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A prova pericial possui três espécies diferentes (art. 464 do CPC): (a) exame, que é a
observação e análise de pessoas e objetos, para extrair as informações pretendidas (ex: exame médico em
pedido de benefício previdenciário por incapacidade, exame de DNA em pedido de investigação de
paternidade); (b) vistoria, que é a análise de bens imóveis, para verificar e especificar o seu estado (ex:
vistoria de terreno por engenheiro, em pedido de reintegração de posse) e (c) e avaliação, que é a atribuição
de valor ao bem, ou a definição do seu valor de mercado (ex: avaliação de corretor de imóvel ou de vendedor
de automóveis em pedido de rescisão ou de revisão de contrato).
O perito é intimado para, no prazo de 5 dias úteis, apresentar sua proposta de honorários, o seu
currículo e os meios de contato (art. 465, § 2º, do CPC). Tendo em vista que, em regra, o perito já possui
cadastro prévio no tribunal, é dispensada a apresentação do currículo e dos meios de contato. Ademais,
quando existir tabela prévia de valores da perícia, também não é necessária a manifestação do perito sobre a
quantia a ser paga. Por isso, em regra o prazo de 5 dias é conferido ao perito para ter ciência de sua
designação para realizar a prova no processo e, se for o caso, alegar alguma causa que o impossibilite de
produzi-la.
No mesmo ato, as partes são intimadas dessa decisão para, no prazo de 15 dias úteis, manifestarem-
se sobre a nomeação do perito (com a alegação de seu impedimento ou suspeição, se for o caso),
apresentarem assistentes técnicos e formularem quesitos (art. 465, § 1º, do CPC). Caso haja a apresentação
de proposta de honorários periciais, as partes são intimadas para se manifestarem sobre ela. Havendo
concordância, prossegue-se na realização da prova, mas, na hipótese de discordância, o juiz definirá o valor a
ser pago pela perícia, com a intimação da parte responsável pelo pagamento para realizar o depósito do
valor, no prazo fixado (art. 465, § 3º, e art. 95 do CPC).
O juiz também pode autorizar o pagamento de até 50% dos honorários arbitrados a favor do perito
no início dos trabalhos, com o pagamento da quantia remanescente após da apresentação do laudo e dos
eventuais esclarecimentos que forem necessários para a sua compreensão e completude (art. 465, § 4º, do
CPC). Antes do início da realização das diligências para a elaboração do laudo pericial, os assistentes
técnicos devem ser intimados com pelo menos 5 dias úteis de antecedência (art. 466, § 2º, do CPC).
O laudo deve observar os requisitos previstos no art. 473 do CPC, que são os seguintes: (a) a
exposição do objeto da perícia; (b) a análise técnica ou científica realizada pelo perito; (c) a indicação do
método utilizado, com os esclarecimentos pertinentes e a demonstração de que é predominantemente aceito
pelos especialistas da sua área do conhecimento; (d) e a resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados
pelo juiz, pelas partes e outros sujeitos processuais eventuais (terceiros, Ministério Público etc.).
A delimitação desse conteúdo mínimo do laudo busca uniformizar os trabalhos entregues pelos
peritos, fazer com que o laudo seja compreendido por seus destinatários e facilitar o controle pelo juiz e
pelas partes. Assim, os quesitos devem ser respondidos em linguagem simples e com coerência lógica (sem
o uso desnecessário de termos técnicos, mas com sua utilização de forma didática), para que os sujeitos
processuais possam compreender o laudo (art. 473, § 1º, do CPC). Ainda, o perito não pode ultrapassar os
limites de sua designação, tampouco emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do
objeto da perícia (art. 473, § 2º, do CPC). Com a entrega do laudo no processo, as partes têm o prazo comum
de 15 dias úteis para apresentar manifestação. Nesse prazo, cada uma das partes também pode apresentar o
parecer de seu assistente técnico (art. 477, § 1º, do CPC).
Se for necessário, o juiz deve intimar o perito para prestar esclarecimentos ou para responder
quesitos complementares, no prazo de 15 dias (art. 477, § 2º, do CPC).
Caso as informações complementares prestadas pelo perito não forem suficientes, ele pode ser
ouvido em audiência, para completar o laudo oralmente (art. 477, § 3º, do CPC). Nessa hipótese, se o laudo
for inconclusivo ou a perícia se demonstrar deficiente, mesmo após a intimação do perito para esclarecê-lo
ou completá-lo, o juiz pode diminuir o valor dos honorários inicialmente arbitrados (art. 465, § 5º, do
CPC). Contudo, essa definição da deficiência do laudo deve ser declarada por decisão judicial,
fundamentada de modo específico e com a indicação das falhas do laudo. Ainda, é possível a realização de
uma nova perícia (com outro profissional), determinada de ofício pelo juiz ou mediante requerimento de uma
das partes, quando a questão objeto do laudo não tiver sido suficientemente esclarecida (art. 480 do CPC).
Desse modo, caso o juiz verifique que a perícia foi insuficiente, pode determinar a realização de
nova perícia. Essa segunda perícia não anula ou substitui a primeira, trata-se de uma nova perícia sobre os
mesmos fatos analisados na primeira, mas com o objetivo específico de corrigir a omissão ou a inexatidão
dos resultados desta (art. 480, § 1º, do CPC).
Por isso, não há uma substituição, mas uma complementação da primeira pela segunda perícia (art.
480, § 3º, do CPC). Logo, não se deve realizar genericamente uma nova prova pericial, com a mesma
amplitude da primeira (a menos que não se possa aproveitar nada desta para o processo). O objeto da
segunda perícia deve ser especificado na decisão judicial e se limitar a corrigir vícios da primeira,
especialmente as eventuais lacunas, falhas, incoerências e outros problemas encontrados.
Ao valorar as provas na sentença, o juiz deve levar em consideração as duas perícias, indicando o
que utiliza – e o que afasta – de cada uma na reconstrução dos fatos e na formação de seu convencimento
(inclusive a possível preferência por uma delas na valoração), observadas as regras do art. 479 do CPC.
Esses pontos são aplicáveis no contexto legal brasileiro e podem variar em outros sistemas jurídicos. É
sempre importante consultar a legislação local e contar com o auxílio de advogados especializados em
direito processual para entender os detalhes específicos sobre a prova pericial em uma determinada
jurisdição.