D E LA P A R O D I A A L PATETISMO: LORCA, D A L Í Y B U N U E L

CANDELAS GALA
Wake Forest University

RESUMEN

Este ensayo analiza las c o n e x i o n e s artísticas y personales entre Lorca, Dalí

y B u ñ u e l e n t o r n o al v i e j o c o n f l i c t o entre la v i d a y el arte, el deseo y la rea-
l i d a d . T o m a n d o c o m o parámetros las nociones de p a r o d i a y patetismo, el ensa-
y o examina u n a selección d e obras de la década de los 20 y su crítica de las
instituciones sociales, especialmente la iglesia. D e ese t o n o jocoso y rebelde,
los artistas pasan a obras cargadas de patetismo, reflejo de los cambios socia-
les y políticos, y q u e aquí se examina e n t o r n o al tratamiento e n cada u n o
de ellos d e l i c o n o de la encajera, p r o c e d e n t e d e l c u a d r o La Encajera de Ver-
meer. Mediante la c o n s i d e r a c i ó n de ciertos escritos teóricos de cada u n o d e
ellos, se c o n c l u y e c o n u n a c o n s i d e r a c i ó n de la distinta v i s i ó n personal y esté-
tica a q u e cada artista llega e n su época de madurez.

PALABRAS CLAVE

Encajera, guasa, p a r o d i a , patetismo, deseo, represión, frustración, i c o n o ,

vanguardias, d u e n d e , m é t o d o paranoico-crítico.

La a m i s t a d y c o l a b o r a c i o n e s e n t r e L o r c a , D a l í y B u ñ u e l c o n s t i t u y e n
u n o d e l o s c a p í t u l o s m á s i n t e r e s a n t e s d e la h i s t o r i a c u l t u r a l d e l s i g l o xx.
M u c h o s e h a e s c r i t o al r e s p e c t o , t a n t o s o b r e el a s p e c t o p e r s o n a l d e
d i c h a a m i s t a d c o m o s o b r e las o b s e s i o n e s artísticas q u e los tres a m i g o s
c o m p a r t i e r o n . Mi o b j e t i v o e n e s t e e n s a y o e s e x a m i n a r u n á r e a e n la
q u e l o s t r e s c o i n c i d e n , la d e s u p r o t e s t a c o n t r a u n a r e a l i d a d c u y a s
r e g l a s l e s p o n í a n l í m i t e s al l o g r o d e s u s d e s e o s y r e a l i z a c i ó n p e r s o n a l .
Mediante d i c h o e x a m e n p r o p o n g o llegar a u n mejor esclarecimiento del
s e n t i d o c e n t r a l d e la o b r a d e e s t o s a u t o r e s y d e s u e n t e n d i m i e n t o d e l
a r t e y la v i d a . E n s u s d i f e r e n t e s m e d i o s artísticos, Lorca, D a l í y B u ñ u e l
a f r o n t a r o n el conflicto e n t r e el á m b i t o p e r s o n a l y el social. E n e s t e
e n s a y o p r o p o n g o analizar d i c h o conflicto a partir d e d o s c o o r d e n a d a s ,

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CAUCE, Revista de Filología y su Didáctica, n° 22-23, 1999-2000 /págs. 469-488

CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

la p a r o d i a y el p a t e t i s m o p o r c o n s i d e r a r q u e d i c h a s n o c i o n e s ofrecen
un instrumento idóneo para entender la a c t i t u d d e estos artistas res-
p e c t o a su vida y obra. A u n q u e ambos, parodia y patetismo, se dan
j u n t o s e n m u c h a s d e las o b r a s , y a p a r e c e n a lo l a r g o d e la evolución
artística y p e r s o n a l d e e s t o s a r t i s t a s , la p a r o d i a se identifica con más
nitidez e n los primeros a ñ o s mientras q u e el p a t e t i s m o caracteriza la
obra más posterior.
L o r c a , D a l í y B u ñ u e l s e c o n o c i e r o n e n la d é c a d a d e l o s v e i n t e e n
Madrid a d o n d e llegaron desde sus respectivas provincias d e Andalucía,
Cataluña y Aragón para completar su educación. En esa época, Madrid
e r a el f o c o d e los g r u p o s d e v a n g u a r d i a q u e e n las tertulias d e café
e x p r e s a b a n s u r e b e l i ó n c o n t r a t o d o lo q u e s e r e l a c i o n a r a c o n la tradi-
c i ó n y l a s c o n v e n c i o n e s . Si J o r g e L u i s B o r g e s , p o r u n l a d o , a r t i c u l a b a
e l n u e v o e s p í r i t u c o m o u n r e c h a z o d e "la m i e l d e l a a ñ o r a n z a " e n f a v o r
d e "ver t o d a s las c o s a s e n u n a primicial floración" (Torre, p. 214), y
Vicente H u i d o b r o p r o c l a m a b a su teoría del creacionismo u r g i e n d o a los
p o e t a s a c r e a r la r o s a e n el p o e m a , e n v e z d e i m i t a r la r e a l i d a d , R a m ó n
G ó m e z d e la S e r n a d a b a v o z al e s p í r i t u i r r e v e r e n t e d e l o s j ó v e n e s artis-
t a s c o n s u c r e a c i ó n d e la g r e g u e r í a . Lo i n e s p e r a d o d e la p e r c e p c i ó n
greguerística e n su m a n e r a d e relacionar las c o s a s p r o p o r c i o n a b a u n
i n s t r u m e n t o eficaz p a r a liberarse d e l o r d e n i m p u e s t o p o r los c á n o n e s
e s t a b l e c i d o s . Su carácter p a r ó d i c o , f r a g m e n t a r i o y a n t i a n e c d ó t i c o t u v o
u n a influencia c o n s i d e r a b l e e n los j ó v e n e s artistas q u i e n e s h a l l a r o n e n
la v i s i ó n d e G ó m e z d e la S e r n a el m e d i o d e d e s c a r t a r d e u n s o l o g o l p e
los restos d e c a d e n t e s d e u n a estética postromántica y postmodernista.
Lorca, Dalí y B u ñ u e l f o r m a r o n parte del v a n g u a r d i s m o del M a d r i d
d e l o s a ñ o s 2 0 . Si p o r u n l a d o s u e s p í r i t u a r t í s t i c o l e s l l e v a b a a l a e x p l o -
ración y experimentación d e distintos m o d o s d e expresión a m e n u d o
d e c a r á c t e r c o n t r o v e r t i d o , la r i g i d e z m o r a l y r e l i g i o s a d e s u e d u c a c i ó n
les i m p o n í a obstáculos a su d e s e o d e libertad. U n análisis d e a l g u n o s
e j e m p l o s r e p r e s e n t a t i v o s d e la p r o d u c c i ó n a r t í s t i c a d e e s t o s a u t o r e s
d u r a n t e e s t a é p o c a m u e s t r a la i m p o r t a n c i a d e la p a r o d i a c o m o r e c u r -
s o p a r a c r i t i c a r la r e p r e s i ó n d e l a s i n s t i t u c i o n e s s o c i a l e s y d a r v o z al
d e s e o p e r s o n a l . D u r a n t e la d é c a d a d e l o s t r e i n t a , la p a r o d i a d e e s t o s
a ñ o s j u v e n i l e s d a p a s o a u n p a t e t i s m o e n la v i s i ó n d e e s t o s a u t o r e s
q u e h a c e e c o d e l p a t e t i s m o t r á g i c o d e l o s d e s a r r o l l o s h i s t ó r i c o s , a s í la
crisis e c o n ó m i c a d e 1 9 2 9 , el a v a n c e d e l f a s c i s m o e n E u r o p a y e n E s p a -
ñ a , la e s c i s i ó n e n t r e la E s p a ñ a t r a d i c i o n a l , q u e A l e m a n i a e Italia s e
a p r e s t a r í a n a a y u d a r d u r a n t e la g u e r r a civil, y la E s p a ñ a d e la s e g u n -
d a república a c u y o s p r o y e c t o s d e r e n o v a c i ó n y c a m b i o se resistirían

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 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

l a s p o d e r o s a s i n s t i t u c i o n e s d e la i g l e s i a , el e j é r c i t o y l o s t e r r a t e n i e n t e s .
C o m o ejemplo d e este p e r í o d o m e serviré d e u n a serie d e obras e n
t o r n o a la i m a g e n ¡ c ó n i c a d e la e n c a j e r a . Ya A g u s t í n S á n c h e z V i d a l h a
s e ñ a l a d o la r e c u r r e n c i a d e d i c h a i m a g e n e n la o b r a d e e s t o s t r e s artis-
tas ( p p . 3 3 7 - 3 4 2 ) . Sin e m b a r g o , n a d a s e h a e s c r i t o s o b r e la d i m e n s i ó n
s e m á n t i c a d e d i c h a i m a g e n y el distinto t r a t a m i e n t o q u e r e c i b e p o r par-
t e d e c a d a u n o d e e l l o s . El a n á l i s i s d e d i c h a i m a g e n e n u n a s e r i e d e
o b r a s r e p r e s e n t a t i v a s d e c a d a a u t o r m e p e r m i t i r á e s c l a r e c e r la d i r e c c i ó n
e s t é t i c a d e c a d a artista e n s u s a ñ o s d e m a d u r e z a s í c o m o la d i v e r g e n -
cia e n t r e ellos. C o m o c o n c l u s i ó n , la r e f e r e n c i a a e s c r i t o s t e ó r i c o s d e
c a d a a u t o r p r o c e d e n t e s d e la d é c a d a d e los 3 0 y p o s t e r i o r e s , y s u c o n e -
x i ó n c o n la o b r a artística, p e r m i t i r á l l e g a r a u n e n t e n d i m i e n t o m á s c l a -
r o d e la p o s t u r a e s t é t i c a d e c a d a u n o d e l o s a u t o r e s y s u e v o l u c i ó n ,
d e s d e su estrecha amistad y colaboración e n los a ñ o s veinte a su dis-
tanciamiento posterior.
Canciones 1921-1924 e s u n l i b r o q u e refleja l o s a ñ o s p a s a d o s e n
la R e s i d e n c i a d e E s t u d i a n t e s d u r a n t e la d é c a d a d e l o s v e i n t e , a ñ o s l l e -
n o s d e o p c i o n e s y retos artísticos p a r a Lorca. Los e x p e r i m e n t o s v a n -
g u a r d i s t a s , la p o e s í a p u r a y a s é p t i c a e n la l í n e a g o n g o r i n a y las e x p l o -
r a c i o n e s surrealistas e n el s u b c o n s c i e n t e f r e u d i a n o , f o r m a b a n p a r t e d e l
c o n t e x t o e n q u e s e d e s e n v o l v í a Lorca p o r a q u e l l a é p o c a . T a n t o artísti-
ca c o m o p e r s o n a l m e n t e , Lorca se d e b i ó sentir d i v i d i d o a n t e las distin-
tas o p c i o n e s q u e se le a b r í a n a su p a s o . P o r u n l a d o e s t a b a su g r a n
a m o r y c o n o c i m i e n t o d e las tradiciones y p o e s í a p o p u l a r e s p a ñ o l a s y
p o r otro, su afán d e experimentar c o n n u e v a s formas d e expresión y
s u d e s e o d e vivir u n a v i d a p e r s o n a l q u e c h o c a b a c o n las p a u t a s c o n -
vencionales reacias a admitir t o d o lo q u e divergiera d e sus n o r m a s .
Canciones, y e n p a r t i c u l a r la s e c c i ó n d e e s e l i b r o t i t u l a d a " E r o s c o n
b a s t ó n " , refleja c o n g r a n a c i e r t o la e n c r u c i j a d a p e r s o n a l y e s t é t i c a e n
q u e s e h a l l a b a L o r c a . Y a d e p o r sí el t í t u l o a p u n t a h a c i a la a m b i v a -
l e n c i a s e n t i d a p o r e l m i s m o p o e t a . La r e p r e s e n t a c i ó n d e E r o s c o n u n
b a s t ó n s u g i e r e d o s i m á g e n e s c o n t r a d i c t o r i a s , la d e u n d a n d y s e g u r o d e
sí m i s m o y la d e u n E r o s v a c i l a n t e q u e n e c e s i t a u n b a s t ó n p a r a m a n -
t e n e r s e e r e c t o . C o m o d a n d y , e s t e E r o s n o s r e c u e r d a al s u j e t o m o d e r -
n i s t a p r o t o t í p i c o , e l fláneur q u e Walter Benjamín describe p a s e á n d o s e
p o r las calles, m i r a n d o c o n cierta displicencia su e n t o r n o . E n este c a s o ,
E r o s s e d e d i c a a e s c u d r i ñ a r la g a l e r í a d e m u j e r e s d e q u e trata c a d a u n o
d e los siete p o e m a s d e esta sección, prototipos f e m e n i n o s b i e n c o n o -
c i d o s e n la i c o n o g r a f í a e s p a ñ o l a y u n i v e r s a l : la m o j i g a t a , la m u j e r fatal,
la s o l t e r o n a , C a r m e n , la s e d u c t o r a , la f e a e x t r a n j e r a , la i n g e n u a y la

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 CANDELAS GALA

prostituta. Pero, p o r otro lado, su mirada escudriñadora y paródica se

v u e l v e c o n t r a sí m i s m o r e v e l á n d o l o c o m o E r o s i n s e g u r o y c o m p a ñ e r o
s e x u a l p o c o a d e c u a d o p a r a las m u j e r e s r e p r e s e n t a d a s . A m b o s s e n t i d o s
d e E r o s s e m a n t i e n e n s u p e r i m p u e s t o s m o s t r a n d o la a m b i v a l e n c i a d e l
p r o p i o a u t o r s o b r e la e x p e r i e n c i a e r ó t i c a s e n t i d a a la v e z c o m o satis-
f a c c i ó n y fracaso, a p l o m o e i n s e g u r i d a d .
Esta s e c c i ó n e s a d e m á s u n b u e n e j e m p l o d e la b ú s q u e d a d e l n u e -
v o arte p o r el e l e m e n t o i c ó n i c o e n r e c h a z o d e l o a n e c d ó t i c o , p o r lo
v i s u a l e n la l í n e a d e la e s t é t i c a g o n g o r i n a y p o r la t é c n i c a m o d e r n i s t a
d e d i s t a n c i a m i e n t o e n el t r a t a m i e n t o d e c u e s t i o n e s p e r s o n a l e s y estéti-
c a s d e g r a n i m p o r t a n c i a p a r a el p o e t a . Es t a m b i é n u n e j e m p l o m u y
l o g r a d o d e l h u m o r i n g e n i o s o y p a r ó d i c o p r o p i o d e la guasa andaluza.
Lorca r e c u r r e a la guasa c o m o forma retórica p o r q u e su t o n o irónico
y s a r c á s t i c o le p e r m i t e llevar a c a b o u n a crítica d e s p r o v i s t a d e acri-
m o n i a . M e d i a n t e la guasa, Lorca d e s a r r o l l a u n s o f i s t i c a d o j u e g o inter-
t e x t u a l c o n u n a s e r i e d e e s t e r e o t i p o s d e la c u l t u r a o c c i d e n t a l y c o n s i -
g u e así desafiar la r i g i d e z e n las e x p e c t a t i v a s s o c i a l e s e n c u a n t o al
comportamiento sexual de a m b o s sexos.
La g u a s a p a r ó d i c a e s u n i n s t r u m e n t o r e t ó r i c o eficaz al e s t a b l e c e r
u n j u e g o i n t e r t e x t u a l e n t r e d o s o m á s t e x t o s c o n s t i t u y e n d o lo q u e B a k -
tin d e f i n e c o m o u n d i s c u r s o a d o s v o c e s , u n i n t e r c a m b i o d i a l ó g i c o y
d e i n t e n c i o n a l c a r á c t e r h í b r i d o ( H u t c h e o n , p p . 6 9 , 22). El i n t e r c a m b i o
e n t r e "the p a r o d i e f o r e g r o u n d a n d p a r o d i e d b a c k g r o u n d " s e c o n v i e r t e
e n el f o c o c e n t r a l y a q u e " o n e text is set a g a i n s t a n o t h e r w i t h t h e i n t e n t
of m o c k i n g it o r m a k i n g it l u d i c r o u s " ( H u t c h e o n , p p . 31-32). La d i s -
t a n c i a e n t r e a m b o s t e x t o s s e d e t e r m i n a m e d i a n t e la i r o n í a la c u a l p r o -
c e d e n o tanto del humor, c o m o indica H u t c h e o n , sino del g r a d o d e
i n v o l u c r a c i ó n d e l lector, d e s d e la c o m p l i c i d a d a la d i s t a n c i a , e n el j u e -
g o i n t e r t e x t u a l ( H u t c h e o n , p . 32). La g u a s a p a r ó d i c a r e q u i e r e así la p a r -
t i c i p a c i ó n d e l lector d e q u i e n d e p e n d e el d e s e n t r a ñ a r el e n t r e c r u c e d e
c ó d i g o s e n el e s p a c i o p o e m á t i c o . El l e c t o r d e b e d e t e n e r la c a p a c i d a d
d e c a p t a r el j u e g o i n t e r t e x t u a l e n t r e l o s d o s t e x t o s y d e s c o d i f i c a r l o s a
la l u z d e o t r o s t e x t o s ( H u t c h e o n , p . 37). La g u a s a p a r ó d i c a l o r q u i a n a
i m p l i c a q u e el l e c t o r v a a d a r s e c u e n t a d e l g u i ñ o q u e le e n v í a el h a b l a n -
t e y v a a r e s p o n d e r d e a c u e r d o c o n ello.
"En M á l a g a " ( G a r c í a Lorca, p . 355), el ú n i c o p o e m a d e e s t a s e r i e
q u e c o m e n t a r é a q u í , Lorca e s c r i b e :

Suntuosa Leonarda.
Carne p o n t i f i c a l y traje b l a n c o ,

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 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

e n las b a r a n d a s d e "Villa Leonarda".

E x p u e s t a a l o s tranvías y a l o s b a r c o s .
N e g r o s torsos bañistas o s c u r e c e n
la ribera d e l mar. O s c i l a n d o
- c o n c h a y l o t o a la v e z -
v i e n e tu c u l o
1
d e Ceres e n retórica d e m á r m o l .

" S u n t u o s a L e o n a r d a " , la p r o t a g o n i s t a d e l p o e m a , es u n a mujer de

c u e r p o entero, m a d u r a , satisfecha y e n control d e su vida. En los bal-
c o n e s d e "Villa L e o n a r d a " , s u c a s a d e p r o s t i t u c i ó n a s o m a d a a l a s c a l l e s
y puerto d e Málaga, Leonarda n o tiene reparos en mostrar sus mer-
cancías a los q u e llegan a sus puertas d e s d e t o d o s los p u n t o s de la
tierra. E n este p o e m a Lorca dirige su g u a s a a d o s objetivos: Leonardo
d a Vinci, r e p r e s e n t a n t e d e l arte e n s u t r a d i c i ó n m á s i n s i g n e , y el P a p a -
d o . E n e s t e s e n t i d o Lorca s i g u e el c a m i n o t r a z a d o p o r o t r o s surrealis-
tas, así Marcel Duchamp, quienes también dirigieron sus ataques al
artista r e n a c e n t i s t a y a s u c r e a c i ó n , la M o n a Lisa. L o r c a s e g u a s e a del
gran artista italiano al t r a s v e s t i r l o en la m a d a m e prostituta Leonarda
c u y a c a s a , c o m o el V a t i c a n o e n la p l a z a d e S a n P e d r o , a b r e s u s puer-
tas a t o d o s los p e r e g r i n o s del mundo.
L e o n a r d a e n c a r n a la c a r a o c u l t a d e la i n s t i t u c i ó n p a p a l y d e l a r t e
i n s i g n e . M i e n t r a s la i g l e s i a y la t r a d i c i ó n artística d e t e r m i n a n l a s r e g l a s
d e lo moral y lo bello s e g ú n u n o r d e n lógico y racional tan b i e n a n a -
l i z a d o p o r T i m o t h y J. Reiss c o m o el " a n a l y t i c o - r e f e r e n t i a l d i s c o u r s e " ,
L e o n a r d a r e d e f i n e e s o s v a l o r e s s e g ú n el o r d e n i n v e r s o d e t e r m i n a d o p o r
el m o v i m i e n t o o s c i l a n t e d e s u t r a s e r o , a n t í t e s i s d e l o r d e n r a c i o n a l d e
la c a b e z a . El t r a s e r o d e L e o n a r d a r e p r e s e n t a t o d o l o q u e n o e s l a c a b e -
z a , t o d o l o q u e s e o c u l t a p o r la c e n s u r a s o c i a l , t o d o l o q u e p e r t e n e c e
al o r d e n d e l c u e r p o . C o m o s e i n d i c a e n el p o e m a , L e o n a r d a e s C e r e s ,
la d i o s a m a d r e q u e L o r c a o f r e c e c o m o u n a a l t e r n a t i v a a la j e r a r q u í a
p a t r i a r c a l d e la i g l e s i a . El p o e m a i l u s t r a la p a r o d i a e n t e n d i e n d o p o r tal
u n a f o r m a d e i m i t a c i ó n c a r a c t e r i z a d a p o r la i n v e r s i ó n i r ó n i c a ( H u t -
c h e o n , p . 6 ) . El m o v i m i e n t o o s c i l a n t e d e l t r a s e r o d e L e o n a r d a o f r e c e
u n a p a r ó d i c a i n v e r s i ó n d e la d i r e c c i ó n v e r t i c a l y a s c e n d e n t e q u e la i g l e -
sia r e p r e s e n t a . Su n a t u r a l e z a d o b l e , c o m o " c o n c h a y loto", s u g i e r e varias

1
Un análisis más completo de "En Málaga", y de los otros poemas de la sec-
ción "Eros con bastón", se encuentra en mi ensayo '"Tópicos sublimados': Lorca's Fema-
le Iconographies in 'Eros con bastón"', de pronta aparición en un volumen especial
dedicado a Lorca, Dalí y Buñuel que Bucknell University Press publicará.

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

p o s i b i l i d a d e s s e m á n t i c a s . Si, c o m o y a o t r o s c r í t i c o s h a n s e ñ a l a d o , aso-
c i a m o s la c o n c h a c o n el O e s t e ( c o n la t r a d i c i ó n d e l o s p e r e g r i n a j e s a
S a n t i a g o , a s í c o m o c o n la d i o s a V e n u s , d o s f i g u r a s , S a n t i a g o y Venus,
que aparecen frecuentemente en la o b r a j u v e n i l l o r q u i a n a ) , y el loto
c o n el Este, L e o n a r d a e n t o n c e s e s u n a figura q u e oscila e n t r e e s o s dos
m u n d o s culturales siendo, e n este sentido, u n a verdadera Papisa cató-
l i c a . L e o n a r d a - C e r e s e s la d i o s a m a d r e c a p a z d e f u n d i r l o v e r b a l con
l o p l á s t i c o , la p a l a b r a c o n la f o r m a , l o t e m p o r a l c o n l o espacial.
Además hay q u e hacer notar q u e ambas imágenes, de loto y con-
c h a , s u g i e r e n la v u l v a u ó r g a n o s e x u a l f e m e n i n o . S e g ú n B a r b a r a Wal-
k e r ( p . 117), la l e y e n d a d e S a n t i a g o s e o y ó p o r p r i m e r a v e z e n el si-
g l o vii c u a n d o l a I g l e s i a a d o p t ó e l s a n t u a r i o d e l a d i o s a m a r i n a Brigit
p a r a c o n m e m o r a r a l A p ó s t o l . El s í m b o l o d e l a d i o s a e r a e l kteis o vul-
v a e n f o r m a d e c o n c h a . El l o t o , o t r a i m a g e n d e l a v u l v a , s e h a l l a per-
sonificado en la d i o s a Padma o L o t o , la v u l v a primordial de la que
t o d o g e n e r a y e n c a r n a c i ó n d e la e n t r a d a al c o n o c i m i e n t o sexual.
M i e n t r a s q u e J u a n R a m ó n J i m é n e z b u s c a b a el ideal d e u n a poesía
p u r a , y M a l l a r m é s e a f a n a b a p o r la p e r f e c c i ó n d e la F o r m a , L o r c a p r o -
p o n e con guasa a Leonarda c o m o musa, diosa Ceres d o n d e la forma
y el c o n t e n i d o , el a r t e y la c a r n e s e a u n a n . L e o n a r d a resiste t o d a obje-
tivación p u e s su esencia es m a n t e n e r s e oscilando. En t é r m i n o s paródi-
cos, mitad burlas y mitad veras, Leonarda responde al entendimiento
lorquiano del arte c o m o lucha c o n formas vivas, constante intercambio
c o n la v i d a para que su movimiento y energía no se fosilicen en la
articulación artística.
La r e p r e s i ó n r e l i g i o s a y e l s e n t i m i e n t o d e i n s e g u r i d a d s e x u a l son
el f o c o t a m b i é n d e la o b r a d e D a l í y B u ñ u e l p r o c e d e n t e d e esta pri-
mera época. Como en el c a s o d e L o r c a , la p a r o d i a les sirvió eficaz-
m e n t e p a r a d e s a r r o l l a r el d i s c u r s o h í b r i d o b a k t i n i a n o al e s t a b l e c e r un
juego intertextual entre varias tradiciones y actitudes y entre d o s o más
textos. Dicho entrecruce e n t r e el t e x t o p a r ó d i c o y el t r a s f o n d o paro-
d i a d o s e i l u s t r a b i e n c o n u n e j e m p l o d e l a p e l í c u l a Un chien andalón
q u e Dalí y B u ñ u e l produjeron j u n t o s . La b a s e d e s u c o l a b o r a c i ó n fue
el a c u e r d o m u t u o d e r e c h a z a r t o d a i d e a q u e p r o c e d i e r a d e la t r a d i c i ó n ,
la c u l t u r a y la e d u c a c i ó n formal c o n e l fin d e l o g r a r u n cierto auto-
m a t i s m o p s í q u i c o c o n s c i e n t e ( B u ñ u e l , Notes, p . 151) m e d i a n t e el cual
i n t e r n a r s e e n el m u n d o o n í r i c o p r o p i o d e c a d a u n o d e ellos.
U n a f a m o s a e s c e n a d e la p e l í c u l a p r e s e n t a al p r o t a g o n i s t a tirando
con dos cuerdas de un piano con unos burros podridos encima y un
par de hermanos m a r i s t a s . El c a r á c t e r h e t e r o g é n e o e iconoclástico de

474

CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODLA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

la e s c e n a e x i g e la c o l a b o r a c i ó n d e l e s p e c t a d o r e n e l d e s e n t r a ñ a m i e n t o
d e s u s e n t i d o . Es lo q u e m e p r o p o n g o llevar a c a b o a q u í a s a b i e n d a s
d e q u e al h a c e r l o , v o y e n c o n t r a d e l o s d e s e o s d e D a l í y B u ñ u e l q u i e -
n e s d e j a r o n b i e n c l a r o q u e n o q u e r í a n q u e la p e l í c u l a f u e r a " i n t e r p r e -
tada". En deferencia a sus d e s e o s , v o y a partir para mi análisis del
s u r r e a l i s m o , el m i s m o i n s t r u m e n t o d e q u e Dalí y B u ñ u e l s e s i r v i e r o n
p a r a p r o d u c i r l a p e l í c u l a . El r e c u r r i r a l s u r r e a l i s m o n o s ó l o e s n e c e s a -
r i o s i n o a p r o p i a d o . La i n c o n g r u e n c i a v i s u a l d e la e s c e n a r e c u e r d a el
ideal estético p r o p u e s t o p o r el Surrealismo y t o m a d o d e Isidore D u c a s -
s e , e l " c o n d e d e L a u t r é m o n t " , a u t o r d e l a o b r a Les Chants de Maldo-
ror q u e l o s s u r r e a l i s t a s t e n í a n e n g r a n e s t i m a . L a m á x i m a d e L a u t r é -
m o n t d e l ideal e s t é t i c o c o m o el " e n c u e n t r o fortuito s o b r e u n a m e s a d e
disección de una máquina de coser y un paraguas", adquiere conno-
t a c i o n e s s e m á n t i c a s d e g r a n i n t e r é s al a p l i c a r s e a la e s c e n a q u e n o s
2
ocupa, c o m o trataré d e explicar .

Cualquier e s p e c t a d o r e s p a ñ o l tendrá p o c a dificultad e n r e c o n o c e r

l a e s c e n a c o m o u n a v e r s i ó n p a r ó d i c a d e u n a p r o c e s i ó n r e l i g i o s a . El
p i a n o c o n los b u r r o s y el p r o t a g o n i s t a o f r e c e n u n a r é p l i c a i n v e r s a d e
l o s p a s o s d e S e m a n a S a n t a y d e l o s p e n i t e n t e s a r r a s t r a n d o la c r u z d e
s u s p e c a d o s . Los h e r m a n o s m a r i s t a s r e c u e r d a n al t o r o m u e r t o s i e n d o
a r r a s t r a d o d e l a p l a z a a l f i n a l d e l a f a e n a . La e s c e n a s e s i t ú a a s í e n
r e l a c i ó n p a r ó d i c a c o n r e s p e c t o a d o s i c o n o s e n la c u l t u r a e s p a ñ o l a , las
p r o c e s i o n e s d e S e m a n a S a n t a y la c o r r i d a d e t o r o s . A m b o s i c o n o s s e
r e l a c i o n a n p u e s e n l o s d o s s e i m p l i c a u n c a s t i g o d e la c a r n e e i n s t i n -
t o s . A s í c o m o C r i s t o l l e v ó el p e s o d e l o s p e c a d o s d e la h u m a n i d a d , la
c o r r i d a s u p o n e la c o n f r o n t a c i ó n e n t r e la f u e r z a instintiva y salvaje d e l
t o r o c o n el o r d e n l ó g i c o y r a c i o n a l d e l t o r e r o . E n la p e l í c u l a d e D a l í
y B u ñ u e l e s t o s m o d e l o s s o n i n v e r t i d o s . El p r o t a g o n i s t a , alter-ego de
D a l í y B u ñ u e l , t a m b i é n arrastra u n a c r u z , p e r o n o e s la c r u z d e s u s
p e c a d o s s i n o el g r a n p e s o q u e la c u l t u r a y la r e l i g i ó n p o n e n s o b r e s u s
h o m b r o s o b s t a c u l i z a n d o la r e a l i z a c i ó n d e s u s p r o p i o s d e s e o s .

El p i a n o , r é p l i c a i r r e v e r e n t e d e l paso e n las p r o c e s i o n e s religiosas,

e s t a m b i é n u n a v e r s i ó n a l t e r n a t i v a d e la m e s a d e d i s e c c i ó n e n la m á x i -
ma d e Lautrémont. Y ¿por q u é u n p i a n o ? El p i a n o e r a p a r t e habitual
de las v e l a d a s en el s a l ó n de l a Residencia de estudiantes. Lorca lo
tocaba c o n frecuencia, aparece e n otras películas d e B u ñ u e l y Dalí lo
p i n t ó v a r i a s v e c e s , a s í e n s u c u a d r o Calavera atmosférica sodomizan-

2
"II est beau... comme la rencontre fortuite sur une table de dissection d'une
machine á coudre et d'un parapluie!" (Ducasse/Lautrémont, p. 327).

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

do a un piano de cola ( 1 9 3 4 ) . P e r o e l p i a n o , p r o t a g o n i s t a c e n t r a l d e
l a s t e r t u l i a s d e l a Residencia, i c o n o d e refinamiento social, es t a m b i é n
la r e p r e s e n t a c i ó n d e l a b u r r i m i e n t o y c o n t r o l q u e l o s r e s i d e n t e s d e b i e -
r o n sufrir d u r a n t e m u c h a s d e e s a s v e l a d a s . Así, s o b r e la p l a t a f o r m a o
m e s a d e d i s e c c i ó n ofrecida p o r el i c o n o cultural d e l p i a n o , los j ó v e n e s
artistas q u e e n t o n c e s e r a n Dalí y B u ñ u e l o f r e c e n los sacrificios e n aras
d e l a c u l t u r a y l a s c o n v e n c i o n e s . ¿Y c u á l e s s o n s u s o f r e c i m i e n t o s ? L o s
d o s b u r r o s p o d r i d o s q u e , s i g u i e n d o la c o n e x i ó n c o n la m á x i m a d e Lau-
t r é m o n t , s u s t i t u y e n a la m á q u i n a d e c o s e r y el p a r a g u a s . L o s s u r r e a l i s -
tas, y Dalí e n particular, e n c o n t r a b a n fuertes c o n n o t a c i o n e s eróticas e n
la v e r t i c a l i d a d fálica d e l p a r a g u a s , c o n s u c a p a c i d a d p a r a a b r i r s e y
c e r r a r s e s i m u l a n d o el e n t u m e c e r s e y d e s e n t u m e c e r s e s e x u a l , y la c u a -
l i d a d p u n z a n t e d e la m á q u i n a d e c o s e r . La v e r s i ó n f í l m i c a d e D a l í y
B u ñ u e l e s e n sí u n a i n v e r s i ó n d e e s o s s i g n i f i c a d o s y a q u e los b u r r o s
p o d r i d o s r e p r e s e n t a n u n a s e x u a l i d a d c o r r o m p i d a t o t a l m e n t e p o r las
convenciones sociales.

¿Y p o r q u é l o s b u r r o s ? L o s b u r r o s t i e n e n u n a c o n e x i ó n e s p e c i a l
c o n e s t o s artistas. B u ñ u e l r e c u e r d a el terrible o l o r y los b u i t r e s v o l a n -
d o e n torno a los despojos d e u n b u r r o p o d r i d o q u e vio s i e n d o n i ñ o
e n u n o d e sus p a s e o s c o n su p a d r e p o r los olivares d e su p u e b l o natal
(Mi último suspiro, p . 19). Su p a d r e le e x p l i c ó q u e e r a c o s t u m b r e c a m -
p e s i n a el d e j a r l o s c a d á v e r e s d e l o s a n i m a l e s c o m o a b o n o d e la tierra.
M á s t a r d e e n l a Residencia e l b u r r o p o d r i d o o carnuzo se convertiría
e n e l s í m b o l o p e r f e c t o p a r a e l putrefacto, el t é r m i n o u s a d o p o r los resi-
dentes para designar u n tipo d e persona, ocupación, actitud o menta-
l i d a d a s o c i a d a c o n el f i l i s t i n i s m o , e l c o n f o r m i s m o y la a r t i f i c i o s i d a d , l o
3
q u e e s t o s a r t i s t a s m á s o d i a b a n . El e j e m p l o m á s c e r t e r o d e p u t r e c t o e r a
p a r a e l l o s e l p o e t a J u a n R a m ó n J i m é n e z . S u l i b r o Platero y yo, sobre
las c o n v e r s a c i o n e s e n t r e el h a b l a n t e y su b u r r o Platero, r e p r e s e n t a b a n
p a r a l o s j ó v e n e s a r t i s t a s e l sumum del s e n t i m e n t a l i s m o y lo p e o r d e
u n a t r a d i c i ó n p o s t s i m b o l i s t a y p o s t r o m á n t i c a d e la q u e q u e r í a n d e s h a -
c e r s e a t o d o t r a n c e . E n e s t e s e n t i d o , l o p o d r i d o d e l b u r r o e s la f o r m a
t a n g i b l e d e la p u t r e f a c c i ó n d e l a r t e y n a t u r a l e z a p o r el e m o c i o n a l i s m o
falso y la artificiosidad. Los b u r r o s p o d r i d o s e n c i m a d e l p i a n o e m e r g e n

3
La idea del burro podrido o carnuzo, como representación de todo lo ana-
crónico y pasado de moda, parece proceder de Pepín Bello durante los años en la
Residencia de estudiantes (Gibson, pp. 440-444). Es bien sabido que Lorca y Dalí pla-
nearon publicar un libro sobre el tema, Libro de los putrefactos, y que Dalí publicaría
más tarde un ensayo titulado El asno podrido (Oui, pp. 115-119).

476

CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

c o m o u n a r é p l i c a i n s ó l i t a d e l a s r e p r e s e n t a c i o n e s d e la P a s i ó n e n l o s
p a s o s d e l a s p r o c e s i o n e s d e S e m a n a S a n t a . E n la v e r s i ó n p a r ó d i c a d e
D a l í y B u ñ u e l , la c a r n e h e r i d a y m a l t r a t a d a n o s e p r e s e n t a d e m a n e r a
g l o r i o s a , c o m o t r i u n f o s o b r e la n a t u r a l e z a i n s t i n t i v a , s i n o c o m o e v i -
d e n c i a d e q u e l a s e x i g e n c i a s d e la r e l i g i ó n y la s o c i e d a d s u p o n e n u n a
t r a i c i ó n a l o m á s b á s i c o d e la n a t u r a l e z a h u m a n a . S o b r e la p l a t a f o r m a
del piano, i c o n o cultural p o r excelencia, significante del refinamiento
y la s o f i s t i c a c i ó n , e s t o s a r t i s t a s p r e s e n t a n la c o r r u p c i ó n s u f r i d a p o r la
n a t u r a l e z a b a j o el p e s o d e la artificiosidad. E n e s e e n c u e n t r o , el a r t e
d e l r e f i n a m i e n t o y la s e n t i m e n t a l i d a d (el p i a n o n e g r o ) s e c o n v i e r t e e n
e l f é r e t r o s i n i e s t r o d e la n a t u r a l e z a .

Los d o s h e r m a n o s maristas h a c e n e c o d e l t o r o a r r a s t r a d o fuera de

la p l a z a al final d e la f a e n a t a u r i n a . E n l u g a r d e p r o c l a m a r e l triunfo
d e la r a z ó n ( e l t o r e r o ) s o b r e l a p a s i ó n ( e l t o r o ) , l a i n v e r s i ó n paródica
d e la p e l í c u l a h a c e d e l o s m a r i s t a s , e n c a r n a c i ó n d e la r e p r e s i ó n reli-
g i o s a , la p e s a d a c a r g a q u e el p e n i t e n t e e s f o r z a d o a a r r a s t r a r s o b r e sus
hombros. Se a ñ a d e n así a t o d o un bagaje cultural donde el instinto
n a t u r a l y l a s p a s i o n e s s o n s a c r i f i c a d o s e n f a v o r d e la a r t i f i c i o s i d a d y la
moralidad.

Esta e s c e n a e j e m p l i f i c a l o q u e e n el S e g u n d o M a n i f i e s t o d e l S u r r e -
a l i s m o ( 1 9 3 0 ) A n d r é B r e t o n d e n o m i n a c o m o "la d e s c e n t e v e r t i g i n e u s e "
e n l a p r o p i a s u b j e t i v i d a d c o n e l fin d e r e v i t a l i z a r l a s f u e r z a s p s í q u i c a s
e n b u s c a d e u n territorio o c u l t o y s e c r e t o d o n d e t o d a s las c o n t r a d i c -
4
ciones se resuelvan . Hay q u e añadir q u e esta i m a g e n cinemática n o s
r e c u e r d a l a t é c n i c a p i c t ó r i c a d e l collage al o f r e c e r u n e n c u e n t r o d e o b j e -
t o s d i s p a r e s q u e d e s a f í a l a p e r c e p c i ó n r a c i o n a l y e s t a b l e . La e s c e n a
c o n c u e r d a c o n el e n t e n d i m i e n t o d e B r e t o n d e q u e las i m á g e n e s s ó l o
r e s p o n d e n a las n e c e s i d a d e s internas y p e r s o n a l e s y n o a fuerzas exter-
5
n a s , p o r e l l o , f u n c i o n a n d e a c u e r d o c o n el d e s e o . Su c o m b i n a c i ó n
r e s u l t a e n u n n u e v o t i p o d e b e l l e z a l o g r a d a m e d i a n t e la " c o n v u l s i ó n "

4
"l'idée de surréalisme tend simplement à la récupération totale de notre force
psychique par un moyen qui n'est autre que la descente vertigineuse en nous, l'illu-
mination systématique des lieux cachés et l'obscurcissement progressif des autres lieux,
la promenade perpétuelle en pleine zone interdite" (Breton, pp. 167-168).
"Tout porte à croire qu'il existe un certain point de l'esprit d'où la vie et la mort,
le réel et l'imaginaire, le passé et le futur, le communicable et l'incommunicable, le
haut et le bas cessent d'être perçus contradictoirement" (Breton, p. 154).
5
Para un entendimiento del papel central del deseo en el surrealismo, véase el
capítulo "The Inner Model" en el libro de J. H. Matthews, pp. 37-64.

477

CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

p u e s n o s afecta d e tal m o d o q u e r o m p e c o n n u e s t r a f o r m a h a b i t u a l d e
6
percibir las cosas .
El t r a t a m i e n t o p a r ó d i c o d e l a r e p r e s i ó n y f r u s t r a c i ó n del deseo q u e
a c a b a m o s d e e x a m i n a r , e n la o b r a p o s t e r i o r e v o l u c i o n a hacia u n a pro-
f u n d a reflexión s o b r e el arte y la v i d a m a r c a d a p o r u n sentimiento d e
tragedia y patetismo q u e aquí examinaré e n torno a la figura d e la
encajera.
La i m a g e n d e l a e n c a j e r a e s u n a p r e s e n c i a o b s e s i v a e n l o s t r e s a r t i s -
t a s . P r o c e d e o r i g i n a l m e n t e d e l c u a d r o La encajera del pintor holandés
J a n V e r m e e r v a n D e l f t ( 1 6 3 2 - 1 6 7 5 ) . El c u a d r o d e V e r m e e r a p a r e c e e n
e l l i b r o q u e l e e l a p r o t a g o n i s t a d e Un perro andaluz, reaparece en u n
gran n ú m e r o d e películas d e Buñuel, c o m o ya ha señalado Sánchez
V i d a l ( p p . 337-342), y D a l í la r e c r e a i n t e r m i n a b l e m e n t e h a s t a l l e g a r a
filmar a l g u n a s s e c u e n c i a s d e u n a película q u e iba a titular Prodigiosa
aventura de la encajera y el rinoceronte ( G i b s o n , p p . 603-604). L o r c a
n o s e refiere d i r e c t a m e n t e al c u a d r o d e V e r m e e r , p e r o s u s e s c r i t o s r e z u -
m a n c o n figuras d e mujeres c o s i e n d o o b o r d a n d o .
C o m o e n la m i t o l o g í a t r a d i c i o n a l , p a r a e s t o s artistas la i m a g e n d e
la e n c a j e r a r e p r e s e n t a e l e s c e n a r i o d e l a c r e a c i ó n . L a t r a n s f o r m a c i ó n
d e l h i l o al s e r h i l a d o s e a s o c i a b a c o n las t r a n s f o r m a c i o n e s c ó s m i c a s d e
m o d o q u e el p r o c e s o cíclico d e la c r e a c i ó n h a l l a b a s u réplica e n el
j u e g o d e l h u s o y l a r u e c a . E n e l d i á l o g o l a República (p. X), Platón
habla del h u s o q u e se extiende a través d e las órbitas celestiales hacién-
dolas girar y se c o m p a r a b a n los hilos c o n los filamentos p r o c e d e n t e s
d e las n u b e s y s u e f e c t o e n l a s c o s e c h a s p o r la lluvia ( P l a t ó n , p p . 133-
34; S u h r , p . 3 2 ) . E n t é r m i n o s d e l l e n g u a j e , e s c o m ú n e s t a b l e c e r l a a s o -
c i a c i ó n e n t r e l o t e x t u a l y l o textil, e n t r e el tejer c o n hilos y c o n p a l a -
b r a s , e n t r e s e g u i r el h i l o y la t r a m a , e n t r e la u r d i m b r e d e la tela y la
d e l a r g u m e n t o . E n e s t e s e n t i d o , la tela, la p á g i n a y el l i e n z o s e c o r r e -
l a c i o n a n d e igual m o d o q u e la aguja halla s u correlativo e n el lápiz o
p l u m a y e n el p i n c e l . R o l a n d B a r t h e s a s o c i a el p r o c e s o d e l tejer y la
e s c r i t u r a c o n el d e la i d e n t i d a d . C u a n d o B a r t h e s d e f i n e e l t e x t o c o m o
u n tejido, s e está refiriendo a la c r e a c i ó n c o m o u n p r o c e s o , u n e n t r e -
t e j i m i e n t o c o n s t a n t e e n el q u e el sujeto s e v a d e s h a c i e n d o d e igual
m o d o q u e lá a r a ñ a s e v a d i s o l v i e n d o e n los j u g o s c o n q u e c o n s t r u y e
s u t e l a ( p . 614). N a n c y K. M i l l e r h a c e e c o d e B a r t h e s c u a n d o a f i r m a
q u e el p r o c e s o d e l tejer y d e la escritura s e lleva a c a b o m e d i a n t e la
d e s t i l a c i ó n d e l a s e x p e r i e n c i a s d e la m u j e r c r e a d o r a ( p p . 286-288). E n

6
"La beauté sera CONVULSIVE ou ne sera pas" (Bretón, Nadja, p. 190).

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

e s e s e n t i d o , la total d e d i c a c i ó n d e la e n c a j e r a a s u l a b o r , c o m o s u p o s -
t u r a s u g i e r e , h a c e e c o d e la d e N a r c i s o t o t a l m e n t e s u m e r g i d o e n la
c o n t e m p l a c i ó n d e s u i m a g e n e n las a g u a s . C o m o N a r c i s o , la e n c a j e r a
artista b u s c a s u reflejo, s u s e n t i d o d e la p r o p i a i d e n t i d a d , e n la t e l a u
hoja d e papel.
Lorca, Dalí y B u ñ u e l s e s e n t í a n a t r a í d o s p o r el d r a m a s i l e n c i o s o de
la e n c a j e r a , imagen tradicional de la v i d a doméstica, reprimiendo sil
frustración personal tras u n a apariencia d e vida tranquila y convencio-
nal. Sus m o d e l o s s o n encajeras e n la t r a d i c i ó n d e P e n é l o p e , Filomela
y Ariadna, entre otras, todas recurriendo al tejer c o m o salida d e sus
f r u s t r a c i o n e s . P e n é l o p e , d e s h a c i e n d o d u r a n t e la n o c h e l o q u e tejió d u r a n -
te el día, F i l o m e l a d a n d o c u e n t a d e su d r a m a e n el tejido p u e s s u v i o -
l a d o r le c o r t ó la l e n g u a p a r a i m p e d i r q u e h a b l a r a , y A r i a d n a recurriendo
a u n h i l o p a r a s a l v a r a u n a m a n t e q u e l u e g o la a b a n d o n a , ejemplifi-
c a n la a f i r m a c i ó n d e E l a i n e S h o w a l t e r d e q u e el tejer y el c o s e r e s el
lenguaje s e c r e t o d e la m u j e r escrito e n abierta oposición con el dis-
7
curso patriarcal . Las e n c a j e r a s de Buñuel y Lorca responden a esta
caracterización, c o m o se verá a continuación.
El t é r m i n o " h a c e r e n c a j e " o f r e c e r i c a s p o s i b i l i d a d e s s e m á n t i c a s c o n
q u e articular los conflictos p e r s o n a l e s y artísticos q u e Lorca, Dalí y
B u ñ u e l d e b i e r o n c o n f r o n t a r al i n t e n t a r c o n c i l i a r el a r t e y la v i d a , e l
d e s e o y su frustración. "Hacer encajar" algo es h a c e r q u e algo se ajus-
te d e a c u e r d o c o n u n m o d e l o o n o r m a . P e r o c u a n d o algo "encaja" per-
f e c t a m e n t e sufre el p e l i g r o d e q u e d a r s e a t a s c a d o e n e s e lugar: estar
encajado significa hallarse a t r a p a d o . E n e s e s e n t i d o , los m i s m o s hilos
c o n q u e s e l o g r ó la p e r f e c c i ó n d e la f o r m a p u e d e n c o n v e r t i r s e e n l o s
e l e m e n t o s q u e l a a t r a p a n al fijarla. L a b e l l e z a d e l e n c a j e a c a b a d o p u e -
d e c o n v e r t i r s e así e n su m u e r t e . S ó l o el e n c a j e c o m o p r o c e s o p r e s e r -
v a la v i d a a m e d i d a q u e l o s h i l o s c o n t i n ú a n e n t r e t e j i é n d o s e e n p a t r o -
n e s q u e al s e r l o g r a d o s , c o n d u c e n a la f o r m a c i ó n d e o t r o s e n u n
p r o c e s o n u n c a a c a b a d o . E n e s t e s e n t i d o , el h a c e r e n c a j e d e s c r i b e el
m o v i m i e n t o del d e s e o p u e s a m e d i d a q u e los hilos/palabra/líneas b u s -
c a n la f o r m a d e s e a d a , s u l o g r o c o n d u c e a o t r a s m e t a s . H a y q u e a ñ a -
d i r t a m b i é n q u e la f o r m a p l e n a d e l e n c a j e d e p e n d e d e a g u j e r o s : c u a n -
to m á s se entretejen los hilos p a r a formar los p a t r o n e s , m á s d i c h o
p a t r ó n s e c o n f i g u r a e n b a s e d e l o s a g u j e r o s q u e l o c o n s t i t u y e n . El e n c a -
je i m p l i c a m o d e l o s o p a t r o n e s c u y a f o r m a d e p e n d e d e a g u j e r o s . La p r e -

7
La crítica americana Elaine Showalter desarrolla estas ideas en una serie de tra-
bajos indicados en la bibliografía al final de este estudio.

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

sencia del m o d e l o d e p e n d e d e su ausencia e n los agujeros, de igual

m o d o q u e la r e a l i z a c i ó n c o n l l e v a la falta y e l deseo.
Las encajeras lorquianas, c o m o figuras llenas del patetismo d e la
r e p r e s i ó n h u m a n a y d e la f r u s t r a c i ó n vital y d e l d e s e o , e n c a r n a n con
fuerza la p r o b l e m á t i c a anterior, como se ilustra e n el e j e m p l o de la
m o n j a gitana e n el r o m a n c e d e igual título d e Lorca ( p p . 404-405).
La m o n j a g i t a n a , r é p l i c a d e la e n c a j e r a d e V e r m e e r , b o r d a b e l l a s y
delicadas flores e n la s u p e r f i c i e d e l m a n t e l p a r a el a l t a r d e la m i s a . Su
d e s e o , sin e m b a r g o , sería el b o r d a r las "flores d e s u fantasía", e s decir,
flores g r a n d e s , d e colores brillantes y llenas d e lentejuelas y lazos. De
llevarse a cabo, ese d e s e o resultaría e n u n d i s e ñ o m u y p o c o apropia-
d o p a r a el m a n t e l d e la m i s a y q u e l o s m i s m o s v o t o s d e la m o n j a le
impiden ejecutar. P o r e s o la m o n j a gitana es otra Filomela silenciada
por la i g l e s i a q u e el p o e m a representa como un "oso panza arriba"
g r u ñ e n d o g r o t e s c a m e n t e f u e r a d e la c e l d a . La o t r a " e n c a j e r a " e n l a e s c e -
n a e s la l u z e n t r a n d o e n la c e l d a p o r "el a j e d r e z / a l t o d e la celosía".
E n e s e p r o c e s o , la l u z a d q u i e r e u n a v a r i e d a d d e c o l o r e s q u e h a c e eco
d e l o s h i l o s d e c o l o r e s e n la t e l a . N o h a y q u e d e s c a r t a r la importan-
cia d e e s t e j u e g o d e reflejos p u e s , c o m o los reflejos d e la i m a g e n de
N a r c i s o e n l a s a g u a s , l o s d e la l u z al a t r a v e s a r la v i d r i e r a d e la v e n t a -
na crean una multiplicidad de perspectivas que ponen en entredicho
la s u p u e s t a u n i d a d y c o h e r e n c i a d e l a i d e n t i d a d d e l a m o n j a t a l y como
a p a r e c e e n la t r a n q u i l i d a d d e s u c e l d a . C o m o N a r c i s o , la m o n j a enca-
jera o b o r d a d o r a n o es u n a s i n o d o b l e , e n u n e s t a d o d e t r a n c e e hip-
n o t i s m o c o n las i m á g e n e s p r o d u c i d a s p o r s u p r o p i a fantasía e ilusión.
Las d e l i c a d a s flores e n el m a n t e l d e la m i s a s o n las f o r m a s subli-
m a d a s d e l d e s e o d e la m o n j a , s e m e j a n t e al p r o c e s o d e s u b l i m a c i ó n del
p a n y e l v i n o e n el c u e r p o y s a n g r e e n la T r a n s u s t a n c i a c i ó n d e la m i s a .
P e r o b a j o la a p a r i e n c i a d e c a l m a , la e s c e n a e s t á l l e n a d e t e n s i ó n pues
el d e s e o r e p r i m i d o d e la m o n j a s e m a n i f i e s t a a través del lenguaje de
su c u e r p o , e n sus ojos reflejando a los caballistas y e n su blusa mos-
t r a n d o su agitación interior. Este lenguaje del c u e r p o revela el subtex-
to d e l d e s e o q u e s u s v o t o s religiosos le o b l i g a n a reprimir. Es así que
su b o r d a d o se convierte en un crisol d o n d e se representa el drama
s i l e n c i o s o d e la m o n j a , u n p a l i m p s e s t o d o n d e la r e p r e s i ó n s e inscribe
s o b r e el d e s e o q u e , sin e m b a r g o , e m e r g e p o r los intersticios o aguje-
r o s d e l p a t r ó n . M i e n t r a s q u e s u s o j o s e x t i e n d e n la m i r a d a h a c i a fuera
como escapando de su encierro, las "yertas lejanías" recuerdan las
p e n a s d e "afligida d u r a c i ó n " d e q u e h a b l a Rilke e n la d é c i m a de sus
Elegías a Duino. C o m o las p e n a s d e Rilke c o n s t i t u y e n "nuestro follaje

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

i n v e r n a l , n u e s t r a s h o j a s d e s e n t i d o p e r e n n e , una d e las e s t a c i o n e s d e
n u e s t r o a ñ o s e c r e t o . . . lugar, establecimiento, guarida, suelo, h o g a r " (las
t r a d u c c i o n e s s o n m í a s ) , las d e la m o n j a e n v u e l v e n s u e s t a d o d e frus-
8
t r a c i ó n e x i s t e n c i a l . Su fantasía e s l o q u e le p e r m i t e a la m o n j a t r a n s -
f o r m a r la p l a n a m o n o t o n í a d e s u e x i s t e n c i a e n u n p a i s a j e d e d e s e o
p l e n o d e v e r t i c a l i d a d fálica: "¡Oh!, q u é l l a n u r a e m p i n a d a / c o n v e i n t e
s o l e s arriba. / ¡ Q u é ríos p u e s t o s d e p i e / v i s l u m b r a su fantasía!". P e r o
l a r e a l i d a d d e s u e x i s t e n c i a l e o b l i g a a c o n t i n u a r c o n s u s flores. L o r c a
m u e s t r a q u e t r a s la a p a r i e n c i a d e c a l m a e n e s t a e s c e n a d e c r e a c i ó n s e
o c u l t a o t r o d r a m a p o r q u e l a s flores b e l l a s y d e l i c a d a s , c o m o e l l e n -
g u a j e b e l l o , e s m u y p o s i b l e m e n t e el s u b t e r f u g i o d e la m u j e r p a r a d a r
v o z a s u s d e s e o s r e p r i m i d o s . C o m o s e ñ a l a S h o w a l t e r , el l e n g u a j e d e l
d e s e o e s u n d i s c u r s o a d o s v o c e s ("Feminist Criticism in t h e Wilder-
n e s s " , p . 263). La t e l a , p a p e l o l i e n z o e s el e s p a c i o d o n d e d i s c u r s o s
varios y contradictorios se encuentran y confrontan.

El n ú m e r o d e e n c a j e r a s y b o r d a d o r a s e n l a s p e l í c u l a s d e B u ñ u e l
e s n u m e r o s o . C o m o y a s e d i j o , La Encajera d e Vermeer h a c e su pri-
m e r a a p a r i c i ó n e n e l l i b r o q u e l e e l a p r o t a g o n i s t a d e Un chien anda-
lón ( 1 9 2 8 - 1 9 2 9 ) y r e a p a r e c e , a d e m á s d e o t r o s e j e m p l o s i n t e r m e d i o s
(Una mujer sin amor [1951], Le journal d'une femme de chambre [1963],
Belle de jour [ 1 9 6 6 ] ) e n s u ú l t i m a p e l í c u l a , Cet obscur objet du désir
( 1 9 7 7 ) . H a c i a el final d e la p e l í c u l a el p r o t a g o n i s t a , M a t e o , m i r a c o n
i n t e n s i d a d p o r el cristal d e u n e s c a p a r a t e d o n d e u n a m u j e r está tra-
t a n d o d e c o s e r los d o s l a d o s d e u n roto e n u n a tela d e encaje. E n ésta,
c o m o e n l a e s c e n a d e Un chien, d e s t a c a la total c o n c e n t r a c i ó n d e las
p r o t a g o n i s t a s y s u i n t e r r u p c i ó n p o r u n a t r a g e d i a q u e o c u r r e e n el e x t e -
r i o r , l a c a í d a d e l c i c l i s t a e n Un chien y l a e x p l o s i ó n e n Cet obscur.
Ambas e s c e n a s p r e s e n t a n l o s d o s á m b i t o s q u e o c u p a n la a c t i v i d a d artís-
tica d e B u ñ u e l : el e s p a c i o d e la c r e a c i ó n e n el r e c i n t o c e r r a d o y p r o -
tegido d e la e n c a j e r a y el m u n d o e x t e r i o r c o n s u v i o l e n c i a y m u e r t e .
¿Cómo p u e d e el artista c o m p a g i n a r a m b o s e x t r e m o s ?

M a t e o y C o n c h i t a , l o s p e r s o n a j e s p r i n c i p a l e s d e l a p e l í c u l a Cet obs-
cur, e s t á n m i r a n d o a la e n c a j e r a e n el a i s l a m i e n t o d e s u h o r n a c i n a en
e l e s c a p a r a t e d e l a t i e n d a . La p a l a b r a Reprographie a p a r e c e escrita en
la p a r t e s u p e r i o r d e l e s c a p a r a t e h a c i é n d o n o s c o n s i d e r a r el c a r á c t e r r e p e -
t i d o d e la e s c e n a y s u s m ú l t i p l e s reflejos e n la v a r i e d a d d e cristales de

8
"Sie aber sind ja / unser winterwahriges Laub, unser dunkeless Sinngrün,/ eine
der Zeiten des heimlichen J a h r e s . . . / sind Stelle, Siedelung, Lager, Boden, Wohnort"
(p. 5 6 ) .

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

escaparates y espejos q u e d o m i n a esta escena. Mateo está totalmente

f a s c i n a d o c o n la e n c a j e r a y s u i n t e n t o d e r e p a r a r la r a s g a d u r a d e la
tela. Es i r ó n i c o q u e d e s p u é s d e h a b e r s e p a s a d o t o d a la p e l í c u l a p e r s i -
g u i e n d o a C o n c h i t a a h o r a , q u e la t i e n e a s u l a d o , s u a t e n c i ó n n o s e
c o n c e n t r e e n ella s i n o e n la e n c a j e r a . A u n q u e le a c a r i c i e la m a n o a
C o n c h i t a , s u s o j o s e s t á n c l a v a d o s e n l a s m a n o s d e la e n c a j e r a t r a t a n -
d o d e u n i r l o s d o s l a d o s d e l e n c a j e . La s a n g r e q u e m a r c a la r a s g a d u -
ra h a c e d e l e n c a j e u n a i m a g e n d e l d e s e o c o m o h e r i d a abierta q u e n u n -
c a s e v a a p o d e r c u r a r y a q u e s u n a t u r a l e z a e s la d e n o v e r s e s a t i s f e c h o
9
d e p o r s i e m p r e . Y e s o p a r e c e s e r el f o c o d e la p e n e t r a n t e a t e n c i ó n
d e Mateo. C o m o Narciso d e s e a n d o p o r siempre unirse a su i m a g e n e n
las a g u a s , o b l i g a d o a vivir e n t r e e s p e j o s y reflejos e n b u s c a d e u n a p l e -
n i t u d q u e i n s i s t e e n m a n t e n e r s e e l u s i v a , M a t e o a n h e l a u n i r s e c o n la
b ú s q u e d a d e p l e n i t u d d e s e n t i d o y s e r q u e la l a b o r d e la e n c a j e r a i l u s -
tra e n s u i n t e n t o d e u n i r l o s d o s l a d o s d e la r a s g a d u r a . S i n e m b a r g o ,
s u t o t a l c o n c e n t r a c i ó n c o n la e n c a j e r a , a d e s p e c h o d e la m u j e r d e c a r -
n e y h u e s o q u e t i e n e a s u l a d o , m u e s t r a el p a t e t i s m o d e M a t e o y s u
d i l e m a e x i s t e n c i a l . P e r o el f o c o d e B u ñ u e l n o s e d e t i e n e a h í y a q u e la
a t e n c i ó n d e M a t e o e s i n t e r r u m p i d a p o r la e x p l o s i ó n d e f u e r a . D e e s t a
m a n e r a B u ñ u e l i n t e n t a c o n c i l i a r l o s e x t r e m o s d e a r t e y v i d a . La b ú s -
q u e d a d e la p l e n i t u d y r e a l i z a c i ó n r e p r e s e n t a d a e n la e n c a j e r a t i e n e el
peligro d e volverse e x c e s i v a m e n t e solipsista para u n B u ñ u e l s i e m p r e
i n t e r e s a d o e n la r e l a c i ó n e n t r e el a r t e y la a c c i ó n s o c i a l . Al i n t e r c a l a r
u n a e s c e n a c o n la o t r a , B u ñ u e l e s t á a r t i c u l a n d o e l b a l a n c e q u e h a y q u e
m a n t e n e r e n t r e la v i d a y la o b r a .

Estas p r e o c u p a c i o n e s s e d e s a r r o l l a n e n la c o n f e r e n c i a " C i n e y p o e -
sía" q u e B u ñ u e l p r o n u n c i ó e n la U n i v e r s i d a d d e M é x i c o e n 1 9 5 3 - A p l i -
c a n d o al c i n e las i d e a s d e E n g e l s r e s p e c t o a la n o v e l a , B u ñ u e l consi-
d e r a q u e e l c i n e t i e n e l a r e s p o n s a b i l i d a d d e o f r e c e r u n c u a d r o fiel de
r e l a c i o n e s s o c i a l e s a u t é n t i c a s c o n e l fin d e d e s t r u i r la p e r s p e c t i v a con-
v e n c i o n a l q u e se tiene d e esas relaciones, q u e b r a n t a r el o p t i m i s m o de
la b u r g u e s í a y forzar al l e c t o r / e s p e c t a d o r a c u e s t i o n a r la permanencia
d e l o r d e n e x i s t e n t e ( p . 1 1 0 ) . La o b r a c i n e m a t o g r á f i c a de Buñuel mues-
tra u n a t o m a d e c o n c i e n c i a d e los p r i n c i p i o s d e E n g e l s p o r m e d i o de
d o s s i t u a c i o n e s r e p e t i d a s e n s u s d i s t i n t a s p e l í c u l a s , la d e l h o m b r e mayor
p e r s i g u i e n d o a u n a m u j e r m á s j o v e n , tal y c o m o s e d e s a r r o l l a e n Cet
obscur, y la m u j e r q u e r e c u r r e al b o r d a r o c o s e r d e s p u é s d e h a b e r l l e -

9
El análisis de Linda Williams sobre el cine surrealista y su relación con el d e s e o
ha sido fundamental en mi entendimiento del trabajo fílmico de Buñuel.

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

vado a cabo alguna acción censurable, ya sea p o r traicionar su rela-

c i ó n c o n u n h o m b r e e n el a d u l t e r i o o al d e n u n c i a r l o a las autoridades
o f i c i a l e s p o r a l g o q u e e l h o m b r e h a y a h e c h o . E n la p r i m e r a situación
t í p i c a m e n t e b u ñ u e l e s c a , la d e l h o m b r e m a y o r e n a m o r a d o o deseando
a u n a m u j e r m á s j o v e n , la d i s p a r i d a d e n t r e las e d a d e s d e l o s persona-
j e s e n la r e l a c i ó n , a s í c o m o e n t r e la e d a d d e l h o m b r e y la f u e r z a de
su deseo, crea un patetismo que normalmente desemboca en una
acción plena d e violencia y crueldad. A través d e esta situación, Buñuel
intenta destruir el falso optimismo de la c l a s e social burguesa y su
intento d e c o n t e n e r el d e s e o d e n t r o d e los p a r á m e t r o s del matrimonio,
la p a s i ó n d e n t r o d e l o s c o n f i n e s d e la c o n v e n c i ó n , la c a r n e t r a s la m á s -
c a r a d e u n a m a y o r e x p e r i e n c i a y s a b i d u r í a t r a í d a s p o r la e d a d , y a la
m u j e r tras la f a c h a d a d e p u r e z a y virginidad. Las p e l í c u l a s d e Buñuel
son una subversión sin a m b a g e s de esos presupuestos a la v e z que
ilustran la i d e a d e q u e la e x p e r i e n c i a humana s e n u t r e d e la contra-
dicción, de que los d e s e o s son a menudo comprometidos y que la
g r a n d e z a d e n u e s t r o c a r á c t e r r e s i d e e n g r a n p a r t e e n el reconocimien-
t o d e n u e s t r a s l i m i t a c i o n e s y e n las s u s t i t u c i o n e s q u e n o s v e m o s obli-
gados a realizar.
Al i g u a l q u e la m o n j a g i t a n a d e L o r c a e s t a b a t r a i c i o n a n d o s u s v o t o s ,
al m e n o s de pensamiento, los personajes femeninos de Buñuel recu-
r r e n al c o s e r o b o r d a r c u a n d o h a n t r a i c i o n a d o d e u n m o d o u o t r o su
relación con un hombre, ya sea su amante o marido. Su intento al
ponerse a coser parece s e r el d e "componer" una escena atando los
hilos q u e su acto ha d e s a t a d o para hacerlos q u e se ajusten e n u n a apa-
r i e n c i a d e o r d e n y c o n f o r m i d a d . La i r o n í a d e l a s i t u a c i ó n e s q u e s u l l a -
m a d o a c t o d e " t r a i c i ó n " , p o r el q u e la s o c i e d a d l a s c e n s u r a , responde
a s u m a n e r a m á s a u t é n t i c a d e actuar. Esta c o n t r a d i c c i ó n e n t r e el deseo
individual y las e x i g e n c i a s sociales d e t e r m i n a e n g r a n m e d i d a el p a t e -
tismo de estos personajes.
El a r t e i m p l i c a e l f i n g i m i e n t o p u e s s u o b j e t i v o e s d a r f o r m a a l s e r
al m i s m o t i e m p o q u e s e t i e n e la c o n s c i e n c i a d e la a r t i f i c i o s i d a d d e tal
l a b o r . Su b ú s q u e d a d e la v e r d a d y la p l e n i t u d e s t á y a m a r c a d a p o r la
artificiosidad de los mismos instrumentos usados para su logro. Las
p a l a b r a s , las l í n e a s e n la p i n t u r a , los h i l o s d e l b o r d a d o y la c á m a r a en
el cine b u s c a n articular el o b j e t o d e l d e s e o al m i s m o t i e m p o q u e su
presencia material los m a n t i e n e a distancia del objeto que se propo-
n e n r e p r e s e n t a r . Sin e m b a r g o , la n e c e s i d a d d e l a r t e , d e la e n c a j e r a , no
disminuye a causa d e esta m i s m a contradicción ya q u e su insistencia
e n a t r a e r al o b j e t o d e l d e s e o m a n t i e n e la e s p e r a n z a . El b o r d a r , como

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 CANDELAS GALA

el e s c r i b i r o la a c t i v i d a d artística, e n g e n e r a l , e s u n i n t e n t o d e reparar
las r a s g a d u r a s y d e m a n t e n e r cierta a p a r i e n c i a d e f o r m a e n u n mundo
d o n d e el v a c í o d e los a g u j e r o s p a r e c e dominar.
E n c u a n t o a Dalí, la i m p o r t a n c i a del cuadro de Vermeer es clara
en la s i g u i e n t e cita p r o c e d e n t e de la c o n f e r e n c i a que el p i n t o r pro-
n u n c i ó e n la S o r b o n a el 17 d e d i c i e m b r e d e 1955:

Lo q u e m á s m e c o n m o v i ó d e e s e c u a d r o fue q u e t o d o c o n v e r g í a
e x a c t a m e n t e e n u n a a g u j a , e n u n alfiler q u e n o e s t a b a p i n t a d o , s i n o
s ó l o s u g e r i d o . C o n m u c h a f r e c u e n c i a s e n t í a la a c u i d a d d e a q u e l alfiler
c o n tanta realidad e n mi propia carne, e n mi c o d o , q u e m e desperta-
b a s o b r e s a l t a d o e n m e d i o d e las siestas m á s paradisíacas.
Aquel cuadro había sido considerado siempre c o m o m u y apaci-
b l e y e x c e s i v a m e n t e s o s e g a d o . Para m í p o s e í a u n a d e las fuerzas m á s
v i o l e n t a s e n el d o m i n i o d e la e s t é t i c a , a la q u e ú n i c a m e n t e el antipro-
ton q u e a c a b a b a d e d e s c u b r i r s e , p u e d e c o m p a r á r s e l e (cit. S á n c h e z Vi-
dal, p . 337).

C o m o s e v e p o r lo a n t e r i o r , a D a l í le atraía e n o r m e m e n t e la p r e -
s e n c i a s u g e r i d a d e la a g u j a o alfiler a p u n t o d e t r a s p a s a r la t e l a y a n t i -
c i p a n d o la s e n s a c i ó n e r ó t i c a d e e s a a c c i ó n e n s u p r o p i a c a r n e . E s e
e s t a r "a p u n t o d e " o f r e c e p a r a D a l í u n a i n f i n i d a d d e p o s i b i l i d a d e s e n
su j u e g o e n t r e p r e s e n c i a y ausencia, d e s e o y realización. Esta fuerte
f a s c i n a c i ó n inicial p o r el c u a d r o c o n d u j o a Dalí e n a ñ o s p o s t e r i o r e s a
la r e a l i z a c i ó n d e u n a s e r i e d e o b r a s e n t o r n o al m i s m o t e m a d o n d e la
repetición d e formas concéntricas y espirales parecía querer congelar
e s e m o m e n t o d e p o s i b i l i d a d e s , d e "estar a p u n t o d e " q u e la e n c a j e r a
r e p r e s e n t a p a r a el pintor.
E s t e d e s e o d e c a p t a r el o b j e t o y fijarlo e n u n a f o r m a p l á s t i c a y
o b s e r v a b l e o b j e t i v a m e n t e n o es n a d a n u e v o e n Dalí. D u r a n t e los a ñ o s
d e la R e s i d e n c i a , D a l í y L o r c a c o m p a r t i e r o n u n c o m ú n i n t e r é s p o r el
t e m a d e San Sebastián, c u y a s i m p l i c a c i o n e s artísticas y s e x u a l e s y a h a n
s i d o b i e n analizadas p o r otros críticos, p e r o c o n u n e n t e n d i m i e n t o m u y
d i s t i n t o e n c a d a u n o d e e l l o s . E n l a p r o s a San Sebastiá d e 1927, Dalí
l l e v ó a c a b o la e l a b o r a c i ó n d e s u p o s t u r a a n t e el a r t e b a j o el n o m b r e
d e la e s t é t i c a d e la S a n t a O b j e t i v i d a d . C o n e s t a p o s t u r a , D a l í s e s i t u a -
b a e n a b i e r t a o p o s i c i ó n c o n la v a g u e d a d e i m p r e c i s i ó n d e l i m p r e s i o -
n i s m o , así c o m o c o n el s e n t i m e n t a l i s m o p u t r e f a c t o d e u n arte p o s t r o -
m á n t i c o y postsimbolista. Frente a las n o r m a s artísticas vigentes, Dalí,
c o n s u e s t é t i c a d e la S a n t a O b j e t i v i d a d , b u s c a b a alejarse d e t o d o s e n -
t i m e n t a l i s m o y c a p t a r las e m o c i o n e s y el d o l o r h u m a n o s e n la f o r m a
m á s plástica y "científica" p o s i b l e .

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE LA PARODIA AL PATETISMO: LORCA, DALÍ Y BUNUEL

F r e n t e a la a s e p s i a p r o m u l g a d a p o r D a l í , L o r c a a p e l a a la n e c e s i -
d a d d e las e m o c i o n e s h u m a n a s e n la c r e a c i ó n artística. Así, e n c a r t a al
pintor d e a g o s t o d e 1927, Lorca e x p r e s a sin a m b a g e s su diferencia res-
p e c t o a s u a m i g o : " Q u e r i d o . . . . L a s flechas d e S a n S e b a s t i á n s o n d e
a c e r o p e r o la d i f e r e n c i a q u e y o t e n g o c o n t i g o e s q u e t ú l a s v e s c l a -
v a d a s , fijas y r o b u s t a s , flechas c o r t a s q u e n o s e d e s c o m p o n g a n , y y o
l a s v e o l a r g a s . . . e n e l m o m e n t o d e la h e r i d a . T u S a n S e b a s t i á n d e m á r -
m o l s e o p o n e al m í o d e c a r n e q u e m u e r e e n t o d o s los m o m e n t o s "
( S a n t o s T o r r o e l l a , a p é n d i c e s 1-2). Y a u n a ñ o a n t e s , e n s u " O d a a S a l -
v a d o r Dalí" ( 1 9 2 6 ) , el p o e t a p u d o d e t e c t a r el m i e d o d e s u a m i g o a
confrontar lo h u m a n o , sus e m o c i o n e s y pasión:

P i d e s la l u z a n t i g u a q u e s e q u e d a e n la f r e n t e ,
Sin bajar a la b o c a ni al c o r a z ó n d e l h o m b r e .
Luz q u e t e m e n las v i d e s e n t r a ñ a b l e s d e B a c o
Y la f u e r z a s i n o r d e n q u e lleva el a g u a c u r v a , ( p . 7 5 4 )

Estos textos d a n evidencia d e q u e d e s d e fechas t e m p r a n a s Lorca

c a p t ó e n s u a m i g o lo q u e m á s t a r d e constituiría el m a y o r o b s t á c u l o
p a r a la p i n t u r a d e D a l í . M e r e f i e r o al a r t e f o r m a l i s t a y c l á s i c o a q u e s e
d e d i c a r í a el p i n t o r al final d e s u v i d a , a r t e d e g r a n p e r f e c c i ó n t é c n i c a
p e r o d e s p o s e í d o d e carga h u m a n a . Mientras q u e para Lorca, y t a m b i é n
p a r a B u ñ u e l , lo q u e c o n t a b a e r a la a g u j a a t r a v e s a n d o la t e l a / p a p e l / e s c e -
n a , e s decir, el a c t o c r e a d o r e n sí y c o m o i n t e n t o d e f u s i o n a r a r t e y
v i d a , D a l í o p t ó p o r e n f o c a r s e e n la a g u j a d e t e n i d a p o r s i e m p r e e n u n
" e s t a r a p u n t o " d e a t r a v e s a r l a t e l a , s i n n u n c a l l e g a r a e l l o . El a r t e s e
c o n v i r t i ó p a r a e l p i n t o r e n u n m e d i o d e o b j e t i v a r la v i d a c o n s u s e m o -
c i o n e s , p a s i ó n y el dolor. E n s u d e s e o d e evitar t o d o p a t e t i s m o , Dalí
s e c o n v i r t i ó a sí m i s m o e n p e r s o n i f i c a c i ó n p a t é t i c a d e l artista r e d u c i d o
a la f ó r m u l a , a u t o r d e u n a o b r a d e m a d u r e z q u e a u n q u e d e s t a c a d a p o r
su perfección técnica d e s a z o n a p o r su frialdad y distancia. Lorca, p o r
el c o n t r a r i o , s e o c u p ó d e e x p l o r a r c o n s t a n t e m e n t e a v e n i d a s n u e v a s p a r a
s u a r t e b u s c a n d o s i e m p r e la m a n e r a d e f u n d i r f o r m a y p a s i ó n , p l a s t i -
c i d a d y p a t e t i s m o . M i e n t r a s q u e D a l í s e m a n t u v o fijo e n l a a g u j a , i m a -
g i n á n d o s e s u e f e c t o e n la c a r n e , L o r c a e x p e r i m e n t ó d i c h o e f e c t o d e
l l e n o h a c i e n d o d e s u t e x t o i m a g e n v i v a d e la h e r i d a e x i s t e n c i a l . L o r c a
s e i n t e r n ó e n la h e r i d a , D a l í s e q u e d ó m i r á n d o l a .

La p o s t u r a d a l i n i a n a r e s p e c t o a l a o b j e t i v i d a d e s t é t i c a s e extendió
a s u e l a b o r a c i ó n d e l m é t o d o p a r a n o i c o - c r í t i c o d e s c r i t o e n e l e n s a y o "La
conquista d e lo irracional" (Bosquet, p p . 109-117). C o m o explica Fin-
kelstein (p. 177), m e d i a n t e d i c h o m é t o d o Dalí b u s c a b a a h o n d a r , o más

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 CANDELAS GALA

b i e n , e x p l o t a r el s u b c o n s c i e n t e c o n el fin d e s a c a r a la l u z imágenes
d e g r a n f u e r z a s e x u a l . D e e s a m a n e r a e s p e r a b a p o d e r c o n t r o l a r la n a t u ­
raleza caótica del subconsciente y canalizar sus fobias y obsesiones de
u n a m a n e r a m e t ó d i c a y s i s t e m á t i c a . Si, c o m o h a b í a c o n f e s a d o , e l cua­
d r o d e V e r m e e r p r o v o c a b a e n él g r a n d e s e m o c i o n e s , Dalí se proponía
c o n t r o l a r l a s a p l i c a n d o al c u a d r o el m é t o d o p a r a n o i c o - c r í t i c o j u n t o con
teorías científicas y m a t e m á t i c a s c u y a objetividad le atraía. C o m o indi­
c a s u b i ó g r a f o D e s c h a r n e s ( p . 173), D a l í e s t a b a f a s c i n a d o c o n la diná­
m i c a d e la e s p i r a l l o g a r í t m i c a y c o n las p a r t í c u l a s q u e s e h a b í a n iden­
tificado recientemente en física nuclear. Dalí aplicó su conocimiento
b a s t a n t e superficial d e e s t o s h a l l a z g o s científicos al c u a d r o d e Vermeer
logrando destacar su aspecto morfológico m á s q u e sus posibles impli­
c a c i o n e s s e m á n t i c a s . Su i n t e n t o e r a p r o b a r q u e la c u r v a e n t o r n o a la
configuración d e l c u a d r o e s t a b a r e l a c i o n a d a c o n el c u e r n o d e l rinoce­
r o n t e , la ú n i c a c u r v a p e r f e c t a m e n t e logarítmica, así c o m o c o n el gira­
sol, la coliflor y el e r i z o d e mar.
D e j a n d o d e l a d o la c h a n z a e n e s o s i n t e n t o s d a l i n i a n o s , e l carácter
i t e r a t i v o d e s u s p i n t u r a s s o b r e l a Encajera r e s p o n d e n a lo q u e Lacan
identifica en las f o r m a s de expresión simbólica de la p a r a n o i a (Fin-
kelstein, p p . 196-97). D i c h a s f o r m a s d e s t a c a n p o r s u r i q u e z a e n la r e p e ­
tición cíclica, e n las r e c u r r e n c i a s periódicas de los m i s m o s aconteci­
m i e n t o s , e n la d u p l i c a c i ó n e i n c l u s o t r i p l i c a c i ó n d e p e r s o n a s y objetos.
En este sentido Dalí está tratando d e captar e n u n a forma concreta el
objeto del deseo, estableciendo analogías entre objetos dispares y cues­
t i o n a n d o la c e r t e z a d e la p e r c e p c i ó n . E n e s t e s e n t i d o , el m é t o d o para­
n o i c o - c r í t i c o e s c o n t r a d i c t o r i o y a q u e p o r u n l a d o insiste e n el carác­
t e r científico o e n la v e r d a d m o r f o l ó g i c a d e l o b j e t o al m i s m o tiempo
q u e c o m p r o m e t e n u e s t r a s e g u r i d a d e n la c e r t e z a d e l o q u e v e m o s . El
cuestionamiento s e e x t i e n d e t a n t o al o b j e t o p e r c i b i d o c o m o al sujeto
p e r c e p t o r a l t e r a n d o así la s e g u r i d a d d e n u e s t r a s expectativas.
La o b s e s i ó n daliniana p o r controlar el s u b c o n s c i e n t e mediante la
objetivación le llevaría al final d e s u v i d a a u n tipo d e estilo clásico
r e a c c i o n a r i o y d e s p o s e í d o d e t o d a c a r g a h u m a n a . La e v o l u c i ó n d e L o r -
ca, p o r el c o n t r a r i o , s e e n c a m i n ó h a c i a la e x p e r i e n c i a d e l o m á s huma­
n o , d e e s a h e r i d a q u e e n s u c o n f e r e n c i a d e 1933 trataría d e identificar
m e d i a n t e l a n o c i ó n d e l duende. Tal y c o m o Lorca lo p r e s e n t ó e n su
c o n f e r e n c i a Juego y teoría del duende, e l duende viene a representar
l o o p u e s t o a la d i r e c t r i z e s t é t i c a e l e g i d a p o r D a l í al final d e s u vida.
Si D a l í b u s c ó fijar l a s f o r m a s , e l duende al q u e s e a d s c r i b i ó L o r c a i m p l i ­
c a b a u n c a m b i o radical d e f o r m a s p o r su r e c h a z o total d e t o d o lo que

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CAUCE. Núm. 22-23. GALA, Candelas. De la parodia al patetismo: Lorca, Dalí y Buñuel.
 DE L A P A R O D I A A L PATETISMO: LORCA, D A L Í Y B U N U E L

fuera fijar la i n m u t a b i l i d a d de l o eterno. E l arte clásico d a l i n i a n o b u s -

caba u n a s u b l i m a c i ó n que e l duende l o r q u i a n o , m e t i d o de l l e n o e n la
lucha, n o podía n i concebir. S i el arte de D a l í s e elevaba e n vertical,
el de Lorca con e l duende s e inclinaba hacia el a b i s m o , s i e m p r e al bor-
de del p o z o .
Las grandes diferencias entre D a l í y Lorca e n s u manera de con-
cebir el arte y la v i d a s e h i c i e r o n patentes a f i n e s de la década de l o s
20, como ya apuntamos, y r e s u l t a r í a n e n u n a separación irreparable
debida n o s ó l o a la a m b i c i ó n de D a l í p o r afiliarse con l o s que, c o m o
B u ñ u e l , p u d i e r a n i n t r o d u c i r l e e n l o s c í r c u l o s p a r i s i n o s . Lorca poseía u n
atractivo cuya m a g n e t i s m o había que mantener bajo c o n t r o l para u n
D a l í s i e m p r e t e m e r o s o de dejarse l l e v a r p o r s u s p a s i o n e s e i n s t i n t o s .
P e r o l o s avatares de esta amistad, y la s u b s i g u i e n t e afiliación de D a l í
con B u ñ u e l , están b i e n documentados para tener que m e n c i o n a r l o s
aquí. Baste decir que s i g u i e n d o l a s coordenadas de la parodia y el pate-
t i s m o , este e n s a y o ha buscado m o s t r a r cómo estos artistas p e r f i l a n s u s
d i s t i n t o s m o d o s de confrontar el v i e j o conflicto entre arte y v i d a , deseo
y realidad. E l a n á l i s i s de u n a selección de s u s o b r a s n o s ha p e r m i t i d o
analizar l o s d i s t i n t o s m e d i o s de l o s que cada u n o s e s i r v i ó para p l a n -
tearse dicho conflicto, marcando con cada e x p r e s i ó n l a s pautas para el
paisaje c u l t u r a l y artístico del s i g l o x x .

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