Notas de cálculos abertos para auxiliar na aula de FM

June 2021

1 Polinômios de Hermite
A definição do Polinômio de Hermite é dado por
∞
2 X zn
g(z, u) ≡ e−z +2zu
= Hn (u) (1)
n=0
n!

Aplicando ∂z
∞
∂g(z, u) 2 X z n−1
= e−z +2zu
(−2z + 2u) = n Hn (u)
∂z n=0
n!
∞ ∞
X z n−1 X zn
= g(−2z + 2u) = Hn (u) = Hn+1 (u) (2)
n=1
(n − 1)! n=0
n!

onde foi usado no último termo a redefinição de n − 1 −→ n. Note que o somatório pós derivada deve começar em 1,
pois não existe fatorial de numero negativo, que é o que ocorre se n = 0. Substituindo a definição (1) do polinômmio
tem-se
∞ ∞
X zn X zn
(−2z + 2u) Hn (u) = Hn+1 (u)
n=0
n! n=0
n!
∞ ∞ ∞
X z n+1 X zn X zn
−2 Hn (u) + 2u Hn (u) = Hn+1 (u); (3)
n=0
n! n=0
n! n=0
n!

No primeiro termo faz-se a redefinição de n + 1 −→ n

∞ ∞ ∞
X zn X zn X zn
−2 Hn−1 (u) + 2uH0 (u) + 2u Hn (u) − H1 (u) − Hn+1 (u) = 0
n=1
(n − 1)! n=1
n! n=1
n!
∞
X zn
2uH0 (u) − H1 (u) + (−2nHn−1 (u) + 2uHn (u) − Hn+1 (u)) = 0. (4)
n=1
n!

Esta última equação leva as relações de recorrência

2uH0 (u) − H1 (u) = 0 ⇒ H1 (u) = 2uH0 (u) (5)

−2nHn−1 (u) + 2uHn (u) − Hn+1 (u) ⇒ 2uHn (u) − 2nHn−1 (u) = Hn+1 (u) (6)

Da definição (1) sabe-se que g(0, u) = e0 = 1 e, portanto H0 (u) = 1. Veja como a seguir
∞
z X zn
g(0, u) = e0 = H0 (u) + H1 (u) + Hn (u)
1! z→0
n=2
n! z→0

= 1 = H0 (u) + 0 + . . . + 0 (7)

1
Desta forma é possı́vel obter outras funções de H, por exemplo:
H1 (u) = 2uH0 (u) = 2u (8)
2 2
H2 (u) = 2uH1 (u) − 2H0 (u) = 4u − 2 = 2(2u − 1) (9)
2
H3 (u) = 2uH2 (u) − 4H1 (u) = 4u(2u2 − 1) − 8u = 4u(2u2 − 3) = 12u( u2 − 1) (10)
3
A seguir será aplicado ∂u a definição (1)
∞
∂g(z, u) 2 X zn 0
= e−z +2zu
(2z) = H (u)
∂u n=0
n! n
∞
X zn 0
= 2zg = H (u)
n=0
n! n

Isto implica
∞ ∞
X zn X zn 0
0 = 2z Hn (u) − H (u)
n=0
n! n=0
n! n
∞ ∞
X z n+1 X zn 0
= 2 Hn (u) − H (u); n + 1 −→ n
n=0
n! n=0
n! n
∞ ∞
X zn X zn 0
= 2 Hn−1 (u) − H (u)
n=1
n − 1! n=0
n! n
∞ ∞
X zn X zn 0
= 2n Hn−1 (u) − H00 (u) − H (u)
n=1
n! n=1
n! n
∞
X zn
= H00 (u) + (2nHn−1 (u) − Hn0 (u)) (11)
n=1
n!

Portanto
2nHn−1 (u) − Hn0 (u) = 0 (12)
Derivando novamente a equação (12) e usando a relação de recorrência (6)
0 = ∂u [2uHn (u) − Hn+1 (u) − Hn0 (u)]
= 2Hn (u) + 2uHn0 (u) − Hn+1
0
(u) − Hn00 (u); usa-se 0
Hn+1 (u) = 2(n + 1)Hn (u)
= 2Hn (u) + 2uHn0 (u) − 2(n + 1)Hn (u) − Hn00 (u)
= 2uHn0 (u) − 2nHn (u) − Hn00 (u)
Multiplicando toda a equação por −1 chega-se na EDO de Hermite
Hn00 (u) − 2uHn0 (u) + 2nHn (u) = 0. (13)

2 Ortogonalidade e Norma dos Polinômios de Hermite

Equação (13) na forma auto adjunta:
2
Hn00 (u) − 2uHn0 (u) + 2nHn (u) = 0 × e−u
2 2 2
e−u Hn00 (u) − 2ue−u Hn0 (u) = −2ne−u Hn (u)
∂  −u2 0  2
e Hn (u) = −2ne−u Hn (u)
∂u
 2
0 2
e−u Hn0 (u) = −2ne−u Hn (u) (14)

2
No apêndice D fala-se do problema de Sturm-Liouville e ele será usado como referência para resolver a edo de Hermite.
A equação diferencial ordinária (D.1) escrita na forma auto adjunta é (no apêndice é a D.2)
L̂y(x) ≡ (p(x)y 0 (x))0 + q(x)y(x) = 0 (15)
Esse formato é útil na solução de auto-valores
L̂yn (x) = (p(x)yn0 (x))0 + q(x)yn (x) = −µn ω(x)yn (x) (16)
Comparando..
(p(x)y 0 (x))0 + q(x)y(x) = −µn ω(x)yn (x)
 2
0 2
e−u Hn0 (u) = −2ne−u Hn (u)
2
⇒ p(x) = ω(x) = e−u ; q(x) = 0; µn = 2n (17)
Para provar a ortogonalidade é necessário que as funções p(x), q(x) e ω(x) satisfaçam as seguintes condições
2
• p(x) > 0, o que é verdadeiro, pois e−u apenas → 0 quando u → ±∞;
• q(x) e ω(x) > 0, o que também é verdadeiro. ω(x) pelos mesmo motivos do item anterior, pois ω(x) = p(x).
E, no caso q(x) = 0 no intervalo (−∞, ∞), porém como termo de superfı́cie dq(x)
dx > 0, já que é uma função
contı́nua.
Sabendo disto a ortogonalidade pode ser provada pela diferença
   
ym (x) L̂yn (x) − yn (x) L̂ym (x) = µm ω(x)yn (x)ym (x) − µn ω(x)ym (x)yn (x) = (µm − µn )ω
    2
Hm (u) L̂Hn (u) − Hn (u) L̂Hm (u) = (2m − 2n)e−u Hm (u)Hn (u)
 2
0  2
0 2
Hm (u) e−u Hn0 (u) − Hn (u) e−u Hm 0
(u) = 2(m − n)e−u Hm (u)Hn (u)
2
 2
0  2
0 2
0
±Hm (u)Hn0 (u)e−u + Hm (u) e−u Hn0 (u) − Hn (u) e−u Hm 0
(u) = 2(m − n)e−u Hm (u)Hn (u)
n 2
o0 2
e−u [Hm (u)Hn0 (u) − Hn (u)Hm 0
(u)] = 2(m − n)e−u Hm (u)Hn (u)

Integrando...
∞
Z ∞
2 2
e−u [Hm (u)Hn0 (u) − Hn (u)Hm
0
(u)] = 2(m − n) e−u Hm (u)Hn (u)du
−∞ −∞
Z∞
2
0 = 2(m − n) e−u Hm (u)Hn (u)du (19)
−∞

Daı́ se m 6= n as funções Hn e Hm são ortogonais

Z ∞
2
e−u Hn (u)Hm (u)du = 0 (20)
−∞

Para calcular a norma do vetor será utilizada a relação de recorrência (6). Sabendo que o quadrado da norma do
polinômio é calculada por
Z ∞
2
(Hn , Hn ) = e−u Hn2 (u)du ≡ An , (21)
−∞

a relação de recorrência aplicada em An será

Z ∞ Z ∞
2 2
2nAn−1 = 2n e−u Hn−1
2
(u)du = e−u (2nHn−1 )Hn−1 (u)du
−∞ −∞
Z ∞
−u2
= e [2uHn (u) − Hn+1 (u)] Hn−1 (u)du
−∞
Z ∞ Z ∞
2 2
= e−u 2uHn (u)Hn−1 (u)du − e−u Hn+1 (u)Hn−1 (u)du (22)
−∞ −∞

3
O segundo termo é zero pela relação de ortogonalidade (20). Aplica-se novamente a relação de recorrência (6) no
termo que ficou e obtem-se:
Z ∞
2
2nAn−1 = e−u Hn (u)(2uHn−1 (u))du
−∞
Z ∞
2
= e−u Hn (u) [2(n − 1)Hn−2 (u) + Hn (u)] du
−∞
Z ∞ Z ∞
2 2
= 2(n − 1) e−u Hn (u)Hn−2 (u) + e−u Hn (u)Hn (u) (23)
−∞ −∞

O primeiro termo é zero pela relação de ortogonalidade já que n 6= n − 2. Portanto

Z ∞
2
2nAn−1 = e−u Hn (u)Hn (u)
−∞
= An (24)

Para que a contagem de n comece em 0 e não em 1, faz-se a redefinição n − 1 −→ n

2(n + 1)An = An+1 (25)

Para calcular a norma de qualquer polinômio, basta que seja calculada a norma de H0
Z ∞
2
(H0 , H0 ) = e−u H02 (u)du
−∞
Z ∞
2 √
= e−u du = π (26)
−∞

Sendo assim, usando (25)

√ √ √
A1 = 2A0 = 2 π; A2 = 2 · 2A1 = 22 · 2! π; A3 = 2 · 3A2 = 23 · 3! π... (27)

Portanto √
An = 2n n!A0 = 2n n! π. (28)