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ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA PORTUGUESA

A organização judiciária é constituída pelo conjunto de órgãos aos quais compete administrar a justiça em diversas matérias
(constitucional, financeira, cível e criminal, administrativa e fiscal, militar ou qualquer outra).
ß
Os tribunais são órgãos de soberania, dotados de independência aos quais compete administrar a justiça, através do respetivo juiz, em nome do povo.

INDEPENDÊNCIA:
FUNÇÃO JURISDICIONAL:
ÓRGÃOS DE SOBERNIA:
Gozam de independência em relação aos
O exercício da função jurisdicional cabe-lhes
Serão todos e cada um dos tribunais e não o outros poderes do estrado e entre si (artigo 203.º
de modo exclusivo, através dos juízes (não existe
seu conjunto (artigos 2.º e 110.º/1 CRP). CRP) – salvo o dever de acatamento de decisões
tribunal se não existirem juízes).
em via de recurso.

ß
O termo jurisdição carrega em si um duplo sentido, podendo referir-se a todos os tribunais portugueses, designando o poder de julgar constitucionalmente
atribuído ao conjunto dos tribunais existentes na ordem jurídica portuguesa (equivale a poder jurisdicional) ou apenas a uma certa categoria ou ordem de
tribunais, indicando o poder de julgar os conflitos de interesses que a CRP e a lei põem a cargo de cada uma das ordens de tribunais.
ß
Neste âmbito podemos ter conflitos de jurisdição e, por contraposição, conflitos de competência:

CONFLITOS DE JURISDIÇÃO: CONFLITOS DE COMPETÊNCIA:

Pode tratar-se de um conflito negativo ou positivo consoante Ocorrem quando dois ou mais tribunais da mesma ordem
nenhuma jurisdição se considere competente ou mais do que uma se jurisdicional se consideram competentes ou incompetentes para
considere competente para julgar a causa. conhecer da mesma questão, isto é, tratam-se de conflitos dentro da
mesma jurisdição.
INSTÂNCIA E GRAU DE JURISDIÇÃO

A instância consiste na relação jurídica processual que se estabelece e desenvolve entre cada uma das partes e o tribunal (artigos 259.º a 251.º CPC).
Quanto à hierarquização dos tribunais da mesma categoria, quando não exista apenas um, instância equivale a grau de jurisdição.

= é um tribunal de Revista, pelo que não se pode apelar da


Supremo Tribunal de Justiça
decisão da Relação.

= Tribunais da Relação (julgam os recursos interpostos das sentenças


Tribunais de 2ª instância proferidas pelos tribunais de comarca – a decisão pode ser impugnada em
via ordinária mediante recurso de apelação).

Tribunais de 1ª instância = Tribunais de comarca

O valor da ação só releva para efeitos de recurso.

A alçada é o limite de valor até o qual o tribunal decide sem possibilidade de recurso ordinário – a circunstância de o valor de uma causa exceder a alçada
do tribunal em que é instaurada não o torna incompetente ao seu conhecimento, apenas significa que a decisão proferida no final é suscetível de recurso
ordinário.
• Na primeira instância a alçada é de €5.000 (o recurso para os tribunais da Relação chama-se recurso de apelação e pode incidir sobre matéria de
direito e de facto).
• Na segunda instância a alçada é de €30.000 (o recurso para o STJ chama-se recurso de revista e apenas pode incidir sobre matéria de direito).

Estão previstas no artigo 209.º da CRP diversas espécies de tribunais estaduais (pluralidade de jurisdições): Tribunal Constitucional, STJ e tribunais judiciais
de primeira e segunda instância, STA e demais tribunais administrativos e fiscais, tribunais marítimos, tribunais arbitrais, julgados de paz e tribunais militares.
INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS

Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei (artigos 203.º CRP, 22.º LOSJ, 2.º ETAF e 7.º/1 LOPTC). Esta independência comporta dois
sentidos:
® Independência externa: os tribunais são independentes face a qualquer outro órgão de poder (concretização do princípio da separação de
poderes, artigo 111.º CRP).
® Independência interna: os tribunais são independentes entre si, não estando sujeitos a ordens, diretivas ou instruções emitidas por outro, mesmo
que hierarquicamente superior – a hierarquia apenas releva para efeitos de recurso, pois o tribunal inferior tem um dever de acatamento da decisão
proferida por um tribunal superior.

INDEPENDÊNCIA DOS JUÍZES

Se os tribunais são independentes, então quem neles administra a justiça também o serão (nomeadamente os juízes).
A independência dos juízes se traduz no facto de eles dirigirem os processos apenas segundo a lei, sem estarem sujeitos a ordens ou instruções
provenientes dos restantes poderes estaduais ou de outros juízes, posicionados em escalões superiores da respetiva magistratura EXCETO no que toca ao dever
de acatamento das decisões proferidas em via de recurso por tribunais superiores.

Os juízes também devem ser imparciais no que toca aos titulares dos interesses em conflito (as partes) – o juiz do processo tem de estar alheio ao conflito
de interesses particulares que a lide exprime, com vista a alcançar a justa composição do litígio.

No LOPTC, a não sujeição dos juízes a quaisquer ordens ou instruções é incluída nas garantias de independência, uma vez que aí se determina que a
independência dos juízes é assegurada por essa não sujeição.
GARANTIAS DE INDEPENDÊNCIA DOS JUÍZES

PRINCÍPIO DA AUTOGOVERNO
INAMOVIBILIDADE INCOMPATIBILIDADES
IRRESPONSABILIDADE

1. INAMOVIBILIDADE

Esta garantia reflete a estabilidade relativa do cargo do Magistrado, ou seja, os juízes não podem ser transferidos, suspensos, aposentados ou demitidos
senão nos casos previstos na lei (artigo 216.º/1 CRP).
Para os juízes do Tribunal Constitucional (artigo 222.º/5 CRP), a inamovibilidade opera sem prejuízo de saírem pela sua própria vontade, sendo o mandato
de nove anos e não renovável. Para os juízes militares, a nomeação é feita por um período de três anos e com possibilidade de renovação.

A inamovibilidade nada tem a ver com a duração legal do cargo (Alberto dos Reis) – o caráter vitalício da nomeação está garantido para os magistrados
judiciais (artigo 6.º EMJ) e para os juízes dos TAF’s (artigos 3.º/3 e 57.º ETAF) e, quando os juízes não são nomeados vitaliciamente, a estabilidade relativa
inerente ao princípio da inamovibilidade exige que a nomeação seja feita por períodos certos e determinados e sem possibilidade de renovação, a fim de evitar
a insegurança ligara à incerteza sobre a renovação da nomeação.

2. PRINCÍPIO DA IRRESPONSABILIDADE

Em princípio, os juízes não podem ser responsabilizados pelas suas decisões, salvo nos casos previstos na lei (artigos 5.º/2 EMJ, 7.º LOPTC e 5.º/1 Lei
101/2003) – responsabilidade civil (o juiz só responde se tiver atuado com dolo ou culpa grave), responsabilidade criminal e responsabilidade disciplinar.
3. AUTOGOVERNO

O autogoverno reporta-se à existência de um órgão privativo de gestão e disciplina. Nós só temos um autogoverno puro no caso dos juízes do Tribunal
Constitucional e no caso dos juízes do Tribunal de Contas, onde são os próprios tribunais que exercem o poder disciplinar sobre os seus próprios juízes.
ß
Já no caso dos Tribunais Judiciais e nos Tribunais Administrativos e Fiscais temos um autogoverno mitigado, pois os órgãos privativos são o Conselho
Superior da Magistratura, para os primeiros, e o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, para os segundos – isto é assim pois dentro destes
tribunais existem muitos juízes, sendo impossível haver um autogoverno puro.

Cabe a estes órgãos privativos de gestão e disciplina constitucionalmente autónomos a nomeação, colocação, transferência, exoneração, apreciação do
mérito profissional dos juízes, assim como o exercício da ação disciplinar em relação a eles.

4. INCOMPATIBILIDADES

Trata-se de uma ideia de dedicação exclusiva à magistratura, ou seja, os juízes se devem dedicar única e exclusivamente a serem juízes profissionais
(artigo 216.º/3 CRP): os juízes em exercício não podem desempenhar outra função pública ou privada, exceto quanto ao exercício de funções docentes ou
investigação científica de natureza jurídica não remuneradas.

O artigo 8.º-A/2 EMJ consagra ainda que não são consideradas de natureza profissional as funções diretivas não remuneradas em fundações ou em
associações das quais os magistrados judiciais sejam associados que, pela sua natureza e objeto, não ponham em causa a observância dos respetivos deveres
funcionais, devendo o exercício dessas funções ser precedido de COMUNICAÇÃO (e não autorização) ao Conselho Superior de Magistratura.
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
(artigo 222.º CRP)

Ao Tribunal Constitucional cabe a função de fiscalização da constitucionalidade e legalidade das normas – é um órgão jurisdicional de controlo normativo.
O mandato dos juízes do deste tribunal tem uma duração de nove anos (não renováveis), sendo que o mandato do Presidente e Vice-Presidente tem um
período de duração de quatro anos e meio, com possibilidade de renovação.
ß
O Tribunal Constitucional em sessões plenárias e por secções (artigo 40.º/1 LOFPTC).
• 1ª secção: Presidente, Vice-Presidente e mais três juízes; O quórum de funcionamento consiste na maioria dos membros

• 2ª secção: Presidente e mais quatro juízes; do plenário ou da secção em efetividade de funções, incluindo
o Presidente ou o Vice-Presidente (artigo 42.º/1 LOPTC).
• 3ª secção: Vice-Presidente e mais quatro juízes.

ß
Podemos ter várias espécies de fiscalização da constitucionalidade e, em alguns casos, da legalidade:

FISCALIZAÇÃO ABSTRATA FISCALIZAÇÃO ABSTRATA SUCESSIVA FISCALIZAÇÃO POR OMISSÃO ou FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA
PREVENTIVA DA DA CONSTITUCIONALIDADE OU DA INCONSTITUCIONALIDADE POR CONSTITUCIONALIDADE OU DA
CONSTITUCIONALIDADE LEGALIDADE OMISSÃO LEGALIDADE

A norma já está no É feita quando falte legislação Ocorre em um caso concreto - a


Trata-se de uma fiscalização
ordenamento jurídico – o num domínio em que a questão da inconstitucionalidade não é a
feita antes da norma entrar em questão principal do processo, mas sim uma
diploma já está publicado, mas Constituição imponha um
vigor no ordenamento jurídico questão paralela e essencial à resolução do
ainda não entrou em vigor especial dever de a emitir.
(artigo 278.º/1 e 2). mesmo – é incidental.
(artigo 281.º CRP). (artigo 283.º CRP).
(artigo 280.º CRP).
c
c
Suscitado o incidente da inconstitucionalidade, o Tribunal vai decidir e pode tomar uma de duas decisões:

POSITIVA DE INCONSTITUCIONALIDADE (não aplica a norma): NEGATIVA DE INCONSTITUCIONALIDADE (aplica a norma):

A norma é inconstitucional e, portanto, não se aplica. Pode recorrer desta A norma não é inconstitucional e, portanto, o tribunal aplica-a. Pode
decisão a parte prejudicada (a que não suscitou o incidente) e pode optar por recorrer quem suscitou o incidente de inconstitucionalidade (quem perdeu),
recorrer diretamente para o Tribunal Constitucional, sem esgotar os recursos mas apenas após esgotar todos os recursos ordinários – isso porque as normas têm
ordinários, ou pode antes esgotar os recursos ordinários e depois ir para o uma presunção de constitucionalidade e, em caso de decisão negativa, acontece o suposto que

Tribunal. é o tribunal aplicar uma norma por esta não ser inconstitucional.

Para que tenha lugar os recursos interpostos de decisões de outros tribunais


Existe um caso de decisão positiva de inconstitucionalidade em que o recurso é que tenham aplicado a norma cuja inconstitucionalidade/ilegalidade foi suscitada
obrigatório para o Ministério Público: no processo, existem pressupostos específicos: é preciso que a questão da

Se for uma decisão positiva e em causa estiver a não aplicação de uma norma, inconstitucionalidade/ilegalidade tenha sido suscitada durante o processo e de
modo processualmente adequado perante o tribunal que proferiu a decisão
convenção internacional, ato legislativo ou decreto regulamentar, então o MP é
recorrida e deve tratar-se de decisões que não admitam recurso ordinário, por a lei
obrigado a recorrer (artigo 280.º/3 CRP), porque se entende que estas normas já
o não prever ou por já haverem sido esgotados todos os que no caso cabiam (artigo
passaram por um controlo jurídico-político muito grande – obriga-se o MP a
70.º LOFPTC).
recorrer para o TC mesmo que não seja parte no processo, não podendo optar entre
recorrer para o TC ou esgotar os recursos. Existe um caso de decisão negativa de inconstitucionalidade em que o
A partir do momento em que o recurso entra no TC, suspendem-se os prazos Ministério Público é obrigado a recorrer:
para os demais recursos até ser proferida a decisão.
É o disposto no artigo 280.º/5 CRP. Neste caso, o tribunal irá aplicar uma
norma que anteriormente foi julgada (fiscalização concreta) inconstitucional pelo
Tribunal Constitucional.
A norma entra no ordenamento jurídico com uma presunção de
inconstitucionalidade e, sempre que for aplicada, o MP é obrigado a recorrer para
fazer funcionar o disposto no n.° 3 do artigo 281.º CRP.
TRIBUNAIS JUDICIAIS

Os tribunais judiciais possuem uma jurisdição residual, ou seja, para sabermos se estamos perante matéria pertencente à sua jurisdição temos de assegurar
que ela não se integra na jurisdição do Tribunal Constitucional, do Tribunal de Contas ou dos Tribunais Administrativos ou Fiscais.

A regra geral é a de que as ações dão entrada em 1ª instância, isto é, nos tribunais de comarca, nos tribunais de competência específica ou nos tribunais de
competência especializada (tribunais de competência territorial alargada).

CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS

MATÉRIA VALOR HIERARQUIA TERRITÓRIO

1. CRITÉRIO DA MATÉRIA (artigo 40.º LOSJ)

A primeira coisa que temos de averiguar num caso prático é de quem será a competência para julgar aquele caso: STJ, tribunal da Relação, tribunal de
competência territorial alargada e, por último, tribunal de comarca, respetivamente.
Os tribunais de competência territorial alargada são aqueles elencados no artigo 83.º/3 da LOSJ.

Os tribunais de comarca desdobram-se em:


® Juízos de competência especializada – central cível, local cível, central criminal, local criminal, local de pequena criminalidade, instrução criminal, família e menores,

trabalho, comércio e execução;

® Juízos de competência genérica;


Apenas serão questionadas as comarcas do
® Juízos de proximidade (artigo 82.º/5 LOSJ) – estes não têm juiz. Porto, Aveiro, Guarda, Coimbra, Leiria e Viseu
2. CRITÉRIO DO VALOR (artigo 41.º LOSJ)

Quanto às ações com processo comum de declaração, apenas determina a repartição da competência entre os juízos centrais cíveis e os juízos locais
cíveis ou os juízos de competência genérica (artigo 81.º/1 LOSJ) – apenas mobilizamos este critério quando chegarmos à conclusão, no critério da matéria, que
o tribunal competente é um juízo cível (e neste caso determinar se é um juízo central cível ou local cível).
• + €50.000: é competente um juízo central cível;
• –/= €50.000: é competente um juízo local cível ou de competência genérica.

3. CRITÉRIO DA HIERARQUIA (artigo 42.º LOSJ)

Apenas releva em caso de recurso.

Nos tribunais de 1ª instância, relativamente às questões de natureza cível, a admissibilidade de recurso ordinário depende de o valor da causa ser superior
à alçada do tribunal de cuja decisão se recorre e também do valor da sucumbência (artigo 629.º/1 CPC). Já relativamente às questões de natureza criminal, por
não haver alçada, o regime dos recursos é aquele consagrado nos artigos 399.º e ss. CPP.

Relativamente aos Tribunais da Relação, em matéria cível compete-lhes conhecer dos recursos interpostos das causas cujo valor exceda a alçada dos
tribunais de 1ª instância (€5.000). Em matéria penal, conhecem dos recursos das decisões proferidas por um tribunal da 1ª instância de que não haja recurso
direto para o STJ (artigo 427.º CPP).

No Supremo Tribunal de Justiça, relativamente às matérias cíveis, admite-se recurso nas causas de valor superior à alçada dos Tribunais da Relação
(€30.000). Em matéria penal, há recurso para o STJ de decisões ou acórdãos referidos no artigo 432.º CPP, além de outros casos (artigo 433.º CPP).
4. CRITÉRIO DO TERRITÓRIO (artigo 43.º LOSJ)

A competência territorial de cada tribunal é determinada pela circunscrição territorial que lhe está adstrita e quando não se trate de tribunal competente
em todo o território nacional, pelo elemento de conexão territorial relevante – o tribunal competente será aquele que mantiver uma conexão com o litígio.

ELEMENTOS DE CONEXÃO TERRITORIAL:

• Foro da situação dos bens (artigo 70.º CPC) – direitos reais ou direitos pessoais de gozo sobre coisas móveis, ações de divisão de coisa comum, de despejo, de
preferência e de execução específica sobre imóveis, ações de reforço, substituição, redução ou expurgação de hipotecas;

• Domicílio do réu (artigo 71.º/1 CPC) – ações destinadas a exigir o cumprimento de obrigações, a indemnização pelo não cumprimento ou pelo cumprimento defeituoso
e a resolução do contrato por falta de cumprimento;

• Lugar onde ocorreu o facto de responsabilidade civil extracontratual (artigo 71.º/2 CPC) – acidentes de viação, ato ilícito, etc.;
• Domicílio ou residência do autor (artigo 72.º CPC) – ações de divórcio ou separação de pessoas e bens;
• Domicílio do réu (regra geral) – artigo 80.º CPC;
• Tribunal do lugar onde o acidente ocorreu ou onde o doente trabalhou pela última vez (artigo 15.º CPTrabalho);
• Tribunal da sede ou do domicílio do devedor ou do autor da herança (artigo 7.º CIRE) – processos de insolvência;
• Tribunal em cuja área se tiver verificado a consumação do crime (artigo 19.º CPP).
SUPREMO TRIBUNAL DA JUSTIÇA

Sediado em Lisboa, é o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais, constituindo a última instância – com uma ressalva relativamente ao Tribunal
Constitucional no que se refere às decisões sobre a inconstitucionalidade de normas.

Funciona por secções (em matéria cível, penal e social), pleno das secções especializadas ou plenário e, além dessas, existe ainda uma secção do
contencioso (artigo 62.º/2 LOSJ) para o julgamento dos recursos das deliberações do Conselho Superior da Magistratura (artigo 47.º/2 LOSJ).

SECÇÕES: PLENO DAS SECÇÕES ESPECIALIZADAS:

PLENÁRIO:
O julgamento é feito por três juízes: um É o pleno das secções cíveis, das secções
relator e dois adjuntos (artigo 56.º/1 LOSJ). criminais ou da secção social, constituídos É constituído por todos os juízes que
Atualmente no STJ temos quatro secções por todos os juízes que compõem as secções compõem o tribunal, designados por juízes
cíveis, duas secções criminais e uma secção cíveis, as secções criminais e a secção social, conselheiros – só funciona se estiverem
social. respetivamente. Só funciona com a presença presentes 3# dos juízes em exercício (artigo
4

• Secções criminais: julgam causas de de pelo menos 3#


4 dos juízes em exercício 48.º/1 LOSJ).
natureza penal (artigo 48.º/3 LOSJ).
• Secções cíveis: têm uma competência
residual, pois julgam causas não
atribuídas às outras duas secções.
• Secções sociais: julgam as causas
referidas no artigo 126.º LOSJ.
COMPETÊNCIA DO STJ:

Em regra, tanto em matéria cível como em matéria penal, o STJ intervém em via de recurso.

EM MATÉRIA CÍVEL: EM MATÉRIA CRIMINAL:

O STJ conhece em via de recurso (ordinário) das causas cujo valor A sua competência em via de recurso é definida pelo artigo 44.º/2
exceda a alçada dos tribunais da relação – €30.000 (artigo 42.º/2 LOSJ). LOSJ, com remissão para os artigos 432.º/1, 449.º, 451.º/1, 455.º/2 e
Conhece dos recursos de revista (de acórdão da Relação em recurso 3, 435.º, 446.º, 437.º, 443.º/1, 53.º, al. c) e 11.º/3 e 4 CPP.
de apelação ou per saltum de sentenças de 1ª instância) e tem como
objeto matéria de direito.
Quando haja dupla conforme (duas instâncias a decidir no mesmo
sentido), a revista é apenas admitida a título excecional.
O julgamento do recurso de revista compete às secções cíveis.
Contudo, o Presidente do STJ pode determinar que o julgamento se faça
com intervenção do pleno das secções cíveis. Todavia, existem algumas exceções onde também possui

Quanto ao julgamento do recurso de apelação (interposto para o STJ competência de 1ª instância:

de decisões proferidas em 1ª instância pelos tribunais da Relação ou


interposto para o pleno das secções cíveis do STJ de decisões proferidas • Artigo 53.º, al. a) da LOSJ e artigo 11.º/3, al. a) do CPP;

em 1ª instância por alguma dessas secções), este compete às secções • Artigo 55.º, al. b) da LOSJ e artigo 11.º/4, al. a) do CPP;

cíveis ou ao pleno das secções cíveis, consoante a decisão tenha sido • Artigo 55.º, al. c) da LOSJ;

proferida em 1° grau de jurisdição pelo tribunal da Relação ou pelo STJ • Artigo 55.º, al. d) da LOSJ e artigo 11.º/4, al. c) do CPP;

em secção cível. • Artigo 109.º, als. a) e c) do C.Just.Militar.


TRIBUNAIS DE 1ª INSTÂNCIA

Em regra, os tribunais de 1ª instância são os tribunais de comarca e os tribunais de competência territorial alargada – conhecem de matérias
determinadas, independentemente da forma de processo aplicável. Contudo, surgem exceções em que o tribunal competente em 1ª instância é o Supremo
Tribunal de Justiça (como visto anteriormente) e até o tribunal da Relação.
ß
Apesar de serem tribunais de 1ª instância, os tribunais de comarca podem funcionar como tribunais de recurso, como sucede quanto às sentenças
proferidas pelos julgados de paz, se o valor da causa exceder metade da alçada dos tribunais de 1ª instância (€2.500).

TRIBUNAIS DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL ALARGADA PREVISTOS NA LOSJ

TRIBUNAL DE TRIBUNAL DA
TRIBUNAL TRIBUNAL DA TRIBUNAL CENTRAL DE
CONCORRÊNCIA,
MARÍTIMO PROPRIEDADE INTELECTUAL EXECUÇÃO DAS PENAS INSTRUÇÃO CRIMINAL
REGULAÇÃO E SUPERVISÃO

1. TRIBUNAL MARÍTIMO

É competente para conhecer das matérias elencadas no artigo 113.º/1 LOSJ e é o único tribunal de competência territorial alargada que não tem competência em todo
o território nacional, isto é, ficam fora da sua área de competência os departamentos marítimos dos Açores e da Madeira – neste caso, estes terão de ser decididos por um juízo central
cível ou local cível, consoante o seu valor.

2. TRIBUNAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Cabe conhecer das questões mencionadas no artigo 111.º LOSJ (direitos de autor, patentes, propriedade industrial, etc.) e encontra-se sediado em Lisboa.
3. TRIBUNAL DE EXECUÇÃO DAS PENAS

A sua competência está no artigo 114.º LOSJ (execução de uma pena de prisão).

4. TRIBUNAL DA CONCORRÊNCIA, REGULAÇÃO E SUPERVISÃO

Possui competência para conhecer das questões constantes do artigo 112.º/1 LOSJ.

5. TRIBUNAL CENTRAL DE INSTRUÇÃO CRIMINAL

Para ser competente têm de se verificar dois requisitos (artigo 120.º LOSJ): a atividade criminosa tem de ocorrer em comarcas pertencentes a diferentes tribunais da
relação e têm de tratar-se de tipos de crimes específicos.
TRIBUNAIS DE COMARCA

JUÍZOS DE JUÍZOS DE
JUÍZOS DE
COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA
ESPECIALIZADA GENÉRICA PROXIMIDADE

ß
Os juízos de competência genérica têm competência residual, pois apenas são competentes para aquelas matérias que não couber nos restantes juízos.

Os juízos de competência especializada (artigo 81.º/3 LOSJ) podem ser centrais ou locais:
• Juízos centrais (artigos 117.º e ss. LOSJ): central cível, central criminal, instrução criminal, família e menores, trabalho, comércio e execução.
• Juízos locais (artigos 130.º e ss. LOSJ): local cível, local criminal e local de pequena criminalidade.

1. JUÍZOS CENTRAIS CÍVEIS

São competente para as matérias previstas nas diversas alíneas do artigo 117.º LOSJ. Para além do valor, tem de ter em atenção a forma do processo –
apenas no caso de se tratar de ação declarativa a que corresponda processo comum, respeitante a matéria cível, e de o valor da causa ser superior a €50.000
é que lhes compete a sua preparação e julgamento.
Nas comarcas onde não haja juízo de comércio, os juízos centrais cíveis são competentes para julgar as causas que caberiam neste juízo, exceto aquelas
referentes a um processo especial.

2. JUÍZOS CENTRAIS CRIMINAIS

A competência destes está prevista no artigo 118.º/1 LOSJ.


3. JUÍZOS DE INSTRUÇÃO CRIMINAL

Faz a instrução criminal dos processos ou, no caso de não existir juízo de instrução criminal na comarca em causa (como é o caso da Guarda), é competente
o juízo de competência genérica.

4. JUÍZOS DE FAMÍLIA E MENORES

Têm uma competência alargada, a qual está consagra nos artigos 122.º a 124.º LOSJ. Não existe juízo de família e menores em Bragança, Guarda e
Portalegre.

5. JUÍZOS DE TRABALHO

É responsável por tudo o que tenha a ver com relações laborais e equiparadas (artigo 126.º) e também tem competência em matéria contraordenacional.
Nas comarcas onde este juízo não é territorialmente competente para toda a comarca, a competência em matéria cível e contraordenacional que a lei
atribui aos juízos com essa especialização cabe, em qualquer caso, aos juízos locais (artigos 130.º/1 e 2, al. d) LOSJ).

6. JUÍZOS DE COMÉRCIO

Compete preparar e julgar todas as ações elencadas no artigo 128.º.


No caso de não haver qualquer juízo de comércio no tribunal de comarca, a competência cabe aos juízos centrais cíveis por força do estatuído no artigo
117.º/2 LOSJ.
7. JUÍZOS DE EXECUÇÃO

Os juízos de execução (artigo 129.º) são competentes para exercer as competências previstas no CPC.
Nas comarcas em que não existe qualquer juízo de execução no respetivo tribunal, cabe aos juízos centrais cíveis exercer as competências previstas no
CPC nas ações executivas de natureza cível cujo valor seja superior a €50.000 (contanto que não se trate de processos de execução atribuídos aos tribunais de
competência territorial alargada).
Compete ainda aos juízos locais cíveis ou de competência genérica a prática de atos da competência do tribunal no processo executivo quando se trata
de ações executivas de natureza cível de valor igual ou inferior a €50.000.

8. JUÍZOS LOCAIS CÍVEIS

Têm uma competência residual que está prevista no artigo 130.º/1 LOSJ. Em matéria cível, a competência cabe aos juízos locais cíveis ou aos juízos de
competência genérica, consoante exista e tenha competência territorial um daqueles ou um destes. Em matéria penal, a competência cabe aos juízos locais
criminais ou aos juízos de competência genérica.

9. JUÍZOS LOCAIS CRIMINAIS

Na competência residual prevista no artigo 130.º/1 LOSJ, além da competência respeitante à impugnação de decisões em processos de contraordenação,
pelo n.° 2, al. d).

10. JUÍZOS LOCAIS DE PEQUENA CRIMINALIDADE

Compete tudo aquilo o que estiver no artigo 130.º/4 LOSJ.


ESQUEMA – RESOLUÇÃO DE CASOS PRÁTICOS SOBRE OS TRIBUNAIS JUDICIAIS

A QUEM CABE A COMPETÊNCIA EM 1° GRAU DE JURISDIÇÃO?

TRIBUNAIS DE
SUPREMO TRIBUNAL TRIBUNAL DA TRIBUNAIS DE
COMPETÊNCIA
DE JUSTIÇA RELAÇÃO COMARCA
TERRITORIAL ALARGADA

SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA TRIBUNAL DA RELAÇÃO

• Artigo 53.º, al. a) da LOSJ e artigo 11.º/3, al. a) do CPP; • Artigo 73.º, al. b) da LOSJ;

• Artigo 55.º, al. b) da LOSJ e artigo 11.º/4, al. a) do CPP; • Artigo 73.º, al. c) da LOSJ e artigo 12.º/3, al. a) do CPP;

• Artigo 55.º, al. c) da LOSJ; • Artigo 73.º, al. d) da LOSJ;

• Artigo 55.º, al. d) da LOSJ e artigo 11.º/4, al. c) do CPP. • Artigo 73.º, al. e) da LOSJ, artigo 979.º do CPC e artigo 12.º/3, al. d)

• Praticar, nos termos da lei do processo (por cada um dos juízes das do CPP.

secções criminais), os atos jurisdicionais relativos ao inquérito, dirigir a • Artigo 73.º, al. g) da LOSJ e artigo 12.º/3, al. c) do CPP.

instrução criminal, presidir ao debato instrutório e proferir despacho de • Julgar (em secção criminal) os processos por crimes estritamente

pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na al. a) do n.° 3 e na militares cometidos por oficiais de patente idêntica à dos juízes militares

al. a) do n.° 4 do artigo 11.º do CPP, assim como na al. a) do artigo 53.º e de 1ª instância, seja qual for a situação (artigo 109.º, al. b) do

na al. b) do artigo 55.º da LOSJ. C.Just.Militar).

• Artigo 109.º, als. a) e c) do C.Just.Militar.

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