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UM LUGAR NO BOSQUE

Jorge Bucay
(BUCAY, Jorge - 2005)
(Contos para pensar, Cascais, Pergaminho)

Esta história fala-nos de um famoso rabino hassídico: Baal Shem Tov.


Baal Shem Tov era muito conhecido no seio da sua comunidade, porque
todos diziam que era um homem tão piedoso, tão bondoso, tão casto e
tão puro que Deus escutava as suas palavras quando ele falava.
Tinha-se criado uma tradição naquele povoado: todos aqueles que
tinham um desejo insatisfeito ou precisavam de alguma coisa que não
tinham podido conseguir, iam ver o rabino.
Baal Shem Tov reunia-se com eles uma vez por ano, num dia especial
que ele escolhia. E levava-os a todos a um lugar único que ele conhecia,
no meio do bosque.
E, uma vez ali, conta a lenda, Baal Shem Tov acendia com ramos uma
fogueira de uma maneira muito particular e muito bonita, e entoava
depois uma oração em voz muito baixa, como se fosse para si próprio.
E dizem….
Que agradava tanto a Deus aquelas palavras que Baal Sem Tov dizia,
encantava-O tanto aquela fogueira acesa daquela maneira, gostava
tanto daquela reunião de pessoas naquele lugar do bosque…. Que não
podia resistir ao pedido de Baal Shem Tov e concedia os desejos de
todas as pessoas que ali estavam.

Quando o rabino morreu, as pessoas deram-se conta de que ninguém


conhecia as palavras que Baal Shem Tov dizia quando iam todos juntos
pedir alguma coisa.
Mas conheciam o lugar do bosque e sabiam como acender a fogueira.
Uma vez por ano, seguindo a tradição que Baal Shem Tov tinha
instituído, todos aqueles que tinham necessidades e desejos
insatisfeitos reuniam-se naquele mesmo lugar do bosque, acendiam a
fogueira da maneira que tinham aprendido com o velho rabino e, como
não conheciam as suas palavras, cantavam qualquer canção ou
recitavam um salmo, ou olhavam apenas uns para os outros e falavam
de qualquer coisa naquele mesmo lugar, à volta da fogueira.
E dizem…..
Que agradava tanto a Deus a fogueira acesa, gostava tanto daquele
lugar no bosque e daquela gente reunida….. que, embora ninguém
dissesse as palavras adequadas, satisfazia igualmente os desejos a
todos os que ali estavam.
O tempo passou e, de geração em geração, a sabedoria foi-se
perdendo…
E aqui estamos nós.
Nós não sabemos qual é o lugar no bosque.
Não sabemos quais são as palavras….
Nem sequer sabemos como acender a fogueira como fazia o Baal Shem
Tov…
No entanto, há uma coisa que sabemos.
Sabemos esta história.
Sabemos este conto…
E dizem…
Que deus adora tanto este conto,
Gosta tanto desta história,
Que basta que alguém a conte
E que alguém a escute
Para que Ele, complacente,
Satisfaça qualquer necessidade
E conceda qualquer desejo
A todos os que estão a partilhar este momento….
Assim seja….

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