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Resumo
O diagnóstico de distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção
(DHDA) precisa ser feito a partir de critérios bem definidos,
bem como o de co-morbidade coexistente, já que há respostas
terapêuticas diferentes em uma e outra condição. O tratamento
específico por curto prazo com metilfenidato em crianças e ado-
lescentes com DHDA parece controlar os sintomas centrais da
doença, às custas de alguns efeitos adversos que comprometem o
desenvolvimento estaturoponderal dos pacientes. Sugere-se haver
benefício com abordagem conjunta de medicamentos e terapia
psicológica e comportamental. A eficácia em adultos é menos evi-
dente, e riscos de longo prazo não foram devidamente investigados
em qualquer faixa etária. Pelas evidências consideradas, a terapia psicoestimulante nesta condição tem
indicação estrita e restrita nas situações investigadas. Não constitui panacéia para controle de algumas
manifestações clínicas (hiperatividade, desatenção) que podem ocorrer inclusive em crianças normais.
Tampouco pode ser feita por longo tempo sem monitorizar eventuais riscos.
Introdução
*Lenita Wannmacher é professora de Farmacologia Clínica, aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente da Universidade de Passo Fundo, RS.
Atua como consultora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da ENSP/FIOCRUZ para a questão de seleção e uso racional de medicamentos. É membro do Comitê de
Especialistas em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da OMS, Genebra, para o período 2005-2009. É autora de quatro livros de Farmacologia Clínica.
Conclusão
As evidências sobre o tratamento de DHDA com metilfenidato são maiores em crianças e adolescentes que
em adultos, em indivíduos que têm a doença isolada em comparação aos que apresentam co-morbidades,
em seguimentos de curto prazo em relação aos de longo prazo, em comparações com placebo em vez
de com outros fármacos. Os estudos geradores de evidências têm metodologia pobre, em geral, e baixa
capacidade de generalização. Frente a alguns riscos comprovados, é necessário fazer um balanço entre
benefício e risco antes de prescrever o medicamento, principalmente quando se estima ser o tratamento
requerido por longo tempo.
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