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Tópicos de História Ambiental

O extrato de texto de Pádua1 apresenta reflexões importantes sobre as mudanças


epistemológicas que promoveram a criação da história ambiental como disciplina.
A afirmação da história ambiental como campo historiográfico é recente apesar
do reconhecimento da sua importância e de influência na história humana se tenha
iniciado no século XIX2, sendo que Donald Worster refere que o conceito de história
ambiental emergiu na década de 70 devido ao aumento dos movimentos ambientalistas,
nomeadamente na Europa e nos Estados Unidos da América e ainda devido às
conferencias, que ocorreram nesta época, sobre a crise global, ou seja uma época de
transformações culturais a nível mundial. Este autor afirma que a história ambiental
resulta de compromissos políticos e objetivos morais3. Em Portugal Guimarães e Amorim
apontam que este campo historiográfico teve como marco a criação de uma Rede
Portuguesa de História Ambiental em novembro de 2015, e que revela dinamismo e
diversidade de temas e metodologias4. Estes autores citam Amorim e Barca para
apresentar uma ideia de história ambiental e revelam que pode ser entendida como uma
área de investigação interdisciplinar que pretende explorar as relações que se estabelecem
entre as sociedades e os seus ambientes e como influencia o ambiente essas relações
sociais5 ou, como refere Worster “a história ambiental trata do papel e do lugar da
natureza na vida humana”6, sendo pautada pela interdisciplinaridade. A história ambiental
impulsionada no pós-Segunda Guerra Mundial pela ênfase crítica promovida por diversos
setores, como grupos da sociedade civil, entidades governamentais e ações individuais.
Essa abordagem favoreceu uma análise crítica das ações humanas em relação à natureza
marcando o início de movimentos políticos, sociais e culturais. Porém, a capacidade do
homem degradar o ambiente é uma preocupação moderna7.
As mudanças vividas ao longo dos tempos social, económica e politicamente,
favoreceu a metamorfose das mentalidades e desafiou os historiadores a atentar na
dicotomia ambiente e vida humana. No trecho em análise ressalta-se a conceção de que a
ação humana pode ter um impacto significativo no mundo natural, inclusive levando à
sua degradação. Worster aponta que é necessário distinguir-se entre ações humanas e
ações espontâneas e autogeradas8. Estas últimas fogem do controlo humano, mas
estimulas reações que podem ser de defesa ou de ambição. O autor aponta que a história
ambiental procura responder, nomeadamente o entendimento da natureza, sua
organização e funcionamento no passado; o entendimento da relação socioeconómico do

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homem com o ambiente e no entendimento das perceções, ética, leis que possibilitam a
relação do homem com a natureza9, sendo tarefa dos historiadores unir sociedades e
natureza. Por sua vez aponta que o homem é tanto vítima da natureza como de si mesmo
– hábitos, ambições10. Braudel apresenta o Mediterrâneo como palco para uma história
do mar no âmbito cultural, político e económico. Um palco exposto aos elementos
climáticos que, por um lado, estabelecem limites e, por outro lado, oferecem
possibilidades à ação humana, e, consequentemente, às incessantes trocas por vias
terrestres e marítimas. Esta perspetiva reflete um reconhecimento crescente da
responsabilidade humana nas transformações ambientais, contrapondo-se a visões
anteriores que viam a natureza como inabalável diante das atividades humanas.
É abordada no trecho uma outra mudança - a revolução nos marcos cronológicos
para compreensão do mundo. Com a sedentarização humana, a transformação urbano-
industrial, o aumento da taxa demográfica, a expansão colonial, o fenómeno da
globalização, a economia-mundo, os avanços científicos e tecnológicos a modificação do
ambiente foi inevitável. Estes avanços científicos e tecnológicos favorecem o saber
geográfico e o entendimento do colapso do planeta11. Aborda ainda a natureza como uma
história, um processo de construção e reconstrução ao longo do tempo. Essa abordagem
dinâmica representa uma quebra com a visão estática do ambiente, que historicamente o
tratava como um cenário imutável. Ao reconhecer a natureza como um processo em
constante evolução, os historiadores ambientais podem compreender melhor as
complexas interações entre sociedade e ambiente, considerando as mudanças ao longo do
tempo como parte integrante da narrativa ambiental.
Em jeito de conclusão salientamos que as mudanças epistemológicas apresentam
desafios. A noção de que a ação humana pode degradar o meio ambiente destaca a
urgência para abordar questões ambientais, mas também levanta a questão da
responsabilidade e da necessidade de ações corretivas. Além disso, a consideração de uma
visão dinâmica da natureza demanda uma abordagem mais complexa e interdisciplinar na
pesquisa histórica, o que pode ser desafiador para os historiadores ambientais. É nesta
senda que o texto de José Augusto Pádua destaca transformações fundamentais na
abordagem da História Ambiental, fornecendo uma base crítica para a compreensão da
relação entre seres humanos e meio ambiente ao longo do tempo.

NOTAS DE FIM
1
PÁDUA, José Augusto - As bases teóricas da História Ambiental. Estudos avançados. Vol. 24, nº 68, S.
Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de S. Paulo, 2010, p. 83.

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2
PÁDUA, José Augusto- op. cit., p. 81.
3
WORSTER, Danald – Para fazer história ambiental. Estudos Históricos. Vol. 4, nº 8, Rio de Janeiro,
1991, p. 199.
4
GUIMARÃES, Paulo E.; AMORIM, Inês -A História Ambiental em Portugal: A emergência de um
novo campo historiográfico. AREAS- Revista Internacional de Ciencias Sociales, História ambiental en
Europa y América Latina: miradas cruzadas 35, 2016, p. 48.
5
GUIMARÃES, Paulo E.; AMORIM, Inês – op. cit., p.48
6
WORSTER, Danald – op. cit., p.201.
7
PÁDUA, José Augusto- op. cit., p. 83.
8
WORSTER, Danald – op. cit., p.201.
9
WORSTER, Danald – op. cit., p.202.
10
Braudel, Fernand – Memórias del mediterráneo. Madrid: Catedra, 1998.
11
PÁDUA, José Augusto- op. cit., p. 83.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAUDEL, Fernand – Memórias del mediterráneo. Madrid: Catedra, 1998.


GUIMARÃES, Paulo E.; AMORIM, Inês - A História Ambiental em Portugal: A
emergência de um novo campo historiográfico. AREAS- Revista Internacional de
Ciencias Sociales, História ambiental en Europa y América Latina: miradas
cruzadas 35, 2016, pp 47-58
PÁDUA, José Augusto - As bases teóricas da História Ambiental. Estudos avançados.
Vol. 24, nº 68, S. Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de S.
Paulo, 2010, p. 83.
WORSTER, Danald – Para fazer história ambiental. Estudos Históricos. Vol. 4, nº 8, Rio
de Janeiro, 1991, p. 198-215.

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