Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Pessoa Fernando-Alberto Caeiro 1
Pessoa Fernando-Alberto Caeiro 1
Pessoa
poesía i
LOS POEMAS DE
A l b e r t o C a e iro 1
OBRAS
© J u a n a I n a r e jo s y J uan b a r ja , 2011
de la traducción
p ro d u c c ió n GUADALUPE G lSBERT
ISBN 9 7 8 -8 4 -1 5 2 8 9 -1 3 -5 [o b ra c o m p le ta]
ISBN 9 7 8 -8 4 -1 5 2 8 9 -1 4 -2 [vol. I]
d e p ó sito leg al M -1 3 0 4 9 - 2 0 1 3
p re im p re s ió n D alubert A llé
EDICION BILINGÜE DE
J u a n B arja y J u a n a I n a r e jo s
PROLOGO Y NOTAS DE
J u a n B arja
«OBRAS»
ABADAEDITORES
P O E M A/P ER SO N A
Esbozo(s) de un des-pliegue horizontal
Juan Barja
A lberto G a e ir o
POEMA / PERSONA 5
crea. T au to lo g ía p u es, m as sólo e n ta n to q u e se articu la com o
d e d u c c ió n —la q u e re s u lta de q u e algo es algo de lo q u e d e
viene co m o algo (el q u e A lb e rto C a eiro sea ta l hace d ed u cib le
q u e lo sea y lo hace d ed u cib le a cada vez... fu n d a m e n ta n d o , al
tie m p o , e n ese acto —y u n o q u e ta m b ié n es teatral, su c o n d i
c ió n , su drammatispersonnae—, las c o n d ic io n e s de su a p a ric ió n
e n el in s ta n te m ism o e n q u e a p a rece ). A cuyo través el silo
g ism o —silo g ism o f in g id o : el e n tim e m a — d e s tru y e /r e c o n s -
tru y e e n su d espliegue el ed ificio de su ta u to lo g ía co m o ta u -
talogía fu n d a d o ra —fu n d a m e n to (d )e in ic io —irre n u n c ia b le .
P o d e m o s su s te n ta rlo de o tr o m o d o —p e r o u n o q u e es,
sin d u d a , el m ism o — al a firm a r q u e « A es A es A . . . » ; d ich a
r e - p r o d u c c ió n , su d i- f e r e n c ia , h ace a q u í in n e c e s a ria p o r
co m p leto la referen c ia ¿ h istó ric a ? a c u a lq u ie r su p u esto n a c i
m ie n to (el de la persona o su poema: 16 de a b ril del añ o 1 889, o
b ie n 8 de m a rz o d el 1914, p re s u n to n a c im ie n to de C a e iro o
fe c h a d o in ic ia l —« i n ic ia l/tr iu n f a l» , si a c e p ta m o s el dictum
p esso an o —de aparición de su p o esía). M ie n tras se ab re, al c o n
tra rio , lo que, e n este texto, llam arem os u n a estrategia horizontal:
esa q u e, al p r o - d u c ir s e e n su d e s -p lie g u e —e n el d esp lieg u e
d e su(s) d if e r e n c ia (s ) —, excluye p o r c o m p le to n o ta n só lo
to d o re c u rso a la p sic o lo g ía ’ —y u n a , a ú n , ¿ d e q u ié n ? , ¿ d e
F e rn a n d o Pessoa o su P e rso n a ? [ ]: la p e rs o n a (p esso a)-
ca eiro , co m o d ecir, la m á sca ra -c ae iro ; ¿ tie n e n alm a las m ás
caras?, ¿la tie n e el « d r a m a e n g e n te » e n su c o n ju n to ? , ¿ n o
es el « d r a m a e n g e n te » la fig u ra q u e m ir a to d a v ía h ac ia el
p a sa d o , esa q u e el m is m o 'a u t o r ’ va a te n e r q u e ta c h a r p a ra
d e c ir -s e , o m e jo r só lo ya p a ra decir?—, s in o to d a su p u e sta
'ev o lu c ió n —la 'creación’ n u n c a es, n o p o d ría ser, 'evolutiva’; se
d a e n u n sólo acto, c o - in c id ie n d o c o n el instante de su e n u n
c ia c ió n (d o n d e se e n u n c ia a q u e llo q u e se anuncia d e m a n e ra
to tal: e n el in sta n te )—.
T al el o bjetivo de esos textos, de u n o s textos-caeiro d o n d e
'p o r vez p r im e ra ’ —y ésa es a su vez su condición ya n o o rig in a l:
originaria— n o hay su je to y o b je to se p arad o s (n i ta m p o c o , p o r
6 JUAN BARJA
ta n to , separab les); el s u je to -p o e m a (sin 's u je to ’) se invierte en
el o b je to -c re a d o r (lo constituye sin su stitu irlo , sin sustituirse
e n su o b je tiv o ). D e c ir p u e s, n u e v a m e n te (a cada vez), q u e
« c a e ir o es c a e iro es c a e i r o ...» es d e c ir q u e el « p o e m a es
p o e m a es p o e m a .. . » (a cada vez).
POEMA / PERSONA 7
V ega de su e s tilo » , q u e c o m ie n z a d ic ie n d o de este m o d o :
« S e ñ o r L o p e , este m u n d o to d o es t e m a s .. .» —] 2, el procedi
miento p essoano m an ifiesta u n a clara —p o r m ás q u e m o d u la d a
y variable—rela ció n epocal; e n tre sus diversas variaciones cita
rem o s ta n sólo u n o s ejem plos.
Ô JU A N BARJA
— El nombre del autor(?) como pseudónimo que, e n ta n to q u e lo
e n c u b re , m a n ifiesta —identidad auténtica: tachada— ta n to el
a u to r d el n o m b r e co m o el n eg a d o n o m b r e d el a u to r:
anagrama teológico —d ia b ó lic o /an g é lic o — de K (a fk a ).
— Práctica heteronímica (ficticia) q u e, e n ta n to in sta n c ia c r í
tica, se n o s (re )p re se n ta en los apócrifos de M a c h a d o : en
M a ire n a y e n M a r tín ...
—Destrucción del nombre por el nombre, c o n v e rtid o e n p r e
texto, sobre el texto; así se n o s revela e n U n a m u n o (in s ti
tu id o co m o p e rso n a je —m e r a persona, m áscara vacía: es
el c e n tro de Niebla—, p o r el p e rs o n a je q u e h a cre ad o y
q u e le a n u n c ia su destitución). U n a destrucción q u e se d es
vela de fo rm a rad ical y so b e ra n a e n el e n c u e n tro e n tre
el B orges viejo c o n el jo v e n B orges ( « E l o t r o » , e n El
libro de arena), q u e h a de ser, q u e de s ie m p re ya es: él,
B o rg e s/B o rg e s, lugar e n d o n d e el nombre se revela —el
'a u té n tic o ’ n o m b r e (p e r s o n a l) — co m o p s e u d o n im ia
in c o n fe sa b le ...
Para el que escucha el texto —para quien escucha lo que dice (que se dice
/ se expresa: desde el texto)— no podría haber otro sujeto que el que encarna en
el texto (entre los pliegues desplegados del texto: en su repliegue). No hay pues
otro sujeto que el objeto, (y uno que es siendo objeto de su objeto). Proposición
que no es más tautológica ni circular que aquella que predica el hablar del sujeto
hacia el sujeto (si es que pudiera darse ese sujeto desprendido de sí, diseminado:
di-seminadojia como sujetoy como aquello mismo que aparece en la su-cesión
POEMA / PERSONA 9
de su apertura, se-cesiónya iniciada desde siempreypara siempreya, nunca
escindida sino, a-sí, meramente, o mejor, puramente, no cerrada, compactada,
sujeta desde sí, ni siquiera en el 'círculo’: en el ciclo, la 'cerrada’ficción de su
fracaso). Y así sólo el de aquello —como aquello—que no es nunca un sí-mismo
(siendo sólo eso-m ism o).- textual.
«Ao lerem os meus versos pensem / que sou qualquer coisa natural» .
( « O g u a rd a d o r de re b a n h o s » , p o e m a I, w . 5 9 ~ 6 o ). E n u n
ciado d irec to , n o p ro b lem atiz ab le e n ap a rien c ia, el texto dice
[e n ta n to q u e C a e iro p e r o , al tie m p o , e n ta n to q u e p o e m a ,
p u es, e n efecto, algo m ás a rrib a , la estro fa h a co m en z ad o de
este m o d o : « Saúdo todos os que me lerem» (c it., v. 4 9 )- L a c o n
f u s ió n es in te n c io n a l: le e r s ie m p re h a d e se r le e r u n tex to
(texto/poeta—aqaí p o eta/tex to , a saber, C a eiro e n ta n to a u to r y,
p o r s u - p u e s to , e n ta n to a u to r /a c to r , a c tu a d o a su vez desde
P essoa—, co m o ta m b ié n , a h í, texto/poema)], d ic e el te x to , nos
dice, oigam os: «soy».
L a a f ir m a c ió n d e sí, de su e x iste n cia , m a n ifie s ta de
p r o n to su m a n e ra p alm aria , elem en tal. «Soy» ¿ q u é ? , se dice:
y se d e f in e : «cosa» (¿se d ir ía lo m is m o de se r ta n só lo el
h o m b r e , la P e r s o n a /C a e ir o , la q u e h a b la ? ); y, a ú n , cosaque
actúa, q u e se n o s da al le e r co m o « saludo» ; el salud o de algo, de
esa cosa q u e h a de se r alguien e n su s a lu d a r, su manifestarse
in te m p e stiv o . P ero , si seguim os la le ctu ra, esa m ism a a q u e el
tex to ( c o n el p o e ta /te x to y el te x to /p e rs o n a ) n o s in v ita, los
p ro b lem as se van a c u m u la n d o , dad o q u e aquella voz, la qu e se
h ab la, n o n o s dice ser cosa so la m e n te , sin o a ú n , ad em ás ser
« cualquier cosa» [de m a n e ra q u e el texto se n o s revela siendo, lo
h e m o s visto , m as s ie n d o ju s ta m e n te algo c u a lq u ie ra —es
d e c ir(n o s ): n o ú n ic o y d is tin to sin o , b ie n al c o n tra rio , u n -
s e r- c u a lq u ie ra y e n ta n to q u e tal, in te rc a m b ia b le ; es d e c ir,
a b ie r to a /e n la c a d e n a de u n a f o rm a a n a ló g ic a , c a m b ia n te :
« P o r e je m p lo » , n o s dice, ser u n « á r b o l» (v. 6 l) ; m e ta fo ri-
zación, m e ta m o rfo s is ...], y, m ás allá, ser « c o sa natural» . S in
d u d a, n ad a m en o s n a tu ra l, n ad a m ás c u ltu ral y m etafísico qu e
10 JU A N BARJA
esta firm e (? ) creencia caeiriana. E n u n m ín im o espacio —cu l
tivado, el espacio (d el) cu lto d el p o e m a —, y e n el d e u n sólo
verso —e n /d e l p o em a— se da ese deslizarse, e n ap a rien c ia s e n
cillo y casi a u tó n o m o , q u e afirm a : I. La existen cia p lasm ad a
de u n su je to . 2. L a co rrela tiv a de su se r(se). 3. L a d e su ser
(co m o ) cósico, de cosa. 4- La de ser n a tu ra l —e n ta n to cosa y,
'n a tu r a l m e n t e ’, e n ta n to se r—. 5- L a d e ser, ad em ás, algo
cu a lq u ie ra —alg o /alg u ien : c u a lq u ie r co sa/c u alq u ier ser—. Y 6.
(si re m o n ta m o s p o r los versos al m o m e n to in ic ia l q u e se p r e
dica) ser e n acció n —la acció n de su salu d o —, m as 7- u n a qu e
de p r o n to p u e d e d a rse (si c o n tin u a m o s p o r el v erso ) n o ya
c o m o la p r o p ia de lo h u m a n o sin o d e u n se r o rg á n ic o (ese
á rb o l) que, sie n d o n a tu ra l, es cultivado, ese « v iejo á r b o l» de
los p u e b lo s a cuya so m b ra se se n tab a el n iñ o (w . 6 1 -6 5 ) q u e
ah o ra , ya m ayor p u e d e leer(se) —está leyendo, d e h ec h o (y a -sí
siendo leíd o —y e n ta n to q u e le íd o —) : e n /e l p o em a—.
POEMA / PERSONA 11
« O único mistério é haver quem pense no misterio » . ( « O g u a rd a
d o r de re b a n h o s » , p o e m a V , v. 13). E l p o stu la d o a n tim e ta fí-
sico —c o n sus p re su p u e sto s epocales—p u e d e ser to d o m e n o s
in o c e n te [sin d u d a es naif b u c ó lic o co m o c o rre s p o n d e a los
p a sto re s, y m ás a los p a sto re s lite r a r io s ; p o r q u e este G ae iro
v irg ilian o n o es el « p a s to r del s e r» (o sí lo es, co m o r e - p a r
tid o e n tre los seres, fin g ié n d o se ser cosa e n tre las cosas —y u n a
'co sa c u a lq u ie ra ’, lo h e m o s visto—); « g u a r d a d o r d e r e b a
ñ o s » , p e r o u n o cuyo 'r e b a ñ o ’ es sus « pensamientos» (p o e m a
IX , vv. 1 -2 ). R e b a ñ o su b je tiv o , p o r lo tanto-, f re n te a eso
o b jetiv o q u e se 'fin g e ’, se c o n - f ig u r a e n ta n to q u e p o e m a ; y
eso pese a d ec irn o s, ju sta m e n te e n el verso q u e le sigue: «meus
pensamentos são todos sensações» (p o e m a IX, v. 3 ), lo q u e d e fin e
ta les p e n s a m ie n to s p e r o n o lo s n ie g a e n a b s o lu to : 'p e n s a
m ie n to in m e d ia to ’ —«manos, pies.. . » ( p o e m a IX , v. 5 )—; la
m etafísica, expulsada p o r la p u e rta —« hd metafísica bastante em não
pensar em nada» (p o e m a V , v. i) ; «pensar é estar doente» (es estar
e n fe rm o : y «de los ojos». p o e m a II, v. 17): y, sin em b arg o , so n
sus « p e n s a m ie n to s » el o b je to m is m o d e su guarda se g ú n se
n o s h a d ic h o , expresam en te—vuelve así a p e n e tr a r p o r la v e n
ta n a ...] . P o r cu a n to de este sólo p o stu la d o , u n o q u e es u n o y
ú n ic o , fu n d a m e n to y, al tie m p o , f u n d a d o r —«V i que não ha
Natureza, / que Natureza não existe, / que hd montes, vales, planicies, / que há
árvores, fores, ervas, / que ha rios e pedras, / mas que não há um todo a que
issopertença» (p o em a XEVTI, v. j - i z ) ; p e ro ate n c ió n de nuevo a
c u a n d o dice: «só sou essa coisa odiosa, um intérprete da Natureza»
(p o em a XXXI, v. I l) —n ac e(n ) el p o em a e n te ro : y el p o eta.
12 JUAN BARJA
Siendo concebido como idea, (repetido/expandido como idea) el poeta ha evi
tado (lo dijimos), ha prescrito/fingido, al mismo tiempo, cualquier historia de
su desarrollo. No hay aquí evolución: el poeta nacej muere de manera simul
tánea [las su (per)puestasfechas de su drama son un mero pre-texto o, quizas,
un post-texto, inconsecuente con la manera de su creaciónj la reiteración de
su(s) supuesto(s) —es ejercicio a-histórico, pre-concebido como c o n tra -h is
to r ia —]. Su 'horizonte’ es des-pliegue horizontalj, así, suprime el tiempo,
todo tiempo, pues el suyo, que ha sido en el in sta n te , se re-pliega en su ins
tancia omnipresente [en la totalidad de su (im)presencia], sobre sí/contra sí: a-
te m p o ra l.
POEMA / PERSONA 13
la c o n c lu sió n , sin o so la m e n te dos aserto s in s u p e ra b le m e n te
in d e p e n d ie n te s : de ese 'n o te n e r filo so fía ’ n o re su lta ja m á s
'te n e r s e n tid o s ’ —algo de lo cu al, e n c u a lq u ie r caso, carece
'c u a lq u ie r co sa’ ( to d a co sa)—; u n h e c h o q u e , p o r c ie rto ,
constituye el fracaso fu n d a d o r de la id eología expresionista —y
su p rá c tic a artístic a (in ) c o n sc ie n te —q u e sería la p r o p ia d e la
ép o ca y la 'id e o lo g ía ’ p esso an a: la e x p re sió n de la cosa co m o
ta l —su c o n o c im ie n to in a lca n za b le q u e q u e d ó f o rm u la d o e n
el k a n tis m o 4’— . E l q u e s ie n te n o es cosa —n i s iq u ie ra 'co sa
n a tu ra l’—, n i el p o e ta p u e d e ser u n «árbol», algo qu e e n re a li
d ad n u n c a n o s d ijo ; d ijo q u e debíam os p en sarlo (« piensen/ que
soy...»; p o e m a I, w . 5 9 ~ 6 o ). P ero ¿ n o n o s av isa—so la m e n te
u n o s verso s m ás allá, c o n el se g u n d o p o e m a d e la se rie ta l
co m o ya h em o s señ alado—q u e « pensar es estar enfermo de los ojos» ?
E l sistem a regresa de este m o d o desde sí c o n tra sí, e n su r e f u
tarse, in te rm in a b le m e n te : circ u lar.
Para hablar de la(s) cosa(s) sin decir de ella(s) nada innecesario traere
mos aquí un viejo texto que sigue siendo, siempre, imprescindible,y que es, tam
bién, una vez más el texto (intercambiable) de un poeta: « A sí n a c ie r o n
éstas, y a h o ra so n , / [ . . . ] / los h o m b re s d ie r o n n o m b re a cada
u n a » 5. —De manera que «el cosm os de los hombres, cosmos también por
tanto de los n o m b r e s » es ese «haber nacido», « estar p re s e n te » —6. Yes
14 JU A N BARJA
que, en efecto, era ese darle (s) nombre la misión esencial —para el poeta—, pero
comenzando justamente por la acción de nombrar a ese poeta: el «caeiro es
caeiro...» de lafabula [a-sí, en este caso (y sin duda no sólo en este caso), lo
q u e el p o e ta escrib e —que se inscribe en el texto— es el p o eta] en cuyo
fabular se dan las cosas, las mismas a las cuales se da nombre... El Texto, como
cosa entre las cosas—hablar constitutivo, «natural»—, como «cosa cualquiera»/
«cualquier cosa», mas también como cosa de las cosas, le(s) ha dado su nom
bre, «que es su nombre, su nombre...»: a cada Una. [Con ello,y aún habrá
que repetirlo, el hecho de(l) nombrarse nos revela, de nuevo, en su d e sp lie
gue h o riz o n ta l: el nombrar (de) las cosas —cada cosa—exige en consecuen
cia, al mismo tiempo, el nombrar (d)el poeta—los poetas, (en) su co n stela
c ió n constitutiva—. Con lo cual cada cosay lo que (en) ella viene a ser —cada
poeta/cada texto—se dan como te n sió n , en la distancia que al articular su(s)
diferencia(s) articula el espacio: lo construye. Es construcción de m u n d o
—
y del espacio como texto del mundo: mundo-texto— (en la instantaneidad de
lo nombrado). Pero uno que se alza contra el tiempo - y que se alza, por tanto,
a contra-tiempo—, con(tra) su evolución'inevitable. (Toda evolución es una
línea compleja pero siempre imaginaria que va simplificando —convirtiendo en
'idea —los sucesos; pero ellos nofluyen —se dan: no se suceden—: detenidos, cada
uno para sí, son los mojones del espacio en que están,-y que de-finen). Desde
elloy con ello, el texto-cosa,y en él aún: el texto-poeta-cosa, (mortal) aere
p e re n n iu s, queda inscrito por encima del tiempo: desde siempre].
E xiste p u e s a q u í u n 'p e n s a m ie n to ’ ( p ro b a b le m e n te
«enferm o», se n o s d ijo , p e r o p e n s a m ie n to e n to d o caso) —y
u n a 'filo so fía ’, e n co n se c u e n c ia — q u e se rec lam a d e(sd e ) los
se n tid o s (c o n el c o n te n id o q u e ese tex to c o n c e p tu a liz a e n
ta n to q u e in m e d ia to s, co m o in m e d ia c ió n co n stitu tiv a); u n a
o p e ra c ió n q u e p re su p o n e el deslizamiento su b re p tic io (n u n c a el
ra z o n a r a rg u m e n ta d o ) d e la p a la b ra «cuerpo» (algo q u e sin
d u d a es u n c o n c e p to a u n q u e n o se p e rc ib a d e ese m o d o : lo
POEMA / PERSONA 15
m etafísico está sie m p re p re se n te a través de esa au sen cia p r e
d ic a d a q u e es c o n s titu tiv a de C a e iro , d o n d e lo naifes lo
n a tiv o ) a u n o s « sentidos» (d a d o s y, d ig a m o s, sentidos co m o
tales) constituyentes, c o n sus m ero s datos —los que p r o -c e d e n
de las sensaciones—, d el sujeto p o é tic o [ese «yo» q u e dice —y
q u e se dice—q u e (n o s) h ab la desde el te x to / e n el texto, c o n s
tru y e n d o el p re -te x to m ism o del 'h a b la n te ’: el 'p o e ta ’ creado
p o r el acto que 'p ro fie re el p o e ta ’, e n el p o e m a ], p a ra te r m i
n a r el m o v im ien to —a través de la « cosa» d o b le m e n te , o quizá
d esd o b lad a e n ta n to 'cosa’ m u ltip lic ad a e n lo <snatural¿> com o
'cosa c u a lq u ie ra ’ q u e p e rc ib e fre n te a 'c u a lq u ie r cosa’ p e r c i
b id a—e n la « realidad» [que se p re -sie n te ; la d e -fin ic ió n es, e n
C a e iro , (desde) sie m p re a n te r io r a la experien cia, pese a qu e
ésta, e n su caso, esté p e n sa d a —o se n o s p re se n te , e n su fala
cia— e n ta n to q u e e x p e rie n c ia a n te c e d e n te ] . T al es el n ú c le o
d u r o de lo q u e P essoa califica co m o e x tre m a e x p e rie n c ia
im p e rs o n a l [ 'im -p e s s o a l’, te n e m o s q u e d e c ir; o, u sa n d o las
p alab ras de su texto: « puse en Caeiro todo mi poder de despersonaliza-
rión» (carta q u e Pessoa le d irig e a su a d m ira d o r Casais M o n
te iro e n e n e ro de 1935» pocos m eses antes de su m u e rte acae
cida e n n o v ie m b re de ese a ñ o )7; ah í se da el esfuerzo siem p re
c o n tra d ic to rio de Pessoa: im p e rso n a lid a d de la 'p e rs o n a ’ —es
d e c ir de la 'm á sc a ra ’ e n /c o n la cual se a d h ie re ju s ta m e n te lo
q u e es p e rso n a l: lo e n -m a sc a ra d o —]: su p r e - te n s ió n de cosa
—d e « co sa n a tu r a l» —: e n lo im p e n sa d o o, a ú n m ás allá, e n lo
im p e n sa b le. D o n d e cuerpo-sentidos-realidad(es) —y así se p re s e n
ta n d esd e el te x to : «sou místico, mas só com o c o r p o » (p o e m a
XXX, v. 2 ), <stenho s e n tid o s » (cit. s u p r a ) , « s in to todo o meu
c o rp o deitado na re a lid a d e » (p o e m a IX, v. 13)—, c o n sus esta
c io n e s m e tafísicas {yo-cosa-natural es el c o n c e p to q u e c o n -
16 JUAN BARJA
f o rm a la serie e n su conjunto) c o m - p o n e n el c o n tin u o n o
m e d ia d o [lo ( p r e ) s u - p o n e n , e n ta n to q u e c re e n c ia e x p re
sad a/exhibida: p ro cla m ad a ] de u n n u d o estar (se) ahí, radical
mente. D e la raíz de d ic h o s in - s e n tid o —u n 's in s e n tid o ’
exp reso (so b re el te x to ) d esd e el n ih ilis m o q u e lo f u n d a , y
u n a vez m ás e n ta n to q u e 'p r in c ip io ’: « 0 único sentido íntimo das
coisas/ é elas nao terem sentido íntimo nenhum» (p o e m a V , w . 4 0 ~4L
v id . la v a ria c ió n de este p r in c ip io , r e c o n v e rtid o e n « sentido
oculto» q u e se n ieg a e n el texto, n u ev a m e n te, d o n d e las cosas
m ism as, c o m o tales, v ie n e n a se r « o único sentido», p o e m a
XXXIX, w . 8 - 9 y 17)—b ro ta , cual fru to a u tó n o m o ( in -c o n s -
c ie n te ), el h e c h o 'n a tu r a l’ (?) de su 'c o n sc ie n c ia ’.
POEMA / PERSONA 17
Más acá delpensar —de lo q u e piensa—el poema (el objeto) se concen
tra refractario en su núcleo: negativo del espacio queforma —que desvela, que
des-trenza^y-que-trama: en su des-pliegue. Más allá del pensar —de quien lo
piensay se piensa al pensarlo, en su pensarse— el poeta (¿el sujeto? ) 8 se
repliega obstinado en su núcleo. Inútilmente, « p o r q u e lo que d o m in a es
p e n s a m ie n to » 9.
18 JU A N BARJA
Nota sobre la presente edición
Pessoa
poesía i
LOS POEMAS DE
A l b e r t o C a e iro 1
PREFÁCIO DE RICARDO REIS
22 POESÍA I
PREFÁCIO DE RICARDO REIS
24 POESÍA I
nos, que vivieron en él y por lo mismo nunca lo pensaron, lo
pudieron hacer. Pero la obra, y su paganismo, no fueron pensa
dos ni siquiera sentidos: ambos fueron vividos con lo que haya
en nosotros más profundo que el sentimiento o que la razón.
Decir más sería ya explicar, lo que de nada sirve; y afirmar
menos sería mentir. Toda obra habla por sí misma, con la voz
que le es propia y en el lenguaje en el que es pensada; quien no lo
entiende, no puede entenderlo, no habiendo pues nada que
explicarle. Es como hacer comprender a alguien, espaciando las
palabras al hablar, un idioma que no aprendió jamás.
Ignorante de la vida e ignorante casi de las letras, casi sin
convivencia ni cultura, Caeiro hizo su obra en un progreso pro
fundo e imperceptible, como aquel que dirige, por las concien
cias inconscientes de los hombres, el desarrollo lógico de las
civilizaciones. Fue un progreso de las sensaciones o, más bien,
de las formas de tenerlas, y una íntima evolución de pensamien
tos derivados de sus sensaciones progresivas. Por una sobrehu
mana intuición, como las que fundan para siempre religiones, a
pesar de que no le corresponda el título como tal de religiosa,
por aquello de que, como al sol y como a la lluvia, toda religión
y toda metafísica le repugnan, este hombre descubrió el mundo
sin pensar en él y creó un concepto de universo que no contiene
meras interpretaciones.
Cuando se me encomendó el encargo de prologar estos
libros pensé en realizar un amplio estudio, crítico y excursivo,
sobre toda la obra de Caeiro, y su naturaleza y destino fatal. Con
exceso intenté el escribirlo. Sin embargo, no pude hacer estudio
alguno que me satisficiera. No puede comentarse, por cuanto
que no puede ser pensado, aquello que es directo, como el cielo y
la tierra: tan sólo puede verse; y sentirse.
Siento que la razón me impulse a pronunciar tan nulas
palabras respecto de la obra de mi Maestro, no pudiendo escri
bir con la cabeza nada que sea más útil o necesario de lo que dije
con el corazón en la Oda [...] de mi Libro I, con la que lloro al
26 POESÍA I
hombre que para mí fue, como ha de ser para más que muchos,
el revelador de la Realidad o, como él mismo dijo, «el Argo
nauta de las sensaciones verdaderas» -e l gran Libertador que
nos restituyó, cantando, a aquella nada luminosa que somos;
que nos arrancó de la muerte y de la vida para dejarnos entre las
simples cosas que no conocen nada, en su transcurso, respecto
de vivir ni de morir; que nos libró de la esperanza y de la deses
peranza, para que no nos consolemos sin razón ni nos entristez
camos sin causa; comensales con él, y sin pensarlo, de la reali
dad objetiva del Universo.
Doy pues la obra, cuya edición me fue encomendada, al
fatal azar del mundo. La doy y digo:
¡Alegraos, vosotros que lloráis en la mayor de las enferme
dades de la Historia!
¡Renació el Gran Pan!
E u n u n c a g u a rd e i re b a n h o s,
m as é co m o se os guardasse.
M in h a alm a é co m o u m p a sto r,
c o n h e ce o v en to e o sol
5 e a n d a p ela m ão das E stações
a seg u ir e a o lh a r.
T o d a a paz da N a tu re z a sem g en te
vem s e n ta r-s e a m e u la d o .
M as eu fico tris te co m o u m p ô r de sol
io p a ra a nossa im ag in ação ,
q u a n d o esfria n o f u n d o da p la n íc ie
e se se n te a n o ite e n tra d a
co m o u m a b o r b o le ta p e la ja n e la .
G o m o u m r u íd o de chocalhos
ao p a ra além da curva da estrada,
os m eus p e n s a m e n to s são c o n te n te s.
Só te n h o p e n a de sa b er q u e eles são c o n te n te s,
p o r q u e , se o n ã o soubesse,
em vez de se re m c o n te n te s e tristes,
25 se ria m alegres e c o n te n te s.
30 POESÍA I
j
I
31 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
P e n s ar in c o m o d a c o m o a n d a r à chuva
q u a n d o o v e n to cresce e p a re c e q u e chove m a is .
N ão te n h o am bições n e m desejos.
S er p o e ta n ã o é u m a am bição m in h a .
E a m in h a m a n e ira de estar so z in h o .
E se desejo às vezes,
p o r im a g in a r, ser c o r d e irin h o
(o u ser o re b a n h o to d o
p a ra a n d a r esp alh ad o p o r to d a a en co sta
a ser m u ita coisa feliz ao m esm o te m p o ),
é só p o r q u e sin to o q u e escrevo ao p ô r d o sol,
o u q u a n d o u m a n u v e m passa a m ão p o r cim a da luz
e c o rre u m silên cio p ela erva fo ra .
Q u a n d o m e se n to a escrever versos
o u , p assean d o p elos c a m in h o s o u p elo s atalh o s,
escrevo versos n u m p a p e l q u e está n o m e u p e n s a m e n to ,
sin to u m cajado nas m ãos
e vejo u m re c o rte de m im
n o cim o d u m o u te iro ,
o lh a n d o p a ra o m e u re b a n h o e v en d o as m in h a s ideias
o u o lh a n d o p ara as m in h a s ideias e v en d o o m e u re b a n h o ,
e s o rrin d o vagam ente com o q u e m n ão c o m p re e n d e o que
e q u e r fin g ir q u e c o m p re e n d e . [se diz
S aú d o to d o s os q u e m e le re m ,
tir a n d o - lh e s o c h a p éu largo
q u a n d o m e vêem à m in h a p o r ta
m al a d ilig ên c ia levanta n o cim o d o o u te iro .
S a ú d o -o s e d e s e jo -lh e s sol,
e chuva, q u a n d o a chuva é p recisa,
e q u e as suas casas te n h a m
POESIA I
Pensar m o le s ta , c om o i r bajo la llu v ia
c u a n d o el v ie n to crece y p arece llo v e r m ás.
Y si deseo, a veces,
por fantasear, ser un cordero
(o el rebaño entero,
para ir disperso por toda la ladera
35 siendo muchas cosas felices al tiempo),
es sólo porque siento lo que escribo a la puesta del sol,
cuando una nube va pasando su mano por encima de la luz
y corre un gran silencio a través de la hierba.
33 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
ao p é d u m a ja n e la a b e rta
u m a ca d eira p re d ile c ta
o n d e se se n te m , le n d o os m e u s versos.
E ao le re m os m e u s versos p e n s e m
q u e sou q u a lq u e r coisa n a tu ra l—
p o r exem p lo , a árvore antiga
à so m b ra da q u al q u a n d o crianças
se sentavam co m u m b a q u e , cansados de b r in c a r,
e lim p av am o s u o r da testa q u e n te
co m a m a n g a d o b ib e risca d o .
POESÍA I
al pie de una ventana abierta
una silla predilecta
en donde sentarse, leyendo mis versos.
Y que al leer mis versos piensen
60 que yo soy cualquier cosa natural:
por ejemplo, el viejo árbol
a cuya sombra, de niños,
se sentaban, cansados de jugar,
limpiándose el sudor de la cabeza ardiente
65 con una manga del mandilón de rayas.
35 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
II
O m e u o lh a r é n ítid o co m o u m girassol.
T e n h o o co stu m e de a n d a r pelas estradas
o lh a n d o p a ra a d ire ita e p a ra a esq u erd a,
e de vez em q u a n d o o lh a n d o p a ra tr á s ...
5 E o q u e vejo a cada m o m e n to
é aq u ilo q u e n u n c a an tes eu tin h a visto,
e eu sei d a r p o r isso m u ito b e m ...
S ei te r o p asm o com igo
q u e te m u m a cria n ç a se, ao n ascer,
io rep arasse q u e n asce ra d ev e ras...
S in to - m e n ascid o a cada m o m e n to
p a ra a e te rn a n o v id a d e d o m u n d o ...
C re io n o m u n d o co m o n u m m a lm e q u e r,
p o r q u e o vejo. M as n ã o p e n so n ele
15 p o r q u e p e n s a r é n ã o c o m p re e n d e r...
O m u n d o n ã o se fez p a ra p e n s a rm o s n ele
(p e n sa r é estar d o e n te dos olh o s)
m as p a ra o lh a rm o s p a ra ele e estarm o s de ac o rd o
A m a r é a e te rn a in o c ê n c ia ,
25 e a ú n ic a in o c ê n c ia é n ã o p e n s a r ...
36 POESIA I
II
37 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
A o e n ta rd e c e r, d e b ru ç a d o p ela ja n e la ,
e sa b en d o de soslaio q u e h á cam pos em fre n te ,
le io até m e a rd e re m os o lhos
o liv ro de C e sário V erde.
POESÍA i
III
39 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
rv
G o m o alg u ém q u e d u m a ja n e la alta
5 sacode u m a to a lh a de m esa,
e as m igalhas, p o r ca írem to d a s ju n ta s ,
fazem alg u m b a r u lh o ao cair,
a chuva c h io u d o céu
e e n e g rece u os c a m in h o s ...
A h! é q u e re z a n d o a S an ta B á rb a ra
eu s e n tia -m e a in d a m ais sim ples
d o q u e ju lg o q u e so u ...
S e n tia -m e fa m ilia r e caseiro
20 e te n d o passado a vida
tr a n q u ila m e n te , co m o o m u ro d o q u in ta l;
te n d o ideias e se n tim e n to s p o r os te r
co m o u m a flo r te m p e rfu m e e c o r . ..
40 POESÍA I
IV
41 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
S en tia -m e alguém que possa acreditar em Santa B á rb a ra...
25 A t , p o d e r c re r em S an ta B árbara!
(Q u e m crê q u e h á S an ta B árb ara,
ju lg a rá q u e ela é g e n te e visível
o u q u e ju lg a rá d ela? )
(Q u e artifício ! Q u e sabem
30 as flo res, as árvores, os re b a n h o s,
de S an ta B á rb a r a ? ... U m ra m o de árvore,
se pensasse, n u n c a p o d ia
c o n s tru ir san to s n e m a n jo s ...
P o d e ria ju lg a r q u e o sol
35 è D eus, e q u e a tro v o ad a
é u m a q u a n tid a d e de g en te
zangada p o r cim a de n ó s ...
A h, co m o os m ais sim ples dos h o m e n s
são d o e n te s e co n fu so s e estú p id o s
40 ao p é da clara sim p lic id ad e
e saúde em existir
das árvores e das p la n tas!)
E eu , p e n s a n d o em tu d o isto,
fiq u e i o u tra vez m e n o s fe liz ...
45 F iq u ei so m b rio e a d o e cid o e s o tu r n o
co m o u m dia em q u e to d o o d ia a tro v o ad a am eaça
e n e m se q u e r de n o ite c h e g a ...
42 POESÍA I
Me sentía alguien que pudiera creer en Santa Bárbara...
25 ¡Ah, poder creer en Santa Bárbara!
(El que cree que existe Santa Bárbara,
¿pensará que es persona y que es visible,
o qué pensará de ella?)
43 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
V
H á m etafísica b a sta n te em n ã o p e n s a r em n ad a .
O q u e p e n s o eu d o m u n d o ?
Sei lá o q u e p e n so d o m u n d o !
Se eu adoecesse p e n s a ria nisso.
5 Q u e id e ia te n h o eu das coisas?
Q u e o p in iã o te n h o so b re as causas e os efe ito s?
Q u e te n h o eu m e d ita d o so b re D eus e a alm a
e so b re a criação do m u n d o ?
N ão sei. P ara m im p e n s a r nisso é fe c h a r os o lh o s
10 e n ã o p e n s a r. E c o r r e r as co rtin a s
da m in h a ja n e la (m as ela n ã o te m c o rtin a s).
44 POESÍA I
V
45 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
e a de d a r f ru to n a sua h o ra , o q u e n ão n o s faz p e n sa r,
a n ó s, q u e n ã o sabem os d a r p o r elas.
Mas q u e m e lh o r m etafísica q u e a delas,
q u e é a de n ã o saber p a ra q u e vivem
n e m saber q u e o n ã o sab em ?
N ão a c re d ito em D eu s p o r q u e n u n c a o vi.
Se ele quisesse q u e eu acreditasse n ele,
sem dúvida q u e v iria falar com igo
e e n tra ria p e la m in h a p o r ta d e n tro
d iz e n d o -m e , Aqui estou!
POESÍA I
25 y la de dar fruto en su momento, cosa que no hace que
nosotros, que no sabemos percibirlos. [pensemos,
Mas, ¿qué mejor que su metafísica,
la de no saber para qué viven
ni tampoco saber que no lo saben?
47 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
e n tã o a c re d ito n ele,
e n tã o a c re d ito n e le a to d a a h o ra ,
e a m in h a vida é to d a u m a oração e u m a m issa,
e u m a c o m u n h ã o co m os o lh o s e p elo s ouvid o s.
E p o r isso eu o b e d e ç o -lh e ,
(q u e m ais sei eu de D eu s q u e D eu s de si p r ó p r io ? ) ,
o b e d e ç o -lh e a viver, e s p o n ta n e a m e n te ,
co m o q u e m a b re os o lh o s e vê,
e c h a m o -lh e lu a r e sol e flores e árvores e m o n te s,
e a m o -o sem p e n s a r n ele,
e p e n s o -o v e n d o e o u v in d o ,
e a n d o co m ele a to d a a h o ra .
POESÍA I
entonces creo en él,
entonces creo en él a todas horas,
55 y mi vida entera es una oración y una misa,
comunión con los ojos y por los oídos.
49 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
P en sa r em D eu s é d e so b e d e c e r a D eus,
p o r q u e D eu s quis q u e o n ão conh ecêssem o s,
p o r isso se n o s n ã o m o s tro u ...
POESÍA i
VI
51 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
V II
52 POESIA I
YII
53 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
V III
54 POESÍA I
YIII
55 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
a ú n ic a p o m b a feia do m u n d o
p o r q u e n ão e ra d o m u n d o n e m era p o m b a .
E a sua m ãe n ão tin h a am ad o an tes de o te r.
3° N ão era m u lh e r: e ra u rn a m ala
em q u e ele tin h a v in d o d o céu.
E q u e ria m q u e ele, q u e só nascera da m ãe,
e n u n c a tivera p a i p a ra a m a r co m re sp e ito ,
pregasse a b o n d a d e e a justiça!
35 U m d ia q u e D eu s estava a d o r m ir
e o E sp irito S an to andava a v oar,
ele fo i à caixa dos m ilagres e r o u b o u três.
C o m o p r im e ir o fez q u e n in g u é m soubesse q u e ele tin h a
[fu g id o .
C o m o segundo crio u -se etern am e n te h u m a n o e m e n in o .
40 C o m o te rc e iro c rio u u m C risto e te rn a m e n te n a cru z
e d e ix o u -o p re g a d o n a cruz q u e h á n o céu
e serve de m o d e lo às o u tras.
D ep o is fu g iu p a ra o sol
e desceu p elo p r im e ir o ra io q u e a p a n h o u .
56 poesía 1
la única paloma fea en todo el mundo,
porque no era del mundo ni era paloma.
Y su madre no había amado antes de tenerlo.
No era mujer: era una maleta
en la que él había venido del cielo.
¡Y querían que él, que sólo había nacido de la madre
y nunca tuvo un padre al que amar con respeto,
predicase la bondad y la justicia!
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
A mim ensinou-m e tudo.
6o Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas.
58 POESÍA I
A mí me enseñó todo.
Me enseñó a mirar hacia las cosas.
Me dice las cosas que hay en las flores.
Me muestra cómo son de bonitas las piedras
cuando las tenemos en la mano
y las miramos con detenimiento.
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
E p o r isso é q u e e u sei c o m to d a a c e rte za
q u e e le é o M e n i n o Jesus v e r d a d e ir o .
E a cria n ça tã o h u m a n a q u e é d ivina
é esta m in h a q u o tid ia n a vida de p o eta,'
e é p o rq u e ele an d a sem pre com igo que eu sou p o eta sem pre,
e q u e o m e u m ín im o o lh a r
m e e n c h e de sensação,
e o m ais p e q u e n o so m , seja do q u e fo r,
p are ce fala r co m ig o .
A C ria n ç a E te rn a a c o m p a n h a -m e se m p re .
A direcção d o m e u o lh a r é o seu d e d o a p o n ta n d o .
O m e u ou v id o a te n to a le g re m e n te a to d o s os sons
são as cócegas q u e ele m e faz, b rin c a n d o , nas o relh as.
D a m o - n o s tão b e m u m co m o o u tro
n a c o m p a n h ia de tu d o
q u e n u n c a p en sam o s u m n o o u tr o ,
m as vivem os ju n to s e dois
co m u m a c o rd o ín tim o
co m o a m ão d ire ita e a esq u erd a.
POESÍA I
Y p o r eso sé con c o m p le ta c e rte za
que él es el N i ñ o Jesús v e rd a d e ro .
61 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
graves co m o co n v ém a u m d eus e a u m p o e ta ,
e co m o se cada p e d ra
120 fosse to d o u m u n iv e rso
e fosse p o r isso u m g ra n d e p e rig o p a ra ela
d eix á-la ca ir n o chão.
D ep o is ele a d o rm e c e e eu d e ito - o .
!35 L ev o -o ao colo p a ra d e n tro de casa
e d e ito - o , d e s p in d o - o le n ta m e n te
e co m o se g u in d o u m r itu a l m u ito lim p o
e to d o m a te rn o até ele estar n u .
E le d o rm e d e n tr o da m in h a alm a
M-o e às vezes a c o rd a de n o ite
e b rin c a co m os m eus so n h o s.
V ira u n s de p e rn a s p a ra o ar,
p õ e u n s em cim a dos o u tro s
e b a te as palm as so z in h o
!45 s o r rin d o p a ra o m e u so n o .
Q u a n d o eu m o r r e r , filh in h o ,
62 P O E S IA I
graves como conviene a un dios y aun poeta,
como si cada piedra
fuese un universo
y por eso fuese un peligro para ella
dejarla caer al suelo.
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
e leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
e deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
até que nasça qualquer dia
que tu sabes qual é.
POESÍA I
haz que yo sea el niño, el más pequeño.
Cógeme tú en tus brazos
y llévame para dentro de tu casa.
150 Desnuda mi ser, cansado y humano,
y échame en tu cama.
Y cuéntame historias, si es que me despierto,
para que me vuelva a adormecer.
Y dame sueños tuyos para que así yo juegue
155 hasta que luego nazca, cualquier día,
que tú sabes cuál es.
65 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
IX
S o u u m g u a rd a d o r de re b a n h o s.
O re b a n h o é os m eus p e n s a m e n to s
e os m eus p e n s a m e n to s são to d o s sensações.
P enso co m os o lh o s e co m os ouvidos
5 e co m as m ãos e os pés
e co m o n a riz e a boca.
P o r isso q u a n d o n u m d ia de calo r
io m e sin to tris te de g o z á -lo ta n to ,
e m e d e ito ao c o m p rid o n a erva,
e fech o os o lh o s q u e n te s,
s in to to d o o m e u c o rp o d e ita d o n a rea lid ad e ,
sei a v erd ad e e so u feliz.
66 POESÍA I
IX
67 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X
68 POESÍA I
X
69 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
A q u ela s e n h o ra te m u m p ia n o
q u e é agradável m as n ã o é o c o r r e r dos rio s
n e m o m u r m ú r io q u e as árvores fa z e m ...
P a ra q u e é p rec iso te r u m p ia n o ?
O m e lh o r é te r ouvidos
e a m a r a N atu reza.
POESÍA I
XI
71 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X II
72 POESÍA I
X II
73 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X III
74 POESÍA I
X III
75 ÉL GUARDADOR DE REBAÑOS
X IV
Olho e comovo-me,
comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
e a minha poesia é natural como o levantar-se vento...
76 POESÍA I
X IV
Y miro y me conmuevo;
me conmuevo como corre el agua si el suelo está inclinado,
y mi poesía es natural, como es el viento cuando se levanta..
77 ÉL GUARDADOR DE REBAÑOS
XV
5 E screvi-as e sta n d o d o e n te
e p o r isso elas são n a tu ra is
e c o n c o rd a m co m aq u ilo q u e sin to ,
c o n c o rd a m co m aq u ilo co m q u e n ã o c o n c o rd a m ...
E sta n d o d o e n te devo p e n s a r o c o n trá rio
10 d o q u e p e n so q u a n d o esto u são
(sen ão n ão estaria d o e n te ),
devo s e n tir o c o n trá rio d o q u e sin to
q u a n d o so u eu n a saúde,
devo m e n tir à m in h a n a tu re z a
i5 de c ria tu ra q u e se n te de ce rta m a n e ir a ...
D evo ser to d o d o e n te — id eias e tu d o .
Q u a n d o estou d o en te, n ão estou d o e n te p ara o u tra coisa.
78 POESÍA I
XV
79 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XVI
80 POESÍA I
XVI
81 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X V II
A SALADA
82 POESÍA I
X V II
L a en sa la d a
83 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X V III
84 POESÍA I
X V III
85 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X IX
86 POESÍA I
X IX
87 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XX
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minba aldeia,
mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha
[aldeia
porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
88 p o e s ía i
XX
89 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XXI
90 POESÍA I
XXI
91 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
Gomo quem num dia de Verão abre a porta de casa
e espreita para o calor dos campos com a cara toda,
às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
na cara dos meus sentidos,
e eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
não sei bem como nem o quê...
POESÍA I
X X II
93 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X X III
5 Se eu interrogasse e me espantasse
não nasciam flores novas nos prados
nem mudaria qualquer coisa no sol de modo a ele ficar
[mais helo.
94 p o e s ía i
X X III
5 Si yo interrogara y me asombrara
no nacerían nuevas flores en los prados
ni habría cambios en el sol que lo hicieran más bello.
95 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X X IV
96 POESÍA I
X X IV
97 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
As bolas de sabão que esta criança
se entretém a largar de uma palhinha
são translúcidamente uma filosofía toda.
POESÍA I
XXV
99 EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XXVI
100 POESÍA I
XXVI
102 POESÍA I
X X V II
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X X V III
104 POESÍA I
X X V III
Porque los poetas místicos nos dicen que las flores sienten
y dicen que las piedras tienen alma
y que los ríos tienen éxtasis a la luz de la luna.
Hay que no saber nada de lo que son las flores y piedras y ríos
para poder hablar de sus sentimientos.
Hablar del alma de las piedras y flores y ríos
es hablar de uno mismo, como de sus falsos pensamientos.
Gracias a Dios que las piedras no son sino piedras,
y que los ríos no son sino ríos,
y que las flores tan solo son flores.
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
porque sei que compreendo a Natureza por fora;
e não a compreendo por dentro
25 porque a Natureza não tem dentro;
senão não era a Natureza.
106 p o e s ía 1
porque sé que comprendo la Naturaleza por fuera;
no la entiendo por dentro,
25 porque la Naturaleza no tiene interior;
y si no no sería la Naturaleza.
108 POESÍA I
X X IX
Pero quien mira bien ha de ver que son las mismas flores.
Por eso, cuando parezco no concordar conmigo,
fíjense bien en mí:
10 si estaba vuelto hacia la derecha,
ahora me habré vuelto hacia la izquierda,
pero siempre soy yo, asentado sobre los mismos pies-
el mismo siempre, gracias al cielo y a la tierra
y a mis ojos y oídos bien atentos
15 y a la sencillez clara de mi alma...
110 POESÍA I
XXX
112 POESÍA I
XXXT
O n te m à ta rd e u m h o m e m das cidades
falava à p o r ta da estalagem .
Falava com igo ta m b é m .
Falava da ju stiç a e da lu ta p a ra hav er ju stiç a
e dos o p e rá rio s q u e so fre m ,
e d o tra b a lh o c o n s ta n te , e dos q u e tê m fo m e
e dos rico s, q u e só tê m costas p a ra isso.
E, o lh a n d o p a ra m im , v iu -m e lág rim as n o s o lh o s
e s o r r iu co m ag rad o , ju lg a n d o q u e eu se n tia
o ó d io q u e ele se n tia , e a com paixão
q u e ele dizia q u e se n tia .
(M as eu m al o estava o u v in d o .
Q u e m e im p o r ta m a m im os h o m e n s
e o q u e so fre m o u su p õ e m q u e so fre m ?
S ejam co m o eu —n ã o so fre rã o .
T odo o m al do m u n d o vem de n o s im p o rta rm o s, u n s co m
q u e r p a ra fazer b e m , q u e r p a ra fazer m al. [os o u tro s,
A n o ssa alm a e o céu e a te rr a b a s ta m -n o s.
Q u e r e r m ais é p e r d e r isto , e ser in fe liz .)
E u n o q u e estava p e n s a n d o
q u a n d o o am igo de g e n te falava
(e isso m e co m o v eu até às lá g rim a s),
e ra em co m o o m u r m ú r io lo n g ín q u o dos chocalh o s
a esse e n ta rd e c e r
POESÍA I
XXXTT
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
25 não parecia os sinos duma capela pequenina
a que fossem à missa as flores e os regatos
e as almas simples como a minha.
116 POESÍA I
25 noparecía que fueran las campanas de una pequeña capilla
a la que acudieran a oír misa los arroyos, las flores
y las almas sencillas como lo es la mía.
118 POESÍA I
X X X III
120 POESÍA I
X X X IV
122 POESÍA I
XXXV
124 POESÍA I
XXXVI
126 POESÍA I
X X X V II
128 POESÍA I
X X X V III
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X X X IX
130 POESÍA I
X X X IX
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XL
132 POESÍA I
XL
134 POESÍA I
En el atardecer de los días de verano, a veces,
aunque no haya brisa, nos parece
pasar, de pronto, una leve brisa...
Sin embargo los árboles permanecen inmóviles
en las diversas formas de sus hojas,
mientras nuestros sentidos sienten una ilusión,
la ilusión de lo que les gustaría...
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X L II
13é POESIA I
XLII •
138 p o e s ía 1
XLIII
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X L IV
POESÍA I
X L IV
142 POESÍA I
XLY
143 e l g u a rd a d o r de re b a ñ o s
XLVI
144 POESÍA I
De este o de aquel modo,
siendo oportuno o no,
pudiendo decir a veces lo que pienso,
y diciéndolo mal otras veces y a base de mezclas,
voy escribiendo mis versos sin querer,
cual si escribir no fuera cosa hecha de gestos,
como si escribir fuera una cosa que a mí me pasara,
como darme el sol.
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer
[como um homem,
mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
25 E assim escrevo, ora hem, ora mal,
ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
caindo aqui, levantando-me acolá,
mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
ts
146 P O E S ÍA !
y así escribo, pretendiendo lograr sentir la Naturaleza, ni aún
[como un hombre,
sino como quien siente la Naturaleza y nada más.
25 Y así escribo, ahora bien, ahora mal,
ahora acertando con lo que quiero yo decir, ahora errando,
levantándome allá y aquí cayendo,
pero siguiendo siempre mi camino como un ciego obstinado.
148 POESÍA I
XLYII
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
XLvm
Q u e m sabe q u e m os le rá ?
Q u e m sabe a q u e m ãos ir ã o ?
F lo r, c o lh e u -m e o m e u d e stin o p a ra os o lh o s.
A rv o re, a r r a n c a r a m - m e os fru to s p a ra as bocas.
R io , o d e s tin o da m in h a água e ra n ã o ficar em m im
S u b m e to -m e e s in to -m e quase alegre,
quase alegre co m o q u e m se cansa de estar triste .
Id e, id e de m im !
Passa a árvore e fica d isp e rsa p ela N atu re za.
POESIA I
X L V III
152 POESÍA 1
La flor se mustia y su polen dura siempre.
El río corre y entra por el mar, su agua siempre es la que
[fue suya.
EL GUARDADOR DE REBAÑOS
X L IX
154 POESÍA I
X L IX
Q u a n d o eu n ão te tin h a
am ava a N a tu re z a co m o u m m o n g e calm o a C r is t o ...
A g o ra am o a N atu re za
co m o u m m o n g e calm o à V irg em M aria,
5 re lig io sa m e n te , a m e u m o d o , co m o d an tes,
m as de o u tr a m a n e ira m ais com ovida e p ró x im a ...
V ejo m e lh o r os rio s q u a n d o v o u co n tig o
p elo s cam pos até à b e ira dos rio s;
se n tad o a te u la d o re p a ra n d o nas n u v en s
io re p a ro nelas m e lh o r ...
T u n ã o m e tira ste a N a tu re z a ...
T u n ã o m e m u d a ste a N a tu re z a ...
T ro u x e s te -m e a N a tu re z a p a ra ao p é de m im ,
p o r tu existires v e jo -a m e lh o r, m as a m esm a,
15 p o r tu m e am ares, a m o -a d o m esm o m o d o , m as m ais,
p o r tu m e escolheres p a ra te te r e te am ar,
os m eus o lh o s f ita ra m -n a m ais d e m o ra d a m e n te
so b re to d a s as coisas.
N ão m e a r r e p e n d o d o q u e fu i o u tr o ra
2° p o r q u e a in d a o sou.
Só m e a rr e p e n d o de o u tr o ra te n ã o te r a m ad o .
158 POESÍA I
I
Cuando no te tenía
amaba a la Naturaleza como un monje apacible ama a Cristo...
Ahora amo a la Naturaleza
como un monje calmoso a la Yirgen María,
5 religiosamente, a mi modo, como antes,
pero de otra manera conmovida y cercana.
Veo mejor los ríos cuando voy contigo
por los campos hasta la orilla de los ríos,
y sentado a tu lado mientras miro las nubes
10 las contemplo mejor...
No me quitaste la Naturaleza-
No me cambiaste la Naturaleza...
Trajiste la Naturaleza junto a mí.
Porque existes la veo mejor, pero la misma,
15 porque me amas la amo por igual, pero más.
Porque me elegiste para amarte y tenerte,
mis ojos la miraron más demoradamente
sobre todas las cosas.
160 POESÍA I
II
162 POESÍA I
III
T o d o s os dias ag o ra ac o rd o co m alegria e p e n a .
A n tig a m e n te acordava sem sensação n e n h u m a ; acordava.
T e n h o alegria e p e n a p o r q u e p e rc o o q u e so n h o
e p o sso estar n a re a lid a d e o n d e está o q u e s o n h o .
5 N ão sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
N ão sei o q u e h e i- d e ser co m ig o .
Q u e r o q u e ela m e diga q u a lq u e r coisa p a ra eu a c o rd a r
[de novo.
Q u e m am a é d ife re n te de q u e m é.
E a m esm a pessoa sem n in g u é m .
164 POESIA I
IV
p o e s ía i
Y
E l am o r es u n a com pañía.
Ya no sé an d a r solo los caminos,
porque y a no puedo an d ar yo solo.
U n pensam iento visible hace que cam ine m ás deprisa,
5 que vea m enos, y al tiem po que m e guste irlo viendo todo.
H asta la ausencia de ella es algo que está conm igo,
y ella m e gusta tanto que no sé cóm o la h e de desear.
Cuando no la veo, la im agino, y soy tan fuerte com o los altos
[árboles.
Mas si la veo tiem blo, y no sé qué es de aquello que he sentido
[en su ausencia.
10 Todo soy u n a fuerza que ahora m e abandona.
Todo lo real m ira hacia m í com o u n girasol en cuyo centro
[aparece su rostro.
168 POESÍA I
VI
170 POESÍA I
V II
O p a sto r a m o ro so p e rd e u o cajado,
e as ovelhas tre sm a lh a ra m -se p ela encosta,
e de ta n to p e n sa r, n e m to c o u a flauta q u e tro u x e p a ra to c ar.
N in g u é m lh e ap areceu o u d esap a re ceu ... N u n c a m ais
[e n c o n tro u o cajado.
5 O u tro s , p ra g u e ja n d o c o n tra ele, re c o lh e ra m -lh e as ovelhas.
N in g u é m o tin h a am ad o , afinal.
Q u a n d o se erg u e u da enco sta e da v erdade falsa, v iu tu d o :
os g ran d es vales cheios dos m esm os vários verdes d e sem p re,
as g ran d es m o n ta n h a s lo n g e , m ais reais q u e q u a lq u e r
[se n tim e n to ,
io a rea lid ad e to d a , co m o céu e o a r e os cam pos q u e existem ,
e se n tiu q u e de novo o a r lh e ab ria, m as co m d o r, u m a
[lib e rd a d e n o p e ito .
172 POESÍA I
Y in
P r e f a c io d e R ic a r d o R e is
pág. 23 [en L isboa e l ...] E l día 16, seg ú n co m p letan sus ed ito res
p o rtu g u eses. Cf. A lberto C aeiro, Poesia, ed. de F e rn a n d o
C ab ral M a rtin s y R ic h a rd Z e n ith , A ssirio & A lvim , L is
boa, 2001.
175 NOTAS
Diccionario Português-Espanhol de J. M a rtín e z A lm oyna,
P o rto , 1959-, es d ecir rela ció n de convivencia, ta n to
h u m a n a com o in te c tu a l, posee adem ás las acepciones de
familiaridad, de convite y de banquete. E sto nos obliga a
señalar la rem isión ahí contenida a otros dos textos (y a la
‘fam ilia’ que ios acom paña): el Convivio dantesco y, en sus
orígenes, el Sjmposio platónico, el Banquete -esp acio donde
la familiaridad del p o rtu g u és se h a b rá de e n te n d e r com o
filia -. L a p a la b ra em p lead a así nos m u e stra la tra d ic ió n
que se ig n o ra (c o n C aeiro ) p ero que se asum e (desde
R e is )-.
E l guardador d e rebaños
176 POESÍA I
31 [ I ] F e c h a d o a 8 de m a r z o d e l 1914, e in c lu id o en A th e n a ,
loe. c it. 1925.
177 NOTAS
m u n d o » es « p erp e tu a» , «com pleta», «seren a» , « g ran d e »
y « sú b ita» en otras diferentes variantes.
178 POESÍA I
recogido por A. C., w . 34- 35: «Poderia julgar que o sol /
alumia» -«Podría creer que el sol / alumbra»-. Conside
rar el que el sol alumbre como mera creencia o deducción
nos parece algo incoherente con la idea ‘clara’ y ‘natural’
que presenta Caeiro de las percepciones y las ‘cosas’. Y al
contrario, la idea ‘metafísica’ -que consiste en pensar que
el sol es Dios- sí encaja en el concepto de ‘creencia’.
51 v. 10. «Nuestras vidas son los ríos / que van a dar a la mar
/ que es el morir». Aquí la referencia repetida -aunque de
manera más humilde, como ‘arroyo’ que va a dar en el
‘río’- parece ser memoria de Manrique.
179 NOTAS
o rigen del m u n d o . Pues él parece ser siglos m ás jov en
n o todos n o so tro s, están d o n o s ligado so lam en te p o r las
deficiencias, las d u d as o flaquezas de su m a tu tin a id e a
ción. Y es que los intersticios de su p ensam iento poético se
rellen an de escom bro con n u e stra vieja fo rm a de p en sar» .
L a ‘ficción’ pessoana del h eteró n im o le p erm ite a su a u to r
- e n paralelo así a los apócrifos y com plem entarios m ach a-
dianos, con sim ilar rig o r y siste m á tic a - n o sólo p o ten ciar
e x te rn a m e n te y p o n e r en v a lo r las intenciones del poem a
y el ‘p o eta’, sino tam b ién el ejercer la crítica, de apariencia
‘in d ire c ta ’ y ‘objetiva’, sobre la poesía de su tiem po. C laro
que este au to p eraltarse - u n a vez m ás al m odo n ie tzsch e-
a n o - en c u b re q u izá, al tiem p o , su te m o r a n o ser e n te n
dido - y v a lo ra d o - en el m odo y m edida que am biciona.
180 POESÍA I
69 [ X ] P u b lic a d o en A th e n a 4 , en el 1925.
73 v. ?. «D epois» (« d e sp u é s» ), en Atica.
73 v. 6 . « E a N a tu re z a está m esm o aq u í» . (« Y la N a tu ra le z a
está incluso a q u í» ). « E a N a tu re z a é im e d ia tam en te bela
181 NOTAS
[é bela antes disso]» («Y la Naturaleza es bella de manera
inmediata [es ya bella antes de eso]»). Son las variantes a
este verso donde cierra el poema, recogidas ambas en A. C.
A través de ellas la contraposición entre cultura y natura
leza se resuelve en beneficio de esta última -pero también
de una poesía más ‘natural’, a saber, poesía enunciativa,
una que, renunciando a lo ‘literario’, dice aquello que
nombra: lo que hay. El recurso, retórico, hace el giro de
presentarse como ‘natural’.
182 POESÍA I
cuando pueda parecer contradecirse, de repente aparece,
en una u otra esquina de sus versos, la alegación prevista y
contestada. ¿Profunda coherencia de la obra, donde se
superpone el pensamiento por encima de la inspiración? ¿U
hondo genio de un griego que lo siente todo y lo ve todo?
En cualquiera de las hipótesis planteadas, la figura literaria
siempre es estupenda y enorme, demasiado grande incluso
para la polícroma pequenez de nuestra época».
91 v. 20. «Assim é, por isso assim seja» («Así es, por eso así ha
de ser»). «Ê que se assim é, é porque é assim» («Y si es así
es porque es así»). Variantes al cierre del poema recogidas
en Atica. La causalidad se hace deseo -se hace incluso ple
garia- en la redacción definitiva.
183 NOTAS
tir io ...» ). L a v a ria n te , rec o g id a en A tica com o p rim e ra
le c tu ra , es de c a rá c te r m en o s tau to ló g ic o , p ero q u iz á en
exceso razo n ad o . P referim os aquí, en concordancia con el
tex to del poem a XXI, el ser así fren te al m e ro deber ser.
184 POESÍA I
103 v. 11. E l p en ú ltim o verso no se recoge en Atica. Respecto al
ú ltim o , se d an dos v a ria n te s sim ilares. E n A tica: « E isso
tu d o que v e rd a d e ira m e n te sou, está ag o ra ao sol». («Y
todo eso que v erd a d e ra m e n te soy, a h o ra está al so l» ). E n
A.C.: « E isso tu d o que v e rd a d e ira m e n te sou está aq u i ao
sol». (« Y todo eso que v e rd a d e ra m e n te soy, aq u í está al
so l» ).
185 NOTAS
ii9 v. 4 . «El mismo colorido antiguo». Yariante en Atica.
121 w . 1?-14. «Se ela tivesse, seria gente; e se fosse gente, tinha
feitio de gente, não era a terra. / Mas que me importa isso
a mim?». («Si la tuviera sería gente; y si fuera gente ten
dría forma de gente, no sería tierra. / Mas, ¿qué me
importa eso a mí?»). Variante recogida en Atica.
186 POESÍA I
127 [ X X X V I I ] R ecog ido en A th e n a 4 , en el 1925.
187 NOTAS
135 v. 16. « E h a v e r g en te do en te to rn a o m u n d o m a io r» ( « y
que haya gente enferm a hace m ayor al m u n d o » } . Yariante
recogida en Ática.
188 POESÍA I
d esre aliza ah í, al m ism o tiem p o , el p red ic ad o in te n to
‘n a tu ra l’.
El p a s to r e n a m o ra d o
189 NOTAS
159 v. 21. Este último verso no aparece en la edición de Atica.
En A.C., y en apéndice, se añaden otros dos versos más que
aparecen tachados en el manuscrito de Pessoa: «Põe as
tuas mãos entre as minhas mãos / e deixa que nos calemos
acerca da vida». («Pon tus manos en medio de mis manos
/ y deja que callemos en lo que hace a la vida»).
I9 0 POESÍA I
ió9 [ V I] F ech ado el 10 de ju lio de 1910.
173 v. 11. «E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe
entrou fresco nos pulmões» («y nuevamente el aire, que
le había faltado tanto tiempo, ahora le entró fresco en los
pulmones»). Variante en Atica.
191 NOTAS
1
I
J
ÍNDICE
P rólogo
Poema / Persona. Esbozo(s) de un des-pliegue horizontal» 5
por Juan Barja
N o ta s o b r e la p r e s e n t e e d ic ió n 19
El guardador de rebaños 29
N otas 175