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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO- PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

SEMINÁRIO: Estado e Políticas Educacionais - PPGE6103


PROFESSORES: Luciane Terra dos Santos Garcia; Kildo Adevair dos Santos; Gilmar Barbosa Guedes
ALUNO: Maxuel Batista de Araujo – Matrícula: 20211020930

RESUMO 3 – 18 Brumário _ K. Marx


Marx inicia o texto lembrando que Hegel afirma que "todos os grandes fatos e
personagens da história universal aparecem como que duas vezes. Mas ele
esqueceu-se de acrescentar: uma vez como tragédia e a outra como farsa."

Preliminarmente, o território Francês, outrora Gália, possui uma História


incrivelmente fantástica e intrigante, devido nesse território ter ocorrido várias
revoluções, assassinato de reis e maníacos por poder e golpes de Estado – só para citar
alguns elementos, que, diversos desses acontecimentos políticos reverberaram por muito
tempo nas mudanças testemunhadas pelo mundo. Como por exemplo, a Revolução
Francesa durou dez anos, contou com o famoso episódio da Queda da Bastilha e foi
encerrada com o golpe de Estado de Napoleão Bonaparte – denominado 18 de Brumário.1

Com o Golpe do 18 de Brumário, Napoleão Bonaparte instaura uma ditadura na


França com os poderes concentrados na sua pessoa. Por sua vez, Bonaparte tenta conciliar
as várias facções políticas. Restabelece a liberdade de culto, anistia os emigrados (nobres)
que fugiram durante a Revolução, promulga o Código Civil, cria o Banco da França, etc. No
entanto, torna o Senado apenas um órgão consultivo e acaba com a eleição de juízes que
como havia sido determinado pelos revolucionários.

A Revolução de 1789-1799 fez com que o quadro político francês ficasse ao avesso,
quebrando os direitos feudais, diminuindo os direitos do alto clero e estabelecendo
princípios bonitos como liberdade, igualdade e fraternidade, todavia resultado em uma
ditadura. Com o golpe de Estado, Napoleão assume o poder e dá início a uma era de
conquistas militares e guerras levando a bandeira francesa a novos territórios,
aumentando um senso de nacionalismo que apetecia ao povo com fome de independência
e glória.
Uma tradição pode aparecer e aprisionar um povo, pode levá-lo a acreditar que
o passado é seu futuro, e que o senhor é seu servo, e pode, por isso, manter uma
ordem social em que a vasta maioria da população estaria sujeita às condições
de exploração e dominação (THOMPSON, 2002, p. 61)

1
Foi uma manobra política para garantir a ascensão dos girondinos, a alta burguesia francesa, ao poder. Também
serviu para conter os jacobinos, preservar as conquistas da Revolução Francesa e frear a guerra com os países
contrários aos ideais revolucionários. Por meio do golpe, o sistema denominado Diretório foi derrubado e
substituído pelo Consulado. Este fato marcou o início da ditadura do general Napoleão Bonaparte (1769-1821).
A expressão "18 Brumário" tornou-se sinônimo de golpe de Estado dentro do
processo revolucionário, assim o escritor Karl Marx intitulou assim uma de suas obras, "O
18 Brumário de Luís Bonaparte", onde analisava os movimentos políticos ocorridos na
Europa entre 1848-1851, de forma inicial, pode-se dizer que neste livro, Marx explicava
como o sobrinho do general Napoleão Bonaparte, Luís, conseguiu restaurar a monarquia,
mesmo sendo o presidente da República, e proclamar-se imperador.

Todo esse processo é um estudo político, sob a luz de Karl Marx de suma
importância para entender também a contextualização sócio política importante pois está
diretamente ligada a novos golpes que a França viria a sofrer.

Em 1848, através de uma nova revolução, a França promulga uma nova


Constituição. Com eleições estabelecidas, o vencedor foi o sobrinho de Napoleão, Luis
Bonaparte. Com amplo apoio da sociedade francesa, Luis Bonaparte governou por quatro
anos e quando chegou o momento de realizar novas eleições, tal qual seu tio, Luis deu um
golpe de Estado para se manter no poder (seu próprio 18 de Brumário). O mais
interessante é que o apoio da sociedade permanecia e, assim, ele conseguiu instituir um
sistema imperialista sem objeções da população.

Nesse cenário, como sujeito da História, se ver Karl Marx, onde tentou
compreender como as duas revoluções que, pediam mais participação do povo (defesa do
sufrágio universal era um tema recorrente) e consolidaram uma revolta generalizada
contra o governo resultaram em ditaduras. E mais, ditaduras guiadas por dois homens da
mesma família. Marx explica como o Governo manobrou a população para que ela se
rebelasse contra um instrumento constitucional que a representava.

“Não é suficiente dizer, como fazem os franceses, que a nação fora tomada de
surpresa. Não se perdoa a uma nação ou a uma mulher o momento de descuido
em que o primeiro aventureiro que se apresenta as pode violar. O enigma não é
solucionado por tais jogos de palavras; é apenas formulado de maneira diferente.
Não sei conseguiu explicar ainda como uma nação de 36 milhões de habitantes
pôde ser surpreendida e entregue sem resistência ao cativeiro por três
cavalheiros de indústria.” (MARX, 2003, p.8)

O que Marx faz é avaliar os acontecimentos que levaram a esse novo cenário
através de sua uma análise da revolução e suas consequências, sempre antenado no
proletariado que constantemente é deixado de lado na luta pelo poder. Nesta obra, há
comentários sobre a nova Constituição e aponta suas principais falhas e contradições que
a enfraqueciam perante um golpe como o que ocorreu. Falhas estabelecidas pelos
criadores que já se organizavam para mudar as coisas derrubando o documento – a
conservadora burguesia em ação. A elite aceitaria uma democracia, mas apenas se
garantisse seus direitos.

Marx trabalha toda a conjuntura social, política e econômica da França, em um


determinado período histórico, que vai desde a eleição, que coloca Luís Bonaparte à frente
do Estado francês, até seu Golpe de Estado (de 1848 até 1851). Com a perfeita descrição
e análise dos acontecimentos revolucionários de todo o período de 1848 até 1851, O 18
Brumário de Luis Bonaparte trata dos fatos que desencadeiam o período de ditadura do
Estado Bonapartista, quando Luís Bonaparte assume o poder (através de um golpe) e
governa em forma de império, a narrativa dos fatos de Marx mostra algumas vezes,
circunstancialmente, outros premeditados, mas que desembocou num único trilho: o do
governo centralizado numa só pessoa.

No prefácio da obra já nos mostra uma dica sobre o desfecho dos acontecimentos
observados e descritos, quando aduz: Os homens fazem a sua própria história, mas não a
fazem segundo a sua livre vontade, em circunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas
circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas2.

Interessante observar nesta obra é o modelo de Estado instaurado por Luís


Bonaparte na França, a partir do golpe de Estado, de 02 de dezembro de 1851. O 18
Brumário de Luís Bonaparte é um livro que retrata muito bem a conjuntura social e
política da França no século XX. Nele, Marx trata direta ou indiretamente de teses
importantes do materialismo histórico dialético, como: teoria das lutas de classes, da
revolução proletária, a doutrina do Estado e ditadura do proletariado. No entanto, o objeto
central deste livro é analisar os fatores histórico-sociais (lutas de classes) que criaram
“circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem medíocre e grotesco
desempenhar um papel de herói” (Prefácio de Marx para a segunda edição), fazendo com
que o modelo de Estado experimentado por Bonaparte tenha se tornado tão forte e sólido
a ponto de servir como base de análise para outros Estados ditatoriais na atualidade, onde
a figura do ditador, Marx diz: Bonaparte gostaria de aparecer como o benfeitor patriarcal de
todas as classes. Mas não pode dar a uma classe sem tirar de outra.3

Aqui, Marx desenvolve as teses fundamentais do materialismo histórico: a teoria


da luta de classes e da revolução proletária, a doutrina do Estado e o conceito de ditadura
do proletariado.[3] Destaca-se a conclusão de Marx sobre a atitude do proletariado em
relação ao Estado burguês, na França:
"A república parlamentar, na sua luta contra a revolução, viu-se obrigada a
fortalecer, juntamente com as medidas repressivas, os meios e a centralização do
poder do governo. Todas as revoluções aperfeiçoavam esta máquina, em vez de
a destruir. Os partidos que lutavam alternadamente pela dominação,
consideravam a tomada de posse deste imenso edifício do Estado como a presa
principal do vencedor." (MARX, 2003, p. 60)
Marx procura explicar o movimento da história através da dinâmica entre as
classes sociais (uma espécie de “sociogenese do regime) onde as teses são retomadas da
obra anterior As Lutas de Classes na França de 1848 a 1850, incluindo a ideia de que a
República é um instrumento de dominação da burguesia. O período de 1848 a 1851 é,
assim, analisado do ponto de vista do antagonismo de classe.
“(...) a França apenas parece escapar ao despotismo de uma classe para voltar a
cair no despotismo de um indivíduo, e precisamente sob a autoridade de um
indivíduo sem autoridade. A luta parece ter-se arranjado de tal modo que todas
as classes se prostraram de joelhos, com igual impotência e com igual mutismo,
perante a coronha da espingarda” (MARX, 2003, p. 60)

2
Op. Cit. Pág. 5
3
Op. Cit. Pág. 65
O golpe de estado de Luís Bonaparte em dezembro de 1851 é visto e narrado por
Marx como condicionado pelo desenvolvimento das forças e relações de produção
durante a monarquia burguesa. Marx não só retrata os acontecimentos como resultado de
processos derivados da economia, mas também como acontecimentos ligados a imagens
do passado, presos a tradições que persistem apesar da transformação contínua das
condições materiais de vida. A análise de Marx, do evento de 1848 a 51, mostra o papel
central das formas simbólicas que incluem a tradição, o que levou o povo de volta ao
passado e impediu que eles agissem para transformar a ordem que os oprimia.

Já sobre o campesinato, é entendido na obra como algo ruim, pois é posto como um
aliado objetivo da classe dominante. Comparando-o a um saco de batatas, amorfo e sem
vontade, considera os camponeses não formam uma classe e estariam prontos a cair, a
qualquer momento, nas mãos de forças sociais superiores a eles e encarnadas
precisamente nos Bonaparte, que ter-se-iam apoiado no campesinato conservador,
aproveitando-se da fé supersticiosa e dos preconceitos do camponês:
A dinastia de Bonaparte não representa o camponês revolucionário, mas o
conservador; não o camponês que luta para sair da sua condição social de vida, a
parcela [de terra], mas aquele que, pelo contrário, quer consolidá-la; não a
população rural que, com a sua própria energia, é unida às cidades, quer
derrubar a velha ordem, mas a que, pelo contrário, sombriamente retraída nessa
velha ordem, quer ver-se salva e preferida, juntamente com a sua parcela, pelo
espectro do império. Não representa a ilustração, o esclarecimento, mas a
superstição do camponês; não o seu juízo, mas o seu prejuízo, não o seu futuro,
mas o seu passado..." (MARX, 2003, p. 61)

Marx consegue vislumbrar que para que o Estado atenda aos interesses da classe
dominante, não é condição sine qua non que os membros dessa classe “controlem” os
cargos estatais, basta observar que existe diversos trechos no 18 Brumário de Louis
Bonaparte em que o autor mostra que o Estado burguês e a sociedade burguesa mantêm
entre si uma relação que transcende as influências subjetivas que a burguesia e seus
membros possam eventualmente exercer sobre os agentes do aparelho estatal. A ideia de
Marx reflete muito bem muitas sociedades e governos atuais, onde a Burguesia não exerce
diretamente o governo e a maquina estatal, uma vez o que é mais importante é que o
Estado cumpra a sua “função objetiva” de garantir a ordem material da sociedade burguesa
sem que, para tanto, seja necessário que a burguesia esteja à frente do leme do Estado.
PERISSINOTTO (2007).

Fonte: Rogerio Farias e Raimundo Guimarães. HQ 18 Brumário em Quadrinhos.


https://tapas.io/episode/1159860?from=https://tapas.io/series/O-18-de-Brumario
REFERÊNCIAS

MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte. Trad. José Barata-Moura. Lisboa:
Editorial Avante. Marxists Internet Archive, 2006. Disponível em:
<https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/index.htm>

PERISSINOTTO, RENATO MONSEFF. O 18 Brumário e a Análise de Classe Contemporânea.


São Paulo: Lua Nova, 2007. [pags.71: 81-121]. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/ln/a/gwxRTLT9SGVrZqZ8K4kZYvk/?format=pdf&lang=pt>

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de
comunicação de massa. Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

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