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COMPORTAMENTAL PARA
ESQUIZOFRENIA
Autor | Arthur de Almeida Berberian
Revisão | Edela A. Nicoletti
2020
C L I N I C A , E N S I N O E P E S Q U I S A
DR. ARTHUR A. BERBERIAN
PSICÓLOGO | CRP: 06/86877
Formação em Psicologia pela Universidade São Francisco (USF).
Mestre em Psicologia (Avaliação Psicológica) pela USF.
Doutor e Pós-doutorando em Psiquiatria e Psicologia Médica pela
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
ORCID ID:
https://orcid.org/0000-0002-7281-0892
Scopus Author ID: 35090056600 CENTRO DE TERAPIA COGNTIVA VEDA
1. O QUE É A TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL?
A terapia cognitiva-comportamental (TCC) é uma classe de psicoterapias, que
possui o mais extenso suporte empírico da atualidade. Ela busca compreender
e educar sobre o modo pelo qual pensamentos, comportamentos e emoções
influenciam-se mutualmente (Hoffman & Hayes, 2018).
Para que a TCC tenha eficácia, é preciso sempre considerar suas as oito
características-chave (Beck, 2013):
3) Tratamento estruturado;
Isso se torna possível quando o paciente desenvolve uma postura ativa e em direção a sua própria
recuperação. Essa postura o colocará em direta relação com o fato de ter esquizofrenia.
• Atender antes o paciente e depois a família, pois é o primeiro momento para se trabalhar o
vínculo.
• Se for um caso de primeiro episódio e uma vez que o diagnóstico se confirme, com o passar do
tempo, a discussão sobre isso deverá ser feita quando o paciente estiver preparado e a aliança
terapêutica estiver bem estabelecida. Deve-se trabalhar a conscientização e a aceitação da doença.
Diversos conteúdos para uso junto aos pacientes podem sem acessados aqui: http://nasmhpd.org/-
content/treatment-programs.
CLINICA, ENSINO
E PESQUISA
CENTRO DE TERAPIA COGNTIVA VEDA
2.2.1. FASE 1
Uma estratégia eficiente pode ser priorizar avaliação e metas relacionadas ao aumento da qualidade
de vida e/ou redução do sofrimento, evitando o acesso direto aos sintomas psicóticos. Em alguns
casos, deixar o paciente contar sua história ou facilitar que ele entenda melhor suas próprias
experiências, pode ser bem apropriado. Independente dos sintomas psicóticos não serem
abordados inicialmente, é fundamental estabelecer uma lista de problemas ou de objetivos
direcionados a melhora da qualidade de vida do paciente a sua recuperação. Isso possibilita
também a introdução e a psicoeducação sobre as oito características-chave da TCC (Beck et al.,
2010; Morrison, 2017).
Após o estabelecimento de vínculo, o terapeuta poderá fazer uso de instrumentos objetivos com
propriedades psicométricas adequadas para avaliação. As medidas consideram os seguintes
construtos: sintomas positivos, negativos, psicopatologia geral, funcionalidade, impressão cínica,
qualidade de vida, superação (recovery), percepção de suporte social, habilidades sociais. Dados
de avaliação neuropsicológica, quando disponíveis, também podem facilitar a formulação de caso de
elaboração de estratégias de intervenção. A finalidade é aprimorar a formulação de caso, o plano de
tratamento e, principalmente, monitorar a eficácia das intervenções propostas.
b. Normalização
Os objetivos fundamentais da uma normalização são: instituir esperança, favorecer a adesão e, sem
invalidar a importância subjetiva e única do indivíduo, transmitir a ideia de que “tais vivencias
internas (sintomas psicóticos) ou problemas funcionais, não acontecem somente com ele”. Outras
pessoas também passaram ou passam por isso. O paciente e seus familiares não estão sozinhos,
sendo que muitas pessoas conseguem superar estes problemas (Wright et al., 2010).
promoção da “Nunca vou conseguir emprego” Conclusões apressadas, pensamento do tipo “tudo
ou nada”
normalização (Wright et
al., 2010). “Devo estar possuído por um demônio” Falta de evidências
A TCC sugere que delírios e alucinações são ideias ou fenômenos perceptivos cerebrais que
literalmente invadem a consciência do paciente. Essa invasão é bastante semelhante a outras
doenças, por exemplo, pensamentos intrusivos no transtorno obsessivo compulsivo, ou
pensamentos catastróficos em transtornos de ansiedade. São pensamentos não deliberados que
concorrem com o fluxo de pensamento normal do paciente. Mais do que isso, todas as pessoas,
mesmo aquelas sem doença mental, possuem todos os dias, ideias intrusivas. Porém, possuem
capacidade de inibi-las; capacidade de dissociação entre pensamentos e realidade objetiva;
reconhecem tais pensamentos como sendo próprios e não como colocados por outras pessoas; ao
ponto de não se preocuparem com estas ideias, ou nem mesmo prestarem atenção às mesmas.
• Delírios são crenças irreais e cristalizadas que persistem, mesmo quando confrontadas por
evidências empíricas contrárias as suas suposições;
• A anorexia caracteriza-se por uma imagem corporal altamente destorcida e irreal, com ideias ficas
de sobrepeso. Mesmo que ocorram inúmeras hospitalizações por desnutrição, presença de risco de
vida, ou seja, dados objetivos revelem sua irrealidade, tais sintomas subsistem;
• O transtorno obsessivo compulsivo é caracterizado por uma crença irreal de fusão entre
pensamento e ação. Em outras palavras, se um pensamento invadir a mente de uma pessoa (p. ex.,
“eu machucarei meu filho”), ela acreditará fortemente que machucará seu filho na vida real. Mesmo
que evidências contrárias comprovem que esta fusão é ilusória, tal percepção permanece com os
pacientes.
Após ter sido demitida por cometer um erro no trabalho, acreditava que
era continuamente humilhada por seu chefe e por pessoas com as quais
trabalhou.
É evidente, pois que o uso de protocolos válidos testados por meio de ensaios
clínicos randomizados (sistema nomotético) se faz necessário. Porém, é também
importante o uso de formulações com base ideográfica e de técnicas baseadas
em evidências de processos (Hoffman & Hayes, 2018), que podem ultrapassar
o raciocínio nosológico psiquiátrico.
f. Modelos de vulnerabilidade-estresse-coping
Os modelos são vulnerabilidade-estresse-coping (Nuechterlein et al., 1993)
permitem estabelecer uma lógica teórico-dedutiva essencial para uma
formulação biopsicossocial abrangente.
Para se compreender corretamente esta segunda perspectiva, é preciso se perguntar: existe alguma
vida de qualidade que não seja aquela reconhecida por quem a vivencia? Existe alguma vida de
qualidade, bem-estar ou saúde, sem a presença do indivíduo? Há alguma saúde, sentido de vida ou
superação cujas avaliações não tenham origem nas percepções de um ou vários pesquisadores, que
elaboraram os instrumentos para mensurá-las?
h. Modelo Metacognitivo
Nas psicoses, o termo metacognição tem sido utilizado de diferentes maneiras. Num sentido mais
técnico e prático, a terapia baseada em metacognição objetiva auxiliar o paciente a desenvolver
habilidades para evitar vieses de pensamentos e estilos de raciocínios que alimentam sintomas
psicóticos (Balzan, Moritz & Scneider, 2019).Dentre os vieses e os objetivos de tratamento estão:
técncias para superar conclusões precipitadas (Jumping to Conclusion) e negação de evidências
desconfirmatórias (Bias Against Disconfirmatory Evidence); excesso de confiança em erros
(Overconfidence in Errors); estilo de atribuição externa e percepção monocausal para fatos (Biased
monocausal and External Attribution Styles); déficits em teoria da mente; esquemas cognitivos
depressivos (Depressive Cognitive Schemata) (Balzan, Moritz & Scneider, 2019).
Num sentido profundo, metacognição é uma habilidade dimensional que permite uma pessoa formar
e entender representações mentais, ao longo do tempo, sobre si mesma (sua identidade), sobre os
outros (identidade dos outros), sobre o mundo (identidade das coisas) e sobre o significado da vida.
Essa capacidade de representação se faz necessária para tornar possível um processo de vivência
construtivista-existencial, necessário para que um paciente lide com suas emoções e reconfigure sua
identidade, para busca de uma vida significativa, apesar de ter esquizofrenia.
j. Ciclo de Manutenção
Os ciclos de manutenção constituem os objetivos primários de qualquer intervenção em TCC, pois
são eles os responsáveis pela manutenção de sintomas e agravamento das dificuldades do quadro
do paciente. A Tabela 2 descreve alguns ciclos de manutenção de um caso hipotético.
2.3 FASE 2
2.3.1 Plano de tratamento
CLINICA, ENSINO
E PESQUISA CENTRO DE TERAPIA COGNTIVA VEDA
Minimizar estresse negativo causado por sintomas psicóticos
Estratégia Objetivo
Manual terapêutico para área laboral (Roder et al., Gerenciamento autônomo de tudo que implica trabalhar
2008) e conquistar graus de independência financeira
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