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A ÉTICA DE KANT
Francisco Nataniel da Silva 1
Considerações.
Estudando este referido artigo e outros escritos a respeito da ética kantiana, é possível
perceber que o Kant atravessou um momento muito delicado na história da filosofia, em que
os filósofos discutiam indefinidamente sem chegarem a um consentimento possível a uma
resposta satisfatória para as grandes questões que havia no campo da filosofia. No campo da
metafísica ninguém concordava com ninguém e as grandes questões como, deus, a alma, a
imortalidade, a liberdade, o supremo bem...sempre ficavam sem respostas “precisas”, assim
como no campo da teoria do conhecimento haviam duas grandes correntes: Os racionalistas, e
os Empirista, sendo que não havia o mínimo de convergência possível entre essas correntes,
mas, sim discordâncias radicais. Enquanto isso o desenvolvimento da matemática e da física
estava também seguindo, e esses dois ramos do conhecimento humano se mostravam de uma
utilidade prática muito grande na construção da nova sociedade, e do novo mundo que estava
surgindo. Foi exatamente isso que intrigou Kant, o fazendo se perguntar por que a filosofia
não avançava como a matemática e como a física? E debruçando-se sobre esse
questionamento, Kant teve a sua grande sacada, que deveria ser feito na filosofia a mesma
coisa que o Copérnico fez no campo da astronomia. Copérnico percebeu que as teorias
astronômicas que sempre colocavam a terra no centro do universo não davam conta de
explicar vários questionamentos que surgiam, e que os mesmos sempre ficavam em aberto,
sem solução. Só que, quando ele colocou o sol no centro e a terra girando ao seu redor, vários
desses problemas foram resolvidos e uma teoria satisfatória sobre o movimento dos astros foi
apresentada. Kant no mesmo sentido fez algo parecido na filosofia, dizendo que toda tradição
filosófica estava errada ao colocar sempre o objeto como centro da questão do conhecimento
humano, cujo o sujeito sempre tinha que ficar orbitando em torno do objeto para poder
realmente conhece-lo. Mas, para ele era impossível... pois nós seres humanos não tínhamos a
capacidade cognitiva suficiente para conhecermos o que realmente as coisas são. Nisso, o
Kant diz, que nós não podemos conhecer a coisa em si... o que é realmente determinada coisa,
pois só conhecemos aquilo que podemos conhecer de determinada coisa, como que uma
(de)limitação do saber , ou seja, aquilo que aparece de tal objeto, é por isso que no campo da
metafísica a discussão não termina nunca, pois os metafísicos querem dizer o que é a coisa em
si, e na teoria do conhecimento eles estão no mesmo erro de toda a tradição filosófica,
colocam o objeto no centro do conhecimento. O Kant vai dizer é exatamente o contrário, tira-
se o objeto do centro e coloca o homem, já que nós não conhecemos o que é a coisa em si,
mais o que aparece para o homem dessa coisa. O que nós temos que fazer é investigar quais
são as possibilidades e quais são as capacidades que o homem tem de conhecer determinada
coisa, determinado objeto.
Pois bem, tendo escrito a obra fundamentação da metafisica dos costumes e a obra Crítica da
razão prática, ambas colaboraram muito para pensarmos sobre o tema: ética. O Kant defendia
uma proposta deontológica para a ética, ou seja, a ética do dever, que diferentemente dos
imperativos hipotéticos, em que somos guiados pelos desejos e pelas paixões, na espera de
algo em troca, devíamos agir mediante o imperativo categórico, que seria agir pelo dever e
tendo a própria ação como um fim em si mesmo. A máxima do imperativo categórico seria
esta, agir segundo tudo que fizeres deva ser visto como uma lei universal. Então a palavra –
dever é muito importante na ética kantiana. Então nós que somos movidos por vontades, pode
ser ela má ou boa. Para o Kant a boa vontade, é aquela que se pauta no dever. Nisso a
proposta kantiana parte de uma subjetividade, mas para uma universalização, buscado uma
ética que pudesse ser necessária e também universal.