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CLÁUSIO TAVARES VIANA TEZA

BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO DESCOBERTO: AS INFLUÊNCIAS DA OCUPAÇÃO E


USO NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação “Stricto Sensu” em Planejamento e
Gestão Ambiental da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção do
Título de Mestre em Planejamento e Gestão
Ambiental.

Orientador: Gustavo Macedo de Mello Baptista

Brasília

2008
TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Título de


Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, defendida e aprovada, em 22 de agosto de
2008, pela banca examinadora constituída por:

________________________________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Macedo de Mello Baptista – Orientador – UCB

________________________________________________________________

Profa. Ph.D. Renata Marson Teixeira de Andrade – Membro Interno – UCB

________________________________________________________________

Prof. Ph.D. Perseu Fernando dos Santos – Membro Externo – New Mexico State
University/UnB

Brasília

UCB
Ao meu pai e minha mãe, alicerces de
minha formação e fonte de inspiração.
Ao Prof. Dr. Gustavo Macedo de Mello Baptista,
Pelo incentivo, compreensão, idéias e
principalmente pela grande amizade criada e
desenvolvida ao longo deste caminho.
[...] nada é fixo para aquele que
alternadamente pensa e sonha [...]

Gaston Bachelard
RESUMO

A Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto supre a demanda de água de cerca de 70% da


população do Distrito Federal. A bacia hidrográfica em questão, em relação a seu processo
de ocupação, possuiu os mais variados tipos de usos ao longo das últimas três décadas.
Esses tipos de ocupação em uma bacia que é o principal manancial de fornecimento de
água para o Distrito Federal, demandam um planejamento e gestão que visem à
manutenção da disponibilidade hídrica. Sendo assim o principal objetivo deste trabalho foi
analisar o uso e ocupação sob a forma da evolução da cobertura vegetal na referida bacia
hidrográfica do período de 1973 até 2007, e analisar os efeitos na disponibilidade hídrica
sob a forma da análise temporal de registros de vazão entre os anos de 1978 e 2005 em
cinco pontos da Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto. Para tal, utilizou-se o método de
quantificação de cobertura vegetal, o NDVI – Normalized Difference Vegetation Index, que
foi aplicado às imagens de satélite, além da aplicação do teste “t” para o coeficiente “b” da
regressão linear entre chuva (variável independente) e vazão (variável dependente).
Confrontando os dados temporais de cobertura vegetal e de análise da vazão e da
precipitação para a microbacia do Ribeirão das Pedras, a vazão mínima (zero) será atingida
em 189 anos, caso o mesmo padrão de ocupação e uso for verificado, e a análise da
cobertura vegetal para o período de 1989 a 2007 revelou uma diminuição de cerca de 12%,
em área, para o parâmetro. Para a microbacia Ribeirão Rodeador, houve uma redução na
cobertura vegetal de 19% em área e a vazão mínima será atingida em 76 anos. Para a
microbacia Rio Descoberto, houve uma redução, em área, de 37% da cobertura vegetal e a
vazão mínima será atingida em 70 anos. Para o córrego Olaria, houve uma redução de 28%
na cobertura vegetal e a vazão mínima será atingida em 65 anos. E para a microbacia Lago
Descoberto, a redução da cobertura vegetal foi de 60% e a vazão mínima será atingida em
38 anos. Assim, chegou-se a conclusão de que nas microbacias que a cobertura vegetal foi
suprimida em maior porcentagem e que dependem menos da precipitação para manter da
vazão, apresentam, segundo análises estatísticas, menos tempo para que os valores de
vazão nos pontos trabalhados cheguem à zero, se mantidos o comportamento atual de
ocupação, uso e precipitação na bacia. Portanto, a segmentação da BHAD em microbacias
possibilitou uma analise mais pontual, possibilitando assim conhecer melhor o
comportamento da bacia como um todo, no qual os resultados gerados podem direcionar
medidas de controle por parte dos governantes do Distrito Federal e do Goiás.

Palavras-chave: Lago Descoberto. Disponibilidade hídrica. NDVI. Ocupação e uso do solo.


Chuva. Vazão. Planejamento e gestão de bacias.
ABSTRACT

The Alto Descoberto Watershed supplies water for approximately 70% of the population of
the Distrito Federal. Land use in this watershed has varied over the last three decades:
agriculture, then urbanization processes, and more recently uncontrolled rural land parceling.
These types of occupation, in a watershed that is the main source of water supply for Distrito
Federal, demand planning and management to sustain water availability to acceptable levels.
The main objective of this study was to analyze land use based on the development of plant
cover in this watershed from 1973 to 2007, and to analyze the effect on water avalability
based on stremflow records from 1978 to 2005, at five sites in the Alto Descoberto
Watershed. Analysis of the data included qualification of the plant cover by using the
Normalized Difference Vegetation Index - NDVI, and application of the t test to coefficient b
of the linear regression between rainfall (independent variable) and streamflow (dependent
variable). To achieve more accurate results, this procedures were applied to each sub-basin
of the Alto Descoberto Watershed. Comparison of the temporal data on plant cover and
analysis of the streamflow and rainfall in the Ribeirão das Pedras sub-basin showed that
there was 12% reduction in area of plant cover between 1989 and 2007, and that minimum
streamflow (zero) will occur in 189 years if the same rate of occupation and land use are
maintained. The Ribeirão Rodeador sub-basin had a 19% reduction in this plant cover, and
minimum streamflow will occur in 76 years. The Rio Descoberto sub-basin had a 37%
reduction in its plant cover, and minimum streamflow will occur in 70 years. The Córrego
Olaria sub-basin showed a 28% reduction in plant cover, and that minimum streamflow will
take place in 65 years. The Lago Descoberto sub-basin showed a 60% reduction in plant
cover, and that minimum streamflow will be reached in 38 years. In conclusion, the sub-
basins that showed a greater reduction in ground cover and that depended less on rainfall to
sustain stream flow, presented a shorter length of time for zero streamflow to occur, if the
current type of occupation, land use, and rainfall in the basin are maintained. Division of the
Alto Descoberto Hydrographic Basin into sub-basins has produced a more accurate analisis
of the parts and has thus provided information on the basin as a whole. The results can be
used as a basis for the government of the Distrito Federal for this watershed management.

Keywords: Descoberto Lake. Water availability. NDVI. Rainfall. Streamflow. Land use.
Watershed management.
SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................. 13
1.1 Justificativa....................................................................................................... 15
1.2 Objetivo Geral .................................................................................................. 19
1.2.1 Objetivos Específicos................................................................................. 19
2 Revisão Bibliográfica .............................................................................................. 20
2.1 Ciclo hidrológico ............................................................................................... 20
2.2 Interferências antrópicas nos componentes do ciclo hidrológico ..................... 22
2.3 Disponibilidade hídrica ..................................................................................... 24
2.4 Gerenciamento integrado dos recursos hídricos e a multiplicidade dos usos .. 25
2.5 Geoprocessamento – o sensoriamento remoto e o SIG aplicado às ciências
ambientais.............................................................................................................. 27
2.5.2 SIG – Sistema de informação geográfica .................................................. 28
2.5.3 Sensoriamento Remoto ............................................................................. 30
2.5.4 Sistema sensor LANDSAT ......................................................................... 31
2.5.5 NDVI - Normalized Difference Vegetation Index ........................................ 34
2.5 Análise Estatística ............................................................................................ 35
2.5.1 Teste t de Student...................................................................................... 36
3 Descrição da Área de Estudo ................................................................................. 37
3.1 Localização da área de estudo ........................................................................ 37
3.2 Expansão Urbana do Distrito Federal e Entorno .............................................. 37
3.3 Caracterização biofísica do DF ........................................................................ 39
3.3.1 Clima .......................................................................................................... 39
3.3.2 Geologia e Geomorfologia ......................................................................... 41
3.3.3 Hidrografia ................................................................................................. 42
3.3.4 Solos .......................................................................................................... 45
3.3.5 Vegetação.................................................................................................. 47
3.3.6 Fauna......................................................................................................... 48
3.4 Descrição da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto ....................................... 49
3.5 Ordenamento territorial .................................................................................... 51
3.6 APA da Bacia do Rio Descoberto/GO .............................................................. 52
3.6.1 Caracterização da demanda hídrica na BHAD .......................................... 54
4 Material e Métodos ................................................................................................. 57
4.1 Pesquisa Bibliográfica ...................................................................................... 57
4.2 Quantificação da vegetação por NDVI ............................................................. 57
4.3 Análise dos dados de estações fluviométricas e pluviométricas ...................... 58
4.4 Correlação entre cobertura vegetal, possíveis variações de vazão e de
precipitação. ........................................................................................................... 60
5 Resultados e Discussão ......................................................................................... 61
5.1 Quantificação da vegetação por NDVI ............................................................. 61
5.1.1 Córrego Olaria ........................................................................................... 62
5.1.2 Ribeirão das Pedras .................................................................................. 65
5.1.3 Rio Descoberto .......................................................................................... 69
5.1.4 Ribeirão Rodeador ..................................................................................... 72
5.1.5 Lago Descoberto........................................................................................ 75
5.2 Análise da tendência da vazão ........................................................................ 80
5.2.1 Médias anuais ............................................................................................ 80
5.3 Influência da precipitação................................................................................. 85
5.4 Correlação entre cobertura vegetal, possíveis variações de vazão e influência
da precipitação ....................................................................................................... 89
6 Conclusões e Recomendações .............................................................................. 93
7 Referências Bibliográficas ...................................................................................... 95
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Parcelamento irregular do solo para fins urbanos na Bacia Hidrográfica do


Rio Descoberto ......................................................................................................... 16
Figura 2 – O ciclo hidrológico em suas diversas fases.............................................. 21
Figura 3 – Mapa de localização da Bacia do Alto Descoberto.. ................................ 37
Figura 4 – Cartograma de Clima do Distrito Federal ................................................. 40
Figura 5 – Compartimentação Geomorfológica do DF. ............................................. 42
Figura 6 – Mapa Hidrológico do Distrito Federal. ...................................................... 43
Figura 7 – Mapa hidrográfico da bacia do Alto Descoberto. ...................................... 44
Figura 8 – Mapa de Solos do DF............................................................................... 45
Figura 9 – Classes de solo para a Bacia do Alto Descoberto.................................... 47
Figura 10 – Fitofisionomias de cerrado para a área da bacia hidrográfica do Alto
Descoberto.. .............................................................................................................. 48
Figura 11 – Limite da APA do Descoberto.. .............................................................. 53
Figura 12 – Região da Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto subdividido em
microbacias. .............................................................................................................. 61
Figura 13 – NDVI para o ano de 1973 da microbacia Córrego Olaria ....................... 62
Figura 14 – NDVI para o ano de 1989 para a microbacia Córrego Olaria ................. 62
Figura 15– NDVI para o ano de 1997 para a microbacia Córrego Olaria .................. 63
Figura 16 – NDVI para o ano de 2007 para a microbacia Córrego Olaria. ................ 63
Figura 17 – Carta Imagem da Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto para o ano de
1973. ......................................................................................................................... 64
Figura 18 – NDVI para o ano de 1973 para a microbacia Ribeirão das Pedras. ....... 65
Figura 19 - NDVI para o ano de 1989 para a microbacia Ribeirão das Pedras. ........ 66
Figura 20 - NDVI para o ano de 1997 para a microbacia Ribeirão das Pedras. ........ 66
Figura 21 - NDVI para o ano de 2007 para a microbacia Ribeirão das Pedras. ........ 67
Figura 22 - Carta Imagem Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto para o ano de
1989. ......................................................................................................................... 68
Figura 23 – Carta Imagem Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto para o ano de
1997. ......................................................................................................................... 69
Figura 24 – NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1973. ..................... 70
Figura 25 – NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1989. ..................... 70
Figura 26 – NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1997. ..................... 71
Figura 27 – NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 2007. ..................... 71
Figura 28 – NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1973................. 73
Figura 29 - NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1989. ................ 73
Figura 30 - NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1997. ................ 74
Figura 31 - NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 2007. ................ 74
Figura 32 - NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1973. ................... 76
Figura 33 - NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1989. ................... 76
Figura 34 - NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1997. ................... 77
Figura 35 - NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 2007. ................... 77
Figura 36 – Carta Imagem da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto para o ano de
2007. ......................................................................................................................... 79
Figura 37 – Mapa de localização das estações de monitoramento fluvial da Bacia
Hidrográfica do Alto Rio Descoberto. ........................................................................ 80
Figura 38 – Médias anuais de vazão para a microbacia Ribeirão das Pedras. ......... 81
Figura 39 – Médias anuais de vazão para a microbacia Ribeirão Rodeador. ........... 81
Figura 40 – Médias anuais de vazão para a microbacia Rio Descoberto. ................. 82
Figura 41 – Médias anuais de vazão para a microbacia Córrego Olaria. .................. 82
Figura 42 – Médias anuais de vazão para a microbacia Lago Descoberto. .............. 83
Figura 43 – Dispersão chuva/vazão para a microbacia Ribeirão Rodeador. ............. 86
Figura 44 – Dispersão chuva/vazão para a microbacia Rio Descoberto. .................. 87
Figura 45 – Dispersão chuva/vazão para a microbacia Córrego Olaria. ................... 87
Figura 46 – Dispersão chuva/vazão para a microbacia Ribeirão das Pedras. .......... 88
Figura 47 – Dispersão chuva/vazão para a microbacia Lago Descoberto................. 88
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição da população e densidade demográfica no Brasil, por região


.................................................................................................................................. 24
Tabela 2 - População e densidade demográfica para as metrópoles brasileiras. ..... 25
Tabela 3 – Consumo total de água no mundo........................................................... 26
Tabela 4 – Características dos satélites da série LANDSAT..................................... 32
Tabela 5 – Principais instrumentos sensores e suas características. ....................... 33
Tabela 6 – Tipos de solo e porcentagem de ocupação da Bacia Hidrográfica do Rio
Descoberto ................................................................................................................ 46
Tabela 7 – Estimativas da população e demanda hídrica para as Regiões
Administrativas localizadas na Bacia do rio Descoberto. .......................................... 56
Tabela 8 –Características das imagens selecionadas para o estudo........................ 58
Tabela 9 – Estações fluviométricas e pluviométricas e microbacias de localização. 59
Tabela 10 – Dados de NDVI para cada ano na microbacia Córrego Olaria .............. 64
Tabela 11 – Dados NDVI para cada ano para a microbacia Ribeirão das Pedras. ... 67
Tabela 12 – Áreas cobertas por vegetação para cada ano a partir do NDVI. ........... 72
Tabela 13 – Valores de cobertura vegetal em hectares para a microbacia Ribeirão
Rodeador................................................................................................................... 75
Tabela 14 – Valores de cobertura vegetal em hectares para a microbacia Lago
Descoberto. ............................................................................................................... 78
Tabela 15 – Microbacias e estações de monitoramento de vazão. ........................... 80
Tabela 16 – Relação de estações de monitoramento pluviométricas e fluviométricas
por microbacias. ........................................................................................................ 85
Tabela 17 – Resultados do teste T para o coeficiente “b” da reta de regressão ....... 86
Tabela 18 – Valores de r² para as microbacias estudadas........................................ 89
Tabela 19 - Efeitos hidrológicos durante uma seqüência selecionada de mudanças
no uso da terra e da água associadas com a urbanização. ...................................... 90
Tabela 20 – Comparativo entre os dados obtidos para vazão tendendo a zero, a
variação da vegetação no período de 1989 a 2007 e o coeficiente de determinação.
.................................................................................................................................. 91
13

1. Introdução

O Distrito Federal, desde sua concepção, possui o estigma de ser uma


unidade da federação modelo para as demais, na qual deva ser aplicado o que há
de mais moderno em termos de planejamento urbano e territorial. O plano
urbanístico de Lúcio Costa, à época de sua elaboração, não apresentava nenhuma
preocupação para com o meio ambiente, porém suas linhas traçavam uma
ocupação que, no âmbito ambiental, não gerariam maiores impactos.

Porém, já durante a fase de construção de Brasília as concepções de


ocupação foram deturpadas e problemas de planejamento começaram a ocorrer. A
formação das cidades satélites, que foram previstas, mas não planejadas, não
possuía os mesmos cuidados e a mesma preocupação em relação à ocupação
quando comparado ao Plano Piloto. Tal fato, aliado a outros como a migração
desenfreada e o desordenamento territorial, levou a uma situação delicada na qual o
meio ambiente, e o homem, são os maiores afetados.

A localização do Distrito Federal, em relação à disponibilidade dos recursos


hídricos, é de extrema importância, pois está na área de recarga e “nascimento” de
três grandes bacias hidrográficas brasileiras: a do São Francisco, do Paraná e do
Tocantins. A recarga dos aqüíferos localizados nessas bacias depende do estado do
solo da região, que por sua vez depende da forma de ocupação sofrida, assim como
a disponibilidade hídrica também é condicionada por tais fatores.

Nesse contexto hidrográfico, a Companhia de Saneamento Ambiental do


Distrito Federal (CAESB) dispõe de cinco sistemas produtores, 10 Estações de
Tratamento de Água, 56 Unidades de Tratamento Simplificado ou de cloração de
poços, 6.469 km de redes de distribuição/adutora e 434.060 ligações. Dentre esses
encontra-se o Sistema de Abastecimento Público Rio Descoberto, responsável por
suprir cerca de 70% da demanda de água do Distrito Federal. Tal dado revela o grau
de importância do sistema em relação ao total fornecido pela CAESB.

O curso de Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade


Católica de Brasília (UCB), com o objetivo de oferecer aos estudantes uma formação
acadêmica de visão holística e sistêmica, possui em uma de suas linhas de estudo
abranger a produção de conhecimento integrado para a gestão de bacias
hidrográficas e avaliar os impactos ambientais com foco nos recursos hídricos.
14

Nesse sentido, a presente dissertação tem como proposta a avaliação da


influência do uso e ocupação do solo da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto
(BHAD) na disponibilidade de água bruta para o setor público de abastecimento do
Distrito Federal.
15

1.1 Justificativa

O Distrito Federal (DF) foi criado com o principal propósito de servir como o
centro gestor do país, e não uma metrópole de negócios ou industrial. Diante dos
objetivos traçados para a nova capital, e comparando-os com a situação atual, nota-
se que há uma disparidade enorme entre os dois cenários, e que atualmente a
cidade vem sofrendo as conseqüências por não seguir o planejamento inicial.

O Distrito Federal deveria servir de exemplo em relação ao padrão de uso e


ocupação do território. Mas o que vêm sendo feito é exatamente o contrário:
parcelamentos irregulares, especulação imobiliária, certo grau de permissividade do
governo, aliados à falta de atenção a questão ambiental, fator decisivo para o
correto uso do solo, direcionam o desenvolvimento da região para um estágio em
que o retorno às condições ambientais favoráveis possa se tornar quase impossível.

A situação encontrada na região do Entorno também exerce uma pressão


sobre a frágil condição em que se encontra o Distrito Federal em relação à qualidade
ambiental, com destaque para os recursos hídricos.

O uso intenso do solo do Distrito Federal e Entorno e a sua ocupação


desordenada por loteamentos e parcelamentos não previstos pela legislação
urbanística, aliada ao crescimento demográfico acelerado da região, têm afetado
bastante a qualidade de vida da população e comprometido seu atendimento em
infra-estrutura e saneamento básico, bem como futuramente pode acarretar
problemas de abastecimento público de água.

A partir da década de 70, as ocupações urbanas no Distrito Federal vêm


ocorrendo quase sempre de forma irregular, sem estudos ambientais prévios e sem
um plano urbanístico definido. A disseminação dos chamados condomínios está
ocorrendo sob o olhar do governo distrital e encabeçada pelos chamados grileiros,
que se apropriam de áreas públicas antes zoneadas para outro uso que não o
urbano-residencial. Geralmente loteiam-se os pólos de produção agrícola, as
antigamente chamadas Unidades Sócio Econômicas Rurais. Essas unidades estão
estrategicamente localizadas perto de centros urbanos e possuem extensas áreas
quando em comparação aos lotes residenciais.
16

A ocupação desordenada do solo promovida pelos parcelamentos ilegais


(figura 1) tem colocado o DF sobre sérios riscos ambientais. Esse tipo de ocupação
compromete a integridade ambiental, gerando várias conseqüências para o meio
ambiente: retirada da cobertura vegetal, impermeabilização do solo, deficiência na
recarga dos aqüíferos, além da contaminação da água subterrânea e dos rios, e a
disseminação de poços de água subterrânea. Esse quadro prejudica as reservas de
água, o reabastecimento dos rios e conseqüentemente compromete o
abastecimento público. Essa situação pode ser aplicada também à realidade
encontrada na Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto (BHAD), onde a rede de
drenagem é formada principalmente por rios de pequena ordem, que apresentam
baixa disponibilidade hídrica, e que sofrem mais rapidamente as conseqüências
desses fatores.

Figura 1: Parcelamento irregular do solo para fins urbanos na Bacia Hidrográfica do


Rio Descoberto (MACEDO, 2004).

A alteração da cobertura vegetal pode impactar sobremaneira as vazões,


devendo ser consideradas as mudanças de superfície (desmatamento,
reflorestamento e impermeabilização), de seu uso (urbanização, reflorestamento
17

para retirada de madeira, culturas anuais e sazonais) e do método de alteração da


cobertura do terreno (queimada manual ou por equipamentos) (GONTIJO, 2007). Na
BHAD, a situação encontrada em relação a ocupação e uso corrobora com Gontijo
(2007) na qual a supressão da vegetação, a instalação de assentamentos regulares
e irregulares, a urbanização e as áreas agrícolas colaboram para um cenário que
tende a causar impactos no regime de vazão dos rios da bacia.

Em outros locais no DF tal situação já é foco de estudo. Lima (2004) já


destacava que o uso descontrolado da água subterrânea no condomínio Lago Oeste
associado com o aumento da evaporação provocado pelas bacias de retenção e
com a diminuição da infiltração provocada pela impermeabilização do solo pode
estar reduzindo o escoamento de base e comprometendo a disponibilidade hídrica
do Sub-Sistema de Abastecimento Público do Torto.

As relações de disputa por um determinado bem só se manifestam a partir o


momento em que esse se torna escasso, ou seja, sua disponibilidade não é capaz
de suprir a carência do universo de usuários (GETIRANA, 2005). Com relação à
utilização da água, os conflitos existentes estão relacionados principalmente à
multiplicidade dos usos e no aumento da demanda. A situação é mais notória nos
grandes centros urbanos e nas regiões com déficit hídrico, nos quais a escassez de
água está relacionada a condicionantes naturais e antrópicos: contaminação,
desperdício, aumento de demanda e redução do potencial natural de fornecimento.
Em períodos de estiagem a situação se torna mais crítica, e os conflitos se tornam
mais notórios em face da redução da oferta e concomitante aumenta de demanda.

O cenário atual em que o DF e a região do Entorno se encontra em relação


aos recursos hídricos para abastecimento público é delicado. Estudos que
evidenciem tendências da disponibilidade hídrica para tais sistemas de
abastecimento tornam-se cada vez mais necessários para a projeção de cenários
futuros e para a formulação de políticas e suporte para a tomada de decisão. E o
caso da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto, que abastece cerca de 70% da
população do DF merece um maior destaque, seja pela sua importância em termos
de volume abastecido, seja também pela sua importância ambiental em um contexto
de urbanização crescente e acelerada, já detectada no local.
18

Outros autores já estudam problemas de disponibilidade hídrica em outras


bacias que possuem forte influencia antrópica, como é o caso da Bacia Hidrográfica
do Rio Descoberto.

O trabalho de Macedo (2004), ao caracterizar a Bacia Hidrográfica do Lago


Descoberto, fornece importantes informações sobre a situação de ocupação e uso
em que se encontra a região de tal bacia, que faz parte da BHAD. Ele destaca o
intenso uso agrícola voltado para a produção de hortifrutigranjeiros e o parcelamento
irregular presente na área de estudo e suas conseqüências, como por exemplo, o
aumento da susceptibilidade da ocorrência de erosão.

Segundo Pellegrino et al. (2001), a intensa atividade agrícola aliada ao


crescimento urbano e industrial na bacia do rio Piracicaba faz com que exista uma
preocupação crescente quanto à qualidade e à quantidade de seus recursos hídricos
e quanto à variabilidade de alguns elementos climáticos.

O trabalho de Mortatti et al. (2004) estudou os rios Tietê e Piracicaba, no


Estado de São Paulo, onde suas bacias de drenagem estão submetidas a vários
tipos de ações antrópicas que podem estar causando variações significativas nas
vazões. Em seus resultados, o autor confirmou a influência antrópica nos
comportamentos da vazão de ambos os rios nos últimos vinte anos.

Assim, a presente dissertação tem a intenção de adentrar campo de estudo


referente à disponibilidade hídrica de sistemas de abastecimento público, mais
especificamente no maior do Distrito Federal, o do Rio Descoberto.
19

1.2 Objetivo Geral

Analisar as influências da ocupação da Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto


(BHAD) sobre a disponibilidade dos recursos hídricos do Sistema de Abastecimento
Público Rio Descoberto.

1.2.1 Objetivos Específicos

a) Analisar a evolução da cobertura vegetal na Bacia Hidrográfica do Alto


Descoberto em quatro momentos: década de 70, 80, 90 e após o ano de
2000;
b) Analisar as séries históricas de vazão e de precipitação das estações de
monitoramento ANA/CAESB, inseridas na Bacia Hidrográfica do Alto
Descoberto e avaliar suas variações e tendências;
c) Correlacionar o efeito da ocupação com as séries históricas para traçar um
cenário futuro de disponibilidade hídrica para o Sistema de Abastecimento
Público Rio Descoberto.
20

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Ciclo hidrológico

A água é parte integral do planeta Terra. É componente fundamental de


dinâmica da natureza, impulsiona todos os ciclos, sustenta a vida e é o solvente
universal. Sem água, a vida na Terra seria impossível. A água é o recurso natural
mais importante e participa e dinamiza todos os ciclos ecológicos; os sistemas
aquáticos têm uma grande diversidade de espécies úteis ao homem e que são
também parte ativa e relevante dos ciclos biogeoquímicos e da diversidade biológica
do planeta Terra. O homem além de usar a água para suas funções vitais como
todas as outras espécies de organismos vivos, utiliza os recursos hídricos para um
grande conjunto de atividades, tais como, produção de energia, navegação,
produção de alimentos, desenvolvimento industrial, agrícola e econômico (GLEICK,
1993).

Entretanto, 97% da água do planeta Terra está nos oceanos e não pode ser
utilizada para irrigação, uso doméstico e dessendentação. Os 3% restantes têm,
aproximadamente, um volume de 35 milhões de quilômetros cúbicos. Grande parte
desse volume está sob forma de gelo nas calotas polares. Somente 100 mil km3, ou
seja, 0,3 % do total de recursos de água doce estão disponíveis e pode ser utilizado
pelo homem. Esse volume está armazenado em lagos, flui nos rios e continentes e é
a principal fonte de suprimento acrescido de águas subterrâneas (GLEICK, 1993).

A característica essencial de qualquer volume de água superficial localizada


em rios, lagos, tanques, represas artificiais e águas subterrâneas é a sua
instabilidade e mobilidade. Todos os componentes sólidos, líquidos e gasosos (as
três fases em que a água existe no planeta Terra) são parte do ciclo dinâmico da
água, ciclo esse, perpétuo e fechado. A fase mais importante desse ciclo para o
homem é justamente a fase líquida, em que ela está disponível para pronta
utilização. Os fatores que impulsionam o ciclo hidrológico são a energia térmica
solar, a força dos ventos, que transportam vapor d’água para os continentes, a força
da gravidade responsável pelos fenômenos da precipitação, da infiltração e do
deslocamento das massas de água. Os principais componentes do ciclo hidrológico
são a evaporação, a precipitação, a transpiração das plantas e a percolação,
infiltração e a drenagem (PIELOU, 1998).
21

Figura 2: O ciclo hidrológico em suas diversas fases.

O fluxo sobre a superfície terrestre é positivo (precipitação menos


evaporação), resultando nas vazões dos rios em direção aos oceanos. O fluxo
vertical dos oceanos é negativo, com maior evaporação que precipitação. O volume
evaporado adicional se desloca para os continentes por meio do sistema de
circulação da atmosfera e precipita, fechando o ciclo. Em média, a água importada
dos oceanos é reciclada cerca de 3 vezes sobre os continentes por meio do
processo precipitação/evaporação, antes de escoar de volta para os oceanos
(IGBP,1993).
Anualmente, aproximadamente 47 mil km³ retornam aos oceanos, a partir dos
rios, represas, lagos e águas subterrâneas. Se essa drenagem fosse distribuída
igualmente em todos os continentes, cada uma das pessoas/habitantes do planeta
Terra (aproximadamente 6 bilhões) teria disponíveis 8 mil m³/ano. Entretanto, esta
distribuição é desigual, causa problemas de disponibilidade nos continentes, países
e regiões. Também a distribuição não é homogênea durante o ano, em muitas
regiões, o que causa desequilíbrio e desencadeia ações de gerenciamento
22

diversificadas para enfrentar a escassez ou o excesso de água. Há uma


variabilidade natural de séries hidrométricas históricas (medidas dos volumes e
vazões dos rios) as quais determinam os principais usos da água e as estratégias de
gerenciamento (PIELOU, 1998).

2.2 Interferências antrópicas nos componentes do ciclo hidrológico

Alterações produzidas pelo homem sobre o ecossistema podem alterar parte


do ciclo hidrológico quanto à quantidade e qualidade da água. Em escala global,
pode-se citar as emissões de gases para a atmosfera que produz aumento no efeito
estufa, alterando as condições das emissões da radiação térmica, poluição aérea,
etc; e em escala local tem-se, dentre outras, as obras hidráulicas que atuam sobre o
rios, lagos e oceanos; desmatamento que atuam sobre o comportamento da bacia
hidrográfica; a urbanização que também produz alterações localizadas nos
processos do ciclo hidrológico terrestre, além da contaminação das águas, dentre
outros (TUCCI, 2003).

Segundo Tundisi (2003), as pressões sobre os usos dos recursos hídricos


provêm de dois grandes problemas que são o crescimento das populações humanas
e o grau de urbanização demandando aumento nas necessidades de água para
irrigação e para produção de alimentos. A redução no volume disponível e a
apropriação dos recursos hídricos em escala maior e mais rápida têm produzido
grandes alterações nos ciclos hidrológicos regionais: por exemplo, a construção de
barragens aumenta a taxa de evaporação, a construção de canais para diversão de
água, produz desequilíbrios no balanço hídrico, a retirada de água em excesso para
irrigação, diminui o volume dos rios e lagos.

Igualmente importante do ponto de vista quantitativo é o grau de urbanização


que interfere na drenagem e aumenta o escoamento superficial, diminuindo a
capacidade de reserva de água na superfície e nos aqüíferos. De acordo com Barros
(2005), quando o processo de ocupação do solo à montante de uma bacia
hidrográfica encontra-se bastante desenvolvido, ocorre um aumento do escoamento
superficial e a conseqüente redução no tempo de retardamento da bacia, o que
ocasiona déficit na recarga dos reservatórios subterrâneos.

Diante de tal cenário, a Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto possui


características que permite uma comparação aos trabalhos de Tundisi (2003) e
23

Barros (2005). A bacia em questão atualmente sofre com as conseqüências do


acelerado aumento do grau de urbanização (seja regular ou irregular) e com o
intenso uso do solo para produção agrícola, que além de utilizar a água que poderia
reabastecer o reservatório público, modifica as propriedades físicas do solo de tal
maneira que as conseqüências são sentidas diretamente no sistema de
abastecimento público.

Tundisi (2003) também ressalta que um dos principais impactos produzidos


no ciclo hidrológico é a rápida taxa de urbanização, com inúmeros efeitos diretos e
indiretos. Essa urbanização provoca graves conseqüências por alterar
substancialmente a drenagem e causar agravos à saúde humana, além de propiciar
impactos, como enchentes, deslizamentos e desastres provocados pelo
desequilíbrio no escoamento das águas.

Os principais efeitos do padrão de ocupação e uso impresso pela urbanização


sobre o ciclo hidrológico são apresentados a seguir (TUCCI, 2003):

a) Aumento do escoamento superficial e redução do tempo de escoamento, que


provocam aumento nas vazões máximas e antecipam os picos de cheias;
b) Redução do escoamento subterrâneo, que causam rebaixamento do novel do
lençol freático;
c) Redução nos processos de evapotranspiração e;
d) Redução da infiltração da água no solo.

O padrão de ocupação e uso observado na BHAD permite que as


informações elencadas por Tucci (2003) sirvam como base para a geração de
resultados e conclusões acerca do tema proposto pela presente dissertação, pois a
urbanização presente na área de estudo pode estar afetando o ciclo hidrológico da
maneira como foi apresentado pelo autor.

Os impactos qualitativos são inúmeros e variáveis e têm conseqüências


ecológicas, econômicas e sociais e na saúde humana. Por exemplo, a descarga de
fontes difusas e pontuais de nitrogênio e fósforo nos rios, lagos e represas, a partir
de esgotos não tratados e de usos de fertilizantes produz o fenômeno de
eutrofização cujos efeitos ecológicos, na saúde humana e nos custos do tratamento
de água são relevantes especialmente em regiões de intensa urbanização, como a
Região Metropolitana de São Paulo (TUNDISI, 2003).
24

2.3 Disponibilidade hídrica

A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. É essencial


à vida e um dos principais insumos no processo de produção de mercadorias. A
disponibilidade de água em rios, lagos e aqüíferos depende de diversos aspectos
relacionados, entre outros, ao clima, ao relevo e à geologia da região; e deve
atender aos usos múltiplos na bacia, que dentre outros, pode-se destacar:
abastecimento para população, abastecimento de indústrias, conservação do
ecossistema, criação de animais, diluição de águas residuais, calado para
navegação, irrigação de áreas agrícolas, aqüicultura, produção de energia através
de hidrelétricas, recreação e turismo (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2004).

A América Latina é uma das regiões com maior disponibilidade hídrica de


água doce per capita do planeta, dispondo de 24.973 m³/hab.ano, valor muito
superior à média mundial de 7.055 m³/hab.ano (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS, 1997).

Inserido neste contexto Latino Americano, o Brasil é um país privilegiado em


termos de disponibilidade hídrica global, dispondo de um volume médio anual de
8.130 km³, que representa um volume per capita de 50.810 m³/hab.ano
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1997).

Entretanto a concentração da população brasileira em conglomerados


urbanos, alguns dos quais já se caracterizando como mega-cidades, vem
ocasionando pressões crescentes sobre os recursos hídricos (ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 1997).

A tabela 1 apresenta a distribuição da população brasileira e a respectiva


densidade populacional, por região do país.

Tabela 1: Distribuição da população e densidade demográfica no Brasil, por região


Região População densidade
participação
(milhões) ano Área (km2) populacional
(%)
2000 (hab/km2)
Norte 11,7 7,1 3.869.638 3,0
Nordeste 46,1 28,0 1.561.178 29,5
Sudeste 71,8 43,5 927.286 77,4
Sul 24,6 14,9 577.214 42,6
Centro-Oeste 10,7 6,5 1.612.077 6,6
Brasil 164,9 100,0 8.547.404 19,3
Fonte: adaptado de IBGE, 2000.
25

Analisando-se apenas os dados apresentados na tabela 5, verifica-se que em


termos macro-regionais a população brasileira não apresenta problemas de
concentração populacional, com uma média de 19,3 hab/km² (IBGE, 2000).

Entretanto, ao mudar a escala de estudos e analisar a situação das principais


metrópoles brasileiras (tabela 2) constata-se a elevada concentração populacional
no Brasil, sendo que aproximadamente 35% da população estão situadas em
apenas 0,1% do território nacional. Esta situação ocasiona várias pressões sobre os
recursos naturais, com reflexos econômicos e ecológicos (PAUWELS, 1998).

Tabela 2: População e densidade demográfica para as metrópoles brasileiras.


Metrópole População (mil) Área mancha densidade pop.
2
ano 2000 urbana (km ) (hab/km2)
S. Paulo 17.655 2000 8.828
R. Janeiro 10.777 1300 8.290
B. Horizonte 4.145 576 7.196
P. Alegre 3.484 128 27.219
Recife 3.404 450 7.564
Salvador 2.957 320 9.241
Fortaleza 2.896 216 13.407
Brasília 2.721 488 5.576
Curitiba 2.688 1024 2.625
Campinas 2.181 1200 1.818
Belém 1.790 160 11.188
Goiânia 1.614 150 10.760
Manaus 1.289 425 3.033
Total 54.913 8.437 6.509
Fonte: adaptado de Organização das Nações Unidas (1997) e Pauwels (1998).

A gestão integrada dos recursos hídricos, diante do cenário de concentração


populacional em regiões onde a disponibilidade hídrica é baixa em relação às outras
áreas do território nacional, mostra-se como um conjunto de ferramentas
necessárias à correta distribuição e outorga da água (como por exemplo, o comitê
de bacias), evitando conflitos apoiando-se no arcabouço legal que rege tal atividade.

2.4 Gerenciamento integrado dos recursos hídricos e a multiplicidade dos usos

À medida que a economia foi se tornando mais complexa e diversificada, mais


usos foram sendo adicionados aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de
tal forma que ao ciclo hidrológico, superpõe-se um ciclo hidrosocial de grande
dimensão e impacto ecológico e econômico. Esse ciclo, que na verdade é uma
adaptação do homem às diferentes características do ciclo hidrológico e, também as
26

suas alterações, causam inúmeros impactos (TUNDISI, 2001). As retiradas totais de


água para múltiplos usos estão ilustradas na tabela 1, a qual mostra um crescimento
considerável no volume utilizado.

Tabela 3: Consumo total de água no mundo.

Consumo total de água (km³/ano)


Uso total 1970 1975 2000
Suprimento doméstico 120 150 500
Indústria 510 630 1300
Agricultura 1900 2100 3400
Total 2530 2880 5200
Fonte: Adaptado de Gleick (1993), Pielou (1998) e Tundisi (2001).

Apesar de o Brasil possuir em seu território, 8% de toda a reserva de água


doce do mundo, com 53% dos recursos hídricos da América do Sul, deve-se alertar
que 80% dessa água encontram-se na região Amazônica (Bacia Amazônica),
ficando os restantes 20% circunscritos ao abastecimento das áreas do território nas
quais se encontram 95% da população e a maioria das atividades econômicas do
país. Por isso, mesmo com grande potencial hídrico, a água é objeto de conflitos, em
várias partes do país (TUCCI, 2001).

Tanto a Agenda 21 (Capítulo 18), como a Política Nacional de Recursos


Hídricos (Lei 9433/97), estabelece princípios a serem praticados na gestão dos
recursos hídricos:

a) A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento;


b) A água é um recurso que possui usos múltiplos;
c) O reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável;
d) A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada, participativa.

Possuem ainda, como diretrizes gerais de ação: a integração da gestão dos


recursos hídricos com a gestão ambiental; a adequação às peculiaridades regionais
de cada bacia; a articulação dos planejamentos regionais, o Estadual e o Federal; as
articulações e parcerias entre o poder público, os usuários e as comunidades locais.

Esse gerenciamento integrado dos recursos hídricos resultou da consolidação


das novas visões e paradigmas que foram se tornando mais evidentes a partir de
inúmeros problemas resultantes de uma visão setorial, limitada e de resposta a
crises; a principal constatação é a interdependência dos processos ecológicos em
27

nível de bacia hidrográfica e do desenvolvimento econômico, social e das interações


entre os componentes do sistema: biodiversidade, agricultura, usos do solo,
cobertura vegetal, ciclos de nutrientes, impactos das mudanças globais no clima da
Terra e recursos hídricos superficiais e subterrâneos (STRASKRABA, 2000).

2.5 Geoprocessamento – o sensoriamento remoto e os Sistemas de Informação


Geográficas (SIG) aplicado às ciências ambientais

2.5.1 Geoprocessamento

Para complementar a estratégia que objetiva garantir uma qualidade e


quantidade apropriada dos recursos hídricos, é indispensável o desenvolvimento de
ferramentas eficientes que permitam o monitoramento e o gerenciamento dessas
bacias hidrográficas como um todo. Considerando a variedade dos usos e
ocupações, uma tomada de decisão, para um manejo sustentável nessas bacias
hidrográficas, deve ser baseada na avaliação dos mais variados tipos de dados
espacializados e não espacializados (ex. características da rede hidrográfica, relevo,
unidades geológicas e hidrogeológicas, uso do solo e cobertura vegetal, pedologia,
qualidade da água, vazão, dados pluviométricos, etc) (FONSECA e STEINKE, 2003)

As novas tecnologias de informação e tratamento de dados espaciais digitais


(redes, internet, computação gráfica, comunicação, imageamento remoto,
geoprocessamento, entre outras) se tornam instrumentos indispensáveis ao
geoplanejamento à medida que possibilitam, além da espacialização da informação,
maior acessibilidade, precisão e velocidade na obtenção e processamento dos
dados necessários às análises. Essas novas tecnologias ganham importância cada
vez maior, pois propicia conhecer melhor o espaço e a sociedade que o produz e
mais refinadamente espacializar as relações entre os dois, como subsidio a tomada
de decisão.

Em sendo o geoprocessamento, segundo Xavier-da-Silva (2001),

[...] um conjunto de técnicas computacionais que opera


sobre base de dados (que são registros de ocorrências)
georreferenciadas, para transformar em informação (que
é um acréscimo de conhecimento) relevante, deve
necessariamente apoiar-se em estruturas de percepção
ambiental que proporcionem o máximo de eficiência
nesta transformação, o que pode facilitar o
28

acompanhamento da rápida evolução da população e os


espaços por ela ocupados.

O geoprocessamento muda a forma de coletar, utilizar e disseminar a


informação, possibilitando o acompanhamento – monitoramento – do
desenvolvimento ou da implementação dos planos de desenvolvimento, por meio
diversos, desde imagens de satélite até mapas interativos que permitem medir a
espacialização da extensão dos efeitos das políticas e ações de desenvolvimento,
sobre o espaço em questão (VEIGA, 2005).

O conhecimento do espaço e do território não é meramente a justaposição de


dados, em um dado momento, mas a integração de todos eles dentro de uma
mesma unidade de análise. O geoprocessamento permite individualizar cada espaço
através de suas características ou assinaturas, para que se possa nele atuar mais
confiavelmente, além de discernir e explicitar os fenômenos que nele ocorrem, com
base em análises mais concretas e rigorosas, minimizando interferências (XAVIER-
DA-SILVA, 1994).

2.5.2 Sistemas de Informação Geográfica (SIG)

De maneira sucinta, pode-se dizer que SIG é uma ferramenta que manipula
objetos (ou feições geográficas) e seus atributos (ou registros que compõe um
banco de dados) por meio de seu relacionamento espacial (topologia). Clarke (1986)
define uma série de características comuns e componentes que podem ser usados
para dar aos SIG uma definição funcional, a saber:

a) Um grupo de dados que são associados a propriedades espaciais;


b) Uma topologia, ou seja, uma expressão numérica ou lógica das relações entre
estes dados;
c) Arquivos ou estruturas de dados comuns;
d) A habilidade do sistema para executar as funções de coleta, armazenamento,
recuperação, análise (manipulação) e geração automática de mapas

De acordo com Bonhan-Carter (1996), SIG é um sistema de software


computacional com o qual a informação pode ser capturada, armazenada e
analisada, combinando dados espaciais de diversas fontes em uma base unificada,
empregando estruturas digitais variadas, representando fenômenos espaciais
29

também variados, através de uma série de planos de informação que se sobrepõe


corretamente em qualquer localização.

Dentre os mais variados campos de aplicação do SIG, pode-se destacar


(MAGUIRE, 1991):

a) Agricultura quando relacionada ao plantio de extensas áreas de monocultura;

b) Saúde pública: os SIG's têm se revelado uma ferramenta eficaz para mapear
os casos e fazer seu controle, conduzindo mais rapidamente a informação
local às esferas de decisão, como em casos de epidemia;

c) Meio ambiente: os projetos que tratam do meio ambiente se caracterizam por


um conjunto complexo de variáveis que necessitam de 'cruzamentos'
automatizados para uma análise adequada. Normalmente são considerados
os dados relativos aos solos, clima, hidrografia, declividades, uso e ocupação
do solo, vegetação, etc. Por meio de análises espaciais, como funções
disponíveis nos softwares de geoprocessamento, é possível identificar e
visualizar as relações existentes entre os diferentes níveis de informação;

d) Planejamento urbano: os sistemas de informação geográfica (SIG’s)


representam uma ferramenta extremamente útil para os propósitos do
planejamento municipal. Por reunirem um extenso conjunto de aplicativos
para coletar, armazenar, recuperar, transformar e representar visualmente
dados espaciais e também dados estatísticos ou textuais a eles relacionados,
representam um grande passo no sentido de uma maior racionalização no
planejamento e no gerenciamento de recursos no rol de atividades de
administrações municipais.

e) Marketing: com o desenvolvimento dos SIG's, tarefas como o mapeamento de


clientes e simulação de áreas de influência comercial ganharam em agilidade
e qualidade, pois, a partir de uma relação de endereços dos clientes e de um
mapa digital, é possível plotar essas informações e assim obter as
delimitações de áreas de influência comercial, que geram melhores
resultados se adicionados dos valores de faturamento por cliente, por
exemplo.
30

2.5.3 Sensoriamento Remoto

Segundo Avery e Berlin (1992) e Meneses (2001), sensoriamento remoto é


uma técnica para obter informações sobre objetos através de dados coletados por
instrumentos que não estejam em contato físico como os objetos investigados.

Por não haver contato físico, a forma de transmissão dos dados (do objeto
para o sensor) só pode ser realizada pela Radiação Eletromagnética, por ser esta a
única forma de energia capaz de se propagar pelo vácuo. Considerando a Radiação
Eletromagnética como uma forma de energia, o Sensoriamento Remoto pode ser
definido com maior rigor como uma medida de trocas de energia que resulta da
interação entre a energia contida na Radiação Eletromagnética de determinado
comprimento de onda e a contida nos átomos e moléculas do objeto de estudo.

Três elementos são fundamentais para o funcionamento de um sistema de


Sensoriamento Remoto: Objeto de estudo, Radiação Eletromagnética e um Sensor.
Dozier e Goetz (1989) ressaltam que para as ciências naturais é cada vez mais
necessária a compreensão da Terra como um sistema integrado e, para que essa
abordagem seja contemplada, os sistemas sensores tendem a se ajustar espacial,
espectral, radiométrica e temporalmente às escalas apropriadas as pesquisas. Para
as escalas detalhadas são necessários sensores que possuam capacidade de
detalhamento espacial e espectral.

Os dados de sensoriamento remoto têm-se mostrado extremamente úteis


para estudos e levantamentos de recursos naturais, principalmente por (MENESES,
2001):

a) Sua resolução temporal que permite a coleta de informações em diferentes


épocas do ano e em anos distintos, o que facilita os estudos dinâmicos de
uma região;
b) Sua resolução espectral que permite a obtenção de informações sobre um
alvo na natureza em distintas regiões do espectro, acrescentando assim uma
infinidade de informações sobre o estado dele;
c) Sua resolução espacial, que possibilita a obtenção de informações em
diferentes escalas, desde as regionais até locais;
d) Sua resolução radiométrica que é dada pelo número de níveis digitais,
representando níveis de cinza, usados para expressar os dados coletados
31

pelo sensor. Quanto maior o número de níveis, maior é a resolução


radiométrica, permitindo uma detecção de uma quantidade maior de detalhes.

Outro uso ainda considerado importante por Dozier e Goetz (1989) é a análise
dos espectros de reflectância de alta resolução que permite a identificação de
minerais em solos e rochas, o exame de partículas suspensas e de fitoplâncton em
águas continentais ou costeiras, a estimativa do tamanho dos grãos de neve e de
sua contaminação por impurezas e o estudo de processos bioquímicos na cobertura
vegetal por meio de feições de absorção.

2.5.4 Sistema sensor Land Remote Sensing Satellite (LANDSAT)

A série LANDSAT foi iniciada no final da década de 60, a partir de um projeto


desenvolvido pela Agência Espacial Americana dedicado exclusivamente à
observação dos recursos naturais terrestres. O primeiro satélite da série começou a
operar em 1972 e a última atualização ocorreu em 1999 com o lançamento do
LANDSAT-7.

Atualmente o único satélite em operação é o LANDSAT-5, que leva a bordo o


sensor TM e contribui para o mapeamento temático da superfície terrestre. O
LANDSAT-7 iniciou suas atividades em abril de 1999 e encerrou em 2003, utilizando
o sensor ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus). Este instrumento foi capaz de
ampliar as possibilidades de uso dos produtos LANDSAT, porque manteve a alta
resolução espectral (característica importante desse sistema) e conseguiu ampliar a
resolução espacial da banda 6 (Infravermelho Termal) para 60 metros além de
inserir a banda pancromática e permitir a geração de composições coloridas com 15
metros de resolução (tabela 4).
32

Tabela 4: Características dos satélites da série LANDSAT.

Missão Land Remote Sensing Satellite (Landsat)


Instituição
NASA (National Aeronautics and Space Administration)
Responsável
País/Região Estados Unidos
LANDSAT LANDSAT LANDSAT LANDSAT LANDSAT LANDSAT LANDSAT
Satélite
1 2 3 4 5 6 7
Lançamento 27/7/1972 22/1/1975 5/3/1978 16/7/1982 1/3/1984 5/10/1993 15/4/1999

Situação Inativo Inativo Inativo


Inativo (1993) em atividade
Inativo
Inativo (2003)
Atual (06/01/1978) (25/02/1982) (31/03/1983) (05/10/1993)
Polar, Circular Polar, Circular Polar, Circular Polar, Circular Polar, Circular Polar, Circular
Órbita e e e e e s.d. e
heliossíncrona heliossíncrona heliossíncrona heliossíncrona heliossíncrona heliossíncrona
Altitude 917 km 917 km 917 km 705 km 705 km s.d. 705 km

Inclinação 99º 99º 99º 98,20º 98,20º s.d. 98,3º

Tempo de
Duração da 103,27 min 103,27 min 103,27 min 98,20 min 98,20 min s.d. 98,9 min
Órbita
Horário de 9:15 A.M. 9:15 A.M. 9:15 A.M. 9:45 A.M. 9:45 A.M. s.d. 10:00 A.M.
Passagem
Período de 18 dias 18 dias 18 dias 16 dias 16 dias s.d. 16 dias
Revisita
Instrumentos RBV e MSS RBV e MSS RBV e MSS MSS e TM MSS e TM ETM ETM+
Sensores
Fonte: adaptado de EMBRAPA, 2004.
33

Tabela 5: Principais instrumentos sensores e suas características.


Resolução Resolução Resolução Faixa
Sensor Bandas Espectrais
Espectral Espacial Temporal Imageada
4 0,5 - 0,6 µm
5 0,6 - 0,7 µm
80 m
6 0,7 - 0,8 µm
MSS 7 0,8 - 1,1 µm 18 dias 185 km
8
(somente para o 10,4 - 12,6 µm 120 m
Landsat 3)
1 0,45 - 0,52 µm
2 0,50 - 0,60 µm
3 0,63 - 0,69 µm 30 m
TM 4 0,76 - 0,90 µm 16 dias 185 km
5 1,55 - 1,75 µm
6 10,4 - 12,5 µm 120 m
7 2,08 - 2,35 µm 30 m
1 0,45 - 0,52 µm
2 0,50 - 0,60 µm
3 0,63 - 0,69 µm 30 m
4 0,76 - 0,90 µm
ETM+ 16 dias 185 km
5 1,55 - 1,75 µm
6 10,4 - 12,5 µm 60 m
7 2,08 - 2,35 µm 30 m
8 0,50 - 0,90 µm 15 m
Fonte: adaptado de EMBRAPA, 2004.

Dentre as principais aplicações do LANDSAT, destaca-se (NOGUEIRA,


2004):

a) Acompanhamento do uso agrícola das terras;


b) Apoio ao monitoramento de áreas de preservação;
c) Atividades energético-mineradoras;
d) Cartografia e atualização de mapas;
e) Desmatamentos;
f) Detecção de invasões em áreas indígenas;
g) Dinâmica de urbanização;
h) Estimativas de fitomassa;
i) Monitoramento da cobertura vegetal;
j) Queimadas Secas e inundações ;
k) Sedimentos em suspensão nos rios e estuários.
34

2.5.5 Normalized Difference Vegetation Index (NDVI)

O mapeamento de fisionomias vegetais por meio de técnicas de


sensoriamento remoto tem se mostrado uma ferramenta importante para o
monitoramento, o planejamento do uso do solo e a conservação da natureza
(CROSTA, 1992). As imagens de satélites, em meio digital, contêm informações
sobre alvos na superfície que podem ser extraídas através de métodos de
processamentos de imagens.

De acordo com Shimabukuro (1999 apud MOREIRA 2005) a assinatura


espectral característica de uma vegetação verde e sadia mostram um evidente
contraste entre a região do visível, especificamente no vermelho e do infravermelho
próximo. Quanto maior for o contraste, haverá maior vigor da vegetação da área
imageada. Este é o princípio em que se baseiam os índices de vegetação, que
combinam a informação espectral nestas duas bandas do espectro eletromagnético.

A reflectância na região do vermelho (em torno de 0,6 aμm)


0,7 é baixa
devido à absorção pelos pigmentos das folhas, principalmente da clorofila.
Entretanto, a região do infravermelho (em torno de 0,8 μm)
a 0,9possui alta
reflectância devido ao espalhamento da estrutura das células das folhas.

Existem diversos índices de vegetação que têm sido desenvolvidos para


auxiliar no monitoramento da vegetação e na identificação de culturas. Porém, no
sensoriamento remoto orbital, o mais utilizado é o Índice de Vegetação de Diferença
Normalizada (NDVI) (ROUSE et al., 1973), que é calculado por meio da equação 1.

(NIR − R)
NDVI =
(NIR + R)

Onde:

• NIR é a energia refletida na região do infravermelho próximo;


• R é a energia refletida na região do vermelho do espectro eletromagnético.

Segundo Eastman (1998) este tipo de cálculo é bastante simples para um SIG
raster ou um sistema de processamento de imagens e o resultado tem mostrado boa
correlação com as medidas da biomassa no terreno. O NDVI pode ser utilizado na
estimativa de produção primária, no monitoramento de padrões de seca,
35

correlacionado com variáveis ambientais como precipitação, temperatura e tipos de


solos e no monitoramento de florestas tropicais, entre outras aplicações.

Ainda, conforme apontado por Fontana et al. (1998), as mudanças estruturais


da vegetação no decorrer da estação de crescimento resultam em uma
diferenciação da sua reflectância, o que permite empregar o NDVI para o
monitoramento da vegetação, bem como distinguir diferentes tipos de vegetação e
detectar possíveis problemas de crescimento.

2.5 Análise Estatística

Regressão é a estimação de uma variável (dependente) em função de uma


ou mais variáveis (independentes). Sendo x a variável independente e y a variável
dependente, pode-se determinar a relação funcional entre as mesmas y=f(x) a partir
de uma amostra de valores de x e y (BONINI, 1972).

Se a variável independente x corresponder ao tempo, os dados representarão


os valores de y em diversos momentos. Os dados ordenados em relação ao tempo
são denominados séries temporais. A reta ou a curva de regressão de y para x,
neste caso, é denominada de tendência e é freqüentemente empregada para as
finalidades de avaliação, predição ou previsão (SPIEGEL, 1961).

Já a correlação é o grau de relação entre duas ou mais variáveis. O índice


procura determinar o quão bem uma equação linear (ou de outra espécie) descreve
ou explica a relação entre as variáveis. Se todos os valores das variáveis satisfazem
exatamente uma equação, diz-se que elas estão perfeitamente correlacionadas ou
que há correlação entre elas (SPIEGEL, 1961).

Já o Coeficiente de determinação (r2) é uma medida do grau do grau de


proximidade entre os valores estimados e observados da variável dependente dentro
da amostra utilizada para estimar a regressão, sendo portanto uma medida do
sucesso da estimativa. Pode ser interpretado (mas só quando a regressão inclui
uma constante) como o percentual da variância da variável dependente que é
explicada pelas variáveis independentes (GONÇALVES, 2007).
36

2.5.1 Teste t de Student

O teste t tem por objetivo é testar a igualdade entre duas médias. O teste
supõe independência e normalidade das observações. No caso de se querer
comparar dois grupos, a Hipótese Nula (H0) é que a diferença das médias é zero,
isto é, não há diferenças entre os grupos. A hipótese de nulidade, portanto, refere-se
à hipótese de que essas grandezas, ou essas médias, sejam estatisticamente iguais,
naturalmente a certo grau de probabilidade de que essa igualdade seja real. Por sua
vez, a expressão H1 indica apenas a hipótese alternativa para H0, ou seja, a hipótese
de que não haja igualdade estatística entre as grandezas confrontadas e isso,
evidentemente, também a um determinado grau de probabilidade de que sejam de
fato diferentes (D’HAINAUT, 1975).

Mesmo quando há pouco ou nenhum relacionamento entre variáveis numa


população, é ainda possível obter valores amostrais que façam as variáveis
parecerem relacionadas, pois fatores aleatórios na amostragem podem produzir um
relacionamento aparente, decorrente apenas de flutuações da amostragem, onde
nenhum existe. Daí a importância de se testarem os resultados a fim de decidir se
estes são estatisticamente significativos (LAPPONI, 2000).

O erro padrão do coeficiente b indica, por um lado, aproximadamente quão


distante o coeficiente b está do coeficiente da população B, devido à variabilidade
amostral. Enquanto o teste de significância para b indicará se este coeficiente
angular estimado é ou não diferente de zero, a hipótese, teórica ou empírica, nula
assumida na análise. Assim, a significância do coeficiente de regressão pode ser
testada comparando-se a estatística t (distribuição de Student) calculada a partir de
seu erro padrão (LAPPONI, 2000).

De posse desta estatística de variação, uma forma de calcular o Intervalo de


Confiança (1 – α) é examinando a probabilidade de B estar contido no mesmo,
assumindo determinado Nível de Significância (α) de cometer equívocos na decisão
inferencial. Outra forma de realizar o teste da significância estatística do estimador b
será calculando a estatística t referente à mostra e comparando a mesma com um
valor crítico de t, estabelecido pelo pesquisador. Compara-se, então, t calculado com
t crítico (a um dado nível de significância), onde se o t calculado for menor que o t
crítico, aceita-se H0, e vice e versa (LAPPONI, 2000).
37

3. Descrição da Área de Estudo

3.1 Localização da área de estudo

A Bacia Hidrográfica do Alto curso do Rio Descoberto situa-se no quadrante


de S 15°35’00” a 15°48’00” latitude Sul e de W 48°03’00” a 48°15’00” longitude
Oeste, abrangendo uma área de 452 km², pertencente à Bacia do Rio Paraná, de
acordo com a figura 3.

Figura 3: Mapa de localização da Bacia do Alto Descoberto. Fonte: Adaptado de


Reatto, 2003.

3.2 Expansão Urbana do Distrito Federal e Entorno

O DF possui uma área de 5.814 km² e apresentava em 2000 uma população


de cerca de 2 milhões de habitantes. A Região Integrada de Desenvolvimento
Econômico do Distrito Federal e Entorno – RIDE, formada em 1998, é composta
pelo DF e por 22 municípios, sendo 19 pertencentes ao estado de Goiás e 3 ao
estado de Minas Gerais. A RIDE concentra hoje, em uma área de 56.000 km² uma
população de aproximadamente 2.958.418 habitantes, estando totalmente inserida
no bioma Cerrado (CAIADO, 2005).
38

A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno


(RIDE/DF), criada pela Lei Complementar n.º 94, de 19 de fevereiro de 1998 e
regulamentada pelo Decreto n.º 2.710, de 04 de Agosto de 1998, alterado pelo
Decreto n.º 3.445, de 04 de maio de 2000. Consideram-se de interesse da RIDE os
serviços públicos comuns ao Distrito Federal, aos Estados de Goiás e de Minas
Gerais e aos municípios que a integram, como por exemplo:

a) saneamento básico, em especial o abastecimento de água, a coleta e o


tratamento de esgoto e o serviço de limpeza pública;
b) uso, parcelamento e ocupação do solo;
c) proteção ao meio ambiente e controle da poluição ambiental;
d) aproveitamento de recursos hídricos e minerais;

A população do DF cresceu 11,4 vezes no período de 1960 a 1991. Em 1997


apresentava taxa de 2,8%, alta para o padrão brasileiro da época que era de 1,6%.
A densidade demográfica é de 3,14 hab/ha, distribuída de forma desigual no
território – 63% da população se concentram no quadrante sudoeste. Hoje,
entretanto, a população cresce muito mais rápido no Entorno, sendo oriunda tanto
do próprio DF, devido à insuficiente oferta de lotes e habitações, como de fora dele.
O saldo migratório do período de 1991/96 foi de 13 mil habitantes por ano, no DF, e
de 27 mil habitantes por ano, no Entorno.

O DF apresenta o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País


(0,845). Os municípios do Entorno apresentam médio desenvolvimento humano
(variam entre 0,57 e 0,72) e evoluíram ao longo do período de avaliação, apesar de
todas as localidades do Entorno apresentarem IDH-M inferior à média goiana,
exceto Cidade Ocidental e Valparaíso de Goiás. Deve-se assinalar que na dimensão
“renda” as diferenças entre Entorno e DF são ainda mais acentuadas.

O DF insere-se no cenário nacional como a 10ª aglomeração urbana nacional,


em termos populacionais, apresenta o melhor indicador nacional de atividades
terciárias (nível de produtividade média e salário médio), e possui o 8º PIB do País.
Apresenta o quarto maior poder de compra da América Latina (US$ 36 milhões),
sendo superado somente por São Paulo, e tem uma renda per capta de R$
1.000,00/mês (1997). Esta no ranking dos Estados mais competitivos (infra-
estrutura, potencial de consumo), mas a distribuição de renda é uma das piores do
39

país (SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO URBANO E


HABITAÇÃO, 1999).

Grande parte do território do DF esta inserida em áreas de proteção


ambiental. Entretanto, a área de cobertura vegetal nativa do DF reduziu cerca de
60% nos últimos 40 anos. Por outro lado, a área urbana, em 2004, já corresponde a
quase 10% de seu território.

De acordo com A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e


Habitação (2002), 30% das moradias do DF são inadequadas em relação às
necessidades da população, como as ocupações de fundo de lotes, loteamentos
irregulares de baixa renda e “invasões”.

O número de moradias localizadas em “invasões” em 2000 era de 17.505,


caracterizando um crescimento superior a 100% em relação a 1998, quando o
número de famílias cadastradas era de 7.300. A população residente em “invasões”
de baixa renda era de 77.400 pessoas, em 2000, representando aproximadamente
3,5% a população urbana do Distrito Federal.

3.3 Caracterização biofísica do DF

3.3.1 Clima

Segundo Baptista (1999), o Distrito Federal está inserido na Província do


Cerrado onde o clima é tropical, com uma estação fria e seca (inverno) e outra
chuvosa e verão (verão), classificado segundo Köppen sendo do tipo Tropical (Aw) e
Tropical de altitude (Cwa, Cwb). O tipo climático Aw é característico das áreas com
altitudes abaixo de 1000 m, compreendendo as bacias hidrográficas dos rios São
Bartolomeu, Preto, Descoberto e Maranhão. A temperatura média para o mês mais
frio é inferior a 18° C, como espacializado pela figura 4.
40

Figura 4: Cartograma de Clima do Distrito Federal, segundo classificação Köppen.


Fonte: Baptista, 1999.

Segundo Baptista (1999), o tipo climático Cwa prevalece para as áreas cujas
altimétricas encontram-se entre 1000 m e 1200 m. A temperatura média no mês
mais quente é inferior a 22°. O tipo Cwb ocorre nas áreas que estão acima de 1200
m. O mês mais frio possui temperatura média inferior a 18°C, e a média do mês
mais quente é inferior a 22°C. As precipitações variam entre 1.500 e 2.000 mm
anuais, sendo a média em torno de 1600 mm, alcançando em janeiro o seu maior
índice pluviométrico (320 mm/mês) e durante os meses de junho, julho e agosto,
chegando à média mensal total da ordem de 50 mm.

Nos últimos anos é notado um aumento da temperatura e conseqüente


diminuição da umidade relativa do ar no Distrito Federal. Os anos de 1995 e 1996,
por exemplo, apresentaram uma redução no volume de chuvas e registrou-se a
ocorrência de veranicos em plena estação chuvosa (BAPTISTA, 1999). Essa
alteração no regime de chuvas pode estar contribuindo indiretamente para a redução
dos níveis da reserva subterrânea de água, o que conseqüentemente interfere no
reabastecimento dos rios e dos reservatórios públicos de abastecimento.

A Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Descoberto encontra-se,


segundo Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN) (1984), na
41

região de clima CWA, que possui temperatura no mês mais frio inferior a 18°C e do
mês mais quente com média superior a 22°C.

3.3.2 Geologia e Geomorfologia

A forma do relevo atual se dá a partir da ação de vários fatores abióticos, tais


como clima (chuva e temperatura) e processos de intemperização físico-química
sobre as rochas. E a ação da água sobre o solo é condicionada por essas
características da paisagem. Tais ações podem ser entendidas como infiltração,
escoamento superficial e sub-superficial. Assim, ao planejar a ocupação e uso do
solo deve-se levar em consideração as limitações que derivam de características
geológicas e geomorfológicas.

Segundo King (1957) e Braun (1971) o Distrito Federal situa-se em uma das
porções mais elevadas do Planalto Central que corresponde a remanescentes dos
aplainamentos resultantes dos ciclos de erosão Sulamericano e Velhas, que se
desenvolveram entre o Terciário Inferior e Médio, e entre o Terciário Médio e
Superior, respectivamente.

Segundo Ministério do Meio Ambiente (1998), o Distrito Federal é uma área


de geologia pouco detalhada, onde as afirmações não são conclusivas do ponto de
vista estrutural e estratigráfico, sendo que mascaramento dos litotipos por um manto
de intemperismo espesso e extenso agrava o grau de incerteza. A região é parte
integrante do setor central da província do Tocantins (ALMEIDA, 1968), situando-se
a oeste do cráton do São Francisco e a leste do maciço mediano de Goiás.

Embora as correlações estratigráficas ainda não sejam completamente


definidas, Barros et al. (1986) apud Ministério do Meio Ambiente (1998), sugerem
que o Distrito Federal é constituído por rochas pertencentes à Formação Canastra e
Grupo Paranoá de idade Pré-Cambriana Média a Superior, além da cobertura
detrito-laterítica de idade Terciária-Quartenária e de aluviões recentes do
Quartenário. Essa cobertura Cenozóica capeia parcialmente a área do Distrito
Federal e tem espessura variável de região para região. Segundo Barros (1994,
apud MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1998), em Brazlândia, por exemplo,
próximo ao lago do Descoberto, uma perfuração mostrou espessura de 60 metros.
42

Segundo Ab’Saber (1977), as características geomorfológicas da paisagem


do domínio morfoclimático do Cerrado resultam de uma prolongada interação de
regime climático tropical semi-úmido com fatores litológicos, edáficos e bióticos.

O Distrito Federal, de acordo com as características do relevo, foi dividido em


5 compartimentos: Chapadas Elevadas ou Planaltos, Rebordos, Escarpas, Planos
Intermediários e Planícies (MARTINS e BAPTISTA, 1998), como mostrado pela
figura 5.

Figura 5: Compartimentação Geomorfológica do DF. Adaptado de Martins e


Baptista, 1998.

A APA do Rio Descoberto está situada nas compartimentações do tipo Planos


intermediários (em sua maior parte), nos Planaltos e Rebordos (menor porção),
quando considerando a figura 5.

3.3.3 Hidrografia

O Distrito Federal (figura 6) é considerado o terceiro pior Estado brasileiro em


disponibilidade de recursos hídricos per capita por ano (REBOUÇAS et al., 1999).
Possui área de 5.814 km2, com cerca de 60% das terras “altas”, colaborando para
que a água absorvida pelo solo seja drenada para os rios de três importantes bacias
hidrográficas: Prata, Araguaia-Tocantins e São Francisco (BAPTISTA, 1997). Essa
característica, por si só, tem gerado constante preocupação com o uso de água na
região.
43

Figura 6: Mapa Hidrológico do Distrito Federal. Adaptado de Agência Reguladora de


Águas e Saneamento do Distrito Federal, 2007.

A Área de Proteção Ambiental do Descoberto localiza-se acima de 1000


metros de altitude e apresenta-se como dispersora de águas para a bacia Platina.
Com base na classificação empírica por formas (HOWARD, 1967 apud MINISTÉRIO
DO MEIO AMBIENTE, 1998), a Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto apresenta-se
como centro dispersor de drenagem subdendrítico.

O Lago Descoberto representa o principal manancial hídrico da APA tendo em


vista ser o responsável por mais de 60% da água que abastece o Distrito Federal,
compreendendo uma área de 452 km², 14,8 km² de espelho d’água, comprimento
máximo de 25,5 km², profundidade máxima de 32 m, largura máxima de 8 km e
volume de 560 x 106 m³. O reservatório, cujo enchimento iniciou-se em 1973, foi
construído pelo represamento do rio Descoberto, dos ribeirões Rodeador e das
Pedras e dos córregos Rocinha, Coqueiro, Olaria, Chapadinha e Engenho
Queimado (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1998).

A Bacia do Rio Descoberto limita o Distrito Federal aos municípios goianos de


Padre Bernardo, Cocalzinho, Águas Lindas do Goiás e Santo Antônio do Descoberto
(margeando o território até desaguar no Rio Corumbá). Essa bacia hidrográfica
44

compreende uma área de 825 km², e 14% dela corre em terras do Distrito Federal. A
área estudada está situada na porção superior da Bacia do Rio Descoberto e vai
desde sua montante até a barragem do Lago do Descoberto. Compreende uma área
de 452 km² que é equivalente a 54,79% do total da bacia do Descoberto (figura 7)
(REATTO, 2003).

Figura 7: Mapa hidrográfico da bacia do Alto Descoberto. Fonte: Adaptado de


Reatto, 2003.

Aparentemente há uma diminuição nas vazões médias ao longo do ano, como


é o caso do rio Descoberto à jusante da barragem. Em 1981, a vazão máxima foi de
46 m³/s e a média foi de 9,62 m³/s, enquanto que em 1995 esses valores foram de
30,8 m³/s e 5,3 m³/s (MMA, 1998).

Segundo o IBGE (2000), a disponibilidade hídrica do Distrito Federal está


abaixo do ideal. Com um notado crescimento populacional da ordem de 2,82% ao
ano para o período de 1991 a 2000, estima-se que a capacidade de atendimento
estará esgotada em um prazo de nove anos, a contar a partir da data do estudo.
Com a construção da usina hidrelétrica de Corumbá IV, em Luziânia, a Companhia
de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB espera garantir água para a
população por pelo menos mais cem anos.
45

3.3.4 Solos

Os solos do DF (figura 8) representam bem os solos da região do cerrado


(Cline & Buol 1973). A melhor fonte de informações sobre os solos encontrados no
DF é o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Levantamento de Solos
(EMBRAPA, 1978), de onde se obteve o mapa pedológico do DF, na escala
1:100.000. Segundo levantamento da EMBRAPA (1978), no DF predominam os
latossolos vermelho-escuro (38,68%), vermelho-amarelo (15,84%) e cambissolo
álico (31,02%). Ainda no mesmo estudo foram identificados, na área da APA do
Descoberto, quatro tipos de solos: Latossolos vermelho-escuros – LVE; Latossolos
vermelho-amarelos; Solos hidromórficos (Hi) e Cambissolos.

Figura 8: Mapa de Solos do DF (EMBRAPA, 2004).

O tipo de solo influencia diretamente no processo de infiltração e percolação


da água. Tal processo é influenciado também pelo tipo de ocupação e uso do solo.
Apesar de o Distrito Federal de ter 100% de sua área legalmente protegida, o
manejo inadequado trouxe conseqüências negativas que afetam o seu próprio
território e áreas adjacentes (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2007). Mais
recentemente, a utilização em áreas rurais e urbanas, da bacia hidrográfica como
46

unidade de planejamento e gestão já se configura em diversas experiências nas


mais variadas cidades e regiões brasileiras. A APA do Descoberto é um exemplo,
onde o direcionamento legal foi estabelecido para a Bacia Hidrográfica do Rio
Descoberto, mesmo não se notando tão claramente o cumprimento de tais normas

De acordo com Reatto (2003), a área da Bacia Hidrográfica do Rio


Descoberto possui os principais tipos de solo e a porcentagem em relação à área
total da bacia (42.021,4 ha), segundo a tabela 6 e figura 9.

Tabela 6: Tipos de solo e porcentagem de ocupação da Bacia Hidrográfica do Rio


Descoberto

Tipo de Solo % de ocupação na área da bacia


Latossolo Vermelho 34,09%
Latossolo Vermelho-Amarelo 36,58%
Nitossolo Hálpico 0,24%
Cambissolo 13,8%
Neossolo Quartzênico 0,17%
Gleissolo Hálpico 3.38%
Gleissolo Melânico 1,58%
Plintossolo 1,11%
Neossolo Flúvico 0,50%
Fonte: Adaptado de REATTO, 2003.
47

Figura 9: Classes de solo para a Bacia do Alto Descoberto. Fonte: Adaptado de


Reatto, 2003.

3.3.5 Vegetação

O ecossistema cerrado, que ocupa a maior parte do Planalto Central do


Brasil, constitui o berço dispersor das águas, tornando-se uma região estratégica
para onde devem ser direcionados todos os esforços no sentido da conservação e
recuperação dos seus sítios naturais formadores de bacias hidrográficas importantes
(EITEN, 1994).

Para a bacia do Alto Descoberto, Reatto (2003) chegou aos seguintes valores
para as principais fitofisionomias, em porcentagem de área: Cerrado típico 43,02%,
Cerrado Ralo 31,97%, Cerrado Rupestre 5,04%, Campo Limpo 3,67%, Vereda
1,47%, Campo Sujo com Murunduns 1,47%, Campo Sujo 1,28%, Mata de Galeria
1,15%, Cerrado Ralo e Cerrado Rupestre 0,32%, Floresta Tropical Subcaducifólia
0,89 e Cerradão com 0,10%.
48

Figura 10: Fitofisionomias de cerrado para a área da bacia hidrográfica do Alto


Descoberto. Fonte: Adaptado de Reatto, 2003.

O regime hídrico é diretamente afetado pela dinâmica e manejo da vegetação,


que podem contribuir tanto para sua perfeita manutenção e circulação no planeta ou
ainda para sua indisponibilidade (VIEIRA, 2000). Diante desse quadro, a Bacia
Hidrográfica do Rio Descoberto, que possui intenso processo de ocupação,
decorrente dos fluxos migratórios, do crescimento populacional e do
desenvolvimento sócio-econômico sofreu mudanças na dinâmica da vegetação,
onde ações antrópicas têm feito com que inúmeros impactos sejam desencadeados
ao longo do tempo, influenciando diretamente tanto na qualidade, quanto na
quantidade dos recursos hídricos.

3.3.6 Fauna

O levantamento da fauna do Distrito Federal é recente e, a cada dia, novas


espécies são acrescidas a essas listas. Rocha et al. (1994) apud Ministério do Meio
Ambiente (1998), por exemplo, mostra que o acervo do DF é representado por 30
espécies de mamíferos, mais de 400 aves, 45 de répteis, 39 de anfíbios e mais de
49

16 filos de invertebrados, incluindo um grande numero de insetos. Apesar de poucos


estudos desenvolvidos na área, é provável que grande parte da fauna do DF não
seja representada na APA do Descoberto, tendo em vista uma degradação da
vegetação, o adensamento populacional, as vias de acesso aos diferentes pontos e
a presença de chácaras com produção agropecuária.

A fauna da região é um misto de influência das bacias hidrográficas do


Paraná e do Maranhão. As características hidrográficas, geomorfológicas e
fitofisioeconômicas sugerem a ocorrência de constantes migrações de fauna por
corredores aquáticos representados pelas matas de galeria e áreas vizinhas dos
cursos d’água que nascem nas chapadas do DF e deságuam nos afluentes das
bacias mencionadas. Nesse contexto é importante ressaltar que a APA do
Descoberto faz fronteira com a APA da Cafuringa, e o Parque Nacional de Brasília
os quais abrigam, de maneira bem preservada, os diferentes tipos fisionômicos de
vegetação e representantes típicos da fauna do bioma Cerrado (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 1998).

3.4 Descrição da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto

A área da bacia encontra-se situada no DF e no estado de Goiás, entre as


coordenadas Universal Transversa de Mercator (UTM), norte 8.271.000 e 8.225.000
e leste 791.000 e 814.000, possui como limite à leste o Lago de Santa Maria, onde
está localizado o Parque Nacional de Brasília; a oeste a Bacia do Rio Verde, onde
estão os municípios goianos de Santo Antônio do Descoberto e Padre Bernardo; ao
norte a Bacia do Rio Maranhão e ao sul a sub-bacia do Rio Melchior (CARMO,
2005).

O Rio Descoberto abastece cerca de 70% da população do DF (CAESB,


1999). Nasce a 1.300m de altitude na região noroeste do Distrito Federal,
desenvolvendo-se inicialmente nos contrafortes da Chapada da Veredinha no
Planalto Central e segue na direção NW, após a confluência de seus formadores: os
córregos Capão da Onça e Bucanhão (BRITO, 1999).

O Rio Descoberto flui posteriormente na direção sul, onde entra na região de


influência do remanso provocado pelo barramento do Lago Descoberto. Para o Lago
contribuem os córregos Pulador e Olaria, que são próximos à cidade de Brazlândia
50

(cidade basicamente agrícola), o Ribeirão Rodeador, o Capão Comprido e o


Ribeirão das Pedras. Entre Rodeador e Capão Comprido, localiza-se a Colônia
Alexandre Gusmão (INCRA) responsável pela produção de 40% dos produtos
hortifrutigranjeiros consumidos no DF. A maioria dos produtores rurais que trabalham
na colônia, prepara os terrenos para o plantio sem os cuidados necessários,
retirando a faixa de vegetação (mata ciliar) dos percursos d'água e usando
agrotóxicos no cultivo dos hortifrutigranjeiros várias vezes ao ano (RÊGO, 1997).

Continuando o percurso na direção sul, o RD recebe contribuição dos


Córregos Chapadinha, Bocaina e Dois Irmãos, sendo que nesta área existem muitas
chácaras com plantio de hortaliças. Logo adiante se encontra com seu principal
afluente, o Rio Melchior, que possui no seu mesmo braço formador o Córrego
Taguatinga. Este córrego recebe esgoto sem tratamento das cidades-satélites de
Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Águas Claras. Mais à frente, o Rio Descoberto
encontra-se com o Rio Corumbá.

A Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto formou-se sobre os Grupos Paranoá


(Idade Meso/Neoproterozóico) e Araxá (Idade Neoproterozóico), a maior parte da
bacia pertence ao Grupo Paranoá, o Grupo Araxá está limitado ao setor sudoeste do
DF 18-20. Os solos que ocupam grande parte do Distrito Federal são latossolos
vermelho-escuro, cambissolos e latossolos vermelho-amarelo, sendo que os
latossolos ocupam mais da metade da Bacia do Descoberto (EMBRAPA, 1978;
CAESB, 1985).

A cobertura vegetal na Bacia é do tipo campo limpo de cerrado, cerrado,


vegetação herbácea (ervas) de zonas úmidas, mata ciliar e reflorestamento (RÊGO,
1997; CAESB, 1985), ocupando 33; 20,5; 13,6; 5 e 1,5% da Bacia, respectivamente.

Quanto ao clima, o DF possui duas épocas bem distintas. A época seca, que
corresponde também ao período frio, compreende os meses de abril a setembro e
acentuadamente junho e julho, onde o índice de precipitação pode ser nulo e as
temperaturas variam entre as médias de 16 e 18 °C. A época chuvosa, que
corresponde ao período quente do ano com temperatura máxima de 32 °C,
prolonga-se de outubro a março, sendo que a maior concentração de chuva é no
mês de dezembro e a precipitação média varia de 1.500 a 1.750 mm (PINTO, 1985).
51

3.5 Ordenamento territorial

O ordenamento do uso e da ocupação envolve o resultado de um processo


político-administrativo no qual o conhecimento técnico, ao lado de outros critérios, e
utilizado para fundamentar a adoção de diretrizes e normas legais, visando atingir
objetivos socialmente negociados, que implicam um conjunto de sanções ou
incentivos sociais que restringem o uso de recursos e da ocupação do território
(SCHUBART, 2000).

O ordenamento territorial serve para impedir que a propriedade individual seja


utilizada exclusivamente da maneira desejada pelo proprietário, garantindo a
obediência as determinações da administração pública que, subsidiada pelo
planejamento ambiental, deverá discernir entre os tipos de usos dos recursos
permissíveis para cada área de seu território, permitindo a utilização racional dos
recursos naturais e impedindo os efeitos danosos do desenvolvimento desordenado
(SCHUBART, 2000).

O crescimento da população urbana tem sido acelerado nas ultimas décadas


no Brasil. Esse crescimento urbano tem sido caracterizado por expansão irregular de
periferia com pouca obediência da regulamentação urbana relacionada como Plano
Diretor e normas especificas de loteamentos, além da ocupação irregular de áreas
públicas (COIMBRA, 1999).

O Distrito Federal segue a lógica nacional de adquirir direito a moradia, qual


seja, ocupar a área irregularmente e depois pressionar o poder público para obter a
regularização ou mesmo o assentamento em outra localidade. Há assim, um
completo colapso entre o público e o privado no Distrito Federal que vai desde a
permissividade das autoridades até a invasão de áreas públicas (DISTRITO
FEDERAL, 2000).

A expansão dos núcleos urbanos acabou constituindo-se numa modalidade


imposta pela segregação através de um mercado ilegal, porem acessível a grande
faixa da população. Atualmente, o que marca esse processo é a predominante
participação da classe média nos chamados condomínios (DISTRITO FEDERAL,
2000).
52

3.6 APA da Bacia do Rio Descoberto/GO

A APA é uma Unidade de Conservação de Uso Direto dos recursos naturais,


segundo categorização da The World Conservation Union - IUCN ou ainda, segundo
o art. 15º da Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o SNUC – Sistema
Nacional de Unidades de Conservação:
A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral
extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou
culturais especialmente importantes para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a
diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso
dos recursos naturais.

Também, segundo a Resolução CONAMA N° 10/88, artigo 1°, as APAs:

[...] são unidades de conservação, destinadas a


proteger e conservar a qualidade ambiental e os
sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria
da qualidade de vida da população local e também
objetivando a proteção dos ecossistemas regionais.

Um dos fatores que diferencia a APA das demais unidades de conservação é


o fato de, contornando um dos grandes problemas que é a desapropriação das
terras, permitir que as mesmas permaneçam sob o domínio dos proprietários,
mesmo que submetidas a restrições de uso do solo e dos recursos naturais, de
acordo com os planos de manejo elaborados para atender aos objetivos de
proteção. Esta peculiaridade introduz um caráter de complexidade à questão
trazendo em cena a busca de práticas de sustentabilidade que promovem a
convivência harmônica do ser humano e seus sistemas produtivos com o meio em
que vive. Decorrentes desta característica, certamente, poderão surgir muitos
conflitos entre o uso dos recursos naturais e a sua proteção, por não existir
harmonia ou equilíbrio nas relações econômicas, políticas e também ambientais
(CÔRTE, 1997).

A Área de Proteção Ambiental da bacia do Rio Descoberto-DF/GO (APA do


Descoberto, figura 3) que foi criada pelo Decreto Federal nº. 88.940 de 07 de
novembro de 1983, abrangendo uma área de 35.588 hectares, com a finalidade de
assegurar condições ecológicas satisfatórias aos mananciais. É uma área de
abastecimento de água às populações urbanas do Distrito Federal com o lago
53

Descoberto e de produção de hortifrutigranjeiros no Projeto Integrado de


Colonização Alexandre de Gusmão-PICAG, que foi implantado pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA, na década de 1960, na atual
área da APA, objetivando a fixação de colonos não absorvidos pela mão-de-obra na
construção civil e a instalação de um cinturão verde nas proximidades das cidades
satélites, hoje responsável pela produção de cerca de 40% dos produtos
hortifrutigranjeiros consumidos no Distrito Federal. A APA tem sido alterada com
modificações na dinâmica da paisagem devido aos desmatamentos, mudança no
uso da terra, como por exemplo, de pastagem nativa para cultivos e silvicultura, e
urbanização (FALCOMER, 2001).

Figura 11: Limite da APA do Descoberto. Fonte: adaptado de IEMA, 1998.

De acordo com o decreto de criação da APA, novos planos de urbanização


que não contemplam a construção de redes de coleta e estações de tratamento e
destino final dos efluentes, em conformidade com a CAESB e em comum acordo
com o órgão ambiental distrital têm sua aprovação proibida.

Mas do lado do DF, problemas com o parcelamento de terras, inclusive da


zona de chácaras são muito comuns, corroborando mais uma vez com a
problemática da expansão urbana desordenada. Também do lado do Goiás, esta
APA sofre forte pressão da ocupação desordenada do solo, principalmente com a
criação de Águas Lindas (GO), uma cidade que em poucos anos viu sua população
54

multiplicar-se várias vezes com a chegada de imigrantes, somado a falta de infra-


estrutura urbana (INSTITUTO DE ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE DO DISTRITO
FEDERAL, 1998).

De maneira geral, a APA do Descoberto tem sua área ocupada,


principalmente, com reflorestamentos de pinus e eucalipto, criadouros e abatedouros
de aves, porcos e gado; áreas urbanas com assentamentos regulares e irregulares;
cursos d’água incluindo o lago do Descoberto e pequenos açudes; chácaras com os
mais variados tipos de culturas, tais como cenoura, maracujá, beterraba, tomate,
abóbora, pimentão, alho, morango, feijão, batata, vagem, milho, repolho, couve,
banana, frutíferas, batata doce, além de áreas de pastagens (INSTITUTO DE
ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE DO DISTRITO FEDERAL, 1998).

Ainda, segundo o Governo do Distrito Federal (2007), a maior parte de sua


superfície está tomada por chácaras voltadas à produção de hortifrutigranjeiros e por
reflorestamento de pinus e eucaliptos. Teve seu zoneamento ambiental instituído
pela Instrução Normativa SEMA/SEC/CAP nº 01/88, que a dividiu em 8 diferentes
zonas de uso para reflorestamento, atividades agrícolas, preservação e recuperação
de recursos hídricos e matas ciliares ou de galeria, silvicultura com espécies nativas
além de uma zona de contenção para a cidade de Brazlândia.

A bacia do Lago Descoberto é responsável por grande parte da produção de


hortifrutigranjeiros do Distrito Federal, apresentando-se como um importante pólo
agrícola, além de possuir um grande número de chácaras. O adensamento
populacional, que comprometem a qualidade e a quantidade de água de
abastecimento, é ocasionado também pelos constantes parcelamentos irregulares
de terras que surgem na área (MACEDO, 2004).

3.6.1 Caracterização da demanda hídrica na BHAD

O abastecimento de água do Distrito Federal é efetuado atualmente por


quatro sistemas. O sistema I é responsável pelo abastecimento de Ceilândia e de
praticamente de todo o Distrito Federal, com exceção das cidades de Brazlândia,
Planaltina, Sobradinho e São Sebastião. A água distribuída é originária do chamado
Sistema do Descoberto, maior sistema produtor de água do Distrito Federal. Este
sistema tem como mananciais o Rio Descoberto e os córregos Currais e Pedras.
55

O sistema apresenta uma capacidade máxima atual de produção de 7.575


L/s, com um comprometimento atual de 5.898 L/s, restando uma disponibilidade de
1.677 L/s, a qual poder abastecer mais de 428.000 habitantes com horizonte para
2.008, considerando o consumo per capta de 280 L/hab por dia (média ponderada),
baseada em estimativa da população do Distrito Federal (1997-2020) elaborada pela
ASPL/CAESB (janeiro/1997 - dados preliminares) (COMPANHIA DE SANEAMENTO
DO DISTRITO FEDERAL, 2002).

Da captação na barragem do Rio Descoberto, a água bruta é recalcada


através de uma elevatória de água bruta para a estação de tratamento de água do
Descoberto. Da captação do Currais e Pedras a água é recalcada para a estação de
tratamento de água de Taguatinga. Em seguida a mesma é distribuída através de
um sistema composto por elevatórias de água tratada, reservatórios, adutoras e
redes de distribuição para as populações das localidades que fazem parte do
sistema.

Na bacia hidrográfica do rio Descoberto estão concentrados os núcleos


urbanos das seguintes Regiões Administrativas (RA): RA-III (Taguatinga), RA-IV
(Brazlândia), RA-IX (Ceilândia) e RA-XII (Samambaia).

Conforme os resultados apresentados na tabela abaixo se verificam que para


a bacia hidrográfica do rio Descoberto, as RAs de Ceilândia e Taguatinga são as
maiores responsáveis pela demanda hídrica para o uso para abastecimento público,
com aproximadamente 45% e 34% respectivamente (dados de 1991), ou seja, os
dois setores constituem praticamente 80% de toda a demanda hídrica dessa bacia
(IEMA, 1998).
56

Tabela 7: Estimativas da população e demanda hídrica para as Regiões


Administrativas localizadas na Bacia do rio Descoberto.
População Demanda População** Demanda População# Demanda
*
Região 1991 1991 (l/s) 1996 (hab) 1996 (l/s) 2000 (hab) 2000 (l/s)
Administrativa (hab)
Taguatinga 228.249 792,53 221.247 768,21 245.743 853,27
Brazlândia 41.119 95,18 47.716 110,45 52.999 122,68
Ceilândia 364.289 1.054,07 342.834 991,99 380.793 1.101,83
Samambaia 127.431 368,72 157.399 455,43 174.826 505,86
Total 761.008 2.310,50 769.196 2.326,08 854.361 2.583,64
# #
Região População Demanda População Demanda População Demanda
#
Administrativa 2005 2005 (l/s) 2010 (hab) 2010 (l/s) 2015 (hab) 2015 (l/s)
(hab)
Taguatinga 280.213 972,96 328.017 1.138,94 374.026 1.298,70
Brazlândia 60.433 139,89 70.742 163,75 80.665 186,72
Ceilândia 434.205 1256,38 508.279 1.470,71 579.574 1.677,00
Samambaia 199.348 576,81 233.357 675,22 266.089 769,93
Total 974.199 2.946,04 1.140.395 3.118,62 1.300.354 3.932,35
* Censo Demográfico (1991). Fonte: IBGE
** Contagem da População (1996). Fonte: IBGE
# Estimativa da população com taxa anual de 2,66% a partir do ano de 1996
Fonte: Adaptado de Instituto de Ecologia e Meio Ambiente do Distrito Federal, 1998.

Vale ressaltar que o estudo realizado por Instituto de Ecologia e Meio


Ambiente do Distrito Federal (1998) apenas utilizou a população residente no Distrito
Federal, que é a atual consumidora de água do Sistema de Abastecimento Público
Rio Descoberto. Não foi contemplada a população de Águas Lindas do Goiás/GO,
que por não utilizar a água do sistema em questão, não foi contemplado no estudo.
57

4. Material e Métodos

4.1 Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica exploratória fez parte do embasamento necessário


para se obter um conhecimento inicial do problema para melhor construir hipóteses,
aprimorar idéias, construir intuições ou tornar o problema mais explícito (GIL, 1991).

Como fontes bibliográficas, foram utilizados livros, trabalhos acadêmicos,


trabalhos técnicos disponíveis, além de bancos de dados e artigos científicos
publicados em revistas, congressos, etc.

Um dos objetivos dessa fase é a análise da legislação, que de alguma forma


trata o problema e a área de estudo, assim como o nível de aplicabilidade em que
está estabelecido. Portanto, a análise documental se faz importante, uma vez que
leis, decretos, portarias e resoluções, bem como seus anexos, ordenam a ocupação
do território. Nesse mesmo plano deverá ser estudado a ocupação do DF e seus
planos de ordenamento territorial, assim como na parte correspondente ao Estado
de Goiás e seus respectivos reflexos sobre a bacia de captação do Sistema de
Abastecimento Público Rio Descoberto.

4.2 Quantificação da vegetação por NDVI

O índice de vegetação é um dos indicadores de desenvolvimento sustentável


proposto pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
(United Nations Commission on Sustainable Development UM/CSD) e destacado
pelo seu potencial de permitir a visualização da distribuição espacial do fenômeno
(LANGAAS, 1996).

O NDVI também tem sido utilizado para o estudo de áreas urbanas, aplicado
em imagens LANDSAT, com o intuito de avaliar as condições da cobertura vegetal
em ambientes construídos (GALLO e TARPLEY, 1996; NICHOL, 1996; JARDIM-
LIMA e NELSON, 2003; WILSON et al., 2003).

O conhecimento da variação ao longo do tempo da cobertura vegetal na


Bacia do Alto Descoberto serviu como subsídio para a caracterização da evolução
da forma de distribuição da vegetação em cada uma das microbacias situadas
dentro da Bacia do Alto Descoberto.
58

Levou-se em consideração no momento da análise dos dados a data de


obtenção da imagem, pois o NDVI é sensível a variações na cobertura vegetal,
havendo diferenças quando comparado a mesma cena em estações secas e
chuvosas. Green e Hay (2002), demonstraram que o NDVI tem forte correlação entre
precipitação e umidade, além do seu alto potencial em caracterização da cobertura
vegetal.

Sendo assim, utilizou-se o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada


(NDVI) para a caracterização da variação da vegetação ao longo das quatro
décadas analisadas (tabela 8). O principal intuito desse procedimento foi a obtenção
de dados que serviram de base para uma compreensão da forma como a cobertura
vegetal foi modificada, atentando-se, principalmente, para a quantificação da área de
tal cobertura.

Tabela 8: Características das imagens selecionadas para o estudo.

Data Satélite Sensor Resolução espacial


01/08/1973 LANDSAT 1 MSS 80 metros
06/04/1989 LANDSAT 5 TM 30 metros
30/05/1997 LANDSAT 5 TM 30 metros
02/04/2007 LANDSAT 5 TM 30 metros

Tal procedimento foi aplicado por meio do software ENVI®, cuja licença foi
obtida pelo Laboratório de Geoprocessamento do curso de Engenharia Ambiental da
Universidade Católica de Brasília. O processamento final e a confecção dos mapas
para apresentação no trabalho foram feitos em ambiente ArcGIS®, com licença
adquirida também pelo referido laboratório.

4.3 Análise dos dados de estações fluviométricas e pluviométricas

Os dados para análise foram adquiridos no sítio da Hidroweb. Os dados foram


acessados no dia 07 de dezembro de 2007. Os mesmos estão disponíveis no
domínio da Agência Nacional de Águas (ANA). A série histórica completa de
pluviosidade, com média mensal em milímetros (mm), para a Bacia Hidrográfica do
Alto Descoberto está representada por dados de quatro estações que estão
inseridas na área de estudo apresentadas na tabela 9.
59

As estações fluviométricas são representadas por cinco pontos de medição, e


os registros estão disponíveis sob a forma de médias mensais em m3/s, também
apresentadas na tabela 9.

Tabela 9: Estações fluviométricas e pluviométricas e microbacias de localização.

Área Microbacia Área (ha) Estação Estação Fluviométrica


Pluviométrica
1 Ribeirão das 8426,03 Taguatinga Ribeirão das Pedras (DF
Pedras 180)
2 Ribeirão 13459,59 Jatobazinho Rodeador
Rodeador
3 Rio Descoberto 10524,30 Brazlândia Descoberto Chácara 89
4 Córrego Olaria 2013,99 Brazlândia Chapadinha (Aviário DF 180)
5 Lago Descoberto 5501,38 Descoberto Descoberto Jusante
Barragem

Primeiramente aplicou-se às variáveis chuva (independente) e vazão


(dependente) da mesma região (microbacias) a regressão linear para conhecer qual
a função que melhor se aplicava à dispersão XY, calculando-se o índice de
determinação (r2) com a ajuda do software Microsoft Excel®.

A partir desse resultado, aplicou-se o teste T de Student para o coeficiente b


da equação obtida a partir da regressão linear, visando saber se existe correlação
entre as variáveis. O teste de hipóteses aplicado foi constituído dos seguintes
parâmetros:

• H0: b=0, não existe correlação entre X (chuva) e Y (vazão);


• H1: b≠0, existe correlação entre X (chuva) e Y (vazão).

Calculou-se, a partir da equação 2 o valor de t, sendo que após tal


procedimento, buscou-se o valor de t tabelado na Tabela T, para graus de liberdade
(n-2) para 330 amostras, objetivando a comparação entre os dois valores. Tal
procedimento foi aplicado para todas as estações. Considerou-se um α igual a 0,05,
o que acarreta em um nível de confiança de 95% para o resultado obtido.
60

b
t calc = (2)
S(b)

Em que:

• b é o índice da regressão linear;


• S (b) é a variância para o índice b da regressão linear.

Sendo assim, se tcalculado ≥ ttabelado, rejeita H0: b=0, admitindo-se que existe
correlação. Mas se tcalculado < ttabelado, não rejeita-se H0: b=0, o que implica que não
existe correlação.

4.4 Correlação entre cobertura vegetal, possíveis variações de vazão e de


precipitação.

Para a correlação entre os resultados obtidos entre cobertura vegetal e as


possíveis variações de vazão, foi montado uma tabela que, para cada microbacia,
mostra a variação de vegetação ao longo dos anos analisados, o r2 entre a chuva e
vazão, e o ajuste das tendências futuras, caso se mantenham os padrões atuais de
relação de vazão por tempo.

Este quadro objetiva a comparação entre os parâmetros e a interpretação do


comportamento da evolução da cobertura vegetal, do percentual de chuva que
explica a variação da vazão e o ajuste das tendências futuras da vazão em anos.
Com isso, pretendeu-se mostrar como o comportamento da variação da vegetação e
da relação entre chuva e vazão influenciou na manutenção da vazão em um cenário
futuro.
61

5 Resultados e Discussão

5.1 Quantificação da vegetação por NDVI

A Bacia do Alto Descoberto, para melhor análise e estudo, foi dividida em


cinco microbacias, de acordo com a figura 12.

Figura 12: Região da Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto subdividido em


microbacias.

De acordo com o capítulo material e métodos, primeiramente analisou-se a


evolução das áreas cobertas por vegetação, que foi feito por meio do algoritmo NDVI
para cada uma das microbacias estudadas. Essa análise foi feita em quatro
momentos diferentes, buscando uma compreensão do desenvolvimento de cada
região separadamente.

A partir dos dados hidrográficos disponíveis, escolheram-se as imagens que


correspondessem ao mesmo período, com o objetivo de conhecer qual o
comportamento da variação de área de vegetação e dos dados hidrográficos, para
posterior correlação entre os mesmos.
62

5.1.1 Córrego Olaria

Os dados para a microbacia denominada de Córrego Olaria para o índice de


vegetação normatizada foram calculadas a partir das imagens selecionadas, e
calculadas a evolução de suas áreas, de acordo com as figuras 13, 14, 15 e 16.

Figura 13: NDVI para o ano de 1973 da microbacia Córrego Olaria

Figura 14: NDVI para o ano de 1989 para a microbacia Córrego Olaria
63

Figura 15: NDVI para o ano de 1997 para a microbacia Córrego Olaria

Figura 16: NDVI para o ano de 2007 para a microbacia Córrego Olaria.

A partir desses planos de informação calcularam-se as áreas que


responderam como vegetação para cada ano.
64

Tabela 10: Dados de NDVI para cada ano na microbacia Córrego Olaria
Córrego Olaria - NDVI
Ano Hectares
1973 403,64
1989 756,78
1997 616,87
2007 541,39

Os dados de NDVI revelam um decrescimento dos valores a partir de 1989


até 2007, porém o ano de 1973 revela um valor menor do que o último ano. Esse
fato se deu pelo momento em que foi imageada a área. A imagem de 1973 foi obtida
no mês de agosto, época que o cerrado sofre com as queimadas. Um dos fatores
que podem explicar a grande presença de áreas de queimada, além da época do
ano e das queimadas naturalmente sofridas pelo cerrado, é pelo fato de a área ser
predominantemente agrícola, e a prática do fogo para o preparo da área para novas
culturas ser uma prática muito comum.
Tal situação não foi diferente na imagem, pois de acordo com a figura 17, a
região possuía grandes focos de queimada (áreas escuras), e essas parcelas não
respondem como vegetação fotossinteticamente ativa.

A diminuição da área coberta por vegetação a partir do ano de 1989 até o ano
de 2007 foi na ordem de 28,46%.

Figura 17: Carta Imagem da BHAD para o ano de 1973.


65

Assim, ao aplicar o método NDVI para detecção de áreas com vegetação, e


levando-se em consideração a condição atípica da imagem de 1973, observou-se
que para a microbacia Córrego Olaria, houve ao longo dos anos (1989 a 2007) uma
diminuição em área da vegetação natural fotossinteticamente ativa.

5.1.2 Ribeirão das Pedras

Os dados para a microbacia denominada de Ribeirão das Pedras para o


índice de vegetação normatizada (NDVI) foram calculados a partir das imagens
selecionadas, e calculadas a evolução de suas áreas, de acordo com as figuras 18,
19, 20 e 21.

Figura 18: NDVI para o ano de 1973 para a microbacia Ribeirão das Pedras.
66

Figura 19: NDVI para o ano de 1989 para a microbacia Ribeirão das Pedras.

Figura 20: NDVI para o ano de 1997 para a microbacia Ribeirão das Pedras.
67

Figura 21: NDVI para o ano de 2007 para a microbacia Ribeirão das Pedras.

A partir dos planos de informação para a microbacia Ribeirão das Pedras,


calculou-se o NDVI em área para cada ano, obtendo-se os resultados contidos na
tabela 11.

Tabela 11: Dados NDVI para cada ano para a microbacia Ribeirão das Pedras.
Ribeirão das Pedras -
NDVI
Ano Hectares
1973 3282,91
1989 4888,32
1997 5979,72
2007 4317,62

O ano de 1973 possui um valor em área menor que o do ano de 2007 devido
à grande presença de focos de queimada e grande quantidade de solo exposto. O
mês de agosto é marcado em Brasília e no Cerrado como uma época de seca e por
conseqüência, de incêndios florestais. E a queima da vegetação ocasiona a perda
de biomassa, fazendo com que a vegetação não responda espectralmente como
área fotossinteticamente ativa.

Os valores de NDVI para a microbacia Ribeirão das Pedras revelam um


crescimento da área com vegetação a partir do ano de 1973 até o ano de 1997. O
68

aumento de vegetação do ano de 1973 até o ano de 1989 se deu devido à


instalação de áreas de reflorestamento e pela presença de focos de queimada no
ano de 1973, o que diminui o índice de cobertura vegetal em termos de área para o
ano.

Já o aumento detectado do ano de 1989 ao ano de 1997 foi devido instituição


de uma outra área de reflorestamento, que futuramente seria chamada de Floresta
Nacional - FLONA, que de acordo com o decreto de criação datado de 10 de junho
de 1999, tem por objetivo a proteção das duas principais vertentes de mananciais
que abastecem a capital federal: Descoberto e Santa Maria/Torto. A FLONA foi
criada a partir de um conjunto de quatro glebas descontínuas. Na carta imagem de
1989 (figura 22), na porção sudoeste, já é possível detectar a presença de áreas de
reflorestamento, enquanto na imagem de 1997 (figura 23, destacada pela elipse
branca) esse reflorestamento está bem constituído, fato revelado pelo índice NDVI
para os referidos anos.

Figura 22: Carta Imagem Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto para o ano de 1989.
69

Figura 23: Carta Imagem Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto para o ano de 1997.

Porém no intervalo de 1997 a 2007 houve uma diminuição na ordem de


27,79% de cobertura vegetal de acordo com o índice (NDVI) aplicado na porção da
imagem estudada. Os aparecimentos de condomínios irregulares e de
parcelamentos de áreas destinadas à agricultura refletem nos valores encontrados
para o intervalo de tempo em questão. A supressão da vegetação nesses locais
para o estabelecimento de novas moradias e núcleos urbanos interferem no ciclo
hidrológico de maneira negativa, ocasionando impactos na recarga de aqüíferos
afetando diretamente a disponibilidade hídrica do reservatório do Lago Descoberto.

5.1.3 Rio Descoberto

A partir da seleção das microbacias e das quatro imagens de anos distintos,


geraram-se os planos de informação (figuras 13, 14, 15 e 16) de áreas cobertas por
vegetação para a unidade hidrográfica denominada Rio Descoberto. A vegetação foi
detectada por meio do Índice de Vegetação por Diferença Normatizada (NDVI).
70

Figura 24: NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1973.

Figura 25: NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1989.


71

Figura 26: NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 1997.

Figura 27: NDVI para a microbacia Rio Descoberto no ano de 2007.

A partir dos planos de informação mostrados pelas figuras 11, 12, 13 e 14


serviram como base para o cálculo das áreas para cada ano, como mostra a tabela
12.
72

Tabela 12: Áreas cobertas por vegetação para cada ano a partir do NDVI.

Rio Descoberto - NDVI

Ano Hectares
1973 3001,46
1989 6319,82
1997 5318,83
2007 3952,18

O ano de 1973, como nas microbacias estudadas, possui um valor menor do


que o ano de 2007 pois a imagem que foi usada como base para a detecção de
áreas com vegetação foi obtida no mês de agosto, época que a região sofre com a
estiagem e seca, deixando a cobertura vegetal propícia a queimadas, como pode ser
detectado na figura 6.

A microbacia do Rio Descoberto apresenta, a partir do ano de 1989, um


decréscimo no total de área coberta por vegetação na ordem de 37,46%. A região
possui uma intensa presença de áreas destinadas à agricultura. Assim, a redução da
cobertura vegetal a partir de 1989 deve-se principalmente a sazonalidade do cultivo
agrícola e o parcelamento das áreas destinadas a agricultura, que em seu processo
muitas vezes deixa o solo exposto, dificultando o reabastecimento do reservatório
subterrâneo e conseqüentemente dos corpos hídricos superficiais.

5.1.4 Ribeirão Rodeador

A partir das imagens obtidas para o estudo, fez-se a detecção da cobertura


vegetal para a microbacia Ribeirão Rodeador que faz parte da Bacia Hidrográfica do
Rio Descoberto. A detecção foi feita em quatro momentos: 1973, 1989, 1997 e 2007,
de acordo com as figuras 15, 16, 17 e 18.
73

Figura 28: NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1973.

Figura 29: NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1989.


74

Figura 30: NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 1997.

Figura 31: NDVI para a microbacia Ribeirão Rodeador no ano de 2007.


75

Tabela 13: Valores de cobertura vegetal em hectares para a microbacia Ribeirão


Rodeador.
Ribeirão Rodeador -
NDVI
Ano Hectares
1973 5883,92
1989 8144,15
1997 8301,31
2007 6581,13

No intervalo entre os anos de 1973 e 1989, o aumento da cobertura vegetal,


ao analisar as imagens de satélite obtidas para o estudo, detectou-se no ano de
1973 a presença de queimadas, o que influi o resultado do calculo das áreas a partir
do NDVI, diminuindo os valores para o ano. A presença de áreas de queimada e o
aparecimento de áreas de reflorestamento são os principais fatores responsáveis
pela diferença em área encontradas para o intervalo em questão.

Entre os anos de 1997 e 1989, a área correspondente a cobertura vegetal não


apresentou variação significativa. Tal fato pode ser devido a substituição da
cobertura vegetal nativa pela massificação da prática agrícola para tal região. A
analise das imagens revela que a agricultura, nesse intervalo de tempo, foi a
principal atividade exercida na microbacia em questão.

Já entre os anos de 1997 e 2007, a variação da cobertura vegetal foi


negativa, diminuindo cerca de 20,72% em área. A forte presença de parcelas de solo
exposto é um dos principais fatores que levam a diminuição da área de cobertura
vegetal. Outro fator que também é forte influência é o parcelamento das áreas
agrícolas, que na imagem interpretação da imagem aparecem cada vez menores e
mais divididas. E a construção de casas intensifica a impermeabilização do solo
aumentando o escoamento superficial e diminuindo a infiltração da água, assim
como o solo exposto.

5.1.5 Lago Descoberto

A partir da seleção das microbacias e das quatro imagens de anos distintos,


geraram-se os planos de informação (figuras 32, 33, 34, 35) de áreas cobertas por
vegetação para a unidade hidrográfica denominada Rio Descoberto. A vegetação foi
detectada por meio do Índice de Vegetação por Diferença Normatizada (NDVI).
76

Figura 32: NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1973.

Figura 33: NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1989.


77

Figura 34: NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 1997.

Figura 35: NDVI para a microbacia Lago Descoberto no ano de 2007.


78

Tabela 14 – Valores de cobertura vegetal em hectares para a microbacia Lago


Descoberto.

Lago Descoberto - NDVI

Ano Hectares
1973 1159,11
1989 3038,47
1997 2070,90
2007 1185,47

Ao calcular as áreas onde se detectou a presença de vegetação


fotossinteticamente ativa para os quatro momentos estudados, notou-se uma
diminuição da cobertura vegetal a partir do ano de 1989 até o ano de 2007. A
imagem obtida para o estudo correspondente ao ano de 1973, devido à data da
obtenção (mês de agosto), possuía grandes áreas de queimada, que apesar de
serem áreas vegetadas, não respondem como tal pois a biomassa presente não é
fotossinteticamente ativa. Com isso a análise para a microbacia do Lago Descoberto
teve como foco a data a partir do ano de 1989.

Entre os anos de 1989 e 1997, a diminuição da cobertura vegetal pode ser


explicada principalmente pelo aparecimento da cidade de Águas Lindas do Goiás,
que como área urbana, supriu a vegetação e impermeabilizou o solo, criando uma
deficiência na área em termos de recarga de aqüíferos e conseqüentemente dos
recursos hídricos superficiais. A sazonalidade do cultivo agrícola também foi levada
em consideração, pois em seus intervalos de cultivo o solo fica exposto,
aumentando o escoamento superficial, assim como a área urbana. E o aumento
desse escoamento influi diretamente no Lago Paranoá, onde a deposição de
particulados pode agravar a situação de assoreamento do corpo hídrico.

E entre os anos de 1997 e 2007, o aumento da mancha urbana de Águas


Lindas do Goiás (figura 36), a presença de solo exposto na microbacia e o
parcelamento das áreas agrícolas circundantes ao Lago Descoberto são fatores de
causa direta para a supressão da vegetação nessa área, detectado com a
diminuição da área vegetada na análise do NDVI para a área. E a supressão da
vegetação nessa microbacia influi de forma mais intensa o Lago Paranoá, pois está
em sua microbacia de drenagem, portanto os efeitos nessa área podem ser mais
facilmente perceptíveis no corpo hídrico.
79

Figura 36: Carta Imagem da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto para o ano de
2007.
80

5.2 Análise das tendências de vazão

Para se fazer a análise da tendência da vazão na Bacia Hidrográfica do Alto


Descoberto, selecionou-se cinco estações de monitoramento (figura 37) no período
de 1979 a 2005. Esse período foi adotado por ser o único completo para as cinco
estações de monitoramento.

Tabela 15: Microbacias e estações de monitoramento de vazão.


Área Microbacia Estação
1 Ribeirão das Pedras Ribeirão das Pedras (DF 180)
2 Ribeirão Rodeador Rodeador
3 Rio Descoberto Descoberto Chácara 89
4 Córrego Olaria Chapadinha (Aviário DF 180)
5 Lago Descoberto Descoberto Jusante Barragem

Figura 37 – Mapa de localização das estações de monitoramento fluvial da Bacia


Hidrográfica do Alto Rio Descoberto.

5.2.1 Médias anuais

A análise das médias anuais das estações de monitoramento da vazão para a


BHAD, com dados disponíveis entre 1979 e 2005, para todas as cinco estações,
revelaram uma tendência de redução de vazão ao longo do tempo. Tal fato é
81

mostrado pela linha de tendência e pela equação da reta que, sem exceção,
possuem o coeficiente a da regressão linear negativo. As figuras 38, 39, 40, 41 e 42
apresentam a variação temporal da vazão média anual, bem como a tendência
linear explicitada pela reta da equação.

Ribeirão das Pedras y = -0,0094x + 1,7314


R2 = 0,0575
2,5
Vazão média annual (m3/s)

1,5

0,5

0
79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03

05
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20
Figura 38: Médias anuais de vazão para a microbacia Ribeirão das Pedras.

Ribeirão Rodeador
y = -0,0272x + 2,0746
R2 = 0,1901
3
Vazão média anual (m3/s)

2,5

1,5

0,5

0
79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03

05
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

Figura 39: Médias anuais de vazão para a microbacia Ribeirão Rodeador.


82

y = -0,0406x + 2,8646
Rio Descoberto
R2 = 0,2161

4
Vazão média anual (m3/s)

3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03

05
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20
Figura 40: Médias anuais de vazão para a microbacia Rio Descoberto.

y = -0,0088x + 0,5773
Córrego Olaria
R2 = 0,3254

0,7
Vazão média anual (m3/s)

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03

05
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

Figura 41: Médias anuais de vazão para a microbacia Córrego Olaria.


83

y = -0,2377x + 9,0478
Lago Descoberto
R2 = 0,4231

14
Vazão média anual (m3/s)

12
10
8
6
4
2
0
79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03

05
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20
Figura 42: Médias anuais de vazão para a microbacia Lago Descoberto.

Adotando-se as equações lineares obtidas, buscou-se compreender a


evolução temporal da tendência da vazão média mensal ao seu valor mínimo
possível, ou seja, igual a zero, mantendo-se as condições do período de 1979 a
2005.

De acordo com as equações, a estação fluviométrica Ribeirão das Pedras


apresentou o maior tempo para a redução total da vazão, que ocorrerá, mantendo-
se as condições do período estudado, em cerca 189 anos. Isso pode ser
compreendido pelo fato de a microbacia ter tido a menor variação nos índices
calculados para o NDVI, com uma redução da cobertura vegetal em torno de 11%
entre os anos de 1989 e 2007. Outro fato que explica o maior tempo de esgotamento
da vazão é a presença em sua porção montante a de uma FLONA, que ajuda na
recarga subterrânea de água dessa microbacia.

A estação fluviométrica Rodeador, localizada no Ribeirão Rodeador, de


acordo com as equações, possui cerca de 76 anos para a redução total das vazões,
mantendo-se as mesmas condições de uso e ocupação na área. Essa situação pode
ser compreendida pela variação de NDVI ao longo dos anos estudados, onde a
diminuição da cobertura vegetal entre os anos de 1989 e 2007 foi na faixa de 19%,
seguindo a lógica empregada de que quanto menor a variação da cobertura vegetal,
maior o período para o alcance da vazão zero para o ponto.
84

O ponto correspondente ao monitoramento da microbacia do Rio Descoberto,


de acordo com a tabela 11, é o Descoberto Chácara 89. De acordo com a equação
apresentada pelos dados adquiridos, a microbacia possui cerca de 70 anos antes de
que a vazão no ponto reduza a zero. A análise no índice de NDVI, excluindo o ano
de 1973 pois a imagem deste está com influência de áreas de queimada, revela que
houve uma redução de cerca de 37% da cobertura vegetal entre os anos de 1989 e
2007. A microbacia sofre influência principalmente de parte da área urbana de
Brazlândia, a presença de reflorestamentos que atualmente não ocupadas por essa
atividade, e áreas que possuem a presença de agricultura.

De acordo com os dados obtidos junto ao site da Agência Nacional de Águas,


a microbacia denominada Córrego Olaria possui cerca de 65 anos para ter a vazão
no ponto de monitoramento igual a zero. O índice NDVI para a microbacia revelou
que, entre os anos de 1989 e 2007, houve uma redução de cerca de 28% da
cobertura vegetal para a área. Essa redução se deveu principalmente pela expansão
da área agrícola e pela expansão da cidade de Brazlândia, pois a maior parte da
área urbana dessa cidade encontra-se nessa microbacia.

A microbacia do Lago Descoberto é a que apresenta a situação mais crítica.


De acordo com a equação dos dados para o ponto de monitoramento Descoberto
Jusante Barragem para o intervalo de 1978 a 2005, para o ponto apresentar vazão
igual a zero, seriam necessários cerca de 38 anos, se as condições da bacia não
mudarem. Essas condições podem ser analisadas a partir da cobertura vegetal, que
de acordo com o índice entre os anos de 1989 e 2007, diminuiu, em termos de área,
cerca de 60%, representando a maior variação dentre as bacias estudadas. Essa
situação pode ser explicada pelo aparecimento da cidade de Águas Lindas de
Goiás, que além de suprimir a vegetação, influencia na infiltração da água pois
impermeabiliza o solo. Na área também ocorre à presença de áreas agrícolas que
circundam o Lago Descoberto. A agricultura, além de suprimir a vegetação natural,
expõe o solo e aumenta o escoamento superficial na microbacia. E levando em
consideração que a microbacia em questão drena diretamente para o lago, a área
deve ter uma maior atenção em relação a sua gestão e planejamento.
85

5.3 Influência da precipitação

Para identificar se há influência da precipitação na região da BHAD na


diminuição do regime de vazão, aplicou-se o teste T de Student para o coeficiente b
da regressão linear para as totais mensais de vazão e de chuva para o mesmo
período.

A distribuição t é utilizada visando testar hipóteses com relação aos


coeficientes da reta de regressão. Ao testar a hipótese nula do coeficiente b=0,
busca-se compreender se existe correlação entre as variáveis investigadas. Como b
é o coeficiente angular da reta de regressão, se o seu valor for igual a zero, significa
que uma variável oscila, a outra se mantém constante, o que invalida a correlação
entre ambas.

Aplicou-se o referido teste para cada microbacia em estudo, buscando


correlacionar os dados das estações de monitoramento de chuva e vazão tabela 8.

Tabela 16: Relação de estações de monitoramento pluviométricas e fluviométricas


por microbacias.
Área Microbacia Área (m2) Estação Estação Fluviométrica
Pluviométrica
1 Ribeirão das 115266754,9 Taguatinga Ribeirão das Pedras (DF
Pedras 180)
2 Ribeirão 119148108,6 Jatobazinho Rodeador
Rodeador
3 Rio Descoberto 108599292,2 Brazlândia Descoberto Chácara 89
4 Córrego Olaria 43931022,73 Brazlândia Chapadinha (Aviário DF
180)
5 Lago Descoberto 45731676,33 Descoberto Descoberto Jusante
Barragem

Os resultados obtidos pelo teste t são apresentados na tabela 17. Se o t


calculado for menor que o t tabelado, se aceita a H0:B=0, ou seja, não existe
correlação entre as variáveis. E se o t calculado for maior que o t tabelado, existe
correlação entre as variáveis.
86

Tabela 17: Resultados do teste T para o coeficiente “b” da reta de regressão


Área Microbacia t calculado t tabelado Aceita/rejeita
para H0
α=0,05
1 Ribeirão das 4935,36 1,96 Rejeita
Pedras
2 Ribeirão Rodeador 1553,14 1,96 Rejeita
3 Rio Descoberto 1438,14 1,96 Rejeita
4 Córrego Olaria 4936,69 1,96 Rejeita
5 Lago Descoberto 4117,57 1,96 Rejeita

Os resultados obtidos pelo teste t rejeitaram a hipótese nula, ou seja, existe


correlação entre vazão (variável dependente) e chuva (variável independente). O
próximo passo foi conhecer o quanto a chuva explica a variação de vazão. E tal
procedimento pode ser feito por meio do conhecimento do coeficiente de
determinação (r²), que mede a proporção da variabilidade em Y que é explicada por
X, ou seja, quanto da oscilação da variável dependente é explicada pela variável
independente. As figuras 43, 44, 45, 46 e 47 mostram um gráfico de dispersão XY
para cada microbacia.

Figura 43: Dispersão chuva/vazão para a microbacia Ribeirão Rodeador.


87

Figura 44: Dispersão chuva/vazão para a microbacia Rio Descoberto.

Figura 45: Dispersão chuva/vazão para a microbacia Córrego Olaria.


88

Figura 46: Dispersão chuva/vazão para a microbacia Ribeirão das Pedras.

Figura 47: Dispersão chuva/vazão para a microbacia Lago Descoberto.

A tabela 18 mostra os valores de r² para cada região hidrográfica. O índice foi


obtido por meio da regressão linear da dispersão XY dos valores das médias
mensais de vazão e chuva, para o período compreendido entre janeiro de 1979 ao
mês de dezembro de 2005.
89

Tabela 18: Valores de r² para as microbacias estudadas.


Área Microbacia r²
1 Ribeirão das Pedras 0,499
2 Ribeirão Rodeador 0,489
3 Rio Descoberto 0,440
4 Córrego Olaria 0,338
5 Lago Descoberto 0,319

Portanto, ao descobrir o valor do r² para cada microbacia, tomou-se


conhecimento da proporção de precipitação que influencia a diminuição da vazão
para o período. Para o Ribeirão das Pedras, de acordo com a tabela 18, a chuva
explica cerca de 49% da variação de vazão ocorrida para a microbacia. Na área do
Ribeirão Rodeador, a chuva é responsável por cerca de 48% da variação da vazão.
Para o Rio Descoberto, Córrego Olaria e Lago Descoberto, obteve-se, segundo o r²,
44%, 33% e 31% respectivamente de chuva que é responsável pela variação de
vazão para as microbacias.

5.4 Correlação entre cobertura vegetal, possíveis variações de vazão e influência da


precipitação

O desenvolvimento urbano está freqüentemente associado com a substituição


de ambientes naturais ou semi-naturais (solo, vegetação, recursos hídricos) por
ambientes construídos e com o direcionamento das águas pluviais e dos esgotos
para os corpos d’águas adjacentes aos canais de drenagem (HAUGHTON &
HUNTER, 1994). Como conseqüência, o movimento de águas superficiais aumenta,
além de diminuir a recarga dos aqüíferos.

A tabela 19 também mostra como a urbanização em seus estágios iniciais,


afeta, em termos hidrológicos, a área onde são implementadas.
90

Tabela 19: Efeitos hidrológicos durante uma seqüência selecionada de mudanças no


uso da terra e da água associadas com a urbanização.
Mudanças no uso da terra e da Possíveis efeitos hidrológicos
água
Estágio de urbanização inicial
Remoção de vegetação, construção Decréscimo da transpiração e
de algumas casas de alvenaria com acréscimo do escoamento de água e
infra-estrutura de saneamento sedimentos para os corpos d'água.
básico deficiente.

Perfuração de poços. Rebaixamento do nível do lençol


freático.
Construção de fossas sépticas e Algum acréscimo na umidade do solo
drenos sanitários. e talvez uma subida do nível do lençol.
Provável encharcamento e
contaminação de poços vizinhos ou
corpos hídricos.
Estágio de urbanização mediano
Terraplanagem para construção de Erosão do terreno e sedimentação dos
casas e remoção dos horizontes corpos d'água aceleradas, com
superiores de solo. aumento das cheias.

Construção massificada de casas, Infiltração decrescente resultando no


pavimentação de ruas. aumento dos fluxos de cheia e
rebaixamento do nível da água
subterrânea.
Despejo de esgotos sem tratamento Poluição das águas, poços, rios, etc.
adequado em corpos hídricos Mortandade de peixes e da vida
receptores aquática. Comprometimento da
qualidade da água disponível para
abastecimento e recreação.
Fonte: Baptista, 1999.

O desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal e provoca alteração no


ciclo hidrológico natural, pois a vegetação original é substituída por áreas
impermeáveis e são introduzidos condutos para escoamento pluvial (TUCCI, 2002),
as principais alterações do ciclo hidrológico são:

a) redução da infiltração no solo;


b) aumento do escoamento superficial, pelo acúmulo de água que deixa de
infiltrar;
c) diminuição do nível do lençol freático por falta de alimentação;
d) redução da evapotranspiração.

Assim, procurou-se por meio da variação da vazão, da influência da


precipitação e da variação da cobertura vegetal estabelecer parâmetros para
91

conhecer a situação de cada uma das microbacias estudadas e saber qual delas
necessita de uma melhor gestão de sua área.

A tabela 20 mostra um comparativo entre cada um dos parâmetros analisados


neste trabalho para cada uma das microbacias separadamente.

Tabela 20: Comparativo entre os dados obtidos para vazão tendendo a zero, a
variação da vegetação no período de 1989 a 2007 e o coeficiente de determinação.
Variação r² (chuva e Q=0 (m³/s)
Microbacia Vegetação vazão) (anos)
Ribeirão das
Pedras -11,67% 0,499 189,19
Ribeirão Rodeador -19,19% 0,489 76,27
Rio Descoberto -37,46% 0,44 70,55
Córrego Olaria -28,46% 0,338 65,6
Lago Descoberto -60,98% 0,319 38,06

Ao analisar a tabela 20, identificou-se um padrão, onde as microbacias que


apresentam menor redução na cobertura vegetal em área são aquelas que possuem
maior tempo para a redução da vazão a zero, se as condições da área se
mantiverem nesse intervalo calculado, e paralelamente são aquelas que possuem
maior porcentagem da variação da vazão explicada pela variação da chuva.

A tabela também mostra que quanto maior o coeficiente de determinação da


vazão em relação à chuva, ou seja, quanto maior a porcentagem de chuva que
explica a vazão e quanto menor a redução na cobertura vegetal para a microbacia,
maior será o tempo necessário para a vazão naquela área chegar ao valor de zero,
caso sejam mantidas as condições atuais de ocupação e uso e de precipitação.
Depreende-se te tal constatação que aquela microbacia que possui maior cobertura
vegetal e tem seu regime hídrico mais apoiado no regime de chuvas possui uma
maior capacidade de manutenção dos valores de vazão ao longo do tempo.

As cinco microbacias estudadas apresentaram o padrão detectado mediante


os resultados, onde a correlação entre chuva e vazão e a variação da cobertura
vegetal são fatores que tem comportamento semelhante quando comparados com a
previsão de esgotamento da vazão. Porém duas microbacias apresentaram
resultados de variação cobertura vegetal que vão de encontro ao padrão detectado.
As áreas correspondentes a microbacia do Rio Descoberto e Córrego Olaria
apresentaram uma redução de cobertura vegetal na ordem de 37% e 28%, porém
seus dados de coeficiente de determinação e previsão de esgotamento da vazão
92

indicam uma situação não tão grave quanto a do Lago Descoberto, que possui uma
redução da vegetação na ordem de 60% e paralelamente apresenta um coeficiente
de determinação de 0,319, com previsão de esgotamento de vazão na ordem de 38
anos.
93

6. Conclusões e Recomendações

Levando em consideração os resultados obtidos para a Bacia Hidrográfica do


Alto Descoberto e conseqüentemente para suas microbacias, e apoiado nas
análises dos dados obtidos para a área, pôde-se entender melhor a dinâmica da
ocupação da bacia e suas influências no regime hídrico da região;
O comportamento variação da cobertura vegetal ao longo das quatro décadas
estudadas se mostrou semelhante para as cinco microbacias analisadas. A análise
revelou sempre uma diminuição da cobertura vegetal ao longo dos anos para todas
as áreas, fato que influencia na recarga dos aqüíferos e lençóis freáticos;
A ocupação e o uso do solo na BHAD vêm exercendo influência na recarga
do Lago Descoberto, seja esta ocupação sob a forma de agricultura, ou sob a forma
de parcelamentos regulares e irregulares e zonas urbanas. E a recarga deste corpo
hídrico é fator que interfere diretamente na disponibilidade hídrica para a população
que é abastecida por este reservatório;
A Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto está em uma zona de conflito de
ocupação e uso: de um lado agricultores e o crescimento de parcelamentos
irregulares e regulares, além do crescimento urbano desenfreado, e de outro o poder
público sob a forma de gestor do abastecimento público de água. Estando a bacia
em questão em uma área de relevante interesse de preservação devido as suas
condições hidrológicas, as propostas que objetivam melhorar as condições
ambientais da área devem ser priorizadas dentre as demais;
A relação entre o regime de chuvas e o regime de vazão, analisados a partir
do teste t entre as duas variáveis, para os dados disponíveis entre os anos de 1978
e 2005, revelou que a chuva influencia na vazão mas não explica toda a variação
para o período, de acordo com a dispersão XY para as duas variáveis;
Sendo o teste t e a dispersão XY ferramentas que não explicaram a total
variação da vazão para o período estudado, o NDVI foi um método que supriu essa
deficiência por meio do cálculo variação da cobertura vegetal para o período
estudado, auxiliando na explicação do percentual da variação que ainda não tinha
sido considerado pelo referido teste;
Sendo a Bacia Hidrográfica do Alto Descoberto a bacia de drenagem que
alimenta o reservatório de abastecimento público do Lago Descoberto, a previsão da
duração da vazão que supre a demanda do corpo hídrico foi de extrema importância,
94

pois a noção de tempo da manutenção da vazão permite uma análise mais imediata
da evolução das condições que influem nesse regime hídrico;
As conseqüências para o abastecimento futuro são graves, quando levado em
consideração a previsão da manutenção da vazão e a evolução da cobertura vegetal
ao longo do período estudado. Sendo o Sistema de Abastecimento Público Rio
Descoberto o manancial que supre a necessidade de água de cerca de 70% da
população do Distrito Federal, qualquer interferência nesse sistema que comprometa
a reposição de água no sistema influenciaria diretamente no abastecimento, gerando
deficiência e conseqüentemente falta d’água para a população;
A importância da Bacia do Alto Descoberto no contexto hidrológico do Distrito
Federal, de acordo com o presente estudo, evidencia uma crescente necessidade da
criação de um comitê de bacia, que servirá como base da gestão participativa e
integrada da água.
O presente estudo pode servir como subsídio para o poder público, tanto do
Goiás quanto do Distrito Federal. A criação de políticas públicas voltadas para a
Bacia do Alto Descoberto depende de parâmetros como os obtidos neste
documento. O direcionamento da fiscalização e policiamento da bacia também pode
ser baseado nos resultados mostrados, onde áreas mais críticas devem ter uma
importância maior no que diz respeito a fiscalização.
A criação de projetos de recuperação da vegetação se faz necessário. Como
em todas as microbacias houve uma redução da cobertura vegetal, e a recarga de
aqüíferos e lençóis freáticos dependem também desse fator, a revegetação dessas
áreas é de extrema importância. Projetos devem ser incentivados, tanto na por parte
do poder público, quanto por parte da iniciativa privada.
Com base no quadro delineado pela presente dissertação, novas pesquisas
devem ser incentivadas no sentido de conhecer o comportamento da Bacia
Hidrográfica do Alto Descoberto, haja vista a importância que o sistema de
abastecimento público inserido nesse sistema possui para o contexto hídrico do
Distrito Federal.
95

7 Referências

AB’SABE, A.N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul: primeira


aproximação. Geomorfologia. São Paulo, v. 52, p. 17-28. 1977.

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Sustentável. Brasília. jan/2007.

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interpretation. 5 ed. New Jersey: Prentice Hall. 1992.

ALMEIDA, F.F.M. de. Evolução tectônica do Centro-Oeste brasileiro no Proterozóico


Superior. Anais da Acad. Bras, de Ciências. 40 (supl.):285-295. 1968.

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Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco -
PBHSF (2004-2013). Nota técnica. Disponibilidade hídrica quantitativa e usos
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BAPTISTA, G.M.M. Diagnóstico ambiental e perda laminar de solos no Distrito


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