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O direito de acesso à justiça foi ampliado pela atual

Constituição Federal de forma a abranger não só apenas a via repressiva


(quando ocorre a lesão), mas também a preventiva quando ocorre a ameaça
ao direito.

O acesso à justiça é essencial para a materialização


do Estado Democrático de Direito, para a cidadania e engloba o saber dos
seus direitos, deveres, dos valores indeléveis a ser preservado em qualquer
sociedade humana, sem o que, não há, Estado, Nação ou pátria.

Frise-se que atualmente as despesas para manter o


sustento básico de qualquer pessoa não são baixas, muito menos as
despesas de uma pessoa idosa, com vários problemas de saúde, que faz uso
de medicamentos de alto custo, necessita de cuidadoras, além de custos com
energia, água, gás, médicos, e alimentos com preços exorbitantes.

Assim, a renda da Agravante é equivalente a 3,38


salários-mínimos, pouco mais que 3 salários-mínimos, utilizado de base por
esse r. Juízo para a concessão da Justiça Gratuita.

Ocorre que, apesar da Agravante perceber renda um


pouco superior a 3 salários-mínimos mensais, possui muitas despesas para
sua manutenção pessoal e de seu lar, senão vejamos:

Energia R$ 407,71
Plano de saúde R$ 1.208,87
Água R$ 283,00
Telefone R$ 124,84
Medicamentos R$ 1.510,09
Cuidadora R$ 2.000,00
Vale transporte cuidadora R$ 320,00
IPTU R$ 103,55
IR R$ 22,46
Despesas Totais no mês R$ 5.958,06
Aposentadoria: R$ 4.085,06

Veja Excelência, que diante do valor das despesas


mensais da Agravante e seus rendimentos, percebe-se que o valor é
insuficiente para manutenção das suas despesas pessoais e de sua
residência, sendo tais diferenças complementadas pelas filhas dela, que a
auxiliam, inclusive com alimentação.

Neste sentido já decidiu o egrégio Tribunal de


Justiça desta Corte:

Agravo de instrumento. Justiça gratuita. Ação de


adjudicação compulsória. Decisão que indeferiu o
benefício da justiça gratuita ao agravante.
Irresignação. Prevalência da presunção juris tantum
de hipossuficiência que milita em favor do recorrente.
Ausência de elementos nos autos que justifiquem o
indeferimento do benefício. Renda mensal líquida do
recorrente que não é incompatível com a gratuidade.
Inteligência dos arts. 98 "caput" e 99, §§ 2º e 3º, do
CPC. Benefício deferido. Decisão reformada. Recurso
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2241871-
60.2021.8.26.0000; Relator (a): Alexandre
Marcondes; Órgão Julgador: 1ª Câmara de
Direito Privado; Foro Regional VIII - Tatuapé - 1ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 21/10/2021;
Data de Registro: 21/10/2021)

JUSTIÇA GRATUITA - Ação de adjudicação


compulsória - Pleito formulado pela autora -
Cabimento - Elementos constantes dos autos
insuficientes para afastar a presunção de pobreza
atribuída à parte - Postulante que é professora
estadual aposentada e aufere renda cujo montante
não revela disponibilidade de recursos a fazer frente
às despesas extraordinárias advindas do processo
judicial sem prejuízo do sustento próprio - Recurso
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2224319-
82.2021.8.26.0000; Relator (a): Galdino Toledo
Júnior; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Monte Aprazível - 1ª Vara; Data
do Julgamento: 20/10/2021; Data de Registro:
20/10/2021)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.


REVOGAÇÃO. Débitos de mais de R$ 40.000,00 que
se contrapõe a uma remuneração líquida de R$
3.600,00. Rendimentos percebidos que não importam
em capacidade financeira. Comprovação de gastos
significativos com financiamento de imóvel, além de
outros rotineiros. Inolvidável a existência, ainda, de
gastos com telefone, alimentação, vestuário,
transporte e lazer, mesmo que não comprovados.
Necessidade de suportar o próprio sustento e de sua
família. Comprometimento máximo da renda para
pagamento de débitos que não seriam também
suficientes para dar cumprimento ao art. 745-A, do
CPC. Patrimônio declarado que não reflete riqueza.
Imóvel adquirido mediante financiamento.
Inexistência de fatos que provoquem a inferência de
obtenção informal de rendimentos relevantes. Padrão
de vida modesto. […] Cabimento da manutenção do
benefício inicialmente concedido. Recurso provido.
(TJ/SP, Agravo de instrumento nº 2128469-
98.2014.8.26.0000, Relator: Des. Salles Rossi 8ª
Câmara de Direito Privado em 16/7/2015)

Desse modo, a decisão do Nobre Juízo de piso, está


limitando o acesso à justiça desta Agravante, pois a mesma não detém
comprovadamente os recursos necessários para arcar com os custos
processuais.

Ademais, em que pese o r. entendimento do Ilustre


Magistrado, a decisão que se pretende a reconsideração não verificou o
disposto no § 2º do art. 99 do Novo CPC, o qual dispõe o seguinte:

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se


houver nos autos elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento
dos referidos pressupostos.

Ora, o douto magistrado a quo, entendeu por bem


indeferir as benesses da gratuidade da justiça, de plano, sem que houvesse
nenhum elemento nos autos que pudesse evidenciar qualquer eventual
ausência de pressuposto legal para concessão da gratuidade.

A decisão ignorou a presunção relativa da


veracidade da alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural,
prevista no § 2º acima colacionado.

Logo, na petição inicial verifica-se que houve o


devido pedido do benefício, com a respectiva apresentação da documentação
declarando a hipossuficiência da Agravante.

Todavia, o Nobre Juízo, em momento algum intimou


a Agravante para apresentar qualquer outro documento apto para
comprovar e corroborar as alegações e entendeu simplesmente por indeferir
a gratuidade pleiteada.

Por outro lado, inarredável que a decisão atacada é


carente de fundamentação. Assim, far-se-ia necessária a indicação, precisa,
da irrelevância dos documentos afirmados como indicativos da
hipossuficiência (CPC/2015, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput, da Lei
1.060/50). Assim não o fez.

Ao contrário disso, sob pena de ferir princípios


constitucionais, como os da razoabilidade e o da proporcionalidade, a
restrição de direitos deve ser vista com bastante cautela.
Nesse diapasão, o Magistrado tão somente poderia
indeferir o pedido quando absolutamente seguro que a parte, em verdade,
teria condições de arcar com as custas e despesas judiciais. Não foi o caso.

Por consequência, a Agravante pleiteia e deseja


solucionar a questão por meio deste pedido de reconsideração, pois entende
que essa decisão merece ser revista e modificada.

Assim, e estando a decisão de fls. 51/54 em


manifesto confronto com a jurisprudência pacífica da C. Superior Tribunal
de Justiça que somente permite o afastamento da presunção de necessidade
extraída da declaração de pobreza mediante elementos concretos em sentido
contrário, inexistente no caso, é de ser reconsiderada e alterada como
medida de mais justo Direito e de Justiça.

Portanto, indeferir a Justiça Gratuita sem qualquer


fundamento, e sem ao menos considerar os argumentos dos Agravantes, são
barreiras que dificultam claramente o acesso à justiça, violando os preceitos
constitucionais, nos termos do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.

Deste modo, reitera-se todos os fatos e pedidos


constantes no petitório inicial e demais documentos nos presentes autos,
para que seja revista e reformada a decisão deste nobre Juízo, a fim de
conceder os benefícios da Justiça Gratuita para a Agravante.

Ex positis, requer que os Nobres Desembargadores


recebam o presente Agravo de Instrumento e que seja conhecido e provido,
para que seja reformada a decisão do Juízo a quo, para conceder os
benefícios da Justiça Gratuita ao Agravante, tendo em vista que não
possui condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo de seu sustento, e de sua família.
DOS PEDIDOS

Assim, diante da situação de insuficiência de


recursos da agravante, estando este realmente em dificuldades financeiras, o
que o impede de efetuar os recolhimentos das custas de distribuição e do
presente Agravo de Instrumento, nesta oportunidade; visando o acesso à
Justiça, requer com fulcro nas razões de acima expostas a concessão dos
benefícios da Justiça Gratuita, uma vez que a Agravante não está em
condições de arcar com as custas e despesas processuais, sem prejuízo de
sua própria subsistência e prejudicar sua saúde, A FIM DE QUE O
PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO SEJA RECEBIDO,
INDEPENDENTEMENTE DO PAGAMENTO DAS CUSTAS E DO PREPARO.

Por todo o exposto, requer seja dado provimento ao


presente recurso, visando a reforma da r. decisão agravada de fls. 51/54, a
fim de conceder para a agravante os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
dando regular processamento ao feito, como medida de Direito.

Bauru/SP, 20 de setembro de 2022.

CAMILA MORAIS GONÇALVES


OAB/SP 378.422

VIVIANE C. DE GODOY MARQUESINI


OAB/SP Nº 155.874

EDUARDO MANGILLI PACHELLI


OAB/SP 375.996

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