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JÚLIO CÉSAR
Recursos ........................................................................................................................... 3
Introdução ......................................................................................................................... 4
1.1.Contextualização ............................................................................................. 5
1|Página
Resumo
Mariana Oliveira, nº55487
Asbtract
Tiago Pina, nº54959
The First Triumvirate and the subsequent civil war had one thing in common:
these events were led by Julius Caesar. The two happy events for the decline of the
Roman Republic.
2|Página
Estratégias de Aprendizagem
Recursos
Sobre a Gália e o papel que Júlio César, teve nesta conquista, utilizámos o livro
“A Guerra das Gálias”, escrito pelo próprio Júlio César. Utilizámos a versão traduzida
em português, por Franco de Sousa. Baseámo-nos, muito neste livro, pois é um relato
bastante sucinto sobre este conflito. Como é óbvio, é necessária alguma precaução ao
lermos, esta obra vista que foi escrita por Júlio César, general romano. Portanto, esta é
uma obra que vangloria a figura de Júlio César e a própria Roma.
Para a guerra civil entre César e Pompeu, utilizámos a obra “Historia Antigua II.
El mundo clásico. Historia de Roma” de Javier Piquero e Pilar Uriel. Este livro fala
3|Página
sobre os acontecimentos principais de Roma, desde a sua origem até à queda do Império
Romano. Dá-nos também alguns detalhes sobre a sociedade romana, a religião, a
economia e outros aspetos. Detalha, os motivos que levaram à guerra civil entre
Pompeu e César e as campanhas militares deste conflito.
Introdução
Mariana Oliveira, nº55487
O Primeiro Triunvirato foi uma aliança política formada por três líderes romanos
que buscavam consolidar o seu poder e a sua influência. Essa coalizão informal entre
Júlio César, Pompeu e Crasso desempenhou um papel significativo na política romana
da época. No entanto, o colapso do Triunvirato levou ao surgimento das Guerras Civis.
Esses conflitos internos foram travados entre diferentes fações dentro da República
Romana, lutando pelo controle do governo e dos territórios romanos. As Guerras Civis
foram marcadas por batalhas sangrentas e rivalidades políticas intensas.
Por fim, destacamos, Júlio César, um dos protagonistas dessa história, que
emergiu como uma figura central nos eventos do Primeiro Triunvirato e das Guerras
Civis. A sua liderança carismática, habilidades militares e ambição política o levaram a
desempenhar um papel determinante nessas lutas pelo poder. O legado de Júlio César é
duradouro e o seu impacto na história romana e no desenvolvimento do império é
inegável. A sua morte trágica e a subsequente ascensão de seus herdeiros políticos
tiveram repercussões significativas para o futuro de Roma e para a transição da
República Romana para o Império Romano.
4|Página
1. Primeiro Triunvirato
Tiago Pina, nº54959
1.1.Contextualização
A derrota de Spartacus e dos seus aliados fez com que Crasso ganhasse bastante
reconhecimento. Porém, Pompeu foi quem derrotou os últimos bandos ao regressar da
Hispânia. Tentou aproveitar-se desta situação para ficar com a glória de ter acabado
com a revolta. Foi este acontecimento que levou à animosidade entre ambos. Ainda
assim, este feito, levou ambos a serem nomeados para o consulado - «Obtiveram-no,
ainda que nenhum deles tivesse direito, uma vez que Crasso tinha sido pretor em 72 (e
1
Como esta revolta, acabou por fracassar (e toda a documentação disponível foi
redigida pelos vitoriosos), não sabemos quais foram os motivos reais, que levaram aos
escravos a ter esta “revolta”.
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deveriam decorrer dois anos de intervalo) e Pompeio porque era um simples
cavaleiro!»2 e Pompeu fossem nomeados como cônsules.
Cada um dos membros desta aliança, tinha os seus próprios motivos individuais
que os levaram a unir-se. Entendiam que sozinhos não seriam capazes de realizar esses
objetivos. Crasso, apesar de ser o homem mais rico em Roma, desejava comandar um
exército próprio e ter glória militar. Júlio César queria ser nomeado cônsul e ganhar
controlo militar na Gália, para ter glória e conseguir enriquecer. Pompeu, que tinha tido
sucesso nas campanhas do Oriente queria que os seus soldados fossem recompensados
pelo seu esforço.
Júlio César começa por reconciliar as diferenças entre Crasso e Pompeu. Para
oficializar esta aliança, Júlio César casa a sua filha Júlia com Pompeu. César vai tentar
promover a agenda de Pompeu, no entanto acaba por enfrentar uma grande resistência
por parte de alguns elementos do Senado. Júlio César, percebendo que não conseguiria
convencer o Senado, levou esta proposta à assembleia popular, onde consegue com que
esta lei fosse aprovada. Esta lei permitiu que os veteranos da Campanha do Oriente
tivessem terras.
Após o final do seu período como Cônsul, Júlio César vai dedicar vários anos da
sua vida a liderar as suas legiões, na Gália.
2
BORDET, M., França, Z., & Guerra, A. (1995). Síntese de história romana, p.145
3
BORDET, M., França, Z., & Guerra, A. (1995). Síntese de história romana, p.155
6|Página
1.2 As Campanhas de Pompeu
Após o final do seu cargo como cônsul, Júlio César parte para a Gália. Volta a
Roma, em 50, após o êxito militar na Gália. Durante o tempo que Júlio César tinha
estado fora de Roma, Pompeu havia-se aproximado bastante do Senado, sendo
inclusive, quem comandava a rede de distribuição de cereais de Roma. Crasso por outro
lado, vai começar as suas ações militares contra o Império Parto, com o objetivo de
conseguir glória militar. Infelizmente para Crasso, esse objetivo nunca vai ser
concluído. Vai ser prontamente derrotado, na Batalha de Carras em 53 a.C.
Contextualização da Guerra
Roma em 67
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tráfego marítimo, como provocavam uma terrível crise financeira,»4. A situação do lado
mais a Oriente do Império também não era melhor, existindo problemas com a presença
de Mitrídates VI, rei do Ponto. Para se livrarem desta situação, a população e os
soldados vão procurar apoio na figura de Pompeu Magno.
Pompeu tinha ganho notoriedade, após ter auxiliado Sula durante a guerra civil
romana. Após a morte de Sula, fez várias campanhas ao serviço do senado, onde se
destacou devido às suas capacidades militares. Consegue assim o apoio dos militares e
do povo. Em 67 a.C, é passada no senado, a Lex Gabinia5- esta lei vai oferecer a
Pompeu poderes consulares em todas as províncias romanas. É uma lei que gerou algum
debate no Senado, pois algumas fações dentro do Senado tinham receio de colocar tanto
poder num só homem.
Apesar da apreensão por parte do Senado, a lei é aprovada. Pompeu faz bom uso
desta lei, conseguindo derrotar com facilidade e relativa rapidez os piratas.
Para lidar com a ameaça de Mitrídates, Pompeu vai levar ao Senado uma nova
proposta de lei. A Lex Manilia6 é aprovada no Senado em 66. Esta lei concede a
Pompeu total autoridade nas províncias da Ásia, incluindo a Cilícia e a Bitânia. Após
tomar o controlo dos exércitos a Oriente, conseguiu afastar Mitrídates do seu reino.
Mitrídates foge para a Arménia, mas é seguido por Pompeu. Ainda, em 66, é travada a
batalha de Lycus, na qual os romanos têm uma vitória dominante. Mitrídates foge mais
uma vez, agora para a Península da Crimeia, onde vai acabar por cometer suicídio. No
final do ano 65, Pompeu começa a organizar a nova província do Ponto-Bitínia. Roma
encontrava-se agora, cada vez mais perto da fronteira do Império Parto.
Em 64 a.C, ocupa a região da Síria, sem recurso às armas, uma vez que o Estado
Selêucida se encontrava num período de decadência. Cria-se então, mais uma província.
Assim Pompeu, havia conseguido dar a Roma, duas grandes províncias, a do Ponto-
Bitínia e a Síria. Roma tinha também na sua “posse”, uma série de estados-vassalos,
como a Arménia por exemplo, que formavam um escudo protetor contra o grande
4
BORDET, M., França, Z., & Guerra, A. (1995). Síntese de história romana, p.136
5
Lei que concede a Pompeu, poderes consulares em qualquer província que se encontre
entre 50 milhas no Mar Mediterrâneo
6
Esta lei garante a Pompeu total liberdade nas ações diplomáticas e militares no
Oriente.
8|Página
Império Parto. Por volta de 62 a.C, vai voltar a Roma, com grande glória e com grandes
riquezas. É aclamado pelo povo romano como um herói.
A conquista da Gália, não foi um conflito que surgiu ao acaso. Surgiu em função
dos objetivos romanos. Tinha também a função de tentar balançar o protagonismo que
Pompeu havia conseguido em Roma, devido ao seu sucesso com as Campanhas do
Oriente.
Um ponto importante, que convém sublinhar é a ideia errada que muitas vezes
temos sobre o Império Romano. A ideia de que este era simplesmente um estado militar
que conquistava tudo e todos. Porém, apesar de não estar totalmente errado (como é
óbvio as conquistas militares eram importantes, devido ao prestígio que simbolizavam),
na grande maioria das ocasiões, não era bem assim. Os Romanos necessitavam de um
motivo para atacar um determinado território. Tinham a lógica de atacar apenas em
autodefesa. Ou seja, a forma como os Romanos começavam os seus conflitos, era só se,
se sentissem ameaçados por outro povo, ou se um dos seus aliados tivesse a ser atacado.
Deste modo, tinham uma justificativa para poderem atacar. Vai ser exatamente, num
destes contextos que Júlio César vai iniciar o seu avanço pela Gália.
Gália em 58 a.C.
Esta guerra é descrita em detalhe, pelo próprio Júlio César que se intitula: «De
Bello Gallico», ou em português, “Comentário sobre a Guerra Gálica”. Este livro, é das
únicas fontes que temos sobre a guerra da Gália, que é narrada pelo próprio Júlio César.
Porém, é importante, ter em consideração quando se ler esta obra, que a mesma é escrita
segundo o ponto de vista de Júlio César. Ou seja, apesar da maior parte dos eventos ter
acontecido, alguns historiadores, põem em causa, alguns comentários escritos por Júlio
César. Nomeadamente, o número de soldados que combateram neste conflito e as
perdas dos Romanos que foi um número pouco significante. Foi uma obra que foi
escrita, essencialmente, com o objetivo de fazer propaganda da figura de Júlio César e
do próprio Império Romano.
9|Página
O livro começa com uma descrição geográfica da Gália. Segundo Júlio César:
«A Gália, no seu conjunto, está dividida em três partes, de que uma é habitada pelos
Belgas, a outra pelos Aquitanos, a terceira por aqueles que na sua própria língua se
chamam Celtas e, na nossa, Gauleses.»7
Mais à frente, no nosso trabalho, vamos abordar a vida pessoal e política de Júlio
César. Para já vamos dar destaque, à sua carreira militar. Conseguiu ganhar destaque
pela primeira vez no Oriente, no Cerco à cidade de Mitilene. Volta em Roma, após a
morte de Sula, em 78 a.C, a mando do pro-cônsul Servilius Isauricus. Em 69 a.C, é
colocado como pretor da Hispânia. É aqui na Hispânia que ocorre, um episódio bastante
significativo que mostra quem era Júlio César. Aparentemente, enquanto estava em
Cádiz, ao contemplar a estátua de Alexandre, o Grande, entristece-se de forma súbita.
Júlio César tinha 33 anos, os mesmos com os quais Alexandre tinha quando já tinha
dominado quase todo o mundo. Fica angustiado, pelo facto de relativamente a
Alexandre, não ter feito nada de notável.
7
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.21
10 | P á g i n a
instabilidades em certas zonas, na qual povos já estabelecidos na Península Ibérica,
provavelmente fariam expedições armadas que tinham como objetivo atacar e pilhar
territórios ricos. Este é pretexto suficiente para Júlio César, lançar operações militares
contra as populações que se encontravam entre o Tejo e o Douro. Estas ações tinham
dois principais objetivos. Estabelecer um domínio permanente sobre uma região que
não era administrada por Roma. Em segundo lugar, pretendiam conquistar estas terras
que eram ricas em minérios e desta forma conseguirem controlar a exploração e o
comércio destes minérios. Foram, estas séries de êxitos militares que «(..) lhe valeu a
primeira aclamação como imperator pelo exército entusiasmado.»8 Volta a Roma e é
eleito como cônsul. Após algumas complicações legais, visto que Júlio César já não
tinha idade para exercer o cargo de cônsul, consegue o apoio de Crasso e de Pompeu.
César fica então com os proconsulados das regiões da Cisalpina, Ilírico e na Gália
Transalpina.
8
BORDET, M., França, Z., & Guerra, A. (1995). Síntese de história romana, p.139
9
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.22
11 | P á g i n a
terço do território séquano (…)»10. Pretendiam passar o Reno, devido à qualidade deste
solo. Os povos da Gália, assustados com a força deste homem pedem mais uma vez
auxílio a Júlio César. Júlio César, numa primeira tentativa, tenta recorrer a meios
diplomáticos, no entanto, Ariovisto parece pouco recetivo a encontrar-se com César.
Assim, César dá-lhe a saber: «proibição de travessia do Reno a novas hordas para as
estabelecer na Gália;»11 Ariovisto avança e acaba por ser derrotado por Júlio César.
Fogem de volta para a Germânia.
Passa o inverno na Gália. Em 57, Júlio César reforça ainda mais os seus efetivos,
passa a comandar nove legiões. Vai avançar pela Bélgica, onde derrota os Nervos.
Chegam ao delta do Reno-Mossa-Escalda.
Este inverno, é bastante crítico para Júlio César que não consegue regressar a
Roma. As suas tropas são atacadas por todas as frentes pelos Belgas. Consegue, reforçar
as suas legiões e liberta alguns dos seus legados. Castiga estes povos com a destruição
geral do seu território.
10
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.39
11
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.41
12
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.154
12 | P á g i n a
Vercingétorix. Indivíduo diferenciado em relação aos restantes gauleses. Tem uma
grande capacidade de liderança militar e de unir diferentes povos «(…) une a si os
Sénones, os Parísios, os Pictos, os Cadurcos, os Túrones, os Aulercos, os Lemovices, os
Andes (…)»13 A ele, «É-lhe confiado o comando supremo.»14 Com a liderança e a
organização de Vercingétorix, temos pela primeira vez uma resistência gaulesa
eficiente. Esta resistência consegue inclusive ter uma série de vitórias contra os
Romanos.
Eventualmente, após uma série de más decisões por culpa dos chefes tribais
gauleses, estes começam a ter uma sucessão de derrotas (na conquista de Avárico e na
batalha de Gergóvia). Os Romanos cercam a capital de Alésia, onde derrotam a
resistência gaulesa. Dá-se aqui, a rendição dos Arvenes, tal como a capitulação do seu
líder Vercingétorix.
Esta derrota, acaba essencialmente com a resistência gaulesa. Nos próximos anos, os
Romanos continuam a guerrear com alguns dos povos que ainda tentam resistir, mas foi
basicamente em Alésia que chegou ao fim a Guerra da Gália.
Após esta guerra, tem a intenção de voltar a Roma, para voltar a exercer o cargo
de Cônsul. Durante este tempo em que Júlio César esteve na Gália, Pompeu tinha-se
aproximado bastante do Senado. As relações entre ambos, durante estes anos
deterioraram-se cada vez mais. No próximo capítulo do nosso trabalho, vamos mostrar
o que levou à guerra que opôs Pompeu e Júlio César e como esta se desenrolou.
13
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.154
14
CÉSAR, J. (1989). A Guerra das Gálias, E. Estampa, Ed.; F. de Sousa, Trans, p.154
13 | P á g i n a
2. Guerra Civil entre César e Pompeu (49-46 a.C.)
A guerra teve uma duração significativa de quatro, longos, anos, onde todo o
Mediterrâneo se tornou num palco sangrento de batalhas e confrontos. As terras e as
águas que circundavam essa região, testemunharam uma série de batalhas de grandes
proporções, cada uma delas marcando uma etapa crucial neste conflito histórico.
2.2 Os Antecedentes
14 | P á g i n a
magistrados comuns para o ano em questão. A situação agravou-se, ainda mais, quando
os apoiantes do candidato consular, Titus Annius Milon15, assassinaram o candidato à
pretoria. Publius Clodius Pulchus16, político que havia sido central no escândalo Bona
Dea17, com a segunda esposa de Júlio César em 62 a.C. A exposição do corpo de
Clodius, no Fórum Romano, desencadeou uma onda de violência entre a multidão, cuja
consequência mais notável foi o incêndio e a destruição da Cúria, o edifício onde o
Senado Romano se reunia.
15
Político romano envolvido em eventos turbulentos no final da República Romana,
16
Político romano, nascido em 93 a.C., conhecido pelo seu populismo e por se envolver em confrontos
violentos na política romana.
17
O escândalo de Bona Dea foi um evento infame que ocorreu em 62 a.C. durante uma festividade
religiosa em honra à deusa Bona Dea, no qual, Clodius, disfarçado de mulher, teria entrado na residência
de Júlio César, causando uma grande controvérsia e levando ao divórcio de César e da sua segunda
esposa, Pompeia.
18
O Senado Romano encontrava-se divido em duas fações: Populares (a favor dos plebeus) e Optimates
(os mais conservadores).
19
É um decreto do Senado Romano que concedia poderes extraordinários ao cônsul ou ao ditador,
permitindo medidas extremas.
20
Cônsul único.
15 | P á g i n a
fações políticas, a grande maioria dos envolvidos, incluindo César e Pompeu, não
desejavam entrar em guerra civil. No entanto, uma série de circunstâncias acabou
polarizando as fações, levando a um ponto incerto em que a conclusão de que a guerra
era inevitável se tornou evidente
O conflito entre Júlio César e Pompeu não foi apenas um embate entre visões
políticas ou sociais antagônicas, mas, também, uma disputa sobre posição pessoal e de
reputação. César não buscava exercer um poder supremo como rei, mas almejava
retornar a Roma, ocupar uma posição proeminente no Estado sem enfrentar obstáculos e
ser aceito e reconhecido por todos os senadores.
Então, de forma mais específica, o plano de Júlio César era deixar o seu cargo de
procônsul apenas para ser eleito, imediatamente, como cônsul até 48 a.C. Porém, para
concretizar essa ambição, ele precisava de alcançar um objetivo, no qual os seus rivais
não estavam dispostos a facilitar. Posto isto, o seu intuito era prolongar o seu mandato
na Gália e ser eleito cônsul, sem estar fisicamente presente em Roma, “César intentó
presentarse, estando ausente de Roma y sin haberse cumplido los diez años establecía la
ley, a las elecciones consulares antes de que acabara su mandato en la Galia en el 50
16 | P á g i n a
a.C.”21. Pompeu, em resposta negou, completamente, este pedido de César, apoiando-se
nas leis estabelecidas, mencionadas anteriormente.
Pompeu Magno, por sua vez, encontrava-se em uma posição delicada, preso
entre a espada e a parede. De forma paradoxal, ele tinha argumentos, tanto a favor como
contra a concentração de poder nas mãos de Júlio César. Por um lado, Pompeu desejava
21
QUERO C., Javier, URIEL F., Pilar, “Historia Antigua II. El mundo clásico. História de Roma”,
Universidad Nacional de Educación a Distancia, Madrid 2015, p362
22
Nascido em uma data desconhecida, Marcus, foi um político romano que serviu como cônsul em 51
a.C. Ele desempenhou um papel proeminente na política romana, opondo-se a Júlio César e defendendo a
tradição e a autoridade do Senado Romano.
23
Foi um líder gaulês que, nasceu por volta de 82 a.C., e desempenhou um papel central na resistência
contra a conquista romana durante as Guerras da Gália.
17 | P á g i n a
juntar-se à elite aristocrática, conhecida pela sua inclinação optimate. Afinal, os
senadores optimates precisavam, apenas, de um soldado que lutasse por eles, contra o
grande rival popular.
1ª Fase
QUERO C., Javier, URIEL F., Pilar, “Historia Antigua II. El mundo clásico. História de Roma”,
24
18 | P á g i n a
estado, previamente, sob a égide do seu rival, levantando, dessa maneira, suspeitas
acerca da lealdade que tais tropas possuíam para com ele.
25
Cônsul e inimigo de César, onde o substitui, no comando da Gália Narbonense,
26
Brundisium foi uma antiga cidade portuária, localizada no sul da Itália, conhecida por ser um
importante ponto de partida e chegada para as viagens marítimas durante o período romano, sendo
frequentemente utilizado como ponto de encontro e base logística para militares e líderes políticos.
27
Lei decretada pelo povo romano (reunido) em comícios.
19 | P á g i n a
as forças militares de ambos os lados. No entanto, César recebeu o apoio das tropas de
Marco António28 e, assim, para reafirmar o seu exército e, principalmente, a sua
reputação, cercou Dirraquium29. Esta escolha não foi a mais acertada, pois, os
Pompeianos acabaram por arrasar com os Cesarianos, chegando ao ponto, em que César
e as suas tropas tiveram de abandonar o cerco e fugir para a Tessália, onde,
posteriormente, aconteceria um confronto entre os antigos aliados.
Além disso, a primeira fase da Guerra Civil entre Pompeu e César foi marcada
pela Campanha do Oriente, ocorrida entre 48 e 47 a.C. Nesta campanha, dois eventos
destacaram-se. Primeiramente, César, na sua chegada a Alexandria, optou por intervir
na luta dinástica entre Cleópatra e Ptolomeu XIII, o que culminou na sua vitória sobre
Ptolomeu e, subsequente, na sua morte. Em seguida, César dirigiu-se para a Ásia
Menor, onde nomeou Domitius Calvinus31 como o responsável por esta Campanha.
Domício enfrentou Fárnaces, rei do Bósforo e apoiante de Pompeu, no entanto, sofreu
uma derrota em Zela, no ano de 47 a.C. Este fracasso, fez com que César volta-se ao seu
posto principal, fazendo com que a vitória caísse nele, mais uma vez.
Foi, precisamente, na Batalha de Zela (47 a.C.)32, que César proferiu uma das
frases mais conhecidas e emblemáticas de sua trajetória: "veni, vidi, vici", que em
tradução significa "vim, vi e venci". Esta vitória destacada, não apenas ilustrou a
habilidade militar de César, mas também reforçou a sua reputação como um líder
ousado e eficiente.
28
QUERO C., Javier, URIEL F., Pilar, “Historia Antigua II. El mundo clásico. História de Roma”,
Universidad Nacional de Educación a Distancia, Madrid 2015, p364.
29
Foi uma base pompeiana de operações.
30
Este confronto é conhecido pela Batalha do Nilo (47 a.C.)
31
Foi um político do povo Domícia (família plebeia da Roma Antiga) da República Romana, eleito
cônsul duas vezes, em 53 e 40 a.C.
20 | P á g i n a
Dessa forma, a Campanha dos Balcãs e a Campanha do Oriente desempenharam
papéis cruciais na Guerra Civil entre Pompeu e César, fornecendo-nos reviravoltas e
demonstrações da determinação e da capacidade estratégica de ambos os líderes.
2ªFase
33
Antiga cidade fenícia e romana, localizada na atual Tunísia. É conhecida pela sua importância
estratégica e como um importante centro comercial e cultural ao longo dos séculos.
34
Um proeminente general e político romano do século II a.C. É famoso pelas suas vitórias militares
contra Cartago, durante a Segunda Guerra Púnica, e pela sua influência na expansão romana no
Mediterrâneo.
35
Um monarca do século I a.C., conhecido pelo seu papel como patrono das artes e das letras,
promovendo a cultura helenística na sua corte.
36
QUERO C., Javier, URIEL F., Pilar, “Historia Antigua II. El mundo clásico. História de Roma”,
Universidad Nacional de Educación a Distancia, Madrid 2015, p366.
21 | P á g i n a
travar, de uma vez por todas, o exército Pompeiano. Foi na Hispânia, mais
concretamente, em Munda37, que se deu a batalha decisiva que marcou o desfecho da
guerra civil, em 45 a.C. Neste conflito crucial, César enfrentou as forças pompeianas
lideradas por Gnaeus Pompeius38 e pelos generais Titus Labienus39 e Lucius Afranius40
Embora tenha sido uma batalha, intensamente feroz, César, com a sua habilidade tática
e liderança inspiradora, saiu vitorioso.
Não se sabe ao certo o dia e o ano em que César nasceu, existem várias teorias.
Há quem diga que medrou no dia 12 de julho, e há quem diga que foi dia 13 do mesmo
mês, no ano 100 a.C., 102 a.C. ou até mesmo a 654, ano da fundação da cidade de
Roma41.
37
Uma cidade situada entre Sevilha e Málaga, Hispânia.
38
Filho de Pompeu.
39
General e político romano do século I a.C. É conhecido pela sua lealdade inicial a Júlio César, mas
posteriormente tornou-se um dos principais comandantes de Pompeu durante a guerra civil romana.
40
Um proeminente general romano do século I a.C., conhecido pela sua participação na guerra civil
romana, onde apoiou Pompeu.
41
FIRMINO, N. (1946), Comentários de César sobre a Guerra Gaulesa. Porto: Floresta Latina, p. 7.
42
YURUL, M. (2019), Juluis Caesar (Kocaeli, Ed.) Academia.edu; KOCAELI UNIVERSITESI FEN
EDEBIYAT FAKULTESI, pp. 8, tradução livre.
22 | P á g i n a
(flamen Dialis)43, que na Roma Antiga era um importante cargo religioso, tendo feito
com que ele e a sua família ascendessem socialmente. A sua bondade e o seu dom do
bem falar garantiram-lhe a facilidade em fazer bastantes amigos, conseguindo obter,
rapidamente, a dignidade de grande sacerdote. No entanto, “When the Roman ruler
Sulla declared himself dictadoe, he began a systematic pergue of this enemies and
particular of those who held to the Populare Ideology”44, tendo sido César afastado do
seu cargo como grande sacerdote, fazendo com que entrasse na pobreza, vendo-se
obrigado a juntar-se ao exército.
Após ter passado por todos os empregos inferiores da república, foi nomeado
governador de Hispânia, onde se destacou pela sua bravura. Quando regressou a Roma
foi eleito cônsul45, um dos primeiros magistrados da Roma Antiga, conseguindo
reconciliar Pompeu e Crasso. César deu a sua filha em casamento a Pompeu, ao qual
aceita e lhe oferece o governo das Gálias, atual França, tendo sido membro do Primeiro
Triunvirato, juntamente com Pompeu e Crasso. Durante a sua chefia conseguiu chegar
até à Grã-Bretanha, que até à data era uma incógnita para os romanos. Coagiu os
germanos a voltarem para o seu território46, construindo uma ponte sobre o Rio Reno
desfazendo-a após alcançar esse objetivo, por volta de 58 a.C. Esses êxitos garantiram-
lhe mais cinco anos no poder. Entretanto, Júlia e Crasso acabam por falecer, fazendo
com que César e Pompeu entrassem numa disputa pelo poder, originando uma guerra
civil quando o senado nomeou Pompeu cônsul único de Roma, a 52 a.C. Seguido do seu
exército consegue derrotar Petreu, Afrânio e Varrão, em Espanha, e segue em busca de
Pompeu, que foge para o Egito, onde é assassinado pelo faraó Ptolomeu XIII, irmão de
Cleópatra. O faraó é morto por César, sendo Cleópatra a substituí-lo, os dois acabam
por se relacionar gerando um rebento47.
Roma necessitava do homem apto para decretar o poder uno48, ao qual César
vem a revelar-se o candidato perfeito. Triunfou cinco povos diferentes: Gália,
Alexandria, Ponto, África e Espanha. Sendo assim, de regresso a Roma, foi eleito
43
FIRMINO, N. (1946), Comentários de César sobre a Guerra Gaulesa. Porto: Floresta Latina, p. 7.
44
https://www.worldhistory.org/Julius_Caesar/ (Consultado a 02 de maio), tradução livre: Quando o
governante romano Sula declarou-se ditador, iniciou um expurgo sistemático de seus inimigos e
particularmente daqueles que defendiam a ideologia Popular.
45
FIRMINO, N. (1946), Comentários de César sobre a Guerra Gaulesa. Porto: Floresta Latina, p. 7.
46
FIRMINO, N. (1946), Comentários de César sobre a Guerra Gaulesa. Porto: Floresta Latina, p. 7.
47
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 113.
48
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 113.
23 | P á g i n a
ditador perpétuo pelo plebiscito, e cônsul, o que fez com que ganhasse contra ele muitos
inimigos. O seu nome foi adotado como título de imperador – Kaiser, Czar, entre
outros. Diz-se que, depois de todo o sucedido, o povo esperava que Júlio César, com o
poder todo nas suas mãos: “os financeiros, como imperador; os religiosos, como
pontífice; os legislativos, como cônsul; a influência sobre o Senado, como censor; a
inviolabilidade pessoal, como tribuno.”49, se vingaria, ao que estariam errados, pois,
pelo contrário, buscou a reconciliação, perdoando todos aqueles que tinha derrotado e
sobrevivido à guerra, concedendo-lhes cargos políticos.
49
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 114.
50
PIQUERO, J.; URIEL, P. (2015), Historia Antigua II. El mundo clásico. Historia de Roma, Madrid,
Universidad Nacional de Educación a Distancia, p. 368.
51
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 115.
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financeiras, com o objetivo de tornar o Senado uma assembleia proveniente da decisão
do Chefe de Estado.52
52
PIQUERO, J.; URIEL, P. (2015), Historia Antigua II. El mundo clásico. Historia de Roma, Madrid,
Universidad Nacional de Educación a Distancia, p. 370.
53
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 115.
54
AMEAL, J. (1982), História da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras civilizações do
mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, p. 115.
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Considerações Finais
Visto que, este projeto é desenvolvido em termos de uma sala de aula, a nossa
expectativa é que os conteúdos abordados, tanto em sala de aula como no decorrer da
realização deste trabalho, sejam compreensíveis.
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Referências Bibliográficas
FONTE PRIMÁRIA
CÉSAR, C. J., (1989), A Guerra das Gálias, Lisboa, Editorial Estampa, pp. 21-154,
traduzido por Franco de Sousa.
BIBLIOGRAFIA
AMEAL, J. (1982), Historia da Europa [Das origens a 1085] Volume I: Das primeiras
civilizações do mediterrâneo à formação da europa, Lisboa, Editorial Verbo, pp. 113-
115.
BORDET, M., FRANÇA, Z., GUERRA, A. (1995). Síntese de história romana, pp.
136-155.
PIQUERO, J., URIEL, P. (2015), Historia Antigua II. El mundo clásico. Historia de
Roma, Madrid, Universidad Nacional de Educación a Distancia, p. 362-370.
WEBGRAFIA
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