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« E s í a s a b i a y con ni ove d o i:a n o v e l a de I t a l o

(.l aIvino e n c i er r a en so b r e v e d a d y a p a r e n t e
s e n c i l l e z u n a h o n d u r a s u t i l que s o l a m e n t e los
g r a n d e s m a e s t r o s s on c a p a c e s .de- t r a n s m i t i r . » 1
('.om ere della Sera

De l m i s m o m o d o que el o b s e r v a t o r i o que lleva


s u n o m b r e , el s e ñ o r P a l o m a r m i r a y a o a liza
el m u n d o , lid s e ñ o r P a i o m n r o b s e r v a ’ ¡ n a a,
e n t r e la a p a r e n t e no a m i v i d a d y la em. , iim
a c t i v i d a d i n t e r i o r , q u e se t r a d u c e e n- ' ■ ■■... c
e v o l u c i ó n del p e n s a m i e n t o a c e r c a del m u n d o
La s e s p e r t e n cia s de P a l o m a r c o n s i s t e n en :
r o m entrar*» en pequeñ.os o b j e t o s y IV n ó m <no*
a Ll - s <1> c u y o m i n u c i o s o a n á l i s i s ■■■,.:
c u c o ■i a r ,í una r e l a c i ó n e n t r e el o b j e t o y el
u n i v e r s o o o ni re el y o y el u n i v e r s o , p o r q u e
é s t e se r e l l e j a , se v e r i f i c a y se m u lt ip li ca - en.-
t o d o lo que n o s r o d e a , l o d o es lo m i s m o y
tildo f o r m a p a rt e de lo m i s m o . El mar, él
c i e l o , las e s t r e l l a s , u ri p r a d o v lin p e q u e ñ o
q u e s o en la e s t a n t e r í a de un s u p e r m e r c a d o ,
é l m á r m o l e n s a n g r e n t a d o dé u na carnicería:
e n c i e r r a n en e l l o s : m i s m o s t o d a s las p r e g u n t a s
s o br e la e x i s t e n c i a . .s
El itiüe'rario de P a l o m a r h a c i a l a s a b i d ü H a ,
r e c r e é ú n a h i s t o r i a en la que la a n ó n i m a vi cía
d e l p r o t a g o n i s t a se e l e v a omino e j e m p l o del
v e r t i g i n o s o v i a j e i n t e r i o r q u e m u y p o c o s osan;
realizar.
ITALO CALVINO
(San tiago de las Vegas 1 92 3 -
S i e n a 1985) inició su
t r a y e c to r i a como e s c r i t o r
en las filas d el n e o r r e a l i s m o
itali ano . Con el 'pas o del ■
tiempo fue a b a n d o n a n d o
su co stu m br ism o y su
compromiso ideológico
p a r a sumergirse cada v e z . '
más h o n d a m e n te en lo .,
fa n tá st ic o y lo alegórico.
S i r u e l a ha p u b li ca d o ta m bi én
Erm itaño en París; p á gi n a s
autobio
vi GA cw *
-2C Q 3»

r"

BIBLIOTECA CALVINO
T o d o s los d e r e c h o s r e s e r v a d o s . N i n g u n a p a r t e de es ta p u b l i c a c i ó n
p u e d e se r r e p r o d u c i d a , a l m a c e n a d a o t r a n s m i t i d a e n m a n e r a a lg u n a
ni p o r n i n g ú n m e d i o , ya sea e l é c t r i c o , q u í m i c o , m e c á n i c o , ó p t i c o ,
d e g r a b a c i ó n o de f o t o c o p i a , sin p e r m i s o p r e v i o d el e d i t o r .

T ítu lo original: P a lo m a r
D i s e ñ o g r á f i c o : G. G a u g e r & J. S i r u e l a
© I t a l o C a i v i n o , 1983
© P a l o m a r S . r . l ., 1990
T o d o s los d e re c h o s re serv ad o s
© D e la t r a d u c c i ó n , A u r o r a B e r n á r d e z
V■ © D e la c r o n o l o g í a y d e la t r a d u c c i ó n
d e la n o t a p r e l i m i n a r , C é s a r P a l m a
© E d i c i o n e s S i r u e l a , S. A., 1997, 2001
P l a z a d e M a n u e l B e c e r r a , 15. «El P a b e l l ó n »
28028 M a d r i d . T e l s . : 355 57 20 / 355 22 02
F a x: 355 22 01
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P r i n t e d a n d m a d e in Spain
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In d ice

N ota preliminar
Italo Calvin o 9

Palomar

1. Las vacaciones de Palomar

1.1. Palomar en la playa 19


1 . 1 . 1 . L ectu ra de u n a ola 19
1.1.2. El seno d esn u d o 23
1.1.3. La espada del sol 25

1.2. Palomar en el jardín 31


1.2.1. Los am ores de las tortugas 31
1.2.2. El silbido del m irlo 33
1.2.3. El césped in fin ito 37

1.3. Palomar mira el cielo 41


1.3.1. L una de la ta rd e 41
1.3.2. El ojo y los plan etas 43
1.3.3. La co n tem p lació n de las estrellas 47
2* Palomar en la ciudad

2-1. P alom ar en la te rra z a . 55


2.1.1. D esde la terraza 55
2.1.2. La panza de la salam anquesa 58
2.1.3. La invasión de los estorninos 62

2*2* P alom ar hace la com pra 67


2.2.1. U n kilo y m edio de grasa de ganso 67
2.2.2. El m useo de los quesos 69
2.2.3. El m árm ol y la sangre 72

2*3» P alom ar en el zoo 1 75


2.3.1. La carrera de las jirafas 75
2.3.2. El gorila albino 76
2.3.3. El o rd en de los escam ados 78

3» Los silencios de P alom ar

3*1» Los viajes de P alo m ar 85


3.1.1. El arriate de aren a 85
3.1.2. S erp ien tes y calaveras 87
3.1.3. La p an tu fla desp arejad a 96

3*2. P alo m ar en so cied ad 93


3.2.1. Del m o rd erse la len g u a 93
3.2.2. Del to m arla con los jóvenes 94
3.2.3. El m odelo de los m odelos 96

3*3» Las m ed itacio n es de P alo m ar 161


3.3.1. El m u n d o m ira al m u n d o 161
3.3.2. El universo com o espejo 163
3.3.3. Cóm o a p re n d e r a estar m u e rto 166

C ronología
César Palm a 111

8
Los silencios de Palomar
Los viajes d e P alo m ar
S erp ien tes y calaveras

En México el señor Palom ar visita las ruinas de Tula, anti­


gua capital de los toltecas. Lo acom paña un amigo mexicano,
conocedor apasionado y elocuente de las civilizaciones prehis­
pánicas, que le cuenta bellísimas leyendas de Q uetzalcóad. An­
tes de convertirse en u n dios, Q uetzalcóad fue un rey que tenía
en Tula su palacio; de éste queda u n a serie de colum nas tru n ­
cas en to m o a u n impluvio, u n poco com o una casa de la Ro­
m a antigua.

87
El tem plo de la Estrella de la M añana es u n a pirám ide esca­
lonada. En lo alto se alzan cuatro cariátides cilindricas, llama­
das «atlantes», que representan al dios Quetzalcóatl como Es­
trella de la M añana (p o r m edio de u n a m arip o sa que lleva
posada en la espalda, sím bolo de la e s tre lla ), y cu atro co­
lumnas esculpidas que representan la Serpiente Em plum ada,
es decir, siem pre el mismo dios bajo form a animal.
Todo esto hay que creerlo p o rq u e sí; adem ás, sería difícil
dem ostrar lo contrario. En la arqueología m exicana cada esta­
tua, cada objeto, cada detalle de bajorrelieve significa algo que
significa algo que a su vez significa algo. U n anim al significa un
dios que significa u n a estrella que significa un elem ento o u n a
cualidad hum ana y así sucesivamente. Estamos en el m u n d o de
la escritura pictográfica; los antiguos m exicanos p ara escribir
dibujaban figuras y cuando dibujaban era tam bién com o si es­
cribieran: cada figura se presenta com o u n a charada p o r desci­
frar. Aun los frisos más abstractos y geom étricos en la p ared de
un tem plo p ueden ser interpretados com o saetas si se los ve co­
mo un motivo de líneas entrecortadas, o se p u ed en leer com o
una serie num érica según el m odo en que se suceden las fran­
jas. Aquí en Tula los bajorrelieves repiten figuras animales esti­
lizadas: jaguares, coyotes. El amigo m exicano se detiene delan­
te de cada piedra, la transform a en relato cósmico, en alegoría,
en reflexión moral.
E ntre las ruinas desfila u n gru p o de estudiantes: m u ch a­
chos de rasgos indios, descendientes tal vez de los constructo­
res de esos templos, con sencillos uniform es blancos tipo boy
scout, con pañuelitos azules. Los guía u n m aestro no m ucho
más alto que ellos y apenas más adulto, con la misma cara re­
donda y quieta. Suben los altos peldaños de la pirám ide, se de­
tienen debajo de las columnas, el m aestro dice a qué civiliza­
ción pertenecen, a qué siglo, en qué piedra están esculpidas, y
después concluye: «No se sabe lo que quieren decir», y los es­
tudiantes lo siguen en el descenso. Para cada estatua, para ca­
da figura esculpida en u n bajorrelieve o en u n a colum na, el
maestro da algunos datos concretos y añade invariablemente:
«No se sabe lo que quieren decir». , í :‘
Aparece u n chac-mool, tipo de estatua bastante difundida:
u na figura hum ana sem irreclinada que sostiene u n a bandeja; y
en la bandeja, dicen unánim es los expertos, se presentaban los
corazones en san g ren tad o s de las víctim as de los sacrificios
hum anos. Estas estatuas en sí mismas podrían considerarse co­
m o m uñecos bonachones, rústicos; pero cada vez que ve u n a el
señor Palom ar no puede m enos de estremecerse.
Pasa la fila de escolares. Y el m a estro dice: «Esto es u n
chac-mool. No se sabe lo que quiere decir», y sigue adelante.
El señor Palom ar, a p esar de seguir las explicaciones del
amigo que lo guía, term ina siem pre p o r cruzarse con los estu­
diantes y recoger las palabras del maestro. Está fascinado por
la riqueza de las referencias mitológicas del amigo: el juego de la
interpretación, la lectura alegórica le han parecido siem pre un
soberado ejercicio de la m ente. Pero se siente atraído tam bién
p o r la actitud opuesta del m aestro de escuela: lo que le había
parecido al principio u n a expeditiva falta de interés, se va re­
velando como u na posición científica y pedagógica, un m étodo
elegido p o r ese joven grave y concienzudo, una regla a la que
no quiere sustraerse. U na piedra, u n a figura, un signo, u n a pa­
labra que nos llegan aislados de su contexto son sólo esa pie­
dra, esa figura, ese signo o palabra: podem os tratar de definir­
los, de describirlos com o tales, eso es todo; si además de la faz
que nos presentan tienen tam bién u n a faz oculta, n o nos es da­
do saberlo. La negativa a com prender nada que no sea lo que
estas piedras nos m uestran es quizá el único m odo posible de
dem ostrar respeto p o r su secreto; tratar de adivinar es presun­
ción, traición del verdadero significado perdido.
Por detrás de la pirám ide pasa u n corredor o trin ch era en­
tre dos muros, u n o de tierra batida, el otro de piedra esculpi­
da: el M uro de las Serpientes. Es tal vez la parte más bella de Tu­
la: en el friso en relieve se suceden serpientes, cada una de las
cuales tiene en las fauces abiertas u n a calavera hum ana como
si estuviera a p un to de devorarla.
Pasan los m uchachos. Y el maestro: «Este es el M uro de las
Serpientes. Cada serpiente tiene en la boca una calavera. No se
sabe lo que quieren decir».
El amigo no puede contenerse: «¡Sí que se sabe! Es la conti­
nuidad de la vida y de la m uerte, las serpientes son la vida, las

89
calaveras son la m uerte; la vida que es vida p orque lleva en sí la
m uerte y la m uerte que es m uerte porque sin m uerte no hay vi­
da...».
Los m uchachos escuchan con la boca abierta, los negros ojos
atónitos. El señor Palom ar piensa que toda traducción requiere
otra traducción y así sucesivamente. Se pregunta: «¿Qué quería
decir m uerte, vida, continuidad, pasaje, para los antiguos tolte-
cas? ¿Y qué cosa puede querer decir para estos muchachos? ¿Y
para mí?». Y sin em bargo sabe que nunca podrá apagar su ne­
cesidad de traducir, de pasar de un lenguaje a otro, de figuras
concretas a palabras abstractas, de símbolos abstractos a expe­
riencias concretas, de tejer y volver a tejer u n a red de analogías.
No in terp retar es imposible, como es imposible abstenerse de
pensar.
A penas los estudiantes desaparecen en un recodo, la voz
obstinada del m aestrito prosigue: «No es verdad lo que ha di­
cho ese señor. No se sabe lo que quieren decir».
B i B i, i O ' A. L V 1 t\ O

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