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ELABORAÇÃO DE POLÍTICA AMBIENTAL

A cultura organizacional e as demandas


da gestão ambiental
Tendo em vista o contexto globalizado, que inclui o movimento ecológico, a
mudança no perfil dos consumidores e as pressões dos movimentos sociais
por melhor performance das organizações, a gestão ambiental se
apresenta como uma variável fundamental a ser inserida no planejamento
estratégico das organizações e no desenvolvimento da cultura
organizacional.

A partir da década de 1970, as organizações começaram a experimentar


intensas pressões para adoção de métodos de produção e práticas
ambientalmente menos impactantes e mais sustentáveis. Mesmo
objetivando principalmente o lucro, as organizações que possuem práticas
predatórias ao meio ambiente começaram a receber sanções legais e a
angariar a antipatia e, até mesmo, o boicote do mercado consumidor.

Uma das razões para que as organizações busquem melhorar a sua


atuação e o seu desempenho ambiental está diretamente ligada a questões
regulatórias internacionais. Os níveis de exigências em relação à
proteção ambiental têm aumentado cada vez mais.

Outro aspecto que tem influenciado é o conhecimento em relação às


práticas organizacionais. A ligação destas com os impactos e os
consequentes danos ambientais tem se tornado cada vez mais acessível a
toda sociedade. A reputação das organizações fica diretamente atrelada à
sua capacidade de agir ambientalmente dentro da lei, sua capacidade de
reduzir riscos ambientais, de reduzir a poluição e de melhorar seu
desempenho ambiental cada vez mais.
Os movimentos ambientais no mundo tornaram amplamente visível e
inegável a necessidade de mudança das práticas do mundo inteiro em
relação à natureza.

Por meio da ISO (Organização Internacional de Normalização), novas


ferramentas foram geradas e regulamentadas com o intuito de inserir a
preocupação e os instrumentos para a gestão ambiental na cultura, nas
estratégias e nos sistemas de gestão das organizações.

A ABNT NBR ISO 14001:25 é a norma específica que trata do arcabouço


de requisitos para a gestão ambiental. Ela é considerada uma poderosa
ferramenta de qualidade, excelência e gestão da imagem para uma
organização, além de ser fator crítico de competitividade.

Todavia, a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA) não


é garantia de que as organizações usufruirão dos benefícios desta nova
realidade. Para que as organizações consigam obter os benefícios da
gestão ambiental, elas devem atentar para o fato de que características de
sua cultura organizacional influenciam a adoção deste modelo de gestão.
Assim, as empresas devem identificar e estabelecer as características
culturais adequadas à implementação dessas práticas para que obtenham
os benefícios propostos pela gestão ambiental.

A preocupação com o meio ambiente em seu processo de


construção histórica e sua importância

A conferência sobre biosfera de 1968 marcou o início de uma consciência


ecológica mundial que se seguiu na primeira Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente de Estocolmo, em 1972. A partir daí, vários
países afirmaram que a solução para a poluição não era conter o
desenvolvimento, mas, sim, orientar o desenvolvimento para preservar o
meio ambiente e os recursos não renováveis.

A partir da participação brasileira na Conferência de Estocolmo, foi


institucionalizada a autoridade federal orientada para a preservação
ambiental no país, criando-se a Secretaria Especial de Meio Ambiente
(Sema), em 30 de outubro de 1973.

No Brasil, o agravamento da questão ambiental começou a ser percebido


em áreas industrializadas, decorrente do fenômeno de concentração de
atividades urbanas e industriais.

 Após a segunda metade da década de 1980, surgiu uma espécie de "ambientalismo


de livre mercado", que trocou a ênfase das regulações dos insumos e das atividades
para os resultados. Os novos instrumentos de política ambiental mudaram as
possibilidades de utilização das ações ambientais como instrumentos de marketing e
estratégia competitiva pelas empresas.
 Desde a década de 1970 até meados da década de 1990, pode-se demarcar uma
fronteira clara da atuação empresarial relativa ao meio ambiente. Da típica postura
reativa, própria dos anos 1970, em que se considerava a relação entre proteção
ambiental e desenvolvimento absolutamente antagônica, uma parte do setor
empresarial assumiu uma postura proativa e inseriu-se na comunidade ambientalista
em meados da década de 1980, ganhando destaque no início da década de 1990.
 Até o final dos anos 1980, com a tendência crescente demonstrada por certos
segmentos do mercado de utilizar seu poder de compra para assegurar a melhoria
ambiental (como a opção por produtos menos prejudiciais), os produtores passaram a
incorporar cada vez mais rótulos ambientais em suas estratégias de comercialização
(sobre a biodegradabilidade ou seu processo de produção, como conteúdo reciclado
ou ausência de gases que afetam a camada de ozônio).
 Na década de 1990, muitas organizações começaram a integrar o meio ambiente em
suas estratégias de negócios, desenvolvendo atividades de marketing benéficas à
imagem empresarial.

Desde o começo da década de 1990, proteção ambiental e competitividade econômica


têm se entrelaçado. O que anteriormente foi dirigido por pressões que estavam fora do
mundo dos negócios é agora direcionado por interesses que existem dentro do
ambiente econômico, político, social e mercadológico das empresas.

No ambiente organizacional, novas situações passaram a ser consideradas


para o estabelecimento de estratégias ambientais. Investidores e acionistas
passam a ficar interessados no desempenho não só econômico, mas
também ambiental das organizações, em razão dos possíveis riscos
financeiros que um desempenho ruim pode acarretar. Outras instituições
também passam a dar maior importância ao tema aumentando, inclusive, os
cursos universitários e profissionalizantes na área.

Com o objetivo de unificar os entendimentos, em julho de 2001, o CB-38,


Comitê Brasileiro de Gestão da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) emitiu um documento no qual estabelece que "comprometimento do
atendimento à legislação implica que a empresa deve estar atendendo
todos os requisitos legais aplicáveis". Assim, considerados o requisito
normativo e a sua interpretação unificante, fica definido para as empresas
um patamar mínimo de desempenho ambiental, com caráter de
cumprimento compulsório e correspondente ao atendimento dos requisitos
da totalidade da legislação aplicável e vigente.

Com o passar do tempo, a questão ambiental passou a ser tratada como


uma agenda positiva. No campo das teorias de desenvolvimento, foram
surgindo novos conceitos, como desenvolvimento sustentável e o
ecodesenvolvimento, produção mais limpa e gerenciamento ambiental. No
campo empresarial, acentuaram-se os vínculos positivos entre preservação
ambiental, crescimento econômico e atividade empresarial.
Com isso, as práticas ambientais corporativas sustentáveis têm se tornado
menos uma questão apenas ambiental e mais uma questão de estratégia
competitiva, marketing, finanças, relações humanas, eficiência operacional
e desenvolvimento de produtos.

A questão ambiental e a cultura das organizações

Não seria inusitado atribuir às organizações – e às pessoas que nelas


trabalham – parte significativa dos impactos ambientais gerados
diariamente.

Se as organizações podem ser consideradas expoentes da degradação


ambiental que a humanidade testemunha, podem também ser analisadas
como agentes da transformação ambiental que se espera, tornando-se
organizações mais sustentáveis. Mas, para serem agentes de uma
mudança mais ampla, as próprias organizações devem conduzir alterações
internas em seus produtos e processos.

Tais mudanças internas envolvem alteração dos paradigmas


organizacionais, dos valores e dos pressupostos do coletivo
de indivíduos reunido em uma organização. Enfim, a mudança
no posicionamento ambiental pressupõe uma cultura
organizacional que suporte a gestão ambiental e suas
inovações correlatas.

A cultura organizacional deve ser visualizada por meio de uma perspectiva


multidisciplinar, uma vez que é produto de um processo social complexo,
que se constitui com base na conjugação de diversas variáveis, de natureza
tangível e intangível.

Os fatores tangíveis relacionam-se às tecnologias de gestão e de processo,


às características do ambiente de trabalho, além dos artefatos materiais,
dos produtos e dos serviços que se originam no âmbito empresarial.

Por outro lado, os elementos intangíveis são perceptíveis na simbologia,


nas marcas, nos costumes, nas crenças e nas ideias preestabelecidas, nos
valores, nas regras e nos tabus presentes no cotidiano empresarial.

Segundo Schein (1982), cultura organizacional diz respeito ao


conjunto de pressupostos básicos que determinado grupo
inventou, descobriu ou desenvolveu em seu processo de
aprendizagem a fim de lidar com problemas de adaptação
externa e integração interna. Caso esses pressupostos sejam
considerados válidos, eles são ensinados aos demais
membros da organização como a maneira certa de se
perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas.

O conceito de Schein concebe a cultura à luz de uma perspectiva dinâmica,


principalmente no que tange à maneira como ela é aprendida, transmitida e
transformada.

A cultura organizacional verde pode ser definida como o conjunto de


pressupostos, valores, símbolos e artefatos organizacionais que refletem o
desejo ou a necessidade de a empresa operar de maneira ambientalmente
correta.

A cultura organizacional e a gestão de recursos humanos estão intimamente


ligadas, uma vez que as organizações que possuem sólidos mecanismos de
gestão ambiental, amparados por uma cultura organizacional de valorização
do meio ambiente, tendem a atrair trabalhadores mais motivados e
competentes. Além disso, a cultura organizacional para o meio ambiente
tende a ser mais pujante quando a empresa possui um grupo de
colaboradores ambientalmente conscientes.

Barreiras comuns na implantação de um sistema de gestão ambiental

 Barreiras organizacionais: ênfase na sobrevivência, poder de decisão, alta


rotatividade da equipe técnica, falta de envolvimento dos empregados.

 Barreiras sistêmicas: falta ou ausência de informação, sistema de gestão inadequado


e falta de capacitação dos empregados.

 Barreiras comportamentais: falta de cultura organizacional propícia; resistência a


mudanças; falta de lideranças; ausência de supervisão efetiva; insegurança no
trabalho.

 Barreiras técnicas: falta de infraestrutura; treinamento limitado ou não disponível;


acesso limitado às informações técnicas; defasagem tecnológica.

 Barreiras econômicas: disponibilidade e custo de financiamento; exclusão de custos


ambientais da tomada de decisão e das análises de custo/benefício.

 Barreiras governamentais e outras: algumas políticas industriais não estimulam


ações que considerem a questão ambiental como prioritária; ausência de política de
preço real para os recursos naturais; falta de incentivos para minimizar os impactos
ambientais; falta de suporte institucional; falta de espaço físico para implantação dos
projetos.

O envolvimento da alta direção, a ampla divulgação e a ênfase nos


processos de comunicação constituem peças fundamentais para definir o
sucesso ou o fracasso dos projetos ambientais e moldar a cultura da
organização para as questões ambientais.
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Percebe-se que a motivação dos empregados para a gestão ambiental


possui, na cultura organizacional, um fator promotor ou inibidor. Sendo
assim, a cultura organizacional é identificada como fator preponderante da
participação dos funcionários em projetos de melhoria da gestão ambiental
na empresa.

Esse aspecto demanda um processo de comunicação clara dos valores e


alinhamento dos sistemas de recompensa e punição vigentes na empresa.
Além disso, os dirigentes empresariais devem emitir feedbacks do
desempenho ambiental dos funcionários a fim de perpetuar valores
corretos, reforçando-os por meio de educação e treinamento.

Neste contexto, o principal componente da moderna gestão de recursos


humanos é a criação de uma cultura organizacional fundamentada em
valores ambientais e o desenvolvimento de competências técnicas capazes
de explorar oportunidades mercadológicas relacionadas à dimensão
ambiental.

Um SGA representa a estratégia empresarial para a identificação, por meio


de planos e programas de caráter preventivo, das possíveis melhorias a
serem realizadas, com o intuito de conciliar definitivamente a lucratividade
empresarial com a proteção ambiental, versando tanto nos produtos quanto
nos processos industriais.

Como a adoção de um SGA representa uma mudança cultural, geralmente


provoca conflitos. Se não houver firme e clara disposição da alta
administração de apoiar as mudanças, as resistências à implantação podem
se tornar insuperáveis.

As empresas comprometidas com a conquista da melhoria contínua de seu


desempenho ambiental, proporcionada pelo SGA, buscam continuamente
soluções para três questões fundamentais: onde se encontra, aonde quer
chegar e como chegar lá.

Clique nos títulos centrais abaixo para visualizar o conteúdo.


Sabe-se que as organizações atuam em um contexto cada vez mais
complexo, instável e competitivo, que são mais pressionadas pela
sociedade e que buscam se adaptar ao novo perfil das partes interessadas,
gradativamente, mais exigentes e menos satisfeitas.

Também fica claro que, para obter sucesso na implantação e no


desenvolvimento de uma cultura ambiental nas organizações, existe a
necessidade imperativa de trabalhar em uma perspectiva integradora entre
os conceitos e elementos da cultura organizacional, inovações ambientais,
normatização e interesses das partes.

Assim, após essa contextualização, cabe aos dirigentes de organizações


iniciarem o processo de inserção da variável gestão ambiental em seu
planejamento estratégico, mesmo que de forma incipiente, a curto ou médio
prazo, sob o risco de comprometer a sobrevivência da organização onde
atuam.

A disseminação da prática da gestão ambiental contribuirá para


conscientização e maturidade da sociedade, gerando efeitos positivos na
atuação das empresas. Também estimulará atitudes proativas em todos os
envolvidos, desenvolvendo constantemente a cultura organizacional para a
adaptação às mudanças propostas.

Pode-se, portanto, afirmar que a gestão ambiental se configura como


exigência posta a toda organização de qualquer dimensão.

Referências bibliográficas
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Ambiental- O Desafio de Ser Competitivo Protegendo o Meio Ambiente. 3ª
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