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EFEITO DE DIFERENTES TIPOS DE BIO-ÓLEOS NOS LIGANTES

ASFALTICOS

MARINA CABETTE1, JORGE PAIS2, CAIO SANTOS3 RUI MICAELO4

1
Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, marinacabette@gmail.com
2
Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, jpais@civil.uminho.pt
3
Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, Brasil, caiorubens@maua.br
4
NOVA School of Science and Technology, Caparica, Portugal; ruilbm@fct.unl.pt

Resumo

A construção sustentável é um tema atual que aborda três vertentes, desenvolvimento


económico, ambiental e social. Além disso, uma das indústrias que mais consomem recursos
naturais é a construção de estradas. O combustível fóssil é o recurso mais utilizado para a
construção de estradas, e hoje em dia, a escassez da reserva de petróleo e o contínuo aumento do
valor atribuído à construção exaltam o uso de ligantes alternativos para modificar ou adicionar
materiais mais sustentáveis para reduzir a manutenção e reabilitação de pavimentos. Já foram
realizados estudos para misturar rejuvenescedor ao betume para melhorar o desempenho,
principalmente óleo. Nesse cenário, existem várias iniciativas para incluir materiais mais
sustentáveis como biomateriais no asfalto. Neste trabalho utiliza-se um biomaterial,
nomeadamente o bio-óleo (BO), que é um resíduo da produção de biodiesel a partir de resíduos de
óleo de cozinha e gorduras animais. Também possui propriedades físicas e químicas que permitem
a sua adição ao betume de pavimentação com potencial para melhorar a adesividade dos
agregados. Este trabalho possui como objetivo analisar as propriedades físicas dos betumes, com
adição do BO. Os rejuvenescedores são: BO2018 e BO2019+FAME. O ligante asfáltico 35/50 foi
usado nesta pesquisa. O aglutinante foi misturado com BO em teor de 1% a 5%. As propriedades
físicas analisadas são: penetração, temperatura de amolecimento e viscosidade. A taxa de
penetração do produto asfáltico com BO amolece o ligante asfáltico, fato este observado em todos
os testes realizados. Por meio dos resultados, o bio-óleo demonstrou ser capaz de amolecer o
asfalto e melhorar sua trabalhabilidade. Os tipos de rejuvenescedores, mesmo sendo produzidos na
mesma empresa, apresentam intensidades de efeitos diferentes nos ligantes à baixas temperaturas.

Palavras-Chave: Betume, bio-óleo, penetração, anel e bola, viscosidade.


1 Introdução
Atualmente, é crescente a demanda por melhorar o desempenho rodoviário: aumentar a
capacidade para suportar cargas mais pesadas, suportar climas extremos e diminuir os danos
causados pelo tráfego, luz solar ultravioleta e clima. Portanto, um grande número de pesquisas
vem atendendo esse foco em melhorar o desempenho do pavimento. Os estudos são realizados
com aditivos poliméricos [1], borracha triturada [2]–[4] e outros aditivos nos ligantes. Sabe-se que
a estrutura molecular do asfalto pode ser dividida em saturados, aromáticos, coloides e asfaltemos,
e pesquisas mostram que a estrutura molecular do bio-óleo é semelhante à do asfalto [5]. Desta
forma, é viável o uso de bio-óleo para modificar o asfalto. Muitos estudiosos têm trabalhado com
bio-óleo [6]–[9].
O objetivo principal dos modificadores é melhorar as propriedades dos ligantes asfálticos.
Assim, este estudo teve como objetivo (1) investigar os efeitos do BO no betume e (2) comparar
dois diferentes bio-óleos.

2 Materiais e Métodos

2.1 Betume

O estudo foi realizado utilizando um betume típico para pavimentação, nomeadamente um


betume 35/50 cujas propriedades são apresentadas na Tabela 1 em termos de penetração, ponto de
amolecimento e viscosidade. É um betume semiduro usado para condições climáticas quentes ou
tráfego pesado, betume corrente na pavimentação rodoviária em Portugal.

Tabela 1. Propriedades do betume 35/50 (EN 1426; EN 1427; EN 13302)

Propriedade Unida Especificaç Calculado Calculado


de ão 2018 2019
Penetração à 25ºC 0.1 35-50 49.5 36.6
mm
Ponto de amolecimento ºC 50-58 48.1 53.2
Viscosidade Complexa à Pa.s - 0.26 0.68
150ºC

2.2 Bio-óleo

O bio-óleo foi produzido pela mesma empresa, em 2 anos diferentes, um fabricado em 2018 e
outro em 2019, nomeados de BO2018 e BO2019, respetivamente.
O bio-óleo é resultante da produção de biodiesel. O bio-óleo é o resíduo obtido da destilação de
resíduos de óleo de cozinha e gorduras animais, e é composto de orgânicos menos voláteis, mas
também contém algum éster metílico de ácido graxo residual (FAME). Como resíduo de óleo de
cozinha, o bio-óleo apresenta a capacidade de amolecer aglutinantes envelhecidos.
À temperatura ambiente ambos os bio-óleos apresentavam viscosidades similares, portanto, foi-
se adicionado 50% de FAME no BO2019 para diminuir a viscosidade e modificar o bio-óleo.
Figura 6. Viscosidade do bio-óleos utilizados.

2.3 Amostras

As amostras foram produzidas misturando o bio-óleo no ligante asfáltico. A mistura do


BO2018 e do ligante asfáltico foi implementada por um misturador por 5 min a 135°C. A
velocidade da mistura foi de 200 rotações por minuto (rpm). E a mistura do
50%BO2019+50FAME e do ligante asfáltico foi implementada por um misturador por 5 min a
150°C, a 580 rpm (Figura 7). Um total de dez misturas foram usadas neste estudo. Foram
utilizadas cinco misturas para cada bio-óleo. Para ambos os bio-óleos foram utilizados os seguintes
teores: 1, 2, 3, 4 e 5% em peso. Os betumes também foram testados como ligantes asfálticos de
controle.

Figura 7. Misturador utilizado.


2.4 Ensaios

As propriedades físicas das amostras de betume foram investigadas por meio de testes de
penetração, anel e bola e viscosidade dinâmica.
O ensaio de penetração foi realizado seguindo a norma europeia EN 1426. O teste é usado para
determinar a consistência de betume e aglutinantes betuminosos em temperaturas de serviço
intermediárias sob condições definidas de teste. O teste foi realizado a 25°C.
Para determinar o ponto de amolecimento da amostra é determinado por meio do teste anel e
bola. A determinação do ponto de amolecimento ajuda a conhecer a temperatura até a qual um
ligante betuminoso deve ser aquecido para diversas aplicações rodoviárias. Este ensaio foi
realizado seguindo a norma europeia EN 1427.
O ensaio de viscosidade dinâmica foi medido a cada 10°C de 100°C a 160°C, seguindo a EN
13302.

3 Resultados

3.1 Penetração

Os resultados do ensaio de penetração são apresentados na Figura 8. Em ambos os bio-óleos, a


penetração aumenta com a adição do bio-óleo, o que significa que o BO atua como um redutor na
rigidez do betume.
A evolução da penetração com o bio-óleo segue uma lei exponencial, com excelentes
coeficientes de correlação. É possível ver a influência do bio-óleo na penetração. Com base nos
resultados obtidos, o aumento da penetração (pen) pode ser expresso como:

 (1)

Onde, pen é o aumento da penetração (mm/10); e é o número de Euler; RC é o aumento do


conteúdo de rejuvenescedor (%); a é um coeficiente determinado estatisticamente. Para BO2018, a
= 0,15; para 50%BO2019+50FAME, a = 0,30. Em média, a penetração aumenta cerca de 15%
para cada 1% de BO2018 adicionado e 30% para cada 1% de 50%BO2019+50FAME adicionado.
Figura 8. Resultado do ensaio de penetração de amostras de betume 35/50 com dois tipos de
BO e diferentes percentagens de BO.

3.2 Ponto de amolecimento

Os resultados do ensaio de anel e bola são apresentados na Figura 9. Em relação ao ponto de


amolecimento, a adição do BO ao betume promoveu um amolecimento do betume observado com
a diminuição da temperatura determinada pelo método do anel e da bola. Essa diminuição é linear
e proporcional ao teor de BO.
Seguindo a lei linear com um excelente coeficiente de correlação. Observa-se uma diminuição
do ponto de amolecimento quando o teor de BO aumenta. Em média, o ponto de amolecimento
diminui 1.6 ºC para cada 1% de BO2018 adicionado ao betume e 2.5 ºC para cada 1% de
50%BO2019+50FAME adicionado.

Figura 9. Resultado do ensaio de anel e bola de amostras de betume 35/50 com dois tipos de
BO e diferentes percentagens de BO.
3.3 Viscosidade

Os resultados do teste de viscosidade dinâmica são apresentados na Figura 10 em relação ao


teor de BO para temperaturas que variam de 100 a 160 °C. Estas temperaturas abrangem a
produção, transporte e compactação de misturas betuminosas. Como esperado para as amostras,
observa-se uma redução da viscosidade em função da temperatura para todas as amostras testadas
neste estudo. A adição de BO ao betume promoveu uma redução da viscosidade dinâmica
proporcional ao teor de BO.
Como observado na Figura 10, não há quande diferença na viscosidade dinâmica entre os
diferentes tipos de BO, isto se deve pelo FAME apresentar uma característica mais volátil a altas
temperaturas. Portanto, a diferença que existia entre os dois tipos de BO à temperaturas altas
acabam por não apresentar mais.
A Figura 11 apresenta uma análise da viscosidade normalizada para as amostras com BO
diferentes para 100, 130 e 160 °C. Observa-se claramente nesta figura o efeito do BO na
viscosidade dos bio asfaltos. Quanto maior o teor de BO maior a diminuição da viscosidade. A
redução da viscosidade devido à adição do BO é mais significativa à medida que a temperatura
diminui, como pode ser observado nas curvas para 160 °C para ambos bio-óleos.
Os resultados mostram que a viscosidade segue uma lei exponencial (uma linha reta em escala
semi-log). Além disso, em uma escala semi-log, a viscosidade tem uma redução linear com o
aumento da temperatura. Essas duas tendências permitiram desenvolver um modelo para prever a
viscosidade do betume 35/50 modificado pelo BO, como segue:

Visco (2)

Onde, Visco é a viscosidade dinâmica em Pa.s; e é o número de Euler; RC é o teor de


rejuvenescedor em %; t é a temperatura em °C; a, b, c são coeficientes determinados
estatisticamente. Com base neste modelo (coeficientes de ajuste listados na Tabela 2), pode-se
concluir que a viscosidade diminui cerca de 10% para cada 1% de BO2018 adicionado e 14% para
cada 1% de BO2019+FAME adicionado.

Figura 10. Viscosidade dinâmica das amostras de de betume 35/50 com diferentes percentagens
de BO: BO2018 (esquerda) e 50%BO2019+50FAME (esquerda).
Figura 11. Viscosidade dinâmica normalizada das amostras de de betume 35/50 com diferentes
percentagens de BO: BO2018 (esquerda) e BO2019+FAME (esquerda).

Tabela 2. Coeficientes para a Equação 2.

BO a b c R2
BO2018 3.4861 -0.1085 -6.2611 0.935
BO2019+FAM 0.964
3.7022 -0.1367 -6.4446
E

3.4 Black Diagram

A Figura 5 mostra o Black Diagram (módulo complexo G* versus ângulo de fase δ) do betume
com diferentes teores de BO2018 obtidos a partir do ensaio de reologia e do betume com
diferentes teores de BO2019+FAME obtidos a partir do ensaio varredura de frequência em baixa
tensão (primeira etapa do ensaio de LAS à 20°C). Nota-se que em ambos os ensaios apresentam
redução do módulo complexo com a adição do BO. Isso significa que as curvas se movem para
baixo com o conteúdo de bio-óleo adicionado. Portanto, conclui-se que o BO afeta mais o módulo
de rigidez do que o ângulo de fase.
(a) Reologia (b) Varrimento de frequência

Figura 12. Black Diagram (módulo complexo G* versus ângulo de fase δ) das amostras de
2018 e 2019.

4 Conclusões

Este trabalho teve como objetivo investigar os efeitos de diferentes BO nas propriedades físicas
do ligante asfáltico. As seguintes conclusões podem ser determinadas:
• Ambos BO alteraram significativamente as propriedades físicas do betume. O aumento do BO
fez com que as propriedades físicas fossem mais alteradas.
• Quanto maior for a dosagem do rejuvenescedor, mais significativo será o aumento da
penetração e a diminuição do ponto de amolecimento. Isso ocorre porque o componente volátil do
betume aumentou e, consequentemente, diminuiu sua rigidez.
Com base nessas descobertas, e em relação às propriedades físicas, o BO pode ser utilizado
para amolecer ligantes asfálticos.

5 Reconhecimento

Os autores agradecem à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) pelo apoio financeiro
(referência da bolsa de doutoramento SFRH/BD/144683/2019).
6 Referencias
[1] C. Brovelli, M. Crispino, J. Pais, and P. Pereira, “Using polymers to improve the rutting resistance
of asphalt concrete,” Constr. Build. Mater., vol. 77, pp. 117–123, 2015, doi:
10.1016/j.conbuildmat.2014.12.060.
[2] J. Pais, D. Lo Presti, C. Santos, L. Thives, and P. Pereira, “The effect of prolonged storage time on
asphalt rubber binder properties,” Constr. Build. Mater., vol. 210, pp. 242–255, Jun. 2019, doi:
10.1016/j.conbuildmat.2019.03.155.
[3] D. Lo Presti and G. Airey, “Tyre rubber-modified bitumens development: the effect of varying
processing conditions,” Road Mater. Pavement Des., vol. 14, no. 4, pp. 888–900, Dec. 2013, doi:
10.1080/14680629.2013.837837.
[4] D. Lo Presti, “Recycled Tyre Rubber Modified Bitumens for road asphalt mixtures: A literature
review,” Constr. Build. Mater., vol. 49, pp. 863–881, Dec. 2013, doi:
10.1016/J.CONBUILDMAT.2013.09.007.
[5] H. Wang, Z. Ma, X. Chen, and M. R. Mohd Hasan, “Preparation process of bio-oil and bio-asphalt,
their performance, and the application of bio-asphalt: A comprehensive review,” J. Traffic Transp.
Eng. (English Ed., vol. 7, no. 2, pp. 137–151, 2020, doi: 10.1016/j.jtte.2020.03.002.
[6] C. Santos, J. Pais, J. Ribeiro, and P. Pereira, “Evaluating the Properties of Bioasphalt Produced with
Bio-oil Derived from Biodiesel Production,” in Lecture Notes in Civil Engineering, Vol 76., C
Raab, Ed. Springer, 2020.
[7] R. Zhang, Z. You, H. Wang, X. Chen, C. Si, and C. Peng, “Using bio-based rejuvenator derived
from waste wood to recycle old asphalt,” Constr. Build. Mater., vol. 189, no. September, pp. 568–
575, 2018, doi: 10.1016/j.conbuildmat.2018.08.201.
[8] C. Wang, L. Xue, W. Xie, Z. You, and X. Yang, “Laboratory investigation on chemical and
rheological properties of bio-asphalt binders incorporating waste cooking oil,” Constr. Build.
Mater., vol. 167, pp. 348–358, 2018, doi: 10.1016/j.conbuildmat.2018.02.038.
[9] X. Yang and Z. You, “High temperature performance evaluation of bio-oil modified asphalt binders
using the DSR and MSCR tests,” Constr. Build. Mater., vol. 76, pp. 380–387, 2015, doi:
10.1016/j.conbuildmat.2014.11.063.

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