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RESUMO
A Geografia enquanto ciência no sentido Moderno surge somente no século XIX. Na Antiguidade a
Geografia desenvolve-se com os gregos. No Feudalismo grande parte de seus estudos estarão
influenciados pelo conhecimento Teológico. Na Idade Moderna a Geografia se constitui Ciência com
embates das “Escolas” alemã e francesa. Na contemporaneidade aparecem diversas “Correntes
Geográficas” e o espaço geográfico torna-se o objeto de estudo da Geografia. Assim sendo, o objetivo
geral deste estudo consiste numa breve história da formação da ciência geográfica; sendo os objetivos
específicos: a) explicar sobre o pensamento geográfico na Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e
na Contemporaneidade; b) explicar a importância do espaço como objeto da geografia. Os
procedimentos metodológicos utilizados para realização da pesquisa foram: pesquisa bibliográfica,
pesquisa na internet e método histórico.
RESUMEN
Geografía como una ciencia en el sentido moderno surge sólo en el siglo XIX. En la antigua geografía
se desarrolla con los griegos. Feudalismo en gran parte de sus estudios se verá influida por el
conocimiento teológico. En la era moderna Geografía constituye la ciencia con los enfrentamientos de
las "Escuelas" en alemán y francés. En contemporánea aparecer varias geográficas "Cadenas" y el
espacio geográfico se convierte en el objeto de estudio Geografía. Por lo tanto, el objetivo de este
estudio consiste en una breve historia de la formación de la ciencia geográfica; con los objetivos
específicos: a) explicar sobre el pensamiento geográfico en la antigüedad, la Edad Media, Edad
Moderna y contemporaneidad; b) explicar la importancia del espacio y la geografía objeto. Los
procedimientos metodológicos utilizados para llevar a cabo la investigación fueron: investigación
bibliográfica, búsqueda en Internet y el método histórico.
1
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe; Docente da Universidade Tiradentes; Grupo de
Pesquisa Sociedade, Educação, História e Memória (UNIT); rodriguesauro@gmail.com.
2
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe; Docente da Universidade Tiradentes;
alysson_unit@hotmail.com.
3
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe; Docente da Universidade Tiradentes; Grupo de
Pesquisa Sociedade, Educação, História e Memória (UNIT); adailtonbarroso@gmail.com.
1 INTRODUÇÃO
Mesmo sendo a ciência geográfica um saber tão antigo quanto a própria história
da humanidade, o atual discurso da Geografia é produto dos embates que denominaram as
relações entre os imperialismos alemão e francês ao longo do século XIX, havendo uma luta
entre concepções divergentes a respeito da forma como se dá a relação entre o homem e a
natureza.
A Geografia nasce com os gregos, mesmo dispersa e não se constituindo ainda
como uma ciência e um saber sistematizado. A Geografia que irá se desenvolver será através
de estudos dispersos, relatos de lugares e elaboração de mapas pouco precisos. Estará ligada a
Cartografia e a Astronomia.
São admitidos aos gregos os primeiros processos de registro e sistematização
(ainda frágeis) dos conhecimentos geográficos. Esses conhecimentos são objetos de estudo de
navegadores, militares, comerciantes e, em outro plano, de matemáticos, historiadores,
filósofos e outros.
A Geografia, na Antiguidade, estava condicionada à concepção que os antigos
tinham do mundo em que viviam, ao grau de desenvolvimento social atingido. Muito dos
conhecimentos geográficos estavam dispersos ou misturados ou, ainda, subordinados a outros
campos de conhecimentos. Não havia uma Ciência Geográfica. Havia filósofos, historiadores,
cientistas e outros que se denominavam de geógrafos ou eram considerados geógrafos por
outros; e tratavam de aspectos geográficos e não da construção de uma Ciência Geográfica.
A Geografia aparecia, antes de definir o seu campo, os seus métodos, as suas
técnicas, como conhecimento subordinado a outras áreas de conhecimentos. Estava, ainda,
carregada de mitos, lendas e deformações (SODRÉ, 1989, p. 19).
Já na Idade Média, sob o Modo de Produção Feudal, ocorrerá pouco
desenvolvimento da geografia, e grande parte de seus estudos estarão influenciados e sob o
domínio da Igreja e do conhecimento Teológico.
O modo de produção feudal substitui o modo de produção escravista da
Antiguidade. O modo de produção feudal que surge na Idade Média tinha por base a
economia agrária, de escassa circulação monetária, autosuficiente. A propriedade feudal
pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da
Igreja (o clero).
A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três
partes distintas: a propriedade privada do senhor chamada, manso senhorial ou domínio, no
interior da qual se erguia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à porção de
terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes; e ainda o manso comunal,
constituído por terras coletivas – pastos e bosques, usados tanto pelo senhor quanto pelos
servos.
Devido ao caráter expropriador do sistema feudal o servo não se sentia estimulado
a aumentar a produção com inovações tecnológicas – porém não para si, mas para o senhor.
Por isso, o desenvolvimento técnico foi irrelevante, limitando a produtividade. A principal
técnica adotada foi a agricultura dos três campos que evitava o esgotamento do solo,
mantendo a fertilidade da terra.
Neste ambiente, a Igreja torna-se o maior poder, já que é o único poder central
europeu. Os estudos e as respostas às questões colocadas passam a ser dadas a partir de
interpretações bíblicas: referências cosmológicas e geográficas.
Segundo Ferreira e Simões (1994, p. 45), o fato de ser a Igreja a dar as respostas
que antes eram encontradas através da ciência deve-se não só ao poder que a religião detinha,
mas também ao fato de o imobilismo populacional ter provocado o desaparecimento das
viagens e, com isto, o desconhecimento do mundo real.
A adoção dos conhecimentos geográficos bíblicos tornou-se evidente na
cartografia. Utilizam-se mapas circulares romanos, nos quais se introduziram caracteres
teológicos, e não geográficos. Assim, Jerusalém, a Cidade Santa, ocupava o centro do mapa.
Também foi esquecido que a terra era esférica e reapareceu o conceito de Terra plana: um
disco circundado de água.
Enquanto a ciência decaía no mundo ocidental, no mundo árabe, com o
estabelecimento do Império Muçulmano, depois do ano 800 d.C., passou a verificar um
desenvolvimento científico, decorrentes de estudos e viagens que eram feitas pelos árabes
(FERREIRA; SIMÕES, 1994, p. 47).
Segundo Ferreira e Simões (1994, p. 49) os mulçumanos promoveram as ciências
e as artes. Traduziram para o árabe a obra de Ptolomeu. Desenvolveram a geografia, a
astronomia, a astrologia e a matemática. Mas, apesar disso, o conhecimento e as descrições
geográficas produzidas foram muito imprecisas e as localizações pouco rigorosas. Os Árabes
não se serviam da latitude e da longitude para localizar os lugares à superfície da terra e
elaborar mapas. A latitude e a longitude são utilizadas pelos astrônomos nas suas observações,
mas quem faz os mapas são os geógrafos, que não se servem dos dados dos astrônomos.
Surge, assim, no mundo árabe uma separação entre geógrafos e astrônomos que não existia na
antiguidade.
A partir do século XI, há um renascimento do comércio e um aumento da
circulação monetária, o que valoriza a importância social das cidades. E, com as cruzadas
realizadas pelo Ocidente, esboça-se uma abertura para o mundo, quebrando-se o isolamento
do feudo. Com o restabelecimento do comércio com o Oriente Próximo e o desenvolvimento
das grandes cidades, começam a serem minadas as bases da organização feudal, na medida
em que aumentava a demanda de produtos agrícolas para o abastecimento da população
urbana. Isso elevava o preço dessas mercadorias, permitindo aos camponeses maiores fundos
para a compra de sua liberdade. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio e da futura
indústria cria novas oportunidades de trabalho, atraindo os servos para as cidades.
Nos finais da Idade Média, as cruzadas, as peregrinações aos lugares santos e o
renascimento do comércio entre a Europa e o Oriente levaram a um ressurgimento da
curiosidade pelo mundo desconhecido e, portanto, a uma nova etapa no desenvolvimento da
geografia.
Segundo Ferreira e Simões (1994, p. 51), nos finais da Idade Média, reapareceram
os itinerários de viagens, as obras que descreviam as terras visitadas. É costume destacar o
papel de Marco Polo, de uma família de comerciantes veneziano, que efetuou uma longa
viagem pelo interior da Ásia até à China, tendo escrito um relato, O Livro das Maravilhas.
Não podendo considerar-se a sua obra como de caráter geográfico, pois nela são descritos
muitos pormenores colhidos sobre as regiões visitadas (lendas, por exemplo). No entanto, no
seu livro existem descrições de interesse geográfico.
Segundo Andrade (1987, p. 36), fazendo um balanço do conhecimento geográfico
na Idade Média, observa-se que ele sofreu descontinuidade em relação à Idade Antiga, devido
ao período de grandes conturbações que se observou nos séculos V e VI, com a destruição do
Império Romano do Ocidente; mas, surgidas novas estruturas e iniciado o intercâmbio com os
árabes, esses estudos voltaram a se desenvolver, quer pelo enriquecimento de informações e
de descobertas, quer pela retomada dos ensinamentos dos sábios gregos – Aristóteles,
Ptolomeu, Estrabão, Heródoto etc. – e por sua atualização. Assim, vários dos temas discutidos
no período medieval foram retomados do período grego e romano, e uma das maiores
contribuições a esta retomada foi dada pelos padres Alberto Magno e Tomás de Aquino,
quando renovaram e puseram na ordem do dia as ideias de aristotélicas. Daí a crença na
esfericidade da Terra, apesar de condenada pela Igreja Católica. No fim da Idade média, foi a
preparação dos grandes movimentos que geraram os Tempos Modernos.
As mudanças das condições sociais, políticas, econômicas e culturais na Europa
do século XV definiu uma nova idade histórica: a Idade Moderna.
Segundo Moraes (1987, p. 34), a Geografia como conhecimento autônomo,
particular, demandava certo número de condições históricas, que somente nesta época estarão
suficientemente maturadas. Estas condições, ou melhor, pressupostos históricos da
sistematização geográfica objetivam-se no processo do avanço e domínio das relações
capitalistas de produção. Portanto, na própria formação do modo de produção capitalista.
O autor apresenta, ainda, quatro conjuntos importantes de pressupostos que
contribuíram para o processo de sistematização da Geografia: o conhecimento efetivo da
extensão real do planeta; a existência de um repositório de informações; o aprimoramento das
técnicas cartográficas e as mudanças filosóficas e científicas (MORAES, 1987, p. 32-42):
Era necessário que a terra toda fosse conhecida para que fosse pensada de forma
unitária em seu estudo. O conhecimento da dimensão e da forma real dos continentes era base
para a ideia de conjunto terrestre, concepção importante para a reflexão geográfica
(MORAES, 1987, p. 34-35).
[...] afirma que o espaço deve ser estudado por meio de quatro categorias:
forma é o ‘aspecto visível de uma coisa’, ‘o arranjo ordenado de objetos’, um
padrão; função ‘sugere uma tarefa ou atividade esperada de uma forma,
pessoa, instituição ou coisa’; estrutura ‘implica a inter-relação de todas as
partes de um todo, o modo de organização da construção’ e processo, que
‘pode ser definido como uma ação contínua, desenvolvendo-se em direção a
um resultado qualquer, implicando conceitos de tempo (continuidade) e
mudança’.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo sendo a ciência geográfica um saber tão antigo quanto à própria história
da humanidade, a geografia enquanto ciência no sentido Moderno surge somente no século
XIX.
Na Antiguidade a Geografia desenvolve-se com os gregos, dispersa e não se
constituindo ainda como uma ciência. No Feudalismo ocorrerá pouco desenvolvimento e
grande parte de seus estudos estarão influenciados pelo conhecimento Teológico.
Na Idade Moderna, com o surgimento do capitalismo, a Geografia se constitui
Ciência, em embates das “Escolas” alemã e francesa. Na contemporaneidade aparecem
diversas “Correntes” na Geografia, destacando-se as correntes: Teórico-Quantitativa,
Comportamento e da Percepção, Ecológica e Critico Radical.
A Geografia abrange, hoje, grande complexidade de aspectos em decorrência do
desenvolvimento do meio-técnico-científico-informacional.
Hoje, pode-se dizer que o desenvolvimento da ciência geográfica passou por
diferentes momentos, gerando reflexões distintas acerca dos objetos e métodos do fazer
geográfico. De certa forma, essas reflexões influenciaram e ainda influenciam o pensamento
geográfico da atualidade.
Se for verificado, na história do pensamento geográfico, poderá ser constatado um
conjunto de categorias fundantes que contribuíram para a formação da ciência geográfica e
entendimento do espaço geográfico, como as categorias: lugar, território, região, paisagem e
espaço, sendo esta última a mais abrangente.
Na contemporaneidade, faz-se necessário, então, refletir sobre como os geógrafos
conceberam e, atualmente, concebem estas categorias fundantes e as utilizam para a
compreensão e transformação do mundo. Cada uma dessas categorias recebe uma maior ou
menor importância ou enfoque, conforme os vários “fazer geográfico” ou orientações
geográficas, como: Geografia Crítica (Dialética Materialista), Geografia da Percepção e
Comportamento (ou melhor, Geografia da Percepção, Geografia Humanística, Geografia
Cultural, Geografia Histórica) (fundamentando-se, principalmente, na Fenomenologia);
Geografia Teócico-Quantitativa (Neopositivismo), Geografia Ecológica. E, também, das
geografias que poderão surgir na nova dinâmica sociedade-natureza da contemporaneidade.
Enfim, tentou-se aqui, neste trabalho, fazer uma pequena história do pensamento
geográfico, enfocando a importância da ciência geográfica na compreensão da sociedade-
natureza, suas categorias, suas “Escolas”, suas “correntes”, os métodos e objetos.
A Geografia, como os outros campos de conhecimentos, é uma ciência dinâmica e
suas categorias fundantes são, também, dinâmicas: paisagem, lugar, região, território e
espaço.
Muitos trabalhos têm sido elaborados sob novos enfoques no campo da geografia
produzindo novos saberes, possibilitando o avanço da Ciência Geográfica.
5 REFERÊNCIAS
MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. 20. ed. São Paulo: Hucitec, 1987.
______. Por uma Geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica. São Paulo:
Edusp, 2002. (Coleção Milton Santos; 2).
SENE, Eutáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Cntexto, 2004.