Está en la página 1de 3

CONCLUSIÓN

D E L CAOS AL CEREBRO

Sólo p e d i m o s u n p o c o d e o r d e n para protegernos del caos.


N o hay cosa q u e resulte más dolorosa, más angustiante, q u e u n
p e n s a m i e n t o q u e se escapa d e sí m i s m o , que las ideas que
h u y e n , q u e d e s a p a r e c e n apenas esbozadas, roídas ya por el ol-
v i d o o precipitadas e n otras ideas q u e t a m p o c o d o m i n a m o s . Son
variabilidades i n f i n i t a s cuyas desaparición y aparición coinci-
d e n . Son v e l o c i d a d e s infinitas q u e se c o n f u n d e n c o n la i n m o v i -
lidad d e la n a d a inc&lora y silenciosa q u e recorren, sin natura-
leza n i p e n s a m i e n t o . E s el instante del q u e n o sabemos si es de-
m a s i a d o largo o d e m a s i a d o c o r t o para el tiempo. R e c i b i m o s la-
tigazos q u e restallan c o m o arterias. I n c e s a n t e m e n t e extraviamos
nuestras ideas. P o r este m o t i v o nos e m p e ñ a m o s t a n t o e n aga-
r r a r n o s . a o p i n i o n e s establecidas. Sólo pedimos q u e nuestras
ideas se c o n c a t e n e n d e a c u e r d o c o n un m í n i m o d e reglas cons-
tantes, y jamás la asociación d e ideas ha t e n i d o o t r o sentido, fa-
cilitarnos estas reglas protectoras, similitud, contigüidad, causa-
lidad, q u e nos p e r m i t e n p o n e r u n p o c o d e orden en las ideas,
pasar d e una a o t r a d e a c u e r d o con un o r d e n del espacio y del
t i e m p o , que i m p i d a a n u e s t r a «fantasía» (el delirio, la locura) re-
c o r r e r el u n i v e r s o e n u n instante para e n g e n d r a r d e él caballos
alados y d r a g o n e s d e fuego. P e r o no existiría un p o c o de orden
e n las ideas si n o h u b i e r a t a m b i é n en las cosas o estado d e cosas
u n anticaos objetivo: «Si el cinabrio f u e r a ora rojo, ora negro,
ora ligero, ora pesado..., m i imaginación n o encontraría la oca-
sión d e recibir e n el p e n s a m i e n t o el p e s a d o cinabrio con la re-

202
p r e s e n t a c i ó n del c o l o r rojo.»' Y p o r ú l t i m o , c u a n d o se p r o d u c e
el e n c u e n t r o d e las cosas y el p e n s a m i e n t o , es necesario q u e la
sensación se r e p r o d u z c a c o m o la garantía o el t e s t i m o n i o d e su
acuerdo, la s e n s a c i ó n d e pesadez c a d a vez q u e s o p e s a m o s el ci-
nabrio, la d e rojo c a d a vez q u e lo c o n t e m p l a m o s , ' c o n n u e s t r o s
órganos d e l c u e r p o q u e n o p e r c i b e n el p r e s e n t e sin i m p o n e r l e
la c o n f o r m i d a d c o n el pasado. T o d o e s t o es .lo q u e p e d i m o s
para forjar nos una opinión, c o m o u n a especie d e «paraguas» q u e
nos proteja d e l caos.
D e t o d o e s t o se c o m p o n e n n u e s t r a s o p i n i o n e s . P e r o el a r t e ,
la ciencia, la filosofía e x i g e n algo más: trazan planos e n el caos.
Estas tres d i s c i p l i n a s n o son c o m o las religiones q u e i n v o c a n di-
nastías d e dioses, o la e p i f a n í a d e u n ú n i c o dios para p i n t a r s o b r e
el paraguas u n firmamento, c o m o las figuras d e u n a U r d o x a , d e
la que d e r i v a r í a n n u e s t r a s o p i n i o n e s . La filosofía, la c i e n c i a y el
arte q u i e r e n q u e d e s g a r r e m o s el firmamento y q u e n o s s u m e r j a -
m o s en el caos. S ó l o a este p r e c i o le v e n c e r e m o s . Y tres, veces
vencedor c r u c é el A q u e r o n t e . E l filósofo, el científico, el artista
parecen r e g r e s a r del país d e los m u e r t o s . L o q u e el filósofo t r a e
del caos s o n u n a s variaciones q u e permanecen infinitas, p e r o
convertidas e n i n s e p a r a b l e s , e n u n a s superficies o e n u n o s v o l ú -
menes absolutos q u e trazan u n p l a n o d e i n m a n e n c i a s e c a n t e : ya
n o se.trata d e asociaciones d e ideas diferenciadas, s i n o . d e r e c o n -
catenaciones p o r z o n a d e i n d i s t i n c i ó n e n u n c o n c e p t o . E l c i e n t í -
fico trae d e l caos u n a s variables c o n v e r t i d a s en i n d e p e n d i e n t e s
p o r desaceleración, es decir p o r e l i m i n a c i ó n d e las d e m á s varia-
bilidades c u a l e s q u i e r a susceptibles d e interferir, d e tal m o d o q u e
las variables c o n s e r v a d a s e n t r a n bajo unas relaciones d e t e r m i n a -
bles en u n a f u n c i ó n : ya n o se trata d e lazos d e p r o p i e d a d e s e n las
cosas, s i n o d e c o o r d e n a d a s finitas en u n p l a n o secante d e refe-
rencia q u e v a d e las p r o b a b i l i d a d e s locales a una c o s m o l o g í a glo-
bal. El artista t r a e del caos u n a s variedades q u e ya n o c o n s t i t u y e n
una r e p r o d u c c i ó n d e lo sensible e n el ó r g a n o , sino q u e e r i g e n u n
ser de lo sensible, u n ser d e la sensación, e n u n p l a n o d e c o m p o -
sición a n o r g á n i c a c a p a z d e v o l v e r a dar lo infinito. L a l u c h a con

1. Kant, Critica de la ratón pura, Analítica, «De la síntesis de la reproduc-


ción en la imaginación».

203
el caos q u e C é z a n n e y K l e e han m o s t r a d o en acción en la pin-
tura, en el corazón de la p i n t u r a , v u e l v e a surgir de otra manera
en la ciencia, en la filosofía: s i e m p r e se trata d e vencer el caos
m e d i a n t e u n p l a n o secante q u e l o atraviesa. El pintor pasa por
u n a catástrofe, o p o r u n arrebol, y deja s o b r e el lienzo el rastro
d e este paso, c o m o el del salto q u e le lleva del caos a la c o m p o -
sición. 1 Las propias ecuaciones m a t e m á t i c a s n o gozan de una
c e r t i d u m b r e apacible q u e sería c o m o la sanción de una opinión
científica d o m i n a n t e , sino que salen de u n abismo q u e hace q u e
el m a t e m á t i c o «salte a pies juntillas sobre los cálculos», prevea
o t r o s q u e n o p u e d e e f e c t u a r y n o alcance la verdad sin «darse
g o l p e s a u n o y o t r o lado». 2 El p e n s a m i e n t o filosófico n o r e ú n e
sus c o n c e p t o s d e n t r o d e la a m i s t a d sin estar también atravesado
p o r u n a fisura q u e los r e c o n d u c e al o d i o o los dispersa en el
caos existente, d o n d e hay q u e r e c u p e r a r l o s , buscarlos, dar u n
salto. E s c o m o si se echara u n a red, p e r o el pescador siempre
c o r r e el riesgo d e verse a r r a s t r a d o y e n c o n t r a r s e en m a r abierto
c u a n d o p e n s a b a llegar a p u e r t o . Las tres disciplinas p r o c e d e n
p o r crisis o sacudidas, d e m a n e r a d i f e r e n t e , y la sucesión es l o
q u e p e r m i t e hablar d e «progresos» e n c a d a caso. Diríase q u e la
lucha contra el caos n o p u e d e d a r s e sin afinidad con el e n e -
m i g o , p o r q u e hay otra l u c h a q u e se desarrolla y adquiere mayor
i m p o r t a n c i a , contra la opinión q u e p r e t e n d í a n o obstante prote-
g e r n o s del p r o p i o caos.
E n u n t e x t o v i o l e n t a m e n t e p o é t i c o , L a w r e n c e describe lo
q u e h a c e la poesía: los h o m b r e s i n c e s a n t e m e n t e se fabrican u n
p a r a g u a s q u e les resguarda, e n cuya p a r t e inferior trazan un fir-
m a m e n t o y escriben sus c o n v e n c i o n e s , sus opiniones; p e r o el
p o e t a , el artista, practica u n c o r t e e n el paraguas, rasga el pro-
p i o f i r m a m e n t o , para d a r e n t r a d a a u n p o c o del caos libre y
v e n t o s o y p a r a e n m a r c a r e n u n a luz r e p e n t i n a una visión q u e
s u r g e a t r a v é s d e la rasgadura, p r i m a v e r a d e W o r d s w o r t h o
m a n z a n a d e C é z a n n e , silueta d e M a c b e t h o d e Acab. E n t o n c e s

1. Sobre Cézanne y el caos, cf. Gasquct, en Convenatiom avec Cézanne,


sobre KJcc y el caos, cf. la «note sur 1c point gris» en Théorie de Vari moderne,
lid. G o n t h i e r . Y los análisis de Hcnri Maldincy, Regará Parole Eipace, Éd.
L'Agc d ' h o m m c , pág?. 150-151, 183-185.
2. Galois, en Dalmas, Evarisíe Galois, págs. 121, 130.

204

También podría gustarte