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Resumo: O objetivo dessa pesquisa foi averiguar de que forma a interculturalidade tem interferido sobre costumes
tradicionais e sobre o uso da Língua Terena dos indígenas da Aldeia Aldeinha localizada no município de Anastácio,
MS. Foram levantadas as causas que levaram ao desinteresse pelo uso da Língua Terena e formas de revitalizá-la,
pois, se a língua deixa de ser falada, morre também a história de um povo.
Palavras-chave: Urbanização. Língua terena. Aldeia Aldeinha.
Abstract: The aim of this study was to investigate in order to interculturality has interfered on traditional customs
and usage of the language of the indigenous Terena Aldeinha Village located in the municipality of Anastasius,
MS. Raised were the causes that led to disinterest in the use of the Terena language and ways of revitalizing it, as
if language no longer spoken dies also the story of a people.
Key words: Urbanization. Terena language. Aldeinha Village.
Résumé: Le but de cette étude était d’étudier en vue de l’interculturalité s’est immiscé sur les coutumes tradition-
nelles et l’utilisation de la langue du village indigènes de Terena Aldeinha situé dans la municipalité d’Anastase,
MS. Soulevées étaient les causes qui ont conduit à un désintérêt à l’utilisation de la langue Terena et les moyens de
revitaliser, comme si la langue n’est plus parlée meurt aussi l’histoire d’un peuple.
Mots-clés: Urbanisation. La langue terena. Village Aldeinha
Resumen: El objetivo de este estudio fue investigar con el fin de la interculturalidad ha interferido en las costum-
bres tradicionales y el uso de la lengua de los indígenas del pueblo Terena Aldeinha ubicada en el municipio de
Anastasio, MS. Criado fueron las causas que llevaron a la falta de interés en el uso de la lengua Terena y las formas
de revitalizar, como si el lenguaje ya no se habla se muere también la historia de un pueblo.
Palabras clave: Urbanización. Terena lengua. Pueblo Aldeinha.
meio da catequese, e de lá para cá começou busca de uma nova forma de vida, deixando
o declínio do uso da Língua Tupi. A língua de passar para as gerações seguintes a sua
é a identidade do povo e deve ser mantida, cultura e a lembrança de quem realmente é,
assim como sua cultura. A língua indígena foi como tentativa de preservar sua raiz cultural.
aproveitada na exploração das terras brasilei- Em relação a isso, Limbert (2009, p. 26)
ras e na evangelização. Por meio do coopera- comenta: “são índias com calça de braguilha
tivismo, os jesuítas aprenderam a língua dos e índios de tênis, calção e colar. Descarac-
indígenas ajudando a desbravar o território e terizados, só lhe restaram de genuínas a
a nomear plantas, animais, entre outras coisas aparência física (herança genética) e a língua
desconhecidas pelos novos moradores neste (herança cultural)”, ou seja, tanto os Terena
continente (MELO, 1981). como outras etnias passam pelo processo de
Em função de muitas perdas durante o descaracterização, em função do não exercer
processo de colonização, hoje o governo brasi- sua cultura, o risco é o de sobrar apenas a
leiro reconhece e devolve aos povos indígenas semelhança genética como lembrança.
direitos garantidos na Constituição Brasileira Dessa forma, um dos aspectos mais
de 1988, no Artigo 231. Embora a lei assegure fortes que contribuíram para que os indíge-
a autonomia dos povos indígenas em relação nas deixassem de falar a língua materna foi
à cultura, a tradições e uso da língua materna, a questão territorial que, consequentemente,
na prática, o indígena ainda continua sendo levou à miscigenação cultural. É natural que,
alvo de preconceito na sociedade, sendo taxa- no decorrer dos anos, a sociedade passe por
dos como alcoólatras, preguiçosos, suicidas, mudanças em seu cotidiano uma vez que a
estupradores e bugres. O preconceito talvez cultura é dinâmica. Mas essas mudanças tra-
seja um dos motivos da não utilização da zem aspectos negativos como a vergonha de
língua materna e da não prática da cultura falar Língua Terena, e a não prática da cultura
indígena pelos jovens na aldeia, na tentativa indígena pelos jovens da aldeia Aldeinha.
de serem aceitos pela sociedade envolvente, Segundo Maria (2011, p. 28), “as socie-
como verificado nas entrevistas. dades indígenas são ágrafas. Por não possu-
Outro fator histórico que influenciou írem a escrita alfabética, transmitiam seus
a cultura e contribuiu para perda de terri- conhecimentos e saberes através da oralidade,
tório foi a Guerra do Paraguai (1864-1870). contando histórias, comunicando e perpetuan-
Com a guerra, houve perda da maior parte do a herança cultural de geração em geração”.
do território Terena para não indígenas Mas os indígenas jovens da Aldeinha, de certa
(BITTENCOURT; LADEIRA, 2000). forma, se sentem acanhados em falar a Língua
Vargas (2008) comenta sobre o conceito Terena, como apontado no questionário apli-
de territorialidade para o Terena. Segundo a cado na comunidade. Até mesmo o fato de
autora, a população tem que se sentir parte do não ter uma família falante contribuiu para
território, conservar o lugar em que nasceu, que eles não falem a língua materna.
criar um elo com sua terra. Todo ser humano Segundo a Constituição Brasileira de
valoriza o lugar onde nasceu e criou raízes, 1988, em seu artigo 210“[...] é assegurada às
seja ele no urbano ou no rural. Hoje muitas comunidades indígenas [...] a utilização de
aldeias se encontram cercadas por grandes fa- suas línguas maternas e processos próprios
zendas onde o espaço já não é tão grande para de aprendizagem”. Dessa forma, é assegu-
cultivo de subsistência. A pequena produção rado o direito aos indígenas de manter todas
colhida está sendo levada para a cidade, onde as suas tradições e sua língua por meio do
é vendida de porta em porta ou em lugares ensino escolar e, portanto, se faz necessária a
determinados, como feira dos índios, como motivação, a luta pela valorização de nossas
ocorre com os indígenas da aldeia Limão tradições e a revitalização da língua materna.
Verde no município de Aquidauana, MS.
Percebe-se que, além da interferência 2 Caracterização do local da pesquisa
da sociedade envolvente, o próprio indígena
Terena tem sua parcela de culpa quando mi- A Aldeia Aldeinha possui 80 residên-
gra de cidade em cidade, não valorizando a cias e um total de 321 moradores, segundo
terra, abandonando sua aldeia de origem em a FUNASA (BRASIL, 2010). Localizada no
de defesa do território e resistência contra essa redor do povo indígena da aldeia aldeinha, o
invasão foi difícil, pois os indígenas só possu- crescimento urbano e, com isso, os confrontos
íam como armas paus e pedras enquanto os culturais. Ainda na gestão do Cacique Pedro
pernambucanos tinham armas de fogo. Jorge, os indígenas conseguiram reaver al-
A partir dessa tomada de terras in- guns dos lotes então tomados, recuperando,
dígenas pelos não indígenas, iniciou-se, ao dessa forma, parte do território (mapa, 3).
Aldeia Aldeinha
Anastácio - MS
10 11 12 13 14 15 16 17 18 07 08
4 13 4 13
161 160
C
154
1 2 3 4 5 6 7 8 9 01 02 10 20
Projetada
7 16 7 16
11 10 9 8 7
ÁREA REMANESCENTE 6 5 4
10 11 12 13 14
Q-F15 16 17 18 8 9 17 18 8 9 17 18
SUBPARCELA - 25 9 8 7 3 2 1
Servidão Particular
15 14 13 12 11 2
6 5 4 3
140
Santos
8
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
D
3 4 5 6 7 B C
124 125
4 14
15 14 13 12 11
3 15
5 6 7 8 9 10 11 12 13
2 16
10
1 17
rte
7 9
122 123
121 8
No
3 4 5 6 7
Curicaca
10
22
15
6 9
23
14
115 8
13 24
Rua Ademar dos Santos
3 4 5 6 7 12
25
Rua Severino Batista
11
97 98 99 10
100 26
27
9
Rua João Teodoreto da Costa
15 14 13 12 11
96 10
7
29
5 9
6 30
5 4 3 2 1
3 4 5 6 7
Rua 27 de julho
15 14 13 12 11 E. Mun. Vila 5
Guilhermina Umbelina 4
6
81 10
82 7
4 9
(Aldeinha) 83 84 85 VII 8
8 3
9
2 12 11
3 4 5 6 7
10
1
Rua Severino Batista
15 14 13 12 11
Alves
José
Área
6 10
8
10
62 63 Área 5
65
11
61 Remanescente
3 9
(Aldeinha) (Aldeinha) Solon
João de Lima
64 4
V
12
8
3
13
15
2
3 4 5 6 7
14
1
8
Área Remanescente
8
21 6
6
19 16 15 12 11 8
42
10 22 5
5
46
2 9
43 44 23
45 4
4 III
8 24 3
3
18 17 14 13 10 9
25 2
2
3 4 5 6 7
26 1
1
Travessa Ragalzi
"A"
15 14 13 12 11
Vila B1 B2 B3
São Severino B4
27 10
1 9
28 29
30 31
I
8
1
Rua Ademar dos Santos
3 4 5 6 7
Rua Severino Batista
Av Manuel Murtinho
Vila 8 9 10 11 12 13 16 17 18 12 13 14 18 19 20
Santos 6 7 14 15
15 16 17
5 4 3 2 1
Dumont 11 10 19 11
9
21
7 8
15 16
13 12 9
14 20 10 22
Q. 13A
5 4 5 4
3 2 1 8 7 6 3 2 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Escala 1:5000
Legenda
Aldeia Aldeinha
Anastácio - MS
Escala 1:5000
Norte
co
Né
dio
Ín
a
Ru
Ru
a
Ce
l.
Po
os nc
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e
Sa
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ld 63
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Jo
s
tin
a
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M
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la
ou
G
air
Ad
a
Ru
Legenda
Aldeia Aldeinha
4 Resultados
Gráfico 3 – O que acha da localização da
Para o levantamento de dados, foi re-
Aldeia em que vive?
alizada uma pesquisa de campo na Aldeia Fonte: Pereira, 2009.
Aldeinha com visita aleatória aos domicílios
para a aplicação dos questionários. Abaixo Das 50 pessoas entrevistadas, 30 delas
se encontra a tabulação dos resultados das
consideram boa a localização, 19 pessoas
entrevistas, apresentados em gráficos.
acham-na regular e uma pessoa a considera
ruim. A maior parte dos domicílios visitados
12%
considera como boa a localização da Aldeia
devido à proximidade com as casas comer-
32% ciais, posto de saúde, farmácia e pelo fato de
sim algumas ruas da Aldeia já possuírem rede
não de esgoto.
de vez em quando
2%
56%
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