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Box Especial

Monstros da máfia
SUMÁRIO

Livro 1
Dedicatória
Sinopse
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo bônus 01
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo bônus 02
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo bônus 03
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo bônus 04
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo bônus 05
Capítulo 27
Capitulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo bônus 06
Capítulo 31
Capítulo bônus 07
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo bônus 08
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capitulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capitulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Epílogo
Agradecimentos
Nota Da Autora
Livro 2
Sinopse
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Epílogo
Livro 3
Sinopse
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo
Capítulo especial
Agradecimentos
Sobre a Autora
Em breve...
Livro 1
Copyright© Anny Swan & Flor de Maio, 2021
Capa: Katy Branco
Imagens: Gysa Rocha
Revisão: Rosana Bezerra (Vivart – Criação e design)
Diagramação: Rosana Bezerra (Vivart – Criação e design)
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Atenção
Esse livro contém cenas de sexo e violência que podem ser considerados como
possíveis gatilhos. Não leia caso sinta-se desconfortável. Porém, a autora não
concorda com tais barbáries.

O CHEFE
MÁFIA SÉRVIA
ANNY SWAN & FLOR DE MAIO
2ª Edição – 2021

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento, e/ou reprodução de


qualquer parte dessa obra – física ou eletrônica – através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da autora. A violação dos
direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal 2018. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua
Portuguesa. Todos os direitos reservados.
Dedicatória
Dedico com imenso carinho as minhas leitoras do grupo do
aplicativo de mensagens instantâneas e ao clã de comentaristas
oficiais, pelo infinito apoio moral.

Valdilene, Graça, Simone, Cacilda, Rosa Vieira, Ester, Lucélia,


Amanda, Lénia, Ana, Edna, Christy Rocha, Jessica Souza, Lidiane,
Geórgia, Amanda Feitosa, Jacque, Karol, Ellen, Maria, Patrícia,
Demilza, Fabiane, Greice, Sidmara, Lúcia, Tasminha, Ricarda, Joy,
Helena, Areta, Maria Amanda, Thais, Rosana, Gláucia Nogueira,
Tati, Tamirys J, Ana Paula, Elisabete, Mara, Liliane Mira, Manuela,
Zita, Mônica, Helena, Tynna, Jéssica Thais, Kel, Yasmin, Carla,
Deisiane, Deusa, Suziane Teles, Danisllene, Vitória, Liliane Martins,
Rai, Alexandra, Sandra, Mila, Ro Oliveira, Aninha, Enam, Luciana
,Bete, Rebecca, Bianca, Gracinha, Cecília, Angélica, Rosa Crist.,
Amanda Morgana, Kamilla, Viviane, Ingrid Nadine, Silvana, Lenda,
Renata Araújo, Nela, Lurdes, Gina Nunes, Janaína, Neusa Oliveira,
Cristina Marques, Celli, Renata Carnevalli, Íris, Edlileia, Alessandra,
Dejeane, Janaína Gomes, Elisiane, Sany, Lila, Alexsandra, Andréia,
Érica Oliveira, Giulia, Ana Cláudia, Val Nunes, Joseane, Andrea,
Ruanny, Kellis e Andrieli.

Meninas, a cada uma de vocês, eu dedico meu carinho.


Sinopse
A máfia Sérvia apresenta: O CHEFE.

Ele é considerado a própria encarnação do mal.


Ela será o pagamento de uma dívida.

Ele, desde criança foi escolhido para ser O CHEFE da maior


organização de tráfico, tanto de drogas, como humano.

Ela será enviada para a maior casa de luxo de New York.


Ele recebeu o nome de Dusan, “somente Deus é o seu juiz”.
Ela terá a sua inocência e liberdade roubadas.

Um homem frio, calculista e implacável, que jamais aceitará que um


anjo fique entre ele e a máfia.

Ela terá que lutar com todas as forças, para não deixar o próprio
demônio, em forma humana, roubar a sua alma.

Dusan e Luna são duas pessoas de mundos opostos. E, o amor os


escolheu para ser o seu próximo alvo.
Prólogo

A máfia Sérvia ou crime organizado sérvio, é uma organização


criminosa, que infiltrada estrategicamente, age em mais de dez
países, englobando a Alemanha, os Estados Unidos, o Reino Unido
e a França. Estão envolvidos em diversas atividades como:
narcotráfico, contrabando, tráfico humano, assassinatos por
encomenda, esquemas de proteção forçada, jogos de azar e
roubos.
Vozdovac é o maior grupo da organização liderado pelo Chefe
“Dusan”. Atuando em um dos maiores países do mundo, os Estados
Unidos. E, controlando grupos menores que atuam na Sérvia e em
outros países.

Nebraska

Acordo em um sobressaltado quando ouço o barulho infernal do


despertador. Ainda sonolenta, abro meus olhos lentamente para
tentar me acostumar com a claridade. Assim que os abro por
completo, me deparo com a mais bela visão a minha frente. Fico
com eles fixos na pessoa que mais amo na vida. Essa está com um
largo sorriso em seu rosto. Antes que eu tenha qualquer outra
reação, sua voz ecoa.
— Parabéns, minha irmã. Desejo do fundo do meu coração que
Deus sempre ilumine a sua vida. Eu a amo muito, Luna —
instintivamente levantei e a envolvi em um forte abraço.
— Obrigada Mila! Você sabe o quanto eu amo você. E, daria a
minha vida para te ver feliz, meu raio de sol.
Passamos um bom tempo, abraçadas. Logo, a minha irmã foi para
escola. Camila tem apenas 14 anos. Mesmo sendo somente quatro
anos mais velha, é como se fosse minha filha, pois, passamos por
momentos muito difíceis.
Há um ano, quando minha irmã esteve com pneumonia, era como
se parte de mim também estivesse sobre aquela cama de hospital.
Além disso, para complicar ainda mais, Mila ficou com a saúde bem
debilitada e com vários problemas respiratórios, necessitando de um
tratamento que somente uma alta quantia em dinheiro poderia lhe
proporcionar.
Tentamos de várias formas, para que pudéssemos custear. Mas não
conseguimos o valor necessário. E, quando já estávamos perdendo
as esperanças, meu pai chegou com a soma que precisávamos.
Quando lhe perguntei como havia conseguido, ele me disse que um
grande amigo tinha o emprestado.
Deixo os meus pensamentos de lado e resolvo tomar meu banho.
Embora só hoje fizesse 18 anos, há alguns meses que consegui um
emprego de meio turno numa lanchonete do bairro. Espero que
algum dia possa proporcionar a minha família uma vida melhor e
que a minha irmãzinha tenha um futuro brilhante.
New York

O “CHEFE,” é assim que todos me chamam dentro da nossa


organização. Somente os membros do conselho tem permissão
para proferir o meu nome.
Alguns anos antes do meu nascimento, um dos anciãos mais
antigos da máfia Sérvia, teve uma visão de uma criança que seria
enviada pelos nossos ancestrais, ele iria tornar-se o grande líder,
que comandaria com mãos de ferro a nossa organização. A infeliz
que me gerou, passou por vários rituais, pois, havia sido escolhida
pelos membros do conselho, para ser a mãe do enviado. Porém, a
maldita, que para todos era pura, já havia se entregado a um
desconhecido. E este, simplesmente desapareceu no momento em
que soube de sua gravidez.
Durante toda a gestação, ela teve o acompanhamento dos membros
do conselho. E, após o meu nascimento, deram-na o fim que
merecia. O que para mim sequer fez diferença.
Assim que completei cinco anos, passei a ser treinado por Boris. A
partir daí, ele tornou-se o meu conselheiro e a única pessoa em
quem confio. Aos 18 anos, vim para os Estados Unidos. Local onde
o Vozdovac se tornou o grupo criminoso mais temido dentro do
território americano.
Meus pensamentos são interrompidos quando ouço Simão,
avisando que chegamos ao nosso destino.
Com os olhos fixos na imagem à minha frente, observo o lugar que
se tornou a maior fonte de renda da nossa organização. Embora
atuando em várias atividades, nada se compara com o tráfico
humano.
The Brothel Empire®, é o maior e mais procurado em todo o mundo.
Além de oferecer as mais belas mulheres, temos disponível
verdadeiras máquinas humanas de sexo, que são capazes de
transar com mais de trinta homens numa só noite.
O que todos desconhecem, é a origem e o motivo delas serem
diferentes de qualquer outra que já conheceram. Além do tráfico,
algumas vieram como pagamento de dívidas. Porém, além de
virgem, todas tinham menos de dezoito anos e passaram meses
sendo treinadas para se tornarem insaciáveis. De tal forma que, a
qualquer aproximação do sexo masculino, já estavam prontas para
proporcionar todo o prazer que assim eles desejassem.
Algumas já estão com idade avançada. E, por isso, um novo
carregamento será feito daqui a alguns dias, onde teremos novas
mercadorias. Assim, as desgraçadas que não tem mais serventia,
serão pelas minhas próprias mãos, enviadas diretamente ao inferno.
Capítulo 01

New York – Cinco dias depois...


Dylan Carter

M eu nome é Dylan Carter. Há mais de dez anos, entrei em uma


das organizações criminosa mais temida de todos os tempos.
Fazer parte do grupo Vozdovac, sempre foi o meu maior sonho.
Além de cuidar para que as novatas passem pelos devidos
treinamentos, eu sou o responsável em receber os novos
carregamentos relacionados ao tráfico humano e de informar ao
"CHEFE" sobre os malditos devedores que estão em atraso.
Deixamos New York nas primeiras horas da manhã, para ir buscar o
novo carregamento que o chefe havia solicitado. E esse, em poucas
horas já estaria chegando ao local combinado.
Notei que o fluxo de veículos estava intenso. Os taxistas desta
cidade eram criaturas singulares, destemidos ao extremo, indo à
alta velocidade pelas ruas abarrotadas com uma tranquilidade
excepcional.
Para preservar a minha sanidade mental, me concentrei na tela do
notebook a minha frente, em vez de ficar vendo os carros passarem
ao lado, a milímetros de distância. Fiquei em total alerta, quando
meus olhos foram ao encontro do arquivo com o nome de Bryan
Scott. Atentamente, meu olhar fixou ali e observei todo relatório que
me foi enviado há algumas semanas. Por uma fração de segundos,
quase deixei passar o nome do desgraçado do Antony Ysmit, a
quem Bryan Scott emprestou um alto valor há um ano e hoje vence
o prazo estipulado.
O barulho do meu telefone desviou minha atenção e ao olhar para
tela, o nome de quem eu menos esperava apareceu no meu campo
de visão. No mesmo instante, um calafrio atravessou todo o meu
corpo, e, imediatamente atendi a ligação.
— A sua disposição chefe. Já estamos indo para o local combinado.
— Quero que antes passem em outro lugar. Pois, chegou o
momento do infeliz do Antony Ysmit, pagar o que me deve.
Fiquei completamente atordoado com as palavras que foram
proferidas. Ele é como se estivesse presente em todos os lugares e
nada escapasse de seu domínio. O som da sua voz me tirou dos
meus devaneios.
— Ele pagará de outra maneira, se caso maldito não tiver o valor
que foi estipulado no contrato. Segundo as informações de Bryan,
ele possui duas filhas. Traga a mais nova como pagamento da
dívida.
— Assim será feito, senhor.
— Estarei aguardando no The Brothel Empire®. Você já sabe que
todas devem começar o treinamento ainda hoje, já que não temos
tempo a perder.
Segundos depois, após ele ter encerrado a ligação, passei ao
motorista as instruções do nosso próximo destino. O infeliz do
Antony vai se arrepender profundamente por não ter pagado o que
nos deve.
“Espero que a filha do desgraçado seja bem novinha. Assim, terei
todo o prazer em me deliciar do seu corpo, enquanto o treinamento
não chegue ao fim”.

Enquanto isso em Nebraska...


Minha cabeça ainda estava a mil, em razão do grande fluxo de
pessoas no estabelecimento. Estava grudenta de suor. Contudo,
assim que o movimento foi se dissipando, restando somente os
funcionários, um sorriso surgiu entre meus lábios e mais ainda por
receber o meu primeiro salário.
Nos minutos seguintes, depois de deixar tudo organizado. Caminhei
até o setor dos funcionários, tomei um banho rápido e vesti minha
roupa. Despedi-me de todos e deixei o ambiente.
Sempre venho e volto andando de casa para a lanchonete. Assim
economizo o dinheiro que recebo para o meu deslocamento, dando-
o a minha irmã para garantir o seu lanche na escola.
Assim que paro na direção da faixa de pedestre, um barulho de um
apito me traz ao presente. Um guarda de trânsito corpulento, vestido
um colete fluorescente, apareceu e mandou que o ônibus voltasse
para faixa, fazendo um gesto autoritário com a mão coberta pela
luva branca e, um grito, o que não deixou dúvidas de que estava
falando sério. Fez um sinal para que atravessássemos o
cruzamento pouco antes do semáforo fechar.
O trajeto entre a lanchonete e a minha casa, era bem curto, mas,
dessa vez, pareceu ter durado uma eternidade. Minutos depois, dei
alguns passos, virei à cabeça e vi vários veículos de cor escura,
parados próximos à minha casa. Senti uma dor forte em meu peito e
um calafrio percorrer por todo o meu corpo. Pois, havia alguns
homens de preto em frente aos carros. E isso me deixou
desconfiada.
Apesar do abatimento que sentia e provavelmente aparentava,
endireitei os ombros e aumentei o ritmo das passadas. Quando levei
minha mão de encontro à maçaneta, ouvi o som dos gritos da minha
irmã. Desesperada, abri a porta e ao ver a cena a minha frente, a
dor em meu peito se intensificou.
Minha respiração estava irregular, um nó se formou em minha
garganta ao assistir o meu pai, com o rosto ensanguentado.
Enquanto minha mãe segurava o braço da minha irmã, puxando-a
das garras do homem todo vestido de preto, que segurava o outro
braço da Camila.
Respiro fundo para acalmar meus batimentos e em seguida minha
voz se faz presente.
— Solte minha irmã, seu infeliz — as órbitas negras logo ficaram
fixas em minha direção. E, uma voz potente ecoou no ambiente.
— Ela vem conosco ou irei agora mesmo enviar o seu pai direto
para o inferno. Esse infeliz, há um ano pegou um alto valor
emprestado e chegou o momento de a dívida ser paga. Como não
tem o dinheiro, o chefe exigiu sua filha mais nova como pagamento.
Olhei para o meu pai arriado em um canto, que mantinha sua
cabeça abaixada. Levantei o olhar e as lágrimas grossas desciam
pelo rosto da minha mãe e da minha princesinha. As palavras do
homem martelavam em minha cabeça e tudo começou a fazer
sentido. Saio do estado em que me encontrava quando, mesmo
com a voz entrecortada, meu pai sussurrou.
— Perdoe-me, eu não poderia deixar a Mila passar por tanto
sofrimento sem fazer nada.
O pânico me dominou quando ouvi uma voz quase sem vida
ecoando no ambiente.
— Luna, me ajuda... Luna, e-e-eu não consigo respirar.
Pela sua expressão, tudo indicava que estava por um fio de ter uma
crise. O homem desconhecido, vendo que ela não parava de se
debater, soltou bruscamente o seu braço, fazendo-a cair feito uma
boneca no chão. Enquanto minha mãe ajudava minha irmã, a minha
cabeça parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. E, diante de
tudo isso, precisava fazer o que era o certo. Pelo bem da minha
família, eu não poderia deixar que um ato do meu pai, mesmo que
tenha sido movido pelo desespero, acabasse com a vida da pessoa
que mais amo na vida.
— Eu irei com você. A minha irmã tem sérios problemas de saúde e
como viu, ela dará bastante trabalho. Farei tudo o que quiserem,
mas, deixem a minha família em paz.
O homem me analisou de cima a baixo e ficou em silêncio. Ver a
desolação nos olhos da minha mãe era de cortar o meu coração.
Voltei minha atenção novamente para o homem, que continuava me
encarando. Notei como o seu olhar era malicioso. Seus lábios se
mexeram e assim que abriu a boca o silêncio foi quebrado
novamente no ambiente.
— Quantos anos você tem?
— Farei dezessete daqui a um mês.
Ao ouvir minha resposta, uma expressão de agrado surgiu em sua
face e, antes que fizesse algo, levantou a mão e em seguida senti
algo úmido de encontro ao meu nariz. Comecei a me debater, mas
logo fui envolvida por uma escuridão sem fim.
Capítulo 02

New York

I nquieto! Nunca tinha me sentido dessa forma. Um desconforto


enorme pairou sobre mim, e meus órgãos internos funcionavam a
todo vapor. Algo estava me queimando por dentro e fazendo todos
os meus demônios despertarem.
Com o ódio inflamando em minhas veias, me levantei nas primeiras
horas da manhã. Sabia que a única coisa que poderia me acalmar,
era o Johnson enviar as infelizes que estavam na lista para a sala
do corredor 666. Em passos precisos, deixei o meu quarto.
Atravessei ao hall indo em direção ao lugar que me deixa em puro
êxtase.
O novo carregamento chegará dentro de duas horas. E, ainda levará
alguns meses para as malditas estarem prontas. Não obstante,
sempre temos algumas à disposição para substituir as vadias que
não tem mais serventia. Suzana e Karen são as únicas que deixarei
ainda com vida. Embora já estejam passando da hora de serem
enviadas ao inferno. Elas ainda me servem, pois ajudarão para que
as novatas sigam corretamente as regras ou não hesitarei em
acabar com suas vidas.
Deixei meus pensamentos de lado, assim que parei em frente à
porta da "Sala do Desespero". Ao adentrar o ambiente, vi que as
quatro mulheres à minha frente, se encontravam totalmente
despidas. Elas estavam com os olhos fixos em minha direção, me
encarando diretamente, me devorando com os olhos, percorrendo
todo o meu corpo.
Sou um homem incrivelmente belo, tão lindo que as mulheres
sempre param para me olhar. E, não seria diferente com essas
vadias. Elas cogitam que foram escolhidas somente para me
satisfazer, já que desconhecem totalmente esse lugar. Logo, um
sorriso surge em meus lábios. De uma coisa estão certas, irão
proporcionar-me um prazer indescritível.
Ainda parado próximo à porta, os meus olhos foram ao encontro do
painel que estava fixo na parede ao lado. Já conseguia sentir o
cheiro de sangue fresco, que logo estará impregnado no lugar. A
sala do desespero, além de ter vários utensílios e armadilhas
sádicas, foi programada para proporcionar dor as minhas vítimas e
prazer a uma única pessoa, “Eu”.
As paredes, embora aparentem ser normais, são totalmente
revestidas em aço e escondidas por lindas cortinas vermelhas. No
momento em que a senha de cinco dígitos é solicitada, as paredes
se movem e o espaço fica cada vez menor. Caso a vítima não digite
a combinação a tempo, a cada segundo que a sala vai se
autodestruindo, o desespero da vítima aumenta, assim como os
meus demônios começam a ficar em puro êxtase. Quando
finalmente o tempo de um minuto chega ao fim, quem estiver na
sala, será esmagado entre as paredes.
Dou alguns passos, caminhando até o sofá a minha frente. Levanto
minha mão e em seguida com um dos dedos faço sinal para que se
aproximem.
Em questão de segundos, minhas calças são retiradas do meu
corpo. E, logo o meu avantajado e latejante pau, se liberta da sua
prisão, já que estava mais duro que um aço.
Acomodei-me no estofado e logo duas delas se abaixam. E, com
grande habilidade, começam a acariciar e envolver meu membro
grande e grosso com os dedos, fazendo movimentos circulares em
toda extensão do meu cacete. Enquanto isso, outra puta sobe em
cima de mim e, assim que a desgraçada se atreve a levar seus
lábios de encontro aos meus, estremeci ao sentir o ódio se renovar
dentro de mim. Com um único movimento, minhas mãos vão de
encontro ao seu pescoço, apertando sua garganta sem nenhuma
delicadeza. Seus olhos ficam arregalados e sua respiração alterada.
Imediatamente começa a se debater, até o ponto de desfalecer a
minha frente.
Jogo o seu corpo para o lado. Ao ver o medo e o pânico nas órbitas
das outras três vadias, minha vontade de me deliciar dos seus
corpos aumenta vertiginosamente, antes de dar a elas o mesmo
final da maldita.
Dispensando qualquer esforço, puxo a terceira mulher que estava
petrificada olhando para companheira morta. Efetivamente, antes
que fizesse alguma coisa, minha boca já estava em seus seios, os
chupando de forma possessiva, no mesmo instante minhas mãos
apertavam sua bunda firme.
Soltei um gemido de prazer quando uma das mulheres introduziu o
meu pau em sua boca gulosa. E a outra deslizava a língua
aveludada na minha pele sensível. O que me fez sentir o prazer se
espalhando pelo meu corpo. Comecei a morder um dos seios da
mulher, que gritava a todo vapor em meio à dor e imediatamente
levei minhas mãos ao encontro da cabeça da outra. Fiz com que
introduzisse meu pênis em sua boca quente, fazendo-a o engolir até
a base. A mulher tentava retirar a boca, porém, isso só fazia com
que eu apertasse ainda mais sua cabeça, fazendo-a acomodar todo
o meu cacete na sua cavidade bucal.
Não conseguindo mais aguentar o fogo que me queimava por
dentro, como se algo que estava preso dentro de mim quisesse ser
liberto. Afastei as duas mulheres. E, com uma troca de posições,
coloquei a infeliz que estava segundos atrás em cima de mim, de
quatro. Agarrei os cabelos dela com força, enquanto o meu pênis a
penetra bruscamente.
Estava possuído pelo desejo. Então, comecei as estocadas sem
parar. A mulher se mantinha totalmente imóvel e nenhum som saia
entre seus lábios. Não satisfeito, me levantei fazendo-a cair de
encontro ao chão. Logo, peguei as duas mulheres que logo ficaram
na posição que a amiga estava antes.
Sem piedade, segurei no quadril de uma delas e introduzir o meu
membro furioso em sua boceta. Enquanto enfiava três dedos no
sexo latejante da outra. A vagina das vadias se contraia em torno da
minha penetração e mão. Estava num ritmo alucinante, revezando
entre meu pênis e meus dedos. Fiquei tão absorto que perdi a
noção do tempo transcorrido e só parei quando o meu corpo se
rendeu a um orgasmo arrebatador.
Olhei para três mulheres que não aparentavam nenhum cansaço,
porém, se mantinham jogadas no sofá a minha frente. Dei uma
olhada no relógio em meu pulso e tudo indicava que dentro de meia
hora, Dylan e os meus homens já estariam chegando com o novo
carregamento.
Então, em passos precisos, caminhei em direção à porta. E, ao ficar
em frente ao painel, digito a senha. Em seguida me viro em direção
às três mulheres. Ao verem as cortinas caírem no chão e as
paredes se moverem, elas levantam-se de imediato.
Abri a porta e a fechei em seguida atrás de mim. Fiquei observando
toda movimentação através do monitor fixo do lado de fora do
ambiente.
Uma corrida contra o tempo foi iniciada e o pânico as dominou. Elas
começaram a correr em direção à porta e em seguida batendo sem
parar. O espaço no ambiente, a cada segundo diminuía. Uma delas,
ao olhar para o painel, começou a digitar vários números na
esperança de encontrar a combinação certa.
Tudo o que se ouvia eram gritos e mais gritos através dos caixas de
som, instaladas na parte interna e externa. Quando o tempo chegou
ao limite, ouvi um grito estrangulado que ecoou por todo o espaço.
Minutos depois, após digitar a senha, as paredes se afastaram um
pouco. A única imagem exibida na tela do monitor era dos restos
internos envolvidos pelo líquido avermelhado.
Uma onda de prazer e satisfação pairou sobre mim. A sensação
ruim que se apoderou horas antes, enfim desapareceu. Meus
demônios enfim adormeceram e, em passos largos, fui em direção a
minha suíte.
De banho já tomado, envolvi o meu corpo com um roupão preto e
me acomodei em minha cama. Em seguida, peguei o controle e ao
apertar um único botão, as cortinas se afastaram dando lugar ao
enorme telão a minha frente.
Dylan, e meus homens, têm ordens para assim que chegarem levar
as mercadorias para o setor B. Local onde ficarão durante todo o
processo de treinamento. Como não temos tempo a perder, assim
que chegarem, todas irão passar pelo primeiro dia de treinamento.
Terei todo o prazer em ver as imagens de cada uma passando pelo
primeiro, de muitos dias, do que serão as suas miseráveis vidas.
Capítulo 03
New York

A corda!
— Luna! Luna! Acorda! Acordaaaa... — o som da voz da minha
irmãzinha me arrancou das profundezas do meu desespero.
Senti uma onda de frio por todo o meu corpo e uma dor forte na
minha cabeça. Lentamente vou abrindo os meus olhos. A cabeça
está pesada, minha mente completamente enevoada, de tal forma
que nem eu mesma consigo me encontrar.
Aos poucos as lembranças vão se tornando cada vez mais claras.
E, com elas o medo que se apodera de todo o meu corpo. O lugar
está na penumbra.
Ao mover minha cabeça para o lado, me deparo com vários pares
de olhos fixos em minha direção, que pareciam tão perdidos quanto
os meus.
O pânico tomou conta de todo o meu ser. Desesperada, tentei me
levantar, mas ao sentir algo em minhas pernas, logo caí de encontro
ao chão, só aí percebi as algemas com correntes grossas, que
estavam me impossibilitando de me mover.
A única coisa que me restou a fazer foi gritar.
— Socorro! Alguém me ajude! Socorroooo — quando já estava no
limite da minha agonia, um forte clarão surgiu no ambiente, no
mesmo instante que as portas foram abertas pelo indivíduo
responsável por todo o meu sofrimento, eu jamais me esqueceria do
seu rosto.
Então, engoli em seco. Novamente virei à cabeça para o lado e uma
dor se expandiu em meu peito ao ver que tinha mais sete garotas.
Todavia, todas aparentavam ser mais novas do que eu. O medo
estava visível através dos olhos de cada uma delas.
Meus pensamentos foram interrompidos quando a voz do homem
ecoou. Instantaneamente vários outros homens, igualmente vestidos
de preto, surgiram ao seu lado.
— Sejam bem-vindas ao seu novo lar. O lugar de onde vocês só
sairão mortas — um sorriso irônico surgiu em sua face.
O medo atravessou o meu peito, o que fez a dor em minha cabeça
se intensificar. Mas, antes de ter qualquer reação, um barulho sutil
ecoou, em seguida minhas pernas foram liberadas, mas, antes que
fizesse algo, o infeliz segurou com força o meu braço.
Enquanto o homem me puxava, os seus companheiros também
estavam retirando as outras meninas do lugar. Só então percebi que
era o baú de um caminhão. Ele se deteve e novamente sua voz
asquerosa se fez presente.
— Levem todas para o setor B e já sabem o que devem fazer.
Dessa atrevida aqui, eu cuidarei pessoalmente.
Ele continuou me puxando assim que terminou de falar. Eu
tropeçava nas minhas próprias pernas, mas o homem apertava
ainda mais o meu braço.
Minutos depois, parou frente a um elevador, em seguida me puxou,
entramos e a porta se fechou. Logo foi ao destino solicitado, e,
segundos depois saímos do ambiente.
Atravessamos um hall espaçoso e seguimos para um corredor
estreito, onde havia várias portas. Tinha um som de uma música
vindo de um dos quartos, porém, logo meus pensamentos se
direcionaram para o homem. Este me jogou com brusquidão dentro
de um dos quartos e fechou a porta com o pé.
Começou a retirar sua roupa e logo me aproveitei do seu momento
de distração e levantei num pulo. Logo, saí em disparada em
direção à porta. Antes que cogitasse em alcançar o lugar que era
meu objetivo naquele momento, sentir mãos fortes segurando o meu
cabelo e o meu corpo foi jogado em cima de cama. Num único
movimento, notei que meu vestido foi arrancado do meu corpo,
deixando-me somente com as peças íntimas.
Ele se afastou e terminou de retirar suas roupas e ficou
completamente nu em minha frente. Ver a imagem dele despido e
seu olhar de desejo sobre mim, ocasionou uma reação abrupta,
como se estivesse recebido um soco no meu estômago. O meu
peito se expandiu em um grande suspiro. Acabei perdendo o fôlego
e meu coração se acelerou ao o ver caminhando em minha direção.
“Pense Luna! Pensa! Preciso fazer algo ou aquele infeliz irá
conseguir o que tanto deseja. Essa será a minha última chance.”
Ele foi se movendo pela cama até seu corpo ficar estendido sobre o
meu. Respirei fundo assim que olhei o objeto em cima do criado
mudo ao lado. Enquanto ele se esfregava em mim, minha mão que
tremia igual vara verde foi de encontro ao objeto. Então, reunindo
forças, o segurei firme em minhas mãos, percebi que era de metal e
bem pesado.
Sua mão se moveu entre minhas pernas e assim que seus dedos
alcançaram a minha calcinha, sem hesitar e com toda a força vinda
através do pânico e do meu desespero, passei o objeto em sua
cabeça, fazendo seu corpo grande e pesado cair sobre mim.
Afastei o corpo dele para o lado e ao me certificar que somente
estava desacordado, não perdi tempo e me levantei.
Abaixei o olhar e as roupas dele estavam espalhadas no chão. Notei
que havia somente um pedaço de pano que sobrou do meu vestido,
mas precisava de algo para cobrir o meu corpo.
Em desespero, me abaixei para pegar a camisa dele. E, foi quando
a porta foi aberta bruscamente. No mesmo instante, um calafrio
atravessou todo o meu corpo.
Meus olhos estavam fixos no grande telão a minha frente. Pois,
sempre acompanho de perto a chegada dos novos carregamentos.
Temos dezenas de câmeras espalhadas, tanto na parte externa,
como interna desse lugar, incluindo a minha própria suíte.
Contudo, há algumas câmeras que somente eu tenho
conhecimento. Visto que, pessoalmente as instalei antes da
inauguração do The Brothel Empire.
Para os intelectuais, o Voyeurismo é um distúrbio mental. No
entanto, o The Brothel Empire tornou-se a maior e mais procurada
casa de luxo do mundo, onde as salas que temos nesse lugar
permitem aos indivíduos sentir prazer através da observação de
pessoas praticando sexo.
Nunca gostei de mulheres inexperientes. Tanto, que somente após
concluírem o treinamento, é que todas passam por mim, para me
certificar de que estão realmente qualificadas para serem
apresentadas aos clientes. Contudo, nenhuma mulher sequer entrou
em minha suíte.
Jamais perderia o meu tempo com uma virgem. No entanto, me
deixa em puro êxtase observar cada etapa do treinamento e,
principalmente, ver a primeira vez de cada uma delas. Fecho as
portas do meu pensamento ao constatar que finalmente chegaram.
Meus olhos permanecem fixos em cada movimento que está
acontecendo em volta do ambiente. Dylan e os outros caminham em
direção ao baú onde todas estão. Assim que as portas são abertas,
o maldito barulho vindo do meu celular tira minha atenção do
monitor a minha frente.
Encerro a ligação minutos depois após ter sido informado pelo
conselho que dentro de uma semana terei que ir para Belgrado.
Contudo, imediatamente a minha atenção se voltou para tela a
minha frente.
Apertei o botão que dava acesso às câmeras do setor B, porém,
algo me intrigou por não ver Dylan. E, havia somente sete garotas,
que estavam gritando a todo vapor, já estavam sendo
encaminhadas para o treinamento. Deslizei os dedos em volta do
controle digital, acionei as imagens do quarto de Dylan, no exato
momento que o vejo completamente despido, vi uma infeliz que
estava prestes a acertar a sua cabeça com a maldita estatueta que
trouxe quando veio da Austrália.
Senti o ódio inflamando em minhas veias. Meus demônios que
minutos atrás tinham se acalmando, desta vez voltaram com tudo. E
o único pensamento que vinha em minha frente era arrancar com as
minhas próprias mãos o coração da maldita.
Num impulso, me levantei e em passos largos caminhei em direção
aos aposentos do imbecil. Esse desgraçado só me mostrou o
quanto é incompetente. Seja lá o que a vadia fez, será pouco perto
da punição que ele vai receber.
Assim que cheguei em frente ao quarto do infeliz. Abri a porta e
meus olhos foram de encontro ao seu corpo, que estava sob a cama
e havia uma poça de sangue próximo a sua cabeça.
Abaixei o olhar identificando a responsável. Mas, assim que a
mulher se pôs de pé e levantou a cabeça revelando a sua face.
Nesse exato momento, senti todo o meu corpo estremecer ao me
deparar com o rosto semelhante ao de um anjo, com suas órbitas
azuladas e fixas em minha direção.
Capítulo 04
New York

C omo se não fosse suficiente os meus batimentos cardíacos


estarem acelerados, de repente disparou terrivelmente, como
se meu coração pudesse voar para fora do meu peito. Minha
garganta fechou-se como se tivesse um bolo que me impedia de
respirar.
O medo cru e agudo apoderou-se de todo o meu ser, assim que
meus olhos ficaram fixos no homem alto. Este vibrava com uma
energia poderosa, que parecia ser contida com algum esforço.
Ele usava um robe preto, os cabelos escuros resplandeciam como a
asa de um corvo. E, seus olhos estavam fulminantes, mortais e fixos
nos meus.
O homem que tinha uma expressão totalmente indecifrável. Abaixou
o queixo e me analisou, percorrendo com o olhar todo o meu corpo,
dando a impressão de querer me devorar somente com esse olhar
penetrante.
Mesmo a alguns metros de distância, eu podia sentir a vibração
magnética que vinha dele. Fazendo todo o meu corpo estremecer e
meus órgãos internos funcionarem a todo vapor.
Comecei a tremer e os meus batimentos aumentaram ainda mais,
se é que é possível, quando levantou a cabeça com sua face
completamente transformada. E, avançou em minha direção como
um animal selvagem, pronto para devorar sua presa.
O pânico me dominou e o medo era inevitável. Tentei recuar para
pegar o objeto de metal que estava sobre a cama, mas fui puxada
com agressividade, fazendo nossos corpos se chocarem.
Com as mãos trêmulas, toquei seus braços e, movida pela minha
agonia, cravei minhas unhas em sua carne. Porém, antes que
fizesse algo, senti uma dor insuportável em minha face, parecendo
como se estivesse pegando fogo. Em seguida fui jogada
bruscamente no chão.
Levei as mãos de encontro a minha bochecha que estava ardendo.
Porém, fiquei assustada com o sangue que escorria pelo canto da
minha boca, devido ao forte impacto da enorme mão dele de
encontro ao meu rosto.
Sem a minha permissão, as lágrimas grossas surgiram inundando o
meu rosto. E, para aumentar o meu tormento, levou sua mão de
encontro ao meu cabelo e saiu me puxando.
Saímos do quarto e percorremos o enorme corredor. As minhas
costas estavam doendo devido o contato com o concreto. As
lágrimas que caiam uma após a outra, representavam o meu
sofrimento.
A dor em minha cabeça se intensificava a cada segundo que ele ia
me arrastando. Ao pensar que não iria aguentar, foi nesse momento
que o homem abriu uma porta e entrou me levando junto.
Meus pensamentos foram interrompidos quando me jogou em cima
de uma cama. Com um ágil e único movimento, suas mãos enormes
tiram as últimas peças que cobriam o meu corpo. Logo, foi revelada
a minha nudez.
Meu coração batia tão forte que parecia que logo sairia pela boca.
Sabia o que aconteceria e as consequências seria algo que levaria
por toda vida. Constatar isso, só fez aumentar o meu desespero.
— Por favor, me deixe ir.
Seus olhos brilharam assim que ficaram fixos nos meus seios. Em
resposta a minha súplica, ele se levantou. Respirei fundo sentindo
um grande alívio. Porém, achei que me deixaria em paz. E, só
constatei que meu tormento só estava começando quando se livrou
do robe que estava vestido.
Fiquei horrorizada com que vi a minha frente. O seu membro
brutalmente animalesco e com veias inchadas por toda sua
extensão até a base bem grossa. Seu saco também era grande.
Sem dúvidas aquilo entre suas pernas havia sido feito para acabar
com qualquer mulher, pois parecia surreal.
Tentei levantar, mas antes que conseguisse, ele se deitou sobre
mim. Senti o seu pau grande e duro latejando sob seu peso. Engoli
em seco, não conseguia desvendar seus pensamentos através da
máscara fria em que ostentava.
Meus pensamentos foram interrompidos, fazendo todo o meu
corpo estremecer, quando senti a cabeça robusta do seu membro
gigante em contato com a abertura minúscula da minha intimidade.
Medo! Pânico! Desespero! Um misto de sensações ruins se fizeram
presentes. Meu coração parecia estar batendo na garganta, que
parecia estar seca e poderia facilmente ser considerada com uma
lixa.
Consciente de que nada do que fizesse ou falasse iria fazer o
demônio parar, comecei a me debater tentando me livrar dele, mas
o monstro segurou os meus pulsos.
Assim que suas órbitas sombrias ficaram fixas nas minhas. Um
esboço de um sorriso surgiu entre seus lábios, no mesmo instante,
ele intensificou o aperto, fazendo uma dor insuportável percorrer por
todo o meu corpo.
Comecei a gritar, todavia, o demônio estava disposto a quebrar os
meus pulsos. Lutei o quanto pude, minhas forças já estavam
chegando ao fim. E, não suportando mais a dor, comecei a implorar
para que ele parasse.
— Pare! Pare! Está doendo.
Senti o aperto em meus pulsos se dissipando. Porém, a dor que
atravessou e apoderou-se de todo o meu ser, foi a pior que já tinha
sentido na minha vida. E com brutalidade enfiou o seu membro
furioso em mim.
Um grito estrangulado saiu entre meus lábios assim que ele
movimentou os quadris. Aquela penetração volumosa rompeu a
barreira da minha virgindade, roubando a minha inocência. Eu podia
ouvir o barulho de minha carne sendo esfolada. As lágrimas
começaram a escorrer pelo meu rosto. A dor era surreal, parecia
que estava sendo rasgada ao meio. Era como se uma enorme
agulha tivesse sido encravada no meu ventre.
O monstro estava tão duro e tão profundamente dentro de mim, que
eu mal conseguia respirar. Seu corpo grande e pesado era inteiro
revestido por músculos firmes como rochas. Seus bíceps se
contraiam a cada movimento. Gritos e mais gritos saiam de meus
lábios diante da sensação dolorida de tê-lo profundamente dentro de
mim. Senti todo o meu corpo estremecer quando soltou um
palavrão.
— Caralho! — em seguida jogou a cabeça para trás. E, suas feições
mudaram para algo ainda mais horripilante.
Suas mãos diabólicas percorriam incansavelmente o meu corpo.
Enquanto seus quadris se movimentavam e seu pênis me invadia
cada vez mais forte e fundo.
Abaixou a cabeça e abocanhou meu mamilo pontudo com os lábios,
sugando um enquanto esmagava o outro com uma de suas mãos.
Seu corpo estava quente, quentíssimo, exalando calor como uma
fornalha. Sequer parava de se mexer por segundo algum, mantendo
seu pênis encravado dentro do meu sexo dolorido.
O demônio usou suas coxas para manter minhas pernas afastadas
e assim poder aprofundar ainda mais a penetração. E, depois
começou atacando o meu sexo com estocadas poderosas. Podia
senti o atrito do seu pau grosso se esfregando, entrando e saindo
sem parar. De novo e de novo. O ritmo de suas investidas era
constante e inabalável. Ele rangia os dentes e sons guturais saiam
de sua garganta, parecendo um verdadeiro animal.
Senti o ar se esvair de meus pulmões. Minha pulsação ressoava nos
ouvidos e minhas têmporas estavam lavadas de lágrimas. Minhas
pernas começaram a ficar fracas, fiquei paralisada. Não conseguia
senti e sequer ouvir mais nada além dos zumbidos nos meus
ouvidos. Em seguida minha vista escureceu.
Atordoada, ainda pisquei os olhos e a única coisa que olhei e ouvi
antes de ser envolvida pela escuridão total, foi um sorriso no rosto
do homem e sua risada diabólica ecoando por todo o ambiente.
“Este será o meu fim.”
Capítulo bônus 01

Q uando entrei no quarto daquele infeliz. O meu olhar foi de


encontro ao seu corpo totalmente imóvel. A raiva que antes
estava percorrendo em minhas veias como um fogo líquido, me
incendiando por dentro, deu lugar há algo muito maior assim que
identifiquei a desgraçada responsável por apagar o idiota.
Porém, no momento que levantou a cabeça, algo dentro de mim era
semelhante a um vulcão em erupção. Meus órgãos internos
dispararam funcionando a todo vapor, meu corpo estava tão quente
que parecia uma fornalha. Fazendo todos os meus demônios se
manifestarem de um jeito que nunca tinha sentido antes.
Naquelas órbitas azuladas, havia uma luz que fez algo dentro de
mim querer apagar. De repente senti uma força totalmente
sobrenatural assumir todo o controle sobre mim.
Tudo à minha volta foi escurecendo e ficando somente a claridade
que vinha da maldita a minha frente. Avancei em sua direção como
um tigre, onde a desconhecida seria a presa. Bem como as quatro
infelizes de horas atrás, acalmaria os meus demônios, ao vê-la
desfalecendo em minha frente.
Assim que se moveu, com apenas um movimento alcancei e puxei o
seu pequeno corpo de encontro ao meu. No entanto, aquele ser era
tão insignificante que poderia esmagar a cabeça somente com as
mãos. Ela teve tamanha ousadia, que nem os piores criminosos que
já enfrentei tiveram. Cravou suas garras imundas em minha pele e
tudo que ouvia eram os meus demônios gritando para arrancar o
coração da infeliz. Acabar com sua vida miserável séria um
privilégio.
Farei com que ela implore pela sua própria morte, irei quebrá-la de
todas as formas possíveis, ao ponto de desistir da própria vida. Essa
miserável conhecerá o meu inferno particular, onde eu sou a lei. E
quem ousar me desafiar será resumido a pó. O inferno perto do que
será sua vida é o próprio paraíso.
Deixei meus pensamentos de lado assim que minha mão foi de
encontro a sua face. Isso me deixou em puro êxtase, ainda mais ao
ver o sangue escorrendo entre seus lábios.
Institivamente levei minha mão de encontro aos seus cabelos e
saí puxando-a para fora do ambiente. Com a limpeza que estava
sendo feita na sala do desespero, não poderia levar a maldita para o
lugar que sempre é ocupado por mim. Pois, uma das paredes da
sala do desespero é a mesma que pertence ao quarto que uso para
minha diversão particular. No entanto, só me restou levá-la para o
único lugar que me deixa em um êxtase total, a minha suíte.
Seu desespero enquanto a puxava pelo corredor, só me deixou mais
excitado. Visto que, ao contrário das mulheres que já cruzaram meu
caminho, a maldita tinha um corpo perfeito. O que de fato teria muita
serventia para me satisfazer em todos os sentidos.
Durante o percurso até a minha suíte, peguei meu celular e avisei
sobre o infeliz que estava no quarto desacordado. Aumentei o ritmo
das minhas passadas. No momento que entrei na minha suíte, a
joguei em cima da minha cama. Em seguida me afastei.
Tudo que vi em seus olhos se resumia a uma única palavra "medo",
pois, seus olhos ficaram fixos no tamanho avantajado do meu pau.
E, pela sua expressão, o pânico apoderou-se de todo o seu ser.
No entanto, para aumentar ainda mais a minha raiva, ela tentou
novamente colocar suas malditas patas em minha pele. O que me
deixou a um ponto de quebrar os seus pulsos, porém, tenho planos
que incluem suas mãos delicadas.
Um grito estrangulado preenche o ambiente. Quando o meu
membro, que estava mais duro que um aço invadiu sua boceta a
rasgando por dentro.
Uma sensação inexplicável percorreu por todo o meu corpo. Nunca
tinha transado com uma virgem. Aquela atrevida, a cada grito que
reverberava por seus lábios, me proporcionava um êxtase supremo.
Então, começo os movimentos de vai e vem. Porém, ao ver todo o
meu cacete envolvido pelo sangue da sua pureza. Isso me deixou
ensandecido de tal forma que ia cada vez mais fundo e forte. Senti
que seus batimentos estavam acelerados e o seu corpo trêmulo. Ao
vê-la desfazendo a minha frente, foi um motivo de comemoração
para os meus demônios, que me incitaram a querer mais e mais.
Perdi toda noção do tempo transcorrido, quanto mais me saciava do
seu corpo frágil e totalmente imóvel, algo dentro de mim vibrava
querendo ainda mais.
Quando enfim um grito estrangulado saiu rasgando a minha
garganta, senti um prazer que parecia surreal. Em seguida me
levantei e um sorriso de satisfação surgiu entre meus lábios ao ver a
bela imagem sobre a minha cama.
Esse será o primeiro dos vários dias de treinamento que eu mesmo
serei o responsável em conduzir. Farei dela meu novo bichinho de
estimação e, assim que estiver pronta será a vadia mais requisitada
desse lugar.
Capítulo 05
NewYork

D epois de passar várias horas agradabilíssimas, saciando a


minha vontade, senti que enfim os meus demônios
adormeceram. Com o olhar fixo na insolente sobre a minha cama.
Pude a observar meticulosamente. Estudei cada linha do seu belo
corpo, totalmente despido a minha frente. Quando o meu olhar
passou do seu corpo para o relógio em meu pulso, vi que os
ponteiros marcavam mais de três horas tarde e daqui a
algumas horas o The Brothel Empire estará funcionando a todo
vapor.
Com um giro rápido nos meus calcanhares, fui em direção ao
banheiro. E, em seguida tomei uma chuveirada com água bem fria,
já que o meu pau estava duro, tanto que as veias se encontravam
mais inchadas que o normal. O tamanho parecia ainda maior e
estava latejando violentamente. O banho seria a única forma de
acalmar o garotão, até o momento de iniciar a segunda etapa do
treinamento da infeliz.
Minutos depois, de banho já tomado e arrumado, me aproximei da
cama e a peguei em meus braços. Indo em direção ao quarto que
antes era destinado para minha diversão particular. Assim que
adentrei o ambiente, a coloquei em cima da cama, peguei meu
celular e no primeiro toque, a Dra. Lauren Alencar atendeu. Nos
minutos seguintes passei todas as instruções do que deveria fazer.
Embora, Lauren já tenha uma idade bem avançada, ela é uma das
melhores médicas desse país. E, há dez anos vem cuidando da
saúde de todas as prostitutas desse lugar.
Saio dos meus pensamentos e em seguida deixo o cômodo.
Caminho pelo corredor até chegar ao meu escritório. Após me
acomodar em minha poltrona, as lembranças de horas atrás logo
invadiram a minha mente. Acabei perdendo o controle com a
desgraçada e não tomei os devidos cuidados. Além dos exames
necessários, Lauren também irá implantar um chip anticoncepcional
em seu braço.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que uma notificação
de um e-mail surgiu na tela do meu computador.
Rapidamente se passaram duas horas. Nesse período, conversei
com alguns clientes e fiz uma reunião através de vídeo conferência
com os membros do conselho. O assunto era sobre a minha viagem
que será dentro de alguns dias. Com tudo já resolvido, desligo o
computador e assim que me levanto, sigo até a porta e saio.
Ao entrar no corredor, fui em direção ao hall para me certificar se
tudo estava do jeito que gosto. Atravessando o enorme espaço, ouvi
alguns sussurros que me deixaram em total alerta, o que me
fez aumentar o ritmo das minhas passadas. Detive meu passo e de
repente me deparei com dois incompetentes que estavam tão
distraídos que não notaram a minha presença.
Fiquei os observando, porém, um nó se formou em minha garganta.
Senti a raiva me queimar por dentro ao ouvir as palavras que eles
professavam.
— Quem diria que a garota que trouxemos de Nebraska iria
nocautear Dylan.
—Talvez se ele tivesse escolhido a outra garota que parecia ser
ainda mais nova, nada disso teria acontecido.
Instintivamente minhas mãos se fecharam. Senti uma queimação se
apoderar de todo o meu corpo, aquele desgraçado terá uma punição
que jamais irá esquecer. No entanto, algo chamou minha atenção,
então, a infeliz é filha do Antony. Aquele maldito que cogitou que
poderia usar o meu dinheiro e não me pagar como se eu fizesse
caridade. Novamente o som da voz de um deles me tirou do estado
de inconsciência momentânea.
— Talvez! Mas algo tinha de errado com aquela infeliz. Pois, logo
começou a passar mal, chamando pela tal de Luna que deixou
Dylan fora de combate.
Luna! Esse é o nome da atrevida. Se antes já tinha planos para
essa maldita, agora, irei fazê-la pagar com juros por todo o tempo
que o desgraçado do seu pai passou usufruindo o que era meu.
Luna "A iluminada". Mas, ao contrário do que significa o seu nome,
farei a desgraçada conhecer somente o caminho das trevas. Não
somente o seu corpo, mas a sua alma agora me pertence.
"A próxima será a sua irmã".
— Não! Não! Não!
Acordei sobressaltada. Senti uma mão sobre a minha pele e logo as
lembranças recentes me atingiram como um soco em meu
estomago. O pânico tomou conta de mim e comecei a me debater.
Esperneando freneticamente e um ruído terrível de dor e de medo
escapou pela minha garganta, fazendo-me permanecer de olhos
fechados. Eu não conseguia respirar. Sentia meus pulmões
funcionando aos espasmos e minhas narinas pareciam que estavam
bloqueadas. Meu peito queimava, comecei a me debater de novo…
Precisava de ar desesperadamente.
— Você precisar acordar!
Meus olhos se abriram diante do som daquela voz suave, mas logo
se fecharam com o forte clarão do ambiente.
Minha cabeça dói, sinto um forte incômodo entre minhas pernas e
uma dor aguda no pé da barriga. Tento abrir novamente os meus
olhos e dessa vez consigo, embora com a visão ainda embaçada,
mas logo vou me adaptando a claridade.
Não tenho ideia de onde estou e o meu ofuscado cérebro procura
entre as lembranças recentes uma resposta. Pouco a pouco as
imagens fragmentadas começam a me torturar. Lembro a risada
diabólica daquele monstro, antes de ser envolvida pela escuridão.
Meu peito se expandiu em um suspiro súbito e profundo. Ouvi
novamente a voz suave ecoando no ambiente, então movi a cabeça
para o lado, identificando a responsável. Desorientada, os meus
olhos ficaram fixos no objeto em suas mãos.
— Você precisa tomar isso, pois se ficar grávida não queira saber o
fim que darão a criança.
Atônita ao ouvir suas palavras, que ficaram martelando em minha
cabeça, os meus olhos permaneceram vidrados no copo com água
e um comprimido em sua mão. Reagindo puramente por instinto e
lutando contra a dor em meu corpo, me sentei. E, em seguida
peguei os objetos da sua mão.
Minutos depois, a Dra. Lauren deixou o ambiente e só aí me dei
conta de que estava completamente despida. Respirei
profundamente algumas vezes, levantei-me com muita dor em todo
o meu corpo. A minha intimidade latejava e sentia uma dor aguda no
pé da barriga. Só de pensar no tamanho dele, me fez estremecer da
cabeça aos pés. Eu ainda não consigo acreditar que meu corpo
aguentou tudo aquilo.
Deixei meus pensamentos de lado e, segui para uma porta que tudo
indicava ser o banheiro, ao adentrar o cômodo, me olhei no espelho,
fiquei totalmente horrorizada com o meu reflexo.
O que transparecia era horrível. Meu corpo estava coberto de
hematomas, indicando que eram “mordidas", pois, as marcas das
presas daquele demônio ainda estavam visíveis em minha pele. A
vontade de chorar é mais forte e não tentei reprimi-la. Porém, o meu
sofrimento e a degradação das minhas lembranças se
desmancharam em parte, ao saber que a pessoa mais importante
da minha vida estava segura. Ao contrário do que sempre sonhei, a
minha vida será uma escuridão sem fim. Fechei olhos, pedindo que
tudo aquilo tivesse um fim.
Eu precisava de um banho. Caminhei até o box e ao ligar o
chuveiro, entrei debaixo do jato quente soltando um gemido.
Respirei fundo, peguei uma esponja que estava ao lado e comecei
a esfregar a minha pele sem parar. Perdi a noção do tempo
transcorrido, a minha pele ardia e estava toda vermelha, mas sequer
conseguia parar de esfregar. Sentia que precisava tirar o cheiro
daquele monstro impregnado em minha pele.
"Eu quero ficar limpa. Preciso ficar limpa".
O som da porta do box se abrindo me tirou do estado catatônico que
permanecia, a imagem à minha frente fez todo o meu corpo
paralisar. A minha garganta se fechou ao ponto de sequer a minha
própria saliva descer por ela. Os meus batimentos cardíacos eram
tão altos, que pareciam tambores ecoando pelo cômodo.
Meus olhos permaneceram fixos nele, completamente nu a minha
frente. A sua musculatura era firme e bem definida. E, sua mão
segurava firme o seu membro ereto.
Meu coração disparou e, movida pelo meu desespero, comecei a
recuar. Mas, logo senti minhas costas baterem na parede. Ele se
movia como um relâmpago e acabou com a distância que nos
separava. Os seus lábios se curvaram num sorriso sarcástico.
— Abaixe-se e chupe o meu pau — estremeci diante do seu tom de
voz.
O meu peito subia e descia, enquanto tentava segurar o choro.
Sacudi a cabeça violentamente em negativa, pois, a dor em meu
peito me impedia de falar.
Sem que tivesse qualquer outra reação, ele acertou em meus
joelhos um golpe que me levou ao chão. E, em seguida agarrou os
meus cabelos deixando o meu rosto a centímetros de distância da
monstruosidade entre suas pernas.
Esfregou o meu rosto em sua virilha, me fazendo sentir sua
temperatura morna e marcando-me como sua propriedade. Senti a
cabeça robusta do seu membro em contato com os meus lábios.
Tentei me afastar, mas um grito estrangulado saiu entre meus lábios
quando ele intensificou o aperto em meus cabelos.
— Chupa — lançou um olhar implacável para mim.
Com os dedos trêmulos, segurei o seu pênis, ele moveu os quadris,
poucos instantes depois, aquele pau enorme, cheio de veias
grossas, que pulsavam em toda a extensão estava na minha boca.
Senti um forte incômodo em minha barriga e movida pela raiva
trinquei meus dentes. Pude ouvir um gemido alto que saiu de seus
lábios. No momento em que ia intensificar o aperto, senti minha
cabeça sendo puxada, em seguida sua mão de encontro a minha
face.
As lágrimas brotaram e escorreram pelo meu rosto e nem tive tempo
de assimilar direito o que estava acontecendo, senti suas mãos em
pescoço e o meu corpo sendo erguido. Perdi o fôlego quando ele
intensificou o aperto.
— Terei todo prazer em arrancar cada dente dessa boca, sua vadia,
se ousar me morder de novo.
Comecei a espernear quando apertou ainda mais o meu pescoço.
Senti o ar se esvaindo dos meus pulmões e quando pensei que
desta vez me livraria desse tormento. O demônio tirou suas mãos da
minha pele, me abaixou e novamente colocou aquela
monstruosidade dentro da minha cavidade bucal. Ouvi seus dentes
rangendo quando começou a empurrar a minha cabeça com tanta
força e enfiando seu membro o máximo possível, sentia até o meu
queixo até doer. Minhas bochechas ficaram côncavas quando ele
pegou o ritmo dos movimentos de vai e vem fodendo a minha boca
violentamente. O seu membro inchou ainda mais, ficou todo
vermelho, com as veias saltadas, e, duro como pedra. Suas duas
mãos agarraram e puxaram meus cabelos, seu corpo inteiro tremeu
quando gozou. Tentei afastar minha boca, mas a sua voz potente
ecoou.
— Engula — ordenou enquanto se esvaziava em jatos espessos e
quentes, inundando minha boca.
Engasgada, então pude sentir quando meu estômago embrulhou.
Ele me pôs de pé no mesmo instante que desabei em vômito em
sua direção sujando todo o seu corpo. Uma onda de medo
percorreu todo o meu corpo, quando seu olhar mortal ficou
direcionado em mim. Suas mãos se mexeram e rapidamente
estavam segurando a minha mandíbula com tanta força que dessa
vez achei que seria o meu fim.
— Ao dar uma ordem, é para você obedecer. Quando mandar
engolir é para ser feito ou a farei comer o seu próprio vômito.
Ele me soltou e em seguida aumentou o volume da água. Os jatos
potentes escorriam pelo seu corpo que logo ficou livre da sujeira de
segundos atrás. Fiquei estarrecida e horrorizada quando percebi
que seu membro potente já estava mais duro que uma rocha, me
fazendo estremecer.
Deixo meus pensamentos de lado quando o monstro se moveu.
Pegou um roupão dentro do móvel embaixo da pia e saiu do
ambiente.
Quando terminei de tomar o meu banho, peguei um roupão e vesti.
Estava tão distraída olhando para o meu reflexo no espelho, que só
notei que ele estava ali quando de repente a voz dele ecoou dentro
do cômodo.
— Terá dez minutos para voltar para o seu quarto. Hoje começa o
seu primeiro dia de trabalho nesse lugar, enquanto não estiver
qualificada para atender os clientes, vai trabalhar no bar.
Estremeci ao sentir a raiva se renovar dentro de mim. Prefiro a
morte a ter que me tornar um objeto de prazer. Sem que pudesse
controlar os meus lábios se mexeram.
— Não irei trabalhar para você.
Engoli em seco ao ver sua fisionomia. As suas órbitas estavam tão
escuras, que o ódio resplandecia através delas. Sua mandíbula se
contraiu e antes que cogitasse em fazer algo para me defender, ele
segurou em meu braço e me puxou para fora do ambiente.
Mesmo aos tropeços com minhas próprias pernas, adentramos o
quarto, levou sua mão livre em direção a um painel que estava fixo
na parede e ela se moveu. Fiquei petrificada, suando frio e com o
coração batendo violentamente ao olhar para imagem a minha
frente.
Nada que esse demônio fizer vai me quebrar mais do que já não
tenha feito. A dor que assola meu corpo, nem de perto supera a dor
que martela minha alma.
Capítulo 06
New York

P ossuído, não consegui me mexer nem desviar os olhos da tela


do meu computador. Fiquei paralisado na minha poltrona, com
os olhos vidrados para a foto da infeliz a minha frente. Depois do
que ouvi no corredor, com o estômago revirado pela raiva, voltei
para o meu escritório. Alguns minutos depois entrei no banco de
dados de Nebraska e após digitar o nome de Antony Ysmit, obtive
todas as informações que precisava.
Desde criança, sempre tive um quociente de inteligência avançado.
E, com o tempo, os membros do conselho ao notarem isso, fizeram
de tudo para aperfeiçoar ainda mais as minhas habilidades, tudo em
favor dos interesses da máfia.
Deixo meus devaneios de lado e permaneço com os olhos grudados
nas informações a minha frente, precisamente em tudo relacionado
à Camila Ysmit.
Colocando em prática o pensamento que passou minutos atrás pela
minha cabeça. Peguei meu celular e após mandar preparar a sala
do desespero, levantei e fui em direção ao quarto da infeliz.
Quando cheguei ao cômodo em que ela estava e não a encontrei,
logo a minha atenção se voltou para o barulho vindo do banheiro. A
minha ideia a princípio era levar a desgraçada para a sala do
desespero e me divertir um pouco. No entanto, o meu pau logo se
manifestou ao ver aquele corpo todo vermelho e com vários
hematomas, me deixando em um êxtase total.
Mais uma vez a vadia me mostrou o quanto é atrevida e sem que
cogitasse, a maldita por pouco não fez um estrago no meu garotão.
O que só despertou os meus demônios, ao ponto de quase
estrangular a infeliz por tamanho o ódio que se apoderou de todo o
meu ser.
Intensifiquei ainda mais o aperto naquele pescoço frágil e quando
percebi que seus batimentos estavam se esvaindo, o sangue do seu
rosto evaporando e preste a desfalecer, resolvi fazer a desgraçada
aliviar o fogo que estava me incendiando por dentro.
Abaixei seu corpo e lancei meu pênis em sua boca, empurrando-o
até sua garganta e depois puxei de volta. Segurando firme em seus
cabelos, comecei a conduzir seus movimentos. Mesmo com suas
bochechas ficando convocas, devido ao comprimento avantajado e
grosso, só entrou a metade em sua boca. Porém, o prazer que
pairou sobre mim era indescritível, me deixando alucinado, ao ponto
de querer mais e mais. O meu cacete inchou e as veias pulsavam
ainda mais.
Um rugido reverberou no meu peito e meu corpo inteiro tremeu
quando o orgasmo me atingiu com uma explosão, deixando-me em
choque com a overdose de sensações. Ondas e mais ondas de
calor percorriam meu corpo, enquanto estava inundando a boca
dela, com jatos potentes, como se não gozasse há muito tempo.
Quando meu orgasmo chegou ao fim. Coloquei-a de pé e toda
sensação de prazer que pairou sobre mim esvaiu-se quando a
insolente vomitou sujando todo o meu corpo.
Meus órgãos internos começaram a funcionar a todo vapor. A minha
pele estava queimando, como se cada pingo de água que caia em
minha direção fosse uma brasa de fogo. Levantei o olhar e suas íris
azuis estavam fixas em minha direção.
Antes que aquela criatura tivesse qualquer reação, avancei em cima
dela, apressadamente, minhas mãos estavam segurando a sua
mandíbula com tanta força, mas, dessa vez tive que conter a
energia poderosa que pairou sobre mim, para não acabar com sua
vida miserável. Porém, essa infeliz passou de todos os limites
possíveis ao me desafiar.
Segurei em seu pulso e saí puxando-a para fora do ambiente. Ao
chegar ao quarto, me detive e após apertar o botão no painel, a
parede se moveu e a sala do desespero surgiu a nossa frente.
Entretanto, ao contrário do cenário que aquelas quatro vadias
presenciaram, a sala estava em sua aparência original. Além dos
objetos de torturas, ela ganhou alguns itens a mais, que mandei
arrancar dos dois infelizes que matei minutos antes. Assim como foi
incluído um objeto em especial no centro dela.
— Bem-vinda a sala do desespero.
Pisquei por uma fração de segundo, não acreditando na reação da
atrevida a minha frente. Luna Ysmit parecia tranquila e inabalável.
Em seguida, arqueou sarcasticamente as sobrancelhas e virou-se
em minha direção.
Fechei a mão ao sentir o calor que vinha através do ódio que
inflamava em minhas veias e se espalhar pela minha pele como se
estivesse febril. Vamos ver até onde vai essa valentia quando
souber o que tenho em mente. Está completamente enganada, se
acredita mesmo que darei esse privilégio em acabar com sua vida.
Doce Luna, agora mais do que nunca você será não só o meu
bichinho de estimação, mas será o objeto de prazer para saciar
todos os pensamentos impuros que tenho em relação ao seu belo
corpo.

O coração estava disparado e meus solhos arregalados. Senti um


forte embrulho no meu estômago ao ver a cena a minha frente.
Esse homem definitivamente é o próprio demônio, pois, dava para
sentir o odor impregnado no lugar. O cheiro de sangue fresco e
todos aqueles órgãos internos indicavam que ele tinha matado
alguém. Meus olhos arderam e algumas lágrimas já queriam se
formar, entretanto, respirei fundo e logo me recompus.
“Eu não tenho mais nada a perder. Sei que só poderei me livrar das
garras desse demônio, do tormento em que me encontro, se ele
acabar com a minha vida. No entanto, se demostrar medo, só darei
mais munição para continuar a me quebrar aos poucos.”
Saio dos meus pensamentos quando vejo seu olhar sobre mim.
Ironicamente arqueio minhas sobrancelhas e me virei em sua
direção. Dava para ver através da sua mandíbula, que não parava
de se contrair, que o ódio apoderou-se de todo o seu ser. Contudo,
fiquei petrificada quando ele abriu um sorriso sarcástico, em seguida
sua risada diabólica ecoou por todo ambiente fazendo todo o meu
corpo estremecer.
Senti um frio na minha espinha e antes que eu tivesse qualquer
reação, o monstro segurou em meu pulso e saiu me puxando para
dentro do cômodo.
A cada passo que dava, o nó que se formou em meu estômago se
intensificava ainda mais. Assim que parou em direção ao que
parecia ser um coração, soltou a minha mão e rapidamente pegou o
órgão com umas das mãos e apressadamente o esmagou como se
fosse um pedaço de pão. Meu olhar incrédulo ficou fixo em sua
direção, movida pelo desespero, minhas pernas se mexeram e saí
correndo em direção à porta. Todavia, assim que levei minhas mãos
de encontro à maçaneta, senti meu mundo desabar ao ouvir o som
que preencheu o ambiente.
O medo cru e agudo me envolveu. O pânico me dominou e o meu
pulmão parecia um vulcão prestes a entrar em erupção, me
queimando por dentro ao ponto de não consegui respirar. E, assim
que me virei, uma cortina que cobria algo que estava no centro do
cômodo, caiu no chão e um grande telão surgiu no meu campo de
visão. Fiquei desesperada ao ouvir os gritos da minha irmã, corri em
direção a grande tela a minha frente.
— Luna, me ajude. Por favor. Eles vão nos matar.
As lágrimas grossas começaram a descer pelos meus olhos
inundando a minha face. Acabou comigo ver todos aqueles homens
com suas armas apontadas na direção da cabeça da irmã e dos
meus pais. Achar que esse monstro não poderia me quebrar mais
do que já não tenha feito, não foi nada comparado a olhar a cena a
minha frente e ver o sofrimento nos olhos da minha irmã, foi como
se ele me quebrasse em mil pedaços. Porém, permaneceu em
silêncio por um instante e tudo que queria naquele momento era
ouvir a sua maldita voz.
Com os olhos fixos em cada movimento seu, observei quando ele
caminhou em direção ao telão e ao levantar sua mão, todos aqueles
infelizes colocaram seus dedos nos gatilhos de suas armas. O meu
coração já não cabia mais dentro do meu peito. A minha garganta
se fechou e ao ouvir sua voz, um fio de esperança surgiu em meio à
escuridão.
— A vida deles está em suas mãos. No entanto, seria um
desperdício acabar com a vida da jovem Camila, talvez a deixe viva
para que se torne a nova atração deste lugar.
Sem que eu pudesse controlar, um grito estrangulado saiu dos meus
lábios e rasgava a minha garganta ao ponto de doer.
— Nãooooo... Irei trabalhar, mas deixe a minha família em paz.
— Tarde demais.
No momento que o olhei abaixando a sua mão, eu fechei os meus
olhos e no mesmo instante que minha irmã gritou, vários disparos
ecoaram do outro lado, senti minhas pernas fraquejarem e desabei
no chão. Não conseguia me mover, meu corpo inteiro paralisou e
tudo que ouvia era o som dos disparos cada vez mais alto.
Capítulo 07
New York

P erdi completamente a noção do tempo. Havia uma sensação de


queimação que parecia estar correndo nas minhas veias e em
todas as minhas partes, sinto como se estivesse em chamas.
Incapaz de conter a minha dor, comecei a chorar aos soluços.
Chorei até sentir que não tinha mais lágrimas nos olhos.
Os barulhos irritantes dos disparos ecoaram dentro da minha
cabeça, sentia o meu peito latejar e uma dor muito profunda. A
sensação era como se um punhal estivesse sido enfiado em meu
peito.
“Eu estou quebrada. A minha vida não faz mais sentido. O único fio
de esperança que me mantinha viva foi arrebentado diante dos
meus próprios olhos.”
Um monte de coisas diferentes passava pela minha cabeça e o
rosto de Mila surgiu como flashes a minha frente. Dor! Somente
existe dor. E, quando achei que não poderia mais suportar a
queimação no meu peito, o meu corpo reagiu ao tom de
determinação da voz do demônio.
— Levante-se, brinquedinho.
Levantei minha cabeça em sua direção. A minha visão está
embaçada, mas posso distinguir o homem que acabou de tirar o
fôlego dos meus pulmões. O monstro tinha um sorriso sarcástico em
sua face, algo que sequer havia sentido antes, apoderou-se de todo
o meu ser e um misto de sensações ruins pairou sobre mim.
Seus olhos se moveram da esquerda para a direita e ficaram fixos
no grande telão. Meus batimentos aumentavam e todo meu corpo
começou a vibrar. Foi imediata a sensação de alívio que senti.
Mesmo com as pernas bambas fiquei de pé. Fui cambaleando em
direção ao grande telão, às lágrimas inundavam não só o rosto dos
meus pais, como o da minha irmã. Senti as minhas forças serem
renovadas ao saber que ainda estavam vivos. O meu corpo todo
estremeceu ao ouvir novamente a voz potente dele.
— Pode parar — disse friamente, fazendo minhas veias
congelarem. — Nem pense em dá mais nenhum um passo — engoli
em seco.
Ele se moveu e em questão de segundos acabou com a distância
que nos separava. Depois me puxou em direção ao seu corpo e
ficando atrás de mim, segurou firme meu queixo, me forçando a ficar
com os olhos fixos no monitor a nossa frente. Novamente o pânico
me dominou assim que um dos seus homens colocou a arma em
posição e levou o dedo em direção ao gatilho.
— Você terá a chance de salvar duas vidas, no entanto um deles irá
direto para o inferno — senti um nó se formar no meu estômago, no
mesmo instante que todo o meu corpo paralisou. Não conseguia me
mover e nem abrir minha boca. Vendo a minha reação, ele se
manifestou.
— Já que o gato comeu a sua língua, eu mesmo irei decidir. Acabe
com a garota — meus olhos se arregalam em choque.
O maldito se aproximou da minha irmã. Mila começou a gritar em
desespero e meus pais tentaram se mexer, mas foram impedidos.
Assim que dois homens apontaram suas armas na direção deles. O
medo me atingiu em cheio. Eu estava totalmente perdida. Então, ele
se inclinou com seu rosto perto do meu e disse.
— A vida dela está em suas mãos. Basta escolher outra pessoa.
— Nãoooo... — gritei com raiva.
Ao olhar para minha irmã, que estava com seus olhos fixos em
minha direção, notei que estava suplicando pela sua vida, o que fez
meu mundo sair do eixo. E, quando o homem moveu o dedo, fechei
meus olhos e pedi perdão a Deus, em seguida um grito
estrangulado saiu rasgando a minha garganta.
— O meu paiiii... — falei em desespero. Uma dor insuportável tomou
conta de todo o meu ser.
“Como eu fui capaz de fazer isso?!”
Antes que cogitasse fazer algo, ouvi um disparo e um grito tão alto e
penetrante, que me fez abrir meus olhos imediatamente. Minha irmã
e minha mãezinha ficaram totalmente petrificadas. E, para aumentar
a minha agonia, o som da voz do demônio se fez presente.
— Isso foi só um aviso de que posso te reduzir ao pó sem tocá-la.
Eles ficaram vivos somente para te lembrar de que a cada gesto seu
em me desafiar, será um deles que vai sofrer as consequências. No
entanto, o próximo tiro será no meio da testa desse infeliz.
Partiu meu coração ver o meu pai se contorcendo em meio à dor
devido ao tiro que levou na sua perna. Tinha que fazer o que achava
certo naquele momento.
“Preciso de tempo ou esse infeliz vai destruir o meu bem mais
precioso, a minha família.”
— Irei fazer tudo que você mandar, mas não os machuque mais.
— A partir de hoje serão monitorados 24 horas. A vida de cada um
deles está em suas mãos — engoli em seco ao ouvir suas palavras.
“Como pode existe um ser tão repugnante e que em vez de um
coração tem uma pedra bruta no peito?”
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz da minha
irmã.
— Eu a amo Luna.
Involuntariamente as lágrimas surgiram em meus olhos e
escorreram pelo rosto. E assim que seus lábios se mexeram,
rapidamente apareceu somente uma escuridão no telão a minha
frente. Lágrimas escorriam pelos dos olhos sem nenhum controle.
Fico atenta de imediato quando o corpo dele se move. As suas
mãos soltam o meu queixo e sua voz potente ecoa no ambiente.
— Você terá 20 minutos para ficar pronta. A roupa e tudo que vai
precisar estão em cima da cama.
Depois de proferir suas palavras, me puxou para fora do cômodo, e,
segundos depois a porta se moveu.
Minutos depois...
Depois que ele me deixou sozinha, fui em direção ao banheiro,
liguei o chuveiro e conforme ia esquentando deixei a água arder na
minha pele violentamente. Engolindo o nó na garganta, decido me
concentrar no banho. Minutos depois, deixei o ambiente e ao
adentrar o quarto, olhei para o vestido em cima da cama. Embora
curto demais, a peça era muito bonita. Parecia que tinha sido feito
sob medida, pois, ficou perfeito em meu corpo.
Depois de arrumada, enquanto aguardo aquele monstro, os últimos
acontecimentos invadiram a minha mente.
“Tenho que dar um jeito de fugir das garras desse demônio doente,
que anseia por me quebrar em milhões de pedaços.”
“Preciso planejar e me certificar que a minha família não sofra as
consequências. Não importa quanto tempo leve, dias ou noites. A
única certeza que tenho é que não irei desistir de lutar.“
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir sua voz me
chamando. Senti um calafrio percorrer o meu corpo quando ele
disse o meu nome.
— Vamos Luna! Você terá que pagar cada centavo do que a sua
família me deve — lançou-me um olhar tão frio que fez o meu
sangue gelar.
Respirei fundo e caminhei atrás dele. Depois de alguns passos
comecei a ouvir uma música agitada tocando. Ultrapassamos a
porta dupla de entrada que era na cor vermelha, com detalhes que
pareciam ser banhados em ouro puro e dava um aspecto colossal e
pomposo ao salão. Fiquei com os olhos arregalados e fixos no
ambiente, aquilo era luxuoso demais para mim. Olhei para um lustre
gigante, repleto de cristais coloridos que iluminava o recinto. As
paredes eram enfeitadas com pinturas que representavam a luxúria
do lugar. Até o cheiro do ambiente exalava luxo.
Dezenas de mulheres circulavam em volta do hall e, uma delas que
estava em cima de um palco, me lançou um olhar que dava a
impressão de que não gostou nada da minha presença.
Tudo a minha volta tinha luxo em excesso, e eu observava
maravilhada com tamanho esplendor. Saio do estado estático em
que me encontrava quando ele mandou que continuasse a andar.
Assim que ele passou as instruções para Alex, nome pelo qual se
referiu a um dos funcionários, este começou a passar as diretrizes
do que eu iria fazer.
Depois de meia hora, o lugar que antes tinha por volta de 50
pessoas circulando, agora estava lotado. Nunca tinha visto tantos
homens bem vestidos, porém, sabia muito bem o quê vieram
procurar nesse lugar.
Passaram-se horas e mais horas e o meu corpo estava todo
dolorido e as minhas pernas já não aguentavam mais. E o
movimento, ao contrário do da lanchonete em que eu trabalhava, só
aumentava a cada hora que se passava. Depois de um tempo,
quando já não estava mais aguentando a dor em minhas pernas. Vi
quando o último cliente deixou o ambiente e logo toda uma
movimentação de funcionários começou no hall. Alguns limpando,
outros arrumando.
Enquanto estava distraída organizando as taças, estava distraída e
ao levantar a cabeça, duas mulheres apareceram no meu campo de
visão.
— Qual o seu segredo vadia? — a mulher loira falou me olhando de
cima a baixo.
Movi minha cabeça da direita e para esquerda para ver se era
realmente comigo que ela estava falando. Ao me certificar que sim,
senti algo me queimar por dentro e voltei minha atenção para as
duas a minha frente. Meus pensamentos foram interrompidos ao
ouvir novamente a voz dela.
— Ninguém nunca entrou no grande salão antes de passar pelo
setor B. Uma vadia tão insignificante e sem sal como você, deve ter
feito alguma coisa para o próprio chefe trazê-la pessoalmente até
aqui.
— O segredo deve ser que ao contrário de você, eu não sou uma
vadia.
Sua expressão logo mudou, ela deu alguns passos e parou em
minha frente. Novamente sua voz ecoou no ambiente.
— Não cruze o meu caminho ou vai se arrepender — diz com
autoridade.
Já estava por um fio! Não basta tudo que esse demônio fez com a
minha vida. Não vou aguentar calada a provocação dessa piriguete.
— Eu não tenho medo de você — lancei um olhar de desafio.
Rapidamente um estrondo ecoou no ambiente, quando sem esperar,
a mão dela atingiu em cheio o meu rosto. A raiva me dominou e
novamente e um misto de sensações ruins apoderou-se de todo o
meu ser. E, quando dei por mim, já tinha avançado para cima dela.
Parecia que eu estava possuída, já que não pensei duas vezes em
jogá-la no chão e comecei a bater no seu rosto com toda força vinda
através da raiva que sentia.
Gritos e mais gritos ecoaram no lugar. As meninas fizeram uma roda
e começavam a dizer para que eu batesse mais na loira que se
chamava Suzana. Quando olhei para o lado, a ruiva que estava com
ela veio em minha direção. Vi quando uma morena se moveu
e partiu para cima dela.
A piriguete cravou suas unhas em minha pele, o que só aumentou a
minha raiva e, quando levantei minha mão e já ia acertar novamente
o seu rosto. Todo o meu corpo estremeceu quando uma voz
poderosa e aterrorizante se fez presente.
— Parem!!!
O barulho se dissipou no ambiente e todos ficaram petrificados. Os
meus olhos arregalados estavam fixos no homem de rosto macabro
e órbitas sombrias, que demonstravam faíscas de ódio. A minha
espinha gelou assim que ele se moveu em nossa direção.
Capítulo 08
New York

E stou nitidamente mal-humorado. Quando levei aquela atrevida


para sala do desespero, a raiva me dominou por completo, pois,
ao contrário do que cogitei, ela se mantinha inabalável. E, ao olhar
no fundo dos seus olhos, tive a constatação de que tudo o que a
vadia desejava era a morte, coisa que ainda não estava em meus
planos.
Nunca em toda a minha vida os meus demônios ficaram em êxtase
total. A maldita tornou-se o brinquedo favorito deles. Pretendo
quebrá-la de todas as formas possíveis, no entanto, continuará
fisicamente intacta.
Assim como todos, a infeliz tem um ponto fraco e o amor que sente
pela sua família a fará minha bonequinha inflável. Saciando todos os
meus desejos sórdidos.
Todas as prostitutas desse lugar são preparadas para agradar os
homens na cama. São treinadas com um único objetivo: “O cliente
deverá sempre ficar satisfeito”.
No entanto, Luna, ao terminar o treinamento será a melhor e mais
requisitada deste lugar. Dará ao Vozdovac um lucro que nenhuma
outra foi capaz. O fato de ela ser treinada por mim e não ser tocada
por nenhum outro, aumentará ainda mais o valor da mercadoria.
Assim que deixei o brinquedinho no salão, fui até o setor B. Senti o
ódio percorrendo pelas minhas veias e a minha mandíbula não
parava de se contrair ao ponto de doer. Depois de ter mostrado
aquela insolente que mando na porra toda e a minha vontade é
soberana. Os meus demônios continuavam agitados e meus
pensamentos se voltaram para o meu próximo alvo. Era o momento
de acertar as contas com o incompetente do Dylan.
Primeiro por ter ousado a passar por cima de uma ordem minha e
segundo por ser nocauteado por aquela criatura tão insignificante.
Assim que adentrei na enfermaria, vi que o desgraçado ainda estava
desacordado, mesmo após ter recebido todos os cuidados médicos,
o que só aumentou a minha raiva, mas, assim que despertar será
indescritível o prazer que irá me proporcionar. Esse maldito vai
aprender que eu sou a lei.
Minutos depois, deixei o ambiente e caminhei em direção ao meu
escritório. Ao lado de Boris, comecei a fazer o fechamento do lucro
da noite. Apesar de que sempre fui responsável por toda parte
financeira do bordel. E o meu mentor e fiel companheiro, é o único
que além de mim tem acesso as finanças de todo esse lugar.
Sou tirado dos meus pensamentos quando o sinal de alerta do
estabelecimento foi acionado. Como o sistema de alta tecnologia
que foi desenvolvido pelos membros da organização no Canadá, era
possível monitorar tudo em tempo real e o alarme era acionado
quando algum cliente não seguia as nossas regras ou alguma das
garotas tentava uma fuga. Descartando a primeira possibilidade, já
que as portas do The Brothel Empire já estavam fechadas. Sou
tomado por uma fúria incontrolável, o meu ódio chegou ao ápice
naquele momento.
Luna seria a única que tentaria uma fuga, já que todas as outras
assistiram à punição da última que tentou. Esta acabou sendo
torturada para servi de exemplo às demais. Foi um prazer
imensurável desmembrar pedaço por pedaço da vadia fujona.
Meus pensamentos ficaram fixos na atrevida. Então, o meu novo
brinquedinho ousou a se afastar de mim. Essa idiota vai aprender
que ninguém sai dos meus domínios.
Fecho as janelas do meu devaneio quando Boris aperta o botão
ligando o grande monitor. Olho fixamente para tela a minha frente e
observo minuciosamente as cenas que surgiram. Mesmo com raiva,
algo dentro de mim se acalmou por não ter que matar a desgraçada.
Instintivamente me levantei, caminhamos para fora do ambiente e
seguimos acompanhados de alguns soldados em direção ao grande
salão.
No momento que adentrei o hall, a insolente estava desferindo
alguns golpes no rosto de Suzana. Gritos e mais gritos ecoavam no
ambiente, mas, assim que minha voz se fez presente e todos
notaram a minha presença, ficaram petrificados.
Suas órbitas azuladas estão atentas em mim. E, ao contrário de
horas atrás, sua expressão era de puro medo com a expectativa do
que vou fazer.
Com os olhos cravados nas quatro mulheres a minha frente, os
meus pés começaram a se mover na direção delas, a cada passo
que eu dava, os meus demônios começaram a se agitar. Um forte
incômodo apoderou-se de todo o meu ser, o meu corpo parecia um
vulcão em erupção. Uma explosão de sensações me invadiu ao ver
o medo cru e agudo delas. Elas não sabem o prazer que vão me
proporcionar ao entrarem na The Glass Room.

Minha mão ficou paralisada. Senti um nó no estômago e no mesmo


instante um tremendo aperto no peito.
Medo! Pânico! Desespero! Ao ver o demônio se mover, um misto de
sensações ruins fez o meu corpo inteiro paralisar. Respirava com
dificuldade, as seus olhos estavam fixos em nossa direção. Ele
parecia que sabia cada pensamento que se passava em nossas
cabeças.
Tentei me mover, mas os meus membros não me obedeciam, fiquei
estarrecida ao ver todos a minha volta de cabeça abaixada como se
ele fosse o todo poderoso, o inabalável e o soberano.
Respirei fundo e tentei me levantar, mas antes que eu tivesse
qualquer reação, ele parou em nossa frente. E, assim que suas
palavras ecoaram novamente, alguns dos homens que estavam
com ele, todos de aparência sombria e vestidos de preto, se
aproximaram e com um único movimento fui tirada de cima da
vadia.
— Vocês deveriam ter pensado antes de agir. No entanto, toda ação
tem uma reação.
Ao ouvir suas palavras, às três mulheres entram em choque. Assim
como as demais, ficaram de joelhos e começaram a chorar
clamando por misericórdia.
Sou arrancada das profundezas dos meus pensamentos quando
sua voz macabra ordena que me curve diante dele. Mesmo
dominada pelo pânico, não iria abaixar a cabeça como se fosse um
animal. No início, não entendi por que não acabou com a minha
vida, visto que, tudo que eu mais quero é acabar com essa dor que
está dilacerando o meu coração. Mas, depois do tormento que me
fez passar ao pensar que tinha matado a minha família, compreendi
que deseja me tornar um corpo sem alma, um ser que só respira e
está vivo para saciar os seus desejos.
Esse monstro em forma humana se alimenta do medo e do
sofrimento da sua vítima. O brilho em suas órbitas sombrias é
assustador como se não fosse humano.
Meus pensamentos foram interrompidos ao sentir uma forte dor em
minhas costelas ao ser jogada brutalmente no chão. Respirei fundo,
travei meu maxilar para não deixar nenhum som sair entre meus
lábios. Porém, minha atitude deixou o ser a minha frente mais
possuído. Consequentemente, um calafrio percorreu todo o meu
corpo ao ouvir suas últimas palavras.
— Levem essas infelizes para o setor B. Chegou a hora de elas
conhecerem “A sala de vidro”.
Olhei para todos os lados e senti que meu coração parecia que
sairia pela boca. As três mulheres gritavam à medida que os
homens iam arrastando-as pelo imenso corredor.
Fui levada por um segurança alto e musculoso. O caminho todo fui
quase arrastada, já que não facilitei. Tentei sair do aperto de suas
mãos, mas nada adiantava. O infeliz dava dois de mim. O lugar por
onde estava me arrastando era o mesmo que passei quando fui
tirada do baú daquele caminhão.
Ele parou e no momento que levantei minha cabeça meu corpo todo
gelou ao ver a imagem a minha frente.

Algum tempo depois…


Dor! Meu corpo todo está imóvel, as correntes estão machucando
os meus pulsos. Em certa altura, os gritos que ecoavam no
ambiente se dissiparam. Tentei me controlar, mas, as lágrimas logo
invadiram o meu rosto. Estamos cada uma dentro de um taque de
vidro e acorrentadas como se fôssemos animais.
O meu coração disparou e o medo me dominou ao olhar várias
mangueiras em partes específicas da sala de vidros. O teto de cada
tanque era aberto para o ar entrar no ambiente, mas sequer tinha
forças mais para lutar. Tudo que vinha a minha mente eram as
imagens da minha família.
A mulher que me ajudou, descobri que se chama Karen. E meu
coração se apertou ao ver o quanto estava em choque, gritando que
não queria morrer.
A ruiva também estava atordoada e a vadia da Suzana não parava
um minuto de me provocar, o que só aumentou a minha raiva. Um
desafio silencioso se fez presente no ambiente, os meus olhos
pesaram e tentei de todo jeito não me entregar a escuridão.
Nesse instante, um barulho ecoou no ambiente, as portas se
abriram e o homem que se tornou o motivo do meu desespero, da
minha agonia, tornando a minha vida um inferno, surgiu em nossa
frente.
Todas voltaram sua atenção para o ser maligno. Ao ouvir suas
palavras, o pânico tomou conta de Karen e da ruiva, enquanto,
Suzana tinha um esboço de um sorriso em sua face.
— Bem-vindas a sala de vidros.
Apressadamente eu e Suzana tivemos os membros liberados das
correntes e a porta do tanque se abriu. Não consegui me mover,
mas ao ouvir suas últimas palavras, e, em seguida um grito
estrangulado de Karen, meu corpo ficou em total alerta.
— A vida delas está nas mãos de vocês. Uma corrida contra o
tempo será iniciada. Não existem limites e nem regras. Daqui a
alguns minutos todo esse lugar será preenchido por jatos de água
gelada. Uma única chave poderá evitar que uma delas morra
congelada — ele se moveu e antes de deixar o cômodo se virou e
disse. — Que os jogos comecem.
Capítulo 09

New York
Suzana Gonçales

M eu nome é Suzana Gonçales. Nasci em Camden, à cidade


mais pobre dos Estados Unidos. Cresci juntamente com cinco
irmãos dentro de um casebre fedorento.
Sempre fui cercada pela pobreza e a comida era tão pouca que meu
estômago só vivia roncando, me causando um forte incômodo na
barriga. Tínhamos somente duas camas: os meus pais ocupavam
uma e para não dormir no chão, passávamos a noite toda,
encolhidos e grudados um no outro.
Os meus pais eram dois malditos alcoólatras e viciados em jogos. O
pouco que tínhamos, perderam graças aos seus malditos vícios.
Não queria aquela vida para mim, sempre sonhei em sair daquela
vida infernal. Mesmo com uma aparência desleixada, sabia que era
bonita e isso de alguma forma seria meu passaporte para conseguir
me livrar daquele lugar.
Sempre desejei muito mais do que eles podiam me proporcionar e
venderia até a minha alma para ter tudo o que sempre desejei.
Como toda ação tem uma reação, eles acabaram se envolvendo
com o grupo Vozdovac. Para não serem mortos, me entregaram
como pagamento da dívida. Qualquer outra no meu lugar ficaria em
pânico e entraria em choque, no entanto, algo dentro de mim
vibrava por ter deixado tudo aquilo para trás.
Há mais de dez anos que estou neste lugar, já vi e ouvi muitas
coisas e as guardei para mim. Eu e a idiota da Karen, somos as
mais velhas do The Brothel Empire. Durante todos esses anos,
comecei a observar que todos iam desaparecendo quando atingiam
certa idade.
Eu amo tudo isso, a luxuria me fascina e de nada me abalou ter
virado um objeto de prazer. Gosto de ver aqueles malditos que se
acham os donos da porra toda, totalmente rendidos ao prazer que
posso lhes proporcionar. Há anos venho tentando chamar atenção
do Chefe. Mas, o homem é de coração frio, armadura de ferro e
impenetrável. Sei que os meus dias estão contados e a minha única
salvação seria me tornar a preferida dele. No entanto, esse ser
inabalável até o momento, nunca tinha dado tanta atenção a
nenhuma das meninas desse lugar, ao ponto de conduzir alguém
até o grande salão.
No exato momento que meus olhos ficaram fixos naquela coisinha
sem sal, todos os meus sentidos ficaram em total alerta. A raiva me
dominou ao vê-la passar a noite toda no bar, enquanto estávamos
servindo de banquete para os clientes. Aquela infeliz não vai
atrapalhar os meus planos. Confesso que fiquei em pânico quando
soube que viria para a lendária sala de vidro. Uma das meninas que
foi eliminada há alguns anos, me relatou da experiência que passou
naquele lugar. Um jogo pela sobrevivência, sem regras e limites.
Tendo como objetivo satisfazer o chefe ao ver o sofrimento das
vítimas.
Quando ele entrou no ambiente e começou a falar, ao contrário da
mosca morta, já sabia o que iria acontecer. Mas, ela logo vai me
pagar por ter colocado suas mãos imundas em minha pele.
Os gritos da desgraçada da Karen só aumentaram a minha raiva.
Farei de tudo para pegar a maldita chave, salvar a vida da Raquel
não está nos meus planos. Mas, ver a infeliz da Karen, que se
atreveu em ajudar à vadia, desfalecendo. Isso me proporcionará
uma sensação indescritível.
Saio dos meus pensamentos quando o chefe se move em direção a
porta e em seguida sua voz preenche o ambiente.
— Que os jogos comecem.
“farei de tudo para não deixar essa maldita pegar a chave. Essa
vadia vai conhecer quem é SUZANA GONÇALES”.
Como nos filmes, parecia que tudo ao meu redor ficou mudo e
nebuloso. Estava totalmente incrédula ao ouvir as palavras
proferidas pelo ser terrível a minha frente.
No momento que ele deixou o ambiente, a porta de vidro travou e
todos os meus membros ficaram paralisados. Os meus órgãos
internos começaram a funcionar a todo vapor.
Atordoada! Perdida! Era assim que me encontrava.
Em meio a um inexplicável acesso de pânico, senti tudo ao meu
redor girar e estava com dificuldade de respirar. E, quando achei
que não fosse aguentar, o meu corpo reagiu institivamente assim
que um o grito tão alto ecoou no ambiente. Então, levantei o olhar e
Karen entrou em desespero total assim que o tanque começou a ser
invadido por jatos de água.
Girei a cabeça e meus olhos percorreram todo o imenso espaço a
minha volta. Quando ficaram fixos em uma caixa que estava a certa
distância. Porém, antes que fizesse algo, fui jogada bruscamente no
chão. Mesmo com dificuldade, me levantei em um pulo assim que a
vadia que me jogou no chão, saiu correndo em direção ao objeto. As
minhas pernas que até então estavam imóveis, começaram a se
mover apressadamente.
Gritos e mais gritos ecoaram por todo o cômodo. Suzana que já
estava no meio do percurso que daria acesso a caixa. Mas, logo foi
jogada no chão quando jatos potentes de água gelada começaram a
surgir das mangueiras que estavam em pontos estratégicos da sala.
Estava tão desesperada em chegar até aquele objeto, que acabei
me distraindo e quando percebi já estava no chão.
Frio! Dor!
Meu corpo todo estremeceu, parecia que estava dentro de um
refrigerador. Os gritos das duas mulheres não saíam da minha
cabeça. Rapidamente tentei me levantar, mas fui de encontro ao
chão quando a infeliz segurou minhas pernas. Nem sei explicar, pois
não estava me reconhecendo naquele momento, já que se
apoderou de todo o meu ser, uma sensação totalmente
desconhecida, uma força que parecia sobrenatural me possuiu e ao
lembrar que por minha culpa, Karen poderia morrer, não pensei
duas vezes e avancei em cima da mulher.
Parecíamos duas loucas rolando de um lado para o outro e quando
suas garras foram cravadas em minha pele, movida pela raiva,
fechei minhas mãos e o golpe atingiu em cheio o seu rosto. Os seus
olhos arregalados logo se fecharam.
Aproveitei que estava desfalecida e novamente comecei a correr em
direção à caixa. E, quando já estava quase chegando, todos os jatos
de água vieram em minha direção. E devido ao impacto com o
concreto, um grito estrangulado saiu rasgando a minha garganta.
Meu corpo todo paralisou, mas ao ouvir uma gargalhada diabólica
ecoando no ambiente, a raiva me dominou e mesmo meu corpo não
querendo obedecer, eu comecei a caminhar em direção à caixa.
Depois de alguns passos, uma sensação de alívio me invadiu.
Peguei a chave e me virei em direção ao tanque que Karen estava,
o nível de água já estava na altura do seu pescoço. Peguei a chave
e com as mãos trêmulas levei de encontro à porta de vidro.
Assim que foi aberta, o nível de água no recipiente foi dissipando.
Procurei a fechadura para libertá-la das correntes e quando enfim
consegui, olhei para o lado e a ruiva já estava desfalecendo.
Deixei Karen no chão e fui em sua direção, ver o desespero da
mulher me deixou atordoada, visto que não estava conseguindo
abrir a porta. Respirei fundo me concentrando e antes que a água
envolvesse a mulher por completo, consegui abrir a porta e em
seguida a livrei das correntes. Karen me ajudou a tirá-la do tanque.
Depois de muita agonia, ficamos as três em pés e assim que íamos
caminhar em direção à porta, meu coração gelou. A minha
respiração acelerou ao ver o próprio demônio com uma arma
apontada em nossa direção.
Capítulo 10

New York
Três dias depois...

T rês dias se passaram. Sim! Houve momentos que o meu


brinquedinho queria se quebrar antes da hora, mas nem que
tivesse que colar pedaço por pedaço ela iria se livrar de mim.
Foram dois dias de febre alta, alucinações e em poucos momentos
conseguiu abrir os olhos. Entretanto, suas órbitas azuladas
pareciam sem vida e segundos depois acabavam se entregando a
escuridão total novamente.
Em meio aos últimos acontecimentos, recebi a notícia que estava
tanto aguardando. Enfim, o maldito do Dylan tinha acordado e, eu
teria alguém para descontar a minha raiva. Quando autorizei que o
levasse para hall, deixei a atrevida aos cuidados de Lauren e fui ao
encontro do desgraçado.
Foram horas de torturas. Embora, meu interesse não era matá-lo e
sim mostrar a todos o que acontece com quem desobedece a uma
ordem minha. Porém, ao vê-lo suplicando pela sua vida
miserável em frente a todos os meus homens, acalmou os meus
demônios.
Com os olhos fixos na atrevida que graças aos meus demônios não
foi enviada ao inferno. As lembranças de três dias atrás invadem a
minha mente.
Êxtase, essa era a palavra que representava o misto de sensações
que se apoderou de todo o meu ser. Os meus olhos estavam fixos
nos monitores, ao ouvir os gritos das duas vadias, assim que os
jatos de água invadiram o tanque de vidro, me causou um prazer
enorme.
Contudo, nada se comparou com o que senti ao ver Suzana e Luna
travando uma luta para chegar até a caixa que continha a chave. Já
esperava que Suzana não facilitasse, a vadia sempre foi ambiciosa
e se ainda estava viva, era simplesmente por dar lucros ao The
Brothel Empire.
Entretanto, algo dentro de mim ficou inquieto assim que ela
empurrou o meu brinquedo que caiu feito uma boneca no chão.
Porém, ela se mantinha inabalável, mesmo depois de tudo que
passou nas últimas horas.
Alguém fisicamente tão frágil, todavia, se mostrou uma verdadeira
guerreira. Pois, lutou com todas as forças e mesmo depois que
ordenei que as mangueiras fossem direcionadas todas em sua
direção. Luna Ysmit foi à única até hoje, que ao passar pela The
Glass Room e conseguiu alcançar a chave.
Toda sensação de êxtase que se apoderou de mim segundos atrás
se dissipou assim que a desgraçada libertou Karen e caminhou em
direção ao tanque que a Raquel estava.
Raiva! Ódio! Fizeram-me levantar imediatamente da poltrona em
que estava. Um nó imenso se formou em minha garganta e os meus
batimentos estavam descontrolados. Os meus pulmões se
contraíram ao ponto de não conseguir respirar. O sangue em
minhas veias parecia fogo que me incendiava por dentro. A
consequência do ato dela sentenciou todas elas a morte, porém
fiquei totalmente petrificado.
Algo dentro mim, que eu nunca tinha sentido me causou um forte
incômodo. Já que pela primeira vez meus demônios se
manifestaram em benefício de alguém e me fazendo descartar a
ideia de matar aquela desgraçada.
Em passos rápidos caminhei para sala de vidro. E, assim que
adentrei o ambiente, as três mulheres ficaram com os olhos
direcionados em minha direção. Com minha arma em punho e fixa
na direção delas. Pude contemplar o medo espelhado em suas
faces.
Assim que levei o dedo em direção ao gatilho, a gargalhada de
Suzana, que se levantou naquele instante, ecoou no ambiente. Com
um simples movimento girei em sua direção e o tiro foi certeiro em
sua cabeça.
Os gritos das três mulheres ecoaram por todo ambiente, o que só
aumentou a minha fúria. Novamente me virei na direção em que
estavam e com o alvo em mente dois disparos foram feitos atingindo
o peito de Raquel. O medo nos olhos das duas mulheres me deixou
em puro êxtase. E, todo o meu corpo vibrava ao ver a cena a minha
frente.
Respirei fundo inalando o cheiro de sangue fresco impregnado no
cômodo, e, assim que apontei a minha arma na direção da infeliz da
Karen. Apressadamente o meu brinquedinho ficou em sua frente, o
que fez a minha voz ecoar imediatamente.
— Te darei cinco segundos para sair da frente dessa vadia ou a sua
família que será a próxima a ser enviada ao inferno.
— Não! Quando disse com suas próprias palavras “Sem limites e
sem regras”, então, se não tinha regras, nada me impediria de
salvar as duas. Eu só fiz uso das suas próprias palavras ou será que
o todo poderoso não vai honrar o que disse?
Ouvir as palavras proferidas pela insolente a minha frente foi o
mesmo que levar um soco no estômago. Meus pensamentos foram
interrompidos ao escutar um grito estrangulado ecoando no
ambiente.
— Chefeeeeee.
Assim que abaixei a cabeça, senti meus batimentos aumentaram ao
ver a imagem dela caindo de encontro ao chão.
Karen estava em pânico próxima a Luna, que estava completamente
desfalecida. Para aumentar a minha raiva, ouvi os sussurros da
maldita ecoando no ambiente. Peguei minha arma e um novo
disparo ecoou no cômodo. Minhas pernas se moveram e num
impulso peguei a atrevida em meus braços e em seguida caminhei
em direção à porta. Pedi para ligarem imediatamente para médica.
Minutos depois cheguei ao quarto dela e a coloquei em cima da
cama. Seus batimentos estavam fracos e constatei que estava com
febre.
Seus olhos se abriram e em seguida fiquei sem reação ao vê-la se
contorcendo até o ponto de ser envolvida novamente pela
escuridão.

Fecho as janelas dos meus devaneios assim que ouço um grito


alto ecoando no ambiente. E, ao levantar o olhar, vi que suas órbitas
azuis estão fixas em minha direção.

Tudo está tão calmo e não sinto dor. Ao contrário, tenho uma
sensação de paz tão grande. Tudo foi somente um pesadelo que
enfim havia despertado. Meus olhos se abrem e tudo a minha volta
é exatamente como me lembrava. O cheiro de lavanda está
impregnado no ambiente. Instintivamente me levanto e caminho em
direção ao pequeno corredor. Os sussurros das vozes vindo da
cozinha me indicam que dormi demais. Depois de alguns passos,
consigo sentir o cheiro do café fresquinho da minha mãe que invade
as minhas narinas.
Aquele pesadelo parecia tão real, era como se realmente eu
estivesse nas garras do demônio. Nunca pensei que poderia sentir
por alguém tanta raiva e ódio. Seja lá quem era aquele
desconhecido, agradeço a Deus por tudo ter sido somente
momentos de um sonho ruim.
Deixo os meus pensamentos de lado assim que chego frente à porta
da cozinha, atordoada, abaixo a cabeça ao sentir que pisei em algo
molhado e no momento em que meus olhos vão de encontro ao
chão, o medo me domina, meu coração gela ao ver uma poça de
sangue no chão. Desesperada, adentro o ambiente me deparando
com o próprio demônio a minha frente.
— Nãoooooooo... — acordo em um sobressalto.
Meus olhos se arregalaram ao ver o homem que se tornou o motivo
do meu desespero e da minha agonia, com suas órbitas fixas em
minha direção. Confusa, as lembranças invadem a minha mente.
Movida pelo pânico que se apodera de todo o meu ser, tento me
levantar, mas não consigo. Uma vez que sinto todo o meu corpo
dolorido. Minha cabeça dói e antes que faça alguma coisa, ele se
levanta e caminha em minha direção. O medo cru e agudo paira
sobre mim, no entanto, fico estarrecida ao ouvir suas palavras.
— Dentro de dois dias irá comigo para Belgrado. Para o seu bem, é
melhor ficar bem quietinha até lá ou o seu pai sofrerá as
consequências.
Assim que termina de falar, caminha em direção a porta, e, em
seguida some do meu campo de visão. As palavras dele ecoavam
na minha cabeça me deixando em total alerta. Mil coisas se faziam
presentes em meus pensamentos. Por que esse homem vai me
levar para um lugar tão longe? Estou presa nesse pesadelo terrível,
que mesmo acordada, somente a morte é capaz de me libertar.
Involuntariamente as lágrimas começaram a descer pelo meu rosto.
E, assim que ouvi o barulho da porta sendo aberta, os meus olhos
ficaram fixos na imagem a minha frente.
— Você?
Capítulo bônus 02

New York
Karen Santiago

P arada em frente à porta do quarto em que Luna está, meus


pensamentos me levam para dez anos antes.
Eu, Karen Santiago, filha de pessoas humildes e negras, tinha dois
irmãos. Em meio a tantas dificuldades sempre vivi cercada de muito
amor e carinho. Há exatamente dez anos, quando voltava da escola,
no dia que considerava um dos mais felizes da minha vida e que
estava completamente em êxtase, devido a ser escolhida entre
tantos alunos para representar a escola em uma olimpíada de
matemática, também se tornou o dia do meu pior pesadelo.
Sempre estudei na parte da tarde e exatamente naquele dia, acabei
perdendo a noção do tempo e quando me dei conta já estava muito
tarde. Comecei a caminhar em passos largos, mas, logo um
estrondo ecoou e minutos depois um temporal se fez presente.
Estava tão nervosa e preocupada em chegar a minha casa, que não
quis parar para me proteger da chuva.
Depois que caminhei certa distância, uma sensação ruim apoderou-
se de mim. E, devido à chuva, a rua estava praticamente deserta.
Rapidamente três carros pretos surgiram, o pânico me dominou,
minha respiração ficou alterada e para aumentar a minha agonia,
logo uma parede humana surgiu em minha frente bloqueando a
minha passagem. Antes que eu fizesse alguma coisa, senti algo
perfurando a minha pele e depois a escuridão total me envolveu.
Após acordar, vi que estava dentro de um baú de um caminhão e foi
lá que olhei Suzana pela primeira vez. Tudo que passei durante o
treinamento no The Brothel Empire, não só me destruiu fisicamente,
como me causou uma dor interior que sequer passará algum dia.
Tive muita sorte em ter me tornado a favorita do Boris. Ele parece
ser a única pessoa por quem aquele ser sombrio, tem algum
sentimento. Passei a ser exclusiva daquele gostoso e confesso que
foi a única coisa boa que me aconteceu durante todos esses anos.
Isso, até aquela garota que demostrava ser tão frágil, com um rosto
tão angelical adentrar o grande hall. Assim que meus olhos foram de
encontro aos de Luna, senti uma sensação tão boa que palavras
não são capazes de explicar. Ver aquelas duas fazendo com ela o
que sempre fizeram a tantas novatas que chegaram a esse lugar
renovou a raiva dentro de mim.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que ouvi sua voz, ela
estava totalmente incrédula, certamente por não acreditar que
depois de tudo eu estivesse viva.
— Você?
Em passos largos caminho em sua direção. Os meus olhos
arregalados percorrem por todo o ambiente a minha volta, ao
contrário do lugar em que dormimos, onde ela está é lindo e
luxuoso. Quando meu olhar encontra o dela, noto algumas lágrimas
descendo em sua face, em seguida um largo sorriso surge em seu
rosto. Assim que fico em sua frente, novamente sua voz se faz
presente.
— Você está viva?
— Acho que sim — não aguentamos e começamos a sorrir.
Minutos depois, ela me pediu para sentar na cama e comecei a
contar tudo que aconteceu.
— Quando você confrontou o chefe, jogando aquelas palavras na
cara dele, percebi que algo de errado estava acontecendo com
você, pois ficou branca como um pedaço de papel. No momento em
que a olhei perdendo o equilíbrio, a segurei e caímos as duas no
chão. Desesperada, gritei pelo chefe tão alto que logo suas órbitas
negras foram direcionadas em nossa direção.
— Eu pensei que você estava morta. Pois, a última lembrança que
tenho antes da escuridão ter me envolvido por completo foi de ouvir
uns gemidos e um disparo alto no ambiente.
— Os gemidos que escutou eram da Suzana, que mesmo sendo
atingida na cabeça ainda estava agonizando. Literalmente se
cumpriu o ditado popular.
— Qual? — eu não aguentei e comecei a sorrir da inocência dela.
— Se deseja matar uma cobra, tem que estourar a cabeça dela. E,
foi o que o chefe fez dando mais um tiro na cabeça daquela cobra
peçonhenta.
Ao contrário de mim, que não conseguia parar de sorrir, ela tinha
uma expressão séria ao ouvir as palavras que proferi e logo tratou
de me repreender.
— Você não deveria se alegrar com a morte do próximo e mesmo
que seja alguém como a Suzana. Aquele homem é um monstro. E,
ninguém pode tirar a vida de outra pessoa como se não fosse um
nada.
— Eu sei que é errado. Mas, uma coisa que eu aprendi durante
todos esses anos, é que toda ação tem uma reação e nós pagamos
em vida pelos nossos atos. Suzana com seu egoísmo foi culpada
pela morte de muitas que passaram por esse lugar. Sempre fazia de
tudo para que as novatas fossem castigadas. Na sua mente doentia,
acreditava que não tendo concorrência teria mais chance de viver.
— E o que aconteceu depois? Como ele te deixou viva?
— Ele parecia o rei da selva ao ver alguém dos seus em perigo.
Pegou você nos braços e rugindo como um animal, deu ordens para
chamar a médica. E, depois te trouxe para esse lugar. Enquanto fui
levada para o meu quarto, pois, mais tarde o todo poderoso iria
decidir o meu destino.
Ao pensar nos momentos que passei em agonia e desespero por
não saber o que aconteceria. Involuntariamente as lágrimas grossas
começam a descer pelo o meu rosto.
Respirei fundo e sobre seus olhos atentos que estavam fixos em
mim, continuei contando tudo que aconteceu.
— Quando a porta do meu quarto foi aberta, um medo desmedido
invadiu o meu peito. Um dos seguranças me conduziu até o
escritório do chefe, assim que adentrei o cômodo, as minhas pernas
ficaram bambas, o ar se tornou escasso e meus batimentos
aumentaram. No entanto, ao ouvir suas palavras, de alguma forma
as minhas esperanças se renovaram. Foi bem claro que sua palavra
era lei e por isso não deixaria de honrar o que havia dito. A partir
daquele momento, a minha vida estaria interligada com a sua e
enquanto você respirar nada irá me acontecer. Mas, confesso que
teve um momento que meu corpo todo estremeceu.
— Por quê? — perguntou-me com seus enormes olhos arregalados.
— Em certo momento, não parecia ser ele que estava em minha
frente. As suas feições mudaram, tive a impressão que suas órbitas
estavam vermelhas como se tivesse fogo nelas. E ao ouvir uma
gargalhada diabólica ecoando no ambiente, fiquei petrificada.
Entretanto, mesmo entre sussurros, entendi o que disse.
"O meu brinquedinho me pegou com minhas próprias palavras."
— A única coisa que tenho certeza que não está nos planos dele, é
acabar com a sua vida. A impressão é que o demônio enfim,
encontrou algo que despertou seu total interesse. Não importando o
que tenha que fazer te manterá por muito tempo sob seus domínios.

Enquanto isso, em outro cômodo não muito


longe dali...
Com as pernas bambas, fiquei de pé. Fui cambaleando pelo quarto
e arrastando o ombro na parede até chegar ao banheiro. Mesmo
com dificuldade, me movi até o móvel a minha frente.
Com os meus olhos fixos no objeto a minha frente, sentir meus
pulmões em chamas, a raiva me dominou ao olhar para a cicatriz
em meu rosto. Movi minha mão e meus dedos logo deslizam em
volta da minha pele dolorida, marcado como se fosse um animal.
Assim como aquela desgraçada, que logo irá me pagar pelo que fez.
O maldito que se julga o todo poderoso, logo terá o troco.
“Dusan, se você é a encarnação do mal, eu serei aquele que vai
contribuir para que em breve seja enviado para o lugar de onde
nunca deveria ter saído: o inferno”.
Capítulo 11

New York

A cordei às oito da manhã, senti-me extremamente nervosa pela


expectativa do que aquele monstro estava planejando ao me
levar nessa viagem. Após tomar o meu banho adentrei o quarto, em
seguida a Karen surgiu no meu campo de visão com a roupa que
iria usar na viagem.
Durante os dois dias anteriores, eu permaneci no quarto, a única
pessoa com quem tive contato foi com ela e mesmo a conhecendo
há pouco tempo, a sensação é de que a conhecia há anos. Karen é
uma guerreira e depois de tudo que passou nesse lugar, não perdeu
sua essência. Sempre está com um sorriso no rosto e não deixou
que tanto sofrimento a fizesse que perdesse a esperança de um dia
reencontrar a sua família. E para aumentar ainda mais a minha
agonia, agora sei que uma vida depende de mim. Tenho que me
manter submissa aos desejos daquele demônio, tornando-me como
diz: seu brinquedinho, que pode enjoar com facilidade ou passar
longos anos se divertindo com ele.
No entanto, ao conhecer um pouco mais a Karen e ver o brilho nos
seus olhos ao me contar toda a sua história, tive uma boa sensação,
era como se o destino tivesse nos unidos para um propósito muito
maior.
Quem sabe futuramente não será com sua ajuda que estaremos ao
lado das pessoas que esse monstro nos afastou. Deixo os meus
pensamentos de lado assim que ouço a sua voz chamando.
— Luna, o chefe já ordenou que todos estivessem no grande hall.
Estava tão atordoada com tudo que aconteceu que sequer parei
para pensar, visto que, todos se referem ao demônio como “chefe” e
quando perguntei a Karen qual era o seu nome, apenas me falou
que mesmo depois de estar tantos anos aqui, nunca ouviu ninguém
se referindo a ele pelo seu verdadeiro nome. De certo que o seu
nome deveria ser Lúcifer, uma vez que, por trás de uma bela casca,
existe alguém sem alma e um ser tão maligno que deve ter sido
expulso até do inferno, e apoderou-se do corpo de alguém aqui na
terra para espalhar a maldade e a destruição.
Em passos largos, caminho ao lado dela em direção ao salão.
Adentrando no ambiente, eu fico estarrecida quando olho a imagem
a minha frente, todos os funcionários estão com a cabeça baixa e
somente o Lúcifer e um senhor que aparentava ter uns 50 anos, que
está ao seu lado, estão com a cabeça levantada. Nos minutos
seguintes ele começou a dar ordens para todos, também fez um
breve discurso do que aconteceria se as coisas não saíssem como
de costume.
O senhor que estava ao seu lado, descobri que se chamava Boris e,
este ficará no comando durante sua ausência. Antes de deixarmos o
salão, notei o jeito como Karen ficou, pois, não desviava os olhos
que brilhavam na direção do tal Boris.
Um turbilhão de pensamentos se fez presente em minha cabeça e
se não fosse pela vida da minha família e da Karen, nunca que iria
nessa viagem. Ele caminhou em direção ao corredor e só me restou
segui-lo. A cada passo que dava, tinha a sensação que estava
caminhando direto para o lugar de onde voltaria completamente
mudada, algo me dizia que nada do que já vivi até agora, se
comparará com o que me aguarda nessa viagem. Diante disso, senti
as lágrimas brotaram nos meus olhos enquanto caminhava atrás
dele, todavia segurei firme. Tudo o que preciso é achar um jeito para
me livrar de tudo isso.
Depois de alguns passos, chegamos ao mesmo andar onde fica
aquela maldita sala de vidro. Havia cinco carros obscuros e um
deles estava de portas abertas. O ambiente a nossa volta estava
cercado por vários homens vestidos de preto e bem armados.
— Entra logo no carro — murmurou.
Senti um nó preso em minha garganta e a minha vontade era ficar
parada no mesmo lugar, mas logo me veio à imagem do meu pai.
Respirei fundo entrando no veículo, que minutos depois entrou em
movimento, durante o percurso me mantive bem afastada dele.
O silêncio se fez presente no ambiente até que foi quebrado pelo
som vindo do seu telefone. Enquanto conversava, pude olhar para
fora pelo vidro escuro, quando o carro parou por causa do trânsito,
notei como as calçadas estavam tomadas de pessoas caminhando
com toda pressa. Os carros por todos os lados estavam parados,
contudo, ao contrário de mim, aquelas pessoas ainda tinham sua
liberdade e não estavam nas garras de um carrasco.
Depois do engarrafamento, não fizemos mais nenhuma parada até
chegarmos numa pista particular. Assim que o veículo parou, um
barulho sutil ecoou no ambiente indicando que a porta estava
aberta.
— Vamos — senti um calafrio atravessar a minha espinha.
Assim que saí do veículo, meus olhos ficaram fixos no jatinho a
minha frente. Havia um grande letreiro com o nome Empire D.
Borislav.
Meus pensamentos foram interrompidos quando dois brutamontes
se aproximaram e ele deu ordens para pegarem as malas.
Fomos caminhando até a escadaria que dava acesso para dentro do
jatinho, observei como a cabine era incrivelmente luxuosa e a
comissária de bordo era uma mulher elegantíssima, que usava um
uniforme com o logotipo da empresa. Ela sorriu dando boas vindas
enquanto o homem que estava a minha frente nem a cumprimentou
e já foi dando ordens para trazer a bebida de sempre.
Permaneci em silêncio enquanto, logo, a mulher tratou de se retirar.
Ele mandou eu me sentar na poltrona ao lado que já iriamos
decolar. Totalmente surpresa, eu observei quando ele se sentou em
outra poltrona, entretanto, ao apertar um botão vermelho, que
estava ao lado, vi quando se moveu e então ficou de frente para
mim. Apertamos o cinto de nossas poltronas e minutos depois o
avião começou a taxiar pela pista. Quando enfim decolamos, a
mesma mulher que nos cumprimentou anteriormente surgiu em
nossa frente com um copo de cristal com a bebida que ele solicitou.
Tal proximidade com o homem a minha frente, deixava todo o meu
corpo em alerta total. Saio dos meus devaneios ao sentir a sua
enorme mão entrando no meio das minhas pernas. Gritei assim que
agarrou meu sexo com agressividade, deslizando os dedos para
dentro da minha calcinha. O medo me dominou quando seus dedos
impacientes puxaram minha calcinha de lado e me penetrou
bruscamente. Tentei fechar minhas pernas, mas, ele me lançou um
olhar frio que fez todo o meu corpo estremecer.
Seus dedos se remexiam dentro de mim, me penetrando de forma
bruta, cada vez mais fundo e forte. Tudo que conseguia sentir era
dor, uma vez que, ele estava fazendo aquilo para me machucar.
Respirei silenciosamente assim que a voz do comandante ecoou no
ambiente liberando a circulação pela cabine. Ele, rapidamente
puxou os seus dedos de dentro de mim e se levantou.
— Levanta! Hoje começa o seu treinamento que será somente me
satisfazer. Para o seu próprio bem meu brinquedinho, é melhor não
deixar o seu dono zangado — diz me deixando boquiaberta.
Será que esse demônio é mais doente do que eu pensei?
Minha garganta estava em chamas devido à raiva que se apoderou
de todo o meu ser. Ele liberou o cinto e sequer tive tempo de reagir
quando meu corpo foi puxado, me fazendo ficar em pé. Ele deu um
gole na sua bebida e saiu me puxando pelo corredor até parar em
frente a uma porta branca.
Passou um cartão que retirou do bolso e ela foi aberta. Entramos no
quarto totalmente luxuoso, com uma enorme cama e alguns móveis.
As minhas mãos estavam trêmulas e as pernas bambas.
— Tire a roupa e deite-se na cama — sua voz áspera ordenou.
Mesmo contra a minha vontade, fiz o que mandou. Sequer poderia
agir por impulso, porque esse monstro já me mostrou que não vai
hesitar em tirar a vida das pessoas que tanto amo.
Sem tirar os olhos de mim, começou a se despir. O meu coração
disparou ao imaginar que novamente aquele membro grosso e
grande surgiria em minha frente. Dei alguns passos e subi na cama,
o meu estômago se contraiu assim que terminou de se despir.
Estava excitadíssimo, com o pênis grosso, todo duro e pesado. A
cabeça robusta do seu membro estava lubrificada pelo líquido pré-
ejaculatório. Deu alguns passos e parou em frente a um pequeno
móvel, que estava no ambiente. Assim que se virou, ao olhar para o
par de algemas em sua mão, num impulso me levantei.
— Deite-se.
— Não.
Antes que meus lábios se tocassem novamente, o demônio que se
movia rapidamente avançou em minha direção fazendo o colchão
afundar ao ficar em cima de mim, com seu corpo quente e nu colado
ao meu. Suas mãos se moveram e se concentraram na minha
garganta. Pude sentir o ar sendo roubado dos meus pulmões assim
que intensificou o aperto.
— Você vai ficar quietinha e fará tudo que eu mandar. Da próxima
vez que falar algo sem a minha permissão, terei todo prazer em
arrancar pessoalmente cada dente da sua boca.
Ele retirou suas mãos do meu pescoço, prendeu uma das
algemas no meu pulso esquerdo, a outra no meu tornozelo
esquerdo, em seguida repetiu o mesmo processo com a outra
algema nos meus membros direitos.
Ajeitou o seu corpo forçando-me a abrir as pernas, enquanto sentia
seu hálito quente próximo a minha boca. Logo após, foi descendo
pelo meu corpo, marcando caminho com lambidas até parar nos
meus seios, só então abocanhou um deles, sugando com vigor.
Passou os dedos pela abertura da minha intimidade que estava toda
sensível, inchada e totalmente vulnerável a seu apetite avassalador.
Sua boca gulosa estava devorando os meus seios. Ele posicionou o
seu membro na minha entrada, me agarrou pelos quadris e a grossa
cabeça do seu pênis abriu caminho dentro de mim e então me
invadiu profundamente. Os meus olhos se arregalaram e um grito
estrangulado saiu entre meus lábios. Instantaneamente as lágrimas
começaram a escorrer pelo meu rosto, a dor parecia mais forte do
que da primeira vez, pois, a sensação era que estava me rasgando
por dentro. Eu me contorci e arqueava todo o meu corpo a cada
investida calculada e profunda dele, no entanto, as algemas
estavam me machucando.
As estocadas ritmadas de seu membro grosso contra as
profundezas do meu sexo eram cada vez mais fortes e intensas.
Então abriu ainda mais as minhas pernas, mexendo os quadris com
habilidade e movimentando sem parar o seu pênis dentro de mim.
Gemidos de dor saíram entre meus lábios quando seu membro se
avolumou ainda mais. A mão dele deslizou entre minhas pernas
e segurou firme o seu pênis. Após começou a fazer movimentos de
vaivém em torno da abertura do meu sexo dolorido. Estremeci ao
senti uma onda de calor se espalhar por todo o meu corpo. Então,
fechei meus olhos e concentrei minha atenção na minha família.
— Abra os olhos — disse bruscamente.
Abri meus olhos, mas, canalizei meus pensamentos para tudo que
esse demônio já me fez. Ele me analisou minuciosamente e suas
feições logo mudaram. Sequer esperava quando me penetrou
novamente com suas estocadas crescendo em velocidade e
potência, entrando e saindo de dentro de mim sem parar. Trinquei
os dentes e mesmo com dor, tentei não deixar transparecer. Vendo
a minha reação, ele começou a me penetrar mais forte e cada vez
mais fundo. Os meus pulsos estavam doloridos e tinha a impressão
que as algemas estavam ferindo a minha pele.
A respiração dele estava acelerada e o seu rosto estava todo
vermelho de raiva. Ele continuou com seus movimentos insaciáveis,
parecendo um animal que estava disposto a devorar-me por inteira.
Pedir a noção do tempo transcorrido. Então, ele num movimento
abrupto, ejaculou e me preencheu com seu abundante líquido
cremoso. Minutos depois se afastou e deitou ao meu lado. Um
barulho sutil ecoou no ambiente quando as algemas se abriram.
Movi a cabeça para o lado e vi que o demônio estava com os olhos
fechados.
A minha respiração acelerou. Senti a minha espinha gelar assim que
abaixei o olhar e notei que seu membro estava caído pesadamente
sobre o abdome e com a ponta passando do seu umbigo.
Capítulo 12
Belgrado – Sérvia

A cordei nas primeiras horas da manhã. Precisava resolver alguns


assuntos no The Brothel Empire, antes de viajar a Belgrado.
Mesmo contra sua vontade, Boris ficará em New York. Pois, é o
único em que confio para deixar por tanto tempo cuidando de tudo
em minha ausência.
Nunca nos separamos, desde o momento que foi destinado para ser
o meu mentor, ele é aquele que me ensinou tudo o que sei.
Em todos os confrontos sempre esteve ao meu lado. E, talvez este
seja o motivo por não ter gostado de permanecer em solo
americano. Como meu treinador, deveria saber que nada e nem
ninguém fica no meu caminho. Não importa quem seja o infeliz que
teve o atrevimento em atacar os nossos homens, já que este será
reduzido a cinzas.
Não estava nos meus planos trazer a infeliz comigo. No entanto, o
meu brinquedinho se mostrou muito astuta e como não sei quanto
tempo terei que permanecer na Sérvia, tive que trazê-la para dar
continuidade ao seu treinamento.
O quanto antes estiver pronta melhor, somente assim poderá ser
apresentada aos clientes. Além de corajosa, a maldita é bem
apetitosa e se não fosse pelo estado que ficou por dias, o seu
treinamento já teria iniciado. Contudo, Lauren me enviou os
resultados dos exames que fez, estava tudo perfeitamente do jeito
que esperava. Os dias que ficou em recuperação, também serviram
para que o chip anticoncepcional introduzido nela tivesse um efeito
eficaz e também para observar se teria algum efeito adverso.
Meu pau que estava mais duro que um aço e não parava de latejar
ao vê-la com aquele vestido, que realçou ainda mais suas belas
curvas. Observei o medo que estava visível através das suas órbitas
azuis e isso só me deixou mais excitado e assim a puxei para a
suíte do meu jatinho. Tê-la totalmente imobilizada e exposta para o
meu bel-prazer, fez todo o meu corpo vibrar.
Seus gritos soaram como músicas para os meus ouvidos e ter o
meu membro latejante em contato com sua carne apertada, me
deixou em puro êxtase. Novamente perdi o controle e tudo que
queria era me enfiar ainda mais no meio das suas pernas. Ondas e
mais ondas de prazer percorreram por todo o meu corpo que
vibrava como nunca. Rapidamente a desgraçada se calou e se
manteve inabalável, ao ponto de fechar os olhos. A raiva me
dominou e assim que seus olhos azulados ficaram fixos nos meus, o
brilho refletido neles me deixou atordoado. Aumentei o ritmo das
minhas estocadas e tudo que queria era fazer a infeliz gritar de tanta
dor.
Olhei para os seus pulsos que estavam sendo machucados devido
aos meus movimentos e o atrito do aço na sua pele.
Totalmente possuído, introduzi o meu pau cada vez mais fundo e
forte. Depois de alguns movimentos, uma onda escaldante invadiu o
meu corpo e o meu líquido invadiu sua boceta em jatos potentes e
contínuos. Satisfeito, com a respiração já reestabelecida, me joguei
no colchão no mesmo instante que apertei o botão que liberava as
algemas. O meu membro ainda estava latejando. Levei minhas
mãos de encontro ao garotão tentando acalmá-lo e em seguida
fechei os meus olhos.
Mesmo de olhos fechados, sabia que os olhos atentos do meu
brinquedinho estavam me avaliando. Dava para sentir o medo que a
usurpou através da sua respiração.
Luna Ysmit não tem noção que tudo isso foi apenas um teste. Assim
que chegarmos a Belgrado, deixarei o seu corpo tão afiado, ao
ponto de perder todo o controle sobre ele. Ela se tornará tão
insaciável como todas do The Brothel Empire, a tal ponto de
aguentar vários homens numa só noite.
Deixo meus pensamentos de lado assim que sou avisado que já
vamos pousar. Enquanto a observava, vi que mantinha o olhar fixo
na direção da janela e um sorriso de satisfação surgiu entre meus
lábios.
Minutos depois, nos levantamos e caminhamos em direção ao
corredor que dava acesso a saída. E quando chegamos à pequena
escada, vários carros já estavam a postos. Mandei Luna entrar no
carro e depois voltei minha atenção para os cinco homens a minha
frente.
— Bem-vindo Dusan.
Olhei para o homem a minha frente e que não via há alguns anos.
Vladimir Kosovo é o membro mais antigo da máfia Sérvia.
Respeitado por todos, já que tem um grande legado e importância
para nossa organização. Foi ele quem proferiu que seria eu o
enviado para ser o novo líder. Deixo os meus pensamentos de lado
quando novamente sua voz ecoa.
— Encontramos isso hoje, assim que chegamos à sede da máfia.
Olhamos nas câmeras e alguém deve ter invadido o nosso sistema,
uma vez que não há registro nas imagens. Com suas habilidades,
esperamos que coloque o mesmo sistema operacional que foi
implantando em New York ou os nossos inimigos terão acesso a
tudo sobre a organização. Depois do que recebemos, já sabemos
quem é o maldito que está por trás de tudo isso.
Após proferir suas palavras, o Ivan que estava ao seu lado
estendeu um envelope em minha direção. Com o objeto em minhas
mãos, assim que puxei o papel que estava dentro do mesmo, meus
órgãos internos começaram a funcionar descontroladamente. Minha
mandíbula logo se contraiu e minha mão se fechou esmagando o
objeto que estava nela.
Adônis Ruçi cruzou o caminho da pessoa errada. Nada me dará
mais prazer do que arrancar todos os seus órgãos internos com as
minhas próprias mãos.
Estava observando os homens através do vidro do carro. Mas, meu
olhar moveu-se para os meus pulsos doloridos e marcados pelas
algemas. E logo lembrei, depois do susto que levei ao ver o
tamanho real daquela monstruosidade no meio das pernas do
demônio. Mesmo com dificuldade, me levantei e peguei minhas
roupas do chão, em seguida caminhei em direção a uma porta que
indicava ser o banheiro. Entrei no ambiente luxuoso e antes de ir em
direção ao chuveiro, tratei de fechá-la com a chave. Já que a
imagem dele nu não saía da minha cabeça, fazendo um calafrio se
instalar em minha espinha.
Um grito alto saiu dos meus lábios assim que a água entrou em
contato com a minha pele e se espalhou pela longa extensão dos
meus membros, que estavam em algumas partes, feridos. Esforcei-
me para não chorar e tratei logo de tomar um rápido banho.
Minutos depois, de banho tomado e arrumada, deixei o ambiente.
Ele continuava esparramado na cama com seu enorme corpo
completamente nu. Até me enganaria se não soubesse o lobo que
existe por trás do cordeiro. Seu belo rosto fazia a combinação
perfeita com seu corpo perfeitamente esculpido.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que a porta do
veículo foi aberta bruscamente. Pelo canto do olho, dava para ver
que o demônio estava mais possuído que nunca. Então fiquei do
jeito que estava, tendo em vista que não nasci para ser saco de
pancada e era melhor ficar no meu canto.
Durante todo o percurso não consegui desviar meus olhos da janela
do automóvel. Estava totalmente encantada com a vista por onde
passamos, depois de alguns minutos, o carro se deteve. Ele saiu do
veículo e fiz o mesmo, ao levantar a cabeça, os meus olhos
pareciam que tinha duplicado de tamanho ao olhar para a imagem à
minha frente.
O cenário era uma mansão luxuosa. Para ser mais clara,
um palacete belíssimo, cercado por belos gramados e com
várias janelas majestosas. Havia vários homens fortemente
armados. Porém, saio do estado catatônico que permanecia ao
ouvir sua voz.
— Bem-vinda ao meu mundo brinquedinho — disse de forma
sarcástica.
O demônio caminhou em direção à entrada principal. Aumentei o
ritmo das minhas passadas e assim que as portas foram abertas,
fiquei atordoada com o tamanho do imóvel. A mansão era imensa,
com móveis luxuosos, lustre de cristal, mármore por toda extensão
do piso, coberto por tapetes belíssimos. Subimos os degraus da
escada e no andar superior, bem no centro da mansão havia um
enorme salão.
Depois de alguns passos, paramos em frente a uma porta e assim
que a abriu sua voz ecoou novamente.
— Esse será o seu quarto. Ficará nele até que autorize a sua saída.
Não tente nenhuma gracinha ou já sabe o que vai acontecer. No
closet tem tudo que vai precisar para vestir enquanto estiver aqui.
Após a sua sentença, caminhou pelo imenso corredor e logo sumiu
do meu campo de visão. Respirei fundo e em passos largos entrei
no ambiente, que assim como todo o lugar, era luxuoso. Estava tão
cansada que resolvi tomar um banho, quando entrei no banheiro,
fiquei espantada com o tamanho. É maior do que os quartos da
minha casa. Vinte minutos depois, já estava de banho tomado e fui
até o closet que estava cheio de peças belíssimas, ao abrir uma
gaveta, vi que estava cheia de peças íntimas. Optei por uma camisa
de seda vermelha que fazia par com uma calcinha de renda. Como
já havia comido durante a voo, resolvi me deitar.
Depois de puxar a coberta. Fechei os meus olhos e meus
pensamentos ficaram fixos na minha família. Não sei ao certo em
que momento, mas acabei dormindo. Acordei em um sobressalto, o
meu coração pulsando violentamente e um suor frio que encharcou
a minha camisola. Um peso esmagador me deixou sem fôlego,
enquanto a outra mão deslizava pelas minhas pernas se enfiando
dentro da minha calcinha.
As minhas pernas estavam tão duras, que não me dariam chance
nenhuma de fuga. Tentei gritar, mas saiu abafado pela mão que
cobria a minha boca. O medo cru e agudo pairou sobre mim e
desesperada, eu comecei a me debater, mas, sua enorme mão se
concentrou na minha garganta. Meus pulmões estavam em chamas
e meus olhos se arregalaram ao olhar para o homem a minha frente.
— Você! De novo não.
Sua risada diabólica ecoou pelo ambiente, ele intensificou ainda
mais o aperto em meu pescoço. Não conseguia respirar! O meu
coração estava acelerado e comecei a espernear freneticamente,
mesmo com dificuldade, consegui falar.
— Por fav… — antes que terminasse de falar, senti o peso da sua
enorme mão de encontro a minha face. E quando achei que não
poderia piorar, novamente começou a me bater sem parar.
— Agora você será só minha sua vadia.
Antes que eu fizesse algo, um grito terrível de dor e medo
escapou pela minha garganta quando seu membro duro me invadiu
profundamente.
— Nãooooooooo...
Capítulo 13
Belgrado – Sérvia

D epois de ter deixando Luna em seu quarto, caminhei até os


meus aposentos, ao adentrar o ambiente, fui direto para o
banheiro. Minutos depois de já ter tomado banho e vestido, a minha
atenção se concentrou no meu notebook.
Com os olhos vidrados na tela a minha frente, entro no sistema
operacional da sede da máfia. Se aquele infeliz cogitou que poderia
brincar logo comigo, irei mostrar que adoro um brinquedinho. Mas,
ao contrário daquela que está a alguns metros de distância de mim,
ele será quebrado de tal forma, que será difícil alguém encontrar
algum pedaço.
Adônis Ruçi será um petisco para os meus demônios. Farei esse
infeliz se arrepender profundamente por ter cruzado o meu caminho.
Depois de substituir o velho sistema pelo novo, que foi desenvolvido
por mim, recebi uma chamada de vídeo de Boris. Este tratou de me
informar que tudo estava tranquilo em New York. Todavia, após lhe
informar sobre o atrevimento do Ruçi, que vive pelas sombras como
um rato de esgoto. Meu fiel companheiro e braço direito, ficou
totalmente agitado, assim como os meus, seus pensamentos se
voltaram para o grande evento que irá acontecer amanhã.
Boris, ao me ver inexorável, imediatamente entendeu que meus
demônios estavam em êxtase pela antecipação por esse momento.
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir um grito ecoando
pelo ambiente deixando o meu corpo em total alerta.
— Luna!
Num sobressalto, me pus de pé e instintivamente minhas mãos
foram ao encontro a minha Uzi Submachine Gun, que estava em
cima do criado mudo.
Meu corpo todo começou a vibrar por dentro e alguma coisa dentro
de mim se agitou. Com minha arma em punho, deixei o ambiente
atravessando o corredor que me daria acesso ao quarto em que ela
estava. Assim que cheguei em frente a porta, um grito estrangulado
se fez presente vindo de dentro do ambiente. Bruscamente abri a
porta me deparando com a imagem a minha frente.
— Que diabos está acontecendo com essa infeliz — proferi em voz
alta.
Respirei fundo e depois de alguns passos, parei em frente à cama.
Ela se contorcia como se estivesse sentindo uma dor profunda, a
sua respiração estava irregular e o sofrimento estava visível através
da sua expressão. Havia uma mistura de medo e dor. Comecei a
chamá-la para acordar do pesadelo em que se deparava. Não
obtendo resposta, minha voz potente ecoou no ambiente.
— Camilaaaaaa!
Assim que o som da minha voz preencheu todo o quarto, de repente
suas órbitas azuis se abriram, o amor dela pela sua irmã é maior
que qualquer sofrimento. O instinto protetor dela foi capaz de
arrancá-la das profundezas do seu desespero ao ouvir o nome da
pequena Camila. Esse, sem dúvidas é o maior trunfo que terei para
colocar essa insolente nos trilhos e sem precisar usar de qualquer
força física.
Com olhos fixos nela. Notei como estava completamente atordoada
e com os olhos arregalados ao olhar para a arma em minhas mãos.
Antes que cogitasse ter alguma reação, novamente minha voz se
fez presente.
— Volte a dormir. Amanhã você irá me acompanhar em um evento.
Viro os calcanhares me movendo em direção a porta, com um único
pensamento presente.
"Daremos aos malditos mexicanos a recepção que eles merecem".
Uma dor insuportável apoderou-se de mim. Eu podia ouvir meu
coração batendo devagar e meu sangue pulsando freneticamente.
Com as mãos trêmulas, tentava desesperadamente tirar a mão do
infeliz da minha garganta, enquanto seu pênis me penetrava com
brutalidade. De repente o sangue começou a escorrer pelo seu
rosto. Ele tirou a mão do meu pescoço e ao passar em sua face,
que foi envolvida pelo líquido avermelhado, rapidamente suas
feições se tornaram ainda mais assustadoras. Ele disse que eu
pagaria pela pancada que dei em sua cabeça. Seus movimentos
brutos estavam machucando a minha intimidade que latejava, me
causando um forte incômodo e quando pensei que não poderia
aguentar, o som da voz que sempre me fazia estremecer ecoou em
minha cabeça, e, ao ouvir o nome de Mila, algo dentro de mim
começou a incendiar. Uma força que parecia sobrenatural me fez
jogar o homem no chão, assim que levantei o olhar, ele havia
sumido do meu campo de visão. No mesmo instante, o demônio
surgiu em minha frente com uma enorme arma em suas mãos.
Medo... Era tudo o que eu sentia naquele momento ao pensar que
algo tivesse acontecido com a minha irmãzinha. Contudo, ao olhar
em volta do ambiente, pude perceber que tudo não havia passado
de um sonho ruim.
Antes de deixar o quarto, ele me avisou que amanhã irei
acompanhá-lo num evento. Só de pensar que estarei em um lugar
cercado de gente com ele, fez um nó se formar em meu estômago.
Com a cabeça a mil, não sei em que momento acabei dormindo
novamente.
No dia seguinte...
Acordei assim que os raios do sol invadiram o ambiente através do
pequeno espaço da janela que estava com a cortina afastada.
Uma senhora que aparentava ter uns quarenta anos, chamada
Aurora, trouxe o meu café da manhã. Após me alimentar, permaneci
no quarto, presa como se fosse um animal. Uma gaiola que embora
enorme e luxuosa, estava sendo a minha prisão.
Quase no finalzinho da tarde, a dona Aurora chegou com outra
mulher muito elegante, segundo esta, tinha sido enviada pelo
homem que por um deslize descobri que se chamava Dusan.
Depois de descobrir o seu verdadeiro nome, que foi escolhido
perfeitamente para o que é, compreendi o porquê desse monstro se
considerar a lei. Assim como o significado do seu nome, ele não
teme a ninguém e se acha no direito de decidir a vida do seu
próximo.
Depois de tomar um banho bem demorado, a mulher que se
chamava Raquel, pegou sua maleta de maquiagem e entrou em
ação usando alguns utensílios para fazer um penteado bem
elaborado. Perdi a noção do tempo transcorrido e assim que
terminou a maquiagem e o penteado, ela pegou o vestido que
estava sobre a cama, que Aurora trouxe alguns minutos atrás e me
ajudou a vesti-lo, em seguida se despediu.
Em passos largos, fui em direção ao closet onde havia um enorme
espelho. Meu coração disparou ao ver o meu reflexo, mesmo não
gostando de tudo aquilo, tinha que reconhecer que estava muito
bonita. O vestido na cor preta, com uma enorme fenda do lado
direito, caiu perfeitamente no meu corpo. Ao voltar para o quarto,
engoli em seco ao ver a imagem do homem a minha frente. Ele de
fato estava impecável. Seu terno preto, perfeitamente sob medida,
camisa branca e gravata preta, que estava acabando de colocar.
Seus lábios se moveram e em seguida sua voz áspera ecoou no
cômodo.
— Vamos.
Não tinha opção mesmo, pois aquilo foi uma ordem. Então, em
passos precisos, caminhei em direção a porta. Quando saímos de
dentro da mansão e entramos no veículo, fiquei um tanto assustada
ao ver que havia somente três carros que estavam fazendo a nossa
escolta. Os seguranças sempre estavam de roupa preta e com uma
expressão indecifrável no rosto. Com o automóvel em movimento,
comecei a ficar nervosa. Se fosse em New York, seria o momento
perfeito para tentar fugir do demônio, mas aqui só iria fazer o
monstro ficar mais possuído e quem sofreria as consequências seria
a minha família. Ainda entretida com meus pensamentos, sequer
percebi quando a luxuosa limusine parou, indicando que havíamos
chegado ao local, vários fotógrafos vieram em nossa direção. Antes
de deixar o veículo, ele tratou de avisar-me que se tentasse algo,
não iria hesitar de dar a ordem a um dos seus homens para estourar
os miolos do meu pai. Assustada e com o corpo trêmulo, saí do
carro. Os seguranças fizeram uma barreira para que entrássemos
no lugar.
Quando entramos, todas as cabeças se voltaram para olhar para
nós. Havia vários convidados socializando, espalhados pelo salão,
vestidos com as melhores roupas e joias caras.
À medida que íamos andando pelo lugar, ficava mais fascinada pela
decoração do ambiente, predominando em tudo, o luxo e a
opulência. Tudo era muito luxuoso, meu nervosismo só aumentou
por estar perto de todas essas pessoas riquíssimas.
Saio dos meus devaneios com os vários flashes em nossa direção.
Depois de alguns passos, paramos e em seguida um homem de
porte refinado, bem trajado e perfumado, parou em nossa frente,
não gostei do jeito como me encarava. Era como se estivesse me
despindo só com o seu olhar.
— Dusan.
— Estevão.
— O aniversário do meu pai irá se tornar um acontecimento
histórico. Já que foi nele que veio pela primeira vez acompanhando
de uma mulher. Não irá me apresentar a sua acompanhante?
Olhei para o homem a minha frente, que mudou logo de expressão.
O seu maxilar travou, parecendo que estava se esforçando para
conter uma raiva poderosa, que irradiava em torno dele.
— Luna! Esse é Estevão, filho do anfitrião da noite. Porém, não tão
importante ao ponto de me fazer perder o meu precioso tempo.
Fiquei sem reação, pois, o homem tentou disfarçar o
constrangimento e com a mesma velocidade que apareceu, sumiu
do nosso campo de visão. Depois do que aconteceu, ele me
mandou ficar em uma mesa que estava reservada somente para
ele. Após se juntou a um grupo de homens, que eram os mesmo
que olhei quando chegamos a Belgrado.
Já estava entediada. Acho que só me trouxe para esse lugar para
poder exibir a todos o seu novo brinquedinho, um fantoche que
acreditava em poder controlar cada movimento. Fiquei distraída e
perdi completamente a noção do tempo transcorrido, que quando
dei por mim, Dusan estava me chamando ao mesmo tempo em que
falava com alguém no telefone. Não entendi o que estava
acontecendo, pois, do nada deixamos o lugar e a limusine já estava
nos aguardando. Entramos no veículo e passados alguns minutos,
já havia adormecido. Acordei num sobressalto ao ouvir um barulho
de um tiro soar no ambiente. Meus olhos ficaram arregalados e não
consegui me mover um só centímetro. Olhei para o homem ao meu
lado, que parecia inabalável. Meus pensamentos foram
interrompidos quando de repente os estrondos dos tiros ecoaram
por todo lugar. A voz do motorista se fez presente dentro do veículo.
— Senhor, tem uns seis carros nos perseguindo.
Desviei meu olhar novamente para Dusan e seus olhos sombrios
estavam num tom mais brilhantes. Movendo a cabeça para olhar
para trás, vi o exato momento em que um dos carros que estava
fazendo a nossa escolta, rolou ribanceira abaixo. As balas nos
seguiram, o ricochetear das balas na limusine fez todo o meu corpo
estremecer e meus órgãos internos começaram a funcionar a todo
vapor. Os barulhos dos tiros ecoavam na minha cabeça, me
deixando atordoada. A cada momento, ouvíamos disparos cada vez
mais fores e próximos. Pisquei algumas vezes e um grito
estrangulado saiu rasgando a minha garganta, quando um veículo
totalmente desconhecido se aproximou e um disparo atingiu o vidro
do automóvel trincando o vidro.
O pânico me dominou, e, rapidamente ouvi o grito do demônio
mandando me abaixar. No mesmo instante, meu corpo foi puxado,
me fazendo-me mover da posição que estava. O estrondo fez o meu
ouvindo doer. O barulho do vidro se quebrando fez meus batimentos
aumentaram. Quando olhei para o meu braço, notei que estava
envolvido por sangue. Entrei em desespero, mas depois de alguns
segundos, o choque da realidade pairou sobre mim. Já que não
sentia dor. Instantaneamente, levantei a cabeça e senti os meus
olhos aumentaram de tamanho ao olhar para a imagem a minha
frente.
Capítulo 14
Belgrado/ Sérvia

P ânico! Medo! Desespero! Tudo caiu como um soco em meu


estômago.
O barulho infernal dos tiros se tornou ainda mais fortes. Desviei o
olhar e o segundo carro que estava fazendo a nossa escolta estava
atrás do nosso. Meu coração gelou ao ver uma arma enorme, que
parecia igual dos filmes de guerra, com um cano extenso, surgindo
em cima do teto do veículo que tinha sido aberto, segundos atrás.
Rapidamente o lugar transformou-se em um campo de batalha. A
voz do motorista ecoou no ambiente, porém não entendi, pois ele
parecia estar falando com alguém em código. Tiros e mais tiros
ecoavam por todos os lados. Minha cabeça já estava latejando
pelos estrondos no ambiente. Quando ouvi um gemido ecoando
dentro do carro, movi minha cabeça e meu coração disparou. Não
consegui desviar o olhar dele e fiquei completamente horrorizada ao
ver a cena a minha frente.
Havia retirado o terno e sua camisa branca estava envolvida por um
líquido avermelhado. De repente, sua enorme mão esquerda se
moveu e com um único movimento rasgou a manga da peça
deixando seu braço exposto. Meu estômago embrulhou ao ver o
homem segurando um punhal e sem hesitar, enfiou-o em sua carne.
Ele movimentava o objeto sem parar e para minha surpresa,
nenhum som saiu dos seus lábios.
Depois de alguns minutos, ele conseguiu extrair a bala que estava
alojada em sua pele. Em seguida, pegou o pedaço de pano que
havia retirado da camisa e amarrou em volta do braço para conter a
hemorragia.
Estava imóvel observando seus movimentos e do nada, ele se virou
para mim, as suas feições eram assustadoras, suas órbitas
sombrias, agora continham uma cor avermelhada, como se
estivessem pegando fogo. A sua respiração estava alterada e seu
rosto totalmente irreconhecível. Movimentou-se imediatamente no
momento em que carro parou, pegou uma arma muito maior do que
vi na sua mão ontem em meu quarto e saiu do veículo.
Eu permanecia totalmente desnorteada, observando tudo
completamente estarrecida, só saí do estado estático que matinha,
quando o motorista pisou fundo no acelerador e o veículo saiu em
direção a algum lugar totalmente desconhecido por mim.
Maldição...
Assim como eu e Boris havíamos suspeitado, aquele desgraçado do
Ruçi, ao invadir o nosso sistema, soube da minha chegada.
O aviso que ele deixou na sede da máfia, só me fez deduzir que
aquele verme estava bem perto e não perderia a oportunidade de
um ataque surpresa. Com todos da organização no evento do
aniversário de Vladimir Kosovo, seria a ocasião certa para mandar
seus homens entrar em ação.
Trazer o meu brinquedinho junto comigo foi a forma de mantê-la
segura. Visto que, enquanto estiver em treinamento, somente eu
terei o prazer em encostar em um fio de cabelo daquela atrevida.
Contudo, não sabíamos qual seria o seu alvo, se era vir com tudo
para cima de mim ou seria a mansão, dado que o infeliz poderia
cogitar que o microchip que desenvolvi poderia estar lá.
Assim como os infelizes mexicanos, os nossos inimigos vêm
tentando colocar as malditas patas imundas em uma das armas que
dariam a eles o domínio dos territórios que ocupamos. O “Eye of
God”, desenvolvido por mim e é capaz de invadir qualquer sistema.
Foi desse modo que a máfia Sérvia conseguiu o domínio, não só do
território americano, bem como ainda se espalhou como uma erva
daninha em todo o mundo. Uma arma tão pequena, que poderia
destruir países em questão de minutos.
E foi através do olho de Deus, que criei o Laser de elétrons livres.
Um recurso que é capaz de detectar e destruir mísseis ou outras
ameaças que tenham sido disparadas pelo inimigo. Isso acabaria
com a guerra entre os países, contudo, em mãos erradas, daria o
domínio total sobre os maiores territórios do mundo.
Adônis Ruçi, ainda está vivo, só por viver pelas sombras. Ao
contrário do que ele e os membros do conselho cogitam, fui eu o
responsável por deixar seus homens invadir o nosso sistema.
Assim, aquele idiota viria direto para boca do lobo, todavia, mais
uma vez se mostrou ser um covarde, onde seus aliados lutam em
seu lugar. Jamais cogitei que o maldito vidro seria trincado naquele
exato momento, uma vez que tudo já estava planejando para retirar
Luna do veículo antes de eliminar com os malditos.
O interesse da máfia mexicana e dos nossos inimigos, que surgiram
ao longo dos anos, não é só para me destruir e consequentemente
assumir o controle da máfia Sérvia, mas, almejam ter o poder que
somente é controlado por mim. No entanto, para isso, vão ter que
me matar e isso não está em meus planos.
Deixo os meus pensamentos de lado e olho para mulher que estar
próximo a mim. Luna mantinha os olhos arregalados e não se
moveu um centímetro do lugar que estava. O medo estava visível.
Quando fui avisado por Tobias que estávamos sendo perseguindo,
meu corpo se aqueceu. Um lampejo de emoção misturou-se a
adrenalina que percorriam por todo o meu corpo. Já conseguia
sentir o cheiro de sangue fresco invadindo minhas narinas.
Entretanto, ao ouvir o barulho do vidro se partindo, um grito alto saiu
entre meus lábios e por instinto puxei o meu brinquedinho. Após,
senti alguma coisa penetrando em minha carne e me queimando por
dentro.
Dor! Não! Tudo que senti naquele instante foi o sangue do meu
corpo esquentado e me queimando como brasas. O que fez meus
órgãos internos funcionarem a todo vapor. Depois de extrair a
maldita bala e com os pulmões em chamas, peguei minha arma e
ao deixar o veículo, meu motorista saiu em disparada levando Luna
para o local combinado.
Uma pancada de fúria me atingiu e fez o meu peito queimar ainda
mais. O barulho dos tiros se tornou músicas para os meus ouvidos.
Aproximei meu nariz próximo ao meu braço, que estava ferido e
inalei, notando o cheiro impregnado de sangue, o que me deixou em
puro êxtase. Com minha arma a laser, que derrubaria até um avião,
entrei em ação. Era como se estivesse no modo piloto automático.
Tudo que estava fixo na minha mente era exterminar os malditos
ratos e fazer seus miolos serem divididos em dezenas de pedaços.
Não sei quanto tempo durou, mas, só tirei o dedo do gatilho quando
não ouvi mais nenhum barulho ecoando a minha volta e o silêncio
prevaleceu no ambiente.
Em passos precisos, caminhei em direção ao carro que veio ao meu
encontro. Meus demônios certamente estão insatisfeitos, já que
estavam agitados. Sei que só irão se acalmar quando o coração
daquele desgraçado estiver em minhas mãos e for esmagado como
uma fruta podre.
Minutos depois, cheguei à mansão. Deixei o veículo e caminhei em
direção à entrada principal. Fui surpreendido ao notar o meu
brinquedinho, que estava sentada no degrau da escada. Assim que
me viu, logo se levantou e em seguida sua voz ecoou no espaço.
— Você precisa de ajuda com o seu braço?
Olhei para a criatura a minha frente e quando ia mover novamente
seus lábios, minha voz ecoou.
— Só fale algo quando te der permissão e para o seu bem é melhor
ir direto para o seu quarto.
Por um momento ela permaneceu estarrecida ao ouvir minhas
palavras. Passados alguns segundos, moveu-se como um
relâmpago, subindo os degraus e logo sumiu do meu campo de
visão.
Caminhei em direção ao bar e após encher um copo com meu
uísque favorito, tomei de uma só vez. No entanto, algo ficou fixo em
minha mente e de alguma forma me causou uma sensação
totalmente desconhecida.
"Luna Ysmit. Mesmo depois de tudo que já fiz a ela, seu coração
continua puro ao ponto de querer me ajudar. Sem dúvida alguma, o
brinquedinho que tenho em mãos é algo raro".
Capítulo 15
Belgrado/ Sérvia

P eguei a garrafa de uísque e caminhei em direção a minha suíte.


Ao adentrar o ambiente, caminhei em direção ao banheiro.
Tirei as minhas roupas e em seguida me livrei do pedaço de pano
que estava em volta do meu braço. O meu sangue todo gelou, a
raiva percorria por todo o meu corpo e num impulso dei um soco
sobre a bancada da pia.
— Maldição!
Tinha feito um estrago em minha pele ao extrair a bala. No entanto,
peguei a garrafa e derramei metade do líquido em cima do ferimento
e em seguida tomei todo o restante da bebida. Minutos depois, já
me encontrava de banho tomado e peguei uma toalha, enrolando-a
em volta da minha cintura. Resolvi não vestir nada e me deitei, não
sei ao certo, mais acabei adormecendo.
Acordo em um sobressalto, meu corpo estava envolvido pelo suor.
Meu braço estava em chamas e consequentemente o calor se
espalhou por todo o meu corpo. Uma dor me invadiu. Esta veio
através do meu membro esquerdo, que não parava de latejar. Meus
órgãos estavam funcionando a todo vapor, todo o meu corpo parecia
que tinha paralisado, uma vez que estava praticamente imóvel. A
sensação era que estava dentro de uma fornalha.
Tudo começou a escurecer a minha volta, senti uma pontada na
minha cabeça, como se estivesse enfiado um punhal nela. Respirei
fundo e ao fechar os meus olhos, as lembranças que tanto tentei
esconder invadiram a minha mente.
Alguns anos atrás sede da Máfia Sérvia...
— Aiiiiii! Está doendo — o meu braço latejava devido ao ferimento
ao cair bruscamente no concreto.
— Vladimir, ele ainda é muito pequeno para tudo isso.
— Boris, você foi escolhido para treinar o futuro líder da nossa
organização. Dusan necessita aprender que a dor não pode fazer
parte da sua vida.
Senti mãos fortes me segurando. Enquanto Boris tentava a todo
custo impedir que me levassem para aquele lugar terrível.
As lágrimas se formaram em meus olhos, mas as segurei. Pois,
sabia que o castigo seria pior. Nunca o escolhido deveria chorar,
isso era somente permitido aos fracos. Minhas pequenas pernas se
mexeram e por instinto comecei a espernear tentando impedir que
me levassem. Contudo, era somente uma criança e não tinha forças
para lutar.
Os meus pulmões estavam em chamas. O Pânico me dominou
assim que as enormes portas foram abertas e uma imensa
escuridão surgiu em minha frente. Era sempre assim se fizesse algo
que dava errado, então, me jogavam nesse lugar. E, quando as
portas se fechavam, parecia que estava no próprio inferno.
Dessa forma que Boris me dizia de como era o submundo.
Rapidamente as portas se fechavam quando me jogavam.
Um barulho infernal ecoava naquele lugar.
Senti algo liso passando pelas minhas pernas. Não conseguia olhar
nada, pois estava na escuridão total. Sequer sentia as minhas
pernas e muito menos os meus braços. A minha respiração se
tornou pesada e o coração disparou. Fechei os meus olhos e
soando como um mantra as palavras de Boris surgiram em minha
cabeça.
— Eu não posso ter medo. Eu não posso sentir dor.
Não sei por quanto tempo fiquei repetindo a mesma frase. Senti a
coisa se enrolado em minhas pernas, me causando uma forte dor,
como se fosse quebrá-las ao meio. De repente, algo começou a me
incendiar por dentro. Um misto de sensações que nunca havia
sentido antes, apoderou-se de todo o meu ser. Meus membros, que
antes estavam imóveis, voltaram ao normal e uma força que parecia
sobrenatural assumiu o controle sobre mim. E, num único
movimento, minhas mãos foram ao encontro das minhas pernas e
alcançando o ser asqueroso que estava sobre elas. Apertei com
tanta força, no mesmo instante que o lugar foi iluminado.
— Eu sou Dusan Borislav. Não posso ter medo e nunca voltarei a
senti dor.
Senti o meu corpo se esfriando, minha respiração normalizando e os
batimentos cardíacos ficarem estáveis. Ao abrir meus olhos,
instantaneamente um alívio pairou sobre mim.
Atordoada, era desse jeito que me encontrava depois dos últimos
acontecimentos. Mesmo depois do inferno que Dusan tornou a
minha vida, não poderia ir para o meu quarto sem saber como
estava. Gritei horrorizada ao vê-lo extraindo uma bala alojada no
próprio braço. Sequer tinha a coragem dele, que em momento
algum hesitou em enfiar aquele punhal na própria carne e continuou
inabalável sem emitir nenhum som.
Eu não deveria ter ficado surpresa com sua grosseria. Afinal, aquele
demônio não tem um coração e muito menos aceitaria ajuda de
alguém.
Quando entrei no quarto, optei por tomar um banho. Após terminar,
coloquei uma camisola e me deitei. Minha cabeça parecia que
estava doendo. Fiquei olhando para o teto e não sei em que
momento, mas acabei dormindo.
Acordei às oito da manhã. Depois que tomei o meu banho, fui até o
closet e minutos depois já estava arrumada. Ao adentrar o quarto, vi
quando a Aurora entrou no ambiente com uma bandeja em suas
mãos. Sem ter nada para fazer e já entediada, fui até a janela e
através do vidro fiquei contemplando a beleza do jardim. Eu estava
tão distraída, que não percebi sua aproximação. Mas, ao ouvir sua
voz diabólica ecoando no ambiente, meu corpo ficou em total alerta.
— Vamos! Hoje começa a sua primeira lição.
Assim que me virei em sua direção, vi que já estava deixando o
cômodo. Em passos vacilantes, comecei a caminhar. Passamos por
um enorme corredor que dava acesso à escada e assim descemos
os degraus. Chegando no primeiro andar, ele continuou a se
mover e minutos depois, surgiu outra escada no meu campo de
visão. Novamente desci os degraus e depois de alguns passos,
paramos em frente a uma porta que estava toda pintada de preto.
Fiquei completamente imóvel assim que a porta foi aberta e a
claridade invadiu o ambiente que antes estava em uma escuridão
total. Os meus membros não respondiam aos meus comandos.
Encontrava-me petrificada, com os olhos fixos no ambiente a minha
frente, um lugar sinistro, parecendo um calabouço infernal. O medo
tomou conta de mim e antes de fazer algo, senti aquela mão enorme
me puxando para dentro do lugar. Meu corpo que estava imóvel,
logo voltou ao normal. Os meus olhos examinavam minuciosamente
toda a extensão do lugar. Havia vários objetos de tortura, grilhões
pendurados nas paredes e algumas algemas suspensas no teto.
Tinha uma cama que ao olhar, já aumentou o meu nervosismo, bem
como no meio do ambiente um barril enorme. E, novamente a voz
dele ecoou.
— Vai depender de você a sua permanência nesse lugar. Sua
primeira lição será controlar a sua respiração e a ânsia de vômito
durante o sexo oral.
Tentava ainda assimilar suas palavras, quando saí do estado
estático que me encontrava e vi que estava esplendidamente nu em
minha frente. Ele era enorme em todos os sentidos. Seu pênis
estava como estaca, de tão duro e grande também.
— Vamos brinquedinho, chupe o garotão aqui.
Meu estômago embrulhou e os batimentos aumentaram. Olhei para
os lados e notei que não tinha como escapar. Antes que fizesse
algo, ele deferiu um golpe certeiro que me fez cair de joelhos.
— Dessa vez não terei piedade para qualquer gracinha que fizer. E,
você saberá as consequências.
Ele aproximou o seu pênis do meu rosto e a cabeça robusta tocou
os meus lábios. Os meus olhos logo encheram de lágrimas. Com as
mãos trêmulas, segurei o seu membro que pulsava em minhas
mãos. Estava maior que nunca, repleto de veias grossas, dando a
impressão que estavam prestes estourar. Precisava me concentrar,
pois ele já mostrou do que é capaz. O coloquei na boca e comecei a
chupar. Então começou a mexer seus quadris, forçando o seu
tamanho avantajado entrar até o final.
Sentia seu membro latejar na minha boca. A cada movimento,
parecia que o tamanho estava ainda maior. Dusan rangeu os
dentes e aumentou o ritmo das estocadas. O membro dele inchou
na minha cavidade bucal. Já estava trêmula e sem fôlego, pois
meus pulmões estavam em chamas. Tentei afastar minha cabeça,
mas, suas mãos agarraram e puxaram meus cabelos. E,
bruscamente introduziu toda a longa extensão do seu membro na
minha boca. Sentir uma dor forte na minha garganta, como se
estivesse ferida. As minhas bochechas estavam doloridas. Sentia
que estava me sufocando e meu estômago se contorcia. Antes que
o vômito pegasse nele, as suas mãos soltaram meu cabelo me
fazendo desabar no chão.
Uma onda de lágrimas inundou meus olhos. Ainda estava lutando
com a minha respiração, que embora estivesse se tornando cada
vez mais regular. Ainda não era profunda o suficiente para me
fornecer o oxigênio necessário. E, antes que voltasse ao normal, ele
me segurou firme, colocando-me de pé. E fui puxada em direção ao
barril. Comecei a espernear ao ver o recipiente cheio de água.
— Não! Isso não!
Tentei argumentar, mas ele estava possuído. Segurando firme
minha cabeça, enfiou dentro do barril e depois de alguns segundos
a puxou de volta. Minha respiração tornou-se escassa. Continuou a
fazer o mesmo movimento por várias vezes. Senti uma imensa
escuridão querendo me envolver, mas antes que ela tivesse êxito
algum, ele me puxou e jogou-me no chão. Ele moveu-se em direção
a porta, antes de sair do cômodo sorriu diabolicamente e segundos
depois disse.
— Eu voltarei amanhã e para o seu bem é melhor não repetir o que
fez hoje. Com a umidade desse local, dentro de quatro dias estará
morta. E, como consequência a sua doce irmãzinha será o meu
próximo alvo. Afinal, alguém vai ter que me pagar à dívida que o
desgraçado do seu pai tem comigo.
Desesperada... Dolorida... E com o coração pesado, eu fiquei ali.
“Eu não posso desistir e não farei nunca”.
Capítulo 16
Belgrado – Sérvia

A drenalina tomou conta do meu corpo. Meus olhos estão fixos


em direção à porta. Faz três dias que estou trancafiada nesse
maldito lugar. A intenção dele não era me matar de fome ou sede,
mas, com a temperatura deste lugar e logo isso acontecerá. Não
posso desistir! Não posso deixar a minha família a mercê desse
monstro sem alma, que se esconde por trás de um belo rosto.
Ontem eu acordei em um sobressalto. O pânico me dominou ao
pensar que a qualquer momento ele poderia adentrar o ambiente.
Passei um bom tempo esperando e só tinha noção do tempo pelas
refeições que foram colocadas através de uma abertura que tinha
na porta. Não posso me dar ao luxo de não comer ou seria pior,
caso ficasse doente dentro desse lugar infernal.
Minha cabeça estava a mil, precisava me controlar para fazer o que
ele queria. No momento que a porta foi aberta, ele surgiu em
minha frente, completamente nu. O meu sangue gelou e o coração
disparou. Engoli em seco, quando sem desviar os olhos de mim, ele
começou a se mover em minha direção. Depois de alguns passos,
se deteve em minha frente. O silêncio se fez presente, então me
levantei e em seguida fiquei de joelhos e comecei a fazer o que
queria.
Achei que seria fácil, porém foi muito pior do que as duas vezes que
já tinha feito, já que estava determinado e não facilitou em nada. O
seu membro estava mais duro, mais grosso e seus movimentos
eram bruscos e implacáveis. A minha cabeça já estava latejando de
tanto que puxava os meus cabelos, mas necessitava ser forte e não
poderia desistir.
Meu estômago se contorcia, mas ao lembrar-me da minha família,
mantive-me forte e continuei a deixá-lo explorar a minha boca com o
seu tamanho avantajado. Senti quando as veias ficaram mais
inchadas e um pouco de líquido escapou do orifício da cabeça
grossa do seu pênis. Só carecia de manter daquele jeito e tudo
chegaria ao fim. Contudo, o demônio aumentou o ritmo das suas
estocadas em minha boca. Introduzindo o seu membro cada vez
mais fundo e mais forte. Sentia que estava rasgando a minha
garganta, como se tivesse uma lâmina em torno do seu pênis
animalesco. E, quando um grito estrangulado saiu entre seus lábios.
Ele colocou as duas mãos em minha cabeça e introduziu seu pênis
em minha boca sem piedade, não deixou afastar um só segundo,
nem sequer para respirar.
Estava sufocando novamente e os meus órgãos internos
funcionando aos espasmos. Quando uma onda do seu
liquido invadiu a minha boca, eu não aguentei. Então me jogou no
chão se esquivando para não se sujar.
Como toda ação tem uma reação, ele me levantou e colocou minha
cabeça dentro do barril novamente. Os meus pulmões estavam em
chamas, dessa vez só tirava minha cabeça quando via que estava
perdendo as minhas forças. Aquilo durou por um tempo, que parecia
uma eternidade. E quando ele saiu do cômodo, neste momento eu
segui para a pequena porta do banheiro.
Meu corpo todo estava trêmulo e os batimentos ainda não tinham
voltado ao normal. Estava tão cansada, que após tomar meu banho,
caminhei em direção à cama e cair sobre ela.
Não sei por quanto tempo fiquei desacordada. Mas, o sonho que
tive com a minha família, me deu forças para reagir. Se tivesse a
garantia que a minha morte deixaria a minha família livre desse
demônio, eu acabaria com a minha própria vida. No entanto, depois
de tudo que já passei, não o deixarei colocar suas garras na minha
irmã.
Ele deve está monitorando este lugar, pois, sempre ao acordar, noto
que a água do barril que antes estava no nível mais baixo e, suja,
agora está limpa, e, cheio até a borda. Levantei-me e caminhei em
direção ao objeto que estava no centro do cômodo. Dessa vez irei
conseguir! Se aquele monstro pensou que eu iria desistir por esse
obstáculo, está completamente enganado. Se tiver que controlar
minha respiração, eu vou fazer. Se ele quer usar a minha boca para
saciar suas vontades, assim será feito. Eu serei a sua melhor aluna.
Passei o restante do dia praticando e havia momentos que pensava
que cairia no chão. Todavia, deixei minha cabeça dentro da água o
máximo que podia aguentar. Repeti os mesmos movimentos até
consegui aguentar um bom tempo, jamais achei que fosse capaz
daquilo. Satisfeita com o resultado, voltei para a cama. Agora só
precisava pensar como faria para deixar o demônio enlouquecido de
tal forma que sequer perceberia quando já estivesse alcançando o
êxtase. Passei o restante da noite planejando minuciosamente o
que iria fazer. Não sei ao certo, mas acabei adormecendo.
Quando acordei, já encontrei o meu café próximo à porta. Depois
que me alimentei, fui até o banheiro, tomei um banho bem
demorado e escovei os meus dentes. Uma vez que, desde o
primeiro dia que me deixou nesse lugar, sempre havia comida, uma
escova e um creme dental. Peguei um pedaço de pano que
encontrei no quarto e prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo.
Como a única peça disponível era uma toalha, optei por envolver o
meu corpo, por que a minha roupa estava suja. Em seguida voltei
para o quarto.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que ouvi o barulho
da porta sendo aberta. E lá estava ele, vestido com um roupão
preto, seus cabelos estavam úmidos e suas órbitas permaneciam
sombrias, mas mesmo assim brilhavam com grande intensidade.
Ele deu apenas alguns passos, em seguida fechou a porta e se
deteve. Respirei fundo e antes que tivesse qualquer outra reação,
caminhei em sua direção. Pude ver o jeito como me olhava, então
me movi e uma das mãos foi até a toalha a retirando do meu corpo.
A cada passo que dava, sempre repetia que iria conseguir. Acabei
com a pouca distância que nos separava e parei em sua frente, sem
desviar os meus olhos dos deles nenhum minuto.
Quando percebi que os lábios dele iam se mover, rapidamente levei
minhas mãos ao encontro da única peça que estava em seu corpo e
desfiz o nó do seu roupão. E, logo vi seu membro rígido.
Lentamente fui deslizando minhas mãos pela sua barriga até
alcançar o seu pênis. Enquanto segurava-o firme, com uma mão, a
outra fui deslizando por toda extensão do seu membro,
massageando com carinho. Passei alguns minutos fazendo isso. E,
quando senti que a cada toque meu, o seu membro esquentava em
minhas mãos, então me abaixei, aproximei minha boca e em
seguida minha língua úmida e ágil começou a percorrer toda a
extensão do seu enorme pênis, de cima a baixo e de baixo a cima.
Deixando o rastro da minha saliva na pele tensa dele.
Aumentei o ritmo dos meus movimentos, ele por sua vez, que até
então estava imóvel, começou a movimentar os quadris. Já tinha
lido uma vez que uma das regiões mais sensíveis do pênis é o freio.
Esse era aquela prega que prende o prepúcio à parte posterior da
glande. Então, não poupei esforços nessa parte. Comecei a passar
a língua em movimentos circulares, ele trincou os dentes e quando
ouvi um pequeno gemido ecoando no cômodo, nesse momento
senti algo dentro de mim vibrar.
Tentei deixar meus lábios contraídos e comecei a beijar a região do
freio, fazendo uma leve sucção, ao mesmo tempo movimentando
minha língua com grande precisão. Os gemidos dele novamente se
fizeram presente. Então, parei e fiquei apenas lambendo de leve a
pontinha do seu membro. E quanto levantei o olhar, percebi que
seus olhos estavam fechados, como se estivesse travando uma luta
para controlar o que estava sentindo.
Abaixo a cabeça e fico olhando para aquele membro duro e imenso,
que latejava em minhas mãos e sem hesitar o coloquei dentro da
minha boca novamente. Agora era tudo ou nada. Então, comecei a
chupar com vontade. Sugando o seu pênis até onde conseguia
suportar. Ele segurou firme o meu rabo de cavalo, mas não parei
com os meus movimentos. Fiquei chupando e fazendo-o entrar e
sair da minha boca, imitando os movimentos que já o tinha visto
fazer.
Seus quadris agora pareciam estar descontrolados. E para
nocautear o meu inimigo, com uma das mãos, massageei os seus
testículos e com a outra fiquei fazendo movimentos circulares no
seu membro, enquanto sugava a cabeça do seu pênis. Ele tentou
afastar minha cabeça, mas me mantive firme e intensifiquei os
movimentos. Mesmo contra a vontade do todo poderoso, foi
inevitável. Visto que a minha boca foi invadida pelo seu liquido em
jatos potentes. Concentrei-me em engolir tudo, até a última gota.
Quando terminei, me levantei e fiquei com os olhos fixos em sua
direção.
Seus olhos estavam mais sombrios do que nunca. Mas, ao contrário
do que sentia antes, o meu medo foi substituído por algo muito
maior. Porém, estava vibrando por dentro e satisfeita por ter
conseguido.
Capítulo bônus 03
Belgrado – Sérvia

D usan, "Somente Deus é o meu juiz". Essa foi a frase que


Vladimir me ensinou desde o momento em que aprendi a
chamar o meu nome.
A cada fase do meu treinamento, sempre tinha um grande letreiro
com a mesma frase, para nunca me deixar esquecer que nada e
nem ninguém poderia me deter. E, quando construi o olho de Deus
e, posteriormente permitiu-me criar o laser de elétrons livres, sabia
que ninguém na terra seria mais poderoso que Dusan Borislav.
Um poder que vai muito além de bens materiais. Um que me
permite decidir quem vive e quem morre. Com um simples comando
posso acabar com milhões de pessoas, destruir toda uma nação,
provocar a terceira guerra mundial e decidir quem deve ganhar ou
perder. Isso tudo me deixar alucinado e é uma sensação que
sempre acalmou os meus demônios. No entanto, um ser tão
pequeno, com olhos que mais parecem duas safiras gigantes, tão
branca, que com um simples toque consigo ver a sua pele ganhar
um tom avermelhado, se tornou a razão deles estarem em um
confronto como se cada reação dela pudesse acalmá-los, como
também agitá-los.
Vê-la trancafiada naquele lugar e saber como estava sofrendo, fez
todo o meu corpo vibrar por dentro. Ao colocar a sua cabeça dentro
daquele barril, constatei que estava em minhas mãos decidir se a
deixaria viva ou acabaria de vez com sua vida miserável. Quando
deixava o cômodo, a monitorava a todo instante. E vê-la passar
horas enfiando a própria cabeça dentro daquele barril, fez algo
dentro de mim se agitar no mesmo instante.
Luna, ao contrário de qualquer menina que passou pelo The Brothel
Empire ou qualquer inimigo que já tenha torturado, possui um
propósito muito maior para lutar do que a sua própria vida. E um
amor que a cada obstáculo não a deixar desistir. Uma doce ovelha,
que parece tão frágil, no entanto, esconde uma verdadeira loba,
capaz de tudo para proteger a quem ama. Quando deixei minha
suíte e caminhei em direção ao calabouço, sabia que a encontraria
determinada a tudo.
No momento que fechei a porta, fiquei completamente imóvel, assim
que ela levantou a cabeça, as suas malditas órbitas azuis tinham um
brilho tão intenso, que fez todo o meu corpo estremecer. O meu
brinquedinho não perdeu tempo e entrou em ação. O toque delicado
das suas mãos em contato com o meu pênis, fez com que ele não
parasse de latejar e me fez fechar os olhos. Porém, os momentos
seguintes, foi algo surreal. Uma sensação que nunca havia sentido
tomou conta de mim da cabeça aos pés. Nem mesmo saber que
tinha o controle em decidir a vida das pessoas me deixou tão
alucinado. E, quando ela, com determinação colocou sua língua
habilidosa em ação, tive a confirmação de que o meu brinquedinho
enfim passaria de fase. Mas nada me preparou para a onda de
prazer que invadiu o meu corpo. Os meus demônios começaram a
duelar dentro de mim, era como se pela primeira vez, o meu corpo
não fosse o suficiente para acomodá-los. A sensação era de que
estavam me rasgando por dentro, como se logo fossem abrir um
buraco no meio do meu peito. Por instinto, tentei afastar a cabeça
da infeliz, contudo, já era tarde demais, pois, todo o meu corpo
estava em chamas. Nunca havia sentido um prazer tão inexplicável,
sem que fosse preciso derramar o sangue de alguém.
Deixo os meus pensamentos de lado ao ouvir o toque do meu
celular e ao olhar para a tela, o nome de Vladimir surge no meu
campo de visão. Certamente é para tratar do evento que vai
acontecer hoje, em um dos maiores restaurantes do país, que
pertence a nossa organização. Minutos depois, encerrei a ligação e
um único pensamento permanecia na minha cabeça.
"Meu brinquedinho! Daqui a algumas horas irá enfrentar a segunda
fase do treinamento. Aquela que te levará ao paraíso, mas também
ao inferno".
Capítulo 17
Belgrado – Sérvia

J amais imaginei que fosse capaz de fazer aquilo, mas a


recompensa foi maravilhosa. Ter o gostinho de mostrar aquele
demônio que nem sempre as coisas saem do jeito que ele deseja.
Tive que me segurar para não fazer a minha dancinha da vitória,
isso era algo que sempre fazia isso com a Mila, quando tínhamos
êxito em algo. No entanto, seria o mesmo que cutucar a onça com
vara curta.
Hoje, ao acordar, fiquei totalmente surpresa quando Aurora entrou
no quarto e pela primeira vez não tinha uma bandeja em suas mãos.
Antes que eu tivesse qualquer reação, ela me comunicou que o
monstro tinha autorizado a minha saída do quarto. Mas, apenas sob
a supervisão dela e poderia ficar algumas horas no jardim.
Imediatamente fiquei em alerta total, pois, quando a esmola é
demais e vinda de alguém sem coração como ele, é melhor se
manter com olhos bem abertos e as pernas prontas para correr.
Quando cheguei ao jardim, fiquei encantada com tudo a minha volta.
O lugar estava cercado por dezenas de homens fortemente
armados, parecia cena de filmes de guerra, onde os soldados
tinham armas enormes em suas mãos. Senti um calafrio passar por
todo o meu corpo ao imaginar que por culpa desse demônio, muitos
perderam suas vidas. Mesmo com o coração pesado, tratei de
aproveitar os momentos que passei naquele lugar, onde estava
cercada por vários carrascos. Sentia uma sensação de liberdade ao
desfrutar da beleza que a natureza estava me proporcionado.
O restante do dia, eu passei trancada no quarto e uma hora atrás, o
Dusan, me avisou que iríamos jantar fora. Então tomei um banho
bem demorado e quando entrei no quarto, vi que havia um vestido
lindo em cima da cama. Fiquei pensando se era ele quem escolhia
as roupas. Enfim, seja quem for tem um ótimo gosto.
Tudo estava muito estranho, já que não havia dito mais nada sobre
o tal treinamento. Meus pensamentos foram interrompidos assim
que a porta foi aberta e ele surgiu no meu campo de visão. As suas
órbitas negras me examinaram de cima a baixo. Sua expressão era
indecifrável, mas pelo seu tom de voz, tive a confirmação que ficou
satisfeito com o que viu.
— Vamos, Luna.
Disse que estava estranho, pois passou o dia todo se referindo a
mim pelo meu nome e não me chamou de “meu brinquedinho”. Algo
de muito ruim esse ser maligno deve ter planejando. Pois, é uma
cobra traiçoeira que a qualquer momento pode dar o bote.
Saio dos meus devaneios quando começou a se mover. Deixamos a
mansão e dessa vez tinha uma dezena de carros fazendo nossa
escolta. Uns quarenta minutos depois, o veículo parou e um barulho
sutil ecoou dentro do automóvel. Assim que a porta foi destravada,
com o coração quase saindo pela boca, ao sair do carro, fiquei
surpresa, pois ele entrelaçou o seu braço ao meu e me conduziu em
direção à porta.
O ambiente era completamente luxuoso. Havia vários lustres de
cristais suspensos no teto; no centro, tinha duas colunas de ouro
puro e os garçons estavam com seus trajes impecáveis, assim como
todos os convidados. O aroma que pairava no ar era delicioso e logo
devido ao cheiro, senti o meu estômago se manifestar.
Depois que demos alguns passos, paramos perto de alguns homens
que estavam sorrindo. Estes, logo fecharam a cara e seus olhos
ficaram fixos em minha direção. Estava claro pelo jeito como
estavam me olhando, que a minha presença ali era indesejável por
todos. Respirei fundo e mantive minha cabeça erguida e não desviei
meu olhar deles. Não sou animal para viver abaixando minha
cabeça e muito menos era da minha vontade estar cercada por
criminosos. Um deles, de pele já enrugada e que aparentava ter uns
60 anos, logo se pronunciou. E ao ouvir suas palavras, senti a raiva
apoderar-se de todo meu ser.
— Então é ela a prostituta que está sendo treinada por você e em
breve dará a nossa organização bons lucros?
Não! Não! Eu não ia passar por isso e ficar calada! Porém antes que
tivesse qualquer reação, ouvi um ranger de dentes e em seguida a
voz áspera e potente do demônio se fez presente.
— Sim! É ela a escolhida que estou treinando. No entanto, ainda
não se tornou uma prostituta, isso acontecerá somente quando o
treinamento terminar e for oficialmente apresentada aos clientes. Se
fosse uma, não estaria diante de todos num evento desse porte,
onde nenhuma outra teve a ousadia de frequentar.
Um longo silêncio se fez presente. Mesmo tentando disfarçar,
nenhum deles gostou do que ouviu. Entretanto, ninguém disse nada.
No momento em que movi meus olhos em direção a Dusan, notei
como parecia inabalável. Era como se um rei tivesse se pronunciado
e suas palavras fossem as únicas que tinham autoridade.
Alguns minutos depois, caminhamos em direção a uma mesa que
ficava na área VIP do ambiente. Um dos garçons logo se aproximou
e falou com Dusan. No tempo em que estava distraída com os
pensamentos voltados para as palavras daquele homem.
Imediatamente, o homem retornou e trouxe uma garrafa de vinho.
Achei estranho quando Dusan disse que era para me servir. Nunca
havia tomado nenhum tipo de bebida dessa natureza, então resolvi
questionar.
— Eu não quero.
— Não te perguntei nada. Portanto, agora beba!
Sem alternativa, levei o copo em direção a minha boca e tomei um
pequeno gole.
— Beba tudo, Luna.
Movida pela raiva, tomei todo o líquido de uma só vez. Senti algo
diferente dentro de mim, um calor percorrendo por todo o meu
corpo. Dessa vez, o garçom voltou na companhia de outro
funcionário e logo começaram a servir a comida. Tinha que
reconhecer que a comida daquele lugar era um manjar dos deuses.
Depois da sobremesa, ele que até então estava em silêncio, se
manifestou.
— Tire sua calcinha!
Fiquei atônita com suas palavras.
— Você não está falando sério? — questionei.
As suas feições logo mudaram. Sua mandíbula se contraiu e sua
voz, que antes estava num tom normal, mudou para um tom firme e
autoritário.
— Agora! Estou mandando.
Com as mãos trêmulas, levei de encontro a minha calcinha. O meu
olhar ficava circulando em volta de todo o ambiente. Então,
movimentei os quadris e lentamente fui deslizando a peça pelas
minhas pernas até chegar ao meu tornozelo. Estava tremendo com
a possibilidade de que alguém visse o que estava fazendo.
Consequentemente não perdi tempo, levantei os pés e em seguida
segurei a calcinha. Ao levantar a cabeça e ver o sorriso irônico em
sua face, uma ira me fez jogar a peça dentro do seu prato. O infeliz
a pegou e levou de encontro ao nariz, cheirando-a enquanto seus
olhos permaneciam em minha direção. Logo depois, guardou a peça
no bolso e se levantou. Devia ser ainda efeito do vinho, pois senti
novamente um calor por todo o meu corpo.
— Vamos.
Levantei-me e caminhamos em direção à porta principal. Quando
olhei para o lado, vi que aquele velho asqueroso mantinha seu olhar
fixo em mim. O ódio estava visível em seus olhos. Entramos no
veículo que logo entrou em movimento. Aquele copo de vinho não
me fez bem, pois estava me sentindo um pouco sonolenta e não sei
em que momento, mas acabei adormecendo.
Acordo sobressaltada, com o som da sua voz me chamando. Em
seguida saímos do veículo e logo adentramos a mansão. Quando
chegamos ao grande hall, me movi em direção ao corredor que
dava acesso ao meu quarto. Todavia, o meu sangue gelou e o
coração disparou ao ouvir sua voz.
— Siga-me! — nervosa e em passos vacilantes, o segui.
Caminhamos pelo longo corredor e assim que se deteve, meu corpo
ficou em alerta total ao olhar para imagem a minha frente. A porta
era pintada de um vermelho intenso. Vários pensamentos se fizeram
presentes em minha cabeça, mas assim que a porta foi aberta, as
luzes automaticamente foram acessas.
— Entre!
Assim que dei alguns passos, ele fechou a porta. O lugar, como os
demais cômodos do segundo andar, era amplo e luxuoso. Uma bela
sala de jogos com roleta, mesa para cartas e no centro do ambiente
havia uma mesa de bilhar. A mobília era toda em madeira decorada
com detalhes em ouro e alguns móveis eram revestidos de gobelin
original, uma espécie de tapeçaria de alto valor. Sei disso porque
ajudei minha irmã em um trabalho de arte da escola.
Voltando ao presente, engoli em seco quando meus olhos foram de
encontro a um crucifixo fixado na parede. Fico apavorada quando
sua enorme mão vai de encontro ao meu pescoço e me puxa para
mais perto de si. Os meus batimentos aumentaram, meu corpo
paralisou assim que seus lábios se moveram e sua voz se fez
presente.
— Bem-vinda a segunda fase do seu treinamento — Um nó se
formou em minha garganta. O silêncio se fez presente no ambiente.
Depois de alguns minutos ele disse. — Sua segunda lição será: O
CONTROLE DO ORGASMO.
Antes de fazer algo, as suas mãos foram de encontro ao meu
vestido e com um único movimento, tirou-o do meu corpo. Em
seguida me levantou, deu alguns passos e me deitou sobre a mesa
de sinuca. Novamente me encontrava totalmente exposta e
vulnerável, à mercê do demônio. Mas, dessa vez passaria de
primeira nesse teste que insiste em fazer.
Ele deu alguns passos para trás e apressadamente se despiu, me
dando a visão do seu belo corpo. Não sou hipócrita e mesmo sendo
um monstro, tinha que reconhecer que, assim tanto o rosto quanto o
seu corpo eram perfeitos.
Dusan se moveu e sua expressão era totalmente indecifrável. Parou
em frente à mesa e suas órbitas negras me avaliaram dos pés à
cabeça. Antes que a minha saliva pudesse descer pela garganta,
senti as suas enormes mãos explorando todo o meu corpo. A sua
boca fez uma trilha da minha barriga até os meus seios,
contornando meus mamilos com a língua e ao mesmo tempo sinto
sua respiração contra minha pele. E, depois começa a devorar os
meus seios com sua boca, chupando, sugando em um ritmo
alucinante.
Senti algo novamente quente dentro de mim, mas fechei
imediatamente os meus olhos. Ao afastar sua boca dos meus seios,
iniciou novamente uma trilha de beijos até chegar ao meio das
minhas pernas. Abrindo-as ao máximo com os ombros e mergulhou
de cabeça no meio delas. Senti sua respiração quente contra
minhas dobras brilhantes e estremeci mesmo contra minha vontade.
Dusan não parava de esfregar o seu rosto na minha vagina.
Apertando o meu sexo e em seguida colocou seus lábios
suavemente em volta do prepúcio do meu clitóris e começou a fazer
movimentos circulares e para cima e para baixo. Sua língua traçou
as dobras delicadas da minha vagina e com a ponta tocou o meu
clitóris inchado.
Deu um beijo de boca aberta, envolvendo meus grandes lábios e
começou a me lamber sem piedade. Ele afastou sua cabeça e seus
dedos hábeis logo entraram em ação, deslizando sobre a minha
vagina exposta, esfregou o meu clitóris circulando sobre ele com
uma leve pressão. Involuntariamente, pequenos gemidos saem da
minha garganta. Era algo que não podia controlar, meus quadris
ganharam vida própria e começaram a se mover. Meus batimentos
cardíacos aumentaram quando ele intensificou seus movimentos,
massageando minha carne ardente com seus dedos, me tornando
ainda mais úmida.
Senti um dos seus dedos próximo à entrada da minha vagina. E
depois de fazer alguns movimentos em volta dela, deslizou-os para
dentro da fenda minúscula da minha intimidade. O meu corpo inteiro
estava em chamas. Então me invadiu com mais um dedo e
começou a movimentá-los num ritmo frenético.
— Pare! Por favor! Pare!
Quanto mais implorava, mais seus dedos eram movimentados com
grande habilidade dentro do meu sexo latejante. Apenas com os
dedos, ele estava transando ferozmente comigo. O meu corpo
estava quente como uma fornalha, tentei me levantar, mas estava
determinado a acabar comigo, iniciando um movimento de vaivém
que estava me enlouquecendo. Um misto de sensações apoderou-
se de todo o meu ser. O meu corpo não parava de tremer. Minha
vagina se contraiu e enrijeceu quando uma onda de prazer pairou
sobre mim. Comecei a gemer e me contorcer, quando senti minha
intimidade pulsar e gotejar. Nunca tinha sentido algo tão bom. Eu
estava devastada, destruída e fraca. Somente me dei conta que
havia retirado seus dedos de dentro de mim, quando segurou firme
os meus quadris e me puxou para mais perto de si.
O pânico me dominou ao sentir a cabeça dilatada do seu membro
em contato com a minha vagina. Antes que eu tivesse qualquer
outra reação, seu pênis mergulhou para dentro de mim e começou
um movimento de vai e vem delicioso e dessa vez a dor era
suportável. Ao ver minha reação, começou com seus movimentos
implacáveis. Suas estocadas cresceram em velocidade e potência,
socando fundo todo seu membro grosso e comprido.
Dusan levou uma de suas mãos de encontro a minha vagina. E,
seus dedos começaram a massagear com precisão o meu clitóris
inchado. Mais uma vez, a tensão cresceu e se acumulou dentro de
mim, minha boceta reagiu, apertando e agarrando o seu membro.
Ele praguejou e gemeu me penetrando mais fundo e mais rápido. A
sensação boa voltou me levando a gritar descontroladamente.
Dusan se potencializou dentro de mim, me levando ao orgasmo com
estocadas fluidas e longas. Meu corpo todo estremeceu e uma onda
de prazer explodiu dentro de mim, me deixando em chamas. Minha
boceta se contraiu ao redor da cabeça sedosa e faminta do seu
pênis. Com um rugido feroz, ele gozou, jorrando seu sêmen
cremoso e quente dentro de mim. A sensação foi inacreditável,
arrepiando todo o meu corpo.
Ainda estava arfando e tremendo. Antes que eu pudesse recuperar
o meu fôlego, fui puxada bruscamente de cima da mesa. Atordoada,
ao olhar para seu rosto, o choque da realidade caiu como um soco
em meu estômago. Sem me dar nenhuma chance, caminhou
comigo em direção à parede. Se movendo como um relâmpago
prendeu um dos meus pulsos nas algemas. Comecei a espernear,
todavia, ele era mais forte do que eu. Logo estava com os braços e
pernas imobilizados, completamente nua, e, grudada ao crucifixo,
como se fosse uma peça de decoração.
Sua mão direita se moveu, ele segurou firme em meu queixo. Sua
voz áspera ecoou pelos quatro cantos do ambiente.
— Você vai aprender que puta foi feita para dar prazer e não para
sentir prazer.
“Como pude ser tão fraca? Como fui capaz de sentir prazer com
esse homem?”
Meus pensamentos foram interrompidos assim que ele caminhou
em direção à mesa de sinuca e pegou um taco.
— Você terá um prazo de quatro dias. A cada fracasso, você será
colocada nesse crucifixo. A cada bola que for encaçapada, a parede
vai se mover, afetando seus membros inferiores e superiores. Você
está dentro de um sistema que gira em até 180 graus. No entanto,
se não conseguir até o final do prazo estipulado, assim que a bola
vermelha for encaçapada. Seus membros serão girados no ângulo
de 180 graus, e, em questão de minutos serão quebrados.
Mal ele terminou de falar, colocou a bola branca em posição e com o
alvo em mente, o taco atingiu a bola branca que impulsionou uma
das bolas a caiu dentro do buraco. Em questão de segundos, ouvi
um ranger na parede. Em seguida, a máquina de rotação começou
a girar me causando uma dor infernal. Um grito estrangulado saiu
rasgando a minha garganta, meus membros pareciam que seriam
partidos ao meio. Nunca em toda a minha vida, senti uma dor tão
grande. Gritos e mais gritos saíram entre meus lábios e quando
pensei que não fosse suportar, a parede parou de se mover.
Levantei a cabeça e um esboço de sorriso estava estampado em
sua face. Mesmo tentando controlar, as lágrimas surgiram em meus
olhos e escorreram pelo rosto, trazendo consigo o meu desespero.
Um único pensamento se fez presente em minha mente.
"Como eu irei fazer para lutar contra o meu próprio corpo?"
Capítulo 18
Belgrado – Sérvia

N unca pensei que um simples movimento pudesse me causar


tanto sofrimento. Aquilo era muito pior do que qualquer dor que
já havia sentido na vida. A sensação que tinha era que a minha pele
estava sendo arrancada onde minha carne nua estava exposta e, o
barulho de algo estalando avisava que logo os meus ossos seriam
partidos em vários pedaços. A dor que sentia era tanta, que a
sensação era como se os meus dentes estivessem doendo e
alguém colocasse um alicate em minha boca e sem
piedade puxasse um por um. Parecia que cada movimento estava
cronometrado e o demônio sabia exatamente a hora de parar para
que ainda ficasse viva.
O tempo passou voando, mas a dor que senti durou uma
eternidade. Durante as três vezes que tive naquele mesmo lugar,
diante de tudo que passei, o meu maldito corpo correspondeu aos
toques daquele demônio. A minha cabeça estava tão quente, que
era bem capaz de fritar um ovo. O meu corpo, assim como no
primeiro dia estava incendiando por dentro. A minha intimidade
latejava, como se dentro dela estivesse algumas brasas. E, somente
o líquido que ele deixava dentro da minha vagina fosse capaz de
apagar com o fogo que a fazia pulsar descontroladamente.
Quando me tirou naquela primeira noite do crucifixo e me levou para
o quarto, assim que fiquei sozinha, me veio à ideia de que tinha algo
naquele vinho, não era possível que depois de tudo que eu passei
nos últimos dias da vida infernal, pudesse sentir prazer pelo meu
próprio algoz. Pelo monstro que vive me ameaçando a todo instante,
e que não vai hesitar em destruir a minha família. Entretanto, tive a
confirmação que aquela bebida não tinha nada. O calor que senti
aconteceu devido a nunca ter experimentado o que estava sentindo
agora.
Algumas horas atrás, quando me levou para aquela sala, tentei a
todo custo limpar a minha mente. Mas, ele estava determinado, um
predador que jamais seria vencido por sua presa. Dusan ontem
estava implacável. Aquelas enormes mãos me tocavam com tanta
delicadeza que nem parecia ser as mãos de um monstro. Sua língua
estava macia como seda e novamente me levou ao paraíso. Porém,
rapidamente foi o responsável por me deixar no inferno.
Como já era de se esperar, novamente me colocou naquele lugar. E,
todo o êxtase que tinha sentido segundos atrás, foi substituído por
uma dor insuportável. Gritei tanto de dor, que logo senti algo
molhado escorrendo pelas minhas pernas. Quando voltei ao estado
normal, constatei que tinha me urinado, devido à dor tamanha que
senti.
Destruída... E com o coração pesado ao saber que o meu pior
inimigo não era mais o demônio e sim o tempo. A corrida tinha sido
iniciada e em menos de vinte quatro horas a minha vida seria
decidida. O meu fracasso resultaria em dar ao demônio a
munição para acabar com os meus pais. E, fazer a minha irmãzinha
passar por tudo que estou passando.
Quando eu fiquei sozinha no quarto, mesmo com dificuldade,
consegui chegar ao banheiro praticamente me arrastando. Meus
membros pareciam que tinham acabado de sair de um ataque de
câimbras. Mas, maior que minha dor física, era a que estava
sentindo na minha alma. Respirei fundo e caminhei em direção a
pia, fiquei horrorizada ao ver o meu estado. Porém, tudo que senti
naquele momento ao ver o meu reflexo se resumiu em uma única
palavra: NOJO.
Nojo de quem eu me tornei naquela sala. Dos gemidos que saíram
entre meus lábios; de mim mesma por ser uma fracassada.
Entrei no box e assim que liguei o chuveiro soltei um suspiro de
alívio, quando a água quente caiu em meu corpo. No entanto, sua
essência máscula estava impregnada em cada parte da minha pele,
fazendo questão de me lembrar do quanto fui fraca. Perdi a noção
do tempo transcorrido e quando saí do banheiro, só vestir um
roupão e caminhei em direção ao quarto. Estava tão cansada, tão
dolorida, todavia, precisava pensar no que faria para conseguir
vencer mais esse obstáculo.
Perdida em meus pensamentos, nem me dei conta quando Aurora
adentrou o ambiente e caminhou em minha direção. Assim que
acabou com a pequena distância que nos separava e, foi me
entregar a bandeja. Ao me mover, um grito estrangulado saiu entre
meus lábios, a minha coluna latejava sem parar. E, no momento de
agonia, algo que saiu entre seus lábios se tornou a minha única
esperança, a luz no final do túnel.
— Você deveria fazer uso da energia Kundalini.
As suas palavras ecoavam na minha mente.
Como não pensei nisso?! Quando fiz um trabalho sobre Buda. Li em
um informativo que falava sobre Kundalini Yoga - que é o poder do
desejo puro dentro de nós. A energia de nossa alma e da nossa
consciência. Também sei que envolve o tantra e, no vídeo que
assistimos no YouTube, o professor Kautama, falou que era usado
para o controle do orgasmo. Não dei importância na época, porque
jamais imaginei em ter relações sexuais tão cedo. Porém, a Mirella
passou dias falando nisso. Sim a minha amiga desde os dezesseis
anos já tinha relações com o namorado e sempre vivia me zoando
por ainda ser virgem.
Deixo os meus pensamentos de lado quando ouço a voz de Aurora.
— Você está bem filha?
— Sim.
— Daqui a pouco eu volto para pegar a bandeja.
— Obrigada — dou um sorriso largo e com um giro nos calcanhares,
ela caminhou em direção à porta.
Assim que sumiu do meu campo de visão, comecei a comer, até
esqueci o desconforto que estava sentindo antes. Um fio de
esperança surgiu e vou segurá-lo com as duas mãos. Minutos
depois, quando terminei, me levantei e fiz uma higiene rápida e
voltei para cama. Sei que o tempo é curto, mas preciso tentar.
Fiquei um bom tempo deitada. E, pelo relógio na parede, olhei que
já era duas da manhã. Com toda certeza já deveria estar dormindo.
Entretanto, como aquele homem é alguém imprevisível. Resolvi me
levantar e levar o edredom junto comigo.
Quando adentrei o espaço destinado ao closet, me agachei e,
depois sentei no chão. Sentada de pernas cruzadas e mãos sobre
os joelhos, joguei o coberto por cima do mim e fechei os olhos.
Comecei a meditar, tinha que lembrar em trabalhar a respiração,
audição, olfato. E, por último, chegar à vez do tato. Passei o
restante da noite naquela posição. Até a dor que antes se apoderara
de todo o meu ser, já não tinha tanta intensidade.
Quando abri os meus olhos, uma forte claridade vinha do quarto,
indicando que os raios de sol já estavam surgindo. Levantei-me e
peguei logo a roupa que ia usar. Em seguida deixei o ambiente e
caminhei em direção ao banheiro.
"Leve", "flutuante", era dessa forma que estava me sentindo e acima
de tudo, confiante. Soube por Aurora, que Dusan estava trancado
em seu escritório com alguns homens, por isso era melhor ficar no
quarto.
O restante do dia foi como sempre, um verdadeiro tédio. A única
pessoa com quem conversava era Aurora e isso somente em
poucas palavras. Na final tarde, depois que tomei o meu banho e
entrei no quarto, engoli em seco ao me deparar com a imagem a
minha frente. Nem me atrevi a dizer nada. Comecei logo a me
mover assim que ele saiu do cômodo. Batimentos cardíacos,
normais, respiração suave. Medo não podia sentir naquele
momento, somente precisava me manter em perfeita harmonia.
Quando ele abriu a porta, fui logo retirando o roupão e segui para
mesa de sinuca. Ele não desviou suas órbitas negras de mim. E,
assim que se livrou das suas roupas, se aproximou e me deitou em
cima do objeto. Agora era só respirar fundo e imaginar que não
estava ali, e sim que estava sozinha.
Dusan se move, dá alguns passos e se detém, examina meu rosto
com um olhar intenso. Em seguida começa a acariciar meus seios,
circula a ponta dos meus mamilos, observa atentamente a minha
reação, esperando que eu sucumbisse ao prazer do seu toque. Ele
passou um bom tempo massageando-os.
Depois abaixou a cabeça. Começou a beijar o meu pescoço com
delicadeza, de um jeito quase preguiçoso, até parar nos meus seios
e, então os sugou. Enquanto sua mão alcançava o meu ponto mais
íntimo, apalpando a minha boceta. Com um de seus dedos,
esfregou o lugar que a três dias se tornou a minha perdição.
Massageando suavemente a parte superior direita do meu clitóris. E,
deslizando lentamente outro dedo, começou a fazer movimentos
circulares em torno da abertura minúscula do meu sexo, abrindo
caminho até me penetrar. Meus enormes olhos azuis se mantinham
fixos na parede a minha frente. Enquanto ele continuava roçando o
ponto sensível da minha intimidade repetidamente. Minha
respiração engatou quando seu dedo deslizou para o interior da
minha vagina. Provocando uma convulsão que arrepiou a minha
pele.
“Respira Luna...”
Enquanto me fodia com um dos dedos, friccionou o polegar no nó
sensível de nervos que estava inchado e dolorido. Fechei os meus
olhos e seus movimentos cessaram. Entretanto, movendo-se numa
velocidade de um predador, subiu em cima da mesa. A minha
respiração saiu acelerada assim que sentir a cabeça do seu
membro se aconchegando no meio das minhas pernas. Contudo,
mantive-me firme, porém todo o meu autocontrole desapareceu
quando senti o seu rosto colado ao meu.
“Ele vai me beijar.”
Sem que eu pudesse controlar, os meus olhos se abriram. Seus
gestos estavam afetando todos os meus sentidos. Fiquei
completamente perdida quando colocou os lábios sobre a minha
bochecha, beijando cada centímetro dela até parar próximo a minha
boca. Meu corpo logo ficou quente e, foi nesse exato momento que
seu pênis deslizou para dentro de mim.
Senti o ar me faltar no momento em que a cabeça bem dilatada do
seu imponente membro pressionou um ponto de prazer angustiante.
Dusan mantinha seu vaivém lento e contínuo. Enquanto seus lábios
ficaram tão próximos de tocaram os meus. Não conseguia mais me
controlar, pois uma onda de calor se espalhou por todas as partes
do meu corpo. A cabeça do seu pau não parava de acariciar
terminações nervosas, que jamais soube que tinha. Era como se
minha vagina e seu pênis avantajado enfim tivessem se encaixado
perfeitamente. Quando esfregou seus lábios nos meus, sussurrou.
— Não resista brinquedinho. Seu corpo sabe a quem pertence.
A fúria iluminou os meus olhos. O choque da realidade pairou sobre
mim, mas já era tarde demais. Senti quando minhas paredes
internas beijaram seu membro. A minha intimidade se contraiu e, em
seguida, descontraiu. E, um grito abafado saiu entre meus lábios
quando o prazer explodiu como fogos de artifícios dentro de mim.
Os tremores tomaram conta do meu corpo. Dusan se afastou e
como num piscar de olhos, me levantou de cima da mesa. No seu
rosto estava estampado um sorriso triunfante e uma risada saiu dos
seus lábios.
"Fraca... Fraca... Fraca."
Novamente estava presa naquele crucifixo. Lágrimas grossas
rolaram pelas minhas bochechas.
— Por favor! Não faça nada com a minha família.
Ele se afastou e caminhou em direção à mesa de sinuca, pegou o
taco e, se virou em minha direção.
— Você teve a sua chance. E a minha palavra será mantida.
Colocou a bola branca no centro da mesa, em seguida posicionou o
taco, ficou olhando fixamente para o alvo: "Bola Vermelha". Nada
mais poderia ser feito e, assim que o estrondo ecoou no ambiente,
eu fechei os meus olhos.
— Pai... Mãe... Mila... Por favor, me perdoem por ter sido uma fraca.
Capítulo 19
Belgrado – Servia

S ede! Minha boca está tão seca. Tudo está tão escuro, no
entanto, o silêncio predomina a minha volta.
Depois de sofrer por três dias, ao ponto de cogitar que meus
membros seriam arrancados como se eu fosse uma boneca. Ao
menos pensei que meu fim seria rápido e, aquela máquina fosse
girar numa velocidade que nem me daria tempo de gritar ou sentir
dor.
A única coisa que, mesmo após a morte, ainda sinto, é uma dor
insuportável em meu coração. Uma, por saber que aquele demônio
vai atrás da minha família. Meu fracasso foi como mulher, como filha
e principalmente como uma irmã mais velha, que jurou sempre
proteger a sua irmãzinha. Sem que eu pudesse controlar, as
lágrimas surgiram e, começaram a inundar o meu rosto. Nunca
pensei que poderia chorar após a morte. Entretanto, a sensação que
tenho, é que a dor da culpa não está deixando a minha alma
encontrar o seu lugar.
No momento que abri os meus olhos, o silêncio que antes pairava a
minha volta, foi quebrando pelo estrondo que ecoou no ambiente,
me causando uma dor infernal, assim que senti o meu corpo indo de
encontro ao chão. O impacto com o concreto fez um gemido alto
sair por entre os meus lábios. Meus membros estavam pesados e
doloridos.
Perdida! Desnorteada! Era dessa forma que me encontrava. O
silêncio novamente se fez presente, minha visão estava embaçada
pelas lágrimas, porém, reconheci imediatamente o lugar a minha
volta. O pânico me dominou.
“Será que mesmo depois de morta eu voltei para perto do
demônio?”
Movida pelo desespero e, mesmo com dificuldade, me pus de pé. E,
no momento em que levantei a cabeça, meu corpo paralisou, meu
coração gelou. Dentro de mim não parecia que tinha um coração,
mas, que tambores foram colocados e, estavam em festa fazendo
um barulho que dava para ouvir nos quatro cantos do ambiente.
Meus olhos estavam fixos na imagem a minha frente. Ele se
mantinha com a cabeça abaixada e, seu olhar fixo em uma única
direção.
Assim que desviei o meu olhar dele e encontrei o motivo que
prendia a sua atenção, ao mesmo tempo senti uma sensação de
alívio invadido todo o meu ser e também fiquei em total alerta.
Ela estava ali, tão brilhante, num tom de vermelho tão intenso e
parada em frente ao buraco. Um único sopro a faria cair em seu
destino. No entanto, era como se um imã a estivesse mantendo
imóvel naquele lugar. Fiquei tão enfeitiçada pela imagem a minha
frente, que só voltei ao meu estado normal quando a voz grave,
potente e aterrorizante do monstro ecoou por todo o ambiente,
fazendo um calafrio atravessar a minha espinha. E, para aumentar o
meu desespero, assim que movi a cabeça. Meus olhos ficaram
novamente fixos nele, a minha única reação foi dá alguns passos
para trás.
— Vai agora mesmo para o seu quarto e, não se atreva a sair, até
que eu autorize.
A imagem a minha frente parecia surreal. Sua feição era algo
assustador. Suas órbitas negras estavam soltando faíscas, sua
mandíbula se contraia, ao ponto de modificar a aparência do seu
rosto, seus cabelos estavam tão úmidos, que caiam na testa e, o
suor banhava seu corpo musculoso.
"Dusan, bonito como um modelo e frio como o demônio."
Antes que o capeta mudasse de ideia, andei tão rápido que
ganharia até uma maratona. Quando fechei a porta e dei alguns
passos, ouvir um grito alto ecoando pelo corredor. Em seguida, um
barulho forte me fez sair correndo e atravessar como um relâmpago
o restante do trajeto e, entrar no meu quarto. Fechei a porta, respirei
fundo e em seguida agradeci a Deus, pois, o impossível se tornou
possível dentro daquele lugar.

— Maldiçãooooooo!!!
Não! Não! Não! Isso não pode ser possível.
Depois da ligação que recebido de Vladimir. Comecei a planejar
minuciosamente como seria cada passo do que faria até o momento
que voltássemos do restaurante e, o meu brinquedinho fosse
apresentada a sala de jogos. Tudo ocorreu como planejei.
A minha intenção era deixá-la o mais confortável possível. Pois,
sabia que ela iria lutar com todas as forças para não sucumbir à
vontade do seu corpo. No entanto, algo dentro de mim vibrou por
dentro ao vê-la tão perdida.
Seus gemidos se tornaram músicas para os meus ouvidos. O sabor
adocicado da sua boceta me fez explorar cada canto e atingir
pontos que a deixaram totalmente vulnerável. Porém, ela tem que
aprender que uma puta jamais poderá sentir prazer ou caso
contrário será igual a todas as outras.
O diferencial do The Brothel Empire, é que oferecemos profissionais
de alta qualidade. Quando elas conseguem controlar o orgasmo,
são capazes de atender vários clientes e mesmo assim ainda
ficarem dispostas.
Como já esperava, o meu brinquedinho fracassou.
Consequentemente, teve a primeira experiência no "giro da morte".
Claro que sabia exatamente o movimento exato para proporcionar
uma dor suportável antes do golpe final.
Ela lutou durante o segundo e terceiro dia, mas, seu fracasso
novamente a levou para o lugar que há três dias estava me
deixando em puro êxtase. Gritos e mais gritos ecoavam no ambiente
e, por mais que algo dentro de mim estivesse me causando certo
desconforto. Eu, Dusan, me mantive inabalável. Ontem, através de
um vídeo conferência com Boris, fizemos o fechamento dos lucros
da noite. E, quando o meu celular começou a vibrar, o peguei de
imediato, pois o alarme do sensor de movimentação implantado no
quarto que ela estava, indicava uma frequência alta.
Passei rapidamente o dedo na tela, acessando as câmeras de
monitoramento e, como esperava, a insolente não ia desistir
facilmente. Fiquei observando cada movimento dela e quando vi a
posição que ficou, já sabia o que o meu brinquedinho faria, porém
desta vez não teria êxito.
Mesmo passando o lençol em volta do corpo, cobrindo até a cabeça,
pelas câmeras que tinha uma lente em especial, de alta tecnologia,
pude observar nitidamente tudo que estava fazendo. Tive que
reconhecer, que Luna Ysmit era uma guerreira. E, lutaria até o
último segundo para proteger sua família, no entanto, estaria
sempre um passo à sua frente.
Hoje, assim que acordei, percebi que ela continuava no mesmo
lugar. Estava determinada em passar de fase. Tomei o meu banho
e, depois de arrumado, segui para o primeiro andar da mansão.
Horas depois, recebi alguns membros do conselho e não me
agradou em nada a forma como Vladimir se referiu a Luna. Não que
aquela infeliz tenha alguma importância para mim. No entanto, ela,
se conseguir passar por todas as fases, só será apresentada aos
clientes o momento certo.
Algumas horas se passaram, e mesmo depois do almoço, continuei
no meu escritório. Quase no fim da tarde tomei meu banho, vesti só
uma calça de moletom e fui até o seu quarto. Era chegada a hora da
decisão e, seja qual for o resultado, a minha palavra será mantida.
Quando entrei no cômodo em que ela estava, fiquei totalmente
imóvel. Senti a mesma coisa quando a olhei pela primeira vez. Meu
corpo todo vibrava por dentro, os meus demônios estavam agitados
como nunca, me causando um desconforto que nunca havia
sentido, como se uma fornalha incandescente estivesse dentro de
mim e meus órgãos internos estivessem pegando fogo.
“Eles não iriam me dominar. Não hoje.”
Com um giro nos calcanhares, caminhei em direção a sala de jogos.
Assim que a porta foi aberta, Luna que estava mais confiante que
nunca, tirou sua roupa e ficou próxima a mesa. Quando coloquei o
seu corpo sobre o objeto, fiquei observando cada movimento em
torno do seu rosto. Precisava a qualquer custo fazê-la perder a
concentração, afetar todos os seus sentidos seria a única forma.
Sei que determinação é o forte dela. O sentimento que tem pela
família a faz suportar qualquer dor, transformando-a em uma fênix,
que sempre ressurge das cinzas. Porém, irei quebrá-la quantas
vezes for necessário. Se tiver que acabar com a sua miserável vida,
não irei hesitar em fazer.
Tinha que reconhecer que não foi fácil. Uma batalha foi iniciada, ela
não jogaria a toalha. No entanto, dessa vez teria que utilizar meios
que nunca me foi preciso. Todavia, se mantinha inabalável, mesmo
alcançando pontos que por uma fração de segundos faziam todo o
seu corpo estremecer, a única solução foi subir em cima da maldita
mesa e dá o golpe final.
Pela primeira vez, os meus lábios estiveram tão próximos de outros.
Mas, quando percebi que seus olhos, que até então se mantinham
fechados foram abertos. Soube que o destino do meu brinquedinho
tinha sido decidido naquele exato momento. E, para confirmar aquilo
que já tinha certeza, deslizei o meu pênis para dentro da sua boceta
apertada, que engoliu o meu garotão como nunca tinha feito antes.
O seu interior estava muito quente, parecia que logo iria explodir,
alcançando o limite do prazer.
Entretanto, precisava aproveitar, afinal de contas tinha que
reconhecer que nunca uma mulher foi capaz de me proporcionar
tanto prazer sem fazer tanto esforço. Rapidamente, sua vagina se
contraiu em torno do meu cacete. Sua respiração ficou
descontrolada e, todo o seu corpo não parava de tremer.
Levantei meus olhos, e estes ficaram fixos no crucifixo na parede.
Institivamente a peguei e a coloquei presa no objeto. Ela, mais uma
vez me surpreendeu, ao em vez de pedir pela sua vida, intercedeu a
favor da sua família. Mas, nem mesmo as suas lágrimas iriam me
parar. Assim que peguei o taco, minha concentração se voltou para
o alvo a minha frente.
Senti uma lufada escaldante de encontro ao meu pescoço e no
exato tempo em que fui dar a maldita tacada, senti uma força
estranha segurando a minha mão, enquanto meu corpo todo ficou
em chamas. A raiva me dominou, minha cabeça estava tão quente,
que parecia um vulcão em erupção, assim que, a desgraçada da
bola ficou se movimentando próximo ao buraco. Como num piscar
de olhos, o meu corpo, que até segundos atrás estava quente,
voltou ao normal.
Não consegui desviar os meus olhos da maldita bola. No momento
em que ficou totalmente imóvel, em questão de segundos, o sistema
que controlava as algemas foi acionado fazendo a desgraçada cair
no chão. Jamais cogitei que algo assim pudesse acontecer. O
sistema foi programado com duas finalidades, se a bola fosse
encaçapada o mecanismo faria o giro de 180 graus e; se caso não
caísse no buraco, algo que até então parecia totalmente impossível,
pois nunca errei uma tacada, as algemas seriam abertas
imediatamente.
O que essa infeliz tem que mexe tanto com eles, ao ponto de eles,
que sempre ficaram em êxtase e me incentivavam a proporcionar
dor a qualquer um, quando o assunto era ela, eles parece se voltar
contra mim.
Movido pela raiva, mandei que saísse do ambiente ou então seria
capaz de ir contra minha própria palavra naquele momento. Assim
que a porta foi fechada, um misto de sensações apoderou-se de
todo o meu ser. Um grito estrangulado saiu rasgando a minha
garganta e movido pelo ódio, comecei a quebrar tudo a minha
frente.
Não importa contra quem ou o que terei de lutar, a minha vontade
sempre terá que prevalecer.
Capítulo bônus 04
Belgrado – Sérvia
Vladimir Kosovo

M eu nome é Vladimir Kosovo. Quando ao lado de Baroni


Massimi, criamos o grupo Vozdovac, nunca cogitamos que a
nossa organização no futuro, se tornaria uma erva daninha, se
espalhando entre os continentes e dominando territórios que jamais
esperávamos alcançar.
A escolha de um líder era necessária, tanto ele, quanto eu
estávamos confiantes e faríamos de tudo para nos tornar o chefe.
Contudo, um dia como tantos outros, foi o responsável por mudar o
rumo de tudo que acreditávamos.
Durante uma perseguição a um traidor, nós dois acabamos em uma
viela suja e escura de Belgrado. Assim que encurralamos o
desgraçado, avançamos para cima do infeliz. Velozmente
esquartejamos o maldito, porém, quando viramos no intuito de ir
embora e após darmos alguns passos, ouvimos um barulho. Com
nossas armas em punho, já estávamos prontos para mandar quem
quer fosse direto para o inferno, mas, qual não foi nossa surpresa
ao sermos surpreendidos por uma velha mendiga que estava
protegida por uma caixa de papelão e, sem medo algum se
pronunciou.
As palavras ditas por aquela desgraçada mudou as nossas vidas.
Assim como ela proferiu, tudo começou a acontecer. Entretanto, três
coisas faltavam para se concretizar; somente um de nós dois ficaria
vivo e, uma criança se tornaria a própria encarnação do mal e seria
o líder da nossa organização. Através dela, a máfia Sérvia se
tornaria a maior organização de tráfico de drogas e humano já
conhecida em toda história.
Ele, o líder, seria aquele que comandaria com mãos de ferro todo o
império e seria temido por todos. Mas, algo deveria ser feito para
que essa criança viesse ao mundo e, assim teríamos através dele,
tudo aquilo que sempre idealizamos.
Quando saímos daquele beco, não demos muita importância para
as palavras daquela infeliz. Era somente uma velha falando coisas
sem sentido. Os dias foram se passando e, algumas coisas
começaram a acontecer. De repente tudo que aquela mulher nos
falou, começou a se tornar realidade. Contudo, duas coisas que
falou estava me incomodando.
Ao contrário de Baroni, eu, Vladimir, não iria ficar de braços
cruzados enquanto tudo que ela falou estava acontecendo diante
dos nossos olhos. Uma decisão precisava ser tomada, era ele ou
eu. Durante uma emboscada contra alguns inimigos, achei a
ocasião certa para me livrar daquele imbecil.
Todos acreditam que ele foi morto pelos nossos inimigos, assim
como acreditam que eu proferi que Dusan seria o novo chefe. Tudo
que precisei foi dizer a todos os membros do conselho o que
deveríamos fazer para que a profecia se tornasse realidade. Não me
tornei o chefe como sempre desejei, mas sou aquele a quem todos
respeitam e tem admiração. Minha palavra, assim como a dele, tem
grande peso entre os conselheiros. Embora seja o líder, posso fazer
todos ficarem contra ele, se achar que Dusan será uma ameaça.
Quando fui informado por Dylan, que estava trazendo aquela vadia,
fiquei em total alerta. Assim que conheci a garota, algo dentro de
mim estremeceu ao ver o brilho em seus olhos.
As palavras da velha ecoaram em minha mente, senti o ódio
inflamando em minhas veias quando a chamei de prostituta e, ele
não hesitou em se pronunciar. Isso me deu a confirmação que ela
deverá sair o quanto antes da vida dele.
Depois de tudo o que fiz, nada e nem ninguém vai ficar em meu
caminho. Se aquela desgraçada, que aparenta ter um rosto de anjo
foi enviada para destruir tudo que passei anos construído. Não
pensarei duas vezes em enviá-la ao inferno.
Dusan continuará sendo aquilo que lutei para transformá-lo. Se ele
ousar a ir contra nossas regras, mostrarei ao maldito a verdadeira
face de Vladimir Kosovo.
Capítulo 20
Belgrado – Sérvia

Quando o choque da realidade pairou sobre mim, e, então percebi


que estava viva. Acabei ignorando toda dor que estava sentindo
por além de tudo que passei, ainda ter caído bruscamente no chão.
A adrenalina tomou conta de todo o meu ser, e, assim que o
demônio ordenou para que saísse do cômodo, saí numa disparada
alucinante antes que mudasse de ideia. Mas, depois de ter ficado
alguns minutos imóvel, perante a porta do meu quarto, uma
sensação de alívio me invadiu, porém, quando fui me mover
novamente, uma dor insuportável apoderou-se de todo o meu corpo.
Passei as mãos pelas minhas costelas e percebi que tinha um
pequeno inchaço causado devido ao impacto com o concreto
quando caí no chão. Respirei fundo e, caminhei em direção ao
banheiro, fiquei tão desnorteada, que nem tinha percebido que
atravessei todo o percurso da sala de jogos para o quarto
completamente nua.
Fiquei um bom tempo debaixo do chuveiro. A sensação da água
quente em contato com a minha pele, trouxe por alguns minutos
uma sensação de dormência. No entanto, bastou eu terminar o
banho que logo a maldita dor voltou. Permanecia tão cansada, que
só tive tempo de ir até o closet pegar uma camisola com uma
calcinha e me vestir. Logo após, puxei as cobertas e assim que me
acomodei debaixo do edredom, caí em sono profundo.
Acordo em um sobressalto e agoniada, todo meu corpo envolvido
pelo suor. Uma dor em minhas costelas muito mais forte do que
estava sentindo antes se faz presente. Em meio às dores que me
dominavam, com muita dificuldade consegui me levantar, olhei para
o relógio na parede, eram quase quatro horas da manhã.
Lentamente, para evitar mais dor, caminhei em direção à porta e,
assim que levei a mão de encontro à maçaneta, a puxei de volta
imediatamente quando as palavras do monstro ecoaram na minha
cabeça. Eu sei que pediu para não sair do quarto, no entanto,
depois de tudo que venho suportando, não posso dar o gostinho a
Dusan de ficar doente e quem sabe morrer. Aí aquele infeliz
certamente vai atrás da minha família. Respirei fundo, levei minha
mão à maçaneta mais uma vez. Seu impacto frio em minha mão não
me impediu de girá-la.
Uma vez fora do quarto, com passos lentos e cautelosos, segui
serpenteando pelos corredores. A caminhada parecia mais longa do
que de costume, segui a passos silenciosos, até chegar à escada.
Lentamente fui descendo os degraus e, depois de alguns minutos
achei a cozinha.
Deixei meus pensamentos de lado. E, ao chegar frente à porta, me
detive. Meus enormes olhos azuis circulam por todo ambiente,
constatando que estava deserto. Dei alguns passos assim que meu
olhar foi de encontro à maleta de primeiros socorros, que estava em
uma prateleira do luxuoso armário. Peguei e procurei um remédio
para dor, assim que encontrei, guardei o objeto de volta no lugar e
com o comprimido em mãos, tudo o que necessitava era de um
corpo com água.
Minutos depois, dei um giro nos calcanhares e novamente comecei
a fazer o percurso de volta. Quando cheguei ao corredor, ouvi
algumas passadas, antes que conseguisse desviar o caminho e
chegar ao meu quarto, fui bloqueada por uma montanha de
músculos firmes que estava impedindo a minha passagem. No
entanto, congelei ao levantar o olhar e ver a imagem a minha frente.
Sua expressão era sombria e ameaçadora, seus olhos tinham uma
turva demonstração de ódio. Estava perdida em meus pensamentos
quando senti uma dor forte me invadindo. Assim que se moveu,
rapidamente sua enorme mão estava fixa em meu
pescoço delicado. Senti o ar sendo retirado dos meus pulmões
quando intensificou o aperto. Além do ódio que era visível em seu
olhar, suas órbitas negras estavam em chamas ardentes de fúria.
Comecei a espernear, tentando me livrar do seu aperto. Quando já
estava no limite da minha agonia, sua mão se afastou do meu
pescoço e foi deslizando. E, antes que recuperasse o fôlego, já
estava tropeçando nas minhas próprias pernas ao ser puxada pelo
corredor.
Depois de alguns passos, ele se deteve ao ficar em frente a uma
porta de cor dourada, que se abriu de imediato. Meu corpo todo
ficou em total alerta, sabia que boa coisa esse monstro não iria
fazer. Entramos em um quarto enorme e muito luxuoso. As paredes
eram de num tom cinza metálico, sombrio e sem decorações.
Dusan, novamente saiu me puxando, ao se aproximar de uma
enorme cama, em um único movimento rasgou a minha camisola.
Em seguida, senti o meu corpo ser levantando e, após me jogar com
brutalidade em cima da cama, um gemido alto escapou entre meus
lábios. Embora a cama fosse macia, a forma como me jogou fez o
incômodo que já estava sentindo antes em meu corpo, se
intensificar.
Tentei me levantar, mas ele avançou em cima de mim. Novamente
um gemido baixo saiu do fundo da minha garganta quando fui virada
de bruços.
— Você, brinquedinho, vai aprender a nunca mais me desobedecer.
Sem chance de defesa, ele segurou meus pulsos, nesse momento
me dei conta das algemas fixadas na cabeceira da cama. O pânico
me dominou, o medo cru e agudo atravessou o meu peito assim que
suas mãos trilham um caminho ao longo do meu corpo até a minha
bunda. Elas deslizam por dentro da minha calcinha. E, em questão
de segundos a peça foi arrancada, me deixando com o traseiro
totalmente exposto a seu bel-prazer.
O silêncio se fez presente por alguns segundos, mas, logo foi
quebrado pelo barulho dele subindo em cima da cama. Dusan
afastou minhas pernas e movida pelo desespero, rapidamente eu
tentei fechá-las, mas novamente sua voz se fez presente.
— Meninas malvadas como você precisam ser punidas.
Assim que senti seus dedos deslizando e brincando entre minhas
nádegas. Ao lembrar-me do tamanho animalesco do seu pênis, o
choque da realidade pairou sobre mim.
“Esse demônio vai querer mesmo fazer isso que estou pensando?”
Desesperada, comecei a falar.
— Por favor! Não faça isso.
— Calada brinquedinho. Você vai aprender que a minha vontade
sempre deve prevalecer.
Comecei a me contorcer tentando me livrar das algemas. Contudo,
o que consegui foi somente machucar os meus pulsos.
Mais uma vez seus dedos trilham o caminho entre minhas nádegas
até a entrada da minha vagina, esfregando e massageando. Ele
intensifica seus movimentos e por mais que não quisesse sentir
nada, o meu corpo logo se aqueceu. No entanto, ouvi um forte
estrondo ecoando no ambiente, no mesmo instante, uma dor
insuportável me atingiu fazendo um grito estrangulado sair rasgando
a minha garganta.
Quando achei que não podia piorar, mais uma vez o meu corpo
estremeceu quando algo atingiu em cheio o lado direito da minha
bunda.
Gritos e mais gritos começaram a sair da minha boca. Uma
sequência de golpes foi desferido nas minhas nádegas ao ponto de
me fazer perder a noção da contagem. A minha pele estava em
chamas, trinquei os dentes para não deixar que nenhum som saísse
entre meus lábios. Quando o demônio se deu por satisfeito, o senti
se mover por trás de mim. Meus pulsos foram liberados e ele puxou
o meu corpo e me pôs de pé.
— Você pensa que pode me desafiar e que vai ter outra chance?
Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Quando chegarmos à
New York, o seu treinamento vai continuar. E, dessa vez, se
fracassar, não importa o que aconteça, você não terá outra chance.
Será até bom, já que estaremos mais perto da sua linda irmãzinha
e, assim poderei te substituir rapidamente. Tendo assim um novo
brinquedinho a minha disposição.
Ódio... Raiva... Um misto de sensações que só esse demônio é
capaz de me causar apoderou-se de todo o meu ser. Nunca desejei
a morte de ninguém, mas desse monstro é a única coisa que vem
ocupando boa parte dos meus pensamentos.
Meus devaneios foram interrompidos quando sua potente ecoou no
ambiente.
— Volte para o seu quarto. Se você me desobedecer novamente,
terei todo prazer em marcar essa linda bunda novamente.
Olhei para palmatória em suas mãos. E, mesmo com dificuldade e
praticamente me arrastando pelo corredor, cheguei ao meu quarto.

Dois dias depois...


Meu coração está batendo forte. Meu sangue corre gelado em
minhas veias. Eu me remexo inquieta, não só pelo desconforto
que ainda sinto em minhas nádegas, mas, por saber que daqui a
alguns minutos estarei trancafiada naquela prisão.
“Eu não sei como vou fazer, mas terei que passar nesse
treinamento.”
O voo de volta para New York foi melhor do que eu esperava. Ele
estava tão ocupado, que nem ao menos se aproximou de mim.
Quando chegamos em solo americano, vários carros já estavam nos
aguardando. Desde que entramos no veículo, Dusan está ao
telefone. Fiquei tão distraída, perdida em meus pensamentos, que
só voltei ao meu estado de lucidez quando ouvi sua voz grave me
mandando sair do veículo.
Assim que saí do veículo, senti um calafrio atravessar a minha
espinha. Uma sensação ruim pairou sobre mim e, em passos largos
comecei a caminhar.
Passamos pelo imenso corredor e depois de alguns minutos
chegamos próximo à porta que dava acesso ao grande hall. Logo
elas foram abertas e ao adentrar, vi que todos estavam no salão.
Fiquei feliz assim que olhei para Karen. Entretanto, ao desviar os
meus olhos dela, meus batimentos aumentaram rapidamente, um nó
imenso se formou em minha garganta e, todo o meu corpo paralisou
ao olhar para a imagem a minha frente.
Capítulo 21
New York
Algumas horas antes...
Dylan
Ódio! Muito ódio é tudo que consigo sentir ao ver o reflexo do meu
rosto no espelho.
Vários dias se passaram, porém, essa cicatriz não me deixou
esquecer um só segundo do rosto daquela vadia desgraçada. Fui
marcado como um animal, tudo por culpa de uma vadia miserável.
No entanto, o pior erro daquele que se julga o todo poderoso, foi
não ter acabado com a minha vida.
Soube que o conselho, através de Vladimir, ao saber do que tinha
acontecido, tratou de lembrar a Dusan sobre as regras da nossa
organização. O idiota que comanda todo um império com mãos de
ferro, que sempre foi implacável, cruel, sanguinário e coração
gélido, não foi capaz de ir contra as regras idiotas que o conselho
mesmo criou. Um mafioso sabe que acima da sua vontade, sempre
deve honrar sua palavra e, esse foi seu grande erro.
Não tenho mais nada a perder e, após saber da morte de Suzana,
que também aconteceu por culpa da infeliz, eu não iria deixar
barato. Precisava agir o quanto antes e, depois que informei a
Vladimir sobre a maldita que estava tendo privilégios que nenhuma
outra jamais teve, percebi pelo seu tom de voz que a notícia não
havia lhe agradado.
Aproveitando que Dusan havia viajado e que Boris estava ocupado
com os assuntos do The Brothel Empire, comecei a planejar
minuciosamente tudo o que iria fazer antes de deixar esse lugar.
Dusan pode ter um QI super avançado e ser o mestre da tecnologia,
porém, não é o único. Com o valor que recebi de Vladimir, para
exterminar a vadia particular dele, pude entrar em contato com um
dos maiores hackers do mundo, que conheci em uma das minhas
viagens a Austrália. Agora, tudo que era preciso, era colocar o
aparelho que estava conectado ao sistema dele. E, este poderia
invadir todo o sistema de monitoramento do bordel e com o tempo
necessário, irei acabar com a desgraçada antes de deixar esse
lugar.
A única coisa que me deixou intrigado foi o interesse do conselho
em acabar com a maldita. Todavia, isso era o menor dos meus
problemas. Hoje quando acordei e já sabendo da chegada deles,
assim como os dias anteriores, tratei de desempenhar as minhas
funções como sempre fazia.
Meu corpo todo estava êxtase, meus órgãos internos funcionando a
todo vapor com a expectativa de que amanhã finalmente irei acabar
de vez com a vagabunda. Assim também terei o gostinho de ver
aquele desgraçado perdendo seu novo brinquedinho.
Tudo já está programado. Amanhã acontecerá um grande evento no
período da tarde, e tanto Dusan, quanto Boris estarão presentes. E,
será o momento ideal para colocar tudo em pratica.
Deixo meus pensamentos de lado assim que as portas do grande
salão são abertas.

Meus olhos continuam fixos no homem a minha frente. Minha


garganta praticamente se fechou, pois, o nó que havia se formado,
estava impedindo até a minha saliva de descer.
As lembranças daqueles pesadelos surgiram como flashes em
minha frente. Tudo parecia tão real, os toques dele em meu corpo e
até o seu hálito. Meus membros ficaram imóveis, vendo o sorriso
cínico em seu rosto, que tinha uma cicatriz horrível. Isso, só fez um
calafrio atravessar a minha espinha e o medo apodera-se de todo o
meu ser.
As vozes no ambiente se tornaram sussurros, aquelas órbitas
negras tinham um brilho intenso e no fundo delas, tudo o que eu via
era ódio. Queria sair dali, mas estava petrificada, os meus membros
inferiores não correspondiam aos meus comandos por mais que eu
tentasse. No entanto, senti uma mão forte segurando o meu braço,
o calor do seu toque em minha pele, fez o meu corpo sair do transe
que se encontrava. Como se o demônio, em meio a toda a sua
maldade, naquele instante foi o único capaz de me arrancar das
profundezas do meu desespero, sua voz grave logo se fez presente.
— Vai para o seu quarto. A Karen te passará algumas informações
do que terá que fazer antes de começar o expediente.
Assim que ele olhou para Karen, ela logo veio em minha direção e
juntas, deixamos o ambiente. Quando cheguei ao quarto, ainda
estava trêmula. A sensação ruim continuava presente como se algo
de muito ruim estivesse prestes a acontecer.
Tudo que vinha em minha cabeça era a minha família, eu preciso
agir com cautela e fazer de tudo para não aumentar a fúria do
demônio. Embora esteja cansada, tanto fisicamente quanto
psicologicamente, a sensação que tenho é como se todo o meu
corpo estivesse quebrado por dentro. Algo muito mais forte que a
dor que venho sentido toma conta de mim. Sei que qualquer
pessoa, após tanto sofrimento, jogaria a toalha. No entanto, tenho
um motivo mais forte para continuar lutando. Depois de tudo que
passei, de ter sido traficada, estuprada, espancada e ter meus
limites testados a cada momento, como posso desistir? Como posso
colocar a minha vontade acima do amor que sinto pela minha
família?
Vale a pena tanto sacrifício? A resposta é: Sim! Pois o amor que
sinto por eles é tudo que me mantém viva. E, é tão grande, que me
fará suportar qualquer obstáculo.
Meus pensamentos são interrompidos ao ouvir Karen me
chamando.
— Como foi a viagem, Luna?
— Ele começou o meu treinamento. Embora eu tenha conseguido
passar pela primeira fase, não passei pela segunda. E, por um
milagre que aconteceu, ainda estou viva. Porém, ele disse que se
caso não passar, não vai hesitar em acabar comigo.
— Sei que não está sendo fácil. Mas você é uma guerreira,
nenhuma de nós passou pela primeira fase tão rápido, isso leva
meses. Por outro lado, não fique triste por não ter passado na
segunda fase, tudo que aconteceu teve um propósito maior.
— Qual?
— O chefe disse que a minha vida depende da sua, porém, não
estou a fim de morrer ainda e nem você — sei que não deveria, mas
acabamos rindo. A Karen sempre vê algo de bom até nos momentos
mais difíceis. — Luna, você não percebeu, eu já passei por essa
fase e farei de tudo para ajudá-la. O chefe terá uma surpresa
quando chegar o grande momento.
Ficamos mais alguns minutos conversando e depois ela me levou
ao hall para ajudarmos na limpeza do lugar.

No dia seguinte...
Cansada!
Era assim que me sentia, extremamente cansada. Depois da noite
de ontem, após ter ficado a noite toda em pé naquele bar, vim para
o quarto e tomei um banho, assim que deixei o banheiro e adentrei o
ambiente, meu coração disparou ao me deparar com o demônio
próximo à cama. Ele já havia tomado banho e estava somente com
uma calça de moletom. Fiquei imóvel, um misto de sensações
apoderou de mim, no entanto, o medo era o mais evidente dentre
todos.
O silêncio pairou no ambiente, estremeci involuntariamente por
dentro, com medo de ele dizer que era chegada a hora de continuar
com o treinamento. O pânico me dominou quando ele se moveu e a
passos largos veio em minha direção. Assim que ficou a centímetros
de distância de mim, sua voz ecoou no ambiente.
— Está pronta?
— Não! Mas não tenho escolha, que seja feita a sua vontade. E,
comece logo a segunda fase do treinamento — tremia muito e sabia
que não teria chance alguma. Mas se fosse para morrer, não daria o
gostinho de ele me ver mais quebrada do que já estava.
Antes que ele tivesse qualquer reação, puxei a toalha que estava
em volta do meu corpo e a deixei cair no chão. Seus olhos me
queimam, e, por uma fração de segundo, muitas emoções cruzaram
seu rosto.
“Desejo, Luxúria e raiva.”
Mas logo suas feições mudaram para algo indecifrável.
— Nisso você tem toda razão, não tem escolha e, nunca terá.
Entretanto, não será hoje o dia que vou vê-la fracassando mais uma
vez, aliás, será a sua última oportunidade.
Não tive tempo de responder, pois, me segurou firme pela cintura e
me puxou para mais perto de si. Senti seu hálito quente contra o
meu rosto. E, rapidamente me levantou, caminhando comigo em
direção à cama. O maldito maníaco por sexo passou o restante da
noite me possuindo de todas as formas possíveis. Já estava com
dormência nas pernas. Depois de algum tempo, se deu por satisfeito
e me deixou sozinha. No entanto, dessa vez respirei aliviada, pois
não estava preparada para a segunda fase do treinamento. E, não
irei desperdiçar minha última oportunidade.
Quando acordei, fui com Karen para o refeitório, onde todas as
meninas faziam suas refeições. Quando entrei no cômodo, vários
pares de olhos se voltaram em nossa direção. Algumas das
meninas não escondiam sua falta de empatia para comigo.
Karen disse que, o fato de estar sendo treinada pelo chefe, acabou
causando inveja e indignação em algumas. Principalmente, por
passar a noite no bar, enquanto elas têm que atender os clientes.
Quando passamos pelo hall, dei de cara com Dusan e Boris. Ele me
avisou para permanecer no quarto até o momento que voltasse.
Depois que os dois sumiram do nosso campo de visão, me despedi
de Karen e resolvi dormir devido a estar morta de sono.
Acordo desorientada e suando frio, tremendo, com o coração
batendo violentamente. Um peso esmagador me deixava sem
fôlego. No mesmo instante em que algo frio estava encostado no
meu rosto. O pânico tomou conta de mim ao ouvir sua voz.
— Agora será o seu fim, sua putinha...
Capítulo 22
New York

D urante todo o percurso de Belgrado para New York, passei


resolvendo alguns assuntos, devido ao maldito do Adônis, que
novamente mandou um de seus ratos fazer o serviço em seu lugar.
O alvo da vez foi o maior restaurante que pertence a nossa
organização. Contudo, graças ao sistema criado através do olho de
Deus, conseguimos interceptar o infeliz, que era uma verdadeira
arma de destruição humana, “homem-bomba”.
Com tudo já resolvido, assim que chegamos ao bordel, chamei o
meu brinquedinho e caminhamos em direção à entrada principal.
Como eu já esperava, todos estavam no grande hall. No entanto,
senti o ódio inflamando em minhas veias ao ver o olhar daquele
infeliz em direção a Luna. Tudo que preciso é de um único deslize
do maldito, e dessa vez, nada e nem ninguém vai me impedir de
enviá-lo ao inferno.
Passei o restante do dia no escritório, resolvendo a parte
administrativa do The Brothel Empire, com Boris. Com o encontro
que teremos amanhã, resolvemos deixar tudo organizado. Após o
fechamento do balanço da noite, segui para minha suíte, meu pau
latejava, desejando a liberação. Estava tão duro como uma barra
ferro e com as veias espessadas de tão ereto.
Tratei de tomar uma ducha fria. Mas para minha surpresa, o garotão
ganhou vida própria. Tão duro, quente, cheio de vida e de força, que
tive que retirar a cueca libertando-o da sua prisão, pois tamanho era
o incômodo que pairou sobre mim.
Deixei a minha suíte, caminhei em passos largos pelo corredor.
Necessitava pegar uma das vadias para me aliviar. Todavia, quando
fiquei próximo do desvio onde tinha a opção de ir para direita e
pegar uma das putas, um doloroso calafrio percorreu minha espinha
e tudo que veio em minha mente foi o rosto do maldito brinquedinho.
Uma coisa jamais poderia negar, era que aquele ser que parece
fisicamente tão frágil, mas, tão forte psicologicamente. É deliciosa,
apertada, quente e com sua bocetinha inchada, como a palma da
minha mão. Em passos precisos, caminhei em direção ao quarto
dela. Vibrei por dentro ao ver o medo espelhado em suas orbitas
azuis. Quando a infeliz se livrou da toalha, uma onda escaldante me
invadiu, o meu corpo parecia uma fornalha de tão quente, o meu
pau não parava de se contrair e pulsar pela expectativa da sua
vagina apertada o engolindo por inteiro.
Deixei meus devaneios de lado e, antes que ela tivesse qualquer
reação, a peguei levando-a em direção a cama.
Aquele paraíso entre suas pernas parecia um verdadeiro parque de
diversão. Por mais tempo que passasse, não conseguia sair dele.
Sua boceta contraiu no meu pau me levando à perda dos sentidos.
Uma droga capaz de viciar qualquer homem de tão gostosa. Mas,
jamais vou me deixar levar por uma atração sexual. Depois de
satisfeito a deixei sozinha.
Luna Ysmit dará bons lucros ao The Brothel Empire, quando estiver
pronta.
Acordo em um sobressalto. Meu corpo estava banhado pelo suor,
algo dentro de mim estava agitado, me causando um enorme
desconforto. Levantei-me e fui em direção ao banheiro, porém, algo
me deixou intrigado. Era a mesma sensação que senti quando o
meu brinquedinho chegou aqui. Ignorando o desconforto que pairou
sobre mim, levantei e fui em direção ao banheiro, tomei o meu
banho, fiz minhas higienes pessoais e vesti minha roupa.
Nas horas seguintes, me concentrei em responder alguns e-mails.
E, quando chegou a hora de sair, deixei meus aposentos e segui
para o grande salão. Boris me avisou que Luna estava com Karen
no refeitório e não demorou muito para as duas surgirem no meu
campo de visão. Tratei de avisá-la para não sair do quarto até a
minha volta, deixamos o ambiente e seguimos em direção à
garagem.
No momento que o veículo entrou em movimento, a sensação
que vinha me perturbando desde quando acordei, parecia que tinha
duplicado. Do nada senti uma forte pontada em minha cabeça, no
mesmo instante que os meus demônios ficaram agitados. Parecia
que dentro de mim tinha fogos de artifícios e aquilo estava me
enlouquecendo. Por mais que eu tentasse, não conseguia controlá-
los. A sensação era como se tudo de ruim, se todos os demônios
que habitam nas trevas, acharam de se reunir dentro do meu corpo.
Nem o ar-condicionado do automóvel que estava numa temperatura
alta, aplacava o calor dos meus órgãos funcionando a todo vapor.
Olhei Boris que parecia desconfortável, visto que, enquanto ele
estava com frio, o suor estava a cair pelo meu rosto. Um barulho
infernal foi em cheio contra os meus tímpanos, era os gritos dela.
Mas como?
Fechei meus olhos e a imagem de quando a encontrei em meio ao
delírio em Belgrado surgiram em minha mente. Saí do estado
catatônico que me encontrava e antes de pegar o meu celular,
minha voz ecoou dentro do veículo.
— Simão! Vamos voltar para casa.
— O que está acontecendo, Dusan? — Boris perguntou.
— Tem algo de errado acontecendo.
Meus olhos ficaram fixos no celular em minhas mãos. Deslizei o
dedo buscando o aplicativo de monitoramento e quando meu dedo
tocou em cima do programa. Senti o ódio me incendiando ainda
mais por dentro e meus pulmões estavam em ebulição.
— Drogaaaaaa! Alguém invadiu todo o nosso sistema.
— Isso não pode ser possível!
Peguei o notebook que estava em cima do banco do automóvel.
— Seja quem for o infeliz, não sabe com quem está lidando.
Assim que a tela inicial do aparelho surgiu em minha frente, entrei
no sistema monitorado pelo micro chip “Olho de Deus”. Além de
mim, só Boris tem conhecimento do lugar em que ele estar
guardado e, nada mais seguro que a sala do desespero.
Graças à tecnologia que foi feita nas paredes, nem mesmo
eu conseguiria invadir o sistema se não fosse o criador. Depois de
alguns minutos, a imagem que vi em minha frente fez o meu
coração disparar violentamente, parecendo que ia pular para fora do
meu corpo. Meu sangue esquentou e todo o meu ser ficou em
chamas. Pela primeira vez em minha vida, senti um grande vazio
dentro de mim.
— Eu irei arrancar todos os órgãos internos desse infeliz com as
minhas próprias mãos.
Em questão de minutos já estávamos no bordel. Em passos largos,
caminhei em direção ao enorme corredor. A cada passo que dava,
tudo que vinha em minha mente era esmagar o coração do
desgraçado. Gritos de dor ecoaram como facas afiadas naquele
ambiente. Saí correndo em direção à porta.

O pânico tomou conta de mim e comecei a me debater e a


esperneava freneticamente.
— Não! Por favor, não... Nunca te fiz nada.
Seu rosto se contrai numa expressão em que se misturam raiva e
rancor. Das suas órbitas trevosas saem faíscas de ódio, parecia um
farol no oceano. A mão dele segurava firme o objeto cortante fixo
em minha pele.
— Além de vadia, você tem amnésia sua desgraçada. Por sua culpa
eu passei horas desacordado e tive o meu rosto marcado como se
fosse um animal. Mas, agora nada e nem mesmo o DEMÔNIO do
Dusan, vai me impedir de ter o meu pau dentro dessa boceta. Isso é
claro, antes de enviar você ao inferno.
Ele retirou adaga do meu rosto e foi deslizando pelo meu vestido.
Rapidamente, a lâmina cortante entrou em contato com o tecido o
fazendo se abrir, revelando os meus seios. Em seguida, deixando-
me somente de calcinha. Comecei a me debater de novo, porém,
um ruído terrível de dor e de medo escapou pela minha garganta
devido ao impacto da enorme mão dele contra a minha pele. Minha
bochecha estava latejando muito.
— Fica quieta ou vou te matar. Não terei problema algum em me
satisfazer com o seu corpo sem vida.
As lembranças daquele pesadelo surgiram novamente em minha
cabeça. Meu coração disparou. Sentia meus pulmões funcionando
aos espasmos.
Ele começou a explorar todo o meu corpo, fazendo uma trilha de
beijos pela minha barriga.
Agora tudo era real!
Respirei profundamente algumas vezes, pois meu peito queimava.
Precisava agir…
Quando senti suas mãos segurando firme a barra da minha
calcinha, não sei de onde tirei forças, mas não pensei duas vezes
em levantar um dos meus joelhos e atingir em cheio o meio das
pernas dele.
— Sua vagabunda, maldita!
Antes que cogitasse em me levantar. Ele que estava arfando como
um cão raivoso, avançou para cima de mim com a adaga em sua
mão. Subiu em cima de mim e em seguida levantou o objeto.
Em questão de segundos, movida pelo desespero, a minha única
reação foi mover o meu braço. Fiquei paralisada, imobilizada por
uma dor terrível. E, quando puxou o objeto da minha carne e o
levantou novamente, a minha única reação foi gritar
desesperadamente em meio à dor.
"Esse será o meu fim"
Capítulo 23

New York

A ssim que cheguei em frente a porta, a abrir bruscamente. A


imagem que vi na minha frente fez todo o meu corpo
estremecer como se tivesse levado uma descarga elétrica de 220W.
— Dessa vez eu não vou errar sua maldita.
Assim que ouvi suas palavras, me movi em uma velocidade que
mais parecia um raio e avancei para cima do infeliz, ao mesmo
tempo ele levantou sua mão, mas antes que atingisse seu alvo,
segurei firme em seu pulso.
Uma gama de sensações totalmente desconhecidas pairou sobre
mim ao ver o corpo de Luna envolvido pelo líquido vermelho, seus
olhos estavam fechados e suas pálpebras tremiam.
O ódio me dominou e naquele momento já não tinha mais domínio
sobre o meu corpo. Ao menos consegui controlar uma força
totalmente sobrenatural que se apoderou do meu ser e da minha
alma. Minha mandíbula contraiu, meus olhos ardiam como se
estivessem em chamas ao sentir o infeliz, que num movimento
rápido e preciso, conseguiu desferir um golpe certeiro com seu pé
em minha barriga. Isso foi tudo o que eu precisava para impedir que
conseguisse pegar a adaga que tinha caído no chão e avançar
novamente em cima dele.
Fechei minha mão em punho e com um soco que vinha de baixo
para cima, fiz com que o infeliz desse dois passos para trás com a
força do impacto. Minhas mãos se moviam freneticamente, como se
ganhassem vida própria deferindo uma sequência de golpes no
rosto do desgraçado.
Por uma fração de segundo, meus olhos se desviaram e ficaram
fixos no meu brinquedinho que estava desfalecida sobre a cama. Foi
nesse exato momento, que descobri a minha verdadeira força.
Dylan aproveitou da minha distração e acertou um golpe no meu
tórax com uma força que não achei que fosse capaz. Meu peito
chegou a queimar pelo golpe. Nessa hora, fechei novamente minha
mão e com um soco pesado e duro como aço, atingi seu peito, o
fazendo sair voando contra tudo que estava atrás dele, até que seu
corpo bateu na parede de aço e foi de encontro ao chão.
Em passos largos, caminhei em direção à cama. Não conseguia
entender o que estava acontecendo comigo. Nunca em toda a
minha vida havia me sentido dessa forma, mas, ao vê-la naquele
estado, era como se um buraco tivesse sido aberto no meu peito.
Inclinei-me sobre seu peito para verificar se ainda estava respirando
e constatei que sua respiração era fraca. Parecia não haver mais
salvação e quando a peguei em meus braços, uma sensação que
não consegui identificar passou pelo meu corpo. E, ao me virar, vi
Boris entrando no ambiente.
— Você já sabe o que deve fazer com esse infeliz. Mas, antes ligue
para Lauren. Ela ficará em meu quarto, já que em breve a parede
desse lugar, será manchada pelo sangue desse maldito.

Horas depois...
Agoniado! Essa é a palavra para descrever o que sinto agora. Luna
já está desacordada há quase uma hora. Ela perdeu muito sangue,
pois os ferimentos no braço foram muito profundos e precisou levar
pontos.
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz da mulher a
minha frente.
— Ela está fora de perigo, por pouco não perde os movimentos do
braço esquerdo. No entanto, vai precisar de muito repouso. Essa
menina embora seja muito forte, já passou por muita coisa. Se você
pretende mantê-la viva por um longo período, aconselho a deixá-la
restabelecer sua saúde.
Depois de passar algumas instruções, Lauren enfim pegou sua
maleta e caminhou em direção à porta. Assim que ela sumiu do meu
campo de visão, olhei para mulher em cima da cama. Seu rosto
estava pálido e seus lábios estavam completamente secos e
arroxeados. Dei uma última olhada nela. E, com um giro nos
calcanhares, caminhei em direção ao pequeno móvel que estava
num canto do quarto. Assim que abri gaveta, uma onda escaldante
atravessou a minha espinha, peguei o objeto e após colocá-la em
minhas mãos, segui em direção a porta.
"Chegou a hora de enviar aquele desgraçado ao inferno."
Minutos depois, na sala do desespero...
Estou parado em frente ao painel de monitoramento fixado na
parede externa da sala do desespero.
Inquieto... Agitado... Raivoso... Era assim que estava ao olhar o
monitor a minha frente e acompanhar cada movimento do infeliz.
Deixo meus devaneios de lado quando escuto um gemido ecoando
no ambiente. Observando cada movimento do maldito, vejo quando
se levanta do chão quente, completamente atordoado. Seus olhos
passeiam por todo o cômodo até que vão de encontro à porta que
está escancarada. O idiota logo esboça um sorriso e mal sabe que
os jogos acabaram de começar.
Das quatro paredes do cômodo, em duas foram fixados canos de
metais. Dylan se move e após dar alguns passos, meu dedo
indicador desliza em direção ao botão amarelo e assim que o
desgraçado fica na direção dos canos, libero o vapor fazendo com
que os gritos comecem a ecoar por todo ambiente.
E, isso é música para meus ouvidos.
Dylan entra em desespero e tenta correr. Mas, isso só me faz
aumentar a passagem de ar para o limite máximo, fazendo com que
o vapor penetre em sua pele. Quando enfim o desgraçado consegue
passar pelos canos, olho o monitor e constato que, exceto pelo seu
rosto, que foi protegido pelos seus membros superiores, 80% do seu
corpo estava em carne viva. O infeliz que estava petrificado
segundos atrás, deu alguns passos em direção a porta.
Rapidamente movimentei minhas mãos, que estão cobertas pelas
luvas de couro com garras de metal para que as mesmas se
ajustassem e adentrei o ambiente. Assim que entrei na sala, seus
olhos estavam em chamas de ódio. Minha voz ecoou nos quatros
cantos do cômodo.
— Acha mesmo que um idiota como você pode me enganar?
Pensou que uma merdinha como você sairia vivo ao tocar no que é
meu? Eu sou Dusan Borislav, nada e nem ninguém que cruza o meu
caminho fica vivo. No entanto, não tem capacidade de ter planejado
tudo isso sozinho. Então, podemos acabar rapidamente com isso se
colaborar ou faremos do meu jeito.
— Eu não vou falar nada. Você é um maldito desgraçado, um
bastardo que nem conhece a sua verdadeira história. Sempre te
odiei, só lamento por não ter entregado a sua cabeça a Adônis
quando tive a oportunidade. Mas a sua hora vai chegar, bem como
daquele projeto de prostituta que logo será enviada ao inferno.
Raiva! Ódio!
Meu sangue esquentou me causando um desconforto terrível,
minhas veias latejaram de tão inchadas. Avancei para cima do
infeliz que, mesmo possuído pela dor, ainda tentou me acertar.
Entretanto, assim que desferi o primeiro golpe, jorros contínuos de
sangue começaram a sair do seu rosto. Gritos de agonia ecoaram
pelo ambiente, ele ainda tentou desferir um soco em meu rosto. O
segundo golpe que dei, foi em direção a sua barriga, rasgando a sua
carne e seus gritos acalmaram meus demônios. Lentamente fui
deslizando a minha mão e as lâminas de aço que estavam fixadas
em sua carne, foram rasgando toda a extensão da sua barriga. A
imagem que surgiu em minha frente despertou uma sensação
inexplicável.
Ver o coração dele pulsando, seus pulmões bobeando, seus órgãos
internos funcionando a todo vapor, me deixou elétrico e sem hesitar,
levei minha mão ao encontro do seu coração. Enquanto a outra mão
segurava firme um dos seus pulmões.
Uma onda de eletricidade atravessou o meu corpo. Conseguia sentir
cada batimento do coração do infeliz. Dylan se contorceu assim que
intensifiquei o toque em seu pulmão. E, olhando fixamente para o
infeliz, fechei as mãos. As lâminas de aço penetraram em seus
órgãos, os esmagando e cortando-os em dezenas de pedaços.
Nunca gostei de rodeios e não seria por uma informação que
deixaria esse infeliz novamente vivo. Movi-me em direção a porta,
apertei o botão do painel e as paredes da sala começaram a se
mover. O corpo desse rato, assim como seus órgãos internos, deve
ser estraçalhado.
Deixei o ambiente com um pensamento unicamente.
“Adônis, ou seja lá quem for que estiver por trás de tudo isso.
Ninguém além de mim, tocará no meu brinquedinho. Antes disso
acontecer, farei com que o inferno se torne o próprio paraíso,
comparado com que os aguarda”.
Capítulo 24

New York

A ntes de ir acabar com a vida do desgraçado. Mesmo não me


agradando de a vadia colocar suas patas imundas no meu
quarto, deixei-a cuidando do meu brinquedinho.
Quando adentrei a minha suíte, Karen estava colocando uma nova
bolsa de soro intravenoso no suporte encostado na parede. Luna
ainda estava desacordada, sua aparência era bem melhor. Mas,
ainda estava recebendo soro na veia para mantê-la hidratada.
Andei em passos rápidos e largos rumo ao banheiro. Minutos
depois, de banho já tomado e arrumado, deixo meus aposentos e
vou em direção ao corredor que dava acesso ao meu escritório.
Carecia de resolver alguns assuntos com Boris e checar se tudo
estava pronto para dar início ao expediente. Assim que cheguei ao
escritório, ele já estava me aguardando.
Alguns minutos se passaram, tive que assinar alguns documentos e
no momento que comuniquei que ele teria que assumir o comando e
inspecionar todo o movimento da noite, sua expressão logo mudou.
Mesmo se mantendo calado, sabia que algo estava atormentando-o.
Tratei logo de questioná-lo.
— Já te conheço como a palma da minha mão para saber que tem
algo a dizer. Então diga!
— Luna! Desde que essa garota entrou em sua vida, você está
direcionando a maior parte da sua atenção a tudo que diz respeito a
ela. Resolveu treiná-la pessoalmente e a sua reação de horas atrás,
me fez cogitar que essa garota está ganhando um espaço em sua
vida que antes só era preenchido pelos assuntos da nossa
organização. Dusan, um calcanhar de Aquiles será um prato cheio
para os teus inimigos.
As palavras dele ecoam em minha cabeça, se repetindo como um
mantra. Meus olhos arderam num ódio fulminante. Meus dentes
rangeram e meu maxilar travou de forma que os músculos se
contraíram nas laterais da bochecha. Tomado de uma fúria
incontrolável, meus punhos se fecharam desferindo um golpe contra
a mesa. Fazendo com que tudo que estava em cima caísse no
chão. Levanto o olhar em direção ao homem a minha frente.
— Jamais volte a dizer tamanha asneira. Isso jamais vai acontecer.
Se tiver que matá-la para manter intacto tudo que construí, não
hesitarei. Contudo, ela é minha propriedade e terá que me pagar por
todo o prejuízo que tive, graças ao infeliz que tem como pai. Luna
dará a nossa organização um lucro muito maior do que qualquer
outra foi capaz, assim que estiver pronta, será feito um leilão para
apresentá-la a sua nova vida, que só chegará ao fim com sua morte.
Boris manteve-se calado, me levantei e andei em direção à porta.
Quando cheguei ao meu quarto, ela ainda estava dormindo. Karen
me informou que ela havia acordado pedindo água, mas minutos
depois voltou a dormir devido aos remédios que foram aplicados
pela Lauren para mantê-la sedada e assim não sentiria dor.
Dei ordens para que se retirasse e assim que a vadia sumiu do meu
campo de visão, minha atenção se voltou para mulher em cima da
minha cama e foi nesse instante que o choque da realidade pairou
sobre mim.
Não! Não! Nem que passe a noite toda naquela poltrona, jamais irei
dormir ao lado de alguém, muito menos dela. Meus olhos ficaram
fixos na poltrona ao lado e em questão de segundos já estava
acomodado. Minha cabeça estava a mil. Vários pensamentos se
fizeram presentes. Fechei meus olhos e as últimas palavras daquele
maldito ecoaram em minha cabeça.
Por qual razão Dylan falou sobre o meu passado? Pela firmeza com
que ele proferiu aquelas palavras, era como se soubesse de algo. E,
seja o que for, irei descobrir, nem que para isso eu tenha que ir até o
inferno.
Na manhã seguinte...

— Por favor, me deixe em paz. Não... Não... Nãooooooo...


— Luna! Luna! Acorda!
Meus olhos se abriram diante daquela ordem. Sua voz é aflita e me
arranca das profundezas do meu desespero. Minhas pálpebras
estavam trêmulas, assim como todo o meu corpo. Meus cabelos
negros estavam úmidos de suor e brilhando como relva no orvalho
da manhã.
Desorientada, olhei em volta do lugar e um forte frio atravessou
minha espinha. Aos poucos comecei a sair do transe. Afastando a
escuridão, o medo e o terror das lembranças, consegui voltar ao
presente. Lágrimas transbordaram pelo meu rosto.
— Eu estou aqui.
Virei à cabeça e ela continuava me encarando, sua expressão
demostrava preocupação.
— Você não precisa se preocupar, aquele infeliz nunca mais voltará
a te incomodar. Eu não sei ao certo o que aconteceu, mas você
precisava ver como o chefe ficou possuído, fazendo jus ao título que
todas nós sempre demos a ele — ao ver meu estado de confusão,
ela novamente voltou a falar. — O chefe pode ter a aparência de um
humano, porém, dentro daquele homem habita o próprio lúcifer.
Soube que arrancou o coração daquele desgraçado com as próprias
mãos. Lindo como um anjo e cruel como o demônio.
Embora, tenha plena consciência do quanto Dusan é maligno, ao
saber que ele acabou com aquele homem, trouxe um alívio ao meu
coração e uma pequena esperança se ascendeu.
Sei que não devemos fazer justiça com as próprias mãos, não cabe
a nós decidir o destino de ninguém. No entanto, nossas ações
sempre terão uma reação.
— Luna!
Deixo meus pensamentos de lado ao escutar meu nome.
— Sei que você sofreu muito. E, talvez isso ficará para sempre em
suas lembranças, porém, todo o mal que aquele infeliz causou, nos
trouxe algo de bom. Dizem que coisas ruins acontecem para dar
lugar a coisas boas. Hoje acredito nisso, pois você terá tempo
suficiente para se preparar para próxima fase do treinamento.
Tentei me mexer, mas um ruído terrível de dor escapou dos meus
lábios. Ao tocar no meu braço machucado, uma pontada de dor
passou por todo meu corpo.
— Por favor, não se mexa...
— Estou com sede.
Ela caminhou até um móvel num canto do quarto e segundos
depois, voltou com um copo e um canudo. Karen colocou o objeto
próximo a minha boca. Com dificuldade fui ingerindo o líquido,
quando me dei por satisfeita, fiquei pensando em suas palavras.
“Darei tudo de mim, mas dessa vez, nada que o demônio fizer vai
me impedir de chegar à vitória!”

Alguns dias depois...


Os dias passaram-se voando e transformaram-se em semanas.
Desde o dia que acordei no quarto daquele monstro, fiquei tão
atordoada, que mesmo a Karen tentando me impedir, me levantei e
voltei para o meu quarto.
Ao adentrar o ambiente, dei de cara com ele, que por pouco não me
bateu. A fúria que estava contida e bem visível em seu rosto era
tanta que me fez tremer, sua mão enorme estava fechada e prestes
a entrar em ação. Mas, ao invés da violência a qual estou
acostumada, Dusan não perdeu tempo em me atormentar, dizendo
que logo daria início ao treinamento.
Pânico! Medo!
Um misto de sensações apoderou-se de todo o meu ser. Uma
corrida contra o tempo foi iniciada, acabei estabelecendo uma rotina
satisfatória. Mesmo estando em recuperação, aproveitei cada
minuto para aprender a alcançar um estado de paz. Integrar a minha
mente, corpo e espírito como um todo.
O primeiro passo engloba o olhar e a respiração. Já tinha uma
vantagem, pois, aprendi a controlar a minha respiração. Faltava
trabalhar o olhar, já que "os olhos têm um poder sexual forte" e foi
um dos fatores que me fez fracassar. Passei dias me concentrando
nisso e acredito que finalmente consegui.
O segundo passo é a audição. Que é trabalhada por meio de
palavras e transmissão de sentimentos do orgasmo na forma
linguística. Esse foi um dos pontos mais fáceis de alcançar.
O terceiro, "o olfato", também vem sendo a minha perdição. O
cheiro daquele infeliz me causa sensações que não consigo
controlar. Mas, graças à ajuda da Karen, que roubou um pouco do
perfume de Boris, que era o mesmo do Dusan, passei alguns dias
me familiarizando com esse odor traiçoeiro. Depois de vários dias
de luta, concentração e muita dor em meu braço devido não estar
repousando direito, chegou à vez dele "o tato" que, através do
toque, é o responsável por provocar uma mudança no corpo todo.
Os principais alvos são os mamilos e o lugar que se tornou a minha
perdição, "o clitóris". O maldito possui 12 mil fibras nervosas
entrelaçadas e é muito sensível.
E o demônio, com sua língua habilidosa, não só me levou a loucura,
como a minha quase a morte. Nunca tinha feito isso, porém, a Karen
disse que quando fosse tomar banho, deveria me tocar nessa
região, massageando. E, só assim, conseguiria conhecer o meu
corpo e encontrar uma forma certa para me controlar.
Passei uma semana fazendo isso. Meu dedo já estava dormente e
meu clitóris, coitado, já estava muito sensível. Quando fui me tocar
tudo que senti foi uma dor intensa de tão dolorido que estava.
Cansada! Não estava conseguindo dormir. Esses dias devido à
tamanha angústia de saber que, a qualquer momento ele pode
entrar por aquela porta, fiquei perdida em meus pensamentos e
minhas pálpebras pesaram e fui vencida pelo cansaço.

Horas depois...
— Hum...
Acordo sobressaltada. Mesmo que o quarto esteja frio, sinto que
todo o meu corpo está em chamas. Uma sensação deliciosa e
dolorida estava invadindo meu corpo. Atordoada, abri meus olhos e
assim que eles ficam fixos na imagem a minha frente, fiquei
completamente petrificada.
Ele estava com o rosto enfiado no meio das minhas pernas. E, ao
levantar a cabeça, esboçou um sorriso cínico em sua face e foi logo
dizendo:
— Daremos início à segunda fase do treinamento. Para o seu bem,
brinquedinho, é melhor que as reações que desperto em seu corpo
não seja maior que desejo de manter sua família viva.
Capítulo 25

New York

C omo num piscar de olhos, os dias passaram-se voando. Tive


que me dedicar ao máximo aos assuntos da nossa
organização. E, especialmente, investigar a fundo o que aquele
maldito quis dizer antes de morrer.
Desvio minha atenção do aparelho a minha frente e ao fechar os
meus olhos, as lembranças dos últimos dias invadem a minha
mente.
Eu estava inquieto e intrigado com as últimas palavras do infeliz,
que não parava de ecoar na minha cabeça como um mantra. Passei
tanto tempo com aquilo em meus pensamentos, que acabei
dormindo vencido pelo cansaço. Quando acordei, meu corpo todo
estava dolorido. Aquela maldita poltrona, que embora luxuosa e
parecia ser tão confortável, tem me deixado totalmente quebrado.
Atordoado, me levantei. Suspirei pesadamente assim que meus
olhos foram de encontro à mulher a minha frente. Ela dormia
profundamente, esparramada na minha cama confortavelmente,
enquanto eu passei a noite toda, torto e apertado em uma bendita
poltrona. Mas não posso culpá-la por isso, afinal fui eu quem a
trouxe para vir se recuperar em meu quarto, até hoje não sei por
que fiz isso.
Por hora irei levar em consideração aquilo que Lauren falou. Mas,
assim que ela estiver recuperada, iremos retomar o treinamento. Ao
contrário do que Boris pensa, ela jamais terá alguma importância na
minha vida além do lucro que pretendo obter com o seu corpo. Isso
se essa infeliz conseguir passar pelo treinamento, caso contrário,
após a sua morte, já tenho uma substituta em mente.
Em passos largos andei até o banheiro, minutos depois, de banho já
tomado e arrumado. Deixei minha suíte e fui em direção ao meu
escritório checar o orçamento da noite anterior. Quando voltei ao
meu quarto, quase perdi a cabeça com a atrevida, que levantou por
sua conta e voltou para seu quarto. A deixei sob os cuidados de
Karen depois de avisá-la que logo daríamos início ao seu
treinamento.
Meu foco agora está em descobrir se tinha alguma coisa por trás
das palavras daquele desgraçado. Tudo que sabia do meu
nascimento, me foi dito pelos conselheiros. Desde o dia que
completei dois anos, me contavam todos os dias a mesma história
de quem foi a infeliz que me deu a vida e por qual motivo fui o
escolhido para ser o novo chefe. Questionei Boris sobre o que o
maldito disse antes de morrer, ele me contou que quando veio da
Austrália e, ao ser escolhido para ser meu mentor, tudo que lhe foi
repassado era a mesma história que os conselheiros havia contato
para mim.
Intrigado, entrei em contato com alguém que sabia perfeitamente
que era capaz de manter a discrição e ir até Belgrado para
investigar tudo sobre o passado dos meus verdadeiros pais. Não
que isso faça alguma diferença em minha vida. Entretanto, o tio do
infeliz do Dylan, que morreu alguns anos atrás, também era um dos
membros mais antigos do conselho. O que me leva a cogitar que
possa ter dito algo a ele antes de morrer.
Minha cabeça estava a mil. Durante esses dias tive que resolver
vários problemas, que surgiram com novos carregamentos, tanto de
droga como das mulheres que estávamos enviando para Austrália.
Os dias se passaram e com eles não tive tempo para brincar com o
meu brinquedinho. Porém, duas coisas após os dias exaustivos a
que vinha tendo me deixavam relaxado. Uma era as imagens que
vinham da sala da luxúria, que me deixava em puro êxtase ao me
deliciar com as cenas a minha frente e, a outra eram as imagens
que vinham do quarto de Luna.
A infeliz continuava dia após dia praticando aquilo que chama de
Yoga, como se isso fosse adiantar alguma coisa. Nem mesmo as
vadias que passam meses e até anos em treinamento, quando vão
para o teste final comigo conseguem controlar o orgasmo, imagina
uma ninfeta totalmente inexperiente como ela.
Deixo os meus pensamentos de lado, e, ao abrir os meus olhos,
eles vão de encontro a imagem da tela do meu notebook. Assim
como o meu brinquedinho, a sua irmã é dona de uma beleza
estonteante. Alguns minutos depois. Fecho o meu notebook e me
levanto da minha poltrona favorita. Com um único pensamento em
minha mente, caminho em direção à porta.
"Um raio jamais cai duas vezes no mesmo lugar. Luna não será
diferente das outras que não resistiram e chegaram ao fracasso ao
estarem comigo. Hoje irei me deliciar do seu belo corpo, pois tenho
certeza que será sua última noite viva".

Petrificada. Sentia meu coração bater próximo à minha garganta,


parecia que queria saltar do meu peito e minha respiração estava
descompassada. Eu não sei em que momento esse demônio havia
retirando a minha roupa, me deixando totalmente nua.
Dusan esboçou um sorriso cínico. E, em seguida abaixou sua
cabeça a movendo em direção as minhas pernas. Começou a beijar
minhas coxas, fazendo uma trilha de beijos até chegar ao centro da
minha intimidade. Fez uma pequena pausa e seu hálito quente
contra o meu sexo me deu calafrios. Respiro fundo e tento me
concentrar. Porém, ele me toca de uma forma totalmente diferente,
fazendo com que perca todo o meu autocontrole. Ele que até então
estava imóvel, logo entrou em ação com sua língua aveludada.
Afastando os grandes lábios da minha boceta quente, foi sugando-a
lentamente. Sua língua acariciava ritmicamente toda a protuberância
endurecida de nervos, fazendo-me querer fechar minhas pernas,
mas não permitiu e continuou chupando meu sexo
desesperadamente, me proporcionando uma sensação que era uma
mistura de dor e prazer.
Ele começou a lamber as dobras da minha vagina e devagarinho
introduziu a língua dentro da minha fenda apertada. Ali começou a
brincar com a ponta da sua língua, que mais parecia uma hélice de
tanta velocidade e habilidade e fazia meu corpo estremecer.
— Molhadinha e pronta para mim.
Afastou sua cabeça para longe da minha intimidade, depois, seus
dedos ágeis começaram a massagear a entrada da minha boceta,
como se a estivesse preparado para invasão. Ele nunca tinha me
tocado dessa maneira, comecei a sentir coisas que não queria sentir
e sensações novas surgiram e com elas uma onda escaldante que
fez minha intimidade se contrair.
Dusan deslizou dois dedos grossos para dentro da minha boceta,
tirando-os e levando-os até sua boca, sugou e lambeu-os antes de
voltar a entrar novamente para dentro de mim, aumentando o misto
de sensações. Nesse momento, uma onda quente apoderou-se de
todo o meu ser. Ele introduziu de novo seus dedos em minha boceta
e começou a movê-los em um movimento de vaivém delicioso.
Quente e muito quente, minha vagina estava latejando. Para
aumentar o meu tormento, o demônio retirou os seus dedos e
começou a beijar toda a longa extensão do meu corpo, fazendo uma
trilha de beijos até fazer uma breve parada nos meus seios. Sua
língua girou em meu mamilo, me causando um arrepio, mordiscou
com os dentes e o sugando com vontade. Meu peito cresceu e ficou
tenso ao seu toque. Pegando meu outro seio, apertou o mamilo
dolorido, provando-o com um movimento de sua língua. Com uma
das mãos, colocou o seu pau bem próximo a minha entrada,
fazendo-me soltar um gemido rouco. Dusan esfrega seu pênis na
minha boceta, permitindo que sinta o calor do seu membro ereto,
provocando-me, em seguida desliza o seu pau grosso e guloso para
dentro do meu sexo latejante.
Ele beija os meus seios, indo em direção ao meu pescoço. Seu
corpo desliza provocantemente em cima do meu, me esmagando,
enquanto começa a se mexer freneticamente, me penetrando com
mais intensidade.
A minha vagina aperta a cabeça robusta do seu membro, como
resposta, ele acelerou o ritmo. O calor escaldante do meu interior
atravessou o seu cacete. E, começou a sussurrar palavras que
jamais esperei ouvir.
— Gostosa. O seu corpo me pertence assim como a sua vida.
Goze para o seu dono, baby.
Gemidos altos saiam dentre seus lábios, parecendo estar à beira do
abismo e foi tudo que estava esperando. Fechei os meus olhos
respirei profundamente e me concentrei. Tudo que vinha em minha
mente era nada. Parecendo que o meu corpo estava ali, porém, a
minha alma o tinha deixado.
Dusan retirou o seu pênis de dentro de mim e em seguida o meteu
de volta, enterrando até o meu ponto mais profundo. Ao ver minha
reação, sua mão deslizou até o meu clitóris e começou a fazer
movimentos circulares em volta dele. No entanto, parecia que meu
corpo todo tinha ficado dormente.
Seu pênis inchou ainda mais dentro de mim e pulsava como nunca.
Suas órbitas negras estavam soltando faíscas de ódio. Entretanto,
um urro gutural saiu rasgando sua garganta assim que seu esperma
começou a jorrar. Numa tentativa desesperada de aliviar a pressão
em seus testículos.
Ofegante! Petrificado! Atordoado! E com um ódio descomunal, era
desse jeito que o todo poderoso se encontrava.
O silêncio se fez presente no ambiente e o choque da realidade
pairou sobre mim. Contudo, ao contrário do homem que se levantou
em um pulo, eu estava eufórica.
Assim que meu corpo ficou livre do peso enorme do seu corpo em
cima do meu. E, ao ver seu membro animalesco sem vida, eu não
me aguentei e institivamente me levantei. Sem que eu pudesse
controlar, já estava igual uma louca fazendo a minha dancinha da
vitória. Deixando meus braços esticados e os sacudindo. Rolei meus
ombros algumas vezes e comecei puxando o braço direito até o
ombro esquerdo sem parar de rebolar. Fiz o mesmo com o braço
esquerdo colocando-o no ombro direito e, em seguida fui deslizando
minhas mãos por todo o meu corpo. Uma risada emergiu da minha
garganta, e eu ergui os braços em sinal de vitória, finalizando com o
meu gritinho de guerra.
— Luna dois, Dusan zero.
Dusan se moveu em direção à porta e a abriu, porém, antes de
deixar o ambiente sua voz se fez presente no cômodo, fazendo toda
a alegria que estava sentindo segundos atrás ser substituída pelo
medo.
— Comemore bastante brinquedinho. Em breve você vai participar
de um sexo compartilhado comigo e quero ver se segurar.
Virei-me em sua direção totalmente horrorizada.
“O que ele quis dizer com isso? Será que ele vai me compartilhar
com outros homens?”
Capítulo 26

New York

Ódio! Meu corpo todo está em chamas. Um nó gigantesco se


formou em minha garganta, minha respiração ficou pesada e meus
pulmões agitados, parecendo que a qualquer momento não
aguentariam mais e iriam explodir.
Quente, muito quente. A temperatura do meu corpo estava tão alta,
que se me encostasse a alguém, certamente iriam se queimar.
Não conseguia assimilar o que tinha acontecido, uma ninfeta como
ela tinha feito o que nenhuma outra foi capaz. Um raio pode até não
cair duas vezes no mesmo lugar. Mas Luna Ysmit, por duas vezes
esteve à beira da derrota e da sua morte, porém, ressurgiu como
uma fênix, das profundezas do seu tormento, da sua agonia e foi
rumo à vitória.
Meu pau, bem como meus demônios, não tinha nenhuma reação,
totalmente saciados. Até o momento que a mulher a minha frente
pulou feito uma louca da cama e começou a fazer aquela dancinha
ridícula, que em outro momento teria feito com que eu a enviasse ao
inferno. No entanto, ver aquela bundinha rebolando, somente me fez
pensar na última fase do seu treinamento, quando meu pau estiver
todo dentro dela.
Seus lábios se moveram, e, ela que estava eufórica, pulando e
zombado como seu eu estivesse fracassado, falou aquele placar
que só existe em sua mente. Pois, o certo não é Luna dois e Dusan
zero, mas sim Luna zero e Dusan dois, por que a cada etapa de
treinamento concluído com louvor, demostra que o relógio está
em contagem regressiva.
Sendo assim a hora dela ser leiloada e começar a dar lucros, está
se aproximando. E, isso mostra o quanto sou bom em treinar o
corpo de uma mulher para proporcionar prazer a um homem,
transformando-a em uma verdadeira prostituta. Ao ver o sorriso
largo em sua face, a raiva me dominou e era chegada a hora de dar
a notícia que sabia que acabaria com toda a sua felicidade.
— Comemore brinquedinho, que em breve você vai participar de um
sexo compartilhado comigo e quero ver se consegue se segurar.
Meu corpo todo vibrou por dentro ao ver o medo em suas órbitas
azuis, que mais pareciam duas safiras gigantescas, tamanho era o
seu desespero. Fechei a porta e em passos rápidos e segui em
direção ao corredor que dava acesso a minha suíte. Quando entrei
no ambiente, me lembrei que havia deixado a minha roupa no
quarto da infeliz. Andei em direção ao banheiro e, em seguida fui até
o box. De banho já tomado, saí do box e coloquei o meu roupão,
logo após caminhei em direção ao meu quarto.
Boris ficou encarregado de controlar tudo essa noite. Então, irei
aproveitar para descansar um pouco. E, daqui a dois dias farei o
teste para ver se o meu brinquedinho realmente está pronta para
seguir para a última fase do seu treinamento.
Em breve chegará o momento de apresentá-la a sua nova vida.
Porém, vou deixá-la pensar até o último momento que assim como
as outras, ela fará o teste na sala da luxúria. Algo que pode
acontecer no futuro, entretanto, enquanto estiver em seu
treinamento, não irei aceitar que nenhum outro toque nela. Até
porque desejo obter o maior lance já dado em um leilão por algumas
horas com uma vadia.
O pânico tomou conta de mim, um nó se formou em minha
garganta. Meu coração disparou e não conseguia respirar direito,
parecendo que minhas narinas estavam bloqueadas. Meu peito
queimava em meio à dor causada pelo meu desespero. Minhas
pernas ficaram pesadas mal conseguia me manter em pé.
Desorientada, me virei em direção a porta do banheiro e fui
praticamente me arrastando em direção ao cômodo. Até que,
minhas pernas perderam o equilíbrio e o impacto contra o chão me
tirou do transe em que eu estava. Um grito alto saiu rasgando a
minha garganta, desfazendo o nó que havia se formado minutos
atrás.
Respirei fundo e me levantei. As palavras dele ecoavam em minha
cabeça, fazendo meu estômago embrulhar.
Andei em passadas firmes e decididos até chegar ao vaso.
Ajoelhada, comecei a vomitar até esvaziar o meu estômago. Dei a
descarga e fiquei de pé. Fui até a pia escovar os dentes, após
enxugar a minha boca e guardar a minha escova, caminhei para
dentro do box em seguida liguei o chuveiro. Entrei debaixo do jato
quente de água soltando um gemido assim que a água morna
entrou em contato com a minha vagina. Fiquei no chuveiro um
tempão e, mesmo tentando segurar a vontade de chorar, não
consegui, era mais forte do que eu. Então desabei em lágrimas.
Até agora busquei forças de onde não tinha. Fiz coisas que jamais
cogitei na vida, mas não irei suportar, se tiver que ser tocada por
vários outros, além desse demônio que se tornou o meu algoz. Não
sei quanto tempo havia ficado perdida em meus pensamentos.
Quando voltei para o quarto, tudo que fiz foi me deitar, entre soluços
acabei caindo na escuridão do esquecimento.
Passava um pouco das sete da manhã quando saí do banheiro.
Estava acordada fazia algum tempo, pois acordei em um
sobressalto quando me lembrei das palavras daquele monstro.
Caminhei em direção a minha cama e assim que me sentei nela,
escutei várias batidas na porta e a voz da Karen me chamando.
— Luna você estar aí? — havia desespero no seu tom de voz.
— Pode entrar — em questão de segundos ela surgiu no meu
campo de visão.
— Bom dia Lú — ela tinha uma expressão de alívio e um largo
sorriso em seu rosto. Certamente por constatar que havia
conseguido.
— Bom dia Kah — falei com a voz já chorosa.
Ela logo tratou de acabar com a distância que nos separava e
sentou ao meu lado.
— Pensei que você estaria pulando igual pipoca — nem mesmo ela
com seu jeito de ver o lado bom das coisas não seria capaz de me
fazer sorrir, pois o pânico estava me dominando.
— Eu estou feliz, porque a vitória significa que Dusan ficará longe
da minha família. Porém, ontem após eu ter feito a minha dancinha
da vitória... — um grito alto ecoou no cômodo me interrompendo.
— Nãooo! Parou tudo. Amiga você teve coragem de fazer isso?
Muitas já perderam suas vidas por muito menos. O chefe só pode
estar gostando de você.
— Gosta tanto que antes de deixar o quarto disse que em breve iria
participar com ele de um sexo compartilhado — notei que ela logo
ficou tensa. — Você sabia que mesmo depois da vitória isso iria
acontecer?
— Sinto muito por não ter te contado. Mas, como o chefe está te
treinando, eu pensei que com você seria diferente. Todas, inclusive
eu, passei pela sala da luxúria. Porém, o que foi um tormento para
todas que ali estiveram, para mim foi a única coisa boa que
aconteceu em minha vida nesse lugar, até conhecer você. Tive
muita sorte quando fui enviada para aquela sala com outra menina,
e, o homem que estava lá era o Boris. Depois de tudo que passei,
nunca cheguei a pensar que pudesse ficar atraída por alguém. E, foi
graças aquele dia e, ele como braço direito do chefe, acabou me
tornando sua exclusiva. Por essa razão, fui à única que não fiz o
teste final com o chefe.
— Eu deveria ter arrancando boa parte do pênis dele quando tive a
chance. Como me arrependo de não ter mordido direito.
O ambiente logo foi preenchido pela gargalhada da Karen, que
parecia não ter fim. Também não me aguentei e comecei a sorrir.
— Você é mesmo do babado, pelo que ouvi as meninas dizerem, ele
tem três pernas. Nem sei como você aguentou tudo aquilo, ainda
mais dentro da sua boca.
— Estava apavorada depois que aquele infeliz me estuprou. E,
quando estava tomando banho, ele apareceu dentro do box
totalmente nu dizendo para eu o chupar. A raiva me dominou.
Quando me agachei e vi aquela tora de madeira na minha frente,
não pensei duas vezes e trinquei os dentes. Mas se soubesse que
meu sofrimento estava só começando, tinha tirado uma boa parte.
Assim aquele infeliz ainda estaria se recuperando e não teria que
passar por tudo isso.
— Mas você pode ter sorte se ele escolher uma das meninas para
participar com vocês. O pior será se for outro homem.
— Eu não sei o que ele vai fazer. Entretanto, posso te garantir que
nem que morra dentro daquela sala. Nenhum outro homem vai
encostar-se a mim.
— Vamos
Em passos vacilantes comecei a me mover. A cada passo que dava,
sentia que meus batimentos estavam ficando cada vez mais
intensos. Minha respiração tornou-se escassa e depois de minutos
que pareciam horas, Karen seguiu em direção ao corredor que dava
acesso ao grande salão. Detive-me em frente à porta branca e
luxuosa do lugar, que foi o cenário onde o monstro roubou a minha
pureza e começou o meu tormento ao cair em suas garras
diabólicas. Suspirei silenciosamente e bati na porta. Surpreendente.
logo se abriu revelando o próprio diabo. Contudo, sua aparência era
do mais belo anjo criado pelo homem.
Seus cabelos negros brilhavam com uma intensidade que não tinha
visto antes, estava vestido casualmente de calças jeans e camisa
branca, que realçou ainda mais seu corpo musculoso. Meus
pensamentos foram interrompidos ao ouvir sua voz grave ecoando
no ambiente.
— Entre.
Minhas pernas estavam bambas, mas eu me mantive firme. Dei
algumas passadas adentrando o cômodo. Assim que a porta atrás
de mim se fechou, novamente ele voltou a falar.
— Vamos ver se você está pronta para seguir para última fase.
Meu corpo todo estremeceu, algumas lágrimas se formaram,
todavia, não daria esse gostinho de chorar em sua frente. A única
certeza que tinha, é que hoje dentro da tal sala da luxúria, Dusan vai
conhecer uma Luna que ele mesmo criou.
— Está pronta brinquedinho? — seu tom de voz era cheio de
deboche, mas eu não vou cair no seu joguinho.
— Se dará a você prazer em ver outro homem fazendo o que você
já fez comigo. Então, é melhor deixar de rodeios e irmos logo —
murmuro com firmeza.
Por uma fração de segundo parecia que tinha visto raiva em seu
olhar. Porém, logo voltou com seu sorriso cínico e caminhou em
minha direção, certamente para me levar para a tal sala. Quando
ficou a centímetros de distância, sua mão se moveu segurando
firme o meu braço. Em seguida me levou em direção a uma parede,
fiquei desnorteada, pois achei que íamos sair do quarto. Um
turbilhão de pensamentos se fizeram presentes.
Será que assim como o meu quarto que tem uma parede interligada
para aquela sala diabólica. Ele também vai mover essa e vamos
entrar na sala da luxúria?
Antes que cogitasse ter qualquer outro pensamento, a cortina que
até então escondia a parede, foi se afastando lentamente. Assim
que chegou ao seu limite, fiquei horrorizada com a imagem a minha
frente.
— Bem-vinda a sala da luxúria. O lugar onde tudo é possível entre
quatro paredes.
Assim como pensei, a maldita parede dava acesso à sala. Porém,
um vidro enorme nos impedia de entrar no lugar. No entanto, a cena
a minha frente me deixou estarrecida. Estava confusa, ele disse que
eu ia participar de um sexo compartilhado com ele. Será que ele vai
fazer a parede se mover? Eu já estava cansada desse jogo dele
ficar me torturando, criei coragem e resolvi questionar.
— Você disse que iria participar de um sexo compartilhado com
você. Por que todo esse joguinho, já não basta tudo que já fez
comigo?
Sua risada diabólica ecoou no cômodo e, segundos depois se
recompôs e disse.
— Brinquedinho, tão atrevida, porém, às vezes é ingênua. Disse que
iria participar de um sexo compartilhado. Mas, não falei que seria de
formar direta ou indireta. A sala da luxúria é utilizada para praticar o
voyeurismo; Todos que estão dentro dela sabem que estão sendo
observados, tanto por mim, quanto por alguns clientes que estão em
outro local; Contudo, não se preocupe que logo você estará fazendo
a mesma coisa que elas, porém, enquanto não acabar o seu
treinamento, o único a tocar no seu corpo, será eu.
Ele se afastou e me deixou próxima à parede de vidro. Enquanto um
homem estava chicoteando uma mulher, que estava presa em uma
cruz e parecia que estar gostando daquilo, um trio que estava do
outro lado da sala, parecia não se incomodar com o barulho
causado pelo chicote. Pois, havia dois homens em pé, enquanto a
mulher estava de joelhos com os dois pênis, grossos, enormes e
duros como aço em suas mãos. Ela revezava entre chupadas e
lambidas entre os dois membros. Um deles colocou toda longa
extensão do seu pau na boca dela e segurou firme em seus
cabelos, fazendo-a engolir tudo e não se afastar um segundo. No
mesmo momento, outro a estocava sem parar. Dava para ver o
membro do homem batendo em sua garganta.
Saio do estado catatônico que me encontro quando Dusan voltou a
falar.
— Tire sua roupa.
— Como? Você disse que eu não ia participar.
— Não dentro da sala, mas antes de passar para última fase, você
vai aprender a conhecer o seu corpo. Eu quero que tire sua roupa e
vire-se para a parede e aproveite o espetáculo a sua frente.
— Não! Não! Eu não vou ficar nua na frente deles.
Sua expressão mudou rapidamente, sua mandíbula se contraiu e
sua voz potente ecoou no espaço.
— Tire a maldita roupa agora! Na próxima vez que questionar uma
ordem minha ou se atrever a usar esse tom de voz. Nem vou
esperar o seu treinamento terminar e te jogo dentro daquela sala
com meia dúzia dos meus homens. Agora tire essa roupa, ao
contrário deles, somente quem está deste lado consegue ter acesso
a tudo que está acontecendo lá dentro.
Com as mãos trêmulas, comecei a tirar o meu vestido e em seguida
minhas peças íntimas. Novamente estava exposta na frente dele.
— Vire de frente para o vidro — assim que suas palavras foram
proferidas. O ambiente foi preenchido pelo som dos gemidos que
vinham da sala da luxúria. Desorientada, olhei para as imagens a
minha frente e não sabia o que fazer. No entanto, as duas mulheres
agiam de forma tão natural, como se aquilo também estivesse lhes
dando muito prazer.
— Toque-se.
Levei minhas mãos de encontro aos meus seios e comecei a
massagear os meus mamilos. A mulher que antes estava chupando
os dois homens, se levantou e rapidamente se livrou da pouca
roupa que estava vestindo. O homem que estava do outro lado
abaixou as calças e levantou as pernas da mulher que ainda estava
presa na cruz fixada na parede. E, começou a movimentar-se e
assim que ele a penetrou, os gemidos de dor e prazer começaram a
ecoar no ambiente. Por mais que quisesse não olhar para aquilo, já
não conseguia desviar os meus olhos da cena a minha frente. E,
assim que o trio, que já estavam despidos, caminhou em direção ao
sofá, meus olhos ficaram fixos em cada movimento deles. Um dos
homens, que era um negro musculoso, deu um tapa violento na
bunda da mulher e com brusquidão a jogou em cima do estofado. O
outro que era um loiro, deu alguns passos e ficou parado próximo a
cabeça da mulher. O homem negro abaixou e enfiou sua cabeça
entre as pernas dela. Em seguida, sua língua estava em sua vagina.
No mesmo instante, o loiro enfiou o seu membro ereto dentro da
boca da mulher. Pareciam estar em perfeita sintonia. Já que a
mulher ao mesmo tempo em que não parava de se contorcer, fazia
de tudo para aquele membro que estava em sua boca não parar de
estocá-la.
Minha garganta ficou seca. Um calor escaldante começou a
percorrer pelo meu corpo e quando dei por mim, minha mão já
estava em minha boceta. Movi meus olhos em direção ao outro
casal e o homem já havia retirado a mulher da cruz e a fez ficar de
quatro para ele.
Meus dedos pareciam que tinham ganhado vida própria. O homem
abriu ainda mais as pernas da mulher, a preparando para receber
seu gigantesco membro. E, num movimento preciso dos quadris, a
estocou com tanta força, que um grito alto de dor e satisfação saiu
da sua garganta.
O homem começou a fazer movimentos de vaivém frenéticos, no
mesmo instante, já não conseguia controlar os meus dedos que
acariciavam o meu clitóris numa velocidade que estava me
enlouquecendo. Sem que me dessa conta, gemidos começaram a
sair entre meus lábios. Uma onda de eletricidade apoderou-se de
todo o meu ser. Minha vagina estava quente e pulsando. Assim que
senti um hálito quente contra o meu pescoço, meu corpo
estremeceu. Ele começou a beijar o meu pescoço, enquanto uma de
suas mãos alcançou a minha, segurando firme o meu sexo. Num
movimento abrupto, me virou de frente para ele. Seu
olhar carregado de desejo e luxúria se moveu sobre os meus seios,
passeando ao longo do meu pescoço e parando em minha face.
Dusan puxou-me para junto de si, seu olhar ficou fixo nos meus
lábios, meu coração disparou quando ele começou a beijar cada
parte do meu rosto até que se deteve próximo a minha boca. Antes
que tivesse qualquer reação, senti seus lábios tocarem os meus.
Estavam quentes, macios e, o toque foi leve como de uma pluma.
Logo após, roçou seus lábios nos meus. Lambendo-os de leve,
mordiscando o lábio inferior. Beijou-me com delicadeza, de um jeito
a princípio preguiçoso. No mesmo instante, suas mãos enormes
seguraram firme nos meus quadris me levantando do chão.
Fazendo-me entrelaçar minhas pernas em volta da sua cintura, sem
desgrudar a sua boca da minha. A sensação que tinha era que algo
tinha explodido dentro de mim, meu corpo todo se aqueceu pelos
efeitos do seu beijo.
Meu corpo entorpecido de desejo caia na sua cama. Então,
posicionou o seu corpo acima do meu, as pernas entre as minhas.
Toquei seu peito com os dedos, sentindo sua pele desnuda, ele
gemeu enquanto sua boca ardente foi beijando o meu pescoço,
fazendo uma trilha até alcançar os meus seios. Seus cabelos
sedosos tocavam minha pele, enquanto sua boca aberta deslizava
pelos meus mamilos. Dusan começou a acariciá-los com a ponta da
sua língua, então os sugou, me fazendo gemer em uma mistura de
desejo e dor.
— Humm...
— Gostosa — murmura.
E sua boca voltou a encontrar com a minha, enquanto, uma de suas
mãos alcançava a minha intimidade. Seus dedos impacientes
começaram a me acariciar. Abrindo caminho até me penetrar,
primeiro com um dedo, logo após mais outro.
— Apertadinha — sussurrou.
Meu corpo estava em chamas e no convite despudorado, abri ainda
mais as minhas pernas. Quando seus dedos foram mais fundo,
gemidos altos saem dentre meus lábios no mesmo momento em
que meus músculos internos se fechavam ao redor deles. Dusan
retirou seus dedos me deixando totalmente perdida. Com
movimentos precisos, ergueu os meus quadris, ajustando-me no
encaixe perfeito e logo senti seu membro animalesco, rígido na
entrada quente e latejante da minha boceta sedenta. Minhas costas
se arquearam e eu gemi bem alto. Fiquei com todos os sentidos
aguçados quando Dusan me penetrou em uma estocada firme e
precisa.
— Ai, meu Deus — uma sensação deliciosa de estar totalmente
preenchida pairou sobre mim.
— Eu, estou faminto.
Dusan se afastou por um instante e logo voltou a me a me penetrar
com movimentos profundos e sem parar. Permanecia dentro de mim
por inteiro, até o fundo. Suas estocadas eram implacáveis,
aproximou a sua boca sedenta da minha e novamente me beijou.
Era um beijo cheio de intensões sexuais.
De fato, deliciosa, cada investida da sua língua, cada carícia
daquela boca maravilhosa, fizeram uma onda de prazer se espalhar
por todo o meu corpo. Contorcia-me de prazer, sentido o meu ventre
se expandir e os primeiros sinais do orgasmo chegando.
— E... Eu... Não vou aguentar — sussurro.
Dusan tremia, seu pênis pulsava dentro de mim e trazia a sensação
que a cada vez estava mais grosso. Ele respirava com dificuldade.
— Eu vou inundá-la... Droga!
Seus quadris, assim como os meus, se moviam num vaivém
frenético. Seus lábios me sugavam com força, sua língua enfiada
dentro da minha boca se remexia sem parar. Exatamente,
enquanto metia com mais força seu membro dentro de mim.
Então, no momento que a ânsia e o desejo explodiram, algo
completamente diferente aconteceu. Juntos e em perfeita sintonia,
como se fossemos um só. O calor se espalhou por nossos corpos e
alcançamos o êxtase do prazer.
Capítulo bônus 05

Belgrado – Sérvia
Trinta e quatro anos atrás... Na sede da máfia
Sérvia
Vladimir

A cordei logo nas primeiras horas da manhã. Sinceramente,


praticamente quase não dormir. Passei boa parte da noite com
os pensamentos voltados em planejar como faria para convencer
todos do conselho a acreditar na minha profecia.
Em passos largos, deixei meus aposentos atravessando o corredor
que dava acesso à garagem. Com os meus homens já em suas
posições, entrei no automóvel. E, o carro, segundos depois entrou
em movimento. Algum tempo depois, o veículo parou em frente à
sede da máfia.
Rapidamente caminhei em direção à sala principal. Quando adentrei
no cômodo, todos já estavam me aguardando. Com passadas
firmes, fui em direção ao meu lugar. Sentei-me na minha poltrona,
respirei profundamente e comecei toda a encenação.
— Como já estava decidido algumas semanas atrás, hoje faríamos
a reunião para decidir o dia da minha nomeação ao cargo de chefe
da nossa organização. Já que, fui eleito pela maioria para ocupar
esse cargo. No entanto, não irei aceitar — assim que terminei de
falar os sussurros ecoam no ambiente.
— Todos nós acreditamos que você será um grande líder. E, juntos
faremos desta organização a mais temida e poderosa de todos os
tempos.
— Augusto está certo. Você, Vladimir, é sem dúvidas o melhor nome
para liderar a todos.
— Concordo perfeitamente.
As palavras proferidas pelos idiotas eram tudo que eu precisava
para colocar em pratica o meu plano.
— Todos sabem que daria a minha vida pelo grupo Vozdovac.
Contudo, mesmo ficando feliz pela escolha e confiança de todos
vocês, ontem à noite algo inesperado aconteceu. Quando minhas
pálpebras pesaram e estava prestes a ser envolvido pela escuridão,
ouvir um choro de uma criança. Atordoado, abri os meus olhos e um
forte clarão apareceu em minha frente, como flashes, várias
imagens surgiram, dentre elas, a mulher que será a escolhida para
trazer ao mundo o nosso líder. Essa criança fará da nossa
organização o grupo mais temido que já existiu. Dusan, aquele que
somente Deus será o seu juiz. Um homem implacável, sanguinário,
que comandará com mãos de ferro a máfia Sérvia.
Novamente o ambiente foi preenchido pelo barulho infernal de
várias vozes ecoando ao mesmo tempo. Até que Augusto se
manifestou.
— Quem é essa mulher e como vamos encontrá-la?
— Além do rosto dela, eu também vi o lugar em que ela está.
Então, peço o silêncio de todos para esclarecer o que faremos para
trazê-la para nossos domínios…
Algum tempo depois...
O silêncio se fez presente no ambiente. Alguns me olhavam
incrédulos, outros estavam com seus olhos tão arregalados que
pareciam que iam escapulir do rosto. Um desafio silêncio foi
lançado. Matheus que estava até então petrificado, quebrou o
silêncio.
— Se for para ter tudo que sempre cogitamos, eu estou disposto a
fazer.
A voz de Ezequiel também ecoou no cômodo.
— Mas isso é uma loucura.
Augusto que até então estava calado disse.
— Todos aqui já estão com passagem garantida para o inferno.
Então, se tivermos que cometer o que for para a fazer a nossa
organização a mais poderosa, o farei.
Pronto, os tolos rapidamente também se manifestaram concordando
em dar início ao próximo passo. Tudo agora era questão de tempo
para conseguir concretizar as palavras daquela velha imunda.
Todavia, se a última parte da profecia algum dia vier acontecer, não
vou hesitar em enviá-la ao inferno.

Dias atuais. Sede da máfia Sérvia...


Ódio!!!
Meus pulmões estão em chamas, meu sangue esquentando como
se estivesse fogo líquido em minhas veias.
Um barulho reverberou no ambiente. Movido pela raiva que se
apoderou de todo o meu ser, fechei minha mão em um punho e o
golpe foi desferido contra a mesa fazendo todos ficarem em silêncio.
— Com a morte de Dylan, só nos provou que aquela infeliz deve ser
eliminada.
— Será que Sebastião não disse nada a Dylan antes de morrer?
Será que aquele infeliz não falou nada a Dusan? — murmura
Augusto.
— Isso jamais saberemos, no entanto, Dusan jamais poderá saber a
verdade sobre o seu passado. Se algum dia ousar se voltar contra
nós, então teremos que eliminá-lo. Afinal de contas com o poder que
hoje temos, nada e ninguém poderá nos deter.
Capítulo 27

New York

M eus olhos estão fixos na parede de vidro a minha frente. Com


uma ideia em mente, mandei a Karen ir chamar o meu
brinquedinho. Ontem dava para ver o medo visível em sua
expressão. E deste modo, foi para o seu quarto.
Posteriormente quando o expediente acabou. Meu corpo todo vibrou
ao vê-la deitada se virando de um lado para o outro. Certamente, o
medo estava dominando-a em antecipação.
Luna com sua dancinha ridícula e uma comemoração que
assemelhar-se a quem tinha ganhado na loteria.
Consequentemente, acredita que está pronta para última fase. Ela
carecia de conhecer o seu corpo. Todos os pontos sensíveis. Por
que dentro da sala da luxúria, ela será testada de todas as formas
possíveis. E, somente conhecendo as suas limitações vai aprender
a lidar com elas.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o barulho do
sensor de aproximação instalado do lado exterior da minha suíte foi
ativado. Com um estalar de dedos, as cortinas começam a se mover
até quando chegar ao limite estabelecido. Olhei pelo monitor, a vi há
alguns passos da porta e então ativei o botão e logo foi aberta. A
maldita conseguiu permanecer firme mesmo que estivesse em
pânico.
Como pensei, ela acreditou que eu a deixaria ser tocada por outro.
Isso, se acontecesse, faria a oferta do lance inicial, que pretendo
lançar no leilão ser muito baixa. Contudo, chegou a hora de ela ver
com os seus próprios olhos o que a espera.
Quando as cortinas se moveram revelando a imagem da sala da
luxúria. Ainda tentando disfarçar, suas órbitas azuladas ganharam
um tom mais escuro. O brilho de antes logo desapareceu e só ficou
pior quando dei ordens para ela se livrar de suas roupas. O silêncio
dentro do cômodo logo foi quebrado pelos gemidos que vinham da
sala. Afastei-me e após dizer para ela se tocar. Então, fiquei
apreciando o show a minha frente. Ela estava ali perfeitamente nua,
seu corpo com curvas perfeitas, seus gemidos ecoando pelos quatro
cantos do quarto. O que jamais esperei foi a reação que de repente
tive. Meu corpo todo se aqueceu e no mesmo instante meus
demônios se manifestaram.
Meus batimentos estavam acelerados, minha garganta ficou seca de
tal forma, que nem a minha própria saliva descia por ela. Um desejo
incontrolável me dominou. O garotão estava incontrolável, levei a
mão direita até o meu pau, tentando controlar o guloso. Mas, o
caralho do cacete estava quente e pulsando a todo vapor. Nem ao
menos percebi que já tinha tirado as minhas roupas. E, na
velocidade de uma flecha e em passos silenciosos, fui em sua
direção. Minha garganta, que antes estava seca, logo voltou ao
normal. Minha língua deslizou pelo seu lábio inferior. Assemelhando-
se ao mais delicioso manjar dos deuses que, logo seria devorado
por mim, salivei em antecipação.
Assim que meu corpo tocou o dela, uma corrente de eletricidade me
fez estremecer. No momento em que a virei em minha direção,
meus lábios se moveram. Tentei lutar contra a vontade incontrolável
de beijar aqueles lábios carnudos e rosados a minha frente. O
desejo que sentia, era maior do que a ideia de me afastar dela.
Quando nossos lábios se uniram, foi como se a luz que vi desde a
primeira vez em torno dela, iniciasse uma batalha contra as trevas
que sempre esteve a minha volta. Pela primeira vez, me senti livre,
como se algo dentro mim tivesse se partindo. Naquele instante só
existia nós dois. Tê-la em meus braços me fez constatar que, queria
devorá-la por inteiro.
Colocando o seu corpo sobre a cama, fui logo deitando o meu por
cima do dela, meu pênis latejante permanecia inquieto. Enfim, havia
encontrado o seu alívio ao entrar em contato com a entrada
minúscula da sua boceta. Ter a vagina dela o sugando por completo,
só despertou ainda mais a minha vontade de intensificar meus
movimentos. Minha boca ansiava por estar junto à dela. Quando
juntos alcançamos o prazer, o meu corpo inteiro ficou em chamas.
Tive um orgasmo violento e extraordinário, como nunca havia
sentido. Meu coração disparou, minha respiração se tornou
escassa. Por uma fração de segundos meu corpo todo ficou imóvel.
E, ao ter o controle dele, o choque da realidade caiu sobre mim,
como se uma adaga tivesse sido cravada em meu peito.
Essa desgraçada me fez ir contra as minhas próprias palavras.
Nunca havia beijado alguém. Jamais tinha transado com alguém se
não fosse com o objetivo de somente satisfazer as minhas
vontades.
Movi meus olhos em direção ao rosto da mulher a minha frente, ela
estava se contorcendo em meios as últimas ondas do seu orgasmo.
A única coisa que eu senti, foi um ódio descomunal. Institivamente
me levantei e antes que assimilasse o que estava acontecendo,
peguei o meu celular e minha voz ecoou no ambiente.
— Prepare duas vadias agora mesmo.
Suas órbitas estavam arregaladas. Estava totalmente perdida,
tentando compreender o que estava acontecendo.
— Levante-se agora — minha voz potente ecoou. Mesmo atordoada
ela se levantou. — Pegue o seu vestido e o coloque agora.
Em passos vacilantes, caminhou em direção a parede de vidro,
onde sua roupa estava caída no chão. Enquanto isso, peguei um
robe preto e apressadamente me vesti. Assim que ficou pronta,
avancei em sua direção, segurando firme em seu pulso, saí
puxando-a para fora do ambiente, ela tropeçava nas próprias
pernas, mas, isso pouco estava me preocupando. Irei mostrar para
essa infeliz que não passa de mais uma. E, nada do que aconteceu
minutos atrás teve importância. Assim como as outras, é somente
um objeto, que foi feito para me satisfazer quando assim o desejar.
Depois de alguns minutos, ao me aproximar da entrada do grande
hall, um esboço de um sorriso surgiu entre meus lábios. Segurei
firme em seu braço e depois de algumas passadas me detive. Olhei
para as duas mulheres que já estavam despidas à minha espera.
Num movimento brusco, dei um puxão fazendo Luna ir de encontro
à porta. As duas vadias logo se aproximaram de mim. Antes de
deixar o cômodo, minha voz se fez presente.
— Entre e vai fazer o seu trabalho. Aqui você não é melhor que
ninguém, então trate de ir trabalhar.
Ao lado das mulheres, segui para o lugar que sempre me deu um
prazer indescritível.

Desorientada e confusa. Era assim que me encontrava. Assim que


Dusan saiu de cima de mim e sua voz potente ecoou no cômodo,
fiquei totalmente desnorteada ao ouvir suas palavras ao telefone. No
entanto, vários pensamentos se fizeram presentes em minha mente.
E, quando levantou a cabeça, tudo que vi em suas orbitas sombrias
era ódio, um ódio descomunal como nunca tinha visto.
Sua mandíbula estava contraída e logo deu ordem para eu me
levantar. Mesmo com dificuldade, caminhei em direção a minha
roupa. Assim que já estava pronta, movendo-se como um
relâmpago, ele pegou o meu braço e saiu me puxando pelo enorme
corredor. Meu pulso estava doendo. Tropeçava nas minhas próprias
pernas e quando ele parou, ao levantar a cabeça, meus olhos
ficaram fixos nas duas mulheres completamente despidas a minha
frente. A dúvida pairou sobre mim.
“Será que vai me levar para transar com ele junto com essas
mulheres?”
A resposta veio de imediato. E, com ela um nó imenso se formou
em minha garganta.
Ódio! Raiva! Um misto de sensações apoderou-se de todo o meu
ser, quando o homem caminhou pelo corredor com as duas
mulheres ao seu lado. Logo, sumiu do meu campo de visão.
Sinto uma raiva sem medida por ter me entregado daquela forma a
esse demônio, mesmo depois de tudo que me fez.
“Suja, era assim que eu estava me sentindo, como fui capaz de
esquecer tudo que ele me fez?”
Dusan mais uma vez mostrou o que pretende fazer comigo. Apenas
me usar como se fosse somente um objeto. E, quando chegar o
momento que tanto está esperando, não hesitará, em entregar-me
ao primeiro que pagar mais pelo meu corpo.
As lágrimas logo se formaram, mas tratei de segurar. Respirei
profundamente, arrumei os meus cabelos e abri as portas do grande
salão. Em passos precisos, caminhei em direção ao bar. Porém, um
único pensamento se fazia presente em minha mente.
“Se ele quer um objeto, vamos ver o tanto de prazer que vai sentir
ao está em cima de uma barra de gelo.”

Um dia depois...
Tinha acabado de tomar o meu banho. Passei boa parte da tarde
ajudando na limpeza do salão ao lado da kah e das meninas. Ainda
tenho praticamente quase quatro horas antes de começar o
expediente. Então, depois de colocar uma roupa confortável, deixei
o banheiro e caminhei em direção a minha cama.
Quando já estava deitada, um barulho ecoou quando a porta foi
aberta. Meus olhos logo ficaram fixos na imagem do demônio a
minha frente. E, as palavras que saem dentre seus lábios, pela
primeira vez não me causou reação alguma.
— Amanhã daremos início à última fase do seu treinamento.
Enquanto isso bem longe dali...
— Entre no site agora.
— Você sabe que tudo deve ser bem planejado. Já que ele irá
averiguar todos os participantes.
— Não se preocupe.
— Tem um lance inicial de 500 mil dólares.
— Faça uma oferta muito maior. Não importa o quanto terei que
pagar, vamos eliminar o maior número de participantes.
— O The Brothel Empire, terá um leilão inesquecível.
Capitulo 28

New York

P or mais que tente me concentrar e não pensar nessa maldita


fase, eu não consigo. Ontem, depois que o capeta terrestre,
como sempre é portador de notícias ruins, veio me dizer da última
fase de treinamento. Respirei profundamente e não deixei
transparecer o medo que pairou sobre mim. Mantive meu olhar fixo
em sua direção sem desviar um só segundo.
Um desafio silencioso foi lançado. Ele, por sua vez, mantinha suas
órbitas trevosas fixas em minha direção. Dusan me analisava
minuciosamente. Parecia que o olhar que mantinha sobre mim e
que estava coberto por trevas, queria de alguma forma, chegar até a
minha alma. Ficamos ali, um olhando para o outro. Até que ele, com
um giro nos calcanhares, se moveu em direção a porta, saindo do
cômodo. Passei o restante do meu tempo livre com os pensamentos
voltados para essa maldita fase. Até porque, pela primeira vez, nem
disse do que se tratava.
Hoje, quando fui com a Kah para o refeitório, ficamos conversando e
a notícia que me deu só fez o meu desespero aumentar. Apenas
confirmando que o monstro está decidido a me transformar em uma
verdadeira prostituta.
Ao saber do maldito leilão, que segundo ela já está com data
definida, me dará tempo para planejar tudo que vou fazer. Nem que
morra tentando, não vou deixar ninguém me quebrar mais do que
ele já não tenha feito. Lutarei até o meu último suspiro, mas meu
corpo não vai ser uma mercadoria.
Deixo os meus pensamentos de lado e após escovar os meus
dentes, ando em direção à porta. Em menos de uma hora vai
começar o expediente e até agora estou confusa. Pois, segundo ele,
o treinamento da última fase iria começar hoje. No entanto, não o vi
o dia todo. Com passadas firmes, acabei com a pouca distância que
me separava da porta, ao adentrar o cômodo, a porta do quarto foi
aberta. O que vi a minha frente era a imagem do demônio todo
vestido de preto. Isso me fez engolir em seco.
Fiquei desorientada. Não conseguia me mover e muito menos
desviar os meus olhos da maleta dourada em sua mão. Ele deu
alguns passos e ao parar próximo a cama, sua voz potente, se fez
presente.
— Venha! Daremos início à última fase do seu treinamento. Desta
vez, não haverá punições.
Será que ele estava falando a verdade?
A resposta veio de imediato. Com ela o medo cru e agudo
apoderou-se de todo o meu ser.
— Você terá somente quatro dias, mas espero que não seja preciso
usar esse tempo todo. Se, até o final do prazo você não conseguir,
um dos meus homens tem ordens para eliminar alguém da sua
família. Não me importo quem será o primeiro alvo. O que vai
precisar para ter êxito nessa fase é colocar em prática tudo que
aprendeu na primeira e na segunda.
Meus olhos arderam, o coração disparou e minhas pernas
ficaram bambas. A sensação que tinha era que a qualquer momento
iria cair. Não sei quanto tempo se passou. Quando dei por mim, ele
já havia retirado a minha toalha, me pegou no colo e caminhou
comigo em direção à cama. No instante, que escutei as palavras
que saíram de sua boca, fiquei num estado de alerta total. Todos
meus sentidos se aguçaram esperando seu próximo comando.
— Te aconselho a ficar bem lúcida, por que terá que reunir todas as
suas forças. Já que, a última fase do treinamento, será você passar
a noite toda transando. Mas, antes de começarmos, faremos algo
novo, visto que, o momento disso chegou.
Se antes já estava dominada pelo pânico, nem sei explicar o estado
em que fiquei, quando destravou a maleta e retirou dela alguns
utensílios. O choque da realidade caiu como um soco no meu
estômago e pensei.
“Tudo, tudo menos isso!”
Movida pelo desespero, comecei a suplicar.
— Por favor! Não! Não! Você não vai colocar isso dentro de mim —
um sorriso cínico e tenebroso surgiu entre seus lábios.
Dusan se afastou da cama. Em questão de segundos, se livrou do
roupão negro que estava vestido, revelando toda sua nudez. Engoli
em seco ao ver seu membro duro e grosso, que mais parecia um
taco de beisebol, pronto para acertar o alvo.
Medo! Pânico!
O meu corpo começou a tremer ao cogitar, que aquilo poderia entrar
no lugar que me negava a acreditar. Entretanto, o desgraçado logo
voltou a falar.
— Se essa bundinha for tão gulosa quanto a tua boceta, te garanto
que não terei dó alguma ao me enterrar por inteiro nela.
Devido estar desnorteada, não me dei conta quando ele subiu em
cima de mim. Sua boca toma conta de um dos meus seios e depois
o outro, sugando, chupando e mordiscando. Enquanto, dava as
boas-vindas à dor de suas mordidas. Ele foi deslizando e começou a
explorar cada centímetro do meu corpo com suas mãos, até
alcançar o meu sexo. Começou a massagear meus lábios externos.
E, involuntariamente movi meus quadris, mas logo tratei de me
concentrar.
Dusan usou seus dedos ágeis para explorar cada canto da minha
boceta. Aproximou sua boca e mergulhou entre minhas pernas, até
ficar a centímetros de distância da minha vagina. Deteve-se por
alguns segundos, em seguida levou o nariz até a minúscula fenda
do meu sexo e ficou cheirando.
Com a respiração sibilando por entre os dentes. Não demorou muito
e o seu nariz foi substituído por sua língua aveludada. Começou a
deslizar por toda extensão da entrada da minha intimidade. Minha
respiração se tornou descontrolada. Quando o maldito, como uma
sanguessuga, abriu bem a boca, apoderando-se de toda a minha
boceta, sugando cada parte dela vigorosamente. Limpei minha
mente e meu corpo permanecendo imóvel aos seus toques. Ele
afastou sua cabeça e moveu uma das mãos até a maleta, constatar
seu movimento fez todo meu corpo estremecer. Quando pegou um
tubo, que parecia conter algum tipo de gel e logo seguida um
vibrador. Tudo que vinha na minha cabeça era me levantar.
Se conseguir passar logo por essa maldita fase, não só vou salvar a
vida da minha família, como terei mais tempo para colocar meu
plano em ação. Meus pensamentos foram interrompidos quando
senti novamente seu hálito quente contra a minha boceta. Enquanto
sua língua começou a dar voltas em meu clitóris, senti algo melado
no meu ânus.
Trinquei meus dentes tentando reprimir a sensação de ardência.
Quando ligou o vibrador, foi forçando a entrada do meu ânus. No
mesmo instante, iniciou uma manipulação hábil com sua boca no
meu clitóris, chupando e sugando, tentando me fazer esquecer o
incômodo.
Dusan melou novamente o objeto com mais gel. E, começou a
movimentá-lo num vaivém frenético em meu ânus. Ele descola seus
lábios grossos da minha boceta e levanta a cabeça e ao ver a minha
reação, seus olhos logo se encheram de puro ódio. Visto que, meu
rosto não tinha expressão alguma. Num movimento rápido e
preciso, segurou firme os meus quadris e numa invertida de
posições, me colocou de quatro com o traseiro exposto a seu bel-
prazer.
Uma onda de medo atravessou meu corpo quando ele começou a
bater na minha bunda com o seu pau algumas vezes, logo depois,
aproximou a grossa cabeça do seu membro no pequeno buraco do
meu traseiro e sem cerimônia, introduziu seu pênis.
Dor... Dor...
A sensação que tinha era que estava sendo partida ao meio. Meus
órgãos internos estavam acelerados como nunca. Coisa que jamais
havia sentido, não dessa maneira. Ele começou a se movimentar
num vaivém frenético, suas estocadas eram precisas e agressivas.
Ele foi metendo cada vez mais rápido, como se quisesse me punir
por não ter a reação que esperava. Quanto mais forte metia, mais
urrava, assemelhando-se um animal enlouquecido.
Quando seu pênis grosso, gigantesco, estava me rasgando por
dentro. Pareceu estar possuído. Seus movimentos se intensificaram
rompendo qualquer barreira que ainda existia e alargando
liberalmente o canal anal.
Uma dor surreal me dominou. Tentei segurar, mas as lágrimas
grossas surgiram. Minha visão começou a ficar turva, senti o ar ser
roubado dos meus pulmões. Quando retirou seu pênis e introduziu
novamente, meu corpo começou a tremer. Pretendia gritar, mas uma
dor infernal no meu peito me atingiu. E, tudo ao meu redor foi se
tornando uma imensa e profunda escuridão.
Capítulo 29

Em algum lugar...
Adonis Ruçi

M eu nome é Adônis Ruçi. Fui preparado desde criança para ser


o sucessor do meu pai e dar continuidade ao seu legado.
Passei por vários treinamentos, tornando-me cada dia um homem
mais frio, implacável e sanguinário. Contudo, respeitado por todos
aqueles que conhecem a minha verdadeira aparência.
Com a morte do meu pai, assumi o controle da nossa organização.
Todavia, era da sua vontade que somente os membros mais
próximos conheceriam a minha verdadeira identidade.
Sempre vivi cercado de regalias. Gosto do luxo e não os poupo em
me dar uma vida de conforto, grandeza e esplendor. Entretanto, ao
contrário do que os meus adversários pensam, estou mais perto
deles do que possam imaginar.
Tudo estava saindo como sempre planejamos. Isso, até aquele
maldito assumir o controle da máfia Sérvia. Transformando-a na
maior organização de todos os tempos. Parece que o infeliz, além
de ter um QI bem avançado, tem pacto com o demônio. Visto que,
tudo que toca se transforma em algo grandioso. E, como se não
fosse suficiente, o desgraçado tem algo que o dinheiro não pode
comprar "o olho de Deus".
Dusan vem sendo uma pedra que há anos cruzou o meu caminho.
Como consequência, tivemos vários fracassos e isso graças aos
incompetentes que estão a minha volta. Ele detém o poder. Por isso,
não irei sossegar até colocar as minhas mãos naquele objeto. Que é
uma verdadeira arma de destruição.
Sempre almejei o poder absoluto e ser temido por todos. Decidindo
quem deve viver ou morrer.
Depois do último fracasso, decidi direcionar a minha atenção para
um novo alvo. Será através dele que começarei a destruir aquele
maldito. Meus homens já estão apostos e na primeira oportunidade,
vão entrar em ação.
"Nem que eu tenha que tocar fogo no The Brothel Empire e
sacrificar todos os meus homens, eu irei exterminar aquele infeliz."

New York
No dia seguinte...

Ontem passei boa parte do dia, resolvendo os assuntos sobre a filial


do The Brothel Empire em Manhattan. Já que hoje terei que ir
averiguar tudo para que um grande evento.
A comemoração ao aniversário de um grande cliente tem que sair
corretamente. Um velho bilionário que depois que ficou viúvo,
encontrou naquele lugar o seu refúgio particular. Entretanto, depois
do ocorrido, tive que mandar Boris no meu lugar.
Deixo os meus pensamentos de lado. Com os olhos cravados na
direção da mulher a minha frente, fico observando-a, seu rosto
ainda está pálido. Desde o momento que acordou, parece que está
no mundo da lua. Mal consegue engolir a sopa que Karen está lhe
dando. Desvio meu olhar e os acontecimentos do dia anterior
surgem em minha mente.
Ontem como já havia lhe informado, seria o início da última fase do
seu treinamento. Quando adentrei o ambiente, seu olhar ficou
direcionado para maleta em minhas mãos. Mas daquela vez, a
minha intenção não era infligir dor. Já que, o leilão irá acontecer
daqui a duas semanas. Então, necessitava dar um estímulo a mais
ao meu brinquedinho, para ela não precisar utilizar os quatros dias
do prazo que foi estipulado.
Luna passou pelas duas fases em um tempo que nenhuma outra
conseguiu. Sabendo da sua determinação quando se trata da sua
família, bastou dizer que um deles seria enviado ao inferno, para o
medo dominá-la. E, isso, me fez vibrar por dentro. Uma vez que,
aqueles infelizes vão continuar vivos. Conhecendo a sua
determinação, ela daria o seu melhor para conseguir.
Medo! Pânico!
Suas órbitas azuis ficaram arregaladas quando falei qual seria a
última fase. O medo cru e agudo apoderou-se dela, quando enfim
compreendeu qual parte do seu corpo seria o meu primeiro alvo.
Enquanto, parecia perdida em seus próprios devaneios. Aproximei-
me e tirei a toalha que estava em volta do seu corpo. Segurei firme
em meus braços e a carreguei em direção à cama. Quando me
despi, seus olhos logo ficaram fixos em uma única direção, "o
garotão". Este estava agitado, latejando e com suas veias a pondo
de explodir.
Estar próximo dessa infeliz, era como se o meu pau tivesse vida
própria. Logo, estava tinindo e pronto para se enfiar em qualquer um
dos seus buracos.
Depois de me deliciar dos seus seios, minhas mãos deslizaram pela
longa extensão do seu corpo, até parar em sua boceta. Meus dedos
impacientes começaram a circular na sua entrada e logo se
enfiaram dentro da sua fenda apertada. Comecei a explorar cada
parte da sua boceta e nenhum som saiu por entre seus lábios. Ela
assemelhava a uma boneca inflável, o que muito me agradou. Levei
minha cabeça de encontro ao centro do seu paraíso, o cheiro
delicioso e inebriante, logo invadiu minhas narinas.
Sem dar tempo de ela ter qualquer reação, comecei a devorar a sua
vagina com a minha boca. Sugando e chupando sem parar.
Contudo, um calor escaldante pairou sobre mim, meus órgãos
internos começaram a funcionar descontroladamente. Respirei
fundo tentando dissipar.
Levantei minha cabeça, me afastando um pouco e minha atenção
se voltou para maleta dourada. Precisava deixá-la o mais preparada
possível. Depois de passar uma boa quantidade de gel no vibrador.
Levei novamente minha boca de encontro a sua boceta. Aproximei o
objeto em direção à entrada do seu ânus, enquanto, devorava sua
vagina com minha língua, dando voltas em torno do seu botão
inchado. E, fui forçando a entrada do vibrador no seu orifício.
De repente, meu corpo começou a ficar em chamas. Uma
verdadeira fornalha humana. Algo que estava adormecido dentro de
mim havia sido despertado. Por mais que tentasse controlar, uma
sombra tenebrosa se apossou de todo o meu ser, ao levantar a
cabeça e não ver nenhuma reação dela era como se eu não tivesse
mais o controle do meu corpo. Totalmente possuído pelos meus
demônios, que pareciam estar enfurecidos com a mulher a minha
frente. Pois, nenhum som saiu dentre seus lábios. Movi-me como
uma flecha, segurei firme em sua cintura e a coloquei de quatro. E,
sem preliminares, a invadi bruscamente com uma estocada violenta.
Fechei os meus olhos e tentei limpar minha mente. Por mais que
tentasse, algo dentro de mim era muito mais forte. O guloso do meu
cacete estava furioso. Junto com os movimentos dos meus quadris,
dei uma sequência de estocadas implacáveis e agressivas contra o
seu ânus. Não conseguia parar ou diminuir o ritmo das investidas.
Senti o corpo dela tremer. Foi nesse exato momento que, ao vê-la
desabando em cima do colchão, senti as trevas se afastarem.
No mesmo instante, o choque da realidade pairou sobre mim ao ver
a grande quantidade de sangue no meu pau. Percebi que a
machuquei feio dessa vez. Mas, nada me preparou para o que veio
em seguida.
Quando pensei que ela tinha recuperado a consciência, começou a
convulsionar, como se estivesse tendo um ataque epilético. E, em
seguida, um grito alto saiu entre seus lábios. Seu corpo ficou mole e
sem vida em cima do colchão.
Desnorteado. Virei o seu corpo, constatei que, além dos seus
batimentos estarem quase imperceptíveis, o seu pulso estava muito
fraco. Um sentimento se apoderou do meu ser, assemelhando a
algo que deixei de sentir desde que me colocaram naquela maldita
sala. Onde aquele ser asqueroso estava a ponto de quebrar os
membros, pairou sobre mim. "MEDO".
Movido pelo desespero comecei a fazer massagem cardíaca.
Iniciando os procedimentos que aprendi durante o meu treinamento.
Coloquei uma mão sobre a outra no meio do peito dela, na altura
dos mamilos. E, com meus braços bem esticados, comecei a fazer
uma pressão vigorosa, de modo que a caixa torácica desça até
cinco centímetros. Repeti esses movimentos sem parar duas vezes
a cada segundo.
Já estava suado, algo dentro de mim começou a ficar agitado.
Porque ela continuava imóvel. Perdi totalmente a noção o tempo
transcorrido. Meus braços já não queriam mais me obedecer, mas
não iria desistir.
— Você não pode morrer, não agora. Foi capaz de suportar tudo
sem desistir e não pode se entregar agora e deixar sua família em
minhas garras. Pela família, pela sua irmã e por você, não desista.
Continuei fazendo o processo. E, quando achei que tudo estava
perdido, senti uma forte batida em seu peito, suas órbitas azuis se
abriram e um ruído saiu entre seus lábios, soltando de repente a
respiração que estava presa.
Um misto de sensações pairou sobre mim. Sempre sentia um prazer
enorme ao tirar a vida das pessoas. E, não de ter que lutar para
manter alguém vivo.
Ela continuava imóvel, parecia que somente o seu corpo estava ali.
Todavia, os seus batimentos aos poucos estavam voltando ao
normal. Levantei-me, fui em direção ao meu robe. Pegando o meu
celular do bolso e tratei de ligar imediatamente para Lauren.
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir alguém me
chamando.
— Chefe!
Volto minha atenção em direção às duas mulheres a minha frente.
Novamente a voz de Karen se fez presente.
— Perdão! Mas o seu celular está a alguns minutos tocando.
Estava tão perdido em minhas lembranças que nem me dei conta.
Imediatamente levo minha mão em direção ao meu bolso. Ao pegar
o aparelho, vejo algumas ligações perdida de Boris.
No momento que ia retornar, o nome de Marcus, um dos
seguranças do bordel em Manhattan surgiu na tela do meu celular.
Instintivamente levei o dedo em direção à tecla e atendi.
— Chefe, estamos sendo atacados. Graças a sua tecnologia
conseguimos detectar um forte nível de explosivos em volta do
bordel.
Fiquei totalmente desorientado. A voz do homem do outro lado da
linha me arrancou das profundezas do estado de devaneio em que
me encontrava.
— Chefe!
— Boris. Onde ele está?
— Senhor! Mesmo impedindo que os explosivos a nossa volta
fossem acionados. Acredito que o bordel não era o alvo e sim o
senhor Boris. Já que recebi a confirmação, que vários carros
escuros estão na MH 356 perseguindo e, dos cinco carros que
saíram daqui junto com ele, um já foi abatido, pois estavam em
desvantagem.
Meu coração disparou e meus pulmões começaram a funcionar aos
espasmos.
— Adônis! Eu vou matar esse infeliz!
Encerrei a ligação. Entrei no aplicativo do rastreador implantado no
braço de Boris. Assim que obtive a sua localização, deslizei o dedo
pela tela do aparelho e novamente minha voz se fez presente.
— Código vermelho.
Minha atenção se voltou para as duas mulheres a minha frente, que
estavam com os olhos fixos em minha direção. Olhei para Karen,
mesmo tentando disfarçar, tinha algumas lágrimas nos olhos.
Certamente, estava deduzindo que algo tinha acontecido ao seu
protetor. Dei alguns passos e antes de deixar o ambiente, disse.
— Você sabe que sua vida depende da dela, então não a deixe
fazer nenhum esforço.
Em passos largos deixei o ambiente. Assim que cheguei à garagem,
todos os meus homens já estavam apostos. Adentrei o carro e logo
este entrou em movimento.
Meu olhar estava fixo na tela do meu notebook. Entrei no meu
sistema e ao inserir o código do microchip. Direcionei a imagem do
satélite para localização da MH 365. Esta dava acesso à rampa
localizada em uma parte totalmente isolada de Manhattan. Em
questão de segundos, as imagens do lugar surgiram na tela do
aparelho a minha frente. Deslizei o dedo e conectei o notebook ao
sistema do carro que Boris estava.
— Boris? — o estrondo dos disparos afetou até os meus tímpanos.
— Dusan, você está perdendo a melhor parte da festa.
Um sorriso surgiu entre meus lábios. Mesmo depois de anos e
vários confrontos, ele continua o mesmo.
— A cavalaria já está a caminho. Preciso que o carro de vocês se
distancie o máximo que puderem. Pelo equipamento nos carros dos
desgraçados, dá para ver que é de alta tecnologia.
— Nunca fujo de uma boa confusão. Há muito tempo, não sentia
essa adrenalina que se apoderou de todo o meu corpo.
— Você sabe que está em desvantagem. Jamais me esqueço das
suas palavras. Que o melhor sempre vem no final da festa. Preciso
que se afastem, o helicóptero já está sobrevoando o local.
Olhei para tela do aparelho. E, um pensamento surgiu em minha
mente. Ao que tudo indica a grande quantidade de homens nesse
confronto, deve ser porque há muito tempo estavam infiltrados em
solo americano.
Isso me leva a crer que aquele rato está mais perto do que cogitei.
Saio dos meus devaneios quando escuto um grito alto ecoar dentro
do veículo.
— Senhor! Eles têm um lança-foguetes apontado na direção do
nosso helicóptero.
Direciono meu olhar novamente para o notebook. Chegou o
momento de enviar esses malditos ao inferno. Novamente dígito o
código do microchip, acessando o nosso brinquedinho. Que tem por
finalidade detectar e interceptar esse tipo de armamento. O alvo já
estava em mira quando o desgraçado leva uma de suas mãos em
direção ao gatilho. Antes que possa concluir, aciono meu dispositivo
e a bazuca explode fazendo um estrondo terrível.
Meu corpo todo se aqueceu ao ouvir a gargalhada de Boris ecoando
dentro do veículo. No exato momento que meu motorista nos avisou
que já estávamos sobre a rampa. Fiquei em puro êxtase pela
expectativa, logo o cheiro de sangue fresco seria derramado a
minha volta.
Em questão de minutos o carro que ele estava, assim como os três
que estavam fazendo sua escolta, se juntou aos meus. Fiz o sinal e
o helicóptero se afastou.
Uma barreira foi feita sobre a ponte. De um lado estavam os
homens daquele infeliz, do outro os meus homens. Tiros e mais tiros
foram disparados. Assim como nós, deixaram os veículos, que só
estavam servindo como escudos. Com minha arma em punho, me
aproximei de Boris. A mais linda melodia preencheu o espaço
quando tudo que se ouvia no lugar, era o ricochetear das balas na
lataria dos carros. Sentia a adrenalina percorrer todo meu corpo. E,
isso misturado à emoção da caçada que iria começar fez com que
meus demônios fossem despertados.
Deixo meus pensamentos de lado ao ouvir a voz de Boris. E, isso
me fez entrar em modo de combate. Estava tão distraído que não
percebi. Quando um infeliz que estava atrás de um veículo, jogou
uma granada na direção dos meus homens que estavam em sua
frente. Uma pancada de fúria me atingiu, fazendo o meu peito
queimar por dentro. Assemelhando-se ao modo piloto automático e
com o dedo no gatilho, tiros foram disparados para todos os lados, o
que fez com que perdesse a noção do tempo transcorrido. Meus
dedos ganharam vida própria. O fiel companheiro estava eufórico. E,
assim como eu, se mantinha implacável, atingido cada alvo com
precisão.
Minutos, horas eu não sei. Matar, destruir e enviar essas almas
podres ao inferno, sempre me trouxe uma sensação de paz.
Quando o silêncio se fez presente, meus olhos foram em direção
aos meus homens. Um sorriso de satisfação surgiu entre meus
lábios ao constatar que as perdas foram mínimas. Meus
pensamentos foram interrompidos quando ouvir Boris, me
chamando.
— Dusannnnn...
Antes que tivesse qualquer reação. Fui arremessado para trás e um
ruído de dor saiu entre meus lábios devido ao impacto com o
concreto.
Capítulo 30

New York

N unca havia sentindo uma dor tão intensa, nem mesmo quando
o demônio me colocou naquele crucifixo. Meu peito estava
queimando e o ar foi arrancado dos meus pulmões, que estavam em
chamas. Minhas narinas estavam bloqueadas, assim como um nó
gigantesco fechou minha garganta. Agoniada e sufocada, é assim
que permanecia. E, tudo que vi a minha frente foi um túnel
tenebroso.
No mesmo momento em que estava em pânico, em meio àquela
escuridão, surgiu uma luz tão brilhante, que sequer tinha visto e logo
depois me envolveu. A sensação que tinha, era como se minha
alma estivesse sendo tragada do meu corpo físico por um aspirador
de pó gigante.
O silêncio estava a minha volta. Uma percepção de paz indescritível
pairou sobre mim, perdi totalmente a noção do tempo. Uma porta
branca se abriu e dela surgiu à mesma luz brilhante. E, irradiava
uma força poderosa.
Assemelhava-se a um aspirador, parecia que estava me sugando.
Era como se estivesse flutuando e quando cheguei próximo à porta,
ouvi sussurros. Por uma fração de segundos, senti novamente a dor
em meu peito. Movi-me olhando para trás e lá estava ele. Aquele
homem que me mostrou o pior lado da vida. Que me causou tanta
dor e despertou sensações totalmente desconhecidas. No entanto, a
voz que sempre me aterrorizou, desta vez não parecia à mesma.
Dusan, o rosto de um anjo e o coração de um demônio. Estava
lutando para dar vida a um corpo sem alma. Senti novamente algo
me puxando, preciso de paz, não aguento mais senti tanta dor. No
exato momento que me movi novamente em direção àquela luz, as
palavras proferidas me detiveram, eu fiquei petrificada. E, de
repente, comecei a ver tudo de trás para frente, como uma câmera
de cinema num trilho. O rosto dos meus pais e da minha irmãzinha,
com seu lindo sorriso em minha direção. Tudo passava em minha
frente em uma velocidade espetacular.
Eu não posso ir, não posso desistir!
A porta se fechou e com ela se foi à luz. Tudo que me lembro, foi de
novamente sentir meus pulmões funcionando aos espasmos. Meu
coração disparou e um ruído alto saiu entre meus lábios,
desfazendo o nó que havia se formado.
Enquanto o homem a minha frente se afastou. Um turbilhão de
pensamentos apoderou-se de todo o meu ser.
Dusan me afastou das pessoas que eu amo, roubou a minha
inocência. Vive a todo instante testando os meus limites. E, além
disso, me humilhou da pior forma.
Karen havia me perguntado se era ciúme o que estava sentindo
quando contei o tinha acontecido entre nós.
Ao olhar aquelas duas mulheres próximas à porta e logo após se
aproximaram dele, o choque da realidade caiu como um soco no
meu estômago. Tudo que senti foram raiva e nojo de mim, visto que,
a intenção daquele demônio foi me mostrar que, para ele eu era
somente um objeto, uma prostituta como todas as outras, onde a
única serventia é dar lucros e prazer aos seus malditos clientes.
Estava tão perdida, tão confusa, que somente saí do estado
catatônico que me encontrava quando a médica chegou no
ambiente.
Minha respiração ainda estava fraca, um incômodo forte em meu
peito. Tentei me mover, mas uma dor insuportável vinda da minha
bunda me atingiu. Lauren pediu para ficar quieta, logo depois de ter
medido a minha pressão e feito alguns procedimentos, pediu ajuda
a Dusan, para me virar com cuidado. As lágrimas desciam pela
minha face. E, em seguida ela aplicou um remédio para dor,
enquanto me examinava.
Fiquei pensando em tudo que as meninas desse lugar vêm
passando há anos. Até o momento, em meio a esse treinamento
louco, tive a sorte de não ter sido tocada por nenhum outro homem.
Ao contrário delas, que passam a noite toda transando com vários
clientes numa só noite.
Lauren pediu para Dusan molhar uma toalha, logo depois senti o
pano úmido em contato com a minha pele. Ela estava me limpando
como se eu fosse uma criança. Algum tempo depois, me ajudaram a
me virar novamente. Ela se afastou e começou a fazer um monte de
recomendações para o monstro. Como se logo não acharia um jeito
de me infringir dor novamente.
Não sei o que ela tinha me dado, porque os meus olhos logo ficaram
pesados. Tudo começou a escurecer a minha frente e fui envolvida
novamente pela escuridão.
Quando acordei hoje, totalmente desorientada, olhei o relógio na
parede e já eram quase dez da manhã. Não sei como dormir tanto.
Tentei me levantar, mas ainda estava dolorida. A porta do quarto
logo foi aberta e ele surgiu no meu campo de visão.
“Será que veio me avisar que irá continuar o treinamento hoje?”
Quero muito passar logo por essa maldita fase. Contudo, meu corpo
está muito cansado, sequer teria condição alguma de me concentrar
e muito menos passar a noite toda transando com esse demônio.
Meus pensamentos foram interrompidos quando parou em minha
frente. E, sua voz preencheu o ambiente.
— Vamos! Você precisa tomar um banho.
Antes que tivesse qualquer reação, ele me pegou no colo e
caminhou em direção ao banheiro. Talvez esteja planejando algo,
meu corpo todo começou a tremer pela expectativa do que poderia
acontecer. Ele não pode estar querendo fazer o que estou
pensando. Quando entramos no ambiente, Dusan me colocou em
cima do vaso e andou em direção à banheira, um ruído de dor saiu
por entre meus lábios. Mal podia ficar sentada.
Minutos depois, o banho já estava preparado. Voltou em minha
direção. Depois de retirar minha roupa, pegou no colo e me colocou
dentro da banheira. Dusan se afastou e imediatamente deixou o
cômodo. O contanto da água morna na minha pele, me trouxe uma
sensação grande de alívio. Sequer soube quanto tempo se passou,
já que novamente ele entrou e pegou um roupão. Após me ajudar a
ficar em pé e a colocar a peça, retornamos ao quarto.
O fato dele está me ajudando de nada me fará esquecer tudo que
me fez. Até porque o único culpado de tudo que aconteceu foi ele. O
silêncio que antes pairou no ambiente foi quebrado, quando uma
batida vinda da porta se fez presente.
— Entre! Karen.
Minha amiga logo surgiu no meu campo de visão com uma bandeja
em suas mãos. Sopa! Sempre gostei. Mas ainda tinha um nó preso
em minha garganta. Até quando respirava ainda sentia um
incômodo. Mesmo com dificuldade comecei a comer. Não demorou
muito, o barulho do celular dele começou a ecoar no ambiente.
Nunca tinha visto o demônio tão transtornado com uma ligação.
Olhei para Karen que estava com os olhos cheios de lágrimas. E,
como Dusan, sempre faz questão de não deixar ninguém esquecer
que ele é, o capeta tratou de avisar Karen, sobre a razão de ainda
estar viva.
"Eu preciso ficar boa logo. Dessa vez Dusan, terá uma grande
surpresa. Não serei eu que irei passar mal."

Desorientado, minha cabeça estava latejando devido ao impacto


com o concreto. O barulho de vários disparos ecoando no espaço,
afetaram os meus tímpanos.
Meus órgãos internos começaram a funcionar intensamente. A dor
queria se apoderar de todo o meu ser. Todavia, logo meu corpo foi
tomado por uma onda escaldante. Algo dentro de mim se agitava
com grande intensidade. O sangue em minhas veias parecia fogo
líquido. Movendo-me como uma flecha, fiquei de pé. E, ao ver todos
os meus soldados a frente, estes estavam com suas armas
apontadas numa única direção. Neste momento, soube de onde
vinham os disparos.
Estava atordoado com que tinha acontecido. Entretanto, a resposta
veio assim que movi a cabeça para o lado. Meus olhos foram ao
encontro do homem jogado no chão.
Medo! Desespero!
Por mais que quisesse afastar esses sentimentos que só os fracos
devem sentir, ao olhar a única pessoa que sempre esteve ao meu
lado, mesmo sabendo que deveria fazer tudo que o conselho
mandava, buscou a melhor forma de me aplicar cada fase do meu
treinamento.
Não consegui controlar o misto de sensações que tomou conta de
mim. Num impulso corri em sua direção e agachei. No entanto, uma
sensação de alívio apoderou-se de todo o meu ser quando rasguei
sua camisa. Seus olhos logo se abriram e sua voz mesmo fraca
devido ao forte impacto, se fez presente.
— Lição número um: nunca entre no combate sem antes colocar um
colete. Uma bala pode ser algo fatal.
Depois de ajudar Boris a se levantar. Com todos os ratos
eliminados, seguimos em direção ao carro. Minutos depois, estava
conversando com ele, com o veículo já em movimento. Quando o
barulho do meu celular interrompeu a nossa conversa.
Peguei o objeto e ao olhar o número que apareceu na tela, atendi de
imediato.
— Chefe!
— Espero que você tenha alguma novidade.
— Sim senhor. No entanto, o rumo das investigações sobre a
mulher que me mandou investigar, mudou totalmente de direção.
Fiquei completamente atordoado. Assim que, ouvi as últimas
palavras proferidas pelo homem.
— Tudo que descobrir até agora me levou em direção a um único
lugar; O convento Santa Maria.
Capítulo bônus 06

Belgrado – Sérvia (Convento Santa Maria).


Dimitri Borkan

M eu nome é Dimitri. Porém, no mundo em que vivo, poucos


sabem a minha verdadeira identidade. Apenas, me conhecem
como a Coruja, devido a minha habilidade de misturar-me em certos
ambientes.
Há alguns anos conheci Dusan. Um homem frio, duro, sanguinário e
implacável com seus adversários, todavia, devo a ele a minha vida.
Certo dia, em um dos meus trabalhos, quase fui descoberto pela
máfia mexicana. Graças ao homem conhecido como o próprio
demônio, acabei me aposentando antes do tempo. Dedicando
somente a prestar meus serviços para esse homem que sempre
terei eterna gratidão.
Algumas semanas atrás, quando entrou em contato comigo. E, me
passou as poucas informações que tinha, imediatamente, arrumei
minhas coisas e vim para Belgrado.
Cogitei que seria um trabalho fácil. Porém, tudo que envolve esse
mundo sombrio chamado de máfia, sempre tem seus segredos
ocultos. Com a pouca informação que tinha, o primeiro passo, foi
checar realmente quem era a mulher que, segundo os membros da
sua organização, lhe deu a vida. Mas, quanto mais juntava as peças
do quebra cabeça, mais confuso ficava, nada fazia sentido.
Pelo que Dusan havia me relatou, a sua mãe tinha sido escolhida e
acabou tendo um relacionamento que resultou na sua gravidez.
Contudo, o desconhecido que supostamente era o seu pai, nunca foi
revelado.
Acabei descobrindo a mulher que fez o parto da suposta mãe dele.
E, tudo que foi revelado, era num momento de devaneio. Em meio
ao parto, sequer parou um instante de chamar o nome do convento
Santa Maria. O que me deixou ainda mais intrigado sobre os
segredos por trás de tudo isso.
Alguns dias atrás, liguei para Dusan e falei sobre o convento.
Entretanto, acabei tendo uma forte gripe. O que me impossibilitou de
ir até o lugar e averiguar todas as informações. Porém, hoje acordei
bem cedo e depois de uma longa viagem, cheguei ao meu destino.
Deixo meus pensamentos de lado assim que ouço uma voz me
chamando.
— Senhor, a madre superiora está o esperando.
Em passos rápidos, segui para o local indicado. Assim que a porta
foi aberta, meus olhos ficaram fixos na mulher a minha frente.
— Bom dia!
— Soube que o senhor está à procura de alguém.
— Sim! Como sei que vocês têm um arquivo de todas que já
estiveram nesse lugar. Gostaria de saber o que aconteceu com
Barbara Gonçalves.
— A irmã Barbara morreu há mais de vinte anos.
— Como! Ela morreu aqui no convento?
— Sim! Era uma das freiras mais antigas desde lugar. Já estava
com 99 anos quando faleceu.
Fiquei totalmente desnorteado. Algo não fazia sentido.
— Tinha outra freira com o nome Barbara Gonçalves nesse lugar?
— Não! A irmã Barbara foi uma das fundadoras desse convento. Já
estou aqui há mais de 50 anos. E, no nosso registro não teve
nenhuma outra freira com esse nome.
Tudo isso parece um labirinto. Por mais que tenha uma saída,
sempre fico estagnado no mesmo lugar.
Depois que me despedir da mulher, segui em direção à saída. Com
passadas firmes fui em direção ao portão principal. Depois que
passei pelo grande portão, levei minha mão direita em direção ao
meu bolso e peguei o meu celular. Não tinha nenhum sinal de rede.
No exato momento em que movi meus calcanhares para ir em
direção ao meu carro, ouvi um sussurro. Ao virar-me em direção
àquela voz, fiquei petrificado ao olhar para mulher que estava
sentada no chão, com um velho cobertor em volta do seu corpo.
Seu rosto estava enrugado e seu cabelo todo branco. Antes que
fizesse algo, a voz dela se fez presente novamente.
— A mulher que deu a luz ao filho do pecado se chama Ângela.
Capítulo 31

New York
Alguns dias depois...

S ete dias se passaram. Sim! O tempo passou muito rápido. Hoje,


finalmente chegou o dia de encarar todos os meus problemas
de frente. Durante os dias que se passou, minha rotina se resumiu
entre a cama e o banheiro. A médica sempre passava durante o
período da tarde para medir a minha pressão. Por outro lado, a
Karen, tornou-se a minha enfermeira particular. E, graças ao seu
apoio e a sua amizade, os meus dias não foram tão ruins.
O demônio do Dusan, sempre vinha até o meu quarto. Porém, tudo
que passei naquela noite, só me fez acordar, não só das
profundezas da escuridão que permanecia, como também para a
minha própria realidade. Certa vez disse: Que aqui era somente a
mulher que estava sendo treinada por ele. E, logo seria na sua
cabeça, mais uma prostituta e um objeto a ser usado pelos seus
clientes.
Isso, jamais eu me tornarei enquanto respirar.
Sempre fui uma boa aluna. No entanto, se ele que se diz ser: O meu
mentor, sempre frio, calculista e indiferente, como se as pessoas a
sua volta fossem um nada, eu iria mostrar o quanto sua aluna
aprendeu com o seu professor.
O leilão acontecerá daqui a seis dias. Uma corrida contra o tempo
foi iniciada. Nunca serei alguém ruim, sombria e com um coração
gélido como o dele. Mas, se coisas ruins acontecem para dar lugar
às boas, não devemos só nos lamentar e sim tirar algo de bom do
que possa vir a acontecer.
Estou sendo treinada pelo grande e poderoso, Dusan. Mesmo
contra minha vontade, caí em suas garras. Então, preciso ver o lado
bom de tudo isso e usar ao meu favor. Entretanto, o leilão não é o
maior dos meus tormentos, e sim, passar pela maldita fase. Preciso
dar um passo de cada vez e, somente assim terei tempo para
pensar no que irei fazer, no dia que ele, como um deus, tentará
mudar minha vida para sempre.
Contudo, mal sabe que já fez isso, me trazendo direto para o
inferno, desde o dia que fui tirada do que acreditava ser o paraíso, o
meu lar e o porto seguro. Mas nem toda treva e os demônios que
habitam dentro dele, vão tirar a minha luz.
Deixo os meus pensamentos de lado. Respiro profundamente. E,
assim que a porta é aberta, meus olhos vão de encontro ao objeto
na mão da Karen.
— Trouxe o que pediu. Tem certeza que está pronta?
— Sim! Você sabe que não tenho muito tempo. Como eu estou?
— Perfeita. Só espero que ele não resolva me matar.
— Não vai. Dusan é um demônio, mas pelo que já percebi, mantém
a sua palavra. Se estiver viva, você também estará.
— Ele está no grande salão. Daqui a quinze minutos as portas do
The Brothel Empire serão abertas.
— Então já sabe o que deve fazer.
Ela acabou com a pouca distância que nos separava e me deu um
forte abraço.
— Boa sorte. E não se esqueça, depois da primeira, o resto será
moleza. Só necessita ir com tudo e não deixar o inimigo tomar a
rédeas da situação — não aguentamos e começamos a sorrir.
Ela logo se afastou e em seguida deixou o ambiente. Em passos
largos, fui em direção ao objeto. O único pensamento que
permanecia em minha mente era.
"Hoje quem dará a aula será eu."

Depois do ataque daquele infeliz, o que me deixou mais intrigado foi


o verdadeiro paradeiro do desgraçado. E a notícia que recebi de
Dimitri, caiu como um soco no meu estômago.
Jamais cogitei que a infeliz que me teve, que ao que tudo indicava,
não passava de uma vadia, tivesse alguma ligação com um
convento.
Estava inquieto. As palavras de Dylan se fizeram presentes e com
elas novamente as dúvidas surgiram. Porém, Dimitri acabou ficando
doente e teve que interromper as investigações. Pela ligação que
recebi nas primeiras horas do amanhã, ele estava a caminho do
convento Santa Maria.
Como se não bastasse tudo que estava acontecendo, daqui a seis
dias será o leilão. Embora, Luna já demonstre estar recuperada,
cogitei a ideia de esperar até amanhã para continuar com ela.
Quando estava no meu escritório, assinando alguns documentos,
Boris me chamou a atenção virando seu notebook em minha
direção, fiquei surpreso com o valor do lance inicial. Antes,
permanecia em torno de $500 mil dólares e agora estava em $900
mil.
Pelo site, que é totalmente monitorado pelo nosso sistema. Somente
os clientes que tem cadastro no The Brothel Empire tem acesso ao
site. Contudo, mesmo com cadastro todos tem uma identificação
facial.
Durante essa semana, a Luna estava completamente diferente. Por
mais que tentasse decifrar suas reações, era como se tivesse um
escudo. A mulher que antes era tão transparente tinha uma
expressão indecifrável. Seu comportamento também mudou. Tudo
que perguntava, sempre dizia sim senhor. Estava tão submissa que
aquilo que deveria me agradar, acabou me deixando possuído. Se
caso não fosse pelo seu estado, não hesitaria em lhe dar uma boa
punição.
Deixe os meus pensamentos de lado assim que vejo Karen
adentrando o grande hall. Sua expressão demostrava nervosismo
com a Luna.
— O que aconteceu?
— A Luna não está se sentindo muito bem. Pediu que viesse
chamá-lo.
Nem deixei que a mulher terminasse de falar. Somente fiz o sinal
para Boris, indicando que as portas deveriam ser abertas.
Atravessei o longo corredor em uma velocidade que até
desconhecida. Assim que cheguei frente ao seu quarto, levei a mão
de encontro a maçaneta e abri a porta com brusquidão. Engoli em
seco ao ver a imagem a minha frente. Uma onda de eletricidade
apoderou-se de todo o meu ser. Os meus demônios estavam
agitados de tal forma, que parecia uma festa de carnaval.
O garotão logo se manifestou travando um duelo dentro da minha
calça, querendo ser liberto. Respirei fundo, tentando controlar a
minha respiração. Porém, minhas órbitas negras não conseguiam se
desviar da imagem dela. Luna estava sentada em um banquinho,
com seus cabelos sedosos que estavam rebeldes. Seus olhos
sedutores na cor de safira me encaravam. Vestia um conjunto de
lingerie preto sobre seu corpo delgado e macio. Contudo,
permanecendo coberto por um penhoar num tom marrom
acinzentado. Sua áurea de inocência e, ao mesmo tempo sensual,
fez todo o meu corpo vibrar numa intensidade que jamais tinha
sentido.
Fiquei totalmente imóvel. Meus membros não me obedeciam.
Aparentava estar envolvido por um feitiço.
Ela se levantou e com a serenidade de uma caçadora, que se
aproxima de sua presa, veio caminhando lentamente, como se a
qualquer investida abrupta sua presa, no caso eu, fugiria. Depois de
passadas cautelosas, parou a centímetros de distância de mim.
Luna levou suas mãos de encontro a minha gravata. E, com um
único movimento acabou com qualquer distância que nos separava.
Ficou na ponta dos pés. Assim que ela sussurrou, senti sua
respiração quente na minha nuca.
— Hoje acabaremos com esse treinamento.
Apressadamente se afastou. As minhas pernas que antes estavam
petrificadas, se moveram quando deu alguns passos e saiu me
puxando pela gravata. Depois, parou próximo da cama. Sua mão se
afastou da minha gravata e começou a deslizar pela longa extensão
do meu corpo. Aquilo começou a ficar interessante. Um grunhido
saiu por entre os meus lábios quando desapertou o cinto. A seguir,
se concentrou no ziper da minha calça. Abriu o botão e puxou
lentamente o fecho e deteve sua mão na minha cueca por alguns
segundos. Posteriormente, enfiou a sua mão dentro da peça e
libertou o garoto selvagem da sua prisão.
Levantou a cabeça e me olhou por alguns segundos. Antes que
fizesse qualquer movimento, ela se abaixou ficando de joelhos. Com
as duas mãos, segurou firme o meu cacete pulsante e o
massageou. Seus dedos finos tocavam minhas bolas de leve, em
seguida puxando-as, era como se meus testículos estivessem
tentando se voltar para dentro do meu corpo.
Sinto sua língua passear pela cabeça do meu pau. Logo, percorreu
toda a extensão dos seus 24 cm, que não parava de crescer e fica
cada vez mais rígido. Sua língua circulava em volta das minhas
bolas. Consequentemente, o garotão ficou enfurecido e começou a
latejar freneticamente.
Enquanto que com a língua massageava minhas bolas, com uma
das mãos buscava o centro da minha potência e percorria até a
base. Sem mais delongas, a safada com rosto de anjo, conduziu
sua boca até a cabeça robusta do meu cacete e abocanhou,
iniciando um movimento de vaivém torturante.
O desejo rugia pelo meu corpo com uma força quase assustadora,
devido a sua intensidade. Levei minhas mãos de encontro a sua
cabeça. E, comecei a empurrar contra o meu pau até onde ela podia
aguentar.
Meu pênis fisgou no mesmo instante que uma onda de calor tomou
conta do meu corpo. Tomando as rédeas da situação, num
movimento rápido e preciso, a pus de pé e tratei de tirar a pouca
roupa que cobria seu corpo. Posteriormente, coloquei-a sobre a
cama e me afastei. Apressadamente, me despi e acabei com a
pouca distância que nos separava. Acomodei-me entre suas pernas,
tendo a minha frente à visão da sua boceta carnuda com lábios
grandes, fazendo o contorno de sua vagina graúda. O que só
aumentou a minha vontade de fodê-la até essa atrevida não sentir
mais as suas pernas.
Passei dois dedos em toda extensão da sua boceta. Levantei o
olhar e ela se mantinha com uma expressão indecifrável.
Porém, arqueou a cabeça para trás e abriu ainda mais as pernas
num convite desavergonhado.
"Vamos ver até onde ela vai aguentar."
Deixei um dos meus dedos escorregar para dentro da sua boceta
carnuda, que o sugou por inteiro. Comecei a movimentar meu dedo
iniciando um vaivém frenético. Aproximei minha boca da sua vagina
e com a ponta da língua dei início a um movimento de subir e
descer na parte sensível do seu clitóris. Enquanto empurrei mais um
dedo para dentro do seu paraíso escorregadio.
Senti sua boceta se contrair por uma fração de segundo. Era isso
que estava esperando. Então, posicionei meu corpo acima do seu,
e, minhas pernas entre as suas.
E como se ganhasse vida própria, o garotão que já estava em ponto
de bala, ao colocá-lo próximo à entrada, a sua vagina ficou ainda
mais quente, latejante e pulsando violentamente.
Luna não demostrava nenhuma reação. Por mais que algo dentro
de mim estivesse me incendiando. Um desejo imensurável, muito
mais forte se apoderou de todo o meu ser.
Levei minha boca de encontro aos seus seios e comecei a chupar e
a sugar. Ao mesmo tempo em que lentamente a minha ferramenta
descomunal foi se enterrando para dentro da sua vagina.
Arregaçando-a até que pudesse se ajustar ao meu tamanho
animalesco. Quando já estava todo dentro dela, meus quadris
começaram a se mover num ritmo alucinante. Inigualável era a
sensação do meu pênis sendo engolido pela boceta gulosa dela.
Todo o meu corpo se tencionou com o prazer proporcionado pelo
seu canal apertado. O calor escaldante no interior dela atravessou o
meu pau. No mesmo momento, aumentei o ritmo dos meus
movimentos. Tinha a visão da sua boceta engolindo meu membro
por inteiro.
Comecei a penetrá-la vigorosamente, em cada estocada, meu corpo
ficava mais quente, como se estivesse em chamas. Prossegui
aumentando a força e a velocidade da penetração, enterrando o
meu cacete até o ponto mais profundo. Um grito estrangulado de
arrebatamento saiu rasgando a minha garganta. Quando uns
espasmos violentos me atingiram e senti meu membro pulsar.
Parecia que tinha aumentando ainda mais o seu tamanho.
Comecei a socar a sua vagina com golpes violentos do meu
membro. Algo dentro de mim se agitava com tamanha intensidade.
E, com um gemido agonizante, senti o meu pênis jorrando jatos
potentes em filetes longos e cremosos do meu esperma dentro do
seu ventre.
Ainda estava com respiração irregular e a pele grudada na dela pelo
suor de nossos corpos. Saí de dentro de sua vagina e desabei em
cima do colchão. Permanecia de olhos fechados e minha cabeça
estava a mil. Senti uma movimentação na cama. E, levada ao limite
da razão, posicionou-se em cima de mim. Meus olhos se abriram de
imediato ao ouvir sua voz.
— O senhor está pronto? A noite só está começando.
Capítulo bônus 07

New York
No dia seguinte...

P arece que um caminhão passou por cima de mim. A sensação


que tenho é que aquele pênis descomunal, que mais parece
uma arma de destruição, ainda estava dentro de mim. A minha
vagina está latejando, meu clitóris está dolorido, inchado e meus
seios parece que foram sugados por uma sanguessuga.
Hoje, quando acordei, vim praticamente me arrastando para o
banheiro. O incômodo entre minhas pernas era intenso. Pois,
quando o demônio saiu do meu quarto, já eram quase cinco da
manhã. Estava tão cansada, que não consegui me levantar para
tomar um banho. Acabei dormindo e quando acordei já eram 14
horas da tarde.
Quando liguei o chuveiro e deixei a água morna cair pelo meu
corpo, uma sensação de alívio pairou sobre mim. As lembranças da
noite anterior logo invadiram minha mente.
Tudo estava saindo como planejei. Só faltava Dusan adentrar o
quarto, não daria tempo ao inimigo em cogitar em ter alguma
reação. Colocar seu membro enorme na minha boca, não foi fácil,
pois, estava praticamente me engasgando.
"Às vezes me pergunto: como alguém pode ser tão grande em todos
os sentidos. E, pior, ainda ter um pênis tão grosso e que sempre
está ligado numa potência de 220 w?"
Tentei limpar a minha mente e, como a Karen havia me dito: Depois
da primeira, tudo seria mais fácil. Quando ele passou a língua no
meu clitóris e uma onda escaldante pairou sobre mim, senti minha
vagina pulsar, mas tratei imediatamente de me concentrar no que
realmente interessava.
Seus olhos estavam repletos de desejo e luxúria. Seus movimentos
eram intensos. Mas, quando ele grunhiu e seu esperma me invadiu,
eu vibrei por dentro. Quando ele saiu de dentro de mim e desabou
sobre a cama, não perdi tempo e partir para o ataque. Assim que
minha voz ecoou no ambiente e os olhos do capeta se abriram.
Fiquei atordoada quando seu pau ficou mais duro que uma barra de
aço. Suas veias salientes logo ficaram à mostra. E, um sorriso cínico
surgiu entre seus lábios. Senti um calafrio brutal em todo o meu
corpo. Apressadamente virou-me e logo após me imobilizou contra a
cama.
— Não brinque com fogo brinquedinho, pois pode sair queimada.
Como disse, à noite só está começando e você acabou de acordar a
fera adormecida.
O pânico tomou conta dos meus pensamentos. Visto que, se caso
enfiar esse monstro que tem entre pernas, novamente no meu
traseiro, não sei irei aguentar. Mas, antes que tivesse qualquer outra
reação, ele segurou com as duas mãos os meus seios, os
apertando, amassando e beliscando. Dusan segurou com força os
dois e caiu de boca. Sugando, mamando e mordendo num ritmo
alucinante. Torturando-me de todo jeito.
Depois de explorar os meus mamilos de todas as formas possíveis,
deslizou sua boca, fazendo uma trilha de beijos pela longa extensão
da minha barriga. Ao parar próximo ao meu sexo, levou uma das
mãos e segurou firme a minha boceta. Seguidamente, deslizou dois
dedos pela minha vagina e os puxou de volta, levando-os em
direção a sua boca. Não estava acreditando que estava fazendo
isso. Já que, achei que depois de ter gozado, tão pouco voltaria a
querer enfiar sua cabeça entre minhas pernas. A resposta veio logo
em seguida quando começou a morder a parte interna das minhas
coxas. E, foi deslizando sua língua até chegar à minha intimidade.
"Você precisa ser forte Luna."
Meu corpo estava fervendo em comparação a temperatura de seus
dedos gelados. Concentrei-me e não foi fácil, pois o demônio estava
possuído e não facilitou.
Dusan começou a passar a língua num movimento muito, muito
suave por toda extensão da minha boceta. Dos lábios maiores, indo
de cima a baixo e revezando entre eles. Depois começou a chupar a
parte interna deles. Fazendo movimentos circulares com a língua
nos lábios menores, ao mesmo tempo em que enfiava a sua língua
bem no meio da minha boceta. Trinquei os meus dentes enquanto
sua língua habilidosa não parava de trabalhar no meu sexo.
E, como se isso não fosse o bastante, pressionou com o dedo o
meu clitóris enrijecido e começou a massageá-lo com a ponta do
dedo. Sempre mantendo o movimento circular. Perdi a noção do
tempo transcorrido, os minutos mais pareciam uma eternidade. Ele
estava me devorando e me fodendo com sua maldita boca.
Dusan levantou a cabeça e antes que fizesse alguma coisa,
posicionou-se em cima de mim e acomodou o seu pênis na entrada
da minha vagina. Com um movimento energético dos quadris,
deslizou seu membro de cabeça saliente para dentro da minha
boceta, até o engolir por inteiro.
Se da primeira vez estava insaciável, na segunda seus movimentos
eram implacáveis. O ritmo e a velocidade de suas estocadas eram
mais intensas e mais fortes. Enquanto os seus quadris se moviam,
ele aumentava ainda mais a intensidade das penetrações, o suor
escorria pelo meu rosto e minhas pernas tremiam. Mas, mantive
meu olhar fixo nele. E, assim como estava decidido em me torturar
ou ver meu fracasso, eu estava ainda mais em dar o meu melhor e
não ia desistir.
Perdi as contas de quantas vezes ele me possuiu. Parecia algo
surreal. Visto que, em questão de minutos o seu pênis já estava
rígido, pronto para entrar em ação. Um guloso que parecia estar
disposto a acabar com a minha vagina.
Olhei para o relógio e já era mais de quatro e meia da manhã.
Pensei que não fosse aguentar, pois continuava insaciável, ponderei
em tudo que passei desde quando vim para esse lugar, de todas as
provações, na minha família e na Kah. No entanto, não seria
justo levantar a bandeira e entregar o jogo depois de tanto
sofrimento. Como se fosse um filme em câmera lenta, a imagem das
pessoas que amo, surgiu em minha frente, à mesma luz que vi
naquela noite, surgiu no ambiente. E, com ela as minhas forças se
renovaram.
Dusan, que até então estava no ritmo que parecia não ter fim, com
suas estocadas implacáveis e intensas, deu um grito tão alto que
preencheu todo o ambiente. Logo, senti minha intimidade ser
invadida pelo seu sêmen.
Ele desabou novamente sobre a cama. Silenciosamente comecei a
pedi a Deus que o fogo desse homem pudesse se apagar. Pelo
canto do olho, vi que mantinha seus olhos fechados. Por outro lado,
só olhava para o relógio e quando se movimentou, meu corpo todo
estremeceu. Porém, nunca pensei que algum dia ficaria tão feliz ao
ouvir a voz dele.
— Seu treinamento chegou ao fim. Mas, se fizer novamente aquela
dança ridícula, eu vou adorar me enfiar dentro dessa bunda gulosa.
Pegou suas roupas e assim que sumiu do meu campo de visão,
mesmo que silenciosamente, fiz minha dancinha da vitória. Contudo,
o meu pior desafio ainda está por vim.
Capítulo 32

Algumas semanas, antes do leilão...

T udo estava conspirando ao nosso favor.


— Para nossa sorte, o idiota sempre foi um garanhão e nunca
quis constituir uma família.
— Nada pode dar errado. Porquanto, terei que correr contra o tempo
assim que concluir minha missão.
— Graças ao hacker que o infeliz do Dylan contratou, aqueles
poucos minutos que o sistema do The Brothel Empire ficou
desprotegido foi o suficiente para termos acesso ao cadastro
daquele maldito.
— Senti um prazer indescritível ao tirar a vida daquele verme.
— Tenho que reconhecer que Dusan, ao colocar a identificação
facial, tornou tudo mais difícil. E o único jeito será você substituir o
desgraçado.
— A enfermeira acabou de chegar. Enfim, saberemos se podemos
dar início ao próximo passo.
O silencio pairou no ambiente. Em passos rápidos a mulher
caminhou em direção à cama. Dois pares de olhos atentos estavam
fixos em cada movimento seu.
A enfermeira começou a desenrolar o tecido que estava em volto do
rosto de um deles. E, assim que retirou a última parte, uma voz
grave se fez presente.
— Agora, nada irá nos impedir de acabar com aquela desgraçada.

New York
Nos dias atuais e dia do leilão...
Tenho que reconhecer que aquela atrevida me surpreendeu em
todos os sentidos. Quando a infeliz da Karen, disse que ela não
estava bem, fiquei completamente atordoado. Nem cogitei a ideia de
pegar meu celular e acessar as câmeras de monitoramento. Jamais
esperei que a encontraria daquele jeito. E, por mais que soubesse
que tudo fazia parte de um jogo dela, para conseguir passar pela
última fase. Meu corpo todo estava em chamas, nunca em toda
minha vida senti tanto prazer como naquela noite.
Depois de tudo que fiz, ela se manteve firme. Apesar de que, já
estivesse no seu limite. Luna conseguiu fazer de primeira o que as
outras passaram meses para conseguir.
O garotão parecia que estava no parque de diversões. Mesmo
cansado, era como se estivesse se despedindo do seu brinquedo
favorito. Ganhou vida própria e quanto mais alcançava o limite do
meu prazer, em questão de minutos estava ali com seu tamanho
avantajado, duro, grosso e latejante. Pronto para se enterrar até o
fundo naquela boceta gulosa.
Desde que passou pela última fase, ela estava completamente
diferente. Por outro lado, mesmo tudo saindo como desejava, algo
dentro de mim estava inquieto.
Resolvi manter a maior distância possível dela. Já que a queria
completamente disposta para o grande momento. Uma sensação
que nunca tinha sentindo pairou sobre mim. Mal consegui dormir e
meu corpo há dias parecia estar em chamas. Um forte incômodo
apoderou-se de todo meu ser, fazendo com que todos os meus
órgãos internos ficassem descontrolados.
Lutando com todas as minhas forças, me mantive firme. Porquanto,
nada irá me impedir de fazer o que tem que ser feito. Passei o
restante dos dias preparando tudo para o grande momento e, tudo
ocorreu como eu estava planejando. Todavia, nunca cogitei que o
lance inicial fosse alcançar um valor tão alto.
Desde Suzana, que na época rendeu $400 mil para nossa
organização, não tínhamos um valor tão alto. A nossa expectativa é
alcançar $1milhão de dólares. Então, não acredito que o fato de
olharem a mercadoria, faça o lance final alcançar um valor que
ultrapasse o que já cogitamos.
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz de Boris me
chamando.
— Vamos, já está tudo pronto.
— Vamos! No momento certo, Karen a levará até o grande hall.
Com passada firmes e precisas, seguimos em direção ao salão.
Atravessamos o longo corredor e as portas duplas foram abertas,
revelando o jogo de luzes do ambiente. Fazendo um contraste
perfeito com os lustres de cristais pendurados no teto. Deixando o
local com o cenário ideal para o momento.
A multiplicidade de vozes que se misturavam com a música tocada,
desviara minha atenção por uma fração de segundos. A casa estava
completamente cheia. Meus olhos circulam por volta do grande
salão. Alguns clientes dançavam rodeados das mulheres. Estas, já
sabiam que hoje deveriam induzi-los a gastar o máximo que fosse
possível. Outros estavam próximos do bar, que desta vez não
contaria com o trabalho da estrela da noite.
Ao lado de Boris, seguimos em direção ao homem que estava nos
aguardando. E, ao parar na sua frente, somente fiz um gesto com a
cabeça e ele seguiu em direção ao palco. Sobre a mira de dezenas
de pares de olhos, o leiloeiro pediu atenção de todos.
Um desafio silencioso foi lançado. Todos estavam com sua atenção
voltada para o palco. E, quando a voz dele se fez presente
novamente, uma grande agitação se formou a minha volta.
— Senhores, uma boa noite a todos e agora quero apresentar a
nossa mais bela beldade para o leilão dessa noite. Ela foi treinada
para lhes proporcionar prazeres inigualáveis. Está preparada para
obedecê-los em qualquer coisa que queiram. É uma perfeita
submissa, treinada pelo próprio Dusan Borislav. Seu corpo
escultural e beleza são ímpares. Com vocês, a estrela da noite,
Luna Ysmit.
Os jogos de luzes foram direcionados para um único local. Uma
melodia ecoou no espaço e todos os olhares que antes estavam
fixos na direção do palco, se voltaram para ela.
Meu corpo todo paralisou. Olhei para os lados e alguns pareciam
não acreditar na imagem à sua frente. Outros tinham em seu olhar a
luxúria em excesso. E, quando ela caminhou lentamente em nossa
direção. Todos os meus órgãos internos disparam, no mesmo
instante, uma onda de eletricidade tomou conta de mim.

Meu coração está a um passo de sair pela minha boca. Não tenho
palavras para descrever o turbilhão de sensações que se apoderou
de todo o meu ser. Estou tentando me manter calma. Desde ontem
que o medo me dominou ao cogitar que estaria vestida desse jeito.
E, sendo avaliada por vários pares de olhos de predadores famintos
e loucos para devorar sua presa, "EU".
Meus pulmões estavam funcionando aos espasmos. A sensação
que sentia, era que na minha garganta tinha uma corda. E, que
automaticamente um nó imenso se formava. Cada vez que
respirava, esse ia se apertando e me sufocando. Minhas pernas
estavam tão bambas, que não parava de tremer. Passei os últimos
dias tentando mostrar ao demônio, que nada mais do que viesse
fazer, poderia me deixar mais despedaçada do que já estava. Um
espelho quebrado em mil pedaços. No entanto, no fundo, tinha
esperança que esse momento não viesse acontecer. Entretanto,
estou com os olhos cravados no espelho a minha frente. Os meus
olhos estavam ardendo, mas não seria com lágrimas que iria sair
dessa situação. Senti um forte aperto em minha mão, me tirando do
estado catatônico em que permanecia.
— Tenha fé. Você mais do que ninguém merece ser feliz. Não será a
sombra que ronda em volta desse lugar que vai apagar a luz que
está dentro de você.
— Eu estou com medo.
— Eu sei, mas você foi à única que conseguiu mostrar para o chefe,
que nem com tantos obstáculos que colocou, conseguiu impedir que
você chegasse à vitória. Somente precisa se concentrar. E, no
momento certo, entrará em ação e com essa roupa. Não terá como
ele descobrir o objeto que colocamos.
— Você sabe que ele vai odiar saber que não estou usando a roupa
que escolheu.
— Se fosse pelo demônio nem roupa iria usar. Do jeito que você
está, te garanto que até aquele coração de pedra vai ter um grande
impacto.
Meu Deus! A Kah é realmente a única que, nesse momento de
agonia, me fazia sorrir.
— Agora vamos, já está na hora!
Suspirei fundo e com um giro nos calcanhares me movi em direção
à porta. A cada passo que dava pelo imenso corredor, a sensação
era como se nunca mais fosse novamente passar por ele. Um forte
incômodo pairou sobre mim. Uma sensação ruim de que algo hoje
alteraria minha vida para sempre. Contudo, era algo indecifrável e
não sabia distinguir se era algo bom ou ruim.
Detive-me assim que paramos em frente às portas duplas do grande
hall. E, ao ouvir o meu nome, o meu coração que já estava agitado,
começou a bater descontroladamente. Minhas pernas ficaram
petrificadas e meus pulmões estavam em chamas.
— Vai em frente, só lutando que você vai consegui a vitória.
Respirei profundamente. Assim que as portas foram abertas e as
luzes focaram em minha direção. Todos os olhares foram
direcionados para um único lugar, onde eu estava.
Pensei em tudo que vinha ensaiando com a Karen nos últimos dias,
com passadas firmes e precisas, fui caminhando elegantemente.
Senti um forte embrulho no estômago ao ver aqueles homens me
olhando como se eu fosse um prato de comida. Os de mais idade
eram os piores, pareciam que as bocas deles tinham travado e não
conseguiam fechar. Meus olhos logo ficaram fixos no homem a
minha frente. Suas órbitas sombrias estavam cravadas em mim.
Não sabia se a reação era de raiva, por ter trocado a roupa
escolhida por outra ou se ficou satisfeito pelos clientes terem
gostado do que estavam vendo.
Quando enfim cheguei próximo ao palco, um homem que estava
impecavelmente vestido como os demais. E, tinha um microfone em
uma das mãos, se manifestou.
— O lance inicial está em $900 mil dólares. Começarmos os lances
agora.
Por alguns segundos o silêncio se fez presente. Olhei para Dusan,
que continuava com sua expressão séria. Porém, logo o silêncio foi
quebrado quando uma voz grave ecoou no ambiente. Ocasionando
náuseas em mim, ao ver um velho, que tinha idade para ser o meu
avô, levantar sua plaqueta.
— $950 mil dólares — Dusan voltou sua atenção para o homem.
Assim que um dos garçons passou em sua frente, ele pegou um
copo de bebida. Meus pensamentos foram interrompidos quando
novamente outro lance foi dado. Movi a cabeça para o lado, indo de
encontro ao dono da voz que tinha sua plaqueta levantada. Desta
vez, ao contrário do outro, era um homem, não tão bonito como o
demônio, mas era além de elegante, muito belo.
— $1 milhão de dólares — novamente olhei para Dusan. Com um
único gole tomou todo o líquido que tinha em seu copo.
— $1milhao e 100 mil dólares.
O homem que deu o lance seguinte tinha por volta de uns quarenta
anos. Contudo, Dusan direcionou sua atenção para ele e suas
feições logo mudaram.
O que aconteceu nos minutos seguintes, parecia surreal. Os dois
homens começaram a travar um duelo e com ele os valores
estavam cada vez mais altos.
Nem a minha própria saliva descia pela minha garganta. A única
coisa que vinha em minha mente era o que faria quando o leilão
chegasse ao fim. Por outro lado, vi quando Boris se juntou a Dusan.
Pelas minhas contas, já tinha tomado quase uma garrafa toda de
uísque.
Os dois homens se tornaram o centro das atenções. O leiloeiro
disse um valor e fez com que o lugar ficasse em um silêncio total.
— Eu ouvir alguém dizer $ 2 milhões de dólares?
Não demorou muito e o homem mais novo que tinha dado o
segundo lance se manifestou.
— $ 2 milhões de dólares.
Um desafio silencioso foi lançado e logo após o leiloeiro disse.
— Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. O cavaleiro acabou de
adquirir uma noite inteira com a nossa estrela da noite.
Os aplausos ecoaram em volta do ambiente. Boris se aproximou do
homem e ele tinha uma máquina em suas mãos. Passaram-se
minutos que pareciam uma eternidade e, quando ele fez o sinal, o
homem veio em minha direção.
Nunca me senti tão humilhada. Vendida como um objeto, o demônio
realmente havia conseguido o que tanto quis desde o início. Antes
que fizesse algo, senti mãos fortes segurando o meu braço.
— Vamos! Hoje a sua noite será inesquecível.
Estava tão atordoada, que só senti o homem me puxando. Antes de
deixar o salão em direção ao corredor, a última coisa que vi, foi
Dusan com seus olhos sombrios fixos em nossa direção.
Capítulo 33

New York

M eu coração disparou de tal forma, que mesmo tentando


controlar o ritmo da minha respiração, ainda conseguia ouvir
as fortes batidas que vinham dele.
No instante em que ela entrou no ambiente, com uma roupa
totalmente diferente da que escolhi, a minha vontade era avançar
em cima dela. Luna mais uma vez desobedeceu a uma ordem
minha. Contudo, naquele exato momento, vi quando olhos famintos
foram lançando em sua direção. O que faria do leilão, algo
totalmente inédito na história do The Brothel Empire.
Durante todo o evento, comecei a beber o meu uísque, numa
tentativa de tentar controlar a agitação que estava sentindo.
Quando foi dado o lance inicial, a disputa começou, assemelhando
como se uma guerra tivesse sido iniciada, tanto pelos dois infelizes
que estavam disputando quem dava o maior lance, como pelos
meus demônios, que desta vez, não estavam apenas se
manifestando, era algo muito maior que vibrava com uma
intensidade jamais sentida.
Meus olhos estavam ardendo. A sensação era que estavam em
chamas e faiscando, meus membros inferiores congelaram. Minha
boca se tornou seca, no mesmo instante que minha garganta se
fechou.
A bebida que havia ingerido, só serviu para esquentar ainda mais o
meu corpo, uma vez que, o incômodo que estava sentindo horas
atrás, tornou-se cada vez mais intenso. Meus pulmões continuavam
funcionando os espasmos. Cada vez que me olhava, era como se
aquela luz que estava em volta dela, a mesma de quando a vi pela
primeira vez, viessem em direção as trevas que estão a minha volta.
Meu corpo parecia um campo de batalha. Quando o último lance foi
dado, a sensação era que uma se uma explosão houvesse
acontecido dentro de mim. Todos os meus órgãos internos ficaram
totalmente descontrolados. Meus sentidos estavam vidrados em
cada movimento do desgraçado do Bernardo que havia dado o
maior lance. Assim que o infeliz saiu puxando o meu brinquedinho,
senti minhas pernas ficarem petrificadas e meus olhos cravados em
uma única direção.
As portas duplas, assim que foram abertas, fez meu coração
disparar, de tal forma, parecendo que a sairia do meu peito. Já não
podia mais lutar contra tudo que estava sentindo.
Assim que eles sumiram do meu campo de visão, senti uma forte
pontada em minha cabeça. Fechei os meus olhos por uma fração de
segundo. E, quando os abri, como flashes, várias imagens surgiram
em minha frente. Bem como um misto de sensações se fizeram
presentes.
Lutei com todas minhas forças para me livrar das lembranças
daquela noite que vem me atormentado. Resisti para esquecer tudo
o que senti quando os nossos lábios se tocaram. Nunca tive que me
importar com ninguém, e, sequer ser bom. Porquanto, mesmo que
haja luz, as trevas que existe dentro de mim, jamais vão me deixar.
Todavia, uma simples mulher, que poderia com um único golpe,
acabar com sua vida, me fez sentir coisas que foram mais fortes que
tudo que conhecia. Tentei a todo custo colocar culpa nos meus
demônios. Mas, assim como eles, eu já estava me tornando um
monstro rendido a um anjo.
Queria provar a mim, que tudo não passava de uma atração carnal
e, que era só luxúria e quando saí puxando-a da minha suíte, a cada
passo dado, era nos beijos, no toque da sua pele, nas sensações de
estar tão junto ao seu corpo, unidos como se fossemos um só, que
vinha a todo o momento em meus pensamentos. Precisava mostrar
para aquela atrevida e para mim mesmo, que era somente mais
uma. Quando segui pelo corredor, ao lado daquelas duas vadias,
meu único pensamento era fodê-las de todas as formas possíveis.
Mas, ao adentrarmos a sala do desespero, uma onda escaldante
apoderou-se de todo o meu ser. As mulheres em questão de
segundos já estavam expostas ao meu bel prazer. E, quando sentei
no estofado luxuoso e as duas putas se agacharam. Em seguida,
levaram a mãos de encontro ao garotão. Este se encontrava mais
duro que uma barra de aço e eu vibrei por dentro. Pois, isso
indicava que Luna era somente um brinquedinho como as demais.
Porém, quando uma delas segurou firme o guloso, que assimilava a
um animal selvagem pronto para devorar sua presa, um forte
incômodo pairou sobre mim. O safado ficou tão quente que parecia
estar em chamas. Mesmo quando a maldita levou sua boca em
direção à cabeça robusta do meu pau, a percepção era que as veias
do meu cacete estavam a ponto de explodir. Os meus pulmões
estavam funcionando no ritmo frenético com os batimentos fora do
normal.
No instante que abaixei a cabeça, tudo que vi a minha frente era a
imagem dela. As lembranças de tudo que fizemos naquele quarto
surgiram como se um filme estivesse passando diante dos meus
olhos, desta vez não adiantava culpar os meus demônios. Visto
como, ao contrário das outras vezes, era eu quem desejava fazer
aquilo. E, movendo minhas mãos na velocidade da luz, segurei firme
o pescoço de cada uma delas.
A imagem do meu brinquedinho logo desapareceu. Os olhos das
duas mulheres estavam arregalados e elas começaram a se
debater. No mesmo instante que me levantei, intensifiquei o aperto.
As suas órbitas esverdeadas logo mudaram de cor. Quando a
mulher ruiva, que mesmo com dificuldade, ainda tentou abrir sua
maldita boca, a joguei em direção à parede. Um ruído de medo e
dor ecoou no cômodo devido ao forte impacto.
Por enquanto, a infeliz que estava jogada no chão, movi minha outra
mão de encontro ao pescoço da desgraçada que não parava de ser
debater e meus demônios logo se manifestaram. Com uma das
mãos apertando firme sua garganta. A outra levei de encontro a sua
nuca. Assim que meus olhos foram de encontro aos da vadia. Com
um único movimento, os meus dedos se encontraram e foi o
suficiente para girar o pescoço da maldita. Ver seus olhos se
fechando e o último suspiro sair entre seus lábios, me fez ficar em
puro êxtase.
O meu corpo inteiro se incendiou, parecendo uma fornalha humana.
Apressadamente, acabei com a pouca distância que me separava
da minha próxima vítima. O cheiro de sangue fresco logo invadiu
minhas narinas, me deixando alucinado. O impacto da cabeça dela
na parede de aço deve ter causado alguma fratura. Seus olhos que
pareciam já sem vida, ficaram fixos nos meus. E, entre sussurros
começou a dizer.
— Por favor! Não... Não!
Tudo que vinha a minha mente foi um sorriso cínico que deu em
direção a Luna. No momento, eu havia ignorado, mas essa vadia há
algumas semanas também havia implicado com ela no refeitório.
Agachei-me e a segurei pelo pescoço. A mulher logo foi tomada
pelo pânico e o meu corpo todo começou a vibrar quando o primeiro
golpe foi desferido. Assim que levei sua cabeça de encontro à
parede, perdi totalmente a noção do tempo transcorrido. Os meus
demônios se agitavam ainda mais quando a infeliz gritava e só se
acalmaram quando nenhum som mais foi emitido por ela. Sua face
estava completamente deformada, devido as pancadas, o seu
crânio quebrou e seus miolos ficaram expostos.
Meus pensamentos foram interrompidos, me fazendo sair do transe
que me permanecia.
Quando senti um forte aperto em meu pulso, ao me virar, deparei-
me com o responsável pelo ato e, mesmo com o barulho do
ambiente, sua voz se fez presente.
— Te conheço mais do que qualquer pessoa nessa vida. Faça
aquilo que está com vontade de fazer. Você é o chefe e somente
Deus é o seu juiz, e, que se foda o resto.
Meus batimentos estavam acelerados. O pânico tomou conta de
mim, assim que deixamos o grande salão. O homem que segurava
o meu braço, aumentou o ritmo dos seus movimentos. Atravessando
o corredor que dava acesso ao quarto número cinco, que foi
destinado para o vencedor do leilão. Respirei profundamente,
tentando colocar o meu treinamento em ação. Precisava me manter
calma ou tudo poderia sair errado.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que paramos em
frente à porta. O homem levou a mão em direção à maçaneta e ao
abrir, me puxou bruscamente para dentro do quarto. Necessitava
ganhar tempo. Antes ele fizesse alguma coisa, levei minha mão de
encontro ao seu pênis e apertei através do tecido das calças. Suas
feições logo mudaram e um gemido saiu entre seus lábios quando
comecei a fazer alguns movimentos massageando aquela coisa
asquerosa. Acabando com a pouca distância que nos separava e
sussurrei próximo ao seu ouvido.
— Te darei a melhor noite da sua vida.
Minha mão deslizou pelo seu corpo e se deteve ao alcançar sua
gravata. Ao menos dei tempo de ele reagir e sair puxando em
direção à cama. Ao parar em frente a ela, suas mãos logo se
moveram em direção aos meus seios. Engoli em seco.
— Calma, garotão, a noite só está começando.
O homem que até então só havia falado quando estávamos no
salão se manifestou.
— Eu vou adorar enfiar o meu pau na sua boceta.
Minha vontade era cravar minhas unhas na sua face. Suspirei fundo
e o puxei pela gravata, o fazendo ir de encontro a cama.
— Faremos um brinde antes. Afinal, pelo valor que gastou, vamos
ao menos aproveitar o champanhe.
Afastei-me indo em direção ao móvel que continha um balde de gelo
com a garrafa de espumante. Peguei as taças e cuidadosamente
coloquei o líquido dentro. Levei uma das mãos de encontro a minha
roupa e puxei o pequeno frasco, que estava preso nela.
Karen me disse que só precisava colocar um pouco de "boa noite
Cinderela" dentro da bebida. O efeito o deixará sedado e, assim,
mais propenso a perder o controle sobre seus atos. Mas, precisava
deixar o cara tirar suas roupas, já que, após passar o efeito da
droga, ele estaria confuso. E, eu precisava que ele acreditasse que
concluiu o ato. Tão pouco ia duvidar que na verdade não aconteceu
nada.
No momento em que ele estivesse preste a acordar, era só ficar em
cima dele e simular que ainda estávamos transando. E, ao ver seu
pênis mole, pensaria que já estava exausto.
Assim que abrir o frasco e levei de encontro a uma das taças, senti
uma mão poderosa segurando o meu pulso e antes que fizesse
algo, um ruído alto saiu rasgando a minha garganta.
Assim que o estrondo ecoou no ambiente devido ao forte impacto da
mão dele em minha boca, sentir o gosto metálico do sangue
escorrendo pelos meus lábios. Levantei a cabeça e as feições do
homem era algo assustador. Seus olhos estavam soltando faísca de
ódio e sua voz potente logo reverberou raivosa.
— Bem que me avisaram, sua vadia, que você era bem esperta.
Achou mesmo que fosse idiota como o desgraçado do Dylan, que foi
nocauteado por você? — todo o meu corpo ficou em alerta total ao
ouvir suas palavras. Mas, antes que cogitasse em sair dali. O
homem se moveu rapidamente, me segurando e me lançou em
direção à cama, avançando sobre mim como um tigre que jamais
deixaria sua presa escapar. E, subiu em cima de mim.
— A minha vinda nesse lugar, foi exclusivamente para acabar com a
sua vida. Nem que fosse para dar cinco milhões de dólares. Afinal,
aquele dinheiro nunca foi nosso. Mas, antes de enviá-la ao inferno,
vou me deliciar com o seu corpo. Irei enfiar o meu pau em todos os
buracos possíveis. E, quando estiver satisfeito, vou acabar com a
sua miserável vida.
O medo me dominou, movida pelo meu desespero, comecei a me
debater. O homem escancarou minhas pernas à força. Levou suas
mãos de encontro a sua calça e colocou seu membro para fora,
esfregando seu pênis imundo nas minhas coxas.
Comecei a espernear freneticamente. Movido pelo ódio que estava
visível em seus olhos, ele moveu uma de suas mãos e o golpe
desferido no meu rosto, fez minha cabeça latejar. As lágrimas logo
surgiram e quando começou a rasgar a minha roupa, levei minhas
mãos de encontro ao seu braço, cravando a minha unha em sua
pele e saí deslizando por toda extensão do seu braço.
Ódio e Raiva!
Um misto de sensações ruins estava em sua expressão diabólica.
Quando achei que novamente ia me bater, as suas mãos seguraram
firme o meu pescoço, senti meus pulmões em chamas.
Pontinhos coloridos estavam dançando diante dos meus olhos. O
meu peito queimava, necessitava de ar desesperadamente.
Neste momento pensei que tudo estava perdido, então, um estrondo
ecoou dentro do quarto. E, as palavras que vieram a seguir e
preencheu todo o cômodo, me deixaram atordoada.
— Tire suas mãos imundas da minha mulher!
Capítulo 34

New York

O uvir as palavras de Boris, só me fez aceitar tudo aquilo que já


estava diante dos meus próprios olhos. No entanto, passei todo
esse tempo ignorando. Pensar que outro pudesse tocar no que era
meu, fez todo o meu corpo se incendiar. Se meus órgãos internos já
estavam funcionando num ritmo frenético, agora pareciam que
estavam em chamas.
Movendo-me como se fosse uma flecha em direção ao seu alvo, sai
do grande hall. Contudo, assim que passei pelas portas duplas e dei
alguns passos, ouvi um grito estrangulado e meu nome ecoou no
espaço.
— Dusannnnn...
Com um giro nos calcanhares, me virei identificando o responsável.
Este demostrava estar quase sem fôlego ao ter que vir ao meu
encontro.
— Eu não vou desistir dela — disse num tom firme.
Boris respirou fundo e sua voz novamente se fez presente.
— O resultado saiu. Suas suspeitas têm fundamento. Além de a voz
ter um tom diferente, as digitais que pegamos na máquina não são
de Bernardo.
Antes que voltasse a se manifestar, me virei em direção ao corredor
e apressadamente saí em direção ao quarto. Meus pensamentos
estavam fixos em Adônis. Entretanto, as peças do quebra cabeça
não estavam fazendo sentindo. Assim que parei em frente à porta e
levei uma de minhas mãos de encontro a maçaneta, a imagem que
surgiu no meu campo de visão despertou o pior monstro que habita
dentro de mim.
Tudo a minha frente começou a ser tomado por uma imensa
escuridão. A única coisa que conseguia ver, era a luz vinda dela, o
que fez os meus demônios se agitarem ainda mais, ocasionando
uma onda escaldante que apoderou de todo o meu ser. Meu
coração bateu tão forte, que minha voz logo ecoou no ambiente. E,
as palavras que saíram entre meus lábios, fizeram meus demônios
se agitarem ainda mais, como se estivessem em festa.
— Tire suas mãos imundas da minha mulher.
Ele pulou da cama num salto só. Meus olhos ficaram fixos em Luna
que estava pálida e tentava a todo custo recuperar o fôlego.
Contudo, logo desviei meu olhar, quando a voz do homem se fez
presente.
— Vou matar dois coelhos de uma só vez. Acabar com o temido
Dusan Borislav. Será um prazer imensurável, assim que vê-lo
sucumbindo, vou fazer o mesmo com essa desgraçada, entretanto,
antes vou fodê-la, até essa infeliz não consegui se mover. Quando
me der por satisfeito, acabarei com sua vida. Visto que, esse foi o
motivo de estar nesse puteiro.
Tomado por uma fúria descomunal, avancei para cima do
desgraçado. Noto que pelo movimento do seu corpo e agilidade,
sabia que passou por algum treinamento. Isso me fez vibrar por
dentro.
Uma vez que quanto maior o desafio, mais prazer terei em enviar
sua alma miserável ao inferno. E, no momento de distração, o
primeiro golpe foi desferido acertando em cheio o meu rosto. Minha
mandíbula se contraiu. A impressão era de que todo o meu rosto
tinha mudado e meus olhos estavam ardendo como se tivesse fogo
liquido dentro deles.
A dor que senti deixou-me mais agitado. Fechei minha mão em
punho e ao contrário desse desgraçado, o segundo golpe foi
desferido por mim em direção a sua boca. Assim que vi o sangue
escorrendo pelos seus lábios, era como se uma força sobrenatural
tivesse assumido o controle, as minhas mãos ficaram
descontroladas. Desferi uma sequência de golpes, dados entre sua
face e sua barriga. Perdi a noção do espaço e do tempo transcorrido
e, quando senti alguém segurando o meu braço, me tirando do
transe que permanecia, enfim assumir o controle do meu corpo.
— Chega!
Olhei para Boris, que segurava o meu pulso com bastante firmeza.
— Você sabe que precisamos de respostas e assim que tivermos,
poderá fazer aquilo que ninguém melhor que você sabe fazer. Esse
infeliz irá se arrepender do dia que nasceu.
Respirei fundo tentando controlar a forte agitação que estava dentro
de mim. Abaixei a cabeça e o maldito estava com o rosto todo
ensanguentado.
Todavia, ao olhar para o objeto no chão, tanto eu, como Boris,
tivemos certeza que esse infeliz tinha usurpado o lugar de Bernardo.
Mas, suas palavras me deixaram em total alerta já que o alvo era
ela e não eu.
Olhei para Luna que estava encolhida em cima da cama. Seu corpo
trêmulo demostrava o quanto ela estava com medo. Antes que me
manifestasse, Boris tirou seu paletó e seguiu em direção ao meu
brinquedinho. Então, peguei o objeto no chão, em seguida, me movi
em direção ao homem e saí puxando o desgraçado para fora do
ambiente.

Sentia o ar sendo arrancado dos meus pulmões, mas ouvi as


palavras que ecoaram no ambiente. E, logo após aquelas mãos
enormes se afastando do meu pescoço. Apesar da dificuldade,
tentei buscar o ar que tinha se tornado escasso.
Nunca pensei que fosse sentir tanto alívio ao ver o demônio a minha
frente. Entretanto, suas palavras ecoam na minha cabeça como um
mantra.
"Tire suas mãos imundas da minha mulher".
Quando ouvi um estrondo ecoando no ambiente, devido ao impacto
do punho do homem em contato com a face de Dusan. Saí do
estado estático que permanecia.
Se antes cogitei que era o próprio demônio, o capeta terrestre e a
encanação do próprio mal. Agora, vendo suas feições que em
questão de segundos mudaram para algo assustador. Assim como
suas órbitas que estavam vermelhas e faiscando de ódio. Ali, tive a
confirmação que estava diante do próprio demônio em forma
humana.
Parece que o golpe desferido em seu rosto, que se fosse em mim já
estava no chão e tão pouco iria me levantar, fez a sua fúria
aumentar a níveis extraordinários.
Os momentos seguintes foi como se estivesse assistindo uma luta
de MMA ao vivo. Seus punhos de aço eram implacáveis, precisos e
parecia não ter controle. Ainda que estivesse com o corpo trêmulo e
assustada, não conseguia desviar os meus olhos de cada
movimento dele.
E, quando Dusan foi dar mais um golpe, Boris segurou o seu braço.
Estava tão focada na cena a minha frente, que nem percebi quando
o mesmo adentrou o ambiente.
Depois que Dusan saiu puxando o homem para fora do cômodo.
Vesti o terno de Boris e ao seu lado deixamos o quarto.
Atravessamos o longo corredor e já dava para ouvir o barulho da
música que vinha do grande salão.
Mas, logo tudo ficou em um silêncio total, assim que passamos
pelas portas duplas. Todos os olhares estavam voltados em direção
a Dusan e o homem que estava caído no chão. Sua voz potente
logo ecoou no espaço.
— Esse infeliz usurpou o lugar de Bernardo Salazar. No momento
que deu o primeiro lance, o sistema implantando no meu celular,
que tem a identificação facial de todos vocês. E, como no último
leilão fizemos uma mudança ao colocar também o sistema de voz,
detectamos uma interferência no sinal depois de ele ter efetuado ao
pagamento. Boris, levou a máquina que continha suas digitais para
análise e constatou que era diferente a do Bernardo. No entanto,
esse desgraçado veio com um propósito muito maior. Visto que,
seu objetivo era eliminar alguém aqui dentro do The Brothel Empire.
Por esse motivo, o leilão perdeu totalmente o seu valor e esse
maldito será enviado para THE DEATH ROW.
Alguns homens logo se aproximaram e todos começaram a gritar
em uma só voz.
— Morte ao usurpador.
Os homens de Dusan saíram puxando o infeliz em direção a uma
parede, que se moveu assim que se ficaram alguns centímetros de
distância e revelou um elevador. Eles entraram no cômodo e logo a
parede novamente se moveu. No mesmo instante, que a voz de
Dusan ecoou.
— Uma rodada do melhor champanhe da casa como cortesia a
todos — a música logo preencheu o cômodo, parecendo que nada
tinha acontecido.
Assim que o demônio voltou sua atenção para mim e veio em minha
direção. Ao ficar a centímetros de distância, minha voz ecoou.
— Posso ir para o meu quarto? — as palavras que saíram entre
seus lábios me deixaram petrificadas.
— A partir de hoje o seu quarto será a minha suíte.
Capítulo 35

New York

D Esorientada, foi assim que olhei para o homem a minha frente,


que estava com seus olhos fixos em mim. Só posso ter ouvido
errado, no entanto, para não ter dúvidas, resolvi falar.
— Entretanto, prefiro ficar no meu quarto.
Suas feições logo mudaram, suas órbitas tenebrosas já estava me
dando calafrios. Sua mandíbula se contraiu como se estivesse em
uma fúria contida. Antes que fizesse algo, ele acabou com a pouca
distância que havia entre nós e colou seu corpo ao meu.
— Não me faça perder a paciência. Você vai agora mesmo com a
Karen pegar suas coisas e as levará para minha suíte. Porquanto,
se desobedecer novamente a uma ordem minha, como fez ao vestir
essa roupa, não serei bonzinho com você como fui até agora.
Minha garganta se fechou de imediato, nem a minha própria saliva
descia por ela. Fiquei totalmente quieta, enquanto ele fazia sinal
para Karen vir até nós. Não iria cutucar a onça novamente com vara
curta, ainda mais depois de ver como estava possuído naquele
quarto.
Assim que ela se aproximou, Dusan deu ordens para que fosse
comigo até o meu quarto, para pegarmos minhas coisas. O demônio
logo seguiu em direção a Boris.
Suspirei fundo e ao lado da kah, juntas seguimos em direção ao
corredor que dava acesso ao cômodo. Este, desde o dia que
cheguei aqui havia se tornado meu quarto.
O silêncio que permaneceu entre nós durante todo o trajeto até
chegar ao quarto. Mas, foi quebrado assim que adentramos o
ambiente. A doida saiu me puxando em direção a cama.
— Amiga que babado foi esse. Sabia que o chefe no último minuto
do segundo tempo não ia deixar ninguém fazer gol. Sempre te falei
que ele gosta de você.
Ao ouvir suas últimas palavras, tratei logo de repreendê-la.
— Nunca mais diga isso. Quem gosta não faz o que ele fez comigo.
Você está vendo essas marcas no meu pescoço? Isso foi à
consequência de ele ter me colocado naquele leilão. Dusan só foi
até aquele quarto, porque se deu conta que não queria dividir o seu
brinquedinho e não sei o que é pior. O demônio não gostar do seu
brinquedo ou gostar, isso não sei. Visto que, isso só servirá para
que nunca me deixe sair desse inferno.
Novamente o silêncio se fez presente. Pegamos as poucas coisas
que tinha e colocamos dentro da mala que estava no cômodo desde
quando voltei de Belgrado.
Com tudo já arrumado, ela me ajudou a levar minhas coisas para
aquele lugar. Que é tão sombrio quanto o monstro que habita nele.
Quando chegamos ao ambiente, resolvi deixar tudo dentro da mala,
porque não sabia onde colocar minhas coisas.
Karen se despediu e voltou para o salão. Assim que saiu, peguei
uma camisola, uma calcinha e com a minha escova de dente e
segui para o banheiro. Achei toalhas limpas em um dos armários,
tirei minha roupa e entrei no box. Carecia de tirar o cheiro daquele
homem que estava impregnado em meu corpo. Não sei quanto
tempo passei debaixo do chuveiro. Quando saí do cômodo luxuoso,
me enxuguei, depois de vestida, segui até a pia e escovei os meus
dentes. Em passos rápidos, deixei o ambiente e ao adentrar o
quarto, respirei aliviada por não dar de cara com ele.
Meus olhos logo ficaram fixos na enorme cama. Dei alguns passos e
ao parar em frente dela, dei de ombros e puxei as cobertas. Se ele
pensa que vou dormir na poltrona, está completamente enganado.
Ele que faça isso, assim como fez, quando eu estava doente.
Depois de estar perfeitamente acomodada, fechei os meus olhos.
No entanto, as palavras que ele proferiu dentro daquele quarto,
ficaram martelando na minha cabeça. Aquilo ficou em minha mente
até o momento que ouvi o barulho da porta sendo destrancada.
Permaneci com os meus olhos fechados. E, escutando o barulho
dos passos dele sobre o assoalho indo em direção à porta do
banheiro. Logo, ouvi o barulho de que estava sendo fechada.
Estava tão nervosa, que perdi a noção do tempo e só saí do meu
estado de estupor, quando senti o colchão afundando. Minha
respiração ficou acelerada, meu coração disparou. Não era possível
que ele fosse dormir comigo.
Se já estava com o coração quase saindo pela minha boca. A
situação só ficou ainda pior, quando se moveu e grudou seu corpo
musculoso ao meu. Sua respiração quente, em contato com a minha
pele, fez todo o meu corpo estremecer. Sem ao menos me dar
tempo para reagir, já que seus lábios deslizaram sem atrito ao longo
do meu pescoço e sua voz espessa junto ao seu hálito quente,
sopraram em meu ouvido.
— A partir de hoje você será toda minha, para sempre minha.
Meus olhos se abriram de imediato. Minha pele ficou quente, como
se alguém tivesse ligado um aquecedor. E, quando me virou,
subindo em cima de mim, fez o meu peito oscilar com a respiração
acelerada.
Dusan começou a fazer uma trilha de beijos por todo o meu corpo.
Se detendo em meus seios, começou a sugar, chupar e foi
distribuindo pequenas mordidas de leve em meus mamilos.
Novamente começou a beijar a minha pele, percorrendo a longa
extensão do meu pescoço. Afastou sua cabeça e ficou analisando
meu rosto. Posteriormente, aproximou os seus lábios macios e
encostaram-se aos meus com ansiedade e desejo. Sua língua me
invadiu com seu toque quente e convidativo. Consequentemente,
meus lábios entreabriram lentamente para abrigar os seus.
Suas mãos ágeis subiram e desceram por todo o meu corpo.
Enquanto, sua língua pedia passagem invadindo-me, possuindo-me
e consumindo-me. O mundo parou naquele momento. Sabia que ia
me arrepender, no entanto, já estava no fogo, então resolvi me
queimar.
Movida pelo desejo e a vontade irracional, comecei a correspondê-
lo. Sua boca cálida e seu hálito inebriante despertaram uma
sensação que nunca tinha sentido.
A sensação era que meu coração estava queimando como se fosse
explodir e meu corpo estava em chamas. Não consegui mais pensar
em nada. Somente sentir a sua língua explorando a minha.
Acariciando e iniciou-se um verdadeiro duelo numa dança que
parecia estar em perfeita sintonia.
Seu beijo que começou agressivo e selvagem, havia se acalmado.
Meu coração permanecia descompassado, estava tão perdida, num
misto de sensações, que sequer dei conta quando num movimento
abrupto, ele rasgou minha camisola.
Dusan deixou a minha boca e iniciou uma trilha de beijos por todo o
meu corpo. Senti uma onda escaldante apoderar-se de todo o meu
ser pela expectativa do que iria acontecer. Estremeci quando parou
próximo o meu sexo e levou a sua boca de encontro a minha
calcinha e beijando a minha vagina por cima do tecido. Em seguida,
iniciou movimentos circulares com sua língua. Suas mãos enormes
e quentes alçaram a barra da minha calcinha e lentamente foi
deslizando-a pelas minhas pernas.
Agarrando com força minhas pernas e afastando-as, para expor ao
máximo a minha boceta ao seu olhar. Seus olhos estavam cheios
desejos e famintos. Contendo um brilho que eu nunca tinha visto.
Seus lábios tocaram minha pele e começaram a descer lentamente
até alcançar a minha intimidade.
Estremeci e meu corpo todo se arqueou, quando sua boca gulosa
se apoderou de todo a minha vagina e chupou meu sexo
freneticamente. Minha boceta se contraiu avidamente. Meu corpo
reagiu aos seus toques. Entre sussurros disse.
— Essa bocetinha gulosa está tão quente...
Dusan abocanhou novamente o meu sexo. Seus lábios macios
roçavam os grandes lábios da minha boceta e sua língua passeava
com movimentos implacáveis pelo meu clitóris. Comecei a tremer e
senti os dedos dele acariciando a entrada da minha intimidade. No
mesmo instante, sua língua trabalhava no ponto delicado e latejante
que suplicava por atenção.
— Ah!
Para aumentar o meu tormento, sua língua continuava a explorar o
meu clitóris. Com uma habilidade avassaladora, friccionando o meu
sexo úmido e latejante. Ao mesmo tempo, sentia o mergulho rítmico
dos seus dedos dentro da minha fenda.
Fui inundada pelo prazer, quando mergulhou mais fundo e girou
seus dedos dentro da minha vagina. Concomitantemente, sua língua
exerceu uma manipulação hábil em meu clitóris, me levando a
loucura. Um choramingar desesperado saiu rasgando a minha
garganta. Segurei firme a cocha da cama, enquanto ele começou a
sorver todo meu líquido, que saia do meu sexo de forma até
agressiva. Isso arrancava gemidos altos e involuntários que saiam
pela minha boca.
Meu corpo todo estava trêmulo e minha respiração ofegante.
Todavia, logo fui tirada do estado catatônico que me encontrava
quando o colchão afundou com o movimento dele subindo na cama.
Dusan se deitou em cima de mim e se acomodou entre minhas
coxas. A cabeça grossa e macia do seu membro roçou a entrada da
minha boceta. Moveu os quadris e lentamente foi empurrando toda
extensão do seu pênis para dentro de mim. Levei minhas mãos de
encontro aos seus quadris e em resposta iniciou um movimento de
vaivém torturante.
Minha intimidade pulsava descontroladamente. Apertando a cabeça
do seu pênis e incitando-o aumentar o ritmo dos seus movimentos.
No entanto, continuava naquela tortura.
— Por favor! — sussurro com uma ânsia comovente.
— Diga o que você quer?
Não estava acreditando nas palavras que saíram por entre meus
lábios. Minha cabeça estava a mil, perdendo todo o meu
autocontrole comecei a suplicar.
— Depressa — um esboço de um sorriso surgiu entre seus lábios.
— Eu vou satisfazê-la — ele prometeu.
No mesmo instante, seus quadris começaram a se mover com mais
agilidade, me levando à loucura com suas estocadas furiosas. Meus
quadris se remexiam sem que me dessa conta e minha boceta
engolia toda a longa extensão do seu membro faminto. Gemia sem
parar, sentindo meu ventre ser contraído por pequenos tremores de
deleite.
Uma sensação de vazio me assolou quando retirou seu pênis de
dentro de mim. Contudo, antes que tivesse qualquer outro
pensamento, um gemido alto saiu da minha garganta quando me
penetrou novamente.
Seu pau entrava e saía de mim intensamente. Me fodendo e seus
movimentos habilidosos me faziam perder o fôlego. Ele rangeu os
dentes e encostou a boca na minha, engolindo a minha língua e
sugando com entusiasmo. Senti seu pau inchar e minha vagina
apertou ainda mais seu membro. Numa estocada mais profunda,
gritamos juntos, em seguida, alcançamos o êxtase.
No dia seguinte...

Mesmo contra minha vontade, tive que deixar minha suíte. Nunca
havia dormido tão bem em toda minha vida e muito menos acordar
com uma sensação tão boa. Depois de ter passado praticamente
toda a noite me perdendo naquela boceta deliciosa, tomamos banho
e meu brinquedinho caiu num sono profundo.
Meus olhos foram de encontro à poltrona, mas ao lembrar-me de
como acordei da última vez. E, não tendo alternativa, me deito ao
seu lado e o cheiro dela logo invadiu minhas narinas. Aproximei-me
mais do seu corpo e para minha total surpresa, minhas pálpebras
logo ficaram pesadas e meus olhos se fecharam.
Acordei sobressaltado ao ouvir o barulho do meu celular e era Boris
me avisando que o maldito já estava pronto. Tomei uma chuveirada
rápida e quando deixei o quarto, vi que Luna ainda estava dormindo.
Deixo meus pensamentos de lado assim que ouço a voz de Boris.
— Vamos!
Entramos no elevador que dava acesso ao corredor da morte.
Depois de alguns minutos, chegamos ao subsolo e com passos
rápidos e precisos, seguimos em direção ao cômodo.
Assim que paramos em frente à porta que logo foi aberta revelando
o infeliz que estava preso ao crucifixo.
Quando movi minha perna direita para adentrar o ambiente, um
grito terrível ecoou dentro do cômodo. Antes que fizesse alguma
coisa, um estrondo terrível se fez presente. E, no mesmo instante
meu corpo foi arremessado de encontro ao chão.
Capítulo 36

Belgrado – Sérvia
Vladimir

M aldiçãoooo!!!
Aquele incompetente não foi capaz de acabar com aquela
vadia miserável. Tudo que precisava era matar a infeliz e todos os
nossos problemas estariam resolvidos.
Gustavo se mostrou um inútil. Depois de tudo que fizemos para
infiltrar o maldito dentro do The Brothel Empire. Isso, sem levantar
suspeitas e, o desgraçado não teve êxito em sua missão.
Depois de obter as informações do site que Dusan criou
exclusivamente para os leilões, só precisávamos encontrar uma
vítima. Matar e usurpar a vida de Bernardo foi necessário. Uma vez
que, era o único que além de milionário, era solteiro e não levantaria
suspeitas. Depois da cirurgia de Gustavo, tudo o que nos restava
era esperar o momento certo para agir.
Quando foi publicada no site todas as informações sobre o leilão. E,
tendo acesso sobre a conta bancária de Bernardo, demos um lance
inicial muito maior do que Dusan pudesse cogitar. Com tudo já
encaminhado, assim que chegou o grande dia, Gustavo já estava
em solo americano e tudo que precisava era colocar o aparelho que
permitia sua voz ser alterada pela de Bernardo. Além de dar o maior
lance e eliminar o alvo.
Tudo era questão de minutos e o incompetente não foi capaz de
executar a ordem. Consequentemente, aquela infeliz, mas uma vez
se livrou da morte. Tudo já está indo longe demais e não vou deixar
que ela atrapalhe o que levei anos para consegui.
"Luna precisa ser eliminada antes que tudo venha a se concretizar".
Como jamais devemos entrar em uma guerra sem ter um segundo
plano, quando estavam fazendo a cirurgia do infeliz, pedi ao médico
que era da minha confiança, para que fosse implantado um
microchip em sua cabeça. Além de monitorar os passos do idiota,
no momento certo seria o responsável pela sua morte.
"Dusan terá uma grande surpresa."

New York
Minutos antes da explosão...

— Filha!
— Luna! Acorda!
Mãe? Minhas pálpebras estão pesadas, mas diante daquela ordem
dada meus olhos se abriram de imediato.
Desorientada, olhei em volta do lugar e assim que meus olhos foram
de encontro a porta, ela surgiu no meu campo de visão.
Mila deu alguns passos e se deteve, suas feições eram algo
assustador, suas órbitas azuladas estavam no tom avermelhado.
Raiva! Nunca a tinha visto dessa maneira. O meu anjo e a pessoa
mais pura que já conheci, me olhava com tanto ódio que seus olhos
soltavam faíscas, tamanha era sua fúria e antes que tivesse
qualquer outra reação, sua voz se fez presente.
— Como você teve coragem de se entregar a ele depois de tudo
que esse demônio fez a nossa família? — a minha mãe que antes
estava imóvel, avançou em minha direção.
— Eu te odeio. Você não é mais a minha filha — eu estava
totalmente desnorteada e novamente a minha irmã voltou a falar.
— Como esqueceu de todo sofrimento que estamos vivendo por
culpa dele? O nosso pai está morto.
Meu coração disparou, um nó imenso se formou em minha
garganta. Senti o ar sendo roubado dos meus pulmões, ela que
antes estava imóvel, avançou em minha direção.
— Jamais vou te perdoar por ter ficado com ele e esquecido da sua
família. Você me prometeu que sempre estaria ao meu lado e
quando te levaram, jurou que faria de tudo para voltar.
Aquela não era a minha irmãzinha. Não! Não! Não! Isso não pode
ser real. Novamente os meus pensamentos foram interrompidos.
Quando o som potente da sua voz, que era totalmente
desconhecido por mim, preencheu todo o ambiente.
— Eu te odeio! Odeio! Te odeiooooooo!!!
Acordei suando frio e com o coração batendo violentamente. As
lágrimas começaram a descer pelo meu rosto e não pararam mais.
As palavras dela me atingiram como um soco no estômago. Engoli
em seco quando meus olhos foram de encontro ao meu corpo nu e
não permitia que duvidasse de tudo que fiz com aquele homem na
noite passada.
Mila tem toda razão, como pude ceder e entreguei-me de corpo e
alma àquele demônio?
Quando ele aproximou sua boca da minha e segundos depois sua
língua invadiu minha boca, o beijo que despertou uma explosão de
sensações dentro de mim. Meu corpo ficou quente, quentíssimo,
exalando calor como uma fornalha e nunca havia sentido.
Correspondi a cada toque dele, me movendo inquietamente,
remexendo os meus quadris e esfregando a minha vagina latejante,
encharcada, que não parava de pulsar por toda extensão de seu
pênis.
Fui eu quem de forma despudorada comecei a implorar para que
fosse mais fundo e rápido. Permitindo que ele me penetrasse por
inteira e como consequência, tive vários orgasmos, violentos e
arrebatador. Um prazer imensurável. Como se todo o meu
sofrimento estivesse sendo liberado em forma de prazer.
Dusan está mantendo a minha família como refém e não sei qual é
a real situação deles. Cogitar que as palavras de Mila sobre o meu
pai pudesse ser verdade, fez aumentar o meu desespero e
tormento. No entanto, não sei as consequências daquele tiro e o
que estão passando. Mas, tenho consciência que fui fraca, deixei a
luxúria e o prazer carnal apodera-se de todo o meu ser.
Aquele demônio me treinou para ser fria, não hesitou um instante
em me punir para consegui passar por todas as fases. Contudo, de
nada valeu todo o meu esforço e sofrimento, se agora me entreguei,
só porque me quer como seu brinquedinho exclusivo.
Preciso usar dos seus próprios ensinamentos ou a minha família
sempre será o seu alvo, caso não faça tudo aquilo que desejar.
Saio do meu estado catatônico, quando senti uma terrível ânsia de
vômito. Chutei as cobertas descendo da cama e saí correndo em
direção ao banheiro.
Depois de esvaziar o estômago. Agarrei-me à beira da pia e de
repente, um estrondo terrível ecoou no espaço fazendo o chão
tremer.
"O que está acontecendo?"
Droga! Droga! Droga!
Uma dor terrível atravessou todo o meu corpo devido ao forte
impacto com o concreto. A minha cabeça estava pesada e dolorida,
uma de minhas pernas não parava de latejar. Mesmo com
dificuldade, me movi e olhei o estrago feito na minha perna direita.
Desviei o olhar em outra direção e Boris estava jogado no chão.
Lutando com o maldito incômodo, me coloquei de pé, travando os
dentes de imediato para reprimir qualquer som que pudesse a vir
sair entre meus lábios. Desorientado, olhei para porta a minha
frente, que estava trancada. Todavia, o calor escaldante que vinha
através dela me fez constatar que o estrago tinha sido grande. Boris
logo se levantou.
— Obrigado! Se não fosse você o estrago teria sido pior — disse a
ele.
— Essa foi por pouco.
Graças a sua agilidade de ter acionando o botão que fechava a
porta. Logo, em seguida jogou o meu corpo de encontro ao chão e
algo mais grave não aconteceu. Porém, antes que a porta fosse
fechada por completo, a minha perna que estava próxima, acabou
sendo atingida. Se não fosse pelas paredes do corredor da morte
ser feitas de aço, assim como, a sala do desespero e toda estrutura
do The Brothel Empire, teria sido afetada em uma proporção
gigantesca e tendo consequências graves.
O alarme de incêndio logo ecoou no espaço.
O barulho vindo da sala se fez presente, indicando que o sistema de
emergência sprinkler foi ativado, liberando a água para atuar no
combate.
Depois de alguns minutos, a porta foi aberta. Boris logo adentrou o
cômodo e o resto do corpo do desgraçado estava espalhado por
todo cômodo.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que a voz dele
novamente se fez presente.
— Você sabe o que isso significa?
— Sim! Ao eliminarem esse maldito, só nos deu a confirmação que
Adônis Ruçi, não foi responsável pelo que aconteceu aqui. Já que
sempre fez questão de deixar claro que estava por trás de cada
ataque contra nós. Vamos! Seja quem for que está por trás de tudo
isso, poderá até cogitar que está um passo a minha frente, no
entanto, mostrarei quem é Dusan Borislav.
Com um giro nos calcanhares, segui em direção à porta, assim que
dei alguns passos o meu celular começou a vibrar. Levei a mão de
encontro ao objeto e ao olhar para tela do aparelho, o nome de
Dimitri surgiu no meu campo de visão.
"Vamos ver quais segredos serão revelados"
Capítulo 37

New York

C om os olhos cravados no aparelho, deslizei um dos meus


dedos na tela rejeitando a ligação. A voz de Boris, logo se fez
presente.
— Você não vai atender?
— Aqui não.
— Você precisa dar um jeito nessa perna.
— Depois. Vamos para o meu escritório.
Com passadas firmes e precisas seguimos em direção ao elevador.
Algum tempo depois, chegamos ao terceiro andar. No momento em
que a porta foi aberta, Karen surgiu no meu campo de visão. Depois
de algumas passadas me detive.
— Providencie algo para Luna comer. E, leve até o meu quarto.
— Sim Chefe!
Os olhos dela logo se desviaram e foram de encontro à pessoa que
estava ao meu lado. Suspiro fundo ao ver o rumo da cena a minha
frente. Olhei para Boris que também tinha o olhar fixo nela. Esses
dois, mas agora ele que controle o pau dele, pois a situação é muito
mais séria do que havíamos cogitado.
— Vamos! Boris!
O homem que até então estava imóvel, pareceu que enfim tinha
saído do transe em que se encontrava. Girando meus calcanhares,
segui em direção ao corredor que dava acesso ao meu escritório.
Quando adentrei o cômodo, caminhei em direção a minha poltrona.
Com o aparelho em minhas mãos, retornei à ligação de Dimitri, ao
primeiro toque ele atendeu de imediato.
— Descobrir algumas coisas no convento Santa Maria. Porém,
mesmo com todas as minhas habilidades, acredito que não irei obter
mais informações. Já que, as únicas pessoas que podem esclarecer
toda verdade são os membros do conselho da sua organização.
Levando em conta o fato de que por anos omitiram a verdade,
acredito que tão pouco deixarão os segredos em torno de Ângela
serem revelados.
Minha cabeça ficou a mil, afinal quem era Ângela e do que ele
estava falando?
Antes que algum outro pensamento se fizesse presente, novamente
sua voz ecoou.
— Descobri que sua verdadeira mãe se chamava Ângela Borislav.
Uma órfã que foi criada pelas freiras do convento Santa Maria.
Estava prestes a completar dezoito anos. Já estava decidida a se
tornar uma noviça. No entanto, certa manhã, enquanto saiu para
fazer o que era sua rotina, onde sempre pegava água no poço que
fica do lado externo do orfanato, nunca mais voltou. Passaram dias
a procurando pelos arredores, algumas cogitaram que tenha fugido.
Mas pelo que a madre superiora falou, ela sempre desejou se tornar
uma freira. O que não faz sentido algum com a história que te
contaram. Pelos meus anos nessa profissão, posso te dizer: — ouço
sua respiração profunda do outro lado da linha. — Que os membros
do conselho não só omitiram a verdade de quem ela era, como
acredito que foram eles os responsáveis pelo seu desaparecimento.
Minha respiração se tornou pesada. O desgraçado do Dylan, antes
de morrer, deixou claro que eu não sabia a verdade sobre a minha
própria origem. O avô do infeliz era um antigo membro do conselho
e talvez tenha falado algo a ele antes de falecer. Meus pensamentos
foram interrompidos quando ouvi a voz de Dimitri.
— Dusan?!
— Quero que você saia de Belgrado ainda hoje.
Minutos depois encerrei a ligação. Um turbilhão de pensamentos se
fizeram presentes. Aqueles infelizes sempre trataram de repetir
todos os dias à mesma história de quem era a mulher que me deu a
vida. E, cada vez que ouvia tudo aquilo, a única coisa que
conseguia sentir era um ódio descomunal daquela mulher.
Ângela, pela descrição deles não passava de uma vadia. No
entanto, há algo de muito podre em volta disso para terem omitido
quem ela era. Tornar-me o chefe da máfia Sérvia, colocou a
organização entre as mais temidas e mais ricas de todos os tempos,
proporcionando a todos uma vida de luxo e esplendor.
A máfia Sérvia se espalhou como uma erva daninha e se enraizou
não só no solo americano, como em vários países. Com o poder
que detenho, posso eliminar qualquer obstáculo com um simples
comando. Fazer países entrar em guerra e tirar proveito de toda
situação, mas, esse nunca foi o meu objetivo, ainda que essa
sempre foi a vontade do conselho. Ao contrário deles, nenhum dos
meus bens está vinculado a organização.
Assim como fui treinado, sempre coloquei acima de qualquer
interesse, a nossa organização. Vendo todas as mulheres como
simples objetos, toda vez que olhava as mulheres a minha volta,
sempre vinha a minha mente que eram todas iguais aquela que só
serviu para me colocar no mundo e se entregou a um desconhecido
como uma vadia.
A minha atenção durante os últimos dois meses, estava voltada
para Luna. O homem que usurpou a vida de Bernardo, deixou claro
que ela era o alvo a ser eliminado e horas depois houve aquela
explosão nós dando a confirmação de que Adônis não era o
responsável.
Quem teria interesse em acabar com a vida dela e por quê?
Antes que começasse a processar todas as informações, a voz de
Boris ecoou no cômodo.
— Xeque-mate. Entrei no banco de dados e fiz uma busca sobre as
digitais daquele verme.
Em seguida virou seu notebook em minha direção, sentir o ódio
inflamando em minhas veias e meus pulmões pareciam está em
chamas. A minha mandíbula não parava de se contrair. A raiva
apoderou-se de todo o meu ser, institivamente uma de minhas mãos
se fechou em punho e o golpe foi desferido em cima da mesa
fazendo o notebook quase cair no chão.
— Assim como fiz se tornarem quem são, eu irei acabar com todos.
"Ninguém tocará no que é meu"

Fiquei completamente desorientada com o estrondo de horas atrás.


De banho tomado e arrumada, segui em direção a porta. Antes que
chegasse até ela, ouvi uma batida na porta e a voz da Kah se fez
presente.
— Luh! Posso entrar?
— Sim.
A maçaneta foi girada e assim que a porta foi aberta e ela surgiu no
meu campo de visão com uma enorme bandeja em suas mãos.
Vendo que eu estava perdida ao ver o objeto em suas mãos,
novamente voltou a falar.
— O chefe pediu para trazer algo para você comer.
— Você não precisava fazer isso. Já estava indo para o refeitório.
Ela caminhou em minha direção e ao parar em minha frente se
deteve.
— Amiga, eu tenho amor pela minha vida. Não estou doida em
cutucar a onça com vara curta, ainda mais porque um raio não cai
duas vezes no mesmo lugar.
Não entendi o que ela quis dizer com isso. Mas, sendo a Kah, logo
eu teria a resposta.
— A única pessoa que conheço que desafiou o demônio e está viva,
tem dois pares gigantes de olhos azuis. Então, minha linda, isso já
foi um milagre e não acredito que vai acontecer com outra pessoa.
Assim, ela me entregou a bandeja e quando já ia saindo, eu pedi
que ficasse. Porquanto, assim que terminasse iria ajudá-la na
limpeza do local. Sentei-me na cama e Karen estava na poltrona.
Enquanto comia, fiquei pensando onde Dusan fazia as refeições
dele, pois, sendo que nunca que colocou os pés no refeitório. E,
aqui na sua suíte, nem ao menos tinha uma mesa ou um lugar mais
confortável para se fazer uma refeição. O que era bem estranho, já
que, tudo no bordel além de ter luxo em excesso é bem estruturado.
Karen também me contou sobre o barulho que tinha feito o chão
tremer. Dizendo: que Dusan estava com uma das pernas ferida.
Minutos depois, após escovar os meus dentes, deixamos o quarto e
seguimos em direção ao hall. Depois de ter levado a bandeja até o
refeitório, junto com a Karen, caminhei de volta para o grande salão,
e, ao chegar ao ambiente dei de cara com Boris. Ele logo me disse
que Dusan tinha dado ordem para que fosse até seu escritório.
Explicou-me ainda em que direção ficava. Em passos cautelosos e o
coração disparado, segui pelo imenso corredor. Quando cheguei
frente à porta, antes de cogitar em bater, ela foi aberta de imediato.
Dusan estava com os olhos cravados em minha direção, os seus
cabelos estavam úmidos, indicando que havia tomado banho fazia
pouco tempo. Meus pensamentos foram interrompidos assim que
ouvi sua voz.
— Entre!
Suspirei fundo e sem desviar o olhar do dele, dei alguns passos e
parei próximo a sua mesa.
— Mandou me chamar chefe? Em que posso ajudá-lo? — disse de
forma sarcástica.
Mesmo tentando disfarçar, percebi quando sua mandíbula se
contraiu. Um silêncio constrangedor pairou no ambiente durante
alguns segundos. Logo após, ele levantou e veio em minha direção.
Meus batimentos aumentaram assim que ficou centímetros de
distância de mim.
De frente para mim, manteve seus olhos fixos nos meus e depois
percorreu seu olhar por todo meu corpo. O silêncio novamente
predominou entre nós dois, apenas nos entreolhando sem nada a
dizer. Até que Dusan uniu o seu corpo ao meu e, uma de suas mãos
foi de encontro a minha cintura, me puxando para mais perto de si.
Antes que tivesse qualquer outro pensamento, sua boca tomou a
minha em um beijo que roubou o meu fôlego.
Parecia encontrar-se faminto, visto que estava devorando a minha
boca. Beijando-me com volúpia enquanto suas mãos exploravam o
meu corpo.
No momento seguinte, nós dois já estávamos sem roupas. Suas
mãos foram de encontro a minha cintura e rapidamente me
colocou sentada em cima da mesa. Depois, segurou com as duas
mãos os meus seios, os apertando. Começou a chupar e os sugar.
Enquanto isso, afastou uma das mãos e deslizou até a minha
boceta, procurando entre meus grandes lábios, o meu clitóris. Ao
encontrar, segurou firme, o roçando e o apertando.
Enquanto mamava, beijava e sugava os meus seios, ele aumentava
ainda mais a intensidade dos seus movimentos em torno do meu
botão inchado e sensível pelos movimentos habilidosos dos seus
dedos. Sem que pudesse controlar, as minhas pernas começaram a
tremer. E, foi nesse exato momento que sua mão deixou a minha
vagina e segurou firme o seu membro.
Já era visível o líquido lubrificante em cima da cabeça robusta do
seu pau. Então, começou a deslizar a cabeça grossa do seu pênis
por toda extensão da minha intimidade. De cima para baixo, de
baixo para cima, num ritmo frenético, até que parou próximo à
entrada da minha boceta. E, começou a esfregar o seu pênis
naquela região, fez isso repetidas vezes.
Respiro profundamente ao ver seus olhos cheios de desejo e tesão.
Seu membro estava tão quente, que não aguentou e foi deslizando
todo o seu tamanho avantajado para dentro de mim.
Dusan colocou as duas mãos em meus quadris e começou a me
penetrar com vigor. Enquanto beijava o meu pescoço com carinho,
em seguida, começou a beijar minha boca com voracidade. Suas
mãos apertavam minha bunda cada vez que me estocava mais
fundo e forte, preenchendo-me completamente.
O movimento de vaivém se intensificava a cada investida. Ouço
seus gemidos, sua respiração acelerada e sua voz descontrolada.
Disse entre gemidos de prazer.
— Goze! — vibrei por dentro ao ouvir suas palavras.
Então, ele me beija e passa a língua no lóbulo da minha orelha.
Enquanto, investe seu membro com mais força dentro de mim. Em
uma investida mais intensa, sinto seu pênis pulsar e seu líquido
quente me invadido. No tempo em que um ruído alto sai de seus
lábios.
Sua respiração ainda estava ofegante quando a minha voz ecoou.
— Em que mais posso ajudá-lo. Chefe?
Engoli em seco quando levantou a cabeça e suas órbitas
tenebrosas ficaram fixas em minha direção.
Capítulo 38

Belgrado – Sérvia
Vladimir

D epois de ter acionado o maldito botão e ter me livrado da única


prova que poderia fazer Dusan chegar até nós, liguei para os
membros do conselho e resolvi marcar uma reunião de urgência na
minha própria casa. Até porque não poderia correr o risco de que
alguma informação viesse a chegar aos ouvidos de Borislav.
A essa altura o corpo do infeliz foi resumindo a nada e Dusan deve
estar completamente atordoado sem entender o que aconteceu.
Meus pensamentos são interrompidos assim que ouço uma batida
na porta do meu escritório, em questão de segundos uma dezena
de homens surge no meu campo de visão. No momento em que
todos já estavam acomodados, disse.
— O infeliz que enviamos não foi capaz de executar a ordem.
— Mas como? Se tudo que precisava era matar a maldita —
Augusto logo se manifestou.
— Malditos incompetentes — Ezequiel disse.
— Precisamos planejar o próximo passo, pensar em como vamos
eliminar aquela prostituta. Como todos sabem, não é viável que
continue tão próxima dele.
— Por mim já teríamos eliminado ela quando ainda estava em
nosso território — Augusto disse completamente enfurecido.
No momento seguinte os sussurros logo preencheram o cômodo.
Todos estavam buscando a melhor solução para exterminar de vez
aquela vadia. E assim tirar de vez esse obstáculo do nosso
caminho. Porém, um barulho vindo da porta logo chamou atenção
de todos. No mesmo instante, os presentes ficaram em total alerta,
ninguém em sua sã consciência iria interromper uma reunião do
conselho a não ser que fosse um código vermelho. Rapidamente,
vários pares de arma foram apontados em direção à porta. E, assim
que dei autorização para entrar. Matheus, um dos meus homens,
surgiu em nossa frente. Contudo, a atenção de todos estava na
mulher ao seu lado.
Augusto por sua vez logo se manifestou.
— Te darei dois minutos para se explicar ou eu mesmo te enviarei
ao inferno — os olhos dos dois logo se arregalaram. O medo estava
visível no olhar da mulher que estava trêmula.
— Chefe! Essa mulher tem informações que são do seu interesse.
Olhei para a infeliz que tinha um rosto familiar. Entretanto, não
conseguia me lembrar de onde a conhecia. Ao lado de Matheus, a
mulher começou a caminhar e se deteve ao parar bem no centro do
ambiente.
— Desculpe-me senhor. Não sei se ainda lembra-se de mim. Mas,
há alguns anos, fui chamada por vocês para cuidar daquela mulher
que deu à luz ao menino que ficou sob os cuidados de vocês.
Novamente uma grande movimentação pairou no ambiente,
deveríamos ter eliminado essa desgraçada. De certo veio em buscar
mais dinheiro. Todavia, voltou a falar antes que tivéssemos qualquer
outra reação.
— Alguns dias atrás, um homem estava procurando por notícia da
desconhecida.
— O que você disse a ele? — perguntou Ezequiel.
— Só disse que a mulher não parava de falar no convento Santa
Maria.
Ao ouvir suas palavras, senti a raiva tomar conta de mim, minha
respiração ficou pesada, meus pulmões funcionando a todo vapor e
minha garganta se fechou de imediato. Porém, meus pensamentos
foram todos voltados para Dusan. Saio do estado estático que me
deparava quando os sussurros ecoaram preenchendo todo o
cômodo. Augusto estava completamente atordoado. E, antes que eu
cogitasse em ter qualquer atitude, um estrondo ecoou no ambiente,
notei que havia puxado o gatilho, acertando com precisão um tiro na
cabeça da infeliz.
— Tire essa desgraçada daqui — falou e em seguida se virou em
minha direção.
— Você sabe que ele está por trás disso. Agora não terá mais volta.
Borislav deve ser eliminado.
O silêncio predominou no ambiente, eu suspiro profundamente.
Vários pares olhos estavam fixos em minha direção e eu sabia que
não tinha alternativa a não ser acatar a sugestão.
— Chegou a hora de nos unir ao nosso pior inimigo, e assim,
destruir uma ameaça muito maior. Adônis Ruçi será o tolo que nos
ajudará a tirar aquela infeliz e Dusan Borislav do nosso caminho.

New York

Seus olhos estavam faiscando de ódio, as feições diabólicas logo


surgiram. A mandíbula se contraia indicando o tamanho da sua
fúria. Seu olhar mortal cravado em mim. Assim que moveu uma de
suas mãos, comecei a tremer igual vara verde.
O coração disparou e meus pulmões começaram a funcionar aos
espasmos. E, antes que tivesse qualquer chance de defesa, Dusan
moveu a mão rapidamente e segurou firme o meu cabelo, um ruído
de dor e medo logo escapou pela minha garganta. No momento que
acabou com qualquer indício de distância do seu rosto com o meu,
pude sentir seu hálito quente em minha face. Sua boca logo tocou a
minha pele e deslizou até o lóbulo da minha orelha e fez todo o meu
corpo arrepiar com o calor de sua respiração no meu ouvido. Sua
voz logo ecoou num tom totalmente desconhecido.
— Sua atitude só me faz vibrar por dentro ao constatar que sou um
ótimo professor. Porém, brinquedinho, assim como fui o responsável
por fazer você ser uma boa aluna, ao ponto de não esquecer o seu
treinamento. Agora te quero como minha mulher e tenho meios para
fazê-la esquecer tudo que aprendeu, e, ser uma mulher fogosa que
ficará afiada a cada toque meu e vai suplicar para ter o meu pau
todo enfiado dentro dessa boceta gostosa. Entretanto, já que quer
colocar o seu treinamento em ação vamos usar essa língua afiada
para algo mais prazeroso.
Engoli em seco ao ouvir suas palavras. Sua boca logo deixou o meu
ouvindo e tomou a minha com voracidade, sem me dar tempo de
assimilar direito o que estava acontecendo. Seu pênis, que ainda
estava dentro de mim totalmente imóvel, reagiu de imediato,
pulsando descontroladamente.
Não conseguia acreditar que já estava novamente duro feito uma
rocha, me penetrando com vigor. Sua língua invadindo minha boca
numa dolorosa exploração.
As estocadas ficaram cada vez mais intensas, enquanto acariciava
os meus seios com uma de suas mãos. Já estava ficando sem
fôlego, pois, não parava de explorar a minha boca como se tivesse
ansiando por mais e muito mais.
Seus movimentos se tornaram rápidos e urgentes. Fazendo seu
pênis ir fundo, me preenchendo completamente. Tudo que quero é
que ele goze logo. Sinto seu membro ficar maior e foi nesse exato
momento que comecei a remexer meus quadris freneticamente.
Ouço seus gemidos, sua respiração acelerada e a voz
descontrolada dele dizendo entre gemidos de prazer.
— Eu sou o seu único homem e te farei minha em todos os
sentidos.
Permaneci me mexendo sem parar. Dusan aumentou ainda mais os
seus movimentos. Começou a me beijar com fervor, gozando e
liberando seu líquido em jatos potentes. Pude sentir o sêmen me
invadindo, enquanto não parava de repetir a mesma frase.
— Minha... Só minha. Toda minha.
Horas depois...
Antes de sair do escritório, Dusan tratou de dizer que não me queria
ajudando na limpeza. Esse demônio só pode ser bipolar. Visto que,
semanas atrás, quando saiu com aquelas duas, fez questão de
jogar na minha cara que eu era só mais uma.
Quando voltei para o salão, encontrei a Kah ajudando na limpeza.
Dei de ombros para a ordem que ele me deu. Contudo, a Karen me
reprendeu e tomou a vassoura que estava em minhas mãos.
Segundo ela, já tinha sido avisada que se ajudasse na limpeza
todos seriam punidos.
Aborrecida, segui para o quarto, não ia aguentar ver todos
trabalhando enquanto ficava só observando. Quando entrei no
cômodo, as lembranças das palavras dele logo se fizeram
presentes. Não sei qual o jogo dele! O homem que estava me
treinando para ser só um objeto e uma prostituta, deixou bem claro
qual era suas intenções em relação a mim e agora vem com essa
história de que serei sua mulher.
A mulher do monstro, que não hesitou em mandar dar um tiro no
meu pai e que mantém a minha família presa como se fossem
animais. Eu estava tão perdida, tão atordoada, que meus olhos logo
ficaram pesados, o que achei estranho, pois, nunca fui de dormir
durante o dia.
Acordei assim que ouvi uma movimentação no quarto. Meus olhos
logo foram de encontro ao homem que estava parado com seu olhar
fixo em minha direção. E, antes de ter qualquer reação, ele se
manifestou.
— Daqui a pouco a Karen virá trazer alguns vestidos para você
escolher. Quero-a pronta assim que as portas do The Brothel
Empire forem abertas.
Caminhou em direção à porta e logo sumiu do meu campo de visão.
Fiquei tão imersa em meus pensamentos que perdi a noção do
tempo transcorrido.
Uma batida na porta logo me tirou do meu momento de devaneio. A
Kah logo entrou com vários vestidos em suas mãos. Nos minutos
seguintes, passei com ela escolhendo o que ficava melhor em meu
corpo. Também fez um penteado no meu cabelo e uma maquiagem.
Quando me olhei no espelho, o único pensamento que veio a minha
mente era qual a intenção dele em me querer no grande salão.
Enquanto estava entretida nos meus pensamentos, olhei para o
relógio e vi que já estava na hora de ir para o grande hall.
Em passos vacilantes caminhei em direção à porta. Quando estava
atravessando o corredor, encontrei a Kah e enquanto íamos
andando, ela me disse que hoje tinha bastante novos clientes. Pois,
é aniversário de um cliente bem antigo. Passamos pelas portas
duplas e notamos que havia uma grande movimentação e até maior
que no dia do leilão. O som da música agitada no ambiente estava
mais alto que o normal. As meninas pelo visto, estavam
aproveitando cada segundo.
Meus olhos circulam em volta de todo ambiente e não vi o demônio
em lugar algum. Estava tão distraída conversando com a Kah, que
nem notei a aproximação dos dois infelizes, até que senti uma mão
em volta da minha cintura, enquanto o outro também segurou a
cintura da Kah.
— Por que as duas gostosas não vêm participar da festa? — um
deles disse para Karen.
— Se vocês estão aqui é para nos servir e vou adorar tê-la se
contorcendo em baixo de mim — o outro completou e apertou ainda
mais a minha cintura e me puxou para mais perto de si.
Apressadamente o homem segurou firme o meu pulso e assim que
ia me puxar uma barreira humana surgiu em nossa frente.
"E o que vi, fez todo o meu sangue gelar."
Capítulo 39

New York

M eu coração disparou quando levantei a cabeça e notei a


mudança no rosto de Dusan. Suas feições se contorceram, era
como se estivesse sentindo dor. Seus lábios se separaram e sua
voz num tom rude se fez presente.
— Tire suas patas imundas de cima da minha mulher.
Diante daquela ordem dada, à mão que estava em volta da minha
cintura se afastou de imediato. Fiquei paralisada quando uma
segunda voz ecoou. E, ao mover a cabeça para o lado encontrei o
responsável.
— Aproveitem a última noite da vida de vocês.
Meu corpo todo estremeceu ao ver o olhar dele em direção a Dusan.
Quando me virei novamente, o demônio tinha um esboço de um
sorriso em sua face. O homem que segurava a Kah também se
afastou. Compreendia o que aquelas palavras significaram. No
entanto, os dois infelizes estavam tão embriagados que não
conseguiram entender o verdadeiro sentido das palavras proferidas.
Simplesmente, pediram desculpas e rapidamente caminharam em
direção à multidão.
Com os pensamentos nos últimos acontecimentos, só saí do estado
de estupor que me encontrava, quando senti uma mão forte
segurando o meu braço e o cheiro inebriante do seu perfume
invadindo as minhas narinas.
— Vamos!
Nem sabia o que estava falando, simplesmente segui o seu
comando e minhas pernas logo se moveram. Seguimos em direção
a uma mesa bem afastada do grupo que estavam comemorando o
aniversário do cliente.
Fiquei surpresa assim que nos acomodamos. Já que, Boris havia
ficado parado no lugar que estávamos antes. E, veio com a Kah até
onde estávamos e depois se sentaram. Ela ficou assim durante
algum tempo, com a cabeça abaixada, somente acompanhando a
conversa entre os dois homens. Certamente, por estar tão próxima
de Dusan. Tive até que me controlar para não sorrir, pois, só ele
para fazê-la ficar tanto tempo quieta e sem soltar uma de suas
pérolas.
Os minutos foram passando e depois horas, percebi que não me
senti tão entediada, não sabia se era por minha amiga também está
presente ou se de fato me senti a vontade.
Dusan estava até descontraído. Lógico que a expressão dele
sempre é algo que intimida as pessoas a sua volta. Perguntou se
queria beber algo, mas quando me lembrei da última vez que
experimentei aquele vinho, tratei logo de dizer que não. O que me
surpreendeu foi ter respeitado pela primeira vez uma decisão minha.
Todo o momento de descontração foi dissipado quando se despediu
de Boris e se levantou, posteriormente, me chamou para nos
retiramos do ambiente. Em passos vacilantes caminhamos pelo
salão e logo depois atravessamos o imenso corredor. Já estava
trêmula pela expectativa do que poderia acontecer naquele quarto.
Visto que, em se tratando do homem ao meu lado, que precisava
ser estudado pela NASA, já que o pau dele sempre está mais duro
que uma rocha e tudo que ele não vai querer fazer é dormir.
Sorte das mulheres que não tem um demônio desses em suas
vidas. Já pensou se todos os homens fossem como ele, insaciáveis
e sempre ansiando mais?
Fiquei pensando, para quem dormiu na poltrona, ele acordou bem-
disposto. Saio dos meus devaneios assim que chegamos à suíte.
Nem bem adentramos o ambiente, ele me enlaçou pela cintura com
os braços e me puxou para mais perto de si.
Meu coração começou a bater mais forte, mas, em um ritmo mais
constante. Acabando com qualquer distância entre nós, abaixou
a cabeça e encontrou a curva do meu pescoço. Seus lábios se
moviam contra minha pele, deixando uma trilha quente até encontrar
o meu rosto. Enquanto, uma de suas mãos deslizou pelo meu corpo,
até alcançar a fenda do meu vestido. Sem cerimônias, segurou firme
o meu sexo e começou a fazer movimentos, massageando a minha
intimidade. Senti um calor se irradiando pelo meu corpo a partir do
lugar onde me tocava. Seus lábios tocaram os meus e sua boca
tomou a minha num beijo quente e cheio desejo. Roçou sua língua
contra a minha e no mesmo instante sua mão entrou dentro da
minha calcinha, acariciando meu clitóris.
Todo o meu corpo estava inflamando e exalando desejo. Ele me
tocava como nunca tinha feito antes. Estava me provocando e
enfiando dois dedos dentro de mim. E, logo iniciou um movimento
de vaivém torturante.
Estava insuportavelmente excitada e sentindo as minhas pernas
tremerem violentamente. Ele permanecia com movimentos
implacáveis dos seus dedos habilidosos contra o meu sexo
latejante. Sua boca explorava a minha com voracidade, ao mesmo
tempo, acariciando a minha língua, me deixando totalmente
entregue aquele momento.
Quando senti a minha vagina pulsar num ritmo frenético, fiquei
totalmente perdida no instante que retirou os seus dedos e afastou a
sua boca da minha. Minha cabeça entrou em parafuso e estava tão
perdida, que nem me dei conta quando começou a se despir.
Somente voltei à realidade quando meus olhos foram de encontro
aquele membro grande e grosso a minha frente. Minha cabeça
girava a mil por hora e meus sentidos estavam todos imersos no
homem a minha frente.
Pouco instante depois, já estava com suas mãos enormes me
despindo. Enquanto, suas órbitas, que brilhavam tão intensamente,
estavam cravadas em mim. Novamente a tensão começou a tomar
conta de todo o meu corpo. Permanecia totalmente exposta a seu
bel-prazer.
Dusan me agarrou pela cintura, unindo os nossos corpos. Gemi ao
senti o seu pênis escaldante de encontro a minha barriga. Ele
pegou-me em seus braços e caminhou em direção à cama. Depois,
estava sobre mim com seu corpo quente e nu. Sua língua brincava
com os meus mamilos e revezava entre um e outro.
No mesmo instante, a cabeça do seu pênis latejante estava
posicionada na abertura do meu sexo. Por mais que tentasse
controlar, parecia que tinha ganhado vida própria. Minha vagina
pulsava e latejava sem parar. Ele abocanhou um dos meus seios
que já estavam enrijecidos e lentamente me penetrou bem devagar
até estar todo dentro de mim.
Não sei o que estava acontecendo comigo, porque a minha libido
estava em alta. Comecei a rebolar, então, minha vagina apertou a
cabeça maravilhosa do seu pau. Em reposta, ele começou a me
estocar com mais força, saindo e entrando em mim num ritmo
alucinante, mergulhando seu pênis nas profundezas aveludadas da
minha boceta.
Meu corpo estava tão quente, a sensação de ter o seu membro tão
profundamente dentro de mim era indescritível. Porém, o que
aconteceu em seguida me deixou em total alerta, fazendo o medo
cru e agudo apodera-se de todo o meu ser.
Num movimento rápido e preciso, Dusan saiu de dentro de mim.
Sem me dar tempo de defesa, segurou nos meus quadris me
fazendo ficar de bruços. Um tremor violento me atingiu, todos os
meus órgãos internos começaram a funcionar aos espasmos. Entrei
em desespero quando senti a cabeça melada e grossa do seu
membro brincando com o orifício apertado do meu traseiro.
— Não! Por favor, Não! — implorei em desespero.
— Desta vez prometo que você só irá sentir prazer.
A cabeça do seu membro logo foi substituída por um dos seus
dedos que estava molhado de saliva. Dusan começou a explorar
aquela região com movimentos cautelosos, fez aquilo por várias
vezes.
Já estava toda melada e foi nesse exato momento que novamente
colocou a cabeça do seu pênis no meu orifício, forçando a entrada.
Meu corpo todo estremeceu. Soltei um ruído de medo e dor.
Então, levou uma de suas mãos até a minha vagina e, começou a
acariciar meu clitóris, massageando-o sem parar. A dor que estava
sentindo aliviou um pouco. Enquanto, enfiava o seu membro todo
dentro de mim, os seus dedos habilidosos esfregavam meu clitóris,
fazendo-me enlouquecer de tesão.
Agarrei a cocha da cama, enquanto ele aumentou o ritmo dos seus
movimentos. Empurrava o seu pau fundo com estocadas precisas e
implacáveis. Ouvi sua respiração se transformar num rugido
abafado.
Os seus dedos não paravam de torturar o meu botão inchado e
latejante. Dusan retirou o seu pênis e depois meteu em mim de
novo. Preenchendo-me e investindo com estocadas ritmadas. No
mesmo instante, esfregava freneticamente aquela região da minha
vagina que estava tão sensível. Meu ventre sedento se contraiu e eu
estava prestes a perder a cabeça.
— Você é minha! Goza para mim gostosa — grunhe ele.
Suas palavras se tornaram a minha perdição. E, quando seus dedos
tocaram um ponto angustiante que suplicava por atenção.
Empurrou-me para o abismo. Meu corpo todo estremeceu no
mesmo instante em que soltou um rugido animalesco. E, senti a
força do jato que jorrava dentro de mim.
Meu corpo desabou. Ondas de prazer ainda percorriam a minha
intimidade. A sensação era de subir numa montanha russa.
Descendo e subindo de novo nela.
Dusan, em seguida também se juntou a mim e me virou para
encará-lo. Minha respiração estava descontrolada. Tentava soltar o
ar dos meus pulmões, porém, não me aguentei ao ouvir as palavras
que ecoaram no ambiente.
— Luna 2 X Dusan 2. Será que ficará ridículo fazer a sua dancinha
da vitória?
Juro que não me aguentei. E, nós dois começamos a sorrir sem
parar. Pela primeira vez, ele parecia um homem normal. A sua
beleza era ainda mais estonteante quando estava sorrindo.
Capítulo bônus 08

Enquanto isso em outro cômodo do bordel...


Karen

A energia poderosa que vinda do chefe fez todo o meu corpo


estremecer. Por mais que tentasse, não conseguia levantar a
cabeça e olhar em sua direção e encarar aquelas órbitas sombrias,
esse feito era somente para minha amiga.
Embora a Luh ache que é fruto da minha imaginação, compreendo
que pareça estranho ele sentir algo muito forte por ela. Nunca vi
aquele homem se importar com alguém antes, além do Boris, que
sempre foi a única pessoa com quem o vi conversando sem dar
ordens.
Depois que eles deixaram o hall, não demorou muito e Boris seguiu
para o escritório. Pois, precisava resolver alguns assuntos antes de
ir para sua suíte.
Meu corpo já estava quente igual uma fornalha. Vim direto para o
seu quarto, ansiosamente louca para que logo me pegasse de jeito.
Algum tempo depois, de banho já tomado, só coloquei um roupão e
me deitei sobre a colcha macia da sua enorme cama. Estava tão
distraída que sequer percebi quando aquela figura alta surgiu em
minha frente. Seus cabelos estavam úmidos e tudo indicava que
usou o banheiro do escritório. Era sempre assim. Seu corpo estava
envolvido pelo roupão negro, que me deixava enlouquecida.
Minha vagina sedenta se contraiu assim que desfez o nó do seu
roupão. E, aquele cacete grosso, duro e maravilhoso surgiu na
minha frente. Levantei a cabeça e pelo brilho intenso em seu olhar,
ele sabia o efeito que causava em mim.
Levantei-me de imediato, retirei meu roupão e fui ao seu encontro.
Ele era o meu alvo e não o deixaria escapar. Mas, assim que fiquei
centímetros de distância, a sua enorme mão se moveu e segurou
firme o meu pescoço. Amava a ferocidade com que me pegava
quando seu desejo chegava naquele nível. Sua mão logo deslizou
por todo o meu corpo, apertando os meus seios e beliscando os
meus mamilos. E, novamente fez uma trilha até se deter na minha
boceta.
Minha vagina estava num ritmo agonizante pelo efeito do seu toque.
E, me deixava cada vez mais quente e louca para tê-lo por inteiro
dentro de mim.
— Te desejo como nunca — aquilo era uma incitação ao sexo.
Meus olhos se fecharam ao ouvir suas palavras. Boris me pegou em
seus braços e seguiu em direção à cama, deitou-me e em seguida
senti seu hálito quente de encontro ao meu rosto. Logo tomou a
minha boca num beijo que começou suave, doce e provocador. Abri
a boca para ampliar o contato, quando já estava ficando sem fôlego,
afastou sua boca da minha. E, seus lábios deslizaram pela minha
pele deixando um rastro quente. Por alguns segundos ele se deteve
nos meus mamilos endurecidos. Chupava um dos meus seios e ia
apertando o outro com uma das mãos.
Minha respiração se tornou profunda quando ele desceu pelo meu
corpo e beijou a minha barriga, não se deteve ali, foi descendo até
abocanhar a minha vagina, deslizando sua língua habilidosa pelos
grandes lábios e fazendo movimentos circulares em volta do meu
clitóris. Chupando com voracidade, enquanto não parava de
remexer os meus quadris num ritmo alucinante.
Meu ventre se contraiu quando ele enfiou a sua língua perversa
dentro da minha fenda. O que me fez soltar um gemido alto e
suplicar ansiando por mais. A sensação que tinha era de estar
flutuando, tendo como único ponto de contato a boca dele na minha
vagina. Estremeci toda com um orgasmo que fez o meu corpo
inteiro se contorcer. O que somente aumentou a minha vontade de
senti-lo dentro de mim.
— Quero você dentro de mim. Agora!
Uma faísca se acendeu nos seus olhos e ele se posicionou em cima
de mim. Abaixou a cabeça e tomou a minha boca enquanto
encaixou o seu membro quente e rígido, provocando a entrada da
minha vagina e remexendo os quadris para um encaixe perfeito. E,
sem cerimônia alguma me penetra. Um ruído abafado de dor e
prazer saiu entre os meus lábios. Contudo, não me importava com a
dor, tudo o que queria era que me penetrasse firme e forte.
Remexendo os quadris, Boris iniciou um movimento frenético de
vaivém. Seu cacete deslizava com precisão e os músculos internos
da minha boceta começaram a pulsar violentamente. Minha pele
esquentou quando começou a me estocar com vigor, enfiando o seu
pau todo dentro da minha boceta. O meu desejo era frenético e
insaciável.
Meu sexo latejava de tantas estocadas rígidas e violentas. O cheiro
inebriante de sexo estava impregnado no lugar. Senti seu membro
inchar no instante que acelerou ainda mais seu ritmo.
E, com movimentos precisos levou uma de suas mãos até o meu
sexo. Mexeu em meu clitóris freneticamente e sem parar. Enquanto
me penetrava firme e forte. Uma onda de emoção apoderou-se de
todo o meu ser e, aquilo foi demais para mim. Gozei soltando um
grito alto e logo em seguida sentir seu sêmen me invadido.
Ofegante e com a respiração irregular, ele desabou em cima de
mim. Contudo, sua voz logo ecoou.
— Pronta para o próximo round?
— Com você? Sempre!
Nas horas seguintes me perdi em seus braços, tendo o seu pau me
preenchendo completamente. Possuindo-me e fazendo a minha
vagina pulsar descontroladamente. Quando me entreguei ao sono,
permanecia deliciosamente dolorida, porém, estava satisfeita como
nunca.
"Eu amo esse homem. Mesmo em meio a tudo que aconteceu em
minha vida. Ele mudou o rumo do meu destino nesse lugar."
Capítulo 40

Belgrado – Sérvia
Vladimir

T oda vez que recordava das palavras daquela desgraçada,


sentia uma raiva imensa e avassaladora. Sendo capaz de
explodir uma montanha de pedra e que vai corroendo por dentro.
Deveria ter matado todos que tiveram contato com a tal infeliz.
Os membros do conselho estão enfurecidos. Quando propus uma
união com Adônis Ruçi, todos aceitaram de imediato.
Depois da morte do pai daquele infeliz e assim que ele começou a
dar continuidade ao legado do pai, ele, propôs uma unificação entre
as duas máfias. No entanto, lógico que não aceitei, visto que tinha
conhecimento da profecia. E, que somente Dusan nos tornaria a
maior organização de todos os tempos.
Todavia, ainda tinha o contato do idiota que será o nosso passaporte
para nos livrar dessa ameaça muito maior. Luna deve ser eliminada
ou em breve a última parte da profecia será realizada e ninguém
mais poderá deter aquele maldito. Porém, só poderá ser
exterminado, quando colocámos nossas mãos naquele microchip.
Adônis e tantos outros vem há anos tentando obtê-lo.
Com o poder total em minhas mãos, farei a minha própria profecia,
onde serei o maior e o mais poderoso entre os homens. Sendo
temido, respeitado e idolatrado por todos. Deixo meus pensamentos
de lado assim que uma mensagem surge na tela do meu notebook.
Comprei um aparelho novo para não correr o risco de que nenhuma
informação seja interceptada pelo sistema de Borislav.
Olhei para o relógio em meu pulso e já sabendo que faltavam alguns
minutos para dar início a vídeo conferência, deixei tudo pronto
esperando o momento certo, para enfim fazer um pacto com aquele
que em breve também será eliminado.
Minutos depois, no horário estipulado surgiu na tela a minha frente.
— Quem diria que algum dia o grande Vladimir me daria a honra de
um diálogo que não fosse invadindo o seu sistema — ele tinha um
sorriso irônico em sua face.
— Vamos direto ao assunto. Tanto eu, como você, temos um inimigo
em comum e só se estivermos juntos vamos eliminá-lo.
— O criador querendo destruir a sua criação. Chegar a ser irônico.
— Em nosso mundo você sabe que: Ou dança conforme a música
que toca ou será eliminado. Então, vamos direto ao ponto. Tanto eu,
quanto você, sabemos que Dusan tem algo que todos nós
almejamos. E, por anos, somente conseguiu o fracasso como
resposta a cada tentativa. No entanto, ao nosso lado, será a única
chance em obter algum êxito. Sabemos um ponto fraco do temido
chefe da máfia Sérvia. Através do seu calcanhar de Aquiles, vamos
enfim reduzi o desgraçado a pó.
— Quem me garante que Borislav não está por trás de tudo isso?
Você rejeitou todas as ofertas que propus a vocês e agora do nada
acham que vou ajudá-los?
— A sua garantia é que sua maior ameaça não existirá mais. Sendo
assim “O olho de Deus” estará a um passo de estar sob seu
domínio.
O silêncio se fez presente por alguns instantes. As feições do
homem através da tela a minha frente eram indecifráveis. Segundos
que mais pareceram uma eternidade se passaram, até que sua voz
ecoou e o silêncio no ambiente foi quebrado.
— Diga-me o que faremos para acabar com Dusan? Depois de ele
ser eliminado, o pacto estará desfeito.
Nos minutos seguintes passei todas as informações do que
tínhamos em mente. Adônis, na hora certa enviará uma grande
quantidade dos seus homens. Quando tudo estava acertado,
encerrei a ligação. Com um único pensamento em mente, um
sorriso de satisfação surgiu em meu rosto.
"Vamos ver o tamanho do estrago que faremos em Nebraska."
Acordei agoniada, com os pulmões funcionando aos espasmos. Um
peso esmagador me deixava sem fôlego.
Meus olhos se abriram de imediato e logo identifiquei o motivo da
minha agonia. Meu coração disparou assim que meus olhos foram
de encontro ao braço enorme que estava me envolvendo.
Desvio o olhar, me concentrando no rosto do homem ao meu lado,
que dormia profundamente. Fazendo-me lembrar de tudo que
fizemos na noite anterior. Porém, pensei que tinha ido dormir na
poltrona. Já que, quando caí no sono profundo, sequer tinha saído
do banheiro.
Com dificuldade tentei me mover tirando aquela mão pesada da
minha cintura. E, quando achei que tinha conseguido, uma voz
rouca, ainda sonolenta ecoou.
— Aonde você pensa que vai?
— Preciso ir ao banheiro ou não respondo pelos meus atos, visto
que, minha bexiga está a ponto de quase estourar.
Ele me soltou e num pulo, levantei-me e senti um incômodo na
minha bunda. Logo, tratei de reprimir a dor e caminhei em direção
ao banheiro. Minutos depois de fazer minha higiene matinal, optei
por não tomar banho. Não sou louca, se ele me pegar nesse
banheiro não vai me deixar em paz tão cedo. Sem contar que estou
morta de fome.
Quando virei em direção à porta, quase cai dura com a imagem a
minha frente. Dusan estava esplendidamente e majestosamente nu.
A visão da sua nudez me atingiu como uma lança atravessando o
meu peito e fazendo minha vagina latejar freneticamente. Isso não
pode ser normal! Só pode ter algo de errado acontecendo comigo.
Meus pensamentos foram interrompidos quando me dei conta que
ele havia acabado com a pouca distância que nos separava e
estava parado em minha frente.
— Vamos tomar um banho.
— Estou com fome.
Ele me olha com suas sobrancelhas arqueadas e suas orbitas
tenebrosas fixaram-se nas minhas. O silêncio predominou no
cômodo, segundos, minutos... Estava tão nervosa que perdi a noção
do tempo. Quando seus lábios enfim se moveram, fazendo-me
engolir em seco ao ouvir suas palavras.
— Nós vamos tomar banho agora e quando terminar você pode
comer o que quiser. Antes eu preciso me alimentar de algo muito
melhor — o seu tom de voz malicioso fez todo o meu corpo
estremecer.
Não ia adiantar nada tentar insistir. Pois, a esmola está demais e
não sei até quando vai se manter desta forma. Enquanto, comecei a
retirar as minhas roupas, o Dusan aproximou-se da pia e começou a
escova os seus dentes. Nunca pensei que nós dois estaríamos
desse modo, já que tudo não passava de sexo.
Depois que já havia me livrado das minhas roupas, segui em
direção ao box e soltei um gemido quase silencioso quando a água
morna entregou em contato com a minha pele. Estava de olhos
fechados e sentindo a água escorrer pela longa extensão do meu
corpo. Somente abri os olhos quando mãos enormes ficaram fixas
na minha cintura, colando o seu corpo no meu.
Tinha que reconhecer que ele era lindo, ainda mais quando seus
cabelos estavam molhados e caiam sobre sua testa. Tratando-se
dele que não perdia tempo, logo começou a explorar todo o meu
corpo com as mãos. Estava praticamente me devorando com as
mãos e apertando os meus seios com uma enquanto a outra
alcançou a minha vagina e começou a explorar sem piedade o meu
sexo.
Sua boca tomou a minha num beijo avassalador. Enroscando sua
língua macia na minha e me tirando o fôlego. No momento seguinte,
as minhas costas já estava encostada a parede do cômodo,
enquanto minhas pernas entrelaçaram sua cintura fazendo minha
boceta se abrir para ele.
Senti o seu membro latejante na entrada da minha intimidade. E,
com um movimento rápido e preciso dos quadris, introduziu-o para
dentro da minha boceta, forçando a entrada até estar todo dentro de
mim.
Dusan iniciou os movimentos implacáveis de vaivém. Penetrava-me
fundo e forte. Um simples banho durou praticamente uma hora,
regado de muito sexo até que se deu por satisfeito.
Depois que deixamos o ambiente, com o corpo somente envolvido
pelo roupão branco, macio e perfumado, já ia me vesti para ir até o
refeitório. Contudo, fiquei surpresa quando pegou um controle e
uma das paredes do quarto se moveu. E, revelou-se um cômodo
totalmente desconhecido por mim. A minha atenção se voltou para a
mesa posta a minha frente. Sem cerimônia alguma, avancei em
direção a comida, pois estava faminta. Depois do café da manhã,
ele deixou o quarto e não demorou muito a Kah bateu na porta. A
minha amiga tinha uma expressão triste em sua face. E isso me
deixou um tanto intrigada.
— Bom dia, Luh!
— Bom dia! Mas você não me parece nada bem.
— Em parte não, embora tenha tido uma noite muito maravilhosa. O
Boris viajou logo nas primeiras horas da manhã. O que achei
estranho, pois, sempre comentava antes quando ia viajar.
— Se tratando do que eles fazem isso deve ser normal.
— Mas a senhora, ao contrário de mim, está com uma cara ótima.
Pelo visto a noite foi quente.
Senti meu rosto queimar quando as lembranças invadiram a minha
mente. E, quando tive a infelicidade de dizer a ela sobre o que
Dusan falou na noite anterior, ela só faltou fazer xixi na roupa de
tanto sorrir.
— Estou sorrindo com respeito, mas daria um dedinho meu só para
ver essa cena. Não sabia que mafioso tinha senso de humor. Ainda
mais o senhor todo poderoso, que até pensei que não sabia sorrir.
— Você é terrível, hein!
— Sou nada! Mas não é todo dia que se tem um milagre desses.
Isso daria até uma manchete no jornal. Extra! Extra! O anjo fez o
demônio enfim sorrir.
O que seria da minha vida sem essa louca?
Ela me convidou para ir com ela até o refeitório. Em passos rápidos,
seguimos em direção ao local. Quando chegamos, todas as
meninas estavam dentro do cômodo. Comentei com a Karen que
não vi mais aquelas duas que saiu naquele dia com Dusan. Pois,
ficavam implicando comigo sempre que entrava no refeitório.
A Karen disse que talvez foram enviadas para a filial do bordel.
Enquanto isso, fomos nos acomodar. No mesmo momento em que
ela estava comendo, peguei o jornal que estava em cima da mesa.
Meus batimentos cardíacos aumentaram e minha respiração se
tornou pesada, engoli em seco ao ver a imagem a minha frente.
— Luh! O que aconteceu?
Entreguei o jornal para ela que acabou entendo o motivo pelo qual
estava estarrecida.
— Eu sabia que não iam deixar barato.
Quando ouvi as palavras de Boris e um olhar entre ele e o Dusan,
senti uma sensação muito ruim, porém no fundo tinha esperança
que estivesse errada. Mas, notar a notícia desse jornal, só me deu a
confirmação que ninguém cruza o caminho do demônio e ficar vivo.
Aqueles dois, embora tenham agido errado, não mereciam ter um
final terrível desse. Se não fosse pelo rosto nem saberíamos de
quem se tratavam.
"Além de terem sido esfolados, as suas mãos foram decepadas."
Capítulo 41

Belgrado – Sérvia
Alguns dias depois...
Vladimir

E stava tão ansioso que não consegui dormir na noite anterior.


Desde que me levantei, os meus olhos estão cravados no
celular em cima da minha cama.
Luna Ysmit superou todos os obstáculos impostos por Borislav. Fez
o que nenhuma das outras vadias foi capaz. Devido ao amor
incondicional pela sua família, mesmo chegando ao ponto de ser
quebrada em mil pedaços não desistiu de lutar.
Se toda a sua força vem do amor que sente por aqueles
desgraçados. Se esse sentimento é tão grande, ao ponto de nem o
grande e temido chefe Dusan Borislav, conseguir a proeza em fazê-
la sucumbir a sua maldade, veremos como vai lidar com a notícia
que em breve chegará ao bordel.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que o barulho do
aparelho que estar sobre a colcha da minha cama ecoa no
ambiente. Institivamente minhas mãos se mexeram e foram de
encontro ao objeto. Peguei-o de imediato e tratei de atender a
ligação assim que vi o nome que estava na tela.
— Chefe!
— Espero que suas notícias sejam boas.
— Já estamos todos prontos. Os homens de Ruçi já estão em suas
posições.
— Matem todos os homens de Borislav. Quero que explodam o
lugar e não saiam daí sem ter a confirmação de que todos estão
mortos.
— Assim será feito.
No momento que encerrei a ligação, uma risada diabólica
preencheu todo o cômodo.
"Que a guerra comece. Irei eliminar todos os ratos que se atreveram
a cruzar o meu caminho."

Enquanto isso em New York...

Acordo com um barulho irritante ecoando no espaço. Lentamente


abri meus olhos procurando o responsável por tanto barulho. Meu
olhar ficou fixo no celular sobre o criado mudo próximo a cama.
Ouvindo o som de água caindo, vindo do banheiro e não
aguentando mais aquele barulho ecoando no quarto, me levantei
indo em direção ao aparelho.
No momento que meus olhos ficaram fixos na tela do celular. E,
olhei o nome da localização da chamada, meu coração disparou e
um nó gigantesco fechou a minha garganta.
Movida pelo meu desespero, segurei o aparelho em minhas mãos.
Muito maior que o medo de Dusan me punir por atender a ligação,
era o pânico que se apoderou de todo o meu ser. Meu dedo deslizou
pela tela e assim que atendi a chamada, uma voz grave ecoou do
outro lado da linha.
— Chefe! Estamos sendo atacados — havia desespero no seu tom
de voz. Meu coração disparou e minha respiração ficou acelerada
assim que os barulhos de tiros começaram a ecoar. Ele fez uma
pausa e novamente voltou a falar. — Senhor, precisamos de
reforços. Senhor! Senhor! Eles vão matar a família Ysmit.
A minha respiração se tornou pensada e meus batimentos
aumentaram ao ponto do meu peito latejar. Lágrimas grossas
começam a rolar pelo meu rosto quando o som potente ecoou do
outro lado da linha afetando os meus tímpanos. Tudo começou a
girar e a minha visão ficou turva. As últimas coisas que vi a minha
frente, foi Dusan correndo em minha direção e a imagem da minha
família, até que tudo ficou no escuro total.
"Mãe! Pai! Mila!"

Estava lutando contra o meu enorme desejo, que era de ficar


deitado até mais tarde. Precisava resolver alguns assuntos
pendentes. Mas, tive que me levantar.
Algum tempo depois de me banhar, olho para o meu reflexo no
espelho. E, as lembranças da noite anterior invadem a minha mente.
Boris sempre me ajudou na contabilidade. Porém, com a sua
viagem, tive que passar praticamente a maior parte da noite
fiscalizando a parte administrativa e na movimentação do grande
salão. As portas do The Brothel Empire já estavam fechadas e todos
à uma hora dessas estavam em seus devidos lugares.
Cansado, deixei meu escritório e segui em direção a minha suíte.
Com passadas firmes e precisas, andei pelo enorme corredor.
Minutos depois, ao adentrar no meu quarto, os meus olhos foram ao
encontro da mulher esparramada em cima da minha cama. Sempre
faz isso, desde o dia que acordou e me viu a seu lado.
Após finalizar o expediente sempre a encontro dessa forma. Como
se isso fosse impedir-me de deitar ao seu lado. E, ainda de me
deleitar da sua boceta apertada e deliciosa. Desvio o olhar e
caminhei em direção ao banheiro. Minutos depois, já estava de
banho tomado e envolvi meu corpo com um roupão. Após escovar
os meus dentes, segui novamente para o quarto.
Assim que entrei no cômodo me detive, a atrevida havia mudado de
posição e estava com o corpo atravessado no meio da cama. Sem
que pudesse controlar, um esboço de um sorriso surgiu em minha
face. Que ela é diferente de todas as outras, isso eu sempre soube,
mas, está a cada dia mais astuta. Sempre luta para manter frieza
diante dos meus toques. E isso de certa forma, desperta a fúria que
estou lutando para manter sobre meu controle. Tenho plena
consciência que será um longo processo para reverter tudo que
aprendeu durante todas as etapas do seu treinamento.
Durante esses dias, mesmo o seu corpo vibrando com os meus
toques, era como se estivesse seguindo exatamente o que lhe foi
ensinado e como consequência, poucas foram às vezes que chegou
ao prazer total.
Deixo meus pensamentos de lado e acabei com a pouca distância
que nos separava. Não perdi tempo e levei uma de minhas mãos de
encontro a sua perna. Deslizei-a lentamente e entrando por debaixo
da sua camisola até alcançar o fruto do meu prazer. E, minha mão
envolveu sua boceta como uma concha. Seu corpo permanecia
imóvel e seus olhos estavam fechados. Com a outra mão, levantei
sua camisola até chegar na direção do seu umbigo. Comecei a
massagear o seu sexo coberto pelo tecido fino da calcinha e como
resposta senti o seu corpo estremecer.
Fiquei um bom tempo brincando com aquela região. Permaneci
pressionando o meu dedo na direção da entrada apertada da sua
boceta. Ela, logo tentou mudar de posição. Porém, a mobilizei e
antes que tivesse qualquer outra reação, minha mão foi de encontro
a sua calcinha. E, num único movimento, livrei o seu corpo da peça.
Ela suspirou profundamente quando meus dedos tocaram a sua
carne. Eles percorreram em direção aos grandes lábios da sua
vagina e os abri para me dar à visão privilegiada dos pequenos
lábios que se mantinham escondidos. Minha boca já estava
salivando em antecipação. Então, comecei a acariciar os lábios nus
de sua boceta macia e a persuadi a abrir-se para mim. Com
movimentos, a princípio lentos, porém, logo depois os intensifiquei,
escorregando meus dedos entre suas dobras.
Quando suas pernas se moveram, eu empurrei dois dedos para
dentro de seu calor úmido. Ela se arqueou contra os meus dedos e
se contorceu com vontade. Enquanto a excitava até atingir o ponto
mais firme, onde sabia que o prazer seria devastador. Luna abriu os
olhos, as suas pernas se abriram ao máximo, se contraindo ao
massacre dos meus dedos em seu ponto G. Uma mistura explosiva
que resultou no ruído alto que saiu de seus lábios e ecoou por todo
o ambiente.
Retirei os meus dedos molhado e viscoso do seu néctar que me
deixa enlouquecido. Os levei de encontro a minha boca e me
deleitei do seu sabor inebriante. Sua respiração estava acelerada e
quando retirei meu roupão, seus olhos logo encontraram os meus. O
restante da noite me perdi entre suas pernas. E, naquela boca
deliciosa a beijando ferozmente.
Do nada, meus devaneios foram interrompidos e voltei minha
atenção em direção à porta. Com passos largos, segui em direção
ao quarto e quando adentrei o cômodo e olhei a cena a minha
frente, rapidamente avancei em sua direção. Por muito pouco seu
corpo não foi de encontro ao chão. Mas, só em vê-la mais uma vez
desfalecida a minha frente, me deixou atordoado.
Assim que coloquei o seu corpo sobre a cama, peguei o meu celular
que estava em suas mãos. Quando olhei para tela, uma onda
escaldante apoderou-se de todo o meu corpo. Retornei a ligação,
porém, era como se o celular do infeliz estivesse desligado.
Antes de checar o que tinha acontecido, precisava ligar para Lauren
o quanto antes. Então, deslizei meu dedo pela tela do aparelho e no
primeiro toque ela atendeu. No entanto, fiquei surpreso quando
disse que estava no bordel, já que veio para trocar o chip
implantando no braço de Luna. Visto que, faltava apenas dois dias
do prazo estabelecido para removê-lo.

Alguns minutos depois...


Enquanto a mulher a minha frente está examinando Luna e fazendo
o processo de retirada do chip em seu braço. Aproveitei a
oportunidade para ver o que tinha acontecido em Nebraska. Depois
de ter a confirmação, entendi o motivo pelo qual ficou naquele
estado.
Todos os meus homens que estavam vigiando o lugar estão mortos.
E, pela informação no noticiário: Três corpos haviam sido
encontrados dentro da residência e dentre eles, um homem e duas
mulheres, o que me deu a constatação que toda família Ysmit foi
eliminada.
Estava completamente perdido em meus pensamentos, mas, ao
ouvir os gritos de desespero dela ecoando no cômodo, fiquei
totalmente desorientado.
— Mae! Pai! Milaaaaa — avancei em sua direção enquanto ela não
parava de se debater.
— Se acalme, por favor — Lauren disse.
— Quero a minha família. Por favor, me deixe ir. Preciso ajudá-los
— seu rosto estava banhado em lágrimas.
— Precisa ficar calma, pois isso não faz bem no seu estado. O único
lugar que você carece de ir o quanto antes é no meu consultório.
Minha atenção que até então estava voltada para Luna, logo ganhou
um novo alvo. Que diabos ela estava falando?
Luna também parou de se debater e seu olhar ficou fixo na mulher a
nossa frente. O silêncio predominou no ambiente. Algo se passou
em minha cabeça, mas logo tratei de descartar. Contudo, as
palavras que saíram entre os lábios da mulher a minha frente, me
fizeram me levantar de imediato. Senti a raiva inflamando em
minhas veias. A minha mandíbula se contraiu e um nó se formou em
minha garganta.
— Eu não sei o que vocês fizeram para danificar esse chip. Pois,
isso nunca havia acontecido com nenhuma das minhas pacientes.
Mas, pelos sintomas, tenho plena certeza de que está grávida.
Capítulo 42

New York

U m calafrio atravessou a minha espinha. O medo tomou conta de


mim e, me fez prender minha respiração. Senti o acelerar dos
batimentos do meu coração que estava num ritmo frenético em
minha caixa torácica.
Tudo estava tão escuro, o silêncio que antes pairou no ambiente foi
quebrado quando ruídos de dor e desespero se fizeram presentes.
Tentei abrir os meus olhos, porém, minhas pálpebras estavam
pesadas demais.
Novamente um barulho alto preencheu todo o espaço. No mesmo
instante, meus olhos se abriram e um forte clarão vindo das chamas
a minha frente me deixou petrificada.
Meu coração gelou e por mais que eu tentasse minhas pernas não
me obedeciam. Quando ouvi novamente os gritos dos meus pais e
da minha irmãzinha, olhei em direção as chamas. E, eles estavam
lá, queimando, gritando e se esvaindo diante dos meus próprios
olhos.
— Mãe! Pai! Milaaaa — acordo em um sobressalto.
As lembranças recentes invadem a minha mente ao ver a médica a
minha frente e Dusan se aproximando. Aí tive a constatação de que
tudo era verdade. Entrei em desespero e comecei a suplicar para
me deixar ir. Eu precisava salvá-los! Depois de tudo que passei e ter
lutado contra as dores insuportáveis que sentia constantemente.
Isso tudo, somente para não o deixar sentir o gostinho de me
ver quebrada por fora, como já estava por dentro. Não posso aceitar
que eles não estão mais vivos. A minha única razão para continuar
lutando, mesmo depois de toda reviravolta que aconteceu. E, agora,
eles não existem mais.
Tudo não faz mais sentido, pois, a dor que atingiu a minha alma é
maior que qualquer uma que já havia sentido. Perdi todos aqueles a
quem amava. Não era somente uma irmã e sim parte de mim,
aquela que desde a sua chegada, mudou a minha vida. E, que me
fez conhecer o quão grandioso é o amor e o quanto somos capazes
de superar os obstáculos para proteger quem amamos.
O meu coração está sangrando por dentro. O demônio finalmente
terá o prazer de me ver quebrada. Não só em mil pedaços, mas,
destruída tanto por fora quanto por dentro. As lágrimas rolam pela
minha face e quando pensei que nada mais pudesse abalar as
minhas estruturas, as últimas palavras proferidas pela médica, me
atingiram como um soco em meu estômago.
— Eu não sei o que vocês fizeram para danificar esse chip. Pois,
isso nunca havia acontecido com nenhuma das minhas pacientes.
Mas, pelos sintomas, tenho plena certeza de que está grávida.
Não, não, não. Eu não posso estar grávida!!!
O silencio se faz presente no ambiente. Os meus sentidos estavam
direcionados para aquela informação. E, rapidamente as
lembranças das suas palavras, durante primeira vez que estive
diante dela surgiram com tudo. Fazendo a minha garganta se
fechar, e, o pânico apodera-se de todo o meu ser.
Voltei meu olhar em direção ao demônio e ele parecia petrificado.
Senti um calafrio diante da sua expressão. Seus olhos tenebrosos
estavam faiscando e a raiva estava visível em seu olhar penetrante,
lançado em minha direção.
Um sentimento totalmente desconhecido por mim me dominou. Três
vidas foram sacrificadas e eu perdi tudo. Quando achei que me
deixaria levar pela dor e me afundaria nas profundezas do meu
desespero, uma luz surgiu em meio às trevas.
Mesmo em meio às dificuldades, cresci num lar rodeado de amor.
Os meus pais sempre demostraram para mim e Mila o quanto
éramos importantes em suas vidas. Mesmo em meio a tudo que
estou sentindo, não vou deixar que ninguém toque no meu filho.
Meus pensamentos foram interrompidos, quando a Dra. Lauren
quebrou o desafio silencioso que havia predominado no cômodo.
— Preciso que vá até o meu consultório. Temos que fazer uma
ultrassonografia e saber de quantos meses já está a sua gestação.
— olhei para Lauren, e, pela sua expressão deu para entender.
Indo até o seu consultório, não era só para fazer uma
ultrassonografia. E, sim saber de quantos meses estava e para
decidirem como fariam para interromper a minha gravidez.
Sou tirada dos meus devaneios quando Dusan, que até então
estava imóvel, deu alguns passos. Meus batimentos cardíacos
aumentaram. Mesmo com dificuldade, tentei me levantar. Mas,
assim que seus lábios se moveram, fiquei totalmente perdida ao
ouvir suas palavras.
— Hoje não! No entanto, irei ligar avisando o dia que iremos ao seu
consultório. Preciso saber como está o meu filho.

Alguns minutos depois...


Assim que a médica deixou o ambiente ao lado de Dusan. O choque
da realidade pairou sobre mim. Sem que pudesse controlar, as
lágrimas surgiram. Tudo estava acontecendo na velocidade de um
relâmpago. Minha família está morta e estou esperando um bebê de
um homem que me mostrou o pior lado da vida e toda crueldade
que pode existe no coração humano.
Como posso deixar o meu filho próximo a tudo isso?
Por culpa desse monstro, perdi a minha liberdade e quem me
garante que não mandou matar todos. Tudo isso pode ter sido
arquitetado por esse demônio. Estava tão confusa e perdida em
meus pensamentos, que não notei quando entrou no quarto e muito
menos a sua aproximação.
Como se o demônio tivesse uma bola de cristal e soubesse o que
estava se passando em meus pensamentos, sua voz ecoou no
cômodo.
— Não que te deva alguma explicação. Mas, se isso vai acabar com
as suas dúvidas. Eu não tive nada a ver com o que aconteceu em
Nebraska.
— Você estava mantendo a minha família em cativeiro. Por sua
culpa tudo isso aconteceu.
Ele, que até então tinha uma expressão conhecida por mim, vi
quando suas feições logo mudaram: Sua mandíbula se contraiu e
suas órbitas negras pareciam em chamas. Como um predador,
avançou em minha direção. Atordoada, tentei levantar. Mas, antes
que conseguisse, sua mão segurou firme meu braço e me fez cair
novamente no colchão.
Dusan moveu sua mão e segurou firme o meu rosto. A sua
respiração estava descompassada e os seus olhos mudaram de cor,
assemelhando-se como se tivesse travando uma luta interna e
tentando aplacar sua fúria. Segundos que pareceram uma
eternidade se passou, o aperto da sua mão em meu queixo, aos
poucos foi se dissipando. E, novamente o som da sua voz grave
preencheu o espaço, me fazendo engolir em seco.
— Não me culpe pela escolha do seu pai. Eu não coloquei uma
arma na cabeça dele e o coagi a aceitar o dinheiro da nossa
organização. Toda ação tem uma reação. E, tudo que aconteceu na
vida de vocês foi consequência das escolhas dele. Se quisesse
matar aquele infeliz ou qualquer pessoa da sua família, já o teria
feito. Você é minha e nada vai mudar isso. Quer curtir a sua dor?
Você terá tempo para isso. Porém, agora temos uma criança no
meio de tudo isso. Fará exatamente o que mandar para não colocar
a sua vida e a do nosso filho em perigo. Querendo ou não, agora
você é a mulher de um mafioso e se chegou até aqui, foi porque é
diferente de todas que cruzaram o meu caminho. Uma guerra foi
iniciada e até eu descobrir o verdadeiro motivo de quererem acabar
com você, até isso acontecer, tudo será feito do meu jeito.
Capitulo 43

Adônis Ruçi

D esorientado, foi assim que fiquei ao receber a ligação de


Vladimir. Confesso que a minha vontade era jogar uma bomba
e acabar com todos os malditos. Mas, uma coisa que aprendi com o
meu pai: a vingança não é um prato que se come quente. O
tempo pode ser nosso melhor aliado.
Depois da ligação, marcamos uma reunião por vídeo conferência e
acabei por saber tudo que eles tinham em mente. Porém, algo
despertou a minha total atenção no instante que recebi as
informações enviadas por Vladimir. Compreendo que há algo muito
maior por trás de tudo isso. Eliminar a família de Luna Ysmit,
mesmo sendo o calcanhar de aqueles do grande e temido chefe da
máfia Sérvia, me pareceu de início uma insensatez.
Mas, ao olhar a foto da mulher que foi capaz de abalar com as
estruturas do demônio, pude compreender o porquê de o infeliz ficar
rendido.
Luna é dona de uma beleza estonteante e seus enormes olhos mais
parecem duas safiras raras. E, aquela boca, só despertou os meus
desejos mais impuros. Ao contrário do que Vladimir tem em mente,
antes de enviá-la ao inferno, terei o maior prazer em me saciar do
seu corpo magnífico.
Aquele infeliz se tornou uma pedra em meu caminho e me dará um
prazer imensurável quando ver sua expressão no momento em que
estiver me deliciando do seu brinquedinho.
Eliminar a família Ysmit, foi só uma diversão para os meus homens.
Visto que, os soldados de Dusan estavam em um número muito
menor. Como havíamos decidido, ninguém poderia sobreviver.
Então, eles tinham ordens para explodir a casa com todos dentro.
Vladimir e todos que o cercam, acham mesmo que eu: Adônis Ruçi,
me deixarei levar por essa súbita mudança em querer uma união
para acabar com Dusan Borislav? Sei que assim que conseguirem o
que tanto almejam, não hesitarão em me tornar o próximo alvo a ser
eliminado. No entanto, mostrarei a eles que nesse jogo tenho um
trunfo muito maior. E, assim que exterminar o rato do Borislav,
colocando as minhas mãos naquele microchip, enfim poderei
acabarei com todos que por anos vem atrapalhando os meus
planos.
Enquanto, Vladimir e seus aliados estão em festa pelo primeiro
passo do nosso plano ter dito êxito total, terei que planejar tudo
minuciosamente e no momento certo, iremos agir. Os conselheiros
da máfia Sérvia terão o mesmo fim que aquele que por anos foi o
seu líder.
Com a unificação das duas máfias e, tendo o poder total em minhas
mãos, serei o maior, mais implacável, mais cruel e temido entre
todos. O nome Ruçi entrará para história no mundo da máfia.
Vladimir
Depois de várias tentativas, enfim a sorte voltou a ficar ao nosso
favor. Não que já não tivesse passado pela minha cabeça a ideia de
matar a família daquela infeliz. No entanto, ainda não tínhamos
conhecimento do quanto Borislav se deixou envolver pela maldita.
Jamais cogitamos que, o demônio iria deixar uma simples mulher
despertar sentimentos que sempre fizemos de tudo para que não
conhecesse.
Desde o seu nascimento, o mantivemos longe de qualquer pessoa
do sexo feminino. Alimentamos em sua mente que a mulher que o
deu a vida, não passava de uma vadia. Sendo que a idiota tinha
uma luz tão grande a sua volta, que fez despertar ainda mais a
minha fúria em acabar com sua vida miserável.
Luna Ysmit, cedo ou tarde apareceria na vida do infeliz. No entanto,
acreditávamos que o coração de gelo, jamais se deixaria derreter.
Porém, ele assim, nos foi útil por certo tempo. Mas, já está na hora
de assim como sua mãe, deixar de existir.
Todos os membros dos conselhos se reuniram em minha casa. Eles
estavam atordoados para saber tudo que estava acontecendo em
Nebraska. E, depois de horas que mais pareciam uma eternidade, o
infeliz, enfim entrou em contato através de uma chamada de vídeo.
Relatou-nos todos os detalhes dos homens de Dusan, que tentaram
reagir ao infeliz que estava fazendo uma ligação. Mas, logo foram
mortos e a melhor parte foi dos dois soldados que correram para
dentro do imóvel e tentaram a todo custo proteger os malditos.
Porém, foram interceptados e quando a garota tentou fugir, um tiro
foi dado em sua cabeça e logo após os próprios pais foram enviados
ao inferno. Deixo os meus pensamentos de lado assim que escuto a
voz de Augusto.
— Vladimir!
Voltei minha atenção para os homens a minha frente. No entanto,
não entendi o motivo, pelo qual estavam todos com uma expressão
de puro ódio. E, mais ainda por não saber com quem Augusto
estava falando ao telefone. Segundos depois, assim que encerrou a
ligação e as palavras que foram ditas, só fez um ódio descomunal
apodera-se de todo o meu ser.
— Segundo informações da Lauren, aquela vadia está grávida. Mas
do que nunca, eles dois terão que ser eliminados ou os próximos
seremos todos nós.

Enquanto isso em New York...

Depois da conversa que tive com Dusan, ele me deixou sozinha no


quarto. As lágrimas surgiram mais uma vez e toda uma retrospectiva
passou em minha frente. Desde o dia mais triste da vida, ao saber
da doença da Mila, e, até o dia que nossos corações transbordaram
de tanta felicidade ao ver que tinha voltado para nós.
Nunca tive uma vida de princesa, mas tive uma vida cercada de
muito amor. Tive a melhor família que poderia ter, uma mãe que
parecia uma leoa para nos proteger. Um pai que, embora tenha feito
uma escolha errada, jamais posso o julgar porque foi graças a sua
atitude, que passamos mais tempo ao lado da minha irmã.
Camila, sempre foi aquela que trouxe luz desde o seu nascimento e
me fez esquecer as minhas bonecas que tanto amava. Fazia dela o
meu próprio bebê, ao ver suas mãozinhas tão pequenas e seu
corpinho frágil, só fez despertar um sentimento totalmente
desconhecido. Tinha que proteger aquele ser tão pequeno, a minha
irmãzinha. Essa dor que tomou conta de mim jamais vai passar. As
lembranças de tudo que vivemos nunca poderão ser esquecidas.
A sensação que tenho, é que parte de mim deixou de existir. Uma
dor imensurável apoderou-se de todo o meu ser, ao ponto de fazer
o meu coração bater tão descontrolado, fazendo um forte
desconforto latejar o meu peito.
Luna Ysmit, jamais será a mesma, com a minha família se foi parte
da minha alegria e se não fosse pela existência do meu filho, nada
mais faria sentido. Sei que eles não aceitariam que deixasse de
lutar. Não posso me entregar à dor e deixar que às trevas habite em
meu coração.
Pensar em ter um filho de Dusan faz todo o meu corpo estremecer.
Mas, seria igual ao demônio se desistisse do meu filho: um ser tão
inocente. Penso que, longe daqui teremos um novo recomeço. Meus
pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz da Kah. Assim
que respondi e disse para entrar, notei-a com a expressão muito
preocupada ao aparecer no meu campo de visão.
— Eu sinto muito — disse com a voz entrecortada e algumas
lágrimas já se formando em seus olhos.
— Como você ficou sabendo?
— Eu ouvi uma conversa entre dois soldados e o chefe pediu para
ficar com você.
— Dói tanto! Nem ao menos fui capaz de protegê-los. Tinha
prometido quando me tiraram da minha casa que nada iria
acontecer a Mila e que logo estaríamos juntas.
— Você não pode ficar assim. Tenho certeza que sua família sabe o
quanto foi guerreira, o que suportou. Ultrapassando tantos
obstáculos e dor, para mantê-los a salvo. Luna, qualquer pessoa
teria muito orgulho de ser sua irmã, de tê-la como filha. Não se
culpe por algo que aqueles malditos fizeram.
— Eu estou grávida — ela ficou petrificada, com seus olhos
arregalados.
E, quando sua boca se abriu já estava preparada. Porque se
tratando dela, não vai perder a oportunidade de soltar uma das
suas.
— Amiga, já estou velha, como você dá uma notícia dessas sem me
preparar antes. Como assim grávida e o chip que foi implantando
em você?
— Lauren disse que foi danificado.
— Também, com tamanho da anaconda do chefe e vocês trepando
iguais a coelhos. Nem se colocasse mil chips ia impedir o
espermatozoide do mafioso de chegar até o seu destino.
Não me aguentei e comecei a sorrir. Só essa louca para fazer tal
coisa em meio a tudo que está acontecendo.
Depois que Lauren foi embora, tive uma longa conversa com Luna e
assim a fiz entender como seria as coisas a partir daquele momento.
Deixei-a no quarto e segui para o meu escritório. Assim que entrei
no cômodo, um grito estrangulado saiu rasgando a minha garganta.
O ódio estava me queimando por dentro.
Jamais cogitei que Luna pudesse estar grávida. Receber a notícia,
foi como levar um soco em meu estômago. Os meus batimentos
aumentaram, a respiração ficou pesada e minhas pernas totalmente
petrificadas, minha mandíbula se contraiu freneticamente. Mas, no
momento que a Lauren novamente se manifestou, avisando ao meu
brinquedinho que ela deveria ir ao seu consultório, senti um
turbilhão de sensações apoderarem-se de todo o meu ser.
Sabia o que estava se passando na mente de Lauren. E a minha
raiva não era por não querer o meu filho e sim porque agora tudo
ficará mais difícil. Já que tudo que tinha em mente teria que ser
mudado de imediato. Agora, já não era somente a vida dela que
estava em perigo.
O barulho do toque do meu celular me tirou dos meus devaneios.
Assim que peguei o aparelho em minhas mãos e ao ver o nome de
Boris, atendi de imediato.
— Espero que já esteja a caminho.
— Estarei voltando hoje à noite. Consegui resolver tudo aqui na
Austrália.
— Luna recebeu a notícia da morte da sua família. Em seguida,
passou mal e acabei de descobrir que ela está grávida.
— Mas como isso é possível?
— Depois da conversa que tive com Lauren. Ela explicou que vários
fatores construíram para isso. Ainda mais, depois que relatei que a
coloquei naquele crucifixo.
— Você sabe que, agora mais do que nunca teremos que fazer o
que já havíamos cogitado.
— Sim! Luna Ysmit terá que ser morta.
Capítulo 44

No dia seguinte...

A gradeci mentalmente por ele não ter me obrigado a transar na


noite anterior. No momento que acordei aos gritos, após ter tido
um pesadelo, ele me surpreendeu, que mesmo do seu jeito ogro de
ser, soube me confortar.
Jamais esperei ouvir as palavras que saíram por entre seus lábios e,
por mais que tentasse dormir novamente, tudo que vinha em minha
mente eram os gritos da minha família e o que passaram nos seus
últimos minutos de vida.
A dor que sentiram ao serem queimados vivos, já que, segundo o
que a minha amiga descobriu: Foram encontrados carbonizados,
assim como tudo da nossa casa foi destruído após a explosão.
Vidas foram perdidas. Eles interromperam os sonhos da minha irmã
e tudo que ainda tinha por viver. E por mais que tente pensar em
outra coisa, nada sai da minha cabeça a imagem que veio naquele
sonho ruim, a minha irmãzinha gritando entre as chamas que
envolvia todo o seu corpo.
Deixo os meus pensamentos de lado e encaro o meu reflexo no
espelho. Os meus olhos ficaram fixos na minha barriga e
instintivamente levei minhas mãos de encontro ao meu ventre. Em
meio a dor, em receber a pior notícia da minha vida, eu descobri da
sua existência. E, com a notícia, veio um sentimento inexplicável.
Sequer consigo mensurar esse amor que me tomou por completo e,
por você, eu seguirei em frente. Lutarei com todas as minhas forças
para protegê-lo, e, eu o amo mesmo sem te conhecer.
Respiro profundamente e sigo em direção ao box. Fiquei perdida em
meus pensamentos e até perdi a noção do tempo transcorrido. Após
alguns minutos, de banho já tomado, peguei o roupão e caminhei
em direção ao quarto. Adentro o ambiente e segui em direção ao
closet. Depois de ter escolhido uma roupa confortável, voltei para o
quarto e não demorou muito uma voz conhecida por mim ecoou do
lado de fora do ambiente.
— Luh! Posso entrar?
Era sempre assim, já chegava a todo vapor. Então, respondi que
sim e fiquei surpresa ao vê-la com largo sorriso em sua face. Há
dias não via esse mesmo brilho em seus olhos, e muito menos o
sorrindo igual ao de uma criança que acabou de ganhar o seu doce
favorito.
— Nossa! Alguém ganhou na loteria e não estou sabendo?
Uma gargalhada ecoou no ambiente, e segundos depois ela tratou
de me dizer o motivo por estar tão feliz.
— O Boris chegou.
— Tinha que ser! E, você está louca para ele te pegar de jeito.
— Amiga, já vivo trancada nesse inferno. Então, se posso aproveitar
a única coisa boa, além de você que encontrei aqui. Eu mesma vou
dar sem me importar com o dia de amanhã.
— Você gosta muito dele e sempre vejo o brilho em seus olhos
quando toca em seu nome.
— Eu amo aquele homem. É muito mais que atração carnal.
Embora, seja ele, alguns anos mais velho, acho que o amor não tem
idade. E, graças a ele, não tive o mesmo destino das outras ao
passaram por esse lugar. O chefe diz: que só estou viva por sua
causa. Contudo, no fundo sei que só falou aquilo para fazer você se
dedicar ainda mais e passar pelas etapas do treinamento. Se o
demônio tivesse a intenção de me matar, já o teria feito. Não que
tenha alguma importância para ele. Porque até agora, os únicos
com quem demostrou, que dentro daquele peito existe um coração e
não uma pedra, foi apenas com Boris e você. No entanto, acho que
pelo sentimento e o respeito que tem por aquele que sempre esteve
ao seu lado, tão somente por isso, é que ainda estou viva.
— Você merece muito ser feliz, ser amada e sair desde lugar. Pela
mulher que se tornou, pela amiga que amo como a uma irmã. Você
é uma pessoa especial e agradeço muito por ter conhecido você.
As lágrimas logo se fizeram presentes, tanto nos meus olhos
quantos nos dela. Ela se aproximou e me envolveu em um forte
abraço. Ficamos um bom tempo em silêncio até que resolveu se
manifestar e sendo a Karen, algo estava por vim.
— Agora vamos! O chefe está esperando você no escritório dele. Eu
não vejo a hora de vocês irem ao consultório da Dra. Lauren.
Tratando-se de quem estar grávida e, pelo tamanho que disse do
pênis dele. Deve ter um filho a cada dez centímetros daquela
monstruosidade que tem entre as pernas.
— Eu vou te matar.
Rapidamente ela correu em direção à porta.
— Amiga, dou minha cara a tapa se tem só um filho dentro da sua
barriga — meus olhos se arregalaram e levei imediatamente minhas
mãos até a minha barriga.
"Mais de um bebê, será que ela está certa?"

A noite anterior foi bastante tensa, depois que as portas do The


Brothel Empire foram fechadas, caminhei em direção ao meu
quarto. Luna já estava dormindo e então segui para o banheiro e
depois que tomei o meu banho, já vestido andei em direção a cama
e me deitei ao seu lado, com o meu corpo colado no seu.
A minha cabeça estava a mil. Não estava em meus planos, mas
terei que fazer o que é certo nesse momento. Fiquei perdido em
meus pensamentos, minhas pálpebras logo pesaram e acabei
dormindo. Não sei quanto tempo havia se passado, acabei
acordando em um sobressalto quanto ouvi os seus gritos. Sabia que
não ia ser fácil para ela, ainda mais depois de tudo que aconteceu e
o que ainda está prestes acontecer.
Assim que amanheceu, quando enfim ela foi vencida pelo cansaço e
dormiu, me levantei em um pulo. Pois, estava ansioso pela chegada
de Boris.
Tomei um banho rápido e depois me vesti. Somente, deixei o
ambiente após me certificar que a mesa do café da manhã já estava
pronta. Em passos rápidos, fui direto para o meu escritório. As horas
se passaram e assim que ouvi passos, vindo do corredor, alguém
parando próximo da porta. Minha atenção se voltou para o homem
que adentrou o ambiente.
— Você demorou mais do que havia imaginado.
— Tive que providenciar tudo com o meu irmão.
Ele deu alguns passos e ao parar em frente à minha mesa, puxou a
poltrona e se acomodou. Nas horas seguintes, começamos a
planejar minuciosamente tudo que iríamos fazer. Já que o tínhamos
em mente, terá que ser anulado com a gravidez de Luna.
Depois de enfim, ter planejado tudo nos mínimos detalhes. Mandei
que Karen chamasse o meu brinquedinho. Enquanto Boris não
conseguia esconder a sua indignação pela última parte do plano.
Então, logo tratou de se manifestar.
— Não acho seguro seguir com essa loucura.
— Essa é a única forma de descobrir todos os que estão envolvidos.
Confio a minha vida a você. Fui treinado pelo melhor e nada do que
venha a acontecer vai me impedir de enviar todos ao inferno — volto
a minha atenção assim que uma batida ecoa na porta e logo em
seguida ela surge no meu campo de visão.
“Chegou o momento de decidiu o destino de Luna Ysmit.”
Capítulo 45

Alguns dias depois...


Adônis Ruçi

T odos os meus homens estão espalhados em pontos


estratégicos, bem como os enviados pelos conselheiros da
máfia Sérvia. Além dos próprios conselheiros da sua máfia, o
desgraçado do Borislav está cercado de traidores por todos os
lados.
Poderíamos tentar um ataque contra aquele bordel de merda. Sim!
No entanto, ele poderia facilmente interceptar o nosso ataque.
Assim que descobrir todos os armamentos em volta do quarteirão
onde fica localizado o seu esconderijo, mas, graças a ligação que
Vladimir recebeu ontem da médica responsável pelo atendimento às
prostitutas do bordel, descobrimos que hoje, na parte da tarde, eles
irão até o seu consultório. O que será um prato cheio para enfim
poder pegar o maldito.
Sei que o seu plano é matar Luna Ysmit e, todos que estão ligados
a Dusan. Porém, esse desgraçado terá que ser mantido vivo, até
que seja revelado o lugar exato onde o infeliz esconde o microchip.
Deixarei que eles façam o serviço sujo. E, no momento em que um
dos meus homens, que está infiltrado entre eles, me passar à
informação que Borislav partiu dessa para pior. Então, será nesta
hora, que iremos com tudo para cima dos infelizes traidores.
Se aqueles ratos estão cogitando que serei um objeto a ser
descartado, assim que conseguirem a informação que todos nós
estamos almejando. Quanto a isso, estão completamente
enganados.
Por anos, venho dedicando cada minuto a acabar com a vida
daquele traste. Ser o soberano no mundo da máfia é o meu maior
objetivo. Não deixarei que ninguém atrapalhe os meus planos.
Antes, eu, Adônis Ruçi, enviarei todos ao inferno. Nem que para
isso tenha que exterminar todos os ratos com as minhas próprias
mãos.
Hoje será o início da destruição daquele maldito. E, o grande passo
para me tornar o homem mais poderoso em todo mundo.

Enquanto isso em New York...

Não estou conseguindo dormir direito. Depois da conversa que tive


com Dusan e Boris em seu escritório.
Meus pensamentos sempre estão voltados para tudo que foi
proferido dentro daquele cômodo. Ontem, quando ele ligou para
Lauren e marcou a nossa ida a seu consultório, sabia que hoje seria
decidido o meu destino e do nosso filho.
Estava tão nervosa, que acordei logo nas primeiras horas da
manhã. De banho tomado e já arrumada, permaneço parada
próximo a cama, meus batimentos cardíacos estão acelerados e
minha respiração pesada. Por mais que tentasse me controlar, o
nervosismo pela expectativa do que ia acontecer estava me
consumindo. O pânico me dominou assim que ouvi a voz de Dusan.
— Vamos!
Eu fiquei petrificada, vendo a minha reação, ele se aproximou e
parou em minha frente, me segurou pela cintura, me puxando para
mais perto de si. Sua boca logo tomou a minha em um beijo
profundo, com os lábios quentes, macios e entreabertos.
Sua língua perversa começou a acariciar a minha, iniciando um
duelo. Passei os braços ao redor do pescoço dele e comecei a
corresponder ao seu beijo. Algo dentro de mim vibrou em grande
intensidade. As sensações que senti eram eletrizantes. Quando
interrompeu o beijo novamente sua voz reverberou.
— Você não precisa ter medo. Não importa o que vai acontecer
quando deixamos esse lugar, ninguém chegará perto de vocês dois.
O seu tom de voz era totalmente desconhecido. A sensação era
como se tivesse escondendo algo e que fosse uma despedida.
Em passos vacilantes, comecei a caminhar. Minutos depois,
chegamos à garagem, onde somente três carros estavam prontos.
Achei estranho, mesmo sabendo do plano, não entendi o porquê de
estar com um número reduzido dos seus homens. Deixo os meus
pensamentos de lado ao ouvir a voz da minha amiga.
— Boa sorte Luh.
— Logo estaremos juntas.
Dei um forte abraço nela, enquanto Dusan estava falando com
Boris. Em seguida entramos no veículo e assim este entrou em
movimento. Dusan que estava ao meu lado, logo começou a falar
com Boris, que estava no banco da frente ao lado do motorista.
Quanto mais tempo se passava, só aumentava o meu nervosismo.
Minhas mãos estavam suando frio. Assim que o carro parou e ele
me chamou para sair do veículo, senti minhas pernas ficaram
pesadas.
— Venha! Lembre-se do que falei.
Ele estava certo, pelo nosso filho tenho que ser forte! A vida já me
tirou praticamente tudo e ninguém vai tocar no meu filho.
Minutos depois, já no consultório da Dra. Lauren. Logo, e com a sua
ajuda, me preparou para começar os procedimentos. Boris tinha
ficado na garagem com os outros homens que veio fazendo a nossa
segurança.
Deitada sobre a maca de exames, a médica terminou de passar o
gel gelado em minha barriga muito calmamente. Depois, ligou o
pequeno monitor e começou a deslizar o aparelho pelo meu
abdômen. Levantei o olhar e notei que Dusan permanecia
petrificado e com os olhos cravados no aparelho a sua frente.
Depois de alguns minutos em silêncio, a Lauren ficou com o olhar
fixo na tela e sua expressão era de pura surpresa. Comecei a ficar
nervosa, no entanto, suas feições logo mudaram. E, um sorriso
surgiu em sua face. Em seguida começou a falar.
— De início fiquei em dúvida, mas ao analisar novamente. Posso
dar a certeza que vocês serão pais de trigêmeos.
Meu coração disparou e movi a cabeça para o lado. Ele que até
então tinha uma expressão indecifrável, esboçou um sorriso. Ela
virou a tela e já não conseguia desgrudar o olhar da imagem a
minha frente.
— Você tem certeza? — Dusan perguntou.
— Sim aqui está. Ainda não dá para saber o sexo, mas podemos
ouvir os corações.
Novamente, deslizou o aparelho pela minha barriga. E, em questão
de segundos o som mais lindo que ouvi na minha vida ecoou no
ambiente. Sensações inexplicáveis e, um remexer de sentimentos,
tão desconhecidos apoderou-se de mim. Dusan parecia enfeitiçado
e seus olhos negros tinham um brilho intenso.
Lágrimas molharam a minha face no mesmo instante que um sorriso
brotou em meus lábios. Perdi as três pessoas que mais amava no
mundo. Porém, hoje recebi a notícia que dentro de mim existem três
vidas. Dando lugar a um amor indiscutível, incrível, incontável e
imensurável. Esse sem dúvidas é um dos momentos mais felizes da
minha vida.
Capítulo 46

D epois que levantei da maca, andei até a poltrona em frente à


mesa de Lauren e ele também se acomodou na poltrona ao
lado. Ela passou várias recomendações e alguns medicamentos que
eu deveria fazer uso.
Os minutos se passaram e depois de ela ter explicado tudo, nos
levantamos, me virei para ela e agradeci por todo cuidado que
sempre teve para comigo.
— Obrigada! Por tudo que tem feito por mim.
— Você não precisa agradecer. Tenho certeza que serei eu, a fazer
o seu parto e ajudar a trazer os filhos de vocês ao mundo.
Dei um sorriso para ela e caminhei em direção à porta e me detive.
Fiquei surpresa pela atitude de Dusan, nunca tinha visto agradecer
ninguém. Mas, assim como Boris, eu sempre vi que ele tinha grande
admiração pela profissional que ela é.
— Graças a sua lealdade eles estarão a salvos.
— Eu só fiz o que você me pediu. Embora, trabalhe há muito tempo
para a organização, porém, foi graças a você que consegui salvar a
vida da minha família. E, agora era minha vez de fazer o mesmo.
— Você não precisa se preocupar com mais nada. Daqui algumas
horas, Luna Ysmit e Boris, deixarão de existir para todos aqueles
traidores.
Senti uma sensação tão ruim ao ouvir suas palavras. Dusan está
mais estranho do que nunca. E, até agora não entendi o motivo de
Boris também ser dado como morto. Meus pensamentos foram
interrompidos assim que ele começou a caminhar em minha
direção. Deixamos o ambiente e seguimos em direção a uma sala.
Quando chegamos ao local, ele pediu que entrasse. Fiquei
atordoada ao ver a imagem a minha frente.

Nunca em toda a minha vida havia sentido sensações tão fortes e


inexplicáveis. Era como se um turbilhão de sentimentos se fizesse
presente. Algo que fez todo o meu corpo vibrar com grande
intensidade. Agora mais do que nunca tive a confirmação que
deveria seguir com o que tinha em mente.
Quando meu brinquedinho recebeu a notícia da morte da sua família
e Lauren, terminou de examiná-la em minha suíte, nos dando a
notícia da sua gravidez. Um pensamento surgiu em minha cabeça e
após contar tudo que tinha em mente, ela ligou de imediato para
Augusto, a quem eu sabia que logo iria contar a todos. Depois, que
repassei o que tinha em mente com Boris e, ter informado Luna de
tudo que teríamos que fazer, só faltou esperar a encomenda que
estávamos aguardando chegar do Japão. E com as máscaras já
providenciadas, tudo que faltava era entrar em contato com Lauren,
marcando a nossa vinda até o seu consultório. Sei que alguns
homens enviados por Vladimir e aqueles que estão ao seu lado
entraram no meu território. Porém, o meu intuído é, reunir todos em
um único lugar e saber realmente o motivo de Luna ser uma
ameaça e eu o alvo a ser eliminado. O desgraçado do Adônis Ruçi
achou que se unindo aos malditos conseguirá me deter. Mas, desta
vez, irei eliminar todos. Acabando com a praga de traidores que se
enraizou a minha volta. Todos vão se arrepender amargamente por
querer tocar na minha mulher e nos meus filhos.
Tudo que eles fizeram foram desapertar os meus demônios. Então,
mostrarei aqueles desgraçados que a cria vai superar o seu criador.
Eles me transformaram em tudo que sou. Todavia, cabe a mim,
segurar as rédeas da minha vida e mudar a direção.
Deixamos a sala de Lauren e seguimos para o local onde Boris
certamente, já havia providenciado tudo. Quando chegamos à sala
Luna, ficou imóvel ao ver a imagem à sua frente. Os robôs
humanoides estavam semelhantes a ela e a Boris. Desta forma,
enquanto eles iriam substituí-los, o outro carro a levaria junto com a
única pessoa que confio, para proteger não só a ela, como os meus
filhos e levá-los para bem longe de tudo isso. Luna seguiu para o
banheiro enquanto fiquei conversando com meu fiel companheiro.
— Ainda acho que você não deve fazer isso — Boris, disse e o seu
tom de voz demostrava preocupação.
— Luna está grávida de trigêmeos.
— Para quem não queria uma mulher e muito menos cogitou em ter
um filho, você não perdeu tempo — sua expressão que antes era de
pura preocupação, agora tinha um largo sorriso.
— Não me faça dá um jeito em acabar com a vida da Karen. Sua
convivência com ela está o deixando igualzinho.
— Já não está aqui quem falou. Mas, se cuide.
— A minha liberdade está em suas mãos. Depois de tudo que
passei, sendo só uma criança, nada do que eles fizerem poderá me
quebrar. Eu preciso saber a verdade. E, quem realmente sou, e que
mistério tem por trás de tudo isso.
— Tudo já está pronto.
— Cuide dela e dos meus filhos.
Minutos depois, me despedi e segui em direção a garagem ao lado
dos dois. Em passos firmes, andei até o meu carro. Entramos no
veículo e meus olhos ficaram fixos na imagem que estava ao meu
lado. Fiquei satisfeito pelo resultado. Minha atenção se voltou para o
homem a minha frente.
— Podemos ir chefe?
— Sim.
Tive que dispensar os serviços de Simão hoje. Após tantos anos de
lealdade, não poderia colocar a vida dele em jogo. Nós quatro, que
estávamos dentro do veículo, seguimos em direção à batalha.
Porque a guerra, essa será feita no lugar onde tudo começou. Tudo
estava em silêncio, somente dois carros estavam fazendo a nossa
escolta. Pelo aplicativo no meu celular deu para ver que eles já
haviam saído do local.
O homem a minha frente se mantinha em silêncio. Mas, deu para
ver que ele sempre desviava sua atenção, em direção ao homem ao
seu lado, que se mantinha quieto. O que não era normal. Já que, na
nossa ida ao consultório, passou todo o caminho entre ligações e
falando comigo sobre o evento que teve no bordel na noite anterior.
Deslizei o dedo na tela do meu celular e em questão de segundos a
voz de Boris se fez presente. Notei que, o homem logo se manteve
concentrado na direção. Bem como, a voz de Luna ecoou
respondendo à pergunta que lhe foi feita. Avisei ao motorista que
iríamos direto para Manhattan. Precisava dar aos traidores o que
tanto estavam esperando. E, somente assim, não restariam dúvidas
alguma do que estava prestes a acontecer.
Minutos se passaram e quando estavam seguindo em direção a
estrada que dava acesso ao nosso destino, a voz de um dos meus
homens, através do rádio localizado dentro do veículo, ecoou dando
alerta vermelho. Mandei o motorista seguir em frente. Pegando a
minha arma e comecei a dar ordens para os soldados que estavam
revidando ao ataque. O barulho dos tiros ecoava para todo lado até
que houve uma explosão.
Olhei para trás e um dos meus carros estava totalmente incendiado.
O motorista saiu em alta velocidade. Escuto alguns tiros, que
acabaram por trincar a janela do carro do lado que ela estava. Abri a
janela que estava do meu lado e comecei a atirar.
A voz de Boris se fez presente, já que ele monitorava tudo pelo
sistema implantando no seu notebook. Quando já estava nos
aproximando da rampa de acesso, observo vários carros parados e
uma explosão na traseira do meu carro. O que fez o motorista
perder totalmente o controle e, logo foi de encontro à barreira e
bateu em um dos carros à nossa frente.
A força do impacto fez a minha cabeça latejar. Antes que fizesse
algo, uma multidão surgiu em nossa frente. Rapidamente, a porta foi
aberta. E, quando tentei pegar a minha arma que havia caindo com
o impacto, fui puxado para fora do carro.
— Temos que matar todos que estão dentro do veículo — a voz de
um infeliz se fez presente
Fechei minha mão em um punho e o soco foi desferido de encontro
ao rosto do maldito que me segurava. O segundo, logo tentou me
segurar, mas não iria facilitar e comecei a desferir golpes para todo
lado. Porém, três brutamontes vieram e saíram me puxando para
longe do veículo. E, quando tentei reagir, senti novamente a minha
cabeça latejar e uma dor insuportável me atingiu.
Em seguida uma explosão ecoou no ambiente e tudo que fiz antes
de ser consumindo pela escuridão foi gritar o nome dela.
— Lunaaaaaaaa...
Capítulo 47

U ma sensação ruim tomou conta de mim. Olhei para o homem ao


meu lado, que não desgrudava o olhar da tela do notebook em
sua frente. Pela sua expressão, algo de muito ruim estava
acontecendo. Por outro lado, ainda não conseguia acreditar que
Dusan havia sido capaz de nos deixar ir.
Embora, sabia que certamente estarei sendo vigiada. Mas, com
ajuda da Karen, tenho certeza que poderei cedo ou tarde fugir e
viver ao lado dos meus filhos, longe desse mundo rodeado por
criminosos. As horas se passaram e o veículo ainda continuava em
movimento. Um desafio silencioso continuava dentro do carro e
diante da situação, fechei os meus olhos e não sei em que momento
acabei adormecendo. Meu sono foi interrompido pelo som da voz de
Boris me chamando. Ainda desorientada e meio sonolenta, olhei
para o homem ao meu lado.
— Chegamos.
A porta do veículo foi aberta e ao sair de dentro, experimentei um
vento frio de encontro ao meu rosto. Como senti saudades de tudo
isso. De ver o sol, respirar o ar puro e essa sensação de liberdade
que se apoderou de todo o meu ser.
Deixo o devaneio de lado quando ele começa a caminhar em
direção ao jatinho parado alguns metros a nossa frente, com
passadas urgentes, comecei a andar naquela direção. E, quando
adentrei no lugar, os gritos dela logo ecoaram.
— Lunaaaaaaaa...
A expressão da minha amiga era de pura felicidade. Após tantos
anos, trancafiada dentro daquele lugar, hoje ela conseguiu sair da
sua prisão. Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas o primeiro
passo foi dado. E, tenho certeza que algo grandioso ainda irá
acontecer em nossas vidas.
— Luh, venha!
Caminhei em sua direção e me sentei ao seu lado. Logo, me lembrei
de suas palavras e quando seus lábios se mexeram, tratei logo de
me manifestar.
— Sei que você está curiosa para saber. E, sim você tinha toda
razão, não só tem uma criança crescendo em meu ventre e sim três.
Boris e Dusan perderam, pois, estavam com uma vidente sob seus
domínios e nem souberam fazer proveito disso — a gargalhada
escandalosa dela logo se fez presente preenchendo do o ambiente.
— Amiga, estou tão feliz! Ser tia de três ao mesmo tempo. Três
bebezinhos lindos, visto que, os pais são donos de uma beleza
estonteantes. Seria engraçado se duas fossem mulheres só para eu
ver a reação do todo-poderoso. Que sempre demostrou seu
machismo e com duas filhas ia ficar louco. Já saia matando só por
prazer, nem quero ver, se algum idiota olhar para as princesinhas da
máfia.
— Mesmo sabendo quem é o que o pai dos meus filhos e o que ele
faz, eu não os quero crescendo no meio de tudo isso.
— Você acredita mesmo que o grande e temido chefe Dusan, vai
desistir de você e dos filhos? Tudo que ele fez foi somente para
manter vocês afastados da guerra que foi iniciada contra aqueles
traidores. Depois que tudo isso acabar, nós duas certamente
voltaremos para New York.
— Do que você está falando?
Quando ela ia me responder, Boris apareceu no nosso campo de
visão. Sua expressão demostrava preocupação e novamente a
sensação ruim voltou. Meus pensamentos foram direcionados para
Dusan.
Karen começou a falar, mas tudo o que veio em minha mente foram
às lembranças de tudo que aconteceu comigo desde o momento
que caí nas garras do chefe da máfia Sérvia; de todo o sofrimento;
os obstáculos que tive que suportar e dos ensinamentos que
aprendi. Isso, quando achei que não era capaz. E, descobri que
nada era impossível quando tínhamos um objetivo.
Lembrei ainda das sensações desconhecidas que pairou sobre mim,
desde a dor terrível que senti quando ele roubou a minha inocência,
até o prazer que fez todo o meu corpo ficar em chamas. No entanto,
embora tenha ganhado o melhor presente da minha vida, um amor
que será eterno e me tirou do tormento que me encontrava. Foi no
momento que estava sob o jugo do mafioso que perdi aqueles a
quem mais amava. Ele me prometeu que nada iria acontecer a eles.
Eu fiz de tudo, aguentei o seu treinamento e punições como se
fosse um dos seus soldados, simplesmente, porque a dor física não
era comparada ao saber que algo de ruim poderia acontecer a
minha família. Entre erros e acertos; perdas e ganhos; hoje deixarei
esse país e espero nunca mais voltar.
Minutos depois, terminamos de almoçar e segui para o quarto para
tentar descansar um pouco. Boris, disse que tínhamos uma longa
jornada pela frente. E, achei melhor ir dormir, enquanto ele ficou
grudado com a minha amiga.
Perdi a noção de tempo. Após acordar, a minha amiga veio me
chamar, pois dentro de alguns minutos o avião iria pousar. Depois
que enfim, já estávamos em solo firme, levantamo-nos da poltrona e
seguimos o Boris, quando deixamos a aeronave, tinha dois carros
pretos nos aguardando. A única coisa que não estava me
agradando era não saber o lugar em que estávamos. Pois, quando
perguntei ao Dusan sobre isso, ele só me disse que era melhor não
saber.
Adentramos o veículo e minutos depois já estava em movimento.
Minha amiga parecia que há anos não falava, porque não parou um
só minuto. Após, quase uma hora, o carro parou e um barulho sutil
ecoou, indicando que a porta havia sido destravada. Novamente,
estarei em uma prisão. No entanto, esta será mais fácil de suportar
se comparada com a sensação de viver dentro do The Brothel
Empire.
Quando saí do veículo, fiquei admirada com a imagem a minha
frente: Um belo jardim e uma casa bem diferente da mansão de
Borislav em Belgrado, nada tão luxuoso, o que eu achei perfeito.
Olhei para Karen, que tinha os olhos brilhando e olhava tudo a sua
volta com grande admiração.
Com passadas urgentes, andamos em direção à porta principal. Ao
entramos no ambiente, tudo era perfeito e a sensação que tive foi de
estar dentro da minha casa. O cheiro de lavanda invadiu minhas
narinas e assim que dei alguns passos, senti um cheiro delicioso,
que era semelhante ao aroma da comida da minha mãe, ele vinha
do cômodo a minha frente.
Meus pensamentos foram interrompidos quando me virei e olhei
para Kah, que estava com os olhos arregalados e fixos em uma
única direção. Quando movi a cabeça para o lado, o pânico me
dominou e minha respiração disparou. Senti minhas pernas
fraquejarem e meus batimentos aumentaram. Consequentemente,
tudo começou a girar e em seguida fui envolvida pela escuridão.
Capítulo 48

M inha cabeça estava latejando. Eu queria abrir os meus olhos.


Mas, sabia que tudo não passou de fruto na minha
imaginação. Por uma fração de segundo pareceu tão real. Ao ouvir
aquela voz familiar, saio do estado estático que permanecia e meus
olhos se abre de imediato.
— Acorda! Filha!
Não conseguia acreditar na imagem a minha frente. Mas, era o
mesmo perfume e senti sua mão de encontro ao meu rosto. Isso me
transmitia uma sensação tão boa. E, quando seus lábios se
moveram e sua voz novamente reverberou. Consequentemente,
não consegui segurar as lágrimas, constatei então, que aquilo de
fato era real.
Mas como? O que estava acontecendo?
— Estávamos te esperando. Senti tanta saudade, minha princesa.
Ela deu um beijo em meu rosto. Assim que movi a cabeça para o
lado, os meus batimentos que já estavam descontrolados, agora a
impressão era de que sairia pela minha boca. Meu pai e minha irmã
estavam ali, com suas faces banhadas em lágrimas.
Apressadamente acabaram com a pouca distância que nos
separava.
— Você não achou que ia se livrar de mim, tão fácil, achou? — Mila
disse esboçando um largo sorriso.
— Me perdoa por tudo filha — a voz do meu pai se fez presente.
Estava tão feliz e ao mesmo tempo perdida com tudo que estava
acontecendo. Contudo, tudo o que fiz foi aproveitar aquele
momento. Mila parecia o clone da minha amiga e não parava de
falar. Como era bom ouvir a sua voz e ter novamente a minha
família ao meu lado.

Minutos depois...
Depois que jantamos a comida deliciosa da minha mãe, seguimos
para sala e, Boris vendo o meu estado de confusão, tratou de
esclarecer tudo que havia acontecido.
— Já deveria saber que o Dusan jamais deixa de cumprir com sua
palavra. Se ele garantiu a você que nada aconteceria a sua família,
é porque faria o impossível para mantê-los em total segurança.
Quando descobrimos que os próprios membros da nossa
organização queriam eliminá-la, o que ainda é desconhecido por
nós o motivo, tivemos certeza que assim que soubesse que ele
invadiu aquele quarto no dia do leilão, os nossos inimigos não iam
em hesitar em atacar todos aqueles que estavam ligados de alguma
forma a Dusan e a você. Então, ele me enviou para Nebraska, para
assim, colocarmos o plano que tinha em mente em ação. Depois de
contar tudo a sua família, eu providenciei tudo para que fossem
retirados da casa sem levantar suspeitas. E, os trouxe para
Austrália, o meu país de origem. Este lugar é onde temos a plena
convicção que, todos os membros que pertence a nossa
organização e vivem nesse lugar tem lealdade ao nosso chefe.
— Todavia, eu atendi a ligação que fizeram para Dusan. A explosão
e depois soube que foram encontrados três corpos dentro do local.
— Essa foi a segunda parte do plano. Assim como, em nosso meio
tem pessoas infiltradas pelos nossos inimigos. E, Borislav, embora
para muitos seja a própria encarnação do mal, e, quem o conhece
sabe do que é capaz. Jamais, iriam bater de frente. Foi dessa forma
que o nosso infiltrado, que era o responsável pela equipe, foi
enviado a Nebraska e se tornou essencial para que tudo saísse
como cogitamos. Os corpos que foram encontrados eram de três
pessoas que já estavam mortas. Os homens que adentram com ele
dentro do imóvel foram mortos pelo próprio. Enquanto se ocupavam
em eliminar os nossos dois homens que estavam vigiando os seus
pais. Tudo que foi preciso era deixar os outros que entraram depois,
olharem para os corpos dos seus familiares. E, contou que os dois
que estavam com ele haviam sido mortos por nossos soldados.
Antes de deixar o local eles explodiram tudo. Marcos, o nosso
infiltrado, somente precisou contar ao conselho da máfia Sérvia, a
sua própria versão de como tinham acontecido os fatos. E, como
teve testemunhas, estas contaram que havia duas mulheres e um
homem no ambiente. Enfim, ninguém desacreditou em suas
palavras.
— Por que vocês me fizeram acreditar que eles estavam mortos? E
o Dusan viu todo o meu sofrimento! Como ele foi capaz de fazer
isso?
Antes que Boris se manifestasse a voz de meu pai se fez presente.
— Filha, jamais iria ter a mesma reação se soubesse da verdade.
Como foi dito, o mundo deles tem vários infiltrados. Certamente,
quem está por trás de tudo isso deve ter tido conhecimento que
você estava sofrendo pela nossa suposta morte.
Boris também se pronunciou.
— Exatamente, Luna, sem querer, você poderia colocar a vida deles
em risco. Dusan, jamais deixará de ser quem é, pois foi treinado
para isso. No entanto, sei o quanto a sua chegada mudou a vida
dele e o quanto lutou contra tudo que estava sentido. Mas, o
coração de gelo, parece que não foi capaz de resistir ao calor que
foi transmitido por você. Hoje, está com sua família e conseguiu sair
da gaiola que era sua prisão. Porém, ele há essa hora está nas
garras dos seus piores inimigos. E, tudo porque jamais deixará que
ninguém faça algo com vocês. Mesmo contra minha vontade, Dusan
achou que estando frente a frente com os inimigos, será o único
jeito de acabar com tudo isso.
Fiquei estarrecida ao ouvir as suas palavras.
Então, era por esse motivo que estava tão diferente. Um
pensamento surgiu em minha mente ao lembrar-me das palavras da
minha amiga.
“Será que ela tinha razão e o meu algoz acabou por se apaixonar
pela sua vítima?! No caso, eu?”
Enquanto isso em Belgrado
Vladimir
Finalmente a vitória é nossa!
Daqui a algumas horas, o grande e temido Dusan Borislav, estará
no lugar onde nasceu e iniciou a sua transformação naquilo que
vem sendo por muitos anos, “um monstro”.
Nós o moldamos daquela forma e o fizemos se tornar um
sanguinário. A maldade encarnada numa criança, isso até se tornar
um homem. Agora, chegou o momento de eliminar essa praga ruim.
Esse maldito se tornou um grande obstáculo. E, se não for
destruído, logo todos nós seremos resumidos a pó.
Ele ficará vivo até conseguimos o que tanto almejamos. Com a
morte de Boris, que cedo ou tarde também seria eliminado. Se foi a
única pessoa que além de Borislav, sabia que estávamos por trás de
tudo isso.
Todos ficaram em festa ao saber que aquela que era uma ameaça
para todos, já não existe mais. A vadia se foi junto com a erva
daninha que crescia em seu ventre. Agora, estamos a um passo de
ter o poder absoluto. E, assim que isso acontecer, o próximo alvo
será Adônis Ruçi e, todos aqueles que o cercam.
Desta vez, me tornarei o chefe da maior organização de todos os
tempos.
Com o poder em minhas mãos, profecia alguma será capaz de me
deter.
Minha cabeça está a ponto de explodir. Uma dor insuportável me
atingiu. Todo o meu corpo está dolorido. A sensação é, como se um
caminhão tivesse passado por cima de mim. Tentei abrir os meus
olhos, mas minhas pálpebras estavam tão pesadas. E quando
consegui, foi no exato momento que a mala do carro foi aberta.
Assim que os dois infelizes se aproximaram para me tirar do veículo,
avancei para cima dos malditos. No mesmo momento, quando
acertava um deles e conseguir desferir vários socos, novamente
senti uma dor insuportável na minha cabeça e a escuridão total me
envolveu.
Tentei me mover, mas constatei que, além dos meus braços, as
minhas pernas estavam presas por correntes. Lutando contra as
dores que tomaram o meu corpo, me forcei a abrir os meus olhos.
Porém, tudo o que vejo em minha frente é uma imensa escuridão.
As lembranças logo sugiram na minha mente, embora na penumbra,
jamais iria me esquecer do cheiro desde lugar.
Aquele que por anos foi o meu pior pesadelo, quando ainda era
somente uma criança, e, passei pelas piores punições. Aprendi que
o medo não poderia fazer parte da minha vida e chorar nunca era
permitido. Foi aqui que aprendi que o inferno existia na própria terra,
e que apenas os fortes sobrevivem nesse mundo.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que um forte clarão
surgiu no ambiente. Movi a cabeça na direção à porta e vários pares
de olhos estavam fixos nos meus.
— Seja bem-vindo ao seu verdadeiro lar.
Capítulo 49

U m ódio descomunal apoderou-se de todo o meu ser. Uma onda


de calor tomou conta do meu corpo. A única coisa que se
passava em minha mente, era matar todos os infelizes a minha
frente. Os onze homens logo se aproximaram, suspeitava que
Vladimir não estava agindo sozinho. Porém, a dúvida era se todos
os membros do conselho estavam envolvidos. Meus pensamentos
foram interrompidos assim que a voz do desgraçado ecoou no
ambiente.
— Você achou mesmo que seria superior a todos nós? Você se
tornou o que é, graças a todos aqui presente. No entanto, chegou
muito mais longe do que cogitávamos e, no nosso meio, não tem
mais lugar para você.
O som das risadas dos infelizes ecoando pelo cômodo só fez todos
os meus demônios se agitarem.
Augusto se manifestou, assim que o silêncio se fez presente.
— Podemos fazer isso do modo fácil ou teremos que recorrer ao
modo difícil. Tudo vai depender da sua colaboração, por que desse
lugar você só sairá morto.
Um barulho ecoou no ambiente assim que suas palavras foram
proferidas. E, as correntes fixadas nas paredes, que prendiam os
meus membros foram alargadas. No momento que os dois homens
se aproximaram, ainda tentei reagir. Mas, as algemas me
impediram. Elas estavam machucando os meus pulsos e, deixando
além de suas marcas, alguns arranhões na minha pele. Assim que
eles me puxaram, à medida que íamos nos distanciando, o barulho
das correntes preenchiam o cômodo. Quando levantei a cabeça, os
meus olhos ficaram fixos no barril a minha frente.
Em seguida, senti uma mão segurando firme a minha nuca. E, no
mesmo instante que me debati, senti um forte soco no meu
estômago. Então, a minha cabeça foi forçada a ir de encontro ao
líquido dentro do barril.
Eles começaram os movimentos, afundando a minha cabeça
repetidamente dentro do objeto cheio de água gelada. Perdi a noção
do tempo, a cada mergulhada, eles introduziam ainda mais,
deixando a água envolver parte do meu abdome. E, quando Vladimir
novamente voltou a se manifestar. Então, intensificaram o ritmo
após ele falar.
— Vamos ver até onde vai aguentar.
Passei praticamente a noite toda acordada e a minha irmã não
desgrudou de mim em nenhum minuto. Ela quis saber de tudo que
aconteceu comigo nesses últimos meses. Tanto ela quanto a minha
mãe tiveram várias reações.
De acordo com o que iam ouvindo, as feições variaram, desde
horrorizadas por tudo que passei, como orgulhosas ao saberem que
suportei tudo que me foi infligido. As lágrimas logo se fizeram
presentes. E, quando contei do leilão a Mila, que era a mais curiosa
e fiquei surpresa com sua reação. Porque, no final da história, já
estava torcendo para que o Dusan não deixasse o bendito leilão
acontecer.
Acho que minha irmã se iludiu ao ouvir a descrição do homem. Que
pela aparência, até diria que é lindo como um príncipe dos livros.
Mas, a maldade o torna no vilão da história. Quando cheguei à parte
em que ele invadiu o quarto, ela começou a gritar e bater palmas.
Minha mãe, logo tratou de repreendê-la. Acho que nas conversas
que Camila teve com suas amigas, quando o assunto entre elas, era
o ator da trilogia 50 tons, deve tê-la feito cogitar que na vida real
existe uma mudança como no livro.
Ficamos horas conversando, tentei enrolar, mas, acabei chegando
na parte de contar sobre a minha gravidez. Foi nesse exato
momento que meu pai entrou no quarto. Depois que terminei de
falar, o silêncio predominou no ambiente. Tinha muito medo de eles
não aceitarem os meus filhos, mas de alguma forma, saber quem
era o pai tivesse algum peso.
Segundos deram lugar a minutos... De repente, a minha irmã
começou a fazer a dancinha da vitória. Dançando feito uma louca,
dizendo que ia ser tia. Porém, só tinha contado que estava grávida.
Ao contar que eram trigêmeos, as lágrimas logo surgiram no rosto
dos meus pais, que até então, tinham uma expressão indecifrável.
Fiquei aliviada quando eles explicaram que as lágrimas eram de
felicidades. E que tinham muito orgulho de mim por ter sido forte em
meio a tudo que vivi.
O meu pai já estava todo babão dizendo que dois seriam meninos.
Já que, tinha três mulheres em sua vida e precisávamos equilibrar
um pouco a situação, ou logo, todos os fios dos seus cabelos
estariam brancos.
Quando fiquei sozinha, meus pensamentos novamente ficaram fixos
em Dusan e nas palavras de Boris. Em tudo que ele fez pela minha
família, quando achei que não era capaz de se importar com
ninguém. Quando me lembrei das últimas palavras proferidas por
Boris. Em que ele estava nas garras dos seus inimigos. Nesse
momento, senti um calafrio atravessar a minha espinha e um forte
incômodo em meu peito.
“O que está acontecendo e por que essa notícia mexeu tanto
comigo?”

Horas depois...
Acabei caindo num sono profundo. Passei tanto tempo pensando
nele que fui vencida pelo cansaço.
Depois de saber da minha gravidez, a minha mãe como já era de se
esperar, tratou de providenciar todos os remédios que estavam na
receita que Lauren havia passado. Mandou Mila me acordar, já que
precisava me alimentar por quatro.
Depois que tomei um banho, escolhi um vestido que minha irmã
trouxe alguns minutos atrás. Pois ela, mesmo sem saber se algum
dia estaria junto a eles, tratou de trazer todas as roupas que eu mais
gostava. Já arrumada, segui em direção ao primeiro andar da casa.
E, assim que desci os degraus, a minha atenção se voltou para o
cômodo ao lado, foi quando escutei a voz de Boris no telefone.
— Quero todos prontos o quanto antes. Sei que não irá matá-lo
enquanto não tiverem o microchip. No entanto, eles estão em
grande número. Portanto, não vão hesitar em cometer as piores
atrocidades para obter a informação que tanto querem. A vida de
Dusan depende da nossa agilidade.
Senti uma forte pontada na minha barriga e um ruído de dor e medo
saiu entre meus lábios. Ele rapidamente encerrou a ligação e veio
em minha direção. Respiro profundamente, tentando controlar as
sensações ruins que tomou conta de mim. Boris me ajudou a me
acomodar na poltrona ao lado.
— Necessita ficar calma.
— Conheci aqueles homens e vi em seus olhos que a minha
presença já não os agradava. Assim como senti uma sensação ruim
ao estar próximo a eles. Jamais cogitei que os conselheiros fossem
os responsáveis por tudo que estava acontecendo. Por além de
terem tentado acabar com a minha vida, também tentaram matar
toda a minha família. Dusan me fez conhecer o pior lado da vida.
Mas, também me deu o melhor presente. E, pelos nossos filhos
você precisar tirá-lo do lugar onde está.
— A nossa maior arma estar com você.
Suas palavras ficaram ecoando na minha cabeça e assim o
perguntei o porquê de ele ter falado aquilo. O que ouvi me deixou
sem reação.
— Do que está falando?
— Você detém o objeto que todos eles estão procurando. Somente
as suas digitais são capazes de liberar o sistema de proteção que
Dusan colocou. Dentro da bolsa que trouxe, tem a arma mais
poderosa que existe. Ela é capaz de destruir toda uma nação. Você
foi a escolhida. E, com a sua ajuda, daremos aos malditos traidores
o que merecem. Mostraremos que, para nós só há um Chefe – O
Dusan Borislav.
Capítulo 50

Dois dias depois...


Boris

O tempo era o nosso pior inimigo nesse momento. Consegui,


graças à ajuda do nosso infiltrado em Belgrado, colocar os
nossos homens de New York reunidos na mansão de Dusan. Já
que, ela ficava bem afastada de toda movimentação. E, com todos
concentrados em Borislav, facilitou a entrada deles no país. Se os
malditos traidores pensaram que seria fácil, estavam completamente
enganados. Apenas conseguiram pegar o Dusan, simplesmente
porque ele colocou na cabeça a ideia fixa de que só assim acabaria
com todos.
Depois da conversa que tive com Luna, ela ficou surpresa ao saber
que estava com algo tão valioso e perigoso. E, que Dusan tinha a
escolhido para guardar aquilo que seria a única coisa, que permitiria
que ele saísse vivo daquele lugar. Assim que conseguimos entrar no
sistema, entrei em contato com o meu irmão e com todos os
membros da nossa organização. Então, colocamos o plano traçado
por Borislav em ação.
Tudo foi planejado com cautela, visto que, a qualquer erro, os
traidores poderiam descobrir que estavam mais perto do que
cogitavam. Vladimir, e, todos que o cercam, se acham tão espertos.
Porém, foram eles os nossos maiores aliados para que o plano
tivesse êxito total.
Quando Dusan viajou para Belgrado, o conselho pediu que ele
mudasse o sistema após a invasão de Adônis Ruçi, como o sistema
foi criado pelo próprio, foi fácil entrar nele. E, controlar todas as
câmeras que estavam em pontos estratégicos. Mais precisamente
na sede da própria máfia, que era o local onde ele estava.
Certificando-me que tudo estava bem com a Luna, já que confiou a
mim a segurança dela e dos filhos. Deixei tudo providenciado para
que não faltasse nada e alguns homens da minha confiança
vigiando o lugar. Tanto ela, como os outros dentro daquela casa,
tinha ordens para não sair do imóvel. Deixamos a Austrália e
seguimos para o lugar de onde só sairemos quando acabar com
todos. E, resgatar aquele a quem amo como a um filho e que não
hesitarei em dar a minha vida pela sua.
Daqui a poucas horas, Belgrado se tornará o verdadeiro campo de
guerra.

Vladimir
Desgraçado!!!
Já tem alguns dias que vem sendo torturado e o maldito continua
inabalável. O deixamos sem comida e a única água que tem bebido
é a do próprio barril, durante as horas que é torturado. Mandei que o
colocassem no crucifixo dentro da sala. Ainda lembro da primeira
vez que mandei colocá-lo, quando ainda era só um garoto. Boris
tentou interceder com a história que ele era somente uma criança.
E, nada nos impediu de colocar o infeliz preso naquele lugar. Em
questão de minutos, a sala foi preenchida pelos seus gritos. O que
só aumentou a minha raiva, ao ponto de girar ainda mais. Por mim,
teria o quebrado naquele exato momento. Só não o fiz, porque
precisava dele vivo e com os membros intactos.
Deixei as lembranças de lado e me aproximei dos outros
conselheiros. Estes, já estão possuídos pela raiva ao ver que o
maldito até hoje, ainda não havia falado o local onde escondeu o
maldito chip. Com os membros presos, ele logo levantou a cabeça e
seus olhos estavam faiscando de ódio. Assim que nos viu, ficou com
o olhar cravado em nossa direção.
— Te darei uma nova chance, antes que eu comece a levar a sério
tudo isso. Em que lugar você escondeu aquele objeto? — Augusto
disse.
— Essa será as suas últimas palavras, visto que irei acabar com
todos vocês — todos nós começamos a sorrir ao ouvir as palavras
do desgraçado.
O Dusan ainda não se deu conta que seu legado chegou ao fim.
Aproximei-me e notei que não demostrava nenhuma reação. Então,
levei minha mão de encontro à alavanca e comecei a girar, fazendo
o objeto se mover, sua mandíbula se contraiu. Dava para ver que
seus batimentos estavam acelerados, mas, nenhum um som foi
emitido por ele.
— Isso é só o começo — assim que terminei de falar, eu segurei
firme a alavanca. E, no momento que ia girar novamente, um
estrondo do lado de fora deixou todos em total alerta. Os meus
pensamentos foram direcionados para uma única pessoa, Adônis
Ruçi.
Toda uma movimentação se fez presente no ambiente, bem como
os sons de tiros nos deram a confirmação que algo de errado estava
acontecendo. Assim que todos pegaram as suas armas, fomos para
fora do ambiente para ver o que estava acontecendo. Quando
chegamos do lado de fora da sala, novamente outro estrondo se fez
presente. Então, caminhamos em direção ao salão principal e tiros
estavam sendo disparados para todos os lados. Assim como,
grandes explosões do lado de fora da sede.
Em questão de minutos, tudo a nossa volta se transformou num
campo de guerra. Os nossos homens estavam sendo massacrados
e os membros do conselho pareciam perdidos. Corpos estavam
sendo arremessados no ar e, o chão logo ganhou um tom
avermelhados. Havia órgãos espalhados a nossa volta e uma rajada
de tiros foi dada em direção à porta.
Assim que a única pessoa que não esperávamos ver, surgiu no
nosso campo de visão, aconteceu uma nova explosão dentro do
local e uma fumaça se fez presente. Boris colocou uma máscara em
seu rosto e, antes que algum de nós cogitasse em fazer algo, o que
já era tarde demais, fomos envolvidos por uma escuridão sem fim.

Horas depois...
Cada minuto que se passava, só aumentava a minha raiva. Esses
infelizes acharam mesmo que colocar a minha cabeça naquele barril
seria razão de dar o que tanto queriam?
Por anos passei por esse treinamento. Eu tive que aprender a
controlar a minha respiração ainda criança. Toda vez que ficava a
ponto de desfalecer, começava a suplicar por não estar aguentando
mais. E, como consequência, era sempre punido. Com o tempo,
Boris começou a adotar uma nova forma de treinamento. Visto que
consegui superar todos os obstáculos e passar por tudo que me era
imposto.
Estava tão cego, que achava que tudo aquilo era para o meu bem.
E, que eu era especial por ter sido o escolhido. Mas na verdade,
eles só queriam usufruir de tudo que a organização conquistou,
assim que assumir o comando. Proporcionar a todos uma vida
luxuosa e cheia de regalias.
Quando o infeliz mandou trazer o crucifixo, meus pensamentos se
voltaram para Luna. As lembranças surgiram em minha mente de
quando a coloquei naquele objeto. Embora, pudesse suportar a dor
terrível que tomou conta do meu corpo e, quando o traste colocou o
objeto em movimento, tudo que estava pensando naquele momento
foi exatamente o que fiz com ela.
Deixo as lembranças de lado assim que o abutre começou a falar.
No momento que levou a mão de encontro à alavanca, um estrondo
terrível se fez presente, o que fez todo o meu corpo se aquecer.
— Agora chegou a minha vez.
Suspiro fundo ao ouvir o som de uma voz conhecida por mim.
— Sua aparência está péssima.
— A deles ficará muito pior.
Ele se aproximou e começou a desamarrar os meus braços e em
seguida as minhas pernas. Assim que fiquei livre, ordenei que todos
os infelizes fossem trazidos para dentro da sala.
— Você trouxe a minha adaga?
— Sim, estou ansioso para que o show comece.
Rapidamente, os corpos dos onze homens foram colocados dentro
do cômodo. Tínhamos pouco tempo antes de eles acordarem. Ao
meu sinal, tanto Boris, quanto os outros pegaram suas adagas e
começaram a fazer o que tínhamos planejados. Porém, para um
deles, eu tinha algo diferente. Então, assim que coloquei o infeliz
preso no lugar que pelo visto era o seu favorito. Visto que, passou
anos me colocando lá. Então, levei minha adaga em direção ao seu
corpo e tratei de deslizar na camisa do maldito. Passei a minha
adaga por toda extensão do corpo do infeliz. Ao contrário dos
outros, ele começou a despertar se debatendo na medida em que
eu ia introduzindo o objeto em sua carne. Os seus gritos soam como
músicas para os meus ouvidos. Quando sua barriga já estava
totalmente aberta. Falei:
— Agora vamos ver até onde você aguenta. Seu maldito! — levei
minha mão de encontro à alavanca e comecei a girar. Gritos e mais
gritos se fizeram presentes.
— Eu te odeio seu infeliz. Se não fosse por mim você nem teria
existido. Maldita a hora que ouvi as palavras daquela infeliz.
Fiquei completamente atordoado. Do que esse infeliz está falando?
Ao ver o meu estado de confusão, o desgraçado esboçou um
sorriso. E, mesmo em meio a dor, começou a falar.
— Jamais tive visão alguma. Se não fosse pela profecia daquela
velha maldita, nunca teria permitido que você se tornasse o chefe.
Segundo a sua profecia, uma criança faria da nossa organização a
mais poderosa de todos os tempos. No entanto, para isso acontecer,
alguém pura deveria ser corrompida pelo pecado. E, só assim a
semente do mal viria ao mundo. Tudo que precisei fazer foi dizer a
todos que tive uma visão do que iria acontecer. Já que, não poderia
revelar a ninguém que fui o responsável pela morte daquele que
tanto idolatravam — ele se contorce de dor em meio a uma crise de
tosse, continua. — Pois, só um de nós dois ficaria vivo. Quando
disse a todos onde encontrar a escolhida para ser a mãe daquele
que nos faria ser reconhecidos no mundo da máfia, não hesitamos
em ir até aquele maldito convento — outra crise de tosse, mas nem
isso o impede de continuar. — Com o primeiro passo da profecia
iniciado, tudo o que precisávamos era nos deliciar do corpo da
infeliz. Todos os membros do conselho a possuíram por incontáveis
vezes, até o dia que tivemos a constatação da sua gravidez. Dessa
maneira, ninguém saberia quem era de fato o seu pai.
Ouvir as palavras daquele maldito fez um incômodo se intensificar
por todo o meu corpo. Estava tão quente, que a sensação era de
que meu corpo estava em chamas. Meus órgãos internos
funcionando num ritmo intenso. A raiva tomou conta de mim e levei
minha mão novamente de encontro ao objeto. E o girei até que ouvir
o barulho dos ossos do seu braço se quebrando e um ruído alto sair
entre seus lábios. Bufando feito um animal raivoso, novamente
voltou a se manifestar.
— Você pode acabar com a minha vida, mas, tiramos aquela que
faria a última parte da profecia ser concluída. Um anjo, que tinha a
mesma luz da sua mãe, ela seria a única capaz de despertar algum
sentimento em você. E, a união dos dois, resultaria em uma força
poderosa. O fruto dessa união seria o novo príncipe da máfia.
Aquele que seria o clone do próprio pai. Pode acabar com a minha
vida. Mas, estou feliz por ter destruído aquela vad...
Tudo a minha frente começou a escurecer, algo dentro de mim
começou a pulsar freneticamente. Meu coração disparou. O sangue
presente nas minhas veias parecia fogo liquido, me incendiando por
dentro. Ao ouvir as palavras proferidas pelo desgraçado, minhas
mãos se moveram em direção a sua barriga. Eu inseri minhas mãos
pelas suas vísceras, até ter a visão dos seus pulmões pulsando e
seu coração batendo. O maldito começa a se debater, soltando um
grito estrangulado. A minha vontade era arrancar seu coração. Mas,
o sofrimento dele só está começando.
Virei-me em direção aos infelizes que tinham acabado de despertar.
Estes estavam se contorcendo em meio à dor. Visto que, como
Vladimir, todos estavam com a barriga aberta.
— Dê-me a última cópia — disse para Boris, que se aproximou me
entregando a chave.
Peguei o objeto e levei de encontro à barriga do traste. Assim que
joguei a chave dentro, me virei em direção ao restante dos traidores.
— Darei a um de vocês a oportunidade de sair vivo desde lugar.
Aquela porta será fechada e dentro de alguns minutos esse lugar
será tomado pelas chamas. Dentro do corpo de um de vocês, está a
única chave que poderá abrir aquela porta. Para encontrá-la e
sobreviver terão que matar alguém até descobrir onde ela está.
Caminhei em direção à porta. E, essa foi fechada, assim que todos
os meus homens estavam na parte externa do cômodo,
rapidamente, uma corrida contra o tempo foi iniciada, eles pareciam
animais selvagens. Augusto, logo foi na direção de Vladimir e sem
delongas introduziu sua mão dentro da barriga do infeliz.
Enquanto o homem se contorcia e gritava em meio à dor, o outro
que era dito como seu amigo, começou a puxar os seus órgãos
procurando o objeto. Olhei para o outro lado e a cena a minha frente
me deixou em puro êxtase. Havia órgãos espalhados por todo lugar.
Uma luta pela sobrevivência havia sido iniciada. Entretanto, o que
eles procuram, simplesmente não existe. Não há nada mais
prazeroso do que ver eles próprios se destruindo. Os gritos de
agonia vindos de dentro do cômodo me deixaram satisfeito. Os
meus homens estavam em festa pelas mortes dos traidores. Eu não
consegui desviar os olhos daquela cena. Deleitava-me com o
sofrimento dos malditos.
Quando o último homem restou dentro da sala e veio em direção à
porta, todos se afastaram. E, quando já estava a certa distância,
Boris acionou o dispositivo e um forte estrondo ecoou no espaço.
Caminhei para fora do ambiente com um único pensamento que
estava fixo em minha mente: Agora só falta eliminar o meu próximo
alvo. “Adônis Ruçi”.
Capítulo 51

Adônis Ruçi
C omo sempre, o maldito sendo uma pedra no meu caminho.
Torna-se um verdadeiro tormento a cada hora que se passa.
Ele vinha sendo torturado por três dias. E, segundo o meu infiltrado,
eles ainda não tiveram êxito. Já que o infeliz ainda continua vivo.
Acabei agindo sem pensar ao seguir o plano daqueles idiotas. Se
aquela vadia, por quem ele estava enfeitiçado estivesse viva, essa
seria a oportunidade ideal para torturar a desgraçada de todas as
formas possíveis e, só assim já teríamos a informação.
Depois do atentando contra Borislav, assim que foi levado para a
Sérvia. Eu fiquei acompanhando de perto os noticiários para ter a
confirmação de que todos que estavam dentro do veículo, realmente
estavam mortos. Os corpos foram encontrados dentro de dois
veículos, e estes estavam completamente carbonizados. Segundo
os noticiários: o carro que estava próximo à rampa, havia três
corpos dentro. O que me deixou satisfeito. A ajuda daquela médica
foi fundamental para o sucesso do plano. O implacável, o chefe da
maior organização de todos os tempos, foi traído por uma mulher.
Volto minha atenção para o meu celular no instante que o som
indicando uma chamada ecoou. Meus olhos vão de encontro à tela,
e, atendo de imediato ao ver o nome de Lucas.
— Chefe! — os sons de tiros ecoando do outro lado da linha me
deixaram em alerta total.
— Que porra está acontecendo?
— Senhor, os próprios membros da organização deles estão
atacando a sede da máfia Sérvia. Tudo indica que vieram ao
resgaste de Dusan.
Meus batimentos ficaram descontrolados e a raiva tomou conta de
mim.
— Não! Não! Não! — depois de tudo que fizemos, esse desgraçado
não pode escapar.
— Senhor eles estão vindo! Pelo símbolo que vi na roupa dos
malditos, notei que eram os homens da Austrália sobre o comando
de Boris... — ouvi um grito alto do outro lado da linha e
imediatamente encerrei a ligação.
Se aquele maldito não morreu, tudo me leva a crer que tudo não
passou de um plano de Dusan. Um pensamento surgiu em minha
mente, bem como as últimas palavras proferidas pelo idiota vieram à
minha mente. Se Boris veio liderando o pessoal da Austrália, então
aquela prostituta deve estar lá.
Apressadamente, meu dedo foi de encontro a tela do meu celular. E,
assim que entrei no aplicativo, enviei de uma única vez o comando
para todos os meus homens. Com tudo já resolvido deixei o
cômodo.
"Chegou a hora de ir direto para Austrália. Se aquela infeliz é tão
importante para ele. Então, vamos ver o que será capaz de fazer
para salvar a vida dela".
Estava tão nervosa, que sequer a insistência da minha mãe me fez
comer algo. Por mais que tente lutar contra esse sentimento, e, me
convencer que depois de tudo que passei, é de fato, surreal sentir
algo por alguém que me causou tanta dor. Visto que, não consigo
mais lutar contra tudo que estou sentindo.
Tentei colocar a ideia na minha cabeça, que não estava
conseguindo dormir, devido sentir culpa de tudo que aconteceu nos
últimos dias. Mas, sempre pensava naquele corpo enorme grudado
no meu. Ao acordar com aquele braço em volta da minha cintura e
dos seus beijos, a minha boca ansiava pelos seus lábios junto aos
meus.
Tudo que passei e aprendi a cada fase daquele treinamento, me
ensinou a controlar as reações do meu corpo. Lutar contra uma
atração carnal, porém, isso não foi suficiente, pois, o meu maior
inimigo era o sentimento que estava se enraizando dentro do meu
coração. Um sentimento que a cada dia encontrava dificuldades.
Uma luta entre as trevas e a luz.
No entanto, quando permanecíamos juntos, nos entregando a tudo.
O que realmente estávamos sentindo era, como se os nossos
corpos fosse um só. Uma luta onde as trevas e a luz enfim
entenderam que cada uma tinha o seu lugar. E, por mais que ficasse
naquela batalha, as duas seriam predominantes.
Saber que Dusan poderia não sair vivo daquele lugar, deixou-me
com uma sensação que se assemelhou a levar um soco no meu
estômago. Senti um incômodo forte em minha barriga, parecendo
que os meus filhos também estavam sentindo todo o medo que
tomou conta de mim. Jamais esperei que dentro da bolsa que me
entregou, pudesse estar algo que todos estávamos desejando.
Um simples objeto que, por culpa dele, vidas estavam sendo tiradas
e uma guerra foi iniciada. Quando Boris viajou, fiquei ainda mais
nervosa. E, ver o jeito como Karen ficou, partiu o meu coração.
Sabemos que na guerra tudo pode acontecer e entendi
perfeitamente o que estava se passando pela cabeça dela. Porque,
jamais pensei que algum dia ia desejar tanto ver o meu próprio
algoz em minha frente.
Saio do estado catatônico que me permanecia ao ouvir os gritos da
minha mãe. Mesmo desorientada, me levanto e vou em direção ao
som da sua voz. A cada passo dado, começo a senti um calafrio
percorrer todo o meu corpo. Uma sensação ruim paira sobre mim,
quando me aproximo do local de onde estava. Vejo a porta do
quarto da minha irmã aberta, em passos largos adentro o ambiente.
No momento que meus olhos ficam fixos na imagem a minha frente,
sinto o meu coração bater em um ritmo frenético. Minha garganta se
fecha ao ver Mila se contorcendo em cima da cama. Enquanto,
meus pais tentam desesperadamente ajudá-la, sem obter nenhuma
reposta. Pois, já sabíamos que ela estava tendo mais uma crise.
Acabei com a distância entre nós duas e, ao ver seu estado e o
nervosismo dos meus pais me manifestei.
— Temos que levá-la para o hospital.
— Não podemos sair daqui— meu pai disse.
— Não passei por tanta coisa para deixar minha irmã morrer. Vocês
ficam aqui e eu vou com ela.
— Irei com você — Karen disse.
O meu pai a pegou em seus braços e foi em direção à porta. Então,
começo a caminhar na mesma direção, minha mãe logo abre a
porta de entrada e assim que chegamos à porta, uma barreira
humana nos impedem de seguirmos.
— Temos ordem para não deixar ninguém sair do imóvel.
— Você vai sair da minha frente, pois é a vida da minha irmã que
está em jogo. Depois de ter passado meses com Dusan, vocês
acham que terei medo de alguma coisa. Agora, pegue o carro e
vamos para o hospital. Se vocês foram destinados para nos
proteger, não importa o lugar, é isso que vão fazer.
Nem ao menos estava me reconhecendo. Todos ficaram me
olhando fixamente por uma fração de segundo. Então, o homem
logo fez um sinal e nos guiou até um dos carros. Enquanto, outros
quatro homens seguiram em direção ao outro que iria fazer nossa
escolta.
Meu pai colocou Camila na parte de trás do veículo e eu coloquei
sua cabeça no meu colo. A Kah também entrou no automóvel. Além
do motorista também tinha um soldado na parte da frente. O carro
entrou em movimento e seguimos para o hospital mais próximo.
Depois de quase meia, chegamos ao nosso destino.
Um dos homens de Dusan pegou minha irmã em seus braços e
seguimos para dentro do local. Assim que entramos, o homem fez
sinal e logo uma equipe apareceu com uma maca e colocaram Mila
sobre ela e fizeram os primeiros processos de reanimação. Logo
após, seguiram por um logo corredor, enquanto ficamos aguardando
por notícias. As horas se passaram e nada de notícias. Senti um
aperto em meu peito e o medo me dominou.
"Eu não vou aguentar se algo de ruim acontecer a ela."
Capítulo 52

C om os pensamentos voltados para o próximo alvo a ser


eliminado, caminhamos para fora do ambiente. Assim que
chegamos ao pátio, dois soldados surgiram no meu campo de visão
arrastando um indivíduo. Fiquei um tanto intrigado, já que a ordem
era para matar todos. No entanto, um deles nem esperou que me
manifestasse e, já se antecipou em esclarecer a situação.
— Senhor, pegamos esse desgraçado quando estava escondido. E,
quando me aproximei, ouvi claramente quando ele falava com
alguém, relatando tudo que estava acontecendo. Inclusive que
Boris, trouxe o pessoal da Austrália.
Ele me estendeu o celular que estava em suas mãos. Enquanto, o
Boris andou em direção ao desgraçado, e não perdeu tempo em
colocar a sua adaga em direção ao pescoço do maldito.
— Quem foi que te enviou?
— Vai à merda seu maldito — disse o desgraçado.
Boris logo intensificou o contato do objeto na pele do idiota. E, com
o celular em mãos, em questão de minutos já tinha invadido o
sistema de proteção que havia colocado na tela. Ao deslizar o dedo
pelo aparelho, fui até o registro das últimas ligações. E, assim olhei
o nome do desgraçado. Então, fiz um sinal com a cabeça e Boris
não perdeu tempo, logo deslizou sua adaga por toda extensão da
garganta do homem, fazendo o sangue jorrar em jatos contínuos.
Um sorriso de satisfação surgiu entre seus lábios.
Caminhamos em direção ao carro e me acomodei dentro do veículo.
Mas a minha atenção se voltou para o celular do homem em minhas
mãos. Logo, Boris me passou o meu notebook.
Depois de alguns minutos, assim que consegui rastear a localização
do infeliz pelo número do seu telefone, um medo nunca antes
sentido por mim, me atingiu, o meu coração disparou e um nó se
formou em minha garganta.
“Se aquele infeliz fizer alguma coisa com a minha família, ele
conhecerá o meu pior lado.”

Adônis Ruçi
Depois de quase cinco horas, chegamos à Austrália e agradeci por
estar na Nova Zelândia. Assim, teria tempo de agir. Enquanto o
infeliz levaria mais de dez horas para chegar aqui.
O primeiro passo foi: Entrar em contato com alguns aliados. E
estes, foram divididos em pontos estratégicos, em áreas que
possivelmente Dusan manteria a sua protegida. O segundo:
consistiu em um levantamento em hospitais. Já que, com a
gravidez, teríamos grande chance em encontrá-la em algum
hospital.
Agora era tudo ou nada. Tínhamos a vantagem de o imbecil não
saber que estávamos um passo à sua frente. No entanto, o tempo
era nosso pior inimigo. Visto que, tínhamos que encontrar a maldita.
O hacker que veio comigo, começou a entrar nos sistemas de todos
os hospitais. Horas se passaram, e, quando já estava a um ponto de
mandar o homem encerrar as buscas. Então, as minhas esperanças
se renovaram quando escutei a sua voz dele.
— Achei!
Voltei minha atenção para o notebook.
— Ela forneceu os dados como responsável pela irmã em um
hospital situado na zona leste de Camberra.
As palavras dele ficaram martelando na minha cabeça.
Irmã, como se todo...
Antes que tentasse concluir o pensamento, outro surgiu em minha
mente. E, se Boris e essa maldita estão vivos, provavelmente
aquele verme deu um jeito de novamente nos fazer de idiotas,
salvando a família da maldita. Virei-me em direção ao homem que já
estava com todas as coordenadas do lugar.
— Vamos para o University of Canberra Hospital Bruce ACT, —
disse ao motorista.
"Desta vez aquela vadia não me escapa.”
Depois que forneci todos os dados de Camila. Um dos homens de
Dusan veio de encontro à recepção. E, como o hospital era
particular, tratou de resolver tudo.
Andei até onde Karen estava e não demorou muito, o médico veio
procurar quem era os familiares de Camila Ysmit. Como já
suspeitava, minha irmã novamente teve mais uma crise. No entanto,
meu sangue gelou quando disse: que o estado dela era bem
delicado. Mesmo depois de tudo que passou e tentando viver uma
vida normal, como se não tivesse nada, a verdade era que ficou
com a saúde bem frágil. A qualquer mudança de temperatura ou
situações que a deixam nervosa, logo a faziam ficar com falta de ar.
Fiquei um tanto aliviada quando ele autorizou a minha entrada. E,
ao mesmo tempo preocupada por alguém tão nova ter ficado com a
pressão tão alta. Caminhei ao lado da minha amiga em direção ao
elevador. Já que, o quarto onde ela estava ficava no segundo andar.
Ao chegarmos ao quarto e assim entrei no ambiente, as lágrimas
logo surgiram em meus olhos ao ver alguns aparelhos ligados ao
seu corpo. Ela estava no balão de oxigênio, pois, assim poderia
ajudá-la a respirar melhor.
O dia se foi dando lugar à noite. A minha irmã ainda permanecia
desacordada. Então, eu disse a Karen que ficaria sozinha e ela
poderia ir avisar aos meus pais sobre a minha irmã.
— Eu não acho bom deixar você sozinha. Esqueceu que está
grávida?
— Você sabe que já passei por situações piores. Não vai acontecer
nada comigo! Meus pais devem estar preocupados e eu posso
muito bem dormir no sofá.
— Como eu sei que não vou te convencer e claro, também não vou
te deixar sozinha, vou até um dos seguranças e irei pedir a um deles
que me empreste o celular. E, irei avisar aos seus pais. Esqueceu
que tem telefone na casa? Não estamos mais naquela prisão.
— Você pensa em tudo.
— Pode dizer eu sou muito inteligente, eu deixo.
— Modéstia passou longe também.
Começamos a sorrir sem parar. Mas, logo ela assumiu uma postura
seria e voltou a falar.
— O chefe só me deixou vir para Austrália, porque tinha que cuidar
de você. E, não sou louca de ir contra uma ordem dele. Nem que
passe a noite na cadeira, não vou deixar você sozinha
Karen andou em direção à porta e sumiu do meu campo de visão.
Ela também iria aproveitar para ir até a lanchonete. Depois ficaria
com a Mila, para que pudesse comer alguma coisa. Porquanto,
mesmo não sentindo fome tenho que pensar nos meus filhos.

Algum tempo depois...


Depois que a minha amiga voltou, ficarmos um bom tempo
conversando amenidades para distrair a mente.
Mas, em dado momento, perguntei se ela sabia alguma notícia
sobre Belgrado, mas, ela estava do mesmo jeito que eu, sem
nenhuma informação. Camila tinha despertado alguns minutos
atrás, mas logo voltou a dormir. Então, a deixei com a Karen e saí
do cômodo. Ao ficar do lado de fora, logo fechei a porta. E, assim
que ia me virar na direção que ficava o elevador, senti uma mão
forte de encontro a minha boca.
Ao ouvir as palavras proferidas pelo desconhecido, todo o meu
corpo estremeceu.
— Fica calada ou matarei a sua irmã e a puta que está com ela
dentro daquele quarto.
Capítulo 53

N o momento em que descobri que o maldito estava em


Camberra. Imediatamente liguei para os meus homens. No
entanto, o nó que havia se formado em minha garganta, aumentou
ao saber que Luna tinha ido para o hospital.
Fiquei atordoado achando que algo tinha acontecido com ela e com
os meus filhos. Contudo, logo soube que sua irmã havia passado
mal. O infeliz do outro lado da linha, logo tratou de se explicar
dizendo que foram obrigados. Ela deixou bem claro que ninguém a
impediria de deixar o lugar com a irmã. E, se estavam ali para fazer
sua segurança deles, que não importasse o lugar e era isso que
deveriam fazer. Conhecendo-a bem, sei que ninguém a iria impedir.
Após dar ordens para que todos ficassem vigiando o lugar, e, a
qualquer suspeita não hesitassem em entrar em ação.
Já não via a hora de chegamos ao nosso destino. Embora, todos
estivessem em total alerta. Porém, aquele maldito tem uma
vantagem. Já que seu rosto é totalmente desconhecido por nós. E,
pode facilmente se infiltrar dentro daquele do hospital.
Enquanto estamos no ar, aproveito para tomar um banho, já que
além do cheiro ruim, estava todo sujo de sangue. Quando fui ao
encontro de Boris, ele me avisou que Karen também estava com
Luna. E, pela sua expressão, sabia que estava preocupado. Ele
passou parte da sua vida se dedicando a mim. E, nunca tinha se
envolvido com ninguém tão intensamente, tudo era somente sexo.
Mas, desde o dia que ficou com ela na sala da luxúria, percebi um
brilho em seus olhos totalmente desconhecido. Karen se tornou a
sua exclusiva. Embora tentasse disfarçar, a cada dia ficava ainda
mais envolvido. No momento que a coloquei dentro da sala de vidro,
notei que mesmo ficando em silêncio, eu sabia que se algo viesse
acontecer a ela, consequentemente estaria tirando da vida daquele
que, além de um mentor, é um amigo, a única mulher que já amou
na vida.
Ele era um amigo leal, capaz de sacrificar a sua própria vida por
mim. E ao dizer que iria matá-la, era simplesmente porque queria
deixar aquela atrevida ainda mais atordoada. Fazê-la implorar para
que a deixasse ficar viva. Mas, Luna acabou passando mal e nunca
poderia deixar que chegasse ao seu conhecimento, que nunca tive a
intenção de matar Karen.
Deixo os devaneios de lado quando passamos por uma turbulência,
minutos antes de o avião pousar e com isso acabei perdendo o sinal
do celular de Ruçi.
Em terra firme e, dentro do veículo, assim que o sinal voltou, o ódio
inflamou em minhas veias. E, fechando minha mão em punho,
desferi contra o aparelho.
— Malditoooo! Pise fundo no acelerador e passe por cima de quem
estiver a nossa frente.
Para aumentar ainda mais a minha angústia, todos os infelizes
dessa cidade de merda, resolveram sair de casa na mesma hora. O
fluxo de veículo estava enorme, causando assim uma grande
lentidão no trânsito, já estava a ponto de pegar a minha arma e
disparar na direção dos automóveis a minha frente, quando fui tirado
do meu momento de loucura e fui informado que já estávamos
próximo do local. Após minutos que mais pareciam horas e horas.
Enfim, chegamos ao nosso destino. E, quando íamos sair do
automóvel, uma forte explosão ecoou a nossa volta.
— Vai! Nós cuidamos de tudo — Boris falou.
Deixo o veículo rapidamente e em questão de segundos já estava
dentro do hospital. Olhei para tela do celular que indicava
exatamente o lugar em que o maldito estava. Porém, precisava agir
com cautela para não colocar a vida da minha família em perigo.
Segui pelas escadas e subir os degraus correndo. Assim, que
cheguei ao lugar indicado, respirei fundo e a imagem que olhei pela
brecha da porta só aumentou a minha fúria.
Meus batimentos aumentaram e minha respiração ficou acelerada.
O homem me forçou a caminhar em direção ao elevador. Um
calafrio atravessou a minha espinha, e, em passos cautelosos
comecei a caminhar.
A cada passo que dava, tudo o que vinha na minha cabeça eram os
meus filhos. E, quando estava me aproximando do elevador, um
cheiro conhecido por mim invadiu as minhas narinas. Meu coração,
naquele momento disparou ainda mais. Senti uma onda de calor
apodera-se do meu corpo. Era como se uma força poderosa tivesse
me envolvido.
As minhas mãos pareciam que tinham ganhado vida própria e, sem
dar tempo de o infeliz reagir, segurei firme naquela coisa asquerosa
entre suas pernas e apertei com toda a minha força. A sua mão
logo se afastou da minha boca e ouvir um grito alto sair entre seus
lábios, e assim que minhas pernas se moveram, logo, ele surgiu no
meu campo de visão. Seus olhos estavam vermelhos como brasas,
o seu ódio estava visível através deles. Eu nunca tinha visto ele
daquela forma. E a única certeza que tinha naquele momento, era
que estava diante do chefe da máfia Servia.
Dusan passou por mim rapidamente e o homem ainda tentou mover
sua mão em direção a sua arma. Todavia, antes disso, um golpe
terrível foi desferido em seu rosto. O sangue começou a jorrar pelo
canto da boca do infeliz. E este, não perdeu tempo e começou a
reagir dando alguns socos em Borislav. Mas, ele não demostrava
nenhuma reação de dor com os golpes que eram desferidos contra
ele. Os dois logo começaram uma luta e se ouvia gritos, vindo dos
quartos.
Dusan parecia estar possuído pelos seus demônios. Pois, começou
a desferir uma sequência de golpes no rosto do infeliz. A essa
altura, já não conseguia identificar a aparência do homem a minha
frente. Contudo, aquele homem não era um adversário como os
outros. Pois, também se mantinha firme, mesmo após tantos socos
que levou.
Comecei a ficar nervosa, pois cada vez mais eles se aproximavam
da parede no final do corredor. O meu medo era que algo de ruim
viesse acontecer. Já que, toda fachada do prédio era revestida em
vidro. Meus pensamentos foram interrompidos quando os gritos a
minha volta se tornaram mais intensos. Entretanto, eles continuaram
um desferindo soco no outro.
Dusan fechou a mão e parecia que seu punho era de aço, já que a
cada soco o homem se distanciava ainda mais. Logo, se levantou e
começou a bater e a bater. E, quando o homem viu que não ia sair
vivo daquele confronto. Nesse momento, a doida da Karen abriu a
porta e Dusan se distraiu por uma fração de segundo, o sujeito
segurou firme em seu corpo.
Tudo aconteceu muito rápido, pois quando ele tentou reagir, os dois
foram de encontro a parede. E, um estrondo alto ecoou no espaço e
assim o vidro se quebrou. Um grito alto saiu rasgando a minha
garganta. E, antes que tentasse me mover para ajudar, os dois
corpos foram lançados para fora do lugar.
— Nãooooo!
Capitulo 54

M ovida pelo meu desespero, corri na direção da parede. E,


assim que abaixei a cabeça, eu senti uma forte dor em meu
peito. As lágrimas começaram a cair sem a minha permissão, não
conseguia acreditar no que tinha acontecido. O homem havia caído
em cima da cerca, com uma ponta de lança de ferro que perfurou o
seu corpo. E Dusan estava totalmente imóvel em cima do teto de
um carro.
Fiquei petrificada, as minhas pernas estavam pesadas, senti alguém
segurando a minha mão. Estava tão perdida em meus pensamentos
que não notei a sua aproximação.
— E.. Ele morreu.
— Eu tenho certeza de que está vivo.
Sabia que ela só estava dizendo aquilo para me tranquilizar. O meu
peito estava latejando e minha respiração ficou pesada. Quando
pensei que minhas pernas iriam perder a força, me levando ao chão,
a voz da Karen me tirou do estado catatônico que permanecia.
— Boris!
Olhei novamente em direção ao lugar onde os dois homens estavam
e toda uma movimentação acontecia ao redor deles. Os enfermeiros
colocaram Dusan em cima de uma maca e saíram praticamente
correndo, levando ele para longe do meu campo de visão. Boris se
distanciou, acompanhando o pessoal que levava Dusan. Enquanto
alguns dos seus homens estavam retirando aquele infeliz da grade.
Meus pensamentos foram interrompidos por Karen que começou a
pular totalmente eufórica.
— Eu disse! Eu disse que ele estava vivo! Uma quedinha dessa não
ia acabar com a vida do chefe.
Mesmo na incerteza, tinha que acreditar que as palavras dela eram
verdade. Forcei as minhas pernas a se moveram e pedi que ficasse
com a minha irmã, andei em direção ao elevador. Minutos depois
quando cheguei ao primeiro andar, fui em direção da recepção, mas,
antes de chegar ao meu destino, escuto o som da voz de Boris, que
ao me ver, fez um sinal para que fosse ao seu encontro.
Comecei a tremer, pois, pela expressão dele, já sabia que ao
contrário do que Karen falou, algo de muito grave tinha acontecido.
Assim que parei em sua frente, ele disse.
— O estado dele é grave, mas se sobreviveu aquela queda. Tenho
certeza, que vai superar qualquer obstáculo.
Uma sensação de alívio me atingiu. Boris falou com uma das
atendentes da recepção, e segundos depois seguimos para uma
sala privativa, para que pudéssemos ficar esperando.
Depois de quase fazer um buraco no chão do ambiente e de tanto
andar em círculos. A minha atenção foi voltada para porta ao ver um
médico adentrando no cômodo. Sequer deixei que o homem se
manifestasse e já comecei o questionando.
— Como ele está?
— Além de várias costelas faturadas, ele tem escoriações pela face
e braços. Pelo impacto, era para ter ocasionado algo mais grave.
Porém, acredito que os dois, ao caírem, o outro amorteceu a queda
dele. Assim que teve um impacto com a cerca, ele caiu em cima do
carro, antes de também ser atingindo pelas lanças de ferro. Enfim,
teve muita sorte. Visto que nenhum de seus órgãos foi perfurado.
No entanto, teremos que esperar o paciente acordar para ver se não
houve alguma sequela que ainda não foi identificada.
Um nó se formou em minha garganta e dessa vez, por mais que
tentasse me livrar dele, algo dentro de mim, estava me queimando.
O homem deixou o ambiente e deu autorização para que
pudéssemos ir vê-lo. Boris disse que eu podia ir primeiro, pois se
Dusan viesse a acordar certamente era o meu rosto que gostaria de
ver.
Quando cheguei ao quarto que ele estava, entrei no ambiente e me
aproximo do seu leito. Após me sentar na poltrona próximo a sua
cama, os meus olhos analisam minuciosamente o homem a minha
frente. Mesmo já tendo olhado para aquele homem por diversas
vezes, agora parecia diferente. Seu rosto estava tão pálido, com
uma expressão suave. Sempre o olhei com medo e mesmo sabendo
o quanto era bonito, a sombra negra que estava a sua volta sempre
me fazia enxergá-lo como um demônio.
Levei uma das minhas mãos de encontro ao seu rosto e comecei a
deslizar lentamente pela sua face. Eu não sei o que realmente sinto
por esse homem. Mas, a dor que senti horas atrás, por pensar que
poderia perdê-lo, me fez constatar que o meu coração bate mais
forte ao estar o seu lado. Passei horas ao seu lado, aguardando que
acordasse, todavia, acredito que o Boris falou com a Karen, pois, ele
veio ficar com Dusan e simplesmente me obrigou a ir com ela comer
a alguma coisa.

No dia seguinte...
Quando Boris permitiu que meus pais viessem até o hospital, já que,
segundo ele, tudo já tinha sido resolvido. Aproveitei para ir até em
casa tomar um banho e trocar de roupa. Kah também foi comigo.
Estava tão cansada que quando me deitei um pouco acabei
adormecendo. O que também aconteceu com a minha amiga.
Quando retornamos ao hospital, já estava na parte da tarde. Fui ver
como a minha irmã estava, já que tinha despertado. E, depois de ver
que a minha guerreira estava se recuperando bem, deixei o
segundo andar em direção ao terceiro, onde ele estava.
Depois que saí do elevador e andei pelo imenso corredor,
permanecia muito nervosa, tanto que comecei a esfregar minhas
mãos, uma na outra sem parar. Assim que paro em frente a porta do
quarto que ele está, suspiro fundo e adentro o ambiente. No
entanto, a imagem que vi a minha frente em nada me agradou. E,
ao ouvir sua voz em um tom de arrogância, fiquei estarrecida.
— Tire ela daqui — ele disse para Boris. O seu olhar era frio e seu
tom de voz rude.
Aquilo me deu uma raiva tão grande, pois a sua atitude só
demostrava que continuava o mesmo demônio. Então, movida pela
minha raiva, resolvi confrontá-lo. Mas, o homem ao meu lado me fez
um gesto. Compreendi que queria me dizer algo. Então, virando os
calcanhares, segui em direção à porta. Caminhamos até a sala
privativa onde a Karen tinha ficado. Ele, que permaneceu o caminho
todo em silêncio, ao adentramos o ambiente, resolveu se
pronunciar.
— Quando Dusan acordou... — ele fez uma pequena pausa.
Meu coração gelou, meus batimentos estavam acelerados. Pois,
notei a expressão do homem que demostrava tristeza em sua face.
E, que buscava uma melhor forma de explicar tudo que estava
acontecendo. Novamente sua voz se fez presente.
— Chamei a equipe médica e eles começaram a fazer todos os
procedimentos. No entanto, quando foi se mover, ele não sentiu
nada da cintura para baixo. O médico responsável pelo caso dele.
Após avaliá-lo, constatou que não há nada que indique que tenha
uma paralisia permanente. Então, chegou à conclusão que ele está
com algum bloqueio psicológico. Para um homem como Borislav,
que sempre foi ativo, não poder sentir suas pernas e se movimentar
novamente, é o pior golpe que poderia levar.
Meus olhos se enchem de lágrimas. O silêncio predominou dentro
da sala por alguns instantes. Até ser quebrado por uma Karen
totalmente eufórica. Quando seus lábios se moveram, tanto eu,
quanto o Boris, ficamos em total alerta.
— Eu tive uma ideia.
No momento seguinte, ela começou a falar o que tinha em mente.
Embora, a minha amiga às vezes soltava uma de suas pérolas,
desta vez tinha que reconhecer que na atual situação. Tudo era
válido. Pois, até o Boris concordou com a ideia da Karen.
Era arriscado, uma vez que alguém poderia sair morto de dentro
daquele quarto. No entanto, começamos a planejar tudo que iríamos
fazer. Uma das coisas que aprendi ao passar pelo treinamento: É
que nunca devemos desistir e nada é impossível.
No dia seguinte...
Quando Dusan dormiu, fui avisada e entrei no quarto. Caminhei
lentamente e fiquei com o olhar cravado no homem a minha frente.
Agora era tudo ou nada, vamos ver se ele vai continuar petrificado
em cima dessa cama.
Deixei os pensamentos de lado assim que a porta foi aberta. Meus
olhos foram de encontro ao homem que entrou no ambiente. Ele,
não tão bonito quanto o que estava imóvel em cima da cama, mas
era lindo. Saio dos meus devaneios assim que ouço a voz do
homem. O que me deixou atordoada.
— Luna Ysmit!
— Quem é você e como sabe o meu nome?
— Sou aquele que vai terminar o serviço que aqueles
incompetentes não foram capazes de concluir. E dessa vez,
ninguém vai impedir que tenha o final que merece. Nada será mais
prazeroso que ver o temido chefe da máfia Sérvia, ver o seu
brinquedinho desfalecendo diante dos seus próprios olhos. Mas,
antes irei me deliciar do seu corpo na frente desse inválido.
Tentei correr, mas, senti mãos fortes de encontro a minha cintura.
Então, começo a me debater e a espernear. Mas, ele me segurava
com firmeza.
— Deixe-me em paz, por favor! Não...
— Te prometo que vai adorar assim que o meu pau estiver dentro de
você. Darei prazer como nunca sentiu na vida.
O homem saiu me puxando em direção ao estofado que tinha
próxima a parede. E, logo eu estava sobre o mesmo. Movida pelo
meu desespero comecei a gritar.
— Dusan, por favor, me ajude. Socorroooooo!!
Os olhos do homem ficaram fixos no meu. Sabia que ao contrário de
mim, ele estava tremendo de medo pela expectativa do que poderia
acontecer. A partir daquele momento, tudo aconteceu muito rápido.
Pois, quando o homem que estava em cima de mim levou suas
mãos em direção ao meu corpo, uma voz potente ecoou. Meu
coração deu um solavanco quando olhei para a imagem próxima da
cama.
— Eu vou te matar seu infeliz.
Ele estava em pé. Os seus olhos faiscando de ódio e a respiração
pesada. Pela sua expressão, dava para ver que estava controlando
a dor que vinha da fratura das costelas. No entanto, se manteve
firme. E, assim que ia avançar em nossa direção, a porta foi aberta
bruscamente. E o som da voz de Boris o deteve.
— Pare!
O homem que estava próximo a mim logo se levantou. Um desafio
silencioso se fez presente. Isso até a louca da minha amiga entrar
no cômodo e começa a pular em comemoração.
— Deu certo! Deu certo!
Boris mandou o homem sair do quarto e Dusan parecia perdido.
Contudo, ao ouvir as palavras de Karen, deu um olhar mortal em
sua direção.
— Eu disse que ele não ia aguentar ver ninguém tocando em você.
A gargalhada dela logo ecoou no espaço. Porém, ela logo ficou
quieta ao ouvir as palavras de Dusan.
— Karen!
Ela imediatamente abaixou a cabeça. Pois, se tinha alguém que
fazia aquele furacão ficar quieta, era ele. No entanto, tinha um
esboço de um sorriso ao ver o jeito como ela rapidinho ficou quieta.
Não demorou muito e os dois saíram do ambiente. E, assim que
ficamos somente nós dois, ouvi um gemido alto sair por entre seus
lábios.
Já tinha percebido que estava tentando disfarçar a dor que estava
sentindo. Então, dei alguns passos, acabando com a distância que
nos separava.
— Você precisa se deitar novamente.
Assim que terminei de falar, suas mãos seguraram firme a minha
cintura. Uma delas ficou fixa na minha barriga. E, sua cabeça foi de
encontro à curvatura do meu pescoço. Então, começou a beijar, até
parar próximo ao meu ouvido. Contudo, jamais esperei ouvir as
palavras que foram proferidas dentro daquele quarto.
— Quero que avise a sua família para arrumar as suas coisas.
Assim que sair desse lugar, iremos para Belgrado. Dentro de duas
semanas, você será Luna Borislav, a minha mulher e a minha
esposa.
Capítulo 55

Belgrado – Sérvia
Dias depois...

K Aren, surtou quando contei a ela que Dusan tinha falado em


casamento. Eu ainda tentei dizer o que achava, mas, ele logo
me silenciou com um beijo. Ao contar para os meus pais, eles
ficaram em silêncio. Ao contrário da minha irmã, que ao conhecer
Dusan, não parava de dizer o quanto era bonito e que parecia um
príncipe. Ela só esqueceu que ele era um príncipe das trevas e não
aqueles dos livros que vive lendo.
A minha mãe ficou encantada com a cozinha, ela e Aurora parecem
velhas amigas. Meu pai tratou logo de se enfiar na garagem, ao ver
a quantidade de carros. E, como mecânico, aquilo foi um prato cheio
para ele. Mas, ninguém estava mais feliz do que Mila e Karen. As
duas estão mais empolgadas com o casamento do que a própria
noiva.
Depois do jantar, resolvi subir para o meu quarto, já que estava
morrendo de sono. Entrei no ambiente e segui em direção ao
banheiro. Então, me livrei das minhas roupas e andei em direção ao
box, a água estava tão boa que acabei ficando tempo demais.
Desligo a torneira do chuveiro e pego o roupão, paro em frente a
pia, em seguida, escovo os meus dentes. Uma onda de calor
invadiu o meu corpo quando me virei para sair do cômodo e o vi
parado próximo à porta. Meu coração logo começou a bater mais
forte diante daquela imagem, mostrando enormes músculos e seu
abdome perfeitamente esculpido. E isso, me dava água em minha
boca.
Dusan estava completamente nu e seu membro estava rígido como
nunca. Senti a minha vagina latejar assim que ele começou a andar
em minha direção. Rapidamente me pegou pela cintura e me
imobilizou contra a bancada da pia. Então, desfez o nó do meu
roupão e a peça logo caiu no chão. Os meus braços o enlaçaram
em volta do pescoço, no instante que ele me colocou sentada sobre
o móvel. E, ao abrir a boca num suspiro, a sua tomou a minha em
um beijo lento e profundo. O seu gosto tinha um toque de menta e
um sabor peculiar. A sua língua acariciava a minha, deslizando de
maneira experiente e suave. O que me fez soltar vários gemidos, foi
quando uma de suas mãos desceu pelo meu corpo e tocou os lábios
da minha boceta, me fazendo soltar um suspiro jubiloso.
Com as pontas dos dedos, deslizou sobre o pequeno nó de nervos.
E, me fez sentir tanto prazer como nunca imaginei.
— Molhadinha.
Comecei a senti um imenso calor entre minhas pernas. Ele
continuou a explorar o meu clitóris. Massacrando aquele ponto de
prazer e me deixando cada vez mais quente.
Quando as minhas pernas se abrirem ainda mais, foi nesse instante
que seus dedos me invadiram num movimento de vaivém torturante
e cada vez mais fundo. Inundada de prazer, cravei minhas unhas
em suas costas. Então, os seus dedos mergulharam mais fundo. Ele
girou e girou em torno da abertura da minha vagina, me levando a
loucura.
— Hum!
Uma sensação de vazio me atingiu quando retirou os seus dedos.
Mas, logo empurrou o seu membro grosso e perverso em direção à
entrada do meu sexo. Dusan deslizou seu pau para dentro de mim,
eu estava totalmente lubrificada e pronta para acomodá-lo. As
minhas mãos agarram sua cintura e ele começou a se mover, me
estocando com vigor. Segui o seu ritmo, enquanto continuava me
penetrando com estocadas profundas. Então, segurou em minhas
nádegas e aumentou o ritmo dos seus movimentos. Nesse
momento, a minha vagina latejava e pulsava sem parar.
— Mais rápido — sussurro embriagada de desejo.
Atendendo a minha suplica, seus movimentos se tornaram
implacáveis. E, numa investida mais forte, os músculos da minha
boceta contraíram e, me fez gritar o seu nome em meio ao prazer,
que me fez ter a sensação de estar flutuando. Dusan continuou me
fodendo, rangeu os dentes. E, depois de algumas estocadas, senti o
calor do seu líquido quente e cremoso sendo derramado dentro de
mim. Então, me abraçou com força quando tombei em cima dele.
Capítulo 56

Duas semanas depois...

O grande dia chegou.


Nesses últimos dias vivi momentos inesquecíveis ao lado da
minha família. Mesmo em recuperação, Dusan, que como sempre é
insaciável, continua ogro como Sempre. No entanto, dá para ver
uma mudança em seu comportamento em relação a mim e aos
nossos filhos, pois, sempre vejo um brilho intenso em seus olhos
quando estão direcionados para minha barriga.
Não sei como será a minha vida a partir do momento que falar um
“Sim” durante a cerimônia. Visto que, no momento que caí nas
garras do mafioso, a minha vida já estava ligada à dele para
sempre.
Se vocês me perguntarem se estou feliz, a minha resposta é sim.
Entre tudo que passei, a minha família estar ao meu lado e, digo
que se tivesse escolhido, voltar no tempo para apagar tudo que vivi
nos últimos meses, seria o mesmo que desistir dos meus filhos.
Deixo as lembranças de lado assim que o meu quarto é invadido
pela minha mãe, Mila e Karen. Além, da equipe que foi contratada
para auxiliar com maquiagem, unha e cabelo. As horas seguintes do
meu dia foram entre um puxa daqui e outro dali. As duas tagarelas
não paravam de falar e minha mãe, que ao escovar os cabelos, a
impressão era de que parecia mais uma criança. Pois, toda hora
reclamava que ela não precisava se arrumar tanto.
Depois de horas, enfim estava pronta. Enquanto fiquei no meu
quarto, terminando de colocar o vestido, elas foram terminar de se
arrumar. Agora aqui estou eu, em frente ao espelho. Fiquei olhando
a imagem lindíssima, refletida nele e não acreditava no que via. O
vestido havia encaixado perfeitamente em meu corpo. O cabelo foi
dividido em mechas e preso em coque com movimento torcido no
estilo banana, a lateral foi alinhada com o efeito rasgado estilo
persil. Para a maquiagem: blush pêssego; sombras peroladas
esfumada com marrom e gloss. num tom rosado.
Ao virar em direção à porta e, assim que as três mulheres que tanto
amo adentrou o ambiente. Agradeci mentalmente pela maquiagem
ser à prova d’água, visto que, as lágrimas logo surgiram. Meu pai
também entrou no quarto e estava muito emocionado. Mila me
entregou o buquê e seguimos em direção à saída.
Os carros que iam nos levar já estavam nos aguardando. Enquanto,
fui com o meu pai, elas foram juntas em outro veículo, ao
chegarmos à igreja, elas entraram e caminhei com o meu pai. Ele
entrelaçou o seu braço ao meu, me conduzindo até a porta principal.
As portas duplas foram abertas e assim que uma melodia ecoou no
ambiente, todos os olhares se voltaram em nossa direção. Olhando
em volta, percebi como a igreja estava linda. Em uma decoração
impecável. Seguimos pelo corredor montado que havia flores por
todos os lados.
Levantei a cabeça em direção ao altar e ele estava aguardando
ansiosamente por mim. Trajava um belo terno azul-marinho e uma
gravata estilo borboleta. Estava impecável, lindo e com um olhar
penetrante em minha direção. Quando paramos em sua frente, o
meu pai beijou as minhas mãos e me entregou a Dusan. Mantive
meus olhos fixos nos seus, estes refletiam um brilho que aqueceu o
meu coração.
A cerimônia iniciou com o padre fazendo um pequeno sermão sobre
a importância do amor e fidelidade no casamento. A cada palavra
ditas, o misto de sensações me dominava e era o que sentia no
exato momento em que o padre perguntou.
— Senhor Dusan Borislav, aceita a senhorita Luna Ysmit, como sua
legítima esposa; para amá-la; respeitá-la; ser fiel; na alegria e na
tristeza; na saúde e na doença; na riqueza e na pobreza. Por todos
os dias das suas vidas, até que a morte os separe?
Dusan me encara e logo em seguida se vira e fala:
— Sim.
— Senhorita Luna Ysmit, aceita o senhor Dusan Borislav, como seu
legítimo esposo; para amá-lo; respeita-lo; ser fiel na alegria e na
tristeza; na saúde e na doença; na riqueza e na pobreza. Por todos
os dias das suas vidas, até que a morte os separe?
Puxo a respiração que sequer percebi que estava segurando. E,
todos aguardam a minha resposta.
Volto meu olhar para Dusan e respondo:
— Sim.
Depois dos "Sim", foi à vez dos nossos votos e efetuarmos a troca
das alianças.
— Com o direito a mim concedido eu vos declaro marido e mulher,
pode beijar a noiva.
Dusan segura firme em minha cintura e me puxa para mais junto de
si. Aproximando a sua boca da minha, e antes de me dar um beijo
cheio de desejo, sussurra.
— Minha... Somente minha, agora e para sempre — suas palavras
de posse fizeram um calafrio atravessar a minha espinha.
Após o ritual da cerimônia, recebemos os cumprimentos de alguns
convidados. Depois que deixamos a igreja seguimos para recepção
no buffet Angelins, um lugar completamente luxuoso. Assim que
entramos no salão, nos dirigimos para pista de dança, onde todos
nos receberam com um brinde. Após esse momento, todos
começam a dançar e se divertir.
Como não poderia faltar, a Mila e a Karen fizeram a dupla perfeita.
Já estava cansada, ultimamente vivo sonolenta e para completar, os
meus pés estavam me matando de tanta dor. Estava sentada com a
minha mãe quando ele se aproximou.
— Vamos!
Fiquei surpresa quando ia chamar a minha irmã para irmos embora,
visto que, me avisou que hoje eles iriam dormir em outro lugar.
Antes de pensar em perguntar algo, minha mãe se levantou e me
deu um forte abraço.
— Viva um dia de cada vez. E, deixe o tempo mostrar que as coisas
ruins que acontecem, são para dar lugar as melhores coisas que a
vida tem a nos oferecer. Você em meio a tudo isso ganhou eles —
levou sua mão até a minha barriga e voltou a falar. — Tenho muito
orgulho em ser a sua mãe.
Eu já estava com o rosto inundado pelas lágrimas, minha irmã logo
se aproximou e me envolveu em um forte abraço.
— Amo você, minha guerreira.
Minutos depois, deixamos o lugar e entramos no carro. Dusan não
perdeu a oportunidade e atacou a minha boca com beijos ardentes
que estavam me levando a loucura e, quando chegamos em casa,
ele me pegou em seus braços e subiu os degraus da escada. Assim
que chegamos ao quarto, fiquei surpresa e encantada com tudo a
minha volta.
A colcha da cama havia sido trocada, pois, colocaram uma na cor
vermelha em seda. E, sobre ela havia várias pétalas de rosa
brancas e rosas negras, no formato de um coração.
— Elas simbolizam a luz e a escuridão. Pois você, assim como o
significado do teu nome é uma iluminada, onde a escuridão não foi
capaz de ofuscar a luz que vem de você.
Fiquei emocionada ao ouvir suas palavras. Dusan me ajudou a tirar
o meu vestido e assim que fiquei completamente nua, ele se despiu
e parou em minha frente. Seus olhos fizeram uma trilha pelo meu
corpo como se estivesse contemplado cada centímetro dele.
Novamente, seu olhar encontrou o meu e logo após acabou com a
distância que nos separava.
Ele levou uma de suas mãos até o meu rosto e acariciou a minha
pele lentamente. Um de seus dedos alcançou os meus lábios e se
moveu por toda sua extensão. Encostou a sua boca na minha e me
beijou. Um beijo de início calmo, mas, logo se tornou mais
voluptuoso à medida que sua língua começava a acariciar a minha
com uma habilidade avassaladora. Senti uma de suas mãos
percorrer todo o meu corpo, seguindo as curvas, até pousar na
minha vagina, onde, deslizou os seus dedos entre os lábios da
minha boceta.
— Quentinha, minha gostosa.
Ao ouvir suas palavras, algo dentro de mim vibrou e minha
intimidade começou a pulsar. Ele continua explorando a minha boca
me deixando com falta de ar. Minha respiração se tornava mais
áspera e úmida. Então, afastou sua boca dá minha quando
percebeu que eu já estava ficando sem fôlego.
Dusan beijou o meu pescoço até parar nos meus seios. Onde,
abocanhou e chupou um mamilo; depois o outro, me fazendo
entregar-me a magia de sua boca poderosa. Enquanto, seus dedos
não paravam de brincar com na minha boceta. Ele retirou sua mão
da minha vagina e com um movimento rápido, me conduziu até a
cama. Meu peito subia e descia ansiando pelos seus toques.
Enfiou-se no meio das minhas pernas. E, sem delongas começou a
me lamber com seus toques aveludados contra minha pele sensível.
A sua língua diabólica começou a explorar o meu clitóris. Gemi alto,
remexendo os quadris, tentando intensificar ainda mais o contato,
sentindo minha vagina latejar no instante que a ponta da sua língua
insaciável se concentrou na terminação nervosa e hipersensível do
meu sexo.
— Deixe que seu marido cuide de você.
Concentrando-se ao máximo naquela região. E, isso me deixou
maluca com o estímulo da sua língua contra meus tecidos aflorados,
o que fez a minha excitação chegar as alturas. Meu coração parecia
que ia explodir a qualquer momento. O meu corpo todo começou a
ficar em chamas e o suor começou a brotar na minha pele.
— Dusan...
— Diga ao seu homem o que você deseja, baby.
— Eu preciso de você agora, por favor.
Então, afastou sua cabeça e subiu em cima de mim e atacou a
minha boca com voracidade.
Dusan aninhou a cabeça do seu membro na entrada úmida da
minha boceta e me invadiu de forma implacável. Um gemido de dor
e prazer saiu por entre os meus lábios. Movi meus quadris ajeitando
a posição para acomodar o seu pênis avantajado. Um sorriso surgiu
em seus lábios, quando ele iniciou os movimentos de vaivém.
Entrando e saindo num ritmo preciso e enlouquecedor. Iniciei os
movimentos circulares, o fazendo dar gemidos de satisfação. Sentia
cada centímetro do seu pau pulsando e a cabeça robusta e grossa
alcançando terminações nervosas dentro de mim.
Consequentemente, o meu corpo todo vibrou num turbilhão de
sensações inexplicáveis. Então, acelerou o ritmo em várias
estocadas arrebatadoras. E, enterrando o seu membro até o meu
ponto mais profundo, alcançando as profundezas aveludadas da
minha vagina.
Logo, os músculos da minha boceta se contraíram. E, ruídos de
prazer saíram dos meus lábios.
Dusan continuou me penetrando, e depois chegou ao clímax,
derramando seu líquido quente nas minhas entranhas. Ele saiu de
dentro de mim e afundou no colchão, me puxando de encontro ao
seu corpo. Estava me sentindo sem forças, minhas pálpebras logo
pesaram. Mas quando ouvi as palavras que sussurrou, os meus
olhos se arregalaram e meus batimentos aumentaram
vertiginosamente.
— Eu a amo, você é perfeita! Perfeita para mim.
Capítulo 57

Alguns meses depois...

M eses se passaram e as palavras proferidas por Dusan no dia


do nosso casamento, até hoje martelam em minha cabeça. Já
tinha entendido que ele pudesse sentir algo por mim, uma obsessão
ou algum sentimento doentio. Todavia, jamais cogitei que algum dia
essas três palavras iriam sair da sua boca. E que ao ouvi-las, uma
explosão de sentimentos iria acontecer dentro de mim. No entanto,
me mantive em silêncio. Uma vez que, o meu coração bate
descontrolado quando estou perto dele. E, o meu corpo sempre está
cálido e, eu jamais direi algo que não tenha certeza se é realmente
o que sinto.
Passamos alguns meses em Belgrado, já que estavam fazendo
algumas mudanças na sede da máfia. Fiquei sabendo pela Kah, já
que o Dusan deixou claro quando fui questionar sobre o destino do
bordel, suas feições logo mudaram e ele disse que: O fato de ser
sua esposa; a mulher da sua vida e mãe dos seus filhos, nos
negócios dele, jamais aceitaria a minha intromissão. O que me deu
a constatação que meu marido mudou um pouco em relação a mim
e aos nossos filhos. Mas, a sua verdadeira essência é essa que o
define quem ele realmente é. Um monstro dentro da máfia.
Quando disse que iríamos voltar para New York, uma dúvida pairou
sobre mim. Não era possível que os nossos filhos iriam crescer
dentro daquele lugar. Durante toda a viagem tive a sensação de
desconforto e cansaço, visto que a minha barriga estava cada vez
maior.
Na última ultrassonografia deu para ver o sexo dos bebês. Em meio
aquele momento único em minha vida, entre lágrimas de felicidade,
foi difícil me controlar quando a médica disse que dois dos bebês
eram meninas. Dusan ficou desorientado e passou a mão na cabeça
por diversas vezes. A sua expressão era de felicidade e ao mesmo
tempo preocupação. No outro dia, providenciou a nossa volta para
New York, porque Lauren, segundo ele, era a única em quem
confiava para trazer os nossos filhos ao mundo.
Mila me chamou, avisando que o avião já ia pousar e pela sua
expressão, sabia que também estava preocupada em como seria.
Se novamente estaríamos afastadas, caso voltassem para
Nebraska.
Assim que saímos do avião, como já se era de praxe, os carros já
estavam nos aguardando. Minha família foi em um carro, Karen e
Boris assim como eu e Dusan, também estávamos em outro veículo.
Passei o trajeto todo perdida em meus pensamentos. E, se ele
tentar me afastar novamente da minha família, mesmo sendo o todo
poderoso, não vou aceitar. Meus pensamentos foram interrompidos
ao ouvir sua voz.
— Chegamos!
Encontrava-me tão distraída, que só notei que estávamos em um
lugar diferente da garagem do bordel, quando um vento frio tocou a
minha pele. Levantei a cabeça e meus olhos contemplaram a visão
magnífica a minha frente.
— Bem-vinda ao seu novo lar.
Estava encantada com o belo cenário a minha frente. Desde o
jardim, até a fachada da casa, tudo era luxuoso, porém, na medida
certa. Deixo os devaneios de lado quando ouço os gritos da minha
irmã.
— Lunaaaa, vem!
As lágrimas logo se fizeram presentes, quando me virei em sua
direção e tanto ela como os meus pais estavam caminhando para
uma casa ao lado. Não era uma mansão como a nossa, mas, se
tratando das duas pessoas que me deu a vida, sei que ali era o
lugar que se sentiram mais confortáveis. Antes de eu ir ao encontro
deles, me virei na direção do meu marido, era estranho as
sensações que essa palavra causava em mim.
— Obrigada — falei, já com a voz entrecortada.
Ele acabou com a pequena distância e segurou a minha cintura.
— Embora possamos pagar quantas babás for necessárias,
ninguém vai poder ajudar a cuidar melhor dos nossos filhos do que
a sua mãe.
Perguntei por Karen, ele me disse que tinha indo para o bordel com
Boris. Senti uma tristeza em meu coração por saber que ela
novamente estava no lugar que se tornou a sua prisão. Mas, depois
das palavras proferidas por Dusan, eu já estava ansiosa para falar
com ela. Já estava vendo o drama, vai passar dias suspirando ao
lembrar-se desse momento, que sem dúvida será muito especial em
sua vida.
Capítulo 58

Boris
S empre dediquei a minha vida aos assuntos da nossa
organização. Quando fui designado para ser o mentor de
Dusan, jamais pensei que ao conhecer aquele menino de olhos
negros como a escuridão, fosse senti algo tão forte.
A criança frágil que havia conhecido anos atrás, deu lugar a um
homem forte, implacável e sanguinário. No entanto, ainda tinha
escondido dentro do seu coração sombrio, o garoto que por diversas
vezes me chamou de pai. E, que chorou em minha presença, até
aprender que o medo, a fraqueza ou qualquer demonstração de
sentimento, eram proibidos para o monstro que estavam criando.
Aos seus dezoito anos, ele foi consagrado o novo chefe da máfia
Sérvia. Em seguida, viemos para os Estados Unidos. No início,
cogitei em voltar para Austrália, mas, ele não aceitou a minha
partida e mesmo indo contra a ideia que os conselheiros colocaram
na sua cabeça, Dusan foi irredutível e disse que a única pessoa que
poderia estar ao seu lado nessa nova jornada, é aquele que em
meio às suas fraquezas, o ajudou a enfrentar o medo e controlar os
demônios que habitam dentro dele.
Desde então, nos dedicamos principalmente ao tráfico humano e o
The Brothel Empire, se tornou o nosso lar.
Entre muitas mulheres que passaram em minha frente e um mundo
de luxúria, aquela garota de olhos arregalados e que se tremia ao
estar dentro da sala da luxúria. Esta fez todo o meu corpo
estremecer.
As sensações desconhecidas tomaram conta de todo o meu ser. Por
mais que tentasse evitá-la, percebi que a cada dia ocupava os meus
pensamentos. O seu cheiro ficou impregnado em minha pele e por
anos tentei adiar, mas chegou a hora de dar a ela o valor que
realmente merece. De assumir tudo o que sinto por ela, que se
resumi em uma única palavra, "Amor".
Deixo meus pensamentos de lado assim que chegamos ao bordel.
Olhei para Karen que tinha uma expressão de tristeza. Certamente,
por saber que sua vida voltaria à velha rotina. E, agora já não teria
mais aquela que se tornou sua amiga ou que não cansa em dizer,
uma irmã.
Em passos largos deixamos o carro e seguimos pelo corredor,
quando passamos pelo grande salão, ela ia seguir em direção ao
seu quarto. No entanto, disse que ela precisava pegar alguns
documentos para mim, que estava em cima da minha cama. Karen
seguiu em direção a minha suíte. Então, esperei um tempo e em
passos cautelosos comecei a caminhar em sua direção. Quando
entrei no cômodo, ela estava precificada próxima à cama, com seu
olhar cravado no objeto sobre a cocha.
Vendo o seu estado, me movi em direção à cama. E, com a caixa
em mãos, me virei para ela abrindo o objeto em sua frente. As
lágrimas logo surgiram em sua face.
— Você aceita se casar comigo, ser a minha mulher pelo resto dos
seus dias?
Seus lábios se moveram, mas, nenhum som saiu da sua boca. Pela
primeira vez, alguém além do Dusan, foi capaz de fazer a minha
futura esposa ficar em silêncio.
— Isso é um não? — fechei a caixa. Mas, ela rapidamente saiu do
transe.
— Não se atreva a voltar a trás! — ela pegou a caixa das minhas
mãos e rapidamente colocou o anel em seu dedo. Antes que tivesse
qualquer reação, ela mesma tomou a iniciativa e aproximou a sua
boca da minha. — Eu pensei que ia usar dentaduras e você nunca
faria esse pedido.
Não me aguentei e comecei a sorrir. Ela realmente é única. Alguém
especial que merece toda felicidade do mundo. Pois, em meio a
tudo de ruim que aconteceu em sua vida, mesmo assim, Karen
soube manter a sua essência.
Tomei o controle da situação e a puxei para mais perto de mim. E a
beijei como nunca tinha feito antes. Um beijo ardente, cheio de
desejo e amor.
Capítulo 59

T er descoberto a verdade sobre a minha origem, me fez ter uma


nova visão daquela, que em meio a dor de ter a sua inocência e
sua vida destruída da pior forma, ainda assim, me amou até o seu
último suspiro.
Não tenho arrependimento do que me tornei. Pois, eu deixei a
sombra apagar a minha luz e isso determinou quem eu realmente
sou.
Os meses passaram-se rápidos e a cada consulta tínhamos a
constatação de que tudo estava perfeitamente bem com os nossos
filhos. O dia do parto já havia sido marcado para daqui a uma
semana, no entanto, hoje acordei ouvindo os gritos de desespero da
minha mulher. Consequentemente, fiquei atordoado ao vê-la se
contorcendo em meio à dor.
Toda uma movimentação aconteceu a minha volta e a minha sogra
tentou tranquilizar a filha. Assim que chegamos ao hospital, toda a
equipe de Lauren já estava pronta. Então a levaram, porém, no
caminho, Luna começou a implorar para mãe ficar ao seu lado.
Assim que fiz o sinal, a mulher saiu apressadamente em direção ao
corredor que iam levando a minha esposa.
A sensação que eu tinha, era que o tempo havia congelado. O casal
açúcar, que agora não se desgrudam depois do casamento, logo
apareceram no meu campo de visão. Respirei fundo para controlar a
fúria que estava crescendo dentro de mim. E, quando resolvi ir em
direção ao quarto e saber o que estava acontecendo com a minha
mulher, a mãe dela surgiu no ambiente. Seus olhos cheios de
lágrimas, e, antes que qualquer pensamento surgisse em minha
cabeça, ela resolveu se manifestar.
— Eles são perfeitos. Os meus netos são as crianças mais lindas
que já vi na vida.
Uma sensação de alívio pairou sobre mim, assim que ela disse que
eles estavam no quarto com a minha esposa. Todos ficaram
impressionados, devido os três nasceram com o mesmo peso e
tamanho. Pesando exatamente, dois quilos e meio e com 46
centímetros. Em passos urgentes, segui em direção ao quarto e
assim que entrei no ambiente, senti o meu coração bater tão forte,
ao ponto do meu peito latejar. Aproximei-me e Luna estava
completamente emocionada e, sua voz ecoou no cômodo.
— Como vamos chamá-los? — tínhamos decidido escolher os
nomes só após o nascimento. No entanto, há algumas semanas, ela
falou dois nomes em meio ao sonho. O que ficou gravado em minha
mente.
— Clara e Ayla — um lindo sorriso surgiu em sua face.
Levei minha mão em direção ao meu filho e, segurei em sua
pequena mão. As palavras daquele infeliz vieram em minhas
lembranças.
“Se você é parte daquela profecia, chegou o momento de fazer a
última parte se cumprir.”
Desvio o olhar por uma fração de segundo em direção a minha
esposa, que estava aguardando para saber como seria o nome do
nosso filho. E, novamente com os olhos cravados nele falei.
— Ethan! — pronuncio. — Ele se chamará Ethan, “o soberano da
máfia”.
Fico contemplando a bela e mais linda imagem a minha frente. As
quatro pessoas mais importantes da minha vida. Eles são a luz para
minha escuridão. A minha família, por quem darei a minha vida se
for preciso.
Epílogo

H oje os meus pimpolhos estão completando um ano de vida. Um


ano de muitas noites acordadas, entretanto, se eu pudesse
voltar no tempo, passaria por tudo de novo. Cada segundo ao lado
deles só faz meu coração transbordar de alegria.
Assim que chego ao topo da escada, fico contemplando a imagem a
minha frente. Os meus filhos estão rodeados por todos aqueles que
fizeram do primeiro ano da vida deles, momentos repletos de muito
amor. Os meus pais se tornaram avós babões. Segundo as palavras
da minha mãe, “Os netos são amores novos, profundos e felizes. E,
que vieram para ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado
pelas lembranças da infância”.
Por isso que sempre estão fazendo as vontades dos meus filhos.
Embora tão pequenos, eles já demostram o quanto são
apaixonados pelos avós. Minha doce e eterna princesinha, a minha
irmã, aquela que sempre terá um lugar especial em meu coração,
voltou a estudar e mesmo tão nova, é uma tia maravilhosa, sempre
dando muito amor e carinho para os sobrinhos.
Meus olhos vão de encontro ao “casal açúcar” como diz o meu
marido. Karen encontrou o seu amor real. E, neste momento em que
vivem algo tão mágico em suas vidas, visto que, foram abençoados
com um filho, que daqui alguns meses vai trazer ainda mais
felicidades para vida deles.
Em passos lentos, começo a descer os degraus. Mas, rapidamente
toda uma movimentação que ocorre no ambiente é desfeita. A única
pessoa que fica no cômodo é o homem que mudou a minha vida.
Um homem de coração empedrado, cruel e sanguinário e que
jamais achei que saberia amar. No entanto, mesmo do jeito, Dusan
mostrou-se um pai maravilhoso. As minhas filhas são apaixonadas
pelo pai. E, ao estar com elas em seus braços, mesmo tentando
disfarçar, sempre vejo como fica rendido aos encantos das nossas
duas princesinhas. Ethan é a cópia do pai. Muito inteligente para um
bebê, e totalmente o oposto das irmãs, já que começou a andar aos
sete meses e ao contrário delas, que são bem manhosas, ele é um
bebê bem quieto.
Durante todo esse tempo que passou, Dusan me disse por diversas
vezes que me amava. O medo, as lembranças do passado, sempre
me atormentava. Mas, depois da conversa que tive com a minha
mãe, pude compreender que todos nós temos dois caminhos à
nossa frente.
O primeiro deles: É ver o problema em tudo e passar a vida
reclamando. E o segundo: é seguir em frente, pois, todo dia é um
novo começo, uma nova oportunidade para fazer as coisas de uma
maneira diferente.
Deixei o papel de vítima para trás e comecei a enxergar o lado bom
das coisas. Tudo tem um motivo para acontecer. E, foram as mãos
do destino que me trouxe até Dusan Borislav.
Assim que chego a sua frente, suas mãos enlaçam a minha cintura.
Os olhos dele encontraram com os meus e, o que vi dentro
daquelas órbitas, me fez perder o equilíbrio. Levei minhas mãos de
encontro ao seu pescoço e aproximei a minha boca da sua. E, sem
medo e reservas, resolvi falar aquilo que há muito tempo estava
preso em minha garganta.
— Eu amo você.
O amor brilhava em seu rosto. Ele colou os seus lábios nos meus e
antes de me beijar, as três palavras que se tornaram músicas para o
meu ouvidos, saíram por entre seus lábios.
— Eu amo vocês.
Entre erros e acertos, medos e esperança, ódio e amor. Pude
receber o maior presente da minha vida, “a minha família”.
Cinco anos depois...

Sempre fiquei em êxtase ao proporcionar dor, tristeza, e ver o


sofrimento das pessoas deixava-me satisfeito. Jamais cogitei que ao
me deparar com Luna Ysmit, a minha vida mudaria para sempre.
Sensações totalmente desconhecidas pairavam sobre mim, um
duelo entre a luz e as trevas foi iniciado, e, mesmo lutando com
todas as minhas forças, eu já não conseguia mais esconder tudo
que estava sentindo por ela.
Com todos os obstáculos impostos, ela jamais desistiu de lutar, um
anjo na vida de um demônio, uma mulher que conquistou tanto a
minha admiração, como o meu amor. Os anos se passaram, no
entanto, nem mesmo a escuridão que está a minha volta, foi capaz
de apagar toda luz que a envolve e que se tornou o meu alento.
Nunca tive que me importar com ninguém, mas, tudo era tão novo e
diferente, sentimentos inexplicáveis surgiram e com a chegada dos
nossos filhos, só fez um amor imensurável apoderar-se de todo o
meu ser.
Hoje, após cinco anos, vejo o quanto o tempo passou voando, e
minhas filhas, que são tão lindas como a mãe, por quem eu daria a
minha vida, estão cada dia mais espertas, ver o quanto elas estão
crescendo tão rápido em nada me agrada, pois jamais vou permitir
que nem um filho da puta chegue perto delas, são minhas princesas
e os únicos homens que farão parte de suas vidas, serei eu e Ethan.
Se não fosse por toda admiração que tenho por Boris, Luccas nem
chegaria tão perto.
Meus pensamentos são interrompidos quando a voz de Luna se faz
presente.
— Eles chegaram.
Desvio meu olhar dela e dos nossos filhos, e meus olhos vão de
encontro ao casal açúcar que a cada dia parecem mais
apaixonados. Abaixo um pouco a cabeça e Luccas logo solta a mão
de Karen e corre em direção aos meu filhos, e ao se aproximar
deles, vejo Ayla o abraçar de imediato. Minha boca se contorce,
meus pulmões se agitam no mesmo instante que um desafio
silencioso paira no ambiente, todos ficam com os olhos cravados na
direção deles. Segundos se passam, até que a voz de Ethan ecoa,
preenchendo o cômodo.
— Solta ela agora!
Seus olhos azuis estavam num tom mais escuro, seu rosto ganhou
um tom avermelhado e quando os braços de Ayla se afastaram, ele
deu alguns passos e se deteve ao ficar centímetros de distância de
Luccas.
— Se você quer continuar sendo meu amigo, é melhor não deixar
ela te abraçar novamente — desvio meu olhar por uma fração de
segundo e tanto minha mulher, quanto Karen, estavam com os olhos
arregalados e estarrecidas ao ouvir as palavras do meu pequeno.
Olhei para Boris que tinha um sorriso de satisfação no rosto.
Desde o ano passado, ele se tornou o mentor de Ethan, e ao
contrário de mim, aquele que se tornará o soberano da máfia, não
precisou passar por tudo que aqueles malditos fizeram comigo, pois
ao contrário das suas irmãs, ele tem um lado tenebroso que está
visível a cada dia. Novamente sou tirado dos meus devaneios,
quando os gritos agudos deles se fazem presentes e Ethan, que
antes estava com uma expressão fechada, agora se encontra com
um largo sorriso, mostrando seu novo brinquedo para Luccas.
Embora eu saiba que daqui a alguns anos ele será temido e
respeitado, no mundo da máfia, fico feliz por ele poder desfrutar de
tudo aquilo que nunca me foi permitido; “o amor de uma família”.
É sempre bom receber a visita da minha amiga. Depois de
presenciar a cena que Ethan fez, os nossos filhos começaram a
brincar como se nada tivesse acontecido. Por mais que ele
demostre, desde cedo, que é a cópia em miniatura do pai, eu farei
de tudo para que as trevas não apague a luz que há em seu
coração.
Karen, esta radiante desde o dia que mudaram do bordel, pois
aquele lugar não era um ambiente para que uma criança pudesse
viver e embora Boris e Dusan, passem boa parte do dia lá, algo que
não me agrada em nada, saber que ele está rodeado por tantas
mulheres, sempre procuro lembrar das palavras da minha amiga “a
confiança é a base de um relacionamento”.
O tempo passou, e por mais que eu saiba que Dusan, jamais
deixará de ser um mafioso cruel e sanguinário, ao menos consegui
que ele, em vez de acabar com a vida das mulheres do bordel, ao
cogitar que não tinham mais serventia, dar a elas a liberdade.
Ninguém em sã consciência bateria de frente com ele e depois de
tanto sofrimento, terem sua liberdade e inocência roubada, elas
mereciam um pouco de paz.
Após a tarde agitada que os meus pimpolhos tiveram, dei banho nos
três e, após o jantar, caíram em um sono profundo.
Aproveito e tomo um banho, escolho uma camisola de seda
vermelha e depois de passar hidratante pelo meu corpo, coloco a
camisola e vou aonde meu esposo se encontra. Enquanto me
aproximo, seus olhos me observam atentamente, avaliando todo o
meu corpo, em passos largos, vou em sua direção e ao ficar na sua
frente, meus olhos vão de encontro ao seu corpo musculoso, até se
deter no seu pênis ereto e grosso. Saio do estado estático que me
encontrava quando ele se movimenta e suas mãos se envolvem em
torno da minha cintura, puxando-me ao seu encontro.
Todo meu corpo fica em total alerta pelo que acontecerá, ele logo
toma os meus lábios em um beijo que quase rouba a minha alma,
suas enormes mãos deslizam por toda extensão do meu corpo.
Ainda nos beijando, sinto o seu membro quente através do tecido
fino e transparente da camisola, fazendo a minha intimidade latejar
em expectativa.
Sua língua habilidosa inicia uma dança ao se entrelaçar a minha,
acariciando-a. Seus beijos se tornam ainda mais voluptuosos e suas
mãos levantam o tecido da peça que está cobrindo o meu corpo, se
enfiando dentro da minha calcinha minúscula. Gemidos
desesperados saem entre meus lábios quando seus dedos deslizam
pelo meu sexo latejante, encontrando o pequeno botão de nervos
que súplica por atenção. Dedos grossos, porém incansáveis,
começam uma doce e deliciosa exploração naquela região, fazendo
eu morder os meus lábios para abafar um pouco os gemidos
ensurdecedores que ecoam no cômodo. Começo a me contorcer
todinha, quando dois dedos seus, um de cada lado, deslizam pelos
grandes lábios da minha carne macia e se concentram na entrada
da minha boceta, e sem aviso prévio, ele mete os dedos gulosos
dentro da minha intimidade, levando-me ao limite da minha agonia.
Dusan abandona a minha boca e começa a distribuir beijos pelo
meu pescoço, enquanto isso, introduz cada vez mais fundo, seus
dedos dentro da minha vagina, iniciando um vaivém torturante,
puxando-os e em seguida metendo-os no ritmo alucinante. Num
movimento desesperado, levo as duas mãos de encontro a minha
calcinha, colocando uma de cada lado da minha peça íntima,
segurando a fina tira e no impulso puxei a peça rasgando-a e
deixando o meu sexo livre, a mercê das mãos diabólicas do meu
homem.
Ele puxou os dedos e em seguida se manifestou.
— Sou todo seu.
Meus lábios se contorceram e um sorriso perverso saiu entre eles.
— Meu! Todo meu.
Num piscar de olhos, movimentei os quadris e levei uma das mãos
até o garotão, deslizando a minha mão por toda longa extensão
daquele pênis animalesco e o conduzir em direção a entrada
sedenta da minha boceta. Ter aquele pênis quente em contato com
a minha carne rosa, só provocou uma onda de calor pelo meu
corpo, meus batimentos aumentaram assim que me movi e minha
vagina gulosa foi engolindo a cabeça robusta e dilatada do seu pau,
fazendo-me uivar igual uma loba.
— Continua, gostosa.
Começo a me movimentar em um vai e vem lento, gemo em êxtase,
respirando desesperadamente, o ar repleto do cheiro de sexo. Meu
marido, que até então estava quieto, começou a se movimentar,
acompanhando os meus movimentos, continuo rebolando,
esfregando minha vagina faminta naquele cacete delicioso.
— Agora é a minha vez.
Numa invertida de posição, Dusan, assumiu o controle, ficando em
cima de mim, metendo seu membro com força até eu perder o
controle sobre meu corpo.
— Mais rápido, quero que me foda com força.
Ele aumenta o ritmo das estocadas enquanto sua boca toma a
minha num beijo avassalador, começo a rebolar o quadril
freneticamente, fazendo-o ir mais fundo. Sinto minha boceta se
contrair, ele prossegue, aumentando a força e a velocidade da
penetração, seu pau enterrado em mim até o meu ponto mais
profundo, quando me entrego ao êxtase, sinto o líquido quente dele
jorrar dentro de mim, me inundando. Meus gritos preenchem o
quarto enquanto me contorço embaixo dele, sentindo os pequenos
músculos se contraírem em espasmos. Ele solta um grunhido
profundo.
Minutos depois, com nossos corpos suados e a respiração ofegante,
ainda perdida em meus pensamentos, sinto todo o meu corpo
aquecer quando sua voz ecoa.
— Você é a minha luz e eu amo você.
— Eu também amo você.
Agradecimentos

Sou grata a Deus, por ter concluído mais um livro. Agradeço a Flor
de maio, a minha rocha, por ser simplesmente uma ótima avaliadora
de novas ideias, grande amiga e confidente.
Deixo aqui registrado o meu profundo agradecimento a:
A autora Rita Baptistelli, pelo grande apoio.
A cada leitora do Wattpad, que abraçaram a história do Dusan e da
Luna. E, que foram fundamentais para que o livro se tornasse o que
é.
Estou felicíssima por tantos leitores terem gostado e embarcado
comigo nessa jornada. De coração, muito obrigada.
Enfim, agradeço a você que diretamente ou indiretamente,
colaborou juntamente comigo nesse caminho. E, a você caro leitor,
a minha imensa gratidão por adquirir este obra.
Nota Da Autora
Tenho uma enorme gratidão aos leitores do livro - O chefe da Máfia
Sérvia.
Agradeço a todos vocês por terem acompanhado toda jornada até a
conclusão do livro.
Muitíssimo obrigada por todas terem a mente aberta e separar a
ficção da realidade. Este foi resultado de um verdadeiro trabalho em
equipe, pois, vocês são minha fortaleza.
Livro 2
Copyright © Love Dark, 2021
Capa: T.v designer
Revisão: Rosana Bezerra
Diagramação: Rosana Bezerra

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Atenção
Romance dark. Esse livro contém cenas de sexo e violência que podem ser
considerados como possíveis gatilhos. Não leia caso sinta-se desconfortável.

O Monstro Renascido
Love Dark
1ª Edição – 2021

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento, e/ou reprodução de


qualquer parte dessa obra – física ou eletrônica – através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal 2018.
Sinopse
O monstro renascido "Máfia Albanesa"
Dark Romance - 80% Dark e 20% Romance
Uma profecia, e a vida dele mudará para sempre.
Para todos, Enzzo Demisovski, o herdeiro do temido sanguinário e ex-chefe da
maior organização criminosa de todos os tempos, está morto, assim como seus
pais.
Helena Petrovci, é a herdeira do poderoso Omar Petrovci, chefe da máfia
Albanesa. Um homem frio e calculista, que foi capaz de trair seu próprio amigo
para usurpar o seu lugar.
Ela, assim como Enzzo, é somente uma vítima da ambição desse homem cruel.
No entanto, o ódio, e a sede de vingança o deixarão completamente cego e ela
conhecerá o pior lado da vida.
Um mundo, onde a dor e as trevas serão predominantes, porém a luz surgirá.
Ela terá que lutar com todas suas forças, para manter-se viva, após tanto
sofrimento. Ele só deseja uma única coisa, ter tudo que lhe foi roubado.
Prólogo
Tirana, capital da Albânia.

O HOMEM USANDO CAPUZ NEGRO estava seguindo em


direção ao vilarejo em SHKODER, um lugar conhecido por suas lendas. O
barulho, de trovões terríveis ecoava no espaço e a chuva caía torrencialmente há
horas. O céu acima dele escureceu, seus coturnos batiam nas poças d'água, suas
pernas moviam-se como um pistão, e suas mãos apertavam-se em dois punhos
extremamente endurecidos.
A região apresentava obstáculos, no entanto ele andava pelas ruas estreitas e
todos os seus pensamentos dirigidos firmemente, para o casebre que estava a
alguns minutos de distância. Em passos firmes e precisos, ele continuou a
caminhar, assim que chegou ao lugar que tanto almejava, o estrondo de um
trovão se fez presente, no mesmo instante em que a velha porta da casa se abriu
e uma mulher vestida toda de branco surgiu no seu campo de visão. Seus olhos
escuros se arregalaram, um arrepio atravessou a sua espinha ao ouvir a voz dela.
— Eu estava o aguardando.
— Madalene Piccard. Adorada e respeitada por ser muito mais que uma
Medicastra.
— Omar Petrovci. Um homem jovem, ambicioso e temido por ser o braço direito
do implacável e cruel chefe da máfia albanesa. Essas qualidades o tornam
perigoso para aqueles que cruzarem o seu caminho.
Envaidecido por suas palavras, ela fala confiante.
— Você proferiu que, Dusan Borislav se tornaria o chefe da Máfia Sérvia, por anos
vem interferindo no mundo da máfia. Se for tão boa quanto dizem, sabe o que vim
fazer neste lugar.
— Um herdeiro foi gerado, para você conseguir tudo o que deseja, além de
eliminar aquele a quem jurou lealdade, deve sacrificar a criança. Você está
disposto a seguir em frente?
— Sim. Eu darei até a minha alma para ter o poder absoluto.
— Uma profecia foi lançada. Você não pode mais voltar atrás ou “o monstro”
ressurgirá.

Meu nome é Madalene Piccard. Desde criança os meus pais sempre disseram
que eu tinha algo especial, com sete anos comecei a ouvir vozes e com um
tempo, fortes clarões surgiam em minha frente e eu conseguia ver pessoas
totalmente desconhecida por mim. Com medo que as pessoas viessem, a saber,
os meus pais fizeram de tudo para me manter isolada. Com o tempo as visões se
tornaram constantes, as vozes cada vez mais altas ecoando em minha cabeça. E,
em certa noite, quando todos estavam dormindo, acordei sufocada e assim que
abri os meus olhos, a imagem da nossa casa pegando fogo surgiu em minha
frente.
Atordoada, dei um grito tão alto que todos acordaram, e vieram até o pequeno
quarto onde eu estava. Depois de ter contado tudo que vi, em questão de minutos
a temperatura começou a subir, e quando meu pai constatou que nossa casa
estava sendo tomada pelo fogo, agiu de imediato e conseguimos sair com vida
em meio as chamas.
Perdemos tudo que tínhamos, a maldade tinha se enraizado nos corações
humanos como uma erva daninha.
Deixamos o lugar que sempre foi o nosso lar e mudamos para uma região da
Albânia, conhecida por suas lendas e crenças. Sempre usei o meu dom para
ajudar as pessoas, as visões, com o tempo, se tornaram mais constantes, no
entanto, já não aguentava mais ver o povo sofrendo.
O crime, o tráfico humano, cada dia estava destruindo a vida de pessoas
inocentes, homens ambiciosos que se julgam deuses, capazes de decidir quem
pode viver ou morrer. Sei que como eles, estou mudando a vida de muitos, mas
assim como Vladimir, que cedo ou tarde venderia até a própria alma para ser o
todo poderoso, Omar, pela ambição também acabará com a vida daquele que
sempre o considerou um amigo, todavia, assim como Dusan Borislav conseguiu
encontrar a luz e destruiu todos a sua volta, não importa o que Omar, venha a
fazer, o rumo da profecia será mudado e o monstro renascerá e terá tudo o que
lhe foi usurpado.
Monstros dentro da máfia, no entanto ao lado das trevas sempre terá a luz.
Assim como Luna Ysmit, Helena está destinada a ser a esposa do verdadeiro
chefe da máfia albanesa.
Entre erros e acertos.
Medos e esperança.
Trevas e luz
O amor irá prevalecer.
Capítulo 01

Durrês – Albânia
Meses depois...

VITOR

ESTE FOI O NOME ESCOLHIDO por meu pai, logo após o


meu nascimento.
VITOR "vencedor, conquistador e vitorioso". O herdeiro esperado pelo
tenebroso Nicolas Demisovski.
Para todos da máfia ALBANESA, sou o seu primogênito e único filho, porém aos
cinco anos de idade, logo após a morte da minha mãe, ele me revelou a
existência de Hulk, fruto de um relacionamento que teve antes do casamento. De
início fiquei desorientado, mas quando viajamos para Tirana, e o conheci
pessoalmente, um misto de sensações pairou sobre mim. Mesmo se mantendo
afastado, ele se tornou um grande aliado.
Desde criança fui treinado para comandar a nossa organização com mãos de
ferro, me tornando um homem, frio, calculista, de coração gélido com todos a
minha volta, até o momento que encontrei a mulher que mudou a minha vida.
Helen trouxe ao coração de um monstro, a luz, e com ela, o maior presente da
minha vida, "o meu filho".
Assim que o tive pela primeira vez em meus braços, todo o meu corpo
estremeceu. A sensação que eu tive era que uma força muito maior que tudo que
conhecia, vinha daquele ser tão pequeno e, quando seus olhos azuis se abriram,
indo de encontro aos meus, o único nome que veio em minha mente foi Enzzo,
"gigante, aquele que vence".
Tenho plena convicção que o meu filho será grandioso, temido e respeitado no
mundo em que vivemos, porém, espero que, assim como eu, ele encontre aquela
que trará um pouco de luz ao seu coração que certamente se tornará sombrio.
Hoje após três meses do seu nascimento, será o dia de sua apresentação aos
membros do conselho. Daqui a algumas horas, no grande hall da minha mansão,
acontecerá uma pequena comemoração, já que o meu primogênito ainda é muito
pequeno.
Depois de muita insistência consegui que o meu irmão, viesse finalmente
conhecer o seu sobrinho. Sabendo o quanto o mundo da máfia é tenebroso e
traiçoeiro assim que Enzzo nasceu uma alta quantia foi depositada na conta
daquele que eu tenho certeza que se algo de ruim vier acontecer, ele será um
protetor e daria a sua vida para proteger o príncipe herdeiro da máfia albanesa.
Deixo os meus pensamentos de lado e caminho em direção a minha suíte.
Conhecendo o meu irmão, que vive pelas sombras, ele só chegará quando todos
os membros da máfia já tiverem deixado à mansão.

OMAR
Assim como o meu pai, que era o conselheiro do grande Nicolas Demisovski, pai
do atual chefe da máfia Albanesa. Eu, Omar PETROVIC, me tornei também o
braço direito de Vitor Demisovski.
Um homem, sanguinário e implacável, que se tornou respeitado, exaltado e
temido por todos os membros da nossa organização. Ao contrário do meu pai,
que serviu essa raça maldita até o seus últimos suspiros, eu, Omar, estou
cansado de viver nas sombras desse idiota. Saber da existência de Madalene
Piccard, e sobre a profecia que tornou Dusan o mafioso mais temido de todos os
tempos, ao ponto de até o grande Vitor Demisovski, jamais cruzar o caminho
daquele demônio em forma humana. Eu resolvi procurar a velha maldita e assim
conseguir aquilo que eu sempre almejei, "ser o todo poderoso, o chefe".
Ao contrário de Vitor, eu irei acabar com todos que cruzarem o meu caminho.
Depois que deixei o vilarejo, comecei a planejar minuciosamente tudo que iria
fazer para acabar com a linhagem dos Demisovski. Tive que suportar toda
bajulação dos malditos conselheiros ao saberem da existência do herdeiro, porém
assim como todos, que estão ligados a Vitor, esse maldito fedelho terá o seu
destino traçado por mim.
Os dias se tornaram insuportáveis, os últimos meses uma eternidade. Era como
se o tempo tivesse congelado e o momento tão esperado por mim, não chegava.
Mas, hoje finalmente será o dia que ficará lembrado por todos, como o fim do
legado de Vitor Demisovski e toda sua família. Os meus homens já estão em
posição, assim como os dois infiltrados que tenho dentro da mansão do
desgraçado, que ficaram responsáveis por colocar a substância na comida que
será servida aos soldados que vigiam a mansão.
Meus pensamentos são interrompidos assim que ouço a voz de Lucas, meu
motorista avisando que chegamos. Respiro fundo, tentando controlar todas as
sensações que se apoderam de todo o meu ser, meus batimentos aumentam,
tamanha é a minha expectativa por tudo que vai acontecer daqui alguns minutos.
Depois de tantos anos, o meu grande sonho finalmente vai se realizar.
Logo a sustância fará efeito no organismo dos infelizes e será o momento que
meu pessoal entrará em ação. Saio do veículo e, em passos firmes ando em
direção à porta principal, ao me aproximar, as portas duplas logo se abrem
revelado os malditos que em breve serão enviados ao inferno. Depois de algumas
passadas, passo os meus olhos pela sala e eles vão de encontro ao infeliz que
tem um largo sorriso em seu rosto, assim que sua atenção se volta para mim,
rapidamente forço um sorriso revelando os meus dentes brancos pontiagudos,
dou apenas três passos encurtando a distância que nos separa.
— Achei que não viria — a voz do desgraçado se fez presente.
— Tive alguns contratempos, mas jamais perderia esse momento tão especial
para todos nós.
Novamente um sorriso se abre na face do verme a minha frente, em questão de
segundos os membros do conselho se aproximam e começam a parabenizar o
infeliz.
Todos estavam ansiosos para que, logo o pequeno monstrinho fosse apresentado.
Os minutos se passaram e a cada momento de distração dos malditos, meus
olhos iam de encontro ao relógio em meu pulso, me fazendo constatar que uma
corrida contra o tempo havia acabado de ser iniciada, todavia, ao saber que
Malaquias, um dos membros mais antigos não estava presente por problemas de
saúde, o ódio inflamou em minhas veias, e para não levantar suspeitas, teríamos
que deixar alguns membros do conselho vivos, ou caso contrário, o infeliz poderia
cogitar que tinha algo de errado.
Fui tirado do estado catatônico que me encontrava quando o silencio se fez
presente e ao me virar, meus olhos ficaram cravados na mulher no topo da
escada segurando aquele fedelho. O desafio silencioso foi quebrado assim que a
voz de Vitor ecoou no cômodo.
— Apresento a todos, o príncipe da máfia, ENZZO DEMISOVSKI.
Assim que os aplausos se fizeram presente, um estrondo terrível ecoou no
espaço. O ambiente logo foi invadido por dezenas de homens, com os rostos
coberto por máscaras negras e fortemente armados. Como num piscar de olhos,
tiros começaram a ecoar no espaço não dando tempo de ninguém reagir, meus
olhos estavam fixos na mulher que estava segurando o pequeno pacote em suas
mãos, que logo saiu correndo. O cheiro de sangue fresco começou impregnar o
local, fiz o sinal e eles já sabiam que alguns dos membros do conselho deveriam
sobreviver e, quando o maldito do Vitor que parecia um animal raivoso, pegou sua
arma e eliminou o alvo a sua frente, em seguida se moveu em direção a escada,
rapidamente fui em sua direção.
Precisava sair do campo de visão de todos, só assim meu plano teria êxito total,
subi os degraus numa velocidade impressionante e quando o idiota que estava
atravessando corredor notou a minha presença disse:
— Precisamos tirar Enzzo desse lugar.
— Você tem toda razão.
Ele moveu sua mão de encontro à maçaneta da porta, onde certamente a vadia
estava escondida com o filho e, num momento de distração dele, levei meu dedo
na direção do gatilho e, com o alvo em mente, dois tiros foram disparados,
acertando o alvo em cheio. O corpo do homem a minha frente foi perdendo o
equilíbrio, suas orbitas sombrias fixas em mim, e assim que ele tentou mover sua
arma outro disparo se fez presente.
Andei em sua direção, ao ficar a centímetros de distância e ver a imagem a minha
frente, todo o meu corpo ficou em chamas. Depois de tantos anos, finalmente
serei o chefe da máfia albanesa, porém, chegou a hora de enviar o pequeno
Enzzo e sua mãe, direto para o inferno.
Capítulo 02

Durrês – Albânia

OMAR

DESVIEI MEU OLHAR DO CORPO sem vida do desgraçado


jogado no chão e, levei minhas mãos de encontro à maçaneta da porta, assim que
ela foi aberta, a vadia que segurava o monstrinho virou em minha direção. A
expressão que antes parecia ser de alívio, deu lugar ao pânico no momento em
que seus olhos foram de encontro ao corpo sem vida do infeliz e logo em seguida
olhou a arma em minhas mãos. Ver o medo em suas órbitas azuis só me deixou
com mais vontade de acabar com sua miserável vida, o choro irritante do fedelho
logo se fez presente. A mulher que antes estava petrificada saiu do estado
estático em que se encontrava quando coloquei minha arma em punho apontada
em sua direção.
— Não! Não! Seu malditoooo... — disse a desgraçada, segurando firme o
pequeno pacote em seus braços.
Deixo os meus pensamentos de lado quando a infeliz desvia seu olhar de mim e
mira em direção à porta que está a sua direita, e, no momento que notei uma
movimentação em suas pernas, minha voz se fez presente no mesmo instante
que meu dedo ficou fixo no disparador.
— Não adianta fugir, assim como aquele maldito você irá partir dessa para pior.
Se movendo como um relâmpago, a mulher logo se aproxima da porta, mas antes
que ela cogitasse em entrar no ambiente, puxo o gatilho e ela é alvejada pelas
costas, um grito alto sai por entre seus lábios, suas pernas perdem as forças,
fazendo a mulher pôr-se de joelhos e como reflexo, colocar a criança que estava
em seus braços no chão. Um segundo tiro atinge a cabeça da maldita, fazendo
seu corpo cair para o lado e logo o ambiente é preenchido pelos berros da criança
a minha frente.
Senti o ódio inflamar em minhas veias, com algumas passadas, me aproximo do
pirralho a minha frente e se não fosse pelas palavras daquela velha, eu mesmo
daria a ele o destino igual ao dos seus pais.
Acabo com a pequena distância que me separa do único ser que falta para ser
eliminado. Quando pego o pequeno embrulho, o som irritante que ele fazia parou
de imediato, no entanto seus enormes olhos azuis como o mar, se abrem e vão de
encontro aos meus.
Um calafrio inexplicável atinge as minhas pernas e logo se apodera de todo o meu
corpo. As vibrações vinda dessa criança causam um incômodo como nunca tinha
sentido antes, lutando contra o desconforto que pairou sobre mim, segui em
direção a porta, em questão de segundos deixo o cômodo indo para o lugar
combinado.
Os estrondos dos tiros se faziam presentes, mas eu precisava agir rápido antes
que, o alerta que foi enviado, certamente por Vitor, fizesse desse lugar a própria
cede da máfia, logo todos os seus homens estariam chegando nesse lugar.
Atravessando o corredor feito uma bala, cheguei ao lugar combinado e assim que
abri a porta, Inbrain já estava me aguardando.
— Você sabe o que deve fazer. Assim que chegar às montanhas, deve colocar o
corpo dele em contato com o chão e, em seguida matá-lo. O sangue do último
membro dos Demisovski marcará o início do meu legado.
— Assim será feito chefe.
— O carro já está a sua espera, pelo visto o fedelho sabe que seus minutos estão
contados, pois acabou adormecendo. Agora me dê a sua arma e leve a minha,
preciso que aqueles idiotas não tenham dúvidas que assim como eles, eu também
fui um alvo.
Assim que o homem me passou sua arma e com a criança já em seus braços,
antes de deixar o ambiente, fiz o sinal para que ele fizesse o que tínhamos
combinado. Apontando a arma em minha direção, um último disparo foi feito,
lógico que ele sabia exatamente o lugar que deveria acertar para que eu saísse
com vida de tudo isso. De repente, tudo ficou escuro, antes do homem sumir do
meu campo de visão e eu perder totalmente os sentidos, movi minha mão de
encontro ao relógio em meu pulso, ativando a bomba instalada no carro, jamais
deixarei esse idiota vivo, ele terá tempo suficiente para eliminar Enzzo
Demisovski, no entanto ao entrar novamente naquele carro jamais chegará ao seu
destino.

HULK
Após a morte da minha mãe, fui criado por Yolanda, já que minha mãe era órfã e
não tinha parentes vivos. A mulher que mesmo sendo escolhida pelo temido
Nicolas Demisovski, não me viu somente como o menino filho de alguém
poderoso, a quem ela receberia uma alta quantia para cuidar. Ela me deu muito
mais que atenção, eu cresci cercado por seu carinho e muito amor.
Mesmo sendo o filho bastardo do poderoso chefe da máfia albanesa, sempre tive
toda atenção do meu pai e quando conheci Vitor, um sentimento inexplicável
pairou sobre mim. O meu irmão me recebeu de braços abertos, mesmo sendo
alguns anos mais novo do que eu, e embora com toda insistência, sempre quis
me manter afastado de todos ao redor dele. Mas assim como Vitor, passei pelo
treinamento, pois o nosso pai disse que mesmo não gostando, isso algum dia
teria utilidade em minha vida.
Acabei aceitando o meu destino, pois o sangue do sanguinário Nicolas
Demisovski corria em minhas veias e ser um predador foi algo que descobri que
fazia muito bem. Com o passar dos anos, sempre que tinha algum obstáculo, que
meu irmão encontrava dificuldade para tirar do seu caminho, eu estava lá para
fazer aquilo que fui treinado, caçar a presa e eliminá-la.
Descobri ontem, que uma alta quantia foi depositada em minha conta e esse foi
um dos motivos que me fez sair das profundezas da escuridão e vir até Vitor, além
do quê, precisava conhecer aquele que dará continuidade ao legado da nossa
família. Depois de minutos que pareciam uma eternidade, assim que me
aproximei do meu destino os estrondos de tiros ecoaram no espaço. Um vento frio
passou por mim, assim como senti uma sensação ruim, reduzi a velocidade da
minha moto e apaguei o farol.
Com minha visão semelhante à de uma coruja, capaz de ver de grande distância
e com a pouca luz, meus olhos grandes e redondos ficaram fixos na imagem a
minha frente. Os soldados de Vitor estavam caídos no chão, os sons dos disparos
pararam e quando ia ligar novamente o farol da moto, um carro saiu em alta
velocidade, eu sei que deveria entrar e ver o que estava acontecendo, mais era
como se uma força sobrenatural tivesse tomado conta de mim e assumido o
controle do meu corpo, pois algo me puxava para ir em direção aquele carro.
Lembrando-me das palavras de Yolanda, que sempre devemos levar em conta a
nossa intuição, liguei o farol, contornei a moto na direção que o carro tinha ido e
aumentei a velocidade. Tentei me manter o máximo possível afastado do veículo,
no entanto não o perdendo de vista. O carro seguiu em direção à estrada que
dava acesso as Montanhas Dajti, ou seja, meu território.
O automóvel continuava em alta velocidade, o que me deixou ainda mais
intrigado. Depois de quase 50 minutos, o veículo reduziu a velocidade, me
mantive afastado e não demorou muito para um homem vestido de negro sair do
carro e sem delongas deu meia volta e abriu a outra porta e tirando de lá um
embrulho. Ele deu alguns passos e logo colocou o pequeno pacote no chão, e foi
nesse exato momento que som que ecoou no espaço, atingiu os meus tímpanos
fazendo o meu corpo ficar em chamas, no entanto, tudo que veio em meus
pensamentos foi Enzzo.
Capítulo 03

TIRANA – ALBÂNIA

HULK

OS GRITOS AGUDOS ECOAM poderosos. Senti uma dor


latejante em minha cabeça e com ela as lembranças de quando falava com Vitor
se fizeram presentes, naquele justo momento, enquanto eu o questionava o
motivo do dinheiro que ele havia colocado em minha conta, o som potente do
choro de Enzzo ecoou do outro lado da linha, eu jamais esqueceria aquele
barulho causado pelo pequeno herdeiro da família Demisovski. Meu irmão ainda
disse que era uma forma do pequeno intimar o tio a comparecer para conhecê-lo.
Deixo meus pensamentos de lado quando o homem a minha frente, que havia
colocado a criança no chão, levou uma das mãos até a cintura.
Um pensamento passou pela minha cabeça e no impulso saí de cima do veículo e
minha mão como se tivesse vida própria, foi de encontro a minha arma. Meu
sangue gelou assim que o desgraçado colocou sua arma em punho e direcionou
para o seu alvo. Assim que ele levou o dedo ao gatilho, o som de um disparo deu
lugar ao barulho que antes era causado pelo choro do bebê.
Um ruído alto saiu rasgando a garganta do maldito, que soltou a arma que
segurava, em seguida levou sua mão esquerda em direção ao ombro ferido.
Enquanto ele ainda se encontrava desorientado, tentando assimilar o que
aconteceu e me movendo com uma velocidade semelhante à bala, que havia
atingido o desgraçado, avancei em sua direção e quando ele enfim parecia que
tinha ignorado a dor e virou-se buscando encontrar o que o havia tingido, fechei
uma das mãos em punho e o golpe certeiro atingiu a sua face. O canto da sua
boca transforma-se, uma grande quantidade de líquido avermelhado escorria
entre as laterais da sua cavidade bucal, desviei meu olhar por uma fração de
segundos em direção à criança, que se encontrava no chão frio e ao ver aqueles
olhos salientes da cor de um azul-ensolarado, fixos em minha direção, meu corpo
todo se aqueceu no mesmo instante que um ódio descomunal tomou conta de
todo o meu ser, ao pensar no que esse maldito iria fazer com o meu sobrinho.
Meus pensamentos foram interrompidos quando um ardor se fez presente em um
dos lados do meu rosto, minha boca transformou-se numa linha dura, meus olhos
pareciam estar em chamas, assim como os órgãos localizados dentro da minha
caixa torácica começaram a funcionar num ritmo intenso, como nunca havia
sentido antes. Fechei minha mão novamente em punho e quando o infeliz tentou
se abaixar para pegar o objeto que se encontrava no chão, movi minha mão em
direção a suas costas, acertando-o com um golpe cruel, fazendo o seu corpo
desabar de imediato.
Não satisfeito, ele mudou de posição e tentou se levantar e foi nesse momento
que subi em cima do desgraçado e movido pela raiva que incendiava em minhas
veias como fogo líquido, comecei a bater no maldito sem parar. A certa altura,
mesmo com dificuldade, sussurros saindo entre seus lábios se fizeram presentes
e lembrando-me que precisava descobrir o que havia acontecido, antes de acabar
com sua vida miserável disse:
— Quem te pagou para acabar com a vida de Enzzo Demisovski?
O homem tossiu e logo em seguida uma grande quantidade de sangue escorreu
entre seus lábios. Mesmo com dificuldade e com a voz fraca, ao ouvir o nome que
foi dito por ele, meus batimentos cardíacos dispararam no mesmo instante que
um ódio mortal pairou sobre mim.
— Om... Omar Petrovic!
Assim que seus lábios se uniram, fechando a sua boca, deferir um último soco
contra o seu rosto o nocauteando. Levantei-me, e em seguida puxei o maldito
pelas pernas em direção ao carro, me detive ao chegar próximo ao porta malas,
deixei o infeliz no chão, enquanto ia tratar de acionar o portão para que a porta
fosse aberta, em questão de segundos voltei novamente para perto do corpo dele
e o joguei dentro do veículo. Esse homem é o único que pode esclarecer tudo o
que aconteceu e se conseguiu retirar o meu sobrinho de dentro dos domínios de
Vitor, algo muito sério deve ter acontecido.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o choro do meu sobrinho
novamente se fez presente, fechei a porta e fui ligar o aquecedor, pois com tanto
tempo exposto a essa temperatura, Enzzo certamente estava com frio, movi a
chave no contato ligando o automóvel e em seguida o aquecedor. Andei alguns
metros de distância, até onde meu sobrinho estava e ao ficar a centímetros de
distância dele, me agachei pegando o pequeno em meus braços, no momento
que me levantei, um estrondo terrível preencheu todo espaço deixando o veículo
em chamas.

Cinco anos depois...


— Tio, acorda!
A voz e o toque das pequenas mãos de Enzzo me despertaram. Fiquei com os
olhos fechados durante alguns bons segundos, esperando que a dor terrível em
minha cabeça desse uma aliviada. A ressaca monstruosa certamente era
resultado da festinha particular que fiz ontem à noite. Meus pensamentos foram
interrompidos quando meu corpo começou a ser sacudido.
Resmunguei em protesto, em seguida fiquei paralisado ao seu comando.
— Olhe para mim.
Desorientado, movi meus olhos identificando o responsável pelo ato. Seus olhos
azuis faiscaram, a fúria latente estava nítida em suas palavras.
— Levante-se está na hora do meu treinamento.
Ele continuou com seu olhar cravado em minha direção. Ainda estava furioso e o
que deveria, de alguma forma me causar certo incômodo, por um ser tão pequeno
e falar comigo desta formar, só fez todo o meu corpo vibrar, ao constatar que ele
daqui a alguns anos estará pronto para o confronto com aquele usurpador. Omar
assumiu o controle da máfia albanesa, destruiu a vida da família do meu irmão.
Como o único que poderia dizer à verdade que ele foi o responsável pelo ataque
que resultou na morte de Vitor e Helen, foi eliminado naquela explosão, não me
restou outra opção a não ser manter Enzzo em segurança.
Minha existência sempre foi desconhecida por todos, seria a minha palavra contra
a do homem de confiança do chefe da máfia, que sempre foi respeitado por
todos. Aquele traste certamente daria um jeito de sair ileso, virando o jogo e eu
estaria colocando a vida do meu sobrinho novamente nas garras daquele traidor.
Saio do estado catatônico que me encontrava e me levanto em um pulo. O meu
pequeno ainda se encontrava petrificado com suas sobrancelhas grossas
arqueadas, analisando minuciosamente todos os meus movimentos.
— Peça a Yolanda para providenciar algo leve para você comer e me espere lá
fora.
Seus olhos brilharam de imediato, suas feições mudaram e um largo sorriso
surgiu em sua face. Enzzo saiu saltitando do cômodo, pois desde que começou a
entender as coisas, tive que contar toda verdade e para minha surpresa, desde
aquele dia, todas as manhãs ele sempre ao acordar vem até o meu quarto já
pronto para o seu treinamento. Em passos firmes, andei em direção ao banheiro,
no entanto, as lembranças de anos atrás surgiram em meus pensamentos.
"Eu jurei, no túmulo do meu irmão, que Enzzo teria tudo que lhe foi roubado, não
importa o tempo que leve para isso acontecer, aquele que todos deram como
morto vai renascer, assim como uma fênix, porém desta vez, Omar vai acertar as
contas com o monstro Renascido".
Capítulo 04

Durrês – Albânia
Alguns anos depois...

OMAR

NEGO DISPOR DE PACIENCIA com esses malditos médicos.


Quando acordei atordoado ao ouvir os gritos de Isabella, meus olhos foram de
encontro à mancha avermelhada no tecido da cama, a mulher se contorcia em
meio à dor e no impulso me levantei da cama e minutos depois já estávamos indo
para o hospital. Quando chegamos ao lugar, toda uma equipe médica já estava
nos aguardando, porém antes que o médico responsável desaparecesse do meu
campo de visão, fiz questão de lembrar Ao homem que não importava o que
acontecesse dentro da sala, a prioridade era salvar somente a vida de uma das
crianças "o meu filho."
Os segundos e minutos se passaram e, já faz quase uma hora que ando de um
lado para o outro. Estou prestes a fazer um buraco no meio dessa sala e, até
agora aquela inútil ainda não trouxe ao mundo o meu primogênito.
Assim como aquela velha profetizou, eu Omar Petrovci, tornei-me o soberano da
máfia ALBANESA. Tudo saiu como eu planejei e para todos tudo não passou de
um plano diabólico dos nossos inimigos, afinal de contas, quem iria levantar
suspeita de um homem como eu que sempre coloquei os interesses da
organização a cima de tudo, que sempre estive ao lado do temido Vitor
Demisovski.
Depois que fui envolvido pela escuridão, quando recuperei os sentidos, já me
encontrava na cama de um hospital, meia dúzia dos conselheiros que estavam na
mansão sobreviveram, assim como alguns soldados também e após passar por
alguns exames, foi constatado que haviam ingerido uma substância responsável
por terem perdido os sentidos, como já havia eliminado todo o pessoal
responsável pela cozinha e manipulação de tudo que era servido a todos da casa,
eles chegaram à conclusão que foi queima de arquivo.
Como só o corpo de Vitor e da vadia foram encontrados, para aumentar a minha
raiva, o desgraçado do Malaquias resolveu reunir todo o nosso pessoal e iniciar
uma buscar por Enzzo, já que ele não havia sido encontrado na mansão. Os
meses se passaram e como ninguém entrou em contato para um possível
resgaste do monstrinho, ele foi dado como morto, o que deixou todos, exceto eu,
totalmente desorientados ao cogitarem que os malditos pudessem ter feito uma
monstruosidade tão grande a uma criança, pois embora Vitor fosse considerado
um demônio em forma humana, desde o legado do seu pai, sempre deixaram
claro que mulheres e crianças não eram alvos na organização, deviam ser
preservados.
“Era só o que me faltava, mafiosos sanguinários dando uma de bons
samaritanos.”
Com a certeza da morte do fedelho, acabei sendo escolhido para ser o novo
chefe, já que durante as buscas por Enzzo, fiz questão de estar à frente de tudo,
mostrando a todos o quanto desejava encontrá-lo, algo que jamais iria acontecer.
Depois que saí do hospital, tratei de me certificar que aquele infeliz estava morto.
Sabendo do lugar onde ele deveria sacrificar aquela maldita criança, fui até lá e
encontrei o que sobrou do veículo e dentro dele o corpo carbonizado do infeliz,
meus olhos passearam em volta do lugar até que avistei um pedaço de pano, dei
algumas passadas e era o mesmo tecido que estava em volta do corpo daquela
criança naquela noite, porém estava todo envolvido por machas vermelhas e tudo
indicava que era sangue.
Certamente algum animal tinha devorado o corpo do pestinha após o idiota ter o
eliminado. Os cantos da minha boca se contorceram e um sorriso vitorioso surgiu
em minha face.
Anos após de ter deixado tudo como sempre desejei, havia chegado o momento
de construir uma família e providenciar um herdeiro.
Meses depois aconteceu o meu casamento com Isabella, e depois de anos de
espera veio à notícia da sua gravidez. Ela ficou radiante quando soube que eram
gêmeos, no entanto, ao saber o sexo das crianças, que era um menino e uma
menina, tudo que me interessou foi saber que uma delas seria um menino, o meu
primogênito, aquele que dará continuidade ao meu legado.
Deixo os devaneios de lado assim que vejo o homem, que tanto estava esperando
vindo em minha direção. Senti meu coração bater mais forte, um largo sorriso
surgiu em meu rosto, no entanto assim que ele parou em minha frente e ao ver
sua expressão me manifestei.
— Sem rodeios.
— Senhor, eu sinto muito — ele fez uma pequena pausa, porém os meus
batimentos ficam mais intensos parecendo tambores.
— Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, no entanto, uma das crianças já
estava sem vida. Sua esposa está arrasa...
Nem deixei que ele terminasse de falar.
— Isso logo passará, agora preciso ver o meu filho — as feições do homem logo
mudaram, porém as palavras que foram proferidas por ele em seguida caíram
como um soco no meu estômago, minha respiração ficou pesada e a única
palavra que resume tudo que estava sentindo era "Ódio".
— A criança que sobreviveu é uma menina.

Dias atuais...
HULK
Parece que foi ontem que peguei em meus braços aquele menino, que teve a sua
vida quase interrompida pela ambição daquele traidor.
Quando cheguei com Enzzo, Yolanda, ao ouvir os gritos do menino que pareciam
não ter fim, logo surgiu no meu campo de visão, antes que eu contasse tudo que
havia acontecido, ela tratou de cuidar dele, pois disse que aqueles gritos eram de
fome. Minutos depois, o silêncio se fez presente, e depois que contei tudo que
havia acontecido deixando a mulher estarrecida, ela disse que cuidaria dele assim
como fez comigo.
Confesso que foi mais difícil do que pensei a morte de Vitor, a responsabilidade
por uma criança, quando tudo que tinha feito nos últimos anos era eliminar
aqueles que cruzavam o caminho do meu irmão ou está enfiado no meio das
pernas de algumas das mulheres daquele bordel, que segundo Yolanda, ainda
será minha perdição. Venho acompanhando desde então, tudo que vem sendo
divulgado sobre Omar Petrovci, que se tornou temido e exaltado, um mafioso para
aqueles que fazem parte da sua organização e para os demais um empresário
respeitado que vive fazendo caridade aos necessitados.
O desgraçado conseguiu tudo que sempre almejou, poder, a esposa dedicada,
porém o que sempre me deixou curioso é o fato de jamais ter visto uma foto da
sua filha, já que tanto ele como a esposa, sempre tem a imagem divulgada em
vários jornais e revistas. Sei que um dos filhos acabou morrendo antes mesmo de
nascer e até onde tenho conhecimento, ele só tem uma única herdeira, aquela
que todos chamam de princesa da máfia.
Os anos se passaram e aquele bebê que pela aparência era tão frágil, mas foi um
guerreiro ao ser o único membro da sua família a ter sobrevivido, se tornou um
homem, se empenhou dia e noite, a cada ano e por mais que eu falasse que ele
ainda não estava pronto, ele se esforçava mais.
Enzzo dedicou a maior parte do seu tempo ao treinamento. Seu corpo, com o
passar do tempo foi se modificando, assim como sua aparência, os olhos azuis no
fundo tinham algo tenebroso, pois a sede de vingança e justiça era sua maior
motivação.
Yolanda praticamente surtou quando o menino fez 15 anos e eu o levei até o
bordel, sendo um Demisovski, eu não esperava menos dele, pois o garoto que
naquele dia se tornou um homem, assim como eu, ficou viciado naquele lugar, ao
ponto das mulheres o chamarem de o monstruoso, pois segundo elas, ele era
grande em todos os sentidos. O som da voz dele interrompeu meus pensamentos.
— Hulk!
— Achei que você estava lá fora.
— Meu treinamento chegou ao fim.
— Tínhamos combinado em esperar mais um pouco.
— Aquele infeliz já usufruiu por tempo demais de tudo que é meu, chegou o
momento de planejamos a queda de Omar Petrovci, e o retorno de Enzzo
Demisovski. Ele destruiu a minha família, agora será a minha vez. Com sangue
ele iniciou o seu legado e com sangue ele chegará ao fim.
Capítulo 05

Tirana – Albânia

ENZZO

AOS PRIMEIROS ALVORES, DESPERTO DE IMEDIATO,


sentindo a cabeça latejando, meus olhos passeiam em volta do lugar. O cômodo
está impregnado de um cheiro úmido e penetrante de sexo, desvio minha atenção
para as duas mulheres que dormiam feito pedras, uma de cada lado da cama.
Meu pau dá sinal de vida quando as lembranças da noite anterior passam por
minha mente. Depois de dias planejando juntamente com Hulk, como faríamos
para nos aproximar dos Petrovci, ele resolveu comemorar o seu aniversário no
lugar que passou a ser como a sua segunda casa. Após várias rodadas de
bebidas, enquanto ele se ocupou com Samantha, tratei de vir fazer aquilo que se
tornou a minha melhor distração.
Quando chegamos ao ambiente, enquanto joguei os preservativos que estavam
dentro do meu bolso em cima da cama, as duas mulheres, em questão de
minutos já estavam despidas e prontas para iniciar o nosso show particular. Uma
delas logo se aproximou e enquanto tratava de retirar minhas calças, Raquel
lentamente andou em minha direção, parecia uma tigresa pronta para devorar sua
presa. Deixei que elas fizessem o serviço e logo me vi totalmente despido, minha
atenção voltou-se para uma delas que segurou o meu pau com uma de suas
mãos.
— Estava louca para ter o monstruoso em minhas mãos. Todas desde que
cheguei nesse lugar só falam o quanto ele era tão grande e grosso — embora
tudo que eu queria era me satisfazer e nada mais, não poderia negar que o jeito
como a desconhecida olhava com admiração para o meu pau, mordendo os lábios
tentando se controlar para não enfiá-lo logo em sua boca, que estava salivando
em antecipação, só me deixou ainda mais excitado e uma onda de calor invadiu o
meu corpo. Segurando firme o meu membro, ela começou a acariciá-lo e a
sensação que eu tinha era que ele tinha chegado ao seu tamanho real ao estar
totalmente ereto e pronto para iniciar a diversão.
Um gemido de prazer saiu entre meus lábios quando a safada abriu a boca e a
conduziu até a cabeça saliente do meu membro, que latejava me causando um
desconforto insuportável. Ela começou a chupar e lamber percorrendo com a
língua as veias grossas do meu cacete, que suplicava por atenção, enquanto
Raquel se abaixou e abocanhou meus testículos que estavam cheios de porra.
Recebendo um boquete duplo que só deixou meu corpo em chamas, assumi o
controle da situação e nos minutos seguintes já estava com as duas mulheres em
cima da cama, a morena que era novata na casa, tinha além de um corpo perfeito,
uma boca aveludada que me levou de vez ao inferno, as sensações que senti ao
ter seus lábios carnudos deslizando pela longa extensão do meu membro, foram
indescritíveis. A mulher embora fosse nova, sem dúvida foi feita para proporcionar
prazer a um homem e hoje ela seria a minha refeição, só deixaria as duas livres
quando me desse por satisfeito.
Deixo os pensamentos de lado e com a camisinha já colocada em meu pênis,
levei minha boca em direção aos mamilos da mulher mais nova enquanto com a
mão direita movi até o sexo úmido de Raquel, que já estava com as pernas
escancaradas, doida para ter os meus dedos enterrados dentro da sua boceta.
Sem aviso prévio, enfiei dois dedos dentro da sua vagina e gemidos
desesperados saíram entre seus lábios no mesmo instante que a minha boca
alcançou um dos seios da outra e comecei a chupar suas tetas como uma criança
faminta, sugando, mordiscando, fazendo a vadia ofegar soltando gemidos
ensurdecedores.
Enquanto Raquel se contorcia ao ter sua vagina engolindo os meus dedos, que a
penetrava cada vez mais fundo, posicionei meu pau enorme na entrada da
vagina da sua companheira e sem delongas fui enfiando meu cacete e um longo
urro saiu rasgando a sua garganta ao receber toda longa extensão dentro da sua
boceta gulosa. Levantei a cabeça e lágrimas desciam pelo seu rosto e aquilo só
me deixou com mais tensão. Movendo meu pênis num vaivém alucinante,
aumentando o ritmo dando estocadas fortes, enquanto enfiava mais um dedo
dentro da outra, fazendo movimentos ritmados dentro do seu sexo, a fazendo
suplicar para que eles fossem substituídos pelo meu pau. A mais nova logo pegou
o ritmo e começou a remexer os quadris tentando acompanhar o ritmo dos meus
movimentos, abrindo as pernas ao máximo para as estocadas brutas do meu
pênis rígido contra a sua vagina.
Tirei meu pênis de dentro dela e o substituir pelos meus dedos enquanto
arremetia com toda força dentro de Raquel, levando a safada ao limite. A fodendo
com força, penetrando-a como se estivesse possuído. Passei longos minutos
revezando entre elas, usando os meus dedos habilidosos e meu membro
incansável. Numa invertida de posições, meu corpo ficou sobre a cocha macia da
cama e a mulher mais nova subiu em cima de mim e mesmo com dificuldade
começou a cavalgar no meu cacete, me fazendo soltar rugidos primitivos, onde
comecei a me mover inteiramente por instinto.
Sou tirado das minhas lembranças quando ouço a voz rouca de Hulk, seguida de
fortes batidas na porta.
— Enzzo! Vamos!
Ignorando o latejar no meu pau, e contra minha vontade que era de novamente
me perder no meio das pernas das duas mulheres. Levantei-me e meus olhos
passearam pelo chão identificando as minhas roupas.
— Não acredito que ele veio me chamar justamente agora.
Minhas feições logo mudaram e a raiva me dominou, minutos depois já vestido,
andei em direção a porta e assim que a abri, um sorriso irônico estava visível no
rosto dele.
— Viu como é ruim ser acordado? Passei longos anos nessa situação e sabia que
algum dia seria a minha vez. Agora vamos, se você pretende acabar com o
inimigo, precisa primeiro estudar de perto o território dele.
Em passos precisos caminhamos pelo longo corredor, não podia negar que ele
tinha toda razão, preciso focar naquilo que venho esperando por tantos anos e
antes de qualquer coisa, preciso ir para Durrês.

Enquanto isso em Durrês...


HELENA
— Não! Não! Por favor!
Um grito abafado e seco ecoou pelo quarto quando eu acordei assustada e
suando frio. Sentia meu coração acelerado, as lágrimas grossas começaram a
cair pelo meu rosto. Demorou um instante para eu entender que foi mais um
pesadelo, pois ainda estava sentindo aquela sensação ruim por alguns minutos.
Fiquei perdida em meus pensamentos até ouvir a voz da minha mãe, que entrou
atordoada no cômodo.
— Já passou minha princesa.
Ela acabou com a pequena distância entre nós e ao ficar a centímetros de
distância, me envolveu em um forte abraço. Naquele momento, era tudo que eu
estava precisando, minutos depois, quando ela viu que eu já estava mais calma,
me fez encará-la e em seguida ouvi novamente a sua voz.
— Eu te amo mais do que tudo nesta vida, e me perdoe por não ser a mãe que
você tanto precisa.
Olhei para mulher a minha frente, que assim como eu estava minutos atrás, se
entregou as lágrimas. E ao contrário do que ela pensa, foi somente o seu amor o
responsável por eu me manter viva depois de tudo que vem acontecendo, por ter
que suportar toda a dor, que não só vem marcando o meu corpo, bem como a
minha alma. Dessa vez fiz o mesmo gesto que ela havia feito comigo minutos
atrás, segurando no seu queixo, fazendo sua atenção ser direcionada para mim.
— Eu também te amo. Você é tudo que tenho de mais precioso e é o seu amor,
somente ele, a razão de não perder a esperança que tudo isso, um dia terá um
fim.
Um sorriso largo surgiu em sua face, alegrando o meu coração. Ela moveu uma
de suas mãos até o bolso do seu casaco e logo após tirou algo e estendeu o
objeto em minha direção.
— Feliz aniversário, minha vida.
Novamente ela me deu outro abraço. No entanto, lembrar que hoje eu estava
completando 18 anos, fez uma sensação ruim apodera-se de todo o meu ser
como nunca havia sentido antes.
Capítulo 06

Durrês – Albânia

HELENA

ANTES DE DEIXAR O MEU QUARTO, a minha mãe, disse que


estaria me aguardando para o café da manhã. Para muitas garotas, hoje seria
motivo de muita felicidade, ter o tão sonhado 18 anos. Mas para mim, só me faz
lembrar tudo que venho passando durante todos os anos da minha existência.
Levantei-me e andei na direção da porta que dava acesso ao banheiro. Segundos
depois, entrei no cômodo, dei alguns passos e me detive ao ficar próximo ao
espelho, lentamente movi as mãos em direção a minha camisola e levanto a peça
pelo meu corpo, passando pela minha cabeça e por último a segurando em uma
das minhas mãos. Meu olhar ficou fixo no espelho a minha frente, virei um pouco
de lado e tudo que conseguia sentir ao olhar para o meu reflexo se resumia em
uma única palavra: nojo.
As lágrimas desceram pelo meu rosto sem a minha permissão, a imagem do
homem que se tornou o meu carrasco e o meu maior tormento, surgiu em minha
frente, e com ela as lembranças terríveis que vem destruindo não só o meu corpo
como a minha alma. Omar Petrovci, aquele que é considerado por todos como um
empresário renomado, marido e pai dedicado, muito respeitado e temido por
aqueles que conhecem sua verdadeira face. O homem que por trás do empresário
é na verdade o chefe de uma das maiores organização criminosa de todos os
tempos, colocando mulheres e crianças indiscriminadamente, como alvo de sua
ambição em ter o poder absoluto.
Eu passei toda infância desejando receber somente um único gesto de carinho da
parte do homem que me deu a vida. Quando criança, não entendia o motivo
daqueles olhos tenebrosos ficarem faiscando quando eram direcionados a mim.
De início, a minha mãe dizia que tudo iria passar, que meu pai só estava sofrendo
ainda pela morte do meu irmão. Mas, o tempo passou e seu ódio ao estar em
minha presença só aumentava. Primeiro vieram às agressões verbais, mas, à
medida que fui crescendo, era como se isso só o deixasse mais enfurecido, pois a
minha mãe engravidou novamente e meses depois teve outra complicação e
como consequência um aborto . Aquilo foi o estopim para despertar a fúria do
animal selvagem que habitava dentro dele.
E as palavras foram substituídas por algo mais doloroso. A pessoa que eu mais
amo na vida, no princípio sofreu as consequências daquele ódio descomunal, pois
sempre se colocava em minha frente e se tornava o alvo das atrocidades do
homem que deveria ser um protetor, aquele de quem eu só queria o amor. Eu
cansei de ouvir os gritos dela, de ver que o brilho do seu olhar, que sempre
aqueceu meu coração, estava desaparecendo, se eu era o motivo de tanta
tristeza, se fui a responsável pela morte do meu irmão, era eu quem deveria
enfrentar a fúria do demônio que tenho por pai.
Cada estalar do seu cinto, não só deixou muitas marcas em minha pele. Ele não
só me marcou como a um animal, mas cada ato seu, só fez aquela criança deixar
os sonhos de lado e aceitar o seu destino. Foi somente a força do amor da minha
mãe a razão de não desistir de lutar para me manter viva. Eu não posso deixar ela
a mercê da fúria dele, enquanto eu estiver aqui, eu sei que seu ódio estará
sempre direcionado para mim e de alguma forma, eu estarei evitando que ele
possa descontar sua raiva nela.
Vocês devem está se perguntando o porquê de não gritar para todos quem é o
monstro que eles consideram um anjo. Ele sempre me privou do convívio com as
pessoas, tive aulas em casa e a maior distância que me era permitida ir, era o
jardim da nossa própria casa. Sempre dizia a todos que não estou bem de saúde
e as poucas pessoas que me viram desde o meu nascimento, foram os membros
do conselho e até me chamam de princesinha da máfia. Algo que ele odeia, mas
tenta disfarçar perante todos.
Deixo meus pensamentos de lado e caminho em direção ao box. Meia hora
depois, desliguei o chuveiro e caminhei até a pia, após escovar os dentes, fui até
o meu closet. Já arrumada andei em direção à porta, deixando o quarto e
atravessando o enorme corredor que dava acesso ao primeiro andar. Desde
criança que sempre sinto calafrios ao andar pelos corredores do segundo andar.
Minha mãe disse que, antes a família do falecido chefe da máfia morava aqui e
foram brutalmente assassinados, após a invasão dos seus inimigos.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouço a voz da minha mãe.
— Vamos filha!
Depois de descer os últimos degraus, ela segurou em umas das minhas mãos e
seguimos até a sala. Alguns instantes depois, já acomodadas, começamos a
comer, como era de costume, Omar Petrovci dificilmente se sentava a mesa
quando eu estava. Ficamos tão distraídas conversando, que não notei a
aproximação dele, até que sua voz potente ecoou no cômodo, fazendo um calafrio
percorrer por todo o meu corpo.
— Bom dia!
Levantei a cabeça e fiquei atordoada ao vê-lo com um largo sorriso no rosto. No
entanto, em se tratando do homem implacável que estava a minha frente, eu não
podia esperar nada de bom e ao ouvir as palavras que foram ditas por ele, um nó
se formou em minha garganta, meu sangue gelou no mesmo instante em que
meu coração começou a bater descontrolado. Só aí entendi o motivo da sua
felicidade.
— Agora que completou 18 anos, chegou o momento de aceitar a proposta de
Gustavo Albrantes, pois seu casamento com aquele idiota me trará bons lucros.
Antes que eu cogitasse em processar o que estava acontecendo, a voz da minha
mãe preencheu o cômodo.
— Você só pode estar brincando. Aquele homem tem idade para ser o pai dela.
Como você pode querer a união da nossa filha com aquele homem pervertido? —
As feições dele logo mudaram, seus olhos sombrios estavam faiscando de ódio e
novamente a voz firme dele se fez presente.
— Eu jamais brinco querida esposa, deveria saber disso, no entanto, até que fim,
essa infeliz me terá alguma serventia. Farei de tudo para que esse casamento
aconteça o quanto antes, e, amanhã mesmo será oferecido um jantar para
oficializar perante os membros do conselho o noivado.
As palavras proferidas por ele caíram como um soco no meu estômago. Quando
achei que Omar não pudesse me atingir mais do que vem fazendo ao longo dos
anos, sua atitude só demostrar o quanto o seu ódio por mim não tem limites.

Enquanto isso, não muito longe dali...


ENZZO
— Quando você pretende ir para Durrês?
— Vou hoje à noite.
— Achei que ia esperar mais alguns dias. Você precisar tomar bastante cuidado.
— Ao contrário daquele infeliz, eu tenho a vantagem em saber onde encontrá-lo e
conheço o seu rosto. Eu tinha cogitado em ir somente daqui alguns dias, mas algo
me diz que preciso ir hoje mesmo. Não sei o que me aguarda naquele lugar, mas
é como se um ímã me puxasse naquela direção.
"Omar Petrovci, em breve terá o fim que ele merece."
Capítulo 07

Durrês – Albânia

ISABELLA

QUANDO VOCÊ É CRIANÇA, TUDO PARECE PERFEITO,


mas ao se tornar adulta, você começa ver tudo ao seu redor de forma
completamente diferente. Para nós mulheres, que crescemos dentro desse
mundo chamado máfia, cada dia se torna um verdadeiro desafio. Queria poder ter
feito as minhas próprias escolhas, mas não me foi permitido e assim como muitas
em nosso meio, o meu casamento aconteceu somente pela vontade do meu pai e,
do homem que se tornou o meu maior desespero.
Depois da maior perda da minha vida, eu conheci muito mais que a dor que tomou
conta da minha alma. O meu corpo se tornou a única forma que tinha para
defender a pessoa que mais amo na vida. Mas, com o passar do tempo, aquilo
era muito pouco para ele, e a minha joia preciosa se tornou o seu maior alvo.
Omar Petrovci é o ser mais diabólico que conheci em toda a minha vida, a própria
encarnação do mal em forma humana, onde seu maior objetivo é o poder.
Cada golpe desferido, cada marca que ele deixou na pele da minha filha, só fazia
o meu coração sangrar por dentro. Uma dor que está me destruindo e por mais
que tudo pareça difícil, eu não posso permitir que Helena continue a mercê da
crueldade desse monstro.
Depois que o infeliz deixou o ambiente com um largo sorriso no rosto, minha
atenção se voltou para minha filha que estava petrificada e com o rosto banhado
em lágrimas. Aquilo foi o estopim para que eu deixasse o medo de lado e decidir
fazer até o impossível para que ela saia das garras desse mafioso encapetado.
Levantei-me e andei em sua direção, ao ficar em sua frente, segurei uma de suas
mãos que estava gelada e trêmula.
— Vamos para o seu quarto, tenho algo que preciso falar com você.
Helena, se levantou, no entanto parecia está totalmente desorientada após ouvir
as palavras que foram ditas pelo infeliz, que jamais deve ser chamado de pai.

Algum tempo depois...


Não foi fácil a conversa que tivemos. Eu sabia que ela seria contra, mas essa era
a única forma de vê-la longe de tudo isso. Depois de muitos argumentos e
prometer a ela que em breve estaríamos juntas, enfim ela acabou aceitando.
Agora, tudo que faltava era colocar o meu plano em ação.
Fui para o meu quarto e ao entrar no cômodo, andei até o meu closet e procurei
por entre as roupas, a pequena caixa que tinha escondido e que continha as joias
que eram da minha mãe. Omar jamais soube da existência delas e por várias
vezes cogitei em usá-las para ir embora, mas seria suicídio fugir com uma
criança, colocando a vida da minha filha em perigo, no entanto, dois meses atrás,
com a morte do meu pai, Thadeu retornou para Durrês e no único momento que
consegui lhe falar, ele me disse que se precisasse de qualquer coisa estaria a
minha disposição, acabou por me dar o seu número, o qual tratei de adicionar.
Mesmo sabendo que tinha alguém com quem poderia contar, isso não seria
suficiente, pois sair dessa gaiola de ouro que é uma verdadeira fortaleza, era algo
impossível, porém, três dias atrás, quando aconteceu a reunião do conselho, sem
querer acabei ouvindo uma discussão, algo que era normal, mas quando ia subir
os degraus da escada, as palavras que ouvi chamou a minha atenção.
Novamente após tantos anos a morte de Vitor foi motivo de pauta entre os
conselheiros e um deles disse que até hoje não conseguia entender o motivo de
Helen não ter saído pela passagem secreta que ficava no quarto onde foi
encontrada morta, já que ela havia sido feita exatamente para garantir a proteção
do herdeiro da máfia e somente ela, Vitor e alguns conselheiros tinham
conhecimento da origem do lugar.
Subi cautelosamente a longa escada para que ninguém pudesse ouvir os meus
passos, segui para o quarto que nunca foi utilizado e que sempre me deu calafrios
ao passar perto desse lugar. Depois de algumas passadas, parei em frente a
porta e movida pela minha curiosidade entrei no cômodo, a princípio parecia algo
normal, como qualquer outro cômodo da casa. Meus olhos analisaram todo o
lugar e não vi nada de diferente. Com passos vacilantes, caminhei até uma das
portas que indicava ser um banheiro, quando entrei no cômodo, era um pequeno
closet, olhei em volta do lugar e novamente não vi nada de diferente e quando ia
deixar o ambiente, meus olhos foram de encontro ao chão e foi nesse exatamente
momento que descobri o lugar que poderia ser o passaporte para liberdade, pelo
menos, da minha filha.
Eu acabei por confirmar que o lugar dava acesso para fora da mansão. Não disse
nada a Helena, pois precisava planejar tudo cautelosamente, mas diante dos
últimos acontecimentos, eu não posso permitir que esse casamento aconteça,
ainda mais sabendo que aquele demônio é tão cruel quanto o homem que, em
vez de ser um marido e um pai, não passar de um maldito carrasco.

HELENA
Depois das palavras que foram ditas na sala, eu só consegui sair do estado de
devaneio em que me encontrava, quando chegamos ao meu quarto e minha mãe
começou a falar. Ouvir as palavras que foram proferidas por ela, me deixou em
total alerta, eu jamais iria cogitar em deixá-la, porém ela estava decidida e depois
de minutos conversando, algo me deixou aliviada quando ela me garantiu que
aquele monstro tinha por objetivo maior a sede pelo poder. O único propósito em
Omar querer o meu casamento com aquele homem pervertido, é simplesmente
para ter o seu apoio para que seu próximo passo tenha êxito total, chegar ao
senado e futuramente se tornar o presidente da Albânia. Dessa forma, a
organização liderada por ele dominará todo o território, vai se intensificar ainda
mais em outros países e tudo que ele sempre quis estará bem próximo de se
concretizar. Minha mãe disse que em consequência disso, ele que sempre viveu
pelas aparências, por mais que esteja possuído pela raiva, não vai tocar em um
só fio de cabelo dela, já que vai precisar da esposa para exibir perante todos nas
diversas reuniões que terá pela frente.
Enquanto isso, ela dará um jeito de ir ao meu encontro. Seu amigo fará de tudo
para me tirar do país e antes que deem por minha falta, já estarei bem longe. Ela
deixou o meu quarto e ao anoitecer, eu irei embora do lugar que por anos vem
sendo o cenário onde, Omar Petrovci, mostra sua verdadeira face, “o lobo em
pele de cordeiro”.

Muito tempo depois...


Tudo estava conspirando ao nosso favor. Omar deixou a mansão há quase uma
hora, minha mãe disse que o fato dessa data o lembrar de que o seu filho tão
amado não estar entre nós, foi o motivo de mais uma de suas saídas repentinas
durante a noite. Embora eu tenha acabado de completar 18 anos, eu sei que o
motivo das suas saídas são outros e mesmo tentando disfarçar, acredito que ela
tenha conhecimento da infidelidade dele.
Jantamos como de costume, sozinhas, para que não levantasse suspeitas.
Thadeu já tinha providenciado documentos falsos, para que eu pudesse deixar o
país e estaria no local combinado daqui a alguns minutos. Então uma corrida
contra o tempo havia sido iniciada, ela me entregou as joias que pertenceram a
minha avó e uma pequena mochila que já estava no quarto onde havia a
passagem secreta, que me levaria para fora desse lugar, deixei o meu quarto indo
ao seu encontro.
Quando entrei no cômodo, seus olhos estavam cheios de lágrimas.
— Eu não quero ir — falei.
Ela acabou com a distância que nos separava e segurou as minhas mãos, em
seguida disse.
— Eu não vou aguentar mais ver você continuar passando por tanto sofrimento.
Sua permanência aqui, não significa que ficaremos juntas, pois ele fará de tudo
para que esse casamento aconteça o mais rápido possível. Prefiro te ver longe e
segura a ter que ver você sob os domínios daquele outro infeliz.
As lágrimas surgiram sem a minha permissão, ela me deu em seguida um forte
abraço.
— Eu a amo mais do que tudo nessa vida, e prometo que em breve estaremos
juntas novamente.
— Eu também te amo.
Ficamos alguns minutos abraçadas e logo depois andei até o pequeno cômodo
que tinha no chão uma porta que dava acesso a passagem secreta. Com a
lanterna em mãos, peguei a mochila, respirei fundo e comecei a descer os
degraus, instantes depois, segui caminhando pelo estreito corredor. Aumentei o
ritmo das minhas passadas ao ver as horas no relógio em meu pulso e depois de
quase uns quinze minutos, parei novamente ao ver outra escada, comecei a subir
os degraus e empurrei o tampão de ferro, porém ele não saía do lugar.
Desesperada, comecei a empurrar com mais força e parecia que estava preso,
quando já estava desistindo, ouvi um barulho e o objeto foi se afastando. Suspirei
aliviada ao ver o homem a minha frente, ele me ajudou a sair do buraco e depois
de algumas passadas já estava próxima ao veículo.
Quando perguntei a minha mãe se ela confiava nele, ela acabou me contando que
Thadeu era filho de um dos funcionários do meu avô. Os olhos dela brilharam ao
falar o nome dele e mesmo não dizendo com todas as letras, eu sei que ela sente
algo por ele e pelo visto, ele também. Deixei os pensamentos de lado assim que
escuto a voz dele.
— Você vai no banco de trás.
Adentrei o veículo e segundos depois ele entrou em movimento. Os minutos se
passaram e meus pensamentos estavam direcionados para minha mãe, no
entanto eles foram interrompidos quando ouvi a voz de Thadeu, em seguida um
forte clarão.
— Meu Deus!
Um estrondo terrível ecoou no espaço. Senti o meu corpo se curvando para frente
devido ao forte impacto. O homem no banco da frente tentava controlar o veículo,
mas o caminhão a nossa frente estava totalmente desgovernado nos empurrando
para fora da estrada. E no momento seguinte tudo que lembro foi de tudo girando
e girando à medida que o carro ia rolando ribanceira abaixo. Senti uma forte
pontada na minha cabeça e uma escuridão sem fim tomar conta de mim.
Capítulo 08

Durrês – Albânia

OMAR

DEPOIS DE ANOS TENDO QUE SUPORTAR AQUELA


INFELIZ, até que fim sua existência me terá alguma serventia.
Eu jurei perante o túmulo do meu filho amado, que ela pagaria pelo resto da sua
vida por ter sobrevivido no lugar dele. A cada dia, mês e ano que se passavam, só
aumentava a minha raiva por ela. Saber que ela poderia desfrutar de tudo aquilo
que cogitei para o meu primogênito, só fez com que um ódio descomunal tomasse
conta de todo o meu ser e a cada estalar do meu cinto contra sua pele, só fazia o
meu corpo todo vibrar, tamanho era o prazer em ver as lágrimas descendo por
sua face e suas costas ganhando as marcas que ela levaria por toda vida.
Quando soube que Gustavo Albrantes, estava procurando uma futura esposa,
meus pensamentos foram direcionados para aquela semente do mal, que foi
responsável pela morte da única pessoa que amei na vida. Depois de mostrar a
foto de Helena, ele ficou totalmente fascinado e mesmo odiando a desgraçada
com todas as minhas forças, eu tinha que reconhecer que era dona de uma
beleza estonteante. Mesmo depois de tudo que tenho feito contra ela, o
sofrimento não foi capaz de apagar o brilho intenso em seus olhos.
Gustavo deseja mais do que tudo um herdeiro, isso é algo que me agradou muito,
pois além de unir o útil ao agradável e ter o apoio dele para chegar ao senado, um
filho me daria futuramente o controle sobre toda fortuna do infeliz, ao acabar com
sua vida e deixar Helena novamente sob meus domínios. Dessa forma, terei
aquele que dará continuidade ao meu legado. Entretanto, eu só concordei com
essa união porque sei o quanto ele é sádico e dará a ela o mesmo tratamento que
venho infringindo-a há anos.
Deixei a mansão e segui para o único local que por anos se tornou o meu maior
refúgio. O lugar onde posso saciar todos os meus desejos sórdidos e ficar na
presença daquela que é capaz de me proporcionar um êxtase total, coisa que a
infeliz da Isabella nunca foi capaz, no entanto além de ter ganhado a simpatia dos
membros do conselho, eu ainda preciso dela para exibir perante todos, a mulher
perfeita e que tanto os encantou por sua simplicidade.
"Mas assim que conseguir tudo que tenho em mente, tanto ela como aquela
infeliz, serão enviadas ao inferno."
ENZZO
Depois que me despedi de Yolanda e Hulk, com passadas firmes, segui em
direção ao meu carro. Precisava observar o território de perto e saber mais sobre
o infeliz e sua família, que em breve serão o alvo a ser eliminado. Uns quarenta
minutos depois cheguei até a cabana que havia sido presente do meu pai ao meu
tio, pois sabendo que ele gostava de se manter isolado, essa era a única forma
para tê-lo um pouco mais perto quando vinha a Durrês.
Estaciono o meu carro e logo em seguida adentro o lugar. Pela arrumação do
ambiente, eu sabia que tinha o toque da velha Yolanda, já que o meu tio nunca
deu muito valor ao luxo e mesmo tentando me transformar na sua cópia em
miniatura, Yolanda sempre o repreendia. Como ela mesma sempre dizia, o
herdeiro dos Demosovski e o verdadeiro chefe da máfia Albanesa, poderia passar
por todos os treinamentos que ele iria me infringir, mais da minha educação ela
seria a responsável.
Deixei as lembranças de lado e fui até a cama. Tratei de imediato de trocar a
cocha da cama, pois conhecendo bem o meu tio, de certo da última vez que veio
a esse lugar deve ter feito sua festinha particular. Com tudo já organizado. Tomei
um banho e resolvi me deitar, pois amanhã daria início ao próximo passo do meu
plano. Preciso estudar o território antes de agir, poderia matar aquele infeliz. Sim!
Mas aquele maldito traidor, que não só usurpou o lugar do meu pai, mas deu
aquela infeliz que chamam de princesinha da máfia, todo conforto e luxo que eram
meus por direito. Todos eles terão que pagar por tudo o que os meus pais
sofreram, enquanto a maldita cresceu ao lado dos pais, tendo uma família perfeita
e admirada por todos, me foi negado o direito de viver com aqueles que tanto me
amavam.
Fechei os meus olhos na intenção de dormir um pouco, no entanto uma sensação
de mal-estar tomou conta de mim. Comecei a me rolar de um lado para o outro da
cama, mas o sono não vinha. Meus olhos foram de encontro ao relógio em meu
pulso e já era quase oito horas da noite, vendo que de nada adiantaria continuar
deitado, me levantei e com a minha arma em mãos, andei até a porta. Instante
depois já estava dentro do meu veículo.
Resolvi dar uma volta e pelo horário seria ideal para observar, mesmo que a certa
distância, um pouco da movimentação da minha mansão que se tornou o lar
daquele desgraçado. Com os olhos fixos na entrada, novamente a mesma
sensação tomou conta de mim, era como se algo me puxasse naquela direção e
quando dei por mim, ouvi um forte estrondo e um caminhão juntamente com um
pequeno veículo rolando ribanceira abaixo. Parei o meu carro e quando saí do
automóvel, outro estrondo muito pior ecoou no espaço e um forte clarão surgiu
com a explosão do caminhão. Olhei para outra direção e o carro que havia sido
jogado para o outro lado, certamente teria o mesmo final, por mais que eu
soubesse que a qualquer momento as chamas poderiam tomar conta do
automóvel, era algo muito mais forte do que eu, ignorando todos os ricos, fui ao
encontro do veículo e quando me aproximei, o som que ouvi fez todo o meu corpo
vibrar como nunca havia sentido em toda a minha vida.
Era como se a voz de um anjo estivesse me chamando e naquele momento a
minha única reação foi o de ir ao encontro daquela voz misteriosa. Acabei com a
distância que me separava do carro que estava praticamente destruído. Olhei
para o banco da frente onde havia um homem com o rosto todo ensanguentado,
depois de alguns segundos, tive a constatação que ele já estava sem vida, meu
olhar ficou fixo na imagem do banco de trás, embora os cabelos estivessem em
volta do rosto, dava para identificar que era uma mulher, porém estava com as
mãos firmes segurando uma pequena mochila. Consegui abrir uma das portas e
ao ver que, mesmo desacordada, ela ainda estava respirando, retirei-a do veículo
rapidamente.
Caminhei na direção do meu carro e quando coloquei a desconhecida no banco
de trás, novamente uma grande explosão aconteceu e desta vez o alvo foi o
automóvel em que ela estava minutos atrás. Entrei no veículo e depois de dar
meia volta à dúvida pairou sobre mim.
"Qual será o destino a seguir com essa mulher"
Capítulo 09

Durrês – Albânia

ENZZO

COM AS MÃOS FIRMES NO VOLANTE, tudo que vinha em


minha mente era em que lugar deixar essa desconhecida. Com esse contratempo,
acabei por deixar de lado aquilo que sempre deve ser a minha prioridade, a razão
por me manter forte e seguir em frente todos esses anos.
Eu, Enzzo Demisovski, devo isso aos meus pais, que foram mortos covardemente
por aquele a quem sempre viram como um aliado. Omar Petrovci é como um
câncer maligno, que aos poucos vai corroendo por dentro tudo que está a sua
volta.
Passei anos acordando no meio da noite e por ser tão pequeno, não conseguia
explicar ao meu tio o motivo que sempre vinha me atormentando naqueles
malditos pesadelos. Com o passar do tempo, era sempre o mesmo rosto e
aqueles olhos onde tinha uma sombra diabólica, que sempre surgiam em minhas
lembranças. Quando olhei a foto daquele desgraçado pela primeira vez, eu sabia
que era ele, pois a sensação que eu tinha, era que já tinha visto aqueles olhos
muito além dos meus pesadelos.
Dias, meses e anos se passaram e o meu único propósito era aprender tudo o
que Hulk tinha para me ensinar. Superando os meus medos e testando todos os
meus limites. Ele, assim como Yolanda, sempre dizia que eu era um guerreiro por
ter sobrevivido aquele assassinato coletivo, porém para mim, o único motivo de
ter saído ileso foi por uma única razão: FAZER JUSTIÇA.
Nada e nem ninguém vai ficar entre mim e o meu maior objetivo, destruir Omar
Petrovci e toda a sua descendência. Eu irei até o inferno quantas vezes forem
necessárias, mas não irei descansar até exterminar aquele traidor maldito.
Direciono meus pensamentos novamente para a mulher, que se encontra
desfalecida no banco de trás do carro. Agora vários pensamentos inundam minha
cabeça. Não posso deixá-la em qualquer lugar, pois se fosse para morrer, a teria
deixado naquele carro, porém se a levar para o hospital, posso perder muito
tempo justificando o fato de tê-la encontrado e ainda correr o risco dessa notícia
ganhar uma proporção maior e como consequência, ter o meu rosto estampado
em alguma manchete de jornal, o que não esta nos meus planos.
Parecia que minha mente estava ligada o tempo todo, girando e girando como
uma máquina de lavar e quando os pensamentos pararam, tomei uma decisão
consciente, para que nem um obstáculo viesse a interfere nos meus planos.
Alguns instantes depois...
Assim que parei o carro em frente à cabana, saí do veículo e caminhei até o
banco de trás. Abri a porta e meu olhar ficou cravado na imagem a minha frente.
Seu rosto estava coberto pelos cabelos negros como a noite, que caíam soltos
sobre os ombros. Peguei a sua mochila e coloquei nas minhas costas, em
seguida, meus braços envolveram o seu corpo frágil, aconchegando-a em meus
braços. O cheiro dos seus cabelos invadiu minhas narinas e me deixou
completamente extasiado, era inebriante e viciante. Um aroma que era uma
mistura de frutas e flores.
Sinto o vento gelado no meu rosto, me tirando do estado de entorpecimento que
me encontrava. Meus passos apressados queriam me levar o mais rápido
possível para dentro de casa. Instantes depois, assim que adentrei o ambiente,
andei em direção ao quarto, colocando-a em seguida sobre a cama. Afastei-me
um pouco, me livrando da pequena bolsa, assim que me aproximei novamente
dela, sentei-me no canto da cama e levei uma de minhas mãos ao encontro do
seu rosto, retirando algumas mechas de cabelos de sua fase.
Imediatamente senti uma corrente de eletricidade percorrendo meu corpo. Um
arder em minha pele, como se estivesse me queimando aos poucos. Minha
respiração ficou acelerada, meu coração batia tão descompassado, ela era tão
linda, que fez com que eu a olhasse quase paralisado. O seu rosto parecia ter
sido entalhado em mármore raro, lábios carnudos e a sua pele era branca como a
neve, fazendo o contraste perfeito com seu cabelo negro como o ébano.
Meus dedos tocaram a sua pele lisa como um veludo e quando fui afastar outra
mecha de seu cabelo, que caía em sua testa, percebi um corte superficial em sua
pele de porcelana pálida. Como que por instinto, me levantei e comecei a andar
na direção do banheiro. Já dentro do cômodo, procurei entre as prateleiras o
pequeno estojo, quando enfim o encontrei, peguei a maleta de primeiros socorros
e novamente voltei para junto dela. Nos momentos seguintes, comecei a limpar
cada centímetros do ferimento e depois de retirar todo o sangue seco do local, fiz
um pequeno curativo.
Sua respiração estava regular, e o peito subia e descia docemente. Pelo impacto
e gravidade do acidente, foi muita sorte ela ter sobrevivido e mais ainda, ter
somente um pequeno ferimento, no entanto só saberei se não teve
consequências piores ou alguma sequela, assim que ela acordar. Pela sua idade,
certamente era filha do homem que acabou tendo um fim trágico naquele
acidente.
Caminhei novamente em direção ao banheiro, pois precisava urgentemente tomar
um banho. Passei um bom tempo debaixo da ducha fria, perdido em meus
pensamentos, no entanto o rosto da mulher que estava deitada a alguns metros
de distância, não saia um só minuto dos meus pensamentos.
"O que está acontecendo comigo?"

HELENA
Um estrondo, a dor e a escuridão. São as últimas lembranças que dominam a
minha mente. Minha cabeça está tão pesada e a sinto tão grande que não posso
movê-la. Minhas têmporas latejam e as pálpebras estão coladas.
Sinto uma dor, uma dor muito forte e aguda em algum lugar e um calor
insuportável, como se meu corpo estivesse queimando. Meus olhos permanecem
fechados, mas dava para sentir a forte luz que vinha do ambiente onde eu estava.
Comecei a respirar profundamente para me acalmar e, em seguida, forcei a
mente tentando buscar as informações armazenadas, para assim poder
entender o motivo que provocou toda esta dor no meu corpo, esta angústia e
escuridão. As primeiras lembranças que vieram na minha memória foram as do
som da voz de Thadeu e logo após o carro girando e girando. Minha cabeça
começou a doer novamente e minha garganta se trancou de imediato assim que
me lembrei da dor terrível que atravessou a minha cabeça e tudo se dissolver no
escuro sem fim.
"Eu morri?"
Diante daquele pensamento, meus olhos se abriram, mas o arrependimento veio
logo depois. Uma forte claridade arregaça minha retina e só piorava a dor em
minha cabeça. Voltei a fechá-los de imediato.
Instante depois, abri novamente meus olhos, tentando me adaptar àquela luz, e
quando tentei me mexer, a sensação era como se meu corpo estivesse em
chamas e nada, nem um músculo se mexeu. O pânico me atingiu, meu corpo
começou a tremer em cima da cama, sentia que ele estava cada vez mais
pesado, como se fosse afundar.
Antes de tudo se transformar em uma escuridão total, meus olhos foram de
encontro à imagem que surgiu no meu campo de visão. Ele era lindo, cabelos
negros, que estavam molhados e escorriam em sua testa. Seu rosto era perfeito,
com uma boca bem desenhada e com enormes olhos azuis acinzentados. Sua
beleza não parecia ser deste mundo. Ele parecia um anjo. Um anjo vestido de
preto.

No dia seguinte – Mansão Petrovci...


Meu coração estava agitado em meu peito, a saudade tomou conta de mim e por
mais difícil que a distância se apresentasse, o amor sempre seria maior. Eu sei
que fiz a escolha certa e não importa o que aquele demônio faça comigo, pois
agora, ela estará em segurança. Espero que Thadeu não demore a entrar em
contato me dando a confirmação de que ela chegou ao destino programado. Meus
pensamentos foram interrompidos quando a voz do infeliz se fez presente, me
deixando atordoada ao ouvir suas palavras.
— Achei que aquela imprestável já estivesse acordada. Mande chamá-la agora
mesmo, pois teremos uma longa conversa antes dela conhecer o seu futuro
marido.

OMAR
A noite foi regada a muita bebida e sexo. Quando retornei para casa, tive um
descanso revigorante que me deixou recuperado de todo cansaço da noite
anterior. Assim que acordei, andei em direção ao banheiro e de banho já tomado
e arrumado, precisava falar com a infeliz para que tudo saísse do jeito como
planejei ou caso contrário, hoje eu não só deixaria o seu corpo marcado, como
faria um bom estrago naquele rosto que se tornou o meu maior tormento.
Com passos decididos, segui em direção ao primeiro andar, não me agradava ter
que começar o meu dia olhando para o rosto da maldita, mas era necessário para
que o jantar de hoje a noite fosse perfeito e como consequência, ter o apoio total
de Gustavo Albrantes. Quando adentrei o ambiente, a tola da Isabella parecia
perdida em seus pensamentos e assim que ouviu a minha voz, ficou imóvel por
alguns instantes e logo após sua voz irritante se fez presente.
— Ela não está se sentindo muito bem. Diga o que deseja que quando estiver
melhor, direi tudo a ela.
Se tratando da inútil que ela tem por filha, seria bem provável que estivesse
indisposta, porém pouco me importa o que ela esteja sentindo, hoje vai tratar de
colocar um belo sorriso em seu rosto e agradar o futuro marido.
— Darei 10 minutos para que ela esteja em minha frente ou caso contrário eu a
farei descer escada abaixo.
Meus olhos avaliam a mulher a minha frente, no mesmo instante que um calafrio
atravessou a minha espinha. Isabella segurava as mãos como se estivesse
tentando controlar o seu nervosismo, o que me deixou em total alerta. Virei-me
em direção as escadas e quando me movi, novamente ouvi a voz dela.
— Aonde você vai?
— Eu mesmo irei buscá-la.
Com passos largos caminhei em direção as escadas. Subi os degraus
praticamente correndo e, em seguida, atravessando o corredor na velocidade de
uma bala, indo em direção ao alvo. Meus batimentos estavam alterados e quando
cheguei a alguns metros de distância da porta do seu quarto, uma forte claridade
surgiu em minha frente e como flashes, a imagem daquele infeliz apareceu diante
de mim e ao contrário da última vez que vi o desgraçado do Vitor Demisovski, ele
tinha um largo sorriso em sua face. Fechei os meus olhos e quando voltei a abrir
novamente a única coisa que tinha no meu campo de visão eram as paredes e a
maldita porta.
De supetão a abri, depois que dei algumas passadas e meus olhos passearam
por todo ambiente, fui até o banheiro e assim que entrei no maldito cômodo, uma
fúria descomunal me atingiu e naquele momento só um pensamento se apossou
de minha cabeça.
"Eu vou matar essas duas infelizes”.
Capítulo 10

Durrês – Albânia
Dois dias depois...

ISABELLA

DOIS DIAS SE PASSARAM, mas a dor em minhas costelas


ainda é intensa. As lembranças daquele dia ficarão sempre vivas em minha
mente.
Quando aquele demônio não encontrou a minha princesa, desceu soltando fogos
pelas ventas. Seus olhos estavam vermelhos como brasas, suas feições era algo
diabólico e se tratando do maldito com quem me casei, às consequências seriam
as piores possíveis. Assim que ele se aproximou de mim, eu nem tive tempo de
me defender. Senti uma dor terrível quando um soco foi deferido em meu rosto,
me levando ao chão, aquilo foi só o começo do que estava por vim, pois quando
perguntou por Helena e me neguei a dizer onde ela estava, um chute rápido
atingiu minhas costelas e a dor foi insuportável. Eu gritei para ele parar, mas ele
continuou com uma sequência de golpes brutais, dados com o bico do seu sapato
contra as minhas costelas. Senti que iria desmaiar, minha respiração ficou pesada
e a dor foi ainda mais intensa quando ele parou por um instante e em seguida um
golpe duro me atingiu e ruídos de dor e desespero tomou conta de mim.
O infeliz me deixou jogada no chão e saiu de encontro à sala de segurança para
averiguar as imagens das câmeras. Lutando contra a dor que tomou conta de
todo o meu ser, fui praticamente me arrastando até às escadas e quando segurei
no corrimão. Senti mãos fortes puxando o meu cabelo e o som da sua voz.
— Aquela infeliz só pode ter saído por um único lugar. Eu poderia acabar agora
mesmo com a sua vida miserável, mas vamos ver o que aquela imprestável é
capaz de fazer para salvar a vida da sua querida mãe.
Ele soltou os meus cabelos e as lágrimas logo surgiram sem a minha permissão.
Respirei profundamente, e quase caindo, consegui subir cada degrau. Parecia
que havia passado horas para que eu chegasse até o meu quarto e mesmo com
medo que houvesse fraturado alguma costela, eu estava feliz por saber que ela
estava em segurança.
A última coisa de que me lembro, foi de ter chegado até o meu quarto e quando
acordei já estava de camisola e deitada em minha cama. Hortência acabou me
encontrando jogada no chão e como sempre, se mostrou muito mais que uma
funcionária. Os dias se passaram e minha agonia estava além do limite, pois
Thadeu não havia dado nenhuma notícia sobre a minha filha. Por outro lado, os
homens de Omar, e os conselheiros estão empenhados em encontrar Helena, já
que ele disse a todos que certamente foi alguém que tinha conhecimento da
passagem secreta, que estava com Helena, e todos cogitaram que tinha alguma
ligação com a chacina que aconteceu com os Demisovski.
Omar disse aos membros do conselho, que eu acabei sendo empurrada da
escada quando notei uma movimentação estranha na casa. Estou há dois dias
deitada, me levantando somente para ir ao banheiro. Deixo as lembranças de lado
e resolvo ligar a tv para me distrair um pouco, com o polegar direito, fui apertando
a tecla em busca de alguma informação interessante. Então, foi quando senti todo
o meu corpo estremecer, meus pulmões começaram a funcionar aos espasmos
assim que meus olhos ficaram cravados na imagem exibida na tela a minha
frente.

HELENA
Tudo é calmo, silencioso. Abro os meus olhos e a luz vinda através da janela me
atinge no rosto. Meu corpo está pesado, dolorido e me sinto fraca.
Meus olhos vagueiam pelo cômodo. Forço a mente para tentar me lembrar onde
eu estava, mas tudo o que me veio à cabeça foram alguns flashes. Do homem
com rosto de anjo, que sempre surgia em minha frente, do som da sua voz e do
calor que tomou conta do meu corpo, me deixando completamente imóvel e em
seguida tudo se dissolve em escuridão.
É tudo tão confuso, meus pensamentos são como fios emaranhados. Minhas
lembranças foram subitamente interrompidas pelo som da voz que vem ocupando
meus pensamentos.
— Como você está se sentindo? — ele pergunta.
— Confusa!
Meu coração pulava descompassado no peito quando ele começou a caminhar
rumo à direção em que eu estava. Andou alguns passos e parou em minha frente
e novamente ouço sua voz.
— Você esteve doente por alguns dias.
— Como vim parar nesse lugar?
Ele se aproxima ainda mais e senta ao meu lado. No instante seguinte começou a
me contar tudo que havia acontecido. Desde o momento em que me encontrou no
fundo do barranco, dentro do veículo, até quando me retirou de dentro dele.
Também me contou que passei três dias com febre, segundo ele, foi
consequência da pancada que devo ter levado na cabeça, que resultou no corte
em minha testa, mesmo que não tenha sido tão profundo. Eu ainda lembro-me da
dor terrível que senti quando minha cabeça bateu, ainda dentro do veículo.
Quando eu ia perguntar por Thadeu, ele como se lesse meus pensamentos me
respondeu, porém ao ouvir as palavras ditas por ele, a minha reação foi somente
a de chorar.
— O seu pai não teve a mesma sorte que você. O encontrei já sem vida dentro do
carro.
Thadeu perdeu a sua vida tentando me ajudar e sei o quanto a minha mãe ficará
arrasada ao saber que ele não está mais entre nós. As lembranças das palavras
proferidas por Omar surgiram em meus pensamentos e talvez ele esteja certo.
Minha existência só vem causando o sofrimento das pessoas. Primeiro o meu
irmão, depois a minha mãe teve que suportar tantas coisas para me defender e a
minha fuga resultou na morte de mais um inocente.
As lágrimas que brotaram em meus olhos disseram melhor do que eu teria dito se
conseguisse falar. Ele ficou, por alguns instantes, me olhando sem dizer nada.
Acho que ficou com pena de mim. Todo o meu corpo ficou tenso quando senti o
toque do seu polegar contra a minha pele.
— Sinto muito pelo seu pai. Entendo muito bem o que você deve está sentindo.
Eu sei que não era certo deixá-lo pensar que aquele homem era o meu pai, mas
Thadeu, mesmo não sendo, demostrou se importar comigo, coisa que o homem
quem me deu a vida jamais foi capaz de fazer. E embora esse desconhecido
tenha me ajudado, não posso dizer de quem eu sou filha ou de nada terá valido a
pena o sacrifício da minha mãe e do seu eterno amigo.

Horas depois...
Acabei por descobri que ele se chamava Enzzo, e quando perguntou pelo meu
nomen o nervosismo trancou a minha garganta. Atordoada, tentei buscar na
memória pelo nome que havia lido no documento, levantei o olhar e seus olhos
azuis estavam grudados nos meus e quando as lembranças vieram em minha
cabeça e falei que meu suposto nome era Laura, percebi que ele até deu um
esboço de um sorriso.
Enzzo pediu que eu movesse minhas pernas para se certificar que tudo estava
bem e se não houve nenhuma sequela, ao se verificar que estava aparentemente
tudo bem, ele disse que precisava resolver alguns assuntos e mesmo que eu me
encontrasse sozinha, e sem saber se realmente posso confiar nele, do jeito que
estou, se sair daqui vou acabar indo direto para boca do lobo. Com dificuldade me
levantei. Meus olhos foram de encontro a minha mochila e tudo que veio em
minha mente foi o pequeno estojo que estava no fundo do objeto.
Com a bolsa já em mãos, respirei aliviada ao encontrar as joias e os documentos
que havia pego de cima do banco do carro quando Thadeu me mostrou, pois são
a minha única esperança para conseguir chegar até o destino traçado por ele e
minha mãe. Peguei uma roupa limpa, minha escova de dente e segui em direção
ao banheiro, só de pensar em quantos dias estou sem me banhar e escovar os
dentes, estando perto daquele homem tão bonito, me sinto envergonhada.
Quando entro no pequeno banheiro, trato logo de fechar a porta. Dou alguns
passos e ao ver o meu rosto no espelho tomei um justo, minha aparência estava
horrível.
Depois que me livrei das minhas roupas, entrei no box e acabei por perder a
noção do tempo. Estava me sentindo tão suja que a sensação que eu tinha era
que estava há meses sem me banhar. Banhada e arrumada, tratei de escovar os
meus dentes assim que acabei saí do cômodo. O lugar era simples, mas bem
aconchegante, e me transmitia uma sensação de paz.
Meu estômago estava doendo tamanha era a minha fome, porém, desde o
momento em que me levantei, sempre tinha a sensação que tudo estava rodando
a minha volta. Comecei a andar em direção a porta e quando já estava chegando
próximo a ela, uma sensação de mal estar tomou conta de mim, minhas pernas
perderam as forças e quando achei que ia cair no chão, senti braços fortes
segurando minha cintura, o cheiro intenso e inebriante do seu perfume invadiu
minhas narinas e me deixou extasiada. Levantei minha cabeça e nossos olhos
ficaram conectados e eu não conseguia parar de olhar para boca dele. E, todo
meu corpo parecia estar em chamas com tamanha aproximação, então ele abriu
os lábios levemente, e naquele momento senti que meu coração ia sair pela
minha boca, tamanha era a expectativa do que ele iria fazer.
Capítulo 11

Durrês – Albânia

ISABELLA

UM RUÍDO DE MEDO E DESESPERO SAIU POR ENTRE


MEUS LÁBIOS. As lágrimas logo surgiram e uma dor que jamais cogitei sentir na
vida tomou conta de mim.
— Helenaaaa!!!
Fiquei desorientada ao ver a imagem de Thadeu, estampada na tela a minha
frente. Com a visão embaçada devido às lágrimas, eu não consegui ler o que
estava escrito, mas ao ouvir as palavras que ecoava dentro do cômodo, o meu
desespero e a minha culpa por ter tomado a decisão que não só tirou a vida
daquele que sempre teve um lugar tão especial em meu coração, como da
pessoa que era a razão da minha existência. Meu mundo desmoronou.
A sensação que eu tinha era que o tempo havia parado. Tudo ficou em silêncio e
as imagens da última vez que eu estive com a minha princesa surgiram diante dos
meus olhos. Ela não queria ir e se eu não tivesse me mantido irredutível em não
aceitar que ela ficasse, o meu bebê ainda estaria viva.
Tudo perdeu o sentido. O motivo por aguentar todas as atrocidades daquele
infeliz, de continuar lutando pela minha vida, para não deixar minha filha sozinha a
mercê desse ser cruel, já não existe mais. Com ela se foi a minha razão de viver,
o motivo de continuar respirando.
Eu não estava em meu estado lúcido, devido a isso não prestei atenção direito em
nada que estavam dizendo no noticiário e só voltei à consciência da razão,
quando me dei conta do homem parado na porta. Seu olhar frio estava fixo na tv.
E, quando ele se virou na minha direção, tudo que via era uma sombra negra. Seu
olhar era um misto de fúria e quando escutei sua voz, fui da tristeza a alegria, da
alegria para tristeza em questão de segundos.
— Então foi esse maldito que te ajudou. Se apenas foi encontrado um corpo,
aquela desgraçada sobreviveu, porém, assim que colocar minhas mãos nela, ela
vai desejar ter partido dessa para pior.

ENZZO
Com a forte febre daquela que acabei por descobrir que se chamava Laura,
acabei por sair durante poucas horas da cabana. O meu tio, como já era de se
esperar, vem me ligando no mínimo duas vezes ao dia para saber informações.
Acabei por omitir o ocorrido em que salvei a vida da mulher que se encontrava
jogada em sua cama, pois ele não ia gostar nada ao saber que eu estava
deixando algo tirar o meu foco do que realmente vim fazer aqui.
Muitos anos se passaram e assim como eu, ele está sedento por vingança e não
vai descansar até ver aquele usurpador ser desmascarado perante todos os
membros da máfia, que por anos vem enganando.
Não nego que fiquei fascinado pela beleza dela, o meu corpo todo vibrou só em
estar tão próximo a ela. Algo que jamais havia sentido antes pairou sobre mim,
porém, muito maior do que qualquer sentimento que pudesse sentir é a minha
missão. Deixar que qualquer obstáculo me desviasse daquilo que venho sendo
preparado a mais de vinte anos, seria o mesmo que trair a memória dos meus
pais, assim como a esperança que Hulk vem depositando em mim e de todo o seu
empenho durante todos esses anos. Ele poderia matar facilmente aquele infeliz?
Sim! Mas isso não seria nada comparado a tudo que ele fez.
Ele precisa ser desmascarado, derrotado e humilhado perante todos, a morte
daquele maldito sem revelar sua verdadeira face o deixaria perante todos ainda
como um bom líder, aquele que foi fiel ao seu melhor amigo.
Até agora ainda não descobri o que está acontecendo em volta da minha mansão,
que aquele traidor e sua família vêm ocupando por anos. De longe pude ver uma
grande movimentação em volta do lugar e um grande fluxo de veículos entrando e
saindo. Muitos que ali estiveram, eram membros do próprio conselho da
organização. Hoje após a conversa que tive, deixei Laura na cabana e fui
averiguar para ver se obtinha mais informações, pois assim como eu o meu tio
acredita que algo aconteceu em volta de Omar.
Passei quase uma hora analisando cada movimento do lugar, mas ao contrário
dos dias anteriores, tudo estava calmo, algo que me deixou intrigado. Andei até o
meu carro e deixei para voltar à noite, quem sabe o maldito não esteja tramando
algo e assim eu terei as respostas que tanto procuro. Com o carro em movimento,
aproveitei para ligar para casa e o safado que eu tenho por tio, segundo Yolanda,
ainda não havia chegado desde a noite anterior. Comecei a sorrir ao imaginar a
sua expressão, ela até hoje ainda não se acostumou com as nossas saídas e
sempre ficava impactada quando Hulk, começava com seu velho discurso que:
"Homem que é homem não faz muito rodeios, jamais deixar uma oportunidade
passar e muito menos come pela beirada."
Depois de dar umas boas gargalhadas e ter encerrado a ligação, minutos depois
cheguei ao meu destino. Tudo o que jamais cogitei foi que, ao entrar em casa,
logo estaria com a mulher que vem ocupando meus pensamentos em meus
braços. Seu corpo estava trêmulo, seus olhos arregalados e fixos nos meus.
O silêncio predominou no ambiente. Aproximo ainda mais o meu corpo do seu em
um misto de desejo, deixando nossos rostos colados e ao ver aqueles lábios
carnudos, e sua boca entreaberta. Deixei a razão de lado e tomado por um desejo
incontrolável, tomei sua boca em um beijo que deixou o meu corpo em chamas.
HELENA
Nossos olhares se encontraram e foi como se uma conexão se estabelecesse
entre nós. O encostar dos nossos corpos fez cada centímetro do meu ser reagir e
tudo ficou em câmera lenta. Senti seu hálito quente, que tinha um aroma de
menta e, quando sua boca encontrou a minha. Meu corpo estremeceu, meu
coração acelerou, cada pelo de meu corpo se arrepiou. Seus lábios tocaram os
meus e ele me beijou, deleitou-se com minha resposta inibida e começou a
explorar a minha boca, me provocando sensações totalmente desconhecidas e
fazendo o meu corpo se aquecer a cada gesto seu. Sua língua acariciou meu
lábio inferior e pediu passagem, se entrelaçando a minha em um beijo cheio de
desejo, causando efeitos onde me senti ansiando por mais e ao ver a reação
imediata dos meus seios e a parte interna das minhas coxas ardendo, afastei a
minha boca da sua e em seguida o meu rosto ao compreender que um beijo podia
ser muito mais que delicioso e sim perigoso.
Ele continuou com os olhos fixos nos meus e para tentar sair daquela situação
resolvi quebrar o silêncio.
— Desculpas! Eu fiquei tonta.
Seu olhar se desviou do meu rosto, logo após suas mãos deixaram minha cintura
e ouvi o som da sua voz.
— É melhor se sentar no sofá e descansar um pouco, já que você passou muito
tempo deitada é normal se sentir tonta ao permanecer por um bom tempo em pé.
— Eu sei que você já fez muito por mim e não querendo abusar da sua
hospitalidade, mas... é que e.. eu est...
Antes que eu concluísse a frase ele se manifestou novamente?
— Vou providenciar algo para você comer.
Enzzo me ajudou a ir até estofado e depois que eu já estava acomodada, ele
sumiu do meu campo de visão. Os minutos se passaram e meus pensamentos
ficaram voltados para minha mãe, ela certamente já deve saber do que aconteceu
a Thomas, e mil coisas deve ter passado pela sua cabeça. Tudo o que eu espero
é que aquele homem não toque nela, pois não irei suportar em saber que por
minha culpa ela esteja sofrendo. Preciso dar um jeito em entrar em contato com
ela, já que ele não sabe que ela possuí um celular, que não é do seu
conhecimento, graças a ajudar de Hortência.
Deixo meus devaneios de lado ao escutar a voz de Enzzo.
— Venha, você precisa se alimentar.
Levantei-me e fui até a mesa, onde estava a enorme travessa com uma farta
macarronada. Sentamo-nos e começamos a comer, tudo estava delicioso. Fiquei
envergonhada por estar dando tanto trabalho, e mais ainda por um homão
daquele saber cozinhar, enquanto eu nem sei como fritar um ovo. Já que nunca
me foi permitido nem chegar perto da cozinha e muito menos ter contato com os
funcionários, pois seria um prato cheio para o monstro que tenho por pai,
descontar toda sua raiva com suas cintadas contra a minha pele.
Capítulo 12

Durrês – Albânia

HELENA

ENGRAÇADO COMO A NOSSA VIDA pode mudar em um


piscar de olhos. Uma fuga que resultou em um acidente, que levou a vida daquele
que só quis me ajudar e quando tudo parecia perdido, o homem mais lindo que já
vi em toda a minha vida se tornou a única luz em meio à escuridão que eu me
encontrava.
Depois de passar toda uma vida não acreditando mais na bondade de um
homem. Thadeu e Enzzo, fizeram por mim em tão pouco tempo, algo que meu pai
nunca foi capaz de fazer. Deram-me a prova que em meio a tanta maldade, ainda
existem pessoas que as trevas não predominaram em seus corações e ainda
existe luz nos corações humanos.
Embora fosse estranho estar sozinha com um desconhecido, eu tinha uma
sensação de estar protegida ao saber que ele estava tão perto. Sem contar que
meu coração sempre batia descompassado ao lembrar-se dele.
Depois do almoço delicioso, ele acabou indo para o quarto, enquanto meus olhos
foram ao encontro de uma velha revista que se encontrava sobre o móvel e
aproveitei para ler, assim ocupava a minha cabeça. Acabei passando o restante
do dia na sala.
As horas se passaram e a luz do dia deu lugar a noite com um céu repleto de
estrelas. Enzzo teve que sair e disse que eu poderia logo jantar, já que ele não
sabia a hora em que iria chegar. Instantes depois, de banho já tomado, coloquei
um vestido confortável e ao entrar no quarto, meu olhar ficou fixo na cama. O
único pensamento que veio em minha cabeça foi em que lugar ele estava
dormindo.
Saio dos meus devaneios e resolvi me deitar. Quando fechei meus olhos, aquele
beijo veio em minha memória e com ele todas as sensações que senti. Os
minutos se passaram e não sei em que momento acabei caindo num sono
profundo.

Dois dias depois...


Os dias se passaram voando e já me sinto muito melhor. Nesses dois dias,
aconteceu muita coisa e ao contrário dos dois dias anteriores, ele resolveu
permanecer hoje, mais tempo na cabana e jamais pensei que ia ficar tão nervosa
por passar tantas horas ao seu lado. Toda vez que olhava para boca dele, aquele
beijo vinha em minhas lembranças, o cheiro dele causava em mim um efeito
semelhante a uma droga, me deixando flutuando, e por mais que eu tentasse
ocupar minha cabeça, não conseguia controlar tantos pensamentos pecaminosos
que surgiam. Além das reações com tamanha aproximação, que tomou conta do
meu corpo, me deixando em chamas, minha boca ansiava para ser beijada
novamente por ele.
Com a vida que levava, jamais tive tempo para pensar em nada que não fosse
estar longe do meu pai e viver feliz ao lado da minha mãe. Embora nunca me
tenha sido permitido viver longe daquela mansão, eu pude estudar em casa e não
sou tão ingênua ao ponto de não saber como são as coisas, já que Omar, pelo
visto tinha planos há muito tempo em tirar vantagem da minha união com alguém.
Eu sempre tive uma boa educação e acesso a internet, porém o notebook que eu
usava, era monitorado, no entanto, ver todo sofrimento da minha mãe e como ela
era tratada já me era bons exemplos para nunca cogitar em gostar de ninguém e
com o exemplo de homem que tinha em casa, eu sempre vi os homens somente
como monstros capazes de tudo para conseguir aquilo que desejam, até mesmo
machucar pessoas tão próximas.
Venho tentando pensar em outra coisa, mas está difícil controlar esse misto de
sensações que se apoderou de todo o meu ser. É difícil lutar contra algo que nem
eu mesma sei explicar, é o mesmo que ter um inimigo, mais ele é totalmente
invisível e quando você menos espera, ele já te deixou nocauteada. Sou tirada
das minhas lembranças assim que o homem que havia ido pegar mais madeira
para colocar na lareira adentrar o ambiente.
Engulo em seco ao vê-lo somente de calças, deixando visível o seu corpo atlético,
os ombros largos e os bíceps protuberantes fazem um belo contraste com seu
abdômen bem delineado e perfeito.
Não consegui desviar os meus olhos do homem a minha frente e mesmo depois
que ele passou por mim, indo em direção a lareira, não saí do transe em que
estava.
"Que nossa senhora das mocinhas indefesas me proteja dessa tentação."
Lutando contra o pecado esculpido em forma de homem que estava diante dos
meus olhos, me levantei e em passos apressados fui para o quarto toma o meu
banho. Depois que já havia terminado, antes de jantar, ele também tomou o seu
banho, fiquei admirada por vê-lo novamente só de calças, com o tanto de frio que
estava fazendo, aquele homem enorme parecia inabalável, enquanto eu tive que
me enrolar toda em um cobertor. Enzzo depois que me entregou o cobertor,
sumiu do meu campo de visão, já que ele dormia na sala.
Tratei de fechar os meus olhos, procurando me entregar ao sono, porém minutos
se passaram, até horas e, quando começou a chover, os estrondos terríveis de
trovões se fizeram presentes. Inquieta e com muito frio, comecei a me remexer e
por mais que eu tentasse dormir, o sono não vinha. Meus dentes se batiam um no
outro, causando um barulho irritante, tamanho era o frio que estava sentindo e
não aguentando mais aquela situação, me levantei e peguei o cobertor junto com
o travesseiro. Em passos trêmulos, segui para o outro cômodo e quando cheguei
à porta, me deparei com a bela visão a ser apreciada a minha frente.
Ele estava dormindo, seu peito subia e descia no ritmo da sua respiração e
quando dei dois passos, seus olhos azuis se abriram e ficaram fixos em minha
direção. O som da sua voz me tirou do estado de devaneio.
— Venha se aquecer.
Eu aumentei o ritmo das minhas passadas e acabei com a distância que nos
separava. Ele pegou o edredom que nem estava fazendo uso e colocou em cima
do tapete felpudo, que ficava próximo da lareira e também as almofadas que
estavam sobre o sofá.
— Aqui você ficará mais aquecida, já que estará mais próxima do fogo.
— Obrigada.
Tudo estava perfeito, até que eu fui me mover para ir até o carpete e acabei
pisando na parte do cobertor que eu segurava em uma das minhas mãos e devido
o tamanho estava arrastando no chão. Eu só não beijei o chão porque aqueles
braços musculosos foram mais rápidos e puxou o meu corpo contra o seu.
Nossos olhos estão presos um no outro e a sensação que tenho é de que o tempo
parou naquele momento. O único som audível no ambiente era o das nossas
respirações, já que como um milagre, a chuva parou, os raios deixaram de cortar
o céu e os trovões cessaram. Seus olhos refletem desejo e a química entre nós
estava prestes a ferver e derramar. Enzzo levou uma de suas mãos livres até o
meu rosto, acariciando a minha pele, o seu toque aqueceu todo o meu corpo e
bem diferente de minutos atrás, que o frio apoderou-se de mim, agora o meu
corpo inteiro estava em chamas.
Com movimentos cautelosos ele deslizou o dedo indicador até alcançar a minha
boca e começou a movimentá-lo pelo meu lábio inferior. Ao contrário da outra
vez, eu não queria sair de perto dele, era como se estivesse bloqueada por algum
feitiço lançado, eu jamais havia me sentido tão completamente a mercê de
alguém.
Enzzo, vagarosamente inclinou a cabeça até que seus lábios encontraram os
meus. Sua língua invadiu a minha boca, num beijo ardente e faminto, ele movia os
lábios sobre os meus com um desejo possessivo, acariciando e enroscando sua
língua habilidosa na minha.
Deixei o tecido que tinha na mão cair e levei os meus braços até o pescoço dele,
mesmo através do tecido da minha camisola, eu conseguia sentir o calor de sua
pele e cada segundo que se passava, ele aprofundava ainda mais o beijo. Eu
perdi a noção do tempo e quando dei por mim já estávamos deitados sobre o
tapete que se encontrava no chão.
Enzzo começou a distribuir beijos pelo meu rosto, em seguida pelo meu pescoço,
até alcança os meus seios, entre vários beijos naquela região onde ele passou um
bom tempo acariciando os meus mamilos com a ponta da sua língua, ele
começou a sugar e chupar, fazendo uma onda de calor intenso atravessar o meu
corpo. E quando uma de suas mãos deslizou pelo meu corpo, chegando até a
barra da minha camisola, logo depois foi se movendo pela minha coxa e parou em
cima da minha intimidade, estremeci de imediato, no entanto, ele novamente
começou a me beijar, pressionando o seu corpo enorme contra o meu, me
fazendo sentir o quanto ele estava excitado, me desejando tanto quanto eu o
desejava.
Quando achei que o meu corpo não poderia ficar ainda mais quente, seus dedos
lentamente se moveram e se enfiaram dentro da minha calcinha. Um gemido
abafado saiu por entre os meus lábios, assim que ele começou a movimentar
aqueles dedos enormes contra a minha vagina indefesa, com movimentos
precisos em volta dos grandes lábios e se concentrando em um botão inchado,
repleto de nervos, capaz de me proporcionar sensações totalmente
desconhecidas, e deliciosas. Ele aumentou o ritmo de seus movimentos me
levando à beira da loucura e do desespero.
— Por favor.
Seus olhos encontraram os meus como se estivessem tentando decifrar tudo que
eu estava pensando e por nenhum segundo ele deixou de acariciar o meu clitóris.
Senti minha intimidade latejar, meu corpo começou a se contorcer e no momento
que um de seus dedos fez uma forte pressão o meu clitóris endurecido. Meu
corpo reagiu no mesmo instante e uma explosão aconteceu dentro de mim, logo
uma sensação deliciosa tomou conta de todo o meu ser.
Com a respiração ainda ofegante, senti quando ele começou deslizar minha
calcinha e no impulso fechei minhas pernas para conter o seu ato.
— Não vamos fazer nada se você não quiser.
Eu sabia que tinha que sair dali ou seria tarde demais, porém eu já não tinha mais
controle sobre tudo que estava sentindo e a única coisa que eu tinha certeza, era
a de que é nos braços dele que eu queria estar. Suspiro fundo e disse:
— Eu quero ser sua — um sorriso surgiu em sua face e quando eu abri minhas
pernas, instantes depois já estava livre da peça. Enzzo começou a levantar
minha camisola e assim que ele tocou em uma parte nas minhas costas, que tinha
as cicatrizes devido aos diversos golpes que vinha levando no decorrer dos anos.
Comecei a tremer e aqueles olhos azuis gigantes se voltaram para os meus.
Capítulo 13

Durrês – Albânia

HELENA

EU SABIA QUE TINHA QUE SAIR DALI ou seria tarde demais,


porém eu já não tinha mais controle sobre tudo que estava sentindo e a única
coisa que eu tinha certeza, era a de que é nos braços dele que eu queria estar.
Suspiro fundo e disse:
— Eu quero ser sua — um sorriso surgiu em sua face e quando eu abri minhas
pernas, instantes depois já estava livre da peça. Enzzo começou a levantar
minha camisola e assim que ele tocou em uma parte nas minhas costas, que tinha
as cicatrizes devido aos diversos golpes que vinha levando no decorrer dos anos.
Comecei a tremer e aqueles olhos azuis gigantes se voltaram para os meus.
Fui tomada por uma onda de medo, não podia dizer que foi o meu pai já que ele
pensava que eu era filha de Thadeu, e tão pouco ia acreditar que o homem por
quem chorei tanto, dias atrás, fosse um monstro em ter feito isso comigo, por
outro lado, se eu quisesse sair dessa telha de mentiras que estou tecendo a
minha volta, tinha que contar a verdade, porém eu não posso correr o risco do
homem que tenho por pai, fazer algo contra Enzzo e mais um inocente sofrer por
minha causa. Fazendo o que eu achava ser o certo naquele momento, eu disse.
— Eu caí da escada quando era criança. Fiquei com algumas marcas que não me
trazem boas lembranças e prefiro não falar sobre isso — menti, enquanto ele
manteve o olhar dirigido para mim, inclinou a cabeça como se quisesse confirmar
se o que eu estava falando era verdade, porém eu precisava desviar sua atenção,
então num gesto totalmente despudorado, eu mesma tratei de me livrar da única
peça de roupa que vestia e sua atenção logo se voltou para o meu corpo despido.
Eu jamais pensei que algum dia faria algo assim, mas era como se fogo liquido
estivesse me queimando por dentro e nem que fosse por minutos, horas ou dias,
eu queria me sentir amada.
Senti quando minhas costas nuas tocaram o edredom quentinho, aquecido pelo
calor vindo da lareira. Enzzo que antes tinha um olhar de curiosidade lançando
sobre mim, agora, seus olhos refletiam o mais puro e intenso desejo. Nos
instantes seguintes, a mão dele começou a percorrer cada centímetro do meu
corpo, que estava visível a ele, seguindo pelas curvas que jamais tinham sido
tocadas por outras mãos, que não fossem as minhas e quando ele pousou a mão
na minha intimidade. Senti um alvoroço no meio das minhas pernas e um calor
escaldante no interior da minha vagina.
Seus dedos calejados deslizaram entre os contornos dos grandes lábios do meu
sexo e pousaram próximo a minha entrada intocável, que agora estava totalmente
encharcada, ele começou a fazer movimentos circulares, comecei a ficar nervosa
quando os dedos dele intensificaram o contato naquela área e a cada movimento
em torno da abertura estreita do meu sexo, avançavam um pouco mais. Um ruído
alto saiu entre meus lábios e meu corpo começou a tremer com aquela pressão
contra o meu sexo úmido.
Uma linha dura surgiu em sua face, assim que ele viu algumas lágrimas descendo
pelo meu rosto e minha expressão de dor.
— Você tem certeza? — indaga um tanto preocupado.
Ofegante e com o coração agitado, pois somente ele foi capaz de despertar uma
onda de sensações que era muito mais que volúpia e desejo, pois ao seu lado me
sinto viva e protegida .
— Tenho! Faça-me sua — falei com convicção.
Num abrir e fechar de olhos, Enzzo se levantou e me ofereceu uma visão
privilegiada, engoli em seco. Ele era alto e seu corpo era perfeito, parecia que eu
estava diante do próprio deus da beleza, no entanto, estremeci toda quando meu
olhar ficou fixo no seu membro imenso, com veias grossas e latejantes.
Sem delongas, ele se agachou e subiu em cima de mim. Senti o calor dele sobre
o meu corpo e a cabeça saliente do seu pênis próximo à minúscula fenda da
minha intimidade molhada. Tudo que vinha em minha cabeça, era como abrigaria
todo aquele comprimento e a grossura dentro de mim, mas antes que eu
cogitasse em mudar de ideia e sair correndo dali. Senti a pressão suave da sua
boca firme contra a minha. Enzzo me beijava com uma habilidade avassaladora,
um beijo quente e malicioso.
Arrepiada de desejo e com uma tensão crescente que só aumentava com a
deliciosa exploração da sua língua, que acariciava a minha, à medida que seus
beijos se tornavam mais intensos, ele pouco a pouco ia empurrando o seu pênis
grosso e duro para dentro da minha vagina apertada, mordi os lábios e os meus
olhos lacrimejaram com cada invasão mais intensa do seu membro contra a
minha carne rosada.
— Estou machucando você? — estava doendo mais não podia deixar que ele
viesse a parar, já tinha chegado muito longe.
— Não!
Em meio a um turbilhão de sensações e todo o cuidado que ele estava tendo
comigo, eu mal percebi quando ele já estava todo dentro de mim e as barreiras da
minha virgindade haviam sido derrubadas. Enzzo beijou o meu rosto molhado
pelas lágrimas e tudo que eu sentia era as veias do seu pênis volumoso e quente
pulsando dentro da minha vagina.
— Perfeita — ele disse ofegante e ardente de desejo.
Quando ele viu que minha expressão estava mais suave e meu corpo havia se
adaptado ao seu tamanho, Enzzo começou uma agitação em seus quadris,
iniciando um movimento de vai e vem, que de início era lento, mais logo ele
aumentou o ritmo me penetrando cada vez mais forte. Cravei minhas unhas em
suas costas, o que incitou seus instintos primitivos, o fazendo me penetrar com
vigor.
Era impressionante como minha intimidade reagiu com entusiasmo poderoso as
suas investidas, apertando e agarrando o seu pênis, fazendo com que suas
estocadas fossem mais fundas. Tomada pelo desejo e com sua ereção enterrada
toda dentro de mim, comecei a remexer os quadris à medida que sua boca iniciou
uma exploração torturante nos meus seios, sugando todo o meu mamilo.
Inundada de prazer e lutando contra o latejar que se comprimia em minha vagina,
meu corpo inexperiente ardia de desejo e minha intimidade reagiu se contraindo
em torno do pênis dele. Ele acelerou o ritmo entrando e saindo, cada vez mais
forte enquanto sua boca deslizava pela longa extensão do meu pescoço delgado.
— Quero lhe encher de prazer — ele disse antes de me beijar intensamente.
Nossos corpos completamente em sintonia, se encaixavam como se fosse feito
sob medida. Pele contra pele, grudados pelo suor. Respirando o ar repleto do
cheiro de sexo, senti minha vagina se contrair no mesmo instante que minha
garganta se fechou, em seguida, o nó se desfez e um prazer animalesco saindo
das minhas entranhas. Enzzo ainda me penetrava vigorosamente, gemidos
agonizantes saiam da sua boca e quando nossos corpos sacudiram
violentamente, senti o seu sêmen quente sendo despejado em meu ventre.
Com o ritmo dos nossos batimentos cardíacos a mil, era o único som presente no
ambiente e quando seus olhos encontraram os meus, ele aproximou sua boca da
minha me dando um beijo cheio desejo e carinho.
A única certeza que eu tinha, era que nunca havia me sentindo tão feliz em toda a
minha vida. E, não importa as consequências, eu quero aproveitar cada segundo,
no entanto eu tinha uma sensação que havíamos esquecido de alguma coisa.
Capítulo 14

Durrês – Albânia

ENZZO

NOS ÚLTIMOS DIAS, por mais que eu tentasse direcionar os


meus pensamentos apenas para o maldito, era o rosto angelical dela, que sempre
surgia do nada, fazendo não só o meu coração ficar agitado, onde as batidas
ressoavam tão alto, parecendo tambores, assim como o meu corpo, desde o dia
que a encontrei, está quente como uma caldeira em funcionamento.
Tentei ficar o mais afastado possível, porém com a tempestade se aproximando e
já prevendo o frio que ia fazer, tive que providenciar madeira e só assim com a
ajuda da lareira o ambiente ficaria aquecido. Não que eu estivesse ou viesse a
sentir frio, muito pelo contrário, se não fosse pela presença dela, eu estaria
andando dentro de casa como vim ao mundo, mas pelos meus anos de
experiência e entre muitas idas naquele bordel, deu para perceber, desde o dia
em que a beijei, onde ela estava praticamente desajeitada, que eu poderia
facilmente ser considerado um prostituto se fosse comparar as nossas
experiências sexuais.
O meu tio sempre dizia que eu não conseguia manter o meu cacete dentro das
calças e em pouco tempo eu já o tinha superado. Segundo ele, a diferença entre
eu e as meninas do bordel em relação ao sexo, era que eu não cobrava para
fazer ou já estaria rico.
Depois que acendi a lareira, segui para o banheiro, já que o maldito calor não
passava e precisava urgentemente de uma ducha gelada, pois além do meu
corpo estar em chamas, estava difícil aguentar o latejar provocado pelo guloso,
que desejava a todo custo se libertar da sua prisão. Nem mesmo o banho foi
capaz de abaixar a alta temperatura que tomou conta de todo o meu corpo, o que
não era o caso dela, que estava tremendo de frio e ao cair da noite, logo depois
do jantar, tratei de procurar outro cobertor e assim ela ficaria bem aquecida.
Deixei o quarto rumo ao sofá, onde tenho passado as noites desde quando a
encontrei. Os minutos se passaram e até cogitei em apagar o fogo da lareira, mas
era a única forma dela não sentir tanto frio, se bem que era muito mais fácil eu
mesmo aquecê-la, já que parecia mais uma fornalha humana de tão quente.
Fiquei perdido em meio a vários pensamentos, meus olhos já estavam pesados e
tudo que lembro antes de ser envolvido pela escuridão foi do estrondo
ensurdecedor provocado por um trovão.
Não sei quanto tempo havia se passado, mais meu corpo ficou em total alerta ao
ouvir o som de passos dentro do cômodo e imediatamente meus olhos se
abriram, me deparando com aquela que vem ocupando os meus pensamentos,
provocando tantas sensações, que jamais achei que fosse capaz de senti e ao ver
o estado em que ela estava, me levantei, em seguida pedi que viesse para perto
da lareira se aquecer. Quando a segurei, antes de cair no chão, eu já não
aguentava mais ter que controlar tudo que estava sentindo e uma corrente de
eletricidade me atingiu iniciando desde os meus pés até chegar em minha cabeça
e sedento de desejo tomei sua boca no beijo que fez todo meu corpo estremecer
como se estivesse passando por ondas de choques.
Minha ereção foi imediata e muito maior que o desejo de explorar aquela boca
deliciosa, era acariciar cada curva do seu belo corpo e fazê-la minha em todos os
sentidos. No instante seguinte, enlouquecidos pela química sexual, pelo desejo,
não só carnal, como eu sentia que assim como o meu coração, o dela também
estava no ritmo descompassado e a cada momento tudo se tornava ainda mais
delicioso, no entanto, no momento que notei aquela pequena cicatriz em sua pele,
seu nervosismo ficou evidente e mesmo ficando intrigado a minha atenção logo
ficou direcionada para bela imagem a minha frente.
Todas as minhas experiências sexuais sempre foram no bordel e todas com
mulheres muito experientes e pela primeira vez, ao estar com uma virgem e saber
que fui escolhido para algo especial em sua vida, tinha que ser o mais cuidadoso
possível. Se tem uma coisa que sempre aumentou o meu ego como homem, foi
ser grande em todos os sentidos e mais ainda por saber usar com grande
habilidade, proporcionando prazer em vez de dor.
Nunca pensei, em toda a minha vida, que poderia sentir tanto prazer e mesmo
louco de desejo, eu tinha plena consciência que não poderia ir com muita sede ao
pote. Pela sua expressão, eu sabia que estava tomada pela dor e por esse motivo
tive que controlar a vontade que se apoderou de todo o meu ser, em me afundar
por inteiro naquela boceta apertada ou acabaria não só machucando-a, como
tudo que ela iria sentir era dor. Não foi fácil ter que segurar a vontade de enfiar
todo o meu membro dentro dela, mais sabia que pela primeira vez e o jeito como
sua vagina apertava o meu cacete isso seria impossível.
De todas as experiências que tive na vida, nenhuma jamais chegou perto de tudo
que senti na noite anterior e assim que surgiram os primeiros raios do sol. Tratei
de deixar à cabana e vim até o centro da cidade providenciar algo ou as
consequências de tudo que fizemos ontem nos unirá para sempre.

HELENA
Acordei alguns minutos atrás, mas ainda não me levantei e muito menos abri os
meus olhos. Não sei como vou agir depois de tudo que fizemos na noite anterior,
depois de ter me comportado de uma forma tão despudorada. Estava exausta e
cada pequena parte do meu corpo estava dolorida, deliciosamente dolorida,
embora depois de ser envolvida por um vendaval de sensações, quando
novamente começamos a fazer tudo de novo, pois o desejo que tomou conta do
meu corpo chegava a arder e ao contrário da primeira vez, uma dor surreal me
invadiu por completo. A sensação que eu tinha era que estava sendo rasgada ao
meio e mesmo com tanto cuidado, que ele estava tendo, eu não conseguia
acreditar como o seu membro estava muito maior, pois me sentia completamente
cheia.
Demorou a cair a ficha de que ele não havia colocado antes, toda aquela
monstruosidade que tem entre as pernas dentro de mim. Entre beijos, passados
alguns minutos imóveis, para que a dor que eu estava sentido diminuísse um
pouco, eu fui me acostumando e muito maior que minha dor era o fogo
incendiando as minhas veias, se espalhando por todo o meu corpo, fazendo
minha vagina pulsar e o calor escaldante dela atravessar o pênis dele que
começou a latejar violentamente dentro de mim. Foi a melhor noite de toda a
minha existência, senti um prazer inexplicável, paixão e desejo que jamais pensei
que existiam.
Quando juntos chegamos ao ápice do prazer, logo depois ele me convidou para
irmos tomar banho, algo que jamais ia acontecer. Vendo que seu convite me
deixou inquieta, ele me deu um beijo delicioso e se levantou. Eu não consegui
desviar os olhos da bela imagem daquele deus grego pelado caminhando em
direção à porta do quarto.
A bunda dele devia ser considerada a nona maravilha do mundo.
Enzzo, ao retornar a sala já me encontrou vestida, eu não poderia correr o risco
dele ver as minhas costas, em passos apressados, fui para o quarto e tomei o
meu banho. A chuva novamente voltou e dessa vez muito mais intensa, de banho
já tomado voltei para sala e acabamos dormindo os dois no tapete que estava
sobre o chão.
Respiro fundo e era chegada a hora de encarar a realidade, pois depois de tudo
que fiz, agora não adiantava mais ter vergonha. Abri os meus olhos e senti um
aperto em meu peito ao perceber que ele não estava, talvez tivesse se
arrependido de tudo que fizemos e o que foi perfeito pra mim, não passou de um
momento de prazer, o qual ele já deve ter tido vários em sua vida. Mesmo com o
incômodo entre minhas pernas, me levantei e fui para o banheiro.
Instantes depois que já tinha tomado banho e arrumada, fui para cozinha, pois
estava morta de fome, no entanto, eu nem sabia como ligar o fogo e tão pouco
tinha um celular para pesquisar como faria isso. Sentei-me na cadeira e com uma
maçã em mãos, comecei a comer, estava tão distraída que nem percebi quando
ele chegou e ao ouvir sua voz, quase me engasguei com o pedaço da fruta que
ainda nem tinha começado a mastigar.
— Bom dia.
Tratei de mastigar rápido, a comida, que estava em minha boca e respondi.
— Bom dia.
Ele colocou um monte de sacolas que trouxe em cima da mesa, foi até a geladeira
pegou a caixa de leite e colocou o líquido dentro de um copo, em seguida
estendeu em minha direção e logo depois um comprimido. Vendo minha reação
ele tratou de me informar a sua utilidade e sem questionar nada, eu tratei de
ingerir de imediato.
O restante da manhã, pela primeira vez, me vi enfiada em uma cozinha e com
ajuda de Enzzo, aprendi até como se fazia o arroz. Depois do almoço, quando
estava lavando a louça, ele se aproximou de mim e assim que suas mãos ficaram
em volta da minha cintura, senti o calor do seu hálito quente em contato com o
meu pescoço e lentamente ele começou a fazer uma trilha de beijo naquela
região.
Suspendi minha respiração quando senti sua língua passeando pela minha pele e
num impulso, juntei minhas pernas ao sentir uma onda de calor entre elas, e
quando num movimento rápido e preciso, me virou de frente para ele, no
momento que ia me beijar, o barulho irritante do seu celular começou a ecoar sem
parar.
Enzzo pegou o objeto e logo depois se afastou indo em direção à sala. Depois do
que havia acontecido, não teve mais clima, ele também acabou saindo horas
depois e passou o restante do dia fora. Olhei para o relógio, já eram quase oito da
noite e ao contrário da noite anterior, estava fazendo muito calor, ele tinha
chegado e ainda eram sete horas e depois que jantamos, não aguentando mais o
calor insuportável que pairava no ambiente, Enzzo ainda me convidou para tomar
banho no rio, algo que recusei assim que ouvi suas palavras e ele acabou indo
sozinho.
Mas, já não estava mais aguentando, pois meu corpo estava banhando pelo suor.
Um pensamento surgiu em minha cabeça e com passadas rápidas fui até a minha
mochila e procurei entre minhas roupas a camiseta que fazia par com uma blusa
transparente que tinha, afinal, nem em meu pior pesadelo cogitei em deixar
minhas costas amostra. Vesti a peça que ficou bem colada em meu corpo, desse
jeito eu não ia correr nenhum risco dele querer tirar a peça. Deixei o ambiente e
segui para a parte esquerda da cabana, onde estava localizado a alguns metros
um rio, com passos largos, já dava para ouvir o barulho causado pela
movimentação dele na água e assim que cheguei ao meu destino, o choque da
realidade pairou sobre mim.
Embora morasse em uma mansão luxuosa, com uma grande piscina, eu nunca
tinha feito uso dela e muito menos sabia nadar. O céu estava estrelado, fazendo o
contraste perfeito com a lua cheia, tirei o short que estava usando e tratei de me
limitar a não sair da beirada ou de certo, se não tinha morrido carbonizada
naquele acidente, agora iria ao me afogar. Enzzo, ao notar a minha presença,
logo tratou de acabar com a distância que nos separava e ao ficar a centímetros
de distância, se manifestou.
— Vencida pelo calor.
— Eu não estava mais aguentando.
— Venha, ficando aí no raso não vai adiantar muita coisa.
Ao ver que fiquei imóvel sua voz novamente se fez presente.
— Você não sabe nadar?
— Não e nunca banhei em um rio antes.
— Não precisa ter medo, você está comigo — ele disse estendo a mão em minha
direção.
Sem hesitar, segurei em suas mãos e andamos até uma parte mais funda, até
paramos e ele envolveu os braços fortes em volta da minha cintura, me puxando
para mais perto de si, fazendo-me sentir todo o poder da sua ereção. Quando
nossos olhos se encontraram, nem uma palavra foi dita, pois nós dois sabíamos
muito bem o que tanto estávamos desejando.
Enzzo inclinou a boca sobre a minha, e por instinto colei minhas mãos na nuca
dele, sentido minha pele correr em arrepios, quando sua língua sedosa
serpenteou em minha boca iniciando uma dança erótica que de início foi lenta e
depois se tornou mais profunda e intensa.
Estremeci toda ao sentir as carícias quentes de sua língua habilidosa, enquanto
suas mãos deixaram minha cintura e seguram com firmeza minhas nádegas.
Com nossas bocas ainda grudadas, ele segurou a barra da minha calcinha e em
questão de segundos a peça desceu pelas minhas pernas e essa certamente
ficaria para sempre naquele lugar. Enzzo me suspendeu e me fez entrelaçar as
pernas em volta da sua cintura.
Embriagados de desejo, e a excitação deixando minha cabeça totalmente
enevoada, tudo que eu queria era ser dele novamente.
Enzzo remexeu os quadris para ter o encaixe perfeito e quando ele finalmente
introduziu seu membro dentro de mim, parecia que tinha entrado dentro do meu
corpo inteiro. Podia senti-lo me atravessando, todos os nervos do meu corpo
interligados, ele começou com movimentos de vai e vem preguiçosos e
torturantes, comecei a movimentar os meus quadris, me esfregando nele,
enquanto ele sugava os meus seios, alternando entre um e o outro.
Fiquei desnorteada quando ele começou a se mover sem tirar por nenhum
segundo o seu pênis de dentro de mim e quando saímos de dentro da água, me
colocou no chão e por uma fração de instantes, pude contemplar todo o auge da
sua excitação, que exibia veias grossas e pulsantes.
Enzzo se juntou novamente a mim e agarrou o seu pênis. Para aumentar o meu
desespero começou a esfregar a grossa cabeça do seu membro no meu sexo,
fazendo uma trilha do meu clitóris até entrada da minha intimidade.
— Por favor — supliquei querendo tê-lo logo de uma vez dentro de mim, mas ele
passou por diversas vezes a cabeça do seu membro na minha vulva
supersensível. Eu gemi alto, me contorcendo em uma demonstração de desejo
ardente.
Um sorriso perverso surgiu em sua face e num tom de voz pecaminoso ele disse.
— Diga-me, o que você deseja anjo?
— Eu preciso de você dentro de mim — supliquei de novo.
Posicionando o corpo sobre o meu e seu imponente membro entre as minhas
pernas. Sem preliminares, ele deslizou o seu pênis para dentro da minha entrada
molhada e ao contrário de minutos atrás, seus movimentos eram preciso, cada
vez mais fundo, me fazendo sentir seu membro quente e volumoso totalmente
dentro de mim, deslizando toda a longa extensão dele para dentro da minha
intimidade faminta. Diante das suas investidas estonteantes, comecei a remexer
meus quadris com maior rapidez, gemendo de êxtase enquanto aquela ereção
imensa e latejante era empurrada com mais força, me levando à loucura.
Ele encostou o rosto no meu e tomou a minha boca com volúpia, chupando a
minha língua e arrancando gemidos abafados de arrebatamento, a cada
movimento vigoroso, que eram seguidos de estocadas fundas, que atingiam até o
meu ponto mais profundo, meus quadris se movimentavam em espasmos
violentos. Enzzo afastou sua boca da minha e soltou um grito alto, em seguida
seus olhos ficaram grudados no meu.
— Goze comigo. Você é minha, toda minha.
O meu corpo obedeceu ao seu comando antes mesmo que minha mente pudesse
registrá-lo. Eu gritei, gritei tão alto que senti minha garganta reclamar, me
contraindo e pulsando ao redor dele. Num movimento rápido, ele tirou seu pênis
de dentro de mim e jatos potentes do seu sêmen atingiu a minha perna.
Uma onda do melhor cansaço do mundo me invadiu imediatamente, logo depois
ele me abraçou, beijando a minha boca com ternura. Outra vez e eu fui tomada
por uma sensação de felicidade.
Capítulo 15

Durrês – Albânia
Uma semana depois...

OMAR

DESDE O MOMENTO QUE DEIXEI O QUARTO DA INFELIZ,


tratei de reunir o meu pessoal e enquanto alguns foram direcionados para o local
do acidente, eu fui para o hospital mais próximo. No entanto, depois de percorrer
todos os hospitais desse país, não obtive nenhuma informação da desgraçada
que tenho por filha.
Os membros do conselho, sabendo de toda movimentação, vieram ao meu
encontro e jamais poderia revelar a todos que ela havia simplesmente fugido e
aproveitando que souberam da morte de Thadeu, tratei de colocar toda a culpa no
maldito, fazendo todos acreditarem que ele certamente estava trabalhando para
os inimigos, o que fez todos cogitaram que tudo foi planejado para tirar o imbecil
do caminho deles e com sua morte, não iam correr o risco de ninguém saber o
paradeiro de Helena, assim, no momento certo, eles poderiam usá-la para colocar
o plano que tinham em mente em ação.
Sabendo da realidade dos fatos e sedento de ódio, para colocar minhas garras
naquela imprestável, hoje uni o útil ao agradável. Todos aqueles que
desconhecem que, por trás do empresário respeitado também existe o chefe de
uma organização criminosa, que por anos vem semeando a destruição e
intensificando o crime nessa região, matando quem se atreve a ficar em seu
caminho, estão solidários pelo sequestro de Helena Petrovci.
Além de contar com a possibilidade de algum desses idiotas vir a contribuir com
alguma informação sobre onde ela possa estar, já que foi oferecida uma alta
quantia. O falso sequestro me fez alavancar nas pesquisas, me colocando agora,
como o primeiro candidato favorito ao cargo, que será o primeiro passo para
chegar aonde tanto venho almejando. Deixei de ser visto somente como o homem
de negócios, que sempre vem fazendo caridade para os mais necessitados, agora
é o marido e pai que está sofrendo e fazendo de tudo para encontrar sua filha tão
amada.
Ao divulgar hoje no jornal mais famoso do país, a foto de Helena, a princesinha da
máfia, como é conhecida, entre aqueles que vivem no mundo da máfia, eu espero
que em breve tenha notícias da infeliz, que vai desejar nem ter nascido quando eu
colocar minhas mãos nela. Tudo que essa infeliz já passou será nada, comparado
com tudo que tenho em mente, se o destino levou o meu filho tão amado em vez
dela, eu farei de cada minuto da sua vida miserável um verdadeiro inferno.

HELENA
Se realmente existe o paraíso, eu estou vivendo nele. Nunca em toda a minha
vida tive momentos tão felizes, até porque os poucos que eu tive, foram ao lado
da minha mãe, e como sempre, aquele monstro tratava de fazer algo para que o
sorriso em nossos rostos fosse substituído pelas lágrimas.
Desde a noite que tomamos banho naquele rio, a sensação que tenho é de estar
vivendo um verdadeiro conto de fadas. Enzzo tem sido muito carinhoso, não só
durante o sexo. Com o passar dos dias, mal conseguimos nos desgrudar, a não
ser pelas saídas que sempre eram no mesmo horário e o seu telefone também
sempre tocava assim que chegava em casa. Ontem ele disse que precisava
retornar para sua casa que ficava em Tirana. Sabia que era o momento de seguir
o meu caminho, embora uma grande tristeza pairasse sobre mim, porém eu fui
surpreendida pelo seu convite em ir com ele para sua casa.
Mesmo vibrando de felicidade por saber que ele sentia muito mais que só desejo
carnal. Depois da noite maravilhosa que tivemos ontem, eu decidi que assim que
chegasse lá, eu iria contar toda verdade. Posso estar vivendo num conto de
fadas, mas às vezes tem fim e por maior que seja o desejo de que tudo
permaneça como está, cheio de paixão e amor, a mentira é capaz de destruir
tudo. Só preciso primeiro deixar os domínios do algoz que tenho por pai e depois
de contar a verdade, tentarei entrar em contato com a minha mãe.
Aqui nesse lugar tão simples, comparado com todo o luxo da mansão em que vive
por anos. Eu tive momentos inesquecíveis, que ficarão para sempre em meu
coração. Foi aqui que o homem que salvou a minha vida me fez novamente
conhecer a luz. Que despertou muito mais que desejo e luxúria, despertou um
sentimento tão grandioso que já não consigo mais imaginar viver longe dele.
Não é só o meu corpo que arde por ele, que queima como se tivesse em vez de
sangue em minhas veias, um fogo líquido, mas o meu coração que vive batendo
fundo como nunca tinha acontecido antes de conhecê-lo. Minhas lembranças
foram interrompidas ao sentir braços fortes em volta da minha cintura, ele inclinou
a cabeça e seus lábios macios tocaram os meus e sem delongas sua boca
esmagou a minha. Sua língua deslizou-se sobre meus lábios até invadir a minha
boca, acariciando a minha em um beijo quente e devastador, que fez de imediato
uma onda de calor surgir entre minhas pernas.
Acabamos por nos separar por falta de ar e do jeito como estávamos, aquele beijo
ia acabar com nós dois em cima da cama. Instantes depois, pegamos nossas
coisas e caminhamos em direção ao carro. Passei todo o percurso nervosa, já
que ele me contou que morava com seu tio e Yolanda, que era como uma avó
para ele, perguntei sobre os seus pais, mais assim como eu disse que não
gostava de falar sobre o assunto de uma das cicatrizes em minhas costas, ele
também disse que o assunto sobre seus pais não era algo que gostasse de
compartilhar.
Acabei adormecendo e quando acordei foi com a voz dele me chamando, para
avisar que havíamos chegado. No momento que saí do carro, senti um calafrio
percorrer a minha espinha e um forte incômodo pairou sobre mim. Fiquei
totalmente imóvel, era como se algo de ruim fosse acontecer, meu coração estava
agitado e minha respiração tornou-se pesada. Eu não sei o que estava
acontecendo comigo, porque por dentro a sensação que eu tinha era que todo o
meu corpo estava tremendo.
Enzzo ao ver minha reação veio ao meu encontro. Ele segurou em minhas mãos
e percebeu o quanto estavam geladas.
— Você está se sentindo bem?
— Acho que é pelo meu nervosismo.
Ele me abraçou e ao ouvir suas palavras fiquei mais confiante.
— Eles vão adorar você — disse ele e em seguida me deu um beijo casto nos
lábios e segurou firme a minha mão direita.
— Vamos!
Fiz um gesto com a cabeça e em passos vacilantes andei em direção à entrada
principal. Assim que ele abriu a porta, uma senhora e um homem que mantinha a
cabeça abaixada olhando fixamente para um jornal surgiram no meu campo de
visão, no entanto, a voz de Enzzo se fez presente.
— Eu quero que vocês conhec...
Antes que ele terminasse de falar, o homem, ao desviar sua atenção do objeto em
suas mãos, se virou em nossa direção e ao me ver, sua expressão ficou fechada
e sua voz carregada de ódio ecoou no ambiente.
— Helena Petrovci.
Capítulo 16

Tirania – Albânia

ENZZO

ELA ESTAVA NERVOSA, depois de acalmá-la, seguimos para a


entrada e assim que entramos, eu disse.
— Eu quero que vocês conhec...
Antes que eu terminasse de falar, o meu tio ao desviar a sua atenção do jornal em
suas mãos se virou em nossa direção. Suas feições mudaram e a raiva estava
visível em seu olhar, deixando-me desorientado, mas ouvir as palavras ditas por
ele fez toda a alegria que estava sentindo segundos atrás ser substituída por
tristeza e raiva.
— Helena Petrovci!
O som, de suas palavras ressoou no ar. Hulk segurou o objeto com as duas mãos,
revelando a imagem daquela que sempre odiei só por saber do seu nome e da
sua existência. Que sem saber, conheci sua verdadeira aparência e senti durante
esses dias um sentimento que jamais achei que fosse capaz de ter por nenhuma
mulher. Uma onda de calor tomou conta de mim. Senti o ar se esvaindo dos meus
pulmões e o ódio trancou a minha garganta. Tudo que vinha em minha mente
eram as palavras ditas pelo meu tio, olhei para mulher ao meu lado, que se
mantinha com uma expressão de medo e certamente era pelo fato de ser
descoberta.
Eu não só me deixei ser enganado pelo rosto de anjo que é filha daquele
demônio, como fracassei com a promessa que fiz no túmulo dos meus pais.
Deixei que a luxúria, o desejo carnal e um sentimento que jamais deveria ter
ganhando tamanha proporção, me deixasse cego ao ponto de não ver o que
estava diante dos meus olhos. O calor que segundos atrás estava me
incendiando, causando um desconforto terrível em minha pele, se intensificou.
Não sei o que estava acontecendo comigo. Minha cabeça começou a doer e
quando fechei os meus olhos, era como se algo que estivesse preso dentro de
mim, iniciasse um duelo tentando se libertar. De repente, o meu coração começou
a se agitar em meu peito e as batidas eram tão fortes, que a sensação era de que
dava para todos ouvirem, meus pulmões estavam funcionando aos espasmos. O
sangue em minhas veias percorria por elas como fogo líquido, senti uma
queimação no meu rosto como se ele estivesse transfigurando e quando voltei a
abrir os olhos, tudo que havia em minha frente era somente a escuridão.
Helena Petrovci, tinha acabado de acordar o monstro que habitava dentro de mim.

HELENA
Eu estava com o coração disparado e uma sensação de desespero. O olhar
gelado e furioso, lançado pelo homem a minha frente, fez tremores de medo
percorrem todo o meu corpo, comecei a respirar com dificuldade e ao levantar a
cabeça, o pânico me dominou ao ver a própria imagem do anjo se transformando
no demônio. Seu rosto começou a se contorcer até se transformar numa máscara
rígida e seus olhos azuis ficaram num tom mais escuro, onde o brilho deles deu
lugar a faíscas de ódio. Suas mãos estavam fechadas em punho, como se a
qualquer momento toda aquela fúria não poderia mais ser contida.
E no momento que o som da voz daquele homem enorme, novamente preencheu
o espaço, o choque da realidade caiu como um soco em meu estômago.
— Jamais pensei que a pessoa que você disse que estava trazendo seria a filha
daquele maldito traidor. Essa infeliz por anos vem usufruindo tudo que é seu,
assim como aquele desgraçado usurpou o lugar do seu pai e nada mais justo que
Helena Petrovic, seja a primeira a ser eliminada. Vamos ver qual será a reação do
infeliz ao receber a cabeça da própria filha de presente.
As palavras proferidas por ele começaram a ecoar em minha cabeça e muita
coisa começou a fazer sentido. Enzzo, esse era o nome do filho de Vitor
Demisovski, a minha mãe havia me contado quando falou do massacre que
aconteceu naquela casa, que sempre me deixou com calafrios ao passar por
aquele corredor, mas, Omar fez questão de morar naquela mansão, embora
sabendo que foi lá que o seu melhor amigo morreu, no entanto, não consigo
entender como ele pode estar vivo e por que esse homem está dizendo tudo isso.
O desespero apoderou-se de todo o meu ser quando o tio de Enzzo, movendo
numa velocidade impressionante, pegou uma arma que estava próxima à poltrona
onde, antes ele estava acomodado e começou a caminhar em minha direção.
Tentei falar, mais não saia nenhuma palavra, pois o meu medo era tão grande,
que não conseguia nem me mover e quando ele parou em nossa frente e apontou
a pistola na direção da minha caixa torácica, antes que fizesse qualquer outro
movimento, Enzzo, que até então estava em silêncio, se manifestou.
— Pare! Você não vai tocar nela — respirei aliviada.
O tio dele desviou seu olhar mortal, que antes estava fixo pra mim e encarrou o
sobrinho. Levantou as sobrancelhas de forma inquisitiva como se esperasse uma
justificativa, quando eu escutei as palavras que foram ditas como resposta, eu
senti uma dor terrível como se um punhal tivesse sido cravado em meu peito,
como se fosse tirado o chão debaixo dos meus pés.
— A morte seria um alívio para ela. Helena, assim como aquele infeliz, vai pagar
em vida pela sua maldita existência.
Um sorriso vitorioso surgiu no rosto do homem, que até então tinha uma
expressão fechada. Comecei a ficar com falta de ar e quando pensei que não
poderia ficar pior, senti uma dor infernal em minha cabeça, quando aqueles dedos
que tanto me proporcionaram prazer, começaram a se enroscar em volta dos
meus cabelos. O nó que estava fechando a minha garganta se desfez e um grito
estrondoso saiu rasgando a minha garganta e ignorando a minha dor, ele saiu me
puxando pelo longo corredor.
— Pare! Está doendo — disse aos prantos, pois à medida que ele andava,
intensificava os puxões e a dor se espalhava pelo meu couro cabeludo. Meus
olhos marejaram com lágrimas repentinas inundaram todo o meu rosto.
Instantes depois, que pareceram uma eternidade, onde minha boca já estava
seca de tanto gritar, ele parou, em seguida abriu uma porta e assim que acendeu
a luz, começou a me puxar novamente, descendo os degraus e quando enfim nos
livramos do último. Enzzo chocalhou a minha cabeça com muita força e me
lançou no chão, fazendo novamente um ruído de dor e medo sair da minha boca.
Meus olhos passearam em volta do lugar, que parecia ser um porão. Fiquei
encolhida no chão, pois a dor que antes estava sentido na minha cabeça, agora
era pior em minhas costelas, devido o impacto ao ser jogada ao chão. Mas, eu
precisava esclarecer as coisas.
— Enzzo! — disse, com a voz fraca. — Cale a sua boca, sua infeliz! —
praticamente aos berros, ele mandou que eu me calasse. Seu tom de voz era
cheio de ódio, uma fúria descomunal, semelhante a que Omar demostrava, toda
vez que começava a me bater. Meus pensamentos foram interrompidos quando
ouvi sua voz novamente.
— Não quero ouvir nenhuma palavra que saia da sua maldita boca. Você, assim
como o traste que tem por pai, não passam de dois desgraçados mentirosos.
Vivem escondendo a verdadeira face do lobo em pele de cordeiro.
O pânico havia tomado conta de mim e tudo estava tão confuso que a única coisa
que vinha em meus pensamentos, era que talvez, ele não soubesse da
veracidade dos fatos, pois minha mãe disse que o corpo do pequeno herdeiro
nunca foi encontrado e esse homem que ele tem por tio, possa ser o mesmo que
o tirou daquela mansão. Deixei os devaneios de lado assim que ele se virou e
começou a subir os degraus e ao chegar ao topo da escada, o que ouvi em
seguida me dizia que o paraíso em que eu acreditei estar, tinha acabado de dar
lugar ao verdadeiro inferno.
— Helena Petrovci, você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho, vai
desejar que eu tivesse te deixado morrer dentro daquele carro, farei de cada dia
da sua vida o próprio inferno.
Capítulo 17

Tirana – Albânia

ENZZO

TODA A RAIVA QUE TOMOU CONTA DE MIM estava me


enlouquecendo. Além da sensação ruim como se o meu corpo estivesse se
incendiando, acabei voltando à realidade ao ver o meu tio com uma arma
apontada na direção dela o que não só fez o meu coração se agita ao perceber a
sua intenção como novamente algo que só sentir depois que nossos caminhos se
cruzaram pairou sobre mim "medo".
Por mais que as sombras estivessem me envolvido, não foi o suficiente para que
a luz vinda dela ainda tentasse a todo custo me atingir e por mais que sentisse um
ódio descomunal pela maldita, pensar que, com um simples movimento uma bala
poderia ser algo fatal e como consequência tiraria sua vida. Por instinto meus
lábios se moveram e minha voz se fez presente fazendo o meu tio desviar sua
atenção do seu alvo.
Hulk mantinha seu olhar fixo em mim e eu sabia que uma verdadeira guerra seria
iniciada. Todavia, suas feições mudaram e um sorriso satisfatório surgiu no seu
rosto ao ouvir minhas palavras.
Olhar para mulher ao meu lado e lembrar-me de quem ela era filha, só fez minha
raiva se renovar. Ao contrário dela, que cresceu cercada pelo amor dos pais, eu
cresci com amor, claro, mais não era o amor dos meus pais. Não foi Helena que
pegou uma arma e tirou a vida deles, porém ela é fruto da semente do mal e
assim como o seu criador não hesitou em fazer minha mãe e um bebê sofrer as
consequências de sua ambição, eu também não terei piedade.
Não importa quem eu tenha que destruir, ou o que tenha que fazer para atingir
aquele desgraçado, será feito. Muito maior que qualquer sentimento que descobri
ao seu lado, é o ódio que desde criança se enraizou em meu coração e foi tudo
que me manteve firme. Que preencheu o vazio no meu peito. Poderia levar anos,
mas eu teria o coração negro daquele traidor pulsando diante dos meus olhos e
não seria uma bala que acabaria com sua vida e sim as mãos que antes eram tão
pequenas, no entanto, ao crescerem iam arrancar e esmagar o seu maldito
coração.
Movido pelo ódio que inflamava em minhas veias, levei uma das mãos de
encontro aos seus cabelos e os gritos que saiam entre seus lábios soaram como
músicas para os meus ouvidos. Depois que a deixei naquele porão, encolhida
como um animal indefeso, saí ao encontro do meu tio, muita coisa precisava ser
esclarecida.
Deixei as lembranças de lado quando ouço a voz de Hulk.
— Ainda não entendi como você conseguiu entrar na mansão e sequestrar a filha
do desgraçado.
— Não fui eu o responsável pelo sequestro de Helena e duvido que ele tenha
acontecido.
— Está aqui no jornal e durante todos esses anos, o traidor jamais tinha divulgado
uma foto da princesinha da máfia.
Nos instantes seguintes, contei como tudo aconteceu, desde o momento que a
encontrei dentro daquele carro desfalecida, até o falso nome e como acabei me
envolvendo com ela. Como já esperava, a reação dele foi a pior possível, seus
olhos refletiam o puro ódio e quando uma de suas mãos se fechou em punho, um
golpe terrível foi dado sobre a mesa fazendo tudo que tinha sobre ela cair no
chão.
As feições de Hulk eram totalmente desconhecidas por mim e o desafio silencioso
que tomou conta do ambiente foi quebrado quando o som da sua voz ecoou no
espaço.
— Como você pôde se envolver com a filha do nosso pior inimigo? Agora mais do
que nunca aquela infeliz será enviada ao inferno — ele disse aos berros.
O incômodo que minutos atrás estava me causando um forte desconforto cresceu.
Meus pulmões começaram a funcionar num ritmo frenético, e antes que ele
cogitasse em se mover, acabei com a distância que nos separava e parei em sua
frente.
— Eu te aconselho a não falar comigo nesse tom novamente. Você por anos me
preparou para assumir o lugar que era meu por direito e jurou lealdade ao legado
dos Demisovski. A única palavra que vai prevalecer aqui é a minha, o verdadeiro
chefe da máfia albanesa.
Sua expressão logo mudou e seus olhos que estavam direcionados para os meus,
se voltaram para o jornal que havia caído no chão. Assim que ele pegou o objeto,
eu voltei para o lugar em que estava antes e juntos começamos a planejar o que
iríamos fazer.
Depois de horas de planejamento, decidimos que já estava na hora de começar a
partir para cima do inimigo. Diante dos últimos acontecimentos, tudo nos levou a
conclusão de que Helena deixou a mansão por livre espontânea vontade, esse
era o motivo de toda movimentação nos últimos dias em volta do lugar. Não houve
sequestro, pois embora a mentira parecesse ser algo hereditário, que passou de
pai para filha, as lágrimas derramadas pelo homem que achei ser o seu pai não
foram forçadas.
Hulk levantou a hipótese de que ela, que sempre viveu numa prisão de luxo,
mesmo tendo aparentemente tudo, exceto a liberdade, já que vivia sendo mantida
como uma joia rara, onde sua verdadeira aparência nunca tinha sido revelada.
Resolveu experimentar algo que até então era impossível, no entanto, a única
dúvida era porque o maldito disse a todos que ela havia sido sequestrada.
HELENA
— Deus, me ajude!
Suspirei e ao tentar me mexer, um ruído de dor saiu por entre meus lábios. Abri
meus olhos e senti minha cabeça girar, e, um incômodo na minha barriga
tamanha era a minha fome. Mesmo com dificuldade, me sentei em cima do fino
colchão e fiquei encolhida.
Depois de proferir aquelas palavras cheias de ódio, ele se virou e começou a subir
os degraus. Senti a revolta crescendo dentro de mim. Abri minha boca diversas
vezes para falar, mas não consegui dizer nada, pois nunca pensei que o olhar que
por dias, ao serem lançado em minha direção fazia o meu coração bater mais
forte, hoje tudo que senti era o puro medo.
Antes de ele sair do cômodo, ainda virou-se em minha direção e sua expressão
diabólica me deu calafrios.
Quando a porta foi fechada, um silêncio pesado caiu no ambiente e a cena dele
me puxando pelos cabelos naquele corredor me voltou à memória e com ela as
lágrimas surgiram novamente em meus olhos. Instantes depois, esfreguei os
olhos e comecei a observar tudo ao meu redor, mesmo sendo um porão, o lugar
era limpo e organizado. Com o olhar fixo no colchão, me levantei e tomada pela
dor fui praticamente me arrastando até o objeto e ao me aproximar, desabei em
cima do colchão, não sei em que momento acabei dormindo.
Sou tirada das minhas lembranças ao ouvir a porta sendo aberta e,
imediatamente levantei a cabeça encarando o homem que surgiu no meu campo
de visão. Seu rosto era uma máscara fria e antes que eu fizesse qualquer outro
gesto a sua voz no tom rude se fez presente.
— Levante-se agora!
Decidida a não ficar mais calada, meus lábios se moveram e quando eu ia falar
novamente, a sua voz ressoou no espaço e dessa fez num tom muito mais alto e
sua expressão ficou ainda pior.
— Você teve sua chance e, no entanto, mentiu como se fosse à coisa mais normal
e nada que eu venha, a saber, ao seu respeito vai diminuir o ódio e o desprezo
que sinto por você. Agora não me faça ir até aí, porque desta vez, eu não serei
tão gentil.
Eu queria permanecer sentada, mas muito maior que a raiva que eu estava
sentido era a minha fome. Sabendo que não ia adiantar nada tentar explicar as
coisas, enquanto ele tivesse tomado pela escuridão do ódio, resolvi me levantar e
em passos lentos fui em sua direção. Eu não sei se estava tremendo pelo medo
ou era pela fraqueza causada pela fome.
Quando acabei com a distância que nos separava, ele me deu um puxão me
fazendo sair de dentro do cômodo e por pouco não bati com a cabeça na parede.
O encapetado começou a caminhar e em passos vacilantes o segui. A cada passo
que eu dava, um cheiro delicioso que havia no ar, invadiu minhas narinas e me
deixou com a boca salivando, porém fiquei petrificada quando, sentado em uma
cadeira estava o tio dele, com seu olhar fixo na minha direção.
Meus olhos foram de encontro à comida sobre a mesa, enquanto Enzzo se sentou
próximo do tio e quando eu ia me mover para ir até a mesa, permaneci imóvel.
Em toda minha miserável vida, nunca tinha me sentido tão humilhada, não só por
ouvir suas palavras, mais por seguir o seu olhar e ao abaixar a cabeça, ver a
imagem a minha frente.
— Para a filha de um traidor nada mais justo que a refeição que você merece.
Capítulo 18

Tirana – Albânia

HELENA

MEUS OLHOS PERMANECEM FIXOS na imagem a minha


frente. Sinto um nó em meu estômago e respiro fundo tentando controlar a ânsia e
não vomitar. No entanto, o som da voz do homem que estava determinado a ser o
meu novo carrasco ecoou no ambiente, me fazendo direcionar minha atenção
para ele.
— Assim como os porcos, tenho certeza que você vai adorar a lavagem. Você
teve muita sorte que cheguei antes de Yolanda ir levar o jantar deles.
Fechei os olhos por uma fração de segundos, para não deixar que as lágrimas
que estavam se formando, viessem a cair, pois não ia chorar na frente dos dois. O
tio dele, que até então estava imóvel e com um sorriso vitorioso em sua face,
levou uma das mãos até a travessa e pegou um pedaço de carne e conduziu até
a sua boca. O que fez o meu estômago reagir de imediato, logo em seguida a voz
de Enzzo se fez presente novamente.
— Abaixe-se e aproveite o seu banquete — falou no tom de sarcasmo.
Olhei para a gororoba que estava dentro de uma vasilha, que era semelhante a
que se colocava ração para cachorro e aquilo foi o estopim, pois toda humilhação
e angústia que estava sentindo deu lugar ao sentimento que só tinha sentido até
então, por Omar Petrovci, "Ódio". Levantei a cabeça e os olhares deles brilhavam
e certamente era pela expectativa de apreciar o grande espetáculo da noite, onde
eu seria a atração principal.
Minhas pernas se moveram e aproveitando o momento de distração deles, ao
direcionar a atenção para a comida sobre a mesa. Sai correndo em direção
contrária e quando cheguei à sala, a porta foi aberta pela mesma senhora que vi
quando chegamos. Não pensei duas vezes e avancei em sua direção, ela que
tinha um balde em suas mãos, ao perceber a minha intenção, ainda tentou fechar
a porta, mas de tanto correr dentro daquela mansão, para me esquivar dos golpes
do meu pai, eu fui muito mais rápida e acabei a empurrando e feito uma louca
comecei a correr sem rumo, já que não conseguia ver quase nada. Meus pulmões
estavam agitados, funcionando aos espasmos, quando avistei uma luz e pensei
que seria a minha salvação, senti o meu corpo indo de encontro ao chão.
Gemidos saíram entre meus lábios e ao levantar a cabeça, o pânico tomou conta
de mim e meu coração começou abater freneticamente diante da própria imagem
de um monstro a minha frente. Enzzo acabou com a pequena distância que nos
separava e se agachou em seguida. Seus olhos estavam faiscando de ódio e
disposta a não aceitar mais essa situação, mesmo não querendo ele ia me ouvir.
— Chega! Você vai ter que me ouvi... — eu tentei começar. — Aiiiii... — as
palavras ditas por mim que nem chegaram a ser concluídas foram substituídas
pelo ruído de dor, quando aquela mão enorme atingiu a minha face. A sensação
que eu tinha era que minha pele estivesse queimando.
— Você deve ter algum problema de surdez. Eu não quero ouvir nada a não ser
que eu permita que você fale, pois da próxima vez eu irei arrancar cada dente
dessa maldita boca.
Os ruídos deram lugar aos gritos ensurdecedores, quando não me dando chance
alguma de reagir, ele levou uma das mãos até a minha cabeça e segurando firme
em meus cabelos, saiu me puxando em direção àquela prisão. A cada passo que
ele dava, a dor se intensificava, não só na minha cabeça, mais nas minhas costas
ao serem arrastadas pelo caminho. Minutos que pareceram uma eternidade se
passaram, eu já estava ficando sem fôlego de tanto gritar e assim que ele chegou
dentro da casa, continuou me puxando até parar na porta que dava acesso ao
porão.
Assim que ela foi aberta, sua voz autoritária ressoou no espaço.
— Levante e entre antes que eu te jogue escada abaixo.
Tremores tomaram conta do meu corpo inteiro. Mas, mesmo que tudo indicasse
que eu estava no fundo do poço, à única imagem que surgiu em minha mente foi
do sorriso da minha mãe e, reunindo todas as minhas forças, fiquei de pé e com
passadas lentas, segui para dentro do cômodo. Em seguida, a porta atrás de mim
foi fechada. Segurei no corrimão da escada e com muita dificuldade, fui descendo
os degraus e quando cheguei ao último, não tive mais forças para continuar,
acabei me sentando e as lágrimas brotaram mais uma vez, escorrendo pelo meu
rosto sem a minha permissão.
Segundos, que deram lugar a minutos, toda uma retrospectiva passou pela minha
cabeça. Desde as surras que levei de Omar, que embora tão cruel, nunca havia
batido em meu rosto. De tudo que minha mãe sofreu para me defender, assim
como os dias de felicidade que vivi naquela humilde cabana, até o momento que o
príncipe com aparência de anjo se transformou no demônio e virou o meu algoz.
Meus pensamentos foram interrompidos com o barulho da porta sendo aberta e
por instinto levantei de imediato, me afastando da escada.
Assim como eu temia, era ele novamente e como num estalar de dedos, ele
desceu os degraus e meu olhar ficou concentrado no objeto em suas mãos.
Enzzo deu alguns passos e seus olhos azulados cruzaram com os meus, sem
quebrar o contato visual, ele estendeu a vasilha em minha direção, e em seguida
o som da sua voz grave surgiu no ambiente.
— Já que você não quis aproveitar a minha generosidade, se quiser saciar a sua
fome — ele fez uma pequena pausa e com um movimento rápido, virou o objeto e
a lavagem começou a escorrer no mesmo instante que sua voz se fez presente
novamente.
— Vai ter que juntar a comida do chão se quiser comer algo hoje.
Um sorriso tenebroso surgiu em seu rosto e na mesma velocidade que desceu os
degraus minutos atrás, ele subiu e sumiu do meu campo de visão. Quando a porta
foi fechada, olhei para gororoba no chão, era uma mistura, acredito eu, de resto
de comida e pela aparência, fazia meu estômago se contorcer, no entanto, eu já
não sabia se era por ver a qualidade da comida ou era reclamando pela fome.
Levei minhas mãos até as minhas costas e as enfiei por dentro da roupa, mesmo
o tecido da minha blusa sendo grosso deu para sentir que além das cicatrizes
tinha alguns arranhões.
Com passos firmes, fui até a pequena porta a minha frente e ao constatar que o
cubículo era um banheiro, fechei a porta e voltei minha atenção para o canto que
tinha algumas caixas, certamente devia ter roupas velhas e assim eu poderia
usar. Comecei a revirar tudo e acabei encontrado uma camisa, porém o objeto
que olhei assim que peguei o tecido fez um único pensamento se tornar fixo em
minha cabeça. Depois que o tirei de dentro da caixa, com ele e a camisa em
minhas mãos, caminhei em direção ao banheiro.
Depois de um tempo, me sentido aliviada, mesmo que gemidos acabaram por sair
por entre meus lábios, quando a água fria entrou em contato com a minha pele,
terminei o banho.
De banho tomado; e vestida, olhei meu reflexo no pequeno espelho, nunca pensei
que teria coragem de fazer isso, mais diante dos últimos fatos, foi a única solução
que encontrei. Deixei o cubículo e fui até o colchão, que se tornou o meu ponto de
descanso.
Fechei os olhos tentando dormi o mais rápido possível e só assim conseguiria
enganar o meu estômago, que não parava de doer. Comecei a virar de um lado
para o outro, mais o sono não vinha, pois o barulho vindo da minha barriga estava
cada vez mais alto. Parece que depois que tomei água na torneira fixada na pia
do banheiro, só aumentou o buraco que se formou na minha barriga. Nunca
pensei que a fome pudesse doer tanto e muito maior que a ânsia que estava
sentindo, só em lembrar-me da comida, o desconforto que pairou sobre mim.
Num pulo, me levantei e depois de alguns passos, acabei com a distância e ao
me abaixar, meus olhos foram de encontro ao objeto sobre o chão, não sei quanto
tempo se passou e eu fiquei petrificada com o olhar fixo na gororoba e sem que
eu pudesse controlar, minhas mãos pareciam que tinham ganhado vida própria e
logo eu estava feito um animal faminto, devorando a lavagem como se fosse a
melhor comida que já tinha comido na vida.
Sobrevivi por 18 anos às atrocidades de Omar Petrovci, então nada que eles
fizessem, iria me fazer desistir de viver.
Capítulo 19

Tirania – Albânia

HELENA

DEPOIS QUE ME LEVANTEI DO CHÃO, segui para o


banheiro. Estremeci toda quando olhei o meu reflexo no espelho, parecia até um
animal, com a boca toda suja, sem contar as minhas mãos. Abri a torneira e
depois de lavar as mãos foi a vez da minha boca. Mesmo sabendo que não ia
adiantar muita coisa, mas pelo menos não acordaria com bafo de onça, peguei a
tesoura e cortei o velho tubo de creme dental, em busca de encontrar ainda algo
dentro da embalagem.
Eu acho que pela arrumação do lugar e a máquina de costura, aquela senhora
utilizava o porão com frequência. Levei o dedo indicador em direção ao resto de
creme espesso no fundo, movimentando para que pudesse sujá-lo. Com o dedo
todo branco, coberto pela substância, conduzi em direção a minha boca e
comecei a esfregá-lo com força nos meus dentes. Instantes depois, eu deixei o
cubículo e caminhei em direção a caixa em busca de pegar um dos cobertores
que tinha visto horas atrás, que mesmo com alguns buracos, serviria para me
proteger do frio.
Era incrível que Tirana ao contrário de Durrês, tinha uma baixa temperatura.
Deixei os devaneios de lado e fui até o colchão, com o estômago enfim quieto,
não demorou muito para ser envolvida pela escuridão total.
Acordo atordoada, com dificuldade para respirar. Eu estava sufocando e o líquido
gelado em meu rosto estava bloqueado minhas narinas. O desespero tomou
conta de mim e num impulso, tirei o cobertor do meu rosto me deparando com
aquelas órbitas azuis fixas em minha direção. Ele exibia um esboço de um sorriso,
em uma de suas mãos uma jarra e certamente foi de dentro dela que veio a água
gelada que me atingiu e antes de algum outro pensamento passar pela minha
cabeça, a voz dele ressoou no ambiente.
— Está na hora de acordar, gata borralheira — assim que seus lábios se juntaram
novamente, ele deu alguns passos para trás e só aí percebi os objeto em sua
outra mão. Ele novamente voltou a falar, no entanto, me senti culpada ao ouvir
suas palavras.
— Você, sua infeliz, foi a responsável por Yola ter machucado o pé e por isso fará
todo o serviço pesado, até que ela se recupere. Chegou a hora de a princesinha
deixar de ter tanta mordomia. Agora se levante, que você terá muito trabalho pela
frente.
Quando levantei o meu corpo, ele desviou sua atenção por uma fração de
segundos em direção aos objetos em sua mão, porém ao levantar a cabeça, suas
feições que antes eram sarcásticas, deu lugar a uma expressão trevosa, assim
que seus olhos se fixaram em meus cabelos. Sua mandíbula se contraiu, sua
boca se contorceu e o rosto dele endureceu em uma máscara sombria.
— Que diabos você fez com o seu cabelo? — falou aos gritos.
Logo depois de alguns passos, ele reduziu a distância entre nós, mas dessa vez,
eu fui muito mais rápida e ao mover uma das mãos até uma parte do colchão,
peguei as mechas que estavam amaradas com um pedaço de tecido e estendi em
sua direção.
— Você demostrou gostar tanto de tê-los em suas mãos, que resolvi dar a você
de presente. Afinal de contas, uma gata borralheira não terá tempo para cuidar de
um cabelo tão grande.
Vibrei por dentro ao ver a fúria em seus olhos, pois quando estava cortando os
meus cabelos, todo um filme se passou diante dos meus olhos, ao lembrar que
durante a temporada na cabana, ele me confessou por diversas vezes que os
adorava, principalmente o cheiro. Deixo as lembranças de lado quando ouço sua
voz.
— Você não teste a minha paciência, terá cinco minutos para trocar de roupa —
ele jogou a jarra no chão e com um movimento brusco, puxou uma de minhas
pernas. Minha boca ficou seca e meu coração acelerou, quando ele fixou o objeto
em meu tornozelo, em seguida jogou o tecido que tinha na mão em direção ao
meu rosto, no mesmo instante que sua mão livre pegou o maço de cabelos da
minha mão. Logo depois a sua voz reverberou no ar.
— Vamos ver se você terá coragem de fugir novamente. Com essa tornozeleira
eletrônica poderei controlar todos os seus passos e se acaso tentar avançar para
longe da propriedade, uma onda de choque será enviada e te garanto que as
lesões serão as piores possíveis.
Pisquei várias vezes, tentando processar suas palavras, mais ao ver a fúria em
seu olhar, que me fez estremecer de imediato, me levantei e segurando o tecido,
seguir em direção ao banheiro. Tirei a enorme camisa que estava vestindo e
peguei a minha calcinha que tinha lavado na noite anterior. Depois que vesti a
peça, meu olhar se voltou para o trapo que ele trouxe para eu usar e instantes
depois, já estava vestida, ao me olhar no espelho uma lágrima quente escorreu
pelo meu rosto, mas tratei de limpar a minha face. Eu precisava ser forte e mais
esperta, só assim vou conseguir me livrar das garras desse monstro.
Já de volta ao outro cômodo, Enzzo já estava subindo os degraus e em passos
apressados fui à mesma direção que ele. Depois de algumas passadas, senti um
aperto no coração, assim que a senhora Yolanda surgiu no meu campo de visão.
Eu queria pedir desculpas, mas logo o som da voz dele afastou meus
pensamentos e minha atenção se voltou para a imagem a minha frente.
— Aqui está tudo que você vai precisar. Além de limpar toda casa, assim que
terminar, precisa dar comida aos porcos e limpar o galinheiro.
Respirei fundo, soltei um suspiro trêmulo e apertei minhas mãos tentando afastar
o sentimento ruim que se instalou em meu peito. Sem ter noção do que eu ia
fazer, acabei com a distância e peguei a vassoura e o balde que tinha os materiais
de limpeza.

Horas depois...
Nunca em toda minha vida, me senti tão cansada, minhas mãos estavam
latejando e mais do que nunca, dei valor as pessoas que tanto dedicam suas
vidas trabalhando na casa de outras e acabam ganhando tão pouco.
Quase que não terminava, além de ter me sentido tonta por diversas vezes, a
sensação que eu tive foi que, ou eram muito desleixados, ou sujaram tudo de
propósito.
No final de tudo, acabei com a mão toda cheia de calos, pois a madeira do cabo
da vassoura era muito áspera e por isso acabou machucando a minha pele.
Jamais pensei que teria coragem algum dia, de pegar algo que não era meu, mas
durante a limpeza do banheiro, acabei encontrando no armário, vários produtos
de higiene pessoal e escondi entre a minha roupa, onde mais pareço um fofão de
tão grande, uma escova e um tubo de creme dental.
Assim que terminei, dei graças a deus por não encontrar Enzzo e muito menos o
seu tio. Seguindo o cheiro delicioso que invadiu minhas narinas, acabei parando
na cozinha e embora com o pé machucado, era a senhora Yolanda que estava
cozinhando. Ela, ao perceber minha presença, se virou em minha direção,
aproveitei o momento para pedir desculpas.
— Eu sinto muito pelo que aconteceu e queria pedir desculpas por tê-la
empurrado.
— Você não precisa pedir desculpas, eu também errei ao ficar em sua frente.
No instante que ia me mover em busca de pedir algo para comer, a voz de Enzzo,
num tom rude, ecoou.
— O seu serviço ainda não terminou. Se desejar, ganhar algo para comer, procure
fazer por merecer.
A mulher a minha frente me entregou o depósito com o resto de comida que
sobrou do dia anterior e falou onde estava a ração que devia misturar e dá aos
porcos. Seguindo as instruções que ela me deu para chegar até o chiqueiro,
caminhei para fora da casa. Eu já estava suando frio, me sentia cada vez mais
fraca e depois de alguns metros, avistei o lugar e para minha surpresa tinha seis
porcos grandes e, meia dúzia de filhotes.
Dei alguns passos me deslocando até o local onde ficava a ração e abri o grande
depósito que tinha em minhas mãos. Meu estômago deu sinal de vida assim que
meu olhar ficou grudado nos pedaços de carne que devia ser a mesma comida
que eles estavam jantando ontem. Tentei desviar minha atenção, mais um desejo
enorme pairou sobre mim. Meus olhos se voltaram para os lados observando se
não tinha ninguém à vista e, quando constatei que só os porcos estavam com o
olhar em minha direção, me abaixei e levei uma das mãos em direção — Hum...
Que delícia — gemidos começaram a sair entre por meus lábios e por mais que
tentasse me controlar, quando dei por mim, já tinha comido boa parte da comida
que devia ser misturado com a ração. Satisfeita, limpei minha boca e tratei de
pegar a ração e alimentar os porcos. Pela expressão dos animais, era como se
soubesse que eu havia comido o que era deles.
Depois do almoço, onde novamente havia dentro da vasilha que estava no chão
a mesma gororoba da noite anterior, fiquei imóvel e não comi, já que minha
barriga estava cheia. Passei as horas seguintes limpando o galinheiro e toda
minha empolgação desapareceu quando o tio de Enzzo, disse que os porcos só
iam jantar ração. Na hora do jantar, enquanto eles tinham um banquete digno de
um rei, no objeto que está sobre o chão, desta vez tinha o que parecia ser uma
sopa, porém, dava para se conferir nos dedos da mão os grãos de feijão, o resto
era só caldo.
Acabei comendo, já que meu pensamento estava voltado para o dia de amanhã e,
certamente boa parte do que sobrasse, seria para complementar a ração dos
animais. Comi aquela sopa imaginando que era a coxa de frango, que olhei
minutos antes, o tio dele levando de encontro a boa.
Depois de ajudar a lavar toda louça. Voltei para o porão, só queria tomar um
banho e que logo amanhecesse. Entrei dentro do cubículo e me livrei da roupa de
serviço, só de imaginar que a água fria entraria em contato com a minha pele, já
me causava uma angústia, mais eu precisava tomar um banho. Minutos se
passaram, depois de lavar a única calcinha que tinha naquele momento, fui até a
pia, peguei a escova e a pasta de dentes e depois de terminar, vesti a camisa
que dormir na noite anterior e caminhei em direção ao colchão.
Ainda estava úmida uma parte do cobertor, por isso, procurei dentro da caixa até
encontrar uma cocha de cama. Deitei-me e quando ia jogar o tecido em volta da
minha cabeça, já que, embora estivesse com as costas ardendo, eu só conseguia
dormir nessa posição. Tive um sobressalto quando a porta foi aberta e meus olhos
se voltaram para a figura que estava parado no topo da escada.
Capítulo 20

Tirania – Albânia

ENZZO

DESDE QUE SOUBE DA EXISTÊNCIA DA FILHA DAQUELE


TRAÍDOR, que a cada dia e ano que se passava, assim como o ódio que sentia
pelo desgraçado se tornava descomunal, eu sentia uma pancada de fúria
apoderar-se de todo o meu ser ao pensar que, ao contrário de mim, Helena
Petrovci, se tornou para todos que fizeram parte do legado dos Demisovski, a
única herdeira da máfia albanesa.
Nunca em toda a minha vida havia levantado a mão contra uma mulher, já que as
únicas com quem convivi, foi Yolanda, que tenho como uma avó e as mulheres do
bordel, que sempre fizeram de tudo para ter o meu cacete dentro delas. Mas,
quando eu cogitei que ia apreciar a cena de vê-la se saciando da comida, que era
servida aos porcos, a atrevida saiu em disparada da cozinha. Levantei-me
imediatamente e ao chegar à sala e ver a pessoa por quem daria a minha vida
jogada no chão com uma expressão de dor, um vulto tenebroso passou por mim
e um calafrio atingiu a minha espinha. Senti todos os órgãos internos do meu
corpo em ebulição, era como se eu estivesse com a barriga aberta e alguém
enfiasse as mãos dentro de mim, revirando meus rins e o meu estômago.
Movendo-me na velocidade de um raio, acabei alcançando a mentirosa e, tomado
pela raiva, ao ver seus lábios se moverem e já sabendo que dessa raça maldita
tudo se resumia a mentira. Levei minha mão em direção a sua pele de porcelana
pálida e o estrondo do golpe ressoou no ar. Depois que joguei a comida no chão
e deixei o cômodo, fui direto para o quarto de Yolanda e pela expressão do meu
tio, sabia que estava dominado pela raiva.
Novamente tive que lembrá-lo que seria o único a tocar nela e não querendo
travar uma briga com aquele que dedicou os últimos anos da sua vida, a cuidar de
mim, eu precisava encontrar uma forma de fazer a maldita pensar mil vezes antes
de querer fugir novamente.
Eu mal consegui dormi. Passei boa parte da noite olhando para aquele jornal
como se de alguma forma, algo dentro de mim se negava a aceitar que tudo que
estava escrito naquele pedaço de papel fosse verdade. Assim que as trevas
deram lugar à luz, peguei o tecido que estava em cima da minha cama e a
tornozeleira, em seguida deixei os meus aposentos, caminhei em direção à
cozinha.
Peguei uma jarra com água e joguei algumas pedras de gelo dentro para que o
líquido ficasse na temperatura a qual eu desejava, com passos decididos, segui
para o lugar onde a infeliz se encontrava. Quando estava descendo os degraus da
escada, meus olhos ficaram fixos em sua direção. Segundos depois, já tinha
diminuído o espaço entre nós, para uma princesa que foi criada com todo luxo,
tinha que admitir que a mentirosa se virou muito bem, para sua primeira de muitas
noites que passará nesse lugar, porém já estava na hora dela deixa de ser a
princesa que sempre viveu em um belo castelo cheio de regalias e ser tratada
como realmente merecia.
Afastei meus pensamentos e com um simples movimento, virei a jarra deixando o
líquido gelado atingir o tecido até entrar em contato com a sua pele. Vontade não
me faltou em jogar um balde inteiro de água em cima dela, porém com Yola
impossibilitada de fazer o serviço, que sempre fez com muito gosto, já que nunca
tinha visto uma pessoa que acordava no horário das galinhas e não demorava
muito já estava com uma vassoura na mão.
Quando a vi se contorcer, sabia que o liquido estava entrando em suas narinas, o
que me fez vibrar por dentro em grande intensidade. Todavia, todo o êxtase que
estava sentindo desapareceu como num piscar de olhos, assim que meu olhar
ficou grudado em seus cabelos. Senti uma onda de calor me atingir, meu coração
palpitava num ritmo alucinado e por mais que tentasse me controlar, já que
deveria estar em festa por saber que o tratamento vip estava mexendo com o
psicológico da maldita. Uma sensação de inquietude pairou sobre mim.
Deixamos o ambiente e logo em seguida já fui apresentando o balde com o
material de limpeza para gata borralheira, que nem o mal corte de cabelo e os
trapos que vestia foram capazes de ofuscar tamanha beleza. Caminhei em
direção ao escritório e do trajeto até chegar ao ambiente, uma ideia surgiu em
minha cabeça e em questão de minutos, Hulk, se juntou a mim e era chegada a
hora de deixar as teorias de lado e começar a ação.
Horas depois, em que o meu tio foi pessoalmente providenciar para que a
encomenda chegasse ao seu destino. Acabei ficando perdido em meus
pensamentos e fui vencido pelo cansaço, não sei em que momento deixei a
escuridão me envolver.
O restante do dia, mesmo após tanto serviço, Helena Petrovci, mostrou que o
sangue ruim que corri em suas veias era realmente daquele abutre, mesmo indo
contra tudo que Yolanda ensinou, deixamos a casa pela primeira vez, uma
verdadeira bagunça, a começar pelo banheiro que meu tio fez questão de se
encarregar. No entanto, ver ela agachada no chão feito um animal comendo
aquela sopa, como se fosse a melhor comida do mundo e ainda continuar com o
mesmo brilho em seu olhar, dando a entender que ia manter-se de pé, mesmo
que eu tentasse a jogar no chão. Só despertou uma vontade enorme de quebrá-
la em mil pedaços. A farei sentir uma dor que vai arder não fisicamente, mas será
semelhante a uma ferida que vai enraizar e a cada dia se tornará como um câncer
maldito, a corroendo por dentro, até ela acabar com sua miserável vida. Afasto as
lembranças quando abro a porta e ao notar a minha presença, seus olhos que
mais pareciam duas bolas de gude gigantes ficaram voltadas em minha direção.
"Vamos ver se continuará com o mesmo brilho nos olhos depois do que vai
acontecer."
Enquanto isso em Durrês...
OMAR
Como eu esperava, a notícia do falso sequestro da desgraça acabou me dando
uma boa vantagem em relação aos candidatos que insistem em atrapalhar os
meus planos. Embora já tenha eliminado dois, se continuasse com essa
estratégia, cedo ou tarde levantaria suspeitas.
Muito maior que o dinheiro, é a minha sede de poder. Saber que posso controlar a
vida das pessoas, de todo um país sem precisar usar uma arma para isso. Além
dos membros da nossa organização, que segundo Malaquias, desta vez eles
seriam implacáveis e acharia Helena, pois até hoje, os idiotas não se perdoaram
por ter falhado em seus juramentos em defender o pequeno monstrinho, acabei
por receber várias noticias falsas sobre o destino da infeliz.
Isso foi o menor dos meus problemas, já que precisava controlar Isabella, para
que não acabassem atrapalhando os meus planos. Sabendo que ela já estava
melhor, uma equipe liderada por Malaquias, iniciou uma caçada e como ponto de
partida, eles queriam que a imbecil relatasse tudo que lembrava.
Trarei logo de ameaçá-la, usando o seu ponto fraco. Ela ficou perplexa quando
ouviu minha sentença de que se não falasse tudo como eu havia repassado, ao
encontrar a sua querida filha, ela teria um único destino, "a morte". Sabendo que a
infeliz daria a vida por aquela inútil, acabou por fazer tudo como eu havia dito e
aproveitando toda essa situação; hoje, dei várias entrevistas e, até simulei
algumas lágrimas para fazer os idiotas acreditarem o quanto eu era um pai
desesperado, que só queria encontrar a sua filha amada.
Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei um barulho causado
pelas batidas na porta. Assim que autorizei a entrada de Aron, meu chefe de
segurança surgiu no meu campo de visão. Meu olhar ficou direcionado para
pequena caixa em suas mãos e depois de alguns passos, ele se deteve e sua voz
ecoou no ambiente.
— Encontramos essa caixa próxima ao portão. Já usamos os equipamentos de
segurança e não há nenhuma substância explosiva dentro.
Cogitando que pudesse ser alguma informação da infeliz. Movi a cabeça para que
ele colocasse a caixa em cima da minha mesa, em questão de segundos tirei o
lacre do objeto e ao abri a caixa. Meus batimentos aumentaram, levei umas das
mãos em direção às mechas de cabelo, no entanto, ao retirar o objeto, o que vi
em seguida fez todo o meu corpo estremecer.
"Não pode ser possível!"
Capítulo 21

Tirania – Albânia

OMAR

UM TREMOR VIOLENTO ME ATINGIU POR DENTRO. Meus


pulmões estavam aos espasmos, à raiva incendiando em minhas veias e por mais
que eu quisesse desviar atenção da imagem a minha frente, fiquei completamente
imóvel.
Eu mais parecia uma verdadeira estátua humana. Diante daquela fotografia e
apesar de tantos anos terem se passado, eu jamais esqueceria aqueles malditos
olhos e a sensação que senti quando eles ficaram grudados nos meus. Não sei
quanto tempo se passou, mas quando voltei ao meu estado de lucidez, de
imediato minha voz ressoou no ambiente.
— Quem deixou essa maldita caixa?
— Ela foi encontrada na troca de turno do pessoal da guarita e presumindo que
fosse alguma informação do paradeira da princesinha da máfia, após passar pelo
rastreador e constatar que não tinha nenhuma substância explosiva, um dos
nossos homens trouxe até a mim.
— Quero todas as imagens da parte externa da mansão.
— Agora mesmo, chefe.
No momento que o homem sumiu do meu campo de visão, levei minhas mãos até
a caixa, enquanto a outra segurava a mecha de cabelo, que tudo indicava ser
daquela infeliz. Olhei para a imagem do pequeno monstrinho e vários
pensamentos se fizeram presentes, mas ao virar a fotografia e ver o que estava
escrito nela, meu coração disparou e um ódio descomunal tomou conta de todo o
meu ser.
"A sua princesinha está sob os meus domínios e assim como uma fênix, Enzzo
Demisovski ressurgirá, e, ao contrário da tentativa fracassada em acabar com
minha vida, quando eu era somente um bebê, eu irei arrancar o seu coração com
as minhas próprias mãos."

HELENA
Meus olhos estavam voltados para o homem alto que vibrava com uma energia
poderosa e mais parecia um anjo vingador, todo vestido de negro.
Como se não fosse suficiente meus batimentos cardíacos estarem acelerados, de
repente disparou terrivelmente, como se meu coração pudesse voar para fora do
meu peito, assim que ele começou a descer os degraus da escada, soltei o ar
com força, como se tivesse prendido a respiração e movida pelo desespero me
levantei. E, quando ele se livrou do sobretudo preto, revelando sua nudez, engoli
em seco ao ver o seu membro tão duro como um lápis.
A cada passo que ele dava, minha pulsação acelerava. Comecei a recuar à
medida que a distância entre nós dois ia diminuindo. Minhas mãos começaram a
suar e o pânico me dominou quando senti minhas costas tocarem no concreto, no
mesmo instante que o homem que vem me causando tanta tristeza me
encurralou, colocando uma mão de cada lado da parede, me fez ficar com mais
dificuldade para respirar.
Aqueles olhos azuis me analisavam como se quisesse ver a minha alma. Embora
meu nervosismo fosse grande e a expressão dele era algo indecifrável, as batidas
do seu coração estavam tão descompassadas quanto as minhas. Minha boca
ficou seca e minha respiração pesada, quando ele moveu uma de suas mãos para
mexer nos meus cabelos e em seguida a deslizou pelo meu rosto, o seu toque me
fez fechar os olhos por uma fração de segundos, mas em seguida tive um
sobressalto, o que me tirou do estado de devaneio que me encontrava. E, ao
lembrar de tudo que ele me fez, comecei a me debater tentando sair de sua
posse, mas ele era muito mais forte.
— Solte-me. Afaste-se de mim! — disse enquanto me debatia.
Enzzo, vendo a minha reação, segurou firme a minha cintura fazendo nossos
corpos ficarem grudados, com sua boca a centímetros de distância da minha, o
som da sua voz reverberou no ar.
— O seu corpo diz o contrário — falou pressionando a virilha contra minha
barriga e sem demora senti seus lábios tocarem os meus e sua língua invadiu
minha boca, bagunçando minha capacidade de raciocinar.
Sua língua ávida e úmida iniciou um duelo erótico cheio de possessividade
contra a minha boca, enquanto minha língua lutava desesperadamente contra
seu domínio. Com uma mão afoita, ele percorreu o meu corpo, até alcançar a
barra da minha blusa e num movimento preciso, chegou até a minha intimidade
que ficou totalmente exposta e a sua mercê.
Ele intensificava o beijo à medida que seus dedos habilidosos exploravam os
meus lábios vaginais, fazendo o meu corpo inteiro reagir a cada toque seu. Uma
sensação febril me dominou e quando ele introduziu dois dedos dentro da minha
vagina, sem que eu pudesse controlar, gemidos começaram a sair pela minha
garganta.
O desejo tinha percorrido todo o meu corpo.
Os seus dedos diabólicos, estavam entrando e saindo da minha fenda com
precisão e quando sua boca deixou a minha, ele procurou meu pescoço e seus
lábios deslizaram até a minha clavícula e se deteve nos meus seios. Sua boca
chocou-se contra meus seios, provocando-me e sua língua rodeou meu mamilo,
chupando primeiro um, e depois o outro.
Aumentando ainda mais o ritmo da invasão dos seus dedos incansáveis, um
fogo ardeu em meu ser e minhas pernas começaram a tremer. De repente, ele
retirou seus dedos ousados da minha intimidade úmida e depois levou à boca e
sugou-os diante dos meus olhos. O erotismo do seu ato provocou ainda mais a
minha excitação, mas antes que eu tivesse qualquer reação, ele novamente
segurou nos meus quadris e me suspendeu.
Com as pernas entrelaçadas em volta da sua cintura, senti a cabeça rosada do
seu membro na entrada da minha boceta e só ai o choque da realidade me
atingiu, no entanto, quando meus lábios se moveram, seu pênis me invadiu e sem
delongas ele me beijou com ardência.
Enquanto nossas bocas se devoravam, senti seu membro me invadindo cada vez
mais fundo. À medida que ele acelerava o ritmo da penetração, seu pau
engrossava contra minha vagina.
O desejo vinha com uma voracidade enorme e gemidos roucos de dor e prazer
começaram a sair da minha boca à medida que ele enfiava toda longa extensão
do seu membro faminto dentro de mim.
Trocamos gemidos entrecortados, pelo beijo. Parecíamos arder juntos no mesmo
fogo, seus quadris começaram a se mover, me levando à loucura com suas
estocadas furiosas. Meus quadris se remexiam sem que eu me desse conta,
sentindo meu ventre ser contraído por pequenos tremores de deleite.
Senti minha vagina apertar em volta dele e cada parte da minha intimidade fervia.
— Por favor — disse entre sussurros.
Seu pênis entrava e saía de mim intensamente, me fodendo, seus movimentos
habilidosos me faziam perder o fôlego. Ele rangeu os dentes e encostou a boca
na minha, engolindo a minha língua, sugando com entusiasmo.
Minha boceta começou a arder e um prazer descomunal me envolveu. Meu corpo
desabou e ondas de prazer ainda percorriam a minha intimidade. As forças me
faltaram e no grito alto, ele gozou. Senti o seu membro ondulando e despejando o
líquido cremoso dentro da minha vagina.
Enquanto nossas respirações iam se acalmando, o silêncio predominou no
ambiente, quando levantei minha cabeça, nossos olhos se cruzaram e em
seguida minha voz ressoou no ambiente.
— Enzzo, eu...
— Cale-se.
Antes que eu terminasse de dizer o que estava pensando, a expressão que antes
refletia o puro desejo deu lugar a um sorriso cínico, no mesmo instante que ele
desfez o contato das minhas pernas que estavam em volta da sua cintura, e uma
de suas mãos segurou firme o meu queixo me forçando a encará-lo, logo após a
sua voz ecoou no espaço.
— Você não achou que o fato de transarmos, me faria esquecer-se de quem você
é filha. Assim como um animal, que mesmo sendo rejeitado pelo seu dono,
continua mendigando atenção. Tudo que aconteceu só mostra que posso te
quebrar em vários pedaços, que o seu corpo vai corresponder aos meus toques.
Ele retirou sua mão do meu rosto e com um giro nos calcanhares começou a
andar em direção à escada. As lágrimas quentes logo escorreram, inundando a
minha face. Senti um aperto no coração e a dureza das suas palavras fez algo
dentro de mim se quebrar para sempre.
Capítulo 22

Tirania – Albânia
Dias depois...

HELENA

OS DIAS SE PASSARAM e as lembranças daquela noite nunca


saíram da minha mente. Depois que ele caminhou em direção a escada, no
movimento que durou somente dois segundos, Enzzo pegou o sobretudo e ao
subir os degraus o colocou em volta do seu corpo. Assim que chegou próximo à
porta, lançou um olhar cheio de sarcasmo em minha direção, em seguida sumiu
da minha vista.
Nojo! Essa era a palavra que descrevia tudo que eu estava sentindo. Mesmo
sabendo de tudo que ele me fez, no fundo eu tinha esperança de que tudo aquilo
era um pesadelo. Que maior que o ódio e a raiva, ele pudesse ter algum
sentimento por bom mim.
Ouvir aquelas palavras fez toda uma retrospectiva passar a minha frente e nem
mesmo as surras que levei de Omar, doeu tanto quanto os puxões de cabelo e o
tapa que Enzzo me deu, provocando algo muito forte dentro de mim. A sensação
que eu tinha era como se ele tivesse cravado uma estaca em meu peito e essa
tivesse entrado e saído me destruindo em prestações. Envolvida por essas
lembranças, eu perdi a noção do espaço e do tempo. As lágrimas grossas e
quentes desciam pela minha face na medida em que a dor se intensificava em
meu peito e quando consegui sair do estado catatônico que me encontrava,
caminhei em direção ao banheiro.
Em frente ao pequeno espelho, tirei a camisa que vestia e meu olhar ficou
direcionado para o meu reflexo. Por diversas vezes questionei o motivo de não ter
sido eu a ter morrido no lugar do meu irmão, entre lágrimas e soluços, sempre
pedia que algum dia o homem que se tornou o meu algoz, pudesse vir a me amar,
mas o tempo passou e a única coisa que recebia dele era o seu desprezo e suas
feições ficavam ainda mais diabólicas, toda vez que me mostrava um embrulho
novo, que em vez de ter algum brinquedo, tinha um cinto ainda mais grosso. Eu
jurei a mim mesma que lutaria com todas as minhas forças, pois maior que a
minha dor, era o medo que ele fizesse algo a minha mãe.
Conhecer Thadeu e Enzzo me fizeram acreditar que nem todos os homens tinham
um coração tão tenebroso quanto aquele monstro. Thadeu se sacrificou por mim,
já que sabia que ao aceitar o plano de me levar para longe, sua vida também
estava correndo risco. Enzzo, assim como me fez conhecer o paraíso, me trouxe
de volta para o inferno e ao contrário daquele que conhecia desde criança, a dor
que se enraizou dentro de mim é descomunal, despertando sentimentos muito
ruins, os quais; sempre fiz de tudo para não deixá-los me envolver.
Deixei os pensamentos de lado e fui para debaixo do pequeno chuveiro. Os
minutos se passavam e era como se eu tivesse no piloto automático, pois não
conseguia parar de me esfregar e por mais que a água caísse em meu corpo, eu
queria retirar toda a sujeira da minha pele e o cheiro intoxicante dele. Eu queria
que de alguma forma, além do líquido que descia pelo ralo e ia se esvaindo, eu
pudesse me livrar das lembranças de minutos atrás. Quando terminei fui até uma
das caixas, procurar algo para vestir.
Na manhã seguinte, novamente acordei num sobressalto quando desta vez, eu
achei que seria o meu fim. O pânico apoderou-se de todo o meu ser, eu estava
sufocando e as rajadas de água vieram com tudo, atingindo o meu rosto. Além do
líquido gelado, várias pedras de gelos caíram na minha face. Os segundos deram
lugar aos minutos e quando consegui limpar a minha visão, que estava
embaçada, a imagem do demônio surgiu em minha frente e o êxtase por me ver
naquele estado, estava visível em seu olhar e o que antes me fazia estremecer,
só me deu forças para me levantar e antes que o som da sua voz ecoasse no
espaço, segui para o banheiro. Peguei minha calcinha e o vestido e num jogo
rápido, escovei os meus dentes e assim que terminei respirei profundamente e
como havia prometido a mim mesma, jamais voltaria a derramar uma lágrima
diante desse monstro e não importa quão grande seja o obstáculo, eu irei sair
desse lugar.
Com passadas rápidas, passei pelo homem que ainda estava no mesmo lugar e
segui rumo aos degraus da escada. Assim como no dia anterior, fiz toda limpeza
da casa, o banheiro estava ainda mais sujo, porém tudo que vinha em minha
cabeça era que dentro de poucas horas, eu ia alimentar os porcos e, só de
imaginar que ia me deliciar do frango assado que eles comeram no jantar, nem
notei quando as horas se passaram. Quando Yolanda me entregou o deposito
praticamente só faltei correr para chegar ao chiqueiro e ao abrir o objeto, toda
felicidade que estava sentindo deu lugar a tristeza quando só encontrei a carcaça
do que sobrou do frango e o restante era arroz.
O meu desejo era tão grande, que minha boca estava salivando, me agachei e
comecei a comer tentando me satisfazer com a pouca carne que tinha entre a
ossada. Depois daquele dia, os demais não foram diferentes, pois além de sentir
muita fome, a cada dia estava mais fraca. Sem contar que sempre estava enjoada
e por diversas vezes acabei vomitando.
Deixo as lembranças de lado e me levanto antes que mais uma vez seja
acordada com água no rosto, do jeito que já estou gripada, a tendência é adquirir
uma pneumonia. Minutos depois, já arrumada e feita minha higiene pessoal, andei
até o colchão e meus olhos ficaram fixos na porta.
Preciso arrumar um jeito de entrar em contato com a minha mãe e só assim vou
conseguir sair desde cativeiro. Acabei por ficar perdida em meus pensamentos e
só voltei à realidade quando a porta foi aberta e antes que ele se movesse fiquei
em pé e sem delongas comecei a andar. Quando cheguei ao penúltimo degrau,
ele ficou me encarando por alguns segundos e logo depois o som da sua voz
reverberou no cômodo.
— Vou passar o dia todo fora e de já te aviso para não tentar nenhuma gracinha,
ou não vou hesitar em ativar a corrente de choque e nada me dará mais prazer do
que vê-la se contorcer em meio a dor.
Depois de dar sua sentença, ele se virou e com algumas passadas deixei o
ambiente. Uma hora depois, Enzzo saiu e eu acabei por passar um bom tempo
sentada em cima do vaso, esperando a tontura passar e desta vez eu mal
consegui me equilibrar nas minhas próprias pernas.
Eu sentia que a qualquer momento ia acabar desmaiando, pois me sentia cada
vez mais fraca e faria qualquer coisa para ter um prato de comida, era como se
tivesse um buraco no meu estômago e minha fome tinha se multiplicado. Depois
de limpar tudo, já estava sentindo um tremor por todo o meu corpo e assim que
cheguei à cozinha, a qual fui com intuito de encontrar algo para saciar a minha
fome, me deparei com aquele brutamonte que como sempre tinha um olhar de
fúria lançado em minha direção.
A minha última esperança, era de que hoje no deposito tivesse muito mais do que
ossos, já que não aguentava mais comer aquela sopa de feijão, onde os graus
não davam nem uma dezena. Mas, quando Yolanda disse que era para alimentar
os animais só com ração, foi como tomar um soco no estomago e não tendo o
que fazer, fui para o chiqueiro e após pegar a ração, abri a porteira e para minha
surpresa tinha uma poça enorme de lama. Deixei os pensamentos de lado
quando um cheiro delicioso impregnou as minhas narinas, ao meu virar, fiquei
petrificada olhando para imagem a minha frente.
Olhei fixamente para a banda de frango assado que estava dentro de uma
pequena jaula, e esta estava trancada por um cadeado. Parecia que eu estava
hipnotizada, uni meus lábios para não deixar a saliva escorrer pelo canto da
minha boca e só saí do estado de devaneio em que me encontrava, quando a
voz aterrorizante do homem, que faz questão de deixar transparecer o quanto me
odeia ecoou a minha volta.
— Tudo isso pode ser seu — ele fez uma pausa e caminhou para dentro do
habitat dos porcos e depois de alguns passos se deteve e quando ele levantou
uma das mãos, avistei uma pequena chave e num movimento rápido ele a jogou
na poça de lama.
— Se está com tanta fome, basta pegá-la com a boca e poderá ter a recompensa
que está dentro daquela jaula.
Meus batimentos cardíacos aumentaram. Senti a raiva percorrer por minhas
veias, mas de repente eu comecei a suar frio, já estava me sentindo tonta e o meu
estômago começou a fazer um barulho enorme em protesto e eu tinha a sensação
que havia algo dentro da minha barriga.
Eu não poderia ficar doente ou não teria forças para fugir desse lugar e mais
ainda, dar a eles o gostinho de me ver derrotada, pois do jeito que estava fraca e
me alimentando mal, tanto Enzzo quanto Hulk, não iam precisa de muito esforço
para presenciar a minha morte.
Sob o olhar atento dele, que esboçava um sorriso cínico e ao mesmo tempo
vitorioso, me agachei e por alguns instantes fechei os olhos para reprimir uma
lágrima que insistia em querer cair. Quando os abri novamente, a única imagem
que veio em minha mente, foi do momento que consegui sair da mansão e me
livrar de Omar Petrovci. Se o que parecia impossível, acabou se tornando
possível, agora não posso perder as esperanças. Conduzi a minha boca em
direção ao objeto brilhante e a medida que ia me aproximando, a gargalhada
diabólica do tio do demônio ressoava no ar e, quando enfim consegui pegar a
chave, o barulho deu lugar ao silêncio total e ao levantar a cabeça, ele estava
parado com uma expressão indecifrável e olhando fixamente em minha direção,
mas logo suas feições mudaram e seus olhos azuis estão refletiam uma fúria
descomunal, que logo ficou direcionado para aquele que até segundos atrás
estava sorrindo como se tivesse presenciando o melhor espetáculo da sua vida.
Capítulo 23

Durrês – Albânia
Dias antes...

ISABELLA

QUASE UM MÊS SE PASSOU DESDE QUE A RAZÃO DA


MINHA VIDA, aquela a quem eu achei que estava protegendo, tirando-a das
garras do capeta, para que não tivesse uma vida ainda mais dolorosa ao lado
daquele outro infeliz, deixou esta casa. Os dias se tornaram um verdadeiro
tormento e como se não bastasse toda a dor que estava sentindo, não só pela
saudade e essa incerteza do que aconteceu com ela, tive que me manter forte
para não sucumbir as agressões, onde desta vez, não só marcaram o meu corpo
como a minha alma.
Saber que o desgraçado com quem me casei seria capaz de matar a própria filha,
fez com que uma onda de tremores percorresse todo o meu corpo. E, durante o
interrogatório dos conselheiros, ver nos olhos de Malaquias, que apesar de
pertencer a essa organização sanguinária, ele sempre tentou manter vivo o
legado dos Demisovski, onde mulheres e crianças deveriam ser protegidas e não
se tornarem alvos da crueldade desses homens, que mais parecem uma erva
daninha e a cada dia vão se espalhando como um rastro de pólvora. Se não fosse
pela ameaça do maldito, eu teria contado toda a verdade.
No entanto, mesmo Malaquias sendo contra as novas regras, que o tirano do
Petrovci acabou implantando, o lobo em pele de cordeiro sempre consegue o que
tanto almeja. Embora, todos desse meio saibam que ele é o chefe da máfia
albanesa, eles não sabem que ao contrário do que pensam, esse ser é o próprio
anticristo, o qual tem duas faces e seu único objetivo é semear a maldade e
destruir tudo de bom que existe.
Saio das minhas lembranças quando a porta do meu quarto é aberta
bruscamente. Meu corpo todo ficou em total alerta diante da imagem a minha
frente e quando meus olhos foram de encontro ao objeto em sua mão e o som da
sua voz tenebrosa ressoou no ambiente, todos os meus órgãos começaram a
funcionar descontroladamente, como se fosse entrar em ebulição.
— Esse cabelo é ou não da maldita que você colocou no mundo?
Tempo atual...
ENZZO
No dia que a infeliz cortou os cabelos e após Hulk enviar uma das mechas, junto
com uma foto minha que foi tirada por Yolanda, no dia que meu tio salvou a minha
vida, que ao entrar naquele porão, tudo que se passava em minha cabeça era
fazer a maldita sentir dor, no entanto, vê-la acuada e vestindo somente aquela
camisa, me causou uma ereção de imediato. Sempre fui um homem que soube
me controlar, mas somente por estar perto dela, o meu pau mais parecia uma
barra de aço e para piorar a situação, as veias ficaram tão inchadas e o garotão
não parava de latejar, ao ponto de me causar um forte incômodo. Quando me
despi e, ao ver o jeito como ela olhava para o meu cacete, o único pensamento
que ocupou a minha mente foi o de estar dentro dela.
De fodê-la até que ela não pudesse mais sentir as suas pernas e quando acabei
com a distância entre nós dois, não resisti ao desejo de beija-la, já que seu corpo
vibrava a cada toque meu, reconhecendo o seu único dono. No momento em que
uni nossos corpos e meu pau invadiu a sua boceta apertada, senti meu corpo todo
em chamas e parecia que um duelo tinha iniciado dentro de mim. Uma luta entre
as trevas e a luz, entre o ódio e o desejo.
Quando juntos, alcançamos o limite do prazer, assim que meu sêmen foi
derramando dentro dela em jatos potentes, o choque da realidade pairou sobre
mim e, uma fúria imensurável tomou conta de todo o meu ser ao lembrar-me de
tudo que tinha acontecido segundos atrás e principalmente que jamais poderia
sentir nada além de ódio e desprezo pela filha do homem que tirou tudo de mim.
Vesti minha armadura de homem frio, eu precisava mostrar que ela não era
diferente das mulheres do bordel, que só serviam para me satisfazer. Olhando nos
fundo dos seus olhos, minha voz ressoou no ambiente e presenciar o brilho dos
seus olhos desaparecer me deixou satisfeito.
Desde aquele dia, só voltei naquele cômodo quando ia acordá-la. Ainda cogitei
em ir ao bordel por diversas vezes, mais sempre dizia ao meu tio que precisava
controlar cada passo da mentirosa, porém o motivo maior era que a desgraçada
não saia da minha cabeça.
Confesso que a cada dia estou admirado pela força e determinação da maldita
mentirosa. Uma aparência semelhante de uma boneca de porcelana, a qual com
um movimento brusco seria estraçalhada, porém, ao contrário do que aparenta
fisicamente, ela é muito mais forte e, mesmo após tudo que está passando, se
mantem de cabeça erguida.
Como já havia decidido com Hulk, no dia anterior, precisava ir a Durrês para
sondar como estava a movimentação daquele traidor, após ter recebido o
presente que enviamos. Não será fácil ter que acabar com todos que estão ao seu
lado, já que o mentiroso acabou conseguido muitos aliados, porém foi justamente
para isso que passei anos sendo treinado e no momento certo vou mostrar a
todos quem ele realmente é.
Acabei indo de moto, assim chegaria mais rápido e antes de sair fui acordar a
gata borralheira que a cada dia está só pele e osso. Fui surpreendido, ao
encontrá-la já acordada. Depois de sair de casa rumo a Durrês, de longe avistei
uma grande movimentação e graças ao fluxo enorme de veículos, me deu tempo
suficiente para que a ficha caísse de que aquilo não passava de uma blitz, que
tinha como responsável Omar Petrovci, o maldito certamente devia estar
procurando aquele que deixou a caixa em seu território e mesmo o meu tio tendo
usado o placa fria, ele não se atentou a mudar a cor do veículo.
Em questão de segundos fiz o contorno e deixei o lugar indo pelo desvio que me
levaria até a cabana. Já no meu destino, ao entrar no cômodo, toda uma
retrospectiva passou diante dos meus olhos e quando fui até o quarto encontrei
uma blusa da infeliz. Levei o tecido até o nariz e, mesmo após ter se passado
tantos dias, o cheiro delicioso logo invadiu minhas narinas, no entanto, meu
coração ficou agitado e uma sensação ruim pairou sobre mim. Na velocidade de
uma bala, fui até o meu veículo e em seguida o coloquei em movimento.
Quando enfim cheguei a casa, procurei por Helena e não a encontrei. Fui até a
cozinha e Yola me informou que ela tinha ido alimentar os porcos, e que Hulk
também foi naquela direção. Com um giro nos calcanhares e passadas rápidas,
acabei com o distanciamento e ao chegar no chiqueiro, uma onda de eletricidade
passou por todo o meu corpo, fazendo tanto o meu coração, quanto o meu
pulmão funcionarem semelhante a um vulcão prestes a entrar em erupção.
Vê-la daquele jeito, igual aos porcos, com a boca toda suja enquanto a risada do
meu tio preenchia todo o espaço, foi como se novamente uma luta estivesse
sendo iniciada dentro de mim e, ao desviar os meus olhos dela, meu olhar ficou
cravado no homem a minha frente.
Fechei minhas mãos em punho, tentando controlar a minha raiva e a vontade
enorme de avançar em cima do maldito. Nunca pensei que algum dia pudesse
sentir algum sentimento ruim pelo homem que é o grande responsável por hoje eu
estar aqui, mas algo dentro de mim estava em chamas ao ver o que ele fez com
ela. Venho fazendo o mesmo sim, mas ninguém além de mim pode encostar ou
fazer nada contra ela. Voltei minha atenção novamente para ela e o som da minha
voz se fez presente.
— Levante-se agora.
Assim que ela ficou em pé, levou uma das mãos até a boca e pegou a chave que
certamente era da pequena jaula. Apontei para o objeto e novamente voltei a
falar.
— Trate de tomar um banho e pode levar o prêmio, o qual você se prestou a fazer
isso para obter.
A mulher, mesmo naquela situação, ainda refletia a luz, e ao contrário dela,
qualquer outra na mesma circunstância, estaria com uma expressão cabisbaixa.
Ela se moveu andando até o objeto e pegou a jaula. Helena Petrovci, não estava
se humilhando por ser fraca e sim tentando não sucumbir a tudo que estávamos
fazendo. Quando ela sumiu do meu campo de visão, minha atenção ficou cravada
em Hulk, e antes que ele cogitasse em se manifestar, minha voz ressoou.
— Não tente medir forças comigo ou terá que enfrentar o monstro que habita
dentro de mim. Eu a encontrei e mesmo sem saber, trouxe-a até aqui. Não
importar de quem ela seja filha e o que representa, ela está sob o meu jugo e
ninguém além de mim tocará em um fio de cabelo do que me pertence.
Capítulo 24

Tirania – Albânia
Uma semana depois...

HELENA

AS CONSEQUÊNCIAS EM TER ENCOSTADO a minha pele


naquela lama, foi que acabei tendo uma reação alérgica e no dia anterior, quando
acordei e fui me olhar no espelho, o meu rosto estava inchado e em volta da
minha boca tinha algumas bolhas. Graças à dona Yolanda, que se compadeceu
da minha situação, que além dos cuidados para que eu ficasse boa, passou a
esconder no porão alguns mantimentos e desta forma comecei a me alimentar
melhor, no entanto, além de sempre estar com uma sensação de cansaço e
colocar boa parte do que comia para fora, eu comecei a sentir como se algo
estivesse fervilhando em minha barriga. Era como se tivesse fogo líquido em vez
de sangue e sempre sentia um forte desconforto.
Depois daquele episódio no chiqueiro, o tio de Enzzo, sempre que passava por
mim, ao contrário das outras vezes, era como se eu não estivesse ali. Seu olhar
sempre estava voltado na direção contrária. Deixei as lamentações de lado e
comecei a pensar em como me livrar da maldita tornozeleira, porém, quando
tentei abri-la com a tesoura, senti um tremor pelo meu corpo e uma forte cólica em
minha barriga.
Desde então, fiquei com receio de tentar novamente. Todavia, foram várias as
tentativas fracassadas em consegui me aproximar do telefone, pois sempre
alguém surgia na sala. Com o passar dos dias, embora me alimentando muito mal
durante o dia, mas com a comida que achava dentro de uma das caixas a noite.
Comecei a ter forças e fui me habituando com a rotina.
Para quem nunca tinha colocado as mãos em uma vassoura, eu já estava me
sentindo praticamente uma rainha da faxina. Graças à pomada que dona Yolanda
me deu, em poucos dias a minha pele voltou ao normal e quando estava prestes a
cair no sono do esquecimento, a porta foi aberta e novamente o anjo vingador
apareceu. Como sempre vestido de preto e assim que começou a descer os
degraus, me mantive imóvel em cima do colchão, até que ao chegar ao último
degrau, ele livrou-se da única peça roupa que vestia revelando todo o poder da
sua masculinidade. Depois de alguns passos, parou próximo a mim e a sensação
que eu tive ao olhar para o seu membro, era que as veias iam explodir de tão
inchadas, me fazendo engolir em seco ao pensar que todo aquele comprimento já
esteve dentro de mim. Certamente que ao sair daqui teria que procurar um
ginecologista.
Seus olhos azuis estavam nos meus, intensos, ardentes e faiscando de desejo.
Não demorou muito para o homem se enfiar no meio das minhas pernas e
começar a me lamber, em seguida a sua boca envolveu o meu clitóris, chupando-
o e sugando com vigor.
E, quando ele meteu a língua dentro da minha intimidade e levou um dos dedos
ao botão de nervos. Senti um calor escaldante atravessar a minha espinha,
porém, virei o rosto para a parede assim que as palavras proferidas por ele
naquela noite começaram a ecoar em minha cabeça e cada vez se tornavam
ainda mais altas. Enzzo tirou a boca da minha vagina e foi nesse instante que me
virei novamente e meus olhos encontraram os seus. Uma pancada de fúria estava
visível em sua expressão e na mesma velocidade que ele apareceu na minha
frente, o demônio se levantou e deixou o cômodo.
Afasto os pensamentos perturbadores e caminho em direção ao banheiro, desde
hoje a tarde que um mal estar pairou sobre mim e meu corpo todo estava febril.
Instantes depois, de banho já tomando, assim que desliguei o chuveiro, comecei a
tremer e mesmo com dificuldade consegui chegar até a pia e após ter escovado
os meus dentes, caminhei rumo ao colchão. Mas minhas pernas mal me
sustentaram e quando parei em frente ao velho colchão senti uma dor infernal em
minha barriga. Tudo começou a girar e meu corpo desabou em cima do objeto,
minhas pálpebras pesaram e fui envolvida pela escuridão total.
Na manhã seguinte...
ENZZO
Maldição!
Durante os últimos dias tentei desviar minha atenção para o que realmente
importava. Hulk, com sua agilidade, foi implacável e preciso em desviar toda
atenção dos soldados de Omar, que estavam de guarda na entrada da mansão e
assim mais uma vez deixamos mais uma surpresa para o desgraçado.
Após ter se passado tantos anos, tenho certeza de que ele ainda duvide que eu
possa ter sobrevivido e nada melhor que os fantasmas do passado para
atormentar o infeliz. Por outro lado, mesmo tentando lutar para tirar a mentirosa
dos meus pensamentos, quando fui ao bordel e após uma rodada do melhor
uísque da casa, enquanto Hulk ficou no salão, peguei uma das mulheres e segui
para um dos aposentos.
Há dias vinha tomando banho gelado e minhas mãos estavam ficando calejadas
de tanto me masturbar debaixo do chuveiro, já que toda vez que a infeliz surgia no
meu campo de visão, o meu cacete ganhava vida e começava a pulsar
violentamente. Quando entrei no ambiente e a mulher começou a retirar a pouca
roupa que vestia e logo depois ficou despida em minha frente, foi à imagem dela
que vi naquele momento. Atordoado, acabei voltando para casa e assim que
cheguei tratei de tomar um banho.
Assim que terminei, vesti um roupão negro e resolvi ir até a cozinha, mas antes de
chegar ao meu destino, acabei me desviando e quando dei por mim, já estava
dentro do porão. No entanto, todo o desejo que estava sentindo deu lugar ao puro
ódio, ao perceber que ela mais parecia uma boneca inflável e por mais que a
tocasse, o seu corpo continuava rígido.
Poderia muito bem tê-la possuído a força, porém nunca precisei disso e não me
agradava em nada à ideia de transar com uma mulher frígida e um corpo que
parecia sem vida. Sei que às escondidas, Yolanda vem dando comida a ela e,
acabei fazendo vista grossa ao ver que a cada dia ela estava perdendo peso, pois
não estava nos meus planos matar a filha do desgraçado.
Saio dos meus devaneios assim que meu olhar foi de encontro ao relógio no meu
pulso e já eram quase seis horas da manhã. Com um giro preciso nos
calcanhares, me virei em direção a porta, pois já estava na hora de acordar a gata
borralheira. Deixei o meu quarto e à medida que ia andando pelos corredores,
comecei a ficar inquieto. A única vez que me senti dessa forma foi exatamente no
dia que a tirei de dentro daquele veículo. Algo me queimava por dentro, fazendo
todos os meus demônios despertarem.
Não demorou muito para chegar frente à porta e, assim que levei uma das mãos
de encontro à maçaneta, senti como se algo tivesse trancado a minha garganta e
bruscamente abri a porta. Abaixei a cabeça me deparando com algo que fez a
minha armadura ser estraçalhada em vários pedaços.
Meu coração disparou e algo que só ela foi capaz de me fazer sentir tomou conta
de todo o meu ser. O medo cru e agudo atravessou o meu peito e quando dei por
mim, já tinha descido os degraus e ao me aproximar do colchão, fiquei petrificado
e incrédulo com o olhar fixo na imagem a minha frente.
Capítulo 25
HULK

SONOLENTO, ME LEVANTEI, como sempre, nada melhor para


tirar todo o estresse, como vir neste lugar. Olhei para mulher esparramada em
cima da cama, que dormia feito uma pedra, segundos depois, fiquei de pé e fui
catando no chão as minhas roupas.
Arrumado, peguei a encomenda que tinha solicitado para madame Rosalina, e
deixei o cômodo indo em direção à garagem. Em frente ao veículo, abri a porta
traseira do carro para guardar as garrafas do uísque importado, já que ela
sempre compra em alta quantidade e o valor acabar se tornando bem inferior se
comparado com o que os ladrões vendem nos supermercados. Assim que fui
colocar a caixa dentro do veículo, meus olhos foram de encontro ao objeto que
certamente tinha caído de um dos bancos.
Depois de colocar a caixa e me certificar que nenhuma garrafa ia se quebrar,
pequei a mochila, em seguida fechei a porta do automóvel. Sendo o objeto
totalmente desconhecido por mim e sabendo que não tinha nada haver com
Enzzo, tudo indicava ser daquela infeliz.
Joguei em cima do banco do carona e instantes depois coloquei o carro em
movimento.

ENZZO
O mundo tinha parado a minha volta. Por uma fração de segundos, o meu
coração parou de bater, logo depois, rapidamente acelerou no meu peito,
tornando difícil respirar. Minha respiração se tornou descontrolada e urgente, meu
peito subindo e descendo freneticamente.
Os meus olhos se arregalaram e ficaram focados na imagem a minha frente.
Fiquei imóvel e minutos se passaram, enquanto eu digitalizava cada centímetro
das suas costas totalmente desfigurada e moldada pelas enormes cicatrizes em
sua pele. Era como se eu quisesse enraizar isso em minha memória, pois deixei o
desejo e a luxuria tomar conta de todo o meu ser, ao ponto de acreditar na
desculpa esfarrapada dada por ela, quando senti algo de diferente em sua pele.
Assim como as costas do meu tio, que passou por um treinamento muito mais
pesado que o meu, já que o temido Nicolas Demisovski, era implacável e assim
como o meu pai, Hulk foi preparado para ser tão letal quando o chefe da máfia
albanesa. A pele dela foi rasgada e certamente não foi por uma simples queda de
escada e sim por golpes cruéis, o que me deixou ainda mais atormentado.
Quando consegui afastar os meus pensamentos, me abaixei e ao constatar que
sua respiração estava fraca e seu rosto pálido, como se todo o sangue tivesse
evaporado, sem pensar duas vezes a peguei em meus braços.
Agilidade sempre foi o meu ponto forte, mas o pânico tomou conta de mim e como
se tivesse flutuando, eu nunca tinha me movido tão rápido e assim que cheguei
ao topo da escada, o som da minha voz ressoou por todos os cantos da casa em
gritos ensurdecedores.
— Yolandaaaaaaaaaa... — clamando desesperadamente pela única pessoa que
eu sabia que naquele momento poderia me ajudar. Atravessei os corredores indo
em direção aos meus aposentos e antes de chegar ao meu destino, totalmente
desorientada, Yola surgiu no meu campo de visão, ficando estática diante da cena
que se passou em sua frente e só voltou a realidade quando meus gritos
ecoaram novamente no espaço.
— Você precisa salvar a vida dela! — disse num tom de voz desesperado.
Assim que coloquei seu corpo nu sobre a cocha da cama, engoli em seco, quando
meu olhar foi de encontro a suas pernas e vi um líquido avermelhado em sua
pele. O silêncio que predominou no ambiente, logo foi interrompido quando
Yolanda adentrou o recinto feito um raio e minha atenção se voltou para a maleta
em suas mãos e ao se aproximar do leito de Helena, sua voz se fez presente.
— Preciso que você pegue o soro fisiológico, suporte e material para punção —
suas últimas palavras me deixaram mais atordoado.
— Que diabos são materiais para punção? — disse aos berros.
— Enzzo! Se acalme, ou ela sofrerá ainda mais pelas consequências do seu
nervosismo. Está tudo identificad...
Eu nem esperei que ela terminasse de falar e saí praticamente correndo. Agradeci
mentalmente por meu avô ter escolhido Yolanda para cuidar do meu tio e embora
tendo um futuro brilhante como médica, ela não hesitou ao abandonar tudo para
cuidar do menino que sempre viu como um filho. Assim que entrei no cômodo,
que era uma farmácia particular, já que assim como o meu tio, eu sempre me
machucava durante o treinamento e nossa salvadora estava pronta para cuidar
dos ferimentos.
Meus olhos varreram as prateleiras e assim que peguei tudo que ela havia
pedido, caminhei em direção ao meu quarto. Quando retornei, encontrei Helena
virada de costas e Yolanda a examinado com os olhos cheios de lágrimas e
perplexa com o que estava vendo, não demorou muito para o som da sua voz
reverberasse no ar.
— Quem fez isso?
— Eu não sei, só fiquei sabendo hoje.
— Nem mesmo um animal merece ser marcado desta forma. E, além de
desnutrida, tudo indica que graças ao seu ódio e a sede de vingança, você não só
se tornou o algoz dela, como a colocou numa situação onde tudo vai depender de
quão grande é sua força por querer sobreviver e assim salvar a vida da criança
que ela está esperando.
Criança! Que criança? Ela está esperando um filho?
Filho! Meus batimentos aumentaram num ritmo tão alucinante que achei que meu
coração fosse sair pela minha boca, ficando difícil de respirar. Meu peito arfava a
cada instante que essa palavra ecoava em minha mente. O medo começou a se
estabelecer, e eu não conseguia mais controlar meus pensamentos.
Uma palavra tão pequena, que ao ser dita por Yola, foi como ter levado um golpe
terrível no estômago, me levando a ser nocauteado. Assim como aquele traidor,
eu estava prestes a tirar a vida de um ser tão inocente, que ao contrário de mim,
ainda nem tinha vindo ao mundo e já se tornou o alvo de tanto ódio.
Enquanto ela puncionou um acesso venoso onde instalou soroterapia adequada,
e em seguida começou a passar um pano úmido no corpo desfalecido, que estava
tão branco quanto a neve. Como flashes, vários pensamentos passaram pela
minha cabeça, pois quando ouvi as palavras proferidas por Hulk, assim que
chegamos da cabana, eu deixei que a minha alma sombria gritasse mais forte
comigo, acreditando estar fazendo o certo e mesmo vendo a intensidade da luz
que emanava dela, eu preferi a escuridão. O ódio rapidamente substituiu cada
sentimento, cada emoção, como se nunca tivesse existido e o único pensamento
que passou pela minha cabeça, era quebrar, não só o seu corpo como a sua
alma.
Fui arrancado dos meus pensamentos quando ouvi a voz da mulher me
chamando.
— Agora tudo vai depender dela. Não sei se nessas condições conseguirá levar
essa gravidez adiante. Tenha em mente que essa criança não tem culpa de nada
do que aconteceu com você e sua família, tão pouco os filhos devem pagar pelos
erros dos pais.
— Porque ela estava suja de sangue?
— Isso é normal nos primeiros meses de gestação, desde que o fluxo não seja
muito intenso. Pela minha experiência, ela já chegou aqui grávida, mas
saberemos quando sair o resultado do exame através da amostra de sangue que
retirei.
Ela se afastou da cama, e em passos cautelosos deixou o cômodo e quando
sumiu do meu campo de visão, só ai me dei conta que ela tinha colocado uma
camisa minha, que mais parecia um vestido nela. Acabei com a distância entre
nós dois e me sentei na cama ao seu lado.
Durante todo esse tempo, era como se uma guerra tivesse iniciado dentro de
mim, pois achava que quanto mais a quebrasse, tudo que cheguei a sentir fosse
desaparecer, mas no fundo, a minha raiva só aumentava por desejá-la, por trair a
memoria dos meus pais e por me permitir ser envolvido por momentos de
fraqueza, onde a desejava na mesma intensidade em que a odiava.
Um filho significa a união do sangue dos Demisovski com o sangue daquele
traidor. Respirei fundo, tentando controlar todo o desconforto que pairou sobre
mim, minha cabeça estava a mil, meu cérebro soltando faísca e embora as coisas
tivessem mudado de rumo, nada ia mudar o fato que ela é filha daquele
desgraçado. Eu estava tão atormentado, perdido, que ao ouvir a voz potente do
meu tio, dei um salto repentino ficando de pé na mesma hora. No entanto, senti
um calafrio percorrer cada dimensão do meu corpo, ao ver o objeto em sua mão.
— Encontrei isso dentro do carro.
Capítulo 26
ENZZO

MINHA ATENÇÃO FICOU DIRECIONADA para a mochila nas


mãos do meu tio e as lembranças de quando a tirei daquele barranco vieram em
minha mente, porém, foram afastadas assim que ele lançou o objeto em minha
direção. Com a bolsa sob minha posse, dei alguns passos para trás, até alcançar
à poltrona.
Ele, que até então estava com sua atenção, segundos atrás, voltada para mim, se
voltou em direção à mulher que estava deitada sobre a minha cama e ao me
sentar, comecei a deslizar o zipe tentando abri-la. Todavia, ele, sem desviar seu
olhar de Helena disse:
— Yolanda me contou tudo que aconteceu.
Enquanto ele parecia perdido nos próprios pensamentos, eu comecei a retirar
tudo que estava dentro da bolsa. Um desafio silencioso preencheu todo espaço e
assim que puxei a ultima peça de roupa, uma pequena caixa, que estava no fundo
da bolsa chamou a minha atenção. Assim que peguei o objeto luxuoso, joguei a
mochila no chão e o silencio que tinha predominado no ambiente deu lugar ao
som da voz do homem que estava imóvel na porta.
— O que é isso? — perguntou curioso e com o olhar cravado em minha direção.
— É o que vamos descobrir — assim que o som da minha voz ressoou no ar, abri
de imediato o estojo e por uma fração de segundos, fechei os meus olhos quando
um forte brilho invadiu minhas retinas. Quando voltei a abri-los novamente levei
uma das mãos para dentro da caixa e logo peguei um dos diversos colares que
estavam dentro.
Hulk logo começou a se mover e veio em minha direção e ver tudo aquilo, só me
fez constatar o quanto à mulher que estava desfalecida em minha frente, era
tratada como uma verdadeira princesa da máfia. Quando o meu tio acabou com a
distância que nos separava, eu entreguei uma das peças em sua mão, enquanto
comecei a bisbilhotar tudo que continha dentro daquela caixa, após me livrar de
todas as joias, me deparei com uma identidade e assim como a mentirosa falou,
no documento estava escrito que se chamava Laura.
Quando enfim já não tinha nada mais dentro do estojo e as joias que antes
estavam ali dentro, agora estavam nas mãos de Hulk, que se encontrava
analisando-as, assim que ia fechar o objeto, senti um forte desconforto e uma
onda de calor invadiu todo o meu corpo. Meu coração se agitou e as batidas
começaram a ficar cada vez mais fortes, senti como se algo tivesse assumindo o
controle da minha mão e como se ganhasse vida própria, ela se moveu em
direção ao fundo da caixa e, ao pressionar, deu para perceber que tinha um fundo
falso, não demorou muito para me livrar daquilo e assim que terminei, meu olhar
atravessou o objeto que ainda tinha em mãos e ficou cravado no papel que estava
dobrado como se fosse uma carta.
Pela primeira vez em minha vida, senti que não tinha o domínio sobre as minhas
mãos, que ao tocarem no pedaço de papel, começaram a tremer e assim que
consegui desenrolá-lo, deixei o estojo cair no chão.
Passei um bom tempo olhando para o nome dela e só então meus olhos
desceram para próxima linha, que exibia uma caligrafia impecável e à medida que
fui lendo era como se o tempo tivesse congelado e o único barulho que
conseguia ouvir, era o da minha própria respiração.

“Helena,
Filha, se você conseguiu encontrar essa carta, isso significa que chegou ao seu
destino. Que teve tempo para retirar as joias que foram da sua avó e encontrou o
fundo falso. Conhecendo você, minha princesa, eu sei que certamente está
pensando se fez certo em me deixar para trás, mas saiba que daria a minha vida
para vê-la segura e livre das garras do demônio, que por anos vem fazendo das
nossas vidas um verdadeiro inferno.
Eu falhei com você em todos os sentidos e deveria ter deixado o medo de lado e
revelado a todos quem realmente é Omar Petrovci. Um homem cruel e diabólico,
que ao contrário do que todos pensam, é o pior marido do mundo e o grande
carrasco da sua própria filha.
Quando meu pai interrompeu os meus sonhos, ao anunciar que me casaria com
esse infeliz, eu resolvi aceitar o meu destino e acreditava que aquele homem que
exibia um sorriso perfeito, embora mafioso, pudesse ser a minha tábua de
salvação da prisão que sempre vivi. Mas, o tempo me mostrou o quanto eu estava
errada, que mesmo o meu pai sendo um ser tão insensível, eu vivia no paraíso e
o deixei vindo direto para o inferno. As humilhações, as surras e todo sofrimento,
tudo foi substituído pela notícia que dentro de mim estava crescendo duas vidas,
as quais se tornaria o novo motivo para não me deixar sucumbir às atrocidades
daquele monstro.
No entanto, a vida tinha outros planos e depois da morte do meu filho amado, eu
jamais esperava que nada do que eu achei que já conhecia sobre aquele infeliz,
era o mínimo comparado com sua verdadeira face. A própria personificação do
mal, um espirito maligno parece que enfim tinha se apossado de vez da sua alma
tenebrosa.
Só Deus sabe que a cada golpe que ele desferiu na minha pele, a única coisa que
me confortava, era que toda aquela maldade não poderia te atingir. Mas, o meu
mundo desabou quando todo seu ódio foi direcionado para o melhor presente
que a vida me deu.
A sensação que tive, quando ele desferiu o primeiro golpe em sua pele, era de
que meu peito tinha sido aberto e meus órgãos internos ficaram expostos e a
qualquer momento seriam estraçalhados. Por mais que eu suplicasse que ele
fizesse aquilo comigo, eu comecei a ver o quanto seus olhos brilhavam, por estar
infringindo tanta dor a uma criança, a qual ele culpava somente por sua
existência.
Assim como o seu nome, você reflete a luz e mesmo com toda escuridão e vários
motivos para deixar as trevas habitar em seu coração, você é o maior exemplo de
que existe bondade na terra. Uma guerreira desde o seu nascimento, que embora
crescesse em um verdadeiro castelo, jamais foi tratada por aquele a quem deveria
ser um protetor, como uma princesa.
Eu encontrei em Thadeu, a chance de tirar você desta gaiola cercada de ouro,
mas que na verdade é uma prisão. Não poderia suportar que, assim como fez o
meu pai, ele por ganância, fizesse você se casar com aquele outro maldito. Hoje,
embora triste por ficar longe de você, eu me sinto ainda mais forte e disposta a
lutar para que em breve estejamos juntas novamente. A vida vai te devolver tudo
que foi tirado de você.
Eu amo você, minha princesa.
Com amor, mamãe.

As lágrimas desceram pelo meu rosto sem a minha permissão. A minha garganta
tinha se fechado, assim como parece que algo estava bloqueando as minhas
narinas, me impossibilitando de respirar. Meus pulmões, estavam aos espasmos e
eu estava praticamente sufocando, sendo corroído pela sensação de culpa. E,
quando achei que não poderia mais suportar, senti uma mão forte de encontro ao
meu ombro e o som da voz do meu tio me arrancou daquele tormento.
— Enzzo!
Olhei para Hulk e sabia que ele estava preocupado para saber o que estava
acontecendo e a minha única reação, antes de levantar para ir até onde ela
estava, foi estender o pedaço de papel em sua direção.
"O que foi que eu fiz?”
Capítulo 27
HULK

FORAM POUCAS AS VEZES QUE o vi chorando, mesmo


quando criança, acordando em meio aos pesadelos, sempre se mostrou forte.
Enzzo acabou por amadurecer muito cedo, sempre determinado e focado em
cumprir com sua missão.
Por muitas vezes tive que ser duro e até cruel, para nunca deixá-lo esquecer
quem era o responsável por Vitor e Helen não estarem com ele, e se não fosse
por Yolanda, que assim como fez comigo, não deixou que a escuridão tomasse
por completo os nossos corações. Desde quando ele chegou com a filha do
traidor, eu vi um brilho que jamais tinha visto em seus olhos, sei que Helena seria
o seu calcanhar de Aquiles e, por isso estava disposto a tirá-la do seu caminho.
Mas agora, ao ver a cena a minha frente, toda uma retrospectiva se passou.
Ele já perdeu muito, passou toda sua infância se dedicando aos treinamentos.
Dizendo noite e dia como ansiava pelo momento em que teria o coração do
maldito em suas mãos. No entanto, a filha do homem que matou o meu irmão tão
querido, e quase destruiu a vida de Enzzo, como irônica do destino, foi a única
mulher a abalar todas as estruturas dele, fazendo a armadura que vem vestindo
desde criança, cair por terra e trazendo ao coração sombrio, uma luz que nem
mesmo todo ódio, raiva e dor pela perda foi capaz de ofuscar.
Deixo os meus devaneios de lado e meu olhar vai de encontro ao objeto em
minhas mãos. A cada linha, a cada palavra, um tremor violento passava pelo meu
corpo, então entendi o motivo dele ter ficado daquele jeito, pois era surreal
acreditar que um pai, mesmo que seja aquele desgraçado, pudesse fazer uma
monstruosidade dessas. Helena Petrovci, aquela que desejei por diversas vezes a
morte, assim como o meu irmão, como Helen e o próprio Enzzo, é sem dúvida a
maior vitima da crueldade daquele ser podre de coração.
Engoli em seco. E um nó se formou em minha garganta assim que a cena do
chiqueiro veio em minha mente. Nunca fui de arrepender-me de nada que fiz,
mais não fui muito diferente daquele demônio, ao infringir algo que não a marcou
fisicamente, mas que a humilhou de tal forma, que ficará com certeza para
sempre em suas lembranças. Voltei meu olhar para o homem a minha frente, que
estava sentado ao lado dela, segurando uma de suas mãos e com seus olhos
azulados fixos no rosto pálido que parecia sem vida.
Ainda com sua atenção nela, o som da sua voz preencheu os quatro cantos do
ambiente.
— Ela nunca vai nos perdoar por tudo que fizemos, e muito menos ao saber que
passou por tudo isso estando grávida.
Meu coração deu um solavanco, como se uma corrente elétrica tivesse me
atingindo. O choque foi tão intenso, que fiquei petrificado diante das suas ultimas
palavras e naquele momento, só um único pensamento tomou conta da minha
mente.
"Eu jamais irei me perdoar se algo acontecer com ela e um ser tão inocente".

ENZZO
Devastado, era dessa forma que estava me sentindo. Os meus últimos atos
causaram uma marca muito pior nela. Eu ignorei todas as evidências, jamais dei a
ela o direito de se defender de tudo que estava a julgando, porque me senti o
soberano e a minha palavra, a minha vontade e o que acreditava ser o certo,
deveria prevalecer.
Mesmo sabendo que Helena ainda nem existia, quando tudo aconteceu, alimentei
uma raiva descomunal por ela, só por ser filha daquele traste. Tratei pior que os
porcos, já que esses sempre foram bem alimentados, deixei-a dormir no lugar que
só não estava numa situação caótica, porque Yolanda, sempre tratou de deixar
impecável.
O meu filho, assim como ela, vem sendo um verdadeiro guerreiro. Com todas as
circunstâncias, vem lutando para sobreviver, simplesmente por que assim como a
sua mãe, ele já estava tendo um carrasco antes de vir ao mundo. Entre fome, frio,
trabalhos pesados e tendo que ser privada do próprio sono, sem poder descansar
direito, já que passou um bom tempo levando jatos de água gelada no rosto.
Ela, assim como passou anos resistindo as barbaridades e dores causadas pelo
próprio pai, não se deixou chegar ao fundo do poço, ao qual o homem que ela se
entregou de corpo e alma, estava fazendo de tudo para levá-la ao limite da razão
e assim se entregar as trevas. Meus pensamentos foram interrompidos quando
Yolanda entrou no cômodo.
— Vim trocar o soro, preciso ficar sozinha com ela.
Minha mandíbula se contraiu. Levantei-me e segui até a bolsa que estava jogada
no chão e depois de colocar toda roupa dentro do objeto junto com o estojo, disse
a Yola que eram as roupas delas e certamente ela ia ver que as peças íntimas
estavam no compartimento da frente, já que ao ver não quis expor na frente de
Hulk.
Mesmo contra a minha vontade, tive que sair do quarto. Durante o trajeto até a
sala, só se ouvia o som das nossas passadas. Quando chegamos ao cômodo, ele
que ainda estava assim como eu, desorientado devido aos últimos
acontecimentos, começou a falar.
— Ainda não consegui entender como ela conseguiu sair daquela fortaleza.
— Isso só irá descobrir quando ela acordar.
— Temos que acabar logo com aquele desgraçado. Essa erva daminha só vem
semeando a destruição.
— Agora mais do que nunca, eu vou matá-lo. Omar Petrovci vai pagar em dobro
por cada marca, por cada golpe que desferiu contra a pele dela.
Horas depois...
HELENA
Não sinto dor, só algo macio debaixo de mim e uma sensação de paz tão grande.
Quero abrir os meus olhos, mas minhas pálpebras estão pesadas. Ouço alguns
sussurros em meio à escuridão sem fim, porém logo o silêncio se faz presente,
afastando todo o barulho a minha volta.
Aos poucos as lembranças começam surgir e o meu cérebro acessa memórias do
passado. Meu coração dispara, minha respiração fica ofegante e todo o meu
corpo se contorce ao ouvir as palavras ditas a minha volta.
— Você precisa ser forte, por você e pela criança que esta dentro de você.
“Filho... Não! Não! Não!”
Imediatamente meus olhos se abrem diante de tudo que ouvi. Respiro aliviada ao
ver que tudo não passou de um pesadelo, porém assim que meus olhos varreram
o lugar, o pânico toma conta de todo o meu ser ao constatar onde eu estava.
Movi a cabeça para o lado e todos os meus sentidos ficaram voltados para
mulher a minha frente e ao ver um sorriso em seu rosto, as palavras que pensei
que eram fruto da minha imaginação ecoaram em minha cabeça, me destruindo
por dentro.
Capítulo 28
HELENA

COM OS OLHOS FIXOS EM YOLANDA, meu cérebro tentava


processar toda aquela informação. E, quando desviei o olhar do seu rosto para o
meu braço, me deparei com o soro correndo em minhas veias.
— Eu sei que você ouviu o que eu disse e não é fácil ter que lidar com tudo isso.
Mas, essa criança assim como você, está lutando para sobreviver, mesmo que a
escuridão esteja ao seu redor, sempre haverá uma luz.
Fechei os meus olhos e suas palavras martelavam minha mente e não pretendiam
parar. Eu mais do que ninguém sei o quanto a vida é preciosa, todavia, ter um
filho daquele monstro será o mesmo que submeter um ser inocente a tudo que
passei durante toda a minha infância. Não posso permitir que Enzzo, faça dessa
criança mais uma vítima do seu ódio, que em vez de um pai, ele tenha um tirano o
qual fará da sua vida um mar de sofrimento.
Esses eram os pensamentos que corriam dentro da minha cabeça, repetindo-se
num ritmo alucinante e incessante. Passei a suar frio e o meu corpo inteiro
começou a tremer. Atordoada, comecei a me debater enquanto Yolanda pedia
desesperadamente para que eu ficasse calma e quando virei à cabeça em direção
a porta, ele, o homem que vem sendo meu desespero, meu tormento surgiu no
meu campo de visão.
E, assim que ele se mexeu, um clarão surgiu em minha frente e com ele a
imagem de Omar com um cinto em suas mãos e eu podia ouvir o barulho do
golpe ao atingir a minha pele.
— Não! Não! Não!
A minha mãe gritava pedindo para ele parar, mas isso só o irritou e o segundo
golpe me fez cair no chão, causando uma dor insuportável em minha pele e sem
que eu pudesse controlar, comecei a fazer xixi na roupa, me contorcendo em meio
a dor e, antes que ele me atingisse novamente, desta vez foi a razão da minha
vida a única pessoa que demostrou gostar de mim, que se jogou na frente
deixando o couro lhe atingir. Desde então, além dos xingamentos, ele passou a
me infringir dor, mesmo sendo tão pequena, isso se tornou motivo de êxtase para
aquele homem.
— Se afaste de mim, está doendo. Por favor, pareeeee...
— Helena!
A voz de Enzzo me fez voltar ao estado de lucidez. As imagens foram sumindo e
as lágrimas inundaram o meu rosto, porém, senti uma picada em minha pele e
logo depois tudo começou a escurecer.
Manhã seguinte...
ENZZO
Exausto. Não foi fácil o dia anterior depois de tudo que descobrimos, o despertar
de Helena, além de agitado, foi terrível vê-la revivendo algo do seu passado. Era
como estivesse sentindo a dor e os gritos de angústia e desespero só
aumentaram ainda mais o sentimento de culpa.
Yolanda logo deixou o quarto ao ver que ela não parava de se contorcer e pelo
seu estado, isso poderia ter consequências graves. Pedi por várias vezes que ela
ficasse calma, mas tudo que consegui foi que ela se contorcesse ainda mais e,
quando Yola retornou, a única alternativa foi dar um calmante, já que o
nervosismo automaticamente diminui as defesas naturais do corpo, atingindo
principalmente o bebê.
Depois do ocorrido, passei o restante do dia ao seu lado e ao cair da noite, eu
acabei por dormir no quarto de hóspede, pois Yolanda achou necessário, caso ela
acordasse e ao me ver certamente teria outra crise. Com as vitaminas colocadas
no soro, ela logo estaria mais forte.
Assim que despertei, a primeira coisa que fiz foi ir até o meu quarto, pois
precisava pegar algumas peças de roupa. Yolanda me informou que ela acordou,
mas logo depois voltou a dormir e que o restante da noite tudo ocorreu bem.
Passei um bom tempo olhando para mulher desfalecida sobre a cama, em
seguida, peguei o que fui buscar e voltei para o quarto que passei a noite.
Instantes depois, de banho tomando e arrumando, deixei o cômodo indo rumo a
sala e ao adentrar o ambiente, me deparei com o meu tio com sua atenção toda
voltada para o jornal em suas mãos. Quando parei em sua frente, ele levantou a
cabeça e pela sua expressão, eu sabia que devia ser algo sobre aquele miserável
e antes que ele pensasse em dizer algo, peguei o objeto de suas mãos.
Observando atentamente o conteúdo do informativo e ao ver a imagem do maldito
que exibia um sorriso largo, fechei minha mão em volta do papel assim que me
lembrei de tudo que ele fez com Helena. Eu esperei mais de 20 anos e já não
posso mais aguentar todo esse ódio que me incendeia, que faz todos os meus
demônios se agitarem e gritarem para que eu derrame o sangue do desgraçado.
Tudo que descobri foi o estopim que faltava para destruir de vez essa erva
maldita.
Com um giro nos calcanhares, me movi em direção a sala de armas e já dentro do
ambiente, com o armamento em mãos, assim que me virei em direção a porta, um
brutamonte que mais parecia uma barreira humana surgiu no meu campo de
visão.
— Você não vai sair daqui — minha boca se contorceu e a raiva começou a me
queimar por dentro.
— Saia da minha frente. Nada vai me impedir de enviar aquele maldito para o
inferno — avancei em sua direção, mas logo me detive quando o som da sua voz
ressoou dentro do ambiente novamente.
— Não esperamos tanto tempo para que um tiro resolvesse tudo, caso contrário
eu teria feito isso. Aquele infeliz precisa ser desmascarado perante todos, sofrer
assim como fez com os seus pais e principalmente a sua mãe que foi morta de
uma forma tão cruel. Não deixe que emoção domine a razão. A regra é agir
seguindo o raciocínio dos pensamentos e não os sentimentos do coração. Você
vai acabar com esse desgraçado e eu estarei ao seu lado e darei a minha vida
para que você tenha em suas mãos o coração daquele verme. No
entanto, faremos como o planejado.
Ouvir as palavras dele me fez refletir. Uma bala no meio do peito do abutre seria
muito pouco comparada com a devastação que esse traidor já causou a sua volta.
Nas horas seguintes, passamos planejando tudo que faríamos hoje à noite, se
esse infeliz quer ser o centro das atenções, faremos que a sua noite seja
inesquecível. Ele derramou o sangue dos meus pais, e serei eu, o filho do homem
que foi apunhalado por um ser ambicioso, que irei derramar o sangue de Omar
Petrovci, e nada mais justo que começar a fazer alguns estragos.
Capítulo 29
OMAR

DURANTE ESSES ÚLTIMOS DIAS, muita coisa aconteceu.


Antes mesmo de a inútil confirmar que a mecha de cabelo era da infeliz, pela sua
expressão eu já tive a resposta.
A raiva me dominou quando a idiota começou a chorar e de alguma forma, eu
precisava descontar todo o ódio que estava sentindo e antes que ela se desse
conta, fechei uma das mãos em punho e avancei em sua direção. Os ruídos
vindos de sua garganta, logo se fizeram presente, o que só me incitou a desferir
vários socos em sua barriga, afinal de contas, o alvo que me deixa em puro
êxtase ao ver os hematomas, desta vez não poderia ser atingido, já que precisava
do seu belo rosto intacto para o evento que estava prestes a acontecer.
Depois que me dei por satisfeito, deixei o lugar indo em direção ao meu escritório.
Já acomodado em minha poltrona e, após a confirmação que realmente o cabelo
era de Helena, meu cérebro começou a processar todas as informações, me
levando a dois caminhos.
Aquela velha disse em meio a sua profecia, que se àquele monstrinho
sobrevivesse, o meu legado chegaria ao fim, porém isso e impossível, já que
vários anos se passaram e não teria como aquele projeto em miniatura de Vitor
Demisovski, ter sobrevivido, porém, além de mim, só duas pessoas sabiam dos
meus planos em matar aquela criança e o que fiz com Vitor.
Uma dessas pessoas era aquela que vem interferindo no mundo da máfia e a qual
já foi enviada ao inferno. De certo que não ia deixar ela viva e assim que me tonei
o chefe da máfia albanesa, trarei de pessoalmente fazer uma visita a infeliz e
após dar um tiro bem no meio da sua testa, coloquei fogo naquele casebre.
Assim como o desgraçado do Vitor, o fantasma da infeliz por anos vem me
atormentando.
Descantando a possibilidade de ser ela a responsável, meus pensamentos foram
direcionados para aquele maldito. Depois do tiro que levei e após deixar o
hospital, fui pessoalmente me certificar se ele tinha feito o que eu tinha mandado.
Achei rastro de sangue junto com a manta daquele ser insignificante e um corpo
carbonizado dentro do veículo, mas agora diante dos fatos, várias teorias se
passaram pela minha cabeça e se aquele maldito não estava dentro do carro
quando o mesmo explodiu? E, se ele não estava sozinho e aquele corpo era de
algum aliado e ao sobreviver vem planejando por todos esses anos vingar-se?
Pode muito bem ter tirado a foto do fedelho antes de matá-lo, com o intuito de me
chantagear e agora resolveu usar. Pode muito bem ser aliado do maldito que
ajudou na fuga da infeliz e justificaria o fato dela esta sobre seu domínio.
Com o rumo dos últimos acontecimentos e não conseguindo identificar quem era
o homem que estava dirigindo a moto que deixou a maldita caixa, coloquei meus
homens na principal estrada, na tentativa de identificar o suspeito. Tentativas em
vão e com a incompetência dos idiotas ao meu redor, mais uma mecha do cabelo
da imprestável chegou até a mim.
Deixei de lado todos os contratempos e resolvi focar no evento, onde seria
homenageado e me renderia muitos aliados. Cedo ou tarde, vou encontrar o
responsável que se atreveu a cruzar o meu caminho e quando assim o fizer, vou
resumi-lo a pó. Afasto as lembranças e caminho em direção ao corredor, espero
que Isabella já esteja pronta, caso contrário, assim que voltarmos, ela sofrerá as
consequências do seu ato.
Acabei por encontrá-la no corredor e juntos descemos os degraus da escada,
seguimos em silêncio em direção à garagem. Hoje todas as atenções estarão
voltadas para mim e em breve, assim como tirei o temido chefe da máfia albanesa
do meu caminho e me tornei o soberano desta organização, eu logo serei o maior
líder desse país e todos.

ENZZO
Passei o restante do dia inquieto. Hora, por Helena não acordar e, outra na
expectativa da noite chegar.
Questionei Yola, se era normal ela ficar por tanto tempo desacordada, mas ela me
informou que sim, que no fundo acreditava que a própria Helena não queria
acordar, como se tivesse dentro de uma bolha e não quisesse sair dela, pois sabia
que fora teria que enfrentar tudo aquilo que estava lhe causando sofrimento.
Depois da explicação de Yolanda, tratei de me concentrar somente no que
tínhamos planejado em fazer. Hulk havia saído para colocar parte do plano em
ação, para que na hora certa, Omar tivesse a recepção que merece.
Arrumado, dei uma última olhada no relógio em meu pulso e ao ver as horas e
sabendo que ele já estava me aguardando, fui direto ao seu encontro. Ao chegar
à sala dei de cara com Hulk e Yolanda, ela tinha uma expressão preocupada e
como já esperava, sua voz carregada de desespero se fez presente.
— Acho tudo isso muito arriscado.
— Você não precisa se preocupar, só vamos dar um susto no maldito. A morte pra
ele nesse momento seria um presente.
Com algumas passadas, fiquei a centímetros de distância dela e logo a envolvi no
forte abraço, no entanto, tive que desfazer o contato assim que Hulk me chamou.
— Vamos! Já está quase na hora.
— Cuide de Helena e do meu filho. Qualquer coisa não hesite em me ligar.
Com passos precisos e apressados, fui para fora da casa. Minutos depois, já
dentro do veículo que estava em movimento, passamos boa parte do percurso em
silencio.
Como o evento seria aberto ao público, seria muito mais fácil nos camuflamos em
meio à multidão. Quando enfim, chegamos ao nosso destino, fiquei estarrecido
com a grande quantidade de pessoas, todas iludidas pelo lado de bom samaritano
que o facínora vem demostrando ao longo dos anos. Ao sairmos do veiculo, logo,
cada um foi para lados contrário.
Tive bastante dificuldade para chegar até o centro do palco, mas fui me
misturando entre o pessoal até que parei no lugar que me daria uma boa visão do
desalmado. Aplausos logo se fizeram presentes quando o som da voz de um
cerimonialista começou a chamar alguns nomes e, logo alguns homens subiram
no palco e foi nesse exato momento que me aproximei ainda mais. Meus
batimentos se tornaram descontrolados e todo o meu corpo ficou em chamas,
quando o nome do viperino retumbou no ar.
— É uma honra ter o empresário Omar Petrovci, conosco. Peço a todos que
aplaudam.
Diante daquele pedido, o barulho das mãos chocando-se uma contra outra entoou
a minha volta e, com um sorriso amplo, daqueles que deixam os dentes a mostra,
o atroz subiu ao palco e caminhou até o centro, onde o homem lhe passou o
microfone. A cada palavra que saia da sua boca, só aumentava a minha fúria e a
vontade de avançar em sua direção e quando ele deu alguns passos a frente,
parando justamente em minha direção, levei uma das mãos até o meu rosto,
afastando o meu óculos e foi nesse exato momento que nossos olhares se
cruzaram e um estrondo terrível ecoou no espaço.
Capítulo 30
OMAR

FIQUEI HIRTO E ESTUPEFATO QUANDO VI aquele homem


com seu olhar lançado em minha direção. Todo o meu corpo estava sacudindo por
dentro e assim que meu olhar ficou fixo naquelas orbitas azuis, toda a multidão a
minha volta foi desaparecendo e as lembranças de anos atrás apareceram assim
como a imagem daquele fedelho.
Por mais que eu quisesse me mover, não conseguia, era como se estivesse preso
nos meus próprios devaneios, nas próprias lembranças que vieram para me
deixar inquieto, perturbado e confuso. Mas, toda a escuridão e o silêncio foram
afastados, assim que senti uma dor insuportável atravessar a minha pele e meu
corpo sendo arremessado no chão. Estremeci de dor com a intensidade ardente
em um dos meus membros superiores.
Aquilo não só me tirou do estado catatônico em que estava, como só aí vi todo o
desespero a minha volta e a multidão em pânico, o fogo tomando conta do palco e
do meu braço. Só então entendi o motivo de tanta dor e se não fosse por Aron,
certamente o fogo teria me envolvido por completo. Toda uma movimentação
aconteceu a minha volta, onde o meu terno foi arrancado do meu corpo e o fogo
apagado e ver o estado que ficou a minha pele, me fez sair de vez do transe que
estava e num impulso me levantei, porém, o homem que estava a minha frente
poucos minutos atrás, já não estava mais ali, e, enquanto meus olhos procuravam
pelo infeliz, toda a segurança buscava encontrar o responsável pela explosão e
tudo indicava que o único alvo era eu, já que colocaram explosivos no ponto
estratégico onde não afetou os demais, dando a eles tempo necessário para
escapar.
Meus pensamentos foram interrompidos quando olhei um homem de sobretudo
preto, semelhante ao do maldito que tinha visto e ao apontar o dedo na direção
dele, Aron logo fez um gesto para que fosse detido. Em meio à dor que me
assolava, ao ter minha pele em carne viva, passei feito um furacão por todos que
encontrei em minha frente e ao contrário de muitos que me olhavam totalmente
incrédulos e preocupados, Isabella, parecia que estava vibrando por dentro com a
cena a sua frente, mas logo essa infeliz vai se arrepender.
Quando alcancei o sujeito que já estava imobilizado, assim que levantou a cabeça
e minha atenção se voltou para o rosto do desgraçado, a raiva me dominou.

ENZZO
Dentro do carro, o som da gargalhada de Hulk, entoava no espaço e se tornou
contagiante e assim como ele eu já não conseguia me controlar ao lembrar-me da
expressão do maldito.
Embora o homem ao meu lado, acreditasse que não poderia surti efeito, algo
dentro de mim sabia que sim. A cada pesadelo que sempre tive, quando criança,
eu sempre vi aqueles olhos, era como se tivesse ficado registrado em minhas
lembranças e de alguma forma eu tinha plena certeza que assim como eu, ele ia
ter alguma reação ao me ver, além dos olhos, cresci ouvindo o meu tio dizendo
que era a copia do meu pai.
Se estivéssemos dispostos a acabar com sua vida hoje, teríamos feito com êxito,
pois ele estava cercado de incompetentes e isso será um ponto ao nosso favor
quando chegar a hora do confronto final. Com a bomba colocada ainda cedo no
lugar, a nossa intenção era somente dar um leve susto no traidor e sabíamos
exatamente o momento certo para que pessoas inocentes não sofressem as
consequências. Vê-lo imóvel, enquanto o fogo estava a sua volta, me fez vibrar
por dentro e mais ainda quando as chamas envolveram o seu braço, e só em
cogitar que o desgraçado, era o mesmo que bateu nela, me deixou a um ponto de
ir ao seu encontro e arrancar o seu membro, para que ele sentisse dor com
tamanha intensidade, como causou a uma criança que era totalmente indefesa.
Passamos toda viagem de volta para casa falando sobre o que tinha acontecido e
quando enfim, chegamos em casa, não demorou muito para deixamos o carro e
caminhar em direção a entrada principal e assim que abri a porta, os gritos que
ecoavam no ar me deixou desorientado e agindo por instinto, corri feito louco em
direção ao meu quarto.
Assim que cheguei ao cômodo, ela, assim como ontem, estava se debatendo e
gritando aos berros, enquanto Yolanda pedia para ela se acalmar. Era como se
não tivesse no seu estado de lucidez.
— Ele vai matar o meu bebê. Não! Não! Nãooooooo...
Assim que meu tio me alcançou, tanto ela como Yolanda, direcionaram sua
atenção para nós e o estado de Helena só piorou porque ela, num movimento
brusco, arrancou o objeto que estava fixado em sua veia e seu olhar estava
repleto de medo e novamente sua voz se fez presente.
— Afaste esse cinto de mim, por favor, não deixe esse monstro levar o meu filho.
Eu preciso sair daqui, solte os meus cabelos, não... Está doendo, pareeeeee...
Esperneando freneticamente, ela se debatia de um lado para outro em cima da
cama. Cada vez falava coisas desconexas, como se estivesse tendo alucinações,
pelos movimentos e as lágrimas que desciam em sua face, o sofrimento estava
intenso.
Desesperado, invadi o quarto, para assim como Yolanda, que tentava sem
sucesso, fazer a mulher voltar a realidade e quando seus olhos novamente
grudaram nos meus, em vez de medo, eu só vi um ódio mortal. O brilho
intenso que mesmo após tudo que fiz era visível, naquele momento tinha
desaparecido. Quando pedi para Yola, novamente dar um calmante a Helena. Ela
disse que não seria possível e que precisávamos fazer ela voltar a realidade.
Helena continuava com seus olhos cravados em mim e assim que segurei em
sua mão, senti um forte aperto e quando pensei que toda angustia estava
passando. Ela ficou imóvel e em seguida levou uma das mãos em direção à
barriga e um berro estrondoso ressoou no espaço.
Quando desviei o olhar de sua barriga, a cena que vi, pesou como se uma dezena
de bolas de chumbo estivesse dentro do meu estômago. Causando-me um
desconforto terrível, fazendo-me ter ainda mais consciência do tamanho do mal
que fiz, não só a ela, mas ao nosso filho.
Diante daquele líquido vermelho que escorria por entre as suas pernas, o pânico
me envolveu e no instante em que vi a única mulher que foi capaz de fazer o meu
coração bater mais forte, despertando emoções que jamais soube que existia,
fechar os olhos e se entregar a escuridão, um barulho maior ainda, comparado
com o que foi dado por ela, segundos atrás, se fez presente, assim que um ruído
de medo e desespero saiu rasgando a minha garganta.
— Salve o nosso filhoooooo...
Capítulo 31
ISABELLA

EU NÃO SEI ATÉ QUANDO VOU CONSEGUIR suportar tudo


isso. Meu corpo calejado já não aguenta mais e a única coisa que ainda me
mantem viva é a esperança de que vou estar novamente com a minha princesa.
Mesmo contra a minha vontade, tive que ir com aquele tirano para mais um dos
eventos que ele tenta a todo custo ser o centro das atenções.
Sempre fazendo caridade, não que isso me incomode, pois é a única razão pela
qual faço de tudo para colocar um belo sorriso no rosto e ostentar o papel de
esposa feliz. Saber que, embora pelo motivo errado, alguém está sendo
beneficiado com as doações, alegra o meu coração, porém ao sair de casa jamais
pensei que teria tamanha felicidade.
Nunca fui uma pessoa ruim, jamais deixei que sentimentos negativos tomasse
conta do meu coração, mas Omar sim, ele foi capaz de me fazer deixar de lado
tudo aquilo que sempre vinha lutando para jamais sentir. Enquanto sua crueldade
me tinha como alvo, mesmo sendo seu saco de pancadas, mesmo vendo o meu
corpo ganhar novos hematomas, eu lutava para não sucumbir à escuridão.
Mas, tudo mudou quando ele começou a fazer da vida do meu amor maior um
inferno, e, aquilo só despertou um lado sombrio que eu jamais pensei que tivesse.
Por diversas vezes desejei a sua morte, ao ponto de até cogitar em ser eu mesma
a matá-lo, mas não queria que a minha Lenoca, me visse como alguém
desalmada. Mas ver a expressão de dor do maldito fez meu coração explodir de
felicidade, o mesmo braço que por anos nos causou tanta dor, estava em chamas
e por mim o fogo poderia tê-lo queimado por completo.
Depois que deixamos o local e seguimos para o hospital, levaram o carrasco de
imediato para receber todos os cuidados necessários e minha vontade, ao ver
aquele povo todo sensibilizados pelo que tinha acontecido com ele, era de gritar a
todo vapor que o responsável pela explosão só estava fazendo um bem para
humanidade, ao enviar o demônio para o lugar a que ele pertence. Fiquei na sala
de espera perdida em meus pensamentos, quando de repente meus batimentos
aceleraram, lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto sem que eu pudesse
controlar. Senti um aperto muito forte em meu coração e uma sensação terrível
tomou conta de mim.
Tudo que veio em minha cabeça foi a minha filha.

ENZZO
— Helena! Nãoooo!
Eu estava mergulhado em desespero e extremamente aflito. Por mais que Hulk
pedisse para que eu me acalmasse diante daquela visão, uma onda de
pensamentos se fizeram presentes. Eu já não conseguia afastá-los e todos eles
ficavam martelando em minha cabeça e uma voz gritava cada vez mais alto que
eu era o único culpado, que não merecia tê-los em minha vida.
Uma sensação de vazio preencheu meu coração e não importava de quem ela
era filha ou o sangue que corria em suas veias. Helena, trouxe luz a minha vida e
com tantas mulheres que poderiam ter cruzado o meu caminho, ela foi a
escolhida, nossos destinos já estavam traçados e eu não deixaria que a morte
novamente tirasse alguém tão importante para mim.
Yolanda, que lutava para salva a vida dos dois, por uma fração de segundos se
concentrou em mim e sua voz se fez presente.
— Saia agora! — disse num tom rude.
Eu nunca a tinha visto falar desta forma, mas suas palavras fizeram o choque da
realidade me atingir e eu constatei que só estava atrapalhando ela, que lutava
para conter a hemorragia e salvar a vida dos dois. Não sei em que momento meu
tio me tirou dali, quando dei por mim já estava na sala jogado no sofá.
— Ela já nos mostrou que é forte e vai lutar com todas as suas forças pela vida do
filho de vocês.
— Ela nunca vai me perdoar se o pior acontecer. Eu nunca vou me perdoar se por
minha culpa, o nosso filho não resistir.
— Ele é um Demisoviski, tem o sangue dos pais, que são dois sobreviventes
nesse mundo cheio de crueldades. Assim como Helena, sofreu desde criança nas
mãos daquele miserável, você também foi o único da sua família, que ele não
conseguiu destruir.
Levantei-me e comecei a andar em círculos, as horas se passaram e não
tínhamos notícias. Aquilo já estava me sufocando e quanto mais tempo se
passava, a minha aflição só fazia com que pensamentos ruins surgissem, me
deixando ainda mais angustiado, quando ouvi passos se aproximando, virei em
direção ao corredor e ao ver a fisionomia da mulher a minha frente, tudo que
pensei foi no pior.
— Consegui, mas ela vai precisar de muito repouso.
Respirei aliviado, e a sensação que eu tinha era que um pouco do penso que
estava em meu estômago, me causando uma sensação ruim, tinha se esvaído.

Dois dias depois...


HELENA
Em meio à dor e ao desespero, me encontrava totalmente perdida. Era como se
as trevas quisessem, de alguma forma, apagar toda luz a minha volta.
Eu sabia que estava me deixando ser consumida pela escuridão. Em parte, eu
quis desistir, precisava encontrar a paz e não aguentava mais sentir tanta dor.
Eu já não sabia mais o que era realidade ou ilusão e saber que dentro de mim
tinha uma vida, me deixou no limite da loucura. Eu deixei que a emoção tomasse
conta de mim, deixei que o medo e o pânico colocassem uma venda em meus
olhos, e cega, já não conseguia sair das profundezas do meu desespero.
Enzzo, Omar e Hulk, eu já nem sabia distinguir quem era um ou outro, as imagens
deles surgiam como flashes a minha frente e tudo que eu queria era correr para
bem longe. Pensar que assim como eu, essa criança fosse se tornar o alvo da
crueldade desses monstros, me fez sucumbir ao estado de devaneio e só quando
ele segurou em minha mão, foi que senti uma vibração forte em meu corpo, no
entanto, a dor que me atingiu foi muito maior.
Perdi a noção de tudo e mesmo ouvindo sussurros, eu não tinha forças para voltar
à razão. Toda vez que tentava abrir os meus olhos, sempre era puxada de volta
para escuridão, mas algo dentro de mim queria encontrar a luz, e mesmo que
uma força estranha tivesse cada vez mais intensa a minha volta, tentando me
impedir de sair dali, ao pensar no meu filho, no motivo pelo qual eu lutarei para
seguir em frente e ter um recomeço longe de tudo isso. Forcei-me a abri os meus
olhos.
No entanto, a primeira imagem que vi foi a do anjo vingador, que embora tivesse
vestido de branco, de nada me impediu de vê-lo como realmente é. Meus
pensamentos foram afastados quando ele se levantou e veio em minha direção.
Eu precisava ser forte, pelo meu filho teria que continuar lúcida.
— Preciso que você fique calma — disse com um tom de voz calmo e se não o
conhecesse, até diria que estava preocupado, porém, fiquei agitada quando
escutei as palavras que foram ditas por ele.
— Eu vi as suas costas e já sei de tudo que aquele desgraçado fez com você.
Senti a revolta crescer dentro de mim, pois ele falava como se não fosse tão cruel
como o homem que tenho por pai.
— Você não fez muito diferente dele e se tivesse me deixado dizer a verdade em
vez de me culpar por algo que eu não tive culpa, já teria descoberto que eu jamais
tive uma vida de princesa, como você e todos sempre imaginaram.
— Eu sei que errei, mas saber que você era filha do homem que matou os meus
pais. Que usurpou o lugar dele e foi capaz de atentar contra a minha vida, quando
eu não passava de um simples bebê, só me deixou ainda mais cego.
— Que Omar não presta isso eu sei, pois sou a provar viva de tudo que ele é
capaz de fazer, mais até onde eu sei, Vitor e toda sua família foram mortos
durante a chacina que teve na mansão.
— Isso foi à versão que aquele traidor quis que todos acreditassem. Talvez,
depois que você souber de toda verdade, possa entender o motivo de tanto ódio.
Ele se sentou na cama e nas horas seguintes começou a contar tudo que tinha
acontecido com sua família. A cada palavra dita, um misto de sensações
apoderou-se de todo o meu ser. Estava estarrecida com tamanha crueldade e tive
que me controlar para não deixar as lágrimas caírem e quando ele terminou de
relatar tudo que tinha acontecido, segurou firme em uma das minhas mãos e
olhou no fundo dos meus olhos.
— Eu preciso que você me perdoe por ter agido movido pela raiva e não ter dado
a você a chance de se defender. Eu preciso que me perdoe por todo sofrimento
que fiz você passar e ao seu lado e do nosso filho, vamos superar tudo isso.
Assim como ele fez, ao proferir suas palavras, cravei o meu olhar no seu. Puxei a
minha mão do seu contato e o som da minha voz reverberou no ar.
— Eu não irei te perdoar. Pois para isso teria que esquecer cada humilhação,
cada dia que passei naquele porão e cada palavra que foram proferidas por você,
que assim como era da sua vontade, não me quebraram fisicamente, mas foram
enraizadas aqui dentro e acima de qualquer sentimento que cheguei a sentir por
você. Eu só cheguei até aqui, porque aprendi a me amar, aprendi a dar valor à
vida e não deixar que nada e nem ninguém mudasse quem eu sou. No entanto,
mesmo não sendo da minha vontade, você é o pai dessa criança que cresce em
meu ventre e, se quiser fazer algo pelo seu filho, salve a minha mãe das garras
daquele demônio.
Capítulo 32

Dias depois...
HELENA

COM O PASSAR DOS DIAS, comecei a me sentir melhor e


aquela sensação de fraqueza desapareceu. Tenho muito que agradecer aos
cuidados de Yolanda e com a alimentação que venho recebendo, consegui
recuperar um pouco do peso que havia perdido.
Antes dava para contar os ossos das minhas costelas e ver os ossos dos
ombros, que faziam umas pontas estranhas. Sem contar a roupa que dançava
em meu corpo.
Ainda lembro que após a conversa que tive com Enzzo, o qual jurou que minha
mãe em breve estaria ao meu lado, a única que demostrou sensibilidade com
minha situação entrou no quarto com uma enorme bandeja em suas mãos, meus
olhos logo brilharam diante daquela imagem, assim como meu estômago deu
sinal de vida.
Quando ela me entregou aquela bandeja, foi como se uma criança tivesse
ganhando o seu doce favorito e não demorou muito para que eu devorasse boa
parte do que tinha ali. Se não fosse pela dor que senti na barriga, teria comido
ainda mais, ela me explicou que este incômodo, era devido há muitos dias sem ter
comido nada e como eu mais parecia um animal faminto e fui praticamente
empurrando tudo para dentro da boca, em questão de minutos acabei por sentir
essa sensação.
Desde aquele, dia foram poucas às vezes em que vi Enzzo dentro daquele quarto,
o que agradeci a Deus, embora não possa negar e fazer de conta que ele não
desperta um alvoroço em mim, quando surgi em minha frente. Eu não vou
esquecer que por sua culpa, quase perdi o meu filho, que além de fome, ele me
fez chegar ao fundo do poço, ao ponto de me rebaixar para não morrer de fome.
Seria fácil dizer eu te perdoou, mais seriam palavras vãs, já que não consigo
esquecer todo o sofrimento que passei nos últimos dias. Para minha surpresa, o
tio dele, também veio até a mim e assim como o sobrinho, pediu perdão por tudo
que tinha me feito passar. Sempre vi o perdão como um remédio.
Na hora, pode ser amargo, mas faz bem, alivia o mal-estar interior. Mas, a ferida
está longe de cicatrizar e embora curada por fora, por dentro as lembranças
permanecem e são elas que não me estão me deixando esquecer tudo que vivi.
Deixo os meus pensamentos de lado e caminho em direção ao banheiro. Acabei
por passar um bom tempo debaixo do chuveiro, curtindo a água morna em minha
pele, pois enquanto eu congelava lá embaixo e tinha que me virar com um banho
que congelava meus ossos, ele tinha em seu quarto todo o conforto. Passei uma
das mãos em direção a minha barriga e já não via a hora de ter a minha mãe ao
meu lado e o meu filho, juntos iremos para bem longe de tudo isso.
Assim que saí do box e enrolei a toalha em volta do meu corpo, me repreendi por
ter esquecido de pegar uma roupa limpa dentro da minha mochila, em passos
largos, saí do banheiro e assim que abri a porta, tive um sobressalto quando os
meus olhos foram de encontro a imagem a minha frente. Levei um susto e acabei
deixando minha toalha cair no chão.
Seus olhos percorreram todo o meu corpo, e pararam por um bom tempo nos
meus seios descobertos, até ficarem fixos em direção a minha intimidade. Eu não
consegui me mexer, minha respiração acelerava a cada segundo que se passava
e quando ele veio em minha direção, meu cérebro começou a reagir e minha voz
num tom seco, ecoou no espaço.
— Eu quero que saia agora do quarto agora — disse firme ao ver o desejo
estampado em seus olhos, que faiscavam em meio à luxúria.
— Helena, e...
— Se você não sair, eu não terei problema algum em voltar para aquele porão —
suas veias se contorceram e eu sabia que ele estava travando uma luta para
conter a raiva. E, assim que o vi recuando, antes que ele deixasse o recinto,
novamente voltei a me manifestar.
— O quarto pode até ser seu, mais eu espero que da próxima vez só entre com a
minha permissão, afinal, entre nós só existe dois assuntos em comum, o nosso
filho e a derrota de Omar Petrovic, até porque você não deve ter muito interesse
em ficar próximo ou conversar com a filha de um traidor.
Ele saiu sem dizer nenhuma palavra, fechando a porta atrás de si.

Horas depois...
Mesmo vivendo um inferno desde criança, sempre procurei tratar bem as
pessoas. E também aos poucos funcionários com os quais eu tinha algum
convívio, minha mãe sempre me ensinou, que os nossos problemas eram nossos
e não deveríamos descontar nossas frustrações nos outros.
Entendo perfeitamente, o quanto o homem que tenho por pai destruiu a vida de
Enzzo, embora sendo uma criança, ele perdeu muita coisa e eu sei o quanto o
amor dos pais é algo que nos faz feliz, assim como a rejeição nos quebrar por
dentro.
Mas, ele simplesmente me julgou e mesmo tendo passado alguns dias comigo, o
peso que levou em consideração foi que eu era filha do seu inimigo. Deveria
saber muito bem que as pessoas não são o que aparentam ser, pois muitos
acham que Omar, é um verdadeiro anjo, quando na verdade é um monstro.
Assim que terminei de me vestir e seguindo as recomendações de Yolanda,
resolvi deixar o quarto, pois segundo ela, eu precisava tomar um pouco de sol.
Andando pelos corredores, comecei a ouvir vozes vindas da sala e quanto mais
me aproximei, eu pude identificar de quem era. Logo parei em frente à porta.
— Ainda não consegui entender como ela saiu daquela mansão?
Ao ouvir a pergunta de Hulk, a minha voz ecoou no ar, fazendo os dois homens
ficaram com os olhos arregalados e fixos em minha direção.
— Existe uma passagem secreta.

ENZZO
Eu cresci, ouvindo Hulk me contar a história de como o meu pai conheceu a
minha mãe. De como antes disso, o grande Vitor, que tinha o coração escuro
como a noite, somente via as mulheres como simples objeto. Cresci ouvindo as
histórias de como no mundo da máfia, as mulheres eram tratadas e tão pouco
tinha suas vontades respeitadas, tratadas muitas das vezes como uma
mercadoria, uma aliança entre famílias para aumentar o poder.
Estupradas, humilhadas e ainda tinham que ser, perante todos, a mãe e a esposa
perfeita. Eu não cresci dentro desse mundo, embora sendo o verdadeiro herdeiro
da nossa organização, talvez poderia ser diferente, se o destino não tivesse me
tirado do meu verdadeiro lar. Treinado por um sanguinário, recebi as lições que
meu tio e meu pai receberam do meu avô, mas a diferença foi que Yolanda,
sempre fez de tudo para que em meio às trevas, a luz que existia em meu
coração nunca se apagasse.
Sempre tive a sensação de que dentro de mim, existia um duelo, onde meus
demônios urravam, tentando afastar tudo de bom que ela me ensinava e
principalmente entre os seus ensinamentos, eu aprendi que não deveria ser
temido e sim respeitado. Que um homem nunca deveria ter uma mulher à força e
por esta razão, embora meus demônios gritem e estejam em confronto pela
rejeição de Helena, eu tenho consciência do estrago que fiz em sua vida.
Embora sedento de desejo e com uma vontade enorme de tê-la em meus braços.
Tive que deixar o quarto, pois se nem em meio ao ódio a tive a força, agora
mesmo que não faria e sabendo do seu estado, não posso correr o risco de que
ela tenha uma recaída e por minha culpa novamente a vida dos dois estejam em
perigo.
Quando voltei para sala, Hulk novamente questionou algo que não
encontrávamos a resposta, já que mesmo com ajuda não era fácil sair daquela
mansão.
Depois de alguns minutos, ela apareceu na sala e o que disse em seguida nos
deixou, boquiabertos.
Depois de nos contar exatamente tudo sobre a tal passagem, ela deixou o
cômodo, aquela informação foi como uma luz no fim do túnel e a peça que faltava
para cercarmos o infeliz por todos os lados.
Capítulo 33

No dia seguinte...

OMAR

MALDIÇÃO!
A minha pela ardia como se estivesse ainda em chamas e quando pensei que o
homem que vi, era o mesmo que me deixou estático, assim que ele levantou a
cabeça e olhei os seus olhos, tive a confirmação de que não era. Não sei se foi
fruto da minha imaginação, já que nos últimos dias, desde que olhei a foto
daquele pequeno monstrinho, os pesadelos se tornaram mais frequentes e além
da risada de Vitor, sempre via a imagem da velha mandingueira vestida toda de
branco.
Desde que a matei, que ao dormir, sempre estou em um lugar sombrio, as
imagens do seu rosto sempre surgem em minha mente trazendo um forte clarão
em meio à escuridão em que me encontro, me fazendo despertar sobressaltado,
como se a escuridão que se apoderou da minha alma, me reivindicasse por
inteiro.
Depois de um tempo, o meu braço já estava melhor, nada que o dinheiro não
fosse capaz de resolver. Busquei pelos melhores tratamentos para que minha
pele viesse a cicatrizar o mais rápido possível e depois do atentado, só consegui
ganhar ainda mais a simpatia dos idiotas e crescer nas pesquisas, ficando a
poucos passos de controlar todo esse país.
Deixei as lembranças de lado e fui até o banheiro. De banho já tomado e
arrumado, sigo para a minha cama, com os medicamentos que venho tomando,
tenho sentindo muito sono. Não sei em que momento, mas acabei adormecendo.
— Deixe-me em paz, sua velha maldita.
Não! Não! Nãooo...
Acordo atordoado, com o corpo banhado pelo suor e ao mover minha cabeça para
o lado, embora em meio à penumbra, meus olhos foram de encontro a imagem
parada em frente à porta.

Uma semana depois...


ENZZO
Tão fria tanto uma barra de gelo, sem contar que está cada vez mais indiferente.
Em pouco tempo, aquela menina mulher, que aparentava ser tão frágil, deu lugar
a uma mulher forte e decidida, que em meio a tudo que passou, se tornou ainda
mais forte. Além da aparência, pois já é visível que além de recuperar o peso que
havia perdido e até ganhou um pouco a mais, as curvas do seu belo corpo estão
ainda mais definidas.
Saber que o meu filho cresce firme e forte em seu ventre e, que terá uma mãe
que será capaz de tudo para protegê-lo, só engrandece ainda mais o sentimento
que sinto por ela. Algo que a cada dia preenche o meu coração, que me faz vibrar
em grande intensidade, só por estar perto dela.
É como se tivesse fogo correndo em minhas veias. Ardendo e me incendiando por
dentro, algo que não se pode ver, mas sim sentir, pois o que sinto por ela, não se
pode ver com os olhos, mas com o coração.
Depois de tudo que ela nos contou, eu não resisti a tentação e acabei por entrar
na mansão. Quando passei por aquele túnel e parei dentro de um quarto, senti um
forte aperto em meu peito, era como se aquele lugar, de alguma forma, trouxesse
lembranças ruins, pois a sensação que senti foi terrível. Ao adentrar no quarto do
maldito, que por sinal estava de porta aberta, fiquei o observando e o prazer foi
indescritível ao ver o medo cru e agudo visível em seu olhar.
Como o ambiente estava na penumbra, tive tempo suficiente para sair dali. Cogitei
em tirar Isabella e trazê-la comigo, mais encontrei a porta dos seus aposentos
trancada e até fazê-la despertar, acabaria por chamar atenção do desgraçado.
Quando traçamos o plano para retirá-la de lá, era como se o maldito tivesse
adivinhado e o acesso à passagem estava sendo vigiado por alguns soldados,
sendo assim, o certo era acabar logo com o maldito e só assim elas ficarão livres
para sempre.
Em meio às lembranças, resolvo deixa-las de lado e após chamar Hulk,
caminhamos em direção ao automóvel. Como todos os meses, hoje é o dia que
fazermos as compras dos mantimentos, tanto para casa quanto para os animais.

HELENA
Quando acordo, não tenho ideia de quanto tempo dormi. Espreguiço-me embaixo
do edredom ainda de olhos fechados, as lembranças da noite anterior invadem a
minha mente. O sono não me encontrava devido a um forte incômodo em minha
barriga, tive bastante dificuldade para dormir, já que o barulho vindo do meu
estômago estava cada vez mais alto.
Por mais que soubesse o motivo, me negava a aceitar que depois de tudo que
comi no jantar, eu ainda estivesse faminta. Sendo vencida pelo barulho que se
tornava cada vez mais irritante, me levantei indo de encontro a cozinha, a
sensação que eu tinha, era que dentro da minha barriga não tinha só uma criança
ou talvez essa foi só uma desculpa que inventei para justificar que não conseguia
parar de comer.
Agradeci mentalmente por não ter encontrado ninguém durante o percurso que
fiz, e depois de comer feito uma leoa, voltei para o quarto. O que achei que era a
solução para aquele desconforto e que assim poderia dormir, acabou me
causando um embrulho enorme em minha barriga. Levanto rapidamente e sigo
até o banheiro, coloco tudo que tinha e não tinha em meu estômago para fora.
Só depois de me sentir aliviada e ter escovado os meus dentes, consegui dormir.
Respiro fundo, e resolvo abrir os meus olhos e me levantar. Algum tempo depois,
quando deixei o quarto e fui para cozinha, só encontrei Yolanda, mesmo sem
perguntar ela me disse que os dois homens da casa tinham ido fazer as compras
do mês.
Tomei meu dejejum sossegada e bem relaxada, pois embora os dois ogros
tenham mudado o comportamento deles para comigo, e não visse mais aquele
ódio mortal nos olhos de Hulk, não me sentia bem ao ter que sentar-se à mesa
com eles durante as refeições. Sempre vinha em minhas lembranças às várias
vezes em que me sentei no canto desse cômodo e feito um animal, comia as
migalhas que me davam e como um passe de mágica não ia passar uma
borracha e fingir que éramos a família perfeita.
Depois de terminar a minha refeição, com um único pensamento, fiz algo que há
muitos dias estava planejando e busquei entre minhas lembranças o número que
acabei por gravar na memória. Com o telefone em mãos, após discar alguns
números, meu coração acelerou ao ouvir o som que me deixou vibrando de
alegria.
— Princesa!
— Mãe!
— Meu amor, eu sabia que você estava viva — ouvir os ruídos de choro do outro
lado da linha, indicando que ela estava chorando.
— Mãe não chora, estou morrendo de saudade, tanta coisa aconteceu.
— Como você está? Você tem se alimentado direito. Conte-me tudo.
Os momentos seguintes, eu praticamente contei tudo que tinha acontecido. Omiti
sobre a gravidez e sobre Enzzo e Hulk e principalmente o lugar onde eu estava,
mas disse que estava bem e quando toquei no nome do Thadeu, ela começou a
chorar ainda mais. Foi difícil ter que encerrar a ligação, mas prometi que ia ligar
de novo e que em breve estaríamos juntas.
Entre lágrimas e muita emoção, consegui colocar o aparelho de volta ao lugar.
Enquanto isso...
Fiquei imóvel com o celular em minhas mãos, não conseguia parar de chorar e
meu coração dava pulos de felicidade. Eu estava tão distraída em meio às
emoções, que só voltei à realidade quando objeto foi arrancado bruscamente das
minhas mãos. E, as palavras do demônio fizeram meu mundo desabafar.
— Chegou a hora de trazer a fujona de volta para sua prisão.
Capítulo 34
HULK

COMO TODOS OS MESES, sempre acabamos por perder boa


parte do dia com as compras e desta vez foi muito pior, já que o fluxo de pessoas
era grande, como se todo mundo tivesse resolvido sair de suas casas justamente
hoje.
Com tudo já resolvido, entramos no veículo e segundos depois coloquei o carro
em movimento. Enzzo, como sempre, não parava de falar sobre Helena e o filho
que, em sua opinião é uma menina. Espero que seja um menino, já que não me
agrada em nada ter que ver daqui a alguns anos, algum marmanjo de olho na
herdeira da máfia, se bem que não sei como será o futuro dos dois ou se depois
que exterminar aquele rato de esgoto, eles vão seguir suas vidas em caminhos
opostos e caso venham se casar com outra pessoa, certamente terão outros
filhos.
Conhecendo bem o meu sobrinho, espero que algum dia Helena venha a perdoá-
lo, pois da forma que suas feições mudam e seus olhos parecem duas bolas de
gude gigantes, que brilham intensamente quando fala dela, está mais do que
visível o quanto ele a ama. O barulho da voz dele logo foi substituído por um
estrondo terrível, e o veículo começou a fazer ziguezague, tornando difícil de
controlar.
Quando enfim começou a oscilar e diminuir a velocidade, paramos no
encostamento e fui trocar o pneu, que ao que tudo indicava tinha furado. Em meio
a troca, do nada senti como se minha garganta tivesse se fechando, meu coração
começou a bater forte contra o meu peito e ao desviar a minha atenção por
alguns minutos do pneu. Fiquei completamente atônito.

HELENA
Eu não estava me aguentando de tanta felicidade, ouvir a voz da minha mãe e
saber que ela estava bem, tirou um pouco da angústia e preocupação que estava
sentindo de que aquele monstro pudesse ter feito algo com ela. Depois que
encerrei a ligação, voltei para cozinha e mesmo contra a vontade da mulher a
minha frente, comecei a ajudar nos afazeres.
Achei estranho que Enzzo e Hulk, não haviam chegado ainda, mas Yolanda disse
que tinham que comprar ração, além dos mantimentos da casa, e era normal
passarem o dia todo fora e que almoçavam no centro da cidade. Depois do
almoço, onde me deliciei de uma sobremesa divina, acabei não resistindo ao
cansaço e tirei um cochilo.
Quando acordei já eram quase quatro horas da tarde. Ela como sempre, já tinha
preparado um lanche e depois de ajudá-la com os porcos e as galinhas, tomei um
banho e voltei para a sala. A voz dela interrompeu meus pensamentos.
— Você tem certeza que foi seguro ligar para sua mãe?
— Sim! Eu liguei para um número confidencial que ela tem e Omar não sabe da
existência.
— Tanto você quanto a sua mãe devem ter sofrido muito nas mãos desse
desalmado.
— Sim! Mas, a esperança me manteve firme, pois eu sempre sonhei que um dia
seriamos livres e juntas poderíamos viver felizes, sem ter a presença dele. Onde a
dor, o medo e a tristeza não teriam espaço.
— Eu sei que tudo que você sofreu aqui, está longe de se cicatrizar. Uma ferida,
que mesmo não sendo física, te causou uma dor enorme, porém, também sei que
o meu menino está arrependido de tudo o que fez e mesmo em meio a tanto
sofrimento, existe a esperança, assim como entre o ódio o amor é muito mais
forte.
— Tudo que desejo é que isso acabe e ao lado da minha mãe e do meu filho eu
possa recomeçar. Possa desfrutar de tudo aquilo que Omar me roubou, ao me
privar de viver a vida.
Ficamos um bom tempo conversando e quando ouvimos um barulho vindo do
lado de fora, eu pensei que eles tinham chegado. No entanto, o que veio a seguir,
quando a porta foi aperta bruscamente revelando o próprio demônio em forma
humana, fez todo o meu corpo gelar.
— Sentiu saudades do papai princesa?
ENZZO
Eu não estava preparado para sensação poderosa e assustadora que passou por
mim. Senti como se o meu rosto tivesse pegando fogo, minha mandíbula se
contraiu e minhas feições mudaram. Era como se todos os meus demônios
reivindicasse o controle do meu corpo.
— Enzzooooo...
Só quando ouvi o grito de Hulk, que voltei ao meu estado normal, pois a única
imagem que surgiu em minha frente foi a de Helena. Era como um mau-presságio
de que algo de muito ruim estivesse acontecendo e quando ele terminou de trocar
o maldito pneu e vi que ele também estava inquieto, tive a constatação que aquilo
não era coincidência.
Pisando fundo no acelerador, conseguimos chegar ao nosso destino, segui direto
para entrada principal da casa, me deparando com a porta escancarada e assim
que diminui a distância e entrei no ambiente, um ruído estrangulado ressoou no
espaço.
— Nãoooooo...
Eu não consegui me mover, fiquei petrificado olhando para o corpo
ensanguentado no chão e quando o meu tio passou por mim, se aproximando
dela. Pela primeira vez eu vi aquele homem chorando, pois Yolanda sempre foi à
mãe que ele nunca teve.
O choque da realidade pairou sobre mim como um soco em meu estômago e, fui
correndo para o meu quarto em busca de Helena, mas foi em vão. Quando voltei
para sala, Hulk, que estava desolado nem se deu conta quando os olhos dela se
abriram e entre sussurros ela disse:
— Om... Omar.
A raiva me dominou, mas ver os olhos dela se fecharem, só me incitou a chamar
o meu tio para que reagisse e a levássemos o quanto antes para o hospital.

Horas depois...
Yolanda nos mostrou que era muito mais forte do que pensávamos. Embora
tivesse levado um tiro na direção do coração, o mesmo foi desviado graças ao
crucifixo que estava em seu cordão.
Depois que soubemos que a operação tinha sido um sucesso e a ela estava fora
de perigo e que não ia acordar tão cedo, deixamos o hospital rumo à cabana, pois
era hora de salvar a minha mulher e o meu filho.
— Eu vou matar aquele infeliz com as minhas próprias mãos — disse Hulk, com
os olhos faiscando de ódio.
— Precisamos pegar o maior número de armas possível, pois eu não sei como ele
descobriu onde ela estava, mas precisamos estar preparados para o confronto.
Já estávamos nos aproximando do desvio, que nos levaria até a cabana, quando
os barulhos de tiros ecoaram no espaço e a nossa frente uma verdadeira guerra
estava acontecendo. O ricochetear da bala atingindo a lataria dos carros e os
diversos disparos faziam do cenário um campo de batalha.
Era uma verdadeira troca de tiros e um dos carros foi encurralado por dois e
empurrado ribanceira a baixo. O carro vermelho, que estava sendo perseguindo
pelos outros três pretos, ao que tudo indicava, o que foi jogado para fora da pista
estava fazendo a sua escolta, este começou a disparar contra os carros que
estavam o perseguindo, mas eles estavam em desvantagem e assim que o teto
de um dos carros obscuro se abriu, revelando um lança foguetes, que logo foi
apontado em direção ao alvo e em questão de minutos um estrondo terrível
preencheu o espaço e o carro vermelho ficou desgovernado. Saiu da pista
rolando pelo barranco, não demorou muito para acontecer a explosão, o que
parecia ser motivo suficiente para os carros que o estavam perseguindo
desaparecer do local.
Minutos depois, quando estávamos chegando na direção em que o carro tinha
indo de encontro ao ribanceira, Hulk acabou por parar o nosso carro e quando o
questionei, ele disse que pelos veículos, tudo indicava que pertencia a máfia
albanesa. Saímos de dentro do carro e no fundo do barranco, os dois veículos
estavam em chamas, porém quando íamos voltar para dentro do automóvel, algo
se mexendo entre as pedras chamou a minha atenção.
Eu vi um homem se mexendo e imediatamente descemos até onde ele estava e,
assim que o alçamos, o desconhecido estava coberto de sangue e com vários
ferimentos pelo corpo, tudo indicava que se jogou de dentro do veiculo rumo às
pedras antes do estouro, fiquei desorientado quando o som da voz de Hulk soou a
minha volta.
— Malaquias!
Capítulo 35
HELENA

O SOM DO DISPARO ECOANDO EM MINHA CABEÇA me


arrancou das profundezas do meu desespero. Senti uma onda de frio por todo o
meu corpo, minha cabeça está pesada, minha mente completamente enevoada,
de uma maneira que nem eu mesma consigo me encontrar. Aos poucos as
lembranças vão se tornando claras e com elas o pânico toma conta de todo o
meu ser.
Quando o demônio surgiu no meu campo de visão, todos os meus órgãos dentro
da minha caixa torácica começaram a funcionar a todo vapor.
Raiva e ódio transbordavam dos seus olhos que pareciam duas bolas em chamas,
tamanha era sua fúria e, não me dando tempo de fugir dali, ele me alcançou.
Seus olhos foram de encontro a Yolanda, que a essa altura já estava imobilizada e
novamente o som da voz diabólica ecoou no espaço fazendo com que meu
coração deixasse de bater por uns alguns segundos e o ar se esvair dos meus
pulmões.
— Cadê os infelizes que te ajudaram? — ele perguntou com seu olhar já cravado
nos meus cabelos, e logo me lembrei de que Enzzo, contou-me que enviou as
mechas para o monstro. Respirei fundo tentando não demostrar todo o meu
desespero e nervosismo.
— Ela me deu abrigo depois que fugi dos dois homens que me tiraram do carro de
Thadeu. Assim como você, eles se tornaram os meus carrascos, cortaram os
meus cabelos e pela conversa que ouvi nas palavras de ódio do homem, que
aparentava ter a sua idade, ele já trabalhou para você e disse que ia se vingar por
tê-lo tentado matar anos atrás. Ele tinha parte do rosto queimado e quando
chegaram completamente bêbados, eu consegui escapar. Em meio à escuridão
da noite e sem saber para onde estava indo, após já não aguentar mais correr,
tudo que lembro antes de ter desmaiado, foi que avistei essa casa e foi quando
ela me encontrou desfalecida.
Ao lembrar-me de tudo que Enzzo relatou, de como seu tio o salvou de ser
sacrificado, eu só sei que as palavras vieram do nada e quando dei por mim já
estava inventando tudo, mesmo correndo o risco dele não acreditar, eu não podia
deixar que ele descobrisse que o herdeiro, a criança que ele quis destruir
sobreviveu e mesmo depois de tudo que me fez, Enzzo, nesse momento era a
minha única esperança.
Levantei a cabeça e ele parecia perdido em meio às lembranças e pelo seu rosto
passou várias expressões, enquanto processava tudo que eu tinha dito. O que me
fez respirar aliviada por uma fração de segundo, para logo depois estremecer e
senti uma dor forte em meu peito quando ele, parecendo que tinha saído do
transe, apontou a arma que estava em suas mãos em direção ao peito de
Yolanda.
Gritos de medo saíram pela minha garganta, eu supliquei para que ele não fizesse
nada contra ela, mas o homem de coração gelado levou o dedo até o gatilho e o
barulho que me fez perder todo equilíbrio reverberou por todos os cômodos da
casa. Eu me negava acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, que uma
pessoa tão boa novamente estivesse perdendo a sua vida por minha culpa e
quando tentei me levantar sentir algo de encontro o meu nariz, o cheiro
intoxicante invadiu minhas narinas e tudo que lembro foi da imagem dela
esparramada no chão, coberta de sangue.
Afasto as lembranças e lentamente vou abrindo os meus olhos. O lugar estava na
penumbra e era totalmente desconhecido por mim. Assim que movi a cabeça para
o lado, a porta foi aberta e um forte clarão invadiu o ambiente, me fazendo fechar
os olhos de imediato e quando os abri de novo, me deparo com a imagem que foi
pior que levar um soco no estômago.
— Mãe!
Ela veio em minha direção e eu não consegui segurar as lágrimas ao ver o estado
que ela estava. Não demorou muito para que ela ficasse em minha frente e ao se
abaixar, me envolveu em um forte abraço.
— Perdoe-me, filha — com a voz entrecortada, ela disse, e depois de fazer uma
pequena pausa continuou. — Ele descobriu que eu estava falando com você,
além de pegar o celular das minhas, mãos quando tentei pegar de volta, ele
começou a me bater e logo depois saiu dizendo que ia rastrear a ligação. Tudo foi
por minha culpa.
Ela não parava de chorar e naquele momento eu só queria ficar entre seus
braços, que sempre foram o meu maior conforto.

Algum tempo depois...


Estávamos ainda abraçadas quando o tirano surgiu na ponta, por instinto fiquei de
pé.
— Que linda cena, as duas inúteis chorando — disse com voz de deboche.
— Um dia você vai pagar por tudo que fez e vem fazendo. Eu não tenho medo de
você e quando tiver a chance, vou contar a todos que você, o amigo fiel, o bom
samaritano é o verdadeiro assassino de Vitor Demi...
Antes mesmo que eu tivesse tempo dizer tudo que estava preso em minha
garganta, senti um forte impacto no meu rosto me levando ao chão.
— Sua maldita, vai aprender a ficar de boca fechada.
Quando a perna dele se moveu e sabendo o que estava por vir, meu sangue
gelou, levei as mãos de encontro a minha barriga e um ruído alto se fez presente.

Na manhã seguinte...
ENZZO
De imediato não reconheci o homem, mas ao ouvir o nome dele, logo me veio à
memória de quem se tratava. Ele, que até segundos atrás, ainda tinha se
contorcido, acabou por ser envolvido pela escuridão e a nossa única alternativa foi
tirá-lo dali.
Com o homem no banco de trás, seguimos para a cabana e durante o trajeto,
tentávamos entender o porquê dos próprios membros da organização atentar
contra a vida de um dos homens mais antigo da máfia. Um conselheiro que vem
desde o legado do meu pai, com tudo que aconteceu e sendo que Malaquias
sempre esteve ao lado de Petrovci, de fato não sabemos se ele foi cumprisse ou
desconhece tudo que o desgraçado fez.
Mas, o destino o colocou em nosso caminho e isso não pode ser coincidência.
Minutos depois, chegamos ao nosso destino e o levamos para dentro do
ambiente.
Pouco tempo depois ouço a voz do meu tio.
— Ele acordou!
Afastei de imediato meus pensamentos e segui até onde o homem estava.
Quando me aproximei, seu olhar ficou fixo em minha direção e pela primeira vez
escutei a sua voz.
— Vitor.
Capítulo 36
ENZZO

— Vitor!
Mesmo com dificuldade, Malaquias se levantou, ele parecia que estava vendo
uma assombração. Totalmente incrédulo e com os olhos arregalados. A calmaria
pairou no recinto, até que foi interrompida pelo barulho da minha voz.
— Enzzo Demisovski.
— Não! Isso não pode ser possível.
Seu espanto me levou a dúvida, se era por acreditar mesmo que eu estava morto,
segundo a história que foi contada ou se era por saber que Omar tinha dado um
jeito para acabar com a minha vida.
— Tanto é que estou aqui, assim como farei com o maldito do Omar, eu vou
enviar todos os seus aliados ao inferno. A morte dos meus pais não ficará impune
e se sua dúvida é por saber que aquele verme não só matou os meus pais, como
mandou que acabassem com a minha vida, você será o primeiro da minha lista.
Levei uma das mãos até a minha arma em seguida apontei na direção da cabeça
do infeliz. Assim que levei o dedo em direção ao gatilho à voz dele ressoou
novamente. E, pela surpresa em sua expressão e a fúria em seus olhos, eu tive a
confirmação que ele não sabia nada do que o maldito fez.
— Omar matou Vitor? Agora tudo começou a fazer sentindo e eu sempre achei
que algo a mais tinha acontecido. Maldito traidor.
O homem que antes estava em pé se sentou novamente e nas horas seguintes,
Hulk contou tudo que tinha acontecido naquela noite. Depois de ouvir tudo que
meu tio falou, os seus olhos estavam soltando faíscas de ódio.
— A emboscada que sofri, foi arquitetada pelo infeliz que mandou que
acabassem com a minha vida. Já que só ele sabia que eu estava indo para sua
casa, pois disse que ia falar com Isabella e mesmo dizendo que ela estava doente
eu insistir que iria vê-la, já que todos os membros do conselho estavam
empenhados em encontrar Helena.
— Ele já a encontrou.
— Foram vocês que sequestraram Helena?
— Nunca houve sequestro.
Contei tudo o que se passou desde que a tirei do carro. Contei do homem que já
tinha certa idade e como membro de uma organização criminosa que
praticamente já tinha visto de tudo, só não estava preparado para ouvir tudo que
aquele miserável tinha feito com a própria filha desde criança.
Foram várias as sensações que passaram por ele, suas feições foram do esparto
para a tristeza e o ódio pairou sobre ele a cada palavra que saia entre meus
lábios e, quando enfim terminei, ele moveu a mão direita até o peito e disse:
— Eu jurei perante o seu pai que daria a minha vida pela nossa organização. Que
daria a minha vida para proteger o nosso líder. Eu falhei com o meu juramento
não estando lá quando ele mais precisou, mas diante de você, o verdadeiro chefe
da máfia albanesa, eu juro que Omar Petrovci pagará por todo o mal que ele fez,
aquela cobra traiçoeira pagará e será desmascarado perante todos.

Dias depois...
HELENA
Vários dias se passaram desde que cheguei aqui, trancada nesse quarto
tenebroso, que nem eu mesmo sabia que existia. Depois daquele tapa que levei,
ao ver qual era sua intenção e sabendo que o alvo do seu golpe seria a minha
barriga, por instinto levei as mãos até o meu ventre como uma forma de proteção
e fechei os olhos temendo pelo pior, mas ao ouvir o estrondo causando pelo ato,
eu entrei em pânico, porém não sentia dor alguma, mas os gemidos de dor que
ouvi me fizeram abri os olhos e a minha mãe estava caída no chão ao meu lado,
ela tinha se jogado em minha direção, como fez por diversas vezes para me
proteger.
Antes de deixar o quarto, ele sentenciou que em breve o meu noivado com aquele
velho maldito seria anunciado a todos. Desde então, foram poucas as vezes que
minha mãe veio me ver, os enjoos se tornaram mais frequentes e venho
passando muito mal nos últimos dias.
— Filha!
Minha atenção se voltou para porta e minha mãe caminhou em minha direção
segurando uma bandeja. Com dificuldade tentei me levantar do chão, pois cada
dia o meu corpo esta mais dolorido por dormir sobre o concreto.
— Você precisa comer, princesa.
— Eu não sinto fome.
— Isso não é normal, você sempre teve um bom apetite, no entanto esses enjoos.
Eu ainda não tinha contado que estava grávida e também não falei nada sobre
Enzzo, mas do jeito que estava, temia pelo meu filho e tinha medo que pudesse
acontecer o pior. Segurei em suas mãos.
— Eu estou grávida.
Seus olhos se arregalaram e certamente estava por pensar que fui abusada
sexualmente e quando eu ia explicar e contar aquilo que tinha omitido, pela porta
passou um furacão com sua face totalmente transfigurada, porém não foi sua
aparência que me deixou aos prantos e fez o meu mundo desmoronar e sim as
palavras ditas.
— Eu vou mandar arrancar esse bastardo de dentro de você.
No dia seguinte...
Desolada, as palavras ainda ecoavam em minha cabeça, como se tivesse um
gravador, toda hora ficava repetindo a mesma frase. Mesmo na angústia do meu
desespero, eu me forcei a comer, pois acima de qualquer coisa, eu tinha que
pensar no meu filho e tentar sair daquele lugar. A minha mãe, assim que Petrovci
deixou o quarto, se levantou e seus olhos passearam por todo lugar, até se deter
no quadro tenebroso que tinha na parede, nele, um anjo vestido de preto
segurava uma lança enorme em direção ao peito de um anjo vestido de branco.
Eu estava perdida, sem entender o porquê de ela ficar olhando fixamente para a
imagem e quando se moveu até ele e o examinou, só quando apontou o objeto
que estava cravado nele, entendi como foi que o demônio havia descoberto da
minha gravidez.
Eu não sei em que momento, mas lutei o quando pude para que meus olhos não
se fechassem, mas acabei adormecendo novamente. Acordo num sobressalto
assim que ouço a porta sendo aberta, me levantei em um pulo tentando me
afastar ao máximo do homem que veio em minha direção, o pânico me dominou,
mas antes que eu chegasse até o banheiro, fui puxada.
— Chegou a hora de tirar esse monstrinho de dentro de você.
Comecei a espernear com tudo de mim, contudo, ele saiu me puxando, pois era
muito mais forte. Quando passamos pelo corredor, os meus gritos foram
substituídos pelas batidas na porta do quarto da minha mãe, que berrava para
que a tirassem de lá. Eu tropeçava nas minhas próprias pernas e quando
chegamos ao topo da escada, fiquei ainda mais desesperada que ele pudesse me
jogar escada a baixo, mas ele continuou me puxando e só parou quando
chegamos à garagem e fui arremessada dentro do porta malas do carro.
Não sei quanto tempo se passou, até que o veículo parou e novamente fui puxada
para dentro de um prédio. Quando chegamos ao que parecia ser um consultório,
uma mulher e um homem vestidos de branco surgiram em nossa frente.
— Tudo já está pronto — disse o homem.
Comecei a me debater mais, fui colocada em cima de uma maca. Logo todos os
meus membros foram presos, a mulher se aproximou de Omar, e falou.
— Vamos, ele dará um jeito nesse problema.
— Sem sua ajuda não conseguiria resolver isso tão rápido.
— Rômulo é o melhor de todos. Sempre ajudou todas do bordel.
Ele enlaçou a cintura dela e beijou a infeliz na minha frente. Quando deixaram o
cômodo, clamei para que o homem não fizesse aquilo, mas seu rosto era uma
mascara fria, parecia vestir uma armadura impenetrável.
Gritos e mais gritos saíam da minha garganta. Senti uma picada em minha pele,
tudo começou a rodar a minha volta e a única coisa que lembro, foram das
palavras que ele preferiu.
— Tudo ficará bem.
Capítulo 37

Cinco dias depois...


HELENA

TUDO O QUE SINTO É UMA ENORME sensação de vazio. Eu


não me lembro do que aconteceu depois que os meus olhos se fecharam, não
senti dor fisicamente, mas a que tomou conta da minha alma, foi a pior que senti
em toda a minha vida.
Quando acordei, já estava em meu quarto e minha mãe tinha em suas mãos uma
toalha e ao ver o líquido vermelho em volta do tecido, as lágrimas grossas
começaram a rolar pelo meu rosto. Eu não podia acreditar que ele não existisse
mais, que aquele monstro tinha matado o meu filho.
Os olhos da minha mãe estavam inchados e mesmo tentando me acalmar, ela
também estava arrasada. Quando nos acalmamos, ela me contou que Omar
chegou comigo em seus braços e me colocou em cima da cama, minhas pernas
estavam sujas de sangue e eu estava desacordada. Eu perdi a vontade de viver,
ele já não existia mais e eu nunca teria a chance de conhecer o seu rosto, de tê-lo
em meus braços.
Foram momentos em que estive a beira da loucura, quando fiquei sozinha,
comecei a escutar o choro de um bebê ressoando pelo quarto e já não tinha mais
forças para nada. Minha mãe, vendo o estado em que eu fiquei, se derramou em
lágrimas e começou a implorar para que eu não a deixasse e foi justamente nesse
momento que Omar entrou no quarto.
Quando ele, que segurava uma bandeja em suas mãos disse para eu comer e
que daqui a três dias iria acontecer uma festa para oficializar o meu noivado, a
raiva me dominou e, não sei de onde tirei forças, mas me levantei.
— Você matou o meu filho seu maldito. Agora chega de interferir na minha vida —
sua expressão tenebrosa surgiu imediatamente. Ele deu alguns passos em
minha direção, mas permaneci imóvel. Afoita, continuei. — Vai se sentir mais
homem ao me bater, então o faça. Se isso vai diminuir suas frustrações, me mate,
pois nem arrastada eu vou me casar com aquele homem.
Ele se livrou da bandeja e pegou a arma que estava em sua cintura. Com o objeto
apontado em minha direção, ele manifestou.
— Matar você, não! — ele fez uma pausa e moveu a pistola em direção à cabeça
da minha mãe e sem hesitar puxou o gatilho. E junto com o barulho, o ruído alto
saiu me rasgando por dentro.
— Nãooooo...
— Você vai comer e vai fazer tudo que eu mandar, ou no próximo eu estouro os
miolos dessa vagabunda.
Ele já tinha tirado a melhor parte de mim. Se me matasse seria um alívio, mas sei
que não faria isso, pois sentia prazer em me torturar, porém eu não posso
permitir que a minha mãe se torne a próxima vítima. Eu precisava fazer o que era
certo naquele momento pelo bem da minha mãe.
— A deixe em paz, eu farei tudo que você quiser.
Um sorriso vitorioso surgiu em sua face e logo depois ele deixou o ambiente.
Desde então, ele não tentou nada contra minha mãe ou tão pouco me agrediu,
porém, mesmo em meio a dor, ao contrário de dias atrás, o meu apetite voltou e
passei a comer tudo que minha mãe trazia. Era como se tivesse um buraco em
minha barriga e nunca me dava por satisfeita.
O barulho da música vindo do andar de baixo, me trouxe de volta a realidade.
Hoje, assim como aconteceu anos atrás, a mansão é o palco de um grande
evento. Depois da fatalidade que aconteceu com Malaquias, onde todos os
conselheiros acreditam que foram os mesmo homens que me sequestraram,
pois Omar contou que houve um grande confronto, quando estava indo ao meu
resgate, diante de tamanha mentira, eu tenho certeza que foi ele o responsável
pela morte dele.
Embora todos tenham lamentado a grande perda. A notícia do noivado, o qual
fará com que o chefe usurpador tenha um aliado muito influente e trarão
benefícios à organização, fez todos ficar em festa. Algumas horas atrás, Omar
veio até o meu quarto e novamente mais uma ameaça foi feita, caso não faça
exatamente o que ele deseja.
Nunca tinha o visto tão radiante e eufórico, tudo pela expectativa do grande
momento, era como se hoje já fosse o casamento.
Vejo o meu reflexo no espelho e ao pensar que dentro de alguns minutos estarei
dando o primeiro passo que me unirá para sempre a um ser asqueroso, só me faz
estremecer.
— Vamos, filha!
Ao me virar, eu vejo a minha mãe, como sempre impecável. Nem toda maldade
de Omar e o sofrimento conseguiram ofuscar sua beleza e tão pouco o brilho dos
seus olhos.
— Vamos.
Ao lado dela, caminhei para fora do quarto. Em passos vacilantes, atravessamos
os corredores rumo ao hall. Quando começamos a descer os degraus da escada,
o zumbido começou a se tornar cada vez mais alto, dezenas de vozes tentando
sobressair-se ao som da música que tocava no cômodo e no instante em que
adentramos o grande salão, todos os olhares se voltaram para nós.
Em questão de segundos, o facínora se juntou a nós e vários flashes foram
disparados, registrando assim a família perfeita. Nas horas seguintes, os
conselheiros vieram me cumprimentar, porém senti um forte embrulho no
estômago, quando o velho babão se juntou a mim. Eu queria era que tudo aquilo
terminasse logo.
Não demorou muito para Petrovci fazer um gesto, o qual eu já sabia que era para
ir ao seu encontro. Quando eu fiquei ao seu lado, ele pediu atenção de todos.
— Como todos sabem, passei nos últimos dias momentos terríveis, com o
sequestro da minha filha amada. Graças ao empenho de vocês e a dedicação de
Malaquias, eu consegui trazê-la de volta, porém, aquele que dedicou a sua vida a
esta organização, já não está mais entre nós. Todavia, hoje se inicia uma nova
aliança e logo teremos um futuro herdeiro da máfia albanesa. Agradeço a
presença de todos e peço os aplausos para Gustavo Abrantes.
Quando Gustavo começou a vir em nossa direção e os aplausos se fizeram
presente. Um som estrondoso de explosivos vindo do lado de fora do salão
ressoou no espaço e logo em seguida dentro do hall, que foi invadido pela fumaça
e como um passe de mágica, o nome Enzzo Demisovski se formou. Todos
olharam para trás, e ficaram perplexos, alguns assombrados e outros com
emoção, pois entre a névoa formada pela densidade da fumaça. Ele ressurgiu,
sim, o monstro renascido, todo vestido de preto.
Seu olhar frio e impassível direcionado para uma única pessoa "Omar Petrovci" e
ao seu lado, fortemente armados, estava seu fiel companheiro e tio, e também
Malaquias. O som de tiros reverberou no ar, o pânico dominou o ambiente, e
quando eu ia correr em direção a minha mãe, senti seu braço envolver o meu
pescoço e a frieza do metal próximo a minha cabeça.
Enquanto uma verdadeira guerra tinha sido iniciada, tanto da parte externa,
quando interna, em meio a toda confusão, ele saiu me arrastando em direção às
escadas, intensificando cada vez mais o aperto em meu pescoço. Subir aqueles
degraus parecia uma eternidade, eu já estava ficando sem ar, quando chegamos
em um determinado ponto do corredor, ele se deteve assim que Enzzo surgiu
com sua arma em punho.
— Novamente um Demisovski será morto nesse corredor.
Olhei para o homem a minha frente e, em toda a minha vida nunca tinha visto
algo tão assustador. Omar teria que acertar as contas com todos os demônios que
ele tinha acabado de despertar.
Capítulo 38
ENZZO

TIVE QUE ME CONTROLAR DURANTE todos esses dias para


não mandar tudo o que planejamos para o espaço. Saber que novamente ela
estava a mercê daquele miserável estava me corroendo por dentro, pois além da
sua vida, tinha a do nosso filho.
Graças à ajuda de Malaquias e toda a sua influência, pois sempre foi respeitado
entre os conselheiros, que conseguimos um grande número de aliados.
Minuciosamente traçamos cada detalhe de como iriamos para o confronto final e
nada mais oportuno que o evento onde todos estariam reunidos.
Assim como a mais de vinte anos, ele escolheu que vários membros estivessem
presentes e sentenciou o fim do legado do meu pai e roubou tudo o que não lhe
pertencia, era chegada a hora de todos saberem que foram enganados todos
esses anos. Com nossos homens infiltrados dentro da mansão e outros que
estarão junto conosco, partimos para o campo de batalha.
Ao som do ricochetear das balas, que ecoavam por todos os lados, foram como
músicas para os meus ouvidos e o cheiro inebriante de sangue fresco logo invadiu
as minhas narinas, me deixando extasiado. E, ao vê-lo fazendo Helena de sua
refém, com minha arma em punho segui em sua direção. No entanto, eu senti um
alvoroço de sensações, um ódio sobrenatural me envolveu, quando ouvi suas
palavras.
— Novamente um Demisovski será morto nesse corredor — meu sangue
esquentou, me causando um desconforto terrível. Eu mais parecia uma fornalha
humana de tão quente e para aumentar a minha fúria, o desgraçado novamente
voltou a falar. — Por diversas vezes me questionei se seria possível o fedelho ter
sobrevivido, embora tivesse algumas evidências, juntei uma ideia que havia se
formado em minha cabeça, com a informação dada por esse projeto de vadia.
Desde o seu nascimento essa maldita só trouxe desgraça consigo, eu deveria não
só ter marcado suas costas, como todo o seu corpo e saber que era você o pai
daquele bastardo, só me faz vibrar por ter eliminado aquele monstrinho. Nesse
mesmo lugar eu enviei Vitor ao inferno e agora será a sua vez.
Assim que o som da sua voz soou no ambiente, ele desviou a arma que estava
encostada na cabeça de Helena, que tinha o rosto banhado em lágrimas, em
direção ao meu peito. Olhei fixamente para mulher a minha frente e como se
tivéssemos em plena sintonia, ela levou uma de suas mãos em direção à parte
íntima do miserável, no instante em que seu dedo estava prestes a puxar o
mecanismo que levaria o disparo a ser efetuado.
Um ruído de dor ecoou no espaço e foi nesse momento que ele acionou o gatilho
até o seu limite liberando o percussor para o impacto. O trajeto da bala foi de
encontro ao meu ombro. Senti uma forte queimação, por uma fração de segundo,
tudo o que vi em minha frente, foi uma completa escuridão, mas antes que ele
novamente cogitasse em me atingir, outro disparo foi feito e o alvo desta vez foi à
mão do miserável, fazendo gritos agonizantes sair da sua boca.
Movendo-me na velocidade semelhante a bala que me atingiu, avancei em sua
direção e em meio a dor, ele tentou me atingir, mas fechei minha mão em punho e
com um soco, que vinha de baixo para cima, fiz com que o infeliz desse dois
passos para traz com a força do impacto. Como se ganhassem vida própria,
minhas mãos se moviam freneticamente, desferindo uma sequência de golpes no
seu rosto do desgraçado.
Quando olhei a face do traidor banhada em sangue e depois de mais um golpe,
ele desabou no chão, saí puxando-o em direção ao primeiro andar. O barulho
causado pelos tiros havia cessado e quando cheguei ao topo da escada, todos se
voltaram em nossa direção. Saí puxando o infeliz escada abaixo e depois de me
livrar do último degrau, lancei seu corpo em direção ao concreto. Um círculo foi
formado ao redor dele.
— Já que você gosta tanto de ouvir o barulho que ressoava cada vez que deferia
golpes contra as costelas da sua esposa, nada mais justo que ela ouça os seus.
Assim que terminei de falar, uma sequência de golpes foi desferida por cada um
que estava compondo o círculo. Quando o covarde desmaiou, ele foi levado pelos
membros do conselho para a sede da nossa organização.
— Chegou a hora de Petrovci ter o que merece, o final digno de um traidor.

Horas depois...
Enquanto os demais já tinham ido rumo ao lugar que seria o cenário da
exterminação do maldito traidor. Helena se juntou a mãe e a expressão de alívio
estava visível em sua expressão, mas o momento entre mãe e filha foi
interrompido pela voz do meu tio.
— Temos que ir.
Quando Helena se afastou da mãe, a atenção de Isabella se voltou para Hulk e
não sei se foi fruto da minha imaginação, mas a troca de olhar entre eles, foi algo
que fez alguns pensamentos surgirem em minha cabeça. Porém, tínhamos algo
que precisava ser terminado.
Entramos no veículo e durante todo o trajeto até o nosso destino, foi feito em
silêncio, cada um perdido em seus pensamentos. Assim que chegamos, já dava
para ouvir do lado de fora os gritos de euforia vindo de dentro do ambiente.
Caminhamos em direção ao pátio e a imagem que vi fez meu coração dar pulos
de alegria. Na bancada direita estavam todos os conselheiros que ficaram vivos,
pois alguns que eram fiéis ao rato de esgoto, foram enviados ao inferno, assim
como todos os seus soldados. Do outro lado estavam os demais membros, como
sócios e soldados da máfia albanesa.
No centro do pátio, a atração principal, totalmente despido e preso em um
pelourinho e ao seu lado uma mesa com vários utensílios e meus olhos logo
brilharam quando foram de encontro a um em especial. Passei dias fazendo-o,
confeccionando-o com um único objetivo e não via a hora de usá-lo.
As duas mulheres foram conduzidas até o local, onde estava Malaquias, enquanto
eu e Hulk seguimos para junto de Omar.
Quando a distância foi diminuída e me detive em frente à pequena mesa. Levei
minhas mãos em direção ao chicote, o mesmo foi feito com sete tranças de couro,
nas pontas foram colocados vários pedaços de metais e ossos, que ao serem
atirados, perfuram a pele e conforme as chicotadas continuam, elas cortam os
tecidos por baixo da pele, rompendo as veias e causando marcas de sangue. Os
cravos de metal em sua ponta produzem grandes e profundos hematomas que se
rompem com as subsequentes chicotadas. Por fim, a pele fica pendurada em tiras
e toda área fica irreconhecível.
Com o objeto em mãos, me aproximei do tirano que se achava o soberano da
máfia. Diante dos olhares atentos de todos os presentes, o som da minha voz
ecoou no espaço.
— Eu Enzzo Demisovski, único herdeiro e o legítimo chefe desta organização.
Sentencio Omar Petrovci à morte. Esse lobo traiçoeiro em pele de cordeiro, um
maldito covarde, que por anos maltratou a sua própria filha e não hesitou em
matar aquele que o considerava seu melhor amigo e vem enganando a todos.
Destruindo todo o legado da minha família, chegou a hora de te enviar direto para
as profundezas do inferno.
Assim que o som da minha última palavra reverberou no ar. Movi o chicote e o
primeiro golpe foi desferido sobre a sua pele, os gritos dele logo começaram a
ressoar no ambiente, o que só aumentou o meu desejo de ver suas costas sendo
dilaceradas pelas lâminas. Hulk, logo se juntou a mim, e um sorriso perverso
surgiu no meu rosto quando olhei o bisturi em suas mãos.
Mesmo possuído de dor e com a voz fraca o infeliz começou a falar.
— Não! Se afaste de mim seu maldito. Eu sou Omar Petrovci.
De nada adiantou suas palavras, pois o povo começou a gritar.
— Morte ao traidor. Morte a Omar Petrovci.
Todos ovacionavam em um só coro. E, assim que Hulk introduziu o bisturi no
canto da unha do dedo polegar e com um único movimento arrancou-a, fazendo o
sangue jorrar, levantei novamente o chicote e o segundo golpe fez o maldito se
urinar. A cada golpe, uma unha era arrancada, tanto dos membros inferiores,
quanto dos superiores. Gritos e mais gritos saiam por entre os seus lábios, o que
me deixou alucinado, completamente em êxtase .
A certa altura, já não se via mais a pele das suas costas, que ficaram em carne
viva. Quando deixei o chicote cair no chão, olhei para Helena que estava
assustada, enquanto Isabella não desviou o olhar da imagem em sua frente. Hulk
me passou o maçarico e o bisturi, que tinha em suas mãos. Olhei para as costas
do infeliz e sem delongas, apertei o botão do objetivo que estava na minha mão
direita e ao ver as chamas, levei de encontro à pele do desgraçado, que quanto
mais gritava, só deixava o povo mais alucinado e clamando por mais. Quando
olhei o estado que ficou sua pele e ao lembrar que ele também tinha marcado
Helena, me movi e fiquei na frente do homem que por anos vem usufruindo o que
não era dele, que roubou algo da minha vida, que o tempo e o dinheiro não
podem trazer de volta, fez uma criança que só desejava ser amada, o maior alvo
da sua crueldade. Tudo pela ambição e sede de poder.
Com o olhar grudado no seu, que já estava quase sem vida, deslizei o objeto por
toda extensão da sua barriga. Seus gritos acalmaram meus demônios, me
deixando em puro deleite. E, à medida que ia deslizando a lamina, a imagem que
começou a surgir a minha frente despertou uma sensação inexplicável, ver o
coração maligno dele batendo, me deixou elétrico e sem hesitar levei as duas
mãos ao encontro do seu peito. Uma onda de eletricidade atravessou o meu
corpo, eu conseguia sentir cada batimento do coração do atroz.
Petrovici começou a se contorceu e, olhando fixamente para o infeliz. Proferi as
últimas palavras que ele ia ouvir na vida.
— Os meus olhos serão a última imagem que você verá. Eu te encontro no
inferno seu maldito.
Fechei as mãos em volta do órgão e o puxei, levantando em direção à multidão.
Todos se levantaram e começam a gritar pelo meu nome.
— Enzzo! Enzzo! Enzzo!
Aquilo soou como a mais bela canção.
Intensifiquei o contato sobre o órgão pulsante, fazendo em seguida as minhas
mãos serem envolvida pelo sangue e vários pedaços caírem no chão. O
esmaguei completamente.
Capítulo 39
HELENA

INCRÉDULA E ASSUSTADA DIANTE dos últimos


acontecimentos. Na minha frente estava o corpo sem vida do carrasco, que por
anos me teve sob seus domínios e tudo o que eu conseguia sentir era pena, sim,
pena por ver até onde a ambição pode levar um homem, a passar por cima de
todos, só para ter o que deseja.
O barulho ainda ecoava no ambiente, todos estavam eufóricos, extasiados pelo
fim do traidor e não paravam de gritar rei morto, rei posto. Quando na verdade, ele
nunca nem deveria ter ocupado um título que não lhe pertencia, mas Omar, só
colheu tudo aquilo que plantou, pois ele esqueceu que o maior juiz é Deus. Cedo
ou tarde a verdade viria à tona.
Afastei os devaneios quando senti minha mãe segurando em minha mão. Aos
poucos, o lugar foi ficando vazio e não demorou muito para Enzzo e Hulk, se
juntarem a nós. Olhei para o brutamonte a minha frente e logo me veio à
lembrança de Yolanda.
— Eu sinto muito, Yolanda não merecia ter sua vida interrompida daquela forma.
Eu fiquei confusa, já que o seu rosto, mesmo após as minha palavras, exibia um
largo sorriso.
— Vamos! — disse Enzzo.
A repentina mudança de assunto e ver como eles nem se abalaram com o que eu
falei, só me levou a duvidar se a fúria que olhei em seus olhos, quando Omar
disse tudo aquilo no corredor da mansão, era por saber que o nosso filho já não
existia mais. Em passos apressados deixamos o lugar, o qual espero nunca mais
colocar os meus pés.
Com o veículo em movimento, o assunto ainda era sobre a morte de Petrovci.
Não podia negar que uma sensação de alívio me envolveu por completo e com a
minha mãe não era diferente. Quando o carro parou, fiquei intrigada por termos
vindo para o hospital.
— Chegamos!
Embora sabendo que Enzzo levou um tiro, eu sabia que ele não viria ao lugar só
para receber os cuidados necessários.
— Quem está doente? — perguntei curiosa.
— Tem alguém que gostaria muito de ver você — respondeu Hulk.
A única forma de desvendar todo esse mistério, era entrar no lugar e no momento
que passamos pelas portas duplas de vidro, um calafrio atravessou a minha
espinha. O cheiro impregnado no lugar e todo esse branco, me levaram para o
pior dia da minha vida. Não consegui conter as lágrimas e comecei a acariciar a
minha barriga, embora eu tenha sentindo um vazio imenso quando acordei após
tudo que aconteceu, eu podia jurar que ainda existia algo dentro de mim, minha
mãe disse que talvez, por ter somente dois meses e ainda estar em formação, as
consequências não foram tão intensas, pois mesmo sendo inexperiente, achei
estranho por não ter sangramento, só o que minha mãe mencionou que limpou
das minhas pernas.
Volto à realidade quando sinto uma enorme mão em cima da minha, que estava
posicionada sobre o meu ventre. E quando nossos olhares se encontraram, ele se
manifestou, fazendo um turbilhão de sensação explodir dentro de mim.
— Você não precisa chorar. Ele ainda esta dentro de você.
Eu tentava processar toda aquela informação, toda tristeza deu lugar a alegria por
alguns instantes e quando meu cérebro processou tudo aquilo, pois não fazia
sentindo, resolvi questioná-lo, não era possível que ele fosse brincar com a minha
dor.
— Isso não pode ser possível!
— Tanto é que dentro de alguns meses ele vai estar em seus braços. Temos
muito que conversar Helena. Mas, antes você vai ver com seus próprios olhos que
nada é impossível.
Depois das suas palavras, seguimos pelo corredor e quando paramos próximo a
uma porta branca e ela foi aberta, a minha única reação foi correr para dentro do
ambiente. Mesmo com vários equipamentos ligados ao seu corpo, ela estava lá e
quando seus olhos se abriram, meu coração disparou.
Passei um bom tempo ao lado dela, que ainda respirava com ajuda de aparelhos,
mas estava estável. Quando deixei o quarto, Enzzo me chamou e seguimos para
lanchonete do hospital.
Eu nem esperei que ele iniciasse a conversa e me antecipei.
— Aquilo que você falou, minutos atrás, foi só parar me acalmar?
— Você não achou que eu ficaria de mãos atadas e, que deixaria o infeliz fazer
aquilo, achou?
— Mas, eu estive naquele lugar horrível, quando acordei, minha mãe estava
limpando o sangue entre as minhas pernas.
— Se você soubesse o que ia acontecer, correríamos o risco de Omar descobrir a
verdade. Ciente de tudo que ele fez com você, eu sabia que se viesse a descobrir
sobre sua gravidez, não ia hesitar em mandar fazer aquela monstruosidade. No
mesmo dia em que ele te encontrou, também tentou eliminar Malaquias,
acabamos por encontrá-lo e foi com sua ajuda que, além de conseguir uma
grande aliada dentro da mansão, por uma alta quantia, a mulher que por anos
vinha sendo a amante do seu pai, nos ajudou com todo o plano.
— Então aquela mulher que estava com ele no consultório, era sua amante
mesmo?
— Sim, uma das mulheres que vive no bordel, frequentado pelos membros da
máfia. Quando Hortência, que se tornou os nossos olhos e ouvidos dentro da
casa nos contou tudo que ouviu, Hulk, sendo um conhecedor da vida das
mulheres que vivem no bordel, logo deduziu que Omar, ia procurar um lugar longe
dos olhos de todos e certamente sabendo que as mulheres daquele lugar, por
diversas vezes recorrem a essa alternativa, nada melhor que ser a sua amante
para dar a informação. Uma corrida contra o tempo foi iniciada, pois tínhamos
poucas horas para planejar tudo e o falso médico que te atendeu se tratava do
sobrinho da esposa de Malaquias, o qual não tinha ligação com a organização.
— Segundo a minha mãe, eu cheguei com as pernas toda suja de sangue.
— Era meu. Tudo precisava ser feito de forma que Omar acreditasse que houve
realmente o aborto e, só assim, teríamos tempo para atacar no dia que todos
estariam reunidos. Ele não ia fazer nada contra vocês duas, estando às vésperas
do momento que ia exibir a família perfeita diante de todos.
A emoção que tomou conta de mim foi indescritível, porém, saí da minha bolha,
quando novamente ouvi sua voz e diante de suas palavras, eu precisava
esclarecer as coisas.
— Eu sei que você passou por muitas coisas em tão pouco tempo. Sei que tudo
que fiz ainda esta bem vivo em sua memoria, mas é ao seu lado que quero
construir uma família. Com você e com o nosso filho, juntos iremos superar tudo
isso.
— Eu não posso impedir que você esteja presente em cada etapa da minha
gravidez, é da vida do nosso filho. Mas, não existe isso de nós dois, eu não vou
morar com você.
As trevas logo expulsaram a luz e o anjo deu lugar ao demônio. Ele fechou as
mãos em punho, parecia estar lutando para manter seus demônios quietos, sua
respiração estava pesada e as veias do seu pescoço incharam e começaram a
pulsar, tamanha era a sua raiva. Enzzo precisa aprender que nem sempre a
vontade dele irá prevalecer, mas para minha total surpresa, o homem fixou seu
olhar no meu e jamais esperava ouvir as palavras proferidas por ele.
— Eu nunca irei desistir de você, e quando chegar o mento certo, eu a terei ao
meu lado por inteira.
Instantes depois, ficou decidido que eu e a minha mãe, teríamos de volta a
propriedade que era do meu avô, e que Omar acabou por tomar posse, já que
Enzzo foi irredutível em deixar claro que não deixaríamos o país. Depois de tudo o
que aconteceu, eu agradeci a Deus, pois um dia onde houve muitos gritos,
sangue derramando, eu recebi duas noticias que fizeram desse momento algo
que ficará cravado para sempre em minha memória.

Meses depois...
Como não podemos parar o tempo, ele passou voando e muita coisa aconteceu
em nossas vidas. Eu precisava me encontrar, pois todo o sofrimento que passei,
fazem parte da minha história e entre perdas, eu ganhei a chance de recomeçar.
Diante das experiências que tive, eu precisava fazer algo para contribuir de
alguma forma para que mulheres, que assim como eu, foram vítimas de tantas
agressões, sendo elas, físicas ou psicológicas. As piores situações ocorrem, vindo
de pessoas da nossa própria família e com o dinheiro da venda das joias, criamos
o Centro de apoio de Durrês para mulheres vitimas de violência doméstica.
Ainda há muito a ser feito, mas o primeiro passo foi dado. Não podemos ficar com
essa ideia machista de que somos um sexo frágil, que devemos ser submissas e
nos conformar a ser a filha, mulher e esposa perfeita. Somos nós, mulheres que
trazemos ao mundo a vida, que sofremos a dor do parto e modificações em
nossos corpos.
Por outro lado, eu não tenho palavras para explicar as sensações que sinto a
cada consulta e como sempre, Enzzo está ao meu lado. Não posso negar que ele,
embora muito ocupado, pois assumiu o posto que era seu por direito, sempre
está presente e como não seria diferente, hoje o dia que finalmente saberemos o
sexo do nosso bebê, ele está aqui.
— Estão prontos?
A voz da médica reverberou no ambiente, ansiosa respondi.
— Sim!
Ela pediu novamente outra ultrassonografia, pois segundo ela, precisava confirma
uma suspeita. Fiquei logo em pânico, mas logo ela me acalmou, dizendo que eu
não deveria me preocupar. Senti um friozinho passar pela minha barriga e aos
poucos as imagens foram surgindo no pequeno monitor a minha frente. Enzzo
permanecia tipo, hipnotizado, olhando fixamente para a tela e quando em meio à
imagem surgiu outra, fiquei desorientada.
— O que está acontecendo? — perguntei nervosa.
— Era esse o motivo para que eu solicitasse o retorno de vocês. Ele enfim
resolveu parecer.
Se meus olhos estavam arregalados antes, agora duplicou de tamanho. Será que
era realmente o que eu estava pensando? A resposta veio logo em seguida.
— Existem dois sacos gestacionais, devido à posição não estava conseguindo
identificar, mas no último ultrassom, achei ter visto uma terceira perna.
Um grito de alegria ecoou no cômodo, olhei para o homem ao meu lado, que
estava imóvel e com uma expressão indecifrável.
— Agora vamos ver o sexo deles.
Novamente ela deslizou o pequeno aparelho em minha pele e assim que suas
palavras foram proferidas e novamente virei em direção a Enzzo, eu tive a
impressão que ele, a qualquer momento ia de encontro ao chão.
— Vocês serão pais de duas meninas.
Capítulo 40

Meses depois...

ENZZO

TODA ESSA ABSTINÊNCIA ESTÁ ME LEVANDO à loucura,


porém, mesmo que meu corpo anseie por estar junto do dela e toda vez que vejo
aquela boca deliciosa em minha frente, a vontade é enorme de tomá-la em meus
braços, beijá-la até que ela fique sem fôlego. Eu venho me controlando, pois o
único homem que tocará nela sou eu, ela é minha e cedo ou tarde estaremos
junto novamente.
Entre muitos banhos gelados, tive que concentrar a minha atenção para os
afazeres da organização. Muita coisa precisava ser mudada, pois aquele infeliz
fez um estrago tão grande, que precisávamos colocar tudo nos eixos. Tanto
Yolanda, como o safado do meu tio, vieram morar comigo, embora ele tenha se
tornado o meu conselheiro e braço direito, como sempre foi, achei muito estranho
de inicio ele ter aceitado sair de Tirana.
Hulk, sempre teve espírito livre, um passarinho que não podia viver jamais em
uma gaiola, mas como toda panela tem sua tampa, eu acho que depois de tantos
anos, ele acabou por encontrar a sua e para disfarçar, acabou dizendo que
concordou, pois Yola já não podia viver tão isolada, já que agora precisava de
cuidados médicos devido alguns problemas respiratórios. E, para constatar
minhas suspeitas, ele que nunca ficou longe do bordel, nos últimos meses nem
mencionavam tal nome, era como se ele tivesse sido abduzido e colocaram outro
em seu lugar.
Helena está cada dia mais linda e assim como eu, já suspeitou que entre Hulk e
Isabella, existe uma química fatal, só não entendi porque estão tentando
esconder. Desde que descobrimos que teríamos duas meninas, fiquei inquieto ao
receber a noticia, tive um solavanco como se tivesse levado um choque e tive que
me manter firme.
Saber que eram dois, já fez meu coração ficar agitado, imagina quando a médica
falou que eram duas meninas. Yolanda não parava de sorrir quando dei a noticia e
ao ver a minha expressão e do meu tio, que pelo visto será um cão de guarda.
Espanto as lembranças e continuo a andar em círculos, pois toda essa espera
está me deixando enlouquecido.
— Acalma, Enzzo.
Virei-me em direção ao meu tio, que assim como eu e Yolanda, esperávamos
ansiosos pela chegada das minhas filhas. Isabella está com Helena, já que fez
questão de ter a mãe ao seu lado. De repente os olhos de Hulk, começaram a
brilhar e a armadura de homem implacável foi derrubada. Eu já sabendo que só
uma pessoa era capaz de fazer isso, me virei de imediato, me deparando com
Isabela que ostentava um sorriso de orelha a orelha.
— Você pode ir vê-las. São lindas.
— Deve ter puxado a mãe. Porque o pai não faz a jus beleza dos Demisovsk —
disse o meu tio, que esboçou um largo sorriso. Fechei minha cara de imediato.
— Eu só falei a verdade.
Ignorando suas palavras, segui praticamente correndo em direção ao quarto em
que elas estavam. Quando entrei no cômodo, fiquei parado admirando as três
mulheres mais lindas que já vi na vida. Minutos depois, me aproximei dela e como
Hulk havia dito, eram a cópia perfeita da mãe.
— Esta é Ana — disse ela, já que havíamos decidido os nomes dias atrás.
Meu olhar foi de encontro ao outro pacotinho que estava bem enroladinho, só
deixando visível o seu rosto.
— Esta é Cecilia — naquele momento senti uma onda de calor passar por mim e
por mais que quisesse desviar os meus olhos em outra direção, eu não consegui.
Mas logo, toda minha atenção foi interrompida, quando um grito estrangulado
ecoou no espaço e a cena que vi em seguida foi como se tivessem cravado um
punhal em meu peito.
Seis meses depois...
HELENA
Depois de ter vencido a morte e saber que nunca mais poderei engravidar, devido
a todas as complicações que tive depois do parto. Mais do que nunca, eu ia
aproveitar cada segundo ao lado das minhas filhas. Seis meses se passaram e
tenho vivido os melhores dias da minha vida. A cada dia, uma nova descoberta,
um novo ensinamento. As minhas filhas são duas dádivas de Deus, duas joias
raras, que foram o melhor presente que podia receber da vida.
Elas, ao contrário de mim, estão crescendo rodeadas de muito amor, carinho e
principalmente um pai que as ama incondicionalmente. Mesmo não vivendo na
mesma casa e tendo que enfrentar todos os problemas, que a cada surge na
organização, pois foram vários os confrontos com a máfia chinesa. Enzzo é um
pai maravilhoso, atencioso, o grande amor da pequena Cecilia, que mesmo tão
pequena, não pode ouvir a voz do pai que começa a chorar, querendo sua total
atenção.
Já Ana é bem diferente da irmã, muito agitada e sapeca. Mais de um ano se
passou desde que eu o conheci e acreditava que o sentimento que tinha por ele ia
desaparecer com o passar do tempo e as lembranças de tudo que ele me fez,
mas foi o contrário. Com o passar do tempo, eu resolvi me libertar de amarras
negativas do passado e seguir adiante. Perdoar é uma ação, que além de nos
libertar, permite o amadurecimento e em meio a tantos obstáculos, a vida me
devolveu em dobro tudo àquilo que aquele homem havia me roubado.
Mais uma batalha foi vencida e graças a toda ajuda que a ONG vem recebendo,
hoje estamos inaugurando um novo setor. Deixo o passado de lado e volto à
realidade quando o homem que ultimamente surgi sempre em meus pensamentos
aparece em minha frente.
— Quando você chegou?
— Ainda pouco. Parabéns por mais uma conquista.
Ele em seguida me envolveu em um forte abraço. Fechei os meus olhos quando o
cheiro delicioso do seu perfume invadiu minhas narinas. Mas todo encanto foi
quebrado quando ouvi uma voz enjoativa ecoando no espaço.
— Senhora Petrovci, nos concede uma entrevista?
Desfizemos o contato e quando ele se virou na direção da mulher. Senti o meu
sangue esquentar quando o olhar malicioso dela se direcionou para uma única
pessoa "ENZZO."
Capítulo 41
Capítulo 41
HELENA

QUANDO CHEGUEI EM CASA, já eram quase seis horas da


tarde. Ao ouvir os gritos que vinham do andar de cima, joguei a bolsa no chão e
subi os degraus da escada correndo, quase aos tropeços. Quando entrei no
quarto das minhas filhas, encontrei a minha mãe com Ana nos braços e a pediatra
das meninas examinando Cecília, que não parava de chorar.
— Que bom que você chegou. Liguei por diversas vezes e só caia na caixa postal.
— Acabei colocando o celular só para vibrar, devido ao evento. O que ela tem?
— Está ardendo em febre.
Aproximei-me e segurei na mãozinha da minha princesa. Dra. Suzan, que está
concentrada a examinando, assim que terminou se manifestou.
— Não tem nada fisicamente que explique o motivo dessa temperatura tão alta,
mas talvez emocionante, deve ter algo que a fez ficar assim. Houve alguma
mudança na rotina dela?
Eu logo me lembrei de que, com a viagem de Enzzo para Belgrado, já tinha uns
três dias que ela não via o pai e como ele chegou e foi direto para o evento. E
assim que acabou, pela sua aparência de cansaço, eu mesma disse a ele que
deveria descansar e deixar para vê-las só amanhã.
— Ela não vê o pai há alguns dias.
— Então deve ser isso. O melhor seria pedir que ele viesse o quanto antes.
Depois de mais algumas instruções, ela deixou o cômodo na companhia da
minha mãe. Ana, mesmo com o choro de Cecilia, dormia como se nada tivesse
acontecido. Quando o choro dela cessou, peguei o meu celular e liguei para
Enzzo, foram várias as tentativas e mesmo cansado, eu sabia que ele não podia
estar dormindo. Um pensamento surgiu em minha cabeça e um nó se formou em
minha garganta.

ENZZO
Era incrível, como ela ficou ainda mais linda. E, depois de hoje eu decidir que não
estou mais disposto a ficar longe dela e das minhas filhas.
Com a viagem que fiz, acabei por fechar uma aliança com Dusan Borislav. Assim
como a máfia chinesa vem se tornando uma pedra em nosso caminho, como se
não fosse suficiente, eles se uniram com a Yakuza e vem atacando a máfia sérvia.
A unificação das duas máfias será necessária e como foi Cecilia a primeira vir ao
mundo, ela foi escolhida para ser a soberana da máfia.
Deixo a água gelada escorrer pelo meu corpo e quando terminei o meu banho.
Deixei o banheiro e segui para o meu quarto, meus olhos foram de encontro ao
celular em cima da cama, diminui a distância e ao pegá-lo, meu sangue gelou ao
deslizar o dedo na tela e ver a quantidade de ligações feita por ela. De imediato
retornei, mas não obtive sucesso, caminhei em direção ao meu closet e minutos
depois já vestido, com passadas precisas, segui rumo ao meu carro.

HELENA
Meu celular acabou por descarregar e depois de horas vendo a minha filha
choramingar, ela em fim dormiu. Aproveitei para tomar um banho rápido e assim
voltar novamente para o seu lado.
Assim que terminei o meu banho, coloquei um robe e fui para o meu quarto,
quando entrei no ambiente ouvi o choro dela e em passos apressados fui ao seu
encontro. Mas, ao me aproximar, o som dos seus gritos foi diminuindo e ao chegar
à porta do ambiente, fiquei estática observando a cena a minha frente.
Enzzo a segurava em seus braços e o que não tinha visto deste a hora que
cheguei estava acontecendo. O som da risadinha gostosa dela soou por todo
cômodo. Meu olhar ficou derretido, não sei quanto tempo se passou, ele acabou
por fazê-la dormir novamente e assim como a médica falou, ela já não tinha mais
febre.
Depois que a colocamos dentro do berço, saímos do quarto para não fazer
barulho. Assim que chegamos ao corredor, ele se manifestou.
— Estava no banho quando você ligou. E quando retornei, como você não
atendeu, resolvi vir, pois temia que algo de ruim tivesse acontecido. Sua mãe
disse que ela ficou doente de repente.
— A médica falou que era emocional. Estava sentindo a sua falta.
Assim que ele deu mais alguns passos, eu acabei recuando e só parei quando
minhas costas tocaram na parede. Suas mãos seguraram firmes a minha cintura.
— E você, não sentiu? — meu coração pulou uma batida diante da sua pergunta
e de tamanha aproximação. Meu corpo estava em chamas e só ele poderia
apagá-las. Enzzo puxou-me para perto de si e assim que nossos olhares se
cruzaram, o desejo e o fogo se espalharam pelo meu corpo, me fazendo ansiar
pelo seu beijo.
Sua boca buscou a minha, as nossas línguas se encontraram e se misturaram,
indo de um lado para o outro, enquanto suas mãos apertavam a minha bunda.
Entre carícias e afagos, ele me pegou no colo com facilidade. Cruzei as pernas
em volta dos seus quadris, e já podia sentir todo o poder da sua masculinidade,
seu membro já duro e grosso, querendo se libertar da sua prisão. Comecei a
gemer em meio às sensações, ficando cada vez mais excitada, mas logo me
lembrei de onde estávamos e como se lesse os meus pensamentos, ele afastou a
sua boca da minha. Seus olhos azuis, com cílios fartos, passearam por todo meu
rosto e sabendo que ele só estava esperando a minha resposta, sem freios e sem
reservas, pois eu o desejava e era em seus braços que eu queria estar para
sempre.
— Faça-me sua.
— Você já é minha, assim como eu serei para sempre seu.
Um sorriso perverso; que me deixou ainda mais molhada; surgiu naquele rosto
lindo. Sem delongas, ele caminhou para o meu quarto e quando chegamos
dentro do ambiente, ele me colocou sobre a cama e após me despir, se afastou.
Volto minha atenção à cena que se constrói à minha frente. As peças de roupa
foram retiradas do seu corpo e lançadas ao chão. Passeio com os olhos pelo
abdômen definido e sinto arrepios invadirem meu corpo e minha intimidade pulsar.
Preciso aplacar o fogo que me consome, mas diante daquele pau enorme, lindo e
cheio de veias latejantes, com a cabeça rosada, as chamas me envolveram por
completo.
Mordo os lábios para conter os gemidos que começaram a sair por entre os meus
lábios, aquele homem a minha frente era erótico demais, mesmo sem ainda estar
dentro de mim, era capaz de me deixar sedenta de desejo. Ele se juntou a mim e
eu senti a sua pele quente contra minha, em seguida aproximou sua boca da
minha pele, deslizando seus lábios pelo meu pescoço, enquanto uma de suas
mãos percorria meu corpo até alcançar a minha intimidade. Fiquei totalmente a
sua mercê quando seus dedos se encaixam no meio dos meus lábios vaginais,
fazendo ruídos saírem dos meus lábios. Seus dedos incansáveis subiam e
desciam, esfregando e apertando a minha parte sensível, me deixando no limiar,
entre a minha sanidade e a loucura.
Eu precisava dele e já havia esperado muito tempo para isso. Entre sussurros
comecei a suplicar.
— Preciso de você dentro de mim, firme e forte.
Enzzo me olhou profundamente, seus olhos brilharam quentes e cheios de
desejos. Encaixando seu pênis em minha vagina, ele arremessou seu membro,
que entrou com tudo de uma só vez. Um ruído alto saiu entre meus lábios, senti
uma pontada de dor e uma ardência profunda ao receber aquele membro
generoso. Quando ele me olhou e vi a preocupação em seu olhar, antes que ele
cogitasse em ter qualquer outra reação, que não fosse me encher de prazer,
minha voz entrecortada se fez presente.
— Se você se atrever a parar, eu juro que vou apertar suas bolas com bastante
força.
O som da gargalhada dele preencheu o espaço e beijando meus lábios, seus
quadris começaram a se mover no vai e vem que era uma verdadeira dança do
prazer. Sob a sensação maravilhosa de estar totalmente preenchida, comecei a
me remexer a medida que suas estocadas se tornam ainda mais fortes.
O cheiro excitante de sexo estava impregnado a nossa volta. O som dos nossos
corpos se chocando, ecoava pelo ambiente. Seu ritmo acelerou, fazendo seu
membro mergulhar fundo nas profundezas aveludadas da minha vagina. Senti o
meu sexo se expandir completamente, fazendo espasmo atravessar por todo o
meu corpo.
— E... Eu vou...
Senti o ar faltando em meus pulmões, quando ele continuou repetindo os
movimentos várias vezes, com estocadas firmes e calculadas. Seu pau
entrando profundamente em minha abertura faminta, deixando-me insana e
despudorada. Gritos de prazer tomaram conta do cômodo, seu pau pulsava
violentamente dentro de mim.
— Goze comigo, gostosa, goze...
Diante de sua ordem, quando a pressão aumentou ao limite e com uma estocada
violenta e deliciosa. Não me contendo mais, deixei o prazer me envolver e juntos
gozamos, forte, alto e alucinadamente, seu líquido quente inundou a minha
intimidade.
Ofegantes, quando ele saiu de dentro de mim, rolou para o lado e me puxou junto
consigo. Fitamo-nos e seus lábios se contorceram e ao ouvir as palavras que
ressoaram dentro do cômodo, me senti feliz por em fim estar completa.
— Eu a amo. Case-se comigo?
Capítulo 42

Dois meses depois...

HELENA

COMO NUM PISCAR DE OLHOS, o dia que vem por dois


meses, sendo tão esperado por mim, enfim chegou. Quando eu escutei as
palavras de Enzzo, eu não hesitei nem por um só segundo em dizer que sim.
Eu o amei desde o momento que o conheci, lutei para seguir em frente e tirar
esse sentimento do meu coração, mais era algo que ardia e me queimava por
dentro.
Eu tive a opção em segui minha vida, sem tê-lo ao meu lado, mas embora estive
realizada profissionalmente, realizada como mãe, eu sentia que ainda faltava algo
para estar completamente feliz. A vida é curta demais e, ao mesmo tempo,
preciosa demais, para ficarmos adiando a compreensão e o perdão. Não espere
que o primeiro passo seja dado por ninguém, experimente deixar o orgulho vazio
de lado e vá buscar o que deseja.
Sempre sonhei em ter uma família grande e embora não possa ter mais filhos,
fiquei radiante com a notícia de que vamos morar todos juntos. Além de Yolanda,
que aprendi a amar como a avó que não tive, os dois que andavam se
encontrando as escondidas e enfim resolveram assumir que estavam juntos e
também irão morar conosco.
Ver a felicidade da minha mãe, foi tudo que sempre sonhei e sei que se contasse
para ela o que Hulk me fez, essa relação não ia adiante. Se vou contar? Sim, mas
só depois que eles já tiverem uma relação mais firme, pois não seria justo, que eu
destruísse essa chance que ela está tendo de reconstruir a sua vida e mesmo
sendo um ogro, eu sei que o sentimento dele por ela é verdadeiro. Minhas
lembranças se foram quando a mulher terminou de fazer os últimos retorques nos
meus cabelos e disse que tinha terminado.
Aproximei-me do espelho e ao olhar para a imagem, nem acreditava que era eu
ali... Eu estava belíssima, desde a maquiagem muito bem feita, o penteado bem
elaborado e, o vestido que era digno de uma princesa. Saio dos meus devaneios
com a chegada da minha mãe.
Olhei para ela que estava muito elegante, ao se aproximou de mim, claramente
emocionada, nos seus olhos já havia algumas lágrimas se formando e, em
seguida sua voz se fez presente.
— Você está tão bonita filha.
Lancei um sorriso em sua direção
— Vamos.
Depois que ela me deu um forte abraço, em passos vacilantes deixei o ambiente e
ao chegar à sala, Malaquias estava me esperando. Eu o escolhi para me levar até
o altar, pois sempre demostrou grande afeto para comigo.
— Está pronta?
— Sim.
Nesse exato momento, a porta foi aberta e a mancha nupcial começou a tocar. A
cada passo dado, às lembranças de tudo que aconteceu em minha vida, desde o
momento que conheci o homem que mudou a minha vida, se fez presente em
minha mente. Quando chegamos próximo ao altar, meus olhos ficaram fixos na
figura dele, elegantíssimo em um smoking branco e ao seu lado, nos braços da
minha mãe e de Hulk, estavam as nossas filhas, com um vestido parecido com o
meu.
Malaquias me entregou para Enzzo, e assim que ele pegou em minhas mãos,
senti os meus batimentos aumentarem, caminhamos em direção ao celebrante
que logo deu início a cerimônia.
O Padre iniciou fazendo um pequeno sermão sobre a importância do amor e da
fidelidade no casamento.
— Estamos aqui hoje para celebrar as melhores coisas da vida, a confiança, a
esperança, o companheirismo e o amor entre esse casal. Todos vocês foram
convidados para compartilhar este momento com Enzzo e Helena, porque são
pessoas importantes para eles.
— Helena Maric Petrovci, aceita Enzzo Demisovski como seu legítimo esposo,
para amá-lo e respeitá-lo até os últimos dias de sua vida?
— Sim.
— Enzzo Demisoski, aceita a senhorita Helena Maric Petrovci como sua legítima
esposa, para amá-la, respeitá-la, ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, enquanto dure?
Enzzo me encara, logo em seguida se vira e fala:
— Sim.
Depois da troca de alianças, a cerimônia chegou ao fim e o padre nos deu a
bênção final, dizendo.
— Pode beijar a noiva.
Ele me tomou nos braços e apoderou-se da minha boca em um beijo que roubou
o meu fôlego. Fomos interrompidos, quando todos aplaudiram os recém-casados.
Nas horas seguintes, tudo ocorreu em perfeita harmonia, mas ao sentir as mãos
de Enzzo, em volta da minha cintura e ouvir suas palavras, meu coração, ao
mesmo tempo em que deu pulos de alegria, se apertou por ficar longe das minhas
princesas.
— Já está na hora de irmos, amor.
— Para onde vamos?
— A levarei ao lugar que faz parte da nossa história.
Depois de muitas lágrimas da minha parte, pois era a primeira vez que dormiria
longe das minhas filhas, deixamos a mansão. Minutos depois, quando o carro
parou, ele saiu do veículo e em seguida me pegou em seus braços. Quando meus
olhos foram de encontro ao cenário a minha frente, um sorriso largo surgiu em
minha face, ele não poderia ter escolhido um lugar mais especial para nós dois,
ao adentrar no ambiente, tudo estava perfeitamente decorado, havia pétalas de
rosas vermelhas em cima do tapete, o qual será inesquecível para mim. A lareira
também estava acessa, dando um toque especial e acolhedor ao ambiente.
Depois de sair da sua posse, fiquei admirando tudo a minha volta, enquanto ele
começou a abrir o espumante e colocou o líquido que tinha na garrafa em duas
taças.
— Um brinde a nossa felicidade.
Levei o líquido gelado de encontro à boca, saboreando cada gota que continha no
recipiente. Ainda entretida, senti suas mãos fortes de encontro aos meus quadris.
Enzzo, começou a beijar-me sem pressa e acabei por deixar a taça cair no chão.
Enquanto ele me mantém presa em seus lábios, começou a tirar a minha roupa e
as sensações maravilhosas que só ele era capaz de despertar, começaram a me
deixar cada vez mais excitada.
— Minha; apenas minha e somente minha — começou a dizer com sua voz rouca
de prazer, deixando-me arrepiada.
Estremeci quando suas mãos invadiram a minha minúscula calcinha, acariciando
o meu sexo, me deixando ainda mais louca de desejo, com um movimento
brusco, ele arrancou a peça do meu corpo. Suspendeu-me e caminhou até o
tapete felpudo, me deitando com cuidado sobre ele.
Enzzo, num estalar de dedos, se livrou das próprias roupas, totalmente despido,
ele subiu em cima de mim e novamente tomou a minha boca em um beijo voraz,
fazendo nossas línguas travarem um verdadeiro duelo. Quando sua boca deixou
a minha e ele começou a fazer uma trilha de beijos até chegar ao centro da
minha intimidade, abri minhas pernas desavergonhadamente para desfrutar da
habilidade da sua língua, acariciando o meu clitóris. Ele estava me fodendo,
devorando a minha vagina com sua boca incansável.
Um forte espasmo atravessou o meu corpo, comecei a gemer feito uma louca
quando ele enfiou dois dedos dentro de mim e começou a movê-los para fora e
depois deslizando fundo. Senti todo o meu corpo estremecer com as primeiras
ondas de um orgasmo que se anunciava. Enzzo, intensificou ainda mais os
movimentos fazendo todo o meu corpo convulsionar e foi nesse instante, que
senti ele retirando seus dedos e com o corpo sobre o meu, pele contra pele.
Senti sua ereção potente contra minha intimidade e o abracei, trazendo-o para
junto de mim, desesperada para senti-lo, ele começou a movimentar seus quadris,
pressionando contra o meu, numa dança louca, em seguida deslizando seu pênis
para dentro de mim num vai e vem lento, aquilo estava me torturando,
desesperada, comecei a implorar.
— Mais forte.
Atendendo ao meu pedido, ele aumentou a velocidade das estocadas, socando
fundo todo o seu membro grosso e latejante. Meus seios balançavam a cada
estocada. Enzzo, começou a sugar os meus seios, me fazendo entrelaçar minhas
pernas em sua cintura, para que me penetrasse ainda mais fundo, comecei a
relaxar os músculos do meu corpo. Com uma estocada precisa, empurrando o
seu cacete fundo, sinto o meu corpo estremecer em volta dele.
Minha boceta começou a se contrair, entre gritos de prazer, cai em um orgasmo
violento e intenso, que eu nunca tinha sentido antes.
Com mais duas estocadas precisas, ele se derramou dentro de mim, gozando
com um esguicho quente. Apertando os meus quadris, continuou entrando e
saindo de mim, enquanto ejaculava, num orgasmo forte e longo, enchendo-me
com o seu sêmen.
Com a voz ainda ofegante, ele começou a sussurrar.
— Eu a amo, minha vida.
— Eu o amo amis, meu único e grande amor.
Passamos o resto da noite nos amando, sem nos importar com o amanhã.
Epílogo

Três anos depois...

HELENA

O QUE SERIA DA VIDA SE não tivéssemos esperança, fé e


principalmente o amor. Amanhã as minhas pimpolhas completarão três anos.
Três anos de muito amor, que substituíram os dezoito anos de tristeza que eu vivi.
Elas trouxeram luz para minha vida e tudo o que passei foi para que hoje, eu
tivesse a minha família.
Afasto os pensamentos quando ouço a voz de Cecilia.
— Mamãe!
Fiquei tão distraída, que me esqueci de colocar a comida na boca dela. Enquanto
eu dava de comer para ela, Yolanda fazia o mesmo com Ana.
— Chegamos — disse Enzzo e a manhosa logo voltou sua atenção para o pai.
— Papai!
Ele, logo lançou um sorriso em sua direção. Olhei para minha mãe que não
conseguia esconder a sua ansiedade e a expectativa pelo que estava prestes a
acontecer. Assim que eles lavaram suas mãos e se sentaram a mesa, a comida
foi servida.
Os dois homens, como já era de se esperar, ao ver a bela torta a sua frente,
ficaram com seus olhos brilhando. E logo cada um colocou um pedaço bem
generoso em seus pratos. Quando eles conduziram a comida em direção a boca,
a cena que passei, ao ter pego aquela chave da lama com a boca, surgiu em
minha mente e quando deixei o devaneio de lado e olhei para atravessa a minha
frente, só havia dois pedaços, eles não paravam de comer.
— Está deliciosa — disse Hulk.
— Verdade, sempre achei as tortas da Yola as melhores do mundo, mas esta aqui
está divina, tem um sabor que não sei definir, mais é muito saborosa.
— Eu comeria todos os dias, sem dúvida.
Eu tive que me controlar, quando cada um pegou o ultimo pedaço e colocou no
prato, em questão de minutos já tinha devorado. A minha mãe teve que dar a
desculpa que ia ao banheiro e certamente devia estar aos risos.
Quando eles deixaram o ambiente, rumo ao escritório tanto, tanto eu, quanto
Yolanda e minha mãe, não aguentamos e, começamos a sorrir. Desde ontem,
quando contei a dona Isabella sobre o episódio da lama e que comia a lavagem
dos porcos, que sua primeira reação foi ficar incrédula, depois furiosa e queria ir
tomar satisfação com seu esposo. Sim, já faz quase um ano que eles se casaram.
De repente, ela mudou de ideia e disse que ia pagar na mesma moeda. Hortência,
que tem mãos de fada, fez com que o ingrediente principal não fosse percebido
assim que eles começassem a comer. Lógico que não estava doida dizer para o
chefe de uma das maiores organizações criminosas do mundo, e, muito menos ao
seu conselheiro, que a comida que tanto eles elogiaram, na verdade tinha como
ingrediente, a milagrosa mistura viscosa. Não posso negar que vibrei por dentro
com a cena a minha frente.

No dia seguinte...
ENZZO
— Hum!
Soltei um gemido assim que senti uma onda de calor atravessar o meu corpo. De
imediato, os meus olhos se abriram, me deparando com uma bela visão a ser
apreciada e uma cena que é imperdível de se memorizar.
Sinto meu pau pulsar, e os movimentos de sua cabeça debaixo das cobertas é
hipnotizante. Sua língua molhada desliza por toda dimensão do meu cacete até a
base. Indo e voltando, por diversas vezes. Gemidos agonizantes saem por entre
os meus lábios, quando ela, finalmente o abocanhou todo. Engolindo, centímetro
a centímetro, sentindo-o por inteiro, pulsando em garganta.
Faço um esforço sobrenatural para não perder o controle, enquanto o meu pênis
entrava e saia da sua boca, melado e cada vez mais rijo. Levei uma das mãos em
direção ao cobertor, pois queria ver cada feição sua, enquanto engolia o meu
cacete em sua boca faminta. Assim que alcancei o tecido e ia puxá-lo, o som
familiar me deixou petrificado.
— Papai.
Saindo do transe em que me encontrava, antes que eu tivesse qualquer outra
reação, duas miniaturas adentraram o quarto.
— Cadê a mamãe? — perguntou Ana.
Cecília deu alguns passos até parar centímetros da cama.
— Achei você mamãe.
A minha bela esposa lentamente saiu das cobertas, enquanto tratei de esconder o
estado em que me encontrava.
— Porque a senhora se escondeu ai? — falou Ana, curiosa.
De imediato suas bochechas ficaram tão vermelhas, que pareciam dois tomates.
— A mamãe só estava brincando com o papai.
— Oba! Também quero brincar — disse Cecília.
Diante de suas palavras, comecei a sorrir, ao ver que Helena, ficou ainda mais
vermelha.
— Vocês sabem que não podem entrar no quarto da mamãe e do papai sem
bater. Vamos brincar mais tarde, no aniversário de vocês, agora quem chegar
primeiro na cozinha, eu darei um pedaço enorme do bolo que a vovó Yola fez.
Assim como surgiram, do nada, as duas desapareceram. Helena logo se levantou.
— Você não está se esquecendo de nada? — falei apontando para o meu pau.
— Tenho certeza que um banho gelado pode resolver isso.
A safada saiu rebolando em direção ao banheiro.

Horas depois...
Depois da cena de horas atrás, onde tive que tomar um longo banho gelado, eu
estava no jardim da mansão, que se tornou o palco para a comemoração de mais
um ano das minhas princesas. Olho para as duas e vejo o quanto à vida me deu.
Sempre me lamentei por tudo que me foi tirado. A sede de vingança e o ódio, me
deixaram cego, ao ponto de nem perceber que por causa do espinho, quase
esmaguei a mais bela flor. Omar quase destruiu a minha vida e por causa da sua
ambição, perdi meus pais, mas o homem que mudou a minha vida, sem nem
mesmo imaginar, seria o responsável pelo nascimento daquela que me fez
conhecer o amor, que me deu o maior presente que um homem pode receber.
A dádiva de ser pai e ter uma família.
Caminho em direção as três mulheres da minha vida. O sorriso da minha esposa
logo se abriu, e assim que diminui a distância entre nós, minhas mãos enlaçaram
a sua cintura, a puxando para junto de mim. Minha boca chocou-se com a sua, e
minha língua, sem demora invadiu sua boca, num beijo quente e tentador, mas
logo fomos interrompidos por duas sapecas querendo a minha total atenção.
— Vamos brincar papai.
Elas começaram a correr e não demorei muito para alcançá-las. Daria minha vida
pela delas. E as amarei por toda a eternidade e intensamente.
O anjo conheceu o demônio.
A química entre eles foi fatal.
A sede de vingança, a fez conhecer o seu pior lado.
Entre medos e esperanças.
Ódio e amor.
Nos dois superamos todas as provações e foi o amor e a luz, que no final,
prevaleceu.
Livro 3
Sinopse
Ethan Borislav, filho do temido e sanguinário chefe da maior organização
criminosa já existente. Foi treinado desde criança para ser “O Soberano da máfia”.
Um homem frio e calculista que desde muito cedo já demostrava ter um lado
sombrio, sendo considerado pelos seus inimigos como a personificação pura do
mal.
Cecília Demisovski, uma jovem de beleza estonteante e mesmo vivendo uma vida
cheia de luxo e esplendor, sempre se mostrou generosa com aqueles que
precisavam. Criada dentro dos moldes da máfia, ela sabia desde pequena qual
seria o seu destino.
Um acordo foi feito, unindo assim a vida deles para sempre.
Ela não deseja se unir ao homem a quem foi prometida ainda criança.
Ele jamais aceitará um não; como resposta.
Qual será o destino de Cecília ao estar sob o jugo do SOBERANO?

ATENÇÃO
Este livro contém cenas de sexo explícito, violência física e verbal, tortura e
assassinatos que podem deixar alguns leitores desconfortáveis. Se este for o seu
caso: Não leia!
Esta é uma história de ficção, a autora não concorda com os abusos relatados
aqui. Tenha a mente aberta. Boa leitura.
Proibido para menores de 18 anos.
Copyright © Anny Shwan, 2021
Revisão: Rosana Bezerra (Vivart - Criação e Design)
Diagramação: Rosana Bezerra (Vivart - Criação e Design)
Capa: Liberty

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

O SOBERANO DA MÁFIA
Livro 03
ANNY SHWAN
1ª Edição – 2021

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento, e/ou reprodução de


qualquer parte dessa obra – física ou eletrônica – através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal 2018.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os
direitos reservados.
Dedicatória
Dedico com imenso carinho às meninas dos grupos dos aplicativos de mensagens
instantâneas, que além de leitoras, são companheiras muito queridas.
Ana Paula, Alessandra, Alexandra, Anna Marques, Andrieli, Andreia, Ruanny,
Graça, Sara Leite, Joiele, Deuzenir, Maristela, Juliana Silva, Marcilene,Tynna,
Elaynne, Tatiane, Gislaine, Betânia, Socorro, Herisa, Sara, Daniella Pereira,
Eliane, Tamirys, Carol Sousa, Joelma, Amanda Feitosa, Stheffany, Carla,
Jakeline, Amanda Morgana, Kellis, Lluana, Janaina, Ester, Lorena, Withamara,
Lucimara, Mauriza, Joy Crys, Valquíria Elisângela, Regina, Paixão Braga, Iza
Ramos, Iara, Mariana, Clauzinete, Fabia, Deyse, Viviane, Ingred, Clicia, Cassia,
Alvanita, Deisiane, Natila Germim, Areta Batista, Grace Machado, Alexsandra,
Eva, Erica Gomes, Zélia, Rose, Marina, Uneissa, Francinete, Evellyn Marinho,
Helena, Marcia Pelegrini, Marisete, Cleudiana, Fabiola, Cristina Morales, Bruna,
Valdiria, Sylvia, Valdete Ferreira, Cristiane Rodrigues, Sandra Alves, Ricarda e
Maridalva. Daniela Carvalho, Edna, Liliana Lagareiro, Fábricia, Rita kácia, Rita
Kisters, Jacqueline, Sany, Eveli Marques, Gracilene. Walquiria, Cassandra, Eliana
Roseane, Lana Nubia, Sonia, Raquel, Márcia Regina, Cristiane Gerônimo,
Silvana, Fernanda Costa, Elaine, Laudiana, Sandreli, Maria Aparecida, Iris
Carvalho, Joelma Vera, Valdete, Fátima Alana Dias, Vanessa, Ellen, Mariana,
Katia, Jandira, Patrícia Alicia, Lídia Danielle, Celina, Teresinha, Mony, Paty
Helena, Frankilene, Maria Nazaré, Eliz, Tarsilio, Cristiane Soares, Leticia,
Jorgeane, Gleucia, Suelyde, Maria, Janaína, Simone Cruz, Autora Sol Dantas,
Tatiane Olanczuk, Elidineia, Patrícia Rodrigues, Fran, Maria Do Carmo, Iara
Gomes, Alexandra Silva, Bibi Andrade, Andressa, Susana, Romilda, Nanda
Severgnini, Hildalisa, Márcia, Paty Araújo, Dilma Pereira, Simone, Re Machado,
Luzilene, Tamara, Cirlene, Maria, Rosana, krika, Lorrayne, Jhessikinhah, Maria
Silva, Meriellen, Claudia, Janete, Fernanda Costa, Andrea Costa, Emilly Beatrice,
Cristiane, Ana Flor, Sonia Regina, Fernades, Laize Lucia, Marizete, Maria
Fonseca, Francisca, Marcia Ribeiro, Michel Andrade, Gisa, Mile, Lidiane,
Jocimara, Jaqueline Cunha, Adriana Fernandes, Karoline Souza, Gabriela,
Luciane Pereira, Sheila Alves, Edimarcia, Josiane, Nete Duarte, Rosy Ramos,
Celia Maria, Aparecida Oliveira, Danielma Rodrigues, Elenize, Aninha Marie,
Italiana, Andria, Janete Andrade, Claudiana Santos, Divina, Dayane Divino,
Dienifer, Ádrya Soares, Dieuma Silva, Sianeph, Lucia Nunes, Nital Alves, Maria
,Ricardo Cossignani, Gaby, Kelly Luane, Valdirene, Loira, Josiele Martins, Olivia,
Rayssa, Elizabete Maria, Cristiane Coutinho, Vilma, Tereza Vaneide, Cecília
Velasco, Michele, Luciana, Thielly, Mapiá, Adilma Melo, Ana Paula Santos, Karla
Bernardes, Reniajo, Tekinha, Maria, Tlen, Cleide Dias, Larissa, Yashmim e
Dedeca.
E ao clã de comentaristas oficiais da plataforma de publicação de capítulos online,
pelo infinito apoio moral.
Débora, Raidalva, Simone Mendes, Victória, Valdilene, Rosa Vieira, Elisabete
Dusan, Taiane Santos, Dirlene, Cris Jumes e Juliana Luce.
“Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro
de nós e, às vezes, vencem.”
Stephen King
Prólogo

New York – Quatro anos antes...


ETHAN BORISLAV

E stamos nos direcionando para o The Brothel Empire, local que


sempre gosto muito de ir, para satisfação do meu pai e
desespero da minha mãe.
Enquanto estou ao lado de Luccas, que mantém seu olhar e os
dedos grudados na tela do seu celular, minha atenção está voltada
para os dois homens que estão nos bancos da frente do veículo.
Posso ser criança, mas sempre presto a atenção em tudo à minha
volta. Faz parte do meu instinto.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta o meu mentor.
— A mesma ladainha de sempre, pois, bastou dizer que Ethan iria
para o bordel que Luna, como num estalar de dedos, mudou suas
feições.
— Karen não foi diferente, disse que não é um lugar apropriado para
uma crianç...
Deixo de prestar a atenção na voz deles ressoavam no ar. A minha
mãe não consegue entender que já tenho sete anos, eu não sou
mais um bebê e sim o herdeiro do grande Dusan Borislav. Meus
pensamentos foram interrompidos assim que o carro parou.
Um clic sutil da porta do carro sendo destravada se fez presente e
ao sair do carro, fui correndo em direção ao corredor. Os gritos de
Luccas ecoavam a minha volta e só parei ao ficar em frente à porta
do lugar que sempre me traz uma sensação inexplicável de paz, “a
sala do desespero”.
Horas depois...
— Você não está cansado? — pergunta Luccas.
— Claro que não! — respondo o óbvio.
— Vamos! — diz Boris.
Com passos largos, caminhamos em direção ao escritório do meu
pai e no momento que a porta foi aberta, meus olhos foram de
encontro à figura alta que estava com ele no ambiente.
— Enzzo, esse é Ethan, meu filho.
Mesmo sabendo de quem se tratava, não entendi o porquê da sua
presença, porém, como se tivesse uma bola de cristal, o som da voz
do meu pai preencheu o cômodo matando a minha curiosidade.
— A partir de hoje, para firmar o nosso acordo e ter a unificação das
duas máfias, Cecília Demisovski está prometida a Ethan Borislav.
Juntos, além de unificar as duas maiores organizações, ainda
iremos, exterminar, aqueles ratos e ter o controle de seus territórios.
Todos estavam com os olhos lançados em minha direção. Boris
sempre diz que sou muito parecido com o meu pai. Ainda não sou
tão inteligente quanto ele, mas vou estudar muito e assim me tornar
o “Soberano da máfia”.
Capítulo 01

Dias atuais...
ETHAN BORISLAV

D epois que os meus pais foram até o meu quarto ontem, eu


tentei dormir, mas estava inquieto, algo dentro de mim estava
me queimando por inteiro. Peguei o notebook e acabei por entrar no
sistema criado por meu pai, Dusan, e passei boa parte da noite
acessando todos os arquivos da USAF (a maior e mais poderosa
força aérea do planeta). Meus olhos brilharam assim que assumi o
controle de todos os mísseis, fiquei analisando minuciosamente
cada detalhe que surgia na imagem a minha frente. Minutos deram
lugar a horas, e, vencido pelo cansaço, acabei adormecendo.
Acordei num sobressalto assim que as duas pirralhas invadiram o
meu quarto.
— Feliz aniversário, irmão — gritaram juntas e avançaram em minha
direção, mesmo sabendo que eu odiava tamanha aproximação.
Isso de abraços, beijos e coisas do tipo, me causavam certa
inquietação e eu me sentia agitado, sentia meu corpo funcionando
num ritmo alucinante. No entanto, eu daria a minha vida para mantê-
las em segurança e quem fizer algo de ruim a elas, eu não hesitaria
em mandar direto para o inferno.
Hoje estamos completando 11 anos, e, enquanto elas estão
ansiando pela chegada da noite, já que terá uma comemoração,
depois da notícia que recebi ontem, fiquei inquieto, pois, aquela que
foi destinada para se tornar a minha esposa estaria presente. Uma
fedelha de quatro anos de idade, a qual o meu pai e Enzzo
Demisovski, decidiram que seria a escolha perfeita.
No momento em que o nosso casamento for oficializado, acontecerá
à unificação das duas maiores organizações criminosa do mundo,
tornando-me assim, o mafioso mais poderoso ao ter os dois
maiores territórios sob meus domínios.
Depois que tomei o meu banho e saímos de casa, demorou quase
40 minutos para chegar ao The Brothel Empire, após o meu
treinamento e do Luccas, o meu pai e Boris, tiveram que resolver
alguns assuntos e nos deixaram aqui aguardando. Entediado,
peguei o notebook e novamente invadi o sistema da base aérea
americana. O medroso que estava ao meu lado, ao ver a imagem
que apareceu na tela do aparelho, se manifestou.
— Acho que você não devia mexer aí — o som da voz de Luccas
me fez desviar os olhos da tela.
— Eu acho melhor você deixar de ser tão medroso.
Volto meu olhar para a tela do notebook, enquanto um dos meus
dedos se move em círculos em volta do touchpad.
Semana passada, os Estados Unidos, sofreu um ataque que atingiu
duas bases aéreas. O meu pai poderia com um simples comando
destruir qualquer inimigo do nosso país, restabelecer assim a paz,
mas, sempre se manteve direcionado somente para os assuntos da
máfia. E, novamente meus pensamentos foram interrompidos pelos
ruídos que ressoaram no ambiente.
— Você não está pensando em usar isso, não é? O chefe disse que
não ia interferir nesse assunto.
— Ao contrário do meu pai, eu serei o soberano da máfia, o dono
absoluto desse território e não vou aceitar que ninguém seja uma
ameaça para o meu futuro.
Sem hesitar, deixei o dedo fixo em um único lugar e com o alvo já
definido. O comando foi dado e em questão de minutos, os três
mísseis atingiram a base iraquiana que era ocupada por mais de
200 infelizes. Um sorriso largo surgiu no meu rosto e todo o meu
corpo vibrava em harmonia, o desconforto que estava sentindo deu
lugar a uma sensação de alívio e paz.
— Ethan!
Olhei para Luccas que estava petrificado, olhando para tela. Seus
olhos se arregalaram de forma tão surpresa que cheguei a pensar
que iriam saltar de suas órbitas e antes que ele saísse do estado
catatônico em que se encontrava, fechei a cara e disse num tom
rude e intimidador.
— Você não dirá nada aos nossos pais ou esqueço que somos
amigos.
Se antes ele já estava com uma expressão de medo, agora parecia
que o pânico havia tomado conta de todo o seu corpo. Terei um
longo trabalho pela frente para tonar esse medroso o meu homem
de confiança, nem parece que é filho de mafioso.

Horas mais tarde...


Música e risos se misturavam e ecoavam por todos os cantos da
casa. Além da minha família, alguns membros da organização e os
Demisovski, estariam presentes. Dessa forma todos poderiam
conhecer a minha prometida.
Suspiro fundo, olhando para o meu reflexo no espelho e em seguida
começo a caminhar em direção a porta e assim que ela é aberta por
mim, Luccas aparece em minha frente.
— Sua mãe mandou chamá-lo.
— Então vamos.
Seguimos pelo corredor, mas paro quando ele volta a se manifestar.
— Você não está curioso para conhecê-la?
— Claro que não. Ela será só a mulher com quem vou dividir a
cama.
Retomo a caminhada e depois de alguns passos, chegamos à
escada e logo depois descemos os degraus. Meus avós e a minha
tia Mila são os primeiros a virem ao meu encontro. Dentre as
diversas manifestações melodramáticas como abraços, apertos de
bochechas e felicitações, eu sobrevivi e, não demorou muito para os
meus pais surgirem ao lado do casal ao qual já sabia de quem se
tratava.
— Ethan! — meu olhar fica cravado em Enzzo. — Essa é a minha
esposa Helena.
Seguro a mão da mulher a minha frente que é dona de uma beleza
estonteante, posso ser jovem, mas sei reconhecer a beleza de uma
pessoa, ela só não é mais linda do que Luna Borislav, que sempre
será vista por mim como a mais bonita, inteligente e o melhor
exemplo de mulher que vai muito além da beleza exterior. Deixo os
devaneios de lado quando ouço o som da voz da minha mãe.
— Vocês dois podem ir lá ao jardim. Além das suas irmãs, Ana e
Cecília estão lá, brincando — informa.
Luccas parecia empolgado, porque saiu me puxando para fora de
toda aquela multidão. Com os passos apressados, não demorou
muito para avistar as quatro, porém, todas estavam de costas e
pareciam estar conversando.
— Vamos Ethan.
— Silêncio!
Com passos cautelosos, me aproximo e assim que ouço as palavras
que são ditas, meu coração dispara e uma força descomunal me
envolve, fazendo o ódio inflamar em minhas veias.
— Você está empolgada para conhecer o meu irmão? — Ayla
perguntou.
— Não! E, se eu pudesse escolher não me casaria com ele.
Capítulo 02

ETHAN BORISLAV

M eus olhos estavam ardendo, a sensação que eu tinha era de


que estavam faiscando.
— Vem irmão, conhecer a Cecília — disse Clara.
Luccas foi o primeiro a chegar onde elas estavam, depois de mais
alguns passos, acabei com a distância e uma voz melosa ecoou no
espaço.
— Prazer, meu nome é Ana — disse a garotinha sorrindo, enquanto
eu fiquei calado, já a outra que estava com a cabeça abaixada, se
levantou.
— Então essa é a pirralha que é a minha prometida?
— E você é o velho com quem vou me casar?
A garota, ao contrário da irmã que ostentava um sorriso contagiante
de orelha a orelha, tinha um olhar desafiador, o que fez meu corpo
vibrar com tanta intensidade, que eu jamais havia sentido antes. Os
olhos esverdeados ganharam uma tonalidade azulada e minha
única vontade era apagar aquele brilho intenso que vinha deles.
— Ethan!
O som da voz de Ayla me arrancou dos meus pensamentos,
rompendo o silêncio que pairava a nossa volta.
— Você não vai abraçá-la? Cecília vai fazer parte da nossa família.
— Não tenho porque abraçá-la — digo num tom rude, porém, se
antes eu já estava queimando de raiva, um sentimento muito maior
me envolveu. A garota não se manteve quieta e num tom de voz
suave, mas firme, proferiu.
— Quem disse que quero seu abraço.
— Eu quero! Você é tão bonito — falou o clone da garota e a
resposta veio logo em seguida, dada pela própria irmã.
— Se você quiser podemos dizer para o papai que em vez de mim,
você seja a prometida dele — essa menina está achando que sou
algum brinquedo. Minha boca se tornou seca, no mesmo instante
em que minha garganta se fechou por alguns segundos, respiro
fundo e novamente o som da minha voz ecoa no ar.
— É você, fedelha, quem vai se casar comigo e não ela.
— Você me chama de fedelha, mas saiba que daqui a alguns dias
vou fazer cinco anos e quando chegar o dia do nosso casamento,
você já vai ser um velho.
Aquelas palavras me atingiram com mais força do que os golpes
que levava durante o treinamento e antes que eu tivesse qualquer
reação, ela saiu puxando a irmã para dentro da casa. No entanto,
um pensamento se formou em minha cabeça; Eu só espero que os
anos passem bem rápidos e quando chegar a hora, eu a farei pagar
por cada palavra dita hoje.

No dia seguinte...
DUSAN BORISLAV
Meus olhos estão atentos no grande telão a minha frente. Em todos
os noticiários se falavam sobre o bombardeio no Iraque, que deixou
duzentos mortos. Pego o controle e aumento o volume.

"Depois do atentado contra os Estados Unidos, os principais lideres


do governo iraquiano, que antes afirmaram que os ataques visaram
danificar a estrutura americana no Oriente, ontem sofrerem as
consequências dos atos ao travarem uma guerra com o país que
tem a maior base aérea do mundo". Todos temem que isso leve a
uma próxima guerra mundial.

O som vindo da porta sendo aberta chamou minha atenção e Boris,


logo surgiu no meu campo de visão.
— Todos estão comentando sobre o ataque — disse ele
— Ele está indo mais rápido do que eu pensei — um sorriso
perverso surgiu em meu rosto. Boris deu mais alguns passos e ao
diminuir a distância, voltou a se manifestar.
— Hoje pela manhã, assim que Karen ligou a TV. Os olhos de
Luccas pareciam que iam saltar do rosto, por alguns segundos achei
que contaria quem foi o responsável pelo ataque.
— Se ele tivesse feito isso, mesmo sendo seu filho, jamais voltaria a
treinar junto com Ethan. A lealdade não tem preço e se vai ser o
braço direito do futuro herdeiro da máfia, deve saber manter-se
calado.
— Eles dois já estão no refeitório e daqui a pouco já podemos ir
embora.
Derick, meu motorista, assumiu o volante do carro, enquanto Boris
estava no banco da frente ao seu lado e no banco traseiro, além de
mim, estavam Ethan e Luccas. Com mais três carros e alguns dos
meus homens dentro deles, deixamos o The Brothel Empire.
Enquanto, os dois projetos de mafiosos estavam concentrados no
telefone em suas mãos, olhei para tela do meu, lendo a mensagem
enviada por Enzzo. Meus pensamentos foram interrompidos quando
ouvi a voz de Ethan ecoando dentro do veículo.
— Pai, por que tem tantas armas aqui embaixo?
— Resolvi deixar algumas em casa, nunca se sabe quando iremos
precisar.
— Se o meu pai levar, minha mãe não vai gostar — disse Luccas,
que logo foi repreendido pelo pai. Boris era sem dúvida um grande
mafioso, mas quando o casal açúcar estavam juntos. Era karen
quem dava as ordens.
O carro saiu em disparada pela estrada, rumo ao nosso próximo
destino. Assim que passamos pela ponte e seguimos pela estrada,
um estrondo terrível ecoou a nossa volta e um som grave repercutiu
dentro do veículo.
— Chefe, estamos sendo atacados.
Meus olhos foram de encontro ao menino que segurava o celular e
as mãos do coitado tremiam mais que vara verde em tempestade.
Desvio o olhar para a direção de Ethan, e, ele já estava todo agitado
com os olhos cravados na direção da janela. Deixo os devaneios de
lado quando ouço a voz de Boris.
— Faremos do modo fácil ou difícil?— perguntou se referindo se
iríamos acabar com os inimigos usando o Olho de Deus ou seria
mesmo através da forma tradicional e uma rajada de tiros tomaria
conta do espaço.
— Nunca fujo de uma boa confusão. Já estou com a arma em mãos.
Ele passou instruções para os outros três carros e novamente um
estrondo se fez presente, seguido pela voz de um dos meus
soldados.
— Senhor! Nosso carro foi ating...
Nesse instante, vários carros escuros surgiram a alguns metros à
nossa frente e quando abri a janela, tanto eu, quanto Boris começou
a atirar e em meio aos ruídos dos tiros ricocheteando na lataria dos
veículos, o som fraco da voz de Luccas, se fez presente.
— Você não está com medo, Ethan?
— Isso aqui é treinamento de verdade. Bota para torar...
O garoto parecia que foi envolvido por um estado de grande
entusiasmo. E, a cada tiro dado, ele gritava dizendo para matar os
inimigos. Quando o carro que estávamos parou, eu vocifero.
— Vocês dois vão ficar aqui.
Saí logo em seguida ao lado de Boris, os outros dois veículos
pararam fazendo uma pequena barreira. De um lado os homens do
inimigo, do outro, os meus em pequeno número. Com minha arma
em punho, avancei para linha de frente e meu fiel companheiro
estava ao meu lado. Tiros e mais tiros foram disparados e no
momento que Boris, foi se mover, um dos homens surgiu em sua
frente e agindo mais rápido que ele dois, disparos foram feitos.
Quando seu corpo foi de encontro ao chão, parece que tudo parou
ao meu redor e só ouvi um grito alto que ecoou a minha volta e há
muito tempo não sentia essa adrenalina que se apoderou de todo o
meu corpo.
— Paiiiii...
Virei à cabeça para o lado e tanto Ethan, como aquele que minutos
atrás estava tomado pelo medo, e que tinha agora o ódio espelhado
nos olhos, estavam segurando uma pistola nas mãos. Saí do transe
que estava quando o meu filho apontou a arma em minha direção e
antes que eu girasse o pescoço, o barulho do tiro ressoou e foi
abafado pelo impacto do corpo do infeliz, que ele havia acabado de
acertar ao cair no concreto. Os olhos azuis estavam em chamas,
faiscando, o que fez um sorriso aparecer entre meus lábios e ao
levantar umas das mãos para cima, a calmaria reinou a nossa volta,
para logo em seguida Enzzo e Hulk surgirem no meu campo de
visão e Boris que estava jogado no chão, se levantar.
Tanto Ethan, quanto Luccas, pareciam estar perdidos em meio aos
seus pensamentos. O homem atingido por ele também se levantou,
já que as balas eram de borrachas e todos estavam usando coletes.
— O que está acontecendo? — perguntou Ethan.
— Vocês dois acabaram de provar que estão prontos para o
próximo nível do treinamento.
Capítulo 03

DUSAN BORISLAV

A ssim que a porta do carro foi destravada, o pirralho que hoje


mostrou mais coragem que muitos infelizes que cruzaram o
meu caminho, saiu correndo em direção à porta, ele passou o
percurso todo de volta para casa indagando de quando iria
realmente participar de um confronto de verdade.
Mantive uma expressão indecifrável no rosto, porém, por dentro
meu corpo todo estava vibrando com o resultado obtido. Nem
mesmo toda luz vinda daquela que afastou parte das trevas que
habitavam em meu coração, foi capaz de ofuscar o lado sombrio
que vi em seus olhos, desde o momento que meu olhar ficou
cravado naquele pacotinho dentro da sala daquele hospital.
Ethan, será temido e respeitado no mundo da máfia, saberá acabar
com qualquer inimigo sem precisar viver nas sombras do próprio
pai. O que ninguém além de mim jamais soube, foram das últimas
palavras sussurradas pelo desgraçado do Vladimir antes de morrer
e isso só foi possível porque o fiz acreditar que Luna realmente
estava morta. Eu sozinho nunca fui uma ameaça para ele, para sua
ambição, no entanto, seu desejo em acabar com Luna era
justamente porque sabia que a verdadeira profecia daquela velha
estava voltada para o menino que nasceria da união das trevas e a
luz e em seu caminho, assim como aconteceu comigo, estaria o
anjo, dona de uma grande sabedoria, o que seria essencial para, “o
soberano da máfia” chegar à glória.
Deixando os pensamentos de lado, caminho na mesma direção que
ele foi e no instante que abro a porta, toda atenção estava voltada
para o garoto que se encontrava eufórico relatando o que havia
acontecido.
— Você não teve medo irmão? — perguntou Clara.
— Claro que não, eu senti um calor intenso pelo meu corpo todo.
Foi muito bom.
— E o Luccas? — desta vez foi a voz de Ayla que se fez presente e
as feições de Ethan logo mudaram.
— Por que você quer saber dele? — seus olhos azuis ficaram mais
escuros.
— E... Eu só fiquei curiosa para saber se ele foi corajoso como
você.
— No começo ele parecia uma marica, tremendo como se tivesse
levado um choque. Eu já estava quase dando um soco nele, mas,
hoje ele ganhou meu respeito, pois, quando os tiros ressoaram a
nossa volta e um deles acertou Boris. Luccas ficou furioso e assim
como eu, pegou uma arma. Só não foi melhor porque o pai disse
que era só um treinamento e senti a raiva me queimar por dentro
quando o sujeito que eu havia dado um tiro se levantou. Eu queria
ter matado ele de verda...
— Ethan!
Todos desviaram o olhar na direção da mulher que tinha uma
expressão fechada. O silêncio tomou conta do ambiente durante
longos segundos e eu sabia que ela estava indignada pelas
palavras que foram ditas pelo próprio filho.
— Não quero que você fale mais essas coisas perto das suas irmãs.
Você é só uma criança e não pode achar que tem o direito de tirar a
vida de ninguém. Você não é Deus, agora vai tomar banho.
Ele deu alguns passos e se deteve ao parar perto da escada e o
som da sua voz reverberou no espaço, me deixando satisfeito,
porém, Luna ficou perplexa.
— Somente Deus é o meu juiz e assim como o significado do meu
nome, eu sou forte, resistente e duradouro. E, jamais terei medo e
nem piedade de ninguém além da minha família.
Ele subiu correndo os degraus e não demorou muito para
desaparecer do meu campo de visão.

Horas depois...
Desvio o olhar do celular para o rosto da minha esposa que
adentrou o nosso quarto. Desde o ocorrido com Ethan, ela estava
emburrada. Contínuo observando cada movimento seu, ela tira o
robe, ficando só de camisola e deita na cama.
— Eles já estão dormindo?
— Sim — respondeu em um tom seco.
Num pulo, levantei-me e depois de me livrar da minha cueca,
avancei em cima dela. Suas orbitas azuis logo encontraram o meu
rosto e quando comecei a esfregar o meu pau contra a sua boceta,
através da camisola. Senti todo o seu corpo vibrar em antecipação.
— Você sabe que não gosto de vê-la desse jeito.
— Ele é só uma criança, porque tem que passar por tudo isso?
— Ele é o meu primogênito, o herdeiro da máfia. Sendo o único
menino, precisa ser treinado desde cedo, porém, eu jamais
colocaria a minha família em perigo. No entanto, não importa o que
eu faça ou de que forma aconteça, o destino de Ethan Borislav, já foi
traçado. O nosso filho será o maior entre todos aqueles que sempre
cobiçaram o poder. Agora deixei de se preocupar atoa e mostre ao
seu professor o quanto a aluna se tornou implacável em seu
aprendizado.
Sua carranca logo se transforma em um sorriso travesso e a voz da
safada ressoou no cômodo.
— Pronto para minha dancinha da vitória?
— Se você der conta de domar o garotão aqui, veremos quem fará
essa dancinha.
Sem delongas, minhas mãos encontraram a barra da sua calcinha,
em um puxão, rasguei a peça, deixando sua boceta gulosa, exposta
a mercê da minha posse, comecei a desfrutar do seu belo corpo.
Minha boca devorava com avidez os seus mamilos, enquanto o anjo
não parava de se remexer, esfregando o seu corpo no meu.
Deixei os seus seios de lado e assim que meus lábios tocaram os
seus, a minha língua invadiu a sua boca entreaberta, num carinho
ganancioso, enroscando-a na sua por alguns segundos,
saboreando-a, para depois travar uma batalha com a dela,
explorando cada canto da sua boca. Meu pau já estava rachando de
duro e quando a cabeça do meu pênis tocou a sua entrada quente,
um calor insuportável pairou sobre mim. Entre sussurros ela
começou a suplicar.
— E... Eu quero você ago...
Antes que ela terminasse de proferir suas palavras, pois, eu já
estava ensandecido pelo desejo, meu cacete deslizou para dentro
da sua vagina apertada, me fazendo sentir o aperto de sua abertura
ao meu redor.
— Deliciosa.
— Quero que você me foda com força — dito isso, ela abriu as
pernas mais um pouco para mim, eu aceitei o convite, investindo
todo o meu membro endurecido para dentro.
Gemidos ecoavam dentro do quarto e minhas estocadas se
tornaram mais rápidas, tocando as paredes aveludadas do seu
sexo, fazendo com que ela o apertasse como se quisesse espremer
o meu pênis, como se fosse uma laranja. A mulher mais parecia
uma cobra no deserto, querendo se esquivar da areia escaldante,
pois, não parava de se contorcer sob o meu corpo. A velocidade dos
meus movimentos ia aumentando conforme ela gritava embriagada
de prazer.
Meu pau potente chegava cada vez mais fundo e ao contrário do
duelo que travamos com a língua, uma dança erótica e frenética
apoderou-se de nós dois, me incitando a possuí-la com mais força,
preenchendo-a com golpes rítmicos. Minha gostosa respirava com
dificuldade e no momento que ataquei novamente sua boca e uma
sequência de estocadas foram dadas contra o seu sexo faminto,
chegamos juntos ao ápice do clímax, num orgasmo delicioso e
devastador.
O único som que se ouvia no cômodo, era das nossas respirações
que ainda estavam ofegantes e os batimentos cardíacos acelerados.
O som da voz de Luna quebrou o silêncio que predominava a nossa
volta, deixando o meu corpo todo em chamas.
— Está pronto para a próxima rodada?
— Com você e para você sempre.
Capítulo 04

CECÍLIA DEMISOVSKI
O s meus pais sempre conversaram comigo de que haviam feito
um acordo para o bem da nossa família, eu sei que sou só uma
criança, mais sempre observei tudo ao meu redor e embora o meu
papai seja mafioso, ele jamais fez nada de ruim com quem era
inocente.
Ele sempre diz que não podiam ter escolhido um nome melhor para
mim do que Cecília, que significa sábia, e por isso sou tão
inteligente para minha pouca idade.
Minha mãe disse que quando chegasse à idade certa, eu terei que
deixar a nossa casa e viver com o homem que foi escolhido para ser
o meu esposo. No começo eu chorava muito, mas depois comecei a
entender que era para o bem de todos e para não ser tão difícil, eles
resolveram me trazer para New York, para que eu pudesse conviver
um pouco com ele. Só não esperava encontrar um menino tão
chato, muito diferente das irmãs, que são gentis e doces.
Desde ontem que a minha irmã vive falando daquele menino mal
educado, achei estranho, pois, hoje não quis brincar comigo e
quando resolveu se aproximar de mim, foi para perguntar se o papai
mudasse de ideia, se eu ficaria zangada por ela se casar com
Ethan. Disse que não, afinal, eu já não gostei daquele garoto e
duvido que isso vai mudar algum dia. Deixei de pensar quando a
porta foi aberta.
— Pai!
Corri na direção do meu papai assim que ele passou pela porta.
Levantei os braços para que ele me carregasse, enquanto Ana
permaneceu no mesmo lugar ao lado da minha mamãe, que estava
sentada no sofá.
— O pai está suado, princesa.
— Eu não ligo, me carrega paizinho.
O homem mais bonito do mundo e que mais amo na vida, me pegou
com seus braços musculosos, me tirando do chão. Movi meus
bracinhos agarrando o seu pescoço e o abracei com bastante força,
ele logo encheu o meu rosto de beijo e em seguida começou
caminhar comigo até o centro da sala.
— Amor, você demorou muito — disse minha mãezinha.
Assim que se sentou, me colocando no colo e começou a falar.
— Hoje fizemos uma emboscada contra o pessoal de Dusan. Como
parte do treinamento de Ethan e Luccas, o garoto sem dúvida
comandará com punhos de ferro as duas organizações.
— Ele é tão novo.
— Sim, ele é. Mas, tem muito potencial. Não hesitou em atirar em
um dos meus homens quando foi preciso. E, aproveitando nossa
estádia em New York, será bom acompanhar de perto o treinamento
daquele que um dia será o esposo da minha pequena.
Senti uma raiva me queimando por dentro ao ouvir aquilo. Meu
coração começou a bater forte, tanto que até doeu no meu peito.
Ana que antes estava concentrada no celular, se manifestou.
— Ele é muito lindo — disse exibindo um sorriso bobo no rosto.
— Então você pode ficar com aquele garoto chato. Sempre tivemos
gostos diferentes mesmo. Eu só quero é ficar para sempre ao lado
do meu papai — falei firme.
— Filha, o pai já explicou ontem que você foi a escolhida e o acordo
não será desfeito.
— Eu queria ter nascido um menino, assim não casaria e você
poderia me ensinar a defender a nossa família.
— Por que eu não fui escolhida papai, eu gosto dele?— retrucou a
minha irmã.
— Ana, você vai esquecer isso, ele será o esposo da sua irmã.
Vocês duas são irmãs e isso é mais forte que tudo — disse minha
mãe com uma expressão séria no rosto e Ana começou a chorar.
Será que ela realmente gosta tanto dele assim ou é só porque sabe
que eu fui escolhida. Sempre fazia isso quando o papai trazia algum
brinquedo diferente para mim, chorava tanto que eu acabava dando
para ela e no outro dia, já estava jogado pelo canto da casa.

No dia seguinte...
ETHAN BORISLAV
— Vem Ethan — disse Luccas, que estava brincando no jardim com
Clara e Ayla. Hoje não teve treinamento e o meu pai tinha uma
reunião com os membros da máfia, por isso o meu amigo veio com
a tia karen para almoçar conosco. Meus pensamentos foram
interrompidos quando ouvi novamente me chamarem.
— Vem irmão — dessa vez foi Clara quem falou.
— Eu vou pegar o ipad no quarto para mostrar para vocês o jogo
que criei ontem à noite.
Enquanto os três voltaram a correr, comecei a andar na direção da
porta. Entrei dentro de casa e quando me aproximei da escada, ouvi
a voz da minha mãe vindo da sala. Subi o primeiro degrau, mas, de
repente, algo me fez parar, me puxando naquela direção, desci e
com passos lentos, fui em direção das vozes. Meu coração bateu
mais forte quando ouvi as palavras que foram ditas.
— Você contou que está grávida?
— Não, eu ia contar ontem, mais fiquei desnorteada depois que
soube do ocorrido no treinamento.
— Eu também fiquei espantada quando Luccas chegou contando.
Eu não gosto do meu filho no meio desse mundo cheio de sangue,
mas será em vão ir contra, já que Boris disse que é o destino dele.
— Eu fico pensando e se forem dois meninos? Eles terão o mesmo
destino do Ethan. Tão novo e já vive num mundo tão sombrio.
— Lú, eu sou testemunha de quanto você sofreu e dos obstáculos
que enfrentou, mas sempre se mostrou muito forte.
— Se eu não fosse não teria chegado até aqui. A cada prova
daquele treinamento, só Deus sabe o quanto eu estava prestes a
chegar ao fundo do poço. Dusan quase me destruiu.
— No entanto, no jogo que o predador queria domar sua presa,
vocês acabaram descobrindo o amor.
— O que não foi fácil, pois as paredes daquele bordel podem ser
muito mais que um lugar marcado pela luxúria, pois, a cada prova,
eu sempre buscava vencer os meus próprios limites. Ele me fez
conhecer o meu próprio corpo, não precisou me quebrar
fisicamente, mas, mentalmente, ele quase me levou até a beira do
abismo. Como dizia o demônio, o anjo seria sua submissa, o seu
brinquedinho, que ele poderia quebrar em mil pedaços.
Rapidamente me afastei e alcancei a escada. Sempre fiquei curioso
para saber como uma pessoa tão boa e iluminada acabou amando
um homem tão perverso quanto o meu pai. Luna Borislav, além de
ser inteligente, é a melhor mãe do mundo e se tornou a melhor
dama para um mafioso. Mas, ela disse que o meu pai fez muitas
coisas dentro daquele bordel e será dessa forma que farei aquela
fedelha pagar pelo que disse, se tornando a esposa perfeita para
mim, a minha submissa.
Capítulo 05

YAN MARTINS

O bservo atentamente Hiroyubi Sanada, o chefe da Yakuza,


desde o acordo que fiz com o homem que está em minha
frente, que o meu maior desejo é acabar com a existência de Dusan
Borislav e Enzzo Demisovski.
Eu sou Yan Martins, e, depois de me livrar do desgraçado do Lian
Zhao, acabei me tornando o chefe da maior tríade chinesa, a
poderosa Sin Yee On, que controla uma imensa porção do
submundo criminoso de Hong Kong e da China.
— Yan!
O som da voz de Sanada me arrancou dos meus pensamentos e
segundos depois, ele voltou a se manifestar.
— Precisamos impedir que eles façam a junção das duas máfias e
para isso precisamos acabar com os dois pirralhos.
— Aproveitando que o maldito não conhece quase nada em New
York, consegui colocar dois infiltrados dentro da casa de Enzzo, já
que hoje a noite será o aniversário das duas fedelhas. Será mais
fácil se eliminar logo as duas, assim não terá mais risco de uma
união.
— Em breve teremos o controle das duas maiores máfias do mundo
e todos aqueles que cruzarem o nosso caminho. O destino será
somente a morte.
ETHAN BORISLAV
A família toda ficou em festa quando ontem, a minha mãe contou
sobre a gravidez. Sendo filhos de Luna e Dusan, e, tendo o mesmo
sangue que eu, não teria como não me alegrar diante da situação.
Só espero que sejam dois meninos, pois, já estou cansado de ter
tantas mulheres ao meu redor.
— Ethan!
Aquele que vive atrapalhando os meus pensamentos, me trouxe de
volta a realidade.
— Vamos comer!
Medroso e ainda por cima esfomeado. Sem alternativa, ao seu lado,
segui pelo corredor indo em direção ao grande salão e ao chegar
perto da porta, me detive ao ver que um novo carregamento de
mercadorias havia chegado. O meu pai observava minuciosamente
cada uma delas, porém, a ruiva que ficou olhando fixamente para
ele, despertou minha total atenção.
A garota não fez questão de esconder o seu súbito interesse, pois, a
malícia estava visível em seu olhar predador. Depois que ele já tinha
proferido algumas palavras, disse aos soldados que estavam
presentes para levar todas para o setor B, com a intervenção da
minha mãe, muitas veteranas da casa, hoje já não tem o final trágico
ao serem substituídas. Deixo os devaneios de lado quando em uma
fileira, começaram a passar perto de mim e assim que a
desconhecida se aproximou, vocifero num tom rude.
— Pare!
Assim que ganhei atenção de todos, disse:
— Se você quer continuar viva, mantenha seus olhos e o corpo
inteiro longe do meu pai ou eu mesmo darei um jeito para que sua
estadia aqui acabe antes de começar.
Todos ficaram olhando-me incrédulos, comecei a me mover e antes
de sumir do campo de visão deles, voltei a falar.
— Vamos Luccas, à noite teremos uma festinha que será
inesquecível.
Mais tarde...
— Ethan, por que você trouxe isso? — disse Luccas quando mostrei
a arma que estava comigo.
— Não vou matar ninguém, seu medroso, mas aquela fedelha
estava se achando porque ia fazer cinco anos, como se isso fosse
mudar o fato de ela mal ter deixado de fazer xixi nas fraldas. Eu só
vou animar a festinha dela.
— Isso vai dar confusão.
— Contanto que ela se lembre para sempre que comigo ninguém
brinca, eu estou disposto a assumir as consequências.
Os adultos estão fazendo a festa dentro da mansão, todos os
presentes estavam parabenizando o meu pai, pela notícia da
gravidez da minha mãe. Parece que Dusan Borislav, se tornou uma
máquina de fazer filhos e se não fosse pelos cuidados que minha
mãe deve ter tido antes, era bem capaz de a nossa organização ser
formada somente pela grande quantidade de herdeiros. Deixo os
pensamentos de lado e minha atenção se volta para a pequena
multidão a minha frente, além das minhas irmãs, da pirralha e o
clone dela, havia mais quatro crianças que eram filhos de membros
da máfia. Eu e Luccas começamos a caminhar até eles e assim que
acabamos com a distância que havia entre nós, a primeira a se
manifestar foi o clone, que tinha os lábios pintados de vermelho, um
lanço na cabeça e mais parecia uma boneca de tão enfeitada. Muito
diferente da irmã, que mantinha os cabelos longos, soltos, com
pontas bem onduladas, seus olhos verdes que hora estavam num
tom azulado, faziam um contraste perfeito com seu belo rosto. Mas,
que diabos esta acontecendo comigo? Afasto os devaneios de lado.
— Ethan, vamos brincar? — olhei para Ana que tinha um largo
sorriso no rosto, mas desta vez, eu saberia tirar proveito da
situação.
— Que tal esconde-esconde?
— Oba! — todos disseram em uma só voz.
— Vocês podem ir se esconder que eu faço a contagem.
Nos instantes seguintes, já estava me aproximando do número 20.
— Quinze... Vinte. Aí vou eu...
Com um único alvo em mente, saí feito um caçador a procurar da
sua presa, eu só vou da um susto naquela metida, pois, tenho
certeza que assim que ouvir o barulho do tiro, vai entrar em pânico.
Com passadas largas, saí na direção que a vi correndo e não
demorou muito para ouvir o som de algumas vozes, dizendo.
— Um, dois, três, salve eu... — entre elas, nenhuma era de Cecília,
muito menos de Ana, já que as duas falavam um inglês com
sotaque albanês. Continuo caminhando e cada vez ouvia: um, dois,
três, salve eu. Pela minha contagem, só faltavam as duas, o que era
estranho. Quando me aproximei de um grande arbusto, eu ouvi o
som de um choro abafado e em seguida, a voz da garota que é
capaz de fazer o meu corpo ficar em chamas.
— Solte a minha irmã, socor...
A raiva percorreu cada centímetro da minha pele, meus pulmões
pareciam estar queimando, quando o barulho da sua voz foi
silenciada pelo ruído de um tapa que ecoou a minha volta e um
choro dolorido, que a cada soluço, parecia sentir uma dor mais
profunda se fez presente.
— Cale a boca infeliz — disse uma voz firme.
— Pegue logo as seringas e vamos acabar com isso — desta vez
era outra pessoa que estava falando.
Dei mais alguns passos, tendo a visão de dois brutamontes que
seguravam com força o clone, enquanto Cecília estava jogada no
chão. No instante que um deles pegou o objeto, levando de
encontro ao seu corpo indefeso, senti algo gritar dentro de mim e
um alvoroço como se tivesse alguma coisa além dos meus órgãos
internos e tinha vida própria, pois, senti meu rosto se contorcer.
Minha respiração ficou acelerada e antes que ele alcançasse a pele
dela, puxei a arma e o primeiro disparo dos três que atingiram o seu
corpo dele, foi feito e, quando dei por mim, a arma já estava na
direção do outro infeliz que parecia atordoado, parecia não saber de
que direção ou quem havia dado os tiros e antes que ele fizesse de
Ana seu escudo de proteção, o barulho de outro tiro reverberou no
espaço. Saí do meu esconderijo e ao ver o rosto da fedelha todo
vermelho, um ódio descomunal libertou aquilo que estava dentro de
mim e já não conseguia mais parar de puxar o gatilho. Não tinha
noção de quanto tempo havia se passado, só sei que as 16 balas da
pistola, já haviam sido usadas e o corpo do homem, assim como do
primeiro, estava esparramado no chão. Voltei ao meu estado de
consciência quando uma grande movimentação aconteceu a minha
volta e senti, além do toque da mão do meu pai, o seu hálito quente,
assim que o som da sua voz ecoou próximo ao meu ouvido.
— Já acabou, filho.

Horas depois...
ENZZO DEMISOVSKI
— Maldição!
Continuo andando de um lado para o outro, totalmente incrédulo e
indignado pelo ocorrido de horas atrás. Como pude deixar que os
desgraçados chegassem tão perto das minhas princesas, meus
tesouros, por quem eu daria a minha vida só para mantê-las em
segurança.
Se não fosse pela travessura de Ethan em querer dá um susto em
Cecília, o pior teria acontecido. O que era para repreender o garoto
pelo ato que poderia resultar no acidente, fez dele o herói, não só
daquela que já lhe foi prometida a ele, como da pequena Ana,
mantendo assim o acordo feito entre as duas organizações.
Enquanto Ana ficou em choque, a fúria me dominou ao ver o rosto
de Cecília mais vermelho que um tomate.
Aqueles dois infelizes, dois malditos abutres que vivem escondidos
nas sombras, mandando terceiros fazerem o trabalho sujo, mas,
algum dia, eles sairão do buraco sujo e asqueroso em que vivem e
terei todo prazer em enviá-los direto para as profundezas do inferno.
Meus pensamentos foram atrapalhados quando ouço a voz da
minha mulher.
— Elas já estão dormindo.
O que era para ser motivo de comemoração, depois do ocorrido,
não tinha mais clima para continuar com a festa. As duas não
paravam de chorar, e, Dusan também, ao ver o estado do filho, que
parecia ainda em transe, acabou por achar melhor levá-lo para
casa.
— Nunca iria me perdoar se algo ainda pior tivesse acontecido.
Helena deu alguns passos e ao ficar a centímetros de distância,
seus braços envolveram a minha cintura e o som da sua voz
repercutiu dentro do ambiente.
— Calma, amor, você sempre foi o melhor pai do mundo, protetor e
carinhoso.
Quando eu estava prestes a beijá-la, a porta do nosso quarto foi
aberta e meus olhos caíram sobre o pequeno anjo e algo dentro de
mim vibrou intensamente com as palavras que foram ditas por ela.
— Papai, eu quero que o senhor me treine para ser forte, não quero
ter mais medo.
Capítulo 06

Durrês (Albânia) – Alguns anos depois...


CECÍLIA DEMISOVSKI

D epois da sessão de ioga, me levanto do chão e caminho até a


banheira que já estava cheia com água morna, pois a mesma
ajuda a segurar a respiração, enquanto a fria, faz a pessoa perder
rápido o fôlego. Entro dentro do objeto e deixo água tomar conta do
meu corpo inteiro, submergindo por completo.
O silêncio debaixo d'água e em todo ambiente é predominante a
minha volta, em minha mente, só há um único pensamento, já que
precisava superar o tempo da semana passada. Quanto mais tempo
conseguir ficar sem respirar, o meu pai disse que isso seria
fundamental para minha sobrevivência.
Segundos e minutos, tudo acabou se transformando em uma
eternidade, porém, a calmaria foi quebrada pelo som da voz de Ana,
atrapalhando a minha concentração.
— Vamos viajar amanhã e você continua com esse treinamento
ridícul...
Segurei o máximo que pude, enquanto ela continuava falando sem
parar e quando os meus pulmões já não estavam mais aguentando,
emergi das profundezas da banheira. Respirei profundamente,
enquanto os olhos dela estavam cravados em mim, assim que
recuperei um pouco de fôlego, levando o ar de volta para os meus
pulmões, o som da minha voz ecoou dentro do cômodo.
— Você sabe que não gosto que atrapalhem a minha concentração.
— Daqui a dois dias será o seu casamento e você continua agindo
como se fosse um garoto. Se fosse eu, teria passado o dia todo em
um Spa.
Comecei a sentir uma revolta incontida, algo que cresceu e se
transformou em raiva. Tudo isso já estava enchendo a minha
paciência, pois, mais de quatorze anos se passaram e ao longo
deles, eu ouvi por incontáveis vezes a mesma ladainha. Se fosse
ela, iria ver aquele homem todos os anos. Ela jamais, pegaria em
uma arma ou ia ter seu corpo suado diante do treinamento que o
meu pai impôs, era muito melhor ir ao shopping e fazer um monte
de compras e se ela tivesse nascido primeiro, teria sido a escolhida.
Aquilo que parecia uma birra de criança acostumada a ter tudo que
queria, acabou se transformando em uma obsessão. Quando seus
lábios se moveram, antes que algum som saísse pela sua boca,
num pulo, me levantei e peguei a toalha, enrolando-a em volta do
meu corpo e saí de dentro da banheira.
— Ainda que nós duas sejamos fisicamente iguais, temos
personalidades muito diferentes, totalmente o oposto. Então, irmã, já
chegou a hora de parar com essas comparações. Eu não sou você
e mesmo que não seja da minha vontade, serei eu quem vai se
casar com Ethan Borislav, e, depois que isso acontecer, não vou
aceitar que você continue falando dele como se não fosse o meu
marido.
Suas feições logo mudaram, seu rosto ganhou um tom avermelhado
e sua respiração ficou pesada, indicando que não tinha gostado do
que eu havia dito.
— Você sempre teve tudo.
— Nós duas sempre tivemos tudo, a única diferença é que eu por
ser sua irmã, jamais desejei algo que fosse seu. Sempre fiz suas
vontades, por ser a mais velha, porém, tem coisas na vida que não
se pode dividir e sendo ruim ou bom, Ethan, se inclui nessa
exceção.
Assim que eu terminei de falar, ela deu de ombros e começou a
caminhar para fora do ambiente. Se não fosse um acordo onde o
meu pai deu sua palavra, eu mesma já teria desistido e ela poderia
ter o que tanto desejava, mas por outro lado, tudo isso é justamente
porque é algo que ela não pode ter.
Deixando os pensamentos de lado, caminho na direção do box.
Amanhã iremos para Belgrado, pois, lá acontecerá a cerimônia de
um casamento que será uma gaiola na qual estarei presa pelo resto
dos meus dias.
New York
ETHAN BORISLAV
Hoje, olho para trás e vejo o quanto o tempo se passou rápido,
quase quinze anos para ser exato. Ora, o que são quinze anos?
Embora seja pouco para muitos, pois, acreditam que não se pode
escrever uma história em um período de tempo tão breve, na minha
vida e de todos ao meu redor, muita coisa mudou. Todavia, nos dias,
meses e anos que se passou, a família cresceu com a chegada de
Luana e Alice, aquelas que fizeram com que o meu pai se tornasse
ainda mais protetor. Ayla e Clara trilharam caminhos diferentes e se
mostraram ter a inteligência dos Borislav.
Boris e karen ficaram ainda mais grudentos com a chegada da
pequena Sophia, e, por pouco não matei aquele a quem tenho como
um irmão ao descobrir o seu envolvimento com Ayla. Eu sempre fui
desconfiado de que havia algo entre eles, mas depois de ter jogado
tantas indiretas em forma de ameaças, achei que o medroso não
fosse adiante. No entanto, ninguém melhor que ele para cuidar da
minha irmã e depois da minha união com aquela fedelha, assim que
terminar a residência médica que Ayla está fazendo, os dois irão se
casar.
Falando na pirralha, durante todo esse tempo, eu só a vi quando
ainda tinha 12 anos, desde então, passei a focar exclusivamente
nos ensinamentos do meu pai e nos estudos. Sempre ouvia o
mesmo discurso de como ela e a mini Barbie, estavam cada vez
mais bonitas e, embora ela já tenha feito 18 anos desde o ano
passado, tive que reconhecer que a insolente era muito mais
inteligente do que eu pensei. Ela terminou a educação básica com
apenas 15 anos e devido a isso, ficou decidido que o casamento só
aconteceria, após os seus 19 anos, quando já tivesse concluído a
faculdade.
Deixei os pensamentos de lado quando cheguei ao corredor 666,
meses atrás, depois de se mudar de vez para Belgrado, o meu pai
me entregou toda responsabilidade, não só do bordel, como de
todos os assuntos em New York. Continuo andando enquanto
observo algumas modificações que foram feitas e assim que chego
ao meu destino, abro a porta e meus olhos passearam em volta do
lugar que ficou conhecido por muitos durante o legado do temido
Dusan, como: "A sala do desespero", mas, hoje, depois de toda
reforma que fiz, terá um novo nome: "A fonte do meu prazer", o
lugar onde aquela atrevida aprenderá que entre quatro paredes, a
sua submissão e a sua dor, podem me proporcionar ainda mais
prazer. Hoje deixarei esse lugar rumo a Belgrado e quando retornar
em sua companhia, ela conhecerá a sua gaiola dourada.
— Ethan!
Saio do estado de devaneio que me encontrava quando a voz de
Luccas ressoou a minha volta. Os anos passaram-se, mas algumas
coisas nunca mudam, assim que ganhou minha total atenção, voltou
a proferir algumas palavras.
— Todas já estão no salão.
No instante que assumir o controle do lugar, fiz totalmente o oposto
do que o meu pai fazia quando vinha para New York, onde as
prostitutas só saiam daqui mortas, no entanto, as mulheres que já
estavam com idade avançadas, foram dispensadas, porém, antes
todas foram avisadas que se algo fosse dito por elas do que
aconteceu dentro desse lugar. Eu mesmo iria atrás de cada uma e
nem que fosse ao inferno, as acharia, só para ter o prazer de mutilar
o corpo delas até arrancar o coração com minhas próprias mãos.
Muito mais prazeroso que matá-las, foi ver o medo em seus olhos
quando ouviram as minhas palavras, isso sim fez os meus demônios
internos ficarem em êxtase. Afastei as lembranças e ao lado dele,
segui para fora do ambiente, alguns minutos depois, já estava me
aproximando das portas duplas que davam acesso ao hall.
De repente, todos os órgãos dentro da minha caixa torácica
começaram a funcionar num ritmo alucinante. Minha mandíbula
tremeu e por alguns segundos, meus olhos arderam como se
estivesse em brasas e, quando o desconforto passou ao entrar no
salão, meus olhos repousam sobre a mulher de beleza exuberante.
Capítulo 07

ETHAN BORISLAV
U m desconforto enorme pairou sobre mim, algo estava me
queimando por dentro, fazendo todos os meus demônios
despertarem. Dei alguns passos e me detive ao me aproximar da
desconhecida, que além de ter um belo rosto, tinha um corpo cheio
de belas curvas. Meu olhar ficou fixo na bela imagem a minha frente
e meus pensamentos se misturaram até se tornaram um só, o
tempo pareceu que havia parado ao meu redor e um silêncio
constrangedor tomou conta do espaço, até que a temperatura do
meu corpo voltou ao normal e o som da voz de Luccas ressoou no
ambiente.
— Ethan! Scarlett chegou.
Saí do transe que estava e meus olhos caíram sobre a mulher que
surgiu no meu campo de visão.
— Desculpe a demora, mas estava num engarrafamento
interminável.
— Quero que todas vocês conheçam Scarlett, ela é a médica
responsável por acompanhar a saúde de cada uma de vocês. Todas
irão passar por uma bateria de exames e os chips serão trocados.
Essa semana vocês ficarão em observação sem nenhuma atividade
sexual, desta forma, ela irá observar se alguém tiver algum efeito
adverso ao implante contraceptivo. Como todas já passaram pelo
treinamento na filial de Manhattan, já podem ir diretamente para os
quartos.
No instante seguinte, todas foram conduzidas para fora do salão por
alguns soldados, em direção aos cômodos destinados às prostitutas
que vivem nesse lugar. Olhei para William que estava ao lado do
primo Luccas e então disse;
— Luccas te passará tudo que deve ser feito até o nosso retorno.
Você será o único responsável não só pelo The Brothel Empire,
como caíra sobre você à culpa se algo vier a aconteceu na nossa
ausência.
— Darei sempre o meu melhor, chefe.
— Disso eu não tenho dúvida, caso contrário, não estaria num posto
tão elevado.
— Quanto a você Scarllet, venha comigo.
Ao lado da mulher caminho em direção ao meu escritório. O meu pai
acabou pensando em tudo durante a minha infância, Scarlett foi
preparada pela mãe para assumir o legado de Lauren, que se
mostrou sempre fiel a máfia Sérvia, assim como William, que além
de ser sobrinho de Boris, foi treinado pelo próprio pai para se tornar
o chefe de segurança do soberano da máfia, no caso eu. Todo
pessoal liderado pelo pai dele durante o confronto entre Dusan e os
membros traiçoeiros do conselho, se mostraram os mais dignos de
continuarem a fazer parte da nossa organização, pois, colocaram
acima de tudo, o juramente de honra e fidelidade ao chefe.
Assim que cheguei dentro do meu escritório, meu olhar ficou
cravado no rosto da mulher a minha frente e no momento seguinte,
contei a ela tudo que deveria fazer...
— Você já sabe que deve manter sigilo sobre isso.
— Nem precisava dizer e farei exatamente como você ordenou.
Horas depois...
Já estávamos dentro do carro que nos levaria até a pista de pouso,
quando o veículo entrou em movimento, o som da voz de Luccas
ressoou a minha volta.
— Eu jamais tinha visto você ficar tão interessado por uma das
mulheres do bordel. No entanto, ficou nítido seu interesse pela tal
Amber.
— Ela é bonita e assim como todas as outras, estará à minha
disposição.
— Não é segredo que ao longo dos anos você fez uma verdadeira
coleção entre as centenas de mulheres que passaram pelo lugar,
porém, com seu casamento, achei que isso iria ficar no passado.
Dei uma gargalhada que chamou atenção até do homem que estava
com as mãos no volante. Desde os meus 15 anos, quando tive
minha primeira experiência sexual, e, foi justamente com uma das
novatas que tinha 16 anos e ao contrário de muitas outras que
chegaram ao bordel através de pagamento de dívidas, essa veio por
livre espontânea vontade, já que sempre viveu na miséria. A garota
era virgem, entretanto, assim como no dia que matei aqueles dois
infelizes, senti algo se quebrando novamente dentro de mim.
Meu corpo foi envolvido por um calor escaldante, meus demônios
internos gritavam como se tivessem em êxtase ao se deliciarem do
medo e a dor que ela estava sentindo. Sempre tive um pênis bem
avantajado para um garoto naquela idade, porém, o meu pai sempre
dizia que de nada adiantaria se não soubesse usá-lo ao meu favor e
até então, não entendia direito o significado das suas palavras, até
aquele dia, ao ver o quanto estava causando sofrimento a garota,
rasgando-a por dentro e quanto mais ela gritava, mais o monstro
que habita dentro de mim vibrava fortemente.
Depois disso, acabei por ter todas as mulheres daquele lugar. Não
sou piedoso com elas, as fodo com brutalidade e sinto um prazer
indescritível ao vê-las contorcendo-se de dor.
Luccas e suas perguntas, mas, o que esperar de um virgem e vai
continuar sendo até se casar com Ayla, pois, se tiver a audácia de
colocar sua minhoca para brincar com alguém, é bem capaz de tê-la
cortada por mim. Deixo os pensamentos de lado e com o olhar
cravado, vocifero em tom rude.
— Eu aceitei me casar com aquela que foi escolhida pelo meu pai,
pois, acima de tudo vêm os interesses da nossa organização. Mas,
não pretendo viver em castidade no matrimônio e muito menos ser
exclusivo de alguém tendo afetividade sexual para uma única
pessoa.
O silêncio reinou dentro do automóvel e só foi quebrado quando
entramos dentro do avião.
— Amanhã terá um jantar que seus pais organizaram.
— Não me informaram de nada.
— Ayla acabou de me mandar uma mensagem avisando.
Isso só deve ser coisa da minha mãe e não estava em meus planos
ter que encontrar Cecília antes do casamento, porém, veremos
como ficou a aparência da fedelha mimada e se contínua tão
atrevida como antes. Para o bem dela, espero que tenha sido
ensinada de qual deve ser o papel de uma esposa de alguém como
eu, caso contrário, ela que só viu a minha parte boa, e vai conhecer
o meu lado ruim, pois, estando sobre os meus domínios, irá
aprender a quem ela pertence.
Belgrado / Capital da Sérvia
No dia seguinte...
CECÍLIA DEMISOVSKI
— Filha! O que aconteceu?
Minha mãe perguntou assim que entrou no meu quarto. Sua
expressão era de pura preocupação, respiro profundamente e assim
que me sinto mais aliviada, respondo.
— Foi só uma tontura, hoje fez sete dias que iniciei o uso do
remédio e o meu corpo já está se adaptando ao medicamento.
— Seu pai e muito menos Dusan Borislav, podem imaginar que você
está fazendo uso de anticoncepcional. Todos esperam que logo
venham os herdeiros.
— O sonho de toda mulher é ser mãe, mas antes disso acontecer,
eu preciso estar preparada. Um filho no início do casamento seria
mais um ponto para aquele metido ter domínio sobre mim.
— Você sabe o quanto essa união é importante para todos,
entretanto, acima de tudo está a sua felicidade e ainda dá tempo de
parar com tudo isso. Não importam as consequências, eu estarei do
seu lado.
Seguro firme em suas mãos e novamente volto a falar.
— Um acordo foi feito e jamais iria contra a palavra do meu pai.
Acima da minha vontade, está minha fidelidade com a nossa
organização e o meu amor por Enzzo Demisovski.
— Você foi a melhor escolha e será muito mais que um rosto bonito
ao lado do soberano da máfia. Agora vamos que todos já estão
esperando e, a sua irmã não fala em outra coisa além desse jantar.
Levanto-me e juntas deixamos o cômodo. Assim que passei pelo
corredor, um calafrio percorreu a minha espinha e uma sensação de
desconforto pairou sobre mim. Era como se algo estivesse por vir,
uma certeza, um presságio diante de toda a empolgação de Ana,
que era por reencontrar novamente o garoto que agora já era um
homem, assim como nós duas já não éramos mais as fedelhas que
ele conheceu.
Capítulo 08

Belgrado – Sérvia
CECÍLIA DEMISOVSKI

A ssim que chegamos ao topo da escada, olhei para Ana que


estava tão arrumada, como se o casamento fosse acontecer
hoje. Saio dos meus devaneios quando escuto o som da sua voz.
— Até que fim vocês apareceram — sua expressão era de pura
irritação.
Dei mais alguns passos e depois de me livrar do último degrau, o
som da minha voz ecoou no espaço.
— Ana, quem deveria estar aqui empolgada era eu, o que não é
bem o caso, não sei o motivo de tanta pressa se o jantar foi feito
para os noivos .
— Mas o convite veio para toda família — disse como se sua
preocupação não fosse só para ver logo Ethan.
Ela fingiu demência, o que já estava me irritando e quando estava
prestes a me manifestar novamente, o som da voz dela se fez
presente.
— Vamos pai, não é educado deixar as pessoas esperando.
Ela saiu puxando o nosso pai em direção à porta. E minha mãe,
assim como o tio Hulk e minha avó fizeram o mesmo. Em passos
largos, comecei a andar e só parei ao chegar perto do carro que
estavam os meus pais e a minha irmã. Depois que o mesmo entrou
em movimento, enquanto todos estavam entretidos, onde meu pai
estava falando sobre a nomeação que Ethan receberá assim que
acontecer o nosso casamento e Ana por sua vez não parava de
elogiá-lo, vários pensamentos se fizeram presentes em minha
mente. Desviei meu olhar em direção ao vidro da janela, procurando
organizar os meus pensamentos.
Eu tinha a sensação que todos colocaram uma venda nos olhos
para não enxergar que ela cresceu e que agora suas palavras eram
proferidas por uma mulher e não uma fedelha. Passei toda infância
tendo que vê-la querendo competir em tudo e por amor sempre fui a
única a ceder e só espero não ter que entrar em uma competição
com a minha própria irmã.
Eu cresci lendo sobre a história das mulheres no mundo da máfia,
fiquei horrorizada perante tantos de maus tratos e sofrimento, algo
que a minha avó passou por muitos anos nas mãos daquele que só
trouxe desgraça e destruição na vida dos meus pais. Ao longo dos
anos, as mulheres sempre foram vistas como alguém que devia ter
fidelidade ao marido, cuidar da casa e dos filhos. Os homens
podiam tudo, e até hoje, muitos vivem cercados de várias amantes e
tratam as esposas como sua propriedade.
Eu fui preparada para ser a esposa de Ethan Borislav e respeitar o
meu marido, mas não para ser um objeto que ele pode usar, pisar,
quebrar e reconstruir para quebrar novamente. E muito menos para
ter um marido que seja infiel, pois, assim como eu, ele teve um bom
exemplo no casamento dos pais dele e embora entre nós dois
nunca haja amor. Assim como um objeto que quebrou e então foi
colado, a confiança refeita nunca volta a ter a sua estrutura inicial e
jamais irei perdoar uma traição.
— Filha! — meus pensamentos se perdem quando ouço a voz da
minha mãe. — Chegamos princesa.
Fiquei tão distraída que acabei perdendo a noção do tempo
transcorrido. Ana por sua vez, foi a primeira a descer do veículo,
estava tão afoita que se pudesse entrava sozinha dentro da casa.
Com todos já fora dos dois carros, seguimos até a entrada principal
e assim que as portas foram abertas, eu fiquei atordoada com o
tamanho do imóvel. A mansão era imensa, com móveis luxuosos,
dos lustres de cristal, ao mármore do chão e os tapetes.
— Sejam bem-vindos.
O som da voz da minha sogra, que ficou ainda mais linda com o
passar dos anos, reverberou no espaço. Instantes depois, todos
começamos a nos cumprimentar, dei um abraço bem apertado em
Ayla e Clara e apesar de tê-las visto poucas vezes, tinha um carinho
imenso pelas duas. Luana e Emilly estavam enormes, já que a
última vez que nos encontramos elas só tinham seis anos.
Fiquei conversando com Clara, Ayla e Luccas, enquanto os demais
foram para sala de estar. Não demorou muito para Ana aparecer e o
som da sua voz ecoar a nossa volta.
— Cadê o irmão de vocês? — falou olhando para todos os lados a
procura dele.
— Achei que Cecília era quem ia fazer essa pergunta— disse Ayla e
nesta hora queria ser descendente de um avestruz, só para poder
enfiar minha cabeça dentro de um buraco. A calmaria predominou
por alguns segundos e foi interrompido por Luccas.
— Creio que ele já esteja vindo.
Assim que ele terminou de proferir suas palavras, o barulho de
passos descendo pelos degraus da escada ganhou atenção de
todos. Eu estava de costas, mas, pelo sorriso largo e estampado no
rosto da minha irmã, eu sabia que era ele e quando suas passadas
se tornaram mais próximas. Virei-me e meus olhos ficaram cravados
no homem a minha frente, no mesmo instante que ele parou de se
mover e suas orbitas azuis me encaravam intensamente.
De repente, meus batimentos cardíacos dispararam terrivelmente,
como se meu coração fosse saltar para fora do meu peito. Minha
garganta fechou-se como se tivesse um nó gigantesco que me
impedia de respirar. Ethan tinha uma expressão totalmente
indecifrável, seus olhos insondáveis, não piscavam e continuavam a
me observar e eu podia sentir a vibração magnética que vinha dele,
fazendo todo o meu corpo estremecer.
O demônio tinha um belo rosto e havia se transformado em um
homem de beleza estonteante que poderia atrair várias mulheres a
sua volta. Saí dos meus devaneios quando ninguém mais e
ninguém menos que Ana, quebrou o silêncio que pairou ao nosso
redor.
— Ethan, estava justamente procurando por você — disse ela num
tom de voz irresistivelmente meloso, como se estivesse sussurrando
versos de amor. Ele, que até então estava em silêncio, proferiu
algumas palavras.
— Pelo tanto de maquiagem em seu rosto e as roupas chamativas,
suponho que seja a Ana.
— Sim, sou eu mesma — acredito-me, que ela não estava no seu
juízo normal, pois, achou que aquilo fosse um elogio, no entanto,
meu coração deu um salto no peito quando ele deu dois passos se
aproximando de mim. Minha respiração parou por um instante, mas
quando ele voltou a falar, a raiva me dominou, pois o seu tom de voz
era irônico.
— Os anos caíram bem a você, já que a pirralha se tornou uma bela
mulher.
Eu sabia que devia me controlar, mas senti o sangue pulsar
violentamente em minhas veias e o nó que antes estava preso se
desfez e não consegui controlar as palavras que saíram pelos meus
lábios.
— E você, apesar da bela aparência, acabou se tornando um
velhote comparado com a bela mulher que a pirralha se
transformou.
Ele me olhava com olhos mortais, sua face ficou completamente
transformada e bastou um passo, para ele ficar a centímetros de
distância de mim. Não consegui desviar meus olhos dos dele, o
magnetismo que saia de lá me prendiam, como se ele tivesse
lançado um feitiço. O cheiro do seu perfume amadeirado e cítrico
me invadiu, ele estava tão próximo, que eu podia sentir sua
respiração quente em meu rosto.
— Te mostrarei amanhã o que o velhote aqui pode fazer — disse
com voz baixa e controlada, fazendo-me por pouco não perder o
equilíbrio das minhas pernas, que de repente ficaram fracas e
pesadas.
— Vejo que estão se dando muito bem.
Desvio o olhar para o dono daquela voz, que tinha um esboço de
um sorriso no rosto. Meu sogro se aproximou do filho e colocou uma
das mãos em cima do ombro dele e então disse:
— Além de ser muito inteligente, você terá uma esposa tão linda
quanto um anjo.
Ethan, calado estava, calado ficou, mas, pelo olhar lançado em
minha direção, eu sabia que ele estava possuído de raiva.
— O jantar ainda vai demorar a ser servido, podemos ir para sala de
jogos — disse Clara, exibindo um sorriso contagiante. Nós seis
caminhamos em direção ao corredor e depois de quase um minuto,
chegamos ao ambiente que ela havia dito. Um cômodo bem
luxuoso, que foi mobiliado com elementos decorativos como cartas
de baralho, tinha uma mesa de sinuca, uma televisão enorme fixada
na parede, uma mesa redonda com cadeiras e uma maquina de
pinball.
— Vamos jogar em dupla — murmurou Ayla.
— Eu vou fazer par com o Ethan — Ana disse, se aproximando dele
e se antes eu já estava morta de vergonha por ela ser tão
inconveniente, ao ouvir a resposta do homem a minha frente, eu
fiquei completamente sem reação.
— Sendo você e Clara as únicas que estão sobrando, que façam
uma dupla às duas.
Ela parou de se mover no mesmo instante e o seu sorriso morreu.
Enquanto os demais estavam colocado as bolas em cima da mesa,
olhei para minha irmã e ela respirou ofegante, e a expressão que
tomou seu rosto, eu conhecia muito bem, era uma fúria contida e
seus olhos estavam cravados em minha direção. Desta vez a
conversa entre nós duas será na frente dos nossos pais, pois, não
terei como rival a minha própria irmã.
Capítulo 09

ETHAN BORISLAV

D eixei o meu quarto e quando cheguei ao corredor, já dava para


ouvir o som das vozes vindo do andar de baixo. No instante
que comecei a descer a escada, o primeiro rosto que vi era de uma
beleza estonteante, o que fez algo vibrar dentro de mim, porém,
pelos trajes e toda maquiagem em sua face, eu sabia que só podia
ser a pirralha que mais parecia um chiclete de tão grudenta, o que
não mudou muito depois de tantos anos.
Uma sensação semelhante a que senti anos atrás, no entanto, muito
mais poderosa percorreu cada fibra do meu corpo, como um fogo
líquido me incendiando por dentro me dominou quando direcionei
meus olhos para o corpo da mulher que estava de costas para mim.
Fiquei totalmente imóvel no momento que ela se virou e os meus
órgãos internos dispararam, funcionando a todo vapor, meu corpo
estava tão quente, parecendo uma fornalha, fazendo todos os meus
demônios se manifestarem de um jeito que eu nunca tinha sentido
antes. Pareciam estar em festa ao se deparar com a imagem de um
anjo em forma humana, um anjo capaz de deixá-los descontrolados
e ao mesmo tempo, acalmá-los. Entretanto, ela continua ainda mais
atrevida e ao ouvir suas palavras e ver em suas órbitas esverdeadas
aquele brilho intenso e desafiador, o calor em volta da minha pele se
intensificou. Algo dentro de mim era semelhante a um vulcão em
erupção, senti um desejo enorme em apagar aquela luz refletida em
seus olhos. Contudo, quanto mais ela se mostra insolente, só fazia
aumentar a minha vontade em domá-la. Os meus pensamentos
foram quebrados pelo barulho da voz de Clara.
— Primeiro será eu e Ana contra Ayla e Luccas.
Os quatros começam a jogar, enquanto Cecília sentou-se no
estofado. Dei alguns passos e ao me acomodar ao seu lado, o som
da minha voz se fez presente.
— Você já arrumou as suas malas?
— Algumas já estão prontas e trouxe de Durrês, porém, achei que
só íamos para New York daqui a três dias.
— Não! Vamos viajar amanhã logo após a cerimônia.
— Mas, eu quero ficar mais um tempo com a minha família — sua
voz soou com aspereza.
— Você já passou 19 anos ao lado deles e como minha esposa, irá
aonde eu determinar.
Sua expressão endureceu com uma ruga vertical na testa. Sua
respiração ficou pesada e assim que seus lábios se moveram, nem
dei tempo de ela dizer mais nada ou acabaria perdendo a minha
paciência.
— Ficaremos três dias em Florença, depois iremos para New York.
— Droga! — resmungou o clone assim que Luccas e Ayla ganharam
a partida.
— Irmão é a vez de vocês — falou Ayla.
Com algumas passadas, ficamos em frente à mesa e ao pegar os
tacos, notei que Cecília estava inquieta. Dei mais alguns passos e
praticamente colei o meu corpo ao dela, o seu cheiro alcançando
minhas narinas. Dos seus cabelos emanavam um perfume delicioso
e inebriante.
— Não me diga que você não sabe jogar? — falei próximo ao seu
ouvido, colocando as minhas mãos em sua cintura. Dava para sentir
o quanto o seu corpo ficou trêmulo.
— Claro que ela sabe e, é até melhor que todos vocês — a voz da
Barbie ressoou a nossa volta, fazendo com que sua irmã achasse o
momento propício para se esquivar do meu toque.
— Vamos começar — disse ela, com um tom de voz ofegante e as
maçãs do rosto vermelhas igual tomate.
Nos instantes seguintes, fiquei impressionado com o ponto de mira
dela, pois, a cada tacada, a bola em alvo era encaçapada. Pelo
visto, além de inteligente e atrevida, a minha futura esposa tem
algumas habilidades que certamente acredita que pode passar
despercebida por mim. Vamos ver o quanto ela pode suportar, caso
contrário, jamais teria sido escolhida pelo meu pai.
Horas depois...
CECÍLIA DEMISOVSKI
A raiva me dominou quando ele disse que íamos viajar logo após o
casamento, porém, não sei o que aconteceu com o meu corpo que
ficou em chamas assim que senti o seu toque. Minhas pernas
ficaram bambas novamente e era incrível o efeito devastador que
ele causava em mim.
Disposta a não pensar nisso naquele momento, deixei os
pensamentos de lado e nos minutos seguintes, me diverti bastante
no jogo, já que foi uma das primeiras provas impostas pelo meu pai
durante o meu treinamento, pois, dessa forma podia treinar a minha
mira. Já o ogro, era capaz de encaçapar todas as bolas de olhos
fechados.
O restante da noite foi quase perfeita, a não ser pela minha irmã,
que fazia questão de ficar perto de Ethan e sempre levava um coice
da forma mais grosseira possível. Depois que saímos da mansão
Borislav, o tio Hulk e a minha avó resolveram dar uma volta pela
cidade, enquanto nós viemos direto para casa, afinal amanhã seria
o grande dia esperado por todos.
Deixo as lembranças de lado quando o carro para e Ana foi a
primeira a sair do veículo, rapidamente fiz o mesmo e enquanto os
meus pais ainda ficaram na garagem, nós duas já estávamos
alçando a porta principal. Assim que entramos na casa e ela
caminhou em direção a escada, o som da minha voz ressoou entre
os quatro cantos do ambiente.
— Preciso falar contigo!
— Eu estou cansada e com sono.
— O seu sono vai ter que esperar, pois, precisamos ter uma
conversa em família e o assunto não pode ser adiado.
— Eu vou para o meu quarto — falou e já estava no primeiro
degrau, avancei em sua direção e antes que ela colocasse os pés
no segundo, segurei firme um dos seus braços.
— Solte-me sua troglodita — disse tentando puxar o braço como se
tivesse mais força do que eu.
— Você só vai sair daqui quando colocarmos as coisas no seu
devido lugar.
— Filha, o que está acontecendo? — minha mãe disse assim que
passou pela porta.
— Já que Ana está com pressa, então vamos logo direto ao ponto.
Ao longo dos anos vocês vêm se fazendo de cegos, simplesmente
porque acostumaram a minada da minha irmã a ter tudo que deseja.
Mas tudo já está passando dos limites e depois de todos os
ensinamentos que nos passaram, é vergonhoso que a minha própria
irmã esteja se oferecendo para o homem que me foi prometido.
— Você deve está com ciúmes, porque sabe que sou tão bonita
quanto você. Quem sabe ele não queira fazer uma troc..
— Ana, cale a boca agora!
Vociferou o meu pai em um tom grosseiro, como nunca tinha falado
com nenhuma de nós duas antes. Ele deu algumas passadas e
suas órbitas azuis estavam faiscando, estava totalmente
irreconhecível. Era como se seu lado mais obscuro tivesse
assumido o controle do seu corpo. Soltei de imediato o braço dela,
pois, ela tremia feito, vara verde e seu coração batia tão forte, que
dava para ouvir o barulho.
— Sua irmã diz que colocamos uma venda para não ver o que
estava acontecendo diante dos nossos próprios olhos. Sempre fiz
vista grossa por achar que você agia dessa forma por acreditar que
Cecília, fosse mais favorecida por ser a mais velha, por ter sido
escolhida para um casamento que nem foi à vontade dela.
— O senhor sempre gostou mais dela — Ana disse num tom alto.
— Muito pelo contrário, sempre fizemos todas as suas vontades,
mas, você desde criança sempre foi a mais distante, sempre
recebendo mais e dando menos afeto.
Meu pai fez uma pausa e quando olhei para Ana, seu rosto estava
banhado em lágrimas, porém, meu olhar se voltou para o nosso pai
quando ele voltou a falar.
— Hoje foi a gota d'água e você já passou de todos os limites. Se
dentro do seu coração existir algo que herdou de ruim daquele
infeliz, eu farei de tudo para exterminar.
— Eu não sou malvada e não tenho nada daquele facínora — disse
aos prantos, no entanto, seus olhos ficaram arregalados. O medo
tomou conta dela e lágrimas grossas desceram em abundância pelo
seu rosto diante das últimas palavras ditas pelo nosso pai.
— Assim espero e já te aviso. Esqueça essa obsessão por algo que
não te pertence ou assim que chegarmos a Durrês, eu te mandarei
para um convento na Coréia, pois, é muito melhor que ter uma filha
mau-caráter e ambiciosa.
Capítulo 10

CECÍLIA DEMISOVSKI

A cordo no meio da noite, sobressaltada, molhada de suor. Tento


respirar fundo e meu coração parece que vai explodir, sinto um
aperto no peito.
— Ana!
Num pulo levantei-me da cama e saí correndo em direção à porta,
depois de passar por ela, só me detive quando cheguei frente ao
quarto da minha irmã. Minha respiração estava ofegante, sendo
cortada pelo incômodo forte em meu peito e assim que abri a porta,
meus olhos ficaram fixos na imagem dela esperneando-se sobre a
cama.
— Não! Não! Eu não sou igual a você. Se afaste de mim.
Com passadas largas, eu me aproximei do seu leito. Ana estava
toda suada e com lágrimas descendo pela sua face, porém, seus
olhos estavam fechados me dando a confirmação de que ela estava
em meio a um pesadelo. Sentei-me na cama e segurei uma de suas
mãos, em seguida o som da minha voz repercutiu entre as paredes
do cômodo.
— Acorda Ana, acorda!
Sua expressão era de desespero e continuou a se debater e quando
voltei a chamá-la. Um grito de medo ressoou no ambiente a fazendo
se sentar na cama.
— Nãooooooo...
O choro dela, que surgiu logo em seguida, é profundo. Seu corpo
todo estava trêmulo e diante da sua dor, a minha única reação foi
abraçá-la fortemente. Segundos e minutos se passaram, quando
seu pranto cessou, ela se afastou um pouco e olhando fixamente
para mim disse.
— Você pode dormir comigo?
— Eu jamais iria deixar você sozinha.
Ana se deitou e fiz o mesmo. Ficamos as duas, uma de frente para
outra, nos encarando, o que me fez lembrar-me da garotinha que
após aquela noite terrível em New York, onde Ethan salvou as
nossas vidas, passou sempre a ter pesadelos e acordava aos
prantos pedindo para dormir comigo. Meus pensamentos foram
interrompidos pela voz dela.
— Você também acha que puxei para aquele homem?
— Claro que não. Você é a minha irmã e dentro do seu coração
existe muita luz, só precisa entender que as pessoas não são os
brinquedos que você tinha quando criança, que podia brincar,
quebrar e depois descartar porque sempre teria outro para fazer a
mesma coisa.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos e de alguma forma, eu
era tão culpada quanto os meus pais, pois, sempre fiz as vontades
de Ana, mesmo sabendo que ela estava errada. Novamente a
calmaria foi interrompida por ela.
— Eu tenho muito medo de me transforma em um monstro — disse
e as lágrimas voltaram a inundar o seu rosto. Passei uma de minhas
mãos em seu rosto, limpando as lágrimas que desciam pela sua
face avermelhada.
— Isso jamais vai acontecer, tanto os nossos pais, quanto eu,
faríamos o impossível para que a escuridão nunca tome conta do
seu coração. Se fosse desleal, eu restauraria a sua fé. Se perdesse
a fé, eu a converteria de novo.
— Obrigada.
— Você tem uma família que te ama incondicionalmente e no
momento certo, a pessoa que está predestinada a você, irá surgir
em sua vida.
O silêncio tomou conta do ambiente, ela parecia perdida nos
próprios pensamentos, até que foi vencida pelo cansaço e logo em
seguida eu também me entreguei a um sono profundo.

No dia seguinte...
Eu estava dentro do box do banheiro, com os cabelos todo
ensaboado e as lembranças de horas atrás invadiram a minha
mente. Fui acordada por Ana, que já estava a todo vapor e há muito
tempo não a via sorrindo como hoje, tinha um brilho diferente nos
olhos. Mesmo com toda empolgação da minha irmã e de todos os
outros, acordei sentindo um desconforto no peito, muito mais
intenso do que da noite anterior. Contudo, tentei aproveitar ao
máximo todos os minutos na companhia daquele que amo, já que o
casamento seria só na parte da tarde. Além do café da manhã
delicioso, o almoço feito pela vovó Yolanda, que mesmo aos 80
anos está esbanjando saúde, foi um verdadeiro banquete, a comida
estava esplêndida, a sobremesa divina e o mais importante, ter
todos eles reunidos no momento que eu estava tomada por uma
sensação de desconforto, um sentimento de medo pelo que estava
por vir.
Entretanto, nem tudo foi só alegria, pois, uma hora depois do café
da manhã, a minha mãe recebeu uma visita totalmente
desconhecida por mim e para meu tormento, fui forçada a fazer
depilação. Acredito-me que até os soldados em volta da mansão
escutaram os meus gritos, e, eu preferia mil vezes passar pelas
provas impostas pelo meu pai, do que ter novamente a minhas
partes íntimas sendo massacradas por uma desconhecida que por
pouco não deu vontade de estrangular. De nada adiantou suas
palavras de conforto, dizendo que ela já estava bastante tempo
fazendo aquele trabalho, pois, quando a mulher começou a puxar a
cera, gritos e mais gritos ecoaram dentro do cômodo e já estava
prestes a me levantar, quando a minha mãe entrou no cômodo.
— Eu não vou mais fazer isso.
Tanto ela, como a mulher, começaram a sorri e só aí me dei conta
de que ainda não havia terminado o serviço. Contra minha vontade
deixei que ela concluísse e ruborizei, só de imaginar que assim
como ela, aquele homem também olharia as minhas partes íntimas.
Arrepiei-me da cabeça aos pés, aquela constatação me fez
estremecer e depois de vários pelos arrancados da forma mais
dolorosa possível, eu sobrevivi, porém, tinha a leve sensação de
estar toda ardida.
Afasto as lembranças e assim que desligo o chuveiro, saio de dentro
do box. Instantes depois, estava vestindo uma belíssima lingerie
branca, corselet com bojo em renda, um roupão por cima e com
uma toalha nos cabelos úmidos. Segui para dentro do quarto e
quando entrei no cômodo, o barulho provocado pelas batidas na
porta chamou a minha atenção.
— Filha! O pessoal já esta aqui.
— Pode entrar mãe.

Assim que a ordem foi dada, ela surgiu com mais três mulheres em
minha frente.
— Vou deixa você aos cuidados da equipe de Raquel.
A mulher havia sido indicada pela minha sogra, além de muito
bonita, ela também pertencia à máfia Sérvia. Fizeram-me sentar na
poltrona em frente ao espelho e assim foi longas horas da minha
tarde, enquanto a manicure fazia o trabalho dela, Raquel, em posse
da sua maleta de maquiagem, entrou em ação e em seguida foi a
vez dos meus cabelos serem cuidados.
Entre um puxa aqui e outro ali, que até me fizeram perder a noção
do tempo transcorrido, finalmente terminaram e quando ela pediu
que eu levantasse, meu olhar foi de encontro ao vestido que escolhi
e estava em cima da cama. Era branco, tomara que caia estilo
princesa e com detalhes delicados em volta da cintura, feito com
rendas italianas, nada chamativas ou extravagantes, era próprio
para um casamento no jardim durante a primavera.
Elas me ajudaram a colocar a peça e alguns minutos depois, assim
que colocou um pouco mais de spray nos meus cabelos, já estava
pronta.
— Você está belíssima — disse Raquel.
— Uma princesa — falou à manicure que se chamava Isabel.
— Obrigada.
Em seguida as três se despediram e assim que sumiram da minha
frente, virei-me para o espelho e meu coração disparou ao ver o
meu reflexo, mesmo não gostando da ideia de me casar, eu tinha
que reconhecer que estava muito bonita. O vestido havia encaixado
perfeitamente em meu corpo. Nos meus cabelos foi feito um coque
clássico e na lateral uma grinalda com pedras de diamantes.
Fiquei olhando a imagem lindíssima refletida nele e não acreditava
no que via.
— Você está perfeita — a voz chorosa da minha mãe me trouxe ao
presente.
— Obrigada mãe, estou nervosa — minhas mãos estavam frias e
ela as segurou firme.
— Vai dar tudo certo. Por mais sombrio que seja o coração do seu
futuro marido, ele não resistirá a você.
Não sei o porquê ela disse aquilo, como se eu fosse ter a sorte em
viver num casamento assim como o dela ou da minha sogra, que
apesar de tudo, o amor prevaleceu. Fomos interrompidas pelo meu
pai.
— Está na hora.
Os olhos azuis me analisaram e mesmo tentando disfarçar, aquele
homem enorme estava muito emocionado.
— Vamos! — disse minha mãe, quebrando o silêncio a nossa volta.
— Cadê Ana?
— Foi com sua avó e Hulk.
Nós três deixamos o cômodo e minutos depois, estávamos dentro
do veículo que corria veloz pela estrada rumo ao lugar onde
aconteceria não só uma, mas duas uniões. A unificação entre duas
organizações que fortaleceria o território da máfia albanesa e um
casamento que me deixava assustada pela perspectiva de como
será a minha vida ao lado dele. Antes, eu era só a sua prometida e
daqui a alguns minutos, me tornarei a sua esposa, a dama da máfia
e como tal, devo agir com cautela e sabedoria. Minhas incertezas
foram interrompidas com a chegada ao lugar destinado para selar a
união.
Minha mãe foi a primeira a sair do veículo e foi se juntar aos demais.
Quando chegou a minha vez, o meu pai me ajudou e logo em
seguida uma melodia ressoou no espaço. Respirei fundo, minhas
pernas do nada começaram a ficar bambas, ele vendo o que estava
acontecendo, apertou com força a minha mão e disse.
— Você está linda minha filha, uma verdadeira princesa. Quando
soube da sua existência e da sua irmã, senti uma emoção nunca
vivida até ali, e, hoje não é diferente — ele toca meu rosto e
continua. — Apesar de parecer frágil e delicada, nunca se esqueça
de que você pode ser uma mulher, mas, é muito mais forte do que
imagina. Sempre mantenha sua cabeça erguida e jamais deixe que
nenhum obstáculo lhe enfraqueça.
— Eu o amo pai. Obrigada!
— Também a amo minha princesa.
Confiante, assim que ele entrelaçou o seu braço no meu, em
perfeita sintoma, caminhamos em direção ao corredor e quando ele
parou, fiquei olhando para tudo a minha volta. O jardim estava
impecavelmente bem decorado, as flores brancas predominavam e
deixava tudo em perfeita harmonia. A cada passo dado, encontrava
rostos familiares e também desconhecidos e novamente minhas
pernas ficaram pesadas quando os meus olhos focaram na figura
dele, elegantíssimo em um belo terno azul-marinho, impecável, o
traje caia perfeitamente em seu físico.
Quando nossos olhares se cruzaram, o homem mantinha uma
expressão fechada e não dava para saber o que passava em sua
mente tenebrosa. Lembrei-me das palavras do meu pai e com
passos firmes cheguei até o altar.
Quando paramos em sua frente, o meu pai beijou as minhas mãos e
me entregou a Ethan. A cerimônia iniciou com o padre fazendo um
pequeno sermão, depois que nós dois falamos sim e em seguida foi
feita a troca de alianças, ele nos declarou marido e mulher. Então o
homem vestido de branco a nossa frente disse:
— Pode beijar a noiva.
Fiquei petrificada e engoli em seco com as palavras ditas, mas logo
saí do transe que estava, quando Ethan segurou firme em minha
cintura e me puxou para mais junto de si. Meus olhos ficaram tão
arregalados que pareciam que iam saltar a qualquer momento do
meu rosto. Aproximou a sua boca da minha, meu coração disparou
assim que seus lábios tocaram os meus e ele aprofundou o contato.
Meu corpo ficou tão leve, que parecia que tinha sido transportada
para outra dimensão e quando os aplausos se fizeram presentes,
ele interrompeu o ato.
Desvinculei-me de suas mãos assim que os convidados vieram nos
cumprimentar. Estava ao lado da minha mãe e de Ana, quando o
meu pai chegou ao lado de um desconhecido e só então ele
apresentou o homem que se chamava Gael, este manteve seu olhar
direcionado para minha irmã, que parecia desconfortável perante a
situação.
O resto da festa fluiu animada, após o brinde que fizeram desejando
vida longa ao novo chefe supremo da máfia, comecei a dançar ao
lado de Ana, Clara e Ayla. Por fim, nos últimos minutos, já estava
com lágrimas nos olhos ao saber que estava chegando a hora de
sair da festa e ir trocar de roupa.
— Vamos! — Ethan fala próximo ao meu ouvido e antes de se
afastar, sussurra. — Agora você é só minha — suas palavras de
posse fizeram um calafrio atravessar a minha espinha.

Enquanto isso...
— Yan! — atendo a ligação.
— Acabei de enviar o pessoal para Itália, como combinado.
— Dessa vez, Sanada, espero que os infelizes façam o trabalho
direito — digo por entre os dentes.
— Um raio não cai duas vezes sobre a mesma pessoa e com as
informações que tivemos, teremos tempo suficiente para encurralar
e exterminar os dois.
— Agora mais do que nunca, eles precisam ser enviados ao inferno
e depois disso, será mais fácil acabar com Dusan e Enzzo. Veremos
o quanto ficarão devastados com o que está por vir.
Encerro a ligação sentindo o gostinho da vitória.
Capítulo 11

ETHAN BORISLAV

E ntre o mundo de luz e trevas, eu preferir deixar que a escuridão


fosse predominante em minha vida. Luna, a iluminada, minha
mãe fez de tudo para não deixar que elas tomassem conta do meu
coração por inteiro, mas isso não era uma escolha dela. Não foi o
treinamento sombrio que recebi pelo meu pai que fez com que eu
me tornasse quem sou, pois desde criança eu sentia uma força
inexplicável dentro de mim. Era como se tivesse duas pessoas
dividindo o mesmo corpo.
Ao contrário do que aconteceu com Dusan, eu não fui moldado para
me transformar num monstro. Não fui forçado a me transformar
naquilo que não queria, foi da minha vontade me entregar de corpo
e alma a esse mundo, onde apenas os fortes sobrevivem e os
fracos são estraçalhados sem nenhuma piedade.
Isso tudo me deixar alucinado. Ceifar a vida dos malditos que
cruzam o meu caminho me proporciona uma sensação que sempre
deixam os meus demônios em êxtase. No entanto, um ser tão
pequeno, com olhos que mais parecem duas esmeraldas
gigantescas, se tornou a razão deles estarem em um confronto
terrível, como se cada reação dela pudesse acalmá-los, como
também agitá-los.
No instante que ela surgiu ao lado do pai, meu coração começou a
bater em um ritmo alucinante, um calor escaldante apoderou-se do
meu corpo inteiro. Quando cumprimentei meu sogro e toquei em seu
braço, um tremor involuntário me percorreu de alto, a baixo, me
deixando em alerta, mas assim que meus lábios tocaram os seus,
era como se toda agitação que estava sentido antes se dissipasse e
uma sensação que eu nunca tinha sentido, tomou conta de mim da
cabeça aos pés.
Deixamos a casa dos meus pais em direção à pista de pouso. Ela,
durante todo o percurso estava perdida em seus próprios
pensamentos, porém, agora já não será mais vista como a
princesinha da máfia Albanesa e sim como a minha mulher. Cecília
agora é minha e nada e nem ninguém colocará as mãos no que me
pertence.

CECÍLIA DEMISOVSKI
Quando chegou a hora de deixar a mansão, quase não tive tempo
direito de me despedir da minha família. Cresci sabendo que esse
momento chegaria, mas foi difícil conter as lágrimas e fiquei com um
aperto no peito ao pensar que tão cedo não voltaria a vê-los.
Entrei no veículo e suspirei fundo, meu olhar foi de encontro ao anel
de casamento ornando meu dedo e vários pensamentos se fizeram
presentes. Fiquei tão distraída, que quando voltei ao meu estado de
lucidez, o carro parou e a porta foi destravada. Seguimos em
direção a escadaria que conduzia para dentro do jatinho, tudo era
incrivelmente luxuoso. Acomodei-me em uma das poltronas e
coloquei o cinto, Ethan por sua vez, sentou-se ao meu lado e tal
proximidade deixava todos os meus sentidos em total alerta devido
às ondas de energia poderosa que vinham dele.
Minutos depois, o avião começou a taxiar pela pista e quando enfim
decolamos, meus olhos pesaram e preferi me entregar ao sono a
ficar na companhia do homem que me deixava atordoada.
Horas depois...
— Cecília! Acorda!
Acordo, sobressaltada, diante daquela ordem, ainda desorientada,
fico com os olhos fechados por alguns segundos e quando os abro
me deparo com a figura alta, com ar imponente, me olhando
fixamente.
— Chegamos — diz ele, que já estava de pé e assim que me livro
do cinto, caminhamos em direção à porta. Assim que saímos da
aeronave, vejo que há três carros nos aguardando, em seguida
entramos em um dos veículos rumo ao lugar desconhecido por mim.
Minutos se passam e durante o percurso só dava para ver as várias
luzes da cidade, no entanto, assim que o carro para, ao sair do
mesmo, fico encantada com a imagem que surge em minha frente.
A fachada anuncia o nome do hotel estampado entre duas estrelas.
Era enorme, todo iluminado, Ethan pega em minha mão e me
conduz em direção as belas portas de vidro do lugar e quando
entramos, deparo-me com um lobby magnífico, fico encantada com
tudo a minha volta, para onde se olhar, é extremamente luxuoso,
mas, sem exageros e conforme andamos, algumas pessoas que
estavam no salão desviam o olhar em nossa direção.
Em vez de ir até a recepção, seguimos direto para o elevador e
quando a porta do mesmo se fechou, resolvi quebrar o silêncio.
— Achei que iríamos até a recepção?
— Não é preciso, já que o hotel nos pertence.
Fiquei surpresa, pois não sabia que ele era dono do lugar, já que
todas as empresas da família Borislav têm a logo DB. O elevador
parou indicando que havíamos chegado e instantes depois,
estávamos parado em frente a porta que sem delongas foi aberta
por ele, revelando uma suíte exuberante, que era maior do que
muitas casas. Meus olhos passeiam em volta do lugar que tinha
vários cômodos, dei alguns passos e fui até a varanda grande que
tinha uma vista incrível. Continuei explorando o lugar e havia uma
sala de jogos, com uma mesa de sinuca, depois de algumas
passadas fiquei petrificada olhando para cama king size com lençóis
de seda.
Meu corpo todo estremeceu quando um dos seus braços ficou em
torno da minha cintura, fazendo minha pele se arrepiar assim que a
sua mão livre alcançou o zíper do meu vestido e o desceu
lentamente, senti seu hálito quente assim que ele começou a beijar
o meu pescoço e os meus ombros, e, enquanto isso baixava as
alças do vestindo, fazendo-o deslizar até o chão. Fiquei só de
calcinha e quando o homem me virou para ficar de frente para ele,
minha respiração acelerou ao ver que ele já havia retirado a sua
camisa. Engoli em seco assim que meu olhar caiu sobre o seu
peitoral grande, braços musculosos e abdômen definido.
Com a respiração ofegante e o coração disparado, numa tentativa
desesperada de me esquivar dos seus toques. As palavras saíram
pelos meus lábios, fazendo suas feições mudarem rapidamente.
— Eu preciso tomar um banho — disse firme, porém, ele me olhou
intensamente e em seguida puxou meu corpo para junto do seu,
apertando com forca os meus quadris ao ponto de um gemido de
dor sair da minha boca e antes que eu viesse a ter qualquer reação,
Ethan aproximou a sua boca da minha e a tomou em um beijo que
veio junto com um furacão, abalando todas as minhas estruturas.
Eu não estava preparada para a avalanche de sensações
desconhecidas que estava sentindo.
Quando ele deixou a minha boca, o som da sua voz grave ressoou
dentro do cômodo.
— Você é minha e eu quero você agora.
Não gostei do seu tom de voz e aquilo fez uma revolta crescer
dentro de mim, porém, o homem aparecia que sempre estava um
passo a minha frente e antes que eu fizesse algo, o meu corpo foi
suspenso e ele seguiu me carregando até a cama. Ethan se afastou
e quase me engasguei com a minha própria saliva assim que ele
começou a se despir, a imagem a minha frente parecia surreal, me
deixando horrorizada ao ver aquele membro animalesco, com veias
saltadas por toda sua extensão, duro como uma rocha e grosso
como se tivesse a ponto de estourar.
Um turbilhão de pensamentos se fazia presente em minha cabeça.
Na minha imensa curiosidade, já havia visto um vídeo com Ana,
mas, nunca tinha imaginado que pudesse haver algo assim e entre
os diversos devaneios, me perguntava como tudo isso estava
escondido entre as suas calças. Meus pensamentos se perderam
quando o homem avançou em minha direção e os seus olhos agora
em vez de raiva, refletiam o mais puro e intenso desejo. Naquele
instante, eu senti um medo absurdo apodera-se de todo o meu ser e
antes que me levantasse, Ethan deitou-se sobre mim, beijando
minha boca e explorando meus seios com uma de suas mãos,
enquanto suas coxas me forçaram a abrir minhas pernas.
Cada centímetro do meu corpo estava envolvido pelo pânico. Ele,
vendo a minha reação, parou de me beija e disse:
— Você só precisa relaxar e deixar que o seu homem faça o resto
— sua voz está rouca e envia vibrações pelo meu corpo sem que eu
tenha nenhum controle.
Dito isso, sua boca deslizou pelo meu pescoço, chegando até os
meus seios, com a língua, ele foi contornando meus mamilos, para
logo depois continuar uma brilha de beijos, até que alcançou o meu
ventre. Ainda desnorteada, senti minha calcinha sendo arrancada do
meu corpo e ele colocou sua cabeça no meio das minhas pernas e
começou a passar a língua na minha intimidade, eu não conseguia
acreditar que ele estava fazendo aquilo e tudo ficou ainda mais
confuso quando arqueei meu quadril e comecei a senti um alvoroço
no meio das minhas pernas e um calor escaldante no interior da
minha vagina.
Arfo e num impulso, entreabri mais as pernas para senti-lo ainda
mais, ele por sua vez, continuou a passar a língua em meu clitóris
para depois pressioná-lo com os lábios, chupando e o deixando
ainda mais inchado, fazendo o meu corpo ficar cada vez mais
ardente. Fiquei totalmente perdida quando sua boca deixou o meu
sexo e o homem novamente colocou o seu corpo sobre o meu. As
orbitas azuis estavam faiscando de desejo, porém, meu corpo ficou
rígido quando ele aproximou a cabeça do seu membro da minha
entrada intocável, que agora estava totalmente a sua mercê. Senti
todo o meu corpo estremecer e novamente o medo pairou sobre
mim, em um impulso tentei fechar minhas pernas e seus olhos
buscaram os meus.
— Não faça desse momento algo doloroso para você.
Respirei profundamente, tentando controlar a minha respiração
quando ele começou a mover os quadris forçando sua invasão
naquela área e a cada movimento em torno da abertura estreita da
minha vagina, avançava um pouco mais. Um ruído alto saiu por
entre meus lábios e meu corpo começou a tremer com aquela
pressão contra o meu sexo úmido. Algumas lágrimas começaram a
descer pelo meu rosto e minha expressão era de medo e
desespero, e, quando ele intensificou o contato, me arqueei com um
grito quando a dor passou por mim, me fazendo cravar minhas
unhas profundamente em sua carne. A dor era insuportável e a cada
movimento dele, era como se tivesse me rasgando por dentro,
mesmo com todo cuidado.
Instantes depois, a dor foi se dissipando um pouco, mas, eu sentia a
cada estocada sua o seu membro me alargando por dentro e
tocando um ponto dentro de mim que causava um desconforto
intenso. De um vai vem lento, os seus golpes ganharam um ritmo
acelerado, meus gemidos eram abafados por sua boca que estava
esmagando a minha. E, quando achei que não poderia senti nada
além de dor, ele afastou a sua boca da minha e num movimento
preciso, me virou, me colocando de lado para logo em seguida
introduzir novamente o seu pênis para dentro de mim. Entretanto, os
seus dedos começaram a acariciar o meu ponto sensível e pareciam
está em perfeita sincronia com o ritmo das suas estocadas. Se
antes eu já estava quente, meu corpo ficou fervendo e minha
respiração nas alturas assim que ele acelerou ainda mais os
movimentos contra o ponto de nervos que estava me levando ao
limite do prazer.
A sensação era devastadora, senti seu pênis aumentar e pulsar de
forma violenta, e, minha pele começou a formigar. Ethan começou a
rugir como um animal, no mesmo instante que tremores violentos se
espalhavam por todo o meu corpo. Ele continuou me penetrando e
jorrando um líquido quente dentro de mim. Quando ele diminuiu o
ritmo dos seus movimentos, depois de alguns segundos, saiu de
dentro de mim. O homem em seguida me puxou para junto do seu
corpo e o único som que se ouvia era da nossa respiração e os
batimentos cardíacos acelerados. Minutos se passaram e meus
olhos já estavam pesados, mas assim que levantei a cabeça e seu
olhar ficou grudado no meu, o som da sua voz se fez presente.
— Essa noite só está começando.
— Eu quero dormir — respondi de imediato, o que fez um esboço de
um sorriso cínico surgir em sua face.
— Você terá todo tempo para dormir depois, agora fará as vontades
do seu marido.
Num impulso, me levantei e fiquei sentada na cama. Senti minha
intimidade latejar e segurei firme para não deixar que nenhum um
som saísse pela minha boca, com os olhos fixos no dele, as
palavras saíram rasgando pela minha garganta, contudo, as que
ouvi em seguida fez meu coração disparar.
— Você é o meu marido e não o meu dono. Não pode me forçar a
fazer nada, afinal de contas, eu só casei com você por causa do
acordo feito pelos nossos pais.
— Engano seu. Você se casou comigo porque esse era o seu
destino, independente de acordo ou não. Com um simples estalar
de dedos, o meu pai ou até eu, já teríamos acabado com todos da
máfia Albanesa, já que num confronto jamais seriam vitoriosos. No
entanto, tudo sempre se tratou de você. É por você, somente por
você que esse acordo foi feito e não importa de quem seja filha,
agora a sua vida está ligada a minha e quem ousar a interferir, só
terá um único destino, "a morte".
Capítulo 12

CECÍLIA BORISLAV

M inha cabeça dói e tudo é silêncio ao meu redor, só se ouve a


minha respiração pesada que se misturava às fortes batidas
do meu coração. Estou exausta e cada pequena parte do meu corpo
estava dolorida, eu não sei que horas são ou se aquele atroz está
no ambiente, pois acordei alguns minutos atrás e contínuo
paralisada em cima da cama e de olhos fechados. Pouco a pouco
as lembranças fragmentadas da noite anterior foram invadindo
minha mente e começam a me torturar.
Em meio ao medo, onde uma dor surreal me invadiu por completo.
A sensação que eu tinha, era que estava sendo rasgada ao meio e
mesmo com tanto cuidado, que ele estava tendo, eu não conseguia
acreditar como toda aquela monstruosidade se ajustou dentro de
mim. Aos poucos, o desconforto que eu estava sentido foi
diminuindo, fui me acostumando e muito maior que minha dor, era o
fogo incendiando as minhas veias, se espalhando por todo o meu
corpo, fazendo minha vagina pulsar e o calor escaldante dela
atravessar o membro dele, que começou a latejar violentamente
dentro de mim. Contudo, eu não esperava encontrar o prazer e
nunca pensei ser envolvida por um vendaval de sensações, pois, o
desejo ardente apoderou-se de todo o meu ser. Mas, toda minha
alegria se esvaiu e fiquei atônita ao ouvir suas palavras e naquele
momento, eu fui tomada por sensações e sentimentos ruins e só
conseguia sentir uma raiva colossal pelo homem que agora é o meu
marido.
Fui do medo ao prazer e quando novamente ele começou a tomar
posse do meu corpo, eu fui do deleite para dor e reagindo
puramente por instinto, lutava contra a dor que estava sentindo,
pois, ele ao ver que eu mais parecia uma estátua, os olhos azuis
foram envolvidos pela escuridão e a outra face do demônio que
habita em seu interior, despertou. Seus movimentos naquele
momento tornaram-se brutos, comparados com momentos
anteriores. Meu corpo todo sacudia, enquanto o monstro insaciável
me invadia com estocadas violentas, fortes contra a minha carne
sensível e, embora eu pudesse fazer daquele momento algo menos
doloroso, as palavras ditas por ele ficaram martelando em minha
cabeça e a raiva se tornou o meu pior inimigo, dominando cada fibra
do meu corpo, inflamando em minhas veias.
Minutos que pareciam horas se passaram e eu já havia perdido a
noção do tempo transcorrido. Meu corpo parecia que estava
anestesiado e eu só conseguia sentir algo quando ele alcançava o
êxtase e seu sêmen me invadia, fazendo a minha intimidade arder.
O homem devia ser uma fábrica de esperma, já que seus jatos
foram derramados ao longo da noite umas quatro vezes, e em
questão de minutos, o infeliz já estava recuperado e começava tudo
de novo. Teve momentos em que ele acariciava o meu corpo do
mesmo jeito que a primeira vez, que seus dedos habilidosos
envolviam os meus mamilos numa explosão que os deixavam
enrijecidos. Eu sentia meu corpo reagir, mas estava determinada a
me manter firme, pois, não ia esquecer o que ele havia falado e
pensar que eles poderiam ter exterminados todos aqueles que eu
sempre amei, só me deixava ainda mais enfurecida.
Quando o guloso que parecia esfomeado se deu por satisfeito, já
estava amanhecendo. Eu não conseguia me mexer, ele, ao se
levantar, me pegou em seus braços e caminhou em direção ao
banheiro, depois do banho e ter colocado um roupão de seda,
acabei sendo vencida pelo cansaço. As recordações se foram
quando resolvi abrir os meus olhos e encarar novamente a
realidade, mas logo se fecharam com o forte clarão do ambiente.
Tento abrir novamente os meus olhos e dessa vez consigo, embora
com a visão ainda embaçada, mas logo vou me adaptando a
claridade, porém, assim que tento me levantar, sinto um forte
incômodo entre minhas pernas e uma dor aguda no pé da barriga.
Meu peito se expandiu em um suspiro súbito e profundo, e ao ficar
de pé, com passadas cautelosas, comecei a andar na direção do
banheiro.

Minutos depois...
Uma sensação de alívio pairou sobre mim assim que tomei o meu
banho.
Acabei passando quase uma hora dentro da banheira, a água
morna me ajudou bastante, já que ativa a circulação sanguínea,
levando mais oxigênio para todo o corpo e, consequentemente,
diminuindo as dores musculares. Depois do banho, fui até o meu
closet e instantes depois, já arrumada, ao pegar o meu celular, fiquei
desorientada ao ver que já eram quase uma hora da tarde. Eu
queria ligar para minha mãe, mas acabei adiando quando a
maçaneta da porta foi girada e ao ser aberta, a única pessoa que
não queria ver em minha frente, surgiu e com ele, um dos
funcionários com um carrinho de serviço que tinha várias bandejas
com comida em cima das três prateleiras.
O garçom entrou empurrando o objeto em direção à varanda onde
havia uma mesa de refeição e em seguida arrumou tudo e deixou o
ambiente. Meu sangue esquentou quando o silêncio foi interrompido
dentro do recinto e o infeliz tinha um esboço de um sorriso cínico no
rosto.
— Vamos almoçar, que depois da noite de ontem. Você deve está
faminta.
Se ele estava a fim de me provocar, eu não ia dar esse gostinho a
ele. Dei de ombro e segui rumo à varanda, não podia negar que
estava morrendo de fome e quando cheguei ao lugar, meus olhos
ficaram cravados na mesa posta e as delícias que estavam sobre
ela. Sentei-me e não demorou muito para ele também fazer o
mesmo. Começamos pela entrada que era a famosa bruschetta,
feito com pão, que é tostado em grelha com azeite e depois
esfregado com alho, a que geralmente se juntam fatias ou pedaços
de tomates.
O primeiro prato era um risoto, que por sinal estava delicioso, mas
nada comparado com o segundo, que era peixe grelhado
acompanhado de batatas ao forno. Eu devorei rapidamente e
achava que já estava satisfeita, mas a sobremesa, essa eu não
podia resistir e o homem me observava minuciosamente, porém, eu
tratei de ignorar seu olhar e comecei a comer duas fatias da
caçarola Italiana, que é um doce típico da Itália, que parece com o
pudim de outros países, porém, mais consistente e feito com queijo.
Agora sim, eu estava de barriga cheia, ele também era muito bom
de boca, afinal, um homem grande em todos os sentidos e com o
corpo cheio de músculos, certamente se alimentava bem. Assim
como foi durante o almoço, o silêncio constrangedor predominou a
nossa volta.
Ethan, após ir ao banheiro, voltou para o quarto e ficou com sua
atenção voltada para o notebook, aproveitei e peguei o meu celular
e fui até a varanda, já que ele estava em cima da cama, eu tratei de
manter distância dele, passei um bom tempo falando com a minha
mãe e Ana, que não parava de fazer perguntas, assim que termino
de falar com elas, ouço a voz de Ethan.
— Quero que você fique no quarto até eu voltar.
Não gostei nada do seu tom autoritário, como se eu fosse alguma
criança ou sua propriedade, mas, assim que ia dizer algo, ele
vociferou num tomou ainda mais rude.
— Eu...
— Nem tente sair dessa suíte. E, isso não é um perdido e sim uma
ordem.
Esse homem tinha o dom de fazer várias sensações me envolverem
e nem me dando tempo para questionar, ele seguiu até a porta e se
foi.
Dei alguns passos e ao abaixar a cabeça, fiquei olhando para
enorme piscina e acho estranho não ter ninguém nela. Embora haja
piscina na cobertura, eu não vou ficar trancafiada nesse lugar como
se fosse uma prisioneira. Com passadas largas, fui até o closet e
minutos depois, já havia colocado o meu biquíni e um vestido estilo
saída de praia, deixei o quarto, pois com aquela piscina a minha
disposição e toda a tranquilidade em volta, seria bom para focar no
meu treinamento.
Entrei no elevador e depois de passar por alguns andares, ouvi uma
grande explosão. Todo o meu corpo ficou em total alerta e quando o
objeto parou e a porta foi aberta, dei alguns passos e havia várias
pessoas no salão, incluído crianças, mas, antes que eu viesse a me
mover novamente, o som de vários disparos vindo do lado de fora
ecoou a minha volta e, meu olhar foi ao encontro do homem que
surgiu em minha frente segurando uma arma que foi colocada em
minha direção e as palavras que ouvi fez um tremor violento me
atingir e uma raiva descomunal tomou conta de cada fibra do meu
corpo.
— Esse é o seu fim, vadia.
Capítulo 13

ETHAN BORISLAV
C resci em um lugar onde, muitas das que chegavam, eram
virgens, outras eram transferidas da filial do bordel de
Manhattan. Já tive os mais variados tipos de mulheres à minha
disposição. De várias idades, nacionalidades e temperamentos,
única e exclusivamente para meu deleite, mas não esperava que
aquela que sempre vi como uma fedelha mimada fosse tão gostosa.
Quando o meu pau, que estava mais duro que uma rocha invadiu
sua boceta apertada, a rasgando por dentro, uma sensação
inexplicável percorreu por todo o meu corpo, no entanto, naquele
momento, ao contrário do que acontecia com todas as outras, eu
queria ver suas feições e ouvir seus gemidos de deleite ao ter o meu
membro engolido por sua fenda minúscula, que ia se alargando para
receber toda extensão do meu cacete que pulsava fortemente, e,
era acariciado pelo seu calor escaldante. Aquilo me deixou
alucinado e ao mesmo tempo, eu queria que ela sentisse, assim
como eu, o prazer arder em sua pele e quando atingi o êxtase total,
algo dentro de mim começou a vibrar freneticamente e ansiava por
mais. Contudo, ver sua indiferença e como ela estava rígida, só fez
com que a escuridão que habita no meu interior assumisse o
controle do meu corpo e meus demônios gritavam me causando um
desconforto terrível, deixando-me ensandecido de tal forma, que ia
cada vez mais fundo e forte em seu corpo pequeno e frágil,
querendo mais e mais, perdi totalmente a noção do tempo, quanto
mais me saciava do seu corpo quente e totalmente imóvel, algo
dentro de mim vibrava querendo ainda mais. Quando enfim, um grito
estrangulado saiu rasgando a minha garganta, senti um prazer que
parecia surreal e ao ver que os olhos que antes refletiam tanta luz,
estavam sem brilho, fiquei satisfeito.
Já estava predestinado que essa insolente seria minha, porém, toda
essa luz emana dela, me causa uma inquietação terrível e saber
que ela se propôs a se manter firme e disposta a me contrariar, só
faz com que eu queira fazer dela a minha submissa e mostrar que
não importa o que aconteça, jamais escapara das minhas garras.
Depois de dizer a ela para não sair do quarto, segui rumo ao meu
escritório e minutos depois, entrei no ambiente, não demorou muito
para Fabrício, um dos meus homens encarregado pela segurança,
surgir no meu campo de visão.
— Chefe, os inimigos avançaram e o lugar está todo cercado.
Algo que eu já cogitava, porém, foram muito mais rápido do que eu
esperava.
— Todos devem manter suas posições e não devem deixar ninguém
chegar até a cobertura.
Enquanto ele saia da sala, meu olhar foi de encontro ao telão fixado
na parede. Através das câmeras de monitoramento colocadas em
pontos estratégicos, tenho a visão em torno de todo o prédio e
chegou a hora de enviar os malditos direto para o inferno. Meus
olhos passeiam em volta de cada imagem exibida na tela, desde a
recepção, até os dois elevadores. Meu coração disparou e senti um
nó se formando em minha garganta ao ver quem estava dentro de
um deles, avancei em direção ao painel de armas no momento em
que um ruído ensurdecedor se fez ouvir por todos os lados. Com as
duas pistolas em punho, saí do ambiente, atravessei o corredor e
assim o barulho de rajadas de tiros chegam aos meus ouvidos,
corro até o hall e é no exato momento que o desgraçado estava com
sua arma apontada na direção dela.
Meus órgãos internos dispararam, funcionando a todo vapor, meu
corpo estava tão quente que parecia uma fornalha, fazendo todos os
meus demônios se manifestarem de um jeito que nunca tinha
sentido antes. Senti o ódio inflamando em minhas veias, correndo
por todo o meu corpo e com o alvo em mira, antes, porém, que o
infeliz pudesse puxar o gatilho, o disparo foi feito por mim. A bala
rasgou o ar e atingiu o meio da sua testa, fazendo-o tombar para
trás e em seguida cair como uma semente inerte no chão, para
nunca mais se levantar.
Com a mesma rapidez com que surgi no ambiente e dei o tiro, vou
até ela e pego em seu braço para tirá-la dali.
CECÍLIA BORISLAV
Eu estava atordoada, minha mente um turbilhão tentando processar
ainda os últimos acontecimentos, meus olhos fixos na cabeça do
homem que estava envolvida por uma enorme poça de sangue e
quando um barulho alto atravessou meus tímpanos, saí do transe
em que me encontrava e senti o aperto em meu braço, logo após o
som da voz de Ethan.
— Eu avisei para você não sair do quarto — disse enfurecido o que
fez o calor em meu corpo se intensificar, mas novamente outro
estrondo ressoou.
— O que está acontecendo?
— Alguns intrusos resolveram fazer uma festa em comemoração a
nossa lua de mel — ele fez uma pequena pausa, o que me fez
lembrar-me das palavras do meu pai. No mundo da máfia, nunca se
tem sossego e os inimigos sempre estão em prontidão como um
bando de tigres a espreita e formando emboscadas, perseguindo
suas presas. Fui tirada dos meus pensamentos por ele. — Venha!
— ele disse e saiu me puxando em direção ao corredor.
— Você está me machucando.
Embora o som da minha voz conseguisse se sobressair ao barulho
infernal vindo do lado de fora, ele se fez de surdo e preferiu me
ignorar. Continuou me puxando, caminhando com rapidez e só
parou quando chegou frente a uma porta e assim que a abriu, soltou
o meu braço.
— Entre!
— Você não pode me deixar aqui com tantas pessoas lá fora
correndo risco.
— Disso cuido eu, agora entre! — disse aos gritos. O homem
segurou novamente no meu braço e me empurrou para dentro do
cômodo e antes que eu tivesse alguma reação, a porta foi fechada.
Tentei abri-la, porém, foi inútil e ao observar o ambiente ao redor,
toda minha atenção ficou concentrada no telão que mostrava tudo
que estava acontecendo em volta do hotel.
Do lado de fora haviam vários homens vestidos de preto e
fortemente armados, eles avançando em direção a entrada principal,
meus olhos foram de encontro as imagens vinda da recepção e o
meu corpo todo gelou ao ver a cena de vários corpos no chão do
salão e alguns homens armados já no ambiente.
Minha respiração fica rápida e ofegante. Meus batimentos aceleram
como se meu coração fosse saltar do peito e o que veio em seguida
me deixou atônita e não conseguia desviar o meu olhar da grande
tela a minha frente. Os homens que estavam do lado de fora
invadiram o hall do hotel e um deles esboçou um sorriso de
satisfação ao ver os corpos sem vida no chão e o piso coberto de
sangue. Por alguns segundos, tudo ficou em silêncio, até que a
calmaria foi interrompida pelo barulho da voz horripilante do
desconhecido que preencheu todo o salão.
— Tragam os dois desgraçados vivos ou mortos.
O maldito deu ordem para que o restante procurasse pelos dois
desgraçados, que só então, entendi que se referia a mim e Ethan.
Os desconhecidos começaram a se movimentar, porém, todos
ficaram paralisados quando em volta deles apareceu um círculo
gigante vermelho, no mesmo instante, as portas dos elevadores
foram abertas e surgiram alguns homens que tinham em suas
vestes o símbolo da máfia Sérvia. Não dando tempo para que
ambos puxassem o gatilho, pois, na porta principal, o homem lindo
como um anjo, porém, sua expressão era tão assustadora e parecia
o próprio demônio e seguido do som da sua voz, uma gargalhada
diabólica reverberou no ambiente.
— Estava ansiando pela chegada de vocês.
Os ruídos que saíram pela boca dele, fizeram os homens que
estavam dentro do circulo despertarem do transe que estavam. Num
segundo, não só o salão, como a sala que eu estava, foi preenchida
por uma barulheira de disparos trocados de ambos os lados.
Embora o som dos tiros continuasse pipocando na minha cabeça,
eu não consegui desviar os meus olhos do monitor e observava
minuciosamente cada movimento a minha frente.
Quando alguns dos invasores tentaram ir além do perímetro do
circulo, gritos ensurdecedores ecoaram no ar quando receberam
uma forte descarga elétrica que parecia não cessar e devido à alta
tensão, eles começaram a se contorcer em meio à dor e depois de
alguns minutos, os corpos dos que foram atingidos caíram no chão
sem vida. Aquilo era muito mais intenso que os confrontos que já
tinha visto da máfia albanesa em alguns vídeos que o meu pai me
mostrou, olhei para o homem que agora é o meu marido e aquilo o
deixou em puro êxtase, como se matar desse-lhe energia.
Minutos se passaram e entre as dezenas de inimigos, só um
permaneceu vivo e entortava-se numa contração dolorosa, devido
ao choque que levou. A calmaria havia voltado a predominar no
salão e, Ethan deu alguns passos, se aproximou do homem e em
seguida se abaixou, depois de enfiar umas das mãos no bolso dele
e pegar o celular disse.
— Vocês limpem toda essa bagunça e leve esse maldito direto para
o porão.
Fiquei estarrecida quando meu olhar foi de encontro ao corpo de
duas crianças que certamente eram hóspedes e o choque da
realidade pairou sobre mim, ele já estava ciente que tudo isso iria
acontecer e deixou pessoas inocentes serem vítimas de tamanha
crueldade. Não sei quanto tempo se passou, só fiquei olhando para
os corpos que estavam sobre o chão frio. Mas, logo voltei ao meu
estado de lucidez quando de repente a porta foi aberta e ele
apareceu no meu campo de visão.
— Venha! — fiquei parada no mesmo lugar. Ele por sua vez,
diminuiu a distância e seus olhos azuis buscaram os meus. — Eu
estou falando com você ou quer passar o resto da sua estadia
trancada nesse lugar — vocifera em tom rude.
— Você sabia que eles iriam atacar e deixou aquelas pessoas
morrerem?
Um esboço de um sorriso surgiu em sua face, o que me fez
questionar se realmente eu não havia me casado com a própria
personificação do demônio.
— Vidas inúteis, pois, para a unificação entre duas máfias nada
melhor que ter o sangue do inimigo sendo derramado.
Eu me negava a acreditar em tudo aquilo, não que lamentasse pelos
infelizes que foram mortos, pois, na máfia, quem ferir um dos
nossos, terá o seu sangue derramado. Mas, eram apenas crianças,
não tive alternativa a não ser sair dali, pois, tudo aquilo estava me
sufocando. Depois de alguns passos, chegamos ao hall e os corpos
dos malditos estavam sendo retirados, me aproximei de onde
estavam os dois meninos, e, um calafrio atravessou a minha
espinha quando ouvi a risada de Ethan, e não só os dois garotos se
levantaram, como as pessoas que tinha visto com vida antes de
serem mortas ficaram de pé.
Confusa e em meio as dúvidas, a resposta veio em seguida.
— Além dos funcionários e alguns soldados que vieram de New
York, os únicos hóspedes humanos somos nós dois. Os demais são
robôs humanoides que foram comprados justamente para se
passarem por hospedes, já que eu tinha ciência de que aqueles dois
infelizes não iam perder a chance de atacar ao cogitarem que
estávamos longe de todos e despreparados.
De fato eu senti um grande alívio. Sabia que ele era astuto, mas não
esperava que estivesse um passo a frente de todos e o que escuto
em seguida faz todo o meu corpo vibrar intensamente.
— Agora vamos que o melhor da festa vai começar. Afinal de contas
você não vai querer perder o tratamento vip que vamos oferecer
para o miserável que foi enviado para nos mandar rumo a uma
viagem sem volta. Sua morte será um aviso para os dois abutres de
que ainda estamos vivos e que em breve, irei enviá-los direto para
as profundezas do tártaro.

Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
No momento que adentramos o ambiente, enquanto ela mantinha
seu olhar no maldito, que já estava sentado em uma cadeira e com
os membros superiores e inferiores presos pelas algemas fixadas na
cadeira, olhei para câmera que estava ligada e centralizada na
direção em que ele estava. Tiro minha camisa, vou até um canto
que tinha alguns bastões de ferro e escolho um deles. Aproximo-me
e ele, que até então estava num estado de letargia, desperta e seus
olhos estavam cintilando de raiva.
— Eu posso ser misericordioso com você, seu filho da puta. Basta
me dar a resposta que tanto desejo — pego o meu celular e após
acessar a galeria, levo de encontro a sua face. — Você deve
conhecer, então, me diga quem é?
Seu olhar era insondável e sua expressão era uma máscara dura
como se lutasse para não deixar transparecer nenhuma reação,
mas, pelo movimento das veias saltadas em seu pescoço e sua
respiração pesada, eu sabia que ele conhecia, o que só me deu a
confirmação das minhas suspeitas.
— Já que você parece surdo, vamos piorar ainda mais sua audição.
Seguro firme o bastão e o primeiro golpe é desferido contra o seu
ouvido direito. Um grito ensurdecedor sai de sua boca, porém,
mesmo com a voz fraca, o desgraçado ainda profere algumas
palavras.
— Você pode acabar com a minha vida, mas, cedo ou tarde, não só
vão enviá-lo ao inferno, como espero que antes de matar a infeliz
que você tem como esposa, todos da nossa organização possam
arrombá-la...
Uma fúria incontrolável toma conta de mim ao ouvir o que o atrevido
diz. Sinto o ar se esvaindo dos meus pulmões e o ódio tranca a
minha garganta. A sensação que se apodera de mim, é muito mais
forte do que aquela que percorreu cada centímetros do meu corpo
ao ver aquele maldito com a arma apontada na direção dela.
Enlouquecido, solto o bastão e fecho a minha mão direita e as
palavras dele cessam assim que o soco duro e pesado vai de
encontro a sua boca, fazendo o infeliz engasgar com o sangue que
começou a jorrar pelos cantos da sua boca. Vou até uma mesa que
tem num canto da sala com alguns utensílios em cima, e ao pegar o
bisturi e uma adaga em forma de um punhal, volto para junto dele.
Em todo tempo, sentia meu coração bater num ritmo alucinante, o
meu sangue esquentando cada vez mais em minhas veias, como se
tivesse fogo líquido percorrendo por todo o meu corpo. Toda
autoconfiança dele se esvaiu assim que seu olhar foi de encontro ao
meu rosto e certamente, ele podia ver os meus demônios através
das minhas feições, já que senti uma queimação na minha face,
como se tivesse transfigurada e tudo que havia em minha frente, por
alguns segundos, era somente a escuridão.
— A sua morte é algo inevitável, mas, antes que os abutres
devorem o seu corpo, serei eu quem vai cortar essa língua inútil.
Levo o bisturi em direção a sua boca e o medo estava visível em
seu olhar, no entanto, o miserável trancou a boca, mas, logo a abriu
assim que cravei o punhal que tinha na mão esquerda e em dos
seus olhos. Gritos e mais gritos ecoaram no espaço e lentamente fui
deslizando o objeto cortante que estava na minha mão pela
extensão da língua afiada do traste, enquanto sua boca era
preenchida pelo líquido avermelhado. Nos momentos seguintes, fiz
questão de furar o outro olho e assim que terminei, o libertei das
algemas e depois de lançar o seu corpo ao chão e desferir vários
chutes em suas costelas, avancei feito um tigre faminto para cima
do seu corpo e com a ajuda da minha adaga, deixei o maldito
totalmente despido.
Desvio o olhar e, ela estava com seus olhos cravados em nossa
direção e sua expressão era semelhante a de uma criança quando
está diante de um grande espetáculo e embora não me agradava
em nada que ela olhasse outro pau que não fosse o meu, isso
serviria para que ela soubesse que ninguém além de mim, tocará
em qualquer parte do seu corpo. Ao me lembrar das palavras do
desgraçado, volto minha atenção novamente para ele.
— Já que o seu desejo é que seus companheiros venham a abusar
da minha mulher, vou fazer com você para que sirva de lição para
qualquer um deles, o que farei em quem ousar a tocar em um fio
sequer do cabelo dela.
Com a adaga em mãos, cravei um pouco abaixo do seu peito, já que
não queria atingir o coração do infeliz. Comecei a deslizar por todo
comprimento do seu corpo até chegar ao seu pau murcho, que mais
parecia uma minhoca encolhida. Se antes ele estava em pânico,
começou a espernear assim que passei lentamente o objeto
cortante por cima do seu cacete enrugado e não demorou muito
para cravar com força a lamina em sua carne e os ruídos que
saíram pelos seus lábios, só me incitaram a continuar e a sensação
de ver seu membro sendo dividido ao meio, foi inexplicável.
Enquanto ele se contorcia em meio à dor, não satisfeito, cravei com
força o punhal em sua barriga e fui subindo, abrindo caminho até
que tive a visão privilegiada de seus órgãos internos pulsando
diante dos meus olhos. Seus gritos eram horripilantes, mas, já não
tinha mais controle das minhas mãos, que pareciam que haviam
ganhado vida própria e ao soltar o objeto que tinha em mãos,
comecei a puxar suas vísceras contidas dentro da sua caixa
torácica.
O homem já não respirava mais, porém, eu continuava a tirar tudo
que ainda via pela frente e quando me dei por satisfeito, levantei-me
e antes de sair do ambiente, me aproximei da câmera.
— Isso aqui foi só uma brincadeira para relembrar meus tempos de
criança, pois, o que eu farei com vocês dois antes de estraçalhar
seus órgãos internos, será mil vezes pior.
Girei a cabeça para o outro lado e meus olhos ficaram cravados na
mulher a minha frente. O calor em volta do meu corpo aumentou e
só ela poderia fazer com que esse desconforto pudesse se dissipar.
Capítulo 14

CECÍLIA BORISLAV

N ão seria a primeira vez que assistia a morte de alguém, porém,


algo no meu interior vibrou num ritmo frenético ao ver a imagem
do anjo se transformando no demônio. Seu rosto começou a se
contorcer, até se transformar numa máscara rígida e seus olhos
azuis ficaram num tom mais escuro, onde o brilho deles deu lugar a
faíscas de ódio. Tomado por uma fúria incontrolável e com requintes
de crueldades, ele fez aquele homem agonizar até a morte, não sei
se teria coragem de matar alguém, contudo, dentro da máfia, nesse
mundo cercado de dor, traição e uma disputa pelo poder, vidas são
tiradas e somente a morte é a punição que deve ser dada ao
inimigo.
Assim que saímos do lugar, ao chegar dentro do elevador, resolvi
perguntar algo que estava me intrigando.
— Se você consegue enviar uma mensagem para aqueles dois
vermes. Por que não acaba logo com tudo isso ao descobrir a
localização deles?
— Por anos os dois vêm sendo como ratos que vivem no submundo
e mandam terceiros para fazerem a parte suja. Embora entrando em
contato, não são tolos para não cogitar que a qualquer deslize
seriam pegos. O contato que fazem com seus capangas vem de
vários servidores, tem todo um cruzamento de dados, o que acaba
não dando uma localização exata de onde de fato eles estão. Uma
erva daninha deve ser exterminada da forma certa para não voltar a
se enraizar e novamente ressurgir ao nosso redor, o sangue
daqueles dois desgraçados estará em breve em minhas mãos.
Fiquei pensando em tudo que ele havia dito e fazia todo sentido. De
fato, não foi por acaso que tanto o meu pai, como o meu sogro
deixaram nas mãos de Ethan o controle das duas organizações,
sendo ele maquiavélico, astucioso e destemido, jamais deixará que
aqueles dois tenham o controle das duas máfias.
Instantes depois, chegamos ao andar da cobertura e assim que
entramos no ambiente, meu corpo todo gelou quando ouvi suas
palavras e o olhar malicioso lançado em minha direção.
— Já que você desobedeceu a minha ordem para ir até a piscina.
Vamos tomar um banho juntos.
Temerosa que ele viesse a querer transar comigo novamente, disse.
— O meu corpo esta todo dolorido.
— Se você estivesse com dor, não teria saído desse quarto.
Eu nem tive tempo de pensar em nada, Ethan me pegou em seus
braços e caminhou em direção à piscina. Quando entramos na água
e consegui me esquivar da sua posse, nadei até o outro lado,
porém, ele que estava ainda no mesmo lugar, retirou suas roupas e
acabou se movimentando. Assim ele me alcançou, estremeci toda e
não era de frio e sim por ele ter colado seu corpo junto ao meu,
fazendo-me sentir todo o poder da sua ereção.
Quando nossos olhares se encontraram, nem uma palavra foi dita,
entretanto, suas mãos começaram a percorrer o meu corpo com
precisão, me acariciando, me apertando, fazendo o meu corpo todo
arder com sua exploração, deixando-me amolecida e acelerando a
minha pulsação. Sem demora, ele tira a peça de cima do meu
biquíni e logo em seguida a minha calcinha, soltei um gemido
profundo quando seus dedos tocaram a minha carne dolorida, mas
à medida que ele massageava a minha intimidade o desconforto
deu lugar a algo que eu não queria sentir, porém, o meu corpo
parecia que estava em chamas.
Enquanto ele continuava com seus dedos no meu sexo, fazendo
movimentos circulares em meu clitóris, sua boca foi de encontro ao
meu seio direito, sua voracidade era tanta que ele mais parecia um
bebê faminto, chupando e sugando com voracidade, alternando
entre um seio e o outro. De repente, ele deixou de torturar os meus
seios e no mesmo instante, sua mão abandonou a minha intimidade
e ao segurar firme os meus quadris disse.
— Entrelaça suas penas na minha cintura.
Fiz o que ele mandou e no momento seguinte, Ethan inclinou a boca
sobre a minha, e por instinto colei minhas mãos na nuca dele,
sentido minha pele correr em arrepios, quando sua língua sedosa
serpenteou em minha boca iniciando uma dança erótica que de
início foi lenta e depois se tornou mais profunda e intensa.
Estremeci toda ao sentir as carícias quentes de sua língua
habilidosa, enquanto suas mãos deixaram minha cintura e seguram
com firmeza minhas nádegas.
Sua boca praticamente estava devorando a minha, me deixando
ensandecida. Seu beijo se tornou ainda mais voluptuoso e à medida
que ele sugava os meus lábios e sua língua acariciava a minha, fui
ficando embriagada de desejo e a excitação deixou a minha cabeça
totalmente enevoada, tudo que eu queria era que ele apagasse o
fogo que estava queimando a minha pele, fazendo o meu corpo
ansiar por uma libertação semelhante a que eu senti quando ele me
fez sua pela primeira vez.
Um sorriso perverso surgiu em sua face e num tom de voz
pecaminoso, ele disse.
— Diga bonequinha, o que você deseja?
— Você.
As palavras escaparam sem que eu pudesse impedir. Todavia, o
pânico me envolveu quando ele remexeu os quadris para ter o
encaixe perfeito e afastou um pouco o meu corpo colocando a
cabeça do seu membro próximo a minha entrada molhada e logo
depois me puxou novamente e me penetrou com um movimento
rápido. Um gemido alto saiu do fundo da minha garganta e eu
pensei que havia entrado tudo, mas à medida que ele foi se
movimentando, eu podia senti-lo me atravessando, todos os nervos
do meu corpo interligados e à medida que seu ritmo ia aumentando,
ele ia me preenchendo.
— Aiiiii...
Outro ruído de dor sai por entre os meus lábios e logo ele está todo
dentro de mim. Com a respiração alterada, meu coração batendo
forte e sentindo um desconforto terrível, porém, ele começou com
movimentos de vai e vem preguiçoso, aos poucos fui me entregando
e comecei a movimentar os meus quadris, me esfregando nele, no
entanto, ele só ficou naquela tortura que estava me enlouquecendo
e como se lesse os meus pensamentos, perguntou.
— Você quer que eu te foda com força?
— Sim — falei em um sussurro de voz.
— Deseja conhecer o inferno, anjo?
Fiquei calada e ele por sua vez deu uma gargalhada e seus
movimentos ficaram intensos. Suas estocadas eram implacáveis,
crescendo em velocidade e potência. Mordi os lábios, me
contorcendo numa excitação incontrolável, ele novamente voltou
com seu vai vem lento.
— Quer que eu pare?
— Não para, por favor — falei com a voz embargada pelo desejo.
Atendendo ao meu perdido, ele deslizou o seu pênis com força e
fundo e não parou de me estocar, de meus lábios saiam sons
guturais, enquanto eu sentia seu membro quente e volumoso
totalmente dentro de mim. Diante das suas investidas estonteantes,
comecei a remexer novamente meus quadris com maior rapidez,
gemendo em êxtase, enquanto aquela ereção imensa e latejante era
empurrada com mais força, me levando à loucura. Meus seios
balançavam a cada movimento vigoroso, que eram seguidos de
estocadas fundas, que atingiam até o meu ponto mais profundo.
— Eth... Ethan... — as palavras me faltaram, minha respiração
estava ofegante e meu corpo todo se contorcendo em espasmos
violentos.
— Goze junto com o seu homem — disse num tom possessivo.
A habilidade carnal e os longos movimentos rítmicos do seu
membro fizeram com que o meu corpo obedecesse ao seu comando
e foi um impulso ao clímax.
— Ethaaaaannnnnn...
Eu gritei, gritei tão alto que senti minha garganta reclamar, me
contraindo e pulsando ao redor dele. Ethan mete com força uma
última vez, para finalmente se aquietar ao atingir o êxtase, enquanto
eu me deleitava na sensação de plenitude.
Horas mais tarde...
Depois dos últimos acontecimentos e do que houve na piscina,
assim que terminei de tomar banho, acabei dormindo o restante do
dia e só acordei uma hora atrás quando Ethan me chamou e disse
que como ainda estavam arrumando toda bagunça, não só em torno
do hotel como dentro dele, iríamos jantar fora.
Pela localização do lugar e sendo da organização os domínios de
toda área próxima ao hotel, não teria como chamar atenção das
autoridades e muito menos que alguém fora da máfia tenha
conhecimento de tudo que aconteceu hoje nesse lugar. Depois de
ouvir suas palavras, levantei-me e tomei outro banho, logo em
seguida fui ao encontro do closet escolher uma roupa. Acabei
optando por um vestido longo e preto, com decote em v, fiz uma
maquiagem bem leve e tratei de dar um jeitinho no meu cabelo que
a principio eu queria solto, mas, acabei fazendo um coque que
deixou em evidência toda longa extensão do meu pescoço.
Quando saí do ambiente, minha atenção foi direcionada para a porta
que foi aberta por Ethan, enquanto eu tomava banho, ele havia se
arrumado. Como sempre impecável, vestido com roupas preta da
cabeça aos pés, com um sobretudo e os cabelos perfeitamente
alinhados, que fazia o contraste com sua beleza masculina que era
estonteante. Em uma de suas mãos havia outro sobretudo na cor
vermelha, que foi colocado em mim, assim que ele voltou a se
mover, disse.
— Vamos!
Juntos, deixamos o quarto e assim que chegamos à garagem,
haviam dois carros nos aguardando e um deles faria a nossa
escolta. Seguimos para o restaurante o qual só fui descobrir qual
seria, assim que o carro chegou ao nosso destino, ele ficava no
hotel Sanremo, que tem um grande casino que ocupa todo o
segundo andar do lugar.
Comemos no restaurante que fica próximo ao hall e por sinal tudo
estava delicioso, quando terminamos, fomos para o segundo andar,
onde ficava o casino. Quando a porta do elevador foi aberta, ouvi a
melodia que preenchia todo o ambiente, mas a cada passo que
dava, se ouvia os sussurros das diversas vozes que tentavam se
sobressair a música tocada, que embora fosse num volume normal,
com a grande multidão e o barulho das roletas girando e as vozes
de homens e mulheres se misturando, era o único barulho que se
dava para compreender a certa distância.
Dois homens logo se aproximaram da gente e pela conversa que
começou entre eles e Ethan, dava para ver que tinham ligação com
a nossa organização. Vendo que eu estava inquieta, o homem ao
meu lado fez um pequeno sinal para um dos responsáveis pela
venda das fixas e comprou uma grande quantidade.
— Se quiser se distrair, elas estão à sua disposição.
Nem disse nada, peguei logo as fichas, já que estava ansiosa para ir
até a mesa de Blackjack. Enquanto ele ficou rodeado por aqueles
homens, passei alguns minutos observando os seis homens e as
duas mulheres que estavam sentados na mesa de jogos. Alguns
dos jogadores saíram na primeira rodada, já que ultrapassaram o
valor permitido. O Black Jack ou Vinte-e-um, é um jogo praticado
com cartas que pode ser jogado com 1 a 8 baralhos de 52 cartas,
em que o objetivo é ter mais pontos do que o adversário, mas, sem
ultrapassar os 21. O dealer só pode pedir até um máximo de cinco
cartas ou até chegar ao número.

No momento que entre um deles surgiu o vencedor, ao iniciar a


segunda rodada, me sentei em uma das cadeiras. Para uma noite
que pensei que seria chata, eu acabei me divertindo muito e só ficou
ainda mais interessante, quando Ethan, com um olhar desafiador,
também começou a jogar, já havia ganhado e perdido várias
rodadas, porém, não foi tão fácil com um adversário tão bom como
ele e no final, ficamos apenas nos dois travando um duelo na mesa
de jogos. Acho que passamos umas três horas naquele lugar e
agora estamos dentro do veículo, seguindo para o hotel e meus
pensamentos foram interrompidos por ele.
— Tendo dez jogadoras como você. Casino sem dúvidas era um
negócio que eu jamais teria ou iria à falência.
Comecei a sorrir, confesso que gostei muito e o jeito descontraído
dele, nem parecia o monstro que eu tinha visto dentro daquele
porão ao ceifar a vida aquele homem.

Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
Durante todo o tempo que passei naquele casino, minha única
vontade era expulsar todos daquele lugar e colocá-la sobre uma das
mesas e fodê-la com força até suas pernas ficarem bambas, como
se tivesse acabado de sair de um ataque de câimbras. Contudo, a
chapeuzinho que estava vestida com aquele casaco vermelho, seria
devorada hoje pelo lobo mau de qualquer maneira. O percurso de
volta foi feito num tempo que parecia uma eternidade e assim que
chegamos ao andar da nossa suíte, ao passar pela porta, era
chegado o momento de envolver a minha presa numa teia que ela
não poderia escapar, se bem que isso jamais iria acontecer, no
entanto, queria tê-la completamente entregue a mim.
Assim que ela caminha em direção ao banheiro, seguro o seu braço
e sua atenção se voltou para mim.
— Venha comigo.
Nem dando tempo para que ela cogitasse em questionar, a puxei
em direção à sala de jogos.
— Agora o jogo será entre nós dois, sem plateia. Quero ver se suas
habilidades são tão boas como foi no casino.
Um sorriso sarcástico surgiu no seu belo rosto e enquanto ela
pegava os tacos, fui até o bar. Com a garrafa de vinho e duas taças
em mãos, novamente me juntei a ela. Enquanto servia a bebida, as
bolas foram colocadas em cima da mesa e dali em diante o jogo
começou, a cada duas bolas encaçapadas, o líquido dentro das
taças eram sorvidos, quando dei por mim, restou somente à bola
branca a garrafa já estava completamente vazia. No entanto, ela
acabou errando a sua última tacada e sendo eu o vencedor, era o
seu néctar que a minha boca iria degustar.
Antes que a sua saliva pudesse descer pela garganta, minhas mãos
já estavam explorando todo o seu corpo e com um movimento
brusco, rasgo o seu vestido e ao tirar sua calcinha minúscula,
seguro em seus quadris e a coloco em cima da mesa, fico olhando
para a bela imagem esparramada a minha frente e ao levar minhas
mãos de encontro as suas pernas e abri-las ao máximo, ela
imediatamente desperta do transe que estava e as fecha.
— Não resista bonequinha.
Enquanto ela estava travando uma luta interna, me movi e inclino a
cabeça a levando de encontro a sua pele, fazendo uma trilha pela
sua barriga, até os seus seios, contornando seus mamilos com a
língua e ao mesmo tempo sinto seu coração bater ainda mais forte.
Quando comecei a devorar os seus seios com minha boca,
chupando, sugando em um ritmo alucinante, ela aos poucos foi se
entregando e seus gemidos ecoavam por todo o ambiente. Uma de
minhas mãos alcançou o seu ponto mais íntimo, apalpando a sua
bocetinha que já estava melada.
— Quentinha.
Com um de meus dedos, esfrego o lugar que sabia que seria a sua
perdição, massageando suavemente o seu clitóris. E, quando
comecei a sugar com ardor o seu seio direito, fui deslizando
lentamente o meu dedo médio e assim como a minha boca
devorava um dos seus pequenos mamilos, meu dedo se movia em
movimentos circulares em torno da abertura minúscula do seu sexo,
abrindo caminho para que em breve fosse substituído pelo meu pau
que estava pulsando para estar dentro dela.
Ao afastar minha boca dos seus seios, inicio novamente uma trilha
de beijos até chegar ao meio das suas pernas que a essa altura,
num convite despudorado, foram escancaradas por ela. Mergulho
de cabeça no meio delas e minha língua desliza entre suas dobras
brilhantes, com movimento de cima para baixo e de baixo para cima,
apertando o seu clitóris com os meus lábios para depois esfregar
suavemente minha língua em volta do prepúcio, seu ponto de
nervos endurecidos. Ela, por sua vez, começou a remexer os
quadris esfregando sua boceta em meu rosto.
— Hummmm...
Ruídos profundos e altos saiam do fundo de sua garganta.
— Pare, por fav... Favor — quanto mais ela implorava, mais minha
língua massageava sua carne ardente com movimentos frenéticos.
— Meu corpo esta queimando.
— Eu vou incendiá-lo ainda mais.
Concentro toda minha atenção no ponto que suplicava por
libertação, acariciando e chupando o seu clitóris com grande
entusiasmo. Sinto todo o seu corpo tremer no mesmo instante que
ela começa a gemer e a se contorcer. Quando abri bem a minha
boca, dando um beijo de boca aberta que envolveu parte da sua
boceta, ela começou a pulsar e gotejar o néctar que foi sugado cada
gota por mim.
— Deliciosa.
A mulher parecia que havia levado uma descarga elétrica, tremia
feito vara verde. Assim que me livrei das minhas roupas, movendo-
me numa velocidade de um predador, subi em cima da mesa. A
respiração dela que estava ofegante, foi às alturas quando comecei
a esfregar a grossa cabeça dilatada do membro que foi se
aconchegando dentro da sua entrada apertada. Meu corpo, assim
como o dela, estava em chamas e como um abrir e fechar de olhos,
fui empurrando o meu cacete e entre gemidos que saíam dos seus
lábios, sua boceta faminta foi engolindo toda extensão do meu pau.
Contudo, mantive-me firme ao senti suas paredes internas beijando
o meu cacete e o calor do seu interior tomou posse do meu membro
e foi se espalhando por todas as partes do meu corpo. Minhas
estocadas se tornaram duras e implacáveis, meu pau entrava e saia
em movimentos rápidos e precisos.
— Você é minha.
— E... Eu vouuuu...
— Goze.
Sua intimidade se contraiu novamente, apertando o meu cacete, o
espremendo fortemente. Seus gritos que antes eram abafados, já
não podiam mais ser contidos, continuei aumentando a velocidade
dos golpes contra sua carne escaldante. Os tremores tomaram
conta do meu corpo, o meu cacete pulsava violento querendo
alcançar o alivio que tanto precisava, e quando a cabeça pulsante
tocou um ponto sensível dentro dela, senti como se algo tivesse
explodido dentro de mim e o grito que escapou da minha boca, foi
abafado por um barulho ensurdecedor dado por ela. A mulher desta
vez estava ainda mais trêmula ao alcançar o limite do prazer.
Meus olhos foram de encontro ao rosto molhado pelo suor,
enquanto ela mantinha seus olhos fechados.
— Seu corpo sabe a quem pertence.
Seus olhos se abriram de imediato e no meu rosto estava
estampado um sorriso triunfante. Por mais que ela resista, e tente
se mostrar forte, será sempre a minha vontade que vai prevalecer.
Capítulo 15

New York – Dias depois...


CECÍLIA BORISLAV

E ntre as várias sensações que senti nos últimos dias, o prazer e


a raiva sempre estavam presentes. Por mais que eu tentasse
resistir, não conseguia entender como o meu corpo reagia a cada
toque dele, o homem que ao mesmo tempo parecia estar entregue,
logo me levava do paraíso direto para o inferno particular dele.
Contudo, eu pensei que a viagem para Itália seria um mar de
tristeza, porém, vivi momentos inesquecíveis lá.
Acabei passando toda viagem até New York dormindo e só acordei
quando já estávamos sobre solo americano. Eu estava cansada,
embora sentindo prazer por diversas vezes, o homem com que
cansei era insaciável, pois, praticamente transamos em todos os
lugares daquela suíte. Meu olhar vai de encontro à janela e fico
olhando através dela os prédios onde a maioria tem as faixadas
espelhadas de vidros. Não sei como é a casa onde vamos morar, já
que ficou sob a responsabilidade dele providenciar tudo, assim
como os meus pais iam enviar o restante das minhas coisas.
Acabei perdendo a noção do tempo que se passou, perdida em
meio as minhas lembranças. Quando voltei à realidade, foi
exatamente no momento que o carro parou em frente ao lugar que
me deixou atordoada ao ver o grande letreiro na faixada do prédio.
As palavras saíram da minha boca numa rapidez impressionante.
— Por que viemos para esse lugar?
— A nossa casa ainda está em reforma e por esse motivo ficaremos
algumas semanas aqui.
— Eu não vou viver dentro de um bordel. Se você gosta tanto desse
lugar, pode ficar aqui e eu fico num hotel até a nossa casa ficar
pronta.
As feições dele logo mudaram e o homem acabou perdendo a
paciência e quando dei por mim, uma de suas mãos estava fincada
em minha mandíbula, segurando com força no meu queixo.
— Pensei que você já tivesse entendido que não é mais a fedelha
mimada que estava sob os domínios do seu pai. Você é minha
mulher e vai ficar onde, eu assim, decidir.
Um gemido doído saiu pela minha boca sem que eu pudesse
controlar e em seguida as palavras escaparam dos meus lábios na
mesma rapidez do ruído de dor.
— Por eu ser sua esposa não deveria me colocar para morar num
bordel.
— Ao contrário das mulheres que vivem aqui, você já tem um
homem e jamais, outro, além de mim, tocará em você. Agora não
me faça perder a paciência, pois nesse joguinho de gato e rato, eu
posso te devorar como num abrir e fechar de olhos.
Assim que ele desfez o contato soltando a minha mandíbula, a porta
do veículo foi destravada e quando eu saí do carro, ele segurou em
minha mão, já nos encontrávamos a uns passos de distância da
entrada principal, quando de repente, eu me arrepiei dos pés à
cabeça e senti um calafrio percorrer-me o corpo, ao mesmo tempo
que um choque violentíssimo me atacou o coração, fazendo meus
batimentos acelerarem ainda mais, como se fosse saltar do meu
peito. Parei por alguns segundos, mas num esforço quase sobre-
humano, continuei a caminhar, porém, assim que passei pelas
portas luxuosas, ao adentrar o ambiente, fiquei encantada com tudo
a minha volta e meus pensamentos foram interrompidos quando
chegamos a um grande salão e ouvi a voz de Luccas.
— Bem-vindos.
Lancei um sorriso em sua direção e enquanto os dois trocavam
algumas palavras. Meu olhar foi de encontro às dezenas de
mulheres que estavam ali, passeando pelos rostos desconhecidos e
me detive quando meus olhos ficaram cravados em uma delas, que
tinha sua atenção voltada para a face do meu marido.

SANADA
Acordei logo nas primeiras horas da manhã. Sinceramente, já faz
aproximadamente dois dias que quase não dormir. Com a falta de
notícias do meu pessoal enviado para Itália, todos os pensamentos
estavam voltados para o que de fato aconteceu, se aqueles dois e
todos que estavam naquele lugar foram exterminados ou se o verme
e a vadia conseguiram escapar.
Em passos largos, deixei meus aposentos, atravessando o corredor
que dava acesso à escada, assim que comecei a descer os
degraus, a porta foi aberta, revelando o homem que eu tanto
aguardava.
Yan mas parecia um anjo da morte vestido de preto da cabeça aos
pés e usava um casaco que tinha um capuz que cobria parte do seu
rosto. Se não fosse a nossa aliança, jamais saberia a verdadeira
face do capeta, que foi capaz de matar aquele que o tirou da sarjeta
para assumir o controle da máfia chinesa. Um homem de uma bela
aparência, com traços suaves e poderia passar facilmente
despercebido ao deduzirem que é alguém normal, quando na
verdade, ele é uma grande ave de rapina, porém, enquanto eu não
alcançar os meus objetivos, deixarei que ele pense que estamos do
mesmo lado.
— Bom dia — disse ele me fazendo deixar os devaneios de lado.
— Bom dia, vamos para o meu escritório.
Chegamos ao ambiente e assim que nos acomodamos, o meu
celular começa a vibrar, acesso de imediato o aplicativo e transfiro o
arquivo para que fosse reproduzindo no monitor fixado na parede e
ao ver as imagens que surgem na tela, sou tomado por um ódio
descomunal.
— Maldição!!!
Meus pulmões estão em chamas, meu sangue esquentando como
se estivesse fogo líquido em minhas veias. Um barulho reverberou
no ambiente. Movido pela raiva que se apoderou de todo o meu ser,
fechei minha mão em um punho e o golpe foi desferido contra a
mesa fazendo tudo que estava sobre ela cair no chão.
— Esse desgraçado tem pacto com o demônio — diz Yan com os
olhos faiscando de raiva.
— Ele pode ter até mil acordos ou ser o próprio capeta, mas não irei
sossegar até acabar com sua vida. Ethan Borislav pode pensar que
está um passo a frente, porém, será atingindo quando menos
esperar e em breve não só ele, como todos da máfia Albanesa e por
fim aqueles dois que o trouxeram ao mundo serão exterminando.
Dando-nos o controle absoluto das duas maiores organizações e o
passaporte para dominar os demais territórios.

CECÍLIA BORISLAV
Meus olhos estão cravados ainda na mulher que tem uma beleza
exuberante. Seus cabelos sedosos estão soltos, o seu rostos parece
de uma daquelas modelos que por serem bonitas, algumas
empresas pegam para fazer propaganda de maquiagem e assim
dizer que o produto é responsável pela aparência dela.
Ela usava um vestido vermelho que deixa em evidencia suas belas
curvas, enquanto eu estava a observando, ela ainda mantinha os
seus olhos em direção a Ethan. Mas, logo foi desviado em minha
direção, quando o homem começou a dizer algumas palavras.
— Quero que todas vocês conheçam Cecília. Ela é a minha esposa,
portanto, todas aqui lhe devem obediência...
Enquanto ele falava, eu senti uma sensação semelhante à de
minutos atrás quando cheguei frente a esse lugar. O olhar lançado
pela mulher em minha direção me fez sentir uma energia negativa
vindo dela, entretanto, todas após receber a ordem de Luccas,
começaram a sair do hall, mas quando movi a cabeça em direção
ao meu marido, ele tinha um brilho diferente no olhar e ao seguir o
mesmo percurso que ele estava fazendo com os olhos, me deparo
com a mulher que estava prestes a sumir do ambiente.

Minutos depois...
Trocamos mais algumas palavras com Luccas, que informou que as
minhas coisas já haviam chegado. Logo em seguida deixamos o
cômodo e seguimos por um corredor imenso e quando paramos em
frente a uma porta branca, assim que ela foi aberta, dei alguns
passos e fiquei atônita olhando para o interior do ambiente.
Por alguns segundos, a impressão era de que estava dentro do
quarto do próprio demônio, onde as trevas eram predominantes.
Sendo quem é, já era de se esperar, pois, o cômodo era luxuoso,
porém, na medida certa. Duas das paredes estavam cobertas por
um papel de parede estilo 3D, estofado, preto, outra, por cortinas
enormes de seda, também num tom preto e na quarta, havia um
enorme espelho que mais parecia um telão fixado nela de frente
para a cama. No teto, estavam algumas luminárias led que fazia o
contrate perfeito com o ambiente, que além possuir alguns moveis,
tinha uma poltrona grande, cinza. Passeio os olhos novamente a
minha volta e observo que tem duas portas.
— Ali fica o banheiro e a outra dá acesso ao closet.
O quarto parecia uma casa de tão grande. Todavia, senti um calafrio
atravessar a minha espinha quando meu olhar repousou na enorme
cama coberta por cochas em duas tonalidades; branco e preto.
Observei também uma luz de cor diferente das demais no teto.
— Aquilo é uma câmera?
— É para sua segurança — antes que eu viesse a perguntar sobre
algo que se passou em minha mente, ele se antecipou. — Não há
monitoramento no banheiro.
Respiro aliviada, embora estivesse me sentindo de volta ao
passado, quando era ainda criança e tanto o meu quarto, como o de
Ana, eram monitorados pelos meus pais.
— Tenho que resolver alguns assuntos com Luccas, você pode
aproveitar e organizar as suas coisas. Não saia até que eu volte.
Sem dizer mais nada, ele andou até a porta que em seguida foi
fechada. Passei alguns minutos explorando o lugar, depois de
organizar boa parte das minhas roupas em um do lado do closet,
que ficava em um quarto que era do tamanho do que eu tinha em
Durrês, fui tomar um banho. Tudo nesse lugar, além de luxo em
excesso, era gigante, e eu soube a pouco tempo que todos os
prédios que envolvem as oito ruas com proximidade ao bordel,
pertencem à família Borislav, assim como o prédio em que fica o
The Brothel Empire, que é equivalente a umas seis mansões das
que pertencia a minha família.
Depois de alguns minutos, eu já estava de banho tomado e
arrumada e ao voltar para o quarto, o barulho vindo da porta
chamou a minha atenção, quando reduzi a distancia e levei minhas
mãos de encontro à maçaneta, ao abrir a porta, meu olhar ficou
direcionado para o rosto da mulher que apareceu em minha frente.
— Você?
Capítulo 16

CECÍLIA BORISLAV
S carlett exibia um largo sorriso no rosto, já tínhamos sido
apresentadas desde a última vez que vim em New York e ela
estava na casa dos meus sogros. Embora, ainda fosse uma
adolescente na época, não me esqueci da sua aparência.
— Boa tarde! Como soube da sua chegada, quis ver se precisava
de alguma coisa.
— Boa tarde. Aproveitando a sua companhia, queria dar uma volta
pelo lugar, pois, ficar somente nesse quarto me deixa inquieta.
— Vamos!
Fechei a porta e ao lado dela caminhamos pelo corredor e só
paramos quando chegamos ao grande salão. Havia uma grande
movimentação em torno do lugar, algumas mulheres estavam
limpando e outras conversando com aquela desconhecida que me
causou uma sensação ruim. Assim que notaram a nossa presença,
ela foi a primeira a se manifestar e não gostei em nada do jeito
como ela se referiu a mim.
— Boa tarde Dra. Scarllet e você Cecília, aproveitando para
conhecer o território?
— Para você e as demais, é senhora Cecília e respondendo a sua
pergunta, estou conhecendo aquilo que me pertence.
Todas ficaram em silêncio, as que estavam com ela, tinham uma
expressão de quem comeu e não gostou, já as que estavam
labutando e com o rosto suado de passar pano no lugar, exibiram
uma expressão de quem haviam gostado de ouvir minhas palavras.
Virando-me para Scarlett, pergunto.
— Todas aqui têm a mesma função ou existem regalias para um
determinado grupo?
— Até onde é do meu conhecimento, todas fazem a mesma coisa.
Minha atenção se voltou para o grupo de mulheres que estavam ao
lado da que se acha a estrela do lugar.
— Se todas tem a mesma função, em vez de vocês estarem
conversando, deveriam estar ajudando as demais, já que não são
superiores a elas.
Antes de seguirem em direção as demais, o olhar que foi lançado
em minha direção estava cheio de raiva, porém, de nada adiantou,
pois, a encarei com firmeza para demostrar que não tinha medo de
cara feia e muito menos da sua fúria.
— Vamos, você deve esta com fome — disse Scarlett, mas pela
suas feições, sabia que esta gostou do que ouviu.
Minutos depois, quando chegamos à cozinha, que por sinal era
impecável e tinha uma mesa farta com vários tipos de bolos, frutas e
sucos, ela resolveu quebrar o silêncio.
— Gostei de você tê-las colocado em seu lugar. Muitas que chegam
aqui têm mania de estrelismo e acabam por se acharem à senhora
da casa.
— Não me importa que todas estejam em busca de crescer na vida,
através desse mundo que gira em torno da luxúria e dinheiro, mas
não me agrada em nada que queiram aparecer mais do que eu.
Conversamos mais um pouco e depois resolvemos fazer um lanche.

ETHAN BORISLAV
— Um dia após o seu casamento, durante o jantar, o seu pai não
parava de contar aos membros do conselho a bela recepção que
você deu aos malditos invasores.
— Aqueles dois vermes acharam mesmo que fariam uma
emboscada? Eu sabia que cedo ou tarde a informação do lugar para
onde iríamos viajar, chegaria até eles.
— Soube que Dusan lançou o maldito traidor que havia passado a
informação de cabeça dentro de um barril cheio de ácido sulfúrico.
Meu pai disse que o rosto do maldito ficou completamente
desfigurado e logo em seguida, todo o seu corpo foi envolvido pela
substância, ele também comentou que o homem gritou até seus
últimos suspiros e os tecidos da sua pele foram destruídos pelo
líquido.
Uma gargalhada alta saiu do fundo da minha garganta, enquanto
Luccas ficou estático me olhando. Instantes depois, caminhamos
rumo ao salão e chegando ao ambiente, os meus olhos foram ao
encontro da mulher que estava próximo ao balcão do bar.
— Pelo visto ela mexeu mesmo com você.
— De tal forma que você não tem noção, porém, irei unir o útil ao
agradável.
Enquanto ele parecia perdido ao ouvir minhas palavras, ando em
direção a mulher, que ao me ver, tratou logo de morder os lábios
inferiores como se eu não soubesse que ela estava com o mesmo
pensamento que eu em sua mente. Ao ficar a alguns centímetros de
distância e tendo minha total atenção, sua voz num tom suave,
ecoou no ar.
— Deseja alguma coisa chefe?
A pergunta era tentadora, mas ainda não era o momento, então,
resolvi pedir algo para beber.
— Amber, me sirva um copo de uísque — ordenei.
Alguns segundos depois, com o copo de bebida em mãos, dividi
minha atenção entre o líquido que estava no copo e o belo rosto a
minha frente, no entanto, meu contato visual foi interrompido quando
escutei uma voz familiar.
— Atrapalho?
Seu olhar é frio e a expressão de suas feições eram duras. Aquela
máscara gélida não pertence ao seu rosto, todavia, havia algo
insondável na face angelical. Fui tirado do transe que estava,
quando Scarlett disse algumas palavras e deixou o bordel.
— Foi um prazer revê-la.
— O prazer foi todo meu.
As duas se abraçaram e assim que meus lábios se moveram, antes
que o som saísse da minha boca, a insolente seguiu rumo à porta,
me ignorando por completo. Fazendo o meu estômago ser revirado
pela raiva, quem ela pensava que era.
— Chef...
A mulher do outro lado do balcão disse algo, mas deixei o copo
sobre o móvel e segui na mesma direção que a atrevida tinha ido.
Ao avistá-la, o som da minha voz reverberou no espaço.
— Pare!
Estremeci ao sentir a raiva se renovar dentro de mim e para
aumentar a minha fúria, ela continuou andando, não acatando
minha ordem.
Com sangue nos olhos, avancei em sua direção como um tigre,
encurralando a minha presa.
— Eu disse para você não sair do quarto.
Não quero que ela fique passeando em volta do lugar.
— Se quer exigir algo, comece a dar o exemplo, já que parecia
muito descontraído com a companhia daquela mulher.
— Está com ciúmes, querida esposa? — um sorriso sarcástico
aflorou nos meus lábios.
— Não se sente ciúmes de quem não gostamos e se fosse em outra
situação, estaria pouco me lixando, mas, aceitei um casamento por
contrato que não foi da minha escolha, e já que agora sou a sua
mulher, não irei aceitar ter um marido cheio de amantes ou você
quer que eu siga o seu exemplo?
A raiva que antes estava percorrendo em minhas veias como um
fogo líquido, me incendiando por dentro, deu lugar a algo muito
maior e os meus demônios internos enfim despertaram.
Tudo à minha volta foi escurecendo e ficando somente a claridade
que vinha da maldita a minha frente e assim que se moveu, com
apenas um movimento, a alcancei e puxei o seu pequeno corpo de
encontro ao meu. Uma de minhas mãos segurou firme o seu
pescoço e os meus olhos ficaram cravado em seu rosto, que tinha
um olhar desafiador.
— Quem ousar tocar no que é meu, será resumido a pó. E quanto a
você, se deixar que alguém toque no seu corpo, eu te farei conhecer
o meu inferno particular, onde eu sou a lei e tudo de ruim que você
já viu na vida ou soube que existe, será o paraíso perto do caos que
vou transformar a sua vida.
Capítulo 17

AMBER

P assei os últimos dias me aproximando das mulheres que já


estavam aqui há bastante tempo, e acabei conseguindo várias
informações sobre o funcionamento do lugar. Os horários que Ethan
permanecia aqui e que sua viagem para Belgrado, foi porque o
solteirão cobiçado por todas, iria se casar, um obstáculo a mais, no
entanto, eu o queria e ele seria meu de qualquer maneira, depois do
almoço, uma onda de ansiedade me atingiu em cheio assim que
Luccas falou que era para todas irem para o salão que Ethan estava
chegando. Contudo, eu jamais esperava que ele não estaria
sozinho. Soube do seu recente casamento, mas, ciente que ele
passava a maior parte do seu tempo no bordel, eu teria como
conquistá-lo. Todavia, no exato momento que meus olhos ficaram
fixos naquela coisinha sem sal, todos os meus sentidos ficaram em
total alerta e a raiva me dominou ao ver que não seria somente uma
visita e aquela infeliz poderia vir a atrapalhar os meus planos.
Após deixar o salão, passei um bom tempo conversando com Alice,
que assim como eu, havia vindo da filial do The Brother Empire.
Confesso que fiquei impressionada com a beleza exuberante do seu
rosto, mas a criatura além de ser mais magra que nem um palito de
fósforo, não está à altura de ser a mulher de um homem como
Ethan Borislav. Depois do descanso, todas foram para o grande
salão, já que o ambiente sempre devia estar impecável para o
momento que as portas fossem abertas. Enquanto as idiotas faziam
o trabalho pesado, tanto eu, como Alice e as outras que já eram
mais antigas na casa, estávamos conversando, até o instante que a
única pessoa que não queria ver novamente em minha frente,
apareceu ao lado de Scarlett.
A minha vontade era avançar em cima da vagabunda e fazê-la
engolir cada palavra que saiu da sua maldita boca. E, como se não
fosse suficiente, quando estava tecendo minha teia em volta dele,
eis que a imbecil surgiu e por culpa dela, o homem acabou saindo
às pressas do ambiente. Ódio! Muito ódio é tudo que consigo sentir
ao lembrar-me das palavras que ouvi daquela desgraçada mimada e
toda humilhação que me fez passar diante daquelas infelizes, que
vibraram com a cena que presenciaram.
Mas, não importa o que eu tenha que fazer, eu irei tê-lo em minha
cama e assim terei o gostinho de ver a vadia perdendo o seu marido
e futuramente a sua vida. Quando conseguir tudo que desejo, serei
dona de todo esse lugar e será pelas minhas mãos, que Cecília será
enviada a uma viagem sem volta para o inferno.

CECÍLIA BORISLAV
Senti sua outra mão no meu pescoço e o meu corpo sendo erguido.
Das suas órbitas trevosas, saíam faíscas de ódio, parecia um farol
no oceano, eu podia sentir a vibração magnética que vinha dele,
fazendo todo o meu corpo estremecer e meus órgãos internos
funcionarem a todo vapor. As mãos dele seguravam firme a minha
garganta, mas, ao ver que eu ainda estava o encarando, ele
intensificou o aperto em volta do meu pescoço. Perdi o fôlego e o
pânico tomou conta de mim e eu comecei a empurrá-lo, porém, ele
não se movia e muito menos, me soltava, pelo contrário, o homem
parecia que estava possuído e seu rosto se contraía numa
expressão em que demostrava uma fúria incontrolável.
Senti o ar se esvaindo dos meus pulmões e respirei profundamente
algumas vezes, pois, meu peito queimava.
Imobilizada pelo pescoço e antes que eu viesse a perder os
sentidos. Precisava agir, em questão de segundos, movida pelo
desespero, a minha única reação foi mover uma de minhas mãos
até a sua parte intima e reunindo todas as minhas forças, comecei a
apertar com o seu pênis por cima da calça, girando a mão como se
tivesse torcendo-o.
Ele ficou paralisado por uma dor terrível e um ruído escapou da sua
boca. Quando ele afrouxou o aperto contra minha garganta, minhas
pernas ganharam vida própria e eu saí correndo o mais rápido que
conseguia pelo corredor, tentando chegar até ao quarto. Meus
pulmões estavam agitados, funcionando aos espasmos, quando
avistei a porta e pensei que seria a minha salvação, senti uma dor
forte em minha cabeça assim que ele puxou os meus cabelos com
força, me fazendo perder o equilíbrio e o meu corpo foi de encontro
ao chão.
Gemidos saíram por entre meus lábios e ao levantar a cabeça, meu
coração começou a bater freneticamente diante da própria imagem
de um monstro a minha frente.
Seus olhos azuis estavam tão escuros, que o ódio resplandecia
através deles e antes que cogitasse em fazer algo para me
defender, ele segurou novamente nos meus cabelos e saiu me
puxando. Percorremos o enorme corredor que parecia não ter fim. A
dor em minha cabeça se intensificava a cada segundo que ele ia me
arrastando.
— Pare! Pare! Está doendo.
Ele continuava se movendo, ignorando as minhas súplicas. Sem a
minha permissão, as lágrimas grossas surgiram inundando o meu
rosto e as minhas costas estavam ardendo devido ao contato com o
concreto. Aquele percurso parecia o mais longo da minha vida e
quando viramos à direita, meus pensamentos foram interrompidos e
com eles fui envolvida pelo desespero.
— Já que você gostou tanto de apertar o meu pau, chegou a hora
dessa boquinha insolente dar a ele o alívio que tanto precisa. E
nada melhor do que te apresentar o corredor 666.
— SOLTE-ME AGORA — disse aos gritos, mas, o homem continuou
me puxando e por mais que eu tentasse retirar suas mãos dos meus
cabelos, era em vão. Aquele lugar enviava calafrios por todo o meu
corpo. Uma sensação ruim apoderou-se de todo o meu ser e eu
tinha a sensação que naquele corredor não estava somente nós
dois, era como se das paredes sombrias viessem ruídos, tipo, gritos
de angustia e sofrimento clamando por socorro, eu jamais havia
sentido uma energia tão poderosa e negativa vinda de um lugar tão
estreito, que parecia inofensivo. Minutos depois, quando já não
aguentava mais a dor em minha cabeça e o latejar vindo das minhas
costas, mesmo protegida pelo tecido fino do vestido, parecia que
estava em carne viva, ele parou, e, ao soltar o meu cabelo, me
puxou, fazendo-me ficar em pé.
Ódio, jamais havia sido envolvida por pensamentos e sensações tão
obscuras, porém, quando ele levou sua mão livre em direção a um
painel que estava fixo na parede, digitou uma senha e a porta se
abriu. Ethan entrou me levando junto. Eu sabia que precisava sair
dali, mas fiquei petrificada, suando frio e com o coração batendo
violentamente ao olhar para imagem a minha frente e um medo cru
e agudo, me envolveu por alguns segundos ao ouvir as palavras
que ecoaram por todo o ambiente.
— Bem vinda à sala do prazer. O lugar onde você vai aprender a
proporcionar todo o prazer que eu, assim, desejar.
Capítulo 18

CECÍLIA BORISLAV
Senti um frio na minha espinha e o coração estava disparado, meus
olhos arregalados. Eu estava atônita diante do cenário a minha
frente, o ambiente tinha uma decoração sadomasoquista, a sala tem
entre algemas penduradas, chicotes, coleiras, máscaras, cordas e
até um crucifixo grande de ferro na parede. Assim como aquele
corredor que ele deu o nome do enigmático número 666, este lugar,
apesar de luxuoso, tinha o cheiro da morte, um aroma de uma
fragrância cítrica. Todavia, embora estivesse com um nó na boca do
estômago, com os utensílios que tinha visto, era a cama que tinha
uma piscina a sua volta, que estava me deixando espantada.
Porém, fui tirada do transe em que estava assim que ele começou a
se despir e vi seu olhar sobre mim. Corri em direção a porta, mas,
antes que eu tivesse a sorte de passar por ela, a mesma foi fechada
automaticamente. A raiva estava percorrendo cada fibra do meu
corpo e ironicamente arqueio minhas sobrancelhas quando me virei
em sua direção. O infeliz já estava centímetros a minha frente,
completamente nu.
Sua musculatura era firme e bem definida e o seu membro, este já
estava totalmente ereto. Ethan abriu um sorriso sarcástico, em
seguida sua risada diabólica ecoou por todo ambiente, fazendo
todo o meu corpo estremecer e foi justamente no momento que o
infeliz avançou em cima de mim, feito um predador, e, mesmo
lutando, suas mãos ágeis começaram a rasgar toda minha roupa,
me deixando só de calcinha.
Ciente do que estava prestes a acontecer, eu não iria desistir de
lutar.
— Eu não quero e você não vai tocar em mim.
— Você deveria ter pensado antes de agir. Nessa porra quem
manda sou eu e embora seja minha esposa, eu jamais vou aceitar
que uma mulher ou alguém passe por cima de mim.
O enviado do capeta que emanava uma vibração poderosa, segurou
em meu pulso e saiu puxando-me. Mesmo aos tropeços, chegamos
até a piscina, com a brutalidade e rapidez com que ele se movia,
acabei perdendo o equilíbrio ao descer um dos degraus, mas, antes
que desabasse dentro da água, ele me segurou e me fez ficar de
joelhos.
Como estávamos na parte mais rasa, a água batia até os meus
seios e ao levantar a cabeça e ele deu alguns passos. O meu rosto
ficou centímetros de distância do seu membro avantajado, fazendo
o nó que havia se formado em minha barriga se intensificar. Fiquei
olhando para aquele pênis animalesco, com veias inchadas por toda
sua extensão, indo até a base bem grossa e a cabeça rosada e
dilatada que estava apontada na direção da minha boca.
— Chupe o meu pau — diante das suas palavras, a minha raiva deu
lugar a um ódio descomunal que estava queimando o meu peito. O
desgraçado se movimentou esfregando aquilo no meu rosto, me
fazendo sentir o cheiro do seu pênis que já estava pulsando
freneticamente. Vendo que eu não demostrava nenhuma reação,
novamente vociferou num tom ainda mais furioso.
— Chupa, você é surda? — lançou um olhar mortal para mim.
Os meus lábios que estavam grudados até então, se moveram e um
sorriso vitorioso surgiu em sua face diabólica, contudo, em vez de ir
ao encontro do seu membro, afastei um pouco a cabeça para trás e
as palavras que foram ditas fez sua fisionomia mudar para algo
assustador.
— Eu não vou chupar o seu pau. Não sou sua propriedade ou uma
das prostitutas que estão aqui somente para proporcionar prazer.
Eu, Cecília Borislav, sou sua esposa e você não vai me tratar como
se eu fosse uma vadia.
No instante que o som das minhas últimas palavras ressoaram
dentro do ambiente, ele levantou uma de suas mãos.
— Bate, mas bate com força, quem sabe assim poderá aplacar a
sua ira — disse sem desviar os olhos dos dele.
Quando novamente ele movimentou o braço, estava ciente de que o
golpe seria desferido ao ver seus olhos queimando de fúria.
Contudo, em vez de acertar o meu rosto, ele segurou firme em
meus cabelos e um gemido incontido saiu da minha boca. Antes que
eu viesse a processar o que estava por vir, Ethan levou a outra mão
até a minha cabeça. Possuído e segurando firme, ele a enfiou
dentro da água e depois de alguns segundos a puxou de volta. O
que parecia ser até uma brincadeira de criança aos poucos deu
lugar ao desespero, pois, cada vez que ele colocava minha cabeça
dentro da água, a deixava por mais tempo. Continuou a fazer o
mesmo movimento por várias vezes e a certa altura, não a retirou
mais. Minha respiração tornou-se escassa, meu peito se expandiu
em uma dor profunda, meus pulmões estavam queimando e
comecei a espernear tentando fazer com que ele acabasse com
aquele tormento.
Senti uma imensa escuridão querendo me envolver, minha cabeça
dava voltas e mais voltas. Comecei a ouvir o som das vozes de Ana,
minha mãe e quando as trevas estavam prestes a consumir toda a
luz a minha volta, foi o som da voz do meu pai, que atingiu os meus
tímpanos, deixando todos os meus sentidos voltados para tudo que
ele estava dizendo.
"Você é muito mais forte do que imagina. Só você pode superar os
seus medos e vencer qualquer obstáculos."
Aquelas palavras martelavam em minha mente como se fosse um
mantra. Não sei quantos minutos se passaram e quando um forte
clarão surgiu a minha frente, eu sabia que aquilo era o sinal. Deixei
de lutar e me entreguei de vez à escuridão total.

ETHAN BORISLAV
Ouvir as palavras que foram ditas por ela naquele corredor, fez
todos os órgãos dentro da minha caixa torácica dispararem,
funcionando a todo vapor, meu corpo estava tão quente, que parecia
uma fornalha. E como se tivessem vida própria, minhas mãos já
estavam em volta do seu pescoço frágil e naquelas órbitas
esverdeadas, havia uma luz que fez algo dentro de mim querer
apagar, porém, como num piscar de olhos, a maldita segurou firme
no meu pau e nem mesmo se tivesse cravado uma adaga no meu
peito, me causaria a dor cruciante que me envolveu naquele
instante. Por alguns segundos, todo o meu corpo paralisou, me
fazendo afrouxar o aperto em sua garganta e quando assumir
novamente o controle do meu corpo, ela já estava a certa distância.
A raiva me dominou, minha cabeça estava tão quente, que parecia
um vulcão em erupção, e, antes que ela viesse a chegar ao seu
destino, minha mão foi de encontro aos seus cabelos. Dali em
diante, os ruídos que saíram da sua boca se tornaram música para
os meus ouvidos, e quanto mais ela clamava, mais a puxava pelo
corredor. Ver sua expressão ao entrar na sala, fez meu corpo vibrar
e era hora de lhe mostrar a quem ela de fato pertencia.
Contudo, ela estava disposta a me desafiar e em meio as suas
palavras e ao brilho reluzente dos seus olhos, irradiando uma luz em
volta do seu corpo, fez todos os meus demônios se manifestarem de
um jeito que nunca tinha sentido antes. De repente, senti uma força
totalmente sobrenatural assumir todo o controle do meu corpo e
segurando a minha mão, enquanto a minha pele estava em chamas.
A escuridão me envolveu e quanto mais enfiava a cabeça dela
dentro da água, tudo que ouvia eram os meus demônios gritando
para acabar com a vida da infeliz. Tudo era um escuro profundo e
em meio ao mundo de trevas, iniciou-se um verdadeiro duelo dentro
de mim.
Respirando profundamente, lutei para assumir o controle do meu
corpo e quando consegui, os meus batimentos cardíacos
aumentaram e a minha respiração acelerou ao vê-la totalmente
desfalecida.
— Maldiçãooooooo!!! — um grito saiu rasgando a minha garganta.
Não! Não! Não! Isso não pode ser possível, assim que a tirei de
dentro da água, a colocando sobre o chão, o ódio me envolveu
novamente ao ver a insolente abrir os olhos e com ar vitorioso em
sua expressão. No entanto, por alguns segundos, um único
pensamento se formou em minha cabeça.
"Como ela conseguiu ficar tanto tempo debaixo da água".
Capítulo 19

CECÍLIA BORISLAV

M inutos atrás, o pânico tomou conta de mim e um nó gigante


se formou em minha garganta. Meu coração disparou e não
conseguia respirar direito, parecendo que minhas narinas estavam
bloqueadas. Meu peito queimava em meio à dor causada pelo meu
desespero. Mas, quando me concentrei, ao lembrar-me das
palavras do meu pai, era o momento de vencer o meu medo e
mostrar a Ethan, que a bonequinha como ele se refere a mim, era
muito mais que um rosto bonito. Ele veria que não sou um objeto
que ele pode brincar e quebrar para depois concertar, fingir que
minhas forças haviam se esvaído e que a escuridão me consumiu,
era a única solução para lutar contra os seus demônios. Todo o
tormento, o desespero e as sensações ruins que rodavam a minha
volta, deu lugar ao êxtase total, fazendo meu corpo todo vibrar ao
ver a expressão do tirano. Entretanto, embora suas órbitas já
estivessem num tom normal, a forma como sua mandíbula se
contraia, demostrava o quanto ele estava possesso de raiva. E,
depois de um duelo que travamos com o olhar, a calmaria foi
interrompida.
— Vamos ver até quando você vai medir forças comigo e se depois
de sair desse lugar ainda terá esse olhar vitorioso.
Eu ainda estava processando o que ele havia dito e antes que eu
chegasse a me levantar, movendo-se feito uma bala em direção ao
alvo, ele alcançou a porta e quando fiquei de pé e corri na direção
dele, porém, a mesma foi fechada, deixando-me sozinha.
— Deixe-me sair — disse aos berros e comecei a bater na porta,
mas, a única coisa que consegui foi deixar minhas mãos doloridas.
Sem alternativa e ao correr os olhos novamente pelo lugar, acabei
sorrindo. Afinal de contas, a minha prisão era de luxo e se ele acha
que me deixando presa vai fazer com que eu me torne seu
brinquedinho, está completando enganado. Se ele me fizer cair, eu
vou me levantar e não importa o quanto o enviado do capeta queira
me empurrar na direção das chamas do inferno, eu não vou
sucumbir a ele.
Sigo até uma porta branca que indicava ser um banheiro e ao entrar
no ambiente, ando até o box e minutos depois de tomar um banho,
acabei encontrando em uma das gavetas, um roupão preto e, logo
após, vestindo o tecido felpudo, saio do cômodo e caminho até a
cama. Sozinha nesse lugar, acabei perdendo a noção do tempo,
pois, minhas lembranças sempre vinham quando alguma coisa que
acontecia no presente, se relacionava com algo parecido no
passado. Uma relação que trazia coisas perdidas na minha
memória, mas, que acabam por me fortalecer.
O treinamento que Enzzo Demisovski me impôs, foi muito além de
saber segurar uma arma ou exercícios respiratórios para aumentar a
capacidade pulmonar. Depois do que aconteceu quando eu e Ana
éramos crianças, além de ter a necessidade de não sentir nunca
mais aquele medo que me envolveu, eu sabia o quanto ele estava
se sentindo culpado por não estar conosco naquele momento. Ana
disse que me transformei no filho homem que eles jamais teriam,
mas, de alguma forma, meu pai sabia que não estava me
preparando só para que eu pudesse vencer os meus medos e saber
me defender. No fundo, ele sempre soube que algum dia eu estaria
nas garras do próprio demônio.
Em meio a tantos pensamentos que rondavam a minha mente, eu
acabei me entregando a um sono profundo.
Horas mais tarde...
Meus olhos se abriram assim que ouço um barulho ao meu redor.
Olhei para todos os lados, mas não tinha ninguém além de mim
dentro da sala e quando virei a cabeça para o lado me deparo com
uma bandeja em cima do criado mudo. Nela havia um prato com
comida e uma colher, eu estava faminta e precisa ter forças para
enfrentar o que tivesse por vim. Depois que termino me levantei e fui
ate o frigobar e entre as bebidas que havia dentro encontrei
algumas garrafas com água e suco, apos tomar água sem saber se
ainda era dia ou noite já que as paredes do lugar impediam que o
barulho do lado de fora viesse a ecoar dentro do ambiente. Com
passos firmes fui novamente até o banheiro e em cima da bancada
tinha uma escova ainda na embalagem e pasta de dentes, a comida
e os objetos eram a confirmação que alguém havia entrado no
recinto, enquanto eu estava dormindo. Quando retornei para o
quarto o que antes parecia um desafio já estava me deixando
inquieta e comecei a andar pelo lugar para ver se o tempo passava
mais rápido. Contudo, novamente o meu refúgio foi a cama e me
entrega novamente a escuridão.

Duas horas mais tarde...


Eu me remexo inquieta ao sentir um peso esmagador me deixando
sem fôlego e no momento que sinto algo deslizando pela minha
intimidade e uma forte pressão nos meus seios, o sangue começou
a correr gelado em minhas veias, me arrancando das profundezas
da escuridão. Acordei desorientada e suando frio, com o coração
batendo violentamente.
— Sai de cima de mim! — comecei a empurrá-lo, mas, ele começou
a sugar os meus seios com avidez, deixando o meu corpo quente
em brasa, puxando em seguida a sua mão que estava explorando o
meu sexo, fazendo o desespero me envolver ao sentir a cabeça do
seu membro em contato com a minha fenda.
— Não! Eu não quero fazer isso.
— Cala boca. Você é minha! — feito um tigre raivoso, ele
movimenta os quadris e sinto o seu pênis entrando na minha carne
sensível, movida pela raiva, levei minha mão até a suas costas e
cravei as unhas com força e saí deslizando, intensificando ainda
mais o contato contra a sua pele. Por alguns segundos, ele ficou
imóvel, porém, seu rosto se transformou numa máscara fria e dura.
E, o meu ato só o irritou ainda mais, fazendo com que me penetre
com mais intensidade.
— Se a minha bonequinha gosta de sexo selvagem, eu te darei.
Sem demora, senti seu pênis entrando todo dentro de mim, mordi os
lábios para não deixar o ruído que ficou preso em minha garganta
escapar. Ele investe em meu corpo de forma violenta, seu membro
duro, maciço e grande, saindo e entrando cada vez mais forte, me
preenchendo completamente. Ethan, com um movimento forte do
quadril, impulsionou o pênis mais profundamente até bater no colo
do meu útero e eu tinha a sensação que ele logo seria esmagado.
Comecei a me contorcer, esperneando.
— Não torne isso ainda mais doloroso para você. Já está na hora de
você entender que agora é uma mulher casada, deve ser a esposa
perfeita e jamais levantar a voz para o seu marido e muito menos
desafiá-lo.
A cada movimento dele, ao ver que eu relutava, se tornava ainda
mais doloroso. Algumas lágrimas queriam cair, mas, eu fechei os
olhos para impedir e a certa altura, eu resolvi parar de lutar, se ele
quer ter uma boneca, como assim vem me chamando, é isso que
terá em sua cama. Mantive-me petrificada feito uma estátua
enquanto o meu corpo era usado da pior forma possível.
— Gostosa — ele disse entre gemidos. Seus movimentos se
tornando cada vez mais violentos, sua boca gulosa começou a
explorar os meus seios novamente, chupando feito louco, enquanto
ele empurrava seu pênis com vigor para dentro de mim. Virei o meu
rosto para o lado e ele continuou com seus movimentos insaciáveis,
parecendo um animal que estava disposto a devorar-me por inteira.
Tudo que eu queria era que aquilo acabasse logo. Perdi a noção do
tempo transcorrido, minha vagina latejava como se tivesse ferida por
dentro. Então, ele num movimento abrupto, ejaculou e me
preencheu com seu abundante líquido em jatos potentes. Minutos
depois, eu ainda podia sentir aquela criatura que parecia ter vida
própria pulsando dentro de mim, como se nada o fizesse adormecer,
porém, quando os olhos deles buscaram os meus, meu coração
disparou.
Eu sabia que estava perdida e minha respiração se tornou escassa,
quando ouvi suas palavras.
— Só estamos começando, bonequinha.
Capítulo 20

CECÍLIA BORISLAV

E than gemia enquanto investia seu membro de forma bruta


dentro da minha carne dolorida. Quando parei de lutar, suas
investidas se tornaram punitivas, como se ele quisesse mostrar-me
que somente a sua vontade que ia prevalecer.
No momento que ele atingiu o êxtase e senti o seu pênis latente
liberar jatos fortes da sua semente dentro da minha vagina, não
demorou muito para ele sair de dentro de mim e desabafar sobre a
cama. Eu achei que teria um pouco de paz, porém, dentro de uns
cinco minutos, o infeliz começou a explorar novamente o meu corpo
como se eu fosse a sua bonequinha, que ele pudesse pegar, usar e
descartar a hora que assim desejasse. Parecia surreal que seu
membro já estivesse mais duro que uma barra de aço e certamente,
o perverso deveria ser estudado pela NASA, pois, o homem
insaciável introduziu seu membro viril dentro de mim e começou
estocar forte a minha intimidade. Ele me penetrava com violência e
a dor que senti foi muito pior que da primeira vez, todavia, eu não
deixei que nenhum som saísse da minha boca e fiquei aguentando
aquele sofrimento em silêncio. Ao atingir novamente o prazer, ele se
levantou e saiu do quarto, tentei me levantar, mas senti todo o meu
corpo dolorido. Meu sexo também estava sensível e o desconforto
na região era intenso, mesmo com dificuldade me coloquei de pé e
fui até o banheiro, pois precisava tomar um banho e tirar o cheiro
dele que estava impregnado no meu corpo.
Uma semana depois...
Eu sinto o meu corpo pesado e tento romper a paralisia que se
abateu sobre todos os músculos dele.
Estou encolhida na cama, haviam marcas roxas, não só em meus
pulsos, como em várias partes da minha pele. Não que ele
houvesse me espancando, mas, as mordidas nos meus seios, as
chupadas em minha pele e o desespero para me livrar das algemas,
acabaram por me machucar muito.
Se eu achava que ele não podia ficar pior, na segunda noite quando
acordei ainda sonolenta, me deparei com sua cabeça enfiada no
meio das minhas pernas, causando uma inquietação pelo meu
corpo todo e ao lembrar o que ele havia feito comigo, num impulso,
tentei fechar minhas pernas, mas ele as abriu ainda mais, tendo
acesso total a carne latejante da minha vagina.
— Você é minha — sussurrou. — Só minha. Nunca se esqueça
disso.
A ponta da sua língua impetuosa tocava meu clitóris, em seguida, o
envolvendo com os lábios, passando a explorar cada curva e fenda
do meu sexo, chupando-o e lambendo com voracidade. Quando o
meu corpo começou a ficar ainda mais quente e seus dedos
massagearam freneticamente meu clitóris, em lentos movimentos
circulares. Na minha mente só ficou as lembranças dos momentos
que o demônio me fez passar quando me violentou sem dó e nem
piedade.
— Você vai aprender, porra! A dar prazer ao seu homem.
— Se gosta tanto que eu seja sua bonequinha, deveria estar
satisfeito ao transar com um objeto — disse-lhe num tom rude.
Por mais que ele estivesse devorando o meu sexo com sua boca
gulosa, ao ficar paralisada, só o irritou ainda mais, fazendo com que
ele subisse em cima de mim e só então percebi um par de algemas
em sua mão. Seus olhos estavam soltando faísca de ódio e com o
peso esmagador sobre mim, eu não tive como me levantar, ele por
sua vez, segurou firmes os meus dois braços, levantando-os para
que ficasse na altura da minha cabeça e quando percebi o que
estava prestes a acontecer, tentei puxá-los, porém, segurando os
meus pulsos, ele os prendeu com as algemas.
Ele me observava como um falcão, esboçando um sorriso de
satisfação. Ethan, com o olhar ameaçador, disse:
— Você vai aprender a nunca mais levantar o seu tom da voz para
falar comigo.
Dito isso, senti o seu hálito quente e calafrios percorreram por todo
corpo. Ele conduziu sua boca até a minha, que estava entreaberta,
mas tratei de fechá-la, no entanto, a abri assim que deu uma forte
mordida no meu lábio inferior, fazendo o líquido metálico escorrer da
minha pele.
— É assim que as coisas vão funcionar.
Num reflexo, ele deslizou o corpo um pouco mais para baixo e senti
o seu membro forçando a abertura estreita da minha intimidade.
Seus quadris começaram a se mexer e acabei fechando os meus
olhos quando meu estômago começou a se contorcer, ele, sem
demora, me penetrou com força e começou os movimentos com
intensidade. Meu corpo todo ficou rígido, assim como da ultima vez,
a cada estocada, ele aumentava o ritmo. Os meus seios
balançavam pela intensidade dos seus movimentos, contudo, o pior
estava por vir e não foi só o medo que me envolveu quando suas
orbitas azuis ficaram fixas no meu rosto e suas feições diabólicas
surgiram em sua face.
— Vamos ver se a bonequinha não ganhará vida.
Se eu estava perdida com suas palavras, logo as compreendi
quando todo o meu corpo começou a estremecer devido a forte
descarga elétrica que foi emitida através das algemas.
— É assim que uma esposa desobediente é tratada. Agora vou te
mostrar muito mais.
Senti seu pênis duro como uma rocha me invadindo cada vez mais
rápido. Escutava seus gemidos altos, enquanto ele me preenchia
completamente. Vendo que eu já havia me recuperado do choque,
novamente o meu coração disparou e cada centímetro do meu
corpo se contorceu em meio à dor ao receber novamente outra
descarga elétrica, que daquela vez, foi muito mais intensa. Minha
respiração ficou pesada quando ele começou a me estocar,
enfiando o seu pênis todo dentro da minha vagina.
Senti seu membro inchar no instante que ele acelerou seu ritmo com
movimentos implacáveis e levou a boca até os meus seios e
começou a sugar como se fosse uma criança em busca de saciar
sua fome. Ethan continuou socando o meu sexo com golpes cruéis
e impiedosos. Seu membro incansável me invadindo cada vez mais
firme. Meu sexo doía de tantas estocadas rígidas e violentas, meu
corpo, a cada choque se contorcia e enrijecia, enquanto ele
continuava a deslizar o seu pênis, sentindo o calor e o aperto do
meu sexo contra aquele membro avantajado. Minutos que se
tornaram uma eternidade, se passaram e, quando o vapor começou
a dominar o ambiente ao nosso redor, em uma estocada mais rígida
e forte, senti seu líquido quente me invadir em jatos potentes,
enquanto sons guturais e incompreensíveis saiam por entre os seus
lábios.
A prisão de luxo acabou se transformando no lugar mais sombrio
em que já tinha estado. Dois dias depois que já estava nesse inferno
que ele deu o nome de sala do prazer, foi que descobri que antes
era a famosa sala do desespero, onde o meu sogro ceifou a vida de
dezenas de pessoas e só então entendi porque tudo estava
carregado de uma energia tão negativa e assustadora.
Aquilo foi só o começo do tormento que passei ao longo dos dias,
ontem, eu não consegui comer, pois, depois que ele abusou do meu
corpo até se dar por satisfeito, assim que ele saiu do quarto, acabei
me jogando dentro da piscina, perdi a noção de quantos minutos eu
fiquei debaixo da água, mas, pela primeira vez, eu quis não sair
mais de dentro dela e me entregar a escuridão sem fim. Entretanto,
os meus pais sempre me ensinaram o quanto o dom da vida é
precioso e não iria desistir por causa dele. Depois de sair de dentro
da água, só tive tempo de me enxugar e desabei em cima da cama.
Deixo as lembranças no passado e com dificuldade, me levanto e
vou praticamente me arrastando em direção ao banheiro, assim que
adentro o ambiente, minha vista escurece e tudo começa a girar e
girar, em seguida sinto minhas pernas perderem a força e o
entorpecimento envolve tudo ao meu redor.
Capítulo 21

Dois dias depois...


ETHAN BORISLAV

A expressão da mulher à minha frente demostra toda sua


inquietação, porém, assim como aconteceu quando, por pouco
não acabei com sua vida dentro da piscina, ela se mostrou mais
forte do que eu pensava. Ela tem a aparência semelhante à de um
anjo, e aparentemente, um corpo frágil, contudo, que tinha muito
mais força do que muitos dos malditos que cruzaram o meu
caminho.
Sentir toda a sua indiferença e ver que ela continuava mais dura que
uma pedra, acabou despertando um desejo primitivo em
proporcionar dor aquele ser que tinha a audácia em me contrariar.
Tremores tomaram conta do seu corpo frágil, fazendo o seu rosto
ficar pálido, seu coração disparou ao ponto que cada batida contra o
seu peito, fez um calor insuportável me queimar por dentro, pois, o
medo pairou no ar, servindo como fonte vital para alimentar os meus
demônios. Mesmo se mantendo firme, no fundo daquelas órbitas
esverdeadas, estava visível o seu desespero e toda dor que ela
estava sentindo. O corpo da bonequinha mesmo contra sua
vontade, não conseguia se mantem imóvel, já que a cada choque,
eu intensificava a potência da descarga, embora soubesse até que
limite poderia ir para que sua vida não fosse interrompida pelos
meus atos, o seu corpo foi explorado por mim de todas as formas
possíveis e embora nunca tivesse recorrido a isso ao estar com uma
mulher, já que todas desse lugar eram verdadeiras máquinas de
sexo e tinham como único objetivo proporcionar prazer ao parceiro.
Cecília desperta em mim, sensações que jamais havia sentido
antes, um prazer e ao mesmo tempo um ódio, que queima cada
fibra do meu corpo e sua ousadia só faz com que uma batalha
interna seja iniciada e por mais que assim como a minha mãe, ela
seja uma iluminada, eu não estou disposto a deixar que sua luz, luz
essa semelhante a que Luna sempre quis que me envolvesse por
completo, domine as trevas que existe ao redor do meu coração.
Eu escolhi ser quem sou, o medo das pessoas e matar quem cruza
o meu caminho renovam minhas energias e me deixa em êxtase.
Portanto, eu iria até ao fim para fazê-la entender que se bater de
frente comigo, eu não terei piedade em puni-la da pior forma
possível.
Fazia uma semana que ela, estava naquele lugar e apesar do que
eu tinha feito, ainda tinha um brilho intenso em seus olhos. Não foi
por coincidência que o meu pai a escolheu, pois, a insolente sem
dúvida, era a única que estava à altura de ser a dona da máfia,
porém, Cecília, mesmo crescendo e vivendo em meio a um mundo
sombrio, tem pensamentos e ideias que não me agradam. Saber
que ela não é como a irmã e como muitas outras que existem em
nosso mundo, de fato me deixa satisfeito, mas, o olhar desafiador
que sempre é lançado em minha direção, provoca um atoleiro de
sensações e sentimentos que me deixam possuído por uma fúria
incontrolável.
Depois de passar várias horas agradabilíssimas, saciando a minha
vontade, senti que enfim os meus demônios adormeceram. Saí da
sala do prazer já eram quase cinco horas da manhã e depois de
duas horas de sono, despertei. E, antes de vir tomar o meu banho,
olhei pelas câmeras e ela ainda estava dormindo. Tomei um banho
gelado, pois, o meu cacete já estava duro, tanto que as veias se
encontravam mais inchadas que o normal, latejando violentamente.
De banho tomado e arrumando, pego a bandeja que já estava em
cima do criado mudo e caminho para fora do quarto. Passos largos
me levam até o corredor 666 e no momento que paro em frente a
porta, sinto algo gritar dentro de mim e um alvoroço, como se
tivesse alguma coisa além dos meus órgãos internos e tinha vida
própria, pois, sinto meu rosto se contorcer. Minha respiração fica
acelerada e era a mesma sensação de quando ela estava em perigo
quando criança.
Em questão de segundos, o objeto que estava em minhas mãos cai
no chão e após digitar a senha e entrar no lugar, meu olhar fica
cravado na cama e não a encontro. Avanço em direção ao banheiro
e ao passar pela porta, meu coração para por alguns segundos ao
ver o seu corpo esparramado sobre o chão frio. Sem parar para
pensar, pego seu corpo frágil e saio com ela do lugar, a levando em
meus braços em direção ao nosso quarto, seu rosto está pálido e
gelado, sua respiração fraca, assim como as batidas do seu
coração, fico andando de um lado para o outro. Minutos se passam
até a chegada de Lauren e Scarllet e depois de todo procedimento
feito, a mulher me lança um olhar em reprovação.
Ao contrário da filha, a mulher mais velha, que por anos vem
servindo a nossa organização e hoje presta só alguns serviços, não
tinha medo da morte e muito menos conseguia conter a língua
dentro da boca. E depois das palavras que foram ditas por ela, que
se continuasse a aplicar alguma descarga elétrica contra o corpo de
Cecília, eu iria acabar por acelerar o funcionamento dos seus
órgãos, mesmo sendo em uma potência fraca, poderia levá-la a
morte. Pois, a bonequinha demostrava um quadro de anemia e
tinha pegado um resfriado forte.
O dia deu lugar a noite e novamente a noite deu lugar ao dia e nada
de ela sair da escuridão em que se encontrava. Embora estivesse
devidamente medicada por Scarllet, acredito que o motivo da minha
bonequinha continua feito a bela adormecida, é pelo fato de assim
estar protegida daquele que ela mesma diz ser o enviado do
demônio. Meus pensamentos são interrompidos quando ouço um
ruído ecoando no ambiente e minha atenção se volta para cama no
instante que os olhos delas se abrem.
Seus olhos passeiam em volta do lugar como se tivesse ainda
desorientada e buscava em suas memórias as lembranças do que
havia acontecido. Todavia, sua atenção ficou cravada em minha
direção, dou alguns passos e seus olhos que hoje estavam num tom
azul, brilham intensamente, eu vejo o ódio em suas pupilas. Sento
na beirada da cama e ela, mesmo com dificuldade, se senta.
— Espero que você tenha aprendido a manter sua língua dentro
dessa boquinha deliciosa.
Seus lábios se moveram e sua boca se entreabriu e o que ouvi,
despertou todos os meus demônios.
— Se você deseja tanto uma propriedade, um brinquedinho sexual e
um corpo que sirva somente para lhe dar prazer, deveria ter
procurado uma das mulheres que vivem nesse lugar e não uma
esposa. Contudo, não importa se um acordo foi feito, eu vou embora
desse lugar.

CECÍLIA BORISLAV
Nunca havia sentido tanto ódio em toda sua vida. O homem estava
com olhos fulminantes de ódio, mas, toda minha autoconfiança se
esvaiu quando tentei me levantar e ele me jogou de volta em cima
do colchão. Feito um animal raivoso, vocifera.
— Você sabe que no nosso mundo um casamento só é desfeito com
a morte. Mas, não está nos meus planos acabar com a sua vida, no
entanto, vai depender de você, não só o destino da sua família,
como de todos da máfia albanesa. Uma vez que o acordo for
quebrado, uma guerra sangrenta será iniciada e não pense que eles
terão alguma chance de sair com vida desse confronto.
Meu corpo todo começou a tremer, enquanto ele acabou saindo.
Embora nossa organização seja forte, a máfia Sérvia se infiltrou ao
longo dos anos como uma erva daninha, Dusan Borislav, aquele que
somente Deus é seu juiz, tem toda uma tecnologia ao seu favor e
pelas histórias relatadas pelo meu pai, sei muito bem que a
tecnologia deles avançou muito após Ethan assumir o controle. O
demônio prodígio desde criança, já vinha espalhando a destruição e
parece que o cheiro de sangue fresco serve de alimento para seus
demônios. Meus pensamentos foram atrapalhados quando meu
celular, que estava sobre um móvel próximo à cama, começou a
tocar.
Respiro profundamente ao ver o nome da minha mãe e logo em
seguida atendo a ligação.
— Meu amor, eu estou com saudades.
— Também estou mãe — digo com a voz embargada pelas
lágrimas.
— Aconteceu algo, filha?
Diante da sua pergunta, as palavras de Ethan martelavam em minha
mente, me levando a uma luta interna, por fim, resolvi não dizer
nada, eu mesma iria enfrentar os meus próprios problemas.
— Não mãe, é que estava doente.
Ela fica em silêncio por alguns segundos e quando ouço novamente
sua voz, fico surpresa com o que escuto, era como se de falto, ela
soubesse o que eu estava passando.
— Se tem alguém que pode penetrar no coração do demônio é
você. Tanto para mim e sua sogra, o caminho percorrido não foi
fácil, mas, você precisa mostrar que a escuridão em volta dele não
vai apagar a sua luz. Você é a soberana da máfia e não uma boneca
de pano que podem puxar com força para um lado e para o outro,
até que se rasgue ao meio. Cecília Demisovski Borislav, é aquela
que nasceu para mostrar que na máfia, as mulheres são muito mais
que filhas, esposas ou um rosto bonito ao lado do homem que
detém o poder.
— Obrigada, mãe.
— Nós te amamos, princesa.
Ficamos um bom tempo conversando e quando encerrei a ligação.
Fiquei pensando em suas palavras e chegou a hora de mostrar para
Ethan Borislav, que não sou o seu brinquedinho, o qual ele pode
usar para o seu bel-prazer. Um pensamento veio em minha mente e
lembro-me que no banheiro não tem câmera de monitoramento.
Deixo o meu celular em cima da cama e me levanto, vou até o
closet a procura da maleta que estava dentro de uma das minhas
malas, pois, fiz questão de trazer o kit de ferramentas que ganhei do
tio Hulk. Assim que pego o objeto, caminho até o banheiro, se não
posso sair desse casamento e na força não consigo derrotá-lo, vou
fazer uso da minha inteligência e das aulas de engenharia elétrica
que obtive um tempo atrás. O todo poderoso vai provar do próprio
veneno e veremos se é bom sair dando choque nas pessoas.
Capítulo 22

ETHAN BORISLAV
Quando ouvi as palavras que saíram pelos lábios dela. Um nó
imenso se formou em minha garganta e os meus batimentos
ficaram descontrolados. Tive que me controlar para não perder a
paciência, mas logo fiz o brilho intenso do seu olhar desaparecer, no
entanto, acabei me levantando da cama e deixei o ambiente.
Quando cheguei ao meu escritório, encontrei Luccas, que ainda
estava fazendo a contabilidade do movimento da noite anterior.
Porém, o ódio novamente apoderou-se de todo o meu corpo,
quando meu celular começou a tocar e ao ver o nome que surgiu na
tela, sabia que aquela velha tinha contado a Dusan sobre o ocorrido
com Cecília. Minutos ouvindo o homem do outro lado da linha,
dizendo o motivo pelo qual ela havido sido escolhida e que não iria
permitir que eu viesse a acabar com a vida dela.
Como se eu não soubesse de todas as atrocidades que ele fez a
minha mãe passar e se Luna conseguiu sobreviver, aquela que é
ainda mais audaciosa, teria que aprender a manter a sua língua
afiada dentro da boca e que, mesmo sendo minha esposa, eu não
serei uma marionete nas mãos de ninguém e muito menos de uma
mulher. Nem Dusan e nem Enzzo vão interferir em minha vida, nem
que para isso eu tenha que mostrar a eles quem agora é o dono das
máfias.
Depois da ligação, ainda fiquei no escritório terminando de resolver
alguns assuntos com Luccas, já havia mandado providenciar o
jantar dela e deixei o recinto, já que daqui à uma hora as portas do
The Brothel Empire seriam abertas. Quando cheguei ao quarto, a
mulher estava com sua atenção voltada para o celular, andei até o
banheiro e instantes depois, já havia me livrado das minhas roupas.
Entrei dentro do box e no momento que levei uma das minhas mãos
até o botão para ligar o chuveiro, senti um tremor violento por todo o
meu corpo, o meu pau pulsava fortemente e balançava
descontroladamente. Os meus pulmões se contraíram e o sangue
em minhas veias parecia fogo que me incendiava por dentro.
Raiva! Ódio! E outros sentimentos tenebrosos envolveram-me e
instintivamente puxei a minha mão e logo depois a fechei em punho
e o golpe foi desferido contra a parede na tentativa de aplacar todo
a minha fúria.
Instantes depois, meu olhar foi de encontro ao objeto e observando
minuciosamente tudo a minha volta, não havia nada de diferente.
Saí de dentro do ambiente, indo até a caixa de eletricidade, e após
desligar, puxei o fio da tomada e fui arrumar o maldito aparelho.
Entretanto, meus demônios estavam inquietos, me causando um
desconforto terrível e eu precisava arrumar um jeito de fazer aquela
sensação ser dissipada.

AMBER
Durante os últimos dias, consegui me aproximar de Ethan. Quanto à
coisinha sem sal, tem dias que não a vejo, o que acabou sendo um
ponto ao meu favor.
— Vamos!
A voz de Alice ressoou a minha volta.
Dou mais uma olhada em meu reflexo no espelho e fico satisfeita
com que vejo, com um giro nos calcanhares, movo-me em direção à
porta. A cada passo que dava pelo imenso corredor, podia ouvir o
barulho da música tocada e quando chegamos frente às portas
duplas do grande hall, detenho-me. Meus olhos passeiam em volta
do lugar que está lotado e ao ouvir o meu nome, minhas pernas
ganham vida própria e toda atenção se volta em minha direção.
Retiro o sobretudo e com passos lentos, vou andando pelo salão em
direção ao centro onde, haviam duas enormes fitas penduradas no
teto. Assim que começo a subir nos tecidos, aplausos ecoam no
espaço e quando inicio a dança, os homens vão à loucura.
Eu podia sentir os olhares cheios de desejo lançados em minha
direção, no entanto, somente um homem naquele ambiente era o
meu alvo e hoje ele seria meu. Minutos se passam e quando enrolo
o tecido em volta do meu corpo, suspiro fundo e com um giro, me
lanço em direção ao chão parando exatamente centímetros de
distância do piso, recebendo os aplausos e olhares em admiração.
Além de força e ter confiança, durantes as aulas que tive, peguei
rápido a subida, mas é muito técnico, você tem que entender e
aprender os movimentos para fazer os números finais. Não ter medo
e saber que você está ali segura, que não vai cair e se jogar
mesmo, sem parar para pensar.
Após me livrar das fitas, toda uma movimentação toma conta do
lugar, as meninas começam a partir para cima dos clientes, algumas
dançam, outras servem bebidas e quando vou em direção ao bar,
meu olhar se volta para Ethan, que está a certa distância com
Luccas.
A raiva percorre em minhas veias quando o vejo chamando Alice,
mas, logo minha atenção é desviada quando um dos clientes se
aproxima, e pelo olhar faminto, já sabia o que o infeliz queria.
Todavia, um sorriso vitorioso surge em meus lábios, quando de
repente, Alice surge e suas palavras me deixam êxtase, vibrando
em antecipação.
Instantes depois...
Meu coração batia forte, depois que não o vi mais no salão,
esperando alguns minutos, deixei o hall e passos largos foram
dados, me fazendo atravessar o corredor e chegar frente a porta do
meu quarto. Minha respiração estava ofegante e no instante que
abro a porta, me deparo com o homem já sem camisa. Seu peitoral
desnudo é bem definido e cheio de músculos.
— Tire a roupa, agora — disse ele, me tirando do meu estado de
estupor.
Fechei a porta e comecei a me despir. Quando me livrei da última
peça de roupa, o homem avançou em minha direção, me
encurralando. Senti seu hálito quente contra minha pele e sua boca
se chocou contra o meu pescoço, deslizando a língua pela minha
pele, mordiscando levemente. O calor ardeu em meu peito, se
espalhou pelo meu corpo inteiro, ele me pegou em seus braços e
levou-me em direção a cama, depois se afastou retirando o restante
da sua roupa, me deixando com os olhos arregalados diante da
imagem do seu membro latejante. Movendo-se rapidamente, senti o
seu corpo sobre o meu, ele lentamente, começou a beijar a minha
barriga e seus beijos se arrastaram até os meus seios, chupando e
mordendo avidamente.
Senti o calor do seu pau próximo a entrada úmida do meu sexo. Seu
membro pulsava sem parar e todo o meu corpo estremeceu quando
num movimento rápido e preciso, ele deslizou o seu pênis para
dentro de mim. A cada estocada, gemidos altos de dor e prazer
saiam da minha boca, ele aumentou o ritmo dos seus movimentos,
me penetrando cada vez mais forte e fundo. Comecei a movimentar
os meus quadris, acompanhado o ritmo dos seus movimentos.
Ethan continuava me invadindo cada vez mais fundo, senti minha
boceta apertar o seu pênis, e isso o incitou a prosseguir,
aumentando a força e a velocidade da penetração. Seu cacete,
enterrado até o meu ponto mais profundo. Minha boceta começou a
pulsar e quando um ruído alto escapou da sua garganta, ele numa
sequência de golpes violentos, com estocadas precisas, liberou seu
líquido cremoso tomado por um orgasmo tão forte que fez todo o
seu corpo estremecer.
Minutos depois, as palavras que foram ditas marcaram o início de
como a minha vida mudaria a partir daquele momento.
— A partir de hoje, você ficara somente comigo.
Meu corpo estava vibrando fortemente e meu coração prestes a
saltar do meu peito, entretanto, somente um pensamento se fazia
presente em minha mente.
"O próximo passo será me livrar daquela maldita Barbie".
Capítulo 23

CECÍLIA BORISLAV
Quando o todo poderoso entrou no quarto, mantive meu olhar
firme na direção do visor a minha frente. Seus passos foram
dados até o banheiro e eu tive que me aguentar para não sorrir.
Minutos se passaram, já não aguentava de tanta ansiedade, logo, o
estrondo que ressoou no ambiente, vindo do banheiro, fez todo o
meu corpo vibrar de felicidade. Daria qualquer coisa para ver a cena
dele pelado, com seu corpo todo trêmulo e aquela monstruosidade
que tem no meio das pernas, balançando de um lado para outro
sem que ele pudesse controlar. Sei que matar o soberano da máfia
seria meu passaporte para a morte, mas, eu não ia deixar barato
todo sofrimento que me foi infringido por ele, pois de alguma forma,
eu queria fazê-lo sentir a mesma dor que me causou. Eu deixei tudo
como havia encontrado e não teria como ele pensar que eu fui a
responsável pelo que aconteceu, Ana dizia que eu estava perdendo
tempo em me dedicar tanto aos ensinamentos do meu pai, em focar
tanto nos estudos, porém, conhecimento nunca é demais e hoje me
sinto grata por tudo que me foi ensinado.
Minutos depois, ele saiu do quarto, sua expressão era a pior
possível, seu rosto estava vermelho e até esqueci de que o meu
corpo ainda estava dolorido. Meia hora depois, quando ele saiu do
quarto, eu acabei tendo uma crise de riso e por pouco não fiz xixi na
cama de tanto sorrir. Já havia jantando e depois de falar com o meu
pai pelo aplicativo de mensagem, exausta, acabei adormecendo.
Horas mais tarde...
O barulho que reverberou dentro do ambiente, fez todos os meus
sentidos entrarem em alerta. Contínuo com os olhos fechados, e
logo em seguida ouço o som das passadas rumo ao banheiro e a
porta sendo fechada, não demorou muito para que o som da água
caindo fosse escutado por mim. Passaram-se alguns minutos, olhei
rapidamente no celular que estava debaixo do meu travesseiro, já
eram quatro horas da manhã, quando ouvi novamente o barulho da
porta e a luz do banheiro sendo apagada, fechei os olhos de novo.
No momento seguinte, senti o colchão afundando e depois o barulho
pesado da sua respiração, até que ele acabou dormindo.
Havia uma porção de coisas pipocando na minha cabeça e em
certas horas, não consigo controlar meus pensamentos. Fiquei com
os últimos acontecimentos em minha mente, até que voltei a dormir.

Uma semana depois...


Depois daquela noite, uma semana se passou, o homem insaciável
que parecia um animal faminto, durante todo esse tempo não tocou
em mim e chegava sempre quando estava prestes a amanhecer.
Aquilo que deveria ser um alívio, estava me deixando intrigada e
inquieta. Com uma das mãos que estava fixa na maçaneta da porta,
abri a mesma e quando entrei no banheiro, meu olhar foi de
encontro ao sobretudo dele que estava no cabide fixado na parede.
Nunca pensei que faria isso, mas diante do pensamento que passou
rapidamente pela minha cabeça, acabei indo até a roupa e ao pegar
a peça, sinto o cheiro de perfume feminino, o que fez todo o sangue
do meu corpo ferver e meu corpo inchar como se fosse um balão
prestes a explodir, tamanha foi à raiva que tomou conta do meu ser.
— Se ele estiver traindo-me, não importam as consequências,
jamais voltará a tocar em mim.
Acabei tomando um banho gelado, a água estava fria, o que fez
calafrios, percorrerem o meu corpo. Mas, eu precisava diminuir a
forte temperatura que havia tomado conta de mim, instantes depois,
de banho tomado, e, arrumada, deixei o quarto e já que estava com
fome, resolvi ir até a cozinha. Ao contrário do percurso até aquele
corredor sombrio que parecia não ter fim, o caminho até o hall, foi
feito por mim em menos de três minutos e novamente ao chegar ao
lugar, me deparo com a tal Amber, já que Scarllet me disse o seu
nome e com a outra que se chama Alice, as duas estavam
tagarelando e com um sorriso cínico no rosto. Assim que viraram em
minha direção, o que fez de imediato o meus batimentos acelerar,
mas, assim que dei alguns passos me detive, quando o cheiro
familiar impregnou as minhas narinas e era o mesmo perfume que
senti na roupa dele. Saí do transe em que me encontrava e quando
estava prestes a ir em direção as duas, pois queria ver se ela ainda
ia continuar sorrindo quando me olhasse, nem tive tempo de chegar
ao meu destino, quando o barulho vindo da porta principal chamou
atenção de todos.
Virei-me, era Luccas e Ethan que tinham acabado de chegar e ao
diminuir a distância entre nós dois, as duas ficaram em silêncio
assim que ele começou a falar.
— Hoje à noite iremos a um evento.
— É necessária a minha presença?
— Sendo minha esposa, claro que sim. Ayla está na cidade e dessa
forma, iremos nós quatro.
Fiquei em silêncio e novamente escuto a voz dele.
— Onde você estava indo? — perguntou com a voz firme e com o
olhar grudado em meu rosto.
— Estou com fome, então ia almoçar na cozinha.
— Vamos para o quarto que mandarei levarem o almoço.
Seguimos para o nosso quarto, mas todos os meus pensamentos
estavam direcionados para o cheiro que havia sentido. Segundo o
meu pai, nunca devemos agir por impulso, assim como um predador
ao ficar a estreita da sua presa, e no momento dá o bote, assim que
tiver a confirmação das minhas suspeitas, Amber ou qualquer outra
vão desejar não terem cruzado o meu caminho.

AMBER
A raiva e o ódio implacável que sinto por aquela criatura estava me
queimando por dentro, e ao ver a Barbie no salão, o meu maior
desejo era deformar o seu belo rosto. Mas, ele acabou chegando e
para aumentar a minha fúria, o idiota disse que essa noite sairia
com ela, depois do almoço, vim para o meu quarto, pois, precisava
tomar um banho.
Deixo a água morna cair sobre o meu corpo e penso que depois de
ter chegado tão longe, não posso deixá-lo escapar. Minutos depois,
desligo o chuveiro e com a toalha em volta do meu corpo, deixo o
cômodo e ao entrar no quarto, o dono dos meus pensamentos
estava parado próximo à porta.
Permaneci parada no mesmo lugar, enquanto ele deu alguns passos
e se juntou a mim.
— Pensei que ficaria com a sua mulher.
— É você quem eu desejo.
— Mas, não te verei a noite.
— Preciso ir a um leilão.
Uma expressão de tristeza envolveu o meu rosto e como sempre
acabou funcionando, porque o homem segurou em meu queixo,
forçando-me a olhá-lo.
— Nenhuma outra, me fez sentir tão em êxtase como você, você é
minha.
Sem que eu esperasse, ele puxou a toalha, me deixando exposta
aos seus olhos famintos e fez uma trilha pelo meu corpo com seu
olhar malicioso. Ethan me jogou sobre a cama e ao se livrar das
suas calças, introduziu o seu membro dentro da minha entrada
molhada. Aquela Barbie certamente não o satisfazia, pois, o homem
parecia um animal no cio.
Seus movimentos eram fortes, empurrando o seu membro fundo, o
tirando para depois deslizar toda extensão do seu pênis palpitante e
rígido para dentro de mim. A cada estocada, os ruídos que saiam da
sua boca se tornavam ainda mais alto e numa invertida de posição,
comecei a cavalgar em cima daquele pau que parecia um touro
furioso. Horas se passaram e quando juntos alcançamos o limite do
prazer, gozando violentamente, queria tomar um banho junto, mas o
homem ao olhar para o relógio em seu pulso, mas uma vez disse
que banharia em seu quarto, o que era até bom para aquela
desgraçada sentir o cheiro impregnado de sexo no seu marido, que
agora é o meu homem.
Sozinha no quarto, e esparramada sobre a cama, penso que vários
dias se passaram e já chegou o momento de me livrar daquela
pedra que está em meu caminho. Só assim irei conseguir o que
tanto desejo.
Capítulo 24

Algum tempo mais tarde...


CECÍLIA BORISLAV

E than já estava arrumando, eu o deixei sentado na poltrona


vendo algo no notebook, enquanto me arrumava. Contudo, eu
me via no dilema sobre o que usar. Não que não tivesse várias
opções, já que minha mãe havia comprado vários vestido para uma
ocasião semelhante à de hoje, porém, eram todos lindos e minha
indecisão vinha daí. Enquanto não me decidia, procurei logo fazer a
maquiagem e arrumar os meus cabelos. Acabei deixando-os soltos,
olhei novamente para os vestidos e optei por um longo na cor bordô
com um decote generoso em V, profundo, detalhe de transpasse na
cintura, saia sereia e uma fenda central que ia do alto da minha
coxa, até meu tornozelo. As alças são torcidas e as costas
nadadoras com grande decote. Nos pés, uma sandália altíssima, na
cor preta. Passei um pouco de perfume e deixei o cômodo indo até
o quarto. No momento que surgi no ambiente, toda atenção do
homem se voltou em minha direção, a calmaria se fez presente por
alguns segundos, ele por sua vez, me olhava intensamente,
observando-me da cabeça aos pés e quando resolveu se mover,
meu olhar foi em direção a caixa que ele pegou em cima do criado
mudo.
Ethan andou em minha direção e abriu a caixa. Meus olhos
brilharam em admiração pela imagem dentro do estojo, ele me
entregou o brinco que fazia par com o colar de esmeraldas.
Enquanto colocava os acessórios nas minhas orelhas, ele pegou o
colar e andou até ficar atrás de mim. Senti o toque suave de um dos
seus dedos em minha pele, em seguida ele colocou o colar em volta
do meu pescoço e o fechou. Tudo no mais absoluto silêncio.
Seguimos até a garagem onde haviam três carros escuros, nos
aguardamos. Entramos em um deles, enquanto os outros dois iriam
nos acompanhar ao longo do percurso até a casa de leilões
Sothebys, que pertencia a um grande empresário francês, Patrick
Drahi. Acabei ficando calada durante todo o caminho. O homem ao
meu lado, como sempre, impecável, porém, o cheiro inebriante de
seu perfume amadeirado invadindo minhas narinas, provocando
sensações que não podia conter. Quase uns quarenta minutos
depois, chegamos ao lugar que estava com seu exterior cheio de
repórteres, saímos do carro e sob os olhares curiosos e com um
sorriso no rosto para uma onda de flashes. Caminhamos até a
entrada do salão e ao chegar dentro do ambiente, enquanto
algumas mulheres se viraram em nossa direção, ele parecia
inabalável, mas, depois de alguns passos, um grupo de homens nos
olhava de um jeito que me deixou incomodada. Não precisou de
palavras para o homem das cavernas, intensificar o contato do seu
braço em minha cintura, como se tivesse deixando claro a quem eu
pertencia. Meus pensamentos foram atrapalhados quando Ayla
apareceu em nossa frente.
— Vocês demoraram — disse e veio me abraçar, o que de início me
deixou paralisada e intrigada ao senti a mesma fragrância que
estava impregnada no sobretudo de Ethan, e também no salão, que
certamente estava vindo de uma daquelas duas. Correspondi ao
seu abraço, já que tinha tanto Ayla, como Clara, como irmãs.
Algum tempo depois...
O leilão começou e todos estavam eufóricos com as peças que
foram colocadas à venda. Os valores dos lances eram exorbitantes,
mas, toda coleção de joias estava impecável. Luccas comprou um
colar de safiras, lindo, para Ayla, assim como um anel, já Ethan,
parecia ter verdadeira admiração por pedras de esmeraldas, pois
todos os colares, assim como os brincos e um anel que tinha uma
pedra verde enorme em cima, foram comprados pelas empresas
DB, logo essa que correspondia ao nome do meu sogro. O casal
que exatamente foram feito um para outro, logo questionou o motivo
de ter comprado tantas peças com a mesma pedra.
— Digamos que me faz lembrar os olhos brilhantes da minha
querida esposa — seu tom de voz era irônico, entretanto, fiquei com
o rosto pegando fogo quando os dois começaram a me olhar e
sorrir. O leilão chegou ao fim e começou o coquetel e Buffet para os
presentes.
Ethan e Luccas estavam entretidos conversando com alguns
homens e aproveitei para conversar com a minha cunhada.
— Você chegou hoje?
— Não, ontem pela manhã. Queria ir vê-la, mas estive ocupada
resolvendo alguns assuntos, já que daqui a uma semana, preciso
voltar para Belgrado.
— Você e Luccas fazem um casal perfeito — disse, mas as palavras
que foram ditas em seguida me deixaram pensativa e com o rosto
ainda mais ruborizado.
— Assim como você e o chato do meu irmão. Ethan pode ostentar
aquela armadura de ferro que parece indestrutível, mas sei que
desde quando éramos crianças, que ele gosta de você ou não teria
ficado tão abalado quando aconteceu aquilo quando você e Ana
tinham somente cinco anos. Mas, sendo vocês dois marrentos,
acredito que se alguém não der o primeiro passo para derrubar a
muralha em volta de vocês dois, vão continuar vivendo em conflito.
Ayla, assim como a minha mãe, falava de um jeito que me fez
refletir e de fato, ela tinha toda razão sobre nós dois termos o
temperamento muito forte. Desde quando o conheci, que algo
dentro de mim vive em um duelo e toda a sua arrogância, o jeito
como quer tudo, segundo a sua vontade, me deixa irritada e com um
desejo enorme de quebrar todas as regras impostas por ele.
Passamos ainda mais de uma hora no lugar e depois de nos
despedimos do casal açúcar, que hora ou outra só se desgrudavam
porque Ethan lançava um olhar mortal em direção a Luccas, quando
beijava sua irmã. Entramos no carro e o mesmo, em questão de
segundos foi colocado em movimento.
Tratei de tirar os sapatos, devido ao desconforto nos meus pés por
estarem doloridos. Fiquei por alguns minutos olhando as
mensagens no meu celular e entre uma delas, tinha uma de Ana
perguntando como eu estava. Trocamos mensagem e quando dei
boa noite, encerrando a conversa, sabendo que ainda falta muito
para chegar no bordel, decidir dormir um pouco, porém, a claridade
dentro do veículo me impedia de me entregar ao sono.
Tudo estava em silêncio e o único pensamento que rondava a
minha cabeça dura, era direcionado para tudo que Ayla havia dito,
mas depois de algum tempo, comecei a sentir minhas pálpebras
pesando e cada vez ficava ainda mais cansada. Resolvi não lutar
mais e me entreguei ao sono.
Minutos depois...
— Bang-bang... Bang-bang... — o som de disparos me assustam.
Meu coração deu um pulo, quase saltando para fora do peito, e,
depois, passou a palpitar amedrontadoramente. Em um sobressalto,
meus olhos se abriram e chocaram-se imediatamente com Ethan.
Desorientada, meus olhos se arregalaram quando novamente ouvi o
barulho que havia me despertado, mas dessa vez, eram de rajadas
ressoando no ar.
O homem que tinha o rosto virado para a janela, girou a cabeça e
por alguns segundos, eu não consegui me mover um só centímetro,
enquanto ele olhava-me fixamente e estava com os olhos escuros e
brilhantes, como se aquele barulho tivesse despertado o monstro
que habita dentro dele.
Capítulo 25

ETHAN BORISLAV

M inutos depois que deixamos o lugar do evento, fui avisado por


um dos meus soldados que estava dentro do veículo atrás do
meu, que estávamos sendo seguidos. Meu corpo se aqueceu e um
lampejo de sensações misturou-se a adrenalina que percorria por
todo o meu corpo. Já conseguia sentir o cheiro de sangue fresco
invadindo minhas narinas, porém, o choque da realidade pairou
sobre mim ao lembrar que ela estava comigo e não tinha como
retirá-la do carro, já que isso facilitaria para que os inimigos viessem
a atingi-la, contudo, quando minha atenção se voltou na direção
dela, ela estava dormindo, dei ordens para que os homens que
estavam no carro da frente ir o mais rápido possível.
Meu motorista mantinha-se em total atenção ao volante e o homem
ao seu lado estava com sua arma em punho e pronto para o que
viesse. Passamos pela ponte que dá acesso a estrada que se
encontrava quase deserta devido ao horário. Entretanto, a voz de
um dos meus homens ressoou dentro do automóvel avisando que
não tínhamos como prosseguir pela estrada que nos levaria direto
para o bordel, pois ela estava fechada por uma barreira feita pelos
carros que já sabíamos de quem era. A única alternativa seria o
desvio, mas para isso, teria que me livrar da barreira feita por eles
ou seriamos um prato cheio indo direto para boca do lobo.
O som que sempre foi como música para os meus ouvidos, rasgou o
ar e aquilo fez uma onda de calor atravessar o meu corpo inteiro.
Deixo os meus pensamentos de lado e olho para mulher que está
próximo a mim. Seus olhos esverdeados estavam arregalados, ela
não se moveu um centímetro do lugar em que estava, no entanto,
não havia medo dentro daquelas orbitas brilhantes e sim
demostrava que ela estava desorientada diante da situação. As
balas nos seguiram, o ricochetear dela contra a lataria do carro
fizeram os meus demônios gritarem e os órgãos internos do meu
corpo começaram a funcionar a todo vapor. Ela, que ainda estava
paralisada, enfim despertou quando o som da voz do motorista que
conduzia o carro da frente reverberou dentro do veículo.
— Senhor, nos atingira... — antes que ele viesse a concluir sua
última palavra, o estrondo de uma grande explosão preencheu o
espaço e naquele momento, peguei o meu celular e entrei no
sistema que foi desenvolvido pelo meu pai e aperfeiçoado por mim.
Tendo o total acesso a um dos satélites americano, sabia
exatamente quantos carros estavam a nossa frente e em questão de
minutos, um barulho ensurdecedor ressoou a nossa volta. A visão a
nossa frente era de uma grande fogueira, as chamas envolveram o
ar, porém, o problema ainda não havia sido resolvido, pois as
rajadas de tiros vinham dos veículos que estavam atrás do nosso.
Abri o compartimento de armas que ficava atrás dos bancos.
— Quero que você se abaixe.
Vendo que ela parecia ainda perdida, movi uma de minhas mãos e
contra a sua vontade, fiz com que se abaixasse. Tudo que estava
fixo na minha mente era exterminar os malditos ratos e fazer seus
miolos serem divididos em dezenas de pedaços. Trocas de tiros
foram feitas, mas, os carros que estão nos perseguindo estavam em
grande número, passamos próximo as chamas, pegando o desvio e
desta vez, o último carro nosso foi abatido. Uma pancada de fúria
me atingiu e fez o meu peito queimar ainda mais. Era como se
estivesse no modo piloto automático e tanto eu, como o homem que
estava no banco da frente, revidamos, mas do lado esquerdo, o
mesmo que ela estava, surgiu um carro e certamente os
desgraçados estavam usando armamento de fabricação chinesa, já
que um dos disparo atingiu o vidro do automóvel trincando o vidro.
Enquanto eu cuidava do outro carro que apareceu a minha direita, o
barulho do vidro se quebrando fez meus batimentos ficarem mais
fortes. Senti meus olhos aumentando e meu rosto se contorcendo
freneticamente, o sangue do meu corpo esquentando e me
queimando como brasas. Instantaneamente, girei a cabeça para o
lado e a imagem que vi em minha frente, deixou os meus demônios
vibrando como nunca havia sentido antes.
Segurando um rifle M24 que é uma arma de pressão certa para tiros
potentes e alcance de longa distância, seu dedo que parecia ter
ganhado vida própria no gatilho, a mulher abateu o alvo a sua
frente. A cada tiro, acertava com precisão a cabeça dos malditos,
me mostrando que sabia muito bem se defender. Nosso carro parou
e com uma bazuca sobre minha posse, saí de dentro do veículo
explodindo os demais carros que surgiram em minha frente. Não sei
quanto tempo durou, mais a calmaria pairou no ar e quando ela saiu
de dentro do veículo, esboçando um ar de satisfação com a cena
que se formou em sua frente, eu não poderia estar mais em êxtase
do que estava naquele momento.
— Sabia que seu ponto de mira era bom, mas, não que era tão boa
em manusear uma arma. — os olhos da bonequinha que se mostrou
melhor que muitos soldados da nossa organização ficaram cravados
nos meus e assim que seus lábios se moveram, a temperatura do
meu corpo aumentou ainda mais com as palavras que foram ditas.
— Eu sou boa em muitas coisas que você não sabe.

CECÍLIA BORISLAV
Rapidamente o lugar transformou-se em um campo de batalha.
Tiros e mais tiros ecoavam por todos os lados, porém, quando o
som de uma voz desconhecida ecoou no ambiente, dizendo que
foram atingidos, saí do estado estático que estava, mas ele foi mais
rápido do que eu e acabou me fazendo abaixar contra a minha
vontade. Os sons dos disparos se tornavam mais altos e aquela
explosão fez meu corpo todo se aquecer, entretanto, eu já estava
inquieta e quanto mais eu ouvia o barulho das rajadas, algo dentro
de mim vibrava querendo se libertar.
Em meio a todo aquele zumbido, quando o vidro da janela foi
quebrado, aquilo era tudo que faltava, pois a adrenalina tomou conta
de cada fibra do meu corpo e quando dei por mim, já estava com as
mãos em uma das armas, das diversas que ele tinha dentro do
veículo.
Eu achava que não teria coragem de interromper a vida de alguém,
talvez não da forma como vi Ethan fazendo ao torturar aquele
homem, mas, naquele confronto, ou atingia o alvo no ponto certo, ou
seria eu a ser atingida. A cada tiro, uma sensação inexplicável
tomava conta de mim, eu já não conseguia parar de puxar o gatilho
e quando enfim o silêncio predominou a nossa volta, ao ver a cena
do estrago que havíamos feito, eu senti como se toda inquietação
que estava sentindo no meu interior, tivesse sido dissipada.
Minutos depois, chegamos à garagem da casa de luxo. Deixamos o
veículo e caminhamos em direção ao elevador. No momento que a
porta foi fechada, fui surpreendida assim que ele me encurralou na
parede e seu olhar estava repleto de desejo. Não sei o que estava
acontecendo comigo, mas novamente o calor escaldante apoderou-
se do meu corpo inteiro.
Ethan examinava meu rosto com um olhar intenso. Em seguida
levou uma de suas mãos até o meu decote, a enfiando por debaixo
do tecido que cobria o meu seio direito e começou a acariciá-lo,
circulando a ponta do meu mamilo numa carícia torturante.
Ele observava atentamente a minha reação, esperando que eu
sucumbisse ao prazer do seu toque. Ele passou um bom tempo
massageando-o e depois fez o mesmo com o seio esquerdo. Não
satisfeito, ele levou uma de suas mãos na direção da fenda do meu
vestido e foi subindo até alcançar a minha calcinha e logo depois a
puxou, deslizando a peça pelas minhas pernas. Em questão de
segundos ela já estava nas mãos dele, que após levar o tecido até o
nariz e cheirar, a guardou no bolso.
Se ele queria causar alguma reação em mim, conseguiu, já que
seus gestos estavam afetando todos os meus sentidos. Ethan
abaixou a cabeça e começou a beijar o meu pescoço com
delicadeza, de um jeito quase preguiçoso, até parar próximo a
minha boca. Minha respiração engatou quando ele abriu o fecho da
calça e pude ver o volume da sua virilidade estufada em sua cueca
e logo em seguida deixou cair pelas suas pernas as duas peças que
deixavam o seu membro preso. Minha respiração ficou ofegante, ele
por sua vez, colou o corpo no meu, suspendeu-me, fazendo-me
entrelaçar as pernas em volta da sua cintura. Fiquei completamente
perdida quando colocou os lábios sobre a minha bochecha, beijando
cada centímetro dela até parar próximo a minha boca. Meu corpo
logo ficou quente e, foi nesse exato momento que seu pênis
deslizou para dentro de mim e sua boca invadiu a minha. Sua língua
acariciando a minha, enquanto movimentava os quadris e seu pênis
entrava e saia de dentro de mim. A cada investida, as minhas costas
batia contra a parede de aço inoxidável do elevador, fazendo um
barulho alto dentro do ambiente. Sua língua continuava explorando
a minha e o homem me invadia mais fundo e rápido.
O calor emanado a nossa volta era intenso e o meu rosto já estava
banhado de suor, suas estocadas eram rápidas e profundas, me
arrancando ruídos de arrebatamento, preenchendo-me com força,
chegando fundo. Seu membro entrando e saindo do meu sexo,
enquanto seus lábios se apossavam dos meus com avidez e sua
boca insaciável parecia querer devorar a minha, provocando uma
convulsão que arrepiou a minha pele. Eu não iria aguentar por muito
tempo, pois uma sensação de êxtase que estava se aproximando,
tomou conta de mim.
Ethan parecia que tinha perdido o controle e começou a xingar
repetidamente.
— Caralho! Porra! Deliciosa, essa bocetinha gulosa está
espremendo o meu pau.
Ele segurou ainda mais firme minha cintura, aprofundando o contato
da sua posse. Uma sequência de estocadas foram dadas contra
minha carne pulsante e meu corpo todo começou a estremecer. Os
olhos azuis ficaram em chamas e quando minha intimidade
começou a latejar freneticamente, rugindo como um animal, ele se
libertou, alcançando o limite do prazer.
Meu coração ainda estava batendo muito forte e depois do calor do
momento, o arrependimento e várias dúvidas pairaram sobre mim, e
logo me lembrei das palavras de Ayla.
"Será possível que em meio a tudo que ele me fez. Toda raiva que
sempre senti desde que o conheci é porque sinto algo por ele".
Tudo era muito confuso e a única certeza que tenho, é que não
posso me deixar levar pela luxúria e o desejo carnal ou irei acabar
me tornando aquilo que ele sempre quis. Um brinquedo que pode
ser manipulado.
Capítulo 26

No dia seguinte...
CECÍLIA BORISLAV

D epois da noite de ontem, eu acabei passando boa parte do dia


dormindo, quando acordei, já era hora do almoço, meu corpo
todo estava dolorido e logo vieram as lembranças do que fizemos
dentro do elevador. Uma hora depois, já estava entregue novamente
a escuridão e, consequentemente, a noite chegou e estou aqui
acordada com os olhos fixos na tela do celular. Embora o som esteja
fraco dentro do ambiente, posso ouvir o barulho da música vindo do
salão, deixo o aparelho de lado e ao ver que já era quase onze
horas da noite, resolvi dormir.
Minutos se passaram, eu rolava de um lado para outro, entretanto, o
sono não vinha. Inquieta, acabo por levanta-me e caminho em
direção à porta, um instante depois, já estava atravessando o
corredor e ouvir alguns sussurros, vindo do lado esquerdo. Dei
algumas passadas na direção do barulho e no instante que meus
olhos ficaram cravados na imagem a minha frente, meu coração
disparou, senti um forte aperto em meu peito, minha respiração ficou
pesada, meus olhos arregalados e as lágrimas apareceram sem a
minha permissão, descendo e inundando o meu rosto.
Senti a raiva me queimando por dentro e mesmo a certa distância,
dava para ver que a mulher que estava de costas para mim,
enquanto era beijada por aquele infeliz, era a tal Amber. Da uma
tristeza, para um ódio descomunal, minhas pernas que até então
estavam imóveis, se libertaram e quando ia me mover na direção
deles, senti algo próximo a minha boca e tudo ficou escuro.
Três dias depois...
AMBER
Meus olhos estão cravados no homem a minha frente, depois de
alguns passos ele encurtou a distância entre nós dois.
— Preciso ir, além da reunião com alguns fornecedores, logo depois
irei a filial de Manhattan.
O homem deu o beijo em minha boca e com passos firmes, saiu do
meu quarto. Dois dias atrás, enquanto estava me possuindo com
sua pegada bruta e selvagem, Ethan deixou escapar que hoje teria
uma reunião fora das dependências da casa de luxo. Esse era o
momento que eu tanto estava aguardando, o que me deu tempo
para planejar todos os passos do que faríamos assim que ele saísse
do bordel. Instantes depois, Alice surgiu no cômodo interrompendo
os meus devaneios.
— Amber... — não esperei que ela dissesse mais nada e falei.
— Você sabe o que precisa fazer, pois, dentro de uma hora o
controle das câmeras de monitoramento em volta de todo o prédio
será nosso, assim como todo esse lugar.
Ficamos algum tempo conversando e logo depois seguimos para
fora do quarto, pois era hora de entrar em ação. Chegamos ao salão
e pelo barulho vindo da cozinha, indicava que as demais estavam lá,
entramos no cômodo e o barulho das várias vozes se misturavam,
pois, todas estavam por comentar sobre a noite anterior onde a casa
ficou completamente lotada. Minutos se passaram e quando a
mulher ao meu lado que certamente merecia o Oscar, se levantou,
depois de alguns passos, suas pernas perderam as forças e um
ruído escapou do fundo da sua garganta, logo em seguida, Alice
estava se contorcendo no chão de tanta dor e não demorou muito
para que seus olhos se fechassem.
Toda uma movimentação aconteceu a nossa volta e duas das
meninas logo foram chamar a Dra. Scarlett, que estava no quarto
com Cecília. No instante que a mulher surgiu na cozinha, dando
ordens para levá-la para o seu quarto, aproveitei a distração de
todas e imediatamente peguei o meu celular, bastou alguns minutos
para que Max assumisse o controle do lugar. Ethan Borislav pode
ter um QI super elevado, mas não é o único no mundo dotado de
uma inteligência excepcional e que possui um extraordinário talento
capaz de fazer da tecnologia um aliado fatal.
O trabalho de Max, será fazer com que Ethan, ao acessar as
câmeras para ver o que está acontecendo no lugar, terá uma
gravação modificada, achando que tudo está em perfeita paz e
sobre o seu controle. Olhei rapidamente para o relógio no meu pulso
e tendo a confirmação do horário estipulado por ele para fazer a
modificação, os meus passos me levam em direção à suíte da
Barbie, ela por sua vez, está doente há alguns dias, pelo que soube
pegou algum tipo de virose e só vive o tempo todo adormecida.
Porém, eu sei muito bem que seu estado é devido ao veneno que
estava sendo introduzido em sua comida. O mesmo se trata da
toxina botulínica, uma proteína produzida pela bactéria Clostridium
botulinum, causadora do botulismo, intoxicação alimentar rara, mas
que pode ser fatal. Com o processo pelo qual passou, nenhum
exame toxicológico vai encontrar a substância.
Detive-me ao chegar frente a sua porta e cautelosamente a mesma
foi aberta por mim. Meu olhar foi de encontro a infeliz que dormia
profundamente, fecho a porta e com passos lentos, avanço em sua
direção, fiquei olhando para suas feições. Um rosto que mais
parecia uma porcelana, sua pele lisa e sedosa, lábios carnudos e
bem delineados, realmente a desgraçada era semelhante a uma
boneca de tão perfeita. Fiquei centímetros de distância dela e, ao
lembrar-me das palavras que foram ditas por ela, da humilhação
que me fez passar e de toda raiva que senti, movi minha mão direita
e o tapa soou estrondoso ao atingir o seu rosto, seus olhos logo se
abriram e antes que ela tivesse qualquer reação e com o corpo fraco
devido o seu estado, eu subi em cima dela e minhas mãos
ganharam vida própria. Eu comecei a bater tentando dissipar toda
minha fúria.
— Eu deveria era cortar o seu rosto sua maldita — vocifero furiosa.
Ela cravou as unhas em meu braço e ainda tentou se levantar, mas
acabei pegando o travesseiro e a cena que se formou em seguida,
fez meu coração explodir de alegria.
— Chegou a hora da bela adormecida nunca mais despertar.
A desgraçada esperneava e tinha mais força do que eu esperava.
Mas, eu já estava preparada e não foi por acaso que passei anos
em treinamento. Enquanto ela se debatia, eu apertava ainda mais o
objeto contra o seu rosto, fazendo com que o ar se esvaísse dos
seus pulmões, acabando com o seu fôlego e tornando daquele ato
os seus últimos segundos de vida. Há certa altura, ela deixou de
lutar, o seu corpo ficou completamente paralisado e quando puxei o
travesseiro, fui checar a sua respiração e o corpo da maldita já
estava sem vida.
Um sorriso triunfante tomou conta do meu rosto, levei a mão direita
até o meu bolso puxando o aparelho e após deslizar o dedo polegar
pela tela, encontrei o aplicativo da câmera. Com o celular em mãos,
comecei a tirar algumas fotos dela esparramada sobre a cama e
logo em seguida enviei para o homem que devia estar ansioso,
aguardando. Depois de feito, meu celular começou a vibrar e ao
atender a ligação, o som da minha voz reverberou no espaço.
— A vadia já foi dessa para pior. Agora o The Brothel Empire é todo
seu.
Ouvi uma risada diabólica ressoar do outro lado da linha, o que me
deixou em êxtase.
Capítulo 27

ETHAN BORISLAV
S aímos do restaurante e seguimos para Manhattan. Como as
mulheres que antes pertenciam à casa de luxo da filial foram
levadas para o The Brothel Empire, um novo carregamento chegou
e por esse motivo, tanto eu, como Luccas, estávamos indo checar
de perto as mercadorias. Embora muita coisa tenha mudado e
esteja diferente de quando Dusan controlava tudo, além de muitas
virem por livre e espontânea vontade na busca de uma melhor
qualidade de vida, assim como Amber, que chegou recente e ao
verem sua beleza estonteante foi enviada com as demais que já
estavam há mais tempo. O pagamento de dividas, onde são
vendidas pelos próprios familiares, ainda é um ponto forte do
esquema, o que não descarta o tráfico humano que tem por público
alvo o Brasil.
É desse país que não só a máfia Sérvia, como tantas outras,
fizeram do esquema uma grande fonte de renda e devido a grande
população pertencer a uma classe baixa, os que lá estão infiltrados,
acabam por seduzir e iludir essas garotas com falsas promessas e
como um lobo em pele de cordeiro, fazem da sua presa um alvo
fácil, que acabam descobrindo que tudo que pensam ser o paraíso,
não passa de um caminho que as levará direto para o inferno.
O percurso era longo e quando chegamos à casa de luxo, todas já
estavam dentro do salão nos aguardando. Tinha que admitir que
elas não eram só bonitas de rostos, assim como os seus corpos
eram cheio de belas curvas. Algumas com 17 anos, outras com 18 e
aquelas que já pertenciam a esse mundo luxurioso, tinham por volta
de 20 a 22 anos, o que acabariam passando cerca de até dez anos
nesse lugar, já que ao atingir os 32 anos, seriam dispensadas.
Minutos se passaram e após resolver todos os assuntos pendentes,
deixamos o lugar, e, ao entrar em um dos veículos, peguei o meu
notebook, tendo acesso às câmeras em volta do bordel, meus olhos
passeiam por toda tela e o lugar parecia estar em perfeita harmonia.
Junto com o meu, mais três carros deixaram a garagem do bordel.
O fluxo de veículos era intenso e novamente parece que os
desgraçados estavam dispostos a conseguir de toda forma o meu
território. Parecíamos que estávamos em uma corrida de fórmula 1,
uma verdadeira perseguição foi iniciada, mas ao contrário da noite
do leilão, nenhum disparo foi feito, o que me deu a certeza de que
eles estavam esperando o momento certo para nos encurralar. O
motorista pisou fundo no acelerador, Luccas passava todas as
coordenadas e meu olhar continuava fixo no notebook. Meus dedos
deslizavam sem parar pelas teclas e assim que entrei no sistema de
Dusan, ao inserir o código do microchip, a imagem do satélite foi
direcionada para MH 365. Era o único ponto em que um confronto
poderia ser iniciado, já que dava acesso à ponte localizada em uma
parte totalmente isolada de Manhattan e que justamente, ficava no
percurso a ser feito para voltar para casa.
Em meio a toda aquela perseguição que foi feita, acabamos nos
deparando com chamas que envolviam boa parte da estrada
embaixo da ponte que ficava a alguns quilômetros antes que
chegássemos até a ponte.
— Ethan!
Meus pensamentos foram interrompidos por Luccas.
— Não sei se terá como passar, parece que houve um acidente.
— Fred! — por alguns segundos ganhei atenção total do homem
que mantinha sua concentração firme ao volante.
— Chegou a hora de você mostrar o motivo pelo qual foi escolhido
para fazer parte da nossa organização.
O homem virou o rosto para trás por uma fração de segundos,
ostentando um esboço de um sorriso e logo em seguida dava para
ouvir o barulho vindo dos pneus e realmente me sentir como se
estivesse participando do grande prêmio de Mônaco. Fred era um
ex-piloto de corrida e foi requisitado por mim para fazer parte da
máfia Sérvia devido a sua grande habilidade, pois, um grande
talento jamais deveria ser desperdiçado. Nem o ar condicionado foi
capaz de impedir que a temperatura dentro do veículo chegasse a
um nível tão alto, tanto que parecia que estávamos dentro de uma
fornalha, tudo porque acabamos passando muito próximo das
chamas e estando do outro lado, novamente mantive minha
concentração no notebook e em seguida as imagens do lugar
surgiram na tela do aparelho a minha frente. Como eu cogitei, os
malditos membros da Yakuza dominaram o lugar e vários carros
estão sobre a ponte. Pelas imagens, deu para vê-los abatendo três
carros da polícia que se aproximou, com a alta tecnologia de um
país de primeiro mundo, era certo que Sanada viesse preparado.
Meus pensamentos foram atrapalhados ao ouvir alguém me
chamando.
— Chefe! O helicóptero já está sobrevoando o local.
— Vocês sabem exatamente o que devem fazer.
Dito isso, tanto Luccas, quanto eu, ficamos olhando para tela a
nossa frente e o que veio em seguida fez todo o meu corpo se
aquecer. Meus pulmões ficaram em chamas e meu coração agitado.
Tendo o alvo em mira, o lança chamas foi acionado e um estrondo
terrível reverberou no ar, dava para ser ouvido mesmo à distância
em que estávamos.
Fiquei em puro êxtase pela expectativa, logo sangue fresco seria
derramado a minha volta e o cheiro apreciado por mim, contudo,
depois de alguns instantes, meu motorista nos avisou que já
estávamos sobre a ponte e por mais que soubesse o que nos
esperava, era inevitável e não tínhamos como adiar aquele
confronto.
Quando o nosso veículo parou e os outros três se juntaram a nós,
um barulho infernal ecoou no ar, quando o helicóptero que
sobrevoava e estava prestes a atingir o restante do que achei que
seriam os últimos carros, foi abatido, fazendo o piloto perder o
controle e ir direto para as profundezas do mar.
Sanada mais uma vez me surpreendeu, pois em meio às chamas,
em cima da ponte, vários homens surgiram, todos bem equipados e
armados. Virei à cabeça para trás e acabamos sendo cercado por
cerca de dez carros e dezenas de homens surgiram.
Viramos um alvo fácil em meio a um monte de malditos que
estavam com sangue nos olhos. Tiros e mais tiros foram disparados
e por mais que tanto eu, como Luccas, estivéssemos enviando
aquelas almas podres, direto para o inferno, os homens que
estavam conosco, exceto Fred, que foi lançado direto na água por
mim, acabaram sendo mortos e novamente ouvi outra explosão
terrível e antes que eu tivesse tempo de agir, o corpo de Luccas foi
jogado para longe, o fazendo ir direto para a grade de proteção da
ponte. Corri em sua direção ao ver que ele ainda se apoiava com
uma das mãos e assim que segurei firme em seu braço, senti uma
dor terrível em minhas costas e o meu corpo, assim como o dele,
voou a distância. Tudo começou a girar ao meu redor e a única
coisa que lembro, foi de cair dentro da água e sentir um baque
terrível em minha cabeça.

SANADA
Fazer uma aliança com Yan, por anos me foi conveniente. Contudo,
aquele verme achou que ao acabar com aqueles malditos que
estavam em nosso caminho, ele seria o chefe. Porém, os meus
planos eram outros e já tinha algo em mente que me daria além do
controle da máfia albanesa e sérvia, o domínio da tríade chinesa. Ao
ter as informações que precisava, planejei tudo minuciosamente e
era chegado o momento de deixar as sombras e vir pessoalmente
tomar posse daquilo que seria meu. Com o meu pessoal infiltrado
em solo americano e sabendo dos passos do desgraçado, ele não
teria outro destino, além da morte.
Confesso que o filho do diabo era astuto e acabou dando muito mais
trabalho do que eu esperava. Mas, eu não estava disposto a perder
a batalha e tão pouco, a guerra.
Quando os dois foram lançados para fora da ponte, indo de
encontro à água, só deixei o lugar depois que recebi a confirmação
de que os dois estavam mortos e meus homens estavam
resgatando os corpos.
Com o meu maior obstáculo fora do meu caminho, era o momento
de ir direto para o lugar de onde eu teria a arma para acabar com
Dusan e Enzzo e logo em seguida me livraria de Yan.
Quase meia hora depois, com meus homens fortemente armados,
com armas e silenciadores, chegamos ao The Brothel Empire e
várias vidas foram ceifadas para que tivéssemos o controle do lugar.
Adentramos o ambiente e ao chegar ao salão, todas estavam em
pânico, porém, meu olhar foi de encontro à mulher que estava
vestida de vermelho, junto das outras.
Capítulo 28

SANADA

P or alguns segundos, fiquei olhando para o rosto da minha


sobrinha. Amber, além de ter uma beleza exuberante, é capaz
de seduzir qualquer homem. Filha do meu falecido irmão, que
acabou deixando o Japão para uma missão dada pelo nosso pai
anos atrás e num confronto com Dusan Borislav, acabou sendo
executado. Ela, não só perdeu o pai, como aos cinco anos se tornou
uma sobrevivente ao sair ilesa do acidente que matou a sua mãe.
Depois de passar anos com seus parentes maternos, que eram
americanos, a enviei para um colégio interno quando tinha 10 anos
e após completar 18 anos, ao ver pelas imagens de vídeo o quanto
a pirralha se tornou uma bela mulher, sabia que ela me seria útil
futuramente. O ódio e a sede de vingança são capazes de
transformar um belo anjo na personificação da maldade, e essa foi
minha arma, pois, durante anos, fui semeando todo o ódio que
sentia em sua mente contra aquele que tirou a vida do seu pai e
responsável por toda desgraçada a tornando uma órfã. Ela decidiu
que se infiltraria no bordel e desta forma, conseguiria envolver o
filho do desgraçado em sua teia.
Os sussurros e choros ecoando a minha volta, me fizeram voltar à
realidade. Peguei a minha arma e assim que puxei o gatilho, um
ruído alto ressoou no espaço e gritos e mais gritos se fizeram
presentes ao ver o corpo da desconhecida caindo sobre o chão e o
sangue escorrendo da sua testa. Com a raiva inflamando em
minhas veias, exclamo ensandecido.
— Calem a maldita boca ou irei estourar os miolos de cada uma. Se
quiserem continuar respirando, vão fazer tudo do meu jeito, agora
sou eu quem controla todo esse lugar e se ouvir um barulho sequer,
esse chão logo será coberto pelo sangue de cada uma.
A calmaria reinou no ambiente. O desespero era visível em seus
olhos, o que me deixou satisfeito. Minutos depois, alguns dos meus
homens trouxeram o computador que estava no escritório do infeliz.
Uma mesa foi colocada no centro do salão e Max, um dos melhores
hackers que existe, tomou posse do aparelho e instantes depois, já
estava no sistema que está interligado com a máfia Sérvia e
albanesa. O próximo passo foi direcionar os mísseis que já estavam
sobre o nosso controle para os quatro alvos, o primeiro era a
mansão Borislav em Belgrado, o segundo para sede da máfia
Sérvia, o terceiro para á mansão Demisovski e o quarto e último,
para a sede da organização albanesa. Vibrei por dentro ao escutar
as palavras que foram pronunciadas dentro do ambiente.
— Senhor, está tudo pronto.
— Está na hora de acabar com aqueles outros dois miseráveis e
toda sua descendência.
Quando estava prestes a dar o sinal, o meu celular começou a
vibrar descontroladamente e ao ver que o número era de um dos
meus soldados que ficou responsável por queimar o corpo daqueles
dois malditos, atendi de imediato.
— Chefe! — o tom de voz demostrava desespero.
— Sem rodeios.
— Não era el...
Nesse exato momento, um som de um estrondo ecoou vindo do
lado de fora do prédio e as portas foram estraçalhadas e logo em
seguida, o salão foi invadido por uma onda de fumaça. Um calafrio,
seguido de um tremor violento me atingiu da cabeça aos pés, pois,
entre a névoa formada pela densidade da fumaça, o filho do
demônio ressurgiu, e seu olhar gélido e impassível estava fixo em
minha direção. Antes que eu assumisse o controle do meu próprio
corpo, que estava totalmente anestesiado, o barulho de tiros
reverberou no ar, a raiva me dominou quando olhei para o chão, e
Max estava envolvido por uma enorme poça de sangue e o que
veio em seguida, fez o pânico apodera-se de todo o meu ser.
Tanto do lado direito, que havia uma enorme porta dupla e de uma
parede que se moveu do lado esquerdo, revelando uma passagem
secreta. Vários homens vestidos com o uniforme da máfia Sérvia
surgiram fortemente armados. O pânico dominou o salão e uma
verdadeira guerra tinha sido iniciada. O som de tiros ressoou de
todos os lados, enquanto as vadias correram em direção ao bar na
tentativa de se protegerem.
Com minha arma em punho, fui atirando nos infelizes que cruzavam
o meu caminho, mas, como num pisca de olhos, uma dor terrível
tomou conta do meu corpo e com ela, minha arma caiu no chão
assim que o miserável atingiu o meu pulso. Naquele momento, era
tudo ou nada e só um de nós sairia vivo, movendo-me na velocidade
semelhante à bala que me atingiu, avancei em sua direção e em
meio a dor, consegui atingir o seu rosto que girou para o lado e
quando fui desferir outro golpe em sua face, ele moveu a cabeça e
diante do que eu vi, eu tive a certeza que Dusan tinha dado vida a
um verdadeiro monstro, eu nem tive tempo de reagir, já que o
impacto do seu punho foi contra o meu rosto. Um soco cruel que me
fez dar alguns passos para trás devido sua força e aquilo foi só o
começo, pois parecia que seus punhos eram de aço e o homem
parecia desprovido de dor, pois os golpes que consegui desferir nele
não pareciam lhe causar nenhuma reação além de ódio. Sua
mandíbula contraiu-se, seus olhos ficaram vermelhos como se
estivessem em chamas e num movimento rápido, um soco duro e
pesado atingiu a minha barriga.
Meu peito chegou a queimar pelo golpe e o meu corpo foi de
encontro ao chão.

Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
Com os olhos fixo no infeliz que agora já está imobilizado, e, ainda
incrédulo ao tentar processar tudo que estava acontecendo. Não
satisfeito, sua voz fraca se fez presente.
— Como isso é possível? — balançando a cabeça ainda não
acreditando que eu e Luccas estávamos vivos, mesmo tendo em
seu rosto as marcas do meu punho que atingiu a sua pele. — Meus
homens confirmaram que vocês estavam mortos.
Acabei deixando escapar uma gargalhada horripilante e seus olhos
arregalados, assim como os dos demais, ficou cravado em minha
direção.
— Você achou mesmo que ao estar sob os meus domínios iria me
derrotar. Seu maior erro foi toda sua autoconfiança, e por isso não
percebeu tudo que aconteceu a sua volta. Desde o momento que
todos vocês entraram em solo americano, eu já estava ciente que a
velha raposa estava planejando uma tocaia. Conhecendo toda
região, somente naquela ponte que anos atrás outros malditos
ambiciosos como você encurralaram Boris, na tentativa de derrotar
Dusan, poderiam ter alguma vantagem. Confesso que fiquei
surpreso por todo armamento pesado que seus homens estavam
usando, mas, ciente do lugar em que o confronto iria acontecer, o
primeiro passo foi provocar um acidente na estrada e dessa forma,
teríamos tempo para colocar todo equipamento que precisávamos à
nossa disposição, já que sabia que seu pessoal estava em grande
número e tudo poderia acontecer — faço uma pausa proposital e
continuo. — Quando soube de uma espuma metálica desenvolvida
aqui nos EUA, e que era resistente ao fogo e a radiação, e capaz de
destruir balas de armas poderosas, que geralmente atravessam
coletes de proteção, acabei pagando uma fortuna para ter
exclusividade sobre a descoberta e dessa forma, nós dois sairíamos
ilesos.
— Miserável...
— Calma que ainda não acabei — disse sarcástico. — Onde eu
estava? Ah, lembrei — falei com deboche. — Enquanto isso, um
submarino de fabricação holandesa, com capacidade para quatro
pessoas já estava nas profundidades abaixo da ponte. Acabei
perdendo alguns homens durante o tiroteio, mas, no momento
daquela explosão em que Luccas parecia gravemente ferido, eu
aproveitei, já que sabia que vocês eram tão covardes, que não
hesitariam em me atingir pelas costas. Quando caímos da ponte,
agindo rápido, entramos no submarino, onde meu motorista já
estava a serviço, resgatado, e os corpos dos dois homens que já
estavam sem vida e usando uma máscara com o nosso rosto foi
colocado na água, assim vocês iriam pensar que realmente tinham
acabado com a nossa existência. A princípio não daria para
perceber que os dois infelizes estavam usando máscaras, mas
acredito que após os seus homens retirar os corpos de dentro da
água, ao analisar, descobriram a verdade, mas já era tarde demais,
já que todos os meus homens estavam infiltrados dentro do bordel e
por mais que você acreditasse que estava no controle, o meu pai
construiu esse lugar e foi aqui que passei a maior parte da minha
vida, seria um tolo se deixasse você tomar posse do que é meu.
Seus olhos estavam faiscando de raiva, sua expressão demostrava
toda a sua fúria, mas foi o som da voz que ressoou no espaço, que
ganhou a minha atenção e com os olhos cravados no rosto de
Amber, senti o meu interior se envolvido por um calor insuportável.
— Ethan, ele queria acabar com todas nós.
Capítulo 29

AMBER

S into meu corpo todo gelar e o coração disparar num galope


alucinante, no mesmo instante, uma onda de eletricidade toma
conta de mim, meu coração está a um passo de sair pela minha
boca. Não tenho palavras para descrever o turbilhão de sensações
que se apodera de todo o meu ser. Assim que o grande salão foi
invadido por aquele que pensei que já tinha sido enviado para as
profundezas do inferno, olhei para os lados e algumas pareciam não
acreditar na imagem à sua frente, e o viam, certamente, como a
salvação de todas nós. Já Alice, assim como Olivia, uma das
mulheres responsáveis pela cozinha, tinham o medo estampado em
seus olhares. O que veio em seguida fez o medo me dominar. A
minha respiração que já estava acelerada, triplicou e eu senti a
minha espinha gelar quando não somente o meu tio, mas todos os
seus soldados, foram contidos.
Desorientada, eu não conseguia imaginar uma saída, apenas olhava
para o desgraçado a minha frente, que estava relatando como
conseguiu sair ileso da emboscada que tinha tudo para exterminá-
lo, como o maldito rato que é. Estou tentando me manter calma,
suspiro profundamente e era hora de envolvê-lo novamente e só
assim, eu teria a chance de concluir a minha vingança.
— Ethan, ele queria acabar com todas nós.
Seus olhos eram frios e insondáveis, sua expressão indecifrável, ele
voltou-se na minha direção e quando estava prestes a me mover,
acabei recuando quando a gargalhada diabólica do demônio se fez
presente, reverberando entre as paredes do lugar e preencheu o
ambiente inteiro. Logo em seguida, sua mandíbula se contraiu como
se estivesse em uma fúria contida. Suas feições logo mudaram e
suas órbitas tenebrosas estavam me dando calafrios e quando ouvi
as palavras que foram ditas, meu corpo todo paralisou e meus
batimentos falharam.
— Sério mesmo, Amber, que o seu tio ia se livrar da sua querida
sobrinha? — era possível sentir o deboche e a raiva se misturando
em cada palavra dita.
— Eu jamais tinha visto esse homem na minha vida — falei a
primeira coisa que veio em minha mente.
Àquela altura eu precisava tentar tudo.
— Acho bom eu começar a refrescar a sua memória — disse, dando
um passo e parando em seguida. — Você pode ser dona de uma
beleza estonteante e ter um corpo cheio de curvas, que com
certeza, atrai muitos olhares, mas, eu sinto cheiro de vadia à
distância e não foi diferente com você — ele faz uma cara de nojo e
a raiva me inflama ainda mais. — Desde o momento de sua
chegada que todos os meus demônios ficaram agitados, de tal
forma, que me levou a não só pedir que Scarllet trocasse o chip
anticoncepcional de todas, como fazer todo o procedimento para o
que seria implantado em você, e este, era o que tínhamos
desenvolvido há alguns meses e junto havia um pequeno dispositivo
que me permitiria monitorar tudo a sua volta.
Eu estava estarrecida e num arroubo de coragem, disse.
— Se você tinha alguma desconfiança, como estava transando
comigo todo esse tempo? Eu senti o seu corpo totalmente rendido
ao meu — enfatizei o final para que todos no ambiente ouvissem.
Sua gargalhada me deixa desconcertada.
— Eu jamais toquei em um fio do seu cabelo, quanto mais transar
como uma vagabunda como você.
O maldito esboça um sorriso e em seguida vira a cabeça para trás,
me incitando a acompanhar os seus movimentos, e assim eu o fiz, o
que fez tremores violentos percorrer cada fibra do meu corpo,
deixando-me incrédula.
Não! Não! Não! Isso não era possível. Eu me nego a crer em meus
próprios olhos.
O homem, que fisicamente era parecido com ele, caminhou em
nossa direção e depois parou ao ficar perto de Ethan. Eram como se
estivéssemos diante de dois capetas, porém, um deles tinha um
olhar gélido. Atordoada com tudo o que estava acontecendo, eu me
sentia entorpecida, mas, acabei saindo do transe em que estava
quando ele direcionou seu olhar para o meu tio, que até então,
observava tudo em silêncio, se bem que do jeito que estava, nem
conseguia se mover.
— Você se preocupou tanto em semear o ódio e a sede de vingança
em volta da sua sobrinha, ciente que a beleza dela era suficiente
para me levar direto para suas garras, que acabou sendo vencido
pela tecnologia do seu próprio país.
“O que esse desgraçado queria dizer com isso?” — pensei.
Nesse momento o homem ao seu lado pegou o que parecia um
vidro com um líquido e assim que o abriu, passou um pouco em
suas mãos e levou as duas até o seu rosto e saiu puxando a sua
pele, que na verdade não passava de uma máscara. Senti meus
olhos triplicando de tamanho.
— Além de ter o controle da máfia albanesa e Sérvia. Eu sabia que
só conseguiria acabar com você, se entrasse nesse joguinho e no
momento certo, tê-lo exatamente no lugar que está agora e assim a
Yakuza seria minha. Ver o olhar dela lançado em minha direção e
depois do desconforto que senti, eu precisava de uma aproximação
e enquanto passei alguns dias fora do bordel, além de entrar em
contato com Shuhei Okawara, que desenvolveu uma máscara mais
próxima da pele humana que existe em todo mundo, e, que só pode
ser removida com uma determinada substância. O próximo passo foi
encontrar entre os meus homens, o que tinha uma semelhança
física comigo e o melhor de tudo, ele é um dos melhores imitadores
de vozes que já vi, assim ficou muito fácil falar como se fosse eu.
Portanto, Amber, todo esse tempo, era com Bruce que você estava
passando longas horas do seu tempo, contudo, nós dois temos
contas a acertar, já que foi você quem passou todas as informações
para esse verme.
Um misto de sensações ruins tomou posse de mim, mas logo se
esvaiu e deu lugar somente ao medo quando ele deu alguns
passos, vendo que seus olhos estavam queimando de raiva, olhei
para o lado esquerdo, que dava acesso à cozinha e, Luccas estava
parado em frente à porta da entrada principal e ele certamente me
pegaria antes que conseguisse sair do lugar. No instante que ele
avançou em minha direção, a minha única saída foi correr em
direção à direita, que dava acesso ao corredor que levaria para os
diversos quartos e também a garagem. Contudo, assim que cheguei
perto da porta, o pânico tomou conta de mim. Minha garganta se
fechou de imediato, nem a minha própria saliva descia por ela.
— Não! Não! Nãooooo... Você está morta — suas feições se
transformaram em uma máscara dura. A raiva estava estampada
nos seus olhos e antes que eu voltasse ao meu estado de lucidez,
senti uma dor terrível quando ela acertou em meus joelhos um golpe
que me levou ao chão. E, em seguida, agarrou os meus cabelos e
saiu me puxando até o centro do salão.
— Solte-me sua infeliz — quando sua mão deixou a minha cabeça.
Sem que eu tivesse qualquer outra reação, a maldita subiu em cima
de mim e o meu rosto queimou ao sentir o peso duro da sua mão. E
que força essa desgraçada tem.
— Eu vou te mostrar o que acontece com quem bate em mim — diz
furiosa e quando tentei reagir, novamente senti minha pele arder e
um ruído alto sair pela minha boca. — Esse foi por tentar me matar,
não só com aquele travesseiro, como tentou me envenenar.
Novamente o barulho do estalo do tapa ressoou no ambiente e dali
em diante, comecei a me debater e tentar me livrar da maldita, que
apesar de ser magra, tinha uma força assustadora. Ela continuava
batendo, desferindo tapas e socos em meu rosto, eu tentava me
defender como podia, porém, sem sucesso. Minha face latejava e a
mulher não parava de acertar o meu rosto.
A cada golpe, o meu pescoço girava e ela por sua vez, desferia o
golpe pesado sem piedade do outro lado. Quando sua mão direita
deixou a minha pele e ela levou de encontro a sua cabeça, reuni
todas as minhas forças e fechei minha mão em punho, sabendo que
não podia atingir o seu rosto, o golpe foi de encontro a sua barriga,
fazendo um gemido ensurdecedor sair da sua boca e quando achei
que agora iria escapar, a Barbie retirou a mão que estava junto dos
seus cabelos, que acabaram sendo soltos, no entanto, o objeto em
sua mão e suas palavras fez o desespero me envolver por inteira.
— Sua morte é algo inevitável, porém, assim como você queria
desfigurar o meu rosto, eu vou te preparar para chegar ao inferno do
jeito que você realmente é.
— Isso nãoooo... — gritei assim que ela levou de encontro ao meu
rosto o acessório que puxou dos cabelos e gritos e mais gritos
escaparam dos meus lábios quando senti o objeto deslizando pela
minha face, penetrando em minha carne, fazendo-me senti uma dor
insuportável. Eu lutei quanto pude para tirar a vadia de cima de mim,
mas parecia que boa parte do seu corpo estava paralisado e
somente os seus braços se moviam e o seu ato fez o sangue jorrar
da minha pele. Não sei quando tempo se passou, em dado
momento, eu parei de gritar e lutar, a dor era lancinante. Mas, se ia
morrer, eu faria com que essa lembrança ficasse gravada na mente
dela, a assombrando pelo resto da vida, embora com a voz fraca,
disse:
— Tem razão de ele ter escolhido você. São dois monstros. Mate-
me logo sua infeliz! — percebi que ela fica desorientada ao ver suas
mãos sujas de sangue e com o que eu havia dito, então continuo. —
Não tem coragem, vadia ou tem medo de aceitar que você é tão
diabólica quanto ele.
A mulher parece que entra em algum conflito interno, pois, depois
de ouvir novamente minhas palavras, acaba se levantando. Afoita,
provoco.
— Sabia que você era uma fraca e não tinha coragem.
Quando já estava prestes a me levantar, não sei em que momento,
o filho do demônio ou o próprio, acaba com a distância e sem
esperar, sinto suas mãos em meu pescoço e o meu corpo sendo
erguido. Perco o fôlego quando ele intensifica o aperto. Suas feições
são demoníacas, seus olhos estão vermelhos como os do diabo.
Sufocada, comecei a espernear e tremer quando ele apertou ainda
mais a minha garganta. Meu peito estava queimando e o ar foi
arrancado dos meus pulmões, que estavam em chamas. Minhas
narinas estavam bloqueadas, assim como um nó gigantesco fechou
minha garganta. Agitada e asfixiada, era assim que permanecia. E,
tudo que vi a minha frente foi um túnel tenebroso.
— Ela não irá precisar sujar suas mãos, já eu, não tenho problema
algum em acabar com sua vida miserável.
Um sorriso perverso surge no seu rosto, ele puxa uma das mãos e
leva de encontro a minha nuca.
E, entre sussurros consegui ainda dizer.
— Por favor! Não... Não...
Tudo já estava ficando escuro a minha volta, mas, pude ver
claramente aqueles olhos sombrios e cheios de ódio cravados nos
meus. Tentei abrir a boca novamente, porém, num único movimento,
os seus dedos se encontraram e foi o suficiente para eu sentir o
pescoço sendo girando, os meus olhos pesarem e uma dor
cruciante apoderou-se de mim.
Capítulo 30

CECÍLIA BORISLAV

M eu olhar estava fixo no corpo da mulher que foi jogador no


chão. O silêncio envolveu o ambiente e com os olhos cravados
nela, os meus pensamentos me levaram para alguns dias atrás.
Depois da escuridão que me envolveu naquele corredor, quando
acordei, estava num lugar totalmente desconhecido por mim. Acabei
levantando num pulo, deparando-me com Ethan e Luccas, que
estavam sentados e a atenção de ambos, voltadas para o monitor
do computador em cima de sua mesa. As lembranças do que vi no
corredor surgiram em minha mente e com ela, a raiva me corroeu
por dentro.
— EU VI VOCÊ COM SUA AMANTE NO CORREDOR — disse aos
gritos, não que eu estivesse com ciúmes, mas não aceito traição.
Todavia, o sorriso sarcástico que apareceu no seu rosto só me
deixou ainda mais enfurecida e antes que eu voltasse a dizer
alguma palavra, sua voz se fez presente.
— Venha! — disse para que eu fosse até ele.
Luccas continuava com seu olhar grudado na tela. Eu fiquei
hesitante em não ir, mas estando perto dele, poderia muito bem dar
um chute no meio das suas pernas e causar um bom dano na
criatura gulosa que ele mantém presa dentro das calças e assim, ele
pensaria duas vezes antes de enfiá-lo em qualquer lugar.
Entretanto, depois de diminuir a distância entre nós, ao ficar a
centímetros de distância da mesa, no momento que ele virou o
monitor na minha direção, fiquei de início paralisada, depois
confusa, por último, intrigada de como aquilo era possível.
— O que está acontecendo?
— Aparentemente o seu marido transando com a Amber — Luccas
disse aquilo como se fosse uma piada, mas logo ficou com a
expressão séria quando eu lancei um olhar gélido em sua direção.
— Senta! — ordenou Ethan, quando eu estava acomodada, a cada
palavra que foi dita por ele, várias sensações passaram por mim,
desde surpresa até uma fúria incontrolável.
— Amber é membro da família Sanada. No momento que a vi, sabia
que tinha algo de errado, uma mulher tão bonita, se não fosse
traficada, não teria como se oferecer para viver nesse mundo. Sua
beleza poderia lhe render bons frutos sem precisar entrar numa
casa de luxo de propriedade de uma organização criminosa onde a
qualquer deslize, seu destino seria a morte. Com um chip
implantado nela e com a confirmação daquele infeliz que matei na
Itália, que mesmo perguntado, se negou a responder, mas, pude
perceber através de alguns gestos que ele a conhecia, comecei a
planejar de que forma a envolveria e assim, no momento certo, ela
me entregaria o próprio tio.
— Você sabia disso Luccas? — perguntei ao vê-lo com uma
expressão de surpresa.
— Ethan me contou hoje quando estava numa ligação e em uma
das câmeras apareceu você no corredor. Acabei comentando e ele
saiu correndo do escritório e só então olhei a imagem de outra
câmera e vi o que supostamente parecia ele e Amber, se beijando.
Ethan, que ficou sem silêncio por alguns segundos, voltou a proferir
algumas palavras.
— A princípio cogitei em não trazê-la para esse lugar. Mas, você
mostrou-me na Itália o quanto gosta de desobedecer as minhas
ordens, sendo assim, não teria como vigiar seus passos estando tão
longe e fazer com que Amber caísse na própria armadilha.
Ele parou e ficou olhando por alguns segundos para a imagem que
vinha do salão. Em parte, eu tinha que reconhecer que não iria
mesmo obedecer a suas ordens, porém, ele acha que sou burra e
não sei que acabou unindo o útil ao agradável e assim eu iria
conhecer aquela sala tenebrosa.
— Sabia que cedo ou tarde, mais pessoas, além de mim, estariam
envolvidas. Mesmo sabendo da sua capacidade em aguentar um
bom tempo sem respirar. Só cabe a você a escolha de se envolver
em algo que pode sair de controle, mas, também será crucial para
derrotar o inimigo.
Eu o olhava, intrigada, ele tratou logo de esclarecer e contou tudo
que estava planejando, assim como falou da comida que estava
sendo envenenada, mas que acabou sendo trocada por ele e dessa
forma os planos da maldita foram interrompidos. Acabei
questionando sobre o cheiro do perfume, embora fosse a mesma
fragrância que Ayla usava, então, soube que naquele dia que estava
usando o sobretudo, ele acabou se encontrando com a irmã que
desde criança, mesmo sabendo que ele não gostava, sempre o
abraçava. Dias se passaram e ciente do que eu precisava fazer,
pois, o tio dela foi um dos responsáveis por aqueles dois terem
quase acabado com minha vida e de Ana e do tapa que levei, eu
aceitei fazer de tudo para que Amber viesse a pensar que tinha me
matado.
Confesso que o sangue do meu corpo ficou tão quente e uma fúria
até então desconhecida por mim me envolveu no instante que senti
o peso do golpe desferido por ela em meu rosto. A minha vontade
era avançar em cima da infeliz, mas, eu precisa esperar o momento
certo. Fazendo uso de uma frieza assombrosa, toda uma encenação
foi feita por mim, desde o drama que refletia momentos de
desespero e angústia, até o desespero de lutar enquanto ela estava
me sufocando e resistir bravamente quando os meus pulmões
começaram a funcionar aos espasmos. Cada vez que ela
intensificava o contato do objeto contra o meu rosto, a sensação que
sentia era que na minha garganta tinha uma corda. Um nó se
formou nela e automaticamente, cada vez que respirava, ia
aumentando, apertando e me sufocando, a queimação em meus
pulmões se intensificando gradativamente. Acabei mantendo toda
minha concentração e fiz parecer que havia me entregado à
escuridão mortal e ela acabou se deixando iludir pelo que
aparentava ser a sua vitória.
Ouvi cada palavra que ela disse, até o momento que deixou o
quarto acreditando que eu já estava sem vida. Quando meus olhos
se abriram, imediatamente peguei o aparelho, que me possibilitou
levar o ar de volta para os meus pulmões que estavam em chamas.
Jamais pensei que pudesse aguentar tanto tempo, mas, eu só
pensava que em breve ela ia me pagar pelos tapas me havia me
dado.
Deixo as lembranças no passado quando ouço a voz de Ethan
reverberando no ar.
— Levem as malditas para a sala de vidro.
Tanto Alice, quanto a mulher que eu não sabia o nome, mas, que já
tinha visto na cozinha algumas vezes, entraram em pânico e foram
arrastadas por alguns seguranças. Enquanto Luccas e alguns
soldados que estavam com Sanada, entraram em um elevador, que
eu nem sabia que existia ali, senti um calafrio pelo meu corpo inteiro
com as últimas palavras proferidas por Ethan.
— Chegou a hora de apresentar para esse infeliz o quanto
prazeroso é o corredor da morte.

ETHAN BORISLAV
Deste o instante que a bonequinha cravou aquele objeto na pele da
desgraçada, que o cheiro de sangue fresco logo invadiu minhas
narinas, me deixando alucinado e após ouvir as palavras ditas pela
maldita, o meu corpo inteiro se incendiou, parecendo uma fornalha
humana. Apressadamente, acabei com a pouca distância que me
separava dela e tomei posse do seu pescoço.
Ver seus olhos se fechando e o último suspiro sair por entre seus
lábios, me fez ficar em puro êxtase e os meus demônios se agitaram
ainda mais quando meu olhar foi de encontro a minha próxima
vítima. Enquanto Luccas seguiu para o corredor da morte, fui até a
sala de vidros e ver todo o desespero das duas infelizes, que assim
como a desgraçada da Amber, estavam infiltradas e sob o comando
de Sanada, só aumentou o meu desejo em acabar logo com a vida
do maldito.
Uma verdadeira luta pela sobrevivência foi iniciada, tanto Alice,
como Olivia, lutavam contra os fortes jatos de água que inundavam
o cilindro de vidro na tentativa de quebrar o objeto, mas toda a
relutância em aceitar que o destino delas era a morte, só fez com
que seus últimos momentos de vida se tornassem um verdadeiro
tormento e algo prazeroso para mim. A cada grito que ressoava pelo
lugar e ver o medo estampados em seus olhos, fizeram o sangue
em minhas veias me incendiar ainda mais por dentro e no instante
que elas pararam de se debater e seus olhos já estavam sem vida,
saí da sala que estava e fui para o lugar onde sempre era envolvido
por uma onda de prazer e satisfação. Os demônios enfim
adormeciam, fazendo o desconforto que havia me envolvido ser
dissipado.
Deixei meus pensamentos de lado assim que atravessei o salão
indo em direção ao elevador que dava acesso ao lugar. Depois de
alguns minutos, cheguei ao subsolo e com passos rápidos e
precisos, segui em direção ao cômodo. Ao me aproximar da porta,
já dava para ouvir os gritos do infeliz e no momento que adentrei o
ambiente, vi que Luccas já havia preparado tudo e o maldito se
encontrava em cima de uma maca com todos os membros presos,
perto da sua cabeça dele, estava o espremedor de cérebro. Um
equipamento que tinha um enorme parafuso que media uns 10 cm e
era bem grosso, o mesmo estava interligado com uma alavanca que
após ser movida, fazia com que o objeto girasse num angulo de 180
graus. Dei algumas passadas e ao parar em sua frente, sua atenção
se voltou para mim.
— Tire-me daqui seu desgraçadooooo...
— A princípio eu só queria abrir o seu crânio e ter a visão dos seus
miolos e das veias pulsando, antes de estraçalhar o seu cérebro —
fiz uma pequena pausa e Luccas por sua vez, me entregou o bisturi,
com o objeto em mãos, prossegui. — Mas, em meio a toda aquela
conversa sobre máscara e ver o estado que ficou o rosto da vadia
da sua sobrinha. Achei que seria justo que você tivesse uma
aparência semelhante à dela e quem sabe, eu tenha um novo hobby
em me tornar um colecionador de máscaras feitas 100% de pele
humana.
Assim que levei o objeto cortante em até a sua face, ele entrou em
desespero.
— Afaste isso daqu...
Os únicos sons que voltou a sair pela sua boca foram de ruídos
altos de dor. E, à medida que ia cravando o objeto e deslizando-o
lentamente em sua carne, fazendo o contorno pelo seu rosto oval, o
homem começou a se debater, me fazendo parar para cravar o
objeto no seu olho direito e num tom rude disse.
— Você não vai estragar a minha obra de arte, num próximo
movimento, eu vou retirar a pele de todo o seu corpo.
Gemidos saem pelos seus lábios, e aquilo só me incita a continuar e
quando enfim já tinha feito todo o processo, passei o objeto para
Luccas e com as duas mãos, saí puxando sua pele que saiu no
formato do rosto, enquanto eu tinha a visão da sua face em carne
viva, Luccas pegou a máquina de cortar cabelo e após ligar o
aparelho, deslizou pela cabeça do verme e assim que retirou todo o
cabelo do centro da sua cabeça, se afastou. Dei alguns passos e
mesmo movido pela dor, o temido chefe da Yakuza, ainda achou
que suas palavras me amaldiçoando surtiriam algum efeito.
— Você pode ter ganhado a batalha, mas não a guerra. Nesse
momento, eu entrego a minha alma ao diabo, para que no futuro
chegue a hora em que vamos nos encontrar em frente às chamas
do averno e farei de tudo para não deixá-lo escapar do mundo das
trevas.
— Você acha mesmo que eu temo a morte ou que o diabo pode me
intimidar? Eu sou a lei aqui na terra e somente Deus é o meu juiz,
uma vez no inferno, almas podres como sua, devem é sentir medo,
pois, nem depois da morte terão sossego.
Um calor escaldante me envolveu, meus órgãos internos estavam
funcionando num ritmo alucinante, e aquela sensação indicava que
algo dentro de mim só ia se aquietar quando a vida daquele
miserável fosse interrompida.
Com as mãos fixas na alavanca, comecei a movê-la e gritos
horripilantes preencheram o lugar quando o parafuso entrou em
contato com seu couro cabeludo. Minhas mãos se moviam
freneticamente, como se ganhassem vida própria e quanto mais
ouvia o barulho do seu crânio sendo quebrado, uma corrente
elétrica me envolvia e o meu corpo estremecia violentamente. Nem
um som saiu mais da sua boca, seu corpo, que antes sacudia como
se estivesse tendo uma convulsão, ficou imóvel e, assim que puxei
o objeto, coloquei minha mão dentro do buraco e sai puxando tudo
que havia dentro do interior da sua cabeça. Novamente senti algo
gritando dentro de mim e um ruído ensurdecedor saiu do fundo da
minha garganta e só então, a sensação de paz me envolveu.
Afastei-me e fiquei olhando para a imagem perfeita a minha frente.
Sua face estava completamente deformada, o seu crânio quebrou e
seus miolos esmagados pelas minhas mãos. Olhei para Luccas, que
ficou com uma expressão indecifrável ao ouvir minhas palavras.
— Um já se foi, agora chegou a hora de pegar aquele outro verme,
mas para me tornar o chefe supremo, eu terei que exterminar não
só o meu criador, como Enzzo Demisovski.
Capítulo 31

LUCCAS

E u estava a observar o homem a minha frente. Seu rosto


empalideceu e suas feições se transtornaram de modo horrível,
enquanto suas mãos diabólicas espremiam os miolos do
desgraçado como se estivesse apertando uma laranja. Ethan
Borislav, a quem sempre tive como um irmão e jurei manter minha
lealdade até meu último suspiro, porém, eu sempre soube que ele
seria grande entre os homens, mas, Dusan e Boris, certamente não
imaginavam o quanto a mente dele ficaria sombria e diabólica. E
diante das suas palavras, eu não poderia me manter calado.
— Isso é insano. Eu jurei ser leal a você, mas, o meu pai jamais
aceitará isso.
— Da mesma forma como jurou lealdade a Dusan, Boris foi liberado
para fazer um novo juramente ao soberano da máfia, ou seja, a
mim, a quem deverá proteger derramando seu próprio sangue se
assim for necessário. Assim como tenho o controle das duas
maiores organizações, tanto a máfia japonesa quanto a chinesa
estarão sob os meus domínios muito em breve e terei o controle de
todas as organizações criminosas existentes, tornando-me assim o
verdadeiro e único soberano, sem a sombra de nenhum outro.
Desde que ouvi sobre os motivos pelos quais fui escolhido para ser
o chefe supremo da máfia, que decidi que não viveria na sombra de
ninguém. Tanto Dusan como Enzzo sempre serão idolatrados por
todos e enquanto estiverem vivos, eu terei um obstáculo em meu
caminho.
— Isso será um golpe para sua esposa, assim como para sua mãe e
suas irmãs.
— Eu não hesitarei em passar por cima de quem quer que seja para
atingir cada um dos meus objetivos. Tenha isso em mente — sua
voz era gélida.
— Ayla não vai me perdoar.
Seus olhos estavam soltando faíscas de ódio. As veias saltadas em
volta do seu pescoço ficaram ainda mais grossas e o meu corpo
todo estremece quando ouço suas últimas palavras.
— Se você quer ter um futuro com ela, fará tudo como eu assim
desejar.

YAN MARTINS
Eu estava colérico. A raiva espalhando-se pelo meu sistema e
impregnando-se em cada célula do meu corpo e uma fúria incontida
rasgava-me por dentro.
Aquele desgraçado cogitou que era muito mais esperto e acabou
indo direto para as garras do inimigo. Não que eu lamente por sua
morte, mas suas ações só fizeram com que o desgraçado do Ethan
se tornasse ainda mais forte e agora com o controle da Yakuza, sua
organização tomou posse não só do território japonês, como do
coreano também.
Com a união feita com aquele imbecil, todos os nossos planos foram
fadados ao fracasso, era como se uma nuvem sombria tivesse
tapando os meus olhos, me impedindo de ver com clareza algo que
poderia usar ao meu favor. Ao contrário daquele verme, eu acabei
encontrando um jeito para acabar com Borislav e sua maldita
esposa. De alguma forma, ter convivido com Omar vai me servi para
chegar até aquela que certamente, puxou ao avô. Meus
pensamentos foram atrapalhados quando o aparelho em meu bolso
começou a vibrar, assim que pego o objeto, ao ver o nome que
surge no visor, atendo imediatamente.
— Chefe!
— Espero que tenha boas notícias.
— Já chegamos a Durrês e depois de pagar um alto valor, consegui
comprar a casa de onde temos uma boa vista da Mansão de Enzzo.
— Quero que fiquem de olho em cada movimento e sigam cada
passo da fedelha.
— Assim será feito.
Ainda fiquei alguns minutos conversando com ele e após passar
algumas instruções, encerrei a ligação, no mesmo instante, um
sorriso perverso surgiu na minha face.
"Ana por mais que seus pais tenham lutado a envolvendo no mundo
de luz e amor. Eu tenho certeza que você é uma erva daninha como
o seu avô e será uma aliada perfeita".

Alguns dias depois...


CECÍLIA BORISLAV
As palavras daquela infeliz me atingiram como um soco cruel em
meu estômago, me deixando incapaz de raciocinar por alguns
minutos.
Eu estou lutando com todas as minhas forças, assim como fez a
minha sogra e a minha mãe, para me manter firme em tudo aquilo
que acredito e sou. Não quero e nem vou sucumbir e muito menos
deixar que as trevas venham a apodera-se do meu coração.
Assim como todas que nasceram no coração da máfia ou entraram
nela por alguma aliança, de fato, vivemos cercadas de luxo e
esplendor, mas, entre as quatro paredes das nossas casas, a tal
gaiola dourada, muita coisa acontece. Homens privilegiados por
serem chefes ou até mesmo por terem nascido do sexo oposto ao
nosso, se acham soberanos, enquanto nós, as mulheres, somos
vistas como a mãe, esposa e filha que devem dedicar sua vida ao
lar, ao marido e aos filhos, tudo sem questionar, em total submissão.
Não vivemos um conto de fadas, e muito menos somos tratadas
como princesas por sermos herdeiras ou esposas daqueles que
detém o poder da organização. Quanto maior a posição, maior são
os obstáculos, pois, existe uma disputa pelo poder capaz de fazer
com que laços de sangue sejam rompidos, vidas ceifadas e
mulheres tratadas como uma mercadoria barata ou mesmo sem
valor algum. Existe amor sim e esse é o que faz com que a luz
chegue ao mundo sombrio que envolve a máfia, porém, apenas em
casos raros.
Alguns dias se passaram após aquele episódio sangrento dentro do
lugar que para alguns é somente uma fonte do prazer carnal, mas,
que entre suas paredes, foi derramado o sangue de várias pessoas.
Ethan está cada vez mais autoritário, é como se o homem estivesse
sempre usando uma armadura de ferro e fosse desprovido de
sentimentos.
Quando vi sua aparência depois de ter ceifado a vida de Sanada, o
único pensamento que se apossou na minha mente, era que estava
diante de um verdadeiro monstro dentro da máfia.
Não que o meu pai ou até mesmo o meu sogro não tivessem
enviado várias almas ao inferno, até mesmo eram considerados
como demônios, contudo, ele tem uma força que parece
sobrenatural em volta de si, emanando uma energia poderosa, que
nos faz questionar como um homem pode causar ao seu próximo
essa sensação de inquietação, medo e desespero somente com sua
presença.
Deixo os pensamentos de lado e caminho em direção à porta.
Ontem, o tirano me informou que hoje iriamos mudar para nossa
casa, eu já não via a hora de deixar esse lugar.
Assim que chego ao corredor, ele aparece em minha frente.
— Já está pronta?
— Sim.
— Então, vamos.
Seguimos para o elevador e dois minutos depois, já estávamos em
frente a um, dos cincos carros que estavam levando as minhas
malas e algumas coisas dele. Já dentro do veículo, o mesmo entrou
em movimento, durante o percurso, minha cabeça estava a mil,
fiquei pensando em como seria a minha vida estando em um
casamento que foi somente por conveniência. Sempre tive
admiração pela relação dos meus pais, do amor e cumplicidade
entre eles. Conheci os meus sogros e o homem de expressão
fechada, ao direcionar seu olhar para sua esposa Luna, tinha um
brilho intenso, que espelhava o mais puro amor. No entanto, já nos
olhos daquele a quem fui prometida, a única coisa que vejo é uma
escuridão sem fim, esse casamento foi e sempre será a minha
gaiola, que só poderá ser aberta com a minha morte. A palavra dada
pelo meu pai não pode ser rompida e por mais que eu sofra, eu irei
suportar tudo, pois um chefe sem palavra não é nada.
— Venha!
Encontrava-me tão distraída, que só notei que havíamos chegado
quando ouvi a voz dele. A porta já estava aberta aguardando minha
saída e quando o fiz, ao levantar a cabeça, meus olhos
contemplaram a visão magnífica a minha frente.
— Bem-vinda ao seu novo lar, bonequinha.
Estava encantada com o belo cenário a minha frente. Desde o
jardim, até a fachada da casa, tudo era luxuoso, porém, na medida
certa. Deixo os devaneios de lado e seguimos até a porta e quando
adentramos, o ambiente, ao contrário da suíte dele no bordel, que
tinha uma decoração sombria, era perfeito, totalmente o oposto,
tinha uma harmonia encantadora. As paredes eram num tom branco
gelo, a decoração tinha um toque um tanto feminino e o lugar me
causou uma sensação muito boa.
— Ayla cuidou de alguns detalhes e acabou exagerando em todo
esse branco.
Disse como se aquilo estivesse o incomodando e rapidamente um
pensamento passou pela minha cabeça.
“Só faltava o demônio ter mandado pintar as paredes do quarto de
preto.”
Prossegui explorando o lugar, era muito maior que a mansão
Borislav, além do hall, tinha uma sala de estar, quatro quartos no
andar de baixo, sala de jogos, uma varanda enorme, que tinha vista
para a piscina e uma cozinha fabulosa com acesso a uma
despensa. Caminhamos para o andar de cima e no percurso pelo
extenso corredor tinham uns seis quartos e sem que eu pudesse
controlar, as palavras escaparam da minha boca.
— Com tantos quartos aqui, você poderia ter o seu e eu o meu.
Engulo em seco com a imagem que surge em minha frente. Suas
feições logo mudaram e antes que eu pensasse em escapar dali, o
homem deu alguns passos, eu acabei recuando e só parei quando
minhas costas tocaram na parede. Suas mãos ficaram espalmadas
na parede, uma do lado direito e a outra do esquerdo, encurralando-
me.
— Não só vamos dividir o mesmo quarto, como nós dois vamos
transar em cada canto dele.
Meu coração pulou uma batida diante da sua resposta, ele não
satisfeito, aproximou a sua boca da minha e puxou-me para junto de
si. Meu corpo começou a ficar quente, me fazendo ansiar pelo seu
beijo. Sua boca buscou a minha, as nossas línguas se encontraram
e se misturaram, indo de um lado para o outro, enquanto seus
quadris se moviam, eu já podia sentir todo o poder da sua
masculinidade, seu membro estava duro e grosso, querendo se
libertar da sua prisão.

Horas mais tarde...


Depois do episódio que aconteceu no corredor, eu agradeci
mentalmente quando o celular dele começou a tocar, o fazendo se
afastar. Minutos depois, quando já tinha tomado banho, ao descer, o
encontrei na sala com algumas pessoas. Ele acabou me
apresentando aos funcionários que iriam trabalhar conosco, desde
as duas cozinheiras, um jardineiro, seis seguranças e duas
senhoras que cuidariam da limpeza da casa e das roupas.
A noite chegou e com ela, as nossas primeiras visitas, o que
acabou me deixando bem animada. Minha cunhada e Luccas,
como sempre bem descontraídos, o amor brilhava no olhar dos dois.
Depois do jantar agradável que tivemos, seguimos para sala de
jogos.
— Fiquei sabendo sobre a proposta de casamento entre Gael e Ana
— disse Ayla.
— Minha mãe falou que ela estava relutante e conhecendo a minha
irmã, acredito que se o nosso pai firmar um acordo, pode ter
grandes problemas em se tratando da Ana.
Ficamos um tempo ainda falando do assunto, enquanto os dois
estavam tomando uísque perto do bar e quando se juntaram a nós
duas, começamos a jogar.
Enquanto isso em Durrês...
Seis horas da manhã.
ANA DEMISOVSKI
Desde o dia do casamento de Cecília, que venho amaldiçoando ter
conhecido aquele homem. Jamais pensei que o infeliz fosse ter
algum interesse por mim e, após saber qual sua ligação com a máfia
Sérvia e albanesa, fiquei temerosa de que o meu destino fosse
como o da minha irmã, que não pôde fazer suas próprias escolhas.
Ainda em Belgrado, o tal Gael foi jantar conosco. CEO de uma das
maiores instituições financeiras do mundo, ele controla todo um
esquema de lavagem de dinheiro, o que facilita para que as
organizações criminosas tenham o dinheiro sujo que ganham sendo
investido e consequentemente gerando lucros exorbitantes.
Passei dias pensando em tudo que iria fazer e a minha única
solução seria fugir para New York. Cecília sabe o peso de se casar
com alguém que não escolhemos e tenho certeza que somente ela
poderá fazer o meu pai mudar de ideia. Com algumas roupas na
minha mochila em vez dos livros, pego o meu celular e o dinheiro
que tinha guardado e saio do meu quarto.
Minutos depois, já estava dentro do veículo que me levaria para
faculdade e como sempre, os seguranças ficavam até a minha saída
em prontidão, mas dessa vez, eu não iria voltar com eles.
Quase meia hora se passou, até que chegamos à instituição de
ensino, saí do carro e o fluxo de pessoas caminhando para dentro
do lugar era grande, olhei para trás e vi que o carro já tinha seguido
para o estacionamento. Esse era o momento que eu estava
esperando, enquanto os demais caminhavam para dentro do lugar,
minhas pernas ganharam vida própria e saí correndo para direita,
em direção ao beco que ficava perto do prédio. Minha respiração
estava ofegante, meus batimentos cardíacos acelerados e quando
enfim já estava a certa distância, ao me virar, meu corpo todo
estremeceu, meu sangue gelou em minhas veias ao ver a imagem
dos três homens que surgiram feito um passe de mágica em minha
frente.
— O que vocês querem? — disse num tom de voz alta, porém, eles
avançaram em minha direção e movida pelo meu desespero,
comecei a gritar.
— Socorro! Socorro! Soco... — antes que o som saísse da minha
boca, senti um deles segurando-me e em seguida algo úmido de
encontro ao meu nariz. Comecei a me debater, contudo, era inútil,
logo meus olhos pesaram e a escuridão me envolveu.
Capítulo 32

ANA DEMISOVSKI

M inhas têmporas latejam e minhas pálpebras estão coladas,


medo, gritos e a escuridão. São as últimas lembranças que
dominam a minha mente. Começo a respirar profundamente para
me acalmar e, em seguida, os meus olhos se abrem e me deparo
com um lugar totalmente desconhecido. No momento que tento me
levantar, um desconhecido entra no ambiente e o pânico me atinge
com intensidade, meu corpo começa a tremer em cima da cama.
Antes que eu venha a fazer algo, o som da sua voz chega aos meus
ouvidos.
— Doce Ana! Espero que esteja tudo bem com você?
— Quem é você? Por que estou aqui nesse lugar?
Ele dá alguns passos e movida pelo meu desespero, consigo me
sentar, porém, com dificuldade pelo peso em minha cabeça, penso
em me colocar de pé, mas, fico paralisada quando ouço suas
palavras.
— Digamos que sou um velho amigo da família Petrovci.
Atordoada, o som da minha voz sai alto e meus batimentos
cardíacos aceleram.
— Ninguém da minha família jamais falou de você.
— Você nunca ouviu falar de mim, porque os seus pais cortaram os
laços com qualquer pessoa que tenha conhecido o seu avô. Nunca
se perguntou o porquê que foi a sua irmã a escolhida para casar
com alguém tão poderoso como Ethan Borislav? Nunca se
questionou o motivo de eles gostarem mais dela?
— Tudo isso é uma mentira — digo aos berros, sentindo
imediatamente um desconforto pelo esforço.
— Assim como você eu sei o peso de ter correndo nas veias o
sangue dele, mas, basta você querer e te darei tudo que lhe foi
negado. Posso te ajudar a se livrar do compromisso com Gael e
conseguir que Ethan deixe a sua irmã e a tome como esposa.
Fico sem reação ante suas palavras, ele vendo que eu não esboço
nada, ele sai e me deixando sozinha.
Não consigo parar de pensar... Aquelas palavras pipocam em minha
mente. Minha cabeça começou a doer ainda mais e nesse momento
uma dúvida cruza meus pensamentos.
"O que eu faço senhor?"

New York – Algumas horas atrás...


CECÍLIA BORISLAV
Depois que eu e Ethan ganhamos todas as partidas do jogo de
sinuca, enquanto os dois homens foram para o escritório, ficamos
nós duas perto da lareira com uma garrafa de vinho e duas taças. Já
tínhamos tomado quase a metade, quando Ayla começou a falar
sobre sua relação com Luccas e movida pela minha curiosidade
disse.
— Deve ser difícil gostar tanto dele e se manter virgem até o
casamento — ela deu uma gargalhada.
— Você acha mesmo que sou virgem? Isso é o que todos pensam,
mas, eu o amo desde quando ainda usava fraldas e não sou boba
de deixá-lo aprender com outra, o que poderia ser comigo.
Comecei a sorrir, e, enquanto tomávamos o que sobrou do vinho
que tinha na garrafa, minha cunhada me relatava suas experiências
ao longo dos anos. Sempre as escondidas para que o pai e o irmão
não viessem a descobrir. Acabamos pegando outra garrafa de
vinho.
— Vivendo naquele bordel e tendo meu irmão como mau exemplo.
Luccas poderia ser tentado de todas as formas, então eu uni o útil
ao agradável. Você deve saber bem do que eu estou falando,
modéstia a parte, com um homem como meu irmão, lindo e gostoso,
deve ser um espetáculo na cama, tenho certeza que já aproveitou
bastante o seu marido.
As lembranças do beijo no corredor logo se apossam da minha
mente.
Quando sua língua acariciou meu lábio inferior e pediu passagem,
se entrelaçando a minha em um beijo cheio de desejo, causando
efeitos onde me senti ansiando por mais. Meu corpo ficou em
chamas, causando um latejar intenso em minha intimidade. Sem
que eu pudesse controlar, um gemido escapou da minha boca e
meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a voz dela.
— Terra para Cecília.
— E... Eu esta...
— Devia estar pensando em vocês dois transando — disse aquilo
sorrindo, senti o meu rosto todo esquentar de tanta vergonha.
Acabei tomando todo o líquido que tinha dentro do meu copo. —
Deixa de ser boba. O negócio é bom mesmo e tendo um ogro como
marido. São esses momentos que você deve aproveitar e nocauteá-
lo, desta forma, vai quebrar aquela armadura que parece
impenetrável que ele insiste em usar.
Não sei se era efeito da bebida, mas, comecei a sorrir sem parar. E,
vários pensamentos passaram-se pela minha cabeça como um
turbilhão. Ayla pensa que é fácil nocautear aquele homem que mais
parece um animal faminto, sem contar aquele membro avantajado
que me faz sentir como se estivesse indo até o meu umbigo.
Continuamos conversando e já estava vendo tudo levemente
embaçado, quando os dois apareceram no ambiente.
— Vocês estavam fazendo a festa — disse Luccas.
— Vamos! — falou a minha cunhada e ao se levantar, deu alguns
passos cambaleando.
— Eu acho melhor você dormir hoje aqui — o chato disse,
certamente temendo que pelo estado da irmã, o lobo mau viesse a
se aproveitar da chapeuzinho, mas se bem que era ao contrário.
Comecei a sorrir e ele ficou me olhando.
— Nos vemos amanhã Luccas — Ethan proferiu, fazendo-o se
despedir de Ayla e sumir do recinto.
Minutos se passaram e assim que ele voltou de deixar a irmã no
quarto que iria ocupar, fui tentar subir a escada, mas, acabei me
segurando no corrimão ao ver tudo girando. Senti suas mãos de
encontro a minha cintura, colando o seu corpo ao meu, ele acabou
me suspendendo e aninhada em seus braços, no instante que
nossos olhares se encontraram, foi como se uma conexão se
estabelecesse entre nós. O encostar dos nossos corpos fez cada
centímetro do meu ser reagir, ele prosseguiu caminhando e não
quebramos o contato visual.
Assim que chegamos ao nosso quarto e ele me colocou em pé,
começou a retirar as minhas roupas.
— O que você vai fazer comigo, seu pervertido? — perguntei com a
voz rouca e meio enrolada por causa da bebida.
— Você vai tomar um banho.
Eu não podia estar no meu estado normal, pois, assim que ele me
deixou completamente nua e já ia me pegar para ir ao banheiro,
minhas mãos ganharam vida própria e se moveram até a sua calça,
comecei a passar levemente por cima do seu membro que aos
poucos foi ganhando vida, o deixando excitado ao ponto que
gemidos saiam da sua boca.
— Cecília!— era estranho não vê-lo me chamar de bonequinha,
mas, continuei com meus movimentos e acabei abrindo o fecho da
sua calça, enfiando minha mão dentro da sua cueca, sentindo o
calor escaldante do seu membro e o libertando da sua prisão.
— Não brinque com fogo ou poderá se queimar.
— Eu já vivo em meio às chamas do demônio, não tenho medo de
fogo ou você acha que não consigo chupá-lo?
— Me mostre do que você é capaz — disse com a voz rouca,
porém, num tom desafiador.
Aquilo fez algo dentro de mim se revirar e quando dei por mim,
estava ajoelhada e puxei suas calças e a cueca até chegar perto
dos seus pés. Com um pequeno movimento, ele empurrou as peças
para bem longe. Levanto a cabeça e estremeço toda ao ter minha
boca tão próxima daquela monstruosidade, duro, grosso com veias
inchadas como se a qualquer momento fosse estourar. Pensei em
me levantar, mas o que ele disse em seguida me incitou a continuar.
— Ficou com medo bonequinha?
Com as mãos trêmulas, segurei o seu pênis, sentindo a temperatura
morna de toda extensão que pulsava freneticamente. Eu já tinha
indo longe demais e se parasse só iria mostrar para ele que era
fraca, então, comecei a passar os dedos indo dos seus testículos,
que mais pareciam duas bolas de bilhar, até a cabeça saliente e
rosada do seu membro. Continuei fazendo aquele movimento e a
cada ruído que ecoava no ambiente, só fazia com que continuasse
com aquela exploração. Todavia, ele moveu os quadris, poucos
instantes depois, aquele pau enorme, cheio de veias grossas, que
pulsavam em toda a extensão estava tocando os meus lábios. Sem
demora, comecei a deixar a cabeça robusta do seu pênis, entrar em
minha boca. Achei que seria fácil, porém, quando ele segurou os
meus cabelos e começou a empurrar minha cabeça no mesmo
momento que movia rapidamente os seus quadris, eu achei que iria
sufocar e tinha a sensação que seu comprimento estava chegando
ao fundo da minha garganta.
O seu membro estava mais duro, mais grosso e seus movimentos
eram implacáveis, mas, deixei que ele continuasse a explorar a
minha boca e gemidos ensurdecedores saiam pelos seus lábios. Foi
então que me lembrei das palavras de Ayla ao sentir que um pouco
de líquido escapou do orifício da cabeça grossa do seu membro,
invadindo a minha boca. Assumi o controle e comecei a acariciar os
seus testículos, senti todo o seu corpo tremer, enquanto ele
introduzia o seu pênis latejante, aumentando o ritmo das suas
estocadas em minha boca, como se quisesse rasgar a minha
garganta, eu intensifiquei a velocidade com que o massageava e o
Ethan ficou imóvel por alguns segundos. O que foi suficiente para
que eu fizesse o mesmo movimento rapidamente por diversas
vezes, até que um grito estrangulado saiu por entre seus lábios e
minha boca foi invadida por jatos potentes e cremosos do seu
sêmen. Movida por algo que não sei identificar o que foi, engoli tudo,
estava vibrando por dentro e nem tive tempo de comemorar, quando
ele me levantou e colocou o meu corpo sobre a cama, sendo ele o
esfomeado que era, não foi surpresa que ele já estivesse a todo
vapor e abrindo as minhas pernas como se fosse me rasgar ao
meio, sua boca tomou posse da minha boceta. E desta vez, o
barulho que preencheu o cômodo, ressoando pelas quatro paredes
do ambiente, foram dados por mim.
Sua boca parecia que queria engolir o meu sexo. A sensação era
que seus lábios eram feitos de veludo, macios e deslizavam pelas
dobras entre os grandes lábios, subiam e faziam uma pressão no
ponto de nervos que começou a ficar endurecido. Meu corpo todo se
contorceu quando ele começou a movimentar sua boca, descendo
até a fenda da minha vagina e introduzia sua língua dentro dela, me
causando arrepios incontroláveis.
— Por favor! — eu nem sabia pelo que estava implorando.
— Você foi uma boa menina e hoje terá a recompensa que merece.
Dito aquilo, seus movimentos contra minha carne molhada se
intensificaram, ele chupava o meu clitóris numa habilidade que
estava me levando à beira do abismo. O meu corpo ficou quente
como uma fornalha, o homem estava determinado a acabar comigo,
levei uma das mãos aos seus cabelos, puxando sua cabeça em
direção ao meu sexo que ansiava por liberação. De repente, achei
que fosse morrer tamanha a sensação que me envolvia.
— Pare! Pare! Eu não vou aguentar.
— Eu quero vê-la desfalecendo quando o meu pau estiver enterrado
todo dentro dessa bocetinha apertada.
Se eu achei que a tortura estivesse prestes a chegar ao fim, o meu
corpo chegou a uma temperatura de uns 40 graus assim que
passou os seus lábios suavemente em volta do prepúcio do meu
clitóris e começou a fazer movimentos circulares para cima e para
baixo, em seguida, começou a me lamber sem piedade,
intercalando com sucções enlouquecedoras. Involuntariamente,
gemidos altos começaram a sair da minha garganta. Era algo que
não podia controlar, meus quadris ganharam vida própria e
começaram a se mover.
— Isso bonequinha, mexa-se... Busque o seu prazer e goze para o
seu homem.
Ele continuou com seus movimentos e quando já estava prestes a
alcançar o limite do meu prazer, ele parou , deixando-me totalmente
furiosa e desorientada, quase o xinguei. Mas, antes que eu tivesse
qualquer outra reação, ele deslizou o seu corpo sobre o meu. Sua
boca se chocou contra os meus seios, contornando meus mamilos
com a língua e logo depois começou a devorá-los, chupando,
sugando em um ritmo alucinante. Aquilo era maravilhoso. Era como
se ele quisesse me levar ao limite da minha sanidade, seu pênis
mergulhou para dentro da minha boceta faminta, que tratou de
acomodar toda longa extensão do seu membro grosso e rígido. Sua
respiração soprou em minha pele quando ele sussurrou
descontroladamente.
— Gos... To... Sa... — sua voz saiu entrecortada.
Ele começou a se movimentar, empurrando o seu pênis com
estocadas firmes, enquanto uma de suas mãos massageava um de
meus mamilos e sua boca devorava o outro. Suas investidas foram
se intensificando e nossos corpos se encaixando perfeitamente,
provocando sons eróticos que ressoavam por todo quarto. Ethan
aumentou mais o ritmo e a velocidade da sua invasão contra o meu
sexo e no instante que sua boca buscou a minha, ele beijou-me
ardentemente e continuou me penetrando, sua boca massacrava a
minha, com nossas línguas duelando, como se uma quisessem
mostrar uma a outra quem era mais forte. Senti minha boceta se
contrair e ondas de prazer tomaram conta do meu corpo. Ele se
potencializou dentro de mim, me levando ao orgasmo com
estocadas fluidas e longas. Meu corpo todo estremeceu e uma onda
de prazer explodiu dentro de mim, me deixando em chamas,
provocando um grito que soou como uma linda melodia para os
seus ouvidos, pois, ele numa estocada implacável, socou minha
vagina e ruídos altos saíram de sua boca enquanto despejava o seu
líquido quente dentro de mim.
A sensação foi inacreditável, arrepiando todo o meu corpo. Ainda
estava arfando e tremendo, quando ele saiu de dentro de mim,
lembrei-me novamente das palavras ditas por Ayla.
"São esses momentos que você deve aproveitar e nocauteá-lo,
desta forma vai quebrar aquela armadura que parece impenetrável e
que ele insiste em usar."
Olhei para ele que mantinha os olhos fechados e antes que ele
pudesse recuperar o seu fôlego, levantei-me e subi em cima dele, já
esfregando meu sexo melado contra o seu membro, fazendo-o abrir
os olhos de imediato.
Capítulo 33

Na manhã seguinte...
ETHAN BORISLAV

M inhas pálpebras estão pesadas e embora esteja com sono,


tinha alguns assuntos que precisava resolver. Pela primeira
vez na vida, deixei a cama sem vontade de sair dela. Tomei um
banho gelado para ver se espantava aquela sensação de cansaço,
depois de arrumado, antes de deixar a suíte, os meus olhos foram
ao encontro da mulher que estava esparramada sobre a cama e era
a razão pela qual passei a noite toda acordado, me perdendo
naquela boceta deliciosa.
Nunca em toda a minha vida fui tomado por uma sensação tão boa
e tenho que reconhecer que a bonequinha me surpreendeu em
todos os sentidos. Meu corpo todo estava em chamas, quanto mais
alcançava o limite do meu prazer, em questão de minutos, estava
com o cacete duro, grosso e pronto para se enterrar até o fundo
naquela boceta gulosa.
Ela por sua vez, parecia ensandecida com o calor emanado do seu
corpo e incendiou ainda mais a minha pele e quando achava que ela
estava perto de perder suas forças, era como se assim como uma
fênix, suas forças eram renovadas e as chamas do desejo ardente
se apossavam de todo o seu ser. Quando os primeiros raios do sol
surgiram, ela praticamente desfaleceu, tendo o meu pau pulsando
violentamente ao estar enterrado no seu ponto mais profundo.
Ciente de que precisava deixar o ambiente, com passos largos, fui
até a porta e instantes depois, estava no andar de baixo. Fui até o
meu escritório, onde eu e Luccas passamos ontem um bom tempo
planejando como faríamos para acabar com Dusan e Enzzo. Daqui
a uma semana, com a reunião aqui em New York, os dois terão que
estar presentes e sendo assim, preciso fazer de tudo para que Boris
não esteja, pois, o frouxo do Luccas ao perder o pai, pode colocar
tudo por água abaixo. Caso isso venha a acontecer, eu não terei
alternativa a não ser, deixar Ayla viúva antes mesmo de ter se
casado.
Mais de uma hora se passou e quando deixei o cômodo, ao chegar
ao corredor, ouvi sons de vozes vindo da sala. Com passadas
rápidas, cheguei ao ambiente e ao ver a imagem que surgiu em
minha frente, todos os meus órgãos internos começaram a funcionar
num ritmo fora do normal. Algo dentro de mim estava em chamas,
meu olhar ficou fixo no rosto da mulher ao lado da minha irmã e
embora sua face não estivesse coberta por maquiagem, como
sempre a via, pelas suas roupas, eu sabia muito bem que se tratava
de Ana Demisovski.
— Ana acabou de chegar.
— Eu vim pedir para que me deixe ficar aqui por alguns dias, até o
meu pai entender que não irei me casar com aquele homem.
— Pelas suas palavras e não vendo nenhuma bagagem, suponho
que seus pais não sabem que está aqui. Agora me responda: como
chegou a New York?
— Eu acabei escapando dos seguranças quando fui para faculdade
e como já tenho 19 anos, então não tive problemas em viajar
sozinha.
Toda aquela inquietação que eu estava sentindo só fez com que um
desconforto enorme se apoderasse do meu corpo inteiro e assim
que meus lábios se moveram, antes que o som escapasse da minha
boca, a voz que ecoou no ambiente acabou fazendo com que as
palavras ficassem presas no fundo da minha garganta e toda minha
atenção foi em direção a escada.
— Ana!

CECÍLIA BORISLAV
Meu coração disparou e minha garganta estava se fechando. Sinto
algo me sufocando, o ar sendo retirado dos meus pulmões.
Minhas pálpebras estão pesadas, mas diante da minha agonia, os
meus olhos se abrem de imediato.
— Irmã!
Suas feições eram algo assustador, suas órbitas azuladas estavam
num tom avermelhado.
Raiva!
Nunca a tinha visto dessa maneira e suas mãos seguravam com
força o meu pescoço.
— Eu te odeio! Odeio! Odeiooooooo!!!
Acordei suando frio e com o coração batendo violentamente. Num
pulo, me levantei e um gemido alto escapou da minha boca ao senti
um forte incômodo entre as minhas pernas. Minha cabeça estava
pesada, mas, assim que meu olhar ficou fixo no aparelho em cima
do móvel, que não parava de vibrar, eu até esqueci-me do
desconforto que estava sentindo. Ao pegá-lo e ver o nome da minha
mãe, não hesitei em atender, já que Ana não saia dos meus
pensamentos.
— Mãe!
— Filha, sua irmã sumiu — sua voz indicava que ela estava
chorando.
— Como isso pode ser possível?
— Seu pai foi para faculdade em que ela estuda. Como iria ter aula
em período integral hoje, os seguranças só notaram que ela havia
desaparecido pouco tempo atrás.
O choro e os soluços continuavam do outro lado da linha. Senti um
aperto no peito ao saber que ela estava naquele estado, embora o
medo houvesse tomado conta de mim.
— Fique calma, eu vou pedir ajuda ao Ethan.
Encerrei a ligação e fui até o closet pegar alguma roupa para vestir,
já que me encontrava totalmente despida. Instantes depois, saí
praticamente correndo do quarto, mas, ao chegar próxima a escada,
ouço o som de vozes familiares e depois de me livrar de alguns
degraus, me deparo com a pessoa que estava sendo o motivo, não
só do meu desespero, como dos meus pais.
— Ana!
Fui ao seu encontro e ao chegar perto, a envolvi em um forte abraço
e em seguida, me afasto um pouco e assim que seu olhar ficou
grudado no meu, num tom rude, disse.
— Como você pode fazer isso com os nossos pais? A mãe estava
aos prantos no telefone, todos estão preocupados com seu suposto
desaparecimento.
— Eles me obrigaram a fugir, já que insistem em fazer um acordo de
casamento como se eu fosse alguma mercadoria para ser trocada.
Eu sabia bem o que ela estava sentindo, desde criança sempre
questionei e ficava triste por não fazer as minhas próprias escolhas.
Contudo, sabia muito bem que assim como o meu pai, eu sendo sua
filha, tinha algumas responsabilidades. Meus pensamentos foram
afastados quando ela voltou a falar.
— Por favor, deixe-me ficar aqui. Você é a única que pode me
ajudar.
Diante das suas palavras, eu rapidamente olhei para o homem que
observava tudo em silêncio e depois para ela.
— É claro que pode ficar, você é a minha irmã e faria até o
impossível para ajudá-la, sabe que a amo muito.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, parecia perdida em seus
pensamentos. Mas, logo saiu do transe que estava, para assim
como eu e Ethan, nos despedir de Ayla que hoje voltará para
Belgrado.

Horas mais tarde...


Já era noite, passei boa parte do dia dormindo no quarto que Ana
estava, ela também estava exausta da viagem. Quando acordamos,
tomamos banho e descemos para jantar, já que Ethan tinha ido para
casa de luxo, pois, assim como foi no legado do meu sogro, ele e
Luccas cuidavam de toda parte administrativa e financeira, já que o
The Brothel Empire, era uma das fontes de renda que gerava mais
lucro para a máfia Sérvia. Como disse a minha cunhada, o mundo
poderia estar em caos, mas, comer, dormir e sexo, isso eram coisas
vitais para o homem e desta forma, para aqueles que buscavam
esse mundo de luxuria para realizar todos os seus desejos sórdidos,
aquele lugar era o indicado.
— Você tem pouco tempo de casamento, como o seu marido não
janta em casa. Então, se eu não estivesse aqui, você estaria
sozinha nessa casa enorme?
— Eu casei não só com um homem que tem vários negócios ilícitos,
como é o chefe da nossa organização. Ethan tem toda uma
responsabilidade e embora não saiba que horas chega, não deve
ser fácil levar uma vida, onde mal consegue fechar os olhos.
Sempre dorme pouco e acorda cedo.
— Eu achando que você estava vivendo um conto de fadas.
Comecei a sorrir.
— Ser chamada pelos membros da máfia albanesa de princesinha
da máfia, deve ter feito você ter uma visão distorcida da realidade.
Não somos princesas e a realidade está longe dessas histórias onde
tudo é perfeito.
— Pode até ser, mas, a minha será completamente diferente.
Minutos depois, terminamos de jantar e ficamos algumas horas
assistindo tv, até que subimos para dormir.

Na manhã seguinte...
ANA DEMISOVSKI
Acordei eram sete horas da manhã, coloquei um biquíni e se ele
despertar tão cedo como minha irmã falou, de certo sempre vai até
a piscina. Com os meus óculos escuros em mãos, caminho para
fora do quarto, uns cinco minutos depois, estava próximo à piscina,
deitada sobre uma espreguiçadeira e para disfarçar, coloquei os
óculos. Fiquei ali uns trinta minutos sozinha, até que ouço uma
pequena movimentação em volta do lugar e não demorou muito
para que o meu alvo surgisse no meu campo de visão.
Mesmo não dizendo nada e estando de óculos, não passou
despercebido por mim, o olhar lançado em direção ao meu corpo no
minúsculo biquíni.
O barulho do seu corpo contra a água ressoou a minha volta e o
homem começou a nadar de um lado para o outro com braçadas
vigorosas. Um esboço de um sorriso apareceu em meu rosto.
"Vamos ver até onde você vai aguentar Ethan."
Capítulo 34

Uma semana depois...


ANA DEMISOVSKI

I nquieta e nervosa. Era assim que me sentia. Faz uma semana


que estou aqui e apenas consegui alguns olhares da parte dele.
Os recém-casados mais parecem dois desconhecidos e não vejo
nenhuma demonstração de afeto entre eles, não está sendo fácil
encurralar a minha presa. Amanhã o meu pai, assim como Dusan
Borislav, estão vindo para New York e agora, eu estou correndo
contra o pouco tempo que me resta ou acabarei caindo nas garras
de Gael.
Embora ele seja bonito e me tratou muito bem, eu, desde criança
sonhei em casar com Ethan e como aquele homem que até então
era desconhecido por mim, disse, Cecília sempre teve toda atenção,
não somente da nossa família, como era a queridinha dos membros
da máfia albanesa por ser a prometida daquele que seria o chefe
supremo da máfia. Agora será tudo ou nada, eu preciso agir o
quanto antes ou vou acabar me casando, mesmo contra a minha
vontade.
Durante os dias que estou aqui, fiquei observando tudo a minha
volta, e vi muitas coisas, desde descobrir a senha para desligar as
câmeras no interior da casa, como calcular o tempo em que Ethan
levava para chegar do bordel até em casa. Sabendo o horário que
ele chegava todos os dias, o próximo passo seria me livrar da minha
querida irmã. Para isso, irei desligar as câmeras no momento certo
e 15 minutos será tempo suficiente para preparar tudo.
Horas mais tarde...
Como nos dias anteriores, exceto por ontem, que ele acabou
ficando em casa, principalmente no quarto, de onde dava para ouvir
os gemidos que vinham dos dois, hoje, Ethan saiu algumas horas
atrás para casa de luxo, agora eu só precisava fazer tudo como
havia planejado.
— Ana!
Fui tirada do meu estado de devaneio quando a porta foi aberta por
ela e ouço o meu nome. Dei um largo sorriso em sua direção.
— Venha, vamos jantar, eu estou faminta.
— Também estou — falei feliz, não sabendo ela que eu já estava
era ansiando pela sobremesa que terei na madrugada.
Seguimos para o andar de baixo e a mesa já estava posta e como
se tudo estivesse conspirando ao meu favor, não vi as duas
empregadas que sempre estavam servindo a comida. Vendo meu
estado de confusão, Cecília disse.
— Acabei dando folga para as duas, Ethan não está em casa e nós
desde crianças sempre atacávamos as panelas sem precisar que
alguém colocasse a nossa comida.
Aquilo me causava uma sensação estranha, pois, ela sempre
insistia em trazer de volta as recordações do passado. Começamos
a comer e por sinal tudo estava delicioso, eu comia comedida, não
queria ganhar peso, já Cecília, como sempre, comia como se
estivesse passado dias pressa sem comer e nem beber nada.
Quando nos demos por satisfeita, nos levantamos e começamos a
levar a louça para a cozinha, colocamos os pratos na máquina de
lavar e minutos depois, caminhamos para sala. Acabamos
assistindo ao filme velozes e furiosos 9, embora eu não gostasse
muito de filme de ação, desde o primeiro, de tanto que ela
comentava, que acabei virando fã da franquia e sendo hoje 25 de
junho aqui nos Estados Unidos, era dia de lançamento, após tanto
tempo aguardando. Seus olhos estavam fixos no grande telão a sua
frente e quando ela começou a falar novamente, senti um aperto em
meu peito.
— Não consigo entender como um irmão pode se deixar manipular
para prejudicar alguém que tem o seu sangue. Eu espero que o
Dom acabe com esse infeliz do Jacob, mesmo sendo o seu irmão —
disse, já que Dom reencontrou seu irmão Jacob Torretto e este
estava aliado com alguns inimigos para executar um plano de
vingança.
— Cedo ou tarde a verdade sempre aparece. Só quero ver quando
Dominic reunir toda a família de fiéis amigos e massacrar esses
idiotas.
Suas feições demostravam uma fúria contida, o que fez meu corpo
todo estremecer, mas, eu não podia mais voltar atrás. Acabei me
levantando e quando dei alguns passos, me detive.
— Aonde você vai mana?
— Vou preparar chocolate quente para nós duas.
Ela só balançou a cabeça e voltou sua atenção para o filme. Já
estava próxima a cozinha, quando escuto um grito alto vindo da
sala.
— É isso aí. Uhulllll, vai Dom.
Peguei os objetos que iria precisar e assim que preparei tudo, com
as mãos trêmulas, peguei o frasco que tinha dentro do bolso e
mesmo hesitante, coloquei o líquido dentro da sua bebida. Dei uma
sacudida com a colher e ao pegar as duas canecas, prossegui na
direção de onde ela estava.
— Você está perdendo toda diversão — falou animada.
Ela estava eufórica, estendi a caneca em sua direção e de tanto que
estava gritando, era certo que estava com sede. Não demorou muito
para que ela viesse a beber todo o líquido que tinha dentro do
recipiente e agora era só esperar alguns minutos para começar a
fazer efeito. Acabei aproveitando seu momento de distração e fui até
o corredor onde ficava o painel de controle das câmeras. Aquele
desconhecido que descobri que se chamava Nicolas, acabou me
passando todas as coordenadas e desta forma, mesmo que Ethan
viesse a checar como estava tudo dentro da casa pelo seu sistema,
teria pelos quinze minutos a imagem de nós duas na sala e seria o
tempo que já teria feito à troca.
Com tudo feito, voltei para sala e foi quando o filme já havia
terminado.
— Eu gostei muito de tudo isso, mas minha cabeça está tão pesada.
— Do jeito que você estava gritando.
Ela começou a bocejar.
— Eu acho que vou dormir, estou morta de sono.
— Então, vamos.
Sendo quem era, como eu esperava, ela ainda conseguiu subir os
degraus sozinha, mas quando chegou ao corredor, já estava
praticamente se arrastando, acabei ajudando-a, ela já estava
andando com dificuldade. Nunca pensei que alguém tão magra
pesasse tanto, eu acabei levando-a para o meu quarto. Quando
passamos pela porta, o som fraco da sua voz se fez presente.
— Acho que estamos no quarto errado.
— Deve ser impressão sua. Agora me deixe ajudá-la.
Mal se deitou e Cecília já estava ressonando alto. Puxei as cobertas
e esperei mais alguns minutos, tendo a confirmação que ela só
acordaria no dia seguinte, segui direto para o quarto deles. Assim
que entrei no ambiente, não perdi tempo e fui ao banheiro, tinha
somente três minutos para o sistema voltar a funcionar
normalmente, precisava ser rápida. Livrei-me das minhas roupas e
tomei um banho, algum tempo depois, estava em frente ao closet
dela, peguei uma de suas camisolas que fazia par com um robe
vermelho e entre as diversas calcinhas que ainda estava com
etiqueta, peguei uma na mesma cor.
Andar e falar como ela, seria o mais fácil, pois sempre trocávamos
de lugar quando eu não ia bem nas provas de matemática e era ela
quem fazia no meu lugar.
Já arrumada, passei bastante do seu perfume e fui me deitar em
sua cama, até o momento certo para descer. Quase duas horas se
passaram, os meus olhos já estavam se fechando quando o
despertador do meu celular deu sinal de vida. Acabei me levantado
e após dar mais uma arrumada no meu visual, deixei o quarto. Com
passos apressados, caminhei até a escada e assim que cheguei ao
topo dela, minha respiração ficou ofegante e o meu coração
acelerado ao ver o homem que surgiu perto da porta.
"Hoje você será todo meu".
ETHAN BORISLAV
Parece que todos os clientes resolveram ir ao bordel no mesmo dia.
A casa estava lotada, tanto eu, como Luccas, tivemos que passar
boa parte da noite no salão, já que até os mais ilustres estavam
presentes. Desde Alex Maldonato, senador do estado da Califórnia,
como Augusto Bertolli, um dos CEO, mais renomado do país, que é
dono de uma rede de Joalheria com franquia em vários países.
Depois que tudo já estava tranquilo, totalmente exausto, ao passar
pela porta de casa, meu olhar foi de encontro à bela imagem que
apareceu no topo da escada, enquanto ela descia os degraus e veio
ao meu encontro, eu não conseguia desviar o olhar da direção dela
e ao ficar centímetros de distância de mim, o cheiro do seu perfume
delicioso invadiu as minhas narinas.
— Achei que estivesse dormindo — disse.
— Eu estava esperando por você.
Com alguns passos, ela se aproxima, suas mãos vão de encontro
ao meu peitoral, empurrando-me em direção ao sofá. Logo me
lembrei do seu comportamento na noite que sua boca gulosa deu ao
meu cacete o melhor alívio que ele já teve na vida. Acabei entrando
no seu jogo e, enquanto eu estava sentado no estofado, ela acabou
retirando o robe, revelando a minúscula camisola e não demorou
muito para se juntar a mim. Subindo em cima do meu colo, ficando
com uma perna de cada lado da minha cintura.
A safada estava totalmente despudorada e começou a se esfregar,
pressionando seu calor úmido contra minha masculinidade. Ela
levantou a cabeça e assim que nossos olhares se encontraram, um
calafrio forte atravessou a minha espinha e se infiltrou no meu
interior, deixando os meus demônios agitados.
Sua boca ficou a centímetros de distância da minha, e como se
tivessem ganhado vida própria, minha mão direita foi de encontro ao
seu pescoço, deslizando pela sua nuca até alcançar os seus
cabelos. E, com um movimento rápido, envolvi os meus dedos em
seus longos fios e puxei sua cabeça bruscamente para trás, um
ruído alto escapou do fundo da sua garganta. Intensifiquei o contato
e gemidos escapam da sua boca.
— Está me machucando, por favor, me solte.
Num tom baixo, contendo a fúria que estava sentindo, proferi.
— Você em nada se parece com a sua irmã. Achou mesmo que por
estar se vestindo igual a ela ou falando como uma imitação barata
dela, que eu não iria reconhecer a minha mulher? — falei ainda
segurando firme em seu cabelo, forçando sua cabeça para trás. —
Você é uma grande estupida idiota.
Lágrimas grossas começaram a descer pelo seu rosto, enquanto eu
puxava ainda mais os seus cabelos, lutando contra o desejo dos
meus demônios em acabar com sua vida miserável ali mesmo. Com
uma voz chorosa, ela falou.
— E... Eu sempre te amei.
— A diferença é que eu não a amo.
Solto o seu cabelo e seguro firme em sua mandíbula, fazendo com
que mais lágrimas surgissem em seus olhos.
— Ai...
— Presta bem atenção, se você fizer qualquer coisa que venha a
prejudicar a minha esposa, eu vou esquecer que vocês duas são
irmãs e nem mesmo sendo filha de quem é, vai me impedir de
acabar com a sua vida. Cecília te recebeu de braços abertos, está
nítido em cada ação dela e nos brilhos dos seus olhos o quanto a
ama. O quanto, mesmo indefesa, tentou lhe defender quando
criança daqueles brutamontes. Faça por merecer todo carinho que
você sempre recebeu, em vez de ser uma garota fútil e egoísta.
Nem que você fosse à única mulher da face da terra, despertaria a
minha atenção, vocês duas podem ser iguais na aparência, mas no
caráter são totalmente o oposto — fiz uma pequena pausa e logo
depois prossegui. — Amanhã mesmo você voltará para Durrês.
Não precisou de esforço algum para empurrá-la, levando-a a cair no
chão, me levanto e caminho em direção à escada com destino ao
lugar onde a bonequinha certamente estava num sono profundo.
Capítulo 35

ETHAN BORISLAV

D epois de pegar a bonequinha no quarto da infeliz, acabei caindo


num sono profundo e assim que despertei, passei alguns
minutos com os pensamentos voltados para tudo o que iria fazer
antes da maldita reunião. Nos instantes seguintes, fui até o banheiro
e depois de tomar o meu banho, já arrumado, ao entrar no quarto,
meu olhar ficou fixo na mulher que dormia feito um anjo. Sua
expressão era suave, mas, eu sabia que daqui a algumas horas
toda essa calmaria vai se transformar em desespero.
Em passos largos, deixei meus aposentos atravessando o corredor
e logo depois já estava dentro da garagem. Com os meus homens
em suas posições, entrei no automóvel. E, o carro, segundos
depois, entrou em movimento. Uns quarenta minutos depois, o
veículo parou em frente à entrada do bordel. Já dentro do ambiente,
caminhei para o meu escritório, quando adentrei no cômodo, Luccas
já estava me aguardando. Com passadas firmes, fui em direção da
minha mesa. Sentei-me na minha poltrona e o homem que andava
de um lado para o outro resolveu interromper o silêncio.
— Você vai mesmo fazer isso? — disse lançando um olhar de
reprovação, deixando-me furioso.
Antes que eu viesse a fazer qualquer coisa, o barulho vindo do meu
celular ressoou no ambiente, desviando a minha atenção.
— Já estamos prestes a decolar — disse Dusan do outro lado da
linha.
— Tudo já esta pronto para reunião.
— Ok, dentro de poucas horas, estaremos em solo americano.
Assim que a ligação foi encerrada, sobre os olhos atentos de
Luccas, que estavam vidrados no telão a sua frente, nos dando a
visão completa do avião que eles estavam, vocifero.
— Esses dois jamais chegarão até aqui. É Chegado o momento de
o passado ser banindo e o presente dominar tudo para que tenha
um futuro grandioso.
DUSAN BORISLAV
Sempre tive orgulho de todos os meus filhos, mas, a escuridão que
via através dos olhos de Ethan, era como se eu voltasse para um
mundo ao qual me envolveu até o dia em que conheci aquele ser
iluminado que acabou mudando a minha vida. Ao contrário do que
fizeram comigo quando criança, o garoto foi cercado de amor pela
mãe e as irmãs, e mesmo sendo imposto a um pesado treinamento,
ele não demostrava medo algum e vibrava por fazer parte de algo
tão sombrio.
Eu jamais tive escolha e fui moldado para me transformar em um
monstro, um homem frio e sanguinário, o qual deu a todos aqueles
malditos anos cheios de luxo e regalias. Fiz da máfia Sérvia uma
verdadeira fortaleza, tendo uma fortuna incalculável e durante toda
essa jornada, milhares de vidas foram interrompidas. Eu roubei a
liberdade e a inocência daquelas que se tornaram mulher da pior
forma possível, dizer que me arrependo, claro que não, pois faria
tudo novamente. E embora conhecendo o amor, e toda luz em volta
das minhas filhas e da minha mulher, não foram e nunca serão
suficientes para expulsar a escuridão que habita dentro de mim.
Contudo, eu tenho percebido que aquele desgraçado do Vladimir
tinha razão em temer que a última parte da profecia fosse
concretizada, pois, os anos se passaram e o meu filho acabou se
tornando muito mais do que eu esperava.
Uma criança que tinha olhos tão brilhantes, mas que guardavam
segredos obscuros. Um homem que tem uma fúria incontrolável e
ao contrário de mim, tem uma sede incontrolável pelo poder, porém,
eu tenho muito orgulho e sei que ninguém, nem mesmo eu, serei
capaz de detê-lo. Volto à realidade ao ouvir a voz de Enzzo.
— Dusan! — ganhando minha atenção, ele prosseguiu. — O piloto
acabou de avisar que já vamos decolar.
Fiz um sinal com a cabeça e após apertar o sinto, não demorou
muita para o avião taxiar na pista, os pneus deixarem de tocar o
solo e subiu aos céus.
Enquanto os minutos se passavam, Enzzo mantinha sua atenção no
aparelho que tinha nas mãos, já eu acabei por me lembrar do meu
fiel companheiro, que acabou não se sentindo bem ontem e ficou
em Belgrado. Perdido em pensamentos, não me dei conta do
tempo, e quando voltei ao meu normal, faltava uma hora para
chegar a New York, quando a aeronave deu um solavanco curto,
pude ver que os homens nas outras poltronas se entreolharam. Mas
alguns minutos se passaram e a calmaria deu lugar ao desespero,
assim que um estrondo se fez presente e novo solavanco sugou o
avião para cima e as turbinas estancaram completamente.
— Senhor, algo nos atin...
A voz que ecoou pelo alto falante dentro do ambiente cessou, a
aeronave subia com muita velocidade e o calor logo começou a virar
um frio desagradável. Os cintos foram liberados e o pânico tomou
conta do lugar, olhei para Enzzo, que assim como eu, se libertou do
cinto, mas diante dos homens que corriam desgovernados, só fez
com que a aeronave começasse a descer e novamente. Ouço um
barulho ainda mais estrondoso, as máscaras de oxigênio
balançavam assim como os objetos, esses começaram a cair no
chão. Eu ainda senti uma dor terrível em minha cabeça quando uma
das maletas foi de encontro a minha testa, tombei para trás e o
único som que ouvi e minutos depois de uma explosão terrível que
rasgou o ar, foi a voz de Enzzo.
— Dusan...

Algum tempo depois – New York...


CECÍLIA BORISLAV
Nervosa, era assim que Ana estava. Seu rosto estava inchado de
tanto chorar já que sabia que dentro de algumas horas, após o meu
pai sair da reunião, os dois iriam voltar para a Albânia.
— Eu prefiro morrer — disse aos prantos.
— Deixa de falar besteiras, Ana, nosso pai jamais escolheria algo
que fizesse você ter uma vida infeliz.
— Por acaso você é feliz?
— Comparado com muitas mulheres, mesmo o meu marido sendo
um ogro e ainda não ter esquecido muita coisa que ele me fez. Eu
não tenho uma vida que me leve a querer desistir de viver, porque
quem sairia ganhando em tudo isso seria ele, que arrumaria outra
esposa.
— Mas, eu não quero me casar e não vou.
— Venha, vamos assistir um pouco de TV e deixe que o tempo
cuide de tudo.
Sentamo-nos no sofá, Ana continuava emburrada, peguei o
controle, o acionando, estava passando The Ellen DeGeneres
Show. Um programa diário de entrevistas e variedades líder do
segmento na televisão, depois de alguns minutos assistindo, ela
parou de chorar, e seus olhos permaneciam fixos no telão, já que
agora havia uma entrevista com o cantor John Roger Stephens,
conhecido pelo nome artístico de John Legend, o qual ela gostava
muito. Todavia, a transmissão foi interrompida e nesse momento
senti meu coração bater tão forte, como se fosse saltar do meu
peito.
“— Estamos ao vivo para informar sobre a queda de mais uma
aeronave em solo americano. Nossos repórteres já estão no local do
acidente e pela sigla nos destroços do avião, tudo indica que o
mesmo pertencia às empresas DB. Ainda não se tem informação
sobre o que causou o impacto ou se há sobreviventes, nem se
alguém da família Borislav estava em viagem nesta aeronave, o que
podemos dizer, é que vários corpos estão sendo resgatados pelas
equipes de resgate que estão no local trabalhando
incessantemente. Voltamos logo mais com maiores informações.”
Eu estava vendo tudo em câmera lenta, aquelas palavras ficam
ecoando em minha cabeça e a sentia tão pesada, tão quente, como
se fosse explodir. Olhei para o lado e minha irmã estava tendo um
ataque de pânico, começou a se tremer toda como se estivesse
tendo uma convulsão.
— Ana! Ana! Ana, por favor, irmã.
Quanto mais eu clamava, ela parecia que não reagia, o que só
aumentou o meu desespero e depois de vários minutos, quando
seus olhos buscaram os meus, um grito estrangulado saiu do fundo
da sua garganta.
— Nãoooo... É minha culpa, o nosso pai estava vindo por minha
causa...
Ela disse aquilo por diversas vezes, as lágrimas inundando o seu
rosto e a minha única reação foi abraçá-la.

Três horas depois...


Eu consegui que Ana tomasse o copo com água ao qual havia um
calmante e agora ela está dormindo. Minha mãe ligou minutos atrás
e assim como nós duas, estava desolada. Alguns soldados foram
enviados para o lugar e estando o tio Hulk e a minha avó viajando,
com destino para uma ilha deserta no México, não sabiam do
ocorrido e provavelmente não saberiam tão cedo.
Eu precisava ser forte para tentar passar para minha mãe e Ana,
algum conforto, mas na verdade o meu coração parecia que tinha
sido estraçalhado. Enzzo, o meu melhor amigo, o meu pai e aquele
por quem tinha a maior admiração, respeito e um amor imensurável.
Eu me negava a acreditar que isso estivesse acontecendo, as
lágrimas desciam pelo meu rosto e o meu peito doía tanto, que já
estava cada vez mais difícil suporta todo aquele desconforto.
Continuava com a TV ligada, mas, infelizmente não deram mais
notícias, o que só aumentava a minha agonia e quando a porta foi
aberta, meu olhar se chocou com o do homem que tinha uma
expressão fechada em seu rosto. Depois de alguns passos, ele
parou em minha frente.
— Diga que isso não é verdade — implorei, quase sucumbindo
diante dele.
— Todos os corpos foram encontrados, eu mesmo fui fazer o
reconhecimento. Eu sinto muito, mas, eles dois estão mortos.
Minhas pernas ficaram pesadas, senti uma forte pontada em minha
cabeça e um grito de dor, medo e desespero escapou pelos meus
lábios. Logo depois minhas pernas perderam as forças me levando
de encontro ao chão.
— Paiiiiiiiiii...
Capítulo 36

YAN MARTINS

D epois que soube do ocorrido com aquele maldito do sanada e


sua sobrinha, coloquei todas as minhas expectativas, que ao
manipular aquela imbecil, viesse a despertar nela o seu lado
sombrio, porém, os dias se passaram e estava receoso que assim
como a mãe, ela não tivesse herdado nada de Omar Petrovic.
Contudo, depois da notícia que recebi algumas horas atrás, que me
deixou em puro êxtase ao saber que os dois desgraçados que por
anos foram um grande obstáculos em meu caminho e controlavam
os maiores territórios, morreram naquela explosão. Eu fui tomado, a
princípio por uma onda de felicidade absurda, mas, depois o choque
da realidade pairou sobre mim, e, com ele, as dúvidas se
apossaram da minha cabeça.
Sanada agiu por impulso e acabou caindo na emboscada de Ethan.
Conhecendo aqueles vermes, tudo isso pode ser um plano para que
eu venha a cair na teia tecida por eles, ao cogitar que por estarem
num momento de fragilidade e numa ocasião onde todos os
membros das duas organizações estarão reunidos, eu viesse a
atacar e desta forma, o predador passaria a ser uma presa fácil ao
estar em seus domínios.
Eu já esperei muito tempo, já passei anos vivendo nas sombras e
não estou disposto a perder tudo que conquistei. Um bom caçador é
aquele que sonda o seu alvo, que além do impulso, usa a razão e
no momento certo, com a presa em sua mira, ele não dará tempo
para nenhuma reação. Eu irei esperar e veremos se realmente tudo
isso não foi uma grande farsa e se caso aqueles dois miseráveis
realmente estejam mortos, vai chegar o momento e quando eles
menos esperarem, eu irei com tudo e desse confronto, nenhum dos
malditos sairá com vida.
No dia seguinte – Belgrado...
CECÍLIA BORISLAV
A dor que assola a minha alma é algo inexplicável. Tudo é triste e
vazio sem ele, nunca tinha sentido algo parecido. É como se o peso
do céu caísse sobre mim, tirando-me o ar dos pulmões, tenho a
sensação que um buraco se abriu em meu peito e por mais que
algum dia venha se fechar, deixará uma cicatriz enorme. Depois de
ouvir as palavras ditas por Ethan e tendo a certeza que o meu
desespero havia se tornando em um grande tormento, as lágrimas
voltaram a surgir em meus olhos, parecia que nunca iriam cessar.
Uma fraqueza me envolveu e em meio à dor que estava sentindo,
foi somente pela minha mãe e por minha irmã que fiz de tudo para
sair da escuridão que havia me envolvido.
Não foi fácil dizer para Ana que jamais voltaríamos a ver o brilho
daqueles olhos azuis acinzentados novamente. Que o mafioso que
para muitos era um monstro, um demônio, mas que além de um
marido exemplar, era o melhor pai do mundo, e a partir de agora, ele
jamais estaria com seus braços abertos para nos dar aquele abraço
acolhedor que sempre foi o nosso porto seguro e o lugar ao qual
tínhamos uma sensação de que nada e nem ninguém poderia nos
atingir.
Causou-me uma dor ainda mais dilacerante ao ver todo o sofrimento
dela e depois de dizer por incontáveis vezes que tudo era sua culpa,
Ana entrou num estado de letargia, passou a viagem toda com os
olhos abertos, mas, era como se somente o seu corpo estivesse
presente. Nenhuma lágrima voltou a sair dos seus olhos, assim
como não disse nenhuma palavra desde ontem. Porém, a dor e a
tristeza estavam visíveis em seus olhos, que já não tinham mais
brilho.
Chegamos a Belgrado alguns minutos atrás e ao nos deparar com a
minha mãe, eu acabei desabando ao ver que Helena, que apesar de
tão nova, sempre aparentava ser uma fortaleza, agora é somente
uma mulher frágil, uma esposa totalmente desolada, ao ponto de
mal conseguir se manter em pé.
Já eram quase cinco horas da tarde quando seguimos todos para a
sede da máfia Sérvia, que também agora pertencia à máfia
albanesa. Depois da unificação entre as duas, era como se as duas
famílias fossem uma só e por essa razão, o corpo do meu pai não
seria enterrado em Durrês. Minutos depois, chegamos próximo ao
lugar onde havia uma grande movimentação. Todos os membros do
conselho estavam presentes, assim como os sócios, onde alguns,
além de políticos, governadores e senadores, eram empresários de
vários setores. À medida que íamos caminhando, percebi que
algumas pessoas mais emotivas choravam copiosamente, outras
ainda estavam incrédulas, não acreditando no que havia acontecido.
Olhei para os pais de Luccas e sua mãe estava com o rosto
inchado, enquanto a expressão do senhor Boris, era algo
indecifrável, pois, o homem só olhava fixamente na direção dos dois
caixões. Soube que ele tinha o meu sogro como um filho e
certamente, isso deveria estar o destruindo por dentro.
Os momentos seguintes foram marcados por muitas lágrimas e
sofrimento, não só para minha família, como a minha sogra e suas
filhas que estavam inconsoláveis. Quando a família de Ethan se
aproximou do caixão de Dusan e ao abri-lo, as lamentações
tomaram conta do lugar, me deixando petrificada com o estado em
que seu corpo ficou. Temerosa, assim que minha mãe segurou a
minha mão e o caixão do meu pai foi aberto, meu olhar foi de
encontro ao anel que tinha em seu dedo e num impulso, puxei o
objeto e todos ficaram assustados diante do meu ato.
Minuciosamente olhei os detalhes em volta da aliança, me dando a
constatação que o meu último fio de esperança havia se esvaído. As
lágrimas grossas começaram a inundar o meu rosto, me lembrei da
sua fisionomia risonha e toda sua alegria que ficará para sempre em
nossas lembranças e principalmente, o quanto seu último abraço e
as palavras que foram proferidas no dia do meu casamento me
trouxeram sensações tão boas.
Olhei para o lado e Ethan se aproximou do caixão do meu sogro. O
homem parecia uma rocha e por alguns instantes, eu me perguntei
se realmente ele estava se mantendo firme para não deixar
transparecer que no fundo tudo isso estava sendo difícil para ele.
O choro cessou, ficamos contemplando em silêncio aqueles que
serão lembrados por gerações como os dois monstros da máfia,
mas que em meio às trevas, a luz chegou até seus corações e com
ela, o amor. Não sei quanto tempo se passou, mas, a calmaria foi
interrompida e todos os olhares se voltaram em uma única direção,
quando Ana, que tinha ficado dentro do carro, surgiu em frente a
porta.
Ela caminhou em silêncio, seu rosto estava tão pálido e banhado
pelas lágrimas e quando a distância entre nós acabou. Seu olhar
ficou cravado na imagem dentro do caixão, assim como aconteceu
quando soubemos da notícia pelo noticiário, ela começou a tremer
sem parar, seu rosto, por alguns segundos ficou vermelho, como se
tivesse sufocando, mas em seguida, era como se um nó que havia
se formado em sua garganta, tivesse sido desfeito, pois, um grito
estrondoso se fez presente para logo depois, ela perder suas
últimas forças, fazendo todos entrarem em desespero assim que
seu corpo foi de encontro ao chão.
— Nãoooooooo...

Semanas depois...
Três semanas se passaram desde o dia que recebi a pior notícia da
minha vida. O tempo passou, mas a dor que sinto ainda é
semelhante à daquele dia maldito.
Depois que Ana acabou desmaiando, e toda uma agitação se fez
presente, já que ela não despertava. Com a ajuda de Lauren e
Scarllet, que ficaram cuidando dela, minha irmã acabou
despertando, porém, novamente entrou em estado catatônico. Não
podendo mais adiar, os corpos foram levados para o mausoléu que
foi construído para os membros da família. Novamente a tristeza
tomou conta de todos em ter que dar o último, adeus, às duas
pessoas que eram odiadas por alguns, porém, amadas, admiras e
respeitadas por muitos.
Dois dias depois, voltamos para Durrês, o tio Hulk que acabou não
chegando a tempo de se despedir do seu sobrinho amado, ficou
dias em Tirana com avó Yolanda. Agradeci por minha avó estar ao
lado da minha mãe, que precisou muito do seu amor e carinho.
Quanto a mim, a minha rotina durante os dias que passei lá se
resumiu em cuidar de Ana, eu estava cada dia mais preocupada que
ela viesse a ficar para sempre perdida no mundo em que criou para
fugir da realidade. Jamais pensei que ao estar próximo dela, o
silêncio seria predominante.
Ana sempre foi uma tagarela, embora mimada, é muito alegre e
mesmo não demostrando, eu sei o quanto ela o amava e até tinha
ciúmes por achar que eu era a queridinha de Enzzo, quando na
verdade, era ela quem ganhava mais atenção, já que sempre ele
fazia as suas vontades.
Ethan até que foi compressivo, pois, somente ontem retornei para
New York, eu queria ter permanecido junto com as duas pessoas
que mais amo na vida, mas, sabia que agora por ser uma mulher
casada, eu tinha uma vida longe delas.
Deixei os pensamentos de lado ao chegar ao lugar onde sei que
será o único para apaziguar um pouco toda dor que paira sobre
mim. Tirei meu vestido, e, instantes depois, já estava dentro da
piscina. A cada braçada que dava, era como se todo um filme
passasse diante dos meus olhos. O meu pai me instruindo a cada
fase, que foi crucial para que o medo aos poucos desse lugar a
confiança, do quanto aquele rosto perfeito ficava ainda mais lindo
com sua expressão de orgulho ao perceber todo o meu progresso.
Fiquei ali por volta de duas horas, vi quando Luccas chegou e
entrou na casa, daqui a uma semana estará fazendo um mês
daquela tragédia e sendo Dusan Borislav, um dos maiores
empresários do país e admirado por muitos, já que desconheciam
que por trás dos seus negócios havia todo um esquema de tráfico
humano, drogas e que ele era o ex-chefe da maior organização
criminosa existente, haverá uma cerimônia em homenagem ao
grande membro da sociedade americana, que morreu de uma forma
tão trágica.
Minutos depois, estava seguindo para dentro de casa. Tudo estava
em silêncio, o que me fez constatar que os dois homens estavam no
escritório. Caminho naquela direção e ao me aproximar da porta,
sinto um calafrio percorrer o meu corpo e ouço vozes alteradas
vindo de dentro do ambiente.
— Tudo isso foi um erro.
Levei minha mão direita em direção à maçaneta.
— Não me faça perder a paciência com você. O que aconteceu já
está no passado e enterrado com aqu...
Quando a porta foi aberta, o silêncio predominou no ambiente e os
dois pares de olhos ficaram fixos em minha direção. No entanto,
algo ficou inquieto dentro de mim.
Capítulo 37

ANA DEMISOVSKI
S omente existe dor. E, quando achei que não poderia mais
suportar a queimação no meu peito, minha pele ficou em
chamas ao ver o corpo sem vida dentro daquele caixão. O meu
coração já não cabia mais dentro do meu peito. A minha garganta
se fechou por alguns segundos e quando aquele bolo que estava
me sufocado desapareceu, sem que eu pudesse controlar, um grito
estrangulado saiu dos meus lábios rasgando a minha garganta ao
ponto de doer e tudo ao meu redor começou a ser envolvido por
uma escuridão assustadora.
Por mais que o tempo passe, a sensação que tenho é que o buraco
que se formou desde o dia em que recebi a notícia da sua morte,
sempre estará vazio. Sinto o meu peito latejar e uma dor muito
profunda em meu coração. A sensação era como se um punhal
estivesse sido enfiado em meu peito.
Todos esses dias eu não consegui me alimentar direito, passei a
maior parte trancada em meu quarto, abraçada com a sua camisa,
vinha tentando reprimir as lágrimas que tanto insistem em descer,
mas saber que amanhã estará fazendo um mês da sua partida, eu
já não consigo mais segurá-las.
Permito-me chorar, tentando colocar para fora tudo que estava me
sufocando, me queimando por dentro.
A minha vida não faz mais sentido e todos tinham razão, eu sou
ruim, assim como Omar Petrovic. O meu egoísmo me levou a querer
o mal daquela que sempre esteve ao meu lado. Minha irmã, minha
protetora, que sempre fez de tudo para que eu estivesse bem e
segura. Fugi para ir contra a decisão do meu pai sobre o acordo
com Gael, esse foi um dos motivos pelo qual ele estava indo para
New York e diante dos últimos acontecimentos, antes de acabar
com toda essa angústia, tem algo que eu preciso fazer.

Dia do evento...
CECÍLIA BORISLAV
Rostos desconhecidos e familiares estavam espalhados por todo
salão. Assim como todos os membros do conselho vieram da
Albânia, os principais lideres que foram nomeados após o meu
sogro exterminar todos do antigo conselho da máfia Sérvia, vieram
de Belgrado para participar do momento em homenagem a Dusan,
que sempre será lembrado pelo seu grande legado.
Embora minha mãe e minha sogra estivessem fragilizadas, eu podia
ver ainda o brilho dos seus olhos sendo restaurados e quem sabe
algum dia, o sorriso possa surgir novamente em suas faces. Olhei
para o lado e Ethan estava conversando com alguns políticos, entre
eles, o senador mais votado do estado da Califórnia. Ao contrário de
muitos, todos que estão perto dele sabem quem era realmente o
meu sogro e que Ethan, agora é o chefe supremo da máfia.
Os homens ao seu redor tem total ligação com a organização.
Tráfico, negócios ilícitos, sede pelo poder e ter uma organização
criminosa toda estruturada, de nada adiantaria se não fossem esses
grandes aliados que são a base para que esse mundo obscuro se
espalhe por vários territórios. Uma organização que vai além de
homens armados, algo que envolve desde a política, até a religião e
se mantém firme com ajuda de homens como Gael, responsáveis
pelo esquema financeiro. Meus pensamentos foram deixados de
lado assim que dois garçons se aproximaram da nossa mesa onde
estava a minha mãe, minha avó, Ana, minha sogra e as minhas
quatro cunhadas e dona Karen, mãe de Luccas.
Eles começaram a servir algumas bebidas e enquanto todas
estavam prestando atenção nas palavras de Karen, que como
sempre, até num momento de tristeza nos fazia sorrir, um dos
garçons se aproximou de mim, depois de colocar o copo com suco
que eu perdi, ele se afastou e ao abaixar a minha cabeça, meu olhar
foi de encontro ao objeto que estava em cima do meu colo. Movida
pela minha curiosidade, acabei por desenrolar o papel e meus olhos
se arregalam, meus batimentos ficaram descontrolados.
"Se você realmente deseja saber quem é o responsável pela morte
do seu pai, me encontre perto do jardim".
De repente veio em minhas lembranças o dia que Ethan e Luccas
estavam conversando. Desde então, eu estava inquieta e mesmo
questionando, eles acabaram por dizer que estavam discutindo
sobre um confronto que ocorreu na Austrália.
Saio do estado de estupor que me encontrava e trato de amassar o
pedaço de papel e jogo no chão, logo em seguida, o som da minha
voz se sobressai ao da senhora Karen.
— Eu preciso ir ao banheiro.
Num pulo, me levanto e com passos apressados, caminho em
direção ao corredor, me detenho quando ouço a voz de Ana.
— Cecília!
Quando me viro na direção dela, ela já estava prestes a me
alcançar, quando começou a cambalear, me fazendo ir rapidamente
ao seu encontro.
— O que você tem Ana?
— Foi só uma tortura, por favor, me leve até o banheiro, meu
estômago está embrulhado.
Embora precisasse saber quem havia me mandado aquela
mensagem, pois eu tinha a sensação que havia algo sombrio por
trás da morte do meu pai, eu não podia deixá-la sozinha. Seguimos
até o corredor que dava acesso ao toalete e adentramos o ambiente
que estava vazio, Ana entrou em uma das cabines, enquanto eu
fiquei em frente ao espelho da enorme bancada do banheiro. Um
ruído ressoou no ar.
— Mana, está tudo bem aí?
— Sim, foi só a barra de metal que estava mal fixada na parede que
caiu.
Ela devia estar se referindo ao suporte que colocam para pessoas
cadeirantes terem apoio e que é obrigatório em todos os lugares,
não só públicos, mas privados que recebem uma grande quantidade
de pessoas. Eu estava lavando as minhas mãos, quando ouvi o som
da descarga e logo depois o barulho da porta sendo aberta.
— Você está melhor irmã?
— Sim.
Ouvi som de passos se aproximando e antes que eu tivesse
qualquer reação, um ruído ecoou no cômodo e eu senti uma dor
insuportável em minha cabeça, tudo começou a girar, minha visão
ficou turva e tudo de que me lembro, antes de perder os sentidos, foi
de virar e me deparar com Ana segurando uma barra de ferro e o
som da sua voz.
— Desculpe-me.

ETHAN BORISLAV
Assim que meus olhos passeiam em volta do lugar, se detém
quando vai de encontro à mesa das mulheres da família. Ao
perceber que ela não estava, me afasto dos homens que
continuavam a conversar, falando o quanto a morte de Dusan
acabou por afetar o mundo da máfia. Assim que chego próximo ao
grupo de mulheres, os olhares recaem sobre mim.
— Onde está Cecília?
— Foi ao banheiro — diz Helena, mas foram as palavras ditas pela
minha mãe que provocou um tremor violento pelo meu corpo.
— Eu a achei um pouco inquieta. Não sei se era devido à situação.
Ana também saiu logo em seguida, acho que foi atrás dela.
— Droga! — exclamo assim que uma grande movimentação ocorre
no ambiente e toda atenção se volta para o telão que estava no
palco e ao ver a imagem do desgraçado apontado uma arma na
direção da cabeça dela, sou envolvido por uma fúria incontrolável.
— Eu vou estourar os miolos dessa vagabunda — vocifera enquanto
a mulher se mantinha cabisbaixa.
Meu corpo todo ficou em chamas, como se tivessem jogado
gasolina e as palavras do maldito foi o fósforo que iniciou o fogo
dentro de mim.
A sensação era que tudo havia parado ao meu redor, eu fiquei
paralisado de tal forma, que não conseguia me mover um só
centímetro.
Os estrondos ressoaram no espaço e de repente, o desespero
envolveu o lugar, enquanto os sons de tiros pipocam do lado de fora
era, como se os malditos se movessem na velocidade de um raio e
se multiplicassem feito cupim, pois, apareceram dentro do
ambiente, tomando posse do lugar e somente quando haviam
dominado tudo e o desgraçado surgiu no centro do palco com ela,
que assumi o controle do meu próprio corpo.
— Achou mesmo, infeliz, que assim como aqueles dois miseráveis,
não iria chegar o seu fim? — profere o verme, ostentando um largo
sorriso de satisfação.
— Eu vou matá-lo seu miserável se fizer algo com ela — falo e
minha mão direita vai de encontro a minha arma.
— Aqui quem dá as cartas agora sou eu e nem tente nenhuma
gracinha ou não será somente ela que receberá uma bala no meio
da testa — disse me incitando a mover o rosto para o lado e me
deparar com seus homens, que estavam com suas armas
apontadas na direção da cabeça das minhas irmãs, da família da
minha mulher, de Luccas e Boris, que se colocaram na frente de
Ayla e Karen, mas, foi ver um deles colocando suas patas imundas
em Luna, que fez todos os meus demônios internos se agitarem
ainda mais, aquele miserável tinha acabado de assinar a sentença
de morte de todos os invasores dentro e fora daquele lugar teriam o
mesmo fim.
— Coloquem as vadias no centro do ambiente. Vamos ver qual será
sua reação ao assistir os meus homens abusando das suas irmãs,
mãe e sogra.
Gritos e mais gritos reverberaram no ambiente assim que os
homens avançaram pegando todas e colocaram onde o maldito
havia dito. No instante que alguns soltaram suas armas, cogitando
que iriam tocar nelas, um estrondo terrível ecoou do lado de fora,
deixando a todos desorientados.
Os olhares temerosos e curiosos ficaram voltados para a densa
neblina que se formou em frente à porta de entrada e como duas
fênix, imponentes e majestosas, os dois monstros da máfia, aqueles
que eram duas lendas vivas, ressurgiram diante de todos.
— Paiiiiii!!!
Meu coração parou de bater por alguns segundos, minha respiração
falhou quando ouvi um disparo, pois, aproveitando o momento de
distração de Yan, Cecília conseguiu se livrar dele e saiu correndo,
mas acabou recebendo um tiro nas costas e só então, o meu olhar
ficou fixo no dela.
— Ana! — exclamo sentindo um alívio momentâneo.
Como num estalar de dedos, dentro do ambiente começa uma
verdadeira guerra. E em meio aos ruídos dos tiros, um grito alto de
desespero preenche o cômodo quando atrás de mim, Cecília
aparece praticamente se arrastando e desolada ao ver o corpo da
irmã caído no chão, então percebo que elas haviam trocado suas
roupas, por isso pensei que Ana fosse ela quando estava sob a
posse do miserável e eu queria saber o porquê fizeram isso.
Entretanto, novamente eu senti como se a escuridão tivesse me
envolvido e uma grande agitação dentro da minha caixa torácica se
fez presente, agitando-me a um nível inimaginável, fazendo-me
desviar o olhar dela, para olhar em volta, no entanto, já era tarde
demais, pois tudo aconteceu muito rápido e antes que eu puxasse o
gatilho, um disparo foi feito e a bala estava indo rumo ao seu alvo;
ela, e naquele momento, a minha única reação foi entrar em sua
frente, bloqueando o trajeto do projétil e assim livrando-a, de como
foi com a sua irmã, ser alvejada por uma bala.
Há muito tempo eu havia deixado de sentir dor física, mas, a minha
cabeça parecia que tinha sido partida ao meio.
Dor! Dor!
Foi tudo que senti antes que os meus olhos, assim como o meu
corpo, fossem sugados pelas trevas que não pareciam ter fim.
Capítulo 38

CECÍLIA BORISLAV

E u acordei atordoada com o barulho infernal que ressoava a


minha volta. Com dificuldade consegui me levantar, porém, saí
praticamente me arrastando de dentro do banheiro. As dúvidas
assolavam a minha mente, eu não conseguia acreditar que a minha
irmã tivesse feito aquilo comigo. Quando cheguei perto do salão do
evento, o lugar parecia um campo de batalha e meu coração
disparou de tanta felicidade ao ver o meu pai, mas, depois de dar
alguns passos, o pânico me dominou ao ver a imagem do corpo de
Ana jogado ao chão, não consegui conter o grito que se formou no
fundo da minha garganta. Todavia, tudo aconteceu muito rápido e
um grito ainda pior foi dado por mim assim que o homem surgiu feito
um raio em minha frente.
— Nãooooooo...
Medo! Desespero!
Tudo caiu como um soco em meu estômago. Ao ver o corpo dele
sendo lançado direto ao chão duro e que já ganhava uma nova cor,
devido ao líquido que se espalhava como um rastro de pólvora por
todo o piso.
Agachei-me e ele estava imóvel, seu rosto pálido como se todo
sangue tivesse se esvaído.
— Por que você fez isso? — pergunto com a voz chorosa, ele havia
se jogado para me salvar.
Continuo olhando seu rosto cada vez mais pálido, entretanto,
quando um ruído horripilante rasgou no ar chamando a minha
atenção, deixou-me temerosa.
— Ethannn...
Eu nunca o tinha visto daquela forma, as suas feições eram
extremamente assustadoras. Suas órbitas sombrias, agora
continham uma cor avermelhada, como se estivessem pegando
fogo e seu rosto estava totalmente irreconhecível.
Dusan avançou na direção do homem que atirou em mim e que
acabou acetando Ethan, outro tiro foi dado pelo infeliz, porém, o
meu sogro, embora tenha sido atingindo, ele não demostrava
nenhuma reação de dor e prosseguiu em frente, e ao diminuir a
distância entre eles, um golpe terrível foi desferido no rosto do
homem. O sangue começou a jorrar pelo canto da boca do maldito e
ao cuspir, um dente caiu no chão, isso não foi o suficiente para deter
meu sogro. Dusan parecia estar possuído pelos seus demônios,
pois, começou a desferir uma sequência de golpes entre o rosto e o
estômago do desconhecido, quando o maldito não mais
aguentando, perdeu o equilíbrio e caiu.
Era como se eu estivesse vendo Ethan, através do seu pai, pois, o
meu sogro subiu em cima do maldito e puxou uma adaga da sua
cintura. Ele começou a enfiar o objeto no rosto da sua vítima e
ruídos estrangulados ecoavam no ar. A essa altura, já não
conseguia identificar a aparência do homem a minha frente, porém,
eu permanecia totalmente paralisada, observando tudo
completamente estarrecida, só saí do estado estático que matinha,
quando o meu olhar foi em direção do meu pai que assim que se
certificou que Ana ainda respirava, ao ver que Yan estava prestes a
fugir, correu feito um leão faminto em direção a sua presa.
O homem ainda tentou mover sua mão em direção até a sua arma.
Todavia, antes disso, meu pai foi mais rápido e não perdeu tempo e
começou desferir vários socos em sua barriga. O desgraçado
começou a cuspir sangue e só foi ao chão quando um soco pesado
lhe atingiu o queixo. Voltei novamente o meu olhar para Dusan e
este estava arrancando o coração do maldito e com único
movimento, esmagou o órgão do sujeito.
Minutos depois, o barulho dos disparos cessou, haviam vários
corpos sem vida jogados pelo chão, tanto dos invasores, como de
membros da nossa organização. Só então percebi que tanto minha
mãe, quanto Luna estavam próximas a mim e que ficaram em
choque ao ver Ana e Ethan, sendo retirados as pressas para serem
conduzidos ao hospital.
Algum tempo mais tarde...
Todos estavam nervosos e a sala privativa ficou lotada. O meu
sogro estava inquieto, andando de um lado para o outro, contudo, a
atenção de todos se voltou rumo à porta quando um homem vestido
com um jaleco branco surgiu no ambiente.
— Como eles estão?
— O quadro da senhorita Demisovski é estável, mas, precisará que
seja feito uma doação de sangue.
— Nós duas temos o mesmo tipo sanguíneo — falo apressada.
— O meu filho? — pergunta a minha sogra.
— Eu sinto muito, mas, a situação dele é mais delicada e por essa
razão, o colocamos em coma induzido. Tivemos sorte que a bala
não atingiu o cérebro. Todavia, esta foi desviada e está alojada no
seio paranasal frontal, uma cavidade situada entre dois ossos, atrás
do nariz.
— Ela poderá ser retirada? — dessa vez é Dusan quem pergunta.
— Faremos isso dentro de alguns dias, por ser uma cirurgia
delicada, não poderá ser feito de imediato. Entretanto, ele é muito
forte, foi por muito pouco e embora tenha uma grande ruptura no
crânio, a bala acabou se fixando naquela região e dessa forma não
foi algo fatal.
— Eu sempre disse que ele tinha a cabeça dura — disse minha
cunhada ao lado de Luccas.
Por alguns segundos alguns presentes começaram a sorrir, mas
quando o meu sogro lançou um olhar mortal sobre Ayla, ela
estremeceu e o silêncio pairou no ar.
Depois de responder mais algumas perguntas, o médico me conduz
para que o meu sangue seja retirado e assim ajudar na recuperação
da minha irmã, um tempo depois, quando sou liberada, sigo até o
quarto em que Ethan está.
Entro no ambiente e meu olhar fica cravado no rosto do homem a
minha frente. Quando o conheci, era como se toda aquela energia
vinda dele me assustasse e temerosa resolvi, levantar uma barreira
a minha volta com o intuito de me proteger. Dessa forma, eu estaria
segura, porém, quando eu estava sendo consumida pelo medo e
achei que aquele homem acabaria com a minha vida e de Ana anos
atrás, foi ele quem me salvou. E hohe não foi diferente. Depois de
todas as histórias que ouvi sobre como as mulheres eram tratadas
dentro da máfia e sabendo da crueldade com que minha mãe e
minha avó padeceram nas mãos de Omar, eu relutei para aceitar
esse acordo. Porém, o meu pai e todos da máfia albanesa ansiavam
pela unificação.
Após o meu casamento, eu fui levada do paraíso ao inferno. Senti
um misto de sensações inexplicáveis apodera-se de mim, mas, foi o
homem à minha frente, o responsável por eu, por pouco, não me
entregar às trevas.
Dor, medo, frustração, sentimentos terríveis que me levaram a me
senti como um objeto, sendo abusada pelo meu algoz, que na
verdade deveria ser um protetor, o meu marido e o homem que
sempre me manteria segura.
Tudo que Ayla disse na nossa última conversa ficou martelando em
minha cabeça, e em meio a tanta raiva e ódio, será possível nascer
o amor?
Será possível perdoar alguém que nos machucou tanto?
Eu só sei que tudo estava muito confuso em minha cabeça, esta por
sinal, parecia uma caldeira de tão quente, no entanto, a sensação
que senti ao ver o corpo do ogro jogado no chão causou uma dor
profunda no meu coração. Eu jamais achei que sentiria tanto medo
com a possibilidade de ele sair da minha vida. Eu sei que em meio à
escuridão, a luz pode surgir, mas, me vi questionando se o ódio e o
amor podem andar lado a lado.
Eu não tinha essa resposta, mas, esperava que sim.

Três semanas depois...


O barulho tomou conta do ambiente assim que Ana e Ethan
passaram pela porta. Cinco dias depois do ocorrido, fizeram a
cirurgia para retirada da bala, porém, ele teve uma parada
cardíaca durante o procedimento e ficou morto por mais de quinze
minutos. Quanto os médicos já haviam desistindo, o meu sogro, que
montou guarda em frente ao bloco cirúrgico, percebeu toda a
movimentação e inconformado, entrou na sala e acabou usando o
desfibrilador repetidas vezes e o trouxe de volta a vida.
Enquanto Ana, que parecia está fora de perigo de início, não
conseguiu se mover, o que deixou a todos nós assustados, porém,
pelos exames, os médicos deram a confirmação de que não havia
nada fisicamente a impedindo e que era algo emocional. Foram dias
que pareciam uma eternidade e somente com ajuda do meu pai, ela
acabou saindo daquele bloqueio, quanto ao meu marido, ele teve
todo um processo de recuperação e hoje, após vinte dias naquele
hospital, os dois, enfim, estão em casa.
Após o momento de muita euforia e de todos terem terminado de
almoçar, seguimos para a sala. Helena e Luna, ainda estavam
furiosas, com os dois homens, que assim como Ethan, foram
responsáveis por momentos de muita dor e desespero, já que nada
nos foi dito sobre o motivo de eles não terem confiado em seus
próprios familiares, os olhares de todos os presentes caíram sobre o
meu marido.
— Vamos Ethan, eu quero saber a verdade e se você, Luccas,
participou de tudo isso, pode esquecer o nosso casamento — disse
Ayla, que tinha uma expressão fechada e um tom de voz firme.
— Chega Ayla! — vociferou o seu irmão e em seguida começou a
relatar tudo que havia acontecido. — Quando soubemos que
Sanada havia infiltrado a própria sobrinha com a intenção de nos
atingir, sabíamos que em breve o desgraçado que vivia intocado,
sempre à espreita, sairia da toca, porém, Yan sempre foi muito mais
astuto, tanto que após matar o seu próprio chefe, usurpou o seu
lugar, controlando assim a máfia chinesa. Visando isso, só teríamos
uma única chance de acabar de vez com todos os adversários, não
que fazendo isso muitos outros não iriam aparecer, mas, tendo o
controle da máfia japonesa e chinesa, nossa organização se tornaria
muito mais forte ao dominar dois territórios que sempre foram um
obstáculo em nosso caminho — fez uma pausa olhando para
nossos rostos, como nada foi dito, ele continuou. — Todavia, para
que Yan viesse acreditar que tudo de fato não passava de uma
cilada, todos vocês deveriam acreditar que realmente os dois
estavam mortos, porém, só não imaginamos que durante o
desespero dos homens que estavam dentro do avião uma das
maletas viesse a atingir Dusan, deixando-o meio desorientado.
Contudo, quando ouviu a voz de Enzzo, que acabou avisando-o que
estava na hora de saltar da aeronave, ele voltou ao seu estado de
lucidez. Dali em diante com tudo já planejado, só ouve uma troca de
corpos, enquanto os dois observavam tudo que estava
acontecendo.
— Mas, depois de tantos anos juntos. Porque esconder a verdade
da minha mãe e da minha sogra? Como se não fosse suficiente, o
tio Hulk e o senhor Boris, que sempre estiveram ao lado de ambos
também desconheciam a verdade — questionei.
— Tanto Helena, como Luna, jamais iriam manter sigilo ao ver o
sofrimento dos próprios filhos. Assim como Boris e Hulk, diante da
sua avó e Karen, não iriam sustentar a verdade por trás da mentira.
— Achei que ao ser o seu homem de confiança, você iria confiar em
mim — disse Luccas e sua expressão demostrava tristeza.
— Se não confiasse em você, nem estaria vivo e tão pouco seria o
futuro marido da minha irmã, porém, embora você já tenha me
mostrado a sua lealdade, tem um ponto fraco chamado Ayla, essa
por sua vez tem um grande poder de persuasão e acabaria por
descobrir tudo. Fizemos o que julgamos necessário, e como
esperávamos, o maldito ainda estava desconfiado ao ponto de
sondar o território antes de atacar. Dias, semanas e o segundo
plano precisava ser executado, pois, depois de tanto tempo, ele
certamente tinha certeza que os dois realmente estavam mortos.
Seu pessoal entrou em solo americano dias antes do grande evento,
o meu pai e Enzzo já estavam ciente do momento em que deveriam
entrar em ação, só não esperávamos que supostamente Cecília
fosse direto para as garras do miserável. Se bem que não entendi
como e porque vocês trocaram de lugar?
O silêncio se fez presente. Os olhares ficaram cravados em mim e
Ana. Segundos se passaram e ela resolveu interromper a calmaria.
— Foi tudo minha culpa. Eu errei e não foi pouco e só percebi o
quanto havia me transformado em um monstro, quando achei que o
meu pai estava morto. Quando resolvi fugir, fui encurralada por
alguns homens, depois de terem me dopado, acordei me
deparando com Yan, que até então pensei que se chamava Nicolas,
e, ele contou que era um antigo amigo de Omar Petrovic, mas sua
existência era desconhecida por nós duas porque os nossos pais
sempre tiveram medo que eu realmente tivesse herdado o gênio
maldito daquele homem.
— Continue...
Ela fez uma pequena e as lágrimas começaram a descer pelo seu
rosto, mas ao ouvir a voz de Ethan, respirou fundo e continuou.
— Eu fui egoísta desde criança, mas, jamais achei que poderia ir tão
longe. Pensei só em mim e acabei sendo manipulada pelas palavras
ditas por ele, vim para New York e tentei a todo custo seduzir o
marido da minha própria irmã, porém, as palavras ditas por Ethan
foram o primeiro soco que levei, contudo, saber que o meu pai
estava morto foi o golpe fatal que me fez acordar para realidade.
Tudo perdeu o sentido, eu estava determinada a acabar com a
minha própria vida, mas, antes precisava contar a você, Cecília,
tudo que havia feito e pedir perdão, porém, meu corpo todo gelou
quando eu vi um dos homens que foi responsável por me levar até
aquele infeliz dentro do salão e quando você disse que ia ao
banheiro, eu vi o papel que você jogou no chão. Senti um aperto no
meu peito e sabia que algo iria acontecer com você, eu acabei
ficando com vergonha de contar que havia chegado tão baixo, ao
ponto de prejudicar a minha própria irmã e, naquele momento, eu só
pensei que teria que fazer algo pela pessoa que sempre fez tudo por
mim. Depois do golpe que desferi em sua cabeça, fiz a troca de
roupas e ao chegar ao jardim, meu coração disparou ao ver que era
o homem que já conhecia e antes que eu viesse a dizer algo, um
dos seus capangas o chamou de Yan e não me dando tempo de
reagir, ele puxou a arma e ao se aproximar, me fez de sua refém.
Eu sabia que não estava sendo fácil para ela admitir seus próprios
erros e sendo observada pelos olhares atentos e alguns em
reprovação ao seu ato. Acabei me levantando e ao acabar com a
distância entre nós, me sentei ao seu lado e segurei em suas mãos.
— Perdoe-me, por favor!— sussurrou com a voz chorosa.
— Ei, você é a minha irmãzinha. Tudo isso foi para você entender
que não é e nunca será igual aquele homem, pois, Omar só amava
a si próprio e jamais se arrependeu dos seus atos. Você deu o maior
passo ao reconhecer seus erros e vamos estar sempre aqui para
que jamais a escuridão volte a envolvê-la novamente. Eu a amo e
sempre estarei ao seu lado.
— Eu também amo você.
Nós duas nos abraçamos e desde pequena ansiava por sentir
novamente essa sensação tão boa ao estar junto dela.
Capítulo 39

Alguns dias depois...


ETHAN BORISLAV

D esde o dia em que acordei naquele hospital que venho ouvindo


que sou muito forte. Clara, essa já estava acabando com minha
paciência ao querer descobrir do que minha cabeça é feita para ser
tão dura. Meu pai, aquele que tem sido minha fortaleza e por quem
tenho grande admiração, sempre que estamos juntos, vejo o brilho
em suas orbitas sombrias quando diz o quanto está orgulhoso por
saber que seu único filho, atendeu a todas as suas expectativas.
Para alguns, Ethan Borislav é uma fortaleza, porém, ninguém sabe
que o maior confronto da minha vida, eu enfrentei justamente
quando estava tão perto de todos e ao mesmo tempo tão distante.
Naquela cama de hospital, totalmente inconsciente, o mundo que
sempre fiz questão de pertencer me envolveu de tal forma, que não
existia nada além da escuridão. Sussurros que se tornaram cada
vez mais fracos, assim como os batimentos do meu coração, iam
perdendo sua velocidade. Os meus pulmões estavam ardendo e
consequentemente, o ar se esvaindo deles, um grande circulo de
chamas surgiu ao meu redor e com ele, os rostos de todos àqueles
que eu havia matado, começou a passar diante dos meus olhos
como se um filme tivesse sendo exibido em minha frente.
Pessoas com o rosto totalmente desfigurado, homens com a marca
de um tiro no meio da testa. Outros com os olhos arrancados e a
barriga aberta, onde seus órgãos internos pulsavam freneticamente.
Mas, foram as palavras ditas e a risada diabólica do maldito que
estava com um grande buraco em sua cabeça, o rosto em carne
viva e se encontrava ao lado da sobrinha que tinha o pescoço torto,
que fez com que as chamas começassem a se apagar.
— Eu disse que entregava a minha alma ao diabo, e que cedo ou
tarde iriamos nos encontrar.
As trevas começaram a me sugar cada vez mais, como se estivesse
dentro de um grande buraco negro. Pela primeira vez, eu me
encontrava incapacitado e não conseguia reagir, acabei deixando
que aquela escuridão viesse a me envolver e quando só restava
uma única chama, o rosto da minha mãe apareceu, assim como das
minhas irmãs e da minha bonequinha, porém, o último fio de luz se
apagou e quando tudo parecia que havia perdido o sentido, eu pude
sentir algo segurando em uma de minhas mãos, um toque suave e
em seguida um forte clarão. Abaixei a cabeça e meus olhos foram
ao encontro da imagem do pequeno anjo que segurava a minha
mão, como se nunca fosse soltá-la, seus olhos eram tão azuis, tinha
o mesmo brilho dos de Luna, jamais havia visto àquela criança, mas
os traços do seu rosto, os seus cabelos, me lembravam de alguém e
no momento que eu ia perguntar o seu nome, um tremor violento
tomou conta do meu corpo inteiro, meus batimentos que antes
estavam fracos, ganharam um ritmo normal e a garotinha
desapareceu e novamente as vozes ficaram altas.
Após voltar ao meu estado de lucidez, Dusan me contou que
embora Enzzo estivesse a um fio de matar o verme do Yan, os dois
resolveram que me deixariam participar da festa em exterminar esse
desgraçado. Dias longos se passaram, onde fui obrigado a me
manter longe do lugar, onde o maldito estava, não que algum deles
pudesse me impedir, mas, a minha cabeça insistia ainda em doer e
por mais que lutasse contra aquele desconforto, tudo começava a
girar ao meu redor.
— Ethan!
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a voz dela me
chamando. Olhei para os lados e nem havia me dado conta de que
já tínhamos chegado. Peguei o saco com os objetos que trouxe e
logo depois saímos do carro e com passos apressados, seguimos
até entrada principal do bordel. Minutos depois, chegamos ao salão
e nos deparamos com Luccas, Boris e Hulk.
— Estávamos lhe aguardando — disse Luccas.
— Você providenciou a encomenda que mandei?
— Sim, tudo está na sala de vidro.
Vejo Boris e Hulk se entreolharem, já que o maldito estava com
Enzzo e Dusan no corredor da morte. Não demorou muito para que
a atenção de todos fosse direcionada rumo ao corredor quando
Scarllet surgiu e instantes depois, enquanto as duas mulheres
ficaram conversando, caminhamos para o elevador que dava
acesso ao lugar onde eles estavam, a cada passo dado, os gritos do
maldito que estava sendo torturado, acordava todos os meus
demônios adormecidos, meu coração pulsava em um ritmo frenético
ao saber que em poucos minutos estaria frente à frente com o
verme, que não só quis tomar posse do que era nosso, como se não
fosse pelo ato de Ana, teria colocado suas mãos imundas na
minha bonequinha.
Ao chegar frente à porta, respirei fundo para dissipar um pouco a
eufórica dentro de mim, quando entramos na sala, meus olhos
foram de encontro à imagem em minha frente.
Sua aparência era assustadora, o que me fez constatar que os dois
homens a minha frente estavam lhe oferecendo tratamento vip. O
desgraçado estava completamente despido, tão magro que dava
para ver os ossos das suas costelas, em sua barriga haviam vários
ferimentos em aberto, assim como o seus olhos estavam inchados.
Ao notarem a nossa presença, a voz do meu pai logo se fez
presente.
— Ele agora é todo seu.
Minha mandíbula se contraiu, meus batimentos cardíacos
dispararam.
Em passos lentos, caminhei até ficar a centímetros de distância
dele.
— Maldito verme, nem a morte te quis. Mas, nem que seja em outra
vida, irei acabar com todos vocês.
Sorri ao ouvir suas palavras, me afastei e caminhei até o pequeno
móvel que continha os utensílios que irei usar. Enquanto isso, Hulk e
Boris colocaram o infeliz, que estava em cima da maca, de bruços e
seus membros novamente foram presos.
— Tirem-me daqui seus miseráveis.
— Isso, pode ter certeza que em breve você será retirado.
Abri o saco que estava em minhas mãos e todos os olhares ficaram
fixos em minha direção. Coloquei-o em cima do móvel e em seguida
peguei um dos martelos e retirei um dos pregos de dentro do saco.
Cada objeto media em torno 5 cm, me virei e voltei para o lugar em
que eu estava minutos atrás. Coloquei o objeto sobre a pele do
infeliz bem no centro da sua costas e ao levantar o martelo o golpe
foi desferido, fazendo o prego ser enterrado todo em sua carne.
Ruídos altos saíram dos seus lábios, enquanto minha atenção se
voltou para o meu sogro.
— Enzzo, por quantos dias Ana ficou sem andar por causa do tiro
que esse infeliz lhe deu covardemente pelas costas?
— Cinco dias.
— Luccas, somos quantos nessa sala?
— Se incluímos esse abutre. Somos seis.
— Boris quanto é cinco vezes seis?
— Insistem em dizer que são 30, mas o meu pai sempre dizia que
deveríamos acrescentar mais 5 nesta soma.
Eu até me segurei para não sorrir, contudo, meu olhar foi de
encontro ao brutamonte que ao proferir um golpe no inimigo,
certamente o levaria ao chão.
— Hulk, o que acontece com quem feri um dos seus?
— Seu destino será a morte, mas antes sentirá o peso dos meus
punhos.
— Então nos mostre a sua força.
O homem, ao contrario de mim, pegou cinco dos pregos e o martelo,
e a cada martelada, os gritos se tornavam ainda mais alto, o infeliz
se contorcia tentando escapar, porém, seu sofrimento só estava
começando, pois, assim que Hulk se afastou feito um animal
faminto, totalmente esfomeado, todos foram de encontro ao móvel e
com os martelos em mãos e vários pregos em sua posse, o
ambiente foi preenchido pelo barulho ensurdecedor que saia da
boca do maldito, o que segundo a conta de Boris eram 35, acabou
que todos os objetos que estavam dentro do saco foram usados e
quando nos afastamos, a imagem que surgiu em nossa frente fez
meus demônios internos gritarem em êxtase.
Somente sussurros em forma de gemidos saiam da boca dele. Eu e
Luccas, o retiramos de cima da maca. E antes de deixar o ambiente,
disse aos demais.
— Encontro todos vocês no setor B. Chegou a hora desse verme
conhecer "A sala de vidro".

Minutos depois...
Todos os olhares estavam voltados para o homem que se arrastava
dentro da sala tentando chegar ao que ele achava ser a sua
libertação. Porém, seu corpo foi lançado à distância quando jatos
potentes de água gelada começaram a surgir das mangueiras que
estavam em pontos estratégicos da sala. Gritos de dor e frio
ressoavam no ar vindo de dentro do cômodo, com a força do
impacto causado pelos jatos de água, o sangue começou a surgir
em meios às feridas da sua barriga. Quando ele ouviu o som da
gargalhada diabólica do meu pai ecoando no ambiente, a raiva o
dominou e o infeliz, embora quebrado, era resistente e conseguiu se
levantar. Continuou caminhando e depois de alguns passos, o
maldito conseguiu alcançar a porta, girou a maçaneta e assim que a
mesma foi aberta, uma onda de água o levou de encontro ao chão.
Seu corpo paralisou e todos ao meu lado pareciam hipnotizados
com a cena que se formou em nossa frente e o primeiro de vários
gritos estrangulados saiu rasgando a garganta dele, assim que uma
próxima onda de água veio de dentro da porta e com elas, um
cardume de piranhas se fizeram presentes.
Com o cheiro de sangue fresco impregnado no ar e estando
famintas, as criaturas de dentes mortais e sanguinárias começaram
a estraçalhar o corpo da sua vítima. A água aos poucos foi
ganhando cor, enquanto o homem já não lutava mais. Êxtase, essa
era a palavra que representava o misto de sensações que se
apoderou de todo o meu ser.
Os meus olhos estavam fixos na direção do grande tanque a minha
frente e não demorou muito para que sua carne fosse devorada por
completo, restando apenas os ossos e quando as piranhas se
afastaram, uma rajada de fumaça invadiu o ambiente e em questão
de minutos, todas elas pararam de se mover me causando um
prazer enorme.
Capítulo 40

CECÍLIA BORISLAV

E u estava com Scarllet quando o meu pai, tio Hulk, Boris e o meu
sogro apareceram no salão. Todos iriam viajar hoje, uns com
destino a Belgrado e outros para Durrês, passei um bom tempo
conversando com o meu pai e depois de me despedir de todos e a
doutora que estava ao meu lado também ir embora, as meninas
começaram a limpar o salão, pois, a noite se aproximava. Quando
estava me aproximando da porta, encontrei Luccas.
— Ethan está no escritório?
A resposta que veio em seguida fez o meu corpo todo estremecer
em espasmos violentos.
— Está no corredor 666.
Embora aquele lugar me causasse calafrios, era chegada a hora de
enfrentar os meus medos e não me deixar intimidar novamente.
Com passadas largas, andei pelo corredor sombrio e quando
cheguei frente à porta, meu olhar foi ao encontro do painel. Perdida
estava eu em como adentrar o ambiente, já que para isso precisava
digitar a senha de acesso, de repente, um pensamento passou
rapidamente pela minha cabeça e um esboço de um sorriso surgiu
no meu rosto. Não acredito que isso é possível, não custava nada
tentar, então levei meus dedos até o painel e comecei a digitar.
— B O N E Q U I N H A.
De imediato a porta foi aberta, e, ao passar por ela, engulo em seco.
O homem tinha acabado de sair de dentro da piscina, seu corpo
ainda tinha algumas gotas de água, que escorriam pelo seu
abdômen perfeitamente esculpido, seus braços cheios de músculos
com aquela tatuagem enorme, que segundo ele, simbolizava a
morte e também a vida. Meu olhar passou novamente pela sua
barriga e se deteve no seu membro ereto e com veias grossas ao
seu redor, uma bela e magnifica imagem a ser apreciada. Fiquei ali
admirando e quando dei por mim, ele já estava parado em minha
frente.
— Achei que tivesse medo desse lugar — fala com um ar
sarcástico.
— Isso ficou no passado, entretanto, você disse que este lugar se
chamava sala do prazer e só me fez conhecer a dor. Agora quero
que me mostre de verdade o prazer que podemos sentir aqui dentro.
Ultimamente eu nem me reconhecia mais. Há dias estavam
ansiando pelos seus toques em meu corpo. Meus pensamentos
foram interrompidos quando suas mãos começaram a explorar o
meu corpo e num piscar de olhos, ele começou a rasgar as minhas
roupas, me deixando somente de calcinha. Com os olhos
arregalados e uma expressão nada boa, com uma fúria no olhar o
encaro.
— Seu ogro! Como vou sair daqui, nua?
— Mais fácil o céu desabar sobre nossas cabeças do que deixar
você sair pelada por aquela porta. Ainda tem algumas roupas suas
no closet que ficaram para ser lavadas.
Uma sensação de alívio me invadiu, porém, antes que eu tivesse
tempo de reprimi-lo, ele moveu suas mãos até a minha calcinha,
sem desviar os seus olhos dos meus, puxou a peça do meu corpo
que logo foi jogada ao chão para depois me pegar em seus braços e
seguiu caminhando até a cama. Quando o meu corpo foi colocado
sobre a colcha macia, ele se afastou e pegou algo de dentro do
criado mudo, meus olhos novamente se arregalam em choque, meu
coração disparou ao ver o objeto em sua mão e antes que eu viesse
a levantar, Ethan abriu minhas pernas ao máximo tendo a visão
privilegiada da minha gloriosa boceta.
— Tão linda.
Com os olhos fixos na minha intimidade, ele levou o objeto até ali e
uma onda de eletricidade passou por cada fibra do meu corpo ao
sentir o vibrador em contato com o meu sexo. Ele começou a
massagear a minha vagina e aquilo fez com que todas as
terminações nervosas da minha carne latejante viessem a reagir.
Não consegui segurar os gemidos, pois, as sensações começaram
a me envolver, estava quente muito quente.
— E... Eu... Hummm... — as palavras falharam e somente gemidos
saiam do fundo da minha garganta. Ele continuava me torturando,
movendo o vibrador ao redor do meu clitóris inchado, enquanto dois
dos seus dedos passeiam ao redor da entrada da minha boceta.
Aquilo estava sendo uma verdadeira tortura, Ethan continuou com
sua exploração até deslizar os seus dedos para dentro de mim e um
ruído alto escapou da minha boca.
— Ahhh! — eu gemi, meu corpo se convulsionou e começou a
funcionar como uma máquina bem lubrificada, minha boceta se
contraiu, sugando os seus dedos. A sensação de ter seus dedos
entrando tão fundo e tão rápido em mim fizeram a minha intimidade
se contrair violentamente e, não aguentando mais, gozei com um
gemido alto, incapaz de conter a onda que me dominou.
Meu corpo foi tomado por um prazer mais feroz do que qualquer um
que já tivesse sentido antes. Ainda ofegante, senti o peso do seu
corpo irradiando ondas de calor sobre o meu, seus lábios cobriram
os meus de forma possessiva, sua língua pediu passagem e
começou a se mover rápido. Enquanto me beijava, a cabeça do seu
pau entrou em contato com a minha fenda, que a essa altura estava
encharcada e sem demora, ele enfiou toda extensão do seu
membro para dentro de mim e começou a movimentar os quadris.
— Porra. Você é tão deliciosa!
Seus movimentos eram cautelosos e preguiçosos, o que me deixou
inquieta. Em um instante eu estava parada, no seguinte, estava me
movendo fluidamente, minha vagina apertando o seu pênis, o que
fez Ethan me estocar com uma velocidade impressionante,
provocando pequenos gritos estrangulados.
— Eu vou arrebentar essa bocetinha.
Se fosse antes, eu certamente iria tremer de medo, mas suas
palavras só me deixaram mais acesa.
— Isso se antes ela não esfolar o seu pau — respondi atrevida.
Para que eu fui dizer aquilo. Seus olhos ficaram escuros e suas
estocadas implacáveis, fazendo o meu corpo todo sacudir. Minha
intimidade dolorida estava sendo massacrada pelos seus golpes
fortes, que iam cada vez mais fundo, o vapor começou a dominar o
ambiente ao nosso redor. Não satisfeito, ele saiu de dentro de mim,
me deixando desorientada com a sensação de vazio.
— Calma, baby, fique de quatro — resolvi fazer o que ele ordenou.
Tendo assim a visão do meu traseiro empinado ao seu deleite. Um
ruído abafado foi dado por mim quando ele deu um tapa forte em
minha bunda e engoli em seco, sentindo cada centímetro do meu
corpo fica tenso.
— Ahhh...
— Em breve meu pau vai estará dentro dessa bundinha durinha,
alargando você por dentro, mas, hoje vou te mostrar que você foi
feita somente para mim. Que ninguém além do seu marido pode lhe
dá tanto prazer.
Dito isso, ele levou uma de suas mãos até o meus cabelos,
enrolando-os em torno de seu pulso, segurando firme. Minhas mãos
apertaram com força a colcha, a puxando assim que ele esfregou a
cabeça rosada na minha entrada, deslizando-a em seguida para
dentro de mim. Um choramingar escapou da minha boca, enquanto
ele empurrava o seu membro com precisão e os músculos internos
da minha intimidade começaram a latejar violentamente, porém, ele
ficou paralisado, eu só conseguia sentir o seu pênis pulsando no
meu interior.
— Isso gostosa, deixa essa bocetinha apertada engolir o meu
cacete.
— Foda-me, por favor.
Minha respiração ficou pesada quando ele começou a me estocar,
enfiando o seu pênis todo dentro da minha boceta, entrando e
saindo, no mesmo instante, sua mão puxava os meus cabelos,
sacudindo o meu corpo para frente e para trás. Senti os músculos
da minha carne molhada se contrair em torno do seu cacete, os
meus gemidos ecoam por todos os cantos do ambiente.
— Ethan!
— Ainda não bonequinha.
Ethan continuou socando o meu sexo, com golpes cruéis e
impiedosos. Seu membro incansável me invadindo cada vez mais
firme. Meu sexo doía de tantas estocadas rígidas e violentas,
porém, eu estava ensandecida em meio ao desejo. Meu corpo
estava e chamas, algo dentro de mim vibrava com aquele ato tão
selvagem, meu corpo se contorceu e enrijeceu, enquanto ele
continuava a deslizar o seu membro, sentindo o calor e o aperto do
meu sexo contra aquele pênis avantajado.
— Minha, só minha.
Minhas pernas começaram a tremer e eu gritava feito louca de dor e
prazer, uma sequência de golpes foram dados contra o seu sexo.
Rugindo feito um animal e em uma estocada mais profunda,
gritamos juntos, em seguida alcançamos o êxtase deixando seu
líquido viscoso me preencher.

Minutos depois...
Eu estava me sentindo quebrada e exausta, nós dois, formos
envolvidos por um orgasmo estonteante, que nos deixou
completamente paralisados. As batidas do meu coração eram fortes,
eu ainda estava de olhos fechados, mas quando ouvi as palavras
que foram ditas por Ethan, meus olhos se arregalaram e meus
batimentos aumentaram descontroladamente.
— Eu a amo, você é perfeita! Perfeita para mim.
Capítulo 41

Um mês depois...
CECÍLIA BORISLAV

U m mês se passou desde que uma explosão de sensações me


envolveram. Jamais pensei que algum dia o homem, que até
então, eu achava que era desprovido de sentimentos, mas, que aos
poucos, eu pude observar o quanto por trás daquela armadura de
homem frio e impiedoso, ele era capaz de tudo para proteger suas
irmãs e sua mãe. E não foi diferente comigo, quando se jogou em
frente aquela bala e mais uma vez salvou a minha vida. Pensar
nisso fazia as dúvidas martelar em minha cabeça.
Se seu ato foi somente por eu ser sua esposa? Ou será o que tinha
por mim era um sentimento de posse, algo doentio?
Talvez Ayla tenha razão e mesmo de um jeito dominador, ele
sempre gostou de mim. Contudo, meu coração disparou de tal
forma, que achei que fosse sair pela minha boca quando ouvi suas
palavras. Sem reação, acabei ficando muda e ele não mais tocou no
assunto.
Faz alguns dias que venho me sentindo inquieta, tonta e sempre
com enjoos. Quando falei ontem com a minha mãe, acabei contando
como estava me sentindo, não demorou muito para eu ouvir sua
risada do outro lado da linha. A mulher ficou eufórica e logo depois
uma única palavra foi dita "gravidez". Os meus sentidos estavam
direcionados para aquela informação e por alguns segundos, o meu
coração parou de bater, eu fiquei tão atordoada com os últimos
acontecimentos, que acabei me descuidando, deixando de tomar o
remédio.
Aproveitando que Ethan tinha uma reunião hoje à tarde, acabei
vindo ao consultório de Scarllet. Além do motorista e do segurança
que estava dentro do veículo, mais três carros estavam fazendo a
minha escolta. Essa era a única forma para que eu pudesse sair de
casa. Quase uns 40 minutos depois, chegamos ao prédio e nos
minutos seguintes, já estava em frente à porta da sua sala e assim
que girei a maçaneta, meu olhar ficou cravado no rosto da mulher
que já estava me aguardando.
— Boa tarde, Cecília.
— Boa tarde, obrigada por ter confirmado que eu precisava fazer
alguns exames de rotina.
— Sei qual é o preço em omitir qualquer informação ao seu marido,
mas, como ainda não temos a confirmação. Então, para todos os
efeitos, é um procedimento de rotina.
— Obrigada — repeti.
Deitada sobre a maca de exames, ela começou passar o gel frio em
minha barriga muito calmamente. Assim que terminou, ligou o
monitor fixado na parede e à medida que ia deslizando lentamente o
aparelho pelo meu abdômen, algumas imagens começaram a
aparecer na tela, e eu já estava suando frio com a constatação de
que realmente estou grávida. Depois de alguns minutos, minha
respiração ficou ofegante, um misto de sensações passaram por
mim. Medo, surpresa, eu comecei a ficar nervosa,
totalmente incrédula, sem quem eu pudesse controlar, as palavras
fugiram da minha boca.
— É o que eu estou pensando?
— Meus parabéns, você será mãe de dois bebezinhos.
Meu coração disparou, eu já não conseguia desgrudar o olhar da
imagem a minha frente.
— Você tem certeza?
— Sim, aqui está. Ainda não dá para saber o sexo, mas podemos
ouvir os corações e assim, você terá plena certeza. Quando
novamente ela deslizou o aparelho sobre a minha pele melada, o
medo que estava sentindo deu lugar a uma sensação inexplicável.
O amor brilhava em meus olhos, algo incontável e imensurável que
me tomou por completo e, lágrimas molharam a minha face no
mesmo instante que um sorriso brotou em meus lábios.

Instantes depois...
Eu estava ansiosa, comecei a andar de um lado para outro do
quarto. Respirei profundamente, tentando me acalmar e
instintivamente levei minhas mãos de encontro ao meu ventre.
Fiquei passando uma de minhas mãos em volta da minha barriga e
em seguida, me vi divagando em meio ao atoleiro de sensações que
senti no consultório de Scarlett.
Quando criança, eu lutei o quanto pude para que esse acordo fosse
desfeito, mas, depois entendi que seria o meu destino, ao conhecer
aquele que seria o meu marido e ver toda sua petulância e a quem
eu achava um velho, fui alimentando um sentimento de raiva. Desta
forma, ao saber em que ele havia se transformado, eu não queria
engravidar, mesmo sabendo o quanto uma família é algo
maravilhoso. Embora eu pudesse ter tornando cada minuto dentro
daquela sala do prazer algo prazeroso, eu estava tomada por tanta
raiva, e, determinada a mostrar para ele que não era um objeto, o
qual ele podia manipular, que senti na pele como uma mulher se
senti ao ser usada e forçada a fazer algo que não quer, enquanto,
seu parceiro mais parece um animal, disposto a se saciar, nem que
para isso, ele lhe mostre a sua pior face.
Ethan me fez sentir coisas e ter sentimentos ruins, ao ponto que um
pensamento sombrio passou pela minha cabeça, então entendi que
no momento de fraqueza, de dor, as trevas sempre nos puxam,
querendo nos envolver como se a única saída para escapar de todo
aquele sofrimento, fosse à morte. Mas, devemos acima de tudo,
pensar o quanto a vida é preciosa e desistir dela só vai fazer do seu
algoz um vitorioso ao conseguir destruí-la.
Confesso que ao desconfiar de que estivesse grávida, fiquei com
muito medo a princípio, mas, lutarei com todas as minhas forças
para protegê-lo. Meus pensamentos foram afastados quando a porta
foi aberta e toda minha atenção se voltou para o homem que surgiu
em minha frente, suas orbitas azuis começaram a analisar o meu
rosto, certamente ele havia percebido pelas minhas feições, que eu
estava inquieta. Instantes depois, ele deu alguns passos à frente e
parou poucos centímetros de distância de mim.
— Você quer me dizer algo?
Seus olhos foram de encontro ao envelope que eu nem havia
percebido que segurava com muita força.
O meu pai não teve mais filhos pelo ocorrido com a minha mãe, os
meus sogros, se tivessem mais tempo, certamente já tinham um
time de futebol, porém, diante de um homem que luta bravamente
para esconder seus sentimento, não sei como será sua reação ou
se ele será um bom pai. Embora que no início tenha sido difícil, eu
tenho que reconhecer que ele não se tornou nenhum príncipe
encantado e nem vai, já que tudo que ele é, faz parte da sua
essência, e, mesmo sendo um ogro a maior parte do tempo,
querendo impor suas vontades, o homem consegue sair do seu
inferno particular e quando estamos juntos, a química é fatal, como
se fossemos somente um.
Sem mais adiar o momento, estendi o exame em sua direção. Fiquei
observando cada movimento dele e principalmente suas feições
quando retirou o ultrassom de dentro do envelope, seus olhos que
estavam insondáveis, ficaram grudados no papel, eu já não sabia
saberia distinguir o que passava em sua mente sombria. No entanto,
minutos se passaram, ele, que até então tinha uma expressão
indecifrável, esboçou um sorriso e a calmaria foi quebrada no
ambiente.
— Espero que sejam dois meninos. Chega de viver cercado por
mulheres.
Eu senti um tremor diante de suas palavras, porém, o homem voltou
novamente sua atenção para o documento em suas mãos, ele
parecia enfeitiçado, pois, seus olhos azuis tinham um brilho intenso.

Algumas semanas depois...


Ethan não quis dar a notícia por telefone e ontem chegamos de
Belgrado. Com o evento que foi feito para comemorar a unificação
das duas máfias e a posse sobre a Yakuza e a tríade chinesa, ele
acabou relevando a todos que eu estava grávida e se a notícia já foi
motivo de comemoração, quando contou que eram gêmeos, eu não
sabia quem ostentava um sorriso mais largo, se o meu pai, o próprio
Ethan ou o meu sogro, que raramente sorri, mas tinha aquela
expressão de orgulho do filho.
Luccas era como a mãe e veio logo fazendo todos sorrirem ao dizer
que sendo quem era, até os espermatozoides eram mafiosos, já
chegavam querendo ocupar todo território. O que levou todos a
darem altas gargalhadas, também deu lugar ao silêncio quando o
meu marido lançou um olhar mortal na direção dele e de Ayla, ao
mencionarem que esperavam que fossem duas meninas. Falando
nesses dois, daqui a alguns meses será o casamento que todos
tanto vinham aguardando, eu fiquei feliz em saber que vão morar
aqui em New York, apesar da diferença de idade, eu a tenho como
minha irmã mais velha e desde que a conheci sempre nos demos
muito bem.

Meses depois...
ETHAN BORISLAV
Passei vários anos questionando, o motivo de o meu pai insistir
tanto para que essa união viesse a acontecer. No meio de tantas
outras, porque a fedelha foi a escolhida? Entre tanta raiva que ela
despertou em mim, a atrevida acabou se tornando o meu calcanhar
de Aquiles e a única capaz de fazer os meus demônios ficarem
quietos.
Os meses se passaram e a mulher se tornou um furacão na cama,
porém, há três meses, acordei num sobressalto com os gritos altos
que ecoavam no ambiente, Cecília se contorcia em meio à dor, eu
fui tomado por um sentimento de medo ao ver todo o seu
desespero. Todavia, foi somente um momento e ao confirmar que
seria pai de dois meninos, deixou-me satisfeito. Daqui alguns dias
chegará finalmente o dia do nascimento deles, no entanto, hoje o
grande dia será daquela que embora afrontosa, que sempre me
deixava possuído de raiva quando criança, se unirá para sempre ao
homem que tenho como um irmão.
— Ethan!
Em meios aos meus pensamentos, eu acabei perdendo a noção do
tempo transcorrido. Saímos do carro e devido ao estado de saúde
de Cecília, que nas últimas semanas, vinha se sentindo indisposta.
Luccas e Ayla resolveram que se casariam em New York, afinal foi o
lugar que os dois nasceram e cresceram. Adentramos o jardim da
mansão dos meus pais, pois minha irmã preferiu que a cerimônia
fosse feita no ar livre. Aproximamo-nos da grande multidão e meu
olhar foi de encontro ao clone que estava próxima ao Gael, esse por
sua vez me olhou de uma forma que se não fosse pelo casamento
de Ayla e sabendo que o infeliz tem grande serventia para nossa
organização, eu mesmo arrancaria os seus olhos com as minhas
próprias mãos.
Cecília foi até os pais, enquanto segui para falar com a minha mãe.
Instantes depois que todos já estavam acomodados, o silêncio deu
lugar a uma música suave. Olhei para Luccas, que mais parecia um
palhaço com um sorriso que ia de uma ponta da orelha a outra e só
ficou pior à medida que minha irmã, que estava sendo conduzida
por Dusan, rumo ao altar, se aproximava e assim que ela foi
entregue a ele, não dava para ouvir o que o meu pai disse, mas eu
podia compreender bem o recado através dos movimentos dos seus
lábios, e por alguns segundos, o sorriso desapareceu do rosto de
Luccas e tive que me segurar para não sorrir.
Os anos passam e algumas coisas nunca mudam, o medroso terá
que andar na linha e tratar Ayla como uma rainha ou terá que
aguentar a fúria não só do meu pai, como a minha. Nos momentos
seguintes, o homem a frente deles fez todo um sermão, senti um
aperto forte em minha mão, olhei para Cecília que parecia inquieta.
— Você está sentindo alguma coisa?
— Nã... Não, eu estou bem.
Mesmo ouvindo suas palavras, algo me deixou em total alerta. Volto
minha atenção novamente para o casal, assim que as trocas de
aliança foram feitas e em seguida o som da voz do cerimonialista,
reverberou no espaço.
— Eu agora, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O infeliz não perdeu tempo em puxar minha irmã contra os seus
braços e à medida que aprofundavam o beijo, uma onda de
aplausos preencheu o ar, porém, um grito alto se sobressaiu aquele
barulho, tirando a atenção dos recém-casados para a mulher que
estava ao meu lado.
— Aiiiiii...
Mesmo durona, ela não conseguiu segurar e as lágrimas, que
começaram a escorrer pelo seu rosto.
— Ethan, está doendo muit...
Antes que ela viesse a dizer mais alguma coisa, um ruído potente
ecoou no ar e tanto Lauren como Scarllet vieram ao seu encontro.
— Tem algo saindo...
Outro grito horripilante se fez presente, me deixando sem reação
com as palavras que ouvi em seguida.
— Não dará tempo de chegar ao consultório, terá que ser um parto
normal.
— Ethannnn...
Gritou ela furiosa, me tirando do transe que estava. Enzzo se
aproximou e com sua ajuda, a levamos para dentro da casa.
Estou andando em círculos, pois toda essa espera está me
deixando enlouquecido. Os barulhos vindos do quarto cessaram, e
tanto Helena, como a minha mãe, não vieram dizer nada. Minutos
de muita agonia se arrastavam e quando Luna apareceu no
ambiente, ostentando um sorriso de orelha a orelha, senti uma
sensação de alívio.
— São lindos.
Eu nem esperei para ouvir o que estavam dizendo, só sei que
enquanto atravessava o corredor, ainda ouvia os risos vindos da
sala.
Quando entrei no cômodo, fiquei parado admirando a bela cena a
minha frente. Pouco depois, me aproximei dela e como Luna havia
dito, eram perfeitos e puxou a beleza da mãe. Ela que parecia
enfeitiçada, olhando fixamente para seus filhos, resolveu
interromper o silêncio que pairava no ar.
— Ele vai se chamar Theo, que significa Deus supremo.
Disse olhando para o garotinho que dormia profundamente.
— Este será Brian, aquele que é forte assim como sua aparência.
Ao contrário do irmão que estava vestido de vermelho, indicando
que era o meu primogênito, o meu caçula tinha o rosto mais largo e
bem bochechudo. Seus olhos já estavam arregalados num tom
esverdeado e naquele momento, eu tive a certeza que estava diante
do meu sucessor.
Capítulo 42

Três meses depois


CECÍLIA BORISLAV

A cada dia, uma nova descoberta, um novo ensinamento. Os


meus filhos são duas dádivas de Deus, duas joias raras, que
foram o melhor presente que podia receber da vida.
Meses atrás, ouvi a minha cunhada dizendo que eu havia causado
um impacto forte na armadura que Ethan sempre fez questão de
usar desde criança, porém, foram esses dois pacotinhos de luz que
fizeram uma grande rachadura na armadura do homem implacável
e sombrio.
Ethan é um pai maravilhoso e embora eu quisesse cuidar
pessoalmente dos nossos filhos, meu olhar foi de encontro à mulher
muito bonita por sinal, que aparentava ter uns 30 anos e veio de
Belgrado, para me ajudar com os meninos.
Espanto os pensamentos ao ouvir Ethan falando.
— Essa é Agatha, além de enfermeira, presta serviço há alguns
anos no hospital que pertence à máfia Sérvia.
— Seja bem-vinda.
— Obrigada.
— Vamos, vou lhe apresentar os meninos que já devem estar
prestes a acordar.
Seguimos para o segundo andar e depois de percorrer o corredor,
paramos em frente à porta do quarto deles. Sendo ainda tão
pequenos, resolvemos que iriam permanecer juntos no mesmo
quarto. Instantes depois, ao entrar no ambiente, como já esperava,
os sons característicos começaram a ecoar no ambiente. Ethan
ficou parado, enquanto fui pegar Theo, Agatha foi até onde Brian
estava, esse por sua vez, começou a chorar sem parar, acabei
entregando Theo para ela e tirei o meu marrentinho do berço.
Embora tenha só três meses, Brian é bem diferente do irmão,
sapeca, tem um olhar semelhante ao do pai, sem contar que parece
a cópia em miniatura de Ethan.
O silêncio logo predominou a nossa volta e por alguns segundos,
me vi perdida, olhando para a mulher que tinha um dos meus filhos
em seus braços. Theo estava quieto e não sei o porquê, mas, eu
acabei sentindo uma sensação estranha.
"Será que estou com ciúmes?"

Alguns dias depois...


Espreguiço-me ainda deitado em minha calma e fico fitando o teto
branco do quarto por alguns segundos. Forço os meus olhos a se
abrirem por completo, e, em seguida, ainda sonolenta, tento me
levantar.
Três dias se passaram desde que Agatha chegou e o que para
Ethan acabaria por me deixar mais descansada com sua ajuda,
acabou por fazer com que eu não dormisse direito a três noites em
que ela estava aqui. Fui algumas vezes escondida até o quarto dos
meninos, isso porque o ogro já estava dormindo, embora muito
atencioso com os filhos, quando estava em casa, ele queria a minha
atenção total voltada para ele. Não nego que em seus braços, o
meu corpo vibrava em meio ao prazer, mas por outro lado, eu me
encontrava sempre com aquela sensação de inquietude a minha
volta.
Com passadas largas, fui até a sacada e um sorriso largo surgiu no
meu rosto ao ver o homem dentro da piscina, nadando de um lado
para o outro. Desviei o olhar para o outro lado e Agatha estava com
os meninos tomando sol, aproveitei e fui até o banheiro escovar os
meus dentes e acabei colocando um biquíni. Instantes depois, eu
estava passando pela porta que dava acesso a área onde ficava a
piscina, me detive ao ver o olhar da mulher lançado na direção do
meu marido. Senti uma onda de calor envolver o meu corpo, meus
batimentos cardíacos ficaram mais forte e minha respiração pesada.
Depois de alguns passos, cheguei até onde o meus filhos estavam e
ela nem havia percebido a minha aproximação, até o momento que
o som da minha voz se fez presente.
— Para o seu próprio bem, mantenha seu olhar bem longe dele ou
jamais verá a luz do dia novamente.
Seus olhos ficaram arregalados em minha direção, nem eu mesma
estava me reconhecendo, mas diante de seu atrevimento, fui
envolvida por um sentimento de posse assustador. Depois de ver
como meus pimpolhos estavam e dá um beijo em cada um deles,
caminhei na direção do meu marido, entretanto, a cada passo dado,
fiquei me questionando o motivo de ultimamente está me tornando
alguém tão possessiva em relação a minha família.
Horas mais tarde...
ETHAN BORISLAV
Embora estivesse com uma vontade enorme em ficar em casa e me
deliciar do belo corpo da minha mulher, hoje teria um grande leilão e
consequentemente a casa estava lotada, os momentos seguintes,
ao lado do recém-casado que mais parecia um cordeirinho nas
mãos de Ayla, fiquei a observar todos os movimentos a nossa volta,
enquanto isso, o homem em posse do microfone continuava a
perguntar quem dava outro lance. Os valores estavam cada vez
mais altos e as mulheres que estavam sendo leiloadas eram todas
virgens e acabaram por querer leiloar sua própria virgindade em
trocar de um alto valor, lógico que elas nem tinham noção que o que
me pediram seria nada comparado com a fortuna que eu iria ganhar.
Só bastou alguns zeros para seus olhos brilharem.
— $ 1 Milhão dólares.
No momento que Fillipe Carter, levantou sua plaqueta, senti um
desconforto terrível, uma inquietação e meus órgãos internos
começaram a funcionar a todo vapor. Cecília, meu pensamento foi
todo direcionado para ela. Imediatamente peguei o celular e ao
acessar as câmeras internas da minha casa, a vejo deitada, contudo
eu ainda estava inquieto e ao passar os dedos pela tela, minha
atenção ficou direcionada para o quarto dos meus filhos, olhei
minuciosamente tudo em volta do ambiente e não havia nado de
errado. Todavia, em se tratando dessa sensação ruim, somente
duas coisas faziam meus demônios se manifestarem dessa forma.
A primeira era ela e a segunda quando o inimigo estava próximo a
atacar, olhei novamente para as imagens do nosso quarto e após
colocar zoom para ter uma melhor visão. Fiquei observando sua
expressão e de repente percebi uma pequena neblina em volta do
ambiente, mas, logo a tela do meu aparelho ficou numa escuridão
total.
— Ethan!
Meu olhar ficou cravado no rosto de Luccas e antes de sair
praticamente correndo em direção ao meu carro, algumas palavras
foram ditas por mim.
— A minha família está em perigo.

CECÍLIA BORISLAV
A escuridão está a minha volta e vai me consumindo lentamente,
puxando-me com uma força assustadora. Minhas pálpebras estão
pesadas, assim como a minha cabeça, eu preciso acordar, eu tenho
que acordar.
Lutando com todas as minhas forças, meus olhos se abrem. Minha
vista está escura, turva e tudo girando ao meu redor. Com
dificuldade consigo me levantar e ao ver a neblina em volta do
ambiente, o ar que entrava nos meus pulmões, o fazia arder,
causando-me um desconfortável terrível. Levo uma das mãos até o
meu nariz e juntamente com a minha boca que foi fechada, eu
impedi que o ar chegasse até eles e diante da cena a minha frente,
um único pensamento tomou conta da minha mente, "meus filhos".
Saio do quarto, desorientada, e ao chegar ao corredor, respiro
profundamente, fazendo os meus pulmões se enchessem de ar
puro. Sentindo-me um pouco mais aliviada, aumento o ritmo dos
meus movimentos e avanço em direção do quarto deles, porém, no
instante que abro a porta a minha frente, um tremor violento me
atinge ao ver a imagem dos meus filhos em cima da cama,
enquanto a mulher que deveria cuidar e protegê-los, segura uma
faca em uma de suas mãos.
— Os pais de vocês me tiraram a minha única irmã, chegou a hora
de eles sentirem a dor terrível da perda.
Com o ódio percorrendo cada fibra do meu corpo, assim que ela
levou o objeto em direção ao peito de Theo, que a essa altura
chorava desesperadamente. Feito uma leoa pronta para defender
seus filhotes, avancei para cima dela, e antes que ela viesse a
atingir um dos meus filhos, os nossos corpos foram de encontro ao
chão. Nunca havia sentindo tanta raiva em toda a minha vida e ali
nos duas começamos a rolar de um lado para o outro e quando subi
em cima dela, um barulho alto escapou do fundo da minha garganta
quando senti algo entrando, rasgando a minha pele.
— Isso é pela Amber, vadia.
Olhei para o meu braço esquerdo e o sangue começou a escorrer
pela minha pele, pingando no chão. Naquele momento, era como se
uma nuvem escura tivesse novamente me envolvido, meu coração
disparou e quando ela foi novamente desferir outro golpe, embora
com dor, segurei forte em seu braço e a faca acabou caindo no
chão, antes que ela cogitasse em pegá-la, fechei minha mão direita
em punho e o primeiro soco foi dado em sua face.
— Você pode mexer comigo, mas, vai se arrepender em querer
tocar nos meus filhos.
Ruídos começaram a escapar da sua boca, mas, a raiva estava me
queimando por dentro, parecia que algo tinha me possuído, pois,
não tinha mais o controle das minhas mãos e comecei a bater sem
parar. O sangue começou a jorrar pelos cantos da sua boca, eu
continuei batendo ainda mais forte, no entanto, uma voz potente
ecoou, vindo da direção da porta, só levantei o olhar por alguns
segundos naquela direção e as trevas pareciam que tinham se
afastado de mim.
— Pare!
Ethan disse, porém, ouvindo o choro dos meus filhos que estavam
gritando ainda mais alto, e com a imagem dela e aquela faca pronta
para feri-los em minha mente, perdi o resto da minha sanidade e
levei as duas mãos de encontro aos seus cabelos e a cada ruído
que saia dos seus lábios, ao ter sua cabeça batendo no concreto,
ensandecida e com um ódio mortal, eu batia com mais força, a certa
altura somente se ouvia o choro dos meninos e quando Ethan me
puxou, olhei para mulher que já estava sem vida, um calafrio passou
por mim, assim como senti que uma forte fraqueza no meu corpo,
minha vista escureceu e antes de ser envolvida pela escuridão, as
palavras em forma de sussurros ecoaram no espaço.
— Ninguém toca nos meus filhos.
Capítulo 43

ETHAN BORISLAV

M eus batimentos ainda estão acelerados. O sangue que correm


em minhas veias está tão quente que sinto como se tivesse
fogo líquido passando por elas, estou prestes a fazer um buraco no
chão, enquanto o casal que se encontra na sala privativa do hospital
tentar me acalmar.
— Calma, irmão, vai fica tudo bem.
O infeliz, que se não fosse o meu amigo e cunhado, e que herdou
as gracinhas da Karen, resolveu soltar uma das suas, o que fez meu
coração bater alto como se tivesse prestes a sair pela minha boca.
— É bem capaz de a médica dizer que o desmaio não foi pelo
ferimento no braço, devido ao tanto de sangue que acabou
perdendo. Mas, que ela está grávida.
Lancei um olhar mortal em sua direção e só foi desviado quando
finalmente, a mulher que estava aguardando, surgiu no ambiente.
— Como ela está? — pergunto apressadamente.
— Sua esposa é forte e está fora de perigo, no entanto, os exames
revelaram que ela está grávida de quase dois meses e pelo
ultrassom, avistamos dois sacos gestacionais.
Puta que pariu! Grávida!
De repente o ambiente foi preenchido pelo barulho da risada do
casal de mel e como se não fosse suficiente, os dois falaram ao
mesmo tempo à frase que me fez ter um solavanco, como se
tivesse levado um choque e tive que me manter firme.
— Que venham duas sobrinhas.
Suspiro fundo e antes de ir ao encontro da minha mulher,
assumindo a minha postura de homem frio e implacável, dou um
olhar gélido na direção deles e me referindo a Luccas, falo.
— Eu vou te promover a vidente em vez de conselheiro — saio
escutando sua gargalhada às minhas costas.
CECÍLIA BORISLAV
Eu ainda estava tentando processar os últimos acontecimentos.
Depois do ódio incontrolável que me envolveu, onde pela primeira
vez eu senti as trevas se apossando do meu coração, eu jamais
pensei que depois de momentos de muita agonia, raiva e rancor, eu
pudesse ser tomada novamente por essa sensação inexplicável,
ainda estava incrédula ao saber que estava grávida, já que dessa
vez não senti nenhum sintoma e estando meus filhos somente com
três meses, tudo indica que logo após terminar o meu resguardo,
acabei engravidando.
Fiquei tão distraída com os meus próprios pensamentos, que nem
notei que a porta havia sido aberta e quando dei por mim, Ethan
estava paralisado e sua expressão é indecifrável, seus olhos
continuam fixos em minha direção, o que me deixou inquieta e
agitada. Minutos depois, ele andou até onde eu estava, em seguida
se sentou na beirada da cama.
— Pelas suas feições parece que não gostou da notícia que
recebeu — falo.
Ele por sua vez, move uma de suas mãos e segura a minha, logo
depois a leva de encontro a sua boca, beijando-a.
— Só estava pensando no que Ayla e Luccas disseram.
— O que eles falaram? — questiono.
— Que poderiam ser duas meninas.
— Então é isso, mas você não vai renegá-las, vai? — pergunto
apreensiva, pois, na minha primeira gravidez, ele em nenhum
momento cogitou a possibilidade em ter uma filha. Contudo, eu
jamais iria deixar que ele viesse a tratar com indiferença os meus
filhos, mas, entre as minhas dúvidas, ele que parecia ler os
pensamentos, acabou trazendo um alívio ao meu coração.
— Só estou me preparando mentalmente para arrancar os olhos de
qualquer infeliz que ousar olhar para elas.
Ele disse aquelas palavras com uma expressão tão séria que
comecei a sorrir e sendo o ogro ciumento que era, eu já estava
preocupada em com seria caso fosse realmente meninas.

ETHAN BORISLAV
Passaram-se três dias desde o ocorrido que levou a minha
bonequinha a se transformar em uma protetora. Uma mãe que não
hesitou em mostrar tudo que era capaz de fazer para defender os
seus filhos.
Aquela infeliz acabou sendo infiltrada ainda criança no coração da
máfia Sérvia. Para todos, assim como a mãe de Amber, sua irmã
mais velha havia falecido no acidente que só teve ela como
sobrevivente, porém, o maldito Sanada, foi muito mais ousado e
deixou que todos pensassem que sua outra sobrinha havia falecido
e apagou tudo sobre a sua existência. Os anos se passaram e
Agatha se mostrou além de inteligente, bem eficiente em tudo que
fazia. Desta forma, quando solicitei uma babá que tivesse ligação
com nossa organização, a desgraçada achou o momento propício
para colocar sua vingança em ação.
Acabamos por descobrir que o soldado que havia supostamente
passado a informação do lugar em que eu e Cecília iríamos viajar,
tinha um caso com a infeliz e não descarto a possibilidade de que foi
ela quem passou a informação para o próprio tio. Não importa o
quanto lutamos para exterminar as ervas daninhas que insistem em
surgir ao nosso redor, mesmo mostrando aos malditos que a morte
será o seu destino, sempre irá surgir um traidor.
Deixo os pensamentos de lado e caminho rumo à escada, depois de
longas passadas, me livrei dos degraus e ao chegar ao corredor, já
dava para ouvir os gritinhos dos meus filhos. Desde ontem que ao
chegar em casa, foi dada a ordem e os berços dos dois foram
colocados em nosso quarto, pois, a bonequinha não quer se separar
deles.
Outro quarto próximo ao nosso estado sendo reformado para
acomodá-los, enquanto o que antes pertencia a eles, eu mandei
fazer uma sala de jogos e quem sabe quando tiverem grandes,
poderão entrar no cômodo novamente. Por enquanto, deixarei que
eles continuem dormindo perto da mãe, já que era bem capaz de ela
mudar para o quarto deles, temerosa de que algo viesse a
acontecer novamente. Lentamente abro a porta e fico os
observando, os três estão sobre a cama e os meninos estão
sorrindo em meios às palavras da mãe.
— Quem são os amores da vida da mamãe?
Ela pergunta enquanto começa a beijar a barriga deles. Ao
contrário de Brian, o sapeca do Theo, acabou percebendo a minha
presença e seu olhar fica fixo em minha direção, fazendo com que
sua mãe seguisse o mesmo percurso com os olhos até onde eu
estava. Com passos cautelosos, ando até eles e ao me juntar a
minha família, enquanto ela continua a brincar os eles, fico
admirando os três.
Eu escolhi um caminho que ao percorrer trançou o meu próprio
destino e não tinha mais volta; sou o que sou. Entre um mundo de
luz, eu escolhi deixar que as trevas também fizesse parte da minha
vida.
Ao contrário de muitos que são moldados pelo sofrimento, eu
escolhi ser quem sou. Os meus demônios internos aprenderam a
deixar de duelar e aceitar a luz que somente ela foi capaz de fazer
chegar até eles. Assim como Dusan e Enzzo, em minha vida já
estava predestinado à chegada de um anjo, contudo, bem diferente
de Helena e Luna. Cecília nasceu dentro da máfia, um anjo lapidado
na medida certa, que conhecia todas as implicações de sua posição
e que era capaz de se tornar implacável para defender quem ama.
O criador fez Eva, pois, Adão se sentia solitário.
Um homem precisa de uma mulher, assim como, o soberano da
máfia jamais seria quem é se não fosse a sua cara metade. A dona
não só da máfia, mas do seu coração.
Acabei ficando perdido em meio aos meus pensamentos e só
quando as palavras ressoaram a minha volta, não só fazendo todos
os meus demônios vibrarem intensamente, como agitando meu
coração freneticamente, foi que pude sentir uma sensação
avassaladora envolve-me instantaneamente em todos os sentidos e
trazendo a realidade.
— Muito obrigada pela nossa família. Obrigada por ter me dado os
maiores presentes da minha vida, eu amo a família que construímos
juntos — seus olhos estão brilhando intensamente. — Eu nunca
pensei que diria isso, mas, amo ainda mais você, Ethan.
Capítulo 44

CECÍLIA BORISLAV

E u acabei deixando de lutar contra os meus próprios sentimentos


e diante de toda felicidade que estava sentindo. As palavras
vieram do fundo do meu coração e ver o brilho reluzente em seus
olhos azuis, fez o meu coração se aquecer ao ter a confirmação que
até o anjo mais sombrio não está imune ao ser atingindo pelo amor.
Com passos largos, deixei o closet e ao voltar para o quarto, meu
olhar foi de encontro aos meus filhos que dormiam profundamente.
Depois do ocorrido com aquela infeliz, se já estava inquieta ao
deixá-los aos cuidados de terceiros, eu decidi que não importa o
quanto eu fique cansada, irei cuidar deles pessoalmente. Eu jamais
pensei que deixaria a escuridão me dominar, e em meio a tentativa
de Ethan em querer me subjugar, eu me mantive firme, embora ele
fosse o primeiro a fazer com que as trevas viessem a rondar o meu
coração, e, se de fato ele estivesse me mostrado realmente toda a
sua fúria e sua crueldade, o meu coração e o meu corpo teria saído
totalmente quebrado. Contudo, pelos meus filhos, eu descobri que
posso chegar até a beira do abismo e se for preciso, levar quem
estiver em minha frente junto comigo para as profundezas dele, eu
não irei hesitar. Pego a babá eletrônica e caminho em direção à
porta. Atravesso o corredor e instantes depois, já estava no último
degrau da escada, bastou algumas passadas para ficar em frente ao
escritório onde o meu marido estava com Luccas. Respiro fundo e
adentro o ambiente, pelas feições dos dois, eu sabia que algo
estava os incomodando.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto rompendo a calmaria que
reinava no ambiente. Ele mantem seu olhar em minha direção e
instantes depois diz.
— Com a morte de Yan, estamos fazendo um levantamento sobre
tudo que estava sobre a posse da tríade chinesa. Entre vários
negócios, onde o tráfico de armas e drogas estão envolvido, há um
grande Casino em Tóquio, contudo, o negócio que antes era uma
das maiores fontes de renda, acabou sendo fadado ao fracasso.
Ele fica em silêncio como se ainda estivesse em dúvida do que fazer
e tive a confirmação quando escuto a voz de Luccas.
— Nós queremos ampliar o lugar e resgatar novamente os clientes
que acabaram por mudar para concorrência.
Fico pensando no que ele havia dito e um pensamento passa
rapidamente pela minha cabeça. Quando o som da minha voz
preenche o espaço, os dois homens ouvem cautelosamente tudo
que eu começo a dizer.
— Tudo nesta vida existe concorrência, mas, o diferencial para
alcançar o êxito e trazer algo que chame atenção dos clientes, é um
ambiente que além de luxuoso, os façam querer permanecer por um
longo tempo e retornar novamente. Quando estávamos na Itália,
além do hotel magnífico que tinha um restaurante com um cardápio
impecável, o casino localizado dentro do próprio prédio acabava por
ser o centro das atenções, tendo um público alvo diversificado.
Tanto de quem vinha somente a procura dos jogos, assim como os
próprios hospedes e aqueles que eram atraídos pela comida
acabavam por encontrar uma ótima distração no mesmo lugar.
Ethan que na maioria das vezes tem uma expressão fechada,
esboça um sorriso de satisfação. Porém, como diz o velho ditado:
filho de peixe, peixinho é, e foi Luccas, o primeiro a se pronunciar.
— Você possui uma habilidade excepcional em controlar sua
respiração, sabe manusear uma arma tão bem quanto o soberano
da máfia e é implacável para defender aos que ama, e, ainda é uma
ótima conselheira. Arruma a mala aê Luccas, que pelo andar da
carruagem, eu logo, logo, serei rebaixado, enquanto os inimigos,
para as chamas serão lançados.
Eu não me aguentei e uma gargalhada potente ressoou no
ambiente. Olhei para Ethan, que se encontrava com um olhar fixo na
direção do homem que ostentava um largo sorriso e embora sua
expressão fosse um tanto indecifrável, eu entendi que, se muitos
diziam que somente um anjo poderia trazer luz a vida de um
demônio, Luccas, com seu bom humor, também tinha uma grande
missão e de alguma forma, ele sempre foi uma peça fundamental
para que de fato houvesse sim, uma chama acesa no coração
sombrio de Ethan Borislav.

Dois meses depois...


Dois meses se passaram muito rápido, eu estou imensamente feliz.
Olhei para imagem à minha frente pensando que por trás do seu
belo rosto se esconde a verdadeira fase do demônio, porém, não
consigo parar de contemplar a sua beleza. O meu marido dorme
profundamente e está completamente despido, senti uma onda de
calor apodera-se de mim quando o meu olhar foi de encontro ao seu
pênis duro, que estava caído pesadamente sobre o abdome. Nem
mesmo dormindo a criatura se aquietava, o que me fez lembrar que
ao longo desses últimos dias, muita coisa aconteceu. Desde a
notícia de que seríamos pais de um menino e uma menina, onde eu
não sabia se olhava para o monitor a minha frente ou se olhava para
Ethan, que ficou inquieto e teve um solavanco como se tivesse
levado um choque, até a noite que a minha pele estava em chamas
e acabei desafiando-o.
Como consequência, além de ter a sensação que minha intimidade
estava toda assada, finalmente ele acabou por me mostrar um
mundo de dor e ao mesmo tempo prazer durante o sexo anal. Seus
lábios tocaram os meus, e, sua boca ávida, tomou posse da minha
num beijo ardente e cheio de desejo. A princípio os meus gemidos
estavam tão baixos, feito sussurros, mas à medida que sua boca foi
deslizando pelo meu corpo, fazendo uma trilha por cada centímetro
da minha pele até chegar à minha boceta, foi ficando ainda mais
alto.
Eu arfava tentando controlar a minha respiração e só ficou ainda
mais acelerada quando sua língua tocou a entrada da minha
intimidade. Senti todo o meu corpo estremecer, fechei os meus
olhos e ele por sua vez continuou, não só enfiando àquela arma
poderosa que tem dentro daquela boca faminta na minha fenda,
como começou a passá-la entre os meus lábios vaginais,
causando-me sensações tão intensas que meu corpo contorcia-se
de prazer.
Sua boca era um instrumento de prazer e agonia, sua língua
impetuosa explorava os vales da minha intimidade, esfregando-se
contra minha carne úmida. Gemidos de rendição e volúpia
escapavam pelos meus lábios e meu ventre sedento se contraia,
mas, antes que eu me entregasse de vez àquela sensação deliciosa
que estava me envolvendo, Ethan subiu em cima de mim a cabeça
do seu pênis latejante estava posicionada na abertura do meu sexo.
Ele abocanhou um dos meus seios, que já estava enrijecido e
lentamente me penetrou, indo bem devagar até estar todo dentro de
mim. Não sei o que estava acontecendo comigo, porque a minha
libido estava em alta. Comecei a rebolar, então, minha vagina
apertou a cabeça maravilhosa do seu pau. Em reposta, ele começou
a me estocar com mais força, saindo e entrando em mim num ritmo
alucinante, mergulhando seu pênis nas profundezas aveludadas da
minha boceta.
Um ruído abafado de dor e prazer saiu por entre os meus lábios
assim que ele começou a socar fundo todo o seu membro grosso,
duro e comprido. Seu cacete deslizava com precisão e os
músculos internos da minha boceta começaram a pulsar
violentamente. Minha pele esquentou ainda mais quando ele
começou a me estocar com vigor, enfiando o seu pau todo dentro da
minha vagina e o meu desejo era frenético e insaciável.
Ouvi sua respiração se transformar num rugido abafado, e sua boca
faminta se chocou com a minhas e um sentimento de posse me
invadiu e comecei a falar entre gemidos.
__ Você é meu, só meu.
— Sou todo seu.
— Hoje darei tudo que você quiser. Mostre-me do que você é capaz
— eu estava ensandecida e queria tê-lo por inteiro.
— Minha gostosa.
Dito isso, os olhos de predador, faminto como se fosse me devorar
deixaram os meus. Num movimento cauteloso, devido o meu
estado, ele me colocou de bruços e começou a esfregar a cabeça
grossa e melada do seu membro na entrada do orifício apertado do
meu traseiro. Meu esposo fez aquilo por várias vezes, eu já estava
toda melada e foi nesse exato momento que novamente colocou a
cabeça do seu pênis no meu orifício, forçando a entrada. Meu corpo
todo estremeceu, seu membro me invadiu, soltei um ruído
estrangulado de dor.
— Aiiiii... — movida pelo desespero, a minha voz se fez presente. —
Pare, por favor, não quero mais.
Ele levou uma de suas mãos até a minha vagina. Seus dedos ágeis
começaram a explorar o meu clitóris, massageando-o. Uma mistura
de dor e prazer pairou sobre mim e os ruídos que escapavam da
minha boca eram tão altos, que já estava com vergonha que avó
dele que estava dormindo com os meninos, que já estavam no
quarto novo viesse a escutar, mas quando o homem parou de
movimentar seus dedos, as palavras escaparam da minha boca.
— Con... Continua, por favor.
— Safada.
— Com você e para você, sempre.
Uma gargalhada gostosa ecoou no espaço. Contudo, não me
importava mais com a dor, tudo o que queria era que me penetrasse
firme e forte. Remexendo os quadris, Ethan iniciou um movimento
frenético de vaivém. Eu gemia feito louca, nós dois parecíamos
dois animais que estavam no cio, ele mexeu em meu clitóris
freneticamente e sem parar, enquanto, me penetrava intensamente.
Meu corpo estava tão quente, suas bolas batiam em minhas
nádegas e a sensação de ter o seu membro tão profundamente
dentro de mim era indescritível.
Ele continuou com suas estocadas implacáveis, no instante
que esfregava os dedos contra o meu clitóris endurecido e muito
sensível, uma onda de prazer passou por todo meu corpo chegando
a minha alma, me fazendo gozar feito louca. Ele
soltou um rugido animalesco, como se uma fera tivesse despertado.
Instantes depois, o corpo dele desabou sobre a cama e o meu
homem me puxou para junto de si.
Ofegante e com a respiração irregular, nosso olhar se encontrou e o
amor brilhava dentro daquelas órbitas azuis, assim como eu tinha
certeza que brilhavam nas minhas.
— Eu amo você, minha bonequinha e para sempre a minha mulher
— disse ele.
— Eu também o amo, meu ogro. Meu esposo, para sempre meu.
Nos momentos seguintes, me perdi em seus braços, tendo o seu
pau me preenchendo completamente. Possuindo-me e fazendo a
minha intimidade pulsar descontroladamente.
Quando me entreguei ao sono, permanecia deliciosamente dolorida,
porém, estava satisfeita como nunca ao lado do homem que
mudou o rumo do meu destino.
Epílogo

Meses depois...
DUSAN BORISLAV

M eus olhos passeiam pelas diversas imagens no monitor a


minha frente. O lugar que por anos foi o meu lar, um ambiente
que encontrei motivos para deixar meus demônios agitados, como
também adormecidos. Prazer num mundo cheio de luxúria, inveja e
traição que acabou por levar muitos a sua própria destruição.
Uma criança que foi moldada somente porque acreditaram em uma
profecia e junto dela, tudo girava em torno da ambição, traição e
ódio. Mostrando que dentro da máfia existe sim, anjos, porém,
esses vivem a mercê de demônios que ceifam a vida de qualquer
um por prazer ou para alcançar o que tanto desejam.
O menino que parecia desprovido de dor e sentimentos, encontrou
um protetor ao qual se tornou o seu mentor, mas, isso já não era
suficiente para que a escuridão deixasse de habitar e se apossar do
seu coração, que mais parecia uma rocha impenetrável.
Um mundo sombrio, onde encontrei aquela que despertou o meu
lado mais obscuro, mas, também foi à única que foi capaz de fazer
com que o monstro soubesse o que de fato era o amor. Eu poderia
ter ignorado o que Vladimir falou antes de morrer, mas, vim
sondando a história de Enzzo, e, sabia que eu só tinha dois
caminhos a seguir. Matar tanto ele, como Omar e, assim meu filho
estaria livre de tudo aquilo ou deixar que Ethan seguisse o seu
destino.
Nem mesmo a luz ou o amor jamais iria destruir quem realmente
sou. A minha verdadeira essência, e sendo assim, eu deixei que o
menino que já demostrava ter um lado obscuro, mostrasse ao
mundo tudo que ele era capaz de fazer.
Ethan Borislav, assim como disse aquele infeliz, seria o único capaz
de controlar não só duas máfias, como iria se espalhar feito uma
erva daninha por vários territórios e destruir quem estivesse em seu
caminho, porém, eu precisava agir para que os seus demônios
internos de fato tivesse algo que temeriam e somente a filha do
monstro renascido, seria o seu calcanhar de Aquiles.
Que mesmo num duelo entre luz e trevas, ódio e amor, Ethan,
assim como eu, teria a sua família, a sua iluminada, como sua única
salvação. Não que sua essência seria destruída, mas haveria uma
luz que estaria para sempre acessa dentro do seu coração.
Mostrando que um demônio pode usurpar a vida de um homem,
que o homem também pode se torna um monstro, mas, que o amor
ainda será o grande fio de esperança contra a escuridão.
Sei do seu passado, estou aqui para vivenciar o seu presente. Mas,
o futuro de todos sempre estará ligado a Madeleine, aquela que
resolveu mostrar a todos que o mundo da máfia é algo tenebroso.
Que uma criança pode ser moldada para o bem e para o mal, tendo
assim, luz e trevas dentro de si. O que fará dela um monstro ou um
anjo, é o lado com o qual escolher agir.
CECÍLIA BORISLAV
Com passadas firmes e precisas, seguimos em direção à entrada
principal da mansão Borislav. Ethan empurrava o carrinho duplo em
que estava Jasmim e Vitor, enquanto eu segurava as mãozinhas de
Brian e Theo. Atravessamos o curto corredor e as portas duplas
foram abertas, revelando o salão completamente cheio. As
multiplicidade de vozes que se misturavam no ambiente logo cessou
e a atenção de todos ficou direcionada para os dois novos membros
da família.
Meus olhos circularam por volta do grande salão. Do lado direito
estava os meus pais, Ana e Gael, que dentro de alguns meses vão
se casar, e minha avó, o tio Hulk e a vovó Yolanda. Do lado
esquerdo, os meus sogros, as gêmeas e também estavam Luccas,
Ayla, Clara e seu namorado, Eric, e próximo ao bar, karen e Boris.
No estofado, estavam sentados os avós de Ethan, sua tia Mila,
seu esposo e sua filha Júlia.
Nos momentos seguintes, os dois pimpolhos se juntaram as tias, já
minha mãe e minha sogra, fingiram que eu não estava ali e se
apossaram das minhas duas joias raras. A felicidade estava
estampada na expressão de todos e toda uma retrospectiva passou
em minha frente.
Enquanto muitos quando crianças desejam se tornar adulto, eu
queria jamais crescer e assim ficaria para sempre ao lado dos meus
pais. Mas, o tempo não para e quando chegou o momento que eu
tanto temia, pensei que a minha vida seria um verdadeiro inferno, o
que de fato foi sim, no início. Enzzo e o tio Hulk me treinaram por
quase 14 anos, mas, o que me esperava era bem diferente de tudo
aquilo que eu sempre imaginei. Em meio a tudo que me aconteceu,
eu resolvi esquecer e só assim conseguiria perdoá-lo. Ethan me
causou dor e sofrimento, porém, eu passaria por tudo novamente só
para ter ao meu lado os meus filhos e trazer ao homem de coração
empedrado, cruel e sanguinário e que jamais achei que saberia
amar, um pouco de luz.
Para quem estava temerosa em ter filhos, em dois anos de casada
e aos 21 anos de idade, já sou mãe de quatro filhos. Não preciso
nem dizer que tanto a minha mãe, quanto a minha sogra, são
apaixonadas pelos netos, mas nada se compara com os dois
homens que muitos consideram como monstros dentro da máfia,
porém, são capazes de tudo para defender sua família. Enzzo e
Dusan já vêm traçando vários planos para os três netos, já que
ambos sempre viveram cercados de muitas mulheres.
Ethan Borislav, aquele que foi o meu algoz e que muitos desejariam
a morte e certamente me julgam, dizendo que é uma romantizacão
inaceitável se amar um demônio, um monstro. Se hoje estivessem
diante desse cenário magnífico, entenderiam que entre o ódio e a
escuridão, foi o meu próprio algoz que me deu os maiores tesouros
da minha vida. Que Theo, Brian, Vitor e Jasmim tem um pai
maravilhoso, que embora com seu jeito ogro de ser, e tentando
disfarçar, sempre vejo como fica rendido aos encantos deles,
principalmente em relação a nossa princesinha.
Eu praticamente fui ao fundo do poço, mas em vez de permanecer
naquele lugar sombrio, eu procurei limpar o poço e entender o poço
para saber como faria para que a luz chegasse até ele. Deixo os
pensamentos de lado e caminho até onde os meus filhos estão.
"Se minha escolha para alguns é errada, para mim é totalmente o
contrário. Ninguém disse que a vida era um conto de fadas e
problemas todos nós sempre teremos, mas enquanto tiver amor,
sempre haverá esperança de dias melhores. Aquele homem temido
por todos, o meu ogro, não só mudou a minha vida, como se tornou
o dono do meu coração".

ETHAN BORISLAV
Olhando para tudo a minha volta, tenho a confirmação de que nada
é como planejamos. Eu fiz vários planos de como lidaria com aquela
atrevida, a fedelha que despertou várias sensações em mim.
Quando nos reencontramos, eu sabia que estava diante de um
grande desafio.
A princípio, eu queria apagar aquela luz que vinha dela, mas, com
Amber naquele lugar, os meus planos acabaram mudando de rumo,
contudo, a bonequinha tinha um olhar tão desafiador, que aquilo só
fazia com que algo dentro de mim entrasse em confronto. Eu não
me arrependo de nada que fiz, pois, escolhi um caminho que ao
percorrer, trançou o meu próprio destino.
Entre um mundo de luz, eu optei deixar que as trevas também
fizesse parte da minha vida. Ao contrário de muitos que são
moldados pelo sofrimento, eu escolhi ser quem sou. Os meus
demônios internos aprenderam a deixar de duelar e aceitar a luz
que somente ela e os nossos filhos, foram capazes de fazer chegar
até eles. Assim como Dusan e Enzzo, em minha vida já estava
predestinado a chegada de um anjo, contudo, bem diferente de
Helena e Luna.
Cecília nasceu dentro do coração da máfia e quis fazer parte dela,
um anjo lapidado na medida certa, mas capaz de se tornar
implacável para defender quem ela ama. Desvio o olhar em direção
a Jasmim, no momento que a vi pela primeira vez, ao tocar em suas
mãozinhas, eu senti a mesma sensação de quando estava preso
naquele tormento e foi com ajuda daquela garotinha que fui
arrancado das profundezas da escuridão. Os seus olhos me deram
a constatação que assim como Luna, Helena e Cecília, ela era um
anjo de luz e foi a minha filha, que antes mesmo de nascer, que
salvou a minha vida.
Deixo as lembranças de lado e caminho em direção ao meu pai,
instantes depois, já estava em sua frente. Meu olhar ficou fixo no
rosto do homem que não tem noção de quanto eu tenho orgulho
dele e espero algum dia corresponder todas as suas expectativas.
Em meio ao barulho das vozes que ressoavam, a minha tentou se
sobressair em meio às demais.
— Obrigado pela confiança e por ter feito a melhor escolha para a
minha vida. Um homem precisa de uma mulher, assim como o
soberano da máfia, jamais seria quem é se não fosse a sua cara
metade. A dona não só da máfia, mas do seu coração.
Cecília Demisovski Borislav, minha mulher, só minha — penso.
Capítulo especial

ENNZO
Risos e gargalhadas se misturam ao barulho das vozes exaltadas
da discussão sobre com quem os meus netos se parecem, o que
acabou tornando-se o assunto principal para os homens que estão
ao meu redor.
A minha família sempre foi o meu bem mais precioso, todo o ódio
que sentia em meu peito, provocado pelas chamas ardentes que
queimavam a minha pele e fez a escuridão envolver o meu coração,
foi dissipado quando acabei com a vida daquele infeliz que não
somente destruiu as pessoas que eu mais amava como foi o maior
algoz da minha esposa, um homem destrutivo, que não hesitou em
mostrar toda sua crueldade impondo sofrimento a uma criança.
A chegada das minhas duas filhas, fez um sentimento imensurável
me envolver e ao aceitar o acordo com Dusan Borislav, somente
quando fiquei diante da criança e ao ver o brilho intenso dentro
daquelas órbitas azuladas que tinham algo sombrio, eu sabia que o
destino do meu raio de luz mudaria para sempre. A cada fase do
seu treinamento, a satisfação e o orgulho me envolviam ao ver que
a minha filha, que embora tivesse uma expressão tão suave e traços
delicados, era muito mais forte do que aparentava. Sua vida não
seria fácil ao estar sob o jugo do soberano, porém, este não
encontraria um cristal, que ao ser jogado ao chão seria quebrado
em vários pedaços. Ela sim era a única capaz de chegar até o
coração trevoso daquele que foi predestinado para se tornar um
verdadeiro monstro dentro da máfia.
Quando Ethan propôs aquele plano para atrair Yan, eu aceitei de
imediato, mesmo sabendo que após pegar aquela raposa
ambiciosa, o meu maior desafio seria enfrentar Helena Petrovic.
Esta por sua vez, me fez voltar ao passado e lembrar de todo
caminho que foi percorrido por mim para consegui o seu perdão.
Talvez, se hoje não estivéssemos mais maduros e soubéssemos
que o nosso amor é capaz de superar qualquer obstáculo, eu ainda
estaria numa batalha para domar o anjo que se transformou numa
fera. Dias, semanas e meses se passaram e, eu tive que reconhecer
que havia agido errado, que a confiança sempre vem em primeiro
lugar e que nem sempre os fins justificam os meios.
A verdade sempre deve ser a melhor opção, contudo, vendo todos
reunidos e de como a união entre Ethan e Cecília, resultou no
nascimento daqueles que serão o futuro das duas famílias, eu tenho
a confirmação que fiz a escolha certa.

Dias depois...

ETHAN BORISLAV
— Papa! — disse Theo assim que Brian iniciou uma tentativa de
pegar o brinquedo que estava em suas mãos.
— Papai! Papai! Papai! — como já era de se esperar, o sapeca
disse no intuito de mostrar ao irmão qual era a forma certa, mas
Theo por sua vez, continuou tentando proteger o carrinho, já que
Brian não parava de puxar e mesmo sendo muito mais forte que
Theo, este embora calmo quando se tratava de defender algo que
gostava, mostrava o seu outro lado. De nada adiantava comprar
sempre dois brinquedos do mesmo, um sempre era deixado de lado
e começava uma verdadeira briga como se um quisesse mostrar ao
outro quem era o dono da situação.
— A vovó está aqui...
Fiquei parado olhando os dois enquanto a minha avó, com toda
paciência do mundo, tentava fazê-los entender que os dois
precisavam aprender a dividir em vez de brigar. Assim como fez
comigo, Ayla e Clara, tanto ela, como o meu avô vivem mimando os
bisnetos que sempre acabam deixando a briga de lado e ficam
rendidos aos carinhos que recebem deles. Dou algumas passadas e
me junto a eles e após fazer um afago naqueles dois bochechudos,
me levanto e meu olhar fica cravado nos dois pedacinhos de gente
que dormiam profundamente. A minha princesinha está cada dia;
mais linda e toda vez que vejo o brilho dos seus olhos, é como se
algo dentro de mim encontrasse uma paz que somente ela é capaz
de me proporcionar.
Com um giro nos calcanhares, viro-me em direção da porta e logo
em seguida com passos apressados, caminho pelo corredor com
destino ao meu quarto. Todavia, fico pensando em como quando
estou perto deles, fico irreconhecível, pois lá fora com os traidores,
contínuo tão implacável quanto antes, porém, da porta de casa para
dentro, é como se os meus demônios deixassem o meu corpo.
Aproveitando que os gêmeos estão dormindo e minha linda esposa
certamente deve estar tomando banho, nada mais justo que me
junte a ela e possa desfrutar de momentos bem prazerosos ao lado
daquela que se tornou a minha perdição e uma tigresa insaciável na
cama. Instantes depois, eu estava dentro do meu quarto e
rapidamente me livrei das minhas roupas, porém, toda calmaria
deixou-me em total alerta e a única justificativa era que a safada
estava dentro da banheira.
Cautelosamente caminho em direção ao banheiro e girando
sutilmente a maçaneta, a cena que se formou em minha frente
provocou um tremor violento por todo o meu corpo. Minha
respiração ficou estertorante e minha pele queimando como se
estivesse em chamas, fecho uma de minhas mãos na tentativa de
dissipar a raiva que inflama em minhas veias, enquanto a mulher
com rosto de anjo arrumava a caixa do chuveiro.
Um filme do que aconteceu dentro do banheiro no bordel passa pela
minha cabeça de maneira acelerada. Assim que ela termina,
rapidamente fecho a porta para que ela não note a minha presença,
segundos depois, respiro fundo e ao ouvir o barulho da água caindo,
era chegada a hora de essa atrevida me pagar com juros. Depois de
abrir a porta novamente, entro no ambiente e meus olhos vão em
direção à caixa de ferramenta que estava no chão. Ela que estava
dentro do box, arregala os olhos e suas feições ficam temerosas,
um silêncio constrangedor envolve o ambiente até o momento que é
interrompido por mim.
— Achei que já estivesse terminado o banho — disse num tom seco
e ela de certo estava no dilema se eu havia descoberto que foi ela a
responsável pela dor insuportável que senti.
— Estava prolongando na tentativa de que você viesse ao meu
encontro — fiquei observando-a e se fosse antes, eu a esmagaria
com as minhas próprias mãos, mas hoje eu vou cobrar da melhor
forma possível, vou fodê-la com força e forte e mesmo quando
terminar, essa atrevida ainda vai sentir como se o meu pau
estivesse pulsando violentamente dentro daquela bocetinha
deliciosa.
Deixo os pensamentos de lado e como num piscar de olhos, avanço
em sua direção, a safada que até então tinha uma expressão de
quem havia sido pega em flagrante, ao direcionar os olhos rumo ao
meu cacete, que está duro feito uma pedra, começa a morder o
lábio inferior, então, eu acabo com o problema ao juntar o meu
corpo ao seu e em seguida beijo a sua boca carnuda.
Um beijo cheio de fome que se torna ainda mais voraz à medida que
uma de minhas mãos desliza por sua pele molhada e chega até a
fonte do meu prazer, meus dedos passam pelos grandes lábios da
sua boceta suavemente, e sem pensar em mais estímulos, chego
até a sua fenda gulosa e enfio dois dedos profundamente, a fazendo
soltar um gemido abafado. Nossas línguas dançam de um lado para
o outro em sincronia com as penetrações dos meus dedos dentro da
sua boceta escaldante.
— Ah, isso, mais rápido — grunhiu em meio ao prazer.
Nos milésimos de minutos que passam entre estar devorando a sua
boca e massacrando a sua boceta com os meus dedos grossos e
experientes, uma de suas mãos segura firme o meu pau e uma
verdadeira tortura se inicia quando seus dedos suaves descem até
as minhas bolas e começam com movimentos suaves e logo depois
se tornam implacáveis, deslizando sua mão macia por todo
comprimento do meu cacete, me deixando ainda mais sedento de
desejo. Num movimento rápido, a puxei e uma troca de posição foi
iniciada. Ela entrelaçou as pernas em minha cintura, fazendo suas
costas baterem contra a parede de concreto. A bonequinha olhou-
me profundamente, seus olhos brilhavam quentes e cheios de
desejos.
— Minha...
— Sempre sua...
Aproximo minha boca da sua pele cheirosa e antes de mover os
lábios pelo seu pescoço comprido e delgado, faço um leve
movimento com o quadril para ter um encaixe perfeito do meu
membro na sua entrada que está molhada e pronta para receber o
meu cacete pulsante. Sem delongas, começo a beijar a sua pele,
enquanto o meu pau deslizava pelas dobras da sua carne rosada,
alagando-a, preenchendo-a e quando a minha boca toma a sua, o
meu corpo todo estremece, enquanto sua boceta aperta com força o
meu pau, o sugando com grande entusiasmo, ela por sua vez,
começa a se remexer e minhas estocadas ganham um ritmo
frenético. Seus gemidos são abafados por minha boca, e a cada
invasão, eu ia mais fundo, tocando terminações nervosas que fazia
com que seu corpo todo começasse a se contorcer.
Sua boca deixa a minha e sua voz num tom fraco se faz presente.
— Mostre para sua mulher porque somente você pode me levar ao
inferno e ao paraíso ao mesmo tempo.
— Seu perdido é uma ordem.
Ver suas feições e ouvir suas palavras só me incitaram a acelerar os
golpes contra o seu sexo com investidas que faziam meu pau
massagear cada um dos seus pontos sensíveis. A mulher se
remexia como se estivesse ensandecida, seus olhos, a cada
estocada, se tornavam mais reluzentes. Repeti o movimento,
entrando profundamente em sua abertura faminta, sentindo sua
bocetinha se contrair completamente.
— Gostosa.
— Continua, por favor...
Segurei firme em sua cintura, afastando um pouco o meu corpo para
ter em seguida a visão do meu pau entrando e saindo. Sendo
engolindo lentamente por sua fenda, acelerei o ritmo e ela começou
a se contorcer, enquanto sua boceta agarrava o meu membro, o
espremendo com força.
Rugindo feito um animal e com uma estocada violenta, nós dois
formos envolvido por um orgasmo estonteante, que me deixou
completamente paralisado. As batidas do meu coração eram fortes,
ela ainda estava de olhos fechados e no instante que eu ia sair de
dentro dela, com um murmuro, disse.
— Os meninos ainda não vão acordar, então. Estou pronta para a
próxima.
Seus olhos se abriram e os meus ficaram fixos nos dela e um
sorriso largo surgiu no meu rosto.
— Você é perfeita para mim, bonequinha.
— Eu amo você, meu ogro.
Agradecimentos
Sou grata primeiramente a Deus, por ter me dado forças e assim concluído mais
um livro.
Agradeço a Mirian Lemos, por ser simplesmente uma ótima avaliadora de novas
ideias, minha beta que foi de grande importância para conclusão desse enredo,
onde me vi cercada de várias dúvidas e incertezas.
Deixo aqui registrado o meu profundo agradecimento a minha amiga Rosana e as
participantes do meu grupo do Whatsapp, que abraçaram a história do Ethan e da
Cecília com muito entusiasmo e carinho. E, que foram fundamentais para que o
livro se tornasse o que é.
Estou felicíssima por tantos leitores terem gostado e embarcado comigo nessa
jornada. De coração, muito obrigada.
Enfim, agradeço a você que diretamente ou indiretamente, colaborou juntamente
comigo nesse caminho. E, a você caro leitor, a minha imensa gratidão por adquirir
esta obra.
Sobre a Autora
Anny Shwan, também conhecida como Love Dark, ambos
pseudônimo adotados em seus livros, nasceu no Maranhão, Brasil.
Depois de formada, trabalhou por vários anos até publicar sua
primeira obra, o livro “a princesa do deserto”, da série de romance
“mulheres fortes”, de grande sucesso. E desde então, vieram
muitos outros e agora ela dedica-se exclusivamente à escrita.
Também é autora da série “monstros da máfia” seu grande sucesso,
que é ovacionado pelo público até os dias de hoje.
Em breve...

Sinopse
Spin off da série “Monstros da máfia
Oвѕeѕѕão Perιgoѕa
A mais pura das intenções pode despertar a mais sombria das obsessões.
Ela foi apresentada a ele por um acaso.
Ele só precisou de um simples olhar, para declarar que ela seria sua para sempre.
Gael Miller, um lobo em pele de cordeiro. Um banqueiro poderoso, que comanda
seus negócios com mãos de ferro.
Ana Demisovski, a princesinha da máfia, que conhecerá o paraíso e o inferno da
pior maneira.
Ela será a obsessão de um homem possessivo e controlador.
A luz e as trevas num duelo fadado ao fracasso, devido às atitudes de um homem
capaz de fazer o impensável para ter o que quer. No entanto, será mesmo que
pode existir redenção para um monstro?

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