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ANTROPOLOGÍA Y LITERATURA
.
PUBLICACIÓN SEMESTRAL DEL DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGÍA, FACULTAD DE CIENCIAS SOCIALES
UNIVERSIDAD DE LOS ANDES
D i r e c c i ó n p o s t a l: C a r r e r a 1 e s t e N o . 18 ª – 12 - E d i f i c i o F r a n c o , b l o q u e G b , P i s o 6 , o f i c i n a s 6 01 y 6 0 3 - B o g o t á D. C . , C o l o m b i a
Te l é f o n o: 57.1. 339 . 49 49, E x t s . 3 4 8 3 o 4 8 0 8 – Te l e f a x : 57.1. 3324 0 5 6
P á g i n a w e b: h t t p: //a n t i p o d a . u n i a n d e s . e d u . c o
. .
UNIVERSIDAD DE LOS ANDES EDITORES INVITADOS
Pablo Navas Sanz de Santamaría Juan Carlos Orrego
R E C TO R Universidad de Antioquía- Colombia
Hugo Fazio Vengoa Margarita Serje
DECANO Universidad de los Andes- Colombia
FA C U LTA D D E C I E N C I A S S O C I A L E S
. .
COMITÉ EDITORIAL EQUIPO EDITORIAL
Alcida Rita Ramos, Ph.D. Direc tor a
Universidad de Br asilia, Br asil Claudia Steiner Sampedro, Ph.D.
alcida.ramos@uol.com.br
Universidad de los Andes, Colombia
Carlos Alberto Uribe, Ph.D. msteiner@uniandes.edu.co
D I R E C TO R
Editor a Gener al
Universidad de los Andes, Colombia Nidia Vargas Medina, Ms.
curibe@uniandes.edu.co
Universidad de los Andes, Colombia
Friederike Fleischer, Ph.D. nvargas@uniandes.edu.co
Universidad Nacional de Colombia A sistente Editorial
f . f l e i s c h e r4 0 6 @ u n i a n d e s . e d u . c o
Juana López Lesmes
Universidad de los Andes, Colombia
Jean Jackson, Ph.D. j.lopez65@uniandes .edu.co
M a s s a c h u s e t t s I n s t i t u t e o f Te c h n o l o g y,
E s ta d o s U n i d o s .
jjack son@mit.edu
Diseño original
Luis Antonio Curet, Ph.D. Diego Amaral Ceballos
F i e l d M u s e u m o f N at u r a l H i s t o r y
acuret@fieldmuseum.org Edición, armada elec trónic a
.Puntoaparte Editores
María Clemencia Ramírez, Ph.D.
Instituto Colombiano de Antropología Fotogr afía s
e Historia Miler Lagos
c l e m a15 @ y a h o o . c o m milerlagos@gmail.com
COMITÉ CIENTÍFICO .
Beatriz Castro, Ph.D.
U n i v e r s i d a d d e l Va l l e , C o l o m b i a PRECIO POR EJEMPLAR:
$24.000 / US$15.00
Cris Shore, Ph.D. Ti r a d a : 5 0 0 e j e m p l a r e s • 1 7 x 2 4 c m • 3 1 2 p p.
Auckl and, Nue va Zel anda
Elyzabeth Fitting, Ph.D.
D a l h o u s i e U n i v e r s i t y, C a n a d a Antípoda-Revista de Antropología y Arqueología No.
15 se terminó de imprimir en el mes de noviembre
Gerardo Otero, Ph.D. de 2012.
S i m o n F r a s e r U n i v e r s i t y, C a n a d a
Las opiniones e ideas aquí consignadas son de
Liu Xin, Ph.D. responsabilidad exclusiva de los autores y no nece-
U n i v e r s i t y o f C a l i f o r n i a , B e r k e l e y. E s ta d o s U n i d o s sariamente reflejan la opinión del Departamento de
Michel Taussig, Ph.D. Antropología de la Universidad de los Andes.
C o l u m b i a U n i v e r s i t y, E s ta d o s U n i d o s El material de esta revista puede ser reproducido
Sergio Eduardo Visacovsky, Ph.D. sin autorización para uso personal o en el aula de cla-
Instituto de Desarrollo Económico y Social se, siempre y cuando se mencionen como fuente el ar-
IDES, Argentina tículo y su autor y a Antípoda-Revista de Antropolo-
Stephen Hugh-Jones, Ph.D. gía y Arqueología del Departamento de Antropología
C a m b r i d g e U n i v e r s i t y, R e i n o U n i d o de las Universidad de los Andes. Para reproducciones
Zandra Pedraza, Dr. Phil con cualquier otro fin es necesario solicitar la autori-
Universidad de los Andes, Colombia zación del Comité Editorial de la revista.
Antípoda-Revista de Antropología y Arqueología
pertenece a los siguientes índices, sistemas de
indexación, catálogos, bases bibliográficas y
repositorios:
• AIO – Anthropological Index Online – Royal Anthropological Institute (Reino Unido), 2005
• CAB Abstracts (www.cabi.org, Estados Unidos), 2011
• CIBERA – Biblioteca Virtual Iberoamericana (German Institute of Global and Area Studies, Alemania), 2007
• CLASE – Citas Latinoamericanas de Ciencias Sociales y Humanidades (UNAM, México), 2007
• CREDI – Centro de Recursos Documentales e Informáticos (OEI – Organización de Estados Iberoamericanos), 2008
• DIALNET – Difusión de Alertas en la Red (Universidad de La Rioja, España), 2007
• DOAJ – Directory of Open Access Journals (Lund University Library, Suecia), 2007
• EP Smartlink Fulltext, Fuente Académica, Current Abstract, TOC Premier, Académica Research Complete (EBS-
CO Information Services, Estados Unidos), 2005
• HAPI – Hispanic American Periodicals Index (UCLA – Latin American Institute, Estados Unidos), 2008
• HLAS – Handbook of Latin American Studies (Library of Congress, Estados Unidos), 2009
• IBSS – International Bibliography of the Social Sciences (Proquest, Estados Unidos), 2008
• Informe Académico, Academic OneFile (Gale Cengage Learning, Estados Unidos), 2007
• LatAm – Studies, Estudios Latinoamericanos (International Information Services, Estados Unidos), 2009
• Latindex – Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe,
España y Portugal, 2008
• OCENET (Editorial Océano España), 2003
• PRISMA – Publicaciones y Revistas Sociales y Humanísticas (Proquest, Estados Unidos), 2005
• PUBLINDEX– Índice Nacional de Publicaciones (Colciencias, Colombia) desde 2008. Actualmente en cate-
goría A2.
• RedALyC – Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (CLACSO, UAEM,
México), 2007
• SciElo - Scientific Elextronic Library Online (Colombia), 2010
• Sociological Abstracts and Language Behavior Abstracts (CSA – Cambridge Scientific Abstracts, Proquest,
Estados Unidos), 2008
• Ulrich’s Periodicals Directory (Proquest, Estados Unidos), 2005
Portales w eb
Í N D I C E
I C I2E0M1 1B R E 2 0 1 0
15
Nota Editorial........................... 11
P r e s e n t a c i ó n.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5
M e r i d i a n o s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 9
Mito, magia, mimesis
E d u ardo Subir ats · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 31
Contrapuntos entre ficciones y verdades
C a r men Bernand · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 67
Paralelos.................................. 87
Leer a Silva a contrapelo:
De sobremesa como novela tropical
F e l i pe Martínez Pinzón· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 89
La fisura irremediable: indígenas, regiones y nación
en tres novelas de Mario Vargas Llosa
M a r ía de l as Merc edes Ortiz R odríguez · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 111
Entre la entelequia y el mito:
la traición de la Revolución Mexicana
y de su reforma agraria
E r n esto Mäc hler Tobar · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 137
De la ilegibilidad de lo ajeno. Lectura mágica
y escritura mimética en Alfred Döblin
S v e n Werkmeister · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 169
Entre filología y antropología:
Fernando Ortiz y el Día de la Raza
A n k e Birkenmaier · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 193
P a n o r á m i c a s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 1
Kirigaiai:
los géneros poéticos de la cultura Minika
S e l nic h Vivas Hurtado · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 223
La ilusión del hermano: expedición a las mitografías
antropológica y literaria del Yurupary
J u a n C amilo González Galvis
y N atalia Loz ada Mendieta · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 245
D o c u m e n t o s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 7 1
Los límites de la solidaridad:
etnografías de salvación, novelas de perdición,
y la selva de Matavén
C h r istopher Brit t Arredondo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 27 3
ANTIPODA
A N T Í P O D A N º 1 12 | JE UNLEI ROO - - DJ IUC NI EI O
C O N T E N T S
M B2R0E1 12 0 1 0
15
Editorial Note........................... 11
P r e s e n t a t i o n.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5
Meridians.................................. 29
Myth, magic, mimesis
E d u ardo Subir ats · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 31
Fictions and truths in counterpoint
C a r m en Bernand · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 67
P a r a l l e l s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 7
Reading Silva against the grain:
De sobremesa a tropical novel
F e l i pe Martínez Pinzón· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 89
The irreparable fissure: indians, regions
and nation in three novels of Mario Vargas Llosa
M a r ía de l as Merc edes Ortiz Rodríguez · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 111
Between entelechy and myth: the betrayal
of the Mexican Revolution
and its land reform
E r n e sto Mäc hler Tobar · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 137
The illegibility of the foreing. Alfred Döblin,s
magic reading and mimetic writing
S v e n Werkmeister · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 169
Between philology and anthropology:
Fernando Ortiz and "Día de la Raza"
A n k e Birkenmaier · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 193
Panoramics............................... 221
Kirigaiai:
the poetic genres of Minika culture
S e l n ic h Vivas Hurtado · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 223
The illusion of the brother: an expedition
to the mythographies anthropologic
and literary, of the Yurupary
J u a n C amilo González Galvis
a n d Natalia Loz ada Mendieta · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 245
D o c u m e n t o s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 7 1
The limits of solidarity: ethnographies
of salvation, novels of perdition
and the jungle of Matavén jungle
C h r i stopher Brit t Arredondo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 27 3
ANTIPODA
A N T ÍAPNOTDÍ PA ONDºA1 2N |º 1J12U L| I JEOUNL-EI RD
Í N D I C E
OOI C- -IDEJ IM
UCBNI ERI O
M
E B2R0 E1 12 0 1 0
15
Nota Editorial........................... 11
Apresentação ............................ 15
M e r i d i a n o s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 9
Mito, magia, mimesis
E d u ardo Subir ats · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 31
Contrapontos entre ficções e verdades
C a r men Bernand · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 67
Paralelos.................................. 87
Ler Silva ao contrário:
de sobremesa como romance tropical
F e l i pe Martínez Pinzón· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 89
A fissura irremediável: indígenas, regiões
e nação em três romances de Mario Vargas Llosa
M a r ía de l as Merc edes Ortiz R odríguez · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 111
Entre a enteléquia e o mito: a traição
da revolução mexicana e sua reforma agrária
E r n esto Mäc hler Tobar · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 137
Sobre a ilegibilidade do estranho.
leitura mágica e escrita mimética em Alfred Döblin
S v e n Werkmeister · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 169
Entre filologia e antropologia:
Fernando Ortiz e o dia da raça
A n k e Birkenmaier · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 193
P a n o r á m i c a s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 1
Kirigaiai:
Os gêneros poéticos da cultura minika
S e l nic h Vivas Hurtado · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 223
A ilusão do irmão: expedição às mitografias
antropológica e literária do Yurupary
J u a n C amilo González Galvis
y N atalia Loz ada Mendieta · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 245
D o c u m e n t o s.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 7 1
Os limites da solidariedade:
etnografias de salvação, romances do perdição
e selva Mataven
C h r istopher Brit t Arredondo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 27 3
Nota Editori a l
T
A ntropologí a y Liter atur a
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 11-14
A N T Í P O DA N º15 | J U L I O - D I C I E M B R E 2012
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 11-14
Miler Lagos
* Curador Adjunto de Arte Latinoamericano Estrellita B. Brodsky en la Tate Gallery en Londres, y Director
artístico de FLORA ars+natura, espacio de creación contemporánea en Bogotá, Colombia. Manejó por una
década el programa de artes del Banco de la República en Bogotá, Colombia. Fue cocurador de la I Trienal
Poli/gráfica de San Juan, Puerto Rico (2004); la 27 Bienal de São Paulo, Brasil (2006); el Encuentro de
Medellín MDE07 (2007); del proyecto de intervenciones artísticas en Cartagena de Indias, Colombia (2007),
y curador de numerosas exposiciones en América Latina, Estados Unidos, Europa y Asia. Fue jurado de la 52
Bienal de Venecia (2007), director artístico de Philagrafika 2010, un evento trienal de gráfica contemporánea
en Filadelfia (2010), y Curador General de la 8a. Bienal de Arte de Mercosul en Porto Alegre, Brasil (2011).
joseroca1962@gmail.com
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 11-14
color y olor de la madera. Los cortes diagonales revelan las “vetas”, mientras que
los dibujos, repetidos en cada hoja, aparecen tridimensionalmente a través del
cuerpo entero del “tronco”. Cada tronco es una pieza original, hecha con un gra-
bado diferente. En algunos, el observador es animado a despegar una hoja, un
gesto que reproduce la democratización del conocimiento que ha fomentado la
impresión múltiple desde sus comienzos.
Lagos, quien cuando comenzó el proyecto sólo había visto los grabados
de Durero reproducidos en libros, viajó a Núremberg a visitar la casa donde
nació el grabador, encontrándose con que no había originales en el museo –solo
reproducciones–, debido a razones de conservación. En un ritual personal de
homenaje al maestro alemán –y a la historia misma del grabado–, colocó una
de sus impresiones escultóricas al frente de la casa-museo y dejó que el viento
se llevara las hojas, en un gesto poético que celebraba, desde su punto de ori-
gen, el inicio de la distribución de conocimiento a través de material impreso,
hace ya más de quinientos años. .
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Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 11-14
Pr esentación
A N T ROP OL O GÍ A Y L I T E R AT U R A :
T R AV E SÍ A S Y C ON F LU E NC I A S
E
languidamente@gmail.com
Universidad de Antioquia, Medellín, Colombia
M a r g a r i ta S e r j e **
mserje@uniandes.edu.co
Universidad de los Andes, Bogotá, Colombia
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.01
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
A N T Í P O DA N º15 | J U L I O - D I C I E M B R E 2012
también los dilemas que presenta el trabajo de campo como método y como
estrategia espacial, centrales para el desarrollo de la etnograf ía como práctica
constitutiva de la disciplina.
Los comienzos de la relación formal entre ambas tradiciones estuvieron
marcados por las convulsiones del nacimiento del siglo XX. Durante el cambio
de siglo había surgido un nuevo interés por el “primitivismo” en los medios cul-
turales, literarios y artísticos europeos: Victor Segalen, por ejemplo, se propone
al regreso de su viaje por Oceanía el proyecto de escribir su Ensayo sobre el exo-
tismo, en 1904. Picasso sitúa el momento de su “iluminación” en el museo etno-
gráfico del Trocadero, en 1907. Ambos expresan la forma que asume ahora el
interés por lo otro: como eje y como posibilidad de ruptura de la experiencia y de
las formas de hacer modernas (por lo menos en el arte, la literatura, la cultura).
Este interés va a ser expresado en la relación de una serie de movimientos
de vanguardia que nacen de la mano con la etnología, la que a su vez adopta
como referente muchos de los dilemas de las vanguardias. La relación entre
las vanguardias y la etnología marca de manera indeleble los vínculos entre la
16 antropología y la literatura: su proximidad histórica se expresa no sólo en sus
objetos de indagación (las culturas y las artes de las sociedades no modernas),
sino en cuanto a las prácticas (en particular, las prácticas narrativas) y las for-
mas de aproximarlos. Mientras que en el mundo anglosajón este interés no va
más allá de la inclusión de ciertas piezas de la literatura oral en las coleccio-
nes folclóricas de la antropología cultural de las primeras décadas del siglo XX
–piénsese, entre los trabajos canónicos, en El arte primitivo (1927) de Franz
Boas–, y sólo tardíamente se advirtió lo que hermanaba a ambas disciplinas,
esta relación toma formas muy particulares en Francia y en América Latina.
Desde la antropología reflexiva francesa, varios autores han señalado
y debatido las peligrosas relaciones entre surrealismo y etnograf ía (Jamin,
1986; Clifford, 1988; Richardson, 1993). El vínculo que unió a los etnólogos
del Musée de l’Homme y del Institut d’Ethnologie y a los miembros del movi-
miento surrealista fue la certeza de que es en el encuentro con lo otro, que
desnaturaliza y relativiza lo propio, donde se puede dislocar y desestabilizar el
orden vigente. Vale la pena señalar aquí el rechazo compartido que tuvieron al
viaje exótico y al carácter de los “objetos primitivos”. Por su parte, la etnología
–que busca en este momento consolidarse como disciplina a partir del trabajo
de campo– se opone no sólo a la “antropología de sillón” sino al viaje del tour: a
su mirada a vuelo de pájaro y su gusto superficial por el color local. Los surrea-
listas expresan también su rechazo al viaje romántico, que Aragon en el Mani-
fiesto Surrealista denuncia como una de las “pequeñas nostalgias burguesas”.
Este rechazo común lleva a que del encuentro entre surrealistas y antropólogos
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
PR E SEN TACIÓN | JUAN C ARLOS ORREGO / MARGARITA SER JE
1 De acuerdo con Vicky Unruh (1994), los diferentes grupos y sus posiciones estéticas se identificaron muchas
veces con el nombre de la revista Martín Fierro en Buenos Aires, Contemporáneos en México, Amauta en
Perú, Revista de Avance en La Habana, Klaxon y Revista de Antropofagia en Brasil), o con un “-ismo”: como el
estridentismo en México o el ultraísmo y neocriollismo en Argentina. En algunos casos, el -ismo era el proyecto
estético de un individuo (como el creacionismo de Vicente Huidobro).
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
A N T Í P O DA N º15 | J U L I O - D I C I E M B R E 2012
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
PR E SEN TACIÓN | JUAN C ARLOS ORREGO / MARGARITA SER JE
en juego era algo más que la franqueza desmañada propia de todo diario: el gran
corolario de esas confesiones era que los magníficos tratados etnográficos de la
época dorada del funcionalismo –el primero de todos, Los argonautas del Pací-
fico occidental (1922)– habían sido, en algún grado, simulaciones de una interac-
ción limpia y objetiva entre un etnógrafo capacitado y unos buenos salvajes hos-
pitalarios. En otras palabras, Malinowski había descorrido el velo que ocultaba la
naturaleza ficticia de la distancia científica.
No es gratuito que en la década de los setenta –es decir, en los años
que siguieron a la publicación de A Diary in the Strict Sense of the Term–
una nebulosa de publicaciones hiciera visible el interés de los antropólogos
por los cruces de su disciplina con la literatura. De acuerdo con un inven-
tario establecido por James Clifford, entre 1972 y 1979 vieron la luz once
trabajos que “se adentran en el campo de lo literario en la antropología”, entre
ellos, obras tan canónicas como La interpretación de las culturas (1973) de
Geertz y El lenguaje perdido (1973) de Jean Duvignaud (Clifford, 1991: 29).
Con todo, será en la década siguiente cuando la conciencia de la intersección
entre ambos discursos se consolide, propiamente, como un campo de estudio; 19
en concreto, el que define como su objeto la naturaleza literaria de la escri-
tura de los antropólogos. Dos hechos académicos lo ilustran con suficiencia:
el ya célebre El antropólogo como autor (1988) de Geertz, libro empeñado en
examinar la entraña retórica de un puñado de clásicos antropológicos espe-
cialmente “persuasivos”; y, antes de eso, el seminario que tuvo lugar en 1984
en la School of American Research, en Santa Fe (Nuevo México), y cuyas
memorias engrosaron el volumen Writing Culture: The Poetics and Politics of
Ethnography (1986), editado por George E. Marcus y James Clifford, y tradu-
cido al español en 1991 como Retóricas de la antropología. En la introducción
de esa compilación, es justamente Clifford quien mejor define lo que, por
entonces, más interesaba a los antropólogos en la coyuntura discursiva en que
se cruzan su disciplina y la literatura: “La etnograf ía es un fenómeno inter-
disciplinar emergente. Su influjo, y hasta su retórica, se expande abarcando
aquellos campos en donde la cultura es un problema nuevo que amerita de
una descripción y una crítica” (Clifford, 1991: 27-28). Por supuesto, más que
la propia etnograf ía, el escenario real de la convergencia interdisciplinar es la
práctica narrativa en que, necesariamente, deviene el gesto etnográfico; de ahí
su encuentro con la literatura y todos los discursos empeñados en forjar imá-
genes representativas de la cultura. Fiel reflejo de esa complejidad, Writing
Culture se configura como un libro diverso, al mismo tiempo que unificado,
de acuerdo con un balance de Clifford: “Muchas de las contribuciones aquí
recogidas funden la teoría literaria con la etnográfica. Algunas se arriesgan
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
A N T Í P O DA N º15 | J U L I O - D I C I E M B R E 2012
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
PR E SEN TACIÓN | JUAN C ARLOS ORREGO / MARGARITA SER JE
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PR E SEN TACIÓN | JUAN C ARLOS ORREGO / MARGARITA SER JE
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
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Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 15-26
PR E SEN TACIÓN | JUAN C ARLOS ORREGO / MARGARITA SER JE
Referencias
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Meridianos
MITO, MAGIA, MIMESIS
Eduardo Subir ats 31
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.02
Artículo recibido: 16 de febrero de 2012 | aceptado: 20 de julio de 2012 | modificado: 15 septiembre de 2012
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Myth, possession, catharsis, colonialism, avant- Mito, possessão, catarse, colonialismo, avant-
garde, modern Latin-American literature. garde, literatura moderna latino-americana.
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M I TO, M AGI A , M I M E SI S
L La p alabra originaria
den, enuncia:
Habiéndose erguido
De sabiduría contenida en su propia divinidad,
Y en virtud de su sabiduría creadora,
Parió la esencia de la palabra-alma
Que iba a expresarse: el humano […]
Creó nuestro Padre el fundamento del linaje-lenguaje humano
E hizo que se pronunciase como parte de su propia divinidad […]
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E l lo go s d e la c o lo ni z ación
Ninguna situación histórica puede esclarecer el significado del mito como funda-
mento de la comunidad y garante del ser de una manera más dramática que el
conflicto colonial. Ninguna situación histórica puede esclarecer mejor este carácter
fundacional del mito. Pero la explica y aclara desde la perspectiva negativa de la
destrucción y el vaciamiento del orden mitológico de la comunidad humana y del
ser. El proceso colonial envuelve ante todo guerras y genocidios, la destrucción de
ciudades y formas de vida, y la implantación de un sistema económico y político
basado en el expolio de recursos naturales y en la opresión humana. Pero el logos o
la teología de la colonización que distinguen históricamente la expansión universal 35
del Occidente cristiano comprenden, en primer lugar, su choque violento con los
mitos y los rituales religiosos, y con los conocimientos y las formas de percepción
de la realidad ligados a esos rituales y mitos. El logos colonial comprende aquel
sistema teológico y jurídico ligado a una violencia militar, misionera y económica
capaz de destruir, desarraigar, hibridar y manipular semióticamente los fundamen-
tos mitológicos de un sistema comunitario y, con ellos, el orden mismo del ser.
En el códice maya Chilam Balam de Chumayel se dice: “Los ‘muy cristia-
nos’ llegaron aquí con el verdadero Dios; pero ese fue el principio de la miseria
nuestra, el principio del tributo, el principio de la ‘limosna’, la causa de que saliera
la discordia oculta, el principio de las peleas con armas de fuego, el principio de
los atropellos, el principio de los despojos de todo, el principio de la esclavitud por
las deudas […]”. Se destruyeron ciudades, formas de organización y reproducción
humana. Se liquidaron lenguas, conocimientos y cultos. Se eliminaron la “sabidu-
ría” y la “razón”. “No había Alto Conocimiento, no había Sagrado Lenguaje –pro-
sigue este códice–, no había Divina Enseñanza en los sustitutos de los dioses que
llegaron aquí. ¡Castrar el sol! Eso vinieron a hacer aquí los extranjeros”1.
Pero el proceso colonial o civilizador de las Américas no sólo revela con mil
casos, documentos y testimonios, tanto antiguos como contemporáneos, el signi-
ficado profundo de esta disolución general de una forma histórica y comunitaria
1 Libro de Chilam Balam de Chumayel (1979: 17 y 26); The Book of Chilam Balam of Chumayel (1933: 34 y ss.).
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de ser. Este proceso de destrucción culmina con su suplantación por las normas
morales, jurídicas, tecnológicas y políticas del sistema colonizador. Se corona con
el establecimiento de una gramática y una lingüística coloniales, y su instauración o
imposición como logos universal. Esto quiere decir que el proceso de transforma-
ción interna de las culturas sometidas a la violencia colonizadora se distingue esen-
cialmente como destrucción, a la vez que sustitución de un orden mitológico por
un sistema lingüístico, teológico y jurídico elevado a logos universal. La oposición
de mythos y logos, y la profanación y secularización de las memorias mitológicas
de los pueblos, y su suplantación por la racionalidad civilizadora, atraviesan cen-
tralmente el proceso colonizador. Y quiero subrayar, una vez más, que este proceso
colonizador recorre, en una continuidad sin fisuras, tanto las formas primitivas
del imperialismo teocrático representado por los grandes misioneros de la Propa-
ganda fide –como Joseph de Acosta– como sus expresiones seculares y científicas y
modernas representadas por las filosofías de Bacon o de Locke, y sus descendientes
positivistas y estructuralistas2.
Existe un relato escriturado de este proceso. Relato que ilumina resplande-
36 cientemente el postulado profanador inherente al proceso colonial. Se trata del
inusual encuentro de los primeros doce misioneros cristianos de América con
los últimos sacerdotes aztecas, poco después de la devastación de Tenochtitlán
por Hernán Cortés. Estos sacerdotes comprendieron que el objetivo final de la
conquista cristiana no era sólo arrebatarles su gobierno a los monarcas aztecas,
privarlos de sus riquezas y sus tierras, y esclavizar por igual a hombres y muje-
res. Los últimos sacerdotes de Tenochtitlán comprendieron que el objetivo de los
colonizadores –y, por consiguiente, la finalidad inherente al logos colonial– era
también la demonización, la subsiguiente hibridación y manipulación, y la final
eliminación de sus dioses, sus memorias y conocimientos, y sus formas de vida.
Era la destrucción del orden mitológico del ser en nombre del Verbo y del Logos.
2 La reconstrucción conceptual e histórica de la teología política del proceso colonial americano es el nervio
central de El continente vacío (Subirats, 1993). Esta crítica ha sido censurada por el nacionalcatolicismo español,
por el partido de la “Teología de la liberación” latinoamericana y por la escolástica “posestructuralista” más
antiesclarecida del hispanismo norteamericano.
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M y t h o s y lo go s
Este choque inherente al proceso civilizador se ha representado innúmeras veces
como conflicto entre mythos y logos. Y se ha confundido con una oposición entre
razón versus irracionalidad. Pero los significados griegos de mythos y logos eran
colindantes. Ambos comprendían el habla. Ambos designaban un fundamento del
ser. Ambos señalaban en la dirección de una arché y una genealogía. El logos como
discurso reflexivo sobre el ser confunde sus límites con el mythos como palabra
ligada a los orígenes de este mismo ser. También se mezclan los poderes políticos y
religiosos generados a partir de este principio mito-lógico.
Paradójica o significativamente, esta proximidad semántica entre mythos
y logos se ha transformado, a lo largo de la historia de la filosofía occidental, en
una enconada oposición. Mythos es la palabra pronunciada o cantada ritualmente.
Logos designa el discurso sistemático y calculado. Como palabra de los orígenes o
palabra arcaica, el mito se distingue del discurso lógico o simplemente de la palabra
verdadera. Dos momentos históricos ponen de manifiesto esta relación conflictiva:
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la condena de los mitos griegos por los padres fundadores del cristianismo, y el
rechazo de sus dioses y relatos como ídolos por la epistemología científica moderna.
Orígenes escribió: “Nosotros respondemos al judío: ‘Los ejemplos que tu
aduces nosotros también los tenemos por mitos; pero negamos absolutamente que
sean mitos las aserciones de las Escrituras, que nos son comunes a ambos y que
ambos veneramos’” (Orígenes, 1967: 423, 133). El cristianismo instauraba con ello
una frontera dogmática entre el logos theos y los mitos de Homero, deponiendo con
ello los ritos y las memorias sagradas de los templos griegos a título de ídolos falsos.
Al mismo tiempo, disolvía los significados genealógicos del mito en la autoridad
y el poder de una arché solidificada como origen absoluto. La epistemología cien-
tífica reformula este desplazamiento de la memoria genealógica de los mitos bajo
el postulado de una “crítica de los ídolos” (Heinrich, 1981: 30 y ss.). “The idols and
false notions which are now in possession of the human understanding, and have
taken deep root therein, not only so beset men’s minds that truth can hardly find
entrance, but even after entrance is obtained, they will again in the very instauration
of the sciences meet and trouble us, unless men being forewarned of the danger
38 fortify themselves as far as may be against their assaults” (Bacon, 1620: XXXVIII).
Estas localizaciones y demarcaciones teológicas y epistemológicas del mito, y
las subsiguientes estrategias de salvaguarda del logos son, en última instancia, tau-
tológicas. El mito comprende, de acuerdo con esta logística, todo aquel enunciado
cognitivo o reflexivo basado en la memoria genealógica que se encuentre por fuera
de la jurisdicción teológica y epistemológica de la verdad revelada y la razón cientí-
fica. El mito es la memoria que se resiste al monoteísmo cristiano, y la amenaza de
los valores sagrados del formalismo epistemológico de la tecnociencia. (Al mismo
tiempo, es su fundamento. De Durkheim a Horkheimer y Adorno, la historia del
logos se ha reconstruido como proceso de interiorización del mito).
Desde un punto de vista tanto teológico como epistemológico, este vere-
dicto contra el mito se identifica con la punición ascética de su proximidad a
la sensibilidad y la fantasía, y con la condena de sus liasons dangereuses con las
formas de vida y memorias de las culturas primitivas. La condena teológica del
mito como representación falsa, su adelgazamiento epistemológico a la cate-
goría de ficción y su reducción gramatológica a texto lo relegan a un a-logon.
E l r e t o r no a l m i to
“La mitología –escribió Johann Gottfried Herder– es un mundo animado.
Sólo con un estremecimiento puedo recordar cuánto espíritu, cuánto sentido y
ánimo ha puesto la mitología en sus fisonomías fugaces y en las cambiantes formas
de la naturaleza a la vista de todos los humanos, y para su enseñanza y formación.
Quien es capaz de exhortar un bello poema en nuestro ánimo a partir de las anti-
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La fascinación y el retorno al mito han abrigado muy diferentes aspectos a lo
largo de la historia moderna de Occidente. Uno de ellos es el restablecimiento
terapéutico del poder inherente a la unidad originaria del discurso y el ser, el afán
desesperado por enraizar al moderno humano-sin-carácter en una arché sagrada
donde poder fundar y fundamentar (gründen und begründen) un renovado orden
social y psicológico, político y filosófico. Klaus Heinrich señaló a este propósito
el “fundamento mitológico” en el que se sustentaba el concepto de existencia de
Heidegger. Y subrayaba un aspecto que el heideggerianismo rara vez ha puesto
en cuestión: la declaración en Sein und Zeit de que el “alejamiento del origen”,
todo lo que sea un desprendimiento y separación del ser arcaico, significa una
“degeneración ontológica”. Su consecuencia se encuentra al alcance de la mano:
es necesario y urgente volver a las fuentes puras de los orígenes para restaurar el
perdido sentido del ser.
Uno de los significados ostensibles que adquirió esta fascinación de los orí-
genes míticos en el contexto de las guerras europeas del siglo pasado, y de los
nacionalismos imperialistas que alimentaron, fue un letal fanatismo. En su crítica
de esta “caída” en el fundamentalismo mítico de los orígenes, y en su análisis de
la función fundadora y fundamentadora del mito, Heinrich señalaba el culto del
“Blut und Boden”, de la “sangre y la tierra”, en el nacionalsocialismo alemán. Y
puso de manifiesto la relación íntima, a la vez política y metafísica, entre la funda-
mentación mitológica del ser y del poder de los orígenes, y la identidad de raza y
territorio y poder (Heinrich, 1983: 22 y ss.).
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La construcción del mito como origen primordial, los cultos de una arché
mitológica y el regreso regenerador o redentor a la arché mítica, los signos de
identidad que sostienen mágicamente la integridad de un ser originario y la resis-
tencia fanática contra todas aquellas fuerzas, ideas e instancias que atenten contra
el poder fundamentalista de este principio primordial vuelven a ser hoy fenóme-
nos tan extendidos como los cultos del Blut und Boden del siglo pasado. Son fenó-
menos sociales que se alimentan de la angustia ante la pérdida de identidad y de
ser ligada a los procesos de internacionalización o globalización que atraviesan la
modernización y racionalización tecnológicas, el control administrativo/electró-
nico de todos los aspectos de la existencia humana y la expansión transterritorial,
transnacional y transcultural de los poderes financieros, militares y mediáticos del
capitalismo corporativo. El “humano abstracto” carente de “un originario asiento
firme y sagrado”, su “educación abstracta” y su “abstracta eticidad”, el “derecho abs-
tracto” y el “abstracto estado” configuran aquella estructura interiormente vacía
que la sociología y el psicoanálisis de comienzos del siglo XX diagnosticaban como
neurótica. Y ese “humano desmitificado, eternamente hambriento, que cava y
42 revuelve bajo todos los tiempos pretéritos en busca de raíces” y su conciencia de
una “pérdida del mito, la pérdida de la morada mítica y del mítico seno materno”
–por recordar una vez más las palabras de Nietzsche–, encuentra de pronto en
estos fundamentos y fundamentalismos míticos la prueba sagrada de su autentici-
dad existencial, y una última garantía de su identidad y entidad.
Todo ello puede aducirse, y se aduce efectivamente, en contra del mito,
contra la memoria mitológica, contra la síntesis de literatura y mito, y contra la
reflexión filosófica, artística y literaria en la mitología y a través de ella. Todo ello
se ha invocado a favor de las racionalidades formales, ficcionales y funcionales, y
todo ello se ha invocado en beneficio de la reducción y control gramatológicos de
las memorias mitológicas y de las formas de vida ligadas a estas memorias. Todo
ello se ha argumentado contra la memoria genealógica y las posibilidades esclare-
cedoras del mito (Heinrich, 1983: 98).
En la correspondencia entre Karl Kerényi y Thomas Mann de los años de las
guerras europeas del siglo pasado, uno de los motivos dominantes era esta doble
faz del mito como principio fundamentalista de identidad y, al mismo tiempo,
como hermenéutica y genealogía de la cultura moderna y de su crisis. En una de
esas cartas, Mann formuló todo un programa en este sentido: “Es preciso arreba-
tarle el mito al fascismo intelectual y darle una nueva función humana”. Es muy
relevante este mot d’ordre, justo por su actualidad: poner en cuestión hermesia-
namente los mitos del “fascismo intelectual”. Este fascismo intelectual –que hoy
construye el poder global de una economía electrónica y un deslumbrante espec-
táculo global materialmente suicidas– es precisamente aquel punto de conver-
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gencia del sistema deductivo binario del logos civilizatorio con la órbita de una
“razón mitológica” como arché gramatológicamente construida y virtualmente
ritualizada de un poder universal y absoluto. Repito las palabras de Mann: “Es pre-
ciso arrebatarle el mito al fascismo intelectual” para recuperar prometeicamente
su fuego robado bajo “una nueva función humana”.
Thomas Mann formuló, asimismo, la necesidad de asociar la literatura, la
psicología y la ciencia de las religiones para conseguir semejante transformación
reflexiva y humanizadora del mito. Ésta era, en primer lugar, la asociación que, en
aquellas circunstancias históricas de los fascismos industriales y sus guerras, cris-
talizaba como vínculo de simpatía y colaboración intelectuales entre Carl Gustav
Jung, Karl Kerényi y el propio Thomas Mann. Pero el vínculo de unión entre la
psicología profunda, las ciencias de la naturaleza o la ciencia de las religiones y,
al mismo tiempo, la literatura y el arte es lo que define el concepto y la tradición
hermenéuticos de la filosofía moderna desde Vico y Herder. Se trataba de rescatar
al mito y reformularlo hermenéutica y hermesianamente como medio de huma-
nización de la cultura. “Desde hace tiempo ya no hago otra cosa”, concluyó Mann
(Mann y Kerényi, 1960: 100). 43
El punto de partida negativo de Mann eran el recorte, el adelgazamiento
y la anulación de la conciencia individual en la cultura corporativa y totalitaria
del siglo XX. Su punto de partida era el “rencor contra el desarrollo del cerebro
humano”. Mann describía una “autonegación” (Selbstverleugnung) del individuo
y hacía una seria advertencia sobre “un movimiento hostil a lo intelectual” (eine
intellektfeindlichen Bewegung), probablemente más actual hoy que ayer. Al mismo
tiempo, anticipaba que las últimas consecuencias de este antiintelectualismo
serían “brutalmente antihumanas”. Frente a este proceso de “degeneración” del ser
de la existencia, del “Sein des Daseins”, también Mann señalaba un retorno al mito
como su propio y real camino literario: justo en la época en que escribía su novela
de un moderno Hermes: Felix Krull.
Thomas Mann formulaba este retorno al mito en cuanto a un abandono
de lo que llamaba “individualidad burguesa”, es decir, de la degeneración de
esa “conciencia moderna” que ya habían anunciado anteriormente Nietzsche
y Freud. Pero también señalaba una dimensión ulterior: había que abandonar
a este viejo sujeto “burgués” para poder crear la forma literaria y artística de
una existencia humana que fuera afirmativa, erótica y radiante. Concibió una
forma literaria que fuera la epifanía resplandeciente de una nueva conciencia
hermesiana. El retorno al mito no significaba para él, como tampoco lo fue
para Arguedas, Mário de Andrade o Juan Rulfo, ni una regresión esencialista y
dogmática a un principio petrificado del ser, ni tampoco el recurso y el método
de una cocina literaria realmaravillosa. Significaba, por el contrario, el camino
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Ni Vico, ni Herder, ni Freud contemplaban el mito como ficción, representación
o relato, y mucho menos como signo, texto o estructura gramatical, y nunca
como representación falsa o conocimiento incompleto de la realidad. Tampoco
estudiaron los mitos como construcciones absolutas de una esencia arcaica y un
poder primordial. Por el contrario, a lo largo de su trabajo hermenéutico todos
ellos restablecían una relación genealógica y anamnésica entre mito y los estratos
más remotos de la historia cultural de la humanidad, entre mito y la profundidad
de la psique humana, y entre mito y el orden metaf ísico y cosmológico del ser.
Es de nuevo Nietzsche quien señala en dirección a esta dimensión reflexiva del
mito: “Una especie de omnisciencia, como si la fuerza visual de sus ojos ya no
fuera meramente una superficie, sino que pudiera penetrar en lo interior, y como
si, con ayuda de la música, pudiera ver la efusión de la voluntad, la lucha entre
motivos y la corriente agitada de las pasiones de una manera sensible, cual caudal
de líneas y figuras en movimiento, y como si, en fin, pudiera sumergirse en la pro-
fundidad de los más delicados secretos de las pulsiones inconscientes”. Éste era,
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M i m e si s ve rs u s i m i tati o
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¿Pero son sinónimos mimesis e imitatio? ¿Deben oponerse entre sí la abstrac-
ción y la mimesis como categorías antagónicas? ¿No presupone esta identifica-
ción de mimesis y realismo una limitación de la experiencia estética y, con ella,
del significado del arte y la literatura? ¿No designa mimesis una relación íntima
en la que el ser perceptor y la realidad percibida confluyen en una unidad fun-
damental en la que las separaciones de sujeto y objeto, de signo y referente, de
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Gustave Courbet, Mujer con papagayo (129,5 X 195,6 cm).
Metropolitan Museum, Nueva York.
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zación de lo invisible y que insisten sobre el carácter temporal del espacio y sobre
la naturaleza constructiva de la pintura (Klee, 1976: 118 ss., 130). Sin embargo, no
es un pintor surrealista, ni mucho menos constructivista o deconstructivista. Su
concepto de abstracción y de construcción formal no parte del mito creacionista
de una realidad ficcional y ficticia de simulacros o de lenguajes sin referente, sino
“de los caminos del conocimiento de la naturaleza”. Su concepto de abstracción y
construcción estéticas no supone un principio lógico-trascendental de constitu-
ción de una segunda naturaleza como realidad técnica o simulación imaginaria,
al contrario de Mondrian y de Breton. La teoría de la abstracción de Klee arranca
de la experiencia mimética (Klee, 1956: 63).
El concepto de mimesis comprende una experiencia al mismo tiempo
sensible y suprasensible, y material y espiritual. Percibimos sensorialmente la
presencia f ísica de las cosas y, al mismo tiempo, participamos ontológicamente
de su misma realidad sustancial. Nuestra visión ocular es aérea y luminosa. En
esta misma medida, está desprovista de la materialidad táctil de lo cósico. Pero
esta percepción visual no puede deslindarse de la materialidad de la naturaleza
52 y el cosmos. La captación intelectual de formas, ritmos y equilibrios tonales, y
la configuración de un orden geométrico y musical, no pueden separarse de su
percepción mimética, y la mimesis de esos colores, ritmos y formas está indi-
solublemente vinculada, a su vez, a una comprensión abstracta y metaf ísica de
nuestra experiencia.
No llamamos mimesis a la percepción de una realidad que se presenta
de una manera inmediata a su percepción sensible. Esa percepción y com-
prensión intelectual “inmediata” y “f ísica” o “sensible” simplemente es impo-
sible porque la percepción sensorial no constituye un departamento lógico-
trascendentalmente o gramatológicamente segmentado, separado y segre-
gado de nuestra imaginación y nuestra comprensión intelectual del mundo.
Tampoco llamamos mimesis a aquella percepción sensible mediada por las
categorías racionales de tiempo y espacio, y causa y efecto, que instauraron
la f ísica de Newton, la epistemología científica de Kant y la fenomenología
de Husserl. Mimesis es más bien aquella experiencia a la vez sensible e inte-
lectual de la realidad de los seres que nos estremece emocionalmente con
una intensidad específica, experiencia que es interna a nuestra existencia
individual, y que reconocemos al mismo tiempo como más profunda que
nuestra conciencia individual. La reducción de la experiencia mimética a una
pura actividad sensorial, mecánica y especular, desprovista de toda dimen-
sión emocional, cognitiva o espiritual, es una invención de la antiestética de
la avant-garde tecnocéntrica del siglo XX y de la arrière-garde antiestética
de su etapa terminal.
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Los ritos llamados de “contigüidad” y la magia “simpatética” son un aspecto
esencial de la experiencia mimética (Malinowski, 1948: 56; Mauss, 1972: 93).
Pero lo que vincula a ésta con la magia no es tanto esta “contigüidad” y “sim-
patía” en el original sentido alquímico de esas palabras como el “nexo esencial”
entre el sujeto y el objeto en el que se fundan. Este nexo es al mismo tiempo sen-
sible y suprasensible, y material y espiritual. La magia es un sistema de cono-
cimientos y acciones humanos que tratan de comprender, utilizar y modificar
esta relación esencial y sustancial, y f ísica y espiritual, que une al humano con
los seres de la naturaleza y el cosmos. Y la mimesis es la experiencia esencial
de esta interacción que atraviesa las fronteras de lo sensible e inteligible, de lo
subjetivo y objetivo, y de lo individual y lo cósmico.
En un ensayo sobre el origen chamánico de la orfebrería antigua de la región
amazónica y las montañas colombianas, Gerardo Reichel-Dolmatoff explicaba la
fuerza mágica de sus joyas, espejos y lentejuelas de oro a partir de una concepción
mitológica y una experiencia ritual que pueden ayudar a esclarecer el significado
de este concepto de mimesis. Hasta el día de hoy, las cosmologías colombianas 53
precoloniales y, por extensión, las culturas andinas y amazónicas relacionan ener-
gética y mitológicamente el oro y su misterioso brillo con el resplandor solar. El
culto milenario del oro de sus culturas es inseparable del culto solar, así como del
orden mágico del cosmos ligado a ese culto. Este vínculo se pone de manifiesto
a través del mito de un oro femenino fertilizado por el rayo fálico del sol en un
espacio sagrado asignado para esta unión mágica. La palabra contemporánea “oro
santo” designa precisamente el resultado de esta fecundación cósmica cristalizada
en las placas de la orfebrería áurea colombiana y andina.
Pero Reichel-Dolmatoff describe también la situación en la que esta unión
sexual sagrada de la luz solar con el oro se celebra ritualmente como iluminación
mágica de la comunidad humana que la asiste: “El proceso de adornarse mutua-
mente dura varias horas y se efectúa en presencia de cuatro sacerdotes menores
quienes personifican a los Señores de los Puntos Cardinales. Finalmente se extinguen
los fogones y todos permanecen en silencio, en la oscuridad. Es entonces cuando los
dos personajes que representan Sol y Luna, y los Cuatro Señores de los Puntos Car-
dinales consumen simultáneamente un alucinógeno. En ese instante, según cuentan,
se ilumina el interior del templo de una gran luz, no la de los fogones, sino la ilumi-
nación individual interna causada por la droga. –Es entonces cuando comienza a
brillar el oro, dicen los indios. –Se ven brillar los colmillos de oro de las máscaras, los
brazaletes, los pendientes. Después de un rato desaparece la visión, y en la oscuridad
y el silencio sigue luego un baile solemne acompañado por un canturreo casi inaudi-
ble, que se continúa hasta el amanecer” (Reichel-Dolmatoff, 1988: 19).
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L a p a nto m i m a sa gr a d a
En la historia de las ideas, la palabra mimesis posee significados ambiguos. El pro-
pio Aristóteles estableció una serie de distinciones nominales en cuanto al objeto, al
modo y al medio de esa llamada imitación mimética. Su definición de metáfora y de
analogía interpuso, además, una subsiguiente mediación en la teoría de la mimesis
entendida como “imitación”. Y en la discusión sobre la superioridad de la tra-
gedia sobre la epopeya, este filósofo criticaba el exceso de aparato de la primera
y comparaba la exageración en los gestos de los actores con la famosa mimesis o
imitación de los monos, lo que constituye un ulterior atributo de este concepto.
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Pero hay dos aspectos en la Poética de Aristóteles que, por sí solos, plantean
serias dudas sobre la unilateralidad de la traducción de mimesis como imitatio. Por
una parte, el filósofo asociaba la mimesis con dromenon, una acción “dramática”
cuyo origen histórico se remonta al ditirambo y los cantos fálicos, es decir, a una
manifestación de carácter ritual y mistérico; en segundo lugar, relacionaba la mime-
sis trágica con la purificación ritual, la katharsis. Son referentes intrigantes.
Sobre el origen del teatro griego a partir del culto a Dionisos, y de las dan-
zas y la música ligadas a sus rituales religiosos, debemos a Jane Ellen Harrison
un fascinante análisis. Pero quiero subrayar solamente su punto de partida: la
continuidad histórica y formal entre la acción ritual y la representación dramá-
tica. “It is the primitive art and poetry that come straight out of ritual, out of
actual ‘things done’, dromena”.
Harrison distinguió las cuatro mutaciones que comprende esta transición del
ritual al drama en la genealogía del teatro griego. Primero examinó la transforma-
ción física y funcional de su centro simbólico, la orquestra. Ésta era originalmente
un espacio circular de carácter sagrado que posteriormente se transformó en el
hemiciclo dedicado específicamente al coro. La segunda modificación espacial del 55
teatro griego afecta al escenario propiamente dicho, en el que inicialmente se ves-
tían los hierofantes, pero más tarde se convirtió en el espacio de la re-presentación
dramática propiamente dicha. El tercer cambio que da nacimiento al teatro griego
en su forma clásica afecta a sus participantes. Éstos no se distinguían, en la situación
ritual primitiva, entre actores y espectadores. Semejante diferenciación es un resul-
tado tardío, cuya expresión arquitectónica es la configuración del escenario como
espacio dramático específico, y la correspondiente separación física entre actores y
espectadores. Por último, estos cambios espaciales y físicos se traducen en la trans-
formación de la acción ritual primitiva (dromenon) en la moderna representación o
drama (Harrison, 1918: 36, 60 y ss.).
La orquestra era el lugar en el que se celebraban la danza y la música
ditirámbica a las que se refería Aristóteles. Y esta música y danza estaban aso-
ciadas con los cultos mistéricos, la posesión divina y el éxtasis místico. En este
contexto arcaico, mimesis no significaba imitación o re-presentación imitativa.
Por el contrario: estaba ligada a la acción ritual y a la experiencia transforma-
dora del trance. El hierofante no representaba a un dios. Era este dios mismo.
Sus movimientos se llamaban miméticos porque se confundían con la posesión
demónica y, por consiguiente, con la epifanía divina. La mimesis era la emana-
ción objetiva y la expresión subjetiva de esta realidad sustancial en la cual no
puede establecerse una separación entre lo humano y lo divino. Es la emana-
ción objetiva y la expresión subjetiva de una realidad primordial que asociamos
con el mito y la experiencia de lo sagrado.
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Walter F. Otto escribió respecto a esto: “En verdad, estas danzas eran ori-
ginalmente la expresión espontánea de una conmoción (Ergriffenheit) en la que
lo conmovedor y lo conmovido devenían uno. El dios o el poder demónico,
acompañado del animal sagrado y apareciendo incluso bajo su figura, trans-
formaba a los danzantes en imagen de sí mismo y en la revelación de su propia
divinidad a través de su presencia tremenda en la fiesta” (Otto, 1959: 413). En
estas danzas la mimesis no estaba ligada al significado estricto de reproducción
o representación de una realidad o una acción dadas, sino a la posesión demó-
nica, al éxtasis y a la transformación mágica.
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L a t r av e sí a d e l se r
João Guimarães Rosa define la mimesis como experiencia sensible del paisaje:
una realidad tangible, audible y visible. “Eu ficava escutando – o barulho de coi-
sas rompendo e caindo, estralando surdo, desamparadas, lá dentro. Sertão!”. Esta
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M i m e si s y si m ulati o
La mimesis comprende el vínculo que relaciona al humano con los seres en una uni-
dad sensible y suprasensible y misteriosa. Pero mimes comprende también la simu-
latio y el simulacrum. Este significado de lo mimético como simulación e imagen,
y como mera imitación o copia, ha sido la acepción más ostensible que la poética 59
de Aristóteles asignó al concepto de mimesis. El arte es concebido como “imitación
de la naturaleza” o como una técnica simuladora: mimetica techne (Fisica 194 a 21;
199 a 15). En la óptica del siglo XVII o en el realismo literario y artístico del siglo
XIX prevalece esta segunda acepción imitativa y simuladora del arte y la literatura
como una “tecnología mimética”. El positivismo literario de Zola y el naturalismo
fotográfico de Ingres son ejemplos paradigmáticos de esta reducción de mimesis
a reproducción mecánica o simulación fenoménica. Y, como he subrayado ya, la
estética de la abstracción y el formalismo estructuralista ligados a ella han preten-
dido clausurar terminante y terminalmente el concepto de mimesis bajo esta acep-
ción estrictamente imitativa, que es ontológica, psicológica y estéticamente vacía.
Ninguno de estos diferentes aspectos funge como entidad separada y deli-
mitada en la obra de arte y en la experiencia estética. Es, por el contrario, el con-
junto de estas dimensiones chamánicas, mágicas o mistéricas y, al mismo tiempo,
imitativas, representativas o simuladoras, lo que define tanto la experiencia artís-
tica en su forma moderna como el ritual sagrado y su origen arcaico. Esto significa
también que realismo y ficción, naturalismo y surrealidad, hiperrealismo y abs-
tracción, no son entidades claramente delimitadas entre sí. Son más bien aspectos
que coinciden y convergen, o se oponen y sobreponen en una variedad de formas,
ritmos y expresiones estéticas y rituales.
La santería es un ejemplo importante en este sentido porque el estado
de trance, identificado con la “bajada del santo”, el “meterse el santo dentro”
y el “tener” o “estar con santo”, se acompaña, en las ocasiones festivas y en los
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Po e s í a y m e m o r i a
En el Himno de los Muertos de la cultura guaraní se canta:
[…] He de hacer que la voz vuelva a fluir por los huesos […]
Y haré que vuelva a encarnarse el habla […]
Después que se pierda este tiempo y un nuevo tiempo amanezca […]
Éste es el mito de Takúa Vera Chy Eté, que capta la visión de un tiempo
de resurrección y de la reencarnación de la palabra anunciadora de la verdadera
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El mito es el relato de una realidad primordial fuera del tiempo contingente. La
creación poética es el descenso de la memoria a esa arché mítica, al misterio de lo
que ha sido, es y será. Mnemosyne, la madre de las musas, señala el nexo de la poesía
y el mito.
Es importante la distinción entre lo que podemos llamar mneme –una
memoria historiográfica y objetiva que esgrime arrogantemente la bandera de una
antiesclarecida cientificidad– y la anamnesis entendida como la memoria existen-
cial, comunitaria y artística de un tiempo primordial y de una realidad vivida. Esta
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C ON T R A PU N TO S
E N T R E F IC C ION E S Y V E R DA DE S
Carmen Bernand*
carmen.bernand@orange.fr
Universidad de París-Ouest Nanterre-La Défense.
Laboratorio CERMA-MASCIPO (EHESS-París).
Institut Universitaire de France
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.03
Artículo recibido: 06 de febrero de 2012 | aceptado: 29 de mayo de 2012 | modificado: 05 de septiembre de 2012
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C ON T R A PU N TO S
E N T R E F IC C ION E S Y V E R DA DE S
H
Carmen Bernand
No era ésta la única frase poética que escuchaba en una región que se me
antojaba comparable a Macondo. Me encontraba en ese pueblo desde hacía ya
tiempo, para proseguir una investigación antropológica sobre el tema de la con-
ceptualización del mal y de la enfermedad. El comentario de Mama Hortensia
no respondía a ninguna de mis preguntas; era la afirmación espontánea de un
deseo, surgido en el curso de una conversación sin rumbo, llevada por el mero
placer de la charla. Esta mujer se sentía muy sola en ese pueblo “dejado de la
mano de Dios”, ya que sus hijos habían emigrado a Guayaquil, en busca de un
porvenir. Podría haber dicho: “quisiera irme yo también”, pero recurrió a una
metáfora literaria. La simplicidad de la frase, el tono, la imagen que esas breves
palabras despertaban en mí, me impidieron traducir esa información en térmi-
nos “objetivos”, para integrarla en el capítulo sobre las migraciones campesinas.
No me propongo retomar aquí el debate abierto por personalidades tan emi-
nentes como James Clifford (1988, 1997) y Clifford Geertz (1988), en el cual se
denuncia el artificio de la descripción antropológica. Artificio que, por cierto,
se presta a una interpretación ambigua, puesto que, para James Clifford, implica
que el texto etnográfico es en cierto modo una falsificación, cuando para Geertz, la
construcción del texto es una manera de interpretar datos culturales que contienen
ya una interpretación hecha por el que los enuncia. Pero como lo afirma el para-
digma durkheimiano, el conocimiento científico de las actividades humanas pasa
necesariamente por la construcción del “objeto”, o por una modelización, como
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CONTR APUNTOS ENTRE FICCIONES Y VERDADES | CARMEN BERNAND
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y una ilusión, avivadas por el remedo de las “voces” que hace el curandero. En
el cuento, la vocalización y las onomatopeyas son recursos retóricos indispen-
sables. La palabra es performativa y sugerir algo –los campesinos de Pindilig
decían “ir avanzando”– equivale a producirlo. Insinuar es sacar a la luz algo no
revelado por la palabra, y activarlo.
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CONTR APUNTOS ENTRE FICCIONES Y VERDADES | CARMEN BERNAND
F i c c i o ne s e hi sto r i a s de la p rimera
m un di ali z a c i ó n m o d e r na
Toda discusión sobre las relaciones entre antropología y literatura conlleva un
concepto de verdad, en oposición con el de ficción, palabra que, como bien
sugiere Debaene (2005: 225) refiriéndose a James Clifford, introduce una sos-
pecha sobre la veracidad de lo que se escribe, a pesar de que la mayoría de
los autores insisten en el significado de fingere como construcción. Las teorías
poscolonialistas que denuncian la ficción literaria de la descripción antropoló-
gica aparecen en la escena académica en los últimos decenios del siglo XX,
época que coincide con el fin del comunismo, el rechazo de las grandes teo-
rías totalizantes como el marxismo y el estructuralismo, y la importancia de
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las minorías étnicas y sexuales en Estados Unidos. En ese contexto, las cons-
trucciones occidentales son tachadas de “colonialistas” porque enuncian un
discurso general que oculta las otras voces. Quizás estas “voces distintas” no
sean demasiado diferentes de las de los intérpretes o relatores procedentes de
otros lugares de enunciación, en cuanto al contenido. Lo que sí difiere es la
perspectiva y, sobre todo, la legitimidad que las “other voices” (y su “verdad”)
reivindican. Esta “verdad” se basa fundamentalmente en emociones, viven-
cias y sentimientos que no tienen cabida en los relatos de vocación científica.
La subjetividad de aquellos que han sido hasta ahora “objetos de discurso” se
funda principalmente en elementos o rasgos que la literatura (y no la etnogra-
f ía) ha tenido siempre en cuenta.
Si bien la subjetividad de los “Otros” se impone a partir de los años
1970, y anticipa la mundialización contemporánea, eso no significa que apa-
rezca por primera vez en las postrimerías del siglo XX. Las “otras voces” de
hoy (o quizás las de un ayer cercano, suplantado por las nuevas tecnologías
y la comunicación universal) tuvieron el mérito de hacerse oír por encima de
74 un tipo de discurso dominante y positivista. Algo comparable sucedió en el
siglo XVI, en el curso de la primera mundialización moderna llevada a cabo
por España y Portugal. En el mundo ibérico, el siglo XVI, que podemos pro-
longar hasta el primer tercio del XVII, está también caracterizado por el desa-
rrollo de las letras y por el interés que despiertan los usos y costumbres de
los pueblos recién descubiertos. Los límites peninsulares se expanden, como
lo muestra la imagen simbólica de las columnas de Hércules, trasladadas al
estrecho de Magallanes y posteriormente a las Filipinas y a las islas Salomón.
La historia etnográfica de los cronistas de América, la ilusión de los senti-
dos y la novela como reflexión social y metaf ísica son temas fundamentales
en ese “largo siglo XVI”. Al tiempo que los Reyes Católicos expulsaban a los
moros de Granada, Colón descubría a América y las tropas del Gran Capitán
(Gonzalo Fernández de Córdoba) conquistaban el reino de Nápoles, “a descu-
brirse empezó/ el uso de la comedia, porque todos se animasen/ a emprender
cosas tan buenas”. Éstas son las palabras con que Agustín de Rojas, en su “Loa
de la Comedia”, ensalza la obra teatral de Juan del Encina (Cotarelo y Mori,
1901: 15). El papel que este poeta atribuye a la representación teatral (que
para Encina es también música, canto, danza y espectáculo, donde se mezclan
los temas religiosos y los sainetes “humanos”) muestra la importancia de un
género que en ningún modo puede considerarse “menor”.
Contemporáneo de Encina es el Amadís de Gaula, quizás el libro de
caballería más leído de la época, atribuido a Garci Rodríguez de Montalvo,
y publicado en 1508. Amadís se prolonga en las Sergas de Esplandián, a la
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L a F lo r i d a d e l Inc a
Publicada en Lisboa en 1606, La Florida del Inca, contrariamente a lo que dicen
varios artículos académicos, no es una novela de caballería cuya acción trans-
curre en América, aun cuando la épica ocupe un lugar destacado, sino el relato
fascinante de un fracaso. El texto se basa en la historia de la conquista de Flo-
rida por Hernando de Soto, entre 1539 y 1543, a partir de la narración oral que
le hiciera Gonzalo Silvestre, un conquistador viejo y enfermo que participó en
la campaña, después de haber pasado varios años en Perú. Podemos fácilmente
imaginar las tertulias cordobesas de estos dos hombres de distinta generación,
carcomidos por la nostalgia, el uno hablando y el otro apuntando y puliendo
las anécdotas de su achacoso interlocutor. La edad avanzada del amigo le hace
tomar la decisión de escribir esa historia,
cresciéndome con el tiempo el desseo, y por otra parte el temor, que si alguno de
los dos faltava perescía nuestro intento, porque, muerto yo, no avía él de tener
quién le incitasse y sirviesse de escriviente, y, faltándome él, no sabía yo de quién
podría aver la relación que él podía darme. (Garcilaso, 1986, Proemio: 63)
76
El guerrero y el escritor, mancomunados en esa tarea, encarnan la ambi-
güedad de las armas y de las letras, puesto que no existe el uno sin el otro.
En ese sentido, el Inca Garcilaso antecede la posición de Cervantes-Benengeli,
quien al final del Quijote dice: “Para mí sola [la pluma] nació don Quijote, y yo
para él: él supo obrar, y yo escribir” (Cervantes, 1998, II, cap. 74: 1223).
Garcilaso no sólo redacta –en un castellano digno de los escritores más
importantes del Siglo de Oro español– las historias de su amigo Gonzalo Sil-
vestre, sino que, a pesar de no haber estado jamás en América del Norte,
se siente legitimado en esa tarea por el hecho de ser “americano” y haber
mamado en la leche la singularidad del Nuevo Mundo. Nadie puede mejor
que él, como “indio” y “criollo”, verter en palabras la verdad de aquella expe-
dición. Su voz tiene una doble legitimidad, porque su condición mestiza le
permite comprender dos realidades contrastadas, en sus relaciones recípro-
cas. Más aún, la fama personal que puede alcanzar en su empresa de escritor
redunda en favor de los suyos –indios, criollos y mestizos–, considerados por
la Compañía de Jesús indignos de transmitir la verdad evangélica. Escribir,
como lo repite en todos sus proemios, es demostrar la vanidad de las críticas
españolas hacia los hombres del Nuevo Mundo. Garcilaso se presenta como
el portavoz de los que no pueden hablar.
La Florida es un libro controvertido, considerado como una obra de ficción,
más que una crónica histórica rigurosa, a pesar de que el autor insiste en la vera-
cidad del texto. Incluso, pese a alabar la memoria de Gonzalo Silvestre, confronta
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los datos con el manuscrito apolillado de Juan Coles, siguiendo la tradición hispá-
nica de sus predecesores y contemporáneos. La Florida no es una fábula sino una
historia verdadera que se apoya en las versiones de los testigos (Rodríguez Vec-
chini, 1982: 614-618). Mientras que los cronistas portugueses que participaron
en la expedición floridana, como Luis Hernández de Biedma o Rodrigo Ranjel, se
limitan a contar sobriamente la avanzada de los conquistadores, las emboscadas
que les tienden las tribus indígenas, las múltiples refriegas y la muerte del adelan-
tado a orillas del Misisipi, Garcilaso conduce al lector a lo largo de un itinerario
trágico, desde el desembarco en Tampa hasta el desenlace final, manteniendo a lo
largo de toda la relación una expectativa y un interés que el tiempo no ha limado.
Las tropas de Soto penetran tierra adentro por los Apalaches hasta Arkansas,
pero lo que Soto y sus capitanes consideran una “progresión” se transforma rápi-
damente en un descenso aterrador, porque en aquel espacio inestable, en aquellos
“montes cerrados” salpicados de ciénagas y atravesados por ríos inmensos, es
muy fácil desorientarse, y al perder el rumbo los hombres pierden también los
últimos sentimientos morales que les quedan. Los miembros descuartizados de
los españoles muertos cuelgan de los árboles. Acechantes, los indios, invisibles 77
por lo general, se esmeran en extraviarlos, sabiendo que el invierno que se acerca
acabará con las ínfulas de los soldados. A la altura de lo que será mucho más
tarde Little Rock, el frío diezma la tropa y Soto muere de fiebres. Sus hombres
lo entierran a medianoche, furtivamente, temiendo que los indios se enteren y
profanen su sepultura. Pero el secreto se difunde y entonces los conquistadores
desentierran al adelantado, cortan un árbol, lo ahuecan, colocan en esa barca el
cadáver y la arrojan al río. Es el comienzo del fin.
Garcilaso es probablemente el único cronista de la época que describe
de manera tan sugerente el naufragio de un proyecto, causado por el acoso de
los indios, “que no quieren ser esclavos de los cristianos”, y por la naturaleza
indómita que los rodea. La wilderness de América del Norte, aparentemente
anodina, se revela inquietante, unheimlich, hasta convertirse en “sepulcro de
los españoles”. Es un laberinto sin realismo mágico.
La Florida es también uno de los raros textos, quizás el único, produ-
cido por el descentramiento del narrador. La expedición de Soto está con-
tada por un nativo del Nuevo Mundo que utiliza conceptos y expresiones
propios de su tierra de origen, el Perú, para elaborar la versión “acertada” de
los hechos. De ahí que insista en su perspectiva personal de indio peruano,
para dar cuenta de la realidad compleja de esa comarca. Las diversas tribus
–Creek, Cherokees, Chickasaw y Natchez– son descritas en términos “incai-
cos”. El cautivo Juan Ortiz huye por el “camino real” como si los pantanales
de Florida estuvieran surcados por calzadas empedradas al modo de las de
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Perú (Garcilaso, 1986, II-1, cap. 6: 128). Los caciques son “curacas”, ya que
Garcilaso se resiste a utilizar el término genérico de Santo Domingo, “pues yo
soy indio del Perú […] se me permita que yo introduzca algunos vocablos de
mi lenguaje en esta mi obra, porque se vea que soy natural de aquella tierra y
no de otra” (Garcilaso, 1986, II-1, cap. 10: 142). El cazador de scalps llamado
Patofa es un apu, es decir, un personaje eminente en la sociedad incaica (Gar-
cilaso, 1986, III, cap. 5: 290). El Inca emplea expresiones típicamente que-
chuas, como “diez y diez veces” para significar “varias veces”, o bien un estilo
interrogativo propio de la lengua general del Perú: “podría ser que estuviese
cerca y podría ser que estuviese lejos” (Garcilaso, 1986, III, cap. 12: 314, cap.
13: 319-320). Las canoas que surcan el Misisipi le brindan la ocasión de abrir
un inciso sobre los puentes, las balsas y los propulsores de los Incas (Garci-
laso, 1986, VI, cap. 2: 528-530).
Como en Perú, los indígenas del norte de América veneran a sus antepa-
sados, y también al Sol y la Luna. A falta de oro, buenas son perlas, encontradas
a granel en el templo de la Señora de Cofachiqui. Se podrían multiplicar los
78 ejemplos de “peruanización” de Florida y de transformación de esas sociedades
de guerreros en pueblos de “policía”, ajenos al “pecado nefando” y la antropofa-
gia. La transposición cultural que opera Garcilaso tiende a indicar, sin necesidad
de insistir pesadamente, que esos pueblos del Norte no deberían ser sometidos
porque no cometen actos contrarios al derecho natural. El filtro incaico le per-
mite destacar las características comunes a todos los indios del Nuevo Mundo,
que escapan a los peninsulares. Allí donde los españoles sólo ven salvajes, él
descubre un ethos colectivo. Esta percepción del nativo del Nuevo Mundo como
entidad general no es banal, y es varios siglos anterior a la segunda declaración
de Tiahuanaco (de 1983), que lanza el movimiento panindígena iniciado varios
años antes en Bolivia. A comienzos del siglo XVII, la posición de Garcilaso es sin-
gular, y su posición es una manera de subvertir la expresión hispánica corriente
desde el Descubrimiento, según la cual todos los indios eran iguales: “visto un
indio, visto todos”. El Inca construye una América indígena opuesta a la visión
de los cronistas españoles, porque su perspectiva es el resultado de la tensión,
las mezclas y los puntos de contacto entre su lengua materna (el quechua) y la
lengua de Castilla, la de las letras.
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pero distante con sus soldados, y sólo adquiere humanidad al final de su entrada
y en la adversidad. Temiendo que sus hombres exigieran regresar a Cuba –Soto
se ha deslizado entre las sombras de la noche para sorprender rumores de defec-
ción– y viendo que su “ejército se deshacía”, el adelantado decide con soberbia
obstinación internarse hacia el norte para alejarse de la costa y de la única vía de
escape que le quedaba. Curiosamente, aquel conquistador que logró tanta fama
en Perú, y que no tembló en presencia del Inca Atahualpa, se sume en una pro-
funda depresión: “desde aquel día [...] nunca más acertó a hazer cosa que bien le
estuviese, ni se cree que la pretendiese, antes, instigado por el desdén, anduvo
de allí en adelante gastando el tiempo y la vida [...] caminando [...] sin orden ni
concierto, como hombre aburrido de la vida, deseando se le acabase”. Claro está
que ese estado de ánimo tiene consecuencias muy graves, ya que “causó que se
perdiesen todos los que con él habían ido a ganar aquella tierra” (Garcilaso, 1986,
III, cap. 33: 379-380). En definitiva, y a pesar de su valentía, Soto es demasiado
humano y vulnerable para ser un buen caudillo.
El subtítulo de La Florida del Inca alude también a otros heroicos caballeros
españoles e indios; éstos son los verdaderos protagonistas. Entre los españoles, 79
además de Gonzalo Silvestre y otros caudillos que no pueden ser considerados
hidalgos, los “rústicos” desempeñan un papel importante por el ingenio y la gra-
cia de sus actos y dichos, que contribuyen a la desmitificación de la Conquista.
Esto puede sorprender en un autor que siempre se jactó de sus orígenes linaju-
dos. Uno de esos rústicos es Juan Ortiz, superviviente de la expedición anterior
a Florida (al mando de Pánfilo de Narváez), que había sido esclavizado durante
largos años por un cacique cruel. Las vicisitudes de ese hombre podrían servir de
trama al relato, probablemente porque los lectores se identifican más fácilmente
con él, que con el distante y depresivo Soto. Juan Ortiz ha convivido tanto tiempo
con los indios que ya se ha vuelto como ellos, “sin nada que lo distinga”: ser indio,
para Garcilaso, es vivir como tal, y no el tener tez oscura o rasgos aindiados.
Cuando Ortiz se topa por casualidad con un soldado de la expedición de Soto, no
sabe qué decir, pues ya no puede expresarse en castellano. In extremis balbucea la
palabra “Sevilla” y el otro lo reconoce como español.
Juan López Cacho, otro de estos personajes secundarios, agotado por la
pelea, cae muerto de sueño en el momento de huir y Silvestre lo carga en su
caballo, guiándolo por las riendas. Días más tarde, apenas recuperado de sus
trabajos, una helada lo deja al borde de la muerte; sus compañeros lo calientan
pasándolo por una hoguera y lo atan a su montura “como se había hecho con el
Cid Ruy Díaz, que salió de Valencia muerto y a caballo” (Garcilaso, 1986, III, cap.
39: 398-399). Juan Vego, otro rústico, teje esteras de cáñamo, como solía hacerlo
en su pueblo, para que los soldados aguanten el frío (Garcilaso, 1986, III, cap. 39:
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398-399). Los caudillos visten capas de marta, tomadas a los indios, pieles
magníficas que la lluvia y el lodo convierten en estopa. Uno de los capitanes
se llama Gómez Suárez de Figueroa, homónimo de Garcilaso y mestizo como
él –su madre era una india de Cuba–, “cuyo ánimo era tan extraño y esquivo
que nunca jamás quiso recibir nada de nadie” (Garcilaso, 1986 II-1, cap. 11:
145). El contraste entre la mezquindad del conquistador Calderón y la gene-
rosidad del cacique amigo, Mucozo, es fuerte. Mientras que al primero sólo
le importa saber si los hombres, deshechos por las batallas y las marchas,
han hallado oro, el segundo se preocupa por el estado f ísico de los hombres.
La superioridad, ya sea militar o moral, no está en el campo de los españoles.
Los caballos desempeñan un papel de primer plano, al igual, o más, que los
que los montan, y el lector comparte el pánico de las bestias, espantadas por
la corriente del Savannah y del Tennessee. Al final, cuando los supervivientes
logran construir una balsa para bogar, río abajo, hasta el mar, al embarcar
deben abandonar a los caballos heridos, y los lloran como si fueran sus pro-
pios hijos (Garcilaso, 1986, VI, cap. 5: 536).
80 Entre los indios, ya sean amigos u hostiles, los héroes no faltan. Mucozo,
el cacique magnánimo que salvó de la muerte a Juan Ortiz, puede servir de
ejemplo a los soberanos cristianos: “Que los príncipes fieles se esfuercen a le
imitar y sobrepujar, si pudieren, no en la infidelidad, como lo hacen algunos
indignos de tal nombre, sino en la virtud y grandezas semejantes a que por la
mayor alteza de estado que tienen y están más obligados” (Garcilaso, 1986, II-1,
cap. 4: 124-125). Alusión apenas velada a sus contemporáneos, Felipe II o Juan
de Austria. Mucozo, hombre corpulento y hermoso, se expresa con “discerni-
miento y amor”, mientras que el guerrero Vitachuco es la encarnación del furor.
Este cacique es quizás el personaje más imponente del libro, por su intransi-
gencia y su amor a la libertad. Es también un hombre capaz de dominar los ele-
mentos naturales y utilizarlos para sus designios, un chamán cuyas maldiciones
provocan el desastre final:
Unas veces enviaba a decir que cuando fuesen a su provincia, habría de hacer
que la tierra se abriese y los tragase a todos. Otras veces, que había de mandar
que por do caminasen los españoles se juntasen los cerros y los cogiesen en
medio y los enterrasen vivos. Otras que pasando los españoles por un monte
de pinos y otros árboles muy altos y gruesos que había en el camino, mandaría
que corriesen tan recios y furiosos vientos que derribasen los árboles y los
echasen sobre ellos y los ahogasen todos. Otras veces decía que había de man-
dar pasase por la cima de ellos gran multitud de aves con ponzoña en los picos
y la dejasen caer sobre los españoles para que con ella se pudriesen y corrom-
piesen, sin remedio alguno. Otras, que les había de atosigar las aguas, hierbas,
árboles y campos y aun el aire, de tal manera que ni hombre ni caballo de los
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cristianos pudiese escapar con la vida porque en ellos escarmentasen los que
adelante tuviesen atrevimiento de ir a su tierra contra su voluntad. (Garcilaso,
1986, II-1, cap. 21: 172-173)
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I d e n t i fi c a c i o ne s
Por tradición académica, la etnografía se centra en las identidades, reduciéndo-
las a formas estereotipadas: los jefes, los chamanes, los guerreros, las clases de
edad… Esta operación no es únicamente propia del antropólogo, sino también
de aquellos que tratan de transmitirle su interpretación personal de la diversidad
social que los rodea. En Pindilig, que nos sirve aquí de referencia etnográfica, los
campesinos distinguen varios grupos, y si bien se dicen “indígenas”, prefieren el
término de “naturales” que oponen al de “indios” (los pueblos más aislados, más
pobres, más incultos). Se trata de un esquema rígido, utilizado sobre todo para
82 valorarse ante un extranjero.
La literatura y la ficción en general producen identificaciones. Éstas son
el resultado de un proceso psicológico mediante el cual un sujeto asimila un
aspecto, una propiedad, un atributo de otro, y se transforma total o parcialmente
en función de su modelo. Para los psicoanalistas, la personalidad se constituye
mediante una serie de identificaciones. Para Freud, la identificación no se con-
funde con la imitación o la reproducción mimética que Homi Bhabha y otros
pensadores poscoloniales atribuyen al colonizado. Es una apropriación que se
funda en la pretensión de una etiología común. Como hemos visto en este texto,
la identificación requiere participación emocional, y éste es el objetivo que cum-
ple la literatura a través de sus descripciones subjetivas y de sus personajes, cuyo
destino nos importa porque reconocemos en él algo que también es nuestro.
Sin embargo, la etnograf ía también nos da la ocasión de toparnos con
“personajes” que focalizan los afectos de unos y otros. De nuevo recurriremos
a los campesinos de Pindilig. Junto con algunos hacendados que pueden ser
considerados como “personajes”, por sus actos y por su conducta, se destaca la
figura de un indígena del siglo XIX, Tayta León Sayco, cuya vida (real, compro-
bada por la documentación de los registros parroquiales) se confunde con la
ficción. Generalmente se le mencionaba cuando yo preguntaba sobre las cos-
tumbres del pasado. Tayta León era el prototipo de los “antiguos”, de los cam-
pesinos que vivían antes de que se perdieran las tradiciones, es decir, el respeto,
el quechua, los mitos, los trajes, las fiestas, la reciprocidad. La evocación de
ese ilustre personaje producía invariablemente una digresión muy animada en
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Referencias
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1995. Tayta León Sayco y sus dos mujeres: de la anécdota al mito. En De palabra y obra en el Nuevo
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pp. 257-284, Tramas de la identidad. Madrid, Siglo XXI.
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Paralelos
LEER A SILVA A CONTRAPELO:
DE SOBREMESA COMO NOVELA TROPICAL
Fe l i p e M a r t í n e z P i n zó n 89
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.04
Artículo recibido: 02 de febrero de 2012 | aceptado: 05 de mayo de 2012 | modificado: 03 de septiembre de 2012
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De sobremesa (1925), José Asunción Silva De sobremesa (1925), José Asunción Silva
(1865-1896), Literature and Ethnography in (1865-1896), literatura e etnografia na
Colombia, Climate and Culture in Colombia, Colômbia, clima e cultura na Colômbia,
Colombian Modernism. modernismo colombiano.
Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. No. 15, Bogotá, julio-diciembre 2012, 312 pp. ISSN 1900-5407, pp. 89-109
L E E R A SI LVA A C ON T R A PE L O :
DE S OBR E M E S A C OMO NOV E L A T ROPICA L
C
Felipe Martínez Pinzón
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1 La copiosísima crítica sobre la novela de Silva ha sido en parte compilada por Juan Gustavo Cobo Borda en dos
tomos editados con motivo del centenario de la muerte del poeta, en Leyendo a Silva (1996).
2 Por mapa etnoclimático me refiero a aquel que el criollo neogranadino Francisco José de Caldas esbozó en
su texto fundacional “Del influjo del clima sobre los seres organizados”, de 1808. En él Caldas propuso una
imagen espacial que perduraría en la mentalidad de las élites andinas colombianas –indistintamente liberales
y conservadoras– durante todo el siglo XIX, el XX, y hasta hoy. Construyendo el paradigma ideológico domi-
nante para leer el espacio nacional, Caldas organizó las castas en la geografía intertropical colombiana de una
forma casi botánica: los blancos y los mestizos en el clima “benéfico” de las alturas andinas, los mulatos en
los valles y hoyas de los ríos de la zona tórrida de baja altura, los negros y los indios en las selvas húmedas. La
distribución de cuerpos por climas tiene en Caldas un correlato que obedece a la organización teleológica de
la modernidad. Se baja desde la civilización de las tierras frías al salvajismo de las tierras calientes que las élites
decimonónicas aún entendían como “el verdadero trópico”, por su vegetación y clima. Así, el viaje abajo de los
Andes también se plantea en Caldas, sin decirlo, como un viaje en el espacio-tiempo: de Europa a África y del
presente al pasado. De esta manera, en la geografía de Colombia los Andes serían el lugar privilegiado de la
historia nacional, y la llanura o la selva tropical su revés arcaico (Serje, 2005). La Cultura, única e incontestable,
en mayúsculas, solamente puede darse a partir de cierta altura barométrica sobre el nivel del mar, después de
la cual, supuestamente, comienzan a prosperar “los blancos”.
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LEER A SILVA A CONTR APELO: DE SOBREME SA COMO NOVEL A TROPIC AL | FELIPE MARTÍNEZ PINZÓN
3 Como lo reconoce Beckman, la formulación “export reverie” está inspirada en las “industrial reveries” que Mary
Louise Pratt en Imperial Eyes (1992) ha identificado como características del discurso de los viajeros extranjeros
en África y América Latina.
4 Para un acertado análisis de la teatralidad, no sólo en esta novela de Silva, sino como arsenal estético del
modernismo, muchas veces ignorado, ver Sarah J. Townsend (2010).
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5 Un razonamiento mágico, podríamos llamarlo, existe en Caldas respecto a talar la selva como mecanismo para
hacerla habitable. Éste será un mecanismo que recorrerá todo el siglo XIX, el XX y lo que va del XXI en Colombia.
La despolitización de la deforestación tomará una veta casi mágica. Para referirse a la tala de bosques como
remedio para las altas temperaturas, pensadores civilizadores como F. J de Caldas y Rafael Núñez –cuya obra
traza el arco del siglo XIX colombiano– usarán una misma expresión mágica: “por encanto”. Para encontrar
repetida esta expresión en el mismo contexto, cuando han pasado casi cien años, ver “Del influjo del clima…”
de Caldas (1966 [1808]: 116), y en Núñez, “Necesidad de concierto” (1944: 351).
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LEER A SILVA A CONTR APELO: DE SOBREME SA COMO NOVEL A TROPIC AL | FELIPE MARTÍNEZ PINZÓN
L a N eo e ur o pa tr o pi c al
Del hostal cosmopolita en Interlaken donde concluye “el pasaje nacional” a “una
casa rodeada de jardines y de bosques de palma” en el trópico (1996a: 55), el plan
6 Santiago Castro-Gómez (2005) ha llamado hybris del punto cero a la prerrogativa que los ilustrados neograna-
dinos se concedieron a sí mismos de describir el cuerpo de otros –mestizos, negros, mulatos, zambos–, mientras
que sus cuerpos permanecían por fuera de cualquier signo de inscripción, incluso, fuera del texto científico.
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7 En su interesante, pero problemático texto, Ecological Imperialism: The Biological Expansion of Europe (900-1900),
Alfred W. Crosby sostiene que dondequiera que el clima no se oponía a los europeos, éstos colonizaron estos
lugares, convirtiéndolos, a pesar de estar lejos de sus moradas originales, en Neoeuropas. Ignorando los procesos
culturales y esencializando la raza, por tanto, Crosby sostiene que en latitudes donde el clima operaba para convertir
el territorio en lugares parecidos a los europeos occidentales –como el sur de Suramérica y África, Australia y Nortea-
mérica— los europeos pudieron adaptar y, en muchos casos, trasplantar, su biota, reproduciéndose y eliminando a
las poblaciones nativas gracias a sus armas y a las enfermedades que los acompañaron. En el trópico americano de
baja altura –en el de alta él hace una excepción con Costa Rica, en donde se consiguió una relativa neoeuropeización
tropical– se dio un proceso, dice él, no de neoeuropeización, sino de neoafricanización, debido al clima, la hume-
dad y las enfermedades de estos lugares: “The results are today’s Neo-African and mixed societies: not temperate
Montreal, where the ranges of race and culture are so narrow […] but tropical Rio de Janeiro, where mulattos and
zambos and allegedly pure Portuguese dance the African samba on the eve of Lent” (Crosby, 1986: 141).
8 Valga anotar que para Crosby, una Neoeuropa tropical es una contradicción en los términos, por consideracio-
nes climistas que, según él, siguen un patrón histórico.
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LEER A SILVA A CONTR APELO: DE SOBREME SA COMO NOVEL A TROPIC AL | FELIPE MARTÍNEZ PINZÓN
Palace de Londres9: un trópico sin gente (de color) (Viajes, tomo II, [1862]). Es
el invernáculo de clima controlado parisino o londinense convertido de súbito
en un mundo real. Esa continuidad entre los Alpes y el trópico es el trayecto de
la fantasía de Fernández, una linealidad horizontal para unificar Europa y Amé-
rica con “el aplastante rodillo denominado modernización” (Parsons, 1992: 52).
Esta horizontalidad pasa, en primer lugar, por una revolución en los transpor-
tes del trópico de altura y su interruptora verticalidad. Ante un espacialidad
textualizada como espesa y detenida: “el suelo pantanoso, nido de réptiles y fie-
bres” (1996a: 352), Fernández se propone obliterarlos mediante la introducción
de “blancos y rápidos vapores que anulen las distancias” (1996a: 352). Anular10
las distancias, que es otra manera de borrar el espacio, paradójicamente, no
logra hacer del trópico de altura una economía integrada sino todavía dividida,
donde se dan, sin integrarse, al parecer, todas las producciones del mundo, ree-
ditando de nuevo el viejo tópico caldasiano de la feracidad del trópico neogra-
9 Me refiero, específicamente, a los invernáculos londinenses que visita el político y escritor liberal colombiano
José María Samper (1828-1881) en su primer viaje a Europa (en 1858), en Viajes de un colombiano en Europa 97
(de 1862), un texto que seguramente leyó Silva, entre otras razones, porque su padre, Ricardo Silva, compartía
negocios –entre ellos, una librería– con Samper. Los invernáculos son lugares privilegiados para observar las
conflictivas relaciones de las élites liberales colombianas con la naturaleza tropical de su propio país. Para
Samper el único lugar en el que el trópico no es un obstáculo para el progreso son los invernáculos del Crystal
Palace de Londres. Como espacios despoblados donde el capital aparece camuflado de naturaleza a través de
la tecnología, los invernáculos son heterotopías (Foucault, 1986) donde fantasear un espacio nacional sin gente
(de color). Al desactivar su carácter amenazante, es decir, su potencia histórica, pues en los invernáculos no
hay habitantes sino visitantes blancos europeos o americanos, estos lugares se representarán en Samper como
utopías para imaginar un trópico europeo o europeizable, un espacio de confort desde donde fantasear un país
sin conflictos étnicos ni disensos políticos; y por lo tanto, sin interrupciones para el movimiento teleológico del
progreso. Lo cual equivale a decir una Colombia poshistórica, vegetativa y distópica. Véase un artículo mío,
de próxima publicación en la Revista Hispánica Moderna, llamado “Los invernáculos de José María Samper:
utopías espaciales fuera y dentro del trópico” (Martínez Pinzón, 2012).
10 Muchos textos del fin de siglo seguían tomándose en serio las fantasías civilizatorias de las que Silva se burlaba.
Escrito originalmente en inglés y publicado en París, De Bogotá al Atlántico (1897) de Santiago Pérez Triana
lleva la idea de modernidad consigo, la transporta, rompiendo el cerco de la ciudad para reconciliar a Colombia
con las ideas liberales de Occidente. Así se imagina Pérez Triana esas “soledades” de la llanura y la selva, luego
de que un gobierno verdaderamente moderno –no conservador, pues el liberal Pérez Triana huía del gobierno
de Miguel Antonio Caro– decida ocuparse de esas tierras por las que él parte hacia el exilio: "Pensábamos que
esas selvas y esos bosques encierran riquezas abundantes para remunerar todos los esfuerzos del hombre, y
soñábamos, finalmente, con el día en que gobiernos ilustrados y enérgicos hagan surcar esas aguas por raudos
bajeles que lleven la civilización de una orilla a la otra y establezcan en sus bosques, en donde hoy impera una
naturaleza bravía y agresiva, centro de civilización y libertad" (1945 [1897]: 187).
La sistematización de la naturaleza vía la modernización que lleva a una apropiación discursiva de lo no euro-
peo, de lo no urbano, desde lo europeo-urbano logra disciplinar los ríos como vehículos de comercio y los árboles
como capital para hacer empresa. La lectura de la naturaleza bajo una gramática capitalista está, claro, desprovista
del determinismo geográfico de quienes, como J. M. Samper, encuentran que una determinada localización geo-
gráfica es condición sine qua non de la modernidad. Sin embargo, es igualmente peligrosa. La naturaleza se mide
como capital por amasar, lo cual sirve a su vez a un fin que no le es opuesto: exterminar a quien a ello se oponga.
Pérez Triana entra perfectamente dentro de la reapropiación del discurso europeo en tierras “descolonizadas”,
para llevar a cabo proyectos capitalistas que pueden terminar en genocidio, como lo mostraría luego J. E. Rivera.
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En aquellos climas [de los Andes tropicales] que van desde el calor de Mada-
gascar, en los hondos valles equinoxiales, hasta el frío de Siberia, en los lumi-
nosos páramos donde blanquea la nieve perpetua, surgirán, incitados por
mis agentes y estimulados por las primas de explotación, todos los cultivos
que enriquecen, desde el banano cantado por Bello en su oda divina hasta los
líquenes que cubren las glaciales rocas polares; todas las crías de animales
útiles desde avestruces que pueblan las ardiente llanuras de África, hasta los
rengíferos del polo. (1996a: 350)
Hacer de los Andes tropicales una reunión de todas las producciones del
mundo es el paso previo para aclimatar en ellos a los inmigrantes, convirtiendo
al trópico no en una Neoáfrica o Neoasia, sino en una Neoeuropa donde los
europeos –y no los nativos americanos, porque el cambio se fantasea desde
98 Europa para los europeos– reconocerán su lugar de procedencia. En la fantasía
de Fernández, la única manera en que el trópico puede convertirse en Europa
es dejar de ser, anularse y convertirse en “el risueño home” donde recibir al
“extranjero adornada [la ciudad] con todas las flores de sus jardines y las verdu-
ras de sus parques” (1996a: 352).
El cambio de la biota tropical para convertir el Trópico americano en Europa
pasa luego por un cambio de las ciudades. La capital transformada “como trans-
formó el barón Haussman a París” (1996a: 352) lleva, asimismo, a decorar la ciudad
con “las estatuas de sus grandes hombres [europeos]” (1996a: 352), para terminar
erigiendo en ella “bibliotecas y librerías que junten en sus estantes los libros euro-
peos y americanos que ofrecerán nobles placeres a su inteligencia” (1996a: 353).
El corolario de este continuum entre la historia europea y la americana se sellará,
luego de esta radical transformación –que es un verdadero genocidio ecológico
y cultural–, con la escritura de los textos nacionales que tengan un “sabor neta-
mente nacional”. Esa novela nacional –que es una verdadera orquídea de clima
artificial– es el fruto del genocidio racial y, como tal, naturaliza la violencia como
génesis de algo que llamamos cultura nacional.
Si lv a , le c to r d e J o sé M aría Samp er
Como vemos, Fernández quiere trasplantar a la realidad las metáforas privilegia-
das de la conciencia alienada del pensamiento geográfico nacional. Por eso es tan
importante, y en nada aleatorio, que Silva –cultivado en los textos geográficos de
José María Samper, pero también en otros de escritores no sólo nacionales sino
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extranjeros como Élisée Reclus11– haya decidido que Fernández conciba su plan
en Suiza, y no en otro lugar. Durante todo el siglo XIX hizo carrera la comparación
entre la geografía de Suiza –y también Suiza como modelo político12– y los Andes
colombianos. En su viaje a Suiza –y en los escritos que desde ahí produce– José
María Samper se da cuenta de que las montañas de Suiza “nos harán evocar a cada
momento la imagen querida de la patria” (Viajes, tomo II, [1862]: 8), y desple-
gando un lenguaje calcado de la descripción caldasiana de los Andes intertropica-
les, pero sin la variedad climática, escribe: “[Suiza ofrece] los más variados paisajes
de topografía y vegetación, desde el profundo valle y la ondulosa planicie hasta
las agujas graníticas, negras y completamente abruptas, y las cúpulas de nieves
eternas que se pierden en los abismos de la atmósfera, casi jamás holladas por el
hombre” (Viajes, tomo II: [1862], 26).
Al hacer una lectura queer de la voz de Fernández a través de sus lecturas
y reescrituras de la voz de Maria Bashkirtseff, Sylvia Molloy emplea el término
“voice snatching” para evidenciar un “slippage between quoting and impersona-
ting” (1997: 18). Con su Fernández, Silva no sólo ventrilocuiza a Bashkirtseff, sino
también a J. M. Samper. En Viajes de un colombiano en Europa (de 1862) Samper 99
relata su paso por Interlaken –el lugar más “cosmopolita” de Europa (Silva, 1996a:
360), de acuerdo con Fernández, quien sigue los pasos del político liberal, tal como
el propio Silva– describiéndolo como “un pedazo de algunos de esos elegantes
arrabales compuestos de palacios y quintas que se ven en los alrededores de Lon-
dres, París y Berlín” (Viajes, tomo II, 1862: 155). Esta cita de Samper deja ver un
deseo encubierto: la posibilidad de una ciudad europea sobre las montañas, una
fantasía que promete materializar, a su vez, un largo sueño de las élites colom-
bianas: la Europa andina, un espacio utópico que Samper sólo insinúa, pero que
11 En su monumental Geographie Universelle (1874-1894), publicada por tirajes en el espacio de veinte años,
Reclus dio a conocer sus apuntes –en otras partes también publicados como libro (sobre su visita a la Sierra
Nevada de Santa Marta en 1861, por ejemplo)– sobre su estadía en la Nueva Granada. En 1893 el geógrafo
colombiano F. J. Vergara y Velasco publicó sus traducciones de algunos capítulos referidos a esa estancia de
Reclus. Significativamente, allí se encuentra el tópico (pero acuñado por un europeo) de igualar la tierra inter-
tropical de altura con Europa y, especialmente, los Andes con Suiza. Escribe Reclus al respecto: “Estas diversas
especies, a pesar de la altura a que crecen, presentan fisonomía tropical, pero en la cercanía de los niveles, más
arriba de los 4.000 metros, casi la mitad de las plantas recuerdan la flora de los Altos Alpes de Europa; en cier-
tos punto el Viejo creía estar en los elevados valles de la Engadina” (1983: 118). Es posible que Silva conociera
textos de Reclus, no solamente por esta traducción, pues él manejaba el francés, sino porque sus textos eran de
recibo dentro de los círculos letrados de entonces, por cuanto confirmaban muchas de las apreciaciones de los
intelectuales conservadores y liberales de la época sobre la espacialidad del país. A pesar de sus ideas políticas,
Reclus ponderó muy positivamente en su momento el Ensayo sobre las revoluciones políticas (de 1862) de
Samper, reseñándolo como “el primer tratado comprensivo sobre Colombia” (Langebaek, 2007: 205).
12 En su texto “El programa de un liberal”, escrito desde Suiza para la Constituyente radical de 1863, Samper enal-
tece a Suiza como modelo federativo para Colombia: “la fórmula democrática que se acerca más a la justicia y
la naturaleza de las cosas es la que existe en Suiza. Sin embargo, debemos modificarla, por la composición de
nuestra sociedad” (1861: 20).
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Silva capta para hacerlo manifiesto en el plan a través del cual Fernández busca
convertir el trópico en Europa.
De esta manera, el “voice snatching” de Samper en Fernández y su deforma-
ción, en un discurso afiebrado por el progreso, “literaturizan” la ahistorización des-
encadenando la parodia y, en ese sentido, produciendo un efecto opuesto: la histo-
rización de la literatura, lo cual nos permite ver el material político del cual están
hechos los textos. Por ejemplo, donde Samper escribe: “¿Para qué las fortificaciones,
si lo que más deseamos es que nos invadan legiones de inmigrantes, de ingenieros,
artesanos, agricultores y negociantes?” (Ensayo, 1862: 123), Fernández lo copia, pero
lo deforma, exagerándolo, con un: “[la inmigración] afluirá como un río de hombres,
como un Amazonas cuyas ondas fueran cabezas humanas y mezcladas con las razas
indígenas […] poblará hasta los últimos rincones de estos desiertos” (1996a: 351).
En un gesto modernista, Silva interrumpe el discurso de la modernización a través
del “voice snatching” desplegado en el “pasaje nacional”. Con esta interrupción nos
hacemos conscientes de que el lenguaje es “una casa dotada de un pasado y una
materialidad en el presente” (González, 1987: 25), una materialidad que adopta las
10 0 formas y los espacios de la tradición para mostrarnos a la literatura trasplantando,
cooptando, otros discursos, en este caso geográficos y políticos, como una máquina
epistemológica que opera a través de la citación y la parodia.
Si lv a y sus pr e c ur so r e s
La crítica temprana sobre Silva lo inventó como un hombre sin tradición, es decir,
sin suelo fértil desde el cual construir su propia obra en territorio colombiano. Su
amigo Emilio Cuervo Márquez compara a Silva con una orquídea: “Entre la hostil
maraña del bosque tropical, como enjambre de mariposas convertidas en flores por
la voluntad de un Genio, cuelga la orquídea su penacho de pétalos exóticos […] Así
fue Silva […] Silva no se parece a nadie. Él fue solo. No tiene parentesco intelectual
con ninguno de los bardos hispanoamericanos” (1915: 421). Desde entonces ha
hecho carrera dentro de la crítica, pero también dentro de los textos biográficos
sobre el poeta, la visión de un Silva “rodeado de un vacío cultural” (Smith-Soto,
1996: 576) en la Colombia de fines del siglo XIX. Sin embargo, una lectura tanto de
su correspondencia como de De sobremesa prueba lo contrario. Silva no solamente
mantenía, como se sabe, estrechos vínculos intelectuales con ensayistas como Bal-
domero Sanín Cano, escritores como Jorge Isaacs o políticos liberales como Rafael
Uribe Uribe, sino con personajes que en principio no tenían nada que ver con el
mundo de las letras. Me refiero, por una parte, a su correspondencia con el médico
y geógrafo antioqueño Manuel Uribe Ángel, y, por otra, a la evidencia que existe en
las cartas suyas sobre la lectura hecha por Silva de los textos de Prehistoria y viajes
(de 1893) del hermano de su amigo Emilio –citado más arriba–, Carlos Cuervo
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13 En carta del 10 de noviembre de 1894, durante la reescritura de De sobremesa, que lo ocuparía hasta el fin
de sus días, Silva le escribe a su amigo Jorge Roa pidiéndole que le preste algunos libros para su lectura. En
esa carta se evidencia la variedad de sus lecturas. Pide novelas de Anatole France, pero también las memo-
rias de O’Leary. Le pide también el que sería seguramente Prehistoria y viajes (de 1893) de Carlos Cuervo
Márquez: “¿Usted tiene el libro último de Carlos Cuervo sobre Prehistoria con unos viajes por el Tolima?”
(Cartas, 1996b: 182).
14 Federico Lleras T. fue el autor del manual escolar de geografía con el que seguramente estudiaron en el colegio
J. A. Silva y toda su generación. Su Tratado completo de geografía universal (texto aprobado por el consejo
académico de instrucción pública de Colombia, adoptado por el gobierno como oficial y por varios colegios
particulares), como consta en su portada, es de 1881, en su segunda edición, pero de 1874 en su primera.
Como si no hubieran transcurrido décadas desde la publicación de “Del influjo del clima sobre los seres orga-
nizados”, Lleras escribe sin sonrojo: “[…] en los valles bajos y en las costas despliega la naturaleza toda su
magnificencia intertropical, extendiéndose sobre los Andes en Pasto y Popayán y sobre su rama orientan en C/
marca, Boyacá y Santander, inmensas y fértiles planicies, de clima frío y sano todo el otoño (sic) […], en donde
la raza caucásica prospera en toda su belleza y vigor europeos con exclusión de la africana, que naturalmente
busca los valles y las costas ardientes” (1881 [1874]: 31).
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es fría y suave (19), […] La proximidad de este país a Europa, su historia romántica
(…!) y tradiciones fascinadoras, constituirían al ser verdadera y simplemente repre-
sentada, una atracción irresistible para los emigrantes europeos […]” (1967 [1882]:
51) (cursivas, puntos suspensivos y exclamación en el original). Poniendo en cursiva
las apreciaciones que encuentra falsas, a partir de su observación personal, o llana-
mente introduciendo signos de exclamación para comentar aquellas que le parecen
inmotivadas, Isaacs reescribe estas citas para desinscribirlas, deslegitimándolas y
desnudando el sustrato ideológico de los textos geográficos nacionales.
Mientras Isaacs nos hace conscientes del sustrato literario desde el discurso
geográfico, Silva realiza con el “pasaje nacional” una operación similar, donde des-
nuda el sustrato literario de los discursos etnográficos y geográficos pero de forma, a
su vez, literaria. Sus lecturas de Carlos Cuervo Márquez y de su antecesor, Ezequiel
Uricoechea, rezuman su influencia en la escritura de la entrada de Interlaken, pero
también de toda la estructura narrativa de De sobremesa. Tanto en el Uricoechea de
la Memoria sobre las antigüedades neogranadinas (de 1856) como en los sucesivos
relatos de viajes que trabajaron sobre sus ideas –como es el caso de Prehistoria y
102 viajes de Cuervo Márquez– hace carrera una idea que ya estaba instalada desde
los textos de Humboldt sobre la historia prehispánica del trópico colombiano, y
que correría en la tradición hasta el surgimiento de la arqueología y etnología aca-
démicas en Colombia durante la década de 1930 (Botero, 2006: 63). Siguiendo un
pensamiento claramente climista, se representaba a las comunidades chibchas de
altura como más “avanzadas”, pacíficas y dóciles que las comunidades caribes de las
cuencas riberanas y de las planicies de baja altura15. A su vez, se escenificaba esta
fragmentación en oposición bélica. Los caribes acechaban a los chibchas constan-
temente con la amenaza de invadirlos. Escribe Carlos Cuervo Márquez:
15 Escribe Langabaek que Felipe Salvador Gilij, en su Ensayo de historia americana, escrito en 1748, se interesó
por el tema del pasado indígena de la Nueva Granada. Como lo habrían de hacer sus sucesores, segmentó el
territorio tropical andino en climas, ocultando su agenda política: “[Gilij] hizo una observación que luego tendría
un notable impacto en la elite criolla santafereña y su visión del pasado prehispánico: en todo el continente ‘las
cortes de los indios habían estado en tierra fría’” (Langabaek, 2006: 46)
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16 Silva saca el lenguaje para referirse a la línea de los Andrade de la manera en que Cuervo Márquez se refiere a
las tribus caribes: “[los caribes tuvieron] siempre el gusto por las emociones rudas y fuertes. Las sensaciones
suaves les eran desconocidas porque no les encontraban sabor” (Cuervo Márquez, 1956 [1893]: 214-215).
17 Incluso el nombre de José Fernández aparece en los textos de viaje de Cuervo Márquez, asociado también a la
figura religiosa de un cura. “A nuestra llegada a Toribío nos relacionamos con el doctor José Fernández, cura de
estos pueblos, anciano y vigoroso e inteligente, de fisonomía severa y respetable, de mirada penetrante y de una
actividad increíble” (1956 [1893]: 5). Es posible que Silva lo haya sacado de ahí.
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R E GION E S Y NAC IÓN E N T R E S NOV E L A S
DE M A R IO VA RGA S L L O SA
María de las Mercedes Ortiz Rodríguez*
maria.ortiz.r@correounivalle.edu.co
Universidad del Valle, Cali, Colombia
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.05
Artículo recibido: 04 de octubre de 2011 | aceptado: 14 de marzo de 2012 | modificado: 28 de septiembre de 2012
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ABSTRACT In his novels The Green House RESUMO Em seus romances La casa verde
(1966), The Storyteller (1989) and Death (1966), El hablador (1987) e Lituma en los
in the Andes (1996), Mario Vargas Llosa Andes (1993), Mario Vargas Llosa reforça as
reinforces the dominant visions in which the visões dominantes sobre a Serra e a Selva
Peruvian Andes and jungle are portrayed peruanas que as mostram, respectivamente,
as the realms of barbarism and savagery como os reinos da barbárie e da selvageria,
11 2 respectively—as opposed to the Coast, enquanto a Costa é apresentada como o
which is considered the civilized center of centro civilizado da nação. Nesses romances,
the nation. I discuss how he resuscitates ele reativa desde tópicos coloniais, como o
topics like cannibalism and the extirpation canibalismo e a extirpação de idolatrias, até
of idolatries in colonial times, clearly o evolucionismo do século XIX, para, mais
employing the linear evolutionism of the uma vez, caracterizar os indígenas como
nineteenth century. He uses these familiar selvagens, canibais, atrasados e pagãos que
tropes and images to characterize, as did his obstruem o desenvolvimento do Peru num
predecessors, indigenous people as savages, mundo neoliberal e global.
cannibals and pagans who constitute an
obstacle for the development of Peru in a
neoliberal and global world.
Mario Vargas Llosa, Peru, Nation, Moral Vargas Llosa, Peru, nação, topografia moral,
Topography, Indigenous People, Exclusion. povos indígenas, exclusão.
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L A F I SU R A I R R E M E DI A BL E : I N DÍGE NA S ,
R E GION E S Y NAC IÓN E N T R E S NOV E L A S
DE M A R IO VA RGA S L L O SA
L
María de las Mercedes Ortiz Rodríguez
1 En 2010, se publicó la última novela de Mario Vargas Llosa, El sueño del celta, en la que se narra la vida de Sir
Roger Casement (1864-1916), patriota y nacionalista irlandés, poeta, revolucionario, defensor de los derechos
humanos y funcionario del Foreign Office británico. Casement investigó y denunció por encargo del Gobierno
británico el genocidio y las atrocidades cometidos con pueblos nativos en la explotación del caucho tanto en
el Estado Libre del Congo (1904), que estaba bajo el poder colonial belga, como en la región amazónica del
Caquetá-Putumayo, zona limítrofe y en litigio entre Colombia y Perú en aquella época y que en la actualidad
pertenece a Colombia. Los indígenas de las etnias huitoto y andoque de esta región fueron explotados y casi
exterminados por la Peruvian Amazon Company, compañía cauchera dirigida por Julio Arana, la cual contaba
con capital inglés. En El sueño del celta, Vargas Llosa retoma la problemática de los indígenas amazónicos pero
trasciende el marco de la representación de la nación peruana, objetivo de mi análisis en este artículo, y nos
ubica en un marco global y transnacional en el que se evidencia la brutal explotación a la que el capitalismo
industrial y el colonialismo del momento sometían a las poblaciones nativas de distintos continentes, que los
proveían de materias primas, en este caso el caucho.
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U n a to po gr a fí a m o r al
Perú ha sido históricamente una nación estructurada alrededor de la Costa, con-
siderada como el núcleo “civilizado” del país, de la cual han sido excluidas la Sie-
rra y la Selva. Dentro de esta topograf ía moral, noción que tomo de Michael
Taussig (1987), la Sierra, que constituye una frontera interior en términos étnicos
y culturales, goza, sin embargo, del prestigio de una ocupación milenaria y del
glorioso pasado incaico, así se menosprecie y margine al campesinado quechua
actual. Además, desde la perspectiva geográfica, Perú ha sido definido como un
país andino, y aunque las tierras selváticas ocupen un 60% del ámbito peruano y
hayan sido probablemente el lugar de origen de la civilización andina, han sido
concebidas en los imaginarios dominantes como la región más marginal del país,
como el más allá de la civilización (Klarén, 2000: 4).
Hacia mediados del siglo XIX, la selva era un territorio ignoto, una tierra
por conquistar ocupada por grupos indígenas cuya historia y cuyas culturas se
ignoraban, y que eran considerados como los salvajes por excelencia. El Estado
peruano sólo se interesó, al menos teóricamente, por la selva tras la Guerra del
Pacífico con Chile (1879-1884), viéndola como una esperanza para el futuro de
la nación (Santos-Granero y Barclay, 2000: 59). Entre 1880 y 1920, la Amazo-
nia, en toda su extensión, fue sometida a una frenética extracción de caucho
–el así llamado boom del caucho–, a fin de satisfacer la necesidad que tenían
de esa materia prima los países industrializados del momento. El boom trajo
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consigo epidemias, esclavitud y muerte para los grupos selváticos del Perú, en
particular para los del actual departamento de Madre de Dios. A partir de esta
catastrófica experiencia, diversas comunidades selváticas tomaron la decisión
de vivir aisladas, evitando todo contacto con la sociedad nacional (Huertas
Castillo, 2004: 21-29).
Durante los dos períodos de gobierno de Fernando Belaúnde Terry (1964-
1968 y 1980-1985) se impulsaron proyectos tendientes a integrar la Selva alta
(montaña) y la Selva baja a la economía del país, ya que esta región se veía como
la panacea de los problemas agrarios de la Sierra y como la despensa que podría
alimentar a los peruanos. En consecuencia, se iniciaron planes de coloniza-
ción y construcción de vías de acceso como la Carretera Marginal de la Selva
(Rosengren, 1987: 47). Miles de campesinos andinos sin tierra se lanzaron a la
región amazónica, afectando gravemente tanto el ecosistema como los grupos
indígenas que allí vivían, cuyos territorios no estaban protegidos legalmente
(Chirif, 1983: 57-61).
En el caso de la Sierra, después de la independencia de España, la gran
mayoría indígena que habitaba en esta región permaneció excluida de la nueva 115
república (Klarén, 2000: 136). La novel nación evolucionó así como una nación
dividida de manera tajante, tanto geográfica como económica y culturalmente,
entre Costa y Sierra, al interior de la cual, según Alberto Flores Galindo, era
imposible la comunicación entre la clase alta –la oligarquía de comerciantes,
banqueros y modernos terratenientes de la Costa– y los campesinos andinos. En
sus palabras: “La búsqueda de un consenso nacional era imposible” (1987: 229).
Durante la segunda década del siglo XX se presentaron en la Sierra una
serie de intensas aunque fallidas rebeliones del campesinado indígena. El orden
imperante en la región empezó a tambalearse hacia los años sesenta, en la
medida en que los campesinos serranos comenzaron a exigir tierras, escuelas
y pago salarial, y los colonos de las haciendas se sublevaron, organizados en
sindicatos. Ambos grupos llevaron a cabo invasiones de tierras cada vez más
frecuentes y masivas, y como consecuencia de esta agitación agraria el poder
de los terratenientes, y en general de los poderes locales de la Sierra, se debilitó
(1987: 300-318).
En 1968 los militares peruanos, cansados de la ineficacia del gobierno
de Belaúnde Terry para llevar a cabo las reformas que el país necesitaba con
urgencia, y alarmados por el reciente surgimiento de grupos guerrilleros que
seguían el modelo de la Revolución Cubana, se tomaron el poder bajo el mando
del general Juan Velasco Alvarado, quien gobernó hasta 1975 (Klarén, 2000:
336-340). Bajo su gobierno se llevó a cabo una reforma agraria que afectó un
60% de las tierras agrícolas del país; los más beneficiados fueron, sin embargo,
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los campesinos de las haciendas de la Costa (un 10% del total del campesinado).
Sus contrapartes, los comuneros y colonos de la Sierra, poco o nada ganaron
con la reforma, y por ello apoyaron en la década de los ochenta al grupo insur-
gente Sendero Luminoso (2000: 342).
Velasco se ocupó también de la selva, y en 1974 promulgó la Ley de
Comunidades Nativas, que reglamentaba los derechos de los indígenas de
la Amazonia peruana a sus territorios, ley que sin embargo dejó un ancho
margen para la futura colonización de esta región. Los gobernantes que
sucedieron a Velasco se han preocupado de facilitar la inversión de gran-
des capitales en la Amazonia peruana, con la finalidad de integrarla lo más
rápidamente posible a la economía de un mercado globalizado (Rosengren,
1987: 48-50).
Este conflicto agrario, que afectó profundamente las estructuras econó-
micas, sociales, políticas y culturales de Perú, aparece de manera tangencial,
o no figura en absoluto, en las tres obras de las que me ocupo en este ensayo.
La casa verde –en la que la costa y la selva se imbrican gracias a la historia
11 6 de la pareja conformada por el sargento Lituma, oriundo de la ciudad cos-
tera de Piura, y Bonifacia, una indígena aguaruna de la Selva alta– permanece
totalmente al margen de la problemática agraria, ya que la narración se sitúa
durante la Segunda Guerra Mundial, época en la cual se produjo un segundo
y ef ímero boom del caucho, debido a que los Aliados, dada su imposibilidad
de acceder al látex asiático, demandaron el del Amazonas, según señala M. J.
Fenwick (1981: 59).
En el caso de El hablador, obra que trata de la suerte de los matsigenka,
un grupo arahuaco de la Selva alta peruana, se menciona la llegada de colonos
serranos a los territorios de estos indígenas; sin embargo, la novela sólo toca
brevemente el problema agrario en la Sierra que precipitó esta colonización,
la cual, junto con otras empresas económicas impulsadas por el Estado, como la
explotación de maderas y de petróleo, ha puesto en peligro la existencia de los
matsigenka y de otros grupos indígenas.
Lituma en los Andes se desenvuelve en la parte sur de la Sierra central,
subregión a la que los limeños denominan despectivamente La Mancha India
(Klarén, 2000: 370). Publicada en 1993 –es la más reciente de las tres novelas
que analizo–, se desarrolla en la década de los ochenta del siglo XX, durante el
apogeo del movimiento guerrillero Sendero Luminoso, agrupación que desem-
peña un rol importante en la obra. Para tratar de entender un fenómeno como
el de esta guerrilla, Vargas Llosa desdeña por completo su relación con el con-
flicto agrario que ha marcado la historia contemporánea peruana y apela, sin la
menor reflexión histórica, a la explicación de una supuesta barbarie intrínseca
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2 Vargas Llosa tuvo un breve contacto con la situacion creada en la Sierra peruana por el PCP Sendero Luminoso
y las fuerzas del orden cuando presidió en 1983 una comisión, nombrada por el presidente Belaúnde Terry, para
que investigara los asesinatos de ocho periodistas de distintos diarios peruanos, acaecidos en la población andina
de Uchuraccay, de 470 habitantes, situada a 4.000 metros de altura, en la provincia de Huanca (Ayacucho). Desde
1981 habían entrado en la región fuerzas del PCP Sendero Luminoso, las cuales no recibieron el apoyo de las auto-
ridades indígenas tradicionales y se ganaron la animadversión de la población cuando asesinaron al presidente de
la comunidad, Alejandro Huamán, y al comunero Venancio Auccatoma. A partir de estos asesinatos, la población
de Uchuraccay se organizo para enfrentar de manera violenta a los miembros de Sendero Luminoso, y mató
efectivamente a varios de ellos, acciones que contaron con el aplauso y el apoyo del propio presidente Belaúnde y
altos mandos militares. El 26 de enero de 1983, los comuneros de Uchuraccay asesinaron a los ocho periodistas de
medios limeños y ayacuchanos, porque creyeron que eran terroristas, es decir, miembros de Sendero Luminoso,
ya que los sinchis, un cuerpo especial militar, les habían dicho que cualquiera que viniera por tierra era terrorista
y debía ser asesinado. La comisión presidida por Vargas Llosa llegó a la población tres semanas después del
asesinato de los periodistas y dialogó con sus habitantes por tres horas con ayuda de un traductor, pues ninguno
de sus miembros hablaba quechua. Los campesinos reconocieron que habían sido los autores del asesinato de
los periodistas e insistieron en que habían sido autorizados por los sinchis para matar a los “terroristas”, exigieron
garantías y declararon su apoyo incondicional al presidente Belaúnde. La comisión regresó ese mismo día a Lima
y la comunidad quedó librada a su suerte y expuesta a los continuos ataques de Sendero, en venganza por lo
sucedido a los periodistas. Las rondas civiles y los militares tambien se ensañaron con la población, asesinándola,
de manera que todos los sobrevivientes tuvieron que huir, y el pueblo de Uchuraccay quedó totalmente desierto.
Murieron 135 personas en una comunidad que en 1981 tenía 470 habitantes. La interpretación que la comisión
presidida por Vargas Llosa dio a los hechos fue altamente controvertida, ya que planteó la profunda escisión entre
un Perú urbano y moderno y un Perú rural, congelado en el tiempo; en palabras de Vargas Llosa, “atrasado y tan
violento”, con hombres que viven “todavía como en los tiempos prehispánicos” (Informe final de la Comisión de la
Verdad y la Reconciliación, 2004: 151). Reprodujo así los parámetros de civilización y barbarie, mediante los cuales
los indígenas han sido constantemente excluidos de la nación peruana. La preeminencia de estas visiones sobre
los indigenas en Lituma en los Andes se muestra en mi análisis de la novela en este artículo.
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3 El actual departamento Madre de Dios, donde viven los matsigenka, entre otros grupos amazónicos, fue ele-
vado, a principios del siglo XX, a la categoría de Prefectura apostólica gracias a un acuerdo entre la Santa Sede
y el Gobierno peruano, y el Gobierno de los grupos indígenas que allí moraban le fue encomendado a la orden
de los dominicos (Huertas Castillo, 2004: 30).
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Within our borders we have everything, from the cannibal and the barbarian
to the little lord living his civilized life. We are citizens with the campa and
fellow countrymen of the feudal mountain lord. Once, I said that anyone wan-
ting to travel history has only to make the trek between Lima and the eastern
jungle. Given this kind of reality, what could a state be in a legal sense? (Haya
de la Torre, 2005: 241)4
La casa verde transcurre sinuosa, como los ríos de la selva por sus mean-
dros, entre la corroboración de estos universos ideológicos o en discrepancia
con ellos, es decir, se convierte en un campo de tensiones ideológicas en el que
se critican y reafirman, a la vez, realidades y visiones de mundo colonialistas.
U n a se lv a po r c o nq ui st ar
En La casa verde, Vargas Llosa liga entre sí mundos usualmente separados
mediante el matrimonio del cabo Lituma, oriundo de la costa, y la indígena
aguaruna Bonifacia5. A la manera de un etnógrafo, cuya labor es similar a la de
un traductor, ya que emprende la dif ícil tarea de hacer inteligible una cultura a
los ojos de otra, el escritor informa a sus lectores de los mundos y las culturas 11 9
de la selva amazónica, los cuales, valga la aclaración, son desconocidos para la
mayoría de los peruanos. Me interesa explorar entonces cuál es la traducción
cultural que subyace en la obra y el tipo de inteligibilidad que Vargas Llosa pre-
senta sobre la selva al Perú y al mundo6.
Según explica el escritor en Historia secreta de una novela (1971), la
selva amazónica es el Perú de la “Edad de Piedra” que se le reveló cuando
conoció en un corto viaje al alto Marañón una zona habitada por aguaru-
nas y huambisas, donde queda Santa María de Nieva, una pequeña localidad
que pertenece al departamento del Amazonas, en la que se desarrolla parte
de la novela. El viaje fue organizado en 1958 para el antropólogo mexicano
Juan Comas por la Universidad de San Marcos y el Instituto Lingüístico
de Verano. Este último, cuyo trabajo lingüístico se ha orientado, desde su
4 “Dentro de nuestras fronteras tenemos de todo, desde el caníbal y el bárbaro hasta el pequeño señor que vive
su civilizada vida. Somos conciudadanos del campa y compatriotas del señor feudal de la montaña. Una vez
dije que cualquiera que quisiera viajar por la historia, sólo tendría que hacer la caminata entre Lima y la selva
oriental. ¿Dado este tipo de realidad, como podría ser [el Perú] un Estado en un sentido legal?”. [Mi traducción]
5 De acuerdo con el Atlas Etnolingüístico del Perú, los aguaruna pertenecen a la familia lingüística jíbaro. En 1985,
su población se calculaba en 25.000 personas, que habitaban en los departamentos de Amazonas, Loreto y San
Martín (Ravines y Avalos de Matos, 1988: 49).
6 La relación entre la literatura latinoamericana contemporánea y la antropología en lo que respecta a sus desa-
rrollos sobre el lenguaje y el mito ha sido ampliamente analizada por Roberto González Echevarría en Myth
and Archive (1998), en donde examina cómo la novelística latinoamericana ha sido moldeada –en momentos
claves de la historia latinoamericana– por discursos no literarios y culturalmente hegemónicos como los de la
ley, la ciencia y la antropología.
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son minados desde su interior por las descripciones del narrador omnisciente
sobre los nativos, en las que se reiteran los paradigmas de civilización y barbarie
al presentarlos como seres inferiores y salvajes, similares a animales.
La obra arranca con un episodio de enorme violencia en el que se narra
el secuestro de unas niñas aguarunas mediante el uso combinado de regalos
de baratijas y fuerza bruta para llevarlas a un internado, con el fin de evange-
lizarlas y “civilizarlas”. Dos monjas, el sargento Lituma y tres de sus hombres,
armados con fusiles, llegan a un poblado aguaruna con el fin de reclutar a
las niñas y se encuentran con que la población ha huido atemorizada ante la
llegada de los blancos. Al poco rato, una canoa de desprevenidos aguarunas,
que estaban de viaje, desembarca en el poblado –una anciana, dos hombres,
dos jovencitas y un niño–, convirtiéndose instantáneamente en el blanco de
monjas y soldados.
El narrador omnisciente describe a estos indígenas cómo f ísicamente
repulsivos, apelando para ello a imágenes previamente consagradas en La
vorágine (de 1924 [2002]), la novela fundacional sobre el Llano y la Selva
en la literatura latinoamericana. Así, la descripción de la anciana aguaruna 121
como “vieja melenuda” y de sus senos (“dos tubos de carne blanda y oscura
penden hasta su cintura”) (Vargas Llosa, 1993a: 12) reproduce la descripción
de una indígena sikuani en la famosa obra de José Eustasio Rivera7. Los hom-
bres son descritos como seres “sin edad, ventrudos, de piernas esqueléticas”,
y el niño, similar a una araña y tostado cual una hormiga (1993a: 13-14).
Cuando la monja se acerca para tranquilizar a los aterrorizados aguaruna,
hablándoles en su propia lengua, la referencia a ésta no puede ser más des-
pectiva: “Y la Madre Angélica da un gruñido, escupe, lanza un chorro de
sonidos crujientes, toscos y silbantes […]” (1993a: 12-14). Vargas Llosa cali-
fica aquí la lengua de los aguarunas como inferior, y hará lo mismo con el
quechua en Lituma en los Andes.
Las monjas les ofrecen a los aguarunas adultos baratijas, tales como espe-
jitos, collares y cuentas de colores, como hizo Colón con los taínos en el Caribe,
con el fin de intercambiarlos por las niñas. Cuando los indígenas comprenden
la transacción que está en juego y se desprenden de los regalos, los soldados los
encañonan y raptan a las jovencitas, en una escena tensa y dramática. Aunque
este episodio contiene un potencial crítico, puesto que devela el reiterado uso
de violentas prácticas coloniales contra los indígenas en estas regiones de fron-
tera, la representación que se ofrece de ellos como seres inferiores y salvajes
7 En La vorágine se describen de la siguiente manera dos mujeres sikuani de edad: “seniles, repugnantes,
batiendo al caminar los flácidos senos, que les pendían como estropajos” (Rivera, 2002: 201).
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no hace sino repetir el discurso que sustenta tales prácticas. En este sentido,
la novela se ajusta a los conceptos de civilización y barbarie presentados por
el mismo Vargas Llosa en Historia secreta de una novela, en donde se expresa
despectivamente respecto de las culturas indígenas8.
El siguiente episodio de la novela narra la rebelión acaudillada por Boni-
facia, una joven aguaruna que ha sido criada en el internado de las monjas en
Santa María de Nieva, quien ayuda a escapar a las nuevas cautivas traídas por el
sargento y las monjas y, junto con ellas, al resto de las pupilas. Bonifacia posee
unos ojos verdes como la selva y, de alguna manera, es una encarnación de la
misma, de su poder y resistencia. El episodio le da voz a esta indígena, y resulta
plausible que la muchacha hable español, ya que le ha sido enseñado, junto
con la religión cristiana y la cultura de los “blancos”, durante sus varios años de
reclusión en el internado al que fue llevada cuando era una niña.
Bonifacia, ante la consternación de las monjas, asume con orgullo su
acto, enfatizando que no ha sido un descuido sino una decisión de su parte,
ya que se conmovió ante las nuevas cautivas que le solicitaron su ayuda. Les
12 2 revela, además, que ella ha continuado hablando “pagano”, es decir, su pro-
pia lengua, ya que no la olvidó al seguirla escuchando en boca de las niñas
que engrosaban las filas del internado. Esta validación de una lengua indí-
gena pone por supuesto en entredicho uno de los pilares fundamentales de
la nación peruana forjada por las élites, cual es la lengua española, así en el
país se hable extensamente el quechua, así como el aimara, y en la Amazonia
exista una enorme diversidad de lenguas.
Las religiosas, apelando a la historia personal de Bonifacia, quien resultó
muy dif ícil de “civilizar”, interpretan el episodio de la fuga de las internas como
una vuelta a la indecencia, el pecado y el salvajismo (Vargas Llosa, 1993a: 40).
Le recuerdan a la muchacha los malos instintos que la animaban cuando ella
llegó a la misión desnuda (1993a: 38) y recalcan que “era como un animalito” y
que ellas le habían dado hogar, familia, nombre y Dios (1993a: 39). Este corto
sermón justifica plenamente la misión civilizadora de las madres al presentar
a las niñas como seres sin ningún lazo social y, por consiguiente, sin cultura,
y peor aún, sin Dios, a la par que tiende un velo sobre la violencia de la que
han sido víctimas al ser separadas por la fuerza de sus familias y comunidades.
Bonifacia, con su rebelión, ha revertido por completo este proyecto civiliza-
dor, y la novela muestra entonces la posibilidad de que los indígenas puedan
8 Así, cuando comenta en Historia secreta de una novela sobre la posibilidad de que las pupilas de las monjas
regresen a sus comunidades: “Ellas difícilmente podrían adaptarse a vivir como antes, semi-desnudas, ado-
rando serpientes o árboles, a ser una de las dos o tres mujeres-esclavas de un cacique” (Vargas Llosa, 1971: 29).
Esta descripción resulta por lo demás rudimentaria y de una enorme pobreza.
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De s e l v a s pr í sti nas
El hablador se publicó en 1987, es decir, veinte años después de La casa verde,
cuando tanto la selva como la sociedad peruana y el mismo Vargas Llosa habían
experimentado notables transformaciones. Hacia finales de los años ochenta, la
selva que Vargas Llosa había conocido en 1958 ya había sido conectada al resto
del país mediante la Carretera Marginal de la Selva, continuaba recibiendo emi-
grantes serranos que disputaban sus territorios a los nativos y había sido sometida
a la modernización del narcotráfico y a los planes económicos de los inversio-
nistas extranjeros. El escritor, por su parte, había dejado de ser un intelectual de
izquierda para convertirse en un ardiente defensor del neoliberalismo.
El hablador está estructurado con base en dos narradores que manejan
dos registros literarios distintos, intercalados a lo largo del texto. Uno es un
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9 “En vez de tener un solo narrador para dos situaciones narrativas paralelas, tenemos dos narradores en distin-
tos niveles diegéticos, uno de los cuales es la creación del primero”. [Mi traducción]
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10 Los almácigos son semilleros donde se crían las plantas que luego han de trasplantarse, y son también árboles
de la isla de Cuba.
11 Beatriz Huertas Castillo documenta la frenética extracción de madera de caoba en lo que hoy es el departa-
mento de Madre de Dios en el Perú, en territorios de pueblos indígenas, así como la prospección de fuentes de
petróleo (2004: 66-78).
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Ambos [Mascarita y los matsigenka] eran una anomalía para el resto de los
peruanos; su lunar provocaba en ellos, en nosotros, un sentimiento parecido
al que en el fondo alentábamos por esos seres que vivían, allá lejos semides-
nudos, comiéndose los piojos y hablando dialectos incomprensibles. (Vargas
Llosa, 1987: 30)
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U n a se lv a “nar c o ti z ad a”
Lituma en los Andes nos presenta una selva “neoliberal”, conquistada y moder-
nizada por la economía del narcotráfico y su violencia. Parte de la acción de la
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D e i d o la tr í a s r e no v a d as
En Lituma en los Andes, la Sierra figura como una variante del discurso
evolucionista que hemos visto en La casa verde y en El hablador. No es
posible, sin embargo, mirar la Sierra como un territorio vacío que debe ser
conquistado, ni hay manera de caracterizar a esta población, descendiente
de los incas, como totalmente primitiva y ubicada en la Edad de Piedra.
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¿Cómo era posible que estos peones, muchos de ellos acriollados, que habían
terminado la escuela primaria por lo menos, que habían conocido las ciudades,
que oían radio, que iban al cine, que se vestían como cristianos, hicieran cosas
de salvajes calatos y caníbales? (Vargas Llosa, 1993b: 205)
Lituma vincula aquí a los serranos con los selváticos salvajes y se lamenta
de su abominable conducta. Es claro que está interpretando la situación como
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Suturar la fisura
En las novelas que he analizado, Vargas Llosa se ha servido de una amplia gama
de discursos, correspondientes a distintos períodos de la historia peruana, para
proponer la nación que él desea e imagina: una nación mestiza y homogénea
que no ofrezca ningún tipo de resistencia al nuevo orden neoliberal y global.
Estas obras son un muy interesante ejemplo de cómo un autor puede hacer
uso de un capital imaginario, acumulado a través del tiempo en contra de los
indígenas; para responder a las nuevas circunstancias mundiales, los discursos
coloniales sirven así para defender los nuevos intereses, justificando la elimina-
ción cultural de los indígenas, con el fin de que se pueda acceder a los recursos
existentes en sus territorios.
La contraparte más notoria de Vargas Llosa sería Arguedas, quien tam-
bién tenía en mente su propia idea de nación: una nación abierta y pluralista
que aceptara el valor de las culturas indígenas y mestizas y las acogiera como
elementos fundamentales en el conjunto del país. Mientras que Arguedas
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incorpora en sus obras los movimientos sociales más importantes que sacudie-
ron al Perú hasta que él vivió, Vargas Llosa los ignora o los acoge muy superfi-
cialmente. Hay una especie de inercia en esa obra suya que no hace sino dispo-
ner de manera distinta, cual un caleidoscopio, las mismas ideas una y otra vez, lo
cual sólo refleja las variantes de una clase dirigente que ha sido incapaz de gestar
una nación que pueda progresar y ofrecer una mejor vida a sus habitantes.
Irónicamente, sin embargo, la modernización tan anhelada por Vargas
Llosa ha traído consigo lo que el sociólogo peruano Aníbal Quijano denomina
la “cholificación” del Perú. La “cholificación” constituye un proceso en el cual
grandes masas de población indígena –vinculada a los nuevos trabajos abiertos
por los procesos de industrialización del Perú, y desplazada a las grandes ciuda-
des y los centros agrícolas, pesqueros y mineros– rechazan la asimilación total
a la cultura criolla occidentalizada y la pérdida de sus culturas indígenas de
origen. En un movimiento sin precedentes en la historia peruana, estos secto-
res de población indígena –los cuales constituyen sectores sociales y culturales
intermedios emergentes– persisten, a través de las generaciones, en mantener
13 4 por libre decisión los elementos de la cultura indígena que forman parte de su
mundo cultural (Quijano, 1980: 70-71).
La “cholificación” constituye un rechazo rotundo a la asimilación e inte-
gración del indio que propugnan las élites y Vargas Llosa como la solución de
los problemas del Perú. Según Quijano, implica el surgimiento de una nueva
vertiente cultural dentro de la sociedad peruana: el cholo no es, por lo tanto,
solamente un nuevo grupo social en emergencia sino también el portador de una
cultura en formación, al cual Quijano ve como uno de los más activos agentes de
cambio dentro de la sociedad peruana actual (Quijano, 1980: 73, 77). En este pro-
ceso cultural, el cholo ha logrado negociar el mundo occidental criollo y el indí-
gena contemporáneo, sin que este último desaparezca sino que, por el contrario,
sea afirmado decididamente, adaptándolo a las nuevas realidades. Ha logrado
suturar entonces la fisura irremediable y se ha salvado de la asimilación abyecta
a la que es condenada Bonifacia en La casa verde, marcando su impronta sobre
el conjunto del Perú, cuya sociedad tuvo que enfrentar la violencia desatada por
Sendero Luminoso y el Ejército peruano, violencia atribuida absurdamente
por Vargas Llosa a una supuesta barbarie atávica de los indígenas peruanos. .
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LA FISURA IRREMEDIABLE | MARÍA DE LAS MERCEDES ORTIZ RODRÍGUEZ
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E N T R E L A E N T E L E QU I A Y E L M I TO :
L A T R A IC IÓN DE L A R E VOLUC IÓN
M E X ICA NA Y DE SU R E F OR M A AGR A R I A
Ernesto Mächler Tobar*
ernesto.machler@u-picardie.fr
Université de Picardie Jules Verne, Amiens, Francia
La risa de los pobres, cuando de tarde en tarde se ríen, parece mueca de dolor.
José Rubén Romero**
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.06
Artículo recibido: 13 de marzo de 2012 | aceptado: 25 de julio de 2012 | modificado: 15 de octubre de 2012
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ABSTRACT Two main demands made during RESUMO A Revolução Mexicana de 1910,
the 1910 Mexican revolution were the return dentre suas principais reivindicações, exigia
of lands stolen from the Indians and farmers, a recuperação das terras expoliadas dos
as well as a comprehensive land reform. indígenas e camponeses e uma reforma
138 Notwithstanding, once the 1917 Constitution agrária consequente. No entanto, uma
was proclaimed, the land reform was carried vez promulgada a Constituição de 1917, a
out very slowly. I analyze this betrayal of reforma foi aplicada lenta e parcamente.
the revolution as depicted in journalistic Esta traição da Revolução já se notava
documents of the time (Reed, Flores Magón), nos documentos jornalísticos da época
testimonies (most notably Pedro Martínez, (Reed, Flores Magón), nos testemunhos
Juan Pérez Jolote), as well as the huge (Pedro Martínez, Juan Pérez Jolote) e
literary production about the revolution, depois na vasta produção literária (Azuela,
especially the novels (Azuela, Campobello, Campobello, Castellanos, Romero, Rulfo).
Castellanos, Romero, Rulfo).
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E N T R E L A E N T E L E QU I A Y E L M I TO : L A
T R A IC IÓN DE L A R E VOLUC IÓN M E X ICA NA
Y DE SU R E F OR M A AGR A R I A
L
E r n e s to M äc h l e r To b a r
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De la pr e si ó n so c i a l e n aument o 2
Desde mediados del siglo XIX México conoce radicales cambios que van a
modificar su devenir histórico: ha perdido poco más de la mitad de su territo-
rio por la invasión estadounidense, ha sufrido la ocupación francesa y la impo-
sición de su emperador Maximiliano de Habsburgo (1832-1867), y conoce la
muy larga permanencia en el poder (1876; 1877-1880; 1884-1911) del general
Porfirio Díaz (1830-1915). A principios del siglo XX, este país se halla a medio
camino entre una atrasada sociedad rural, de carácter prácticamente feudal y
plagado de vestigios coloniales, y los albores de una sociedad urbana, con cla-
ros inicios de modernización e industrialización propugnados por la dictadura
de Díaz. Sin contar la población indígena, el proletariado campesino (mezcla de
peones, ejidatarios y rancheros) es ampliamente mayoritario, y representa un
70% de la población mexicana.
1 Mariano Azuela había publicado en 1911 una novela, Andrés Pérez Maderista, en la cual evoca el período de
oposición de Francisco Madero a la presidencia de Díaz.
2 Para una información más completa sobre el desarrollo de la Revolución Mexicana, ver Jacqueline Cobo-Mau-
rice (1999), Adolfo Gilly (1995), Leslie Manigat (1973), Jean Meyer (2000 y 2010), Jesús Silva Herzog (1977) y
John Womack (2000), entre muchos otros.
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3 Es tan complejo este proceso revolucionario que Leslie Manigat llama “intento de explicación” un apartado de su
presentación (Manigat, 1973: 180). Las exégesis son tan variadas como las ideologías políticas de los historiadores
y ensayistas. Por otro lado, hay que insistir en que gran parte de la información hasta hace pocos años era de pro-
cedencia oficial, bajo control del PRI. La historia la escriben los vencedores, o los recuperadores, en nuestro caso.
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cirugía dental” (Meyer, 2010: 167). El manejo poco hábil por parte del Gobierno
termina incendiando la rebelión: mientras las élites discutían, el pueblo se
masacraba. Los Cristeros se desplazaban al grito de “¡Viva Cristo Rey y viva la
Virgen de Guadalupe!”, liderados principalmente por José Velasco Delgado y
José María Ramírez4. El Gobierno trata de servirse de los agraristas, campesi-
nos beneficiados por el reparto de tierras, para combatir a los Cristeros. Por el
lado de la Iglesia, si bien los sacerdotes en los pueblos azuzaron al campesinado
a combatir, la jerarquía del Vaticano, interesada en una política práctica y poco
agresiva, nunca apoyó a los Cristeros, optando por una resistencia pasiva; en
una de sus pastorales incluso aclara que pretendía “una amistosa separación
entre la Iglesia y el Estado” (Esparza, en línea). Lynch sostiene que esta actitud
implica que Roma “ya estaba convencida de que la fuerza armada no llevaría
a buen puerto y comprometería a la Iglesia en un futuro” (Lynch, 2000: 120).
Es más, tan pronto como los Arreglos entre los representantes de la Iglesia
mexicana y el Estado se firmaron, los obispos ordenan deponer las armas; los
Cristeros desarmados serán fáciles víctimas de masacres, en venganza.
142 Curiosamente, una de las consecuencias inmediatas de esta guerra fue
una crisis agrícola: muchas haciendas quebraron, ya fuera debido a la pér-
dida de cosechas, o a la imposibilidad de su recolección. Las exportaciones
descienden de manera alarmante: el maíz conoce una baja del 25% y el fríjol
del 50% (Meyer, 2010: 182). Estas haciendas van a formar parte de las tie-
rras distribuidas durante los años treinta. Sin embargo, paradójicamente
durante la Revolución la economía mexicana global experimenta un creci-
miento notorio, ayudada por la época dorada de las exportaciones mineras
y petroleras; para 1921 estas últimas conocen un pico de producción de 193
millones de toneladas (Manigat, 1973: 212), y en 1922 representan ya un
26% de la producción mundial (Meyer, 2010: 121).
De c ó m o se tr ai c i o na u na revolución
La Revolución se hizo por y para los desfavorecidos que peleaban por una justa
reforma agraria, y que pagaron por ello un alto precio humano. Las cifras difieren
entre uno y dos millones de muertos para el período que va de 1910 a 1920; parte
de esta pérdida demográfica es igualmente imputable a la hambruna, a partidas
hacia el exilio, muerte por enfermedades (pandemia de gripa española de 1918)
4 Los combatientes son apoyados por la población civil y por grupos como la Acción Católica Mexicana, que
escondía a los sacerdotes perseguidos y ayudaba a organizar las catequesis. Interesante, desde este ángulo, ver
la película The Fugitive (1947) de John Ford, aunque en ella no se aclare expresamente que estamos en México ;
lo que sí es claro en la novela original de Graham Greene. Para coordinar su indispensable ayuda, las mujeres
se unieron formando las Brigadas Femeninas Santa Juana de Arco.
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5 Ponce sostiene que los muertos representan un 6,4% de la población, y que los emigrados alcanzan la cifra de
300.000 (Ponce, 2009: 51). Manigat, por el contrario, presenta cifras más bajas, entre 200.000 y un millón de
muertos (Manigat, 1973: 214).
6 A finales de los años cincuenta solamente un 15% de los ejidatarios tienen acceso a los créditos bancarios.
7 Los estados centrales de Tlaxcala, Puebla, México, Michoacán, Hidalgo y Morelos concentran el 70% de los
ejidos (Bobinska, 1972).
8 Pozas y Pozas insisten en este aspecto de control (1982: 74 y 136-137).
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Van a ser ustedes, los obreros, la fuerza de la revolución. Van a ser sus manos
las que empuñen el fusil reivindicador. Será nuestra sangre la que manchará
la tierra, como rojas flores de fuego. Si deben llorar los ojos, serán los de sus
madres, sus hijas, sus esposas. Usteden van a ser entonces los héroes, van a ser
la columna vertebral de este gigante de mil cabezas que se llama insurrección,
van a ser el músculo de la voluntad nacional transformada en fuerza. (Flores
Magón, 2004: 25)12
9 Mejía Piñeros y Sarmiento Silva ven en ello una manera de “campesinizar” al indígena, de acuerdo con los
intereses del Estado mexicano. Poco después se tratará de “indianizar” los movimientos para evitar alianzas
entre obreros, campesinos e indígenas (1987: 36-39). Pozas y Pozas insisten en que estas instituciones buscan
“destribalizar” al indígena, buscando proletarizarlo (1982: 96-97).
10 Muy seguramente Flores Magón conocía la existencia del movimiento Zemlya i Vulya (Tierra y Libertad), que
hacia 1876 combatía por tierras en San Petersburgo.
11 El periódico Regeneración tenía prohibida su circulación en México, de manera que se imprimía en Estados
Unidos y entraba ilegalmente a territorio mexicano; se vendían unos 25.000 ejemplares.
12 Desafortunadamente nos ha sido imposible conseguir el original español. Esta traducción, y todas aquellas en
que no se especifique lo contrario, son nuestras.
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De esta tremenda injusticia nacen todos los males que afligen a la especie
humana al producir la miseria. La miseria envilece, la miseria prostituye, la
miseria empuja al crimen, la miseria bestializa el rostro, el cuerpo y la inteli-
gencia. Degradadas, y, lo que es peor, sin conciencia de su vergüenza, pasan las
generaciones en medio de la abundancia y de la riqueza sin probar la felicidad
acaparada por unos pocos. (Flores Magón [1910], en línea)
Destaca la imperiosa necesidad de que detrás del brazo armado haya una
conciencia, coloreada de serenidad, porque en caso contrario el combatiente será
apenas un “barco sin brújula en la inmensidad del océano” (Flores Magón, 2004:
68). Lastimosamente, las circunstancias históricas hacen que ese símbolo de vida
que es la libertad se adquiera matando, pues “ella destruirá y creará al mismo
tiempo, demolerá y reconstruirá” (Flores Magón, 2004: 25), y es en medio de esos
escombros que brotará la nueva realidad. El papel de las mujeres es claro y deci- 147
sivo para Flores Magón, y las invita a tomar parte en el combate, puesto que “si
el hombre es esclavo, ustedes también. Las cadenas no hacen distinción de sexo;
la infamia de la cual el hombre es objeto también es suya” y, añade, “hay que ser
solidarias en la gran lucha por la libertad y el bienestar” (Flores Magón, 2004: 29).
Insiste, lo que es fundamental ahora que conocemos la realidad, en que no hay
que dejar que los políticos recuperen la lucha para servir a sus propósitos, y en
que la tierra hay que recuperarla ahora y no después del triunfo de la revolución:
“no por la aprobación de un congreso, sino por la acción directa del proletariado”
(Flores Magón, 2004: 75). Hic et nunc. ¿De qué otra manera podía morir, sino
asesinado en una prisión de Estados Unidos?
Esta época tan poco evidente de analizar se refleja igualmente en la obra
de Porfirio Barba-Jacob (1883-1942), quien fue inicialmente ferviente defensor
del general Díaz. Durante su vivencia mexicana, Barba-Jacob puede caracteri-
zar primero a Zapata como una condensación o encarnación del mal, y pos-
teriormente como un carismático líder cuyo ejemplo se debe seguir. En mayo
de 1913, el colombiano publicó en El Independiente el artículo “¡Delenda est
Zapata!”, que comienza así la descarga: “Las hordas de Emiliano Zapata han
arrojado cien vidas al fondo de una barranca para darse el placer felino de aspi-
rar el vapor de la sangre, y entregarse, airadas y sañudas, a la satisfacción bestial
de las torturas dantescas” (Barba-Jacob, 2009: 47). Procede entonces a presen-
tarlo como “un industrial del crimen. Y cubierto con el Plan de Ayala, nos pro-
duce el mismo efecto que un logrero enredado en la camisa de once varas de la
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Y el gran guerrillero del sur no fue vencido por el enemigo en leal contienda
bélica, fue abatido por la traición, la planta maldita que ha florecido en el seno
de la patria desde la primavera de la independencia. (Barba-Jacob, 2009: 121)
13 Barba-Jacob escribió una hagiografía de Villa, de la cual se dice que se vendieron 20.000 ejemplares, pero de
los que no se conserva ninguno. El colombiano sostenía que “en el general Villa existe la materia prima de un
grande hombre”. Fernando Vallejo habla de dos ediciones de esa biografía, de 20.000 ejemplares cada una
(Vallejo, 2008: 388). Este autor destaca igualmente el carácter variable y contradictorio de Barba-Jacob.
14 Como lo hará poco más tarde Ambrose Gwinnet Bierce (1842-1914).
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Aquí estás con los hombres. Cuando hayamos ganado la revolución, haremos
un gobierno de hombres, y no para los ricos. Las tierras sobre las que marcha-
mos, son tierras de los hombres: antes pertenecían a los ricos, pero ahora nos
pertenecen a mí y a mis camaradas. Mis compañeros. (Reed, 1996: 71)
149
Las tierras comunales han sido expoliadas en beneficio de las hacien-
das, con la complicidad de Díaz. Sostiene Reed que Villa, pensando como un
peón, “no necesita librarse a largos razonamientos para llegar a la conclusión
de que la verdadera causa de la revolución es fundamentalmente el problema
de la tierra” (1996: 167). En “Carranza: una impresión”, el periodista delinea un
retrato de este político como un señor feudal, acotando que “partió a la guerra
de manera totalmente medieval. Armó los peones que trabajaban sus tierras y
tomó la cabeza como lo hubiera hecho un señor feudal” (1996: 300). Pero una
vez triunfante, Carranza mintió a los indios Yaquis que lo habían apoyado y
a quienes les había prometido la tierra; por ello, escribe Reed, “si creo en las
informaciones que pude recoger”, fueron vanas las promisiones, y los indíge-
nas ya “habían vuelto a sus hogares para recomenzar su guerrilla desesperada
contra los Blancos” (1996: 301). Su libro es patente testimonio de la confusión
reinante entonces y del permanente conflicto de intereses sociales y personales
entre los combatientes de todos los bandos. Publicado éste, viaja a cubrir como
corresponsal la Primera Guerra Mundial, y escribe decepcionado: “En Europa
no encontré nada de la espontaneidad ni del idealismo de la Revolución Mexi-
cana. Era una guerra de comercios y las trincheras eran fábricas generadoras de
ruina, ruina tanto del espíritu como del cuerpo, la única y verdadera muerte”
(Reed, 1987: 188). Vendrá después la Revolución de Octubre…
Pese a no ser un texto periodístico sino un récit de vie, el testimonio
del indígena Juan Pérez Jolote, Biograf ía de un Tzotzil (1952), escrito con
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I don’t even believe in the Revolution any more. So far as I am concerned, the
Revolution was a failure because the more peace there is, the more hunger there
is. […] Since the Revolution, we have more freedom but life is more difficult.
Nobody won the Revolution; even Zapata lost. When they talk about the Revo-
lution, they mean Carranza’s Revolution, not Zapata’s. And when ambitious men
mention the Revolution, it is only to rise to power. They are all carrancistas!
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cumplió sus promesas. Lewis, en otra de sus obras, lo sintetiza así: “Sabía
solamente que seguía siendo un pobre campesino sin tierra, y que mucho
dependía del trabajo de sus hijos para lograr sus fines” (Lewis, 1977: 42).
Pedro trata de solucionar los problemas de su pueblo asumiendo cargos
políticos, tal como ha hecho Pérez Jolote, pero constata que cada vez existe
menos gente interesada en la política, considerada como desconectada de
toda realidad.
De c ó m o fi c c i o na li z a r el absurdo
El complejo proceso de la Revolución Mexicana es dif ícil de representar,
incluso para el mundo de la ficción. ¿Cómo plasmar el horror? ¿Cómo expli-
carlo? Quizá por medio de viñetas, de pequeños relámpagos fotográficos, de
fogonazos, casi de disparos, cual lo hace la escritora Nellie Campobello (1909-
1986), quien evoca dicha vivencia de la atrocidad gracias a una serie de cuadros
de alta poesía. De hecho, su novela Cartucho. Relatos de la lucha en el norte de
México (1931) es quizá la evocación literaria más cotidiana de esta época con-
fusa y anárquica, donde a menudo se encuentran miembros de la misma familia 151
en los dos bandos15:
Los hombres que estaban arriba de la iglesia del Rayo ya se habían parapetado
en espera del enemigo. Los enemigos eran los primos, los hermanos y amigos.
Unos gritaban que viviera un general, y otros decían que viviera el contrario,
por eso eran enemigos y se mataban. (Campobello, 2007: 143-144)
15 El estudio de cualquiera de las innumerables guerras civiles que han devastado el mundo (piénsese en especial
en la española, o en la interminable violencia colombiana) es evidente prueba de que el fenómeno, desafortu-
nadamente, no es exclusivo del caso mexicano.
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1916 pero redactada el año anterior en Estados Unidos, donde fue publi-
cada como folletín por el periódico El Paso del Norte de Texas. En la zona
de Jalisco, la bola, la furia destructora, ciega y absurda de los primeros años
de la Revolución, cabalga por sus páginas, dirigida por el indígena Demetrio
Macías y tratada de controlar por el estudiante de medicina Luis Cervantes.
La venganza, el odio de clases, el cansancio por el desprecio, por el some-
timiento en el que se tiene a los indios, o antiguos problemas delictivos,
han empujado a estos paupérrimos a la Revolución. Los campesinos, los
pobres, hambreados y pillados por cada ejército que pasa, comienzan a can-
sarse de la pelea, a cuestionarse el sentido. El personaje Cervantes afirma:
“se acaba la revolución, y se acabó todo. ¡Lástima de tanta vida segada, de
tantas viudas y huérfanos, de tanta sangre vertida! Todo, ¿para qué? Para
que unos cuantos bribones se enriquezcan y todo quede igual o peor que
antes” (Azuela, 2009: 48). Hay que continuar hasta encontrar la razón, para
impedir que los caciques retornen, para recuperar la propiedad del suelo, y
que así “sean ahora los mismos hombres que han regado con su propia san-
152 gre la tierra los que cosechen los frutos que legítimamente les pertenecen”
(Azuela, 2009: 67). El horror cotidiano, la muerte avasalladora y el absurdo
terminan por hastiar a los combatientes, y por hacerles conocer momen-
tos de desaliento o desilusión. Al final, se diría que sólo tiene sentido el
combate en sí, “Porque si uno trae un fusil en las manos y las cartucheras
llenas de tiros, seguramente que es para pelear. ¿Contra quién? ¿En favor de
quiénes? ¡Eso nunca le ha importado a nadie!” (Azuela, 2009: 135). La hiel
que los contamina sabe que es un inexplicable cabalgar hacia la muerte para
desaparecer en la polvareda.
Sirviéndose de sus experiencias entre los indígenas Tarascos, José
Rubén Romero (1890-1952) presenta en Apuntes de un lugareño (1932),
suerte de notas autobiográficas, una interesante relación entre el comba-
tiente y el arma que utiliza: “Los habitantes de poblado usan generalmente
pistolas, como un objeto fácil de esconder; los campesinos, en la soledad de
los ranchos, escopetas venaderas o carabinas” (Romero, 1976: 117), mientras
que las tropas oficiales siempre llevan fusiles Remington. No obstante, es
una amarga constatación la que manifiesta cuando presenta las razones de
la sublevación:
¿Por qué nos hemos levantado en armas? Por la redención de las masas, por
igualdad, porque tenga fin una dictadura oprobiosa. Pero una voz interior me
grita: ¡hipócritas!, no se han alzado por eso. Tú, porque eres un ambicioso;
Escalante, porque es un amargado; Alfonso porque es un triste y todos, por-
que son pobres. (Romero, 1976: 121)
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Por la joroba del monte se deslizaban las caballerías como los carritos verti-
ginosos de una montaña rusa. Y los hombres de aquel ejército no ostentaban
prenda alguna de la esclavitud del soldado; ni uniformes, ni quepises. Chininas
sucias, del color de la tierra, coletos amarillos de badana, anchos sombreros de
zoyate de los que usan las gentes del pueblo. Era una tropa de hombres unidos
por un solo deseo de libertad. (Romero, 1976: 253)
15 3
Y es con este ejército de hombres poco organizados que se gana la
Revolución: “Cada quien hacía la guerra como podía, y no debió hacerse
del todo mal, puesto que la revolución acabó con un ejército de militares
de carrera muy orgullosos de sus entorchados y de sus jerarquías”, escribe
Romero (1976: 255-256). Entre los triunfadores todo el mundo podía nom-
brarse general u obtener con facilidad títulos de la jerarquía militar, y aquí
aflora el humor negro o la ironía: “Tuvimos generales de todas las categorías,
de todas las procedencias, de los más variados matices. Generales con dos-
cientos hombres, con cincuenta, con diez, y alguno –Valladares– que traía
por todo regimiento a su asistente” (1976: 275). Se triunfó, pero los políticas-
tros van a recuperar el triunfo; muchos son antiguos caciques de pueblo que
sinuosamente logran encumbrarse y colocarse de nuevo en el poder. “¡Mi
carne, mi pueblo, que la revolución ha hecho pedazos para que los caci-
ques sigan mandando!” (1976: 329), grita amargamente Julián al sentir que se
pierde la gran ilusión, triunfo pompa de jabón. Romero evoca la vital e igua-
litaria participación de la mujer durante el proceso revolucionario: “¡Mujeres
mexicanas, esposas, madres, hijas, que no exhalan una queja al mirarnos
partir y se consumen en su voluntaria clausura, rogando por el triunfo de una
empresa que les roba lo más querido!”, y se cuestiona: “¿La revolución sabrá
siquiera recordarlas a tiempo?…” (1976: 322-323). Corajudo homenaje, en
país de machos, a aquellas que la gracia y el cariño populares conocen como
soldaderas o Adelitas.
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Este diálogo con su vieja chaqueta nos muestra la vacuidad que se resiente
al final del combate, en la que prima el humor amargo que no deja de recordar
la novela picaresca, la malicia y la socarronería criollas; incluso la malicia indí-
gena. Nada cambia bajo el sol, entonces. Por ello, Pito puede ser considerado
como un ancestro del rebusque, de esa necesidad imperiosa de mantenerse en
vida agarrándose con las uñas a lo que depare la cotidianidad.
Prolífico autor, Gregorio López y Fuentes (1895-1966) deja dos novelas
en las que analiza los problemas asociados a la posesión de los terrenos agra-
15 4 rios: Tierra. La revolución agraria en México (1932) y El indio (1935), Premio
Nacional de Literatura de ese año, donde se diría que hombre y paisaje apare-
cen fusionados, indígena y tierra son inseparables. Es evidente su vasto cono-
cimiento de primera mano no solamente de los indígenas sino de la Revolu-
ción, en la cual tomó parte cabalgando con las huestes carrancistas en 1914.
Su novela Tierra, cuyas diferentes partes cubren los años 1910 a 1920, es una
especie de requiem, de elogio fúnebre de Emiliano Zapata, y al mismo tiempo
presenta el nacimiento de la desilusión: el aspecto agrarista del combate se
desvanece y desaparece con el paso de los años. Se recrean la hacienda y la
ruda vida de sus trabajadores, explotados y expoliados. Podríamos equipararla
a una especie de partitura musical donde el pentagrama son las infatigables
líneas de alambre de púas, que encierran las tierras que el amo sigue acapa-
rando. Los obreros “se dirigen al sitio donde comenzarán los trabajos de alam-
brar los terrenos, nueva propiedad del patrón. Van a prolongar el cercado que
viene siendo como el enorme brazo del amo, deseoso de abarcar toda la tierra”
(López y Fuentes, 1946: 14). La explotación y el sistema de endeude perma-
nente y hereditario llenan sus páginas. El empleado de la tienda de raya hace
cuentas frente al empleado: “un peso que te doy, un peso que me debes; y otro
peso que te apunto, ¿no hacen en total tres pesos?” (López y Fuentes, 1946: 41).
Anota y coloca luego algunas monedas en el mostrador preguntando si hay
conformidad, para escuchar de labios del campesino una respuesta desgranada
como una letanía: “Lo que usted diga. Yo no sé de números ni de letras” (López
y Fuentes, 1946: 40). El analfabetismo del trabajador era el motor del engaño en
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Ese es de los nuestros. Quiero decir que nosotros somos de sus tropas. El jefe
Antonio y nosotros formamos con los del Sur. Toda gente del campo. Todos de
calzón y camisa y con unos sombreros como los nuestros. Zapata es moreno,
alto, vestido de charro, con unos bigotazos negros. Parecido a su hermano
Eufemio, pero éste es un poco más alto. ¡Y qué mal encarado el jefe Eufemio!
(López y Fuentes, 1946: 82)
Vamos a pelear otra vez, Antonio. Se nos quiere desarmar, porque dicen que
ya no necesitamos la carabina, como si se nos hubiera cumplido la promesa de
las tierras […] ¿Y las tierras? ¿Van a seguir en manos de los ricos? ¿Y nosotros
vamos a seguir de esclavos de los terratenientes? Vamos a luchar otra vez y hasta
recuperar las tierras que nos han quitado. (López y Fuentes, 1946: 97-99)16
16 La única tierra que se les otorga mide “dos metros de largo por uno de ancho“, y es donde se coloca a los
zapatistas fusilados. Valga la aclaración del eufemismo, en general no son enterrados, sino colgados después
de los árboles o los postes del camino, para escarmiento de los demás.
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Hasta esta tarea resulta difícil. Durante tantos años que los hacendados han
usufructuado las tierras de los pueblos, éstos han olvidado la tradición sobre
los límites. El sentido común aconseja recurrir a los más viejos del lugar,
para que señalen los sitios donde terminan los terrenos de un pueblo y donde
comienzan los terrenos del pueblo vecino. (López y Fuentes, 1946: 146)
Nada de los abultamientos musculares propios de los atletas. ¡Pero qué resistencia
en la caminata y en el trabajo! Cuando apuntaba el machete para dar un golpe,
el antebrazo resultaba un nudo de fibras. Cobre repujado por el sol y el esfuerzo.
Estatua en movimiento, hecha de cedro nuevo. (López y Fuentes, 1977: 25)
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Le dijeron que las tierras recibidas no habían mejorado para nada su situación
económica, tanto por la falta de recursos para cultivarlas debidamente, como
por falta de tiempo en vista de las exigencias de las autoridades: luego había
que gestionar subsidios para hacer frente a los trabajos, refacciones para que el
agricultor indígena no cayera en manos de quienes compran los productos en
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Don Donatito se les metió al rancho de Endhó, sacó a los inditos quesque
p’hacer colonos a los ricos del pueblo… Claro que él se echó al pico los potre-
ros mejorcitos, al son de qu’es amigo de los probes, de esos probes que andan
15 8 pidiendo limosna ahoy en el mercado. (Rojas González, 1977: 70-71)
Otro de los cuentos, “La plaza de Xoxocotla”, gira alrededor de los ofre-
cimientos hechos al delegado municipal por un candidato a la Presidencia,
obligado a detenerse en el pueblo por la avería de su automóvil; los ciudada-
nos asumen que las propuestas son una manera de tratarlos como si fueran
idiotas, y por ello piden varias obras. Pero una vez elegido, el presidente efec-
tivamente cumple sus promesas de traer agua, escuela, maestra, y de rehacer
la plaza central; el pueblo vuelve a tener confianza en un hombre, “como
cuando créiban en Emiliano el de Anenecuilco” (Rojas González, 1977: 117).
De nuevo, tenemos aquí una de las raras manifestaciones de humor en medio
de las aguas revueltas mexicanas.
La traición no solamente de la Revolución, sino de la mujer que ha comba-
tido por ella y por la condición femenina en México, constituye el argumento de la
novela La negra Angustias (1944). La joven mulata protagonista, hija de un com-
batiente de la primera hora (especie de Robin Hood), vive una serie de aventuras
que la llevan a asesinar a un hombre que la quiere violar, por lo cual debe huir.
Tan pronto estalla la Revolución, decide comprometerse activamente con la bola
y termina por obtener el título de coronela. El combate es mostrado aquí como
un maëlstrom, una confusa explosión de odio popular por el abuso durante años
y que justifica por ello los excesos. El inicio de la revuelta es presentado por la voz
de un arriero, como si fuera un rumor que lleva el viento, rebotando en las rocas:
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Ya no hay garantías “allá abajo”; los hombres se han alzado, los pueblos están
solos y los caminos llenos de gente bronca y alebrestada. Gente sumisa y buena
ayer, que ahora incendia, mata y roba fría y tranquilamente, como si no hubiera
hecho otra cosa en su vida. (Rojas González, 2000: 73)
17 Rojas González dedica un capítulo entero de su novela a la tarea alfabetizadora en México durante la época
(2000: 150-161).
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A ese hombre lo siguen los probes como a un dios porque a su sombra despierta
el descontento de los de abajo y nace el miedo de los encumbrados. A un grito de
él, la rebelión ha nacido en el sur de México y hoy día no hay quien la detenga:
es ya un torrente que todo lo arrastra y lo destruye… (Rojas González, 2000: 74)
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Los Pérez o México nos dieron un trozo del desierto, nosotros en cambio, hemos
devuelto un campo de cultivo; los Coyote-Iguana sacamos agua de donde no la
había, de entre el arenal ha brotado un pueblo y hemos dado a los Pérez herma-
nos saludables y buenos, que jamás han ido a disputar fortunas ajenas… Antes
bien han abierto sus brazos y partido lo suyo con los que han venido de tierras
que se extienden más allá de los cerros […] ¡Los yoremes no hemos ido hacia
México, él ha venido hasta nosotros! (Rojas González, 1984: 273) 161
Los Pérez son aquí un genérico para hablar de los blancos o yoris, y el dis-
curso de Lola parece una respuesta a la propuesta de “mexicanizar” al indígena.
A pesar del evidente interés de Rojas González por los indígenas, tanto en sus
novelas como en los cuentos utiliza con frecuencia expresiones peyorativas para
calificar sus personajes o sus acciones; acota que son de gesto imbécil, actitud sal-
vaje, carácter bestial, caricia tosca. Denomina supersticiones sus creencias o evoca
la abundancia de embriagueces embrutecedoras. De manera similar, el físico es
presentado como cercano al del animal: “Garras a ratos, pezuñas por momentos”
(Rojas González, 1977: 7). Las mujeres cazan con “bellaquería de raposa” o gritando
con el “rostro desfigurado de rabia frenética” (Rojas González, 1984: 54 y 57).
La escritora Rosario Castellanos (1925-1974) deja dos novelas sobre los indí-
genas Chamulas del estado de Chiapas; se servirá para ello de los conocimientos
adquiridos desde la más tierna infancia, que pasó en estrecha relación con ellos.
Su bella obra Balún-Canán (1957) gira alrededor de Comitlán (Chiapas) durante
el período de Cárdenas en el poder. Los hacendados chiapanecos, que han expo-
liado las tierras indígenas para crear sus haciendas, siguen exigiendo su derecho
de señores y amos de los indios, ejerciendo el derecho de pernada con las jóvenes,
azotando a los trabajadores, mandando con desprecio. Al cambiar la ley, se niegan
a pagar salarios a los indígenas, tratan de impedir la creación de las escuelas obliga-
18 Los Seris, como los Pimas y los Yaquis, son grupos indígenas que habitan la región de Sonora.
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torias en lengua tzeltal19 y de sabotear las visitas del inspector agrario enviado para
constatar si las nuevas leyes se cumplen en el estado. El cambio se acerca inexora-
blemente: “Dicen que va a venir el agrarismo, que están quitando las fincas a sus
dueños y que los indios se alzaron contra sus patrones” (Castellanos, 2002: 35). Esta
amenaza genera menos pasividad en los indígenas, que exigen frontalmente que las
leyes justas se cumplan, ante lo cual se queja la esposa del hacendado:
¿Justo? ¿Cuando pisotea nuestros derechos, cuando nos arrebata nuestras pro-
piedades? Y para dárselas ¿a quiénes?, a los indios. Es que no los conoce, es que
nunca se ha acercado a ellos ni ha sentido cómo apestan a suciedad y a trago.
Es que nunca les ha hecho un favor para que le devolvieran ingratitud. No les
ha encargado una tarea para que mida su haraganería. ¡Y son tan hipócritas,
tan solapados y tan falsos! (Castellanos, 2002: 46)
19 Esta lengua está emparentada con la familia Maya. Este grupo se sitúa hoy en la selva Lacandona, y su población
asciende a 260.000 personas.
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parte de los terratenientes como Pedro Páramo, que incluso afirma desafiante:
“la Ley de ahora en adelante la vamos a hacer nosotros” (1996: 217). La res-
puesta del comisionado del Gobierno ante las protestas notariadas del enviado
de Pedro Páramo es certera e indica el futuro: “Con ese papel nos vamos a lim-
piar usted y yo, don Fulgor, porque no va a servir para otra cosa. Y eso usted lo
sabe” (1996: 210). No deja de ser interesante ver aquí esta incorruptibilidad del
comisionado, que en general aparece en las novelas como un burócrata alta-
mente venal. Puesto que el comisionado no entiende las amenazas veladas o
abiertas, se le ahorca, cerrando después el cuarto para que ni siquiera exista
una sepultura. Ante esta actitud de los poderosos, frente a la frustración de la
Revolución expoliada, no queda sino la protesta, aunque ella no sirva para nada
y haya que recomenzar todo de nuevo.
Ci e r r e te m po r a l
La Revolución ha sido recuperada para establecer un autoritarismo
unipartidista: el PRM o Partido de la Revolución Mexicana, que nace en 1946
16 4 y que con los años se convertirá en PRI o Partido Revolucionario Institucio-
nal; gobernará imperturbable y sordo los destinos del país hasta el año 2000.
Curiosa paradoja: la revolución institucionalizada es imposible y contradic-
toria, es escamotear el triunfo de otros para sentarse en él y mantener un
statu quo de la situación económica y social. Este escamoteo es ampliamente
ilustrado por las novelas de la Revolución, y quizá ello se explique por la par-
ticipación de muchos de sus autores en la rebelión, o por los recuerdos como
testigos oculares durante la infancia y juventud. La sensación de amargura y
de decepción es patente, y ni siquiera la aparición del humor logra borrarla
o suavizarla. La constatación de una expoliación de tierras, de los abusos,
de la violación de mujeres e hijas de los indígenas y campesinos, el robo
en la tienda de raya, la opresión y el desprecio son elementos constantes y
recurrentes en todas las obras. En medio del caos que conlleva la rebelión,
es evidente en los textos la notoria participación del indígena, la colabora-
ción de las mujeres –tanto en la Revolución como en la Guerra Cristera–, de
las Adelitas siempre al lado de sus hombres, con las armas y la ternura. No
obstante, la chingada seguirá siendo una víctima, a medio camino entre la
Malinche y la Virgen de Guadalupe, a medio camino entre lo que los hom-
bres desean y lo que pueden soportar. Muchas son las evocaciones adicio-
nales de la traición de la que se resienten y heredaron los combatientes, y de
la importancia ineluctable de un líder que se haga respetar y querer de sus
huestes. Y la esperanza, la ilusión del retorno de Emiliano el de Anenecuilco,
del centauro Villa, o de cualquier otra posibilidad unificadora y vengadora.
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El caballo blanco de Zapata cabalga todavía por las sierras resecas, el mile-
narismo sigue sin concretizarse... El 8 de agosto, aniversario del nacimiento
de Zapata, en su villa natal los habitantes se reúnen a evocarlo, después de lo
cual “la melancolía y el silencio se apoderan de nuevo del pueblo” (Womack,
1976: 493). Es “un pueblo fiel a su fe”, como se denomina el cierre de esta
biograf ía del carismático lider.
Si no hay una política coherente a lo largo de la primera mitad del siglo XX,
tampoco hay una visión totalizadora de la Revolución; sintetizarla es imposible,
desenredar su ovillo, tarea perdida, pretensión fatua. En palabras de John Womack:
Lo que sucedió realmente fue una lucha por el poder, en la cual las diferentes
facciones revolucionarias no contendían únicamente contra el Antiguo Régi-
men y los intereses extranjeros, sino también, a menudo más aún, las unas
contra las otras, por cuestiones tan profundas como la clase social y tan super-
ficiales como la envidia. (Womack, 2000: 80)
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DE L A I L E GI BI L I DA D DE L O AJ E NO.
L E C T U R A M ÁGICA Y E S C R I T U R A
M I M ÉT ICA E N A L F R E D D ÖBL I N*
Sven Werkmeister**
sw@daad.co
DAAD (Servicio Alemán de Intercambio Académico), Bogotá, Colombia
Universidad Nacional de Colombia, Bogotá, Colombia
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.07
Artículo recibido: 11 de marzo de 2012 | aceptado: 20 de junio de 2012 | modificado: 10 de octubre de 2012
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DE L A I L E GI BI L I DA D DE L O AJ E NO.
L E C T U R A M ÁGICA Y E S C R I T U R A
M I M ÉT ICA E N A L F R E D D ÖBL I N
L
Sven Werkmeister
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3 Con respecto al concepto de etnografía en “el mejor sentido”, ver: Fabian (1993: 340 ss.).
4 Cita original: “Bald fing ich an zu schreiben, tatsächlich mit der einen Idee: diesem Flußmeer zu geben, was des
Flußmeeres war, auch seine Menschen zu zeichnen und die Weißen nicht aufkommen zu lassen”.
5 Formulación utilizada por Huber Fichte (1980) con relación a Döblin.
6 Mi argumentación se ubica –como será evidente– tras el fondo del debate de la década de 1980 alrededor de
la así llamada crisis de la representación en la etnografía, sin necesidad de explicarla nuevamente.
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DE LA ILEGIBILIDAD DE LO A JENO | SVEN WERKMEISTER
R e s onanc i a d e se m e ja nzas
En 1935, durante su investigación en la Biblioteca Nacional de París, Alfred
Döblin encontró por casualidad “atlas” y “etnograf ías ilustradas” (Döblin,
1980b: 446) del territorio del Amazonas, y aquellos estimulantes para la ima-
ginación, cuya importancia en la experiencia con lo ajeno ya había resaltado
Alexander von Humboldt en su obra Kosmos (Humboldt, 2004: 190). La fas-
cinación por los mapas e imágenes llevaron a Döblin a profundizar en exten-
sos estudios de la etnología contemporánea de Suramérica. Sus fuentes más
importantes las constituyeron, entre otros, los informes de los investigadores
alemanes del Amazonas Theodor Koch-Grünberg y Fritz Krause; del francés
Alfred Métraux; la Historia indígena (Indianische historia, 1557) de Nicolás de
Federmann, y la Historia de Paraguay (Histoire du Paraguay, 1757) de Paters
Charlevoix7. El encuentro de Alfred Döblin con lo ajeno no fue a orillas desco-
nocidas de países lejanos sino en el archivo de la Biblioteca Colonial (Döblin,
1989a: 310)8. Pero ¿cómo es que estos textos de historia colonial europea y de
etnología, documentos de lo ajeno desde la perspectiva europea, se pueden
convertir en la base de una contra-historia de la Conquista? Algunas eviden- 17 3
cias se encuentran en la forma específica de lectura de Döblin, descrita por él
mismo en su novela sobre China, Los tres saltos de Wang-Lun (Die drei Sprünge
des Wang-Lun, 1915). Así describe Döblin la revisión bibliográfica para éste, su
primer gran texto sobre lo ajeno:
Cuando escribí una novela “china” visité un par de veces el Museo Etnológico
de Berlín y leí un buen número de crónicas de viajes y relatos sobre costum-
bres: pero cuán incorrectas son las expresiones que empleo aquí: “leer”: […]
Me ocupé tan poco de aprender y observar a la China verdadera, que, una
vez escrito el libro, se habrían buscado en vano los datos más importantes
de China en mi memoria, es decir, los datos de la realidad en mi novela. No
elaboré estos datos –históricos, etnológicos, geográficos– como hechos verda-
deros, ni siquiera los vi así, sino en el marco de un profundo proceso psicoló-
gico, como un vehículo adicional, un medio de transporte, un estimulante […]
(Döblin, 1986: 29)9
7 Sobre las fuentes de la trilogía Amazonas, ver también Sperber (1975) y Pohle (1991: 861-1034).
8 Döblin comparó en el ensayo La novela histórica y nosotros (Das historische Roman und Wir, 1936), paralelo
al texto de Amazonas, el trabajo bibliográfico del autor con el Viaje de descubrimiento de Colón.
9 Cita original: “Als ich einen ‘chinesischen’ Roman schrieb, ging ich einige Male in das Berliner Völkerkundem-
seum, las eine Anzahl chinesischer Reisebeschreibungen und Sittenschilderungen: aber wie verkehrt sind schon
die Ausdrücke, die ich hier gebrauche: ‘lesen’: […] So wenig habe ich mich aufnehmend, beobachtend mit dem
wirklichen China befaßt, daß man nach Niederschrift des Buches vergeblich in meinem ‘Gedächtnis’ nach den
wichtigsten Daten Chinas, ja nach Realien meines Romans gesucht hätte: diese Realien – historischen, ethnolo-
gischen, geographischen – waren von mir ja gar nicht als Tatsachen angenommen, überhaupt gesehen worden,
sondern im Rahmen eines ganzen flutenden phychischen Prozesses, als seine weiteren Vehikel, Beförderungs-
mittel, Anregungsmittel […]”.
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10 Cita original: “Ich las die Bücher […] so – wie die Flamme die Holz ‘liest’”. La cita hace referencia a la revisión
bibliográfica para la obra Wallenstein.
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retoma de nuevo dicha crítica en “La novela histórica y nosotros” (“Der his-
torische Roman und wir”, 1989a [1936]). El escritor de la novela debía libe-
rarse del ideal ilusorio de objetividad del historiador y establecer una relación
fundamentalmente diferente con el material histórico (y etnográfico): “Con el
concepto de resonancia puede entenderse ya en gran medida […] cuándo cier-
tos aspectos históricos que le son familiares […] cobran una cierta densidad,
entonces se activa el resonador que lleva dentro de sí el científico y se convierte
en escritor o poeta, pues ahora puede volcar esa resonancia en lenguaje e imá-
genes” (Döblin, 1989a [1936]: 308 ss.)13.
El término resonancia –usado por Döblin aquí para describir la rela-
ción con las fuentes de su escritura– es uno de los conceptos del pensamiento
doblinés que ha tenido desde siempre un papel central tanto en sus escritos de
la filosofía y de la filosofía de la naturaleza Nuestra existencia y El yo sobre la
naturaleza (Das Ich über die Natur, 1928, como en su programa poetológico. La
resonancia aparece como un principio fundamental y universal que organiza la
cohesión de las cosas, de los seres vivos y de las personas, lo que implicaría tam-
176 bién una facultad específica del reconocimiento. Así lo formula Döblin en Nuestra
existencia: “Cuando observamos y describimos, nos encontramos en un estado
de suspendida e incompleta resonancia con nuestro objeto” (Döblin, 1989a: 308
ss.)14. Observar y describir –explicar o interpretar– son formas que posibilitan la
resonancia, la vibración y el acercamiento mimético: “La resonancia tiene efecto
en un campo todavía más amplio. El reconocimiento consiste objetivamente
en la forma en que resuenan las semejanzas o igualdades entre lo reconocido y
quien reconoce, y así el reconocimiento hace parte de la manifestación de la reso-
nancia” (Döblin, 1988 [1933]: 171)15. Establecer semejanzas entre lo reconocido
y quien reconoce: el concepto de resonancia de Döblin hace clara referencia a la
idea principal del concepto de mímesis formulado por Benjamin. El “momento
13 Cita original: “[…] wenn bestimmte, ihm gut liegende historische Dinge […] dicht genug an ihn herankommen,
so schwingt in ihm der Resonator, und er, der Wissenschaftler ist ein Schriftsteller oder Dichter, wenn er nun die
Resonanz in Sprache und Bilder umsetzen kann”.
14 Cita original: “Wenn wir betrachten und beschreiben, sind wir im Zustand eines verhaltenen unvollständigen
Mitschwingens mit unserem Objekt”. El acoplamiento específico de las técnicas de descripción y de resonancia
mimética presentado aquí por Döblin puede relacionarse con las reflexiones de Klaus R. Scherpe sobre la
poética de la descripción en textos etnográficos (Scherpe, 2002: 271).
15 Cita original: “Die Resonanz hat einen weiten Wirkungsbereich. Das Erkennen beruht objektiv auf dem Anklin-
gen von Ähnlichkeiten und Gleichheiten zwischen dem Erkannten und dem Erkennenden, und so gehört das
Erkennen unter die Erscheinungen der Resonanz”. Que Döblin use las palabras “semejanzas” e “igualdades”
casi como sinónimos se puede aclarar por el hecho de que Döblin no desarrolla la categoría de la semejanza
tan explícitamente, por ejemplo, como Benjamin, quien la entiende como un concepto contrario al pensa-
miento de identidad e igualdad. Esta imprecisión terminológica no cuestiona sin embargo el resultado del
pensamiento específico de semejanzas de Döblin, como será evidente posteriormente. Sobre la diferencia
categórica de semejanza e igualdad, ver Funk, Mattenklott y Pauen (2001: 10).
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M a gi a si m paté ti c a
Pero entonces ¿qué es lo que puede entenderse por una manifestación o resonan-
cia de semejanzas? Primero, en el nivel diegético se encuentran algunos indicios al
respecto en el texto del Amazonas. En el primer párrafo de toda la trilogía, citado
años después por Döblin como prueba estilística de su obra (Döblin, 1989b: 352), el 17 7
concepto de mímesis tiene un papel importante en diferentes niveles.
La anciana despertó cuando el udu cantó en el bosque: tru, tru, udu, udu. Fue
de cabaña en cabaña. Las mujeres salieron, treinta mujeres y muchachas ado-
lescentes. La anciana se quedó junto a la maloca. Desde la colina descendieron
a la selva en fila, una tras otra, espaciadamente. En el bosque irrumpía una
luz crepuscular, se levantaba la niebla de la mañana. Aún cantaba el udu en
el frutal: tru, tru, udu, udu. El sendero era sinuoso. Por una peña llamada La
Yerba descendieron hacia el riachuelo. No habían comido ni bebido, iban sin
pinturas y sin adornos. Sólo llevaban el cordón a la cintura y el taparrabos.
Abajo había humedad y calaba el rocío. Pero no extendieron las esteras para no
incomodar a los hombres, allá en la senda de la guerra. No sentían frío para
que no tiritasen los hombres. Las separaba la maleza que crecía a orillas del
agua murmurante, callaban. Habían caminado despacio para no fatigar a los
hombres. Se acostaron junto a la oscura corriente, en el cañaveral. (Ae I, 15) 17
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La trilogía del Amazonas en alemán se cita aquí con la sigla A; la traducción al español con la sigla Ae. Los
números romanos hacen referencia a los tres volúmenes: I. El país sin muerte, II. El tigre azul, III. La selva
nueva. Enseguida del número del volumen, se indica la página. Obra de referencia en alemán, Döblin
(1991). En español, Döblin (1995).
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18 El mito del país sin muerte fue encontrado por Döblin en Métraux (1928). Allí se encuentra también la parte
esencial de este mito, la saga del Can mayor y la luna (Sperber, 1975: 76).
19 Benjamin –contrario a Döblin– no encontró inspiración de primera línea en fuentes etnológicas sino históricas
para su intervención sobre la astrología y pensamiento de semejanzas. Michael Opitz se remite en este contexto
a las lecturas de Benjamin de un estudio de Aby Warburg, que da cuenta del intento de una nueva datación
basada en la astrología del cumpleaños de Lutero en el siglo XVI. Ver: Opitz (2000: 26 ss.)
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Extrañas barbas penden de los árboles, grises y largas. Antes estas selvas se les
18 0
antojaban hechizadas, ahora intentan atrapar cantos de aves para saber cómo
va a ser el día, examinan las ramas y el suelo, y piensan y desean como indios.
La yerba trepadora hace singularmente floridas regiones enteras, desciende
formando guirnaldas entre la copa y la raíz, balanceándose hacia abajo: ¿qué
verán los oscuros en ellas?20 (Ae I, 194)
Los hombres [los soldados de Federmann, S.W.] siguen cantando las canciones
de los llanos, cuya letra ni ellos mismos entienden, les hacen burla por ellas,
pero es imposible quitarles esa manera de mirar y preguntar. Creen tener que
protegerse de los peligros mediante colores y signos, se pintan el pecho, los
brazos, las caderas, no se atreven a pintarse el rostro21. (Ae I, 196)
20 Cita original: “Seltsame Bärte hängen von den Bäumen herab, grau und lang. Früher kamen ihnen diese Wälder
verwunschen vor, jetzt suchen sie Vogelrufe zu erhaschen, um zu wissen, wie der Tag wird, prüfen Äste und
den Boden und denken und wünschen indianisch. Das Klettergras macht ganze Gesenden sonderbar festlich,
schlingt sich in Girlanden zwischen Krone und Stamm und schaukelt herunter – was mögen die Dunklen in
ihnen sehen?” (A I, 173).
21 Cita original: “Die Leute [die Soldaten Federmanns, S. W.] singen noch Lieder aus den Llanos, deren Worte sie
nicht verstehen, man macht sie ihnen lächerlich, aber es ist unmöglich, ihnen die Art des Blickens und Fragens
zu entzie- hen. Sie glauben sich durch Farben vor Gefahren schützen zu müssen, be- malen sich Brust und Arme
und Hüften” (A I, 175).
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E s c r i tur a m i m é ti c a
Resulta evidente la relación que existe entre la mímesis como capaci-
dad en el trato con lo ajeno, descrito en el nivel diegético de la novela, y el
modo de lectura de Döblin enfocado en la resonancia, si se tienen en cuenta
el modo específico de escritura, la estructura y el lenguaje del texto de Döblin.
Con respecto al concepto de mímesis, no sólo es importante el hecho de que
Döblin retoma a Frazer23; lo realmente interesante es la manera como Döblin
22 Véase, con el mismo título, el texto de Klaus R. Scherpe (1996) sobre el término de mímesis en el contexto de
teorías contemporáneas del contacto cultural.
23 El texto original de doce volúmenes de La rama dorada fue publicado en 1922 como edición abreviada, para
llegar a un círculo más grande de lectores, y en 1928 se publicó la traducción al alemán. Sólo hasta 1944 aparece
la primera edición en español. [N. de T.]
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24 Cita original: “Höherentwicklung des Denkens [...] von der Magie über die Religion zur Wissenschaft”.
25 Cita original: “Die historische Erklärung, die Erklärung als eine Hypothese der Entwicklung ist nur eine Art der
Zusammenfassung der Daten – ihrer Synopsis. Es ist ebensowohl möglich, die Daten in ihrer Beziehung zu
einander zu sehen und in ein allgemeines Bild zusammenzufassen, ohne es in Form einer Hypothese über die
zeitliche Entwicklung zu tun”.
26 Ya en Unser Dasein Döblin había formulado su crítica hacia la creencia de un desarrollo mayor del pensa-
miento, en el sentido de una evolución avanzada: “Es ist nur der Naivste, der an einen gradlinigen ‘Fortschritt’
in der Weltgeschichte glaubt” (Döblin, 1988 [1933]: 224). (“Sólo el más ingenuo cree en un 'desarrollo‘ lineal de
la historia del mundo.”)
27 El uso incorrecto del como se refiere específicamente a la versión en alemán. En la traducción al español de la
trilogía del Amazonas no es evidente el uso incorrecto. [N. de T.]
28 El uso del wie en alemán acá es un uso “vulgar” de sustitución de la proposición adverbial que corresponde
(de tiempo, de lugar, de forma) por el wie, que es la preposición que corresponde a como cuando se hace una
comparación, o más exactamente, un símil. Sobre esa base, el uso deliberado que hace Döblin del wie (grama-
ticalmente no aceptable en el lenguaje culto o literario) hace énfasis en la facultad de la palabra de establecer
semejanzas entre acciones simultáneas, es decir, de insinuar la relación mágica.
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29 Aquí se hace traducción literal de la versión alemana para aclarar exactamente a lo que se refiere el autor. [N.
de T.]
30 Cita original: “Die Apapocuva, Tanygua, Oguauiva stiegen vom Gebirge Mbaracayu, vom Gebirge Hieronymo,
vom Gebirge Araras […] Ihr Medizinhäuptling hieß Nanderikini” (A III, 179 ss.).
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31 Cita original: “‘Ga – ga – ga.’ Er schrie dreimal ‘fedas’, dreimal ‘annes’, dreimal ‘condei’. Die Leute heulten: ‘Houk,
houk’” (A III, 179 ss.). El III tomo de la trilogía no se encuentra disponible en español, por lo que las citas de este
tomo han sido traducidas. [N. de T.]
32 Cita original: “Wollte der Übersetzer hier die üblichen Kriterien der Grammatik, Logik und Folgerichtigkeit
anwenden, so würde die trobriansiche Magie ihn hoffnungslos in die Irre führen. […] Auf welche Weise können
wir also ein derartiges Wortgewirr, das dem gewöhnliches Sinn nach ‘bedeutungslos’ ist, übersetzen? […] selbst
die normalen Worte werden durch die Verbindung mit anderen, ungebräuchlichen […] und mit Ortsnamen, die
ohne mythologischen und topographischen Kommentar nicht verständlich sind, in eine komplexe, prosodische
Struktur eingebunden, die einen spezifischen magischen Charackter hat”.
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(Ae I, 15), escribe Döblin en el primer párrafo de la trilogía del Amazonas. Aquí
hay que preguntarse “¿qué significa llamarse?”33. Llamarse se refiere justamente a
la relación entre significante y significado, y sugiere así una concordancia fija entre
la representación y lo representado. “Una peña llamada La Yerba” evidencia –por
el contrario– otra dimensión del lenguaje, una dimensión tautológica (los signos
designan signos) que a su vez cuestiona las referencias y las representaciones, las
preguntas de identidad y diferencia34. Lo que aparece aquí en un micronivel des-
cribe la estructura de toda la trilogía: el texto hace tangible una función mimética,
no significativa del lenguaje. El Amazonas como flujo de signos representa precisa-
mente ese “proceso profundo” del que habla Döblin en relación con su propia lec-
tura y escritura. El Amazonas aparece como una corriente de significantes, como
una cascada de signos de lo ajeno:
El Amazonas, ese mundo extraño, no está presente a través del orden de 185
la representación; nace en la descripción excesiva y gracias al procesamiento
del material lingüístico de signos. El material de signos se vuelve así el lugar de
resonancia de la experiencia con lo ajeno. Los significantes, el “vehículo, esti-
mulante” (como dice Döblin) –el lenguaje como medio–, permiten ante todo
la resonancia de ese otro semiótico inalcanzable. En el modo de escritura de la
trilogía Amazonas se conectan los niveles de mímesis mágica y mediática des-
critos por Benjamin. El “mundo preobjetivo de conexiones y transformaciones
mágicas, de participación ‘extática’ al otro” (Voss, 2000: 48, 45 ss.)35, se encuen-
tra en el texto de Döblin justamente bajo la condición de “que la referencia
de lo ‘simbólico’ […] es destruida: esa –moderna y ahora determinante– capa
del lenguaje en la cual ‘sujetos’ y ‘estados’ se ubican, se identifican y ‘signifi-
can’” (Voss, 2000: 48, 45 ss.)36. La “paradójica relación de referencia de la poesía
33 Christiaan L. Hart Nibbrig (1994: 14) realza con esta formulación el interrogante que da el título a la antología.
34 La formulación hace alusión también a esa forma histórica del pensamiento de semejanza en la memoria, men-
cionado ya por Foucault en El orden de las cosas, en contraposición al pensamiento de la representación. Allí
menciona él la figura del pensamiento del aemulatio, la semejanza lejana, con una cita del alquimista Oswald
Crollius del siglo XVI: “Las estrellas son la matriz de todas las hierbas de la tierra y cada estrella del cielo es sólo
la prefiguración espiritual de una hierba, tal como la representa, de tal manera que cada hierba o planta es una
estrella terrestre que mira al cielo, del mismo modo que cada estrella es una planta celeste en forma espiritual”.
Citado en Michel Foucault (1968: 29). Ver también Menninghaus (1995: 72 ss.).
35 Cita original: “Die ‘vor-objektive Welt magischer Verbundungen und Verwandlungen ‘ekstatischer’ Teilnahme
an Anderem”.
36 Cita original: “daß die Referenz des ‘Symbolischen’ […] zerstört wird: jene – neuzeitlich beherrschend gewordene
– Schicht der Sprache, in welcher ‘Subjekte’ und ‘Gegenstände’ gesetzt, identifiziert und ‘bedeutet’ werden”.
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moderna” (Voss, 2000: 46)37, constatada aquí por Dietmar Voss en la escritura
de Döblin, remite justamente a un nivel mimético del lenguaje: “A través del
lenguaje poético somos conducidos a un mundo mágico, eróticamente impreg-
nado de correspondencias, semejanzas y metamorfosis” (Voss, 2000: 241)38.
Ahí entonces pierde también el autor su posición privilegiada como sujeto de la
escritura. Ya en La construcción de la obra épica (Der Bau des epischen Werks,
1928) Döblin se había referido al acto de la escritura como un acto de “hechi-
cería”: la “obra […] hechiza al yo […] el yo, el colaborador, pierde el papel de
guía con respecto a la obra, se pone máscaras, sufre su obra, baila alrededor
de ella” (Döblin, 1989b: 233)39. Escribir como ritual de hechicería del poeta: en
la poética de la mímesis de Döblin, la escritura se vuelve un proceso intran-
sitivo. Cuando la trilogía del Amazonas termina en el País sin Muerte con un
“baile sobre el mar”40, no se trata precisamente de la reaparición de una imagen
romántica en el mundo arcaico de los “primitivos”. La capacidad de una rela-
ción mágico-mimética con el mundo –denunciada por etnólogos como Frazer
como práctica atrasada y primitiva– se activa nuevamente en la trilogía del
18 6 Amazonas bajo las condiciones mediáticas de la modernidad, justo en el sen-
tido de Benjamin: transmitidas al “archivo del lenguaje”.
El principio fundamental de la poética de Döblin consiste en oponerse al
pensamiento de representación y al énfasis de la función constitutiva que tiene
el medio en procesos artísticos. Ya en 1910, y con el título Conversaciones con
Calipso (Gespräche mit Kalypso), Döblin publicó reflexiones artísticas y filosó-
ficas sobre “el salto mortal de la poesía”: “ni siquiera en máscaras puede filtrarse
la realidad pues la palabra, la sucesión de sílabas, no tiene nada en común con
lo que designa […] Así, el artista se ve obligado […] a renunciar a la realidad,
que le resulta muy poco densa, para captar en signos vacíos la exaltación de los
placeres” (Döblin,1980a: 86)41. Cuando desaparece cualquier tipo de relación de
referencia, quedan entonces sólo “signos, metáforas, es decir, un medio especí-
fico” (Schäffner, 1995: 98)42. Lo ajeno, la magia, la “exaltación de los placeres”
encuentran su lugar en el medio. Podría formularse, según el etnólogo Michael
Taussig, que el “hechizo de los significantes” le da expresión a un “entendimiento
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Ilegibilidad de lo ajeno
La poética de Döblin y el rechazo a la definición de lo ajeno a partir de repre-
sentaciones o interpretaciones implican también un reto específico para el lec-
tor de la trilogía del Amazonas. Ya otros críticos de la novela han expresado
su irritación con la lectura del texto: “Lingüísticamente el libro es altamente
cuestionable. Esa forma trivial, coloquial, enredada de comunicación […] se
vuelve en algunos apartados completamente insoportable” (Eckestein, citado
en Schuster y Bode, 1973: 359)44. Efectivamente los ejemplos ya citados de la
43 Cita original: “blitzartige Erscheinung des Magischen bzw. Mimetischen, [welche] an die Stelle des Nicht-
Mitteilbaren getreten ist”. Con estas palabras resume Sigrid Weigel el pensamiento de Bejamin sobre la
semejanza no sensorial.
44 Cita original: “Sprachlich ist das Buch höchst anfechtbar, denn jene triviale, saloppe, verhedderte, aneckende
Ausdruckweise […] wird hier stellenweise völlig unerträglich”.
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45 En el original, “Stoffmasse”.
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Frost]. México Siglo XXI Editores.
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DE LA ILEGIBILIDAD DE LO A JENO | SVEN WERKMEISTER
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E N T R E F I L OL O GÍ A Y A N T ROP OL O GÍ A :
F E R NA N D O ORT I Z Y E L DÍ A DE L A R A Z A
Anke Birkenmaier*
abirkenm@indiana.edu
Universidad de Indiana, Bloomington, Estados Unidos
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.08
Artículo recibido: 29 de enero de 2012 | aceptado: 13 de julio de 2012 | modificado: 17 de septiembre de 2012
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E N T R E F I L OL O GÍ A Y A N T ROP OL O GÍ A :
F E R NA N D O ORT I Z Y E L DÍ A DE L A R A Z A
S
Anke Birkenmaier
1 Llamado por Juan Marinello el “tercer descubridor de Cuba”, después de Cristóbal Colón y Alexander von
Humboldt, por su labor científica amplia sobre la cultura cubana, Fernando Ortiz (1881-1969) cursó derecho
en España y estudió luego criminología en Italia con Cesare Lombroso. Publicó en 1906 su primer libro de
antropología, con prólogo de Lombroso: Los negros brujos (apuntes para un estudio de etnología criminal).
Fue miembro y a veces fundador de las más importantes instituciones culturales de la época republicana en
Cuba, entre ellas la Sociedad Económica de Amigos del País, la Sociedad del Folklore Cubano, la Institución
Hispano-Cubana y la Sociedad de Estudios Afro-Cubanos, y editor de revistas importantes, como también de
la Colección de Libros Cubanos.
Ortiz desarrolló el concepto de la transculturación en su Contrapunteo cubano (de 1940) para hablar del
contacto forzado entre indígenas, europeos y africanos, cuyo resultado fue la sociedad cubana. Lo define en
contraposición al concepto de aculturación del antropólogo estadounidense Melville Herskovits: “Entendemos
que el vocablo transculturación expresa mejor las diferentes fases del proceso transitivo de una cultura a
otra, porque éste no consiste solamente en adquirir una distinta cultura, que es lo que en rigor indica la voz
anglo-americana aculturation, sino que el proceso implica también necesariamente la pérdida o desarraigo de
una cultura precedente, lo que pudiera decirse una parcial desculturación, y, además, significa la consiguiente
creación de nuevos fenómenos culturales que pudieran denominarse de neoculturación” (Ortiz, 1999: 83).
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2 Como ha argumentado Roberto González Echevarría en su libro Mito y archivo, para los escritores latinoame-
ricanos la antropología llegó a ser a partir de los años 1920 un discurso científico hegemónico apropiado por
ellos sistemáticamente, y desplazó la biología y las ciencias naturales como ciencias hegemónicas en el siglo XIX
(González Echevarría, 2000: 197-253).
3 Para más información sobre aquella moda de las celebraciones, que culminaron respectivamente en 1892 y
1893 en la World Columbian Exposition de Chicago y en España con un simposio de un año, véase el instructivo
libro de Miguel Rodríguez (2004) Celebración de la “raza”. Una historia comparativa del 12 de octubre.
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del 12 de octubre a principios del siglo XX. También incidió la Gran Guerra
de 1914-1918, que en el norte y el sur del hemisferio se percibió como un con-
flicto sobre los valores humanitarios. Como escribe Ilan Rachum, en Uruguay,
se decía que “la América libre, humanitaria y pacífica” debía servir de ejemplo
al mundo entero. También en Estados Unidos, las celebraciones de Columbus
Day crecieron hasta proporciones inauditas en 1918. Muchos países hispa-
noamericanos adoptaron la fiesta del “Día de la Raza”, entre ellos, Argentina en
1917, Venezuela en 1921, Chile y Cuba en 1922, y en 1928 México. En España
se inició en 1913, cuando se celebró el Día de la Raza bajo este nombre, con-
virtiéndose en fiesta nacional en 1918 (Rachum, 2004: 63-68). No quedaba del
todo claro a qué raza se refería la fiesta en estos países. Podía referirse a per-
sonas de ascendencia “española” (es decir, ibérica), o sino a las comunidades
indígenas andinas, o al mestizaje de indígenas y españoles que tan dominante
se había hecho en la ideología nacional mexicana, por ejemplo. En palabras de
Michel-Rolph Trouillot, el Día de la Raza se convirtió en un “día para nosotros,
en cuanto etnicidad construida como sea” (Trouillot, 1995: 136). Sin embargo,
si nos fijamos en los discursos y ensayos escritos en su ocasión, es notable la 197
popularidad de esta fiesta nacional entre los ensayistas y filólogos hispanoa-
mericanos, mientras que a su vez es denunciada como perentoria por Ortiz.
Si bien el Día de la Raza significaba para todos una celebración de la propia
nación, así como de la cultura hispánica, para Ortiz llegó a significar una falta
de conciencia sobre las diferencias culturales e históricas entre España y Lati-
noamérica. Para Ortiz, contrario a casi todos los ensayistas de su generación,
celebrar las culturas latinoamericanas estaba en contradicción abierta con la
noción misma de la “raza”, asociada a la vez con el paternalismo español y el
racismo científico.
Ortiz se encontraba en ello en sintonía a la vez con las últimas tendencias
en las ciencias sociales y con los escritores de las vanguardias latinoamericanas.
Como muestra George Stocking, en el ámbito de las ciencias sociales interna-
cionales ocurrió a principios del siglo XX un cambio en la noción de raza y de
cultura que le dio un nuevo giro también a la antropología. Mientras que en
el siglo XIX prevalecían, en la estela de las publicaciones de Charles Darwin,
estudios sobre la biología evolucionista y el determinismo racial, con la obra de
Franz Boas, en Estados Unidos, empezó a imponerse el estudio de las culturas
en plural. Para Stocking, esto se expresó en un cambio semántico importante:
la “cultura” ya no se asociaba con un objetivo, como algo que se puede lograr
mediante la educación y el cultivo de ciertos conocimientos y poder de dis-
tinción. En vez de ello, se entendió ahora como una serie de prácticas y hábi-
tos inherentes a todas las sociedades humanas (Stocking, 1982: 195-233). Esta
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nueva noción de cultura tuvo también su impacto entre las vanguardias litera-
rias, fascinadas por las estéticas desconocidas de África, exhibidas, por ejem-
plo, en el Museo antropológico de Trocadero. En América Latina también, los
escritores cercanos a la vanguardia (Alejo Carpentier, Miguel Ángel Asturias,
Osvaldo de Andrade, José Carlos Mariátegui), así como los escritores regiona-
listas de la llamada novela de la tierra (José Eustasio Rivera, Rómulo Gallegos),
estaban fascinados con las culturas “primitivas” de América investigadas por
los antropólogos, e incorporaron mitos y leyendas folclóricas en sus reflexiones
y escritos literarios.
Otros intelectuales hispanoamericanos, sin embargo, se mostraron más
distanciados de las culturas indígenas y “primitivas”, entre ellos Rubén Darío,
Manuel Gálvez, Pedro Henríquez Ureña y José Vasconcelos. Preocupados por
la creciente influencia estadounidense sobre el hemisferio, abogaron a favor
de una alianza entre los pueblos latinos en nombre de una lengua y cultura
compartidas. En este contexto, como dijo Henríquez Ureña en un discurso pro-
nunciado en 1934 en La Plata, para la mayoría de la gente, “raza” simplemente
19 8 sonaba mejor que “cultura”:
4 Maeztu publicó su idea de la Hispanidad en el primer número de la revista ultraconservadora Acción Española.
Esta idea de hispanidad, asociada con el catolicismo y la lengua, luego formó el meollo de la ideología fran-
quista de la hispanidad. En efecto, a partir de 1939 el 12 de octubre fue celebrado como “Día de la Hispanidad”
en España, aunque la ley que oficialmente declaró al 12 de octubre Día de la Hispanidad en España se promulgó
solamente en 1958.
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Su amplio sentido humano la llevó [a España] a convivir y a fundirse con las razas
vencidas, formando así estas vastas poblaciones mezcladas, que son el escándalo
de todos los snobs de la Tierra, de todos los devotos de la falsa ciencia o de la
literatura superficial pero que para el hombre de Mirada Honda son el ejemplo
vivo de cómo puede resolverse pacíficamente, cristianamente, en la realidad, el
conflicto de las diferencias de raza y de origen. (Henríquez Ureña, 1998: 323)
5 Como escribe Arcadio Díaz Quiñones, en otros escritos Henríquez Ureña se muestra crítico de la noción de raza
y afirma que en República Dominicana no hay prejuicio racial como en Cuba, por ejemplo. Define la cultura
como “determinada de modo principal por la comunidad del idioma”, y como tal está de acuerdo con Ortiz con
que “la cultura tenía que suplantar la raza” (Díaz Quiñones, 2006: 241). Ambos tienen en común su rechazo
a las interpretaciones deterministas del desarrollo histórico de las Américas con base en las “razas” presentes
en ellas. Sin embargo, se distinguen en su interpretación de las culturas del Caribe, como muestra también
Díaz Quiñones (2006: 241-43). Para Henríquez Ureña, las culturas africanas no aportaron nada significativo a
la cultura caribeña, que sería fundamentalmente hispánica; para Ortiz, al contrario, la cultura cubana sólo se
entiende como resultado de la transculturación ocurrida entre culturas europeas y africanas.
6 Aludo aquí al libro editado por José del Valle y Luis Gabriel-Stheeman (2004) sobre La batalla del idioma,
donde se analizan las políticas lingüísticas de filólogos españoles y latinoamericanos del siglo XIX.
7 Véase el excelente análisis de Juan Valdez (2011) de las publicaciones lingüísticas de Henríquez Ureña y de su
función en la construcción de un imaginario “blanco” dominicano, en su libro Tracing Dominican Identity. The
Writings of Pedro Henríquez Ureña.
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Cualquiera que sea la doctrina histórica que se profese (y no soy de los que
sueñan en perpetuaciones absurdas de la tradición indígena, y ni siquiera fío
demasiado en perpetuaciones de la española), nos une con la raza de ayer, sin
hablar de sangres, la comunidad del esfuerzo por domeñar nuestra naturaleza
brava y fragosa; esfuerzo que es la base bruta de la historia. Nos une también
la comunidad, mucho más profunda, de la emoción cotidiana ante el mismo
objeto natural. El choque de la sensibilidad con el mismo mundo labra, engen-
dra un alma común. (Reyes, 2004: 37)
8 En su libro Discours sur l’inégalité des races humaines (1853-55), Arthur Joseph de Gobineau (1816-1882)
presentó su teoría: las tres razas principales en el mundo, la blanca, la negra y la amarilla, tenían características
fijas que indicaban que la raza blanca, y sobre todo la aria, era superior a las demás. Gobineau condenaba la
mezcla de razas como lo que iba a llevar a la decadencia de la raza humana en general. Si bien fue condenada
por su falta de seriedad científica, la teoría de Gobineau provocó importantes respuestas, tales como el libro,
fundamental para la antropología haitiana, del autor haitiano Anténor Firmin, De l’égalité des races humaines
(1885). El racismo científico de Houston Chamberlain en Inglaterra y el de la ideología nazi en Alemania tam-
bién se inspiraba en Gobineau. El paleontólogo suizo y profesor de Harvard Louis Agassiz (1807-1873) también
defendió en varias obras la llamada “teoría poligenista”, que suponía que tanto las razas de animales como las
humanas tenían características fijas y orígenes diversos en diferentes partes del mundo. Todas ellas habían sido
creadas por Dios.
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9 Para un resumen y comentario sobre las actividades de la Unesco contra el racismo, en los años inmediata-
mente siguientes al final de la Segunda Guerra Mundial, véase el ensayo de Marcos Chor Maio, “Abrindo a
‘caixa-preta’: o projeto Unesco de relacões raciais” (2004).
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Éramos una visión, con el pecho de atleta, las manos de petimetre, y la frente
de niño. Éramos una máscara, con los calzones de Inglaterra, el chaleco pari-
siense, el chaquetón de Norte-América y la montera de España. […] El genio
hubiera estado en hermanar, con la caridad del corazón y con el atrevimiento
de los fundadores, la vincha y la toga; –en desestancar al indio, en ir haciendo
lado al negro suficiente–, en ajustar la libertad al cuerpo de los que se alzaron
y vencieron por ella. Nos quedó el oidor, y el general, y el letrado, y el preben-
dado. (Martí, 1992b: 484-85)
10 Sobre los efectos del colonialismo en las ciencias de la cultura en el siglo XIX, véase el libro de Robert Young
Colonial Desire. Hybridity in Theory, Culture and Race (1995).
11 Me refiero a la conocida Gramática de la lengua castellana destinada al uso de los americanos (1847) de
Andrés Bello, donde éste se declara a favor de preservar una sola lengua entre los pueblos americanos, eso sí,
reconociendo “lo que es peculiar de los americanos” (citado en Del Valle y Gabriel-Stheeman, 2004: 76).
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12 Sobre el racismo y las ciencias sociales en la Cuba republicana, véanse los libros Measures of Equality. Social
Science, Citizenship, and Race in Cuba, 1902-1940 de Bronfman y A Nation for All: Race, Inequality, and Politics
In Twentieth-Century Cuba de Alejandro de la Fuente.
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O r t i z, fi ló lo go : e l a r g ument o cont ra el
p a n h ispa ni sm o
Fue desde su libro La reconquista de América. Reflexiones sobre el panhispa-
nismo (1910) que Ortiz expresó su aversión contra el término raza. Se dirigió
en particular contra el intelectual Rafael Altamira, quien había visitado Cuba
y otros países hispanoamericanos dando conferencias sobre la comunidad
de “raza” entre España e Hispanoamérica. Para Ortiz se trataba en ello de
nociones sobre cultura y panhispanismo derivadas de corrientes europeas,
tales como los movimientos pangermánicos y paneslavos que además hacían
frecuentes referencias a las obras de conocidos evolucionistas, tales como
Gobineau, Lapouge, Ammon, y otros, que ciertamente no tenían una opi-
nión favorable de la “raza latina”. Como argumentaba Ortiz, ni siquiera en
España había pureza de raza, a causa de la presencia fuerte de las culturas
judías y musulmanas. De ahí que, en vez de hacer un uso “antropológico
dubioso” de la palabra raza, había que aplicar mejor la noción de “civiliza-
ción” o de “comunidad de lengua” (25). Es decir, para Ortiz, como para Hen-
204 ríquez Ureña, la palabra “raza” sólo puede referirse a una cultura común
creada por una lengua compartida, el español, no por la herencia de sangre.
Pero la lengua, en el argumento de Ortiz, no es suficiente para crear la cul-
tura, y se muestra molesto por la instrumentalización política del argumento
lingüístico y racial:
Quédase pues reducida a límites restringidos la llamada fuerza del idioma que
con la de la raza y la religión, son las únicas fuerzas de que alardea España,
a falta de otras más decisivas y más intensas y reales, como la industria, el
comercio, la agricultura, el ejército, la marina, la escuela, la riqueza, la ciencia;
en fin, la civilización. (Ortiz, 1910: 53)
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13 En este empeño por mostrar las omisiones de palabras usadas en Hispanoamérica, Ortiz se insertaba en toda
una tradición de reivindicaciones del español de América. Como menciona Gustavo Pérez Firmat, pocos años
antes de los dos diccionarios de Ortiz se había publicado el largo ensayo de Miguel de Toro y Gisbert “Reivindi-
cación de americanismos” (1920-21) en el Boletín de la Real Academia (Pérez Firmat, 1986: 95). El mismo Ortiz
cita en el Glosario a Juan Ignacio de Armas, Orígenes del lenguaje criollo (La Habana, 1882); Ciro Bayo, Vocabu-
lario criollo-español sud-americano (Madrid, 1910); Rufino J. Cuervo, Apuntaciones críticas sobre el lenguaje
bogotano con frecuente referencia al de los países de Hispano-América (París, 1914); Juan M. Dihigo, Léxico
cubano (La Habana, s. f.); José Miguel Macías, Etymologicarum Novum Organum (Xalapa, 1879), y Diccionario
cubano etimológico (Veracruz, 1885); Augusto Malaret, Diccionario de Provincialismos de Puerto Rico (San
Juan, 1917); A. de Molina, Vocabulario en lengua castellana y mexicana (México, 1571); Arturo Montori, Modi-
ficaciones populares del idioma castellano en Cuba (La Habana, 1916); fray José María Peñalver, Discurso para
promover la formación de un Diccionario de Voces cubanas (La Habana, 1795); Estéban Pichardo, Diccionario
Provincial casi-razonado de voces cubanas (La Habana, 1862); Baldomero Rividó, Voces nuevas de la lengua
castellana (París, 1889); Constantino Suárez, Vocabulario cubano (La Habana, Madrid, 1921), y Alfredo Zayas,
Lexicografía antillana (La Habana, 1914). Esto por sólo mencionar las obras citadas y dedicadas explícitamente
al estudio de la lengua, dejando por fuera las obras generalmente históricas de Bachiller y Morales, Bartolomé
de las Casas, etcétera.
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14 Si el sentido de humor es innegable en las páginas del Glosario y del Catauro, ello no significa, a mi modo de
ver, que estas obras sean del todo satíricas o ficticias. Es verdad que Ortiz les confiere un tono “no científico” a
sus diccionarios, como apunta Gustavo Pérez Firmat. Pérez Firmat argumenta que Ortiz no conocía ninguno de
los idiomas africanos usados en su análisis de palabras individuales y que presentó sus dos diccionarios de una
forma a propósito desordenada, como apéndices, en vez de diccionarios. Concluye Pérez Firmat: “The Catauro
is a philological fiction with a political theme. One important motif in this theme is the excision of Cuban
Spanish from its peninsular matrix, what Ortiz terms the ‘avoidance’ of peninsular etymologies” (Pérez Firmat,
1986: 100). Si bien es cierto que el Catauro y el Glosario siguen su propia intención política, ello no significa que
Ortiz se ubique en un ámbito no científico. Me parece más bien que el tono irónico y hasta paródico de varias
de sus glosas es crítica y a la vez homenaje. La crítica no quita que dentro de todo, Ortiz aplique los métodos
de la filología de su época, llevándolos, eso sí, a sus límites científicos e ideológicos.
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Por nuestra parte hemos hallado la palabra mambí con varios significa-
dos en los lenguajes de África. Mamby es el título de jefe en una región de
la Senegambia, Mambí es una región del Congo francés, cerca de Mayumba
vocablo que en Cuba significa una especie de brujería. Mambí en congo sig-
nifica “hombre malo”, “abominable”, “injurioso”, pernicioso”, “repulsivo”, “vil”,
“sucio”, “cruel”, “dañino”, “vicioso”, “malvado”, etc. La última de estas tres pala-
bras parece la más fácil de adoptar como origen de los mambises cimarrones,
o rebeldes dominicanos. Los esclavos congos llamaron mambí a los rebeldes,
en su lengua, con la palabra más despreciativa, traduciendo así el odio de sus
amos hacia aquéllos y las palabras injuriosas con que los denominaban. No
intentamos esta opinión como segura; pero creemos que de África nos vino
la palabreja, que después ha sido título de gloria para nuestros libertadores
heroicos. (Ortiz, 1990 [1924]: 315)
207
Ortiz busca raíces africanas probables, especula sobre el uso primero
de las palabras durante la lucha por la independencia, y solamente entonces
concluye con la agudeza de que una invectiva africana se haya vuelto luego
“título de gloria” de los héroes de la independencia cubana. Hay que conce-
der el manejo correcto de la etimología primero, para poder luego aceptar la
salida ingeniosa.
Varias entradas en el Glosario proponen nuevas etimologías, no por ser
más verdaderas sino porque son más interesantes que las del Diccionario de la
RAE; en ello Ortiz va hasta proponer nuevos métodos a la vez poéticos y socio-
lingüísticos. Éste es el caso de “bobo”, donde Ortiz cita la etimología de la Real
Academia, “¿del latín balbus, balbuciente?”, y luego comenta:
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Sugiere aquí que si la Real Academia tuviera un interés genuino por las
etimologías, buscaría más allá de las consabidas raíces en el latín, considerando
las onomatopeyas o posibles contactos con otras culturas, aptos para explicar
el cambio lingüístico. Por supuesto, la larga lista de palabras africanas de sonido
similar a bobo no quita que de todos modos balbuciente pueda ser el origen
más probable de bobo. Pero Ortiz señala con derecho que ni él ni la Academia
podrán comprobar sus argumentos definitivamente, a menos que consideren
otros factores extralingüísticos. La filología es, en este sentido, una disciplina
necesaria pero no suficiente para los propósitos de Ortiz.
Por otro lado, la etimología, y en particular la consideración de las leyes
de cambio lingüístico, es necesaria como contrapeso frente a lo que podría apa-
recer, sino como especulación histórica. Un ejemplo de ello es otro blanco de la
crítica de Ortiz después de la Real Academia, el catedrático de la Universidad
de Harvard Leo Wiener, quien en 1920 había publicado su libro Africa and Its
Discovery of America. Wiener era profesor de literatura eslava y un políglota,
traductor de las obras completas de León Tolstoi, entre otras publicaciones
208 variadas. En este libro Wiener proponía que antes de la llegada de los españo-
les, las Américas habían sido exploradas por pueblos africanos, quienes tam-
bién habían llevado el algodón y el tabaco a las Américas. Sin hacer un estudio
lingüístico propiamente dicho, Wiener se aprovechaba de palabras encontradas
en varias lenguas africanas para argumentar que quedaban huellas lingüísticas
de las culturas africanas antiguas que habían estado viviendo en las Américas
en el momento de la llegada de los españoles. Ortiz responde a esta tesis en
múltiples entradas de su Glosario demostrando errores obvios, en palabras con
raíces obviamente latinas, tales como nabo (lat. napus) o en palabras indígenas
tales como maíz. Wiener, en su afán de probar su idea sobre la prehistoria ame-
ricana, había proyectado raíces africanas en las palabras de trayectoria obvia-
mente local, sin consideración de la historia social de las culturas en cuestión.
No es tanto que Ortiz se muestre escéptico en su Glosario con respecto a
la verdad de las etimologías, más bien revela que es un adepto de las etimologías
enrevesadas o del “zigzag”. Al añadir a sus etimologías consideraciones de índole
social e histórica eleva la tarea del etimólogo a la altura de un desafío intelectual.
Concediendo que el origen de muchos términos es oscuro, le gusta incluir en su
reflexión consideraciones sobre cómo pueden haber viajado las palabras con base
en la información histórica que tenemos sobre los viajes, las guerras y las conquis-
tas de los pueblos en cuestión. Un ejemplo de ello es la entrada guarapo, la popular
bebida azucarada de Cuba. Después de listar la explicación de la Real Academia,
que afirma que la palabra es de origen americano, y la del puertorriqueño Coll
y Toste, quien le atribuye un origen quechua, Ortiz opina que la palabra viene
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15 Menéndez Pidal escribe: “El Glosario de afronegrismos es un riquísimo acopio de materiales estudiados con
amplia información y con muy sugestivos puntos de vista. Trae una novedad al estudio histórico del idioma
castellano […]” (citado en García Carranza, Suárez Suárez y Quesada Morales, 1996: 28).
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16 Para más información sobre la Academia Cubana de la Lengua, su historia y sus estatutos, véase su sitio web:
http://www.acul.ohc.cu/historia.html. Consultado el 29 de mayo de 2012.
17 Para más información sobre los contactos de Ortiz con la intelectualidad española, véase el excelente ensayo
“Spanish Intellectuals and Fernando Ortiz (1900-1941)” de Consuelo Naranjo Orovio y Miguel Ángel Puig-
Samper Mulero (2005).
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Una iniciativa académica con ese propósito cultural haría más por los intere-
ses morales de la ‘raza,’ que esa espumosa declaración patriotera, escanciada a
los brindis en todo banquete patriótico. Afortunadamente, los iberoamerica-
nos tenemos tradición filológica que no desmerece en nada de la española y no
pocos autorizados maestros. (1923: 15)
18 Ortiz dio varios cursos en la Escuela de Verano de la Universidad de La Habana, y también en el Instituto
Universitario de Investigaciones Científicas y de Ampliación de Estudios, creado allí en 1943. Para un resumen
y análisis de estos cursos impartidos por Ortiz entre 1940 y 1950, véase el informativo artículo de María del
Rosario Díaz, “Ethnography at the University of Havana” (2005).
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19 La moción fue aceptada por el Congreso a título de recomendación. Para una discusión más completa del
contexto de esta moción, véase el “Prólogo” de Isaac Barreal (1993) a la compilación de ensayos de Ortiz sobre
Etnia y sociedad y también el ensayo de Ortiz “La sinrazón de los racismos”.
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Paul Rivet, Ruth Benedict, Gustave Le Bon, Lucien Lévy-Bruhl, George Mon-
tandon, Carl Gustav Jung, Otto Klineberg. Ortiz concluye que el racismo es una
ideología que necesita ser expuesta como tal y que los congresos científicos, de
hecho, ya se han encargado de ello. Como ejemplos, Ortiz cita declaraciones de
la Asociación Antropológica Americana de Estados Unidos en 1938, del VIII
Congreso Científico Panamericano de Washington en 1940 (en el cual Ortiz
mismo había participado), de la ya mencionada proposición del Primer Con-
greso Demográfico Interamericano (1943), de la Conferencia Interamericana
en Chapultepec (1945) y de otras conferencias internacionales, que condenan
la discriminación contra grupos sociales basada en su raza. De nuevo, Ortiz
vuelve sobre el Día de la Raza y la recomendación del Congreso de evitar las
celebraciones de la raza en los países americanos. Termina esperando con el
antropólogo mexicano Manuel Gamio que
lleguen pronto los tiempos […] cuando ‘ya no se celebrará tampoco el ‘Día
del Indio’ sino simplemente el ‘Día del Hombre Americano’ […]. Puede sernos
también permitido pensar que en tiempos venideros, remotos pero seguros, ni
siquiera haya que celebrar un estimulador y defensivo ‘Día del Hombre Ame- 213
ricano’, porque entonces habrán perdido razón hasta esas discriminaciones
continentales y cada día será ‘Día del Hombre’. (Ortiz, 1946: 407)
También observa Ortiz que el filósofo José Ortega y Gasset todavía usó
mal la palabra raza en su libro La rebelión de las masas, cuando ya el mismo
nombre del Día de la Raza había sido cambiado en España por Primo de Rivera
a “Día de la Raza y del Idioma”20. Los ensayistas españoles pierden así relevancia
para Ortiz, al fijarse demasiado en conceptos del pasado. La avant-garde litera-
ria se ha convertido en la “arrière-garde” del pensamiento actual, representado
mejor en la nueva antropología.
Ortiz termina su libro con un comentario que hoy llamaríamos sociolingüís-
tico, más que antropológico, reflexionando sobre las palabras que pudieran reem-
plazar la palabra raza: “Esta cuestión de palabras no es baladí. Cada palabra tiene
en sí una fuerza evocadora, como si de magia fuera; al fin, voces y grafías no son
sino artificios del ingenio humano para la representación de las cosas y las ideas.
Y una mala palabra, mala por su propio sentido y por la impropiedad de su uso,
siempre trae consigo a presencia malos pensamientos” (Ortiz, 1946: 416). Insiste
20 Ortiz hace notar que también el actual gobierno totalitario de Franco ha reconocido el problema y convertido el
12 de octubre en Día de la Hispanidad, aunque este concepto tampoco lo satisface: “El gobierno aun totalitario
de Madrid ha suprimido el uso propagandista del vocablo raza, que es falso, sustituyéndolo por el de ‘hispani-
dad’, que es teóricamente aceptable aunque en la realidad es equívoco e impreciso” (Ortiz, 1955: 180).
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21 En su último ensayo sobre el tema, “La sinrazón de los racismos”, Ortiz indica la “antropología social” como
ciencia encargada de la divulgación de las nuevas ideas sobre raza y cultura. El subtítulo del ensayo es “Divul-
gación de la Antropología Social en el Club Atenas de La Habana el 19 de mayo de 1949”.
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en La Revista Ilustrada de Nueva York]. Ed. Centro de Estudios Martianos. Vol. II, pp. 480-87. La
Habana, Editorial de Ciencias Sociales.
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Panorámicas
KIRIGAIAI:
LOS GÉNEROS POÉTICOS DE LA CULTURA MINIKA
Selnich Vivas Hurtado 223
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.09
* Este artículo es el resultado de la investigación “Corpus para una germanística intercultural latinoamericana (I): la
Europa de lengua alemana y las culturas aborígenes de Sudamérica”, adscrita al Gelcil (Grupo de Estudios de Lite-
ratura y Cultura Intelectual Latinoamericana). Además del autor de este artículo, participan en el proyecto Jitoma
Fairinama, Jirekuango Monayatofe, Boyekiama Jitomagaro, Jitómaña Jitomagaro, Laura Areiza, Margitta Freund,
Ángela María Cardona, Gustavo Zuluaga, Santiago Largo, Juana Manuela Montoya y Daniel Contreras.
** Preferimos el término minika, en contra de la denominación exógena y académica uitoto, por tratarse de una
autodenominación empleada por el clan Jitomagaro, quienes a su vez se declaran “jibina, diona, farekatofe
nairai”, es decir, descendientes de la coca, el tabaco y la yuca dulce.
*** Doctor Phil. Literatura, Albert-Ludwigs Universität Freiburg, Alemania.
Artículo recibido: 12 de marzo de 2012 | aceptado: 27 de julio de 2012 | modificado: 09 de octubre de 2012
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Genre Poetry; Basket, Kirigai, Minika, Rafue, Gêneros poéticos, cesto, Kirigai, Minika,
Jagagi, Witoto. Rafue, Jagagi, uitoto
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K I R IG A I A I: L O S GÉ N E RO S P OÉT IC O S
DE L A C U LT U R A M I N I K A
D
Kirigaiai: canast os
del conocimient o
y géneros p oét icos
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5 En diálogo con los abuelos Jitoma Fairinama y Jirekuango Monayatofe, llegamos a entender que los idiomas
también se pueden concebir como partos de la tierra, es decir, que su evolución y constitución son el resultado
de la interacción entre el territorio y los seres que lo habitan y cultivan. La experiencia de y sobre el mundo se
consigna en el idioma que protege un territorio. De ahí la importancia y utilidad de los kirigaiai.
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itofe (esquejes y episodios) que, bien sembrados, sirven para regular la vida del indi-
viduo y de la humanidad. Condición para este entretejer de saberes y de experiencias
es, paradójicamente, el estado de orfandad, de humildad y despojo frente al mundo
material, que debe caracterizar la búsqueda intelectual del sabedor. La orfandad del
aprendiz es la condición sine qua non para ser un maestro en el tejido de palabras de
poder. El modelo es tomado de diona, la planta de tabaco, que, luego del gran incen-
dio que padeció el planeta, supo crecer de entre las cenizas y volver a dar vida a quie-
nes aprendían de su disciplina, consistente en el diálogo permanente con las plantas.
El tejedor del conocimiento es, por tanto, un jaieniki, un ser dispuesto a hacer dieta
(nada de sal, nada de carne, nada de sexo, nada de hijos) para tejerse desde sí mismo,
y así poder enseñar a otros el iyino o poder de las plantas.
Al hablar del kirigai como un canasto de conocimiento lo equiparamos a la
enciclopedia, es decir, a un sistema de categorías que funda y regula el mundo. La
enciclopedia, como sabemos, establece los caminos, las redes, que sustentan el
mundo. Así, pues, el kirigai, como dispositivo mental –siguiendo el pensamiento
minika–, también codifica un lugar en el cuerpo del individuo y en el de la colec-
228 tividad. Es más: los kirigaiai son responsables de las formas de socialización y
de mutua afectación entre los diferentes seres que integran una colectividad, un
ecosistema. Canasto del conocimiento se refiere también a una tesis sostenida por
Koch-Grünberg en torno al origen del arte en la selva. Al pensar el arte en las cul-
turas amazónicas nos encontramos muy próximos a las primeras formas de emer-
gencia y necesidad de lo imaginario, aquellas que todavía explican la relación len-
guaje/naturaleza de manera explícita (Koch-Grünberg, 1920: ii). A esa naturaleza
se suma, según el mismo investigador, una “fantasía floreciente” (Koch-Grünberg,
1920: iii), propia de los relatos indígenas. De ahí que el kirigai se pueda ver como
la estructura de lo imaginario: un complejo de valores, tradiciones y alientos. Es
decir, el lugar de la producción de las concepciones y que, de acuerdo con las ver-
siones de los sabedores, corresponde a la caja torácica y al corazón. Cada uno
de los kirigaiai que conforman el cuerpo –pues, a su vez, todo organismo es un
sistema de kirigaiai– está interconectado, o por inclusión o por intersección. Nin-
guno está de más ni sobra. Ninguno es más que el hombre o menos que él. Más
bien lo describen y lo contienen. Lo humano depende de su tejido con las abejas,
con los micos churucos, con la yuca, con la piña, etcétera.
Del mismo modo, se podría presentar la gran diversidad de los géneros poé-
ticos minika, es decir, las maneras de elaborar las categorías que fundan el mundo,
como descubrimientos alcanzados en el estado de emergencia de la imaginación.
Sabemos de la existencia de más de cincuenta géneros o kirigaiai singulares en su
lenguaje, estilo, uso, y hasta en su extensión. Además, se clasifican según su función
didáctica, política, medicinal, ecológica, ritual, etc. O por el rango que ocupe su
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6 La publicación en 1992 de la novela Frey Apollonio de von Martius revela, sin embargo, que el botánico poseía
dos visiones distintas frente al mundo indígena del río Caquetá. La obra literaria se aleja del simple exotismo
del investigador e incluso llega a defender y a exaltar las formas de vida nativas.
7 De particular interés resulta el hecho de que exista en tradición minika un género poético específico dedicado
al tema de las relaciones entre los minika y los karijona. Nos referimos al rafue karijona, en el que se transmiten
en lengua karijona los cantos de sanación que los minika desarrollaron para cerrar la armonización con sus
enemigos. Aunque la lengua karijona está casi extinta, los cantos karijona de los minika son numerosos y aún
conservan gran vigencia en las ceremonias que hacen los minika en Leticia, Medellín, Cali y Bogotá.
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8 Se refiere a un tipo de rafue especial, dedicado a la sanación de la familia después de una muerte provocada,
en razón a que la víctima fue vencida por mano humana o por la enfermedad inducida. Bai podría provenir de
baitabide o dejarse vencer, inide o sueño, una forma del morir, y de ekua, lamento.
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los conceptos en cada lengua. Urbina no afronta esta tarea, pero propone acerta-
damente un equivalente ya conocido en Occidente. Así sucede con la explicación
de que la palabra bakaki contiene la expresión bakï, que equivale, por un lado, a
contaminación y, por otro, a tabú (2010: 17). Ahora bien, hay que entender el pro-
pósito de Urbina. Él trata de darle dignidad filosófica a los kirigaiai, equipararlos
a conceptos de la filosofía griega antigua. Tal intento, loable por cierto, no se con-
solida realmente, pues se vuelve a las formas de colonización terminológica. Por
tanto, la propuesta de Urbina debería ser leída de manera inversa, es decir, como
una invitación a pensar la filosofía antigua desde el modelo minika. Así, veríamos
los resultados novedosos de esta relación intercultural en las cátedras de filosofía.
Con todo, Urbina es el investigador que más se ha preocupado por la amplia-
ción del concepto rafue. Así, su definición de rafue abre nuevas posibilidades de
comprensión de lo que se veía en Preuss apenas como una fiesta o un ritual. El
rafue, dice Urbina, es “ente que está o sale de la boca”, y en este caso, se transforma
en “palabra cargada de fuerza, eficiente” (Urbina, 2010: 18), palabra creadora. Esta
propuesta es estimulante para el pensar, pues al mismo tiempo que establece el ori-
gen de la palabra en la ceremonia, le atribuye a la ceremonia el papel fundamental 233
del lenguaje: ser palabra en acción o hacer amanecer, para decirlo con las palabras
de los minika. Lo que enriquece la relación entre pensamiento y acción, en especial
en sociedades que no han cosificado la palabra fuera del cuerpo humano, es decir,
en el alfabeto. Lo que Urbina aún no ha podido mostrar con claridad es el modo
en que se relaciona la palabra-acción del rafue con la palabra de los otros kirigaiai,
aunque uno de sus colaboradores, Jitoma Zafiama, señala que la palabra que no se
lleva a la ceremonia puede quedar perjudicando en el ambiente, como es el caso de
uiki rafue. Si bien Urbina define el canasto como “símbolo del conocimiento”, en
cuanto el “hombre es un continente (canasto) donde se guarda, decanta y acrisola
el saber-poder” (Urbina, 2010: 56), se ve que en este nuevo campo de investigación
todavía hay muchas ideas seductoras que están sueltas, que se confunden unas
con otras. Decir, por ejemplo, que el vocablo iigai se traduce como “historia de
castigo” no permite realmente fijar las características narrativas y dialógicas espe-
cíficas de este género, sino que más bien le superpone otras que le son ancilares.
En la misma línea de Urbina, pero con una mirada más general de la cul-
tura, se publicó el trabajo de Yepes (1982) sobre los “huitoto”. De vigencia resulta la
relación que el autor establece entre estatuaria en madera, historias y ceremonias.
Yepes menciona varios géneros poéticos de los “huitoto” y transcribe lo que él llama
una historia, que en verdad es una versión española de un jagagi. Yepes entiende
por jagagi o igai “historias para olvidar” o “historias de castigo”, pues “fracasaron en
la dinámica de la cultura y la sociedad” (Yepes, 1982: 20). Además, Yepes propone
que el rafue sea entendido como una “acción verbalizada”, y el bakaki como una
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“realidad vivida” (Yepes, 1982: 20), pero no profundiza realmente su propuesta. Sin
embargo, esa mirada permite evidenciar la mutua e íntima relación entre los diver-
sos géneros poéticos de los “huitoto”. Yepes dice que el “bakaki también tiene carac-
terísticas peculiares según el contexto en el que se manifieste” (Yepes, 1982: 20). Así,
valdría la pena contrastar estas nociones con las de los abuelos Jitomagaro y tratar
de reconstruir el jagagi de Moniya amena, o el árbol de la abundancia, que recoge
Yepes al final de su libro. Llama la atención de esta versión la mezcla de idiomas,
los fragmentos alternados de narración en español y de canto en murui-muinane.
Otro aporte al estudio de las formas poéticas minika lo ha hecho Eche-
verri con su excelente trabajo de transcripción, traducción e interpretación de
la obra de Hipólito Candre, Kinerai. Esta obra conjunta inicia en Colombia la
descripción teórica de las formas poéticas minika, en sentido estricto. No sólo
presenta una caracterización formal, sino que además hace un estudio de las
funciones comunicativas que tienen los recursos expresivos empleados en los
kirigaiai, aunque en ningún momento se habla de género poético, sino más bien
de rafue como palabra en general o en sus diversos usos, y de yetarafue como
234 palabra de disciplina9. Al parecer, los textos de Kinerai se inscriben en el género
yetarafue, un género dialogado de utilidad para la educación y la formación
de los discípulos. A veces puede ser muy corto y demoledor, como el siguiente
que nos contaron en la ananeko: “el que come del casabe que se encuentra en el
tiesto, puede tener un accidente”. Los de Kinerai son largos consejos e indicacio-
nes de vida. Echeverri es el primer traductor no minika y se toma en serio la tarea
de simular en la escritura las características de las composiciones orales. Por esta
razón, se puede ver por primera vez la forma oral del yetarafue en las transcrip-
ciones: “Ie jira mei, / eiño / ua jieño. jmm jmm” (Candre y Echeverri, 2008: 36). La
repetición del jmm como respuesta del interlocutor ya implica una recuperación
importante para la comprensión de las formas poéticas de la cultura minika y un
aporte a las forma poéticas de las tradiciones latinoamericanas.
Dentro de las interpretaciones de los kirigaiai, el trabajo más detallado
y cuidadoso es el de Gasché. Este investigador propone una metodología para
el análisis del eiki donde se destaca la sistematicidad de la traducción, dividida
en cuatro versiones graduales para el análisis. Enumera las características del
género y logra identificar cuáles son sus implicaciones retóricas, pragmáticas
y sociales. El uso del eiki (canto-adivinanza) –explica– pone a prueba el cono-
cimiento del dueño de la fiesta (rafue naama). Y, más precisamente, pone a
prueba su “capacidad de asociar onomatopeyas y ciertas palabras del canto –no
9 Un estudio más amplio de este género debería considerar el análisis de yetarafue a partir de las siguientes
categorías: yetade (palabra para el buen vivir) y yede (transmitir la palabra, ladrar, instruir, untar). De hecho, el
yetaraima es el que enseña a vivir bien.
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entre los clanes y entre los clanes y la naturaleza. Kuyoteka enumera catorce cla-
ses de rafue (1997: 19). Pero sin duda hay más, pues entre los motivos se cuentan
la cosecha, cada tipo de fruta, la cacería y los diferentes animales, el nacimiento,
el matrimonio, la enfermedad, la sanación, la muerte, la pisada de la ananeko,
las épocas del año, etc. Además, cada clan puede distinguirse de los otros en su
forma particular de especializarse en un tipo de rafue, bien sea yadiko (el de la
anaconda), yuaki (el de la abundancia de las frutas), o bien sea uiki (el de la pelota
de caucho). No obstante, los rafueniai poseen una estructura básica común, aun-
que más o menos variable, según el motivo y las formas de socialización.
Tomemos un ejemplo perteneciente al tipo llamado yuaki10, carrera profe-
sional que siguen los Jitomagaro. Si pensamos en la piña, digamos, en el nombre
genérico roziyi, tendríamos la posibilidad de planear un tipo de rafue para pedir
piña o frutas. A este rafue, entonces, se le denomina por eso mismo yuaki. Se pide
la piña, precisamente, cuando está en cosecha o cuando se quiere curar, con ayuda
de este fruto, alguna enfermedad. La jikaka (lo que se pide) es ya el comienzo de
la sanación y de la sabiduría. El conocimiento del mundo está relacionado con el
236 eiki o saber cifrado sobre la preservación del ecosistema. De ahí que la estructura
del yuaki rafue responda también a una forma particular de escenificación colec-
tiva: 1) Días antes de la invitación oficial de los cantores y danzarines, se cuenta
un jagagi apropiado para la ocasión. Fue por esto que escuchamos el de Zaiérani,
es decir, el del origen de las frutas, que hace énfasis en el origen de la piña. 2) Para
llevar a cabo la ceremonia, el rafue naama11 o dueño y organizador del rafue invita
a dos grupos: los muinama o los de abajo del río, y los muruima o los de arriba
del río. Cada grupo debe preparar su repertorio de ruakiai, según el tema, la oca-
sión y el rafue naama. 3) El día anterior a la llegada de los invitados (nakoni), el
grupo anfitrión (rafuenani) repasa su propio repertorio y se prepara para aprobar
el examen. 4) Cuando llegan los invitados, aproximadamente a las 2 de la tarde,
se inicia con un tipo de canto especial, el fakariya, con el fin de desafíar al dueño.
Son cantos individuales, pero los dos grupos invitados cantan al mismo tiempo,
para probar la concentración del rafue naama. 5) Luego vienen los zijina eiki o
cantos de entrada con acertijo. Cada grupo presenta sus adivinanzas y el anfitrión
y sus ayudantes deben resolverlas; de lo contrario, serán motivo de burla, pues las
10 El orden de aparición y los géneros poéticos empleados en un rafue varían en cada tipo de celebración. Aquí
describimos la estructura del yuaki, el rafue en el que se nos ha permitido colaborar como asistentes y par-
ticipantes. Aclaramos que aparte del yuaki existen los rafueniai de ziki –también conocido como okima–, de
menizai, de yadiko, y muchos otros que no conocemos.
11 Entre los Jitomagaro se suele llamar al rafue naama con la expresión urukimo, cuando se hace referencia no a
la persona en particular que organiza la celebración, sino a la entidad superior que lo orienta en esta labor, es
decir, el padre que cuida y protege a todos los seres de la naturaleza, a quienes considera sus hijos. Para seguir
la labor del urukimo es indispensable haber construido una ananeko y haber realizado varios rafueniai.
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Esta síntesis fascinante de conceptos evidencia que los jagagiai no hablan del
mundo animal como excusa para hablar de los humanos, como podría suceder en
la fábula, sino de una simbiosis necesaria entre los múltiples planos del cosmos.
La nuio no es apenas la dueña del mundo del agua dulce, sino también, y gracias a
su capacidad devoradora, la transportadora de plantas y humanos, la polinizadora
de especies y culturas. Ella lleva la nuiogitofe (yuca brava) y la roziyi (piña) de un
lugar a otro, aunque estén alejados miles de kilómetros. Ella es portadora de sabe-
res de varias culturas. Al tragar a los pueblos, transporta en su interior a los sabios
sobrevivientes, como sucede con Riama, un miembro de las culturas del Caribe,
y a Dijoma, un representante de las culturas del Sur. Sin la yuca brava, los pueblos
ancestrales de la selva tropical húmeda y los del Caribe insular y continental difí-
cilmente hubieran sobrevivido durante tantos milenios. El almidón que se extrae
del tubérculo tragado por la nuio fue un descubrimiento humano trascendental
desde hace más de diez mil años. Del interior de la nuio sale, además, la yema de
la piña. La piña viene del Norte y es un ingrediente esencial de las bebidas rituales
del Sur, fabricadas de almidón. La diversidad cultural se expresa también en el
maguaré, un invento fabricado a imagen y semejanza del tronco de la nuio. De la 241
parte más gruesa del cuerpo de la nuio se obtiene la idea de los juarai, o cilindros
del maguaré, cuya música, escuchable a 20 kilómetros a la redonda, es comparable
al teléfono celular moderno.
Paralelamente al listado de nombres de plantas, animales y lugares
sagrados, implicados en la conservación del medio, el jagagi contiene un
manual para el buen vivir, un curso de ética para el conocimiento y el com-
portamiento familiar. Yúkote, por ejemplo, es el concepto esencial de una ver-
sión del Dijoma jagagi. El término yúkote adquiere relevancia, si se piensa
en los peligros del conocimiento, de la ciencia y la técnica. Yúkote sintetiza
el fracaso de la administración del conocimiento en manos de seres sober-
bios, irresponsables. “Dijoma yúkote”, dice explícitamente el jagagi. Es decir,
Dijoma fracasó. Y al hablar de Dijoma el jagagi no se refiere a una persona
simple y común dentro de la sociedad, sino todo lo contrario, a un ser singu-
lar, que por su gran disciplina y sensibilidad ha alcanzado el conocimiento de
lo humano a través de la observación de la naturaleza y la experimentación
con ella. En otras palabras: el gran sabedor, después de aprobar todos los exá-
menes de la universidad ancestral más rigurosa, el gagibiri, fracasó. ¿A qué se
debe este fracaso del intelectual, según el jagagi? A muchos errores, si nos ate-
nemos a la versiones hasta ahora conocidas. Uno de ellos, al abuso de la sabi-
duría, la ciencia y la tecnología. El poder de las plantas, iyino, que le habían
entregado sus maestros para la humanización y la armonización del mundo,
fue empleado más bien como arma para el sojuzgamiento y la destrucción de
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L A I LUSIÓN DE L H E R M A NO : E X PE DIC IÓN
A L A S M I TO GR A F Í A S A N T ROP OL Ó GICA Y
L I T E R A R I A DE L Y U RU PA RY
Juan Camilo González Galvis*
jc.gonzalez1995@uniandes.edu.co
Universidad de los Andes, Bogotá, Colombia
PAL AB R A S C L AVE:
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.10
Artículo recibido: 23 de marzo de 2012 | aceptado: 11 de julio de 2012 | modificado: 01 de octubre de 2012
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L A I LUSIÓN DE L H E R M A NO : E X PE DIC IÓN
A L A S M I TO GR A F Í A S A N T ROP OL Ó GICA Y
L I T E R A R I A DE L Y U RU PA RY
F
Natalia Lozada Mendieta
1 En 1887 Chaffanjon presentó oficialmente ante la Sociedad Francesa de Geografía en París el informe del
descubrimiento de las fuentes del río Orinoco. Aparentemente, el hecho fue desvirtuado en 1951 por una
expedición franco-venezolana. Ver:
http://www.banrepcultural.org/blaavirtual/exhibiciones/america_exotica/biografias/jeanchaffanjon.htm
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Quise tener una satisfacción plena al respecto, y entonces empecé a reunir mis
pocos fragmentos y a buscar enterarme de cómo estaba el tema realmente,
mediante algunas preguntas a ciertos Vaupés. Sin embargo, cuando hablé del
tema con mi buen amigo el Sr. Massimiano José Roberto, supe que el trabajo ya
había sido hecho y que si quería podía acceder al manuscrito directamente: ¡se
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E l m i ste r i o d e la c o nv ersión
El nombre, Yurupary3, se ha traducido de distintas formas; en algunas versiones
significa “generado de la fruta”, y en otras se relaciona con juru-para-i, “salido de
la boca del río” (Orjuela, 1983: 112). En cualquiera de los dos casos, evoca lo
que Mircea Eliade, al referirse a una definición clásica de mito en antropología,
llama un relato de creación, es decir, una historia sagrada que relata un aconte-
cimiento que ha tenido lugar en el tiempo primordial, el tiempo fabuloso de los
comienzos (Eliade, 1962).
Antes de volverse libro, el mito sufrió un proceso de conversión cuya
efectividad es materia de debate. Para empezar, la primera descripción del 249
ritual que se conoce es la del padre Fritz (1997), jesuita de origen holandés
que en 1689 escribió sobre los Yurimagua, una alejada comunidad del Vau-
pés en la que vivió durante un tiempo. En uno de sus relatos el padre Fritz
se inquieta por saber de dónde proviene el sonido de trompetas que se oyen
a lo lejos, a lo que el indio le responde que se trata del “diablo” (Karadi-
mas, 2007). Para entonces las comunidades de esta zona ya habían sufrido
más de un siglo de colonización, antes de cualquier presencia misionera. La
figura del diablo, central en la representación cristiana, fue invocada retó-
rica e iconográficamente para atemorizar a los indígenas. Doscientos años
después, cuando apareció impreso en Roma bajo el título de La leggenda
dell’Jurupary, había pasado del ñengatú (transcrito en alfabeto latino) al por-
tugués, y de éste al italiano. Al español llegó por la mano del historiador
antioqueño Pastor Restrepo Lince, que encontró la versión de Stradelli en
Cartagena (Arango Ferrer, 1959) y que la contrastó con otra, la del brasilero
J. Barbosa Rodrigues. Si bien la traducción de Restrepo Lince no vio la luz,
el mito del Yurupary se conoció y comentó ampliamente en la Radiodifusora
Nacional y en las Notas Culturales de El Tiempo (Arango Ferrer, 1959).
2 Traducción realizada por José Fernando Rubio, coordinador del programa de Historia de la Universidad Exter-
nado de Colombia.
3 El nombre Yurupary (Yurupari, Jurupari, Yurupari, Iurupari, etcétera.) se origina de la língua geral o ñengatú,
derivada del tupí-guaraní, que en una época se convirtió en lengua franca de una extensa zona de la Amazonía
colombo-brasilera, e incluso del Vaupés, centro geográfico de la difusión del mito.
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Una instantánea del mito había sido tomada. Había viajado en letras
de molde entre Italia, Brasil y Colombia. Los primeros en acercarse, atraídos
por un imán común, fueron literatos y antropólogos, y muy pronto aparecie-
ron ensayos mitográficos de unos y otros. La naturaleza narrativa del mito, su
vínculo con el origen, su prestigio en Occidente como principio de conoci-
miento de la condición humana, acumulado por siglos en una tradición que
transmite la mitología griega y romana con solemnidad histórica, supusieron
que el conjunto de relatos fragmentados del Vaupés recogidos por Maximiano
José Roberto y ordenados por Stradelli despertaran especialmente el interés
de estas dos formas de comprensión de lo humano. Se trata de dos versiones
distintas sobre el motivo del origen y la identidad, en las que, parafraseando
a Malinowski, tiene lugar la batalla constante entre dos polos opuestos de la
conciencia: “la ciencia y el arte” (Thornton, 1984: 8). ¿Se pueden reconciliar
estas dos hermanas? ¿Cómo han conocido y cómo se relacionan? Buscamos
algunas respuestas en lo que hasta ahora han consistido sus estudios del mito,
en particular, del Yurupary.
250
E l m i t o , e se i ntac to r e manent e del origen
The exotism breaks through lightly, through the veil of familiar things.
Bronislaw Malinowski4
4 En Clifford Geertz, 1988, Works and Lives: The Anthropologist as Author. Stanford, Stanford University Press,
pp. 73.
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Islas Trobriand. Durante su estadía escribe sus dos diarios: su diario de campo
en inglés y su diario personal en polaco. Aunque mucho se ha hablado de las
contradicciones que encierran estas dos obras, resulta interesante retomarlas
por los distintos aspectos que revelan de su autor y del ejercicio etnográfico.
Por un lado –en el sentido más clásico de la etnograf ía–, esta joven disciplina
busca dar cuenta, siguiendo a Malinowski, “de las reglas y normas de la vida
tribal; todo lo que es fijo y permanente, debe reconstruir la anatomía de su cul-
tura y describir la estructura de la sociedad” (Malinowski, 1975 [1922]: 29). Se
inspira entonces en un interés científico que pretende comprender los modos
de vida y las costumbres de otros.
Sin embargo, en su diario personal el etnógrafo deja al descubierto su piel
de viajero. Al mejor estilo de Marco Polo o del Marlow de Conrad, se aleja de lo
cotidiano para entrar en lo desconocido, y sobresale su sensibilidad en el choque
con lo diferente. El viaje hacia la oscuridad de lo extraño nace de la oscuridad
de la misma civilización y del pesimismo que caracteriza a la modernidad, ad
portas de la Primera Guerra Mundial (Thornthon, 1984: 12). Existe, en últimas,
una nostalgia que guía a los viajeros y confronta su esencia; el dilema clásico del 251
antropólogo en campo: conservar su identidad al tiempo que se involucra en
profundidad en la cotidianidad local (Firth, 1988: xxvi). Así, pues, a lo largo de
la experiencia hay un retorno constante a lo conocido como punto de partida y
de comparación que le permite definirse frente a la alteridad.
Por supuesto que Malinowski no fue el primero en verse atraído por gru-
pos “primitivos”. Se podría citar a Herodoto como el primero en registrar las
costumbres raras y poco usuales de los llamados “bárbaros” en su Historia (500
a. C.), donde se refirió especialmente a egipcios, persas y escitas (Howland,
1965). Aunque esta actitud parecería contraria al etnocentrismo griego de la
época, la excepción de Herodoto –y, más tarde, de Megástenes y Tácito– abrió
la posibilidad de dirigir la mirada hacia afuera. No obstante, esa nueva direc-
ción tenía el elemento pendular que resaltábamos en Malinowski, el verdadero
corazón del ejercicio etnográfico: el hecho de que “con el fin de entendernos a
nosotros mismos necesitamos estudiar a otros” (Howland, 1965: 67).
La inspiración detrás de los viajes del antropólogo polaco nace, de acuerdo
con Michael Young (2004), de las travesías de Joseph Conrad, que lo sedujeron
en su juventud e, incluso, lo influyeron en la escritura de un pequeño bosquejo
de un mito sobre aventuras. Ese mito autobiográfico describe a un joven con
“entusiasmo por lo exótico” que había pasado los últimos tres años de su vida
en las costas del norte de África, Asia Menor y las islas Canarias, y que tenía un
don especial para las lenguas; en efecto, cuando llegaba a un lugar era capaz de
aprender la lengua local y estudiar a la gentes con las que vivía (Young, 2004: 43).
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verdaderas que permitan actuar sobre él (Lévi-Strauss, 1987 [1978]: 38). Aunque
tuvo gran acogida, pareció reducirse en muchos casos a un proceso mecánico de
identificación de opuestos binarios y de leyes universales. En respuesta, aproxima-
ciones empiristas y materialistas tomaron fuerza y el enfoque contextual reclamó
su lugar en la producción teórica acerca de los mitos.
5 Estudios comparativos y transculturales como los de Whiffen han sido retomados en discusiones recientes, como
la que llevan a cabo Thomas A. Gregor y Donald Tuzin (2001), que se preguntan acerca de las similitudes de los
rituales del pueblos del noroeste amazónico y la Melanesia con relación a los conceptos de cuerpo, reproducción
y cultos masculinos secretos. Aunque muchos de los aspectos que semejan a comunidades de estos dos espacios
parecieran atribuirse a su adaptación al ecosistema de bosque tropical, los rituales e imágenes míticas correspon-
den a una dimensión simbólica que no se deriva directamente de unas condiciones ambientales determinadas.
Sin embargo, para estos autores el tipo de economía mixta de estas sociedades, que obliga a los hombres adultos
a ausentarse para ir a cazar –un trabajo de alto riesgo–, repercute en los jóvenes, en el sentido de que deben con-
vivir mayor tiempo con las mujeres, y, por lo tanto, los rituales exclusivos serán el espacio en el cual aprenderían a
diferenciar las prácticas propias de su género e iniciarse como adultos (2001: 341).
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de los indios Tukano del Vaupés de Reichel-Dolmatoff (1968) que las interpreta-
ciones del complejo cultural intentaron aproximarse a la perspectiva propia de
las comunidades y el significado que guardaba en contexto, obviando el sesgo
introducido por el mismo autor al fundar la mayor parte de su investigación en
los testimonios de un informante nativo aculturado.
Para Reichel-Dolmatoff (1912-1994) el Yurupary se define como “un
complejo ceremonial que conmemora un héroe cultural, como rito de fertili-
dad, como orgía diabólica y aún como una leyenda romántica y llena de poesía”
(1968: 122). Para él, las bases míticas del Yurupary –es decir, los relatos míticos
que inspiran las ceremonias– narran el surgimiento del caos por culpa de los
actos sexuales prohibidos, y el restablecimiento del orden en términos de la ley
exogámica. Lo cataloga como una fiesta marcadamente erótica, incluso orgiás-
tica, donde las flautas hacen alusión a los falos, exclusivos de los hombres, y
para quienes precisamente se realiza esta ceremonia de iniciación. Además,
describe cuidadosamente las etapas del ritual, las ofrendas y los intercambios
que tienen lugar, y el tabú para las mujeres del sonido de los instrumentos, y ni
256 hablar de los instrumentos como tal.
A pesar de que intenta describir la importancia del ritual como un espacio
que propicia el intercambio de bienes y alianzas matrimoniales entre comuni-
dades, y –más importante aún– la reafirmación de la ley exogámica, que cons-
tituye la base para el orden social, su análisis del mito (del relato en sí) es peri-
férico y se concentra en la parte ceremonial y su impacto en la vida cotidiana,
siguiendo el enfoque estructuralista de Lévi-Strauss, en el sentido de que pre-
tende entender las estructuras distintivas propias de la mente Desana (Reichel-
Dolmatoff, 1971).
En sus trabajos más recientes (1989, 1996), Reichel-Dolmatoff conserva
el sentido simbólico del Yuruparí como un complejo relacionado con la repro-
ducción sexual y las normas sociales que gobiernan las relaciones de género. La
reproducción natural de las plantas y los animales es en realidad un modelo a
través del cual los Tukano entienden su propia reproducción y construyen su
cosmología y organización social. Sin embargo, el simbolismo marcadamente
sexual que propone sugiere un sesgo propio del autor que en ocasiones no
puede diferenciarse de la voz del informante. Su interpretación ignora a su vez
la cualidad multivocal de los símbolos, cuyo significado está sujeto al contexto
y al emisor (Langdon, 1997; Furst P. y Furst J., 1981; Da Matta, 1973).
Tiempo después, los esposos Stephen Hugh-Jones y Christine Hugh-
Jones realizaron un exhaustivo trabajo de campo con los Barasana –de los
Tukano– durante casi dos años. Producto de este trabajo minucioso y sistemá-
tico, publicaron dos monograf ías: Stephen escribió The Palm and the Pleiades:
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6 Otras etnografías contemporáneas realizadas en la región de los ríos Vaupés y Apaporis que se sugiere revisar
son las de Janet Chernela (1996), Robin M. Wright (1998), Jean Jackson (1983) y Kaj Århem (2001), entre
muchas otras, que por el propósito de este artículo no pudieron ser reseñadas, pero que constituyen obras fun-
damentales para el estudioso que quiere adentrarse en la literatura antropológica del complejo del Yurupary.
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7 Definición RAE: 1. f. Lenguaje figurado, sentido alegórico; 2. Mezcla de moralidad y doctrina en el discurso u
oración, aunque sea en materia profana o indiferente.
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literarios, las mitograf ías son una fuente considerable de conocimiento. Para
ponerlo en otras palabras, en la escena en que Macbeth vuelve agitado a su
cuarto queriendo limpiar angustiosamente la sangre de sus manos luego de
haber cometido parricidio –la muerte del rey, o del padre–, auscultado por
la impasible lady Macbeth, el literato probablemente reconocerá la antigua
metáfora cristiana de Poncio Pilatos lavándose sus manos frente a un pue-
blo que pedía a gritos la crucifixión de Jesús; imagen prevaleciente en Occi-
dente, donde aún hoy usamos la expresión “lavarse las manos” para referirnos
a una responsabilidad que, creemos, no nos debe ser atribuida. La condición
humana, que se resiste a la ilusión de cambio de las épocas, ha dejado tras de
sí un elaborado tejido narrativo, un texto, una antorcha que la tradición ha
pasado entre unos y otros desde Homero, una fuente inagotable de belleza
cuyos momentos cumbres se reconocen en Dante, Cervantes, Shakespeare,
Balzac, entre otros tantos que llamamos clásicos. Así, por mucho tiempo el
valiente estudio de la literatura se enmarcó en la discusión de libros y autores
que por su belleza, trascendencia y motivos dieron forma al canon, y donde la
260 cercanía o alejamiento de éste determinaban la función crítica. En ese orden,
los mitos griegos y romanos y su continuación en el judeocristianismo signi-
fican –argumento predominante de los estudios literarios– el origen de ese
gran relato, y, en tal sentido, su estudio equivale a conocer las puntadas y
técnicas fundamentales de su tejido. La transmisión de esas imágenes –de
una cierta retórica, de los personajes y sus conflictos, y su destino– se abre en
los textos sagrados, es decir, donde por siglos aprendimos a leer y a escribir.
Con el desarrollo del romanticismo, el mito fue evaluado como una
expresión esencialmente poética, y la verdad poética fue identificada con el
mito. Al poeta romántico el mito le sirvió de modelo de expresión poética y
le indicó el tipo de lenguaje simbólico que debía cultivar (Bidney, 1953: 308).
Igualmente, a mediados del siglo XIX, en el umbral de la modernidad, el espí-
ritu de la época (Zeitgeist) reclama una vuelta sobre el folclor como fuente
identitaria. Son conocidas, por ejemplo, las excursiones de Percy Grainger,
el pianista y compositor australiano, así como de Leos Jenácek y Bela Bartók,
entre muchos otros, que inspirados en principios naturalistas (realismo musi-
cal) recorrían estepas y montañas inhóspitas en busca de las músicas de los
campesinos, de un folclor “real” que más tarde aparecería en formas sinfóni-
cas y operísticas (Ross, 2009: 107-117).
Asimismo, en el proceso del tiempo los mitos son susceptibles de trans-
formarse en relatos folclóricos, que a su vez pueden ser reconstruidos por los
escritores, y preservar así valores simbólicos para las siguientes generaciones;
un ejemplo clásico: el Fausto de Goethe (Bidney, 1953: 293). En este contexto,
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Hay otras personas que, al haber leído antaño a Bossuet y Racine, creen poseer
la historia de la literatura. Por suerte, de vez en cuando aparecen desfacedores
de entuertos, críticos, aficionados, curiosos que afirman que no todo está en
Rafael, que no todo está en Racine, que los poetae minores tienen algo bueno,
sólido y delicioso; y, en fin, que por mucho que se ame la belleza general, que
expresan los poetas y los artistas clásicos, no por ello es menos equivocado
descuidar la belleza particular, la belleza circunstancial y los rasgos de las cos-
tumbres. (Baudelaire, 1995 [1863])
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el que había sido condenado por los europeos que, antes de él, recorrieron la zona
de influencia del mito. Propone, asimismo, que el propósito de Stradelli al recoger
el mito encierra un acto de resistencia, pues el explorador no era indiferente a
la difícil situación por la que atravesaban las comunidades del Vaupés, entonces
sometidas a la esclavitud del caucho; es decir, interpreta la memoria conservada
por el texto como resistencia histórica, y agrega que la interpretación académica
del Yurupary –acusa en particular a literatos y antropólogos– se detiene en la
admiración de las cualidades estéticas del relato, y que como bello objeto de museo
ha sido vaciado de su significado político y se ha desleído para la fundación de
nuestros sistemas simbólicos en referentes nativos (Osorio, 2006).
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Documentos
LOS LÍMITES DE LA SOLIDARIDAD: ETNOGRAFÍAS DE SALVACIÓN, NOVELAS DE
PERDICIÓN, Y LA SELVA DE MATAVÉN
Christopher Britt Arredondo 273
L O S L Í M I T E S DE L A S OL I DA R I DA D :
ET NO GR A F Í A S DE SA LVAC IÓN, NOV E L A S
DE PE R DIC IÓN, Y L A SE LVA DE M ATAV É N
Christopher Britt Arredondo*
cbritt@gwu.edu
The George Washington University, Estados Unidos
E
El humo humano
273
l fuego es poder. El fuego es también saber. Es saber poder
y poder saber. El mito griego de Prometeo dramatiza esta doble función del
fuego. Prometeo le roba el fuego a Zeus para compartirlo con los hombres. Con
este sorprendente y original acto de filantropía, Prometeo no se limita a com-
partir con los hombres sólo el poder del fuego, también comparte con ellos el
saber. En este sentido figurativo, el fuego representa la iluminación de la mente.
Es este fuego interior que hace posible la civilización; es la luz que crea el arte,
la tecnología, la ciencia y la filosof ía. Por eso, Prometeo es un héroe cultural. Él
es el libertador, el fundador, el salvador. Pero Zeus nunca le perdona su crimen
y lo castiga por su filantropía. Por haberse declarado solidario con los seres
humanos, Prometeo sufre el destino de un libertador encadenado, un fundador
exiliado, un salvador que necesita que alguien lo salve del castigo inhumano
que le impone Zeus.
El destino irónico que sufre Prometeo recalca la profunda ironía que
caracteriza a nuestra propia civilización moderna. Como lo sugirió Iván Illich
DOI: http://dx.doi.org/10.7440/antipoda15.2012.11
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personas nativas, que en muchos casos llevan cientos y hasta miles de años cus-
todiando el territorio, la biodiversidad de las selvas se deteriora Por esta razón,
insiste Dowie, la conservación ecológica y la conservación de culturas nativas
deben ocurrir simultáneamente.
El ejemplo óptimo que ofrece Dowie de este tipo de balance local entre
la conservación ecológica y la conservación de culturas nativas es la Selva de
Matavén, en el departamento de Vichada (Colombia). Aquí viven seis grupos
indígenas (Sikuani, Piapoco, Piaroa, Puinave, Cuuipaco y Cubeo) en dieciséis
resguardos, entre dos ríos que rodean una reserva natural que sigue estando
intacta ecológicamente y que los mismos indígenas ayudan a cuidar y a custo-
diar (Dowie, 2009: 239). Pero aun en este pulmón del mundo, que está siendo
protegido y custodiado por culturas nativas, ese balance es mucho más preca-
rio de lo que Dowie piensa.
Lo sé porque en el verano de 2011 tuve la oportunidad de viajar a la Selva
de Matavén y recorrer el río Vichada, desde Cumaribo hasta la confluencia
con el Orinoco, y de allí hasta Puerto Inírida. Hice el viaje en compañía de tres
antropólogos, un biólogo y varios guías de origen Sikuani y Piaroa. Estando 275
allí, no encontré la situación ejemplar que Dowie describe de un balance local
entre la conservación ecológica y la conservación de culturas nativas. Más
bien, fue todo al revés. Las integridades ecológica y cultural de la Selva de
Matavén están bajo amenaza. Tanto el territorio como los indígenas se ven
amenazados por una avalancha de intereses por parte de compañías petrole-
ras (tanto estatales como multinacionales), mineras (tanto legales como ilega-
les) y agroindustriales (tanto las que cultivan tierras que han comprado como
las que cultivan tierras que han robado).
Una noche, mientras visitábamos a una comunidad de indígenas Sikuani
para hablar con ellos de sus derechos a la “consulta previa” con compañías
petroleras, vimos un barco que cargaba unas máquinas enormes de la Talismán,
una compañía petrolera de Canadá. Con esas máquinas habían estado llevando
a cabo exploraciones sísmicas en tierras muy cercanas a la Selva de Matavén.
El barco venía acompañado de dos piraguas del Ejército. Era una visión verda-
deramente diabólica: esclavos del fuego acompañados por armas de fuego. Era,
sin duda, una visión profética también. El fuego petrolero y el fuego militar se
deslizaban por la superficie del río Vichada anunciando el aparentemente inevi-
table fin del balance ecológico y cultural de la Selva de Matavén.
Varios meses más tarde, me puse a leer Tristes Tropiques de Lévi-Strauss.
Allí encontré un pasaje que me hizo recordar esa visión proféticamente diabó-
lica y diabólicamente profética de la destrucción de la Selva de Matavén: “Lo
primero que vemos cuando viajamos por el mundo”, escribe Lévi-Strauss de
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N o s otr o s so m o s lo s o tros
Cuando los miembros de un grupo social afirman que tienen ciertas posesio-
nes en común, que comparten ciertos poderes y que son todos de una misma
voluntad, ellos construyen su solidaridad de manera positiva. Las comunidades
que se organizan de esta forma son exclusivas y excluyentes: sólo si alguien es
miembro de la familia, la tribu o la nación en cuestión podrá disfrutar de la
solidaridad de los demás miembros de esa comunidad. Para salir intactas de
una crisis colectiva, estas comunidades de identificación positiva han podido
contar siempre con la solidaridad que las une: en tales casos, los intereses per-
sonales de cada miembro de la comunidad se sacrifican para el bien de todos.
Así, pues, la solidaridad se proyecta como una virtud positiva: la lealtad, el
autosacrificio, el patriotismo. Pero frente a las crisis globales que enfrenta-
276 mos hoy en día –desde el colapso de la economía global hasta el calentamiento
progresivo del planeta–, la solidaridad positiva, exclusiva y excluyente de estas
ennoblecidas comunidades tradicionales resulta un gran inconveniente.
De nada o muy poco puede servirnos hoy en día que una familia, una tribu
o una nación intente salvarse sólo a sí misma de las crisis globales que amenazan
a todas las sociedades por igual. De hecho, las sociedades y culturas humanas no
son las únicas que están bajo amenaza; la biodiversidad del mundo entero corre
peligro. Hace falta, por lo tanto, que ampliemos nuestros círculos de solidaridad
más allá de las familias, las tribus y las naciones; más allá, incluso, de la especie
humana, para incluir a todas las formas de vida sin excepción. Sin duda, es pre-
cisamente este tipo de solidaridad universal la que se ha querido construir sobre
las bases positivas de los derechos humanos, primero, y luego, con la declaración
de los derechos universales de los animales. Pero la mera afirmación de estos
derechos abstractos no ha impedido que, en nuestro momento histórico, se sigan
violando los derechos humanos con plena impunidad ni tampoco que el balance
del sistema ecológico global se vea cada vez más alterado. De allí que lo que nos
hace falta hoy en día no sea simplemente ampliar los círculos positivos de nuestra
solidaridad. Tenemos que seguir concibiendo la solidaridad en términos univer-
sales, pero de un modo menos abstracto.
En vez de basar la solidaridad en la afirmación de posesiones y poderes
comunes, habría que concebirla negativamente. Según Richard Rorty, esto sig-
nificaría reconocer que lo que compartimos todos no es nuestra imaginada dig-
nidad humana sino el mero hecho de que todos somos vulnerables, y, por ende,
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que todos podemos sufrir (Rorty, 1989: 91-92). Si fuéramos a aplicar esta idea
de solidaridad a nuestra situación actual, se diría que todos compartimos por
igual las amenazas de las crisis globales. En este sentido, nuestra situación exige
que nuestra solidaridad sea universal. Al concebirla de manera negativa, com-
prenderemos que las únicas virtudes necesarias para esta solidaridad universal
son negativas. En vez del autosacrificio, la lealtad y el patriotismo, la solidaridad
negativa afirma nuestro deseo de no sufrir, de no morir, de no desaparecer.
La magnitud global de las crisis que enfrentamos demuestra cómo la soli-
daridad positiva justifica la crueldad en nombre del amor propio. Por su parte,
la solidaridad negativa, aunque no afirme ningún amor específico por la huma-
nidad, por lo menos rechaza las crueldades justificadas por formas de solidari-
dad positiva. Reconociendo el sufrimiento de los demás como límite necesario
del amor propio, la solidaridad negativa nos ayuda a comprender nuestra rea-
lidad. Ya no se trata de “sálvese quien pueda”. Para salvarnos “nosotros” ya no
vale ser crueles con los “otros”. Los otros ya no existen, porque nosotros somos
los otros. Todos compartimos la misma amenaza, y si no nos salvamos todos,
no se podrá salvar nadie. 277
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1 Ver esta sección para su discusión del fondo romántico y la estética bucólica (o pastoril) de la alegoría del
rescate de lo perdido y la salvación de los perdidos.
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culturas nativas que han sido eliminadas o que están siendo eliminadas. Con
ellas mueren idiomas, cosmovisiones, y conocimientos espirituales, mora-
les, tecnológicos y científicos. Con la desaparición de cada una de ellas, un
mundo entero desaparece y el mundo que queda en su lugar se vuelve cada
vez menos mundo, menos diverso y más homogéneo. Cambiar el texto no
cambia esta destructiva realidad ni elimina las verdaderas crisis que amena-
zan la vida hoy, no sólo de gentes nativas, sino de todas las sociedades por
igual. Cambiar el texto para así evitarles a unos cuantos etnógrafos su mala
conciencia moderna no elimina las terribles verdades históricas y morales de
nuestro momento histórico.
Tal vez en las décadas de 1980 y 1990 –cuando Clifford promulgaba una
solución posmoderna a la mala conciencia de la etnografía moderna– tenía sen-
tido pretender que con sólo cambiar sus prácticas escriturarias los antropólogos
se salvarían de tener que salvar a los mundos que estudiaban. Pero hoy en día,
cuando todas las sociedades se sienten amenazadas por las fuerzas destructivas
de una economía global que nos esclaviza a todos y que a todos nos convierte en
280 acólitos del fuego, este “sálvese quien pueda” no nos puede resultar sino un gesto
grotesco, perverso, y hasta nihilista. La indiferencia que expresa Clifford para con
las comunidades humanas que verdaderamente sufren e históricamente mueren
es más que una ironía posmoderna. Decir, como lo hace Clifford, que existen for-
mas de vida nativa que pueden “morir” de una manera “significativa” es una expre-
sión de la crueldad que se esconde tras su cinismo posmoderno.
N o v e la s d e pe r d i c i ó n
En una nota que incluye al final de su novela Los pasos perdidos, de 1953, Alejo
Carpentier aclara que el río descrito en esta novela como “cualquier gran río de
América” es, de hecho, el “río Orinoco en su curso superior”; a su vez, añade
que “el lugar de la mina de los griegos” –donde transcurre una buena parte
de la trama narrativa– “podría situarse no lejos de la confluencia del Vichada”
(Carpentier, 1985: 331). O sea que el lugar adonde se encamina el protagonista
de esta novela en busca de un paraíso perdido es, más o menos, el lugar hasta
el cual viajé yo en el verano de 2011: la Selva de Matavén. Y los indígenas con
quien este protagonista finalmente decide convivir en los años de 1950 ven-
drían a ser, más o menos, los abuelos literarios de los guías Sikuani y Piaroa con
quienes tuve la ocasión de viajar por una semana aproximadamente, en el mes
de julio de ese año2.
2 El viaje que hice comenzó en Cumaribo, el día 15 de julio de 2011, y acabó en Puerto Inírida, el día 23 de julio
del mismo año.
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El f ue go q ue no e c ha humo
Existe un mito Sikuani que, como el mito griego de Prometeo, explica cómo la
gente acabó adueñándose del fuego (Wilbert y Simoneau, 1992). Al igual que
el mito de Prometeo, este mito gira en torno al engaño y el robo: o sea, está
organizado en torno a un inesperado y original acto de filantropía que será
firmemente castigado. El mito en cuestión comienza de la siguiente manera:
Hace mucho tiempo la gente no tenía fuego. Secaban la carne que cazaban a
los rayos del sol, y cuando no había sol, la comían cruda. No sabían qué más
hacer y no conocían el fuego. Eran nómadas. Pero un día encontraron una
montaña y decidieron asentarse a vivir allí.
Un día llovió hasta el mediodía. Cuando dejó de llover, uno de los hombres
del grupo fue a buscar comida. Vio a un hombre que estaba escondido, y este
hombre tenía fuego; tenía cuatro leños que se quemaban. El hombre estaba
acostado y tenía los cuatro leños debajo de su hamaca. El hombre que lo vio
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Los días que estuvieron viviendo así cerca del Abuelo, comieron su comida como
la acostumbraban comer. Sin conocer el fuego, comieron su comida cruda. Pero
un día el Abuelo repartió entre ellos comida que él había cocinado. A cada uno le
dio un poco. La comieron y les gustó. Le preguntaron al viejo: “Abuelo, ¿qué
le echó a la comida para que sepa tan rico?”. Él respondió: “No le eché nada
especial; la cociné con el fuego”. “Pero Abuelo, ¿qué es el fuego?”. “Nietos
míos, el fuego es lo que guardo debajo de mi hamaca. Se puede usar para
cocinar la comida”.
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El Loro Inviernero se fue a encontrarse con el viejo: “Abuelo, ¿me dejaría calen-
tarme al lado de su fuego?”. “Claro que sí, Nieto, puedes hacerlo; pero ten cui-
dado. Otros han venido aquí con semejantes pretensiones antes que tú”. El
Loro le dijo: “No, Abuelo, no pienses eso de mí. ¿A dónde voy a ir, si tengo mi
familia allí mismo?”. El viejo respondió: “Sí, Nieto, sé que tu familia anda por
aquí cerca”. Así que el Loro se quedó a calentarse. Cuando vio que el viejo se
había dormido, tocó la hamaca. Ya que el viejo dormía, el Loro cogió el leño
prendido y se fue corriendo. Cuando el viejo se despertó, intentó coger al Loro
286
pero no pudo. Luego empezó a quejarse: “Aaj, me has quitado mi hijo, mi único
hijo. ¿Por qué hiciste esto?”.
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El humo les irritará los ojos. La luz de sus fuegos no les permitirá ver bien.
Se podrán jactar de saber cómo prender el fuego y protegerlo, pero todavía
tendrán que aprender cómo controlarlo y apagarlo. Por eso, lo último que
les dice el Abuelo es: “Aunque yo les esté dando el fuego, no lo tendrán por
mucho tiempo. Dentro de pocos años habrá una inundación y sus fuegos se
ahogarán en las aguas, al menos que construyan barcos, los cubran de tierra
y hagan sus casas encima de estos barcos”.
Éste es el último acto de filantropía del Abuelo. Quienes le obedecen se
salvan y salvan también al fuego; pero quienes no acatan las órdenes del Abuelo
acaban ahogándose, y con ellos se ahogan también sus fuegos. Los Sikuani,
según este mito, son los sobrevivientes de esta gran inundación que apagó los
fuegos de los demás. Su Abuelo los introdujo al fuego y les enseño cómo pren-
derlo; también les enseñó cómo protegerlo del agua; y por último, la inunda-
ción les enseñó cómo apagarlo. Los Sikuani son, por lo tanto, miembros de
una comunidad selecta que, además de poseer el fuego, posee el conocimiento
necesario para dominarlo, prenderlo y, cuando sea necesario, apagarlo.
287
H or mi gas, a v i spa s y e scorp iones
Entre los mitos etiológicos de los Sikuani hay un ciclo de mitos que tratan del
origen del yopo, una sustancia psicoactiva que se usa en ritos chamánicos que
iluminan las mentes de quienes lo consumen. Según este ciclo de mitos, el yopo
tiene su origen en la vagina de una mujer mágica. Cada vez que su marido la
penetra, semillas de yopo salen de su vagina. Ella le enseña a preparar el yopo
y a inhalarlo. Pero también le advierte que el yopo puede intoxicarlo. Por eso,
cada vez que él la penetra para sacar más semillas de yopo, ella le dice que sólo
la debe penetrar con la cabeza de su pene. El hombre, precavido, nunca la pene-
tra con violencia, y así se asegura de siempre poder abastecerse de yopo. Pero
finalmente los demás hombres se dan cuenta de que el marido de esta mujer
está usando el yopo, y ellos también lo quieren probar. Otro hombre consigue
acostarse con la mujer y probar el yopo. En algunos de estos mitos el segundo
hombre que se acuesta con la mujer es el hermano del marido, en otros, se
trata del hermano de la mujer. Sea como sea, al acostarse con ella, este segundo
hombre y la mujer violan un tabú. Aún más, este segundo hombre, violador de
tabúes, también viola a la mujer, penetrando su vagina con violencia. Como
resultado, el segundo hombre se intoxica de yopo y sufre un castigo. En algunos
mitos, el marido de la mujer transforma a su usurpador en un halcón, en otros,
lo exilia hasta el fin del mundo (Wilbert y Simoneau, 1992: 232-238).
Pero hay una versión en especial de este mito del origen del yopo donde
los hombres que se acuestan con esta mujer sufren un castigo que a su vez les
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premia con poderes y conocimientos mágicos: “La mujer […] era peluda. En su
vagina ella tenía varios animalitos que muerden o pican: escorpiones, hormi-
gas, avispas. Allí estaban, todos amontonados. Era para darle poderes mágicos
a quien hiciera el amor con ella. Todo eso era su poder mágico y protección
contra influencias adversas. Todo estaba en su vagina” (Wilbert y Simoneau,
1992: 237). Así, pues, para producir y consumir el yopo, los hombres han de
sufrir mordidas y picaduras de hormigas, avispas y escorpiones. Pero el escozor
de estas picaduras es un precio justo que pagar por el conocimiento y los pode-
res que imparten en combinación con el yopo.
Si menciono estos mitos es porque entre los Sikuani y los Piaroa se
celebran hasta el día de hoy ciertos ritos en los cuales los hombres se dejan
morder en la cara y en el pecho y en las piernas por hormigas, avispas, y
hasta escorpiones. Luego, el chamán les da a probar el yopo. Cada uno de
ellos se tiene que acostar luego en una hamaca mientras el chamán, que
cuida del fuego, los guía en sus viajes visionarios. Las mordidas y picaduras
de los insectos queman la piel como si los insectos fueran hechos de fuego.
288 Estas quemaduras de la piel representan corporalmente el fuego del yopo
que ilumina sus mentes.
El fuego mental ayuda a estos hombres a protegerse de amenazas como
las que están enfrentando todos los grupos indígenas de la Selva de Matavén.
Las compañías petroleras, mineras y agroindustriales que han llegado al muni-
cipio de Cumaribo en los últimos años están violando la tierra. Quieren sacar
de ella todo lo que puedan. Son como el segundo hombre de los mitos acerca
del origen del yopo. Violan la tierra como él viola la vagina de la mujer. Están
intoxicados de petróleo, de dinero, como él lo está del yopo. Y, de la misma
manera que el segundo hombre sufre un castigo por su voracidad, la lógica de
los mitos del yopo sugiere que estas compañías también deberían sufrir por su
avaricia. Cada vez que una de estas compañías mete uno de sus penes mecáni-
cos en la tierra, queriendo sacar de ella sus tesoros, deben sufrir una pequeña
picadura. Los líderes de las comunidades indígenas del Matavén, al insistir en
sus derechos –bajo la Constitución– a la consulta previa, son como las hormi-
gas, las avispas y los escorpiones del mito. Protegen a la tierra, a la madre tierra,
de quienes la desean violar.
L a e s c r i tur a c ha m áni c a
Clifford critica a los antropólogos modernos por querer salvar de la perdición a
las culturas nativas que estudian. Este deseo, sugiere Clifford, es el resultado de
un delirio. Los antropólogos creen que poseen el poder suficiente para salvar a
esas culturas. Ese poder es la escritura. Por medio de sus textos etnográficos,
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procuran salvar a esas culturas nativas del paso del tiempo y, en última instan-
cia, del olvido. Pero de lo que no parecen darse cuenta los etnógrafos es, según
Clifford, que su poder escriturario no es un poder que de verdad salva a las
culturas nativas, sino más bien un poder que está íntimamente ligado a las fuer-
zas de destrucción que han ido eliminando esas culturas de la faz de la tierra.
Clifford presenta esta crítica bajo la suposición que representa un paso más allá
de las prácticas escriturarias de los antropólogos modernos. Pero lo cierto es
que un antropólogo tan moderno como Lévi-Strauss ya se daba cuenta, en los
años cincuenta, de esta paradoja supuestamente posmoderna.
En Tristes Tropiques, Lévi-Strauss cuenta una anécdota que revela la
relación ambigua que él guardaba respecto al poder de la escritura. Se trata
de un viaje que hizo a la zona del Amazonas brasileño donde habitan los
Nambikwara, una gente que, según la descripción de Lévi-Strauss, “no tiene
una lengua escrita […] [y que] tampoco sabe dibujar” (Lévi-Strauss, 1992:
296). Él decide repartir entre ellos unos lápices y hojas de papel. Por varios
días, no los usan. Pero un buen día, él ve que todos están haciendo unas líneas
horizontales en sus hojas de papel. “Me preguntaba qué intentaban hacer, 289
cuando de repente me di cuenta de que estaban escribiendo o, para ser más
exacto, usando sus lápices del mismo modo que los usaba yo” (Lévi-Strauss,
1992: 296). La mayoría sólo hacía eso, pero el jefe de los Nambikwara era más
ambicioso: “Sin duda”, razona Lévi-Strauss, “él era el único que había captado
el propósito de la escritura”. Ese propósito es, según Lévi-Strauss, nada menos
y nada más que “facilitar la esclavitud” (Lévi-Strauss, 1992: 299). “El único
fenómeno con el que la escritura siempre se ha visto en contacto es la crea-
ción de ciudades e imperios, o sea la integración de un número considerable
de individuos a un sistema político que los organiza en castas o clases” (Lévi-
Strauss, 1992: 299). Su conclusión es que la escritura siempre “ha favorecido
la explotación de los seres humanos, y no su esclarecimiento” (Lévi-Strauss,
1992: 299). Como prueba, ofrece el ejemplo del jefe de los Nambikwara, que
usa la escritura (que en su caso no es sino una simulación de la escritura) para
ostentar nuevos poderes mágicos. El jefe reúne a su comunidad y, por dos
horas, pretende estar leyendo una lista de los objetos que Lévi-Strauss había
traído para repartir entre los Nambikwara. A cada miembro de la comunidad,
el jefe le da el regalo que figura en la lista (que él mismo pretendió escribir
sin saber escribir y que él también pretendía leer sin saber leer). Esta farsa
demuestra, según el análisis que hace Lévi-Strauss de ella, que para el jefe la
escritura “no era cuestión de adquirir conocimiento, de recordar o de com-
prender, sino más bien de incrementar […] [su] autoridad y prestigio” (Lévi-
Strauss, 1992: 298). Al introducir la escritura en esta comunidad, Lévi-Strauss
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denunciar la crueldad, la escritura que busca salvar a los hombres debe ofrecer
también un testimonio de una forma de vida mejor. Y quiero insistir en este
punto porque en la Selva de Matavén, además de haber visto a los esclavos del
fuego acompañados de armas de fuego, encontré una forma de escritura que
afirma, por medio de la negación, una alternativa sensata.
En la comunidad Piaroa llamada Sarrapia se encuentra un colegio eco-
lógico. El currículo de este colegio está organizado en torno al conocimiento
tradicional de las diversas comunidades indígenas que habitan en la Selva de
Matavén. En una de las paredes del colegio se encuentra un texto breve. Se trata
de una visión apocalíptica que tuvo un día uno de los chamanes que fundaron
la comunidad. EL texto reza así: “Cuando el hombre se haya comido el último
pescado, comprenderá que el dinero no se puede comer”. Esta idea sirve de base
no sólo a la escuela sino a toda la comunidad. Sintetiza, en tan pocas palabras,
el pensamiento de este chaman Piaroa y su crítica a la economía capitalista, que
financia a las compañías petroleras que actualmente amenazan la superviven-
cia no sólo de los Piaroa y los demás grupos indígenas que moran en la región,
sino también la de todas las formas de vida que se encuentran en los ríos y los 291
árboles de la Selva de Matavén.
En nombre del fuego, de los fuegos enormes que mantienen a nuestras
grandes ciudades en marcha perpetua, las aguas de los ríos que rodean la Selva
de Matavén están siendo dañadas. Los peces se están muriendo. Con su muerte,
se anuncia el fin del mundo. Y se contempla a la vez la estupidez del hombre
moderno, que por seguir creyéndose dueño del fuego está llevando el mundo
entero a la deriva. El epígrafe del chamán que denuncia el dinero encierra más
que una ironía narrativa, etnográfica o novelística. Como ejemplo de escritura,
expresa la terrible ironía de nuestra civilización. Pero es también un ejemplo de
lo que puede significar, en una época de destrucción como la nuestra, ejercer el
poder de la escritura con el único fin de crear en las mentes de los lectores un
fuego que las ilumine y les permita comprender las crueldades y humillaciones
que sufren a diario las comunidades indígenas de la Selva de Matavén. .
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Artículos en revistas:
5. Ortiz, Fernando. 1955. La sinrazón de los racismos. Revista Bimestre Cubana
70, pp. 161-183.
6. Bradley, Bruce y Dennis Standford. 2004. The North Atlantic Ice-edge Corridor: A
Possible Paleolithic Rout to the New World. World Archaeology 36 (4), pp. 459-478.
Tesis consultadas:
10. Fernández A., Katherine. 2010. Con Dios y el Diablo. Prácticas mágicas de
comunidades negras en el Chocó. Tesis de Periodismo, Facultad de Comunica-
ciones, Universidad de Antioquia, Medellín.
Dossier
De la palabra-acción a la palabra-imitación: itinerario retórico de Cicerón
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Ideología, retórica y dialectalismo en las “vidas paralelas” de Plutarco:
una nota sobre “Pirro”, 26, 11 y “Cimón” 14, 3-17, 2
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Eikos logos-eikos mythos: un logos como representación del mundo
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La función de las imágenes en la reflexión filosófica de Cicerón
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Desde el umbral de las palabras: sobre lo sublime a partir de Pseudo-Longino
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Paredes Cisneros, Santiago. Algo nuevo, algo viejo, algo prestado. Las transformaciones urbanas de
Informes Barbacoas entre 1850 y 1930. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, Facultad de Artes, 2009
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332 4506 Caracas: Editorial Alfa, 2009.
Cra 1a # 18A-10 Gustavo A. Bedoya S., Universidad de Antioquia, Medellín, Colombia
Bogotá, Colombia Dosse, François. La marcha de las ideas. Historia de los intelectuales, historia intelectual.
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Causas de un exilio académico y desafíos teóricos de un “retorno” forzado
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Transformar a los espectadores en un público: un desafío en las campañas transnacionales de defensa de una causa
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Controversia
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La identidad latinoamericana: proceso contradictorio de su construcción-
deconstrucción-reconfiguración dentro de contextos globales
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La población en manuales escolares de geografía de América, Colombia (1970-1990)
Horizontes
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Entre la minoridad y la ciudadanía. Sensibilidades legales sobre la normatividad de
protección de la niñez y la adolescencia en Colombia
Espacio abierto
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Interdisciplinariedad en investigación: ¿colaboración, cruce o superación de las
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La producción de soya durante el período 1976-2002: desempeño e impacto en la
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