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[2]
Conta uma lenda fundadora de Seixas (V. N. de Foz-Côa), o seguinte:
Numa gruta rupestre situada no lado poente do sopé dum penhasco que coroa o
monte denominado «Samartinho» (santo padroeiro e herdeiro dos cultos fálicos das
festas dionisíacas do vinho novo) fazia o ninho uma cobra gigante chamada «Serpa».
Supostamente esta gruta teria no fundo um poço entulhado que a ligava ao rio Douro,
ali ao lado norte.
A «Serpa» era tão grande que conseguia ir beber água ao rio (situado a cerca
de três quilómetros) e ficar com o rabo de fora da gruta. Um heróico pastor matou-a
colocando sal na pele duma cabra, que a deixou cheia de sede e a obrigou a beber
tanta agua que acabou por rebentar dentro da estreiteza da gruta, como odre cheio
[3]
demais!
O interessante desta história não nos leva a uma psicanálise, aliás demasiado
obvia, mas ao facto de poder corresponder a um mito fundador aonde se estabelece
uma relação de identificação totémica do nome da aldeia com uma serpente cujo nome
já ninguém ali consegue identificar com a genérica denominação latina Serpa.
Serpa < Ker-ub-a < Kar-u-ka, lit. A que transporta o ka da vida eterna.
Os querubins bíblicos e o hitita Telepinus estavam foneticamente próximos.
Mas, mais interessante será comparar este mito com o da luta do deus hitita
Teshub com o dragão referida por Pierre Lévêque no II volume DAS PRIMEIRAS
CIVILIZAÇÕES. Nesta narrativa de gosto folclórico o dragão sucumbiu de gulodice após
um festim que o seu adversário lhe ofereceu e depois do qual inchou tanto que, não
conseguindo recolher à sua toca, adormecendo à entrada. Um mortal, Hupasya atou-
lhe os pés pelo que foi facilmente morto por Teshub
Puruli (EZEN Puruliyas) era um festival hitita que durava quase um mês, celebrado
em Nerik, dedicado ao casamento da deusa de mãe da terra Hanna-hanna com rei do ano
novo. O rituais das Puruliyas celebravam a destruição do dragão Illuyanka pelo deus de
tempestade Teshub.
«Pulhas» < Cast. Pulla? < Pullia < pululia < Puruliyas.
Sabendo que o
mito do dragão Illuyanka é uma quimera taurina variante da serpente fica
reposta a linha de coerência que permite aceitar a analogia entre o mito da
Serpa de Seixas do
Douro e o mito da festa hitita do purulli, nome com relação fonética com as «pulhas» da noite do
Entrudo, um ritual de fortes conotações brejeiras e sexuais espalhado por toda
a região
transmontana e beirã onde existia a tradição da festa dos rapazes de
segura tradição oriental.
No tempo em
que ainda havia tradições um jovem casadoiro gritava do alto da “Cascalheira”
para outro, no alto do “Carrascal”:
«Oh,
camarada, é verdade ou não que fulana e sicrano … (J)?»
E assim se
«deitavam as pulhas» em quadras em verso coxo pela boca de um funil, pondo a
nu
os segredos mais íntimas e as pulhices secretas dos habitantes da aldeia.
Ora, a quase
universalidade destes mitos deixa-nos a suspeita que não seria hitita, (nem,
por
isso, indo-europeu) mas correspondia “às
mais antiga tradição anatólica” pelo que, o que haveria a
unir estes
extremos euro-asiáticos seria o fundo da antiga cultura neolítica
peri-mediterrânica de que
se suspeita ter a cultura Suméria surgido.
Se Serpa se deriva de antigos falares em que era Shesha, fica então esclarecido
tanto o topónimo da aldeia de Seixas (< Sexa < Sesha) como o do seu mito fundador.
Saxum, “pierre” spécialement “grosse pierre, roc, rocher”. Usuel dans le
latin ancien et classique, mais peu réprésenté dans les langues romanes, où il a
été concurrencé par petra (REW 7631). Un rapprochement du mot avec le groupe
de secāre semble bien loisible. Pas de traces en castillan ou catalan, mais
survivance du mot en galicien-portugais. On peut souligner, néanmoins, Xixón
(Asturias), Xixona (Alicante), Saix (Alicante), Chinchón (Madrid), Gejo de Don
[4]
Diego (Salamanca), etc.
E poderíamos acrescentar Sax e os Saxões. No entanto na Lusitânia moderna o
termo sobreviveu como genérico de pedra, rocha, calhau, como nome duma espécie
particular, o «seixo», rocha praticamente formada por quartzo comummente chamada
sílex num óbvio estrangeirismo dos tradutores de obras alemãs de antropologia.
Claro que o topónimo de «Seixas» é parédro de «Seixo» e vem relacionado com
seixos e calhaus que são das poucas coisas que por lá há com fartura, à parte a boa
gente, o bom vinho, o azeite e o mel, claro!
No entanto há eruditos com inspiração poética que teimam derivar o nome de
«Seixas» dum termo celta com que se denominavam as pombas para por ai irem
postular que teria existido um convento de «pombinhas» algures por aqueles ermos
onde é certo que há mais pombais do que pombas mas muitas rolas em abundância. No
entanto, nada repugna que pombas tenham tido nome metafórico derivado de seixos
brancos.
Saxum (in inscrr. also SAKSVM; from collat. form saxus; a vocative SAXE, Inscr.
Orell. 2982), i, n. [root sak-; Sanscr. ska; cf. secare], any large, rough stone; a detached
fragment of rock; a rock (in gen.; whereas rupes is a steep rock, crag, cliff).
Saxulum dim. [saxum] , a little rock.
Saxum < Saksu < Ka-Côs < *Kakisho, ou seja, tal qual aquilo que é, um
pedaço de rocha, um filhote da terra mãe!
Côs, côtis, f. [Sanscr. ça, to whet, sharpen; cf. cautes], any hard stone, flintstone,
Lapis, idis [etym. dub; perh. from same root with rupes; cf. Corss. Ausspr. 1, 545; not
connected with lâas, Curt. Gr. Etym. p. 542], a stone (cf.: saxum, silex, cautes, cos, calculus).
ó lithax, [lithos]
Lapis < Ra-pus < rupes < Urphis < Urkis, a Terra Mãe Natura, selvagem e
natural > ruthes > luthes > lithos.
O que é certo é que o seixo teve primacial importância como matéria-prima para
o fabrico dos «machados de mão» e outros utensílios do paleolítico. É quase seguro
que, no começo do neolítico (e antes da idade dos metais) os mais importantes
instrumentos agrícolas eram, tal como os maçados de mão defensivos, feitos de «pedra
lascada», melhor dizendo, de sexos mais ou menos preciosamente lascados. Sendo
assim natural seria que os instrumentos agrícolas mais arcaicos ainda disso se
lembrem!
Só assim se entende (e ouve melhor) a ressonância da conotação que o latino
saxu tem com o termo luso «sacho» e saxulu com «sacholo ou sachola». No entanto,
algo de errado se passa com a etimologia oficial pois que nem «sacho», nem «sachola»,
nem «enxada» têm etimologia adequada do latim:
Sacho = • (< Lat. sarculu), s. m. espécie de pequena sachola = • s. f. pequena enxada
(de folha larga) = • (Lt. * asciata < ascia, enxada), s. f. instrumento para cavar a terra.
Ascĭa , ae, f. [kindred with axinê, an axe] , an axe for hewing wood, a carpenter's axe
(syn.: securis, bipennis, ferrum).
Sendo assim, Ascĭa era o moderna «machado» com que se fazem as achas de
lenha!
«Machado» (Lat. *mac(u)latu por marculu, de martelo)??? Só mesmo ratos de
biblioteca é que confundiriam martelo com machado, pois jamais o povo faria tal
confusão! Seguramente que esta derivação do machado é mais que duvidosa. Se nos
lembrarmos do machado duplo que era exclusivo da deusa mãe podemos postular:
Amatu + Ascĭa = Ma-Ascĭa-tu => «machado».
Machaira 1. a large knife or dirk, worn by the heroes of the Iliad next the sword -
sheath, Il.: generally, a knife for cutting up meat, Hdt., attic
Fazer derivar «sacho», «sachola», apenas pela lógica da aparência morfológica,
é na verdade andar com as leis da derivação aos arrecuos. Se a relação por ordem de
grandeza vai de enxada < sachola < sacho tal facto não passa de mera contingência de
milénios de uso e abuso destes instrumentos banais da lavoura. No entanto, a verdade
linguística não permite dúvidas quanto ao facto de «sachola» ser um diminutivo de
«sacho» e então, a lógica mais correcta seria fazer derivar «sachola» de sarculu.
Porém, se algo impediu esta inferência óbvia é porque já era seguro que «sachola» não
podia derivar de sarculu. Pois bem, muito menos poderá «sacho». O dicionário da
«sociedade de língua portuguesa» faz derivar «sacho» < Lat. arculo, coisa que deve ser
ainda mais difícil por sarculu.
Sarculum ī, n [SAR-] , a light hoe, garden-hoe: findere sarculo Agros, H.: dispersa per
agros Sarcula, O. ó Grec. skallô [only in pres. and imperf.] to stir up, hoe, Hdt. skalis,
instrument for hoeing, hoe or shovel,
Claro que se poderá tentar a via derivativa da erudição e forçar a seguinte
equação: Sarcu-lu < salcú-lo < saclú-lo < ??? > sachau-lo > sacholo > sachola.
Quer dizer que é possível que «sacho» tenha derivado de um *sarcu de que
sarculo veio a ser diminutivo? No entanto, se a realidade latina era esta já a lusitana
pode não o ter sido.
Se os equivalentes paleolíticos dos «sachos» eram feitos de pedra de seixo então
o termo latino saxu seria muito mais apropriado do que *sarcu. *Sarcu lido pela
fonética grega seria *sarxu. Do mesmo modo um virtual Grec. *saxu < Lat. *sacu, que
não seria outro que não saxum.
Claro que podemos admitir as duas variantes como etimologicamente válidas.
Esta ultima já da idade do ferro e referente a sachos e sacholas de ferro!
Lat. sarku < *Sakaru, o «filho da aurora» e, quem sabe, se mera metáfora dos
meteoritos de que se fizeram os primeiros instrumentos de ferro! < Iscur, o Sr. dos
infernos filho da Terra Mãe primordial > Ishkali, filho do fogo celeste de Kali > Grec.
Skali(s).
Uma mais arcaica referente a sacho e sacholas de seixo lascado! Os termos lusos
podem ser a sobrevivência arcaica dessa homenagem ao paleolítico que a tradição
milenar desta cultura tinha na península ibérica à época da colonização romana. Então,
Lat. saxu = Lus. *saxo e Lat. saxulu = Lus. *saxola. A própria ortografia destes
termos portugueses deveria então ser revistos à luz duma etimologia mais consentânea
com a realidade histórica e com a lusitaniedade.
Assim, embora o latim seja parente do hitita, ao chegar à península ibérica terá
deparado com os falares que já se aparentavam aos da cultura Suméria, por via dos
antigos falares neolíticos dos tempos da oralidade anteriores à confusão das línguas do
mito da torre de Babel, e da fusão destes falares com o baixo latim nasceram os
crioulos ibéricos e a ocidente o galaico-duriense. Mas pode não ter sido necessário tal
fundo de oralidade neolítica comum na medida em que cretenses, fenícios e gregos
andaram por estas bandas ibéricas com as reminiscências de cultura Suméria e Acádica
no bolso! Na verdade, a história contada reporta-se à margem sul do rio douro cuja
[5]
etimologia só pode ser taurina (Taurus > Daurus > Douro) se bem que taurinos
tenham sido os nomes de grande parte dos os rios como v.g. Coura, Cô(r)a), Corgo (<
Kaurko), Tabura (< Kaphura), etc.
Ora bem, os rios eram taurinos pela violência imprevisível dos seus caudais
mas, eram ofídicos pelo serpentear dos seus leitos e por serem filhos de Enki, o deus
Dragão das águas doces dos abismos primordiais de que um dos descendentes egeus
[6]
fundou na Foz do Douro a cidade dos dragões do mar, Cale, em nome de Kar (<
Kur/Enkur/Enki/Gaio/Gu), esposo da Deusa Mãe, Geia ou Gaia.
LISBOA
Uma lenda erudita popular conta que a cidade de Lisboa teria sido fundada pelo herói
grego Ulisses e que, por associação a este fato, os gregos chamaram a cidade de "Olissipo",
cidade de Ulisses. Posteriormente, o nome grego teria sido corrompido em latim para
"Olissipona". Ptolomeu chamou a cidade de "Oliosipon". Os visigodos chamaram-na
"Ulishbona" e os mouros, que tomaram a cidade no ano 719, nomearam-na, em árabe, "al-
Lixbûnâ" ou "al-Ushbuna".
Pois bem, deve ter havido uma relação linguística entre Lusa e Lynsa, tanto
mais que a mitologia etrusca considera essa relação.
É possível que a íntima relação etimológica entre Lusa e Lynsa tenha
correspondido a uma unidade linguística existente na península ibérica, pelo menos à
época da Lusitânia, e que tenha estado na remota origem do nome de Lisboa. De facto,
*Elkian > Lynsa > *Lysa > «Lusa» < Lûsa < Lunsa < *Lu-an-sha.
< Saly > Syl-
«Lisboa» < *Lysa-Wan < Syl-vans, terra do deus Sylvano, esposo da deusa
Lusa, a Artemísa dos Lusitanos?
No plano linguístico, não devem ser irrelevantes as seguintes constatações:
ICCONA
Iccona (Iccona-loimina, Epona) – Deusa guerreira e dos cavalos, muito venerada
pelas tribos Lusitanas que vivem nas montanhas ocidentais.
"A inscrição Lusibérica do Cabeço das Fráguas ou Penedo da Moira segundo a
transcrição mais credível (e mais aceite), feita por F. Patrício Curado: "Uma cordeira para
Trebopala e um leitão para Laebo, uma vitela para Iccona Loimina, uma ovelha anata para
Trebarina e um touro de cobrição para Reve Tre"
Se suspeitarmos que as referências arqueológicas a Iccona poderiam ser o
resultado de escrita de pedreiros semianalfabetos que pretenderiam escrever *Kikona
imediatamente nos recordamos que esta deusa seria equivalente feminino do deus que
em Roma teria por esposo Aconio / *Kacónio um deus que presidia às agonias dos
ritos de passagem dos jovens guerreiros e não seria senão variante de Fauno e de Pã.
Mas nem apenas os analfabetos teriam deixado de dizer *Kikona como todo o povo
teria passado a chamar-lhe *Ich-Kona, literalmente a filha da Deusa Mãe «Cona».
Obviamente que esta filha da Deus Mãe Cona seria uma Coré lusitana o que nos
deixa na suspeita de que o calão luso «cona» (como o «cono» e o latino cunni) relativo
a sexo feminino corresponde a uma arcaica mitologia popular. Obviamente que o nome
do sexo feminino em vernáculo só teria passado a ser pejorativo com o cristianismo
porque nos cultos arcaicos o culto do sexo da deusa mãe fazia parte dos cultos e morte
e ressurreição solar e termos como «gruta, cripta e greta» eram relativo a locais de
cultos em todos os santuários rupestres.
Mas o nome de Lisboa pode ter passado por um culto minóico a uma variante de
Artemisa que poderia ser próxima de Lissandra, a guerreira da casa que seria mãe e
esposa do deus rio Lizandro.
O Lizandro, também conhecido por Lisandro é um rio do distrito de Lisboa, Portugal,
que desagua na praia foz do Lizandro junto à Carvoeira, perto da Ericeira no concelho de
Mafra.
Outro rio sufixado em –andro, no concelho de
Mafra, é Sizandro que alguma relação teria
com o anterior mas não locativa como
de imediato se deduz. Sizando não seria um nome locativo
derivado de Cis
significando como em latim do lado de cá que seria Lisboa porque seria contra
geográfico logo só pode referir-se, como em Sesimbra, ao deus Set das saturnálias.
Sisandro de Origem
obscura, talvez pré-latina.Sem atestações antigas ou intermédias na
bibliografia consultada. Rio que desagua no Atlântico, conforme representa a
CMP 1:25 000 (folha
389 – Ericeira, Mafra), na qual também se assinala a forma
Sizandros como nome de uma localidade
no concelho de Sobral de Monte Agraço,
localizada na nascente do rio em referência ou nas suas
imediações.
* Baptista (ibidem) refere ainda que o Sizandro “[n]asce uma légua ao S. do Sobral
de Monte
Agraço, na fonte Sizandro”, baseando-se em João Baptista de Castro (Bautista 1762: 139), autor
que diz mais precisamente que “principia a descubrirse na Sapataria de huma fonte chamada
Sizandro”. -- ETIMOLOGIA DOS
HIDROTOPÓNIMOS DE PORTUGAL CONTINENTAL – HISTÓRIA
LINGUÍSTICA DE UM
TERRITÓRIO Carlos Alberto Matias de Abreu Rocha.
Iccona Loimina seria uma Coré senhora dos animais, incluindo os cavalos
selvagens (lys-) da Lusitânia. De facto, o cavalo alado Pégaso nasceu do sangue da
Medusa / Artemisa uma variante de Loimina.
Loimina < Lauimina < Rawi-Mina < | Ar-Ki-me > Artime
=> Artemis| -An.
De resto, o radical -mina reporta-nos para a relação dos minhotos com os
minóicos e de Artemisa com *Kartu-Mina, ou seja um dos nomes da deusa das cobras
cretenses.
Por outro lado fica assim explicado o nome dos cónios que deram nome a
Coimbra.
Os cónios (do latim, Conii), também denominados cinetes, foram os habitantes das
actuais regiões do Algarve e Baixo Alentejo, no sul de Portugal, em data anterior ao séc. VIII
a.C., até serem integrados na Província Romana da Lusitânia.
Não sobreviveu nenhuma forma latina do etnónimo nas fontes. Apenas do corónimo CUNEUS,
CUNEO, já do Império, mas compatível com a forma grega do etnónimo KOUNEOUS. A forma CONII
e a sua tradução CÓNIOS são uma invenção moderna baseada na forma grega KONIOIS. De facto, a
tradução de KUNETAS/CUNEUS em latim, sobretudo no plural, levanta delicados problemas aos
autores latinos e posteriores latinistas, devido à enorme semelhança com cunni, no sentido obsceno de
orgão sexual feminino (e, simultaneamente de coelho, dualismo semântico que ainda se mantém hoje em
espanhol). Avieno transforma o u grego em y, alterando o valor da vogal (CUNETAS > CINETAS). O
"Cronógrafo de 354" é mais cauteloso e traduz KONNIOI (em Hipólito) por CUNIENSES. Os
latinistas modernos preferem as formas CONII e CUNAEI, não documentadas nas fontes. É possível
que a forma indígena corrente no início da dominação romana fosse semelhante a *COUNEUS, o que
justificaria as vocalizações CO-, COU- e CU- assim como os plurais helenizados em -IOIS e -EOUS e
as formas latinas CUNE-US,-O.
O mais interessante não é que os cónios tenham sido ligures e, como tal
indígenas do sul mediterrânico ocidental do Algarve à Ligúria italiana. Para outros
investigadores os cónios terão ido mais longe porque “os povos “Ibéricos” além de
possuírem a Península Ibérica, França, Itália e as Ilhas Britânicas, penetram na
península dos Balcãs e ocuparam uma parte de África, Córsega e norte da Sardenha,
tendo mesmo deixado rastos na Anatólia (na província de Konya da actual Turquia) e
no nome dos vascos (vas-cones). Pelo menos sabemos que houve Iberos no Cáucaso.
[7]
Figura 2: Epona, deusa galo romana levada pelo império até à Macedónia .
Pois bem, a deusa dos cavalos lusitanos era nem mais nem menos do que *Ka-
Ki-Ana que localmente seria *Kicona. A cidade de Lisboa seria também um centro
comercial de cavalos lusitanos e por isso teria esta deusa por patrona como Atenas teve
Atena. De resto e nem por mero acaso, Atena pode ter tido como nome arcaico *Ka-
Ki-Ana e só não foi uma cidade de cavalos oferecidos por Poseidon dos cretenses
porque preferiu ficar ligada ao culto da oliveira. Mesmo assim, se cidade de Lisboa não
ficou ligada ao culto do mocho de Atena ficou com os corvos de Hermes Acónio, que
os cristãos inventaram serem de S. Vicente.
Epona < e-wona (P.I.E. *e-kwo- > O. Ir. E-ch-)
< *Ich-Kona < *Kikona < *Ka-Ki-Ana
> Ashiana > At-Ana > Atena.
Epona o Épona es la diosa celta de los caballos, de la fertilidad y de la naturaleza,
asociada con el agua, la curación y la muerte indistintamente, comparable a Cibeles. Es
original de la mitología gala, y en Irlanda se le conoce como Edain. Su equivalente en la
mitología galesa es Rhiannon, esposa de Pwyll, obligada a llevar a las visitas de su marido en
forma de yegua hasta el interior del palacio. (…). Su asociación con la muerte se debe a la
antigua creencia de que los caballos eran guías de almas, de uno a otro mundo. (…) Se la
representa sentada a lomos de un caballo, de pie en medio de una manada de caballos o
alimentando a los potros, y en la Galia como una ninfa acuática u ondina. Su atuendo es de
largos ropajes, cubierta con un manto sobre la cabeza y una diadema, aunque a veces puede ir
desnuda. El nombre Epona deriva de la palabra céltica Epos, caballo, y fue identificad con la
deidad Iccona.
Epona < Ic-Wona < Iccona > Ec-Thauna > Edina > Edain.
O nome galês Rhia-(nin-on) desta deusa reporta-nos para Reia, filha de Gaia, e
por isso para os cultos matriarcais mais arcaicos de Reia / Cibele.
Uma inscrição oferece à deusa Galo romana Epona uma profusão arcaica de
epítetos tais como, Eponina “querido ou pequena Epona”. Ela é também Atanta, Potia
(comparar com Potnia Teron), Dibonia (do latim, “deusa boa”), Catona “batalhadora”,
Vovesia, boa e nobre.
Em todos estes epítetos se podem inferir outras tantas variantes locais do nome
desta deusa pois Atan-ta seria o mesmo que “deus Atana”; Dibona e Catona variantes
fonéticas próximas de *Ka-Ki-Ana. De resto, esta deusa de cavalos seria uma deusa de
animais e bichos como Pótnia Teron / Artemisa e, por isso, uma «Bichona» ou
*Ichbona…ou apenas Despoina, um dos epítetos de Atena.
Despoina = Deusa de cavalos. Despoina era filha de Poseidon e Deméter. Poseidon
procurava a sua irmã Deméter que tinha fugido dele. Esta tinha-se disfarçado de égua,
escondida numa récua de outras éguas, mas Poseidon que reconheceu a nova forma da deusa
transformou-se num garanhão e montou Deméter. Então Deméter pariu Despoina e o cavalo
mágico com o nome Arião. Desponia muitas vezes era confundida com a sua meia-irmã,
Persefone. Na verdade não há nenhum mito próprio de Despoina para além do relativo ao seu
nascimento de Poseidon e Deméter. Despoina era um das deusas adoradas nos Mistérios de
Eléusicos, sobre outro nome Despoina porque o seu nome verdadeiro era um segredo que só os
iniciaram souberam.
Na verdade, nem poderia haver nenhum mito específico de Despóina porque
este era um epíteto de Atena, o nome secreto da deusa nos mistérios elêusicos!
[85] LXXXV. Crisipo: Laio, filho de Lábdaco, raptou Crisipo, filho ilegítimo de
Pelops, nos Jogos
de Neméia por causa de sua grande beleza. Pelops fez-lhe guerra e
recuperou-o.
Por iniciativa de sua mãe Hippodamia, Atreu e Tiestes mataram-no.
Quando Pelops
culpou Hipodameia, ela suicidou-se. --
Higino, FABULAE.[1]
25.
Civilio,
o responsável pela sublevação na Galacia, tinha, como e natural, muitos
cúmplices, entre os quais se contava Sabino, pessoa jovem e de boa linhagem,
que pela sua
riqueza e fama era o mais ilustre de todos os Gálatas. Cumprida a sua grande
empresa, uns
suicidaram-se, pois anteviam que pagariam um castigo, e outros
foram capturados quando
tentavam fugir.
Quanto
a Sabino, todas as circunstâncias lhe permitiam com facilidade fugir e
refugiar-
se entre os bárbaros. No entanto, estava casado com a mais nobre das
mulheres, a qual nessa
terra davam o nome de Empona, que em grego responderia pelo nome de Heroína. (*) O
nome
desta mulher varia consoante as fontes antigas. Tácito chama-lhe Emponina (Historias 4.
67) e Dion Cassio, Peponila (65. 3 e 16). – Plutarco. Diálogo sobre o Amor, Relatos
de
Amor. Tradução do grego,
introdução e notas de Carlos A. Martins de Jesus.
Todas estas
indefinições a respeito do nome da esposa de Sabino Gálata
só
podem resultar do facto de nenhum dos autores ter dado conta de que o nome
desta
mulher seria Eponina que rimaria e seria conotada com uma «heroína»
por ser um
diminutivo em homenagem à deusa Epona
dos gauleses, deusa dos cavalos e
correlativa de Pótinia Teron. Deste modo fica-se com a suspeita de que Epona teria
também a variante Empona / En-pona, literalmente a senhora Epona.
«Heroina» < Lat. heroine, heroina (plural heroinae) < Grec. heroin
< Grec.
Heros < *Ker-ush, filho de Ker ou *Kertu a Ceres cretense.
O interessante também é constatar então que Epona seria uma variante de
Minervina, literalmente a “Heroína de Minos” e por isso quase o mesmo que
Despóina ou Despotina o que começa a deixar a ideia de que a conotação desta
deusa
com os cavalos teriam sido um acessório tardio.
De resto, é quase seguro que Despóina seria um epíteto da Despotina,
a rainha
dos infernos enquanto Dis-Poena, a deusa “da penas do inferno” para os
crentes menos
fiéis e logo também da “pena de morte”, banal no mundo antigo
tanto para o inimigo
interno, do crime comum à fácil, natural mas nem sempre
prevista traição dos escravos
rebeldes, como para o inimigo externo no campo de
batalha!
Ver: DEUSES DE
TRANSPORTE SOLAR / PÉGASO (***)
De resto, é quase seguro que Despóina seria um epíteto da Despotina, a rainha dos
infernos enquanto Dis-Poena, a deusa “da penas do inferno” para os crentes menos
fieis e logo também da “pena de morte”, banal no mundo antigo tanto para o inimigo
interno, do crime comum à fácil e natural traição dos escravos rebeldes, como para o
inimigo externo no campo de batalha!
A razão pela qual Despoina ficou ligada aos cavalos decorre obviamente das
potencialidades míticas que já eram próprias de Artemisa enquanto Pótnia Teron.
Este facto reforça a ideia de que Atena e Artemisa não eram senão variantes de Coré /
Persefone! Hippos acabou relacionado com Despoina e desta com a galesa Epona
possivelmente pela relação mítica de Poseidon com o delfínio cavalo-marinho, com o
hipopótamo e com o mítico hipocampo e obviamente também pela superficialidade da
semelhança fonética, desde logo de Despoina com os póneis e depois…de Potnia e
Poena com hippos.
Figura 3: Os cavalos-marinhos de Neptuno/ Poseidon.
[1]
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-de-mafra-portugal-e-de-
mafarrico/17272.
LISBOA
Assim sendo a cidade de Lisboa teria tido nome parecido com o de Atenas se
não tivesse sido a interferência desastrada dos fenícios que lhe colaram um artigo
(como os ingleses coloram ao Oporto) chamando-lhe *Ul-Ichbona. Os gregos, sabendo
que o nome tinha a ver com cavalos e não entendiam o Ul que imaginaram relativo a
Ulisses afeiçoaram a fonética de Lisboa para *Ol-ish-Hipona. O resto é história
conhecida.
Lat. Olisipona < Grec. Olisipo < Ptol. Oliosipon < *Ol-ish-Hipona
< *Ul-Ich|-Kona < -Phona <-Wona|
> Visigotic. Ul-ish-bona
> Arab. al-Lixbûnâ > Al-Usbuna ou Lissabona > Lis-bo(n)a.
Ao depararmos como o infixo Phona presente nos falares actuais da região dos
antigo cónios (Algarvios) em termos como «matrafona» e «marafona», seguramente
arcaicas variantes locais de Perséfona ficamos a suspeitar que também o nome desta
passa por *Pher-ish-Phona, a que transporta…a «Cona»!
É tamanha a convicção nesta hipótese de Lisboa derivar de arcaicos cultos a
Artemisa *Lissaphona que é possível postular que seria no Rossio que teria começado
Lisboa e onde se realizaria este culto.
Notar a relação do nome virtual *Lissaphona com o rio Lizandro referido
acima.
Na fantasia dos míticos poetas Lisboa pode ter sido “a terra dos cavalos
selvagens» (< Lys-hepona) ou a “terra dos cavalos do sol” (< *Helish-hepona),
invocações apolíneas que seriam tão análogas que poderiam ser quase o mesmo. De
facto os lobos brancos eram animais Apolíneos relacionado com Apolo Likeios ou
Liceu!
De qualquer modo, ficaríamos a suspeitar de que Lisboa antes de vicentina foi
uma cidade apolínea facto que já se poderia suspeitar pelo topónimo da região lisboeta
de Palhavã que apela para um deus Apolo micénico.
Um sítio que de há muitos séculos tem nome de Palhavã e que apesar de ter
sido uma quinta não o seria pela redundância banal de “ser vã a sua palha”. Não
havendo etimologia consagrada para este lugar sempre se poderá postular que derivaria
de antiquíssimo local de cultos ao deus micénico Pajavon que era Macário na
Lusitânia e Apolo na Grécia.
«[...] O sítio
chamado de há muitos
séculos Palhavã, onde se
ergue o majestoso palácio
deste nome, construído em
1660 pelo 2º conde de
Sarzedas e melhorado e
aumentado pelo 3º conde,
seu filho. Data desta época
o portão que hoje se vê
armoriado com o escudo
dos Mendonças, da casa
de Azambuja, que o
venderam por sua vez à
Legação de Espanha.»
Figura 4: Palácio de Palhavã.
Neste palácio m. em 1683 a rainha D. Maria Francisca, de Sabóia, mulher dos reis D.
Afonso VI e Pedro II. Aqui residiram também os infantes D. António, D. Gaspar e D. José,
filhos naturais de D. João V, que ficaram por isso conhecidos por meninos de Palhavã. Os
franceses danificaram muito este palácio, em cujos sumptuosos jardins e parques, entretidos
ao gosto holandês, se desenrolaram as últimas cenas das lutas liberais, tendo os soldados do
marechal Bourmont, comandante do exército miguelista, ocupado estes terrenos, atacando
destes os redutos da Atalaia e Campolide, onde o exército liberal do Duque de Saldanha
defendia a cidade [...]»
[1] Xicha , prosódico popular de carne < Xiça! < kiasha tal como chouriça < Kaurissa < Kauriasha, que seria
« » ,
literalmente carne queimada, senão for a apenas fumada. O sufixo iça é arcaico tipicamente cretense.
[2]
Esta lenda foi-me contada pela primeira vez por volta dos sete anos pela minha prima Fernanda Ribeiro que
me levou ao alto do monte de São Martinho para me consolar vendo do alto do mirante da capela o Seixo para
onde os meus pais tinham ido com o meu irmão mais novo visitar o meu primo Cândido Ribeiro que tinha
regressado de África.
[3] Esta história a
, ssim contada como se fora um secreto mistério, ainda hoje me é confirmada por gente que
ainda se recorda das velhas tradições da minha terra natal.
[4]
L´expression de la notion “pierre” en latin tardif de Hispania. cast. berrueco: les données de la toponymie,
(E. Nieto Ballester, UAM, España), Sextus conventus internationalis Latinitatis vulgaris et posterioris.
[5] Já a etimologia do Tejo nos reporta para as incursões fenícias ou cartaginesas por via do étimo tago de que
Car + tago seria a melhor referencia! Junto ao Tejo fica a região das ricas e dionisíacas terras do Cartaxo <
Cartajo < Cartago.
[6]
...um deus fálico que anda sempre alegremente na boca dos durienses e minhotos.
[7]
Restauro cibernético do autor.
Publicada por
arturjotaef
à(s)
14:59
3 comentários:
amurstevens@gmail.com 19 de dezembro de 2016 às 08:14
MUITO OBRIGADO
Responder
Gostei de saber...
Responder
Em relação a Mafra, Machado diz que é possível que este nome derive de 'mahāfrâ', adaptação
de 'mahāfr', que era o plural da palavra árabe 'mahfra', «cova».(...). Mafra assume em
documentos dos séculos XIV e XV a forma “Maffara" e "Mafora" (estas eram, ao que parece,
formas esdrúxulas). https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-de-mafra-
portugal-e-de-mafarrico/17272. Esta etimologia pode servir de elo de ligação do conceito de
«cova» com o do colo da terra mãe que transporta a vida. De facto noutros contextos cova e lapa
estão associados ao culto da «deusa mãe» enquanto cova natural no sopé dos montes frequente
nos cultos rupestres da senhora do monte!
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