Está en la página 1de 486

PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL

DELTA/PR

SEMANA 07

1
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

SUMÁRIO
SUMÁRIO ........................................................................................................................................... 2
META 01 ............................................................................................................................................. 4
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA ........................................................................................... 4
QUESTÕES SOBRE O TEMA ..................................................................................................................................... 16
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ............................................................................................ 33
QUESTÕES SOBRE O TEMA ..................................................................................................................................... 77
META 02 ........................................................................................................................................... 87
DIREITO PROCESSUAL PENAL: LIBERDADE PROVISÓRIA, FIANÇA E QUESTÕES PREJUDICIAIS,
EMENDATIO E MUTATIO LIBELI .......................................................................................................................... 87
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 135
META 03 ......................................................................................................................................... 158
MEDICINA LEGAL: PSICOLOGIA FORENSE ....................................................................................................... 158
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 186
DIREITO CONSTITUCIONAL: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO .......................................................................... 191
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 219
META 04 ......................................................................................................................................... 233
DIREITO ADMINISTRATIVO: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ...................................................... 233
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 254
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES FALIMENTARES............................................................................. 264
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 274
CRIMINOLOGIA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, MÉTODO, FINALIDADE, FUNÇÕES E
CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA E HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA .................................................... 279
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 308
META 05 ......................................................................................................................................... 324
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE TORTURA.......................................................................................... 324
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 332
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES DA LEI DE LICITAÇÕES ................................................................ 344
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 354
CRIMINOLOGIA: SOCIOLOGIA CRIMINAL – AS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME ........................... 359
QUESTÕES SOBRE O TEMA ................................................................................................................................... 408
META 06 - ASSERTIVAS CORRETAS: ....................................................................................... 420
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA ....................................................................................... 420
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA .......................................................................................... 429
DIREITO PROCESSUAL PENAL: LIBERDADE PROVISÓRIA, FIANÇA E QUESTÕES PREJUDICIAIS,
EMENDATIO E MUTATIO LIBELI ........................................................................................................................ 435
MEDICINA LEGAL: PSICOLOGIA FORENSE ....................................................................................................... 446

2
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

DIREITO CONSTITUCIONAL: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO .......................................................................... 450


DIREITO ADMINISTRATIVO: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ...................................................... 456
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES FALIMENTARES............................................................................. 461
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE TORTURA.......................................................................................... 472
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES DA LEI DE LICITAÇÕES ................................................................ 477

SEM. META DATA DIA TEMA DO DIA


Direito Penal: Crimes contra a Paz Pública
7 1 06/01 SEG
Direito Penal: Crimes contra a fé pública
Direito Processual Penal: Liberdade Provisória, Fiança e Questões Prejudiciais,
7 2 07/01 TER
Emendatio e Mutatio Libeli
Medicina Legal: Psicologia Forense
7 3 08/01 QUA
Direito Constitucional: Organização do Estado
Direito Administrativo: Responsabilidade Civil do Estado
Legislação Penal Especial: Crimes Falimentares
7 4 09/01 QUI
Criminologia: Conceito, características, objeto, método, finalidade, funções e
classificação da criminologia e História da criminologia
Legislação Penal Especial: Lei de Tortura
7 5 10/01 SEX Legislação Penal Especial: Crimes da Lei de Licitações
Criminologia: Sociologia criminal – As escolas sociológicas do crime
7 6 11 e 12/01 SÁB/DOM [Assertivas Corretas]

3
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 01

DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

INCITAÇÃO AO CRIME (ART. 286)

Incitar, publicamente, a prática de crime:


Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.

Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo,


instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente
(depende do caso).

Sujeito ativo: Qualquer pessoa

Sujeito passivo: Sociedade;

Objeto material: Paz pública;

Objeto jurídico: Paz pública;

Elemento subjetivo: Dolo;

Tentativa: Admite, na modalidade plurissubsistente.

4
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Incitar é apoiar, estimular, instigar.


A incitação deve ser à pratica de CRIME. Se for contravenção não configura.

O tipo exige que seja publicamente (atingindo um número indeterminado de pessoas,


normalmente em local público ou de acesso ao público, mas pode configurar em residência
privada caso seja a ocasião de uma festa para várias pessoas, por exemplo). Se for em
particular, a um amigo ou uma situação mais íntima, por exemplo, não configura.

Se o instigado praticar o crime, eventualmente o instigador poderá praticar o crime


cometido pelo incitado na qualidade de partícipe.

APOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSO (ART. 287)

Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:


Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.

Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo,


instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente
(depende do caso).

Sujeito ativo: Qualquer pessoa

Sujeito passivo: Sociedade;

5
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Objeto material: Paz pública;

Objeto jurídico: Paz pública;

Elemento subjetivo: Dolo;

Tentativa: Admite, na modalidade plurissubsistente.

Fazer apologia: elogiar, defender.

Fato criminoso: deve ser fato passado, pois se for futuro é instigação ao crime. Não cave
se for contravenção penal.

Autor de crime: conforme a doutrina majoritária, deve ser alguém condenado com
trânsito em julgado pela prática de crime. Também não vale contravenção, tampouco
pessoa acusada / investigada, mas não condenada definitivamente, haja vista o princípio
da presunção de inocência e a redação do artigo.

Embora exista o direito à liberdade de expressão, ela não deve englobar elogios a
crimes ou criminosos, que isso caracteriza uma incitação indireta à prática de delitos.

6
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Inclusive, a doutrina menciona que a diferença entre os crimes de incitação X


apologia, está justamente no fato de que a incitação é uma instigação direta, enquanto a
apologia é uma instigação indireta.

Marcha da maconha X incitação ou apologia ao crime (Matéria retirada do site do


STF1):
Em decisão unânime (8 votos), o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a
realização dos eventos chamados “marcha da maconha”, que reúnem manifestantes
favoráveis à descriminalização da droga. Para os ministros, os direitos constitucionais de
reunião e de livre expressão do pensamento garantem a realização dessas marchas. Muitos
ressaltaram que a liberdade de expressão e de manifestação somente pode ser proibida
quando for dirigida a incitar ou provocar ações ilegais e iminentes.
Pela decisão, tomada no julgamento de ação (ADPF 187) ajuizada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR), o artigo 287 do Código Penal deve ser
interpretado conforme a Constituição de forma a não impedir manifestações públicas em
defesa da legalização de drogas. O dispositivo tipifica como crime fazer apologia de "fato
criminoso" ou de "autor do crime".
O voto do decano da Corte, ministro Celso de Mello, foi seguido integralmente
pelos colegas. Segundo ele, a “marcha da maconha” é um movimento social espontâneo
que reivindica, por meio da livre manifestação do pensamento, “a possibilidade da
discussão democrática do modelo proibicionista (do consumo de drogas) e dos efeitos que
(esse modelo) produziu em termos de incremento da violência”.

1
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=182124

7
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Além disso, o ministro considerou que o evento possui caráter nitidamente cultural,
já que nele são realizadas atividades musicais, teatrais e performáticas, e cria espaço para o
debate do tema por meio de palestras, seminários e exibições de documentários
relacionados às políticas públicas ligadas às drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
Celso de Mello explicou que a mera proposta de descriminalização de determinado
ilícito penal não se confunde com o ato de incitação à prática do delito nem com o de
apologia de fato criminoso. “O debate sobre abolição penal de determinadas condutas
puníveis pode ser realizado de forma racional, com respeito entre interlocutores, ainda que
a ideia, para a maioria, possa ser eventualmente considerada estranha, extravagante,
inaceitável ou perigosa”, ponderou.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 288)

Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:


Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se
houver a participação de criança ou adolescente.

Crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput, comum, formal, de forma


livre, comissivo, permanente, de perigo abstrato, plurissubjetivo e plurissubsistente.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa (pelo menos três – tratando-se de crime plurissubjetivo,
de concurso necessário de condutas paralelas).

8
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Sujeito passivo: Sociedade.

Objeto material: Paz pública.

Objeto jurídico: Paz pública.

Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir, que é o fim específico de


cometer crimes.

Tentativa: Não admite, em razão da estabilidade e permanência requeridas (ou estão


presentes e o crime está consumado ou estão ausentes, sendo um fato penalmente
irrelevante). A retirada de um dos agentes, deixando o grupo com menos de três pessoas,
cessa a permanência, mas não interfere na existência do crime, já consumado para todos.
Quanto a quem adere à associação depois de já constituída, o crime se consuma no
momento da adesão.

Antes da modificação realizada pela Lei 12.850/13 (Lei de Organizações


Criminosas), o tipo exigia mais de três pessoas e se chamava formação de quadrilha ou
bando.

Hoje, o nomen iuris é “associação criminosa” e são exigidas 3 ou mais pessoas.

9
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

“Associação” pressupõe estabilidade e permanência, de modo que tanto a


doutrina quanto a jurisprudência entendem que estas são características exigíveis para a
configuração do delito.

Ademais, o tipo exige fim específico para cometer CRIMES, no plural. Se for apenas
um crime, será um concurso eventual de pessoas, não caracterizando associação criminosa.

A doutrina também entende ser crime permanente.

Além disso, é crime formal, de consumação antecipada, bastando a associação com


o fim de cometer crimes para que se consume, não exigindo que os crimes desejados
venham sequer a ser tentados. Basta que fique comprovado que era este o intuito.

Importa dizer que é crime AUTÔNOMO, que além de não depender da prática dos
demais crimes para ser punido, caso estes efetivamente ocorram, os agentes responderão
por eles em concurso material com associação criminosa.

Não se pode confundir associação criminosa com organização criminosa.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, §1º - Considera-se organização
para o fim específico de cometer crimes. criminosa a associação de 4 (quatro) ou
mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda

10
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

que informalmente, com objetivo de


obter, direta ou indiretamente, vantagem
de qualquer natureza, mediante a prática
de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.

A diferença entre o crime de Organização Criminosa e Associação Criminosa está


não apenas na quantidade de agentes necessários, mas principalmente na necessidade de a
organização ser estruturalmente ordenada e contar com divisão de tarefas.

Além disso, na organização criminosa, os agentes cometem crimes com objetivo de


obter vantagens de qualquer natureza, sendo que na associação o objetivo é unicamente
cometer crimes, independentemente de auferirem qualquer vantagem.

No tipo da organização o legislador ainda limitou os crimes aos que possuem pena
máxima superior a 4 anos ou que sejam de caráter transnacional.

Importante não confundir também os delitos acima com o de associação para o


tráfico, do art. 35 da Lei de Drogas, que é especial em relação a eles. Sua característica
principal é exigir a associação de 2 ou mais pessoas.

11
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Conforme já mencionamos, a jurisprudência majoritária entende que não há bis in


idem na associação criminosa armada e por roubo majorado pelo emprego de arma, tendo
em vista que os momentos consumativos dos delitos são autônomos.

* Lembrar que o crime de extorsão mediante sequestro cometido por associação criminosa
é qualificado (e conforme já explicamos, não é bis in idem condenar pelos 2).

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E LEI DE CRIMES HEDIONDOS:

O artigo 8º traz uma qualificadora para o delito de associação criminosa caso os


crimes pretendidos por ela sejam hediondos ou equiparados. Além disso, traz modalidade
de delação premiada, aplicável também neste caso.

Art. 8º: Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art.
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática
da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.

CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA (ART. 288-A)


(Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)

12
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar,


milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.

Veja que são vários os núcleos, desde apenas integrar até custear.

Crime de elevado potencial ofensivo na modalidade do caput, comum, formal, de forma


livre, comissivo, permanente na maioria dos núcleos, mas habitual nas modalidades
“manter e custear”, de perigo abstrato, plurissubjetivo e plurissubsistente.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa (mas é de concurso necessário).


Nucci diz que é no mínimo duas.
Outras correntes mencionam ser no mínimo 3, como associação criminosa e outros no
mínimo 4 como organização criminosa.
Não há decisão no sentido de qual prevaleça.

Sujeito passivo: Sociedade.

Objeto material: Paz pública.

Objeto jurídico: Paz pública.

13
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir, que é o fim específico de


cometer crimes.

Consumação: se consuma no momento em que é constituída a associação, ou seja, no


momento de convergência dos indivíduos para formar a associação.
Independe da prática de qualquer infração penal para a sua configuração.

Tentativa: Admite. Segundo Nucci, na modalidade habitual não.

Se diferencia da associação criminosa por restringir o objetivo aos crimes do CP (se for da
legislação extravagante, pode caracterizar outro delito, como o do 288); não demanda o
número mínimo de pessoas; e se direciona, pelo seu teor, a grupos de maior gravidade,
visando, sobretudo, impedir a figura de “justiceiros” na forma de grupos de extermínio,
por exemplo.

A doutrina encontra dificuldade para dividir e diferenciar organização paramilitar, milícia


particular, grupo ou esquadrão.

Milícia privada:
É um grupo armado de pessoas (civis ou não), que diz ter como objetivo a devolução da
segurança que é retirada sociedade, sobretudo, das comunidades mais carentes,
restaurando a paz. No entanto, se utiliza de violência e grave ameaça para isso, ignorando
o monopólio estatal de controle social. (Direito Penal Paralelo)

14
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Organização paramilitar:
Organização paralela de civis armados, como se fosse um exército, ou seja, “imitando” a
corporação militar oficial.

Grupo ou esquadrão (grupo de extermínio)


É grupo de matadores ou justiceiros que vão aplicar penas como bem entenderem e
conforme o seu senso de justiça. Conceito residual.

Também é importante nesse aspecto se recordar do Direito Penal Paralelo, já explicado


acima, em que o particular quer fazer as vezes do Estado e do Direito Penal Subterrâneo,
segundo o qual os próprios agentes estatais, por considerarem inefetivo o sistema oficial,
passam a exercer atividades voltadas ao extermínio ou ameaça de criminosos.

Artigos relacionados para leitura:


Código Penal: Arts. 286 ao 288.
Lei de Crimes Hediondos: art. 8º
Lei de Organizações Criminosas: Art. 1º
Lei de Drogas: art. 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson;
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Curso de Direito Penal – Parte especial – Vol. 3 – Arts. 213 a 361 do Código Penal – 3ª
edição – Guilherme de Souza Nucci.

15
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2019 - IESES - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros


Acerca do delito de associação criminosa, do art. 288 do Código Penal, é correto afirmar:

a)Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes,
consumando-se independentemente de prévia condenação de quaisquer de seus membros pela prática de
quaisquer dos crimes para os quais a associação foi estabelecida.
b)Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes e
a condenação de ao menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes para os quais a
associação foi estabelecida, ainda que não se comprove a reiteração criminosa.
c)Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes e
a condenação de ao menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes para os quais a
associação foi estabelecida, ainda que não se comprove a reiteração criminosa.
d) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes,
consumando-se independentemente de prévia condenação de quaisquer de seus membros pela prática de
quaisquer dos crimes para os quais a associação foi estabelecida.

02 - 2019 - CESPE - Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Municipal


José, de sessenta e nove anos de idade, fiscal de vigilância sanitária municipal, viúvo e único
responsável pelos cuidados de seu filho, de onze anos de idade, foi denunciado à polícia por comerciantes
que alegavam que o referido fiscal lhes solicitava dinheiro para que não fossem por ele autuados por
infração à legislação sanitária. Durante investigação conduzida por autoridade policial em razão dessa
denúncia, foi deferida judicialmente interceptação da comunicação telefônica de José.

16
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Nesse ato, evidenciou-se, em uma degravação, que José havia solicitado certa quantia em dinheiro
a um comerciante, Pedro, para não interditar seu estabelecimento comercial, e que José havia combinado
encontrar-se com Pedro para realizarem essa transação financeira. Na interceptação, foram captadas,
ainda, conversas em que José e outros quatro fiscais não identificados discutiam a forma de solicitar
dinheiro a comerciantes, em troca de não autuá-los, e a repartição do dinheiro que seria obtido com isso.

No dia combinado, Pedro encontrou-se com José, e, pouco antes de entregar-lhe o dinheiro que
carregava consigo, policiais que haviam instalado escuta ambiental na sala do fiscal mediante autorização
judicial prévia deram voz de prisão em flagrante a José, conduzindo-o, em seguida, à presença da
autoridade policial.
Em revista pessoal, foi constatado que José portava três cigarros de maconha. Questionado, o
fiscal afirmou ter comprado os cigarros de um estrangeiro que trazia os entorpecentes de seu país para o
Brasil e os revendia perto da residência de José. A autoridade policial deu andamento aos procedimentos,
redigiu o relatório final do inquérito policial e o encaminhou à autoridade competente.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Caso José seja denunciado pelo crime de associação criminosa, ele poderá valer-se, antes ou após a
prolação da sentença, da colaboração premiada para identificar os demais fiscais que participaram do
delito. Se a colaboração for posterior à sentença, será admitida a progressão de regime prisional ao
colaborador, ainda que ausentes os requisitos objetivos para a sua concessão.

( ) Certo ( ) Errado

03 - 2019 - NC-UFPR - TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros


“O conceito de bem jurídico é bastante recente no Direito Penal, apontando-se o século XIX como o
ponto de partida. (RANGEL; BACILA, 2015). Bem jurídico, portanto, é um interesse relevante tutelado

17
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

pelo direito. É um bem jurídico tutelado no delito de Associação Criminosa previsto no artigo 288 do
Código penal:

a)fé pública.
b)patrimônio público.
c)costumes.
d) paz pública.
e)incolumidade pública.

04 - 2018 - FCC - DPE-MA - Defensor Público


Sobre o crime de associação criminosa é correto afirmar que

a)demanda a associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de


tarefas com o objetivo de praticar crimes.
b)exige a demonstração do elemento subjetivo especial consistente no ajuste prévio entre os membros
com a finalidade específica de cometer crimes indeterminados.
c)tem caráter hediondo, a despeito de ter pena menor do que a associação para o tráfico, que não é
equiparado ao hediondo.
d)exige para sua configuração o concurso de agentes e a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos.
e)admite a colaboração premiada com redução de até 1/3 da pena, desde que ao menos um agente com
cargo político seja delatado.

05 - 2018 - FCC - DPE-RS - Defensor Público


Em cumprimento a mandado de busca e apreensão em galpão mantido por João, Geraldo e Cleodomir
− que inclusive se encontravam em reunião no local quando da ação policial −, foram apreendidos
diversos cadernos em que os três preparavam a abertura e a contabilidade de uma central de jogos de

18
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

azar, bem como panfletos de propaganda das atividades que ali se iniciariam em uma semana, além de
mais de 20 máquinas caça-níqueis.

Nesse caso, a conduta dos agentes

a)configura a prática de formação de quadrilha (art. 288 do CP).


b)não é penalmente relevante.
c)configura a prática da contravenção penal de exploração de jogos de azar (art. 50 do Decreto-lei n°
3.688/41)
d)configura as práticas de formação de quadrilha (art. 288 do CP) e da contravenção penal de exploração
de jogos de azar (art. 50 do Decreto-lei n° 3.688/41).
e)configura a prática da contravenção penal de exploração de jogos de azar (art. 50 do Decreto-lei n°
3.688/41), em sua forma tentada.

06 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia Civil


Aquele que faz, publicamente, apologia de fato criminoso pratica

a)crime de “incitação ao crime”.


b)crime de “associação criminosa”.
c)crime de “apologia de crime”.
d)fato atípico, em vista de revogação expressa do CP trazida pela ordem constitucional de 1988.
e)crime de “exercício arbitrário das próprias razões”.

07 - 2018 - CESPE - ABIN - Agente de inteligência


Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública.

No caso de três ou mais pessoas associarem-se com a intenção de cometer um único assalto a banco,
estará configurado o crime de associação criminosa.

19
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

( ) Certo ( ) Errado

08 - 2018 - CESPE - ABIN - Agente de inteligência


Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública.

Os tipos penais definidos como incitação ao crime e apologia de crime são espécies de crimes contra a
paz pública.

( ) Certo ( ) Errado

09 - 2018 - FUNDATEC - DPE-SC - Analista Técnico


Assinale a alternativa correta em relação aos crimes contra a paz pública.

a)A incitação ao crime, nos termos do artigo 286 do CP, destina-se ao estímulo de um número
indeterminado de pessoas à prática de crime determinado e futuro, sendo que a apologia ao crime e ao
criminoso, nos termos do artigo 287 do CP, diz respeito ao delito passado, haja vista que se faz
publicamente elogio ou exaltação a fato criminoso ou a autor de crime.
b)A associação criminosa do artigo 288 do CP pune a associação de 04 ou mais pessoas, as quais se unem,
com hierarquia e estabilidade, à prática de diversos crimes.
c)A constituição de milícia privada, crime do artigo 288-A do CP, é a mesma associação criminosa do
artigo 288 do CP, diferenciando-se apenas no número de integrantes.
d)Tanto a associação criminosa quanto a constituição de milícia privada exigem o número de dois
integrantes apenas a sua configuração, sendo irrelevante se a prática de crimes condiz com os previstos
no Código Penal ou em Leis Especiais Penais.

20
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)A associação criminosa encontra previsão legal na Lei de nº 12.850/2013, a qual definiu organização
criminosa.

10 - 2017 - FMP Concursos - MPE-RO - Promotor de Justiça


Em relação ao crime de constituição de milícia privada (artigo 288-A do Código Penal), assinale a
alternativa CORRETA:

a)É possível haver esse tipo de associação criminosa para a prática de crimes preterdolosos.
b)A finalidade consiste na prática de crimes previstos no Código Penal e na legislação penal extravagante,
para a subsunção ao artigo 288-A do Código Penal.
c)Tendo em vista que o tipo penal não exige o número mínimo de participantes, é possível o crime de
constituição de milícia privada com mais de um agente.
d)Em que pese o fato de o tipo penal não exigir um número mínimo de participantes, tampouco os
requisitos da estabilidade e da permanência, a doutrina e a jurisprudência têm sustentado que a quantidade
mínima de 3 (três) pessoas, além da estabilidade e da permanência, são requisitos ínsitos ao tipo do artigo
288-A do Código Penal, tal como sucede em relação ao artigo 288 do mesmo diploma legal.
e)A consumação exige a efetiva prática de crimes por parte de organização paramilitar, milícia particular,
grupo ou esquadrão.

11 - 2017 - MPE-RS - MPE-RS - Promotor de Justiça


Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) os enunciados abaixo.

( ) Os crimes definidos no Código Eleitoral são exclusivamente dolosos. Em alguns deles, no preceito
secundário, não há previsão da pena mínima em abstrato, somente a cominação da sanção máxima
aplicável. Em tais circunstâncias, a pena mínima será de 15 dias para a pena de detenção e de um (1) ano
para a de reclusão.

21
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

( ) A corrupção eleitoral, em sua modalidade ativa, é crime comum e de conduta livre, direcionada a
eleitor determinado ou determinável, que abrange a compra do voto, no que se incluem o voto em branco
e o voto nulo, e a compra da abstenção ou promessa de abstenção de voto.
( ) Crime de perigo abstrato, a associação criminosa, diferentemente do crime de milícia privada, exige
o ajuntamento mínimo de três pessoas, ainda que nem todas se conheçam reciprocamente, para o fim
específico de cometimento de crimes, no plural, embora não seja necessário que estes efetivamente
ocorram. O abandono ou voluntário recesso de qualquer associado não o eximirá de pena, e se a sua
retirada fizer descer o quorum mínimo, cessará a permanência, mas não se apagará o crime, devendo
todos os associados responder pelo delito. A tentativa é inadmissível.
( ) Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la, previsto no art. 244-B do ECA, realizável também por quaisquer meios
eletrônicos, inclusive sala de bate-papo na internet, é crime formal.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a)V – F – F – F.
b)F – F – V – V.
c) F – V – F – V.
d) F – V – V – F.
e)V – F – V – V.

12 - 2017 - CESPE - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária


Antônio e mais três pessoas, todas desempregadas, reuniram-se no intuito de planejar e executar crimes
de roubos armados a carros-fortes.
Nessa situação hipotética, a conduta de Antônio

a)não caracteriza crime de associação criminosa, pois, havendo mais de três agentes, caracteriza-se a
organização criminosa, dado o princípio da especialidade.

22
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)só poderá ser caracterizada como crime de organização criminosa se a pena máxima prevista pelos
delitos praticados for igual ou superior a quatro anos e se estes tiverem caráter transnacional.
c)configura crime de roubo em concurso de pessoas, em face da associação transitória dos agentes, já que
não houve divisão de tarefas nem hierarquia entre eles.
d)só poderá ser caracterizada como crime de associação criminosa se os outros agentes forem maiores
de idade ou praticarem pelo menos um roubo.
e)configura crime de associação criminosa, ainda que os agentes sejam quatro e a pena máxima prevista
para a prática do crime de roubo seja superior a quatro anos.

13 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


O CP, em seu art. 14, assevera que o crime estará consumado quando o fato reunir todos os elementos
da definição legal. Para tanto, necessária será a realização de um juízo de subsunção do fato à lei. Acerca
do amoldamento dos fatos aos tipos penais, assinale a opção correta.

a)A conduta de constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia
particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos no CP
configura crime contra a paz pública, sendo considerada como crime vago, uma vez que o sujeito passivo
é a coletividade.
b)A doutrina e a jurisprudência são unânimes ao afirmar que configura crime de desacato quando um
tenente da polícia militar, no exercício de sua função, ofende verbalmente, em razão da função exercida,
um de seus subordinados.
c)Amolda-se no tipo legal de calúnia, previsto nos crimes contra a honra, a conduta de instaurar
investigação policial contra alguém, imputando-lhe crime de que se sabe ser inocente.
d)Constituem crime de corrupção ativa, praticado por particular contra a administração geral, as condutas
de dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
cálculos, tradução ou interpretação.

23
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)A fraude processual será atípica, se a inovação artificiosa do estado de coisa, de pessoa ou de lugar, com
o fim de induzir a erro o juiz, ocorrer antes de iniciado o processo penal.

14 - 2016 - CESPE - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos crimes contra a fé pública e dos crimes praticados por associações ou organizações
criminosas, assinale a opção correta.

a)Aquele que falsifica documento para, em seguida, usá-lo em procedimento subsequente comete os
crimes de falsificação de documento e de uso de documento falso, haja vista a presença de dolos distintos
e autônomos em relação a cada conduta praticada.
b)A falsidade ideológica é configurada pelo dolo genérico de se omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
da que devia ser escrita, mesmo que não enseje proveito ilícito ou prejuízo a terceiros.
c)A estabilidade e a permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para
a prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-
se essa do simples concurso eventual de pessoas para realizaram uma ação criminosa.
d)A associação criminosa, denominação atual do antigo crime de quadrilha ou bando, por ser crime
material, só se realiza quando mais de três pessoas se reúnem, em caráter estável e permanente, para o
cometimento de crimes, consumando-se com a prática efetiva de um delito.
e)A conduta de se colocar em circulação uma única cédula falsa, no valor de cinquenta reais, não pode
ser reputada como algo que efetivamente perturba o convívio social, sendo admissível enquadrá-la como
materialmente atípica pela incidência do princípio da insignificância.

15 - 2015 - FCC - TJ-PI - Juiz de Direito


Segundo a nova redação do art. 288 do Código Penal, conferida pela Lei n° 12.850/13, o crime de
associação criminosa

a)deve ter a pena aumentada até o dobro, se houver a participação de criança ou adolescente.

24
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)consiste na associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes.
c)deve ter a pena aumentada até a metade, se houver a participação de criança ou adolescente, não
retroagindo tal disposição.
d)conduz à aplicação da pena em dobro, se a associação é armada.
e)deve ter a pena aumentada até a metade, se a associação é armada, não retroagindo tal disposição.

16 - 2015 - CESPE - TJ-PB - Juiz de Direito


No que se refere aos crimes contra a paz pública, assinale a opção correta.

a)A conduta de custear milícia privada para a prática de homicídios é tipificada como crime de associação
criminosa.
b)No crime de associação criminosa, incide causa de aumento de pena o fato de a associação ser armada
ou haver participação de criança ou de adolescente.
c)Constitui crime incitar terceira pessoa a praticar conduta punida pela lei como contravenção penal.
d)Funcionário público que fizer apologia de fato criminoso praticará, na forma qualificada, delito de
apologia de crime ou criminoso.
e)O crime de associação criminosa caracteriza-se pela união de duas ou mais pessoas com o fim específico
de cometer crimes.

17 - 2015 - FCC - TCM-RJ - Procurador


A respeito do art. 286 do Código Penal: incitar, publicamente, a prática de crime, considere:

I. O incitamento genérico para delinquir não caracteriza o crime em questão.


II. É indispensável que o agente faça referência ao meio para executar o delito.
III. A defesa de tese sobre a possibilidade da prática da eutanásia configura o crime em questão.
IV. O crime se consuma com a prática do delito pelas pessoas que foram instigadas.

Está correto o que se afirma APENAS em

25
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)III e IV.
b)I e III.
c)II e IV.
d)I.
e)II.

18 - 2014 - FUNDEP (Gestão de Concursos) - DPE-MG - Defensor Público


O art. 288 do Código Penal, com a redação dada pela Lei nº 12.805/2013, define o crime de associação
criminosa como associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.

A consumação de tal delito ocorrerá

a)quando o grupo iniciar suas atividades criminosas.


b)quando o grupo praticar ao menos dois delitos.
c)quando, independentemente da prática de qualquer crime é demonstrada apenas a pretensão de
habitualidade.
d)quando o grupo, realizando os atos preparatórios de um único fato criminoso, denota animus socii.

19 - 2014 - VUNESP - TJ-SP - Juiz de Direito


Assinale a opção verdadeira. No Direito brasileiro posto, é elemento do tipo penal da Associação
Criminosa:

a)Voltar-se à prática de delitos cuja pena máxima su pera cinco anos.


b)Possuir ao menos três pessoas.
c)Estruturação hierarquizada, com divisão de tarefas entre os seus membros.
d)Possuir ao menos quatro pessoas.

26
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

20 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que se refere aos crimes contra a paz pública, assinale a alternativa INCORRETA

a)O art.288-A do Código Penal brasileiro constitui um tipo penal aberto, posto que o legislador deixara
de definir o que se pode entender por “organização paramilitar”, “milícia particular”, “grupo” e
“esquadrão”.
b)Para configuração do crime de associação criminosa não se exige a realização do fim visado, mas tão
somente o simples fato de figurar como integrante da associação
c)Como a nova redação do tipo penal previsto no art.288 do Código Penal brasileiro exige a associação
de apenas três pessoas, esta se caracteriza como norma mais severa e, assim, irretroativa neste aspecto.
d)O crime de constituição de milícia privada caracteriza-se como delito plurissubjetivo ou de concurso
necessário.
e)O crime de constituição de milícia privada não exige, para sua configuração, um elemento subjetivo
especial, podendo a prática recair sobre qualquer crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro.

21 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia


De acordo com a atual redação do artigo 288 do Código Penal, o crime de “associação criminosa" estará
configurado quando se associarem:

a) 2 (duas) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.


b)2 (duas) pessoas, para o fim específico de cometer crimes.
c)de 2 (duas) a 3 (três) pessoas para o fim específico de cometer crimes, somente se disso resulte
consumação do crime.
d)3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.
e)2 (duas) pessoas, para o fim específico de cometer crimes, ainda que disso não resulte consumação do
crime.

27
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

22 - 2014 - UFES - UFES - Técnico de Laboratório - Análises Clínicas


NÃO constitui crime contra a fé pública:

a)falsificação de papéis públicos.


b)falsificação de documentos públicos.
c)associação criminosa.
d)falsidade ideológica.
e)falsificação de documento particular.

23 - 2014 - CESPE - TCE-PB - Procurador


A respeito de crimes contra a paz, a fé e a administração públicas, assinale a opção correta conforme o
CP.

a)O agente que faz uso de selo público destinado a autenticar atos oficiais de Estado sujeita-se à pena de
reclusão de dois a quatro anos e multa
b)No caso da prática de peculato culposo, se reparar o dano que causou à administração pública após ser
sentenciado, o agente poderá beneficiar-se da extinção da punibilidade, caso ainda não tenha ocorrido o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
c)Causar incêndio, expondo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem só é punível na
modalidade dolosa.
d)A prática de constituir, organizar ou manter milícia particular sujeita o agente à pena de reclusão de três
a oito anos e multa.
e)A prática de falsificar papel de crédito público que não tenha curso legal sujeita o agente à pena de
reclusão de dois a oito anos e multa.

24 - 2013 - CESPE - TJ-ES - Titular de Serviços de Notas e de Registros

28
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada, acerca de crimes contra a fé pública, contra a incolumidade pública e contra a paz pública.
Assinale a opção em que a assertiva está correta.

a)O veículo de um funcionário de determinada empresa de digitação que havia deixado, em seu interior,
material de trabalho sigiloso consistente em cópias de provas e gabaritos a serem utilizados em concurso
público para o preenchimento de cargos de determinado município, foi furtado, tendo o agente subtraído,
além de objetos de cunho patrimonial, as referidas cópias. Nessa situação, se o conteúdo do material
sigiloso for divulgado, o funcionário por ele responsável responderá pela prática de crime de fraude em
certame de interesse público, na modalidade culposa.
b)João, penalmente imputável, utilizando a rede mundial de computadores, incitou determinado grupo
de pessoas à prática de determinado crime. Dos vários destinatários que receberam a mensagem por ele
enviada, um cometeu o delito, tendo os demais restado inertes. Nessa situação, João será considerado
partícipe da infração estimulada.
c)Marcos, penalmente imputável, falsificou cartão de crédito e débito fazendo nele constarem dados
falsos, de modo a facilitar futuras fraudes. Nessa situação, a falsificação do cartão de crédito equipara-se,
para fins penais, à falsificação de nota promissória e de cheque, títulos de crédito equiparados a
documento público.
d)Manoel, penalmente imputável, adquiriu e guardou em depósito material explosivo destinado à
fabricação de uma bomba, que ele pretendia utilizar para explodir um edifício público. Antes de levar a
cabo seu intento, o material foi apreendido pela autoridade policial competente. Nessa situação, a conduta
de Manoel caracteriza meros atos preparatórios para o delito de explosão, não podendo Manoel ser
punido.
e)Armando, penalmente imputável, visando instruir processo seletivo para determinado cargo público,
falsificou diploma de conclusão de curso superior de uma universidade federal, entretanto, na fase de
apresentação de documentos, desistiu da seleção e não apresentou o diploma. Nessa situação, ainda que
não tenha apresentado o documento, Armando responderá pela prática do crime de falsificação de
documento público.

29
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

25 - 2013 - FDRH - PC-RS - Escrivão de Polícia Civil


Considere as seguintes afirmações, acerca de questões criminais no Direito Penal.

I - É muito comum na entrada dos estádios de futebol, principalmente em grandes jogos, a presença de
pessoas popularmente conhecidas como cambistas, ou seja, sujeitos que vendem ingressos para o evento
esportivo por preço superior ao estampado no bilhete oficial. Às vésperas da realização de uma Copa do
Mundo no Brasil, o país ainda não conta com um tipo penal específico para criminalizar esse tipo de
conduta.
II - O homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, é
conduta que já encontra previsão específica quanto à tipicidade no ordenamento penal brasileiro vigente.
III - A exigência de cheque-caução, nota promissória ou qualquer outra garantia como pressuposto para
o atendimento médico-hospitalar de emergência, independentemente do resultado naturalístico
produzido, configura infração administrativa, porém não configura crime por falta de previsão legal.
IV O crime de poluição é um dos mais graves contra o meio ambiente: “Causar poluição de qualquer
natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora." Então, o caput do artigo 54. da Lei n°
9.605/98, consiste em um crime de dano ou de perigo à saúde humana e, necessariamente, de dano à
fauna e à flora.

Quais estão corretas?

a)Apenas a I .
b)Apenas a I e a II.
c)Apenas a II e a III .
d)Apenas a II e a IV.
e)Apenas a I, a III e a IV.

30
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

26 - 2013 - CESPE - MPE-RO - Promotor de Justiça


No que se refere aos crimes contra a paz pública, a fé pública e a administração pública, assinale a opção
correta.

a)Caracteriza bis in idem a condenação por crime de quadrilha armada e roubo qualificado pelo uso de
armas e concurso de pessoas.
b)Para a caracterização do crime de falsificação parcial de documento público, exige-se a produção de
dano a terceiro.
c)Não cometerá o crime de falsidade ideológica o indivíduo que deixar de declarar a verdade para a
formação de documento, se o servidor público que receber a declaração estiver adstrito a averiguar,
propiis sensibus, a veracidade desta
d)Ocorre a continuidade delitiva entre os crimes de estelionato, de receptação e de adulteração de sinal
identificador de veículo automotor praticados pelo mesmo agente, no mesmo contexto fático.
e)Para a configuração do crime de favorecimento real, a pessoa a quem o agente auxiliar já deverá ter
consumado o crime anterior, sendo-lhe assegurada a fuga

27 - 2012 - CETRO - TJ-RJ - Titular de Serviços de Notas e de Registros


No que concerne ao ato de fazer apologia a crime ou criminoso, descrito na legislação penal, nos termos:
“Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”, é correto afirmar que

a)a tentativa é teoricamente possível, desde que o meio de fazer apologia não seja o oral.
b)se trata de contravenção penal.
c)se trata de crime conta a incolumidade pública.
d)se trata de crime próprio.
e)se trata de crime material.

28 - 2007 - TJ-DFT - TJ-DFT - Juiz de Direito


Assinale a alternativa correta:

31
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)A modificação das penas da associação ao tráfico, trazidas pela nova lei de drogas, interfere nas penas
do crime de quadrilha voltada à prática dos demais crimes hediondos.
b)O vínculo estável entre agentes com a finalidade da prática de uma série indeterminada de crimes
consuma o delito de associação ao tráfico, independentemente da prática de qualquer realização concreta
de tráfico ou financiamento ao tráfico de entorpecente, evidenciando o caráter autônomo e formal do
delito associativo.
c)Não há na nova lei de drogas previsão da associação eventual como causa de aumento de pena do crime
de tráfico, o que anteriormente era extraído pela jurisprudência da redação do antigo art. 18, III, da Lei
nº 6.368/76. Assim, é forçoso reconhecer que, neste ponto, a nova lei é mais benéfica, não retroagindo,
contudo sobre os processos já julgados.
d)A configuração do delito de associação criminosa independe da realização ulterior dos delitos
compreendidos no âmbito de suas projetadas atividades, bastando que se impute a todos eles as infrações
praticadas por determinados membros da societas sceleris.

29 - 2016 - VUNESP - Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Procurador Jurídico


No que se refere ao crime de associação criminosa (CP, art. 288), é correto afirmar que

a)a pena é dobrada se a associação é armada.


b)a pena é dobrada se houver a participação de criança ou adolescente.
c)a figura típica apenas se perfaz se ao menos um dos crimes articulados pela associação se concretiza.
d)se configura mediante a associação de 3 (três) ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes.
e)apenas pune-se a associação criminosa urbana, pois associação criminosa estabelecida em área rural
configura fato atípico.

Respostas: 01: D 02: C 03: D 04: B 05: B 06: C 07: E 08: C 09: A 10: D 11: E 12: E 13: A 14:
C 15: C 16: B 17: D 18: C 19: B 20: E 21: D 22: C 23: E 24: E 25: D 26: C 27: A 28: B 29:
D

32
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Inicialmente, devemos elencar aqui alguns requisitos que devem estar presentes em todos
os crimes de falso, quais sejam:
 Imitatio veri (imitação da verdade): Deve haver imitação ou modificação do
verdadeiro objeto do crime;
 Dano potencial: A falsificação deve ser convincente, apta a enganar um número
indeterminado de pessoas – não há necessidade de prejuízo concreto;
 Dolo: não há crimes contra a fé pública culposos.

COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO:

Buscando facilitar a identificação da competência para processar e julgar os crimes contra


a fé pública, Renato Brasileiro estabeleceu 4 premissas básicas:

1 - Em se tratando de falsificação (falsidade material), em qualquer uma de suas


modalidades, a competência será determinada pelo ente responsável pela confecção do
documento.
Ex: documentos ou papeis federais – órgãos federais. Documentos ou papeis particulares
– justiça estadual.

2 - Em se tratando de uso de documento falso, que não seja pelo mesmo agente
responsável pela falsificação do documento (já que o uso será post factum impunível), é

33
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

irrelevante a verificação do órgão expedidor desse documento (se federal ou estadual) para
fins de competência, já que esta será determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso, ou seja, a qual foi apresentado o documento (Súmula 546
do STJ)

3 - Em caso de uso de documento falso pelo próprio autor da falsificação, pelas razões
já explicadas no tópico anterior (aplicação do princípio da consunção), a competência será
determinada pela natureza do documento, já que o crime, na verdade, será apenas o de
falso, e assim independerá de quem foi a pessoa física ou jurídica prejudicada pelo seu uso.

4) Em se tratando de crimes de falsificação ou de uso de documento falso cometidos


como meio para a prática de um crime-fim, sendo por este absorvidos, a competência
será determinada pelo sujeito passivo do crime-fim. Ex.: estelionato.

CAPÍTULO I

MOEDA FALSA (ART. 289):

Falsificar, FABRICANDO-A ou ALTERANDO-A, moeda metálica ou papel-moeda de


curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

Bem jurídico tutelado: a fé pública, no tocante à emissão de moeda de curso legal, sendo
que a proteção recai não apenas sobre o interesse dos particulares, mas também do Estado,

34
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

enquanto titular do direito de emitir e fazer circular a moeda, nacional e


internacionalmente no segundo caso.

Conduta: O tipo previsto no caput pune o agente que falsificar, fabricando-a ou


alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro.
Explica SANCHES 2 : “falsificar significa conferir aparência enganadora, recaindo a
conduta sobre moeda metálica ou papel-moeda (nacional ou estrangeira). Há duas formas
de se praticar o delito: fabricando a moeda (manufaturando, fazendo a cunhagem) ou
alterando (modificando, adulterando). Na primeira, o próprio agente produz (cria) a
moeda, enquanto na segunda, utilizando moeda verdadeira (autêntica), a altera (por
exemplo, diante de uma cédula de R$ 1,00 ou de R$ 10,00, a transforma em R$ 100,00) ”.

De acordo com a doutrina de FRAGOSO, somente se configura o crime se a alteração


for no sentido de atribuir maior valor à cédula ou à moeda metálica. Assim, se o agente
altera somente números ou símbolos que nada têm a ver com o aumento do valor da
moeda, não pratica o crime em apreço. Bem assim, não ocorre o delito na hipótese
em que a alteração faz com que o valor nominal seja diminuído em relação ao
verdadeiro.

Objeto material: Moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no


estrangeiro.
Se for moeda fora de circulação, como cruzeiro, por exemplo, não configurará este delito.
Mas a depender da situação, poderia configurar estelionato, por exemplo.

2
Manual de Direito Penal – Parte Especial.

35
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

(Objeto de questionamento de prova oral no concurso para Delegado SP)

Sujeito ativo: crime comum, qualquer um pode ser sujeito ativo do presente delito. Por
sua vez, na figura qualificada do §3º, o sujeito ativo é o funcionário público, diretor,
gerente ou fiscal de banco de emissão (crime próprio). É possível participação.

Sujeito passivo: a coletividade, bem como, secundariamente, eventual lesado pela


conduta do agente.

Voluntariedade: É o dolo, consistente na vontade consciente de falsificar moeda,


fabricando-a ou alterando-a, não se exigindo finalidade especial por parte do agente, nem
mesmo que pretenda colocara moeda falsificada em circulação (corrente minoritária
entende que haveria este especial fim de agir, sob pena de não configurar o crime).

Consumação e tentativa: A consumação do crime ocorre no momento e no local da


fabricação ou da alteração da moeda, desde que seja idônea a iludir. Independe de repasse
a alguém ou de ser colocada em circulação (crime formal e de perigo). A tentativa é
possível, mas é de difícil configuração.
Se a partir da falsificação o agente obtém vantagem indevida, o estelionato é absorvido
pela moeda falsa, em razão do princípio da consunção ou absorção.
Se após falsifica-la o mesmo agente coloca a moeda em circulação, consistirá em mero
exaurimento (post factum impunível). Neste exemplo, caso inexista prova da autoria da
falsificação, o agente que traz consigo a moeda falsa pode ser condenado pelo delito de
circulação de moeda falsa (art. 289, § 1º).

36
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Desistência voluntária: o agente responde pelo delito de petrechos para falsificação de


moeda (art. 291).
É tipo de conduta múltipla, de modo que a prática de vários núcleos na mesma ocasião,
ou até mesmo a falsificação ou alteração de várias moedas, configura crime único, salvo
em contextos fáticos diversos, ocasião em que pode haver continuidade delitiva, por
exemplo.

COMPETÊNCIA: Justiça Federal, mesmo em caso de moeda estrangeira ou moeda


nacional falsificada no estrangeiro, considerando violar interesse da União e impondo a
extraterritorialidade da lei penal brasileira, nos termos do art. 7º, I, “b” e § 1º, do CPB.

Jurisprudência:

INSIGNIFICÂNCIA: Na visão dos Tribunais Superiores, é inaplicável o princípio da


bagatela (insignificância) ao crime de falsificação de moeda, ainda que ínfimo o valor de
face, considerando que o alcance da norma jurídica não é evitar prejuízos patrimoniais
(âmbito de proteção dos crimes contra o patrimônio), mas manter a confiança da
população na higidez da moeda.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR: O STJ decidiu que não se aplica a regra do


arrependimento posterior se o agente repara o dano que causou à pessoa que recebeu a
moeda falsa, pois, neste crime, a relevância não está no prejuízo patrimonial, mas na
fragilização da confiança que deve ser depositada no sistema monetário.

37
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA3: caso seja grosseira a falsidade da moeda, de modo que


facilmente se possa identificá-la por análise superficial, o presente crime não se configura,
já que o objeto não é capaz de iludir a fé pública (o que caracteriza crime impossível, nos
termos do artigo 17 do CP) – mostrando-se, portanto, indispensável a perícia (RF
139/390). No entanto, não é qualquer falsificação grosseira que ensejará a atipicidade da
conduta, pois se tiver o potencial de iludir alguém, será estelionato, conforme a súmula 73
do STJ: "A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o
crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual".
Em suma, se grosseira, mas capaz de enganar alguém: estelionato.
Se grosseira e não é capaz de enganar ninguém: crime impossível.
Da presente decisão, extraímos também a indispensabilidade da perícia, salvo em
situação que se enquadra nas exceções legais, com provas substitutas.

CONDUTA EQUIPARADA:
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

ATENÇÃO! Somente poderá ter sua conduta subsumida ao disposto neste parágrafo o
agente que não concorreu, de qualquer modo, para a falsificação (se concorreu será post
factum impunível).

FIGURA PRIVILEGIADA

3
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/06/25/certo-ou-errado-utilizacao-de-papel-moeda-
grosseiramente-falsificado-pode-configurar-o-crime-de-estelionato/

38
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

§2º - Quem, tendo recebido de boa-fé (senão será o § 1º), como verdadeira, moeda falsa
ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade (NÃO SE ADMITE
O DOLO EVENTUAL), é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Assim, caso o agente só saiba da falsidade depois de transmitir a moeda, não responderá
pelo delito, nem mesmo caso se recuse a receber de volta ou a indenizar o recebedor após
a descoberta. No máximo, isso deve ser solucionado no campo cível.
Quem apenas guarda a moeda, sem intenção de restituir à circulação também não o
comete.
STJ entendeu cabível a aplicação das agravantes "contra ascendente, descendente, irmão
ou cônjuge" ou "contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida".
(HC 211.052-RO, Rei. Min. Sebastião Reis Júnior, Rei. para acórdão Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 5/6/2014).

CRIME FUNCIONAL
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Nota-se que a lei não
menciona a moeda metálica, sendo atípica a conduta nesse sentido.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não
estava ainda autorizada.
Crime comum.

39
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Os 2 parágrafos acima são normas penais em branco, vez que outra lei é que determinará
o título ou o peso e que a quantidade também deve ser autorizada por outra norma.

CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA (ART. 290)

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL!

Vamos por partes:


- FORMAR CÉDULA, NOTA ou BILHETE representativo de moeda com
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; NÃO SE INCLUI A MOEDA
METÁLICA!!!!

- SUPRIMIR, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à


circulação, sinal indicativo de sua inutilização;
Com agentes químicos e lavagem, por exemplo. Nesta modalidade, há um fim específico
de agir, pois o agente deve visar restituí-la para a circulação.

- Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições (com fragmentos), ou já


recolhidos para o fim de inutilização:
Se o agente, de qualquer forma, contribuiu na formação ou supressão delituosa, a
restituição é post factum impunível.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

40
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Parágrafo único - O MÁXIMO DA RECLUSÃO é elevado a doze anos e multa, se o


crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava
recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.
Damásio bem observa que, ao contrário do que ocorre com o crime de moeda falsa
(CP, art. 289), a aquisição e o recebimento da moeda nas condições descritas no art. 290,
caput, não foram elevados à categoria de crime principal, subsistindo o delito de
receptação.

PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA (ART. 291)

Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,


aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de
moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
(((COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL!!!!!)))
Trata-se de punição dos atos preparatórios para a falsificação.

A prova de que os petrechos são eficazes à falsificação depende de perícia (subsistindo


o crime ainda que se conclua ser o objeto capaz de realizar, em parte, a contrafação).

Na hipótese em que o sujeito é surpreendido com os petrechos para falsificação e se


constata já haver ocorrido a contrafação de moeda, este crime será absorvido pelo
disposto no art. 289 do Código Penal. É crime subsidiário.

41
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

É irrelevante a alegação de que o fim era a produção de moeda "verdadeira', pois,


necessariamente, a moeda que for por ele produzida será considerada falsificada, em razão
da exclusividade da União em emiti-la.

Nas hipóteses de “possuir” ou “guardar”, trata-se de crime permanente.

STJ: "Se os petrechos ou instrumentos apreendidos não se prestam apenas para a


contrafação da moeda, já que podem ser utilizados para a prática de outras fraudes, como,
por exemplo, o 'conto do paco' (na ação, um suposto estelionatário deixa cair um pacote
de dinheiro no chão, a vítima devolve e é chamada para receber uma gratificação pelo ato,
porém, o que acontece é um assalto), a competência para conhecer da ação penal é da
Justiça Estadual" (Conflito de Competência 7.682-0/SP, Rei. Min. Anselmo Santiago).

EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL (ART.


292)

Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem
deva ser pago:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos
referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

Crime de menor potencial ofensivo nas duas modalidades.

42
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Norma penal em branco, pois a permissão é encontrada em outra lei.


Objeto material: bilhete, ficha, vale ou título ao portador, que não contenham indicação
em relação a quem se dirigem. Deve conter a promessa de pagamento em dinheiro.
Não pode haver permissão legal.
Consumação: com a emissão. É crime formal e unissubsistente. Não admite tentativa.

CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Falsificação de PAPÉIS públicos

Art. 293 - Falsificar, FABRICANDO-OS ou ALTERANDO-OS:


I - Selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal
destinado à arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal  É o título da dívida
pública apólices, obrigações do Tesouro-, emitido pela União, Estados ou
Municípios;

III - vale postal; este inciso foi revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/78 que pune, de forma
especial, o crime de falsificação do vale postal.
IV - Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro
estabelecimento mantido por entidade de direito público;
Tratando-se de caderneta de depósito referente a estabelecimento privado, outro será o
crime (arts. 297 ou 298, conforme as circunstâncias do caso).

43
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de


rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
A Guia Florestal não tem essa destinação, servindo ao controle do transporte de madeiras"
(STJ, REsp. 175/BA, Rei. Min. Costa Leite, j. 04.06.1991).

O alvará expedido para outros fins – que não o levantamento de determinada quantia -
(como por exemplo, entrada de menores em estabelecimentos de diversão), configurará o
delito do art. 297 do CP.

VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União,


por Estado ou por Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Como já deixamos a dica, documento falsificado deve ser apto a iludir, pois se grosseira a
falsificação, não se configura o crime em estudo. Mostra-se, portanto, imprescindível a
realização do exame pericial nas peças fabricadas ou adulteradas.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
se o agente incidiu em qualquer das modalidades do caput, trata-se de post factum impunível.
Guardar, possuir e deter são crimes permanentes.
II - Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à
circulação selo falsificado destinado a controle tributário;
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca,
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou

44
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial (CRIME PRÓPRIO),


produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de
sua aplicação. NORMA PENAL EM BRANCO!!!!

É dispensável a constituição definitiva do crédito tributário para que esteja


consumado o crime previsto no art. 293, §1º, III, "b", do CP. Isso porque o referido
delito possui natureza formal, de modo que já estará consumado quando o agente
importar, exportar, adquirir, vender, expuser à venda, mantiver em depósito, guardar,
trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou
mercadoria sem selo oficial. (STJ – Informativo 546 – 2014, sexta turma, DPN).

§2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los
novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Médio potencial ofensivo)
Exige especial fim de agir, porém, dispensável que venha a efetivamente ocorrer para a
consumação, por tratar-se de crime formal.
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se
refere o parágrafo anterior. (Como você já deve saber, se quem suprimiu o carimbo ou
sinal indicativo de inutilização é aquele que o usa em conduta subsequente, será punido
somente pela primeira prática criminosa).

45
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a
falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
ou multa. (menor potencial ofensivo)
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma
de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros
logradouros públicos e em residências.

Se qualquer das condutas estabelecidas nos§§ 2° a 4° recair em selo ou outra forma


de franqueamento ou vale postal o crime será o do art. 37 da Lei no 6.538/76.

PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO (ART. 294)

Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à


falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. (Médio potencial ofensivo)
A comprovação da idoneidade dos objetos à falsificação deve ocorrer por meio de perícia.
Ainda que se conclua não ser o objeto examinado apto à falsificação completa do papel,
o crime se configurará, já que basta a eficácia para a realização parcial.

Este crime (art. 294) ficará absorvido pelo art. 293, caso o agente, ao adquirir o objeto
destinado a falsificar, efetivamente contrafaça algum dos papeis de que trata este último
dispositivo.

46
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte. APLICA-SE AOS CRIMES DOS ARTS. 293 E
294.

CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL

FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO (ART. 296)

Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I - SELO público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de


Município; (São os selos destinados a reconhecer como verdadeiros os atos emanados
desses entes. Não se confunde com o selo destinado ao controle tributário do artigo
antecedente.)
II - SELO ou SINAL atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou
sinal público de tabelião. (Não se incluem as empresas públicas, sociedade de economia
mista e os entes de cooperação, pois são PJDPRIVADO. A autoridade que o artigo
menciona é aquela que autentica documentos utilizando selos ou sinais.)

Não tipifica o delito do art. 296, II, do CP, quando o acusado falsifica o carimbo
para reconhecimento de firma em tabelionato. Esse carimbo não é sinal público
(RT571/394).

47
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

De acordo com a lição de BENTO DE FARIA e HUNGRIA, a falsificação de selo


público de titularidade de autoridade estrangeira não configura o delito em estudo, mas
poderá constituir meio para a prática de outro delito.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; desde que não tenha praticado a
falsificação (post factum impunível)
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em
proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer
outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração
Pública.
A abrangência do dispositivo é considerável, já que são considerados quaisquer caracteres
aptos a identificar órgãos ou entidades da Administração Pública. Esses sinais podem ser
apostos tanto em papéis como em outros objetos, como plaquetas destinadas a identificar
o patrimônio de entes públicos, normalmente afixadas em móveis, veículos etc.
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO (ART. 297)


(Lembrar das regras de competência do início do arquivo)

FALSIFICAR, no todo ou em parte, documento público, ou ALTERAR documento


público verdadeiro:

48
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.


Trata-se de crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre,
comissivo, instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e plurissubsistente.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa

Sujeito passivo: Estado e pessoa física ou jurídica prejudicada pela falsificação

Objeto jurídico: Fé pública

Elemento subjetivo: Dolo

Tentativa: Admite.
(E note que este capítulo não prevê o crime autônomo de petrechos para falsificação).
Pune-se aqui a falsidade material, que é aquela que diz respeito à forma do
documento.
A falsificação pode ser total, hipótese em que o documento é inteiramente criado,
ou parcial, adicionando-se, nos espaços em branco da peça escrita, novos (e relevantes)
elementos. Já na conduta alterar, o agente modifica documento público existente (e
verdadeiro), substituindo ou alterando dizeres inerentes à própria essência do documento.
O uso do documento falsificado pelo agente falsificador é post factum impunível, em
razão do princípio da consunção;

49
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

É preciso, ainda, que seja o documento público. Nesse tanto, a doutrina o classifica
de duas formas:
a) documento formal e substancialmente público: emanado de agente público no
exercício de suas funções e seu conteúdo diz respeito a questões inerentes ao interesse
público (atos legislativos, executivos e judiciários);
b) documento formalmente público, mas substancialmente privado: aqui, o
interesse é de natureza privada, mas o documento é emanado de entes públicos (atos
praticados por escrivães, tabeliães etc).

Os documentos escritos a lápis, ainda que emanados do funcionário no exercício


de suas funções, não serão considerados públicos, tendo em vista a insegurança em relação
à manutenção da integridade; também não são considerados os documentos apócrifos
(sem identificação).

Segundo o STF, Prefeito que, ao sancionar lei aprovada pela Câmara dos
Vereadores, inclui artigo que não constava originalmente no projeto votado pratica o
crime de falsificação de documento público (art. 297, § 1º do CP).
Tem doutrina que argumenta que a cópia reprográfica, ainda que autenticada, não
constitui documento público. Sanches discorda, pois se trata de documento autenticado
por oficial público ou cartório.

O documento particular em que houver reconhecimento de firma ou autenticação


não será, por esse motivo, considerado público, mas, no que tange aos atos do tabelião,
sim.

50
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Para Damásio, o telegrama, transmitido por funcionário público, no exercício de


suas funções, quando diz respeito a assunto de conteúdo público, constitui documento
público.

Há necessidade de perícia.

Pegadinha: Falsificação de CNH é de competência da Justiça Estadual, pois,


embora seja válida em todo o território nacional, é emitida por autoridade estadual.

§1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.

Segundo o STF, Prefeito que, ao sancionar lei aprovada pela Câmara dos
Vereadores, inclui artigo que não constava originalmente no projeto votado pratica o
crime de falsificação de documento público (art. 297, § 1º do CP).
Neste caso, o fato de o réu ser prefeito e, logicamente funcionário público, não
pode ser utilizado como circunstância desfavorável apta a aumentar a pena base, mas tão
somente como causa de aumento de pena, sob pena de configurar bis in idem.

FIGURA EQUIPARADA (CAI MUITO)

§2º - Para os efeitos penais, EQUIPARAM-SE a documento público o emanado de


entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso (cheque, nota

51
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

promissória, letra de cambio etc.), as ações de sociedade comercial (S/A ou sociedade


comandita por ações), os livros mercantis (obrigatórios ou não) e o TESTAMENTO
PARTICULAR (não abrange o codicilo).
Nota promissória após o vencimento, ou um cheque após o prazo de apresentação,
quando sua transferência já não se pode fazer por endosso, senão mediante cessão civil,
deixam de ser equiparados a documentos públicos.

A substituição de fotografia configura em documento público configura o crime


do art. 297 ou falsa identidade? Prevalece configurar o 297, vez que a foto é parte
integrante do documento, configurando falso material, embora haja entendimento em
sentido contrário.

Vale relembrar:
Para o STJ, nos termos de sua súmula 17, quando o falso é utilizado como meio para a
prática de estelionato e se exaure neste sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. Hipótese em que o crime-meio é de gravidade igual (caso seja falsificação de
documento particular) ou mais grave (caso seja falsificação de documento público) que o
crime-fim, mas é por este absorvido.
Contudo, para o STF o agente deve responder em concurso formal pelos dois delitos,
justificando que há violação a bens jurídicos diversos (no entanto, já aplicou a súmula 17
do STJ também, de modo que o entendimento sumulado prevalece, mas é bom saber).

Essa discussão não se repete quando a falsificação de documento ocorre


subsequentemente à prática de outro crime (responde pelos dois crimes).

52
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem INSERE ou FAZ INSERIR: Nota-se que há aqui,
bem como no §4º) exceções em que a falsidade, na verdade, não é material, mas
sim ideológica, tendo em vista que o documento é verdadeiro, mas as informações
inseridas não.
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer
prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado
obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que
deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria
ter sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que
deveria ter constado.
- Tratando-se de autor funcionário público, não incidirá a causa de aumento do §1º, tendo
em vista sua posição topográfica, de modo que se aplica apenas ao caput.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite (modalidade omissiva) nos documentos
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência
do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. STJ (Inf. 554): compete à Justiça
Federal processar e julgar o crime caracterizado pela omissão de anotação de
vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º);
STJ: A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do
CP). Isso porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a

53
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material, ou seja, deve ser
demonstrado o dolo de falso e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. (REsp
1.252.635-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/4/2014) (Informativo nº
539).

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR (ART. 298)

Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular


verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e plurissubsistente.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa

Sujeito passivo: Estado e pessoa física ou jurídica prejudicada pela falsificação

Objeto jurídico: Fé pública

Elemento subjetivo: Dolo

Tentativa: Admite.

54
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O conceito de documento particular deve ser feito por exclusão, sendo todo aquele
que não seja público ou equiparado a público.
Segundo Mirabete, são documentos particulares os atos públicos nulos como tais,
por serem feitos por oficiais incompetentes ou por não se revestirem das formalidades
legais.
Ademais, a circunstância de ser o documento particular destinado à autoridade
pública não o transforma em público (RTESP 57/358).
Não há necessidade que o documento saia da esfera de poder do falsário. Mas, por
óbvio, para que seja iniciada a ação penal, deve ter sido encontrado com o agente ou
exibido por ele.
Segundo Hungria, caso após intentar a falsificação ou alteração, o falsário suprime
o objeto material do delito, extingue-se a punibilidade pelo arrependimento eficaz, até
porque, terá desaparecido o objeto do crime, impossibilitando que se faça prova de forma
indireta.
O cheque só deve ser considerado como documento particular quando já tiver sido
apresentado ao banco e recusado por falta de fundos, visto não ser mais transmissível por
endosso.
Para a configuração do delito, é preciso que o documento tenha algum interesse
jurídico. Se for totalmente irrelevante para o direito, é objeto absolutamente impróprio.

Falsificação de cartão

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o


CARTÃO DE CRÉDITO ou DÉBITO.

55
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Nucci lembra que, enquanto a nota promissória e o cheque são títulos de crédito
igualados a documento público, pois podem circular no comércio, gerando maiores danos
a terceiros, o cartão de crédito e débito é equiparado a documento particular, cuja pena é
menor. Aduz ainda que a diferença é consistente, pois o cartão não circula.

Relembrando:
Clonagem de cartão + saques na conta bancária da vítima por meio do caixa
eletrônico: furto mediante fraude.
Clonagem de cartão + saques na conta bancária da vítima ou compras em lojas
por meio de atendimento no balcão por funcionário: estelionato.
Além disso, prevalece que, em se exaurindo o falso na conduta do furto ou do estelionato,
aquele será consumido por um destes, em razão da consunção (súmula 17 do STJ, que,
embora o STF tenha decisões em sentido contrário, também a aplica).

FALSIDADE IDEOLÓGICA (ART. 299)

OMITIR, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou


nele INSERIR ou FAZER INSERIR declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um
a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é
particular.

56
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

LEMBRE-SE:
FALSIDADE MATERIAL  ALTERA-SE O DOCUMENTO;
FALSIDADE IDEOLÓGICA  ALTERA-SE AS INFORMAÇÕES INSERIDAS.
Na falsidade material, o documento é perceptivamente falso, ou seja, ao menos para as
autoridades é possível identificar por vias externas que não é verdadeiro.
Já na falsidade ideológica, não há falsidade sensivelmente perceptível, pois é verdadeiro na
forma, mas apenas seu conteúdo que não corresponde à realidade.

Se o agente, além de falsificar ou alterar a forma, ainda insere nele informações falsas, não
responderá por falsidade ideológica, mas apenas pelo falso material, por força do princípio
da consunção.

Diferença entre “inserir” e “fazer inserir”: no primeiro, o próprio agente introduz as


informações falsas. No fazer inserir, o agente faz com que terceiro as introduza.

Prevalece que, em regra, inexiste o crime quando a falsa ideia recai sobre documento
(público ou particular) cujo conteúdo está sujeito à fiscalização da autoridade, como, por
exemplo, na falsa declaração em requerimento de atestado de residência (RT525/349),
declaração de pobreza para obter justiça gratuita, declaração cadastral em geral como em
hotéis, por ex., dentre outros.
STJ: Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a
realidade.

57
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Contrato com “laranjas”: Segundo Nucci, a inserção de nomes fictícios ou de pessoas


que, de fato, não tomam parte na sociedade, em contratos específicos, constitui crime de
falsidade ideológica.
Petição de advogado: não é considerado documento para fins penais. São alegações que
devem ser verificadas e comprovadas.
Documento sem assinatura: inofensivo à fé pública, não há o crime.

Como caracterizar a conduta do agente que abusa do papel em branco assinado?


Somente haverá falsidade ideológica quando o papel tiver sido confiado ao agente, para
ulterior preenchimento, ex vi legis ou ex contractu (posse legítima); se o agente se tiver se
apossado (à revelia do signatário) do papel que preencheu, o crime será de falsidade
material (art. 297 ou 298);

Em se tratando de nota promissória emitida sem alguns de seus requisitos essenciais, é


permitido ao portador de boa-fé do título preencher os espaços em branco. Vide Súmula
387 do STF.

Nos termos do art. 130 da lei n° 7.210/84 (LEP), constitui o crime de falsidade ideológica
declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição
de pena.

Acusada, movida por vaidade feminina, foi absolvida pelo fato de haver promovido novo
registro de nascimento, buscando parecer mais jovem do que o namorado com quem ia
casar-se (RT 447/367) (Não houve o elemento subjetivo do tipo).

58
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Como a falsidade ideológica afeta o documento tão somente em sua ideação e não
a sua autenticidade ou inalterabilidade, os tribunais superiores entendem que é
desnecessária a realização de perícia.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do


cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a
pena de sexta parte.
Princípio da especialidade: promover a inscrição de nascimento inexistente (art. 241,
CP); registrar filho alheio como próprio (art. 242, CP);
Pratica falsidade ideológica (art. 299 do CP) o candidato que deixa de contabilizar
despesas em sua prestação de contas no TRE.

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA (HIPÓTESE


ESPECIAL DE FALSIDADE IDEOLÓGICA) (ART. 300)

Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não
seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três
anos, e multa, se o documento é particular.
De toda forma, é de médio potencial ofensivo.
Trata-se de crime próprio, que só pode ser praticado por quem exerça função pública,
com poderes para reconhecer firmas ou letras (tabelião de notas, oficial do Registro Civil,
os cônsules etc).

59
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Se o agente pratica o ato fora do exercício de sua função, ou se não tem legítima competência para o
reconhecimento, não se consuma o crime do art. 300, por deficiência do elemento material.
NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA É DIFERENTE DE EM RAZÃO DA
FUNÇÃO PÚBLICA!!!!!

A dúvida quanto à autenticidade da assinatura gera dolo eventual.

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO (ART. 301)


(FORMA ESPECIAL DA FALSIDADE IDEOLÓGICA)

ATESTAR ou CERTIFICAR falsamente, em razão de função pública, fato ou


circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. (Menor potencial ofensivo)
É crime próprio, que só pode ser cometido por quem ocupa função pública.
Exige dolo + especial fim de agir.
Ao contrário do delito anterior, não se exige que o agente esteja no exercício da
função; basta que cometa uma das condutas típicas em razão dela;
Conforme a doutrina, para a caracterização do crime que, é indispensável que a
certidão ou atestado sejam idôneos e habilitem pessoa interessada a obter cargo público,
isenção de ônus ou se serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem. Se o fato
ou circunstância a que se refere o documento não constituir condição, pressuposto ou
requisito da vantagem pretendida, não haverá adequação do fato ao delito.

60
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

A expressão “qualquer outra vantagem” deve ser interpretada de forma restritiva,


como se faz com a interpretação analógica, buscando-se vantagens similares às outras
expressamente elencadas, para que não sejam retiradas condutas mais graves do âmbito
de incidência do 299, sob o pretexto de se enquadrarem no presente dispositivo em razão
do termo aberto.

Falsidade material de atestado ou certidão


§ 1º - FALSIFICAR, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou ALTERAR o teor de
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos. (Menor potencial ofensivo)
Diferentemente do caput, que só pode ser praticado por funcionário público, a
Jurisprudência entende que o §1º se trata de crime comum.
Também exige, além do dolo, especial fim de agir.
Consuma-se com a falsificação ou alteração, independentemente do uso ou qualquer
consequência ulterior.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de
liberdade, a de multa.

FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO (ART. 302)

Dar o MÉDICO, no exercício da sua profissão, atestado falso:


Pena - detenção, de um mês a um ano. (Menor potencial ofensivo)

61
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

É crime próprio, que restringe sua aplicação ao médico. Assim, dentistas, veterinários,
enfermeiros etc, caso deem atestados falsos no exercício da profissão, incorrerão nas penas
previstas para o delito do art. 299 (falsidade ideológica), que são bem mais gravosas, razão
pela qual há muitas críticas na doutrina em relação ao crime do art. 302, por haver um
desarrazoado privilégio ao médico, violando a proporcionalidade.

Especialidade: Se o médico é funcionário público, o crime é do art. 301.

Elemento subjetivo: Dolo, não exigindo especial finalidade.

A falsidade deve versar, segundo doutrina majoritária, sobre fato relevante (como a
existência ou não de alguma enfermidade ou condição especial de saúde do indivíduo, por
exemplo), e não sobre opinião ou prognóstico do profissional.
Assim, mera opinião emitida pelo profissional, mesmo que equivocada, não
configurará o crime.
Atestar o médico fato ou circunstância, na dúvida, pode caracterizar o dolo
eventual.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA


(ART. 303)

62
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo
quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo
ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. O crime em comento agora está previsto na lei
6.538/78. Manteve-se o preceito primário, entretanto, reduzindo-se a pena máxima para 2 (dois) anos,
tornando a infração de menor potencial ofensivo.

É imprescindível que o objeto tenha valor para coleção, sob pena de incidir no art.
293, I.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo
ou peça filatélica.

O uso pelo próprio agente falsificador constituirá post factum impunível. Não
admite a tentativa, por se tratar de crime unissubsistente.

Também não se configura o ilícito se, não tendo sido feita a anotação visível a
respeito da reprodução ou alteração, o vendedor anuncia que se trata de selo reproduzido
ou alterado. A essência do delito é a fraude, que não ocorre em tal caso.

USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 304)

Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302:

63
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Conforme a doutrina, trata-se de “tipo remetido” ou “crime remetido”, que é


aquele que indica outros tipos para ser integralmente compreendido.
Elemento subjetivo: dolo, não exigindo finalidade específica.
De acordo com a doutrina, a prova da falsidade e da sua capacidade de iludir – sob
pena de configurar crime impossível, em regra, depende de perícia, podendo ser
substituída, quando não se pôs em dúvida a falsificação; quando há inequívoca certeza da
falsidade ou quando é reconhecida a falsificação pelo réu, sendo o documento trazido para
os autos.
Também nesse sentido, já decidiu o STJ que “é possível a condenação pelo crime
de uso de documento falso (art. 304 do CP) com fundamento em documentos e
testemunhos constantes do processo, acompanhados da confissão do acusado, sendo
desnecessária a prova pericial para a comprovação da materialidade do crime,
especialmente se a defesa não requereu, no momento oportuno, a realização do referido
exame”.
O crime se consuma com a simples utilização de documento comprovadamente
falso, dada a sua natureza de delito formal (Inf. 553 do STJ).
De acordo com os Tribunais Superiores, HÁ crime de uso de documento falso
ainda quando o agente o exibe para a sua identificação em virtude de exigência
por parte de autoridade policial.
EXCEÇÃO EM QUE BASTA “PORTAR” PARA QUE SE CONFIGURE,
DISPENSANDO A APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO: Carteira Nacional de
Habilitação, tendo em vista ser de porte obrigatório, por expressa previsão do Código

64
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Nacional de Trânsito, devendo o motorista exibi-la quando solicitado. Este é o


entendimento majoritário, havendo, no entanto, doutrinadores que se entendem de forma
diversa.
Além disso, os Tribunais Superiores entendem que o uso de documento falso e a
atribuição a si mesmo de falsa identidade são condutas típicas mesmo em alegada
situação de autodefesa, vez que há limites para o exercício desta e as condutas
mencionadas ofendem a fé pública. (HC 111.706/SP, rei. Min. Cármen Lúcia, DJe
17/12/2012).
Não é possível a tentativa, tendo em vista a impossibilidade de fracionamento da
conduta, tratando-se de crime unissubsistente.
Súmulas que tratam da competência para processo e julgamento deste crime:
 Súmula 104 do STJ: Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos
crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular
de ensino.
 Súmula 200 do STJ: O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado
de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
 Súmula 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado
o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
 Súmula Vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil
denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se
tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de
Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

65
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

SUPRESSÃO DE DOCUMENTO (ART. 305)


Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular VERDADEIRO, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um
a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
Qualquer pessoa pode praticar o crime em comento, inclusive o proprietário do
documento, desde que dele não pudesse dispor.
Se o documento é falso, não há crime.
Além disso, conforme a doutrina majoritária, se o documento for passível de
substituição, como traslados, certidões ou cópias autenticadas, o crime não se caracteriza,
podendo, no entanto, configurar outro delito (como, por exemplo, furto).
Elemento subjetivo: dolo + especial finalidade (em benefício próprio ou de
outrem, ou em prejuízo alheio).
Consumação: com a destruição, supressão ou a ocultação, ainda que a finalidade
não tenha sido alcançada. Trata-se de um crime formal.
Especialidade: o agente que, após receber carga dos autos, na qualidade de
advogado da parte, retira folha dos autos de processo cível, substituindo-a por outra
contendo requerimento diverso do original, por exemplo, comete o crime do art. 356 do
CP (sonegação de papel ou objeto de valor probatório), e não do art. 305 do mesmo
diploma legal.
Diferença entre supressão do documento, dano e furto (Nucci):
Depende do intuito do agente. Se for para fazer o documento desaparecer para não
servir da prova de algum fato relevante juridicamente, trata-se de delito contra a fé pública
(art. 305); caso seja somente para causar um prejuízo para a vítima, é delito contra o

66
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

patrimônio na forma de “dano” (art. 163); se for subtraído para ocultação, por ser valioso
em si mesmo (como um documento histórico), trata-se de delito contra o patrimônio na
modalidade “furto” (art. 155).
Na modalidade ocultar, trata-se de delito permanente.

CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES
Art. 306 – Leitura do Código.

FALSA IDENTIDADE (ART. 307)


ATRIBUIR-SE ou ATRIBUIR A TERCEIRO falsa identidade para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave. (Menor potencial ofensivo e de subsidiariedade expressa).
Identidade é o conjunto de caracteres peculiares de uma pessoa, que permite identificá-
la e distingui-la das demais, individualizando-a, como seu estado civil (idade, filiação,
matrimônio, nacionalidade, entre outros aspectos) e seu estado pessoal (profissão ou
qualidade pessoa).
Assim, segundo a doutrina, haverá o crime quando o agente, por escrito ou verbalmente:
a) se faz passar por terceira pessoa, existente ou fictícia;
b) faz com que terceiro se passe por outro indivíduo, real ou não.

Veja que, diferentemente do delito de uso de documento falso, aqui não há apresentação
de documento falso. A falsa identidade se caracteriza pela a atribuição a si mesmo ou a

67
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

outrem de elementos/características que gerem erro na correta identificação do agente ou


da terceira pessoa. Ex: Ao ser parado no trânsito pela polícia o agente diz nome diverso
do seu.

É de crime comissivo, de modo que não pratica este crime o agente que se silencia
acerca da qualidade equivocada que lhe atribuem.

Elemento subjetivo: dolo + especial fim de agir.

Como já mencionamos, segundo o STJ, “a conduta de atribuir-se falsa


identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada
autodefesa”. É o teor da Súmula 522.
O entendimento do STF também é o mesmo.
“O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da
CF/88) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante
autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes,
sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do
CP). O tema possui densidade constitucional e extrapola os limites
subjetivos das partes. STF. Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22/09/2011”.

Além disso, é um delito subsidiário, que fica absorvido se a intenção do agente é


praticar estelionato, violação sexual mediante fraude, simulação de casamento etc, já que,
nesses casos, a identificação mentirosa constitui o meio para a prática de crime mais grave.

68
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Conforme mencionado acima, para a doutrina majoritária, a substituição de


fotografia em documento público, não caracteriza falsa identidade, mas falso material, haja
vista que a foto é parte integrante do documento – mas há quem entenda ser falsa
identidade.

Especialidade: Código Penal x Lei de Contravenções Penais: o art. 45 da LCP pune


com prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses (ou multa) fingir-se funcionário público. O
art. 46 da mesma lei pune com multa usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de
função pública que não exercer; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou denominação
cujo emprego seja regulado por lei – na LCP não se exige finalidade específica, são
subsidiários. Ademais, se for usurpação de função pública, o crime será o do 328 do CP.
Art. 307 do CP x art. 68 da LCP (Nucci): Quando houver a recusa ao fornecimento de
dados identificadores ou o fornecimento de dados inverídicos, sem a finalidade de obter
vantagem ou prejudicar alguém, trata-se de contravenção penal. Entretanto, havendo tal
intuito e sendo conduta comissiva (“atribuir-se”), passa a ser o crime do art. 307, até
mesmo porque o art. 68, parágrafo único, da Lei das Contravenções Penais menciona,
expressamente, ser tipo subsidiário (“se o fato não constitui infração penal mais grave”).

USO OU CESSÃO PARA USO DE DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO


CIVIL DE TERCEIRO (ART. 308)

69
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

USAR, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer


documento de identidade alheia ou CEDER a outrem, para que dele se utilize, documento
dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento
de crime mais grave. (Menor potencial ofensivo e de subsidiariedade expressa).

Note que o tipo pune tanto quem usa, como quem cede.
Qualquer documento de identidade alheia  carteira de identidade, carteira de
trabalho, CNH etc.
Ao contrário do delito antecedente, não se exige nenhuma finalidade especial.

Fraude de lei sobre estrangeiros


Art. 309 - Usar o estrangeiro, para ENTRAR ou PERMANECER no território nacional,
NOME que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. (Médio potencial ofensivo)
Crime próprio, que só pode ser praticado por estrangeiro, inclusive o apátrida (sem
pátria).
Objeto jurídico: fé pública, especialmente voltada ao interesse do Estado no
controle da imigração.
O tipo restringe a ação delituosa ao fato do estrangeiro usar NOME que não é seu,
ou seja, deve haver identificação nominal, não englobando estado civil, profissão,
nacionalidade etc).
O tipo não exige utilização de documento falso, podendo o agente utilizá-lo ou
não.

70
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

De acordo com o ensinamento de MIRABETE, a expressão território nacional


deve ser tomada no seu sentido jurídico, incluindo, portanto, o mar territorial e o espaço
aéreo correspondente à coluna atmosférica.
Consumação: se dá no momento em que o nome é usado, independentemente de
conseguir entrar ou permanecer no território nacional.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro FALSA QUALIDADE para promover-lhe a
ENTRADA em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Este é crime praticado por terceiro que atribui falsa qualidade ao estrangeiro,
enquanto o caput é o crime do próprio estrangeiro.
Nessa hipótese, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer
pessoa, inclusive funcionário do serviço de imigração.
Ademais, o tipo menciona falsa QUALIDADE, permitindo, ao contrário do caput
que a falsidade da informação recaia sobre elementos diversos do nome.
Além disso, nesta figura, somente a ENTRADA é que está vedada, ou seja, se o
sujeito atribuir falsa qualidade para o estrangeiro permaneça no território nacional não
haverá crime.

FRAUDE À PROIBIÇÃO DA PROPRIEDADE OU DA POSSE DE CERTOS


BENS POR ESTRANGEIROS (ART. 310)

Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a


estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais
bens:

71
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Médio potencial ofensivo)
Norma penal em branco.

A doutrina menciona que justifica o crime em comento pelo fato que de certas atividades
são vedadas a estrangeiros, como, por exemplo, serviços jornalísticos e radiodifusão,
exploração de jazidas, recursos minerais, potenciais de energia.

Trata-se de crime permanente, perdurando a conduta ilícita enquanto o agente figurar


como proprietário ou possuidor dos bens do estrangeiro.

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO


AUTOMOTOR (ART. 311)
Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo
automotor, de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
A redação do artigo menciona adulterar ou remarcar. Em atenção ao princípio da
legalidade, a doutrina majoritária entende que se o sujeito raspar o chassi do veículo não
haverá este crime, tendo em vista que o tipo exige alteração ou remarcação. Não consta
“suprimir”.
O STJ entende que a substituição de placa de um veículo pela de outro configura o
crime, pois se trata de um sinal indicador do veículo que foi alterado.
Essa alteração deve ser passível de iludir a vítima.
A pessoa que recebe o veículo já adulterado, sabendo dessa circunstância, não
pratica o crime do art. 311, mas sim o do art. 180 (receptação). Se recepta o veículo e, em

72
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

seguida, promove a adulteração, será responsabilizada por ambos os delitos em concurso


material.
Segundo a jurisprudência atual do STJ e do STF, é típica a conduta de adulterar a placa de
veículo automotor mediante a colocação de fita adesiva. A caracterização do crime
previsto no art. 311 do CP prescinde de finalidade específica do agente (dispensa). Além
disso, a colocação de fita adesiva pode ser um meio idôneo de enganar a fiscalização de
trânsito, sendo, portanto, crime possível. STJ 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp
1329449/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 18/09/2012. STF 2ª Turma.
RHC 116371/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013.

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena


é aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento
ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou
informação oficial. Trata-se de crime próprio, bem como mostra-se imprescindível
a anterior adulteração ou remarcação.

CAPÍTULO V
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

A doutrina faz forte crítica em relação à inserção do presente capítulo dentro de crimes
contra a fé pública, entendendo, boa parte dos autores, que deveria ter sido inserido no
título “dos crimes contra a administração pública, por tutelar, na verdade, a credibilidade

73
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

(lisura, transparência, legalidade, moralidade, isonomia e segurança) dos certames de


interesse público.

FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO (ART. 311-A)

Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de


comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos; Ex: exame escrito no processo de habilitação de
motorista.
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; Ex: ENEM
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei; Ex: OAB
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Médio potencial ofensivo)
Trata-se de crime comum, podendo praticá-lo qualquer pessoa que participa do certame,
seja como candidato, seja como integrante, direto ou indireto, da estrutura organizadora.
Especialidade: a violação de sigilo funcional envolvendo certames de interesse público
não caracteriza o crime do art. 325, mas sim o do art. 311-A do CP.
No entanto, conforme a doutrina majoritária, quem, não sendo integrante na estrutura
responsável pela organização do certame e tampouco concorrente ou participante deste,
recebe informação ou, de qualquer forma, vem a ter conhecimento do conteúdo sigiloso
em razão da divulgação feita pelo agente, ainda que saiba de sua origem ilícita, NÃO
PRATICA O TIPO PENAL EM COMENTO, a menos que tenha concorrido de algum
modo para a sua prática. Também não incorre neste crime quem propala por ouvir dizer,
sem que tenha contribuído de alguma forma para o seu vazamento.

74
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Abrangência: qualquer dado sigiloso que, caso utilizados indevidamente, gera


desigualdade na disputa (ex.: número de questões e matérias que serão cobradas, nomes
de examinadores etc), não apenas as perguntas e respostas.
No então, estão excluídas do campo de incidência do tipo as avaliações ordinárias de
desempenho dos alunos e demais provas periódicas em instituições de ensino, ainda que
públicas.
Dizer direito - Divulgação antecipada do resultado do concurso para poucas
pessoas: “Se o Presidente da Comissão, antes da publicação do resultado no Diário
Oficial, divulga a classificação final do certame e a relação de aprovados para
outras pessoas, comete ele o crime do art. 311-A do CP? Penso que não. Em primeiro
lugar, porque com o encerramento da fase de correção das provas e a remessa do
resultado, pela Instituição organizadora ao órgão contratante, não há mais sigilo dessa
informação. A publicação no Diário Oficial é tão somente uma formalidade destinada a
garantir a ampla publicidade, mas que não tem o condão de fazer com que, antes de sua
efetivação, as informações sejam tidas como sigilosas pelo simples fato de não terem sido
veiculadas na Imprensa Oficial. Ademais, como um segundo aspecto a ser considerado,
deve-se mencionar que faltaria ao agente o elemento subjetivo especial considerando que
ele não agiu com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade
do certame”.

Antes da Lei 12.550 de 2011, que incluiu o presente capítulo no Código Penal, a "cola
eletrônica" (utilização de aparelho transmissor e receptor em prova), uma das formas
mais corriqueiras de fraudar os certames de interesse público, era considerada atípica
pelos Tribunais Superiores, vez que a conduta embora fosse próxima de estelionato, não

75
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

preenchia todos os elementos do tipo, de modo que, em face do princípio da reserva legal
e da proibição de aplicação da analogia in malam partem, não poderia ser punido o agente.
Embora haja divergência, a doutrina majoritária entende que, com o artigo em questão, o
problema está plenamente sanado, vez que é impossível obter as respostas às perguntas se
estas não forem divulgadas a terceiros, que não fazem parte do certame, em momento
inadequado. A cola “tradicional” também está inclusa aqui.
§1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de
pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário
público. Nesse caso, porém, apesar do silêncio da lei, não basta ser servidor
público, mas deve o agente valer-se da sua condição profissional, o que não
significa dizer que o conteúdo sigiloso do certame deva estar entre as suas
atribuições.

Artigos relacionados para leitura:


Código Penal: Arts. 289 ao 311-A.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson;
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Curso de Direito Penal – Parte especial – Vol. 3 – Arts. 213 a 361 do Código Penal – 3ª
edição – Guilherme de Souza Nucci.

76
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


No dia 09/07/2017, Henrique foi parado em uma fiscalização da Operação Lei Seca. Após solicitar a
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Henrique, o policial militar que participava da operação
suspeitou do documento apresentado. Procedeu então à verificação na base de dados do DETRAN e
confirmou a suspeita, não encontrando o número de registro que constava na CNH, embora as demais
informações (nome e CPF), a respeito de Henrique, estivessem corretas. Questionado pelo policial,
Henrique confessou que havia adquirido o documento com Marcos, seu vizinho, que atuava como
despachante, tendo pago R$ 2.000,00 pelo documento. Afirmou ainda que sequer havia feito prova no
DETRAN. Acrescente-se que, durante a instrução criminal, ficou comprovado que, de fato, Henrique
obteve o documento de Marcos, sendo este o autor da contrafação. Além disso, foi verificado por meio
de perícia judicial que, no estado em que se encontra o documento, e em face de sua aparência, pode
iludir terceiros como se documento idôneo fosse. Logo, pode-se afirmar que a conduta de Henrique se
amolda ao crime de

a)falsificação de documento público, previsto no caput do art. 297 do Código Penal.


b)uso de documento falso, previsto no art. 304 do Código Penal.
c)falsa identidade, previsto no art. 307 do Código Penal.
d)falsidade ideológica, previsto no caput art. 299 do Código Penal.
e)falsificação de documento particular, previsto no caput do art. 298 do Código Penal.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Marque a alternativa correta do ponto de vista legal.
a)No crime de estupro, aumenta-se a pena de metade se resultar a gravidez da vítima.

77
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)Luiz, delegado de polícia civil, lotado em uma determinada delegacia de polícia, deixou, por indulgência,
de responsabilizar o inspetor Amâncio após tomar conhecimento de que este teria praticado uma
determinada infração. Nesse contexto, pode-se afirmar que o delegado praticou, em tese, o crime de
condescendência criminosa.
c)No crime de incêndio, aumenta-se a pena em dois terços se o delito for praticado em galeria de
mineração.
d)Aquele que dolosamente retém documento de identidade de terceira pessoa responde pelo delito de
supressão de documento.
e)No crime de Falsa Identidade, o agente não apresenta nenhum documento de identidade para se
identificar.

03 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item seguinte, relativos a institutos complementares do direito empresarial, teoria geral dos
títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e recuperação empresarial.

Os livros comerciais, os títulos ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-se, para fins
penais, a documento público, sendo a sua falsificação tipificada como crime.

( ) Certo ( ) Errado

04 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


De acordo com a lei, a doutrina e a jurisprudência dos Tribunais Superiores, analise as situações
hipotéticas a seguir:

I. Larapius foi preso em flagrante pela prática de um crime de roubo. Ao ser apresentado na Delegacia
de Polícia para ser autuado, atribui-se identidade falsa. Nessa hipótese, de acordo com o entendimento
do Superior Tribunal de justiça, estará cometendo o crime de falsa identidade.

78
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

II. Isolda, ao chegar no edifício aonde reside, chamou de “Matusalém” o porteiro Agostinho, 72 anos de
idade, porque ele demorou para abrir o portão. Isolda praticou o crime de injúria qualificada, art. 140,
parágrafo 3º do Código Penal e agravada pelo fato de ter sido praticada contra idoso.
III. Padarício, visando obter vantagem econômica para si, adulterou a balança de pesagem de produtos
de sua padaria. Alguns meses depois, fiscais estiveram no estabelecimento comercial e constataram a
fraude. Nesse caso, o Delegado de Polícia deverá indiciar Padarício pelo crime de estelionato.
IV. Na farmácia de Malaquias, durante fiscalização, foi constatado que havia medicamentos em depósito,
para venda, de procedência ignorada. Nesse caso, Malaquias poderia ser enquadrado em crime contra a
saúde pública, porém de acordo com o Superior Tribunal de Justiça, a pena prevista para esse crime,
reclusão de dez a quinze anos e multa, seria desproporcional e, portanto, não poderia ser aplicada.

Quais estão corretas?

a)Apenas I.
b)Apenas II.
c)Apenas I e IV.
d)Apenas I, II e III.
e)I, II, III e IV.

05 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


O crime de falsidade de atestado médico:

a)resta caracterizado quando uma pessoa adultera um atestado verdadeiro, a fim de ampliar seus dias de
afastamento do trabalho.
b)exige, em sua forma simples, especial fim de agir
c)além de exigir uma falsidade material, é classificado como crime comum.
d)é uma forma de falsidade ideológica, tipificado de forma autônoma devido à especialidade.
e)está arrolado entre os crimes contra a saúde pública.

79
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

06 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Durante a instrução de determinado processo judicial, foi comprovada falsificação da escrituração em
um dos livros comerciais de uma sociedade limitada, em decorrência da criação do chamado “caixa dois”.
A sentença proferida condenou pelo crime apenas o sócio com poderes de gerência.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a)A conduta praticada pelo sócio constitui crime falimentar.


b)Na situação, configura-se crime de falsificação de documento público.
c)Sendo o diário e o livro de registro de atas de assembleia livros obrigatórios da sociedade citada, a
referida falsificação pode ter ocorrido em qualquer um deles.
d)Em decorrência da condenação criminal, o sócio-gerente deverá ser excluído definitivamente da
sociedade.
e)O nome do condenado não pode ser excluído da firma social, que deve conter o nome de todos os
sócios, seguido da palavra “limitada”.

07 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Etevaldo, depois de ingressar na posse de uma carteira de habilitação pertencente a outrem, aproveitando-
se de sua semelhança fisionômica para com o titular do documento, adultera o nome ali constante,
substituindo-o pelo seu. Considerando que a adulteração não era perceptível ictu oculi e que o autor
pretendia utilizar o documento para conduzir irregularmente veículo automotor, é correto afirmar que
Etevaldo cometeu crime de:

a)falsificação de documento publico.


b)uso de documento de identidade alheia.
c)falsa identidade.
d)uso de documento falso, na forma tentada.
e)falsidade ideológica documento publico.

80
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

08 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que se refere aos crimes contra a fé pública, assinale a alternativa INCORRETA.

a)Para caracterização do crime de uso de documento falso, é necessário que o documento falso seja
efetivamente utilizado em sua destinação específica.
b)A falsidade é material quando o vício incide sobre o aspecto físico do documento, a sua forma.
c)O crime de moeda falsa não prevê qualquer modalidade culposa.
d)No crime de falsificação de documento público, se o agente é funcionário público e se prevalece do
cargo para cometê-lo, sua pena será aumentada em um sexto.
e)A denominada “cola eletrônica” consistente na utilização de conteúdo sigiloso em certames de interesse
público não pode ser considerada crime.

09 - 2014 - Aroeira - PC-TO - Delegado de Polícia


A falsificação de cartão de crédito ou de débito da Caixa Econômica Federal configura o crime de:

a)falsificação de papéis públicos.


b)falsificação de documento público.
c)falsificação de documento particular.
d)falsidade ideológica.

10 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


“X”, valendo-se de um documento de identidade falsificado, consegue abrir uma conta corrente no Banco
do Brasil com a finalidade de lavar dinheiro. O bem jurídico tutelado no crime praticado por “X” é(são)
a)o patrimônio.
b)a administração da justiça.
c)a administração pública.
d)a fé pública.

81
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)as finanças públicas.

11 - 2013 - CESPE - DPF - Delegado de Polícia


Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item que se segue.

A falsa atribuição de identidade só é caracterizada como delito de falsa identidade se feita oralmente, com
o poder de ludibriar; quando formulada por escrito, constitui crime de falsificação de documento público.

( ) Certo ( ) Errado

12 - 2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item que se segue.

A falsa atribuição de identidade só é caracterizada como delito de falsa identidade se feita oralmente, com
o poder de ludibriar; quando formulada por escrito, constitui crime de falsificação de documento público.

( ) Certo ( ) Errado

13 - 2013 - COPS-UEL - PC-PR - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, afirmações quanto ao crime de falsidade ideológica
tipificado no Art. 299 do Código Penal.

a)Na conduta de fazer inserir, mesmo que o funcionário público tenha conhecimento da inverdade
declarada, este não responde pelo crime.
b)Trata-se de um crime material, estando o crime consumado no momento em que a falsidade produz
prejuízo a terceiro.
c)Promover a inscrição de nascimento inexistente aumenta a pena da sexta parte nos moldes do Parágrafo
Único do Art. 299 do Código Penal, por se tratar de assento de registro civil.

82
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)No crime de falsidade ideológica de documento público, as condutas de omitir ou inserir demandam a
participação de funcionário público na condição de sujeito ativo.
e)Se o sujeito ativo for funcionário público, a pena é aumentada da sexta parte, mesmo que este não se
tenha prevalecido de seu cargo.

14 - 2013 - FUNCAB - PC-ES - Delegado de Polícia


Túlio, em razão de seu casamento com Maria, declarou no cartório de registro de pessoas naturais que
era divorciado, sendo o matrimônio com Maria consumado. Entretanto, Túlio era casado com Claudia,
mas estavam separados de fato há muitos anos. Serviram como testemunhas Joana e Paulo, primos de
Túlio, que tinham conhecimento do casamento e da separação de fato deste com Claudia. Assim pode-
se afirmar:

I. Houve o crime de falsidade ideológica praticado por Túlio, mas que restará absorvido pelo princípio
da especialidade.
II. Trata-se de crime próprio, sendo coautores Joana e Paulo, primos de Túlio.
III. A anulação do casamento de Túlio com Claudia pelo motivo da bigamia, tornaria inexistente o crime
de bigamia.
IV. O objeto material desse crime é Claudia.

Indique a opção que contempla a(s) assertiva(s) correta(s).

a)I, II, III e IV.


b)I, II e III, apenas.
c)II, apenas.
d)III, apenas.
e)IV, apenas.

15 - 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia

83
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Entre as hipóteses a seguir consignadas, assinale aquela que corresponde a crime de falsidade ideológica
(art. 299 do CP).

a)Rildo, desempregado, tencionando trabalhar como motorista, após obter um espelho de Carteira
Nacional de Habilitação não preenchido, embora verdadeiro, nele consigna seus dados pessoais e
imprime sua foto, passando-se por pessoa habilitada para conduzir veículo automotor, sem de fato o ser.
b)Aderbal, de forma fraudulenta, consigna, na Carteira de Trabalho e Previdência Social de um
empregado de sua empresa, salário inferior ao efetivamente recebido por ele, visando a reduzir seus gastos
para como INSS.
c)Magnólia, com intenção de integrar à sua família o filho de outrem, registra a criança em seu nome,
como se sua mãe fosse, valendo-se, para tanto, da desatenção do funcionário do Cartório de Registro
Civil das Pessoas Naturais, que deixa de exigir a documentação pertinente ao ato.
d)Tibúrcio, funcionário público do instituto responsável por manter atualizados os registros de
antecedentes criminais em determinado Estado-Membro, aproveitando-se de sua atribuição funcional,
entra com sua senha no sistema informatizado do órgão e inclui, fraudulentamente, na folha de
antecedentes de seu vizinho, crime por ele não praticado, em vingança por conta de uma rixa antiga.
e)A fim de auxiliar uma amiga a contratar financiamento para aquisição de eletrodomésticos, Alberico,
sócio-gerente em uma empresa têxtil, valendo-se de sua posição, assina declaração afirmando que tal
pessoa trabalha de forma remunerada naquele estabelecimento empresarial, o que não condiz coma
realidade.

16 - 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia


Walter, motoboy de uma farmácia, após receber de um cliente um cheque de R$ 20,00, entrega ao
estabelecimento a quantia em espécie, mantendo-se na posse do título. Em seguida, o adultera,
modificando o valor original para R$ 2.000,00. De posse do documento adulterado, vai até o banco para
descontá-lo, mas o gerente, percebendo a fraude, liga para a Delegacia da área, alertando sobre o fato.
Ao perceber a chegada da viatura, Walter deixa apressadamente a instituição financeira, abandonando,
no local, o título falsificado. Nesse contexto, é correto afirmar que a conduta de Walter:

84
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)configura crime de estelionato, na forma tentada, pois o delito foi interrompido por circunstâncias
alheias à sua vontade.
b)se amolda ao tipo penal da apropriação indébita, na forma tentada, pois o delito foi interrompido por
circunstâncias alheias à sua vontade.
c)é tipificada como crime de furto mediante fraude, na forma tentada, pois o delito foi interrompido por
circunstâncias alheias à sua vontade.
d)caracteriza crime de falsificação de documento público, pois, havendo desistência voluntária, o autor
só responde pelos atos até então praticados.
e)é atípica, pois ocorreu a desistência voluntária e a falsidade existente resta absorvida pela finalidade
patrimonial.

17 - 2011 - CESPE - PC-ES - Delegado de Polícia


Acerca das disposições constitucionais e legais aplicáveis ao processo penal, julgue os itens a seguir.

Em crimes de moeda falsa, a jurisprudência predominante do STF é no sentido de reconhecer como bem
penal tutelado não somente o valor correspondente à expressão monetária contida nas cédulas ou moedas
falsas, mas a fé pública, a qual pode ser definida como bem intangível, que corresponde, exatamente, à
confiança que a população deposita em sua moeda.

( ) Certo ( ) Errado

18 - 2010 - FGV - PC-AP - Delegado de Polícia


Relativamente ao tema dos crimes contra a fé pública, analise as afirmativas a seguir.

I. O crime de atestado médico falso só é punido com detenção se há intuito de lucro.


II. A simples posse de qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda constitui crime
punido com pena de reclusão.

85
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

III. A reprodução ou alteração de selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção constitui modalidade
criminosa, independentemente dessa reprodução ou a alteração estar visivelmente anotada no verso do
selo ou peça.

Assinale:

a)se somente a afirmativa I estiver correta.


b)se somente a afirmativa II estiver correta.
c)se somente a afirmativa III estiver correta.
d)se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e)se todas as afirmativas estiverem corretas.

Respostas: 01: B 02: E 03: C 04: C 05: D 06: B 07: A 08: E 09: C 10: D 11: E 12: E 13: D
14: C 15: E 16: A 17: C 18: B

86
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 02

DIREITO PROCESSUAL PENAL: LIBERDADE PROVISÓRIA, FIANÇA E


QUESTÕES PREJUDICIAIS, EMENDATIO E MUTATIO LIBELI

LIBERDADE PROVISÓRIA

Previsão Legal: É prevista no art. 5, LXVI da CF/88, in verbis:

Art. 5º, LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;

Conceito: Trata-se de uma medida de contracautela concedida ao acusado diante de uma


prisão em flagrante (e somente a PRISÃO EM FLAGRANTE), desde que preenchidos
determinados pressupostos e, ficando o mesmo sujeito ao comparecimento aos demais
atos do processo e/ou medidas cautelares pessoais diversas da prisão, cujo
descumprimento enseja a prisão preventiva.

É considerada uma medida de caráter precário, pois pode ser revogada a qualquer tempo.

Primeiramente, merece crítica a manutenção da expressão “liberdade provisória”, a qual


somente é ainda mantida em razão de haver referência a ela na CF.

Segundo Pacelli, a liberdade provisória passa a ser apenas a explicitação de diferentes

87
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

maneiras da restituição da liberdade daquele que tenha sido preso em flagrante.

Na redação primitiva do CPP de 1941, o flagrante representava uma antecipação da


condenação, já que se presumia a culpabilidade do agente, e a antecipação de um juízo de
necessidade, decorrente da presunção da vontade de fugir do acusado. A liberdade
provisória, com ou sem fiança, somente tinha cabimento a partir de uma prisão em
flagrante, e, conforme Pacelli, assim deve permanecer, conforme prevê o art. 310, CPP, in
verbis:

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou
o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder
ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.

No caso do parágrafo único do art. 310, a liberdade provisória deve ser concedida sem
fiança e sem a imposição de qualquer outra restrição que não seja a obrigação de
comparecer a todos os atos do processo. Trata-se da denominada liberdade provisória

88
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

vinculada (ao processo).

Repita-se: A liberdade provisória só cabe em face de prisão em flagrante, jamais contra


preventiva (assim, no caso de substituição da preventiva por medidas cautelares pessoais
diversas da prisão, por conta da falta de fundamentos para manutenção da preventiva, não
deverá ser chamada de “liberdade provisória”, justamente por conta da dicção legal que
diz somente caber diante do flagrante).

RELAXAMENTO DE PRISÃO LIBERDADE PROVISÓRIA


Prisão ilegal; Prisão legal;
Cabível em qualquer hipótese de prisão Só cabível em prisão em flagrante;
ilegal;
O agente não se sujeita à vinculação. O agente se sujeita à vinculação

ATENÇÃO: Liberdade Provisória é direito fundamental, trata-se de direito subjetivo e,


portanto, se não tiverem os pressupostos da preventiva ou temporária, o juiz ou delegado
de polícia têm que conceder a liberdade provisória.

O que deve fazer o juiz quando verificar pelo APF que não há necessidade da
decretação da prisão preventiva do agente?

 1ªC: Alguns doutrinadores entendem que continua sendo possível a concessão de


liberdade provisória sem fiança. Se o juiz verificar que não há necessidade da
preventiva, o juiz continua podendo conceder a liberdade provisória sem fiança.

89
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 2ªC: Adotando um segundo entendimento, então, o juiz deve conceder ao acusado


liberdade provisória com ou sem fiança, cumulada ou não com uma das medidas
cautelares diversas da prisão.

ATENÇÃO: Como o objetivo da lei foi revitalizar a fiança, o juiz concede a liberdade
provisória com ou sem fiança, mas se for dar sem fiança, que aplique uma das medidas
cautelares diversas da prisão.

NOVO QUADRO DAS LIBERDADES PROVISÓRIAS:

Assim, pode-se traçar o seguinte quadro das liberdades provisórias:

1) Liberdade provisória em que é VEDADA a fiança: cabe sempre após a prisão em


flagrante, com a imposição obrigatória de medidas dos artigos 319 e 320, exceto a fiança,
quando não for necessária a prisão preventiva e quando for expressamente proibida a
imposição da fiança.

2) Liberdade provisória COM fiança: cabível sempre após a prisão em flagrante e


quando não necessária a preventiva. Será imposta, obrigatoriamente, a fiança, além de
outra cautelar que o juiz entender necessária.

3) Liberdade provisória SEM fiança: cabível após a prisão em flagrante, quando


inadequada ou incabível a preventiva, com a imposição de qualquer outra medida que o
juiz julgar necessária, por ele entender ser desnecessária a fiança. (ex. Crimes de tráfico)

90
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

4) Liberdade provisória VINCULADA: é a hipótese do art. 310, parágrafo único, acima


vista.

Crítica: A liberdade provisória com proibição de fiança é fruto de delírio legislativo,


fundamentado na CF, que previu a inafiançabilidade de vários crimes. Trata-se de
incoerência da própria CF, pois aparentemente ela desejava vedar a colocação do acusado
em liberdade, todavia ela mesma prevê que ninguém pode ser preso sem ordem escrita e
fundamentada da autoridade competente.

Ademais, vedar a liberdade provisória com fiança apenas para alguns crimes considerados
de maior gravidade faz com que eles tenham tratamento mais brando do que os demais
delitos (menos graves), já que para estes pode ser imposta a liberdade com fiança.

A lei 12.403/11 é geral, portanto não revoga a legislação esparsa em contrário. Todavia,
deve-se lembrar que as vedações abstratas à restituição da liberdade são inconstitucionais,
conforme já declarado em controle difuso pelo STF.

CLASSIFICAÇÃO
Veremos aqui o seguinte:

1) Quanto à existência de fiança e vinculação:


 Liberdade provisória COM fiança (e COM vinculação);
 Liberdade provisória SEM fiança (e COM vinculação);

91
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Liberdade provisória SEM fiança (e SEM vinculação).

2) Quanto à possibilidade de concessão:


 Liberdade provisória obrigatória;
 Liberdade provisória permitida;
 Liberdade provisória vedada ou proibida.

Quanto à existência de fiança e vinculação:

Liberdade provisória deve ser entendida como as diversas formas de restituição da


liberdade após a prisão em flagrante, exatamente como era anteriormente à Lei 12.403/11.

Note-se que, no caso de eventual substituição da prisão preventiva por outra cautelar
menos gravosa, não se poderá falar em liberdade provisória, mas sim de substituição entre
cautelares (art. 282, § 5°).

Art. 282, § 5o. O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a
falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem.

Aqui nós temos:

1) Liberdade provisória COM fiança (e COM vinculação).


2) Liberdade provisória SEM fiança (e COM vinculação).

92
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

3) Liberdade provisória SEM fiança e SEM vinculação.

Senão, vejamos:

1) Liberdade provisória com fiança (e com vinculação)

Abordaremos sobre a fiança no próximo tópico.

2) Liberdade provisória sem fiança (e com vinculação)

São os casos onde a liberdade provisória é concedida sem fiança, mas o acusado fica
vinculado a comparecer aos atos processuais bem como outras medidas cautelares que o
juiz entender adequadas, caso em que, descumpridas, poderá ser decretada a preventiva,
com base no descumprimento das cautelares (282, §4 CPP).

Vale lembrar que essa hipótese de liberdade provisória cabe até mesmo quanto aos crimes
inafiançáveis.

Será concedida liberdade provisória (sem fiança) - 04 hipóteses:

a) Nos casos em que couber fiança, por motivo de pobreza do acusado (art. 350);

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do

93
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes


dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso.
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações
ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste Código.

Malgrado o art. 350, CPP, preconiza que a liberdade provisória sem fiança só possa ser
fixada pelo juíz, parcela da doutrina entende que esse dispositivo seria inconstitucional,
pois violaria o princípio da isinomia e o princípio pro homine. Nesse sentido é o enunciado
nº 6 do congresso dos Delegados de Polícia RJ:

O DELEGADO DE POLÍCIA PODERÁ, MEDIANTE DECISÃO


FUNDAMENTADA, DISPENSAR A FIANÇA DO PRESO, PARA NÃO
RECOLHIMENTO AO CÁRCERE DO INDICIADO POBRE.
Justificativa: O presente enunciado tem por escopo consagrar a viabilidade jurídica do
Delegado de Polícia dispensar a fiança do conduzido pobre, por força do princípio
constitucional da isonomia e do princípio pro homine. A situação econômica do conduzido
pobre não pode funcionar como óbice para fins de concessão de liberdade provisória, sob
pena de criminalização do vulnerável pela sua hipossuficiência socioeconômica. Essa grave
circunstância consagra a desigualdade de tratamento entre o pobre e o não pobre. Aquele,
ao revés da liberdade paga, deverá aguardar encarcerado o provimento judicial,
exclusivamente, pelo o fator da sua condição vulnerante, de acordo com a interpretação
puramente literal do art. 325, §1º, inc. I do CPP. Como é cediço no mundo jurídico, a
interpretação gramatical é a mais pedestre para extrair o conteúdo, significado e o alcance
da norma. Simplesmente é um ponto de partida para descobrir a vontade da norma. Dessa

94
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

forma, muito embora, o artigo expressamente não franqueie ao Delegado de Polícia a


prerrogativa de dispensar a fiança do conduzido miserável, essa posição não se sustenta
consoante uma interpretação sistemática e prospectiva do diploma processual. Nesse
horizonte há força normativa suficiente para viabilizar a dispensa da fiança concedida pelo
Delegado de Polícia. Primeiramente, o dispositivo remete o intérprete ao art. 350 do
diploma processual, o qual estabelece a previsão de dispensa da fiança pelo Magistrado.
Dessa forma é perfeitamente viável a utilização de analogia para estender a possibilidade
de concessão de posição jurídica da vantagem ao indiciado pobre pelo Delegado. O art.
3° do CPP é clareza hialina, quando assevera que a lei processual penal admitirá a aplicação
da analogia. Ainda que não fosse a analogia a melhor técnica, com a reforma pela lei nº
12.403/11 a atribuição para se arbitrar fiança está disposta no art. 322 do CPP, que faz
alusão ao Delegado de Polícia e ao Magistrado, e não o art. 350, do CPP. Esta aparente
antinomia é resolvida com a leitura do art. 350 do CPP como a sede legal da forma ou
instrumento vinculante da liberdade provisória, quando faz alusão aos arts. 327 e 328,
ambos do CPP, qual seja a assunção do compromisso de comparecer aos atos do inquérito
ou processo. A referência no art. 327 do CPP a "inquérito" e "instrução criminal",
denuncia serem seus presidentes os responsáveis pela decisão da liberdade provisória por
dispensa e vinculada, respectivamente ao compromisso assumido perante o Delegado de
Polícia e o Juiz. De mais a mais, respeitável doutrina processual já se manifestou no sentido
de declarar a inconstitucionalidade por omissão do art. 350 do CPP. Nesse sentido as
lições do professor Gustavo Grandinetti: “a conclusão, portanto, é de que a restrição do
art. 350 do Código, que exclui o Delegado de Polícia como autoridade competente para
isentar a prestação de fiança (...) é inconstitucional. Não é o que está na norma que viola
a constituição, mas o seu silêncio: a omissão quanto à possibilidade de o Delegado

95
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

conceder a isenção da fiança. Portanto, a hipótese aponta para a adição do que foi omitido,
para que a norma se torne conforme a Constituição.” (Processo Penal e Constituição).
Diante do exposto, o Delegado de Polícia poderá isentar a fiança do preso pobre para não
recolhê-lo ao cárcere. Referências: - Código de Processo Penal, art. 3°; 322, 325, 327, 328
e 350;

Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a
autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal
e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.

Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8
(oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado.

Art. 282, § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,


de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do
querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).

b) Quando o juiz, ao apreciar o APF, verificar a ocorrência de hipótese excludente


da ilicitude, depois de ouvir o MP (art. 310, parágrafo único); É a chamada
“liberdade provisória vinculada”.

96
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 310, Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente,
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os
atos processuais, sob pena de revogação.

c) Quando o juiz, ao apreciar o APF, verificar a inocorrência de qualquer dos


pressupostos que autorize a prisão preventiva, neste caso, podendo aplicar ou não
medidas cautelares pessoais diversas da prisão (que caso descumpridas podem
ensejar a preventiva...).

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código.

d) Infrações de menor potencial ofensivo, desde que o acusado se comprometa a


comparecer ao JEcrim (art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95).

Lei 9.099/95 Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo,
for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento

97
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.

3) Liberdade provisória sem fiança (e sem vinculação)

*Para Pacelli isso não é mais hipótese de “liberdade provisória”.

Crimes que não preveem pena privativa de liberdade isolada, cumulativa ou


alternativamente, pois nestes casos, o réu não estará vinculado ao processo e a ele não
poderão ser impostas medidas cautelares diversas da prisão, por conta do art. 283, §1º do
CPP. Era a hipótese em que o réu se “livrava solto”.

Art. 283, § 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que
não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.

Renato Brasileiro não concorda com isso! Cadê a previsão legal desta liberdade provisória
sem fiança? Não há previsão neste sentido. A única previsão que há é de liberdade
provisória sem fiança no caso de presença de excludentes de ilicitude.

Quanto à possibilidade de concessão:

Aqui temos:

1) Liberdade provisória obrigatória.


2) Liberdade provisória permitida.

98
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

3) Liberdade provisória vedada/proibida.

1) Liberdade provisória obrigatória

Ocorre quando a lei ordena a concessão da liberdade provisória. São os casos dos crimes
de menor potencial ofensivo (desde que o réu se comprometa a comparecer ao JEcrim);
e dos crimes onde não exista cominação de pena de prisão. Art. 283, §1º CPP.

Art. 283, § 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que
não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.

2) Liberdade provisória permitida

Ocorre quando a lei faculta a concessão, desde que preenchidos os requisitos legais.

3) Liberdade provisória vedada ou proibida

Inúmeros dispositivos constitucionais e legais vedam a liberdade provisória, ora com e


sem fiança, ora apenas com fiança:

a) o art. 31 da Lei nº 7.492/86 veda a concessão de liberdade provisória com


fiança aos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional;
b) a prática do racismo, previsto na Lei nº 7.716/89, constitui crime inafiançável
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (CF, art. 5º, LXII, c/c art. 323, I, do

99
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

CPP);
c) a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem (CF, art. 5º, XLIII, c/c art.
323, II, do CPP);
d) a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o Estado Democrático, com moldura na Lei nº 7.170/83, que define os crimes
contra a segurança nacional, a ordem política e social, constitui crime
inafiançável e imprescritível (CF, art. 5º, XLIV, c/c art. 323, III, do CPP);
e) o art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.072/90, em sua redação original, vedava a
concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança, aos crimes hediondos e
equiparados. Posteriormente, a lei dos crimes hediondos foi alterada pela Lei nº
11.464/07, passando a vedar tão somente a concessão de liberdade provisória
com fiança (art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.072/90);
f) o art. 7º da revogada Lei nº 9.034/95 vedava a concessão de liberdade
provisória com ou sem fiança aos agentes que tenham tido intensa e efetiva
participação na organização criminosa: a propósito, a nova Lei das Organizações
Criminosas (Lei nº 12.850/13) não traz nenhum dispositivo expresso quanto à
vedação da liberdade provisória;
g) o art. 1º, § 6º, da Lei nº 9.455/97, veda a concessão de liberdade provisória
com fiança ao crime de tortura;
h) o art. 3º da Lei nº 9.613/98, em sua redação original, vedava a concessão de
liberdade provisória com e sem fiança aos crimes de lavagem de capitais. Ocorre

100
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

que a Lei nº 12.683/12, com vigência em 10 de julho de 2012, revogou o art. 3º


da Lei nº 9.13/98. Logo, referido delito passa a admitir, em tese, a concessão de
liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada ou não com as medidas
cautelares diversas da prisão (v.g., suspensão do exercício de atividade de
natureza econômica ou financeira);
i) os arts. 14, parágrafo único, 15, parágrafo único, e 21, todos da Lei nº
10.826/03, vedavam a concessão de liberdade provisória em relação a certos
crimes previstos no Estatuto do Desarmamento;
j) o art. 44, caput, da Lei nº 11.343/06 veda a concessão de liberdade provisória,
com ou sem fiança, aos crimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 a 37 da
referida lei.

LIBERDADE PROVISÓRIA E TRÁFICO DE DROGAS:

É inconstitucional o art. 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte em que proíbe a liberdade


provisória para os crimes de tráfico de drogas. Assim, é permitida a liberdade provisória
para o tráfico de drogas, desde que ausentes os requisitos do art. 312 do CPP. Plenário.
HC 104339/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 10.5.2012.

Para o STF, regra prevista no art. 44 da Lei de Drogas é incompatível com inúmeros
princípios constitucionais, como o princípio da presunção de inocência e do devido
processo legal. Segundo o Min. Gilmar Mendes, o empecilho apriorístico de concessão de
liberdade provisória estabelecido pela Lei é incompatível com estes postulados.

101
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

FIANÇA:

Fiança é...
 uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real)
 prestada em favor do indiciado ou réu
 para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade
 devendo cumprir determinadas obrigações processuais
 sob pena de a fiança ser considerada quebrada
 e ele ser preso cautelarmente.

A fiança pode ser fixada isoladamente ou em conjunto com outras medidas cautelares
previstas no art. 319 do CPP, a fim de que seja evitada a prisão preventiva.

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou
em hipoteca inscrita em primeiro lugar.

Segundo já decidiu o STJ, “o instituto da fiança tem por finalidade a garantia do juízo,
assegurando a presença do acusado durante a persecução criminal e o bom andamento do
feito. Interpretando sistematicamente a lei, identifica-se uma finalidade secundária na
medida, que consiste em assegurar o juízo também para o cumprimento de futuras
obrigações financeiras.” (STJ. 6ª Turma. RHC 42.049/SP, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 17/12/2013).

102
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Natureza Jurídica:

A fiança é uma espécie de medida cautelar (art. 319, VIII, do CPP).

Momento de Concessão da Fiança:

A fiança pode ser concedida:


 Durante o inquérito policial;
 No curso do processo criminal, enquanto não tiver transitado em julgado a
sentença condenatória (art. 334).

Ao contrário do que ocorria antes da Lei n. 12.403/2011, atualmente, a fiança não é
concedida apenas nos casos em que o agente foi preso em flagrante. Assim, hoje em dia
é possível o arbitramento de fiança como forma de substituir a prisão preventiva
ou até para evitar que esta seja decretada.

Dessa forma, é plenamente possível que a fiança seja imposta para um indiciado ou réu
que esteja em liberdade. Ex: o Ministério Público requer a prisão preventiva do acusado
sob o argumento de que há indícios de ele pretende fugir (risco à aplicação da lei penal);
o juiz, analisando as circunstâncias, entende que os elementos apontados são frágeis e que
é possível desestimular eventual fuga impondo uma fiança alta; com isso, evita-se a
decretação da prisão, por ser esta medida extrema e excepcional.

A fiança pode ser concedida sem prévia oitiva do MP?

103
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

SIM. A fiança pode ser arbitrada independentemente de audiência prévia do Ministério


Público. Após a eventual concessão, este terá vista do processo a fim de requerer o que
julgar conveniente (art. 333 do CPP).

Quem Concede a Fiança:

DELEGADO DE POLÍCIA JUÍZ


Em até 24 horas após a prisão em A qualquer momento (durante o IP ou
flagrante. no curso do processo), mesmo que não
se trate de prisão em flagrante.
Desde que a pena máxima prevista seja Não importa a pena prevista.
de até 4 anos.

Assim, se a pessoa for presa em flagrante e o crime tiver pena máxima de 4 anos, o próprio
Delegado poderá arbitrar fiança e o flagranteado será solto. Vale mencionar que não
importa se o crime é punido com detenção ou reclusão. Tanto faz. Sendo a pena de até 4
anos, a autoridade policial tem legitimidade para arbitrar a fiança.

Por outro lado, se o crime tiver pena superior a 4 anos, o flagranteado deverá requerer a
concessão da fiança ao juiz, que decidirá o pedido em até 48 horas (art. 322, parágrafo
único).

Para saber se poderá ou não conceder a fiança, o Delegado de Polícia deverá levar em

104
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

consideração a existência de concurso de crimes, causas de aumento e de diminuição. Ex:


se o agente tiver praticado dois crimes em concurso material (ambos com pena máxima
de 4 anos), a autoridade policia não poderá conceder a fiança.

Valor da Fiança:

Valor a ser arbitrado Quando a pena máxima for


I - de 1 a 100 salários mínimos de até 4 I - de até 4 anos
anos.
II - de 10 a 200 salários mínimos II - superior a quatro anos

Para calcular o valor da fiança segundo esses patamares de pena, a autoridade deverá levar
em consideração eventual concurso de crimes, causas de aumento e de diminuição. Ex: o
agente tiver praticado dois crimes em concurso (ambos com pena máxima de 4 anos), o
valor a ser arbitrado será de 10 a 200 salários mínimos.

Dependendo da situação econômica do preso (se rico ou pobre), a autoridade poderá:

a) Dispensar a fiança.
b) Reduzir em até 2/3 os valores da tabela acima;
c) Aumentar em até mil vezes os valores da tabela acima.

Atenção: tanto o magistrado como o Delegado podem reduzir ou aumentar os valores da


fiança, mas a dispensa só quem pode autorizar é a autoridade judiciária. Contudo, vimos

105
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

que esse entendimento é inconstitucional.

Quais os critérios que devem ser levados em consideração no momento da fixação


do valor?

Para determinar o valor da fiança, a autoridade levará em consideração:


 a natureza da infração;
 as condições pessoais de fortuna do indiciado/acusado (condições econômicas);
 a sua vida pregressa;
 as circunstâncias indicativas de sua periculosidade;
 o valor provável das custas do processo, até final julgamento.

Atenção ao CDC:

Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado pelo juiz, ou
pela autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus
do Tesouro Nacional - BTN, ou índice equivalente que venha substituí-lo.
Parágrafo único - Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança
poderá ser:

a) reduzida até a metade de seu valor mínimo;


b) aumentada pelo Juiz até vinte vezes.

Crimes para os quais não se Permite a Fiança:

106
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O art. 323 do CPP prevê alguns crimes inafiançáveis:

Crimes inafiançaveis:
a) Racismo;
b) Tortura;
c) Tráfico de drogas;
d) Terrorismo;
e) Crimes hediondos;
f) Crimes cometidos por ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático.

Situações nas quais não se Permite a Fiança:

O art. 324 do CPP prevê algumas situações nas quais não se pode conceder fiança:

a) Se o réu, no mesmo processo, tiver quebrado fiança anteriormente concedida


ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações impostas no arts. 327
e 328 do CPP;
b) Em caso de prisão civil ou militar;
c) Se estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva, segundo o art. 312.

Obrigações Processuais:

107
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O indiciado/réu que recebeu o benefício deverá assinar um termo de fiança se


comprometendo a assumir as seguintes obrigações:

a) Comparecer perante a autoridade (policial ou judiciária) todas as vezes que for


intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento;
b) Não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante;
c) Não se ausentar por mais de 8 dias de sua residência sem comunicar à
autoridade processante o lugar onde será encontrado.

Outras medidas cautelares:

O juiz poderá determinar que o afiançado, além da fiança, tenha que cumprir outras
medidas cautelares (art. 319, § 4º).

Livro especial para os termos de fiança:

Nas varas criminais e delegacias de polícia deve haver um livro especial para que o
afiançado assine o termo de fiança.

Esse livro deverá conter um termo de abertura e outro de encerramento e deverá ser
numerado e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade.

O termo de fiança deverá ser lavrado (redigido) pelo escrivão/diretor de secretaria e

108
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança. Depois, deverá ser feita uma certidão
para ser juntada aos autos (art. 329).

Descumprimento das obrigações:

Se o indiciado/réu descumprir as obrigações fixadas, a fiança será considerada quebrada.

Quebramento da Fiança:

O que é o quebramento (quebra) da fiança?

Se o indiciado/acusado descumpre determinados deveres impostos pelo CPP ou pela


autoridade judiciária, ele demonstra que não está merecendo a confiança (fidúcia) que lhe
foi conferida. Ocorrendo isso, o magistrado considera que a confiança foi quebrada.

Quais são as consequências decorrentes do quebramento da fiança?

O quebramento injustificado da fiança acarretará a:

a) perda de METADE do valor dado em fiança;


b) imposição de outras medidas cautelares (art. 319) ou até mesmo a decretação
da prisão preventiva do indiciado/réu se o juiz entender que somente a
segregação é suficiente para o caso concreto;
c) impossibilidade de ser concedida nova fiança ao indiciado/réu neste mesmo

109
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

processo.

Quais são as hipóteses em que haverá o quebramento da fiança?

A autoridade judiciária julgará que a fiança está quebrada quando o acusado:

I - regularmente intimado para ato do inquérito ou do processo, deixar de


comparecer, sem motivo justo;
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
V - praticar nova infração penal DOLOSA;
VI - descumprir as obrigações processuais assumidas no termo de fiança (arts.
327 e 328).

Qual o recurso cabível contra a decisão que decretou o quebramento da fiança?

Recurso em sentido estrito (art. 581, VII, do CPP).

Segundo o § 3º do art. 584 do CPP, esse RESE terá efeito suspensivo unicamente quanto
à perda da metade do valor da fiança. Em suma, enquanto não for julgado o RESE, não
se pode determinar a perda desse valor, mas as outras consequências do quebramento não
ficarão obstadas pelo simples fato de ter sido interposto o recurso.

110
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Se a decisão que julgar quebrada a fiança for proferida no bojo da sentença penal
condenatória, o réu terá que impugnar o quebramento por meio de apelação.

Se o Tribunal, ao julgar o recurso, reformar a decisão de quebramento, a fiança voltará a


subsistir em todos os seus efeitos e o réu será colocado em liberdade (se houver sido preso
em razão do quebramento).

Perda da Fiança:

Se o acusado for condenado e não se apresentar para o início do cumprimento da pena


definitivamente imposta, haverá a perda da totalidade do valor da fiança (art. 344).

Vale ressaltar que a perda ocorre mesmo que a pena imposta tenha sido restritiva de
direitos ou de multa. Não compareceu para cumprimento da pena (qualquer que seja ela),
haverá a perda do valor integral da fiança.

Cassação:

Cassação é a anulação ou cancelamento da fiança concedida indevidamente ou que


atualmente não é mais possível.

Quando a fiança é cassada, diz-se que ela foi julgada inidônea ou sem efeito.
A cassação somente pode ser determinada pela autoridade judiciária.

111
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Hipóteses:

Segundo o CPP, a fiança será cassada quando, depois de ter sido concedida:

a) percebeu-se que houve um equívoco e que a fiança não era cabível naquele
caso (art. 338). Ex: concedida fiança para réu acusado de tráfico de drogas.
b) houve uma inovação na classificação do delito e este passou a ser um crime
inafiançável. Ex: autoridade policial indiciou o réu por determinado delito e o
Promotor de Justiça o denunciou por outro mais grave e inafiançável.
c) houve um aditamento da denúncia, fazendo com que a concessão da fiança
passasse a ser inviável. Ex: réu foi denunciado por homicídio simples;
posteriormente, o MP adita a denúncia para incluir uma qualificadora, passando
a ser um caso de crime hediondo.

Consequências decorrentes da cassação da fiança:

A cassação da fiança acarretará a:

a) devolução do valor da fiança a quem prestou;


b) possibilidade de o juiz decretar outras medidas cautelares que se façam necessárias,
dentre elas a prisão preventiva.

Qual o recurso cabível contra a decisão que decretou o quebramento da fiança?

112
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP).

Reforço da Fiança:

Reforço da fiança é o aumento do valor caucionado ou do valor dos bens oferecidos em


garantia.

Hipóteses:

Segundo o art. 340 do CPP, será exigido o reforço da fiança quando:

I - a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;


II - houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou
caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
III - for inovada a classificação do delito.

O que ocorre se não for feito o reforço da fiança?

Se o réu não reforçar a fiança quando exigido, a fiança outrora concedida ficará sem efeito
e o juiz poderá decretar outras medidas cautelares, até mesmo a sua prisão preventiva.

Qual o recurso cabível contra a decisão que julga sem efeito a fiança?

Recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP).

113
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Destinação da Fiança

O que acontece com a fiança após a sentença transitada em julgado?

Isso irá depender da espécie de sentença prolatada:

ESPÉCIE DE SENTENÇA DESTINAÇÃO DA FIANÇA


a) Sentença absolutória O valor da fiança será devolvido sem
qualquer desconto (art. 337).
b) Sentença foi condenatória e o réu O valor da fiança será devolvido,
apresentou-se para cumprir a pena sendo, contudo, descontado o valor
imposta das custas, da multa, da prestação
pecuniária e da reparação do dano (art.
336).
c) Sentença foi condenatória, mas o réu O valor da fiança será perdido em sua
não se apresentou para cumprir a pena totalidade (art. 344).
imposta
d) Sentença foi condenatória em crime O valor da fiança será perdido em sua
de lavagem de dinheiro (tenha ou não totalidade (art. 7º, I, da Lei n.
se apresentado para cumprir a pena). 9.613/98).
e) Sentença de extinção da O valor da fiança será devolvido sem
punibilidade. qualquer desconto (art. 337).
f) Sentença de extinção da punibilidade O valor da fiança será devolvido,

114
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

pela prescrição da pretensão sendo, contudo, descontado o valor


executória. das custas, da multa, da prestação
pecuniária e da reparação do dano (art.
336, parágrafo único).

Assim, em caso de condenação, os valores e bens oferecidos na fiança poderão ser


utilizados para pagamento de:
 custas processuais;
 prestação pecuniária;
 multa;
 indenização do dano.

O restante do valor das fianças quebradas ou perdidas será destinado ao Fundo


Penitenciário Nacional (FUNPEN), nos termos do art. 2º, VI, da Lei Complementar n.
79/94.

Execução da Fiança:

Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a execução será
promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público (art. 348).

Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz determinará a venda


por leiloeiro ou corretor (art. 349).

115
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

QUESTÕES E PROCESSO INCIDENTE:

Questões prejudiciais: São todas as questões relacionadas ao mérito da causa, que


necessitam ser julgada antes. São elementares da infração penal, pois condicionam a
própria existência do delito.

Art. 92, CPP: Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de


controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso
da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por
sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de
outras provas de natureza urgente.

a) Características:

a) Anterioridade: Deve ser enfrentada antes da questão prejudicada.


b) Essencialidade (ou interdependência): O mérito da ação principal
depende da resolução da questão prejudicial.
c) Autonomia: questão prejudicial pode ser objeto de uma ação autônoma.

b) Classificações:

I. Prejudicial homogênea e heterogênea:


 Homogênea: Versam sobre matéria do mesmo ramo do direito da causa
principal;

116
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Heterogêneas: As prejudiciais pertencem a ramos do direito distintos.


II. Prejudicial obrigatória e facultativa:
 Obrigatória: Impõe a suspensão do processo criminal, para resolução na
esfera extrapenal;
 Facultativa: Ao arbítrio do juiz, pode levar à paralisação do processo
criminal, aguardando a resolução em outra esfera jurisdicional.
III. Total e parcial:
 Total: Elimina a própria tipicidade do fato;
 Parcial: Atinge qualificadoras ou circunstâncias acidentais ao delito, não
influindo a caracterização do tipo base.
IV. Devolutiva e não devolutiva:
 Devolutiva: Será resolvida na esfera extrapenal;
 Não devolutivas: Julgadas na própria seara penal.

c) Prejudiciais obrigatórias:
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida
por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das
testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a
citação dos interessados.

117
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I. Legitimidade: Qualquer das partes ou reconhecida ex officio pelo juiz.

II. Regime de suspensão: A suspensão perdura até o trânsito em julgado da sentença


cível que resolva a prejudicial. Mas as medidas instrutórias urgentes podem ser autorizadas
pelo juiz.

III. Sistema recursal: A decisão sobre a suspensão processual desafia recurso em sentido
estrito. A denegação é irrecorrível, e comporta habeas corpus ou mandado de segurança.

IV. Paralisação da prescrição: Enquanto o processo aguarda solução da prejudicial, o


prazo prescricional fica suspenso.

d) Prejudiciais facultativas:

Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão


sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e
se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que
essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil
limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização
das outras provas de natureza urgente.
§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz
cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando
sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da

118
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

defesa.
§ 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
lhe o rápido andamento.

I. Legitimidade: Magistrado, ex officio ou por provocação das partes.

II. Cabe ao juiz aferir a suspensão do processo.

III. Sistema recursal: A decisão sobre a suspensão processual desafia recurso em sentido
estrito. A denegação é irrecorrível, e comporta habeas corpus ou mandado de segurança.

IV. Paralisação da prescrição: Enquanto o processo aguarda solução da prejudicial, o


prazo prescricional fica suspenso.

e) Sistemas de solução das questões prejudiciais (LIMA, 2017, p. 1102):

I. Sistema da Cognição Incidental (ou do Predomínio da Jurisdição Penal): o juiz


penal sempre terá competência para apreciar a questão prejudicial, ainda que pertencente
a outro ramo do direito (heterogênea), dada a acessoriariedade desta em relação ao mérito
principal;

II. Sistema da Prejudicialidade obrigatória: o juízo penal jamais poderá julgar a

119
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

questão prejudicial pertencente a outro ramo do direito, devendo esta ficar a cargo do
juízo que seria competente para apreciar a questão caso ela fosse proposta de maneira
autônoma;

III. Sistema da Prejudicialidade Facultativa: o juízo penal poderá, a seu critério,


remeter ou não a apreciação da questão prejudicial heterogênea ao juízo cível;

IV. Sistema Eclético (misto): é o adotado pelo CPP. Resulta da fusão do sistema da
prejudicialidade obrigatória com o sistema da prejudicialidade facultativa. Assim, em se
tratando de questão prejudicial homogênea relativa ao estado civil das pessoas, vigora o
sistema da prejudicialidade obrigatória, sendo o juízo penal obrigado a remeter as partes
ao juízo cível para solução da controvérsia. Por outro lado, tratando-se de questão
prejudicial heterogênea que não diga respeito ao estado civil das pessoas, vigora o sistema
da prejudicialidade facultativa, ou seja, caberá ao juízo penal deliberar se enfrentará ou não
a controvérsia.

Exceções:

São procedimentos incidentais em que se alegam determinados fatos processuais


referentes a pressupostos processuais ou condições da ação, objetivando a extinção do
processo ou sua simples dilação.

Art. 95, CPP: Poderão ser opostas as exceções de:

120
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.

- Em regra, são processadas em autos apartados e NÃO suspendem o processo.

- Classificação das exceções quanto à natureza:

a) Exceção processual: alegação de fato processual contra o processo ou contra


a admissibilidade da ação. São processsuais as exceções previstas no art. 95 do
CPP.
b) Exceção substancial/material:
 Direta (defesa direta de mérito): ataca a própria pretensão do autor,
especificamente no tocante à imputação delituosa constante da peça
acusatória. Exemplo: negativa de autoria ou de participação.
 Indireta (defesa indireta de mérito ou preliminar de mérito):
oposição de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor.
Exemplo: prescrição.

- Classificação das exceções quanto aos efeitos:

a) Exceções dilatórias: geram apenas a procrastinação do processo.

121
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Exceção de suspeição, impedimento e incompatibilidade;


 Exceção de incompetência do juízo.
b) Exceções peremptórias: geram a extinção do processo.
 Exceção de litispendência.
 Exceção de coisa julgada.

- Classificação das exceções quanto à forma de processamento:

a) Exceção interna: pode ser formulada no bojo dos autos em que o acusado
está sendo demandado.
b) Exceção instrumental: ocorre quando o legislador impõe determinada
forma para o exercício da exceção, implicando em processamento autonomo,
com autuação própria. Segundo o art. 111 do CPP, as exceções serão processadas
em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.
Não obstante, de acordo com Renato Brasileiro (2017, p. 1112), as matérias de
defesa elencadas no art. 111 do CPP podem ser apreciadas pelo juiz ainda que
não arguidas por meio de petição autônoma.

I - EXCEÇÕES DE SUSPEIÇÃO, IMPEDIMENTO E


INCOMPATIBILIDADE: Objetivam proteger a imparcialidade do julgador.

a) Suspeição (art. 254 a 256, CPP):


 Relação externa ao processo
 Consequência: prática de ato jurisdicional por juiz suspeito, segundo o art. 564, I,

122
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

CPP, é causa de nulidade absoluta.


 Ônus da prova: excipiente (STJ, HC 146796).
 Suspeição por foro íntimo: próprio juiz declara-se suspeito sem revelar o motivo;

ATENÇÃO: É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta


irregularidade verificada em inquérito policial.

A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o


inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da
ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no
inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão
relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos
praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).

b) Impedimento (arts. 252 a 255, CPP):


 Relação interna ao processo;
 Consequência: prática de ato jurisdicional por juiz impedido, dada a sua gravidade,
segundo doutrina majoritária, acarreta a inexistência do ato; jurisprudência
majoritária trata a questão como nulidade absoluta.

c) Incompatibilidade: são as razões que afetam a imparcialidade do juiz, e que não estão
elencadas entre as causas de suspeição e impedimento, estando previstas nas leis de
organização judiciária. É nulidade absoluta.

123
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Procedimento das exceções:


 Juiz pode reconhecer suspeição de ofício (art. 97, CPP), sendo a decisão irrecorrível.
Se o juiz não reconhecer de ofício, deve ser arguida pelas partes, por meio de uma
petição escrita (art. 98, CPP), a ser apresentada na primeira oportunidade,
observando o art. 96, CPP.
o MP ou o querelante: no momento do oferecimento da peça acusatória.
o Acusado: no momento da resposta à acusação (art. 396-A, CPP).

 Não acolhendo a exceção, o juiz oferece resposta em 3 dias, e remete os autos ao


tribunal em 24h (art. 100, CPP).

* ATENÇÃO: As exceções, em regra, são apreciadas pelo próprio juízo, salvo a de


suspeição.
 Com a chegada do processo no Tribunal, é possível:
 Rejeição liminar, se manifestamente improcedente (art. 100, §2º, CPP).
 Se verossímil a arguição, o tribunal inquire testemunhas, e profere decisão
irrecorrível (art. 581, III, CPP). As partes poderão impetrar MS, ou, se houver risco
à locomoção do acusado, poderá este se valer de HC.

II - EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA: Deve ser arguida no prazo da defesa,


podendo ser oposta oralmente ou por escrito (art. 108, CPP).
 Os atos decisórios praticados por juiz, se incompetência absoluta ou relativa, são
nulos, podendo os atos probatórios serem aproveitados (art. 567, CPP).

124
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Se recebimento da denúncia, embora com carga decisória, não é ato decisório,


podendo ser ratificado pelo juiz competente (STF).

a) Competência absoluta x Relativa:

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Pode ser arguida a qualquer momento. Deve ser arguida oportunamente, sob
pena de preclusão.
Modalidades: Modalidades:
 Em razão da matéria;  Em razão do território;
 Prerrogativa de função;  Prevenção (Súmula 706, STF);
 Funcional.  Distribuição.
NÃO admite conexão e continência. Admite conexão e continência.

b) Recursos cabíveis:
 Se o juiz declara a sua incompetência de ofício: RESE (art. 581, II, CPP).
 Se o juiz julgar procedente a exceção de incompetência: RESE (art. 581, III, CPP).
 Se o juiz julgar improcedente a exceção de incompetência: Não cabe recurso. Pode
se valer de HC, ou a renovar da questão em sede de preliminar de apelação.

III - EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA: A litispendência é a imputação do fato ao


mesmo acusado. Não tem prazo para arguição. Atende ao princípio do non bis in idem.

125
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) Requisitos para configurar litispendência:


 Coexistência de processos;
 Mesma imputação fática;
 Mesmo legitimado passivo.

* ATENÇÃO: Não há litispendência entre IP e processo penal, pois só há litispendência


a partir da citação válida.

b) Recursos:
 Se o juiz reconhece litispendência de ofício (decisão definitiva): APELAÇÃO (art.
593, II, CPP).
 Se o juiz julgar procedente a exceção de litispendência: RESE (art. 581, III, CPP).
 Se o juiz julgar improcedente a exceção de litispendência: Não cabe recurso. Pode
se valer de HC, ou a renovar da questão em sede de preliminar de apelação.

IV - EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DE PARTE: Adequado para arguir tanto a


ilegitimidade ad causam quanto a ilegitimidade ad processum. Pode ser arguida a qualquer
momento.

a) Recursos:
 Se o juiz reconhece a ilegitimidade de ofício, rejeitando a denúncia: RESE (art. 581,
I, CPP).
 Se juiz anular o processo por ilegitimidade (art. 564, II, CPP): RESE (art. 581, XIII,
CPP).

126
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Se o juiz julgar procedente a exceção de incompetência: RESE (art. 581, III, CPP).
 Se o juiz julgar improcedente a exceção de ilegitimidade: Não cabe recurso. Pode
se valer de HC, ou a renovar da questão em sede de preliminar de apelação.

V - EXCEÇÃO DE COISA JULGADA: A coisa julgada refere-se à decisão jurisdicional


da qual não cabe mais recurso, tornando-se imutável. Atende ao princípio do non bis in
idem.

a) Requisitos:
 Decisão de mérito definitiva;
 Novo processo, com o mesmo fato veiculado, independente da tipificação legal
apresentada;
 Mesmo réu;
 Mesmo pedido.

b) Recursos:
 Se o juiz reconhecer a coisa julgada de ofício: APELAÇÃO (art. 593, II, CPP).
 Se o juiz julgar procedente a exceção de coisa julgada: RESE (art. 581, III, CPP).
 Se o juiz julgar improcedente a exceção de coisa julgada: Não cabe recurso. Pode
se valer de HC, ou a renovar da questão em sede de preliminar de apelação.

EMANDATIO E MUTATIO LIBELLI:

Princípio da correlação entre a acusação e a sentença: O acusado não pode ser

127
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

processado e julgado por fato diverso daquele que foi lhe imutado na acusatória.

EMENDATIO LIBELLI:

Ocorre quando o juiz sem modificar a base fática da imputação, atribui classificação
diversa a ela, atribui classificação distinta, ainda que mediante aplicação de pena mais
grave. (ex furto qualificado pela fraude {pena de 2 a 8 anos} e o promotor classificou
como estelionato {pena de 1 a 5 anos}). O juiz não fica vinculado a classificação feita pelo
MP nesse caso, pode ele proferir uma sentença pelo crime de furto, mesmo que seja um
crime mais grave.

Iuria novit curia – o juiz ou tribunal conhecem o direito. Narra mihi factum dabo tibi ius
– narra-me o fato que lhe dou o direito.

Obs. Nos casos de emendatio libelli não é necessário o aditamento, pois o acusado se
defende dos fatos, nem tampouco a oitiva da defesa.

Formas de Emendatio Libelli (defeito na tipificação, divergência supressão):

a) Por defeito de capitulação: por algum erro ou defeito (classificação


equivocada).
b) Por interpretação distinta: ao analisar um tema divergente na doutrina ou
jurisprudência.
c) Por supressão de elementar ou circunstância: ao retirar uma qualificadora

128
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

trata-se de uma emendatio.

Momento da aplicação da emendatio Libelli:

 1a corrente: majoritária - deve ser feita pelo juiz apenas no momento da sentença,
sob o argumento da posição topográfica, está no título XII “da sentença”. Ao juiz
não é dado alterar a classificação do fato delituoso por ocasião do recebimento da
peça acusatória.
 2a corrente: Antônio Scarance Fernandes, Aury Lopes Jr, Gustavo Badaró, André
Nicolitt – quando houver excesso da acusação privando o acusado de institutos
despenalizadores ou de liberdade provisória, é possível, no limiar do processo uma
desclassificação incidental e provisória. (ex o promotor entendeu que é tráfico e o
juiz entende que é uso).

Obs. A jurisprudência entende que o juiz poderá realizar a emandatio ao receber a


denúncia nos casos de favorecer o réu ou nos casos em que teria alteração da competência
ou procedimento a ser adotado.

Emendatio Libelli e necessidade de oitiva das partes:

 1a corrente majoritária não há necessidade de oitiva das partes. Uma vez que o
acusado se defende dos fatos. (STF AP 461 AgR – terceiro).
 2a corrente: minoritária, Aury Lopes Jr – o contraditório aplica-se tanto as
questões de fato quanto as de direito. Até porque não haveria prejuízo algum a

129
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

oitiva do acusado.

Emendatio Libelli nas diferentes espécies de ação penal: Pode ser feita na ação penal
pública (condicionada ou incondicionada) como na ação penal privada (propriamente dita,
personalíssima ou subsidiária da pública).

Emendatio Libelli na 2a instância: É possível desde que respeitado o princípio da non


reformatio in pejus. (o juiz condena pelo estelionato, sendo assim se somente o réu apela
e na segunda instância o tribunal verifica ter havido furto mediante fraude – nesse caso se
a apelação foi apenas da defesa, não poderá prejudicar – art. 617 CPP).

MUTATIO LIBELLI – mudança da acusação:

Ocorre quando durante o curso da instrução probatória, surge prova de elementar ou


circunstância não contida na peça acusatória.

Nesse caso como há uma alteração da base fática da imputação há necesssidade de


aditamento da peça acusatória, com posterior oitiva da defesa. (ex MP oferece por furto
simples, mas durante a instrução as testemunhas confirmam que teria havido emprego de
violência contra a vítima, nesse caso surgiu a elementar do roubo não contida da denúncia,
logo o acusado não se defendeu). Nesse caso os autos deverão ser encaminhados ao MP
para seja realizado um aditamento à peça acusatória para poder imputar o crime de roubo.
Depois da imputação será a oitiva da defesa.

130
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Elementares: são dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode acarretar
atipicidade absoluta (atipicidade) ou relativa (desclassificação). Segundo Cézar Roberto diz
que para saber se é elementar é olhar se sua retirada é absoluta ou relativa.

Circunstância: são dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica básica. Podem
aumentar ou diminuir a pena, mas não interferem no crime (causas de aumento,
qualificadoras, causas de diminuição)
Obs. As agravantes (arts. 61 a 64 CP) – O CPP em seu art. 385 diz que o juiz pode
reconhecer agravantes, mesmo que não constem da peça acusatória (doutrina critica
ferrenhamente), mas os tribunais dizem que esse artigo pode ser aplicado. (STF).

Distinção de fato novo e fato diverso: O primeiro, fato novo, ocorre quando seus
elementos de seu núcleo essencial constituem acontecimento criminoso completamente
distinto daquele resultante dos elementos do núcleo essencial da imputação. Nesse caso o
fato novo nada agrega a imputação inicial, mas a substitui por completo. Nessa hipótese
como não há qualquer relação com o fato inicialmente imputado ao acusado não se aplica
a mutatio libelli, devendo ser instaurado novo processo criminal.

O segundo, fato diverso, ocorre quando de seus elementos de seu núcleo essencial
correspondem parcialmente aos fatos da imputação originária, porém com o acréscimo de
alguma elementar ou circunstância que o modifique. É para o fato diverso que se reserva
a mutatio libelli.

Necessidade de aditamento: Surgindo prova de elementar ou circunstância não contida

131
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

na peça acusatória, deve ser feito o aditamento, pouco importando o quantum de pena
cominado a imputação diversa.

Aditamento provocado e aditamento espontâneo: antes da lei 11.719/08 era o juiz que
baixava (provocado) o processo a fim de que o MP aditasse a peça acusatória. Depois da
lei o MP deverá aditar a denúncia ou queixa (espontâneo). Se o MP não fizer o aditamento
espontaneamente o juiz deverá remeter os autos ao PGJ nos termos do art. 28 adotando
o princípio da devolução.

Obs. Gustavo Badaró, Aury Lopes Jr e André Nicolitt dizem que esse § 1o do art. 384 é
inconstitucional, pois quando o juiz se manifesta pela remessa dos autos se inclina pela
condenação.

Ao receber os autos:
a) o PGJ faz o aditamento;
b) o PGJ não faz o aditamento; ao juiz não restará outra opção, senão julgar o acusado
com base na imputação originária. Nicolitt e Aury criticam essa posição dizendo que caso
o PGJ não adite a peça o juiz deve absolver o acusado por estar na dúvida ou não sendo
o fato concreto ocorrido, aplicando assim o in dubio pro reo.

Procedimento da mutatio libelli: MP faz o aditamento espontâneo: pode ser feito por
escrito ou oralmente (reduzido à termo na audiência de instrução) – no prazo de 5 dias.

Ouve-se a defesa: é ouvida antes do recebimento do aditamento. É um misto de defesa

132
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

preliminar (apontar para o juiz as causas do art. 395 CPP) combinado com resposta à
acusação (buscar uma absolvição sumária), devendo convencer o juiz sobre essas duas
defesas. Prazo para oitiva 5 dias.

Ouve-se o juiz: realiza um juízo de admissibilidade do aditamento (como se fosse o


recebimento ou a rejeição da peça)
Ocorrerá nova instrução probatória: realizando novo interrogatório do acusado e podendo
arrolar 3 testemunhas. Esse interrogatório é obrigatório, pois é uma nova imputação.

Recurso cabível contra a rejeição do aditamento: Se isso ocorrer através de uma


decisão interlocutória rejeitar será o RESE. No entanto, se isso ocorrer na própria
audiência una de instrução e julgamento com posterior de prolação de sentença, nesse
caso o recurso adequado será o de apelação (art. 593, §4o CPP), pois quando cabível
apelação não cabe RESE, aplicando o princípio da absorção ou consunção.

Mutatio Libelli e espécies de ação penal:


 1a corrente: majoritária (Pacelli, Denilson Feitoza, Mirabette) de acordo com o
art. 384, caput mutatio somente em crimes de ação penal pública condicionada ou
incondicionada ou ação penal privada subsidiária da pública. O aditamento deve ser
feito pelo MP em ambas as possibilidades;
 2a corrente minoritária (Gustavo Badaró, Aury e Renato Brasileiro) dizem que a
mutatio também pode ser feita nos crimes de ação penal exclusivamente privada e
privada personalíssima, observado o prazo decadencial.

133
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Mutatio libelli na segunda instância: Não é possível pois haveria violação ao duplo
grau de jurisdição diante da supressão da primeira instância. (STF súmula 453). Isso, no
entanto, não impede que o tribunal anule o processo em face da inobservância do art. 384.

Imputação superveniente e possibilidade de condenação do acusado quanto a


imputação originária antes da lei 11719/08 diante do aditamento recebido, o juiz era livre
para condenar o acusado tanto pela imputação originária quanto pela superveniente (era
denominado de imputação alternativa). Contudo, após a lei 11.719/08, trouxe nova
redação ao art. 384, § 4o uma vez recebido o aditamento o juiz estará adstrito a imputação
superveniente, sendo a ele vedado condenar o acusado pela imputação originária, salvo
nas seguintes hipóteses:

 no caso de imputação por crime simples, para posterior inclusão de elemento


especializante;
 no caso de crime complexo;

Disposições comuns a ementatio e a mutatio libelli: Mudança de competência: os


autos serão remetidos ao juiz competente (art. 383, §2o) Transação penal e suspensão
condicional do processo: art. 383, §1o c/c súmula 337STJ. (É cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva).

134
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Lei nº 12.403/2011 inseriu no ordenamento jurídico brasileiro as medidas cautelares diversas da prisão,
de forma que a privação da liberdade fosse considerada como medida cautelar excepcional. Assim,
assinale qual a alternativa correta a respeito desse instituto.

a)Na audiência de custódia é obrigatória a presença e oitiva dos agentes policiais responsáveis pela prisão
ou pela investigação.
b)A audiência de custódia ainda não está regulamentada por lei no Brasil. A concretude desse instinto se
deu em razão da previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos e por ato normativo do CNJ.
c)A audiência de custódia não é compreendida como um direito humano nos estatutos internacionais.
d)A audiência de custódia está devidamente regulamentada, na lei 12.850/13, no Brasil.
e) Para o STJ a alegação de nulidade da prisão em flagrante em razão da não realização de audiência de
custódia no prazo legal não fica superada com a conversão do flagrante em prisão preventiva.

02 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.
A inafiançabilidade nos casos de crimes hediondos não impede a concessão judicial de liberdade
provisória, impedindo apenas a concessão de fiança como instrumento de obtenção dessa liberdade.

( ) Certo ( ) Errado

03 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o adolescente
e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue o item que se segue.

135
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O crime de estupro praticado contra criança ou adolescente é insuscetível de fiança.

( ) Certo ( ) Errado

04 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.
Situação hipotética: Um cidadão foi preso em flagrante pela prática do crime de corrupção ativa. A
autoridade policial, no prazo legal do IP, remeteu os autos ao competente juízo, quando foi decretada a
prisão preventiva do indiciado. Assertiva: Nessa situação, estão preenchidos os requisitos legais para a
concessão da fiança, razão por que ela poderá ser concedida como contracautela da prisão anteriormente
decretada.

( ) Certo ( ) Errado

05 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.

Situação hipotética: A polícia foi informada da possível ocorrência de crime em determinado local. Por
determinação da autoridade policial, agentes se dirigiram ao local e aguardaram o desenrolar da ação
criminosa, a qual ensejou a prisão em flagrante dos autores do crime quando praticavam um roubo, que
não chegou a ser consumado. Foi apurado, ainda, que se tratava de conduta oriunda de grupo organizado
para a prática de crimes contra o patrimônio. Assertiva: Nessa situação, o flagrante foi lícito e configurou
hipótese legal de ação controlada.

( ) Certo ( ) Errado

136
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

06 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Segundo o Código de Processo Penal, é cabível a prisão domiciliar, em substituição à prisão preventiva,
quando o agente for:

a)magistrado.
b)Ministro de Estado.
c)pessoa maior de setenta anos.
d)pessoa portadora de diploma de ensino superior.
e)homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até doze anos de idade incompletos.

07 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Quando o inquérito policial é instaurado a partir de um auto de prisão em flagrante delito, diz-se haver:

a)notitia criminis inqualificada.


b)delatio criminis postulatória.
c)notitia criminis de cognição imediata.
d)notitia criminis de cognição mediata.
e)notitia criminis de cognição coercitiva.

08 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Impor-se-á prisão em flagrante:

a)a Deputado Federal flagrado na prática de crime de estelionato.


b)à pessoa que for flagrada transportando, para consumo pessoal, drogas, em desacordo com
determinação legal.
c)à pessoa que, flagrada na prática de crime de menor potencial ofensivo, tiver termo circunstanciado de
ocorrência lavrado e assumir compromisso de comparecer ao juizado especial criminal.
d)à pessoa flagrada na prática de crime de furto simples de coisa avaliada em R$ 50,00 (cinquenta reais).

137
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)ao condutor de veículo, no caso de homicídio culposo na direção de veículo automotor, que prestar à
vítima pronto e integral socorro.

09 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre a prisão, tem-se o seguinte:

a)A prisão temporária, presentes os seus requisitos, poderá ser decretada no curso da ação penal.
b)A Constituição da República Federativa do Brasil prevê a incomunicabilidade do preso durante o estado
de defesa.
c)Nos crimes hediondos, a prisão temporária tem, em regra, a duração de trinta dias.
d)Após a alteração legislativa promovida pela Lei n. 12.403, de 2011, é possível a decretação de prisão
preventiva pelo juiz, de ofício, durante a investigação penal.
e)É causa de revogação da prisão preventiva o extrapolamento, pela autoridade policial, do prazo de
conclusão do inquérito policial.

10 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Em relação à prisão em flagrante, assinale a alternativa correta.

a)A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 2 anos.
b)O delito putativo por obra do agente provocador é contemplado na lei e mesmo na doutrina como
espécie do chamado quase-flagrante.
c)Para existir a prisão em flagrante nas hipóteses de perseguição é necessário que o agente seja preso em
até 24 horas após o fato.
d)A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade policial do local em que
ocorrer a prisão-captura, mesmo que esta se dê em local diverso do da prática do crime.
e)Chama-se flagrante impróprio a situação de prisão em que o agente é surpreendido quando acabou de
cometer o delito.

138
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

11 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


A prisão temporária é cabível

a)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial nos crimes, entre outros, de latrocínio
e epidemia com resultado morte, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
b)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial nos crimes, entre outros, de latrocínio
e roubo, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.
c)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial ou instrução processual, nos crimes,
entre outros, de latrocínio e sequestro ou cárcere privado, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade.
d)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial ou instrução processual, nos crimes,
entre outros, de latrocínio e roubo, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
e)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial, decretada de ofício pelo magistrado
ou a requerimento do Delegado de Polícia, nos crimes, entre outros, de latrocínio e estupro, pelo prazo
de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

12 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Caio está sendo processado criminalmente pela prática de crime de furto e em sua resposta alega ser
improcedente a acusação, uma vez que discute na seara cível, em ação por ele proposta, a ilegitimidade
da posse da res pela suposta vítima.
Considerando a situação retratada, assinale a alternativa correta.

a)O juiz poderá suspender a ação penal a depender tão somente da prévia propositura da ação cível pelo
acusado.

139
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)O juiz deverá suspender a ação penal até que se dirima no juízo cível a questão da legitimidade da posse.
c)O juiz criminal pode resolver, incidenter tantum, a questão da posse sem que seja necessária a suspensão
da ação penal.
d)A resolução da questão prejudicial pelo juiz criminal faz coisa julgada.
e)Não há possibilidade de suspensão da ação penal.

13 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Sobre o regime jurídico da liberdade provisória, é CORRETO afirmar:

a)A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da classificação do delito tido, inicialmente, como
afiançável.
b)Não poderá haver reforço da fiança mediante inovação da classificação do delito.
c)O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela autoridade policial, em face da situação econômica
do preso.
d)O quebramento injustificado da fiança importará na perda da totalidade do seu valor.

14 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que diz respeito à prisão em flagrante e à prisão preventiva, é CORRETO afirmar:

a)Poderá ocorrer prisão em flagrante após 24 horas, desde que seja demonstrado que o autor do crime
foi perseguido e preso neste período. Neste caso não há necessidade de entrega da nota de culpa.
b)A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante.
c)As autoridades policiais, seus agentes e qualquer do povo deverão prender quem quer que seja
encontrado em flagrante delito.
d)No momento em que o juiz recebe o auto de prisão em flagrante, ele tem duas opções apenas. Deve
decidir de forma fundamentada pelo relaxamento da prisão ilegal ou converter a prisão em flagrante em
preventiva.

140
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)O juiz pode decretar a prisão preventiva como garantia da ordem pública, da ordem financeira, por
conveniência da instrução do inquérito, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova
da existência do crime ou indício suficiente de autoria.

15 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Como alternativa à prisão, o legislador contemplou outras medidas cautelares. Dentre esse rol, qual não
corresponde a uma medida cautelar diversa da prisão?

a)Comparecimento periódico em juízo, até o dia 10 (dez) de cada mês e nas condições fixadas pelo juiz,
para informar e justificar atividades.
b)Monitoração eletrônica.
c)Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações.
d)Proibição de manter contato com pessoa determinada, quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante.
e)Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução.

16 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Acerca da disciplina sobre prisão e liberdade, assinale a alternativa correta.

a)Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o
auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para
a Defensoria Pública e ao Ministério Público.
b)Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

141
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá
efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade do local do
início da perseguição para a lavratura do auto de flagrante.
d)Nos termos da Lei nº 9.099/1995, ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida
de cautela, a realização de audiência de conciliação.
e)Em se tratando de delito de descumprimento de medida protetiva, havendo a prisão em flagrante do
suspeito, caberá à autoridade policial o arbitramento de fiança.

17 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


João foi atuado em flagrante delito pelo crime de receptação dolosa de animal (Art. 180-A, CP) na Região
da Campanha Estado do Rio Grande do Sul. Em sua propriedade, foram encontrados, ocultados, cerca
de 300 semoventes subtraídos de determinada fazenda, demonstrando a gravidade em concreto da ação
do flagrado. Confessado o delito, João referiu que possuía a finalidade de comercializar o gado em
momento posterior. Considerando a prática deste delito e verificadas as condenações anteriores, restou
caracterizada, com a nova conduta, a reincidência dolosa de João em delitos da mesma espécie. Além
disso, o autuado apresenta extenso rol de maus antecedentes em delitos de receptação. Neste caso,
considerando o Código de Processo Penal, deverá o delegado de polícia:

a)Representar por medida cautelar diversa da prisão, uma vez que o delito foi praticado sem a utilização
de violência ou grave ameaça à pessoa.
b)Representar pela prisão preventiva, demonstrando, fundamentadamente, a insuficiência e a
inadequação de outras medidas cautelares diversas da prisão, bem como a presença dos requisitos
autorizadores da segregação cautelar.
c)Arbitrar fiança, de imediato, sob pena de constrangimento ilegal ao autuado.
d)Representar pela prisão preventiva, ainda que seja suficiente medida cautelar diversa da prisão, tendo
em vista estarem presentes os requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal.

142
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, remeter os autos ao Poder Judiciário, independente de
representação por prisão preventiva, sendo permitido ao juiz decretá-la de ofício, conforme Art. 311 do
Código de Processo Penal.

18 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Acerca da prisão, medidas cautelares e liberdade, é correto afirmar que:

a)É cabível medida cautelar diversa da prisão a crime cuja pena cominada seja de multa.
b)A prisão temporária será decretada pelo Juiz, de ofício, em face da representação da autoridade policial
ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade.
c)Ausentes os requisitos da prisão preventiva, é cabível liberdade provisória para o crime de tráfico de
drogas.
d)É constitucional a expressão "e liberdade provisória", constante do caput do artigo 44 da Lei nº
11.343/2006, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
e) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima seja inferior a 4 (quatro) anos.

19 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa correta.

a)Segundo jurisprudência dos Tribunais Superiores, não cabe habeas corpus em sede de inquérito policial.
b)A prisão domiciliar poderá ser concedida a homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
c)O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas do processo, ainda que o
réu seja absolvido.
d)É possível o recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, ainda que o investigado
ou acusado não tenha residência e trabalho fixos.

143
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)Nos crimes de abuso de autoridade, a ação penal será instruída com inquérito policial ou justificação,
sem os quais a denúncia será considerada inepta diante da ausência de lastro probatório mínimo.

20 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


No que concerne à prisão em flagrante, à prisão temporária e à prisão preventiva, assinale a alternativa
correta, nos estritos termos legais e constitucionais.

a)Nenhuma delas tem prazo máximo estabelecido em lei.


b)A primeira pode ser realizada pela autoridade policial, violando domicílio e sem ordem judicial, a
qualquer horário do dia ou da noite.
c)A segunda somente é cabível em crimes hediondos ou assemelhados, podendo durar 30 (trinta) ou 60
(sessenta) dias.
d)A segunda demanda ordem judicial e prévio parecer favorável do Ministério Público.
e)A terceira pode ser decretada de ofício pelo Juiz durante o inquérito policial.

21 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Julgue os próximos itens, relativos a prisão, medidas cautelares e liberdade provisória.

I A concessão da liberdade provisória pela autoridade policial não impede a decretação da prisão
preventiva de ofício pelo juízo, se presentes os seus requisitos.
II Nos crimes hediondos, o tempo da prisão preventiva varia segundo o limite da pena estabelecida para
o tipo penal imputado ao indiciado.
III Aplicada medida cautelar diversa da prisão, será vedado ao juiz substituí-la por outra ou impor nova
medida cumulativamente.
IV Lavrado o auto de prisão em flagrante por crime de estupro, a autoridade policial poderá conceder ao
preso liberdade provisória mediante fiança.

Assinale a opção correta.

144
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)Apenas o item I está certo.


b)Apenas os itens I e IV estão certos.
c)Apenas os itens II e III estão certos.
d)Apenas os itens II, III e IV estão certos.
e)Todos os itens estão certos.

22 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Considere que, no curso de determinada investigação, a autoridade policial tenha representado ao
competente juízo pela prisão temporária do indiciado. Nessa situação,

a)a prisão requerida apenas poderá ser decretada para se inquirir o indiciado, devendo a autoridade
policial, após o ato, representar pela sua soltura.
b)mesmo que a autoridade policial não tivesse requerido a prisão temporária, o juiz poderia tê-la
decretado de ofício.
c)caso se trate de crime hediondo, o prazo máximo da prisão eventualmente decretada será de noventa
dias.
d)a prisão não poderá ser decretada após a fase inquisitória da persecução penal.
e)decretada a prisão temporária, o inquérito policial deverá ser concluído no prazo máximo de dez dias.

23 - 2017 - CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores e o posicionamento doutrinário
dominante a respeito de prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, julgue os seguintes itens.

I- A gravidade em abstrato do crime justifica a prisão preventiva com base na garantia da ordem pública,
representando, por si só, fundamento idôneo para a segregação cautelar do réu.

145
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

II- As medidas cautelares pessoais são decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, no
curso da ação penal, ou no curso da investigação criminal, somente por representação da autoridade
policial ou a requerimento do MP.
III- Em razão do sistema processual brasileiro, não é possível ao magistrado determinar, de ofício, a
prisão preventiva do indiciado na fase de investigação criminal ou pré-processual.
IV- A inafiançabilidade dos crimes hediondos e daqueles que lhes são assemelhados não impede a
concessão judicial da liberdade provisória sem fiança.
V- A fiança somente pode ser fixada como contracautela, ou seja, como substituição da prisão em
flagrante ou da prisão preventiva anteriormente decretada.

Estão certos apenas os itens

a)I, II e V.
b)I, III e IV.
c)I, IV e V.
d)II, III e IV.
e)II, III e V.

24 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


O regime da fiança no Código de Processo Penal, dispõe que

a)o descumprimento de medida cautelar diversa da prisão aplicada cumulativamente com a fiança pode
gerar o quebramento da fiança.
b)é vedada a aplicação da fiança em crimes cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
c)a situação econômica da pessoa presa é irrelevante para a fixação do valor da fiança, que deve ter relação
com a gravidade do crime e os antecedentes criminais.

146
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)a fiança será prestada em dinheiro, sendo vedada a prestação por meio de pedras preciosas.
e)a concessão de fiança é ato exclusivo da autoridade judicial, visto que implica em decisão sobre a
liberdade da pessoa.

25 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


O Código de Processo Penal dispõe que no regime da prisão preventiva

a)é vedada a decretação da prisão preventiva antes do início do processo criminal.


b)a decretação da prisão preventiva como garantia da ordem pública requer indício suficiente da
existência do crime.
c)a prisão preventiva decretada por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal possuem relação de cautelaridade com o processo penal.
d)a reincidência é irrelevante para a admissão da prisão preventiva.
e)a gravidade do delito dispensa a motivação da decisão que decreta a prisão preventiva.

26 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


Sobre a prisão em flagrante, é correto afirmar que

a)é ato exclusivo da autoridade policial nos casos de perseguição logo após a prática do delito.
b)deve o delegado de polícia representar pela prisão preventiva, quando o agente é encontrado, logo
depois, com instrumentos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração, dada a impossibilidade
de prisão em flagrante.
c)é vedada pelo Código de Processo Penal, em caso de crime permanente, diante da possibilidade de
prisão temporária.
d)a falta de testemunhas do crime impede a lavratura do auto de prisão em flagrante, devendo a autoridade
policial instaurar inquérito policial para apuração do fato.

147
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)o auto de prisão em flagrante será encaminhado ao juiz em até 24 horas após a realização da prisão, e,
caso não seja indicado o nome de seu advogado pela pessoa presa, cópia integral para a Defensoria
Pública.

27 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


A prisão domiciliar no processo penal

a)deve ser cumprida em Casa de Albergado ou, em sua falta, em outro estabelecimento prisional similar.
b)pode ser concedida à mulher grávida, desde que comprovada a situação de risco da gestação.
c)é medida cautelar diversa da prisão que pode beneficiar mulheres de qualquer idade, mas o homem
apenas se for idoso.
d)pode ser concedida à mulher que tenha filho de até 16 anos de idade incompletos.
e)é cabível em caso de pessoa presa que esteja extremamente debilitada em razão de doença grave.

28 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Dentre as atribuições da autoridade policial, está a análise sobre a concessão ou não de fiança e o
respectivo valor nos casos expressos em lei. Dessa forma, consoante às disposições do Código de
Processo Penal vigente, assinale a alternativa correta.

a)A autoridade policial, para determinar o valor da fiança, terá em consideração a natureza da infração,
as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado e as circunstâncias indicativas de sua
culpabilidade.
b)A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade não seja superior a 4 (quatro) anos.
c)A autoridade policial poderá dispensar a fiança, a depender da situação econômica do réu ou reduzi-la
até o máximo de 1/3 (um terço).
d)Caso a autoridade policial retarde a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la
mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

148
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)O valor da fiança que será fixado pela autoridade policial será nos limites de 1 (um) a 200 (duzentos)
salários- mínimos.

29 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre direitos e garantias fundamentais,
assinale a alternativa correta.

a)O fato de o réu estar sendo processado por outros crimes e respondendo a outros inquéritos policiais
é suficiente para justificar a manutenção da constrição cautelar.
b)A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa
ocorre situação de flagrante delito.
c)É nulo o inquérito policial instaurado a partir da prisão em flagrante dos acusados, quando a autoridade
policial tenha tomado conhecimento prévio dos fatos por meio de denúncia anônima.
d)Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, existência de inquéritos policiais ou de ações
penais sem trânsito em julgado pode ser considerada como mau antecedentes criminais para fins de
dosimetria da pena.
e)A constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, justifica a entrada forçada em domicílio
sem determinação judicial, sendo desnecessário o controle judicial posterior à execução da medida.

30 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


Tendo em vista a correta classificação, considera-se em flagrante delito quem:

a)é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração, ou seja, flagrante impróprio.
b)acaba de cometer a infração penal, ou seja. flagrante próprio.
c)é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa em situação que faça
presumir ser autor da infração, ou seja, flagrante presumido.

149
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)é preso por flagrante provocado.


e)está cometendo a infração penal, ou seja, crime imperfeito.

31 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


No que tange ao procedimento criminal e seus princípios e ao instituto da liberdade provisória, assinale
a opção correta.

a)O descumprimento de medida cautelar imposta ao acusado para não manter contato com pessoa
determinada é motivo suficiente para o juiz determinar a substituição da medida por prisão preventiva,
já que a aplicação de outra medida representaria ofensa ao poder imperativo do Estado além de ser
incompatível com o instituto das medidas cautelares.
b)Concedida ao acusado a liberdade provisória mediante fiança, será inaplicável a sua cumulação com
outra medida cautelar tal como a proibição de ausentar-se da comarca ou o monitoramento eletrônico.
c)Compete ao juiz e não ao delegado a concessão de liberdade provisória, mediante pagamento de fiança,
a acusado de crime hediondo ou tráfico ilícito de entorpecente.
d)Caso, após sentença condenatória, advenha a prescrição da pretensão punitiva e seja declarada extinta
a punibilidade por essa razão, os valores recolhidos a título de fiança serão integralmente restituídos
àquele que a prestou.
e)Ofenderá o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório a defesa que, firmada por
advogado dativo, se apresentar deficiente e resultar em prejuízo comprovado para o acusado.

32 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Será cabível a concessão de liberdade provisória ao indivíduo que for preso em flagrante devido ao
cometimento do crime de

I estelionato;
II latrocínio;
III estupro de vulnerável.

150
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Assinale a opção correta.

a)Apenas os itens I e III estão certos.


b)Apenas os itens II e III estão certos.
c)Todos os itens estão certos.
d)Apenas o item I está certo.
e)Apenas os itens I e II estão certos.

33 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Com relação à prisão temporária, assinale a opção correta

a)A prisão temporária poderá ser decretada pelo juiz de ofício ou mediante representação da autoridade
policial ou requerimento do Ministério Público.
b)Conforme o STJ, a prisão temporária não pode ser mantida após o recebimento da denúncia pelo juiz.
c)São três os requisitos indispensáveis para a decretação da prisão temporária, conforme a doutrina
majoritária: imprescindibilidade para as investigações; existência de indícios de autoria ou participação; e
indiciado sem residência fixa ou identificação duvidosa.
d)É cabível a prisão temporária para a oitiva do indiciado acerca do delito sob apuração, desde que a
liberdade seja restituída logo após a ultimação do ato.
e)A prisão temporária poderá ser decretada tanto no curso da investigação quanto no decorrer da fase
instrutória do competente processo criminal.

34 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Pedro, Joaquim e Sandra foram presos em flagrante delito. Pedro, por ter ofendido a integridade corporal
de Lucas, do que resultou debilidade permanente de um de seus membros; Joaquim, por ter subtraído a
bicicleta de Lúcio, de vinte e cinco anos de idade, no período matutino — Lúcio a havia deixado em
frente a uma padaria; e Sandra, por ter subtraído o carro de Tomás mediante grave ameaça.

151
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Considerando-se os crimes cometidos pelos presos, a autoridade policial poderá conceder fiança a

a)Joaquim somente.
b)Pedro somente.
c)Pedro, Joaquim e Sandra.
d)Pedro e Sandra somente.
e)Joaquim e Sandra somente.

35 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Lei as assertivas a seguir e responda.

I. As duas últimas hipóteses do art. 302 do CPP [...] é perseguido, logo após, pela autoridade em situação
que faça presumir ser autor da infração; [...] é encontrado, logo depois, com instrumentos que façam
presumir ser ele autor da infração] não são flagrante, por isso que o legislador consignou; “considera-se
em flagrante...”. Assim, não se pode permitir que o legislador diminua a garantia constitucional da
inviolabilidade do domicílio, ampliando as situações que não são de verdadeiro flagrante. Assim, o
ingresso no domicílio sem mandado só pode ocorrer diante de flagrante delito efetivo e real, o que exclui
o presumido.
II. A autoridade policial, no âmbito de uma investigação representa pela busca domiciliar apresentando
fundamentos fáticos e jurídicos. O Ministério Público manifesta-se favoravelmente. O juiz defere o pleito
e expede mandado de busca e apreensão. A ordem do juiz só pode ser cumprida durante o dia.
III. Policiais militares amparados em fundadas razões advindas de denúncia anônima que dá notícia de
situação de flagrante delito ingressam de maneira forçada no domicílio sem mandado durante a noite. A
prova é lícita se justificada a posteriori.

As assertivas acima espelham respectivamente:

152
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)l. A interpretação de parte da doutrina sobre a inviolabilidade do domicílio; II. A regência da


Constituição de 1988 sobre a inviolabilidade do domicílio; III. O entendimento firmado, em repercussão
geral, pela maioria dos Ministros do STF.
b)l. O entendimento firmado, em repercussão geral, pela maioria dos Ministros do STF; II. A
interpretação de parte da doutrina sobre a inviolabilidade do domicílio; III. A regência da Constituição
de 1988 sobre a inviolabilidade do domicílio.
c)l. O entendimento firmado, em repercussão geral, pela maioria dos Ministros do STJ; II. A interpretação
de parte da doutrina sobre a inviolabilidade do domicílio; III. A regência da Constituição de 1988 sobre
a inviolabilidade do domicílio.
d)l. A regência da Constituição de 1988 sobre a inviolabilidade do domicílio; II. O entendimento firmado,
em repercussão geral, pela maioria dos Ministros do STF; III. A interpretação de parte da doutrina sobre
a inviolabilidade do domicílio.
e)l. O entendimento firmado pela maioria dos Ministros do STF; II. A regência da Constituição de 1988
sobre a inviolabilidade do domicílio; III. A interpretação de parte da doutrina sobre a inviolabilidade do
domicílio.

36 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Diante de um flagrante no qual a autoridade policial capitulou a conduta no art. 306 c/c 303, na forma
do art. 302, §1°, I e III do CTB (Direção sob a influência de álcool, com lesão corporal culposa no
trânsito, sem habilitação e sem prestar socorro), o Delegado de Polícia deixou de arbitrar fiança ao
argumento de que com o concurso de crimes (direção embriagada e lesão corporal culposa no trânsito)
a pena transcendia a 04 anos, não podendo o mesmo concedê-la. Feitas as comunicações da prisão, o
Ministério Público opinou pela conversão do flagrante em preventiva aduzindo que o indiciado
alcoolizado, sem CNH e tendo se evadido, deixa dúvida quanto a ter agido com culpa ou dolo eventual.
Sobre estes fatos, marque a correta.

a)O juiz não pode decretar a prisão por não haver hipótese legal de cabimento, vez que sendo dada pelo
delegado a capitulação de um crime doloso (art. 306 CTB), com pena inferior a 04 anos, somado a um

153
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

crime culposo (art. 303 CTB), a pena deste último não pode ser considerada na soma para autorizar a
prisão, o que se extrai do art. 313, I do CPP, ao exigir para a medida extrema a ocorrência de crime doloso
punido com pena superiora 04 anos.
b)O juiz deveria, à luz doe argumentos do MP e da comunicação do delegado de polícia, decretar a prisão
preventiva, pois estavam presentes os requisitos legais para tanto.
c)Tem razão o Ministério Público, pois diante da dúvida sobre o dolo eventual e a culpa, nesta fase não
se aplica a presunção de inocência que é uma regra que vincula apenas o juiz na hora do julgamento.
Apesar da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, a eficácia vertical não alcança todos os órgãos e
agentes do Estado, sendo a presunção de inocência direcionada ao juiz para impor ao julgamento final o
in dúbio pro reo.
d)O delegado, diante da gravidade do fato, deveria ter, não apenas comunicado a prisão mas também
representado pela prisão preventiva.
e)A manifestação do MP está correta, pois diante da gravidade dos fatos, a prisão afigura-se necessária
para a garantia da ordem pública.

37 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


É correto afirmar:

a)As medidas cautelares diversas da prisão podem ser designadas de “medidas alternativas" à prisão. Isto
porque, nos termos do art. 310, II do CPP, para o juiz existe a discricionariedade para decretar a prisão
e as cautelares diversas.
b)No artigo 387, 2 do CPP, que dispõe que o tempo de prisão preventiva deve ser considerado pelo juiz
ao fixar o regime da penas introduz no ordenamento jurídico uma verdadeira progressão cautelar do
regime. Com efeito, se o tempo de prisão cautelar, em um caso de roubo qualificado, for inferior a 1/6
da pena, referida prisão será indiferente para a fixação do regime.
c)O STF entende, com repercussão geral, que inquéritos arquivados ou ações penais em curso não podem
ser considerados como maus antecedentes, mas podem ser considerados para elevar a pena com
fundamento na conduta reprovável.

154
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)O principio da duração razoável do processo não incide sobre o inquérito policial.
e)O Supremo Tribunal Federal concedeu a possibilidade da execução provisória da pena. Para a Corte, o
instituto não viola a presunção de inocência. A decisão não unânime reflete um debate teórico que
remonta a tensão entre a escola clássica e a escola técnico-jurídica da Itália. Esta última marcada por uma
visão democrática do processo e a primeira afinada com os ideais do regime autoritário fascista.

38 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Considerando a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta
a respeito da prisão.

a)O flagrante diferido que permite à autoridade policial retardar a prisão em flagrante com o objetivo de
aguardar o momento mais favorável à obtenção de provas da infração penal prescinde, em qualquer
hipótese, de prévia autorização judicial.
b)Para a admissibilidade de prisão temporária exige-se, cumulativamente, a presença dos seguintes
requisitos: imprescindibilidade para as investigações, não ter o indiciado residência fixa ou não fornecer
dados esclarecedores de sua identidade e existência de indícios de autoria em determinados crimes.
c)Configura crime impossível o flagrante denominado esperado, que ocorre quando a autoridade policial,
detentora de informações sobre futura prática de determinado crime, se estrutura para acompanhar a sua
execução, efetuando a prisão no momento da consumação do delito.
d)Havendo conversão de prisão temporária em prisão preventiva no curso da investigação policial, o
prazo para a conclusão das investigações, no âmbito do competente inquérito policial, iniciar-se-á a partir
da decretação da prisão preventiva.
e)Havendo mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a autoridade policial
poderá executar a ordem mediante certificação em cópia do documento, desde que a diligência se efetive
no território de competência do juiz processante.

39 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia

155
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Acerca das alterações processuais assinaladas pela Lei n.º 12.403/2011, do instituto da fiança, do
procedimento no âmbito dos juizados especiais criminais e das normas processuais pertinentes à citação
e intimação, assinale a opção correta.

a)Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, será decretada a revelia e o
processo prosseguirá com a nomeação de defensor dativo.
b)Em homenagem ao princípio da ampla defesa, será sempre pessoal a intimação do defensor dativo ou
constituído pelo acusado.
c)O arbitramento de fiança, tanto na esfera policial quanto na concedida pelo competente juízo,
independe de prévia manifestação do representante do MP.
d)Nos procedimentos previstos na Lei n.º 9.099/1995, em se tratando de ação penal pública condicionada
à representação e não havendo conciliação na audiência preliminar, caso o ofendido se manifeste pelo
não oferecimento de representação, o processo será julgado extinto de imediato, operando-se a
decadência do direito de ação.
e)No caso de prisão em flagrante, a autoridade policial somente poderá conceder fiança se a infração
penal for punida com detenção e prisão simples; nas demais situações, a fiança deverá ser requerida ao
competente juízo.

40 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Considerando-se que João tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter cometido
dolosamente homicídio simples, e que Pedro tenha sido indiciado, em inquérito policial, por,
supostamente, ter cometido homicídio qualificado, é correto afirmar que, no curso dos inquéritos,
a)se a prisão temporária de algum dos acusados for decretada, ela somente poderá ser executada depois
de expedido o mandado judicial.
b)João e Pedro podem ficar presos temporariamente, sendo igual o limite de prazo para a decretação da
prisão temporária de ambos.
c)o juiz poderá decidir sobre a prisão temporária de qualquer um dos acusados ou de ambos,
independentemente de ouvir o MP, sendo suficiente, para tanto, a representação da autoridade policial.

156
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de Pedro mas não a de João.
e)o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de João e de Pedro.
d)A segunda demanda ordem judicial e prévio parecer favorável do Ministério Público.
e)A terceira pode ser decretada de ofício pelo Juiz durante o inquérito policial.

Respostas: 01: B 02: C 03: C 04: E 05: E 06: E 07: E 08: D 09: C 10: D 11: A 12: C 13: A 14:
B 15: A 16: B 17: B 18: C 19: B 20: B 21: A 22: D 23: D 24: A 25: C 26: E 27: E 28: D 29:
B 30: B 31: E 32: C 33: B 34: A 35: A 36: A 37: B 38: D 39: C 40: A

157
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 03

MEDICINA LEGAL: PSICOLOGIA FORENSE

1. CONCEITOS

A Psicologia Forense estuda os limites normais, biológicos, mesológicos e legais da


capacidade civil e da imputabilidade penal.

A Psiquiatria Forense analisa os limites e modificadores anormais e as doenças mentais,


oligofrenias e as personalidades psicopáticas.

2. IMPUTABILIDADE

Para que alguém seja condenado a cumprir uma pena após um processo penal, é necessário
que sua conduta tenha sido típica, antijurídica e que tenha sido possível caracterizar a
sua culpabilidade.

Do ponto de vista médico-legal, a imputabilidade é o elemento mais importante da


culpabilidade.

Modernamente, a imputabilidade está associada à capacidade de entender os fatos, as


circunstâncias e de direcionar de acordo com esse entendimento. Tanto a capacidade de

158
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

entendimento como a de autodeterminação integram a personalidade do indivíduo


imputável.

Assim, a imputabilidade pode ser definida como uma capacidade de compreensão e uma
vontade de agir; e a capacidade civil como uma aptidão para gerir sua pessoa e seus bens.
A responsabilidade, por sua vez, é uma consequência jurídico-penal de quem tinha pleno
entendimento de que estava praticando um delito. Isto é, a responsabilidade leva em conta
o grau de imputabilidade de cada pessoa e é de competência judicial.

Nesse sentido, a lei penal isenta de pena, ou importa em causa de diminuição desta, o
agente que ao tempo da ação ou da omissão não possuía inteira capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA IMPUTABILIDADE:


 BIOLÓGICO
 PSICOLÓGICO
 BIOPSICOLÓGICO OU MISTO

1) Critério Biológico:
Considera apenas o desenvolvimento mental do agente (doença mental ou idade),
independentemente se tinha, ao tempo da conduta, capacidade de entendimento e
autodeterminação.

159
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Conclusão: basta ser portador de anomalia psíquica ou menor de 18 anos para ser
inimputável.

Esse critério é usado no art. 27 do CP. Ou seja, se o agente tiver menos de 18 anos à época
da conduta, é inimputável; se tiver mais de 18 anos, é imputável.

Art. 27 (menores de 18 anos) - Os menores de 18 (dezoito) anos são


penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial.

2) Critério Psicológico:
Considera apenas se o agente, ao tempo da conduta, era capaz de ter o entendimento
da ilicitude ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,
independentemente de ser, ou não, mentalmente são ou desenvolvido.

3) Critério Biopsicológico ou Misto:


Ao se referir à doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado, o legislador
reconhece a necessidade de um diagnóstico psiquiátrico, aceitando o critério biológico.
Mas também acolhe o fundamento do critério psicológico ao estabelecer que, ao tempo
da ação ou omissão, o agente teria que ser incapaz de reconhecer a ilicitude da sua conduta
e autocontrole para agir de acordo com esse entendimento.

160
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Assim, a inimputabilidade deve ser provada, não podendo ser presumida. Como também
deve restar claro que sua existência impedia o agente de compreender o caráter criminoso
do seu gesto e de determinar sua ação a partir desse entendimento.

É o adotado pelos arts. 26 e 28 do CP.

Art. 26 (inimputabilidade) - É isento de pena o agente que, por doença mental


ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato OU
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único (redução de pena) - A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

Art. 28(..)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao

161
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito


do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

3. LIMITES E MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE

A doutrina destaca os principais limites e modificadores biopsicossociais da imputabilidade


penal e da capacidade civil, que se relacionam com o estado/condição/fator que leva à
prática de fato criminoso, tal como com as respostas da lei diante desses indicadores.
São os seguintes:
 a raça
 a idade
 sexo
 estado de agonia
 hipnotismo
 temperamento
 estados emotivos – violenta emoção, coação moral irresistível e privação
momentânea dos sentidos;
 a hereditariedade;
 epilepsias;
 retardo mental
 transtornos mentais e de comportamento.

Como nesse ponto o objeto de estudo são as psicopatologias, será dado especial enfoque
aos transtornos mentais e de comportamento e aos transtornos da personalidade.

162
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Vale dizer que não existe uma conceituação adequada para o termo doença mental e que
não existe um padrão para a normalidade mental. Assim, o conceito de normalidade,
relativo, apresenta conotação que implica fatores sociais, culturais e estatísticos.

Dito isso, será apresentado a seguir a conceituação clássica, das síndromes mais comuns,
da psiquiatria médico-legal, ciência do comportamento que busca desvendar os fatos
obscuros da mente e as razões implicativas da criminogênese, além de avaliar os limites da
capacidade de cada um:

Limitadores trazidos por Delton Croce:

163
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

BIOLÓGICOS PSICOPATOLÓGICOS PSIQUIÁTRICOS MESOLÓGICOS

SONO PATOLÓGICO:
IVILIZAÇÃO
IDADE SONAMBULISMO E DOENÇAS MENTAIS (SILVÍCOLAS)
HIPNOTISMO

SURDIMUTISMO PSICOLOGIA DAS


EMOÇÃO E PAIXÃO OLIGOFRENIAS MULTIDÕES

SEXO AFASIA PERSONALIDADES


PSICOPATAS

AGONIA PRODIGIALIDADE NEUROSES

EMBRIAGUEZ

TOXICOMANIAS

Vejamos os mais importantes:


1) IDADE
A definição da incapacidade do menor de 18 anos é uma exceção ao modo de avaliação
biopsicológico adotado pelo CP. O critério aqui é puramente biológico.

O cérebro não está totalmente desenvolvido. Consequentemente, o psiquismo também


não está. Até 18 anos os menores são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos aos
preceitos de lei especial (ECA). Os de idade entre 12 e 18 anos sofrem processo especial
e o menor de 12 anos fica excluído do direito repressivo.

164
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 27 (menores de 18 anos) - Os menores de 18 (dezoito) anos são


penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial.

2) EMOÇÃO E PAIXÃO
A diferença fundamental entre elas é a duração fugaz da emoção e longa da paixão. Além
disso, a repercussão psíquica e orgânica são diferentes.

A emoção cria um estado agudo e intenso de alteração mental e física, com sinais de
descarga de adrenalina.

A paixão cria um estado afetivo continuado que traz um potencial de eclosão de surtos
emocionais, tornando o limiar de excitação mais baixo para o rompimento das barreiras
da censura.

Não excluem a imputabilidade (art. 28), mas o CP admite a diminuição da responsabilidade


em condições especiais.

Art. 65, III, “c” (circunstancia atenuante).


Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a

165
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da


vítima;

Art. 121, §1º e 129, §4º (homicídio e lesão corporal privilegiados). Aqui a perturbação tem
que ser mais intensa, pois o agente tem que ficar sob o domínio de violenta emoção.

Art. 121. Matar alguém:


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

3) SONO/SONAMBULISMO/HIPNOTISMO
Apesar de Delton Croce citá-los como modificadores da imputabilidade, esta não chegará
sequer a ser analisada, posto que não há fato típico, por ausência de consciência da
conduta. Como não há consciência, encontra-se ausente um dos elementos do dolo, não
podendo haver responsabilização criminal.

166
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Sono patológico: sono é um estado fisiológico normal, periódico, caracterizado pela


redução da atividade corporal, relaxamento natural dos órgãos dos sentidos e do tono
muscular, postura horizontal e, muita vez, semissentada, e suspensão do estado consciente.
O sono patológico compreende o sonambulismo e o hipnotismo.

a) Sonambulismo —O sonambulismo é um estado patológico análogo ao sono


durante o qual o indivíduo fala, anda, escreve e pode até agredir outras pessoas, se
acompanhado de alucinações. O sonambulismo é fase inconsciente enquadrada
entre o sono natural e o patológico, verdadeiro estado de dissociação mental
similar ao transe histérico, com obnubilação de alguns sentidos, conservando, no
entanto, o indivíduo atividade locomotora. Assim é que, embora dormindo, levanta-
se do lugar onde repousa e, com os olhos abertos, guiado pelo sentido da visão,
deambula evitando os objetos interpostos em seu caminho.

b) Hipnotismo — O hipnotismo é um estado parecido com o sono. É o


sonambulismo provocado. É um processo para produzir, por sugestão, um estado
de transe que submete o hipnotizado, até certo ponto, à influência do hipnotizador.
Cuida-se de um desdobramento da personalidade obtido sob influência de sugestões
verbais, sons monótonos prolongados ritmicamente, compressão de zonas
histerógenas, fixação de objeto em movimento pendular, fixação de objeto luminoso
(reflexo de Braid), com variados estados de sono.

167
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

4) SURDEZ-MUDEZ
A ausência de sensações auditivas afeta o contato com o meio exterior e a aquisição de
noções que dependem da linguagem falada, comprometendo o discernimento,
principalmente quando a deficiência for de nascença. No entanto, a surdo-mudez, por
si só, não é suficiente para determinar a inimputabilidade de alguém.
Podem ser inimputáveis, semi-imputáveis ou imputáveis, dependendo do grau de
ajustamento social e de desenvolvimento mental que conseguiram alcançar.

5) DOENÇA MENTAL
Não existe uma definição para doença mental, deve-se atentar às manifestações que
refletem anomalias do pensamento, do sentimento e da conduta. Mas é preciso que a
doença esteja ativa e incapacitante no momento do crime.

Inimputável é o indivíduo que, pela ausência total de entendimento do caráter ilícito do


fato, realiza uma conduta criminosa que tem relação com seu estado mental, isto é, a
conduta é mero sintoma da doença.

São consideradas doentes mentais:


 PSICÓTICOS EM GERAL
 DEMENTES
 EPILÉTICOS
 ALCOOLICOS CRÔNICOS E TOXICOMANIAS GRAVES (ESTUDADOS
EM TOXICOLOGIA FORENSE)

168
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Todas essas doenças, quando em atividade no momento do ato delituoso, pelo fato de
privarem o agente de sua capacidade de entendimento, o tornam inimputável.

a) PSICOSE:
As psicoses em geral são transtornos mentais em que o doente perde o juízo da realidade,
passando a perceber o mundo por uma ótica distorcida.

É caracterizada por:
 Distúrbios graves da percepção, como alucinações
 Distúrbios do pensamento, como ideias delirantes, desagregação e roubo do
pensamento;
 Distúrbios da vida afetiva, como estados depressivos, paratimias, neotimias e
ambitimias.

Podem ser agudas ou crônicas.


 As psicoses agudas podem ser o resultado de uma situação de estresse muito
intenso, provir de estados de intoxicação aguda por substâncias psicoativas, ser o
resultado de traumatismos craniencefálicos, urgir em períodos fisiológicos como a
psicose puerperal ou em estados infecciosos agudos sob a forma de delírios

 Entre as psicoses crônicas:


­ Esquizofrenia: Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados por uma
distorção do pensamento e da percepção e por um afeto inadequado

169
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

­ Psicose maníaco-depressiva: Grave distúrbio primário do humor. Ocorrem


períodos de extrema depressão, intercalados por períodos de extrema euforia.

­ Psicose epilética: As alterações graves do psiquismo se assemelham às da


esquizofrenia, mas as alucinações são visuais, sendo comuns também as
gustativas e olfativas.

b) DEMÊNCIA
Demência é o relaxamento de todos os setores do psiquismo, tendo como exemplos:
demência senil, Alzheimer, trauma craniano...

Formas de estados demenciais:


 Formas pré-senis (doença de Alzheimer e doença de Pick)
 Formas senis (arterioesclerose)

c) EPILEPSIA
Para Genival Veloso França e doutrina majoritária, a epilepsia é uma doença neurológica,
de modo que a mera ocorrência de convulsões não é doença psiquiátrica, não
configurando inimputabilidade penal.

Nas palavras de França: “Assim, a privação dos direitos civis, o internamento compulsório e a alegação
da insanidade mental dos epilépticos como defesa legal justificadora do delito não podem ser aceitos pela
consciência hodierna. Sua capacidade civil deve ser preservada. Sob o prisma penal, peca-

170
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

se ao rotular o epiléptico como grave problema, por considerarem o caráter e a conduta alterados,
exacerbados em seus instintos, e autores de crimes violentos, sanguinários, intempestivos e selvagens. Isso é
falso. O argumento dessa alta periculosidade começa a ser desmascarado, pois os valores estatísticos atuais
assinalam cifras bem elevadas para os casos em que esse estado nada tem a ver com o delito cometido. Por
essas razões, somos favoráveis à imputabilidade dos epilépticos.”
A crise caracteriza-se basicamente pela perda da consciência, que acompanha uma série de
fenômenos motores, sendo o mais flagrante as convulsões.

Nos casos de epilepsia, se o criminoso for preso pouco depois do crime é possível verificar
se estava em crise por causa da má escolha da vítima, da amnésia completa, da violência
inusitada da agressão etc.

6) DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO (OLIGOFRENIA)


O conceito de retardo mental deve incluir tanto o quociente intelectual quanto a
capacidade do indivíduo de resolver os problemas do dia-a-dia sem necessidade de
auxílio de outrem.

Para que se considere alguém retardado mentalmente tem que ter uma deficiência
acentuada da capacidade de adaptação em, pelo menos, 2 das seguintes áreas:
comunicação; cuidados pessoais; vida doméstica; habitualidade no relacionamento social;
autodeterminação; aprendizagem; trabalho; lazer; saúde e segurança.

As oligofrenias não são uma doença com sinais e sintomas característicos. Formam um
grupo heterogêneo no qual se encontram pessoas acometidas por vários tipos de doenças
de diversas etiologias, cuja ação patogenética se faz antes do nascimento, durante o parto

171
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

ou ao longo dos primeiros anos de vida. As oligofrenias se manisfestam precocemente:


dificuldade de sugar o mamilo materno, gritos e choros impertinentes, lentidão de
movimentos, atardamento da deambulação e da palavra, dificuldade de raciocinar, planejar
ou construir.

No desenvolvimento mental retardado há comprometimento do primeiro nível da


imputabilidade, que diz respeito à capacidade de entender o caráter ilícito do fato.

Apesar de ambos tratarem de capacidade de intelecto, faz-se importante diferenciarmos


oligofrenia e demência:
 Oligofrenia – Manifesta-se logo nos primeiros momentos do desenvolvimento.
 Demência – Manifesta-se após o desenvolvimento mental normal, ocorrendo
preferencialmente na idade adulta, depois de desenvolvidas as faculdades
cognoscitivas.

Gradação das Oligofrenias (Alves Garcia):


IDIOTA IMBECIL DÉBIO MENTAL
QI - 25 entre 25 e 50 entre 50 e 90
Estágio - 3 anos 3 a 7 anos 7 a 12 anos
mental
Evolução pode defender-se pode defender-se dos incapaz de concorrer
social dos perigos comuns; perigos comuns; com outros de
incapaz de prover incapaz de prover sua condições de igualdade;

172
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

sua subsistência em subsistência em capaz de manter-se em


condições normais condições normais condições favoráveis
Classificação do retardo mental (CID-10):
LEVE MODERADO GRAVE PROFUNDO
QI 50 a 69 35 49 20 a 34 - 20
Idade 9 a – 12 anos 6 a – 9 anos 3 a – 6 anos (- 3 anos
mental
Habilidades dificuldades alguma precisam de graves limitações
na escola, independência, assistência nos cuidados
consegue comunicação contínua pessoais,
emprego adequada, continência,
necessitam de comunicação e
apoio para mobilidade
trabalhar

As oligofrenias leves costumam ser causadas por influências desfavoráveis do meio. Em


geral, são crianças de pais problemáticos entre os casos em que se consegue estabelecer a
causa, a maioria é devida a distúrbio do desenvolvimento embrionário, seja por alterações
cromossômicas, seja por exposição a drogas ou toxinas, ou por problemas obstétricos,
doenças metabólicas e doenças da infância.

173
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Dependendo do grau de retardo, são penalmente inimputáveis, por serem, ao tempo da


ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato, ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Em se tratando de oligofrênicos, o nexo deve ser condicionado ao grau do retardo mental.


Todos os idiotas e os imbecis de primeiro grau são inimputáveis. Os demais, quer dizer,
os imbecis de segundo grau e os débeis mentais têm que ser examinados dentro do
contexto.

6) PERTURBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL:

O grau de comprometimento do entendimento e autodeterminação dos indivíduos é


insuficiente para considerá-los doentes mentais, havendo uma redução da imputabilidade.

São hipóteses em que há perturbação da saúde mental


 PSICOPATIAS
 NEUROSES

a) PSICOPATIAS (PERSONALIDADES PSICOPÁTICAS OU


TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE):

As personalidades psicóticas resultam de imaturidade ou anomalia dos instintos e não são


capazes de assimilar, pela experiência, as regras da convivência social.

174
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

As psicopatias também são chamadas de transtorno da personalidade. Os portadores


desses transtornos se distinguem por apresentarem estado psíquico capaz de determinar
profundas modificações do caráter e do afeto, e para muitos de etiologia congênita.
Psicopatas não tem sentimento de culpa ao fazer o mal, tampouco delírios ou alucinações,
não perdendo o senso da realidade.

Apresentam as seguintes características:


 pobreza de reações afetivas
 loquacidade e encante superficial
 ausência de delírios
 boa inteligência
 inconstância
 egocentrismo
 insinceridade
 falta de remorso
 ausência de gratidão
 estilo de vida parasitário
 não persistem em um plano de vida.

As psicopatias diferem das doenças mentais porque os seus sintomas são mais leves,
não levando o paciente à perda do juízo de realidade.

175
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O diagnóstico de psicopatia tem importância médico-legal na medida em que permite


enquadrar o agente no parágrafo único do artigo 26 (perturbação da saúde mental).

Isso porque a anomalia consubstanciada em personalidade psicopática não se inclui na


categoria das doenças mentais, lato sensu, e, sim, numa modalidade de irregularidade
psíquica, que se manifestou ao cometer o delito, despida de qualquer formação alucinatória
ou delirante, capaz de gestar a psicose ou a neurose que torna o indivíduo inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Ressalta-se que não há consenso entre os psiquiatras forenses sobre as


avaliações de comportamento dos portadores desses transtornos mentais.
São colocados como semi-imputáveis, pela capacidade de entendimento,
ficando sujeitos à medida de segurança por tempo determinado e a
tratamento médico-psiquiátrico, dando-lhes oportunidade de readaptação
com a sociedade. Todavia, ainda há quem os considere sempre como
imputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

176
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: Transtorno de personalidade boderline: Trata-se de patologia complexa.


Caracterizada por padrão de comportamento emocional intenso, confuso e
desorganizado, notadamente pela instabilidade de emoções, impulsos, em um quadro de
instabilidade comportamental. Encontram-se num estado fronteiriço entre a demência e a
normalidade. A doutrina defende seu enquadramento como semi-imputáveis, aos moldes
do art. 26, do CP

 DPC-GO/2018
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Associação Americana de
Psiquiatria (DSM-V) é um guia de critérios adotado pericialmente para a verificação das
doenças e dos transtornos mentais. O artigo 26 do Código Penal Brasileiro é aquele que
trata das questões voltadas para a imputabilidade e a responsabilidade penal dos agentes
agressores. Levando-se em conta os conhecimentos da Psiquiatria Forense, deve-se
entender que:
A) O Transtorno de Personalidade Antissocial é o correspondente ao que se denomina
de serial killer.

177
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

B) O Transtorno de Personalidade Histriônica corresponde ao chamado Transtorno de


Dependência.
C) Portadores de Transtorno de Personalidade Borderline apresentam instabilidade
comportamental.
D) Cometimento de atos ilícitos é situação comum entre os portadores de Transtorno
Bipolar do Humor.
E) Psicopatas são atualmente denominados de sociopatas, por cometerem homicídios e
agressões físicas.
Gabarito: Letra C
Comentários:
A -.(ERRADO) Transtorno de Personalidade Antissocial se denomina Sociopatia.
B - (ERRADO) Enquanto no Transtorno de Personalidade Histriônica
(Dramático) a pessoa tem sua autoestima dependente de outras pessoas, possui
emoções intensas e instáveis no Transtorno de Dependência a pessoa depende
realmente da aprovação das outras, vivendo em constante espírito de inferioridade.
SÃO TRANSTORNOS DIFERENTES!
C - (CORRETO) Os critérios diagnósticos de Transtorno de Personalidade
Borderline segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais 5ª Ed. 2013) compreendem um padrão de instabilidade das relações
interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge
no começo da vida adulta e está presente em vários contextos.
D - (ERRADO) O humor da pessoa com Bipolaridade oscila entre depressão e
euforia. Nos quadros depressivos a maior propensão é para o suicídio. Nos
quadros de euforia, quando a pessoa tende a menosprezar riscos, o maior perigo é

178
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

para sua própria segurança e integridade física. PORTANTO NÃO HÁ A


PREDISPOSIÇÃO A CRIMES!

E - (ERRADO) SÃO DIFERENTES, A diferença entre elas é que a psicopatia é


genética, enquanto que a sociopatia possui como causa não só a predisposição
hereditária, como a influência do ambiente.

b) NEUROSES:
São distúrbios da saúde mental relacionados à angústia e à ansiedade. Na neurose, ora são
pensamentos que invadem a mente sem que o sujeito possa evitar, ora é a compulsão para
realizar certos atos repetitivamente.

Não se tratam de características do modo de vida do sujeito, como é o que ocorre nos
transtornos da personalidade. Conforme o tipo de delito praticado, podem ter, ou não,
relação com o fato.

No tocante à imputabilidade penal, os neuróticos fora de suas crises, devem ser


considerados imputáveis. Por outro lado, durante as crises, se for detectado defeito na
inibição de seus atos, poderão ser considerados semi-imputáveis. Na psiquiatria forense,
os casos de maior destaque nas neuroses são:

NEUROSE NEUROSE NEUROSE FÓBICA


HISTÉRICA OBSESSIVO-
COMPULSIVA

179
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Representada por sintomas As ideias obsessivas se Manifestada por terror


orgânicos e mentais que impõem ao indivíduo, paralisante projetado sobre
levam à simulação levando-o à ação. Podem pessoas, coisas, situações
semiconsciente de doença. apresentar compulsões ou atos. Como exemplos,
A avaliação da irresistíveis para provocar temos a síndrome do
responsabilidade penal na incêndio ou outros delitos. pânico (sentimento de
histeria é complexa, Como exemplos, temos a ameaça iminente), a
podendo variar de cleptomania (mania de claustrofobia (medo
completa, atenuada, até a furtar), a loucura da dúvida mórbido de lugares
irresponsabilidade absoluta. (medo de se contaminar ao fechados)...
tocar objetos), cibomania
(compulsão por jogos)...

 DPC-MA/2018
Revisando o prontuário de um suspeito no sistema prisional, a autoridade policial deparou-
se com um laudo psiquiátrico que apontava a seguinte conclusão: “CID10: F60.2 –
Transtorno de personalidade dissocial (psicopática ou sociopática): possui ciência do
caráter ilícito dos atos praticados e sérias dificuldades no controle de seu impulso sexual
exacerbado, que só consegue satisfazer com a subjugação da vítima mediante a imposição
de comportamento violento”.

180
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Acerca dessa situação, assinale a opção que apresenta, respectivamente, as características


do suspeito com referência a: entendimento; controle dos impulsos; imputabilidade.
A) limitado; preservado; semi-imputável
B) preservado; adequado; plenamente imputável
C) preservado; limitado; semi-imputável
D) preservado; limitado; inimputável
E) limitado; limitado; inimputável
Gabarito: Letra C
­ “Possui ciência do caráter ilícito dos atos praticados" = entendimento preservado
­ "sérias dificuldades no controle de seu impulso sexual exacerbado" = controle dos
impulsos limitado
"só consegue satisfazer com a subjugação da vítima mediante a imposição de
comportamento violento" = imputabilidade semi-imputável (ele tem ciência que é
errado, mas não consegue controlar)
 Médico Legista – PR/2017
Em relação aos conceitos de imputabilidade, responsabilidade e psicopatologia,
analise as alternativas e assinale a incorreta.
A) A epilepsia, por si só, não é causa de inimputabilidade
B) O diagnóstico da oligofrenia baseia-se na dificuldade do indivíduo em conduzir-se por
si, no rendimento social insuficiente e na falta de capacidade intelectiva
C) A esquizofrenia é uma psicose endógena, de forma episódica ou progressiva, de
manifestações polimorfas e variadas, comprometendo o psiquismo na esfera afetivo-
instintiva e intelectual

181
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

D) Paranóia é a perturbação mental marcada por permanentes concepções delirantes ou


ilusórias, que permitem manifestações de autofilia e egocentrismo, não se conservando
claros o pensamento, a vontade e as ações
E) A embriaguez absoluta acidental é caso de inimputabilidade
Gabarito: Letra D

 DPCE-PE/2016
Psiquiatria forense é o ramo da medicina legal que trata de questões relacionadas ao
funcionamento da mente e sua interface com a área jurídica. O estabelecimento do estado
psíquico no momento do cometimento do delito e a capacidade de entendimento desse
ato são dependentes das condições de sanidade psíquica e desenvolvimento mental, que
também influenciam na forma de percepção e no relato do evento, com importância direta
para o operador do direito, na tomada a termo e na análise dos depoimentos. A respeito
de psiquiatria forense e dos múltiplos aspectos ligados a essa área, assinale a opção correta.
A) A surdo-mudez é motivo de desqualificação do testemunho, da confissão e da
acareação, pois, sendo causa de desenvolvimento mental incompleto, impede a
comunicação
B) Nos atos cometidos, pode haver variação na capacidade de entendimento, por doente
mental ou por indivíduo sob efeito de substâncias psicotrópicas ou entorpecentes, do
caráter ilícito do ato por ele cometido; cabe ao perito buscar determinar, e assinalar no
laudo pericial, o estado mental no momento do delito.
C) A perturbação mental, por ser de grau leve quando comparada a doença mental, não
reflete na capacidade cível nem na imputabilidade penal

182
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

D) Em indivíduos com intoxicação aguda pelo álcool, observam-se estados de


automatismos e estados crepusculares.
E) O desenvolvimento mental incompleto ou retardado, tecnicamente denominado
oligofrenia, está diretamente relacionado à ocorrência de epilepsia.
Gabarito: Letra B

4. PERÍCIA

Pode-se distinguir dois tipos de perícia: sanidade mental e cessação da periculosidade.

1) EXAME DE SANIDADE MENTAL: Art. 149, CP


O exame de sanidade mental tem que ser realizado sempre que se suspeitar que o acusado
seja portador de algum transtorno mental. Se a suspeita for feita durante a fase de inquérito
policial, caberá ao delegado fazer uma representação ao juiz competente para que se
determine a realização do exame por perito oficial (art. 149, § 1º). Nas outras fases do
processo penal, o exame poderá ser solicitado ... (art. 149). Não havendo solicitação, pode
o juiz por sua própria iniciativa, de oficio, determinar a realização.

O exame de sanidade mental pode ser necessário em qualquer fase do processo penal,
inclusive depois da sentença, quando o agente está cumprindo a pena que lhe foi imposta.
Nesse caso, cabe ao juiz da execução penal determinar a sua realização. Os dispositivos
legais que estabelecem as normas a serem seguidas são:

183
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 CP – Art. 41
 CPP – 152, 154 e 682.
 LEP – 183.

O perito incumbido de fazer o exame terá que determinar, com relação ao réu:
 Existência de transtorno mental
 O tipo de transtorno
 O nexo de causalidade entre o transtorno e o fato delituoso
 A capacidade de entendimento
 A capacidade de autodeterminação

Obs.1: Nexo de Causalidade entre o Ilícito e o Transtorno:


Não sendo possível estabelecer o nexo entre o delito e o mundo virtual do psicótico, mas
sabendo-se que o crime foi cometido na fase ativa da doença, tem-se que admitir o nexo.

Obs.2: Capacidade de Entendimento


A compreensão da ilicitude do fato requer que o agente seja capaz de captar as
informações exteriores, de integrá-las pela percepção, de valorizá-las dentro de um sistema
axiológico e de escolher a conduta condizente com as normas. Os diversos transtornos
mentais podem interferir em qualquer dessas fases do entendimento em grau maior ou
menor.

Obs.3: Capacidade de Autodeterminação:

184
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O CP exige que, além de entender a ilicitude, o agente tem que poder autodeterminar-se
conforme as normas. Isso significa que, uma vez estabelecido que o agente era capaz de
saber que agia contrariamente as normas jurídicas, era capaz de se refrear para não as
violar. É o típico caso da cleptomania.

2) CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE:
Constatado que o agente delinquiu em função do transtorno mental, será declarado
inimputável e submetido à medida de segurança adequada.

Tal medida tem duração mínima de três anos (art. 97) findo o prazo decretado pelo juiz, é
obrigatório a realização de novo exame para o fim de ser constatado se o agente continua
a ser um perigo para a sociedade.

 CPP – Art. 775 e 777.


 LEP – Art. 175 e 176.

 Médico Legista-RS/2017
Sobre as avaliações periciais para aferição da Responsabilidade Penal (RP), assinale a
alternativa correta.
A) São realizadas na fase de execução da pena para determinar se o periciado é capaz de
assumir a responsabilidade pelo delito cometido.
B) Têm por objetivo avaliar as capacidades cognitivas e volitivas do agente ao tempo do
delito e o nexo causal entre doença mental e delito.

185
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

C) Estão entre as perícias criminais chamadas prospectivas, pois têm por objetivo avaliar
o risco futuro de reincidência delitiva do agente após o cumprimento da pena, desde
que tenha se estabelecido nexo causal entre a doença mental e o delito cometido.
D) Um diagnóstico de doença psicótica grave e ativa, por ocasião da entrevista pericial
para fins de aferição da Responsabilidade Penal, leva o periciado a ser considerado
inimputável, nos termos do art. 26 do Código Penal Brasileiro.
E) O Código Penal Brasileiro determina que os indivíduos portadores de algum grau de
Retardo ou Deficiência Mental, desde que comprovado por testes psicométricos, são
inimputáveis.
Gabarito: Letra B

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação
elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
A epilepsia é uma doença que, geralmente, não influencia na capacidade civil e na imputabilidade penal
das pessoas.

( ) Certo ( ) Errado

02 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-
V) é um guia de critérios adotado pericialmente para a verificação das doenças e dos transtornos mentais.
O artigo 26 do Código Penal Brasileiro é aquele que trata das questões voltadas para a imputabilidade e

186
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a responsabilidade penal dos agentes agressores. Levando-se em conta os conhecimentos da Psiquiatria


Forense, deve-se entender que:

a)o Transtorno de Personalidade Antissocial é o correspondente ao que se denomina de serial killer.


b)o Transtorno de Personalidade Histriônica corresponde ao chamado Transtorno de Dependência.
c)portadores de Transtorno de Personalidade Borderline apresentam instabilidade comportamental.
d)cometimento de atos ilícitos é situação comum entre os portadores de Transtorno Bipolar do Humor.
e)psicopatas são atualmente denominados de sociopatas, por cometerem homicídios e agressões físicas.

03 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Revisando o prontuário de um suspeito no sistema prisional, a autoridade policial deparou-se com um
laudo psiquiátrico que apontava a seguinte conclusão: “CID10: F60.2 – Transtorno de personalidade
dissocial (psicopática ou sociopática): possui ciência do caráter ilícito dos atos praticados e sérias
dificuldades no controle de seu impulso sexual exacerbado, que só consegue satisfazer com a subjugação
da vítima mediante a imposição de comportamento violento”.

Acerca dessa situação, assinale a opção que apresenta, respectivamente, as características do suspeito com
referência a: entendimento; controle dos impulsos; imputabilidade.

a)limitado; preservado; semi-imputável


b)preservado; adequado; plenamente imputável
c)preservado; limitado; semi-imputável
d)preservado; limitado; inimputável
e)limitado; limitado; inimputável

04 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Psiquiatria forense é o ramo da medicina legal que trata de questões relacionadas ao funcionamento da
mente e sua interface com a área jurídica. O estabelecimento do estado psíquico no momento do

187
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

cometimento do delito e a capacidade de entendimento desse ato são dependentes das condições de
sanidade psíquica e desenvolvimento mental, que também influenciam na forma de percepção e no relato
do evento, com importância direta para o operador do direito, na tomada a termo e na análise dos
depoimentos. A respeito de psiquiatria forense e dos múltiplos aspectos ligados a essa área, assinale a
opção correta.

a)A surdo-mudez é motivo de desqualificação do testemunho, da confissão e da acareação, pois, sendo


causa de desenvolvimento mental incompleto, impede a comunicação.
b)Nos atos cometidos, pode haver variação na capacidade de entendimento, por doente mental ou por
indivíduo sob efeito de substâncias psicotrópicas ou entorpecentes, do caráter ilícito do ato por ele
cometido; cabe ao perito buscar determinar, e assinalar no laudo pericial, o estado mental no momento
do delito.
c)A perturbação mental, por ser de grau leve quando comparada a doença mental, não reflete na
capacidade cível nem na imputabilidade penal.
d)Em indivíduos com intoxicação aguda pelo álcool, observam-se estados de automatismos e estados
crepusculares.
e)O desenvolvimento mental incompleto ou retardado, tecnicamente denominado oligofrenia, está
diretamente relacionado à ocorrência de epilepsia.

05 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Se um indivíduo em uso de medicamentos que são potencializadores do efeito alcoólico sobre o sistema
nervoso, desconhecendo essa informação, ingere bebida alcoólica e passa a apresentar sinais inequívocos
de embriaguez, tal fato pode ser considerado embriaguez

a)preordenada.
b)habitual.
c)culposa.
d)acidental.

188
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)fortuita.

06 - 2013 - COPS-UEL - PC-PR - Delegado de Polícia


A avaliação da imputabilidade penal é realizada por intermédio de exame de sanidade mental e leva em
consideração fatores limitadores ou modificadores. A interpretação do laudo médico-legal é fundamental
para um correto entendimento do quadro psicopatológico.

Sobre a ótica da medicina legal relacionada à imputabilidade penal, assinale a alternativa correta.

a)São considerados inimputáveis aqueles com doença mental e que são inteiramente incapazes de
discernir o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com o entendimento.
b)São considerados inimputáveis aqueles que são relativamente incapazes de discernir o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com o entendimento, como os que apresentam desenvolvimento
mental incompleto ou retardado.
c)A presença de paixão, emoção, agonia, cegueira ou surdomutismo não é modificadora de
imputabilidade penal em nenhuma situação.
d)Estados demenciais, oligofrenias ou psicoses mentais geram estados de semi-imputabilidade, mas nunca
geram inimputabilidade.
e)Os estados de personalidade antissocial em que existem uma baixa tolerância à frustação e um baixo
limiar de descarga de agressividade geram um estado de inimputabilidade penal.

07 - 2012 - FGV - PC-MA - Delegado de Polícia


O exame psiquiátrico-forense de uma jovem diagnosticou um transtorno mental e comportamental
devido ao uso de substância psicoativa.
As alternativas a seguir atendem ao diagnóstico firmado, à exceção de uma. Assinale-a.

a)Síndrome de abstinência.
b)Psicossíndrome orgânica.

189
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)Síndrome amnésica.
d)Síndrome de Korsakov.
e)Intoxicação patológica.

08 - 2012 - FGV - PC-MA - Delegado de Polícia


O transtorno que se manifesta pela compulsão do indivíduo em comprar tudo o que vê e que pode levar
à dissipação do patrimônio da própria pessoa, denomina-se

a)dipsomania.
b)riparofilia.
c)cibomania.
d)amusia.
e)oniomania.

09 - 2012 - CESPE - PC-AL - Delegado de Polícia


Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens que se seguem.

Para a aplicação do critério bio-psicológico da imputabilidade, conceito expresso no Código Penal


brasileiro, é necessário a avaliação da existência de um transtorno mental, da capacidade de entendimento
do caráter ilícito do fato e da capacidade de autodeterminação pelo autor e, ainda, do nexo de causalidade
entre o distúrbio mental ou psicológico e o ato praticado.

( ) Certo ( ) Errado

10 - 2008 - PC-MG - PC-MG - Delegado de Polícia


Considerando as etapas clínicas da embriaguez alcoólica, qual delas é denominada “fase médico-legal”?

a)Confusão.

190
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)Comatosa.
c)Excitação.
d)Sono.

Respostas: 01: C 02: C 03: C 04: B 05: D 06: A 07: B 08: E 09: C 10: A

DIREITO CONSTITUCIONAL: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

1. DIVISÃO ESPACIAL DE PODER


- Forma de Governo: República ou Monarquia;
- Forma de Estado: Estado Unitário ou Federação;
- Sistema de Governo: Presidencialismo ou parlamentarismo.

a) República Federativa do Brasil: A República Federativa do Brasil é um ente soberano


e possui natureza jurídica de direito público externo.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito (...).

b) Fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;

191
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;


V - o pluralismo político.

c) objetivos:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

2. FEDERAÇÃO
- Se origina nos EUA (1787), através de um movimento centrípeto, de fora para dentro,
pois os Estados soberanos, cedendo parcela de sua soberania, em verdadeiro movimento
de aglutinação, formaram a federação dos EUA.
- No Brasil, a formação resultou de movimento centrífugo, de dentro para fora, em que
o Estado unitário centralizado descentralizou-se.

2.1. Tipos de Federalismo


a) Federalismo por agregação ou desagregação (segregação): Leva em conta a
formação histórica, origem do federalismo em determinado Estado, podendo ser por
agregação ou desagregação.
 Federalismo por agregação: Os Estados independentes ou soberanos resolvem
abrir mão de parcela da soberania para agregar-se entre si e formarem um novo

192
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Estado agora federativo, passando a ser autônomos entre si. Ex: EUA, Alemanha
e Suiça.
 Federalismo por desagregação: a federação surge a partir de um determinado
Estado Unitário que resolve descentralizar-se, a exemplo do Brasil.

b) Federalismo Dual ou Cooperativo


 Federalismo dual: a separação de atribuições entre os entes federativos é
extremamente rígida, não se falando em cooperação ou interpenetração entre os
mesmos, a exemplo dos EUA.
 Federalismo Cooperativo: As atribuições serão exercidas de modo comum ou
concorrente, estabelecendo-se aproximação entre os entes federativos, que deverão
atuar em conjunto. Ex: Modelo brasileiro.

c) Federalismo simétrico ou assimétrico


 Federalismo Simétrico: Verifica-se a homogeneidade de Cultura ou
desenvolvimento, assim como de língua. Ex: EUA.
 Federalismo Assimétrico: Pode decorrer da variedade de línguas e culturas, a
exemplo da Suíça e Canadá.
* ATENÇÃO: No Brasil, embora seja federalismo simétrico, há um certo erro de
simetria, pelo fato de o constituinte tratar de modo idêntico os Estados, quando,
em verdade, desconsidera a dimensão territorial, desenvolvimento econômico,
cultura, etc.

d) Federalismo Orgânico: O Estado deve ser considerado como um organismo.

193
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) Federalismo de Integração: Em nome da integração nacional, passa a ser verificada


a preponderância do governo central sobre os demais entes, atenuando-se as
características do modelo federativo.

f) Federalismo Equilíbrio: Traduz a ideia de que os entes federativos devem se manter


em harmonia, reforçando-se as instituições.

* ATENÇÃO: FEDERALISMO DE SEGUNDO GRAU – Ocorre quando o poder


de auto-organização dos Municípios deverá observar dois graus, ou seja, tanto a
Constituição Federal quanto a do respectivo Estado.
 A CF/88 rompeu com o federalismo de dois níveis, inspirado no clássico
modelo norte-americano, instituindo uma federação sui generis de terceiro
grau, com referência aos Municípios como entidade federativa. Assim, o
federalismo no Brasil é de terceiro grau, com esferas nacional, regional e local.
 Foram assegurados a cada um dos entes federativos, que deverão manter-se
integrados em vínculo permanente (VEDAÇÃO AO DIREITO DE SECESSÃO
E INDISSOLUBILIDADE DO PACTO FEDERATIVO):
 Autonomia organizatória;
 Legislativa;
 Administrativa;
 Governamental.

2.2. Características Essenciais de uma federação

194
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Descentralização político-administrativa fixada pela Constituição;


 Participação das vontades gerais na vontade geral;
 Auto-organização dos Estados-membros por meio de Constituições próprias.

2.3. Características do federalismo brasileiro


 Federalismo de desagregação: fruto de descentralização política de um Estado
unitário;
 De cooperação: dotado de competências verticais com o objetivo de tornar mais
eficiente o desempenho das tarefas públicas;
 De movimento centrífugo: descentralizando o poder do ente central;
 De equilíbrio: prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e
diversidade);
 Simétrico: atribui o mesmo regime jurídico aos entes federativos de mesmo grau
dentro de sua esfera de atuação; e,
 Atípico, tridimensional, tripartite ou de 3º grau: constata-se a esfera de três
centros de competências.

3. Modelos de repartição de competência:


 Modelo Clássico: compete à União exercer os poderes enumerados e aos Estados
os poderes não especificados, em um campo residual.
- Inspiração: Constituição norte-americana de 1787.
 Modelo Moderno: exige ação dirigente e unificada do Estado, em especial para
enfrentar crises e guerra.

195
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Modelo Horizontal: NÃO se verifica concorrência entre os entes federativos.


Cada qual exerce sua atribuição nos limites fixados pela CF e sem relação de
subordinação, nem mesmo hierárquica.
- Predomina no Brasil esse modelo.
 Modelo Vertical: A matéria é partilhada entre os entes federativos, havendo certa
relação de subordinação quanto a atuação deles.
- Logo, usualmente a União fica com normas gerais e princípios, enquanto os
Estados, completando-as, legislam para atender as suas peculiaridades locais.
- Esse modelo seria denominado CONDOMÍNIO LEGISLATIVO, segundo
Paulo Branco.
- No Brasil, é possível citar a competência concorrente entre União, Estados e
DF.
OBS: Os Municípios, apesar de NÃO estarem elencados entre os entes federativos
com competência concorrente, poderão suplementar a legislação federal e
estadual no que couber, bem como nos casos de interesse local.

4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONSTITUCIONAL

4.1. Classificação das competências brasileiras


Legislativa Competência para que entidades federadas elaborem suas
próprias leis e disponham de seu próprio direito
Material (não- Competência para dispor de assunto político-
legislativa ou de administrativo
execução)

196
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Exclusiva Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas


as demais, SEM possibilidade de delegação
Privativa Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas
as demais COM possibilidade de delegação
Remanescente Conferida aos Estados-Membros como sobre após a
(não-enumerada enumeração das competências das demais entidades
ou residual)
Comum Atribuída a mais de um ente federado com atuação em pé
(cumulativa ou de igualdade
paralela)
Concorrente Atribuída a mais de um ente federado com atuação em
níveis distintos
Suplementar Conferida a determinado ente para complementar as
normas gerais dispostas por outro ou para suprir a
ausência de normas gerais.

* ATENÇÃO - A competência suplementar costuma ser dividida por alguns


doutrinadores em duas espécies:
a) Complementar: Quando depende da prévia existência de lei federal a ser especificada;
b) Supletiva: Quando surge em virtude da inércia da União para editar normas gerais.

MODELO DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS DELINEADO NA


CF/88:

197
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

* Atenção: Sugerimos ler exaustivamente os artigos referentes à competência


para memorização dos principais dispositivos.

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA UNIÃO (Art. 21, CF/88):


Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações
internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão,
os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a

198
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos


institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio
de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia
e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de
programas de rádio e televisão;

199
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

XVII - conceder anistia;


XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e
definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para
fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização
de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de
culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

200
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de


garimpagem, em forma associativa.

COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR:


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho; => DICA DE MEMORIZAÇÃO:
CAPACETE PM
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de
guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

201
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o


exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização
administrativa destes; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros
militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária
federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil
e mobilização nacional;

202
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

XXIX - propaganda comercial.


Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

COMPETÊNCIA COMUM DA UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO


FEDERAL E MUNICÍPIOS:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e
conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar;

203
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das


condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE DA UNIÃO, ESTADOS E


DISTRITO FEDERAL:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: => NOTE QUE A CF/88 NÃO MENCIONA A
COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS MUNICÍPIOS!
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Dica
para decorar: TUPEF
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;

204
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e


dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-
á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.

205
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

4.2. Alguns precedentes do STF quanto à competência:

Loterias e jogos de bingo União (consórcios e bingos)


Gratuidade de estacionamentos em União (limitação genérica ao exercício
estabelecimentos privados do direito de propriedade)
Aquisição de propriedade União (direito civil)
Numeração de rótulos ou União (comércio exterior e
tampinhas das bebidas interestadual)
comercializadas no Estado,
independente de procedência, para
efeitos de arrecadação de impostos
estaduais
Multas provenientes de aparelhos União (trânsito e transporte)
eletrônicos sobre infrações
cometidas por motoristas
Sinalização de rodovias estaduais União (trânsito e transporte)
Película de filme solar nos veículos União (trânsito e transporte)
automotores
Condições do exercício ou criação União (Direito do Trabalho, trânsito
de profissão, a exemplo da e transportes e condições para o
profissão de motoboy exercício de profissões)
Implantação de instalações União (atividade nucleares de
industriais para a produção de qualquer natureza)
energia nuclear

206
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Contratação de controladores de Estados


velocidade para fins de fiscalização
em rodovias estaduais
Limite de tempo de espera em fila Municípios/ DF
de usuários de cartórios
Obrigatoriedade de as agências União
bancárias utilizar equipamento
para atestar a autenticidade das
cédulas de dinheiro
Lei Municipal que determina aos Municípios
Bancos a instalação de medidas de
confortos aos usuários
Meia entrada para estudantes U, E, DF (Competência concorrente
– Direito Econômico)
Garantia de meia entrada aos U, E, DF (Competência concorrente
doadores de sangue – Direito Econômico)
Interrogatório por União (Direito processual)
videoconferência
Lei Municipal sobre o horário de Municípios
funcionamento do comércio local
Serviço postal União
Lei que impõe às empresas de União (Direito do Trabalho)
construção civil, com obras no ADI 3.251/RO
Estado, a obrigação de fornecer

207
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

leite, café e pão aos trabalhadores


que comparecem com
antecedência de 15 min no seu
primeiro turno de labor
Notificação mensal à secretaria de U,E,DF, M – Competência
saúde dos casos de câncer de pele concorrente (proteção da defesa da
saúde)
Definição dos crimes de União – SÚMULA VINCULANTE
responsabilidade e o 46
estabelecimento das normas de
processo e julgamento

Como o tema foi cobrado (CESPE/2018/PF/Delegado de Polícia


Federal):

Conforme disposições constitucionais a respeito da organização da segurança


pública, julgue o item a seguir.

Compete à União estabelecer normas gerais sobre a organização das polícias


civis.

Resposta: Certo.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:

208
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.


§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-
á a estabelecer normas gerais.

Como o tema foi cobrado (CESPE/2018/PF/Delegado de Polícia


Federal):

Acerca da disciplina constitucional da segurança pública, do Poder Judiciário,


do MP e das atribuições da PF, julgue o seguinte item.

É concorrente a competência da União e dos estados para legislar sobre a


organização, os direitos e os deveres das polícias civis dos estados.

Resposta: Certo.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

4.3. Autonomia dos Estados Federados: É a capacidade de gerir negócios próprios


dentro de limites constitucionais. Decorre:

Auto- organização Os Estados Federados se organizam por suas próprias


constituições estaduais.

209
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Auto- Legislação Os Estados federados exercem, por seus próprios


poderes legislativos, as competências legislativas que
são de sua alçada.
Auto- Governo Os Estados federados elegerão seus próprios
governantes e deputados, e organizarão suas própria
justiças, inclusive com sistema de controle de
constitucionalidade de leis estaduais e municipais.
Autoadministração Os Estados federados organizarão suas administrações,
seus serviços públicos e seus servidores.

5. Estados-Membros: Possuem capacidade de organização, legislação, governo e


administração.

I. Competência residual dos Estados-Membros: Os Estados-membros possuem


competência residual, tanto legislativa, quanto não legislativa, vez que as competências e
atribuições da União encontram-se expressas na Constituição, e, a dos Municípios,
associadas aos interesses locais. Logo, não havendo atribuição expressa da União ou não
se tratando de interesse local, a competência será dos Estados-membros.

II. Formação dos Estados- Membros: Embora os Estados não possam declarar asua
própria independência, o art. 18, §3º da CF estabelece regras para fusão, cisão e
desmembramento dos Estados. Assim, é vedada a secessão, mas é possível criar novos
estados, ou dividir um estado já existente, ou unir um a outro.

210
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Hipóteses:
 Fusão: ocorre quando dois ou mais estados se unem, formando um novo estado.
Os estados originários deixam de existir.
 Cisão: um Estado subdivide-se, fazendo com que o Estado originário desapareça,
surgindo dois ou mais novos Estados;
 Desmembramento: acontece quando um ou mais Estados cedem parte de seu
território. Podem acontecer dois fenômenos distintos:
o Desmembramento formação: quando a parte desmembrada cria novo
ente;
o Desmembramento anexação: quando a parte desmembrada anexa-se a
outro Estado. Não se confunde com a cisão, pois na anexação o Estado
primitivo continua existindo.

Requisitos:
 Realização de consulta às populações diretamente interessadas, através de
plebiscito: Na ADI 2.650/DF, no que se refere à população diretamente
interessada, o STF entendeu que no caso de desmembramento para a formação de
novos estados ou territórios federais, a expressão abrange as duas populações:
tanto da área desmembrada, quanto à da remanescente);
 Sendo favorável a consulta popular, poderá ser proposto um projeto de lei
complementar em qualquer das Casas do Congresso Nacional, devendo-se
proceder à audiência das Assembleias Legislativas das áreas envolvidas (CF,
art. 48 VI), cujo parecer não é vinculante, mas apenas opinativo;

211
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 O projeto de lei complementar deve ser aprovado pela maioria absoluta dos
deputados e senadores, conforme art. 69 CF/88;
 Aprovação pelo Congresso Nacional.

III. Bens dos Estados:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

6. Municípios: São entes federativos, e possuem a capacidade de organização, legislação,


governo e administração.

I. Lei orgânica: Enquanto os Estados- Membros podem editar Constituição Estadual, os


Municípios são regidos por lei orgânica, a qual não pode contrariar a Constituição Federal
e a Estadual:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da

212
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta


Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos.

II. Competência dos Municípios:

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos
prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os
serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas
de educação infantil e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços
de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

213
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

III. Bens públicos dos Municípios: Não existe normatização sobre os bens públicos
de titularidade dos Municípios no âmbito da Constituição Federal de 1988. Assim, é
conferida maior flexibilidade às variadas leis orgânicas municipais para disciplinar essa
matéria. Importante ressaltar que o fato de os bens públicos de titularidade dos
Municípios não estarem enumerados na Constituição Federal não significa que esses
bens inexistam. Pelo contrário, sendo exemplos de bens municipais os logradouros
públicos (praças, ruas, jardins, etc.), os imóveis que compõem seu patrimônio e a dívida
ativa municipal.

7. Intervenção Federal: Segundo José Afonso da Silva, é ato político que consiste na
incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta. É
instrumento constitucional de combate às crises, possuindo natureza jurídica de
elemento de estabilização constitucional.

a) Regra: A União NÃO intervirá nos Estados, e os Estados NÃO intervirão nos
Municípios, SALVO hipóteses constitucionalmente previstas.

* ATENÇÃO – INTERVENÇÃO PER SALTUM: Haverá inconstitucionalidade


na chamada intervenção per saltum, pois a União só pode intervir nos Estados, e os
Estados só podem intervir nos municípios. A União não pode, portanto saltar os
Estados e intervir diretamente nos municípios. A única exceção a essa regra é a
possibilidade da União intervir em Municípios localizados em Territórios Federais
(Art.35, CF/88).

214
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) Hipóteses de intervenção da União nos Estados:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,
dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

HIPÓTESES PROCEDIMENTO

215
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Manter a integridade nacional; Intervenção espontânea do


 Repelir invasão estrangeira ou Presidente da República
de unidade da Federação em =>DECRETO
outra; PRESIDENCIAL.

 Por termo a grave - O decreto é submetido ao

comprometimento da ordem Congresso Nacional em 24 horas

pública; (controle político).


- Antes de decretar, o Presidente
 Reorganizar as finanças de
consulta o Conselho da República e
Estados e Distrito Federal,
o Conselho de Defesa
caso:
(manifestação opinativa).
o Tenha suspendido o
pagamento da dívida por
mais de 2 anos, SALVO
força maior;
o Deixe de entregar ao
Município as receitas
tributárias.
Garantir o livre exercício de Depende de:
qualquer dos poderes nas  Solicitação do Presidente da
Unidades da Federação. República: Se for Poder
Legislativo OU Executivo;

216
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Requisição ao Presidente, pelo


STF: Se for Poder Judiciário
(vinculante).
- O decreto será submetido à
apreciação do Congresso Nacional
em 24 horas.

Intervir no Estado ou Distrito Depende de requisição do STF, STJ


Federal para prover a execução ou TSE ao Presidente da República.
de ORDEM ou DECISÃO - NÃO é necessária apreciação do
JUDICIAL que esteja sendo Congresso Nacional.
desrespeitada.
 Intervir no Estado ou Distrito - Depende de provimento pelo STF
Federal para prover a execução de representação do PGR (ADI
de LEI FEDERAL que esteja INTERVENTIVA).
sendo desrespeitada. - STF, ao julgar procedente, leva ao
 Assegurar a observância dos Presidente, para que, no prazo
PRINCÍPIOS improrrogável de 15 dias, tome as
CONSTITUCIONAIS providências:
SENSÍVEIS:  Expeça decreto de intervenção;
o Forma republicana,  Nomeie, no mesmo decreto, o
sistema representativo e interventor.
regime democrático;

217
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

o Direitos da pessoa - A decretação da intervenção é


humana; vinculada.
o Autonomia municipal; - NÃO é necessária a apreciação
o Prestação de contas da pelo Congresso Nacional.
Administração direta e
indireta;
o Aplicação do mínimo
exigido em educação e
saúde.

* Atenção:
 STF: Não basta, para a promoção da intervenção federal, o não pagamento do
precatório no prazo estabelecido, é preciso também, além disso, demonstrar o
elemento subjetivo, que é o Estado ter condições e não querer pagar.
 NÃO pode haver controle judicial sobre a conveniência e oportunidade da
intervenção da União em um Estado Federado.
 Súmula 637, STF: NÃO cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal
de Justiça que defere pedido de intervenção Estadual em Município.

c) Hipóteses de intervenção dos Estados nos Municípios:

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

218
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Referências Bibliográficas:
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direitos Constitucional Descomplicado.

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 – 2018 – CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Conforme disposições constitucionais a respeito da organização da segurança pública, julgue o item a
seguir.

Compete à União estabelecer normas gerais sobre a organização das polícias civis.

Certo ( ) / Errado ( )

02 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia

219
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Acerca da disciplina constitucional da segurança pública, do Poder Judiciário, do MP e das atribuições da


PF, julgue o seguinte item.

É concorrente a competência da União e dos estados para legislar sobre a organização, os direitos e os
deveres das polícias civis dos estados.

Certo ( ) / Errado ( )

03 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


É correto afirmar que o Federalismo

a) representa uma forma de Estado que possui um centro único dotado de capacidade legislativa,
administrativa e política, que é direcionado às unidades locais e regionais.
b) representa um sistema de governo, que analisa as relações de poder existentes no âmbito da federação.
c) ocorreu no Brasil por meio de um movimento centrífuga (por segregação).
d) ocorreu no Brasil mediante um movimento centrípeta (por agregação).
e) representa uma forma de governo, que leva em consideração a quantidade de titulares que estão no
poder.

04 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa correta que corresponda à previsão da Constituição Federal de 1988 sobre a
repartição de competências entre os entes federativos.

a) É competência privativa da União legislar sobre procedimentos em matéria processual.


b) Compete privativamente à União legislar sobre proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência.

220
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) Em se tratando de competência legislativa concorrente, caso um Estado X legisle de forma plena sobre
normas gerais e específicas, e, posteriormente, sobrevenha lei federal sobre normas gerais, a lei estadual
será abrogada no que lhe for contrário.
d) Compete à União, Estados-membros e Distrito Federal legislar concorrentemente sobre custas dos
serviços forenses.
e) É competência comum da União, Estados-membros e Distrito Federal legislar sobre populações
indígenas.

05 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Considere que o Estado X, em função da diversidade cultural constatada em sua região, decida
desmembrar-se para formação de dois novos Estados. Nessa hipótese, é correto afirmar que tal
desmembramento

a) será constitucional desde que a proposta seja aprovada pela população diretamente interessada, por
meio de plebiscito, e, cumulativamente, pelo Congresso Nacional, por lei complementar.
b) será constitucional se aprovada diretamente pela população interessada, por meio de referendo, e do
Congresso Nacional, por meio de lei ordinária.
c) é automaticamente inconstitucional, pois a unidade federativa é cláusula pétrea imutável nos termos
da Constituição.
d) é automaticamente inconstitucional, uma vez que a Constituição Federal veda tanto a separação como
a criação de novos Estados-membros, ante a já estabelecida simetria federal.
e) será constitucional desde que aprovada pela Assembleia do Estado mediante lei estadual e,
cumulativamente, pelo Congresso Nacional, por meio de lei complementar.

06 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


A competência para a explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado
é do

221
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) estados-membros e dos municípios.


b) estados-membros, do distrito federal e dos municípios.
c) estados-membros.
d) municípios.

07 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal proferido em Ação Direta de Inconstitucionalidade
julgada em 2017, no que tange a ações penais ajuizadas em face de Governador de Estado, é CORRETO
afirmar:

a) Com base no princípio da simetria, as Assembleias Legislativas devem autorizar, por dois terços de
seus membros, a instauração de ação penal contra o Governador por crimes comuns.
b) O recebimento de ação penal contra Governador de Estado pelo Superior Tribunal de Justiça acarreta
o seu afastamento automático do cargo.
c) Os estados-membros têm competência para legislar sobre crimes de responsabilidade.
d) Os estados-membros não têm competência para editar normas que exijam autorização da Assembleia
Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) instaure ação penal contra Governador de
Estado.

08 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


O Governo Federal decretou uma intervenção na área da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro
que deverá vigorar até 31 de dezembro deste ano. Sobre a Intervenção Federal, analise as alternativas e
marque a CORRETA.

a) A União intervirá em seus municípios, quando deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois
anos consecutivos, a dívida fundada.
b) A Intervenção Federal será espontânea, quando o Presidente decretar intervenção para assegurar o
cumprimento dos “princípios constitucionais sensíveis”.

222
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) Cessada a intervenção, em nenhum caso as autoridades afastadas retornarão aos seus cargos.
d) A invasão de um Estado-membro por outro não caracteriza hipótese de intervenção federal, mas sim
decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
e) A Intervenção Federal será espontânea, quando o presidente a decretar para manter a integridade
nacional.

09 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


É competência do Município, conforme a Constituição Federal de 1988:

a) legislar sobre assuntos de interesse local;


b) exploração dos serviços de gás canalizado;
c) instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
d) combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social;
e) legislar sobre normas de consumo.

10 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


A organização da República Federativa do Brasil está exposta na Constituição Federal de 1988. Todo
Estado precisa de uma correta organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro da
administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das maneiras encontradas para facilitar
a organização do Estado Brasileiro. A divisão político-administrativa brasileira é apresentada na
Constituição Federal, no Art. 18. Ela surgiu no período colonial, quando o Brasil se dividia em capitanias
hereditárias e posteriormente foram surgindo outras configurações que proporcionaram maior controle
administrativo do país. O Brasil é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal e os Municípios,
sendo ele uma República Federativa. Cada ente federativo possui sua autonomia financeira, política e
administrativa, em que cada Estado deve respeitar a Constituição Federal e seus princípios
constitucionais, além de ter sua Constituição própria; e também, cada município (através de sua lei
orgânica) poderá ter sua própria legislação. Tendo como pano de fundo o descrito acima, assinale a
alternativa INCORRETA.

223
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) Não há na CF previsão expressa da exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para o


processamento e julgamento de governador por crimes comuns perante o STJ. Dessa forma, inexiste
fundamento normativo-constitucional expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência
em suas Constituições estaduais. Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados-membros.
b) É inconstitucional a lei estadual que estabeleça como condição de acesso a licitação pública, para
aquisição de bens ou serviços, que a empresa licitante tenha a fábrica ou sede no Estado-membro.
c) O inciso XIV do Art. 29 da CF/1988 estabelece que as prescrições do Art. 28 relativas à perda do
mandato de governador aplicam-se ao prefeito, qualificando-se, assim, como preceito de reprodução
obrigatória por parte dos Estados-membros e Municípios. Não é permitido a esses entes da federação
modificar ou ampliar esses critérios. Se a Carta Maior não sanciona com a perda do cargo o governador
ou o prefeito que assuma cargo público em virtude de concurso realizado após sua eleição, não podem
fazê-los as Constituições estaduais.
d) O Município pode editar legislação própria, com fundamento na autonomia constitucional que lhe é
inerente (CF, Art. 30, I), com objetivo de determinar, às instituições financeiras, que instalem, em suas
agências, em favor dos usuários dos serviços bancários (clientes ou não), equipamentos destinados a
proporcionar-lhes segurança (tais como portas eletrônicas e câmaras filmadoras) ou a propiciar-lhes
conforto, mediante oferecimento de instalações sanitárias, ou fornecimento de cadeiras de espera, ou
colocação de bebedouros, ou horário de funcionamento, ou, ainda, prestação de atendimento em prazo
razoável, com a fixação de tempo máximo de permanência dos usuários em fila de espera. A abrangência
da autonomia política municipal – que possui base eminentemente constitucional – estende-se à
prerrogativa, que assiste ao Município, de “legislar sobre assuntos de interesse local” (CF, Art. 30, I).
e) Segundo a CF/88, a fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
Ainda, segundo dispõe o mesmo diploma legal, o controle externo da Câmara Municipal será exercido
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios, onde houver. Assim sendo, pode-se afirmar que a CF não proíbe a extinção de
tribunais de contas dos Municípios. O legislador constituinte permitiu a experimentação institucional dos

224
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

entes federados, desde que não fossem criados conselhos ou tribunais municipais, devendo ser observado
o modelo federal, com ao menos um órgão de controle externo. É possível, portanto, a extinção de
tribunal de contas responsável pela fiscalização dos Municípios por meio da promulgação de Emenda à
Constituição estadual, pois a CF não proibiu a supressão desses órgãos.

11 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


O decreto-lei nº 10/2018 determinou a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, deixando a
segurança pública fluminense sob responsabilidade de um interventor militar, que responde ao presidente
da República. Ou seja, não se trata apenas do emprego das Forças Armadas ou de forças federais, mas
sim da gestão federal de uma área que antes era coordenada pelo poder estadual. Isso posto, assinale a
alternativa correta em relação ao tema em epígrafe.

a) A intervenção federal é a flexibilização excepcional e temporária da autonomia dos Estados. Já o


Estado de Defesa e o Estado de Sítio, além de retirar a autonomia dos Estados, leva à suspensão de
direitos fundamentais.
b) Segundo o artigo 35 da Carta Maior, o Estado não intervirá em seus Municípios, exceto quando: I –
deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II – não
forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV – o
Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. Isso posto,
as disposições descritas consubstanciam preceitos de observância compulsória por parte dos Estados-
membros, sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restrições às hipóteses de intervenção.
c) A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I – manter a integridade
nacional; II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III – pôr termo a
grave comprometimento da ordem pública; IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação; V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o
pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar

225
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
em lei; VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII – assegurar a observância
dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
municipais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
e nas ações e serviços públicos de saúde.
d) A Constituição não poderá ser emendada na vigência de estado de defesa ou de estado de sítio, mas
somente no caso de intervenção federal.
e) A decretação da intervenção, conforme o caso, dependerá tão somente de: solicitação do Poder
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal.

12 – 2017 – CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Aprovada pela assembleia legislativa de um estado da Federação, determinada lei conferiu aos delegados
de polícia desse estado a prerrogativa de ajustar com o juiz ou a autoridade competente a data, a hora e
o local em que estes serão ouvidos como testemunha ou ofendido em processos e inquéritos.
Nessa situação hipotética, a lei é

a) constitucional, pois, apesar de tratar de matéria de competência privativa da União, o estado legislou
sobre procedimentos de âmbito estadual.
b) constitucional, pois trata de matéria de competência comum da União, dos estados, do DF e dos
municípios.
c) constitucional, pois trata de matéria de competência concorrente da União, dos estados e do DF.
d) inconstitucional, pois o estado legislou sobre direito processual, que é matéria de competência privativa
da União.
e) inconstitucional, pois o estado legislou sobre normas gerais de matéria de competência concorrente da
União, dos estados e do DF.

226
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

13 – 2017 – FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


A Constituição de determinado Estado, ao dispor sobre prerrogativas do Governador, dispõe que
− a Assembleia Legislativa é o órgão competente para processar e julgar o Governador pela prática de
crimes de responsabilidade, que deverão ser definidos em lei estadual.
− lei estadual disciplinará as normas de processo e julgamento do Governador por prática de crime de
responsabilidade.
− o Tribunal do Júri é competente para julgar o Governador nos crimes dolosos contra a vida.
À luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Constituição Estadual
mencionada CONTRARIA a Constituição Federal ao atribuir

I. à lei estadual a definição dos crimes de responsabilidade do Governador.


II. à lei estadual a definição das normas de processo e julgamento do Governador por prática de crime
de responsabilidade.
III. ao Tribunal do Júri a competência para julgar o Governador pela prática de crimes dolosos contra a
vida.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.
b) III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I e III, apenas.

14 – 2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Sobre a segurança pública, à luz da Constituição da República em vigor e dos entendimentos do Supremo
Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa correta.

227
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) No entendimento atual do STF, é constitucional a exigência de dispositivo de Constituição Estadual


que exija que o Superintendente da Polícia Civil seja um delegado de polícia integrante da classe final da
carreira.
b) Conforme já pronunciou o STF, é dever do Estado manter em seus presídios os padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico, sendo de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37,
§ 6°, da Constituição da República, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente
causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
c) O Distrito Federal tem por peculiaridade que a sua polícia civil e sua polícia militar sejam organizadas
e mantidas pela União, nos termos da Constituição da República, e não sejam subordinadas ao
Governador do Distrito Federal.
d) O Estado-membro responsável pela unidade prisional é que deverá pagar a indenização por danos
morais ao preso se os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico forem
descumpridos. Esse pagamento, conforme o STF, pode se dar em pecúnia ou por meio de remição da
pena.
e) O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis, embora
possa ser permitido de forma lícita em situações excepcionais a outros servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública.

15 – 2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Sobre a organização do Estado e o Federalismo, assinale a alternativa correta.

a) A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e


julgamento são da competência legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal. Portanto, é
possível legislação estadual sobre crime de responsabilidade.
b) Segundo o STF é inconstitucional lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em
presídio, pois tal legislação invade a competência da União para legislar sobre telecomunicações.

228
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) Segundo o STF, é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento


comercial, em virtude disso não ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
d) A repartição vertical de competências é a técnica na qual dois ou mais entes vão atuar conjunta ou
concorrentemente para uma mesma matéria (tema). A repartição vertical surge na Constituição Alemã de
Weimar de 1919. No Brasil, aparece pela primeira vez na Constituição da República de 1988.
e) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre custas forenses,
registros públicos, educação, cultura, ciência e tecnologia, bem como sobre organização, garantias,
direitos e deveres das polícias civis.

16 – 2017 – IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


Acerca da intervenção federal, assinale a alternativa correta.

a) A invasão de um Estado-membro por outro não caracteriza hipótese de intervenção federal, mas sim
decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
b) Nas intervenções espontâneas, o Presidente da República deve ouvir o Conselho da República e o de
Defesa Nacional, embora não esteja obrigado ao parecer destes.
c) A intervenção do inciso VII do artigo 34, CRFB/88 (descumprimento de princípio sensível) é hipótese
de atuação exofficio do Presidente da República, ou seja, pode decretar a intervenção sem a provocação
de ninguém.
d) De acordo com o entendimento jurisprudencial do STF, a insuficiência de recursos financeiros pelo
Estado não caracteriza fundamento razoável para se indeferir pleito de intervenção federal.
e) A hipótese do artigo 34, I, CRFB/88 (manter a integridade nacional), depende de solicitação do Poder
Legislativo ao Presidente da República.

17 – 2017 – CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


A respeito dos estados-membros da Federação brasileira, assinale a opção correta.

229
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) Denomina-se cisão o processo em que dois ou mais estados se unem geograficamente, formando um
terceiro e novo estado, distinto dos estados anteriores, que perdem a personalidade originária.
b) Para o STF, a consulta a ser feita em caso de desmembramento de estado-membro deve envolver a
população de todo o estado-membro e não só a do território a ser desmembrado.
c) A CF dá ao estado-membro competência para instituir regiões metropolitanas e microrregiões, mas
não aglomerações urbanas: a competência de instituição destas é dos municípios.
d) Conforme a CF, a incorporação, a subdivisão, o desmembramento ou a formação de novos estados
dependerá de referendo. Assim, o referendo é condição prévia, essencial ou prejudicial à fase seguinte: a
propositura de lei complementar.
e) Segundo o STF, os mecanismos de freios e contrapesos previstos em constituição estadual não
precisam guardar estreita similaridade com aqueles previstos na CF.

18 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


A Organização do Estado brasileiro é expressamente disciplinada na Constituição Federal de 1988, sendo
correto afirmar que:

a) compete privativamente à União legislar sobre criação, funcionamento e processo do juizado de


pequenas causas.
b) nos Territórios Federais, além do Governador nomeado na forma da Constituição Federal, haverá
órgãos judiciários, somente de primeira instância, membros do Ministério Público e defensores públicos
federais.
c) os Estados poderão, mediante lei ordinária, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
d) compete exclusivamente a União impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
e) compete a União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito financeiro,
tributário, urbanístico, penitenciário e econômico.

230
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

19 – 2016 – CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


A respeito das atribuições constitucionais da polícia judiciária e da organização político-administrativa do
Estado Federal brasileiro, assinale a opção correta.

a) Todos os anos, as contas dos municípios devem ficar, durante sessenta dias, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar a legitimidade dessas contas, nos termos
da lei.
b) O DF, como ente federativo sui generis, possui as competências legislativas reservadas aos estados,
mas não aos municípios; entretanto, no que se refere ao aspecto tributário, ele possui as mesmas
competências que os estados e municípios dispõem.
c) As polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, exercem as funções de polícia judiciária
e de apuração de infrações penais, sejam elas civis ou militares.
d) Dirigidas por delegados de polícia, as polícias civis subordinam-se aos governadores dos respectivos
estados, com exceção da polícia civil do DF, que é organizada e mantida pela União.
e) Os territórios não são entes federativos; assim, na hipótese de vir a ser criado um território federal, ele
não disporá de representação na Câmara dos Deputados nem no Senado Federal.

20 – 2015 – VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios serão realizados por lei

a) federal, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de plebiscito.
b) estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e submetidos a referendo
popular.
c) federal, dentro do período determinado por lei complementar estadual, e submetidos a referendo
popular.
d) estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de plebiscito.
e) estadual, dentro do período determinado por lei complementar estadual, e dependerão de plebiscito.

231
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

21 – 2015 – VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Compete privativamente à União legislar sobre

a) organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.


b) direito tributário, orçamento, produção e consumo.
c) direito penal, processual, agrário e do trabalho.
d) direito penitenciário, conservação da natureza, educação e cultura.
e) direito financeiro, previdência social, proteção e defesa da saúde.

Respostas: 01:C 02:C 03:C 04:D 05:A 06:C 07:D 08:E 09:A 10:D 11:B 12:D 13:A
14:B 15:B 16:B 17:B 18:E 19:A 20:D 21:C

232
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 04

DIREITO ADMINISTRATIVO: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1) Evolução da responsabilidade civil

a) Teoria da Irresponsabilidade do Estado - Já que o monarca editava as leis, o Estado


NÃO falhava (personificação divina do chefe de Estado).
- Remete ao absolutismo
* Brasil: NÃO houve a fase da irresponsabilidade

b) Responsabilidade com previsão legal – O Estado passa a ser responsável em casos


pontuais, sempre que houvesse previsão legal específica.
França – Caso Blanco.

c) Responsabilidade Subjetiva (Teoria Civilista) – O fundamento é a intenção do


agente público.
- Deve se comprovar:
i. Conduta do Estado;
ii. Dano;
iii. Nexo de causalidade;
iv. Dolo/ Culpa

OBS: A ausência pode gerar a exclusão desta responsabilidade.

233
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- É fase civilista, pois a responsabilização ocorre nos moldes do Direito Civil.

d) Culpa do serviço (Faute du servisse = Culpa anônima) – Responsabilidade


Subjetiva baseada na culpa do serviço.

- A vítima deve apenas comprovar que o serviço foi mal prestado ou prestado de forma
ineficiente ou ainda com atraso, sem necessariamente apontar o agente causado.

- NÃO se baseia na culpa do agente (culpa individual), mas do serviço como um todo
(Culpa Anônima).

- Verifica-se quando:
 O serviço NÃO funcionou;
 O serviço funcionou mal;
 O serviço funcionou com atraso.

e) Responsabilidade Objetiva – É a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em


razão de procedimento lícito ou ilícito que produziu lesão na esfera de alguém.

- Para comprová-la, basta a mera relação causal entre o comportamento de um agente e o


dano.

- Fundamento: Legalidade.

234
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Elementos:
i. Conduta lícita ou ilícita do agente;
ii. Dano (usuário ou não do serviço);
iii. Nexo de causalidade

 Note que NÃO precisa comprovar DOLO/ CULPA.


 Para condutas LÍCITAS – Fundamento na isonomia. A doutrina admite em
duas situações:
o Expressa previsão legal. Ex: responsabilidade da União por danos
provocados por atentados terroristas contra aeronaves de matrícula
brasileira;
o Sacrifício desproporcional ao particular => Marçal Justen só admite quando
houver previsão expressa do legislador.
 Previsão Legal: Art. 37, §6º CF – É objetiva, mas a responsabilidade do
agente é subjetiva.

- É possível configurar a RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL do


Estado, com fundamento nos princípios da boa-fé e da confiança legítima (Ex:
Dever de indenizar o licitante vencedor na hipótese se desfazimento da licitação
após a homologação).

 CONDUTAS ILÍTICAS: FUNDAMENTO NA LEGALIDADE


 CONDUTAS LÍCITAS: FUNDAMENTO NA ISONOMIA

235
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

2) Agentes da Responsabilidade Civil – Todos os que atuam na prestação de serviços:


 Pessoas jurídicas de direito público da administração direta;
 Autarquias e fundações de direito público;
 Empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público;
 Prestadores de serviço público por delegação (concessionárias e permissionárias do
serviço público) – Responsabilidade objetiva e o Estado responde subsidiariamente.

- STF: A responsabilidade será OBJETIVA para usuário e não-usuário, pois se a


própria CF/88 NÃO diferencia, NÃO cabe ao intérprete diferenciar os danos
causados a terceiros, em virtude de serem ou não usuários do serviço;

- STJ: O Estado responde inclusive por atos de terceirizados contratados por


interposta pessoa para prestar serviços aos Órgãos Públicos.

- STF: Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos


nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de
usuários.
A segurança que a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado
de conservação e sinalização da rodovia. Não tem, contudo, como a concessionária
garantir segurança privada ao longo da estrada, mesmo que seja em postos de pedágio ou
de atendimento ao usuário.

236
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

O roubo com emprego de arma de fogo é considerado um fato de terceiro equiparável a


força maior, que exclui o dever de indenizar. Trata-se de fato inevitável e irresistível e,
assim, gera uma impossibilidade absoluta de não ocorrência do dano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1749941-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/12/2018
(Info 640).

Cuidado.

- STF: já reconheceu a responsabilidade civil da concessionária que administra a


rodovia por FURTO ocorrido em seu pátio: STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao
considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização
do serviço.

3) Responsabilidade Objetiva: Elementos

a) Conduta (= fato administrativo) – Deve ser de determinado agente público que atue
nesta qualidade ou se aproveite da qualidade de agente para causar dano (Teoria da
Imputação) – A conduta que enseja a responsabilidade objetiva é a conduta
comissiva. Em caso de omissão, a responsabilidade é subjetiva. A conduta pode ser ilícita
ou lícita.

237
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) Dano – Indispensável o dano jurídico, ou seja, dano tutelado pelo direito, ainda que
exclusivamente moral.
 Danos decorrentes de atos lícitos: Deve comprovar que os danos são anormais e
específicos;
 Risco Social: Danos normais, genéricos, que decorram de condutas lícitas do Poder
Público => NÃO ensejam responsabilidade civil do Estado.

TEORIA DO DUPLO EFEITO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


- Quando um mesmo ato administrativo causa dano específico/ anormal a
uma pessoa e para a outra NÃO causa dano passível de indenização.

c) Nexo de causalidade – Em regra, o Brasil adotou a TEORIA DA CAUSALIDADE


ADEQUADA, em que o Estado responde, desde que a sua conduta tenha sido
determinante para o dano causado ao agente.

- Condutas posteriores, alheias à vontade do Estado, apesar de causar dano a terceiro,


implicam a TEORIA DA INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL, a excluir a
responsabilidade estatal: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva.

TEORIAS DO NEXO DE CAUSALIDADE:


a) Teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non): Todos os
antecedentes que contribuírem de alguma forma para o resultado são
equivalentes e consideradas causas do dano. A eliminação hipotética de

238
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

uma dessas condições afastaria a ocorrência do resultado. Crítica:


regresso ao infinito do nexo de causalidade;
b) Teoria da causalidade adequada: Considera causa do evento danoso
aquela que, em abstrato, seja a mais adequada para a produção do dano.
c) Teoria da interrupção do nexo causal: Os antecedentes do resultado
NÃO se equivalem e apenas o evento que se vincular direta e
imediatamente com o dano será considerado causa necessária do dano.
Adotada no art. 403 do CC.

INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL:


a) Fato Exclusivo da vítima: Atenção, pois nos casos em que o Estado
contribuir, de alguma forma, por ação ou omissão com o ato (ex:
suicídio de preso), restará configurada a responsabilidade;
 O STF decidiu que a responsabilização objetiva do Estado em
caso de morte de detento somente ocorre quando houver
inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º,
inciso XLIX, da Constituição Federal (RE 841526/RS).
Comprovada causa impeditiva da atuação estatal protetiva do
detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta
omissão do Poder Público e o resultado danoso.
b) Fato de terceiro que não possui vínculo com o Estado. Ex: Arremesso
de pedras por terceiros contra passageiros.
c) Caso fortuito e força maior: A doutrina vem diferenciando o fortuito
externo (risco estranho à atividade) do fortuito interno (risco inerente

239
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

ao exercício da própria atividade), e apenas naquele o Estado NÃO será


responsabilizado.
d) Causas excludentes e atenuantes: Apenas diminuem o valor da
indenização que será arcado pelo Estado.

4) Teorias da Responsabilidade Civil Objetiva

a) Teoria do Risco Administrativo – Responsabiliza o ente público, objetivamente,


pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, mas admite a exclusão se ausente um
dos elementos dessa responsabilidade.

b) Teoria do Risco Integral – Parte da premissa de que o ente público é o garantidor


universal e a simples existência do dano + nexo causal é suficiente para que surja a
obrigação de indenizar.

- Responsabilização absoluta do Estado por danos ocorridos em seu território:


 Atividade nuclear;
 Danos ao Meio Ambiente;
 DPVTA – Nesse caso, a seguradora fica no polo passivo;
 Crimes a bordo de aeronaves no espaço aéreo brasileiro e danos decorrentes de
ataques terroristas.

5) Responsabilidade por Omissão

240
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Doutrina diverge sobre a natureza da responsabilidade civil nos casos de omissão estatal.
Há 03 entendimentos:
 1ª Corrente: Responsabilidade objetiva, pois o art. 37 NÃO faz distinção entre
condutas comissivas e omissivas;
 2ª Corrente: Responsabilidade Subjetiva, com presunção de culpa do poder
público, tendo em vista que na omissão o Estado NÃO é causador do dano, mas
atua de forma ilícita (com culpa) quando descumpre o dever legal de impedir a
ocorrência do dano.
 3ª Corrente: Nos casos de omissão genérica, relacionadas ao descumprimento do
dever genérico de ação, a responsabilidade é subjetiva. Porém, em casos de omissão
específica, quando o Estado descumpre dever jurídico específico, a
responsabilidade é objetiva.

- Rafael Oliveira entende ser a responsabilidade por omissão objetiva, pois o art. 37, §6º,
CRFB NÃO faz distinção entre responsabilidade por ação e omissão, bem como a inação
do Estado colabora para a consumação do dano. No entanto, somente será possível
responsabilizar o Estado nos casos de omissão específica, nos casos em que o Estado tem
a possibilidade de prever e evitar o dano. Nas omissões genéricas, não há responsabilidade
estatal, na medida em que o Estado NÃO é segurador universal.

- Aplica-se a TEORIA DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA (Para Carvalho


Filho, seria SEMPRE responsabilidade objetiva), decorrente de CULPA ANÔNIMA.

241
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Para fins de responsabilização do ente público, NÃO se precisa comprovar a culpa do


agente, bastando a comprovação da má prestação do serviço, prestação ineficiente ou da
prestação atrasada do serviço como ensejadora do dano.

- Elementos:
 Comportamento omissivo do Estado;
 Dano;
 Nexo de causalidade;
 Culpa do serviço Público

- A responsabilização depende da ocorrência de ato comissivo ilícito.

- O ESTADO NÃO RESPONDE POR FATOS DA NATUREZA (EX:


ENCHENTES E RAIOS) E ATOS DE TERCEIROS OU ATOS DE
MULTIDÕES.

- DANO EVITÁVEL – Surge quando era possível ao ente público fazer algo para
impedir o prejuízo, mas ele não o fez. Ex: Segurança pública/ danos decorrentes de
enchentes.
* Princípio da reserva do possível: para a prestação do serviço, deve haver
compatibilidade com o orçamento público e sua estruturação na prestação dos
serviços, não podendo o ente público se furtar de oferecer o mínimo existencial.

242
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Responsabilidade por omissão e teoria do risco criado (risco suscitado): Surge


quando o Estado cria situações de risco que levam à ocorrência do dano (Ex: guarda de
pessoas ou coisas).
 O Estado responde objetivamente, ainda que não se demonstre conduta direta de
um agente público ou que haja situação de caso fortuito, bastando a comprovação
de que este fortuito só foi possível ante a custódia do ente estatal (fortuito interno
ou caso fortuito). Se o dano for completamente alheio e independente da situação
de custódia, há o fortuito externo ou força maior.

A responsabilização dependerá somente da comprovação de que a custódia é


uma condição sem a qual o dano NÃO teria ocorrido, mesmo que situações
supervenientes tenham contribuído para o dano => Teoria da conditio sine
qua non, a responsabilizar o Estado em caso de custódia.

6) Indenização
- Art. 37, §6º CF – Responsabilidade Extracontratual;
- Lei 8.666/93 – Responsabilidade Contratual
- Art. 5º, XXIV e XXV – Sacrifício de Direito – Atuação que só indiretamente causa dano
ao particular.

7) Responsabilidade do Agente

- O art. 37, §6º, CRFB consagra dois regimes jurídicos distintos de responsabilidade:

243
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas


jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos;
 Responsabilidade pessoal e subjetiva dos agentes públicos.

- Agentes: engloba toda e qualquer pessoa no exercício da função pública, e deve haver
ligação direta entre o dano e o exercício da função pública, ainda que o servidor esteja fora
de sua jornada de trabalho.
 Se agentes putativos, a responsabilidade funda-se na teoria da aparência;
 Quanto aos agentes de fato necessários, justifica-se a responsabilidade pelo
funcionamento inadequado do serviço que contribuiu para a situação emergencial.

- Sobre a responsabilidade do agente, há duas correntes:


 Primeira posição: Aplica-se a TEORIA DA DUPLA GARANTIA (Diogo
Moreira, Hely Lopes, STF):
o Primeira garantia: A vítima deve ser ressarcida pelos danos causados pelo
Estado; e
o Segunda garantia: Os agentes públicos só podem ser responsabilizados
pelo próprio Estado.
 Segunda Posição: A ação pode ser proposta em face do Estado, agente público
ou ambos, em litisconsórcio passivo. JSCF, Celso Antônio, Gasparini, Rafael
Oliveira. Com isso, abriria-se a possibilidade de só cobrar do Estado, só do agente
ou do Estado e agente (em litisconsórcio)

244
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- STF: NÃO é possível a propositura da ação, diretamente, em face do agente


público causador do dano, pois a CF/88 concedeu ao agente a garantia de só ser
cobrado pelo Estado => TEORIA DA DUPLA GARANTIA, e a garantia ao
particular em ser indenizado pelo Estado. Logo, NÃO se admite a propositura de ação
per saltum da pessoa natural do agente, com fulcro no princípio da impessoalidade.

8) Denunciação à lide do agente público

- Há divergências doutrinária quanto ao cabimento da denunciação à lide:


 1ª Posição: A denunciação à lide é uma faculdade do Estado, de modo que a sua
ausência ou o indeferimento NÃO acarreta a nulidade do processo, nem impede a
propositura da ação regressiva em caso de condenação do Poder Público. STJ;
 2ª Posição: Impossibilidade de denunciação à lide quando a responsabilidade for
objetiva ou a culpa anônima, sem individualização do agente causador do dano,
pois nesse caso o Estado estaria incluindo na lide novo fundamento não levantado
pelo autor: culpa ou dolo do agente público. Porém, caberia indenização se o autor
identificar o agente público causador do dano, imputando-lhe culpa. Di Pietro.
 3ª Posição: Impossibilidade de denunciação da lide pelo Estado, pois a
responsabilidade do Estado é objetiva e a do agente público subjetiva, razão pela
qual a denunciação acarretaria a inclusão da discussão de culpa na demanda,
prejudicando a celeridade processual. JSCF, Diogo Figueiredo, Rafael Oliveira.

* Majoritário: NÃO admite, pois geraria AMPLIAÇÃO SUBJETIVA DO MÉRITO,


acarretando ao autor manifesto prejuízo à celeridade.

245
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

STJ: Vem admitindo a denunciação, mas o Estado NÃO está obrigado a fazê-la.

9) Prazo Prescricional

Para a cobrança do particular em face do Estado

- Tradicionalmente 05 anos (Dec. 20.910/32) + art. 1º da Lei 9.494/97.

- NCC/02: 03 ANOS – Alguns defenderam ser esse prazo, por ser mais benéfico à
Fazenda. A partir daí surgiram algumas correntes:
 1ª Corrente: Prescrição quinquenal das ações de ressarcimento em face do Estado,
ante o critério da especialidade para resolver o conflito normativo. Di Pietro, Marçal
Justen, Odete Medauar.
 2ª Corrente: Prescrição trienal, em razão de dois argumentos:
o Em interpretação sistemática e histórica, a intenção do legislador ao fixar o
prazo quinquenal era proteger a segurança jurídica e beneficiar o Estado;
o O próprio art. 10 do Decreto 20.910/1932 estabelece que o prazo
quinquenal NÃO altera as prescrições de menor prazo, o que revelaria a
aplicação do prazo de 03 anos.

- STJ: Manutenção de 05 anos, pois o CC é lei geral e não poderia alterar lei especial.

Para a cobrança do Estado em face do particular

246
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- O prazo prescricional é de 05 anos, na forma do art. 206, §5º, I, do CC, se créditos não
tributários.

Ações de Ressarcimento ao erário

- Prevalecia a tese da imprescritibilidade, com fulcro no art. 37, §5º, CRFB. No entanto,
em 2016 houve julgado do Plenário do STF, em repercussão geral, pelo qual entende que
o prazo prescricional seria quinquenal, ressalvados os atos de improbidade, estes
imprescritíveis.

IMPORTANTE - É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda


Pública decorrente de ilícito civil. STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016 (repercussão geral) (Info
813).

10) Responsabilidade por obra pública

a) Decorrente da má execução da obra

- Se executada pelo próprio Estado – Responsabilidade Objetiva


- Se realizada por um empreiteiro por contrato administrativo e dano provocado por culpa
exclusiva do executor – Responsabilidade Subjetiva
 PARA JSCF, A AÇÃO DEVE SER MOVIDA APENAS CONTRA O
EMPREITEIRO, SEM A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO, NOS MOLDES

247
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

CIVIL. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO DECORRE DA


OMISSÃO NA FISCALIZAÇÃO (SUBJETIVA).

b) Responsabilidade pelo fato da obra – A obra causa dano sem que tenha havido
culpa. Ocorrendo prejuízo, há a responsabilidade objetiva do Estado.

11) Responsabilidade por atos legislativos

- Em regra, a atuação legislativa NÃO acarreta responsabilidade civil do Estado, já que o


caráter genérico e abstrato das normas jurídicas afasta a configuração dos efeitos (danos)
individualizados, principal óbice à responsabilidade civil. Assim, a responsabilidade civil
pode surgir em três situações excepcionais:
 Leis de efeitos concretos e danos desproporcionais;
 Leis inconstitucionais;
 Omissão legislativa.

- Leis de efeitos concretos e danos desproporcionais: responsabilidade objetiva

- Leis em sentido formal e material: NÃO há responsabilidade do Estado.


Exceção:
i. Se diretamente da lei decorrer dano específico a alguém;
ii. Se o ato normativo for declarado inconstitucional -> declarada por ação direta
pelo STF.

248
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Omissão legislativa: Quando configurada a mora legislativa desproporcional

- Nos casos em que a própria Constituição estabelece prazo para o exercício do dever de
legislar, o descumprimento do referido prazo, independente de decisão judicial anterior,
já é suficiente para a caracterização da mora legislativa inconstitucional a ensejar a
responsabilidade estatal. Nos demais casos, a inexistência de prazo impõe a necessidade
de configuração da mora legislativa por decisão proferida em Mandado de injunção ou
ADI por omissão.

12) Responsabilidade por atos jurisdicionais

- Via de regra, descabe falar em responsabilidade do Estado por três argumentos:


 Recorribilidade das decisões judiciais e a coisa julgada
 Soberania
 Independência do magistrado,

- Atualmente, a responsabilidade do Estado por atos judiciais pode ocorrer em três


hipóteses:
 Erro Judiciário: deve ser erro substancial e inescusável.
 Prisão além do tempo fixado na sentença
 Demora na prestação jurisdicional – Erro Judiciário praticado por omissão, que
causa dano desproporcional.

- Quando exerce função administrativa atípica – Responsabilidade objetiva.

249
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Função jurisdicional: via de regra, NÃO há responsabilidade. Exceção: erro judiciário na


área criminal (ato administrativo exercido posterior à decisão judicial), a
responsabilidade é objetiva.

- A ação de regresso em face do agente público depende da demonstração de dolo ou erro


grosseiro.

ERRO JUDICIAL: Discute-se se a responsabilidade restringe-se ao erro judiciário


verificado a esfera penal ou se é possível a responsabilização do Estado na hipótese de
erro judiciário no processo civil:
 1º Entendimento: A responsabilidade restringe-se ao erro judiciário na seara penal,
inexistindo na área cível. JSCF, Odete Medauar, Diogo Figueiredo Moreira;
 2º Entendimento: A responsabilidade abrange a jurisdição penal e a civil, pois não
teria havido qualquer distinção. Cavalieri, Rafael Oliveira.

Prisão cautelar e posterior absolvição: Em caso de prisão ilegal, caracteriza-se a atuação


ilícita e a responsabilidade do Estado. Em se tratando de prisão cautelar, há controvérsias:
 1º Entendimento: Possibilidade de responsabilização do Estado, com fundamento
no princípio da dignidade da pessoa humana. Diogo Moreira, Ruy Rosado de
Aguiar;
 2º Entendimento: Ausência de responsabilidade do Estado, pois a prisão cautelar,
decretada conforme ordenamento jurídico, não configura ato ilícito. Destina-se a
garantir a instrução criminal. Cavalieri, Rui Stoco, Rafael Oliveira.

250
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ: A responsabilidade pessoal dos


agentes públicos em geral é subjetiva e depende da demonstração de dolo ou culpa. Os
magistrados, por sua vez, submetem-se ao tratamento especial do CPC e à LOMAN, que
admitem a responsabilidade dos juízes apenas em duas hipóteses (mesmo raciocínio para
o MP):
 Dolo ou fraude;
 Recusa, omissão ou retardamento, sem justo motivo, de providência que deva
ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.

13) Responsabilidade do Estado, dos notários e registradores

- Há divergência quanto ao enquadramento da responsabilidade dos notários, ante a


dificuldade de caracterização como agentes públicos do art. 37, da CRFB. Sobre o tema,
há alguns entendimentos:
 1º Entendimento: responsabilidade direta e objetiva do Estado, pois notários e
registradores exercem função pública, mediante aprovação em concurso público. A
vítima pode acionar o Estado e este tem ação regressiva em face do titular do
cartório;
 2º Entendimento: Responsabilidade pessoal e objetiva dos notários e registradores,
em razão da prestação de serviço público delegado, e subsidiária do Estado. Hely
Lopes e Cavalieri;
 3º Entendimento: Responsabilidade solidária e objetiva dos notários, registradores
e Estado. Yussef Cahali.

251
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- STF: Em decisão recente (2019) definiu a tese em sede de repercussão geral


(posicionamento a ser adotado em prova OBJETIVA): O Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos
casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários
e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão
geral) (Info 932).

- STJ: Possui decisões conflitantes, ora reconhecendo a responsabilidade pessoal e


objetiva do Estado, ora afirmando a responsabilidade pessoal e objetiva dos notários e
registradores e subsidiária do Estado.

- Para Rafael Oliveira, o tratamento deveria ser análogo ao da responsabilidade das


concessionárias dos serviços públicos.

14) Responsabilidade por atos de multidões (atos multitudinários)

- Em regra, os danos causados por atos de multidões NÃO geram a responsabilidade civil
do Estado, ante a ausência do nexo de causalidade, inexistindo omissão estatal causadora
do dano.

252
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

- Excepcionalmente, o Estado será responsabilizado quando comprovada a ciência prévia


da manifestação coletiva e a possibilidade de evitar a ocorrência de danos.

15) Responsabilidade por danos ambientais

- Em sendo o poder público poluidor, por ação ou omissão na fiscalização, caracteriza-se


a responsabilidade civil objetiva e solidária entre poluidores diretos e indiretos. Discute-se
o fundamento dessa responsabilidade:
 1º Entendimento: A responsabilidade objetiva ambiental funda-se na teoria do
risco administrativo, admitindo-se a alegação de causas excludentes do nexo de
causalidade pelo poder público, sob pena de transformá-lo em segurador universal.
Cahali, Toshio Mukai;
 2º Entendimento: Teoria do risco integral como fundamento da responsabilidade
objetiva ambiental, sendo vedada a alegação de excludentes do nexo causal. Paulo
Afonso Leme Machado, Cavalieri, STJ.

Referências Bibliográficas:
Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo
Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo descomplicado.

253
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 – 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - Assistente social


Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade civil do Estado.

a) A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar todo e qualquer dano, independentemente de a
vítima ter concorrido para o seu aperfeiçoamento.
b) A responsabilidade civil do Estado é subjetiva, podendo o cidadão propor ação diretamente contra o
servidor que tenha lhe provocado prejuízo.
c) Em caso de responsabilidade decorrente de ato praticado por servidor público, a obrigação de reparar
o dano limita-se ao próprio servidor público.
d) As entidades da administração indireta responderão objetivamente pelos danos que nessa qualidade
causarem a terceiros, mesmo quando os danos por elas provocados decorrerem da atividade econômica
de natureza privada.
e) O servidor público somente responde regressivamente ao Estado pela indenização que este tiver que
pagar a terceiros por danos que aquele tiver causado por dolo.

02 – 2019 – CESPE – PRF - Policial Rodoviário Federal - Superior


No tocante aos poderes administrativos e à responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco
administrativo, devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.

Certo / Errado

03 – 2018 – CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Em fevereiro de 2018, o delegado de polícia de uma cidade determinou a realização de diligências para
apurar delito de furto em uma padaria do local. Sem mandado judicial, os agentes de polícia conduziram
um suspeito à delegacia. Interrogado pelos próprios agentes, o suspeito negou a autoria do crime e, sem

254
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

que lhe fosse permitido se comunicar com parentes, foi trancafiado em uma cela da delegacia. A ação dos
agentes foi levada ao conhecimento do delegado, que determinou a abertura de processo administrativo
disciplinar contra eles para se apurar a suposta ilicitude nos atos praticados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou
culposa.

Certo / Errado

04 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.

A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria
do risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção.

Certo / Errado

05 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.

O Estado não será civilmente responsável pelos danos causados por seus agentes sempre que estes
estiverem amparados por causa excludente de ilicitude penal.

Certo / Errado

06 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Nível Superior

255
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Um numeroso grupo de pessoas se reuniu no centro comercial de determinada cidade para protestar
contra a precarização dos hospitais locais. A agitação e a hostilidade dos manifestantes fizeram que lojistas
do local acionassem o órgão de segurança pública competente para a necessária assistência. Os agentes
não apareceram e vitrines de lojas do centro comercial foram apedrejadas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Em regra, os atos de multidão ensejam a responsabilidade objetiva do Estado, em razão do dever de


vigilância permanente da administração pública.
Certo / Errado

07 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Nível Superior


Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Como, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do Estado é objetiva, é possível a


caracterização de responsabilização estatal por atos de omissão, como a não prestação da assistência
requerida para conter a multidão.

Certo / Errado

08 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Um servidor público estadual, no exercício do seu cargo, conduzia um veículo oficial em velocidade
superior à permitida na via e atropela um pedestre que vem a falecer no local. A partir da narrativa, é
CORRETO afirmar:

a) A sentença condenatória no âmbito penal somente gerará efeitos na esfera administrativa se imposta
pena privativa de liberdade.
b) Eventual absolvição no âmbito penal por insuficiência de provas não autoriza a condenação do
servidor nas esferas cível e administrativa.

256
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) O Estado responderá subjetivamente na esfera cível pelos danos resultantes do evento.


d) O servidor responderá pelo ato lesivo nas esferas cível, penal e administrativa.

09 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Sobre a responsabilidade do Estado por atos legislativos, NÃO está correto o que se afirma em:

a) Sua aplicação não é admitida com relação às leis de efeitos concretos constitucionais.
b) É aplicável aos casos de omissão no dever de legislar e regulamentar.
c) É admitida com relação às leis declaradas inconstitucionais.
d) É aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função
normativa, mesmo em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.

10 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


Empregado de empresa de ônibus prestadora do serviço público de transporte de passageiros em
município, ao dirigir veículo da empresa delegatária, colidiu com veículo particular estacionado, causando
prejuízo. Nessa hipótese, a responsabilidade civil pelo ressarcimento do dano suportado pelo particular
proprietário do veículo abalroado será

a) subsidiária e subjetiva do município titular do serviço público.


b) subjetiva, do município titular do serviço público.
c) objetiva, do motorista empregado da empresa prestadora do serviço público.
d) subjetiva, da empresa prestadora do serviço público.
e) objetiva, da empresa prestadora do serviço público.

11 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Uma equipe da Delegacia de Polícia de Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações
Criminais da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, a bordo de uma viatura oficial devidamente
caracterizada, na rodovia BR 290, no sentido capital-litoral, realiza perseguição a um veículo tripulado

257
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

por criminosos que, instantes antes, praticaram um assalto a uma agência bancária, com emprego de
explosivos. Ao longo da perseguição, os policiais se veem obrigados a não parar na praça de pedágio,
rompendo a respectiva cancela, de propriedade de empresa concessionária de serviço público, como única
forma de não perderem os criminosos de vista. Graças a essa atitude, a equipe se manteve no encalço dos
criminosos, logrando êxito em prendê-los em flagrante. Relacionando o caso acima com a
responsabilidade extracontratual do Estado, analise as seguintes assertivas:

I. O Estado responderá objetivamente pelo prejuízo causado à empresa concessionária de serviço


público.
II. A equipe de policiais civis não poderá ser responsabilizada em ação regressiva, porque não agiu com
dolo ou culpa, mas no estrito cumprimento do dever legal.
III. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal adota, como regra geral, a teoria do risco
administrativo para fundamentar a responsabilidade objetiva extracontratual do Estado.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

12 – 2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia Civil


Suponha-se que o veículo de uma sociedade de economia mista, não prestadora de serviços públicos
típicos, por estar em excesso de velocidade, colida com outro veículo, de particular. É possível afirmar
que, nesse caso, a responsabilidade civil da sociedade de economia mista é

258
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) objetiva, porque o regime estabelecido pela Constituição Federal de 1988 é o da responsabilidade


objetiva, que dispensa a comprovação de dolo ou culpa, sempre que se discutir a responsabilidade de
uma pessoa jurídica.
b) subjetiva, porque o excesso de velocidade é uma falha no serviço prestado, por conta da conduta do
agente público que conduzia o veículo, independentemente do objeto da sociedade de economia.
c) objetiva, porque a Constituição Federal prevê a responsabilidade objetiva indistintamente para todos
os órgãos e entes da Administração, sem diferenciá-los em razão da personalidade que possuem.
d) subjetiva, porque a Constituição Federal expressamente prevê que a responsabilidade objetiva somente
se estende a pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
e) objetiva, porque o agente público que dirigia o veículo omitiu-se, deixando de ter a cautela necessária,
e a Constituição Federal prevê a responsabilidade objetiva para atos comissivos e omissivos da
Administração.

13 – 2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil


A responsabilidade civil da administração pública, em relação aos danos que causar a terceiros, é do tipo:

a) Objetiva, dependendo da culpa de seus agentes.


b) Objetiva, não dependendo da perquirição de culpa.
c) Subjetiva, não dependendo da perquirição de culpa.
d) Subjetiva, dependendo da culpa de seus agentes.
e) Inexistente.

14 – 2017 – CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Um delegado de polícia, ao tentar evitar ato de violência contra um idoso, disparou, contra o ofensor,
vários tiros com revólver de propriedade da polícia. Por erro de mira, o delegado causou a morte de um
transeunte.
Nessa situação hipotética, a responsabilidade civil do Estado

259
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) dependerá da prova de culpa in eligendo.


b) dependerá de o delegado estar, no momento da ocorrência, de serviço.
c) dependerá da prova de ter havido excesso por parte do delegado.
d) existirá se ficar provado o nexo de causalidade entre o dano e a ação.
e) será excluída se o idoso tiver dado causa ao crime.

15 – 2017 – FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


Uma determinada viatura oficial estadual, enquanto em diligência, chocou-se contra o muro de uma
escola municipal, derrubando-o parcialmente, bem como o poste de transmissão de energia existente na
calçada, que estava em péssimo estado de conservação, assim como os transformadores e demais
equipamentos lá instalados. Foram apurados danos materiais de grande monta, não só em razão da
necessidade de reconstrução do muro, mas também porque foi constatado que muitos aparelhos elétricos
e eletrônicos deixaram de funcionar a partir de então, tais como geladeiras, computadores e copiadoras.
Relevante apurar, para solucionar a responsabilidade do ente estatal,

a) se o condutor da viatura empregou toda a diligência e prudência necessárias para afastar negligência,
bem como se estava devidamente capacitado para o desempenho de suas funções, a fim de verificar
eventual ocorrência de imperícia.
b) a origem dos recursos que possibilitaram a aquisição dos materiais elétricos e eletrônicos, para
comprovar se o Município efetivamente sofreu prejuízos qualificáveis como indenizáveis para fins de
configuração de responsabilidade civil.
c) apenas o valor dos danos materiais constatados, tendo em vista que se trata de responsabilidade
objetiva, modalidade que, para sua configuração, dispensa qualquer outro requisito.
d) o nexo de causalidade entre a colisão causada pela viatura estadual e os danos emergentes sofridos,
para demonstrar que decorreram do acidente e não de outras causas e viabilizar a apuração correta da
indenização, prescindindo, no entanto, de prova de culpa do condutor.
e) a propriedade do imóvel onde funcionava a escola, tendo em vista que caso se trate de bem público
estadual cedido à municipalidade para implantação da escola, descabe qualquer indenização, seja pelo

260
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

muro, seja pelos danos nos aparelhos elétricos, uma vez que o funcionamento da própria unidade
depende do ente estadual.

16 – 2017 – IBADE -PC-AC - Delegado de Polícia


Considerando os entendimentos jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal relativos à responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.

a) Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o Estado não responde civilmente por atos
ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou
imediatamente do ato de fuga. Também entende o Superior Tribunal de Justiça que o Estado pode
responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por
causa excludente de ilicitude penal.
b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, é obrigação do Estado ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais
de encarceramento. Para fundamentar esta tese, a Corte Excelsa invocou a teoria do risco administrativo
do tipo integral.
c) Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o Estado não deve ser condenado a indenizar
servidores na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, sob fundamento de
que deveria ter sido investido em momento anterior, ainda que seja comprovada situação de
arbitrariedade flagrante. Para o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de arbitrariedade flagrante, a
indenização deve ser substituída pelo reconhecimento do tempo de serviço.
d) Segundo o Supremo Tribunal Federal, caso um detento seja encontrado morto nas dependências de
estabelecimento penitenciário e seja comprovado que se tratou de um suicídio, à luz da teoria do risco
administrativo entende-se que não há como se imputar qualquer responsabilidade ao Estado.
e) O Superior Tribunal de Justiça, em conflito com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmou
entendimento no sentido de que o Estado deve ser responsabilizado civilmente caso o inquérito policial
instaurado por delegado de polícia seja arquivado judicialmente após pedido do Ministério Público.

261
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

17 – 2017 – IBADE - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil


Quanto à responsabilidade civil do Estado e às espécies de agentes públicos, assinale a alternativa correta.

a) É admissível a responsabilidade civil do Estado por atos lícitos, com fundamento no princípio da
igualdade, e não há óbice jurídico ao seu reconhecimento na via administrativa.
b) responsabilidade civil do Estado no Direito Administrativo Brasileiro é regida pela teoria do risco
integral. Assim, o Estado não pode alegar caso fortuito ou força maior para eximir-se de sua
responsabilidade perante os administrados.
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável. Este direito de regresso há de ser exercido em uma dem anda em que a
responsabilidade do agente público é objetiva, sendo, assim, desimportante a verificação de sua culpa ou
dolo.
d) O servidor público estatutário é aquele que tem seu vínculo jurídico com a Administração Pública
regido por um contrato de trabalho.
e) Um Deputado Estadual não pertence à categoria de agentes públicos denominada “agente político”,
pois apenas vota projetos de lei, sem que represente a unidade do Poder Legislativo Estadual. Esta visão
torna-se ainda mais acentuada quando há divergência na aprovação dos projetos de lei.

18 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Investigador de Polícia Civil


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

a) A responsabilidade civil do Estado é sempre de natureza contratual, uma vez que há entre o Estado e
o cidadão um verdadeiro contrato social, pacto este implícito que deve ser cumprido por ambas as partes.
b) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.

262
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) A responsabilidade civil do Estado será subjetiva em casos de omissão, adotando o ordenamento


jurídico, nestes casos, a teoria civilista, restando necessário a comprovação de dolo ou culpa do servidor
que se omitiu no caso específico.
d) A teoria do risco integral foi adotada pela Constituição Federal de 1988, porém em casos específicos,
como os danos decorrentes de atividade nuclear ou danos ao meio ambiente. Tal posição é pacífica na
doutrina, havendo causas de exclusão da responsabilidade estatal, como o caso fortuito e a força maior.
e) A teoria adotada na Constituição Federal Brasileira, notadamente no artigo 37, §6°, é a teoria do risco
suscitado ou risco criado, em que o Estado por seus atos comissivos cria o risco de dano com suas
atividades, não admitindo causa de exclusão desta responsabilidade.

19 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

a) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.
b) A teoria do risco integral foi adotada pela Constituição Federal de 1988, porém em casos específicos,
como os danos decorrentes de atividade nuclear ou danos ao meio ambiente. Tal posição é pacífica na
doutrina, havendo causas de exclusão da responsabilidade estatal, como o caso fortuito e a força maior.
c) A teoria adotada na Constituição Federal Brasileira, notadamente no artigo 37, §6°, é a teoria do risco
suscitado ou risco criado, em que o Estado por seus atos comissivos cria o risco de dano com suas
atividades, não admitindo causa de exclusão desta responsabilidade.
d) A responsabilidade civil do Estado será subjetiva em casos de omissão, adotando o ordenamento
jurídico, nestes casos, a teoria civilista, restando necessário a comprovação de dolo ou culpa do servidor
que se omitiu no caso específico.
e) A responsabilidade civil do Estado é sempre de natureza contratual, uma vez que há entre o Estado e
o cidadão um verdadeiro contrato social, pacto este implícito que deve ser cumprido por ambas as partes.

263
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

20 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Papiloscopista


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

a) A teoria do risco integral foi adotada pela Constituição Federal de 1988, porém em casos específicos,
como os danos decorrentes de atividade nuclear ou danos ao meio ambiente. Tal posição é pacífica na
doutrina, havendo causas de exclusão da responsabilidade estatal, como o caso fortuito e a força maior.
b) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.
c) A teoria adotada na Constituição Federal Brasileira, notadamente no artigo 37, §6°, é a teoria do risco
suscitado ou risco criado, em que o Estado por seus atos comissivos cria o risco de dano com suas
atividades, não admitindo causa de exclusão desta responsabilidade.
d) A responsabilidade civil do Estado é sempre de natureza contratual, uma vez que há entre o Estado e
o cidadão um verdadeiro contrato social, pacto este implícito que deve ser cumprido por ambas as partes.
e) A responsabilidade civil do Estado será subjetiva em casos de omissão, adotando o ordenamento
jurídico, nestes casos, a teoria civilista, restando necessário a comprovação de dolo ou culpa do servidor
que se omitiu no caso específico.

Respostas: 01:A 02:E 03:E 04:C 05:E 06:E 07:C 08:D 09:A 10:E 11:E 12:D 13:B
14:D 15:D 16:A 17:A 18:B 19:A 20:B

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES FALIMENTARES

Lei nº 11.101/2005

264
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

De maneira perfunctória, e sem comprometimento com o rigor técnico com que a


matéria deve ser tratada enquanto conteúdo programático de direito civil, podemos definir
falência como um processo legal que ocorre quando existe impossibilidade no
pagamento das dívidas de uma empresa.

Nos mesmos moldes, podemos definir recuperação judicial como o procedimento


de reorganização econômica, administrativa e financeira de uma empresa, feita de
forma judicial ou extrajudicial, para evitar a sua falência.

Disposições comuns

Art. 179. Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial


de sociedades, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e
conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial,
equiparam-se ao devedor ou falido para todos os efeitos penais decorrentes
desta Lei, na medida de sua culpabilidade.

O artigo 179 da presente lei é frequentemente objeto de cobrança em provas


objetivas, pois equipara os sócios, diretores, gerentes, administradores, conselheiros e o
administrador judicial ao devedor e ao falido.

265
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

No que pese tratar-se de norma redundante, uma vez que “Quem, de qualquer
modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade”, é plenamente possível a imputação aos referidos sujeitos, desde que
demonstrada a conduta criminosa de cada concorrente.

Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou


concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é
condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei.

No presente artigo o legislador apresenta a sentença que concede a recuperação


judicial ou decreta a falência como “condição objetiva de punibilidade”.

Logo, no que pese a possibilidade de o fato ser típico, ilícito e culpável em função
das condições em concreto, não haverá punibilidade objetiva, se não se encontrarem
presentes as referidas decisões.

Fique atento!

Jamais confunda os conceitos de condição objetiva de punibilidade e condição de


procedibilidade da ação penal, são conceitos que nominalmente podem ser parecidos, mas
encontram grandes diferenças técnicas.

266
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Condição objetiva de punibilidade - condição objetiva de punibilidade é aquela


situação criada pelo legislador por razões de política criminal destinada a regular o
exercício da ação penal sob a ótica da sua necessidade.

Condição de procedibilidade - é o requisito que submete a relação processual à


existência ou validez, como ocorre om as representações, nas ações penais em que a ela
se condicionam.

Quanto aos efeitos da condenação por crime previsto na lei 11.101, podemos
enumerar:
 A inabilitação para o exercício de atividade empresarial
 O impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei
 A impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.

Entretanto, os efeitos acima não são automáticos, devendo ser declarados na


sentença condenatória, podendo ser percebidos até cinco anos após a extinção da
punibilidade, nesse sentido;

Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:
I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;

267
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de


negócio.
§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após
a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação
penal.
§ 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o
Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para
impedir novo registro em nome dos inabilitados.

Quanto a prescrição, está seguirá os mesmos marcos do código penal, começando


a correr no dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da
homologação do plano de recuperação extrajudicial.

É importante lembrar, que na hipótese de a contagem da prescrição ter sido iniciada


em razão da concessão de recuperação judicial, a decretação da falência do devedor
interrompe prescrição, vindo a correr do início.

Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas
disposições do Código Penal, começando a correr do dia da decretação da
falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano
de recuperação extrajudicial.

268
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Parágrafo único. A decretação da falência do devedor interrompe a prescrição


cuja contagem tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com
a homologação do plano de recuperação extrajudicial.

Do Procedimento Penal

Em exceção a teoria do resultado adotada como regra pelo Código de Processo


Penal, bem como a teoria da atividade, adotada pela lei 9.099, os crimes falimentares têm
como competente, o juízo criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência ou
concedida a Recuperação judicial:

Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a
falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de
recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta
Lei.

Quanto a ação penal, há expressa menção sobre a natureza pública incondicionada


desta, bem como da possibilidade de manejo da ação penal subsidiaria da pública, de modo
a evitar impunidade, sendo legitimados para tal o administrador judicial ou qualquer credor
habilitado.

Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada.

269
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º, sem que
o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor
habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada
subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.

Dos crimes em espécie.

Dada a ausência de julgados relacionados aos crimes em comento, bem como da


cobrança exclusiva da letra de lei, recomenda-se a leitura da “lei seca” com relação aos
crimes falimentares:

Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência,


conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato
fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim
de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Aumento da pena
§ 1º A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente:
I – elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos;
II – omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles
deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros;
III – destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados
em computador ou sistema informatizado;
IV – simula a composição do capital social;

270
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

V – destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de


escrituração contábil obrigatórios.
Contabilidade paralela
§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve
ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida
pela legislação.
Concurso de pessoas
§ 3º Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores
e outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas
criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade.
Redução ou substituição da pena
§ 4º Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno
porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por
parte do falido, poderá o juiz reduzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a
2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos, pelas de
perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas.
Violação de sigilo empresarial
Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou
dados confidenciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a
condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Divulgação de informações falsas

271
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 170. Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informação falsa sobre
devedor em recuperação judicial, com o fim de levá-lo à falência ou de obter
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Indução a erro
Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no
processo de falência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial,
com o fim de induzir a erro o juiz, o Ministério Público, os credores, a
assembléia-geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Favorecimento de credores
Art. 172. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência,
conceder a recuperação judicial ou homologar plano de recuperação
extrajudicial, ato de disposição ou oneração patrimonial ou gerador de
obrigação, destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos
demais:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o credor que, em conluio, possa
beneficiar-se de ato previsto no caput deste artigo.
Desvio, ocultação ou apropriação de bens
Art. 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob
recuperação judicial ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por
interposta pessoa:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

272
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens


Art. 174. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa
falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Habilitação ilegal de crédito
Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação
extrajudicial, relação de créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas,
ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Exercício ilegal de atividade
Art. 176. Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por
decisão judicial, nos termos desta Lei:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Violação de impedimento
Art. 177. Adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o
administrador judicial, o gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o
oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa, bens de massa
falida ou de devedor em recuperação judicial, ou, em relação a estes, entrar
em alguma especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos
processos:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Omissão dos documentos contábeis obrigatórios
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da
sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou

273
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de


escrituração contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 – 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Delton é proprietário de uma empresa que presta serviços de limpeza de automóveis para a “Lyss United
L.A. Brazil”, que vende transportes executivos em todo o território nacional. No dia 20 de abril de 2019,
é surpreendido por receber uma notificação de que fora homologado o “plano de recuperação
extrajudicial” da Lyss United L.A. Brazil e se vê convicto de que algo está errado. Ao procurar identificar
os credores da empresa que, assim como ele, tinham valores a receber, percebeu que havia a obrigação
de que, aqueles que moravam na cidade de São Paulo, seriam os primeiros a receberem, o que muito o
aborreceu, haja vista estar sediado em Curitiba. Certo de que havia algo errado, logo fora se informar
sobre o que poderia ter ocorrido, em especial se algum crime fora cometido. Com a leitura da legislação
especial, supôs de que a figura típica do “Favorecimento de Credores” era evidente, e começou a
armazenar documentos e trocas de email já pensando em ser testemunha do processo criminal que
apuraria tal fato, haja vista o Ministério Público também ter sido notificado no dia 20 de abril. Chega o
dia 06 de junho e nenhuma ação penal fora deflagrada, assim como alguns dos credores de São Paulo já
haviam começado a receber seus créditos. Com o sentimento de injustiça, Delton procura seus advogados
para tentar agir de alguma maneira, visando a responsabilização penal daqueles que supostamente
favoreceram outros credores.
Sobre as possibilidades de Delton, credor habilitado, é correto afirmar que:

274
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) Delton pode ajuizar uma Ação Penal Privada subsidiária da Pública, já que superado o prazo de 15
dias, disposto no art. 187, § 1° da Lei 11.101/05, qualquer credor habilitado está apto para fazê-lo.
b) Delton pode ajuizar uma Ação Penal Privada, já que a discriminação causada pela obrigação
supostamente fraudulenta, para além de gerar atraso no pagamento, causa danos a sua honra.
c) Delton pode ajuizar uma Ação Penal Privada subsidiária da Pública, já que superado o prazo de 45
dias, disposto no art. 187, § 1° da Lei 11.101/05, qualquer credor habilitado está apto para fazê-lo.
d) Delton poderá ajuizar uma Ação Penal Privada subsidiária da Pública após a superação do prazo de
120 dias disposto no art. 187, § 1°, já que qualquer credor habilitado ou administrador oficial está apto
para fazê-lo.
e) Delton não pode ajuizar uma Ação Penal Privada subsidiária da Pública, já que apenas o Administrador
Judicial é capaz de fazer isto na hipótese da superação do prazo disposto no art. 187, § 1°da Lei 11.101/05.

02 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item seguinte, relativos a institutos complementares do direito empresarial, teoria geral dos
títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e recuperação empresarial.

O condenado por crime falimentar fica impedido de atuar como empresário individual ou mesmo de ser
sócio em sociedade limitada, ainda que não exerça função de gerência ou de administração.
Certo / Errado

03 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que contempla um crime previsto na Lei no 11.101/2005 (Lei de Recuperação de
Empresas e Falência) e apenado com detenção.

a) Omissão dos documentos contábeis obrigatórios.


b) Divulgação de informações falsas.
c) Desvio, ocultação ou apropriação de bens.
d) Violação de sigilo empresarial.

275
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) Favorecimento de credores.

04 – 2017 – CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Com base no disposto na Lei n.º 11.101/2005 e no Decreto-Lei n.º 201/1967, assinale a opção correta.

a) O princípio da bagatela aplica-se aos crimes de responsabilidade praticados por prefeitos no exercício
do mandato.
b) A Lei n.º 11.101/2005 aplica-se às sociedades de economia mista detentoras de capital público e
privado.
c) Findo o mandato de prefeito, veda-se a instauração de processo criminal com base em conduta
tipificada no Decreto-Lei n.º 201/1967, sendo incabível o oferecimento de denúncia.
d) Em se tratando de recuperação judicial, extrajudicial e falência do empresário e da sociedade
empresária, aplicam-se as normas do Código de Processo Penal, inexistindo fase de investigação judicial.
e) Os vereadores, assim como os prefeitos municipais, respondem como autores ou sujeitos ativos das
condutas penais definidas no Decreto-Lei n.º 201/1967.

05 – 2013 - MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça


ANALISE O ENUNCIADO DA QUESTÃO ABAIXO E ASSINALE "CERTO" (C) OU
"ERRADO" (E)
Nos termos da Lei n. 11.101/05, tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno
porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o
magistrado reduzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas
restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas.
Certo / Errado

06 – 2010 – CESPE - MPE-ES - Promotor de Justiça

276
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Assinale a opção correta em relação aos delitos de corrupção de menores e de trânsito, à Lei Antidrogas
e aos crimes falimentares.

a) Constitui efeito da condenação por crimes de natureza falimentar a inabilitação para o exercício de
atividade empresarial. Esse efeito, entretanto, não é automático, devendo ser motivadamente declarado
na sentença. A inabilitação pode perdurar por até cinco anos após a extinção da punibilidade, havendo a
possibilidade de que cesse antes, pela reabilitação penal.
b) No delito de corrupção de menores previsto no CP, se o crime é cometido com o fim de obter
vantagem econômica, além da pena privativa de liberdade, aplica-se também a pena de multa ao agente.
c) Tratando-se de delitos de trânsito, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo
necessidade para a garantia da ordem pública, pode o juiz, como medida cautelar, de ofício ou a
requerimento do MP ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão
irrecorrível, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor ou a proibição de
sua obtenção.
d) Segundo a Lei Antidrogas, para determinar se a droga apreendida sob a posse de um indivíduo destina-
se a consumo pessoal, o juiz deve-se ater à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e
às condições em que se desenvolveu a ação, desconsiderando as circunstâncias sociais e pessoais e
também a conduta e os antecedentes do agente, sob pena de violação do princípio da presunção de
inocência.
e) Como a Lei Antidrogas não prevê a aplicação de medida educativa a agente apenado por portar drogas
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, devem ser aplicadas as regras pertinentes do CP.

07 – 2009 – CESPE - DPE-PI - Defensor Público


A respeito de aspectos criminais da Lei de Falências e daqueles aplicáveis aos idosos, assinale a opção
correta.

277
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) O juiz ou o representante do MP que adquirirem bens de massa falida ou de devedor em recuperação


judicial, quando atuaram nos respectivos processos, não respondem por delito previsto na referida lei
mas, sim, pelo crime de fraude em arrematação judicial previsto no CP.
b) Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte e não se constatando prática
habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, cabe ao juiz reduzir a pena de reclusão ou substituí-
la por penas restritivas de direitos, de perda de bens e valores ou de prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas.
c) O agente que retém cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do
idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento
de dívida, deve responder pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões, com causa geral de
aumento de pena.
d) Aquele que induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de
administração de bens deve responder pelo delito de estelionato, com causa especial de aumento de pena.
e) O oficial que lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida
representação legal, pratica o delito de prevaricação, com causa geral de aumento de pena.

08 – 2008 – VUNESP - MPE-SP - Promotor de Justiça


Considerando as disposições de natureza processual penal contidas na Lei n.º 11.101, de 09.02.2005 (Lei
de Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial), aplicáveis aos crimes nela descritos, é incorreto
afirmar que

a) a ação penal pública será sempre incondicionada.


b) a ação penal privada subsidiária pode ser ajuizada pelo administrador judicial e por qualquer credor
habilitado.
c) embora prevista a competência do juiz criminal para o processo e julgamento da ação penal, admite-
se que a prisão preventiva do falido e de seus administradores seja decretada na sentença de falência.
d) a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio é um dos efeitos automáticos
da condenação.

278
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) os efeitos da condenação perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, salvo se antes
concedida a reabilitação penal.

Respostas: 01:A 02:E 03:A 04:D 05:C 06:A 07:B 08:D

CRIMINOLOGIA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, MÉTODO,


FINALIDADE, FUNÇÕES E CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA E
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

1. Conceito, características, objeto, método, finalidade, funções e classificação da


criminologia.

1.1 Considerações preliminares

Criminologia é um nome genérico designado a um grupo de temas estreitamente


ligados: o estudo e a explicação da infração legal; os meios formais e informais de que a
sociedade se utiliza para lidar com o crime e com os atos desviantes; A natureza das
posturas que as vítimas desses crimes serão atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, o
enfoque sobre o autor desses atos desviantes (Shecaria, 2014).
Muitos, ainda hoje, escrevem sobre criminologia sob uma perspectiva médica,
analisam o comportamento antissocial como anormalidades da personalidade, constituídas
ou adquiridas. Estes são minoria, pois os profissionais da área médica devem limitar suas
observações aos infratores que sofrem distúrbios com sintomas inequívocos.

279
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Portanto, apesar de citar os diferentes enfoques das correntes criminológicas,


vamos nos ater a análise da criminologia sob uma visão macrocriminal, sob um enfoque
das ciências sociais.
Antes de analisarmos o conceito da criminologia, convém fazer uma observação
importante: a análise da criminologia esbarra nas diferentes perspectivas existentes nas
ciências humanas. Definir criminologia sob a perspectiva crítica é algo totalmente diferente
do que definir a mesma criminologia sob a perspectiva do positivismo.
Segundo (Carvalho, 1973), o objeto da criminologia é o estudo da criminalidade, ou
seja, do crime e do criminoso. Objeto também utilizado pelo direito penal e pela política
criminal, o que leva a alguns autores como (Seelig, 1957) a afirmar que a criminologia ainda
não é uma ciência autônoma perfeitamente constituída.
Para (Shecaria, 2014), a criminologia não é uma ciência, uma vez que não tem objeto
de estudo e teorias próprios, sendo, na verdade, um campo de conhecimentos interligados
(interdisciplinaridade), transitando pela sociologia, histórica, psicanálise, antropologia e
filosofia, todos focados no fenômeno criminal – é um arquipélago do saber.
Cuidado. Majoritariamente no Brasil, a criminologia é considerada uma ciência
autônoma e interdisciplinar, que possui objeto própria analisado sob uma perspectiva
particular.
Nesse sentido, convém colacionar as palavras de Figueiredo Dias, citado por
(Shecaria, 2014):

“ Foi mérito de Franz von Lizst ter criado entre os vários pensamentos
do crime uma relação que poderia ser denominada de modelo tripartido
da “ciência conjunta” do direito penal. “Uma ciência conjunta, esta que

280
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

compreenderia como ciências autônomas: a ciência estrita do direito


penal, ou dogmática jurídica-penal, concebida, ao sabor do tempo como
o conjunto dos princípios que subjazem ao ordenamento jurídicopenal e
devem ser explicitados dogmática e sistematicamente; a criminologia,
como ciência das causas do crime e da criminalidade; e a política
criminal, como ‘conjunto sistemático dos princípios fundados na
investigação científica das causas do crime e dos efeitos da pena, segundo
os quais o Estado deve levar a cabo a luta contra o crime por meio da pena
e das instituições com esta relacionada ’”. (Grifo nosso).

1.2 Conceito

O crime foi sempre um motivo de atenção do meio social (Calhau, 2009).


As sociedades sempre buscaram meios de atribuir marcas identificatórias aos
criminosos, usando, conforme os regimes e épocas, diversas mutilações, desde a extração
dos dentes até a amputação sistemática de órgãos: nariz, orelha, mãos, língua etc. No
Antigo Regime, na França, a marca feita com ferro em brasa constituía o traço infamante
do crime, como é ilustrado em Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas, pelo personagem
da Senhora de Winter. Entre os puritanos da Nova Inglaterra, o “A” de adultério era
costurado na roupa das mulheres, como é testemunhado pelo célebre romance de
Nathaniel Hawthorne (1804-1864), A letra escarlate.
Etimologicamente, Criminologia deriva do latim crimen (crime, delito) e do grego
logo (tratado). Foi o antropólogo francês, Paul Topinard (1830-1911), o primeiro a utilizar
este termo no ano de 1879. Todavia, o termo só passou a ser aceito internacionalmente

281
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

com a publicação da obra Criminologia, já no ano de 1885, de Raffaele Garofalo (1851-


1934).
Para (Molina, 1999), a Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que
tem por objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do
comportamento delitivo; e que aporta uma informação válida, contrastada e confiável,
sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime - contemplado este como fenômeno
individual e como problema social, comunitário assim como sua prevenção eficaz, as
formas e estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator.

A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto


(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos
valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto, normativa
e valorativa.
O domínio do saber criminológico possibilita um conhecimento efetivo mais próximo
da realidade que o cerca, concedendo acesso a dados e estudos que demonstram o
funcionamento correto ou não da aplicação da lei penal. Com a utilização correta da
Criminologia, por exemplo, o promotor de justiça criminal passa a gozar de uma
amadurecida relação entre a teoria e a prática. Esse saber criminológico (científico)
contrapõe-se ao saber popular, ainda muito arraigado na mente de agentes que atuam no
controle do crime, em especial, um grande número de agentes policiais.
O estudo científico do delito também inclui a sua medida e extensão, isto é, quantos
delitos são cometidos em certo período de tempo em dada unidade espacial, podendo ser
um país, uma região ou bairro. Naturalmente, a medida pode se referir também a tipos
concretos de delitos. Também se ocupa de estudar as tendências dos delitos ao longo do

282
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

tempo, por exemplo, se aumenta ou diminui; da comparação entre diferentes países,


comunidades ou outras entidades; ou de estudar se o delito se concentra em certos lugares,
momentos ou grupo de pessoas.
Nesse sentido, toda cautela deve ser adotada quando os agentes públicos analisam
a variação da criminalidade em uma cidade em um período muito curto, forçando
inferências de queda de criminalidade, que não se sustentam sem uma análise mais
prudente por parte da Criminologia.
O saber comum ou popular está ligado estreitamente a experiências práticas,
generalizadas a partir de algum caso; nesse sentido, poder-se-ia atribuir-lhe uma
metodologia empírico-indutiva, que, como logo veremos, predomina nas ciências sociais.
Não obstante, o saber comum se produz pela convivência social, na qual se instalam
tabus, superstições, mitos e preconceitos, isto é, verdades estabelecidas que condicionam
fortemente a vida social pela pura convicção cultural do grupo.
E nesse sentido que (Conde, Winfried Hassemer; Francisco Munoz, 2001) ensinam
que para evitar a cegueira diante da realidade que muitas vezes tem a regulação jurídica, o
saber normativo, ou seja, o jurídico, deve ir sempre acompanhado, apoiado e ilustrado pelo
saber empírico, isto é, pelo conhecimento da realidade que brindam a Sociologia, a
Economia, a Psicologia, a Antropologia, ou qualquer outra ciência de caráter não-jurídico
que se ocupe de estudar a realidade do comportamento humano na sociedade.
Nesse contexto, não devemos nos esquecer do papel cada vez mais destinado à
vítima16 criminal, assunto muito estudado pela Vitimologia e pela Criminologia, mas ainda
abordado de forma tímida e precária na seara jurídico-penal.
“Ciência que tem por objeto o estudo causal-explicativo do delito”. (Rafael Garófalo).

283
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

1.3 Características

A criminologia possui como principais características o empirismo e a


interdisciplinaridade.
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos
valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto normativa
e valorativa.
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação
histórica como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas
outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc.
Embora exista um consenso entre os criminólogos de que a criminologia ocupe
uma instância superior, esta não se dá de forma piramidal, pois não existe preferência por
nenhum saber parcial, conforme se vê no esquema a seguir, elaborado por (Filho, 2012)
em sua obra:

284
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Para (Luiz Flávio Gomes; Antônio Garcia-Pablos de Molina, 2008) as


características da moderna criminologia são:
 O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e dolorosa.
 Aumenta o espectro de ação da criminologia, para alcançar também a vítima e as
instâncias de controle social.
 Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à ideia de repressão dos
modelos tradicionais.
 Substitui o conceito de “tratamento” (conotação clínica e individual) por
“intervenção” (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e próxima da
realidade social).
 Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos objetos da
criminologia.
 Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário).

1.4 Objeto

Objeto de estudo da criminologia é delito, o delinquente, a vítima e o


controle social do delito. Cada um desses objetos recebe um conceito próprio.
O delito, para o direito penal, é considerado como ação ou omissão típica, ilícita e
culpável – conceito que tem como base o juízo de subsunção de um fato individualmente
considerado perante a norma.
Para a criminologia, contudo, interessa o delito do ponto de vista coletivo, quer
dizer, como um fenômeno comunitário, questionando os parâmetros (“critérios”) para a
sociedade estabelecer que determinada conduta mereça ser taxada como criminosa.

285
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Segundo (Shecaria, 2014), os critérios são:

 Incidência massiva na população (a conduta rejeitada não é fato isolado);

 Incidência aflitiva do fato (a conduta rejeitada tem relevância social);

 Persistência espaço-temporal do fato;

 Inequívoco consenso a respeito de que a criminalização do fato é o meio mais eficaz


para repressão da conduta.

O autor afirma ainda, que esses são elementos básicos para uma sociedade
criminalizar uma conduta, sendo que toda a legislação criminal e suas eventuais reformas
deveriam estar assentadas nessas premissas.
Já o conceito de criminoso pode ser dividido em perspectivas: para os clássicos,
criminoso é uma pessoa que optou cometer o delito, embora pudesse e devesse obedecer
a lei – tudo com base na ideia do livre arbítrio, e de que o mal causado pelo criminoso
deveria ser punido de forma proporcional (equivalência entre crime e pena); para os
autores positivista, o criminoso, na verdade, é “um prisioneiro de sua própria patologia
(determinismo biológico), ou de processos causais alheios (determinismo social)”,
considerando a noção de livre arbítrio uma ilusão, de modo que a consequência jurídica
do crime pode estar mais associada à cura, restabelecimento ou contenção do indivíduo,
mas não necessariamente à uma punição proporcional (medida de segurança), embora
houvesse também positivistas que defendem-se a aplicação da pena proporcional; para a

286
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

visão correlacionista, o criminoso é um ser inferior, deficiente, incapaz de dirigir por si


mesmo a sua vida, de modo que é uma pessoa que precisa ser tutelada pelo Estado, e este
deveria adotar uma postura pedagógica e piedosa; para a visão marxista, criminoso é um
mera vítima da superestrutura econômica em que se estabelece a sociedade capitalista
(determinismo social e econômico).
(Shecaria, 2014) , por sua vez, conceitua o criminoso como “um ser histórico, real,
complexo e enigmático. Embora seja, na maior parte das vezes, um ser absolutamente
normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos determinismos). Se for verdade
que é condicionado, tem vontade própria e uma assombrosa capacidade transcender, de
superar o legado que recebeu e construir seu próprio futuro”.
O conceito de vítima4 não é fornecido por Shecaria, porém, por sua citação à
Edgard de Moura Bittencourt, podemos considerar a vítima é a pessoa que sofre
diretamente a ofensa ou ameaça ao bem tutelado pelo Direito. (Bitencourt)
É preciso observa que o modo como a vítima foi encarada pelos estudos penais
varia:

a) 1ª fase: “idade de ouro”, que vai desde os primórdios da civilização até o fim da alta
idade média, período em que se destaca a autotutela e composição;

b) 2ª fase: neutralização do poder da vítima, uma vez que as consequências jurídicas


do ato delituoso passam a ser da responsabilidade dos poderes públicos, os quais
“esquecem” da vítima – tendo como marco histórico inicial a publicação do Código
Penal francês;

4
A classificação das vítimas e os níveis de vitimização serão abordados em capítulo próprio.

287
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) 3ª fase: revalorização da vítima, tendo como marco o fim da 2ª Guerra Mundial,


após a qual aparecem os primeiros estudos sobre vitimologia, com destaque aos
realizados por Benjamim Mendelsohn e Hans von Henting.

Sobre a importância deste estudo, vale colacionar o seguinte trecho (Shecaria, 2014):

[..] A particularidade essencial da vitimologia reside em questionar a


aparente simplicidade em relação à vítima e mostrar, ao mesmo tempo,
que o estudo da vítima é complexo, seja na esfera do indivíduo, seja na
inter-relação existente entre autor e vítima. Os estudos vitimológicos são
muitos importantes, pois permitem o exame do papel desempenhado
pelas vítimas no desencadeamento do fato criminal. Ademais, propiciam
estudar a problemática da assistência jurídica, moral, psicológica e
terapêutica, especialmente naqueles casos em que há violência ou grave
ameaça à pessoa, crimes que deixam marcas e causam traumas,
eventualmente até tomando as medidas necessárias a permitir que tais
vítimas sejam indenizadas por programas estatais, como ocorre em
inúmeros países (México, Nova Zelândia, Áustria, Finlândia e alguns
Estados americanos). De outra parte, os estudos vitimológicos permitem
estudar a criminalidade real, mediante informes facilitados pelas vítimas de
delitos não averiguados (cifra negra da criminalidade).5

5
Cifra negra de criminalidade será abordada posteriormente.

288
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Por fim, chegamos ao controle social do delito, o qual é definido como “o


conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos
modelos e normas comunitárias”, e é dividido em duas espécies: controle social informal
e controle social formal.
O controle informal é operado no meio da sociedade civil através da família,
escola, ambiente de trabalho e demais espaços de convivência, além da própria opinião
pública – estes elementos agem de formam mais sutil, por meio da educação e socialização
do indivíduo, acompanhando-o em toda sua existência.
Esse controle tem maior influência em sociedades menos complexas, onde
os laços comunitários são fortalecidos pela proximidade, pelo cotidiano, pelo
compartilhamento de ideais e valores comunitários (exemplo disso seria um espirito de
amizade e vizinhança nas comunidades rurais). Já nas sociedades mais complexas,
onde o outro é desconhecido, e as oportunidades são transitórias, esses laços não teriam
efetiva oportunidade de serem formados (ex.: anonimato urbano), de modo que o
controle informal é menos presente, o que deixa grande margem de manobra para
controle social formal.
“Quando as instâncias informais de controle social falham ou são ausentes, entram
em ação as agências de controle formais” (Shecaria, 2014), sendo estas marcadas pela
formalismo e coerção, que dizer, uso organizado (racional) da força, operando através
das polícias, do Ministério Público, do Poder Judiciário e da Administração Penitenciária,
os quais tem como norte a pena (repressão) como instrumento ordenador da conduta dos
indivíduos.
Contudo, a efetividade do controle formal é sempre relativa, e, a além disso, opera
de forma seletiva e discriminatória, de modo que é recomendável que a atuação do

289
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

controle social formal opere de forma articulada com o informal – exemplo das polícias
comunitárias – e baseado no direito penal mínimo (pena, principalmente a privativa de
liberdade, como ultima ratio).

1.5 Método e finalidade

Segundo (Filho, 2012), Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura
desvendar um fato, referente à natureza, à sociedade e ao próprio homem. No campo da
criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, sistematizadas
por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que se quer alcançar.
A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência
empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental,
naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para
delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos
estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
Convém mencionar que (Shecaria, 2014) segue uma postura não positivista, ou seja,
assume que as ciências humanas podem ser influenciadas pelos concepções e pré-
compreensões que subjazem no pesquisador, de modo que deve ser reconhecido que todo
estudo pode ou será afetado por esses fatores subjetivos. Quer dizer, inexiste um estudo
puramente objetivo.
Quanto ao método, convém citar o seguinte trecho (páginas 65 a 66):

“Na criminologia, ao contrário do que acontece com o direito, ter-


se-ão a interdisciplinaridade e a visão indutiva da realidade, a analise,

290
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a observação e a indução substituíram a especulação e o silogismo,


distanciando-se, pois no método abstrato, formal e dedutivo dos
pensadores iluministas, chamados de clássicos. [...]
Assim, pode-se afirmar que a abordagem criminológica é empírica,
o que significa dizer que seu objeto (delito, delinquente, vítima e
controle social) se insere no mundo do real, do verificável, do
mensurável, e não no mundo axiológico (como o saber normativo).
[...] Daí a necessidade da interdisciplinaridade, em que se acomodam sob
a mesma investigação psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais,
estatísticos, juristas etc. (grifo nosso).

Vale citar a existência de métodos empíricos consagrados:

 Estudos comparativos ou de cotejo de réplicas, chamados de diacrônicos e


sincrônicos: o diacrônico busca averiguar em que se difere (objetivo, elementos,
técnicas e conclusões) de estudos anteriores, tendo forte teor de histórico, podendo
retratar uma evolução do contexto estudado; o sincrônico busca averiguar em que
se difere estudos realizados em diversas localidades (outras cidades, outros países),
o que pode viabilizar um uma “sintonia fina” entre esses estudos.

 Inquéritos sociais (social surveys), constituídos por realização de interrogatórios


diretos em número considerável de pessoas, colhendo-se repostas a respeito de
dados criminologicamente relevantes, o que resulta na formação de diagramas, e,

291
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

dessa forma, no mapeamento da criminalidade, ferramenta extremamente útil à


formação da políticas e estratégias criminais.

 Estudo biográfico de casos individuais (case studies), que é um estudo


descritivo e analítico de indivíduos e suas experiências na delinquência – é busca de
porquês (causas) pessoais do cometimento de delitos. Temos aqui um enfoque
microcriminal.

 Observação participante, pesquisa que se opera mediante a inclusão do


pesquisador no local, no contexto em que realidade é examinada. Essa
pesquisa pode ser realizada da seguinte forma: viver em uma comunidade onde a
criminalidade tem alta incidência; trabalhar no seio da administração da justiça,
penitenciária ou policial; passar pela experiência de estar preso

 Técnica de grupos de controle: comparação estatística entre dois grupos com


algum traço distintivo, objetivando obter conclusões a respeito da relevância dessa
variável nos indivíduos. Exemplo: acompanhar o grau de reincidência entre grupos
condenados criminais, tendo como traço distintivos a aplicação ou não da pena
privativa de liberdade.

Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos


em seus estudos.
Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia
são informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso,

292
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

da vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade


(controle e prevenção criminal).
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito
penal, com a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.

Em relação a análise do seu objeto em si, a criminologia moderna se baseia no


método empírico e interdisciplinar. Por isso, para conhecer bem o assunto de criminologia
é necessário se aventurar em leituras pouco comuns aos bacharéis em direito e dominar
conceitos filosóficos, sociológicos, biológicos entre outros.

1.6 Funções

A função prioritária da Criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, é


aportar um núcleo de conhecimentos mais seguros e contrastados com o crime, a pessoa
do delinquente, a vítima e o controle social.
A investigação criminológica, enquanto atividade científica, reduz ao máximo a
intuição e o subjetivismo, ao submeter o fenômeno criminal a uma análise rigorosa, com
técnicas adequadas e empíricas. Sua metodologia interdisciplinar permite coordenar os

6
(Filho, 2012)

293
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

conhecimentos obtidos setorialmente nos distintos campos de saber pelos respectivos


especialistas, eliminando contradições e completando as inevitáveis lacunas. Oferece, pois,
um diagnóstico qualificado e de conjunto do fato criminal mais confiável (Calhau, 2009).

17 Classificação da criminologia: criminologia geral e criminologia clínica

A classificação é uma disposição de coisas segundo dada ordem (classes) para


melhor compreensão de todas elas. Já se disse que a criminologia se ocupa de pesquisar os
fatores físicos, sociais, psicológicos que inspiram o criminoso, a evolução do delito, as
relações da vítima com o fato e as instâncias de controle social, abrangendo sinteticamente
diversas disciplinas criminais, como a antropologia criminal, a biologia criminal, a
sociologia criminal, a política criminal etc.
A doutrina dominante entende que a criminologia é uma ciência aplicada que se
subdivide em dois ramos: criminologia geral e criminologia clínica.
A criminologia geral consiste na sistematização, comparação e classificação dos
resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima,
controle social e criminalidade.
A criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos daquela
para o tratamento dos criminosos.

2. História da criminologia (Nascimento da Criminologia)

294
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

2.1 Evolução histórica da criminologia. Criminologia pré-científica (precursores).


Criminologia científica.

Quando nasceu a criminologia?


Este tema é alvo de debate, o que é acentuado pelo fato de que há estudos de
criminologia cujos autores não sabiam que disso tratavam, e há estudos que se intitulam
como “criminologia” sem o ser (sem utilizar-se do objeto e método criminológico). A
nomenclatura é, historicamente, um problema por si só.
Uma das classificações históricas da Criminologia divide o seu desenvolvimento em
duas fases: período pré-científico e período científico. O período pré-científico abrange desde a
Antiguidade, onde encontramos alguns textos esparsos de alguns autores que já
demonstravam preocupação com o crime, terminando com o surgimento do trabalho de
Beccaria ou de Lombroso. Por que coloquei um ou outro? Porque você verá que existe
uma divergência na doutrina sobre o nascimento da Criminologia como ciência. A maioria
da doutrina aponta o surgimento da fase científica com o trabalho de Cesare Lombroso,
mas há autores que creditam o nascimento da Criminologia a Cesare Beccaria também
(Calhau, 2009).
Antes mesmo do surgimento da escola clássica, tivemos alguns precursores da
criminologia. Ora, desde antiguidade houve preocupação com evento criminoso e suas
possíveis causas, e, neste aspecto, destacam-se os exemplos a seguir (Shecaria, 2014):

 O código de Hamurabi dispõe que a pena dos ricos deve ser mais severa que a dos
pobres, pois os ricos têm melhores oportunidades, intuindo que a pobreza pode
contribuir, de alguma forma, para que alguém cometa crimes.

295
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Hipócrates, pai da medicina, afirmou que a fisionomia é fonte para julgamento do


caráter ou temperamento de pacientes, no que foi precursor de uma série de autores
que afirmavam que aspectos da fisionomia ou fisiologia humana poderiam determinar
seu caráter, seu comportamento social, e até mesmo a propensão ao cometimento de
crimes – ex. de autores: Giovanni Battista Della Porta Vico Equense; Johan Caspar
Lavater (que estudou, entre outros assuntos, a craniometria7);Petrus Camper;8 Franz
Joseph Gall (desenvolveu a cranioscopia9 e a frenologia10); Johan Caspar Spurzheim
(médico frenologista); Bénedict-Augustin Morel (psiquiatra); Próspero Despine;
Prosper Lucas (antropólogo); Gaspar Virgílio (antropólogo); Herbert Spencer
(sociólogo e filósofo) – todos esses autores, em maior ou menor grau, chegaram
à conclusão de que os aspectos externos da pessoa (ex.: formatação da face,
deformidade craniana, doenças, vícios, raça, pobreza) poderiam indicar a
natureza moral do indivíduo, inclusive a tendência à atividade criminosa
(determinismo biológico), o que, muitas vezes “justificou” o colonialismo,
eugenia e racismo, mas também serviu como base para o surgimento da escola
positivista italiana. Destaca-se, entre eles, as proposições de Prosper Lucas no que

7
Estudo externo das aparências do crânio
8
Tais autores autorizaram o surgimento de consequências na esfera jurídica de medidas evidentemente discriminadoras.
Um juiz napolitano conhecido como Marquês de Moscardi, decidia em última instância os processos que até eles
chegavam, e criou o conhecido Edito de Valério que afirmava: quando se tem dúvida entre dois presumidos culpados,
condena-se sempre o mais feio. A pena que sempre aplicara era a de morte ou perpétua, terminando sempre suas sentenças
com o bordão: “ouvidas acusação e defesa e examinadas a cabeça e a face do acusado, condeno-o”.
9
Método de medição da cabeça para adivinhar faculdades mentais e morais.
10
“A frenologia regia-se pelas seguintes proposições: (I) toda faculdade mental tem um território; (II) a forma do crânio
é a impressão fiel da composição cerebral; e (III) existem ligações entre o cérebro e as faculdades psíquicas, pelo que
qualquer alteração da constituição orgânica corresponde a uma alteração da função psíquica, tal sendo detectado pela
análise da morfologia craniana”.

296
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

se refere ao atavismo, que seria uma tendência criminosa herdada de ascendentes, numa
espécie de retorno ao homem primitivo, o qual era caracterizado por muitos como um
ser bruto e violento. Em sentido assemelhado, Herbert Spencer utilizou-se de
conceitos da biologia sobre evolução trazidos Charles Darwin e Lamark para defender
a existência de seres humanos mais aptos e menos aptos, bem como de raças superiores
e inferiores, devendo aquelas prevalecerem (dominarem) sobre estas. Também é
preciso atentar-se que o estudo da cabeça, face e crânio teve influência relevante nas
conclusões da escola positivista italiana.

 Também houveram autores que basearam a formação teórica da Escola


Clássica: Hugo Grócio (defensor do Direito Natural, ou jusnaturalismo, linha de
pensamento que defendeu que as leis deveriam seguir os ditames da racionalidade
universal); Rousseau (expoente do contratualismo); John Howard (denunciou o estado
miserável dos presos na Inglaterra - 1777); Jeremy Bentham (expoente do utilitarismo
e defensor de um tipo ideal de presídio chamado Panóptico11).

 Adolphe Quetelet – expoente da Escola Cartográfica – utilizou-se das pesquisas


censitárias de seus país (Bélgica) para desenvolver uma teoria criminológica de cariz
sociológico baseada em estudos estatísticos, concluindo que “os delinquentes se
limitavam a executar os fatos preparados pela sociedade [...] em decorrência dos
estados econômicos e sociais do momento”. Afirmou que o crime teria uma
regularidade constante, o que culminou na criação dos conceitos conhecidos como

11
Este presídio esse construído de uma forma circular, de forma a permitir que os presos fossem vigiados a todo momento
sem saber que estivessem sendo vigiados. Por outro lado, era construído sobre a presunção de que haveria os presos
fariam trabalho diaturnos.

297
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

criminalidade real, aparente e legal – os números de crimes noticiados, investigados ou


julgados é menor que efetivamente existente, o que traduz o conceito da cifra negra da
criminalidade. Vale afirmar que seu pensamento influenciou não só a Escola de
Chicago, estudada adiante, mas todos os criminólogos em geral, os quais utilizam-se
de métodos estatísticos.

 Escola de Lyon, os quais tem como expoentes Alexandre Lacassagne e Gabriel


Tarde, que se opuseram às ideias da Escola Positivista Italiana.

 Lacassagne defendeu que há dois fatores influem para o ato delituoso: os


predisponentes (ínsito do indivíduo) e os determinantes (desorganização da sociedade)
– quanto mais desorganizada for uma sociedade (quer dizer, quanto maior a miséria
das pessoas), maior a criminalidade.

 Tarde, por sua vez, discordou de Emile Durkheim a respeito do fato delituoso ser algo
normal; também discordou do atavismo ou clima como fator criminógeno. Ele
defendeu que fatores sociais é que afetam a criminalidade, a exemplo do fato de
crianças passarem seu tempo fora da escola, isto é, em outros locais como ruas e praças,
o onde, em verdade, teriam a oportunidade de aprender (imitar) comportamentos
ilícitos com aqueles que já praticavam (contato social deletério) – e, neste aspecto,
Tarde foi precursor da teoria da associação diferencial, o que será estudado
posteriormente.

298
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Vistos os precursores, vale lembrar que a criminologia só surgiria com o advento


do período cientítico. Podemos, então, afirmar resumidamente que o debate se concentra
em duas afirmações básicas: a criminologia nasce com a escola clássica (Beccaria,
Carrara e outros), que se destacam por basear suas ideias exclusivamente na razão
iluminista, com enfoque no crime; a criminologia inicia com a escola positivista
italiana (Lombroso, Garofalo e Ferri), que se destaca pelo uso da experimentação racional
(métodos empíricos), com enfoque no criminoso.

2.2 O iluminismo e as primeiras escolas sociológicas

Sabemos que o Iluminismo foi um fabuloso movimento cultural do século XVIII,


com epicentro na França, que produziu mudanças políticas, sociais e culturais. Talvez, no
entanto, a principal modificação tenha se dado no campo das ideias, pelo culto à razão. As
acentuadas modificações surgidas nesse período, que contaram com grandes movimentos
de massa e com a revolução industrial, requisitaram um certo movimento interpretativo e
explicativo que pudesse dar respostas mais precisas as indagações daquele momento. Tais
respostas só foram só foram possíveis com o surgimento do pensamento racional, que
pretendia fazer encadear, logicamente, modelos explicativos para as questões sociais. Daí
o surgimento da ideia de “ciências sociais”, com esteio analógico nos mesmos paradigmas
das ciências naturais. Se os modelos teórios da investigação experimental eram suficientes
para as ciências naturais, não haveriam de sê-lo, também, para as ciências sociais? Ou
ainda, sob outra perspectiva, o culto à razão, modelador do pensamento biológico
científico, não poderia ser suficiente para transformações? Para as duas perguntas surgiram
respostas distintas: a positivista e a clássica. Ambas, no entanto, têm algo em comum. São

299
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

respostas que ancoram seu pensamento na grande transformação iluminista. A Escola


Clássica, enraíza suas ideias exclusivamente na razão iluminista e a Escola Positivista, na
exacerbação da razão confirmada por meio da experimentação.
Como destaca (Filho, 2012):
“O apogeu do Iluminismo deu-se na Revolução Francesa, com o
pensamento liberal e humanista de seus expoentes, dentre os quais se
destacam Voltaire, Montesquieu e Rousseau, que teceram inúmeras
críticas à legislação criminal que vigorava na Europa em meados do século
XVIII, aduzindo a necessidade de individualização da pena, de redução
das penas cruéis, de proporcionalidade etc.”

Ressalto: Ambas as escolas sofreram influências do individualismo, do culto


à razão e das transformações sociais causadas pelo iluminismo. (Shecaria, 2014)

2.3 A Escola Clássica

(Filho, 2012), nos adverte que não existiu propriamente uma Escola Clássica, que
foi assim denominada pelos positivistas em tom pejorativo (Ferri).
Neste aspecto, destaca-se Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria, com seu livro
Dos Delitos e Das Penas (1764), não por sua originalidade, mas por sintetizar as ideias
sobre o Direito Penal de sua época. Ele defendeu que a existência de leis simples, de
conhecimento comum – assim, essa lei poderia ser obedecida por todos os cidadãos;
defendeu que só a lei deveria fixar penas, e não o juiz, que, em geral, o faziam de modo

300
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

arbitrário; foi contra penas de confisco, cruéis e de capital, e além das que recaíssem sobre
a família do condenado; afirmou que o mais importante é a efetividade da lei (certeza da
aplicação da pena), e não o rigor da mesma (dureza da pena); criticou aspectos do direito
probatório, tais como tortura, testemunhos secretos, juízos de Deus, não admissão do
testemunho da mulher e ausência de atenção à palavra do condenado.
Outro expoente é Francesco Carrara, que também sintetizou os pensamentos da Escolas
Clássica, defendendo que “o crime não é um ente de fato, é um ente jurídico; não é uma
ação, é uma infração. É um ente jurídico porque sua essência deve consistir
necessariamente na violação de um direito. Com tal pensamento queria se dizer que o
crime é a violação do direito como exigência racional e não como norma do direito
positivo, em uma clara alusão ao pensamento contratualista. Se o crime é uma exigência
racional, ele só pode emanar da liberdade de querer como um axioma fundamental para o
sistema punitivo. Advém daí o chamado livre-arbítrio, base da atribuição de uma pena
proporcional [...]” (Shecaria, 2014).
Outro aspecto importante da Escola Clássica é que a pena era entendida como uma
forma de reparação pelo dano causado pelo crime, e, como consequência, caracterizava-
se por defender penas certas e determinadas.
Percebe-se que o método de estudo da Escola Clássica é lógico-abstrato ou
dedutivo. Outrossim, tem o enfoque de estudo no conceito de crime e de pena, tendo
como pressuposto absoluto a racionalidade de todos os indivíduos e o livre-arbítrio. Isso,
contudo, não foi suficiente para explicar alguns fenômenos sociais, o que, aliado ao não
alcance das expectativas quanto ao capitalismo diante de uma criminalidade crescente,
abriu espaço para florescimento da Escola Positivista.
Como bem resume (Joerge de Fgueiredo Dias; Manuel da Costa Andrade, 1997):

301
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

“Pela sua índole e pelo seu impacto histórico, sobressai naturalmente a


obra de Beccaria, Dei Delitti e Delle Pene (1764), que já foi crismada (por
Radzinowicz) como o manifesto da abordagem liberal ao direito criminal. Em
síntese, Beccaria procurou fundamentar a legitimidade do direito de punir,
bem como definir critérios da sua utilidade, a partir do postulado do
contrato social. Serão ilegítimas todas as penas que não relevem da
salvaguarda do contrato social (se., da tutela de interesses de terceiros), e
inúteis todas as que não sejam adequadas a obviar as suas violações futuras,
em particular as que se revelem ineficazes do ponto de vista da prevenção
geral. É desta tese central que decorrem as reivindicações de direito
substantivo e processual que Beccaria se fez eco e que, no seu conjunto,
persistem ainda como arquétipo do moderno ordenamento jurídico-penal.

Segundo (Filho, 2012), os princípios fundamentais da escola clássica são:

a) O crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara);
b) A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;
c) A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente
(maldade), de modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e severidade e a
restaurar a ordem externa social;
d) Método e raciocínio lógico-dedutivo.

302
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

2.4 A Escola Positivista

A escola positivista também sofreu influências do discurso antropocêntrico e


emancipatório do iluminismo, que não mais aceita respostas teístas 12
para os
questionamentos sociais, tais como: Porque alguém pratica crime?
Tem como marco inicial a publicação do livro O Homem Delinquente (1876) de
Cesare Lombroso, que é um relatório do exame sistemático de um grande número de
criminosos (muitos deles classificados como loucos e anormais), expondo uma série de
observações e conclusões sobre seus comportamentos, vícios, feições, estruturas físicas e
habilidades. Utilizou-se do conceito de degeneração, atavismo e criminoso nato. Isso foi
feito tendo como pressuposto teórico a frenologia, craniometria e antropologia, e como
método o empírico-dedutivo ou indutivo-experimental. Sobre o tema, convém citar o
seguinte trecho encontrado em (Shecaria, 2014):

“Lombroso afirmar ser o crime um fenômeno biológico e não um ente


jurídico (como sustentavam os clássicos), razão pela qual o método que
dever utilizado para o seu estudo havia de ser o experimental (indutivo).
Nunca é demais lembrar que suas pesquisas foram em grande parte feitas
em hospitais, manicômios e penitenciárias. Lombroso afirmava ser o
criminoso um ser atávico que representa a regressão do homem ao
primitivismo. [...] Lombroso afirma que o mundo circundante era motivo
desencadeador de uma predisposição inata, própria do sujeito em
referência. Ele não nega os fatores exógenos, apenas afirma que estes só

12
Advindas da religião, da fé e da mitologia.

303
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

servem como desencadeadores dos fatores clínicos (endógenos). Para


Lombroso, o criminoso sempre nascia criminoso. O positivismo
lombrosiano é marcadamente de um determinismo biológico, em que a
liberdade humana – o livre-arbítrio – a é uma mera ficção.

O sucessor de Lombroso foi Enrico Ferri, contudo este detinha uma “compreensão mais
larga da criminalidade, evitando o reducionismo antropológico”, reconhecendo a
complexidade do fenômeno da criminalidade decorria também de fatores físicos e sociais,
sendo que estes preponderariam sobre os demais. De todo modo, critica o livre arbítrio
como fundamento da imputabilidade (não há como fundamentar a pena em algo que não
existe), de modo que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela
responsabilidade social – quer dizer, a pena serve como defesa da sociedade, e não como
repreensão ao que comete crime. Ferri classificou o criminoso em cinco categorias:

 Criminoso nato (conceito lombrosiano): caracteriza-se por ser precoce e


incorrigível, dotado de uma impulsividade ínsita, sendo que esta o faz praticar o
crime, e isso, em geral, por motivos desproporcionais.

 Louco: comete o crime não só pela enfermidade mental, mas também pela atrofia
do senso moral.

 Criminoso habitual: pessoa cuja origem é marcada pela miséria moral e material,
e inicia a carreira criminosa com a pequenos delitos, mas que progride até alcançar
patamares mais graves. É um tipo urbano, perigoso e de difícil readaptabilidade.

304
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Criminoso ocasional: pessoa que comete o crime em face das circunstancias


extremas que o assolam: injusta provocação, necessidades familiares ou pessoais,
facilidade de execução, comoção pública etc. É tipo menos perigoso e de
readaptação mais fácil.

 Criminoso passional: pessoa que pratica o crime por causa paixões pessoais,
políticas ou sociais.

Terceiro autor central para as ideias do positivismo italiano é Rafaele Garofalo.


Defendeu que o crime está no indivíduo, sendo a revelação de sua natureza degenerada.
Trabalha o conceito de temebilidade, que pode ser resumida como a probabilidade e a
potencialidade do mal voltar a ser praticado pelo criminoso condenado, fazendo necessária
aplicação de uma medida de segurança, esta que buscaria erradicar a inadaptabilidade do
indivíduo à vida em sociedade – sendo que esse tratamento deveria durar o tempo que
fosse necessário. Também afirmou existir delitos naturais, que seriam práticas rejeitadas
pela sociedade, em todo tempo e em todo lugar, por violar os sentimentos altruístas
fundamentais gênero humano: piedade e probidade. O Garafalo cita como exemplo
homicídio por mera brutalidade. Influenciado por Herbert Spencer, defendeu a aplicação
rigorosa do Direito Penal, isto é, dele utilizar-se como instrumento de eliminação de alguns
tipos de criminosos com a pena de morte.
Segundo (Filho, 2012), pode-se afirmar, portanto, que a Escola Positiva teve três fases:
antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garófalo).

305
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

(Filho, 2012)
2.5 Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã

Como bem explica (Filho, 2012), A também denominada Escola Sociológica Alemã,
e teve como principais expoentes Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel,
criadores, aliás, da União Internacional de Direito Penal, em 1888.
Von Lizst ampliou na conceituação das ciências penais a criminologia (com a
explicação das causas do delito) e a penologia (causas e efeitos da pena).
Os postulados da Escola de Política Criminal foram:

a) O método indutivo-experimental para a criminologia;


b) A distinção entre imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida
de segurança para os perigosos);
c) O crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico;
d) A função finalística da pena – prevenção especial;

306
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) A eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta


duração.

2.6 Terza Scuola (escola conciliadora das escolas anteriores)

Depois do surgimento das escolas clássica e positiva, apareceram outras


correntes que procuraram conciliar seus preceitos. Dentre essas teorias ecléticas ou
intermediárias, reuniram-se penalistas orientados por novas ideias, mas sem romper
definitivamente com as orientações clássicas ou positivistas. (Filho, 2012)
A Terza Scuola Italiana, cujos expoentes foram Manuel Carnevale, Bernardino
Alimena e João Impallomeni, fixou os seguintes postulados criminológicos:

a) Distinção entre imputáveis e inimputáveis;


b) Responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de
se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança);
c) Crime como fenômeno social e individual;
d) Pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.

Bibliografia

Bitencourt, E. d. (s.d.). Vítima. São Paulo: Universitária de direito.


Calhau, L. B. (2009). Resumo de Criminologia. Niterói: Impetus.
Carvalho, H. V. (1973). Compêndio de criminologia. São Paulo: Bushatsky.

307
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Conde, Winfried Hassemer; Francisco Munoz. (2001). Introducción a la Criminologia.


Valencia: TIrant lo Blanch.
Filho, N. S. (2012). Manual Esquemático de Criminologia. São Paulo : Saraiva.
Joerge de Fgueiredo Dias; Manuel da Costa Andrade. (1997). Criminologia. O Homem
deliquente e a sociedade criminógena. Coimbra: Coimbra.
Luiz Flávio Gomes; Antônio Garcia-Pablos de Molina. (2008). Criminologia. São Paulo:
Revista dos Tribunais.
Molina, A. G.-P. (1999). Tratado de Criminologia. Valência: Tirant lo Blanch.
Seelig, E. (1957). Manual de Criminologia. Coimbra: Arménio Amado.
Shecaria, S. S. (2014). Criminologia. São Paulo : Revista dos Tribunais.

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


“A vítima do delito experimentou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máximo
protagonismo [...] durante a época da justiça privada, sendo depois drasticamente “neutralizada” pelo
sistema legal moderno [...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73).
A Vitimologia impulsionou um processo de revisão científica do papel da vítima no fenômeno delitivo.
Leia as afirmativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema.

a)A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de vitimização, dos danos que sofrem as
vítimas como consequência do delito assim como da posterior intervenção do sistema legal, dentre outros
temas.

308
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto neutro e
passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito, sua etiologia e
prevenção.
c)Os pioneiros da vitimologia compartilhavam uma análise etiológica e interacionista, sendo que suas
tipologias ponderavam sobre o maior ou menor grau de contribuição da vítima para sua própria
vitimização.
d)A Psicologia Social destacou-se como marco referencial teórico às investigações vitimológicas,
fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados.
e)O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 1ª (Primeira)
Guerra Mundial em atendimento daqueles que sofreram com os efeitos dos conflitos e combates.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de
seu método. Nesse sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência.

a)do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções lógicas e
da opinião tradicional.
b)empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado em deduções lógicas e
opinativas tradicionais.
c)do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação da realidade.
d)do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação da
realidade.
e)do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções lógicas e da
opinião tradicional.

03 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia

309
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Na atualidade se observa uma generalização do sentimento coletivo de insegurança nos cidadãos,


caracterizado tanto pelo temor de tornarem-se vítimas, como pela preocupação, ou estado de ânimo
coletivo, com o problema do delito. Considere as afirmativas e marque a única correta.

a)O incremento dos índices de criminalidade registrada (tese do volume constante do delito) mantém
correspondência com as demonstrações das pesquisas de vitimização já que seus dados procedem das
mesmas repartições do sistema legal.
b)A população reclusa oferece uma amostra confiável e representativa da população criminal real, já que
os agentes do controle social se orientam pelo critério objetivo do fato cometido e limitam-se a detectar
o infrator, qualquer que seja este.
c)O fenômeno do medo ao delito não enseja investigações empíricas na Criminologia por tratar-se de
uma consequência trivial da criminalidade diretamente proporcional ao risco objetivo.
d)O medo do delito pode condicionar negativamente o conteúdo da política criminal imprimindo nesta
um viés de rigor punitivo, contrário, portanto, ao marco político-constitucional do nosso sistema legal.
e)As pesquisas de vitimização constituem uma insubstituível fonte de informação sobre a criminalidade
real, já que seus dados procedem das repartições do sistema legal sendo condicionantes das estatísticas
oficiais.

04 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


O estudo da pessoa do infrator teve seu protagonismo durante a fase positivista na evolução histórica da
Criminologia. Assinale, dentre as afirmativas abaixo, a que descreve corretamente como a criminologia
tradicional o examina.

a)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma realidade biopsicopatológica,
considerando o determinismo biológico e social.
b)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um incapaz de dirigir por si mesmo sua
vida, cabendo ao Estado tutelá-lo.

310
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma unidade biopsicossocial,
considerando suas interdependências sociais.
d)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um sujeito determinado pelas estruturas
econômicas excludentes, sendo uma vítima do sistema capitalista.
e)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como alguém que fez mau uso da sua liberdade
embora devesse respeitar a lei.

05 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A dor causada à vítima, ao ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de
humilhação experimentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi
ela própria que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo exame
médico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros, são
exemplos da chamada vitimização.

a)indireta.
b)secundária.
c)primária.
d)terciária.
e)direta.

06 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Texto 1A9-I: Sentença

Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)

Processo n.º: XXXXXXX

311
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez
ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido
de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o
poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um
nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá
à vítima, mais uma vez, chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso,
legalmente, pouco há que fazer. Enfim, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse
ramerrão sem fim — agressão, reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o
instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se,
inclusive ao MP.

Texto 1A9-II

No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica
contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta
criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a
violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No
caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil
(2016), a taxa de violência letal contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é
inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação desse tipo de violência.

Internet: (com adaptações).

Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.

De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados
às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados

312
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de
subnotificação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos
crimes reais ser registrada oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da
criminalidade.

( ) Certo ( ) Errado

07 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
Conforme o conceito de delito na criminologia, o feminicídio caracteriza-se como um crime por ser um
fato típico, ilícito e culpável.

( ) Certo ( ) Errado

08 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como revitimização
ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o descrédito na palavra da
vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o
constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida.

( ) Certo ( ) Errado

09 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte.
A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser e o dever ser e parte do fato para
analisar suas causas e buscar definir parâmetros de coerção punitiva e preventiva.

313
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

( ) Certo ( ) Errado

10 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


O crime é um comportamento valorado pelo direito. Acerca da Sociologia Criminal, podemos afirmar:

a)Ciência que tem como finalidade o estudo do criminoso-nato, sob seu aspecto amplo e integral:
psicológico, social, econômico e jurídico.
b)Ciência que explica a correlação crime-sociedade, sua motivação, bem como sua perpetuação.
c)Busca, precipuamente, explicar e justificar os fatores psicológicos que levam ao crime.
d)Tem como objetivo maior, a ressocialização do preso, estabelecendo estudos de inclusão social.
e)Ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade, e se ocupa em
estudar a vida social humana.

11 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA.

a)De acordo com a classificação das vítimas, formulada por Mendelsohn, a vítima simuladora é aquela
que voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
b)É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do
crime.
c)De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou coletivamente,
tenham sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais,
incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.
d)O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de Hans
Von Hentig, seguido por Mendelsohn.
e)É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer
do processo de registro e apuração do crime.

314
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

12 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:

a)o crime é um fenômeno social.


b)estuda o crime, o criminoso, mas não a vítima.
c)é uma ciência normativa e valorativa.
d)o crime é um fenômeno filosófico.
e)não tem por base a observação e a experiência.

13 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Acerca da História da Criminologia, marque a alternativa CORRETA:

a)Desde a Antiguidade, o Direito Penal, em concreto, passou a ser compilado em Códigos e âmbitos
jurídicos, tal qual como nos dias de hoje, entretanto, algumas vezes eram imprecisos.
b)O Código de Hamurabi (Babilônia) possuía dispositivos, punindo furtos, roubos, mas não considerava
crime, a corrupção praticada por altos funcionários públicos.
c)Durante a Antiguidade, o crime era considerado pecado, somente na Idade Média, é que a dignidade
da pessoa humana passou a ser considerada, e as punições deixaram de ser cruéis.
d)Em sua obra “A Política”, Aristóteles, ressaltou que a miséria causa rebelião e delito. Para o referido
filósofo, os delitos mais graves eram os cometidos para possuir o voluptuário, o supérfluo.
e)Da Antiguidade à Modernidade, o furto famélico (roubar para comer) nunca foi considerado crime.

14 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Marque a alternativa CORRETA, no que diz respeito à classificação do criminoso, segundo Lombroso:

a)Criminoso louco: é o tipo de criminoso que tem instinto para a prática de delitos, é uma espécie de
selvagem para a sociedade.
b)Criminoso nato: é aquele tipo de criminoso malvado, perverso, que deve sobreviver em manicômios.

315
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)Criminoso por paixão: aquele que utiliza de violência para resolver problemas passionais, geralmente é
nervoso, irritado e leviano.
d)Criminoso por paixão: este aponta uma tendência hereditária, possui hábitos criminosos influenciados
pela ocasião.
e)Criminoso louco: é o criminoso sórdido com deficiência do senso moral e com hábitos criminosos
influenciados pela situação.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


No que diz respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta.

a)O linchamento do autor de um crime por populares em uma rua pode ser classificado como uma
vitimização secundária e terciária.
b)A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por
inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária.
c)A longa espera da vítima de um crime em uma delegacia de polícia para o registro do crime é
denominada de vitimização terciária.
d)A vítima só passa a ter um contorno sistemático em sua abordagem criminológica a partir do fim da
primeira guerra mundial, na segunda década do século XX.
e)As pesquisas de vitimização têm por objetivo principal mensurar a vitimização secundária.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que indica a correta relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal
ou com o Sistema de Justiça Criminal.

a)O Direito Penal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo do
crime e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais
postas pelo Direito Penal, e a elas se circunscreve.

316
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)A Criminologia, especialmente em sua vertente crítica, tem como incumbência a explicação e
justificação do Sistema de Justiça Criminal que tem por finalidade a implementação do Direito Penal e
consequente prevenção criminal.
c)A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz
entre a criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica.
d)A Política Criminal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo
do crime e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais
postas pela Política Criminal, e a elas se circunscreve.
e)As teorias criminológicas da integração ou do consenso apontam o sistema de justiça criminal como
fator que pode aprofundar a criminalidade, deslocando o problema criminológico do plano da ação para
o da reação.

17 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Afirmar que a criminologia é interdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse
ramo da ciência

a)utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.


b)considera os conhecimentos de outras áreas para formar um conhecimento novo, se afirmando, então,
como independente.
c)utiliza um método silogístico
d)utiliza um método racional de análise e trabalha o direito penal de forma dogmática.
e)é metafísica e leva em conta os métodos das ciências exatas para o estudo de seu objeto.

18 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Texto 1A14AAA

317
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

João nutria grande desejo por sua colega de turma, Estela, mas não era correspondido. Esse desejo
transformou-se em ódio e fez que João planejasse o estupro e o homicídio da colega. Para isso, ele passou
a observar a rotina de Estela, que trabalhava durante o dia e estudava com João à noite. Determinado dia,
após a aula, em uma rua escura no caminho de Estela para casa, João realizou seus intentos criminosos,
certo de que ficaria impune, mas acabou sendo descoberto e preso.

Com relação à situação hipotética descrita no texto 1A14AAA e às funções da criminologia, da política
criminal e do direito penal, assinale a opção correta.

a)O direito penal tem a função de analisar a forma como o crime foi cometido, bem como estudar os
meios que devem ser adotados com relação à pena e à ressocialização de João.
b)O direito penal é o responsável pelo diagnóstico do fenômeno dos crimes cometidos contra as
mulheres.
c)A criminologia deverá analisar a conduta de João, subsidiando o juiz quanto ao arbitramento da pena.
d)A política criminal tem a função de propor medidas para a redução das condições que facilitaram o
cometimento do crime por João, como a urbanização e a iluminação de ruas.
e)A criminologia deverá indicar os trajetos que precisam de rondas policiais ou os locais para se instalarem
postos policiais.

19 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a opção correta.

a)A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos para
sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do crime.
b)A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
c)A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
d)A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da criminalidade
e da periculosidade preparatória da criminalidade.

318
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes socialmente
relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes para determinados
indivíduos e famílias.

20 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime, oriundos das teorias específicas que, na evolução da
história, buscaram entender o comportamento humano propulsor do crime, assinale a opção correta.

a)O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como indivíduo
racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
b)O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito penal
se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
c)A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
d)Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
e)O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que impulsionaram
a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.

21 - 2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em

a)três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.


b)três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
c)três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
d)quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.

319
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

22 - 2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos
oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau
atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito
de direitos, caracteriza

a)vitimização estatal ou oficial.


b)vitimização secundária.
c)vitimização terciária.
d)vitimização quaternária.
e)vitimização primária.

23 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Um dos primeiros autores a classificar as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em
conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam-se em __________;
vítimas menos culpadas que os criminosos; __________; vítimas mais culpadas que os criminosos e
__________.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.

a)vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadas


b)vítimas primárias … vítimas secundárias … vítimas terciárias
c)vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas
d)vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas quanto aos
criminosos

320
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação aos
criminosos
24 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia
Tendo o Direito Penal a missão subsidiária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre
desenvolvimento do indivíduo, e, ainda, sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal,
após a reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é

a)repreensiva e abusiva.
b)punitiva e reparativa.
c)retributiva e preventiva (geral e especial).
d)ressocializadora e reparativa.
e)punitiva e distributiva.

25 - 2013 - CESPE - DPF - Delegado de Polícia


No que se refere à prevenção da infração penal, julgue o próximo item.
Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada prevenção primária.

( ) Certo ( ) Errado

26 - 2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item a seguir, relacionado aos modelos teóricos da criminologia.
De acordo com o interacionismo simbólico, ou simplesmente interacionismo, cuja perspectiva é
macrossociológica, deve-se indagar como se define o criminoso, e não quem é o criminoso.

( ) Certo ( ) Errado

27 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


Constituem objeto de estudo da Criminologia

321
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)o delinquente, a vítima, o controle social e o empirismo.


b)o delito, o delinquente, a interdisciplinaridade e o controle social
c)o delito, o delinquente, a vitima e o controle social.
d)o delinquente, a vitima, o controle social e a interdisciplinaridade.
e)o delito, o delinquente, a vítima e o método.

28 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


O comportamento abusivo, praticado com gestos, palavras e atos que, praticados de forma reiterada,
levam á debilidade física ou psíquica de uma pessoa

a)define reação ao crime.


b)define assédio moral.
c)é um mecanismo intimidatóno, mas não criminoso.
d)é a despersonalização do eu, que aflige grande número de detentos.
e)define efetividade do impacto dissuasório.

29 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


A prevenção terciária da infração penal, no Estado Democrático de Direito, está relacionada

a)ao controle dos meios de comunicação.


b)aos programas policiais de prevenção.
c)à ordenação urbana.
d)à população carcerária.
e)ao surgimento de conflito.

322
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Respostas: 01: E 02: C 03: D 04: A 05: B 06: C 07: E 08: C 09: E 10: B 11: E 12: A 13: D 14:
C 15: B 16: C 17: A 18: D 19: D 20: D 21: E 22: B 23: C 24: C 25: E 26: E 27: C 28: B 29:
D

323
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 05

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE TORTURA

Lei nº 9555/1997 e suas alterações

Inicialmente, podemos definir tortura como qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a
fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por
ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por
um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência..
Tal conceito é extraído da convenção internacional contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis e degradantes, recepcionado em nosso sistema jurídico por
meio do decreto 40 de 1991.
Não obstante, a própria Declaração Universal dos Direitos do Homem prevê que
ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante, nesse
sentido está o artigo quinto da declaração:
Art. 5º Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante.

324
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Como não poderia ser diferente, a Constituição de 88, também eu seu artigo quinto,
fez previsão semelhante, estabelecendo um verdadeiro mandado de criminalização para
o legislador:

Art. 5º inciso - III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

Podemos perceber que a constituição equipara a tortura, assim como o tráfico ilícito
de entorpecentes e o terrorismo aos crimes Hediondos, logo, estes são também
inafiançáveis e insuscetíveis de graça, anistia e indulto, tendo sido a inviabilidade de induto
estabelecida por força da legislação ordinária.

Bem jurídico protegido

O bem jurídico protegido pelo presente diploma é de extrema violência,


defendendo a dignidade da pessoa humana, a integridade física e psíquica do indivíduo.

Competência para processamento e julgamento

325
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

A competência será da justiça comum, em regra da justiça comum estadual, exceto


se a prática do delito causar violação a algum bem, interesse ou serviço da União, suas
entidades autárquicas e empresas públicas, na forma do art. 109 IV da Constituição de 88.

Art 109 IV - Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em


detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

Dos crimes em espécie

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa;
b) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) Em razão de discriminação racial ou religiosa
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Em primeiro lugar é importante definirmos conceitualmente os núcleos do


presente tipo penal.
 Constranger – Obrigar alguém a fazer algo que não queira, forçar, tolher a
liberdade de alguém anulando sua vontade.

326
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Violência – Constrangimento físico ou agressão física.


 Grave ameaça – Promessa de mal injusto ou intimidação.

Constranger alguém, com confissão da vítima ou de terceira pessoa” é a definição


do que a doutrina denomina “tortura prova”.
Já o constrangimento operado para a realização de ação ou omissão de natureza
criminosa é doutrinariamente denominado de “tortura crime”.
Enquanto que o constrangimento realizado em razão de discriminação racial ou
religiosa considera-se como “tortura preconceito”.
Nas modalidades a cima o crime de tortura é:
 Formal, consumando-se com o sofrimento físico e mental da vítima, sendo
prescindível a realização do crime ou a criação da prova.
 Trata-se de delito onde o sujeito ativo é comum, assim como o sujeito
passivo.
 Há no tipo a exigência de um “especial fim de agir”, ou seja, o agente deve
orientar sua conduta a um dos objetivos traçados pelos incisos do art. 1º,
sobre pena de incorrer no crime de lesão corporal.

II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego


de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

327
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Aqui temos o que a doutrina conceitua como “tortura castigo”, nessa modalidade
de tortura, a violência ou grave ameaça são empregadas como forma de castigar a vítima,
ou aplicar medida de caráter preventivo, trata-se de:
 Crime próprio, exige-se que o agente ativo tenha relação de guarda, poder ou
autoridade em relação a vítima, o sujeito passivo também exige propriedade,
vez que trata-se do tutelado pela relação de guarda, poder ou autoridade.
 Quanto ao sofrimento físico e mental, exige-se que esse seja “intenso”, uma
vez que as relações de autoridade preveem em certo grau algum quantum de
“sofrimento”, vez que o guardião tutela o interesse e as possibilidades do
tutelado, como ocorre entre professor e aluno, carcereiro e preso e etc.
 Exige-se especial fim de agir de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo, sobre pena de atipicidade da conduta.

ATENÇÃO! Qual a diferença entre a tortura castigo e o crime de maus tratos,


previsto no art. 136 do código penal?

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-
a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção
ou disciplina.

O elemento subjetivo! Na tortura castigo, há no agente ativo um animo de “fazer


padecer”, enquanto que o dolo do delito de maus tratos é um dolo de abandono, que não

328
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

necessariamente pretende causar intenso sofrimento físico ao agente passivo, mas apenas
priva-lo de meios adequados, quer pela ausência de educação, ensino, alimentação, ou
sujeitando-o a trabalho excessivo e inadequado.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida


de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato
não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Podemos dizer que também comete tortura, o agente que, por meio de ato ilegal
aplica ao preso sanção ilegítima, sem amparo jurídico, sujeitando o apenado a sofrimento
físico e mental
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de
evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
.
No parágrafo segundo, podemos ver o que a doutrina conceitua como sendo
“tortura omissão”. Ocorrendo quando o agente deixa de realizar um fazer a qual estava
obrigado. O agente, que deveria evitar ou apurar a prática dos delitos descritos não o faz.
 Trata-se de crime próprio, exigindo do sujeito ativo o dever de evitar ou
apurar a ocorrência da prática do crime de tortura, já quanto ao sujeito
passivo, não há nenhuma exigência em especial.

A doutrina faz duras críticas ao tratamento legal dado a tortura omissão, uma vez
que em atendimento a regra geral do código penal, aquele que se omite tendo o dever de
evitar o resultado estará, por meio de um vínculo normativo, afeto a aplicação da pena do

329
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

crime a qual foi realizada a omissão, como orienta o art. 13 do código penal, em seu
parágrafo segundo.

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e


podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância

Ou seja, há flexibilização da norma geral com relação a relevância da omissão, sendo


criado um crime omissivo próprio em que é culminada pena de detenção, com lapso
temporal de um ano, portanto passível de suspensão condicional do processo, em um
crime onde o bem jurídico protegido é a dignidade da pessoa humana.
Note também, que há flexibilização do mandado de criminalização previsto no art.
5º XLIII, uma vez que não responderá pelo crime hediondo o sujeito que podendo evitar
a ocorrência da prática de tortura, se omita.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem

Lembre-se, a tortura omissão excepciona a regra de omissão penalmente


relevante do código penal, bem como excepciona a regra da omissão para os
crimes hediondos, trazida pelo mandado de criminalização da CF88.

330
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de


reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis
anos.

É importante destacar que a tortura qualificada pelo resultado morte é um crime


praeterdoloso, ou seja, o agente com dolo na conduta inicial, finalisticamente orientada a
torturar, promoveu culposamente o resultado morte do agente.
Logo, é simples diferenciarmos do homicídio qualificado pelo meio cruel, em que
o sujeito ativo do delito, desejando a morte da vítima, a tortura com a finalidade de causar
a morte do sujeito passivo do delito.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:


I - Se o crime é cometido por agente público;
II – Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - Se o crime é cometido mediante seqüestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público


e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

É importante frisar que a perda do cargo e a interdição para exercício de cargo


público pelo dobro do prazo da pena aplicada é efeito genérico da decisão que condena
por crime de tortura, não precisando estar motivada em capítulo específico da sentença.

331
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Em cada item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada
com relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e crime contra o idoso.

Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um
dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido
para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques
elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guardas municipais
responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas.

Certo / Errado

02 – 2018 – UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo resultado morte
a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício por

a) cinco anos
b) dez anos
c) doze anos
d) vinte e quatro anos
e) trinta e seis anos

03 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
os direitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de

332
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa
CORRETA quanto ao crime de tortura.

a) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia.


b) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em de 1/3
(um terço) até à metade.
c) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até à
metade.
d) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religiosa.
e) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, declaração ou confissão.

04 – 2018 – CESPE - DPE-PE - Defensor Público


De acordo com a legislação penal especial, assinale a opção correta.

a) Comete o crime de tortura aquele que, tendo o dever de evitar a conduta, se mantém omisso ao tomar
ciência ou presenciar pessoa presa ser submetida a sofrimento físico ou mental, por meio da prática de
ato não previsto legalmente.
b) A autoridade policial pode praticar a ação controlada — que consiste no retardamento da intervenção
policial para aguardar o momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações —
independentemente de prévia comunicação ao juiz competente.
c) Será interditado do exercício da atividade pública por igual período ao da pena privativa de liberdade
prevista no Código Penal para o crime de lavagem de dinheiro o indivíduo que, exercendo cargo ou
função pública de qualquer natureza, for condenado pela prática de tal crime.
d) Sendo o servidor público condenado por crime de abuso de autoridade, será decretada a perda do
cargo e a sua inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública pelo prazo de até cinco anos.

333
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) Em qualquer hipótese, configura-se o crime de disparo de arma de fogo disparar arma de fogo com a
finalidade de praticar outro crime.

05 – 2016 – CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, emergem-se
os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, assinale a opção correta.

a) A licença de localização e de funcionamento de estabelecimento onde se verifique prática de exploração


sexual de pessoa vulnerável, em caso de o proprietário ter sido condenado por esse crime, não será
cassada, dada a ausência de previsão legal desse efeito da condenação penal.
b) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento comercial sujeita
o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo prazo de até três meses,
devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória.
c) Segundo o CP, constitui efeito automático da condenação a perda de cargo público, quando aplicada
pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a administração pública.
d) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição temporária para
o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sentença condenatória,
não sendo efeito automático da condenação.
e) A condenação penal pelo crime de maus-tratos, com pena de detenção de dois meses a um ano ou
multa, ocasiona a incapacidade para o exercício do poder familiar, quando cometido pelo pai contra filho,
devendo ser motivado na sentença condenatória, por não ser efeito automático.

06 – 2015 – CESPE - DPE-RN - Defensor Público


Assinale a opção correta no que se refere a revisão criminal, crime de tortura, nulidades, execução penal,
prerrogativas e garantias dos DPs relacionadas com o processo penal.

334
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) A condenação de policial civil pelo crime de tortura acarreta, como efeito automático,
independentemente de fundamentação específica, a perda do cargo público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
b) A ausência de intimação da expedição de carta precatória para a inquirição de testemunhas gera,
segundo entendimento sumulado do STF, nulidade absoluta, por cerceamento de defesa e violação do
devido processo legal.
c) Para impugnar decisão do juiz da execução penal que unifique as penas impostas ao sentenciado, é
cabível a interposição de recurso em sentido estrito.
d) A ação de revisão criminal deve ser ajuizada no prazo decadencial de dois anos, contados do trânsito
em julgado da sentença condenatória.
e) Segundo o entendimento do STJ, à DP, quando ela atua na qualidade de assistente de acusação,
representando a vítima de determinado crime em uma ação penal, não se aplica a prerrogativa
institucional da concessão de prazo em dobro para a realização de atos processuais.

07 – 2015 – CESPE – DPU - Defensor Público


Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a administração pública, aos crimes de
tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.

Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego de grave
ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial, causando-lhe sofrimento mental.

Certo / Errado

08 – 2014 – FCC - DPE-RS - Defensor Público


Sobre a Lei nº 9.455/97 (Crimes de Tortura), é correto afirmar que

a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada para incidência do tipo penal
específico de tortura previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA).

335
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) há previsão legal de crime por omissão.


c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das modalidades típicas previstas na lei.
d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o condenado inicie o cumprimento da
pena em regime fechado.
e) há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os condenados por tortura.

09 – 2014 – FCC - DPE-PB - Defensor Público


Com relação à tortura, cabe afirmar:

a) Genericamente trata-se de crime próprio.


b) Não está tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade puramente discriminatória.
c) Na versão especificamente omissiva, trata-se de cri- me comum.
d) Trata-se de crime insuscetível de graça, porém não de anistia.
e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no estrangeiro.

10 – 2014 – ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia


De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta.

a) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 21 (vinte e um) anos ou pessoa
portadora de deficiência motora se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
propriedade, sujeita o agente a uma pena de um a dois anos de detenção e multa.
b) Violar direitos de autor de programa de computador que consista na reprodução, por qualquer meio,
de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do
autor ou de quem o represente, sujeita o agente a uma pena de seis meses a dois anos de detenção ou
multa.
c) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa.

336
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d) Não constitui crime publicar anúncio de publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar


transplantes e enxertos, relativo a estas atividades.
e) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração administrativa, sujeita o agente
a uma pena de três a dez anos de reclusão e multa.

11 – 2013 – CESPE - PC-BA - Delegado de Polícia


Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia.
Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial
responsável por seu interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço,
asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante
várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-
se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso
sofrimento físico e mental.
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item
subsequente.

O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura
somente pode ser praticado de forma comissiva.
Certo / Errado

12 – 2013 – CESPE - PC-BA - Delegado de Polícia


Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é imprescindível a realização de exame de
corpo de delito que confirme as agressões sofridas por Luciano.

Certo / Errado

337
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

13 – 2011 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Com relação à legislação especial, é INCORRETO afirmar que

a) nos crimes contra a ordem tributária, o pagamento do tributo, antes do recebimento da denúncia,
caracteriza causa extintiva de punibilidade.
b) motorista de táxi que se distrai conversando com passageiro e atropela pedestre, causando-lhe lesões
corporais e é induzido pelo acompanhante a deixar de prestar socorro à vítima, responde pelo crime de
lesão corporal culposa, funcionando a omissão de socorro e a circunstância de estar no exercício da
profssão como causas especiais de aumento de pena, conforme a Lei nº 9.503/97, respondendo o
passageiro pelo crime de omissão de socorro, previsto no art. 135 do Código Penal.
c) a Lei de Tortura prevê exceção, ao princípio da territorialidade, determinando a aplicação da lei
brasileira a crimes ocorridos fora do território brasileiro, sempre que a vítima for brasileira.
d) para o crime de tráfco ilícito de entorpecentes, a associação eventual constitui causa de aumento de
pena, sendo a associação para o tráfco, prevista no art. 35 da Lei nº 11.343/2006, delito autônomo que
demanda comprovação da estabilidade e permanência da societas sceleris.

14 – 2011 - INSTITUTO CIDADES - DPE-AM - Defensor Público


Acerca do crime de tortura previsto pela Lei 9.455/97, marque a alternativa errada:

a) constitui crime de tortura a conduta de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento fisico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítma ou terceira pessoa, bem como para provocar ação ou omissão de natureza criminosa, dentre outras
hipóteses;
b) constitui também crime de tortura, a submissão de alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
o emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, dentre outras hipóteses;

338
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) a pessoa que se omite em face das condutas definidas como crime de tortura, quando tenha o dever
de evitá-las ou apurá-las, responde por crime também e está sujeito às mesmas penas previstas para o
crime de tortura;
d) a condenação por crime de tortura praticado por funcionário público acarreta a perda do cargo, função
ou emprego público, bem como a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada;
e) os crimes de tortura são inafançáveis e insuscetiveis de graça e anistia.

15 – 2010 – CESPE - DPE-BA - Defensor Público


Com base no direito penal, julgue o item que se segue.

Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma
hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no
território e a vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.
Certo / Errado

16 – 2009 – FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia


Caio, Delegado de Polícia, percebe que, na sala ao lado, Antônio, agente policial lotado em sua Delegacia,
submete Tício, preso em flagrante, a sofrimento físico mediante violência, como forma de aplicar-lhe
castigo pessoal. Caio nada fez para impedir tal conduta. Pode-se afirmar que Caio e Antônio cometeram
as seguintes condutas, respectivamente:

a) Caio será punido por sua omissão na forma da Lei nº 9.455/1997 e Antônio não responderá por crime
algum, por ser seu subordinado.
b) Caio não praticou crime algum e Antônio cometeu o crime de tortura.
c) Caio responderá pelo crime de constrangimento ilegal em concurso de agentes com Antônio.
d) Caio não praticou crime algum e Antônio responderá pelo crime de abuso de autoridade.
e) Caio será punido por sua omissão na forma da Lei nº 9.455/1997 e Antônio responderá pelo crime de
tortura.

339
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

17 – 2009 – CEPERJ - PC-RJ - Delegado de Polícia


Relativamente à legislação penal extravagante, assinale a afirmativa incorreta.

a) Considera-se autoridade, para os efeitos da Lei nº 4898/65, o serventuário da justiça.


b) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de grave ameaça, causando-lhe
sofrimento mental, em razão de discriminação religiosa.
c) Constitui crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente submeter à tortura criança ou
adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
d) De acordo com a doutrina, os sistemas de definição dos crimes hediondos são o legal, o misto e o
judicial, sendo certo que o ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema legal
e) A pena do crime de tortura é aumentada se o crime é cometido mediante sequestro.

18 – 2009 – FCC - DPE-MA - Defensor Público


Frederico encontrava-se custodiado pelo Estado em medida de segurança legalmente imposta.
Permaneceu por vários dias solicitando atendimento de um médico porque apresentava febre, dores de
cabeça, falta de ar e tosse. Foi atendido apenas por auxiliares de enfermagem que se limitaram a
recomendar a interrupção do cigarro. Ao final do décimo dia teve um desmaio e foi hospitalizado. O
médico deste nosocômio prescreveu-lhe antibióticos em razão de um processo infeccioso avançado nos
pulmões. Tal medicação, entregue pelo médico que a prescreveu, jamais foi administrada pelos
funcionários do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, onde cumpria a medida de segurança.
Frederico acabou morrendo em decorrência de um abcesso causado por pneumonia. As condutas dos
funcionários amoldam-se ao seguinte tipo penal:

a) homicídio culposo porque agiram com imprudência, negligência e perícia.


b) homicídio doloso porque a eles incumbia o dever jurídico de agir para evitar o resultado.
c) conduta atípica, por superveniência de causa absolutamente independente.

340
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d) crime de tortura por submeterem pessoa sujeita a medida de segurança a sofrimento físico e mental,
omitindo-se, quando tinham o dever de evitá-lo.
e) crime de omissão de socorro qualificada pelo resultado.

19 – 2009 – CESPE - PC-PB - Delegado de Polícia


Quanto à legislação a respeito do crime de tortura, assinale a opção correta.

a) A condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou emprego público, mas não a
interdição para seu exercício.
b) Não se aplica a lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da vítima.
c) O condenado por crime previsto na lei de tortura inicia o cumprimento da pena em regime semiaberto
ou fechado, vedado o cumprimento da pena no regime inicial aberto.
d) Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, tendo o dever de evitá-la
ou apurá-la, é punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura.
e) Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante emprego de grave
ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa.

20 – 2009 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


Em relação ao crime de tortura é possível afirmar:

a) Passou a ser previsto como crime autônomo a partir da entrada em vigor da Constituição Federal de
1988 que, no art. 5o , inciso III afirma que ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento desumano
e degradante e que a prática de tortura será considerada crime inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia.
b) É praticado por qualquer pessoa que causa constrangimento físico ou mental à pessoa presa ou em
medida de segurança, pelo uso de instrumentos cortantes, perfurantes, queimantes ou que produzam
stress, angústia, como prisão em cela escura, solitária, submissão a regime de fome etc.

341
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) É cometido por quem constrange outrem, por meio de violência física, com o fim de obter informação
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, desde que do emprego da violência resulte lesão corporal.
d) Os bens jurídicos protegidos pela 'tortura discriminatória' são a dignidade da pessoa humana, a
igualdade, a liberdade política e de crença.
e) É praticado por quem se omite diante do dever de evitar a ocorrência ou continuidade da ação ou de
apurar a responsabilidade do torturador pelas condutas de constrangimento ou submissão levadas a efeito
mediante violência ou grave ameaça.

21 – 2006 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


A Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, estabelece que pratica crime de tortura

a) qualquer pessoa que submete alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
b) o agente público que submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, a sofrimento físico ou
mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal.
c) qualquer pessoa que constrange alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental, em razão de discriminação de qualquer natureza.
d) o agente público que constrange alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, com o fim de
provocar ação ou omissão de qualquer natureza.
e) qualquer pessoa que se omita diante de constrangimento ou submissão a ato de tortura.

22 – 2006 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


O defensor público, ao tomar conhecimento de que o réu, preso pelo processo, sofreu tortura nos termos
da Lei nº 9.455/97, por agente público, deverá

a) representar ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo crime contra a
autoridade culpada.

342
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) representar à Corregedoria dos Presídios, de acordo com o local da prisão do réu.


c) peticionar à Corte Interamericana de Direitos Humanos invocando a Convenção contra a Tortura e
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (1984).
d) representar, desde logo, ao juiz do processo.
e) promover ação penal privada.

23 – 2004 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser
julgada.

Como forma de punir um ex-membro de sua quadrilha que o havia delatado à polícia, um traficante de
drogas espancou um irmão do delator, em plena rua, quando ele voltava do trabalho para casa. Nessa
situação, o referido traficante praticou crime de tortura.

Certo / Errado

24 – 2004 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade,
com o objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da
qualidade da comida servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime
inafiançável.

Certo / Errado

Respostas: 01:C 02:D 03:E 04:A 05:B 06:A 07:C 08:B 09:E 10:C 11:E 12:E 13:D
14:C 15:C 16:E 17:C 18:D 19:E 20:E 21:A 22:A 23:E 24:C

343
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES DA LEI DE LICITAÇÕES

Lei nº 8.666/1993

Podemos definir licitação, de forma não exaustiva como um procedimento


administrativo que proporciona oportunidade para que o privado, em igualdade com seus
pares, contrate com o poder público e que este, por sua vez, selecione a proposta mais
vantajosa para a administração. Nesse sentido orienta a constituição em seu artigo 37;

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

Portanto, o bem jurídico tutelado pelo direito penal nos crimes previstos na lei 8.666
é a moralidade administrativa e a probidade, uma vez que em razão desses dois valores o
constituinte optou pelo processo licitatório para orientar as obras, serviços, compras e
alienações realizadas pelo Estado.

Do processo e do procedimento judicial

344
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Os crimes previstos na lei 8.666 são todos de ação penal pública incondicionada a
representação do ofendido, nesse sentido;

Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada, cabendo ao Ministério Público promovê-la.

Trata-se de norma desnecessária, uma vez que a regra geral dos crimes é que sejam
de ação penal pública incondicionada, como orienta o mesmo artigo 100, só que dessa
vez, do código penal.

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido

Em seguida, e mais uma vez sendo redundante, o legislador previu que a qualquer
pessoa caberia provocar o ministério público, para fornecer informações sobre fato e
autoria.

Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos desta Lei, a
iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, por escrito, informações
sobre o fato e sua autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a
ocorrência.
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, mandará a
autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas
testemunhas.

345
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Em igual sentido, encontra-se a regra geral do Código de Processo Penal, em seu


artigo 23;

Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério


Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito,
informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os
elementos de convicção.

Há ainda previsão de manejo de ação penal privada subsidiária da pública, para


que seja evitada a impunidade. Aplicando se, mais uma vez, a regra geral do código de
processo penal.

Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da pública, se


esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se, no que couber, o disposto
nos arts. 29 e 30 do Código de Processo Penal.

Portanto, cabe ação penal privada subsidiaria da pública se ela não for intentada em
5 dias, no caso de réu preso, e de 15 dias no caso de réu solto, podendo o Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal, como orienta o
Código de Processo Penal;

346
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo
caberá intentar a ação privada.

Como regra geral, no processamento e julgamento das infrações penais definidas


nesta Lei, assim como nos recursos e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-
ão, subsidiariamente o código penal e o código de processo penal, entretanto, a lei trouxe
as seguintes previsões, que se diferenciam do procedimento adotado no rito comum;

Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o prazo de 10


(dez) dias para apresentação de defesa escrita, contado da data do seu
interrogatório, podendo juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver,
em número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda
produzir.
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e praticadas
as diligências instrutórias deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á,
sucessivamente, o prazo de 5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro de 24 (vinte
e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para proferir a sentença.

347
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo de 5


(cinco) dias.

Dos crimes e das penas

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,
ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,
beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato
com o Poder Público.

Trata-se de norma penal em branco homogênea, pois as hipóteses de


complementação do tipo legal estão expostas na própria lei 8.666, tratando o art. 24 sobre
as hipóteses de dispensa de licitação, enquanto o artigo 25 da mesma lei trata as hipóteses
de licitação inexigível.

De igual modo o legislador pune a não observância de formalidades relativas a


dispensa ou inexigibilidade de licitação, por sua vez prevista no art. 26 da lei 8.666.

Há ainda orientação jurisprudencial que exige especial fim de agir por parte dos
agentes, que devem praticar a conduta com fim de causar dano ao erário ou gerar
enriquecimento ilícito.

348
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

STF – O delito em questão exige, além do dolo genérico – representado pela


vontade consciente de dispensa ou inexigir licitação com o descumprimento das
formalidades – a configuração de especial fim de agir, que consiste no dolo especifico de
causar dano ao erário ou de gerar o enriquecimento ilícito dos agentes envolvidos na
empreitada criminosa (Inq 3962/DF 20/02/2018

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer


outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o
intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação
do objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Foi estabelecida conduta típica para a frustação, fraude, ajuste, combinação ou


outro expediente, logo, é possível realizar a interpretação analógica da norma. O
legislador buscou evitar condutas orientadas a desvincular a licitação de seu caráter
competitivo.

Como se depreende da leitura do tipo, há um especial fim de agir relacionado ao


“intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto
da licitação”.

349
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo participante do


procedimento licitatório, formal, visto que não se exige a ocorrência de um resultado
naturalístico.

Lembre-se! Os conceitos de analogia e interpretação analógica não se confundem.

Interpretação analogia - É expressamente autorizada pelo dispositivo legal, pois o


mesmo sempre trará ao interprete uma fórmula casuística e uma fórmula genérica,
permitindo nesse caso que, por meio da fórmula genérica, se faça uma extensão in malam
partem ou in bonam partem.

Analogia - analogia, OU integração analogia, difere da interpretação analógica, pois


analogia tem o sentido de suprir as lacunas que a lei acaba deixando. Nesse caso, é possível
analogia “in bonam partem”, mas jamais, em hipótese alguma, “in malam partem”, em respeito
ao princípio da legalidade do direito penal.

Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a


Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de
contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Aqui temos um crime especial em relação a advocacia administrativa presente no


art. 321 do código penal, entretanto, punível apenas se houver instauração da licitação e

350
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

posteriormente a anulação do procedimento pelo poder judiciário. É importante observar


que se trata de infração de menor potencial ofensivo.

Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou


vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário,
durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem
autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem
cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta
Lei:
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, obtém
vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou
prorrogações contratuais.

Já no tipo penal do artigo 92 a jurisprudência do superior tribunal de justiça não


exige a existência de um especial fim de agir.

STJ – O tipo subjetivo do injusto do art. 92 da lei 8.666 se esgota no dolo, sendo
despiciendo qualquer outro elemento subjetivo diverso (REsp 702628/PR 05/09/2005).

Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento


licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

351
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.


Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de
licitar, em razão da vantagem oferecida.
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada
para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:
I - elevando arbitrariamente os preços;
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou
deteriorada;
III - entregando uma mercadoria por outra;
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria
fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta
ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou
profissional declarado inidôneo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado inidôneo,
venha a licitar ou a contratar com a Administração.

352
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de


qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente a
alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

É importante salientar que a lei 8.666 inovou na cobrança da pena de multa nos
crimes dos artigos 89 a 98 da presente lei. O pagamento será calculado em índices
percentuais a partir do valor da vantagem auferível ou potencialmente auferível pelo
agente.

Os índices poderiam variar entre 2% e 5%, bem como a arrecadação reverterá a


Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, de acordo com o sujeito passivo da
infração penal.

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste
no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices
percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente
obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a
2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do
contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
§ 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o caso, à
Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.

353
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a
respeito de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, crime contra a criança e adolescente e crimes
licitatórios.

Alfredo foi acusado pelo MPF de cometer crime de fraude em licitação realizada por órgão federal. Após
regular processamento da ação penal, o juiz reconheceu Alfredo como autor material da conduta. Nessa
situação, além da pena privativa de liberdade, Alfredo estará sujeito, cumulativamente, à pena de multa,
à proibição de contratar com o poder público, à suspensão temporária dos direitos políticos e à obrigação
de ressarcir o erário pelos danos causados.

Certo / Errado

02 – 2017 – CESPE - MPE-RR - Promotor de Justiça


Com referência aos crimes, às penas e ao processo judicial previstos na Lei de Licitações e Contratos,
julgue os seguintes itens.

I Dispensa de licitação em situação estranha às hipóteses taxativas previstas em lei constitui crime passível
de punição com pena de detenção e multa fixada na sentença a ser revertida à fazenda federal, distrital,
estadual ou municipal, conforme o caso.
II Em casos de crimes previstos na lei em apreço, a ação penal é pública incondicionada e a sua promoção
cabe ao MP.
III Em relação aos crimes previstos na lei em questão, não será admitida ação penal privada subsidiária
da pública.

354
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

IV Quando os autores dos crimes previstos na referida lei forem ocupantes de cargo em comissão ou
exercerem função de confiança em órgão da administração pública direta ou indireta, a pena imposta será
acrescida da terça parte.

Assinale a opção correta.

a) Apenas os itens III e IV estão certos.


b) Apenas os itens I, II e III estão certos.
c) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
d) Todos os itens estão certos.

03 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Nicodemus, presidente de uma empreiteira, oferece a Caio, diretor de uma empresa concorrente,
vantagem pecuniária para que este desista de participar do procedimento licitatório promovido pela
Administração do Estado do Pará. Nesta hipótese, assinale a alternativa correta.

a) O fato é típico penal, mas não prevê detenção, apenas medidas educativas como a obrigação de assistir
palestras sobre ética na Administração Pública e prevenção de fraudes em licitações.
b) No processamento e julgamento das infrações penais definidas na Lei de Licitações, assim como nos
recursos e nas execuções que lhes digam respeito, ficam afastadas as regras previstas na Lei de Execução
Penal.
c) Nicodemus responde por afastar ou procurar afastar licitante, mas Caio não responde, mesmo que
tenha aceitado a vantagem oferecida.
d) O fato é atípico, tendo em vista tratar-se de crime próprio e, portanto, não podendo ser praticado por
particular.

355
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) Qualquer pessoa que tiver conhecimento do fato poderá provocara iniciativa do Ministério Público,
fornecendo-lhe, por escrito ou verbalmente, informações sobre o fato e sua autoria, bem como as
circunstâncias em que se deu a ocorrência.

04 – 2016 - MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça


O administrador público que, por imprudência, dispense ou inexija procedimento licitatório fora das
hipóteses previstas em lei, ou deixe de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade, incorrerá em tipo penal específico previsto na Lei n. 8.666/93 (Licitações).

Certo / Errado

05 – 2014 - MPE-PR - Promotor de Justiça


No cenário da Administração Pública, a licitação é um procedimento democrático de eleição de
prestadores de serviços e fornecedores de bens, respeitando-se os princípios gerais, norteadores dos atos
do Poder Público, tais como legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, dentre
outros. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamentou o art. 37, inciso XXI, da CF e instituiu
normas de licitações e contratos. A respeito de seus dispositivos penais analise as assertivas abaixo e
responda:

I. O art. 89 da Lei que trata das condutas criminosas de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses
previstas em lei ou deixar de observar as formalidades necessárias aos respectivos atos pode ser
considerado uma norma penal em branco, uma vez que somente se compreende seu alcance consultando-
se a parte extrapenal da lei e especificamente, no caso, o disposto em seu art. 24;
II. O núcleo do tipo penal previsto no art. 90 da lei é constituído por condutas mistas alternativas,
expressas pelos verbos frustrar (malograr, não alcançar o objetivo esperado) ou fraudar (enganar, burlar),
cujo objeto é o caráter competitivo do procedimento licitatório, sendo exigida à espécie normativa a
presença de elemento subjetivo específico, consistente no intento de obter para si ou para outrem,
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação;

356
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

III. Constitui-se requisito para a configuração do ilícito penal do tipo previsto no art. 91, que trata do
patrocínio de interesse privado perante a Administração que gera licitação ou contrato futuramente
invalidado pelo Poder Judiciário, o fato do agente aproveitar-se da sua condição privilegiada de
funcionário público, utilizando de seu prestígio perante os colegas de trabalho ou pelo fácil acesso a
informações sigilosas, na forma preconizada pelo art. 321 do Código Penal;
IV. Na conduta típica criminosa prevista no art. 95, descrita como afastar ou procurar afastar licitante,
por meio de violência, grave ameaça, fraude, ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo, não incide
o sistema da acumulação material, ou seja, apenas deve-se considerar a violência praticada para efeito de
gerar o próprio delito previsto na Lei de Licitações, não se exigindo que o juiz aplique, em cumulação, a
pena referente ao crime compatível com a violência praticada;
V. O crime previsto no art. 93 da Lei, consistente em impedir, perturbar ou fraudar a realização de
qualquer ato de procedimento licitatório, pode ser classificado como comum, formal, praticado de forma
livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

a) Somente as assertivas I e V são corretas;


b) Apenas as assertivas I, III e IV são corretas;
c) Somente as assertivas II e IV são incorretas;
d) Apenas as assertivas II e III são incorretas;
e) Somente as assertivas II e V são corretas.

06 – 2014 – ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia


Considerando as disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.

l - Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.
ll - Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da vantagem oferecida.

357
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Ill - Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional
declarado inidôneo.
lV - Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.
a) Apenas a afirmação I está correta.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

07 – 2013 – CESPE - PC-BA - Delegado de Polícia


Em relação aos crimes contra a administração pública e aos delitos praticados em detrimento da ordem
econômica e tributária e em licitações e contratos públicos, julgue o item seguinte.
Considere a seguinte situação hipotética.
Pedro e Paulo simularam contrato de gestão com o objetivo de dispensar licitação em situação que não
configurava hipótese de dispensa autorizada por lei. Em processo criminal, Pedro foi condenado à pena
de dois anos e um mês de detenção e Paulo, à pena de três anos e dois meses de detenção e, apesar de
não ter sido comprovada a obtenção de vantagem econômica, ambos foram condenados, ainda, ao
pagamento de multa.
Nessa situação hipotética, o juiz agiu corretamente ao aplicar a pena pecuniária.

Certo / Errado

Respostas 01: E 02: C 03: E 04: E 05: E 06: E 07: E

358
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

CRIMINOLOGIA: SOCIOLOGIA CRIMINAL – AS ESCOLAS


SOCIOLÓGICAS DO CRIME

1. Sociologia criminal – As escolas sociológicas do crime

1.1 Criminologia do consenso e do conflito

As teorias que vamos analisar situam-se dentro de uma perspectiva


macrocriminológica. Importante destacar a classificação sobre as próximas escolas e
teorias que serão estudadas adiante, seguindo um critério científico e pedagógico. Assim,
a doutrina afirma que pensamento criminológico é influenciado por suas principais visões
macrossociológicas: a teoria do consenso e a teoria do conflito.

Teoria do Consenso:

A teoria do consenso ou teoria da integração13 – que tem corte funcionalista – tem


como pressuposto que a sociedade tem por finalidade obter um funcionamento perfeito
de suas instituições, de modo que os indivíduos obedeçam às regras sociais– isso porque
a sociedade é formada por uma associação voluntária, onde os indivíduos partilham
valores semelhantes, e, portanto, buscam a cooperação.

A teoria do consenso possui algumas premissas basilares:

 A sociedade seria um conjunto estrutural relativamente persistente e estável;

13
(Shecaria, 2014, p. 128)

359
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 A sociedade é uma estrutura de elementos bem integrada;


 Todo elemento de uma sociedade tem uma função, insto é, contribui para
sua manutenção como sistema;
 Toda estrutura social em funcionamento é baseada em um consenso entre
seus membros sobre valores.

Segundo Eduardo Viana14

“A ideia de uma Criminologia do consenso parte da "existência de


uma constelação de valores fundamentais, comuns a todos os
membros da sociedade, em que a ordem social se baseia e por cuja
promoção se orienta. São tais valores que definem a identidade do
'sistema' e asseguram, em última instância, a coesão social. A
sociedade concebida em termos de se excluir a hipótese de conflito
estruturalmente gerado.
[ ... ] O poder [ ... ] é exercido em nome, no interesse e com o apoio
de todos. Em síntese, "A sociedade se mantém, graças ao consenso
de todos os membros acerca de determinados valores comuns[ ... ]
um é paraíso na terra''. Nesse quadro, ajustam-se a teorias esculpidas
pela Escola de Chicago, anomia e associação diferencial. ”

Podem ser classificadas como teorias do consenso a Escola de Chicago, teoria da


associação diferencial, teoria da anomia e a teoria da subcultura delinquente.

14
(Viana, 2018, p. 210)

360
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Teoria do Conflito:

As teorias do conflito, por sua vez, afirmam que a ordem social se estabelece pela
força e pela coerção, numa relação de dominação, onde muitas vezes os reclamos pelas
mudanças são encarados de forma negativa, quando, na verdade, são as formas pelas quais
uma sociedade evolui, avança. Daí surge o contraponto à relativa persistência e
estabilidade da sociedade, uma vez que esta deveria ser tida como algo flexível, mutável,
na medida em que o conflito é inexorável. Interessa ainda notar que até mesmo o crime
tem um papel nesse devir por trazer conflito dentro da sociedade, o que, em alguma medida,
pode ser encarado a semente de uma mudança.

Como bem sintetiza Eduardo Viana:15

“Para a criminologia do conflito, a coesão e a ordem são fundadas na


força; "toda sociedade se mantém graças à coação que alguns de seus
membros exercem sobre os outros. Em linhas gerais, este sistema
conflitual determina, em sede de Direito Penal, um planeja mento de
produção de normas (criminalização primária) voltado para assegurar
o triunfo da classe dominadora. A histórica preferência da
programação criminalizante pelas classes inferiores seria uma
comprovação da essência conflitual, a exemplo do que postulam os
teóricos da reação social (ou crítica). ”

15
(Viana, 2018, pp. 210, 211)

361
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Uma observação importante16 deve ser feita:

“Muitas vezes as teorias do consenso são associadas o


conservadorismo, enquanto as teorias do conflito nos remetem a
uma ideia de mudança social. Isso não é absoluto. O movimento
nazista, assim como outras perspectivas totalitárias – ao contrário de
ditaduras autoritárias e não menos obscurantistas – baseava-se em
uma postura conflitiva de luta de raças e, nesse contexto, defensores
do positivismo acabaram por exercer uma postura defensista dos
valores humanos consagrados. ”

Podem ser classificados como teorias do conflito a teoria do Labelling approach (ou
interacionista ou da rotulação social) e a teoria crítica.

Em resumo:

Teoria do consenso Teoria do conflito


Parte da ideia de um conjunto de A coesão se funda na coação que
valores e ideais comuns a todos os alguns membros exercem sobre os
membros da sociedade, que baseia e outros. Com isto se determina por
fundamenta a ordem social. meio de normas penais, a criação de
dispositivos que assegurem tal ordem

16
(Shecaria, 2014, p. 131)

362
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e, por conseguinte, o triunfo da classe


dominante.

1.2 Escola de Chicago e Ecologia Criminal


É considerada uma teoria do consenso.
A Universidade de Chicago, donde exsurge a Escola de Chicago, foi uma das
principais instituições do Estados Unidos no sentido secularizar o ensino da sociologia e
de aproximar pessoas comuns da elite intelectual.
Ela desenvolveu importantes trabalhos de ciências humanas com estudos dos
movimentos sociais mais relevantes do período (1890-1950), análise de grupos sociais,
seitas, comportamentos patológicos ligados à urbe, criminalidade e crime.
Por outro lado, a cidade de Chicago foi uma das cidades norte-americanas que
experimentaram um rápido crescimento econômico, e, concomitantemente, populacional.
Em 1840, Chicago tinha 4.470 habitantes, alcançando 500.000 em 1880, e mais de
1 milhão 1900, sendo esse crescimento gerado principalmente pela migração, regra geral,
de estrangeiros em busca de trabalho. Essa explosão demográfica foi acompanhada por
um crescimento urbano desordenado, cunhada com graves problemas, não só
urbanísticos, mas também familiares, trabalhistas, morais e culturais.
Nesse contexto, a Escola de Chicago criou a teoria da ecologia criminal ou
teoria da desorganização social, cotejando esses fatores, e, em que medidas teriam
algum efeito criminógeno.
Para a doutrina, a Escola de Chicago representa o início da criminologia americana
moderna:

363
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

“Pode-se dizer que a criminologia americana, como tal, se iniciou nas


décadas de 20 e 30, à sombra da Universidade de Chicago, com a
teoria ecológica e os múltiplos trabalhos empíricos que inspirou. Na
linha da obra pioneira de Robert Park e Ernest Burguess (de ambos
os autores, Introduction to the Science of Sociology, 1921, e The City, 1925)
em sede de sociologia, a escola criminológica de Chicago encarou o
crime como fenômeno ligado a uma área natural. ”

Os métodos escolhidos foram, em grande medida, inspirados pela Escola


Cartográfica e Positiva, com a utilização do inquérito social, onde se destaca a estatística,
e o estudo biográfico de casos individuais, ambos já comentados anteriormente. Afinal,
“Não há política criminal séria (seja ela preventiva ou repressiva) sem que se tenha um
verdadeiro domínio da realidade sobre a qual se vai intervir”17.
Nisto esta escola foi seguida por todos os que seguem adiante no estudo da
criminologia. Inclusive, essa foi inspiração para, no Brasil, termos o chamado “Mapa de
Risco da Violência”, que é estudo da violência da cidade, sendo esta dividida em bairros
distribuídos em um mapa, e nele inserindo indicadores que levam em consideração o
número de homicídios e a nota socioeconômica18.
A segunda premissa está em conceitos pressupostos da Escola de Chicago, que são:
a cidade; as divisões desta em zonas; os efeitos da integração à cidade
(urbanidade) no indivíduo; a multidão. Tudo isso, tendo em mente a já exposta
realidade da cidade de Chicago, que é o contexto pesquisado por essa escola.

17
(Shecaria, 2014)
18
Nota socioeconômica é um valor (que varia de 0 a 10) proporcional à qualidade de vida experimentada pelos habitantes
de determinado bairro de uma cidade.

364
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) A Cidade

Considerada muito mais que o mero agrupamento de indivíduos que compartilham


estruturas e serviços (ruas, praças, linhas de ônibus e metrô, escolas, hospitais, delegacias
de polícia, teatros etc.), é um estado de espirito, a formação de um corpo moral e cultural,
associado também à ideia de cidadania, esta que representa uma predisposição individual
em sacrificar o próprio interesse em favor do coletivo (não é possível viver em cidade sem
a superação parcial do egoísmo).

b) Divisão da cidade de zonas

Por outro lado, com o crescimento da cidade, esta passa a ser dividida em diferentes
bairros, zonas, que são como se cidades dentro da cidade, diferenciando-se não só pela
infraestrutura, mas também culturalmente. Essa repartição é marcante na
Escola de Chicago, uma vez que com base nela é que se estabelece seus conceitos
fundamentais, tanto é assim que afirmaram que a cidade de Chicago era entendida como
formada por cinco grandes zonas divididas em círculos concêntricos, indo do centro
(Loop) até as quatros zonas periféricas, sendo dotadas de características específicas,
inclusive por índices de criminalidade distintos.
No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus grandes
bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da cidade, fábricas, estações
ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona de transição, situa-se exatamente entre
zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indústria.

365
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Como zona intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso,
é objeto de degradação constante.19
Assim, a 2ª zona favorece a criação de guetos, a 3ª zona mostra-se como lugar de
moradia de trabalhadores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos
habitacionais da classe média e a 5ª zona compõe-se da mais alta camada social.
Teoria das zonas concêntricas:

20

É preciso observar que essa divisão existe também por outro motivo: muitos
indivíduos se estabelecem na cidade em locais onde se identificam moral e culturalmente,
como forma de proteção e afirmação da individualidade (ex.: bairro chinês, bairro italiano,
zona de prostituição, zona de usuários de drogas etc.).

c) Urbanidade

19
(Shecaria, 2014)
20
(Filho, 2018)

366
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Outro aspecto interessante é o efeito causado pela integração do indivíduo à cidade.


Ora, nem todas pessoas que decidem morar em uma cidade conseguem se adequar
perfeitamente: preconceito (em especial com estrangeiros), a luta por um emprego melhor
(sendo os primeiros encontrados, regra geral, de pior qualidade e remuneração), a luta por
uma moradia melhor (na cidade de Chicago, em especial, a maioria da pessoas que
chegavam para nela morar só encontravam, à princípio, o que podemos classificar como
uma espécie cortiço), o ritmo acelerado, a competição, a violência e o anonimato. Outro
fator em especial deve ser levado em consideração é a perda das raízes socioculturais,
principalmente em relação em estrangeiros, que passavam a ter de lidar com uma nova
realidade, novos costumes, nova língua. Tudo isso é marcado pela perda de um aspecto
importante para a vida em sociedade: o espírito de vizinhança.
Essa adaptação não é fácil, e serviu como justificativa para muitos autores
afirmarem que essas seriam umas das causas para o índice de doenças mentais serem mais
frequentes nas cidades que em comunidades rurais.

d) A multidão

Por fim, mas não menos importante, é a noção multidão. Pois bem, no seio da
multidão, o indivíduo pode desfrutar (ou sofrer) os efeitos do anonimato – em cidades
grandes é impossível que todos se conheçam, mas apenas convivam, ignorando as
individualidades alheias, o que é acentuado pela fluidez da cidade, mas acima de tudo,
mobilidade social (possibilidade das pessoas mudarem de emprego, de residência, de status
social – decadência e ascensão do indivíduo). Isso reduz ou anula a possibilidade de haver
um vínculo moral entre as pessoas, e, novamente, do espírito de vizinhança.

367
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Noutro viés, os estudiosos da Escola de Chicago adotaram conceitos da psicologia


de massas: o indivíduo na multidão passa ter um comportamento diferente do que se
estivesse sozinho – suas individualidades são superadas pelo estado de espírito da multidão
(alma coletiva), sendo que passa transferir a responsabilidade de seus atos para chefe da
multidão, e não para si, semelhantemente ao que uma criança faz com os pais.
Tendo esses conceitos e premissas em mente, podemos estudar a teoria da ecologia
criminal. Essa teoria se assenta em dois conceitos básicos: desorganização social e áreas
de delinquência.
A desorganização social é a situação que as pessoas enfrentam quando recém
instalam-se em uma cidade. Normalmente isso ocorre em áreas periféricas, e são dotadas
de duas características: ausência de vínculos com as pessoas, quer dizer, ausência de
espirito de vizinhança e da noção de pertencimento; ausência do Estado (inexistência de
escolas, hospitais, delegacias de polícia, transporte coletivo, atividades culturais etc).
Considerando que essa pessoa não tem vínculos morais e culturais com as pessoas
ao seu redor, tem-se por enfraquecida o sistema informal de controle social. Por outro
lado, ausência de Estado gera uma sensação de anomia e desordem.
Áreas de delinquência é a constatação, decorrente de estudos estatísticos feitos pela
Escola de Chicago, de que algumas áreas da cidade tem uma criminalidade superior a de
outras; e que essa incidência da criminalidade crescia em conformidade com a
desorganização social: degradação física, segregação econômica, étnica, racial, às doenças
etc.

Diante disso Clifford Shaw21 afirmou:

21
(Clifford R. Shaw; Henry D. McKay, 1969)

368
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

“A decidida concentração de casos de delinquência em determinadas


área da cidade parece sugerir a probabilidade de uma estreita relação
entre certos ambientes da comunidade e a formação de padrões
delinquentes de comportamento”.

Diante desses fatores, a Escola de Chicago afirma que a forma correta de tratar, de
prevenir (reduzir) a criminalidade não é pela abordagem individual (a pena sobre o
condenado), mas sim através uma macrointervenção sobre a comunidade e através dela.
Ora, se a desorganização social é um vetor criminógeno, é preciso dela tratar, o que não
pode ser efetuado individualmente:

“Tratamento e prevenção, para terem sucesso, demandam amplos


programas que envolvam recursos humanos junto à comunidade e
que concentrem esforços dos cidadãos em todos das forças
construtivas da sociedade. Isto é, instituições locais, grupos, igrejas,
escolas, associações de bairro, para obviar à desorganização social
precisam envidar esforços para reconstituir a solidariedade social e
aproximar os homens no controle da criminalidade.
[...]
Devem ser criados programas comunitários que incluam a
intensificação de atividades recreativas, escotismo, fóruns artesanais,
viagens culturais, excursões, piqueniques, como medida de
preenchimento do tempo das crianças, além da intensificação da

369
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

formação sociocultural. Deve-se buscar a melhoria das condições


sociais, econômicas, educacionais das crianças (em especial) para
eliminar o padrão referencial desviante provido pelas cidades.”22

Através dessas medidas, busca-se alcançar a integração dos indivíduos à


comunidade que pertence, e viabilizar o desenvolvimento sociocultural, principalmente
das crianças, que são mais suscetíveis às influências crimonôgenas, de modo que o trabalho
de prevenção só seria efetivo se estas fossem realmente alcançadas pelos projetos
propostos.
Propiciando essa interação entre as pessoas, elas passaram a se enxergar como
comunidade, tornando-se solidários, compartilhando valores, fazendo (re)nascer os
espirito de vizinhança, e, dessa forma, intensificado os mecanismos de controle informal
da sociedade.
Por outro lado, os autores destacam ainda a importância da uma ordenação urbana
com o fim de garantir salubridade e conforto (representando a organização social), mas
também a segurança: iluminação pública; estruturas urbanísticas que permitam
permanente vigilância de todos em todos os lugares, ou na maioria dos locais da cidade;
efetivo cuidado com a estética da cidade – essas são formas de dificultar ou inibir a
atividade criminosa, coibindo a tendência desviante por meio de uma espaço defensável.
Interessante observar a política de “tolerância zero” ou “law and order” segue a
vertente ecológica, porém acrescenta a esses fatores uma atividade policial de rigor, rigor
esse tido por alguns autores23 como como excessivo: reprime-se pequenos delitos (ex.:

22
(Shecaria, 2014, pp. 154 - 156)
23
(Shecaria, 2014)

370
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

pichar ruas, mendicância, jogar lixo no chão etc.) da mesma forma como se faz com os
graves, repressão essa que, como regra, é destinada pessoas pobres, marginalizadas,
desajustados, etc. – e isso serve apenas para acentuar a exclusão social que essas pessoas
já sofrem.

Por fim, importante algumas ponderações críticas sobre essa Escola.

Primeiro, do ponto de vista metodológico, tornou-se referência a ser seguida,


lançando olhos sobre a criminologia de um ponto de sociológico, e não individual (típico
da Escola Positivista) ou abstrato (típico dos Clássicos).
Segundo, temos que a Escola de Chicago é dotada de certo determinismo ecológico:
desorganização social é vetor criminológico. Porém isso não explica o que porquê haver
crimes onde há organização social (criminoso pode cometer crime no local onde mora, ou
fora dele), ou em sociedades mais estáveis ou estratificadas.
Noutro viés, essa escola ignorava o conceito de cifra negra da criminalidade, uma
vez que só trabalhava com índices oficiais. Como bem cita Eduardo Viana24:

“Finalmente, a última objeção é metodológica. De fato, efetiva


mente, ao considerar apenas as cifras oficiais, as conclusões tornam-
se altamente questionáveis, eis que a atuação das agências de controle
social formal é discriminatória e com alvos bem definidos; a
vigilância é muito mais ostensiva em determinados bairros. ”

24
(Viana, 2018, p. 221)

371
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Dito isso, é preciso entender que esta corrente de pensamento não é excludente. É
possível adotar ideias desta escola sem deixar de absorver as ideias das demais.

1.3 Teoria da Associação Diferencial

É considerada uma teoria do consenso.


Considerada também uma das teorias da aprendizagem social (social learning).
Foi iniciada por Edwin Sutherland25, um dos sociólogos que mais influenciou a
Criminologia moderna, tendo se inspirado, em parte, nas ideias de Gabriel Tarde.
No final dos anos 30, Sutherland cunha a expressão White collar crimes, que passa a
identificar os autores de crimes diferenciados, que apresentavam pontos acentuados de
dessemelhança com os criminosos chamados comuns. Dez anos mais tarde, em 1949, revê
parcialmente sua teoria, chegando a uma formulação mais próxima da que conhecemos
hoje.26
Segundo Edwin Sutherland, a associação diferencial é o processo de aprender
alguns tipos de comportamento desviante, que requer conhecimento especializado
e habilidade, bem como a inclinação de tirar proveito de oportunidades para usá-
las de maneira desviante.

25
O nome dos autores de cada uma das escolas é cobrado em prova.
26
(Shecaria, 2014, p. 187)

372
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Tudo isso é aprendido e promovido principal mente em grupos tais como gangues
urbanas ou grupos empresariais que fecham os olhos a fraudes, sonegação fiscal ou uso
de informações privilegiadas no mercado de capitais.27
A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode
ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos
favorecidas, não sendo ele exclusividade destas. Em certo sentido, ainda que influenciado
pelo pensamento da desorganização social de William Thomas, Sutherland supera o
conceito acima para falar de uma organização diferencial e da aprendizagem dos valores
criminais.
A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que estava centrado no
perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão dentro da
perspectiva social. O homem aprende a conduta desviada e associa-se com referência nela.
Segundo Molina e Gomes 28 , a teoria da associação diferencial de Sutherland é
resumida com nove proposições.

1) A conduta criminal se aprende, como se aprende também o comportamento


virtuoso ou qualquer outra atividade: os mecanismos são idênticos em todos os
casos.

2) A conduta criminal se aprende em interação com outras pessoas, mediante um


processo de comunicação. Requer, pois, uma aprendizagem ativa por parte do
indivíduo. Não basta viver em um meio criminógeno, nem manifestar, é evidente,

27
(Johnson, 1997, p. 19)
28
(Luiz Flávio Gomes; Antônio Garcia-Pablos de Molina, 2008)

373
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

determinados traços da personalidade ou situações frequentemente associadas ao


delito. Não obstante, em referido processo participam ativamente, também, os
demais.

3) A parte decisiva do citado processo de aprendizagem ocorre no seio das relações


mais íntimas do indivíduo com seus familiares ou com pessoas do seu meio. A
influência criminógena depende do grau de intimidade do contato interpessoal.

4) A aprendizagem do comportamento criminal inclui também a das técnicas de


cometimento do delito, assim como a da orientação específica das correspondentes
motivações, impulsos, atitudes e da própria racionalização (justificação) da conduta
delitiva.

5) A direção específica dos motivos e dos impulsos se aprende com as definições mais
variadas dos preceitos legais, favoráveis ou desfavoráveis a eles. A resposta aos
mandamentos legais não é uniforme dentro do corpo social, razão pela qual o
indivíduo acha-se em permanente contato com outras pessoas que têm diversos
pontos de vista quanto à conveniência de acatá-los. Nas sociedades pluralistas, dito
conflito de valorações é inerente ao próprio sistema e constitui a base e o
fundamento da teoria sutherlaniana da associação diferencial.

6) Uma pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis à violação


da lei superam as desfavoráveis, isto é, quando por seus contatos diferenciais
aprendeu mais modelos criminais que modelos respeitosos ao Direito.

374
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

7) As associações e contatos diferenciais do indivíduo podem ser distintas conforme


a frequência, duração, prioridade e intensidade dos mesmos. Contatos duradouros
e frequentes, é lógico, devem ter maior influência pedagógica, mais que outros
fugazes ou ocasionais, do mesmo modo que o impacto que exerce qualquer modelo
nos primeiros anos de vida do homem costuma ser mais significativo que o que
tem lugar em etapas posteriores; o modelo é tanto mais convincente para o
indivíduo quanto maior seja o prestígio que este atribui à pessoa ou grupos cujas
definições e exemplos aprende.

8) Precisamente porque o crime se aprende, isto é, não se imita, o processo de


aprendizagem do comportamento criminal mediante contato diferencial do
indivíduo com modelos delitivos e não delitivos implica a aprendizagem de todos
os mecanismos inerentes a qualquer processo deste tipo.

9) Embora a conduta delitiva seja uma expressão de necessidades e de valores gerais,


não pode ser explicada como concretização deles, já que também a conduta
adequada ao Direito corresponde a idênticas necessidades e valores.

1.4 Teoria da anomia

É considerada uma teoria do consenso.


A teoria da anomia insere-se dentro das famílias das teorias funcionalistas, as quais
consideram a sociedade como um todo orgânico com uma articulação interna entre seus
órgãos (indivíduos), e com a finalidade de se autopreservar e se reproduzir.

375
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Essas teorias pressupõem que os indivíduos devem estar integrados ao sistema de


valores da sociedade, compartilhando os mesmos objetivos, de modo que se comportem
de acordo com as normas vigentes. É possível, contudo, que a “máquina social” sofra uma
disfunção, uma falha, de modo que ela deve encontrar uma forma de corrigi-la. Outro
fator comum a essas teorias é que concentram suas observações, não sobre as causas das
disfunções, mas sobre suas consequências exteriores.

Um dos expoentes da teoria da anomia é Emile Durkheim. Nos seus estudos, as


explicações sobres crises sociais, conflitos e crimes assentam-se na ausência ou na
desintegração de normas que governem as relações sociais (exemplo: a crise nas relações
de trabalho e emprego durante as fases iniciais da industrialização tem como mote a
anomia nessas relações). Esse contexto causal é denominado de anomia.

Anomia é uma palavra de origem grega, podendo ser traduzida como ausência de
normas. Shecaira29 explica que a palavra anomia tem três importantes acepções para este
estudo:

 A transgressão pura das normas – a delinquência propriamente dita;


 O conflito entre normas sociais claras, o que dificulta a adequação do
indivíduo à sociedade;
 O movimento contestatório às normas sociais (chamada de crise de
valores).

29
(Shecaria, 2014)

376
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Nos três casos, o foco é ausência de normas, que causa a ruptura dos padrões sociais
de conduta.

Outro conceito importante nos estudos de Durkheim é a ideia da consciência


coletiva ou comum, que é o conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos
membros de uma sociedade. Ela é diversa da consciência particular de cada indivíduo,
embora existe uma coexistência entre ambas. A consciência coletiva tem maior extensão
sobre as consciências individuais nas sociedades arcaicas (consciência coletiva
prevalecendo sobre individual), pois há poucas diferenças entre os homens, existindo
entre eles uma solidariedade mecânica. Já na sociedade contemporânea, ela tem menor
extensão sobre as individuais (consciência individual prevalecendo sobre a coletiva), na
medida em que nela há uma grande diversidade entre os homens em razão das
diferenciações/especialização das profissões e organizações, o que é oriundo do direito à
liberdade de pensar, crer, expressar, querer, agir conforme as preferências individuais –
assim sendo, desaparece a solidariedade mecânica para surgir a solidariedade orgânica.

De todo modo, toda a sociedade teria consciência coletiva: sua inexistência não
chega a ser fonte de preocupação. O problema é que, na sociedade contemporânea, existe
uma tendência para que a divisão (anômica) do trabalho seja acompanhada por uma
coordenação imperfeita das partes da “máquina social”, redução da solidariedade social e
conflitos entre as classes sociais. Essa seria uma divisão patológica do trabalho, gerada pela
anomia, a qual potencializa o aumento do índice da criminalidade.

377
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Dito isso, é de suma importância notar que Durkheim defende que o crime
é algo normal na sociedade, pois presente em todas as sociedades (desenvolvidas
ou não). O que é anormal (problemático) é: a ausência de crimes, o que é sintoma de uma
sociedade arcaica, isto é, que não evolui, e em que as liberdades não são garantidas; e o
súbito aumento da incidência de crimes, o que é o sintoma de anomia, ou seja, do
desmoronamento das regras sociais e da solidariedade (mecânica ou orgânica) entre os
indivíduos. Nisso, este autor se distancia consideravelmente das outras escolas,
principalmente a positivista, que tendem a encarar o crime como algo anormal.

Na verdade, o crime é considerado como “necessário e útil para o equilíbrio e o


desenvolvimento sociocultural”, pois pode ajudar no reforças dos laços comunitários (a
solidariedade, valores éticos), e até mesmo nos ensinar sobre a necessidade melhorar o
sistema social na forma como lida com certas disfunções (ex.: atualização do Direito;
fortalecimento de algumas instituições como a escola; melhora das condições de trabalho
das polícias). Também pode ser o início de um movimento contestatório das normas
sociais (ex.: descriminalização do consumo/produção de drogas leves; aborto; crimes
políticos etc.).

Algo que também é normal é a punição dos crimes, pois a impunidade é vista de
modo desfavorável em todas as sociedades. Porém a pena, na verdade, não teria a função
precípua da prevenção especial (dissuadir o indivíduo ao cometimento de delito ou sua
reincidência) ou prevenção geral (dissuadir a coletividade ao cometimento do delito) – por
todos é conhecido que, quanto a estas finalidades, sua utilidade é medíocre. Sua finalidade

378
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

seria satisfazer a consciência coletiva, que exige a reparação e o castigo do culpado,


mantendo intacta a coesão social.

Por outro lado, seria errado afirmar que pena teria perdido o caráter de vingança na
sociedade contemporânea. Na verdade, esse caráter permanece, na medida em que a pena
continua sendo a manifestação da reação passional da consciência coletiva, que a exige. O
que ocorre é que, nas sociedades contemporânea, ela é racionalizada para implicar numa
punição de menor intensidade, quando, nas sociedades arcaicas a pena costuma ter maior
intensidade (pena físicas e cruéis).

O que importa é que, em todas as sociedades, a pena se mantém como elemento


de reforço da coesão social e reafirmação da solidariedade.

Quanto a criminologia, podemos resumir o pensamento de Durkheim da seguinte


forma: o crime é um fenômeno social normal, pois presente em todas as
sociedades; a punição do crime também é normal, pois almejada em todas as
sociedades; a anomia (crise de valores, ausência de normas e da solidariedade) é
catalisadora do aumento da criminalidade.30

Seguindo a senda de Durkheim, Robert King Merton, que também estuda a


criminologia tendo como base a teoria da anomia, defende, em suma, que “o
comportamento aberrante pode ser considerado sociologicamente um sintoma de

30
Durkheim também afirma que anomia também é catalisadora do aumento de índice de comportamento autodestrutivo,
no caso, aumento de suicídios.

379
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

dissociação entre as aspirações culturalmente prescritas e os caminhos socialmente


estruturados para realizar tais aspirações”.31

Para Merton, a anomia fomenta a criminalidade na medida em que uma sociedade


sofra uma dissociação entre estrutural cultural e a estrutura social. Estrutura cultural é o
conjunto de valores e objetivos promovidos pela sociedade. Estrutura social é a capacidade
efetiva da sociedade viabilizar a realização desses valores e objetivos.

Cita-se como exemplo a cultura norte-americana, que tem como valor a ideia da
ascensão social (riqueza) – porém é notoriamente impossível que todas as pessoas
alcancem esse objetivo, o que cria uma tensão entre a estrutura cultural e a estrutura social,
ou seja, a anomia. Dito isso, Merton afirmar que, diante dessa tensão, existem 5 (cinco)
tipos de comportamentos:

a) conformismo – comportamento de pessoa que se adequa aos objetivos e meios


da sociedade. Consiste na maioria da população, pois é ela que sustenta a estrutura cultural;

b) ritualismo – pessoa que se adequa aos meios, mas não aos objetivos da
sociedade, pois ela se vê incapaz de alcançá-los. Ela não conteste ou ignora os objetivos
sociais, mas segue compulsivamente as normas da sociedade;

31
(Shecaria, 2014)

380
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c) retraimento – pessoa que renuncia os objetivos e as normas sociais. Ex.:


mendigos, viciados, ébrios habituais etc. São marcados pelo derrotismo, pela introspecção
e pela resignação, expressados por um afastamento da sociedade e suas regras;

d) inovação – pessoa que adere aos objetivos culturalmente impostos (riqueza e


poder), mas que decide alcançá-los por meios ilícitos (meio inovadores). Este é o
criminoso, inclusive o do tipo do “colarinho branco”;

e) rebelião – pessoa que contesta os valores e objetivos da sociedade, defendendo


novas metas e restruturação da social.

Dito isso, Shecaira32 apresenta a conclusão dos estudos de Merton:

“[...] Para esse autor, a anomia está associada ao estado de espírito de


alguém que foi arrancado das suas razões morais, que já não segue
quaisquer padrões, mas somente necessidades avulsas, e que já não
tem senso de continuidade, de grupo e de obrigação. O homem
anômico é espiritualmente estéril, reage somente diante de si mesmo
e não é responsável para com ninguém. Ele ri dos valores dos outros
homens. Sua única fé é a filosofia da negação. Merton, a partir dessas
ideias, em face da delicada tensão entre estrutura e cultura social,
conclui que a anomia é concebida como uma ruptura de estrutura
cultural, ocorrendo, particularmente, quando há uma disjunção

32
(Shecaria, 2014)

381
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

aguda entre as normas e metas culturais e as capacidades socialmente


estruturadas dos membros do grupo em agir de acordo com as
primeiras.
[...] Assim, toda vez que a sociedade acentuar a importância de
determinadas metas, sem oferecer à maioria das pessoas a
possibilidade de atingi-las, por meios legítimos, estar-se-á diante de
uma situação de anomia. [...]”

Em resumo, Merton defende que a discrepância entre estruturas culturais e sociais


(estipulação de metas sociais, sem meios para que a maioria possa alcançá-la) gera anomia,
o que incentiva o comportamento inovador (criminoso).

Algumas considerações críticas são dignas de nota. Um dos méritos da(s) teoria(s)
da anomia de Durkheim e Merton é demonstrar que o crime é um fenômeno normal, isto
é, comum em todas as sociedades, e que pode até mesmo ser útil por uma diversidade de
fatores. Todavia, é preciso reconhecer que, nos pensamentos de Merton, o crime deixa de
ser tão normal, em virtude que a anomia (discrepância entre estruturas cultural e social)
promove o comportamento inovador (criminoso) – o que ajuda a explicar o porquê de a
maioria dos crimes serem cometidos por pessoas das classes desfavorecidas (excluídos dos
meios de cumprir os ditames da estrutura cultural).

Shecaira33 afirma ainda que Durkheim e Merton não demonstram efetivamente a


existência da consciência coletiva (coletivo original): da maneira como descrita, seria

33
(Shecaria, 2014, p. 206)

382
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

apenas o pensamento das classes dominantes, cuja validade é cada vez mais contestável na
medida em que a sociedade se torna mais plural e heterogênea.

A teoria da anomia também não explica muitas situações: criminalidade que não
persegue lucro (ex.: crimes passionais); pessoas que estão em classes desfavorecidas que
não deliquem; tratamento brando em relação aos crimes do colarinho branco etc.
O pensamento funcionalista influenciou muitos autores. Dentre eles, Niklas Luhmann,
que elaborou uma teoria dos sistemas sociais própria, a qual culmina numa aproximação
com a teoria da anomia nas explicações sobre o direito. Alerto o leitor que o próprio
Shecaira afirma a dificuldade em compreender a teoria de Luhmann.

Niklas Luhmann defende que a sociedade seria um sistema, na verdade o sistema


mais abrangente. Neste grande sistema inserem-se os demais sistemas, que são, por assim
dizer, subsistemas, dentre eles temos o subsistema do direito, da política e da economia.

Noutro viés, ele afirma que os seres humanos são dotados de diversas expectativas
em relação a si mesmo, como também em relação à natureza e aos outros seres humanos.
Essas expectativas variam em conformidade com a frustração a que se sujeitam: se ela
permanece frente a frustação, trata-se de uma expectativa normativa; se não permanece
(se ela cede), resultando em resignação e adaptação, trata-se de uma expectativa cognitiva.

O direito estabelece as expetativas comportamentais que posam ser generalizadas


nas dimensões temporal, social e prática. Quer dizer, ele faz com que algumas expectativas
se prolonguem no tempo (tenham continuidade), embora possa eventualmente ser

383
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

frustrada; possam ser generalizadas independente da aprovação individual (prevalece em


virtude da aceitação coletiva); e sejam garantidas por instituições, papeis e programas.
Assim, a função do subsistema do direito é fazer dessas expetativas comportamentais
escolhidas se tornem expectativas normativas.

Dessa forma, a função básica do subsistema do direito é, em grosseiro resumo, a


regulação das expectativas, permitindo que se saiba o que esperar do comportamento
alheio, trazendo segurança (jurídica) às relações sociais.

Dito isso, a doutrina estabelece uma aproximação entre os pensamentos de


Durkheim e Luhmann sobre a função da pena. Enquanto aquele afirma que a pena tem a
função de manter intacta a coesão social, reafirmando a vitalidade da consciência comum,
este afirma que ela ajuda a reforçar a confiança no direito, ou seja, de que o sistema jurídico
prevalece frente as contingencias. Portanto, ambos afirmam que a pena tem a função de
fazer com que os cidadãos cumpridores da lei continuem acreditando nela, e, assim
cumprindo-a. Ela nos faz acreditar que o Estado funciona.

Por fim, temos que o pensamento funcionalista também serviu de base teórica para
dois grandes estudiosos do Direito Penal alemão:

a) Güther Jakobs (expoente do funcionalismo radical) sustentou que o Direito


Penal tem a função de reafirmar a validade do sistema jurídico. Quer dizer, o
crime deve ser punido, não que pelo dano causado à sociedade de modo
específico (lesão ao bem jurídico), mas sim pela realização de ato contrário ao

384
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Direito. Esse tipo de pensamento é tido como autoritário, uma vez que ele
implica em tornar o Direito Penal em um fim em si mesmo, e tende a esvaziar a
importante função da culpabilidade na dosimetria da pena.

b) Claus Roxin (expoente do funcionalismo moderado) sustentou que o Direito


Penal tem a função de proteger bens jurídicos, só podendo sancionar condutas
que ofendam bens hauridos da liberdade e da dignidade humana. E isso tende a
ser mais aceito dentro de uma perspectiva mais moderna e humanitária do
Direito Penal.

Em ambos os casos, a pena tem a função de proteger de forma sistêmica a


sociedade, embora conduzam a considerações distintas sobre o objetivo final do Direito
Penal.

1.5 Teoria da subcultura delinquente

É considerada uma teoria do consenso.


O criador dessa teoria foi o sociólogo norte-americano Albert K. Cohen e teve
como marco o ano de lançamento de seu livro Deliquent boys, em 1955.
A subcultura é uma cultura associada a sistemas sociais (incluindo subgrupos) e
categorias de pessoas (tais como grupos étnicos) que fazem parte de sistemas mais vastos,
como organizações formais, comunidades ou sociedades. Bairros étnicos urbanos -
variando de indianos em Londres e muçulmanos em Paris, a americanos em Hong Kong
ou chineses em Nova York - compartilham frequentemente de linguagens, ideias e práticas

385
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

culturais que diferem das seguidas pela comunidade geral, mas, ao mesmo tempo, sofrem
pressão para conformar-se, em certo grau, à cultura mais vasta na qual está enraizada a
subcultura.
O mesmo fato pode acontecer também em sistemas sociais menores, como grandes
empresas, departamentos do governo ou unidades militares, que se aglutinam muitas vezes
em torno de interesses especializados ou de laços criados por interações diárias e
interdependência mútua.
Três ideias básicas sustentam a subcultura:

1) o caráter pluralista e atomizado da ordem social;

2) a cobertura normativa da conduta desviada;

3) as semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e


irregulares.

Segundo Cohen, a subcultura delinquente se caracteriza por três fatores: não


utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
O não utilitarismo da ação se revela no fato de que muitos delitos não possuem
motivação racional (ex.: alguns jovens furtam roupas que não vão usar). A malícia da
conduta é o prazer em desconcertar, em prejudicar o outro (ex.: atemorização que gangues
fazem em jovens que não as integram). O negativismo da conduta mostra-se como um
polo oposto aos padrões da sociedade.

386
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

34

A existência de subculturas criminais se mostra como forma de reação necessária


de algumas minorias muito desfavorecidas diante das exigências sociais de sobrevivência.
Sustenta Alessandro Baratta35 que “tanto a teoria funcionalista da anomia, quanto a
teoria das subculturas criminais contribuíram, de modo particular, para esta relativização
do sistema de valores e regras sancionadas pelo direito penal, em oposição à ideologia
jurídica tradicional, que tende a reconhecer nele uma espécie de mínimo ético, ligado às
exigências fundamentais da vida da sociedade e, frequentemente, aos princípios de toda
convivência humana.

1.6 Teoria do Labelling Approach

Também chamada de interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou


reação social. É uma teoria do conflito.
A teoria do etiquetamento rompeu paradigmas. Ela deu um giro profundo na forma
de se analisar o crime. Deixou de centrar estudos no fenômeno delitivo em si e passou a
focar suas atenções na reação social, no efeito criminógeno do sistema de repressão penal,

34
(Filho, 2018)
35
(Baratta, 2002)

387
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

em especial das prisões (como eles são catalizadoras da delinquência secundária e


reincidência).36
Os principais representantes dessa linha de pensamento são Erving Goffman e
Howard Becker. Seguindo Becker, os grupos sociais criam os desvios ao fazerem as regras
cuja infração constitui o desvio e ao aplicarem tais regras a certas pessoas em particular,
qualificando-as como marginais. Os processos de desvios, assim, podem ser considerados
primários e secundários.37 O desvio primário corresponde à primeira ação delitiva do
sujeito, que pode ter como finalidade resolver alguma necessidade, por exemplo,
econômica, ou produz-se para acomodar sua conduta às expectativas de determinado
grupo subcultural.
O desvio secundário se refere à repetição dos atos delitivos, especialmente a partir
da associação forçada do indivíduo com outros sujeitos delinquentes.
A tese central dessa corrente pode ser definida, em termos muito gerais, pela
afirmação de que cada um de nós se toma aquilo que os outros veem em nós e, de
acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função reprodutora: a pessoa
rotulada como delinquente assume, finalmente, o papel que lhe é consignado,
comportando-se de acordo com o mesmo. Todo o aparato do sistema penal está
preparado para essa rotulação e para o reforço desses papéis.
Como exemplo nítido dessa situação podemos citar o personagem Carlito Brigante,
representado por Al Pacino em O Pagamento Final (Carlito’s Way), filme dirigido por Brian
de Palma, em 1993. Nesse filme, Carlito é traficante de drogas e consegue sair da cadeia

36
Essa ideia não inicia com os teóricos do labelling approach, teoria essa que se inicia nos anos 60. Uma
série de outros estudiosos já abordaram o tema: Jeremy Bethham; Cesare Lombroso; Clifford Shaw.
37
(Greco, 2005, p. 52)

388
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

com uma brecha da lei. Ele tenta então dar um novo rumo à sua vida, mas seus ex-colegas
do crime, a polícia, sua família e o resto do sistema rotularam Carlito como “criminoso”.
Uma linha invisível vai conduzindo a vida de Carlito, até o mesmo se enquadrar
novamente em seu rótulo.
Surgida nos Estados Unidos por volta dos anos 70, o labelling approach privilegia, na
análise do comportamento desviado, o funcionamento das instâncias de controle social
(criminalização secundária), ou seja, a reação social aos comportamentos assim
etiquetados. Crime e reação social são, segundo esse enfoque, manifestações de uma só
realidade: a interação social. Não há como compreender o crime senão em referência aos
controles sociais.
De acordo com essa perspectiva interacionista, não se pode compreender o crime
prescindindo da própria reação social, do processo social de definição ou seleção de certas
pessoas e condutas etiquetadas como delitivas. Delito e reação social são expressões
interdependentes, recíprocas e inseparáveis. O desvio não é uma qualidade intrínseca da
conduta, senão uma qualidade que lhe é atribuída por meio de complexos processos de
interação social, processos estes altamente seletivos e discriminatórios.
Do ponto de vista metodológico, há que se realçar a importância da descoberta do
defasamento quantitativo e, sobretudo, qualitativo entre a delinquência potencial (ou
secreta) e a delinquência real.
Tal fato permitiu ao labelling, por um lado, contestar os fundamentos
epistemológicos da criminologia tradicional e, por outro lado, retirar a ideia de
delinquência de sua dimensão ontológica.
O que os delinquentes têm em comum, o que verdadeiramente os caracteriza, é
apenas a resposta das audiências de controle. Ou seja, não é o crime em si que vai ser o

389
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

ponto central da visão criminológica, mas sim a respectiva reação social que é deflagrada
com a prática do ato pelo delinquente. Temos um giro nos sistemas que sai do crime para
a reação social ao mesmo.
A postura adotada pelo labelling implica na modificação dos questionamentos do
criminólogos. Enquanto antes perguntava-se o porquê do desviado praticar atos ilícitos,
pergunta-se o porquê do não desviado não os praticar. Howard S. Becker 38responde ao
novel questionamento:

[...] as classes médias, que já conseguiram certos padrões mínimos de


bem-estar e conforto, teriam muito a perder com um crime. Um
estudante de universidade, com carreira promissora, perderia muito
se fosse pego utilizando entorpecentes. A família saberia, o emprego
futuro estaria em risco, sua reputação seria abalada. Já as pessoas que
não tem necessidade manter uma aparência poderiam seguir seus
instintos naturais, seus impulsos. [...]

Com as teorias da criminalidade e da reação penal baseadas sobre o labelling approach,


e com as teorias conflituais, tem lugar no âmbito da sociologia criminal contemporânea a
passagem da criminologia liberal para a criminologia crítica .
Uma passagem, como parece evidente, que ocorre lentamente e sem uma verdadeira
solução de continuidade. A recepção alemã do labelling approach em particular é um
momento importante dessa passagem. Essa direção de pesquisa parte da consideração de

38
(Shecaria, 2014)

390
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

que não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do sistema penal
que a define e reage contra ela, começando pelas normas abstratas até as instâncias oficiais
(polícia, juízes, instituições penitenciárias que as aplicam), e que, por isso, o status social do
delinquente pressupõe, necessariamente, o efeito da atividade das instâncias oficiais de
controle social da delinquência, enquanto não adquire esse status aquele que, apesar de ter
realizado o mesmo comportamento punível, não é alcançado, todavia, pela ação daquelas
instâncias. Portanto, este não é considerado e tratado pela sociedade como delinquente.

O discurso jurídico-penal ficou irremediavelmente desqualificado pela


demonstração incontestável de sua falácia, enquanto a criminologia etiológica,
complemento teórico sustentador desse discurso, viu-se irreversivelmente desmentida. A
parir dessas contribuições teóricas, o sistema penal já não podia permanecer fora dos
limites da Criminologia, convertendo-se em seu objeto necessário ao revelar-se como
mecanismo reprodutor da realidade criminal. Por isso, afirmamos que as investigações
interacionistas e fenomenológicas constituem o golpe deslegitimador mais forte recebido
pelo exercício de poder do sistema penal, do qual o discurso jurídico-penal não mais
poderá recuperar-se, a não ser fechando-se hermeticamente a qualquer dado de realidade,
por menor que seja, isto é, estruturando-se como um delírio social.
Não interessam, enfim, à perspectiva interacionista as causas da desviação primária,
mas só os processos de criminalização secundária, vale dizer, os processos de
funcionamento de reação e controle sociais, que são, em última análise, os responsáveis
pelo surgimento do desvio como tal. Ou seja, para o interacionismo, o delito é apenas
um rótulo social derivado do processo de etiquetamento.

391
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Segundo Eduardo Viana39, estes são os principais postulados da teoria do labelling


approach.

Interacionismo simbólico e O comportamento humano é


construtivismo inseparável dos processos sociais de
interação.
Introspecção simpatizante Técnica de aproximação da realidade
criminal como forma de
compreendê-la a partir do desviado e
sua concepção de mundo.
Natureza definitorial do delito A conduta não é, em si, desviada. O
desvio é fruto de uma construção
formal.
Seletividade e discriminação O controle social é seletivo e
discriminatório.
Penaliza condutas comuns à classe
dominada, por isso, os indivíduos
dessas classes têm mais chances de
serem delinquentes.
Efeito criminógeno da pena “A cadeia é a escola do crime”.
Paradigma do controle O sistema formal de controle é que
criminaliza a sociedade, definindo

39
(Viana, 2018)

392
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

condutas como desviadas, sendo


assim, são eles que definem quem são
ou serão os criminosos.

1.7 Teoria crítica


É considerada uma teoria do conflito.
A teoria crítica, também chamada de teoria radical ou nova criminologia, é
uma vertente que, como o nome diz, se propõe a criticar a própria criminologia,
seguindo os ditames das teorias do conflito. Ela se propõe a questionar, antes de tudo,
a sociedade capitalista como substrato do fenômeno criminal. Esta teoria possui diversas
ramificações, o que será devidamente detalhado a seguir.
Sua origem mediata advém do livro Punição e estrutura social, de Georg Rusche e
Otto Kichheimer, publicado em 1930, e republicado em 1967, o qual, à luz do pensamento
marxista, correlaciona as penas ao método de produção de riquezas em uma sociedade,
sendo que, no capitalismo industrial, deixa-se de ser aplicadas penas corporais (morte,
amputação, açoites) para utilizar-se das penas restritivas de liberdade, o que seria uma
forma de disciplinar a mão de obra em favor interesses econômicos.
O ponto central da teoria crítica, é como dito, criticar da criminologia tradicional,
que não compreende o fenômeno criminal em sua totalidade, pois não se percebe que o
crime é uma decorrência lógica do método de produção do capitalismo:

“A lei nada mais é do que uma estrutura (também designada


superestrutura) dependente do sistema de produção infraestrutura ou
base econômica).

393
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

[...]O homem, por sua vez, não tem o livre arbítrio que lhe atribuem,
pois está submetido a um vetor econômico que lhe é insuperável e
acaba por produzir não só o crime em particular, mas também a
criminalidade, como um fenômeno mais global, com as feições
patrimoniais e econômicas que todos conhecem. ”40

Ou seja, a lei penal nada mais seria um reflexo da dominação, sendo que, na
sociedade moderna, seria produto da relação entre burguesia (classe dominante) e
proletariado (classe dominada). E, nesse jaez, critica-se até mesmo a teoria da rotulação
social, pois esta evita discutir sobre as causas da desviação primária. Enfim, a abordagem
criminológica só poderia avançar se reestruturada ou reformulada a sociedade capitalista,
sendo um dos seus mais graves problemas a desigualdade social.
Merece destaque o paralelo entre as teorias funcionalista e crítica, o que foi
elaborado por William J. Chambliss no texto da coletânea intitulada Criminologia crítica:

Teoria Funcionalista Teoria Crítica (dialética marxista)


Para Durkheim, a mais importante Para Marx as contribuições do crime
função do crime na sociedade foi são
esclarecer e prescrever os limites gerar: - uma estabilidade econômica
morais da comunidade temporária em um sistema
econômico que é intrinsecamente
instável; - uma legitimação do
monopólio do Estado sobre a

40
(Shecaria, 2014)

394
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

violência, e justificativa para o


controle político legal das massas.
Certos atos são considerados Certos atos são criminosos porque é
criminosos porque ofendem a do interesse da classe dominante
moralidade do povo. assim defini-los.

Certas pessoas são rotuladas Certas pessoas são rotuladas


criminosas porque seu criminosas porque, assim as
comportamento foi além dos limites definindo, serve-se ao interesse da
da tolerância da consciência da classe dominante.
comunidade
As pessoas das classes mais baixas são As pessoas das classes mais baixas são
mais propensas a ser presas porque rotuladas criminosas e as da burguesia
cometem mais crimes. não porque o controle desta classe
sobre os meios de produção lhes dá o
controle do Estado, assim como da
aplicação da lei.
O crime é uma constante na O crime varia de sociedade para
sociedade, pois todas as sociedades sociedade, de acordo com cada
precisam de sua estrutura econômica e política.
produção (instituição).
À medida que as sociedades se À medida que as sociedades
tornam mais especializadas na divisão capitalistas se industrializam, a
divisão entre as classes sociais vai

395
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

do trabalho, cada vez mais as leis vão crescendo e as leis penais vão,
refletir progressivamente, tendo que ser
disputas contratais e as lei penais vão aprovadas e aplicadas para manter
se tornar cada vez menos uma estabilidade temporária,
importantes. encobrindo
confrontações violentas entre as
classes sociais.
Sociedades socialista e capitalista Sociedades socialistas e capitalistas
deveriam ter a mesma quantidade de deveriam ter índices
crimes, uma vez que apresentam significativamente diferentes de
índices comparáveis de crimes, pois o conflito de classes será
industrialização e burocratização. menor nas sociedades socialistas, o
que acarreta na menor quantidade de
crimes.
O crime faz as pessoas mais Definir certas pessoas como
conscientes dos interesses que têm criminosas permite um controle
em comum e estabelece um vínculo maior sobre o proletariado. O crime
mais firme, o que leva a uma maior orienta a hostilidade do oprimido
solidariedade entre os membros da para longe da classe dominante
comunidade. (burguesia).

A partir daí, podemos estudar as correntes da teoria crítica.

1.7.1 Neorretribucionismo (realismo de direita) X Neorrealismo de esquerda.

396
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Uma vertente diferenciada surge nos Estados Unidos, com a denominação lei e
ordem ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas”
(broken windows theory), inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado”
aos espaços públicos.
Alguns a denominam realismo de direita ou neorretribucionismo.
Parte da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria
os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral; os
espaços públicos e privados devem ser tutelados e preservados. Alguns doutrinadores
discordam dessa teoria, no sentido de que produz um elevado número de encarceramentos
(nos EUA, em 2008, havia 2.319.258 encarcerados e aproximadamente 5.000.000 pessoas
beneficiadas com algum tipo de instituto processual, como sursis, liberdade condicional
etc.).
Em 1982 foi publicada na revista The Atlantic Monthly uma teoria elaborada por
dois criminólogos americanos, James Wilson e George Kelling, denominada Teoria das
Janelas Quebradas (Broken Windows Theory).
Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de causalidade entre
a desordem e a criminalidade.
A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da
Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo
Alto (Califórnia) e outro deixado no Bronx (Nova York). No Bronx o veículo foi depenado
em 30 minutos; em Palo Alto, o carro permaneceu intacto por uma semana.
Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente
destroçado e saqueado por grupos de vândalos em poucas horas.

397
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Nesse sentido, caso se quebre uma janela de um prédio e ela não seja imediatamente
consertada, os transeuntes pensarão que não existe autoridade responsável pela
conservação da ordem naquela localidade. Logo todas as outras janelas serão quebradas.
Assim, haverá a decadência daquele espaço urbano em pouco tempo, facilitando a
permanência de marginais no lugar; criar-se-á, dessa forma, terreno propício para a
criminalidade.
A teoria das janelas quebradas(ou broken windows theory), desenvolvida nos EUA e
aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era prefeito, por meio da Operação
Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os índices de criminalidade naquela cidade.
O resultado da aplicação da broken windows theory foi a redução satisfatória da
criminalidade em Nova York, que antigamente era conhecida como a “Capital do Crime”.
Hoje essa cidade é considerada a mais segura dos Estados Unidos.
Uma das principais críticas a essa teoria está no fato de que, com a política de
tolerância zero, houve o encarceramento em massa dos menos favorecidos (prostitutas,
mendigos, sem-teto etc.).
Na verdade a crítica não procede, porque a política criminal analisava a conduta do
indivíduo, não a sua situação pessoal. Em 1990 o americano Wesley Skogan realizou uma
pesquisa em várias cidades dos EUA que confirmou os fundamentos da teoria. A relação
de causalidade existente entre desordem e criminalidade é muito maior do que a relação
entre criminalidade e pobreza, desemprego, falta de moradia.
O estudo foi de extrema importância para que fosse colocada em prática a política
criminal de tolerância zero, implantada pelo chefe de polícia de Nova York, Willian Bratton,
que combatia veementemente os vândalos no metrô. Do metrô para as ruas implantou-se
uma teoria da lei e ordem, em que se agia contra os grupos de vândalos que lavavam os

398
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

para-brisas de veículos e extorquiam dinheiro dos motoristas. Essa conduta era punida
com serviços comunitários e não levava à prisão. Assim, as pessoas eram intimadas e
muitas não cumpriam a determinação judicial, cujo descumprimento autorizava, então, a
prisão. As prisões foram feitas às centenas, o que intimidava os demais, levando os nova-
iorquinos a acabar em semanas com um temor de anos.
Em Nova York, após a atuação de Rudolph Giuliani (prefeito) e de Willian Bratton
(chefe de polícia) com a “zero tolerance”, os índices de criminalidade caíram 57% em geral
e os casos de homicídios caíram 65%, o que é no mínimo elogiável.

Neorrealismo de esquerda

A nomenclatura desta corrente visa transmitir duas ideias: o realismo em


contraposição ao idealismo, sendo que este termo é associado à criminologia tradicional;
de esquerda em contraposição ao realismo de direita, o qual se traduz nos movimentos
conservadores de lei e ordem (Law and Order), programa de tolerância zero e teoria das
janelas quebradas (Bronken Windows).
O neorrealismo de esquerda se opõe flagrantemente a essa política. Mas o estudo
dela não é feito de forma comparativa. Vejamos os pontos defendidos por esta corrente:

 Acusam outras correntes da teoria crítica de focarem seus estudos mais em


economia política e teoria do Estado do que na própria criminologia.

 Defendem o retorno ao estudo da vítima: afirma que os defeitos estruturais


da sociedade capitalista (desigualdade social, busca de desenfreada por bens,

399
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

preconceito em geral) tornam os pobres mais frágeis, pois são eles que mais
sofrem com a criminalidade, e, por isso são os que mais demandam uma
solução; esta, porém, nunca é alcançada pois os defeitos da sociedade nunca
são sanados – isto gera inconformidade da classe trabalhadora e o
esquecimento do “real inimigo” (o capitalismo);

 Defende nova relação entre polícia e sociedade: que a polícia haja em


conjunto e de acordo com os anseios setoriais de cada comunidade; que a
polícia haja em defesa dos interesses da comunidade, e não do capitalismo;

 Defende a descriminalização de certas condutas, e a criminalização daquelas


que agridem a classe trabalhadora (“roubos, violências sexuais, abusos contra
crianças e adolescentes, violências com motivações raciais, violências nos
locais de trabalho, delitos cometidos governos e grandes empresas”);

 Defende que a prisão continua necessária, mas somente para circunstâncias


extremas, devendo ser maximizadas medidas que reintegrem o delinquente à
sociedade, reavivando seus compromissos éticos com a comunidade – assim
sendo, a disciplina do delinquente continua sendo necessária.

1.7.2 Teoria minimalista (direito penal mínimo)

A nomenclatura deriva do objetivo de reduzir o direito penal em certas áreas


(descriminalização de comportamentos que agridem a moralidade pública e delitos
cometidos sem violência ou grave ameaça), defendendo “uma ‘prudente não intervenção’

400
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

em face de alguns delitos cometidos, por entenderem que qualquer radical aplicação de
pena pode produzir consequências mais gravosas quanto aos benefícios que poderia
trazer”.
Nesse viés, reduz a relevância da criminalidade de massa ou de rua (furto, roubo
etc.), para destacar a “criminalidade dos oprimidos” (racismo, discriminação sexual,
criminalidade do colarinho-branco, crimes ecológicos, belicismo, etc.), elevando a
importância dos crimes contra interesse coletivo, revendo a hierarquia de bens jurídicos.
Aponta ainda para um garantismo em favor do réu que, se deve receber uma
punição, esta deve ser fruto de uma decisão racional imposta pelo Estado mediante um
processo justo, evitando a espetacularização do acusado ou punição emotiva – e, nesse
contexto, afirma a necessidade de assegurar os direitos humanos fundamentais, limitando
e regulando a atuação das agências de controle. O modo de alcançar esses objetivos seria
reconhecer o norte minimizador conforme três postulados: “caráter fragmentário do
direito penal; intervenção punitiva como ultima ratio; reafirmação da natureza acessória do
direto penal”.

1.7.3 O abolicionismo

Como o nome fala, pretende abolir, acabar o direito penal. Os abolicionistas


afirmam que, assim como o sistema punitivo criminal foi construído pela vontade política
da sociedade moderna, também pode ser desconstruído. Mas como fazer isso? Porque?
Essa pretensão é sustentada por críticas ao sistema penal, que em resumo, são: o sistema
penal “só tem servido para legitimar e reproduzir as desigualdades e injustiças sociais”,
sendo uma instância “seletiva e elitista”. Isso será melhor estudado mais adiante.
Vejamos as matrizes ideológicas do abolicionismo:

401
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

 Pensamentos anarquistas: defende que o Estado e o sistema penal são o um


jugo de dominação sobre todas as pessoas (ricos ou pobres), impedindo que
elas alcancem a plena felicidade – assim, se o Estado deve desaparecer, o
mesmo deveria ocorreu com o sistema penal;

 Visão marxista: vê o sistema penal como forma de mascarar os conflitos


sociais entre as classes dominante e dominada, sendo que o socialismo
produziria justiça social, e, dessa forma, acabaria com a necessidade do
sistema penal;

 Pensamento liberal e cristão: baseado no conceito de solidariedade orgânica


trazido por Durkheim, conceito esse reforçado e reutilizado por Louk
Hulsman, afirma que as situações problemas não deveria ser resolvidos pelo
sistema anômico construído pela sociedade repressiva (não deveriam ser
resolvidos pelo sistema penal), mas por uma sistema eunômico, quer dizer,
através de um sistema em que as próprias pessoas se ocupariam dos próprios
conflitos; por outro lado, pensamento liberal e cristão critica a dor
desnecessária aplicada sobre os autores de ilícitos.

Tendo em conta essas matrizes ideológicas, vejamos mais detalhadamente as


críticas41 ao sistema penal:

41
(Shecaria, 2014)

402
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) não haveria, de fato, um grande impacto na abolição no sistema penal porque,


considerando a altíssima cifra negra da criminalidade (cerca de 90% dos crimes não
chegam à justiça), já vivemos sem ele;

b) ele é ineficiente (“o sistema é anômico”), pois, na prática, não consegue proteger
os bens jurídicos ou as relações sociais. Não há cumprimento a função de prevenção geral.
A realidade é que, com o passar dos anos, a criminalidade só aumenta e se sofistica;

c) ele é seletivo, isto é, só atinge os pobres e as pessoas que já são marginalizadas


pela sociedade, de modo que resulta no reforço das desigualdades sociais;

d) ele é estigmatizante, sendo responsável pelo incremento da reincidência e do


surgimento das carreiras criminais;

e) ele é burocrata e corporativista, com estruturas compartimentalizadas (Polícias,


Ministério Público, Poder Judiciário, Sistema Penitenciário) que deveriam atuar em
conjunto em prol da sociedade, mas, em verdade, atuam em prol de si mesmos, repassando
a culpa dos problemas do sistema de repressão aos outros membros do sistema de
repressão;

f) o sistema penal fundamenta-se filosoficamente num consenso na lei, quando, na


verdade, esse consenso é ilusório. E, baseado nessa ilusão, a sociedade, criou o mito de
que o ato desviado é uma exceção, quando, na verdade, é mais próximo do que as pessoas

403
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

imaginam. Por outro lado, esse suposto consenso traduz o autoritarismo do sistema, o
qual nega o pluralismo das sociedades heterogêneas contemporâneas;

g) “O sistema penal se opõe à estrutura geral da sociedade civil. A criação de uma


estrutura burocrática na sociedade moderna, com a profissionalização do sistema
persecutório, gerou um mecanismo em que as sanções são impostas por uma autoridade
estranha e vertical, no estilo militar. As normas são conhecidas somente pelos operadores
do sistema; nem autores nem vítimas conhecem as regras que orientam o processo. Este
mecanismo se opõe à estrutura mais informal da sociedade civil, que muitas vezes facilita
encontros cara a cara, os quais podem agilizar a solução dos conflitos entre as partes
envolvidas. Os operadores jurídicos, especialmente o magistrado, pertencem a um mundo
diferente do processado; condenar para ele é um ato de rotina burocrático, uma ordem
escrita sobre um papel que outros funcionários executarão e que ele assinará em escassos
segundos. Quando o juiz volta sua cabeça para confiar seu expediente ao escrevente, o
condenado, que ficou diante dos olhos do juiz por alguns minutos, já estará fora de seu
raio de visão e o juiz se ocupará do réu seguinte.

h) A vítima não recebe a devida atenção ao sistema penal, que apenas lhe vê apenas
como pessoa interessada na condenação, e, muitas vezes, não lhe tem garantindo o direito
à reparação;

i) A pena é produz um dor inútil, pois não ressocializa: apenas aniquila o condenado.
Por outro lado, segundo René Ariel Dotti, ela é ilegítima, pois a única pena legítima seria
a aquela aceita pelo condenado, produzida em um processo dialógico, construída através

404
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

do consenso. Nessa linha, Thomas Mathiesen, buscando demonstra o fiasco da pena


privativa de liberdade, afirma que esta possui cinco funções:

[...] a primeira função é depurativa. A sociedade pós-industrial, cujos


conceitos de produtividade e eficiência são fundamentais, deve zelar
pela preservação desses “valores”. [...] Tal sociedade pode libertar-se
de várias maneiras, mas a mais difundida é a internação. Anciãos vão
para uma casa de repouso; os loucos são conduzidos a um hospital
psiquiátrico; os alcoólatras e viciados em drogas se tratam em clínicas
especializadas. Ladrões e traficantes são destinados ao cárcere. [...] A
segunda função da prisão é redução da impotência. Para a sociedade
produtiva, não é suficiente colocar os “improdutivos” em uma
instituição fechada. É importante que não se ouça mais falar deles
para que a deputação tenha bom êxito. É fundamental que o preso
seja reduzido ao silêncio, já que isolado do resto do mundo, qualquer
protesto fica facilmente sufocado, com a máxima facilidade. A
terceira função cárcere é diversiva. Na nossa sociedade são
cometidos inúmeros crimes por pessoas perigosas e que representam
perigo à sociedade. Grosso modo são aquelas ações cometidas por
indivíduos ou grupos de interesses que dispõe de um grande poder:
capacidade poluidora, utilização de mão de obra de maneira nociva
para a saúde dos empregados, produção de coisas que devastam o
ambiente, enfim ações que atingem bens difusos, prejudicando toda
a comunidade. Esses são, de fato, as pessoas mais perigosas

405
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

socialmente. A pena privativa de liberdade, no entanto, destina-se aos


autores de crimes contra a propriedade, delitos nem sempre
relevantes para a comunidade como um todo. Sua função precípua é
chamar a atenção para tais crimes, cujas penas são maiores do que
aquelas capituladas para os fatos criminosos realimente relevantes,
fazendo com que a comunidade não volte sua atenção para aquilo
que é o mais importante. A pena cumpre, pois, o papel de tornar-se
visível. A quarta função é simbólica. [...] É com a entrada no cárcere
que se inicia o processo de estigmatização. A detenção de poucos
simboliza a infalibilidade de muitos. [...] É um método bastante
eficiente de fazer continuar delinquente o delinquente; de reduzi-lo à
impotência. Por fim, a quinta e última função é demonstrar a ação.
O encarceramento é o tipo de sanção com maior impacto e
visibilidade na sociedade. [...] os autores da política moderna
encontram um modo de fazer ver a todos, e em especial àqueles que
trabalham sobre o crime como categoria comportamental, que
alguma coisa está se fazendo a esse propósito; qualquer coisa,
especialmente para que se possam reafirmar a “lei e a ordem”.
Nenhuma outra sanção, senão a prisão, atinge tal objetivo.

Diante de todas essas considerações, podemos observar que a criminologia crítica


foi responsável por repensar o sistema penal e a própria sociedade, apontando para
problemas estruturais e injustiças sistêmicas, o que teve como consequência a construção
de alternativas na busca de uma sociedade mais justa e solidária. Em especial, destaca-se:

406
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a crítica a criminalização quase exclusiva dos pobres e marginalizados, bem como a


denúncia da estigmatização do sistema penal, intensificando a desigualdade social; a
necessidade de o direito penal voltar-se para crimes de vitimização difusa. Também
defendeu a descriminalização de condutas que ofenderiam apenas a moralidade pública e
de ofensividade irrelevante.

Bibliografia

As estatísticas criminais sob um enfoque criminológico crítico. (2007). Teresina. Fonte:


<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9497>
Baratta, A. (2002). Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito
Penal. Revan.
Bitencourt, E. d. (s.d.). Vítima. São Paulo: Universitária de direito.
Calhau, L. B. (2003). Vítima e Direito Penal. Belo Horizonte: Mandamentos.
Calhau, L. B. (2009). Resumo de Criminologia. Niterói: Impetus.
Carvalho, H. V. (1973). Compêndio de criminologia. São Paulo: Bushatsky.
Cervini, R. (2002). Os processos de descriminalização. São Paulo: Revistas dos Tribunais.
Clifford R. Shaw; Henry D. McKay. (1969). Juvenile deliquency and urban areas. Chicago.
Conde, Winfried Hassemer; Francisco Munoz. (2001). Introducción a la Criminologia.
Valencia: TIrant lo Blanch.
Filho, N. S. (2018). Manual Esquemático de Criminologia. São Paulo: Saraiva.
Greco, R. (2005). DIreito Penal do Equilíbrio. Niterói: Impetus.
Joerge de Fgueiredo Dias; Manuel da Costa Andrade. (1997). Criminologia. O Homem
deliquente e a sociedade criminógena. Coimbra: Coimbra.
Johnson, A. G. (1997). Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Luiz Flávio Gomes; Antônio Garcia-Pablos de Molina. (2008). Criminologia. São Paulo:
Revista dos Tribunais.
Mendelsohn, B. (2002). Tiplogias. Centro de Difusion de la Victímologia.
Molina, A. G.-P. (1999). Tratado de Criminologia. Valência: Tirant lo Blanch.
Oliveira, A. S. (1999). A vítima e o direito penal. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Oliveira, E. (2001). Vitimologia e Direito Penal . Forense.

407
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Rosa, P. S. (11 de 11 de 2019). Em que consistem as expressões cifra negra e cifra dourada? Fonte:
Jusbrasil: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1039612/em-que-consistem-as-
expressoes-cifra-negra-e-cifra-dourada-priscila-santos-rosa?ref=serp
Seelig, E. (1957). Manual de Criminologia. Coimbra: Arménio Amado.

Viana, E. (2018). Criminologia. Salvador: Juspodivm.

QUESTÕES SOBRE O TEMA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Constitui um dos objetivos metodológicos da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento
Social) o estudo detalhado da atuação do controle social na configuração da criminalidade. Assinale a
alternativa correta:

a) Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discriminatório gerando
a criminalidade.
b)O labelling approach é uma teoria da criminalidade que se aproxima do paradigma etiológico
convencional para explicar a distribuição seletiva do fenômeno criminal.
c)Para o labelling approach, um sistemático e progressivo endurecimento do controle social penal
viabilizaria o alcance de uma prevenção eficaz do crime.
d)O labelling approach, como explicação interacionista do fato delitivo, destaca o problema hermenêutico
da interpretação da norma penal.
e)O labelling approach surge nos EUA nos anos 80, admitindo a normalidade do fenômeno delitivo e do
delinquente.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Leia o texto a seguir e responda ao que é solicitado.

408
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

“Os irmãos Batista, controladores da JBS, tiveram vantagem indevida de quase R$73 milhões com a
venda de ações da companhia antes da divulgação do acordo de delação premiada que veio a público em
17/05/2017, conforme as conclusões do inquérito da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O caso
analisa eventual uso de informação privilegiada e manipulação de mercado por Joesley e Wesley Batista,
e quebra do dever de lealdade, abuso de poder e manipulação de preços pela FB Participações”. (Jornal
Valor Econômico, 13/08/2018):

Com relação à criminalidade denominada de colarinho branco, pode-se afirmar que a teoria da associação
diferencial.

a)sustenta como causa da criminalidade de colarinho branco a proposição de que o criminoso de hoje era
a criança problemática de ontem.
b)entende que o delito é derivado de anomalias no indivíduo podendo ocorrer em qualquer classe social.
c)sustenta que o crime está concentrado na classe baixa, sendo associado estatisticamente com a pobreza.
d)sustenta que a aprendizagem dos valores criminais pode acontecer em qualquer cultura ou classe social.
e)enfatiza os fatores sociopáticos e psicopáticos como origem do crime da criminalidade de colarinho
branco.

03 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Uma informação confiável e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é
imprescindível, tanto para formular um diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos
programas de prevenção. Assinale a alternativa correta:

a)A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A


criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico.

409
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A cifra negra
corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e econômico.
c)A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A cifra negra
corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de rua.
d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A cifra negra
corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao conhecimento das corregedorias.
e)A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de rua.

04 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


O pensamento criminológico moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho
funcionalista (denominada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho
argumentativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:

a)São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria
da subcultura do delinquente e a teoria do etiquetamento.
b)São exemplos de teorias do conflito a teoria de associação diferencial a teoria da anomia, a teoria do
etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
c)São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria
da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.
d)São exemplos da teoria do consenso a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia, a teoria do
etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
e)São exemplos da teoria do conflito a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria da
anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

410
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

05 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Os modelos sociológicos contribuíram decisivamente para um conhecimento realista do problema
criminal demonstrando a pluralidade de fatores que com ele interagem. Leia as afirmativas a seguir, e
marque a alternativa INCORRETA:

a)As teorias conflituais partem da premissa de que o conflito expressa uma realidade patológica da
sociedade sendo nocivo para ela na medida em que afeta o seu desenvolvimento e estabilidade.
b) As teorias ecológicas partem da premissa de que a cidade produz delinquência, valendo-se dos
conceitos de desorganização e contágio social inerentes aos modernos núcleos urbanos.
c)As teorias subculturais sustentam a existência de uma sociedade pluralista com diversos sistemas de
valores divergentes em torno dos quais se organizam outros tantos grupos desviados.
d)As teorias estrutural-funcionalistas consideram a normalidade e a funcionalidade do crime na ordem
social, menosprezando o componente biopsicopatológico no diagnóstico do problema criminal.
e)As teorias de aprendizagem social sustentam que o comportamento delituoso se aprende do mesmo
modo que o individuo aprende também outras atividades lícitas em sua interação com pessoas e grupos.

06 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Criminologia Crítica contempla uma concepção conflitual da sociedade e do Direito. Logo, para a
criminologia crítica, o conflito social.

a)se produz entre as pautas normativas dos diversos grupos sociais, cujas valorações são discrepantes.
b)é funcional porque assegura a mudança social e contribui para a integração e conservação da ordem e
do sistema.
c)é um conflito de classe sendo que o sistema legal é um mero instrumento da classe dominante para
oprimir a classe trabalhadora.
d)representa a própria estrutura e dinâmica da mudança social, sendo o crime produto normal das tensões
sociais.

411
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e)expressa uma realidade patológica inerente a ordem social.

07 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte.

A pesquisa criminológica científica visa evitar o emprego da intuição ou de subjetivismos no que se refere
ao ilícito criminal, haja vista sua função de apresentar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o
delito.

( ) Certo ( ) Errado

08 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Em seu início, a sociologia criminal buscava associar a gênese delituosa a fatores biológicos.
Posteriormente, ela passou a englobar as chamadas teorias macrossociológicas, que não se limitavam à
análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas consideravam a sociedade
como um todo.

Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.

As teorias sociológicas de consenso vinculam-se a orientações ideológicas e políticas progressistas. Essas


teorias consideram que os objetivos da sociedade são atingidos quando as instituições funcionam e os
indivíduos, que dividem os mesmos valores, concordam com as regras de convívio.

( ) Certo ( ) Errado

09 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte.

412
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Na inter-relação entre o direito penal, a política criminal e a criminologia, compete a esta facilitar a
recepção das investigações empíricas e a sua transformação em preceitos normativos, incumbindo-se de
converter a experiência criminológica em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias.

( ) Certo ( ) Errado

10 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.

Relacionada a movimentos conservadores e a orientações políticas também conservadoras, a teoria


sociológica do conflito considera que a harmonia social advém da coerção e do uso da força, pois as
sociedades estão sujeitas a mudanças contínuas e são predispostas à dissolução.

( ) Certo ( ) Errado

11 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.

Na perspectiva macrossociológica, o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:


a das teorias de consenso e a das teorias de conflito.

( ) Certo ( ) Errado

12 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia.

413
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir
suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu
próprio interesse.

( ) Certo ( ) Errado

13 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia.

Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente nato


possuidor de uma série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganização social.

( ) Certo ( ) Errado

14 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Tendo a obra O Homem Deliquente, de Cesare Lombroso (1836-1909), como fundante da Criminologia
surgida a partir da segunda metade do século XIX, verifica-se que, segundo a sistematização realizada por
Enrico Ferri (1856-1929), o pensamento criminológico positivista assenta-se, dentre outras, na tese de
que

a)o livre arbítrio é um conceito chave para o direito penal.


b)os chamados delinquentes poderiam ser classificados como loucos, natos, morais, passionais e de
ocasião.
c)a defesa social é tomada como o principal objetivo da justiça criminal.

414
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)a responsabilidade social, tida como clássica, deveria ser substituída pela categoria da responsabilidade
moral para a imputação do delito.
e)a natureza objetiva do crime, mais do que a motivação, deve ser base para medida da pena.

15 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Para a criminologia positivista, a criminalidade é uma realidade ontológica, pré-constituída ao direito
penal, ao qual cabe tão somente reconhecê-la e positivá-la. Neste sentido, tem-se o seguinte:

a)Em seus primeiros estudos, Cesare Lombroso encontrou no atavismo uma explicação para relacionar
a estrutura corporal ao que chamou de criminalidade habitual.
b)A periculosidade, ou temeritá, tal como conceituada por Enrico Ferri, foi definida como a perversidade
constante e ativa a recomendar que esta, e não o dano causado, a medida de proporcionalidade de
aplicação da pena.
c)Para Raffaele Garófalo (1851-1934), a defesa social era a luta contra seus inimigos naturais carecedores
dos sentimentos de piedade e probidade.
d)Nos marcos do pensamento criminológico positivista, Enrico Ferri, embora discípulo de Lombroso,
abandonou a noção de criminalidade centrada em causas de ordem biológica, passando a considerar como
centrais as causas ligadas à etiologia do crime, sendo estas: as individuais, as físicas e as sociais.
e)Enrico Ferri e Cesare Lombroso, recorrendo à metáfora da guerra contra o delito, sustentaram a
possibilidade de aplicação das penas de deportação ou expulsão da comunidade para aqueles que
carecessem do sentido de justiça ou o tivessem aviltado.

16 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre o labelling approach e sua influência sobre o pensamento criminológico do século XX, constata-
se que

a)a criminalidade se revela como o processo de anteposição entre ação e reação social.

415
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)recebeu influência decisiva de correntes de origem fenomenológica, tais como o interacionismo


simbólico e o behaviorismo.
c)o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.
d)parte dos conceitos de conduta desviada e reação social como termos independentes para determinar
que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta.
e)no processo de criminalização seletiva o funcionamento das agências formais de controle mostra-se
autossuficiente e autorregulado.

17 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre a Criminologia, desde a perspectiva de seu conceito, métodos e objetos, tem-se o seguinte:

a)A partir dos estudos culturais (cultural studies), a criminologia clínica resgata os estudos do labelling
approach.
b)Os estudos culturais (cultural studies) permitiram o desenvolvimento da chamada criminologia cultural,
responsável pela classificação pormenorizada de grupos desviantes, tais como punks ou grafiteiros.
c)As vertentes criminológicas abarcadas sob a terminologia de saber criminológico pós-crítico, ainda que
assim possam ser denominadas enquanto legatárias da criminologia crítica, mantêm-se atreladas ao
projeto científico de um sistema universal de compreensão do crime.
d)Os estudos realizados por Howard Becker sobre grupos consumidores de maconha, na década de 50,
nos Estados Unidos, deram origem à perspectiva criminológica cultural, por meio da qual é possível
compreender a dimensão patológica do uso de drogas para os fins da intervenção estatal preventiva e
também repressiva sobre tráfico de entorpecentes.
e)A primeira referência teórica e metodológica para a realização de estudos criminológicos sobre formas
de ativismo político urbano identificados com o chamado movimento punk é a obra Outsiders: studies
in the sociology of deviance (Outsiders: estudo de sociologia do desvio), de Howard Becker, a partir dos
estudos que realiza entre grupos consumidores de maconha e músicos de jazz, na década de 50, nos
Estados Unidos.

416
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

18 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


No que concerne às Escolas Penais, é correto afirmar que a

a)“Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido defendida por
Feuerbach.
b)“Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.
c)“Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma escolha
errada, concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri.
d)“Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por Carmignani.
e)“Positiva” nasce em contraposição às ideias de Lombroso, defende o naturalismo-racional e tem em
Garofalo um de seus doutrinadores.

19 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


“Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime,
da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime
– contemplado este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas
de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos
modelos ou sistemas de resposta ao delito”. Esta apresentação ao conceito de Criminologia apresenta,
desde logo, algumas das características fundamentais do seu método (empirismo e interdisciplinaridade),
antecipando o objeto (análise do delito, do delinquente, da vítima e do controle social) e suas funções
(explicar e prevenir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta
ao crime).
MOLINA, Antônio G.P.; GOMES, Luiz F.; Criminologia; 6. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais. p. 32.

Sobre o método, o objeto e as funções da criminologia, considera-se:

417
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I. A luta das escolas (positivismo versus classicismo) pode ser traduzida como um enfrentamento entre
adeptos de métodos distintos; de um lado, os partidários do método abstrato, formal e dedutivo (os
clássicos) e, de outro, os que propugnavam o método empírico e indutivo (os positivistas).
II. Uma das características que mais se destaca na moderna Criminologia é a progressiva ampliação e
problematização do seu objeto.
III. A criminologia, como ciência, não pode trazer um saber absoluto e definitivo sobre o problema
criminal, senão um saber relativo, limitado, provisional a respeito dele, pois, com o tempo e o progresso,
as teorias se superam.

Estão CORRETAS as assertivas indicadas em:

a)I e II, apenas.


b)I e III, apenas.
c)I, II e III.
d)II e III, apenas.

20 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


“A criminologia contemporânea, dos anos 30 em diante, se caracteriza pela tendência a superar as teorias
patológicas da criminalidade, ou seja, as teorias baseadas sobre as características biológicas e psicológicas
que diferenciariam os sujeitos ‘criminosos’ dos indivíduos ‘normais’, e sobre a negação do livre arbítrio,
mediante um rígido determinismo. Essas teorias eram próprias da criminologia positivista que, inspirada
na filosofia e na psicologia do positivismo naturalista, predominou entre o final do século passado e
princípios deste.”
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do
Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 29. (Coleção Pensamento
Criminológico)

418
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Numere as seguintes assertivas de acordo com a ideia de criminologia que representam, utilizando (1)
para a criminologia positivista e (2) para a escola liberal clássica do direito penal.

( ) Assumia uma concepção patológica da criminalidade.


( ) Considerava a criminalidade como um dado pré-constituído às definições legais de certos
comportamentos e certos sujeitos.
( ) Não considerava o delinquente como um ser humano diferente dos outros.
( ) Objetivava uma política criminal baseada em princípios como os da humanidade, legalidade e utilidade.
( ) Pretendia modificar o delinquente.

A sequência que expressa a associação CORRETA, de cima para baixo, é:

a)1, 1, 2, 2, 1.
b)1, 2, 1, 2, 2.
c)2, 2, 1, 1, 1.
d)2, 1, 2, 2, 2.

Respostas: 01: A 02: D 03: E 04: C 05: A 06: C 07: C 08: E 09: E 10: E 11: C 12: C 13: E 14:
C 15: C 16: C 17: E 18: B 19: C 20: A

419
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

META 06 - ASSERTIVAS CORRETAS:

DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

01 - 2019 - IESES - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros


Acerca do delito de associação criminosa, do art. 288 do Código Penal, é correto afirmar:

d) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes,
consumando-se independentemente de prévia condenação de quaisquer de seus membros pela prática de
quaisquer dos crimes para os quais a associação foi estabelecida.

02 - 2019 - CESPE - Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Municipal


José, de sessenta e nove anos de idade, fiscal de vigilância sanitária municipal, viúvo e único
responsável pelos cuidados de seu filho, de onze anos de idade, foi denunciado à polícia por comerciantes
que alegavam que o referido fiscal lhes solicitava dinheiro para que não fossem por ele autuados por
infração à legislação sanitária. Durante investigação conduzida por autoridade policial em razão dessa
denúncia, foi deferida judicialmente interceptação da comunicação telefônica de José.
Nesse ato, evidenciou-se, em uma degravação, que José havia solicitado certa quantia em dinheiro
a um comerciante, Pedro, para não interditar seu estabelecimento comercial, e que José havia combinado
encontrar-se com Pedro para realizarem essa transação financeira. Na interceptação, foram captadas,
ainda, conversas em que José e outros quatro fiscais não identificados discutiam a forma de solicitar
dinheiro a comerciantes, em troca de não autuá-los, e a repartição do dinheiro que seria obtido com isso.
No dia combinado, Pedro encontrou-se com José, e, pouco antes de entregar-lhe o dinheiro que
carregava consigo, policiais que haviam instalado escuta ambiental na sala do fiscal mediante autorização
judicial prévia deram voz de prisão em flagrante a José, conduzindo-o, em seguida, à presença da
autoridade policial.

420
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Em revista pessoal, foi constatado que José portava três cigarros de maconha. Questionado, o
fiscal afirmou ter comprado os cigarros de um estrangeiro que trazia os entorpecentes de seu país para o
Brasil e os revendia perto da residência de José. A autoridade policial deu andamento aos procedimentos,
redigiu o relatório final do inquérito policial e o encaminhou à autoridade competente.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Caso José seja denunciado pelo crime de associação criminosa, ele poderá valer-se, antes ou após a
prolação da sentença, da colaboração premiada para identificar os demais fiscais que participaram do
delito. Se a colaboração for posterior à sentença, será admitida a progressão de regime prisional ao
colaborador, ainda que ausentes os requisitos objetivos para a sua concessão.

03 - 2019 - NC-UFPR - TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros


“O conceito de bem jurídico é bastante recente no Direito Penal, apontando-se o século XIX como o
ponto de partida. (RANGEL; BACILA, 2015). Bem jurídico, portanto, é um interesse relevante tutelado
pelo direito. É um bem jurídico tutelado no delito de Associação Criminosa previsto no artigo 288 do
Código penal:

d) paz pública.

04 - 2018 - FCC - DPE-MA - Defensor Público


Sobre o crime de associação criminosa é correto afirmar que

b)exige a demonstração do elemento subjetivo especial consistente no ajuste prévio entre os membros
com a finalidade específica de cometer crimes indeterminados.

05 - 2018 - FCC - DPE-RS - Defensor Público

421
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Em cumprimento a mandado de busca e apreensão em galpão mantido por João, Geraldo e Cleodomir
− que inclusive se encontravam em reunião no local quando da ação policial −, foram apreendidos
diversos cadernos em que os três preparavam a abertura e a contabilidade de uma central de jogos de
azar, bem como panfletos de propaganda das atividades que ali se iniciariam em uma semana, além de
mais de 20 máquinas caça-níqueis.

Nesse caso, a conduta dos agentes

b)não é penalmente relevante.

06 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia Civil


Aquele que faz, publicamente, apologia de fato criminoso pratica

c)crime de “apologia de crime”.

08 - 2018 - CESPE - ABIN - Agente de inteligência


Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a paz pública.

Os tipos penais definidos como incitação ao crime e apologia de crime são espécies de crimes contra a
paz pública.

09 - 2018 - FUNDATEC - DPE-SC - Analista Técnico


Assinale a alternativa correta em relação aos crimes contra a paz pública.

a)A incitação ao crime, nos termos do artigo 286 do CP, destina-se ao estímulo de um número
indeterminado de pessoas à prática de crime determinado e futuro, sendo que a apologia ao crime e ao
criminoso, nos termos do artigo 287 do CP, diz respeito ao delito passado, haja vista que se faz
publicamente elogio ou exaltação a fato criminoso ou a autor de crime.

422
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

10 - 2017 - FMP Concursos - MPE-RO - Promotor de Justiça


Em relação ao crime de constituição de milícia privada (artigo 288-A do Código Penal), assinale a
alternativa CORRETA:

d)Em que pese o fato de o tipo penal não exigir um número mínimo de participantes, tampouco os
requisitos da estabilidade e da permanência, a doutrina e a jurisprudência têm sustentado que a quantidade
mínima de 3 (três) pessoas, além da estabilidade e da permanência, são requisitos ínsitos ao tipo do artigo
288-A do Código Penal, tal como sucede em relação ao artigo 288 do mesmo diploma legal.

11 - 2017 - MPE-RS - MPE-RS - Promotor de Justiça


Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) os enunciados abaixo.

( ) Os crimes definidos no Código Eleitoral são exclusivamente dolosos. Em alguns deles, no preceito
secundário, não há previsão da pena mínima em abstrato, somente a cominação da sanção máxima
aplicável. Em tais circunstâncias, a pena mínima será de 15 dias para a pena de detenção e de um (1) ano
para a de reclusão.
( ) A corrupção eleitoral, em sua modalidade ativa, é crime comum e de conduta livre, direcionada a
eleitor determinado ou determinável, que abrange a compra do voto, no que se incluem o voto em branco
e o voto nulo, e a compra da abstenção ou promessa de abstenção de voto.
( ) Crime de perigo abstrato, a associação criminosa, diferentemente do crime de milícia privada, exige
o ajuntamento mínimo de três pessoas, ainda que nem todas se conheçam reciprocamente, para o fim
específico de cometimento de crimes, no plural, embora não seja necessário que estes efetivamente
ocorram. O abandono ou voluntário recesso de qualquer associado não o eximirá de pena, e se a sua
retirada fizer descer o quorum mínimo, cessará a permanência, mas não se apagará o crime, devendo
todos os associados responder pelo delito. A tentativa é inadmissível.

423
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

( ) Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la, previsto no art. 244-B do ECA, realizável também por quaisquer meios
eletrônicos, inclusive sala de bate-papo na internet, é crime formal.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

e)V – F – V – V.

12 - 2017 - CESPE - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária


Antônio e mais três pessoas, todas desempregadas, reuniram-se no intuito de planejar e executar crimes
de roubos armados a carros-fortes.
Nessa situação hipotética, a conduta de Antônio

e)configura crime de associação criminosa, ainda que os agentes sejam quatro e a pena máxima prevista
para a prática do crime de roubo seja superior a quatro anos.

13 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


O CP, em seu art. 14, assevera que o crime estará consumado quando o fato reunir todos os elementos
da definição legal. Para tanto, necessária será a realização de um juízo de subsunção do fato à lei. Acerca
do amoldamento dos fatos aos tipos penais, assinale a opção correta.

a)A conduta de constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia
particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos no CP
configura crime contra a paz pública, sendo considerada como crime vago, uma vez que o sujeito passivo
é a coletividade.

14 - 2016 - CESPE - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária

424
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Acerca dos crimes contra a fé pública e dos crimes praticados por associações ou organizações
criminosas, assinale a opção correta.

c)A estabilidade e a permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para
a prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-
se essa do simples concurso eventual de pessoas para realizaram uma ação criminosa.

15 - 2015 - FCC - TJ-PI - Juiz de Direito


Segundo a nova redação do art. 288 do Código Penal, conferida pela Lei n° 12.850/13, o crime de
associação criminosa

c)deve ter a pena aumentada até a metade, se houver a participação de criança ou adolescente, não
retroagindo tal disposição.

16 - 2015 - CESPE - TJ-PB - Juiz de Direito


No que se refere aos crimes contra a paz pública, assinale a opção correta.

b)No crime de associação criminosa, incide causa de aumento de pena o fato de a associação ser armada
ou haver participação de criança ou de adolescente.

17 - 2015 - FCC - TCM-RJ - Procurador


A respeito do art. 286 do Código Penal: incitar, publicamente, a prática de crime, considere:

I. O incitamento genérico para delinquir não caracteriza o crime em questão.


II. É indispensável que o agente faça referência ao meio para executar o delito.
III. A defesa de tese sobre a possibilidade da prática da eutanásia configura o crime em questão.
IV. O crime se consuma com a prática do delito pelas pessoas que foram instigadas.

425
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Está correto o que se afirma APENAS em

d)I.

18 - 2014 - FUNDEP (Gestão de Concursos) - DPE-MG - Defensor Público


O art. 288 do Código Penal, com a redação dada pela Lei nº 12.805/2013, define o crime de associação
criminosa como associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.

A consumação de tal delito ocorrerá

c)quando, independentemente da prática de qualquer crime é demonstrada apenas a pretensão de


habitualidade.

19 - 2014 - VUNESP - TJ-SP - Juiz de Direito


Assinale a opção verdadeira. No Direito brasileiro posto, é elemento do tipo penal da Associação
Criminosa:

b)Possuir ao menos três pessoas.

20 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que se refere aos crimes contra a paz pública, assinale a alternativa INCORRETA

e)O crime de constituição de milícia privada não exige, para sua configuração, um elemento subjetivo
especial, podendo a prática recair sobre qualquer crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro.

21 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia


De acordo com a atual redação do artigo 288 do Código Penal, o crime de “associação criminosa" estará
configurado quando se associarem:

426
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.

22 - 2014 - UFES - UFES - Técnico de Laboratório - Análises Clínicas


NÃO constitui crime contra a fé pública:

c)associação criminosa.

23 - 2014 - CESPE - TCE-PB - Procurador


A respeito de crimes contra a paz, a fé e a administração públicas, assinale a opção correta conforme o
CP.

e)A prática de falsificar papel de crédito público que não tenha curso legal sujeita o agente à pena de
reclusão de dois a oito anos e multa.

24 - 2013 - CESPE - TJ-ES - Titular de Serviços de Notas e de Registros


Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada, acerca de crimes contra a fé pública, contra a incolumidade pública e contra a paz pública.
Assinale a opção em que a assertiva está correta.

e)Armando, penalmente imputável, visando instruir processo seletivo para determinado cargo público,
falsificou diploma de conclusão de curso superior de uma universidade federal, entretanto, na fase de
apresentação de documentos, desistiu da seleção e não apresentou o diploma. Nessa situação, ainda que
não tenha apresentado o documento, Armando responderá pela prática do crime de falsificação de
documento público.

25 - 2013 - FDRH - PC-RS - Escrivão de Polícia Civil


Considere as seguintes afirmações, acerca de questões criminais no Direito Penal.

427
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I - É muito comum na entrada dos estádios de futebol, principalmente em grandes jogos, a presença de
pessoas popularmente conhecidas como cambistas, ou seja, sujeitos que vendem ingressos para o evento
esportivo por preço superior ao estampado no bilhete oficial. Às vésperas da realização de uma Copa do
Mundo no Brasil, o país ainda não conta com um tipo penal específico para criminalizar esse tipo de
conduta.
II - O homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, é
conduta que já encontra previsão específica quanto à tipicidade no ordenamento penal brasileiro vigente.
III - A exigência de cheque-caução, nota promissória ou qualquer outra garantia como pressuposto para
o atendimento médico-hospitalar de emergência, independentemente do resultado naturalístico
produzido, configura infração administrativa, porém não configura crime por falta de previsão legal.
IV O crime de poluição é um dos mais graves contra o meio ambiente: “Causar poluição de qualquer
natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora." Então, o caput do artigo 54. da Lei n°
9.605/98, consiste em um crime de dano ou de perigo à saúde humana e, necessariamente, de dano à
fauna e à flora.

Quais estão corretas?

d)Apenas a II e a IV.

26 - 2013 - CESPE - MPE-RO - Promotor de Justiça


No que se refere aos crimes contra a paz pública, a fé pública e a administração pública, assinale a opção
correta.

c)Não cometerá o crime de falsidade ideológica o indivíduo que deixar de declarar a verdade para a
formação de documento, se o servidor público que receber a declaração estiver adstrito a averiguar,
propiis sensibus, a veracidade desta

428
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

27 - 2012 - CETRO - TJ-RJ - Titular de Serviços de Notas e de Registros


No que concerne ao ato de fazer apologia a crime ou criminoso, descrito na legislação penal, nos termos:
“Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”, é correto afirmar que

a)a tentativa é teoricamente possível, desde que o meio de fazer apologia não seja o oral.

28 - 2007 - TJ-DFT - TJ-DFT - Juiz de Direito


Assinale a alternativa correta:
b)O vínculo estável entre agentes com a finalidade da prática de uma série indeterminada de crimes
consuma o delito de associação ao tráfico, independentemente da prática de qualquer realização concreta
de tráfico ou financiamento ao tráfico de entorpecente, evidenciando o caráter autônomo e formal do
delito associativo.

29 - 2016 - VUNESP - Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Procurador Jurídico


No que se refere ao crime de associação criminosa (CP, art. 288), é correto afirmar que

d)se configura mediante a associação de 3 (três) ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes.

DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


No dia 09/07/2017, Henrique foi parado em uma fiscalização da Operação Lei Seca. Após solicitar a
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Henrique, o policial militar que participava da operação
suspeitou do documento apresentado. Procedeu então à verificação na base de dados do DETRAN e
confirmou a suspeita, não encontrando o número de registro que constava na CNH, embora as demais
informações (nome e CPF), a respeito de Henrique, estivessem corretas. Questionado pelo policial,

429
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Henrique confessou que havia adquirido o documento com Marcos, seu vizinho, que atuava como
despachante, tendo pago R$ 2.000,00 pelo documento. Afirmou ainda que sequer havia feito prova no
DETRAN. Acrescente-se que, durante a instrução criminal, ficou comprovado que, de fato, Henrique
obteve o documento de Marcos, sendo este o autor da contrafação. Além disso, foi verificado por meio
de perícia judicial que, no estado em que se encontra o documento, e em face de sua aparência, pode
iludir terceiros como se documento idôneo fosse. Logo, pode-se afirmar que a conduta de Henrique se
amolda ao crime de

b)uso de documento falso, previsto no art. 304 do Código Penal.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Marque a alternativa correta do ponto de vista legal.

e)No crime de Falsa Identidade, o agente não apresenta nenhum documento de identidade para se
identificar.

03 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item seguinte, relativos a institutos complementares do direito empresarial, teoria geral dos
títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e recuperação empresarial.

Os livros comerciais, os títulos ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-se, para fins
penais, a documento público, sendo a sua falsificação tipificada como crime.

04 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


De acordo com a lei, a doutrina e a jurisprudência dos Tribunais Superiores, analise as situações
hipotéticas a seguir:

430
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

I. Larapius foi preso em flagrante pela prática de um crime de roubo. Ao ser apresentado na Delegacia
de Polícia para ser autuado, atribui-se identidade falsa. Nessa hipótese, de acordo com o entendimento
do Superior Tribunal de justiça, estará cometendo o crime de falsa identidade.
II. Isolda, ao chegar no edifício aonde reside, chamou de “Matusalém” o porteiro Agostinho, 72 anos de
idade, porque ele demorou para abrir o portão. Isolda praticou o crime de injúria qualificada, art. 140,
parágrafo 3º do Código Penal e agravada pelo fato de ter sido praticada contra idoso.
III. Padarício, visando obter vantagem econômica para si, adulterou a balança de pesagem de produtos
de sua padaria. Alguns meses depois, fiscais estiveram no estabelecimento comercial e constataram a
fraude. Nesse caso, o Delegado de Polícia deverá indiciar Padarício pelo crime de estelionato.
IV. Na farmácia de Malaquias, durante fiscalização, foi constatado que havia medicamentos em depósito,
para venda, de procedência ignorada. Nesse caso, Malaquias poderia ser enquadrado em crime contra a
saúde pública, porém de acordo com o Superior Tribunal de Justiça, a pena prevista para esse crime,
reclusão de dez a quinze anos e multa, seria desproporcional e, portanto, não poderia ser aplicada.

Quais estão corretas?

c)Apenas I e IV.

05 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


O crime de falsidade de atestado médico:

d)é uma forma de falsidade ideológica, tipificado de forma autônoma devido à especialidade.

06 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Durante a instrução de determinado processo judicial, foi comprovada falsificação da escrituração em
um dos livros comerciais de uma sociedade limitada, em decorrência da criação do chamado “caixa dois”.
A sentença proferida condenou pelo crime apenas o sócio com poderes de gerência.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

431
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b)Na situação, configura-se crime de falsificação de documento público.

07 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Etevaldo, depois de ingressar na posse de uma carteira de habilitação pertencente a outrem, aproveitando-
se de sua semelhança fisionômica para com o titular do documento, adultera o nome ali constante,
substituindo-o pelo seu. Considerando que a adulteração não era perceptível ictu oculi e que o autor
pretendia utilizar o documento para conduzir irregularmente veículo automotor, é correto afirmar que
Etevaldo cometeu crime de:

a)falsificação de documento publico.

08 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que se refere aos crimes contra a fé pública, assinale a alternativa INCORRETA.

e)A denominada “cola eletrônica” consistente na utilização de conteúdo sigiloso em certames de interesse
público não pode ser considerada crime.

09 - 2014 - Aroeira - PC-TO - Delegado de Polícia


A falsificação de cartão de crédito ou de débito da Caixa Econômica Federal configura o crime de:

c)falsificação de documento particular.

10 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


“X”, valendo-se de um documento de identidade falsificado, consegue abrir uma conta corrente no Banco
do Brasil com a finalidade de lavar dinheiro. O bem jurídico tutelado no crime praticado por “X” é(são)

d)a fé pública.

432
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

13 - 2013 - COPS-UEL - PC-PR - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, afirmações quanto ao crime de falsidade ideológica
tipificado no Art. 299 do Código Penal.

d)No crime de falsidade ideológica de documento público, as condutas de omitir ou inserir demandam a
participação de funcionário público na condição de sujeito ativo.

14 - 2013 - FUNCAB - PC-ES - Delegado de Polícia


Túlio, em razão de seu casamento com Maria, declarou no cartório de registro de pessoas naturais que
era divorciado, sendo o matrimônio com Maria consumado. Entretanto, Túlio era casado com Claudia,
mas estavam separados de fato há muitos anos. Serviram como testemunhas Joana e Paulo, primos de
Túlio, que tinham conhecimento do casamento e da separação de fato deste com Claudia. Assim pode-
se afirmar:

I. Houve o crime de falsidade ideológica praticado por Túlio, mas que restará absorvido pelo princípio
da especialidade.
II. Trata-se de crime próprio, sendo coautores Joana e Paulo, primos de Túlio.
III. A anulação do casamento de Túlio com Claudia pelo motivo da bigamia, tornaria inexistente o crime
de bigamia.
IV. O objeto material desse crime é Claudia.

Indique a opção que contempla a(s) assertiva(s) correta(s).

c)II, apenas.

15 - 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia

433
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Entre as hipóteses a seguir consignadas, assinale aquela que corresponde a crime de falsidade ideológica
(art. 299 do CP).

e)A fim de auxiliar uma amiga a contratar financiamento para aquisição de eletrodomésticos, Alberico,
sócio-gerente em uma empresa têxtil, valendo-se de sua posição, assina declaração afirmando que tal
pessoa trabalha de forma remunerada naquele estabelecimento empresarial, o que não condiz coma
realidade.

16 - 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia


Walter, motoboy de uma farmácia, após receber de um cliente um cheque de R$ 20,00, entrega ao
estabelecimento a quantia em espécie, mantendo-se na posse do título. Em seguida, o adultera,
modificando o valor original para R$ 2.000,00. De posse do documento adulterado, vai até o banco para
descontá-lo, mas o gerente, percebendo a fraude, liga para a Delegacia da área, alertando sobre o fato.
Ao perceber a chegada da viatura, Walter deixa apressadamente a instituição financeira, abandonando,
no local, o título falsificado. Nesse contexto, é correto afirmar que a conduta de Walter:

a)configura crime de estelionato, na forma tentada, pois o delito foi interrompido por circunstâncias
alheias à sua vontade.

17 - 2011 - CESPE - PC-ES - Delegado de Polícia


Acerca das disposições constitucionais e legais aplicáveis ao processo penal, julgue os itens a seguir.

Em crimes de moeda falsa, a jurisprudência predominante do STF é no sentido de reconhecer como bem
penal tutelado não somente o valor correspondente à expressão monetária contida nas cédulas ou moedas
falsas, mas a fé pública, a qual pode ser definida como bem intangível, que corresponde, exatamente, à
confiança que a população deposita em sua moeda.

18 - 2010 - FGV - PC-AP - Delegado de Polícia

434
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Relativamente ao tema dos crimes contra a fé pública, analise as afirmativas a seguir.

I. O crime de atestado médico falso só é punido com detenção se há intuito de lucro.


II. A simples posse de qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda constitui crime
punido com pena de reclusão.
III. A reprodução ou alteração de selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção constitui modalidade
criminosa, independentemente dessa reprodução ou a alteração estar visivelmente anotada no verso do
selo ou peça.

Assinale:

b)se somente a afirmativa II estiver correta.

DIREITO PROCESSUAL PENAL: LIBERDADE PROVISÓRIA, FIANÇA E


QUESTÕES PREJUDICIAIS, EMENDATIO E MUTATIO LIBELI

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Lei nº 12.403/2011 inseriu no ordenamento jurídico brasileiro as medidas cautelares diversas da prisão,
de forma que a privação da liberdade fosse considerada como medida cautelar excepcional. Assim,
assinale qual a alternativa correta a respeito desse instituto.

b)A audiência de custódia ainda não está regulamentada por lei no Brasil. A concretude desse instinto se
deu em razão da previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos e por ato normativo do CNJ.

02 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.

435
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

A inafiançabilidade nos casos de crimes hediondos não impede a concessão judicial de liberdade
provisória, impedindo apenas a concessão de fiança como instrumento de obtenção dessa liberdade.

03 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o adolescente
e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue o item que se segue.

O crime de estupro praticado contra criança ou adolescente é insuscetível de fiança.

06 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Segundo o Código de Processo Penal, é cabível a prisão domiciliar, em substituição à prisão preventiva,
quando o agente for:

e)homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até doze anos de idade incompletos.

07 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Quando o inquérito policial é instaurado a partir de um auto de prisão em flagrante delito, diz-se haver:

e)notitia criminis de cognição coercitiva.

08 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Impor-se-á prisão em flagrante:

d)à pessoa flagrada na prática de crime de furto simples de coisa avaliada em R$ 50,00 (cinquenta reais).

09 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre a prisão, tem-se o seguinte:

436
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)Nos crimes hediondos, a prisão temporária tem, em regra, a duração de trinta dias.

10 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Em relação à prisão em flagrante, assinale a alternativa correta.

d)A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade policial do local em que
ocorrer a prisão-captura, mesmo que esta se dê em local diverso do da prática do crime.

11 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


A prisão temporária é cabível

a)quando imprescindível para as investigações do inquérito policial nos crimes, entre outros, de latrocínio
e epidemia com resultado morte, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.

12 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Caio está sendo processado criminalmente pela prática de crime de furto e em sua resposta alega ser
improcedente a acusação, uma vez que discute na seara cível, em ação por ele proposta, a ilegitimidade
da posse da res pela suposta vítima.
Considerando a situação retratada, assinale a alternativa correta.

c)O juiz criminal pode resolver, incidenter tantum, a questão da posse sem que seja necessária a suspensão
da ação penal.

13 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Sobre o regime jurídico da liberdade provisória, é CORRETO afirmar:

437
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da classificação do delito tido, inicialmente, como
afiançável.

14 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


No que diz respeito à prisão em flagrante e à prisão preventiva, é CORRETO afirmar:

b)A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante.

15 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Como alternativa à prisão, o legislador contemplou outras medidas cautelares. Dentre esse rol, qual não
corresponde a uma medida cautelar diversa da prisão?

a)Comparecimento periódico em juízo, até o dia 10 (dez) de cada mês e nas condições fixadas pelo juiz,
para informar e justificar atividades.

16 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Acerca da disciplina sobre prisão e liberdade, assinale a alternativa correta.

b)Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

17 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


João foi atuado em flagrante delito pelo crime de receptação dolosa de animal (Art. 180-A, CP) na Região
da Campanha Estado do Rio Grande do Sul. Em sua propriedade, foram encontrados, ocultados, cerca
de 300 semoventes subtraídos de determinada fazenda, demonstrando a gravidade em concreto da ação
do flagrado. Confessado o delito, João referiu que possuía a finalidade de comercializar o gado em
momento posterior. Considerando a prática deste delito e verificadas as condenações anteriores, restou

438
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

caracterizada, com a nova conduta, a reincidência dolosa de João em delitos da mesma espécie. Além
disso, o autuado apresenta extenso rol de maus antecedentes em delitos de receptação. Neste caso,
considerando o Código de Processo Penal, deverá o delegado de polícia:

b)Representar pela prisão preventiva, demonstrando, fundamentadamente, a insuficiência e a


inadequação de outras medidas cautelares diversas da prisão, bem como a presença dos requisitos
autorizadores da segregação cautelar.

18 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Acerca da prisão, medidas cautelares e liberdade, é correto afirmar que:

c)Ausentes os requisitos da prisão preventiva, é cabível liberdade provisória para o crime de tráfico de
drogas.

19 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa correta.

b)A prisão domiciliar poderá ser concedida a homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.

20 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


No que concerne à prisão em flagrante, à prisão temporária e à prisão preventiva, assinale a alternativa
correta, nos estritos termos legais e constitucionais.

b)A primeira pode ser realizada pela autoridade policial, violando domicílio e sem ordem judicial, a
qualquer horário do dia ou da noite.

21 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia

439
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Julgue os próximos itens, relativos a prisão, medidas cautelares e liberdade provisória.

I A concessão da liberdade provisória pela autoridade policial não impede a decretação da prisão
preventiva de ofício pelo juízo, se presentes os seus requisitos.
II Nos crimes hediondos, o tempo da prisão preventiva varia segundo o limite da pena estabelecida para
o tipo penal imputado ao indiciado.
III Aplicada medida cautelar diversa da prisão, será vedado ao juiz substituí-la por outra ou impor nova
medida cumulativamente.
IV Lavrado o auto de prisão em flagrante por crime de estupro, a autoridade policial poderá conceder ao
preso liberdade provisória mediante fiança.

Assinale a opção correta.

a)Apenas o item I está certo.

22 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Considere que, no curso de determinada investigação, a autoridade policial tenha representado ao
competente juízo pela prisão temporária do indiciado. Nessa situação,

d)a prisão não poderá ser decretada após a fase inquisitória da persecução penal.

23 - 2017 - CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores e o posicionamento doutrinário
dominante a respeito de prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, julgue os seguintes itens.

I- A gravidade em abstrato do crime justifica a prisão preventiva com base na garantia da ordem pública,
representando, por si só, fundamento idôneo para a segregação cautelar do réu.

440
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

II- As medidas cautelares pessoais são decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, no
curso da ação penal, ou no curso da investigação criminal, somente por representação da autoridade
policial ou a requerimento do MP.
III- Em razão do sistema processual brasileiro, não é possível ao magistrado determinar, de ofício, a
prisão preventiva do indiciado na fase de investigação criminal ou pré-processual.
IV- A inafiançabilidade dos crimes hediondos e daqueles que lhes são assemelhados não impede a
concessão judicial da liberdade provisória sem fiança.
V- A fiança somente pode ser fixada como contracautela, ou seja, como substituição da prisão em
flagrante ou da prisão preventiva anteriormente decretada.

Estão certos apenas os itens

d)II, III e IV.

24 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


O regime da fiança no Código de Processo Penal, dispõe que

a)o descumprimento de medida cautelar diversa da prisão aplicada cumulativamente com a fiança pode
gerar o quebramento da fiança.

25 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


O Código de Processo Penal dispõe que no regime da prisão preventiva

c)a prisão preventiva decretada por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal possuem relação de cautelaridade com o processo penal.

441
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

26 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


Sobre a prisão em flagrante, é correto afirmar que

e)o auto de prisão em flagrante será encaminhado ao juiz em até 24 horas após a realização da prisão, e,
caso não seja indicado o nome de seu advogado pela pessoa presa, cópia integral para a Defensoria
Pública.

27 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


A prisão domiciliar no processo penal

e)é cabível em caso de pessoa presa que esteja extremamente debilitada em razão de doença grave.

28 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Dentre as atribuições da autoridade policial, está a análise sobre a concessão ou não de fiança e o
respectivo valor nos casos expressos em lei. Dessa forma, consoante às disposições do Código de
Processo Penal vigente, assinale a alternativa correta.

d)Caso a autoridade policial retarde a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la
mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

29 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre direitos e garantias fundamentais,
assinale a alternativa correta.

b)A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa
ocorre situação de flagrante delito.

442
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

30 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


Tendo em vista a correta classificação, considera-se em flagrante delito quem:

b)acaba de cometer a infração penal, ou seja. flagrante próprio.

31 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


No que tange ao procedimento criminal e seus princípios e ao instituto da liberdade provisória, assinale
a opção correta.

e)Ofenderá o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório a defesa que, firmada por
advogado dativo, se apresentar deficiente e resultar em prejuízo comprovado para o acusado.

32 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Será cabível a concessão de liberdade provisória ao indivíduo que for preso em flagrante devido ao
cometimento do crime de

I estelionato;
II latrocínio;
III estupro de vulnerável.

Assinale a opção correta.

c)Todos os itens estão certos.

33 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Com relação à prisão temporária, assinale a opção correta

b)Conforme o STJ, a prisão temporária não pode ser mantida após o recebimento da denúncia pelo juiz.

443
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

34 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Pedro, Joaquim e Sandra foram presos em flagrante delito. Pedro, por ter ofendido a integridade corporal
de Lucas, do que resultou debilidade permanente de um de seus membros; Joaquim, por ter subtraído a
bicicleta de Lúcio, de vinte e cinco anos de idade, no período matutino — Lúcio a havia deixado em
frente a uma padaria; e Sandra, por ter subtraído o carro de Tomás mediante grave ameaça.
Considerando-se os crimes cometidos pelos presos, a autoridade policial poderá conceder fiança a

a)Joaquim somente.

35 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Lei as assertivas a seguir e responda.

I. As duas últimas hipóteses do art. 302 do CPP [...] é perseguido, logo após, pela autoridade em situação
que faça presumir ser autor da infração; [...] é encontrado, logo depois, com instrumentos que façam
presumir ser ele autor da infração] não são flagrante, por isso que o legislador consignou; “considera-se
em flagrante...”. Assim, não se pode permitir que o legislador diminua a garantia constitucional da
inviolabilidade do domicílio, ampliando as situações que não são de verdadeiro flagrante. Assim, o
ingresso no domicílio sem mandado só pode ocorrer diante de flagrante delito efetivo e real, o que exclui
o presumido.
II. A autoridade policial, no âmbito de uma investigação representa pela busca domiciliar apresentando
fundamentos fáticos e jurídicos. O Ministério Público manifesta-se favoravelmente. O juiz defere o pleito
e expede mandado de busca e apreensão. A ordem do juiz só pode ser cumprida durante o dia.
III. Policiais militares amparados em fundadas razões advindas de denúncia anônima que dá notícia de
situação de flagrante delito ingressam de maneira forçada no domicílio sem mandado durante a noite. A
prova é lícita se justificada a posteriori.

As assertivas acima espelham respectivamente:

444
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)l. A interpretação de parte da doutrina sobre a inviolabilidade do domicílio; II. A regência da


Constituição de 1988 sobre a inviolabilidade do domicílio; III. O entendimento firmado, em repercussão
geral, pela maioria dos Ministros do STF.

36 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Diante de um flagrante no qual a autoridade policial capitulou a conduta no art. 306 c/c 303, na forma
do art. 302, §1°, I e III do CTB (Direção sob a influência de álcool, com lesão corporal culposa no
trânsito, sem habilitação e sem prestar socorro), o Delegado de Polícia deixou de arbitrar fiança ao
argumento de que com o concurso de crimes (direção embriagada e lesão corporal culposa no trânsito)
a pena transcendia a 04 anos, não podendo o mesmo concedê-la. Feitas as comunicações da prisão, o
Ministério Público opinou pela conversão do flagrante em preventiva aduzindo que o indiciado
alcoolizado, sem CNH e tendo se evadido, deixa dúvida quanto a ter agido com culpa ou dolo eventual.
Sobre estes fatos, marque a correta.

a)O juiz não pode decretar a prisão por não haver hipótese legal de cabimento, vez que sendo dada pelo
delegado a capitulação de um crime doloso (art. 306 CTB), com pena inferior a 04 anos, somado a um
crime culposo (art. 303 CTB), a pena deste último não pode ser considerada na soma para autorizar a
prisão, o que se extrai do art. 313, I do CPP, ao exigir para a medida extrema a ocorrência de crime doloso
punido com pena superiora 04 anos.

37 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


É correto afirmar:

b)No artigo 387, 2 do CPP, que dispõe que o tempo de prisão preventiva deve ser considerado pelo juiz
ao fixar o regime da penas introduz no ordenamento jurídico uma verdadeira progressão cautelar do
regime. Com efeito, se o tempo de prisão cautelar, em um caso de roubo qualificado, for inferior a 1/6
da pena, referida prisão será indiferente para a fixação do regime.

445
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

38 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Considerando a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta
a respeito da prisão.

d)Havendo conversão de prisão temporária em prisão preventiva no curso da investigação policial, o


prazo para a conclusão das investigações, no âmbito do competente inquérito policial, iniciar-se-á a partir
da decretação da prisão preventiva.

39 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Acerca das alterações processuais assinaladas pela Lei n.º 12.403/2011, do instituto da fiança, do
procedimento no âmbito dos juizados especiais criminais e das normas processuais pertinentes à citação
e intimação, assinale a opção correta.

c)O arbitramento de fiança, tanto na esfera policial quanto na concedida pelo competente juízo,
independe de prévia manifestação do representante do MP.

40 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Considerando-se que João tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter cometido
dolosamente homicídio simples, e que Pedro tenha sido indiciado, em inquérito policial, por,
supostamente, ter cometido homicídio qualificado, é correto afirmar que, no curso dos inquéritos,

a)se a prisão temporária de algum dos acusados for decretada, ela somente poderá ser executada depois
de expedido o mandado judicial.

MEDICINA LEGAL: PSICOLOGIA FORENSE

446
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

01 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação
elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
A epilepsia é uma doença que, geralmente, não influencia na capacidade civil e na imputabilidade penal
das pessoas.

02 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-
V) é um guia de critérios adotado pericialmente para a verificação das doenças e dos transtornos mentais.
O artigo 26 do Código Penal Brasileiro é aquele que trata das questões voltadas para a imputabilidade e
a responsabilidade penal dos agentes agressores. Levando-se em conta os conhecimentos da Psiquiatria
Forense, deve-se entender que:

c)portadores de Transtorno de Personalidade Borderline apresentam instabilidade comportamental.

03 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Revisando o prontuário de um suspeito no sistema prisional, a autoridade policial deparou-se com um
laudo psiquiátrico que apontava a seguinte conclusão: “CID10: F60.2 – Transtorno de personalidade
dissocial (psicopática ou sociopática): possui ciência do caráter ilícito dos atos praticados e sérias
dificuldades no controle de seu impulso sexual exacerbado, que só consegue satisfazer com a subjugação
da vítima mediante a imposição de comportamento violento”.

Acerca dessa situação, assinale a opção que apresenta, respectivamente, as características do suspeito com
referência a: entendimento; controle dos impulsos; imputabilidade.

c)preservado; limitado; semi-imputável

04 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia

447
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Psiquiatria forense é o ramo da medicina legal que trata de questões relacionadas ao funcionamento da
mente e sua interface com a área jurídica. O estabelecimento do estado psíquico no momento do
cometimento do delito e a capacidade de entendimento desse ato são dependentes das condições de
sanidade psíquica e desenvolvimento mental, que também influenciam na forma de percepção e no relato
do evento, com importância direta para o operador do direito, na tomada a termo e na análise dos
depoimentos. A respeito de psiquiatria forense e dos múltiplos aspectos ligados a essa área, assinale a
opção correta.

b)Nos atos cometidos, pode haver variação na capacidade de entendimento, por doente mental ou por
indivíduo sob efeito de substâncias psicotrópicas ou entorpecentes, do caráter ilícito do ato por ele
cometido; cabe ao perito buscar determinar, e assinalar no laudo pericial, o estado mental no momento
do delito.

05 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Se um indivíduo em uso de medicamentos que são potencializadores do efeito alcoólico sobre o sistema
nervoso, desconhecendo essa informação, ingere bebida alcoólica e passa a apresentar sinais inequívocos
de embriaguez, tal fato pode ser considerado embriaguez

d)acidental.

06 - 2013 - COPS-UEL - PC-PR - Delegado de Polícia


A avaliação da imputabilidade penal é realizada por intermédio de exame de sanidade mental e leva em
consideração fatores limitadores ou modificadores. A interpretação do laudo médico-legal é fundamental
para um correto entendimento do quadro psicopatológico.

Sobre a ótica da medicina legal relacionada à imputabilidade penal, assinale a alternativa correta.

448
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a)São considerados inimputáveis aqueles com doença mental e que são inteiramente incapazes de
discernir o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com o entendimento.

07 - 2012 - FGV - PC-MA - Delegado de Polícia


O exame psiquiátrico-forense de uma jovem diagnosticou um transtorno mental e comportamental
devido ao uso de substância psicoativa.
As alternativas a seguir atendem ao diagnóstico firmado, à exceção de uma. Assinale-a.

b)Psicossíndrome orgânica.

08 - 2012 - FGV - PC-MA - Delegado de Polícia


O transtorno que se manifesta pela compulsão do indivíduo em comprar tudo o que vê e que pode levar
à dissipação do patrimônio da própria pessoa, denomina-se

e)oniomania.

09 - 2012 - CESPE - PC-AL - Delegado de Polícia


Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens que se seguem.

Para a aplicação do critério bio-psicológico da imputabilidade, conceito expresso no Código Penal


brasileiro, é necessário a avaliação da existência de um transtorno mental, da capacidade de entendimento
do caráter ilícito do fato e da capacidade de autodeterminação pelo autor e, ainda, do nexo de causalidade
entre o distúrbio mental ou psicológico e o ato praticado.

10 - 2008 - PC-MG - PC-MG - Delegado de Polícia


Considerando as etapas clínicas da embriaguez alcoólica, qual delas é denominada “fase médico-legal”?

a)Confusão.

449
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

DIREITO CONSTITUCIONAL: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

01 – 2018 – CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Conforme disposições constitucionais a respeito da organização da segurança pública, julgue o item a
seguir.

Compete à União estabelecer normas gerais sobre a organização das polícias civis.

02 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca da disciplina constitucional da segurança pública, do Poder Judiciário, do MP e das atribuições da
PF, julgue o seguinte item.

É concorrente a competência da União e dos estados para legislar sobre a organização, os direitos e os
deveres das polícias civis dos estados.

03 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


É correto afirmar que o Federalismo

c) ocorreu no Brasil por meio de um movimento centrífuga (por segregação).

04 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa correta que corresponda à previsão da Constituição Federal de 1988 sobre a
repartição de competências entre os entes federativos.

d) Compete à União, Estados-membros e Distrito Federal legislar concorrentemente sobre custas dos
serviços forenses.

450
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

05 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Considere que o Estado X, em função da diversidade cultural constatada em sua região, decida
desmembrar-se para formação de dois novos Estados. Nessa hipótese, é correto afirmar que tal
desmembramento

a) será constitucional desde que a proposta seja aprovada pela população diretamente interessada, por
meio de plebiscito, e, cumulativamente, pelo Congresso Nacional, por lei complementar.

06 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


A competência para a explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado
é do

c) estados-membros.

07 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal proferido em Ação Direta de Inconstitucionalidade
julgada em 2017, no que tange a ações penais ajuizadas em face de Governador de Estado, é CORRETO
afirmar:

d) Os estados-membros não têm competência para editar normas que exijam autorização da Assembleia
Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) instaure ação penal contra Governador de
Estado.

08 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


O Governo Federal decretou uma intervenção na área da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro
que deverá vigorar até 31 de dezembro deste ano. Sobre a Intervenção Federal, analise as alternativas e
marque a CORRETA.

451
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) A Intervenção Federal será espontânea, quando o presidente a decretar para manter a integridade
nacional.

09 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


É competência do Município, conforme a Constituição Federal de 1988:

a) legislar sobre assuntos de interesse local;

10 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


A organização da República Federativa do Brasil está exposta na Constituição Federal de 1988. Todo
Estado precisa de uma correta organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro da
administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das maneiras encontradas para facilitar
a organização do Estado Brasileiro. A divisão político-administrativa brasileira é apresentada na
Constituição Federal, no Art. 18. Ela surgiu no período colonial, quando o Brasil se dividia em capitanias
hereditárias e posteriormente foram surgindo outras configurações que proporcionaram maior controle
administrativo do país. O Brasil é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal e os Municípios,
sendo ele uma República Federativa. Cada ente federativo possui sua autonomia financeira, política e
administrativa, em que cada Estado deve respeitar a Constituição Federal e seus princípios
constitucionais, além de ter sua Constituição própria; e também, cada município (através de sua lei
orgânica) poderá ter sua própria legislação. Tendo como pano de fundo o descrito acima, assinale a
alternativa INCORRETA.

d) O Município pode editar legislação própria, com fundamento na autonomia constitucional que lhe é
inerente (CF, Art. 30, I), com objetivo de determinar, às instituições financeiras, que instalem, em suas
agências, em favor dos usuários dos serviços bancários (clientes ou não), equipamentos destinados a

452
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

proporcionar-lhes segurança (tais como portas eletrônicas e câmaras filmadoras) ou a propiciar-lhes


conforto, mediante oferecimento de instalações sanitárias, ou fornecimento de cadeiras de espera, ou
colocação de bebedouros, ou horário de funcionamento, ou, ainda, prestação de atendimento em prazo
razoável, com a fixação de tempo máximo de permanência dos usuários em fila de espera. A abrangência
da autonomia política municipal – que possui base eminentemente constitucional – estende-se à
prerrogativa, que assiste ao Município, de “legislar sobre assuntos de interesse local” (CF, Art. 30, I).

11 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


O decreto-lei nº 10/2018 determinou a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, deixando a
segurança pública fluminense sob responsabilidade de um interventor militar, que responde ao presidente
da República. Ou seja, não se trata apenas do emprego das Forças Armadas ou de forças federais, mas
sim da gestão federal de uma área que antes era coordenada pelo poder estadual. Isso posto, assinale a
alternativa correta em relação ao tema em epígrafe.

b) Segundo o artigo 35 da Carta Maior, o Estado não intervirá em seus Municípios, exceto quando: I –
deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II – não
forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV – o
Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. Isso posto,
as disposições descritas consubstanciam preceitos de observância compulsória por parte dos Estados-
membros, sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restrições às hipóteses de intervenção.

12 – 2017 – CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Aprovada pela assembleia legislativa de um estado da Federação, determinada lei conferiu aos delegados
de polícia desse estado a prerrogativa de ajustar com o juiz ou a autoridade competente a data, a hora e
o local em que estes serão ouvidos como testemunha ou ofendido em processos e inquéritos.
Nessa situação hipotética, a lei é

453
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d) inconstitucional, pois o estado legislou sobre direito processual, que é matéria de competência privativa
da União.

13 – 2017 – FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


A Constituição de determinado Estado, ao dispor sobre prerrogativas do Governador, dispõe que
− a Assembleia Legislativa é o órgão competente para processar e julgar o Governador pela prática de
crimes de responsabilidade, que deverão ser definidos em lei estadual.
− lei estadual disciplinará as normas de processo e julgamento do Governador por prática de crime de
responsabilidade.
− o Tribunal do Júri é competente para julgar o Governador nos crimes dolosos contra a vida.

À luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Constituição Estadual


mencionada CONTRARIA a Constituição Federal ao atribuir
I. à lei estadual a definição dos crimes de responsabilidade do Governador.
II. à lei estadual a definição das normas de processo e julgamento do Governador por prática de crime
de responsabilidade.
III. ao Tribunal do Júri a competência para julgar o Governador pela prática de crimes dolosos contra a
vida.

Está correto o que se afirma em

a) I, II e III.

14 – 2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Sobre a segurança pública, à luz da Constituição da República em vigor e dos entendimentos do Supremo
Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa correta.

454
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) Conforme já pronunciou o STF, é dever do Estado manter em seus presídios os padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico, sendo de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37,
§ 6°, da Constituição da República, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente
causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.

15 – 2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia


Sobre a organização do Estado e o Federalismo, assinale a alternativa correta.

b) Segundo o STF é inconstitucional lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em
presídio, pois tal legislação invade a competência da União para legislar sobre telecomunicações.

16 – 2017 – IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia


Acerca da intervenção federal, assinale a alternativa correta.

b) Nas intervenções espontâneas, o Presidente da República deve ouvir o Conselho da República e o de


Defesa Nacional, embora não esteja obrigado ao parecer destes.

17 – 2017 – CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


A respeito dos estados-membros da Federação brasileira, assinale a opção correta.

b) Para o STF, a consulta a ser feita em caso de desmembramento de estado-membro deve envolver a
população de todo o estado-membro e não só a do território a ser desmembrado.

18 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


A Organização do Estado brasileiro é expressamente disciplinada na Constituição Federal de 1988, sendo
correto afirmar que:

455
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) compete a União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito financeiro,
tributário, urbanístico, penitenciário e econômico.

19 – 2016 – CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


A respeito das atribuições constitucionais da polícia judiciária e da organização político-administrativa do
Estado Federal brasileiro, assinale a opção correta.

a) Todos os anos, as contas dos municípios devem ficar, durante sessenta dias, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar a legitimidade dessas contas, nos termos
da lei.

20 – 2015 – VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios serão realizados por lei

d) estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de plebiscito.

21 – 2015 – VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Compete privativamente à União legislar sobre

c) direito penal, processual, agrário e do trabalho.

DIREITO ADMINISTRATIVO: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

01 – 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - Assistente social


Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade civil do Estado.

456
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

a) A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar todo e qualquer dano, independentemente de a
vítima ter concorrido para o seu aperfeiçoamento.

04 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.

A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria
do risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção.

07 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Nível Superior


Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Como, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do Estado é objetiva, é possível a


caracterização de responsabilização estatal por atos de omissão, como a não prestação da assistência
requerida para conter a multidão.
08 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia
Um servidor público estadual, no exercício do seu cargo, conduzia um veículo oficial em velocidade
superior à permitida na via e atropela um pedestre que vem a falecer no local. A partir da narrativa, é
CORRETO afirmar:

d) O servidor responderá pelo ato lesivo nas esferas cível, penal e administrativa.

09 – 2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Sobre a responsabilidade do Estado por atos legislativos, NÃO está correto o que se afirma em:

a) Sua aplicação não é admitida com relação às leis de efeitos concretos constitucionais.

10 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

457
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Empregado de empresa de ônibus prestadora do serviço público de transporte de passageiros em


município, ao dirigir veículo da empresa delegatária, colidiu com veículo particular estacionado, causando
prejuízo. Nessa hipótese, a responsabilidade civil pelo ressarcimento do dano suportado pelo particular
proprietário do veículo abalroado será

e) objetiva, da empresa prestadora do serviço público.

11 – 2018 – FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia


Uma equipe da Delegacia de Polícia de Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações
Criminais da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, a bordo de uma viatura oficial devidamente
caracterizada, na rodovia BR 290, no sentido capital-litoral, realiza perseguição a um veículo tripulado
por criminosos que, instantes antes, praticaram um assalto a uma agência bancária, com emprego de
explosivos. Ao longo da perseguição, os policiais se veem obrigados a não parar na praça de pedágio,
rompendo a respectiva cancela, de propriedade de empresa concessionária de serviço público, como única
forma de não perderem os criminosos de vista. Graças a essa atitude, a equipe se manteve no encalço dos
criminosos, logrando êxito em prendê-los em flagrante. Relacionando o caso acima com a
responsabilidade extracontratual do Estado, analise as seguintes assertivas:

I. O Estado responderá objetivamente pelo prejuízo causado à empresa concessionária de serviço


público.
II. A equipe de policiais civis não poderá ser responsabilizada em ação regressiva, porque não agiu com
dolo ou culpa, mas no estrito cumprimento do dever legal.
III. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal adota, como regra geral, a teoria do risco
administrativo para fundamentar a responsabilidade objetiva extracontratual do Estado.

Quais estão corretas?

e) I, II e III.

458
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

12 – 2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia Civil


Suponha-se que o veículo de uma sociedade de economia mista, não prestadora de serviços públicos
típicos, por estar em excesso de velocidade, colida com outro veículo, de particular. É possível afirmar
que, nesse caso, a responsabilidade civil da sociedade de economia mista é

d) subjetiva, porque a Constituição Federal expressamente prevê que a responsabilidade objetiva somente
se estende a pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.

13 – 2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil


A responsabilidade civil da administração pública, em relação aos danos que causar a terceiros, é do tipo:

b) Objetiva, não dependendo da perquirição de culpa.

14 – 2017 – CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia


Um delegado de polícia, ao tentar evitar ato de violência contra um idoso, disparou, contra o ofensor,
vários tiros com revólver de propriedade da polícia. Por erro de mira, o delegado causou a morte de um
transeunte.
Nessa situação hipotética, a responsabilidade civil do Estado

d) existirá se ficar provado o nexo de causalidade entre o dano e a ação.

15 – 2017 – FCC - PC-AP - Delegado de Polícia


Uma determinada viatura oficial estadual, enquanto em diligência, chocou-se contra o muro de uma
escola municipal, derrubando-o parcialmente, bem como o poste de transmissão de energia existente na
calçada, que estava em péssimo estado de conservação, assim como os transformadores e demais
equipamentos lá instalados. Foram apurados danos materiais de grande monta, não só em razão da
necessidade de reconstrução do muro, mas também porque foi constatado que muitos aparelhos elétricos

459
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e eletrônicos deixaram de funcionar a partir de então, tais como geladeiras, computadores e copiadoras.
Relevante apurar, para solucionar a responsabilidade do ente estatal,

d) o nexo de causalidade entre a colisão causada pela viatura estadual e os danos emergentes sofridos,
para demonstrar que decorreram do acidente e não de outras causas e viabilizar a apuração correta da
indenização, prescindindo, no entanto, de prova de culpa do condutor.

16 – 2017 – IBADE -PC-AC - Delegado de Polícia


Considerando os entendimentos jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal relativos à responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.

a) Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o Estado não responde civilmente por atos
ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou
imediatamente do ato de fuga. Também entende o Superior Tribunal de Justiça que o Estado pode
responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por
causa excludente de ilicitude penal.

17 – 2017 – IBADE - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil


Quanto à responsabilidade civil do Estado e às espécies de agentes públicos, assinale a alternativa correta.

a) É admissível a responsabilidade civil do Estado por atos lícitos, com fundamento no princípio da
igualdade, e não há óbice jurídico ao seu reconhecimento na via administrativa.

18 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Investigador de Polícia Civil


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

460
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

b) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.

19 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

a) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.

20 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Papiloscopista


Com relação à responsabilidade civil do Estado e abuso do poder, bem como ao enriquecimento ilícito,
julgue os itens a seguir, marcando apenas a opção correta.

b) A teoria do risco administrativo responsabiliza o ente público de forma objetiva pelos danos causados
por seus agentes a terceiros de forma comissiva. Esta teoria admite causas de exclusão da
responsabilidade, entre elas a culpa exclusiva da vítima.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES FALIMENTARES

01 – 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Delton é proprietário de uma empresa que presta serviços de limpeza de automóveis para a “Lyss United
L.A. Brazil”, que vende transportes executivos em todo o território nacional. No dia 20 de abril de 2019,
é surpreendido por receber uma notificação de que fora homologado o “plano de recuperação
extrajudicial” da Lyss United L.A. Brazil e se vê convicto de que algo está errado. Ao procurar identificar

461
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

os credores da empresa que, assim como ele, tinham valores a receber, percebeu que havia a obrigação
de que, aqueles que moravam na cidade de São Paulo, seriam os primeiros a receberem, o que muito o
aborreceu, haja vista estar sediado em Curitiba. Certo de que havia algo errado, logo fora se informar
sobre o que poderia ter ocorrido, em especial se algum crime fora cometido. Com a leitura da legislação
especial, supôs de que a figura típica do “Favorecimento de Credores” era evidente, e começou a
armazenar documentos e trocas de email já pensando em ser testemunha do processo criminal que
apuraria tal fato, haja vista o Ministério Público também ter sido notificado no dia 20 de abril. Chega o
dia 06 de junho e nenhuma ação penal fora deflagrada, assim como alguns dos credores de São Paulo já
haviam começado a receber seus créditos. Com o sentimento de injustiça, Delton procura seus advogados
para tentar agir de alguma maneira, visando a responsabilização penal daqueles que supostamente
favoreceram outros credores.
Sobre as possibilidades de Delton, credor habilitado, é correto afirmar que:

a) Delton pode ajuizar uma Ação Penal Privada subsidiária da Pública, já que superado o prazo de 15
dias, disposto no art. 187, § 1° da Lei 11.101/05, qualquer credor habilitado está apto para fazê-lo.

03 – 2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que contempla um crime previsto na Lei no 11.101/2005 (Lei de Recuperação de
Empresas e Falência) e apenado com detenção.

a) Omissão dos documentos contábeis obrigatórios.

04 – 2017 – CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


Com base no disposto na Lei n.º 11.101/2005 e no Decreto-Lei n.º 201/1967, assinale a opção correta.

d) Em se tratando de recuperação judicial, extrajudicial e falência do empresário e da sociedade


empresária, aplicam-se as normas do Código de Processo Penal, inexistindo fase de investigação judicial.

462
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

05 – 2013 - MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça


ANALISE O ENUNCIADO DA QUESTÃO ABAIXO E ASSINALE "CERTO" (C) OU
"ERRADO" (E)
Nos termos da Lei n. 11.101/05, tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno
porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o
magistrado reduzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas
restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas.

06 – 2010 – CESPE - MPE-ES - Promotor de Justiça


Assinale a opção correta em relação aos delitos de corrupção de menores e de trânsito, à Lei Antidrogas
e aos crimes falimentares.

a) Constitui efeito da condenação por crimes de natureza falimentar a inabilitação para o exercício de
atividade empresarial. Esse efeito, entretanto, não é automático, devendo ser motivadamente declarado
na sentença. A inabilitação pode perdurar por até cinco anos após a extinção da punibilidade, havendo a
possibilidade de que cesse antes, pela reabilitação penal.

07 – 2009 – CESPE - DPE-PI - Defensor Público


A respeito de aspectos criminais da Lei de Falências e daqueles aplicáveis aos idosos, assinale a opção
correta.

b) Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte e não se constatando prática


habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, cabe ao juiz reduzir a pena de reclusão ou substituí-
la por penas restritivas de direitos, de perda de bens e valores ou de prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas.

08 – 2008 – VUNESP - MPE-SP - Promotor de Justiça

463
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Considerando as disposições de natureza processual penal contidas na Lei n.º 11.101, de 09.02.2005 (Lei
de Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial), aplicáveis aos crimes nela descritos, é incorreto
afirmar que

d) a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio é um dos efeitos automáticos
da condenação.

CRIMINOLOGIA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, MÉTODO,


FINALIDADE, FUNÇÕES E CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA E
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

01 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


“A vítima do delito experimentou um secular e deliberado abandono. Desfrutou do máximo
protagonismo [...] durante a época da justiça privada, sendo depois drasticamente “neutralizada” pelo
sistema legal moderno [...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73).
A Vitimologia impulsionou um processo de revisão científica do papel da vítima no fenômeno delitivo.
Leia as afirmativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema.

e)O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 1ª (Primeira)


Guerra Mundial em atendimento daqueles que sofreram com os efeitos dos conflitos e combates.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de
seu método. Nesse sentido, é correto afirmar que a criminologia é uma ciência.

c)do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação da realidade.

464
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

03 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Na atualidade se observa uma generalização do sentimento coletivo de insegurança nos cidadãos,
caracterizado tanto pelo temor de tornarem-se vítimas, como pela preocupação, ou estado de ânimo
coletivo, com o problema do delito. Considere as afirmativas e marque a única correta.

d)O medo do delito pode condicionar negativamente o conteúdo da política criminal imprimindo nesta
um viés de rigor punitivo, contrário, portanto, ao marco político-constitucional do nosso sistema legal.

04 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


O estudo da pessoa do infrator teve seu protagonismo durante a fase positivista na evolução histórica da
Criminologia. Assinale, dentre as afirmativas abaixo, a que descreve corretamente como a criminologia
tradicional o examina.

a)A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma realidade biopsicopatológica,
considerando o determinismo biológico e social.

05 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A dor causada à vítima, ao ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao juiz o sentimento de
humilhação experimentado, quando os advogados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi
ela própria que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que podem ser causados pelo exame
médico-forense, pelo interrogatório policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros, são
exemplos da chamada vitimização.

b)secundária.

06 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Texto 1A9-I: Sentença

465
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)

Processo n.º: XXXXXXX

Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez
ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido
de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o
poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um
nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá
à vítima, mais uma vez, chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso,
legalmente, pouco há que fazer. Enfim, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse
ramerrão sem fim — agressão, reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o
instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se,
inclusive ao MP.

Texto 1A9-II

No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica
contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta
criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a
violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No
caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil
(2016), a taxa de violência letal contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é
inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação desse tipo de violência.

Internet: (com adaptações).

466
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.

De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados
às agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados
do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de
subnotificação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos
crimes reais ser registrada oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da
criminalidade.

08 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como revitimização
ou vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o descrédito na palavra da
vítima, o descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o
constrangimento e a responsabilização da vítima pela violência sofrida.

10 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


O crime é um comportamento valorado pelo direito. Acerca da Sociologia Criminal, podemos afirmar:

b)Ciência que explica a correlação crime-sociedade, sua motivação, bem como sua perpetuação.

11 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA.

e)É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer
do processo de registro e apuração do crime.

12 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia

467
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:

a)o crime é um fenômeno social.

13 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Acerca da História da Criminologia, marque a alternativa CORRETA:

d)Em sua obra “A Política”, Aristóteles, ressaltou que a miséria causa rebelião e delito. Para o referido
filósofo, os delitos mais graves eram os cometidos para possuir o voluptuário, o supérfluo.

14 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Marque a alternativa CORRETA, no que diz respeito à classificação do criminoso, segundo Lombroso:

c)Criminoso por paixão: aquele que utiliza de violência para resolver problemas passionais, geralmente é
nervoso, irritado e leviano.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


No que diz respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da vitimologia, assinale a alternativa correta.

b)A chamada da vítima na fase processual da persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por
inúmeras vezes, é denominada de vitimização secundária.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia


Assinale a alternativa que indica a correta relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal
ou com o Sistema de Justiça Criminal.

468
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

c)A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz
entre a criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica.

17 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Afirmar que a criminologia é interdisciplinar e tem o empirismo como método significa dizer que esse
ramo da ciência

a)utiliza um método analítico para desenvolver uma análise indutiva.

18 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia


Texto 1A14AAA

João nutria grande desejo por sua colega de turma, Estela, mas não era correspondido. Esse desejo
transformou-se em ódio e fez que João planejasse o estupro e o homicídio da colega. Para isso, ele passou
a observar a rotina de Estela, que trabalhava durante o dia e estudava com João à noite. Determinado dia,
após a aula, em uma rua escura no caminho de Estela para casa, João realizou seus intentos criminosos,
certo de que ficaria impune, mas acabou sendo descoberto e preso.

Com relação à situação hipotética descrita no texto 1A14AAA e às funções da criminologia, da política
criminal e do direito penal, assinale a opção correta.

d)A política criminal tem a função de propor medidas para a redução das condições que facilitaram o
cometimento do crime por João, como a urbanização e a iluminação de ruas.

19 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia


A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a opção correta.

469
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da criminalidade
e da periculosidade preparatória da criminalidade.

20 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime, oriundos das teorias específicas que, na evolução da
história, buscaram entender o comportamento humano propulsor do crime, assinale a opção correta.

d)Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.

21 - 2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em

e)quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

22 - 2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia


Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos
oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau
atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito
de direitos, caracteriza

b)vitimização secundária.

23 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Um dos primeiros autores a classificar as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em
conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam-se em __________;

470
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

vítimas menos culpadas que os criminosos; __________; vítimas mais culpadas que os criminosos e
__________.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.

c)vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadas

24 - 2014 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


Tendo o Direito Penal a missão subsidiária de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre
desenvolvimento do indivíduo, e, ainda, sendo a pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal,
após a reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984, é correto afirmar que a finalidade da pena é

c)retributiva e preventiva (geral e especial).

27 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


Constituem objeto de estudo da Criminologia

c)o delito, o delinquente, a vitima e o controle social.

28 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


O comportamento abusivo, praticado com gestos, palavras e atos que, praticados de forma reiterada,
levam á debilidade física ou psíquica de uma pessoa

b)define assédio moral.

29 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia


A prevenção terciária da infração penal, no Estado Democrático de Direito, está relacionada

471
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)à população carcerária.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE TORTURA

01 – 2018 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Em cada item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada
com relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e crime contra o idoso.

Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um
dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido
para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques
elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guardas municipais
responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas.

02 – 2018 – UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo resultado morte
a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício por

d) vinte e quatro anos

03 – 2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia


Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
os direitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de
tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa
CORRETA quanto ao crime de tortura.

472
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, declaração ou confissão.

04 – 2018 – CESPE - DPE-PE - Defensor Público


De acordo com a legislação penal especial, assinale a opção correta.

a) Comete o crime de tortura aquele que, tendo o dever de evitar a conduta, se mantém omisso ao tomar
ciência ou presenciar pessoa presa ser submetida a sofrimento físico ou mental, por meio da prática de
ato não previsto legalmente.

05 – 2016 – CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia


Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, emergem-se
os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, assinale a opção correta.

b) A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento comercial sujeita
o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo prazo de até três meses,
devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória.

06 – 2015 – CESPE - DPE-RN - Defensor Público


Assinale a opção correta no que se refere a revisão criminal, crime de tortura, nulidades, execução penal,
prerrogativas e garantias dos DPs relacionadas com o processo penal.

a) A condenação de policial civil pelo crime de tortura acarreta, como efeito automático,
independentemente de fundamentação específica, a perda do cargo público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

07 – 2015 – CESPE – DPU - Defensor Público

473
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a administração pública, aos crimes de
tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.

Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego de grave
ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial, causando-lhe sofrimento mental.

08 – 2014 – FCC - DPE-RS - Defensor Público


Sobre a Lei nº 9.455/97 (Crimes de Tortura), é correto afirmar que

b) há previsão legal de crime por omissão.

09 – 2014 – FCC - DPE-PB - Defensor Público


Com relação à tortura, cabe afirmar:

e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no estrangeiro.

10 – 2014 – ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia


De acordo com a legislação em vigor, assinale a alternativa correta.

c) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa.

13 – 2011 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


Com relação à legislação especial, é INCORRETO afirmar que

474
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d) para o crime de tráfco ilícito de entorpecentes, a associação eventual constitui causa de aumento de
pena, sendo a associação para o tráfco, prevista no art. 35 da Lei nº 11.343/2006, delito autônomo que
demanda comprovação da estabilidade e permanência da societas sceleris.

14 – 2011 - INSTITUTO CIDADES - DPE-AM - Defensor Público


Acerca do crime de tortura previsto pela Lei 9.455/97, marque a alternativa errada:

c) a pessoa que se omite em face das condutas definidas como crime de tortura, quando tenha o dever
de evitá-las ou apurá-las, responde por crime também e está sujeito às mesmas penas previstas para o
crime de tortura;

15 – 2010 – CESPE - DPE-BA - Defensor Público


Com base no direito penal, julgue o item que se segue.

Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma
hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no
território e a vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.

16 – 2009 – FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia


Caio, Delegado de Polícia, percebe que, na sala ao lado, Antônio, agente policial lotado em sua Delegacia,
submete Tício, preso em flagrante, a sofrimento físico mediante violência, como forma de aplicar-lhe
castigo pessoal. Caio nada fez para impedir tal conduta. Pode-se afirmar que Caio e Antônio cometeram
as seguintes condutas, respectivamente:

e) Caio será punido por sua omissão na forma da Lei nº 9.455/1997 e Antônio responderá pelo crime de
tortura.

17 – 2009 – CEPERJ - PC-RJ - Delegado de Polícia

475
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

Relativamente à legislação penal extravagante, assinale a afirmativa incorreta.

c) Constitui crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente submeter à tortura criança ou


adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância.

18 – 2009 – FCC - DPE-MA - Defensor Público


Frederico encontrava-se custodiado pelo Estado em medida de segurança legalmente imposta.
Permaneceu por vários dias solicitando atendimento de um médico porque apresentava febre, dores de
cabeça, falta de ar e tosse. Foi atendido apenas por auxiliares de enfermagem que se limitaram a
recomendar a interrupção do cigarro. Ao final do décimo dia teve um desmaio e foi hospitalizado. O
médico deste nosocômio prescreveu-lhe antibióticos em razão de um processo infeccioso avançado nos
pulmões. Tal medicação, entregue pelo médico que a prescreveu, jamais foi administrada pelos
funcionários do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, onde cumpria a medida de segurança.
Frederico acabou morrendo em decorrência de um abcesso causado por pneumonia. As condutas dos
funcionários amoldam-se ao seguinte tipo penal:

d) crime de tortura por submeterem pessoa sujeita a medida de segurança a sofrimento físico e mental,
omitindo-se, quando tinham o dever de evitá-lo.

19 – 2009 – CESPE - PC-PB - Delegado de Polícia


Quanto à legislação a respeito do crime de tortura, assinale a opção correta.

e) Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante emprego de grave
ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa.

20 – 2009 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


Em relação ao crime de tortura é possível afirmar:

476
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

e) É praticado por quem se omite diante do dever de evitar a ocorrência ou continuidade da ação ou de
apurar a responsabilidade do torturador pelas condutas de constrangimento ou submissão levadas a efeito
mediante violência ou grave ameaça.

21 – 2006 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


A Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, estabelece que pratica crime de tortura

a) qualquer pessoa que submete alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.

22 – 2006 – FCC - DPE-SP - Defensor Público


O defensor público, ao tomar conhecimento de que o réu, preso pelo processo, sofreu tortura nos termos
da Lei nº 9.455/97, por agente público, deverá

a) representar ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo crime contra a
autoridade culpada.

24 – 2004 – CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade,
com o objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da
qualidade da comida servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime
inafiançável.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: CRIMES DA LEI DE LICITAÇÕES

477
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

02 – 2017 – CESPE - MPE-RR - Promotor de Justiça


Com referência aos crimes, às penas e ao processo judicial previstos na Lei de Licitações e Contratos,
julgue os seguintes itens.

I Dispensa de licitação em situação estranha às hipóteses taxativas previstas em lei constitui crime passível
de punição com pena de detenção e multa fixada na sentença a ser revertida à fazenda federal, distrital,
estadual ou municipal, conforme o caso.
II Em casos de crimes previstos na lei em apreço, a ação penal é pública incondicionada e a sua promoção
cabe ao MP.
IV Quando os autores dos crimes previstos na referida lei forem ocupantes de cargo em comissão ou
exercerem função de confiança em órgão da administração pública direta ou indireta, a pena imposta será
acrescida da terça parte.

Assinale a opção correta.

c) Apenas os itens I, II e IV estão certos.

03 – 2016 – FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


Nicodemus, presidente de uma empreiteira, oferece a Caio, diretor de uma empresa concorrente,
vantagem pecuniária para que este desista de participar do procedimento licitatório promovido pela
Administração do Estado do Pará. Nesta hipótese, assinale a alternativa correta.

e) Qualquer pessoa que tiver conhecimento do fato poderá provocara iniciativa do Ministério Público,
fornecendo-lhe, por escrito ou verbalmente, informações sobre o fato e sua autoria, bem como as
circunstâncias em que se deu a ocorrência.

05 – 2014 - MPE-PR - Promotor de Justiça

478
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

No cenário da Administração Pública, a licitação é um procedimento democrático de eleição de


prestadores de serviços e fornecedores de bens, respeitando-se os princípios gerais, norteadores dos atos
do Poder Público, tais como legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, dentre
outros. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamentou o art. 37, inciso XXI, da CF e instituiu
normas de licitações e contratos. A respeito de seus dispositivos penais analise as assertivas abaixo e
responda:

II. O núcleo do tipo penal previsto no art. 90 da lei é constituído por condutas mistas alternativas,
expressas pelos verbos frustrar (malograr, não alcançar o objetivo esperado) ou fraudar (enganar, burlar),
cujo objeto é o caráter competitivo do procedimento licitatório, sendo exigida à espécie normativa a
presença de elemento subjetivo específico, consistente no intento de obter para si ou para outrem,
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação;
V. O crime previsto no art. 93 da Lei, consistente em impedir, perturbar ou fraudar a realização de
qualquer ato de procedimento licitatório, pode ser classificado como comum, formal, praticado de forma
livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

e) Somente as assertivas II e V são corretas.

06 – 2014 – ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia


Considerando as disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.

l - Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.
ll - Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da vantagem oferecida.
Ill - Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional
declarado inidôneo.

479
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

lV - Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.

e) Todas as afirmações estão corretas.

CRIMINOLOGIA: SOCIOLOGIA CRIMINAL – AS ESCOLAS


SOCIOLÓGICAS DO CRIME

01- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Constitui um dos objetivos metodológicos da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento
Social) o estudo detalhado da atuação do controle social na configuração da criminalidade. Assinale a
alternativa correta:

a) Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discriminatório gerando
a criminalidade.

02 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Leia o texto a seguir e responda ao que é solicitado.

“Os irmãos Batista, controladores da JBS, tiveram vantagem indevida de quase R$73 milhões com a
venda de ações da companhia antes da divulgação do acordo de delação premiada que veio a público em
17/05/2017, conforme as conclusões do inquérito da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O caso
analisa eventual uso de informação privilegiada e manipulação de mercado por Joesley e Wesley Batista,
e quebra do dever de lealdade, abuso de poder e manipulação de preços pela FB Participações”. (Jornal
Valor Econômico, 13/08/2018):

Com relação à criminalidade denominada de colarinho branco, pode-se afirmar que a teoria da associação
diferencial.

480
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

d)sustenta que a aprendizagem dos valores criminais pode acontecer em qualquer cultura ou classe social.

03 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Uma informação confiável e contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é
imprescindível, tanto para formular um diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos
programas de prevenção. Assinale a alternativa correta:

e)A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A


criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A
cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de rua.

04 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


O pensamento criminológico moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho
funcionalista (denominada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho
argumentativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:

c)São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria
da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

05 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


Os modelos sociológicos contribuíram decisivamente para um conhecimento realista do problema
criminal demonstrando a pluralidade de fatores que com ele interagem. Leia as afirmativas a seguir, e
marque a alternativa INCORRETA:

a)As teorias conflituais partem da premissa de que o conflito expressa uma realidade patológica da
sociedade sendo nocivo para ela na medida em que afeta o seu desenvolvimento e estabilidade.

481
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

06 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia


A Criminologia Crítica contempla uma concepção conflitual da sociedade e do Direito. Logo, para a
criminologia crítica, o conflito social.

c)é um conflito de classe sendo que o sistema legal é um mero instrumento da classe dominante para
oprimir a classe trabalhadora.

07 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte.

A pesquisa criminológica científica visa evitar o emprego da intuição ou de subjetivismos no que se refere
ao ilícito criminal, haja vista sua função de apresentar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o
delito.

11 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia


Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.

Na perspectiva macrossociológica, o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:


a das teorias de consenso e a das teorias de conflito.

12 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia


Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia.

De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir
suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu
próprio interesse.

482
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

14 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Tendo a obra O Homem Deliquente, de Cesare Lombroso (1836-1909), como fundante da Criminologia
surgida a partir da segunda metade do século XIX, verifica-se que, segundo a sistematização realizada por
Enrico Ferri (1856-1929), o pensamento criminológico positivista assenta-se, dentre outras, na tese de
que

c)a defesa social é tomada como o principal objetivo da justiça criminal.

15 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Para a criminologia positivista, a criminalidade é uma realidade ontológica, pré-constituída ao direito
penal, ao qual cabe tão somente reconhecê-la e positivá-la. Neste sentido, tem-se o seguinte:

c)Para Raffaele Garófalo (1851-1934), a defesa social era a luta contra seus inimigos naturais carecedores
dos sentimentos de piedade e probidade.

16 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre o labelling approach e sua influência sobre o pensamento criminológico do século XX, constata-
se que

c)o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.

17 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia


Sobre a Criminologia, desde a perspectiva de seu conceito, métodos e objetos, tem-se o seguinte:

e)A primeira referência teórica e metodológica para a realização de estudos criminológicos sobre formas
de ativismo político urbano identificados com o chamado movimento punk é a obra Outsiders: studies
in the sociology of deviance (Outsiders: estudo de sociologia do desvio), de Howard Becker, a partir dos

483
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

estudos que realiza entre grupos consumidores de maconha e músicos de jazz, na década de 50, nos
Estados Unidos.

18 - 2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia


No que concerne às Escolas Penais, é correto afirmar que a

b)“Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.

19 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


“Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime,
da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime
– contemplado este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas
de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos
modelos ou sistemas de resposta ao delito”. Esta apresentação ao conceito de Criminologia apresenta,
desde logo, algumas das características fundamentais do seu método (empirismo e interdisciplinaridade),
antecipando o objeto (análise do delito, do delinquente, da vítima e do controle social) e suas funções
(explicar e prevenir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta
ao crime).
MOLINA, Antônio G.P.; GOMES, Luiz F.; Criminologia; 6. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais. p. 32.

Sobre o método, o objeto e as funções da criminologia, considera-se:

I. A luta das escolas (positivismo versus classicismo) pode ser traduzida como um enfrentamento entre
adeptos de métodos distintos; de um lado, os partidários do método abstrato, formal e dedutivo (os
clássicos) e, de outro, os que propugnavam o método empírico e indutivo (os positivistas).

484
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

II. Uma das características que mais se destaca na moderna Criminologia é a progressiva ampliação e
problematização do seu objeto.
III. A criminologia, como ciência, não pode trazer um saber absoluto e definitivo sobre o problema
criminal, senão um saber relativo, limitado, provisional a respeito dele, pois, com o tempo e o progresso,
as teorias se superam.

Estão CORRETAS as assertivas indicadas em:

c)I, II e III.

20 - 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia


“A criminologia contemporânea, dos anos 30 em diante, se caracteriza pela tendência a superar as teorias
patológicas da criminalidade, ou seja, as teorias baseadas sobre as características biológicas e psicológicas
que diferenciariam os sujeitos ‘criminosos’ dos indivíduos ‘normais’, e sobre a negação do livre arbítrio,
mediante um rígido determinismo. Essas teorias eram próprias da criminologia positivista que, inspirada
na filosofia e na psicologia do positivismo naturalista, predominou entre o final do século passado e
princípios deste.”
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do
Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 29. (Coleção Pensamento
Criminológico)

Numere as seguintes assertivas de acordo com a ideia de criminologia que representam, utilizando (1)
para a criminologia positivista e (2) para a escola liberal clássica do direito penal.

( ) Assumia uma concepção patológica da criminalidade.


( ) Considerava a criminalidade como um dado pré-constituído às definições legais de certos
comportamentos e certos sujeitos.
( ) Não considerava o delinquente como um ser humano diferente dos outros.

485
Larissa Sertorio de Souza Moura - larissa.sertorio@outlook.com
PRÉ EDITAL - DELTA PR
SEMANA 07

( ) Objetivava uma política criminal baseada em princípios como os da humanidade, legalidade e utilidade.
( ) Pretendia modificar o delinquente.

A sequência que expressa a associação CORRETA, de cima para baixo, é:

a)1, 1, 2, 2, 1.

486

También podría gustarte