n e s q u e c a u s a n tra n s fo rm a c io n e s c o n im p lic a c io ­
n e s p s í q u i c a s . M a la b o u p r o p o n e u n a a p r o x i m a c i ó n n e u -
r o - p s i c o a n a l í t i c a p a r a d e s c r i b i r lo s e f e c t o s p s ic o l ó g i c o s d e
lo s t r a u m a s y l a s t r a n s f o r m a c i o n e s n e u r o l ó g i c a s .
S e g ú n e s t a a u t o r a , n e c e s ita m o s i n t e g r a r e l p l a n t e o n e u -
r o ló g ic o c o n e l p s i c o a n a l í t i c o s i q u e r e m o s c o m p r e n d e r la s
e n f e r m e d a d e s o r g á n i c a s c o m o e l p á r k i n s o n y e l a l z h é im e r .
Lo m is m o p u e d e d e c ir s e r e s p e c t o a l a m u t a c i ó n c o n e c t i v a
p r o d u c id a p o r la tr a n s f o r m a c ió n te c n o ló g ic a y p o r la i n t e n ­
s if ic a c ió n d e e s t í m u l o s n e r v i o s o s p r o c e d e n t e s d e l a i n f o e s -
f e r a a c e l e r a d a . L a h i p e r e s t i m u l a c i ó n d e l a a t e n c i ó n y lo s
c a m b io s d r a m á t i c o s q u e a f e c t a n n u e s t r o e n t o r n o p u e d e n
c o n s id e ra rs e fa c to re s m u ta g é n ic o s p e r te n e c ie n te s a la e s fe ­
r a d e l t r a u m a y , p o r lo t a n t o , e x i g e n u n a i n t e g r a c i ó n d e la s
a p r o x im a c i o n e s p s ic o ló g ic a s y n e u r o ló g i c a s .
El c o n c e p to d e n e u r o p la s tic id a d es c ru c ia l d e s d e d o s
p u n to s d e v is ta : p ro v e e la s c o n d ic io n e s p a r a c o m p re n d e r
cóm o e l s u s tra to n e u r o n a l se e s tá a d a p ta n d o a la m u ta c ió n

4. Catherine Malaboud, ibia.


MORFOGÉNESIS SOCIAL V N E UROPLASTI CI DAD

c o n e c tiv a e n c u rs o , p e ro ta m b ié n o to rg a la p o s ib ilid a d
de p re v e r u n a a c c ió n c o n s c ie n te p a ra tr a n s f o r m a r la
m e n t e s o c ia l.
S e g ú n e l in v e s tig a d o r D im itiis P a p a d o p o u lo s :

La plasticidad comienza ahí donde los genes se detienen: la


especificidad del organismo individual. La plasticidad aparece
cuando trabaja la epigenética: el mundano hacer y rehacer de U
totalidad de un organismo en el proceso de su desarrollo. Más
que la relativa maleabilidad de la materia cerebral, la plasticidad
se refiere a la posibilidad de recombinar materia cerebro-cor­
poral. No como un proceso abstracto y general de regeneración
neuronal, sino como un proceso que tiene lugar de manera epi-
genética, es decir, de acuerdo con la realidad específica y con-
5
tingente de cada organismo particular.


s
El s u r g i m i e n t o d e l c u e r p o n o e s e l m e ro d e s p l i e g u e d e
i n f o r m a c i ó n c o n t e n i d a e n e l adn, s i n o l a i n t e r a c c i ó n e n ­

_
tr e la in fo rm a c ió n g e n é tic a y la s c o n d ic io n e s a m b ie n ta le s
d o n d e lo s g e n e s s e c o n v i e r t e n e n u n o r g a n i s m o .
S e g ú n P a p a d o p o u lo s , e l c u e rp o e m e rg e n te e x is te e n e l
á m b ito d e s u p r o p ia tr a y e c to r ia d e d e s a rro llo y a c tu a lid a d ,
p e ro es e m e rg e n te p o rq u e la c re a c ió n d e n u e v a s fo rm a s
s ie m p re e s t á lim ita d a p o r la s c o n d ic io n e s c o n t in g e n t e s d e
la e x is te n c ia . El c e re b ro -c u e rp o in c ip ie n te y e n c a rn a d o es
im p e n s a b le y, d e h e c h o , n o p u e d e e x is tir f u e r a d e l e ro -
n o to p o d e la o n to g é n e s is . La d e s c rip c ió n d e P a p a d o p o u lo s
de la e p ig e n é tic a y d el cu e rp o e m e rg e n te rec u erd a al
c o n c e p t o d e c u e r p o s i n ó r g a n o s q u e D e le u z e y G u a t t a r i
d e s c rib e n e n Mil mesetas. La d e s c rip c ió n n e u r o p lá s tic a v a
m á s a l l á d e l m o d e lo c o m p u t a c i o n a l . 5

5. Dimitris Papadopoulos, "The Imaginary of Plasticity: Neural Embodiment,


Epigenetics and Ecomorphs,í, en The Sociological Review, vol. 59, núm. 3,
2011, P.433.
Las representaciones mentales en el cognitivismo son el resulta­
do de procesos neurofisiológicos innatos que son independientes
del contexto y universales en el cerebro humano. El pensar tiene
una estructura universal algorítmica y reside en arquitecturas
neuronales fijas.
Lo que resulta crucial en el conexionismo es que el peso de los
nodos no es algo dado, sino que surge a partir del conocimiento.
Mientras el computacionalismo presupone estructuras neurona­
les innatas, el conexionismo presupone arquitecturas semiabier-
tas y no lineales que se despliegan durante el propio proceso
ontogenético de desarrollo. La materia cerebral es simultánea­
mente el actor y el resultado de su propia actividad.

S in e m b a r g o , c o m o a f i r m a M a la b o u e n s u li b r o ¿Qué
hacer con nuestro cerebro?, la s im p lic a c io n e s p o lític a s d e l
m o d e lo d e l a n e u r o p l a s t i c i d a d r e s u l t a n m u y i m p o r t a n t e s .
S e g ú n e lla , la p la s tic id a d e s la re la c ió n q u e tie n e u n i n ­
d i v i d u o c o n lo q u e , p o r u n l a d o , lo a t a o r i g i n a l m e n t e a s í
m is m o , a s u p r o p i a f o r m a , y c o n lo q u e , p o r o t r o l a d o , le
p e r m i t e l a n z a r s e a l v a c ío d e t o d a i d e n t i d a d , a b a n d o n a r
t o d a d e t e r m i n a c i ó n f i j a y r í g i d a . 67
La a d h e re n c ia d e la a c tiv id a d m e n ta l a l s u s tra to n e u ­
ro n a l n o e x p lic a to d o a c e rc a d e l s u rg im ie n to d e l c u e rp o
c o n s c ie n te , e l d e s p la z a m ie n to d e la n e u r o lo g ía a la c o n ­
c i e n c i a s o lo s e p u e d e e x p l i c a r s i s e h a c e r e f e r e n c i a a l a
in te ra c c ió n c o n e l e n to rn o y a la in te n c io n a lid a d que
e s t á in s c r i p ta e n la c o n c ie n c ia . E n p a la b r a s d e l n e u ró lo g o
A n t o n i o D a m a s io , l a c o n c i e n c i a e s e l m o d o e n e l q u e " e l
d u e ñ o d e la p e líc u la e n e l c e re b ro e m erg e"·8

6. Ibíd., pp. 439 y 440.


7. Catherine Malabou, ¿Qué hacer con nuestro cerebro?, Madrid, Arena Li­
bros, 2007.
8. Antonio Damasio, Sentir lo que sucede. Cuerpo y emoción en la fábrica de
la consciencia, Santiago de Chile, Andrés Bello, 2000, p. 340.
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

AFECCION Y LENGUAJE

U n d e s e q u ilib rio e n tr e la p o te n c ia lid a d o rg á n ic a d e l c e ­


r e b ro y lo s e f e c to s d e e s tim u la c ió n n e r v io s a d e l e n t o r n o
a f e c ta a lo s p r o c e s o s c o g n itiv o s t a n t o c o m o a l a s e n s ib i­
lid a d . L a m e m o ria , e l le n g u a je y la p r o p ia c a p a c id a d d e
d is c rim in a c ió n c r ític a e s tá n in v o lu c ra d o s e n e l p ro c e s o
d e m u ta c ió n q u e irru m p e e n la s c a ra c te r ís tic a s o rg á n ic a s
d e la a c tiv id a d n e rv io s a e in te r f ie r e c o n la s fo rm a s d e
c o g n ic ió n e s ta b le c id a s .
U n a m u ta c ió n e s t á a c tu a lm e n te in v a d ie n d o lo s p r o c e ­
so s c o g n itiv o s e n m u c h o s n iv e le s , d a d o q u e la a c tiv id a d
m e n ta l fo rm a p a r te d e la in fo e s fe ra d ig ita l in te r c o n e c ­
ta d a . El le n g u a je se e s tá v o lv ie n d o c a d a v e z m á s frá g il,
d ad o q u e u n a n u e v a g e n e ra c ió n de h u m a n o s a h o ra a p re n ­
d e m á s p a la b ra s d e u n a m á q u in a q u e d e su s m a d re s. E n su

•s~_
lib ro El orden simbólico de la madre, la filó s o fa f e m in is ta
i t a l i a n a L u is a M u ra ro p l a n t e a q u e e l a c c e s o a l le n g u a je
se h a c e p o s ib le g ra c ia s a la r e la c ió n a f e c tiv a c o n e l c u e r ­
p o d e l a m a d re .9 L a r e la c ió n m is m a e n t r e s ig n if ic a n te y
s ig n ific a d o e s tá b a s a d a e n la c o n f ia n z a r e s p e c to a la n o ­
m in a c ió n s u g e rid a p o r la m a d re . L as p a la b r a s s ig n ific a n
a lg o p o r q u e h a n s id o d ic h a s e in te r c a m b ia d a s e n la p r a g ­
m á tic a a f e c tiv a d e l d e s c u b rim ie n to c o rp o ra l d e l e n to r n o .
U n o c r e e q u e e s t e l í q u i d o e s " a g u a " p o r q u e s u m a d r e lo
d ic e . El o r ig e n d e l v ín c u lo e n t r e s ig n i f ic a n t e y s ig n i f ic a ­
d o n o e s u n a o p e r a c ió n , s in o q u e o c u r r e p o r m e d io d e l
a fe c to . La v o z , e l c o n te x to p ra g m á tic o y e l s ig n ific a d o
c o r p o r a l s o n l o s q u e e s t a b l e c e n e l v í n c u l o s e m á n t i c o . El
m u n d o e s s ig n if ic a tiv o p o r q u e h a s id o p e r m e a d o p o r la
c re a c ió n a fe c tiv a d e s e n tid o .

9. Luisa Muraro, El orden simbólico de la madre, Madrid, Horas y horas,


1994.
A h o ra b ie n , a e s te n iv e l se e s tá p ro d u c ie n d o una
tra n s f o r m a c ió n v in c u la d a a la s e p a ra c ió n d e l n iñ o del
c u e r p o d e s u m a d re d u r a n te lo s a ñ o s d e a d q u is ic ió n d e l
le n g u a je . L a e m a n c ip a c ió n d e la m u je r s e h a c o n v e r tid o
e n e l s o m e tim ie n to c a p ita lis ta d e su tie m p o y s u a t e n ­
c ió n . El m e rc a d o la b o r a l g lo b a l c a p tu r a c a d a v e z m á s a la s
m u j e r e s . M ile s d e e l l a s m i g r a n d e s d e l a s c i u d a d e s p o b r e s
d e l s u r g lo b a l h a c i a l a s a t e s t a d a s m e t r ó p o l i s d e l a f l u e n ­
t e n o r t e . M il lo n e s d e n i ñ o s e n M a n h a t t a n , e n M ilán ^ e n
L o n d re s s o n c u id a d o s p o r n iñ e r a s q u e h a n v e n id o d e s d e
M a n ila , N a ir o b i o J a k a r t a , y l o s n i ñ o s p a s a n c a d a v e z m á s
tie m p o in te r a c tu a n d o c o n p a n ta lla s . La a d q u is ic ió n d e l
l e n g u a j e s e t r a n s f i e r e , p o r lo t a n t o , d e l a m b i e n t e a f e c t i v o
d e l c o n t a c t o f ís ic o a l a m b i e n t e o p e r a c i o n a l d e l a m á q u i n a
lin g ü ís tic a u n iv e rs a l.
P e ro l a s p a l a b r a s , c o m o s e ñ a l é , s e a s o c i a n a f e c t i v a ­
m e n te a l s ig n ific a d o . A m e d id a q u e la a d q u is ic ió n d e l le n ­
g u a je se s e p a ra d e l c u e rp o y se re d u c e a la f u n c ió n d e
s i g n i f i c a c i ó n o p e r a c i o n a l , e l v í n c u l o e n t r e l a s p a l a b r a s ji­
l a r e a l i d a d s e d e b i l i t a , s e h a c e f r á g i l y p r e c a r i o . El s i g n i f i ­
ca d o d e la s p a la b r a s se r e d u c e a u n a c o n v e n c ió n o p e r a d o -
n a l, d e s p o ja d a d e ra íc e s c o rp o ra le s .
L a s in g u la r id a d d e l le n g u a je t i e n e s u s ra íc e s e n la v o z ,
e t p u n t o d e c o n j u n c i ó n e n t r e e l s ig n i f i c a d o y l a c a r n e . U n a
v e z q u e la s p a la b ra s se s e p a ra n de la v o z , s u e fe c tiv id a d
y s ig n i f i c a d o s o lo s e b a s a n e n l a c o n v e n c i ó n d e e f i c i e n c i a
o p e ra c io n a l. La s in g u la r id a d d e la performance lin g ü ís tic a
se p ie rd e p o r q u e la a d q u is ic ió n d e l le n g u a je se d a b a jo
c o n d ic io n e s d e c o n f o r m id a d c o n v e n c io n a l.
L os s o c ió lo g o s y e c o n o m is ta s u s a n la p a la b r a preca-
rización p a r a r e f e r ir s e a la tr a n s f o r m a c ió n ju r í d i c a d e la s
r e la c io n e s la b o ra le s . L os tr a b a ja d o r e s se v u e lv e n p re c a rio s
c u a n d o y a n o l o s p r o t e g e n n i lo s c o n t r a t o s n i l a s l e y e s ,
c u a n d o d e b e n b u s c a r tr a b a jo c o n t in u a m e n te y n e g o c ia r
s u s p r o p i a s c o n d i c i o n e s l a b o r a l e s y s a l a r i o s . S in e m b a r ­
g o , c re o q u e e l n ú c le o d e l a tr a n s f o r m a c ió n s u b y a c e n te
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

a l p ro c e s o d e p r e c a r iz a c ió n s o c ia l, q u e e s tá s e n ta n d o la s
b a s e s p a r a la d e s tr u c c ió n d e lo s v ín c u lo s d e s o lid a r id a d
e n t r e lo s t r a b a j a d o r e s , s e h a l l a e n l a e s f e r a p s i c o l ó g i c a y
c o g n i t i v a . El d e b i l i t a m i e n t o d e l l e n g u a j e , s u r e d u c c i ó n a
u n m o d o o p e r a c io n a l, e s la c o n d ic ió n c o g n itiv a y e m o c io ­
n a l p a ra e l a c tu a l p ro c e so d e p re c a riz a c ió n d e la v id a e n
e l e s p a c io s o c ia l.
L a a c e le ia c ió n d e l a in f o e s f e ra e s tá a f e c ta n d o c a d a f a ­
c e ta d e la a c tiv id a d c o g n itiv a . En el a m b ie n te in te r c o n e c ­
ta d o , s e e s tim u la y m o v iliz a c o n tin u a m e n te la a t e n c ió n
y se d e b ilita la c a p a c id a d p a r a c o n c e n tr a r s e e n u n ú n ic o
f lu jo d e i n f o r m a c i ó n , c o m o lo h a d e m o s t r a d o e l i n c r e m e n ­
to d e tr a s to r n o s p o r d é fic it d e a te n c ió n , u n s ín to m a d e l
d e b ilita m ie n to d e la c a p a c id a d m e n ta l h u m a n a p a r a e l a ­
b o ra r la e x p e rie n c ia .
C om o c o n s e c u e n c i a , t a m b i é n s e t r a n s f o r m a e l p r o c e ­

丨 193
so d e m e m o r i z a c i ó n . L o s h u m a n o s t i e n d e n a t r a n s f e r i r s u

_
m e m o ria a la s m á q u in a s y a m e m o riz a r p r in c ip a lm e n te
p ro to c o lo s té c n ic o s p a r a a c c e d e r a e s a m e m o ria u n if o r ­
m a d a . A s u v e z , la u n if o r m id a d d e la m e m o ria a f e c ta la
im a g in a c ió n , p u e s e s ta e s l a r e c o m b in a c ió n d e l m a te r ia l
m e m o riz a d o . La s in g u la r id a d d e la r e c o m b in a c ió n im a g i­
n a t iv a se h a lla v in c u la d a a la s in g u la r id a d d e lo s e n g r a -
m a s a lm a c e n a d o s , h u e lla s m n é s ic a s o memes. E n s u lib r o
Guerra de memesr10 p u b l i c a d o p o r A d b u s t e r s , K a lle L a s n
e x a m in a la a u to m a tiz a c ió n d e la m e m o ria c o le c tiv a y la
c r e c ie n te u n ifo rm id a d d e la im a g in a c ió n .
Q u is ie r a h a c e r a q u í u n a ú l t i m a c o n s i d e r a c i ó n r e s p e c t o
a la f a c u lta d c o g n itiv a d e la d is c rim in a c ió n , la b a s e d e la
a c t i t u d c u l t u r a l q u e l l a m a m o s wc r í t i c a H. L a h a b i l i d a d p a r a
d i s t i n g u i r lo v e r d a d e r o d e lo f a ls o e n l a s e n u n c i a c i o n e s .

10. Kalle Lasn, Guerra de memes. La destrucción creativa de la economía


neoclasisca, Lituania, Interzone Industries, 2015.
e n f a tiz a d a p o r la filo s o fía m o d e rn a y e l p e n s a m ie n to p o ­
lític o , e r a p o s ib le g ra c ia s a l p r e d o m in io d e l te x to e s c r ito
e n la in fo e s fe ra .
C u a n d o la m e n te s in g u la r se e x p o n e a in f o r m a c ió n se -
c u e n c i a l , p u e d e i n t e r p r e t a r s e c u e n c i a l m e n t e e l s i g n i f ic a d o
d e u n a e n u n c ia c ió n c o n e l o b je tiv o d e d is c rim in a r a c e rc a
d e la ñ a b ilid a d d e s u c o n te n id o . A m e d id a q u e e l ñ u jo
e le c tró n ic o d e in fo rm a c ió n se a c e le ra , e l tie m p o p a ra la
e la b o ra c ió n se re d u c e . S u in te r p r e ta c ió n c r ític a se h a c e
c a d a v e z m á s d if í c i l , d a d o q u e e l p r o c e s o h e r x n e n é u tic o
d e b e r e a liz a r s e c a d a v e z m á s rá p id o . P o r e s ta r a z ó n , la
f a c u lta d c r ític a tie n d e a s e r r e e m p la z a d a p o r la m ito lo g ía ,
co m o p r e d ijo M c L u h a n e n Comprender los medios de comu­
nicación, La m ito lo g ía se v u e lv e e l m o d o p r e d o m in a n te de
e l a b o r a c i ó n m e n t a l , y a q u e l a s i m u l t a n e i d a d d e lo s m e d io s
c o n f ig u r a c io n a le s d e c o m u n ic a c ió n r e e m p la z a la s e c u e n -
c ia lid a d d e l te x to e s c r ito .

EL NOSOTROS DE LA MENTE

En n o v ie m b re d e 2 0 1 2 , p a r tic ip é e n u n c o n g re s o cu y o
títu lo e ra "L as p s ic o p a to lo g ía s d e l c a p ita lis m o c o g n i-
t i v o ’’. 11 E l t e m a , e l l u g a r y l a c o m b i n a c i ó n i n t e l e c t u a l
e v id e n c ia d a p o r la lis ta d e c o n f e re n c is ta s s u g e ría n q u e
s e ría u n p a so s ig n ific a tiv o e n la c re a c ió n d e u n a c o n ­
c ie n c ia filo s ó fic a y p o lític a de la p r e s e n te c ris is , q u e
e s tá a f e c ta n d o a la e c o lo g ía m e n ta l d e la c iv iliz a c ió n
c a p ita lis ta y a s u p o s ib le e v o lu c ió n . P o r p rim e ra v e z , u n

1 1 .'The Psychopathologies of Cognitive Capitalism,,/ primera parte, organi­


zado por Ame de Boer, Warren Nxedich y Jason Smith, en el CalArts de Los
Ángeles, con participación mía y de Jonathan Beller, Jodi Dean, Tiziana Te-
rranova, Patricia Pisters y Bruce Wexler. La segunda parte de la conferencia
se realizó en el i c i de Berlín en marzo de 2013.
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

a n á lis is e u ro p e o c e n tra d o p a r tic u la r m e n te e n lo s p r o ­


b le m a s d e la s u b je tiv a c ió n s o c ia l se c o n f r o n tó a la e x ­
p e r ie n c ia c a lif o r n ia n a y a la e s p e c ífic a c o m p o s ic ió n d e l
t r a b a j o p r o p i a d e l a t i e r r a d e D is n e y , A p p l e y G o o g le . El
c a m p o te ó ric o d e re c o m p o s ic ió n s o c ia l se a b o rd ó d e s d e
e l p u n to de v is ta c o n c e p tu a l de la n e u r o p la s tic id a d , i n ­
te g r a n d o d is c ip lin a s co m o la n e u r o lo g ía , la e c o lo g ía de
la m e n te y la p s ic o p a to lo g ía .
D e s d e lo s a ñ o s s e s e n t a , e n e l c o n t e x t o c a l i f o r n i a n o , l a
e x p e r i e n c i a p s i c o d é l i c a y l a i n v e s t i g a c i ó n s o b r e lo s e s t a ­
d o s a lte ra d o s de la m e n te se e n c o n tra ro n co n la p o te n c ia
d e c a m b io m e n t a l q u e o f r e c í a l a i n d u s t r i a t e c n o l ó g i c a . El
I n s t i t u t o d e I n v e s t i g a c i ó n M e n ta l e n P a lo A lto , l o s t r a b a ­
j o s d e G re g o ry B a t e s o n y d e P a u l W a tz la w lc k , l a i m a g i n a ­
c i ó n l i t e r a r i a d e P h i l i p K. D ic k y l a s p o l í t i c a s p s i c o d é l i c a s
d e T im o t h y L e a r y m a r c a r o n u n a r e c o n f i g u r a c i ó n m e n t a -

¿7
l i s t a d e l le g a d o f ilo s ó f ic o e u r o p e o y a b r i e r o n l a v í a a u n a
r e c o n c e p t u a l i z a c i ó n d e l d e v e n i r s o c ia l .
E n lo s ú l t i m o s t r e i n t a a ñ o s . C a lif o r n ia h a s id o l a c u n a
t a n t o d e la id e o lo g ía d e la n u e v a e c o n o m ía co m o d e la
r e a lid a d d e la s n u e v a s te c n o lo g ía s , h a n u tr id o u n a c u ltu r a
te c n o - x n e n ta lis ta y h a d a d o n a c im ie n to a u n a ra m a e s p e ­
c i a l d e d a r w in is m o s o c i a l q u e s e e x p r e s a e n lo s m e r c a d o s
c u ltu r a le s , e n re v is ta s co m o Wired o e n lib ro s co m o Out of
Control [ F u e r a d e c o n t r o l ] , d e K e v in K elly .
La tra n s fo rm a c ió n té c n i c a im p l íc i ta e n lo s p r o c e ­
s o s d e g lo b a liz a c ió n e s t á c a m b ia n d o lo s p r o s p e c to s s o -
c io c u ltu r a le s t a n p r o f u n d a m e n te q u e la s h e r r a m ie n ta s
c o n c e p tu a le s h e re d a d a s de la te o r ía c rític a e u ro p e a y a
no re s u lta n s u f ic ie n te s p a r a ,im a g in a r e l f u tu r o d e la
e v o lu c ió n h u m a n a . P o r e s ta r a z ó n , c re o q u e e se c o n g re ­
so e n L os Á n g e le s m a rc ó e l p r im e r i n t e n t o p o r d e s p la z a r
e l o b je to d e la r e f le x ió n s o c io a n tro p o ló g ic a y d e v in c u ­
la r la s e s fe ra s c o n c e p tu a le s d e la re c o m p o s ic ió n s o c ia l
y la s u b je tiv a c ió n p s ic o ló g ic a , c o n la de la e v o lu c ió n
te c n o - m e n ta l.
SUBINDIVipUAL Y SUPRACOLECTIVO:
EL NOSOTROS DE LA MENTE

C om o r e c o r d ó B r u c e W e x le r d u r a n t e su c o n fe re n c ia e n
a q u e l c o n g re s o , e l h o m b re e s e l a n im a l q u e c o n fig u ra e l
e n to rn o q u e a s u v e z c o n fig u ra s u c e re b ro . La in fo e s fe ra
e s e l e n t o r n o e n d o n d e t i e n e l u g a r e s t e m o ld e o m e n t a l .
E n l a t e c n o e s f e r a c o n t e m p o r á n e a , l a p o l í t i c a , -e n c u a n ­
to a c tiv id a d q u e p r e te n d e c a m b ia r la s in s t itu c io n e s y e l
c o m p o r ta m ie n to c o le c tiv o , e s tá s ie n d o r e e m p la z a d a c a d a
v e z m á s p o r d i s p o s i t i v o s q u e a l t e r a n e l c e r e b r o . El p r o ­
b le m a d e l a n e u r o p la s tic id a d p a s a a u n p rim e r p la n o a la
h o r a d e a n a l i z a r e l c a m b io s o c i a l . El c o n c e p t o p e r t e n e c e
o r ig in a lm e n te a l d o m in io b io g e n é tic o y s e r e fie re , e n p a r ­
tic u la r , a la e p ia é n e s is , lo s p ro c e s o s q u e c o n d u c e n d e s d e ¡
l a i n f o r m a c i ó n g e n é t i c a d e l adn a l d e s a r r o l l o d e l o r g a n i s - J
m o . C o n tra ria m e n te a la in te r p r e ta c ió n d e t e r m in is ta d e |
l a b i o g e n é t i c a , lo s i n v e s t i g a d o r e s d e l a n e u r o p l a s t i c i d a d
a s u m e n q u e lo s p ro c e s o s e p ig e n é tic o s n o e s tá n n i in s c r ip - ¡i
t o s , n i p r e f o r m a d o s e n e l adn y a f i r m a n q u e e l d e s p l i e g u e
e p ig e n é tic o d e u n o rg a n is m o e s tá in f lu e n c ia d o p o r s u e n ­ .电
t o r n o . A s í, h a b l a n d e n e u r o p l a s t i c i d a d p a r a r e i v i n d i c a r l a
c a p a c id a d d e l s is te m a n e r v io s o d e a d a p ta r s e a la s c o n d i­
c i o n e s a m b i e n t a l e s e n l a s q u e e v o l u c i o n a e l o r g a n i s m o . 12
Mi in te r é s a q u í e s t á c e n tr a d o e n la e v o lu c ió n d e l s is ­
te m a n e r v io s o s o c ia l, e n s u c a p a c id a d p a r a a d a p ta r s e a
lo s c a m b io s e x t e r n o s d e s u e n t o r n o , p a r t i c u l a r m e n t e a lo s
c a m b io s e n l a e s f e r a t é c n i c a .
En la a c tu a l in fo e s fe ra d ig ita l, la a c tiv id a d c o n s c ie n te
p a r tic ip a d e c o n c a te n a c io n e s c o n e c tiv a s s u p ra in d iv id u a -
le s . L as c o n c a te n a c io n e s c o n e c tiv a s c o n f ig u r a n la a c tiv i-
d a d c o g n itiv a y e l in c o n s c ie n te de a c u e rd o c o n u n a m o - 1

12. Ver en particular Dimitris Papadopoulos, "The Imaginary of Plasticity:


Neural Embodiment, Epigenetics and EcomorphsH, ob. cit.
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NE UROPLASTIC!DAD

d a l i d a d d e p e r c e p c i ó n d i s c r e t a , e s d e c ir , n o c o n t i n u a . L as
re g la s s in tá c tic a s d e in te rc a m b io s e m ió tic o re e m p la z a n a
a q u e lla s re g la s s e m á n tic a s q u e o p e r a b a n e n la d im e n s ió n
d e la re la c ió n c o n ju n tiv a y la c o m u n ic a c ió n a n a ló g ic a .
A q u e ll o s q u e v i v e n e n l a e s f e r a g l o b a l d i g i t a l n o p u e d e n
e s c a p a r d e la s im p lic a c io n e s d e la c o n c a te n a e io n c o n e c ­
tiv a si p r e te n d e n i n te r a c t u a r e n e l á m b ito c o le c tiv o . Si
e l in d iv id u o q u ie re p ro d u c ir e fe c to s e n e s te ú ltim o , é l o
e lla d e b e n r e s p e ta r la s r e g la s d e in te r a c c ió n . E s ta e s la
ra z ó n p o r la c u a l se h a ro to e l a r te d e la p o lític a , p u e s
u n o n o p u e d e in te r a c t u a r e f ic ie n te m e n te e n la d im e n s ió n
c o le c tiv a si p re v ia m e n te n o h a a c e p ta d o la s re g la s d e c o n ­
fo rm id a d q u e c o n fig u ra n e l le n g u a je , la a c c ió n y la i n t e r ­
p r e t a c i ó n d e lo s s i g n o s . El e s t a b l e c i m i e n t o d e u n f o r m a t o
d e i n t e r a c c i ó n c o n e c t i v o e n t r e lo s h u m a n o s r e c o n f i g u r a l a
c o m p o s i c i ó n s o c i a l . Es v e r d a d q u e e l p e n s a m i e n t o d i s i d e n ­

_
t e e s p o s ib le y q u e la s e n u n c ia c io n e s d is id e n te s ta m b ié n

s
3,
lo s o n . P e ro a q u e l l o s q u e l a s p r o f i e r e n e s t á n , e n e f e c t o ,
re n u n c ia n d o a l a c o m u n ic a c ió n , p o rq u e e l fo rm a to que
h a c e p o s i b l e l a c o m u n i c a c i ó n e s i n c a p a z d e t r a n s m i t i r lo s
m e n s a je s q u e n o s e a n c o m p a tib le s c o n e l c ó d ig o .
E n e l m u n d o in d u s tr ia l, e l c e re b ro s o c ia l e s ta b a c o n ­
f ig u r a d o p o r a c t o s e s t a n d a r i z a d o s d e p r o d u c c i ó n f í s i c a ,
p e r o l a e s f e r a m e n t a l e s t a b a s o lo p a r c i a l m e n t e i n v o l u c r a ­
d a e n lo s p r o c e s o s d e e s t a n d a r i z a c i ó n . C o m o s e ñ a l é a n t e ­
rio rm e n te , e l tr a b a ja d o r m e ta lú rg ic o d e la c lá s ic a fá b ric a
in d u s t r ia l e s ta b a fo rz a d o a m o v e r s u s m ú s c u lo s a l r itm o
d e la c a d e n a d e m o n ta je , p e ro s u m e n te e ra re la tiv a m e n te
l i b r e . El c a p i t a l i s m o c o g n i t i v o c o n s i s t e e n l a e s t a n d a r i z a ­
c ió n d e lo s p ro c e s o s c o g n itiv o s , y la a c tiv id a d m e n ta l n o
p u e d e s e p a r a r s e o d e s v i a r s e d e l f lu jo d e i n f o r m a c i ó n , d a d o
q u e e s t e f lu jo e s , p r e c i s a m e n t e , l a m á q u i n a c o g n i t i v a . L os
p ro c e s o s c o g n itiv o s e s tá n d ir e c ta m e n te c o n fig u ra d o s p o r
fo rm a to s c o n e c tiv o s y la a c tiv id a d in c o n s c ie n te e n sí m is ­
m a e s tá in ñ u e n c ia d a p o r to d a la tra n s fo rm a c ió n de n u e s ­
tr o a m b ie n te m e n ta l.
En El ojo de la mente, u n lib r o e d i t a d o p o r D a n ie l
D e n n e t t y D o u g la s H o f s t a d t e r e n e l a ñ o 1 9 8 1 , s e i n v i t a a f i­
ló s o f o s , p s ic ó lo g o s , p r o g r a m a d o r e s i n f o r m á t i c o s y n o v e l i s ­
ta s a in v e s tig a r la in te r d e p e n d e n c ia e n tre e l h a rd w a re y e l
s o f tw a r e d e lo s p r o c e s o s c o g n i t i v o s . L a p r e g u n t a p r i n c i p a l
d e l lib r o p o d r í a e x p r e s a r s e d e l a s i g u i e n t e m a n e r a : ¿ c u á l e s
l a r e l a c i ó n e n t r e l a c o m p o s ic ió n n e u r o f í s i c a d e l c e r e b r o y l a
a u t o p e r c e p c i ó n c o n s c i e n t e d e l o r g a n is m o p e n s a n t e ? ¿ C u á l
es la m e n te de m i yol ¿C uál e s e l yo de m i mente? En e s te
l i b r o , D e n n e t t y H o f s t a d t e r i n v e s t i g a n lo s e f e c t o s d e lo s
p r o c e s o s d e i n t e r a c c i ó n e n e l c e r e b r o i n d i v i d u a l . C reo q u e
a h o r a d e b e r ía m o s r e f o r m u l a r s u i n t e r r o g a n t e b á s ic o a u n
n i v e l d i f e r e n t e . P a r a p o d e r c o m p r e n d e r c ó m o lo s f lu jo s s u ­
b i n d i v i d u a l e s e s t á n r e c o n f i g u r a n d o e l e s p a c io c o l e c tiv o d e
l a s e n s i b i l i d a d , d e b e r ía m o s i n v e s t i g a r lo s e f e c t o s d e l a i n -
f o e s f e r a c o n e c t i v a e n l a m e n t e s o c ia l y a l m is m o t i e m p o e n
u n a d i m e n s i ó n s u b i n d i v i d u a l . A l f in y a l c a b o , n e c e s i t a m o s
e s t u d i a r l a f o r m a c i ó n d e l a m e n t e s o c ia l d e s d e e l p u n t o d e
v is ta d e la re la c ió n e n tr e s e n s ib ilid a d y c u ltu r a : e l nosotros
d e l a m e n t e . T al i n v e s t i g a c i ó n d e b e r á c u e s t i o n a r l o s l í m i t e s
y e l a lc a n c e d e la p la s tic id a d d e l s is te m a n e r v io s o .

MÁQUINA Y ESTRUCTURA

L os p e n s a d o r e s o p e r a ís ta s n e o m a r x is ta s i t a l i a n o s y lo s filó ­
s o fo s f r a n c e s e s p o s e s t r u c t u r a l i s t a s c o m o D e le u z e , G u a tt a r i,
L y o ta rd y P o u c a u l t ベ a p e s a r d e la s d if e r e n c ia s e n s u s t r a ­
y e c to r ia s i n t e l e c t u a l e s ) i n v e s t i g a r o n u n a c u e s t i ó n sim ila r,
a q u e l l a a c e r c a d e l d e s a r ro llo d e lo s p r o c e s o s d e s u b je tiv a c ió n ,
c o m e n z a n d o p o r la s c a p a s m a te r ia le s d e l a e x i s t e n c i a s o c ia l. 13

13. El título original del libro es The Minäfs I, cuya traducción al español fue
realizada por la editorial Sudamericana en 1983 con el nombre El ojo de la
mente: fantasías y reflexiones sobre el yo y el alma. [N. de la T.]
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

l a t e c n o l o g í a , e l le n g u a je y la s a f e c c io n e s . G ra cias a l a f o r m u ­
l a c ió n d e l c o n c e p t o d e wc o m p o s ic io n w (c o m p o s ic ió n d e c la s e ,
c o m p o s ic ió n s o c ia l), e l n e o m a r x is m o i t a l i a n o d e lo s a ñ o s s e -
s e n t ä c u e s ti o n ó d i r e c t a m e n t e l a m e to d o lo g ía e s t r u c t u r a l i s t a ·
El e s tr u c tu r a li s m o e s t á b a s a d o e n l a i d e a d e q u e l a e v o lu c ió n
d e l s u je to e s t á r e g id a p o r p a t r o n e s i n t e r n o s , m i e n t r a s q u e ,
s e g ú n e l p l a n t e o p o s e s t r u c t u r a l i s t a , l a c o m p o s ic ió n s o c ia l
e v o lu c io n a d e b id o a l a i n t e r f e r e n c i a d e f a c to r e s e x t e r n o s q u e
e n t r a n e n e l e s p a c io d e l a s u b je tiv a c ió n . N o s o n la s e s t r u c t u ­
r a s i n t e r n a s , s in o la s m á q u i n a s e x t e r n a s la s q u e c o n f ig u r a n
lo s f lu jo s m o le c u la r e s y s u b in d i v id u a l e s y lo s c a n a l i z a n e n la s
f o rm a s p r o v is o r ia s y s ie m p r e c a m b ia n te s d e l a s e n s ib ili d a d .
E n s u a r tíc u lo ^ M á q u in a y e s tr u c tu r a ^ , p u b lic a d o e n e l
p e rió d ic o Change en 1 9 7 1 , F é lix G u a t t a r i e x p l i c a s u r u p t u ­
ra c o n L a c a n y s u e m a n c ip a c ió n d e la c o n c e p c ió n fre u d ia -
n a d e l p s ic o a n á lis is , la c u a l e s tá b a s a d a e n e l s u p u e s to d e
q u e e l in c o n s c ie n te p u e d e s e r d e s c rip to co m o u n s is te m a

¿ 2_
d e e s t r u c t u r a s l i n g ü í s t i c a s , m i t o l ó g i c a s y s i m b ó l i c a s . 14
C u a lq u ie r e s t r u c t u r a p o s t u l a q u e s u s e l e m e n t o s e x i s ­
t e n d e n tro d e u n s is te m a d e re fe re n c ia s q u e c o n e c ta c a d a
u n a d e s u s p a r t e s c o n e l r e s t o . L a e s t r u c t u r a e n s í m is m a
re fie re a d e m á s a o tr a s e s tr u c tu r a s co m o u n e le m e n to d e
u n a e s t r u c t u r a m á s a m p l i a . E se p e n s a m i e n t o e s t r u c t u r a l ,
a p a r t i r d e la s n o c io n e s d e t o ta liz a c ió n y d e s - to ta liz a c ió n ,
s e r e h ú s a a p e r d e r e l c o n t r o l s o b r e e l s u j e t o , e s d e c ir , a n o
p o d e r re in s c rib irlo e n o tr a n u e v a e s tr u c tu r a .
E sto n o s e a p lic a a l a m á q u i n a , a l a q u e p o d e m o s d e s c r ib ir
c o m o e x c é n t r ic a e n r e la c ió n c o n e l s u je to . L a m á q u i n a v ie n e
d e a f u e r a , lo e m p u ja y lo d e s p la z a , c a m b ia n d o e l p a i s a j e q u e
lo r o d e a . L a t e m p o r a lid a d e n t r a e n e lla d e d iv e rs a s m a n e r a s y
e s l a d im e n s ió n e n l a q u e o c u r r e n lo s e v e n to s . El s u r g im ie n to

14. Félix Guattari, yíMáquina y estructura^, en Psicoanálisis y transversali-


dad: crítica psicoanalítica de las instituciones, Buenos Aires, Siglo xxi,1976,
pp. 274-284.
d e l a m á q u in a m a rc a u n a r u p t u r a q u e n o r e s u l t a h o m o g é n e a
c o n l a r e p r e s e n t a c i ó n e s t r u c t u r a l . 15
U n a e s tr u c tu r a e s u n s is te m a d e r e la c io n e s in te r n a s ,
d e in te ra c c io n e s q u e g o b ie rn a n a l s u je to d e s d e a d e n tro .
U n a m á q u i n a , e n c a m b io , e s u n a c t o r e x c é n t r i c o . V ie n e
d e a f u e r a y c a m b ia e l m a r c o e n e l c u a l s e l o c a l i z a e l s u j e ­
t o , d e m a n e r a q u e e s t e c a m b ia d e f o r m a . L a m á q u i n a , p o r
lo t a n t o , p o n e e n p e l i g r o e l p a t r ó n e s t r u c t u r a l y p r o v o c a
u n d e s p l a z a m i e n t o d e l s u j e t o . M ie n tr a s l a s e s t r u c t u r a s s o n
e s e n c ia lm e n te 1110 r f o s t á t i c a s y te r r ito r ia liz a n te s , la s m á q u i­
n a s s o n f a c to re s d e d e s te r r ito r ia liz a c ió n q u e c o n d u c e n a la
g e n e r a c i ó n d e n u e v a s f o r m a s . El c o n c e p t o d e m á q u i n a , q u e
s ig n ific a s im p le m e n te c u a lq u ie r a g e n te q u e e s té tr a b a ja n d o
y p r o d u c i e n d o e f e c t o s , le d a a G u a t t a r i l a p o s i b i l i d a d d e r e ­
e m p la z a r a l s u je to e s tr u c tu r a d o p o r la v is ió n d e u n p ro c e so
d e s u b je tiv a c ió n q u e p e r te n e c e a la e s fe ra d e l e v e n to , n o a
la e s fe ra d e la r e p lic a c ió n o la r e p e tic ió n , d a d o q u e e s te e s
e l e fe c to d e la a c c ió n d e la s m á q u in a s .

COMPOSICIÓN, CONCIENCIA Y SUBJETIVACIÓN 4


...讀

E x is te u n n ú c l e o d e i n v e s t i g a c i ó n d e l o s y a m e n c i o n a ­
d o s p e n s a d o re s fra n c e s e s e ita lia n o s q u e g ira a lre d e d o r
d e l a s s i g u i e n t e s p r e g u n t a s : ¿ c u á l e s e l la d o s u b j e t i v o
d e l d e v e n i r s o c ia l ? ¿C ó m o h a c e n l a s f u e r z a s s o c i a l e s p a r a く
d e s a r ro lla r d if e r e n te s fo rm a s d e c o n c ie n c ia e in te n c io n e s ?
c o n flic tiv a s ? La r e s p u e s ta la p o d e m o s h a lla r e n la p a la b ra 4
" c o m p o s ic ió n " · E l l a d o s u b j e t i v o d e l d e v e n i r s o c i a l s e e n - !‘¡
c u e n tr a e n u n flu ir p e rm a n e n te , y a q u e es e l re s u lta d o de
u n a in te r m in a b le tr a n s f o r m a c ió n d e la c o m p o s ic ió n p s i- ^
c o c u ltu r a l d e la s fo rm a s c o le c tiv a s d e la m e n te , e l a lm a y
e l in c o n s c ie n te . ΐ

15. Félix Guattari, ibíd.


MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPL ASTI CI DAD

El d e v e n ir d e l a s u b j e t i v i d a d s o c ia l p u e d e s e r v i s t o c o m o
u n a s o lu c ió n , e n e l s e n t i d o q u ím ic o d e l t é r m i n o , u n a m e z c la
d e d i s t i n t a s s u s t a n c i a s q u e s e f u s i o n a n . L a c o n c ie n c ia e s l a
s u p e r f i c i e d e lo s p e r p e t u o s p r o c e s o s d e d e s c o m p o s i c i ó n y
r e c o m p o s i c i ó n q u e o c u r r e n d e n t r o d e l s u b c o n s c i e n t e s o c ia l
y q u e i n t e r a c t ú a n c o n lo s l í m i t e s c u l t u r a l e s d e l a i m a g i n a ­
c i ó n , e l p e n s a m i e n t o , y t a m b i é n c o n lo s l í m i t e s n e u r o ló g i -
c o s d e l c e r e b r o . L a c o n c ie n c ia e s l a c a p a c id a d d e u b ic a r s e
a u n o m is m o e n e l m a p a d e lo s f lu jo s c o m p o s ic io n a le s d e
in f o r m a c ió n , d e d e s e o , d e c o n f li c to , e t c . P ro p o n g o a c u ñ a r e l
té rm in o composicionismo p a r a e n g l o b a r lo s d o s m o v im ie n t o s
f ilo s ó fic o s q u e f lo r e c i e r o n e n I t a l i a y F ra n c ia d u r a n t e e l la rg o
p e r ío d o d e 1 9 6 8 y q u e h a n t e n i d o e f e c to s d u r a d e r o s e n l a
f ilo s o f ía c o n t e m p o r á n e a . L o s f iló s o fo s d e e s t o s m o v im ie n t o s
r a s t r e a r o n lo s p r o c e s o s d e s u b j e tiv a c ió n m e d i a n t e e l r e c o n o ­
c i m ie n to d e l p e r p e t u o c a m b io e n l a c o m p o s ic ió n d e l a v id a
s o c ia l, p r o v o c a d o p o r ñ u j o s c u l t u r a l e s , e c o n ó m ic o s , p s ic o ló ­

- 69Z
g ic o s y m ito ló g ic o s q u e e n t r a n e n ju e g o e n e s t o s p r o c e s o s .


E n s u ú lti m o lib r o , Caosmosisr G u a tt a r i e s c rib e : "Έ η la s
b r u m a s y m ia s m a s q u e o s c u r e c e n n u e s t r o f in d e m ile n io , l a
c u e s t i ó n d e l a s u b je tiv i d a d r e t o r n a h o y c o m o u n leitmotiv [ . . . ]
t o d a s la s d is c ip lin a s t e n d r á n q u e c o n j u g a r s u c r e a tiv i d a d p a r a
c o n j u r a r la s s it u a c io n e s d e b a r b a r ie , d e im p lo s ió n m e n ta l , d e
e s p a s m o c a ó s m ic o q u e s e p e r f ila n e n e l h o r i z o n t e [ . . . ] w. 16
¿A q u é s e r e f ie r e c o n l a e x p r e s i ó n " e s p a s m o c a ó s m ic o " ?

EL ESPASMO CAÓSMICO

S e g ú n e l v o c a b u la rio m é d ic o , u n e s p a s m o e s la c o n tr a c ­
c ió n r e p e n tin a e i n v o lu n t a r ia d e u n m ú s c u lo , q u e p r o d u c e
g e n e r a l m e n t e d o lo r . E n e l m a r c o d e l a n á l i s i s d e l a s u b j e t i ­
v a c ió n s o c ia l, y o d ir ía q u e u n e s p a s m o e s u n a a c e le r a c ió n

16. Félix Guattari, Caosmosis, Buenos Aires, Manantial, 1996, p p .163 y 164.
e x c e s iv a y c o m p u ls iv a d e l r itm o d e l o rg a n is m o s o c ia l, u n a
v i b r a c i ó n f o r z a d a d e l r i t m o d e l a c o m u n i c a c i ó n s o c ia l .
U n e s p a s m o e s u n a v i b r a c i ó n d o lo r o s a q u e f u e r z a a l
o r g a n is m o a u n a e x t r e m a m o v il iz a c i ó n d e s u s n e r v i o s y
m ú s c u lo s . D e b e ría m o s c o m p r e n d e r e s t a a c e l e r a c i ó n , y l a v i ­
b r a c i ó n d o lo r o s a a s o c i a d a a e l l a , e n e l c o n t e x t o d e l a e s f e r a
c o n te m p o r á n e a d e tr a b a jo c o g n itiv o y s u e x p lo ta c ió n d e l
s i s t e m a n e r v i o s o . L la m o a e s t e e n t o r n o , j u s t a m e n t e , s e m io -
c a p i t a l i s m o , p u e s t o q u e lo s m e d io s d e v a l o r i z a c i ó n i n h e ­
r e n te s a é l s o n e n e s e n c ia h e r r a m ie n ta s s e m ió tic a s . U n a v e z
q u e la e n e rg ía c o g n itiv a se c o n v ie rte e n la p rin c ip a l f u e rz a
d e p r o d u c c i ó n , e l s i s t e m a n e r v i o s o d e lo s o r g a n is m o s q u e
e x i s t e n b a j o la s c o n d i c i o n e s d e l s e m i o c a p i t a l i s m o s e h a l l a
s o m e tid o a u n a e x p lo ta c ió n a c e le ra d a , y a q u e la .v a lo r iz a ­
c ió n d e l c a p ita l e x ig e s ie m p re m á s p r o d u c tiv id a d .
G u a t t a r i s ie m p r e c o n c ib ió l a t e c n o l o g í a c o m o u n f a c to r
d e e n r i q u e c i m i e n t o , c o m o u n m e d io p a r a p o t e n c i a r l a m e n t e
y c o m o u n a v í a p a r a l a l ib e r a c i ó n s o c ia l. P e ro la s m á q u in a s
se e n tr e la z a n y se c o n e c ta n c o n la e x p lo ta c ió n c a p ita lis ta y
p r o d u c e n e f e c t o s d e s o m e t i m i e n t o , c u y o o b je tiv o e s e l c o n t i ­
n u o i n c r e m e n t o d e l a p r o d u c t i v i d a d y l a e x p l o ta c ió n .
E s to c o n d u c e a e s p a s m o s , q u e s o n e f e c t o d e l a v i o l e n t a
p e n e t r a c i ó n d e l a e x p l o t a c i ó n c a p i t a l i s t a e n l a e s f e r a d e la s
te c n o lo g ía s d e la in f o rm a c ió n q u e a c tú a n so b re la c o g n i­
c i ó n , l a s e n s i b i l i d a d y e l p r o p io i n c o n s c i e n t e . L a s e n s i b i l i ­
d a d se h a lla in v a d id a p o r la a c e le ra c ió n d e la in fo rm a c ió n ,
y la v ib ra c ió n p ro d u c id a p o r e s ta c e le rid a d d e la e x p lo ta ­
c ió n n e r v io s a in d u c e a e s p a s m o s o a e f e c to s e s p á s tic o s .
¿Y q u é d e b e r í a m o s h a c e r c u a n d o s u r g e u n e s p a s m o ?
Es n e c e s a rio a c la ra r q u e G u a tta ri n o u s a la p a la b ra
" e s p a s m o " d e fo rm a a is la d a . M ás b ie n , in v o c a lo s té r m in o s
" e s p a s m o c a ó s m i c o ’’· P a r a é l , " c a o s m o s is " e s l a s u p e r a c i ó n
d e l e s p a s m o , la r e la ja c ió n d e la v ib ra c ió n e s p a s m ó d ic a . En
la in te r a c c ió n e n tr e e l in d iv id u o y la e s fe ra c o le c tiv a , e n e l
v ín c u lo e n t r e la a c tiv id a d n e u r o n a l in d iv id u a l y la c o n c a ­
te n a c ió n c o n e c tiv a , e v o lu c io n a e l nosotros de la mente. La
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y N E UROP LASTICIDAD

n e u r o p la s tic id a d d e l o r g a n is m o s in g u la r i n t e r a c t ú a c o n e l
r itm o d e lo s a u to m a tis m o s c o le c tiv o s d e l e n ja m b r e .
¿P o r q u é G u a tta r i u s a la e x p r e s ió n " e s p a s m o c a ó sm i-
c o w? ¿ C ó m o p u e d e e l e s p a s m o s e r v i s t o c o m o c a ó s m i c o ?
Y a n t e s q u e n a d a , ¿ q u é e s l a c a o s m o s i s ? C a o s m o s is e s l a
c r e a c i ó n d e u n n u e v o o r d e n m á s c o m p le j o ( q u e i n v o l u c r a
ta n to la s in to n ía com o la s im p a tía ) a p a r tir d e u n a s it u a ­
c ió n d e c a o s s u rg id o c o m o e f e c to d e u n a a c e le r a c ió n e s-
p a s m ó d ic a d e l u n iv e rs o s e m ió tic o q u e r o d e a a l o rg a n is m o .
En ¿Qué es lafilosofia?, u n lib ro a c e r c a d e la filo s o fía y
t a m b i é n a c e r c a d e l e n v e j e c i m i e n t o , D e le u z e y G u a t t a r i h a ­
b l a n d e l a r e l a c i ó n e n t r e e l c a o s y e l c e r e b r o . wD e l c a o s a l
c e r e b r o w e s e l t í t u l o d e la c o n c lu s ió n d e l lib r o y c o m ie n z a
d e la s ig u ie n te m a n e ra :

Solo pedimos un poco de orden para protegernos del caos. No hay


cosa que resulte más dolorosa, más angustiante, que un pensa­

¿
17
miento que se escapa de sí mismo, que las ideas que huyen, que
desaparecen apenas esbozadas, roídas ya por el olvido o precipi­
tadas en otras ideas que tampoco dominamos. Son variabilidades
infinitas cuya desaparición y aparición coinciden. Son velocida­
des infinitas que se confunden con la inmovilidad de la nada
incolora y silenciosa que recorren, sin naturaleza ni pensamiento.
Es el instante del que no sabemos si es demasiado largo o de­
masiado corto para el tiempo. Recibimos latigazos que restallan
como arterias. Incesantemente extraviamos nuestras ideas.

D ado q u e la c o n c ie n c ia e s d e m a s ia d o le n ta p a ra p ro c e ­
s a r la in f o r m a c ió n q u e v ie n e d e u n m u n d o a c e le ra d o ( t e c ­
n o lo g ía d e la in fo rm a c ió n m u ltip lic a d a p o r la e x p lo ta c ió n
s e m io c a p ita lis ta ) , e l m u n d o y a n o p u e d e s e r tra d u c id o a
u n c o s m o s , u n o r d e n m e n t a l , s i n t o n í a y s i m p a t í a . Lo q u e 17

17. Gilles Deleuze y Félix Guattari, ¿Qué es la filosofía?, Barcelona, Anagra­


ma, 1993, p. 202.
e s tá e n ju e g o a q u í tie n e m u y p o co q u e v e r c o n la p o lític a
y la h is to r ia y m u c h o m ás q u e v e r c o n la n e u r o p la s tic id a d
d e la e v o lu c ió n d e l c e re b ro .
C a o s m o s is e s l a r e c o n f i g u r a c i ó n d e l a r e l a c i ó n e n t r e
la in f o e s f e ra y la m e n te , u n p ro c e so d e r e - s in to n iz a c ió n y
r e - f o c a l i z a c i ó n q u e n o p u e d e s e r p r e f ija d o p o r l a v o l u n t a d
p o l í t i c a . S o lo p u e d e s e r p r e p a r a d o p o r e l m o ld e a m i e n t o d e
la s e n s ib ilid a d .
C a o s m o s is e s e l d e s p l a z a m i e n t o d e u n r i t m o d e e l a b o ­
r a c i ó n c o n s c i e n t e h a c i a o t r o q u e s e a c a p a z d e e l a b o r a r lo
q u e e l a n te r io r y a n o p o d ía p r o c e s a r d e m a n e r a c o n s c ie n te .
P a ra d e fin ir e l d e s p la z a m ie n to d e u n r itm o a o tr o , d e u n r e ­
frá n a o tro , G u a tta ri p ro p o n e e l c o n c e p to d e caoideo. E s te ,
e n e l v o c a b u la rio d e G u a tta r i, e s u n a e s p e c ie d e d e s -m u l­
tip lic a d o r, u n a g e n te d e r e - s in to n iz a c ió n lin g ü ís tic o q u e
a c tú a co m o u n r e f r á n d if e r e n te a l e s p a s m ó d ic o y q u e e s
c a p a z d e d e s -m u ltip lic a r e l r itm o d e e s te ú ltim o .
"A sí, p u e s , l a f i n a l i d a d p r i m e r a d e l a c a r t o g r a f í a e c o -
s ó f i c a w, e s c r i b e G u a t t a r i , y/n o s e r á s i g n i f i c a r y c o m u n ic a r ,
s in o p r o d u c i r c o n f o r m a c i o n e s d e e n u n c i a c i ó n a p t a s p a r a
c a p t a r l o s p u n t o s d e s i n g u l a r i d a d d e u n a s i t u a c i ó n " · 18
El p r o y e c to f ilo s ó f ic o , p o l í t i c o y e s q u i z o a n a l í t i c o de
G u a t t a r i n o a p u n t a b a a l a a d a p t a c i ó n , s in o l a r e - f o c a l i z a c i ó n
y a l a s i n g u l a r i z a c i ó n . D e h e c h o , e l o b je tiv o d e l a s t é c n i c a s
p s i c o t e r a p é u t i c a s p r e d o m i n a n t e s e r a a y u d a r a l o r g a n is m o
q u e s u f r e a a d a p t a r s e a s u e n t o r n o s o c ia l y t é c n i c o . La
in te n c ió n d e la p s ic o -fa rm a c o lo g ía y la te r a p ia p s iq u iá tr ic a
e r a a l i v i a r e l p a d e c i m i e n t o p s íq u i c o p a r a p o d e r n o r m a l i z a r
e l c o m p o r t a m i e n t o y r e d u c i r l a s u b j e t i v i d a d e x i s t e n t e a la s
ta r e a s d e la e x p lo ta c ió n c o g n itiv a . L a r e p ro g ra m a c ió n e ra
u n a té c n ic a q u e a s p ira b a a n o rm a liz a r la s in g u la rid a d y
re s ta b le c e r e l s o m e tim ie n to n e u ró tic o d e n tro d e l p ro c e so
d e e x p lo ta c ió n n e u r o n a l y d e a c u m u la c ió n d e l c a p ita l.

18. Félix Guattari, Caosmosis, ob. cit., p . 155.


MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

El e s q u iz o a n á li s is d e G u a t t a r i , p o r o tr o la d o , e s t á b a s a d o
.e n l a i d e a d e q u e c u r a r e s u n p r o c e s o d e s in g u l a r i z a c i ó n y n o
d e c o n f o r m id a d . P e ro e s t e p r o c e s o d e s in g u l a r i z a c i ó n im p l ic a
u n a s d in á m ic a s c o m p le ja s d e m u t u a t r a n s f o r m a c i ó n e n t r e e l
e n t o r n o s o c ia l y la s m e n t e s i n d iv i d u a le s .
E n l a e s fe ra d e l c a p ita lis m o f in a n c ie r o , la s c o n c a te n a c io n e s
lin g ü í s tic a s p r e d o m i n a n te s p r o d u c e n u n r itm o e s p a s m ó d ic o . El
e s p a s m o n o so lo e x p l o ta a l h o m b r e y a l a m u je r, a l s u b o r d in a r
s u tr a b a jo c o g n itiv o a l a a c e le r a c ió n a b s t r a c t a d e l a in f o -m á -
q u in a , s in o q u e ta m b i é n d e s tr u y e l a s e n s ib ilid a d d e l o r g a n is ­
m o a l s o m e te r la a l e s tr é s d e l a c o m p e te n c i a y l a e s tim u la c ió n
p e r m a n e n te . E n e l v o c a b u la rio d e G u a t t a n , u n caoideo es u n
d is p o s itiv o s e m ió tic o q u e le p e r m i te a l o rg a n is m o d e s c o n e c ­
t a r s e d e u n ritm o p a to ló g ic o y c r e a r u n a n u e v a c o n c a t e n a c ió n
e n t r e l a c o n c ie n c ia y l a in f o e s f e r a . C a o sm o sis e s e l p ro c e s o
e v o lu tiv o d e r e c o m p o s ic ió n q u e c o n d u c e a l s u r g im ie n to d e u n a
n u e v a c o n c a t e n a c ió n y, p o r lo t a n t o , ä l a p o s ib ilid a d d e u n a
n u e v a s i n t o n í a s im p á ti c a e n t r e la s m o lé c u la s q u e c o m p o n e n e l
c u e r p o s o c ia l y lo s f lu jo s q u e c irc u la n e n l a in f o e s f e ra .
El p rim e r p a s o e n e s t a c a o sm o sis s e rá d e s v in c u la rs e d e la s
a c tu a le s c o n c a te n a c io n e s e s tr e s a n te s . El s e g u n d o p a s o s e rá e l
r e a ju s te n e u ro ló g ic o d e l a re la c ió n c o n l a in fo e s fe ra . E sto n o es
u n p r o g ra m a p o lític o , p u e s l a p o lític a h a fra c a s a d o y e s in c a p a z
d e lid ia r c o n lo s p ro c e s o s d e m e ta s u b je tív a c ió n q u e s u p o n e la
c a o sm o sis. G u a tta r i p l a n t e a q u e , p a r a c o n s e g u ir l a d e s v in c u la ­
c ió n , la p re fig u ra c ió n y l a r e - s in to n iz a c ió n , d e b e m o s c re a r c a o i-
d é o s . E sto s n o t i e n e n n a d a q u e v e r c o n l a e s fe ra d e l a v o lu n ta d
y l a d e c is io n p o lític a . M ás b ie n , p e r t e n e c e n a l a e s fe ra d e l a r te ,
l a e d u c a c ió n , l a te r a p ia : a llí d o n d e s e c o n fig u ra l a s e n s ib ilid a d .

EL CAMBIO DE PARADIGMA Y LA TRANSICIÓN CULTURAL

D u r a n t e l a t r a n s i c i ó n d e l c a p i t a l i s m o i n d u s t r i a l a l s e m io -
c a p ita lis m o , la tra n s fo rm a c ió n d e la p ro d u c c ió n e n p ro d u c ­
c i ó n i n m a t e r i a l i n v a d i ó lo s p r o c e s o s d e s u b j e t i v a c i ó n . La
p re c a riz a c ió n y la fra c ta liz a c ió n d e l tra b a jo p ro v o c a ro n u n a
m u ta c ió n p r o f u n d a d e la p s ic o e s fe ra , q u e e n tr ó e n r e s o ­
n a n c i a c o n e l d e v e n i r te c n o l ó g i c o y c u l t u r a l . E s ta m u t a c i ó n
n o h a s e g u id o u n p r o c e s o l i n e a l , p o r q u e lo s d i f e r e n t e s n i ­
v e l e s d e a c t i v i d a d h u m a n a , y a s e a e l c u l t u r a l , p s ic o ló g ic o
o n e u r o n a l , n o c a m b i a n a l u n í s o n o , s in o q u e lo h a c e n e n
d if e r e n te s te m p o r a lid a d e s y ritm o s d e tr a n s f o r m a c ió n .
E n la s ú ltim a s d é c a d a s , m ie n tr a s tie n e lu g a r e s ta t r a n ­
s ic i ó n h a c i a e l s e m i o c a p i t a l i s m o , m u c h o s a u t o r e s h a b l a n ,
d e s d e d i f e r e n t e s p u n t o s d e v i s t a , d e u n c a m b io d e p a r a d i g ­
m a d e la v id a s o c ia l a n iv e l e p is te m o ló g ic o , te c n o ló g ic o y
e c o n ó m ic o . P r o b a b l e m e n t e s e a ú t i l a n u e s t r o s f i n e s h a c e r
u n b re v e re p a s o d e la s te o riz a c io n e s m á s im p o r ta n te s d e
e s t a n o c i ó n d e c a m b io d e p a r a d ig m a .
E n s u lib r o f u n d a m e n t a l , La estructura de las revolé
dones científicas, e l e p is te m ó lo g o T h o m a s K u h n d e f in ió l a
t r a n s i c i ó n d e u n m a rc o e p i s te m o ló g ic o a o tr o e n t é r m i n o s d e
wc a m b io d e p a r a d ig m a ,,/ y e s t e c o n c e p t o r e s u l t a e s e n c ia l t o ­
m a rlo p a r a a n a l i z a r l a tr a n s f o r m a c i ó n q u e h a in v a d id o c a d a
e s f e r a d e l a t e o r í a y d e l a a c t i v i d a d s o c ia l e n l a e r a d e l a
t r a n s i c i ó n d e u n a t e c n o e s f e r a s e c u e n c ia l a u n a s im u l t á n e a .
E n s u lib r o Comprender los medios de comunicaciónr p u ­
b lic a d o e n 1 9 6 4 , M a rs h a ll M c L u h a n y a h a b l a b a d e l a l u z e lé c ­
t r i c a c o m o u n m e d io q u e r e d e ñ m o l a n o c i ó n d e c o n t e n i d o :

Eléctricamente contraído, el globo no es más que una aldea. La


velocidad eléctrica con que se juntaron todas las funciones sociales
y políticas en una implosión repentina ha elevado la conciencia
humana de la responsabilidad en un grado intenso. [...]
En este sentido, es revelador el ejemplo de la luz eléctrica. La luz
eléctrica es información pura. Es un medio sin mensaje, por decirlo así
[…] Porque el "mensaje" de cualquier medio o tecnología es el cambio
19
de escala, ritmo o patrones que introduce en los asuntos humanos.19

19. Marshall McLuhan, Comprender los medios de comunicación. Las exten­


siones del ser humano, Barcelona, Paidós, 2009, pp. 28-29 y 31-32.
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

P r im e r o l a e l e c t r i c i d a d , l u e g o l a e l e c t r ó n i c a : e s t e e s e l
t r a s f o n d o d e l a t r a n s i c i ó n q u e t u v o l u g a r e n l a M o d e r n id a d
ta r d í a y q u e a b rió la v ía a u n a tr a n s f o r m a c ió n g e n e r a l d e
la e c o n o m ía , la c o m u n ic a c ió n s o c ia l y la c u ltu r a .
E n P a r ís e n 1 9 7 7 , se p u b lic ó u n in fo rm e en c arg a­
do p o r e l p r e s id e n te f r a n c é s V a lé r y G is c a r d ^ E s ta in g ,
Uinformatisation de la société [L a i n f o r m a t i z a c i ó n d e l a
s o c i e d a d ] . E n e s t e l i b r o , e l s o c ió lo g o A la i n M in e y e l i n g e ­
n i e r o S im o n N o ra a n t i c i p a r o n l a t e l e m á t i c a ( u n a g r a n i n ­
n o v a c ió n q u e p ro c e d e d e l a in te r s e c c ió n e n t r e e l te lé f o n o
y la s c o m p u ta d o r a s ) y p r e d ije r o n la in m i n e n te c r is is y e l
d e te rio ro d e la s o b e ra n ía n a c io n a l com o c o n s e c u e n c ia de
la g lo b a liz a c ió n d e la in f o r m a c ió n p o lític a y e c o n ó m ic a .
A lv in T o ffle r, e n l a Tercera ola, p u b lic a d o e n 1 9 8 0 ,
p re v é la c o m p le ta tr a n s fo rm a c ió n q u e o c a s io n a rá e n la e s ­
f e r a s o c ia l la p r o p a g a c ió n d e te c n o lo g ía s e le c tr ó n ic a s e n

¿7
la v id a c o tid ia n a y e n la e c o n o m ía .

La tercera ola trae consigo una forma de vida auténticamente


nueva basada en fuentes de energía diversificadas y renovables;
en métodos de producción que hacen resultar anticuadas las ca­
denas de montaje de la mayor parte de las fábricas; en nuevas
familias no nucleares; en una nueva institución, que se podría
denominar el "hogar electrónico"; y en escuelas y corporaciones
del futuro radicalmente modificadas. La civilización naciente es­
cribe para nosotros un nuevo código de conducta y nos lleva más
allá de la unifoimización, la sincronización y la centralización,
más alia de la concentración de energía, dinero y poder.

P e ro e l c a m b io d e p a r a d i g m a t a m b i é n c o n c i e r n e a l e s ­
p a c io c ie n tífic o y e p is te m o ló g ic o . Según Je a n -F ra n g o is
L y o ta r d , ^ e l s a b e r c a m b ia d e e s t a t u t o a l m is m o t i e m p o q u e
la s s o c ie d a d e s e n t r a n e n l a e d a d l l a m a d a p o s t i n d u s t r i a l 20

20. Alvin Tofñer, La tercera ola 1 ,Barcelona, Ediciones Orbis,1986, p. 26.


y la s c u l t u r a s e n l a e d a d l l a m a d a p o s t m o d e r n a ,,. 2a E n e l
c a m p o c ie n tífic o y e p is te m o ló g ic o , d e h e c h o , e l p a ra d ig m a
m e c á n ic o q u e p r e v a le c ió e n lo s s ig lo s q u e s i g u i e r o n a l a
re v o lu c ió n n e w to n ia n a e s tá d a n d o p a s o a l p a ra d ig m a d e
l a i n c e r t i d u m b r e e s b o z a d o p o r W e rn e r H e is e n b e r g e n 1 9 5 9 .
S in e m b a r g o , s e d e b e c o n c e b i r e l c a m b io d e p a r a d i g ­
m a co m o u n a te n d e n c ia y u n a p o s ib ilid a d , n o co m o u n a
c o n s e c u e n c i a n e c e s a r i a d e t e r m i n a d a p o r e l c a m b io e n e l
e n to rn o s o c ia l y te c n o ló g ic o . De h e c h o , la te n d e n c ia y
la p o s ib ilid a d q u e im p lic a n la tra n s fo rm a c ió n d e l e n t o r ­
n o e s tá n o b s tru id a s y o b s ta c u liz a d a s p o r la p e r s is te n te
f u e r z a d e l p a s a d o . E s ta e s l a r a z ó n p o r l a c u a l e l p r o c e s o
d e r e c o n fig u ra c ió n d e la s u b je tiv id a d h u m a n a y e l d e la
n e u r o p la s tic id a d d e l c e re b ro s o c ia l s o n a s im é tric o s y a s in ­
c r ó n i c o s . El c a p i t a l i s m o , e n c u a n t o f o r m a g e n e r a l d e l a
e c o n o m í a , c o n s t r i ñ e y o b s t r u y e lo s d e s a r r o l l o s p o t e n c i a l e s
d e l c e re b ro s o c ia l. Si q u e re m o s c o m p re n d e r e s te c o n s tr e ­
ñ im ie n to , d e b e m o s re p a s a r la h is to ria d e la s u b je tiv id a d
c o n t e m p o r á n e a y a n a l i z a r l a s d iv e r s a s c a p a s d e s u d e v e n i r
p s íq u ic o , c u ltu r a l y e s té tic o .
El c o n c e p t o d e n e u r o p l a s t i c i d a d e s a m b ig u o . P u e d e s i g ­
n if ic a r u n a m e ra r e - a d a p ta c ió n d e la a c tiv id a d n e u r o n a l a
l a s n e c e s i d a d e s d e l a t e c n o e s f e r a y d e l s e m i o c a p i t a l i s m o , lo
c u a l im p lic a e l fo rm a te o b io p o lític o y e l s o m e tim ie n to d e
l a m e n t e a lo s o b j e t i v o s e c o n ó m ic o s d e l t r a b a j o c o g n i tiv o
c a p t u r a d o y s u b s u m id o p o r e l s e m i o c a p i t a l . P e ro t a m b i é n
p o d e m o s p e n s a r la n e u ro p la s tic id a d com o la re c o n fig u ra ­
c i ó n c a ó s m i c a d e l a a c t i v i d a d n e u r o n a l , q u e h a c e p o s ib l e e l
s u r g im ie n to d e u n p a ra d ig m a p o s c a p ita lis ta q u e n o p u e d e
s e r e x p r e s a d o e n t é r m i n o s c o n s c i e n t e s y r a c i o n a l e s , s in o
q u e e m e rg e a tr a v é s d e l c a o s. D esd e e s te p u n to d e v is ta , la
n e u r o p l a s t i c i d a d s ig n i f i c a u n r e - a j u s t e ( u n a n u e v a s i n t o -

2 1 .Jean-Frangois Lyotard, La condición postmoderna, Barcelona, Ediciones


Altaya, 1999, p . 13.
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

n iz a c ió n ) d e l c e re b ro n e u r o p tá s tic o c o n e l e n to r n o , q u e e l
c e r e b r o c o n t e m p o r á n e o p e r c i b e y d e t e c t a s o lo c o m o c a o s .
L a c u l t u r a m o d e r n a c o n c i b i ó e l c a m b io e n t é r m i n o s
h i s t ó r i c o s y l a a c c i ó n e n t é r m i n o s p o l í t i c o s . C re o q u e e n l a
a c tu a lid a d d e b e ría m o s c o n c e n tra rn o s e n l a e v o lu c ió n n e u ­
r o n a l y d e s a rro lla r fo rm a s d e a c c ió n q u e e s té n d irig id a s a
c o n fig u ra rla c o n s c ie n te m e n te . La p r in c ip a l ta r e a a la q u e
n o s e n fre n ta m o s e s la d e e n c o n tr a r m a n e ra s d e in te r a c tu a r
c o n s c ie n te m e n te c o n la e v o lu c ió n n e u r o n a l y d e s a c tiv a r
e s o s a u to m a tis m o s te c n o lin g ü ís tic o s q u e v in c u la n la a c ti­
v id a d m e n ta l a l m a rc o e s ta b le c id o d e l c a p ita lis m o c o n e c ti­
v o . D eb em o s p e n s a r e n té rm in o s metaconectivos,
. ■ . ■ . . .■ .
L . . ■ パ .へ .

LA MORFOGÉNESIS SOCIAL DESPUÉS


DEL FIN DE LA DEMOCRACIA

L a m o r fo g é n e s is e s e t p r o c e s o d e d e v e n ir f o rm a . P u e d e
o c u rrir g r a d a s a la a c c ió n v o lu n ta r ia y c o n s c ie n te d e u n
m o rfo -g e n e ra d o r s u b je tiv o o p u e d e s e r l a a u to o rg a n iz a -
c ió n d e la m a te r ia c a ó tic a , q u e n o a d m ite s e r g o b e rn a d a
p o r la v o lu n ta d n i p o r la c o n c ie n c ia , e l s u rg im ie n to e s ­
p o n t á n e o d e u n a f o r m a q u e e n c u e n t r a u n c a m in o h a c i a
u n n u ev o o rd en .
¿A caso la s n u e v a s fo rm a s s o c ia le s n a c e n e s p o n tá n e a ­
m e n t e , c o m o e f e c t o d e p r o c e s o s n a t u r a l e s q u e lo s h u m a ­
n o s d e b e n a c e p t a r y l i d i a r c o n e l lo s ? ¿ 0 n a c e n d e b i d o a u n
a c to d e v o lu n ta d c o n s c ie n te , co m o e f e c to d e u n p r o y e c to ,
c o n flic to o d e c is ió n y a c c ió n p o lític a ?
E s te d ile m a e s , o b v i a m e n t e , d e m a s i a d o s i m p l i s t a . L as
c o s a s s u c e d e n d e d if e r e n te s m a n e ra s ; a v e c e s r e s u lt a im ­
p o s ib le d is tin g u ir e n t r e la e s p o n ta n e id a d y la v o lu n ta d ; e l
a z a r y l a i n t e n c i ó n s e e n t r e m e z c l a n e n lo s p r o c e s o s h i s t ó ­
r ic o s . S in e m b a r g o , m e p r e g u n t o s i e n n u e s t r a s a c t u a l e s
c o n d i c i o n e s d e c r is i s , e l p r o c e s o d e c a m b io p u e d e s e r c o ­
m a n d a d o p o r la a c c ió n h u m a n a d e lib e ra d a . Mi p r e g u n ta es:
¿ p u e d e l a p r e s e n t e a g o n í a d e l c a p i t a l i s m o , e s d e c ir , l a o t r a
y p a r a d ó jic a c a ra d e l tr iu n f o c o n te m p o r á n e o d e l c a p ita lis ­
m o , s e r c o n tro la d a c o n s c ie n te m e n te p o r la a c c ió n p o lític a y
c o n v e r t i d a e n u n a n u e v a f o r m a d e e x i s t e n c i a s o c ia l?
O b v ia m e n te , e l p o d e r p o l í t i c o n u n c a h a s id o v e r d a d e ­
r a m e n te c a p a z d e u n c o n tr o l t o t a l d e la s r e la c io n e s s o c ia ­
le s , y l a r a z ó n n u n c a h a s id o c a p a z d e r e d u c i r l a i n f i n i t a
c o m p le j id a d d e l a r e a l i d a d a l c o n o c i m i e n t o . A u n a s í , e n
l a M o d e r n id a d e r a p o s ib l e c o n o c e r y c o n t r o l a r u n a p a r t e
r e l e v a n t e d e l a c o m p le j id a d s o c ia l . E n r e t r o s p e c t i v a , e s t a
p u e d e s e r v i s t a c o m o u n a e r a e n l a q u e e l m u n d o s o c ia l f u e
r e l a t i v a m e n t e r e d u c id o y c o n t r o l a d o : l a t é c n i c a d e l a p o ­
l í t i c a e s t a b a b a s a d a e n l a c a p a c i d a d d e c o n o c e r lo q u e e r a
r e l e v a n t e d e n t r o d e l f lu jo t o t a l d e i n f o r m a c i ó n , y l a p o l í t i c a
e r a e l a r te d e p r e d e c ir e l d e v e n ir d e la in f o rm a c ió n c o n e l
f i n d e g o b e r n a r lo s e v e n t o s y t e n d e n c i a s m á s i m p o r t a n t e s .
El d e s p l a z a m i e n t o a l a r e a l i d a d h i p e r c o m p l e j a d e l m u n ­
d o i n t e r c o n e c t a d o h a h e c h o im p o s ib le c o m p r e n d e r y c o n ­
t r o l a r lo s f lu jo s d e i n f o r m a c i ó n r e l e v a n t e s q u e c i r c u l a n e n
la ín fo e s fe ra y q u e e s tim u la n c o n s ta n te m e n te e l c e re b ro
s o c ia l . E l a n t i g u o a r t e d e l a p o l í t i c a e s a s í p r o g r e s i v a m e n ­
t e c a d a v e z m á s in c a p a z d e p re d e c ir, g o b e r n a r y d ir ig ir la
a c c i ó n c o l e c t i v a h a c i a u n a m e t a c o m ú n . C om o c o n s e c u e n ­
c ia , e l p o d e r d e p e n d e c a d a v e z m e n o s d e l a p o s i b i l i d a d d e
g o b i e r n o y , e n s u l u g a r , i n t e n t a s o m e t e r lo s c u e r p o s y lo s
ñ u j o s d e i n f o r m a c i ó n a l m o d e lo d e l a g o b e r n a n z a .
L a g o b e r n a n z a e s e l e f e c t o d e l a i n t e g r a c i ó n d e lo s
d is p o s itiv o s te c n o - lin g ü ís tic o s a u to m á tic o s e n e l c o n ti­
n u o d e l c o m p o r t a m i e n t o y l a c o m u n i c a c i ó n s o c i a l . G ra c ia s
a la a u to m a tiz a c ió n d e la s r e la c io n e s in te r c o n e c ta d a s , se
e s p e ra q u e e m e rja la o r g a n iz a c ió n y e l o rd e n a p a r ti r d e la
m a t e r i a c a ó t i c a d e l a v i d a so c ia l,, e s d e c ir , a p a r t i r d e l a b i o ­
l o g í a , lo s m e d i o s d e c o m u n i c a c i ó n , l a t e c n o l o g í a , l o s i n t e ­
r e s e s e c o n ó m ic o s , lo s a f e c to s y e l in c o n s c ie n te . L a v id a , e l
le n g u a je y la p ro d u c c ió n e s tá n p e n e tr a d o s e in te r c o n e c ­
ta d o s p o r u n a d is e m in a c ió n d e d is p o s itiv o s (dispositifs)
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPLAST I CI DAD

c u y o o b je tiv o e s s o m e te r e l c o m p o r ta m ie n to lin g ü ís tic o


a p ro c e d im ie n to s y fin a lid a d e s p re c o n c e b id o s , d is p o s iti­
v o s c u y a ta r e a es h a c e r la s a c c io n e s y la s e n u n c ia c io n e s
p re d e c ib le s y m a n e ja b le s , d e m a n e ra q u e f in a lm e n te s e a n
r e d u c tib le s a lo s o b je tiv o s s ie m p r e c a m b ia n te s d e l a a c u ­
m u la c ió n y e x p a n s ió n c a p ita lis t a .
E n 1 9 7 2 , e l filó s o f o a l e m á n J ü r g e n H a b e r m a s y e l s o ­
c ió lo g o N ik la s L u h m a n n d i s c u t i e r o n lo s e f e c t o s d e l a e v o ­
l u c i ó n d e lo s m e d io s d e c o m u n i c a c i ó n y d e l a e x p a n s i ó n d e
l a i n f o r m a c i ó n s o c ia l . A u n q u e s im p lif ic a r é m u c h o , r e s u m i r é
a q u í a g r a n d e s r a s g o s s u s c o m p le j o s a r g u m e n t o s . M ie n tr a s
e l o p tim is ta y r a c io n a lis ta H a b e rm a s c re ía q u e e l p e r f e c ­
c io n a m ie n to d e la c o m u n ic a c ió n h u m a n a e s ta b a d e s tin a d o
a c o n s o l i d a r l a d e m o c r a c ia y a m e jo r a r l a v i d a c o t i d i a n a ,
L u h m a n n e x p r e s ó s u s d u d a s a c e r c a d e lo s e f e c t o s p o s i t i v o s
d e la e x p a n s ió n d e la in f o e s f e r a y e s tim ó q u e e s ta p o d ía

丨 6¿Z
c o n d u c i r a l d e s p l a z a m i e n t o d e u n é n f a s i s p u e s t o e n lo r a ­


c io n a l y e n la to m a d e d e c is io n e s p o lític a s a p ro c e s o s a d m i­
n is tr a tiv o s d e d if e r e n c ia c ió n . L a e x p a n s ió n d e la in f o e s f e ra
n o r e f o r z a r í a l a d e m o c r a c ia , s in o q u e l a p o n d r í a e n p e l i g r o .
E n n u e s tr a s itu a c ió n c o n te m p o r á n e a , m a rc a d a p o r la
in f in ita e x p a n s ió n d e la in f o e s fe ra y, e n p a r tic u la r, d e la i n ­
f o rm a c ió n e c o n ó m ic a y f in a n c ie r a , la e la b o r a c ió n r a c io n a l
y l a to m a d e d e c is io n e s p o lític a s y a n o e s tá n a l a lc a n c e d e l
in d iv id u o o d e la s o r g a n iz a c io n e s s o c ia le s . C om o r e s u l t a ­
d o , l a d e m o c r a c i a h a s id o r e e m p l a z a d a p o r p r o c e d i m i e n t o s
a u to m á tic o s , p o r a lg o ritm o s y d is p o s itiv o s d e s e le c c ió n
y re c o m b in a c ió n a u to m á tic a s , c u y a ló g ic a g e n e ra l e s la
re p ro d u c c ió n de la fo rm a c a p ita lis ta .
La e fic ie n c ia d e la v o lu n ta d ra c io n a l y la a c c ió n p o lít i­
c a d e p e n d ía n d e la p o s ib ilid a d d e -p r o c e s a r f lu jo s d e in f o r ­
m a c ió n y d e e le g ir la s m e jo re s o p c io n e s . C u a n d o lo s f lu jo s
d e in f o r m a c ió n se v u e lv e n d e m a s ia d o r á p id o s , d e n s o s y
c o m p rim id o s p a r a la e la b o r a c ió n r a c io n a l y la s d e c is io n e s
e n t i e m p o r e a l , e n t o n c e s lo q u e s e l l a m ó p o l í t i c a d u r a n t e
la E d ad M o d e rn a se v u e lv e in c a p a z d e e s c o g e r y g e n e ra r
c o n s c ie n te m e n te n u e v a s fo rm a s . N i la d e m o c ra c ia n i e l p o ­
d e r a u to rita r io p a r e c e n s e r c a p a c e s d e p ro c e s a r e l ñ u jo
in f in it o e h ip e r a c e le ia d o d e in f o n n a c ió n . L a m o r fo g é n e s is
n o p u e d e , p o r e n d e , s e r u n p r o c e s o d e to m a d e d e c is ió n
y d e e la b o ra c ió n c o n s c ie n te y se c o n v ie r te e n u n e fe c to
a u to rr e g u la d o r d e c re a c ió n c ie g a . E n e s to s m o m e n to s , e l
s u p e ro rg a n is m o in f o c o n e c ta d o e s tá e v o lu c io n a n d o f u e ra
d e la e s fe ra d e la to m a d e d e c is io n e s h u m a n a s y d e l c o ­
n o c im ie n to , a p e s a r d e q u e s u e v o lu c ió n a f e c ta e l e n to r n o
h u m a n o , a v e c e s d e m a n e ra c a ta s tró fic a .

EL CAPITALISMO COMO UN DOBLE VÍNCULO22

S la v o j Z iz e k h a d ic h o q u e e l c o l a p s o f i n a n c i e r o n o s e r i a
e l f in d e l m u n d o , s in o s im p le m e n te e l f in d e l c a p ita lis m o ,
a lg o q u e n o s r e s u l t a d i f í c i l d e i m a g i n a r . Q u iz á e s t é e n
lo c o r r e c t o , p e r o e l p r o b l e m a e s e l s i g u i e n t e : ¿ q u é p a s a
s i e l m o d e lo s e m i ó t i c o d e l c a p i t a l i s m o y , e n p a r t i c u l a r ,
d e l c a p ita lis m o fin a n c ie ro se h a c o n v e rtid o e n la ú n ic a
e s tr u c tu r a d e p e rc e p c ió n e in te ra c c ió n ? ¿Q ué s u c e d e si el
m o d e lo b i o p o t í t i c o h a i m p r e g n a d o e l e n t r a m a d o m is m o d e
l a r e p r o d u c c i ó n s o c ia l ?
"E l o r g a n i s m o q u e d e s t r u y e s u e n t o r n o , s e d e s t r u y e a
s í m is m o " , d ijo G re g o ry B a t e s o n e n i m d i s c u r s o p r o n u n c i a -
d o e n u n h o m e n a j e a K o r z y b s k i e n 1 9 7 0 . Y c o n t i n u ó a s í:

Y si mi concepción es acertada, es preciso reestructurar todo.


nuestro modo de pensar sobre nosotros mismos y sobre las otras
personas. No es un chiste, y ño sé por cuánto tiempo podemos

22. uDoble vínculo77 hace referencia a la teoría de Gregory Bateson (de la


que hablará el autor en este apartado) también conocida como teoría del
yídoble constreñim ientoSe refiere a una situación comunicativa en la cual
un sujeto recibe simultáneamente dos mensajes que entran en conflicto.
[N. délaT.1
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y NEUROPL ASTI CI DAD

seguir en esto. Si proseguimos actuando con las premisas que


estuvieron en vigor eti la era precibernética, subrayadas y forta­
lecidas durante la Revolución Industrial, que pareció validar la
unidad darwiniana de supervivencia, quizá nos queden veinte o
treinta años antes del momento en que la reductio ad absurdum
lógica de nuestras viejas posiciones nos destruya.

Ya h a n p a s a d o t r e i n t a a ñ o s , y n o h e m o s d e ja d o d e p e n s a r
c o n f o r m e a lo s té r m i n o s d a r w in ia n o s d e c o m p e te n c i a y d e
s u p e r v iv e n c i a d e l m á s f u e r t e . El c a p ita lis m o h a t r i u n f a d o , l a
s o c ie d a d e s t á a g o n iz a n d o y t a m b i é n e s ta m o s a r r a s t r a n d o a l
p l a n e t a h a c i a l a a g o n í a . E l m o n e ta r is m o , e n c u a n t o a u t o m a t i ­
z a c ió n d e l a f u n c i ó n m o n e t a r i a , p u e d e s e r c o n s id e r a d o c o m o
e l i n t e n t o c a p i t a l i s t a p o r e s c a p a r , o a l m e n o s r e tr a s a r , e l c o ­
la p s o f in a l . P a ra p r o lo n g a r s u s u p e r v iv e n c i a , e l c a p ita lis m o
e s t á s o m e tie n d o l a e n e r g í a s o c ia l y , e n p a rtic u la r^ e l general

丨一
intellect, a l a o ts s e s ió n d e l a e s t a b i l i d a d f in a n c ie r a y e l c r e c i­

8Z -
m ie n to i n f i n i t o d e l a a c u m u la c ió n . L a r e la c ió n e n t r e e l c a p i t a l
y el general intellect ( la f u e r z a v iv a d e l c o n o c im i e n to y la
p o t e n c i a l i d a d te c n o ló g i c a d e l tr a b a j o ) p u e d e s e r i n t e r p r e t a d a
e n té r m i n o s d e l a r e la c ió n e n t r e f o r m a y c o n t e n i d o .
I n te n te m o s im a g in a r e l s ig u ie n te e s c e n a rio , p a r a n a d a
im p r o b a b le : e l s i s t e m a f in a n c ie r o e u r o p e o c o l a p s a c o m p le ­
t a m e n t e , lo s E s ta d o s - n a c i ó n d e j a n d e p a g a r lo s s a la r io s d e
lo s t r a b a j a d o r e s p ú b lic o s y f r e p e n t i n a m e n t e , e l d in e r o p i e r ­
d e e l c o n t r o l s o b r e l a m e n t e s o c ia l. ¿S e e l i m i n a r á n n u e s t r a s
h a b i lid a d e s , n u e s t r o c o n o c im i e n to y n u e s t r a s c o m p e te n c i a s
d e b id o a e s t e r e p e n t i n o e v e n t o a p o c a l íp tic o ? P o r s u p u e s t o
q u e n o , e n a b s o lu to . S e g u ir e m o s s ie n d o lo s m is m o s d e s ie m ­
p r e . L os i n g e n i e r o s s e r á n c a p a c e s d e c o n s t r u i r p u e n t e s , lo s
m é d ic o s s e r á n c a p a c e s d e s a n a r a g e n t e e n f e r m a y lo s p o e t a s 23

23. Gregory Bateson, Pasos haría una ecología de la mente: una aproxima-
aon revolucionaria a la autocomprensión del hombre, Buenos Aires, Carlos
Lohlé,1972, pp. 492 y 493.
s e r á n c a p a c e s d e c r e a r s u s m u n d o s im a g in a r io s . E x a c ta m e n te
c o m o a h o r a , o in c lu s o m e jo r.
El d e rru m b e d e la fo rm a n o a f e c ta rá e l c o n te n id o .
P e ro s i t a a g o n í a d e l a f o r m a c a p i t a l i s t a s e p r o l o n g a
e n e l tie m p o , d e s m a n te la rá le n ta p e ro p ro g re s iv a m e n te e l
c o n t e n i d o s o c ia l . Y d e h e c h o e s t o y a e s t á o c u r r i e n d o . El
d e s fin a n c ia m ie n to y la p r iv a tiz a c ió n d e la s e s c u e la s p ú b li­
c a s, p o r e je m p lo , v a n e n e s ta d ire c c ió n , a l m a rg in a liz a r a la
m a y o ría d e la p o b la c ió n y c o n d u c ir a la d e s e s c o la r iz a d ó n
m a s iv a . L a s e s c u e l a s p r i v a d a s , p o r s u p a r t e , r e d u c e n e l c o ­
n o c i m i e n t o a l a i d o l a t r í a d e l d o g m a e c o n ó m ic o , h a c i e n d o
q u e la s h a b ilid a d e s té c n ic a s se s e p a r e n d e la c o m p re n s ió n
s o c ia l y l a c i e n c i a d e l a s h u m a n i d a d e s . E s ta e s l a r e f o r ­
m a e d u c a t i v a q u e c o m e n z ó e n 1 9 9 9 c o n l a f ir m a d e lo s
A c u e r d o s d e B o lo ñ a e n E u r o p a , q u e h a n s ig n i f i c a d o , d e h e ­
c h o , l a d e s t r u c c i ó n d e l le g a d o d e l a a u t o n o m í a d e l c o n o c i ­
m ie n to y d e la in v e s tig a c ió n tr a n s d is c ip lin a r ia .
§

L a f o r m a e s t á d e s t r u y e n d o e l c o n t e n i d o . L a r e la c ió n e n ­
.

t r e e s to s d o s e l e m e n to s p u e d e a v e c e s v o lv e rs e p a t o ló g ic a y
p r o d u c ir lo q u e G re g o ry B a te s o n d e n o m in ó u n " d o b le v ín c u ­
lo". B a te s o n d e s c r ib ió e s t e p r o c e s o e n s u in v e s t i g a c i ó n s o b re
l a g é n e s is d e l a e s q u iz o f r e n ia . El c o n t e x t o a f e c t a l a c o m p re n -
s ió n d e u n m e n s a je d e t a l m a n e r a q u e l a c o m u n ic a c i ó n m is m a
p e l ig r a , y a q u e l a f o r m a d e i n t e r a c c i ó n ( e l m e d io ) c a m b ia
e l c o n t e n i d o o p e r v i e r t e l a s u c o m p r e n s ió n ( e l s ig n if ic a d o ) .
"E l g ra d o m á s s e rio y c o n s p ic u o d e s i n t o m a t o l o g í a e s lo q u e
c o n v e n c i o n a lm e n te s e d e n o m in a e s q u iz o f r e n ia . [ . . . ] Lo l i t e ­
r a l s e c o n f u n d e c o n lo m e ta f ó r ic o , lo s m e n s a j e s i n t e r n o s s e
c o n f u n d e n c o n lo s e x t e r n o s · Lo t r i v i a l s e c o n f u n d e c o n lo
v i t a l . El g e n e r a d o r d e l m e n s a je s e c o n f u n d e c o n e l r e c e p t o r y
e l r e c e p t o r c o n l a c o s a p e rc ib id a " ·24 E n s i t u a c io n e s c o m o e s t a ,
e l c o n t e n i d o t i e n e q u e d e s v in c u la r s e d e l a f o r m a y d e b e n a c e r
u n a n u e v a a p a r t i r d e l a a u t o o r g a n iz a c i ó n d e l c o n t e n i d o . Si

24. Ibíd., p. 290.


MORFOGÉNESIS SOCIAL Y N E UROP LASTICIDAD

n o lo g r a m o s d e s lig a r l a p o t e n c i a d e l a n u e v a te c n o l o g í a d e l
v ie jo m a rc o p a r a d ig m á t ic o , e l e f e c t o s e r á c a t a s t r ó f i c o , p o r q u e
e s t a p o t e n c i a e x p l o t a r á c o n t r a l a s o c ie d a d .
El c o n s t r e ñ i m i e n t o 25 e s u n c o n c e p t o q u e n o t i e n e n a d a
q u e v e r c o n la c o n tra d ic c ió n h e g e lia n a . No e s u n p ro b le m a
d e f u e r z a s o p u e s ta s , d e lu c h a , d e d o m in a c ió n y s u p e ra c ió n
(Aufliebungf c o m o d ic e H e g e l) . M ás b i e n , s e t r a t a d e u n
p ro b le m a d o n d e la p o s ib ilid a d c o n te n id a d e n tr o d e u n a fo r­
m a e s t á o b s t a c u l i z a d a o p e r v e r t i d a p o r t a f o r m a m is m a . El
c o n s t r e ñ i m i e n t o n o s o lo p e r j u d i c a e l d e s p l i e g u e d e l c o n t e ­
n i d o , s in o q u e t a m b i é n t r a n s f o r m a y p e r v i e r t e e l c o n t e n i d o
d e l c o n o c im ie n to . D esd e m i p e r s p e c tiv a , u tiliz o la p a la b r a
constreñimiento p a r a r e fe rirm e a la c a p tu r a d e l p ro c e s o s o ­
c ia l d e p ro d u c c ió n , c o n o c im ie n to y c o m u n ic a c ió n p o r e l
c ó d ig o s e m i ó t i c o d e l c r e c i m i e n t o y l a a c u m u l a c i ó n . M a rx
U a m a a e s t o " s u b s u n c i ó n r e a l" .

¿7
La d e s v in c u la c ió n s e r ía la e m a n c ip a c ió n d e l c o n te n id o
d e l a f o r m a q u e lo c o n t i e n e e i m p l i c a r í a e l p l e n o d e s p l i e ­
g u e d e l a s p o t e n c i a s p e r t e n e c i e n t e s a l c o n o c i m i e n t o s o c ia l .
E s te p r o b l e m a p o d r í a s e r d e s c r i p t o c o m o u n p r o b l e m a d e
e s q u i z o a n á l i s i s , e n p a l a b r a s d e G u a t t a r i . E s to i m p l i c a , e n
to d o c a s o , la c a p a c id a d p a r a lib e r a r e l c o n te n id o m e n ta l y
l a a c t i v i d a d p s í q u i c a d e l r e f r á n o b s e s iv o q u e l o s c o n s t r i ñ e .

GENERACION POR CISMA

¿Q ué es la fo rm a (morphé)? P a r a lo s t e ó r i c o s d e l a G e s t a l t
c o m o W e r th e im e r o K o ffk a , e l c e r e b r o p e r c i b e lo s o b j e t o s

25. La palabra que utiliza el autor en inglés es entanglement. El tipo de


vínculo que denomina este término no es neutro, sino que tiene el matiz
de entrelazamiento, enredo, y puede usarse también como implicación o
como una especie de constreñimiento. Elegimos esta traducción para que
sea clara su relación con la teoría de Bateson. [N. de la T.]
g r a c ia s a l a e x i s t e n c i a d e f o r m a s i n t e g r a d a s e n l a c o n s t i ­
t u c i ó n p e r c e p t u a l d e l a m e n t e . C om o Gestaltr l a fo rm a es
l a c o n d i c i ó n p a r a l a d if e r e n c i a c i ó n d e lo s o b j e t o s r e s p e c t o
d e s u e n t o r n o y p a r a l a i n t e r p r e t a c i ó n d e s u s ig n i f ic a d o .
P e ro t a m b i é n p o d e m o s d e c ir q u e e s e l p a t r ó n s e m i ó t i c o q u e
n u e s t r a s m e n t e s p r o y e c t a n e n e l m u n d o y e l m o d e lo p a r a l a
g e n e ra c ió n d e o b je to s e x te r n o s . E n e s te s e n tid o , la fo rm a
ta m b ié n p u e d e s e r d e f in id a co m o u n p r o to tip o , co m o la
in - fo r m a c ió n o r ig in a l q u e c o n f ig u r a la m a te r ia . D esd e e s te
p u n t o d e v i s t a , p o d e m o s d e c ir q u e l a f o r m a e s u n " s e m i o t i -
z a d o r w g e n e r a l . Es e l p a r a d i g m a q u e h a c e p o s ib l e l a a t r i b u ­
c i ó n d e u n s ig n i f ic a d o c o n s i s t e n t e c o n lo s f e n ó m e n o s , q u e
e x p e r i m e n t a m o s c o m o s ig n o s .
E x is te u n a c o n s i d e r a b l e r e l a c i ó n e n t r e e l c o n c e p t o d e
" fo rm a " co m o g e n e ra d o r s e m ió tic o y e l c o n c e p to d e " r e ­
f r á n " d e G u a t t a r i . D ir ía q u e e l r e f r á n e s l a s e n s i b i l i z a c i ó n
_S 3 丨

d e la fp rm a , la c o n v e rs ió n d e u n p r o to tip o fo rm a l e n u n a
s u b je tiv id a d s e n s ib le . C u an d o G u a tta ri h a b la d e e s p a sm o
c a ó s m ic o , e s t á d ic ie n d o q u e e l s e m io tiz a d o r g e n e r a l y a n o
e s c a p a z d e s e m io tiz a r y q u e se h a d e s p ro v is to a la m e n ­
t e s o c ia l d e s u h a b ilid a d p a r a p r o c e s a r la in f o r m a c ió n d e
m a n e r a c o n s i s t e n t e . El r e f r á n y a n o e s c a p a z d e e n t r a r e n
c o n s o n a n c ia c o n e l e n to r n o in fo rm a c io n a l, d a d o q u e e l g e ­
n e r a d o r s e m ió tic o ( la fo rm a ) e s t á m u ta n d o y c a m b ia n d o .
C om o c o n s e c u e n c ia , la s u b je tiv id a d s e n s ib le y a n o p u e d e
c a p tu r a r e l s ig n ific a d o , i n te r a c t u a r .s e m ió tic a m e n te , c o n ­
c a t e n a r , y s u f r e d e b i d o a e s t a f a l t a d e s i n t o n í a . E s to e s
e l e s p a s m o . El o r g a n i s m o h a p e r d i d o l a s i n t o n í a e n s u
re la c ió n c o n s u e n to rn o ; la v ib ra c ió n o rg á n ic a y a n o se e n ­
t r e l a z a a r m ó n i c a m e n t e c o n l a s v i b r a c i o n e s q u e lo r o d e a n ,
p o r e llo s e v u e l v e f r e n é t i c a y d o lo r o s a .
E n to n c e s , c o m ie n z a e l p ro c e s o de re -s in to n iz a c ió n
q u e G u a t t a r i ll a m ó " c a o s m o s i s ”. E n e s e p r ó c e s o , l a s f o r m a s
e m e r g e n d e l c a o s a tr a v é s d e u n a a p r o x im a c ió n v ib r a to r ia
a u n o r d e n q u e e s f u n c i o n a l y e s t é t i c o . El o r d e n f u n c i o n a l
h a c e p o s ib le la m a n ip u la c ió n d e lo s o b je to s , m ie n tr a s q u e
MORFOGÉNESIS SOCIAL Y N E UR OPLASTICIDAD

e l e s t é t i c o p e r m i t e l a c o n j u n c i ó n d e lo s o b j e t o s e n l a s e n ­
s i b i l i d a d y s e n s i t i v i d a d d e l o r g a n i s m o v iv o .
E n c i e r t o s c a s o s , l a f o r m a , e ri c u a n t o s e m i o t i z a d o r a ,
p u e d e c o n v e rtirs e e n u n c o n s tre ñ im ie n to , u n g e n e ra d o r
d e u n wd o b le v í n c u l o A q u í , l a f o r m a (Gestalt) no ayuda
a i n t e r p r e t a r y a d e s p le g a r lo s c o n te n id o s d e la m e n te
c o le c tiv a , s in o q u e lim ita la p o s ib ilid a d d e d e s a r ro llo d e la
m a te r ia -c o n te n id o y p o n e e n p e lig ro la c o n c a te n a c ió n d e
la m e n te y la in fo e s fe ra .
C u an d o la fo rm a d e s tr u y e e l c o n te n id o (e l c o n o c im ie n ­
t o , l a s h a b i l i d a d e s , l a t e c n o l o g í a y l a e m o c i o n a l i d a d so_
c ia l), la ú n ic a a lte r n a t iv a a n t e la d e v a s ta c ió n y la m u e rte
e s la d e d e s v in c u la r e l c o n te n id o d e la fo rm a .
E n n u e s tr a s o c ie d a d , e l c a p ita l e s la Gestalt g en e ra l de
n u e s t r a e x p e r i e n c i a d e l a p r o d u c c i ó n y c i r c u la c ió n d e c o ­
s a s , y e s e l s e m i o t i z a d o r g e n e r a l . Es l a f u e n t e d e s i g n i ­
f ic a d o y l a m e d i d a o p e r a c i o n a l d e a q u e l l a s c o s a s q u e lo s
h u m a n o s n e c e s i t a n , p r o d u c e n e i n t e r c a m b i a n . El c a p i t a l ,
co m o fo rm a , s e h a c o n v e rtid o e n u n c o n s tr e ñ im ie n to p a ra
e l d e s a r r o l lo d e la s p o t e n c i a l i d a d e s i m p l ic a d a s e n e l general
z'ntdZ ecí. S o lo l a e l i m i n a c i ó n d e e s t a f o r m a , e l r e e m p la z o d e
l a a c u m u l a c i ó n y e l c r e c i m i e n t o p o r d i f e r e n t e s p a r a d ig m a s
d e p r o d u c c ió n e in te r c a m b io p u e d e n h a c e r q u e e l general
intellect d e s p l i e g u e c o m p le ta m e n te su s p o te n c ia lid a d e s . :
D esde e s te p u n to d e v is ta , e l é n fa s is n e o m a rx is ta
p u e s to e n la p o te n c ia d e l general intellect y e n la in ­
c o m p a tib ilid a d d e s u p le n o d e s p lie g u e c o n e l p re d o m in io
p e r s is te n te d e la fo rm a c a p ita lis ta se c o rre s p o n d e c o n la
t e o r í a d e l c a m b io d e p a r a d i g m a . P e r o , g e n e r a l m e n t e , l o s
a u to r e s q u e d is c u te n e s t a t e o r í a h a n o lv id a d o d e c ir q u e
e s t e c a m b io n o e s n i n e c e s a r i o n i l i n e a l . S e t r a t a d e u n a
te n d e n c ia y d e u n a p o s ib ilid a d , q u e e n e l p ro c e s o d e l d e ­
v e n ir s o c ia l p u e d e n e s ta r o b s tr u id a s y o b s ta c u liz a d a s p o r
l a f u e r z a a b r u m a d o ra d e lo s a u to m a tis m o s im p líc ito s e n
la s a n t i g u a s fo rm a s d e s u b je tiv i d a d . D e b e m o s s e r c o n s c i e n t e s
d e e s ta c o n tra d ic c ió n si q u e re m o s c o m p re n d e r e l p ro c e so
r e a l d e m o rfo g é n e s is s o c ia l e n e l p r e s e n te , b a jo la s c o n ­
d ic io n e s a c tu a le s .
B a te s o n u tiliz a e l té r m in o cismogénesis p a r a d e s c r ib ir
e l p r o c e s o d e d i f e r e n c i a c i ó n p r o p i o d e lo s g r u p o s h u m a n o s
y la g e n e ra c ió n d e n u e v o s n iv e le s d e in te g r a c ió n a n tr o p o ló ­
g ic a . Q u is ie ra v a l e r m e d e l a m is m a p a l a b r a p a r a d e s c r i b i r l a
s e p a r a c i ó n q u e c o n d u c e a l a g e n e r a c i ó n d e n u e v a s f o rm a s .
L a g e n e r a c ió n d e u n a f o rm a m á s p ro c liv e a f o m e n ­
t a r e l d e s a r r o l l o d e l a s p o t e n c i a l i d a d e s d e l c o n t e n i d o s o lo
p u e d e d a rs e a tr a v é s d e la d is o c ia c ió n y la d e s v in c u la c ió n
d e a q u e l l a f o r m a e n l a q u e s e h a l l a n c o n s t r e ñ i d a s . P o r lo
t a n t o , c o n c is m o g é n e s is m e re fie ro a la a u to o r g a n iz a c ió n
d e lo s c o n t e n i d o s l u e g o d e s u d is o c ia c ió n d e la fo rm a
q u e lo s lim ita , y a la p r o lif e r a c ió n p o r c o n ta g io ( a f e c tiv o ,
in fo rm á tic o , e s té tic o ) d e u n a n u e v a fo rm a g e n e ra d a p o r
e l c ism a .
B a jo l a s c o n d i c i o n e s a c t u a l e s , s u r g e n n u m e r o s a s p r e ­
9
-筘 _

g u n t a s . ¿E s a ú n p o s i b l e l a d e s v i n c u l a c i ó n c u a n d o l a m e n t e
d e l o r g a n is m o se h a v is to t a n p r o f u n d a m e n te a f e c ta d a p o r
l a p r o l i f e r a c i ó n v i r a l d e " d o b l e s v í n c u l o s " ? ¿Y c u á l e s e l
o r i g e n d e s u p r o p a g a c i ó n e n l a m e n t e s o c ia l ?
El c a m b io d e p a r a d i g m a e s u n a t e n d e n c i a g e n e r a l i n s ­
c r i p t a e n l a e v o l u c ió n d e lo s c o n t e n i d o s d e l c o n o c i m i e n t o ,
l a t e c n o l o g í a y l a p r o d u c c i ó n s o c ia l . P e ro la s f o r m a s c o n s -
tr in g e n te s o b s ta c u liz a n e s ta te n d e n c ia , a l a c tu a r com o se-
m io tiz a d o re s r e p e titiv o s y g e n e ra d o re s d e " d o b le s v ín c u lo s ”
e n l a m e n t e s o c ia l .
P a r a c o m p r e n d e r l a r a z ó n p o r l a c u a l l a m e n t e s o c ia l
es in c a p a z de lib e ra rs e d e e s ta s fo rm a s c o n trin g e n te s ,
d e b e m o s a n a l i z a r e l d e v e n i r c u l t u r a l y p s ic o ló g ic o d e l a
s e n s ib ilid a d , co m o a s í ta m b ié n la in f e c c ió n d e l o rg a n is m o
s o c ia l q u e e s t á in v a d ie n d o la e s f e r a d e la s e n s ib ilid a d .
o
LO TRANSHUMANO

¿ 2_
HUMANISMO, TÉCNICA Y LENGUAJE

En La condición postmoderna, O e a n -F ra n g o is L y o ta r d a n u n ­
c ió l a m u e r t e d e lo q u e é l lla m ó " lo s g r a n d e s r e l a t o s ^ ,
a q u e l l o s c u e n t o s i d e o ló g ic o s q u e j u g a r o n u n r o l c r u c ia l
e n l a m o t i v a c i ó n d e l a a c c i ó n h i s t ó r i c a a lo la r g o d e l a
M o d e r n id a d . P e ro y o n o c re o q u e e l r e l a t o l y o t a r d i a n o s e a
c i e r t o . N u e v o s r e l a t o s , n o m e n o s g r a n d e s q u e lo s a n t e r i o ­
r e s , s e h a n a r r a i g a d o e n l a i m a g i n a c i ó n c o n t e m p o r á n e a . La
i n t e l i g e n c i a a r t i f i c i a l e s , s i n d u d a , u n o d e e l lo s . P e r o , e n
e s e m is m o l i b r o , L y o ta r d e s c r i b i ó c o s a s q u e , e n m i o p i n i ó n ,
s o n m á s i n t e r e s a n t e s . P o r e j e m p l o , d ijo q u e , a l c a m b ia r e l
s is te m a te c n o ló g ic o d e p r o d u c c ió n y tr a n s m is ió n d e l c o n o ­
c im ie n to , a p a re c ió u n n u e v o e s ta t u s y u n a n u e v a e s tr u c ­
t u r a d e c o n o c i m i e n t o . E s te n u e v o e s t a t u s d e l c o n o c i m i e n t o
h u m a n o c u e s tio n ó la d is tin c ió n e n tre e l h u m a n o y la s m á ­
q u in a s in te lig e n te s .
E n u n a c o le c c ió n d e e n s a y o s p u b lic a d o s e n 1 9 9 1 t i t u ­
la d a Lo inhumano, L y o ta rd re f le x io n ó a c e r c a d e lo s lím ite s
d if u s o s e n t r e h u m a n o s y m á q u in a s . P a ra c o m p ro b a r q u e la
d ife re n c ia e n tr e e l p e n s a m ie n to h u m a n o y la in te lig e n c ia
a r tific ia l e s ir re d u c tib le , r e c u rrió a la m e tá f o r a d e la n u b e :
m ie n tra s q u e la in te lig e n c ia a rtific ia l e s tá b a s a d a e n u n
c o n s e c u e n c ia lis m o r ig u ro s o , la n a t u r a le z a d e l p e n s a m ie n ­
to p o s e e la m is m a in d e te r m in a c ió n q u e e l p r o c e s o d e f o r ­
m a c ió n d e la s n u b e s .
L a s c o m p u t a d o r a s n o s a b e n lo q u e e s u n e v e n t o .
w¿ Q u é s o n u n l u g a r , u n m o m e n t o , q u e n o e s t é n a n c l a ­
d o s e n e l ^ p a d e c e ^ i n m e d i a t o d e lo q u e s u c e d e ? ¿ U n a c o m ­
p u ta d o ra e s tá de a lg u n a m a n e ra a q u í y a h o ra ? ¿P u ed e su-
ceder a lg o p o r e l la ? ¿ P u e d e s u c e d e r á a lg o T ^ , d ic e L y o t a r d .1
A l u s a r la p a la b ra inhumano, L y o ta rd p u s o s o b re la
m e s a u n a c u e s tió n m u y d is c u tid a : ¿ e s tá e n p e lig ro e l h u ­
m a n is m o e n l a e r a d e l a s m á q u i n a s i n t e l i g e n t e s ?
L a e x p r e s i ó n a t r i b u i d a a l f iló s o f o g r i e g o P r o t á g o r a s
丨sz.

" e l h o m b re e s la m e d id a d e to d a s la s c o s a s " r e c u e r d a a la s
p a l a b r a s d e C o n f u c i o , q u i e n c r e í a q u e we s e l h o m b r e e l q u e
h a c e g ra n d e a la v e rd a d , y n o la v e rd a d la q u e h a c e g ra n d e
a l h o m b r e é S e p u e d e a p r e c i a r m e jo r e l s i g n i f i c a d o d e l a
f r a s e d e P r o t á g o r a s , c o m o t a m b i é n e l d e l a d e C o n f u c io , s i
n o s r e f e r i m o s a lo q u e H e i d e g g e r e s c r i b i ó e n l a s p r i m e r a s
p á g in a s d e su Carta sobre el humanismo: wEl l e n g u a j e e s
la c a s a d e l se r. E n s u m o ra d a h a b i ta e l h o m b re . L os p e n ­
s a d o r e s y p o e t a s s o n lo s g u a r d i a n e s d e e s a i n o r a d a . S u
g u a r d a c o n s i s t e e n l l e v a r a c a b o l a m a n i f e s t a c i ó n d e l s e r,
e n l a m e d i d a e n q u e , m e d i a n t e s u d e c ir , e l lo s l a l l e v a n a l
l e n g u a j e y a l l í l a c u s t o d i a n ^ 2 Y m á s a d e l a n t e e n e l m is m o
t e x t o : yiL a e x - s i s t e n c i a e s a l g o q u e s o lo s e p u e d e d e c i r d e
l a e s e n c i a d e l h o m b r e , e s t o e s , s o lo d e l m o d o h u m a n o d e

1 . Jean-Frangois Lyotard, Lo inhumano. Charlas sobre el tiempo, Buenos


Aires, Manantial, 1998, p . 121.
2. Martin Héidegger, Carta sobre el humanismo, Madrid, Alianza Editorial,
2006, p p .11 y 12.
LO T R A N S H U M A N O

Js e r ’”. 3 H a s t a d o n d e n o s m u e s t r a n u e s t r a e x p e r i e n c i a , s o lo
se a d m ite a l s e r h u m a n o e n e l d e s tin o d e la e x -s is te n c ia ·
wE n c u a n t o e x - s i s t e n t e , e l h o m b r e s o p o r t a e l s e r - a q u í , e n
l a m e d i d a e n q u e t o m a a s u ^ c u id a d o 7 e l a q u í e n c u a n t o c l a ­
ro d e l s e r. P e ro e l p r o p i o s e r - a q u í s e p r e s e n t a e n c u a n t o
" a r r o ja d o ’. S e p r e s e n t a e n e l a r r ö j o d e l s e r , e n lo d e s t i n a !
q u e a r r o j a a u n d e s t i n o ”. 4 S e g ú n H e id e g g e r , l a r e l a c i ó n
e n tr e le n g u a je y té c n ic a es u n b u e n p u n to d e v is ta p a ra
c u e s t i o n a r e l h u m a n i s m o d e n u e s t r o s d ía s . E n s u o p i n i ó n ,
d e h e c h o , la té c n ic a se h a v u e lto e l v e rd a d e ro s u je to d e l
le n g u a je , l a c o n c a te n a c ió n q u e e m ite e n u n c ia c io n e s . La
d e p e n d e n c ia te c n o ló g ic a d e l le n g u a je y la in c o rp o ra c ió n
d e m á q u in a s e n la p ro p ia g e n e ra c ió n d e e s te e s tá n c a m ­
b i a n d o l a n a t u r a l e z a d e lo h u m a n o c o m o n u n c a a n t e s .
La p a la b ra h e id e g g e ria n a P a s e z n p u e d e tra d u c irs e com o
" s e r -a h í" y s ig n ific a s e r e n u n a s itu a c ió n d e s in g u la r id a d ,

丨S2·
s e r e n c u a n to e v e n to . L a e x is te n c ia e s u n a c o n d ic ió n d e
e v e n tu a lid a d in c id e n ta l ( in n e c e s a ria y n o c o m p a tib le ) y
e l le n g u a je de la e x is te n c ia es a q u e l d e la c o n ju n c ió n ,
d e l e n c u e n tro ir re p e tib le e n tr e s in g u la rid a d e s . El s o m e ti­
m ie n to d e l le n g u a je a la s re g la s d e c o m p a tib ilid a d té c n ic a
h a tra n s fo rm a d o la performance lin g ü ís tic a e n c o n e x ió n .
E n e s ta tr a n s ic ió n d e l m o d o d e le n g u a je c o n ju n tiv o a u n o
c o n e c t i v o e s e l h u m a n i s m o lo q u e e s t á p u e s t o e n j u e g o .

HUMANISMO COMO INDETERMINACIÓN

E l V ie jo T e s t a m e n t o c o n c ib ió l a n a t u r a l e z a d e s d e u n p u n t o
d e v i s t a i m p a s ib l e , c o m o u n f lu jo d e t i e m p o a - h i s t ó r i c o s i n
e m o c io n e s . E l D io s i n d i f e r e n t e q u e c re ó a l h o m b r e s i n s e n t i r
s u s u f rim ie n to ju g ó u n ju e g o q u e n o tie n e n a d a q u e v e r c o n

3. Ibíd., p. 28.
4. Ibíd., p. 33.
e l j u e g o t e r r e n a l d e l h o m b r e y l a m u je r . N i D io s n i S a t á n
s i n t i e r o n e n a b s o l u t o e m p a t i a p o r lo s p e o n e s d e s u p a r t i d a
d e a je d re z , co m o a p re n d ió J o b p o r e x p e r ie n c ia p ro p ia .
L a in n o v a c ió n e s e n c ia l d e l N u ev o T e s ta m e n to f u e q u e
D io s s e h i z o H o m b r e y v i n o a l a t i e r r a p a r a s e n t i r y s u f r i r
l a s m is m a s p a s i o n e s y d o lo r e s q u e e s t a b a n a c o s t u m b r a d o s
a s e n t i r lo s s e re s h u m a n o s . De e s te m o d o , e l tie m p o s in
p a s i ó n d e D io s s e i n t e r r u m p i ó , s e r o m p ió y s e e n t r e l a z ó
c o n e l d e l h o m b re . E s ta e s la r a z ó n p o r la c u a l la r e v o lu ­
c ió n h u m a n is ta m o d e r n a tu v o lu g a r d e n tr o d e l e s p a c io d e
la c ris tia n d a d , p u e s t a n t o e s ta co m o e l h u m a n is m o c o n c i­
b ie ro n la h is to ria e n u n a e s fe ra te m p o ra l q u e n o e ra la de
l a v e r d a d e t e r n a o l a d e l a n a t u r a l e z a im p a s i b l e . A n t e s q u e
e n e s e p u n to d e v is t a d e n a tu r a le z a im p a s ib le , e l f u n d a ­
m e n to d e la v e rd a d se h a lla b a e n e l s u f rim ie n to h u m a n o ,
c o m o lo c r e í a t a m b i é n C o n f u c io .
A q u í s e e n c u e n t r a n la s b a s e s d e la c iv iliz a c ió n m o ­
d e rn a , e n la d e s v in c u la c ió n d e la e s fe ra d e la h is to r ia y
la s o c ia b ilid a d h u m a n a , q u e y a n o se c o rre s p o n d e c o n la s
r e g l a s e t e r n a s d e l u n i v e r s o . G ra c ia s a l a r e v o l u c i ó n c i e n ­
t í f i c a , c o n o c e m o s l a s l e y e s m e c á n i c a s q u e g o b i e r n a n lo s
p l a n e t a s , e l c ie lo y l a s p i e d r a s , y p o d e m o s d e s e n t r a ñ a r
u n a le y d if e r e n te p a r a la e x is te n c ia h u m a n a b a s a d a e n e l
a m o r y la c o m p a s ió n . De h e c h o , la e tim o lo g ía d e la p a la ­
b ra compasión es cum-patif e s d e c ir , s u f r i r j u n t o s .
E n la . e s f e r a h u m a n i s t a d e l a M o d e r n id a d , l u e g o d e
l a s e p a r a c i ó n d e l t i e m p o n a t u r a l g o b e r n a d o p o r l a s le y e s
in a lte r a b le s d e la fís ic a y d e l tie m p o h is tó ric o g o b e rn a d o
p o r la v o lu n ta d d e l p r ín c ip e o d e la d e m o c ra c ia , e l e s t a ­
b l e c i m i e n t o d e le y e s p o l í t i c a s s e b a s ó e n l a c o m p r e n s i ó n
d e la s p a s io n e s y lo s in te r e s e s h u m a n o s . L a c iv iliz a c ió n
m o d e rn a e s tu v o f u n d a m e n ta d a e n la id e a d e q u e e l m u n d o
s o c ia l n o d e b e c o r r e s p o n d e rs e c o n la s le y e s d e l u n iv e rs o ,
s in o c o n la s d e la c o m p a s ió n : m u tu o e n te n d im ie n t o , s o ­
lid a rid a d . En Discurso sobre la dignidad del hombre, P ic o
d e l l a M ir á n d o l a f u e e x p l í c i t o s o b r e e s t e p u n t o : D io s h a
LO T R A N S H U M A N O

c re a d o a l h o m b re d e m a n e ra d ife re n te a l re s to d e l u n iv e r ­
s o . E s te f u e c r e a d o s e g ú n r e g l a s p r e c i s a s , p e r o e t h o m b r e
n o p o s e ía re g la s in te g r a d a s .

No te hemos dado una ubicación fija, ni un aspecto propio,


ni peculio alguno, i 〇
h Adán!, para que así puedas tener y
poseer el lugar, el aspecto y los bienes que, según tu voluntad
y pensamiento, tú mismo elijas. La naturaleza asignada a tos
demás seres se encuentra ceñida por las leyes que nosotros
hemos dictado. Tú, al no estar constreñido al ceñido espacio,
definirás los límites de tu naturaleza, según tu propio albe­
drío, en cuyas manos te he colocado. Te he situado en la parte
media del mundo para que desde ahí puedas ver más cómo­
damente lo que hay en él. Y no te hemos concebido ni como
criatura celeste ni terrena, ni mortal ni inmortal, para que,
como arbitrio y honorario escultor y modelador de ti mismo,
te esculpas de la forma que prefieras. Podrás degenerar en los

- Ϊ
seres inferiores, que son los animales irracionales, o podrás

67
regenerarte en los seres superiores, que son los divinos, según
la voluntad de tu espíritu.5

L a h i s t o r i a m o d e rn a tu v o lu g a r e n e s te e s p a c io d e
i n d e t e r m i n a c i ó n y , p o r lo t a n t o , d e l i b e r t a d . E s t a l i b e r ­
t a d n o e r a a n á r q u ic a , p e ro la s le y e s h u m a n a s e r a n u n a
c o n s tr u c c ió n , n o e l re fle jó d e le y e s n a t u r a l e s im p u e s ta s
p o r D io s .
L a v i s i o n d e P ic o d e l l a M ir á n d o l a r e ñ e j ó e l a c e r c a m i e n ­
to h u m a n is ta a l p ro b le m a d e la lib e r ta d , y e n e lla se e x ­
te n d ió e l h ilo q u e v in c u ló e l h u m a n is m o a la I lu s tr a c ió n .
E n e l e s p a c io d e in d e te r m in a c ió n h u m a n is ta , l a r a z ó n c re ó
s u s p r o p ia s r e g la s , y la u n iv e r s a lid a d d e la s le y e s m o ra le s
y p o lític a s se f u n d a b a e n e lla , n o e n la le y n a tu r a l.

5. Giovanni Pico della Mirándola, Discurso sobre la dignidad del hombre,


Barcelona, p p ü , 2002, pp. 50 y 51.
EL DESMANTELAMIENTO DE LA CIVILIZACIÓN MODERNA

El s o c ia l is m o , c o m o c u l m i n a c i ó n d e l a c o n s t r u c c i ó n m o d e r -
n a d e u n a c i v iliz a c ió n h u m a n i s t a , p u e d e t a m b i é n s e r c o n ­
s id e r a d o c o m o e l d e s a r r o l lo ló g ic o d e e s t a t r a y e c t o r i a . El
h u m a n i s m o a ñ r m ó l a a u t o n o m í a d e l e s p a c io h u m a n o f r e n t e
a l a s le y e s i m p a s i b l e s d e l a n a t u r a l e z a y l a I l u s t r a c i ó n a c tu ó
c o m o u n r e g u l a d o r r a c i o n a l d e e s t e e s p a c io . El p e n s a m i e n ­
t o s o c i a l i s t a d e l s ig lo xix a f ir m ó l a p o s i b i l i d a d d e j u s t i c i a
e i g u a l d a d s i n b a s a r s e e n l a n a t u r a l e z a , s in o e n l a r a z ó n
h u m a n a y l a c o m p a s i ó n : l a c a p a c id a d p a r a c o m p a r t i r lo s
m is m o s s e n t i m i e n t o s , e l m is m o s u f r i m i e n t o y lo s m is m o s
o b je tiv o s . C om o r e s u l t a d o d e e s t o s d e s a r r o l lo s p r o g r e s iv o s ,
l a M o d e r n id a d c u l m in ó c o n l a c r e a c i ó n d e u n a f o r m a d e
c i v iliz a c ió n s o c ia l , e n l a c u a l l a s n e c e s i d a d e s c o m u n e s p r e ­
v a l e c i e r o n p o r s o b r e l a a f ir m a c ió n d e lo s i n t e r e s e s i n d i v i ­
d u a l e s . L a c i v iliz a c ió n s o c ia l t e n í a c o m o o b je t i v o p r e v e n i r
( a u n q u e n o s ie m p r e t u v o é x i t o ) u n a g u e r r a d e t o d o s c o n t r a
t o d o s g r a c ia s a l e s t a b l e c i m i e n t o d e u n a l e y n o n a t u r a l .
H o y e n d í a , s i n e m b a r g o , l a c o n s t r u c c i ó n d e lo q u e
y o lla m o c i v i l i z a c i ó n s o c i a l s e e s t á d e r r u m b a n d o b a j o lo s
a ta q u e s d e l c a p ita lis m o te c n o - fin a n c ie r o , q u e a v a n z a n e n ­
c u b ie r to s co m o d a rw in is m o s o c ia l. Y s u c ris is e s t á c o n d u ­
c i e n d o a u n a c r i s i s d e l h u m a n i s m o e n s í m is in o , d a d o q u e
e s tá e lim in a n d o la d is tin c ió n e n t r e e l re in o d e la n a t u r a ­
le z a y la r e p ú b lic a d e lo s h o m b re s y , p o r c o n s ig u ie n te , la
d if e r e n c ia e n t r e h is t o r ia y e v o lu c ió n .
L os d a r w in is t a s s o c ia le s a f ir m a n q u e lo s p r in c ip io s b e n e ­
v o le n te s n o p u e d e n d e t e n e r l a f u e r z a a f ir m a tiv a d e l a e v o lu ­
c ió n , t a n t o e n l a e s f e r a n a t u r a l c o m o e n l a s o c ia l. S i l a e v o lu -
c ió n n a t u r a l e s t á m a rc a d a p o r l a s u p e rv iv e n c ia d e l m á s f u e r t e
e n lo s e n t o r n o s p e lig r o s o s d e l p l a n e t a , l a e v o lu c ió n h is t ó r ic a
n o e s u n a e x c e p c ió n . P o r lo t a n t o , e s i n ú t i l r e s i s t i r a l d o m in io
d e l m á s f u e r t e p o r e l b i e n d e lo s s o c ia lm e n te d é b ile s .
A l r e c la m a r im p líc ita m e n te l a e lim in a c ió n d e c u a l­
q u i e r d i s t i n c i ó n e n t r e v i d a s o c i a l y n a t u r a l e z a , e l filó s o f o
LO T R A N S H U M A N O

y e c o n o m is ta F rie d ric h H a y e k a firm a q u e la m a n o in v i­


s ib l e d e A d a m S m i t h r e g u l a e l m e r c a d o c o m o u n a f u e r z a
n a t u r a l . S i g u i e n d o l a i d e a d e q u e s o lo s o b r e v i v e e l m á s
f u e r t e y q u e lo s m á s d é b ile s e s tá n c o n d e n a d o s a f r a c a ­
sa r, la id e o lo g ía n e o lib e r a l a n u la la d is tin c ió n h u m a n is ta
e n t r e la e s fe ra d e la le y n a t u r a l y l a d e l a ra z ó n m o ra l.
D ado q u e la s r e la c io n e s h u m a n a s , e s p e c ia lm e n te la s e c o ­
n ó m ic a s , s ig u e n le y e s d e a u to r r e g u la c ió n , n o h a y n e c e s i­
d a d d e in te r v e n c io n e s r e g u la to r ia s e s p e c ia le s p o r p a r te d e
lo s e s t a d o s n a c i o n a l e s u o t r a s e n t i d a d e s p o l í t i c a s . N i n g ú n
p r i v i l e g i o e s p e c i a l le f u e a s i g n a d o a l g é n e r o h u m a n o . El
e s p í r i t u a n i m a l d e lo s a g e n t e s e c o n ó m i c o s e s e l ú n i c o r e ­
g u l a d o r e f e c t i v o d e l a v i d a e c o n ó m i c a y , p o r lo t a n t o , d e l
c o n ju n to d e la v id a s o c ia l.
L a lib e r a c ió n d e l e s p ír itu a n im a l d e l c a p ita lis m o y e l
c o n s e c u e n t e d e s m a n t e l a m i e n t o d e la s i n s t i t u c i o n e s d e l a
c i v iliz a c ió n s o c ia l , d o s p r o c e s o s q u e h a n e s t a d o e n c u r s o a


n i v e l g lo b a l d u r a n t e lo s ú l t i m o s t r e i n t a a ñ o s , p r u e b a n q u e

.
la r a z ó n y la le y s o n p r o te c c io n e s f ra g ile s a n t e la v io le n c ia
d e s e n fre n a d a d el c a p ita し
Es t i e m p o d e r e c o n o c e r q u e l a m o r a l id a d s o c i a l y l á l e y
é tic a u n iv e rs a l d e la Ilu s tra c ió n n u n c a se re s ta b le c e rá n de
u n m o d o e f ic a z a n t e l a a b r u m a d o r a f u e r z a d e lo s i n t e r e s e s
c o r p o r a t i v o s , y a q u e , d e h e c h o , e l p r o c e s o d e g lo b a liz a -
c i o n b a r r i o t o d a s la s r e g u l a c i o n e s d e s t i n a d a s a p r o t e g e r
l a d i g n i d a d h u m a n a y e l e n t o r n o n a t u r a l . El m o v im ie n t o
o b re ro y la s f u e r z a s d e m o c rá tic a s c o n fia ro n d e m a s ia d o e n
l a e f e c t i v i d a d d e l a r a z ó n y d e l a le y . D e s d e u n p u n t o d e
v i s t a m a t e r i a l i s t a , d e b e m o s e n t e n d e r q u e s o lo l a f u e r z a o r ­
g a n iz a d a d e la s o c ie d a d p u e d e r e s is tir l a f u e r z a c o r p o r a tiv a
d e c o d i c ia i n d i v i d u a l o r g a n i z a d a . El p r o b l e m a e s q u e n o e s
f á c il d e s c u b r i r q u é s i g n i f i c a " f u e r z a " e n e l c a m p o s o c i a l
El m o v im ie n t o o b r e r o i n t e n t ó l u c h a r c o n t r a e l c a p i t a l i s ­
m o p o r m e d io d e r e v o lu c io n e s a r m a d a s p e r o , c o m o s a b e m o s ,
e s t o n o d io b u e n o s r e s u l t a d o s a la r g o p la z o . El E s ta d o s o ­
c i a l i s t a y e l E jé rc ito R o jo t o m a r o n e l l u g a r d e lo s o p r e s o r e s
y a l f in a l la m a y o ría d e la s p e rs o n a s p r e n n o la e x p lo ta c ió n
c o r p o r a t i v a a l a d i c t a d u r a d e l E s ta d o c o m u n i s t a .
L a c r is i s d e l h u m a n i s m o c o m e n z ó u n a v e z q u e s e p u s o
f in a l a i n d e t e r m i n a c i ó n d e l a q u e h a b l a P ic o d e l l a M ir á n d o la
e n su DiscursQr a tr a v é s d e l e s ta b le c im ie n to d e u n a r e g la
d e t e r m i n i s t a d e n t r o d e l a g e n e r a c i ó n m is m a d e l le n g u a j e .
S i l a li b e r a c i ó n h u m a n a d e l a d o m i n a c i ó n n a t u r a l c o m e n z ó
c o n e l e s ta b le c im ie n to d e la té c n ic a y c o n la a p e r tu r a d e u n
e s p a c io m s t ó r i c o a u t o g o b e r n a d o , e l d e s a r r o l lo t é c n i c o e n
s í m is m o e s t á c r e a n d o la s c o n d i c i o n e s p a r a e l r e t o r n o d e l
d e t e r m i n i s m o e n e l i n t e r c a m b i o l i n g ü í s t i c o y s o c ia l . D io s
le s d io a lo s h u m a n o s l a l i b e r t a d p a r a d e f i n i r s e a s í m is m o s .
El l e n g u a j e f u e e l e s p a c io d e e s t a a u t o d e f i m c i o n y l a t e c n o ­
l o g í a , e l i n s t r u m e n t o p a r a h a c e r e f e c t i v a e s a l i b e r t a d . P e ro
a h o r a so m o s te s tig o s d e u n re v é s p a ra d ó jic o , d a d o q u e la
t e c n o l o g í a e s t á a s u m i e n d o e l l u g a r q u e e l D io s h u m a n i s t a
h a b í a d e c id id o d e j a r v a c ío . L a t e c n o l o g í a e s t á r e e m p l a z a n ­
d o a a q u e l D io s d e t e r m i n i s t a q u e Él h a b í a d e c id id o n o se r,
p o rq u e e s tá tr a n s f o r m a n d o e l le n g u a je e n u n a c a d e n a de
a u t o m a t i s m o s y , a s í, e s t á a n u l a n d o l a i n d e t e r m i n a c i ó n q u e
e ra la c o n a ic io n p a r a la p o s ib ilid a d d e la a u to d e f im c io n y
la lib e r ta d .
H e id e g g e r e s c r ib ió q u e e l l e n g u a j e e r a l a c a s a d e l se r,
p ero ta m b ié n q u e e s te p e rte n e c ía c a d a v e z m á s a la té c ­
n ic a . C u an d o e l le n g u a je se re c o n fig u r a p o r la te c n o lo g ía
c o n e c tiv a , la c re a c ió n lin g ü ís tic a d e l s e r p a s a a e s ta r r e ­
g u l a d a p o r c a d e n a s a l g o r í t m i c a s m a t e m á t i c a s . El e v e n t o y
e l s e r se v u e lv e n d iv e rg e n te s y se a n u la la s in g u la rid a d .
E n e s t a d e s - s i n g u l a r i z a c i ó n y d e s - e v e n t u a l i z a c i o n d e l s e r,
H e id e g g e r v io e l a d v e n i m i e n t o d e l n i h i l i s m o c o m o l a e s e n ­
c i a ú l t i m a d e l a M o d e rn id a d : /ye l h o m b r e p o n e e n j u e g o e l
p o d e r i l i m i t a d o d e l c á lc u lo , l a p l a n i f i c a c i ó n y l a c o r r e c c ió n
d e t o d a s la s c o s a s . L a c i e n c ia c o m o i n v e s t i g a c i ó n e s u n a
f o r m a im p r e s c i n d i b l e d e e s t e i n s t a l a r s e a s í m is m o e n e l
m u n d o , e s u n a d e l a s v ía s p o r l a s q u e l a E d a d M o d e rn a c o r r e
e n d ir e c c i ó n a l c u m p l i m i e n t o d e s u e s e n c i a a u n a v e l o c id a d
LO T R A N S H U M A N O

i n s o s p e c h a d a p o r lo s im p l ic a d o s e n e l l a w. L o s h u m a n o s c o ­
m e n z a ro n u n p ro c e so d e m a te m a tiz a c ió n d e l le n g u a je q u e
e l i m i n a r á l a p o s ib i l i d a d d e li b e r a r s e d e l a s c a d e n a s a u t o ­
m á t i c a s d e l e n g u a j e c o m p u t a c i o n a l . El e s p a c io d e l s e r, q u e
D io s d e c id ió d a r l e a l h o m b r e c o m o u n e s p a c io v a c ío , a h o r a
e s tá lle n o d e l p o d e r g e n e ra tiv o d e la te c n o e s f e r a , d e m o d o
q u e la s c o n v e n c i o n e s d i g i t a l e s s e c o n v i e r t e n e n l a natura­
leza d e l le n g u a j e . Y e s a n u e v a n a t u r a l e z a d i g i t a l p o n e f in
a l a h i s t o r i a h u m a n i s t a , e s d e c ir , a l a h i s t o r i a e n s í m is m a .
La e v o lu c ió n h a v u e l to , y e s t á re e m p la z a n d o a l h u m a ­
n is m o e n e l a c t u a l d e v e n i r h u m a n o .

HISTORIA_Y EVOLUCIÓN

¿C óm o p o d e m o s d is t i n g u i r e l c o n c e p to d e e v o lu c ió n d e l c o n ­
c e p to d e h is t o r ia ? D ig a m o s q u e s e t r a t a d e u n a c u e s t i ó n d e

- S6Z
1
e s c a la , t a n t o e s p a c ia l c o m o te m p o r a l. No h a b la m o s d e h i s t o r i a
c u a n d o p e n s a m o s e n e l s is te m a s o la r o e n e l e s p a c io i n t e r g a ­
lá c tic o p o r q u e e s t a e s c a la e s p a c ia l s e h a l l a f u e r a d e l a lc a n c e
h u m a n o . N o h a b la m o s d e h i s t o r i a c u a n d o n o s r e f e r im o s a lo s
á to m o s y a la s p a r t í c u l a s s u b a tó m ic a s p o i q u e e s to s s e h a l l a n
f u e r a d e l a lc a n c e d e l a a c c ió n p o lít ic a . C la ra m e n te lo s e v e n to s
e x t r a t e r r e s t r e s p u e d e n i n t e r f e r i r e n l a h is t o r ia . S i u n m e t e o r i ­
t o d e s tr u y e r a l a c iu d a d d e L o n d re s , c i e r t a m e n t e t e n d r í a e fe c -
t o s h is tó r ic o s , p e r o n o s e r ía u n e v e n to h is t ó r ic o e n s í m ism o ·
Lo m is m o p u e d e d e c irs e r e s p e c to a l a e s c a la te m p o r a l.
E s ta m o s a c o s tu m b ra d o s a p e n s a r e n té r m in o s d e t ie m p o h is tó -
ric o c u a n d o e l r itm o d e lo s e v e n to s p u e d e s e r a n a liz a d o p o r la
m e n t e r a c io n a l y , p o r lo t a n t o , s e r in f lu e n c ia d o p o r l a v o lu n ta d
p o lític a . L as tr a n s f o r m a c io n e s a la rg o p la z o d e l a s u p e rf ic ie
t e r r e s t r e s e h a l l a n f u e r a d e l a lc a n c e h is tó ric o ^ s i b i e n p o d e m o s . 6

6. Martin Heidegger, wLa época de la imagen del mundo'v en Caminos de


bosque, Madrid, Alianza, 2010, p. 77.
p o r e je m p lo , a c tu a r h is t ó r ic a y p o lít ic a m e n te e n r e la c ió n c o n
la s e m is io n e s d e c a r b ó n e in f lu e n c ia r, a l a la rg a , l a t e m p e r a t u r a
g lo b a l. L os e v e n to s m ic r o te m p o r a le s t a m b ié n e s t á n m á s a llá d e
l a e s fe ra d e l c o n o c im ie n to y d e l c o n tr o l h u m a n o s .
S o lo a q u e l l o s a c o n t e c i m i e n t o s y c u e r p o s q u e n o s o n
n i m u y g ra n d e s n i m u y p e q u e ñ o s , n i m u y rá p id o s n i m u y
le n to s p a r a la c o m p re n s ió n h u m a n a , p u e d e n s e r o b je to d e
l a a c c i ó n h i s t ó r i c a y d e l a v o l u n t a d p o l í t i c a . A q u e ll o q u e
e s d e m a s ia d o g r a n d e o p e q u e ñ o , r á p id o o le n to co m o p a r a
s e r v is ib le , p e r c e p tib le y m a n e ja b le , p e r te n e c e a la e s fe ra
d e la e v o lu c ió n , n o a la d e la h is to r ia .
El p e n s a m i e n t o c i e n tí f ic o y e l c a m b io te c n o ló g i c o le s
h a n d a d o a lo s h u m a n o s l a p o s ib i lid a d d e a b o r d a r a q u e lla s
d im e n s io n e s e s p a c io - t e m p o r a l e s q u e n o p u e d e n s e r e x a m i­
n a d a s a s im p le v i s t a y q u e n o p u e d e n s e r v e r if ic a d a s y s o ­
m e t i d a s a l a d is c u s ió n r a c io n a l y a l a d e c is i o n c r ít ic a . P o r
e s t a r a z ó n , e s ta m o s s a lie n d o d e l a d im e n s ió n h i s t ó r i c a , y
n u e s t r a s a c c io n e s d e b e n a b o r d a r s e c a d a v e z m á s d e s d e u n a
a p r e c ia c ió n e v o l u tiv a .
P e n s e m o s e n l a r e la c ió n e n t r e l a t o m a d e d e c is ió n p o lít ic a
y e l c a p ita lis m o f in a n c ie r o . G ra cias a l a tr a n s f e r e n c i a e l e c t r ó ­
n i c a d e d a t o s d ig it a le s e n r e d e s g lo b a le s , lo s o p e r a d o r e s r o b o t
s e h a n a p r o p ia d o d e lo s m e rc a d o s , m u c h o s d e lo s c u a le s s o n
t a n a u t o d ir ig id o s q u e lo s h u m a n o s n o p u e d e n p r e d e c ir lo q u e
h a r á n a c o n t in u a c ió n . L os o p e r a d o r e s d e a l t a f r e c u e n c i a h a n
d o m in a d o e l m e rc a d o d e v a lo re s p o r q u e p u e d e n i n t e r c a m b ia r
a c c io n e s m ile s d e v e c e s p o r s e g u n d o . S e g ú n S c o t t P a tte r s o n ,
lo s n u e v o s a g e n t e s f in a n c ie r o s q u e a v a n z a n e n e l t e r r e n o d e
l a i n t e l i g e n c i a a r ti f ic ia l, s e h a l l a n a l b o r d e d e e m p u ja r to d o
e l s i s t e m a h a c i a u n c o la p s o g lo b a l q u e p o d r í a o c u r r ir e n m i­
n u t o s , q u iz á s in c lu s o e n s e g u n d o s . L os c a b le s d e f ib r a ó p tic a
r o d e a n l a T ie rra , v in c u la n d o t o d o s lo s m e rc a d o s f in a n c ie r o s
a v e lo c id a d e s c a d a v e z m á s r á p id a s , y e s ta b l e c i e n d o u n t e ­
r r it o r i o d e c o m p e te n c i a a lg o r ítm ic a g lo b a l. T o m a r d e c is io n e s
p o lít ic a s r e q u ie r e d ía s , a v e c e s m e s e s , e i m p l e m e n ta r la s e n e l
d e n s o t e jid o d e l a v id a s o c ia l lle v a a ñ o s . L os c a m b io s s o c ia le s
LO T R A N S H U M A N O

o c u r r e n e n u n t ie m p o d ila ta d o e n e l c u a l la s a c c io n e s s o n
n e c e s a ria m e n te le n ta s , d a d o q u e d e b e n te n e r e n c u e n ta la
r e s i s t e n c i a c u l t u r a l , e n t r e o tr o s a s p e c to s . L a r e s i s t e n c i a d e
lo s d e m o v im ie n to s p o lít ic o s s e b a s a e n e l l e n t o t ie m p o d e l a
d is c u s ió n , l a p e r s u a s ió n y l a o r g a n iz a c ió n s o c ia l. L as t r a n s f e ­
r e n c ia s f in a n c ie r a s q u e p u e d e n p o n e r e n p e lig r o l a v id a s o c ia l
y c a m b ia r r e p e n t i n a m e n t e e l p a n o r a m a p o lít ic o o c u r r e n e n
e l la p s o d e ti e m p o d e n a n o s e g u n d o s . E s ta e s l a r a z ó n p o r l a
c u a l l a s in e r g i a e n t r e e l c a p ita lis m o f in a n c ie r o y l a te c n o l o g í a
d i g i t a l h a d e r r ib a d o la s d e f e n s a s p o lít ic a s c o n t r a lo s f a c to r e s
d e c a m b io tr a n s h u m a n o s y h a p r o p u ls a d o l a v id a s o c ia l h a c ia
u n a d im e n s ió n t e m p o r a l q u e s e h a l l a f u e r a d e c o n t r o l .
M ie n tr a s t a n t o , l a s f i n a n z a s , q u e y a n o e s t á n r e l e g a d a s
a lo s m á r g e n e s d e l a v i d a e c o n ó m ic a , s e e n c u e n t r a n e n e l
n ú c le o d e la c re a c ió n (y d e s tru c c ió n ) d e la r iq u e z a . S e g ú n
C h r i s t i a n M a ra z z i:

- ¿ 6 Z.
Ustedes saben que existe toda una tradición, tanto en el marxis­
mo como en el keynesianismo ortodoxos o, de cualquier modo, en
algo vinculado a la concepción neo-ricardiana de las finanzas, que
las considera como una desviación del capital productivo real. No
creo que podamos seguir hablado de las finanzas en este sentido.
Esto no significa que se hayan convertido en algo más sexy. Hoy
en día son tan dolorosas y horrorosas como siempre lo han sido.
Este no es el punto: el punto es que hay una transformación de las ca­
tegorías utilizadas en el siglo xx. Por ejemplo, resulta difícil hoy en día
hacer una distinción entre ganancia y renta, hay un devenir renta de
la ganancia, se está borrando la línea divisoria entre ellas, pero esto no
es porque el capital ya no esté acumulándose o creciendo más y enton­
ces todo es solo especulación, sino porque este es un nuevo modo de
producción en el cual ha cambiado la relación entre capital y trabajo.7

7. Christian MarazziバMeasure and Finance”, conferencia preservada en


^Measure for Measure: A workshop on Value from Below^, Goodenough Co-
liege, Londres, 21 de septiembre de 2007. Texto disponible online en www.
generation-online.org/c/fc_measure.htm [ültiina consulta: junio de 2017].
A l i n s e r t a r e v e n t o s n a n o t e m p o r a l e s e n l a t e x t u r a in is -
m a d e l p r o c e s o d e r e p r o d u c c i ó n s o c ia l , e l c a p i t a l i s m o f i­
n a n c ie ro e s tá tr a n s f o r m a n d o n u e s tr a p e r c e p c ió n d e l tie m p o
y n o s e s tá fo rz a n d o a a b a n d o n a r la te m p o ra lid a d h is tó ric a
e n fa v o r d e u n a m a n e r a e v o lu tiv a d e p e r c ib ir y g e n e ra r
e x p e c t a t i v a s . S i m u l t á n e a m e n t e , n o s e s t á o b lig a n d o a r e ­
n u n c ia r a la a c tit u d p o lític a y a la e s p e r a n z a d e q u e la
v o l u n t a d h u m a n a p u e d a c a m b ia r a lg o . L a p e r c e p c i ó n d e l
t i e m p o s e d e s p l a z a d e s d e u n xriodo h i s t ó r i c o a u n o e v o l u ­
t i v o . S e p o d r í a o b j e t a r , o b v i a m e n t e , q u e lo s d i s p o s i t i v o s
t é c n i c o s y lo s p r o c e d i m i e n t o s f in a n c i e r o s s o n e l p r o d u c t o
d e l a v o l u n t a d h u m a n a y d e i n t e r e s e s s o c ia l e s , lo c u a l e s
v e r d a d . N o o b s t a n t e , u n a v e z q u e lo s e f e c t o s d e l a a c c i ó n
v o lu n ta r ia se c o n d e n s a n e n a u to m a tis m o s , to m a n la fo rm a
d e u n a c o n c a te n a c ió n n e c e s a ria q u e la v o lu n ta d c o n s c ie n te
y a n o p u e d e c a m b ia r , c o m b a t i r o d e s h a c e r . E l p r o c e s o d e
a b s tra c c ió n c a p ita lis ta h a e r o s io n a d o p r o g re s iv a m e n te la
p o te n c ia d e la a c tiv id a d c o n c re ta : la d ig ita liz a c ió n fin a n ­
c ie ra c o n s titu y e e l lím ite fin a l d e e s ta im p o te n c ia y e l m a r­
co e c o n ó m ic o d e u n a t r a n s f o r m a c i ó n b i o p o l í t i c a q u e f u e r z a
a l a a c t i v i d a d c o g n i t i v a a m u ta r , y c o n f ig u r a l a m a t e r i a fís ic a
d e l p r o p io s u s t r a t o n e u r o n a l . E s ta t r a n s i c i ó n d e l a e s f e r a
d e l h u m a n is m o h is tó ric o a a q u e lla d e l a u to m a tis m o e v o lu ­
tiv o p u e d e s e r d e s c r ip ta co m o la c o n s tru c c ió n d e u n a e s p e ­
c ie d e n e u r o t o t a l i t a r i s m o . L a m u t a c i ó n c o g n i t i v a i n d u c i d a
p o r l a t e c n o l o g í a d i g i t a l e s u n c a m in o e n e s t a d i r e c c ió n .

LA UTOPÍA TRANSHUMANISTA

A f in a l e s de s ig lo xix, el e v o lu c io n is ta ru so N ik o lá i
F ió d o r o v i c h F ió d o ro v a n t i c i p ó m u c h o s d e lo s t e m a s q u e s e
d e s a r r o l l a r í a n e n l a s p r im e r a s d é c a d a s d e l s ig lo xx, p a r t i ­
c u l a r m e n t e e n R u s ia y e n I t a l i a , lo s d o s p a í s e s m á s r e t r a ­
sa d o s d e l c o n tin e n te , d o n d e n o s o r p re n d e q u e e l c u lto a l
f u t u r o h a y a e x c ita d o l a im a g i n a c i ó n a r t í s t i c a . L a u t o p í a d e
LO T R A N S H U M A N O

F ió d o r o v s e b a s ó e n e l s u p u e s t o d e u n a p e r f e c t i b i l i d a d s i n
lím ite s d e l a ra z a h u m a n al y p r e te n d ía a b rir la s p u e r ta s d e l
f u t u r o a t a c o l o n i z a c i ó n d e l e s p a c io , l a r e s u r r e c c i ó n d e lo s
m u e rto s y la in m o rta lid a d .
P e r s u a d id o d e q u e lo s p r o c e s o s e v o l u tiv o s e s t a b a n d ir i-
g id o s h a c i a u n i n c r e m e n t o d e l a i n t e l i g e n c i a q u e p o d í a p r o ­
g r e s a r s i n li m i t a c i o n e s , F ió d o ro v fijó e l o b je tiv o d e a b o l ir
la m u e rte co m o la c a u s a c o m ú n d e u n a h u m a n id a d f u tu r a .
D e sd e s u p u n t o d e v i s t a , lo s s e r e s h u m a n o s m o r í a n p o r q u e n o
h a b í a n s id o c a p a c e s , h a s t a e n t o n c e s , d e r e g u l a r lo s p r o c e s o s
p s ic o fis io ló g ic o s d e s u s o r g a n is m o s . P e ro l a r a c io n a li z a c ió n
d e l a n a t u r a l e z a y l a r e g u l a c i ó n m é d ic a d e v ir u s y e p id e m ia s
le s d a ñ a la c a p a c id a d d e lib e r a r s e d e l error d e la m u e rte . La
e n e rg ía d e l co sm o s, e n e s ta u to p ía , ib a a c o n v e rtirs e e n la
f u e n t e in a g o t a b l e d e v id a h u m a n a y p r o g r e s o h i s t ó r i c o .
L a f i l o s o f í a c ó s m ic a d e F ió d o ro v f u e l a p r i m e r a d e la s

丨 6 6_
m u c h a s u t o p í a s t r a n s h u m a n i s t a s q u e m a r c a r o n e l s ig lo xx y
q u e s e c o n v i r t i e r o n , a m e n u d o , e n p e s a d i l l a s d i s t ó p i c a s . L os

2
c ie n tífic o s h a n e x p re s a d o c o n f r e c u e n c ia s u p r e o c u p a c ió n
r e s p e c t o a l a s c a r a c t e r í s t i c a s a m b ig u a s d e l a t e c n o - u t o p í a .
N o r b e r t W ie n e r, q u i e n a c u ñ ó e l t é r m i n o cibernética y que
p u e d e s e r c o n s id e ra d o co m o e l p a d re d e la te c n o lo g ía co m -
p u t a c i o n a l , f u e c o n s c i e n t e d e lo s p e l ig r o s i n t r í n s e c o s d e la s
m á q u in a s p e n s a n te s , y a q u e é l s a b ía q u e la s c o m p u ta d o ra s
p o d ía n a v a n z a r m á s a llá d e l c o n tro l h u m a n o o c o n v e rtirs e
e n h e r r a m i e n t a s d e c a p i t a l i s t a s c o d i c io s o s . P o r e s t o , i n t e n ­
tó c re a r la s c o n d ic io n e s p a r a la a u to n o m ía d e la s i n s t i t u ­
c io n e s c ie n tífic a s .
E n e l c a m p o d e la in n o v a c ió n te c n o ló g ic a , la u to p ía
y l a d i s t o p í a c r e c e n j u n t a s , p a r t i c u l a r m e n t e c u a n d o lo s
d e s a rro llo s p o s ib le s d e la s m á q u in a s in f o rm á tic a s d e s a ­
f í a n l a f a c u l t a d c o g n i t i v a . C u a n d o a c o m i e n z o s d e s ig lo l a
s in e rg ia e n tre b io te c n o lo g ía s e in te lig e n c ia a r tific ia l e s ta ­
b le c ió u n a o p o r tu n id a d s in p r e c e d e n te s p a r a r e e m p la z a r e l
c u e r p o o rg á n ic o p o r u n o rg a n is m o s in t é ti c o ( u n a v e z q u e
la m in ia tu r iz a c ió n d e lo s d is p o s itiv o s d ig ita le s a b r ió la v ía
a la n a n o te c n o lo g ía y a s í a la in s e rc ió n d e a u to m a tis m o s
t é c n i c o s e n e l t e j i d o m is m o d e l a v i d a ) , l a u t o p í a y l a d is -
to p ía se a c e rc a ro n a l p u n to d e c a si f u n d irs e e n la im a g i­
n a c ió n tr a n s h u m a n a d e l f u tu r o . D os n o m b re s e je m p lific a n
e s ta s d ire c c io n e s d iv e rg e n te s y p o s ib ilid a d e s o p u e s ta s q u e
se h a lla n im p líc ita s e n la im a g in a c ió n te c n o ló g ic a t r a n s ­
h u m a n i s t a : e l d e R a y K u rz w e il y e l d e B ill 3 o y .
B ill J o y , c i e n t í f i c o e n c o m p u t a c i ó n y c o f u n d a d o r d e
S u n M ic ro s y s te m s , e s a u t o r d e u n i m p o r t a n t e a r t í c u l o q u e
p u b lic ó l a r e v i s t a Wired e n e l a ñ o 2 0 0 0 . T itu l a d o wP o r q u é
e l f u tu ro n o n o s n e c e s ita ^ , p la n te a b a im p o r ta n te s c u e s tio ­
n e s a c e rc a d e la s c o n s e c u e n c ia s in d e s e a d a s d e la in g e n ie ría
g e n é tic a y la n a n o te c n o lo g ía , c u y o d e s p lie g u e in m in e n te
a m e n a z a b a c o n in v a d ir e l e n to r n o n a t u r a l y e l p ro p io c e ­
reb ro h u m a n o .
B ill 3 o y c o m i e n z a s u a r t í c u l o e x p r e s a n d o s u s p r e o c u ­
p a c io n e s é tic a s :

Desde el momento en que me vi involucrado en la creación de


nuevas tecnologías, sus dimensiones éticas me han preocupado,
pero no fue hasta el otoño de 1998 que me volví ansiosamen­
te consciente de cuán grandes son los peligros a los que nos
enfrentamos en el siglo xxi. Puedo fechar el comienzo de mi
incomodidad el día en que me encontré con Ray Kurzweil, el
meiecidamente famoso inventor de la primera máquina lectora
para ciegos y otros muchos objetos increíbles.
Ray y yo éramos ambos oradores en las conferencias Telecosm
de George Gilder y me lo encontré por casualidad en el bar del
hotel una vez terminadas nuestras sesiones. Yo estaba sentado
con John Searle, un filósofo .de Berkeley que estudia la concien­
cia. Ray se acercó e inició una conversación cuyo contenido me
persigue hasta el día de hoy.
Yo me había perdido la conferencia de Ray y el subsiguiente de­
bate en el que Ray y John habían participado, y que ahora ellos
retomaban en el punto en que lo habían dejado, con Ray dicien­
do que la tasa de crecimiento del desarrollo tecnológico se iba a
LO T R A N S H U M A N O

acelerar y que nos convertiríamos en robots o nos fusionaríamos


con ellos, o algo parecido, y John sosteniendo que esto no po­
dría pasar, ya que los robots nunca alcanzarían la conciencia.
Habiendo escuchado ya conversaciones como esta, siempre ha­
bía pensado que los robots sensibles eran algo que pertenecía al
dominio de la ciencia ficción. Pero ahora, viniendo de alguien a
quien respetaba, estaba escuchando un argumento convincente
de que esto era una posibilidad más que factible en un futuro
próximo. Me sentí dubitativo, especialmente dada la clara habili­
dad de Ray para imaginar y crear el futuro. Yo sabía que nuevas
tecnologías como la ingeniería genética y la nanotecnología nos
estaban dando el poder para rehacer el mundo, pero un escenario
realista e inminente para robots inteligentes me sorprendió.

L u e g o lle g a a l p u n t o c ru c ia l: l a c o m p le jiz a c ió n d e l a t e c ­
n o lo g ía c o n d u c ir á a u n a s i t u a c i ó n e n l a c u a l lo s s e re s h u m a ­

_ ι°ε ’
n o s n o p o d r á n c o n t r o l a r lo s p r o d u c to s d e s u p r o p ia in v e n c ió n :

Eventualmente, se llegará a un punto en el que las decisiones


necesarias para mantener el sistema en funcionamiento serán
tan complejas que los seres humanos serán incapaces de tomar­
las de manera inteligente. En ese punto las máquinas tendrán
el control efectivo. La gente no podrá simplemente "'apagar las
máquinas,,/ porque será tan dependiente de ellas que apagarlas
equivaldría al suicidio.
Por otra parte, es posible que el control humano sobre las máqui­
nas pueda ser retenido. En ese caso el hombre promedio podría
tener control sobre ciertas máquinas privadas, como su coche
o su computadora, pero el control sobre grandes sistemas de
máquinas estará en manos de una pequeña élite.89

8. Bill Joy, rtWhy the Future Doesn^t Need Us/7, en Wired, núm. 8, 4 de abril
de 2000, disponible online en www.wired.coin/2000/04/joy-2/ [última
consulta: junio de 2017].
9. Ibíd.
L u e g o d e l e e r e l a r t í c u l o d e 3 o y , d e c id í e x a m i n a r l a o p i­
n i ó n d e K u rz w e il, e l d e f e n s o r d e la s te c n o l o g í a s t r a n s h u m a ­
n a s , y l e e r s u lib r o La Singularidad está cerca. El lib r o e s t á
lle n o d e in f o r m a c ió n i n t e r e s a n t e a c e r c a d e p r o y e c to s t e c -
n o - c i e n t í f i c o s , p e r o r e s u l t a d if íc il to m a r lo s e r i a m e n t e d e s d e
u n p u n t o d e v i s t a filo s ó fic o . A n te t o d o , K u rz w e il c o m p r u e b a
q u e l a p r o d u c t i v i d a d t e c n o l ó g i c a s e h a c e c a d a v e z m á s v e lo z
y q u e , p o r c o n s ig u ie n te , e l p ro c e so d e m in ia tu r iz a c ió n se
a c e l e r a r á e n la s p r ó x im a s d é c a d a s . C o n c lu y e q u e e l p r o c e s o
d e c r e a c ió n d e lo s d is p o s itiv o s n e c e s a r io s p a r a r e e m p l a z a r
lo s t e j i d o s o r g á n ic o s y p e r e c e d e r o s d e l c u e r p o y d e l c e re b ro
h u m a n o p o r o p c i o n e s m á s d u r a d e r a s s e r á e x p o n e n c i a l:

A medida que nos acercamos a la capacidad de computación nece­


saria para emular el cerebro humano (ya casi lo hemos conseguido
con los superordenadores), los esfuerzos para escanear y entender
el cerebro humano, y para construir modelos y simulaciones del
cerebro sobre los que trabajar, se están acelerando. [...]
Una vez que, en la década del 2020, entremos en la era de los
nano-robots, seremos capaces de observar todas las característi­
cas importantes del funcionamiento neuronal. Esta observación
se hará con una resolución muy alta desde dentro del propio
cerebro. El envío de miles de millones de nano-robots a través de
sus capilares nos permitirá escanear de forma no invasiva la to­
talidad de un cerebro en funcionamiento y en tiempo real. [...]
La nanotecnología promete proporcionarnos las herramientas
para reconstruir, fragmento a fragmento y potencialmente átomo
a átomo, el mundo físico (nuestros cuerpos y nuestros cerebros
incluidos). De acuerdo con la ley de los rendimientos acelerados,
estamos empequeñeciendo el tamaño de los dispositivos tecno­
lógicos clave a un ritmo exponencial de aproximadamente cuatro
veces por dimensión lineal cada década.10

10. Ray Kurzweil, La singularidad está cerca. Cuando los humanos trasríen-
dan la biología, Berlín, Lola Books, 2012, pp. 220, 221 y 256.
LO T R A N S H U M A N O

L a c ie n c ia fic c ió n y a h a e x p r e s a d o la p o s ib ilid a d d e
t a l e s e s c e n a r i o s , y y o t o m o m u y e n s e r i o a l a c i e n c i a f ic ­
c ió n p o r q u e c re o q u e s u s e s c r ito r e s h a n s id o , a m e n u d o ,
lo s m e jo re s d e te c to r e s d e te n d e n c ia s y p o te n c ia lid a d e s .
P e ro n o s o n e n t u s i a s t a s y o p t i m i s t a s d e m a n e r a u n á n i m e
re s p e c to a la re p ro d u c c ió n a r tific ia l d e l c e re b ro h u m a n o .
E m u la r l o s c e r e b r o s h u m a n o s p u e d e c o n d u c i r a e s c e n a r i o s
r e a l m e n t e h o r r o r o s o s , c o m o lo h a n m o s t r a d o l o s e s c r i t o r e s
d e l c ib e rp u n k .
M á s a l l á d e e s t o , e n l a p r o m e s a d e K u r z w e il d e u n a
v id a e t e r n a y fe liz , n u m e ro s o s d e ta lle s n o e s tá n d e l to d o
c l a r o s . Es i n n e g a b l e q u e l a m e j o r a y e l p e r f e c c i o n a m i e n t o
d e lo s d i s p o s i t i v o s t é c n i c o s y b i o g e n é t i c o s e s t á a c e l e r á n ­
d o se e x p o n e n c ia lm e n te , a s í com o la m in ia tu riz a c ió n . En
a lg u n a s d é c a d a s, s e re m o s c a p a c e s d e re e m p la z a r p a r te s
d e l c u e rp o h u m a n o c o n o tr a s n o p e r e c e d e ra s . C o n c u erd o

• SE
e n q u e e s t o s e r á ( y y a lo e s ) u n p r o g r e s o f o r m i d a b l e p a r a
l a m e d i c i n a . N a d ie p u e d e s u b e s t i m a r t a l p e r s p e c t i v a , p e r o


s u s i m p l i c a c i o n e s f ilo s ó f ic a s e s t á n l e j o s d e s e r o b v ia s .
La id e o lo g ía tra n s h u m a n a in te n ta , e s e n c ia lm e n te ,
lle v a r a ca b o e l p e r f e c c io n a m ie n to té c n ic o co m o u n p r o ­
y e c t o u n i f i c a d o . K u r z w e il p r o p o n e e x p l í c i t a m e n t e lo s i ­
g u ie n te : e s c a n e a r y c a rg a r la e s tr u c tu r a d e la m e n te de
u n a p e r s o n a y d e s c a rg a rla e n u n c u e rp o tr a n s -b io ló g ic o .
P ero u n a v e z q u e se im p le m e n te la i n te lig e n c i a h u m a n a
n o -b io ló g ic a , se a lte r a r á ra d ic a lm e n te la n a tu r a le z a d e la
v id a h u m a n a .

La comprensión de los métodos del cerebro humano nos ayudará


a diseñar máquinas similares inspiradas en la biología. Otra apli­
cación importante será conectar nuestro cerebro con los orde­
nadores, cosa que creo que se convertirá en una fusión cada vez
más íntima durante las décadas que se avecinan. [...]
Cargar el cerebro humano significa escanear todos sus detalles
principales y luego reinstanciar como es debido dichos detalles
en un potente sustrato computacional. Este proceso reproducirá
la personalidad de un ser humano por completo (memoria, ha­
bilidades e historia).
Si de verdad reproducimos los procesos mentates de una perso­
na en particular, entonces la mente reinstanciada necesitará de
un cuerpo, ya que una gran parte de nuestro pensamiento está
dirigida hacia nuestras necesidades físicas y nuestros deseos.1121

D esd e u n p u n to d e v i s t a e x is te n c ia !· , e s t e p r o y e c t o
n o r e s u l t a t a n a t r a c t i v o : t a n s o lo i m a g i n e m o s l a i n f i n i t a
tr is te z a de e s a s m e n te s d e c ré p ita s c o n te n id a s e n c u e rp o s
á g ile s y d e a p a r ie n c ia jo v e n . P e ro , a d e m á s , la te o r í a de
K u rz w e il m i n i m i z a u n g r a n n ú m e r o d e i m p l i c a c i o n e s f i l o ­
s ó f ic a s c o n c e r n i e n t e s a l c o n c e p t o d e l ^yo^.
En The Ego Tunnel [El t ú n e l d e l e g o ] , T h o m a s M e tz in g e r se
p r e g u n t a lo s ig u i e n te : y,¿ Q u ié n e s e l q u e s i e n t e t u s s e n t i m i e n ­
t o s y e l q u e s u e ñ a t u s s u e ñ o s ? ¿ Q u ié n e s e l a g e n t e h a c ie n d o e l
h a c e r y c u á l e s l a e n t i d a d q u e p ie n s a t u s p e n s a m i e n to s ? ¿P or
q u é t u r e a lid a d c o n s c ie n te e s tu r e a lid a d c o n s c ie n te ? " . E sta s
s o n p r e g u n t a s q u e n o p u e d e n s e r d e s e s tim a d a s . A n te s d e q u e
p o d a m o s c o p ia r y d e s c a rg a r e l " y o " , d e b e m o s s a b e r lo q u e es.
S e g ú n M e tz in g e r, e l " y o 〃 e s u n a d e f in ic ió n fa ls a , u n a e s p e c ie
d e p r o y e c c ió n ilu s o r ia d e l a c o n c ie n c ia .

La experiencia consciente es como un túnel. La neurociencia mo­


derna ha demostrado que el contenido de nuestra experiencia cons­
ciente no es solo un constructo interno, sino también una manera
extremadamente selectiva de representar la información. Por ello
es un túnel: lo que vemos y oímos, o lo que sentimos, olemos y
saboreamos, es tan solo una pequeña fracción de lo que realmente
existe ahí afuera. Nuestro modelo consciente de realidad es una
proyección dimensional sesgada de la realidad física, inconcebible-

11. Ray Kurzweil, ibid., pp. 217 y 223.


12. Thomas Metzinger, The Ego Tunnel: The Sdence of Mind and the Myth of
the Self, Nueva York, Basic Books, 2009, p p .1 y 2.
LO T R A N S H U M A N O

mente más rica, que nos rodea y nos sustenta. Nuestros órganos
sensoriales son limitados: ellos han evolucionado por razones de
supervivencia, no para representar la enorme riqueza de la realidad
13
en toda su insondable profundidad.

A q u í, u n a v e z m á s , e n c o n t r a m o s e l p r o b l e m a d e l a i n d i ­
v i d u a c i ó n q u e G ilb e r t S im o n d o n e x a m in ó e n p r o f u n d i d a d .
D ad o q u e K u rz w e il i g n o r a e s t e p r o b l e m a , s u p r o p u e s t a e s
b a s t a n t e d é b i l a n i v e l f ilo s ó f ic o , i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e l a
f ia b i l i d a d d e s u s p r e d i c c i o n e s t e c n o l ó g i c a s .

EL REGISTRO DEL TIEMPO Y DEL YO

La p re d ic c ió n f u n d a m e n t a l d e K u rz w e il c o n c i e r n e a la
^ S in g u la rid a d ^ , u n a p a la b r a q u e to m ó p r e s ta d a d e J o h n

_ ς 〇ε
v o n N e u m a n n , q u ie n , e n la d é c a d a d e 1 9 5 0 , h a b ló d e "lo s

_
b io s e n e l m o d o d e v id a h u m a n a , q u e d a n la a p a r ie n c ia d e
a p ro x im a rn o s a u n a s in g u la r id a d e s e n c ia l e n la h is to r ia
d e l a r a z a s i n l a c u a l lo s a s u n t o s h u m a n o s , t a l c o m o lo s
14
c o n o c e m o s , n o p o d r í a n c o n t i n u a r ’’·13
L a e le c c ió n d e K u rz w e il d e u t i l i z a r e l té r m i n o Singularidadr
con S m a y ú s c u l a e s , e n m i o p i n i ó n , b a s t a n t e c o n tr o v e r s ia l.
De h e c h o , e l s ig n ific a d o filo s ó fic o d e l t é r m i n o singularidad,
e n m in ú s c u la , s e r e f ie r e a l a u n i c i d a d e i r r e p e t i b i l i d a d d e u n
e v e n to . A sí u t i l i z a G u a t t a r i e s t e t é r m i n o , in s c r i b ié n d o l o e n
u n a t r a d i c i ó n filo s ó fic a q u e s e r e m o n t a a H e n r i B e rg s o n .
En La evolución aeadora, p u b lic a d o e n P a rís e n 1 9 0 7 ,
H e n r i B e rg s o n a b o r d a la s c u e s ti o n e s filo s ó fic a s q u e K u rz w e it
e lu d e , e n p a r tic u la r , lo s p r o b le m a s d e l m e c a n ic is m o y f ín a lis m o

13. Ibíd., p. 7.
14. En Stanislaw Ulam, ^Tribute to John von Neumann,,r en Bulletin o f the
American Mathematical Society 64, núm. 3, parte 2, mayo de 1958, p. 5.
e n l a e v o lu c ió n d e l a n a t u r a l e z a y e n e l s u r g im ie n to d e l a c o n ­
c ie n c ia . A u n q u e t o d o e n la s p r e d ic c io n e s y te o r í a s d e K u rz w e il
p u e d a s e r c o r r e c to , s u c o n s tr u c to t r a n s h u m a n o p o s b io ló g ic o
s e o lv id a d e a lg o i m p o r t a n t e a c e r c a d e l a c o n c ie n c ia , q u e e s
l a d u r a c ió n , l a e x i s te n c ia e n e l tie m p o · V o lv am o s u n a v e z m á s
s o b re e l c o n c e p to d e e x - s is te n c ia . P a ra H e id e g g e r, e x - s is te n c ia
im p lic a e l Daf q u e s ig n ific a l a p r e s e n c ia e n e l e s p a c io , p e ro
t a m b i é n e n e l t i e m p o , e l e s t a r a q u í y a h o r a . B e rg s o n c i t a a
L a p la c e p a r a d e f in ir u n a v is io n m e c á n ic a q u e r e s u l t a s im ila r
a l a d e K u rz w eil:

Si una inteligencia que, para un instante dado, conociera todas las


fuerzas de las que la naturaleza está animada y la situación respec­
tiva de los seres que la componen fuera, por otra parte, lo suficien­
temente vasta como para someter esos datos al Análisis, abrazaría
en la misma fórmula los movimientos de los cuerpos más grandes del
universo y aquellos del átomo más ligero: nada sería incierto para
ella, y el porvenir, como el pasado, estaña presente a sus ojos.

El p r o b le m a e s q u e la p e r f e c c ió n d e t a l r e d u c c ió n m e -
c a n i c i s t a n o c a p t a lo c i r c u n s t a n c i a l d e l a e x i s t e n c i a y , p o r
lo t a n t o , n o c o m p r e n d e l a e x i s t e n c i a y l a c o n c i e n c i a e n
c u a n to s in g u la rid a d e s , e n m in ú s c u la .

La esencia de las explicaciones mecanicistas es en efecto con­


siderar el futuro y el pasado como calculables en función del
presente, y pretender así que todo está dado. En esta hipótesis,
pasado, presente y futuro serían visibles de una sola vez para una
inteligencia sobrehumana, capaz de efectuar el cálculo. También
los científicos que han creído en la universalidad y en la perfec­
ta objetividad de las explicaciones mecanicistas han .formulado,
16
consciente o inconscientemente, una hipótesis de este género.15

15. Pierre Simon Laplace, citado en Henri Bergson, La evolución creadora,


Buenos Aires, Cactus, 2016, p. 44.
16. Henri Bergson, La evolución creadora, Buenos Aires, Cactus, 2016, p. 43.
LO T R A N S H U M A N O

La c o m p u ta c ió n p u e d e p e r m itir la r e p ro d u c c ió n p e r f e c ­
t a d e u n c u e r p o y t a m b i é n ( q u i é n s a b e ) d e l c e r e b r o . P e ro
la c o m p u ta c ió n d e s c o n o c e la re la c ió n e n tr e e l c o n s tru c to
y e l e n t o r n o , c o m o a s í t a m b i é n e l p r o c e s o q u e D e le u z e y
G u a t t a r i l l a m a n y'd e v e n ix o tr o ^ y H e id e g g e r ws e r p a r a l a
m u e r t e w (Sein-zum-Tode). L a c o m p u t a c i ó n n o t i e n e e n c u e n ­
t a l a d u r a c i ó n y l a p e r c e p c i ó n v iv a d e l t i e m p o .
S e g ú n B e r g s o n : "E l U n iv e r s o d u r a " . 1718

La repetición no es por tanto posible más que en abstracto: lo que


se repite es tal o cual aspecto que nuestros sentidos y sobre todo
nuestra inteligencia han desprendido de la realidad, precisamente
porque nuestra acción, sobre la cual ha tendido todo el esfuerzo
de nuestra inteligencia, solo se puede mover entre repeticiones.
De este modo, concentrada sobre lo que se repite, preocupada
únicamente por soldar lo mismo a lo mismo, la inteligencia se

丨ζ°ε _
aparta de la visión del tiempo. Le repugna lo que ñuye y solidifica
todo lo que toca. Nosotros no pensamos el tiempo real. Pero lo
vivimos, porque la vida desborda a la inteligencia. [...]
En todas partes donde algo viva, hay, abierto en alguna parte, un
registro en el que el tiempo se inscribe.

B e rg so n e s tá h a b la n d o d e u n r e g is tro d o n d e se g ra b a
l a v i d a , d o n d e s e i n s c r i b e e l t i e m p o . ¿ P e ro c ó m o p o d e m o s
e s ta r e n c o n ta c to co n e l r e g is tro d e l tie m p o , cóm o p o ­
d e m o s s e n t i r e l f lu jo d e l a m a t e r i a v iv a ? L a m e m o r i a e s
n u e s tr o a c c e so a e s te r e g is tr o d e l tie m p o y , c o m o to d o e l
m u n d o s a b e , l a m e m o ria n o e s u n a r e c o n s tr u c c ió n d e u n
e v e n t o o s e r i e d e e v e n t o s r e g u l a r , f ija , r e p e t i b l e y c o m p u ­
t a b l e . E lla e s l a r e - c r e a c i ó n y r e - i m a g i n a c i ó n d e u n p a s a ­
d o q u e e s t á c o n tin u a m e n te c a m b ia n d o a m e d id a q u e n o s
d i s t a n c i a m o s d e é l y v a r í a n u e s t r o p u n t o d e v i s t a . L os

17. Ibíd., p. 21.


18. Ibíd., pp. 50 y 26.
r e c u e r d o s p u e d e n s e r s im u la d o s , p r o d u c id o s e in s e r ta d o s
té c n ic a m e n te e n u n c e re b ro h u m a n o , c o m o le s u c e d e a lá
re p lic a n te R ach el e n Blade Runner. P e ro l a m e m o r i a v iv a
y c a m b ia n te q u e p e r c ib e la d u r a c ió n d e l tie m p o co m o la
m a rc a d e l "y o " e n c u a n to d e v e n ir d ifíc ilm e n te p u e d a se r
re p ro d u c id a a tr a v é s d e la té c n ic a .

DISCRETO, CONTINUO, SENSIBILIDAD

El t e c n o - t r a n s h u x n a n i s m o s e b a s a e n e l s u p u e s t o d e q u e
l a m i n i a t u r i z a c i ó n y e l p e r f e c c i o n a m i e n t o e x t r e m o d e lo s
c irc u ito s d ig ita le s d e a u tó m a ta s in te lig e n te s p o s ib ilita rá n
e l re e m p la z o d e fin itiv o d e l frá g il c u e rp o h u m a n o p o r a n ­
d ro id e s m e n o s p e r e c e d e ro s , c u y a s c a r a c te r ís tic a s f ís ic a s y
m e n ta le s s e r á n in d is tin g u ib le s d e la s d e l p ro p io h u m a n o .
E s to q u i z á s u c e d a . M i p r e g u n t a n o e s p o r l a f a c t i b i l i ­
d a d d e u n p e r f e c to s im u la c ro , s in o a c e r c a d e l s u r g im ie n to
del ^Y ,rr e s
〇 d e c ir , d e l a a u t o p e r c e p c i ó n d e u n a s i n g u l a r i ­
d a d c o n s c ie n te .
El s e n t i d o d e d u r a c ió n e s l a m a rc a e s e n c ia l d e l y o c o n s ­
c i e n t e y lo q u e lo h a c e i r r e d u c t i b l e a l a r e c o m b in a c ió n a lg o ­
r ítm i c a . E s te s e n t i d o n o p u e d e s e r s im u la d o e n u n c o n s tr u c -
t o a r t i f i c i a l q u e r e p r o d u z c a p e r f e c t a m e n t e la s c a r a c t e r í s t i c a s
d e l c u e r p o h u m a n o , p o r q u e e l s e n t i d o d e d u r a c ió n n o p u e d e
r e d u c ir s e a l c o m p o r t a m i e n t o ; e s s u f r i m i e n t o , e s l a c o n c ie n ^
c ia d e l a d e s c o m p o s ic ió n d e l o r g a n is m o y d e l a m u e r t e .
A q u í n o s c o n f r o n t a m o s c o n u n a d e l a s c u e s t i o n e s f ilo ­
s ó f ic a s f u n d a m e n t a l e s , a s a b e r , l a i n f i n i t a d iv i s i b i l i d a d d e
la m a te r ia y la im p o s ib ilid a d h u m a n a d e p e n s a r la in f in i­
d a d . L as p a r a d o j a s d e Z e n ó n , p a r t i c u l a r m e n t e l a l l a m a d a
^ p a r a d o j a d e l a d i c o t o m í a w ( t o d o lo q u e s e m u e v e d e b e l l e ­
g a r a l a m i t a d d e s u c a m in o a n t e s d e l l e g a r a s u d e s t i n o ) ,
t r a t a n e s e n c i a l m e n t e e s t e p r o b l e m a q u e d u r a n t e s ig lo s y
e n r e p e t i d a s o c a s io n e s f iló s o f o s , f ís ic o s y m a t e m á t i c o s h a n
i n t e n t a d o r e s o lv e r .
LO T R A N S H U M A N O

L o s c o n c e p t o s m a t e m á t i c o s d e lo d i s c r e t o y lo c o n t i n u o
s o n u n a r e f o r m u l a c i ó n m o d e r n a d e e s t a m is m a p a r a d o j a . S i
l a m a t e r i a e s i n f i n i t a m e n t e d iv is ib le , ¿ p o r q u é e x p e r i m e n ­
ta m o s la s c o sa s m a te ria le s co m o u n c o n tin u o ? No e x is te
re a lm e n te u n a re s p u e s ta a e s ta p re g u n ta , p o rq u e la e x p e ­
r i e n c i a e x i s t e n c i a l y e l p e n s a m i e n t o ló g ic o n o p e r t e n e c e n
a l m is m o d o m in i o d e l s e r. M ie n tr a s q u e e l p e n s a m i e n t o l ó ­
g ic o e s a t e m p o r a l , l a e x p e r i e n c i a s e d a e n e l t i e m p o .
En Gödel Escher, Bachr D o u g la s H o fs ta d te r r e fle x io n a
s o b r e l a i n t e l i g e n c i a a r t i f i c i a l y s o b r e l a r e l a c i ó n e n t r e lo
d i s c r e t o y lo c o n t i n u o , u t i l i z a n d o c o n s t r u c c i o n e s m e n t a ­
le s q u e s o n ló g ic a m e n te im p o s ib le s , p e ro q u e s in e m b a rg o
e x i s t e n , c o m o lo s d i b u j o s d e E s c h e r . E n l a i n t r o d u c c i ó n d e l
lib r o , H o f s ta d te r p l a n t e a e l p r o b le m a d e la r e la c ió n e n t r e
la c o n c ie n c ia y e l in c o n s c ie n te d e la s c o m p u ta d o ra s y a fir­
m a q u e e l p r i n c i p a l o b j e t i v o d e s u li b r o s e r á c u e s t i o n a r e l
a b i s m o i n s o n d a b l e e n t r e lo f o r m a l y lo i n f o r m a l .

I
·
Por su misma naturaleza, las computadoras son los animales más
inflexibles, los más privados de deseos, los más seguidores de re­
glas. Pese a su gran rapidez, son el epítome de la inconsciencia.
¿Cómo programar entonces la conducta inteligente? Una de las
tesis principales del presente libro es que no hay contradicción
alguna, y uno de los principales objetivos es lograr que el lector
se anime a afrontar la contradicción sin ningún miedo, a sabo­
rearla, a darle vueltas, a desmenuzarla, a revolcarse en ella, para
que!al terminar la lectura se vea dueño de nuevas ideas sobre
el abismo al parecer insalvable entre lo formal y lo informal, lo
animado y lo inanimado, lo flexible y lo inflexible.19

El p r o b le m a q u e K u rz w e il n o h a e l a b o r a d o e s t á a q u í s o ­
b r e l a m e s a . ¿C óm o p o d e m o s c o n s t r u i r lo a n i m a d o a p a r t i r

19. Douglas Hofstadter, Gödel Escher, Bach: un eterno y gran bucle (1979),
Barcelona, Tusquets, 2009, p. 30.
d e lo i n a n i m a d o ? ¿C óm o p o d e m o s c o n s t r u i r lo f le x ib le a p a r ­
t i r d e lo i n f le x ib le ? Z e n ó n n o s d i r í a q u e e s t o e s im p o s ib le ,
a u n q u e e n n u e s t r a v i d a d i a r i a c a m in e m o s y n o s m o v a m o s .
El s a l t o d e lo d i s c r e t o a lo c o n t i n u o e s p o s ib l e a u n q u e s e a
im p e n s a b le . ¿ C u á l s e r á e l s a l t o c u a l i t a t i v o q u e p e r m i t i r á l a
tr a n s f o r m a c i ó n d e u n e n s a m b l a je d e n a n o d i s p o s i t i v o s e n u n
o r g a n is m o s e n s ib le ? Yo d i r í a q u e e s t e s a l t o c u a l i t a t i v o , e s t a
t r a n s f e r e n c i a d e u n a d im e n s i ó n a o t r a , e s l a s e n s i b i l i d a d , l a
f a c u l t a d d e s e n t i r lo q u e u n o s i e n t e . ¿ P e ro a c a s o p u e d e u n
c o n s tru c to a r tific ia l s e n tir s e s in tie n d o ?

No es otra cosa lo que persiguen las investigaciones sobre


Inteligencia Artificial ( ia ) . Y es un espectáculo singular el que
ofrecen esos investigadores de x a que afanosamente toman largos
conjuntos de reglas y los arman en formalismos estrictos para de­
cirles a las máquinas inflexibles de qué modo ser flexibles. [...] La
flexibilidad de la inteligencia es el resultado del enorme número
de reglas distintas y de niveles distintos de reglas que existen. La
razón de tantas reglas que operan en tantos niveles distintos es
que el ser humano se enfrenta en la vida a millones de situaciones
de tipos completamente heterogéneos.

La r e s p u e s ta d e H o fs ta d te r a la p r e g u n ta a c e rc a de si
u n c o n s tru c to a rtific ia l p u e d e s e n tirs e s in tie n d o es o b ­
v ia m e n te sí y n o . Sí e n te o r ía , d a d o q u e s u im p o s ib ilid a d
ló g ic a p u e d e s e r s u p e ra d a p o r e l s a lto c u a lita tiv o d e la
s e n s i b i l i d a d . P e ro n o e n l a p r á c t i c a , p o r q u e l a s e n s i b i l i d a d
e x is te e n u n c o n te x to , y e n c a d a c o n te x to p o s ib le s ie n te
d e m a n e r a d if e r e n te . E n s u v id a u n o rg a n is m o s e e n f r e n ta
a m illo n e s d e s itu a c io n e s c o m p le ta m e n te d iv e rs a s , e s p o r
e so q u e c o n s tr u ir u n a r te f a c to q u e p u e d a s e r t a n fle x ib le y
s e n s i b l e c o m o u n o r g a n i s m o v iv o s e r í a u n a t a r e a i n f i n i t a .
Y la s ta r e a s in f in it a s n o p u e d e n s e r lo g ra d a s .
A u n q u e e l s a l t o d e lo d i s c r e t o a lo c o n t i n u o e s i m ­
p e n s a b le , y a p e s a r d e q u e e s ta m o s c o m p u e s to s d e m a ­
te ria d is c re ta , d e á to m o s d e m a te r ia n o -v iv a , a u n así
LO T R A N S H U M A N O

v iv im o s , p e n s a m o s y s e n tim o s d e m a n e r a c o n t in u a . ¿P o r
q u é ? P o rq u e la s d im e n s io n e s d e la e x p e r ie n c ia e x is te n c ia l
y d e l p e n s a m i e n t o ló g i c o o c u r r e n e n d i f e r e n t e s n i v e l e s y
n o p u e d e n tr a d u c ir s e c o m p le ta m e n te o v o lv e rs e c o m p a ­
tib l e s . C om o a f ir m a u n o d e lo s a r g u m e n to s q u e e l p r o p io
T u rin g c o n s id e r a c o n tr a d ic to r io a s u o p in ió n e n s u fa m o s o
a r t í c u l o ^ M a q u i n a r ia c o m p u t a c i o n a l e i n t e l i g e n c i a w: wEl s i s ­
te m a n e rv io s o n o e s , p o r c ie r to , u n a m á q u in a d e e s ta d o s
d i s c r e t o s . [ . . . ] S ie n d o a s í , p u e d e s o s t e n e r s e q u e n o c a b e
c o n fia r e n l a p o s ib ilid a d d e im i ta r e l c o m p o rta m ie n to d e l
s is te m a n e rv io s o m e d ia n te u n s is te m a d e e s ta d o s d is c re ­
t o s " . 20 P o d r ía m o s d e s c r i b i r e l s i s t e m a n e r v i o s o e n t é r m i -
n o s d e p a r tí c u la s , d e c o m p o n e n te s d is c r e to s (la s n e u r o ­
n a s ), q u e d a n n a c im ie n to a p ro c e s o s c o g n itiv o s a tra v é s
d e la c o n c a te n a c ió n ; p e ro e s ta d e s c rip c ió n s e ría m e n o s
a p ro p ia d a q u e u n a e n té rm in o s de o n d a s , in te r a c c io n e s y
re c o n fig u ra c io n e s e n re la c ió n c o n e l c o n te x to . La s in a p s is
p u e d e s e r d e s c r ip ta co m o c o n e x ió n , p e ro e s to n o s e ría
d e l to d o c o r r e c to , y a q u e la s in a p s is e s tá c o m p u e s ta p o r
p ro c e s o s v ib r a to rio s q u e se a p ro x im a n a u n a e s ta b ilid a d
in a lc a n z a b le . La a c tiv id a d c o g n itiv a n o d e b e r ía d e fin irs e
e n té r m in o s d e c o n e c tiv id a d , s in o e n té r m in o s d e c o n j u n ­
c i ó n v i b r a t o r i a . E s te e s p o s i b l e m e n t e e l s i g n i f i c a d o d e l a
e x p r e s i ó n yye l s e n t i r i n t e r n o ^ (the inner touch), c o n la q u e
H e l l e r - R o a z e n d e f i n e l a c o n c i e n c i a . 21
S e g ú n D ia n e A c k e r m a n n , l a c o n c i e n c i a e s e s e n c i a l m e n ­
t e l a p r o p i o c e p c i ó n , l a p e r c e p c i ó n d e n o s o t r o s m is m o s e n
u n s e n t i d o f ís ic o , c o r p o r a l . 22 E n m i o p i n i ó n , l a c o n c i e n c i a
es v ib ra to ria p o rq u e e s la p e rc e p c ió n d e u n a c o n c a te n a c ió n
c o n j u n t i v a e n c o n t i n u o c a m b io : l a c o n j u n c i ó n d e l c e r e b r o y

20. Alan Turing citado en Douglas Hofstadter, Gödel ibíd., p. 664.


2 1 . Daniel'Heller-Roazen, The Inner Touch: Archeology o f a Sensation, Nueva
York, Zone Books, 2007.
22. Diane Ackerman, Una historia natural de los sentidos, Barcelona,
Anagrama, 1992.
e l c u e rp o , p e ro ta m b ié n , p o r u n la d o , la d e l c u e rp o -c e re b ro
y l a m a t e r i a q u e e n t r a e n l a c o m p o s ic ió n f í s i c a d e l c e r e b r o ;
y , p o r o t r o la d o , l a d e l c u e r p o - c e r e b r o y e l e n t o r n o e n s u
in f in it a v a ria c ió n .

La conciencia es un fenómeno muy especial, porque es parte del


mundo y lo contiene al mismo tiempo. Toda nuestra información
indica que la conciencia es parte del universo físico y que es un
fenómeno biológico en evolución. La experiencia consciente, sin
embargo, es mucho más que la suma de la física y la biología,
más que un patrón fantásticamente complejo de disparos neuro­
nales en nuestro cerebro. Lo que diferencia a la conciencia hu­
mana de otros fenómenos biológicos evolucionados es que hace
aparecer una realidad dentro dé sí misma. Crea interioridad; el
procesó de vida se hace consciente de si mismo.

A lg o e s e n c i a l a l a i n t e r i o r i d a d e s e l t i e m p o , l a p e r c e p ­
c i ó n d e c o n t i n u i d a d , l a d i s o l u c i ó n ir r e v e r s i b l e d e l
H e id e g g e r l l a m a a e s t o e l " s e r p a r a l a m u e r t e " y h a b l a d e
l a a n g u s t i a q u e v i e n e a s o c i a d o a e l l o . E s ta a n g u s t i a , q u e
n o t i e n e o b j e t o , n o e s l a p e r c e p c i ó n d e u n p e l i g r o , s in o
la c o n c ie n c ia c o n s ta n te d e u n p ro c e s o d e a u to -c o n s u m o .
J u n to a e s ta a n g u s tia (q u e n o es m e n o s c o n d ic ió n d e a le ­
g ría q u e d e d o lo r), re s id e la f u e n te d e l d e s e o e s té tic o .
E s te n o e s u n a a u s e n c i a , u n a c a r e n c i a , s in o e l s u r g i m i e n t o
v ib ra to rio d e u n a s in to n ía , u n a c o n ju n c ió n .

23. Thomas Metzinger, The Ego Tunnel ob. eit., p . 15.


EL HORIZONTE DE MUTACIÓN

-αε
. La historia de la civilización occidental es la historia de un

,
lento y subrepticio aumento de la abstracción. [...] Ahora
nuestra vida es un derivado. La función original de la
ecuación ha desaparecido. El valor ha quedado completamente
desvinculado, desemparejado, apartado del trabajo, del tocho
y el cemento, de las manos y la tierra. Diariamente, en los
mercados financieros de Tokio, San Pablo, Londres, Nueva
York y Johannesburgo se realizan transacciones por un valor
equivalente a cincuenta veces el pbi mundial. Si hay algo que
puede enseñarnos el actual delirio económico mundial es que el
capitalismo es incapaz de autocontrolarse. Funciona según su
propia lógica. Solo puede pensar a corto plazo. Y ahora vivimos
en una civilización a corto plazo [...]. Hace diez años, Atenas
era el centro de la celebración global de los Juegos Olímpicos.
Mira cómo está hoy. La heroína, la droga de la depresión, ha
inundado las calles. La cocaína, la droga del éxito, se. desplaza
hacia el sur y el este [...].
¿Y qué decir de una civilización en la que los vertidos
de petróleo pueden generar ganancias, y la presencia de
bosques vírgenes resulta perjudicial para el crecimiento
económico? ¿Qué decir de un mundo en el que la respuesta
a la disminución dé los bancos de pesca es u tilizar redes y
barcos más grandes? En una época de riqueza hum ana sin
precedentes, nos enfrentam os a la am enaza, tam bién sin
precedentes, del colapso ecológico. Deberíamos preguntarnos
por qué nuestra idea de la gestión del hogar se ha abstraído
ta n to de la realidad,
Adbusters, ju nio de 2013

La a m e n a z a q u e h e e sta d o a n a liz a n d o e n e s ta o b ra es
la m u ta c ió n de la se n sib ilid a d e n u n a e ra de p ro g re siv a
a b s tra c c ió n , y la d is o n a n c ia y d o lo r q u e e lla a c a rre a . Sin
e m b a rg o , q u is ie ra asim ism o o fre c e r a lg u n a s clav es p a ra
im a g in a r u n a lín e a de e sc a p e , c o m e n z a n d o p o r ta re la c ió n
de la p e rc e p c ió n e s té tic a co n la p ro d u c c ió n y la e s tr a te ­
g ia p o lític a .
No es n ecesario v in c u la r la e s té tic a y la p o lític a por
m edio de u n acto de d ecisió n y v o lu n ta d , com o lo p la n te ó
la filosofía c o m p ro m etid a de la M odernidad ta rd ía . Ambas
y a e s tá n v in cu lad as p o rq u e la m u ta c ió n te c n o -c u ltu ra l co n ­
te m p o rá n e a e s tá a fe c ta n d o a la co g n ició n , los afe c to s y la
sen sib ilid ad , y p o rq u e e l a rte se e n c u e n tra e n v u e lto e n el
p a n o ra m a m ed iá tic o . Por c o n sig u ie n te , ta m b ié n se e n c u e n ­
tr a e n v u e lto e n la b ú sq u e d a de form as de a u to n o m ía d e n tro ;'
de ese p a n o ra m a m e d iático (colonizado).
La h is to ria d el a r te d e l siglo xx h a lid iad o e x p re sa m e n - ゾ
t e co n la a b stra c c ió n . A veces, los a r tis ta s se h a n alin ead o
co n e s te p ro ceso , o tra s v eces h a n in te n ta d o a p a rta rs e de
él, o b ie n h a n reaccio n ad o fe ro z m e n te y h a n reclam ado í
el c u e rp o , e l e ro tism o , la irre g u la rid a d y lo s su e ñ o s como t
p o sib les a n tíd o to s a n te el frío v e n e n o de la a b stra c c ió n . El '
sem io cap italism o c a p tu ró y ex p lo tó la e n e rg ía p ro v e n ie n te ;
de la se n sib ilid a d y del a r te reb eld e, p ero s im u ltá n e a m e n te
EL H O R I Z O NT E DE MUTACI ÓN

la tr a n s ñ n o a la d im e n sio n a b s tra c ta d el m ercad o , e l clise-


ño y la te c n o lo g ía v irtu a l·
En el ú ltim o c a p ítu lo de e s ta o b ra, q u isie ra e n tre v e r
c u á l se rá e l s ig u ie n te ju e g o . N um erosos sig n o s s u g ie re n
q u é e l ju e g o d el h u m a n ism o p ro g re s is ta h a lleg ad o a su fin
y q u e la a b stra c c ió n c o n e c tiv a h a reco d ificad o e l le n g u a je ,
fru s tra n d o to d o in te n to de re s is te n c ia y to d a e sp e ra n z a de
u n p o sib le cam bio ra d ic a l re sp e c to a la te n d e n c ia a c tu a l.
Como h e afirm ado e n la p rim e ra p a r te de e s te lib ro ,
la m u ta c ió n q u e e s tá o c u rrie n d o n o p u e d e s e r r e s is tid a n i
re v e rtid a . R e sistirla o re c h a z a r e l re c o n o c im ie n to de sus
e fe c to s im p lic a la a u to m a rg in a c ió n y la in c a p a c id a d p a ra
c o m p re n d e r la tra n sfo rm a c ió n a c tu a l e in te r a c tu a r con
a q u e llo s a q u ie n e s e s tá a fe c ta n d o . /yN in g u n a é p o c a se d eja
re le g a r p o r el p o d e r de u n a n e g a c ió n . La .n e g a c ió n solo
e lim in a al n eg ad o r. Pero p a ra p o d e r se g u ir e n e l fu tu ro

s
•l
afirm án d o se e n su e se n c ia , la Edad M oderna exige, g racias

.
m
a su e se n c ia , u n a lcan ce y u n a o rig in a rie d a d de la m e d i­
ta c ió n p a ra la s q u e t a l vez e ste m o s p re p a ra n d o y a algo los
que viv im os, p ero q u e n o p o d em o s lle g a r a d o m in a r to -
davía^.1 La m u ta c ió n deb e s e r in te r p r e ta d a de m a n e ra t a l
q u e e l o rg an ism o c o n sc ie n te y se n sib le p u e d a e n c o n tra r
n u e v o s cam in o s h a c ia la a u to n o m ía y s u p ro p io d e sp lie g u e
e n los cam pos de la e s té tic a , la é tic a y la p o lític a .
La ta r e a c u ltu ra l y p o lític a del f u tu ro es re a v iv a r la
in te n s id a d de la se n sib ilid a d c o rp o ra l y d e sv in c u la r la p o ­
te n c ia d e l general intellect d el a p a ra to te c n o -e c o n ó m ic o ,
re a lid a d e s q u e h o y se e n c u e n tr a n e s tre c h a m e n te lig a d a s.
¿Cómo p odem os re a liz a r co n é x ito ta le s ta re a s ? ¿Cómo
p o d em o s re a c c io n a r a n te e s te p an o ram a?
En la ú ltim a p á g in a d e l n ú m e ro de v e ra n o de 2013
d e Adbusters, h a y u n a h e rm o sa im a g e n co n u n te x to de

1 . Martin Heidegger, wLa época de la imagen del mundow, en Caminos de


bosque, Madrid, Alianza, 2010, p. 79.
O scar N iem eyer q u e d ice: yvNo m e a tr a e n lo s .á n g u lo s re c ­
to s n i la s lín e a s p e r f e c ta s , d u ra s e in fle x ib le s q u e c rea
e l h o m b re . Me in te r e s a n la s c u rv as s e n s u a le s q u e flu y e n
lib re m e n te . Las c u rv a s q u e e n c u e n tro e n la s m o n ta ñ a s de
m i p a ís, e n e l d is c u rrir sin u o so de sus río s, e n la s olas
d e l o c é a n o y e n e l c u e rp o de la m u je r a m a d a . . E l e rro r,
la d is o n a n c ia y e l ex ceso p ro v e e n el p u n to de p a r tid a .
Pero a ú n d eb em o s c o m p re n d e r c u á l s e rá el p a n o ra m a d el
p ró x im o ju e g o ; a ú n d eb em o s im a g in a r c u á l s e rá el h o r i­
z o n te d e l p ró x im o p a so e v o lu tiv o . P e rm íta n m e e sb o z a r
u n a m e to d o lo g ía p a ra la d e sv in c u la c ió n de n u e s tr o ac­
t u a l c o n s tre ñ im ie n to .

ENTONCES SOMOS ESTÚPIDOS Y MORIREMOS

D u ran te los ú ltim o s c in c u e n ta añ o s, u n am plio m o v im ien ­


to so cial h a c u e stio n a d o el a b so lu tism o c a p ita lis ta : p ro ­
te s ta s , m a n ife sta c io n e s y acciones p o lític a s h a n in te n ta d o
d e te n e r la d e v a sta c ió n de la civilización so cial que hem os
h e red ad o d el pasad o . .
D esde n o v iem b re de 1999, cu an d o u n o s c ie n m il ac­
tiv is ta s y tra b a ja d o re s irru m p ie ro n e n la cum bre de la
O rg an ización M undial d e l C om ercio, a p e sa r de la v io le n ta
re a c c ió n p o r p a r te de la s fu e rz a s arm ad as de los E stados-
n a c ió n (los cu ales h a n p e rd id o to d a fu n c ió n y so b e ra n ía ,
ex c e p to p a ra re p rim ir lo s d istu rb io s so c ia le s), se pro p ag ó
u n m o v im ien to glo b al de p ro te s ta s . Luego del colap so fi­
n a n c ie ro de 2008, se p ro d u jo u n a n u e v a o la de m o v im ien ­
to s e n c o n tra del a b so lu tism o c a p ita lis ta p o r to d a E u ro p a;
E stados U nidos y o tro s lu g a re s. 2

2. Oscar Niemeyer citado en Adbusters en español, número de julio-agostö


de 2103: "La épica historia de la humanidad”. Parte II, verano. Disponible
online en www.adbusters.es/revista/6 [última consulta: junio de 2017];
EL H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

Más a llá de su d im en sió n , e x te n sió n social y p re stig io


m oral, e sto s m ovim ientos h a n sido c o m p le ta m e n te in e fe c ­
tiv o s. No h a n d e te n id o n i u n p ro y ecto co rp o rativ o d e v a sta ­
dor, n i h a n prev en id o n in g ú n re c o rte del b ie n e s ta r social.
¿Por qué?
Creo q u e e x is te n dos ra z o n e s p a ra la a c tu a l im p o te n ­
cia de lo s m o v im ien to s so ciales.
En p rim e r lu g a r, so n f u e rte s e n la s calles p ero in c a p a ­
ces de a ta c a r los in te re s e s eco n ó m ico s de la s c o rp o ra c io ­
n e s, p o rq u e la p re c a riz a c ió n la b o ra l h a d e stru id o la soli-
d a rid a d a n iv e l de la p ro d u c c ió n y e s ta es la ú n ic a fu e rz a
m a te ria l q u e se p u e d e o p o n e r a la fu e rz a m a te ria l de los
in te re s e s c o rp o ra tiv o s.
En se g u n d o lu g a r, la fo rm a a b s tra c ta d el ca p ita lism o
fin a n c ie ro re s u lta in a lc a n z a b le p a ra las form as c o n c re ta s
de la a cció n social.


¿Y e n to n c e s qué?
Los e fe c to s del ab so lu tism o c a p ita lis ta y a so n v isib les


_
b ajo el m odo de u n a c a tá s tro fe m ú ltip le ; e n el m ed io am -
b ie n te , e n e l b ie n e s ta r so cial y e n la ed u c a c ió n y a e sta m o s
e x p e rim e n ta n d o u n a d e v a sta c ió n in im a g in a b le y u n in d e s ­
c rip tib le su frim ie n to .
"E n to n c e s som os e s tú p id o s y m o rire m o s’V d ic e P ris,
u n o de lo s c u a tro a n d ro id e s de Blade Runner qne e s c a ­
pó de la c o lo n ia e x tr a te r r e s tr e y v in o a la T ie rra p a ra
c o n o c e r a la ú n ic a p e r s o n a q u e p o d ía e x te n d e r s u v id a ,
el d io s de la b io m e c á n ic a , e l d ir e c to r e je c u tiv o d e la
c o rp o ra c ió n T yrell, q u e creó e l c u e rp o y e l c e re b ro d e la
g e n e ra c ió n N exus·
Al co m ienzo de su a rtíc u lo , titu la d o ^ E sté tic a acele-
ra c io n ista : in e fic a c ia n e c e s a ria e n tie m p o s de su b su n c io n
re a l ” , S tev en S haviro c ita a M allarm é: nTout se résumé
dans Vesthétique et Veconomie politiqueé Todo se re s u ­
m e e n la e s té tic a y la e c o n o m ía p o lític a . El afo rism o de
M allarm é es m i p u n to de p a r tid a p a ra e x a m in a r la e s té tic a
a c e le ra c io n ista . Creo q u e la e s té tic a e x iste e n u n a re la c ió n
e sp e c ia l co n la e c o n o m ía p o lític a , p re c isa m e n te , p o rq u e es
irre d u c tib le a e s ta w.3 E ste es u n p u n to de v is ta in te r e s a n ­
te , y q u isie ra ex p lo rarlo .
La e s té tic a converge y e n tra e n c o n flicto co n la eco n o ­
m ía. M ientras el cu erp o so cial sea in c a p a z de d esh acerse del
proceso de a b stra c c ió n e n c o n s ta n te e x p a n sió n , la in v e s ti­
gación e s té tic a c o m p a rtirá u n a fro n te ra co n la p sico p ato -
lo g ía y se re fe rirá a l e stré s, la a celeració n y e l su frim ie n to .
P re v ia m e n te e n e s te lib ro , tra c é u n a g e n e a lo g ía e s­
té tic a de la e c o n o m ía ;A hora, in te n ta r é e x a m in a r el o tro
lado d e l p ro b le m a , es decir, la in c o m p a tib ilid a d e n tr e e s­
to s dos á m b ito s. M ien tras q u e la e c o n o m ía a c tu a l es la
a b stra c c ió n , la e s té tic a se refiere al c o n o c im ie n to se n si­
b le, a la e x p e rie n c ia c o n c re ta de la m e n te s e n sitiv a . E sta
es la ra z ó n p o r la c u a l la e s té tic a o frece u n a lín e a de
e sc a p e (no de re s is te n c ia ). h‘

LA EXPERIENCIA EN LO TECNO-MAYA4

A un asceta ilustre llamado Náradar que había ganado por sus inf·. ^
numerables austeridades la gracia de Visnu, se le apareció el Dios 45
le prometió realizar cualquier voto que hiaese. "'Enséñame el podefel
mágico de tu maya^, le pide Närada. Visnu asiente, y le hace signpb;
de que lo siga. Poco tiempo después, hallándose ambos en un cambíe

3. Steven Shaviro, "Accelerationist Aesthetics: Necessary Inefficiency


Times of Real Subsumption,,f en Efflux Journal, niim. 46, junio de 2013, dis1 tó
ponible online en www.e-ñux.com/joümal/accelerationist-aesthetics-ne^ ,
cessary-inefnciency-in-times-of-real-subsumptíon/ [última consülta: junio ;^
de 2017]. [Este articulo forma parte de una antología dedicada al acelera- i
cionismo, editada por Caja Negra Editora.] i
4. Algunas secciones de este capítulo fueron publicadas previamente en un ¡í
breve opustulo bajo el título de Neuro-totalitarianism in Technomaya: CT〇og-
Colonizatiori of Experience and the Neuro-Plastic Alternative, Los Ángeles;
Semiotext(e), 2014. :
E し H O R IZ O N T E DE M U TA C IO N

no desierto y lleno de sol, y sintiendo sed, Visnu ruega a Närada


ande unos metros más, hada dónde se divisa un pueblecito, y le
traiga agua. Nárada se precipita y llama a ta puerta de la piiméxá
casa que encuentra. Le ^abre una muchacha muy bella. El asceta la
^ mira largamente y se olvida de a qué había venido. Entra en la casa
y los padres de la muchacha lo reciben, coil el respeto debido a un
santo. El tiempo no pasa. Nárada acaba poi casarse con la muchacha
y conoce las delicias del matrimonio y la dureza de una vida de cam­
pesino: Närada tiene ahora tres hijos, y después dé la muerte de su
suegro es piopietaiio de la granja. Pero en el curso del duodécimo
año, lluvias torrenciales acaban por inundar la región;En una no­
che, se ahogan los rebaños, se hunde la casa. Sosteniendo con una
mano a su mujer, con otra a sus dos hijos, y llevando al pequeño
' sobre el hombro, Nárada se abre difícilmente camino a través de las
aguas, pero la carga es demasiado pesada. Se escúrre^y.se le cae al
agua el pequeño. Nárada suelta a los otros dos niños y se esfuerza


por encontrar al pequeño, pero es demasiado tarde: él torrente se lo

6 1
ha llevado muy lejos. Mientras busca al pequeño, las aguas se han

ε—
tragado a los otros dos niños, y poco tiempo después a la .mujer.
El mismo Närada cae, y el torrente lo arrastra sin sentido como
a un pedazo de madera. Cuando se recobra, depositado sobre una
roca por el agua, recuerda sus desgranas y se echa a llorar. Pero de
pronto oye una voz fainiliár:、Híjo! ¿Dónde está el agua íjüe debías
traerme? Te espero desde hace más de media hora^^Nárada vuelve
ta cabeza y mira. En lugar det torrente que todo lo había destñiido,
vio los campos desiertos, brillantes bajo el sol. ''¿Comprendes ahora
el secreto de mi maya?,,/ le pregunta el Dios.

V ivimos e n la d im e n sió n m u ltifa c é tic a de lo te c n o -m a -


y a .56 La te c n o lo g ía d ig ita l le h a dado a lo s m ed io s de com u-

5. Mircea Eliade, Imágenes y símbolos, Barcelona, Pláneta-DeAgostiiür;1994,


p. 75.
6. En la mitología hindú, Maya es la personificación de la energía ilusoria.
[N. delaT .l
n ic a c ió n el p o d e r de a c tu a r d ire c ta m e n te so b re la m e n te ,
de fo rm a q u e la e sfe ra m e d iá tic a p ro y e c ta u n h e c h iz o q ue
e n v u e lv e la p sic o e sfe ra . Lo te c n o -m a y a c a p tu ra lo s flujos
p ro v e n ie n te s de la a c tiv id a d m e n ta l y los dev u elv e a los
re c e p to re s m e n ta le s com o u n e sp e jo , com o u n m odelo p a ra
la im a g in a c ió n fu tu r a , com o u n a ja u la p a ra la acció n y las
fo rm as de v id a ven id eras·
En la e sfe ra d ig ita l, la s p e rso n a s p a sa n cad a vez m ás
tie m p o e n c o m p a ñ ía de fa n ta sm a s e le c tró n ic o s. Pero, cad a
ta n to , e l h e c h iz o te c n o -m e d iá tic o (te c n o -m a y a ) se rom pe
p o rq u e u n v ie n to re p e n tin o de a le g ría o u n a to rm e n ta de
d e so la c ió n ab re los b a rro te s de sus v e n ta n a s y d eja que
la d e slu m b ra n te lu z de m iste rio sa s d im e n sio n e s irru m p a
e n la e sc e n a de la im a g in a c ió n so cial, lo q u e p e rm ite el
re su rg im ie n to de fra g m e n to s o lvidados d e l in c o n sc ie n te .
Q uisiera d e sc rib ir el h e c h iz o d el sem io cap italism o
(a b stra c c ió n fin a n c ie ra , fa n ta sm a s m e d iá tic o s), que cap ­
tu r a el cu erp o so cial y se lo e n tre g a al código económ ico,
d o nde se so m e te la e x p e rie n c ia al p o d e r de la sim u lació n y
la e sta n d a riz a c ió n .
Pero ta m b ié n q u isie ra b u sc a r e im a g in a r p o sib les lí­
n e a s de escap e. Tales lín e a s solo p u e d e n e n c o n tra rse e n
a q u e llo s lu g a re s d el in c o n s c ie n te d o n d e se d e stro z a el
h e c h iz o m u ltid im e n sio n a l del se m io c a p ita l, de m odo q ue
re su rg e u n in c o n s c ie n te m u ltid im e n sio n a l.
La re a lid a d es el p u n to de in te rs e c c ió n de in n u m e ra ­
b le s p ro y eccio n es p ro v e n ie n te s de la in te n c io n a lid a d de
lo s seres vivos y s in tie n te s .7 La e x p e rie n c ia es la m an era
de ac c e d er a la re a lid a d , p ero ta m b ié n de p ro y e c ta rla e n

7. El término que utiliza el autor en inglés es sentíent. Elegimos no tradur


cirio por sensible y utilizar sintientes, aunque esta palabra no exista prp-
piamente en la lengua española, para destacar la intención del autor:de
referirse no solo al plano de los órg即 os sensoriales, sino 丑U sensibilidad en
sentido amplio, lo cual incluye la dimensión erótica y afectiva.
EL H O R I Z O N T E DE MU T A CI ÓN

la s p a n ta lla s de la p e rc e p c ió n c o m p a rtid a . Es a te n c ió n ,
p ero ta m b ié n in te n c ió n . Im p lic a a b rir n u e s tro s ojos y v e r
e l m u ndo q u e e x iste , p ero ta m b ié n im p lic a la n o c ió n de
/n ay a, la p ro y e c c ió n de u n m u n d o .
La etim ología de la p alab ra experienría se relacio n a con
el acto de atravesar, p er-íre, que ta m b ié n significa "perecer".
Asim ism o, podem os decir que ex-períre significa "en say ar”.
Solo al a tra v e sa r las p ru e b a s y los lu g ares q u e n o s p re ­
s e n ta la vida, u n o se c o n v ie rte e n u n e x p erto . La e x p e rie n ­
cia es el proceso p or el cual vivim os cosas que no sabíam os
p rev iam en te, de m odo que podam os e n c o n tra r su significado
sin g u lar. La sin g u larid ad es u n a de sus c a ra c terístic a s e se n ­
ciales, y a que la ex p erien cia es el acto de p e rso n alizació n
y sin g u larizació n de u n lu g a r que u n o conoce p o r el h ech o
de h a b e r pasado po r allí. wLa exp erien cia no es c u e stió n de
h a b e r nad ad o rea lm e n te el H elespontó, o bailado con los

丨 1丨
d erv iches, o dorm ido e n u n refugio. Es u n a c u e stió n de s e n ­
sib ilid ad e in tu ic ió n , de ver y oír las cosas sig n ificativ as, de

-
p re s ta r a te n c ió n e n los m om entos adecuados, de co m p ren ­
d er y coordinar. La ex p erien cia no es lo que le sucede a u n
ho m b re; es lo que u n hom bre h ace con lo que le su c e d e d 8
La ex p erien cia no es el sim ple acto de ex p o n er la p ie l y la
m e n te al flujo de estím u lo s p ro v e n ie n te s del e n to rn o , sino
q ue ta m b ié n im plica a d a p ta r la m e n te y la p iel al e n to rn o y
su p o n e u n a proyección a ctiv a de las e x p e c ta tiv as de q u ien
e x p erim en ta. En e ste se n tid o , es la sin g u larizació n del e n ­
to rn o , la configuració n p e rso n a l del m undo.
La e x p e rie n c ia , p o r lo ta n to , n o solo im p lic a u n a p e r ­
ce p c ió n a te n ta , sino ta m b ié n u n a in te n c io n a lid a d .
M erleau -P o n ty h a b la de la in te n c io n a lid a d com o u n
acto de id e n tific a c ió n q u e p ro v ie n e d e l m u n d o vivo d el
su je to y se p ro y e c ta e n e l m u n d o , e l ob-jecto q u e e s tá
arro jad o a h í e n el afu e ra :

8. Aldous Huxley, Texts and Pretexts, Londres, Chato & Windus, 1932, p .12.
Toda conciencia es "conciencia de algo", no es algo nuevo. Kant
evidenció, en la Refutación del idealismo, que la percepción in­
terior es imposible sin percepción exterior; que el mundo, como
conexión de fenómenos, se anticipa a la conciencia de mi uni­
dad, es para mí· el medio de realizarme como conciencia. Lo que
distingue lá intencionalidad respecto de la relación kantiana
con un objeto posible es que la unidad del mundo, antes de ser
planteada por el conocimiento y en un acto de identificación
expresa, se vive como estando ya hecha, como estando ya ahí."

Y ta m b ié n : /vEl m u n d o n o es lo q u e yo p ie n s o , sin o lo
q u e yo vivo A s im is m o /H u sse rl, e n Experiencia y
juicio, e sc rib e : y/El re tro c e s o al m u n d o de la e x p e rie n c ia
es u n re tro c e s o a l 'm u n d o v i t a r , o s e a , a l m u n d o e n q ue
sie m p re h e m o s v iv id o y q u e o fre c e e l te r r e n o p a ra to d a
fu n c ió n c o g n o s c itiv a y p a ra to d a d e te r m in a c ió n c ie n ­
tífic a "·9011 Y a d e m á s: "A sí, l a e x p e rie n c ia e n su s e n tid o
p rim a rio y m ás p re c iso se d e fin e com o re fe re n c ia d ire c ta
a lo in d iv id u a r ,. 12 Por e llo , e l p ro p io c o n c e p to de e x p e ­
r ie n c ia d eb e s e r re e x a m in a d o a la lu z de la a c tu a l m u ta ­
c ió n te c n o ló g ic a .
El fo rm a to d ig ita l de la e x p e rie n c ia co n su c re c ie n te
v elo cid ad e in te n s id a d a fe c ta , a n te to d o , a la reacció n
p síq u ic a fre n te a los e stím u lo s de in fo rm a c ió n , la re la c ió n
e m p á tic a e n tre lo s o rg an ism o s c o n sc ie n te s y se n sitiv o s,
y la co g n ic ió n , es decir, la m em oria, la im a g in a c ió n y el
le n g u a je . La e x p e rie n c ia e n c u a n to a te n c ió n e in te n c ió n
e s tá so m e tid a a u n in te n s o e stré s, cuyo re su lta d o es la
m u ta c ió n d e l o rg an ism o c o g n itiv o .

9. Maurice Merleau-Ponty, Fenomenología de la percepción, Barcelona,


Planeta-DeAgostini,1993, p . 17.
10. Ibíd., p . 16.
1 1 . Edmund Husserl, Experiencia y juicio. Investigaciones acerca de la ge­
nealogía de la lógica, Ciudad de México, u n a m , 1980, p. 43. 4
12. Ibíd., p. 28.
EL H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

CAPTURAR LA ATENCION

La c o n tra d ic c ió n fu n d a m e n ta l del se m io c a p ita lism o es,


com o hem os d ich o , la in c o m p a tib ilid a d e n tr e e l c ib eres-
pació y e l c ib e rtie m p o . Dado q u e el p rim ero es el p ro d u c to
de in n u m e ra b le s f u e n te s de p ro y ecció n v irtu a l, su e x p a n ­
sió n no tie n e lím ite s. El c ib e rtie m p o , p o r e l c o n tra rio , no
se p u e d e p ro lo n g a r in fin ita m e n te . E stá c o m p u e sto p o r el
tie m p o de a te n c ió n , que no es p o sib le in te n s ific a r m ás
a llá de c ie rto p u n to debido a sus lim ita c io n e s físic a s, em o ­
c io n ales y c u ltu ra le s.
En té rm in o s económ icos, la sem io p ro d u cció n e s tá s u ­
p eran d o a m p liam en te el m ercado de la a te n c ió n , lo q ue sig ­
nifica que el fen ó m en o de crisis cíclicas que M arx describió
como u n efe c to de la su p e rp ro d u c c ió n e n la e sfe ra d el ca­
p italism o in d u s tria l y a no es m ás cíclico, sino p e rm a n e n te .
S eg ú n J o n a th a n Crary, a u to r de 24/7: el capitalismo


tardío y el fin del sueño, el re su lta d o de la n e c e sid a d c a ­


p ita lis ta de e x p a n d ir lo s m ercad o s es la in c e s a n te e s tim u ­
la c ió n de la a te n c ió n so cial co n el fin de in c re m e n ta r el
tie m p o d e l e sta d o de a le rta . E sta c o n tin u a a g re sió n a la
a te n c ió n e s tá cau san d o la c o n tra c c ió n d e l tie m p o d is p o n i­
b le p a ra la e la b o ra c ió n e m o c io n a l d el e stím u lo in fo rm á tic o
y p a ra la to m a de d e c isio n ra c io n a l, q u e es la co n d ic ió n
de la p o lític a . E sta es la ra z ó n p o r la c u a l, t a n a m en u d o ,
la s d e c isio n e s p o lític a s p a re c e n e s ta r d e sp ro v ista s de ra ­
c io n a lid a d , y las re la c io n e s so ciales se v u e lv e n b ru ta le s y
a g resiv as. El tie m p o de e la b o ra c ió n ra c io n a l y em o cio n al
se h a lla ta n in te n s a m e n te re d u c id o q u e la so c ie d a d p arece
a c tu a r com o e n u n to rb e llin o , t a l com o les su ced e a a q u e ­
llos q u e d u e rm e n m u y poco y se m a n tie n e n d e sp ie rto s
g racias a la s d ro g as.
El lib ro de Crary se c e n tra p rin c ip a lm e n te e n la re d u c ­
ció n del tie m p o de su e ñ o com o e fe c to d e l a ta q u e ecoíióm i-
co so bre el tie m p o de a te n c ió n . yíNo es s o rp re n d e n te que
a h o ra h a y a u n a e ro sió n d el su e ñ o e n to d a s p a rte s . En el
tra n s c u rs o d e l siglo x x h u b o u n e sfu e rz o c o n s ta n te c o n tra
el tie m p o de su e ñ o : e n la a c tu a lid a d , el a d u lto p ro m ed io
e sta d o u n id e n s e d u e rm e , p o r la n o ch e, a p ro x im a d a m e n te :
seis h o ra s y m ed ia, u n a e ro sió n de la s ocho h o ra s de la
g e n e ra c ió n a n te rio r, y de las d iez h o ra s de p rin c ip io s d el
siglo xx (c a n tid a d d ifíc il de cre e r a h o ra )f,.13 D orm ir, de
h e c h o , p u e d e s e r co n sid erad o wu n a in tr a n s ig e n te i n t e ­
rru p c ió n e n el tie m p o q u e n o s ro b a e l c a p ita lis m o ^ 14 U na
so c ie d a d de in so m n e s no es p a ra n a d a u n lu g a r ag rad ab le
y el in c re m e n to de p ro d u c tiv id a d se p a g a co n la p é rd id a
de ra c io n a lid a d y de re sp e to p o r la v id a . La e x u b e ra n c ia
irra c io n a l de los a g e n te s fin a n c ie ro s q u e co n su m e n d ro g as
p a ra re a liz a r tra n s a c c io n e s d ía y n o c h e e n su s c o m p u ta d o ­
ras y a h a co n d u cid o a l m u n d o al b o rd e de u n abism o y lo
se g u irá h a c ie n d o u n a y o tra vez.
Como c o n c lu sió n , Crary su g ie re q u e ^Et su e ñ o , e n t a n ­
to p rin c ip a l o b stá c u lo q u e q u e d a e n p ie p a ra la re a liz a ­
c ió n d e l c a p ita lism o 2 4 /7 y ú ltim a in s ta n c ia de lo que
M arx llam ó 'b a rre ra s n a tu ra le s 。 no p u e d e se r elim in ad o "·15
P e rm íta n m e re v isa r e s ta afirm ació n . E xiste o tra co n d ic ió n
n a tu r a l p e rd u ra b le q u e el cap ita lism o no p u e d e elim in ar,
o tra p e r s is te n te b a rre ra n a tu r a l c o n tra la in tru s iv a hybris
fin a n c ie ra , q u e es la m u e rte . El su icid io se e s tá p ro p a ­
g ando p o r to d o s la d o s com o e fe c to d e l e stré s so cial, el
em p o b re c im ie n to e m o c io n a l y la c o n s ta n te a g re sió n q u e
se ejerce so b re la a te n c ió n .
S egún la O rganización M undial de la S alud, e n los ú lti­
m os c u a re n ta y cinco años el ín d ic e m u n d ia l de su icid io se¡
h a in crem en tad o e n u n s e s e n ta p o r c ie n to . Estos h a n sido1
lo s a ñ o s de la im p le in e n ta c ió n to ta l del cap italism o global

13. Jonathan. Crary, 24/7: El capitalismo tardío y elfin del sueño, Buenos
Aires, Paidós, 2015, p. 38.
14. Ibíd-, p . 10. ^
15. Ibíd., p. 44.
EL H O R I Z O N T E DE MU T A CI ÓN

y, asim ism o, de la c o m p leta su m isió n d e l tie m p o de a te n ­


ció n a l ritm o de la m á q u in a económ ica. Estos ín d ic e s de
su icid io no in c lu y e n los in te n to s de su icid io , los cuales so n
v e in te v eces m ás fre c u e n te s q u e aq u ello s q u e tie n e n é x ito .
U na e p id e m ia de in fe lic id a d se p ro p a g a p o r e l p la n e -
t a lu ie n tra s e l a b so lu tism o c a p ita lis ta a fiiin a su d erech o
a e je rc e r u n c o n tro l irre s tric to sobre n u e s tra s v id as. El
sem io c a p ita lism o se e s tá in filtra n d o e n la s c é lu la s n e r ­
v io sas de los o rg an ism o s c o n sc ie n te s, in o c u lá n d o lo s co n
u n a ló g ic a ta n a to p o lític a , co n u n s e n tim ie n to m órbido
q u e p e n e tr a e n e l in c o n s c ie n te c o le c tiv o , la c u ltu r a y la
se n sib ilid a d ; e s to es u n e fe c to obvio de la p riv a c ió n del
sú e ñ o y u n a c o n se c u e n c ia e v id e n te d el e s tré s im p u e sto
so b re la a te n c ió n .
El im p e rio de G oogle se h a c o n stru id o , e se n c ia lm e n te ,
a tra v é s de la c a p tu ra de la e x p e rie n c ia de sus u su a rio s,

_ ".ε
co n el fin de in c re m e n ta r el v alo r y la p ro d u c tiv id a d . En
la c a rre ra p o r cre a r la m á q u in a de d re n a je de a te n c ió n
m ás re fin a d a , la c o m p u ta d o ra h a sido re le g a d a g racias a la
a p a ric ió n de la ú ltim a g e n e ra c ió n de te lé fo n o s c e lu la re s,
lo s s m a ríp h o n e s, p o r m edio de los cu ales el acceso a la
Web se h a v u e lto tra n s p o rta b le , in v a d ie n d o cad a m o m en to
d el d ía y la n o ch e. E ste acceso m óvil h a ex p a n d id o o b ­
v ia m e n te la c a n tid a d de tie m p o de a te n c ió n c a p tu ra d o y
h a so m e tid o n u ev as d im e n sio n e s de la v id a p e rs o n a l a la
in c e s a n te b ú sq u e d a de se m io -b e n e fic io s. 7/La in fo rm á tic a
u b ic u a e n la e ra de los p rim ero s smartphones se c e n tró
e n la p e rfe c ta in te g ra c ió n , es decir, e n la n a tu ra liz a c ió n
d e fa c to re s so c io té c n ic o s e n á m b ito s la b o ra le s q u e t r a s ­
c e n d ie ra n la g e o g ra fía y el tie m p o , p re sa g ia n d o N iv eles
sin p r e c e d e n te s ' de p ro d u c tiv id a d , así com o ta m b ié n de
in e v ita b le 'so b re c a rg a de in te ra c c ió n "'·16

16. Gary Génosko, When Technocultures Collide: Innovation from Below and
the Struggle for Autonomy, Waterloo, Universidad de Laurier, 2013, p . 149.
EL MAPA CAPTURA EL TERRITORIO:
CODIFICAR LA ORIENTACION

S eg ú n J e a n P ia g e t, el p ro ceso p o r m edio d el c u a l n o s fam i­


lia riz a m o s co n n u e s tro e n to rn o e in te rio riz a m o s el esp acio
q u e n o s ro d e a c o m ie n z a e n los p rim ero s d ía s d e v id a y
d e te rm in a la c o n stru c c ió n de n u e s tro esp acio in te r n o , que
se c o n v ie rte e n el m a p a co n e l q u e n o s o rie n ta m o s y e n la
c o n d ic ió n p a ra fu tu ra s a d q u isic io n e s.17
La o rie n ta c ió n es la h a b ilid a d c o g n itiv a que n o s p e rm i­
te reco n o cer las c a ra c te rístic a s físicas d el e n to rn o y co n s­
tr u ir u n m ap a in te rn o p a ra m overnos in te n c io n a lm e n te e n
el m undo. E ste proceso cartográfico in te rn o que p reced e a la
o rie n ta c ió n im p lica u n a relació n su m a m e n te sin g u la r con
lo q u e n o s rodea: la elab o ració n se n so ria l y la selecció n
em o cio n al de lu g a re s, signos, pero ta m b ié n lu ces, te x tu ra s
y arom as. La o rie n ta c ió n p u e d e se r co m p ren d id a como el
m odo de sin g u la riz a r el paisaje, el proceso p o r m edio del
cual hacem os del m undo nuestro propio mundo.
La o rientación es la cartografía ín tim a del espacio que
navegam os y habitam os. El te rrito rio en el que nos movemos
estim u la efectos em ocionales en n u e stra m ente: la m em oria
de los lugares po r los que hem os pasado im plica u n a m arca
em ocional y, por lo ta n to , la singularización del espacio ex­
terior· U na vez que hem os grabado los p u n to s que m arcan
u n te rrito rio , construim os n u e stro m apa ín tim o , la conaicion
para u n a fu tu ra orientación, para nuevos descubrim ientos,
nuevos registros y p ara u n in term in ab le re-m apeo del m undo.
El m a p a de la c iu d a d se c o n v ie rte e n la re p re s e n ta c ió n
de la p e rso n a q u e h a vivido a llí, com o su g ie re Borges e n
u n p o e m a d o n d e h a b la sobre su c e g u e ra y re c u e rd a la c iu ­
d ad com o e l m a p a ín tim o de su vida:

17. Jean Piaget y Bärbel Inhelder, The Childrs Conception of Space: A Study
of the Development oflmaginal Representation, Nueva York, W.W. Norton &
Co., 1967.
E し H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

[… ]
Vivo entre formas luminosas y vagas
que no son aún la tiniebla.
Buenos Aires,
que antes se desgarraba en arrabales
hacia la llanura incesante,
ha vuelto a ser la Recoleta, el Retiro,
las borrosas calles del Once
y las precarias casas viejas
que aún llamamos el Sur.
[…]
Esos caminos fueron ecos y pasos,
mujeres, hombres, agonías, resurrecciones,
días y noches,
entresueños y sueños,
cada ínfimo instante del ayer

丨-ε丨
y de los ayeres del mundo

En su lib ro ace rc a d e l a c to de p e rd e rse , e l a rq u ite c to y


a n tro p ó lo g o ita lia n o F ranco La C e d a esc rib e : y/La p a la b ra
orientación tie n e u n doble sig n ific a d o . El p rim ero es e s e n ­
c ia lm e n te a c tiv o , se re fie re a la cap a c id ad de o rg a n iz a r
n u e s tro e n to rn o , de c re a r u n m arco g e n e ra l de re fe re n c ia
a l c u a l se p u e d a a so c ia r e l c o n o c im ie n to . El se g u n d o es la
c a p a c id ad p a siv a p a ra s e g u ir in d ic a c io n e s. Leer u n m a p a ,
u s a r u n com pás, a d a p ta rs e a u n s is te m a de c o o rd e n a d a s
p re e x is te n te s a fin de lo c a liz a r u n lu g a r o lle g a r a u n des-
tin o ,,.a9 Lo q u e h e d ich o de la e x p e rie n c ia p u e d e afirm arse,
e n té rm in o s g e n e ra le s, re sp e c to a la o rie n ta c ió n : es ta n to
la cap a c id ad de s e g u ir in s tru c c io n e s c a rto g rá fic a s com o

18. Jorge Luis Borges, Elogio de la sombra, Buenos Aires, Emecé, 1969, pp,
155 y 156.
19. Franco La Ceda, Perdersi, Barí, Laterza, 1988, p. 43.
la de d ib u ja r u n m a p a . La e x p e rie n c ia de la o rie n ta c ió n
c o n siste e n p e rd e rse e n e l te r r ito r io e n e l q u e n o s e n c o n ­
tra m o s y e n h a lla r n u e s tro ru m b o n u e v a m e n te , crean d o
u n a p e rc e p c ió n s in g u la r d e l esp acio .
La Cecla ta m b ié n e x a m in a lo s e fe c to s de d e s o rie n ta ­
ció n q u e la e s ta n d a riz a c ió n m o d e rn a d el esp acio u rb a n o
h a in d u c id o e n lo s h a b ita n te s de la ciu d ad .

El funcionalismo moderno está basado en el supuesto de que los


residentes urbanos no deberían perder tiempo en una relación
complicada con el entorno. Este debe ser funcional, de manera
que sus habitantes puedan moverse de un área suburbana a otra
para ir al trabajo. Tal reducción funcionalista implica el anoni­
mato de los suburbios: cualquier transferencia emocional se con­
sidera inútil. El entorno no debe ser sentido, sino usado. Esta
20
transformación conduce a la estandarización de la orientación.

La creación de esos lu g ares funcionales, que Marc Augé


h a llam ado los wno lugares^, conduce a la an u lació n de la re ­
lación sin g u lar e n tre la m en te-o jo -cu erp o del ind ividuo y el
espacio que lo rodea. Poco a poco, la reconfiguració n m oder­
n a del te rrito rio , d e stin a d a a in c re m e n ta r la p ro d u ctiv id ad
del espacio urb an o y a facilitar la m ovilidad de los a u to m ó ­
viles e n las áreas m e tro p o lita n a s, h a borrado las m arcas del
pasado h istó rico y, e n té rm in o s m ás generales, los signos
arraigados e n la m em oria em ocional. En u n te x to escrito a
com ienzos del siglo xx, R ainer Maria Rilke id en tificó la e s ta n ­
darización de los lu g ares con la in flu e n c ia am ericana:

Todavía para nuestros abuelos una "casa", una "fuente", una


torre conocida, incluso su propio vestido, su abrigo, eran infi­
nitamente más familiares; casi cada cosa era un recipiente en el
que encontraban algo humano y acumulaban lo humano. Ahora,

20. Franco La Cecla, ibíd., p. 91.


EL H O R I Z O N T E DE MU T A CI ÓN

procedentes de Aménca, nos invaden cosas vacías e indiferen­


tes, cosas solo aparentes, engañifas de vida... Una casa, según
la concepción americana, una manzana americana o un racimo
de uvas de los de allí, no tienen nada en común con la casa, el
fxuto, el xacimo en el que se habían introducido la esperanza y
21
la meditación de nuestros ancestros...

Si b ie n la a r q u ite c tu r a m o d e rn a y el d ise ñ o u rb a n o
h a n c o n trib u id o a la e s ta n d a riz a c ió n d el te r r ito r io , la p ro ­
p a g a c ió n de lo d ig ita l h a se n ta d o las b a se s p a ra u n n u e ­
vo cam bio q u e co n d u ce a la to t a l d e s-sin g u la riz a c ió n de
la o rie n ta c ió n . El m a p a e s tá c a p tu ra n d o el te r r ito r io y,
a m e d id a q u e m ás p e rso n a s u s a n h e rra m ie n ta s de n a v e ­
g ació n g u ia d a s, b a sa d a s e n la te c n o lo g ía de e tiq u e ta d o
geográfico d e l S iste m a de P o sic io n a m ie n to G lobal (gps), la
o rie n ta c ió n se c o n v ie rte e n m era n a v e g a c ió n fu n c io n a l.
Se u tiliz a n lo s smartphones p a ra a cced er a u n a c a rto g ra fía

- 62 ε,
g e o -re fe re n c ia l, lo q u e c o n d u c e a u n a in v o lu c ió n de la
o rie n ta c ió n e n m era h a b ilid a d p a ra re la c io n a rse co n u n
m a p a d ig ita l in te ra c tiv o .
En 1973, los m ilita re s e sta d o u n id e n se s h ic ie ro n el p ri­
m er in te n to p o r d e sa rro lla r u n siste m a de p o sic io n a m ie n to
global bajo el nom bre de S istem a de D efensa de N avegación
p o r S a té lite (dnss), q u e m ás ta rd e se den o m in ó S istem a de
P o sicio n am ien to G lobal. Un re c e p to r gps c alcu la su po sició n
m e d ia n te u n a sin cro n izació n p recisa de se ñ a le s en v iad as
p o r s a té lite s que se h a lla n p o r en cim a de la T ierra. Cada
s a té lite tra n s m ite c o n tin u a m e n te m en sajes q u e in c lu y e n la
h o ra e n la que fu e ro n e n v iad o s y la p o sició n del s a té lite e n
ese m om en to . Al u sa r la v elocidad de la lu z , el re c e p to r gps
c o m p u ta la d ista n c ia h a s ta el s a té lite y a ju s ta la p o sició n
d el re c e p to r a la su p erficie de u n a esfera. Al fijarla a p a rtir

2 1 .Rainer Maria Rilke, Cartas desde Muzotr citado en Martin Heidegger, ;<¿Y
para qué poetas?w, en Caminos de bosque, ob. d t., p. 216.
d e c u a tr o s a té l ite s d if e r e n te s , s e p u e d e c a lc u la r u n a p o s i­
c ió n tr id im e n s io n a l. L u e g o , e s t a u b ic a c ió n s e v is u a liz a e n
u n m a p a e n m o v im ie n to .
C o n e s t o e n m e n t e , e s f á c il p r e d e c i r u n a r á p i d a a t r o f i a
d e l s e n tid o d e la o r ie n ta c ió n a m e d id a q u e e s r e e m p la z a ­
d o p o r la te c n o lo g ía d e p o s ic io n a m ie n to . P u e d e q u e , e n e i
tr a n s c u r s o d e la p ró x im a g e n e r a c ió n , e l p ro c e s o m e n ta l q u e
c o n s is te e n e l m a p e o in te r n o d e u n te r r ito r io s e a d e le g a d o
a l a f ia b i l i d a d e n l a s m á q u i n a s d e e t i q u e t a d o g e o g r á f ic o y
q u e la h a b ilid a d p a ra id e n tif ic a r n u e s tro lu g a r e n e l m u n d o
y s in g u la r iz a r e l p a is a je q u e n o s ro d e a se d e s v a n e z c a y q u i­
z á p r á c tic a m e n te d e s a p a re z c a d e n u e s tr a m e n te c o n e c tiv a .
J u n to c o n la e x p e rie n c ia d e p e rd e rs e , la e x p e rie n c ia
d e r e c o n o c e r u n l u g a r d e s a p a r e c e r á o , a l m e n o s , s e v o lv e r á
a lg o m u y i n s í p i d o . P o d e m o s e n t e n d e r e s t a p é r d i d a d e l a
fa c u lta d d e o rie n ta c ió n com o u n p a so d e n tro d e l p ro c e so de
re c o n fig u r a c ió n c o n e c tiv a d e la e x p e r ie n c ia co m o u n to d o .

LA EXPERIENCIA DEL ENJAMBRE

M ie n t r a s t a n t o , h a a p a r e c i d o u n n o v e d o s o d i s p o s i t i v o , u n a
in te r f a z p o r tá til e n tr e la m e n te y e l m u n d o q u e r e p r e s e n ta
u n n u e v o s a l t o e n l a m u t a c i ó n c o g n i t i v a . G o o g le , l a c o r ­
p o ra c ió n m á s re v o lu c io n a ria y e l c o lo n iz a d o r m á s p e rfe c to
d e t o d o s lo s t i e m p o s , h a s e n t a d o l a s b a s e s p a r a l a d e s t r u c ­
c i ó n d e f i n i t i v a d e l a e x p e r i e n c i a i n d i v i d u a l y , p o r lo t a n t o ,
p a r a la e lim in a c ió n d e p ro c e s o s s in g u la r iz a d o s d e v id a e n
el mundo (Lebenswelt).
D u r a n t e l a p r i m e r a d é c a d a d e e s t e s ig l o , G o o g le a c tu ó
c o m o u n a b o m b a u n i v e r s a l d e d r e n a j e d e s ig n i f ic a d o . A l
c a p t u r a r y r e c o l e c t a r m il lo n e s d e a c t o s i n d i v i d u a l e s d e a t r i ­
b u c i ó n d e s ig n i f ic a d o q u e p a r t e n d e i n n u m e r a b l e s u s u a r i o s
p o r to d o e l m u n d o , e s ta e m p re s a h a c re ad o la m á q u in a m á s
f le x i b le d e d e s - s i n g u l a r i z a c i ó n j a m á s c o n c e b i d a . L o s r e s u l ­
t a d o s d e l a s b ú s q u e d a s e n G o o g le e s t á n i n f l u e n c i a d o s p o r
EL H O R I Z O N T E DE MU T A CI ÓN

l a s b ú s q u e d a s y r e s u l t a d o s p r e v io s d e s u s u s u a r i o s . G o o g le
s a b e lo q u e u n o n e c e s i t a , y u n o s a b e q u e G o o g le s a b e lo
q u e u n o n e c e s i t a , y G o o g le s a b e q u e u n o s a b e q u e G o o g le
s a b e lo q u e u n o n e c e s i t a . D e e s t e m o d o , e l r e s u l t a d o c o i n ­
c id e e x a c t a m e n t e c o n t u s n e c e s i d a d e s : G o o g le r e f i n a c o n ­
tin u a m e n te t u s c o n s u lta s , h a s t a q u e e l p ro p io m o to r d e
b ú s q u e d a s e v u e lv e c a d a v e z m á s p e r s o n a liz a d o s e g ú n tu s
n e c e s i d a d e s . El r e s u l t a d o f i n a l e s q u e e l m u n d o d e l u s u a r i o
es c o n fe c c io n a d o a p a r ti r d e u n s is te m a d e feedback e n tre
l a s b ú s q u e d a s y r e s p u e s t a s d e l a i n t e r f a z G o o g le - u s u a r i o .
M ie n t r a s e s c r i b o e s t a s p á g i n a s e n e l a ñ o 2 0 1 3 , l a c o r ­
p o r a c i ó n m á s f le x i b le , m á s l i b r e ( y m á s t o t a l i t a r i a ) e s t á
l a n z a n d o l a s G o o g le G la s s , u n p r o d u c t o q u e p r o m e t e s e r
e l m a y o r c o d ific a d o r (y d e c o d if ic a d o r ) d e la e x p e r ie n c ia
h u m a n a . E n u n f u t u r o n o m u y l e j a n o , lo s u s u a r i o s q u e
u s e n l a s G o o g le G la s s r e c i b i r á n i n f o r m a c i ó n a c e r c a d e l o s


o b je to s d e n tro d e s u c a m p o d e v is ió n d ir e c ta m e n te e n la

εε_
p a n t a l l a a n t e s u s o jo s , e n e l e s p a c i o e n t r e e l l o s y e s o s
o b je to s . E n o tr a s p a la b ra s , e s ta s g a fa s s e rá n u n a c o m p u ta ­
d o ra a d o s a d a a l c u e rp o / c o n u n a in te r fa z ó p tic a q u e p ro ­
y e c ta in f o r m a c ió n a c e r c a d e lo s o b je to s q u e s e e n c u e n t r a n
f r e n te a l s u je to .
S u p o n g am o s q u e u n o e s tá e n R om a, p ara d o fre n te a l
C o lis e o . P u ls a m o s l a s G o o g le G la ss y r e c ib im o s i n f o r m a c i ó n
a c e rc a d e l m o n u m e n to q u e te n e m o s e n f r e n te . D ado q u e la
i n f o r m a c i ó n q u e G o o g le p o n e a d is p o s i c i ó n e s t á c o m p u e s ­
t a p o r la in f o rm a c ió n e s tá n d a r s u b id a p o r s u s u s u a rio s , la
e x p e r i e n c i a d e lo s q u e u t i l i c e n e s t a s g a f a s s e h a r á c a d a v e z
m á s u n ifo rm e .
S u p o n g a m o s q u e c o n o c e s a u n e x tr a ñ o . E s ta s g a fa s
t e d irá n q u ié n es e s ta p e rs o n a , d e m a n e ra q u e p u e d a s
i n te r a c t u a r c o n é l o e lla d e a c u e rd o c o n la s s u g e re n c ia s
y c o n c lu s io n e s q u e h a y a s p o d id o e x tr a e r a p a r ti r d e la
in fo rm a c ió n p r o p o rc io n a d a .
Poco a poco, el m undo e n te ro (y a c o m p le ta m e n te
c a r t o g r a f i a d o p o r G o o g le M a p s ) s e r á r e c o d i f i c a d o p o r l a s
G o o g le G la s s , p a r a q u e p o d a m o s a c c e d e r a a q u e l l a s e x p e ­
r i e n c i a s p r e v i a m e n t e e x p e r i m e n t a d a s q u e G o o g le p o n g a a
n u e s tr a d is p o s ic ió n .
E s to i m p l i c a q u e u n o y a n o e x p e r i m e n t a r á e l m u n d o ,
s in o q u e , m á s b i e n , s i m p l e m e n t e u s a r á ( r e c i b i r á o a c c e d e r á
a ) d a t o s d e e x p e r i e n c i a s p r e v ia s a c e r c a d e u n o b j e t o q u e
y a n o s e r á e l r e s u l t a d o d e l a e x p e r i e n c i a p r o p i a , s in o u n a
m e ra r e f e r e n c ia a u n m u n d o p r e - e n v a s a d o . D ado q u e la r e a ­
l i d a d e s e l p u n t o d e i n t e r s e c c i ó n d e n u e s t r a s p r o y e c c io n e s ,
y q u e la e x p e rie n c ia e s n u e s tro ac ce so s in g u la r a l m u n d o
d e l a v i d a y l a c r e a c i ó n d e s ig n i f ic a d o c o m p a r t i d o , e s t a t e c -
n o - m u t a c i ó n t e r m i n a r á a f e c t a n d o l a r e a l i d a d e n s í m is m a .
El m u n d o , e n c u a n to e x p e rie n c ia y p ro y e c c ió n , s e rá
v a c ia d o y r e e m p l a z a d o p o r ú n a e x p e r i e n c i a u n i f o r m e y s i ­
m u la d a : la e x p e r ie n c ia d e l e n ja m b r e .

NEURQTQTALITARISMO EN POTENCIA

S e g ú n G io v a n n i G e n t i l e , e l f iló s o f o d e l f a s c is m o i t a l i a n o ,
e l to ta lita r is m o e s u n ré g im e n p o lític o e n e l c u a l to d o ,
d e s d e la e c o n o m ía , e l s is te m a e d u c a tiv o , h a s t a e l c o m p o r­
t a m i e n t o é t i c o , e s t á s o m e t i d o a l a a c c i ó n d e l E s ta d o . El
p ro c e so d e c re a c ió n c o n e c tiv a d e l e n ja m b re n o tie n e n a d a
q u e v e r c o n la fo rm a fa s c is ta d e to ta lita r is m o , p e ro p u e d e
s e r d e s c rip to co m o u n a e s ta n d a riz a c ió n d e la c o g n ic ió n ,
la p e rc e p c ió n y e l c o m p o rta m ie n to , b a s a d a e n la in s e rc ió n
d e a u to m a tis m o s te c n o lin g ü ís tic o s d e n tro d e la c o m u n ic a ­
c ió n h u m a n a y, p o r e n d e , d e la m e n te c o n e c tiv a .
E s ta f o rm a d e te c n o - to ta lita r i s m o e s e l r e s u lta d o d e
t r e s p a s o s c o n s e c u tiv o ^ ·
E l p r i m e r o e s e l c a b le a d o c o n e c t i v o p e r m a n e n t e d e l a s
in te ra c c io n e s h u m a n a s .
El p r o c e s o d e " c e b i l a r i z a c i ó n " h a s id o e l v e h i c u l i z a d o r
p e r f e c t o d e e s t a m u t a c i ó n s o c i o c o g n i t i v a . El t e l é f o n o c e l u ­
l a r , m á s i n v a s iv o q u e l a c o m p u t a d o r a , h a c r e a d o f i n a l m e n t e
EL H O R I Z O N T E DE MU T A CI ÓN

u n a in f r a e s tr u c tu r a d e in te r c o n e x ió n g lo b a l y h a s e n ta d o
la s b a s e s p a r a la d e f in itiv a d e s te r r ito r ia liz a c ió n y u b ic u id a d
d e la in fo rm a c ió n .
El e f e c t o s o c i a l d e e s t e p r o c e s o d e d e s t e r r i t o r i a l i z a ­
c i ó n y c o n e x i ó n , e l c u a l y a h a s id o v a s t a m e n t e i m p t e m e n -
ta d ö , p u e d e o b s e rv a rs e s im u ltá n e a m e n te e n l a g lo b a liz a -
c ió n d e l m e rc a d o la b o ra l y e n la p re c a riz a c ió n d e l tr a b a jo ,
p e ro ta m b ié n , p a ra d ó jic a m e n te , e n la e x tre m a in d iv id u a li­
z a c ió n y e n la in e v ita b le c o le c tiv iz a c ió n d e n u e s tr a s v id a s
p e rs o n a le s . La id e o lo g ía n e o lib e r a l e n f a tiz a e l in d iv id u a ­
l is m o , p e r o e l i n d i v i d u o c o n s u m i s t a c o m p e t i t i v o s e h a l l a
e x tre m a d a m e n te e s ta n d a riz a d o e n su s m e ta s , g u s to s y d e ­
s e o s . El in d iv id u a lis m o y l a s in g u la r id a d t i e n e n p o c o e n
c o m ú n . C o n tra ria m e n te a l in d iv id u a lis m o , la s in g u la r id a d
n o es c o m p e titiv a , in te rc a m b ia b le o e s ta n d a riz a d a .
L a c e l u l a r i z a c i ó n h a l le v a d o a c a b o e l p r o c e s o q u e
H a b e r m a s d e s c r i b i ó c o m o we l d e s a c o p l a m i e n t o d e s i s t e m a
y m u n d o d e l a v i d a - , l a s e p a r a c i ó n d e l l e n g u a j e v iv o ( l a
v o z , l a s i n g u l a r i d a d d e l a c t o d i s c u r s i v o ) y l a —p e r f e c c i ó n
d e l s is te m a te c n o - lin g m s tic o d e in te rc a m b io p e r m a n e n te
e n tr e in te r lo c u to r e s q u e s o n c a d a v e z m e n o s a c to re s d e su
p ro p ia in te r a c c ió n , y q u e a c tú a n c a d a v e z m á s e n c o rre s ­
p o n d e n c i a c o n u n a i n t e r a c c i ó n t e c n o - l i n g ü í s t i c a . 22
La c e lu la riz a c ió n , a s a b e r, la c o n e x ió n d e c a d a a g e n te
d e e n u n c ia c ió n e n la r e d , e s e l m a rc o g e n e r a l d e la s u b s u n -
c i ó n (o c a p t u r a ) d e l a c o m u n i c a c i ó n s o c i a l e n e l e n j a m b r e
e l e c t r ó n i c o . P o r lo t a n t o , r e p r e s e n t a l a c o m p l e t a i m p l e m e n -
t a c i ó n d e lo q u e H e id e g g e r U a m ó " e l l e n g u a j e d é l a t e c n o ­
l o g í a " , e s d e c ir , q u e l a t e c n o l o g í a e s e l s u j e t o d e l e n g u a j e ,
y q u e e l le n g u a je e s h a b la d o p o r e l s is te m a te c n o ló g ic o .
El s e g u n d o p a s o e n e l p r o c e s o d e e s t a b l e c i m i e n t o d e l
n e u r o to ta lita r is m o e s e l a c tu a l re e m p la z o d e la e x p e r ie n c ia

22. Jürgen Habermas, Teona de ία acción comunicativa II. Crítica de la razón


funcionalistar Madrid, Taurus, 1992, p. 217.
v iv a y s u s im u l a c i ó n p o r e s t í m u l o s e s t a n d a r i z a d o s y r e g i s ­
tr a d o s , u n p ro c e s o q u e h e a n a liz a d o m á s a r r ib a e n té rm in o s
d e a u to m a tiz a c ió n d e l s e n tid o d e la o rie n ta c ió n .
L os p r im e ro s d o s p a s o s c o n c ie r n e n a l a a c tiv i d a d c o g n i ti-
v a y a s u s im p lic a c io n e s p s ic o ló g ic a s , a l s o ftw a re d e l a m e n te .
El te r c e r p a s o h a c ia la im p le m e n ta c ió n d e l e n ja m b re
e s t á d ir e c ta m e n te d ir ig id o a m o d ific a r e l h a r d w a r e n e u ­
r o n a l e n s í m is m o , e s d e c ir , l a i n s e r c i ó n d e d i s p o s i t i v o s
té c n ic o s , n a n o p r ó te s is , m o d ific a d o re s y p o te n c ia d o r e s d e
p r o g r a m a c i ó n n e u r o n a l e n e l s i s t e m a n e r v i o s o . T al m a n i ­
p u la c ió n n o e s u n fe n ó m e n o n u e v o ; la p s ic o fa r m a c o lo g ía
y a a c t ú a e n l a m a t e r i a n e u r o n a l , p a r t i c u l a r m e n t e e n lo s
n e u r o tr a n s m is o r e s q u e r e g u la n lo s e s ta d o s d e á n im o , la
a t e n c i ó n y l a r e a c t i v i d a d d e l a p s i q u e . P e ro d e b e r í a m o s
e s p e ra r a ú n m a y o r m a n ip u la c ió n n e u r o n a l e n e l f u tu ro . En
a b r i l d e 2 0 1 3 , e l p r e s i d e n t e d e l o s E s ta d o s U n id o s d e c la r ó
q u e u n a d e la s in v e rs io n e s m á s im p o r ta n te s d e l p a ís e n
m a te r ia d e in v e s tig a c ió n c ie n tífic a s e ría d e s tin a d a a l m a-
Brain
p e o d e l a a c t i v i d a d c e r e b r a l , t a m b i é n c o n o c id o c o m o
Research through Advancing Innovative Neurotechnologies
[in v e s tig a c ió n c e r e b r a l p o r m e d io de n e u ro te c n o lo g ía s
in n o v a d o r a s av a n za d as], que p re te n d e c a rto g ra fia r la
a c tiv id a d y la s fu n c io n e s de c a d a n e u r o n a e n e l ce re b ro
h u m a n o . E s te p r o y e c t o e s t á b a s a d o e n e l s u p u e s t o d e l a
n e u r o p la s tic id a d : la p o s ib ilid a d d e in te r v e n ir e n e l s is te ­
m a n e rv io s o , r e d ire c c io n a r s u a c tiv id a d n e u r o n a l y re c o n ­
f ig u r a r la s r e d e s s in á p tic a s .
L a n e u r o p la s tic id a d , s in e m b a rg o , e s u n a c o n d ic ió n
a m b ig u a q u e ta m b ié n p ro v e e la o p o r tu n id a d d e u n a a l t e r ­
n a t i v a . D e h e c h o , s i b i e n l a p o s i b i l i d a d d e t r a n s f o r m a r lo s
p ro c e so s y e s tru c tu r a s m a te ria le s d e la a c tiv id a d c o g n itiv a ,
d e r e c o n fig u r a r la s r e d e s s in á p tic a s , a b re u n a v ía a la d o ­
m i n a c i ó n n e u r o t o t a l i t a r i a d e l a s s e m io c o r p o r a c i o n e s (lo s
m e d io s d e c o m u n ic a c i ó n ) y l a s p s ic o c o r p o r a c i o n e s ( l a p s i ­
c o f a r m a c o l o g ía ) , t a m b i é n i n v i t a a u n p r o c e s o d e s a b o t a j e
y s u b v e r s i ó n d e l m o d o d o m i n a n t e d e c a b le a d o m e n t a l , a l
EL H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

p e r m itir la e x p e r im e n ta c ió n c o n fo rm a s lib r e s d e c o n c a te ­
n a c i ó n n e u r o p s í q u i c a , q u e c o r r e s p o n d e n a l p r o c e s o s o c ia l
d e a u to o r g a n iz a c ió n d e l tr a b a jo c o g n itiv o .

^RESISTIR LA MUTACIÓN?

¿ D e b e r ía m o s p l a n e a r r e s i s t i r l a a c t u a l m u t a c i ó n e n c u r s o ?
E s ta s e r í a u n a e l e c c i ó n r e a c c i o n a r i a y t e c n o f ó b i c a y , p o r
o tr a p a i t e , u n a t a r e a im p o s ib le . N o c re o q u e s e a p o s ib le
r e s is tir la m u ta c ió n .
La in n o v a c ió n te c n o ló g ic a g e n e ra h e r r a m ie n ta s q u e
r e c o n f ig u r a n n u e s tr o e n to r n o s o c ia l, e m p o d e r a n d o a lo s
in d iv id u o s q u e se a d h ie r e n a e lla y r e le g a n d o a a q u e llo s
q u e l a r e s i s t e n . E s ta e s l a r a z ó n p o r l a c u a l s e r í a i n ú t i l
c u a lq u ie r tip o d e r e s is te n c ia . L os in d iv id u o s n o p u e d e n

_ss ·
e v a d irs e d e la c a p tu r a q u e o c u r r e c u a n d o t i e n e lu g a r im
c a m b io e n e l c a m p o d e lo s d i s p o s i t i v o s d e c o m u n i c a c i ó n .
Y, a d e m á s , l a p r o p a g a c i ó n d e l a s t e c n o l o g í a s d e r e d a c e l e r a
e l ritm o d e in te g r a c ió n .
A c e p t a r e l d e s a f í o r e s u l t a , p o r lo t a n t o , i n e v i t a b l e , y
s o lo a l h a c e r l o s e r e m o s c a p a c e s d e v i s l u m b r a r u n a p o s i b l e
a lte r n a tiv a p a ra e l fu tu ro ·
E s ta a l t e r n a t i v a q u e d e b e r e m o s a f r o n t a r r e s u l t a h o y e n
d ía e v id e n te : e s la e le c c ió n e n t r e e l s o m e tim ie n to t o t a l i ­
ta r io d e l s is te m a n e rv io s o a la g o b e r n a n z a s e m io fin a n c ie -
r a d e l c a p ita lis m o f r e n te a la d e s v in c u la c ió n d e la e n e r g ía
n e rv io s a (y d e la a c tiv id a d d e l general intellect, q u e e s la
e x p r e s ió n o r g a n iz a d a d e la e n e r g ía n e rv io s a ) d e la s re g la s
s e m io fin a n c ie ra s in te g r a d a s e n la g o b e r n a n z a d e l s is te m a .
E s te s e r á e l m a y o r j u e g o q u e e n f r e n t a r e m o s e n l a s d é ­
c a d a s v e n i d e r a s . T o d o o t r o j u e g o d e p o d e r y a h a s id o j u g a ­
d o , y to d o s se h a n p e rd id o . P ero e l d e la n e ü ro p la s tic id a d
e s tá a p e n a s c o m e n z a n d o . A p u n ta a d e s v in c u la r la a u to ­
n o m ía d e l general intellect d e s u ja u la n e u r o to ta lita r ia , la
c u a l se c o rre s p o n d e c o n la s n e c e s id a d e s , d e l c a p ita lis m o
a b s o l u t o . L le g a d o s a e s t e p u n t o , a h o r a t a n s o lo p o d e m o s
e n tre v e r l a p o s ib ilid a d d e d e s v in c u la c ió n d e la a c tiv id a d
m e n ta l d e l h e c h iz o te c n o - m a y a .
El general intellect o b ie n s e r á c o d ific a d o p o r la matrix
s e m ió tic a d e la s e m io e c o n o m ía y la a c tiv id a d s o c ia l s e rá
c o n v e rtid a e n u n e n ja m b re c o n e c ta d o a n iv e l te c n ó n e u ro -
n a l , o b i e n s e r e u n i r á c o n s u c u e r p o s e n s i b l e p a r a c r e a r la s
c o n d ic io n e s d e in d e p e n d e n c ia d e l c o n o c im ie n to re s p e c to a
la matrix y d e s in g u la r id a d d e la e x p e rie n c ia .

VIBRACIÓN MORFOGENÉTICA_EN EL NEUROMAGMA

¿C óm o e m e rg e u n a n u e v a f o rm a a p a r t i r d e l m a g m a d e m a ­
t e r i a e i n f o r m a c i ó n ? E s ta p r e g u n t a e s c r u c i a l s i q u e r e m o s
im a g in a r la p o s ib ilid a d d e d e s v in c u la c ió n d e la p o te n c ia
s o c ia l y d e l general intellect d e l y/d o b le v í n c u l o w q u e r e p r e ­
s e n ta e l c a p ita lis m o .
El s u rg im ie n to d e u n a n u e v a fo rm a s e m ió tic a se d a e n
e l e s p a c io q u e e x is te e n t r e e l neuromagma y la m o rfo g é ­
n e s is v ib ra to ria .
El c a p ita lis m o e s , e s e n c ia lm e n te , u n m a rc o s e m ió tic o ,
u n a f o r m a q u e s e m i o t i z a ( c o d if ic a ) c o n t e n i d o s d e a c u e r d o
c o n c ie r to s in te r e s e s y d e a c u e rd o c o n e l p a r a d ig m a d e la
a c u m u la c ió n . L a fo rm a q u e c o n s tr iñ e (e l c a p ita l) e s e l c o ­
d if ic a d o r s e m i ó t i c o q u e s o m e t e lo s c o n t e n i d o s ( h a b i l i d a d e s
s o c ia l e s , i n t e l i g e n c i a c o l e c tiv a ) y p e r v i e r t e s u p o t e n c i a l e n
l a r e p e t i c i ó n d e l m o d e lo e c o n ó m ic o d e l a a c u m u l a c i ó n . ;
El p ro c e so c o n tin u o d e tra n s fo rm a c ió n d e la m e n te
g lo b a l p u e d e s e r d e s c r ip to co m o u n m a g m a , u n a e f e r v e s ­
c e n c i a c a ó t i c a d e l a s r e d e s s i n á p t i c a s i n t e r s u b j e t i v a s : la s
c o n ju n c io n e s y la r e p e n tin a p ro life ra c ió n d e n e u r o n a s q u e
e s c a p a n a lo s p a tr o n e s c o n e c tiv o s e x i s te n te s .
El n e u ro m a g m a c o n tie n e in fin ita s p o s ib ilid a d e s de
e v o lu c ió n , a u n q u e la s fo rm a s e x i s te n te s d e c a b le a d o n e u ­
r o n a l e s tá n fo rz a n d o a la s r e d e s n e u r o n a le s a a d e c u a rs e a
EL H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

c ir c u ito s c o n e c tiv o s p r e e n v a s a d o s . ¿C óm o p o d e m o s d e s ­
v in c u la r la s d iv e rg e n te s p o s ib ilid a d e s d e c o n ju n c ió n d e la
a c t i v i d a d n e u r o n a l d e l a m e n t e g lo b a l?
L a m o r fo g é n e s is ( la c r e a c ió n y e l s u r g im ie n to d e n u e ­
v a s fo rm a s ) p ro v ie n e d e la v ib ra c ió n d e l n e u ro m a g m a q u e
e x c e d e e l c a b le a d o d e l a c o n e c t i v i d a d a l p u n t o d e r o m p e r
(d e s c o n e c ta r) e l c irc u ito e x is te n te . L as fo rm a s, s u r g e n d e
la in te ra c c ió n e n tre la e s tru c tu r a in te r n a d e la c o n e c ti­
v id a d y e l a m b ie n te e x te r n o d e l n e u ro m a g m a , c u y a s m á ­
q u in a s p u e d e n a l te r a r la s e s tr u c tu r a s c o n e c tiv a s y d a r
n a c im ie n to a d in á m ic a s v ib r a to ria s e n b u s c a d e n u e v a s
s e m io tiz a c io n e s , n u e v a s fo rm a s.
La in te ra c c ió n v ib r a to ria d e u n s is te m a c o n su e n to rn o
m a rc a e l c o m ie n z o d e u n a n u e v a fo rm a . E n u n a r tíc u lo
tit u la d o ^ S o b re e l o r ig e n y la n a tu r a le z a d e la n e u r o g e o -
m e t r í a ,,/ A l e s s a n d r o S a r t i y G i o v a n n a C i t t i i n t e n t a n c o m ­

_ ζεε
p r e n d e r e l p ro b le m a d e la in d iv id u a c ió n d e s d e e l p u n to d e
v is ta d e la n e u ro g e o m e tría y, p a r tic u la rm e n te , d e s d e el

_
p u n to d e v is ta d e la n e u ro fis io lo g ía d e l p ro c e s o d e v is ió n .
E x p lic a n q u e l a s c é l u l a s v i s u a l e s a c t i v a d a s p o r l o s e s t í m u ­
lo s d e la s im á g e n e s e n t r a n e n c o m u n ic a c ió n a tr a v é s d e
u n a c o n e c tiv id a d h o riz o n ta l.
S a r t i y C i tti e s c r i b e n : y/L a p l a s t i c i d a d d e l c e r e b r o , e s
d e c ir , s u h a b i l i d a d p a r a r e o r g a n i z a r l a s r e d e s n e u r o n a l e s
s o b r e l a b a s e d e n u e v a s e x p e r i e n c i a s p o r m e d io d e p r o c e ­
d im ie n to s d e a p r e n d iz a je , g a r a n tiz a u n a f u e r te c o n e x ió n
e n t r e e l d is e ñ o d e n u e s t r o s i s t e m a p e r c e p t i v o y l a s p r o ­
p i e d a d e s d e l e n t o r n o f ís ic o e n e l q u e v iv im o s ff. 23 E n c o n d i ­
c i o n e s d e a m p l i a c r i t i c i d a d y v a s t a c o m p l e j i d a d ( m ill o n e s
d e c é l u l a s p r o p a g á n d o s e y c o l i s i o n a n d o , o m il l o n e s d e s e ­
re s h u m a n o s s ig u ie n d o d if e r e n te s p r o y e c to s , e n tr a n d o e n
c o n flic to y lu c h a n d o p o r la v id a ), e s ta lla u n a to p o lo g ía

23. Alessandro Sarti y Giovanna Citti, Λ0η the Origin and Nature of Neuro-
geometry'en ¿a iíuova Cn’tica 2010, pp. 55 す 56.
m o rfo stá tic a . Podem os decir, p o r lo ta n to , que la g eo m e tría
in e r te (q u ie ta e inm óvil) e n tr a e n u n a d in ám ica v ib ra to ria .
La caosxnosis24 es e l p ro ceso q u e sig u e a la e x p lo sió n
de la to p o lo g ía m o rfo s tá tic a y q u e tie n e com o re su lta d o el
su rg im ie n to de u n a n u e v a form a.
¿Cómo e n tra e n vibración u n te rrito rio colectivo , u n a
m u ltitu d , u n a sociedad o u n a red? Sucede p o r m edio de la
rev erb eración o reso n an cia. Podem os in te n ta r e n te n d e r la
re so n a n c ia e n té rm in o s de la relació n e n tre u n ritm o y u n
refrán . Un ritm o es la relació n de u n flujo subjetivo de signos
m usical, p o é tic o o g e stu a l con el e n to rn o cósm ico, te rre s tre
o social. Es sin g u la r y colectivo. S ingulariza e l sonid o del
m undo a tra v é s de u n a configuración p a rtic u la r del sonido
am b ie n ta l. Pero p u ed e d e se n c a d e n ar u n proceso de a g lu ti­
n ació n y de com u n id ad se n sitiv a y sensible. Por ejem plo,
cuando las p e rso n a s co m ien zan a c a n ta r la m ism a can ció n
y b a ila r e l m ism o b aile. Esto p u ed e ser peligroso cuan d o el
se n tid o de com unidad e s tá basado e n el su p u e sto arb itra rio
de la p e rte n e n c ia n a tu ra l. La su b jetiv ació n fa sc ista e sta b a
b a sa d a , po r ejem plo, e n ta l h o m ogeneidad o b lig ato ria. Pero
esto ta m b ié n p u e d e o cu rrir de m an era iró n ic a y nomádica.
La g e n te com ienza a crear u n a n u ev a can ció n y lo h acen
ju n to s . No lo h a c e n po rq u e co m p a rta n u n a id e n tid a d o p o r­
que p ie n se n que p e rte n e c e n al m ism o te rrito rio o d estin o .
Lo h a c e n p o rq u e les g u sta el sonido de sus voces vib ran d o al
u n íso n o . Esto es lo que yo llam o u n movimiento. ¿Qué es u n
m ovim iento? Es u n ev en to que abre u n nuevo pan o ram a. En
e l cam po del a rte o las p o líticas sociales, p or ejem plo, c u a n ­
do surge u n m ovim iento (literalm ente,, u n d esp lazam ien to ),
som os capaces de ver cosas que a n te s no veíam os·
Un re frá n es u n ritu a l obsesivo que le p e rm ite a uim sin-
g u larid ad , u n organism o co n scien te e n c o n tin u a variación,
e n c o n tra r p u n to s de a u to id e n tific a ció n , te rrito ria liz a rse y

24. Félix Guattari, Caosmosis, Buenos Aires, Manantial, 1996.


EL H O R I Z O N T E DE MUTACI ÓN

percibirse a sí m ism a e n relació n con el m undo que la rodea.


Un re frá n es u n m odo de sem iotización que le p e rm ite a u n a
sin g u larid ad (u n g rupo, u n pu eb lo , u n a n a c ió n , u n a su b ­
c u ltu ra o u n m ovim iento) recibir y p ro y e c ta r el m undo de
acuerdo con lo in te rin d iv id u a l, es decir, a fo rm ato s rep ro d u -
cibles y com unicables. Para que e l u n iverso cósm ico, so cial y
m olecular sea filtrado p o r ta p ercep ció n in d iv id u al, la m e n te
activ a filtro s o m odelos de sem io tizació n . Llamo a e sto s fil­
tro s refranes. La m an era e n que u n a sociedad, u n a c u ltu ra
o u n a p e rso n a percib en el tie m p o es ta m b ié n u n m odelo
de u n verdadero refrán te m p o ra l, es decir, de m odulaciones
rítm icas p a rtic u la res que a c tú a n como m aneras de acceder
al d evenir cósm ico te m p o ra l y a e n tra r e n sin to n ía con él.
D esde e s ta p e rsp e c tiv a , el tie m p o u n iv e rsa l no p a r e ­
ce s e r m ás q u e u n a p ro y e c c ió n h ip o té tic a , u n tie m p o de
e q u iv a le n c ia g e n e ra liz a d a , u n tie m p o -c a p ita lis ta aplana­


_mm
do; lo im p o rta n te so n e s to s m ó d u lo s p a rc ia le s d e te m -

6
p o ra liz a c ió n q u e o p e ra n e n d iv erso s d o m in io s (b io ló g ico ,
e to ló g ic o , so c io c u ltu ra l, m a q u ín ic o , có sm ico ), y fu e ra de
lo s cu ales los re fra n e s com plejos c o n s titu y e n sin c ro n ía s
e x iste n c ia le s e x tre m a d a m e n te re la tiv a s .25
Lo q u e co m p o n e u n re frá n es, e se n c ia lm e n te , el ritm o .
Los q u e so n sin g u la re s p u e d e n cre a r u n esp acio co m ú n de
re so n a n c ia , p a ra q u e de cad a ritm o n u ev o e m e rja u n a n u e ­
v a fo rm a . Es e l n u ev o ritm o e l q u e h a c e p o sib le v islu m b ra r
u n n u ev o p a n o ra m a .

ARTE, SENSIBILIDAD Y NEU ROPLASTICIDAD

E proceso de transform ación, que fue el objeto de la im agina­


ción política durante la M odernidad, se e stá desplazando h a d a
la esfera conceptual y práctica de la neuroplastíddad.

25. Ibid., p. 29.


La m u tació n de la m e n te e s tá e n curso como co n secu en ­
cia de u n in te n to espasm ódico de las m en tes indiv id u ales
p o r ad a p ta rse a la caó tica in fo esfera global y p o r reco n fig u ­
rar la relación e n tre e s ta y la psicoesfera, e n tre la cognición
y el e strés, y e n tre el cerebro y el caos. El espacio del cerebro
social e s tá siendo atravesado po r fenóm enos de ad ap tació n
tra u m á tic a . No sólo la dim ensión psicológica del in co n scien ­
te se h a lla p e rtu rb a d a , sino que ta m b ié n et te jid o m ism o del
sistem a nervioso e s tá som etido al tra u m a , la sobrecarga y la
desco nexión. La ad a p ta c ió n del cerebro a e sta s nuev as con­
diciones am b ien tales conlleva u n enorm e su frim ien to , u n a
to rm e n ta de violencia y de kicura·
U n am plio rango de p a to lo g ía s c o n te m p o rá n e as parece
e scap ar de los m arcos p sic o a n a lític o s y c o n c e rn ir a la ce­
rebralidad m ás que a la sex u alid ad , como afirm a C atherine
M alabou e n The New Wounded: From Neurosis to Brain
Damage [Los nuev o s h erid o s: de la n eu ro sis al d añ o cere­
b ra l]. El alzhéim er, el p árk in so ri/ el tra s to rn o de e stré s pos-
tra u m á tic o , e l p á n ic o , los tra s to rn o s de d é fic it de a te n c ió n ;
el a u tism o y la an o re x ia so n sín to m a s de u n a p e rtu rb a c ió n
q ue e s tá a fe c ta n d o no solo al softw are lin g ü ístic o y p síq u i­
co, sino ta m b ié n al h ardw are neurológico.
El problem a es: ¿acaso la co n cien cia ju e g a u n rol e n
e s te proceso de m u tació n ? ¿La im ag in ació n a c tú a c o n sc ie n ­
te m e n te e n los p rocesos n eu ro p lá stic o s? ¿P uede h a c e r algo
el org anism o c o n sc ie n te cuando se ve e n v u e lto e n u n a si­
tu a c ió n espasm ódica?
En el v o c a b u la rio de G u a tta ri, vim os q u e caosm osis
es el p a sa je osm ó tico de u n e sta d o de caos a u n o de o r­
d e n . A quí, la p a la b ra orden no im p lica n in g u n a in te n c ió n
n o rm a tiv a y no tie n e n in g ú n sig n ificad o o n to ló g ic o . Es la
re la c ió n a rm ó n ic a e n tre la m e n te y su e n to rn o se m ió tic o ,
es sim p a tía y p e rc e p c ió n c o m p a rtid a :

los hombres incesantemente se fabrican un paraguas que los res­


guarda, en cuya parte inferior trazan un firmamento y escriben
EL H O R I Z O NT E DE MUTACI ÓN

sus convenciones, sus opiniones; pero el poeta, el artista, practi­


ca un corte en el paraguas, rasga el propio firmamento, para dar
. entrada a un poco del caos libre y ventoso y para enmarcar en
una luz repentina una visión que surge a través de la rasgadura,
primavera de Wordsworth o manzana de Cézanne [...]. El arte no
es el caos, sino una composición del caos que da la visión o sen­
sación, de tal modo que constituye un cosmos, como dice Joyce,
un caos compuesto -y no previsto ni preconcebido-.

La poesía es el caoideo lingüístico que reabre el espacio de


in d eterm inación y restablece la autonom ía de la enunciación
fren te al funcionam iento de interfaces tecnolingüísticas.
La p o e sía es e l acto iró n ic o q u e excede e l sig n ificad o
e sta b le c id o de las p a la b ra s.
En to d a esfera de la acción hu m an a, h ay u n a gram ática
que establece lím ites que definen u n espacio de com unicación.
Hoy e n d ía , la e c o n o m ía se h a c o n v e rtid o e n la g ra ­

- m丨
m á tic a u n iv e rsa l q u e p e n e tr a e n to d o s lo s n iv e le s de la
a c tiv id a d h u m a n a . El le n g u a je se d efin e y lim ita s e g ú n su
in te rc a m b ia b ilid a d eco n ó m ica.
La red u c c ió n del le n g u a je a in fo rm a c ió n y la in c o rp o ­
ració n de a u to m a tism o s te c n o lin g ü ístic o s e n su circu lació n
so cial g a ra n tiz a n la su je c ió n del le n g u a je a la eco n o m ía
fin a n c ie ra . S in em bargo, m ie n tra s la co m u n icació n so cial
es un. p ro ceso lim ita d o , el le n g u a je no tie n e lím ite s, su
p o te n c ia lid a d v a m ás a llá de la s fro n te ra s d el sig n ificad o .
La p o e sía es el exceso de le n g u a je , e l sig n ific a n te d e sv in ­
cu lado de lo s lím ite s d e l sig n ificad o . La iro n ía , la fo rm a
é tic a de e s te p o d e r excesivo del le n g u a je , es el ju e g o in ­
fin ito realizad o p o r las p a la b ra s p a ra p a sa r p o r a lto los
sig n ificad o s e sta b le c id o s, p a ra m ezclarlos y cre a r n u ev as
c o n c a te n a c io n e s se m á n tic a s.

26. Gilles Deleuze y Félix Guattari, ¿Qué es la filosofía?, Barcelona, Anagra­


ma, 1993, pp. 204-206.
Los m o v im ien to s so ciales, al fin a l de c u e n ta s , p u e d e n
se r v isto s com o a c to s iró n ic o s de le n g u a je , com o in s o l­
v e n c ia s se m ió tic a s, com o re c h a z o s a p a g a r la d e u d a del
sig n ificad o y, e n ú ltim a in s ta n c ia , com o la d e sv in c u la c ió n
d el le n g u a je , el c o m p o rta m ie n to y la acció n de lo s lím ite s
de la d e u d a sim b ó lica.
El o rg an ism o c o n s c ie n te y se n sitiv o e v o lu c io n a a t r a ­
vés de la in te ra c c ió n e n tr e la e sfe ra in d iv id u a l y la co ­
le c tiv a , a tra v é s d e l v ín cu lo e n tr e la n e u ro a c tiv id a d sin -
g u la r y la c o n c a te n a c ió n c o n e c tiv a . La n e u x o p la stic id a d
de los c o m p o n e n te s s u b in d iv id u a le s de u n org an ism o (la
d esco m p o sició n y re c o m p o sic ió n m o lecu lar de la m a te ria
b io ló g ica) in te r a c tú a co n los ritm o s y a u to m a tism o s s u ­
p ra in d iv id u a le s d el e n ja m b re te c n o lin g ü ís tic o , e l su p ra o r-
g an ism o b io in fo rm á tic o in te g ra d o e n la g o b e rn a n z a t o t a ­
lita r ia d el se m io c a p ita lism o .
Las in te rfa c e s te c n o lin g ü ís tic a s v in c u la n e l o rg an ism o
al su p ra o rg a n ism o b io in fo rm á tic o de la red ; el le n g u a je
e s tá so m e tid o a u n cableado a u to m a tiz a d o . La co g n ic ió n
se e n c u e n tra a tra p a d a e n el loop ineiuaibL e de e s ta a u to -
c o n firm ació n sin ñ n .
Solo u n exceso de im a g in a c ió n p u e d e e n c o n tra r la vía
h a c ia u n a n e u ro p la s tic id a d c o n sc ie n te , n a v e g a b le . Pero lo
q u e n o sabem os es si ese exceso de im a g in a c ió n a ú n p u e ­
de te n e r lu g a r cu an d o se h a fijado e l cableado c o g n itiv o .
E sta es la p r e g u n ta con la q u e te n d re m o s q u e lid ia r e n las
p ró x im as d écad as. Es el próxim o d esafío , el ju e g o n e o h u r
m an o q u e hoy, e n m ed io de lo q u e p a re c e se r u n a im p a ­
rab le e irrev ersib le c a tá s tro fe de la c iv ilizació n h u m a n a ,
a p e n a s p odem os v islu m b rar.
i r \
C O N C IEN C IA Y EVOLUCIÓ

l\J

-
3 ,ε
EL DETERMINISMO COMO DESCRIPCIÓN Y ESTRATEGIA

El d e te rm in ism o es u n a te o r ía filosófica b a sa d a e n e l s u ­
p u e s to de q u e cad a e v e n to físico p u e d e s e r re d u c id o a u n a
c a d e n a de c a u sa lid a d e s. D u ra n te e l tra n s c u rs o d el ú ltim o
sig lo, la v isio n d e te rm in is ta g anó y, a l m ism o tie m p o , p e r­
dió te rre n o .
Ganó te rre n o gracias al re fin a m ie n to de las h e rra m ie n ­
ta s de in v e stig a c ió n m icrofísica y al d e sc u b rim ie n to de
p a tro n e s de c au salid ad y d e te rm in a c ió n e x tre m a d a m en te
com plicados e n el cam po de la b io g e n é tic a . Pero p erdió
te rre n o , ta n to e n la física com o e n la b io lo g ía , desde que
e l p rin cip io de in d e te rm in a c ió n de H eisenberg desd ib u jó el
v ín cu lo e n tre los fen ó m en o s físicos y e l observador.
la ú ltim a década del siglo pasado, se fundó el Proyecto
Genom a H um ano bajo el p re su p u e sto de que los genes d e te r­
m in a n la v id a de u n organism o de la m ism a m an era e n que
u n código p erm ite la in te rp re ta c ió n de u n m ensaje. Para la
co n cep tu alizació n de e ste p royecto, fu e c e n tra l la red u cció n
d e te rm in ista , que p la n te a b a que el desarrollo de u n orga­
nism o e stá c o n ten id o e n la e stru c tu ra in fo rm acio n al de su
código g en ético . Sin em bargo, u n a vez que se cartografió el
genom a, los científicos y filósofos disiparon las im plicacio­
n es d e te rm in ista s del m apeo bio g en ético , al d e stacar la im ­
p o rta n c ia de la epigénesis e n la form ación de los organism os
vivos. La epigénesis es el efecto aleato rio e im predecible que
ejerce el e n to rn o e n el despliegue del código inform ativ o
del organism o, a medidéi que e ste tra n s ita de u n a dim ensión
cero a u n cuerpo m ultidim ensional.
En e fe c to , se g ú n la te o ría e p ig e n é tic a , el código solo es
la p a le ta (o rango de p o sib ilid ad ) sobre la cu al tie n e lu g a r
el proceso de g e n eració n , que se p ro d u c e al se leccio n ar u n a
p o sib ilid ad e n tre m uchas. Un organism o v iv ie n te no debe
se r e n te n d id o com o el desarrollo p redecible de la in fo rm a ­
ció n c o n te n id a e n su código. Más b ie n , debe se r v isto como
u n a n eg o ciació n in fin ita m e n te com pleja e n tre el código y
el e n to rn o , e n tre las p o sib ilid ad es c o n te n id a s e n el código
y el re su lta d o del desarrollo e p ig e n é tic o . La e p ig é n e sis es la
oscilación v ib ra to ria del flujo de in fo rm ació n g e n é tic a que
e n tr a e n c o n ta c to co n el e n to rn o y que cam bia de direcció n
y fo rm a de acuerdo con los ev en to s del m ed io am b ien te.
La te o r ía e p ig e n é tic a re v e la e l e rro r del d e te rm in ism o .
B asado e n e l su p u e s to de q u e los. fe n ó m e n o s so n el d e s­
p lie g u e p re d e c ib le de p ro ceso s de g e n e ra c ió n codificados>
e l d e te rm in ism o p a sa p o r a lto los p ro ceso s de v ib ra c ió n
a le a to rio s q u e c o n d u c e n a la im p le m e n ta c ió n de u n a p o ­
sib ilid a d e n tr e m u ch as. Al fin y a l cabo, e s ta es la ra z ó n
p o r la cu al deb e se r a b a n d o n a d o com o m e to d o lo g ía p a ra
d e sc rib ir la re a lid a d . Pero el d e te rm in ism o n o es sim p le ­
m e n te u n a d e sc rip c ió n , ta m b ié n es u n p ro y e c to y, d esd e
e s te p u n to de v is ta , d eb eríam o s a n a liz a rlo de u n a m a n e ra
d ife re n te . De h e c h o , p u e d e se r v isto com o u n a e s tra te g ia
p a ra in s e r ta r h e rra m ie n ta s d e te rm in is tic a s e n e l o rg a n is­
mo vivo y e n su cereb ro , co n la a u to m a tiz a c ió n c o g n itiv a
com o la te c n o lo g ía q u e h ace e sto p osible.
C O N C I E N C I A Y E VOL UCI ÓN

AUTOMATIZACIÓN COGNITIVA

La a u to m a tiz a c ió n de la a c tiv id a d c o g n itiv a se rá la te n d e n ­


cia p rin c ip a l e n la p róxim a e ra y re p re s e n ta e l sa lto h acia
u n a d im en sió n p o sh istó ric a . En el se n tid o m odern o y h u ­
m a n ista , la h is to ria era e l proceso de afirm ación co n sc ie n te
de p royectos de lib e rta d e n el cam po de la acció n p o líti­
ca· Pero la m u ta c ió n c o g n itiv a de la que e sta m o s h ab lan d o
d isolverá la relació n h istó ric a e n tre c o n cien cia, p o lític a y
lib e rta d . La a u to m a tiz a c ió n e s tá reem p lazan d o la d ecisió n
p o lític a . La p a la b ra gobernanza refiere e se n c ia lm e n te a e s ta
a u to m a tiz a c ió n e n la to m a de d e c isio n e s y e n la in te r p r e ­
ta c ió n de los d a to s, im p lica el fin de la p o lític a , la d em o ­
cracia y el e sta b le c im ie n to de u n a ca d e n a a u to m á tie á de
p ro c e d im ie n to s lógicos q u e p re te n d e n ree m p la z ar ta s elec­
cio nes v o lu n ta ria s y c o n sc ie n te s. La a u to m a tiz a c ió n e s tá

-
ss .
tra n sfo rm a n d o el organism o social e n u n enjam bre.
En la s a c tu a le s c o n d ic io n e s de h ip e rc o m p le jid a d (la
elev ad a in te n s id a d y ex cesiv a v elo cid ad de in fo e stim u la -
ció n q u e a fe c ta a l c e re b ro ), la a cció n so cial es cad a vez
m en o s el re su lta d o de e le c c io n es c o n s c ie n te m e n te o rg a n i­
zad as y cad a vez m ás el re s u lta d o de c a d e n a s a u to m a tiz a ­
d as de e la b o ra c ió n c o g n itiv a e in te ra c c ió n social.
En la p re s e n te tra n sfo rm a c ió n (n e o h u m a n a ), b a sa d a
e n la m a n ip u la c ió n d ig ita l d e l le n g u a je y la v id a , e s tá
re su rg ie n d o u n a esp e c ie de d e p e n d e n c ia te o ló g ic a de la
acció n h u m a n a . Los a u to m a tism o s te c n o lin g ü ís tic o s e s tá n
a c tu a n d o , de h e c h o , com o u n dios p o s h u m a n is ta , cu y a
fu e rz a o p e ra c io n a l es in e s c ru ta b le y s u p e rio r a la aeeió n y
la v o lu n ta d h u m a n a s . 、
No r e s u lta s o rp re n d e n te q u e lo n e o h u m a n o e m erja e n
e l e s p a d o c u ltu ra l e s ta d o u n id e n s e . D esde c o m ie n z o s d e la
c o lo n iz a c ió n , la civ ilizació n e sta d o u n id e n s e e stu v o m a r­
cad a p o r la s u p re sió n de su o rig e n . El leg ad o c u ltu ra l y
relig io so del p asad o e u ro p e o fu e b o rra d o p o r la d ecisió n
p u r ita n a de a b a n d o n a r e l v iejo c o n tin e n te , c o n ta m in a d o
p o r la c o rru p c ió n re lig io sa y p o lític a . El e x te rm in io de
los p u e b lo s in d íg e n a s (e l m ás p e rfe c to g e n o c id io d e t o ­
dos lo s tie m p o s) lim p ió el esp acio n o rte a m e ric a n o de to d á
tr a z a de c u ltu ra lo cal. En u n te rrito rio p u rificad o de las
h u e lla s h is tó ric a s y c u ltu ra le s d el p a sa d o , lo s p u rita n o s
c o n stru y e ro n u n a n u e v a civ ilizació n , q u e e s ta b a e se n c ia l-
m e n te b a s a d a e n u n a re la c ió n v e rb a l con Dios.
El len g u aje p u rita n o fu n c io n a a trav és del sí y del no.
No h a y m atices n i am bigüedad, solo la p e rfe c ta alternativa::
cero o u n o . Su relación con Dios no se basó en im ág en es ;
rep resen tacio n es im puras e in d efin id as. Solo las palab ras h i­
ciero n posible la relación e n tre Dios y las p erso n as elegidas.
Los c a tó lic o s in v a d ie ro n e l esp acio c u ltu ra l m exicano
m e d ia n te la c irc u la c ió n de u n im a g in a rio y b a s a ro n e l p ro ­
ceso de e v á n g e liz ac ió n e n la am b ig ü e d a d de las im á g e n e s ,:
cu y a in te r p r e ta c ió n e ra in f in ita y e s ta b a c o n s ta n te m e n te
a b ie rta a la n e g o c ia c ió n se m á n tic a . Los p u rita n o s an g lo sas
jo n e s , p o r e l c o n tra rio , s e n ta ro n las b a se s p a ra u n a in fo e s-
fe ra b in a ria q u e no c o n tu v ie ra a m b ig ü e d a d , e n la q u e to d a
p r e g u n ta p o d ía te n e r solo u n a re s p u e s ta : sí o n o .
E sta es la co n d ic ió n e p isté m ic a y e s té tic a de la civm n
zació n n e o h u m a n a q u e co n d u jo a la c u ltu ra o c c id e n ta l a
cre a r te c n o lo g ía s de c o m p u ta c ió n y a d ig ita liz a r la in fo es;-
fe ra , y q u e se e s tá d irig ie n d o a h o ra h a c ia la u to p ía de la
a u to m a tiz a c ió n to ta l de la v id a in te lig e n te .
El p ro y ecto tra n sh u m a n o se b a sa e n la in sc rip c ió n de
a u to m a tisin o s d e te rm in ista s e n la ac tiv id a d co g n itiv a; Al
a su m ir que e l co m p o rta m ie n to c o n sc ie n te es e l e fecto de
u n a cad en a cau sal d e te rm in is ta , el objetivo de e s te proyec^
to es im p le m e n ta r u n a a u to m a tiz a c ió n té c n ic a que actú e
como u n a rép lica p e rfe c ta del ser h u m an o : e l an droid e.
Tal proyecto im plica la in serció n de cadenas d eterm i­
n ista s e n el propio proceso ep ig en ético ; p re te n d e estre c h a r
el espacio de la ep ig en ética y so m eter e ste tip o de eventos
a u n a d eterm in ació n de series algorítm icas in sc rip ta s e n el
cuerpo y e n la m en te. Pero el proyecto tra n sh u m a n ista se
C O N C I E N C I A Y E VOL UC I O N

b asa e n u n a id ea erró n ea de la ex p erien cia h u m an a. La a c ti­


v idad c o g n itiv a p u ed e ser red u cid a a p ro ced im ien to s fo rm a­
les, los cuales, a su vez, p u e d e n ser trad u cid o s a algoritm os,
de m an era que la cognición p u ed e ser replicada p o r a r te :
factos y la experiencia p uede estan d arizarse. Pero el a g e n te
h u m ano no pu ed e ser reducido a su co m p o rtam ien to γ per­
formance cognitiva.
Si b ie n la co g n ic ió n y la v id a p u e d e n s e r sim u la d a s
p o r a u tó m a ta s in te lig e n te s , no so n re d u c tib te s a la co m b i­
n a c ió n e in te g ra c ió n de in fo rm a c ió n e n lo s a rte fa c to s . Por
m ás com plejos y refin a d o s q u e e sto s se a n , los c o n stru c to s
solo p u e d e n d e sa rro lla r c o m p o rta m ie n to in te lig e n te , p ero
no e x p e rie n c ia . E ste es e l e rro r filosófico de la id e o lo g ía
tra n s h u m a n is ta . Y, a u n así, e l d esarro llo de te c n o lo g ía de
a u to m a tiz a c ió n c o g n itiv a e s tá p ro d u c ie n d o m u ta c io n e s en
los o rg an ism o s c o n sc ie n te s y e n el v ín cu lo so c ia l. La id e o ­


lo g ía tr a n s h u m a n is ta no d e b e ría s e r v is ta com o u n a d e s­
c rip c ió n de lo re a l, sin o com o u n p ro y e c to y u n a e s tra te g ia
p a ra re p ro g ra m a r el cereb ro h u m a n o .

EL DILEMA DE LA NEUROPLASTICIDAD

Como el c o n c e p to de d e te rm in ism o , el de n e u ro p la s tic id a d


ta m b ié n tie n e dos caras: d escrib e el siste m a n erv io so com o
e se n c ia lm e n te p lá stic o , p e ro ta m b ié n pro v ee la s co n d ic io ­
n e s p a ra e je c u ta r u n a e s tr a te g ia . La p la s tic id a d del s is te ­
m a n e u ro n a l p o s ib ilita el p ro y e c to de n e u ro -so m e tim ie n to
y m u ta c ió n c o g n itiv a u n ifo rm e , com o p o r ejem plo la e s tr a ­
te g ia de G oogle. P ero, p o r o tro la d o , im p lic a la p o sib ilid a d
de d e sa rro lla r u n p ro y e c to de n e u ro -e m a n c ip a c ió n de la
re a lid a d q u e n o s ro d ea.
H ay u n dilem a que e c lip sa el fu tu ro próxim o: el de
la a d a p ta c ió n del siste m a n erv io so a u n e n to rn o so cial y
físico q u e se hace cada vez m as in to le ra b le p a ra la se n si­
b ilid a d h u m a n a y la reo rg a n iz ac ió n a u tó n o m a d el general
f
r
a
nc

intellect. Bl p rim er caso y a se p u e d e o bservar am p lia m e n te


o

e n el a c tu a l co m p o rta m ie n to social: los siste m a s m e d iá ti­


cos globalizados n o s e x p o n e n d ia ria m e n te a la v isió n de
B

u n a v io len cia in d e sc rip tib le , to r tu r a m asiva, h u m illació n ,


I

m iseria y a l d esp la z a m ie n to y d e p o rta c ió n de m illo n es de


F
o

m u jeres, n iñ o s y g e n te m ayor, pero n o s acostum b ram o s


cad a vez m ás a d e sa c tiv a r la co m p asió n , al p u n to de q ue el
B

cinism o de m asas de h o y e n d ía a c tú a como u n a esp ecie de


E

a n e s te s ia é tic a . La ex p o sició n p e rm a n e n te a n te el h o rro r


R
A

d esactiv a el se n tim ie n to ético y a c tú a como u n a h a b itu a ­


R

ció n psicológica que a tro fia la e m p a tia . Por lo ta n t o ;la


D

n e u ro p la stic id a d p u e d e im p licar u n tip o de a u to m a tiz a c ió n


I

a p á tic a y a -e m p á tic a d el c o m p o rta m ie n to c o g n itiv o , se p a ­


ra d a y escotomizada1 del cerebro em ocional.
Pero e s te co n cep to ta m b ié n p u ed e se r u tiliz a d o e n la
d irecció n o p u e sta . La p la stic id a d d el siste m a n ervio so p u e ­
-s s

de p ro v eer la c o n d ició n p a ra u n a re a c tiv a ció n fu n d a m e n ta l


;

del a p a ra to p sico co g n itiv o e n su ex p resió n social. La n e u -


ro p la stic id a d p u e d e re a c tiv a r la e m p a tia em ocional y la s o —
lid a rid a d p o lític a , co n d icio n es n e cesarias p a ra u n proceso
de a u to o rg a n iz a ció n del general intellect conducid o y a no
p o r el im pulso in m o ra l de la c o m p e te n c ia económ ica, sino
p o r u n a sen sib ilid ad é tic a y e s té tic a .
. '■ ^ . . . ...

NEUROINGENIERÍA: CONCIENCIA Y EVOLUCIÓN

La su b su n c ió n es in te rm in a b le debido a ta d is ta n c ia in s a l­
v ab le q u e e x iste e n tr e la d im e n sió n cero y la in fo rm a c ió n
a te m p o ra l y e l c u erp o com o algo m u ltid im e n sio n a l que
e v o lu c io n a e n el tie m p o . El ju e g o te rm in ó , p ero a u n así se
re n u e v a c o n tiim a m e n te .

1 . La escotomización es un término utilizado en el psicoanálisis para des^


cribir el mecanismo por medio del cual el sujeto hace desaparecer de su
memoria hechos traumáticos. [N. dé la T.]
CONCIENCIA Y

La n e u ro p la s tic íd a d p u e d e d ar lu g a r a la a d a p ta c ió n
d el cereb ro a u n e n to rn o q u e re s u lta cada vez m ás in to ­
lerab le p a ra la m e n te p sico ló g ica, e s té tic a y é tic a fo rja d a
p o r la h is to ria de la c iv ilizació n h u m a n a . La a d a p ta c ió n
n e o h u m a n a al m odo co n ectiv o de c o m u n icació n , a la f e ­
ro cid ad de la c o m p e te n c ia , a la b a rb a rie y el h o rro r del
so m e tim ie n to de la v id a y la a te n c ió n a la a b stra c c ió n fi­
n a n c ie ra p o d ría n to m a r la fo rm a de u n a esp e c ie de lo b o to -
m ía social: la e lim in a c ió n farm acológica o q u irú rg ic a de lo
q ue e n p sico lo g ía h u m a n a es in c o m p a tib le co n el do m in io
de la a b stra c c ió n .
Sin em b arg o , u n a a lte r n a tiv a p o sib le re sid e e n la c a ­
p a c id a d de autoplasmación d el cerebro c o n sc ie n te . Esto
im p lica la re c o m p o sic ió n a u tó n o m a de la s fu e rz a s v iv as
d e l general intellect, u n p ro ceso de o rg a n iz a c ió n so cial
de lo s tra b a ja d o re s c o g n itiv o s y la re c o m p o sic ió n de su
c u e rp o so cial y e ró tic o .
Para p o d e r c o n c e p tu a liz a r el d e sp la z a m ie n to de las
fo rm as p a sa d a s de a cció n p o lític a , a h o ra d e sp ro v ista s de
e fe c tiv id a d , h a c ia el h o riz o n te e v o lu tiv o de la c o n c ie n c ia
n e u ro n a l, p rim ero debem os re sp o n d e r a lg u n a s p re g u n ta s :
¿cu ál es la re la c ió n e n tr e c o n c ie n c ia y e v o lu ció n ?, ¿ p o d e ­
m os co n c e b ir u n a a c tiv id a d in te n c io n a l cuyo o b jetiv o sea
la a d a p ta c ió n n o d e te rm in is ta d el cereb ro a la e v o lu ció n
d el e n to rn o ? , ¿podem os im a g in a r u n a a c tiv id a d c o n sc ie n ­
te p a ra o rie n ta r la ev o lu c ió n del cereb ro ?, ¿podem o s g o ­
b e rn a r c o n s c ie n te m e n te la e v o lu ció n n e u ro n a l?
Para re sp o n d e r e s ta s p re g u n ta s d eb eríam o s p rim ero
c o n sid e ra r la re la c ió n e n tr e la se n sib ilid a d e s té tic a y los
fu n d a m e n to s e p isté m ic o s de la acció n so cial. Solo e n to n ­
ces p o d rem o s c o n c e n tra rn o s e n la cre a c ió n de p la ta fo rm a s
so ciales, c u ltu ra le s, in s titu c io n a le s , a rtís tic a s y de n e u -
ro in g e n ie ría p a ra la a u to o rg a n iz a c ió n del general intellect
y p a ra la re c o m p o sic ió n de la a c tiv id a d e n re d de m illo ­
n e s de tra b a ja d o re s c o g n itiv o s p o r to d o e l m u n d o co n sus
c u e rp o s so ciales, e ró tic o s y p o é tic o s.
π EL FIN

¿ ε ·
MALINCHE

In v o c a r a M alinche es la m ejo r m a n e ra de h a b la r del fin .


Los h u m a n o s y a h a n ex p e rim e n ta d o el fin d el m u n d o , o
a l m enos e l fin de u n m u n d o . U n m undo fin a liz a cu an d o los
signos p ro c e d e n te s de la m e ta m á q u in a se m ió tic a se h a c e n
in d escifrab les p a ra u n a co m u n id ad c u ltu ra l q u e se percib e
a sí m ism a como ese m undo.
Un m undo es la proyección de p a tro n e s significativos
en el espacio que ro d ea la experiencia viva. Es el co m p artir
u n código com ún cuya clave reside en las form as de vida
de la p ro p ia com unidad. Cuando flujos de enun ciacio n es in ­
com prensibles p ro ced en tes de la m e ta m á q u in a in v ad en el
espacio de in tercam b io sim bólico, ese m undo colapsa p orque
sus h a b ita n te s son incapaces de decir n a d a efectivo acerca
de los ev en to s y cosas que los rodean· Cuando los signos
p ro ced en tes del e n to rn o y a no son co n siste n te s n i com pren­
sibles d en tro del m arco de u n código com partid o , cu ando los
signos que p o rta n efectiv id ad y p o te n c ia escap an al código
c u ltu ra l com partido, u n a civilización deja de ser v ita l y e n ­
tr a e n u n tú n e l de desesp eran za, se d esin teg ra ráp id am en te
y fin alm en te se disuelve. Sus m iem bros m u eren o p ierd en la
capacidad de sen tirse p a rte de u n a realidad com ún en evolu­
ción y aquellos que sobreviven se so m eten a u n proceso de
in te g ra c ió n d e n tro del código de u n a c u ltu ra em ergen te, asi­
m ilando el len g u aje y el sistem a de valores del colonizador·
Desde el p u n to de v ista de varias culturas indígenas de la
Mesoamérica precolom bina, la colonización española significó
el fin del m undo, el fin de u n m undo. Los españoles d erro ta­
ron a los pueblos indígenas gracias a su abrum adora fuerza
m ilitar, pero la colonización fue esencialm ente u n proceso de
sum isión sim bólica y cultural· La "superioridad" del coloni­
zador residió principalm ente e n la efectividad operacional de
sus producciones y expresiones técnicas. Este proceso d e stru ­
yó el am biente cu ltu ral e n el cual hab ían vivido d u ran te siglos
las com unidades indígenas. La tecnología alfabética y el poder
de la palabra escrita abrum aron, perjudicaron y, finalm ente,
suprim ieron las culturas aborígenes. El m ensaje cristiano se
mezcló con las m itologías e x isten tes an tes de la colonización,
y la cu ltu ra m oderna m exicaná surgió, por ejem plo, como
efecto de la rendición a n te la sem iosis alfabética y como efec­
to de la contam inación y el sincretism o.
La m e ta m á q u in a a lfa b é tic a e s tá b a sa d a e n la e x te r-
n a liz a c ió n de la m em o ria y e n la p o sib ilid a d de tra n s fe rir
in fo rm a c ió n a tra v é s d e l tie m p o y el e sp acio . G racias a la
su p e rio rid a d fu n c io n a l de su m á q u in a se m ió tic a , lo s e u ro ­
p e o s su b y u g a ro n , su b su m ie ro n y re -c o d ific aro n e l u n iv e r­
so c u ltu ra l de lo s n a tiv o s, ta n to e n México com o e n o tra s
re g io n e s d el c o n tin e n te a m erican o .
Algo sim ilar n o s e s tá su c e d ie n d o h o y e n d ía . Y p o r
ello debem os in te n ta r re sp o n d e r la s ig u ie n te p re g u n ta :
¿q u é su c e d e cu an d o u n m u n d o m u ere, cu an d o lo s flujos
e x te rn o s de sem iosis s u p e ra n a y so n m ás e fe c tiv o s q ue
lo s le n g u a je s y form as de v id a e x is te n te s , y to d o e l m undo
de v alo res, e x p e c ta tiv a s y códigos m orales se d e sin te g ra ?
EL FI N

En el fondo del in c o n sc ie n te latin o am erican o se e n c u e n ­


tr a el m ito de M alinche. A ntes de la lleg ad a de los invasores
españoles, M alinche (Malinalli e n el idiom a n á h u a tl o Marina
p ara los esp añ o les), h ija de u n a fam ilia noble a z te c a, fu e
v en d id a como esclava a u n o s com erciantes de paso lu ego de
que su padre m uriera y su m adre se volviese a casgLr·
Para el m om ento e n :q u e llegó C ortés, e lla y a h a b ía
ap ren d id o el d ialecto m aya que se h a b la b a e n Y u catán y
a ú n r e te n ía su co n o cim ien to del n á h u a tl, e l id io m a de los
a z te c as. D u ran te m uchos añ o s, M alinche (u n a in g e n io sa
m u jer de u n a b elle z a ex cep cio n al y b rilla n te n iv e l in te le c ­
tu a l) se c o n v irtió e n la a m a n te de C ortés y lo aco m p añ ó
como su in té rp re te . Ella tra d u jo in te rc a m b io s e n tre Cortés
y M octezum a, rey a z te c a de la p o b lació n de T e n o c h titlá n , y
la p a la b ra del c o n q u ista d o r a n te las m u ltitu d e s in d íg e n a s.
Tam bién tra d u jo las p a la b ra s de los c o n q u ista d o re s c ris tia ­

• ε,
n o s y de los curas a la p o b lació n n á h u a tl.
En la novela Malincher Laura Esquivel im ag in a a M alinalli

-
a tra p a d a e n tre sus p ro p ia s c re e n c ias, a p re n d id a s de las
le y e n d a s p o p u la re s y d e l im a g in a rio vivido q u e le tr a n s ­
m itió su a m ad a a b u e la , y la s c reen cias c ris tia n a s a las
q u e la in tro d u jo su m a e stro y a m a n te .1 ¿Cómo h iz o p a ra
tra d u c ir la m ito lo g ía y c o n c e p to s é tic o s c ristia n o s a la m i­
to lo g ía d el Q u e tz a lc ó atl y e l H u itz ilo p o c h tli? ¿Qué tip o de
tra n sfo rm a c ió n sim b ó lica y re e la b o ra c ió n in v o lu c ra ro n sus
tra d u c c io n e s? D esde co m ien zo s de la c o n q u is ta , e n México
y e n A m érica d el S ur e n g e n e ra l, la c u ltu r a c ris tia n a y
la m ito lo g ía se re c o n fig u ra ro n de m a n e ra sin c ré tic a y la
a m b ig u e a a d fu e a c e p ta d a com o u n a c a ra c te rís tic a e s e n ­
cial d e l in te rc a m b io re lig io so . La tr a d u c to ra M alinche fu e
d o b le m e n te tra id o ra . No solo tra ic io n ó a su p ro p io p u e ­
b lo , a l c re a r u n v ín cu lo co n lo s in v a so re s, sin o q u e ta m ­
b ié n tra ic io n ó a lo s c o n q u ista d o re s y a su p ro p io a m a n te .

1 .Laura Esquivel, Malinche, Madrid, Punto de Lectura, 2007.


U tilizo la p a la b ra traición a q u í ú n ic a m e n te e n su s e n tid o
té c n ic o ; desde u n p u n to de v is ta m o ral M alinche n o le
d e b ía n a d a a su p ro p io p u e b lo , q u e la v e n d ió com o esclav a
y la tr a tó com o u n a s irv ie n ta . C ortés la e lig ió com o su
a m a n te y co la b o ra d o ra y tu v ie ro n u n h ijo , M a rtín , q u ie n
se ría el p rim e r m ex ican o . M alinche fu e e x tre m a d a m e n te
ú t i l p a ra C ortés e n su c o n q u is ta . En u n a c a rta p re se rv a ­
d a e n los a rch iv o s e sp a ñ o le s. C ortés p ro clam a: y/D espués
d e Dios, le debem os la c o n q u is ta de la N ueva E sp añ a a
d o ñ a M arinad El leg ad o de M alinche es c o n tro v e rsia l; e n
el México c o n te m p o rá n e o , la p a la b ra malinche se u s a a
v eces p e y o ra tiv a m e n te p a ra d e sc rib ir a a lg u ie n q u e n ie g a
su p asad o y q u e v alo ra o tra s c u ltu ra s so b re la su y a . Si
b ie n h a sido d e s c rip ta com o u n a tra id o ra , los h isto ria d o re s
a firm a n que, cu an d o e sta lló e l co n flic to e n tr e lo s e sp a ñ o ­
les y los p u e b lo s in d íg e n a s , M alinche ju g ó u n ro l c e n tra l
p a ra e v ita r d e rra m a m ie n to s de san g re. Su a c tiv id a d como
tr a d u c to ra le dio p o d e r p a ra c o n tro la r la in fo rm a c ió n y, lo
m ás im p o rta n te , p a ra tra d u c ir c o n c e p to s. O ctavio Paz la
m e n c io n a eri su o b ra El laberinto de la soledad:

Por contraposición a Guadalupe, que es la Madre virgen, la Chingada


es la Madre violada. [...] Guadalupe es la receptividad pura y tos
beneficios que produce son del mismo orden: consuela, serena, aquie­
ta, enjuga las lágrimas, calma las pasiones. La Chingada es aún más
pasiva. Su pasividad es abyecta: nó ofrece resistencia a la violencia,
es un montón inerte de sangre, huesos y polvo. Su mancha es consti­
tucional y reside, según se ha dicho más amba, en su sexo. Esta pasi­
vidad abierta al exterior la lleva a perder su identidad: es la Chingada.
Pierde su nombre, no es nadie ya, se confunde con la nada, es la Nada.
Y, sin embargo, es lá atroz encamación de la condición femenina.
Si la Chingada es una representación de la Madre violada, no me
parece forzado asociarla a la Conquista, que fue también una viola­
ción, no solamente en el sentido histórico, sino en ta carne misma
de las indias. Bl símbolo de la entrega es doña Malinche, la amante
de Cortés. Es verdad que ella se da voluntariamente al Conquistador,
EL FI N

pero este, apenas deja de serle útil, la olvida. Doña Manna se ha


convertido en una figura que representa a las indias, fascinadas,
violadas o seducidas por los españoles. Y del mismo modo que el niño
no perdona a su madre que lo abandone para ir en busca de su padre,
2
el pueblo mexieano no perdona su traiaon a la Malinche.

M alinche no solo es la e x p re sió n de la m ezcla d e c u l­


tu ra s , sin o ta m b ié n la d e l re n a c im ie n to de u n m u n d o a
p a r tir d e l colapso d e l a n tig u o . Es c o n sid e ra d a ta n to u n
sím bolo de su je c ió n com o d e l su rg im ie n to de u n n u ev o
M éxico, u n a n u e v a h is to r ia y u n n u ev o m u n d o . P ero, so b re
to d o , es la e x p re sió n de la c o n c ie n c ia d el fin de su m u n d o :
e lla sa b ía q u e su m u n d o , com o u n siste m a c o n s is te n te de
re fe re n c ia s c u ltu ra le s y se m ió tic a s, se h a b ía d e sin te g ra d o .
Si los lím ite s de u n m undo son los del le n g u aje que lo
h ace c o n siste n te y significativo, M alinche es el sím bolo del

丨ss
fin de u n m undo, así como ta m b ié n de la form ación de u n

m
nuevo espacio sem iótico e n la in te rse c c ió n e n tre dos códigos


d iferen tes. Ella es capaz de tra n sfo rm a r e l colapso de su civi­
lización e n la creación de u n nuevo len g u aje y, p o r lo ta n to ,
de u n nuevo m undo que no es n i la c o n tin u ació n d el an tig u o
n i la m era trad u cció n del de los conquistadores.
Solo cu a n d o u n o es ca p a z de v e r e l co lap so com o la
e lim in a c ió n de la m em o ria, la id e n tid a d y com o e l fin del
m u n d o , es p o sib le im a g in a r u n o n u e v o . E sta es la le c c ió n
q u e debem os a p re n d e r de M alinche.

EL AUTÓMATA COGNITIVO Y NOSOTROS

Hoy, a com ienzos del siglo xxi, nos e n c o n tra m o s e n u n a p o ­


sició n sim ilar a la de M alinche: el c o n q u ista d o r e s tá aq u í. 2

2. Octavio Paz, El laberinto de la soledadr México, Fondo de Cultura Eco­


nómica, 2007, p. 96.
pacífico o agresivo, in fin ita m e n te su p erio r, in a lc a n z ab le e
in co m p ren sib le. N osotros le dim os n a c im ie n to , e s ta c u ltu ­
ra n e o h u m a n a que surgió de n u e s tra h is to ria y atrav esó
el o céan o , d e stru y e n d o to d a form a de v id a e x is te n te p a ra
crear u n nuevo código basado e n la p u re z a y p a ra e n g e n ­
d ra r al a u tó m a ta , la ló g ica de la a u to m a tiz a c ió n sin fin.
El a u tó m a ta bioinform ático se form a e n el p u n to de co­
n exión e n tre m áquinas electrónicas, lenguajes dig itales y
m en tes form ateadas de m anera com patible con sus códigos.
Su flujo de enunciación e stá haciendo em an ar u n m undo co­
nectivo que los códigos conjuntivos y a no p u ed en in te rp re ta r,
u n m undo que es sem ióticam ente incom patible con la civili­
zación social que resultó de los cinco siglos de hum anism o,
pen sam iento ilustrado y socialism o. Y yo n u n c a seré capaz
de vivir en paz con el a u tó m a ta , porque fui form ateado e n el
viejo m undo. Digo, como dice Pris e n Blade Runner, yie n to n -
ces irioriremos porque som os estúpidos"· Mi cuerpo sobrevive
porque no puedo en c o n tra r la salida. La raza h u m a n a se e stá
co n v irtiendo e n u n ejército de sonám bulos: g e n te sufriendo
de la enferm edad de Alzheim er, tom ando p astillas, de pie y
en fren tan d o la realidad, sonriendo, diciendo "sí, sí, s í ...”.
El a u tó m a ta es la reificación de la a ctiv id ad c o g n itiv a
in te rc o n e c ta d a de m illones de sem io trab ajad o res de to d o el
m undo. Solo cuando se v u elv en com patibles con el código
conectivo p u e d e n e n tra r e n el proceso de in te rc o n e x ió n .
Esto im plica la desactivación de los m odos de com unicación
y p ercep ció n co n ju n tiv o s (com pasión, e m p a tia , solid arid ad ,
am b igüedad, iro n ía ), y así se s ie n ta n las b ases p a ra la asi­
m ilación del organism o c o n scien te y el a u tó m a ta d ig ital.
S egún la id eo lo g ía tra n s h u m a n is ta , d e n tro de alg u ­
n a s d é c a d a s lo s a u tó m a ta s d ig ita le s s e rá n ca p a c es de
re e m p la z ar p e rfe c ta m e n te a los organism os h u m an o s. Ray
K urzw eil, p o r ejem plo, p ie n sa que e n u n fu tu ro no m uy
lejan o los h u m a 1 1 0 s y las m áq u in as se h a rá n in te rc a m b ia ­
b les desde e l p u n to de v is ta de la eficacia co g n itiv a . Esto
es c la ra m e n te p o sib le. Sin em b arg o , el su p u e s to de q u e el
a u tó m a ta y los seres h u m a n o s se fu sio n a rá n es falso , p u e s
el a u tó m a ta n u n c a p o d rá se r asim ilado p o r el h u m a n o , y a
que la esp ecificid ad de e s te ú ltim o reside e n la relació n
e n tre la ra c io n a lid a d c o n sc ie n te y e l in c o n sc ie n te .
La c o g n ició n fu n c io n a l del a u tó m a ta es m ás p o d e ro sa
que la h u m a n a desde u n p u n to de v is ta o p eracio n al. Es
m ás p o d ero sa, m ás e fe c tiv a y, o b v iam en te, m ás d e stru c tiv a .
Pero la d ife re n c ia irre d u c tib le e n tre el organism o c o n sc ie n ­
te y el a u tó m a ta , p o r m ás com pleja y re fin a d a q ue sea,
resid e e n el in c o n sc ie n te .
El in c o n s c ie n te del a u tó m a ta es e l h a rd w a re m a te ria l
de la m a q u in a ria e le c tro m a g n é tic a a la q u e llam am o s v/la
re d ”. Por el c o n tra rio , el in c o n s c ie n te h u m a n o es la ca rn e
y se c a ra c te riz a p o r la a m b ig ü e d a d , la in c o n se c u e n c ia y, lo
m ás im p o rta n te , p o r la m u e rte .
El a u tó m a ta es p u ra fu n c io n a lid a d , in c lu so cu a n d o
e s tá d o ta d o de u n a ev o lu c ió n a u to rre g u la d a ; su b su m irá

¿ ε·
la s c o m p e te n c ia s c o g n itiv a s h u m a n a s y la s s o m e te rá a sus
re g la s. Por e sto , e l fu tu ro q u e te n d re m o s q u e e n f r e n ta r
n o se rá la dulce a lia n z a tra n s h u m a n a e n tr e a m isto sa s m á ­
q u in a s h ip e rin te lig e n te s y se re s h u m a n o s, sin o q u e m ás
b ie n se tr a ta r á del so m e tim ie n to t o ta l de los h u m a n o s a
la s re g la s de la in te lig e n c ia in o rg á n ic a d el a u tó m a ta , cuyo
c o m p o rta m ie n to e s ta rá re g u la d o se g ú n lo s c rite rio s e n él
in s c rip to s p o r su creador, e l c a p ita lism o b io fin a n c ie ro .
Seguram ente, el au tó m ata será capaz de evolucionar. Pero
su creador h ab rá inscripto el paradigm a de su evolución en su
código infogenético. Y el creador coincide con las corporacio­
nes m ás avanzadas del capitalism o biofinanciero, como Google.
En el p a n o ra m a global a c tu a l, lu eg o de la d esap arició n
de la s c u ltu ra s ig u a lita ria s , t a n solo h a y dos a cto res: el
prim ero es la fu e rz a o m n ip re se n te de la a b stra c c ió n fin a n ­
ciera; el seg u n d o , la p ro life ra c ió n de c u erp o s id e n tita rio s
rencorosos y reaccio n ario s.
La ab stracció n fin an ciera se b asa e n la o p erativ id ad sin
rostro de los a u to m atism o s in te g ra d o s e n dinám icas sociales
desalm adas. Nadie e s tá a cargo realm en te, n ad ie e s tá to m a n ­
do decisiones co n scien tem en te. En las operaciones económ i­
cas las im plicaciones lógicas m atem áticas h a n reem plazado
a los que d ecidían, y el algoritm o del c a p ita l se h a hecho
in d e p e n d ie n te de las v o lu n ta d e s individuales de sus dueños.
La im p e rso n a lid a d de la a b stra c c ió n fin a n c ie ra escap a
a c u a lq u ie r in te n to de tra n sfo rm a c ió n p o lític a c o n sc ie n te ,
y así la g e n te q u e h a p e rd id o e l c o n tro l sobre su s v id as
se a fe rra p ro fu n d a m e n te a u n s e n tim ie n to de p e rte n e n c ia
ilu so rio . La n a c ió n , la fe re lig io sa y la e tn ic id a d o to rg a n
p ro te c c ió n fre n te a la in s e g u rid a d y la so le d a d , y sirv e n
com o h e rra m ie n ta s p a ra a ta c a r a los c o m p e tid o re s.
Las e n e rg ía s c o n e c tiv a s de la n u e v a g e n e ra c ió n h a n
sido rec o m b in a d a s p o r e l a u tó m a ta te c n o fin a n c ie ro y re ­
d u cid as a u n a co n d ic ió n de p re c a rie d a d . El p e rte n e c e r
agresivo es la ú n ic a fo rm a de c o h e sió n .
¿S erá e l general intellect c a p a z de a u to d e sv in c u la rse
d el a u tó m a ta ? ¿P uede la c o n c ie n c ia a c tu a r e n la e v o lu ­
ció n n e u ro ló g ica? ¿S erán cap aces los h u m a n o s de e n c o n ­
t r a r u n n u ev o le n g u a je c o n ju n tiv o e n el rein o co n ectiv o
del código d ig ita l? ¿ E n c o n tra rá n el placer, los a fe c to s y la
e m p a tia m a n e ra s de re s u rg ir fu e ra de su m arco c o n ju n ti­
vo? ¿Serem os cap aces de tra d u c ir a u n le n g u a je h u m an o
el le n g u a je co n ectiv o de la se m io m á q u in a a u to m a tiz a d a ,
cuyo zum bido e s tá crecien d o e n n u e s tra s m e n te s?
E stas so n p re g u n ta s que solo M alinche p u e d e in te n ta r
resp o n d er, p o r h a b e rse a b ie rto al o tro in co m p ren sib le, tr a i­
cio nado a su pueblo y re in v e n ta d o u n le n g u a je p a ra p o d er
e x p re sa r lo inefable.

A gosto de 2014
FUAUROS PRÓXIMOS

La corriente de eventos que conforman nuestra vida cotidiana


adquino en el último tiempo un nuevo y exótico tono. Cada vez
con más frecuencia nos sorprendemos desenvolviéndonos en es­
cenarios cuyas características parecen pertenecer más al mundo
de La ciencia ficción que a Lo que habitualmente interpretamos
como realidad, y cuyas claves de comprensión parecieran venir a
nosotros desde La proximidad de un futuro inminente antes que
del pasado. EL modo en que el trabajo y eL consumo abandona­
ron su Lugar y tiempo tradicionales para colonizar La totalidad
de nuestras vidas, incluyendo aquellos momentos más íntimos y
solitarios; eL hecho de que La abrumadora mayoría de las preguntas
que Le hacemos al mundo tienda a resolverse en La superficie de
contacto entre La yema de nuestros dedos y el teclado de nues­
tras computadoras; la inquietante mutación de la subjetividad en
un perfil que cotidianamente rediseñamos y compartimos con los
demás, y tantas otras manifestaciones del presente, nos invitan a
reconsiderar tas categorías con las que tradicionalmente pensamos
a La sociedad, la política y el arte, y a crear nuevos conceptos alLi
donde aqueUas hayan entrado en una suerte de desfasaje teórico
respecto de los fenómenos que intentam os comprender.
El propósito de nuestra colección de nuevos ensayos. F u tu ro s
P r ó x im o s , es promover una escritura experiencíaly cargada de afec­
to que extraiga sus formas de La intima proximidad que mantiene
con su objeto. Un tipo de crítica cultural expandida, de cualidad
elástica, con ñexibilidad para recibir materiales de fuentes diver­
sas como La teoría política y la música pop. La filosofía y La cultura
digital, eL pensamiento sobre la técnica y Las artes visuales, con
eL objetivo de elaborar un repertorio de recursos críticos que nos
ayude a leer las transformaciones deL mundo que nos rodea. Y, por
sobre todas las cosas, a sobrevivir en é し
Este Libro se terminó de imprimir y encuadernar en junio
de 2017 en Elias Porter y Cía. S.R.L., PLaza 1202,
Ciudad de Buenos Aires, Argentina.

También podría gustarte