Está en la página 1de 123

Edita

Red Fortaleza de Universidades con


Formación en Psicomotricidad
Universidad de Morón (Argentina)
Asociación de Psicomotricistas del
Estado Español

ISSN: 1577-0788
2021
NÚMERO

46

EDITORIAL 4
Fundador
•Pedro Pablo Berruezo (España)
Director 1.- BOAS PRÁTICAS NO ACOMPANHAMENTO EM 5
•Juan Mila (Uruguay) GERONTOPSICOMOTRICIDADE DA PESSOA COM DEMÊNCIA MODERADA
Director Asociado A AVANÇADA.
•Miguel Sassano (Argentina) BEST PRACTICES IN THE INTERVENTION OF THE PERSON WITH MODERATE TO
SEVERE DEMENTIA IN GERONTOPSYCHOMOTRICITY.
Consejo de redacción
•Monserrat Antón (España) Catarina Branquinho y Sara Falcão
•Pilar Arnaiz(España)
•Dayse Campos Souza (Brasil) 2.- LUTOS E AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DA 24
•Misericordia Camps (España) PSICOMOTRICIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
•Blanca García (Uruguay) GRIEF AND POSSIBILITIES OF PSYCHOMOTRICITY INTERVENTION:
•Lola García (España) LITERATURE REVIEW.
•Alfonso Lázaro Lázaro (España) Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral
•Cristina de León (Uruguay)
•Leila Mando (Brasil)
•Rui Martins (Portugal)
3.- EDUCACIÓN EN PRÁCTICAS CORPORALES DE AUTOCONOCIMIENTO 44
•Rogelio Martínez (España) DEL HOMBRE EN LOS PROCESOS COOPERATIVOS DE FAMILIA.
•Roberto Paterno (Argentina) EDUCATION IN CORPORAL PRACTICES OF SELF-KNOWLEDGE OF MAN IN THE
•Rosa María Peceli (Uruguay) COOPERATIVE PROCESSES OF FAMILY.
•Claudia Ravera (Uruguay) Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales
•Joaquín Sarrabona (España)
•Begoña Suárez (México) 4.- EL TALLER DE GRAFOMOTRICIDAD COMO DISPOSITIVO TERAPÉUTICO 57
•Alicia Valsagna (Argentina) EN PSICOMOTRICIDAD INFANTIL.
Traducción del inglés:
THE WORKSHOP ON GRAPHOMOTRICITY AS A THERAPEUTIC DEVICE IN CHILD
Alan Iaccobacci PSYCHOMOTRICITY.
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo
Diagramación:
MGDesign
5.- ¿MANDALAS RECURSO PSICOMOTOR? CONTRIBUCIONES EN LA 77
Edita FORMACIÓN CORPORAL PERSONAL DEL PSICOMOTRICISTA
Red Fortaleza de Universidades con MANDALAS PSYCHOMOTOR RESOURCE?
Formación en Psicomotricidad CONTRIBUTIONS IN THE PERSONAL BODY TRAINING OF THE
Universidad de Morón (Argentina)
Asociación de Psicomotricistas del
PSYCHOMOTRICIAN.
Estado Español María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D`Eramo

ISSN: 1577-0788
2021
NÚMERO

46
ISSN: 1577-0788
NÚMERO

6.- PSICOMOTRICIDAD 3.0 89


NOV / 2019 PSYCHOMOTRICITY 3.0
Ángel Hernández Fernández

7.- REFLEXIONES SOBRE LA INVESTIGACIÓN EN PSICOMOTRICIDAD. TESIS 109


DOCTORALES DE PSICOMOTRICIDAD EN LAS UNIVERSIDADES ESPAÑOLAS.
PERÍODO 1979-2020.
REFLECTIONS ON RESEARCH IN PSYCHOMOTRICITY. DOCTORAL THESES OF
PSYCHOMOTRICITY IN SPANISH UNIVERSITIES. PERIOD 1979-2020.
Juan Mila

8.- NUEVAS PUBLICACIONES 116

9.- CONDICIONES DE PUBLICACIÓN 119

Acceso a la Revista: http://www.iberopsicomotricidadum.com


Dirección de contacto: revistaiberopsicomotricidad@gmail.com
Publicación de periodicidad anual. El próximo número: Diciembre de 2022
Los conceptos y opiniones vertidos en los artículos son de responsabilidad
exclusiva de los autores.
Está permitido el uso de este material con el debido registro y enunciado de la
fuente y los autores.

4
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
EDITORIAL

NÚMERO

46 2021

El “boom” editorial de la Psicomotricidad

Con mucha satisfacción, los profesionales de la Psi- y fundamentalmente que los mismos se lean, se
comotricidad estamos asistiendo a un verdadero trabajen, conformen parte de la bibliografía de
“boom” editorial de la Psicomotricidad, especial- consulta permanente.
mente en idioma español y en idioma portugués.
Sin dudas este escenario de primeras ediciones de El libro es un objeto que con el uso se personaliza,
títulos de Psicomotricidad y de la escritura desde la se subraya, se “ilumina”, recibe apuntes en sus
Psicomotricidad, por y para Psicomotricistas es un márgenes, vive y revive, y cada lector lo transforma
indicador del desarrollo académico que nuestra es- para apropiarse del conocimiento y para que el
pecialidad ha concretado en la última década. mismo sea sustento de nuevos desarrollos. Esta
dialéctica dinámica es imprescindible para que la
Cuando uno analiza los títulos publicados y la for- Psicomotricidad no se repita a sí misma y se desen-
mación de sus autoras y autores, se encuentra que cadene el proceso de creación de conocimientos.
la abrumadora mayoría son académicas y acadé-
micos de formaciones de grado y postgrado en Psi- Felicitamos y agradecemos a las escritoras y escri-
comotricidad de Universidades Iberoamericanas. tores, también agradecemos y felicitamos a las
Es fundamental e importante para el crecimiento casas editoriales porque apuestan a la Psicomotri-
académico y profesional de las personas y de la Psi- cidad.
comotricidad que se escriban libros especializados

Miguel Sassano Juan Mila


Director Asociado Director

4
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO RECIBIDO: 13/06/2021 - ACEPTADO: 25/09/2021

46 2021
BOAS PRÁTICAS NO ACOMPANHAMENTO EM
GERONTOPSICOMOTRICIDADE DA PESSOA COM
DEMÊNCIA MODERADA A AVANÇADA
BEST PRACTICES IN THE INTERVENTION OF THE PERSON WITH
MODERATE TO SEVERE DEMENTIA IN GERONTOPSYCHOMOTRICITY
Catarina Branquinho y Sara Falcão

DADOS DOS AUTORES

Catarina Branquinho e Sara Falcão são Psicomotricistas, licenciadas e mestres em Reabilitação Psico-
motora pela Faculdade de Motricidade Humana (Universidade de Lisboa - Portugal).
Dirección de contacto: branquinhocatarina@gmail.com / sara.falcao88@gmail.com

RESUMO ABSTRACT
As pessoas com demência passam por um pro- People with dementia go through quite a long pro-
cesso mais ou menos duradouro no tempo, con- cess, depending on the type of dementia, which is
soante o tipo de demência em causa, processo esse going to affect them. Over time, the person starts
que as vai modificando. Com o passar do tempo a to show different reactions and interpretations,
pessoa apresenta reações e interpretações diferen- and acts differently towards their surroundings and
tes, age sobre o ambiente que o rodeia e com os others. Thus, thinking about responses in Geron-
outros de forma diferente. Assim, pensar nas res- topsychomotricity is not limited to an exclusive con-
postas em Gerontopsicomotricidade, não se limita text of the session time, but it requires intervention
a um contexto exclusivo de tempo de sessão, mas upon the person’s new way of interacting with the
requere também a intervenção na nova maneira da space and time.
pessoa interagir com o espaço e com o tempo. In this sense, the case study here presented is
Neste sentido, o estudo de caso aqui apresentado based on this comprehensive vision of the person,
tem por base esta visão abrangente da pessoa, par- starting with the characteristics that have an in-

5
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
tindo das suas características que influenciam a
forma como interage com o seu mundo exterior.
fluence on the way they interact with the outside
world.
Pela análise das pessoas acompanhadas, esta visão Based on the analysis of the people monitored, this
parece potenciar a qualidade de vida das pessoas vision seems to enhance the quality of life of the
com demência moderada a avançada, o que vai ao people with moderate to severe dementia, which
encontro dos dados da literatura sobre o acompan- meets the data found in literature about the inter-
hamento nesta fase da vida. vention done during this stage of life.
Tratando-se da análise de um caso, não é possível As this is the analysis of one case, it is not possible
generalizar resultados. Ainda assim, são partilha- to generalize results. Still, we share suggestions
das sugestões que poderão ser úteis na melhoria that will be useful when improving the care provi-
no atendimento à pessoa com demência. ded to people with dementia.

PALAVRAS-CHAVE: Gerontopsicomotricidade, Psi- KEYWORDS: Gerontopsychomotricity, Psychomo-


comotricista, Envelhecimento, Demência, Cuidados tor Therapist, Aging, Dementia, Palliative Care, En-
Paliativos, Contexto, Comunicação, Relação. vironment, Communication, Relationship.

INTRODUÇÃO har a sua vida sem ajuda. Aqui, a pessoa mantém,


A PESSOA COM DEMÊNCIA MODERADA A por norma, informações referentes a factos auto-
AVANÇADA biográficos, mas já não informações mais recentes.
A demência, atualmente designada como Pertur- Nesta fase, pode também ainda preservar capaci-
bação Neurocognitiva no DSM-5 (APA, 2013), ca- dades para executar atividades básicas da vida diá-
racteriza-se pela diminuição do desempenho nas ria, mas já com algumas dificuldades nas instru-
funções cognitivas, comparativamente a estados mentais. No nível seguinte, na fase severa, acen-
anteriores, que interferem no desempenho de ati- tuam-se as dificuldades nas atividades básicas, al-
vidades por parte da pessoa idosa. gumas informações de memórias mais pessoais
Para melhor compreensão da população neste es- vão sendo perdidas e começam a aparecer altera-
tádio de evolução, a descrição destas fases da de- ções comportamentais mais evidentes, como pode
mência terá por base a classificação estabelecida ser exemplo a agitação ou comportamentos mais
por Reisberg et al., (1982). Numa escala de sete ní- delirantes e obsessivos. O sétimo e último nível,
veis, o autor, no nível cinco, qualitativamente de- que especifica a demência no seu nível muito se-
signado de moderado a severo, traduz o momento vero, caracteriza-a como uma fase puramente não
em que a pessoa deixa de ser capaz de desempen- verbal, de perda de habilidades como a marcha ou

6
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
a execução de outros gestos que eram frequentes
na vida da pessoa e de total dependência no de-
mento de identidade (Vázquez e Mila, 2018). Pro-
porcionar atividades significativas deve ser tido
sempenho das rotinas de autocuidado. como uma prioridade no atendimento da pessoa
Estas fases da demência têm em comum o facto com demência, atendendo as necessidades indivi-
de se caracterizarem pela impossibilidade de a pes- duais que cada uma apresenta (Beerens et al.,
soa viver sem apoio (Reisberg et al., 1982). A pro- 2018; Rocha et al., 2013). Criar oportunidades de
cura de cuidados tanto se pode dever a um participação é benéfico ao nível da manutenção
comportamento mais apático, onde há falta de das capacidades funcionais (Menne et al., 2012;
motivação para desempenhar tarefas, às limitações Rocha et al., 2013), como do sentimento de capa-
físicas ou à capacidade de pensar uma ação e ser citação (Menne et al., 2012). Paralelamente, a re-
capaz de executá-la de forma funcional, ou a dife- alização de atividades significativas não só ajuda a
rentes comprometimentos em simultâneo (Hens- regular o comportamento, como a potenciar a
kens et al., 2019). Sabe-se que o declínio cognitivo qualidade de vida das pessoas com demência
mais evidente nesta fase da demência acompanha (Jones et al., 2020).
também o da execução de habilidades motoras Os níveis de participação da pessoa com demência
(Liou et al., 2020), sendo igualmente fundamental podem ser variados, Thelander et al., (2008) nivela-
a compreensão do seu comportamento (Johnson os como uma participação independente (a pessoa
et al., 2009). Inevitavelmente, nesta fase da pro- começa e continua a atividade de forma espontâ-
gressão da demência, a pessoa idosa terá também nea), com supervisão (faz autonomamente, mas já
um acompanhamento farmacológico, caracteri- requer um feedback externo), com ajuda mínima
zado muitas vezes por uma polimedicação, que (demonstração ou apoio verbal), ajuda moderada
deve ser avaliada com regularidade e cujo ajuste (acresce às anteriores o apoio verbal continuado),
será mais eficaz se envolver a perceção da equipa ajuda maior (aos apoios anteriores, soma-se o fí-
multidisciplinar (Kröger et al., 2015). sico) e a não participação. Matilla-Mora et al.
(2016) acrescenta que, no decorrer das atividades,
A GERONTOPSICOMOTRICIDADE E O PAPEL deve existir um reforço positivo, evitando-se criar
DO PSICOMOTRICISTA momentos contínuos de erro, atendendo-se às
A Gerontopsicomotricidade é uma terapia não far- atuais capacidades da pessoa.
macológica que parte do corpo e das suas intera- Nesta fase da demência, a literatura enuncia alguns
ções com os domínios cognitivos, comporta- exemplos de tarefas, como atividades com música
mentais, mas também com as especificidades do (Jones et al., 2020), ouvir poesia e comentá-la, ex-
contexto, vendo a pessoa no seu todo (Branquinho plorar materiais sensoriais, atividades com movi-
e Espadinha, 2019). Através do trabalho desenvol- mento e que combinem movimento com música
vido na Gerontopsicomotricidade, pretende-se que (Hensman et al., 2015) e tarefas ligadas ao cultivo
a pessoa idosa se reencontre com o corpo e com e cuidado de plantas (Thelander et al., 2008). Estas
as suas sensações, não só com um objetivo último sugestões podem ser incluídas nas propostas do
de maior funcionalidade, mas também de senti- Psicomotricista, que deve sempre, e depois de de-

7
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
finidos os objetivos para cada pessoa, procurar ta-
refas que sejam do seu agrado, o que também será
podem estabilizar, ou até melhorar a sintomatolo-
gia que causa maior sofrimento, apesar do agra-
uma alavanca para a sua motivação no desem- vamento da doença (Marcos e Burucoa, 2012).
penho da atividade (Vázquez e Mila, 2018). Neste caso, algumas propostas passam por reco-
As demências, como doenças graves e progressi- rrer a técnicas de relaxação, a estimulação sensorial
vas, acarretam muitas vezes a noção de sofrimento (idealmente, em espaços controláveis e destinados
global, pelo que, o corpo com limitações, que fun- para o efeito) e recorrer ao toque, seja através de
ciona em estreita combinação com a psique e a massagens ou mobilizações de cariz mais passivo
afetividade da pessoa, começam, com a progres- ou ativo (Marcos e Burucoa, 2012).
são das doenças, a quebrar os laços. (Aflalo et al., Importa, aqui, enunciar a definição de cuidados
2016). Assim, tendo em conta que a população paliativos, que a WHO (2021) caracteriza como
idosa tende a desenvolver este tipo de quadros clí- uma resposta de saúde centrada na pessoa, que
nicos não reversíveis, com sintomatologia que de tem como objetivo central melhorar a qualidade de
alguma forma causa sofrimento, o Psicomotricista vida das pessoas e dos seus cuidadores, de uma
facilmente se mostra como um terapeuta mediador perspetiva holística, prevenindo ou aliviando o so-
para que a pessoa idosa, com limitações no uso, frimento em circunstâncias de saúde que corres-
na imagem ou no investimento do seu corpo pondem a quadros não reversíveis. A definição de
(Aflalo, J. et al., 2016), faça este percurso, nesta cuidados paliativos vai ao encontro do defendido
fase da vida, da melhor forma possível, atenuando por Marcos e Burucoa (2012) que indicam que, em
ou extinguindo os sintomas mais agudos do seu situações de demência grave a moderada, que ca-
quadro clínico. minham para um processo paliativo, as capacida-
Inclusive em fim de vida, há uma série de propostas des psicomotoras evoluem para perdas sucessivas,
que o Psicomotricista pode dinamizar, centradas na e nessas situações, a intervenção psicomotora não
estimulação da comunicação não verbal (tendo por se centra no trabalho das capacidades perdidas,
base a relação de confiança entre a pessoa idosa e mas sim, procurando intervir nas capacidades man-
o Psicomotricista, gera-se um clima de compreen- tidas que funcionam como suporte interno da pes-
são e posterior expressão), reorganização do es- soa. Para os autores, depois de uma avaliação das
quema corporal (especificamente, redescobrir os necessidades, provocar sentimentos de bem-estar
novos limites corporais, que podem estar alterados e conforto (físico, social, mental e espiritual), atra-
devido a perdas propriocetivas ou cognitivas), re- vés de uma simples partilha, uma atitude ou com-
dução da dor (valorizando e dando atenção, igual- portamento de apaziguamento, ou controlo de
mente, as áreas de dor mas também às não dor) e uma dor, constitui uma das funções do Psicomo-
consequente promoção do conforto (Gaucher-Ha- tricista que compreende o potencial adaptativo ao
moudi e Guiose, 2007; Le Roux, 2001; Marcos e longo da vida, reconhece que, enquanto existe
Burucoa, 2012). Muitas vezes, a experiência psico- vida, ela desenvolve-se em diversas facetas, muitas
corporal não é paralela ao estado do corpo físico das vezes até aos momentos finais.
real pelo que as experiências proporcionadas, Durante a realização das tarefas, o comportamento

8
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
deverá ser continuamente observado (Aragón,
2012) e é expectável a existência de mais resulta-
et al., 2019). Quando se realizam alterações ao
nível do espaço, é importante salientar que estas
dos positivos (por exemplo, dar resposta verbal ou não devem ser abruptas nem muito frequentes,
não verbal, manter os olhos abertos ou demonstrar sob o risco de a pessoa deixar de reconhecer o local
afeto) comparativamente a momentos em que não onde se encontra (Wong et al., 2014).
está a ser realizada uma tarefa (Hensman et al., No que diz respeito à caracterização do espaço in-
2015). No caso específico das oscilações do humor, dividual, deve ser dada à pessoa a possibilidade de
em situação de realização de atividade, este será personalizar o quarto ao seu gosto, permitir a
tão melhor quanto maior for a sua interação ou construção de um espaço com mais identidade e
quanto mais correspondida ela for (Beerens et al., promover a sensação de sentir-se em casa, tra-
2018). Os autores acrescentam que, quando isso zendo objetos como fotografias ou quadros, que
não acontece, desencadeia-se um efeito contrário, podem ajudar a que a pessoa se sinta mais perto
fazendo com que a pessoa não se sinta compreen- da família e num ambiente mais caseiro, respetiva-
dida. Importa ainda salientar que, observar a pes- mente (Hoof et al., 2016). É importante compreen-
soa com demência em momento de atividade, der que tornar o espaço significativo, não se traduz
onde está num contexto privilegiado de expressão apenas numa melhoria estética, mas sim na criação
ou ver o que a mesma consegue produzir, pode in- de estímulo contínuo que dá pistas para estimular
fluenciar positivamente as demais interações nou- a memória e, consequentemente, a identidade
tras alturas do dia (Windle et al., 2020). (Hoof et al., 2016; Kris et al., 2019). Aqui, é de sa-
lientar a presença de objetos que permitam manter
O ESPAÇO PARA A PESSOAS COM DEMÊNCIA a realização de algumas tarefas, como máquinas
Um ambiente adequado para a pessoa com de- de costura ou objetos de pintura, que podem ser
mência não é apenas aquele que é confortável e duplamente importantes. Ou seja, por um lado,
seguro, mas também aquele que auxilia na regu- tornam o espaço mais acolhedor e, por outro, per-
lação do comportamento, na medida em que estas mitem que a pessoa continue a desempenhar ta-
pessoas são mais sensíveis à influência dos estímu- refas que lhe são significativas (Hoof et al., 2016).
los, de forma positiva ou negativa (Hoof et al., Em ambientes institucionais, a presença de objetos
2010; Hoof et al., 2016). como fotografias ou que contenham marcas auto-
Atendendo às possibilidades de cada instituição e biográficas, pode desencadear uma conversa entre
às normas de segurança, deve ser encontrado um a equipa e o residente, trazendo não só benefícios
equilíbrio para que a pessoa consiga ter alguns ob- ao nível da comunicação, como da relação (Windle
jetos que lhes são significativos (Hoof et al., 2016), et al., 2020).
bem como diferenciar a caracterização do espaço Quando o espaço não só é pobre em estímulos,
individual (como é o caso dos quartos) do espaço mas tem também estímulos errados, pode tornar-
de grupo (como as salas ou os espaços de refeição) se a causa de uma desregulação comportamental
uma vez que há estímulos que podem ser benéfi- (Hoof et al., 2010), sendo exemplo disso estímulos
cos para uma pessoa e prejudiciais para outra (Kris visuais confusos, consequentes de uma má ilumi-

9
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
nação ou da presença de superfícies espelhadas,
que podem desencadear alucinações (Leung et al.,
cados na ordem com que vão ser utilizados, será
possível a pessoa ter uma melhor perceção do en-
2020; Wong et al., 2014). O mesmo se passa com cadeamento da tarefa. Por outro lado, se a atenção
estímulos sonoros, como ruídos parasitas recorren- da pessoa for direcionada para o objeto, este pode
tes ou temperaturas desadequadas (Wong et al., servir como pista indireta para ajudar a relembrar
2014). Estes aspetos são importantes não só no a pessoa do que está a fazer (Majlesi et al., 2019).
quotidiano da pessoa, como em momento de ses- Um aspeto fundamental do espaço, com relação
são, onde o nível de ruído e de luminosidade in- direta com a qualidade das rotinas da pessoa, é a
fluencia o desempenho da pessoa com demência luminosidade do mesmo, uma vez que esta é uma
(Cohen-Mansfield et al., 2020). forte condicionante da regulação do ritmo circa-
Para se fazer um melhor ajuste do espaço, há tópi- diano. Assumindo-se que, na demência, há uma
cos que podem ser analisados. Kosters et al. (2020) maior possibilidade da desregulação sono vigília,
sugere uma análise entre formal/ informal, preen- não só por questões biológicas (não alteráveis),
chido/ sem vida, prazeroso / não prazeroso, calmo mas por aspetos inerentes às rotinas (nomeada-
/ caótico, estimulante / desmotivador, harmonioso, mente, menor exposição solar), é fundamental
tenso / acolhedor / frio, familiar / estranho, apro- atuar sobre estes últimos (Dal et al., 2019). A ex-
priado / problemático, acessível / inacessível. A par posição à luz, que em espaços com menos luz na-
das características do espaço em si, é também de tural pode ser compensada com lâmpadas que
extrema importância compreender a interação da simulem a alteração desta, contribui para uma mel-
pessoa com demência com este (Kris et al., 2019). horia da qualidade do sono da pessoa (Dal et al.,
Assim, Wibelforce et al., (2019) propõem não só a 2019; Figueiro et al., 2015). Este último exemplo,
avaliação das características do espaço, como da que relaciona uma característica do espaço com a
relação da pessoa com o espaço, através de uma qualidade do sono, permite perceber a influência
análise a três níveis. Um primeiro nível relacionado de todos os fatores na qualidade de vida da pessoa
com a segurança (a pessoa é reconhecida de com demência. Complementando, um estudo
acordo com a sua individualidade, tratada de sobre pessoas idosas portuguesas, relacionou não
forma adequada e mantida uma comunicação efi- só estes dois aspetos, como um menor tempo de
caz); com as propriedades do espaço (o lugar tem participação em atividades, ou seja, quanto menos
objetos que remetem para a ideia de casa, há estí- envolvidas estão as pessoas em atividades signifi-
mulos visuais positivos, que se mantém cuidado); cativas, mais é o tempo de sono diurno, o que in-
e com as possibilidades de interação (seja com as fluencia negativamente o sono noturno (Silva et al.,
suas famílias, com equipa ou outras pessoas, se 2020). Assim, torna-se fundamental compreender
assim o desejarem). a importância de não só criar um ambiente de in-
A disposição dos objetos no espaço vai condicionar teração positiva para a pessoa, assente numa co-
a ação da pessoa. Isto é, a pessoa com demência municação adequada, como desenhar propostas
pode ter dificuldade em executar uma ação de em Gerontopsicomotricidade que se traduzam em
forma sequencial, assim, se os objetos forem colo- atividades significativas.

10
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
A COMUNICAÇÃO, AS INTERAÇÃO
E AS ROTINAS
encaminhada para uma urgência hospitalar sem
essa necessidade (Johnson et al., 2009).
Quando a interação com a pessoa com demência é A comunicação deve sempre ser flexível, realizar-se
positiva, isto é, a pessoa saúda, faz elogios, explica com tempo e ter em atenção o local onde decorre
a atividade que vai desempenhar de forma verbal (Manen et al., 2021). É importante garantir que a
ou não verbal e mantém uma conversa, o bem- pessoa com demência percebe aquilo que lhe está
estar da pessoa aumenta significativamente, não só a ser dito, pois só assim poderá responder de
comparativamente à comunicação negativa, como forma adequada (Burshnic e Bourgeois, 2020). Al-
à ausência de interação (Fauth et al., 2020). Aqui, gumas estratégias nestes contextos passam por
é importante demonstrar às equipas que mesmo in- focar a atenção da pessoa naquilo que se lhe está
terações de curta duração, poderão ser o único mo- a transmitir, demonstrar, também pela comunica-
mento de contacto que as pessoas com demência ção não verbal, disponibilidade para a interação,
têm num longo período (Windle et al., 2020). utilizar frases simples, dar à pessoa tempo de res-
Especificando a questão da comunicação nesta posta, recorrer a pistas verbais (ajudar a encontrar
fase da vida, é importante perceber-se que é natu- uma palavra, repetir para melhor entendimento)
ral que, com o tempo, a expressão verbal se vá per- ou, em alternativa, a não verbais (gestos ou expres-
dendo, tornando-se um maior desafio para as sões faciais), observar toda a expressividade da pes-
equipas (Burshnic e Bourgeois, 2020; Conway e soa e incentivar a sua comunicação (Conway e
Chenery, 2016; Manen et al., 2021) privilegiando- Chenery, 2016). As pessoas com demência preci-
se, assim, a não verbal (Manen et al., 2021), ou sam de mais tempo para participar numa conversa
arranjando-se alternativas como suporte de ima- e os tempos de espera, em que a pessoa está em
gem ou de texto (Burshnic e Bourgeois, 2020). O silêncio para que possa entender e posteriormente
testemunho de algumas equipas demonstra já exis- comunicar, devem ser respeitados (Williams e Par-
tir esta sensibilidade para a necessidade de reajus- ker, 2012).
tar a comunicação, recorrendo a estratégias como Por parte do cuidador, comunicar nesta fase com
repetir perguntas, usar sinais não verbais e observar a pessoa com demência constitui um grande desa-
o olhar e a linguagem corporal (Windle et al., fio, o que pode levar a que o cuidador use um tom
2020). mais alto e mais áspero, sobretudo quando está
Muitas vezes, a comunicação por parte das pessoas mais cansado e quando a pessoa com demência
com este nível de demência, dá-se através dos está mais exigente, no sentido de apresentar maior
comportamentos, que podem ir desde a agitação incompreensão cognitiva ou alteração comporta-
à apatia (Johnson et al., 2009). Se a pessoa não for mental (Petrovsky et al, 2019). Esta comunicação
capaz de comunicar, naquelas que são as suas pos- menos adequada poderá ser minimizada quando
sibilidades atuais, muito facilmente as suas neces- são ensinadas estratégias para melhorar este fator
sidades passarão despercebidas, o que causará (Petrovsky et al, 2019), bem como dar significado
angústia e, possivelmente, uma desregulação no às atitudes que o membro da equipa já apresenta
comportamento e, inclusive, a possibilidade de ser (Windle et al., 2020).

11
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
A relação estabelecida entre as equipas e as pes-
soas com demência, que envolve uma carga emo-
sistência a pessoas com demência moderada a
avançada, dentro de uma Residência Sénior, onde
cional bastante forte, é determinante para pessoas que já nela viviam, naturalmente evoluíram
potenciar a qualidade de vida das pessoas idosas, as suas condições clínicas, necessitando desta
sendo esta maior na presença de cuidadores mais forma de uma necessidade de apoio maior e mais
empáticos e sensíveis (Anderson e Blair, 2020). As- especificada.
petos aparentemente simples como respeitar a Neste espaço pretende-se que exista um serviço de
identidade, estimular e pedir a opinião da pessoa vigilância permanente, a par de um serviço clínico
idosa, criar diálogos e a capacidade de escolha, de apoio e de respostas terapêuticas em termos de
num contacto mais flexível devem ser pontos a estimulação constantes.
considerar, especificando estas estratégias às carac- Perspetivava-se que a interação entre estes serviços
terísticas de cada equipa e às possibilidades de ges- e as características do próprio contexto físico cul-
tão de tempo e outros recursos que cada uma minem no bem-estar geral dos residentes, possibi-
apresenta (Kloos et al., 2020). litando que os mesmos possam permanecer nas
As pessoas com demência moderada a avançada, instalações até ao seu fim de vida.
são muito vulneráveis e carecem de uma necessi-
dade de apoio indiscutível, e a qualidade da rela- PROCEDIMENTO
ção envolvente, quer ao nível técnico, quer ao nível A descrição do caso resulta da observação e análise
humano, é também influenciada pelo equilíbrio so- crítica da equipa de Psicomotricidade, resposta que
matopsíquico da pessoa (Marcos e Burucoa, 2012) existe na residência há mais de uma década e neste
existindo, desde modo, uma relação cíclica entre contexto específico há mais de seis anos. Esta des-
este último, e a abordagem de cuidados, com pro- crição, por sua vez, tem como fio condutor as
fundo impacto no bem-estar da pessoa com de- ideias apresentadas na literatura, ao nível da des-
mência e sucesso nos cuidados. crição dos espaços pensados para a pessoa com
Observar interações (com as pessoas e com o con- demência, naquelas que são as diretrizes apoiadas
texto) e rotinas constitui uma grande ferramenta pela equipa (técnica e não técnica) no que diz res-
para encontrar novas estratégias na gestão de peito à comunicação e interação com a pessoa
comportamentos que possam estar mais desade- com demência e o seu cuidador formal. Paralela-
quados, sendo que o Psicomotricista com mais for- mente, apresentam-se também as questões mais
mação em Gerontopsicomotricidade terá um olhar diretamente ligadas à intervenção específica do Psi-
mais crítico nesta avaliação (Vázquez e Mila, 2018). comotricista em Gerontopsicomotricidade.

MÉTODO APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS
AMOSTRA CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO
O espaço apresentado de seguida, refere-se a uma ESPAÇO PESSOAL
Unidade pensada e posta em prática para dar as- Relativamente ao espaço pessoal de cada residente,

12
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
nomeadamente o quarto, à exceção da cama que
tem um modelo hospitalar com colchões anti es-
expostos visualmente para que lhe gerem interesse,
como estarem acessíveis caso os queria manipular.
caras, todas as restantes peças de mobiliário
podem ser trazidas pelos residentes (alguns exem- ESPAÇO COMUM
plos disso são aparadores, cómodas e sofás), a par O espaço comum caracteriza-se por duas grandes
de objetos decorativos e outros que permitem que zonas, uma de refeições e uma de estar, separadas
a pessoa se mantenha ocupada. Pretende-se, neste entre si por uma estrutura circular, que não só per-
espaço, garantir as condições de segurança, sem mite criar um caminho sem fim de deambulação,
ter uma aparência hospitalar. Conforme descrito na como, por ser transparente, possibilita que a pes-
literatura por Hoof et al., (2016) e Kris et al., soa possa visualizar a totalidade do espaço.
(2019), considera-se que este espaço é positivo Em todos os locais, há muita luz natural, permi-
para as pessoas nesta fase na demência, uma vez tindo a que a pessoa não só tenha uma exposição
que contém não só objetos decorativos autobio- adequada à luz, como se aperceba melhor dos mo-
gráficos, a par de objetos funcionais (Hoof et al. mentos do dia. A questão da exposição solar como
2016). Por um lado, os objetos autobiográficos reguladora do comportamento, é referida por Dal
têm demonstrado que dão à pessoa a sensação de et al. (2019). É ainda de salientar a existência de
casa e, sobretudo, de segurança, sendo uma forma um trajeto circular, ou seja, sem princípio nem fim,
de regular o comportamento, sobretudo em mo- que permite a deambulação dos residentes.
mentos de maior desorientação. Por outro lado, o Outros objetos que facilitam a orientação espacio-
facto de existiram objetos significativos com uma temporal são o calendário e o relógio. Neste es-
funcionalidade associada, sejam livros, álbuns de paço, é também de salientar a existência de um
fotografias ou materiais mais relacionados com ta- jornal de parede, com fotografias e textos dos re-
refas manuais, permitem à pessoa manter-se ocu- sidentes, onde simultaneamente é demonstrado à
pada em tempos onde não tem a presença do equipa as múltiplas competências das pessoas com
Psicomotricista ou de outra figura que possa auxi- demência. Ter um lugar onde são notórias as ca-
liar o desempenho de uma tarefa. Naturalmente, pacidades da pessoa com demência, parece poten-
que pelo comprometimento que a pessoa já a pre- ciar uma melhor interação entre residentes e
sença nesta fase, a realização de uma tarefa sem equipa, na medida em que esta última se apercebe
este apoio, terá uma duração mais reduzida. Pela de outras competências das pessoas, o que tam-
observação da equipa, é também possível verificar bém é reforçado por Windle et al. (2020).
que a presença sobretudo de fotografias, desenca- Neste espaço, tenta-se que haja uma quantidade
deia conversas com os residentes, tal como apon- de estímulos moderada, atendendo às diferenças
tado por Windle et al., (2020) conversas que assim entre cada pessoa, aspeto salientado por Kris et al.,
não serão apenas centradas nas necessidades bá- (2019). Assim, a par do mobiliário, vão sendo al-
sicas. Outra das preocupações passa, e conforme teradas algumas decorações que auxiliam na orien-
apontado por Wibelforce et al., (2019) que estes tação para a realidade, produzidas pelos residentes
objetos estejam acessíveis à pessoa, não só estarem ao longo do tempo e mudados com os próprios,

13
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
de forma a não causar desorientação quando tal é
alterado. A par disso, verificam-se outras caracte-
por isso, é necessário utilizar estratégias que facili-
tem o entendimento da mesma por parte da pes-
rísticas descritas na literatura como a ausência de soa. Este desafio é reforçado por vários autores
estímulos visuais, sonoros ou de temperatura de- (Burshnic e Bourgeois, 2020; Conway e Chenery,
sadequados, que podem gerar desregulação com- 2016; Manen et al., 2021) que também salientam
portamental (Leung et al., 2020; Wong et al., a importância de se encontrarem alternativas à co-
2014). municação verbal. Estas estratégias de comunica-
A permanência dos residentes neste espaço reduz ção verbal e não verbal, que podem ser utilizadas
em muitos casos, a administração de terapêutica pela equipa de cuidadores formais e terapeutas,
farmacológica utilizada em SOS, ou seja, não pau- são pontos chave no estabelecimento de uma re-
tada, para controlo de sintomas comportamentais lação eficaz entre cuidador e pessoa idosa.
que, quando administrada, em muitos dos casos, Primeiramente, é importante que se fale ao mesmo
resulta em prostração acentuada, impossibilitando nível que a pessoa com demência, para que este
os residentes da vida de relação que ainda usu- percecione o cuidador ou terapeuta como igual,
fruem quando não é aplicada esta terapêutica. ou seja, caso a pessoa idosa esteja sentada, o cui-
dador deverá procurar contacto visual e sentar-se
COMUNICAÇÃO, GESTÃO DE também, ou baixar-se para que fiquem ambos ao
COMPORTAMENTOS E INTERAÇÕES mesmo nível. Este aspeto traz segurança à pessoa
A COMUNICAÇÃO com demência, sentindo que a pessoa que tem
O trabalho direto com uma pessoa com demência diante de si, não é alguém superior. A utilização de
pode ser muito desafiante, pois muitas das vezes, gestos e a demonstração constituem-se também
a mesma não consegue expressar vontades, inten- como meios facilitadores da comunicação, pois a
ções ou desconfortos. Nesse sentido, uma equipa pessoa com demência, pode conseguir interpretar
bem treinada pode fazer toda a diferença na qua- mais facilmente uma imagem do que uma frase.
lidade dos cuidados prestados. De seguida, são Algumas destas estratégias são também referidas
apresentadas algumas estratégias defendidas e tra- por Windle et al. (2020), que salientam a impor-
balhadas em equipa e corroboradas pela literatura. tância do reajuste contínuo.
A comunicação, seja ela verbal e não verbal, cons- Já ao nível da comunicação verbal, é fundamental
titui-se como um dos fatores fundamentais no tra- que se utilizem frases curtas e concretas, sem ana-
balho com pessoas com demência, na medida em logias ou metáforas, que muitas das vezes não são
que é através dela que se chega à pessoa, estabe- compreendidas pela pessoa com demência, dei-
lecendo-se assim um elo que pode facilitar bas- xando-as mais confusas ou desorientadas. Sa-
tante a realização dos cuidados prestados ou bendo que a memória é uma das funções
mesmo da relação terapêutica. Da observação da cognitivas altamente alteradas nas pessoas com
prática, constate-se que o pensamento, a capaci- demência, é fácil perceber que a repetição e a uti-
dade de análise e a integração de informação de lização de sinónimos é a base das estratégias de
uma pessoa com demência é bastante diferente, comunicação. Uma boa dicção e uma velocidade

14
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
de discurso mais lento constituem-se também
como facilitadores da comunicação com pessoas
cológicas serem tomadas entre equipa multidisci-
plinar. Sabendo que no limite, a terapêutica farma-
com demência, sendo que na maioria dos casos, cológica será eficaz na diminuição dos sintomas,
há a tendência para que as suas funções, sejam de esta não é por norma a primeira linha de atuação,
integração ou de resposta, se tornem progressiva- na residência que descrevemos. Neste sentido, é
mente mais lentas. Conway e Chenery (2016) en- importantíssimo dotar as equipas de ferramentas
fatizam, igualmente, estas ajustes às características comportamentais e de atuação, para lidar com as
das frases, não se esquecendo que estas estratégias alterações de comportamento, tão frequentes
são acompanhadas da comunicação não verbal, neste tipo de pessoas.
anteriormente já especificada. Pela dependência Resultante da observação deste contexto, estas es-
que estas pessoas apresentam, há muitas vezes a tratégias passam por, muitas vezes, inibir estes
tendência para que se infantilize o discurso. O dis- comportamentos, focando a atenção do residente
curso deve sim, ser adequado à pessoa com quem noutro tipo de tarefas ou assuntos. Quando a re-
se comunica, tendo em conta o seu passado, a sua lação se faz de um para um, torna-se mais fácil
história, as suas vivências e os locais onde viveu, pois há uma disponibilidade a cem por cento para
pela variação de vocabulário que existe em diferen- essa pessoa, já em contexto de grupo, a disponi-
tes regiões do país. bilidade será diferente, sendo que há mais tarefas
e mais pessoas a quem dar atenção. Numa pri-
A GESTÃO DE COMPORTAMENTOS meira fase, é fundamental tentar perceber qual o
A alteração de comportamentos é um sintoma motivo da alteração de comportamento. Para uma
geral, dos mais comuns nas pessoas com demên- pessoa com demência, sentir calor, vontade de ir
cia. Entre eles podem considerar-se a labilidade à casa de banho, demasiada claridade ou não con-
emocional, a agressividade, a desinibição, a adoção hecer o espaço onde se encontra, pode constituir
de comportamentos compulsivos, a recusa alimen- uma fonte de sofrimento impossível de expressar
tar ou terapêutica, entre outros. Tal como indicam por palavras. Nessa situação, algumas das formas
Johnson et al., (2009) o comportamento é um encontradas para o expressar podem ser despir-se
meio privilegiado de comunicação por parte das (perante outras pessoas), querer insistentemente
pessoas com demência moderada a avançada. levantar-se, gritar ou chorar. Identificando o mo-
A terapia farmacológica está instituída na maioria tivo, muitas vezes soluciona-se o problema.
das pessoas acompanhadas neste contexto e per- Quando não é possível perceber qual o motivo,
mite, na maioria dos casos, equilibrar esta altera- podem ser encontradas outras estratégias, como
ção de comportamentos. No entanto, muitas orientar a pessoa para a realidade, focar a sua
vezes, é difícil encontrar um equilíbrio entre o bem- atenção noutro assunto, tema, ou tarefa, princi-
estar do residente, a descompensação comporta- palmente que se saiba ser do agrado da pessoa
mental e a prostração. Devido a esta dificuldade, idosa ou às quais reage bem, como por exemplo
salienta-se a ideia apresentada por (Kröger et al., mostrar fotografias, cantar uma música, realizar
2015) sobre a importância de as decisões farma- uma tarefa de motricidade fina para que man-

15
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
tenha as mãos e o pensamento focados na tarefa,
por exemplo.
ficando-os e intervindo sobre eles, tem um papel
importante não só para propor atividades que
sejam significativas, como será detalhado mais à
AS INTERAÇÕES frente, como para ter um olhar crítico sobre todas
Ao nível das interações, existem estratégias adota- as outras tarefas que compõe o dia da pessoa com
das nesta equipa que são fundamentais para faci- demência. Assim, neste contexto, é possível desta-
litar a interação com estas pessoas, nomeada- car os seguintes momentos:
mente, apresentar-se e explicar o que vão fazer, no - Tempo de atividade dirigida (atividades terapêu-
início de uma sessão, ou antes de iniciar uma tarefa ticas ou acompanhamento da pessoa em ativida-
ou uma prestação de cuidados. Para muitas destas des mais recreativas que lhe sejam significativas,
pessoas, as alterações mnésicas fazem com que como cuidar das plantas ou arrumar o seu espaço
não se recordem de quem são os cuidadores e que pessoal).
tarefas desempenham. Nesse sentido fará toda a - Tempo em atividade não dirigida (quando a pes-
diferença dizer a pessoa apresentar-se e antecipar soa consegue fazê-lo, podem ser exemplos a leitura
a tarefa que vai realizar. Naturalmente que todas de revista, a realização de trabalhos de manuais ou
estas estratégias devem ser adequadas à pessoa o visionamento de um filme musicado).
com demência em causa, à sua história, à sua per- - Tempo de refeição, que decorre sempre nos mes-
sonalidade e ao estado evolutivo da doença. Con- mos horários, mantendo-se os lugares onde cada
forme indicam Fauth et al. (2020), otimizar a pessoa faz a sua refeição, estes previamente defi-
qualidade das interações aumenta, significativa- nidos em função do perfil de cada indivíduo. Ceña
mente, o bem-estar da pessoa com demência. et al. (2012) reforça, precisamente, que o horário
Complementarmente, uma baixa rotatividade de da refeição é um ponto de referência na organiza-
cuidadores e terapeutas, tem-se mostrado bastante ção do dia, devendo ter em conta também o local
importante, pois quanto melhor se conhecer a pes- onde a pessoa se sente bem nesse momento,
soa com demência, mais fácil será conhecer as suas sendo importante na organização da sala atender
facilidades/dificuldades, as estratégias a adotar às características comportamentais de cada resi-
para uma maior colaboração, e a criação um vín- dente. Quanto mais positivo for o ambiente, na
culo de confiança e segurança sentido pela pessoa medida em que os estímulos são os desejáveis (seja
com demência. a nível de espaço – ter apenas os objetos que serão
necessários para a refeição, não existirem fatores
CARACTERIZAÇÃO DAS ROTINAS distráteis; ou da interação com o residente – con-
Pela análise da literatura, é possível compreender hecer os seus gostos, respeitar os tempos naturais
que nesta fase da demência todas as rotinas se in- para a execução de uma tarefa), maior poderá ser
fluenciam fortemente entre si (Dal et al., 2019; Fi- a sua autonomia na refeição, apesar das limitações
gueiro et al., 2015), assim o Psicomotricista como funcionais que já possa apresentar (Palese et al.,
profissional dotado de uma capacidade de análise 2020).
dos problemas e limitações evidenciados, descodi- - Tempo de descanso durante o dia, nomeada-

16
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
mente, as sestas, relevantes na medida em que
proporcionam uma alteração na posição corporal
por dificuldade ou mesmo incapacidade de gerir
os estímulos, levando a alterações comportamen-
em que a pessoa tende a passar muitas horas, tais como as referidas anteriormente. Nestes casos
maioritariamente de sentado, que pode potenciar em que tal é observado, a equipa, opta por fazer
o aparecimento de feridas de pressão, sendo estas sessões individuais com esta pessoa, gerindo mel-
medidas preventivas, conforme indicam Courvoisier hor a “quantidade” de estímulo fornecido. A es-
et al. (2018) as mais eficazes para fazer face a esta colha para a integração numa modalidade, ou em
questão. Paralelamente, permitem a que a pessoa ambas, é feita em função do perfil e da vontade
descanse, minimizando a possibilidade de grande do residente. Dada a instabilidade e disponibilidade
cansaço ao final do dia, que pode ser responsável comportamental deste perfil de pessoas, a calen-
por uma grande alteração comportamental, a sín- darização das atividades (com exceção para ativi-
drome de sundowning, efeito descrito neste sen- dades que possam implicar uma logística adicional
tido por (Bedrosian e Nelson, 2013). ou colaboração de pessoas externas) é feita em
função da postura que os residentes apresentam
SESSÕES E ATIVIDADES no próprio dia, privilegiando-se ou dinâmicas de
Compreender a pessoa com demência é aceitar grupo ou individuais.
que pode não ser mais a de outros tempos, porque Quando são realizadas sessões de grupo, estas têm
tem reações diferentes, interpretações diferentes, com maior e mais transversal objetivo a interação,
age sobre o ambiente que o rodeia e com os ou- tanto a nível verbal, como não verbal. Frequente-
tros de forma diferente, é ainda uma pessoa. Uma mente, estes momentos contemplam um mo-
pessoa com um corpo que sente e que expressa, mento de reconhecimento de todos os partici-
mas que muitas vezes não está mais capaz de de- pantes e de observação do contexto; uma tarefa
monstrar essa intencionalidade. Assim, cabe ao Psi- de ativação, com recurso a objetos de maiores di-
comotricista redescobrir em conjunto com a mensões que permita uma contínua interação não
pessoa com demência como dinamizar situações verbal entre os participantes, como paraquedas,
que redescubram essa intenção. bolas ou fitas elásticas; uma atividade com maior
Por norma, há a tendência para estimular as pes- enfoque nas questões da comunicação verbal e
soas com demência, no que respeita às várias di- memória, de curto ou de longo prazo, frequente-
mensões (cognitiva, motora, emocional, social), mente realizada com música, por ser dos materiais
pois sabe-se que o estímulo mantém e reabilita ca- que melhor serve o objetivo pretendido (a par de
pacidades e, tal como indicam Liou et al. (2020) o imagens com fotografias, textos ou objetos varia-
declínio consequente da demência afeta várias dos), mas também por otimizar o nível de vigília
áreas, sendo de extrema importância proporcionar dos participantes; um último momento com uma
atividades significativas (Beerens et al., 2018; conversa a explicar o que se realizará em seguida.
Rocha et al., 2013). No entanto, há casos, em que Nas intervenções de cariz mais individual, procura-
este estímulo deve ser bem considerado, pois pode se dar ainda mais enfoque aos objetivos prioritários
perturbar e desorientar a pessoa com demência, de cada pessoa. Não sendo possível especificar em

17
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
detalhe o conteúdo de cada sessão, importa dife-
renciar dois perfis, um em que estas sessões, a nível
rios, desorientação espácio-temporal ou compor-
tamentos alucinatórios, todos eles tão presentes
de objetivos, são complementar ao trabalho reali- em situações de demência moderada a avançada.
zado em grupo, havendo não só um trabalho mais Não raras vezes assiste-se ainda à redescoberta de
intensivo ao nível das competências necessárias capacidades que se encontravam adormecidas,
como, muitas vezes, um mais enfoque em ques- como alguns talentos ou interesses específicos, ou
tões mais relacionadas com praxias construtivas e até mesmo capacidades básicas que se julgavam já
motricidade fina, mais eficazes quando não são re- perdidas e não recuperáveis.
alizadas em sessões em roda. Todas estas escolhas vão ao encontro de alguns
Por outro lado, há residentes para os quais a inter- princípios enunciados na literatura, como partir da-
venção de grupo não é benéfica, seja por vontade quele que é o interesse da pessoa, conjugando-se
destes, ou por já se encontrarem em fases ainda com os objetivos definidos para a mesma (Vázquez
mais avançadas da demência, onde não só preci- e Mila, 2018), encontrando-se atividades significa-
sam de uma intervenção com um foco de atenção tivas que satisfaçam estas condições (Jones et al.,
continuamente dirigido para si, como se trata so- 2020; Hensman et al., 2015; Thelander et al.,
bretudo de promover conforto através de estímu- 2008), em qualquer um dos momentos da pro-
los que são significativos, e muito variáveis de gressão da demência em que a pessoa se encontre
pessoa para pessoa. Alguns exemplos são a explo- (Gaucher-Hamoudi e Guiose, 2007; Le Roux,
ração de elementos significativos (fotografias, mú- 2001).
sicas, objetos decorativos ou funcionais que Fundamentalmente, em qualquer que seja a pro-
tenham feito para da sua vida), e de objetos sen- posta apresentada à pessoa com demência, a rela-
soriais mais gerais (com diferentes temperaturas, ção constitui-se como a base de uma boa
cheiros ou texturas). Paralelamente, são de referir intervenção. Sem uma boa relação de confiança
tarefas de mobilização, que permitam um reencon- com o cuidador/terapeuta, todo o processo fica
tro com os limites corporais e a valorização do comprometido. O segredo do estabelecimento de
corpo e não exclusivamente do corpo que sente uma boa relação, prende-se acima de tudo com o
dor. respeito pela pessoa com demência. Respeitar a
Neste contexto, as atividades de estimulação são pessoa com demência é conhecê-la tanto quanto
diariamente aplicadas em função do estado geral possível: para saber evidenciar os seus pontos for-
do/dos residentes e tirando partido do contexto na- tes e estimular os menos fortes; para acreditar nas
quele dia. Por isso, facilmente se permite que exis- suas capacidades; para ir ao encontro dos seus in-
tam várias tarefas ou pequenas tarefas decorrer em teresses e motivações; para prevenir situações. Res-
simultâneo com diferentes residentes, mesmo que peitar a pessoa com demência, é saber que há
não incluam todo o grupo, se isso significar a ade- sempre algo de bom que se pode proporcionar
são, o interesse e foco na tarefa e acima de tudo o àquela pessoa, seja num estado inicial da doença,
bem-estar do residente, traduzido pela ausência de seja em pessoas em fim de vida.
desorientação, gritos, comportamentos desinibitó-

18
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
LIMITAÇÕES E SUGESTÕES
Ao nível das limitações deste estudo, destaca-se o
somente para fins decorativos, como materiais uti-
lizados em sessões de Gerontopsicomotricidade.
facto de a observação ser realizada num único con- Por outro lado, ao nível das interações, é impor-
texto, não permite generalizar resultados. Por tante ressalvar que o trabalho de sensibilização das
outro lado, a inexistência de meios de avaliação equipas para as questões ligadas ao comporta-
que relacionem a influência direta dos fatores apre- mento e à comunicação, é uma tarefa contínua,
sentados no comportamento da pessoa (aten- que poderá ser assegurada pelo Psicomotricista, na
dendo à oscilação expectável que é esperada neste medida em que entende o processo de envelheci-
diagnóstico) não permite a existência de dados mento da pessoa idosa e consegue explicar porque
mais concretos. Ambas as questões constituem de- se expressa e comporta de determinadas formas,
safios interessantes para o futuro do conhecimento encontrando estratégias para tal. Esta partilha é
na Gerontopsicomotricidade, que deverá, cada vez tão mais rica quanto mais pessoas forem envolvi-
mais, compreender a intervenção com a pessoa das, na medida em que os elementos da equipa in-
idosa em todos as fases do seu envelhecimento. teragem com a pessoa em momentos diferentes,
onde esta poderá ter oscilações de comporta-
CONCLUSÃO mento. Em termos de recursos humanos, no con-
O acompanhamento em Gerontopsicomotricidade texto descrito, tem sido percetível que o facto de
da pessoa com demência moderada a avançada os serviços serem maioritariamente prestados pelo
envolve muitos outros aspetos, alguns deles dizem mesmo grupo de cuidadores e terapeutas torna a
inclusive respeito aos processos de avaliação, defi- relação terapêutica e de cuidados bastante mais
nição de um plano terapêutico e de objetivos mais forte, gerando sentimentos de segurança e con-
específicos, que naturalmente serão específicos fiança por parte de residentes e cuidadores. A re-
para cada pessoa. Contudo, nesta população, não lação permite conhecer a pessoa de quem se cuida
descurar as outras duas dimensões que aqui foram a fundo, desde os seus gostos e interesses que por
abordadas, pode constituir a base da intervenção vezes servem de base ou podem até ser utilizadas
e contribuir para criar condições quase ótimas para como estratégias de abordagem, como pormeno-
viver esta fase do envelhecimento e da doença. res técnicos mais específicos que permitem vestir
Ainda que este documento diga respeito a uma re- ou transferir o residente de forma mais confortável,
alidade muito específica, que pode não ir ao en- ou ainda desviar o foco de atenção de um resi-
contro da maioria das realidades das residências dente, durante uma crise alucinatória, que lhe
para pessoas idosas em Portugal, há estratégias causa um desconforto acentuado.
que poderão ser transportadas para diferentes Quando à dinamização de tarefas com estas pes-
casos. Por exemplo, ainda que sejam poucos os lo- soas, é importante compreender que, na maioria
cais onde as pessoas tenham um espaço pessoal das vezes, não existirá uma reaquisição das com-
só seu, é importante que a pessoa possa ter alguns petências. Trata-se sim de uma constante readap-
objetos significativos, de forma mais exposta, ou tação das tarefas e dos contextos para as atuais
possuindo uma caixa de memórias, que podem ser competências da pessoa, da possibilidade de pre-

19
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
servação e, essencialmente, da promoção do bem-
estar e da sua individualidade, independentemente
M., Poute de Puybaudet, C., Thenin, N., Vizza-
vona, J. (2016). Psychomotricité en soins pallia-
das alterações já decorridas devido ao processo de- tifs. Médicine Palliative, 15(4), 226-234.
mencial. https://doi.org/10.1016/j.medpal.2016.03.004
Por fim, estruturas como a aqui enunciada contri- • Anderson, K. e Blair, A. (2020). Why we need to
buem para a manutenção e o prolongamento da care about the care: A longitudinal study linking
vida com a maior qualidade possível, permitindo the quality of residential dementia care to resi-
ainda o acompanhamento das pessoas com de- dents’ quality of life. Archives of Gerontology
mência até ao seu fim de vida, num espaço con- and Geriatrics, 91. https://doi.org/10.1016/j.ar-
tentor e de conforto, rodeado dos seus pertences, chger.2020.104226
junto dos seus cuidadores formais de referência e • Aragón, M. B. Q. (2012). Psicomotricidad: Guía
sempre que possível dos familiares, e em muitos de evaluación e intervención. Madrid: Ediciones
casos, ao som de músicas, poesias, que se sabe Pirámide
previamente terem alto impacto no bem-estar • Bedrosian, T.A. e Nelson, R.J. (2013). Sundow-
dessa pessoa. Através do estabelecimento de uma ning syndrome in aging and dementia: Research
relação terapêutica, baseada na visão holística do in mouse models. Experimental Neurology, 243,
ser humano, na comunicação, no respeito e no 67-73. http://doi.org/10.1016/j.expneurol.2012.
sentimento de capacidade, o Psicomotricista pode 05.005
fazer a diferença no bem-estar e qualidade de vida • Beerens, H.C., Zwakhalen, S.M.G., Verbeek, H.,
das pessoas com demência. Ao atuar sobre o Tan, F.E.S., Jolani, S., Downs, M., Boer, B., Ru-
corpo, atuando de forma direta com a pessoa ou waard, D. e Hamers, J.P.H. (2018). The relation
indireta, melhorando as suas rotinas e contexto, es- between mood, activity, and interaction in long-
timulam-se funções e desencadeiam-se sensações term dementia care. Aging & Mental Health,
e experiências que constituem o resultado da inter- 22(1), 26-32. http://dx.doi.org/10.1080/
venção. Em suma, perspetiva-se a maior segu- 13607863.2016.1227766
rança, o maior conforto, e acima de tudo a maior • Branquinho, C. e Espadinha, C. (2019). Geron-
dignidade até ao fim. topsicomotricidade na comunidade: um projeto
piloto da AEFMH. Revista Iberoamericana de Psi-
comotricidad y Técnicas Corporales, 44, 26-42.
BIBLIOGRAFÍA • Burshnic, V.L. e Bourgeois, M.S. (2020). A Seat
• American Psychiatric Association [APA]. (2013). at the Table: Supporting Persons with Severe De-
Manual de Diagnóstico e Estatística das Pertur- mentia in Communicating Their Preferences. Cli-
bações Mentais DSM-5 (5.ª ed., responsável nical Gerontologist, 7, 1-14. https://doi.org/
pelas traduções Maria Luísa Figueira em 2014). 10.1080/07317115.2020.1764686
Lisboa: Climepsi Editores. • Ceña, D.P., Iglesias, M.E.L., Pérez, J.M.C., Pérez,
• Aflalo, J., Cocaign, V., Kaempf, S., Krebs, Z., De D.G., Calero, C.G., Peñas, C.F. (2012). Is the meal-
Laforcade, B., Mallet, S., Martin, P., Narbonnet, time experience in nursing homes understood?

20
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
A qualitative study. Geriatrics & Gerontology In-
ternational, 13(2), 482-489. http://10.1111/
• Gaucher-Hamoudi, O. e Guiose, M. (2007). Soins
Palliatifs et Psychomotricité. Paris: Éditions Heures
j.1447-0594.2012.00925.x de France.
• Cohen-Mansfield, J. (2020). The impact of envi- • Henskens, M., Nauta, I.M., Drost, K.T., Milders,
ronmental factors on persons with dementia at- M.V. e Scherder, E.J.A. Predictors of care depen-
tending recreational groups. International dency in nursing home residents with moderate
Journal of Geriatric Psychiatry, 35(2), 141-146. to severe dementia: a cross-sectional study. Inter-
https://doi.org/10.1002/gps.5210 national Journal of Nursing Studies, 92, 47-54.
• Conway, E.R. e Chenery, H.J. (2016). Evaluating https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2018.12.005
the MESSAGE Communication Strategies in De- • Hensman, M., Mudford, O.C., Dorrestein, M. e
mentia training for use with community-based Brand, D. (2015). Behavioral evaluation of sen-
aged care staff working with people with de- sory-based activities in dementia care. European
mentia: a controlled pretest–post-test study. Journal of Behabior Analysis, 16(2), 295-311.
Journal of Clinical Nursing, 25(7), 1145-1155. http://dx.doi.org/10.1080/15021149.2015.1085
http://10.1111/jocn.13134 693
• Courvoisier, D.S., Righi, L., Béné, N., Rae, A.C., e • Hoof, J., Kort, H., Duijnstee, M., Rutten, P. e Hen-
Chopard, P. (2018). Variation in pressure ulcer sen, J. (2010). The indoor environment and the
prevalence and prevention in nursing homes: A integrated design of homes for older people with
multicenter study. Applied Nursing Research, 42, dementia. Building and Environment, 45, 1244-
45-50.https://doi.org/10.1016/j.apnr.2018.06.001 1261. http:// 10.1016/ /j.buildenv.2009.11.008
• Dal, E.V.L., Snaphaan, L. e Bongers, I. (2019). • Hoof. J., Janssen, M.L., Heesakkers, C.M.C., Kers-
Biodynamic lighting effects on the sleep pattern bergen, W., Severijns, L.E.J., Willems, L.A.G.,
of people with dementia. Building and Environ- Marston, W.H.R., Janssen, B.M. e Nieboer, M.E.
ment, 150, 245-253. https://doi.org/10.1016/ The importance of personal possessions for the
j.buildenv.2019.01.010 development of a sense of home of nursing
• Fauth, E.B., Meyer, K.V. e Rose, C. (2020). Co-oc- home residents. Journal of Housing For the El-
currence of positive staff interactions and positive derly, 30(1), 35-51. http://dx.doi.org/10.1080/
affect in memory-care residents: An observatio- 02763893.2015.1129381
nal study. International Journal of Geriatric • Johnson, A., Chang, E., Daly, J., Harrison, K.,
Psychiatry, 35(7), 759-769. http://dx.doi.org/ Noel, M., Hancock, K. e Easterbrook, S. (2009).
10.1002/gps.5299 The communication challenges faced in adopting
• Figueiro, M.G., Hunter, C.M., Higgins, P.A., Hor- a palliative care approach in advanced dementia.
nick, T.R., Jones, G.E., Plitnick, B., Brons, J. e Rea, International Journal of Nursing Practice, 15,
M.S. (2015). Tailored lighting intervention for per- 467-474. http:// 10.1111/j.1440-
sons with dementia and caregivers living at home. 172X.2009.01795.x
Journal of the National Sleep Foundation, 1, 322- • Jones, C., Liu, F., Murfield, J. e Moyle, W. (2020).
330. http://dx.doi.org/10.1016/j.sleh.2015.09.003 Effects of non-facilitated meaningful activities for

21
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
people with dementia in long-term care facilities:
A systematic review. Geriatric Nursing, 20, 1-9.
with dementia in care and attention home. Buil-
ding and Environment, 169. https://doi.org/
http://doi.org.10.1016/j.gerinurse.2020.06.001 10.1016/j.buildenv.2019.106532
• Kloos, N., Drossaert, C.H.C., Trompetter, H.R., • Liou, W.C., Chang, L., Hong, C.T., Chi, W.C., Yen,
Bohlmeijer, E.T. e Westerhof, G.J. (2020). Explo- C.F., Liao, H.F., Chen, J.H. e Liou, T.S. (2020).
ring facilitators and barriers to using a person Hand fine motor skill disability correlates with de-
centered care intervention in a nursing home set- mentia severity. Archives of Gerontology and Ge-
ting. Geriatric Nursing, 41, 730-739. riatrics, 90, 1-6. https://doi.org/10.1016/
https://doi.org/10.1016/j.gerinurse.2020.04.018 j.archger.2020.104168
• Kosters, J., Kunz, M., Bosch, K.A.V.D., Andringa, • Majlesi, A.R., Ekström, A. e Hydén, L.C. (2019).
T.C., Zuidema, S.U., Luijendijk, H.J. e Janus, S.I.M. Spatiotemporal arrangement of objects in activi-
(2020). Validation of a modified ambiance scale ties with people with dementia. Logopedics Pho-
in nursing homes. Aging & Mental Health, 3, 1- niatrics Vocology, 44(1), 31-40. https://doi.org/
7.https://doi.org/10.1080/13607863.2020.1747 10.1080/14015439.2018.1556771
049 • Manen, A., Aarts, S., Metzelthin, S.F., Verbeek,
• Kris, A.E. e Henkel, L. A. (2019) The Presence of H., Hamers, J.P.H. e Zwakhalen, S.M.G. (2021).
Memory-Enriched Environments for Cognitively A communication model for nursing staffwor-
Impaired Nursing Home Residents. Journal of king in dementia care: Results of a scoping re-
Housing For the Elderly, 33(4), 393-412. view. International Journal of Nursing Studies,
https://doi.org/10.1080/02763893.2019.15978 113. https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020.
02 103776
• Kröger, E., Wilchesky, M., Marcotte, M., Voyer, • Marcos, I. & Burucoa, B. (2012). Une approche
P., Morin, M., Champoux, N., Monette, J., Aubin, spécifique de la psychomotricité en situation pa-
M., Durand, P.J., Verreault, R. e Arcand, M. lliative. Revue internationale de soins palliatifs,
(2015). Medication Use Among Nursing Home 2(2), 73-76. https://doi.org/10.3917/inka.122.
Residents With Severe Dementia: Identifying Ca- 0073
tegories of Appropriateness and Elements. Jour- • Matilla-Mora, R., Martínez-Piédrola, R. M. e
nal of the American Medical Directors Huete, J. F. (2016). Eficacia de la terapia ocupa-
Association, 16, 1-17. http://dx.doi.org/10.1016/ cional y otras terapias no farmacológicas en el
j.jamda.2015.04.002 deterioro cognitivo y la enfermedad de Alzhei-
• Le Roux, F. (2001). Psychomotricité et fin de vie. mer. Revista Española de Geriatría y Gerontolo-
In Albaret, J.-M. e Aubert, E. (Ed.). Vieillissement gía, 51(6), 349-356. http://doi.org.10.1016/
et Psychomotricité (pp. 155-180). Marseille: j.regg.2015.10.006
SOLAL. • Menne, H.L., Johson, J.D., Whitlatch, C.J., Schwartz,
• Leung, M.Y., Wang, C. e Wei, X. (2020). Structu- S.M. (2012). Activity Preferences of Persons With De-
ral model for the relationships between indoor mentia. Activities, Adaptation & Aging, 36, 195–213.
built environment and behaviors of residents http://doi.org.10.1080/01924788.2012.696234

22
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Catarina Branquinho y Sara Falcão: Boas práticas no acompanhamento em gerontopsicomotricidade da pessoa com demência moderada a avançada

NÚMERO

46 2021
• Palese, A., Gonella, S., Grassetti, L., Longobardi,
M., Caro, A., Achil, I., Hayter, M. e Watson, R.
• Wilberforce, M., Sköldunger, A. e David Edvards-
son, D. (2019). A Rasch analysis of the Person-
(2020). What nursing home environment can Centred Climate Questionnaire – staff version.
maximise eating Independence among residents BMC Health Services Research, 19, 1-9.
with cognitive impairment? Findings from a se- https://doi.org/10.1186/s12913-019-4803-9
condary analysis. Geriatric Nursing, 41(6), 709- • Williams. C.L. e Parker, C. (2012). Development
716. https://doi.org/10.1016/j.gerinurse.2020. of an Observer Rating Scale for Caregiver Com-
03.020 munication in Persons with Alzheimer’s Disease.
• Petrovsky, D.V., Sefcik, J.S., Hodgson, N.A. e Git- Issues in Mental Health Nursing, 33, 244–250.
lin, L.N. (2019). Harsh communication: charac- http://doi.org. 10.3109/01612840.2011.653040
teristics of caregivers and persons with dementia. • Windle, G., Skaife, K.A., Caulfield, M., Jones, L.P.,
Aging & Mental Health, 24(10), 1709-1716. Killick, J., Zeilig, H. e Tischler, V. (2020). Enhan-
http://10.1080/13607863.2019.1667296 cing communication between dementia care
• Reisberg, B., Ferris, S.H., Leon, M.J. e Crook, T. staff and their residents: an arts-inspired inter-
(1982). The global deterioration scale for asses- vention. Aging & Mental Health, 24(8), 1306-
sment of primary degenerative dementia. Ame- 1315. http://10.1080/13607863.2019.1590310.
rican Journal of Psychiatry, 139, 1136-1139. • Wong, J., Skitmore, M., Buys, L. e Wang, K.
http://dx.doi.org//10.1176/ajp.139.9.1136 (2014). The effects of the indoor environment of
• Rocha, V., Marques, A., Pinto, M., Sousa, L. e Fi- residential care homes on dementia suffers in
gueiredo, D. (2013). People with dementia in Hong Kong: A critical incident technique ap-
long-term care facilities: an exploratory study of proach. Building and Environment, 73, 32-39.
their activities and participation. Disability and http://dx.doi.org/10.1016/j.buildenv.2013.12.001
Rehabilitation, 35(18), 1501-1508. • World Health Organization. (2021). Palliative
http://doi.org.10.3109/09638288.2012.742677 Care. https://www.who.int/health-topics/pallia-
• Silva, R.M., Afonso, P., Fonseca, M. e Teodo, T. tive-care
(2020). Comparing sleep quality in institutiona-
lized and non-institutionalized elderly individuals.
Aging & Mental Health, 24(9), 1452-1458.
https://doi.org/10.1080/13607863.2019.1619168
• Thelander, V.B; Wahlin, R., Olofsson, L., Heikkilä
e Sonde, L. (2008). Gardening activities for nur-
sing home residents with dementia. Advances in
Psysiotherapy, 10, 53-56. http://doi.org.10.1080/
14038190701256469
• Vázquez, S. e Mila, J. (2018). Gerontopsicomo-
tricidad: Especialización de la psicomotricidad.
Ediciones Corpora.

23
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO Recibido: 27/03/21 – Aceptado: 05/06/2021

46 2021
LUTOS E AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DA
PSICOMOTRICIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
GRIEF AND POSSIBILITIES OF PSYCHOMOTRICITY INTERVENTION:
LIITERATURE REVIEW
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral

DATOS DE LAS AUTORAS

Fernanda da Conceição Zanin es Mestre en Psicología por Universidad Federal de Paraná (UFPR -
Brasil), graduada en Psicología por UFPR, formación en Psicanálisis y Formación en Psicomotricidade Es-
colar y Clinica Aquática por Curso de Formación Profesional Água y Vida. Actúa en Psicologia Clínica, Psi-
comotricidad clínica y docente del Curso de Formación Profesional Água y Vida.
Dirección de contacto: ferczanin@gmail.com

Susana Veloso Cabral es Psicóloga pela Universidade Católica de Minas Gerais. Fue estudante da Uni-
versité Paris VI -CHU Pitié Salpétrière donde obtuvo el certificado de capacidade em Reeducação Psico-
motora. Es Psicomotricista Relacional pela Escola Internacional de Psicomotricidade Relacional e
Associação para o estudo da Comunicação e Relação y Psicomotricista titular e de honra da Associação
Brasileira de Psicomotricidade. Especialista em Clínica Infantil e em Psicomotricidade pelo CRP 04 MG y
Especialista em Educação Especial Inclusiva.
Dirección de contacto: sucabral148@gmail.com

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho objetivou analisar artigos da Psicomo- This study aimed to analyze articles on Psychomotri-
tricidade que abordam, direta ou indiretamente, o city that directly or indirectly concern the theme of
tema luto. Tendo como objetivos específicos: en- grief. The specific aims were: to find written produc-
contrar produções escritas da Psicomotricidade tions of Psychomotricity on the theme of grief; to
sobre o tema luto; localizar o conceito de luto nes- locate the concept of mourning in these produc-
sas produções; e levantar as práticas de intervenção tions; and list intervention practices in the approach
na abordagem ao luto. Por uma escassez de pro- to grief. Due to a scarcity of printed productions on

24
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
duções impressas sobre o tema, optamos pela pes-
quisa online somada às produções impressas encon-
the theme, we opted for online research added to
the printed productions found. We used two sour-
tradas. Utilizamos duas fontes de extração das ces to extract online publications: the SCIELO library
publicações online: site da biblioteca SCIELO e o site website and the website of the Brazilian Associa-
da Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP). tion of Psychomotricity (ABP). Through SCIELO, we
Através da SCIELO, localizamos dois artigos: “Desem- located two articles: “Gait performance of elderly
penho da marcha de idosos praticantes de psicomo- practitioners of psychomotricity” (Santos et al.,
tricidade” (Santos et al., 2014) e “A contribuição da 2014) and “The contribution of psychomotor sti-
estimulação psicomotora para o processo de inde- mulation to the independence process of the vi-
pendência do deficiente visual” (SOARES et al., sually impaired” (Soares et al., 2012) . Through the
2012). Pelo site da ABP encontramos quatro artigos: ABP website we found four articles: "The body
“A imagem corporal e a marca da doença no corpo image and the mark of the disease on the child's
da criança” (Cabral, 2018), “Agressividade, Educação body" (Cabral, 2018), "Aggressiveness, Education
e Psicomotricidade” (Ferreira, 2018), “A psicomotri- and Psychomotricity" (Ferreira, 2018), "Psychomo-
cidade no trabalho interdisciplinar com a criança tricity in interdisciplinary work with the child with a
portadora de síndrome: por uma mudança de olhar” syndrome: for a change of look " (Filgueiras, 2018),
(Filgueiras, 2018), e “Corpo e tempo: diálogos entre and "Body and time: dialogues between psychomo-
psicomotricidade e musicoterapia no envelheci- tricity and music therapy in aging" (Silva, 2019). As
mento” (Silva, 2019). Quanto à produção impressa, for the printed production, we found "Death, play
encontramos “Morte, brincar e hospitalização na in- and hospitalization in childhood: between Tanatos
fância: entre Tanatos e Eros” (Costa, 2017). Os arti- and Eros" (Costa, 2017). The articles found deal, in
gos encontrados tratam, de modo direto e/ou a direct and/or indirect way, with patients' griefs,
indireto, de lutos, perdas e defasagens dos pacientes losses, and lags regarding their bodies. To this end,
a respeito do seu corpo. Para tanto, as propostas de the intervention proposals included working on:
intervenção englobaram trabalhar: imagem corporal body image and body schema of the patient; idea-
e esquema corporal do paciente; idealização dos fa- lization of family members upon diagnosis or illness
miliares mediante diagnóstico ou adoecimento dos of patients; expansion of the vision of the Health
pacientes; ampliação da visão da equipe da Saúde e and Education team towards the patient/student;
da Educação para com o paciente/aluno; e elabora- and mourning elaboration also by the psychomotor
ção de luto também por parte do psicomotricista. therapist. Faced with the scarcity of exclusive pro-
Frente à escassez de produções exclusivas sobre luto, ductions on grief, we highlight the importance of
ressalta-se a importância da ABP como divulgadora the ABP as a disseminator of writings and the need
dos escritos e a necessidade de mais produções es- for more written productions by psychomotricians.
critas por parte dos psicomotricistas.
KEYWORDS: Psychomotricity; Mourning;
PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade; Luto; Inter- Psychomotor Intervention; Literature review.
venção psicomotora; Revisão bibliográfica.

25
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZAÇÃO
E OBJETIVOS DA PESQUISA
palavra “mais”: palavra acordada com a criança
para que a mesma sinalizasse que queria mais da-
No decorrer de nossos estudos e práticas inseridas queles estímulos, que para ela eram estímulos sen-
no campo da Psicomotricidade, notou-se o fre- soriais de auto-regulação. O menino consentiu
quente atendimento a crianças e adolescentes com com a proposta, uma vez que a ele lhe foi sinali-
algum tipo de necessidade especial, que recorriam zado que havia disponibilidade do outro em captar
a essa terapêutica com o intuito de tratamento seu desejo e foi dado incentivo para que esse fosse
com intervenção psicomotora. Dentro de tais ne- verbalizado. A escuta dos desejos da criança, pos-
cessidades, é possível deparar-se com pessoas com sibilitada através da relação transferencial estabe-
deficiência física em diferentes membros, deficiên- lecida, foi um elemento fundamental para fazer
cia mental em graus variados, transtornos do de- marcas no corpo da mesma e base para que ela
senvolvimento global de diferentes níveis, respondesse.
deficiências auditivas e visuais em graus distintos e A cada verbalização era feita uma grandiosa come-
síndromes com múltiplas complexidades. Além do moração e lhes eram dados os estímulos. Em ape-
mais, em alguns desses casos, não se tinha um nas duas sessões, a criança evoluiu de uma não
diagnóstico fechado ou realizado por uma equipe verbalização para “aaa”, posteriormente para
(inter) multidisciplinar, para corroborar as suspeitas “aais” e finalmente para “maaaais”. Foi notória a
das defasagens apresentadas pelo sujeito. felicidade sentida pela criança ao verbalizar, se ver
Dentro de nossas práticas, chamou atenção o caso capaz de falar, se fazer entender em seu desejo e
de um paciente de 9 anos de idade, do sexo mas- poder realizá-lo.
culino, com diagnóstico de Transtorno do Expecto Frente à multiplicidade de situações enfrentadas
Autista. Uma criança apontada como não-verbal, por pessoas com necessidades especiais, revelam-
sendo que os outros profissionais que lhe acom- se dúvidas, medos e incertezas por parte do sujeito
panhavam, após anos de intervenção, optavam quanto a sua situação, condição e capacidade
pela comunicação através do uso de figuras impres- (Bonfim, 2019). A partir de sua relação em comu-
sas. No entanto, depois de sete meses de acompan- nidade, o sujeito depara-se com suas diferenças.
hamento psicomotor aquático, a criança passou a Diferenças essas que, em alguns casos, de acordo
verbalizar palavras condizentes com o que desejava com o tamanho das implicações e conforme a co-
sinalizar aos profissionais. Através da relação trans- munidade as trata e as acolhe, podem acabar cau-
ferencial estabelecida com a criança, as sessões e o sando no sujeito angústias, bloqueios e limitações
desenvolvimento da mesma evoluíram. maiores ainda.
Um grande marcador dessa mudança foi quando Nesse sentido, inclusive, pode-se encontrar pesqui-
a criança estava desejosa de sentir a pressão das sas e relatos de casos a respeito das implicações
bolhas e o movimento da água em torno de seu para um sujeito com diagnóstico de desenvolvi-
corpo, por repetidas vezes, e lhe foi dada a condi- mento físico e/ou mental atípico. A psicanalista
ção de continuar recebendo esses estímulos, sem- brasileira Flávia Bonfim (2019), por exemplo, faz
pre e quando emitisse algum som próximo à uso da pesquisa da psicanalista francesa Daniele

26
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
Silvestre (1996 apud Bonfim, 2019) para apontar
que o paciente pode fundir-se em seu diagnóstico,
tos, como o Eu e o objeto de amor – ou seja, os
investimentos libidinais do sujeito, fundamentais
restringindo sua identidade a sua condição de para sua constituição enquanto ser. Para essa dis-
saúde, esquecendo-se enquanto sujeito: “Uma cussão, Freud também resgatou seus estudos sobre
identificação tão maciça ocupa de tal forma a vida o Narcisismo, abordando-o como o estádio em que
psíquica do sujeito a ponto de mais nada existir” o próprio Eu é tomado pelo sujeito como objeto
(p. 5). de amor. Estádio esse que pode ser dinâmica e si-
Ambas as autoras (1996, apud Bonfim, 2019; Bon- multaneamente investido e desinvestido.
fim, 2019) compactuam com a ideia de que, em Em “Sobre o narcisismo: uma introdução” (1996,
alguns casos, os pacientes com doença crônica ou [1914]), Freud nos aponta que em um dos estádios
deficiência, precisam de acompanhamento psico- da constituição do Eu é necessário que o sujeito se
lógico para trabalhar o resgate do sujeito enquanto faça objeto para si mesmo. Ou seja, a libido toma
ser, um sujeito para além de um diagnóstico que a si mesmo como objeto de amor. O conceito de
lhe foi dado. Tal posicionamento das pesquisadoras objeto de amor é compreendido como sendo
é reforçado pelas mesmas através da ideia de que aquele pelo qual o sujeito tem um enredamento,
a atenção ao estado emocional e afetivo do pa- um amor, um vínculo ao qual o sujeito investe seu
ciente também se faz necessária por esse passar amor e desejo. Esse objeto escolhido, podendo ser
por um processo de luto de seu corpo idealizado – ele mesmo, outra pessoa, um objeto imaterial ou
corpo aqui apontado no sentido tanto de estado uma situação vivida, é captado pelo sujeito como
físico quanto mental. Em outras palavras, as auto- seu, pertencente a si e constituinte de si.
ras sugerem um tratamento direcionado à identi- Retornando ao ato de tomar a si mesmo como ob-
ficação do sujeito com sua deficiência ou doença, jeto de amor, Freud (1996, [1914]) também des-
ressaltando a importância de consolidar e assomar taca que esse mesmo amor, também pode ser um
o desejo do sujeito. Para tanto, é necessário trabal- desamor. Todo o investimento amoroso narcísico
har o luto do corpo idealizado desse sujeito. também pode voltar-se ao ódio a si, com o sujeito
Tendo em conta nossa formação em Psicanálise e chegando a abandonar ou aniquilar a si mesmo.
o uso que alguns seguimentos da Psicomotricidade No entanto, seja ele amor ou desamor, antes que
fazem do olhar enfocando o sujeito, a concepção o próprio sujeito tome a si como objeto de investi-
de perda de um corpo idealizado apresentada aqui mento, é necessário que ele tenha sido tomado
é feita dentro do conceito freudiano de luto [1]. O pelas figuras parentais como objeto de amor. Deste
termo luto, enquanto sinônimo de perda, falta e modo, quando o outro inicialmente o toma como
morte, foi constantemente utilizado por Sigmund objeto de amor e, posteriormente, passa a vê-lo
Freud no decorrer de sua obra, porém somente no como objeto de desamor ou desinveste sua libido,
texto “Luto e Melancolia” (Freud, 1996, [1917]) o o sujeito também pode acabar fazendo esse
psicanalista aprofundou explicita e diretamente mesmo investimento em si mesmo.
suas elucubrações sobre a temática. Para melhor Em “Luto e Melancolia” (1917, p. 249), Freud apre-
discutir sobre luto, Freud destacou alguns concei- senta o luto como sendo uma “reação [do Eu] à

27
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
perda” e enquanto “afeto da dor” frente a uma
perda. O processo de luto se inicia a partir da perda
as perdas vividas pelo sujeito. Frente a esse ques-
tionamento, porém também dentro de uma limi-
de um objeto de amor do sujeito e causa neste um tação espacial e temporal para a realização do
estado de desânimo penoso, uma dificuldade tem- presente estudo, optamos por realizar um estudo
porária em adotar um novo objeto de amor e um teórico através de revisão teórica de produções
desinteresse por atividades ou temas que não es- científicas da Psicomotricidade. Assim, estabeleceu-
tejam relacionados ao objeto perdido – o sujeito se como objeto geral analisar produções escritas
costuma ser absorvido em pensamentos e ações da Psicomotricidade que abordem, direta ou indi-
que envolvam tal objeto perdido. Freud destaca retamente, o tema luto. Para tanto, os objetivos es-
que é necessário um trabalho psíquico de perda, pecíficos propostos foram: encontrar produções
um trabalho do luto - tarefa lenta e dolorosa atra- escritas da Psicomotricidade que abordem, direta
vés da qual o sujeito não só renuncia ao objeto ou indiretamente, o tema luto; localizar o conceito
idealizado, como também o transforma, ele se de luto abordado pela Psicomotricidade; e localizar
refaz no jogo com o objeto, dando espaço para as práticas de intervenção realizadas Psicomotrici-
um objeto de amor mais próximo à realidade. dade na abordagem do sujeito enlutado.
Como apontado pela francesa Françoise Dolto
(2017) e Dolto e Nasio (2008), uma criança é to- METOLOGIA
mada desde o ventre como objeto de amor pelos Antes de apresentar as escritas que sustentaram
pais, sendo idealizada, investida de um modo que nossa pesquisa, cabe salientar que encontramos
seus pais projetam seus desejos, vontades e expec- poucas produções impressas, seja em livros, revis-
tativas nesse novo ser. Ao nascer e com o passar tas ou periódicos, que abordem na área da Psico-
dos anos esse sujeito idealizado “cai”. Nesse pro- motricidade o tema luto direta ou indiretamente.
cesso, seja em sua fase infantil, adolescente ou Dessas produções, encontramos o capitulo de livro
adulto, o sujeito passa a ter espaço para se revelar. “Morte, brincar e hospitalização na infância: entre
Com o nascimento de uma criança com necessi- Tanatos e Eros”, de Eduardo Costa (2017), e os ar-
dade especial, essa criança projetada como seu ob- tigos “A imagem corporal e a marca da doença no
jeto de investimento e amor, nada ou pouco corpo da criança”, de Susana Veloso Cabral (2010)
responde ao que os pais tanto haviam idealmente e “Agressividade, Educação e Psicomotricidade”, de
desejado. A partir de então, faz-se necessário um Carlos Alberto de Mattos Ferreira (2009). Por uma
trabalho com as figuras parentais e a própria necessidade de foco na fonte e padronização da
criança para que os desejos idealizados sejam re- mesma, bem como por conta dessa escassez im-
velados e, com isso, reconfigurações sejam possí- pressa de produções, também recorremos à pes-
veis. quisa em sites virtuais e online. Além dos artigos
Ao se deparar com as práticas da formação em Psi- encontrados em tais sites, também analisaremos
comotricidade e tendo em vista a perspectiva da duas produções impressas citadas acima, adapta-
Psicanálise sobre luto, questionamo-nos a respeito das e localizadas em um dos sites usados como
da forma como a Psicomotricidade pode trabalhar nossa fonte de pesquisa (Cabral, 2017; Ferreira,

28
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
2018). Acessamos o capítulo impresso do livro e o
consideramos de relevância para o tema estudado
Após a leitura dos 15 artigos localizados em revis-
tas brasileiras, nos deparamos com dois artigos que
(Costa, 2017). avaliamos estarem aptos a nossa pesquisa, são
O primeiro site eletrônico consultado com produ- eles: (A1) “Desempenho da marcha de idosos pra-
ções científicas foi o da Scientific Electronic Library ticantes de psicomotricidade”, de Santos e colabo-
Online, SCIELO. Optamos por essa referência uma radores (2014); e (B1) “A contribuição da estimu-
vez que se trata da maior biblioteca eletrônica do lação psicomotora para o processo de independên-
país. Esta consiste numa fonte de origem brasileira, cia do deficiente visual”, de Soares e colaboradores
porém com registros e acessos a revistas e periódi- (2012).
cos científicos de todo o mundo, em diversos idio- A segunda fonte de escritas científicas online foi o
mas e áreas de conhecimento. O site possui um site da Associação Brasileira de Psicomotricidade
programa de busca que permite procurar as pro- (ABP). Optamos pelo mesmo uma vez que a ABP
duções conforme a área de conhecimento e/ou pa- se propõe a ser divulgadora e incentivadora da Psi-
lavra-chave. Para nossa pesquisa, optamos pela comotricidade brasileira enquanto profissão e ciên-
busca via palavra-chave, uma vez que a Psicomo- cia. A busca no site foi realizada no mês de
tricidade não é considerada uma área de conheci- setembro de 2020, dentro da seção “Artigos”, fa-
mento autônoma no site. zendo uso da palavra-chave “Luto”. Através de tal
Em agosto de 2020, ao realizar a busca através da processo, foi possível localizar quatro artigos: (A2)
palavra “Psicomotricidade” foi possível localizar 19 “Corpo e tempo: diálogos entre psicomotricidade
artigos: os quais estavam em português (15), em e musicoterapia no envelhecimento”, de Laryane
espanhol (3) e em inglês (1); bem como, localiza- Silva (2019); (B2) “A psicomotricidade no trabalho
dos em revistas de áreas como Psicologia (8), Pe- interdisciplinar com a criança portadora de sín-
dagogia (5), Educação Física (2), Enfermagem (1), drome: por uma mudança de olhar”, de Eleonora
Fonoaudiologia (1), Saúde Coletiva (1) e Terapia Oliveira Filgueiras (2018); (C2) “Agressividade, Edu-
Ocupacional (1). Quando se fez a procura conju- cação e Psicomotricidade”, de Carlos Alberto de
gada entre “Psicomotricidade” e “Luto”, não foi Mattos Ferreira (2018); e (D2) “A imagem corporal
encontrado artigo algum. Deste modo, optamos e a marca da doença no corpo da criança”, de Su-
por ler integralmente os artigos, de modo a verifi- sana Veloso Cabral (2018).
car se os temas apresentados nos mesmos inclui-
riam alguma discussão referente a luto. Além deste DESENVOLVIMENTO: RESULTADO
modo de seleção, também elegemos somente os E DISCUSSÃO
artigos em revistas brasileiras, uma vez que nossa O artigo (A1) “Desempenho da marcha de idosos
discussão, neste momento, se limita ao tema den- praticantes de psicomotricidade” (Santos et al.,
tro da Psicomotricidade brasileira. Soma-se a isso 2014), foi uma produção coletiva feito por profes-
o fato de que nossa segunda fonte de busca de sores e estudantes de pós-graduação em Enferma-
produções, o site da ABP, é um espaço da Psicomo- gem, da Universidade Federal da Paraíba. Em linhas
tricidade nacional. gerais, trata-se de uma escrita que relata um es-

29
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
tudo gerado, em 2011, na Clínica Escola de Fisio-
terapia da universidade. Esse estudo foi realizado
como, reverteu na obtenção de melhorias e bene-
fícios aos sujeitos idosos. Apontando assim, a im-
com 15 idosos, através dos quais foi constatado portância da inclusão da Psicomotricidade no
que a inclusão de atividade psicomotora na rotina tratamento também dos idosos.
do tratamento fisioterapêutico surtiu efeito e mel- A segunda produção analisada foi (B1) “A contri-
horias na marcha desses sujeitos. buição da estimulação psicomotora para o pro-
Foi possível constatar que o olhar integrador da Psi- cesso de independência do deficiente visual”, de
comotricidade permitia que os estudantes de fisio- Soares e colaboradores (2012). O artigo trata da
terapia pudessem ver aos idosos para além de suas realização de um estudo de caso, em que foi apli-
faltas causadas no corpo por conta do envelheci- cado um programa de estimulação psicomotora,
mento: foi possível proporcionar um olhar que per- em um indivíduo com 23 anos de idade, diagnos-
mite ver o idoso como sujeito único, íntegro em ticado com deficiência visual desde a infância. Esse
todas suas faculdades e que expressa emoções, estudo foi realizado no Laboratório de estimulação
que podem lhe ajudar ou prejudicar em seu de- Psicomotora da Universidade Federal de Viçosa,
sempenho e habilidade motores. com atividades psicomotoras para estimulação de
Somado ao tratamento fisioterapêutico, foram in- orientação e mobilidade, visando a sua autonomia
clusas oito semanas de intervenção psicomotora e independência.
(duas vezes na semana, 40 minutos por sessão) Os autores, sob a perspectiva da Psicomotricidade,
com dinâmica de grupo, jogos lúdicos e jogos compreendem que o deficiente visual, se não esti-
competitivos. Os autores não descrevem especifi- mulado adequadamente, pode ter comprometi-
camente como foram realizadas as atividades, mento psicomotor severo uma vez que a visão
porém destacam que incluíram a Psicomotricidade colabora no desenvolvimento global do indivíduo.
como um meio de resgatar as capacidades e po- Através desse estudo de caso, foi possível avaliar a
tencialidades dos corpos desses sujeitos, mesmo veracidade de tal compreensão. O paciente do es-
frente às perdas e declínios reais. Em linhas gerais, tudo, antes da aplicação das atividades psicomo-
apontam que com essas intervenções trabalhou-se toras, apresentava pouca autonomia, realizando
a imagem corporal e o esquema corporal do idoso, sozinho somente o vestir-se e o pentear seu cabelo.
a ponto de notar a melhoria na marcha e, conse- Soares e colaboradores (2012), por meio de entre-
quentemente, redução do número de quedas. vistas com os familiares e avaliação psicomotora,
Os autores não apresentaram uma definição ou ex- também perceberam que as restrições de atividade
planação do conceito de luto, porém o apontam cotidiana ocorriam ora por conta da falta de de-
acompanhado da ideia de perda da força, perda senvolvimento psicomotor, ora pelos anos de su-
da capacidade física e limitações corporais. Dessa perproteção da família ao jovem, sobretudo pela
maneira, podemos perceber que o trabalho a partir mãe do paciente que realizava praticamente todas
dessas perdas e faltas do corpo por meio da Psico- as atividades para o filho. Deste modo, os profis-
motricidade permitiu ampliar a concepção dos in- sionais acrescentaram no programa de intervenção
terventores a respeito do envelhecimento, bem não somente exercícios que proporcionassem o de-

30
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
senvolvimento psicomotor direto do paciente, mas
também atividades que incluíssem a família.
O primeiro artigo encontrado no site da ABP (A2)
“Corpo e tempo: diálogos entre psicomotricidade
Ainda que os autores não relatem diretamente um e musicoterapia no envelhecimento”, foi escrito
processo de luto passado pela família e pelo pa- pela psicomotricista e musicoterapeuta Laryane
ciente após a perda da visão na infância, bem Silva (2019). Trata-se de uma escrita publicada nos
como não apresentem um conceito de luto, Soares anais do “I Congresso internacional de Psicomotri-
e colaboradores (2012), apostavam na ideia de que cidade e XIV Congresso brasileira de Psicomotrici-
a família também modelou a dependência do dade”, realizado no Rio de Janeiro, em 2019. A
jovem a partir de uma crença limitante de incapa- autora faz relatos de fragmentos de sessões de
cidade do sujeito e de uma impossibilidade de ser casos atendidos por ela mesma. O foco de Silva
autônomo. Limitação essa iniciada a partir de um (2019) está em seu modo de realizar suas interven-
diagnóstico de deficiência real e verdadeira, porém ções, com uso da Psicomotricidade e Musicoterapia
a qual foi tomada como sinônimo de desqualifica- para o trabalho terapêutico com os pacientes. Em
ção generalizada do indivíduo diagnosticado. seu relato, é possível notar que a autora utiliza, so-
A intervenção durou três meses, com atividades re- bretudo, o cantar, dançar e recordar músicas e me-
alizadas uma vez na semana por 50 minutos. Den- lodias para trabalhar memórias, silêncios, sons e
tre as práticas executadas estão atividades que movimentos do corpo.
colaboraram, sobretudo, com a orientação espaço- Diretamente, a autora não tem intenção de focar
temporal e com a exploração dos demais sentidos seu escrito na temática do luto, porém, os frag-
preservados, por exemplo: locomoção com rotas mentos escolhidos pela mesma revelam que os
planejadas com uso de bengala adaptada e, poste- próprios pacientes trataram em suas sessões de al-
riormente, inclusão e troca de obstáculos para que gumas perdas que ocorreram no transcorrer das
o paciente estabelecesse sozinho novas rotas; e intervenções terapêuticas. O primeiro caso trata-se
jogos com objetos com guizo para encontro dos de três irmãs com faixa etária entre 90 e 86 anos
mesmos. As intervenções resultaram em melhorias de idade. No decorrer das sessões, a autora nota
no desempenho motor do paciente e em acréscimo que o resgate das memórias revela consigo a te-
e ampliação do repertório de afazeres autônomos mática do envelhecimento. Essa, por sua vez, se
e atividades realizadas de modo independente pelo desdobra, dentre outros temas, em luto do corpo
paciente (Soares et al., 2012). Ainda que os autores e em luto pela perda de familiares e amigos.
não tenham relatado especificamente como se deu No transcorrer do percurso terapêutico das três
o trabalho com a família do paciente, foi possível irmãs, uma delas falece. Nesse momento, a temá-
notar que a perspectiva de se trabalhar toda a di- tica do luto é tratada diretamente pelas pacientes.
nâmica familiar do paciente foi fundamental ao de- Apesar de Silva (2019) não elucidar qual seria exa-
senvolvimento da autonomia dele. A crença tamente o conceito teórico de luto que utiliza para
limitante de um corpo que não se aproximava de intervir e interpretar, a psicomotricista faz algumas
um corpo idealizado passou a um corpo da reali- indagações:
dade, com potencialidades a serem exploradas.

31
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
Estariam ameaçados com a presença do
vazio e da ausência de Od [nome fictício da
nóstico de Alzheimer há 10 anos. Através desse
caso, a autora aponta diversos lutos vividos coti-
paciente]. Como permanecer presente dianamente pela paciente: com seu próprio corpo,
diante da ausência do outro? Como não antes ativo, proativo e vívido, e agora dependente
romper com a realidade diante da morte de e de mobilidade dificultada; com a perda dos fa-
alguém que ama? [...] seria possível recons- miliares e amigos que faleceram e cujos lutos eram
truir um espaço simbólico com outras estru- revividos a cada vez que a relembravam deles; com
turas a partir de uma ruptura tão intensa o (re)encontro com familiares e amigos que já não
como a morte de Od? Seria suportável para apresentavam mais a mesma aparência física como
elas recomeçar um encontro onde as condi- ela os recordava; e com as mudanças espaciais que
ções as colocassem todo o tempo em con- não recordava terem acontecido, como troca de
tato com a presença deste Outro e com a casa em que mora. Além do mais, a autora tam-
dor de sua ausência? (Silva, 2019, s/p). bém ressalta os efeitos do diagnóstico nos familia-
res próximos (duas filhas e o marido), que não são
Mais adiante, com as colocações feitas pela autora, mais recordados e cuja presença era, constante-
fica evidente também estar falando de si enquanto mente, apontada pela paciente como estranha ou
terapeuta psicomotora dessas três pacientes: “(...) indesejada.
estava atenta às percepções internas do meu pró- Feito o resgate desse artigo, podemos notar que in-
prio corpo e os conflitos gerados desta vivência afe- diretamente Silva (2019) nos brinda com uma te-
tiva” (2019, s/p). A autora também deu espaço ao mática de grande importância para os pacientes:
seu próprio luto frente ao falecimento de uma lutos e elaborações através da prática psicomotora.
delas, dando a si um tempo e distanciamento do Em seu escrito podemos perceber que o tema luto
contato e das sessões com as pacientes, não as é tratado e trabalhado no que diz respeito às per-
procurando e aguardando seus retornos espontâ- das dos pacientes, assim como aos impactos dessas
neos. em seus familiares e também nos efeitos que essas
Silva (2019) relata que as duas irmãs demandaram perdas têm no próprio profissional psicomotor.
o retorno das sessões e que durante o trabalho, no A produção escrita (B2) “A psicomotricidade no tra-
começo, resgataram verbalmente lembranças da balho interdisciplinar com a criança portadora de
irmã falecida. Houve muito choro e também muita síndrome: por uma mudança de olhar”, foi reali-
risada. Posteriormente, onde a palavra já não mais zada pela psicomotricista Eleonora Oliveira Filguei-
dava conta de simbolizar, seus corpos em movi- ras (2018). Nessa produção, a autora trata de
mento representavam e expunham a perda a partir algumas implicações no desenvolvimento bioló-
da dança de músicas escolhidas por elas, que re- gico, social e psicológico de uma criança portadora
metiam a irmã perdida. de alguma síndrome, seja ela gerada a partir de
Nesse mesmo artigo, a autora também apresenta uma alteração neurológica e/ou genética. Para
mais um caso. Desta vez, trata-se de uma paciente tanto, dadas as interferências no desenvolvimento
que ela acompanha há um ano e meio, com diag- desse sujeito, Filgueiras (2018) também enfatiza a

32
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
importância de uma intervenção interdisciplinar
com essa criança e seus familiares. No decorrer do
atualizada no decorrer da vida, fundamentada
nessa base inicial, mas que também pode ser atua-
artigo, a autora apresenta a temática do luto de lizada ou modificada a partir de novas relações so-
modo direto e indireto. ciais estabelecidas.
Filgueiras (2018) perpassa diretamente pelo tema O esquema corporal é resumido pela autora tam-
ao falar do processo pelo qual os pais dessa criança bém como um processo que se constitui como es-
passam ao se deparar com as diferenças apresen- trutura, porém baseado na experiência e
tadas por seu filho, em comparação com as demais aprendizagem corporal da criança. Esquema esse
crianças. Nas palavras da autora (s/p): que pode ser notado e trabalhado de modo direto
nesse sujeito. No entanto, a base do esquema cor-
as expectativas dos pais em relação a este poral também perpassa pela imagem corporal que
bebê são frustradas de forma avassaladora. a criança tem de si. Em outras palavras, a leitura
Este fato pode levar a uma falta de investi- daquela experiência, vivência e aprendizado corpo-
mento dos pais nas potencialidades da ral direto são atravessados pela lente da imagem
criança, pois o vínculo pais-bebê corre o corporal de si.
risco de ser afetado ou mesmo de ficar im- Para tanto, Filgueiras salienta a importância do pro-
possibilitado de ocorrer. cesso de luto desses sujeitos envolvidos no cresci-
mento da criança, sobretudo de seus pais (2018, s/p):
O impacto do diagnóstico, bem como a maneira
como os pais e o entorno social dessa criança irão os pais precisam passar por um processo de
olhar e tratar a mesma é fundamental para o de- luto pelas expectativas frustradas (que são
senvolvimento da imagem corporal dela e para o vividas como perdas) para poderem abrir es-
amadurecimento de seu esquema corporal. Cabe paço para novas expectativas através das
comentar que a autora se utiliza de fontes de base quais possam recuperar a capacidade de
da teórica psicanalítica para sustentar o conceito simbolizar sobre a criança, independente de
de imagem corporal e esquema corporal, como a suas limitações orgânicas ou marcas corpo-
francesa Françoise Dolto e o inglês Donald Winni- rais. (...) Ou seja, o psicomotricista precisa,
cott. Filgueiras (2018) sintetiza que a imagem cor- antes de tudo, trabalhar sobre a Imagem
poral é um processo de constituição inconsciente Corporal desta criança, o que inclui um tra-
e, a seguir, consciente pelo qual o sujeito, desde balho direto com seus pais ou cuidadores,
seus primeiros dias de vida, em suas primeiras re- oferecendo a estes um suporte para que
lações, cria marcas psicocorporais. Essa imagem é possam ter condições de fornecer à criança
formada a partir da visão e olhar que o outro tem um ambiente favorável ao seu desenvolvi-
a respeito desse ser humano em formação. Dito de mento. Além disso, o psicomotricista deve
outro modo, as primeiras impressões sobre si, pas- auxiliar os pais na identificação dos poten-
sam sob a expectativa, perspectiva e aposta que o ciais da criança, mediando, assim seu olhar
outro faz nessa criança. Essa imagem sobre si é sobre ela.

33
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
Nesse sentido, a autora enfatiza que a terapêutica
da Psicomotricidade, para além de visar uma inter-
tora propõe que se trabalhe não somente com os
pais e cuidadores, mas que também se volte a co-
venção psicomotora, uma vez que vê ao sujeito de laborar na construção e manutenção de uma visão
uma forma integradora, também está em propor- integradora dos demais profissionais da saúde e da
cionar a mediação das crianças com o mundo a seu educação que atuam cotidianamente com essa
arredor. Justamente uma vez que essa criança pode criança. Nas palavras de Filgueiras (20218, s/p):
estar inserida em um contexto em que ela é vista “não basta ao psicomotricista ver a criança por trás
como: da síndrome, é preciso que ele assuma um papel
de mediador para que pais, escola e outros profis-
atravessada pelo sintoma, ficando colada a sionais que lidam com a criança possam se apro-
este, bem como ao diagnóstico. (...) Desta priar desse olhar”.
forma a criança passa a ocupar o lugar de No percorrer do artigo, Filgueiras (2018) não apre-
objeto de cuidados, ficando reduzida ao sin- senta um conceito de luto, porém podemos apon-
toma/diagnóstico, perdendo-se de vista o tar que o artigo aborda a necessidade de
Sujeito. Muitas vezes a criança é até mesmo intervenção psicomotora no que diz respeito ao
referida pelo nome da Síndrome que porta corpo em processo de luto, por não responder a
em vez de o ser pelo seu próprio nome. um ideal, a uma expectativa, sobretudo dos cuida-
Estes fatos podem acontecer com tal força dores daquele sujeito em tratamento. Deste modo,
que os adultos, seus cuidadores, não conse- a autora enfatiza a importância de se trabalhar di-
guem vê-la simplesmente como criança para retamente com a criança assim como, em alguns
além do sintoma e/ou diagnóstico. Quando momentos, faz-se imprescindível trabalhar com os
isso ocorre, engessa-se a possibilidade de pais, os cuidadores e os demais profissionais para
uma simbolização e consequentemente a se colaborar no avanço do processo terapêutico do
imagem do Sujeito fica aprisionada ao diag- paciente.
nóstico que a síndrome traz consigo. As ne- (C2) “Agressividade, Educação e Psicomotricidade”
cessidades de cuidados especiais reforçam foi o artigo de autoria do psicomotricista, psicó-
ainda mais a objetivação da criança, interfe- logo, psicanalista e fonoaudiólogo Carlos Alberto
rindo significativamente na sustentação da de Mattos Ferreira (2018). Tal produção foi uma
imagem do Sujeito. adaptação do artigo, com o mesmo título, do livro
“Psicomotricidade na Saúde” (Ferreira y Heinsius,
A Psicomotricidade se faz necessária para intervir 2010). Nessa produção, o autor visou apresentar a
na descoberta de que há uma criança, um ser hu- agressividade do adolescente enquanto elemento
mano, um sujeito por trás aquele diagnóstico e sin- da constituição do sujeito e, deste modo, discutir
tomas, e que este pode explorar seus potenciais e a necessidade desta compreensão para se pensar
alavancar seu desenvolvimento a partir de suas ca- na intervenção da psicomotricidade como promo-
pacidades. tora de saúde dentro da Educação. Ao se estudar
Ainda sobre essa “intervenção mediadora”, a au- o artigo, é possível notar que o luto não é tema

34
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
principal, porém optamos por mantê-lo em nossa
pesquisa pelo fato do autor apresentar o luto como
uma resolução saudável ao utilizá-la para a cons-
trução de uma autonomia de si através do tra-
um dos elementos colaboradores para a revelação balho, esporte e arte, por exemplo. Porém,
da agressividade do sujeito. dependendo de como a agressividade for tomada
Tendo em vista o entendimento psicanalítico (Freud pelo outro, assim como, do contexto social, eco-
([1930], 1996) de que a agressividade faz parte do nômico e cultural em que o adolescente está inse-
sujeito enquanto uma reação ao que lhe ocorre, rido, a mesma pode ser direcionada para a
seja essa agressividade expressa ou contida, dire- violência. Neste caso, a potência agressiva desse
cionada para si ou para o outro, Ferreira (2018) sujeito pode ser conduzida para atos ilícitos, infra-
aponta que o adolescente pode manifestar sua ções e confrontos com a lei.
agressividade através do Bullying. Compreendendo O autor apresenta a situação de que toda essa
o Bullying como um ato de oprimir, excluir, recha- agressividade será manifesta também no ambiente
çar, humilhar, intimidar, expor, ameaçar e maltratar escolar. Deste modo, Ferreira (2018) questiona a
àquele outro que explicita e representa para ele compreensão que o educador tem desse momento
uma diferença com a qual ele não dá conta de de vida do adolescente, apontando que o papel
olhar e assumir que há também em si mesmo. É desse adulto pode ser fundamental para o direcio-
comum que o Bullying seja direcionado à pessoa namento da agressividade. E, nesse sentido, o psi-
por conta de sua orientação sexual, classe social, comotricista que atua na Educação, pode ser um
religião, posicionamento político, raça, cor de pele suporte importante para a leitura, a compreensão
e deficiência. e a intervenção dos educadores: o psicomotricista
A agressividade expressa pelo Bullying, segundo o pode fazer intervenções diretas ou colaborar na
autor (Ferreira, 2018) também pode emergir na construção de projetos e de ações cotidianas que
adolescência por conta do luto pela perda da in- visem observar e escutar o adolescente; acolher
fância e a incompatibilidade do ser visto e ver a si suas angústias e questões; contribuir na criação e
mesmo como um adulto. O limbo no qual se en- promoção de jogos simbólicos que permitam ex-
contra o adolescente revela que ele experimenta pressar a agressividade e dar uma via de elabora-
sentimentos de faltas e vazios, sendo que estes, ção da mesma; e auxiliar na criação de espaços de
por sua vez, geram dúvidas, incômodos e questio- expressão dos sentimentos e afetos que afligem os
namentos acerca de si mesmo. Apesar de Ferreira adolescentes.
(2018) não descrever o que compreende por “luto Podemos apontar que o artigo “Agressividade,
pela infância”, este é apontado como um dos faci- Educação e Psicomotricidade”, ainda que não se
litadores para a busca do adolescente por uma detenha ao tema luto em si, nos permite pensar
“tribo”, na qual encontra outros membros com os nas consequências de uma falta de elaboração do
quais se identifica em seus questionamentos e sen- mesmo. Essa perda da infância culminará na ex-
timentos. Essa seria uma maneira de tentar apazi- pressão da agressividade de forma direta ou indi-
guar suas inquietudes. reta, dirigida para si ou ao outro. Essa, por sua vez,
Ferreira (2018) alerta que a agressividade pode ter pode ser prejudicial ao processo de constituição do

35
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
sujeito, dificultando todo seu desenvolvimento en-
quanto ser humano, refletindo inclusive em seu
e serão expressas em todos os atos e vivências da-
quele sujeito.
aprendizado. Como destacado por Cabral (2018), essas marcas
O último artigo encontrado no site da ABP é inti- constituintes da imagem corporal são primevas, in-
tulado (D2) “A imagem corporal e a marca da fraverbais, mas situadas na ordem da linguagem,
doença no corpo da criança”, da psicomotricista, muito anteriores à linguagem e à entrada numa
psicanalista e psicóloga Susana Veloso Cabral ordem simbólica. Porém, também podem ser reor-
(2018). Nessa produção, Cabral retrata casos e dis- ganizadas no decorrer da vida do sujeito e, por
cussões teóricas, baseados em anos de sua expe- tanto, podem passar por algumas modificações e
riência profissional, a respeito das marcas nos reconfigurar a imagem corporal. A autora também
corpos das crianças após tratamentos e interna- frisa que as marcas (sejam elas primevas, novas ou
mentos hospitalares, bem como, os efeitos dessas reformuladas), por sua vez, desde o início, se ligam
vivências na imagem corporal dessas crianças. No ao narcisismo do sujeito, bem como à construção
tocante a nossa pesquisa, a temática luto foi tra- (e ressignificação) de seu desejo e criação e estru-
tada de modo direto e indireto nos estudos de turação de seu esquema corporal.
casos trazidos no decorrer do texto. No decorrer da experiência profissional, Cabral
Em meio às discussões práticas e teóricas sobre as (2018) constatou o sofrimento psíquico e corporal
intervenções e a elaboração das vivências hospita- passado pela criança no internamento hospitalar.
lares, a autora debateu de modo indireto e direto Nesse, a criança passa pela investigação (às vezes,
a vivência dos lutos sentidos pelas crianças durante intrusão) de seu corpo; pela dor do corpo con-
os internamentos. As intervenções psicomotoras creto; pelo distanciamento ou isolamento de seus
relatadas por Cabral (2018) visaram auxiliar da mel- familiares e amigos, sobretudo, da figura materna;
hor maneira possível, com menos dano possível, a pelo prolongamento do tratamento; e pela falta de
experiência corporal tida pela criança internada e informação sobre o tratamento e procedimentos.
refletida na imagem corporal de si mesma. Frente a todas essas adversidades que se tornam
Antes de adentrar na vivência hospitalar das crian- experiências não simbolizadas e vividas psíquica e
ças, a autora apresenta a discussão acerca da ima- corporalmente, a autora sinaliza que pode resultar
gem corporal enquanto uma imagem inconsciente à criança alguns tipos de reação como: inibição
formada através das experiências e vivências, so- corporal, apatia, choro constante, agitação corpo-
bretudo, por meio das percepções corporais pro- ral, alto nível de angústia e estresse, desatenção,
porcionadas pelo paladar, olfato, audição, visão e emergência de sua fantasia de morte e pulsões
tato. Em consonância com a perspectiva psicanalí- agressivas, irritabilidade, medo de abandono e, es-
tica da francesa Françoise Dolto, Cabral (2018) sa- pecialmente, afeta sua imagem corporal.
lienta que essas experiências e vivências marcam o Deste modo, a autora discute sobre a importância
corpo e o psiquismo de modo inconsciente. Além das intervenções, psicológicas e psicomotoras,
do mais, essas marcas, enquanto significantes pri- dentro do ambiente hospitalar. Quando direciona-
mordiais revelam fantasias e desejos inconscientes, das às crianças, essas intervenções foram realizadas

36
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
através de jogos livres e espontâneos, a fim de dar
possibilidade à simbolização e expressão do que se
educação, além de auxiliar na recuperação do con-
teúdo escolar perdido, puderam colaborar na ela-
está vivendo. Um dos exemplos dado foi o caso de boração e uso pedagógico de uma história em
uma criança que tomou a sacola de laranja dada quadrinho na qual se ilustravam algumas situações
por sua mãe como um objeto de aproximação de pelas quais as crianças internadas poderiam passar.
sua família durante o período de internamento Através do lúdico do desenho, história e interpre-
hospitalar e distanciamento. Através do acolhi- tação do ocorrido, era possível trabalhar com a
mento do estagiário orientado pela autora, o so- criança toda sua trajetória dentro do hospital. E,
frimento daquela criança foi escutado e acolhido, assim, por meio de todas essas formas de interven-
de modo que a criança pôde consumir as laranjas, ção, foi possível tornar a vivência hospitalar mais
dividi-las e formar novos vínculos dentro do hospi- humanizada e converter o mais positivamente pos-
tal enquanto seu internamento foi necessário e a sível tanto a experiência hospitalar quanto a
família não podia estar com ela. doença, que interferem em sua imagem corporal.
Quando direcionado à equipe profissional que Apesar de não haver uma definição do conceito de
atende a criança, o trabalho foi conduzido para o luto, com a apresentação dos casos de diversas
estreitamento da relação profissionais-criança, com crianças, é possível notar a autora tratando da te-
intenção de colaborar com a criação da transferên- mática de algumas maneiras: (1) a elaboração do
cia com a criança, de modo que ela possa sentir-se luto do corpo doente, que apresenta limitações fí-
acolhida e vinculada. Um dos exemplos de inter- sicas temporárias ou permanentes, porém que
venção dado pela autora foi a experiência execu- podem ter suas adaptações realizadas ou novas ha-
tada por um estagiário seu: posterior a uma bilidades exploradas; (2) o luto vivido do distancia-
vivência de “horror” de uma criança, pós-cirurgia mento ou completo isolamento dos familiares,
inicial, o estagiário colaborou no preparo aos de- amigos, escola e outros espaços sociais frequenta-
mais procedimentos cirúrgicos que a mesma pas- dos pela criança, os quais podem ser trabalhados
saria. Todos os procedimentos foram encenados e amenizados de modo a não comprometer o tra-
em um boneco, para explicar, de modo didático, o tamento da criança e também contribuir para en-
que seria feito em seu próprio corpinho. Através curtar esse distanciamento ou estimular novas
desse caso, a equipe pode notar que as interven- vinculações, sobretudo com outras crianças inter-
ções cirúrgicas pelas quais as crianças passavam nadas e com profissionais da saúde e da educação
poderiam ser vividas pelos pequenos como inva- que passam a conviver com a criança dentro do
sões a seus corpos e que, portanto, precisavam ser hospital; (3) o processo de luto da família após o
explicadas para que o procedimento fosse o mais falecimento de uma criança com doença terminal;
bem-sucedido possível e o menos aterrorizador. e (4) o luto sentido pelos membros da família atra-
Em outras intervenções com as equipes, inclusive, vés da perda temporária do convívio com a criança
foi possível incluir o trabalho escolar existente em internada.
salas especiais no ambiente hospitalar. Um dos A autora nos apresenta a magnitude da Psicomo-
exemplos foi a situação em que os profissionais da tricidade em um espaço tão potencialmente “de-

37
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
vastador”, um lugar em que ficam em evidência as
perdas, as mortes, as dores reais do corpo, o isola-
e tirar do silêncio a morte, a dor e o sofrimento, de
modo verbal e não-verbal. Deste modo, o sujeito
mento e as restrições. Esse mesmo lugar, com a co- pode
laboração da Psicomotricidade pode também se
transformar em um espaço de acolhimento, ca- se tornar sujeito de sua cura, tratamento e
rinho, laço, continuidade, vida e renascimentos. até de sua própria morte, a qualidade de
Para tanto, foi necessário atrelar todo o tratamento vida, o prazer em viver, mesmo que poucos
dos pacientes à integração do sujeito. Sobretudo, meses, dias ou horas, mostra-se como
ao contribuir para a mudança de visão e aborda- muito significativo tanto para quem parte
gem dos profissionais da Educação e da Saúde para como para quem permanece na dor da falta
que não vissem o paciente ou aluno de modo frag- e precisa elaborar seu luto (Costa, 2017, p.
mentado. Mas sim, respeitar suas particularidades, 215).
história e desejos. Notar em seus detalhes o sujeito,
por trás daquele acidente, diagnóstico e cirurgia. No que diz respeito à intervenção com a equipe
Por fim, a produção impressa encontrada ao final hospitalar, o autor destaca o constante conflito
do percurso de nossa pesquisa (A3) “Morte, brincar emoção X razão em que vivem os profissionais, por
e hospitalização na infância: entre Tanatos e Eros”, esses depararem-se frequentemente com mortes e
do psicomotricista e fonoaudiólogo Eduardo Costa adoecimentos dos pacientes. Dado cenário causa
(2017). Nessa escrita, o autor apresenta a impor- a sensação de impotência e culpa, ativando meca-
tância de incluir a psicomotricidade no ambiente nismos defensivos da equipe, na qual comumente
hospitalar pediátrico. Através de suas experiências prevalece a racionalidade, a razão e as tentativas
de pesquisa e de práticas realizadas durante doze de distanciamento emocional dos casos atendidos.
anos, tal inclusão pode ser sustentada através do Um dos exemplos dado pelo autor quanto a pos-
projeto “Brincar é Viver”, em parceria com a psico- sibilidade de intervenção é dar espaço e escuta
motricista Hennriette Souza e Mello e a Faculdade para os profissionais reconhecerem e expressarem
de Educação da Universidade do Estado do Rio de seus sentimentos em reuniões semanais de equipe,
Janeiro. O projeto foi implantado dentro de unida- em discussões de casos, ou mesmo nos próprios
des pediátricas do Hospital Universitário Pedro Er- prontuários dos pacientes.
nesto, Instituto de Hematologia e Instituto Nacio- Além do mais, Costa (2017) salienta a necessidade
nal de Câncer. de se trabalhar com esses profissionais a respeito
Costa destaca que esse projeto foi proposto com da possibilidade de se flexibilizar alguns procedi-
o intuito de colaborar na elaboração dos sujeitos, mentos ou mesmo de se fugir do atendimento pa-
sejam eles as próprias crianças, seus familiares e os dronizado e convencional, tornando o ambiente
profissionais, quanto ao adoecimento e/ou à morte mais acolhedor e humano à dor que a criança e
dos pacientes internados. Segundo o autor, por seus familiares estão vivendo. Deste modo, tam-
meio das atividades psicomotoras como os jogos, bém respeitando as crenças e costumes de cada
o brincar e o desenhar, os sujeitos podem expressar sujeito.

38
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
Por fim, como destaca o autor, frente à dificuldade
de se lidar com a morte, dificuldade essa presente,
a Psicanálise, sobretudo Françoise Dolto. Apesar da
menção, não é possível afirmar que os demais au-
sobretudo, na atualidade, o psicomotricista pode tores tivessem o mesmo entendimento ou influên-
ser um mediador das dores e sofrimentos constan- cia desses que a explicitaram. Ou mesmo, não é
tes no ambiente hospitalar. possível declarar que cada autor, em suas respecti-
vas vozes de base, retirou de suas áreas de conhe-
CONCLUSÃO: COMPLEMENTO DE DISCUSSÃO cimento tal conceito.
E CONSIDERAÇÕES FINAIS Quanto ao fato de haver sido encontrado somente
As sete produções encontradas em nossas buscas sete produções que de alguma maneira abordas-
foram produzidas por profissionais e pesquisadores sem o luto, pareceu-nos relevante a necessidade
de diferentes áreas: Educação Física, Fisioterapia, da Psicomotricidade investir mais nessa temática.
Psicologia, Fonoaudiologia, Enfermagem, Musico- Acreditamos que cotidianamente, nas interven-
terapia e Psicomotricidade. A nosso ver, essa diver- ções, na prática da profissão, essa temática seja
sidade de áreas, nos confirma a pluralidade de constantemente tratada. Porém podemos afirmar
vozes que a Psicomotricidade revela, uma multipli- que a escrita talvez não aconteça na mesma pro-
cidade que abarca a visão integradora do sujeito. porção. Essa questão ficou ainda mais em evidên-
Visão essa, inclusive, ressaltada na definição de Psi- cia em meio ao momento global em que estamos
comotricidade encontrada no código de ética re- vivendo: pandemia do vírus Covid-19.
gido pela ABP (2020). Durante a pandemia, tem sido possível vivenciar di-
No que diz respeito especificamente ao tema por ferentes lutos, cada sujeito de uma maneira e com
nós proposto, luto, chamou-nos a atenção a escas- uma intensidade diferente, como por exemplo: as
sez de produção feita exclusivamente para tratar mortes reais dos entes queridos; a ausência de uma
de tal temática. Outro fator saliente foi nenhuma despedida dos mesmos; a exposição das debilida-
escrita contemplar a definição conceitual da com- des do corpo causadas pela presença ou pelas se-
preensão de luto, perda e corpo enlutado. So- quelas do vírus; o distanciamento social entre
mente o capítulo de Costa (2017) traz discussão a conhecidos e desconhecidos; as restrições ao
respeito das etapas do processo de elaboração de acesso a locais de lazer e diversão; entre tantas ou-
luto. Salientamos que apesar dos artigos mencio- tras faltas de que se precisa dar conta em meio a
narem o luto, de maneira direta ou indireta, os uma pandemia como a que ocorre nesse mo-
mesmos pareciam tomar como global a definição mento. Deste modo, veementemente, vemos o
desse conceito. Seja qual for essa compreensão ge- luto nas falas ou nas entrelinhas dos pacientes, dos
neralizada de luto. familiares, da comunidade, assim como nas notí-
Outro fator comumente presente nas produções cias em rádios, jornais e televisões e na dinâmica
foi a presença da menção à imagem corporal e es- de parte da sociedade.
quema corporal. Não foram todos os artigos que Retornando aos artigos encontrados, foi possível
descreveram quais eram suas compreensões desses perceber que todos os autores ressaltaram a im-
conceitos, porém os que o fizeram mencionaram portância da inserção da Psicomotricidade nos tra-

39
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
tamentos dos pacientes, independentes de suas
idades ou demandas. Neste sentido, as produções
Através de tal perspectiva de apoio, apontamos
então a importância do psicomotricista em estar
escritas reforçam a ampla possibilidade da Psico- preparado também para a observação, a escuta e
motricidade em trabalhar com uma variedade de a atuação de tais angústias e medos.
público: crianças, adolescentes e adultos idosos. Não é possível afirmar que a quantidade de pro-
Sobretudo, respeitando a ideia de que cada um duções encontradas correspondentes a cada uma
desses apresenta uma demanda específica corres- dessas fases apresente um cenário fidedigno do vo-
pondente ao seu momento da vida e à proximi- lume de trabalho prático que é feito pelos psico-
dade ou possibilidade de morte, sendo que a motricistas com cada faixa etária. No entanto,
Psicomotricidade pode acompanhar sua trajetória, pode-se refletir que através das fontes consultadas,
enquanto uma opção terapêutica. houve um número maior de produções encontra-
No caso dos adolescentes, por exemplo, se tra- das que relatavam o trabalho com pessoas com
balha com as descobertas de si e sua reconstrução algum tipo de diagnóstico (crianças ou adultos).
da identidade e identificação, antes tão vinculada Ao analisar as produções, não podemos afirmar
às figuras parentais. Deste modo, discute-se a ideia que não haja um número expressivo de escritas
de se tratar o luto da infância, do corpo infantil, (em outras fontes) ou mesmo de profissionais re-
das novas posições de vida e responsabilidade que alizando intervenções com outros públicos, como
se toma a partir da saída da infância. por exemplo, intervenção preventiva com crianças
No que diz respeito aos idosos, se demanda tra- com desenvolvimento típico ou com adultos em
balhar com as perdas existentes no próprio corpo, atividades laborais. Porém, chama atenção a au-
no falecimento de um ente querido, no esqueci- sência de produções escritas com esses públicos,
mento de quem é o outro e na proximidade do fim uma vez que o luto perpassa por todo o percurso
da vida. da vida.
No tocante à criança e/ou adulto com necessidade Outro item bastante relevante a se apontar é o fato
especial ou adoecidos foi possível perceber que a das produções revelarem que o trabalho de luto
Psicomotricidade é de fundamental presença não pode ser feito não somente com o paciente enlu-
somente no acompanhamento terapêutico do su- tado com seu próprio corpo ou com os familiares
jeito, mas também de seus familiares. Junto a esses destes. As intervenções também podem (e são ex-
sujeitos também se fazem presentes familiares que, tremamente necessárias) ser feitas com os demais
em muitos casos, demandam acolhimento. Através profissionais da Saúde e da Educação que os
da escuta de tais parentes revelaram-se angústias acompanham em outros espaços terapêuticos e de
e medos referentes ao quadro que apresentam os ensino. Assim, fica ressaltado o papel importante
sujeitos em acompanhamento terapêutico. De do psicomotricista em equipes trans e interdiscipli-
modo que, dentro do amplo campo de atuação e nares para a elaboração do luto.
intervenção da Psicomotricidade, é também de- Deste modo, considera-se muito importante tam-
mandado o suporte a todos os sujeitos envolvidos, bém quando uma das produções apresenta, ainda
sejam eles pacientes ou familiares dos mesmos. que rapidamente, a ideia de que não somente o

40
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
psicomotricista deve dar suporte ao processo de
luto de outros profissionais, dos familiares ou do
manter a seção de artigos e de fazê-lo de maneira
a contemplar produções mais recentes ou mais an-
paciente. O psicomotricista também precisa de su- tigas de variados autores.
porte para lidar com os constantes lutos vividos e De modo complementar, também se torna rele-
presenciados durante o processo terapêutico de vante apontar a necessidade dos profissionais da
seus pacientes. Dito de outro modo, também há a Psicomotricidade em realizar mais produções escri-
necessidade desse tema ser tratado pelo psicomo- tas de suas práticas e discussões teóricas, a fim de
tricista em si mesmo. Que ele possa trabalhar con- ampliar a divulgação e conhecimento a respeito da
sigo mesmo, por exemplo, a frustração pela Psicomotricidade. Divulgação essa de extrema ne-
dificuldade apresentada pelo paciente em progre- cessidade uma vez que o reconhecimento da área
dir, a desilusão do investimento libidinal feito pelo enquanto profissão se deu somente em 2019
profissional no caso e o desapontamento do psi- (BRASIL, 2019) e há ainda muito a se percorrer.
comotricista em perceber que os demais profissio- Nesse sentido, a autora deste artigo projeta dar
nais ou os familiares não mudam sua forma de continuidade a estudos sobre o tema luto. Frente
compreensão do sujeito ou da intervenção. aos poucos artigos encontrados, aumentou nosso
Cabe também ressaltar que, os artigos, em sua desejo de implicar-nos na escrita de mais produ-
maioria, não apresentaram de modo descritivo e ções. Do mesmo modo que almejamos aprofundar
detalhado quais intervenções exatamente foram re- as contribuições que a Psicanálise pode dar à Psi-
alizadas, fossem elas com os pacientes, com seus comotricidade. No que diz respeito ao luto, por
familiares ou com os profissionais. Acreditamos exemplo, é possível lançar mão de compreensão da
que tal descrição poderia colaborar na compreen- Psicanálise sobre melancolia, fantasia, objeto libi-
são e importância da Psicomotricidade em um tra- dinal/de amor, imagem inconsciente do corpo,
balho interdisciplinar. Além do mais, tal relato corpo, gozo e angústia. A parceria de interface
poderia contribuir para a divulgação à comunidade entre Psicanálise e Psicomotricidade pode ser cada
ou à academia de como se realiza um trabalho psi- vez mais frutífera.
comotor. Sobretudo no tocante à Psicomotricidade
poder ter o olhar integrado e conseguir atuar e Notas
tocar lá onde a palavra falta e o sujeito não dá [1] Porém, sem deixar de ter em conta a diferença
conta da verbalização. oportuna sinalizada em “Psicoanálisis para psico-
Por fim, acreditamos ser necessário ressaltar a im- motricista: una orientación somática para la edu-
portância do site da ABP para a divulgação dos tra- cación y la clínica” (RIBAS, 2019) quanto a atuação
balhos científicos dos psicomotricista brasileiros. A e o olhar da Psicanálise e da Psicomotricidade: a in-
fonte, se comparada a maior biblioteca virtual bra- tervenção psicomotora procura “fantasmatizar” a
sileira SCIELO, nos permitiu entrar em contato com pulsão, tendo a possibilidade de se trabalhar com
produções que não estavam disponíveis em perió- o corpo de inscrição do Real do sujeito. Por outro
dicos e revistas científicas. Deste modo, apontamos lado, a Psicanálise foca sua intervenção no corpo
a relevância deste coletivo de profissionais em simbolizado, pelo qual a palavra fez seu registro,

41
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
portanto, atua na sintomatização do fantasma.
Sob nosso prisma, a “parceria” de ambas se faz
• Costa, E. Morte (2017). Brincar e hospitalização
na infância: entre Tanatos e Eros. In: Corpo trans-
complementar no que diz respeito à Psicomotrici- bordante. Rio de Janeiro: Wak, p. 207-223.
dade ter a possibilidade de atuar onde a palavra já • Dolto, F. (2017). A imagem do insciente do
não dá mais conta de circular e se fazer mediadora corpo. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva.
do tratamento. • Dolto, F. y Nasio, J. D. (2008). A criança do es-
pelho. Rio de Janeiro: Zahar.
• Ferreira, C. A. de Mattos (2020). Agressividade,
REFERÊNCIAS Educação e Psicomotricidade. ABP, set. 2018.
• ABP [Associação Brasileira de Psicomotricidade] Disponível em: https://psicomotricidade.com.br/
(2020.) ABP. Código de ética. Disponível em: agressividade-educacao-e-psicomotricidade/.
https://psicomotricidade.com.br/codigo-de- Acesso em: 07 set. 2020.
etica/#:~:text=Este%20C%C3%B3digo%20de% • Ferreira, C. A. de Mattos; Heinsius, A. M. (2009)
20%C3%89tica%20%C3%A9,anexado%20ao% (orgs). Psicomotricidade na Saúde. Rio de Ja-
20Projeto%20de%20Lei. Acesso em: 29 ago neiro: Wak editora.
2020. • Filgueiras, E. (2018). A psicomotricidade no tra-
• Bonfim, F. (2020). Psicanálise e reabilitação física. balho interdisciplinar com a criança portadora de
Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 39, síndrome: por uma mudança de olhar. ABP. Dis-
2019. Disponível em: http://www.scielo.br/ ponível em: https://psicomotricidade.com.br/a-
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- psicomotricidade-no-trabalho-interdisciplinar/.
98932019000100100&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 07 set. 2020.
Acesso em: 12 mar. 2020. • Freud, S. (1996) O mal-estar na civilização
• Brasil. Lei nº 13.794, de 03 de janeiro de 2019. [1930]. In: Edição standard brasileira das obras
Regulamenta a profissão de psicomotricista. Se- psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XXI.
cretaria Geral. Brasília, DF, jan. 2020. Disponível Rio de Janeiro: Imago, 67-153.
em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ • Freud, S.(1996). Luto e Melancolia [1917]. In:
_ato2019-2022/2019/lei/L13794.htm. Acesso Edição standard brasileira das obras psicológicas
em: 09 mai. 2020. completas de Sigmund Freud. v. XIV. Rio de Ja-
• Cabral, S. Veloso (2018). A imagem corporal e a neiro: Imago, p. 245-263.
marca da doença no corpo da criança. ABP. Dis- • Freud, S. (1996). Sobre o narcisismo: uma intro-
ponível em: https://psicomotricidade.com.br/a- dução [1914]. Edição Standard brasileira das
imagem-corporal-e-a-marca-da-doenca-no-corp obras psicológicas completas de Sigmund Freud.
o-da-crianca/. Acesso em: 07 set. 2020. v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, p. 77-108.
• Cabral, S. Veloso (2010). A imagem corporal e a • Ribas, J. Á. Rodríguez (2019). Psicoanálisis para
marca da doença no corpo da criança. In: Fe- psicomotricista: una orientación somática para la
rreira, C. A. M.; Heinsius, A. M. Psicomotricidade educación y la clínica. 2ª ed. Buenos Aires: Cor-
na Saúde. Rio de Janeiro. WAK Editora. pora.

42
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Fernanda da Conceição Zanin y Susana Veloso Cabral: Lutos e as possibilidades de intervenção da psicomotricidade: revisão bibliográfica

NÚMERO

46 2021
• Santos, S. L. dos et al. (2014) Desempenho da
marcha de idosos praticantes de psicomotrici-
dade. Revista brasileira de enfermagem, Brasília,
v. 67, n. 4, p. 617-622, Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
t e x t & p i d = S 0 0 3 4 -
71672014000400617&lng=en&nrm=iso.
Acesso em: 29 ago. 2020.
• Silva, L. L. (2019) Corpo e tempo: diálogos entre
psicomotricidade e musicoterapia no envelheci-
mento. ABP. Disponível em: https://psicomotrici-
dade.com.br/corpo-e-tempo-dialogos-entre-psic
omotricidade-e-musicoterapia-no-envelheci-
mento/. Acesso em: 07 set. 2020.
• Silvestre, D. (2019) Entre médicine et psycha-
nalyse: lê desier en question. In: Quarto, Revue
de L’École de la Cause Freudienne. Belgique, n°
59, Bruxelas, mar. 1996. Apud BONFIM, Flavia.
Psicanálise e Reabilitação Física. Psicologia Ciên-
cia e Profissão, Brasília, v. 39, 2019. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=
s c i _ a r t t e x t & p i d = S 1 4 1 4 -
98932019000100100&lng=en&nrm=iso.
Acesso em: 12 mar. 2020.
• Soares, F. Alves et al. (2012) A contribuição da
estimulação psicomotora para o processo de in-
dependência do deficiente visual. Motricidade,
Vila Real, v. 8, n. 4, p. 16-25, dez. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_
a r t t e x t & p i d = S 1 6 4 6 -
107X2012000400003&lng=pt&nrm=iso.
Acesso em: 29 ago. 2020.

43
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO RECIBIDO: 14/03/2021 – ACEPTADO: 18/08/2021

46 2021
EDUCACIÓN EN PRÁCTICAS CORPORALES DE
AUTOCONOCIMIENTO DEL HOMBRE EN LOS
PROCESOS COOPERATIVOS DE FAMILIA
EDUCATION IN CORPORAL PRACTICES OF SELF-KNOWLEDGE OF
MAN IN THE COOPERATIVE PROCESSES OF FAMILY
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales

DATOS DE LOS AUTORES

Nery Cecilia Molina Restrepo es Magíster en Salud Pública, Facultad de Salud Pública, Universidad de
Antioquia. Docente del Instituto Universitario de Educación Física, Universidad de Antioquia, Colombia.
Grupo de investigación Estudios en Educación Corporal.
Dirección de contacto: nery.molina@udea.edu.co

John Byron Pérez Grajales es Licenciado en Educación Física, Instituto Universitario de Educación Física,
Universidad de Antioquia. Docente de cátedra Universidad de Antioquia.
Dirección de contacto: byron-p-1@hotmail.com

RESUMEN ABSTRACT
La investigación tuvo como objetivo interpretar los The research aimed to interpret the meanings given
sentidos que le otorgan los hombres a las prácticas by men to the corporal practices of self-knowledge
corporales de autoconocimiento, para la puericul- for preconception childcare. The focus was on the
tura preconcepcional. El enfoque fue desde la fe- hermeneutic phenomenology of Paul Ricœur, fo-
nomenología hermenéutica de Paul Ricœur, llowing the method of narrative research. In the re-
siguiendo el método de la investigación narrativa. sults we found how education in corporal practices
En los resultados se encontró que la educación en of self-knowledge of man contribute to the care of
prácticas corporales de autoconocimiento del hom- self; To be a more sensitive man to gestation, faci-
bre, contribuye al cuidado de sí, al hacerlo más litating the cooperative processes with the couple
sensible frente a la gestación, facilitando de tal ma- and to promote an adequate upbringing of the

44
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
nera los procesos cooperativos con la pareja y al fa-
vorecer una adecuada crianza de los hijos e hijas.
sons and daughters. It is suggested to create an
educational strategy for the university community
Se sugiere crear una estrategia educativa para la from the bodily practices of self-knowledge, as a
comunidad universitaria desde las prácticas corpo- model for society.
rales de autoconocimiento, como modelo para la
sociedad. KEYWORDS: Education, self-knowledge, preg-
nancy, humanizing delivery, child rearing, masculi-
PALABRAS CLAVES: Educación, autoconocimiento, nities.
gestación, parto, crianza, masculinidades.

INTRODUCCIÓN mía de las mujeres, sino también cambios en los


Debido a las situaciones de inequidad de género, patrones de comportamiento de los hombres en
los programas de educación en salud han puesto los ámbitos público y privado.
mayor énfasis en las mujeres, excluyendo en algu- Según Aguayo & Sadler (2011), algunas iniciativas
nos casos la coparticipación de los hombres en los con respecto al desarrollo de programas y políticas
procesos de gestación, parto y crianza, lo que ha que incluyan acciones hacia los hombres en la
impedido que las mujeres, con los nuevos cambios lucha por la equidad de género, se originan en las
socio culturales, realmente puedan tener un mayor conferencias internacionales, además de los diver-
bienestar, ya que se continúa perpetuando estereo- sos procesos de reflexión y malestar entre varones,
tipos socioculturales. lo que ha ido generando iniciativas de trabajo hacia
El artículo es producto de la investigación denomi- otros sectores y grupos etarios. Hay pues iniciativas
nada “Las prácticas corporales de autoconoci- para la participación de los hombres en relación
miento en la promoción de la salud para la con la salud reproductiva y la no violencia de gé-
puericultura pre-concepcional”, con el cual se nero, pero no se concretan en realidad.
buscó conocer la experiencia de dos hombres que La declaración de Beijing (Naciones Unidas, 1995),
realizan prácticas corporales, y que participaron de pretende “alentar a los hombres para que partici-
forma activa en los procesos de preconcepción, pen plenamente en todas las acciones encamina-
gestación, parto y crianza. das a garantizar la igualdad” entre los géneros, y
El objetivo de la investigación fue interpretar los abogar por el establecimiento del principio de co-
sentidos y significados que le otorgan los hombres rresponsabilidad entre mujeres y hombres en el
a las prácticas corporales de autoconocimiento en hogar, en la comunidad y en el lugar de trabajo.
los procesos de preconcepción, gestación, parto y Las políticas de igualdad de género para el siglo
crianza, en el logro de la equidad de género, lo que XXI, hacen hincapié en dicho comportamiento,
requiere no sólo el empoderamiento y la autono- mediado por la educación de los jóvenes (Berna-

45
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
dette, 2000), cuya finalidad, es que se convierta en
un referente para mejorar los programas de salud
munidad universitaria que responda a una forma-
ción integral.
sexual y reproductiva, con verdadero efecto en las A la vez, se espera que contribuya a la solución de
familias y las nuevas generaciones. problemáticas inherentes al alto número de emba-
La solución a algunos problemas de nuestra civili- razos adolescentes, embarazos no deseados, poca
zación, como tendencias destructivas, miedo, y vio- participación y preparación de los hombres en los
lencia, “…es crear una nueva generación de seres procesos de concepción, gestación, parto y crianza
humanos que no sean programados en el dolor y de los hijos e hijas, en procura de relaciones más
el sufrimiento, que estén libres de culpa y ver- armoniosas y equitativas con sus compañeras.
güenza desde el principio y sean libres de vivir Los resultados de un primer momento de la inves-
según la ley del sentido común de la simple com- tigación se presentan en tres apartados, a saber:
pasión a los demás, que es el estado natural de ser El primero hace referencia a cómo las prácticas cor-
humano” Tonetti (2009). porales contribuyen al cuidado de sí, permitiendo
Siguiendo a Tonetti (2011), el nacimiento cons- la auto-reflexión, el auto-control y la auto-transfor-
ciente se inicia con una concepción consciente, mación, base fundamental para la relación de pa-
que, a su vez, es el resultado del amor consciente. reja y el cuidado de los hijos, como decir, si alguien
Un acercamiento a la procreación consciente, em- es capaz de cuidar de sí, estará capacitado para
pieza por resolver los problemas personales con el cuidar a otros y su entorno. En esencia, saber vivir
nacimiento. Solo después de profundizar en las bien. El segundo aparte se refiere a cómo la sensi-
propias experiencias y reinterpretación de la propia bilidad del hombre frente a la gestación, facilita los
vida, se puede direccionar a los hijos a un mundo procesos cooperativos con la pareja; cómo la ter-
de amor y seguridad. nura que inspira una mujer en dicho estado, o un
Moreno (2016) menciona, entre otros puntos pen- recién nacido, puede hacer surgir la esencia más
dientes que den un mejor entendimiento de los pura de ser humano. En el tercer aparte se expresa
hombres y su masculinidad, la “recuperación del cómo la experiencia de los padres en la vida, traza
cuidado de sí y del derecho a la educación en salud un camino para la crianza de los hijos e hijas,
para los varones en todos los campos; menos me- siendo de vital importancia la educación integral
dicalización, más educación y promoción del vivir de los padres.
bien y del mejor estar a partir del cuerpo como algo
propio” (p.274). METODOLOGÍA
En efecto, el artículo muestra cómo las prácticas El escrito está basado en el primer momento de la
corporales de autoconocimiento realizadas por los investigación “Prácticas corporales de autoconoci-
hombres, facilitan los procesos cooperativos con la miento en los procesos de preconcepción, gesta-
pareja y la crianza de los hijos, constituyéndose en ción, parto y crianza”, la cual se desarrolló con un
material educativo de gran valor para sensibilizar a enfoque desde la “fenomenología hermenéutica”
los estudiantes hombres universitarios y, además, de Ricoeur (2001). El método empleado fue la in-
da pautas para crear y ofrecer una cátedra a la co- vestigación narrativa. Para la unidad de análisis se

46
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
contó con los sentidos y significados que le otor-
gan los hombres a las prácticas corporales de au-
neurolingüística y coach, maravillado con dichos
conocimientos.
toconocimiento en los procesos de preconcepción, Diego es médico cirujano, pero también ejerce
gestación, parto y crianza. desde las medicinas complementarias, lo cual re-
Las fuentes primarias de información fueron dos quiere determinado conocimiento corporal para
hombres de la ciudad de Medellín-Colombia, con poder entrar en “armonía con el otro”; fue así
experiencia desde las prácticas corporales de auto- como, paralelo a la formación académica, recibió
conocimiento, y que además fueron copartícipes clases de yoga, que le permitieron aprender técni-
en los procesos de preconcepción, gestación, parto cas de relajación y respiración consciente. Ya entu-
y crianza con sus compañeras: Samuel y Diego son siasmado, con tres compañeros de la carrera
los nombres asignados para preservar la confiden- incursionó en otras disciplinas similares al yoga,
cialidad. Como estrategia de recolección se empleó donde se concebía el cuerpo en relación con las
el relato de vida, como técnica la entrevista en pro- emociones, y así se trascendía la Educación Física
fundidad (Bolívar, Domingo & Fernández, 2001), el clásica.
instrumento de recolección fue la guía de entre- Diego también se formó en expresión corporal y
vista y para la construcción del dato se usó el aná- stretching, lo que combinó con las anteriores prác-
lisis categórico de la estructura. ticas, y así creó una técnica única que aplicó
Los dos participantes contaron con el consenti- cuando era monitor en PROSA (PROSA es un Pro-
miento informado, por escrito, para la vinculación grama para la Salud Psicofísica de la Universidad
en el proyecto; además, verificaron el relato cons- de Antioquia).
truido, el cual aprobaron, ya que representaba la Actualmente realiza una mezcla entre yoga, carrera
experiencia compartida a los investigadores. libre, trote, y técnicas de manos, como la auto- sa-
nación, a la que agrega movimientos con las
RESULTADOS Y DISCUSIÓN manos, tomados de diferentes culturas. Diego con-
Las prácticas corporales en el cuidado de sí sidera que estas prácticas corporales de autocono-
Samuel es un hombre con buen recorrido en algu- cimiento son significativas para él, en relación con
nas prácticas corporales como el yoga, el teatro, la la procreación, el nacimiento y la crianza. Y es que,
danza, el Tai Chi y otras disciplinas deportivas de en las prácticas de auto- observación, el individuo
contacto como el karate y el boxeo. Además, se ve a sí mismo, se mete en sí mismo, se da cuenta
cuenta con formación en comunicación, psicología de lo que es, y puede llegar a reconocer al otro.
y medicina tradicional china, sabiduría que le ha Según Diego, “Cuando reconozco mis necesidades,
permitido conocer la anatomía de un cuerpo vivo, más fácilmente puedo reconocer las necesidades
descubriendo que “...somos cuerpo, mente y espí- de los demás; cuando yo me niego a reconocerlas,
ritu...”. Agrega que, cuando empezó a conocer la es muy difícil que reconozca las de los demás, y por
energía, y a comprender cómo ésta influye en el lo tanto la relación va a ser destructiva, tirante y
cuerpo, buscó aprender de temáticas que tratan exigente”.
acerca de la fuerza de la mente, y por ello estudió Samuel nos recrea con su experiencia y nos hace

47
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
ver lo importante que es el cuidado de sí para
poder cuidar a otros. En sus conferencias busca
nar sobre qué, por qué y para qué hacer, y en dicho
hacer, fortalecer el autoconocimiento que lleva a
que las personas se amen para poder amar, y por una verdadera transcendencia a otro nivel de vida.
ello aborda temas sobre la auto-estima, el auto-co- Es, sin duda, el resurgimiento de la relación yo-
nocimiento, el auto-concepto, la auto-motivación, cuerpo, según Castañeda & Gómez (2011), por-
la autovaloración, y recomienda el plan de auto- que involucra al sujeto en su propia experiencia de
conquista. Comenta que las prácticas corporales de vida, con su individual y particular forma de signi-
autoconocimiento le han servido para el auto-con- ficar, y dar sentido a lo que le pasa, lo que va deli-
trol, porque se considera una persona muy tempe- neando el derrotero a seguir en cuanto al cuidado
ramental: “cuando yo digo no, es no, y cuando yo de sí, e impulsa a tomar las decisiones adecuadas
digo sí, es sí… entonces, para mí el tema del auto- en cuanto a los otros y al mundo. Surge, entonces,
control es un asunto complejo”. la idea de un hombre capaz de formarse y trans-
Realizar estas prácticas corporales que requieren formarse a través del cuidado y el conocimiento de
paciencia, seguridad, confianza, le permitieron a sí, parte fundamental de la lucha por una identidad
Samuel desarrollar el control de emociones, de im- auto creativa del sujeto, en aras de poder construir
pulsos y pensamientos, pero el tema del autocon- condiciones más dignas y más humanas.
trol alcanza otros ámbitos, como, por ejemplo, el
social y el político. Cuando ingresó a la universidad, LA SENSIBILIDAD DEL HOMBRE FRENTE A LA
tuvo que empezar a expresar diferentes formas de GESTACIÓN
control, las que necesariamente contribuyeron a su Diego narra cómo su experiencia corporal ha in-
transformación como individuo y la de su vida fa- fluido en el trabajo cooperativo con la pareja. Lo
miliar. primero que menciona es que le ha permitido
El deporte le permitió a Samuel llevar a cabo un transcender el rol socio-cultural del machismo que
proceso de cambio, en el sentido de que afrontó tienen los hombres en nuestra sociedad, y lo se-
el triunfo y la derrota, y darse cuenta que, en reali- gundo, comprender los cambios de la gestación
dad, “no era el ombligo del mundo, que cada con el enfoque científico, le ayudó a cambiar de
quien hace su destino”. Dice que, en la vida, en los paradigma para aproximarse a su pareja con res-
diferentes proyectos que se emprende, al igual que peto, ternura y compasión.
en el deporte, se tiene en la mente ganar, pero Nada gratuito, si se tiene en cuenta que acompañó
siempre está latente la posibilidad de perder, y la a su hermana, quien era madre soltera, en un curso
aceptación de esta simple realidad va forjando el preparatorio para el proceso de gestación y parto,
carácter, determinando lo que se es, y así se puede experiencia que lo llevó luego a ser parte del
transformar la visión propia del mundo y los seres equipo interdisciplinario de dicha institución, en-
que lo habitan. cargado del componente del movimiento y su re-
Lo anterior hace entrar en consciencia sobre las po- lación con las emociones. Diego dice que ésta
sibilidades que se tienen, de acuerdo a las propias experiencia le cambió su visión respecto a la gesta-
capacidades y limitaciones, lo que lleva a reflexio- ción, porque desde su intelectualidad médica y

48
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
científica, pudo comprender que los cambios en la
gestación tienen soporte, que no es simple canta-
Adicionalmente, Samuel también tuvo la oportu-
nidad de vivenciar y acompañar a su esposa du-
leta, caprichos, antojos o vainas de las mujeres. rante el parto, gracias al vínculo con el médico
Aprendió a prepararse para no reaccionar con irri- encargado del procedimiento, y entonces estuvo
tabilidad desde lo preconcebido, perjudicando el ahí sentado al lado de su esposa, tomado de su
desarrollo normal o natural de la gestación, que mano, y tan pronto nació el bebé tuvo la oportu-
por cierto tiene implicaciones de las memorias pre- nidad de establecer contacto y expresarle todo su
natales del ser humano. Según Diego, durante éste amor.
proceso el bebé está grabando, y el cuerpo re- Narra que tener el niño en sus brazos le despertó
cuerda a nivel celular todas esas experiencias. una extraña sensación y sentimiento de fragilidad,
Comenta que, en las terapias con adultos, se ha primero, más luego recordó la conexión que siem-
dado cuenta que muchas enfermedades están aso- pre había mantenido con él cuando estaba en el
ciadas con miedos, tristezas y rabias profundas, útero, pues éste se desplazaba según se ubicara Sa-
sentimientos y emociones que van dejando huella muel en el espacio con relación a su esposa, y ade-
en el bebé, y que luego dichas enfermedades se más ya lo había visto en sueños. Cabe mencionar
pueden manifestar de manera inconsciente cuando que durante la gestación acostumbraba a tocar la
adulto, frente a situaciones que le provoquen tris- guitarra e improvisar canciones antes de acostarse,
teza, miedo o rabia. de tal manera que se creó un vínculo muy estrecho
Samuel comenta, sobre las condiciones y prácticas entre ambos.
que vivió durante la procreación y el nacimiento de Otra forma en donde se ve el trabajo cooperativo
su hijo, Daniel, identificándose como un hombre entre Samuel y su esposa, es al momento de ali-
sensible frente a este proceso, dado que fue un mentar al bebé con la leche materna por medio del
proyecto de pareja. La esposa de Samuel, María, tetero, porque ella tiene pezón plano y no era po-
tenía muchas ganas de ser mamá y era muy cons- sible alimentarlo directamente. Luego, durante la
ciente de la gestación, durante la cual no le dieron noche, hacían turnos para darle la leche, e incluso
mareos, vómitos, ni antojos, que, en cambio, su aprendió a cambiarle el pañal, a limpiarlo, a ba-
esposo sí experimentó. ñarlo y a realizar otras actividades que nunca ima-
En este sentido, Wynne (2001) y Storey et al. ginó.
(2000), refieren que las concentraciones de hormo- Desde su experiencia, Diego propone que en los
nas como la prolactina, el cortisol y la oxitocina, es- programas dirigidos a la gestación y el parto se di-
timulan en el hombre una mayor respuesta señen espacios para la preparación de los hombres
emocional a los estímulos infantiles y a los procesos sin la pareja: “...se necesita tiempo aparte para el
de crianza, de tal manera que se presentan los sín- masculino y tiempo aparte para lo femenino. En
tomas de la couvade, referidos por Ganapathy eso las mujeres nos llevan mucha ventaja; ellas se
(2014), al evaluar a 123 hombres acompañantes reúnen más, hablan de sus cosas y tocan sus cuer-
de sus esposas gestantes de bajo riesgo, entre las pos”. Aduce que cuando el hombre tiene espacios
semanas 36 y 40 de la gestación. propios, tanto en la formación, como en la práctica

49
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
para mejorar su masculino y su femenino como in-
dividuo, contribuye a mejorar la relación de pareja.
mento de presentar proyectos o preparar conferen-
cias, siendo el ideal que cada uno logre desarrollar
Según Redshaw & Henderson (2013), “...cuando satisfactoriamente su proyecto de vida.
hubo grupos específicos de prenatales enfocados Diego, en lo tocante a la cooperación con la pareja,
en las necesidades de los hombres, hubo beneficios se vio muy comprometido y fue muy consciente
en términos de reducción del estrés, incremen- desde los mismos procesos de concepción, gesta-
tando la habilidad para enfrentar y mejorar las re- ción y parto, respecto a lo cual manifiesta:
laciones con su pareja”.
También Roberts (2016) plantea, desde su expe- El hecho de haber un vínculo afectivo con la
riencia clínica, cómo el período perinatal es un mo- pareja, un compromiso físico, un contacto,
mento de profunda vulnerabilidad para la mayoría hablar con la bebé antes de que nazca, asu-
de los padres, y por ello es importante crear una mir responsabilidades de acompañamiento
conexión con los hombres de manera respetuosa y con la esposa en tareas domésticas, para
colaborativa, donde se sientan involucrados para que no se sobrecargue, ya es cooperar. Por
lograr buena salud mental, ya que la presencia pa- ejemplo, nosotros necesitamos prepararnos
terna se correlaciona con la salud del niño y la fa- en el cambio de pañales, en limpiarlos, en
milia. Baquedano & Serrano (2016) plantean que acompañar la lactancia natural y favorecerla,
conocer, sentir y pensar la gestación, es una forma y en el caso que no sea posible, volvernos
de involucrar al hombre en el proceso, porque tam- diestros con los teteros.
bién deben ser educados al respecto.
En relación con la formación y el trabajo coopera- Todo eso afirma el amor en la pareja, quita la so-
tivo con la pareja, Samuel expresa que cada uno brecarga que tiene la mujer, desmitifica roles y, a
tiene su propio proyecto de vida, porque no por bien, mejora el acompañamiento y la comunica-
convivir con otro se deja de ser individuo. Pero, ló- ción con los hijos. Esa figura del padre tradicional
gicamente, hay puntos de encuentro; por ejemplo, está mandada a recoger, no basta con el aporte
en el proyecto de vida de Samuel está el trabajo in- económico, sino que las expresiones de cariño por
dependiente, que le permite libertad en sus hora- parte de los padres han ido reemplazando la du-
rios y, por lo tanto, ocuparse de otros menesteres. reza de una marcada idiosincrasia machista.
En el proyecto de vida de su esposa está trabajar Autores como Alexandre & Martins (2009), Barker
medio tiempo, para poder cuidar el niño, y que no & Aguayo (2011), Perdomini & Bonilha (2011), Sa-
esté rotando de mano en mano, y poco tiempo lazar et al. (2015), Valdés & Godoy (2008) y Zu-
compartido con papá y mamá. luaga (2015), muestran, en sus estudios, cómo
Desde el punto de vista económico, Samuel y su entre las nuevas generaciones de hombres que han
esposa se distribuyen los gastos, de tal manera que tenido acceso a un mayor nivel educativo, se está
se beneficia tanto la convivencia en pareja, como cambiando el paradigma de proveedor económico
la crianza del hijo. Otra forma de cooperativismo como su principal rol en el hogar, llevándolos a in-
entre ellos, es el apoyo desde lo académico al mo- volucrarse más desde las relaciones afectivas con la

50
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
familia, y de una manera, aunque lenta, se está
dando un cambio en las relaciones de género.
social, generando hogares inestables y pa-
rejas sin suficiente autonomía e indepen-
Es el trabajo mancomunado el único capaz de lo- dencia económica para asumir esta res-
grar la paridad en los distintos niveles del Ser, el ponsabilidad (Caracol Radio, 2016).
Estar y el Hacer, este último referido a oportunida-
des y retribuciones (salarios) acordes a las condi- Además, se debe tener en cuenta que entre más
ciones de ser humanos, antes que a las lógicas corta es la edad de los implicados, y el subsecuente
diferenciaciones naturales que físicamente caracte- abandono de su formación académica a cualquier
rizan a hombres y mujeres. nivel, refuerza la resultante en el citado estudio, en
Tanto Samuel como Diego no querían tener hijos, cuanto hay una relación inversa entre la gestación
pero en la actualidad disfrutan el hecho de ser pa- adolescente y los niveles de riqueza. Dicho de otra
dres. Diego dice: “...yo siento que ha sido el mayor forma, aumenta la pobreza. Pero no es un asunto
regalo, no sabía lo que me estaba perdiendo...”. sólo de adolescentes, ni expresamente relacionado
Samuel, por su parte, afirma: “La paternidad me con los niveles de educación, que pueden aminorar
transformó, cambió mi forma de pensar y de ver el el impacto, claro está, sino del mismo instinto se-
mundo”, y esto hace que sea más cuidadoso con xual consignado en los códigos genéticos, tal como
su vida y en cuanto a la toma de decisiones, ya que lo señala Diego:
éstas inciden en el bienestar de su esposa e hijo.
Diego plantea que en esta época un hombre debe Desde una concepción energética del ser
prepararse, o saber sobre los procesos de precon- humano, donde somos una especie de ser
cepción, gestación, parto y crianza desde etapas vibrante que además tiene memorias, infor-
muy tempranas en donde el adolescente se pre- mación, y esa información no inicia en el
gunte: ¿Realmente quiero ser padre? y ¿Qué signi- momento en que el niño nace, entra a la es-
fica ser padre? El problema es que tanto las dos cuela o al preescolar, sino que está ahí desde
preguntas, como sus respuestas, regularmente no antes y entonces, eso me sorprendió y me
se hacen a priori, es decir, no conducen a la causa, sigue resurgiendo la pregunta: ¿En qué es-
como fue el caso de Samuel y su esposa, sino a tabas pensando y cómo estabas emocional-
posteriori, y pueden resultar luego de la acción, mente, dónde estabas en el momento en
como efecto a una situación de por sí muy emba- que concebiste a tus hijos? Eso es tan im-
razosa, y a consecuencia, según cifras del Departa- portante; la mayoría de nosotros podríamos
mento Nacional de Estadística (DANE), estar hasta ebrios después de una parranda,
después de una fiesta en una relación pla-
Entre el 20% y el 45% de adolescentes dejan centera, no muy conscientes de que así se
de asistir a la escuela como consecuencia de buscan los bebés.
la paternidad o maternidad, perpetuando
los círculos de pobreza, limitando oportuni- Diego sugiere trabajar en la preconcepción, para
dades de desarrollo personal, económico y que la concepción sea un acto consciente desde

51
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
Ser hombre. Tal preconcepción para él, mirada
desde otro punto de vista, viene a ser la planeación
LA EXPERIENCIA DE LOS PADRES PARA LA
CRIANZA DE LOS HIJOS E HIJAS
y planificación cargada de bondad y felicidad, por- En la narración de Samuel y Diego se puede obser-
que cree que es un trabajo a largo plazo que ge- var la responsabilidad y compromiso para con sus
nera una coherencia mayor en los núcleos hijos, desde la preconcepción hasta la crianza, todo
familiares, sobre todo en el sentido del amor. Lo ello mediado por el nivel educativo, tanto de ellos
demás viene por añadidura: si un ser es concebido, como de sus parejas. Además, el acercamiento a
gestado y nacido en esas circunstancias, lo más se- prácticas corporales les permitió formarse como
guro es que va a tener padres más comprometidos seres humanos, desde un enfoque integral que
con la crianza, lo que puede tener un impacto muy conlleva aspectos emocionales, mentales, físicos y
grande a nivel social, a mediano y largo plazo, ya espirituales.
que a corto plazo habría que esperar evaluar esas El nivel educativo, el conocimiento de sí, un buen
generaciones futuras; por lo pronto, en Colombia entendimiento con su pareja, les permitió tener un
hay muchas familias sin padres. acercamiento a sus hijos, aún desde antes de con-
Según el DANE, en 2015 la jefatura femenina sin cebirlos, pues de manera intuitiva ya se tenía la per-
cónyuge se presentó en el 78,4% de los hogares cepción de que alguien vendría. Diego dice al
del total nacional (DANE, 2017). Y el 36,2% de respecto:
éstas tenía hijos menores de 18 años. Para 2011,
las personas que pertenecen a un hogar cuya jefa ...como pareja estábamos muy bien y apli-
es una mujer, presentaron mayores niveles de po- camos, o sea, de una vez lo intuíamos,
breza monetaria y pobreza extrema que los hoga- desde la preconcepción hubo mucho gozo,
res donde el jefe de hogar es hombre. Martin alegría, de alguna manera ya habíamos ha-
(2012) encontró que los hijos de madres solteras blado de eso, de que por ahí había como
tienen menos probabilidades de ser altamente edu- una almita buscando aterrizar. Había tenido
cados, que los niños que crecen con ambos padres sueños con una bebé, alguien que iba a en-
biológicos. carnar en un cuerpo femenino, así que para
Según Diego, lo anterior se refiere a madres cabeza mí fue de profunda alegría la noticia de la
de familia, solteras, abandonadas, o aún en parejas gestación...
casadas, pues el abandono tiene diversos rostros y
matices. Puede ser “por falta de una buena prepa- Desde un punto de vista científico puede no tener
ración, y precisamente por eso es que buscamos explicación, pero como un hecho que perciben los
papás en la política del Estado, como decir, quien padres, no se puede negar que sus sentimientos,
nos mande, perpetuando una especie de autorita- sensaciones y emociones afectan al ser intraute-
rismo inscrito en el inconsciente colectivo”. rino. Tanto así como sus reacciones ante la presen-
cia de su padre, pueden cambiar ostensiblemente
la relación de pareja.
En consecuencia, es muy importante que los pa-

52
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
dres tomen consciencia de su comportamiento du-
rante la gestación, tal como se puede inferir de la
que la experiencia con el hijo, en realidad no es la
misma que la experiencia con una hija, y por razo-
siguiente afirmación de Diego: “…me doy cuenta nes obvias; las diferencias no son solo físicas, sino
que mi estado anímico no solo afecta a mi esposa, que, desde la sensibilidad, las emociones y los pen-
sino también a la bebé, y entonces empiezo a tener samientos, se facilita más el acercamiento de la hija
más consciencia de mis estados anímicos y más a la madre, mientras el masculino se siente más
control de mis reacciones”. afín y ciertamente cómplice del padre.
Otro aspecto vinculante del padre con sus hijos, es Luego, la relación de Samuel con su hijo Daniel es
el estar presente y activo durante el proceso de como la de los mejores amigos, lo ideal, los mejo-
parto y parto, como ocurrió con Samuel y Diego. res compinches: “Daniel es el que sabe casi todos
Lo ideal es que el acompañamiento al hijo empiece mis secretos”. No en balde, cuando le preguntan
lo más tempranamente posible, como se ha men- ¿Cuál es su mejor amigo?, sin titubear dice que es
cionado, aún antes de la concepción. Según De- su hijo Daniel; de igual modo, cuando a Daniel lo
llmann (2004) y Redshaw & Henderson (2013), la interrogaron para ingresar a primero de primaria,
presencia del padre en el parto no solo reduce la acerca de su juguete favorito, simplemente dijo
ansiedad, la percepción del dolor, la tasa de depre- que era su papá, y agregó: “mi juguete favorito es
sión postparto, sino que posibilita una mayor sa- mi papá. Porque es que todos los juguetes se me
tisfacción de la madre con la experiencia del dañan y se me pierden, pero con mi papá puedo
nacimiento y mejores resultados en los hijos. jugar cuando yo quiera”.
De acuerdo con Bäckström & Wahn (2011), Hil- Hay que resaltar que Daniel siempre está acompa-
dingsson et al. (2011) y Redshaw & Henderson ñado por uno de sus padres, lo que permite que
(2013), si la pareja recibe soporte profesional de su educación sea más consistente, y por ello sus
manera continua, el hombre tiene más probabili- progenitores siempre están enterados de las tareas,
dad de tomar un rol activo, sintiéndose empode- de lo que a él le gusta y las decisiones disciplinarias
rado en lugar de inútil, aumenta la satisfacción y que toman sus profesores. La experiencia de Diego
brinda un mayor acompañamiento en el cuidado con sus dos hijas, lógicamente es distinta a la de
de los niños en la primera infancia. Samuel, miradas más desde el punto de vista del
De acuerdo con Dellmann (2004) y Redshaw & equilibrio que lo femenino puede representar, y
Henderson (2013), después del parto se reportó ciertamente beneficiar el masculino. Al respecto,
que los hombres encuentran que la experiencia de manifiesta:
apoyo a sus parejas en el nacimiento, fue mucho
mejor de lo que ellos esperaban; estuvieron con ...yo convivo con tres seres femeninos y me
menos estrés, miedo, más entusiasmados y orgu- siento realmente muy afortunado. Creo que
llosos. ellas me muestran otro lado, como si fuera
Por último, la relación del padre con los hijos du- un cerebro y otro cerebro; entonces, cuando
rante la crianza se ve favorecida por los anteriores uno está diciendo algo, de pronto la expre-
comportamientos. Pero se debe tener en cuenta sión de ternura, de un abrazo, expresión del

53
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
llanto o una queja, tumba todas las teorías.
Ahí uno comprende algo y nos enseña las
rrollando habilidades en natación, música, prelec-
tura e inglés.
vulnerabilidades de lo masculino, la necesi- Lo anterior es resultado del entusiasmo y compro-
dad del acompañamiento, el cariño, y ob- miso de los padres en la formación de la corporei-
viamente el asombro y el mantener el dad de su hijo, dándole a entender que las
entusiasmo frente a lo bello. limitaciones las pone uno mismo, porque el resto
del mundo está abierto para lo que se quiera al-
Es ver como lo que parece débil moldea lo que pa- canzar. En efecto, a Daniel se le ha inculcado ser
rece fuerte, y a la vez cómo interactúan en mutua feliz, pues la felicidad no depende de los demás,
protección buscada la concordia y la respectiva ar- sino de la decisión que se tome, pensamiento que
monía en procura del progreso familiar, a pesar de en realidad se empezó a construir desde antes de
las dificultades que se presentan en todo hogar. la gestación.
Esto lo ha llevado a admirar la inteligencia y la for- La cooperación de los padres es vital para dicha for-
taleza del femenino en circunstancias, disciplinas y mación, pero hay que sobrepasar los lineamientos
compromisos en los que el masculino se siente mu- del sistema patriarcal que rigen nuestra cultura y
chas veces flojo, mientras el femenino asume di- que se perciben transversales a todos los sectores,
chos retos con verdadera responsabilidad y com- y, por cierto, el sector salud no es una excepción.
promiso. Matiza Diego: “por lo menos tienen una Realmente, algunas entidades del sistema de salud
sensibilidad mayor frente a la justicia social, a la colombiano realizan charlas técnicas y bien inten-
equidad, y muchos otros aspectos que uno podría cionadas, pero falta más contacto, más naturalidad,
agradecer de la presencia femenina”. donde la pareja o la familia sean los protagonistas,
Samuel educa a su hijo Daniel desde la confianza, por lo que es necesario incentivar la participación
la seguridad, el disfrute, el empoderamiento frente en un proyecto que sea para toda la vida. Pero ocu-
a sus tareas o metas y la disciplina, y le transmite rre que, de alguna manera, se está dañando nues-
el gusto que él mismo sentía en su juventud con tra especie, cuando no se brindan condiciones más
las prácticas corporales y artísticas como el baile, humanas desde procesos naturales como la precon-
el teatro, el canto, el juego, la música, el deporte, cepción, la gestación y el nacimiento.
a través de sus mutuas vivencias.
A Daniel el trabajo con el cuerpo no lo atemoriza, CONSIDERACIONES FINALES
tampoco el abrazar, besar y, en forma general, de- Hay que entender que la responsabilidad y el com-
mostrar afecto es algo que hace parte de su coti- promiso con los hijos se adquiere desde el mismo
dianidad. Por ejemplo, a la hora de practicar momento en que la vida inicia su aventura en el
Karate, le explicó que no es pelea sino competen- corazón y la mente de sus progenitores, por lo cual
cia, lo que implica respeto por el otro. Derivado de es tan importante que esa vida que va a engrosar
esto Daniel demuestra autocontrol, valor a su pro- la familia, tenga al menos una especie de nicho
pio cuerpo y al de los otros. Además de Karate, a planeado para cuando llegue el momento ade-
los siete años Daniel estaba aprendiendo o desa- cuado de Ser- intrauterino.

54
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
La educación de los hombres es fundamental, pero
si además se le integra una formación en prácticas
ring labour: first-time fathers’ descriptions of re-
quested and received support during the birth of
corporales de autoconocimiento, que lo fortalez- their child. Midwifery, 27(1), 67-73.
can como ser humano, puede tomar una mayor • Baquedano, V., & Serrano, D. (2016). Experiencia
consciencia con respecto a su comportamiento con de los hombres durante el embarazo de su es-
la pareja. Al estar presente y activo en los diferentes posa y nacimiento de su hijo(a). Revista Científica
procesos que se dan en torno al nacimiento, crea de la Escuela Universitaria de las Ciencias de la
un vínculo más estrecho con los hijos, de tal ma- Salud, 1(2), 17-24.
nera que se permita educarlos desde el amor, la se- • Barker, G., & Aguayo, F. (2012). Masculinidades
guridad y la confianza. y políticas de equidad de género: reflexiones a
Luego es necesario estimular desde las instituciones partir de la encuesta IMAGES y una revisión de
educativas y de salud, programas en los que se in- políticas en Brasil, Chile y México. Río de Janeiro:
centive la participación de los hombres en los pro- Promundo.
cesos que se dan en torno al nacimiento, para • Bernadette, S. (2000). Mujer 2000: igualdad de
lograr padres más comprometidos con la crianza. género, desarrollo y paz en el siglo veintiuno o
Igualmente, se debe brindar a nivel institucional Beijing+5. Nueva York: Naciones Unidas.
condiciones más humanas, incluyendo las adecua- • Bolívar, A., Domingo, J. & Fernández, M. (2001).
ciones pertinentes a las locaciones físicas, la forma- La investigación biográfico-narrativa en educación:
ción del personal, la inclusión de prácticas donde enfoque y metodología. Madrid: La Muralla.
las familias sean las protagonistas, y se cuente con • Caracol Radio. (2016). En Colombia 1 de cada 5
un respaldo legal, de tal manera que se construya madres es adolescente: DANE. Disponible En:
una nueva generación nacida desde el amor. http://caracol.com.co/radio/2016/05/08/nacio-
nal/1462733539_091340.html
BIBLIOGRAFÍA • Castañeda, G., & Gómez, S. (2011). Hacia una
• Aguayo, F., & Sadler, M. (2011). El papel de los perspectiva hermenéutica crítica de la Educación
hombres en la equidad de género: ¿Qué mascu- corporal: Foucault y el cuidado de sí. En C. García
linidades estamos construyendo en las políticas (ed): Hermenéutica de la educación corporal
públicas en Chile? En: F. Aguayo & M. Sadler (pp.73-86). Medellín: Funámbulos Editores.
(eds.): Masculinidades y políticas públicas: invo- • DANE Departamento Administrativo Nacional de
lucrando hombres en la equidad de género Estadística (2017). Encuesta nacional de calidad
(pp.105-126). Chile: Universidad de Chile - Facul- de vida. Boletín Técnico, 16 de marzo.
tad de Ciencias Sociales - Departamento de An- • Dellmann, T. (2004). “The best moment of my
tropología. life”: a literature review of fathers' experience of
• Alexandre, A., & Martins, M. (2009). A vivência childbirth. Australian Midwifery, 17(3), 20-26.
do pai em relação ao trabalho de parto e parto. • Ganapathy, T. (2014). Couvade syndrome among
Cogitare Enfermagem, 14(2), 324-331. 1st time expectant fathers. Muller Journal of Me-
• Bäckström, C., & Wahn, E. (2011). Support du- dical Sciences and Research, 5(1), 43-47.

55
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Nery Cecilia Molina Restrepo y John Byron Pérez Grajales: Educación en prácticas corporales de autoconocimiento del hombre en los procesos cooperativos de familia

NÚMERO

46 2021
• Hildingsson, I., Cederlöf, L., & Widén, S. (2011).
Fathers’ birth experience in relation to midwifery
• Tonetti, E. (2011). Conscious birth. Birth into
being. Disponible en: http://birthintobeing.com/
care. Women and Birth, 24(3), 129-136. index.php/articles/conscious-birth/conscious-
• Martin, M. (2012). Family structure and the in- birth 27
tergenerational transmission of educational ad- • Universidad de la Sabana (2014). Colombia, el
vantage. Social Science Research, 41(1), 33-47. país con más madres solteras del mundo y donde
• Moreno, S. (2016). Varones y masculinidades en la gente menos se casa, dice estudio. Disponible
clave feminista: trascendiendo invisibilidades, au- en: https://www.unisabana.edu.co/en/menu-su-
sencias y omisiones. Sexualidad, Salud y Socie- p e r i o r- 1 / p r e n s a / n o t i c i a s / d e t a l l e - d e -
dad, 22, 249-277. noticias/?tx_news_pi1%5Bnews%5D=8346&tx_
• Naciones Unidas (1995). Declaración y plata- news_pi1%5Bcontroller%5D=News&tx_news_pi
forma de acción de Beijing IV Conferencia mun- 1%5Baction%5D=detail&cHash=423ce4bf0fafa
dial sobre las mujeres. Beijing: Naciones Unidas. 0ffa55a9637ad3b74a0
• Perdomini, F., & Bonilha, A. (2011). A participa- • Valdés, X., & Godoy, C. (2008). El lugar del
ção do pai como acompanhante da mulher no padre: rupturas y herencias. Representaciones de
parto. Texto & Contexto Enfermagem, 20(3), la paternidad en grupos altos, medios y popula-
245-252. res chilenos. Estudios Avanzados, 6(9), 79-112.
• Redshaw, M., & Henderson, J. (2013). Fathers’ • Wynne, K. (2001). Hormonal changes in mam-
engagement in pregnancy and childbirth: evi- malian fathers. Hormones and Behavior, 40(2),
dence from a national survey. BMC Pregnancy 139-145.
and Childbirth, 13(1), 70. • Zuluaga, B. (2015). Padres y madres frente a los
• Ricoeur, P. (2001). Del texto a la acción: ensayos retos de la modernidad. Revista Trabajo Social, 1,
de hermenéutica II. Buenos Aires: Fondo de Cul- 149-168.
tura Económica.
• Roberts, M. (2016). There from the start: Men
and pregnancy. Australian Family Physician,
45(8), 548-551.
• Salazar, J., Martínez, B., & Montenegro J. (2015).
Construcción de la masculinidad a partir de la ex-
periencia paterna. Cultura Científica, 13(13), 80-87.
• Storey, A., Walsh, C., Quinton, R., & Wynne, K.
(2000). Hormonal correlates of paternal respon-
siveness in new and expectant fathers. Evolution
and Human Behavior, 21(2), 79-95.
• Tonetti, E. (2009). Un camino hacia liberarnos de
las adicciones. Disponible en: http://www.birt-
hintobeing.com/procreacion_consciente

56
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO RECIBIDO: 13/02/2021 – ACEPTADO: 16/05/2021

46 2021
EL TALLER DE GRAFOMOTRICIDAD COMO
DISPOSITIVO TERAPÉUTICO
EN PSICOMOTRICIDAD INFANTIL
THE WORKSHOP OF GRAFOMETRICITY AS A THERAPEUTIC DEVICE
IN CHILD PSYCHOMOTRICITY
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo

DATOS DE LAS AUTORAS

Ingrid Henig es Maestra, Licenciada en Psicomotricidad, Magister en Teoría y Clínica Psicoanalítica. Es


Ex docente de la Lic. en Psicomotricidad UDELAR y en Psicomotricidad UCU. Fue también Ex Coordinadora
y docente del Diploma en Terapia Psicomotriz Infantil, UCU.
Dirección de contacto: iheniga@gmail.com

Gabriela Paolillo es Licenciada en Psicomotricidad. Ex. docente de la Lic. en Psicomotricidad UDELAR.


Docente en Lic. en Psicomotricidad UCU y en el Diploma en Terapia Psicomotriz Infantil, UCU.
Dirección de contacto: gabypao66@gmail.com

RESUMEN ABSTRACT
Esta producción escrita tiene como objetivo funda- This written production holds as an objective to
mentar a nivel teórico-práctico e intentar avanzar base, in a theoretical - practical manner, and try to
en la sistematización de la estrategia del Taller de move forward on the systematization of the stra-
grafomotricidad (TGM), integrada al abordaje psi- tegy of the Grafomobility workshop (TGM), inte-
comotriz terapéutico. Se trata de un recurso me- grated alongside the therapeutical phychomotor
todológico ampliamente difundido entre los Psico- approach. It is based on a methodological re-
motricistas de nuestro medio, desde hace más de source, widely shared within phycho-motility the-
tres décadas. rapists for more than three decades.
Se comienza reflexionando sobre la significación It begins on the reflection on the significance of

57
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
del nombre de la estrategia y su origen en la histo-
ria de la disciplina en el Uruguay. Posteriormente,
the name of the strategy and its origins in the dis-
cipline's history in Uruguay.
nos detenemos a reflexionar en la significación del We continue to study on the meaning that manual
acto manual y gráfico en la experiencia corporal del and graphic acts have on the subject's corporal ex-
sujeto y las incidencias del contexto en el que él perience, as well as its effects, tied to the context
está inmerso. where it stands.
En siguientes apartados se plantean los objetivos The following parts present the general objectives,
generales, el encuadre, la metodología y algunos the focus, the methodology and the TGM's central
ejes centrales del trabajo en el TGM como estrate- working santards, as a therapeutical strategy for in-
gia terapéutica con la población infantil. fant population.
Afianzar el enfoque del abordaje desde una con- To enforce this approach to the subject from a glo-
cepción global y no parcializada del sujeto apela bal perspective and not from a fragmented one de-
constantemente a la coherencia del Psicomotricista mands the constant prescence of the phycho-
en su pensar-hacer-decir profesional. motility therapist, as well as his or hers professional
thinking - doing - saying.
PALABRAS CLAVES: grafomotricidad, taller, manos,
dispositivo, expresión, juego, experiencia, trabajo, KEYWORDS: grafomobility, workshop, hands, de-
acompañamiento, grupo, técnicas. vice, expression, game, experience, work, accom-
paniment, group, techniques.

INTRODUCCIÓN El hacer creativo del niño/a se despliega en una di-


La Práctica Psicomotriz Terapéutica va dirigida a mensión diferente cuando el movimiento corporal
niña/os y niñas que presentan un padecimiento o global se detiene y se organiza la postura, para dar
malestar en su funcionamiento/relacionamiento paso al protagonismo del movimiento-accionar de
psicomotriz. Un objetivo general es favorecer la re- las manos, posibilitando otro campo de sensacio-
apropiación corporal de la niña/o en relación con nes, vivencias y representaciones. El juego, la pin-
el espacio, el tiempo, los objetos y las personas. Las tura, el modelado, el dibujo, la escritura, son
características del encuadre de la práctica Psicomo- espacios de experiencia y representación del cuerpo,
triz, así como el acompañamiento e intervención por ende, facilitadores del proceso de constructivi-
del Terapeuta en Psicomotricidad, ofrecen un esce- dad corporal. Manipular materiales e instrumentos
nario privilegiado para la experiencia corporal diversos con sus manos por su propia iniciativa u
transformadora. ofrecidos pares o adultos que significan estas ex-

58
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
periencias, promueven que la niña/o se afirme en
sus competencias humanas, así como en lo singu-
Comúnmente se designa como “taller” a un espa-
cio donde se realiza un trabajo de creación, manual
lar de cada uno. o artesano, como el taller de un pintor o un alfa-
Las actividades manuales y gráficas han disminuido rero, un taller de costura o de elaboración de ali-
su presencia en la cotidianidad actual de los mentos. La utilización de instrumentos a nivel
niña/os. La diversidad de la oferta tecnológica ha manual (aptitud distintiva del hombre) es otra ca-
ido conquistando tiempos y espacios, ofreciendo a racterística del ámbito del taller y ellos dependerán
niña/os determinada gama de experiencias en des- de la actividad que allí se realice.
medro de otras. La escritura digital reemplazó en También hay otras acepciones del término taller en
parte a la manuscrita. Sin embargo, en muchos es- el lenguaje común, como la que nombra una diná-
pacios de educación formal, se sigue exigiendo ca- mica de trabajo caracterizada por la participación
lidad y velocidad, sin tener en cuenta que para activa de varias personas que comparten experien-
alcanzarlas, se requiere un proceso de apropiación cias, vivencias, saberes teóricos y prácticos, cuya
corporal a nivel relacional e instrumental que ya no culminación es un saber grupal, la creación de algo
es el mismo en los niña/os de hoy. nuevo y propio.
La escritura manuscrita es una conquista humana De esta presentación del espacio y dinámica de un
como medio de comunicación, independiente de taller en general, destacamos los siguientes ele-
las máquinas, es un legado que el hombre debería mentos:
proteger, motivando a los niños y niñas a apro- • Experiencia corporal con protagonismo
piarse, disfrutar de ella y transmitirla a futuras ge- de las manos
neraciones. Sin embargo, muchos/as de ellas/ellos • Utilización de diversos materiales e ins-
padecen y rechazan este aprendizaje. trumentos
Niños y niñas con experiencias limitadas en el es- • La expresión y creación
pacio gráfico y de la construcción, teñidas de frus- • La interacción y comunicación
tración y resistencias, encuentran en el ámbito del Todos ellos son componentes fundamentales de la
Taller de grafomotricidad (TGM) un acompaña- experiencia corporal en el taller de grafomotricidad
miento “corporizante” (Calmels 2009,104) del te- como ámbito terapéutico en Psicomotricidad In-
rapeuta en Psicomotricidad. fantil.

DESARROLLO ¿Por qué “de grafomotricidad”?


NOMINACIÓN Y ORIGEN P. Berruezo (2002) ha sido uno de los pocos auto-
res que desde la Psicomotricidad ha profundizado
¿Por qué “taller”? en el tema de la grafomotricidad y las dificultades
En la búsqueda del origen y significado de la pala- de la escritura en la niña/o.
bra se encuentra que proviene del francés “atelier” “Si consideramos que la grafomotricidad es la ha-
y se vincula con una acepción: “Lugar en que se bilidad para la ejecución de los trazos y signos de
trabaja una obra de manos”. (RAE 2014) la escritura, evidentemente esta habilidad es fruto

59
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
de un desarrollo psicomotor que supone la conse-
cución de los niveles de coordinación neuromotriz
Origen del taller de grafomotricidad como
espacio terapéutico
y perceptivo-motriz que posibilitan la realización Como estudiantes de la generación 1985 de la Li-
de las praxias manuales (praxias finas). Pero tam- cenciatura de Psicomotricidad de la UDELAR, las
bién es consecuencia de un aprendizaje perceptivo- autoras de este trabajo recuerdan que en el año
motor que sería el proceso de adquisición de las 1986, cursando la práctica de Terapia Psicomotriz
destrezas que hacen posible la escritura manual. en la sala de psicomotricidad del entonces Depar-
Por otro lado, la ejecución gráfica es consecuencia tamento de Neuropediatría del Hospital de Clínicas,
de un desarrollo psicolingüístico que hace posible, se enteran de que un nuevo espacio de trabajo con
a partir de una capacidad simbólica determinada, los niña/os, llamado “Taller de grafomotricidad”,
la generación de significantes sobre los que esta- comienza a funcionar en el llamado “solárium”
blecer relaciones de significado y asociar los signos ubicado a pleno sol por sus paredes vidriadas en la
a las unidades de articulación.” (Berruezo, 2002, parte trasera de dicha sala.
91) La Psicomotricista Cristina de León, acompañada
En esta cita quedan expuestos aspectos funcionales por un grupo de colegas, fue una de las responsa-
fundamentales en el acto grafomotor, los cuales bles de la iniciativa. Consultada recientemente, ella
vamos a desarrollar más adelante. transmite que en aquella época era el auge de la
Cuando ampliamos la concepción de grafismo más técnica de Aucouturier, y sagrado el “respeto del
allá de las grafías incluyendo al dibujo figurativo y deseo del niño/a”. Pero las bases teóricas eran aún
no figurativo, números y figuras geométricas, la muy confusas. Algunas niñas/os mejoraban su es-
grafomotricidad pasa a designar un conjunto de critura sin haber tocado nunca un lápiz. “Era como
competencias psicomotoras que se ponen en juego mágico”. Pero otras niñas/os no evolucionaban de
durante la realización del gesto gráfico. la misma manera. Eran las niñas/os que tenían di-
Teniendo como principal objetivo favorecer la evo- ficultades a nivel instrumental, lo que hizo pensar
lución del gesto gráfico, se creó un dispositivo fa- que posiblemente requerían un abordaje más es-
cilitador para el desarrollo de actitudes y aspectos pecífico de los aspectos funcionales subyacentes a
funcionales que están subyacentes y asociados a la la escritura. Procurando la coherencia con la con-
realización del acto gráfico. Lo cierto es que el ta- cepción de la práctica aucouturiana, surgió la idea
ller, desde su inicio rebasa el campo grafomotor de determinar un espacio separado de la sala de
para habilitar, favorecer un enorme campo de en- psicomotricidad, pero complementario a su abor-
cuentro del niño/a con sus posibilidades y dificul- daje, donde sus atractivos materiales que invitan al
tades en el “hacer con las manos” y en relación con movimiento corporal global no “distrajeran" a las
otras personas (pares y/o terapeuta en Psicomotri- niñas/os. Allí se disponían rincones con actividades
cidad). para que los niña/os circularan libremente. Por ej:
uno con papeles y tijera para recortar y pegar, otro
con masa de modelar, otro con pinturas y hojas de
gran tamaño. Las propuestas se iban modificando

60
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
sesión tras sesión. La respuesta de las niñas/os no
fue positiva, la mayoría no sabía qué hacer y la si-
CUANDO EL MOVIMIENTO GLOBAL
DEL CUERPO SE SUSPENDE
tuación les provocaba ansiedad. Es así como se ini-
cia un proceso de búsqueda, de ajuste a los Necesidad de reorganización tónico-postural
intereses y necesidades de las niñas/os, así como La niña/o debe reorganizarse a nivel tónico-postu-
del acompañamiento del Psicomotricista en este ral para mantener una postura estable, tanto de
nuevo encuadre. pie como sedente.
Es el mismo motivo el que lleva a las autoras de En el TGM se posibilita el paso al protagonismo del
este trabajo a crear un espacio similar en el área de movimiento-accionar de las manos que exploran,
la Práctica Psicomotriz Educativa en el año 2000 posibilitando diferentes sensaciones, vivencias y re-
(Revista iberoamericana de psicomotricidad, nú- presentaciones. La coordinación bimanual supone
mero 2) en el Jardín Enriqueta Compte y Riqué una fina sinergia en el movimiento de ambas
donde se llevaban a cabo prácticas con preescola- manos (una especializada en la función de inicia-
res de la materia Educación Psicomotriz, correspon- tiva y otra en la de soporte), se sostiene en una or-
diente a la Licenciatura de Psicomotricidad de la ganización tónico-postural y se potencia con la
UDELAR. La observación y acompañamiento de los participación de la visión. Da Fonseca (2005) marca
niña/os utilizando el dispositivo de la sala de psi- la coordinación del triángulo postura-visión mano
comotricidad, no era suficiente para conocer y fa- como base de la praxia fina. “La precisión, veloci-
vorecer el funcionamiento psicomotor de los dad y coordinación recíproca de las manos no
niña/os durante el acto gráfico y otras actividades están desconectados de la organización postural…
gnosopráxicas. ”. (Da Fonseca 2005,271)
Otro antecedente más actual es el representado Dicha coordinación motriz implica un gran desafío
por el ciclo de talleres de formación, organizado para muchas niñas/os, con importantes dificulta-
por este equipo de docentes, en un espacio privado des, inestabilidades, hábitos posturales inadecua-
de Formación para Psicomotricistas, (se realizaron dos. Para otros, con historia de fracaso escolar, la
7 talleres de alrededor de 20 estudiantes y egresa- inestabilidad postural es una forma de mostrar la
dos, cada uno, durante los años 2015 y 2016), to- resistencia; rechazan la postura sedente pues la
mando en cuenta inquietudes recibidas sobre la asocian con lo escolar. En todos los casos se acarrea
formación del psicomotricista para el abordaje te- una limitación de la exploración y experimentación
rapéutico en esta área del desarrollo y aprendizaje en el espacio gráfico y de la construcción.
infantil. El abordaje psicomotriz terapéutico de la organi-
zación tónico-postural del niño/a tiene su base
principal, indudable, en las estrategias del juego
corporal y la relajación. Pero se complementa muy
bien con la propuesta del TGM, donde se habilita
y promueve en la niña/o la búsqueda, la explora-
ción y concientización de las distintas posturas cor-

61
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
porales, la representación espacial de las partes del
cuerpo, integradas en un todo. Y se re-presenta la
plos de cómo al funcionamiento manual se inte-
gran representaciones culturales.
postura más funcional para la escritura. Al inicio de la vida las manos del otro tienen un
La pertinencia y oportunidad de la propuesta del papel relevante: sostienen, erogenizan el cuerpo,
TGM será pensada para cada niña/o. El psicomo- marcan los límites, lo mueven, etc. Posteriormente,
tricista observa la disponibilidad del niño/a para las manos del niño/a son exploradas por sí mismo
acompañarlo en ese proceso de involucramiento y a través de todos los sentidos: exploración visual,
reorganización del cuerpo para acercarse a otro táctil, gustativa. Y es así que comienzan a apro-
campo de experiencias: las experiencias a nivel ma- piarse como instrumento de acción-transformación
nual y gráfico. Será habilitada por la contención sobre sí mismo y sobre el entorno. Serán más o
afectiva, el acompañamiento y tecnicidad del Psi- menos habilitadas como una parte del cuerpo del
comotricista , la oferta de espacios y objetos, me- niño/a privilegiada para la exploración (“qué rica
diadores de dicha experiencia. está la mano”, “sácate la mano de la boca chan-
cho”, “me rasguñaste, malo”).
El papel preponderante de las manos en la Posteriormente la niña/o experimenta una sensa-
constructividad corporal ción de omnipotencia al llegar hacia las cosas por
El hacer y crear con las manos, la manipulación de sus propios medios: toca lo que puede tocar y lo
instrumentos, la realización gráfica, representan que está prohibido tocar. La exploración a nivel ma-
capacidades y habilidades distintivas del ser hu- nual se amplia. El adulto presenta los objetos, y con
mano. Estas posibilidades del hombre se han po- ellos el mundo; sostiene estos aprendizajes, da el
tenciado a través de los tiempos. “La mano, tiempo necesario, habilita la exploración, de garan-
considerada la unidad motora más compleja del tías de seguridad y las frustraciones también van
mundo animal, es en gran medida la arquitecta de estructurando, organizando la acción del niño/a.
la civilización y naturalmente la arquitecta de la in- La niña/o se interesa tempranamente por dejar
teligencia en la niña/o y en el hombre.” (Da Fon- huellas, en ocasiones en lugares poco aceptados
seca, 2005,256). por los adultos, por ejemplo, huellas de la mano
La apropiación y dominio de las manos depende sucias de comida en la mesa, en la pared. Pronta-
de factores constitucionales y especialmente de la mente identifica los instrumentos gráficos como
posibilidad de explorar y experimentar del niño/a. instrumentos que representan el saber y poder del
En cada experiencia, significada por el lenguaje de adulto.
sus referentes afectivos, se construye y reconstruye El acceso a la coordinación ojo-mano organizará
un bagaje dinámico de representaciones que son este recorrido por el espacio gráfico, aparecerán las
materia prima del esquema y la imagen corporal. primeras figuras en forma casual: alrededor de los
Dichos populares como: “manos de manteca” ad- tres años el esbozo de la figura humana, a los cua-
judicado a un desempeño torpe, “manos de seda” tro la escritura del nombre propio. Son verdaderas
a una manipulación sutil. Junto con otros como producciones subjetivas, con las cuales se identi-
“mano pesada”, “mano larga”, constituyen ejem- fica. Luego de logrado el dibujo figurativo, la

62
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
niña/o sigue desarrollando producciones no figu-
rativas, muchas veces desvalorizadas por el adulto,
En muchas niñas/os que nos consultan, el cuerpo
del adulto sigue estando demasiado presente
preocupado por la casita, el pasto y las flores, como cuerpo auxiliar o en otros casos ausente. En
quien no reconoce en estos intentos la intensa ex- ambos casos se obstaculiza el proceso de autono-
ploración que hace la niña/o del espacio gráfico. mía. Es interesante indagar estos aspectos en la his-
Las manos se tornarán cada vez más hábiles pero toria del niño/a y favorecer transformaciones en los
los desafíos son progresivos: se diversifican los ins- contextos vitales
trumentos. En el ámbito educativo se ofrecen ins- En el TGM se propician experiencias significativas
trumentos gráficos, manuales (por ejemplo: tijeras, con sus manos, una exploración multisensorial que
punzones, pinceles), computadora. Cada uno re- relanza la búsqueda del niño/a por nuevas sensa-
quiere una prensión y una manipulación particula- ciones y vivencias , lo afirman en sus posibilidades
res. También se modifican y restringen los espacios: creativas y transformadoras.
del espacio total al espacio parcial, al espacio de la
construcción y el gran desafío: el espacio gráfico.
Seria interesante reflexionar acerca de la apropia- INCIDENCIA DE LOS FACTORES SOCIO
ción del espacio virtual por parte del niño/a en este CULTURALES Y PEGAGÓGICOS EN LA
proceso. GRAFOMOTRICIDAD DEL NIÑO/A
Se requiere que la familia acompañe este proceso
de aprendizaje y autonomía, que el cuerpo del Incidencia de los factores socio-culturales
niño/a vaya independizándose del cuerpo del El psicomotricista debe ser consciente de la restric-
adulto como cuerpo auxiliar. Cuántas veces nos ción de la experiencia corporal y corporal-manual del
hemos sorprendido cuando detrás de una niña/o niño/a en la época actual. Son cada vez más los ob-
que no puede involucrarse en una tarea más orga- jetos o imágenes de los objetos para mirar, que aque-
nizada, no puede organizarse en el espacio y los llos para oler, tocar, gustar, sacudir, golpear, armar y
materiales, se frustra y desiste frente al primer in- desarmar. Los instrumentos manuales y gráficos pier-
tento fracasado, hay adultos que resuelven todo den atractivo frente a la abundante y variada oferta
por él. El cuerpo del niño/a y en especial las manos de sofisticados juguetes pero dan un lugar limitado
están ubicados en el lugar del no poder, no saber. a la exploración, iniciativa y creatividad.
Dependiendo de la institución educativa y la pro- Calmels (2013), en un capítulo dedicado a La Niñez
puesta pedagógica en los primeros años de la es- analiza desde una perspectiva psicomotriz los
colaridad (6-7 años) suele presentarse el apren- cambios socio-culturales que están incidiendo en
dizaje de la letra en cursiva. Amada por la niña/o la vida del niño/a, especialmente en los espacios
como la letra de los grandes, odiada por aquellas disponibles, el juego, los juguetes y en la función
niñas/os que se ven enfrentados a la gran frustra- corporizante del adulto. Para nombrar algunos:
ción de una forma no lograda o sumamente cos- • Gran difusión de muñecos y juegos vir-
tosa, que desafía al máximo la capacidad de tuales, en desmedro del juego corporal.
frustración. • El predominio de la exploración visual

63
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
sobre las demás modalidades sensoriales, que-
dando la niña/o en un rol de espectador intensivo.
zando a partir del ensayo y error, en ausencia de la
enseñanza sistemática.
• Oferta excesiva de juguetes estructura- • La adecuación de exigencias pedagógi-
dos que limitan los procesos creativos y cuyo fun- cas a las posibilidades del niño/a. ¿Se contemplan
cionamiento aparece como mágico. sus dificultades en el logro de la calidad o la velo-
• La pérdida del juego con productos de cidad?
la naturaleza y desechos y así crear algo nuevo. • ¿Cómo respondieron los padres?
• Retaceo de la presencia y acompaña- La Psicomotricista y maestra Cristina de León
miento del adulto que habilita, sostiene y contiene (2010) identifica las siguientes fallas pedagógicas
la experiencia del niño/a. en la enseñanza de la escritura:
Plantea una modificación en la corporeidad: esa - Instrucción rígida e inflexible
mano ha perdido cualidades humanas conquista- - Descuido del diagnóstico del grafismo, como mé-
das en miles de años. todo de identificación de las dificultades.
- Deficiente orientación del proceso de adquisición
Incidencia de los factores pedagógicos de destrezas motoras.
Cuando se consulta por un niño/a con dificultades - Orientación inadecuada al cambiar de la letra
en la grafomotricidad, el Terapeuta en Psicomotri- “script” a la letra cursiva.
cidad investiga sobre: - Objetivos demasiado ambiciosos.
- Incapacidad para enseñar a los zurdos la correcta
• La experiencia corporal, manual y gráfica posición del papel y los movimientos más idóneos
del niño/a en su desarrollo, en los aspectos cuanti- - Posturas pedagógicas que sostienen que exigir la
tativos y cualitativos de su desarrollo psicomotor realización de formas correctas, inhibe el deseo de
contextualizado en el ámbito familiar. escribir como medio de expresión. (p 86-87)
• En la etapa de Educación Inicial, ¿se fa- Es importante tener en cuenta que para algunos
voreció el desarrollo de aspectos actitudinales y niña/os con dificultades severas en su equipa-
funcionales subyacentes al aprendizaje de la escri- miento neuromotor, o que fueron afectados por
tura? ¿Se respetaron los tiempos de ese desarro- distintas interferencias en el proceso de enseñanza-
llo? aprendizaje, la propuesta de la letra cursiva repre-
• La enseñanza sistemática en el trazado senta un obstáculo insalvable e inconveniente. Lo
de la escritura en letra cursiva: ¿Se dio?¿Cuándo y que importa es habilitar al niño/a para que utilice
cómo? Actualmente es frecuente encontrar postu- la letra que le resulte accesible. Acompañar a la
ras pedagógicas muy disímiles: la precocidad en la niña/o sin sobreexigencias (precocidad, rigurosi-
enseñanza, la desvalorización de los aspectos gra- dad) que puedan inhibir y obturar el deseo, dará
fomotores (no importa la letra), sobrevaloración, la lugar al placer de decir y decirse a través del gra-
sobreexigencia o rechazo a la enseñanza de la cur- fismo.
siva. La letra cursiva de algunas niña/os evidencia
estrategias que fueron adoptando y automati-

64
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
PROBLEMÁTICAS PSICOMOTORAS
SUBYACENTES A LAS DIFICULTADES EN LA
que su intrincamiento es la esencia del funciona-
miento psicomotor del niño/a.
GRAFOMOTRICIDAD
La experiencia en el área de la Clínica Psicomotriz EL TALLER DE GRAFOMOTRICIDAD COMO
Infantil pone en evidencia que las dificultades en la DISPOSITIVO DE LA INTERVENCIÓN EN
grafomotricidad y específicamente en la escritura TERAPIA PSICOMOTRIZ INFANTIL (TPI)
o en la iniciación de su aprendizaje es uno de los La palabra dispositivo proviene etimológicamente
motivos más frecuentes en el área. Es la “punta del del latín “dispositus”, participio pasivo de “dispo-
iceberg” en la problemática corporal del niño/a. nére”, disponer. RAE (2019). Algunas de las acep-
A través del proceso diagnóstico. En la base de las ciones citadas:
dificultades grafomotoras podemos encontrar: • Que dispone
• Organización para acometer una acción
• Alteraciones tónicas o tónico-emocionales
• Dificultades gnosopráxicas (somato-espaciales, El contexto del taller de grafomotricidad, brinda
visuo-espaciales, témporo-espaciales, praxia cons- una organización témporo-espacial, una oferta de
tructiva, praxias de utilización de objetos, etc.). objetos y un acompañamiento específico del Psico-
• Dificultades en el proceso de lateralización motricista, que favorece el abordaje de aspectos re-
• Dificultades de la coordinación motriz lacionados con la grafomotricidad y la praxia
• Inestabilidades, inhibiciones psicomotoras manual.
La experiencia clínica muestra la conveniencia para
Estas problemáticas corporales pueden coexistir, y muchas niñas/os de que el espacio del TGM esté
dependiendo de la entidad conducir a un rechazo separado del espacio de la sala de psicomotricidad;
hacia las actividades grafomotoras, como resultado esta discontinuidad dispone a la niña/o a un invo-
de la indisponibilidad corporal, escasa capacidad lucramiento corporal diferente. Para otras niñas/os,
de frustración, baja autoestima, dependencia del será necesario que el TGM sea un espacio parcial,
adulto. incluido en el de la sala de psicomotricidad.
“Sumadas a sus dificultades perceptuales, práxicas Para algún s será una propuesta al tiempo de ini-
o figurativas, se añade en la mayoría de estos niños ciado el tratamiento. Para otro será único al co-
y niñas, marcas de una historia escolar teñida de mienzo pues rechaza las actividades corporales.
fracasos y exigencias que desmotivan el contacto Lo más importante es que:
placentero con las experiencias gráficas.” (Calmels • Será pensado a partir de las necesidades e inte-
2013, 42) reses de cada niña/o.
El Psicomotricista tiene el desafío de explorar e • No lo consideramos como abordaje único aun-
identificar cuáles son los aspectos relacionales y que para algunos niñas/os podría serlo al final del
funcionales que están en la base de las dificultades proceso terapéutico.
grafomotoras. Despejar completamente unos y • El abordaje global dentro de la estrategia de
otros no es tarea fácil, más bien imposible, dado rodeo, es imprescindible.

65
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
Enfoque de la Intervención Psicomotriz Tera-
péutica en el TGM
den estar incidiendo factores del orden somático
que es muy importante identificar para aproxi-
Se requiere evocar aunque sea brevemente algunas marse a la situación particular del niño/a y su fa-
referencias conceptuales claves, a partir de las cua- milia.
les pensamos el abordaje del TGM como disposi- Concepción de Terapia Psicomotriz: La entendemos
tivo terapéutico. como un acompañamiento estructurante hacia la
El cómo ser global, concepción en la que ha insis- apropiación, el reposicionamiento corporal del
tido el profesor B. Aucouturier y ha sido tomado niño/a por parte del terapeuta en Psicomotricidad,
por muchos autores, entre ellos, Rodríguez Rivas Adherimos a un enfoque de rodeo al síntoma im-
(2013). Sería incongruente pretender el abordaje plícito en el texto de Ajuriaguerra (2000) en el cual
de algunas dimensiones de la persona del niño/a plantea que nuestro objetivo se reduce a modificar
como ser de desarrollo, ignorando otros. Este úl- la figura como síntoma, pero especialmente el
timo autor también señala la afinidad de esta con- fondo que lo hace posible
cepción global con la concepción sistémica de Da Rodríguez Rivas (2014) analiza la estrategia de
Fonseca (2005), quien plantea que los factores psi- rodeo “Nunca ataquemos muy directa y rápida-
comotores tienen una relación jerárquica y se apo- mente un propósito o un problema, ya que: o nos
yan unos en otros. perderemos muchos aspectos que también influ-
La niña/o como sujeto en construcción, único, irre- yen o lo que es peor, por no haber ido a la raíz,
petible, con un equipamiento biológico puesto en probablemente quedará enquistado y cronificado.”
relación con un entorno. Es fruto de una historia La estrategia de rodeo se fundamenta en el abor-
relacional e inmerso en un contexto vital determi- daje corporal global, a través del juego corporal y
nado. A la singularidad del niño/a se corresponde las propuestas de distensión motriz o relajación.
la singularidad de la intervención psicomotriz como “Cuando una niña/o presenta dificultades en su
plantea C. Sykuler (2005) grafismo, el abordaje terapéutico debe abrir un es-
pacio para contemplar el cuerpo” (Calmels,
Concepción del síntoma psicomotor 1998,94).
En base a autores como Bergés (1997), Calmels, No obstante, avanzando en la estrategia de rodeo,
(2003), Levin, (1991) González (2009), considera- hacia el reposicionamiento del niño/a en cuanto a
mos al síntoma o trastorno psicomotor como un su desenvolvimiento manual y gráfico, considera-
estilo particular de funcionamiento psicomotor y mos que en un determinado momento es impor-
funcionalidad psicomotora, marcados por el pade- tante (a partir de la escucha empática, teniendo en
cimiento, conlleva un malestar del sujeto para re- cuenta el proceso, necesidades e intereses del
lacionarse y/o hacer con su cuerpo. Nos alejamos niño/a) que el terapeuta despliegue su iniciativa y
así de una concepción de la terapia como repara- creatividad al proponer desafíos ajustados y cohe-
dora de un déficit. rentes al Proyecto Terapéutico.
Si bien su naturaleza es relacional, (se construye en Es una interesante contribución de Serrabona (2017)
la relación con otro semejante significativo), pue- cuando plantea una Psicomotricidad terapéutica de

66
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
integración. “Una psicomotricidad de integración,
donde se integren elementos psicomotrices válidos
Objetivos generales del TGM como disposi-
tivo terapéutico
para nuestra praxis” (p.25). Este enfoque teórico- Algunos que se desprenden de la experiencia clí-
práctico es muy útil asimismo para pensar el abor- nica:
daje utilizando otras estrategias como el juego • Facilitación de experiencias corporales que favo-
corporal, instancia en la que es fundamental la ac- rezcan la exploración y apropiación del cuerpo en
tividad espontánea del niño/a, pero el psicomotri- el espacio de la construcción y el espacio gráfico.
cista también propone desafíos. • Reposicionamiento del niño/a hacia la afirmación
Ajuriaguerra (1984) propone métodos preparato- en sus posibilidades corporales, reconocimiento de
rios en su plan de reeducación de la escritura: Pro- lo propio y singular, favoreciendo la autonomía.
puestas de actividades próximas a la escritura que • Promoción del desarrollo de aspectos instrumen-
le llevarán a una mayor facilidad en la ejecución de tales “saber hacer con su cuerpo”, en un marco de
las letras. Si bien este material corresponde a otra contención afectiva.
época, y necesitan ser contextualizadas a la actua- • Descubrimiento de nuevos estilos de funciona-
lidad de los procesos de enseñanza aprendizaje y mientos y funcionalidades psicomotoras, como es-
a la situación de cada niña/o, las contribuciones de trategias para avanzar en procesos de aprendizaje,
Ajuriaguerra continúan siendo inspiradoras. autonomía y socialización.
Los objetivos particulares corresponden a la con-
textualización de estos objetivos o la creación de
otros, en función de las necesidades, posibilidades
e intereses del niño/a.

Materiales, instrumentos, actividades y técnicas

Materiales Instrumentos Actividades, técnicas

Papeles de diferentes texturas Pinceles, lápices, crayones, Modelado, pintura con pincel, dibujo,
(cartulina, de calco, glace, afi- marcadores, pasteles, pun- escritura, esfumado, recortado, ori-
che, celofán, crepé, de lija) , zones, tijeras, instrumentos gami, esgrafiado, monocopia, ras-
pinturas, tintas, acuarelas, jue- de geometría, estiletes, etc. gado, trozado, corrugado, trazados
gos didácticos, masa de mode- deslizantes de Ajuriaguerra, arabes-
lar, cerámica, barro, papel cos, guirnaldas, ejercitaciones percep-
centimetrado, papel carbónico, tivas y práxicas, etc.
enduído, etc.

67
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
Cuando se seleccionan varias actividades para el ta-
ller, es conveniente que el psicomotricista tenga en
en el proceso de trabajo conjunto con esa niña/o
en singular.” (Huguett, 2008)
cuenta la necesidad de alternar las siguientes ca-
racterísticas: Podríamos pensar también estas técnicas o “sabe-
• Nivel y aspecto atencional: ejemplo: una activi- res” como formas de mediación; Marc Rodriguez
dad de más alta exigencia en cuanto a una aten- (1999), plantea la hipótesis de considerar la me-
ción sostenida, con otra en la que la niña/o puede diación como un proceso terapéutico singular que
autorregular su atención se apoya en la materialidad del mediador y la par-
• Nivel de interacción: ejemplo: una actividad co- ticipación activa del terapeuta.
lectiva con otra individual
• Nivel de autonomía: ejemplo: una actividad que ”Que el mediador sea un objeto concreto
requiere proximidad del psicomotricista, con otra (agua, tierra, pasta de modelar) o sea una
que posibilita la distancia. técnica particular (un cuento, música, pis-
• Nivel de exigencia: Ejemplo: una actividad que cina)la necesidad de introducir en la relación
implique un alto desafío a la niña/o, con otra que un tercero mediador nos ha llevado a inte-
sea muy distendida y lúdica. rrogarnos acerca de la mediación en tanto
• Nivel de exigencia a nivel gráfico y manual: ejem- proceso terapéutico… Si la mediación cons-
plo una actividad gráfica con otra que no implique tituye un dispositivo preestablecido, dispo-
el nivel gráfico sino sólo a nivel manual más global sitivo material, técnica, de espacio, de
o meramente perceptivo. tiempo, la verdadera esencia de la media-
ción es según nuestra opinion, inmaterial,
El lugar de las técnicas forma parte de los procesos que apuntan al
Las técnicas son todos aquellos procedimientos y despliegue de la actividad representativa”
recursos que el profesional ha ido incorporando (p.12)
durante las instancias de grado, cursos y talleres
paralelos, muchas veces ligados a las habilidades e Aspectos funcionales, vivenciales y actitudi-
intereses que cada cual desarrolla en forma indivi- nales en la participación del niño/a
dual buscando seguir la formación (técnicas grafo- Aspectos funcionales
plásticas del área de las artes plásticas, yoga, Durante la instancia diagnóstica, el psicomotricista
técnicas de narración y relajación, Pilates). procura aproximarse al estilo de funcionamiento
Durante el abordaje en TPI estas técnicas podrán psicomotor del niño/a, se exploran las diferentes
ser una herramienta oportuna que favorezca el funciones psicomotoras, reconociendo sus fortale-
proceso con esa niña/o, pero de modo alguno se zas y vulnerabilidades.
pondrán por delante de lo esencial en ese proceso Interesa captar el funcionamiento Psicomotor (la
que es la propao niña/o y sus posibilidades. “Lo puesta en juego de las funciones psicomotoras en
que hará a nuestra posición clínica es la posibilidad la relación con el otro, como referente afectivo) y
de ofrecer la propuesta en función de lo que surge la funcionalidad psicomotora (cómo ese funciona-

68
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
miento psicomotor es significado por el entorno
familiar/social, si es “funcional” a los efectos de una
• Mostrarse a otros desde una perspectiva de va-
loración de sus posibilidades
integración activa y creativa). (Henig I, Huguet M.J. • Exploración multisensorial
2017) • Gusto y búsqueda de lo estético
Posteriormente al proceso diagnóstico, si la niña/o
requiere una intervención terapéutica, el profesio- Varios de estos aspectos están implícitos en el texto
nal elabora un Proyecto Terapéutico, singular para de Ajuriaguerra (1984): “Pretendemos pues, ante
cada uno, y dinámico a medida que transcurre su todo, relajar a la niña/o, darle confianza, devolverle
proceso. Se establecen objetivos y estrategias. el gusto por las formas” (p.15)
La estrategia del TGM resulta beneficiosa y atractiva
para las niñas/os que presentan disfuncionamien- Aspectos actitudinales
tos psicomotores: fuerza de la mano, coordinación Negativa, resistencia, evasión, oposición, depen-
bimanual, coordinación óculo-manual, desliga- dencia, escasa exploración y pronta frustración, son
miento digital, praxia constructiva, dominios cog- actitudes que frecuentemente observamos en las
nitivos como la atención visual, funciones ejecu- niña/os, en la etapa del proceso diagnóstico. Du-
tivas etc.; y además ofrece a todos las niña/os, la rante el proceso terapéutico, se favorece el surgi-
oportunidad de inagotables experiencias corpora- miento y empoderamiento de las siguientes:
les en el plano grafomotor y constructivo.
• Iniciativa
Aspectos vivenciales • creatividad
La observación-contemplación de la gestualidad, • perseverancia
actitudes y acciones de las niñas/os, así como la es- • organización
cucha de sus expresiones verbales, permite afirmar • cuidado de su cuerpo y el del otro , de los mate-
que la instancia del TGM es una rica fuente de vi- riales e instrumentos
vencias individuales y grupales. En un proceso te- • esfuerzo
rapéutico hacia la afirmación del niño/a, algunas • autorregulación
de ellas son: • autonomía

• Libertad de imaginación, expresión y creación METODOLOGÍA DEL ABORDAJE EN LA INTER-


• Experimentación, descubrimiento, sorpresa (vi- VENCIÓN EN EL TGM
vencia de placer sensorio-motriz, movilización tó- Se profundiza el análisis presentado por Henig
nico-emocional). (2017), a partir de los siguientes aspectos metodo-
• Experiencia de autoría lógicos que se van alternando estratégicamente en
• Comodidad corporal (regulación tónico-postural) la intervención psicomotriz terapéutica durante el
• Fluidez, armonía, distensión del movimiento TGM.
• Autoestima: “yo puedo” • Lo expresivo y lo instrumental
• Autonomía: “yo puedo solo” • La actividad espontánea y la actividad planificada

69
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
• El juego y el trabajo
• Abordaje individual, grupal o combinado
instrumentales, se trata de acompañarlos muy pró-
ximamente, haciendo “entre dos” y luego propi-
ciando la autonomía.
Lo expresivo y lo instrumental La posición teórico-práctica que hemos ido cons-
Entendemos que en sus grafismos, en su particular truyendo para fundamentar el trabajo en el taller,
forma de “hacer con las manos”, en su estilo de es de atención e intervención hacia los aspectos re-
organización, cada niña/o despliega lo propio y lacionales y funcionales, siendo conscientes que es
único dándole un “sello”. Nuestro rol es reconocer imposible separarlos. Aunque la balanza puede in-
esa singularidad, acompañar e intervenir con aque- clinarse levemente hacia uno o hacia otro en algún
lla niña/o que por alguna razón tiene obturado o momento de la actividad o de una actividad a otra,
inhibido este proceso de decirse con libertad. Lo siempre hay lugar para lo expresivo por más instru-
expresan a través del rechazo, la estereotipia, la mental que sea la propuesta, si no, no sería una
búsqueda de modelos externos. experiencia significativa para la niña/o.
Otro interesante aporte teórico es el de Levin Entonces es cuando nos proponemos pensar otra
(2010) donde se refiere a experiencias subjetivantes alternancia en el abordaje del TGM:
que constituyen un acontecimiento en la vida del
niño/a, construyen cuerpo y quedan inscriptas en La actividad espontánea y la actividad planificada
la plasticidad simbólica. Como decíamos, el Psicomotricista está siempre
La experiencia creativa ubica a la niña/o en la posi- atento a la iniciativa del niño/a y favorece su crea-
ción de autor, lo moviliza tónico-emocionalmente, tividad. Eso sucede tanto en el contexto de la ins-
libera la imaginación, lo lanza a la exploración, po- tancia de juego corporal, como en el taller de
niendo en juego las funciones psicomotoras. Mu- grafomotricidad.
chas de las actividades privilegiadas por su poten- Sabemos que el juego corporal es disparador de
cial expresivo, como el dibujo, la pintura, el mode- imágenes mentales que pueden plasmarse espon-
lado, las construcciones, involucran ampliamente táneamente en el taller. O la niña/o planifica en la
los aspectos instrumentales. sala para el taller, anuncia, anticipa lo que quiere
Pero es importante aclarar que el Psicomotricista hacer.
cuenta con una gama de recursos materiales y téc- La niña/o escolar que no padece trastornos del de-
nicos; a través de propuestas pensadas para esa sarrollo, que no está invadido por una problemá-
niña/o o niña se favorece especialmente la puesta tica afectiva, puede postergar las gratificaciones,
en juego, el investimiento y el desarrollo de aspec- puede planificar y realizar tareas que implican una
tos funcionales, instrumentales ya mencionados secuencia sesión tras sesión. La retroalimentación
como subyacentes a la grafomotricidad. acción-representación hace que la niña/o pueda
Interesa cómo la niña/o recibe y transforma esa proyectarse hacia las próximas sesiones, dando
propuesta, dando lugar a la experimentación y la continuidad a sus acciones, avanzando en su orga-
sorpresa tanto de él como del psicomotricista. Al nización temporal. “En la próxima, me gustaría...”
trabajar con niña/os con importantes dificultades Es importante destacar, que la intervención se en-

70
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
marca en un proyecto terapéutico, que orienta al
psicomotricista, con objetivos “flotantes”. Se apunta
Según los registros clínicos de colegas, antes de co-
nocer la propuesta y el dispositivo de Aucouturier,
a una mejora en la calidad de vida del niño/a. Hay lo que sucedía era, que el abordaje, aunque fuera
aspectos relacionales e instrumentales que están reeducativo, tenía mejores resultados cuanto más
haciendo obstáculo en su contexto cotidiano. Y el afianzada estaba la relación con el psicomotricista,
Psicomotricista cuenta con recursos que pone al entonces lo que acontece en ese espacio transicio-
servicio durante el encuentro, en forma espontánea nal sería la clave de los progresos en una terapia.
o planificada con anterioridad (M. J. Huguet, 2008) Por otro lado, A. Freud (1991) en su trabajo sobre
El proyecto terapéutico organiza el pensamiento y las líneas del desarrollo infantil describe una de
el hacer del Psicomotricista, desplegado en los 4 ellas definiéndola como: “Del cuerpo hacia los ju-
ejes de la intervención psicomotriz terapéutica guetes y desde el juego hacia el trabajo”. Plantea
(IPT): IPT directa con la niña/o, IPT con el contexto que la capacidad lúdica se convierte en capacidad
familiar, IPT con el contexto educativo e IPT a nivel de trabajo cuando se adquieren facultades com-
interdisciplinario (con otros profesionales de la plementarias como:
salud) (Henig I. 2017). Para que el proyecto tera-
péutico sea un organizador y no una barrera que a) el control, la inhibición o modificación de
se interponga en la escucha empática del profesio- los impulsos para utilizar determinados ma-
nal hacia la niña/o no debería ser racionalizado ex- teriales de manera agresiva o destructiva (sin
cesivamente (Bergés, 1991), sino reformulado arrojarlos, desbaratarlos, revolverlos, acu-
continuamente al recibir a la niña/o, sesión a se- mularlos) y emplearlos en forma positiva y
sión, momento a momento. constructiva, construir, planificar, aprender,
El Psicomotricista toma en cuenta los intereses ma- y –en la vida en comunidad- compartir.
nifestados por la niña/o, piensa acerca de sus nece- b) Llevar a cabo planes preconcebidos con
sidades. A partir de la escucha empática, apela a sus una mínima atención a la ausencia de placer
propios recursos de la formación que son transfor- inmediato, las frustraciones que pudieran
mados creativamente para esa niña/o en particular. surgir, etc., y el mayor interés por el placer
en el desenlace final.
El juego y el trabajo c) Lograr, no solo la transición desde el pla-
En la estrategia de juego corporal queda claro, que cer instintivo primitivo, hacia el placer subli-
la niña/o despliega en la sala de PM variedad de re- mado, junto con un alto grado de neutra-
cursos lúdicos, contando con abundantes espacios ización de la energía empleada, sino tam-
y materiales para su desarrollo. bién la transición desde el principio del pla-
Winnicott (1986) ubica al juego en la zona o espa- cer hacia el principio de la realidad, una
cio transicional entre la niña/o y su madre (otro), evolución que es esencial para desempeñar
zona intermedia de la experiencia lúdica y más ade- con éxito el trabajo durante el estado de la-
lante en las artes, la religión, la vida imaginaria, la tencia, en la adolescencia y en la madurez.
labor científica creadora y el trabajo. (p.69) Freud, Anna, 1979 (p. 69)

71
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
Abordaje individual, grupal o combinado
En una primera instancia y a partir del proyecto te-
dad para estar solo se basa en la experiencia de
estar solo en presencia de alguien, y de que si esta
rapéutico de cada niña/o/a se define la modalidad experiencia es insuficiente, la capacidad para estar
de trabajo individual, grupal o combinada. solo no puede desarrollarse.” (p.42)
Si la modalidad es individual, es muy frecuente que Durante la instancia grupal, el Psicomotricista in-
el psicomotricista se involucre activamente en las terviene activamente moderando el proceso y la
propuestas, haciendo CON la niña/o, aunque favo- conflictividad que naturalmente puede surgir.
reciendo progresivamente el proceso de autono- ¿Qué interés tiene el trabajo en grupo para las
mía. Se trata de acompañar a la niña/o regulando niñas/os en tratamiento psicomotriz?
la distancia que éste necesita, siempre brindando Ana P. de Quiroga (1998) cita a Pichon Riviere que
contención y seguridad. caracteriza al grupo como “conjunto restringido
Si la modalidad de la intervención es grupal, la de personas ligadas por constantes de tiempo y es-
niña/o que se ha apropiado del encuadre del TGM pacio y articuladas por su mutua representación in-
conoce que está habilitado un espacio-tiempo per- terna, que se proponen en forma explícita o implí-
sonal. De acuerdo a su disponibilidad e interés, él cita una tarea que constituye su finalidad.” p.110
puede apartarse cuando así lo desea, por más que La autora analiza la función del grupo como sostén
se den invitaciones, provocaciones, que favorezcan y continencia, lo grupal como espacio favorecedor
la actividad colectiva. El Terapeuta en Psicomotrici- de la constitución subjetiva. “Sujeto y grupo guar-
dad respeta los tiempos, los intereses del niño/a, dan entre sí una relación de doble y recíproca ins-
su proceso de socialización, y sus resistencias a en- titución. El grupo es instituyente del sujeto, a la vez
frentarse a las dificultades. que dialécticamente éste es, desde su praxis, desde
Entonces, en el taller, en una misma sesión puede su hacer totalizante, instituyente del grupo.”(p.90)
haber un momento de actividad grupal y puede Por otra parte, Vygotski (1988), destaca cómo el
haber momentos de hacer individual. Eso se irá grupo fortalece los procesos de desarrollo y apren-
concretando como se señalaba, a partir de la ini- dizaje.
ciativa del niño/a o del Psicomotricista. Dependerá
de procesos individuales y grupales y principal- En el ámbito grupal se reproduce la cotidia-
mente de los objetivos de tratamiento de cada nidad. Esto es, la forma inmediata en que
niña/o. experimentamos las relaciones fundantes
Cuando se dan actividades individuales en contexto del orden social. Las vicisitudes y crisis de esa
grupal, el Psicomotricista podrá ir atendiendo las cotidianidad determinan formas de encuen-
necesidades individuales. El resto de las niñas/os se tro con el otro, de incluirse en el proceso in-
encuentran con sus posibilidades de “estar a solas teraccional, de significar la situación grupal
en presencia de alguien” (Winnicott, 1998), base y de relacionarse con el objeto de conoci-
para desarrollar la capacidad de abordar una tarea miento. (Vygotski, 1988,91)
en forma autónoma y relajada. El autor lo consi-
dera un signo de madurez emocional. “La capaci- Siguiendo las teorizaciones del autor, en la interac-

72
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
ción con el Terapeuta o con niñas/os más hábiles
en determinado funcionamiento, la niña/o se ubica
diata y diferida) el discurso verbal y no verbal del
niño/a en relación a su cuerpo: cómo está, cómo
en su “zona de desarrollo proximal” y puede forta- es, cómo hace con su cuerpo.
lecer esos “capullos del desarrollo” (1988,135), lo- Esta actitud de observación y escucha permite cap-
grar un mejor desenvolvimiento. tar los indicios de iniciativa, interés, resistencia,
Es interesante pensar el rol del Psicomotricista en frustración, oposición, de manera de orientar la
la contención del grupo, favoreciendo la interac- ayuda terapéutica.
ción de sus integrantes, el reconocimiento de cada
niña/o desde sus fortalezas y como sujeto único y Reconocimiento y contención afectiva:
diferente; asimismo el apoyo a la dinámica de El Psicomotricista:
grupo en momentos de conflicto, crisis y resolu- • Favorece en la niña/o su reposicionamiento como
ción. sujeto en construcción y singular.
A su vez, entre los participantes se va dando una • Reconoce la expresión-creación del niño/a y de-
retroalimentación, los lugares se van intercam- vuelve una imagen valorizada de sí mismo.
biando, alternando quien enseña, quien aprende. • Sostiene a la niña/o cuando se enfrenta a sus di-
Ausubel (1976) aporta acerca de las tendencias ficultades, alentando el proceso de exploración y
evolutivas en las relaciones con los pares a lo largo descubrimiento de estrategias que permitan una
de la etapa preescolar y escolar, y sobre la influen- mayor gratificación y funcionalidad corporal en la
cia motivadora y socializadora de la conformación tarea.
de grupos por parte del niño/a. “Mediante la inte-
racción con sus pares, aprenden la base funcional Acompañamiento con una distancia corporal apro-
y recíproca de las reglas y obligaciones, la forma de piada
desempeñar roles diferenciados y la manera de su- La distancia corporal es singular con cada niña/o,
bordinar los propios intereses a los objetivos del cada grupo, a lo largo de la sesión y a través de su
conjunto.” (p.89) proceso; Desde hacer CON la niña/o, JUNTO AL
NIÑO/A o ser mero TESTIGO de su ser-hacer-decir
ACOMPAÑAMIENTO DEL TERAPEUTA corporal, favoreciendo su autonomía.
EN PSICOMOTRICIDAD
A lo largo del presente trabajo, se han ido inte- Oferta de un entorno estructurante y facilitador
grando reflexiones acerca del acompañamiento del El espacio del TGM recibe a la niña/o si es ade-
Psicomotricista en la instancia del TGM. En este cuado en sus dimensiones y cualidades (en la cali-
apartado, se agrega una síntesis esquemática de dad, cantidad y oportunidad de los objetos, en la
las principales actitudes y acciones del terapeuta suficiencia del tiempo para sus procesos).
dirigidas al niña/o: A través del lenguaje verbal, el Psicomotricista con-
tiene, provoca, introduce frustraciones, ayuda a la
Observación y mirada específicas: niña/o a tomar consciencia de sus acciones, a pla-
El profesional atiende y analiza (en forma inme- nificar y organizar la actividad.

73
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
El abordaje terapéutico enfatiza el valor de las ex-
periencias placenteras compartidas que provocan
mensionalidad del cuerpo: cuerpo de las sensacio-
nes y vivencias, cuerpo cognitivo, reservorio de
una intensa movilización tónico-emocional y de la emociones, cuerpo imaginario y simbólico.
vida imaginaria del niño/a. “El niño con la ayuda En nuestra propia experiencia en el área de la Clí-
del psicomotricista podrá sentir el placer de la crea- nica Infantil persiste el hecho de que las dificulta-
ción y el placer de pensar en acción y progresiva- des grafomotrices continúan figurando como uno
mente el placer de anticipar sus acciones y trans- de los primeros motivos de derivación a consulta
formaciones antes de realizarlas...” (B. Aucouturier, psicomotriz. Las concebimos como “la punta de un
2004, p 264) iceberg”; interpelan al Psicomotricista en sus com-
Las frustraciones son parte del proceso del descu- petencias para realizar un abordaje diagnóstico y
brimiento-transformación del niño/a de sus posibi- luego terapéutico, considerando la complejidad del
lidades y limitaciones, sus avances hacia la proceso de constructividad corporal del niño/a, en
socialización y la autonomía. relación a un entorno familiar, escolar y socio-cul-
tural.
“Muchos niños y niñas que llegan a la con- Al aproximarnos a la historia corporal de las niña/os
sulta en psicomotricidad han generado un que consultan en Clínica Psicomotriz, muy frecuen-
rechazo por la actividad gráfica. Nuestra pri- temente captamos que sus oportunidades de ex-
mera tarea, entonces, es posibilitar un en- ploración, conocimiento, expresión y creación
cuentro distinto, favorecer una nueva rela- corporal han sido retaceadas u obstaculizadas. El
ción con los instrumentos y la producción funcionamiento psicomotor del niño/a está ses-
gráfica, lograr transformar el soporte de la gado por el rechazo, la oposición, resistencia y frus-
hoja en un espacio de juego y al instru- tración.
mento en un productor de figuras” (Cal- Desde el surgimiento de este dispositivo en el área
mels, 2013,52) terapéutica, el enfoque y metodología - la presen-
tación del espacio y materiales, el acompaña-
La continuidad de la intervención entre la instancia miento y posicionamiento del psicomotricista - han
de sala de psicomotricidad y taller de grafomotri- ido transformándose. Dicho recorrido responde a
cidad, está dada por la coherencia del posiciona- factores que tienen que ver con la historia de la dis-
miento del psicomotricista con respecto al niña/o. ciplina en nuestro medio, así como a cambios en
el contexto socio-cultural y a las tendencias peda-
REFLEXIONES FINALES gógicas. La práctica cotidiana de las praxias ma-
Consideramos al taller de grafomotricidad como nuales por parte del niño/a ha ido variando
un espacio-tiempo brindado a la niña/o para habi- sustancialmente; también la enseñanza y la exigen-
litar y resignificar la experiencia corporal plena en cia escolar en el trazado de las letras.
actividades manuales y grafoplásticas. El dibujo, la Más allá del proceso disciplinar en nuestro medio,
escritura, la pintura, el modelado, la actividad ma- cada Psicomotricista, por su formación, experiencia
nual creativa en general, ponen en juego la muldi- y estilo profesional, reconstruye cotidianamente

74
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
esta estrategia de trabajo con cada niña/o en par-
ticular, de acuerdo a su edad, intereses, necesida-
perciben la necesidad de favorecer el desarrollo de
los aspectos instrumentales de la escritura, de
des y proceso terapéutico. modo que luego no constituyan un obstáculo
Actualmente, más allá de la problemática psicomo- hacia la meta: que la niña/o se constituya como su-
tora del niño/a, concebimos a la propuesta del TGM jeto lector y escritor, que se apropie del sistema de
como una estrategia promotora de corporeidad: la escritura como vía de comunicación, socializa-
Más claramente dicho, no es considerada como ción y cultura. Se rescata el valor de la escritura
una estrategia específica, exclusiva para niñas/os manuscrita como experiencia corporal. Más allá de
con dificultades grafomotrices. Constituye un esce- la creciente digitalización de la actividad, se trata
nario privilegiado para niña/os que han padecido de preservar esa conquista del hombre, con inde-
vicisitudes en la exploración y afirmación en las po- pendencia de las maquinas.
sibilidades del propio cuerpo, en relación al espacio, El Psicomotricista en una actitud de escucha y dis-
los objetos y al separarse del cuerpo del otro. ponibilidad, reconoce la singularidad de cada
Durante el TGM se le facilitan a la niña/o activida- niña/o, su necesidad de expresarse y afirmarse en
des corporales con el protagonismo de las manos; lo propio, y lo sostiene al enfrentarse a sus dificul-
lo que no es posible sin una actitud de disponibili- tades. La mirada y el reconocimiento del profesio-
dad y organización corporal global. De ahí que nal apunta especialmente a acompañar a la niña/o
se hace importante la integración de esta estrategia durante la experiencia corporal, más que en el
con otras como el juego corporal, la relajación psi- logro de una producción final. Aunque ésta es
comotriz y otras. La continuidad en el tiempo, la también importante, pues la obra ubica a la niña/o
alternancia en la oferta de los espacios, se despren- en el lugar de autor-creador, lo sorprende, trans-
den del proyecto terapéutico con cada niña/o. forma y reposiciona subjetivamente.
Además de la disponibilidad corporal y el gusto por Escuchar lo que la niña/o dice mientras hace es
las actividades gráficas y manuales, en el TGM se esencial, pues se relaciona con la forma en que está
promueve la puesta en juego y el desarrollo de significando y re-significando esa experiencia. El in-
todas las funciones que están en su base: la regu- tercambio verbal y no verbal entre la niña/o y el psi-
lación tónica y el equilibrio que están en la base de comotricista revela el proceso de transformación
la organización tónico-postural, la organización de terapéutica, el reposicionamiento corporal del
la lateralidad, la estructuración témporo-espacial, niño/a en la relación transferencial con el adulto.
la noción de cuerpo (gnosias), las praxias (global y Los recursos metodológicos están en continua re-
fina) y la coordinación global y manual. visión, evolución, como reflejo del devenir de la
El mayor desafío para la puesta en juego de todos práctica disciplinar y como respuesta a las necesi-
estos aspectos psicomotores es la “gnosopraxia de dades de sus destinatarios. Por lo tanto la utiliza-
la escritura” (Ajuriaguerra 1984). Si bien los pro- ción de la estrategia del TGM en el área terapéutica
cesos cognitivos, comunicacionales y lingüísticos infantil está sujeta al dinamismo de un proceso
son protagonistas en la construcción de la lengua continuo en el que los psicomotricistas fundamen-
escrita por la niña/o, la mayoría de los/las maestras tan y reconstruyen su práctica.

75
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ingrid Henig y Gabriela Paolillo: El taller de grafomotricidad como dispositivo terapéutico en psicomotricidad infantil

NÚMERO

46 2021
Trabajo presentado en el 2do. Congreso Mundial
de Psicomotricidad, organizado por la Licenciatura
• De Ajuriaguerra, J. (2000). Tratado de Psiquiatría
Infantil. Barcelona: Ed. Masson.
en Psicomotricidad UDELAR, Montevideo 15 al 17 • González, L. (2009). Pensar lo psicomotor. Bue-
de noviembre, año 2018. nos Aires. Eduntref
• Henig, I. y Huguet M. (2017). Psicomotricidad.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aportes a la disciplina. Menéndez A. y López A.
• Aucouturier, B. (2004). Los fantasmas de acción (comp.) Montevideo: Magro Editores
y la práctica Psicomotriz. Barcelona: Colección • Henig, I. y Paolillo, G. (2001). Talleres de educa-
Biblioteca Infantil. Grao ción del gesto gráfico. Una experiencia en la uni-
• Ausubel, D.P (1976). Psicología Educativa. Una dad de educación infantil Enriqueta Compte y
perspectiva cognitiva. Mexico: Ed. Trillas Rique. Revista iberoamericana de psicomotrici-
• Bergés, J. (1991). Texto: “El cuerpo de la neuro- dad y técnicas corporales No. 2.
fisiología al Psicoanálisis” Cuadernos de Psico- • Huguet, M. J. (2008). Debilidad y torpeza motriz
motricidad y Educación Especial. Trabajo presentado en jornadas del CEDIIAP.
• Bergés J. (1997). Desgrabación del seminario • Rodríguez, J. (2013). La práctica psicomotriz y el
“Síntoma psicomotor y lenguaje” tratamiento psíquico. Ediciones Octaedro.
• Berruezo, P. (2002). La grafomotricidad: el movi- • Rodríguez, J. (2014). A propósito de la Estrategia
miento de la escritura. Revista iberoamericana y de rodeo. Entre líneas: revista especializada en
técnicas corporales. N°6. psicomotricidad, ISSN 1575-0841, Nº. 33, 2014,
• Calmels, D. (1998). El cuerpo en la escritura. Bue- págs. 21-23).
nos Aires: D&B editores • Rodriguez, M. (1999). “La médiation:un proces-
• Calmels, D. (2003). Qué es la Psicomotricidad Los sus thèrapeutique”. L’Information psychiatrique.
trastornos psicomotores y la práctica psicomo- Vol. 75, No 8 Traducción De León,C.
triz. Buenos Aires: Grupo Editorial Lumen • Serrabona, J. (2017). Abordaje psicomotriz de las
• Calmels, D. (2009). Infancias del cuerpo. Buenos dificultades de desarrollo. Editorial Horsori.
Aires: Puerto creativo • Sykuler C. (2005). Revista Aportes N°1. Del Ins-
• Calmels, D. y Lesgueberis, M. (2013). Juegos en tituto universitario CEDIIAP. Montevideo, Prensa
el papel. Buenos Aires: Ediciones Puerto Creativo Médica Latinoamericana
• Calmels, D. (2013). Fugas. Buenos Aires: Edicio- • Vygotski, L. (1988). El desarrollo de los procesos
nes Puerto Creativo superiores. Barcelona: Editorial Crítica
• Da Fonseca, V. (2005). Manual de observación • Winnicott, D. (1986). Realidad y juego. Barce-
psicomotora. Inde Publicaciones lona: Editorial Gedisa.
• De León, C. (2010). Las alteraciones psicomotri- • Winnicott, D. (1998). Los procesos de madura-
ces. Montevideo: Tradinco ción y el ambiente facilitador: estudios para una
• De León, C. (2016). Entrevista de las autoras. teoría del desarrollo emocional. España: Paidós.
• De Ajuriaguerra, J. (1984). La escritura del niño
– volumen I y II. Barcelona: Ed. Laia

76
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO RECIBIDO: 20/08/2021 – ACEPTADO: 14/10/2021

46 2021
¿MANDALAS RECURSO PSICOMOTOR?
CONTRIBUCIONES EN LA FORMACIÓN CORPORAL
PERSONAL DEL PSICOMOTRICISTA
MANDALAS PSYCHOMOTOR RESOURCE?
CONTRIBUTIONS IN THE PERSONAL BODY TRAINING OF THE
PSYCHOMOTRICIAN
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D`Eramo

DATOS DE LAS AUTORAS

María Virginia Rovere es Licenciada en Educación Física y Licenciada en Psicomotricidad. Docente Ayu-
dante de Primera en Actividad Física y Sociedad (Licenciatura en Educación Física), Sociología de la Edu-
cación, Taller de habilidades motrices y Seminario taller de habilidades motrices (Profesorado en Educación
Física) Facultad Ciencias Humanas, Universidad Nacional de Rio Cuarto.
Dirección de contacto: vir-rovere@hotmail.com

Luciana Ruth Espamer es Licenciada en Psicomotricidad (2018). Psicomotricista del Centro de Salud
Municipal de la Ciudad de Río Cuarto. Integrante del Equipo Interdisciplinario AUNAR.
Dirección de contacto: luespamer@gmail.com

Magalí Constanza D`Eramo es Licenciada en Psicomotricidad y Acompañante Terapéutico.


Psicomotricista en el Equipo de Orientación Escolar del Centro Educativo Gral. Ignacio H. Fotheringham
de la Ciudad de Río Cuarto. Socia fundadora de Encuentro, un Espacio Educativo.
Dirección de contacto: cotyderamo@hotmail.com

RESUMEN ABSTRACT
Surge la necesidad de abordar nuevos espacios en el The need arises to address new spaces in the course
recorrido de formación teórica, práctica y corporal en of theoretical, practical and physical training in the
la disciplina, investigando, implementando o incur- discipline, investigating, implementing or entering

77
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
sionando nuevas técnicas. Para ello, es necesario vol-
ver a mirar y repensar, encontrar perspectivas que en-
new techniques. For this, it is necessary to look again
and rethink, find perspectives that enrich our psycho-
riquezcan nuestro abordaje psicomotor, sin perder motor approach, without losing specificity.
especificidad. There are different benefits in the mandala that invite
Se encuentra en el mandala diferentes beneficios que us to reflect on whether it can be incorporated into
invitan a reflexionar si puede ser incorporada a la the professional practice of Psychomotor skills. But,
práctica profesional de la Psicomotricidad. Pero, antes first, it is necessary to make the technique become a
es necesario conseguir que la técnica se vuelva recurso resource for the psychomotor, so it must first be tra-
para el psicomotricista, por lo que primero debe ser versed by his body. To do this, the mandala technique
atravesado por su cuerpo. Para ello, se recrea la téc- is recreated from a bodily gaze, facilitating the physi-
nica del mandala desde una mirada corporal facili- cality of the psychomotor. Seeking to answer, can the
tando la corporeidad del psicomotricista. Buscando mandala be considered as a resource in the personal
responder ¿puede el mandala ser considerado como bodily training of the psychomotor operator? With
un recurso en la formación corporal personal del psi- this research, it is intended to identify the previous
comotricista? Con esta investigación, se pretende knowledge that the psychomotorist has in relation to
identificar los conocimientos previos que posee el psi- mandalas, to identify the representations or informa-
comotricista en relación a mandalas, para identificar tion they have about it, to recognize if through the
las representaciones o información que tienen acerca bodily experience of the mandala, the psychomotorist
del mismo, reconocer si a través de la vivencia corpo- can facilitate the review of the systems of aptitudes
ral del mandala, el psicomotricista puede facilitar la and competences in the exercise of their role and re-
revisión de los sistemas de aptitudes y competencias cognize the place that their own body occupies in the
en el ejercicio de su rol y reconocer el lugar que ocupa profession and in the personal emotional manifesta-
su propio cuerpo en la profesión y en las manifesta- tions of the moment.
ciones emocionales personales del momento. To give answers to these questions, an experiential
Para dar respuestas a estos interrogantes, se imple- workshop is implemented for a group of psychomo-
menta un taller vivencial a un grupo de profesionales tor professionals (cohort 2015 and 2016), who are
psicomotricistas (cohorte 2015 y 2016), que cursan studying the Bachelor's Degree in Psychomotor skills
la Licenciatura en Psicomotricidad en la UPC, exten- at the UPC, Río Cuarto classroom extension, 2016. To
sión áulica Río Cuarto, 2016. Para luego, integrar en then integrate them into a process of research, theo-
un proceso de investigación, contenidos teóricos con retical contents with the articulation of an experiential
la articulación de un taller de modalidad vivencial, en modality workshop, in which the experiences, emo-
el que se consideran las experiencias, manifestaciones tional manifestations and stories of the protagonists
emocionales y relatos de los protagonistas, para iden- are considered, to identify the bodily experience of
tificar la vivencia corporal del mandala como recurso the mandala as a resource in the personal bodily trai-
en la formación corporal personal del psicomotricista. ning of the psychomotor operator.

PALABRAS CLAVE: Psicomotricidad, Formación cor- KEYWORDS: Psychomotricity, Personal body training,
poral personal, Recurso, Mandala, Vivencia Corporal. Resource, Mandala, Body Experience

78
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
INTRODUCCIÓN
“A mi entender, esta vuelta a “la técnica” abrió un
ser”. El origen de todo mandala es su centro, sitio
en el que reside la esencia de uno mismo, y en el
nuevo camino, una nueva perspectiva, lo que per- que se ordenan los elementos de la psiquis y del
mite hoy preguntarse por la incorporación de nue- espacio que nos rodea. Jung empleo los mandalas
vos recursos técnicos que enriquezcan el abordaje en las terapias con el objetivo de alcanzar la bús-
psicomotor manteniendo y aun reforzando lo ob- queda de individualidad en los seres humanos, ex-
tenido hasta este momento. Ampliar los recursos presando que ellos “representan la totalidad de la
sin perder la especificidad, admitir nuevos aportes mente, abarcando tanto el consciente como el in-
interdisciplinarios, que permitan seguir creciendo consciente”. (Jung, C. G. 1970. p.73)
en práctica y teoría, resulta todo un desafío.” (Pa- Se encuentra en el mandala diferentes beneficios
pandrea, A. 2003. p. 39) en relación al desarrollo de la creatividad, como
Comienza la búsqueda y los interrogantes acerca medio de autoconocimiento, facilita la atención, la
de qué es el mandala, cuál es su significado, qué observación y relajación, ayuda a recobrar el equi-
se conoce, cuál es su aplicación, sus beneficios y su librio interno y a expandir la toma de conciencia.
posible relación con la Psicomotricidad y objeto de Estos beneficios invitan a reflexionar si la técnica
estudio de esta disciplina. del mandala puede ser incorporada a la práctica
En este recorrido, se halló que los mandalas existen profesional, ya que estos se comparten con los de
desde hace miles de años en distintas culturas del la psicomotricidad. Pero, no debemos adelantarnos
mundo, poseen una historia particular y correspon- tanto, ya que existe un paso previo, conseguir que
diente a su contexto. Actualmente llama la aten- la técnica se vuelva recurso para el psicomotricista,
ción su trascendencia y permanencia en el tiempo, por lo que primero debe ser atravesado por su
por lo que se tiene la necesidad de profundizar e cuerpo.
incursionar en él. Alejandra Papandrea expresa “lo obvio hay que vol-
Por todo esto, se cuestiona entonces qué tendrá ver a mirarlo, a repensarlo, y entonces puede ser
este ‘círculo’, dibujo complejo, generalmente cir- que surja algo diferente o desconocido” (Papan-
cular, que moviliza y movilizó a tantas personas a drea, A. 2003. p. 39). Y es aquí en donde surge la
tomar contacto con él, a su centro, a su ilumina- propuesta innovadora, se recrea la técnica del
ción, a su creación; y que hacen que hoy del lado mandala desde una mirada corporal facilitando la
occidental no sólo se use para colorear, sino que se corporeidad del psicomotricista. Buscando respon-
aplique en diferentes contextos, desde lo pedagó- der ¿puede el mandala ser considerado como un
gico en las escuelas, tratamientos psicoterapéuti- recurso en la formación corporal personal del psi-
cos, hasta en tratamientos oncológicos. comotricista?
En este momento es importante destacar como an- Con esta investigación, se pretende identificar los
tecedente, el protagonismo del psiquiatra suizo conocimientos previos que posee el psicomotricista
Carl Gustav Jung (1875-1961) quien utilizó los en relación a mandalas, para testear las represen-
mandalas como recurso terapéutico y los definió taciones o información que tienen acerca del
como: “la expresión psicológica de la totalidad del mismo. Reconocer si a través de la vivencia corporal

79
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
del mandala, el psicomotricista puede facilitar la
revisión de los sistemas de aptitudes y competen-
Luego de haber analizado distintos puntos de vista,
concepciones previas que los psicomotricistas tie-
cias en el ejercicio de su rol. Reconocer el lugar que nen sobre mandalas, y la puesta en práctica de la
ocupa su cuerpo en su profesión, personalidad y experiencia, pudimos establecer que el mandala vi-
manifestaciones emocionales personales del mo- venciado corporalmente podría ser un recurso para
mento. la formación corporal y personal del psicomotri-
Es de suma importancia para el psicomotricista la cista.
instancia de formación corporal, ya que las técni-
cas, resultan beneficiosas en la medida que hayan ANTECEDENTES TEÓRICOS
sido experimentadas con el propio cuerpo, dán- A partir de la búsqueda de información relacionada
dose el permiso de jugar con ellas, lo que implica con el empleo del mandala surge, el descubri-
liberarse de lo dogmático, en tanto uso literal de miento de diversas investigaciones y usos, dentro
lo técnico. Es como lo explica Alejandra Papandrea, de los cuales se encuentran aportes en el ámbito
las técnicas “...se vuelven recurso para la práctica educativo, terapéutico y de la salud. A considerar,
psicomotriz únicamente si la atravesamos por nues- en el ámbito educativo, el realizado por distintas
tro cuerpo y según sus efectos en cada uno”. (Pa- maestras y psicopedagogas[1] de Bustillo del Pá-
pandrea, A. 2003. p. 39) ramo (León) España, proponen y fundamentan los
Resulta importante aclarar que la formación perso- mandalas como instrumento educativo. Obser-
nal corporal no es una instancia terapéutica para vando beneficios en el ámbito cognoscitivo, en el
el psicomotricista, sino que tiene que ver con una ámbito afectivo y social y en el ámbito psicomotor.
instancia de conocimiento, en la cual el recorrido Las autoras concluyen que la introducción de los
en relación a los aprendizajes técnicos, parte de la mandalas en la escuela deberá hacerse no sólo
experiencia corporal de cada psicomotricista atra- desde el área de educación plástica, sino como
vesando su cuerpo, dejando huellas y registrando forma de expresión entroncada en todo el Currí-
las manifestaciones corporales vividas al llevar ade- culo oficial de la Educación Primaria. Los mandalas
lante la actividad. Alejandra Papandrea expone que ayudarán a la formación de la inteligencia, del ra-
“cuando el cuerpo se mueve se conmueve, cuando zonamiento, del control y dominio del cuerpo,
el tono se modifica la emoción resuena, cuando las todo ello desde un prisma de predominio del pen-
palabras surgen de la vivencia toca al cuerpo.” (Pa- samiento divergente o creativo.
pandrea A. 2003. p. 36) Continuando en el ámbito educativo, y en vincula-
En relación al aspecto práctico, el desafío se plasma ción con aspectos emocionales, también se en-
a través de la implementación de un taller vivencial cuentran los aportes de María Concepción
a un grupo de profesionales psicomotricista (co- Martínez Cruz[2] (2008), quien propone trabajar
horte 2015 y 2016), que se encuentran cursando con mandalas para mitigar ansiedades, estados de
la Licenciatura en Psicomotricidad en la Universidad desorganización por crisis diversas, insomnio y es-
Provincial de Córdoba, extensión áulica Río Cuarto, tados anímicos desestabilizados.
durante el segundo cuatrimestre del año 2016. Aida Janneth Cortés Vásquez[3] (2015), evidencia

80
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
que el desarrollo de la lúdica a través de la aplica-
ción de colores y el estímulo auditivo con los sol-
las. También se realizó una entrevista para corro-
borar la información proporcionada en la escala.
feggios[4]; contribuyen al desarrollo de la sensi- Se observó que las dos intervenciones disminuye-
bilidad e intencionalmente al desarrollo de la lúdica ron significativamente los síntomas de ansiedad
como un instrumento metodológico o estrategia donde un 90,9% de las estudiantes indican ausen-
cuya finalidad es la de reducir los niveles de estrés cia de ansiedad y el 9,1% restante muestran ansie-
con sus síntomas. Durante la evaluación que se dad leve.
hace a través de la exposición y socialización de los Así mismo los mandalas (arteterapia) son emplea-
mandalas, cada estudiante verbalmente expresa los dos en el ámbito de la salud como terapia alterna-
sentimientos y sensaciones que le produjo tanto la tiva en los trabajos de Marta Quiroga G, Carmen
música aplicada como el coloreado de los manda- Mallea P., Sandra Acevedo A.[7] (2018). Se ponen
las. Cuyo fin sea tanto el desarrollo de su inteligen- en evidencia la importancia de los beneficios de al-
cia emocional, como la intención de producir gunas terapias complementarias en los pacientes
estados de relajación y concentración que les ayude oncológicos. Estas actividades, también llamadas
a reducir los síntomas del estrés para mejorar su terapias complementarias, se pueden realizar en
salud y calidad de vida. forma grupal o individual.
Por otra parte, los autores Emerson David y Car- Por otra parte, Gabriela Araujo y Gisella N. Gabelán
dona Pérez[5] (2017), dan cuenta de la práctica pe- (2010), pretenden dar una posibilidad de acción
dagógica realizada en la institución educativa terapéutica y educativa uniendo la psicomotricidad
distrital (IED) María Cano, con los estudiantes del con la arteterapia, ya que estas permiten que las
grado 102 en la jornada tarde, con el objetivo de manos, el cuerpo, el alma y la mente puedan jugar,
fortalecer la motricidad fina, la creatividad y las ha- cantar, danzar, dibujar, pintar y bordar. Y sacan del
bilidades sociales mediante el trabajo con manda- aburrimiento a la mente, para abrir la fuente de la
las utilizando diferentes técnicas artísticas. creatividad humana para explorar con libertad, la
Otro aporte relacionado al ámbito educativo es el flexibilidad de los límites de la mente, el cuerpo y
que presentan Baculima Bacuilima, Janeth, Abril el movimiento.
Tapia, Daniela Estefanía y Coronel Heredia, Karen
Viviana[6] (2017). El objetivo del estudio fue ela- DIMENSIONES METODOLÓGICAS
borar y describir la influencia de dos programas de El presente estudio corresponde a un tipo de inves-
intervención: los talleres de terapias alternativas y tigación cuali-cuantitativa de tipo exploratorio, ya
la psicoeducación, para la reducción de los niveles que pretende identificar y reconocer aspectos fun-
de ansiedad ante los exámenes en estudiantes de damentales de la temática del mandala, para otor-
la Unidad Educativa Luisa de Jesús Cordero. El ins- gar una perspectiva innovadora al campo de la
trumento que se utilizó para evaluar los niveles de formación personal corporal del psicomotricista, a
ansiedad fue la escala de ansiedad manifiesta de través de la vivencia por vía corporal del mandala.
Reynolds y Richmond 2012, la misma que se aplicó Es una investigación transversal, que se lleva a cabo
antes y después de las intervenciones con manda- en un momento del tiempo y se utilizan como ins-

81
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
trumento para la recolección de datos encuestas
semi-estructuradas que combinan preguntas abier-
lo vivenciado en cada momento, lo que se movilizó
y lo que surgió.
tas y cerradas, y un taller vivencial destinados a una En estos registros las participantes pudieron expre-
población que corresponde a un grupo de profe- sar a través de palabras, dibujos, garabatos, líneas
sionales psicomotricistas que cursan la Licenciatura y rayas. Comprendemos que el descubrimiento de
en la Universidad Provincial de Córdoba, extensión este espacio de autobservación, en el que para la
áulica Río Cuarto, durante el año 2016. Siendo la mayoría fue su primera experiencia, tiene que ver
muestra 9 (nueve) voluntarios de sexo femenino, con el poder-querer mirar, escucharse, con el dete-
que asisten en el mes de noviembre de 2016 al “Es- nerse, con el encontrar, con el tomar contacto con
pacio Biocéntrico Manantial” ubicado en la calle uno mismo y poder registrar las ideas dejando que
Manuel Puebla 1174 de la Ciudad de Río Cuarto. fluyan en la escritura.
La investigación buscsa dar respuesta a la siguiente Cabe destacar algunos registros escritos sucedidos
pregunta, ¿el mandala puede ser considerado durante el trabajo corporal: sensaciones en los pies
como un recurso en la formación corporal personal fríos y tibieza - centrarse en sí mismo - me encuen-
del psicomotricista? A partir de objetivos que pre- tro con el otro suave, sutil - yo me dejo llevar - mo-
tenden, identificar la vivencia corporal del mandala vimiento - inestabilidad - descanso - pausa - relaja-
como recurso en la formación corporal personal ción - sensación de bienestar - el cuerpo - mente y
del psicomotricista; Identificar los conocimientos espíritu en plenitud - desconcierto - rigidez - límites
que posee el psicomotricista en relación a mandala; - reencuentro.
reconocer si el mandala puede ser vivenciado cor- Por todo ello, se considera que la pausa es una he-
poralmente; identificar si los psicomotricistas, en la rramienta necesaria dentro del trabajo corporal,
vivencia corporal del mandala, reconocen los siste- porque habilita el surgimiento de situaciones nue-
mas de actitudes y competencias que hacen al ejer- vas o desconocidas que ocurren durante la viven-
cicio de su rol profesional; reconocer si el mandala cia, permitiendo su reflexión, incluso después del
vivenciado corporalmente puede ser un recurso cierre del taller. Un integrante manifiesta la necesi-
para la formación corporal personal del psicomo- dad de compartir con otros compañeros, la instan-
tricista. cia de la pausa durante los talleres vivenciales.
Se realizará un análisis de la transcripción de la re-
ANÁLISIS DE DATOS flexión final del taller vivencial de mandala. Se realiza
Para realizar el análisis de los datos, se recupera la una pregunta disparadora en la que cada integrante
información de encuestas inicial y final, la reflexión expresa con palabras lo que desea compartir de la
oral de cada uno de los participantes durante la vivencia. El total alude a su producción de mandala
instancia de cierre y producciones escritas de los personal y profesional, y la relación de estos con la
momentos de pausa, que transcurrieron durante la vivencia y la integración al mandala grupal.
vivencia del taller. Al considerar el Formato de taller vivencial, se com-
Durante el taller corporal de mandala, se brindan parte la idea con Alejandra Papandrea cuando ma-
tres instancias de pausa, que permitieron registrar nifiesta que “el formato de taller implica una

82
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
propuesta donde se va construyendo una produc-
ción conjunta entre los coordinadores y los partici-
dones, sahumerios y esencias, fueron algunos de
los elementos propicios para el desarrollo del taller.
pantes, implica también algo de lo artesanal, de Además, se utilizaron materiales como lienzo de
aquello que se hace con el cuerpo y en particular 6x6 circular, 50 canicas, 10 pinceles, témperas de
con las manos”. (Papandrea, A. 2009. p. 5). El diferentes colores (roja-violeta-blanco-amarillo-na-
mismo, creado y propuesto por las autoras de esta ranja-verde-azul), fibras y lápices, círculos de papel
investigación, en el cual la técnica del mandala se de dos tamaños.
sugiere como vivencia corporal y no sólo como una Para llevar adelante el mismo, fue necesario contar
técnica plástica, visual o grafomotora, lo que re- con recursos humanos para cumplir el rol de coor-
sulta ser actualmente conocido en relación a la te- dinador, observador y ayudantes técnicos con la
mática, ya que para la formación del psicomotri- función de fotógrafo, camarógrafo, sonidista y
cista es necesario un atravesamiento corporal del asistente de coordinador.
mismo para que se vuelva recurso. Papandrea, A. (2009) sostiene que cuando propo-
Fue pensado como un recurso para la formación nemos un trabajo corporal grupal siempre es im-
personal del psicomotricista, en relación a los dife- portante conformar un equipo que dé lugar a la
rentes momentos, a la modalidad en el abordaje y complementariedad de roles y funciones. Esta mo-
las actividades planteadas vinculándose con su jus- dalidad de trabajo permite que mientras un psico-
tificación. motricista coordina la actividad, el otro observe o
Los objetivos que guían el taller, se refieren a la po- bien participe de la misma contribuyendo al desa-
sibilidad de vivenciar el mandala como recurso para rrollo de la tarea. (p. 5)
la formación corporal personal del psicomotricista, En líneas generales dentro de la dinámica del taller,
pudiendo identificar representaciones, sensaciones, se identifican dos tiempos, el de la vivencia y el de
emociones, pensamientos que surgen en la viven- la verbalización-representación, con una duración
cia del taller de mandala corporal, para vincular los total de 140 minutos. Cada uno de los momentos,
aspectos identificados de éste, con los sistemas de son guiados por un coordinador, durante el trabajo
actitudes y competencias del psicomotricista. corporal, en el cual se proponen situaciones no ver-
El taller fue destinado a 10 estudiantes psicomotri- bales individuales de pareja, de pequeño grupo o
cistas de la UPC (2016), llevado a cabo en un es- de grupo total, para que los participantes vivencien
pacio llamado Manantial Espacio Biocéntrico, con de acuerdo a sus posibilidades el mandala corporal.
dirección en Manuel Puebla 1174, de la ciudad de La creación de estas situaciones, están dirigidas a
Río Cuarto. la escucha, al conocimiento de sí mismo y del otro,
En relación a los recursos materiales, Manantial a identificar el tipo y calidad relacional, a la reapro-
cuenta con un salón amplio con piso de madera piación de una dimensión sensoriomotriz y emo-
flotante, pared vidriada con orientación a patio de cional, al descubrimiento de las dimensiones de
luz con plantas, lo que permite entrada de ilumi- espacio y tiempo, a la conciencia de la propia ex-
nación natural, lugar protegido de ruidos. Am- presividad motriz, a la lectura de la expresividad
biente climatizado, música, mantas y almoha- motriz del otro.

83
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
Así como se propone momentos de trabajo corpo-
ral, también hay otros, en los que, a través de la
respeto y demarcación de límites ante las manifes-
taciones y propuestas de sus compañeros. Asi-
palabra, se da lugar a la narración que representa mismo, la disponibilidad corporal se identifica ante
vivencias, historia, tonicidad afectivo- emocional, la presencia de los otros compañeros, y a su vez,
en el que se van descubriendo que las experiencias ante la toma de contacto con los materiales que se
pueden ser compartidas o no, con los que integran disponían para trabajar, el agrado/desagrado, es-
el grupo de trabajo. tuvieron presentes. La empatía tónica, condición
A continuación, se presenta el análisis de las res- para estar en apertura a la posibilidad de dar y re-
puestas escritas recuperadas de la encuesta final de cibir, a la posibilidad de mirar y ser mirado, tanto
las participantes al taller corporal de mandala. en condiciones individuales como en el grupo total.
Durante el taller vivencial ¿identificaste elementos Por último, un encuestado manifiesta el descubri-
que te permitieron realizar una introspección en re- miento en la propuesta de trabajo grupal, como
lación a tu rol como psicomotricista? movimiento, instancia para pensar el trabajo interdisciplinario.
emociones, disponibilidad corporal, relajación, ini- ¿Pudiste identificar la disponibilidad corporal, ley se-
ciativa y manifestaciones corporales y la identifica- gurizante, empatía tónica durante las actividades
ción de la propia persona ajena a un otro. propuestas en el taller? identifica los momentos y
A partir de la creación de Mandala ¿pudiste realizar explica brevemente cómo. Con respecto a la dispo-
una revisión sobre los sistemas de actitudes y com- nibilidad corporal, se vincula con la entrega y en-
petencias en relación a tu rol como psicomotri- cuentro con el propio cuerpo y con el cuerpo de los
cista? compañeros, desde el momento mismo de dispo-
Los encuestados manifiestan que pudieron recono- nerse para la propuesta de trabajo. Expresando:
cer, observar y visualizar sus actitudes personales y “Desde el momento mismo que me entregue a la
profesionales, en relación a sus competencias em- propuesta de trabajo”. Las participantes expresan
páticas, su disponibilidad corporal tanto al mo- haber vivido un encuentro agradable con la vivencia
mento de recibir de un otro, u ofrecer a un general del taller, descubriendo al mismo tiempo la
compañero. Todos abiertos a la escucha de sí mis- toma de conciencia de sensaciones placenteras.
mos y de los otros, en un clima de distensión, y ca- En relaciona a la ley segurizante, los encuestados
lidez. Además, manifiestan que estas actividades manifiestan que la guía del coordinador y frente al
nutren las instancias creativas de cada uno, y posi- contacto y presencia de otros, aun con los ojos ce-
bilita dejar registro escrito de lo ocurrido y traba- rrados, es donde se pudo identificar este aspecto.
jado en el encuentro. Por último, la empatía tónica pudo ser identificada
A partir de la creación de mandalas en conjunto en el trabajo individual, en el trabajo en grupo, a
¿qué aspectos se descubrieron en relación a tu rol través del contacto, la mirada, la escucha, la aper-
como psicomotricista? Manifiestan haber descu- tura a la propuesta.
bierto a través de la creación de mandala en con- ¿Desea realizar alguna observación? la posibilidad
junto, es decir en cooperación con el grupo total, de experimentar aspectos subjetivos no tomados
aspectos que se vinculan con la ley segurizante, el en consideración hasta el momento.

84
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
Además, destacan la buena predisposición de
todos los participantes para el trabajo vivencial, en
resulta necesario observar, volver a observar, repen-
sar, reflexionar para encontrar nuevas perspectivas
un clima de absoluto respeto, confiando en el otro, y modalidad que colabore con nuestras futuras in-
y brindando su cuerpo al contacto con el compa- tervenciones, así como contribuir en el proceso de
ñero en las actividades de intervenciones corpora- constructividad, en un contexto que contribuya y
les. Se destaca la importancia de brindar el tiempo haga repensar la disciplina, sin perder especificidad
y espacio necesario para explorar y concluir las ac- y posibilite ampliar nuestros recursos.
tividades de acuerdo con las necesidades de cada Es en este momento que nos encontramos intere-
uno, lo cual resultó novedoso, completo y agrade- sadas sobre los mandalas, y explorando diversos
ciendo el tiempo por el espacio de reflexión. materiales bibliográficos, descubrimos un amplio
Acentúan que durante la actividad de la creación campo de información milenaria, que persiste a
de mandala grupal, es una instancia que habilita través del tiempo, hallado en culturas de todo el
la expresión, en la cual una de las personas sugiere mundo desde sus orígenes, lo que genera interés y
en este momento poder pintar con diferentes par- atención en nosotras, observando a su vez, que de
tes del cuerpo, como pies, manos y dedos. alguna u otra forma todas estábamos conectadas
Algunas de las participantes expresan la importan- con su uso. Pudimos encontrar que el mandala se
cia de la instancia de pausa, y de poder plasmar relaciona con diversas áreas y conceptos, fue en-
por escrito, algunas imágenes y sensaciones, sir- tonces que asumimos el deseo de explorar sobre el
viendo como ayuda memoria, para luego, volver mismo y encontrar o crear algún modo de cone-
sobre ello en el momento de reflexión. xión entre el mandala y nuestra disciplina.
Para ello, ideamos una propuesta de taller vivencial
DISCUSIONES para brindar respuesta al interrogante que dio ori-
Tomando como punto de partida la instancia de gen a nuestra investigación, ¿el mandala puede ser
formación personal corporal que los psicomotricis- considerado como un recurso en la formación cor-
tas tenemos como trípode en nuestra profesión, es poral personal del psicomotricista? Debimos iden-
que concebimos que debemos implicar tiempo y tificar si el mandala puede ser vivenciado corporal-
dedicación continua a nuestra formación corporal mente, y si los participantes reconocen los sistemas
personal, así también como propiciar instancias de de actitudes y competencias que hacen al ejercicio
investigación para profundizar y enriquecer nuestro de su rol profesional, durante las actividades desa-
rol y disciplina. rrolladas. Necesitamos una primera aproximación
Surge en nosotras la intención de abordar nuevos para continuar profundizando y analizando las te-
espacios dentro de la formación personal corporal, máticas referentes al mandala como un posible re-
implementando, incursionando e investigando curso, desde una nueva mirada, ya que implica
sobre nuevas técnicas. Técnicas que deben volverse necesariamente para su apropiación el atravesa-
recurso para los psicomotricistas, y para que esto miento corporal.
suceda, es necesario atravesarlo por el propio Fue necesario recolectar información en relación a
cuerpo, es decir, sentir, vivenciar e investir. Para ello, los conocimientos previos que tuvieran los psico-

85
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
motricistas acerca del mandala, para luego vivien-
ciar, identificar y reconocer, si éste puede ser atra-
y propósito de poder favorecer el reconocimiento
del mandala como un recurso corporal.
vesado corporalmente y si a través de esta expe- Consideramos significativas las instancias de com-
riencia los participantes pudieron observar sus sis- partir espacios para debatir y reflexionar sobre
temas de competencias y aptitudes que hacen al nuestra disciplina, para poder incursionar y crear
ejercicio de su rol profesional. recursos, empleando nuestras actitudes creativas e
Es importante destacar que en esta experiencia de ideando nuevas dinámicas de trabajo en la forma-
taller corporal personal, los asistentes dan testi- ción corporal.
monio de haber podido vivenciar corporalmente Es nuestra intención dejar constancia, que esta mo-
el mandala y haber sentido total apertura a la es- dalidad puede ser considerada una posible alterna-
cucha de sí mismo y de los otros, iniciativa de su tiva para reflexionar sobre los sistemas de actitudes
hacer en la intervención, tener la posibilidad de y competencias dentro de la formación corporal
relajación, y autoconocimiento de sus modos de personal del psicomotricista. Sería de gran impor-
acción profesional, el registro de sensaciones y su tancia poder abarcar en esta propuesta a otros co-
vinculación al reconocimiento emocional, la dis- legas que participen, poder escuchar sus opiniones
ponibilidad corporal tanto al momento de recibir y reflexiones, así como también llevarlo a cabo en
de otro o al ofrecer de un compañero, sus mani- diversos contextos dejando constancia de los acon-
festaciones corporales. Pudieron a la vez, visualizar tecimientos.
actitudes personales y profesionales en relación a Debemos recordar que nuestra formación implica
competencias empáticas, identificaron a las acti- un proceso, y nunca un producto acabado, que
vidades como instancia que nutren la facultad por su parte requiere tiempo, constancia y pruden-
creativa y remarcaron que el mandala fue un cia; una formación que dura toda la vida, por ende,
medio para plasmar en imágenes aquello viven- nada puede ser concluso, todo queda a posibles
ciado con el cuerpo. Es decir, que aquellas figuras, revisiones, para mejorar la calidad tanto de la for-
imágenes, colores, líneas, trazos y direcciones y mación, como las futuras intervenciones dentro del
sensaciones percibidos, fueron reflejados en aque- campo del ejercicio profesional.
lla producción elaborada en la actividad de cierre Nuestra intención es considerar el mandala como
del taller. un beneficioso recurso para indagar acerca del pro-
Con tales reflexiones podemos decir, que, en esta pio quehacer profesional, ya que a través de él po-
situación, el mandala fue un recurso o medio, que demos observar en nosotros mismos la actitud
habilitó durante el taller el descubrimiento y reco- empática, la disponibilidad corporal y la ley seguri-
nocimiento del estado corporal y personal del psi- zante.
comotricista en ese momento. Además, se destaca el aporte significativo que
Resulta interesante remarcar, que las actividades brinda el mandala a los aspectos integrales, ofre-
planteadas en el taller no fueron fortuitas, sino que ciendo una mirada global y totalizadora acerca del
tuvieron todo un estudio de fondo, un orden y or- cuerpo de la persona, y a la posibilidad de incluir
ganización que dieron un sentido teniendo un fin otras técnicas y recursos con el mandala.

86
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
Creemos que el presente trabajo, es el disparador
hacia futuras investigaciones, aplicaciones y pers-
Colegio María Cano IED) Código: 20061188014.
Trabajo de grado para optar al título profesional de
pectivas del mandala como recurso en el campo de Licenciado en Educación Básica con Énfasis en Edu-
la intervención psicomotriz, como medio facilitador cación Artística.
del proceso de constructividad corporal. [6] Universidad del Azuay. Aparece en las coleccio-
nes: Facultad de Filosofía, Letras y Ciencias de la
Notas Educación. Estudio descriptivo de la influencia de
[1] Ana Belén Montiel Martínez, Mª Rosario Pérez los talleres de terapias alternativas y psicoeduca-
González y Beatriz Rodríguez Benito. 2006. ción para disminuir los síntomas de ansiedad en
[2] Los mandalas: esos grandes desconocidos. adolescentes de la “Unidad Educativa Luisa de
Temas para la educación, revista para profesionales Jesús Cordero” 2016. http://dspace.uazuay.edu.ec/
de la enseñanza, Nº3 julio 2009. Federación de en- handle/datos/6870
señanza de CC.OO. de Andalucía. ISSN: 1989- http://dspace.uazuay.edu.ec/bitstream/datos/6870/
4023. Dep. Leg.: G R 2786 – 2008. Formas de 1/12833.pdf.
trabajar con los mandalas. [7] Terapias complementarias: camino hacia la on-
[3] Aida Janneth Cortés Vásquez. Solfeggios y man- cología integrativa. Unidad de Cuidados Integrales
dalas como estrategias lúdicas para reducir los ni- Oncológicos. Departamento de Oncología. Clínica
veles de estrés en la educación media. Proyecto de Alemana de Santiago, Facultad de Medicina Clínica
grado para optar el título de especialista en peda- Alemana, Universidad del Desarrollo, Santiago,
gogía de la lúdica. Fundación universitaria los liber- Chile.contactocientifico.alemana.cl/ojs/index.php/c
tadores. Facultad de educación virtual y a distancia. c/article/download/291/278/. s/año. 20/04/18.
Especialización en pedagogía de la lúdica. Bogotá,
d.c.2015.
[4] "Solfeggio" (solfeo) es la vocalización de los BIBLIOGRAFIA
tonos en una escala de música, compuesta por seis • Brito, J. R. (2014) Los tonos solfeggio. Las fre-
tonos, sonidos originales Ut, Re Mi, Fa, Sol, La. cuencias secretas de sonido solfeggio. Recupe-
Estas frecuencias, son utilizadas para fines de cu- rado de: http://www.sonidomedicinal.com/2012/
ración, originalmente cantados con precisión en el 04/frecuencias-solfeggio.html.
contexto de antiguos cantos gregorianos, pero la • Jung, C. G. (1970) Arquetipos e inconsciente co-
frecuencia exacta, la técnica y el conocimiento de lectivo. (Editorial Paidós: Psicología profunda.
sus propiedades curativas se perdieron de alguna Barcelona)
manera más tarde en la historia de la humanidad. • Martínez Cruz, M. C. (2009). Los mandalas: esos
(sonidomedicinal.com.2012). grandes desconocidos. Temas para la educación.
[5] Universidad Distrital Francisco José de Caldas. Revista para profesionales de la enseñanza. No 3
Facultad de Ciencias y Educación. Bogotá. 2017. julio 2009. Federación de enseñanza de CC.OO
Psicomotricidad y mandalas (una experiencia artís- de Andalucía. ISSN: 1989-4023. Dep. Leg.:GR
tica psicomotriz con estudiantes del grado 102 del 2786-2008)

87
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
María Virginia Rovere, Luciana Ruth Espamer y Magalí Constanza D’Eramo: ¿Mandalas recurso psicomotor? Contribuciones en la formación corporal personal del psicomotricista

NÚMERO

46 2021
• Montiel Martínez, A. B; Pérez González, M. R;
Rodríguez Benito, B. (2006). Recuperado de:
http://comunidad-escolar.pntic.mec.es/796/ex-
peri.html) Año XXIV, número 796. 25 de octubre
de 2006.
• Papandrea, A. (2003). «El trabajo corporal en psi-
comotricidad y sus formatos. Algunas reflexio-
nes. UNTREF». (agosto de 2003- primer escrito.
Septiembre de 2005- primera reformulación.
Apuntes de materia “taller de introducción a la
Psicomotricidad. Lic. En psicomotricidad de la
Universidad Tres de Febrero).
• Schnake, A. (1995). Los diálogos del cuerpo. El
enfoque holístico de la enfermedad. (Cuatro
vientos Editorial: Santiago de Chile).
• Yontef, Gary M. (1995). Proceso y diálogo en
Gestalt. Ensayos de terapia gestáltica. (Editorial
cuatro vientos: Santiago de Chile).
 

88
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO RECIBIDO:16/08/2021 - ACEPTADO: 23/11/2021

46 2021
PSICOMOTRICIDAD 3.0
PSYCHOMOTRICITY 3.0
Ángel Hernández Fernández

DATOS DEL AUTOR

Ángel Hernández Fernández es Doctor en Psicología y Especialista en Psicomotricidad. Ha sido profesor


en la Facultad de Educación y en la Facultad de Medicina de la Universidad de Cantabria (España), así
como en la Escuela Universitaria Gimbernat de Logopedia. Ha dirigido cursos de posgrado en Psicomo-
tricidad y es autor de textos sobre psicomotricidad como “Psicomotricidad: Fundamentación teórica y
orientaciones prácticas” (2008) y “Guía de actuación y evaluación en psicomotricidad vivenciada” (2015)
y “Psicomotricidad constructivista” (2021), junto a otros textos de psicología educativa tales como “Fun-
damentos de intervención psicopedagógica” (2009) y “Evaluación y diagnóstico psicopedagógico” (2017).
Dirección de contacto: angel.hfbn@gmail.com

RESUMEN ABSTRACT
Este articulo plantea un nuevo escenario concep- This paper proposes a novel psychomotricity con-
tual para la psicomotricidad basado en el construc- ceptual framework. This framework relies on cons-
tivismo como elemento integrador de las distintas tructivism to integrate previous theoretical-practical
aportaciones teórico-prácticas anteriores y como contributions and to build bridges with other scien-
puente con otras disciplinas científicas. tific disciplines.
Como metáfora de su voluntad integradora, el ar- The article adopts a symphony structure as a me-
tículo adopta una estructura de obra sinfónica: Así, taphor of the integrating nature of our framework:
la “obertura” describe a la persona como un First, the overture describes person as a body sha-
cuerpo modelado por una historia colectiva y otra ped by a collective history and another particular
particular. Después le siguen tres “movimientos” one. The three movements subsequent reflect on
que reflexionan sobre los factores biológicos, so- the contributions and limitations of biological,
cioculturales e idiosincráticos que intervienen en la socio-cultural, and idiosyncratic factors involved in
construcción de la identidad y, por último, un “fi- identity construction. Last, the finale recapitulates

89
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
nale” recoge los objetivos de la intervención psico-
motriz desde la perspectiva constructivista, sus re-
the objectives of psychomotor intervention from a
constructivist perspective, its requirements, and the
querimientos y los modelos de actuación a la hora action models when designing to design experien-
de diseñar experiencias de apoyo al desarrollo y de ces for development support, and meaning nego-
negociar significados con el usuario. tiating with the user.

PALABRAS CLAVES: Sistemas autoconstructivos, KEYWORDS: Self-constructive systems, Learning


aprendizaje y desarrollo, modelos subjetivos de re- and development, Subjetive reality models, Perso-
alidad, Identidad personal, Inteligencia y memoria nal identity, Body intelligence and memory, Inter-
corporal, Modelos de intervención, Intersubjetivi- vention models, Intersubjectivity and negotiation
dad y negociación de significados. of meanings.

OBERTURA - Un cuerpo con historia tateoría que recorre transversalmente las ciencias
Si quisiéramos encontrar una base que pudiera sus- básicas como la física (Schrödinger, 2016; Capra,
tentar el edificio de la psicomotricidad del siglo 1998) y la biología (Maturana, 2009, Llinas, 2003;
XXI, dicha base debiera superar algunas inercias en Damasio, 2011) y las ciencias sociales como la psi-
la explicación del ser humano heredadas de otros cología (Kelly, 1955; Piaget, 1971, 1977; Vygostki,
tiempos y circunstancias. De esa forma, podría 1978, 1979; Rogers, 2000; Watzlawick, 2003,
construirse un discurso compatible con el conoci- 2008), la pedagogía (Ausubel, 1976; Bruner, 1988)
miento científico actual, conocimiento que afecta o lo sociología (Berger y Luckman, 1968; Weber,
a nuestra comprensión del desarrollo humano, de 2010).
los procesos cognitivos y emocionales, de las diná- A lo largo de este articulo iremos encajando las dis-
micas sociales e incluso a nuestra percepción de las tintas aportaciones de estas disciplinas en una
cualidades físicas de la realidad. nueva forma de concebir al ser humano, su desa-
Es posible que haya llegado el momento en el cual rrollo y el apoyo profesional que le ofrecemos.
quienes trabajamos como agentes de apoyo al de- Compondremos el puzle con piezas de distinta pro-
sarrollo abandonemos el relato mágico o ideoló- cedencia que comparten sus axiomas básicos y es-
gico y edifiquemos nuestra profesión sobre los peramos esbozar con ello una sugerente base para
nuevos territorios que nos abren las neurociencias integrar el pasado de la psicomotricidad mirando
y las ciencias sociales fundamentadas en la investi- a su futuro.
gación científica. Para ello, nuestra casilla de salida debe ser inevita-
En esa línea, el constructivismo representa una me- blemente las ciencias de la vida, lo cual nos obliga

90
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
a bajarnos del pedestal y asumir sin ambages que
para la biología, la genética o la ecología simple-
Para adentrarnos en este concepto, tendríamos
que establecer en primer lugar qué se entiende por
mente somos una especie de primate homínido, “sistema”. Un sistema se puede definir como una
que surgió de la evolución de las especies susten- entidad identificable y delimitada que está com-
tada en la química del carbono y el ADN. puesta por elementos interdependientes.
Todas las especies tienen sus habilidades adaptativas Los sistemas no se pueden equiparar a la suma de
y ciertamente los humanos tenemos una capacidad sus elementos y como entidad global, adquieren
cognitiva singular que nos permite construir e inter- características y capacidades propias que estable-
pretar la realidad a partir de nuestras experiencias. cen su forma específica de interactuar con su en-
Disponer de un modelo comprensivo de la realidad torno (Von Bertalanffy, 1976). No obstante, el
potencia la adaptabilidad del ser humano a su en- análisis completo de un sistema sólo es posible si
torno físico y social y le sirve de base para su per- también le contemplamos como elemento del sis-
cepción, su memoria, sus expectativas y sus tema mayor que le engloba y que constituye su en-
decisiones, que serán las producciones cognitivas torno.
con las que construirá su identidad. Un ejemplo de esta anidación de los sistemas lo
Así, puede afirmarse que somos un cuerpo que se podemos encontrar en el análisis de la estructura
desarrolla a partir de un programa genético, pero social que hace Bronfenbrenner (1989) en la cual
que vive una realidad que construimos con elemen- considera los siguientes niveles:
tos socioculturales de nuestra comunidad e inter- • Microsistema. – Constituido por personas con re-
pretaciones de nuestras experiencias personales. El laciones directas, como la familia.
relato de cómo integramos cada uno de esos ele- • Mesosistema. – Constituido por los distintos mi-
mentos es nuestra historia personal, una historia crosistemas de una persona que se influyen entre
en permanente reescritura que registramos y ma- sí; por ejemplo, en un niño serían su familia, su es-
nifestamos aún sin ser conscientes de ello. cuela y sus amigos.
Los cuerpos de todos los seres vivos estamos con- • Exosistema. – Sistema que influye indirectamente
figurados como grandes sistemas biológicos auto- en la persona, como los servicios sociales, educati-
constructivos (Maturana, 2009). El concepto de vos o culturales de una comunidad.
sistema autoconstructivo es nuclear desde la pers- • Macrosistema. – El conjunto de valores y creen-
pectiva constructivista de cualquier disciplina cien- cias compartidas por dicha comunidad.
tífica y nos permite explicar eficazmente un amplio • Cronosistema. – La evolución histórica del ma-
espectro de fenómenos, desde la circulación at- crosistema.
mosférica a la evolución de un agente infeccioso, Otro aspecto que considerar es la distinción entre
desde el comportamiento político de los ciudada- sistemas cerrados y autoconstructivos. Los sistemas
nos hasta la interfaz de un teléfono de última ge- cerrados no se ven modificados más allá del natural
neración. Del mismo modo, se utilizará en este desajuste y deterioro que le produce su propia ac-
texto para explicar las distintas facetas del desarro- tividad. Sirvan de ejemplo un coche o un electro-
llo del ser humano. doméstico.

91
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
Por otro lado, los sistemas autoconstructivos, como
los seres vivos, están configurados formando es-
el entorno por descendientes que gracias a su ex-
periencia resultan mejorados en adaptabilidad sin
tructuras de redes modificables, que se abren a su desequilibrar el ecosistema.
entorno e interactúan con él mediante procesos cí- Los seres vivos se desarrollan y degeneran simultá-
clicos para obtener e integrar recursos que les per- neamente en diferentes aspectos y lo hacen en ci-
miten, no solo mantener la homeostasis, sino clos de amplitud distinta. Así, por ejemplo, el
también transformarse mejorando sus capacidades momento de máxima competencia física de las per-
adaptativas. sonas no suele coincidir con el momento de má-
Esta permanente transformación, denominada de- xima competencia en la comprensión de los hechos
sarrollo, sigue un patrón genético, pero es modifi- sociales. Por ello, en realidad, al pensar sobre la
cable en distintos aspectos y medida según la vida de un ser vivo, debemos entenderla como una
especie de ser vivo que se trate. sinfonía compuesta de múltiples pulsaciones que
Si el entorno es muy estable, los aspectos incluidos se pueden encontrar en distintos momentos de su
en el programa genético suelen ser suficientes para ciclo.
la supervivencia de los individuos durante el tiempo Todas las especies de seres vivos consolidan y tras-
programado genéticamente. Si el entorno es muy fieren muchas de las características y competencias
cambiante, sólo podrán readaptarse a las nuevas adquiridas a sus descendientes, las más consolida-
situaciones las especies cuyos individuos dispongan das son transferidas por vía genética. Las más no-
de las apropiadas capacidades de autotransforma- vedosas, lo son por vía de aprendizaje social.
ción a través de procesos de aprendizaje. Luego, cada individuo las concreta y modifica a
No obstante, por muy eficaz que sea su capacidad partir de su propia experiencia dentro de unos lí-
de autoconstrucción y muy estable que sea el en- mites conforme a la capacidad de su especie para
torno, las posibilidades de supervivencia van redu- incorporar patrones aprendidos.
ciéndose progresivamente por el deterioro natural El patrón de desarrollo y las capacidades autocons-
de todo sistema de base orgánica. Después de tructivas son específicas de cada especie. Una es-
transcurrido el tiempo previsto genéticamente, el trella de mar puede autoconstruir un miembro
ser vivo va perdiendo capacidad de captación de perdido, un ser humano puede autoconstruir muy
energía y de regeneración, deteriorándose sus ele- diversos intereses vitales. Sus estrategias adaptati-
mentos constitutivos que acaban degradándose y vas han encontrado diferentes soluciones auto-
convirtiéndose en energía aprovechable para otros constructivas que les abren distintas posibilidades.
seres vivos. Pero lo cierto es que, en un entorno dinámico, el
Podríamos pensar en la dinámica de la vida como aprendizaje representa un valioso instrumento para
una pulsación de un sistema con una etapa en la alterar el programa genético de desarrollo, lo que
que se desarrolla apropiándose de elementos del le convierte sin duda en la mejor estrategia de la
entorno, se reproduce y luego inicia otra etapa en naturaleza para garantizar y mejorar la capacidad
la que se deteriora y pierde sus capacidades hasta adaptativa de una especie y sus miembros a las al-
hacerse inoperativo y colapsar, siendo sustituido en teraciones de su entorno.

92
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
Los procesos de desarrollo y aprendizaje definen el
marco de la actividad del psicomotricista. Enfocar
dogmas universales, ni teóricos ni prácticos. No
busca dar respuestas a las grandes preguntas, ni
su actividad profesional desde una perspectiva recetas garantizadas para resolver todos los pro-
constructivista le ofrecerá un marco conceptual blemas, sólo pretende acompañar y apoyar sin ser
compartido con las ciencias básicas y las ciencias invasivo a las personas en la búsqueda de un cre-
sociales actuales, alejándose de los encuadres teó- cimiento armonioso y de su propio bienestar den-
ricos mentalistas y mecanicistas que tuvieron gran tro de su universo personal, intentando ayudarle a
protagonismo en la interpretación psicológica del enriquecerlo, potenciando su autonomía y facili-
ser humano en otro tiempo. tando que aborde con los mejores recursos los
Las teorías mentalistas son narrativas que en algu- retos a los que se enfrenta. Por ello, el constructi-
nos casos tienen una factura muy rica y estética, vismo subyace a los movimientos contemporáneos
pero que intentan obviar que sólo responden a una en pro de la aceptación de la diversidad en aptitu-
época y contexto cultural y que difícilmente descri- des, intereses, valores y estilos de vida.
birían la realidad de entornos suficientemente ale- Por la misma razón, también está detrás del replan-
jados en el tiempo, el espacio o la realidad social. teamiento de los sistemas educativos actuales, pro-
Nos aportan mucha luz sobre el universo particular moviendo la consideración del ritmo individual de
de sus autores, pero no encuentran encaje en la aprendizaje, situando al alumno en el centro del
ciencia del sigo XXI y los vertiginosos avances en proceso de enseñanza y concibiéndole como el
neurociencia muy probablemente van a conducir a protagonista de su propia historia y constructor de
estas teorías a convertirse en pocas décadas en un su propio conocimiento, entendiendo el papel de
mero objeto de estudio antropológico. los docentes como de respetuosos acompañantes
Mientras tanto, las teorías mecanicistas simple- en ese proceso, cuyas labores serían fundamental-
mente son insuficientes para explicar, no sólo al ser mente de andamiaje y no tanto de fuente de sabi-
humano, sino a cualquier ser vivo. duría como antaño.
Casi transcurrido el primer cuarto del siglo XXI, nos Esto parecería cuestionar la función del educador
encontramos en tiempos para la física cuántica, las como transmisor cultural. En realidad, el construc-
matemáticas no lineales y los sistemas inteligentes tivismo se interesa y aprecia el acervo de las comu-
autoconstructivos. A la psicomotricidad no le con- nidades culturales, sus valores, creencias y todo lo
viene quedarse en las rígidas narrativas propias de que aportan al desarrollo de la persona, pero no
otras épocas. sitúa a un marco sociocultural concreto como el
Por su parte, el constructivismo nos permite reco- modelo incuestionable por encima de los demás,
ger e integrar los principios básicos de las distintas ya que es muy consciente del relativismo de todos
aportaciones a la práctica psicomotriz a lo largo de ellos si se observan a lo largo de distintos momen-
su historia, siempre que renunciemos al dogma- tos históricos y latitudes. Todos los marcos socio-
tismo y estemos dispuestos a respetar las realida- culturales representan historias que confieren
des ajenas. identidad a los individuos, pero ninguna con más
Se trata de un planteamiento que no reconoce legitimidad que otra.

93
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
Debe remarcarse que en el ámbito profesional el
constructivismo no defiende planteamientos rígi-
tos, constructos y modelos interpretativos de la re-
alidad, que le permiten comprender las relaciones
dos, pero tampoco el eclecticismo superficial tan entre los hechos, pronosticar futuras situaciones y
frecuente en el profesional deficientemente for- actuar propositivamente frente a ellas con más fle-
mado. Muy por el contrario, apuesta por la inte- xibilidad y eficacia que otras especies.
gración de perspectivas para la mejor comprensión Ciertamente los humanos hemos sido capaces de
de nuestro objeto de estudio. Integración que grandes hazañas, incluida la de reinventarnos a tra-
exige un conocimiento profundo de las distintas vés de bellas narraciones, pero es importante reco-
aportaciones teóricas incorporadas y una flexibili- nocer quién somos y asumir nuestro origen
dad conceptual que permita encajarlas. Algo com- biológico.
plejo, pero que, sin duda, nos hace mejores profe- La etología ha estudiado a otras especies de nues-
sionales. tro grupo, nuestros primos los chimpancés, los go-
En los siguientes apartados se reflexionará sobre al- rilas, los orangutanes y los bonobos y ha dejado
gunos factores biológicos, socioculturales y psico- constancia de patrones de comportamiento de
lógicos del desarrollo humano desde una perspec- estos otros homínidos que inevitablemente nos re-
tiva constructivista. Eso, nos permitirá formar una sultan muy familiares.
urdimbre con las aportaciones de muy distintas dis- Estas similitudes entre especies de homínidos son
ciplinas y percibir al ser humano como un sistema muy evidentes si nos fijamos en los aspectos más
autoconstructivo que se desarrolla como un cuerpo fundamentales del comportamiento como son la
con historia. organización social, el sexo, la crianza de la prole,
En el último apartado, se propondrá un plantea- la territorialidad, la exploración y transformación
miento constructivista de las intervenciones en psi- del entorno, la construcción y uso de herramientas
comotricidad, definiendo objetivos, requerimientos o la agresión y la defensa frente a ella (Bekoff,
y modelos de actuación. 2003).
Pero aún más allá, las investigaciones han referen-
PRIMER MOVIMIENTO - El factor biológico: ciado sorprendentes similitudes respecto al com-
Somos un cuerpo. portamiento en conductas sociales muy complejas;
En el marco de la diversidad biológica, como por ejemplo, la planificación y preparación de ac-
hemos dicho, el ser humano es una de las especies ciones incorporando lo aprendido en experiencias
de primate homínido. Un homínido con exitosas previas, la capacidad para comunicar situaciones
capacidades adaptativas basadas en: vividas, la resolución creativa de problemas, las
• El aprendizaje como instrumento principal de ac- alianzas sociales y la colaboración en objetivos co-
tualización de su programa genético de desarrollo. munes, la solidaridad con el miembro más débil del
• Un cerebro que procesa con una asombrosa plas- grupo y las maniobras de reconciliación tras las
ticidad nuestras experiencias y reestructura sus confrontaciones (Morris, 1969; Godall, 1987).
redes neuronales en función de ellas. Más aún, hay constancia de que los individuos de
• Una gran capacidad de elaboración de concep- estas otras especies de homínidos poseen, como

94
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
nosotros, personalidad propia y conciencia de sí
mismos, desarrollan una cultura tribal que trans-
objeto y se han elaborado todo tipo de propuestas
sobre su origen, funcionamiento y finalidad.
miten a las nuevas generaciones y tienen una capa- Así, encontramos millones de personas de distintas
cidad de abstracción y categorización que les culturas que, de espaldas a la ciencia, se siguen
permite comunicarse mediante símbolos e incluso considerando a sí mismas como un “yo” que ha-
adquirir un vocabulario pictográfico que alcanza los bita accidentalmente un cuerpo, del mismo modo
1000 signos (Patterson y Linden, 1981). También que subsisten muchas teorías psicológicas que ex-
compartimos con ellos el lenguaje no verbal, ha- plican al ser humano sin referencias al cuerpo que
biéndose constatado que de forma natural utilizan somos.
expresiones como, por ejemplo, extender la mano Hoy en día, en el ámbito de las ciencias biológicas,
con la palma hacia arriba para pedir algo o agitar y en la neurociencia en particular, la mente y los
la mano hacia delante y atrás mostrando el dorso otros elementos afines no se entienden como un
para echar a alguien de su lado (De Waal, 2007). objeto, sino como un constructo que hace referen-
La capacidad intelectual de las otras especies de cia a un proceso de nuestro cerebro que tiene por
homínidos se ha comparado a la de un niño entre finalidad contribuir a la gestión del macrosistema
2 y 4 años y, si hemos tenido oportunidad de rela- corporal que constituye un ser vivo y mediar en su
cionarnos con niños de esas edades, recordaremos interacción con su entorno (Capra, 1998; Llinas,
fielmente cuan humanamente inteligentes son. 2003; Maturana, 2009; Damasio, 2011).
Por tanto, desde el análisis científico, sólo nos cabe El cerebro abordaría su contribución a la adapta-
asumir que los humanos somos simplemente una ción del ser vivo detectando semejanzas, coheren-
de las especies de primate homínido, si bien, con cias y regularidades en un entorno en permanente
un excelente desarrollo de algunas capacidades, lo movimiento y transformación, lo cual le permitiría
cual nos aporta grandes ventajas adaptativas. predecir situaciones y organizar la conducta inteli-
Este desarrollo singular parece estar vinculado a la gentemente y así facilitar la homeostasis del indi-
evolución de algunos procesos corporales como viduo con su ecosistema. Homeostasis imprescin-
son la bipedestación que liberó la mano para la dible para poder sobrevivir en él (Von Bertalanffy,
manipulación de objetos, la propia estructura de 1976).
mano que facilita la motricidad fina, la capacita- La eficacia del cerebro se sustentaría en ser capaz
ción de la faringe para el lenguaje y, en especial, el de reconstruir funcional y físicamente sus redes a
desarrollo del encéfalo para dar soporte a todas las partir de su interacción con el entorno en un pro-
posibilidades que abrían las otras modificaciones ceso de mutua determinación: el cerebro deter-
morfológicas mencionadas. mina e interpreta las experiencias del individuo,
Para reflexionar sobre la mejora de la capacidad de pero al mismo tiempo también es modificado por
procesamiento cognitivo que surgió a partir de la dichas experiencias alterando sus conexiones neu-
evolución de nuestro encéfalo, se han empleado ronales.
constructos como el alma, el espíritu, la psique o Para ejercer su función, el cerebro recoge las regu-
la mente. A todos ellos se les ha dado entidad de laridades percibidas en objetos y eventos y, a partir

95
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
de ello, elabora conceptos y atribuciones que se ar-
ticulan en un modelo virtual de realidad que per-
Nuestras cogniciones depuran muchos procesos
adaptativos del macrosistema corporal, pero las ac-
mitirá extrapolaciones a experiencias aún no ciones adaptativas de los seres vivos existen evolu-
vividas, dando pie a las conductas propositivas y a tivamente desde mucho antes de que surgieran
la previsión de sus consecuencias. especies con un cerebro capaz de generar cogni-
Hoy en día, las neurociencias estudian desde este ciones.
enfoque las funciones cognitivas y ejecutivas más En virtud de ello, Claxton (2016) propone recon-
complejas, definiéndolas como procesos autocons- ceptualizar nuestra concepción de la inteligencia y
tructivos de las conexiones en red del cerebro. entenderla como una capacidad corporal de adap-
Pero, si renunciamos a concebir la mente como un tación propia de los seres vivos en tanto que ma-
objeto y asumimos considerarla como un proceso crosistemas biológicos que interactúan global-
del cerebro, corremos el peligro de olvidándonos mente con su entorno para su supervivencia. Los
que somos un cuerpo, un macrosistema autocons- sistemas nerviosos de distintas especies de seres
tructivo global y no sólo un cerebro. vivos implementan funciones diversas en esa inte-
Debiéramos evitar investigar al cerebro con la racción inteligente, entre las que se incluyen las
misma rigidez con la que antes se imaginaba a la producciones cognitivas y el aprendizaje.
mente: buscando ubicaciones de funciones, reglas En definitiva, si el cuerpo es globalmente el sujeto
estables de acción-reacción, procesos universales inteligente que procesa, aprende y se transforma,
que expliquen y pronostiquen cualquier acción hu- nuestro análisis no debiera centrarse en el cerebro
mana, olvidando que, si algo es el cerebro, es pre- para sustituir a la mente, sino que debiera consi-
cisamente un sistema de redes en permanente derar al cuerpo en su integridad. Exactamente
transformación. como hace la psicomotricidad.
Creemos que la psicomotricidad debe ayudar a evi- Esto sitúa a la psicomotricidad, de pleno derecho,
tar que se sustituya de forma simple el antiguo como la intervención paradigmática para favorecer
papel mágico de la mente por el nuevo protago- el desarrollo, ya que se caracteriza precisamente
nismo del cerebro y para ello pensamos que es muy por ese abordaje corporal globalizado (Hernández,
útil el concepto de inteligencia corporal planteado 2015, 2021).
por Claxton (2016). Los psicomotricistas trabajamos ofreciendo expe-
Para este autor, el cuerpo globalmente es quien riencias y aprendizajes globales que actúan sobre
aprende y se adapta a todo tipo de cambios de su los registros de la memoria episódica y semántica
entorno; por ejemplo, a cambios de dieta, de del individuo, pero que sobre todo se recogen en
clima, de actividad, a lesiones, infecciones, etc. y su memoria corporal. Una memoria corporal que
es capaz de hacerlo con la participación del cerebro se construye de forma experiencial, que es más po-
o sin ella, consciente la persona de ello o sin serlo. tente y menos consciente que las otras y que se en-
Así sucede en los seres vivos más elementales y cuentra en la base de nuestros patrones emo-
también en las especies que somos capaces de in- cionales, cognitivos y de comportamiento.
terponer mediadores cognitivos. Las personas somos la suma de nuestras memorias,

96
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
la que nos dejaron generaciones de antepasados
en nuestro código genético, la que recoge la inter-
mos y vivimos procede de la cultura en la que
hemos sido socializados y representa unos pode-
pretación de la realidad de nuestro nicho sociocul- rosos lazos que nos unen a nuestra comunidad in-
tural y la derivada de nuestras experiencias privadas cluso si renegamos de ella.
y el significado personal que les hemos atribuido. Los procesos de socialización promueven entre los
Somos un cuerpo, pero un cuerpo con historia. miembros de una comunidad una determinada
Una historia en muchos planos superpuestos que forma de percibirse a sí mismo y al entorno en el
nos construye y nos confiere una identidad propia. que vive y, en la mayoría de las ocasiones, queda
Gracias a esa historia, nuestra realidad biológica tan asumida que la persona la considera una ver-
puede contraprogramarse desde el contexto socio- dad objetiva a la que ha accedido por un proceso
cultural y un monje budista, un integrista cristiano, de maduración personal sin percibir en él ninguna
judío, musulmán o animista generan realidades y influencia social.
conglomerados de significados muy distintos y No obstante, si bien el individuo obtiene en su so-
todos ellos vividos como la única realidad posible. cialización respuestas convincentes a muchas cues-
Del mismo modo, el individuo puede conectar con tiones relevantes, dicho proceso está sujeto al
el universo a través del yoga o el reiki, resignificar contraste con las experiencias individuales de cada
sus traumas infantiles a través del psicoanálisis o persona. Si alguien percibe incongruencias signifi-
reformular su escala de valores tras una experiencia cativas con sus propias experiencias, puede mirar
traumática o una conferencia impactante. hacia otro lado, buscar justificaciones o desarrollar
De hecho, es tal nuestra capacidad de “autorrepro- una actitud crítica y de oposición más o menos
gramación” que, hoy en día, es desgraciadamente abierta al legado cultural de su comunidad.
frecuente que alguien destruya su propia salud Pero independientemente del nivel de actitud crí-
para ser más popular o maltrate a sus hijos para tica hacia la propia cultura que desarrolle una per-
desahogar sus frustraciones. También antaño su- sona, la aculturación es siempre un elemento
cedía que algunas personas se alistaban en el ejér- fundamental en el proceso de construcción de su
cito para morir por su monarca o por un ideal, por identidad. Su impacto va a ser modulado por la efi-
mucho que hoy nos pueda sorprender. Así, pode- cacia de los agentes sociales en el establecimiento
mos concluir que el legado genético fundamental de una intersubjetividad con el individuo que sirva
del ser humano es paradójicamente su especial ca- de cauce a la transferencia cultural (Vygotski,
pacidad para el aprendizaje y para una autocons- 1978).
trucción cognitiva que puede sobrepasar improntas El hecho de que los individuos generen un espacio
genéticas de primer orden. de constructos compartidos con las personas e ins-
tituciones que constituyen su entorno social signi-
SEGUNDO MOVIMIENTO. - El factor sociocul- ficativo, no sólo hace posible la transmisión
tural: Heredando una historia colectiva que conocimientos, valores y tradiciones culturales a las
vivir. nuevas generaciones, sino que también consolida
Una parte importante de la historia que construi- códigos de conducta facilitan el entendimiento so-

97
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
cial. Todo ello, da soporte al desarrollo personal de
los miembros de una comunidad y a la viabilidad
buena medida en virtuales y están en manos de
corporaciones mucho más poderosas que los pro-
de la propia comunidad como colectivo. pios estados.
Un aspecto fundamental de la intersubjetividad Hoy en día, valoramos a una empresa, un profesio-
gira en torno a si es legítimo aprovecharla para im- nal o una posible amistad en función de la calidad
poner nuestro modelo de realidad sobre el de otra de su presencia en redes sociales. Así, compramos
persona. De fondo se haya la confrontación entre o contratamos servicios de todo tipo a través de
el esencialismo de creer que nuestra verdad es la grandes distribuidores que nos presentan aquellas
válida y las demás son erróneas y subjetivismo de cosas que saben que nos van a interesar sin que se
reconocer y respetar todas las realidades a un lo solicitemos gracias a que nuestros datos se han
mismo nivel. transferido y procesado en servidores a miles de ki-
Hace cincuenta años el marco cultural en el que lómetros para comerciar con ellos.
una persona se había criado explicaba buena parte Somos cada vez más dependientes de estos servi-
de su realidad. Nuestra forma de pensar sobre la cios cuya carrera tecnológica hacia “lo más po-
vida y la muerte, la familia, la comunidad, la reli- tente, inmediato, cómodo, pequeño y barato” se
gión, la autoridad, el trabajo o la estructura social financia con nuestro consumo, lo cual hace que el
tenían una fundamentación común con las perso- máximo esfuerzo de dichas corporaciones esté
nas de nuestro entorno. Cuando nos distanciába- orientado a lograr que cedamos nuestras decisio-
mos en algún aspecto era por intensas experiencias nes de consumo a sus algoritmos.
personales y lo hacíamos con rabia, desilusión o En un futuro muy próximo, las sociedades se go-
culpabilidad. bernarán mediante los big data y pronto la inteli-
Sin embargo, hoy en día, las sociedades humanas gencia artificial organizará buena parte de nuestra
están cambiando de una forma tan radical y verti- vida cotidiana: Coches autónomos, electrodomés-
ginosa como nunca lo habían hecho. La economía ticos conectados al internet de las cosas, robótica,
y la cultura se han globalizado. Además, el cono- impresión 3D de todo tipo de objetos y materiales,
cimiento y la tecnología ha avanzado exponencial- incluidos los biológicos, que transferirán partes im-
mente, permitiendo que estemos hiperconectados portantes de nuestras vidas a las empresas tecno-
y tengamos grandes facilidades para la movilidad lógicas y a las de comercialización y distribución de
física o virtual de personas y productos. Todo ello bienes de consumo.
ha facilitado que tengamos acceso a muy diversos Y aún hay elementos más alarmantes en el hori-
modelos de realidad. zonte: operaciones de desinformación social y ma-
Pero las tecnologías que hoy dominamos pronto nipulación de la opinión pública, comercio criminal
quedarán obsoletas y serán sustituidas por nuevos a través de la red oscura, hackeo, phishing, espio-
artefactos y servicios que progresivamente irán naje y guerra digital no son conceptos de ciencia-
ocupando más y más de nuestro espacio vital. De ficción, sino los nuevos peligros de nuestra socie-
hecho, en nuestra vida actual, el aprendizaje, el tra- dad actual.
bajo y los vínculos sociales se han convertido en Este arrollador escenario está cambiando la con-

98
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
ducta, el pensamiento y los valores humanos. Cual-
quier padre de adolescente puede dar fe de ello.
pero está en nuestras manos que ese relativismo se
convierta en un consumismo superficial o en una
Nuestro gran desafío es si seremos capaces de rein- apertura a otras perspectivas como fuente de me-
ventarnos antes de que este nuevo mundo nos jora personal.
pase por encima y nos convierta en autómatas de Al igual que la física actual mantiene que el tiempo
nuestros autómatas y que con el engaño de “ofre- y el espacio son relativos y que nuestra percepción
cernos una mejor experiencia” nos arrastre a con- de ambos es una construcción subjetiva, en nuestra
fundir nuestro bienestar con el consumo conti- nueva aldea global e hiperconectada, los grandes
nuado, compulsivo y teledirigido de nuevos artilu- dogmas culturales se tambalean y nuestras opcio-
gios y servicios con el que financiar nuevos artilu- nes posibles ante esta situación no son demasiadas:
gios y servicios en un círculo vicioso en el que las • Un rebote dogmático, inflexible y beligerante
personas se convierten en un mero eslabón. para proteger alguna de las tradiciones culturales
La cuestión es si podemos desprendernos del con la que nos identificamos, normalmente porque
mundo en el que crecimos y que ya no existe y se- fue nuestro entorno de socialización.
guir siendo dueños de nuestra vida mientras deam- • Un desapego cultural generalizado, al que algu-
bulamos en las redes de un nuevo mundo. nos denominan posmodernidad, que ha condu-
La revolución social y cultural que avanza junto a cido a que algunas personas hayan optado por vivir
la revolución tecnológica quizás conduzca a que el con total carencia de valores (Hernández, 2016).
polícromo abanico de creencias, valores y princi- • O negarse a vivir en ese vacío que te relega a
pios de organización social que construyó la Hu- mera fuerza de trabajo y consumo y promover que
manidad a lo largo de muchos siglos se desmorone cada persona se comprometa con unos valores y
ya que, perdida la magia de considerar sus dogmas una forma de concebir la realidad con los que se
como verdades universales e indubitables, han pa- identifique (Kholberg, 1982), pero renunciando a
sado a convertirse solo en otros elementos de con- considerarlos dogmas universales y cultivando
sumo. todos nosotros una actitud tolerante y respetuosa
Un día nos interesa la vieja cultura vikinga y nos ol- hacia las convicciones de los demás.
vidamos de que anteriormente tuvimos curiosidad
por los aztecas y que quizás mañana nos vuelva la La ventaja de esta tercera opción es que asumir que
curiosidad sobre el budismo. Todo en función de la realidad no es una y tiene tantas perspectivas
algún nuevo producto musical o una serie televi- como personas reflexionen sobre ella, nos permite
siva. Así, las “verdades absolutas” del marco socio- acercarnos con receptividad a los demás y enrique-
cultural en el que crecimos se convierten en una cemos con las miradas ajenas. El inconveniente es
opción entre otras tantas que consumir. que nos provoca vértigo.
El concepto de realidad se muestra cada vez más La sala de psicomotricidad es un entorno social
como dependiente del punto de vista escogido por único para la libre expresión personal y también
el observador entre múltiples posibilidades como para mostrar la historia colectiva que hemos here-
nos anunciaba el siglo pasado Von Foerster (1991), dado.

99
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
Todos los arquetipos culturales introyectados por
los participantes se manifiestan abiertamente bajo
su comunidad y entre ellos se incluyen algunos
constructos relativos a las emociones, que han de
la coartada del juego. Ser conscientes de ellos y va- servirle para dar sentido al impacto que producen
lorar el grado de coherencia que demuestran con las situaciones que viva en su macrosistema corpo-
los valores declarados por cada individuo nos di- ral y así catalizar las acciones pertinentes en cada
buja un bosquejo fiel de los retos de desarrollo que caso.
enfrentan y aquellos en los que el psicomotricista Las teorías tradicionales han atribuido a las emo-
les puede ayudar. ciones naturaleza de objeto, describiéndose sus ca-
racterísticas y su evolución como si se tratara de
TERCER MOVIMIENTO - El factor psicológico: estructuras biológicas. No obstante, desde una
La identidad autoconstruida. perspectiva constructivista, las emociones no tie-
Desde una perspectiva constructivista, el procesa- nen una entidad neurofisiológica específica y dife-
miento cognitivo de objetos y eventos es la fuente renciada (Barret, 2018), por lo que debemos
de nuestros pensamientos. Se trata de un proceso conceptualizarlas como una percepción contextua-
que puede utilizar múltiples códigos y establecer lizada de cómo reaccionamos corporalmente ante
relaciones flexibles entre distintos elementos para una situación. Así, por ejemplo, si se nos acelera el
poder organizar y comprender todos los aspectos pulso cardiaco y se nos dilatan las pupilas, en fun-
y posibilidades de una situación. ción de nuestro conocimiento de la situación en
Planificar acciones a partir del análisis de las situa- que se produce, hablamos de alegría, miedo o sor-
ciones tiene un gran valor adaptativo, pues evita presa.
los inconvenientes de actuar reactivamente y sufrir El proceso es el siguiente: nuestro cuerpo reacciona
consecuencias indeseables que pueden ser irrever- globalmente ante las situaciones que vivimos con-
sibles. forme al significado que les atribuimos y luego
La habilidad de manipular cognitivamente lo que conceptualizamos esa reacción mediante concep-
vivimos es imprescindible para comprender la ver- tos aprendidos de nuestro contexto cultural, mati-
sátil inventiva humana y la riqueza de sus produc- zados por nuestra experiencia individual previa.
ciones culturales, científicas y artísticas. Esto hace que la alegría o la tristeza se haya enten-
Cada persona desarrolla su particular teoría sobre dido de muy diversas formas en distintas culturas
la realidad mediante esta recreación cognitiva de a lo largo de su historia y que, dentro de una
sus experiencias personales. Teoría que constituirá misma cultura, cada uno de nosotros le demos un
un marco subjetivo de interpretación de sus viven- matiz distinto, lo expliquemos de forma distinta y
cias. En ello, empleará las capacidades y recursos establezcamos criterios distintos como prueba de
de que disponga para recopilar, procesar y atribuir su autenticidad.
significado a los datos a su disposición sobre sí Más aún, si analizamos constructos más difusos
mismo y sobre su entorno. como los sentimientos de amor, vergüenza u odio,
Un importante grupo de dichos recursos provienen nos resultará muy sencillo recopilar evidencia em-
del proceso de aculturación de cada individuo en pírica de que se encuentran modulados por facto-

100
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
res culturales, históricos y relativos a las experien-
cias personales de cada individuo.
adecuarse a un entorno cambiante y mantener su
capacidad adaptativa. No obstante, es evidente
La importancia de los constructos emocionales ra- que la consciencia es un buen recurso y que las re-
dica en que son determinantes en la interpretación presentaciones del propio cuerpo en interacción
subjetiva de las vivencias y, en virtud de ello, harán con el entorno mejoran notablemente el proceso
una decisiva contribución a la construcción de una adaptativo.
identidad personal que será nuestra referencia a la Así, aunque posiblemente sólo seamos un cuerpo
hora de intentar comprender el comportamiento en acción y la conducta consciente sólo represente
propio y ajeno, sirviendo de base a la toma de de- una mínima parte de toda la conducta inteligente
cisiones en acciones propositivas. de los organismos vivos, cuando las experiencias
El modelo de realidad de cada individuo tiene significativas sacuden el sistema corporal de una
como eje dicha identidad personal y genera una persona y dejan sus huellas en él, la constatación
narrativa vital que orienta y da sentido a sus accio- consciente de ello le ayudará a construir una iden-
nes. Construimos esa identidad personal y esa na- tidad y una narrativa vital que orientará la com-
rrativa vital tomando como referencia los registros prensión y el ajuste de sus acciones.
episódicos, semánticos y corporales de nuestra in- Esta identidad personal que poco a poco vamos
teracción con el entorno y de nuestra autopercep- construyendo es inevitablemente única. Tiene raí-
ción durante dicha interacción. ces en nuestra herencia biológica y sociocultural,
Construir una identidad personal permite que la pero se reescribe permanente a partir de interpretar
persona sea consciente de sí misma, lo cual le faci- subjetivamente y dar significado a nuestras propias
lita la coordinación de la actividad corporal y la efi- experiencias, condicionando así nuestro presente y
cacia de sus acciones propositivas incluso en nuestro futuro.
circunstancias complejas como, por ejemplo, al en- Es importante resaltar que nuestra identidad no es
frentar modificaciones críticas y súbitas en el en- solamente la narrativa que construimos cuando ha-
torno, al integrar informaciones novedosas o al blamos sobre nosotros mismos. Por debajo de ello,
utilizar simulaciones cognitivas para planificar ac- nuestras experiencias dejan huellas en nuestra me-
ciones futuras (Barret, 2018; Llinas, 2003). moria corporal que no tienen por qué ser conscien-
La consciencia sólo representa un refinado proceso tes, pero que se expresan en cada acto y en cada
cognitivo de segundo nivel que hace posible que situación, como queda claramente evidenciado en
el organismo pueda observarse a sí mismo y, gra- la sala de psicomotricidad.
cias a ello, actuar de una forma más coherente, fle- Además, dado que el peso de las huellas de nuestra
xible y precisa en todo tipo de circunstancias, pero memoria corporal está ligado a la carga emocional
no es un recurso imprescindible para comprender que tienen asociada, si dichas huellas se generaron
el comportamiento de los seres vivos. revestidas de fuertes connotaciones emocionales,
De hecho, el cerebro actúa mayoritariamente de van a jugar un papel protagonista en la construc-
forma inconsciente. Es más, constantemente se ción de nuestra identidad personal y contribuirán
modifica a sí mismo sin ser consciente de ello para significativamente al carácter subjetivo con el que

101
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
damos sentido a nuestras propias vivencias al re-
saltar y conectar determinados aspectos.
recta y conscientemente y en otras muchas, de
forma metafórica e inconsciente.
Por otra parte, la expresión de nuestra memoria Las metáforas son un poderoso instrumento en la
corporal representa un potente acto comunicativo construcción y comunicación de significados, pues
manifestándose en toda interacción social. Podría- permiten extender la aplicación de un constructo,
mos definirlo adaptando la perspectiva constructi- enriqueciendo así nuestro conocimiento de deter-
vista de la comunicación de Watzlawick (2008) de minados aspectos de lo vivido.
la siguiente forma: Cada persona se relaciona metafóricamente con su
• Toda conducta se convierte en un acto comuni- entorno social en una doble vertiente: Recoge prin-
cativo que es interpretado subjetivamente por las cipios fundamentales para su entorno a través de
personas presentes. los contenidos que recibe de él durante su interac-
• La comunicación se ve afectada por la relación ción social y, por otra parte, el individuo hace una
entre los interlocutores, genera una mutua influen- expresión metafórica de su identidad personal me-
cia y es una responsabilidad compartida. diante algunos aspectos de su comportamiento;
• Las relaciones que actúan de fondo a la comuni- por ejemplo, sus gustos estéticos y sus actividades
cación pueden ser más o menos simétricas y pue- de ocio, manifestando a través de ellos los cons-
den darse en distintos grados de complementa- tructos centrales de su teoría sobre el mundo y
riedad. En cada caso, pueden facilitar el desarrollo, sobre sí mismo (Hernández, 2018, 2021).
mejorando los recursos adaptativos del individuo, Para el psicomotricista, la comunicación metafórica
o bien dificultarlo, llevándole a situaciones de blo- representa un poderoso elemento de observación
queo o confusión. e intervención.
En psicomotricidad tenemos un gran interés por la En relación a lo primero, el juego libre es sin duda
expresión no verbal de la memoria corporal, pero el mejor escenario para la expresión metafórica de
debe de resaltarse que desde una perspectiva cons- la persona, en especial cuando se genera una na-
tructivista ha de analizarse personalizadamente y rrativa que lo reviste, justifica y refuerza.
en el contexto de la comunicación global del indi- Este tipo de juego facilita que la sala de psicomo-
viduo. tricidad se convierta en un verdadero espacio de
Se trata de una tarea imprescindible para el psico- intersubjetividad y diálogo metafórico desde donde
motricista porque la memoria corporal recoge y ex- apoyar el desarrollo de una persona y su autorre-
presa la forma en que un individuo ha concretado gulación, dinamizando todos los procesos cogniti-
sus determinantes biológicos y socioculturales al vos y emocionales que sean precisos.
margen del grado de consciencia que tenga sobre En relación a las metáforas como elemento de in-
ellos. tervención, las siguientes características resaltan el
Al igual que la expresión verbal, el cuerpo que valor de su uso por parte del psicomotricista (Her-
somos expresa corporalmente las historias de las nández, 2021):
que estamos construidos. Y, al igual que en la ex- • Representan una gestalt perfecta sin límites es-
presión verbal, lo hace en algunas ocasiones di- paciotemporales que puede proyectarse sobre

102
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
cualquier vivencia con la que se establezca una co-
nexión.
mundo y de nosotros mismos y da pie a nuestra
conducta propositiva.
• Si son novedosas y sorprendentes para el indivi- El cuerpo es el protagonista de nuestras vivencias
duo, captarán su atención, pero también pueden y registra sus huellas, no sólo las de nuestros logros
incidir en su percepción e influir en sus acciones y fracasos, sino también las de nuestras necesida-
fuera del campo de la consciencia. des, anhelos, temores y frustraciones. Todo ello lo
• Motivan la evolución personal autorregulada y expresa de una forma más fiel que traducido a pa-
facilitan la comunicación, la negociación de signi- labras.
ficados con otras personas y la toma de decisiones. La psicomotricidad permite a la persona reencon-
• Permiten reelaborar indirectamente situaciones trarse conscientemente con su memoria corporal y
vividas, ensayar como afrontarlas, comprobar los construir significados coherentes que atribuir a sus
obstáculos a superar y los recursos personales dis- vivencias, superar desajustes que distorsionan su
ponibles. identidad y narrativa vital, así como autogestionar
un desarrollo equilibrado y armónico que le con-
FINALE - Una psicomotricidad constructivista: duzca al bienestar personal.
Modelo de actuación 3.0. Como psicomotricistas creemos que el desarrollo y
La historia de nuestra disciplina ha discurrido entre el bienestar psicológico pasa por reencontrarnos
una psicomotricidad funcional enfocada a desarro- con el cuerpo que somos y con las huellas recogi-
llar destrezas motrices mediante actividades que das en nuestra memoria corporal, escuchando lo
mejoran la coordinación de movimientos, el equi- que relatan de nuestra identidad y narrativa vital.
librio o la destreza manual y una psicomotricidad Sin embargo, a lo largo de la historia de la Huma-
relacional enfocada a explicar e incidir en las diná- nidad, muchas culturas han educado en la nega-
micas inconscientes de las motivaciones humanas. ción del cuerpo y, por ello, muchas personas viven
La psicomotricidad constructivista adopta una de espaldas a sí mismos. En otras épocas, esto ha
perspectiva globalizadora del individuo como un tenido manifestaciones diversas que no vamos a
macrosistema biológico y, en coherencia con ello, abordar aquí; pero, en la actualidad además favo-
no asume el dualismo cartesiano que escinde el rece que muchos individuos queden atrapados en
cuerpo y la mente, entendiendo por tanto que las redes de la realidad virtual de sus dispositivos
ambos son una realidad única. electrónicos.
Somos un cuerpo modelado por una historia co- Una psicomotricidad constructivista no es sola-
lectiva e individual, un cuerpo que siente, piensa y mente una nueva forma de enfocar nuestra tarea
actúa construyendo una identidad propia. como profesionales del apoyo al desarrollo, sino
Un cuerpo que se autoconstruye como un todo y que representa una verdadera reconceptualización
vive una realidad armada sobre una historia con del ser humano desde una perspectiva multidimen-
contribuciones biológicas, sociales y vivenciales que sional e integradora, capaz de conectar el conoci-
se entretejen formando una red dinámica de sig- miento actual de las ciencias básicas con el interés
nificados que alimentan nuestra comprensión del de los psicomotricistas por la realidad cognitiva,

103
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
emocional y social del ser humano, una perspectiva
más consciente de la influencia de los contextos, al
- El uso de estándares de desarrollo prefijados.
- El uso de procedimientos protocolizados de in-
tiempo que más respetuosa y defensora de la au- tervención.
todeterminación y la capacidad creativa de cada Desde una perspectiva constructivista, las fronteras
persona (Hernández, 2021). entre lo educativo y lo terapéutico se difuminan,
Definimos el objetivo genérico de nuestra interven- porque se entiende que cada persona es única y
ción como el favorecer el desarrollo y el bienestar “lo normal” es la diversidad. Del mismo modo, la
de los usuarios. Entendiendo estos dos términos de edad u otras características del individuo no repre-
la siguiente forma (Hernández, 2019, 2021): sentan un límite para la intervención psicomotriz
- El desarrollo es un proceso autoconstructivo a sino unas circunstancias específicas que es preciso
partir de un programa genético que persigue opti- tener en consideración en la personalización de la
mizar la capacidad de adaptarse a un entorno di- misma.
námico de una forma autorregulada, siendo capaz Metodológicamente, el constructivismo promueve
de generar recursos propios y poner en marcha ac- la integración de distintos planteamientos de inter-
ciones funcionales para lograr la supervivencia y el vención conforme a la necesidad de cada indivi-
mayor bienestar posible en cada caso. duo. Si consideramos que cada persona es
- El bienestar es el indicador psicológico del ajuste irrepetible y la situamos como protagonista de su
en la interacción del individuo con su nicho ecoló- propio desarrollo y bienestar, no podemos preten-
gico y se apoya en los siguientes elementos: der un abordaje único en el apoyo que le brinda-
• Disponer de una teoría positiva, estable y mos, por lo que las técnicas psicomotrices deberán
funcional sobre uno mismo y la realidad. diversificarse y personalizarse.
• Sentirse autodeterminado. En algunos casos, las intervenciones pueden estar
• Disponer de recursos para progresar hacia basadas en el juego espontáneo y en otros en ac-
los propios objetivos vitales. tividades dirigidas, siempre que conservemos lo
• Poseer un balance emocional positivo en fundamental que es contemplar al individuo como
nuestro día a día. una realidad global que se transforma a sí mismo
• Disfrutar de vínculos afectivos significati- en base a las experiencias que acumula y asuma-
vos. mos que sus recursos y necesidades no responden
• Y, por último, jugar un papel social activo a un único patrón.
y bien valorado en nuestro entorno. Las estrategias personalizadas se determinarán
Entendiendo al ser humano como un macrosis- desde el sentido que tengan en la realidad que vive
tema biológico autoconstructivo, nos situamos cla- el sujeto. La nota distintiva del planteamiento cons-
ramente en favor de una intervención centrada en tructivista es precisamente que transfiere al propio
cada individuo, respetando que sea el dueño y pro- individuo el protagonismo de su desarrollo.
tagonista de su vida y renunciando a: Al no establecer protocolos cerrados, este modelo
- La colonización vivencial y conceptual del otro. da cabida a que actuaciones habitualmente utili-
- Encajar a las personas en taxonomías cerradas. zadas en psicomotricidad funcional y en psicomo-

104
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
tricidad relacional puedan integrarse en un pro-
yecto de intervención sin caer en el eclecticismo
es lo mismo, que sacuden nuestro sistema corporal
y a las que les atribuimos un significado valioso.
teórico sino en base a cómo se percibe a sí mismo Cuando la carga emocional tiene el nivel apro-
y qué precisa cada persona para impulsar y gestio- piado, cataliza el proceso de desarrollo logrando
nar su desarrollo y bienestar con autogobierno. los siguientes efectos:
Desde este punto de vista, la intervención del psi- • Favorece que la persona exprese su singularidad
comotricista puede incluir dos procesos fundamen- con más claridad, lo cual ayuda a interpretar los as-
tales que según el caso pueden darse solos o pectos más relevantes para nuestra intervención.
combinados: • También favorece que las experiencias vividas en
la sala sean más significativas para el propio usua-
1er. proceso - Diseño e implementación de rio, ayudándole a reconceptualizar sus percepcio-
experiencias de apoyo al desarrollo. nes, facilitando su flexibilidad adaptativa y la
No exige interacción directa del usuario con el psi- remodelación de su estructura conceptual y com-
comotricista, el cual asume la tarea de que la sala petencial.
se convierta en un entorno adaptado a sus necesi- • Cataliza el cambio de patrones emocionales, cog-
dades, le ofrezca vivencias que le permitan recono- nitivos y comportamentales.
cer lo que su memoria corporal expresa y le facilite • Favorece el desarrollo de las capacidades de au-
estimulantes oportunidades para gestionar su evo- torregulación y autogobierno.
lución personal. El psicomotricista debe ser capaz de diseñar y ges-
La sala de psicomotricidad es el prototipo de con- tionar la dinámica que se genera en la sala de psi-
texto constructivista de aprendizaje y desarrollo comotricidad a partir de sus propuestas. Para ello,
porque promueve que las personas se vean involu- creemos que debe disponer de un sólido dominio
cradas activamente en experiencias que le son sig- de la disciplina y del conocimiento científico sobre
nificativas y que poseen la suficiente carga emo- el desarrollo humano a fin de fundamentar sus ob-
cional para que contribuyan de forma relevante a servaciones e intervenciones. Del mismo modo, ha
su desarrollo. de poseer los recursos metodológicos necesarios
Experiencias autogestionadas que van a promover para abordar las siguientes funciones:
el uso de su creatividad y reflexión en la exploración - Valorar la memoria corporal y la estructura con-
de sus posibilidades y en la superación de sus difi- ceptual del usuario reconociendo las connotacio-
cultades, además de favorecer la expresión perso- nes emocionales y cognitivas de sus acciones,
nal y la interacción en grupo, como elementos que identificando su código de significados y su mo-
ayudan a construir la identidad individual. delo de realidad, incluidos aquellos elementos que
El impacto de estas experiencias en la sala de psi- no son conscientes.
comotricidad estará vinculado a la carga emocional - Ser capaz de diseñar experiencias que permitan a
que conlleven. Las personas sólo aprendemos y nos cada persona descubrir sus posibilidades y sus retos
transformamos de forma duradera y significativa a de desarrollo.
partir de experiencias que nos emocionan, o lo que - Apoyar su progreso autoconstructivo, personali-

105
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
zando el andamiaje que le brinda y permitiéndole
siempre que protagonice su proceso con autogo-
de la subjetividad del propio individuo, convirtién-
dose en un portal al pasado, presente y futuro de
bierno, ya que para que la intervención dé frutos, la persona y una oportunidad de crear, enriquecer
cada individuo deberá atribuir a sus experiencias y reconstruir patrones emocionales, de pensa-
en la sala un significado y un valor, encajándolas miento y comportamiento en un entorno que faci-
en su realidad personal y vincularlas a sus objetivos lita la expresión creativa y la autonomía de acción
vitales. de una forma segura y adaptable a las necesidades
- Mostrar una actitud respetuosa hacia el usuario y los recursos de cada persona.
sin prejuzgarle, ni establecer propósitos preconce- El psicomotricista puede establecer un diálogo in-
bidos, asumiendo su realidad como persona única, tersubjetivo con el usuario a través de una interac-
salvaguardando su subjetividad y valorando su evo- ción directa. Para ello, debe ser capaz de incorpo-
lución y sus logros. rarse como elemento significativo a sus distintas
- Ser capaz de gestionar la dinámica de la sala narrativas verbales y corporales.
como un sistema multidimensional, donde accio- Este diálogo intersubjetivo tiene una base funda-
nes, emociones y conceptualizaciones se generan, mentalmente no verbal y posee una semántica pla-
fluyen y se influyen mutuamente con las contribu- gada de influencias biológicas y socioculturales que
ciones de todos los presentes. se entremezclan dentro de la estructura conceptual
- Ser capaz de contribuir a un equipo de trabajo específica de cada individuo.
multiprofesional, comunicándose eficazmente con Desde nuestra perspectiva constructivista, el psico-
otros agentes de apoyo al desarrollo. motricista no debe imponer su marco conceptual,
La plasticidad que caracteriza la organización y la sino trabajar en el universo y con el código del
gestión de la sala de psicomotricidad así entendida usuario. Por ello, y dado el fuerte carácter idiosin-
hace que las experiencias que ofrece repercutan crático de la realidad personal de cada individuo,
globalmente en todos los aspectos del desarrollo: el psicomotricista no puede llevar a cabo una in-
neuronal, cognitivo, emocional y conductual. tervención rígidamente protocolizada frente a de-
terminados perfiles de necesidades como sucede
2do. proceso - Promover una evolución de la desde otras perspectivas.
realidad personal del usuario a través de una Su profesionalidad no gravita en torno a dominar
negociación de significados. un catálogo de actuaciones rígidamente asociadas
La sala de psicomotricidad es un extraordinario la- a las categorías de una determinada taxonomía
boratorio experiencial, donde los usuarios tienen la preestablecida, sino en caminar junto al usuario en
posibilidad de expresarse, reconocerse y reformu- la exploración de sus posibilidades de desarrollo
larse y donde todas las dimensiones de la experien- mediante un sutil proceso de carácter experiencial
cia humana quedan conectadas. y dialógico en el que se negocian significados. Esta
Este laboratorio experiencial permite observar y di- delicada tarea exige determinadas cualidades per-
namizar el producto de la integración de los deter- sonales:
minantes biológicos, socioculturales y los derivados - Ser un ejemplo de estabilidad emocional y viven-

106
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
cia corporal positiva. Su forma de estar en la sala
debe ser muy consciente y autorregulada. En ese
comotricista dialoga con cada individuo en una de-
licada negociación de significados que incluye as-
diálogo intersubjetivo que se genera a lo largo de pectos no verbales e inconscientes de la realidad de
su intervención, el psicomotricista no sólo debe cada persona. Dicha negociación de significados
saber escuchar, también debe ser consciente de lo está orientada a que el sujeto sea capaz de enrique-
que él mismo expresa, directa o metafóricamente. cer o reelaborar sus propias vivencias a través de:
Su expresión debe ser siempre intencional y orien- • Reenfocar su atención y modificar la inter-
tada a lo que precisa el desarrollo y bienestar de la pretación de los distintos factores.
persona. • Modificar la carga emocional de determi-
Su actitud general debe transmitir al usuario segu- nadas vivencias.
ridad, confianza, optimismo, vitalidad, curiosidad, • Crear y experimentar nuevas formas de ac-
actitud creativa y cuanto proceda según el caso tuar, de sentir y pensar.
particular para que el usuario se disponga o retome Para finalizar, debe afirmarse que, en los dos proce-
la autogestión de su desarrollo y bienestar, incluso sos descritos, la psicomotricidad posee un enorme
cuando se enfrente a circunstancias gravemente li- potencial como estrategia de apoyo al desarrollo
mitativas. ya que en ambos se ofrecen vivencias globales y
- Ser capaz de lograr ser aceptado como apoyo en significativas en lugar de palabras o psicofármacos
la superación de retos y obstáculos de desarrollo. como otros formatos de intervención.
Para ello el psicomotricista debe lograr tener un No obstante, a la psicomotricidad aún le queda ca-
valor dentro del universo personal del sujeto. Por mino que recorrer para integrar las distintas apor-
eso, al iniciar la interacción, el primer objetivo debe taciones a su corpus teórico con una perspectiva
ser construir un vínculo específico. Este vínculo es más global y actualizada y alcanzar el reconoci-
la base a partir de la cual se puede generar un es- miento en el ámbito social, científico y académico
pacio de intersubjetividad donde llevar a cabo una que merece. El constructivismo, como paradigma
negociación de significados. científico general, puede ser un gran soporte para
- Ser capaz de abrir un canal comunicativo multi- ello.
modal que permita la construcción de una inter-
subjetividad con el usuario. Para ello, debe: BIBLIOGRAFÍA
• Mostrarse accesible y capacitado para la • Ausubel, D. P. (1976). Psicología educativa. Un
interacción tónica y sensorio-motriz. punto de vista cognoscitivo. México: Ed. Trillas.
• Tener capacidad de adaptación al código • Barret, L. F. (2018). La vida secreta del cerebro:
personal de cada usuario con una clara Cómo se construyen las emociones. Barcelona:
consciencia de los significados atribuibles a Paidós
acciones e interacciones. • Berger y Luckman. (1968). La construcción social
• Poseer recursos para la gestión de las dis- de la realidad. Buenos Aires: Amorrortu.
tintas situaciones que se puedan producir. • Bruner, J.S. (1988) Desarrollo cognitivo y educa-
- Facilitar la evolución personal del usuario. El psi- ción. Madrid: Morata.

107
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Ángel Hernández Fernández: Psicomotricidad 3.0

NÚMERO

46 2021
• Capra, F. (1998). La trama de la vida. Barcelona:
Anagrama
• Piaget, J. (1971). Seis estudios de psicología. Bar-
celona: Barral.
• Claxton, G. (2016). Inteligencia corporal. Barce- • Piaget, J. (1977): Psicología del niño. Madrid:
lona: Plataforma Morata.
• Damasio, A R. (2011). El error de Descartes. Bar- • Rogers, C. (2000). El proceso de convertirse en
celona: Destino persona. Barcelona: Ed. Paidós
• De Waal, F. (2007). El mono que llevamos dentro. • Schrödinger, E. (2016). Mente y materia. Barce-
Barcelona: Tusquets lona: Tusquets Ed.
• Goodall, J. (1986): En la senda del hombre. Vida • Von Bertalanffy, L. (1976). Teoría General de los
y costumbres de los chimpancés. Salvat. Barce- Sistemas. México: Editorial Fondo de Cultura Eco-
lona. nómica.
• Hernández, A. (2016). Universos paralelos. El • Von Foerster, H. (2003). Understanding Unders-
juego de significados en la sala de psicomotrici- tanding. Essays on Cybernetics and Cognition.
dad. En Entre líneas, 32, 20-25 New York: Springer.
• Hernández, A. (2018). Las metáforas de la expre- • Vygotski, L. S. (1978). Mind in Society. Cam-
sión personal en psicomotricidad. En Revista Ibe- bridge, MA: Harvard University Press.
roamericana de psicomotricidad y técnicas corpo- • Vygotski, L. S. (1979). El desarrollo de los proce-
rales, 43, pgs. 8 -42 sos psicológicos superiores. Barcelona: Crítica.
• Hernández, A. (2019). Construir el bienestar psi- • Watzlawick, P. (2003). ¿Es real la realidad? Con-
cológico a través de la psicomotricidad. En Re- fusión, desinformación, comunicación. Barce-
vista Iberoamericana de psicomotricidad y téc- lona, Ed Herder.
nicas corporales, 44, 6 -25 • Watzlawick, P. (2008). Ficciones de la realidad.
• Hernández, A. (2021). Psicomotricidad construc- Realidades de la ficción. Estrategias de la comu-
tivista. Buenos Aires: Corpora Ediciones. nicación humana. Barcelona: Paidós
• Kelly, G. (1955). The psychology of personal • Weber, M. (2010). Conceptos sociológicos fun-
constructs. New York: Routledge damentales. Madrid: Alianza Editorial.
• Kohlberg, L. (1982). Los estadios morales y la mo-
ralización. Infancia y Aprendizaje, 18(2), 33-52.
• Llinas, R. (2003). El cerebro y el mito del yo. Bo-
gotá: Grupo Editorial Norma
• Maturana, H. (2009). La realidad: ¿objetiva o
construida? I. Fundamentos biológicos del cono-
cimiento. Barcelona: Anthropos
• Morris, D. (1969). El mono desnudo. Barcelona:
Plaza y Janes
• Patterson, F. y Linden, E. (1981). The Education
of Koko. New York: Holt, Rinehart and Winston

108
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO RECIBIDO:14/08/2022 - ACEPTADO:12/11/2021

46 2021
REFLEXIONES SOBRE LA INVESTIGACIÓN
EN PSICOMOTRICIDAD.
TESIS DOCTORALES DE PSICOMOTRICIDAD EN LAS
UNIVERSIDADES ESPAÑOLAS - PERÍODO 1979-2020.
REFLECTIONS ON RESEARCH IN PSYCHOMOTRICITY.
DOCTORAL THESES OF PSYCHOMOTRICITY IN SPANISH
UNIVERSITIES. PERIOD 1979-2020.
Juan Mila

DATOS DEL AUTOR

Juan Mila es Licenciado en Psicomotricidad (Universidad de la República Uruguay) y Doctor en Educación


(Universidad de Murcia, España). Es Director de la Licenciatura de Psicomotricidad y Director de la Carrera
de Especialización en Gerontopsicomotriciad de la Facultad de Medicina Universidad de la República,
Uruguay.
Dirección de contacto: psicomotricidad@juanmila.com.uy - www.juanmila.com.uy

RESUMEN ABSTRACT
Se trabajan los datos de las Tesis Doctorales aproba- This paper analyzes the data of PhD theses appro-
das en Universidades Españolas en el período com- ved in Spanish Universities in the years from 1979
prendido entre los años 1979 y 2020, cuyo tema de to 2020, with a research topic that is or is linked
investigación sea o esté vinculado a la Psicomotrici- to Psychomotricity. Their distribution is analyzed by
dad. Se analiza la distribución de las mismas por dé- decade, by topic, and by their author's gender.
cada, por tema, por género de la autora o autor.
KEYWORDS: Psychomotricity, Doctorate, Research
PALABRAS CLAVES: Psicomotricidad, Doctorado, in Psychomotricity.
Investigación en Psicomotricidad.

109
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
Entendemos al Psicomotricista (Licenciado en Psi-
comotricidad) como el profesional independiente,
cida y regulada por las autoridades sanitarias y de
educación, hecho que ha permitido que la forma-
especialista en Salud Mental y a la Psicomotricidad ción de grado universitario en Psicomotricidad se
como un ámbito de conocimiento específico que consolide como necesaria para la formación de Psi-
cuenta con un cuerpo teórico sólido y consolidado. comotricistas.
En los diversos niveles de intervención profesional Resulta cada vez más evidente para las y los psico-
que actualmente se desarrollan las y los Psicomo- motricistas la concreción de espacios de formación
tricistas (en diversos países europeos y latinoame- permanente, espacios específicos de formación en
ricanos) abarcan inúmeros niveles de intervención psicomotricidad, coincidimos con Rui Martins
en diferentes ámbitos como el de la educación, el cuando asevera que:
de la prevención y el de la salud.
“La identidad de la Psicomotricidad debe
“Los Psicomotricistas pueden intervenir en tener un desarrollo paralelo con la identidad
estos diferentes ámbitos a través de la me- del psicomotricista, y se espera que las di-
diación corporal y a través del movimiento. versas realidades nacionales puedan prose-
Por ese motivo, la Psicomotricidad cuenta guir para creación de una educación inicial
con un importante y sólido cuerpo concep- y de postgrado específica y autónoma en el
tual teórico propio, particular y delimitado ámbito de la educación superior, preferen-
y con técnicas de intervención profesional temente universitaria (Martins, 2016, p. 7).
de innegable especificidad. Además, tiene
en su haber un desarrollo disciplinar y pro- Son relevantes los avances en la posibilidad de for-
fesional inserto en contextos de intervención mación continua y permanente de las Psicomotri-
interdisciplinaria en los campos socio-sani- cistas en diferentes espacios universitarios y no
tario (preventivo, clínico) y socio-educativo”. universitarios en diversos países. Pero sin lugar a
(Mila, 2018, p 41) dudas las formaciones de postgrado a nivel Univer-
sitario ganaron y seguirán ganando espacio como
Se puede identificar un histórico período de trabajo opción de formación permanente a nivel profesio-
en la formación de Psicomotricistas realizado en es- nal y a nivel académico. Los Licenciados en Psico-
pacios no formales, no universitarios y sin recono- motricidad, que se desempeñan como docentes
cimiento del status profesional de las y los (Profesores) de Psicomotricidad en las Universida-
Psicomotricistas. Lentamente y a partir de la década des deben realizar estudios universitarios superiores
de los años 60 en Europa, Le Camus (1987), Fischer de Especialización Profesional, Maestrías y Docto-
(2000), Berruezo (2000, 2008), Giromini (2014) y rados.
de los 70 y 80 en Latinoamérica comienza la for- En la Figura 1 se ilustran las diversas opciones exis-
mación a nivel de grado Universitario de Psicomo- tentes de formación de postgrados Universitarios
tricistas Mila (2018). Son cada vez más los países para Licenciados en Psicomotricidad. Estas opcio-
donde la profesión del Psicomotricista es recono- nes no están presentes en todos los países y obvia-

110
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
mente tampoco en todas las Universidades, pero
se ha ido avanzando.
Psicomotricidad y el reconocimiento oficial de la
profesión del Psicomotricista no existen. Si existen
y ha habido muy sólidas formaciones de postgrado
universitario de especialización en Psicomotricidad
y Masters en Psicomotricidad Educativa y Terapéu-
tica.
A su vez, en las Universidades Españolas en el pe-
ríodo temporal comprendido entre el año 1979 y
el año 2020 se han realizado y defendido, 67 tesis
doctorales (tesis de investigación) sobre Psicomo-
tricidad. Las investigaciones plasmadas en estas
tesis doctorales tienen, como línea de investigación
las diversas temáticas y centros de interés de la Psi-
comotricidad como disciplina y como Profesión de
los Psicomotricistas.
Figura 1. Formaciones de Postgrado Universitario para
La mayoría de estas tesis doctorales han sido reali-
Psicomotricistas. Elaboración propia.
zadas en Facultades de Psicología o Pedagogía,
dado que aún no existe un Doctorado en Psicomo-
tricidad.
Tesis Doctorales de Psicomotricidad en las Analizamos la distribución de las tesis doctorales
Universidades Españolas (Período 1979-2020). en la línea del tiempo, los temas o líneas de inves-
A partir de la información recabada en la base de tigación, las franjas etarias objeto de las investiga-
Datos TESEO, y publicada por la Federación de Aso- ciones, diferentes colectivos que comprenden las
ciaciones de Psicomotricistas del Estado Español investigaciones, la distribución por sexo de los in-
(FAPee) (2021), siguiendo a Jiménez-Contreras, vestigadores, así como aspectos referentes a de los
Ruiz Pérez, Delgado, López-Cózar (2014) es posible Directores de Tesis y las Universidades.
trabajar y realizar diferentes niveles de reflexiones No hemos podido realizar un trabajo de segui-
sobre las tesis doctorales como indicador para ana- miento del impacto de las investigaciones realiza-
lizar la investigación y el estado de la misma en la das por ejemplo a través del número de citas o
Psicomotricidad. referencia como fuentes bibliográficas de las mis-
Es de señalar que no hemos encontrado trabajos mas en trabajos científicos o investigaciones pos-
de investigación sobre las tesis doctorales sobre Psi- teriores. (Sin dudas, en el futuro, esta puede ser
comotricidad ni en España ni en otros lugares del una excelente línea de investigación).
mundo, este hecho, ya por sí solo, puede ser to- Esperamos que el presente artículo aporte a la vi-
mado como un indicador del interés y de la situa- sualización del trabajo de investigación académica
ción de la investigación en la especialidad. y profesional en el campo de la Psicomotricidad de-
En España la formación de grado universitario en sarrollado en las Universidades Españolas y contri-

111
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
buya a que los investigadores de diferentes uni-
versidades de distintos países tomen impulso para
continuar investigando sobre la Psicomotricidad y
sobre el campo profesional de los Psicomotricistas.
En la Figura 2 y en la Figura 3 podemos objetivar
la distribución del número de Tesis Doctorales de
Psicomotricidad en las Universidades Españolas dis-
tribuidas por década. En la década que va de 1971
a 1980 solo se presentó una tesis doctoral, en la
siguiente década comprendida entre 1981 y 1990
este número ascendió a 7, en la década entre los
años 1991 y 2000 se realizaron 18 tesis doctorales,
Entre los años 2001 al 2010 el número de tesis de-
fendidas y aprobadas ascendió a 24, siendo la dé- Figura 3. Distribución de Número de Tesis por décadas.
cada con mayor producción. Del 2011 al 2020 se Elaboración Propia.
presentaron 17 tesis.

El tema de investigación que comprende a la In-


fancia es el más elegido, con 54 tesis, un 81% del
total. Esta prevalencia en la elección de la temática
de tesis es de alguna manera esperable, dada la in-
fluencia de la Escuela Francesa de Psicomotricidad
en los países de habla hispana, y dado que dicha
escuela tiene un fuerte interés y realiza una forma-
ción centrada en abordajes educativos y terapéuti-
cos en Psicomotricidad en Primera Infancia e
Infancia.
Un número de 5, es decir un 7% de los trabajos de
investigación están dedicados al ámbito de inter-
venciones con Adultos, algo que en cierta medida
Figura 2. Distribución de Número de Tesis por décadas.
Elaboración Propia.
sorprende dado que la inmensa mayoría de las/los
psicomotricistas tienen formación para el trabajo
en Infancias.
En la figura 4 y en la figura 5 se pueden observar Solo 3 (4%) de los trabajos de investigación están
la distribución por tema de investigación de las relacionadas con adultos mayores, como se ha se-
Tesis Doctorales en Psicomotricidad en la Universi- ñalado Vázquez, Mila (2018), la Gerontopsicomo-
dades Españolas. tricidad es una verdadera especialización de la

112
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
Psicomotricidad que ha crecido a nivel
académico y profesional desde los últi-
mos veinte años, pero aún cuenta con
pocos psicomotricistas especializados.
Otro 4%, un número de 3 del total de
Tesis Doctorales relevadas tiene como
línea de investigación la Formación Cor-
poral de las/los Psicomotricistas. Este es
un dato que marca cierta contradicción
entre el manifiesto reclamo de forma-
ción por vía corporal que estudiantes de
psicomotricidad y psicomotricistas ma-
nifiestan como necesidad en diferentes
países del mundo y el interés que des-
pierta la formación corporal como ob-
jeto de investigación. Sin lugar a dudas Figura 4. Distribución de Tesis Doctorales de Psicomotricidad en
resultan muy necesarias las investigacio- Universidades Españolas por temática. Elaboración Propia.
nes académicas sobre este espacio de
formación de grado, postgrado y de for-
mación permanente de los profesionales de la Psi- especializada que felizmente se ha ido revirtiendo
comotricidad. en los últimos veinte años mediante la edición de
Solo una tesis doctoral aborda las temáticas de los revistas y libros de Psicomotricidad.
adolescentes. Indudablemente las personas que Como se muestra en la Figura 6 la distribución por
transitan esta etapa del ciclo vital, atraviesan diver- sexo entre las autoras y los autores muestra cifras
sos cambios de su esquema corporal y de su ima- que arrojan casi una paridad entre mujeres y hom-
gen corporal, lo que hace absolutamente perti- bres. (A falta de información complementaria de-
nentes tanto la mirada psicomotriz como los abor- cidimos desagregar en mujeres y hombres, lo que
dajes psicomotrices socioeducativos, así como las no significa desconocer la realidad). Estas cifras
intervenciones psicomotrices terapéuticas. Esta per- merecen ser analizadas con detenimiento y debe-
tinencia de los abordajes psicomotrices no se refleja rían ser objeto de investigaciones específicas sobre
a nivel de las producciones psicomotrices académi- la temática de género. La Psicomotricidad, al igual
cas. de lo que sucede con la mayoría de las profesiones
Por último, se constata que solo una tesis doctoral de cuidados y ayuda son elegidas mayoritaria-
está destinada a la investigación a nivel de la revi- mente por mujeres, y de hecho existe una signifi-
sión bibliográfica de la especialidad. Esta situación cativa mayoría de mujeres Psicomotricistas. Esto no
habilita a la formulación de diversas hipótesis, una se refleja en las cifras de Doctoras y Doctores, lo
de ella ha sido la histórica carencia de bibliografía que abona a la hipótesis de que persisten las desi-

113
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
gualdades de oportuni-
dades de desarrollo
académico y profesio-
nal de las Psicomotricis-
tas en comparación
con los hombres. Tal
vez las causas sean las
mismas que la que se
observan en otros cam-
pos académicos y pro-
fesionales.
Es un hecho irrefutable
que el futuro de la Psi-
comotricidad y de los
Psicomotricistas de-
pende de los desarro-
llos académicos de
grado y postgrado uni-
versitario. Cobran sin-
gular relevancia los
avances que se puedan
consolidar a nivel de la
Figura 5. Distribución de Tesis Doctorales de Psicomotricidad en Universidades Espa- investigación disciplinar
ñolas por temática. Elaboración Propia. y para ello el ámbito
natural es el académico
universitario. Es imprescindible la formación per-
manente de los Psicomotricistas y dentro de esta la
formación de Psicomotricistas a nivel de Masters y
Doctorados donde se privilegia la creación y vali-
dación de conocimientos. Las Universidades Espa-
ñolas han posibilitado que los Psicomotricistas de
varios países atravesemos el camino de la práctica
profesional a la investigación.

Figura 6. Distribución de Tesis Doctorales de Psicomo- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


tricidad en Universidades Españolas por sexo de sus • Federación de Asociaciones de Psicomotricistas
autoras y autores. Elaboración Propia. del Estado Español (FAPee) (2021) Recuperado

114
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
Juan Mila: Reflexiones sobre la investigación en psicomotricidad. Tesis doctorales de psicomotricidad en las universidades españolas - Período 1979-2020

NÚMERO

46 2021
en https://psicomotricistas.es/publicaciones/tesis-
doctorales/
• Jiménez-Contreras, Evaristo; Ruiz Pérez, Rafael;
Delgado López-Cózar, Emilio (2014). El análisis
de las tesis doctorales como indicador evaluativo:
reflexiones y propuestas. Revista de Investigación
Educativa, 32(2), 295-308. Recuperado en
http://dx.doi.org/10.6018/rie.32.2.197401
• Martins, R. (2016). Desafíos da Psicomotricidade
numa sociedade em mudança: aportes da expe-
riencia europeia. En D. Campos, J. Mila y C. Fas-
sanella (Coord.), Psicomotricidade. Pensamentos
e Produçoes Ibero-americanos (pp.29-42). Forta-
leza: Imprece
• Mila, J. (2018). Los estudios de Psicomotricidad
en la Universidad de la República de Uruguay.
Percepción de las competencias sobre formación
corporal de los estudiantes. Tesis Doctoral. Uni-
versidad de Murcia. Recuperado de https://digi-
tum.um.es/digitum/bitstream/10201/61659/1/Te
sis%20MILA%20DEMARCHI%20.pdf

115
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NUEVAS PUBLICACIONES

NÚMERO

46 2021
Psicomotricidad constructivista

Ángel Hernández Fernández

La psicomotricidad no es solamente una disciplina de


apoyo educativo o terapéutico. La psicomotricidad su-
pone una reconceptualización del ser humano, conside-
rándole desde una perspectiva más globalizadora,
dinámica y personalizada que la habitual, dando más
valor a las emociones, al respeto hacia el individuo, a la
comunicación, a la creatividad y a reencontrarnos con
un cuerpo que siente, piensa y se desarrolla en interac-
ción con los demás.

A lo largo de su corta historia, la psicomotricidad ha de-


sarrollado muy diversos planteamientos prácticos y ha
realizado grandes esfuerzos para lograr acercamientos
integradores entre ellos, para conectarse con otras dis-
ciplinas y para extender su presencia en el apoyo a diver-
sos colectivos.

Se propone en esta obra un marco conceptual con soli-


dez científica que dé soporte a esos desafíos y que, al
mismo tiempo, responda a la forma actual de entender
al ser humano, su realidad emocional y la fundamenta-
ción neuropsicológica de su comportamiento.

Creemos que una relectura constructivista de la psico-


motricidad puede dar respuesta a esos retos e impulsar
el futuro de nuestra disciplina.

El constructivismo ofrece una nueva forma de compren-


der el desarrollo humano, recogiendo e integrando apor-
taciones de muy distintos campos científicos, desde la
física a la antropología. Esta perspectiva teórica está de-
trás de la aceptación normalizada de la diversidad en ap-
titudes, intereses, valores y estilos de vida y también está
detrás de concebir a la persona como protagonista de
su propia historia y de ofrecerle respeto y autonomía
para ello.

116
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NUEVAS PUBLICACIONES

NÚMERO

46 2021
La contención emocional en la intervención
psicomotriz relacional

Isabel Suárez de la Rosa


Miguel Llorca
Josefina Sánchez

Como psicomotricistas solo podemos atender a las ne-


cesidades del otro, comprendiendo antes nuestras pro-
pias necesidades. En tanto y en cuanto esta visión se
focaliza así, la persona es vista como poseedora de ten-
dencias positivas y en ese sentido tiene el irrenunciable
derecho y el deber de buscar su más alto nivel de armo-
nía y nosotros debemos orientar esa búsqueda.

En este libro podremos encontrar descripciones de las


conductas disruptivas (entre ellos agresividad y violencia)
que se presentan en la sala de psicomotricidad y las tres
modalidades de contención: verbal, con uso de material
y corporal, descritas muy claramente una por una.

[...] Es muy cotidiano hablar de contención. Tener la su-


ficiente Comprehensión Tónica Empática para realizarla
es otra cosa. En este libro hay ejemplos valiosos de esa
empatía y disponibilidad corporal, que los autores han
ejercido durante sus muchos años de práctica profesio-
nal.

La contención afectiva y emocional como estrategia en


Psicomotricidad Relacional trata de dar respuesta a esa
demanda de las carencias del cuerpo del otro, poniendo
el nuestro a su servicio para que sienta los límites de ma-
nera afectiva, como mencionan los autores.

del prólogo de Miguel Sassano

117
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NUEVAS PUBLICACIONES

NÚMERO

46 2021
Lecturas de cuerpos presentes

Alejandra Papandrea
José A. Rodríguez Ribas

Lecturas de cuerpos presentes es el resultado de un ex-


perimento de intercambios al modo de una auténtica
formación en psicomotricidad. Se dio lugar a un “entre
dos” del diálogo, a una reflexión pausada de los funda-
mentos que posibilitan un pensamiento y una práctica
psicomotriz. Una verdadera conversación acerca de las
corporeidades contemporáneas pero también de mo-
mentos de verdadero seminario sobre los principios clí-
nicos de todo tratamiento psicomotor y psicocorporal.

---------------

De las prologuistas:

¿Qué se ha inscripto en el cuerpo y que ha el cuerpo ins-


cripto de lo dicho?
Reflexiones entre disciplinas... Marcos y territorios espe-
cíficos.
Este es el gran desafío del libro, intento de unir para
comprender y de esa forma territorear especificidad, bor-
dear los abismos con la pasión de entrar de lleno y saber
salir de la profundidad más enlazados en su potencia.

Silvia Saal / Psicomotricista

No son sólo pensamientos sabios de familias conceptua- La pregunta sobre ¿qué es un cuerpo? recorre todo el
les y disertaciones interesantes, el libro está lleno de pis- libro y da cuenta de su gran poder evocador. Estas con-
tas y orientaciones del camino educativo y clínico a versaciones entre ambos, son el fruto de una investiga-
seguir para poder responder a las necesidades actuales ción exhaustiva y apasionada sobre el concepto de
en tiempos convulsos e inciertos y tener más que espe- cuerpo. [...] Se contornean en la conversación los diver-
ranza de ir hacia delante con pasos firmes y claros. sos cuerpos, cuerpos agujereados, cuerpos vaciados,
¿Nos acompañan? cuerpos horadados.

Iolanda Vives Peñalver / Psicomotricista y Psicóloga Gabriela Galarraga / Psicoanalista

118
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NUEVAS PUBLICACIONES

NÚMERO

46 2021
La psicomotricidad
Lazos entre teorías y prácticas

Débora Schojed

Colaboradores: Inés Barbeit - Ignacio Gómez Bianchi -


Matías Freiberg Kohan - Laura Menéndez - Carola Robles
- Paula Tosto

Este libro ha sido elaborado en tiempos de una pande-


mia que afecta a toda la humanidad. Entre la diversidad
de reflexiones de diferentes campos del conocimiento,
los psicomotricistas se han abocado al análisis y adecua-
ción profesional en función de distintas variables como
la virtualidad, contacto, espacio, tiempo entre otras. La
imperiosa lentificación de las instancias de la vida trajo
aparejada la posibilidad de la pausa que requiere la re-
flexión más o menos dificultada por la vorágine impuesta
en el mundo actual.

No es extraño que en este contexto Débora Schojed-Ortiz


solicite el concurso de colaboradores para una produc-
ción en Psicomotricidad. Movida siempre por inquietu-
des operantes se la ha visto desde hace más de cuarenta
años en los inicios y profundización de muchos proyec-
tos de nuestra disciplina. La distingue su actitud convo-
cante tanto como su experiencia clínica, docente y larga
trayectoria institucional.

Trazar lazos entre teorías y prácticas no es tarea sencilla.


Requiere de un equilibrio en continua construcción que
busca alejarse tanto del empirismo que absolutiza lo sen-
sorial como de la complacencia hacia una teoría con la
pretensión de explicarlo todo. Se trata de la praxis, que
sin renegar de un marco conceptual (dado por experien-
cia y formación) se dispone a la observación sin prejui-
cios.

Fragmentos del Prólogo de Ernesto Ferreyra Monge)

119
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NORMAS DE PUBLICACIÓN

NÚMERO

46 2021
Normas de publicación

Aspectos formales:
Los trabajos se enviarán por correo electrónico a la Normas de Publicación
Revista Iberoamericana de Psicomotricidad y Técni- • En ningún caso se utilizará el subrayado o la ne-
cas Corporales (juanmila51@hotmail.com; mi- grita para hacer los resaltes de texto, que se harán
lajl@adinet.com.uy; msassano@fibertel. com. mediante el uso de letra cursiva. Los epígrafes o
ar y revistaiberopsicomotricidad@gmail.com) apartados se harán utilizando mayúsculas y ne-
como «adjuntos» (attach files) mediante un archivo grita, para el primer nivel y minúscula y negrita
con el texto del artículo, bibliografía, palabras para los siguientes niveles, que habrán de nume-
clave, resumen, abstract, key words, datos del rarse correlativamente. Las comillas se reservan
autor y tantos archivos como imágenes o gráficos para señalar las citas textuales.
hayan de incorporarse al artículo, cumpliendo los • El artículo comenzará con el título en mayúsculas
siguientes requisitos formales: y centrado. Bajo el título, igualmente centrado,
• El artículo habrá de ser original; no habrá sido aparecerá el título en inglés, así como el nombre
publicado previamente en ningún medio escrito o del autor o autores del artículo.
electrónico, como artículo de revista, como parte • Al final del trabajo se incluirán los siguientes
de un libro o página web, o en las actas de alguna apartados:
reunión científica (congreso, coloquio, simposio,
jornadas ... ). - NOTAS: Las notas aclaratorias al texto se señala-
• Estará escrito en español o portugués y se en- rán en el mismo mediante una numeración en
viará, preferiblemente, en formato de Microsoft forma de superíndice, pero su contenido se presen-
Word (DOC). Los gráficos se deberán ubicar en el tará al final del texto, de manera consecutiva y no
lugar correspondiente. a pie de página.
• Los trabajos serán presentados en formato de pá-
gina A4, orientación vertical, en espaciado simple, - BIBLIOGRAFÍA: Referencias bibliográficas utiliza-
con márgenes de 2,5 cm (superior, inferior, dere- das en el artículo (sólo las que han sido citadas) or-
cho e izquierdo), sin encabezados, ni pies, ni nu- denadas alfabéticamente por apellido del autor y
meración de páginas. siguiendo los criterios normalizados (ver detalles
• El tipo de letra será de formato Times (Times, más adelante). En el texto las citas se hacen con la
Tms o Times New Roman), de tamaño 12 pt. Los referencia del autor, el año y la página entre parén-
párrafos no tendrán sangrías de primera línea y es- tesis (Autor, año, página).
tarán justificados a ambos lados, sin corte de pala-
bras con guiones al final de las líneas. - RESUMEN: Se hará un resumen del texto que no

120
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NORMAS DE PUBLICACIÓN

NÚMERO

46 2021
exceda de 150 palabras donde se exprese su obje-
tivo y desarrollo.
debe darse el crédito del autor; bien mediante un
paréntesis donde apareza el apellido y la fecha de
publicación, separado por comas, o bien poniendo
- ABSTRACT: Traducción al inglés del resumen re- entre paréntesis el año, si el apellido del autor apa-
alizado previamente. rece en el texto.
- Al final del documento se añadirá el listado de las
- PALABRAS CLAVE: Descriptores del trabajo que referencias bibliográficas correspondientes a las
presenta el artículo, no más de 10 términos. citas incluidas en el texto. La estructura de las refe-
rencias bibliográficas es la siguiente (prestar aten-
- KEY WORDS: Traducción al inglés de las palabras ción a los signos de puntuación):
clave. - Para libros: Apellidos, Iniciales del Nombre. (Año).
Título del libro. Ciudad de publicación: Editorial.
- DATOS DEL AUTOR: Relación breve de datos pro- - Para artículos de revistas: Apellidos, Iniciales del
fesionales (ocupación, lugar de trabajo, categoría Nombre. (Año). Titulo del artículo. Título de la Re-
profesional, trayectoria científica, experiencia, etc.) vista, volumen (número), páginas.
añadiendo una dirección e-mail de contacto. - Para capítulos de libros: Apellidos, Iniciales del
• El artículo no excederá de 30 páginas. Nombre. (Año). Título del capítulo. En Iniciales del
• Las tablas, gráficos o cuadros deberán reducirse Nombre. Apellido (ed-s.). Título del libro, (pp. pá-
al mínimo (al tamaño real de presentación en la pá- ginas). Ciudad de publicación: Editorial.
gina) y, como ya se ha dicho, se presentarán en fi- - Para documentos electrónicos: Apellidos, Iniciales
cheros independientes. En el texto se indicará del Nombre. (Año). Título del documento [Online].
claramente el lugar exacto donde vayan a estar ubi- Disponible en http://www ... [consultado en fecha
cados de la siguiente manera: [GRÁFICO 1]. (dd/mm/aaaa)].
• La Revista Iberoamericana de Psicomotricidad y El Consejo de Redacción se reserva la facultad de
Técnicas Corporales adopta básicamente el sistema introducir las modificaciones formales que consi-
de normas de citación propuesto por la A.P.A., en dere oportunas en la aplicación de las normas an-
su última versión disponible. Para hacer referencia teriores, sin que ello altere en ningún caso el
a las ideas de otras personas en el texto, conviene contenido de los trabajos.
tener en cuenta lo siguiente:
- Todas las citas irán incorporadas en el texto, no a Temática:
pie de página ni al final, mediante el sistema de Se aceptarán artículos cuya temática se refiera a
autor, año. Si se citan exactamente las palabras de cualquiera de los aspectos teóricos o prácticos de
un autor, éstas deben ir entre comillas y al final de la psicomotricidad en sus diferentes campos de
las mismas se pondrá entre paréntesis el apellido aplicación, así como a la presentación de experien-
del autor (o autores), el año de la publicación y el cias o conceptualizaciones en el desarrollo de la
número de la página separado por comas. psicomotricidad o de cualquier técnica corporal de
- Cuando se utilice una paráfrasis de alguna idea, carácter educativo o terapéutico que pueda com-

121
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46
NORMAS DE PUBLICACIÓN

NÚMERO

46 2021
plementar la formación o el conocimiento de quie-
nes se interesan por el mundo de la psicomotrici-
dad, la actividad motriz o el movimiento como
instrumento educativo o terapéutico.
El contenido de los artículos deberá estar organi-
zado de la siguiente forma:
• Para trabajos de investigación: Introducción, Mé-
todo, Resultados, Discusión.
• Para trabajos de revisión teórica: Introducción y
planteamiento del tema, Desarrollo, Conclusiones.
• Para trabajos de experiencias: Introducción, Mé-
todo, Valoración.

Admisión de artículos:
Cada artículo recibido se enviará a tres expertos
que informarán sobre la relevancia científica del
mismo. Dicho informe será absolutamente confi-
dencial. Se informará a los autores de las propues-
tas de modificación o mejora recibidas de los
evaluadores, que condicionen su publicación.
En caso de que dos de los informes solicitados sean
favorables, el Consejo de Redacción decidirá su pu-
blicación y se notificará al autor o autores la fecha
prevista.

Artículos publicados:
La Revista Iberoamericana de Psicomotricidad y
Técnicas Corporales no abonará cantidad alguna a
los autores por la publicación de sus artículos.
La Redacción no se responsabiliza de las opiniones
expresadas en los artículos, por tanto serán los au-
tores los únicos responsables de su contenido y de
las consecuencias que pudieran derivarse de su pu-
blicación.

122
ISSN: 1577-0788 / AÑO 2021 - Nro. 46

También podría gustarte