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Contrato de Franquia e Contrato de Know-How
Contrato de Franquia e Contrato de Know-How
É o contrato que liga uma pessoa a uma empresa, para que esta, mediante condições
especiais, conceda à primeira o direito de comercializar marcas ou produtos de sua
propriedade sem que, contudo, a esses estejam ligadas por vínculo de subordinação. O
franqueado, além dos produtos que vai comercializar, receberá do franqueador permanente
assistência técnica e comercial, inclusive no que se refere à publicidade dos produtos.
Era regulado pela Lei nº 8.955, de 15.12.1994, mas foi substituída pela Lei Nº 13.966, de 26
de Dezembro de 2019.
Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um franqueador
autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade
intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não
exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de
implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo
ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante
o período de treinamento.
➮ Características da franquia
O que caracteriza principalmente a franquia é a independência do franqueado, ou seja, a sua
autonomia como empresário, não ligado, assim, por um vínculo empregatício com o
franqueador. Por isso, não é a empresa franqueada uma sucursal do franqueador. Tem ela
autonomia jurídica e financeira.
A franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem fins
lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades.
➮ Classificação
Classifica-se a franquia como um contrato consensual, bilateral, oneroso, de execução
continuada, empresarial e intuito personae; no Brasil, é um contrato típico, regulado numa lei
lacônica.
O franqueado obtém do franqueador produtos para que sejam vendidos, é a modalidade mais
comum. São exemplos a comercialização de automóveis, livros, eletrodomésticos e etc.
❐ Licença de fabricação
❐ Franchising do produto
❐ Franchising do negócio
❐ Franquia-mestre/ franquia-piloto
O franqueador original outorga poderes para que uma empresa local possa subfranquear em
uma determinada área.
➮ Obrigações Do Franqueador
As obrigações do franqueador se iniciam antes mesmo de o contrato ser assinado, pois o art.
2º da Lei nº 13.966/2019 estabelece que o franqueador deve fornecer ao interessado uma
Circular de Oferta de Franquia, ou seja, há uma obrigação pré-contratual.
➮ Obrigações do franqueado
– Pagar ao franqueador uma taxa de franquia/ taxa de filiação, como também remuneração
periódica pelo uso do sistema e outros aparatos, conforme o contrato;
Contrato de Know-How
A expressão know-how foi, pela primeira vez, empregada no campo do direito industrial em
1916,279 mas só se tornou usual em 1953, quando passou a ser empregada correntemente na
linguagem americana. Da América foi ela transportada para a Europa e, finalmente, de pouco
tempo para cá, é usada no mundo inteiro. A expressão é apenas a abreviação de uma frase,
the know-how to do it, em tradução literal “saber como se faz alguma coisa".
➮ Transferência do Know-How
O know-how constitui, assim, um bem imaterial, de valor patrimonial, que deve ser protegido
pela lei, constituindo essa proteção sobretudo na manutenção do segredo de que se reveste, o
que significa que esse segredo não deve ser tornado público quando é feita sua transferência a
outrem.
➮ Modalidades de transferência
A transferência do know-how pode ser feita em caráter definitivo ou em caráter temporário.
➮ Cessão
Quando em caráter definitivo, dá-se uma cessão: o detentor do know-how é o cedente e
aquele que o recebe, o cessionário. Apesar de ser feita em caráter definitivo, o novo detentor
do know-how, em regra, não pode cedê-lo a terceiros, a não ser com o consentimento do
cedente. O caráter definitivo, no caso, significa apenas que o know-how não é concedido
apenas por um certo lapso de tempo.
➮ Licença de autorização
Quando o know-how é transferido temporariamente, o é através de uma licença. Em tal caso,
o recebedor do know-how pode usá-lo apenas temporariamente. Expirado o prazo de
concessão, deve o licenciado abster-se de usar o processo de know-how, apesar de já o haver
aprendido.
➮ Aspectos legais
– É um contrato atípico;
➮ Natureza jurídica
Forma-se intuitu personae, em geral por escrito, e cria obrigações para ambas as partes. É em
regra oneroso, mas, em certas situações, pode a transferência do know-how ser a título
gratuito, quando a parte concedente visa a outra finalidade que não auferir lucro com a
transferência, como acontece quando o know-how é cedido a empresas de países
subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.
➮ Objeto do contrato
– O objeto do contrato de know-how não precisa de patente (pode ser transmitido por
cláusula de sigilo);
– Quando a troca de informações não for entre Estados, a formalização será através de
CONTRATOS PARTICULARES.
Enquanto que para o segredo industrial é imprescindível o absoluto sigilo (guardado para e
com o criador da tecnologia/procedimento), o know-how não possui esta mesma
característica, pela sua própria natureza de transmissão contratual, ou seja, outros além do
criador tem acesso as técnicas criadas.
– Pela modificação essencial no seu objeto (p. ex.: se o know-how perder seu valor);
– Pela mudança da pessoa que recebe o know-how, na medida em que se trata de contrato
personalíssimo. Trata-se, pois, de um personalíssimo mitigado ou unilateral.
➮ Jurisprudências
3. O Tribunal estadual afirmou, com base no contrato e na prova dos autos, que houve efetiva
apropriação ou utilização indevida de know-how. Impossível, assim, ultrapassar essa
conclusão sem ultrapassar as Súmulas n.ºs 5 e 7 do STJ. 4. A responsabilidade solidária que
decorre do art. 942 do CC/02 se impõe pelo simples fato de as condutas dos agentes
imputados terem concorrido para a produção do resultado. Não é necessário, assim, que esses
agentes, ditos causadores do dano, tenham praticado, conjuntamente, a mesma conduta ilícita.
É suficiente que seus comportamentos, embora constituindo ilícitos distintos, tenham
concorrido para a produção do dano. 5. Dessa forma, se o órgão julgador concluiu que a
conduta da parte concorreu para a produção do resultado danoso não é possível afastar sua
responsabilidade passiva solidária sem esbarrar nas Súmulas n.ºs 5 e 7 do STJ. 6. Agravo
interno não provido.
(STJ - AgInt no AREsp: 1305095 MS 2018/0134736-9, Data de Julgamento: 13/02/2023,
T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/02/2023)