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TC Aposentadoria Da Pessoa Portadora de Deficiência
TC Aposentadoria Da Pessoa Portadora de Deficiência
São Paulo/SP
2023
LUCAS EDUARDO MARINHO
São Paulo/SP
2023
LUCAS EDUARDO MARINHO
BANCA EXAMINADORA
Prof(a).
Prof(a).
Prof(a).
RESUMO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7
2 INTERSEÇÕES ENTRE A CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE (2007) E A
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E
SAÚDE: IMPLICAÇÕES E REVERBERAÇÕES NO DIREITO BRASILEIRO...........10
3 PARÂMETROS NORMATIVOS PARA A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA
AO INDIVÍDUO COM DEFICIÊNCIA..................................................................................14
3.1 TRAJETÓRIA LABORAL E AS INTERSEÇÕES DA DEFICIÊNCIA AO LONGO DA
CARREIRA...............................................................................................................................16
4 ABORDAGENS PERICIAIS EM BENEFÍCIOS ASSOCIADOS À
INCAPACIDADE....................................................................................................................20
4.1 SUBSÍDIO PREVIDENCIÁRIO EM FACE DA INCAPACIDADE LABORAL
TEMPORÁRIA.........................................................................................................................22
4.2 CONCESSÃO PREVIDENCIÁRIA EM FACE DA INCAPACIDADE LABORAL
PERMANENTE........................................................................................................................22
4.3 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE INCAPACIDADE E
DEFICIÊNCIA..........................................................................................................................24
5 CONSIDERAÇÃO FINAL..................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................27
7
1 INTRODUÇÃO
É incontestável que a Convenção de Nova Iorque acerca dos Direitos das Pessoas
com Deficiência inaugurou uma perspectiva renovada sobre os conceitos de
incapacidade e deficiência. Esta inflexão conceitual ganhou impulso inicial em 2001
com a promulgação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde (CIF) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Posteriormente, a mencionada
convenção, promulgada pela ONU em 2007 e ratificada por mais de 130 nações,
incluindo o Brasil, consolidou essa abordagem.
É digno de realce que a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, juntamente com seu Protocolo Facultativo, firmados em Nova Iorque
em 30 de março de 2007, ostenta a distinção de ser o primeiro tratado internacional a ser
recepcionado pelo Brasil conforme o rito estabelecido pela Emenda Constitucional nº
45/2004. O Congresso Nacional, em consonância com o procedimento delineado pelo §
3º do art. 5º da Constituição Federal, outorgou sua aprovação por intermédio do Decreto
Legislativo nº 186, datado de 9 de julho de 2008. O instrumento de ratificação foi
depositado pelo governo brasileiro em 1º de agosto de 2008, fazendo com que o tratado
adquirisse vigência para o Brasil, no âmbito jurídico externo, a partir de 31 de agosto de
2008. Finalmente, a internalização deste tratado no ordenamento jurídico nacional
ocorreu por meio de sua promulgação pelo Decreto nº 6.949, em 25 de agosto de 2009.
Em um de seus dispositivos basilares, a Convenção de Nova Iorque, no artigo 1º,
conceitua "pessoa com deficiência" aquelas que possuem impedimentos de longo prazo
de caráter físico, mental, intelectual ou sensorial, que, em combinação com diversas
barreiras, podem restringir sua participação plena e eficaz na sociedade, em pé de
igualdade com as demais pessoas (BRASIL, 2009).
A partir da elucidação do conceito de deficiência, emerge a incontestável
responsabilidade estatal, em conjunção com a sociedade civil, de estruturar um
1
sistema que vise à minimização, senão à eliminação, das barreiras enfrentadas por este
segmento da população. É imperativo discernir que deficiência não se amalgama com
incapacidade. Tal distinção tornou-se mais nítida com a promulgação da Lei nº 13.146
de 2015, que introduziu alterações no Código Civil. O artigo 4º da mencionada
Convenção delineia obrigações gerais, e, especificamente no item 1B, insta os países
signatários a promoverem revisões legislativas e práticas para erradicar discriminações
contra indivíduos com deficiência, o que justifica a instituição da aposentadoria
específica para este grupo, tema central deste estudo. Assim, a Lei nº 13.146/2015
instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que também foi consagrado como a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
O paradigma internacional de deficiência foi incorporado ao ordenamento
jurídico brasileiro mediante o Estatuto da Pessoa com Deficiência. A Lei nº 13.146 de
2015 estabelece, em seu artigo 2º, que se entende por pessoa com deficiência aquela que
apresenta impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, que, em confluência com barreiras, podem restringir sua participação plena e
efetiva na sociedade, em condições de igualdade com os demais cidadãos.
A Convenção Internacional de Nova Iorque, em um gesto inovador, reconheceu e
exaltou a autonomia e liberdade das pessoas com deficiência. Em seu preâmbulo,
reafirma a essencialidade da autonomia e independência individuais para esse grupo,
sublinhando a importância da liberdade de exercer escolhas autônomas. Adicionalmente,
insta ao reconhecimento isonômico perante a lei, conforme delineado no artigo 12, itens
1-4, da referida Convenção.
indivíduo. Esta avaliação não se restringe apenas às funções fisiológicas do ser humano,
mas também engloba a estrutura anatômica, capacidade de realização de atividades
cotidianas e fatores ambientais, como as condições físicas e sociais do entorno.
Para a solicitação de um benefício não programado, relacionado à incapacidade,
o requerente deve agendar uma perícia médica em uma agência da previdência social.
Nesta avaliação, um perito médico do INSS irá determinar a presença ou ausência de
incapacidade, decidindo pela concessão ou negação do benefício solicitado. Esse
processo é conhecido como perícia administrativa. Se o resultado for desfavorável ao
solicitante, ele tem a opção de requerer uma avaliação por meio da perícia judicial.
Neste cenário, a decisão acerca do benefício emerge de uma sentença proferida por um
juiz de direito. Devido à possível ausência de expertise técnica do magistrado na
avaliação da incapacidade, é permitida a nomeação de um perito médico judicial. Tal
nomeação é particularmente relevante quando as evidências documentais não são
conclusivas, possibilitando ao perito realizar uma avaliação mais detalhada e informada.
O exame que identifica a enfermidade e avalia a incapacidade é conduzido por
um profissional especializado, o médico perito. Esse especialista, ao analisar as
evidências apresentadas pelo requerente, formula um diagnóstico com base em seu
conhecimento e expertise, decidindo objetivamente sobre a concessão do benefício, seja
em âmbito judicial ou administrativo.
O Código de Processo Civil de 2015 delimita com precisão os critérios a serem
considerados na perícia judicial. De acordo com o referido código, o perito deve possuir
expertise específica na área da avaliação e o laudo pericial deve incluir: descrição do
objeto da perícia, análise técnica/científica, metodologia empregada e resposta a todos
os quesitos propostos. Ademais, o laudo deve ser articulado de forma clara, lógica e em
linguagem acessível, elucidando os raciocínios que conduziram às conclusões
apresentadas. Conforme já salientado, a decisão final no contexto judicial repousa nas
mãos do juiz, que se embasa no laudo fornecido pelo médico perito.
2
com deficiência visual poderia, em uma primeira análise, ser considerado incapaz de
operar um computador. Contudo, à luz das atuais tecnologias, como softwares de leitura
de tela, tal incapacidade pode ser revertida. Analogamente, um indivíduo paraplégico,
que apresenta uma deficiência física parcial, pode enfrentar restrições quanto ao acesso
a determinados locais.
Reitera-se, assim, a essencialidade de uma avaliação pormenorizada e
individualizada. A incapacidade, frequentemente oriunda de uma condição patológica,
exige uma apreciação que abarque aspectos sociais, pessoais e ambientais. A interseção
desses três vetores culmina na determinação da incapacidade de um indivíduo em
reintegrar-se ao ambiente laboral. Retomando o exemplo do indivíduo com visão
monocular, diversos fatores – tais como a natureza de sua ocupação, sua idade e sua
trajetória profissional – podem influenciar a conclusão acerca de sua capacidade ou
incapacidade laboral.
Quando um indivíduo se encontra em afastamento laboral devido a uma condição
patológica, ele pode ser contemplado com o benefício denominado "auxílio por
incapacidade temporária". Durante tal interstício, o beneficiário tem a prerrogativa de
submeter-se a tratamentos médicos visando seu restabelecimento e posterior retorno às
atividades profissionais. Alternativamente, pode-se avaliar a possibilidade de
reabilitação para uma nova função. Contudo, em circunstâncias específicas, como a
presença de limitada formação educacional ou idade avançada, pode emergir a
inviabilidade de reinserção no mercado laboral ou reabilitação ocupacional, culminando
na concessão da aposentadoria por incapacidade permanente.
Dada a intricada tarefa de avaliar a incapacidade de uma pessoa com deficiência,
o Brasil optou pela adoção do paradigma Biopsicossocial, que integra uma análise
holística envolvendo dimensões biológicas, psicológicas e sociais.
que impedem o sujeito de realizar uma atividade em pé de igualdade com outros, tendo
em vista o contexto ambiental no qual está inserido. Nesse escopo, a incapacidade pode
ser conceituada como uma restrição, seja ela parcial ou integral, que limita o indivíduo
em suas atividades laborais ou cotidianas.
Caso o segurado demonstre uma Incapacidade Parcial e Transitória, este deverá
ser contemplado com o auxílio por incapacidade temporária. A este propósito, é
relevante citar a Súmula nº 25 da Advocacia-Geral da União, que estabelece o auxílio-
doença ao segurado considerado temporariamente inapto para sua atividade laboral ou
habitual, de maneira total ou parcial, desde que cumpridos os requisitos legais. A
incapacidade parcial é entendida como aquela que possibilita sua reabilitação para
outras atividades laborais (ALBUQUERQUE, 2016).
Se o segurado demonstrar uma Incapacidade Parcial e Permanente ou Definitiva,
em princípio, receberá auxílio por incapacidade temporária, até que seja viável sua
reabilitação para outra função que assegure seu sustento. Caso a reabilitação se mostre
inviável, o benefício deverá ser transmutado em aposentadoria por invalidez, em
consonância com o entendimento sumulado da TNU:
Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso,
a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição.
[…]
2
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual
período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente.
(ALBUQUERQUE, 2016, online)
5 CONSIDERAÇÃO FINAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cursocliquejuris, 2016.
2
SOUSA, J. F. N. de.
SILVA, J. J. A. da. Dos requisitos legais autorizadores da concessão dos
benefícios previdenciários por incapacidade. Conteúdo Jurídico, Brasília-
DF:
2020.
Aposentadoria da pessoa com deficiência e sua
comprovação. Âmbito Jurídico. 2016.