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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar através do Estatuto da Criança e do Adolescente,
os fatores de risco e condições de vulnerabilidade a que os menores são submetidos. Sendo
assim, será realizado um estudo sobre a problemática da inimputabilidade do menor infrator,
desde o início da criminalidade, a aplicabilidade da legislação sob o viés da Justiça Restaurativa
como forma de prevenção de conflitos, diante da possibilidade de reduzir a criminalidade e
possibilitar a existência de soluções. A Justiça Restaurativa propõe a resolução de conflitos no
âmbito penal, mediante a aplicação de uma metodologia voltada ao diálogo entre as partes
envolvidas e a comunidade local onde ocorreu a infração a fim de que seja alcançada a reparação
do dano sofrido e quando possível, o restabelecimento das relações rompidas. Apresenta-se
como alternativa ao modelo retribuído, ao passo que não objetiva a punição e sim a restauração
do ofensor. Um cuidado deve-se ter quando o ofensor se tratar de criança ou adolescente, para
tanto, tem que se considerar o tratamento disponibilizado pelo ECA – Estatuto da Criança e do
Adolescente a esses infratores, para que o modelo restaurativo possa contribuir de forma
veemente na solução desses conflitos. Nesse contexto, as abordagens da justiça restaurativa são
direcionadas como uma alternativa para a resolução de conflitos que caracterizam crimes menos
gravosos, buscando chegar a um acordo entre vítimas e ofensores.
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Artigo apresentado à Universidade Potiguar, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em
Direito, em 2023.1.
2
Graduanda em Direito pela Universidade Potiguar. E-mail erikarubiane12@gmail.com
3
Graduanda em Direito pela Universidade Potiguar. E-mail lianacrislima@gmail.com
4
Orientadora. Docente da Universidade Potiguar Especialista em Direito Tributário. Especialista em Direito do
Trabalho. Mestre em Administração. Doutoranda em Biotecnologia da Saúde E-mail:
kelly.nogueira@animaeducacao.com.br
ABSTRACT
The present work aims to analyze, through the Statute of the Child and Adolescent, the risk factors
and conditions of vulnerability that minors are submitted to. Therefore, a study will be carried out
on the problem of the non-accountability of the minor offender, from the beginning of crime, the
applicability of legislation under the bias of Restorative Justice as a form of conflict prevention,
given the possibility of reducing crime and enabling the existence of solutions. Restorative Justice
proposes the resolution of conflicts in the criminal sphere, through the application of a
methodology aimed at dialogue between the parties involved and the local community where the
infraction occurred, in order to achieve the reparation of the damage suffered and, when possible,
the restoration of broken relationships. It presents itself as an alternative to the retributive model,
while it does not aim at punishment, but at restoring the offender. Care must be taken when the
offender is a child or adolescent, therefore, the treatment provided by the ECA - Statute of Children
and Adolescents to these offenders must be considered, so that the restorative model can contribute
vehemently in resolving these conflicts. In this context, restorative justice approaches are targeted
as an alternative for resolving conflicts that characterize less serious crimes, seeking to reach an
agreement between victims and offenders.
1 INTRODUÇÃO
O sistema brasileiro tem como a aplicação de pena a punição do agente, sendo elas a
privativa de liberdade, restritiva de direitos e pena pecuniária. A legislação brasileira mudou várias
vezes ao longo do tempo, visando monitorar as realidades, a convivência e as necessidades da
sociedade. Bem, por causa dessa coexistência gera o conflito, onde sempre fizeram parte da
sociedade, sendo um desafio resolvê-los.
Teoricamente, a justiça restaurativa se difundiu e se enraizou em todo o país com
experiências exitosas em diversos estados da Confederação, cada um observando e respeitando,
para esse processo de implementação, as possibilidades e desafios, bem como sua própria
institucionalidade e contextos comunitários. À partida, vale ressaltar que o Poder Judiciário
3
outras ciências. Sabemos que o sistema carcerário do Brasil vem passando por uma crise, se
discutindo muito sobre a função da pena e a ressocialização do infrator de normas.
Metodologicamente, composta por pesquisas teóricas, descritiva e bibliográfica, utilizando
técnicas qualitativas, e reunindo interpretações e pesquisas sobre o tema, bem como a busca de
dados em torno do objeto central. A pesquisa terá como consequência o estudo acerca da eficácia
da justiça restaurativa nos processos judiciais e medidas socioeducativas no âmbito do ECA.
Por fim, sendo o principal objetivo deste trabalho analisar, discutir sobre a eficácia da
justiça restaurativa acerca de uma alternativa da justiça tradicional para a contribuição de
tratamento de crianças e adolescentes amparados pela Lei 8.069,de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente- ECA), e ressaltar a importância de se estudar os meios alternativos
de resolução de conflito em que se tenha uma participação de todos, sendo estes a vítima, dos
familiares, do adolescente infrator, da comunidade, de uma forma que todos direta ou indiretamente
possa fazer parte do processo de reintegração, na tentativa de reparar os danos causado.
Com a constituição de 1988, o ECA foi criado para regulamentar o artigo 227 da CF, que
assegura os direitos fundamentais, com o objetivo de protegê-los com base legal e diferenciado,
protegendo de negligência e vários tipos de agressões, e todo esse contexto tinha como base a
Doutrina de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas.
O sistema do Estatuto adotou alguns princípios, promovendo a crianças e adolescentes
diversas garantias, tais como o direito ao duplo grau de jurisdição, presunção de inocência, a defesa
através do advogado e de conhecer plenamente acusação que é ofertada pelo representante do
Ministério Público.
O ECA relata como sujeito de direitos, devendo ser protegido pela família, Estado e
sociedade. É o que dispõe, a Lei 8.069/90 no artigo 1° e 2° referindo-se a integridade, proteção e
diferenciando a criança do adolescente, segue:
Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º.
Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
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Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade (BRASIL, 1990).
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção
penal.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à
data do fato (BRASIL, 1990).
E essa definição decorre do princípio da legalidade e para caracterizar tal ato é preciso
que este fato seja típico, antijurídico e culpável, mesmo que a Lei considere inimputável, o menor
é responsável por todos os seus atos, portanto não vai ser na mesma proporção de um adulto, pois
estar em condição de desenvolvimento, aplicando as medidas socioeducativas, podendo ser na
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esfera cível e na penal. Na esfera cível o foco é a vítima com o intuito de reparar o dano e o
ressarcimento, já na esfera penal o foco é o autor com finalidade de que ocorra a ressocialização.
No Brasil o crime juvenil afeta jovens de toda idade em todos os Estados, eles começam
sua vida no crime ainda menor e seguem praticando atitudes ilícitas durante a vida adulta.
Vários fatores são responsáveis pelo desenvolvimento da personalidade na adolescência,
como a escola, a família, os amigos e a comunidade. Assim como os fatores biológicos,
psicológicos e emocionais são complexos e interagem para o amadurecimento do jovem na
formação de sua identidade, qualquer mudança durante a adolescência pode causar efeitos na
formação como adulto. E se o transtorno do sofrimento for negativo, um adolescente pode se tornar
um delinquente juvenil. A visão do ECA não é simplesmente justiça retributiva, mas justiça
restaurativa, portanto, seu objetivo é a socialização do adolescente infrator, solicitando-se a
participação juvenil no processo de educação social de sua família (SILVA, 2011).
Em última análise, a abordagem em relação ao adolescente infrator deve combinar a
punição adequada para os crimes cometidos, a responsabilização por suas ações, bem como
oportunidades de reabilitação e reintegração. Tem como objetivo transformar os jovens e
proporcionar-lhes meios para uma vida melhor, reduzir a reincidência e promover a segurança e o
bem-estar de toda a comunidade.
3 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho
forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento
individual e especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL, 1990).
A advertência é uma espécie de punição mais branda, que consiste em uma notificação
formal sobre a infração cometida e sobre as consequências que poderão ser aplicadas caso a
conduta se repita. A advertência pode ser aplicada pela autoridade judiciária, pelos pais ou
responsáveis da criança ou adolescente, ou pelos conselhos tutelares.
De acordo com Bandeira (2006, p.36) tal conduta ” é compreensível em “advertir”,
“admoestar” esteja associada a uma relação de poder, que visa, em última instância, orientar ou
conduzir um jovem em conflito com a lei”. Desse modo, direciona seu comportamento ao modelo
exigido pelo sistema social dominante sendo uma das atividades socioeducativas mais tradicionais
da história do nosso país, conforme previa o código de conduta de Mello Mattos Decreto 17.943-
A, de 12-10-1927.
Vale lembrar que a advertência não é uma punição em si, mas sim uma medida educativa,
com o objetivo de conscientizar a criança ou adolescente sobre a gravidade de suas ações e
incentivá-los a adotar comportamentos mais adequados.
O ECA prevê a obrigação de reparar o dano causado por crianças e adolescentes em casos
de infrações cometidas por eles. Essa reparação pode ser feita de diferentes formas, dependendo
da natureza e extensão do dano causado. Segundo Meneses (2008, p. 101):
Em casos de danos materiais, por exemplo, a reparação pode ser feita através do pagamento
de uma quantia em dinheiro ou da reposição do bem danificado. Já em casos de danos morais, a
reparação pode ser feita através de uma retratação pública ou de uma compensação financeira. É
importante ressaltar que a obrigação de reparar o dano é uma medida educativa, prevista pelo ECA
com o objetivo de conscientizar a criança ou adolescente sobre a gravidade de suas ações e
incentivá-los a adotar comportamentos mais adequados. Além disso, a finalidade da medida de
reparar o dano é de socializar, reeducar, resgatar e ensinar ao menor sobre valores, respeito ao
próximo, bem como as consequências, através da satisfação do dano causado pelo adolescente ao
terceiro.
A responsabilidade pela reparação do dano é do menor e não pode ser transferida, mas a
reparação do dano será exclusivamente dos pais, se o menor for menor de dezesseis anos à data da
infração.
A liberdade assistida é uma medida que pode ser aplicada como forma de punição para
crianças e adolescentes que cometem infrações, consiste em um acompanhamento e orientação da
criança ou adolescente por um profissional capacitado, que atua como um orientador social. Dessa
forma, nos esclarece Saraiva (2011) sobre a permanência do adolescente junto à família e à
comunidade, estando sujeito a acompanhamento, ajuda e orientação. Para realizá-la, o jovem deve
estar preparado, pois o objetivo é que se conscientize e pare de cometer infrações.
Durante o período em que estiver cumprindo a medida de liberdade assistida, a criança ou
adolescente deve seguir uma série de regras e compromissos estabelecidos pelo orientador social,
que visam incentivar o desenvolvimento de comportamentos mais adequados e responsáveis.
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Essas regras podem incluir, por exemplo, a participação em atividades educativas, a frequência
escolar, a prestação de serviços comunitários, entre outras.
A liberdade assistida é uma medida que visa a ressocialização do adolescente, buscando
evitar que ele volte a cometer infrações. É uma punição mais branda do que a internação em uma
unidade de internação, por exemplo, e pode ser aplicada em casos de infrações menos graves.
Trata-se de uma medida prevista no Art. 120 do ECA e estabelece que pode ser determinada
desde o início, ou constituir uma forma de transição para o regime aberto. Assim, uma medida
restritiva intermediária, pois se encontra entre o regime aberto e a internação. O regime de
semiliberdade consiste em um tipo de internação em que o adolescente fica em uma instituição
especializada, mas com permissão para sair durante o dia para realizar atividades externas, como
trabalho ou estudo.
Durante o período em que estiver cumprindo a medida de semiliberdade, o adolescente é
acompanhado por uma equipe técnica especializada, que atua na orientação e ressocialização do
jovem. O objetivo da medida é proporcionar ao adolescente a oportunidade de continuar estudando
ou trabalhando, ao mesmo tempo em que é supervisionado e orientado quanto ao seu
comportamento.
O regime de semiliberdade é uma medida que busca incentivar o desenvolvimento de
comportamentos mais adequados e responsáveis por parte do adolescente, evitando que ele volte a
cometer infrações e preparando-o para a reintegração à sociedade. É uma medida mais restritiva do
que a liberdade assistida, mas menos severa do que a internação em uma unidade de internação
fechada.
3.1.5 A internação
Ela pode ser aplicada em casos de infrações cometidas por adolescentes que tenham entre
12 e 18 anos de idade, e que tenham cometido atos infracionais graves ou reincidentes. A internação
consiste na privação da liberdade do adolescente, que fica em uma unidade de internação fechada.
Durante o período em que estiver cumprindo a medida de internação, o adolescente é acompanhado
por uma equipe técnica especializada, que atua na orientação e ressocialização do jovem.
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As medidas de internação não podem ultrapassar três anos e só podem ser utilizadas em
casos excepcionais, conforme preconiza o ECA. Sobre a internação provisória, prevista no Estatuto
da Criança e do Adolescente, tem-se a súmula 492 do STJ – “O ato infracional análogo ao tráfico
de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de
internação do adolescente.”
Importa salientar que o cumprimento desta medida só pode ocorrer em instalações
destinadas a menores, de forma segura e tranquila e por todos os meios possíveis para a sua
reintegração familiar e social.
Isso significa que a justiça restaurativa é um novo paradigma em que se baseia na resolução
de conflitos sociais entre os indivíduos, visando satisfazer as necessidades da vítima, sendo o
indivíduo que cometeu o ato chamado a participar do processo para reparar o dano por meio da
ação produtiva e da reinserção social.
A aplicação inovadora da justiça restaurativa é uma tentativa de aproximar as necessidades
da vítima e da comunidade às necessidades de reinserção social do próprio agressor através da
intervenção de mediadores.
A Justiça Restaurativa começou a ser implantada no Brasil na década de 1990, por meio de
iniciativas de organizações da sociedade civil e do poder público. O objetivo era encontrar
alternativas ao sistema punitivo tradicional, que se mostrava ineficiente para resolver conflitos e
promover a paz social. A primeira experiência de Justiça Restaurativa no país aconteceu em
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1994, em um presídio no Rio Grande do Sul. O projeto foi iniciado pela professora Ana Maria
Drummond, que percebeu que o isolamento dos detentos não resolvia os problemas da
criminalidade e da violência.
Em 1995, o Conselho Nacional de Justiça criou o Programa Justiça Restaurativa, para
promover essa nova forma de justiça em todo o país. Desde então, foram realizadas diversas
experiências bem-sucedidas em diferentes estados, envolvendo escolas, comunidades, empresas e
órgãos públicos.
Mas foi no ano de 2005, que a JR teve um início oficialmente no Brasil com três projetos
pilotos implantados no Estado de São Paulo, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, onde surgiu
uma parceria entre os Poderes Judiciários desses locais a Secretaria do Judiciário do Ministério da
Justiça e o Programa das Nações Unidas, e durante esses anos a Justiça Restaurativa vem
espalhando por todo o Brasil, com várias experiências positivas, porém cada localidade respeitando
seus limites.
Alguns estudiosos entendem que a justiça restaurativa é uma nova forma de abordar a
justiça criminal, pois trabalha sob uma perspectiva restaurativa por meio da mediação, que visa
garantir o diálogo entre as partes e criar um acordo justo para todos. No entanto, o diálogo entre as
pessoas afetadas é uma questão muito sensível devido ao trauma causado pelo conflito, por isso a
mediação tem um papel importante para garantir que o diálogo seja usado para reparar os danos e
restabelecer as relações sociais.
Outro ponto importante é destacarmos a utilização das práticas restaurativas nas escolas,
onde deve ser realizada de maneira frequente e participativa, pois quanto maior a realização e
participação, maiores as possibilidades de criança e adolescentes ter mudanças de forma positivas
na vida, mediante práticas restaurativas, podendo assim aprender a solucionar os seus próprios
conflitos de forma pacífica.
O educador tem extrema importância, pois, adquiri conhecimentos na hora de dialogar, e o
diálogo tem uma grande relevância sendo uma ferramenta eficaz e econômica, então o educador
pode tomar iniciativas e se comprometer com a realidade existe no âmbito escolar, ajudando então
a crianças e adolescentes a crescerem inseridos na sociedade.
O Ministério Público de São Paulo, criou um Guia para educadores, onde intensifica a
importância do diálogo possuindo ferramentas para sua realização, onde traz a escuta ativa, a
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A aplicação da justiça restaurativa está em vários campos e nas escolas é um lugar muito
importante porque é onde as crianças se desenvolvem como cidadãos e por isso é muito valioso
aprender a resolver conflitos e promover a sua aplicabilidade.
Os jovens sempre buscaram espaço na sociedade, por vezes reivindicando algum direito, a
participação, e por isso é importante que a prática restaurativa esteja presente desde a infância, para
ser realizado um trabalho socioeducativo efetivo por meio de políticas públicas restaurativas
voltadas para a melhoria da convivência no meio social, ambiente escolar, onde o indivíduo passa
grande parte de sua vida e de sua educação, possibilitando autoconhecimento, limites, alternativas
para resolver pequenos conflitos até mesmo entre os próprios alunos, por meio do diálogo.
Atualmente, a Justiça Restaurativa é reconhecida pelo sistema jurídico brasileiro como uma
forma legítima de solução de conflitos, inclusive nas esferas penal e civil. A prática da Justiça
Restaurativa tem como base a cooperação, o diálogo e a participação ativa das partes envolvidas
na resolução dos conflitos, visando restaurar as relações sociais e promover a paz e a reconciliação.
Sabemos que a lei garante a todo brasileiro o direito ao princípio da dignidade da pessoa
humana, mas no caso da agressão a realidade é completamente diferente e dificulta a indenização.
O sistema jurídico é bastante lento e mesmo com condenação, a privatização por si só não vai
reparar o dano, mesmo que haja condenação não irá impedir o criminoso de fazer isso de novo.
O sistema prisional brasileiro, tendo a reeducação dos presos como um de seus ramos, é
gerido de forma precária e ineficiente, e muitos reincidentes são vítimas desse descumprimento
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se mostrado ao longo do tempo incapaz de seguir as medidas básicas de ressocialização dos presos,
ou seja, a criminalidade aumenta descontroladamente e a ressocialização dos presos é a menos
provável. (OLIVEIRA, 2014).
Ainda, há uma enorme diferença entre o texto da Constituição e a realidade cruel e
desumana da execução de penas nas prisões brasileiras, pois a pessoa é tratada de forma degradante.
Assim, o processo de falência dos presídios estaduais se dá pelo tamanho do número de presídios
e pela falta de investimento nos presídios, ora pela falta de recursos da unidade estadual, ora pela
total falta deles do interesse em investir na melhoria da qualidade de vida dos presos. (OLIVEIRA,
2014). Faz se necessário uma análise sobre a Resolução 22/2016.
E nesse contexto de resultados expansivos e positivos que o projeto foi sendo desenvolvido,
e todo o País foi percebendo sua importância para se ter uma reestruturação e uma convivência de
uma sociedade mais justa.
Foi então no dia 31 de maio de 2016 que o CNJ publicou, a Resolução n.225/2016, através
das recomendações da Organização das Nações Unidas, que fala acerca da política Nacional de
Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário.
Instituída formalmente no Brasil pela Resolução 225, de 2016, do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), a justiça restaurativa ganhou naquele ano o nome de Política Nacional de Justiça
Restaurativa no Poder Judiciário.
Vale dizer que o CNJ é o responsável por editar o regulamento, desta vez vale ressaltar que
as decisões não têm força de lei porque não passam pelo trâmite necessário junto ao legislativo por
serem uma orientação, ou seja, um documento que contém diretrizes que pretendem ser
implementadas e praticadas, como, por exemplo, a JR, nos Tribunais de Justiça do Brasil.
Segundo Lewandowski (2016) apud Mezzalira (2018, p.1):
Embora não seja obrigatório para juízes e Tribunais, seu significado e prática no país são
essenciais, pois visa o aperfeiçoamento tanto em relação aos tribunais quanto entre as pessoas, na
própria sociedade, buscando caminhos rápidos e práticas eficazes.
Essa Resolução dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa no Poder
Judiciário, com instruções para introduzir essa nova prática, advinda de um resultado desenvolvido
através do CNJ em que o presidente era o Ministro Ricardo Lewandowski.
No § 1º do artigo 1º da Resolução n. 225/2016, dispõe sobre os efeitos da resolução, em
que menciona a prática restaurativa e o procedimento restaurativo, que compõe um conjunto de
atividades e etapas a serem promovidas objetivando a composição das situações em quaisquer
casos elencados no caput do artigo já descrito anteriormente, inclusive quanto à sessão restaurativa,
participam as pessoas diretamente envolvidas com uma abordagem diferenciada.
Cabe ressaltar que a justiça restaurativa prevista na Resolução n.º 225 de 2016 permite que
os métodos sejam aplicados caso a caso, mas sem especificar qual método é utilizado, mas sim a
importância da aplicabilidade da justiça, que visa restaurar uma situação justa na resolução de
conflitos através da ideia de diálogo e responsabilidade, em oposição à punição.
De acordo com entendimento de Salmaso:
Um dos pontos centrais da Justiça Restaurativa está em entender que todos nós vivemos
em sociedade, interligados de alguma forma, como se estivéssemos em um grande círculo,
cada qual com sua individualidade, mas apresentando igual importância para o
desenvolvimento do todo e influenciando diretamente os rumos da coletividade. Portanto,
não é possível simplesmente excluir qualquer pessoa quando vem à tona um conflito, mas,
ao contrário, faz-se necessário trabalhar as responsabilidades coletivas e individuais para
que ela retorne à convivência comunitária da melhor forma possível. A Justiça
Restaurativa traz uma verdadeira mudança de paradigma, daquele retributivo (punitivo)
para o restaurativo, pois, tomando como foco central os danos e consequentes
necessidades, tanto da vítima como também do ofensor e da comunidade, trata das
obrigações decorrentes desses prejuízos de ordem material e moral. Para tanto, vale-se de
procedimentos inclusivos e cooperativos, nos quais estarão envolvidos todos aqueles
direta ou indiretamente atingidos, tudo de forma a corrigir os caminhos que nasceram
errados (SALMASO, 2016, p. 37)
humanização das relações entre as partes e a redução da utilização da punição como única forma
de solução de conflitos.
A resolução também prevê a criação de centros de Justiça Restaurativa em cada estado
brasileiro e a capacitação de profissionais para atuarem na área. Além disso, estabelece que a
Justiça Restaurativa deve ser aplicada em casos de crimes de menor potencial ofensivo e em
conflitos familiares, escolares e comunitários.
A resolução de conflitos por meio da justiça restaurativa, para reparar o dano causado ao
reconciliar as partes envolvidas, é mais do que punir, propõe o diálogo entre as partes para fins de
reconciliação, princípios básicos destacados por Howard Zehr.
Quanto à Justiça Restaurativa, Zehr define que o crime se trata de violação de pessoas e
relacionamentos, criando obrigação de corrigir os erros, envolvendo por meio da justiça, a vítima,
o ofensor e comunidade para buscar soluções por reparação, reconciliação e segurança, não se trata
apenas de justiça restaurativa, mas de restauração em diversas áreas e na vida cotidiana, entre outras
em empresas, escolas, instituições, para ser aplicável.
Segundo Howard Zehr, não se pode encarar a Justiça Restaurativa como uma maneira de
alcançar ‘pedido de perdão’, ou como uma forma de mediação e/ou redutora de reincidência; e nem
pode ser vista como panaceia. Deve ser entendida como uma maneira especial de lidar com os
conflitos surgidos nas relações interpessoais. E cada comunidade deve desenvolver sua maneira
peculiar de aplicar o diálogo restaurativo. Importa frisar que a Justiça Restaurativa tem
preocupação primeira pela vítima, no entanto, a busca pela reintegração e restauração é voltada
também para o ofensor (e se for o caso) para a comunidade. Assim, as práticas restaurativas devem
manter-se equilibradas. A palavra-chave que, segundo resume a Justiça Restaurativa é o respeito.
Desta forma, conforme Zehr:
Uma justiça que vise satisfazer e sobejar deve começar por identificar e tentar satisfazer
as necessidades humanas. No caso de um crime, o ponto de partida deve ser as
necessidades daqueles que foram violados. Quando um crime acontece (tenha o ofensor
sido identificado ou não), a primeira preocupação é: “Quem sofreu danos?”, “Que tipo de
dano?”, “O que estão precisando?”. Esse tipo de abordagem, é claro, difere muito da
justiça retributiva que pergunta em primeiro lugar: “Quem fez isso?”, „O que faremos com
o culpado?” – e que dificilmente vai além disso. (2012)
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O autor apresenta três pilares fundamentais para assentar a Justiça Restaurativa, a saber:
danos causados pelo ato e por consequência as necessidades geradas – em primeiro lugar as da
vítima (mas sem desconsiderar as necessidades do autor do ato lesivo e da comunidade); obrigações
do autor do fato (por meio da responsabilização e entendimento das consequências do seu
comportamento) e da comunidade, e o engajamento ou participação dos envolvidos na procura do
consenso: vítimas, ofensores e comunidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral deste estudo destinou-se a analisar por meio de pesquisas bibliográficas a
eficácia da Justiça Restaurativa no âmbito do Eca. Para atingir este propósito, foram observadas
várias áreas, bem como o adolescente e o ato infracional, área de vulnerabilidade do menor,
medidas socioeducativas, sistema prisional brasileiro e a justiça restaurativa como método
simultâneo ao sistema penal, objetivando através do diálogo pacífico a responsabilização de todos
os envolvidos no ato danoso, tendo como premissa a não reincidência.
Como foi mencionado, a Justiça Restaurativa visa a reparação do dano, e o envolvimento
das partes, seja ela o agressor, a vítima ou a comunidade, onde muitas das vezes possuem
responsabilidade direta no conflito. Desta forma, através de um diálogo pacifico solucionar o
problema, trazendo a vítima como centro, não tão somente o agressor será ouvido, mas a vítima,
onde ela terá voz para falar o que sente, e o agressor de forma voluntária, terá como tentar reparar
dano causado a vítima, seja ela material ou emocional.
A justiça restaurativa, de forma paralela às sanções penais, pretende por meio de métodos
restaurativos a diminuição da reincidência menor infrator ao ato danoso, desta forma, objetivando
a redução da população prisional. Ao adentrar na JR, pode-se perceber que ao trazer para o autor
do ato danoso, a consciência dos danos causados à vítima e a sociedade, ele torna-se mais suscetível
a punição e reparação do prejuízo causado pela infração cometida. Foram encontradas deficiências
nos métodos utilizados para punir o menor infrator, que muitas das vezes, tem mais
Analisando sobre desenvolvimento da justiça restaurativa junto ao ECA, lei especial que
versa dos menores infratores, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal n.º 8.069, de 13
de julho de 1990, compreende-se que o diálogo e a empatia são ferramentas poderosas para a
reintegração do adolescente à sociedade.
Diante a análise dos rendimentos da criança e do adolescente em relação ao desafio
enfrentado durante o desenvolvimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, a aplicação das
medidas socioeducativas deve respeitar os direitos e garantias fundamentais, especialmente quando
se trata de punições diferentes das aplicadas aos adultos. Apesar do ECA possuir direitos e garantias
para crianças e adolescentes, faltam estruturas para sua aplicação efetiva.
A medida socioeducativa destinada a adolescentes que cometeram atos infracionais possui
um caráter curativo, podendo também incluir um caráter preventivo, para que o adolescente
restabeleça um padrão de conduta e um programa de vida sem a reincidência de atos delitivos. O
ECA, em conjunto com outros sistemas normativos, busca o resgate do adolescente como detentor
de direitos e garantias, num processo de socialização.
Não obstante, muitos locais não possuem recursos suficientes para o cumprimento de
medidas socioeducativas, o que abre espaço para a marginalização ética e moral, bem como a falta
de suporte familiar. Por isso, surge a possibilidade da Justiça Restaurativa, incentivada pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permite a conciliação entre infrator e vítima, por meio de
metodologias diversas para se enquadrar no caso concreto.
Esta forma de solucionar os conflitos cotidianos busca retomar o diálogo e a ideia de
responsabilização, ao invés da punição. Além disso, é preciso incentivar a inserção da Justiça
Restaurativa nas escolas, para que as crianças aprendam desde cedo a importância do diálogo e
como dialogar para resolver conflitos.
Deste modo, é necessário positivar o olhar para o adolescente, dando-lhe uma oportunidade
de reeducar-se e reintegrar-se socialmente, pois prevenir não significa
necessariamente solucionar o problema, mas pode levar a uma reeducação, uma inserção na
sociedade de forma positiva e menos punitiva.
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