Está en la página 1de 184

® BIBLIOTECA DIGITAL DE PEDAGOGÍA

“ESTIMADO LECTOR ESTE DOCUMENTO REPRESENTA UNA COPIA PRIVADA


QUE SÓLO PUEDE UTILIZARSE CON FINES EXCLUSIVAMENTE EDUCATIVOS”

• El servicio gratuito que brinda la Biblioteca Digital De Pedagogía; Pedagogium Didáctica, es motivo de tres
objetos de estudio que a continuación se presentan:

 OBJETO PRIMARIO: Difundir el conocimiento Pedagógico a los profesionales de la educación, a las


nuevas generaciones académicas que se desempeñan en el estudio del campo Pedagógico y a
toda persona interesada en el conocimiento de la disciplina.

 OBJETO SECUNDARIO: Facilitar y fomentar en las personas el hábito cultural de la lectura


proporcionando vía on-line materiales informativos y educativos como; Libros, Revistas, Manuales,
Guías y Test de relevancia para situaciones de necesidad doméstica, de formación intelectual y
de fortalecimiento profesional.

 OBJETO TERCIARIO: Contribuir de manera voluntaria al apoyo solidario de personas nacionales e


internacionales que provienen o radican en regiones y sectores más desposeídos y que por
motivos de economía, de territorios geográficos, de discriminación y de Necesidades Educativas
Especiales (NEE) no tienen la posibilidad de acceder a bibliotecas públicas de carácter
gubernamental como a las privadas de carácter empresarial.

• Una vez leído el documento digital, el lector deberá borrar permanentemente el material de su
PC, Laptop, Tablet, Celular o Dispositivo USB, ya que el préstamo del ejemplar solicitado queda
absolutamente vencido después de su uso. No hacerlo inmediatamente, usted se hace responsable de los
perjuicios que tal incumplimiento genere.

• Pedagogium Didáctica, le recomienda que en caso de que usted tenga posibilidades de financiar el
material, compre la versión original en cualquiera de las librerías de su país, ya que algunos
materiales publicados en la Biblioteca son ligeramente reducidos como cumplimiento del tamaño
reglamentario que establece la Red Social, lo que resulta de manera inconveniente en algunas
partes del material digitalizado y escaneado, estas se vean borrosas o no muy claras para el lector.
Si las leyes de su país prohíben este tipo de préstamo, absténgase de seguir utilizando totalmente
los servicios gratuitos de esta Biblioteca. El proyecto Pedagogium Didáctica, no genera ningún interés
económico de forma directa como indirecta, ni de sus usuarios, ni de la red social ni tampoco de
la publicidad de la Biblioteca.

“QUEDA PROHIBIDA LA VENTA, DISTRIBUCIÓN Y COMERCIALIZACIÓN TOTAL DE ESTE


DOCUMENTO SIN PREVIA AUTORIZACIÓN”
T raducción de Teresa Arijón, excepto “Derechos
hum anos y educación liberadora” (Ana Laura Granero)
y Posfacio (Luciano Padilla López)
g r u p o e d it o r ia l
s ig lo v e in tiu n o

s ig lo x x l e d it o r e s , m é x ic o
C f f lR O D B . A G U A 2 4 8 . R O M E R O D E T E R R B ^ O S , 0 4 3 1 0 h /É H C O . D F
w w w . s i g b x x i e d i t o r e s .c o m . m x

s ig lo x x i e d it o r e s , a r g e n tin a
G U A T E M A L A 4 8 2 4 , C 1 4 2 5 B U P , B U B v lO S A IR E S . A R G E N T IN A

w w w . s i g to x x i e d lto n B S .c o m .a r

a n th r o p o s
LE P A M T 2 4 1 , 2 4 3 0 8 0 1 3 B A R C S .0 N A . E S P A Ñ A

w w w .a n t h r o p o s - e d i t o r i a l .c o m

Freire, Paulo
El maestro sin recetas: El desafío de enseñar en un mundo cambian­
te.- i* ed.- Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016.
192 p.; 21 x 14 cm - (Biblioteca clásica de Siglo Veintiuno)

Traducción de Teresa Arijón / / ISBN 978-987-629-680-9

1. Educación. I. Arijón, Teresa, trad. II. Título.


CDD 370.1

Título original: Pedagogíadossonhospossiveis (San Pablo,


Paz e Terra, 2014)

© Editora Villa das Letras


©2016, Siglo Veintiuno Editores Argentina SA .

Ilustraciones de cubierta e interior: Mariana Nemitz


Diseño de cubierta: Eugenia Lardiés
Diseño de colección: Thólon Kunst

ISBN 978-987-629-680-9

Impreso en Arcángel Maggio - División Libros / / Lafayette 1Ü95,


Buenos Aires, en el mes de septiembre de 2016

Hecho el depósito que marca la Ley 11 723


Impreso en Argentina / / Made in Argentina
A todas y a todos quienes, como Paulo,
se permiten soñar.
A na M aría A raújo F reire [Nita]
ín d ic e

N o ta d e l e d ito r 11

P re s e n ta c ió n a Pedagogía de los sueños posibles 13

Ana María Araújo Freire

D IÁ L O G O S Y C O N F E R E N C IA S

D E P A U L O F R E IR E

D e r e c h o s h u m a n o s y e d u c a c i ó n lib e r a d o r a 37

E ducar al e d u ca d o r 49

U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s 81

L a a l f a b e t i z a c i ó n d e s d e la p e r s p e c t i v a

d e la e d u c a c i ó n p o p u l a r 101

A lf a b e t iz a c i ó n : l e c t u r a d e l m u n d o , le c t u r a

d e la p a l a b r a 115

D e b a t e s o b r e la p o s m o d e m i d a d 139

C a m b i a r e s d if íc il, p e r o e s p o s i b l e 143

A lfa b e tiz a c ió n e n c ie n c ia s 169


1 0 E l m a e s tro s in re c e ta s

P o s fa c io 177

Olgair Gomes Garda

F u e n t e s d e lo s t e x t o s 183

R e f e r e n c ia s b ib lio g r á fic a s 185


N o ta d e l e d ito r

En 2001 se p u b lic ó e l lib r o de P a u lo F r e ir e P edagogía


d o s so n h o s possíveis, r e e d it a d o e n 2 0 1 4 , o b r a e n t e r a ­

m e n te tr a d u c id a y p u b lic a d a p o r S ig lo X X I E d ito r e s e n

dos v o lú m e n e s : e l p r im e r o , P eda gog ía d e lo s su eñ o s


p o s ib le s (2 0 1 5 ), que c o m p re n d e tre s s e c c io n e s de la

o b ra o r ig in a l (‘T e s t i m o n i o s y e n s a y o s ” , " E n tr e v is ta s ” y

“ C a r t a s " ) , a d e m á s d e la P r e s e n t a c i ó n y e l P r e f a c i o ; y e l

s e g u n d o , q u e e l le c t o r tie n e e n s u s m a n o s , El m a e stro
sin recetas, q u e i n c l u y e la s e c c i ó n d e “ D i á l o g o s y c o n f e ­

r e n c ia s ” y e l P o s fa c io .
P r e s e n t a c i ó n a Pedagogía
de los sueños posibles

Ana María Araújo Freire

D e a h í q u e a l l e n g u a je d e la p o s i b i l id a d , q u e c o m p o r t a la

u t o p í a c o m o s u e ñ o p o s i b le , p r e f i e r a n e l d i s c u r s o n e o lib e r a l,

“ p r a g m á t i c o ” , s e g ú n e l c u a l d e b e m o s a d e c u a m o s a lo s

h e c h o s t a l c o m o s e e s t á n d a n d o , c o m o s i n o p u d ie r a n d a r s e

d e o t r a f o r m a , c o m o s i n o d e b i é s e m o s lu c h a r , p r e c i s a m e n t e

p o r s e r m u je r e s y h o m b r e s , p a r a q u e s e d e n d e o t r a m a n e r a

( P a u lo F r e ir e , Pedagogía de la esperanza, p . 1 1 5 ).

S o ñ a r n o e s s ó l o u n a c t o p o l í t ic o n e c e s a r io , s in o t a m b i é n

u n a c o n n o t a c i ó n d e la f o r m a h i s t ó r i c o - s o c i a l d e e s t a r s i e n d o

m u je r e s y h o m b r e s . F o r m a p a r t e d e la n a t u r a le z a h u m a n a ,

q u e , d e n t r o d e la h is t o r ia , s e e n c u e n t r a e n p e r m a n e n t e

p r o c e s o d e d e v e n ir . [ ...] N o h a y c a m b io s in s u e ñ o , c o m o

n o h a y s u e ñ o s in e s p e r a n z a . L a c o m p r e n s i ó n d e la h is t o r ia

com o posibilidad [ . .. ] s e r í a in in t e li g i b le s in e l sueño, así c o m o

la c o n c e p c i ó n determinista s e s ie n t e i n c o m p a t ib l e c o n é l, y

p o r e s o lo n ie g a ( ib í d ., p p . 1 1 6 - 1 1 7 ) .

El sueño de la humanización, c u y a c o n c r e c ió n e s s ie m p r e

p r o c e s o , s i e m p r e d e v e n ir , p a s a p o r la r u p t u r a d e la s a m a ­

r r a s r e a le s , c o n c r e t a s , d e o r d e n e c o n ó m i c o , p o l í t ic o , s o c ia l,

i d e o l ó g i c o , e t c . , q u e n o s e s t á n c o n d e n a n d o a la d e s h u m a ­

n iz a c ió n . E l sueño e s a s í u n a e x ig e n c ia o u n a c o n d i c i ó n q u e

v ie n e h a c i é n d o s e p e r m a n e n t e e n la h is t o r ia q u e h a c e m o s y

q u e n o s h a c e y r e h a c e ( ib í d ., p . 1 2 6 ) .
1 4 El m a e s tr o s in re c e ta s

C u a n t o m á s m e d e j o s e d u c i r p o r la a c e p t a c i ó n d e

la m u e r t e d e la H i s t o r i a , t a n t o m á s a d m i t o q u e la

i m p o s i b i l i d a d d e u n m a ñ a n a d i f e r e n t e i m p li c a la e t e r n i d a d

d e l h o y n e o l i b e r a l q u e e s t á a llí, y la p e r m a n e n c i a

d e l h o y m a t a e n m í la p o s i b i l i d a d d e s o ñ a r . U n a v e z

d e s p r o b l e m a t i z a d o e l t i e m p o , la l l a m a d a m u e r t e d e la

H is t o r ia d e c r e t a e l in m o v ilis m o , q u e n ie g a a l s e r h u m a n o

( P a u l o F r e ir e , Pedagogía d é la autonom ía, p . 1 0 9 ).

E l r ie s g o s ó lo t ie n e s e n t id o c u a n d o lo c o r r o p o r u n a r a z ó n v a ­

lio s a , p o r u n id e a l, p o r u n sueño q u e e s t á m á s a llá d e l r ie s g o

m is m o ( P a u lo F re ire , Á sombra desta mangueira, p . 5 7 ).

C u a n d o p i e n s o e n m i T ie r r a , p i e n s o s o b r e t o d o e n e l sueño
posible, a u n q u e n a d a f á c i l, d e la in v e n c ió n d e m o c r á t i c a d e

n u e s t r a s o c i e d a d ( ib í d ., p . 3 2 ) .

N u n c a p u d e p e n s a r q u e la p r á c t i c a e d u c a t i v a [ . . . ] p u d i e r a

h a c e r s e a l m a r g e n d e la c u e s t i ó n d e lo s v a l o r e s y , p o r lo

t a n t o , d e la é t i c a ; a l m a r g e n d e lo s s u e ñ o s y d e la u t o p í a ,

e s d e c i r , d e la s e l e c c i o n e s p o l í t ic a s ; a l m a r g e n d e l c o n o c i ­

m i e n t o y d e la b e lle z a , v a le d e c i r , d e la g n o s e o l o g í a y d e la

e s t é t ic a ( P a u lo F r e ir e , Pedagogía de la indignación, p . 1 1 3 ).

Al co n m e m o rarse la fec h a e n q u e P au lo h a b ría cu m ­


p lid o 80 añ o s d e vida -v id a co m o existencia p le n a y fértil, e n
ta n to e x p erie n c ia com p leja, p ro fu n d a y rica, co m o fu e la
suya, d e e star con o tro s y o tras y con el m u n d o , m a rca d a co m o
la d e m uy pocas p erso n as p o r la d ig n id ad , la c o h e re n c ia y
el a m o r al p ró jim o -, o rg an icé y e n tre g u é al p ú b lico lec to r
u n n u evo libro: Pedagogía de los sueños posibles, c o n tex to s d e
P au lo , d e n tro d e la “Serie P au lo F reire ” d e la E d ito ra U n esp .
P re s e n ta c ió n a Pedagogía de lo s sueños posibles 1 5

Esta o b ra es, p o r lo tan to , el resu lta d o d e m i e m p e ñ o , p o r


u n a p a rte, p a ra satisfacer el in te rés co n sta n te d e los lectores
y las le c to ra s d e P au lo d e e sc u c h a r su voz, le e r su p a la b ra ,
p re o c u p a d o s co m o están p o r la ed u ca c ió n hum an ista-lib e­
ra d o ra q u e él cre a ra y d esarro lla ra, y, p o r o tra, p a ra h a c e r
p e rd u ra r, socializando lo m ás posible su ser, siem p re espe­
ran zad o , c o n sus dichos y sus hechos, su m a n e ra d e ser persona,
d e m o strad a p o r su c re e n c ia e n los sueños posibles o e n q u e n o ­
sotros los h ag am o s posibles a través d e la lucha. T e n g o la in te n ­
ción, en to n ces, d e p e re n n iz a r su existenciarse p ro fu n d a m e n te
m arcad o p o r u n a p re o c u p ac ió n ético-política-antropológica
p o r los seres h u m an o s, sin d istin ció n alguna.
H a b lo d e existencia tal c o m o P a u lo la c o n cib ió , co m o la
e x p e rie n c ia h u m a n a q u e a b rió a h o m b re s y m u je re s a la
c o n c ie n c ia d e la c o m p re n s ió n d e su p re s e n c ia “in te rfe rid o -
r a ” e n el m u n d o , d e sp u é s d e h a b e r in te rf e r id o e n él e n la
p rá c tic a ; las p o sib ilid a d e s d e h a b la m o s y e sc rib irn o s e x p re ­
sa n d o n u e stro s pensares m ás e la b o ra d o s y sistem atizad o s; d e
m a n ife sta rn o s, d e d istin tas m a n e ra s, n u e stra s emociones m ás
g e n u in a s. Pensares y sentires in d ic o to m iz a b le m e n te g e n e ra ­
d o s e n n u e s tro c u e rp o , q u e se to r n ó así cuerpo consciente.
Existencia q u e p o r su n a tu ra le z a m ism a n o s a b re la p o sib ili­
d a d , p o r lo ta n to , d e re fle x io n a r so b re ella; so b re n u e s tra
h a b ilid a d d e , h a b la n d o y r e p e n s a n d o , a c tu a r in te n c io n a l­
m e n te h a c ie n d o p rax is, re g is tra n d o c o n s c ie n te m e n te n u e s­
tras a cc io n e s y sie n d o c ap aces d e lu c h a r p o r la tra n sfo r­
m a c ió n d e las so cie d a d e s inju stas, re v e la n d o la belleza d e
la vida. S o b re su p e c u lia rid a d a b s o lu ta m e n te h u m a n a d e ,
sa b ie n d o lo q u e som os y lo q u e q u e re m o s y sen tim o s, p o ­
d e r tra n s fo rm a r el m u n d o . El m u n d o q u e v e n d ría o q u e
v e n d rá , d e p e n d ie n d o d e n u e stra s c o n q u ista s. L a existencia
o el existenciarse é tico -p o lítico -p ed a g ó g ic o d e P a u lo es id e n ­
tificad o así c o n los sueños, c o n la utopía d e u n m u n d o m e ­
j o r , m ás ju s to . E n ese existenciarse ra d ic a lm e n te é tico , P a u lo
n o s o fre ció u n a te o ría p o lític a q u e n o s p o sib ilita v o lv em o s
c o n sc ie n te s d e n u e s tro p a p e l co m o su jeto s ético s d e la h is­
1 6 E l m a e s tr o s in re c e ta s

to ria , p o r lo ta n to , cap aces d e v isib ilizam o s, si q u isiéram o s,


m e d ia n te accio n es c u ltu ra le s im p u lsa d as p o r los sueños, p o r
la utopía liberadora.
L a existencia h u m a n a es la q u e p e rm ite , p o r lo ta n to , la
d e n u n c ia y el a n u n c io , la in d ig n ac ió n y el am o r, el co n flicto
y e l c o n sen so , el d iálo g o o su n e g ac ió n c o n la v ertic alid ad
d e l p o d e r. G ran d eza é tica q u e a n ta g o n iz a c o n las m iserias
an tiéticas; las tran sg resio n es d e la ética universal de los seres
humanos, co m o d e cía él. Es e x a c ta m e n te a p a rtir d e estas
c o n tra d ic c io n e s q u e n a c e n los sueños colectivamente soñados,
q u e ten e m o s la p o sib ilid ad d e s u p e ra r las c o n d ic io n e s d e
vid a a las q u e estam os so m etid o s co m o sim ples o b jeto s, p a ra
to m a rn o s , tam b ién , sujetos: Seres Más. L a e p iste m o lo g ía de
P au lo n o s co n v en ce y convida, so b re to d o a n o so tro s, e d u ­
c a d o res y ed u c a d o ra s, a p e n sa r y o p ta r, a a d h e r ir y a c tu a r
p ro y e c ta n d o in in te rru m p id a m e n te la c o n c re c ió n d e los
sueños posibles, cuya n a tu ra le z a es ta n to ética co m o política.
N ecesitam o s c re e r q u e p o d em o s h a c e r p o sib les los sueños
aparentemente imposibles e n ta n to vivamos v e rd a d e ra m e n te
ese existenciarse. S on ellos, los sueños y el existenciarse, los q u e
n o s “p e rm ite n ” c o n v e rtirn o s sie m p re e n seres d e lu c h a p o r
la lib e ra ció n : Seres Más.

El títu lo d el libro q u e p re se n to a h o ra está ju stifica d o , creo,


o, m e jo r d ich o , se irá ju stifican d o d u ra n te su lectu ra, d esd e
esta “P rese n ta c ió n ” h asta la ú ltim a p a lab ra del tex to , o m e­
j o r d ic h o h asta la ú ltim a p a lab ra d e Paulo. Está c o m p u esto
p o r varios d e sus trabajos, q u e, co m o siem p re, d e n u n c ia n los
su frim ien to s de lo s/la s o p rim id o s/a s, lo s/la s p e rse g u id o s/a s,
lo s /la s e x p lo ta d o s/a s, lo s/la s e x c lu id o s/as, lo s/la s d e sh a rra ­
p a d o s /a s d el m u n d o ; p e ro adem ás an u n c ian , co m o siem p re
tam b ié n , la p ro m esa d e tiem pos m ejores si n o n o s q u ed am o s
e n la m e ra y pasiva esp era vana. P au lo nos invita a soñar, a osar
y a luchar. A so ñ ar sueños posibles. A osar h a c e r posibles los sueños
imposibles d e hoy. A lu c h a r siem p re p o r c o n c re ta r los sueños de
tra n sfo rm ació n h acia u n m u n d o m ejo r y más ju sto .
P re s e n ta c ió n a Pedagogía d e los sueños posibles 1 7

C u m p lido s trece años d e su p rim e ra e d ició n , el lib ro vuelve


al p ú b lico e d ita d o p o r Paz e T e rra y c o n alg u n o s cam bios res­
p e cto d e la e d ició n d e 2001.
Las c u a tro partes* q u e lo c o m p o n e n incluyen, cada u n a,
siete artícu lo s e n su m ayoría in éd ito s (o in éd ito s e n Brasil),
a g ru p a d o s bajo los sig u ien tes títulos: “T estim o n io s y ensayos”,
“D iálogos y co n feren c ias”, “E ntrevistas” y “C artas”.
P ro c u ré m a n te n e r, d e n tro d e c ad a g ru p o , el o rd e n c ro n o ­
lógico e n el q u e fu e ro n escritos, c o n ex cep ció n del p rim e r
tex to y la ú ltim a carta. El p rim e r tex to , p o r h a b e r sido el últi­
m o p e n sa r sistem atizado d e P au lo , q u e d e m o stró su p re o c u ­
p ació n p o r las injusticias h asta el ú ltim o in stan te d e su vida al
solidarizarse co n los sin te c h o q u e lu c h a n p o r el sueño posible
d e vivir c o n d ig n id ad ; la carta, n o sólo p o r su belleza estéti­
ca, sino so b re to d o p o r su te n o r ético d e d e n u n c ia co n tra el
ré g im e n m ilitar e n u n a ñ o e n el q u e , d e n o rte a sur, estam os
c o n d e n a n d o / re c o rd a n d o los c in c u e n ta añ o s d el nefasto
g o lp e civil-militar e n Brasil. Im p e d id o de “g rita r” al m u n d o
u n h e c h o p o lítico tan grave y h e d io n d o co m o e l asesin ato d e
M yrian, q u e lo g o lp eó ta n d e cerca, Paulo tuvo q u e c o n te n e r
y restrin g ir su d en u n cia: la O p e ra c ió n C ó n d o r cazaba a “los
en em ig o s d e la p a tria ” d o n d e q u ie ra q u e estuviesen. E n esta
carta n o reclam a, llo ra p o r ella co m o u n “am igo d e todas las
h o ra s”.

La p rim e ra p a rte, “T estim o n io s y ensayos”, co n sta del artículo


a rrib a m e n c io n a d o , p u b lica d o e n A ustralia y retitu lad o com o
“Es im posible existir sin sueños”, q u e a d h ie re a las acciones de
los m ilitan tes sin tech o d el m u n d o y a la p ro p ia lectu ra d e

* C o m o s e a c la r ó e n la N o ta d e l e d it o r (v é a s e p . 1 1 ), e l p r e s e n te v o ­

lu m e n e s tá in te g r a d o p o r la s e g u n d a p a r t e d e l lib r o o r ig in a l. P a ra n o

a fe c t a r la c o h e s ió n d e la P r e s e n ta c ió n , s e h a n m a n te n id o la s r e fe r e n ­

c ia s a la e d ic ió n e n p o r tu g u é s .
1 8 B m a e s tro s in re c e ta s

m u n d o del MST; “S obre el acto co g n o scen te”, q u e tie n e u n


valor histórico e n o rm e , a u n q u e in co m p leto , p o rq u e e n este
escrito in éd ito P aulo “ensaya” lo q u e p o co d esp u és d irá en
Pedagogía del oprimido y e n alg u n o s textos q u e in te g ra n Acción
cultural para la libertad. Siguen “L a h istoria co m o p o sib ilidad ”,
d e 1993 (n u n ca supim os si fue p u b licad o e n P o rtu g al o n o );
“S obre el co n ocim ien to relacio n al”, u n p a re c e r so b re la diser­
tació n d e u n a estu d ian te e sta d o u n id en se, in éd ito ; “Algunas
reflexiones acerca d e la u to p ía ”, in éd ito y sin fecha, y “L a galli­
n a p ed resa y los hijos del c ap itán T em ístocles”, escrito e n 1989
y ya p u b licad o a n te rio rm e n te p o r la P refectu ra d e San Pablo.
E n esta ed ició n retiré u n ensayo d e la p rim e ra p a rte, “E d u ­
car al e d u c a d o r”, y lo in te g ré, m ás a d e c u a d a m e n te , a la se­
g u n d a. E n su lu g ar in clu í u n texto, tam b ién in é d ito y sin fe­
ch a, su cin to y c o n tu n d e n te - “E d u cació n , e m p o d e ra m ie n to y
lib eració n ”- , q u e adem ás d e ser m uy bello co n trib u y e, so b re
to d o , a d irim ir d u d as y equívocos co n resp ecto a la acep ta ­
ció n o n o , p o r p a rte d e Paulo, del c o n ce p to d e empowerment
su rg id o e n los Estados U n id o s y tra d u cid o e n Brasil co m o
empoderamiento.
C ito u n ejem p lo d e u n estu d io so d e la o b ra d e m i m ari­
d o q u e, in ad v e rtid am en te y c o n in g e n u id a d , afirm ó q u e em ­
p o d e ra m ie n to es “u n c o n c e p to c en tral teó rico y p rác tico de
F reire q u e a p arece p o r p rim e ra vez e n Miedo y osadía, escrito
e n c o au to ría co n Ira S h o r (1 9 8 6 )V
A h o ra b ie n , P aulo jam ás utilizó este c o n c e p to e n n in g u n o
d e sus libros individuales, sin ex cep ció n . El le c to r só lo lo e n ­
c o n tra rá e n el m e n c io n a d o Miedo y osadía y e n Alfabetización:
lectura de la palabra y lectura de la realidad, escrito e n c o au to ría
co n D o n ald o M acedo. A m bos so n lib ros-hablados c o n co au ­
tores n o p o r co in cid en cia estad o u n id en se s, ya q u e este es u n

1 G u a r e s c h i, P e d r in h o , e n D iáonário Paulo Freire, D a n ilo S tr e c k ,

E u c lid e s R e d in y J a im e J o s é Z it k o s k i ( o r g s .) , 2 a e d ., B e lo H o r iz o n te ,

A u té n tic a , 2 0 1 0 , p p . 1 4 7 - 1 4 8 .
P re s e n ta c ió n a Pedagogía de los sueños posibles 1 9

co n c e p to q u e p re o c u p a b a s o b re m a n e ra a los in telectu ales d e


ese país. Y fu e ro n p recisam en te ellos d o s q u ien es tra je ro n a
la a re n a del d e b ate el c o n c e p to d e empowerment, y n o Paulo,
q u ie n les co m u n icó e n tie m p o y fo rm a su rech azo d el térm i­
n o c o m ú n m e n te utilizado p o r los académ icos e sta d o u n id e n ­
ses. C reo q u e este texto c o n trib u irá su stan cialm en te al escla­
re c im ie n to necesario del asu n to , p a ra q u e n o haya m ás d u d as
so b re la inad ecu ació n d e rela c io n a r el e m p o d e ra m ie n to , u n a
n o c ió n q u e caracteriza la su p rem acía d e los individuos e n el
sistem a capitalista, d e u n o s so b re otros, v erticalm en te, e n d e ­
trim e n to d e la relevancia d e las clases sociales del socialism o
d em o crá tico - n o la so ciald e m o crac ia- soñado p o r Paulo.

E n la se g u n d a p a rte , “D iálogos y c o n fe re n c ia s ”, los le c to re s


y las le cto ras e n c o n tra rá n : “E d u c a r al e d u c a d o r: u n d iá lo ­
g o c rítico c o n P a u lo F re ire ”, c o n J a m e s F ra se r y D o n a ld o
M ac ed o , rea liz ad o e n 1996 e n San P ab lo y p u b lic a d o e n
N u ev a Y ork e n 1997, to m a d o d e la p rim e r a p a rte y q u e o cu ­
p a el lu g a r d e la c o n fe re n c ia “D e re c h o s h u m a n o s y e d u c a ­
c ió n lib e ra d o ra ”, d e 1988, c e d id a p o r la E d ito ra Paz e T e rra
p a ra ser p u b lic a d a e n o tro lib ro ;* 2 “U n a co n v e rsació n c o n
a lu m n o s ”, u n b e llo d iálo g o c o n los a d o le sc e n te s d e la Es­
c u e la V era C ru z d e San P ab lo ; “L a a lfab e tiz ac ió n d e sd e la
p e rsp ec tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r ”, in é d ito e n v e rsió n
escrita; “A lfab etizació n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la
p a la b ra ”, rico d iálo g o c o n M árcio D ’O ln e C am pos; “D e b a te
so b re la p o s m o d e rn id a d ”, te m a d e l q u e P au lo h a b ría h a b la ­
d o e n P e n a n g e n 1993 si h u b ié ra m o s v iajado a M alasia p a ra
p a rticip ar e n el e n c u e n tro d o n d e se deb atió su legado teórico;

* In c lu id o e s te ú ltim o , c o n p e r m is o d e A n a M a n a A r a ú jo F re ir e , e n e l

p r e s e n te v o lu m e n .

2 Direitos hum anos e educagáo libertadora: a gestáo dem ocrática da


S M E D /S S o Paulo (1989-1991), A n a M a r ia A r a ú jo F re ir e y B a s t o

F o r te s M e n d o n g a (o r g s .) .
2 0 E l m a e s tr o s in re c e ta s

“C a m b ia r es difícil, p e ro es p o sib le ”, tem a-afirm ac ió n en


el q u e P a u lo n o se can só d e in sistir e n sus ú ltim o s añ o s
d e vida, in c e n tiv á n d o n o s h a cia la e sp e ra n z a co m o p ro y ec to
u tó p ic o d e vida y c o m o u n o d e los m ás im p o rta n te s sueños
posibles:, y “A lfab etizació n e n cien cias”, u n d iálo g o fu n d a ­
m e n ta l c o n A d ria n o N o g u eira.
E n la terce ra p a rte, “E ntrevistas”, seleccioné p a ra este li­
b ro - e n t r e las m u ch as con ced id as p o r P a u lo - seis q u e fu e ro n
p u b licad as e n revistas: “C onfesiones d e u n e d u c a d o r”, e n la
revista Elle, “La co n stru cció n d e la escuela d em o crá tica e n el
sistem a d e en señ an za p ú b lica”, con u n títu lo d ife re n te del
q u e P au lo le p ro p u so al p erió d ico Giz, “Pedagogía del oprimido
tre in ta añ o s d esp u és”, co n ced id a a D ag m ar Zibas - u n a d e las
ex secretarias d e m i e sp o so - e n rep rese n ta c ió n d e la F u n d a ­
c ió n C arlos Chagas; “M e g u staría m o rir d e ja n d o u n m ensaje
d e lu c h a ”, a Rosa M aría T orres, e d u c a d o ra ecu ato rian a; “Crí­
tico, radical y op tim ista”, a N eidson R odrigues; “N o se p u e d e
SCT'sin re b e ld ía ”, a A na Cecilia S ucupira; y, p o r últim o , la tam ­
b ié n reb a u tiza d a “O p resió n , clase y g é n e ro ”, co n ced id a a Do-
n a ld o M acedo y p u b licad a e n u n libro o rg an izad o p o r P e te r
M cL aren y o tro s titu lad o Paulo Freire: poder, deseos y recuerdos de
la liberación.
L a c u a rta p arte, “C artas”, incluye c o rre sp o n d en c ia in éd ita,
d e trasfo n d o p o lítico, q u e va d el lirism o p o ético h u m an ista
d e P au lo a su reb e ld ía “b ien c o m p o rta d a ”, co m o d ecía él,
fre n te a los actos a u to ritario s y perversos d e los d o m in ad o res
/ o p reso res so b re los d o m in ad o s / o p rim id o s. S on den u n cias
d e “los añ o s d e h ie rro ” q u e fu e ro n p ro d u c to d e los golpes
cívico-m ilitares e n Brasil y e n C hile, escritas d esd e el exilio,
d esd e “u n co n tex to p re sta d o ”, com o él decía. E n ellas P aulo
m u estra su in d ig n ac ió n y su reb eld ía -c o m o pocas veces la
e x p re s ó - resp ecto d e esos g obiernos, q u e - p a r a so m e te m o s
a la D o ctrin a d e la S eg u rid ad N acional, es d e c ir a los idea­
les d e l im p erialism o yanqui, q u e d ecía e n c a rn a r la esencia
d el “m u n d o o ccid en tal y cristian o ”- n e ce sitaro n c o n d e n a r,
ra p tar, exiliar, to rtu ra r, m atar y h a c e r d e sa p a re c er cu erp o s
P re s e n ta c ió n a Pedagogía d e b s sueños posibles 21

m u tilad o s p a ra callar la voz d e q u ie n e s lu c h a b an p o r u n a so­


c ie d ad m en o s o p re so ra y m e n o s perversa. El p ro p io P au lo fue
u n a d e las m iles d e víctim as y e n estas cartas evoca esos h e ­
chos -la s am arg u ras sufridas y las atro cid ad es co m etid as p o r
los “d u e ñ o s d e la v e rd a d ”- c o n v eh em en c ia, a u n q u e m eta­
fó ric am en te, fiel a su estilo m e d id o , sabio y p ru d e n te . Estas
cartas son, e n fin, u n c an to d e d o lo r y esp eran za, d e nostalgia
y d e trab ajo , d e alg u ien q u e fu e o b lig ad o a vivir casi dieciséis
años a p a rta d o d e to d o lo q u e am aba: su m a d re, su cu ltu ra,
sus p a rie n tes y sus am igos d e “los viejos tiem p o s” e n Recife, su
“c o n te x to d e o rig e n ”.
Los siete títu lo s d e las cartas f u e ro n e x tra íd o s d e frases
su elta s o d e los tem as tra ta d o s: “A m ar es u n acto d e lib e ­
ra c ió n ”, d irig id a a P au lo C avalcanti; “N ostalgias d e R ecife”,
a D o ran y S am paio; “D o lo res, sie m p re D o lo res”, a L o u rd e s
M o raes al e n te ra rs e d e la m u e rte d e D o lo res C o elh o , am bas
c o m p a ñ e ra s d e tra b ajo d e P a u lo e n el Sesi-PE; “U n in fo rm e
im p re sio n ista ”, d irig id a a M arcela, S érg io y jo s é Fiori, d o n d e
n a rr a y an aliza c rític a m e n te el larg o viaje q u e hizo e n 1973
p o r g ra n p a rte d e l te rrito rio e sta d o u n id e n s e al servicio del
C o n sejo M u n d ia l d e Iglesias. Se tra ta d e u n in fo rm e d o n d e
ev alú a su tra b ajo d e e d u c a d o r p a ra ese o rg an ism o , ya m e n ­
c io n a d o e n Pedagogía de la esperanza (p p . 182 y ss.). E sta ca rta
c o n tie n e u n a a g u d a c o n sta ta c ió n , casi u n a “ad iv in ació n ”, u n
a n tic ip o d e l p e n sa m ie n to id e o ló g ic o d el n e o lib e ra lism o d e
los a ñ o s o c h e n ta . P au lo d ice tex tu a lm e n te : “E n los E stados
U n id o s, id e o ló g ic a m e n te , se decretó la muerte de las ideologías
C o m p le ta n la serie: “N o h ay u n iv e rsa lid a d sin lo c a lid a d ”, d i­
rig id a a H e lo isa B ezerra, a siste n te social y tam b ié n a n tig u a
c o m p a ñ e ra d e tra b a jo e n el Sesi-PE; “E sta es u n a c a rta d e
p u ro a m o r ”, n u e v a m e n te p a ra S érg io y M arcela; y “M yrian
‘d u e rm e p ro f u n d a m e n te ’”, d o n d e q u e d a e x p re sa d a la sen ­
sib ilid ad d e u n h o m b re q u e n u n c a n e ce sitó h a c e r alh a ra c a,
g rita r, b lasfem ar o la n z a r la m e n to s in ú tile s p a ra e x p re sa r su
d o lo r. Ese a rru llo d e te r n u r a lleva d e n tr o el a m o r d e P au lo
y su im p o te n c ia fre n te a ese acto c ru e l y c o n su m a d o a la dis­
2 2 El m a e s tro s in re c e ta s

tan c ia cu a n d o nos p id e q u e , co m o él, h a g am o s u n n ece sario


silen cio p a ra q u e M yrian d u e rm a e n paz, a u n q u e sea e n su
le c h o d e m u e rte .

P o r ú ltim o invité a dos g ra n d e s am igas, A n a L ú cia S ouza de


F reitas y O lg air G arcia, fre ire a n a s d e p u ra cep a, p a ra q u e
esc rib ieran , resp ectiv am en te, el p re fa c io y el p osfacio del
libro.*
A n a L úcia hizo u n tex to b o n ito y d e n s a m e n te teó rico , fa­
m ilia rizad a co m o está e n su p rax is c o n los tem as tra ta d o s /
p ro p u e sto s p o r la id e a d e la e d u c a c ió n d e P au lo , al q u e h a
re c re a d o e n sus c o n tex to s d e tra b a jo ta n to e n la S ecreta­
ria M u n icip al d e E d u cació n d e P o rto A leg re (S M E D /P O A )
c o m o e n su p u e sto d e d o c e n te e n la U n iv ersid ad L a Salle,
U n isalle, e in v estig ad o ra d el P ro je to S o n h o Possível, tam ­
b ié n e n la U nisalle. Sin ser id ealista, sin o p o r o sad ía epis­
tem o ló g ica, se p re s e n ta sin m ie d o s n i recelo s co m o u n a
a u té n tic a soñadora, como y con P au lo , c re y en d o e n la posibi­
lid a d d e q u e h o m b re s y m u jeres h a g a n lo p o sib le p a ra q u e
lo “im p o sib le ”,3 o lo q u e nos p a re c e im p o sib le, sean sueños
posibles.
O lg air -s o b r e la q u e u n d ía P a u lo escrib ió , e n la d e d i­
c a to ria d e u n o d e sus libros: “P a ra la d o c e n te c o n la q u e
s u e ñ o ”- con clu y e el lib ro c o n u n h e rm o s o tex to , q u e p a rte
d e la am istad e n tr e n o so tro s tres y d e su p rax is e n e l Siste­
m a M u n icip al d e E n señ an za d e San P ab lo , y n o s m u e s tra
el difícil ro s tro c o tid ia n o d e la e n se ñ a n z a p ú b lic a , q u e ella
d e se a c rítica y d e calid ad , como y con P au lo . E x p o n e n u e stra s

* E l p r e f a c io d e A n a L ú c ia S o u z a s e in c ljy ó e n e l p r im e r v o lu m e n d e l

lib r o , Pedagogía d e los sueños posibles (2 0 1 5 ).

3 “ L a v o c a c ió n h is tó r ic a n o e s d e s tin o , s in o p o s ib ilid a d . Y n o h a y

p o s ib ilid a d q u e n o s e e x p o n g a a s u n e g a c ió n , a la im p o s ib ilid a d . V

v ic e v e r s a : ¡o que ho y es im posible p u ed e s e r posible algún día’ (F re ir e ,

P a u lo , Á som bra desta mangueira, 3 a e d „ S a n P a b lo , O lh o d ’ Á g u a ,

2 0 0 0 , p . 8 2 , itá lic a s n u e s tr a s ) .
P re s e n ta c ió n a Pedagogía d e b s sueños posibles 2 3

d ificu ltad es p a ra a su m im o s c o m o seres e n busca de coheren­


cia fre n te a n u e stra incompletud ontológica, q u e casi n u n c a
acep tam o s.

Es m i d e b e r in fo rm a r q u e , c u a n d o c o rre s p o n d ía , a g re g u é
la p a la b ra mujeres al tra ta m ie n to p o r e n to n c e s m a ch ista d e
P au lo , p u e sto q u e él m ism o h a b ía p e d id o a las e d ito riales
q u e así lo h ic ie ra n e n las re e d ic io n e s d e Pedagogía de la
esperanza.
Hoy, e n 2014, an alizan d o la co y u n tu ra m u n d ial, p o d em o s
co n statar u n a m ejo ría e n o rm e e n la situación d e p e n u ria qu e
caracteriza a la m ayor p a rte d e n u e stra p o b lació n . P ero en
m i p re sen tació n de 2001 afirm ab a q u e, sin n ece sid ad d e ser
d o cto res e n ciencias políticas o econom istas -¡lo s d em iurg o s
d e la g lobalización!-, p o d íam o s c o m p ro b a r q u e la p resen cia
- d e n u n c ia d a p o r P au lo h acía a ñ o s - d e co n trad iccio n es q u e
re d u n d a b a n en u n estad o de injusticia e n todos los niveles y
grados y q u e cad a d ía e ra n mayores, dictadas p o r la globali­
zación d e la eco n o m ía, estaba “a la o rd e n d e l d ía ” e n n u e stra
vida político-social.
Decía: esta fo rm a p o s m o d e m a d e c o n tro la r el d estin o del
m u n d o y d e los seres h u m an o s, q u e c o n c e n tra las ren tas n a­
cionales en m anos d e pocas perso n as y países, distribuye m ag­
n án im a m en te - p u e s n ecesita h a cerlo p a ra m a n te n e rs e - u n a
p o lítica d e e n d e u d a m ie n to , d e n eg ació n d e las soberanías
nacionales, de m iserias de to d a clase. H a m b re, e n ferm ed a­
des, m últiples p e n u rias q u e vuelven cad a vez m ás frágil a la
m ayoría d e la p o b lac ió n d e A frica y A m érica L atin a y tam b ién
a seg m en to s significativos d e n tro de las p ro p ias sociedades
del N o rte to d o p o d e ro so . N osotros, brasileños y brasileñas, ri­
g u ro sam en te h a b la n d o , som os ta n d espojados cad a d ía co m o
n u estro s pares latin o am erican o s, a u n q u e m en o s q u e n u es­
tros h erm an o s d e los países africanos. Nos sentim os y n o s sa­
b em os p erv ersam en te sustraídos, co m o n u n c a an tes, d e n u es­
tras co n dicio n es y posibilidades d e ser, d e ten e r, d e desear, d e
q u e re r y d e p o d er.
2 4 E l m a e s tro sin re c e ta s

Las noticias hoy más e n b o g a en los m ed ios brasileños son


los delitos d e co rru p c ió n d e to d a laya, sobre to d o p ro v en ien ­
tes d e la sociedad política. A lgunos vacían los cofres d el te­
so ro p úblico, o m ejo r d ich o , la d ig n id ad del p u eb lo brasile­
ñ o, p o rq u e e n ellos d e b e ría estar d e b id a m e n te g u a rd a d o y
resp etad o , si aquellos fu e ra n serios y éticos, el resu ltado del
trab ajo o b te n id o con el su d o r, si n o con la sangre, de n u estro
p u eb lo . Sin em bargo, constatam os b o q u iab ierto s q u e, c u an ­
d o los investigan, sólo les e n c u e n tra n “faltas p e rd o n a b le s”, y
jam ás co m p ru e b a n los delitos q u e rea lm en te co m e tiero n y
c o n tin ú a n co m etien d o , cín icam en te y sin p u d o r, am p arad o s
en sus prerrogativas. Los subterfugios legales q u e e n c u e n tra n
los ab o gad o s - q u e casi siem p re se e n riq u e c e n d e fe n d ie n d o
lo in d e fen d ib le en n o m b re del “d e re c h o d e d efen sa d e l ciu­
d a d a n o ” m ien tras el p a c h o rrie n to P o d e r Ju d icial h ace la vista
g o rd a escu d án do se en “la le tra d e la ley”, q u e la v e rd ad era
ética d e n u estro tiem p o histórico ya h a su p e ra d o -, e n rea­
lidad, p e rp e tú a n la im p u n id a d d e los q u e p u e d e n y tien en .
O tro s, esco n d ién d o se e n cargos públicos p a ra p rev aricar li­
b re m e n te , les m ien ten a sus electores, d e sd e ñ a n la o p in ió n
p ú b lica, m a tan sin p ie d a d c u an d o les ap etece y / o conviene,
co n stru y en y v en d en edificios c o n d e n ad o s a venirse abajo p o r
la p re c a rie d a d co n q u e so n proyectados y edificados, trafican
drogas, n iñ o s atletas o n iñ as ex plotadas sex u alm en te, a los
q u e utilizan p a ra e n riq u ecerse d e m a n e ra ilícita y vergonzo­
sa. Esos co m p o rtam ien to s p ro fu n d a m e n te inm o rales e ilegí­
tim os h a n co n trib u id o , sin d u d a alguna, al a u m e n to d e la cri­
m in alid ad generalizada, in so p o rtab le e n el país.
P o r delitos la m ayoría d e las veces m u ch o m en o s graves
se a m o n to n a n h o m b res e n las cárceles, co m o si n o tuvieran
c u e rp o y alm a, com o si n a d a fu eran ; a d e cir verd ad , co m o
cosas q u e d e b e n elim inarse m u tu a m e n te en los m o tin es o p o r
m a n o d “ profesionales crueles e inescrupulosos bajo las ó rd e ­
nes, a veces, d e au to rid ad es q u e sólo ven el crim e n en q u ien es
viven h acin ad o s en los presidios, los d e los estratos p o p u la­
res. Los ciu d ad an o s ya n o co n fían e n las policías, y les tie n en
P re s e n ta c ió n a Pedagogía d e los sueños posib le s 2 5

m ied o. P o r su p a rte , los ag en tes d e policía d e n u n c ia n y nos


h a ce n ver la re a lid a d in h ó sp ita e n la q u e t r a b a j a n y viven a
falta d e u n a p o lítica d e seg u rid a d seria y n ecesaria p a ra to d a
la pob lació n . P arte d e esa p o b la c ió n e sp an tad a , in d ig n a d a e
im p o te n te es testigo d e estas cosas y se vuelve in c ré d u la a n te
la vida y a n te el p ró jim o ; n o vislum bra posib ilidad es d e exis­
tenciarse p le n a m e n te . O tra p a rte ap ro v ech a la “o la” y navega,
inju stificad am en te, e n el m a r d e b a rro d e los desm an es, los
descalabros y el d e sg o b iern o , e n u n a su erte d e vale tod o , de
“sálvese q u ie n p u e d a ”, e n la u su rp a c ió n irrestricta d e los d e­
rech o s ajenos q u e, co m o n u n c a antes, n o s a h o g a co m o p u e ­
b lo y co m o n ació n .
N u estro p a trim o n io p ú b lico a d u ra s p en as c o n stru id o d u ­
ra n te siglos d e h isto ria d e ten a cid a d y b rav u ra p o r este p u e ­
b lo ta n creativo co m o tra b aja d o r está sien d o e n treg a d o , sin
escrú p u lo s n i p ru rito s, a la iniciativa privada, reg id a p o r el
d isto rsio n ad o c o n c e p to n eo lib e ral d e q u e esta tien e todas
las c o n d icio n es d e g e re n cia m ien to , e n todas las instancias
d e la p ro d u c c ió n , la d istrib u ció n y los servicios, q u e la esfe­
ra p ú b lica n o tien e. D esde las políticas agrícolas y agrarias
-in c lu id o s el fin a n c iam ie n to d e los tran sg én ico s p ro d u c id o s
p o r los fu tu ro s “d u e ñ o s ” d e tod as las sem illas alim enticias d el
p la n e ta , la d istrib u ció n d eficien te d e las tierras d e cultivo y la
re fo rm a ag raria, ta n in d isp en sab le co m o u r g e n te - h asta las
d e l sec to r e n erg étic o , co n statam o s in d ig n ad o s u n a falta d e
visión p o lític am en te estratég ica d e estas y o tras políticas p ú ­
blicas p o r p a rte d e n u e stro g o b ie rn o “aliad o y afin ad o ”, e n
v erd ad , so m etid o a los d ic tám en e s del p o d e r global, m alvado
y n ece saria m e n te a jen o a los actuales, cruciales y d ram ático s
p ro b lem as sociales, eco n ó m ico -fin an ciero s y am b ien tales d e
la n a ció n b rasileña.
Las p ro p u estas n acid as e n el sen o d e los m ovim ientos socia­
les q u e tra d u c e n la voz d e la m ayoría d el p u e b lo , elab o rad as
d e m a n e ra realista a p a rtir d e n u e stra c o n c re tu d eco n ó m ica,
social e h istó rica, son d esd eñ ad as, ridiculizadas y d ejad as d e
lad o p o r los “d u e ñ o s d el p o d e r ”, cu an d o n o p e rse g u id o s/a s
2 6 0 m a e s tro s in re c e ta s

sus d e fe n so re s/a s y a cu sad o s/as d e e sta r ten ie n d o u n “com ­


p o rta m ie n to p o lítico ”, co m o si el ejercicio del d e re c h o d e
c iu d a d an ía p o r u n ser político fu e ra p rerro g ativ a de la elite
q u e d e te n ta el p o d er. El ejem p lo más c o n tu n d e n te es la o p o ­
sición al M ovim iento d e los T rab ajad o res R urales Sin T ie rra
(M ST ). Las acciones y p ro p u estas del M ST p a ra el d esarro llo
su sten tad o co n base social h u m an ista - q u e c re e n e n el sueño
d e d em o cratiz ar el país, q u e p re te n d e n m u c h o m ás q u e u n a
sim ple “d o n a c ió n ” d e tierras a q u ien es las o cu p a n , q u e so b re
to d o q u ie re n incluirse co m o ciu d ad an o s e n el secto r p ro d u c ­
tivo y cu ltu ral n a c io n a l- son m en o sp reciad as, y sus m ilitantes,
p ersegu id o s en carn izad am en te . Los d o m in an te s se p e rm ite n ,
sin culpa, d e te rm in a r q u e los d e rech o s civiles y p o líticos de
los asentados o acam p an tes sean “co n cu lcad o s”. M ientras tan ­
to, las ciu d ad es ven m o rir a los in d ig en tes e n las filas d e los
hospitales, los ven vivir en la calle, los ven desfallecer d e ham­
bre y ser excluidos d e las escuelas.4
E n el a ñ o 2000, reley en d o casi to d a la o b ra d e P au lo m ie n ­
tras analizab a y o rg an izab a los d iferen tes textos q u e in te­
g ra n este volum en, n o té q u e él nos invitaba a in d ig n a m o s,5
a b u scar u n a estrategia - la d e m o c ra c ia - q u e nos p e rm itie ra
su p e ra r esta in stan cia afectivo-política y p ro y ectar sueños de
cambio. Ya e n to n ces n o s invitaba, in te n ta b a h a c e m o s v er q u e
d eb em o s in c o rp o ra r, a la in d ig n ació n y el am o r, los sueños
éticos y políticos, co m o u n a n ecesid ad h u m a n a rad ical, c u a n d o
n ecesitam os e n fre n ta r, co m o a h o ra, los difíciles p ro b lem as
d e la sociedad.
C o n esto digo q u e, sin d ejar d e am a r y d e in d ig n a m o s, y
p re c is a m e n te a p a rtir d e ese s e n tim ie n to d e in d ig n a c ió n

4 L o s d é fic its d e m a tr ic u la s p a r a e s c u e la s p r im a r ia s y ja r d in e s d e in fa n ­

te s c o n tin ú a n e n 2 0 1 4 e n t o d o e l p a ís , u n a r e a lid a d a b s o lu ta m e n te in ­

d ig n a n te e in ju s ta p a r a lo s e s tr a to s p o p u la r e s q u e ta n t o lo s n e c e s ita n .

5 R e s p o n d ie n d o a e s ta in v ita c ió n d e m i e s p o s o o r g a n ic é , c o n e s c r ito s

s u y o s , e l lib r o Pedagogía da ¡ndignagáo, S a n P a b lo , P a z e T e r r a ,

2014.
P re s e n ta c ió n a Pedagogía de los sueños posibles 2 7

- p o r q u e los d o m in an tes n o oyen n i q u ie re n o ír la voz d e la


in d ig n ac ió n e n n u estro s clam o res-, d eb em o s a lim e n ta r los
sueños q u e casi siem p re p o d em o s h a c e r posibles p a ra co n ti­
n u a r sien d o y sin tién d o n o s sujetos d e la historia. De existencia
v erd ad era. P ara n o d ejar q u e la in d ig n ac ió n se d ifu m in e p o r
co m p leto , q u e el esp an to d e salen tad o r, q u e la d esesp eran za
d esestabilizadora o el cinism o adaptativo se a d u e ñ e n d e no ­
sotros, re sp o n d í a los “llam ad o s” d e Paulo, q u e “ad iv in an d o ”
o, m e jo r d ich o , e n te n d ie n d o las señales d e estas inadm isibles
co n d icio n es actuales del m u n d o y e n especial d e n u e stro país,
m o strab a la im p o rtan c ia d e los sueños utópicos en sus diversos
ensayos y discursos.
P o r más co n trad ic to rio q u e parezca, n ecesitam os co n u r­
g en cia reavivar n u e stra cap acid ad ontológica de soñar, d e p ro ­
yectar en el fu tu ro m ás c ercan o posible días d e paz, e q u id a d
y so lidaridad. N ecesitam os reactivar e n n u estro s cuerpos cons­
cientes la posib ilidad d e so ñ ar el su eñ o utópico q u e P aulo nos
invita a so ñ ar d esd e h ace años - e l sueño posible-', eso nos p e r­
m itirá rescatar n u e stra h u m a n id a d m ás au tén tica , q u e nos
fue ro b a d a p o r aquellos q u e n o s e x p lo ta n y nos m u tilan. P o r
aquellos q u e m in a n n u estras esperanzas d e llegar a ser u n a
sociedad seria y ju s ta co m o m erecem os.
P ara eso necesitam os, como y con P aulo, c re e r q u e “d e esa
agitación d el alm a fo rm a p a rte tam b ién el d o lo r d e la ru p tu ra
d el su eñ o , de la u to p ía ”,6 com o sintió él en alg ú n m o m e n ­
to d e su vida y hoy sentim os p ro fu n d a m e n te casi todos los
b rasileños y brasileñas. P ero , co n trad ic to riam e n te , d e esos
“su eñ o s rotos, p e ro n o d esh e c h o s”,7 p o d em o s h a c e r re n a c e r
e n n o so tros la esp eran za d e u n a so cied ad nueva. Así, q u ien es
ten em o s u n co m p ro m iso co n u n m u n d o m ejor, y sentim os
hoy m ás q u e n u n c a q u e n u estro s sueños se están “ro m p ie n ­
d o ”, u n a vez más d ebem os p ro c u rar, como y con Paulo, re h a c e r

6 F re ir e , P a u lo , Pedagogía de la esperanza, p. 50.

7 Ib íd ., p . 5 3 . '
2 8 El m a e s tro sin re c e ta s

so cialm en te los sueños posibles d e tran sfo rm ació n , p o rq u e sa­


b em o s q u e sólo fu e ro n “d esh ech o s” e n ap arien cia, p o rq u e
soñar es u n d estin o . Es decir: todos los q u e n o s existenciamos,
los q u e e n el tran scu rso d e m ilenios, d e siglos, nos hicim os
seres h u m an o s, h o m b res y m ujeres, estam os irrem ed iab le y
felizm en te “c o n d e n a d o s” a soñar. Soñar su eñ o s h u m an izad o -
res. Soñar sueños ético-políticos. El sueño posible ped ag o g izad o
d e b e se r socializado: Pedagogía de los sueños posibles.

N it a

S a n P a b lo , 1 9 d e a g o s t o d e 2 0 0 1

S a n P a b lo , 1 3 d e m a r z o d e 2 0 1 4

(E n 2001, c u an d o Pedagogía de los sueños posibles a ú n estaba


e n p ren sa, p a ra q u e la ed ició n n o p a re c ie ra desactu alizad a o
in c o m p le ta d esp u és del 11 d e sep tiem b re tuve q u e in c lu ir el
sig u ien te p o st scríptum .)

Esta p resen tació n escrita al calor d e los hechos, cu an d o Peda­


gogía de los sueños posibles ya h ab ía en trad o a im p re n ta, p u e d e
p a re c e r desactualizada a p rim era vista o, com o m ín im o , in­
co m p leta después del 11 de septiem bre. F rente al esp an to que
nos p ro d u jo a todos y todas el aten tad o co n tra el W orld T rad e
C e n te r e n N ueva York y sus consecuencias desesperantes p ara
to d o el m u n d o , fre n te a las inqu ietu d es resultantes d e la instau­
ració n d e u n “m u n d o globalizado” q u e sólo sirve a la ansiedad
d e en riq uecerse e n todos los niveles, grados y form as posibles
d e u n p u ñ ad o d e ho m b res y m ujeres, m e p re g u n té seriam ente:
¿lo q u e escribí sigue siendo válido? ¿Q ué clase d e m u n d o es
este q u e estam os construyendo? ¿Estamos p e rd ien d o la espe­
ran za d e u n m a ñ a n a m ejor, o debem os c o m p re n d e r este aten­
tad o co n tra la vida y co n tra la paz, co n trad icto riam ente, com o
el com ienzo d e la posib ilidad d e en ten d im ien to y d e proyectar
P re s e n ta c ió n a P edagogía d e to s sueños posibles 2 9

u n m u n d o d o n d e el diálogo de la tolerancia y la diferencia nos e n ­


cam in e h acia u n tiem p o / espacio d e m ayor arm o nía, justicia y
tranquilidad?
A tó n ita e n este clim a de in c o m p re n sió n y terro rism o sim ul­
tán eo s, reflex io n é: ¿debo, e n n o m b re d el trágico c o n tex to
m u n d ia l d e g u e rra , olvidar o m in im izar la d ram aticid ad d e lo
q u e se vive c o tid ia n a m e n te e n Brasil, cosa qu e, p o r desgracia,
se h a ag u d izad o e n las últim as d écad as ju s ta m e n te d e b id o al
irracio n alism o d e los p ro p ó sito s im perialistas, q u e “ju stific a n ”
estas acciones innobles? N e g á n d o m e a la d u a lid ad , a sep arar
los p ro b lem a s e n c o m p a rtim en to s estancos y cerrad o s, a d e ­
c ir q u e “lo q u e o c u rrió allá” es u n p ro b le m a d e fu n d a m en -
talism o religioso, “la v en gan za c o n tra los q u e sem b ra ro n la
d isco rd ia”, o p té p o r n o cam b iar lo q u e h a b ía escrito el 19 de
agosto de 2001. P o r lo tan to , se h a co nservado la p resen tació n
o rig in al, p e ro co n u n ag reg ad o , u n a ad v erten cia q u e nos ins­
ta a la reflex ió n : o n os iden tificam o s co n u n a ética lib e ra d o ra
y h u m an ista, c o n las u to p ías d o n d e cab en las d iferencias, ex­
p u rg á n d o n o s y e x p u rg a n d o d e la so cied ad p la n e ta ria las dis­
crim in acio n es, y n o s solidarizam os e n la co n stru cció n social
d e los sueños posibles d e u n a to le ra n cia d e m o c rá tic a v erd a d e­
ra m e n te a u té n tica , o avanzarem os a paso rá p id o y ag ig an tad o
h acia la a u to d e stru c c ió n total d e los seres h u m an o s.

S a n P a b lo , 1 5 d e o c t u b r e d e 2 0 0 1

Se h ace n e ce sario o tro p o st scríp tu m , e n 2014, fre n te a la


c o n trad icc ió n e n tre los cam bios p ro fu n d o s y la in q u ieta n te
p ersisten c ia d el p a n o ra m a q u e d escrib í e n 2001.
La tra g ed ia d e N ueva York im p licó la m u e rte d e casi tres
m il p erso n as, el 11 d e sep tiem b re, co n el in c e n d io y d esm o ro ­
n a m ie n to d e las T o rres G em elas. P o r d esg racia se p e rd ie ro n
tod av ía m ás vidas, m u c h o s días y m u ch o s añ o s desp u és, sobre
to d o a causa d e l polvo q u e invadió la ciu d ad . U n a d e esas
3 0 El m a e s tro s in re c e ta s

víctimas, q u e n o p u e d o n i q u ie ro d e ja r d e m e n c io n a r aq u í, y
a q u ie n d eseo h o m e n a je a r - e x te n d ie n d o m i h o m e n a je y com ­
p asió n a todos los q u e, com o ella, m u rie ro n p o r causa del
estad o d e in to le ran c ia re in a n te e n el m u n d o - , es m i n u e ra
Elsie H asche, fallecida el 8 d e e n e ro d e 2014. D espués d e p a­
sar tod o s estos años tra ta n d o los p ro b lem as p u lm o n a re s que
la aq u ejab an trág icam en te d esd e en to n ces, y de h a b e r estado
hosp italizad a diez m eses y cinco días e n tre la vida y la m u e rte ,
re sp ira n d o c o n ayuda d e m áq u in as y so m etién d o se a los p ro ­
ced im ien to s m édicos m ás crueles, su frien d o m a n sam e n te , sin
quejarse n i lam en tarse, e n los hospitales d e la c iu d a d q u e la
vio n a c e r e n 1958, Elsie partió sere n a m en te. Vaya m i h o m e n a ­
je d e am o r, g ra titu d y c ariñ o p o r su am istad y so lid arid ad h a ­
cia n u e stra fam ilia, p o r el a m o r q u e le d io a m i h ijo E d u a rd o
H asche y p o r m i n ie to A n d ré, n acid o d e esa u n ió n .
M u ertes co m o la d e m i n u e ra y tan to s o tro s n eo y o rq u in o s,
so b re to d o los b o m b ero s q u e a c u d ie ro n al rescate d e los q u e
visitaban o trab ajab an e n esos edificios, q u e e n c u estió n de
m in u to s fu e ro n devorados p o r las llam as p a ra e sp a n to del
m u n d o e n te ro , n o fu e ro n “n in g ú n m en saje” p a ra q u e a q u e ­
llos q u e g o b ie rn a n el m u n d o refle x io n a ra n so b re el h o r r o r y
la in sa n ia de la violencia recíp ro ca, so b re la b a rb a rie d e los
terro rism o s ejercid a p o r intereses e ideologías an tag ó n ico s,
sobre los a ten tad o s san g rien to s g en eralizad o s - n o gratuitos,
sino m ás b ie n actos d e v enganza alim en tad o s p o r el o d io q u e
fanatiza y en ceg u ec e a sus se g u id o re s- y, e n co n secu en cia,
p e n sa ra n im p le m e n tar políticas q u e n o im plicasen retrib u ­
ció n e in to leran cia.
L o q u e estam os p rese n c ian d o , v e rd a d e ra m e n te sin p o d e r
h a c e r n ad a, e n estos tiem p o s de globalización, d e “m u n d o sin
fro n te ras”, es q u e n u n c a fue tan difícil a n d a r p o r el m u n d o ,
sea p o r el m otivo q u e sea. Las au to rid a d es co n stitu id as, sobre
.o d o las del N o rte “civilizado”, d esco n fía n y fiscalizan el c u er­
p o d e l o tro e n b u sca d e cu alq u ie r cosa q u e les p e rm ita c o n d e ­
n a rlo co m o terro rista. N ad ie se p re o c u p ó p o r lo q u e o c u rría
e n el co tid ian o de los h ab itan tes c o m u n es d e este p la n e ta y,
P re s e n ta c ió n a Pedagogía d e to s sueños posibles 3 1

p o r e n d e, n a d a se hizo p a ra estabilizar las relacio n es in te rn a ­


cionales, los conflictos suscitados p o r las d iferen cias d e raza
y relig ió n, p o r las diversas lecturas del mundo-, eso g e n e ró u n
clim a de c o n d e n a a p rio ri, so b re to d o d e los m u su lm an es y
los árabes in d iscrim in a d am en te. D esde las p ersecu cio n es p o r
el co lo r d e la p iel y la id eo lo g ía (de d e re c h a o de izq u ierd a)
h asta las políticas d e seg u rid ad , hoy se im p o n e la discrim ina­
ció n p o r raza y religión.
A ntes d e q u e o c u rrie ra esto, el g o b ie rn o d e los Estados
U n id o s se au to o to rg ó -y sus aliados re s p a ld a ro n - “p erm iso ”
p a ra im p o n e r, m alv ad am en te, su p o d e r de m a n d o so b re to d o
el m u n d o . In v ad iero n países e in v a d iero n el lu g ar d o n d e vivía
O sam a B in L ad en co n su fam ilia, lo e je c u ta ro n b ajo la m ira
a distan cia del p re sid e n te O b a m a y su m in istra d e D efensa
H illary C lin to n , y arro ja ro n su c u e rp o al m a r co n trav in ien d o
todos los acu erd o s in te rn a cio n ale s de c lem en cia p a ra co n los
p resos políticos o los m u erto s “p o r el e n e m ig o ”.
Su d o m in ac ió n im p erialista c o n tin u ó d ev elan d o , p a ra su
p ro p io uso exclusivo - p a r a te n e r todavía m ás p o d e r sobre el
resto d el p la n e ta -, secretos d e E stado d e m u ch o s países y p e r­
sonas, q u e sólo p u d im o s c o n o c e r gracias al coraje h u m a n ista
d e un jo v en estadounidense lúcido y valiente, Edward Snowden,
q u e trab ajab a al servicio d el g o b ie rn o d e su país.
T o d o esto n os revela u n m u n d o sin ru m b o , sin ética, sin
coraje p a ra e n fre n ta r sus p ro b lem as.
Vuelvo a h a ce r las m ism as p reg u n tas:
“¿Q ué clase d e m u n d o es este q u e estam os construyendo?
¿Estamos p e rd ie n d o la esp eran za d e u n m a ñ a n a m ejo r, o d e ­
b em o s c o m p re n d e r este a te n ta d o c o n tra la vida y c o n tra la
paz, c o n trad icto riam e n te , co m o el co m ien zo d e la posibili­
d a d d e e n te n d im ie n to y d e p ro y ectar u n m u n d o d o n d e el
diálogo de la tolerancia y la diferencia nos en ca m in e h acia u n
tiem p o /e s p a c io d e m ayor arm o n ía , ju stic ia y tra n q u ilid a d ? ”
La p rim e ra resp u esta m e d ice q u e los d u e ñ o s d el p o d e r
n o están to m a n d o en c u e n ta el sueño posible, m ás q u e difícil,
tre m e n d a m e n te difícil, d el diálogo.
3 2 El m a e s tro s in re c e ta s

E n Brasil h em o s avanzado m u ch o en esta década: las m arch as


realizadas e n to d o el país m o straro n q u e n u e stro p u e b lo está
cad a vez m ás co n cien tizad o de sus d e rech o s y sus d eb eres. E n
u n a d e las m archas d e ju n io de 2013, e n las calles d e San Pa­
blo, e n m e d io d e casi tres m illones d e perso n as, m e llam ó la
a te n c ió n y m e conm ovió u n a p a n c a rta so sten id a co n o rg u llo
p o r u n jo v e n del pueblo . Decía: “M am á, llegaré tard e a cenar.
Estoy tra b ajan d o p a ra q u e Brasil cam b ie”.
E n esa lu c h a p o p u la r, a u n q u e d ecía ser u n m ovim iento
ap o lítico , e ra clara la in te n ció n m ás p ro fu n d a - a u n q u e tal
vez n o p e rc ib id a en fo rm a consciente p o r los o rg a n iza d o res-,
de n a tu ra le z a política, d e las m arch as realizadas e n tod o s los
rin c o n e s d e Brasil.
A m i e n te n d e r este m om ento ún ico es, sobre todo, u n o d e los
resultados del trabajo de concientización de m i esposo, Paulo
Freire, iniciado e n 1950 / 1960 en Recife a través del M ovimien­
to d e C ultura P o p u lar (MCP), liderado p o r Paulo y p o r Ger­
m an o C oelho, en tre otros progresistas de P em am b u co , intelec­
tuales, sacerdotes, docentes, estudiantes y trabajadores. Paulo
actualizó esos ideales de autonom ía y liberación e n sus escritos
de 1997, d o n d e hablaba de las m archas y reclam aba que el pu e­
blo las hiciera p o rq u e eran necesarias p ara la transform ación de
n u estro país, dirigiéndose así a los sin tierra del MST:

Q u é b u e n o s e r ía [ . . . ] s i o t r a s m a r c h a s s ig u ie r a n a la s

s u y a s . L a m a r c h a d e lo s d e s e m p lé a d o s , d e lo s q u e

s u f r e n i n j u s t i c i a , d e l o s q u e p r o t e s t a n c o n t r a la i m p u n i ­

d a d , d e l o s q u e c l a m a n c o n t r a l a v i o l e n c i a , la m e n t i r a y

l a f a l t a d e r e s p e t o p o r la c o s a p ú b l i c a . L a m a r c h a d e l o s

s in t e c h o , lo s s in e s c u e la , lo s s in h o s p it a l, lo s d e s p la z a ­

d o s . L a m a r c h a e s p e r a n z a d o r a d e lo s q u e s a b e n q u e

c a m b ia r e s p o s ib le . 8

8 F re ir e , P a u lo , Pedagogía de la indignación, p. 27.


P re s e n ta c ió n a P edagogía de los sueños posib le s 3 3

E n tre las cosas positivas c o n q u istad as p o r la so ciedad b ra ­


sileña, n o p u e d o d e ja r d e m e n c io n a r la d ism in u ció n d e la
p o b re z a y d e l n ú m e ro d e in d ig en te s, la d ism in u ció n d e los
q u e m u e re n al n a c e r o h a sta los d os p rim e ro s añ o s d e vida,
el esfuerzo actu al p o r o fre c e r m ás m éd ico s p o r h a b ita n te, el
c re c im ie n to de los m a tricu lad o s e n el nivel s u p e rio r y d e los
fo rm ad o s e n cursos técn ico s m ed io s y universitarios.
E n la lista de cosas negativas d e b o re g istra r el a u m e n to d e
la c o rru p c ió n e n d ém ica, q u e c o rro e el p a trim o n io p ú b lico y
le ro b a las esp eran zas a la p o b la c ió n tra b a jad o ra d e n u e stro
país. T rib u n ale s rep leto s d e ju e c e s p re p o te n te s, vanidosos y
exhibicionistas, q u e p re fie re n “a p a re c e r” e n los p ro g ram as
d e televisión co n sus togas n e g ra s co m o señ al d e p o d e r su­
p re m o a n te s q u e ju z g a r c o n d e c o ro y d ecen cia, y escogen a
sus víctim as “a d e d o ”. M inistros d e l E stado q u e u su fru ctú an ,
sin lím ites, lo q u e es p ú b lico c o m o si fu e ra su p ro p ie d a d p a r­
ticu lar. F u n cio n ario s p ú b lico s d e varias instancias y niveles
q u e d e b e ría n fiscalizar y, e n cam b io , se e stá n lle n a n d o los
bolsillos c o n el d in e ro q u e d e b e ría d estin arse a m e jo ra r es­
cuelas, fo rm a r a d e c u a d a m e n te a los d o c en tes y a u m e n ta r sus
salarios, u rb a n iz a r b arrio s q u e e n re a lid a d so n u n a m o n to n a ­
m ie n to d e casuchas sin las c o n d ic io n e s m ín im as d e h ig ie n e y
salu b rid ad , c o n stru ir re d es d e sa n e a m ie n to básico y d e abas­
tec im ie n to d e ag u a p o ta b le , etc.
A p e sa r d e las n u m ero sas e im p o rta n te s “cosas positivas”
ten g o q u e la m e n ta r, so b re to d o , c o n in d ig n ac ió n y lu to , q u e,
e n el país d e P au lo F reire, el P a tro n o d e la E d u cació n B rasile­
ñ a, c o n o c id o , a d m ira d o y re s p e ta d o e n to d o el m u n d o p o r su
trab ajo teó rico y su lu ch a c o n c re ta y p rá ctica c o n tra el an alfa­
b etism o , e n este a ñ o 2014 ten g am o s q u e ad m itir o ficialm en te
q u e e n 2012, el seg u n d o a ñ o d e g o b ie rn o d e D ilm a Rousseff,
“la tasa d e a n alfab etism o d e la p o b la c ió n d e 15 añ o s o m ás
d e jó d e d ism in u ir e inclu so tuvo u n leve a u m e n to . E n 2011
e ra d e l 8,6% . L legó al 8,7% e n 2012”. A dem ás d e la alta tasa
y d e u n p o rc e n ta je m uy elev ad o p a ra u n a d e las m ayores eco ­
3 4 B m a e s tro sin re c e ta s

n o m ías d e l m u n d o , Brasil q u e d ó la m e n ta b le m e n te “m ás lejos


d e c u m p lir la m e ta firm ad a e n la O N U d e l 6,7% h asta 2015”
(D atos d e la Pesquisa N acional p o r A m o stra d e D om icilios,
PNAD, 2012).
C oncluyo esta nueva revisión d e este tex to so b re la c o n cre ­
ció n d e los sueños posibles soñados por Paulo a firm a n d o q u e la
ad q uisició n d e la lectura de la palabra p a ra u n a lectura del mundo
co n scien te, crítica, co m o d e re c h o h u m a n o fu n d a m e n ta l, mo-
vilizadora d e la ciu d ad an ía, capaz d e visibilizar el sueño, mayor,
de la democratización ética y política de n u e stra sociedad, p u e d e
estar am en azad a.

E n el calo r d e la te m p e ra tu ra pau listan a d e este in u sita d o ve­


ra n o y d e m i in d ig n ació n p o r tod o s los sueños posibles n o cu m ­
plidos, viviendo u n m o m en to d e desesp eran za, sin p e rd e r p o r
eso defin itiv am en te la esperanza.

N it a

9 d e fe b re ro d e 2 0 1 4
D IÁ L O G O S Y C O N F E R E N C IA S
D E P A U L O F R E IR E
D erec h o s h u m an o s
y e d u c a c ió n lib e r a d o r a

[ C o n f e r e n c i a e n la U n iv e r s id a d d e S a n P a b lo ,

2 d e ju n io d e 1 9 8 8 .]

C u a n d o e n tré , c re o q u e p o r la p a rte d e atrás, y m iré


e in te n té ver este saló n e n su to ta lid ad , lle n o , re p le to , casi
ag rad ezco a D ios q u e m e p id ie ra n q u e a g u a rd a ra u n o s diez,
q u in c e m in u to s e n la sala d e p ro feso res, a la lleg ad a d e m ás
p ú b lico . E n el m o m e n to q u e p e n sa b a e n c o m e n zar, m e gus­
tó ir a aq u el lu g a r y, d e b o d e c ir -in c lu s o p e d ag ó g ic a m e n ­
te, so b re to d o a los jó v e n e s q u e están a q u í, p e ro ta m b ié n a
los n o tan jó v e n e s - q u e d isfru té d e esa in te rru p c ió n p o rq u e
d e ese m o d o a p ro v e ch é p a ra re c o m p o n e rm e u n p o co , re ­
c u p e ra rm e d e c ie rto m ie d o a h a b la r q u e m e h a b ía asaltad o
e n to n c es.
H a b la r d e ese m ie d o es p ed ag ó g ico , so b re to d o p a ra los j ó ­
venes, p o rq u e al ex p licarlo tal vez p ie rd a la h u m ild a d ; es p e ­
d ag óg ico p o rq u e los jó v e n e s p re cisa n sab e r q u e a los h o m b re s
m ás viejos y, a veces, m ás o m e n o s co n ocid os, aco stu m b rad o s
a h ab lar, a escrib ir, a d a r entrevistas, a c o o rd in a r sem inarios
e n su país o e n el e x te rio r, ta m b ié n e n o casion es les a g a rra la
tim id ez c u a n d o están a n te u n a u d ito rio .
Sólo q u e las p erso n as co m o yo h e m o s c o n q u ista d o c ie rta
e x p e rie n c ia a la h o ra d e h a b la r, y d o m esticar, si fu e ra n e c e ­
sario, los se n tim ien to s p a ra e n g a ñ a r el m ied o . U n a d e las tác­
ticas p a ra e n g a ñ a r el m ie d o p re c isa m e n te es d e c ir q u e te n e ­
m os m ied o.
M ien tras m e re c u p e ra b a d e este m ie d o leg ítim o p e n sa b a
q u e ten g o d e re c h o , tam b ié n , a te n e r m ie d o , a se n tir tim idez,
a h a c e rm e esta p re g u n ta : ¿en v erd ad es p o sib le q u e d ig a al­
g u n a cosa vál da? ¿A lguna cosa q u e ten g a sentido? H icie ro n
3 8 El m a e s tro s in re c e ta s

cre c e r m i m ie d o c u a n d o d ije ro n q u e la c o n fe re n c ia se co n ­
v ertirá e n u n libro. U n a de las cosas q u e m ás m e h o rro riz a es
le e rm e desp u és d e q u e m e h a n grab ad o . Es u n trab ajo q u e n o
m e g u sta m u c h o , p e ro q u e es n ecesario h acer.
El tem a q u e m e asig n aro n es “e d u ca c ió n y d e re c h o s h u ­
m an o s, ed u ca c ió n lib e ra d o ra ”. Voy a p la n te a rm e a m í m ism o
alg u n as cu estio n es so b re eso.
L a p rim e r a es el h e c h o d e q u e h a b la r so b re e d u c a c ió n
y d e re c h o s h u m a n o s ya n o s p o s ic io n a a n te u n p r im e r d e ­
r e c h o n e g a d o y q u e se n ie g a q u e es el d e r e c h o a la e d u ­
cac ió n . Es la e d u c a c ió n m ism a la q u e p r e te n d e m o s q u e se
e n tr e g u e al e sfu e rz o d e d e sa fia r a q u ie n p r o h íb e q u e la
e d u c a c ió n se lleve a c ab o , es la e d u c a c ió n m ism a c o m o d e ­
re c h o d e to d o s q u e es n e g a d a a g ra n p a rte d e la p o b la c ió n .
Y esta p rim e r a re fle x ió n e n s e g u id a m e lleva a c o m p r o b a r
o tr a o b v ie d a d q u e es e x a c ta m e n te la n a tu r a le z a p o lític a d e
la e d u c a c ió n , es d e c ir, c o m p ro b a r la a b s o lu ta im p o sib ili­
d a d d e q u e te n g a m o s u n p ro c e so e d u c a tiv o q u e e sté d iri­
g id o al “b ie n e s ta r d e la h u m a n id a d ”, p o r e je m p lo . C u a n d o
d ig o e sto m e r e tro tra ig o a m i ju v e n tu d , a a lg u n a s le c tu ra s
d e lib ro s in g e n u o s d e filo so fía d e la e d u c a c ió n , q u e in te n ­
ta b a n e x p lic a r o d e fin ir la e d u c a c ió n c o m o u n e sfu e rz o al
servicio d e la h u m a n id a d o d e l b ie n e s ta r d e la h u m a n id a d .
E sto e n v e rd a d n o o c u rr e y n o ex iste. L a im p o s ib ilid a d d e
u n a e d u c a c ió n n e u tr a re s u lta d e e sta c u a lid a d q u e la e d u ­
c ac ió n tie n e d e s e r p o lític a , n o n e c e s a ria m e n te p a rtid a ria ,
p o r s u p u e sto .
Esta p o liticid a d d e la ed u cació n se devela e n el p reciso
m o m e n to e n q u e p en sam o s e n ed u ca ció n y d e re c h o s h u m a ­
nos, n o es n ecesario siq u iera q u e in te n te m o s d e fin ir lo q u e
e n te n d e m o s p o r d e re ch o s h u m an o s, p e ro e n el p rec iso m o ­
m e n to e n q u e p en sam o s e n ed u cació n y d e re c h o s h u m a n o s,
d e rech o s básicos, el d e re c h o d e co m er, el d e re c h o d e vestir,
el d e re c h o d e d o rm ir, el d e re c h o d e te n e r u n a a lm o h a d a y
p o r la n o c h e ap o yar la cabeza e n ella, ya q u e este es u n o d e
los d e re ch o s cen trales d el an im al p erso n a, d ecim o s q u e es
D e re c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e ra d o r a 3 9

el d e re c h o d e rep o sar, p e n sar, p re g u n ta rse , cam in ar; el d e ­


re c h o a la so led ad , el d e re c h o d e la c o m u n ió n , el d e re c h o
d e e star con o el d e re c h o d e estar contra, el d e re c h o d e dis­
cutir, h ab la r, leer, escribir; el d e re c h o d e so ñ ar, el d e re c h o
d e am ar. C reo q u e estos so n d e re ch o s fu n d a m e n ta le s - p o r
eso m ism o co m en cé p o r el d e re c h o d e co m e r, d e vestir, de
estar vivo, el d e re c h o d e d ecid ir, el d e re c h o al trabajo,
d e ser re s p e ta d o -, c u a n d o la g e n te p ie n sa y p e rc ib e y % ¿
co n stata la p o liticid ad d e la ed u cació n , lo q u e hace
q u e la e d u ca c ió n co m o u n a p rá ctica n e u tr a n o sea ^ ¿
viable. La p o liticid ad es lo q u e le exige al e d u c a d o r, |
lo q u e d e m a n d a algo d e él, n o im p o rta q u e sea u n '
p ro feso r d e d e re c h o p e n al o u n a p ro fe so ra d e prees- ' f
colar. N o im p o rta q u e sea u n p ro fe so r d e p o sg rad u ació n
d e filosofía d e la ed u ca c ió n o u n a p ro fe so ra d e b iología, o
m atem ática, o física.
La p o liticid ad d e la e d u c a c ió n d e m a n d a v e h e m e n te m e n te
d e los p ro feso res y d e la p ro fe so ra q u e se asu m an co m o u n
ser político, q u e se d e sc u b ra n e n el m u n d o co m o u n ser po lí­
tico y n o co m o u n m e ro técn ico o u n sabio, p o rq u e tam b ié n
el técn ico y el sabio so n su stan cialm en te políticos. La p o liti­
cid ad d e la e d u ca c ió n exige q u e el p ro fe so r se reco n o zca, e n
térm in o s o e n nivel objetivo, e n el nivel d e su práctica, a fa vo r
d e alg u ien o contra alg u ien , a fa v o r d e a lg ú n su eñ o y, p o r lo
tan to , contra cierto e sq u e m a d e so ciedad , c ie rto p ro y ecto d e
sociedad. P o r eso e n to n c es la n a tu ralez a p o lítica d e la ed u ca ­
c ió n exige del e d u c a d o r q u e se p e rc ib a e n la p ráctica objetiva
co m o p a rtic ip a n te a favo r o contra alg u ien o a lg u n a cosa. L a
p o liticid ad exige d el e d u c a d o r q u e sea c o h e re n te co n esta
o p ció n .
E n este sen tid o , el p ro fe so r tien e el d e re c h o d e ser reac­
cio n ario p o rq u e p u e d e te n e r su o p c ió n e n lo q u e resp ecta
a estabilizar el statu q u o . El p ro fe so r reaccio n ario está abso­
lu ta m e n te co n v en cid o d e q u e las cosas tal co m o fu n c io n a n
están m uy b ien . N o cab e d u d a d e q u e están m uy b ie n p a ra
u n tip o d e g e n te , estoy d e a c u e rd o , inclu so p a ra este pro fe-
4 0 El m a e s tr o s in re c e ta s

so r h ip o té tic o del q u e estoy h a b la n d o . F elizm en te, la m ayo­


ría d e los p ro feso res brasileños van p o r o tro cam in o . P ero el
p ro fe so r rea c cio n ario tie n e q u e ser c o h e re n te c o n su o p ció n
reaccio n aria, co n su p o stu ra ideológica. E n to n ces, sin lu g ar
a d u d as, la frase “ed u cació n y d e rech o s h u m a n o s” a este p ro ­
feso r o p ro fe so ra le so n ará de u n a m a n e ra d ife re n te a co m o
m e s u e n a a m í. P ara el p ro feso r reaccio n ario , la e d u ca c ió n y
los d e re c h o s h u m a n o s tie n e n q u e ver co n la e d u ca c ió n d e la
clase d o m in a n te , q u e lu ch a p a ra m a n te n e r las co n d icio n es
m ateriales d e la sociedad del m o m en to , p a ra q u e la clase d o ­
m in a n te , re p ro d u c ie n d o su id eo lo g ía y su p o d e r p o r m ed io
d e la e d u ca c ió n , preserve su p o d e r p o lítico y eco n ó m ico .
P ara ser c o h e re n te e n su p ráctica c o n su o p c ió n política,
este p ro fe so r e n p rim e r lu g ar tien e q u e ser u n o c o m p e te n te .
A dem ás, a b rie n d o u n paréntesis, d iría q u e am bos, el p ro fe so r
re a c cio n ario y el progresista, sólo e n ese p u n to p u e d e n co in ­
cidir: am b o s tie n e n q u e ser co m p ete n tes, tie n e n q u e e n se ñ a r
re a lm en te .
A p a rtir d e ese m o m en to , la m a n e ra co m o e n se ñ a n ya n o
p u e d e ser la mism a. Y esto nos lleva a la cu estió n d e la re ­
lació n e n tre m é to d o , c o n te n id o y objetivo, q u e es u n a dis­
cu sió n d e n a tu ralez a filosófica p e ro tam b ién p o lítica, fu n d a ­
m e n ta l p a ra m í d esd e el p u n to d e vista d e la fo rm a c ió n del
e d u c a d o r. L a inviabilidad de la d ico to m ía e n tre co n ten id o s,
m é to d o s y objetivos significa q u e m i su eñ o está relac io n a d o
c o n el c o n te n id o y los m éto do s d e tra ta r estos c o n ten id o s: y
n o p u e d o tra ta r el m ism o c o n te n id o d e la m ism a fo rm a q u e
lo h a ce u n p ro feso r reaccio n ario . N o q u ie ro d e c ir co n esto
q u e p a ra un p ro fe so r reaccio n ario d e m atem ática, p o r ejem ­
p lo , c u a tro veces c u atro sean q u in ce, p o rq u e , e n u n sistem a
decim al, son siem p re dieciséis. P ero existe u n a serie d e im pli­
cacion es e n este c u atro veces cu atro , dieciséis, q u e tien e q u e
ver c o n las po stu ras político ideológicas d el p ro feso r, q u e n o
vale la p e n a d iscu tir a q u í ahora.
P e ro la m ism a frase, la m ism a tem ática, e d u c a c ió n y d e re ­
ch o s h u m a n o s , su e n a n d e m a n e ra d ife re n te , s e g ú n la p o stu ­
D e re c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e ra d o r a 4 1

r a d e l p ro fe so r, seg ú n su c o m p re n s ió n p o lític a , id eo ló g ica.


Al d e c ir esto p a re c e q u e estu v iera d e stru y e n d o , e n cierto
se n tid o , el su e ñ o fa n tá stic o d e estos jó v e n e s in te le c tu a le s
q u e tra b a ja n y q u e lid e ra n to d o este m o v im ien to , c u a n d o se
lan z an e n u n a c a m p a ñ a m arav illo sa d e e d u c a c ió n e n d e re ­
ch o s h u m a n o s . N o. C o n lo q u e d ig o n o m e n o sc a b o e n n a d a
la n e c e s id a d d e p o n e r e n p rá c tic a e ste p ro y e c to . T a m b ié n
c re o e n él.
La ú n ic a cosa q u e q u ie ro d e c ir es q u e h a b rá d iferen tes
in telig en cias d e este p ro y ecto , q u e p u e d e n ser explicadas a
la luz d e la o p c ió n p o lítica d e los e d u cad o re s. M ientras p a ra
u n p ro fe so r elitista, p o r ejem p lo , la e d u ca c ió n e n d e rech o s
h u m a n o s está rela c io n a d a c o n el tra ta m ie n to n o b ilia rio del
co n o c im ien to , es d e cir, tra ta r el acto d e c o n o c e r n o b le m e n ­
te; p a ra u n p ro fe so r p ro g resista la d iscu sió n so b re el acto d e
c o n o c e r se p re s e n ta co m o u n d e re c h o d e los h o m b re s y m u ­
je re s d e las clases p o p u la re s, q u e v ie n e n sie n d o p ro h ib id o s y
p ro h ib id a s d e e je rc e r este d e re c h o , el d e re c h o d e c o n o c e r
m e jo r lo q u e ya c o n o c e n , p o rq u e lo p ra ctica n , y el d e re c h o
d e p a rtic ip a r d e la p ro d u c c ió n d el c o n o c im ie n to q u e todavía
n o existe.
M ien tras el p ro fe so r elitista o rie n ta la ed u ca c ió n co m o u n a
esp ecie d e fre n o q u e se a ccio n a so b re las clases p o p u lares
p e ro c o m o u n a fo rm a d e c re c im ie n to p a ra los re p re s e n ta n ­
tes d e la elite, u n e d u c a d o r p ro g resista, n e c e saria m en te n o
p u e d e av anzar d e este m o d o . E n co n secu en c ia , la visión o la
c o m p re n sió n d e los d e re c h o s h u m a n o s y d e la e d u ca c ió n d e­
p e n d e d e cómo m e veo p o lític a m e n te e n el m u n d o , d e p e n d e
d e co n quién estoy, al servicio d e quién y al servicio d e qué soy
u n e d u ca d o r.
P o r eso m ism o re s u lta q u e el p ro b le m a d e la e d u ca c ió n ,
aso c iad a o n o a los d e re c h o s h u m a n o s , p o rq u e ella e n sí ya
es u n d e re c h o fu n d a m e n ta l, n o es u n a c u e stió n q u e p u e d a
ex p lica rse b u ro c rá tic a o p e d a g ó g ic a m e n te . L a c u e stió n d e
la e d u c a c ió n se c o m p re n d e p o lític a, su sta n tiv a m e n te. M e
p a re c e q u e re fle x io n a r so b re esto, d e esta fo rm a, es im p o r­
4 2 E l m a e s tr o s in re c e ta s

ta n te y fu n d a m e n ta l p a ra n o c a e r e n p o stu ra s in g e n u a s q u e
n o h a c e n m ás q u e fru s tra rn o s y d e sa n im a m o s . P o r ejem ­
p lo , a trib u ir a la e d u c a c ió n , ya sea e n esta c a m p a ñ a , e n o tra
c u a lq u ie ra o e n n in g u n a , p e ro a trib u irle a ella el p o d e r d e
tra n sfo rm a r el m u n d o , ta rd e o te m p ra n o , lleva a q u e to d o s
y to d as n o s su m em o s a la fila d e q u ie n e s s u fre n esa e n o rm e
fru stra c ió n .
P e ro al d e c ir eso es preciso q u e aclare u n p o c o m ás, p o r­
q u e e n el fo n d o es u n e d u c a d o r el q u e está h a b la n d o y lo
q u e p a ra m í es algo obvio p u e d e n o serlo p a ra todos. A lguien
p o d ría d ecir: ¿p o r q u é u ste d sigue sie n d o e d u c a d o r si acab a
d e n e g a r la ed u cació n ? C o n testaría q u e e n p rim e r lu g a r n o
soy yo el q u e n ieg a la ed u cació n , sólo estoy c o rro b o ra n d o his­
tó ric a m e n te c ó m o se h a p re se n ta d o la p rá c tica educativa. En
s e g u n d o lu g ar, la n e g ació n a la q u e la e d u ca c ió n se e x p o n e es
la m e jo r fo rm a q u e ella tien e d e afirm arse. ¿Q ué q u ie ro d e cir
c o n esta co n trad icció n ?
L a e d u c a c ió n n o es la llave n i la p a la n c a o el in s tru m e n to
p a ra la tra n sfo rm a c ió n social. N o lo es p re c is a m e n te p o rq u e
p o d ría serlo . E sa c o n tra d ic c ió n es la q u e ex p lícita , ilu m in a,
d ev ela la eficacia lim ita d a d e la e d u c a c ió n . L o q u e q u ie ro
d e c ir es q u e la e d u c a c ió n es lim ita d a , la e d u c a c ió n s o p o rta
lím ites. P o r o tr a p a rte , eso n o es p riv ileg io d e la e d u c a c ió n ,
n o ex iste n in g u n a p rá c tic a h u m a n a q u e n o esté so m e tid a a
lím ites, lím ites h istó rico s, p o lític o s, id e o ló g ic o s, c u ltu ra le s,
e c o n ó m ic o s, sociales, lím ites d e c o m p e te n c ia d e l su je to o
d e los su jeto s, lím ites d e s a n id a d d e l su jeto ; h ay lím ites q u e
so n p a rte d e la n a tu ra le z a d e la p rá c tic a y h ay lím ites q u e
e stá n im p líc ito s e n la n a tu ra le z a fin ita d e los su jeto s d e la
p rá c tica .
Y p re c is a m e n te p o rq u e la e d u c a c ió n se so m e te a lím ites,
e lla es eficaz. P asem o s e n to n c e s a c o m p r e n d e r esta c o n tr a ­
d ic c ió n : tal vez la e d u c a c ió n lo p u e d a to d o , c o m o c o n c ie rta
in g e n u id a d m u c h a g e n te p ie n s a to d av ía - h e o íd o d e c ir a
m u c h o s, e n e ste p aís y e n o tro s, p e ro so b re to d o e n este,
q u e el g ra n p ro b le m a d e B rasil es la e d u c a c ió n -; d a ría la
D e re c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e ra d o r a 4 3

sen sa ció n d e q u e la e d u c a c ió n , p o r e n c im a d e to d o , p u d ie ­
ra r e o r d e n a r la so cie d a d q u e tie n e d e la n te . P e ro e n caso d e
n o s e r así, es; p re c is a m e n te p o rq u e n o es. Y p o rq u e n o es,
es; p o rq u e es lim itad a, es eficaz. V olvam os a la id e a a n te ­
rio r: si la e d u c a c ió n lo p u d ie r a to d o , n o h a b ría p o r q u é h a ­
b la r d e sus lím ites. P e ro p re c is a m e n te p o rq u e n o lo p u e d e
to d o , p u e d e “a lg u n a s cosas”, y e n este p o d e r alg u n a s cosas
re s id e su eficacia. Así, se p la n te a al e d u c a d o r la c u e stió n d e
sa b e r cu ál es e ste poder ser d e la e d u c a c ió n , q u e es h istó ric o ,
social, p o lític o .
El g ra n p ro b le m a del e d u c a d o r n o es d iscu tir si la e d u c a ­
ció n p u e d e o n o p u e d e , sino d iscu tir dónde p u e d e , cómo p u e ­
d e, co n quién p u e d e , cuándo p u e d e ; es re c o n o c e r los lím ites
q u e su p ráctica im p o n e. Es p e rc ib ir q u e su trab ajo n o es in d i­
vidual sino social y se d a e n la p rá ctica social d e lo q u e él es
p a rte . Es re c o n o c e r q u e la e d u ca c ió n , a u n q u e n o sea la llave,
la p a lan ca d e tra n sfo rm ac ió n social, co m o ta n to se viene p re ­
g o n an d o , es sin e m b arg o in d isp en sab le p a ra la tran sfo rm a­
ció n social. Es re c o n o c e r q u e hay espacios posibles q u e so n
políticos, hay espacios in stitu cio n ales p a ra q u e sean o cu p a d o s
p o r las ed u ca d o ra s y los e d u c a d o re s cuyo su eñ o es tran sfo r­
m a r la re a lid a d injusta co n la q u e conviven todos los días,
p a ra q u e los d e re c h o s p u e d a n c o m e n z a r a ser co n q u istad o s
y n o d o n ad o s.
La ed u ca c ió n p a ra los d e re c h o s h u m a n o s, e n la perspectiva
d e laju sticia, es e x actam en te a q u ella e d u ca c ió n q u e d e sp ie rta
a los d o m in ad o s p a ra q u e vean la n ece sid a d d e lu ch ar, d e o r­
ganizarse, la n e ce sid a d d e u n a m ovilización crítica, ju s ta , d e ­
m o crática, seria, rig u ro sa, d iscip lin ad a, sin m an ip u lacio n es,
a sp ira n d o a rein v en tar el m u n d o , a re in v e n ta r el p o d e r. L a
c u estió n q u e se está p la n te a n d o a q u í n o es la de u n e d u c a d o r
q u e se in serte co m o u n estím u lo p a ra to m a r el p o d e r, q u e
se c o n c e n tre e n la to m a d el p o d e r, sino la d e u n a to m a d e l
p o d e r q u e se p ro lo n g u e e n la rein v en c ió n d e l p o d e r to m a d o ,
lo q u e q u ie re d e c ir q u e esa e d u ca c ió n tie n e q u e ver c o n u n a
co m p re n sió n d ife re n te d el d esarro llo , q u e im p lica u n a p a r­
4 4 E l m a e s tro s in re c e ta s

ticip ació n c ad a vez m ayor, crecien te, crítica, afectiva d e los


g ru p o s p o p u lares.
A h o ra b ie n , si m iro, lo q u e veo es a m i g ra n am ig o Francis­
co W h itak er, c o n q u ie n h a b lo y co n verso h a c e ta n to tiem p o .
R e c u erd o u n lib ro suyo e x ce len te d e los añ o s se te n ta , so b re
d esarro llo , e n el q u e p re cisam en te e x p o n e u n a c o m p re n sió n
d ife re n te d e l p ro ceso d e d esarro llo . C reo q u e e n la actu ali­
d a d él critica co n b a sta n te ru d e z a su p ro p io lib ro , p e ro eso
es alg o b u e n o . N o siem p re critico mis lib ro s an te rio re s. Sin
em b a rg o , re c u e rd o q u e llevé los m an u scrito s d e este exce­
le n te lib ro a Á frica co n la in te n c ió n d e escrib ir allí tres pági­
n as p a ra el p refacio , ya q u e p a ra eso n u n c a escrib o m ás d e
tres. T o d av ía te n g o p re se n te la aleg ría in m e n sa d e escrib ir el
p refacio , d e leer; lo le í e n el avión q u e m e llevó h a sta A frica,
y d e sp u é s q u e lo term in é, re le í el lib ro co n el o lo r d e l su elo
african o , c o n el o lo r d e los anim ales d e A frica, c o n la n o stal­
gia d e l Brasil p ro h ib id o p a ra m í e n a q u ello s añ o s, y A frica
e ra u n a s u e rte d e m em o ria m ía, u n a esp ecie d e p re s e n te q u e
yo re c ib ía d e regalo, ya q u e los p u rita n o s salvadores d e este
país e n el p o d e r n o p e rm itiría n q u e u n p o b re d ia b lo co m o
yo p u d ie ra volver a q u í n i siq u iera p a ra v er m i tie rra . A frica
lleg ab a a m í co m o u n a cariñ o sa m u je r m ayor q u e a te n d ía a
u n jo v e n a m a n te . Fue allí, e n a q u ella m aravillosa tie rra afri­
can a, e n a q u e lla c u ltu ra q u e tam b ié n e ra m ía, d o n d e tuve la
ale g ría d e escrib ir tres páginas d el p re fac io p a ra el lib ro d e
W h itak er.
M ie n tras ta n to h a b la b a d e eso a q u í, d e ese d e re c h o d e
c a m b ia r el m u n d o , q u e p asa p o r el d e re c h o d e c a m b ia r la
p ro d u c c ió n , el acto p ro d u ctiv o ; el d e re c h o d e in m iscu irse
e n el p ro c e so d e la p ro d u c c ió n ; el d e re c h o d e d e c ir n o , n o
es eso lo q u e se tien e q u e p ro d u c ir; el d e re c h o d e n e g a r a
ciertas m in o ría s am biciosas q u e p ro d u z c a n lo q u e a ellas les
p a re c e b u e n o p ro d u c ir. P o r eso es q u e la e d u c a c ió n lig a d a a
los d e re c h o s h u m a n o s, d e sd e esta p ersp ectiv a q u e p a sa p o r
la c o m p re s ió n d e las clases sociales, tie n e q u e v er c o n la e d u ­
cac ió n y lib e ra c ió n y n o ta n sólo c o n la lib e rta d . T ie n e q u e
D e re c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e ra d o r a 4 5

v e r c o n la lib e ra c ió n p o rq u e n o h ay lib e rta d ; y la lib e rta d


es e x a c ta m e n te la lu c h a p a ra r e s ta u r a r o in s ta u ra r el p la­
c e r d e se r lib re q u e n u n c a acab a, n u n c a te rm in a y sie m p re
c o m ien za.
Es p reciso , en to n c es, q u e n o so tras, las e d u ca d o ra s - q u ie r o
d ecirles a los h o m b re s p re se n te s q u e n o d u d e n d e m i virili­
d a d y q u e e n tie n d a n m i p o s tu ra id eo ló g ica d e rec h az o a u n a
sintaxis m a ch ista q u e p re te n d e c o n v e n c e r a las m u jeres de
q u e d ic ie n d o “n o so tro s, los e d u c a d o re s ” estoy in clu y e n d o a
las m u jeres. N o lo e sta ría h a c ie n d o . Y p a ra p ro b a r q u e cu an ­
d o dig o “n o so tro s, los e d u c a d o re s ” estoy h a b la n d o sólo d e los
h o m b res, y yo n o e n tro e n esta m e n tira “m a c h a ”, a h o ra a d re ­
d e digo: “n o so tras, las e d u c a d o ra s ”, p a ra p ro v o car a los h o m ­
bres. Y e sp e ro q u e ellos se sie n ta n in clu id o s e n “e d u c a d o ra s ”
e n fe m e n in o , p a ra ver lo feo q u e es. Q u ie ro decir, q u e feo es
n o ser m u jer. L o feo q u e es q u e la m u je r q u e d e e n v u e lta e n
u n a m e n tira , e n u n a id e o lo g ía q u e p re te n d e exp licarse d esd e
la sintaxis c o m o si la sintaxis n o tuv iera n a d a q u e ver co n la
ideo log ía: u n a falsificación.
V olviendo al p e n sa m ie n to a n te rio r, d iría q u e es n e ce sario
n o d e ja m o s caer, p o r u n lad o , e n la in g e n u id a d d e u n a e d u ­
cació n to d o p o d e ro sa ; p o r o tro , e n o tra in g e n u id a d , q u e es
la d e n e g a r la p o te n c ia lid a d d e la ed u ca c ió n . N o. Si b ie n la
e d u c a c ió n n o lo p u e d e to d o , sí p u e d e alg u n as
cosas. P o lític am e n te te n e m o s el d e b e r d í
d e sc u b rir los espacios p a ra la acció n , d e
o rg a n iz a m o s e n los espacios. A veces, in- i
cluso u so u n len g u aje u n p o c o agresivo,
lo reco n o zco . D iría in c lu so q u e ten e m o s
q u e se n tir la n e ce sid a d y te n e r la sab id u ría p a ra in v ad ir los
espacios.
P o r lo ta n to , la p ersp ectiv a d e la e d u c a c ió n e n d e re c h o s
h u m a n o s q u e d e fe n d e m o s es la d e u n a so cied ad m e n o s inju s­
ta p a ra q u e p o c o a p o c o se to m e m ás ju s ta . U n a so cied ad q u e
se re in v e n te sie m p re c o n u n a n u ev a c o m p re n sió n d e l p o d e r,
p a sa n d o p o r u n a n u ev a c o m p re n s ió n d e la p ro d u c c ió n . U n a
4 6 E l m a e s tr o s in re c e ta s

so cied ad e n la q u e la g e n te d isfru te d e vivir, so ñ ar, e n a m o ­


rarse, a m ar, q u e re r, e stim ar a alg u ien . T e n d rá q u e se r u n a
e d u c a c ió n valien te, cu rio sa, q u e d e sp ie rte la cu rio sid ad y la
m a n te n g a viva; p o r eso m ism o u n a e d u ca c ió n q u e , d e n tr o de
lo posible, vaya p re serv an d o a la n iñ a q u e fuim os, sin d e ja r
q u e su m a d u re z la te rm in e m a tan d o .
C reo q u e u n a d e las m ejo res cosas q u e h e h e c h o e n m i
vida, m e jo r q u e los lib ro s q u e escribí, fu e n o d e ja r m o rir en
m í al n iñ o q u e n o p u d e ser y al n iñ o q u e fui. S ex ag en ario ,
q u é m al ya s u e n a esa pa la b ra. M en cio n é la p a la b ra a p ro p ó si­
to p a ra m o stra r q u e la h isto ria es eso. E n m i in fan cia leía u n
p e rió d ic o , Diário de Pemambuco o Jornal do Comercio. Y e n ellos
solía ap are c e r: “Falleció ayer el se x ag en ario fu la n o d e tal, el
f é r e tr o ...”. H oy e n d ía la g e n e ra c ió n jo v e n n o c o n o c e esa pa­
lab ra. T ie n e q u e c o n su lta r el d iccio n ario .
P e ro , sex ag en ario , te n g o 7 añ o s; sex ag en ario , te n g o 15
años; sex ag en ario , am o las olas d e l m ar, a d o ro v er la n ie ­
ve caer, p a re c e in clu so a lien a ció n . A lg ú n c o m p a ñ e ro d e iz­
q u ie rd a p o d ría d ecir: P au lo está p e rd id o sin re m e d io . Yo le
d iría a m i h ip o té tic o c o m p a ñ e ro d e izq u ierd a: estoy e n c o n ­
tra d o p re c isa m e n te p o rq u e m e p ie rd o m ira n d o c ó m o cae la
nieve. S e x ag en ario , te n g o 25 añ o s. S ex ag en ario , a m o d e n u e ­
vo y co m ien z o a c re a r u n a vida o tr a vez. D esp u és d e h a b e r
p e rd id o a u n a m u je r q u e am é e s tru e n d o s a m e n te , co m ien zo
a a m a r e stru e n d o s a m e n te o tra vez, sin n in g ú n s e n tim ie n to
d e cu lp a. Eso ta m b ié n es p ed ag ó g ico . Yo q u ie ro d e cirlo , n o
te n d r ía p o r q u é d e cirlo , p e ro te n g o m otivo p a ra d e cirlo . N o
te n d ría o b lig ació n d e d e cirlo si m i c rite rio d e p ú b lic o dicoto-
m izara m i vid a p rivada, yo n o la d ico to m izo ; soy u n h o m b re
q u e vive p riv a d a m e n te , p ú b lic a m e n te , y p ú b lic a m e n te , p ri­
v a d am en te. Soy m ás o m e n o s igu al d e n tr o d e casa y e n esta
facu ltad . Es p reciso q u e lo d ig a e n to n c es. T e n g o el d e b e r y el
d e re c h o d e d e c ir q u e m e casé c o n esta m u je r jo v e n q u e está
a h í, q u e ta m b ié n es n iñ a y q u e se llam a N ita. Y q u e n o tuve
n in g ú n m ie d o d e am a r. T a m p o c o m e p a re ce q u e a m a r exija
u n co raje ta n g ra n d e .
D e r e c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e ra d o r a 4 7

L a e d u c a c ió n d e la q u e h a b lo es u n a e d u c a c ió n d e l a h o ra
y u n a e d u c a c ió n d e l m a ñ a n a . Es u n a e d u c a c ió n q u e to d o el
tie m p o n o s p o n e a p re g u n ta rn o s , re h a c e rn o s, in d a g a rn o s .
Es u n a e d u c a c ió n q u e n o a c e p ta , si q u ie re se r b u e n a , q u e
d e b a p o n e r tristes a los e d u c a n d o s. Yo c re o e n la e d u c a c ió n
seria y rig u ro sa q u e m e p o n e c o n te n to y m e d a ale g ría. Y
d e sc re o p o r c o m p le to d e la e d u c a c ió n q u e e n n o m b r e d e la
rig u ro s id a d o p a ca el m u n d o . N o c re o , d e n in g u n a m a n e ra ,
e n la re la c ió n e n tr e s e rie d a d y fe a ld a d . C o m o si p a r a escri­
b ir c o n rig o r o rig u ro s a m e n te se tu v iera q u e e sc rib ir feo.
Si e sc rib ie ra alg o m ás b o n ito , c o m e n z a ría n a d e cir: n o es
cien tífico . Yo sólo e sc rib o feo c u a n d o n o p u e d o , c u a n d o n o
soy c o m p e te n te .
Esa e d u c a c ió n p a ra la lib e rta d , esa e d u c a c ió n lig a d a a
los d e re c h o s h u m a n o s d e sd e e sta p ersp ectiv a, tie n e q u e ser
a b a rc a d o ra , to talizan te, tie n e q u e v er c o n el c o n o c im ie n to
c rítico d e lo real y c o n la a le g ría d e vivir. Y n o sólo c o n la ri­
g u ro sid a d d el análisis d e c ó m o la so cie d a d se m u ev e, se m ez­
cla, cam in a; ella tie n e q u e v er ta m b ié n c o n la fiesta q u e es
la vida m ism a. P e ro es n e c e sa rio h a c e r eso d e fo rm a crítica
y n o d e fo rm a in g e n u a . N i a c e p ta r la o m n ip o te n c ia in g e n u a
d e u n a e d u c a c ió n q u e lo h a c e to d o , n i a c e p ta r la n e g a c ió n
d e la e d u c a c ió n c o m o alg o q u e n o h a ce n a d a , p e ro a c e p ta r
la e d u c a c ió n e n sus lim ita c io n e s es, p o r lo ta n to , h a c e r lo
q u e h is tó ric a m e n te p u e d e s e r h e c h o con y a través, ta m b ié n ,
d e la e d u c a c ió n .
H a b la r u n p o c o so b re e d u c a c ió n y d e re c h o s h u m a n o s
im p lic a q u e q u ie n h a b la d e b e e sta r ta m b ié n m u y c o n sc ie n ­
te d e alg u n o s d e sus d e re c h o s , d e h o m b re o d e m u je r, e n
ta n to q u e h a b la n te y e n ta n to q u e p e rs o n a . A h o ra voy a
u s a r u n d e re c h o q u e yo te n g o , p id ié n d o le s d iscu lp as, e n
p a rte , a u ste d es, p o r u n a c u e s tió n d e a m o ro s id a d m ía . Sólo
es p o r eso q u e p id o d iscu lp as. Voy a u sa r el d e re c h o d e te r ­
m in a r a q u í y d e n o h a c e r u n a co sa q u e m e c a ra c te riz a , q u e
es q u e d a r m e s ie m p re u n a o d os h o ra s d e b a tie n d o c o n el
a u d ito rio , sin im p o rta r su ta m a ñ o . P e ro o c u rre q u e h o y n o
4 8 El m a e s tro s in re c e ta s

lo p u e d o h a c e r. S u p e ré el m ie d o d e h a b la r, p e r o estoy c a n ­
sad o , p a d e z c o u n a g rip e q u e m e p ro v o c a u n a tos te rrib le y
m a ñ a n a d e b o v iajar b ie n te m p ra n o h a c ia B rasilia, y te n g o
q u e in te n ta r d o rm ir u n p o co , d e sc a n sa r u n p o c o d e u n d ía
c a n s a d o r. E n to n c e s, te rm in o a q u í, a g ra d e z c o e n o rm e m e n ­
te la p re s e n c ia fan tástica, h e rm o sa , c a riñ o sa d e u ste d e s y
d is c u lp e n p o r n o c o m e n z a r u n a c o n v e rsa c ió n a h o ra , u n
d iá lo g o q u e m e g u sta ría e n ta b la r. Q u ié n sab e, tal vez vuelva
o tr a n o c h e d e estas.
E d u car al e d u c a d o r
U n d iá lo g o c r í t i c o c o n P a u lo F r e ir e

[ D iá lo g o m a n t e n i d o p o r P a u lo F r e ir e , D o n a l d o M a c e d o

y J a m e s W . F ra s e r, e d u c a d o r e s a m e r ic a n o s , e n a g o s to

d e 1 9 9 6 e n S a n P a b lo , y p u b l i c a d o e n la o b r a M entoríng the
M e n to r (Educar al educador).]

N o e n c u e n tr o o tro m o d o m e jo r d e c o m e n z a r m i res­
p u e sta co m o n o sea d e c ir c u á n to m e c o m p lace q u e los e ru d i­
tos, re p re s e n ta d o s e n este v o lu m en , hay an d e d ic a d o p a rte d e
su valioso tie m p o a o c u p a rse d e m i o b ra d e u n a m a n e ra críti­
ca y reflexiva. N o in te n ta ré re s p o n d e r a c ad a u n o p o r su n o m ­
b re , n i ta m p o c o p o r c ap ítu lo . A ntes b ie n , re s p o n d e ré a los
q u e a m i e n te n d e r son los tem as m ás im p o rta n te s q u e su rg en
d e los diversos cap ítu lo s, las d ife re n te s p ro p u e sta s expuestas,
d e m o d o tal q u e , al lleg ar al fin al, p o d am o s m a n te n e r u n diá­
log o crítico e n to m o a alg u n a s ideas d ire ctric es a q u í re p re ­
sen tad as. P o r e n d e , m i c ap ítu lo n o será P au lo F re ire d irig ié n ­
d o se a tal o cual p e rso n a , sin o P au lo F reire o c u p á n d o se d e los
tem as p rin c ip a le s q u e su rg e n e n este im p o rta n te v o lu m en .
P o r lo ta n to h e o rg a n iz a d o m is n o tas a lre d e d o r d e los q u e,
a m i e n te n d e r, so n los tem as y cu estio n es m ás relev an tes q u e
atrav iesan tod o s los cap ítu lo s.

L a c u e s tió n d e lo s m é to d o s : e s p e c íf ic a m e n t e ,

¿ e s p o s ib le q u e m is “ m é t o d o s ” fu n c io n e n

e n u n c o n te x to n o r te a m e r ic a n o ?

S iem p re q u e m e p re g u n ta n p o r este a su n to d e los m é to d o s


p a re c e q u e m i p re o c u p a c ió n c e n tra l d u ra n te tre in ta y cinco
añ o s h a sido c re a r u n m é to d o q u e p o sib ilitara u n p ro c e so d e
alfab etizació n rá p id o y fácil. D e la p re g u n ta se d e d u c e q u e
m e ven có m o u n espec-olista e n técnicas y m éto d o s q u e faci­
5 0 E l m a e s tro s in re c e ta s

litan q u e los an alfab eto s a p re n d a n a le e r y escrib ir. Si esto


fu e ra así, estoy seg u ro d e q u e m e se n tiría m u y feliz p o rq u e
eso im p licaría u n a c o n trib u c ió n esp ecífica - u n a c o n trib u c ió n
im p o r ta n te - p a ra la alfabetización d e m illo n es d e an alfab eto s
y an alfab etas e n el m u n d o e n te ro . P e ro la v e rd a d e ra cu estió n
n o es esta.
P o r cierto , n o es p o sib le p a ra u ste d e s n i p a ra m í, n o
im p o rta p a ra q u ié n , p e n sa r y a c tu a r so b re los p ro b le ­
m as d e la alfab etización , d e la e n se ñ a n z a , sin basarse
e n c u estio n es técnicas re lac io n a d a s c o n la e n se ñ a n ­
za d e la alfab etización . Estas cu estio n e s so n esen cia­
les, p o rq u e sin técnicas d e e n se ñ a n z a es im p o sib le
alfab etizar. Sin em b a rg o , a m i e n te n d e r , la p re g u n ta a
p la n te a r es cuál e ra el e n fo q u e c e n tra l c u a n d o c o m e n ­
cé a in te re sa rm e e n las técn icas p a ra e n s e ñ a r alfab etización .
Mi in te ré s inicial re sid ía en el p ro c e so d e le e r y e sc rib ir pala­
b ras. P e ro , d e sd e u n co m ien zo , n u n c a h e p o d id o se p a ra r la
le c tu ra d e las p alab ras d e la le c tu ra d e l m u n d o . E n se g u n d o
lu g a r, ta m p o c o e ra p o sib le s e p a ra r la le c tu ra d e l m u n d o d e
la e sc ritu ra d e l m u n d o . Es d ecir, el le n g u ? ;e - y esto es u n a
c u e stió n lin g ü ística—n o p u e d e e n te n d e rs e sin u n a c o m p re n ­
sió n crítica d e la p re se n c ia d e los seres h u m a n o s e n el m u n ­
d o . El le n g u a je n o es ex clu siv am en te u n m e d io d e e x p re sa r
n u e stra s im p re sio n e s fre n te al m u n d o . El le n g u a je es, e n sí
m ism o , c o n o c im ie n to . Y el len g u a je im p lica u n a in telig ib i­
lid a d d e l m u n d o q u e n o existe sin la c o m u n ic a c ió n . C on
esto q u ie ro d e c ir q u e es im p o sib le a c c e d e r al sig n ificad o
sim p le m e n te a través d e la le c tu ra d e las p alab ras. P rim e ro
d e b e m o s le e r el m u n d o e n el q u e esas p a la b ra s ex isten . U n a
d e las cosas q u e h ic ie ro n los seres h u m a n o s a m e d id a q u e
c o m e n z a ro n a c o n n o ta r la re a lid a d a través d e su acció n , a
m e d id a q u e c o m e n z a ro n a to rn a rse a p to s p a ra h a b la r so b re
la re a lid a d , fu e actuar so b re la rea lid ad . U n a d e las cosas m ás
im p o rta n te s q u e h ic ie ro n las m u je re s y los h o m b re s fu e e n ­
te n d e r y, acto seg u id o , c o m u n ic a r su e n te n d im ie n to . N o hay
in te lig ib ilid a d d e la c o n c re tu d d e la re a lid a d h u m a n a sin co­
E du car al ed u cad o r 51

m u n ica b ilid a d d e las cosas q u e e n te n d e m o s. D e lo c o n tra rio


es p u ro b lab lab lá.
A h o ra b ie n , m i p re o c u p a c ió n n u n c a fu e tra b a ja r sólo
aq u ella s técn icas n e c e s a ria m e n te im p licad as e n p o sib ilita r
los actos d e le c tu ra y e sc ritu ra . T a m p o c o m e p re o c u p a b a n
n e c e s a ria m e n te las técn icas específicas d e la le c tu ra , sin o
m ás b ie n la su stan tiv id ad d e l p ro c e so q u e re q u ie re té c n i­
cas. Y es re sp e c to d e este p u n to q u e m u c h o s e n los E stad o s
U n id o s y e n o tro s lu g ares d e l m u n d o c o m p re n d e n m al m i
o b ra . L a té c n ic a sie m p re es s e c u n d a ria y só lo es im p o rta n te
c u a n d o está al servicio d e alg o m ás a b a rc a d o r. C o n s id e ra r
la té c n ic a c o m o alg o p rim o rd ia l es p e r d e r el objetiv o d e la
ed u c a c ió n .
L a v e rd a d e ra c u e stió n n o so n las técn icas e n sí m ism as
- a u n q u e n o q u ie ro d e c ir c o n esto q u e n o se a n im p o rta n ­
tes p o r d e re c h o p r o p io - sin o c o m p re n d e r la su stan tiv id ad
d e l p ro c e so q u e , a su vez, re q u ie re m ú ltip le s té c n ica s p a ra
a lc a n z a r u n ob jetiv o p a rtic u la r. L o q u e h ay q u e e n te n d e r
es, p re c isa m e n te , el p ro c e so q u e h a c e q u e las técn icas sean
n ecesarias.
E n to n ces, el desafío n o es facilitar la le c tu ra d e los so n id o s
d e l len g u aje sino d e sa rro lla r la c ap a cid ad d e c o n o c im ie n to
d e los seres h u m a n o s. L o im p o rta n te n o es la h a b ilid a d p a ra
c o m p re n d e r la e stru c tu ra fo n é m ic a d e l len g u aje , sin o q u e
los p ro feso res y las p ro feso ras e n tie n d a n có m o u tilizar las
e stru ctu ras d e l len g u aje e n el p ro ceso d e c re a c ió n d e
significado. U n b ello casam ien to e n tre la te o ría
m é to d o , p e ro sin olvidar q u e la te o ría siem p re p
c ed e al m éto d o .
P o r ejem p lo , u n a d e las cu estio n es q u e sie m p re
m e h a n p re o c u p a d o resp e cto del p ro c eso d e e n ­
s e ñ a r a le e r y escrib ir es b á sicam en te la in te rre la -
c ió n e n tre los seres h u m a n o s y su m e d io am b ie n te
in m e d ia to , e n el cual se co n stitu y e su len g u aje a m e d id a q u e
se e x p an d e . Así, d e sd e m i p u n to d e vista, el p ro g ra m a básico
d e le c tu ra o p ro g ra m a d e alfab etización q u e te n d ría q u e d e ­
5 2 El m a e s tr o s in re c e ta s

sarro lla r co n los cam pesinos d e b e ría asum ir, co m o p u n to d e


p a rtid a , la cap acid ad d e c o n o c im ien to q u e esos cam pesinos
tie n e n so b re su co n tex to y el c o n te x to d el m u n d o y su h ab i­
lid a d p a ra ex p resar ese co n o c im ien to a través d e su p ro p io
len g u aje.
C u a lq u ie r p ro g ram a d e alfab etización q u e inicie te n d ría
q u e co m en zarlo n o a p a rtir d e m i len g u aje d e d o c e n te d e
clase m ed ia, sino u tilizan d o el len g u aje d e los estu d ia n te s
c o m o m e d io p a ra el d esarro llo d e la alfab etización . Este p ro ­
ceso inicial d e u tilizar el len g u a je d e los e stu d ia n te s m ism os
c o m o p u n to d e p a rtid a p a ra el d esa rro llo d e la alfab etización
n o significa, sin em b arg o , q u e los e stu d ia n te s n o d e b a n ser
e v e n tu a lm e n te asim ilados al d iscu rso del d o c e n te . P o rq u e el
objetivo d e la ed u cació n es el d esa rro llo d e m ú ltip le s alfabe­
tizaciones y m últiples discursos.
Estoy h a b la n d o de iniciar, n o d e term in ar, la alfabetización
d e los estudiantes. C reo q u e el p u n to fu n d a m e n ta l es q u e el
c o m ien zo d e la alfabetización y el “fin al” n o so n excluyentes
sin o q u e re p re se n ta n u n proceso. El p ro b le m a su rg e cu a n d o
se p o n e excesivo h in cap ié e n el co m ien zo p a ra idealizar el
len g u aje d e los cam pesinos y d e ese m o d o m a n te n e rlo s c o n ­
fin ad o s d e n tro d e los lím ites d e ese len g u aje. Al idealizar el
len g u aje d e los estu d ian tes d e sa len tán d o lo s a a d q u irir discur­
sos m últip les, incluso el discurso “e stá n d a r” d e la so cied ad
d o m in a n te e n la q u e viven, los d o c en tes c o rre n el riesgo de
q u e d a r p reso s de u n a p ed ag o g ía aco m o d aticia q u e pasa p o r
p ro g resista. Los d o cen tes q u e h a c e n esto n o está n c o m p ro ­
m e tid o s c o n sus alu m no s y alu m nas e n u n p ro c e so d e lib era­
ció n m u tu a.

L a c la v e p a r a e l d iá lo g o c r ít ic o : e s c u c h a r y c o n v e r s a r

P a ra c o n tin u a r co n estas reflex io n es, c u a n d o e m p e c é co n los


p ro g ram a s d e alfabetización h ace ya tre in ta y cin co añ o s m ás
o m en o s, yo ya estab a viviendo c o n u n a g ra n in te n sid a d y
E du car al ed u cad o r 53

v iv en cian d o u n a d e las v irtu d es n ecesarias d e l e d u c a d o r d e ­


m o c rátic o , q u e es sab e r e scu ch ar; es d e c ir, sa b e r c ó m o escu­
c h a r a u n n iñ o o u n a n iñ a n e g ro s c o n su len g u a je específico,
c o n su sin tax is específica; sa b e r có m o e sc u c h a r al c a m p esin o
n e g ro an alfa b e to ; sab e r c ó m o e sc u c h a r al a lu m n o rico; sab er
c ó m o e sc u c h a r a los así llam ad o s re p re s e n ta n te s d e las m i­
n o ría s, q u e so n b á sic am en te o p rim id as. Si n o a p re n d e m o s a
e sc u c h a r esas voces, e n v e rd a d n o a p re n d e re m o s a h ab lar.
Sólo los q u e e sc u c h a n h a b la n . Los q u e n o esc u c h an
te rm in a n p o r g ritar, v o ciferan d o el len g u a je p a ra im-
p o n e r sus ideas. El a lu m n o q u e sab e e sc u c h a r im p li­
ca c ie rto tra ta m ie n to d e l silen cio y d e los m o m e n to s
in te rm e d ia rio s d e l silencio. Los q u e h a b la n d e m o d o
d e m o c rá tic o n e c e sita n silen ciarse p a ra p e rm itir q u e
e m e rja la voz d e a q u ello s q u e d e b e n ser o íd o s. Yo viví la
e x p e rie n c ia d e l d isc u rso d e los q u e e sc u c h a n y p e rc ib í q u e el
tra b a jo ed u cativ o a seg u ir re q u e ría ta n to creativ id a d c u a n to
h u m ild a d . Es u n tip o d e tra b ajo q u e im p lica asu m ir riesgos
q u e a q u ello s y aq u ellas q u e fu e ro n silen ciad o s n o p u e d e n
asu m ir.
E n o tra s p a la b ra s, n a d a d e esto te n d r ía s e n tid o p e d a g ó g i­
co si el e d u c a d o r o la e d u c a d o ra n o e n tie n d e n el p o d e r q u e
tie n e su p ro p io d iscu rso p a ra silen c iar a o tro s. P o r este m o ­
tivo, c o m p re n d e r el p o d e r d e silen c iar im p lic a d e sa rro lla r la
c a p a c id a d d e e sc u c h a r las voces silen ciad as p a ra c o m e n z a r a
b u s c a r m o d o s -tá c tic o s , técn ico s, m e to d o ló g ic o s - q u e facili­
te n el p ro c e so d e le c tu ra d e l m u n d o silen cioso , q u e está e n
ín tim a re la c ió n c o n el m u n d o vivido p o r los a lu m n o s y las
a lu m n a s. T o d o eso sig n ifica q u e el e d u c a d o r y la e d u c a d o ra
d e b e n e sta r in m e rso s e n la e x p e rie n c ia h istó ric a y c o n c re ta
d e los a lu m n o s y a lu m n a s, p e ro n u n c a d e u n a fo rm a p a te r­
n a lista q u e los lleve a h a b la r p o r ellos sin o e sc u c h á n d o lo s
d e v e rd a d .
El desafío rad ica e n n o in c u rsio n a r ja m á s d e m a n e ra p a­
tern alista e n el m u n d o d e l o p rim id o p a ra salvarlo d e sí mis­
m o . El d esafío ra d ic a e n n o idealizar ja m á s el m u n d o d el
5 4 E l m a e s tro s in re c e ta s

o p rim id o (a) d e m o d o tal d e m a te n e rlo a tad o a las co n d icio ­


nes idealizadas p a ra q u e el e d u c a d o r (a) a su vez m a n te n g a
su p o sició n d e ser n ecesario al o p rim id o , d e “servir al o p rim i­
d o ”, o e n c a rá n d o lo (a) co m o u n h é ro e ro m án tic o .
P o r ejem p lo , h ace c u a re n ta añ o s p a rte d e m i g e n e ra c ió n
-m is p a re s - e n Brasil m an ifestab a u n g ra n a m o r p o r los o p ri­
m id o s d e a q u ella época, a m o r te ñ id o p o r la idealizació n del
o p rim id o . Llevados p o r ese a m o r, a b a n d o n a ro n sus sillones
acad ém ico s y se fu e ro n a vivir a las favelas. Y al fin d e c u en ­
tas p e rd im o s académ icos p o te n c ia lm e n te m uy b u e n o s y ga­
n am o s “favelados” n o tan b u en o s. P o rq u e e ra n turistas. Ellos
sab ían - y sus vecinos p o b res ta m b ié n lo s a b ía n - q u e p o d ía n
salir d e allí e n cu alq u ie r m o m en to . P e ro a su m ie ro n el ro l de
h ab larles a los p o b res sin esc u c h ar a los p o b res. E ste es el
p ro b le m a q u e analicé e n Pedagogía del oprimido c u a n d o cri­
tiq u é a los m iem b ro s d e la clase m e d ia q u e se e m b a rc a ro n
e n la lu c h a rev o lu cio n aria sin h a b e r a p re n d id o an te s a escu­
c h a r a aq u ello s e n cuyo n o m b re d e b e e m p re n d e rs e la lu c h a
rev o lucio n aria.

L o q u e p u e d o y n o p u e d o o fre c e r

a lo s e d u c a d o r e s d e o t r o s c o n t e x t o s

C reo q u e o tra c u estió n fu n d a m e n ta l q u e refleja la an sie­


d a d d e m u c h o s e d u ca d o re s - n o sólo re sp e cto d e m i o b ra
sin o ta m b ié n d e la d e o tro s p e n sa d o re s, c o m o p o r e je m p lo
Dewey, M o n tesso ri o F r e in e t- es q u e m u ch ísim o s e d u c a d o ­
res y e d u c a d o ra s e sp e ra n q u e n o so tro s, e n ta n to p e n sa d o ­
res, a p o rte m o s técnicas p a ra salvar al m u n d o . H a b ría q u e
ser s o b re h u m a n o p a ra p o d e r d a r u n a re sp u e sta p e d ag ó g ic a
q u e sea c o rre c ta y a d e c u a d a p a ra to d o s los c o n tex to s. A d e c ir
v erd ad , lo q u e h e v e n id o p ro p o n ie n d o a p a rtir d e m is convic­
cio n es p o líticas y m is convicciones filosóficas es u n p ro fu n d o
re sp e to p o r la a u to n o m ía ab so lu ta d el e d u c a d o r y la e d u c a ­
d o ra . Lo q u e p ro p o n g o es u n p ro fu n d o re sp e to p o r la id en -
E d u c a r al e d u c a d o r 5 5

r-O"?
tid a d c u ltu ra l d e los a lu m n o s y las alu m nas: f fBiBj
u n a id e n tid a d c u ltu ra l q u e im p lica re s p e to P. I
p o r el le n g u aje d e l o tro , el c o lo r d e l o tro , ) í \
el g é n e ro d e l o tro , la clase social d el o tro , \ 11
la o rie n ta c ió n sex u al del o tro , la c ap a c id a d
in te le c tu a l d e l o tro ; q u e im p lica la h a b ilid a d d e es­
tim u la r la creativ id ad d el o tro . P e ro to d as estas cosas
o c u rre n e n u n c o n te x to social e h istó rico , n o e n el aire. Estas
cosas o c u rre n e n la h isto ria y yo, P au lo F re ire , n o soy el d u e ­
ñ o d e la historia.
E n tie n d o la h isto ria co m o p o sib ilid ad . L u c h o y co m b a to
p o r q u e se re sp e te a las p erso n as q u e p a rte n d e la p ersp ectiv a
d e v er la h isto ria co m o u n a p o sib ilid a d q u e ta m b ié n p o d ría
d e ja r d e serlo. P o r esta ú n ic a razó n , el e d u c a d o r q u e a ce p ta
m is ideas y el d ía d e m a ñ a n a e n c u e n tr a d ificu ltad es p a ra lo­
g ra r q u e sus alu m n as y alu m n o s a su m an el re sp e to h a cia sí
m ism os n o p o d rá d e c ir q u e F reire está eq u iv o cad o . S im ple­
m e n te él o ella te n d r á q u e d e c ir q u e n o fu e p o sib le vivenciar
el re s p e to n e ce sario e n ese c o n te x to p a rtic u la r. C reo q u e e n
v e rd a d este es el p u n to , e n el sen tid o d e q u e los e d u c a d o re s
id ealizan m is id eas sin in te rn a liz a r u n m o d o sustantivo de
e n te n d e r y a p re n d e r lo q u e significa ser fre ire a n o . E n sum a,
m u ch o s d e los e d u c a d o re s y e d u c a d o ra s q u e m e u tilizan d e
m o d o su p erficial co m o u n m e d io d e reso lv er d esd e la p e d a ­
g o g ía sus p ro b le m a s técn ico s so n , e n c ie rto sen tid o , turistas
fre ire a n o s. Se to m a n casi fu n d a m e n ta lista s fre irea n o s y e n ­
to n ces el m u n d o se vuelve fijo y d e sa p a re c e la p o sib ilid ad d e
q u e la h isto ria sea u n a p o sib ilid ad . Y yo p ro p o n g o ex acta­
m e n te lo c o n tra rio . L a h isto ria es sie m p re u n a p o sib ilid ad ,
n o es algo fijo o p re d e te rm in a d o . A sim ism o, la e d u c a d o ra o
el e d u c a d o r p ro g resistas d e b e n e sta r e n cam b io p e rm a n e n ­
te, d e b e n re in v e n ta rm e y re in v e n ta r c o n tin u a m e n te lo q u e
significa ser d e m o c rá tic o e n su p ro p io c o n te x to c u ltu ra l e
h istó ric o específico.
5 6 0 m a e s tro s in re c e ta s

R e s p o n d e r a la r a z a , la c la s e s o c ia l y e l g é n e r o

e n lo s E s t a d o s U n id o s

De a c u e rd o co n lo q u e hem os ven id o d isc u tien d o p o d ría d e­


cirse q u e re sp o n d í al cu estio n am ien to q u e m u ch as veces se le
hace a m i o b ra, c u an d o se sostiene q u e mis ideas “n u n c a se
d irig e n a las especificidades d e raza y d e g é n ero e n el co n tex to
d e los E stados U nidos”. Es m uy posible q u e n o haya p o d id o es­
tab lecer las especificidades d e raza y de g é n ero e n el co n tex to
d e los Estados U n id o s... p o r la sencilla razó n d e q u e n o co n o ­
cía ese co n tex to . Lo q u e ofrezco es u n a e stru c tu ra g e n eral q u e
exige u n p ro fu n d o resp eto p o r el o tro e n c u an to a la raza y el
g én ero . Lo q u e ofrezco, al evitar la universalización d e la o p re ­
sión, es la posibilidad d e q u e el e d u ca d o r u tilice mis análisis
y teo rizaciones sobre la o p resió n y los ap liq u e a u n co n tex to
específico. Ya lo h e d ich o m uchas veces y m e sie n to fru strad o
cad a vez q u e vuelvo a o ír el m ism o reclam o. T a m b ién m e sien­
to fru strad o c u an d o oigo la queja co n traria, c u a n d o escucho
d e c ir q u e “F reire es u n universalizador”. N o soy u n universali-
zador. Lo q u e hago, sin p re ten sió n alguna, es a p o rta r ciertos
p a rá m e tro s p a ra trab ajar cuestiones d e o p resió n e n lo q u e es­
tas cu estio n es dicen d el co n tex to pedagógico. P e ro es posible
q u e n o p u e d a ap o rtarles recetas q u e pro v ean certezas curricu-
lares ni m ed ios p a ra en se ñ a r en u n g u eto n e g ro e n los Estados
U nidos, n i m edios p a ra e n se ñ a r e n las nuevas c o m u n id ad es
“d e co lo r” e n E u ro p a, n i m edios p a ra e n se ñ a r e n b arrio s étn i­
cos e n cu alq u ier o tro lug ar del m u n d o . Sería d e sh o n e sto d e
m i p a rte h acerlo sin c o n o c er el co n tex to . P o r lo tan to , n ece­
sito ser rein v en tad o y recrea d o d e a cu e rd o c o n las d e m an d as
-p ed a g ó g ic as y p o líticas- de cad a situación específica.
E n varios diálogos q u e m an tuv e co n D o n ald o M aced o a n a­
lizam os estas cuestiones tan a fo n d o q u e cre o q u e n o vale la
p e n a reite rarla s aquí. Sin em b arg o , a u n q u e c o rra el riesgo
d e re ite ra rm e , m e g u staría re c o rd a r u n a vez m ás q u e c u an ­
d o escrib í Pedagogía del oprimido in te n té e n te n d e r y an aliz ar
el fe n ó m e n o d e la o p re sió n co n resp ecto a sus te n d e n cia s so-
E du car al ed u cad o r 5 7

cíales, existen ciales e individuales. D e este m o d o n o focalizo


e sp e c ia lm e n te la o p re sió n m a rc a d a p o r esp ecificidades tales
c o m o el co lo r, el g é n e ro , la raza, etc. P o r e n to n c es yo estaba
m ás p re o c u p a d o p o r los o p rim id o s co m o clase social.
P e ro , d esd e m i p u n to d e vista, eso n o significa q u e
ig n o ra ra las n u m e ro sa s fo rm as d e o p re sió n racial
q u e siem p re d e n u n c ié y c o n tra las q u e sie m p re he
lu c h a d o , inclu so sie n d o u n n iñ o . Mi m a d re so­
lía d e cirm e , c u a n d o e ra n iñ o , q u e d e b ía reac­
c io n a r c o n v e h e m e n c ia c o n tra to d a m an ifestació n
d e d isc rim in ació n racial. A lo larg o d e m i vida h e a ctu ad o
c o n tra tod as las fo rm as d e o p re sió n racista, lo cual está e n ar­
m o n ía c o n m i d e se o y m i n e c e sid a d d e te n e r u n a p o s tu ra p o ­
lítica c o h e re n te . N o p o d ría escrib ir e n d e fe n sa d el o p rim id o
s ie n d o racista, d e l m ism o m o d o q u e n o p o d ría ser m achista.
T a m b ié n q u ie ro señ alar q u e h e h a b la d o y escrito a b u n d a n ­
te m e n te so b re el te m a d e la raza en m i b ú sq u e d a c o n tin u a de
lu c h a r c o n tra c u a lq u ie r fo rm a d e d iscrim in ació n . H a b ría q u e
r e c o rd a r q u e m i trab ajo n o se lim ita a Pedagogía del oprimido.
D eb id o a m i co n cie n c ia c re c ie n te d e las especificidades d e
la o p re sió n e n relac ió n c o n los lím ites d el len g u aje, la raza,
el g é n e ro y la e tn ia, h e d e fe n d id o la tesis fu n d a m e n ta l d e
u n id a d e n la d iversidad, d e m o d o tal q u e los diversos g ru p o s
o p rim id o s p u e d a n volverse m ás eficaces e n su lu c h a colecti­
va c o n tra tod as las form as d e o p re sió n . Si c ad a especificidad
d e la o p re sió n se m a n tie n e c o n fin a d a d e n tr o d e su situ ación
h istó rica y a c e p ta el p erfil c re a d o p o r el o p reso r, se vuelve
m u c h o m ás difícil in iciar u n a lu c h a eficaz q u e c o n d u z c a a
la victoria. P o r ejem p lo , c u a n d o los o p reso res h a b la n d e “las
m in o rías” o c u lta n el e le m e n to básico d e la o p re sió n e n el
p ro ceso . C o m probam os q u e la etiq u eta “m in o ría” falsea la rea­
lidad cu an d o reco rd am o s q u e las así llam adas m inorías e n ver­
d a d constituyen la mayoría, e n tan to los opresores rep resen tan
la ideología d o m in a n te d e u n a p e q u e ñ a m in o ría.
5 8 El m a e s tro s in re c e ta s

P e r m itir m e s e g u ir c r e c ie n d o

y t r a n s f o r m á n d o m e e n m is c o n t e x t o s

R e in v e n ta r a F re ire sig n ifica a c e p ta r m i p r o p u e s ta d e e n c a ­


r a r la h is to ria c o m o p o sib ilid a d . P o r lo ta n to el así lla m a ­
d o e d u c a d o r f re ir e a n o q u e se r e h ú s a a re in v e n ta r m e está
n e g a n d o la h is to ria c o m o p o s ib ilid a d y al m ism o tie m p o
b u s c a n d o - a través d e la p r u e b a p r o f e s o r il- la c e rte z a
ir d e las a p lic a c io n e s técn icas. E se e d u c a d o r( a ) d e b e
^ r e c o n s id e ra r su p o s tu ra a n te la p r o p u e s ta te ó ri­
c a q u e v en g o h a c ie n d o d e sd e h a c e tr e in ta y cin co
añ o s. Ese lla m a d o e d u c a d o r f re ir e a n o , si e n v e rd a d
d e se a e n te n d e r m e , d e b e s u p e r a r la le c tu r a d e Pedagogía
del oprimido. D e b e d e d ic a rs e c o n tin u a m e n te a la le c tu ra
d e las n u m e ro s a s o b ra s q u e re a lic é d e s d e e n to n c e s , e n tr e
o tra s Pedagogía de la esperanza', Alfabetización: lectura del mun­
do, lectura de la palabra', Acción cultural pa ra la libertad', Di-
reitos humanos e educando libertadora: a gestáo democrática da
SMED / Sáo P aulo (1 9 8 9 -1 9 9 1 ) y Cartas a Cristina. M e p a re c e
q u e m u c h o s e sc rito re s q u e a le g a n s e r f re ir e a n o s sólo se
re fie re n a Pedagogía del oprim ido - u n lib ro p u b lic a d o casi
tr e in ta a ñ o s a tr á s - , c o m o si esa f u e r a la p rim e r a y ú ltim a
o b ra q u e e sc rib í.
Mi p e n sa m ie n to h a ev o lu cio n ad o y n o d ejo d e a p r e n d e r de
o tro s en el m u n d o , p a rtic u la rm e n te so b re cu estio n es d e raza
y g é n e ro e n o tras sociedades. C om o ya dije, p a ra m í la his­
to ria es siem p re u n a posib ilidad , n u n c a algo co n g elad o . Lo
m ism o se ap lica a mis ideas. C u a n d o la h isto ria o las ideas se
c o n g elan , se eclipsa la p o sib ilid ad d e la creativ id ad y se a n u la
la p o sib ilid ad d e d esa rro lla r u n p ro y ecto p o lítico.
E d u car al e d u c a d o r 5 9

Id e n tid a d e s m ú ltip le s y e s t r a tif ic a d a s :

e l p u e b lo c o m o o p r e s o r y c o m o o p r im id o

E n p rim e r lugar, las c u estio n es d e las id e n tid a d es m ú ltip les y


estratificadas siem p re m e p re o c u p a ro n y siem p re reflex io n é
so b re ellas. E n m i e x p erien cia p o lítica y p ed ag ó g ica tuve q u e
a fro n ta r n u m ero sas situ acion es d e p ro fu n d a am b ig ü ed ad .
E n lo p erso n al, e n el co m ien zo d e m i investigación, tra b a ­
j é co n u n a m u je r analfabeta. Ella m e c o n tó q u e estab a su­
frie n d o m u c h o p o r te n e r q u e lu c h a r c o n tra su esposo y su
hijo m ayor, q u e q u e ría n p ro h ib irle q u e se alfabetizara. Su
esposo y su hijo e ra n ta n o p rim id o s so cialm en te co m o ella.
P e ro en su relació n d ire c ta co n ella, e n el ám b ito d el h o g ar,
d e sa rro lla ro n u n a p osición m ach ista q u e los llevó a tran sfo r­
m arse e n o p reso res. T a m b ién e n c o n tré n u m ero so s d o c en te s
-a lg u n o s de ellos am igos m ío s - q u e, o p rim id o s p o r el sistem a
p o lítico d e n tro d e l cual o p e ra b a n , e ra n a su vez o p reso res d e
sus alum nos. P odríam os p asar la m a ñ a n a e n te ra refirién d o n o s
a esas y o tras c o n trad iccio n es obvias. Lo q u e m e in te re sa a h o ­
ra, al p e n sa r en los lecto res p ro b a b le m e n te n o rte a m e ric a n o s
d e este lib ro , es p re g u n ta rm e u n a vez más: ¿qué hacer?
L a p rim e ra respuesta, m ás o m e n o s fácil p e ro q u e revela
falta d e m otivación p a ra la lu ch a, sería d e c ir q u e la rea lid ad
es ex ac ta m en te tal co m o es. Este es el m o d o d e ser d e los
seres h u m an o s: “ ¡Desistam os!”. S ería u n a m a n e ra fácil d e
d e se n te n d e rse . Sin em b arg o , yo n u n c a p u d e a c e p ta r esa res­
p u e sta fácil e n las p ro p u esta s teóricas y p rácticas q u e
v en g o h a c ie n d o d esd e h a ce años.
A sim ism o, creo q u e la resp u esta a esta posibilida<
c o n c re ta d e a m b ig ü ed ad im plica u n a cre cien te
co m p re n sió n crítica d e los h u m a n o s co m o seres
inconclusos q u e n e cesitan sab er q u e lo son. L a co n ­
cien cia d e n u e stra in c o m p le tu d co m o seres h u m a n o s no s lle­
va a in v o lu cram o s e n u n p ro ceso p e rm a n e n te d e b ú sq u e d a .
Y es p re c isa m e n te esta b ú sq u e d a co n sta n te la q u e h ace n a c e r
la esp eran za. A d e c ir v erd ad , ¿cóm o p o d ría b u scar sin esp e­
6 0 B m a e s tro s in re c e ta s

ran za lo q u e busco? P ero n u e stra in c o m p le tu d co m o seres


h u m a n o s tam b ién nos em p u ja a la acción y d e ese m o d o nos
co n vierte e n seres con opciones, seres q u e tie n en la posibili­
d a d d e to m a r decisiones, seres q u e tie n e n la p o sib ilid ad d e
r u p tu ra y, fin alm en te, seres q u e tie n e n la p o sib ilid ad d e ser
éticos. Si n o nos volvemos seres éticos, ja m á s sab rem o s q u é
significa ser ético: nos faltará ese p u n to d e referen cia. U n o
d e los requisitos éticos q u e ten em o s los hum em os e n ta n to se­
res históricos es la b ú sq u e d a d e c o h eren c ia. Es p re cisam en te
la falta de c o h e ren c ia h istórica la q u e explica el m achism o
d el h o m b re o p rim id o al q u e a lu d í an tes, el q u e le p ro h ib ía
a p re n d e r a le e r a su esposa op rim id a. E n to n ces, la cuestión
d e las id e n tid a d e s com plejas n o es sólo técnica, p o lítica o p e­
dagógica; es tam b ién u n a cuestión ética.
Y, si m e p e rm ite n d ecir esto, los p ro g ram as d e fo rm ació n
d o c e n te e n los Estados U nidos y o tro s países d e b e n p restar
especial a te n c ió n a la d im ensió n ética. Es esen cial c re a r u n a
situ ación e n la q u e los futu ro s d o cen tes p u e d a n involucrarse
en u n d e b a te significativo sobre la ética d e la e d u cació n . No
b asta co n c o n o c e r la teo ría d el o p rim id o c o n sus varias y m ú l­
tiples id en tid ad es; tam b ién hay que sab er p o sicio n arse -ética -
m e n te - fre n te a las id en tid ad es m últiples y estratificadas q u e
g e n e ra la h isto ria d e la o presión.

R e q u is it o s é t ic o s p a r a lo s d o c e n t e s

U n o d e los peligros de esta ép o ca histórica, al cual se hace


re fe re n c ia d e distintos m odos e n varios capítulos, es precisa­
m e n te el p elig ro d e ese e n te n d im ie n to , d e esa co m p re n sió n
e stre c h a y aco tad a d e la ética q u e es característica d el n eolibe-
ralism o. P ara el n eo lib eral la ética se re d u c e a la ética d e l m e r­
cad o . P o r ejem p lo , ¿cóm o es posible q u e acep tem o s el h e c h o
d e q u e haya m illones d e p ersonas d esem pleadas? ¿Será sólo
u n a fatalid ad del fin d e siglo? N o es u n a fatalidad. Es u n o de
los resu ltad o s d e la ética del m ercad o . D eb em o s c o m p re n d e r
E d u c a r al e d u c a d o r 61

q u e la así llam ad a fatalid ad es u n a co n stru c c ió n


social m o d e la d a p o r la ética d el m e rca d o . P o r
eso los d o c en tes, so b re to d o los d o c en te s críti­
cos, tuv iero n q u e d e stru ir la c o n stru c c ió n social
d e ese fatalism o p a ra rev elar la id e o lo g ía in h e re n te q u e
m o d ela, co n fig u ra y m a n tie n e la ética d e la g an an cia. Es p o r
esta ra z ó n q u e n o so tro s, los e d u c a d o re s d em o crático s, d e b e ­
m os lu c h a r p a ra q u e q u e d e cad a vez m ás c laro q u e e d u cació n
es formación y n o entrenamiento. Y n o existe p o sib ilid ad alg u n a
d e o b te n e r fo rm a c ió n h u m a n a p o r fu e ra d e la ética. E n to n ­
ces, u n o d e los req u isito s d e l c o n te x to h istó rico p re se n te es
q u e la fo rm a c ió n ética d e los d o c e n tes d e b e ir aco m p añ a d a ,
d e b e ir d e la m a n o d e la p re p a ra c ió n p ro fesio n al, cien tífica
y tecn o ló g ica d e los fu tu ro s m aestro s y m aestras d e alfabeti­
zación. Los req u isito s éticos so n c ad a vez m ás cruciales e n u n
m u n d o q u e se está to m a n d o cad a vez m en o s ético. P o r lo ta n ­
to n u n c a p o d re m o s resolver el p ro b le m a d e la fo rm a c ió n do­
c e n te c o n sim ples p ro p u e sta s tecnicistas, q u e es lo q u e tod o s
m e p id e n q u e les dé. P resu m o q u e algunas p erso n as, alg u n o s
d e los q u e m e cu estio n an , están e sp e ra n d o q u e yo d é resp u es­
tas sim ples p a ra a b o rd a r p ro b lem a s q u e son p ro d u c to d e u n
c o n te x to q u e re q u ie re co m p ro m iso ético y n o resp u estas téc­
nicas. Sin e m b arg o , d a d o q u e n u e stra fo rm ació n d o c e n te nos
h a n e g a d o el acceso al d iálo g o so b re la n a tu ra le z a de la ética,
n u e s tra h a b ilid a d p a ra c o n fro n ta r y a b o rd a r co n clarid ad la
esp ecificid ad d e u n c o n te x to ético p o r n a tu ra le z a h a q u e d a ­
d o re strin g id a p o rq u e n o co n o cem o s la ética.

E l d e s c u id o d e la é t i c a e n la f o r m a c ió n

d e lo s e d u c a d o r e s

N o es u n a co in c id e n cia q u e la cu rric u la d e la m ayoría d e los


p ro g ram a s p ro fesio n ales - e n n u e stro caso, la fo rm a c ió n d o ­
c e n te - casi n u n c a incluya la o p o rtu n id a d d e q u e los fu tu ro s
p ro fesio n ales p a rtic ip e n e n u n a discusión seria y p ro fu n d a
6 2 B m a e s tro s in re c e ta s

so b re lo q u e significa ser ético e n u n m u n d o q u e está volvién­


d o se p ro fu n d a m e n te aético, e n la m e d id a e n q u e los seres
h u m a n o s se vuelven cad a vez m ás d e sh u m a n ’zados p o r o b ra
y g racia de las p rio rid a d e s d el m e rca d o . Esta es u n a
d e mis luchas, d e mis co m b ates, al tra b ajar co n
aq u ello s y aq uellas q u e o san d esafiar la fatalid ad
histó rica im p u esta p o r el p e n sa m ie n to n eo lib eral.
Es fu n d a m e n tal q u e u n b ió lo g o d iscu ta la n a tu ra ­
leza d e las form as d e vida q u e analiza, p e ro es ig u alm en te
fu n d a m e n ta l d iscu tir la so lid arid ad , la ética, el am o r, la dig n i­
d a d , el re sp e to h acia los otros, la n a tu rale z a de la d em o cracia.
Los m aterialistas d icen q u e estos tem as q u e acab o d e m e n ­
c io n a r son ex p resio n es d e u n ro m a n ticism o o u n idealism o
in o p e ra n te s. Suele escucharse co n frecu en cia: “Yo tam b ién
fu i idealista, ya vas a c re c e r”. Ese es u n p u n to d e vista p ro fu n ­
d a m e n te e stre c h o q u e sólo sirve p a ra fo rta le c e r las ideas de
los n e o lib erales -te le d irig id as p o r el m e r c a d o - q u e n o q u ie­
r e n q u e se p la n te e n p ro b lem as q u e in te rfie ra n e n el cam in o
d e la acu m u lació n de riqueza.

E s n e c e s a r io m a n t e n e r la c la r id a d é t ic a

A quellos e n tr e n o sotros q u e p ro p o n e m o s el p la n te o d e cues­


tio n es éticas e n el c en tro d e los d eb ates so b re la e d u ca c ió n
c o n fre c u e n c ia oím os d e cir q u e som os b la n d o s y “p o lítico s”.
Los n eo lib e rale s se co n sid era n a sí m ism os, y so n co n sid era ­
d o s p o r m u ch ísim o s o tros, co m o p rag m ático s ap olíticos. U n o
d e los resu ltad o s del n u evo p rag m a tism o d el n eo lib e ralism o
está re la c io n a d o co n el e n tre n a m ie n to técn ico cien tífico d e
los e d u c a d o re s y n ie g a u n a fo rm a c ió n m ás a b a rca d o ra, p o r­
q u e esa clase d e form ació n exige la c o m p re n sió n crítica del
p a p e l q u e c ad a q u ie n d e se m p e ñ a e n el m u n d o . A h o ra b ien ,
las p ro p u e sta s prag m áticas siem p re p ro v o can ru p tu ra y d e­
sarticu lació n e n el m u n d o d o n d e se sitú a la especialización
o á re a d e estu d io . La in fo rm ació n y el c o n o c im ien to son e n ­
E ducar al ed u cad o r 6 3

tonces sep arad o s del c o n te x to ético y social d o n d e su rg e esta


in fo rm ació n o co n o cim ien to .
D esarticulado d e su m u n d o , u n o p ie rd e la p o sib ilidad de
d e sa rro llar in d icad o res cu ltu rales q u e lo cap aciten p a ra e n ­
te n d e rlo de m o d o tal d e p o d e r a c tu a r so b re él y tra n sfo rm ar­
lo. L a posició n p ra g m á tic a n e o lib eral a ctú a ag resivam ente
p a ra pro v o car la ru p tu ra e n tre los seres h u m a n o s y su m u n d o
m ie n tras ab o g a p o r la inverosím il articu lació n e n tre los seres
h u m a n o s y el m ercad o . E n o tras palabras, el foco d e la ed u ca­
ció n en el m u n d o n e o lib e ra l se tran sfo rm a e n có m o tran sfo r­
m arse e n u n co n su m id o r com pulsivo, có m o tran sfo rm arse en
u n a m á q u in a eficiente d e co n o cim ien to , sin p ro p o n e r cues­
tiones éticas d e n in g ú n tipo.
C u a n d o se a ce p ta el p a p el d e ser u n a sim ple m á q u in a de
c o n o cim ien to seg ú n los lím ites q u e im p o n e n las n ecesid ad es
del m e rca d o - q u e c o n sid e ra n a los alu m n o s co m o sim ples
co n su m id o res d e c o n o c im ie n to - se cae e n la tram p a, e n la
v e rd a d e ra m a n ip u la ció n ideo lóg ica q u e n ieg a la p o sib ilidad
d e a rtic u lar el m u n d o co m o u n tem a d e la h isto ria y n o sólo
co m o u n o bjeto a ser co n su m id o y descartad o .
A m enos q u e sean m uy cuidadosos y m uy reflexivos, los do­
centes p u e d e n a d o p ta r c o n m u c h a facilidad el p ap el d e m á­
q u in a de c o n o cim ien to . Es co m o sostuve e n Pedagogía del opri­
mido: se tran sfo rm an e n d o cen tes q u e actú an u n a “e d u cació n
b an ca ria”, h a cien d o d epósitos e n las m en tes d e sus alu m n o s y
alum nas. Lo q u e m a n tie n e a u n a p erso n a, a u n d o c en ­
te vivo co m o e d u c a d o r lib e ra d o r es su clarid ad políti­
ca p a ra e n te n d e r las m an ip u lacio n es ideológicas q u e
d esco n firm an a los seres h u m a n o s e n cu an to tales.
L a clarid ad p o lítica q u e n o s d iría q u e es in co rrecto
p e rm itir q u e los seres h u m a n o s sean d esh u m an i­
zados p a ra q u e u n o s p o cos p u e d a n en riq u ece r- /
se co n la g an an cia del m ercad o . P ara p o d e r d e­
sarro llar esta clarid ad p o lítica hay q u e estar m otivado
y sostenido p o r la fu erte convicción de la h isto ria co m o posi­
bilidad. H ay q u e c re e r q u e, si los h o m b res y las m u jeres crea­
6 4 El m a e s tro s in re c e ta s

ro n ese m u n d o feo q u e estam os d e n u n c ian d o , los h o m b res y


las m u jeres p u e d e n crear u n m u n d o m en o s discrim in ato rio y
m ás h u m a n o . Así, el d o cen te q u e cayó e n la tra m p a d e la cu­
rricu la m ecanicista q u e req u iere q u e se ofrezca cad a vez más
c o n te n id o sin instrucción básica necesita revertirse a su p ro ­
p ia convicción, que d e te rm in a rá u n a p o stu ra ética fre n te a la
cu rric u la y la insertará d e n tro d el co rresp o n d ie n te co n tex to .
T am b ién d ebem os señalar que esta inserción n o es u n acto in­
dividual. D eb e darse e n u n a discusión co n o tro s d o c en tes q u e
co m p a rtan la m ism a visión d e la radicalización d em o crática y
la so ciedad hum ana.

L a é t ic a y e l m ie d o a ia é t ic a

D eb em o s p re g u n ta m o s p o r q u é so n ta n pocos los p ro g ram as


d e fo rm a c ió n d o cen te q u e p re sta n a te n c ió n a la cu estió n éti­
ca, y p o r q u é el foco fu n d a m e n tal e n la ética tie n e u n p ap el
ta n m e n o r e n el diálogo educativo actual, m ien tras las esta­
dísticas y los m éto do s d e se m p e ñ a n u n p ap el tan am plio. Es
decir: h oy im p e ra u n m ied o p ro fu n d o a d iscu tir la ética bajo
c u alq u ie r aspecto.
Sin d u d a , p a rte d e lo q u e nos m a n tie n e ap artad o s d e l com ­
p ro m iso ético es el m ied o a la im posición. P ienso básicam en ­
te q u e el m ied o p u e d e estar re lacio n ad o co n la c re e n c ia e n
q u e to d a discusión ética re p re se n ta u n a fo rm a d e im posición
d o c trin a ria. P ero es d e sa len ta d o r c o n fro n ta r y d ialo g ar sobre
cu estio n es éticas c u an d o som os d o c en tes y p ro fesio n ales q u e
d isfru tam o s d e d ete rm in a d o s privilegios. D ebem os volver a
e x a m in a r y evaluar n u estras p osturas, q u e p u e d e n e star e n
co n trad icc ió n con aq u ello de lo q u e d e p e n d e m o s e n tan to
fo rm a p a rte d e n u e stra id e n tid a d pro fesio n al. A h o ra b ien ,
resu lta e x tre m ad a m e n te peligroso inv olucrarse e n u n a re­
flexión ética seria p o rq u e eso nos obliga a c o m e te r lo q u e
A m ílcar C abral d e n o m in a “suicidio clasista”. El d e b ate ético
conlleva el d eseo d e involucrarse e n u n “suicidio clasista y
E d u c a r al e d u c a d o r 6 5

ra c ia l”. P o r d esgracia, m u c h o s e d u ca d o re s y ed u ca d o ra s p ro ­
gresistas y b ie n in te n c io n a d o s m ás d e u n a vez c o m p re n d e n
m al las exigencias teóricas d e la n o c ió n d e “suicidio clasista”
d e C ab ral y te rm in a n cay en d o en la a ce p ta c ió n ciega d e l suici­
d io o el m artirio . C u a n d o esto o c u rre , “su fre n ” d e n tro d e u n
p ro ceso q u e m a n tie n e vivos y vigentes sus privilegios a través
d e la idealizació n d el o tro . Esta p o sició n está e n co n trad ic­
ció n d ire cta co n la n o c ió n d e C abral. A m ílcar C abral n o s d e­
safió a p ro b lem a tiza r la id e o lo g ía d o m in a n te p a ra q u e e n te n ­
d iéram o s có m o c o m b a tir la c ru e ld a d d el colo n ialism o y q u e
p u d ie ra n a c e r u n a d e m o c ra c ia d e ese c o m b ate. P o r lo tan to ,
c o m e te r suicidio co m o u n acto ciego sería u n a fo rm a d e fa­
talism o q u e n ie g a la c re e n c ia cab ralin a e n la h isto ria com o
p o sibilidad. R e p re se n ta u n a fo rm a d e individualism o -im p lí­
cita e n “salvar m i alm a” c o m o m á r tir- e n o p o sició n al com ­
p ro m iso d em o c rá tic o d e c o n tin u a r el c o m b a te e n la historia.
Y la n o c ió n c ab ra lin a d e suicidio d e clase n o tie n e n a d a q u e
v er co n el m e ro cru ce d e fro n te ra d e u n espacio geográfico
a o tro : c ru z a r d el espacio o p re so r al espacio d el o p rim id o . El
su icidio clasista n o se tra ta d e ser tu rista e n co m u n id a d e s q u e
su fren . El suicidio clasista es u n a fo rm a d e pascua: im p lica la
p ro b lem a tiza c ió n del pasaje a través d e u n co n ­
te x to c u ltu ra l e id eo lóg ico . Lo q u e c u e n ta es el
co m p ro m iso co n u n a so lid arid ad significativa y
d u ra d e ra p a ra c o n los o p rim id o s y las oprim idas.

B a r r e r a s a l d iá lo g o é t ic o e n lo s s is te m a s t o t a lit a r io s
y lo s s is te m a s “ d e m o c r á t ic o s ”

E n v erd ad , lo im p o rta n te n o es ser lib re p a ra h a b la r so b re el


d iálo g o sino ser lib re p a ra lu c h a r p o r el d e re c h o d e p artici­
p a r e n u n d iá lo g o vivo. E n u n a so cie d ad to talitaria a veces es
p o sib le h a b la r so b re e d u c a c ió n p ro g resista, a u n q u e sea d e
u n m o d o a u to rita rio . N u n c a o lvidaré c u a n d o e n 1971 p artici­
p é e n u n e n c u e n tro -in te rn a c io n a l e n E u ro p a d o n d e ta m b ié n
6 6 El m a e s tr o s in re c e ta s

se p re s e n ta b a u n p ro fe so r d e la U n iv ersid ad d e M oscú. U n o
d e los textos a d e b a tir e n el e n c u e n tro e ra d e m i a u to ría . E n
ese tex to criticab a las actitu d es d e los q u e d e n o m in a b a “H e rr
P ro fesso rs”; vale d e cir, la p o sició n d el p ro fe so r q u e h a b la de
d iálo g o p e ro rech aza la p rá c tica del d iálogo. R e c u e rd o q u e
el jo v e n p ro fe so r d e M oscú se p u so fu rio so e n los d eb ates
y, a p u n tá n d o m e co n el d e d o , disp aró : “Sí, yo soy u n ‘H e rr
P ro fesso r’”. Se sin tió v io len tad o p o rq u e yo a ta c ab a su esta­
tus d e privilegio, p o rq u e e ra u n o d e los q u e p o d ía n o fre c e r
co n o c im ien to s p a ra u n a lu c h a d e lib era ció n . Yo n o escrib í
el tex to p e n sa n d o e n él, p e ro p a re cía escrito p o r cau sa suya.
E n to n ces dije: “OK, p e ro d e b id o a eso u ste d es u n p ro fe so r
rea c cio n a rio , u n d o c e n te a u to ritario , y n o tie n e n a d a q u e ver
co n las ideas q u e p re p o n d e ra n e n su país; e n su m a, u sted es
u n a d isto rsió n d el socialism o”. T al vez e n ese m ism o m o m e n ­
to, d esd e su c á te d ra e n la U n iv ersid ad d e M oscú, h a b la ría
so b re lib erarse d el im perialism o; p e ro e n la p rá c tic a n e g ab a
é tic a m e n te ese d iscurso lib e ra d o r. P a ra él to d o se re d u c ía
a a c o rta r la d istan cia e n tre lo q u e h a b ía e scrito y d ic h o o
h e ch o .
Esta d isto rsió n , esta d istan cia o in c o h e re n c ia e n tr e los va­
lores a d o p ta d o s y la p ráctica d e la ed u c a c ió n se d a tam b ié n
e n los E stados U n id o s d e b id o a las n o cio n es d e l m e rc a d o y
al d eseo d e u tilizar c u alq u ie r nivel d e e x p re sió n p a ra m a n te ­
n e r y d e h e c h o n o c u estio n a r ja m á s el statu q u o ; ig u a lm e n te
p u e d e d ecirse q u e lo m ism o p u e d e o c u rrir ta n to e n u n a so­
c ie d ad d e m o c rá tic a ab ie rta co m o en u n a so cied ad to ta lita ria
d o n d e el d o c e n te ad scrib e cie g am e n te al eslo g an vacío d e
“lib eració n y ju stic ia p a ra to d o s” m ie n tra s n o d e ja n d e violar­
se los p rin c ip io s v e rd ad ero s d e esos v e rd a d ero s clichés, e n
la m e d id a e n q u e o p e ra n c ieg am e n te a través d e e stru c ­
turas totalitarias e inflexibles e n cosas tales co m o
la escolarización. P o r ejem p lo , ¿cu án tas veces los
d o c e n tes e n los Estados U n id o s p re g o n a n y e n ­
señ a n la d em o cracia, la so lid arid a d , la ju s tic ia y
la ig u a ld a d p a ra tod o s, p o r u n lad o , m ie n tra s p o r
E ducar al ed u cad o r 6 7

o tro castigan a los alu m n o s q u e se re h ú s a n a so m eterse, vio­


le n ta n d o así inclu so el p rin c ip io d e aq u ello q u e están p re g o ­
n a n d o o en señ an d o ?

¿ E s p o s ib le im p r im ir u n d iá lo g o s in in m o v iliz a r lo
o m a ta r lo e n e l a c t o d e im p r im ir lo ?

Esta p re g u n ta fue fo rm u lad a p o r los a u to res in-


cluidos e n este v o lu m en y es c en tral p a ra el objetivo d e ')
Mentoring the Mentor. ¿Acaso los diversos au to res y ed ito res
d e esta o b ra in te n ta n p u b licar u n d iálogo e n tre n o so tros,
p reserv an d o y al m ism o tiem p o d estru y e n d o el diálogo? C reo
q u e no. Pienso tam b ié n q u e p re o c u p arse p o r inm ovilizar
el d iálo go es n o c o m p re n d e r q u e el len g u aje escrito tien e
la a p arie n c ia - p e r o sólo la a p a rie n c ia - d e to m a r inm óvil el
d in am ism o d e la o ralid ad . P ero, a d e c ir verd ad , el len g u aje
escrito n o to m a n a d a inm óvil; a u n q u e e n cierto sen tid o fija
la fu erza del discurso oral. P o r eso la lec tu ra del tex to escrito
d e b e ría ser la rein v en c ió n del d iscurso oral. La tra m p a del
lingüista rad ica e n c re e r q u e las p alab ras escritas están co n g e­
ladas e n el tiem p o . E scribir fija la fu erza d e la o ra lid a d e n el
tiem p o , p e ro el lecto r, al inv olucrarse c o n esa fuerza, n o deja
d e rein v en ta r y red ialo g ar d e m o d o tal q u e el tex to p e rm a n e ­
ce vivo y din ám ico .
P o r ejem p lo , al leer u n texto dialógico lo q u e im p o rta es
có m o volverm e capaz d e m a n te n e r u n d iálogo co n lo escrito
- a l p a re c e r u n texto inm ovilizado-. C u a n d o leo y releo los diá­
logos de P lató n n o m e p a ro fre n te a ellos com o d e la n te d e u n
o bjeto fosilizado. Los diálogos plató nico s son u n discurso su­
m a m e n te vivo q u e d eb em o s rein v en tar y recrear. Y lo m ism o
h ag o cu an d o leo cu alq u ier texto escrito p o r au to res, o cu an ­
d o escu ch o a u n am igo o u n colega co n q u ie n p o d ría estar
h ab lan d o . Igual ejercicio h a rá n los lecto res d e este volum en.
N o p u e d o c o n c e b ir la p o sib ilid a d d e q u e u n d iá lo g o es­
c rito - p o r el m e ro "hecho d e e sta r fijad o e n el tie m p o - d eje
6 8 E l m a e s tr a s in re c e ta s

de e sta r vivo o p ie rd a d in am ism o . L a ta re a y el d esafío q u e


d e b e m o s a fro n ta r n o so tro s, los lec to res, al lid ia r c o n el
d iálo go a p a re n te m e n te fijado e in m o v ilizad o , es re e sc rib ir
el tex to d ia lo g a n d o co n su a u to r a través d e l te x to escri­
to. A h o ra b ie n , n o d eb em o s e n c a ra r el te x to esc rito co m o
algo inm o v ilizad o y e n c o n se c u e n c ia fe c h a d o o m u e rto . La
clave es u tiliz ar el tex to co m o v e h íc u lo p a ra d ia lo g a r p o ­
te n c ia lm e n te co n el a u to r y la in c o m p le tu d p o te n c ia l d e
las ideas. E n tie n d o m uy b ie n q u e, a u n q u e su fu e rz a inicial
p u e d a e sta r fijad a e n el tiem p o , es u n d o c u m e n to h istó rico
q u e e m e rg e d e u n c o n te x to h istó rico e sp ecífico y q u e e n
ese m ism o m o m e n to es u n d o c u m e n to q u e a p o rta la po sib i­
lid a d d e d e sc u b rir nuevas m a n e ra s e n u n tie m p o h istó rico
d ife re n te .

L a n o c ió n d e c o m p le tu d , e n la c o m u n ic a c ió n o r a l
o e s c r it a , e s p a r t e d e l p r o b le m a

C u an d o afirm o q u e el texto escrito p e rm a n e c e dialógico es­


toy sien d o fiel a su h istoricidad. P ero h asta la n o c ió n d e com ­
p le tu d n ecesita ser p ro blem atizada. U n tex to está co m p leto
en u n m o m e n to histórico d e te rm in a d o e n el q u e garantiza
certezas. C u a n d o el m o m en to cam bia, su in c o m p le tu d p u e ­
d e co m en zar a verse. E ntonces, el le c to r tie n e la resp o n sa­
bilid ad d e involucrarse co n la in co m p letu d . L a in c o m p le tu d
del tex to p u e d e ser tan im p o rtan te co m o la c o m p le tu d e n
u n m o m e n to histórico d ete rm in a d o , p u esto q u e es la incom ­
p le tu d la q u e involucra al lecto r o la lecto ra e n u n p roceso
d e rein v en c ió n c o n tin u a del texto e n el c o n te x to cu ltu ra l e
histó rico q u e le es p ro p io a él o ella. El le c to r p u e d e a b o rd a r
el tex to co m o inm ovilizado o ab ierto . U n tex to ex ce len te es
aq u el q u e p u e d e tra sc e n d er su lu g ar y su tiem p o . L a n o ció n
d e u n tex to inm ovilizado p o r falta d e o ra lid a d es u n equívoco
d e la n a tu ralez a de la o b ra escrita. P lató n , p o r ejem p lo , es u n
v e rd a d ero ejem p lo de tex to dialógico q u e n o p u e d e ser in m o ­
E d u c a r al e d u c a d o r 6 9

vilizado en el tie m p o y el espacio. P o rq u e si la o b ra d e P lató n


fu e ra u n tex to inm ovilizado d el p asad o rem o to , la g e n te ni si­
q u ie ra sab ría q u e P latón existió. D e h e ch o , P lató n está sien d o
in te rp re ta d o y re in te rp re ta d o m ie n tras n o s m ovem os a través
d e los siglos.
N o te n g o n in g u n a d u d a d e q u e to d o tex to , esc rito e n fo r­
m a d e d iálo g o o n o , está c o n d ic io n a d o p o r característica s
esp eciales d e tie m p o y esp acio . Las id e as q u e se d isc u te n
e n u n te x to e stá n c arg ad as d e h is to ria y d e c u ltu ra . Lo q u e
p u e d e o c u rr ir e n e sta in s ta n c ia es q u e , al tra n s p o r ta r ese
te x to h a c ia o tr a c u ltu ra u o tro e sc e n a rio u o tro tie m p o , las
id eas p u e d e n n o r e s p o n d e r al d e sa fío d e la n u eva his­
to ric id a d , e sp a c io y tie m p o . A m i e n te n d e r el tex to
c o n tin ú a s ie n d o , sin n in g u n a d u d a , u n d iscu rso
válid o. E sto o c u rre p o rq u e e n p rim e r lu g a r el
te x to m e c ap a c ita p a ra e n te n d e r la re la c ió n e n ­
tre las id e as q u e e x p re sa y el tie m p o e n q u e esas id ea s fu e ­
r o n e x p re sa d a s. E n se g u n d o lu g a r, p o rq u e las id eas p u e ­
d e n c o n tin u a r d e sa fiá n d o m e a u n q u e p a re z c a n a n ticu a d a s
a p rim e r a vista. E n este s e n tid o , la re in v e n c ió n c o n tin u a
d e l te x to im p lic a q u e la in m o v iliza ció n d e l tex to n o exis­
te. E n o tra s p a la b ra s, los le c to re s c o n te m p o rá n e o s ta m b ié n
r e p r e s e n ta n u n te x to y e stá n in te ra c tu a n d o c o n id eas d eli­
n e a d a s p o r u n a h isto ria , u n esp a cio y u n tie m p o p a rtic u la ­
res. P e ro es el le c to r c o n te m p o r á n e o q u ie n d a m o v ilid ad al
te x to a p a r e n te m e n te in m o v ilizad o , p o rq u e las id e as n u n c a
e stá n inm o v ilizad as.
C u a lq u ier tip o d e ed u cació n c o h e re n te m e n te p ro g resista
n ecesita d iscu tir n o sólo el tex to sino la vida m ism a. La exis­
ten c ia del “todavía n o ” significa q u e el tex to n u n c a p u e d e
ser visto co m o alg o q u e está p aralizad o . C o m p re n d e r la vida
co m o algo p araliza d o es u n m o d o d e co m p re n sió n n ecrófila.
L a c o m p re n sió n am o rosa d e la vida es aq u ella q u e la p erc ib e
co m o u n p ro c e so q u e aco n tec e, n o co m o algo d e te rm in a d o a
p rio ri. El tex to n o sólo h a b la d e las cosas d e la vida, sino q u e
ad em ás tien e v id a-pro p ia. Así, m i p o sició n fre n te al tex to es
7 0 El m a e s tro sin re c e ta s

la posición am o ro sa d e q u ien re c re a los textos re c re a n d o d e


ese m o d o la vida q u e hay e n ellos. P o d ría d ecirse lo o p u esto
d e g ra n p a rte d e la ed u cació n c o n te m p o rán e a; p o d ría decir­
se q u e p ro p o n e u n a co m p ren sió n n ecró fila q u e e n tie n d e el
tex to co m o algo inm ovilizado y m u e rto .
El p lató n ico Paul Shorey estaba e n lo cierto c u a n d o escri­
bió: “Los m ejores escritos n o son sino rec o rd a to rio s d e los
discursos, q u e so n los verdaderos n iñ o s de la m e n te ”. Cabe
d estacar q u e Shorey n o hab ló d e “los p ad res d e la m e n te ”
n i d e “los viejos d e la m e n te ” sino d e “los n iñ o s”: la vivida y
vigorosa p rim av era d e la m en te. Si tal fu e ra el caso, en to n ces,
n o p o d ríam o s p e n sa r el diálogo escrito p o r P lató n co m o u n a
fo rm a m u e rta inm ovilizada en la fo rm a escrita. P o r el c o n tra­
rio, co m o afirm a Shorey:

Y así n u e s t r o m e n s a je fin a l a L is ia s y H o m e ro o a

c u a lq u ie r e s t a d is t a u o r a d o r e s q u e s i e l e s c r it o r

s u p i e r a la v e r d a d s o b r e l a s c o s a s d e l a s q u e h a b l ó

y fu e ra c a p a z d e d e fe n d e rla s y h a c e r q u e s u e s c r it o

p a r e c ie r a p o b r e e n c o n t r a s t e c o n s u p a la b r a h a b la d a ,

m e r e c e r í a u n a d e n o m in a c ió n s u p e r io r a la d e a u t o r ,

o ra d o r o p o e ta .1

L a fo rm a escrita, al c a p tu ra r la fu e rz a y la vida d e l m o m e n to
d ialó gico , a p o rta u n a p o sib ilid ad d e c o n tin u id a d q u e p e rm i­
te a los le cto res in te ra c tu a r, c re a r y re c re a r la fu e rz a orig i­
n al e n u n esp acio y u n tiem p o nuevos. Esto d e m u e s tra q u e
c u a n d o leem o s a P lató n e n fo rm a m ecán ica, n u e stro e n te n ­
d im ie n to es ig u a lm e n te m ecán ico . Si leem o s a P la tó n co m o
p a la b ra viva, n u e stro e n te n d im ie n to será vivo y c o n tin u a rá
cre c ie n d o .

1 S h o r e y , P a u l, W hat Plato Said, C h ic a g o , U n iv e r s ity o f C h ic a g o P re s s ,

1 9 3 3 , 1 9 6 5 , p . 1 5 8 . [N . d e l A .]
E d u c a r a l e d u c a d o r 71

C ó m o s o b r e v iv ir y p r e v a le c e r c o m o d o c e n t e
d e m o c r á t ic o / c ó m o c o n s t r u ir u n m o v im ie n to

C reo q u e u n a d e las dificultades m ás g ran d es qu e p u e d e afro n ­


tar u n d o c en te co n u n a perspectiva d em o crática es la d e e n ­
co n trarse solo. Es im p o rtan te re c o rd a r q u e n o es ú n icam en te
desde lo q u e se h ace en el aula q u e p o d rá ayudar a sus alu m no s
y alum nas a reco n stru ir la posición q u e o cu p an e n el m u n ­
do. Es im p o rtan te que sepam os q u e el tiem p o lim itado del
au la rep resen ta apenas u n m o m en to e n la ex p erien cia social
e individual total del alum no. El alu m n o d esp ierta y tien e su
p rim e ra interacció n con sus padres. La socialización q u e él o
ella recibe c o tid ian am en te p u e d e re p rese n ta r la n eg ació n del
e n ten d im ien to h u m an ista d e la vida. Los alum nos p asan g ran
p a rte d e su tiem p o fren te al televisor, viendo y vivenciando m u ­
chas form as de violencia extrem a; vivencian la discrim inación
racial, sexual, cultural y de g é n ero - to d o el tie m p o - y después
van a la escuela. E n la m ayoría de los casos las escuelas rep ite n
los mismos p atro n es de socialización negativa resp ecto d e la
h u m an id ad . Y así llegam os a la p re g u n ta más im p o rtan te: ¿qué
d eb e h a c e r el d o c en te p a ra fo m en tar la reco n stru cció n del
m u n d o en u n sen tid o dem ocrático? ¿Q ué hacer? Estas p re g u n ­
tas fu n cio n an com o u n estím ulo p a ra m u ch o s d o cen tes co n los
q u e hablo. M encioné a los E stados U nidos, p e ro n o sólo a ese
país, m e n cio n é la necesidad q u e ten em o s com o d o cen tes d e
co m en zar a d esarro llar lo q u e d e n o m in o el m ap a ideológico
d e la institución.
¿Y q u é significa eso? D esarro llar u n m a p a ideológico d e la
in stitu ció n significa in te n ta r r e u n ir en m i d e p a rta m e n to o es­
cu ela a q u ien es c o n c u e rd a n co n mis ideas dem ocráticas. N e­
cesito te n e r u n a id ea c o n c reta d e q u ién es son mis enem igos.
N ecesito sab er c o n q u ién es p u e d o c o n ta r an tes d e e m p ezar
a a c tu a r com o d o c en te d em o crático . C u a n d o trazo el m a p a y
sé q u e c u en to c o n la so lid arid ad d e cinco d o cen tes y q u in ce
alu m no s, p o r ejem plo, p u e d o convocar u n p rim e r e n c u e n tro
p a ra discutir, d e m a n e ra m uy inform al, algunos pasos p ro b a ­
7 2 B m a e s tro s in re c e ta s

bles a d a r hacia la dem ocracia. Y e n ese m o m en to co m en zaré


a in tro d u c ir algunas cuestiones resp ecto d e mis d udas, d e mis
convicciones, de mis sueños. A p a rtir d e ese p rim e r e n c u e n ­
tro p o d em o s em p ezar a ex p lo rar la posib ilidad d e estab lecer
y c o n tin u a r ese e n c u e n tro y esa discusión iniciales. En d e­
term in ad o m o m en to es posible q u e los cinco d o cen tes y los
q u in ce alu m no s co m ien cen a o rg an izar u n p la n de acción.
Es p ro b a b le q u e después de las p rim eras ex p erien cias sea via­
b le conversar sobre nuestros objetivos co n otro s d o cen tes q u e
n o estén alineados to talm en te c o n u n a visión negativa d e la
h u m a n id a d . Tal vez después d e u n tiem p o , e n vez d e cinco,
p o d am o s c o n tar con doce. Lo q u e n o m e p a re ce posible es
aislar el trab ajo d e los individuos, sobre to d o el d e aquellos
q u e ex ig en trab ajar críticam en te ru m b o al estab lecim iento
d e u n a dem ocracia. E n otras palabras, n o se p u e d e n realizar
d e m a n e ra individual dem andas y exigencias de d esarro llo de
espacios pedagógicos que reaccio n an an te la d em o cracia “crí­
tica y rad ica l” com o u n individuo único. Eso es im posible. Es
p re cisam en te d eb id o a su n atu raleza individualista q u e m u ­
chos d o c e n tes -so b re tod o e n los Estados U n id o s-, después
d e fallar e n su tentativa individualista h acia u n a d e m o cracia
“crítica y rad ical”, reclam an q u e algunas d e mis p ro p u estas
son inaplicables e n el co n tex to n o rte am erican o .
P o r ejem plo, c u an d o D onaldo M acedo y yo m a n ten e m o s
u n d iálogo, am bos nos volvemos m ás creativos. Esto o c u rre ,
e n p arte, d eb id o a n u estra form ació n co m o sujetos orales
q u e n o fuim os socializados exclusivam ente a p a rtir del texto
escrito. S ería d e veras im p o rtan te e in te re san te q u e la socie­
dad , al alcanzar el m o m en to gráfico - la fo rm a e scrita-, n o lo
tra n sfo rm ara b u rocratizándolo a través de la en señ an za. En
otras palabras, cu an d o la sociedad, q u e es esen cialm en te oral,
alcanza el estado de la escritura n o d e b ería inm ovilizar la o ra­
lid ad b u ro cratizánd o la. La o ralid ad exige so lid arid ad co n el
O tro . La o ralid ad es dialógica p o r natu raleza, p u esto q u e n o
p u e d e realizarse de m an era individualista. A h o ra b ien , el d e­
safío p a ra las escuelas es n o m a tar los valores solidarios q u e
E d u c a r al e d u c a d o r 7 3

c o n d u c e n al espacio d em o crá tico m e d ian te u n p ro ceso q u e


inm oviliza la n a tu rale z a n e ce saria m en te dialógica d e la ora-
lid ad a través d e la a p re h e n s ió n individualista del
acto d e le e r y escribir. Esto es v e rd a d era m e n te
fu n d a m e n tal. E n co n secu en cia, los alu m no s
q u e están fam iliarizados e n e x trem o co n la ora-
lid ad n o d e b e n ja m á s ser red u c id o s a u n a fo rm a
d e p e n sa m ie n to lin eal e individualista. P aradóji­
cam en te , las escuelas h a c e n eso to d o el tiem po: re d u c e n a los
a lu m n o s a u n a fo rm a d e le e r y p e n sa r n o oral y lineal. Y d e ese
m o d o esas m ism as escuelas se ven fru strad as p o r la d ificultad
d e h a c e r q u e los estu d ian tes se in v o lu cren e n form as dialógi-
cas, p u esto q u e esas form as ex ig en q u e sean resocializados e n
aq u ello q u e an tes se m ató. E sta d ificu ltad es p ro d u c to d e la
n atu ralez a m ecán ica del acto d e le e r y escrib ir en las socieda­
d es consum istas m o d ern as.
Este p ro ceso re p ro d u c e las fuerzas an tid em o cráticas d e las
así llam adas escuelas d em o cráticas. Esto es im p o rta n te p o r
el h e c h o d e q u e, al inm ovilizar el tex to escrito, n eg am o s la
in te rre la c ió n p ró x im a e ín tim a e n tre la lectu ra d e la p a la b ra
y la lectu ra d el m u n d o , alg o q u e ya d iscu tí co n a n te rio rid ad .
Si co n sid eram o s q u e el tex to escrito o frece am bas posibili­
dad es, n o h a b rá o p o rtu n id a d a lg u n a d e fijar la lec tu ra del
m u n d o e n el tiem p o y e n el espacio p o rq u e eso significaría
n e g a r su h isto ricid ad , d a d o q u e el m u n d o n u n c a es fijo. Siem ­
p re está cam b ia n d o . E n to n ces, es u n a c o n trad icció n p e n sa r
q u e el m u n d o se to rn a ah istó rico c u a n d o lo escribim os. Este
es u n m o d o fu n d a m e n ta l e n q u e las escuelas d e los E stados
U n id o s m a n tie n e n y e x p a n d e n u n sistem a a n tid em o crátic o
a p a rtir d e u n m u n d o escrito e inm ovilizado q u e, e n co n se­
cu en cia, d e salien ta a los e stu d ia n tes a p e n sarse co m o actores
d e la historia. El len g u aje es p rim e ra y esen c ialm en te oral.
N o co m en zam o s p o r la escritu ra. La h isto ria n o co m ien za d e
fo rm a escrita sino co n p alab ras y acciones.
7 4 E l m a e s tro s in re c e ta s

¿C uál es el papel del educador al apoyar


e l d e s a r r o llo d e u n d o c e n t e d e m o c r á tic o ?

El p ro b lem a d el p apel del ed u cad o r en la ed u cació n y su corre­


lato - “¿P uede alguien ser e d u ca d o r / g u ía sin ser op reso r?”-
son fun d am en tales. E n p rim e r lugar, al p e n sa r rad icalm en te la
im p o rtan cia del d o c en te e n la vida de los alu m no s y las alum ­
nas, y al p e n sa r sobre to d o en lo q u e rep rese n ta el d o c en te y no
sólo p a ra el e n tren a m ie n to técnico y científico d e los alum nos
y las alum nas, n o cabe d u d a alg u n a de q u e el d o cen te d e b e ser
u n ed u cad o r. P ero p a ra ser u n e d u ca d o r te n d rá q u e desafiar
la lib ertad creativa de los alum nos y estim u la r la co n strucción
d e la a u to n o m ía de ellos. Es necesario q u e el d o cen te en tien d a
q u e la au tén tica práctica del e d u ca d o r consiste e n negarse a
asum ir el co n tro l de la vida, los sueños y las aspiraciones d e los
ed u can d o s p u esto que, si lo hiciera, p o d ría fácilm ente recaer
e n u n tipo d e ed u cació n paternalista.
La tarea fu n d a m e n tal del e d u c a d o r y la e d u c a d o ra es u n a
tarea lib erad o ra. N o estim ula la re p ro d u c c ió n d e los objeti­
vos, aspiraciones y sueños del e d u c a d o r e n el e d u c a n d o , e n el
alu m no ; p o r el c o n trario , fo m e n ta la p o sib ilidad d e q u e los
estu d ian tes se a d u e ñ e n d e su p ro p ia historia. Así e n tie n d o yo
la necesidad d e los d o cen tes d e tra sc e n d er Ia”tarea m eram en -
te instructiva y asu m ir la p o stu ra ética del e d u c a d o r
/ [//■ 'J j.'lP fffl qu e cree co n p le n a convicción e n la a u to n o m ía to-
V i / ¡/I r l ’i ta^’ lib ertad y el d esarro llo d e los ed u can d o s.

‘“M i ] El e d u c a d o r d em o crático d e b e evitar c ae r e n la
tra m p a liberal d e evaluar a sus a lu m n o s co n u n a len te
deficitaria q u e lo lleva a transferirles sus sueños, aspiracio­
n es y co n ocim ien to s d e m a n e ra sim ple y p a tern alista e n u n
p rcceso d e au to clo n ació n . El estu d ian te “c lo n a d o ” n o tien e
posibilidades d e ser la im ag en y sem ejanza d e su e d u c a d o r o
ed u cad o ra. En el m e jo r d e los casos será u n a p o b re im itació n
d e Paulo F reire o c u alq u ier o tro ed u cad o r.
O tro d e los riesgos q u e co rre el e d u ca n d o es q u e el ed u ca­
d o r o la e d u c a d o ra in te n te n tran sfo rm arlo e n u n re p e tid o r
E d u c a r al e d u c a d o r 7 5

d e su trabajo. U n v erd a d ero e d u c a d o r evitará, a c u a lq u ie r


costo, tran sfo rm ar a sus e d u ca n d o s y e d u can d as e n individuos
canalizados co m o objetos q u e, a su vez, re p ro d u c irá n la ob ra,
los objetivos y las aspiraciones d e la ten tativa cien tífica del
ed u ca d o r. E n otras palabras, la p o stu ra ética d el e d u c a d o r es
n o utilizar ja m á s -c o s a q u e suele h a c e rs e - a los alu m n o s (as)
p a ra m ax im izar su p ro p ia g loria y sus p ro p ias aspiraciones.
Esta form a d e ed u cació n n o sólo es ex p lo tad o ra; tam b ié n es
fu n d a m e n ta lm e n te an tid em o crática.

R e in v e n ta r a P a u lo F r e ir e e n e l c o n te x to
n o r t e a m e r ic a n o o e n c u a lq u ie r o tr o

La n o ció n d e rein v en ta r a P aulo F reire im plica u n a rein v en ­


ció n co n ec ta d a co n la sustantividad d e mis ideas. P o rq u e si
n o se e n tie n d e la sustantividad d e mis ideas, es im p o sib le h a­
b la r de rein v en ció n . E n m i caso p articu lar, c o n sid ero q u e la
sustantividad d e mis ideas - p e r o n o su to talid ad —rad ica e n la
n ecesid ad d e resp e ta r al O tro . El resp e to p o r el o tro im plica,
n ecesariam en te, m i rech azo a ace p ta r cu alq u ie r tip o d e dis­
crim in ació n , m i o p o sició n radical a la d iscrim in ació n racial,
d e g én ero , d e clase y cu ltu ral; al m a rg en d e to d o esto n o se­
ría capaz d e e n te n d e rm e . O tra sustantividad d e m is ideas es
la co m p re n sió n de la h isto ria co m o p o sibilidad, el rech azo
a c u alq u ier co m p re n sió n fatalista o visión d e te rm in ista d e la
historia. O tro aspecto sustantivo es m i a m o r in c o n d icio n al
p o r la lib e rtad y m i c erteza d e q u e p o d em o s to m a m o s se­
res transform ativos e n vez d e adaptativos, p o d em o s to m a r­
no s seres dialógicos, p o d em o s tam b ié n to m a m o s seres co n
la cap acid ad d e to m ar d ecisiones y d e sa rro llar la cap acid ad
d e ru p tu ra . P o r lo tan to co m b ato y lu ch o c o n tra c u alq u ie r sis­
tem a -so cial, eco n ó m ico , p o lític o - q u e m e p ro h íb a ser, p re ­
g u n tar, discutir, interv en ir; e n sum a, ser u n h u m a n o d ecen te.
P o d ría p o ste rio rm e n te d e sa rro lla r esta d escrip ció n d e la sus­
tantividad q u e es n ecesario rein v en tar p a ra im p le m e n ta r esos
7 6 El m a e s tro sin re c e ta s

co m p ro m iso s e n u n escenario histórico y cu ltu ral específico.


Si se c o m p re n d ie ra q u e lo q u e subrayé co m o la sustantividad
d e mis ideas n o p u e d e ser m odificado, p o d ré e la b o ra r lo q u e
significa rein v en tar la sustantividad d e mis ideas e n d iferen tes
m o m en to s y condiciones.
Esa rein v en c ió n m e exige re c o n o c e r q u e las c o n d icio n es
eco n ó m icas, cultu rales, políticas e históricas d e c ad a c o n tex ­
to p re s e n ta n nuevos requisitos m eto do ló g ico s y tácticos, d e
m o d o q u e siem p re es necesario investigar la actu alizació n
d e la su stantividad d e las ideas e n to d a nu eva situ ación . E n
o tras palabras, m i m a n e ra d e lu c h a r c o n tra el m ach ism o e n
el n o rd e s te d e Brasil p o sib lem en te n o será la m ism a co n q u e
alg u ie n lu c h a rá c o n tra el m achism o e n la c iu d ad d e N ueva
York. P u e d e asu m ir u n a fo rm a d ife re n te e n térm in o s tácticos
y técnicos, p e ro tam b ién d eb e ser fiel a la id e a sustantiva d e
lu c h a r c o n tra el m achism o co m o fen ó m e n o a n tiétic o y a n ­
tid em o crá tico . A eso alu d o cu an d o h a b lo de rein v en tarm e .
Las p alab ras “rein v en ta r a P aulo F reire ” n o so n p u ro blabla-
blá. Es n ecesario c o m p re n d e r la su stan tivid ad d e las ideas
a q u í p ro p u e sta s y d esp u és e n fre n ta r el m ach ism o p o r ser
social y p o lític a m en te rep u g n a n te . E sta idea, este co m p ro ­
m iso d e aca b a r co n el m achism o, d e b e m a n te n e r su fu erza
e n c u a lq u ie r c o n te x to d o n d e yo sea rein v en tad o , a u n c u a n ­
d o el c o n te x to re q u ie ra otras técnicas p a ra lu c h a r c o n tra el
m achism o.
E n c o n se c u en c ia , al n o serm e fam iliar el c o n te x to d e la
c iu d a d d e N ueva York, su h isto ria, sus lu ch as, la relac ió n
e n tr e h o m b re s y m u jeres, su c u ltu ra, sería rid íc u lo d e m i
p a rte a p o rta r aq u ello q u e m u ch o s n o rte a m e ric a n o s p id e n
co n an sie d ad : recetas d e técnicas y tácticas p a ra la acción.
L o ú n ic o q u e p u e d o o frecerles es tra b a jar c o n los e d u c a d o ­
res n o rte a m e ric a n o s y cap acitarlo s p a ra q u e e n tie n d a n co n
m ás p ro fu n d id a d lo q u e significa lu c h a r c o n tra el sexism o
e n ta n to o b jeto sustantivo d e co n o cim ien to . Los e d u c a d o re s
y e d u c a d o ra s n o rte a m e ric a n o s q u e se atrev e n a ser e d u c a ­
d o re s p ro g resistas y lu c h a n c o n tra el sexism o o el racism o
E d u c a r al e d u c a d o r TI

u o tro s “ism os” tie n e n la re sp o n sa b ilid a d d e a n aliz a r tan to


la p o sib ilid a d c o m o las lim itacio n es d e las accio n es e n co n ­
tex to , d e m o d o d e , e n p rim e r lu g ar, n o sacrificar la fu erza
q u e o rig in ó la lu c h a c o n tr a el sexism o, e l racism o y o tro s
“ism os”. P o r lo ta n to , c o m o p u e d e verse, n o sólo es im p o si­
b le sin o q u e es u n a tra g e d ia re d u c ir m is id eas sustantivas a
la m e ra técn ica.
D ije p o r p rim e ra vez e n los E stados U n id o s, e n 1971 o
1972, q u e yo n o d e b ía ser tra n sp la n ta d o sino rein v en tad o .
E n 1974, c u a n d o escrib í Cartas a Guinea Bissau, ex p liq u é lo
q u e q u e ría d e c ir co n “ser re in v e n ta d o ”, p e ro sie m p re p erci­
b o q u e es m uy difícil d a rm e a e n te n d e r e n este p u n to . P or
ejem p lo , yo n o a d m ito la p o sib ilid ad d e se r re in v e n ta d o a
través d e u n a p rá c tic a a u to ritaria . Sin em b a rg o , se r u n do ­
c en te d e m o c rá tic o e n C ab o V erd e n o es n e ce saria m en te
lo m ism o q u e serlo e n C hicago. R e in v e n ta r a u n e d u c a d o r
d e m o c rá tic o cab o v e rd ian o e n C hicago significa e n p rim e r
lu g a r m a n te n e r u n co m p ro m iso fu n d a m e n ta l c o n ser d e m o ­
crático, p e ro e n s e g u n d o lu g a r im p lica in d a g a r q u é significa
ser d e m o c rá tic o d ad as las restricc io n es y o p o rtu n id a d e s del
c o n te x to específico. C o m o vem os, ese es el p ro b le m a d e la
rein v en c ió n .
T al vez el equívoco e n to m o a lo q u e significa rein v en tar
sea p ro d u c to d e la im p re sió n p artic u la r q u e se tie n e e n los
Estados U n id o s so b re lo q u e es u n a dem o cracia. La d em o cra­
cia e n u n p aís d e l T e rc e r M u n d o n o p u e d e te n e r las m ism as
características d e la d e m o c ra c ia e n u n a so ciedad ricí
d el P rim e r M u n d o co m o la d e los Estados U nidos.
La d e m o cracia d e b e re s p o n d e r al c ará cter y las n e ­
cesidades sociales y cu ltu rales d e u n m ed io a m b ien ­
te c u ltu ra l p a rtic u lar. Así, lo q u e d eb em o s m a n te n e r
e n la táctica d e m o c rá tic a es la sustantividad d e la
d em o cracia, n o las características superficiales d e la p ráctica
d em o crática.
P o r o tra p a rte , n o q u ie ro d ecir c o n esto q u e d eb am o s caer
e n la tra m p a d e u n relativism o cu ltu ral fácil, u n a esp ecie de
7 8 E l m a e s tro sin re c e ta s

“se p u e d e to d o ” p o rq u e la c u ltu ra así lo d e te rm in a . P o r lo


ta n to , si u n a c u ltu ra es su p ersex ista y yo le re c la m o q u e sea
ra c io n a l p a ra m a n te n e r u n a id eo lo g ía sexista p o rq u e el se­
xism o es p a rte d e esa c u ltu ra , esta a c titu d m ía c o n tra d ic e m i
a d h e sió n sustantiva a los p rin cip io s d e m o c rá tic o s q u e d e b e ­
ría n m o d e la r m i p u n to de vista, mis asp iracio n es, m i su eñ o
d e u n “todavía n o ” q u e es rad ica lm en te d em o crátic o .
Este c o n c e p to d e rein v en ció n se está volviendo m uy claro
p a ra mí. Lo q u e q u ie ro d e cir es q u e u n a d e las razo n es p o r
las q u e n u m ero so s ed u cad o re s progresistas y liberales e n los
Estados U n id o s tie n e n dificultades p a ra c o m p re n d e r los c o n ­
cep to s d e F reire, p a ra e n te n d e r q u é significa se r rein v en tad o ,
n o es n e ce sariam en te q u e sean incapaces d e e n te n d e r el co n ­
cep to . T al vez se d e b e a q u e h a n ab so rb id o la su stan cia d e mis
ideas sólo h asta cierto p u n to , p e ro p e rm a n e c e n ideo lóg ica­
m e n te ligados a u n a posició n a n tifreire a n a a rajatabla. Así, al
a c e p ta r sólo e n p a rte m is aspiraciones ideológicas, d esa rro lla n
d u d as e in te rro g a n te s resp ecto d e las técnicas y m é to d o s espe­
cíficos. D e esta fo rm a racionalizan su p o stu ra g e n e ra l y están
m uy lejos d e a d o p ta r críticam en te lo q u e yo re p re s e n to e n
térm in o s d e p ro p u e sta s teóricas, del cam b io y la d em o cracia,
lejos d e la h isto ria co m o posibilidad, d e u n a so cie d ad m e n o s
d iscrim in ato ria y h acia u n m u n d o m ás h u m a n o .
U n m o m en to dialógico h o n esto y crítico req u iere q u e todos
los participantes, y en especial aquellos q u e tal vez inconscien­
tem en te resisten la ideología fu n d am en tal d e mis p ropuestas,
e n tie n d a n q u e p u e d e ser su p ro p ia resistencia la q u e les im p id e
seguir ad elan te con claridad respecto de d eterm in ad as posicio­
nes sobre las q u e vengo h ab lan d o y escribiendo d esd e h ace más
d e cu atro décadas. P o d ría ser igualm ente q u e su resistencia
fu era m ínim a, y si este fu era el caso p o d rían iniciar u n nuevo
diálogo p a ra co n sid erar nuevas problem áticas q u e es necesario
explorar, p a ra las cuales p u e d o o n o te n e r respuestas p e ro q u e
d e todos m odos d e b en ser objeto d e investigación.
E d u c a r ai e d u c a d o r 7 9

L a b ú s q u e d a d e ic o n o s e s p r o d u c to
d e l m ie d o a la d e m o c r a c ia

Es im p o rtan te q u e yo diga estas cosas p o rq u e


la aceptación de las propuestas de los sueños de
Paulo Freire p ara u n m u n d o dem ocrático, de sus
sueños y aspiraciones p ara u n a sociedad antisexista y a n ti r r a ­
cista, n o significa qu e yo n o luche co n tra cualquier m ovim iento
que m e involucre o m e convierta en g u rú o icono; p o rq u e, si
aceptara la posición privilegiada del gurú, estaría saboteando de
m odo directo lo qu e pienso e n tanto p en sad o r p ara la dem ocra­
cia. Entonces, la idea es n o interactu ar ni involucrarm e ni com ­
p ro m ete r mis ideas en térm inos binarios: Paulo F reire g u rú o
icono, o el rechazo total d e Paulo Freire p o r p ro p o n e r ideas q u e
son im practicables en el co ntexto norteam ericano. El desafio es
p resen tar mis propuestas teóricas dialógicam ente y crear posibi­
lidades a través d e ese diálogo, incluso la posibilidad d e q u e yo
p u e d a ser rein v en tad o e n u n c o n te x to n o rte am eric a n o .

P a r a c o n c lu ir

Mi objetivo, e n esta resp u esta, n o es a g o ta r todas las p re g u n ­


tas q u e p u e d a n p lan tea rse e n los c ap ítu lo s d e este lib ro o
p u e d a n fo rm u lar las lectoras y lectores q u e d ia lo g u e n c o n las
palabras a q u í escritas, sino d a r ejem plos d e có m o resp o n d o
algunas p re g u n ta s. El desafío p a ra los lecto res es re p e tir las
p reg u n tas d el lib ro y re s p o n d e r aquellas q u e n o resp o n d í, y
h a cerlo e n sus p ro p ias vidas y e n su p ro p io co n te x to h istó rico
co n creto . Estas pág in as p u e d e n ser u n testim o n io p ed ag ó g i­
co, u n a serie d e ejem plos, p e ro n u n c a serán resp u estas in ­
movilizadas. U n a vez m ás co m p artim o s el esp íritu d e n u e stro
e n te n d im ie n to d e l d iálogo y la rein v en ció n . El tex to d e esta
conversación es u n ejem p lo d e có m o p en sam o s tod as estas
dim ensio n es. C abe al le c to r rein v en tar lo q u e e n c u e n tre a q u í
y to m a rlo vivo e n la historia.
U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s

[ L a i n v i t a c i ó n a e s t e d i á l o g o f u e m o t iv a d a p o r u n a le c t u r a

q u e lo s a l u m n o s y a l u m n a s d e p r i m e r o y s e g u n d o a ñ o d e la

E s c u e la d e V e r a C r u z , S a n P a b lo , h i c i e r o n d e l lib r o d e P a u lo

F r e ir e La importancia del acto de leer.]

p a u lo B u en o , p a ra m í es u n a aleg ría estar


fre ire :
a q u í c o n u sted es. Mi e x p erie n c ia d e e n se ñ a r, q u e d a ta ya
d e h a ce m u c h o , d io co m o resu ltad o , e n tr e otras cosas, ese
lib rito q u e leyeron; surgió c u a n d o d a b a clases a n iñ o s d e la
m ism a e d a d d e u sted es. P ero d e eso h ace ya m u c h o tiem p o .
M e a le g ra q u e h ay an leíd o u n o s textos m ío s y a h o ra vam os
a p a sa r u n ra to ju n to s e sc u c h a n d o lo q u e tie n e n p a ra d e c ir
y p re g u n ta r. Si p u e d o , resp o n d o . E n to n ces, m ien tras se les
o c u rre a lg u n a p re g u n ta , e m p eza ré p o r h a c e r una: ¿a u sted es
les gusta, o m e jo r d ic h o , van to m á n d o le el g usto a la lectura?
¿La lec tu ra d e este tip o d e cosas y n o d e u n a revista o algo así?
Yo c re o q u e ta m b ié n hay q u e le e r revistas, n o estoy e n c o n tra
d e eso. P e ro q u isiera sab e r si tam b ié n les g u sta le e r u n lib ro
m ás g ra n d e . ¿Q u ién tien e e x p e rie n c ia e n eso?

a lu m n o s : T o d o s.

p f: T o d o s ... p o rq u e e n la escu ela les p id e n q u e lean, ¿no es


así?

a lu m n o : P ero p o r o b lig ació n , y eso n o está tan b u e n o ...

p f: P o r o b lig a c ió n ...

a lu m n o :T e n e m o s q u e te n e r libros p a ra la escuela p o rq u e
no s los p id e n ; es d ife re n te d e te n e r u n lib ro q u e q u e ré s y qu e
elegiste p o rq u e te g u s ta ... Es m u c h o m ás in te re san te te n e r u n
8 2 E l m a e s tro s in re c e ta s

lib ro q u e vos m ism o elegiste q u e le e r el q u e te m a n d a n le e r


e n la escuela.

p f : ¿Y si la escu ela cam b iara u n poco? P o r ejem p lo , si en lu g ar


d e m a n d a r ...

a l u mn a : Lo q u e d a la e s c u e la n o m e p a r e c e m u y in te re s a n te .

a lu m n o : P e ro todos los años hay u n lib ro q u e elegim os


n o s o tro s ...

p f: ¿E ntonces el a lu m n o elige u n a lectura?

a lu m n o s : D eb e h a b e r alg ú n objetivo p a ra los lib ro s q u e nos


d a la e sc u ela ...

-S í, n o n o s q u ed am o s co n u n solo tip o d e len g u aje, co n o c e ­


m os o tro s len g u ajes gracias a los libros q u e nos d a la escuela.

- P o r ejem p lo , los alu m no s de seg u n d o a ñ o a h o ra están leyen­


d o u n lib ro m uy brasileño. S iem p re leem o s libros d e au to res
ingleses, n o rteam erican o s. C reo q u e a la m ay o ría d e los alu m ­
n o s les está g u sta n d o le e r ese libro.

-Y o c re o q u e el m e jo r sistem a p a ra le e r e n la escu ela es la bi­


b lio teca itin e ra n te p o rq u e a h í vam os todos, elegim os u n
lib ro q u e n os p a rece in te re san te, d ecim o s q u e lo
vam os a le e r y n o es p o r o b lig ació n , ya q u e no so ­
tro s m ism os lo estam os elig ien d o , ¿no? E n to n ces
siem p re es m ás posible q u e n o s guste el libro. N os
h ace la cabeza a to d o s ...

p f: ¿Q ué q u ie re d e cir q u e les “h ace la cabeza a to d o s”?

[Risas.] Q u e el lib ro te gusta. Q u e lo leés d e p rin ci­


a lu m n o s :
p io a fin, le e r d e verdad.
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 8 3

U n lib ro q u e n o te h ace la cabeza es m ás pasar las hojas qu e


leer, ¿no?

p f: Q u iero explicarles p o r q u é les p re g u n té eso. T e n g o varias


razo n es p a ra p re g u n ta r q u é significa eso. P ero u n a d e esas
razo n es es la siguiente: yo viví dieciséis añ o s lejos d e Brasil,
n o sé si lo sabían. P o r causa d e esta actividad m ía d e le e r y
escrib ir y e n se ñ a r a le e r y escrib ir a la g e n te fui ap a rta d o d e la
u n iv ersid ad y tuve q u e irm e d e Brasil. Pasé dieciséis añ o s lejos
d e aq u í, n o p o d ía n i so ñ a r co n volver. P ero el len g u aje n o
se d e tien e , es eso, el len g u aje n o se d e tie n e , está e n p ro ceso
c o n stan te d e cam bio. El len g u aje se va e n riq u e c ie n d o . Eso
q u e llam an len g u a, q u e e n el fo n d o es len g u aje, h ab la. C u an ­
d o volví del exilio e n 1980 e n c o n tré u n a ex p resió n q u e a n ­
tes n o existía: “h a c e r la cab eza”. Esa ex p resió n m e h o rro riz ó ,
q u e d é h o rro riz a d o p o r lo q u e significa. P o r eso c u an d o dijiste
“h a c e r la cab eza” e n seg u id a p re g u n té : ¿qué significa “h a c e r
la cabeza”? Y u sted es m e d ie ro n u n a explicación q u e n o m e
satisface. P a ra m í n o tie n e n a d a q u e ver co n q u e re r le e r u n
libro. ¿Q ué es e n r e a l i d a d “h a c e r la cabeza”? La m a estra “le
hizo la cab eza” a la a lu m n a ...

a lu m n o s : Q u ie re d e c ir q u e ella ex p u so su o p in ió n ...

p f: ¡Aaaaah!

a lu m n a : Me c o n v e n c ió ... N o m e con ven ció e x ac ta m en te,


p e ro es co m o e n tu tex to , c u a n d o decís q u e e n se ñ a r a le e r y
escrib ir es u n acto político. E n realid ad , term in ás p a sán d o les
lo q u e p en sás a las p erso n as a q u ien es les enseñás.

p f: P asar lo q u e p e n sá s... Dijiste algo im p o rtan te . Yo q u e ría


h acerles o tra p re g u n ta . Voy a h a c e r u n as cu an tas p re g u n ta s
y d esp u és reto m o . Dijiste q u e e n el lib ro yo d ecía q u e hay
q u e tran sm itirle al o tro lo q u e u n o p ien sa, p o r ejem p lo . ¿El
p a p e l d e l e d u c a d o r será esforzarse e n tran sm itir las cosas d e
8 4 B m a e s tro sin re c e ta s

ese m o d o ? ¿O no? P ero n o h ab lo d e tra n sm itir e n el sen tid o


d e p asa r u n a cosa de a q u í hacia allá, sino d e co n ven cer.

a lu m n a : C reo q u e el p ap el d e la m aestra es c re a r c am in o s...


P o rq u e cre o q u e los analfabetos y, p rin c ip a lm e n te , los a d u l­
tos q u e n o lee n y n o tie n en cap acid ad d e investigar e in fo r­
m arse p a ra fo rm a r sus p ro p ias o p in io n es, sig u en la o p in ió n
d e o tros. A cep tan lo q u e los o tros les im p o n e n . Y en to n c es
se c re a u n vacío. La m aestra te d a datos p a ra q u e p ienses y te
ab ras cam in o sin im p o n e r nada.

p f : Y o p ie n so lo m ism o: im p o n e r n u n ca . ¡Nunca! P ero les


p re g u n to (vam os a ver si conseguim os alg u n as su tilezas): u n a
d e las tareas, u n a de las obligaciones d el d o c e n te es esa q u e
u sted es m e n c io n a ro n , es a b rir cam ino, p ro p o n e r. Y m o strar,
p o r ejem p lo , q u e sobre esta m esa hay dos g rab ad o re s p e ro
q u e ad em ás d e eso hay algo q u e está esco n d id o p a ra todos
u sted es q u e están ahí, n ad ie lo v e ... y es q u e a d e n tro h ay tres
casetes, m e jo r dich o tres cajas d e casetes, u n a co n c in ta y dos
sin. Es d ecir, e n el m u n d o siem p re hay cosas esco n d id as y
u n o d e los p ap eles d e la e d u c a d o ra es llam a r la a te n c ió n so­
b re esas cosas. A veces ni siq u iera es n ecesario m o stra r lo q u e
está e sco n d id o ; más b ie n se tra ta d e ay u dar al a lu m n o a sa­
b e r q u e hay cosas escondidas p a ra q u e él las descu b ra. Es lo
q u e llam aste “a b rir cam inos”. P ero, n o sé si u sted es e sta rá n de
a c u e rd o co n m ig o , creo q u e el e d u c a d o r tam b ién tien e o tra
tarea. C reo q u e e n el m o m e n to m ism o e n q u e p ro p o n g o , en
q u e m u e stro cam inos, lu ch o p o r co n v en cer al a lu m n o d e q u e
estoy e n lo cierto.
Voy a darles u n ejem plo que e n co n tré. E n algunos cursos
dictados e n E u ro p a o en los Estados U nidos algunos d o cen tes
- a u n q u e cad a vez son m enos q u e yo s e p a - sugerían e n clase
q u e los n eg ro s son inferiores a los blancos. U n o d e esos d o cen ­
tes decía: “Me p o n e m uy triste te n e r q u e decir esto. Sólo lo digo
p o rq u e la ciencia está p ro b an d o q u e los n egros son inferiores
a los blancos. A unque hay u n p ar de cosas e n las q u e los negros
U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s 8 5

so n m ejores, com o p o r ejem p lo carg ar peso y c o rre r”. P o r eso


c re e n que, e n líneas generales, los negros n o rteam erican o s sa­
len cam p eo n es e n las O lim píadas. Si yo soy d o c en te y tam b ién
trabajo co n los alu m no s d e ese d o c en te ten g o el d e b e r de lu­
c h a r p a ra q u e esos alu m no s n o cre a n e n la ciencia d e ese o tro
d o cen te. Q u iero d e cir q u e m e sien to en el d eb er, e n la obliga­
ció n d e d e c ir q u e eso es m en tira. Y si eso es m e n tira es p o rq u e
yo ten g o o tra verdad. E n to n ces ese es o tro p ap el del ed ucador:
co n v en cer y no sólo q u ed arse co n su o p in ió n , y m o strar q u e su
o p in ió n es más q u e u n a o p in ió n , es u n a v erdad q u e se p u e d e
acep tar. Y n o digo creer, exactam en te, p o rq u e n o hay verdad.
Yo d iría e n to n c e s q u e las tareas o p ap eles im p o rtan te s de
la e d u c a d o ra so n c re a r cam in o s y cu estio n ar, h a c e r to d o p a ra
q u e el a lu m n o n o se d u e rm a . D o rm irse n o sólo d esd e el p u n ­
to d e vista físico e n este caso, sin o d o rm irse p o r falta d e in te ­
rés. P o r u n a p a rte eso: p ro v o c ar y d em ás. Y p o r la o tra n o d e­
j a r d e d ecir. U n a e d u c a d o ra n o p u e d e esco n d erse d e la n te de
los alu m n o s. N u n c a p u e d e te n e r v erg ü e n za de ser e d u c a d o ra .
T ie n e q u e asum irse co m o e d u c a d o ra , co m o q u ie n ed u ca. Lo
m ism o q u e la m a d re. ¿Se im a g in a n si sus m ad res se cru zaran
d e brazos y d ije ran “yo n o te n g o n a d a q u e ver c o n e so ”? ¿O
a sus p a d re s d ic ien d o “n o le p restes a te n ció n a ese to n to ”?
P o r su p u esto q u e a la e d a d d e u sted es es feo q u e la m a d re y
el p a d re e m p iec e n a p re g u n ta r c o n q u ié n salen o a q u é h o ra
van a lle g a r... P ero el d ía d e m a ñ a n a sab rá n q u e esas p re g u n ­
tas so n necesarias. Esas p re g u n ta s sólo d e ja n d e ser in tere san ­
tes c u a n d o se tra n sfo rm a n e n in stru m e n to s d e p risió n p a ra
el ad o lescen te. P e ro , e n ú ltim a in stan cia, p a ra te rm in a r esta
p a rte d e la ch arla, cre o q u e el p a p e l del m aestro , d e la m aes­
tra , es m u c h o m ás q u e s im p le m e n te a b rir cam ino. Es m o strar
el cam in o . A veces es n e cesario q u e la e d u c a d o ra ta n g a el
co raje d e a su m ir el d e b e r d e m o s tra r el cam in o . A h o ra, estoy
d e a c u e rd o co n ustedes: el d e b e r d e u n d o c e n te d em o crático
n o p u e d e s e r in te n ta r d o m e stic a r al a lu m n o e im p o n e rle sus
p ro p ias creencias, su p o sició n p o lítica. P o r ejem p lo , yo soy
d el C o rin th ian s en-S an P ab lo y n o te n g o q u e a m e n a z a r a los
8 6 El m a e s tr o s in re c e ta s

a lu m n o s diciéndoles: “¡O te hacés h in c h a d el C o rin th ia n s o


te p o n g o u n cero !”. N o se p u e d e h a c e r eso. Q u ie ro d ecir, el
e d u c a d o r tien e q u e re sp e ta r el ser, la fo rm a del ser d e la n iñ a
o d e l n iñ o . ¿De acu erd o ? ¿Y co n resp e cto al libro? ¿Q u é p u e ­
d e n d e cirm e resp ecto del lib ro q u e leyeron?

a lu m n o s : M e p areció in te re sa n te la p a rte d o n d e decís q u e


le e r n o es sólo asim ilar las palabras. D ecís q u e le e r es co m o
la vida, d esd e q u e som os n iñ o s. H ay u n le e r v in cu lad o a vivir.
C ontás u n a ex p erie n c ia tuya, eso m e esclareció y se n tí u n a
c o m p licid ad co n lo q u e yo sentía.

—T o d o s sab em o s q u é es le e r, p e ro n o sab em o s d e c ir q u é es.


H asta te n e m o s m ie d o d e d ecir: “N o , yo c re o q u e le e r n o es
so la m e n te eso, es m u c h o m á s”. M ied o d e q u e a lg u ie n diga:
“N o , p e ro yo n o p ie n so d e esa m a n e ra ”. E n to n c e s, c u a n d o
a lg u ie n lo d ic e d e u n a fo rm a b ie n c la ra y te das c u e n ta d e
q u e es así, ves las cosas d e o tra m a n e ra , ves q u e te n ía s razó n ,
ap ro v e ch á s m u c h o m ás q u e a n te s p o rq u e sabés c la ra m e n te
lo q u e es.

-Q u ie ro h a b lar de la relación q u e hacés e n tre el ser y el leer


p a ra p o d e r escribir. Eso está ligado a tu ex p erien cia, a tu viven­
cia. T en és q u e escribir y al m ism o tiem p o estar ley en d o todo.
S iem pre estás leyendo y escrib ien d o al m ism o tiem po, ¿no?

- C r e o q u e explicaste b ie n q u e le e r es algo n a tu ra l. C u a n d o
leía, se n tía q u e to d o e ra estar ley en d o y q u e e n to n c e s u n o
ya n ace leyendo. Yo te n ía eso e n la cabeza, p e n sa b a q u e e ra
n e ce sario te n e r u n a vivencia p a ra p o d e r e n te n d e r, q u e n o
servía p a ra n a d a q u e n o s e n se ñ a ra n cosas q u e están fu e ra d e
n u e stra vivencia. C reo q u e la m ay o ría d e las p erso n as te n ía n
esa idea. E n to n ce s fue m uy in te re sa n te ver c o n firm a d o e n tu
tex to lo q u e estaba p en sa n d o .
- L o q u e m e ayudó a e n te n d e r es q u e te n g o q u e j u n t a r le e r
c o n o tro s d escifram ien to s q u e h ag o , c o n lo q u e veo, oigo,
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 8 7

h u e lo , toco , ¿no? Y ju n ta r to d o . Q u e le e r n o es sólo p asar los


ojos so b re el tex to . T e n g o q u e vivir lo q u e estoy ley en d o p a ra
p o d e r e n te n d e rlo .

-¿S abés lo q u e d e scu b rí tam bién? D espués p e rc ib í q u e


m ie n tras leés tus sensaciones a u m e n ta n . Si c o m p re n d é s
lo q u e estás leyendo, c u an d o el tip o dice: “U n cam p o
verde, c o n u n a p e rso n a ” n o estás v ien d o sólo u n cam ­
p o verde; estás sin tien d o q u e él p u e d e estar allí d e n - *7
tro tam b ién .
<
-Y p o d és te n e r u n m o n tó n d e cosas p o rq u e estás vi­
v ien d o las cosas. P are ce q u e estás e n el lu g a r d o n d e o c u ­
r re la h isto ria. P a re c e q u e estás d e n tr o d e la h isto ria , e n la
m ism a ép o ca , co n v iv ien d o c o n los m ism os p e rso n aje s, p e ro
sólo estás v ie n d o ... L a arm ás c o m o la asim ilás m e jo r. C ad a
u n o tie n e u n a fo rm a d e v er los p e rso n aje s, p o r e je m p lo , e n
d e te rm in a d o lu g a r. Y a u n q u e el a u to r d e sc rib a ese lu g a r
c o n lu jo d e d etalles, es c o m p le ta m e n te d ife re n te p a ra o tras
p e rs o n a s ...

- P o r eso m e p are ce b ien la ilu stració n ... N o la ilu stración en


sí, sino com o hacía M o n teiro Lobato: d ib u jar n o del todo. P u e­
d e ser u n a cosa m ed io vaga, u n as siluetas, ¿no? P ara q u e yo
im agine, p o r ejem plo, u n a p e rso n a e n u n libro es algo m uy
personal; yo n o im agino co m o u n dibujo. P ara m í siem p re es
u n a silu eta...

- E l cin e y la ilu stració n im p o n e n u n p o c o la cab eza del


a u to r...

- P o r eso es m u c h o m e jo r y m u c h o m ás in te re s a n te el lib ro
q u e la película.

- E n el cin e es así, el tip o q u e hizo la p elícu la la sacó d e u n


lib ro . Si n o lo leiste, n o lo sabés. M e p a re ce b ie n ir a v er la p e ­
8 8 El m a e s tr o s in re c e ta s

lícu la d e u n lib ro q u e leiste p a ra c o n o c e r la o p in ió n d e otras


p erso n as, p a ra p re g u n ta r q u é les p arece. P ero si p rim e ro ves
la p e lícu la y desp u és leés el lib ro , n o tien e g ra c ia ...

—N o es co m o te lo im ag in ab as...

-S í, u n lib ro sin ilustraciones n o c a p tu ra al le c to r sólo p o r los


ojos. L a ilu stració n co rta u n p o co la im ag en , la creatividad
d el lecto r.

U stedes tam b ién h a ce n o tra actividad q u e p ro p o n e la es­


p f:
cuela; es d ecir, ¿tam bién les gusta escribir?

a lu m n o s : Nos g u sta...

- T a m b ié n hay u n a cosa. La lec tu ra d e u n lib ro c re a obstácu ­


los, p o rq u e c u an d o estás leyendo u n lib ro ten és q u e seg u ir el
c am in o q u e hizo el au to r. Estás viviendo el p erso n aje , ten és
q u e s e n tir lo q u e a u to r im ag in ó p a ra él. Eso d e escrib ir es m u ­
c h o m ás am plio. Sos vos el q u e sentís a tu p e rso n aje, el q u e lo
llevás p o r el cam in o q u e querés.

- P e r o c u a n d o lo lee o tro , pasa lo m ism o ...

—C u a n to m ás leo, m ás com plejo se m e h a ce escribir. P o rq u e


las p alab ras m e v ien e n a la cabeza p e ro , p o r e jem p lo , c u an ­
d o leo u n a novela y d esp u és ten g o q u e escribir, m e q u e d o
e m p a n ta n a d a , n o consigo h acerlo . T a n to es así q u e e ste a ñ o
m e d e d iq u é a la poesía. N o p o d ía d esa rro lla r u n a h isto ria d e
ta n to q u e leía, p a re cía q u e e ra m ed io incapaz. Se p u so d em a­
siad o co m p licad a la c o sa ...

- L o q u e o c u rre tam b ién es q u e, c u an d o estás ley en d o , la his­


to ria te d e sp ierta sen tim ien to s. Y c u a n d o vas a escrib ir, p o r
m ás q u e n o q u ieras, term in ás q u e rie n d o e x p re sa r los sen ti­
m ien to s q u e te tran sm itió el lib ro , o q u e te tran sm itió alg u n a
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 8 9

o tra historia, e n tu h isto ria. Y se co m p lica p o rq u e , c u a n d o


vas a escrib ir p o n ie n d o tus sen tim ien to s, te rm in as m e tie n d o
a u n q u e sea u n p o c o cosas d e l lib ro q u e leiste.

- Lo em ocional cu en ta m u ch o , d e p e n d e d e vos, d e cóm o sentís


el libro, de có m o lo leés. Si dividís el libro en varias partes vas a
ver que en las distintas partes q u e leiste en distintos m om entos tu
ánim o e ra d iferente. Y d e a h í d e p en d e la form a e n qu e lo armas.

-E s co m o m o n ta r u n a pelícu la, p o rq u e te d a n los p erso n ajes


y n o te d a n la im a g en . Vos arm ás la im ag en y la p e lícu la pasa
e n tu cabeza.

p f : ¿Q ué c rite rio s tie n e n u sted es p a ra sab e r si les g u sta u n


lib ro o u n texto?

C reo q u e es ju s ta m e n te q u e el lib ro con sig a tran s­


a lu m n o s :
m itirte lo q u e el a u to r q u e ría.

—T a m b ié n u n lib ro q u e te a tra p a ...

-N o , yo c re o o tra co sa ...

p f : N o, yo q u ie ro sab e r cu ál es el c riterio d e u stedes. ¿Cuáles


so n las cualidades? Eso m e d e sp ie rta c u rio sid a d ...

a l u mn o : Yo c r e o q u e e l lib ro tie n e q u e a d a p ta rs e a lo q u e a
v o s te g u s ta ...

a lu m n o s : ¡No!

a lu m n a : Yo c re o q u e tie n e q u e ser u n lib ro , so b re to d o , atra­


p a n te . U n d ra m a , u n a c o m e d ia ...

p f: M uy b ien , e n to n c e s esa es u n a cualidad: u n lib ro , cuales­


q u ie ra sea, tie n e q u e ser a tra p a n te ...
9 0 E l m a e s tro s in re c e ta s

a lu m n o : A u n q u e sea u n lib ro la r g o ...

- A u n q u e , p o r ejem p lo , sólo te guste le e r lib ro s d e av en tu ras y


leas u n policial. El lib ro tie n e q u e ser a tra p a n te .

p f: M uy b ien . A h o ra d íg an m e o tra cu alid ad .

a lu m n o s : U n lib ro p u e d e ser can sa d o r p a ra u n a p e rso n a


p e ro n o p a ra o tra, d e p e n d e d e la p e rs o n a ...

- P a r a esa p e rs o n a p u e d e ser can sad o r, p a ra o tra n o . Yo creo


q u e los crite rio s varían m u c h o d e p e rso n a a p erso n a .

pf : No , y o q u i e r o s a b e r c u á le s s o n lo s c r ite r io s q u e tie n e n
u s te d e s .

a lu m n o s : T a m b ién d e p e n d e d el m o m en to .

-E so es lo q u e yo creo. P o r ejem p lo , p u e d e ser q u e yo haya


le id o u n a n o v ela h a ce diez años (diez añ o s es im p o sib le, h ace
tres añ o s sí) p o rq u e quise y a h o ra ya n o la q u ie ra leer, es d e cir
q u e d e p e n d e d el m o m e n to ...

- D e p e n d e d e c ad a u n o ...

p f: Ya lo sé, p e ro en este m o m e n to d e hoy: ¿qué d e b e te n e r u n


lib ro p a ra q u e digas: “¡C aram ba! ¡Este lib ro sí q u e m e gu sta!”?

a l u mn a : Yo e s to y e n u n a e ta p a q u e m e g u s ta l e e r n o v e la s .

p f: B uenísim o; leé novelas en to n ces.

a lu m n a : P e ro h a ce dos m eses q u e ría le e r cie n cia ficción. Me


e n ca n ta . P u e d o le e r d e to d o , p e ro a h o ra estoy m ás a b ie rta a
le e r novelas.
U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s 9 1

p f : M uy b ien . ¿Y q u é d e b e te n e r u n a novela p a ra q u e digas:


“E sta novela m e g u sta”?

a lu m n a : C u a n d o el a u to r crea, o m e tran sm ite, u n a ilusión.


Yo estoy m ás p a ra las novelas q u e te rm in a n b ie n q u e p a ra las
q u e te rm in a n m al, ¿sabés?

p f: M e p a re ce m uy b ien .

a lu m n o s : [Risas.] Y c la ro ... q u é viva.

p f:¿Saben u n a cosa? Yo te n g o 67 años y sigo d ic ien d o : “Estoy


m ás p a ra eso q u e p a ra lo o tr o ”.

a lu m n o s :[Risas.] Yo le í u n a n o v ela a h o ra q u e te rm in ó
m al y llo ré to d a la ta rd e . [Risas.] P e ro al m ism o tie m p o fu e
b u e n o ...

—El lib ro te rm in a fo rm a n d o p a rte del lecto r, ¿no?

p f: P e ro d ig a n o tra cu alid ad .

a lu m n o s : ¿O tra más?

-Y p o r o tro lad o , a veces el lib ro te h a ce en o ja r.

p f : Ah, eso es b u e n o , ¿no? [Risas.]

a l u m n o s : Yo p ie n so lo m ism o.

-E l lib ro es tan b u e n o q u e te provoca.

-E l lib ro es b u e n o p o rq u e se m e te co n vos. N o sirve q u e el


tip o te tra n sm ita sólo lo q u e está p e n sa n d o , tie n e q u e sab er
tra n sm itirlo m e tié n d o se c o n vos.
9 2 E l m a e s tro s in re c e ta s

-S í, tie n e q u e p ro v o car al lector.

-E l lib ro , m ien tras lo vas leyendo, sirve p a ra q u e em p ieces a


p e n s a r u n m o n tó n d e cosas.

- A veces d u ra n te la le c tu ra te identificás co n u n p e rso n aje. Y


a h í te das c u e n ta en q u é sos b u e n o - p o r ejem p lo , si sos u n a
b u e n a p e rs o n a - y e n q u é n o , ¿entendés? E n to n ces p arás y
pensás: “¡G u au !... Yo h ag o eso”. Es lo q u e m ás te pasa.

-T a m b ié n hay u n a cosa m uy linda, q u e es in teresarse. P o r


ejem p lo , si q u e ré s a p re n d e r. P odés b u sca r u n a en ciclo p ed ia.
Si te in te re sa la S eg u n d a G u e rra M u n d ial vas a e m p e z a r leyen­
d o , p o r ejem p lo , L a bicicleta azul, Olga, El séptimo secreto, to d o
so b re H itler, y después tam b ién vas a q u e re r e n te n d e r q u é es
el co m u n ism o , el socialism o. D espués, si te in te re sa el c u erp o
h u m a n o , vas a le e r u n lib ro científico q u e tam b ié n es algo
q u e a tra p a tu in te ré s...

-S í, n o es co m o le e r u n a e n c ic lo p e d ia ...

-E s im p o rta n te , p o r ejem plo, q u e b u sq u es u n lib ro q u e leiste


h a ce tres añ o s y vuelvas a le e rlo ...

-E so es o tra co sa...

-N a d a q u e v e r...

- . . . y d e n tro d e diez o cinco años vas a te n e r u n a id e a co m p le­


ta m e n te d ife re n te d e ese libro.

-M u c h a s veces relacion ás el lib ro co n vos.

-R ela cio n ás el lib ro n o sólo con vos, co n tus sen tim ien to s,
sin o co n lo q u e te rod ea.
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 9 3

-S í, c o n la vida m ism a, ¿no?

—C reo q u e el lib ro a b re cam in o s d ife re n te s p a ra vos e n o tro s


asp ecto s o in c lu so e n tem as q u e ya estás can sad o d e leer.

- C r e o q u e u n b u e n lib ro es a q u e l q u e to ca tu vida, q u e inte-


ra c tú a c o n tu vida.

- P e r o ta m b ié n c re o lo sig u ien te: c u a n d o releés el lib ro , n o


es q u e tu cab eza cam b ió , n o es q u e lo q u e p asó a n te s fue u n
e rro r, es q u e e n a q u e l m o m e n to cap taste esa p a rte d e l m e n ­
saje q u e estabas d isp u esto a cap tar.

-Y o c re o q u e el lib ro n u n c a se eq u iv o ca e n lo q u e dice. N u n ca
está e q u iv o c a d o ...

p f: M iren , q u ie ro h a c e r o tra p re g u n ta e n relac ió n c o n eso.


¿Y d e sd e el p u n to d e vista d e l len g u aje d e l au to r? ¿Q ué los
co n m u eve? ¿Q u é los toca?

a lu m n o s : U n len g u a je m ás c e rc a n o al n u e s tro ...

- N o , u n le n g u a je m ás p o ético .

- U n len g u a je q u e te n g a q u e v er c o n el lib ro , p o r ejem p lo , si


el len g u a je v ien e d e R io G ra n d e d o S u l...

-E s v erd ad .

-Y q u e n o sea u n len g u a je c o m p le ta m e n te d ife re n te d e l m o ­


m e n to d o n d e vive el lib ro . P o r ejem p lo , si el lib ro tra n sc u rre
e n la S e g u n d a G u e rra M u n d ial c o n u n le n g u a je d e l fu tu ro
eso n o tie n e n a d a q u e v e r co n el lib ro . P e ro si u sa el len g u aje
d e esa é p o c a , te vas a c o m p ro m e te r m ás c o n el lib ro .

p f: ¿E n to n ces eso q u ie re d e c ir q u e el le n g u a je es histórico?


9 4 E l m a e s tr o s in re c e ta s

a lu m n o s : Sí, el len g u aje tam b ié n c o n c u e rd a c o n el lib ro .


-S i los libros tie n e n u n lenguaje a b u rrid o , si el len g u aje n o te
cautiva, va a ser m u y difícil q u e el lib ro te cautive p o rq u e te
va a c an sar leer.

-Y o p ie n so o tra cosa. P o r ejem p lo , estab a ley e n d o M acunaím a


¡y h a b ía u n m o n tó n d e p alab ras q u e n o e n te n d ía ! Y co m o
q u e ría e n te n d e r to d o m e m e tí m ás e n el lib ro . P o rq u e e ra u n
len g u aje q u e n o te n ía n a d a q u e ver, e ra algo p ro p io d e M acu­
naíma, n o te n ía relac ió n conm igo, p e ro e ra u n len g u aje q u e
m e inv o lu crab a, q u e q u e ría e n te n d e r. Es c o m o u n desafío.

- Q u e tie n e q u e v er c o n el libro, ¿no?

- H a y in te ré s y falta d e in terés, d e p e n d e d e la p e rso n a.

- O t r a cosa. Yo leí E l color púrpura y el len g u aje d e ella, d el p e r­


so n aje p rin cip al, d a b a a e n te n d e r q u e p a sab an m u c h a s más
cosas d e las q u e te im aginabas. C laro, yo im ag in ab a, p e ro p o r
el len g u a je p u d e im ag in ar cosas m u c h o m ejo res, diferen tes.

-E l color púrpura tie n e u n len g u a je q u e n o es ta n g ram atical


c o m o el d e la m aestra.

p f: A h o ra q u ie ro h acerles alg u n as p re g u n ta s so b re la lectu ra,


p e ro d e sd e el p u n to d e vista d el lecto r, n o d e l tex to . Ya les
p re g u n té q u é p e n sa b a n del tex to , cuáles so n las cu alid ad es
q u e d e b e te n e r u n te x to p a ra u sted es, y ya lo h e m o s visto.
A h o ra m e g u staría p re g u n ta rle s q u é cu alid ad es d e b e te n e r el
le c to r o la le c to ra p a ra p o d e r p e rc ib ir las cu alid ad es d el texto.

a lu m n o s : T ie n e q u e estar d isp u esto a le e r...

-Y o c re o q u e d e b e a g a rra r el lib ro c o n la cab eza a b ie rta p a ra


v er d e q u é h a b la ...
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 9 5

- T ie n e q u e e star d isp u esto a lee r, si abrís u n lib ro sin e star


d isp u esto a leer, n o e n te n d é s n ad a.

p f : M uy bien . ¿Y q u é significa “a g a rra r u n lib ro c o n la cab eza


a b ie rta ”?

a lu m n o s : Q u e estás d isp u esto a a p re n d e r.

- Q u e estás d isp u esta a rec ib ir cosas d iferen tes.

p f: E so es.

Q u e estás d isp u esto a rec ib ir o tras cosas


a lu m n o s : y no que­
d a rte sólo c o n tu o p in ió n .

p f: E n to n ces, e n tr e p arén tesis, vean c ó m o escribir, leer,


c re a r... exige lib ertad . V ean u n a cosa: rec o n o z c o q u e hay
ép o cas e n las q u e n o estoy p a ra leer. R eco no zco q u e hay é p o ­
cas e n las q u e n o estoy co n g an as d e escribir. P e ro e n fu n c ió n
d e m i d e b e r, in d e p e n d ie n te m e n te d e si te n g o o n o ganas d e
le e r, leo. P o r ejem p lo , a h o ra m ism o n o estoy c o n g an as d e
le e r y sin e m b a rg o estoy ley en d o u n a tesis d e trescien tas p ág i­
nas. ¿Por qué? P e rm íta n m e explicarles. P o rq u e soy p ro fe so r
d e la u n iv ersid ad y u n o d e mis d e b e re s co m o p ro fe so r d e la
u n iv ersid ad , c u a n d o soy co n v o cad o (y p o r su p u esto n o soy
o b lig ad o ) a p a rtic ip a r e n u n a m esa d e d o c to ra d o , d e m aes­
tría, d e lib re d o cen cia, n o im p o rta, es a c e p ta r y p a rtic ip ar. Y
p a ra eso ten g o q u e le e r la tesis p re se n ta d a , p o rq u e n o p u e d o
a rg u m e n ta r sin h a b e rla leíd o .

a lu m n o :N o, p e ro yo cre o q u e si ten é s ganas d e le e r, si p o r


eje m p lo alg ú n d ía ten és g an as d e le e r y reto m á s esa tesis, c re o
q u e va a ser d ife re n te ...

p f: U n m o m e n to , u n m o m e n to . N o vam os a tra n sfo rm a r la


le c tu ra e n p u ro goce. A veces la le c tu ra p u e d e co m en zarse
9 6 E m a e s tr o s in re c e ta s

h a sta c o n u n p o co d e d o lo r. Y ese p u n to d e d o lo r es el q u e ,
in clu so , p ro v o cará e n m í el gusto d e h a b e r s u p e ra d o el d o lo r.

a lu m n o : P e ro incluso así. Inclu so u n a le c tu ra q u e n o te gusta


p u e d e e n a lg ú n m o m en to , d e p e n d ie n d o d e la p a rte q u e reci­
bas, ser pro d u ctiv a.

p f: P u ed e y conviene que así sea. Entonces, eso es lo q u e quie­


ro decir. P o rq ue u n docente irresponsable, p o r ejem plo ahora,
c u an d o ustedes dijeron “Hay m om entos e n q u e u n o n o está p ara
leer”, diría: “¡Ah! ¡Muy bien! T enés razón, si n o estás p a ra leer,
en to n ces n o leas... ¡y m an d á al profesor a freír buñuelos!”. ¡De
n in g u n a m anera! U n docente responsable n o p u e d e h a ce r eso.

a l u mn o :As í e l q u e n o t i e n e g a n a s d e l e e r n o v a a l e e r n u n c a . ..

p f: N u n c a va a leer. P ero es obvio q u e hay m o m en to s e n los


q u e u n o es u n o y m o m en to s e n los q u e u n o sigue sie n d o u n o ,
p e ro c o n o tra tarea. U n a cosa es c u a n d o u n o , p o rq u e le gus­
ta, p o rq u e q u ie re , p o rq u e tien e ganas, a g arra u n a n o v ela y la
lee. O tra cosa es c u an d o tien e u n a ta re a q u e es fu n d a m e n ta l
p a ra su fo rm ació n , a u n q u e sea a b u rrid a , p e ro q u e el d ía d e
m a ñ a n a d e sc u b rirá q u e e ra im p o rta n te , q u e es la ta re a d e
le e r u n libro. T en em o s q u e leer. Q u iero d ecir, si n o leem os,
serem o s irresp o n sab les d esd e el p u n to d e vista d e c ie rta obli­
g ació n n ecesaria. A h o ra b ien , lo ideal (p e ro n o vivimos e n lo
ideal) es c u a n d o las dos cosas se ju n ta n . ¡Es u n a m aravilla!
C u a n d o escrib í ese tex to q u e u sted es ley ero n fu e u n a m ara­
villa p o rq u e , p o r u n lado, m e gustab a h a cerlo y, p o r el o tro ,
estab a c u m p lie n d o u n a tarea. Y m e p a re ció g en ial p re p a ra r
u n d iscurso p a ra u n a con feren cia.

a lu m n o s : Yo tam b ién c ^ e o q u e n o se tra ta d e q u e d a rse es­


p e ra n d o , “A h, ten g o ganas, n o ten g o g an as”. H ay q u e sab er
tra n sfo rm arse p a ra ag arra r u n lib ro ...
U n a c o n v e rs a c ió n c o n a lu m n o s 9 7

- N o se tra ta d e a g a rra r u n lib ro so la m e n te si q u e ré s o n o que-


rés leer. P e ro e m p ezás a le e r y el lib ro te g u sta p o rq u e es u n
lib ro b u e n o p a ra q u e leas, p o rq u e estás e n el m o m e n to ju s to
p a ra h acerlo .

-A l p rin c ip io dijiste q u e le e r e ra estar a b ie rto a rec ib ir cosas y


tra n sfo rm arlas. E n to n c e s es eso m ism o: a u n q u e n o estés co n
g an as, ten é s q u e e sta r a b ie rto a le e r y p e rc ib ir q u e es b u e n o . Y
ten ías q u e le e r p a ra d a rte c u e n ta d e lo b u e n o q u e era.

-A u n q u e n o te g u ste, c o m o ex p erie n c ia , term in ás el lib ro


p o rq u e va a d e ja rte algo. Yo c re o q u e ten é s q u e d e te c ta r m uy
b ie n lo q u e n o te gustó, sa b e r p o r q u é n o te gustó.

pf : Eso ...

a lu m n o s : Y o tr a c o s a : t a m b i é n e s tá s m u c h o m á s a b i e r t o a lo s
te m a s d is tin to s q u e e s tá s le y e n d o . Y a s í e m p e z á s a d is tin g u ir
m e jo r lo s lib r o s q u e te g u s ta n d e lo s q u e n o te g u s ta n .

- E n tr a n e n ju e g o m u c h a s e x p erie n c ia s p ro p ias tam b ié n , el li­


b ro q u e estás ley en d o n o es el ú n ic o q u e a p o rta ex p erien cias.

- P e r o estoy d e a c u e rd o e n q u e ten é s q u e le e r u n lib ro so b re


alg o q u e te g u ste. La c u estió n es b u sca r el tip o d e lib ro q u e
q u e ré s leer.

- C r e o q u e ten é s q u e le e r u n p o c o lo q u e te g u sta p ara, c u an ­


d o n o te gusta, sab e r p o r q u é ...

- N o , hay q u e sep a rar las d o s lecturas. Está la ta re a d e la escu e­


la, p o r ejem p lo , q u e es h a c e r u n in fo rm e y a h í n o p o d é s esca­
p a rte , ten é s q u e leer. P u e d e ser m a ñ a n a o d esp u és, p e ro ten és
q u e leer. P e ro c u a n d o elegís lo q u e vas a le e r es o tro tip o d e
lite ra tu ra , es d ife re n te d e u n d e b e r. E n to n c es cre o q u e ten és
q u e elegir, la o p c ió n es tuya. P odés te rm in a r el lib ro o n o.
9 8 E m a e s tr o s in re c e ta s

[H ab la n to d o s al m ism o tiem p o .]

a l u m n a : Incluso c u a n d o converso co n m ig o m ism a, incluso


c u a n d o ten g o ganas d e lee r u n texto d e la escuela, a u n q u e n o
m e hay an m a n d a d o h acerlo , c u a n d o lo ag arro p a ra leerlo siem ­
p re es u n desafío su p e ra r la p rim e ra p ágina, c o n ce n tra rm e .
C u a n d o m e c o n cen tro , los libros se ab ren . Y p u e d e cautivarm e
u n tex to d e estudios sociales o u n lib ro cu alq u iera. Al final d e
cu en tas q u e d o cautivada. C reo q u e, incluso c o n los libros q u e
q u ie ro leer, siem p re es difícil c o n cen trarse al p rin c ip io , p o r­
q u e siem p re es difícil d e se n te n d e rse d e algunas cosas...

p f: M iren , hay varios p u n to s q u e es n ece sario ev itar p a ra p o ­


d e r le e r b ie n , p a ra le e r e n serio. S on u n a esp ecie d e d e m o ­
n io s y d iab los q u e in te rfie re n e n n u e stra lec tu ra. T e n em o s
q u e c o n c e n tra m o s e n el texto. T e n e m o s q u e e x p e rim e n ta r
eso. A veces estam os ley en d o u n a p á g in a y d e r e p e n te d e ­
ja m o s d e leer, el c u e rp o sigue e n la silla, j u n t o a la m esa y
c o n el lib ro d e la n te , p e ro a p a rtir d e ese m o m e n to iniciam os
u n a le c tu ra m ecán ica. S eguim os ley en d o m e c á n ic a m e n te el
tex to y n o s dislocam os: u n a p a rte n u e stra sale d e n o so tro s y
d e r e p e n te estam os al b o rd e d e u n a piscina c h a rla n d o c o n
fu la n o y z u ta n o y p e re n g a n o , o e n el cine. Esas fugas d e la
le c tu ra ob stacu lizan p o r co m p le to la c o m p re n sió n . O h ace­
m os el ejercicio d e n o h u ir, o p e rd e m o s la lec tu ra . E so es u n
s ín to m a d e c ie rto d esin te ré s p o r n u e stra p a rte . Yo su g ie ro lo
sig u ien te: es m e jo r in te rru m p ir la le c tu ra y p re g u n ta m o s p o r
q u é n o ten e m o s m otivaciones p a ra leer. O tra cosa q u e q u e ría
su g erirles es q u e cad a vez q u e lea n u n tex to y n o c o m p re n d a n
el sig n ificad o d e u n a p a la b ra n o e sp e re n q u e esa p a la b ra ap a­
rezca d e n u ev o p a ra ver si, d e ta n to a p arec e r, te rm in a n e n te n ­
d ie n d o q u é significa. C o n su lten el d iccio n ario . El d ic c io n a rio
e stá p a ra eso. A g arren el d icc io n ario , a b ra n el d ic c io n a rio y
b u s q u e n q u é significa esa p alab ra . A h o ra ya lleg am o s al m e­
d io d ía y q u ie ro a g re g ar sólo d o s cosas más. L a p rim e ra es q u e
v in e a q u í h o y p re c isa m e n te p o r ese a su n to d e la co n cien c ia
U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s 9 9

d el d e b er. R esulta q u e pasé u n a m ala n o c h e . M e d i alg u n o s


gustos y p ag u é u n p o c o , n o d e m asiad o , p e ro p a g u é u n p o co .
C o m í m u c h o cam aró n , esas cosas...

a lu m n o s : [Risas.] Eso es gula, ¿no?

p f: E s gula, sí. M e hizo d o le r h asta el d ed o g o rd o d el pie. Ya van


a ver lo q u e es e so ... E n to n ces pasé u n a m ala n o c h e y a h o ra,
d e m añ an a, vine m ed io d istan te. Yo sé c u án d o n o estoy b ien .
Tal vez ustedes p e rc ib iero n q u e n o estaba b ien . N o d ab a ni
p a ra h ab lar, p a ra c o n v ersar... P ero vine igual. Q u iero decir,
m e p arecía h o rrib le llam ar p o r teléfo n o y decir: “D íganles a los
n iñ o s y las n iñ as q u e n o p u e d o ir p o rq u e n o m e sien to b ie n ”.
M e p arecía u n a falta d e resp eto h acia ustedes y h acia la escuela.
Yo h a b ía p ro p u e sto este e n c u e n tro , h a b ía a cep tad o la invita­
c ió n ... E n to n ces m e p e le é co n m ig o m ism o. Y el resu ltad o d e
la p elea es q u e a h o ra m e sien to p erfec ta m en te b ien . Q u iero
d e cir q u e m e rec u p eré , q u e estoy ex celen te. N o sé si llegaré
en tan b u en as co n d icio n es a la tard e. T e n g o q u e viajar a Re­
cife hoy y n i sé si p o d ré d a r clase. P ero estoy c o n te n to . Estos
c u are n ta m in u to s q u e pasé co n ustedes fu e ro n a b so lu ta m en te
geniales. Lo seg u n d o q u e q u ie ro decirles es lo siguiente: esto
q u e o cu rrió a q u í es la escuela o, m ejo r d ich o , es u n a h ipótesis
d e la e scu ela c o n la q u e su e ñ o p a ra el p u e b lo d e este B rasil.

a lu m n o s : [Risas.]

p f: Lo triste es q u e el ejem p lo q u e u stedes m e d ie ro n hoy es


u n ejem p lo lin d o p e ro evoca u n deseo insatisfecho e n m í. Esta
m a ñ a n a e n c o n tré algo lin d o : u n g ru p o d e jóv en es, d e n iñ o s
y niñas q u e p ien san , q u e p ien san sin m ied o, q u e p la n te a n las
cosas, q u e m ed itan , q u e se analizan, q u e p re g u n ta n , q u e opi­
n a n , q u e tie n en o p in io n es inteligentes, em otivas... ¡C aram ba!
Q u iero d ecir q u e eso m e d a u n a e n o rm e aleg ría co m o brasi­
leñ o . A h o ra b ien , yo q u e rría q u e eso tam b ié n o c u rrie ra e n tre
las masas p o p u lares, es d ecir, e n las clases p o p u lares, e n tre los
1 0 0 El m a e s tr o s in re c e ta s

n iñ o s d e los su b u rb io s... P o r eso estoy a favor d e la b u e n a es­


cu ela pública, a u n q u e tam bién resp eto la b u e n a escuela priva­
da. Q u iero felicitarlos, felicitar a sus docentes, a la d irecció n de
esta escuela, p o rq u e creo q u e hoy tuve u n a d e esas m añ an as
maravillosas q u e hace tiem po n o tenía, lo q u e p a ra m í es u n
m ilagro. Q u é cerca m e siento d e la e d ad d e u s te d e s ...

a lu m n o s : [Risas.]

p f: ... a p e sa r d e n o serlo c ro n o ló g icam en te, q u e d é co n te n tísi­


m o p o rq u e m e se n tí e n tre co m p añ ero s, ¿en tie n d e n ? P o rq u e
yo ten g o 20 años, ten g o 18, ten g o 15, a p e sa r d e los 67 y del
d o lo r e n el pie.

a lu m n o s : [Risas.]

p f: E n to n c e s q u ie ro darles u n ab razo e n o rm e , a tod o s, sin


e x cep ció n . Y u n beso tam b ién p a ra todos. Sigan así q u e , al
fin d e c u en tas, Brasil es d e ustedes y n o d e esos sinvergüenzas
q u e a n d a n sueltos p o r a h í a rru in a n d o el país. H asta lueg o , ¿sí?
L a a l f a b e t i z a c i ó n d e s d e la p e r s p e c t i v a
d e la e d u c a c i ó n p o p u l a r

[M a c e ió , 1 7 d e n o v ie m b r e d e 1 9 9 0 .]

S iem p re es m otivo d e aleg ría e sta r d e reg reso , a u n ­


q u e n o d efin itiv am en te; re g re sa r sie m p re a c u a lq u ie r p a rte
d el n o rd e s te b rasileñ o .
E n San P ab lo ta m b ié n h a ce u n calo r h o rrib le . A h o ra es­
tam os s in tie n d o u n calo r so fo can te, p e ro el calo r d e allá n o
se p a re c e al d e acá. Mi c u e rp o lo re c o n o ce . Si m e h u b ie ra n
tra íd o bajo los efectos d e u n a an estesia fu e rte y d e sp e rta ra
a q u í, inclu so co n los ojos tod av ía cerrad o s, diría: “N o sé exac­
ta m e n te q u é re g ió n es, p e ro sé q u e estoy e n el N o rd este ”. Mi
c u e rp o rea c cio n a b ien . S ien te q u e el calo r es el calo r de aq u í.
¡C aram ba! Eso m e h ace m u c h o b ie n ... La g e n te , el co lo r d el
a g u a d el m ar, el o lo r d e l suelo, el v erd e d e las hojas, to d o
eso tie n e q u e v er c o n m i vida; tien e q u e ver, incluso, co n mis
nostalgias.
N u n c a m e olvido, p o r ejem p lo , d e esa vez q u e, esta n d o yo
ex iliad o d esd e h a c ía años, fui al Pacífico S u r. D espués, c u an ­
d o vuelvan a sus casas, b u s q u e n u n m a p a p a ra d istraerse y
m ire n p o r d ó n d e an d uv e. Estuve e n las fam osas islas Fiji y
P apúa-N ueva G u in e a y n u n c a m e olvido q u e u n d ía, y e n d o en
a u to a la un iv ersid ad , d e p ro n to le p e d í q u e fre n a ra al p ro fe ­
so r q u e c o n d u c ía el autom óvil.
Él fre n ó y m e p re g u n tó : “¿Q ué pasa? ¿Q u é o c u rre? ”. Y yo
dije: “Q u iero v er esos m a to rra les”. Bzyé d e l a u to , m e p u se e n
cuclillas, m e a rro d illé e n el suelo y re c o g í e n tre m is m an o s
los m ism os h e le c h o s q u e ten e m o s a q u í e n e l N o rd este y u n o s
pastos cuyo n o m b re n o re c o rd a b a . A caricié u n a h o ja, p id ie n ­
d o disculpas, y el p ro fe so r (q u e n o te n ía la m e n o r id e a d e la
1 0 2 E l m a e s tr o s in re c e ta s

flo ra y la fa u n a d e l m u n d o ) p en sab a: “E ste tip o está loco, es


u n d e lira n te ”. Yo ib a a d a r u n a c o n fe re n c ia e n la univ ersi­
d a d y s e g u ra m e n te se h a b rá p re g u n ta d o : “¿Q u é d iab los irá a
d e c ir este tip o ?”. E insitía e n p re g u n ta r p o r q u é te n ía yo esa
a c titu d ta n ex trañ a . Y yo decía: “M ire, es q u e yo te n g o tod o
esto q u e u sted es tie n e n a q u í en el N o rd este b ra sileñ o , y sien­
to a ñ o ra n z a ”.
P o r eso ag rad ezco tan to el h e c h o d e e sta r a h o ra aq u í.
T a m b ién estuve a q u í c u a n d o este e x c e le n te e q u ip o d irecti­
vo asu m ió el g o b ie rn o d e esta u n iv ersid ad . H a c e m ás d e dos
años. El e q u ip o e n p len o , d u ra n te u n alm u erzo a orillas d e
la lag u n a (ya n o p u e d o p a rtic ip a r d e esa clase d e alm u erzo s
p o rq u e m i d ie ta se h a restrin g id o m u c h ísim o ), h a b la b a d e
los sueños q u e q u e ría h a c e r realid ad . U n o d e esos su eñ o s e ra
e x ac ta m en te có m o h a c e r d e la U n iv ersid ad F e d eral d e Ala-
goas u n a u n iv ersid ad q u e se p a re cie ra a Brasil y al N o rd este,
p o rq u e u n a d e las tragedias d e la m ay o ría d e las un iv ersid a­
des b rasileñ as es q u e q u e d a ría n b a sta n te fu e ra d e lu g a r e n
S u iza... p e ro m u ch ísim o m ás e n Brasil. Es u n a a lien a c ió n te­
rrib le . Q u ie re n h a c e r cosas q u e n o tie n e n m u c h o q u e v er co n
el m o m e n to h istó rico , cu ltu ral, social y eco n ó m ic o d e l país, y
yo estoy co n v en cid o d e q u e es posible, al m ism o tie m p o , in ­
vestigar, b u sca r cien tíficam en te, m a n te n e r el d iá lo g o c o n los
g ru p o s p o p u la re s. Los q u e d icen q u e el á m b ito d el d iálo g o
c o n los g ru p o s p o p u la re s n o es cien tífico lo d ic e n p o r ig n o ­
ra n c ia e in g e n u id a d . Se p u e d e n h a c e r las d os cosas a la vez.
H a c e r u n a cosa m ás q u e la o tra (lo q u e p a ra m í n o es posib le)
es tra n sfo rm a r esta u n iv ersid ad e n d o s m u n d o s c o n tra d ic to ­
rios y an tag ó n ico s. Ese es u n o d e los e rro re s c o m etid o s p o r la
a lien a c ió n d e n u e stra universidad.
E n p rim e r lug ar, q u ie ro felicitar a los d ire cto re s d e la u n i­
v ersid a d y d e c ir q u e este re c o rrid o d e tres añ o s h a valido la
pena.
A h o ra q u ie ro in iciar la con versació n c o n u sted es e v itan d o
al m áx im o el to n o form al. Q u ie ro ser serio, p e ro n o q u ie ro
e star d e saco y co rb a ta. N u n ca. P ero sí q u ie ro ser serio.
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 1 0 3

A n te to d o , q u ie ro d e c ir q u e esa jo v e n d e so n risa lin d a es


m i m u jer, N ita. D iscu lp en la p ro p a g a n d a e n tr e m ie m b ro s d e
la fam ilia. N ita escrib ió u n lib ro q u e m e a rro g a ré el d e re c h o
d e citar, d e b id o p re c isa m e n te a n u e stro tip o d e conversación.
Ella escribió u n a h isto ria d e l an alfab etism o e n Brasil.2 N o so­
b re la alfabetización, sino so b re el an alfab etism o . Es­
tu d ió la so cied ad b rasileñ a d esd e 1534 h a sta 1964.
Ya fue p u b lic a d o el p rim e r v o lu m en d e su trab ajo ,
q u e ab arca el p e río d o c o m p re n d id o e n tre 1534 y
1930. P ro n to d a rá u n a c o n fe re n c ia e n S erg ip e d o n ­
d e o fre c e rá u n a visión global d e la c o m p re n sió n d e l o~\
fe n ó m e n o p e rsisten te d el analfab etism o . P e ro a h o ra
vamos a co n versar so b re el tem a d e la alfab etización y la
ciu d ad an ía.
A dem ás, te n g o la im p resió n d e q u e p o co d esp u é s d e h a b e r
estado a q u í c o n u sted es tam b ién di u n a c o n fe re n c ia so b re
ese tem a e n Brasilia, h ace ya u n o s tres años, in v itad o p o r la
U nesco. C o n feren c ia q u e fu e p u b licad a. Es u n o d e m is m ejo ­
res textos, fue escrito co n su m o cu id ad o .
E n esta p rim e ra in stan cia d e m i c h a rla voy a p ro c e d e r
co m o su elo h a c e rlo c u a n d o trab ajo , c u a n d o estoy solo e n
m i e scrito rio o e n m i casa, y m e p o n g o a escrib ir o a p e n sa r
so b re a lg ú n tem a. Voy a p re g u n ta rm e alg u n as cosas. L a p ri­
m e ra p re g u n ta q u e m e h ag o es la sig u ien te: ¿qué p re te n d ía
la p e rso n a o las p erso n as q u e fo rm u la ro n el tem a “A lfabeti­
zación y c iu d a d a n ía ”, q u e e n el fo n d o es u n a p re g u n ta o u n
p ro b lem a? ¿Cuál es la curiosidad? ¿Hay cu rio sid ad resp e cto
d e qué? D escu b ro q u e la p rim e ra c u rio sid ad d el q u e fo rm u ló
el tem a resid e e n su p ro p ia n ecesid ad . P e rc ib o q u e el p rim e r

2 F re ir e , A . M . F „ A nalfabetism o no Brasil - da ideología da interdigáo do


corpo á ideología nacionalista, ou de com o deixar sem ler e escrever
desde as C atarinas (ParaguaQu), Filípas, Madalenas, Anas, Genebras,
Apolónias e G rácias até os Severinos, 2 a e d ic ió n r e v is a d a y a u m e n ta ­

d a , S a n P a b ló , C o r te z , 1 9 9 5 [A M A F ],
1 0 4 E l m a e s tro sin re c e ta s

m o m e n to d e cu rio sid ad tien e q u e ver co n si existe o n o , y


e n q u é g rad o , u n a relación e n tre alfab etización y ciu d ad an ía.
P a ra p o d e r c o n tin u a r este ejercicio d e n a tu ra le z a in te lectu a l
necesitam o s u n seg u n d o m o m en to : la elu cid ació n o d e sn u d a ­
m ie n to del tem a.
H a ré u n a co m p aració n u n p o co sensual. E n el fo n d o , estu ­
d iar, e n fre n ta r u n a tem ática d e te rm in a d a , es h a c e r u n a espe­
cie d e striptease intelectu al. P oco a p o co , u n o va d e sn u d a n d o
el tem a. N o p u e d e a rran carle to d a la ro p a d e u n a sola vez,
tie n e q u e ir a d u e ñ á n d o se g ra d u a lm en te d e la situ ación . H ay
g e n te q u e se vuelve loca de m ied o c u a n d o h a ce u n a relació n
d e este tipo. ¡Q ué cosa! Al fin d e cu en tas es la vida, y c o n o c e r
es p a rte d el p ro ce so p e rm a n e n te d e b ú sq u e d a d e la razó n d e
ser d e la vida y d e las cosas.
P e ro volviendo al seg u n d o m o m en to , existe e n m í - a u n ­
q u e n o todavía e n u n nivel p ro fu n d o , p e ro al m e n o s e n u n
nivel p e rifé ric o - cierta c o m p ren sió n d e lo q u e significan los
d o s térm in os: “alfabetización” y “c iu d a d a n ía ”. Si yo n o h iciera
a h o ra esta o p e ra ció n , d a ría u n discurso fo rm id ab le p e ro n o
a b o rd a ría la sustancia del tem a. P rim ero d eb em o s v er u n o
d e los térm in o s, después el o tro , p a ra p o d e r c o m p re n d e r la
relac ió n e n tre am bos.
E n to n ces m e p re g u n to a h o ra so b re la alfabetización, e n
u n p rim e r in te n to y sin p ro fu n d iz a r d em asiad o : ¿qué es al­
fabetizar? C u a n d o h ag o esta p re g u n ta , si la h ag o d esd e u n a
persp ectiv a más o m en o s crítica, ex ig e n te, y n o p u ra m e n te
fo rm al, es d ecir, si p ro c u ro c o m p re n d e r el v erb o “alfab etizar”
m ás allá d e su p rim e ra acep ció n sem án tica (la sem án tica se
o c u p a d el significado d e las p alab ras), si m e p re o c u p o p o r
alg o m ás q u e el sen tid o g ram atical d e la p alab ra, d e l verbo,
d e l sustantivo “alfab etización ”, d e scu b ro q u e alfab etización
n o es, n o significa sim p lem en te p o n e r el alfab eto a disposi­
ció n del alfabetizando.
N o es eso. La alfabetización, incluso desde u n a perspectiva
superficial, es u n ejercicio a través del cual el alfabetizando se
ap o d era, poco a poco, del misterio p ro fu n d o del lenguaje. Es
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 1 0 5

decir, va asu m ien d o aquello q u e ya hace cu an d o viene a alfa­


betizarse. V a asu m ien d o la legitim idad d e lo q u e llam am os su
co m p eten cia lingüística. El alfabetizando, a ja n d o viene a alfa­
betizarse, ya habla. P o r eso m ism o n u n c a se conoció u n caso de
analfabetism o oral. N o existe. El analfabeto habla. El analfabeto
tiene u n a co m p eten cia lingüística q u e él m ism o crea, q u e él mis­
m o gan a socialm ente. La g en te h ab la e n sociedad. P o r eso n ad ie
le e n señ a a h a b lar a nadie. N adie le en señ a la len g u a a nadie. El
d o cen te en señ a gram ática, en señ a sintaxis, p e ro n o en señ a a do­
m in ar la lengua. Eso es u n a práctica social q u e cad a u n o realiza
co n sus p ropias dim ensiones individuales. E n p rim era instancia,
alfabetizar es eso. Al nivel d e los n iños y tam b ién d e los adultos.
Es posibilitar q u e alg uien q u e ya h ab la c o m p re n d a la razó n de
ser de su habla; q u e incluso asum a la grafía d el sonido y la grafía
del habla, q u e n o n ecesariam ente aparece.
Si m e in te rn o u n p o co m ás e n esta b ú sq u e d a (q u e h ag o
silen c io sam en te e n casa y q u e, re p ito , es m uy in te re sa n te d e
h a ce r. A veces m e d a n u n tem a y paso u n a o d os h o ra s a n a ­
lizán d o lo p a ra e n te n d e rlo , p a ra v er q u é p u e d o h a c e r c o n él,
q u é q u ie ro h a c e r co n él) p a ra e n te n d e r la relac ió n e n tre alfa­
b etizació n y c iu d a d an ía, d e sc u b ro p o r e je m p lo q u e el p ro c e ­
so d e a lfab etizació n tie n e q u e ver co n m i m a n e ra d e c o m p ro ­
m e te rm e e n la p rá c tic a p a ra a y u d a r a q u ie n e s todavía n o le e n
la p ala b ra. E n m is in d ag acio n es h acia u n a c o m p re n sió n rig u ­
ro sa d e la alfab etización y d e c ó m o p u e d e d arse la alfabetiza­
ció n d e sc u b ro q u e n ecesito ex p licacio n es científicas, esas q u e
las investigaciones, inclu so las m ás recien tes, p o n e n a n u e stra
disp o sició n ; ex p licacio n es científicas q u e p ro v ie n e n d e los so-
ciolingüistas y los psicolingüistas, y n o só lo d e los ed u ca d o res.
Es b u e n o o b serv ar los g ra n d e s avances d e q u e d is p o n e ­
m o s h o y los e d u c a d o re s e n e l c a m p o d e la alfab etizació n ,
g ra n d e s avances q u e lle g an a través d e las inv estig acio nes
p sico lin g ü ístic as, so cio lin g ü ísticas, d e los p sicó lo g o s d e l co­
n o c im ie n to , d e los etim o lo g istas, g e n te q u e se p re o c u p a p o r
el p ro c e so d e c o n o c e r, d e c o n s tru ir el c o n o c im ie n to , u n a
m e d ia d o c e n a d e~ n o m b res h o y d ía m uy fam o so s, alg u n o s ya
1 0 6 E l m a e s tro s in re c e ta s

m u e rto s, sin cuyo trab ajo , sin cuyos e stu d io s, e staríam o s u n


p o c o e n el a ire p a ra c o m p re n d e r la c u e s tió n d e la alfab etiza­
ció n . N o voy a h a c e r citas p o rq u e q u ie ro q u e e sta co n v ersa­
c ió n sea se ria p e ro n o n e c e sa ria m e n te a cad em icista, p o rq u e
n o estoy d a n d o a q u í u n se m in a rio d e d o c to ra d o o d e p o s­
d o c to ra d o . Lo q u e p ercib im o s, c u a n to m ás n o s p re g u n ta ­
m os, es u n a fo rm id a b le a c u m u la c ió n d e in v estig acio n es y
d e re su lta d o s so b re la a d q u isic ió n d e l le n g u a je (p o r d a r u n
e je m p lo ).
H ace p o c o u n jo v e n b rasileñ o , o riu n d o d e C am piñas, ba­
sán d o se e n u n o d e esos g ra n d e s inv estigadores d e la lin g ü ísti­
ca actu al, h izo hallazgos q u e su p e ra ro n inclu so a su m aestro.
D e reg reso e n Brasil d esp u és d e h a b e r p asad o c u a tro años
e n los Estados U n id o s su ste n tad o p o r n o so tro s —p o rq u e fue
c o n u n a b e ca d e estu d io -, u n a u n iv ersid ad p riv ada se m o stró
in te re sa d a e n sus estudios, investigaciones y trabajos. C o m o
estab a d e se m p le a d o y m o stró in terés, le p ro p u s ie ro n inscri­
b irse e n u n co n cu rso . P e ro él dijo: “D iscu lp en , p e ro eso n o
es válido p a ra mí; voy a d ecirles algo (a h í se irritó u n p o co , e
h izo b ie n ): yo n o p u e d o p a rtic ip a r e n ese co n c u rso p o rq u e sé
m ás q u e los ju r a d o s ”. Ese m u c h a c h o es u n e sp íritu jo v e n , n o
tie n e n i 36 añ o s q u ie ro d ecir, y ya p o d ría estar co n trib u y e n ­
d o , so b re to d o e n el cam p o infantil.
Es n e cesario q u e nos e n te re m o s d e los hallazgos d e esos in­
vestigadores e n el cam p o d e la psicolingüística, d e la sociolin-
güística, p e ro a la vez d eb em o s ser co n scien tes - y a q u í viene
la se g u n d a cosa q u e p e rc ib im o s- d e q u e la sociolingüística,
la psicolingüística, las investigaciones actu ales e n esos cam ­
p o s n o resu elv en n i ex p lican la relac ió n e n tre alfab etización y
c iu d a d an ía. Q u ie ro d e ja r eso b ie n claro. Lo q u e q u ie ro d e c ir
es q u e la c o n trib u c ió n d e los científicios e investig ad o res e n
el ca m p o d e l socio y el p sico len g u aje y la lingüística, sus h a ­
llazgos, n o so n suficientes, n o tie n e n a u to n o m ía e n el sen tid o
ep istem o ló g ico d e la p a la b ra p a ra e x p lica r la rela c ió n e n tre
c iu d a d a n ía y alfabetización. La ex p licació n ú ltim a p ro v ien e
d e la cien cia política.
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 1 0 7

N o hay alfabetización n e u tra , a d o rn a d a d e jazm in es, n a d a


d e eso. El p ro ceso d e alfabetización es u n p ro ceso político,
e m in e n te m e n te político, y m e atrev ería a d e c ir q u e tie n e q u e
v er co n q u e la e d u c a d o ra se h a g a carg o d e eso o n o. L a e d u ­
c a d o ra p u e d e d a r u n p iso tó n e n el suelo, fru n c ir el c e ñ o y
d e c ir “n o soy p o lítica ”; p e ro su trab ajo es p o lítico y, si eso es
v erd ad , lo m e jo r e n to n ces será q u e se p a y asum a, d e sd e u n
co m ien zo , q u e h a ce política. Y eso n o es fácil. L a e d u c a d o ra
te n d r á q u e o p ta r y o p ta r es difícil, im plica decisión; y d ecid ir,
a su vez, exige ru p tu ra . N ad ie d ecid e sin ro m p e r. T o d o p ro c e ­
so d ecisorio se fu n d a m e n ta en u n a ru p tu ra . C u a n d o d e cid o
p o r A es p o rq u e ro m p o co n B, o p o rq u e n o es posible d e cid ir
p o r A y B. N o se p u e d e . Eso es m ás a n tig u o q u e la ru d a . D esde
P o n cio Pilatos lo sabem os. N o es posible n eu traliz arse a n te
la relació n c o n trad ic to ria o p reso r-o p rim id o , d o m in ad o r-
d o m in a d o , ex p lo tad o r-ex p lo tad o . C ad a vez q u e o p to p o r la
n e u tra lid a d o p to p o r el q u e tie n e p o d e r y n o p o r el viejo o
p o r el débil.
T e n g o la im p resió n d e q u e b astan esas dos o tres c o n n o ta ­
ciones o cu alid ad es q u e su g iere el v erb o “alfab etizar” o el sus­
tantivo “alfab etización ” p a ra p asar al o tro po lo : la así llam ad a
ciu d ad an ía. ¿Q ué q u ie re d e c ir eso? ¿C iu d ad a n ía es so lam en te
el “adjetivo” q u e califica al h o m b re o la m u je r d e cierto lu g a r
d e l m u n d o ? Así, la c iu d a d an ía b rasileñ a es la d e q u ie n nació
e n Brasil; la c iu d a d an ía fran cesa p e rte n e c e a los q u e n a c e n e n
F rancia. N o, c iu d a d an ía n o es u n m e ro “adjetiv o ” q u e califica
a u n a p e rso n a e n fu n c ió n d e la geografía. Es algo más. La
c iu d a d a n ía refie re d ire c ta m e n te a la h isto ria d e las p erso n as
y tien e q u e ver c o n algo m u c h o m ás e x ig en te, q u e es a su m ir
la p ro p ia histo ria. T ie n e q u e v er co n asu m ir la h isto ria p o r
m a n o p ro p ia; es d ecir, n o hay c iu d a d a n ía so b re q u ie n h ace
la historia. N o hay c iu d a d a n ía e n las p erso n as q u e se convir­
tie ro n e n m a te ria d e h a c e r h isto ria c o n ellas o so b re ellas e
incluso, varias veces, p a ra ellas; p o rq u e la c iu d a d a n ía im p lica
u n sen tid o más p ro fu n d o : es el d e re c h o d e a su m ir la h isto ria
so cialm en te; o b ie n , d esd e u n a p ersp ectiv a individual, q u ie ­
1 0 8 B m a e s tro s in re c e ta s

re d ecir: yo asum o la h isto ria y, al asum irla, te n g o algo q u e


re c u e rd a la historia, p o rq u e yo ten g o algo q u e la h isto ria n o
n e n e , ese algo q u e es sólo m ío, ese algo q u e h a ce q u e yo sea
P au lo F reire, el ú n ic o sujeto e n el m u n d o q u e soy yo m ism o.
Es esa cosa m isteriosa y lin d a q u e es cad a u n o d e n o so tro s
e n esta sala, es él m ism o y ella m ism a. P u e d e h a b e r u n tipo
p a re cid o a o tro , hasta e n la im p ertin en cia, p e ro siem p re será
o tro . Yo soy yo m ism o. T en g o u n a m ism idad, n a d ie p u e d e ser
yo; yo soy yo.
A h o ra b ien , eso n o basta p a ra ex p licar la historia. La his­
to ria n o está h e c h a de individuos: es h e c h a so cialm en te p o r
tod o s y cad a u n o de nosotros; y la c iu d a d an ía es el m áx im o de
p resen cia crítica en el m u n d o de la h isto ria q u e n a rra. E n to n ­
ces, q u ie ro q u e vean la ciu d ad an ía e x actam en te así. L a ciu d a­
d a n ía n o se red u c e al h e c h o d e ser u n c iu d a d a n o q u e vota.
Eso es d em asiad o p o co, a u n q u e sea fu n d a m e n tal; p o rq u e la
ciu d a d an ía es m u ch o más. El c o n cep to d e “c iu d a d a n ía ” está
casado co n el co n ce p to de “p a rticip ació n ”, d e “in je re n c ia ”
e n los d estin o s históricos y sociales del co n te x to d o n d e nos
en co n tra m o s.
V eam os a h o ra lo sigu ien te: si la c iu d a d a n ía es eso e n u n
se n tid o im ag in ario , ya ven lo lejos q u e estam o s d e s e r ciu ­
d a d a n o s e n este país. La h isto ria d e Brasil, la h is to ria d e la
so c ie d a d b ra sileñ a es lo q u e an aliza N ita. Su lib ro m e gus­
ta m u c h o . Su e stu d io d e l an alfab etism o , d e sd e el p u n to d e
vista h istó rico , es lo m e jo r q u e la lite ra tu ra b ra sile ñ a tie n e
p a ra o fre c e r a ctu a lm e n te. P u e d e ser q u e a lg u ie n n o con-
c u e rd e co n esto o c o n aq u ello , o q u e h a g a críticas, p o rq u e
e lla in te rp r e ta el tem a, p e ro n o escrib ió sólo p a ra m í, es u n a
h isto ria d o ra . Ese es el m otivo p o r el q u e n o es p ro fe so ra d e
h isto ria. El p ro fe so r c u e n ta lo q u e ya c o n tó o tro . Ella va m ás
allá: in te rp re ta la h isto ria a su m a n e ra . Y e stu d ia a fo n d o esa
m a rc a a u to rita ria , te rrib le m e n te a u to rita ria d e la so cied ad
b rasileñ a; es d ecir, n u e stra ex p e rie n c ia . L a e x p e rie n c ia d e
la h isto ria b rasileñ a, d e la so cied ad b ra sile ñ a es esa: la v erti­
calid ad , la im p o sició n .
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 1 0 9

N o sé si u ste d es se a cu e rd a n ; adem ás, lo c u e n to c o n m is re ­


servas h istóricas. P u e d e ser q u e n o haya sido v erd ad y, p reci­
sa m e n te p o r eso, n o q u ie ro acu sar al ex p re sid e n te F igueire-
do. C u a n d o yo estab a ex iliad o e n G in eb ra, alg u ien d e Brasil
m e m a n d ó u n re c o rte d e u n d iario: el p re sid e n te F ig u eired o
h a b ía e m p re n d id o u n a c a m p a ñ a sui g en eris, p o rq u e ya e ra
p re sid e n te a n te s d e q u e a b rie ra n el C olegio E lectoral. Lo h a­
b ía n n o m b ra d o y ya e ra p re sid e n te , p e ro h acía esa p u e sta en
escen a. R e c o rría el país d a n d o discursos y e n el d iario h a b ía n
p u b lica d o u n a d e clara ció n suya: “Voy a h a c e r d e este país u n a
d e m o c ra c ia y al q u e se in te rp o n g a e n el c am in o , p a lo y a la
c árc el”. D espués su p e q u e d e cla ró q u e ja m á s h a b ía d ic h o eso.
P o r eso h ag o la salvedad. R e c u erd o q u e utilicé esa frase suya
e n u n sem in a rio q u e di e n los Estados U n id o s p a ra m o stra r el
ro stro d e l a u to rita rism o b rasileñ o ; es d ecir, el a u to ritarism o
es ta n d e sp ia d a d o , está ta n m etid o e n la g e n te , q u e se p ie n ­
sa q u e la d e m o c ra c ia h a ce lo m ism o, q u e a ctú a d el m ism o
m o d o . D e a rrib a h acia abajo.
P o r ejem p lo : el p a d re y la m a d re d isc u ten co n el hijo p o r
algo. El h ijo q u ie re u n a cosa y los p ad res, n o . Al final, el p a­
d re dice: n o estam os d e a c u e rd o co n tig o y la c o n clu sió n es
esta, n o hay co n co rd ia . L a p ro fu n d id a d d e la significación
d e se r c iu d a d a n o p asa p o r la p a rticip ació n p o p u la r, p o r la
“voz”. C u a n d o d ig o voz m e refie ro a algo d istin to d e lo q u e
estoy h a c ie n d o aq u í. N o se tra ta d e a b rir la b o c a y h a b la r o
recitar. La voz es el d e re c h o a p re g u n ta r, a criticar, a sugerir.
Eso es te n e r voz. T e n e r voz es se r u n a p re se n c ia crítica e n
la h isto ria. T e n e r voz es e star p re se n te , n o ser p re se n te . y
E n las ex p erie n c ia s au to ritaria s, tre m e n d a m e n te au to ri- je­
tarías, el p u e b lo n o está p re se n te . Es re p re se n ta d o . P e ro p ' /
n o re p re se n ta . 'j
T e n g o la im p re sió n d e q u e a h o ra ya n o es difícil es-
ta b le c e r la re la c ió n e n tr e los té rm in o s “alfab e tizació n ”
y “c iu d a d a n ía ”. L a re la c ió n d e estos térm in o s su g iere, H
e n u n a p rim e ra in sta n c ia in clu so u n p o co in g e n u a (y
el p e lig ro es q u e d a r esta n ca d o s a q u í) , q u e la c iu d a d a n ía es
1 1 0 B m a e s tro s in re c e ta s

p ro d u c to d e la alfabetización. Y si p e n sá ra m o s q u e eso es cier­


to sería u n d esastre; es u n d esastre p ro c la m a r esta no-v erd ad
p o rq u e p ro c la m a rla es c o n trib u ir a la d e m o g a g ia b rasileñ a,
n a d a m en o s. Es c o m o si el g o b ie rn o , p o r e jem p lo , lan zara
u n vasto p ro g ra m a d e e d u cació n , d e alfab etizac ió n d e n iñ o s
y ad u lto s, y d ije ra g o lp e á n d o se el p ech o : ta m b ié n les estoy
d a n d o la c iu d a d a n ía . N o es eso. Mi p rim e ra re fle x ió n so b re
el te m a m u e stra q u e , a p esar d e la e n o rm e n e c e sid a d q u e los
e d u c a d o re s y e d u ca d o ra s te n e m o s d e c o n o c e r los resu ltad o s
d e las investigaciones asociadas a la p sico lin g ü ística, p o r sí
solas n o e x p lican la relació n e n tre alfab etizació n y c iu d a d a ­
n ía. L a so cio lin g ü ística se a ce rca u n p o c o m ás al m eo llo del
a su n to . M u ch o m ás, a d e c ir v erd ad . Les d ice a los e d u c a d o ­
res: si u sted es a ú n n o lo d e sc u b rie ro n , yo se los d ig o , p o rq u e
q u e d a e n ev id en cia a través d e la socio lin g ü ística. P o r eso
h a b lé d e la n a tu ra le z a p o lítica d e la e d u c a c ió n co m o totali­
d a d y d e la alfab etizació n co m o u n c a p ítu lo d e la e d u cació n .
La alfab etización e n sí m ism a n o es siq u ie ra el co m ien zo
d e la ciu d a d an ía, p e ro la e x p erien cia c iu d a d a n a re q u ie re
alfab etización . In te n ta re m o s c o m p re n d e r la dialéctica, la
c o n tra d ic c ió n sub y acente a esto. C reo q u e c o m p re n d e re m o s
m e jo r esa c o n trad icc ió n si a n tes c o m p re n d e m o s o tra , igual
a ella, e n tre e d u ca c ió n y escuela. E n tre e d u c a c ió n y cam bio.
C u a n d o decim os, p o r ejem plo: la ed u cació n n o es u n a p a la n ­
ca d e tra n sfo rm ac ió n social; la tran sfo rm ac ió n social es, p q r
se, educativa. O c u a n d o decim os: la fo rtaleza d e la e d u cació n
resid e e n su.dehilida,d. Es decir: esas a firm acio n es dialécticas,
co n trad icto rias, ex p lican esa o tra, q u e es igu al y d e la m ism a
n atu raleza.
L a d e b ilid a d d e la p ráctica educativa es p ro fu n d a m e n te li­
m itad a. P ro fu n d a m e n te lim itada. C u an to m ás rec o n o cem o s
el lím ite al q u e so m etem o s la p ráctica educativa, m ás se fo r­
talece esa p ráctica. E ntonces: si b ien la e d u ca c ió n n o hace
to d o , p o r lo m e n o s h ace algo. Y el e d u c a d o r p o lític o tien e
q u e d e sc u b rir ese “alg o ”. Y ese algo d e p e n d e e n fo rm a d ire cta
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 111

d e la co y u n tu ra h istó rica y social q u e se vive e n u n m o m e n to


d e te rm in a d o .
U n o d e n u e stro s equívocos co m o e d u ca d o re s y ed u c a d o ra s
p o líticos es q u e, d e vez e n cu an d o , casi siem p re, d ejam o s d e
p e n sa r h istó ricam en te; es d ecir, p e n sa r e n p ro ce so , p e n sa r e n
algo q u e n o es p o rq u e n o p u e d e ser, y n o p o rq u e está sien d o .
Voy a u tilizar u n a p a la b ra m uy académ ica: p e n s a r m etafísica-
m e n te . N osotros inm ovilizam os la historia. D ecim os m e d ian ­
te afirm acion es m utables: esto es esto, y se acabó. E n la h isto ­
ria los “estos” so n siem p re “n o estos”, p e ro n o lo e n te n d e m o s.
P o r eso las izq u ierd as brasileñas sab en an alizar lo q u e o c u rrió
p e ro n o lo q u e va a o c u rrir. A lgunos análisis d ic e n q u e los go­
b ie rn o s de Brasil son excelentes, e stu p en d o s. P ero n o sab en
an alizar lo q u e p u e d e o cu rrir.
Si la alfabetización n o es h a c e d o ra d e c iu d a d an ía, la alfa­
betizació n - y so b re to d o cie rta fo rm a d e tra b a ja r la alfabeti­
z a c ió n - p u e d e co n stitu irse e n u n factor, e n u n a esp ecie d e
e m p u jó n n ecesario h acia la ciu d ad an ía. Es n ecesario d e ja r e n
claro q u e el h e c h o d e q u e alg u ien p u e d a le e r h oy lo q u e n o
leía ayer, e n térm in o s d e palabras, n o significa q u e se haya
tra n sfo rm ad o e n c iu d a d an o . Es n ecesario sab er q u e h asta el
h e c h o de p o d e r v o tar (si b ie n en Brasil se p u e d e v o tar sin le e r
las palabras) tie n e q u e ver co n la d im en sió n fo rm al, p e riféri­
ca, d e la c iu d ad an ía. El acto form al d e v o tar p u e d e co m e n ­
zar a señ alar las insatisfacciones d e u n a c iu d a d a n ía castrad a,
co m o o c u rre h o y e n Brasil.
Las eleccio n es q u e acabam os d e ten e r, h a ce p o co m ás
d e u n m es, rev ela ro n esa clase d e insatisfacciones a través
d e los votos an u la d o s y las abstencio n es. Los analistas lo lla­
m a n “m ensajes a los p o lítico s” y alg u n o s h asta se m u e stra n
asustados. E n San P ablo hay algo in te re san te d e ver. Los q u e
asu m iero n c o n sta n te m e n te u n a p osición a n ti E ru n d in a e n
la C ám ara M un icip al d e San Pablo n o se ree lig ie ro n , lo cual
es sin to m ático y m uy in te re san te. T am p o co se re e lig ie ro n los
q u e cam b iaro n d e p a rtid o varias veces. M uchos c o n tin u a ro n
e n la m ism a p ercr o tro s se d ividieron, inclu so p erso n a s b u e ­
1 1 2 E l m a e s tro s in re c e ta s

ñas, g e n te seria, d ejaro n su p artid o p a ra cre a r o tro . A u n q u e


n o ten g am o s datos p a ra afirm arlo categ ó rica m en te, so n sín­
tom as. Yo p re fe riría llam arlos avisos, señales. P a ra m í son se­
ñales d e u n a c iu d ad an ía frustrada.
¿Q ué les dice eso a los diputados? Q u e se r e ú n e n y se au­
m e n ta n los salarios (m ejo r dich o las dietas, p o rq u e los salarios
so n cosa d e em pleados; yo p ercib o u n salario). Son a u m e n ­
tos e x trao rd in a rio s q u e se o tro rg a n a sí m ism os estab lecien ­
d o u n a d ifere n cia ex trao rd in aria, astro n ó m ica, e n tre lo q u e
g a n a n ellos y el salario m ínim o, lo q u e g an a u n a m ae stra en
este estad o. Si m e p e rm iten la falta d e elegancia, d iría q u e el
ch ico q u e trab aja lim p ian d o casas g an a m ás q u e u n m aestro.
Y yo n o soy rico, soy sólo u n ed u cad o r. L a chica q u e co cin a e n
casa g a n a cinco veces más. U n d ía le dije c u án to g a n ab a u n a
m aestra y d esp u és le p re g u n té si q u e rría volver al N o rd este y
c o n c u rsa r co m o m aestra. ¿Y sab en q u é m e resp o n d ió ?
“Dios m e lib re.”
( E ntonces, volviendo a la h isto ria d e los m en sa­
je s, creo lo siguiente. P ara m í so n u n o d e los sín­
tom as m ás positivos de la so ciedad b ra sile ñ a e n el
m o m e n to histórico actual. P ara m í, e n p rim e r lugar,
la c iu d a d a n ía está em p ezan d o a d e scu b rir q u e n o es ciu­
d a d a n a . ¡C aram ba! Eso es maravilloso. El p u e b lo h u m ild e
e m p iez a a decir: eso es m en tira, m e doy c u en ta, estos tipos
m e e n g a ñ a n , m e traicio n an . P o r eso tam b ién los g ra n d e s p a r­
tidos p o p u listas cam bian votos p o r ro p a y calzado. Es q u e las
clases d o m in an te s d e este país d esm o ralizaro n h asta tal ex­
tre m o el d e re c h o al voto q u e, cu an d o p a g an p a ra q u e el p u e ­
blo ven ga a vo tar e n m asa, el p u e b lo n o tie n e o tr a salida. Yo
c re o q u e el p u e b lo se equivoca e n u n a sola cosa: te n d ría q u e
a c e p ta r el d in e ro y votar a o tro , a u n q u e ese o tro tam b ién sea
m alo. S on m o m en to s en q u e la ciu d a d an ía p ro te sta, y p ro tes­
ta p o rq u e se p ercib e n o -ciudadana, p o rq u e sabe q u e n o tie n e
voz, sabe q u e n o tien e presencia.
E n to n ces, a m i e n te n d e r, el p ro ceso d e alfabetización vá­
lid o e n tre n o so tro s es aq u el que, incluso, discute esto c o n el
L a a lfa b e tiz a c ió n d e s d e la p e rs p e c tiv a d e la e d u c a c ió n p o p u la r 1 1 3

alfab etizan d o . Es a q u el q u e n o se satisface so lam en te - y a h o ra


re to m o u n a afirm ació n q u e vengo h a c ie n d o d esd e h ace años
e n este p a ís - c o n la lectura de la palabra, sino q u e tam b ién
se d e d ic a a e stab lecer u n a relació n dialéctica e n tre la lectura
de la palabra y la lectura del mundo, la le c tu ra d e la realid ad .
La p rá ctica de la alfabetización d e b e p a rtir e x actam en te d e
los niveles d e le c tu ra del m u n d o , d e có m o los alfabetizandos
lee n su rea lid ad , p o rq u e to d a le c tu ra d el m u n d o lleva e n su
v ie n tre c ierto sab er. N o hay le c tu ra d el m u n d o q u e n o esté
p re ñ a d a p o r el sab er, p o r cie rto saber.
P e ro es n e ce sario sab er q u é sab er es ese y e n q u é nivel se
sitúa; cu ál es la m ay o r o m e n o r distan cia d e ese sab er co n res­
p e cto a la rig u ro sid a d d e n o a p o rta m o s u n a absolutización de
n u e stro p ro p io sab er, sino más b ie n ap ro x im a m o s al análisis
d e lo real sabido. D eb em o s p a rtir del resp e to p o r el sab er
p o p u la r ex p licita d o e n la le c tu ra q u e el p u e b lo h ace d e su
m u n d o , d e su realid ad . Es p o r eso q u e la alfabetización, al
ser u n p ro ceso d e ap ren d izaje d e lec tu ra d e la p alab ra, p a rte
d e la le c tu ra d e l m u n d o y reg resa a ella. V olver a la lec tu ra
d el m u n d o , y p o r lo ta n to re le e r el m u n d o d esp u és d e h a b e r
leíd o la p alab ra, p u e d e ser u n a a p ro x im ació n m ás rig u ro sa a
la c o m p re n sió n d e la ciu d ad an ía.
E n to n ces, esta alfabetización así vivida, así e n carad a, fu n ­
d a d a e n los hallazgos de la teo ría, in v e n to ra d e m eto do lo g ías,
esta alfab etización se inscrib e co m o u n in stru m e n to lim itado,
h u m ild e , p e ro in d isp en sab le p a ra la o b te n c ió n , la creació n ,
la ap licació n y la p ro d u c c ió n d e la ciu d ad an ía.
M uchas gracias.
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu r a
d e l m u n d o , l e c t u r a d e la p a l a b r a

[ E s t e t e x t o s e p u b l i c ó p o r p r im e r a v e z p o r s u g e r e n c i a d e

M a jid R a h n e m a , a m i g o y a d m i r a d o r d e P a u lo F r e ir e ; la

s e g u n d a f u e p o r g e s t ió n d e M á r io S é r g i o C ó r t e la ( s e c r e t a r io

m u n ic ip a l d e E d u c a c ió n e n e l g o b i e r n o d e L u iz a E r u n d in a d e

S o u z a d e s d e ju n io d e 1 9 9 1 a d i c i e m b r e d e 1 9 9 2 ) . ] 3

3 L a a m is ta d e n tr e P a u lo y M a jid R a h n e m a s e fo r ta le c ió c u a n d o m i

e s p o s o c o la b o r ó e n lo s d e b a te s d e la C o m is ió n in te r n a c io n a l s o b r e e l

D e s a r r o llo d e la E d u c a c ió n , o r g a n iz a d a p o r la U n e s c o y p r e s id id a p o r

E d g a r F a u r e , d e la q u e M a jid - u n o d e s u s s e is m ie m b r o s - p a r t ic ip ó

e n c a lid a d d e e x m in is tr o d e E n s e ñ a n z a S u p e r io r y C ie n c ia s d e Ir á n

(1 9 6 7 -1 9 7 1 ) (flpprendre á étre, P a r is , F a y a rd - U n e s c o , 1 9 7 2 . C o le c ­

c ió n L e M o n d e s a n s F r o n tié r s ) . M a jid R a h n e m a fu e e m b a ja d o r d e Ir á n

e n la O r g a n iz a c ió n d e la s N a c io n e s U n id a s d u r a n t e d o c e s e m a n a s

c o n s e c u tiv a s e n la d é c a d a d e 1 9 7 0 . P o s te r io r m e n te c r e ó e n Ir á n u n

c e n tr o d e e s tu d io s in s p ir a d o e n la s id e a s d e P a u lo F re ir e .

E n 1 9 7 5 s e r e a liz ó e l c é le b r e E n c u e n tr o d e E d u c a c ió n d e A d u lto s e n

P e r s é p o lis , Ir á n , o r g a n iz a d o g r a c ia s a l e s fu e r z o d e la p r in c e s a h e r m a n a

d e l s a h R e z a P a lh e v i, lla m a d o “ J o m a d a In te r n a c io n a l d e A lfa b e tiz a c ió n " .

E l g o b ie r n o m ilita r b r a s ile ñ o ( g e s tió n d e l g e n e r a l E r n e s to G e is e l) p id ió la

e x p u ls ió n d e P a u lo d e l p a ís c o m o persona non grata e n la v ís p e r a d e l

e n c u e n tr o . E l a r g u m e n to d e la “ d ip lo m a c ia b r a s ile ñ a ” , p o r o r d e n d e B r a ­

s ilia , e r a q u e s e t r a ta b a d e “ u n a p e r s o n a p e lig r o s a y e n e m ig o d e B r a s il” .

C o n s te r n a d o , e l s a h c o n v o c ó a s u h e rm a n a y a M a jid R a h n e m a p a r a

d e c id ir q u é h a c e r d a d o q u e h a b ía n in v it a d o a P a u lo p o r s u g e r e n c ia d e l

e x m in is tr o . P o r s u p u e s to q u e e l a m ig o y a d m ir a d o r d e P a u lo , h o m b r e

d e c o n fia n z a d e l s a h , d e fe n d ió a l “ s u b v e r s iv o ” g a r a n tiz a n d o s u s b u e n a s

in te n c io n e s y e x p lic a n d o e l m o tiv o d e l g e s to a u to r ita r io e n t o n o d e

r e p r e s a lia d e l g o b ie r n o d ic ta to r ia l b r a s ile ñ o . L o s e d u c a d o r e s d e M o b r a l

p r e s e n te s e n e l e n c u e n tr o , b a jo la s ó r d e n e s d e s u p r e s id e n te e n a q u e lla

é p o c a , a b a n d o n a r e n e l lu g a r a n te s d e la le c tu r a d e l d is c u r s o d e P a u lo

y d e q u e s e le e n tr e g a r a e l p r e m io M o h a m m a d R e z a P a h le v i. P a u lo

re c o r d a b a c o n d o lo r e l m o m e n to d r a m á tic o e n q u e s u s c o m p a tr io ta s

a b a n d o n a r o n p r e m e d it a d a m e n te la s a la u n o p o r u n o y lo d e ja r o n “ s o lo ” .

L a c o m p r e n s ió n e s tr e c h a y m a lv a d a d e lo s d u e ñ o s d e l p o d e r d e tu m o

n o s o p o r t ó s iq u ie r a p r e s e n c ia r e l h o n r o s o h o m e n a je a la in te lig e n c ia

b ra s ile ñ a . M ie n tr a s P a u lo e r a p r o c la m a d o c o m o u n g r a n e d u c a d o r a
1 1 6 El m a e s tro s in re c e ta s

p a u l o f r e i r e : M árcio, h ace ya u n tie m p o n o s e n ­


c o n tra m o s e n varios d e esos sem in ario s q u e r e ú n e n a e d u ­
c a d o res p o p u la re s y alfab etizad o res p a ra d e b a tir c u estio n es
m eto d o ló g icas y p rin cip io s, p a ra a n alizar la c o n c e p c ió n d e
cad a u n o so b re q u é es y q u é p u e d e lleg ar a se r la e d u ca c ió n
p o p u la r, so b re có m o m o v em o s e n la p rá c tic a d e la e d u ca ­
ció n p o p u la r a lre d e d o r d e los ag en tes d e esa ed u ca c ió n .
E n u n o d e esos sem in ario s le tocó la ta re a d e c o o rd in a r la
sesió n y p la n te ó alg u n o s p ro b lem as, p a ra m í fu n d a m e n ta ­
les, q u e se sitú an e n la ó rb ita d e sus p re o c u p a c io n e s e n el
c am p o d e la cien cia - q u e es tu c u rio sid ad e n el se n tid o epis­
te m o ló g ic o - y d e la e tn o cien cia. R e c u e rd o q u e discu­
tim os, a la luz d e sus reflex io n es so b re la e tn o c ie n c ia ,
lo q u e d esd e h ace u n tie m p o h e d a d o e n d e n o m in a r
“le c tu ra del m u n d o ”.
S iem p re q u e an alizo el te m a d e la a lfab e tiz a c ió n
a firm o q u e es im p o sib le p e n s a r la le c tu ra d e la p a la b ra
sin r e c o n o c e r q u e va p re c e d id a p o r la le c tu ra d e l m u n ­
d o . D e allí q u e la alfab e tiz ac ió n , e n ta n to a p re n d iz a je d e
la le c tu ra e scrita, d e la p a la b ra , im p liq u e u n a r e le c tu r a d el
m u n d o . P o r eso es n e c e sa rio p rim e ro c o n sta ta r alg o obvio:
q u e el a n im a l h u m a n o , m u c h o a n te s d e d ib u ja r y h a c e r la
p a la b ra e sc rita, h ab ló ; dijo la p a la b ra y, m u c h o tie m p o a n ­
tes d e e sc rib ir, “leyó” su m u n d o , “ley ó ” su re a lid a d . T al vez
p o d a m o s so ste n e r q u e , m u c h o a n te s d e e sc rib ir la p a la b ra ,
el h u m a n o “esc rib ió ” el m u n d o ; o sea, tra n sfo rm ó el m u n ­
d o so b re el cu al h a b ló p a ra d e sp u é s e sc rib ir lo h a b la d o . D e
m a n e ra tal q u e p a ra m í el p ro c e so d e a lfa b e tiz ac ió n d e b e
c o m p r e n d e r y c o n sta ta r este h e c h o h istó ric o y social, y m e ­
to d o ló g ic a m e n te d e b e in c lu ir la p ro v o c a ció n d e l e d u c a d o r

n iv e l m u n d ia l, la d ic ta d u r a p re fe r ía in s is tir e n e l a r g u m e n to d e q u e e ra

“ c o m u n is ta e ig n o r a n te ” ; a s í lo c a lif ic a r o n d e s p u é s d e l g o lp e d e m a r z o

d e 1 9 6 4 . E l títu lo d e e s te d iá lo g o e s ta m b ié n e l d e u n lib r o d e P a u lo

F re ir e y D o n a ld o M a e e d o . [A M A F ]
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b ra 1 1 7

o la e d u c a d o ra a los e d u c a n d o s y e d u c a n d a s e n el s e n tid o
d e e je rc ita r la o ra lid a d d e m a n e ra sistem ática. E sa o ra li­
d a d , a d e m á s, e stá p re s a n e c e s a ria m e n te e n lo q u e llam o
“le c tu r a d e l m u n d o ”; la le c tu ra d e l m u n d o es el o rig e n d e
la in v e n c ió n d e la e s c ritu ra d e la p a la b ra , p u e sto q u e fu e
la le c tu r a d e l m u n d o la q u e c o n d u jo al a n im a l h u m a n o a
re g is tra r m e d ia n te sig n o s los so n id o s c o n q u e ya “d e c ía ” el
m u n d o . E n to n c e s, la a lfa b e tiz a c ió n im p lic a re c o n o c e r el
p u n to d e p a r tid a d e la le c tu ra d e l m u n d o , im p lica p e n s a r
e n q u é niveles se p re s e n ta la le c tu r a d e l m u n d o o cu áles
so n los niveles d e s a b e r q u e la le c tu ra d e l m u n d o revela,
y a p a r tir d e l a p re n d iz a je d e la e s c ritu ra y d e la le c tu ra d e
la p a la b ra q u e se e sc rib ió volver, c o n u n c o n o c im ie n to a u ­
m e n ta d o , a r e le e r e l m u n d o . In c lu so d iría : le e r la le c tu ra
a n te r io r d e l m u n d o . Y r e c u e r d o q u e e n a q u e l e n c u e n tr o ,
a h o r a u n p o c o a le ja d o d e este m o m e n to e n q u e n o s e n c o n ­
tra m o s , d isc u tim o s esto.
V am os a re to m a r e n to n c es la cu estió n d e la le c tu ra del
m u n d o , de la le c tu ra d e la p alab ra, q u e n e cesariam en te está
v in cu lad a c o n d ife re n te s niveles d e saber-el-m undo im plícitos
en su lectu ra, y p o r lo ta n to tie n e q u e ver c o n có m o n o s posi-
cio n am o s fre n te a los dos polos: el d el sab er in g e n u o y el del
sab er riguroso.
Es co m o si n o so tro s, u ste d - e s e físico cu rio so q u e
p o rta u n a in g e n u id a d necesaria, sie m p re n iñ o p o r
eso m ism o - y yo - u n p e d ag o g o bastan te m ás viejo
y p o r lo ta n to c o n u n estilo y u n tiem p o d e lectu ­
ra d el m u n d o a n te rio r al suyo p o r varios a ñ o s-, revisáram os
a h o ra n u estras fo rm as individuales y co n ju n tas d e p e n sa r la
d in ám ica d e estos d o s p olos d el saber.
Es in te re s a n te o b se rv a r esa lu c h a q u e c a d a u n o d e n o ­
so tro s e n f r e n ta e n tr e el s a b e r in g e n u o y u n a rig u ro s id a d
m ás lím p id a , s in m e te rs e c o n la id e o lo g ía p o rq u e s ie m p re
h a b r á u n a e sp e c ie d e s o m b ra id e o ló g ic a e n la rig u ro s id a d
p ro p ia m e n te d ic h a c o n q u e d ev elam o s la p r o p ia id e o lo g ía .
Mi p rá c tic a h a sid o esta: la p rá c tic a d e p e n s a r rig u ro s a m e n ­
1 1 8 E l m a e s tro s in re c e ta s

te la p rá c tic a , q u e es u n a p rá c tic a te ó ric a . P e ro so b re to d o


soy u n e d u c a d o r q u e b u sca niveles d ife re n te s d e rig o r,
ig u a l q u e u ste d . Es c o m o si, c o m p re n d ie n d o la im p o rta n ­
cia in d is c u tib le d e la e sc ritu ra y la le c tu ra d e l m u n d o p a ra
las m u je re s y los h o m b re s d e e ste fin d e sig lo y c o m ie n z o d e
siglo y d e m ile n io , d ia lo g á ra m o s esta m a ñ a n a p a ra h a c e r
u n a c o n trib u c ió n m ín im a al d esafío d e a lc a n z a r u n a co m ­
p re n s ió n m ás c rític a d e l sig n ificad o d e l “A ñ o In te rn a c io n a l
d e la A lfa b e tiza c ió n ”, q u e ya se está tra n s fo rm a n d o e n d é ­
c a d a y d e l c u al es re sp o n sa b le la U n esco p o r d e le g a c ió n d e
las N a c io n e s U n id as.
C om o es posible q u e esta conversación se tra n sfo rm e e n u n
tex to p a ra ser p u b licad o e n alg u n a revista, m e g u staría d e ja r
e n claro a los eventuales lectores q u e, m ás allá d el h o m e n a ­
j e al A ño In te rn a c io n a l d e la A lfabetización, p ro b a b le m e n te
n o a p o rtarem o s n in g u n a c o n trib u ció n in é d ita so b re p u n to s
q u e n o hayan sido pensados. N o vam os a in v en ta r n a d a n uevo
aq u í. Vam os a red e scu b rir e in d icarle al lecto r, e n la o ra lid a d
d e la conversación, algunos tem as in teresan tes p a ra la cons­
tru c ció n d el co n o cim ien to .
E n to n c e s p ro p o n g o q u e e m p e ce m o s a c o n v e rsa r y a n a li­
cem o s c ó m o vem os esa le c tu ra d e l m u n d o y c ó m o p o d r ía ­
m o s -a p r o v e c h a n d o el h e c h o d e q u e ex iste, p re c is a m e n ­
te p o r q u e e x p re sa la n e c e sid a d d e , e sta n d o e n el m u n d o ,
e s ta r c o n él p o r p a rte d e seres q u e h a ce m u c h o tie m p o
c o m e n z a ro n a h a c e rse h u m a n o s - a n aliz a r a lg u n a s d e estas
im p lic a c io n e s, in c lu so e n fu n c ió n d e sus p re o c u p a c io n e s
e n el á re a .

m á rc io d ’o l n e E sta es u n a o p o r tu n id a d in m e ­
cam po s:
jo r a b le p a ra rev isar n u e stra s co n v ersa cio n es a n te rio re s y
e m p e z a r a sistem atiz ar los tem as d e d e b a te e n n u e s tro s e n ­
c u e n tro s . U sted sab e q u e d e sd e h a ce tie m p o m e p re o c u p a
la re la c ió n e n tr e los c o n o c im ie n to s p o p u la r, trib a l y c ie n ­
tífico . A p ro v e c h a n d o q u e m e n c io n ó la r e le c tu r a d e lo q u e
ya se leyó e n el m u n d o , re c o rd e m o s el caso d e las p o b la c io ­
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b ra 1 1 9

n e s nativas q u e m e h a n llev ad o a r e p e n s a r d rá s tic a m e n te


m i c o n d ic ió n d e e d u c a d o r. E n su c o n ta c to ín tim o c o n el
a m b ie n te / m u n d o , la falta d e e s c ritu ra c o n v e n c io n a l p a ra
re g is tra r la le c tu ra n o im p id e q u e los n ativ os c re e n o tras
in stan cias d e re g istro p a ra in s tru m e n ta r la r e p r o d u c c ió n
d e l sab er. E jem p lo s d e estas in stan c ia s d e re g istro so n los
o rn a m e n to s , los ritu a les, los m ito s y el e je rc ic io in te n s o d e
la o ra lid a d .
E sta relac ió n ín tim a c o n el a m b ie n te / m u n d o es la le c tu ­
ra q u e a n te c e d e y p e rm ite la c re a ció n d e signos y sím b o lo s
d e los q u e se im p re g n a n las instan cias d e reg istro p a ra p e r ­
m itir las relec tu ra s. R electu ras c o n tex tu aliza d as p o r signos
p ro d u c id o s en la le c tu ra p rim e ra d el a m b ie n te / m u n d o y
n o p o r signos y sím b o lo s típ ico s d e los lib ro s p a ra e n se ñ a r
a leer.
Esto n o s b rin d a u n a e n se ñ a n z a s u m a m e n te im p o rta n te .
E n g e n era l, e n n u e stra so cied a d los n iñ o s son so m etid o s a
u n p ro c e so p avoroso d e im p o sició n d e signos a p rio ri, sin
q u e se establezca n in g u n a re la c ió n e n tr e esos signos y lo
q u e los n iñ o s viv encian ley en d o el m u n d o y r e p r e s e n tá n d o ­
lo p a ra sí e n sím b o lo s asociados a esa le c tu ra a n te rio r d e la
p a la b ra escrita.
E n su lectu ra a n te rio r, el m u n d o es leíd o a p a rtir d e ev id en ­
cias em píricas y d e indicios; indicios q u e n o so n observados
d ire ctam e n te sino co n stru id o s d e fo rm a individual co m o “d a­
tos” d e u n a vivencia p erso n al. C o n eso está c re a n d o u n c o n o ­
cim ien to asociado a su p ro p ia sim bología. P ero , e n el p ro ceso
educativo, el e d u c a d o r n o siem p re to m a co n cien cia d e q u e
ex isten o tro s sím bolos -lo s d e cad a n iñ o , p o r e je m p lo - a d e ­
m ás d e los q u e él q u ie re im p o n er. Este p u n to es in te re san te
p a ra p e n sa r las sociedades nativas, d o n d e estos sím bolos n o
están p resen tes en u n a escritu ra d e signos co m o la d e n u e stra
sociedad. V am os a e n co n tra rlo s, e n cam bio, e n la e sc ritu ra
d el ritual y del m ito, co m o asim ism o e n la escritu ra d e form as
m im éticas asociadas a la relació n H o m b re / N atu raleza d e
esa pob lació n .
1 2 0 B m a e s tro s in re c e ta s

N u estra in te rfere n c ia muy b ien p u e d e h a c e r q u e to d o eso


se p ierd a. A dem ás, n u estra trad ició n m u ch as veces n os lleva
a ace p ta r indicios y evidencias em píricas ya listas y em b u tid as
en n u e stro co n te x to en form a d e rep rese n tacio n es sim bóli­
cas q u e, llegadas desde afuera, n o h a n sido rep en sad a s e n el
co n tex to local. E ntonces, con esa lec tu ra a n te rio r del m u n ­
do se relacio n an los signos y sím bolos d e la in teracció n local
d el estar-en-el-m undo, d e esa p resencia e n el m u n d o q u e va
co n stru y én d o se com o com unicación e histo ricid ad . El p ro c e ­
so educativo d eb e calcarse en esa presencia, la alfabetización
d eb e o c u rrrir e n esa presencia y p o r causa d e ella. El n iñ o n o
d eb e estar co n fin a d o d e n tro de u n a cam p an a d e cristal hasta
q u e a p re n d a a le e r y escribir los signos im puestos, e sp e ran d o
a recién después p o d e r lee r el m u n d o . ¿Q ué d esp u és sería ese
si la situación h istórica del n iñ o ya co n tien e u n an tes q u e fue
m en o sp reciad o ?
Es e n este co n tex to q u e asocio sus ideas, Paulo, a re p e n sa r
la ed u cació n e n las ciencias n o sólo n a tu rales sino tam b ié n
sociales, am bas p erm ead as p o r el c o n cep to d e “c u ltu ra ” p a ra
n o tra icio n ar n u estro estar-en-el-m undo.

p f : P o r eso insisto tan to en la necesid ad d e q u e los e d u c a d o ­

res y las ed u cad o ras siem pre resp eten los niveles d e co n o ci­
m ien to q u e los n iños tra e n a la escuela y q u e te rm in a n p o r
m arcar, p o r ex p resar lo q u e p o d ríam o s d e n o m in a r id e n ti­
d a d c u ltu ral d e los niños q u e llegan a la escuela, y q u e
n ecesariam en te pasa p o r el rec o rte d e la clase social.
N o hay razones p a ra n o h ab lar aq u í d e los n iñ o s ya q u e
el A ño In tern acio n al d e A lfabetización n o p o d ría, bajo
n in g ú n co n cep to , d ejar de lado la p re o c u p ac ió n p o r los
m illones d e niñas y n iños que e n el m u n d o hoy n o tie­
n e n posib ilidad d e a p re n d e r a leer y escribir y q u e se su m arán
a los m illones d e jóv en es y adultos analfabetos.
A mi e n te n d e r, el resp eto a esa id e n tid a d cu ltu ral d e los
n iñ o s q u e, co m o dije, tien e u n reco rte d e clase es co n d ició n
fu n d a m e n tal p a ra q u e el ed u cad o r trab aje co n eficacia - e n
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu r a d e l m u n d o , le c tu r a d e la p a la b ra 1 2 1

el m ejo r se n tid o d e la p a la b ra - e n el universo infan til. Y el


re sp e to p o r esa id e n tid a d , sin el cual el esfuerzo del e d u ca ­
d o r flaq u ea, tie n e q u e v er co n la lec tu ra q u e h ace el
n iñ o d el m u n d o y c o n la cual llega a la escuela. Es
u n a le c tu ra q u e a p re n d e a h a c e r en la conviven­
cia d e su casa, e n la convivencia co n los vecinos, en
el b a rrio , e n la ciu d ad , y q u e o ste n ta la fu e rte m arca d el
re c o rte d e su clase social. C o n esa le c tu ra lleg a a la escuela,
q u e casi siem p re d esp rec ia ese sab er a n te rio r. E n esa le c tu ra
el n iñ o tra e su len g u aje, su sintaxis, su sem ántica. Al fin d e
cuentas: el n iñ o h ab la. T ien e eso q u e los lingüistas llam an
c o m p e te n cia lin güística.
P ero , M árcio, es in c re íb le v er có m o , e n lín eas g en erale s
-ja m á s d iría q u e to d as lo h a c e n -, existe e n las escuelas u n
d e sp recio b u ro c rá tic o h acia to d o lo q u e o c u rrió an tes d e la
escu ela y q u e c o n tin u a rá o c u rrie n d o a p e sar d e la escuela.
Q u iero d ecir: es c o m o si la escuela d e b ie ra asu m ir p o r d e cre ­
to divino la ta re a d e b o rra r d e la m em o ria y d el cuerpo conscien­
te d e los n iñ o s ese len g u aje, q u e e n el fo n d o es u n c o m p o rta ­
m ien to , q u e e n el fo n d o es u n sen tim ie n to y u n a p e rc ep c ió n
d el m u n d o c o n q u e el n iñ o llega a ella.

m d o c : P e rm ítam e c o n tin u a r el tem a de la id e n tid a d cu ltu ral.


Esa lec tu ra q u e la escu ela d esp recia p o r c o m p le to carg a la
im ag en d e u n p ro ceso e n el cual el n iñ o - q u e e n sus p ri­
m ero s añ o s d e vida está m uy a u to c e n tra d o e n sus re fe re n ­
te s - co m ien za, p o r su p ro p ia le c tu ra del m u n d o , a co m p a ­
ra r y co m p ararse y, d ife re n ciá n d o se , to m a c o n cien cia d e las
d iferencias. Es u n p ro ceso d e co n stru cció n d e id e n tid a d , d e
d e sc e n tram ie n to , d e socialización a p a rtir d e sus p ro p ias lec­
turas. M uchas veces lo q u e h ace la escuela es ap elar a pala­
bras bellas, a jerg as, co m o p o r ejem p lo la d e la au to n o m ía ,
p a ra d e stru ir ese p ro c e so rec o n stru y e n d o la id e n tid a d q u e el
d o c e n te im p o n e d e n tr o d el aula. O sea, n o se resp e ta la dia­
léctica d e l n iñ o e n el re c o n o c im ie n to y la co n stru cció n d e sus
referen cias d e tiem p o y espacio y, p o r lo tan to , d e su situación
122 □ m a e s tro s in re c e ta s

histórica. Es sólo resp ecto d e esa dialéctica q u e el n iñ o p o co


a p o co se rec o n o ce a sí m ism o d ife re n te e n la co n stru cció n
d e su id en tid a d .
E n g en eral, la escuela in te rru m p e y h asta d estruye au to ­
rita ria m e n te ese p ro ceso , im p o n ie n d o u n p a tró n id e n titario
d ictad o p o r u n a n o rm a culta cuya id eo lo g ía n o p e rm ite co n o ­
c e r la lec tu ra a n te rio r d el n iñ o ni tam p o co d ialo g ar co n ella.

p f: U sted a b o rd ó u n tem a q u e m e lleva a re to m a r lo q u e


e sta b a d ic ie n d o an tes. Me refiero a lo n eg ativ o q u e es este
d e sp re c io p o r el b ag aje de la vida, p o r el b ag aje existen cial
q u e el n iñ o tra e a la escuela. Bagaje q u e incluye sab e r co n ­
tar, q u e incluye las técnicas y las artim añ a s q u e los n iñ o s y
los g ru p o s sociales n o privilegiados u tiliz an p a ra d e fe n d e rse
d e la ag re sió n d e los d o m in an te s. P o r e jem p lo , la escuela
sopesa, evalúa. Y n o so tro s n o estam os e n c o n tr a d e la evalua­
ció n , p e ro n o s o p o n e m o s a q u e la escu ela se lim ite a evaluar
lo q u e o c u rrió e n su tiem p o - e n el tie m p o d e la e sc u e la - y
q u e d e c re te q u e n o h u b o n a d a a n tes d e la e scu ela y q u e n o
h a b rá n a d a fu e ra d e ella d u ra n te la v ig en cia d e su tiem p o .
Es ra ro q u e se evalúe a u n n iñ o p o r el sab e r c o n q u e llega
a la escuela. Y ja m á s se to m a e n c u e n ta la re la c ió n e n tre lo
q u e ese n iñ o está a p re n d ie n d o e n la escu ela y lo q u e está
a p re n d ie n d o e n el m u n d o .

m doc: M u n d o q u e el n iñ o está leyendo.

p f : M u n d o q u e sie m p re está ley en d o . P o r lo ta n to esa falta

d e re sp e to revela in c o m p e te n c ia ta m b ié n e n el p la n o c ie n tí­
fico, p o rq u e n o sólo se tra ta d e u n a o p c ió n p o lítica. Lo q u e
yo h ag o co n ese “sa b e r h e c h o d e e x p e rie n c ia ” q u e el n iñ o
tra e a la escuela, y có m o lo h ag o o d e jo d e h a c e rlo , es u n a
c u estió n político-id eo lóg ica. N e g a r ese sa b e r es sin ó n im o
d e in c o m p e te n c ia cien tífica, ad em ás d e u n a m a n ifestació n
re a c cio n a ria .
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b r a 1 2 3

m doc: Es u n a in c a p a c id a d d e u tiliz a r u n a m e to d o lo g ía e n e l
h a c e r - e n e l a c to - p a ra , e s ta n d o e n el m u n d o , c o n s tru ir u n a
m e to d o l o g í a c o n s e c u e n t e e n l a d in á m i c a d e l a v iv e n c ia .

p f: P o r eso esta falta d e re s p e to h a cia el n iñ o y h a c ia su


id e n tid a d , esta fa lta d e re s p e to h a cia el m u n d o y h a c ia el
m u n d o d o n d e el n iñ o se está h a c ie n d o p o r el solo h e c h o
d e e sta r c o n los pies e n él, rev ela in d is c u tib le m e n te u n a
id e o lo g ía elitista y a u to rita ria p o r p a rte d e la escu ela. Es
d ecir: la escu ela es elitista, e n tr e o tras cosas p o rq u e sólo
a c e p ta c o m o válido e l sab e r ya c o n stru id o , el sa b e r p seu d o -
c o n c lu id o . E ste es u n e r r o r c ie n tífico y ta m b ié n e p iste m o ló ­
gico. N o existe n in g ú n sab e r c o n c lu id o y c o m p le to . El sa b e r
tie n e h isto ric id a d p o rq u e se co n stru y e d u r a n te la h isto ria , y
n o a n te s o p o r fu e ra d e la h isto ria. E n to n c e s, el s a b e r n u ev o
n a c e d e la vejez d e u n sab e r q u e a n te s fue n u ev o . Y n a c e co n
la h u m ild a d - q u e m u c h a s veces les falta a los c ie n tífic o s - de
q u ie n e sp e ra u n d ía e n v eje c e r y d e s a p a re c e r p a ra q u e o tro
s a b e r lo sustituya.

m doc: Ese p ro ceso h istó rico q u e u ste d d escrib e c aracteri­


za la p resen cia p o p u la r y saca a la luz los p ecad o s d e l sab er
institu id o .

p f : E xacto. E n to n ces, hay o tra cosa in te re sa n te a v erificar en


esta id eo lo g ía elitista y a u to rita ria q u e se refleja e n la id ea
q u e la escuela tien e d e sí m ism a. R ep ito q u e hay ex cep cio n es,
m uchísim as ex cep cio n es a esta regla. P e ro la escu ela em p ieza
a verse a sí m ism a co m o u n a esp ecie d e tem p lo d o n d e se cul­
tiva u n sab er casto cuya ex celen cia d e b e ser d e fe n d id a d e las
im p u rezas d e la c u ltu ra p o p u la r, d e la c o rru p te la d e l len g u aje
d e las clases p o p u lares, d e los e rro re s d e sintaxis, d e o rto g ra ­
fía y d e p rosodia.
Eso n o significa q u e u sted y yo estem os d e fe n d ie n d o la p re ­
servación o seam os adalides del id eal d e p reserv ar y m a n te n e r
a los ed u can d o s en. el m ism o nivel d e co n o c im ien to e n q u e
1 2 4 El m a e s tr o s in re c e ta s

se e n c u e n tra n . Al con trario : n o so tros q u ere m o s q u e el e d u ­


c an d o crezca, q u e avance en el pro ceso d e sab er m ejo r lo q u e
ya sabe p a ra a p re n d e r incluso a crear, a p ro d u c ir u n co n oci­
m ie n to q u e todavía n o existe.

md o c : La dificu ltad radica e n h a c e r q u e el e d u c a d o r n o p ie n ­


se, q u e ese p ro g reso e n el co n o cim ien to sea u n a p ro g resió n
e n el sen tid o d e la jera rq u izació n q u e existe h oy d e l co n oci­
m ien to . C om o si, u n a vez establecida u n a n o rm a cu lta p a ra
la escuela, el ú n ic o cam ino posible p a ra el e d u c a d o r fu e ra
lleg ar a u n a n o rm a más culta. Sólo q u e el c riterio d e esas
n o rm as es ideológico. Q u erem o s q u e el e d u c a d o r p ro g rese
re c o n o c ie n d o otros conocim ientos. R e co n o c ien d o los co n o ­
cim ien to s d e las clases pop u lares, d e las m in o rías étnicas y
dem ás. P o rq u e es la ú n ica m a n e ra d e q u e el e d u c a d o r trab aje
c o n los co n cep to s elaborados e n el co n tex to d e la vivencia.
U sted dijo q u e n o po d em o s caracterizar u n a ed u ca ció n
. . sin erro res. De la m ism a m a n e ra q u e es difícil caracte-
"» rizar el acierto e n lo ed u cacio n al, p o r lo g e n eral tam ­
p o co p u e d e caracterizarse el e rro r. Y así llegam os a u n
tem a q u e hem o s d eb atid o e n n u m ero sas ocasiones: el
e rr o r e n el p ro ceso pedagógico. R eco rd em o s a B ach elard ,
q u ie n su g iere u n a v erd ad era “p ed ag o g ía del e rr o r ” e n la qu e
el e rr o r d e b e ser reco n sid erad o n o co m o reflejo d e l esp íritu
can sad o sino, la m ayoría de las veces, co m o u n o b stácu lo epis­
tem ológico: u n obstáculo al acto d e c o n o c e r y u n desafío d e
la rea lid ad a e n fren tarlo .
C reo in te re s a n te in c lu ir d e n tr o d e este c o n c e p to o tro
q u e u s te d p ro p u so en con versacio n es a n te rio re s. H ab lo
d e l o b stácu lo id eo ló g ico q u e im p id e p ro s e g u ir p o r el ca­
m in o d el re c o n o c im ie n to o la c o n stru c c ió n d e o tro s c o n o ­
cim ien to s. Ese o b stácu lo ideo ló g ico lleva a p e n s a r q u e las
clases p o p u la re s se im p o n e n a las m in o rías v c o n d u c e a la
estig m atizació n d e la id ea d e e rro r; y asim ism o d e fin e los
co n te x to s locales y los tiem pos d el e rr o r e n esas clases p a ra
q u e n o so tro s, las clases d o m in an te s, n o s d ife re n cie m o s d e
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu r a d e la p a la b ra 1 2 5

ellas a p o y á n d o n o s e n u n c rite rio p u ra m e n te id eo ló g ico y de


d o m in a c ió n , e n u n c rite rio b asad o e n la ex clu siv id ad d e la
n o rm a cu lta.

pf : Exacto. C reo q u e lo q u e acab a d e d e c ir tie n e m u ch ísim a


im p o rtan c ia. H a b ría q u e d em o cratizar la id e a d el e rr o r se­
g ú n B ach elard . Q u ie ro d e c ir q u e es n ecesario q u e la in m e n ­
sa m ay o ría d e los ed u c a d o re s em p iece a e n te n d e r d e ese
m o d o el e rro r, y co m ien ce a e n te n d e rlo c ad a vez m ás co m o
u n o b stácu lo ep istem o ló g ico y a c o m p re n d e r la fuerza d e la
id e o lo g ía q u e casi sie m p re subyace al o b stácu lo ep istem o ló ­
gico. D e esto resu lta ría q u e , e n vez de ser ó b ice al p ro ceso
d e co n o c er, el e r r o r se co n stitu iría e n u n m o m e n to d e ese
p ro ceso . E rra r es u n m o m e n to im p o rta n te , u n m o m e n to fu n ­
d a m e n ta l d el p ro c e so d e c o n o cer. Es necesario e n to n c es q u e
el e d u c a n d o p ercib a, a través d el testim o n io d el discurso de
los ed u cad o res, d e la p rá ctica d e los ed u cad o res, q u e e rra r
n o es u n a d eficien cia grave q u e revela in c o m p e ten c ia sino u n
m o m e n to p o sib le e n el c am in o d e la cu rio sid ad . C om o si en
lu g a r d e d o b la r e n la e sq u in a h acia la izq u ierd a p a ra e n c o n ­
tra r u n o b jeto, d o b la ra h a cia la d e re c h a ...
P o r lo tan to , c u a n d o n u e stra co m p re n sió n del e rr o r cam ­
bia, e n p rim e r lu g a r n e ce sariam en te m e jo ra el p ro ce so de
b ú sq u e d a d e c o n o c im ie n to p o r p a rte del n iñ o , y e n seg u n d o
lu g a r p e rm ite q u e la e d u c a d o ra a d o p te u n a p o stu ra m ás h u ­
m ilde. E n te rc e r lu g a r h a ce q u e dism inuya la carga d e a u to ri­
tarism o de la e d u c a d o ra . P o rq u e , d esd e el p u n to d e vista del
a u to ritarism o , c u á n to m ás se equivocan los n iñ o s m ás se los
p u e d e castigar.

m d o c : E n el sen tid o an tig u o .

pf : E n el sen tid o a n tig u o . C astigarlos ya sea m a n d á n d o le s es­


crib ir trescien tas veces q u e n u n c a m ás c o m e te rá n ese error o
p o n ié n d o lo s e n p e n ite n c ia , ex p ulsán d o lo s d e l au la o lo q u e
sea. Allí la co m p re n sió n d e l e rro r so b rep asa el nivel d e l e rro r
1 2 6 B m a e s tr o s in re c e ta s

in telectu al y lo d efin e d esd e la persp ectiv a d el c o m p o rta ­


m ie n to ético d e la n iñ a y del n iñ o , q u e tam b ién es cu ltu ral
y d e clase. C reo im p o rtan te discutir, a u n q u e sea a vuelo d e
p ájaro , esta p ro b lem ática de l e rro r co m o e le m e n to casi n e ce ­
sario - n o d ig o necesario e n el sen tid o d e q u e cad a u n o d e b a
fa b ricar su p ro p io erro r, sino en el sen tid o de q u e el e rr o r fo r­
m e p a rte del p ro c e so - del en ca m in a m ie n to , de l trayecto d e la
cu rio sid ad . L a cu rio sid ad n o es algo estático. La c u rio sid ad se
ejercita “c a m in a n d o ”. P u ed o estar p a ra d o a q u í d u ra n te tres
h o ras sin m o verm e, p e ro la cu rio sid ad m e d e ja rá la m e n te
ex h au sta. N o hay p o sibilidad alg u n a d e q u e la cu rio sid ad se
sitúe, se posicione, se a cerq u e o re tro c e d a fre n te al o b jeto
q u e p ro c u ra a p re h e n d e r sin c o rre r el riesgo p ro v ech oso de
equivocarse o e rrar. Lo q u e n o so tros d e b em o s h a c e r e n la
p ráctica p ed ag ó g ica es m o stra r q u e, si la cu rio sid ad se eq u i­
voca o yerra, n o d e b e ser castigada p o r eso. P ero tam p o co
d e b e “a b la n d arse ” y d e ja r d e cam in ar. E n síntesis, ¿qué es lo
q u e vuelve a u to ritaria a esa práctica, a esa ideología? El h e c h o
d e q u e castiga y asusta al n iñ o co n relac ió n al e rro r. El e rro r
se tra n sfo rm a así e n u n a categ o ría terrib le , u n a especie d e
p eca d o im p e rd o n a b le .
Sin esa especie d e sín d ro m e d el e rro r, sino c o n sid e ra n d o
los e rro re s co m o obstáculos a e n fre n ta r e n la c o n stru cc ió n de
u n sab er rig u ro so , el sab er c o m ú n d o n d e navegan los e d u c a n ­
dos d e b e convivir, d e b e p a rticip ar d el diálogo, d e la dialogi-
cid ad n ecesaria e n tre los e d u can d o s y el e d u c a d o r. E n to n ces,
e n d e te rm in a d o co n tex to d e discurso, el universo lexical trae
ap are ja d a la posib ilidad d e u n tem a g e n e ra d o r q u e ex p licite
u n d e te rm in a d o m o m en to histórico, social y c u ltu ra l d e la
co m p re n sió n del m u n d o . N o es posible lleg ar a lo q u e el e d u ­
c a d o r c o n sid era m ás rig u ro so y m e n o s e rra d o si n o se p a rte
d e aq u ello q u e d e n o m in o el “a q u í y a h o ra ” d e los ed u can d o s.
Inclu so ap ro v ech aré la o p o rtu n id a d p a ra d ecir, so b re to d o ,
a q u í y a h o ra , d e c u e rp o p re se n te, lo siguiente: si existe algo
llam ad o rig u ro sid a d es p o rq u e tam b ié n existe su o p u esto .
P ero el o p u esto d e la rig u ro sidad es p re c isa m e n te su p u n to
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu r a d e la p a la b ra 1 2 7

d e p artid a . Lo q u e equivale a d ecir q u e to d a rig u ro sid ad , e n


p rim e r lu g ar, convive co n la in g e n u id a d . T o d a rig u ro sid a d
tien e m o m en to s d e in g e n u id a d e n su c u e rp o . A dem ás, la ri­
g u ro sid ad p u ra n o existe. L a rig u ro sid ad convive co n la in g e­
n u id a d e incluso es atravesada p o r ella. Q u ie ro d e c ir q u e n o
es posible q u e , ig n o ra n d o lo q u e llam am os sab id u ría p o p u ­
lar, esb o cem o s u n a sonrisa b u rlo n a y p re te n d a m o s alcan zar
d e golpe y p o rra z o y sin p asar p o r la in g e n u id a d la explica­
ció n más rig u ro sa del m u n d o .
A h o ra b ie n , n o so tro s p ro p u g n a m o s q u e esta p e d ag o g ía,
q u e exigim os sea rig u ro sa, n o d esp recie la in g e n u id a d , n o
p o n g a e n tre p a rén te sis las em o cio n es y los se n tim ien to s y esté
a b so lu ta m e n te co n v en cid a d e q u e, p a ra alcan zar la rig u ro si­
d ad , la in g e n u id a d es el cam in o y el p u n to d e p a rtid a .
P ero ten g o la im p resió n , M árcio, d e q u e e n su trab ajo , ta n ­
to d e n tro co m o fu e ra d e la universidad, e n sus a n d an zas p o r
el in m en so te rrito rio d e Brasil, h a h e c h o p ro p u e sta s sum a­
m e n te e n riq u e c e d o ra s q u e d a n m ás y m e jo r sen tid o a cier­
tos co n cep to s e in stru m en to s d e trab ajo q u e d esarro llé e n
el cam p o de la tem ática g e n e ra d o ra y so b re los q u e tal vez
p o d ría explayarse e n esta conversación, e n esta esp ecie d e
h o m e n a je q u e n os h acem o s cele b ra n d o el A ñ o In te rn a c io n a l
d e la A lfabetización.

md o c : P a rtie n d o d e su a firm ació n d e q u e p a ra a lc a n z a r la


rig u ro sid a d es n e ce saria la in g e n u id a d m e re fe riré a m is a n ­
dan zas p o r B rasil y esp e c ia lm e n te al sig n ificad o d e l tra b ajo
e n e tn o c ie n c ia . Esa á re a d e l c o n o c im ie n to a ca d é m ico es, e n
el fo n d o , u n a e tn o g ra fía d e l c o n o c im ie n to , u n a e tn o g ra fía
d e los p ro ce so s d e c o n stru c c ió n d e l c o n o c im ie n to y
las técn icas locales. P o r eso m ism o es n e c e sa ria u n a '0
p o stu ra e tn o g rá fic a n o e tn o c é n tric a p a ra c o m p re n -
d e r el sab e r d e l o tro . Y eso exige p e n e tra r la c u ltu ra ¿ J
local p a ra e n te n d e r la d e sd e a d e n tro . P a ra in ic ia r / f
ese e n te n d im ie n to es n e c e sario b u sca r el u n iv erso j/jj
d e p alab ras, el v o c ab u lario m ín im o d e fen ó m e - “
1 2 8 El m a e s tro s in re c e ta s

n o s g e n e ra d o re s in serto s e n el c o n te x to m ás a m p lio d e la
re lac ió n H o m b re / N atu raleza p ro p ia d e la c u ltu ra local.
P o r lo ta n to la c o n d ic ió n inicial es d e a p re n d iz o c o n stru c ­
to r d e c o n o c im ie n to , y es u n a c o n d ic ió n d e in g e n u id a d . O
sea, c u a n d o u ste d dice q u e el c am in o d e la in g e n u id a d es
n e ce sario p a ra q u e se alcance la rig u ro sid a d , es n e ce sa rio
q u e co m o e d u c a d o re s cam in em o s c o n n u e s tra p ro p ia in g e ­
n u id a d p a rtie n d o d e la in g e n u id a d d e l o tro . E n el c o n te x to
esc o lar d eb em o s p a rtir de la “c u ltu ra del n iñ o ” q u e lleg a al
saló n d e clase.

pf : Muy b ien , la m e jo r fo rm a d e ser crítico es asu m ir la in g e­


n u id a d d el o tro .

md o c : Al asu m ir la in g en u id a d , la m ía y la d el o tro , en el salón


d e clase, m e ap resto y m e disp o n g o p a ra el d iálo g o b u scan d o
la co m p re n sió n del o tro . P o r lo tan to , m i in g e n u id a d e n u n
c o n te x to cu ltu ral d ife re n te es c o n d ició n n ecesaria y m e to d o ­
lógica p a ra m i trab ajo d e cam p o e n etn o cien cia. T e n g o q u e
ser in g e n u o p a ra c o m p re n d e r las referencias y h e rra m ie n ta s
d e p e n sa m ie n to y acción del o tro , co m o asim ism o la división
m eto d o ló g ic a del co n o cim ien to e n tre los especialistas d e la
so cied ad tribal.
Sólo im p o n ié n d o m e la in g e n u id a d p u e d o , e n ta n to investi­
g ad o r, p e rc ib ir los referen tes d e sab er del o tro p a ra d a r rig o r
a m i in g e n u id a d e n el cam in o de la sistem atización d el co n o ­
cim ien to . Esta co n d ició n es fu n d a m e n tal p a ra la investigación
e n e tn o cien c ia y m e h a m otivado p a ra trab ajar e n el á re a d e
ed u cació n . U sted sabe q u e co m en cé a trab ajar e n e d u cació n
p a rtie n d o d e m i trab ajo en etn o cien cia y e tn o a stro n o m ía co n
los caigaras d e la isla d e Búzios en el litoral paulista.
E n ese trab ajo em p e cé a d e sc u b rir q u e el v o c ab u lario
m ín im o , al q u e u ste d h ace re fere n c ia, es m u c h o m ás q u e
la p alab ra: es la p a la b ra e n el co n te x to , la p a la b ra q u e re ­
p re s e n ta el c o n te x to . P o r lo ta n to ya n o es p a la b ra p u ra ; es
p a la b ra sim bolizada, es sím b o lo im p re g n a d o d e c o n te x to .
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu r a d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b ra 1 2 9

D eja in clu so d e s e r p a lab ra: es frase, es te x to e n u n sen tid o


m ás a m p lio .
E sta id e a d e la p a la b ra y d el u niverso lexical coloca al
vocablo e n u n a e x te n sió n m ás am p lia, e n la m e d id a e n q u e ^

AI I
estam o s inserto s e n u n a rea lid ad d a d a o e n u n u niverso
local q u e tien e la p o te n c ia lid ad d e e x te n d erse a o tros
universos.
Esto se vuelve fu n d a m e n ta l e n la convivencia d el ser
h u m a n o co n su m e d io am b ien te, d o n d e re c o n o c e “esas
p a la b ra s”. A p a rtir d e su le c tu ra fo rm u la signos p a ra la
p e rc e p c ió n d e los fe n ó m e n o s q u e tien e d ela n te: c rea sím ­
b olos d u ra n te su co m u n ic a ció n co n el m u n d o . D eb em o s p e n ­
sar ese sim bolism o co m o u n fe n ó m e n o g e n e ra d o r an álo g o a
la p a la b ra g e n e ra d o ra ; los dos se m ezclan e n la le c tu ra d el
m u n d o y e n la g e n e ra c ió n d e los tem as d e c o n stru cc ió n de
c o n o c im ien to , los tem as g en erad o res.
Si p e n sa m o s e n el fe n ó m e n o g e n e r a d o r , p o d e m o s p e n ­
sar, in c lu so , e n la p a la b ra c o m o f e n ó m e n o , d ic h a d e n tr o
d e u n c o n te x to . Si la c o n sid e ra m o s c o m o u n fe n ó m e n o
m o m e n tá n e o , la p a la b ra p u e d e ser te m a tiz a d a e n n u e s ­
tra c o m u n ic a c ió n c o n el m u n d o . E n este p ro c e so el te m a
p u e d e e s ta b le c e rse d e m a n e ra in m e d ia ta ta n to a p a r tir d e
la p a la b ra c o m o d e c u a lq u ie r o tr o fe n ó m e n o , c o m o si m i­
rá ra m o s la r e a lid a d a través d e u n a c á m a ra fo to g rá fic a y
u s á ra m o s p r im e r o u n g ra n a n g u la r y d e sp u é s c e rrá ra m o s
el c a m p o d e visió n c o n u n z o o m h a sta r e c o r ta r la n a tu r a ­
leza p a r a a n a liz a r esa p a la b ra in s e rta e n el m u n d o . E n to n ­
ces, esa p a la b ra / fe n ó m e n o g e n e r a d o r a p u e d e d is p a ra r
el d e se o d e c o n o c e r el m u n d o a través d e ese e n fo q u e /
e n c u a d re . Y a p a r tir d e ese e n c u a d re p u e d o y d e b o am ­
p lia r, g e n e ra liz a r. P e ro tal vez n e c e s ite m ira r las cosas e n
u n c o n te x to d e m a y o r e x p e rim e n ta c ió n . E n to n c e s llevo el
e n fo q u e a u n la b o r a to rio , d e sd e u n a p e rsp e c tiv a c o n v e n ­
c io n a l. A q u í se im p o n e u n id a y v u e lta e n tr e el la b o ra to rio
y el m u n d o , d e s d e u n la b o r a to rio c o n v e n c io n a l a lo q u e
a c o s tu m b ro lla m a r - c o m o re c u rs o p e d a g ó g ic o - la b o ra to -
1 3 0 B m a e s tro s in re c e ta s

rio v ivencial, q u e es s in ó n im o d e m e d io a m b ie n te p o rq u e
in c lu y e el c ielo y la tie rra .
El m e d io a m b ien te co n el h o m b re in se rto e n él, interac-
tu a n d o c o n el ser h u m a n o , p a ra q u e p o d am o s restitu ir el
v ín cu lo so cied ad / n atu raleza y p ro d u c ir cu ltu ra. E n este sen­
tid o , las ideas d e fe n ó m e n o g e n e ra d o r y te m a g e n e ra d o r apa­
re c e n c u a n d o e n m i reco rte del m u n d o vuelvo al m u n d o p a ra
re c o n stitu ir m i p e rc ep c ió n / observación / e x p erim en tació n
e n u n tem a in te g ra d o a su co n tex to n a tu ral, socioeconóm ico,
cu ltu ral, ideológico, etc. Y lo tem atizo co m o algo am p lio q u e
se in c o rp o ra rá a m i reflexión, m i vivencia y m i visión d el m u n ­
d o. P e ro e n alg u n o s casos p u e d e no ex te n d erse d e m a n e ra tan
am plia. P u e d o observar u n fen ó m e n o y q u e re r an alizar ese
fe n ó m e n o específico y local e n c u a d rá n d o lo e n u n fotogram a.
Ese p ro ce so g e n e ra lo q u e yo d e n o m in o TIM : tem a in stan tá­
n e o d e m otivación. Se tra ta d e u n a m otivación q u e d u ra p o co
p e ro es im p o rta n te p a ra la co n stru cció n d e la lec tu ra d el m u n ­
d o e n el sen tid o m ás am p lio d e los tem as g e n erad o res.
H em o s d esarro llad o estas ideas e n las p rácticas d el A ldeba-
ra n -O b se rv a to rio a O lh o N u d e la U n ic a m p - y e n trabajos
d e e tn o c ie n c ia y ed u cació n . H a n sido m u y im p o rta n te s en
n u e stro s trabajos so b re ed u cació n m e d io am b ien tal. A h o ra
b ien , ¿cóm o c a m in a r e n d irecció n a la rig u ro sid ad ? B u en o ,
co n tam o s co n h e rram ie n ta s p a ra h acerlo . N u e stra so cied ad
las tien e. Las h e rra m ie n ta s son los libros, el c o n o c im ien to
q u e se co n stru y ó h asta a h o ra , el lab o rato rio co n ven cio n al, el
s ab e r in stitu id o , el c o n te n id o p ro g ram ático . N o in te n to n e ­
g a r n a d a d e eso; sólo q u ie ro reco n o ce rle s su d e b id o lu g a r y
c o n te x to p a ra n o o b lig ar a los alu m n o s a sen ta rse e n el b an co
d e l saló n d e clase y e scu ch ar y ad iestrarse y h a c e r ejercicios
e n u n c ia d o s p o r tercero s. T en em o s q u e estar-en -el-m u n d o le­
y é n d o lo y vivenciándolo.

A h o ra, P aulo, q u ie ro insistir e n su “insisten cia” e n la histo rici­


d ad . ¿C óm o p o d em o s p en sa rla p a ra e stab lecer la co n tex tu ali-
zación d e estas p ro p u estas pedagógicas?
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b ra 1 3 1

C u a n d o u ste d caracteriza u n vocab u lario m ín im o o u n iv er­


so lexical vuelve conciso el universo d e ese c o n te x to p a rtic u ­
lar. E n to n ces sé q u e se p u e d e e leg ir u n a c a n tid a d m ín im a d e
p alab ras p a ra lleg ar al c o n te x to a través d e la tem atización.
P e ro c u a n d o p ie n so el fe n ó m e n o e n el m e d io a m b ie n te m e
resu lta im p o sib le caracterizar el u niverso fen o m é n ico , u n a
c a n tid a d m ín im a d e fe n ó m e n o s im p o rta n te s e n ese co n tex to .
¡Es im posible! P e ro ¿p o r q u é n o p u e d o caracterizar u n m ín i­
m o d e fe n ó m e n o s fu n d am en tales? D eb id o a la d in ám ica d e
la h isto ricid ad e n ese co n tex to , es d ecir, a la fo rm a e n q u e los
tiem p o s van re p re se n tá n d o se e n el espacio vivencial. A h o ra
b ien , ¿cuáles son esos tiem pos? Las len g u as latinas tie n e n u n a
ventaja m uy g ra n d e e n ese sentido. El tiem po, p a ra n o so tros
los latinos, es el tiem p o p ro p ia m e n te dicho; es el tiem po-clim a,
el tiem p o d el cielo, co m o escu ch é d e c ir c u a n d o e ra n iñ o , u n a
re p re se n ta c ió n sim bólica del “clim a q u e viene d el cielo ”. Si,
p o r u n lad o , ese tie m p o se m anifiesta e n fu n c ió n d e las rela­
cio n es e n tre el lu g a r d e vivencia d e n u e stro p la n e ta y el Sol,
p o r o tro , el cale n d a rio y el reloj tie n e n c o m o su strato p ro ­
ductivo el co n o c im ien to d e los m ovim ientos relativos e n tre
la T ie rra y el Sol. A través d e esos m ovim ientos, ese tie m p o
se c o n c re ta en las re p rese n ta c io n e s d el tie m p o estacional.
E n to n ces, e n u n a re le c tu ra d e l m u n d o , el tiem p o -clim a y el
tiem p o esta rán e stre c h a m e n te vinculados a través d e los fe­
n ó m e n o s estacionales y am b ien tales y los d el sistem a solar. A
p a rtir d e esto m iro el m u n d o c o n esta ca te g o ría fu n d a m e n ta l
d e análisis: el tiem p o q u e se re p re s e n ta e n los espacios d el
m u n d o . P e ro los tiem p o s se van re p re s e n ta n d o a lo larg o d el
a ñ o , p o r lo tan to e n la estacio n alid ad .
P a ra e je m p lif ic a r las r e p r e s e n ta c io n e s n a tu r a le s y
s o c io e c o n ó m ic o - c u ltu ra le s p en sem o s en el espacio vivencial
d e C am piñas, d o n d e los abrigos y las flores d el ipé rojo n os
ind ican q u e llegó el invierno, e n los flam boyans rojos y e n el
ab arata m ien to d e las m angas al finalizar la prim avera, e n las
vacaciones y en la ap arició n , d u ra n te las n o ch es d e d iciem b re
y del lad o del nacien te, d e las T res M arías e n la co n stelació n d e
1 3 2 E l m a e s tro s in re c e ta s

O rio n . T o d o s estos son ejem plos d e ind icad o res d el calen d ario
n atu ral y social local d e Cam piñas y sus alred ed o res. Son re p re ­
sentaciones del tiem p o e n el espacio vivencial. Esto sin co n ta r
los tiem pos d el m ito, los tiem pos del sueño, el tiem p o históri­
co: e n fin, todos los tiem pos vivenciales q u e d efin en n o sólo
los relojes n aturales y los “calendarios” locales sino tam b ién el
p ro p io c o n tex to am biental, n atu ral y social fu e ra del tiem p o
cíclico: e n las representaciones lineales del uso, d e la ed ad y d e
los tiem pos generacionales. Y eso p o d ría n o rte a r, p o d ría o rien ­
tar u n a actuación e n el m u n d o , u n a vivencia del m u n d o , ayu­
d á n d o n o s a pasar d e la in g en u id ad local a la rig u ro sidad local.
A ntes q u e las disciplinas, y trascen d ién d o las, las categorías
d e tiem p o y espacio nos o rd e n a n , n os sitú an p a ra m ira r el
m u n d o sin el sesgo d e las disciplinas. Esas categorías, in d e ­
p e n d ie n te s d e las disciplinas, nos sitú an h istó rica m e n te y nos
d a n lib e rtad p a ra c o n stru ir el co n o cim ien to . C o n eso, y con
c o n cien cia histórica, ten em o s tam b ién la lib e rtad d e transi­
ta r las disciplinas en fu n ció n de las cu estio n es q u e n os p la n ­
team o s e n n u e stro estar-en-el-m undo. E n este sen tid o h e in­
sistido m u c h o en el co n cep to d e “tra n sd iscip lin arid ad ”, q u e
c o n d u c e a tra sc e n d er las disciplinas p a ra p o d e r p e rc ib ir el
m u n d o a p a rtir d e las categorías d e tiem p o y espacio. Y qu e,
m ás allá d e eso, sugiere u n trán sito lib re p o r las disciplinas; o
sea, u n trá n sito e n tre especializaciones q u e re q u ie re el u so de
“h e rra m ie n ta s” específicas.
Esa h a sido n u e stra p o stu ra m eto do ló g ica, n o sólo e n el
ejercicio d e la e tn o cien c ia e n el cam p o , sino tam b ié n e n la
escuela. Eso n o s p e rm ite m ira r el m u n d o p a rtie n d o d e u n a
in g e n u id a d q u e, p o co a poco, va sistem atizándose y situ án ­
d o se e n el tie m p o y el espacio. Así p o d em o s re c o n o c e r e n los
co n o cim ien to s d e o tra cu ltu ra, o e n la “c u ltu ra d e l a lu m n o ”,
n o n u estras p ro p ias disciplinas sino otras esp ecialid ades o las
“d isciplinas” del otro.

p f: E xacto. V em os q u e, en verdad, el o b stácu lo ideo lóg ico


tie n e u n a fuerza e x trao rd in a ria p o rq u e ciega y p ro h íb e . Nos
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b ra 1 3 3

p ro h íb e v er y d isto rsio n a n u e stra acción . Es in c reíb le , d e


veras.
P e ro es in te re s a n te p e n sa r los análisis q u e h a c e n los au to ­
ritario s, q u e im p lic an n e ce saria m en te u n a c o m p re n sió n n e ­
gativa a p rio ri d e l sab er d el o tro . Es d ecir, u ste d n o p u e d e
e n te n d e r “a la d istan cia ” el sab er d e esos b rasileñ o s d e los
q u e h ab la b a. Es n e ce sario q u e se empape d e las co n d icio n es
q u e g e n e ra ro n ese sab er, y eso es p re c isa m e n te lo q u e n o
h a c e n los in te le ctu a le s d e te n d e n c ia a u to rita ria y n i siq u iera
aq u ello s q u e , a u n q u e te n g a n u n d iscurso pro g resista, se d e­
j a n fre n a r p o r la id e o lo g ía a u to ritaria . Es in te re sa n te o b serv ar
esta c o n tra d ic c ió n tre m e n d a e n cierto s in telectu ales n u e stro s
-n u e s tro s p o rq u e som os b rasile ñ o s-; adem ás, los b rasileño s
n o som os los ú n ic o s q u e ten e m o s u n discurso pro g resista y re ­
v o lu cio n ario y u n a p rá c tica p ro fu n d a m e n te a u to ritaria. A na­
lizar la cu estió n d e la id e o lo g ía e n estos in telectu ales es u n
ejercicio in te re sa n te . V er el p o d e r o b stacu lizad o r d e la id e o ­
lo g ía a u to ritaria . Es d ecir, e n el fo n d o re s p o n d e n al fre n o
d e l au to ritarism o , fre n o q u e n o co n sig u e in h ib ir el discurso
p ro g resista p e ro p ro h íb e la p rá c tica progresista. E n to n ces,
m ien tras, p o r u n lad o , h a b la n d el d e re c h o d e las m asas p o ­
p u la res al sab er, p o r el o tro , les n ie g a n a las masas p o p u la re s
lo q u e ya sab en . ¿E n tien d e? P a ra esos in te lectu a les a u to ri­
tario s el sa b e r es el sab e r estab lecid o . El sab er q u e tie n e el
p u e b lo n o vale n a d a p a ra ellos, sólo p o rq u e se conserva vivo.
Es d esa rticu lad o , n o tie n e sig nificado alg u n o . E n to n ces, p a ra
ellos n o d e b e h ab larse d e saber. Bajo n in g ú n c o n cep to . Eso
es la id e o lo g ía a u to rita ria , elitista: u n obstáculo id eo ló g ico
q u e im p id e q u e el in te le c tu a l p ro g resista ten g a u n a p ráctica
p ro g resista.
E n to n ce s c re o q u e conversar, d iscu tir so b re estos tem as,
m o strarlo s - p o r q u e eso v ien e o b stacu lizan d o m u c h o el avan­
ce d e las id eas p ro g resistas e n tre n o so tro s, q u e es la p ro p ia
p rá c tic a p ro g re s is ta - es m u y im p o rta n te . P o r ejem p lo , c u a n ­
d o u ste d h a b la d e l sab e r d e la “e x p e rie n c ia h e c h a ” -c o m o
d iría C am óes, d e l esp ecialista al u so n u e s tro - d e u n Kwyra
1 3 4 El m a e s tro s in re c e ta s

Ka Kayapó, el especialista e n abejas d e la a ld e a d e G o ro tire


e n P ará, to d o resu lta obvio. M ientras u ste d h a b la b a d e esa
p ráctica q u e le d io in d iscrim in a d am e n te a Rwyra, co m o nos
d a a n o so tro s, u n a sab id u ría cad a vez m ás rig u ro sa so b re las
abejas sin n e cesid ad d e asistir a la u n iv ersid ad , yo re c o rd a b a
la reflex ió n d e u n h o m b re del p u e b lo , u n c a m p esin o d e Sao
Luís d o M aran h áo , q u e m e c o n ta ro n e n u n sem in a rio e n el
q u e p a rtic ip é h ace u n tiem p o . M e g u staría citar la frase
p o rq u e h a b la d e u n a c o m p re n sió n d e la p rá c tica y p o r
lo ta n to está carg ad a d e teo ría, y p o rq u e m e p a re c e q u e ese
c am p esin o sería co m p arab le al especialista e n abejas cuya
p rá ctica especializada revela u n nivel d e te o ría d el g ru p o .
Esto m e fu e c o n ta d o p o r u n o d e los in te le ctu a le s c o n q u ie­
nes discu tía so b re u n e n c u e n tro d e ev aluación d e la p rá ctica
d e los cam p esin o s e n el q u e h a b ía p articip ad o .
E n c ierto m o m e n to , d esp u és d e q u e varios d e los in tele c­
tuales p re se n te s c o m p a rtie ra n su visión d e la p rá c tica d e los
cam pesinos, u n o d e los cam pesinos hizo el sig u ien te discurso
q u e revela, e n o tro nivel, la m ism a sa b id u ría d el especialista
e n abejas. T en g am o s e n c u e n ta q u e es u n h o m b re q u e h a­
b la “d esd e el se n tid o c o m ú n ”. D e re p e n te el c a m p esin o pid ió
la p a la b ra y dijo: “T al co m o están las cosas, n o será posible
c o n tin u a r, n o vam os a p o d e r e n te n d e m o s p o rq u e m ie n tras
u sted es a h í...”.
V éase c o n cu á n to h u m o r el cam p esin o re c o n o c e la d ife re n ­
cia d e clase, la d istancia, a p e sa r d e la p ro x im id a d física d e
e sta r reu n id o s e n la m ism a sala, u tilizan d o el “a h í” (e n lu g ar
d el “a q u í”) . Y prosiguió: “...m ie n tra s usted es a h í están in te re ­
sados e n la sal, n o so tro s a q u í pen sam o s e n el a liñ o ”.
E n seg u id a - m e dijo el in tele ctu a l q u e m e c o n tó la his­
to r ia - se hizo silencio y d u ra n te u n b u e n rato el g ru p o de
in te lectu ales n o e n te n d ía lo q u e q u e ría d e c ir el cam p esin o .
D esde ya, tod o s los cam pesinos e n te n d ie ro n lo q u e d e cía su
c o m p a ñ ero . In te n té decirles, e n la re u n ió n , có m o e n te n d ía
yo la frase d el cam p esin o . A d e c ir v erd ad , co n esa frase, el
dialéctico e ra el cam p esin o y n o los in telectu ales. Lo q u e el
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu r a d e la p a la b r a 1 3 5

cam p esin o q u e ría d e c ir c o n su len g u aje m e tafó rico e ra exac­


tam en te esto: m ire n , n o es posible seg u ir c o n v e rsa n d o e n tr e
n o so tro s p o rq u e , m ie n tras u sted es tie n e n u n a c o m p re n s ió n
parcial d e la realid ad , n o so tro s la e n te n d e m o s c o m o u n a to­
talidad. N osotros b u scam o s la to talid ad y n o n o s d e te n e m o s
e n la p arcialid ad , p e ro u sted es h a b la n d e la n e c e sid a d d e
c o m p re n d e r la to ta lid a d p e ro se q u e d a n e n la p a rc ia lid a d ...
q u e es la sal. La sal re p re s e n ta e x ac ta m en te la fijació n e n lo
p arcial, m ien tras los cam p esin o s q u e ría n el aliñ o , el ad e rez o ,
q u e e ra e n ú ltim a in stan c ia u n c o n ju n to d e p a rcialid a d es, d e
in g red ie n tes del q u e la sal sólo es u n a p a rte . Ese e ra el d isc u r­
so d el cam p esin o . U n d iscurso d e u n a riq u e z a e n o rm e q u e
tam b ién revela u n a c o m p re n sió n c o rre c ta d e la re a lid a d y casi
siem p re m e n o sp re c ia d a p o r cierto s in te le ctu a le s p o r s e r lo
q u e es: el d iscurso d e u n cam p esin o .
E n ese d iscurso se ve - c o m o ya lo dijo la id e o lo g ía d o m i­
n a n te - q u e el cam p esin o es c am p esin o y, p o r e n d e , in c o m ­
p e te n te . L o in te re s a n te es q u e alg u n o s d e esos in telectu ales
- o inclu so m u c h o s d e e llo s- q u e c o n tin ú a n m e n o s p re c ia n d o
a u to rita ria m e n te el discu rso d e l cam p esin o d e b e n h a b e r leí­
d o a G ram sci y h a sta escrito m ás d e u n a tesis so b re su o b ra .
Es in te re san te c o m p ro b a r q u e la id eo lo g ía n o im p id e le e r a
G ram sci, p e ro sí e n te n d e rlo .
D esde m i p u n to d e vista, la c o m p e te n c ia y el sab e r sólo a d ­
q u ie re n valor -ja m á s ab so lu to , p e ro sí m ay o r v a lo r- c u a n d o
sabem os q u e el s a b e r y la c o m p e te n c ia so n ta n in c o n clu so s
co m o no so tros, los h o m b re s y las m u jeres. P o r eso m ism o el
sab er y la c o m p e te n c ia n o d e b e ría n h a c e r b u e n a s m igas c o n
la arro g an cia , y sí c o n la h u m ild a d . L a h u m ild a d , p o r o tra
p a rte, n o es sin ó n im o d e a u to n e g a c ió n . Yo n o te n g o p o r q u é
n e g a rm e a m í m ism o , n o ten g o p o r q u é n e g a r el po sib le valo r
q u e ten g o e n esto o a q u ello , p e ro d e b o re c o n o c e r m is lím ites.
Y el re c o n o c im ie n to d e mis lím ites revela m i nivel d e c o n o c i­
m ien to . C reo q u e este ejercicio d e h u m ild a d , q u e es tam b ié n
el ejercicio d e la d em o c ra c ia , d e h e c h o difícil, es el ejercicio
d e u n a b ú sq u e d a d e lib e rta d q u e n o s a c e rc a ría m u c h o m ás a
1 3 6 E l m a e s tro s in re c e ta s

la in te lig e n c ia d e l sab er del p u e b lo q u e, si se lo resp e ta, p u e ­


d e ser tra ta d o d ialó g icam en te d e n tro d e la rig u ro sid ad .

md o c : C u a n d o u ste d m e n cio n a la co m p eten cia, eso m e h ace


p e n sa r q u e la c o m p eten cia q u e se construye se ve d e stru id a
m o m e n tá n e a m e n te p a ra q u e volvamos a in d a g a r la n a tu ra le ­
za q u e a su vez n o s in d ag a co m o u n o b stácu lo ep istem o ló g i­
co. E n to n ces esa c o n stru cció n d e la c o m p e te n c ia d el sab er
-p u e s to q u e vem os el saber co m o u n p ro ce so y n o co m o u n
p r o d u c to - resu lta m o m e n tá n e a m e n te in c o m p e te n te . U n o se
ve c o n stru y e n d o co n su c o m p eten cia p a ra c o n stru ir e n u n
m o m e n to d ialéctico fre n te a la in c o m p e te n c ia p a ra p ro se­
guir. Y d e b e volver a la vivencia p a ra re to m a r la re c o n stru c ­
ció n del saber.
Y u ste d m e n c io n ó a Piaget, así co m o ya h ab lam o s d e Ba-
ch elard , e n E m ilia F erreiro. Eso m e re c u e rd a los procesos d e
eq u ilib rio y d eseq u ilib rio q u e P iaget d escrib e e n la co n stru c­
ció n d el co n o c im ien to . C om o si la te n d e n c ia al eq u ilib rio e n
la co n stru c c ió n d e la co m p eten cia, o m e jo r d ic h o - p o r q u e
esa p a la b ra es m ed io p elig ro sa- e n la co n stru c c ió n d el saber,
d e re p e n te se d e sm o ro n ara . P ero p u esto q u e u n o se sitú a e n
p rocesos, n o e n p ro d u cto s, y lo a co m p añ a la h u m ild a d , tien e
q u e re-verse a cad a instan te. P o r lo tan to , si al re-verse se ve
d e se q u ilib ra d o - c o m o sabe q u e d esp u és alcan zará el equili­
b rio y q u e el eq u ilib rio n o sólo o c u rre d e n tro suyo sino e n ­
tre u ste d y o tra p e rso n a c o m p e te n te e n el nivel social d o n d e
vive u o tra p e rs o n a q u e se ve c o m p e te n te p a ra el d iá lo g o -,
se p e rm ite e m p o d e ra rs e . Ese “o tr o ” c u ltu ra lm e n te h a b la n ­
d o - d e la so cie d a d m arg in alizad a, d e las m in o ría s étn icas,
d e esa o tr a n a tu r a le z a - vuelve a in s e rta rlo e n el c o n te x to ,
e n su m o m e n to d e d e se q u ilib rio , p a n ; q u e vuelva a eq u ili­
b ra rse . Su re-eq u ilib rio d e p e n d e d e l d iálo g o , d e p e n d e d el
c o n ta c to , d e p e n d e d e “m e te r las m an o s e n la m a sa ”. N o d e ­
p e n d e sólo d e este p e n sa r aislado p o rq u e se ve c o m p e te n te ,
sino d e este p e n sa r aislado p e ro m o m e n tá n e o q u e d e p ro n to
se ve in c o m p e te n te , q u e n ecesita el d iálo go p a ra c o n tin u a r
A lfa b e tiz a c ió n : le c tu ra d e l m u n d o , le c tu ra d e la p a la b r a 1 3 7

la re c o n stru c c ió n . E n esta d in ám ica in te n sa , y sólo a través


d e ella, p o d e m o s p e n s a r la e d u ca c ió n c o m o u n p ro c e so y n o
co m o u n p ro d u c to . U n a e d u ca c ió n q u e es c o n o c im ie n to q u e
se c o n stru y e e n la d in á m ic a e q u ilib rio / d ese q u ilib rio .

pf : Si h ay algo e n esta co n v ersació n q u e n o s cab e p ro p o n e r


a sus p ro b a b le s le c to re s es lo sigu ien te: u sted es, cam arad as,
q u e está n a h o ra se n ta d o s e n u n a silla e n la sala d e u n a casa
la tin o a m e ric a n a o a frican a, o e n u n a p laza e n Asia, o e n los
pasillos d e a lg u n a u n iv e rsid ad e u ro p e a o n o rte a m e ric a n a , le­
y e n d o esta co n v ersac ió n , p o r favor n u n c a d e je n d e aso m b rar­
se e n el m u n d o y c o n el m u n d o .
D e b a t e s o b r e la p o s m o d e m i d a d

[M a n u s c r ito e n v ia d o e n o c a s ió n d e u n a c o n fe r e n c ia

e n M a la s ia , 1 9 9 3 . ]

Mis p rim e ra s p alab ras son p a ra d e c ir c u á n to lam en ­


to la im p o sib ilid ad d e e sta r p re se n te e n esta c o n fe re n c ia , d e
in te rc a m b ia r ideas c o n sus p a rtic ip a n te s, d e e x p e rim e n ta r
la c o m u n ic a ció n c o n ellos y ellas a p re n d ie n d o y e n se ñ a n d o ,
p u e sto q u e es im p o sib le a p r e n d e r sin e n se ñ a r.
E n v e rd a d m e g u s ta ría e sta r a llí y o ír c o n a te n c ió n lo q u e
m u je re s y h o m b re s d e o tra s tie rra s, d e o tra s c u ltu ra s, tie n e n
p a ra d e c ir d e sus sueños o c o n tr a el acto de soñar, d e las u to ­
pías o d e su n e g a c ió n . N o só lo m e g u sta ría ; n e c e sito sa b e r
c ó m o c a ra c te riz a n y d e fin e n la modernidad, los p a rtic ip a n te s
e n la c o n fe re n c ia , p o rq u e d e lo c o n tr a r io n o se rá p o sib le
h a b la r d e la p o s m o d e m id a d . Q u é notas m e h a c e n d e c ir q u e
a lg u ie n es u n p e n s a d o r p o s m o d e m o o p u r a m e n te m o d e r­
n o d e la e d u c a c ió n . M e g u s ta ría a c o m p a ñ a r d e fo rm a acti­
va los d e b a te s s o b re si la p o s m o d e m id a d es u n a p ro v in c ia
h is tó ric a e n sí m ism a, u n a e sp e c ie d e m o m e n to sui g e n e ris
d e n tr o d e la h is to ria q u e in a u g u ra u n a n u e v a h is to ria , casi
sin c o n tin u id a d c o n lo q u e fu e y lo q u e v e n d rá , sin id e o lo ­
g ía, sin u to p ía s , sin su e ñ o , sin clases so ciales, sin lu c h a . Si
e fe c tiv a m e n te es u n “tie m p o r e d o n d o ”, “g o r d o ”, “liso ”, sin
“arista s” e n e l q u e m u je re s y h o m b re s , e x p e r im e n tá n d o s e
e n él, a c a b a rá n p o r d e s c u b rir q u e su m a rc a fu n d a m e n ta l es
la n e u tr a lid a d .
Sin clases so ciales, sin lu c h a , sin sueños p o r los q u e p e le a r,
sin n e c e s id a d d e o p c ió n y p o r lo ta n to sin r u p tu r a , sin el
ju e g o d e las id e o lo g ía s q u e se c h o c a n ... s e ría el im p e rio
d e la n e u tr a lid a d . S e ría la n e g a c ió n d e la h is to ria . O p o r
1 4 0 E l m a e s tro s in re c e ta s

el c o n tra rio , si la p o s m o d e rn id a d - c o m o la m o d e rn id a d ,
c o m o la tra d ic io n a lid a d -, p e se a su c o n ju n to su stan tiv o d e
c o n n o ta c io n e s , im p lic a u n a n e c e sa ria c o n tin u id a d q u e ca­
ra c te riz a a la h is to ria m ism a e n ta n to e x p e rie n c ia h u m a n a
cu y a fo rm a d e ser se e sc u rre d e u n a p ro v in c ia d e tie m p o a
la o tra . E n este s e n tid o c ad a p ro v in cia se c a ra c te riz a p o r la
p re p o n d e r a n c ia , n o p o r la exclu siv id ad , d e sus c o n n o ta c io ­
n e s. A m i e n te n d e r la p o s m o d e rn id a d - c o m o a n te s la m o ­
d e r n id a d y a n te a y e r la a n tig ü e d a d tra d ic io n a l- , al c o n d i­
c io n a r a h o m b re s y m u je re s e n ella in se rto s e in v o lu cra d o s,
n o m a ta n i m a tó lo q u e llam am o s su naturaleza, q u e sin se r
u n a p rio ri d e la h is to ria se co n stitu y e so c ia lm e n te e n ella
y só lo e n ella.
T al vez p u e d a d ecir, v alién d o m e d e m i p ro p io a rg u m e n to ,
q u e la fu erza d e la h isto ria e n cuya e x p erie n c ia se co nstituyó
o v ien e co n stitu y én d o se y reco n stitu y én d o se la n a tu ra le z a h u ­
m a n a es suficiente p a ra re h a c e rla p o r co m p leto , d e m o d o tal
q u e a lg ú n d ía los h o m b res y las m u jeres ya n o se reco n o zc a n
e n lín eas g en erales co m o seres siq u iera re m o ta m e n te p areci­
d os a sus an tep asad o s.
Sin em b arg o , p a re ce ind iscu tib le q u e ciertas e x p resio n es o
ciertas form as d e ser n o so tro s c o m p o n e n te s d e la n a tu ra ­
leza h u m a n a se ex terio rizan e n el tie m p o y e n el espacio
d e m a n e ra d ife ren te. Sin em b arg o , esa m a n e ra dife-
re n te e n q u e se m an ifiestan n o las n iega.
A lo larg o d e la h isto ria se im p u so a m u je re s y h o m ­
b res, p o r ejem p lo , la necesid ad d e te n e r certezas resp ec­
to d e l m u n d o . C ertezas c o n trarre sta d as p o r du d as.
A tal p u n to se im p u so esta n ecesid ad a los seres h u m a n o s
q u e su au sen cia e ra u n o b stácu lo a la convivencia h u m a n a .
L n a d e las características d e la m o d e rn id a d , p ro v e n ie n te
d e la cien tificid ad q u e se p ro lo n g ó e n cientificism o, fu e la
m istificación d e la certeza. El p e n sa m ie n to c ien tífico in stau ­
ró d o g m á tic am en te la certeza d em asiad o firm e e n la certeza.
E x a ctam e n te co m o , an tes d e eso, la relig io sid ad h a b ía d o g ­
m atizad o su certeza.
D e b a te s o b r e la p o s m o d e m id a d 1 4 1

Los m é to d o s rig u ro so s p a ra la a p ro x im a c ió n y a p r e h e n ­
sió n d e l o b je to m istificaro n la c erteza - a n te s d e cu alid a d di­
f e r e n te - a falta d e rig u ro sid a d m etó d ica. F u e esta rig u ro sid a d
m e tó d ic a o su m istificación, o tam b ié n la m istificación d e la
m ay o r e x a c titu d d e los hallazgos e n la m o d e rn id a d , la q u e
n e g ó la im p o rta n c ia d e los sentidos, d e los deseos, d e las em o ­
cio n es, d e la p a sió n e n los p ro c e d im ie n to s o e n la p rá c tic a d el
c o n o c e r.
E n tie n d o , p o r o tr a p a rte , q u e así co m o h u b o pro g resistas y
re tró g ra d o s e n la a n tig ü e d a d y en la m o d e rn id a d , ta m b ié n los
hay e n la p o s m o d e m id a d . H ay u n a fo rm a re a c c io n a ria d e ser
p o s m o d e m o , así c o m o hay u n a fo rm a p ro g resista de serlo.
L a p o s m o d e m id a d n o está e x e n ta d e conflictos y, p o r c o n ­
sig u ien te, d e o p cio n es, d e ru p tu ra s, d e decisiones.
A m i e n te n d e r , la p rá c tica educativa p ro g re sista m e n te pos-
m o d e rn a - s ie m p re m e inscrib í e n ella, d e sd e m i tím id a ap a­
ric ió n e n los añ o s c in c u e n ta - es la q u e se fu n d a e n el resp e to
d e m o c rá tic o h a cia el e d u c a d o r co m o u n o d e los sujetos d el
p ro c e so y tie n e e n el acto d e e n se ñ a r-a p re n d e r u n a in stan cia
c u rio s a y c r e a d o r a e n la q u e los e d u c a d o re s r e c o n o c e n y
r e h a c e n c o n o c im ie n to s ya sabidos y los e d u c a n d o s se a p ro ­
p ia n y p ro d u c e n lo a ú n n o sabido. Es la q u e d e so c u lta verd a­
d es e n lu g a r d e esc o n d e rlas. Es la q u e e stim u la la b elleza d e
la pureza c o m o v irtu d y se b ate a d u e lo c o n tra el puritanism o e n
ta n to n e g a c ió n d e la v irtu d .
Es la q u e , h u m ild e , a p re n d e d e l lid e ra z g o y rech aza la
a rro g a n c ia .
C o n m i a b ra zo fra te rn o .

San P a b lo , 19 d e agosto d e 1993


P au lo F re ire
C a m b i a r e s d if í c il , p e r o e s p o s ib le

[ R e c it e , f e b r e r o d e 1 9 9 7 . ]

S ería difícil in iciar m i c h arla d e hoy sin re fe rirm e a


m i pasaje p o r el Sesi h a ce c in c u e n ta años. N o sólo sería difí­
cil sino inju sto , p o rq u e las cosas q u e h acem o s, c o n o c e m o s o
sabem os so n p ro d u c to d e u n a co m p leja re d d e influ en cias.
Sin d u d a , m i p rim e ra e x p erie n c ia d e trab ajo e n el Sesi, d u ­
ra n te diez años, in sp iró u n o d e mis lib ro s [ Cartas a Cristina ],
e n el q u e an alizo m i pasaje p o r el Servicio, u n tie m p o al q u e
llam o “f u n d a n te ”, es d ecir, “u n tiem p o q u e fu n d a y q u e p o r
eso se a b re a la p ro fu n d id a d ”. Yo d iscu tía eso c o n m i p rim e ra
m u jer, q u e fu e p a ra m í u n a g ra n e d u c a d o ra y u n a g ra n p ra c ­
tican te d e la e d u c a c ió n ... A dem ás, alg u n o s am igos d ic e n q u e
yo soy la te o ría d e la p rá c tic a d e Elza. C reo q u e eso es in ju sto
p a ra los dos. Yo ta m b ié n tuve u n a práctica y ella ta m b ié n tuvo
u n a teo ría.
A veces n o m e g u sta d e c ir q u e soy algo p o rq u e p o d ría p a­
re c e r u n gesto d e van id ad ; p e ro en el fo n d o soy u n e d u c a d o r
q u e , a d em ás d e p ra c tic a r la e d u cació n , p ien sa la T e o ría d e la
E d u cació n . P o r eso soy u n p e n sa d o r d e la ed u ca c ió n . N o m e
g u sta d e c ir q u e soy u n p e n s a d o r d e l á re a p o rq u e s u e n a u n
p o c o aristo crático . P e ro e n v e rd a d es eso lo q u e vengo sien d o :
u n p e n s a d o r d e la e d u c a c ió n q u e n o p u e d e d iso ciar el p e n s a r
d el h a cer. A p ro p ó sito d e esto , le d ecía a m i hija q u e to d o lo
q u e h e v e n id o c ritica n d o , d isc u tien d o , in d a g a n d o co m o e d u ­
cad o r, c o m o p e n sa d o r, e n lib ro s y artícu lo s y c o n fe re n c ia s y
discusiones y co n greso s, to d o tien e su raíz e n el Sesi. Y p o r eso
llam o “tie m p o fu n d a n te ” al tie m p o q u e viví e n el Sesi -m a ñ a -
n a, ta rd e y n o c h e - 5 n la A v en id a Rio B ran co , q u e fu n c io n a b a
1 4 4 E m a e s tr o s in re c e ta s

d e 7 a 13 h o ras; yo volvía y pasab a a h í la ta rd e e n te ra , a veces


d e b id o a a lg ú n p ro b le m a e n alg u n a d e sus escuelas. Y p e n sa ­
b a e n el p ro b le m a y m e lo pasab a d is c u tie n d o ... L o in te re s a n ­
te es q u e m u ch a s d e m is lectu ras ped ag ó g icas tu v ie ro n su o ri­
g e n e n p ro b lem a s reales. C reo q u e n o alcanza c o n le e r, y q u e
esta es u n a fo rm a m uy eficaz d e estu d iar. Q u ie ro d e c ir q u e yo
b u scab a, e n la b ibliografía, respuestas a u n h e c h o c o n c re to
q u e h a b ía o c u rrid o . N o m e e n tre g a b a d e m a n e ra a le a to ria a
la re fle x ió n teó rica. B uscaba u n a ex p licació n p a ra u n h e c h o
c o n c re to q u e h a b ía vivenciado: p en sa b a m i p ráctica.
R e c u erd o q u e, c u a n d o ya llevaba dieciséis añ o s e n el exilio,
tie m p o e n q u e estuvo p ro h ib id o m e n c io n a r m i n o m b re en
el Jornal do Comercio, e n el Diário de Pemambuco, e n la Folha de
S. Paulo, ni siq u iera p o d ía salir e n los d ia rio s... ¡Q ué cosa! ¡A
veces m e im p re sio n a b a re p re s e n ta r sem ejan te p elig ro ! Yo n o
sa b ía ... Y d e cían q u e e ra peligroso. ¡La lib e rta d es u n a a m e­
naza, ya lo ven! ¡La cu rio sid ad d e la lib e rta d se tra n sfo rm a en
u n p eligro! Y re c u e rd o a m i am iga H eloisa B ezerra, a q u ie n le
escrib ía c o n re g u la rid a d d esd e Suiza, d e sd e los E stad o s U n i­
dos, cartas larguísim as q u e ella leía p a ra u n g ru p o d e am igos,
y d esp u é s m e re s p o n d ía n ... Q u iero d ecir, e n el fo n d o , inclu ­
so e n el exilio, m i a ñ o ra n z a ab so lu ta d e Brasil c o m p re n d ía
ta m b ié n m is ex p erien c ias e n el Sesi.
In clu so le c o n té u n a h isto ria a u n a am iga, q u e voy a re­
p e tir a h o ra , so b re u n a d e m is ex p erien cias e n el c am p o d e
la p e d a g o g ía y d e g e n e ra r h u m ild a d ... P o rq u e te n e m o s q u e
a p re n d e r a se r h u m ild es. U n d o m in g o p o r m es yo h a b la b a
p a ra los p a d re s y las m ad res, p escad o res y p e sc ad o ras, e n el
así lla m ad o “C írcu lo d e P adres y D o c en tes”; el ú n ic o q u e h a ­
b la b a e ra yo, tod o s los dem ás g u a rd a b a n silencio. D e r e p e n te
m e p e g u é u n terrib le susto c u a n d o u n c u e rp o cayó al suelo.
U n tip o se h a b ía q u e d a d o d o rm id o y h a b ía c aíd o re d o n d o .
H acía m u c h o calo r y e n d e te rm in a d o m o m e n to m i ch arla
d e b e h a b e rse v u elto m o n ó to n a y el h o m b re se d u rm ió y cayó
h a c ie n d o ta n to ru id o q u e n o s “d e sp e rtó ” a todos. L a c aíd a de
ese h o m b re m e pro v o có u n a serie d e reflex io n es. E n tre o tras,
C a m b ia r e s diffcN, p e ro e s p o s ib le 1 4 5

q u e n u n c a sab em o s si estam o s o n o lle g an d o a n u e stro s oyen­


tes. Es p o sib le q u e , h asta q u e el h o m b re se cayó, yo p e n sa ra
q u e el silen cio re in a n te se d e b ía a q u e los oyentes a c e p ta b a n
lo q u e e sta b a d ic ien d o . E n v erd ad , en vez d e p ro d u c ir
u n h a b la in stig a d o ra yo estab a c an tán d o les u n a can - “
ció n d e c u n a. Y d e sp u é s te n g o el tu p é d e criticar, e n * *-
m is análisis p ed ag ó g ico s, las clases q u e d e v ien en e n
can c io n e s d e cu n a.
E n el fo n d o , e n to n c e s, sería ex ag erad o d e c ir q u e
e n m is diez añ o s d e vida in te n sa e n el Sesi n o h u b o u n
solo d ía e n q u e n o haya h e c h o u n a reflex ió n s e ria ... Eso se­
ría u n a e x ag erac ió n . P e ro e n esos diez añ o s -¡y esto sí q u e es
in te re s a n te !- escrib í ta n sólo tres artículos. E m p ecé a escrib ir
sie n d o ya m uy m a d u ro . E n realid ad , yo a p arez c o e n el exilio,
n o aq u í. A h o ra b ie n , está cla ro q u e c u a n d o e m p e c é a e scrib ir
e n el ex ilio escrib í a ce rca d e la g ra n carg a d e e x p e rie n c ia
vivida a q u í y so b re la q u e d esp u é s tuve e n el exilio. S o b re m i
pasaje p o r el Sesi y so b re las visitas q u e h ic e p o s te rio rm e n te
a o tro s Sesis b rasileñ o s, so b re las e x p erie n cias q u e se te n ía n
e n aq u ella é p o ca , e n los a ñ o s c in cu en ta. E n R io G ra n d e d o
Sul esta b a M ário Reis, q u e e ra s u p e rin te n d e n te , asisten te so­
cial, esp iritu a lista m uy católico, m uy ético y m uy seg u ro c o m o
in te le ctu a l. F ue d u ra n te u n a visita a R io G ra n d e d o Sul q u e
c o n o c í a u n o d e los m e jo res p e n sa d o re s d e este país, el p ro ­
fe so r E m a n i M aría Fiori, g ra n filósofo ya fallecid o q u e escri­
b ió el p re fac io a la ed ic ió n b ra sile ñ a d e Pedagogía del oprimido,
q u e c o n sid e ro u n o d e los textos m ás serios q u e se h a n escrito
so b re m i p e n sa m ie n to y q u e d e b e ría ser re le íd o c o n stan te ­
m e n te . E n lín eas g e n erale s, la g e n te n o lee los prefacios. C reo
q u e hay q u e le e r to d o s los prefacio s, y so b re to d o u n p re fac io
co m o el d e Fiori.
C o n fieso q u e m e inv ad ió u n a a leg ría e n o rm e c u a n d o m e
in v itaro n a v e n ir a q u í hoy, m e sen tí p ro fu n d a m e n te e m o c io ­
n a d o . Si yo fu e ra u n p rin c ip ia n te , es p ro b a b le q u e m e resu l­
tara difícil h a b la r a q u í y a h o r a ... n i siq u ie ra m e a trev e ría a
m a n te n e r esta c h a rla d e so rg an iz ad a y c aó tic a c o m o esta. P e ro
1 4 6 E l m a e s tr o s in re c e ta s

ya te n g o e d a d su ficien te co m o p a ra n o p a d e c e r esa clase d e


p ro b lem as. Mi e d a d ya n o lo p e rm ite ... O m e jo r d ic h o , la ex­
p e rie n c ia es ta n g ra n d e q u e es im p o sib le c o n tin u a r p e rd id o .
O b v ia m en te n o d eseo re d u c ir m i ch arla d e h o y a esas a ñ o ­
ran zas felices d e m is tiem p o s e n el Sesi. P e ro tam p o c o p o ­
d ía n o d e c ir n a d a al resp ecto , n o h a b la r d e n u e stro s su eñ o s
y n u e stra lu c h a p o r h acerlo s realid ad . P o r ejem p lo , re c u e rd o
la p e le a q u e se d e sató c u a n d o so ñ é q u e to d o s los Sesis d e b e ­
ría n , d e n tr o d e lo po sib le, in d e p e n d iz arse d e l D e p a rta m e n to
R eg io n al p o rq u e m e im p re sio n a b a la d o m in a c ió n asistencia-
lista q u e te n ía n , la v ocación im perialista. Yo lu c h a b a c o n tra
eso. Y al m ism o tie m p o esa p elea, mis diálo go s c o n los d i­
recto res, c o n los líd e res o b rero s d e tod o s los Sesis, to d o eso
fu e u n a g ra n e n se ñ a n z a q u e , años d esp u és, m e ay u dó a escri­
b ir Pedagogía del oprimido. Mis reflex io n es so b re la co n cien cia
o p rim id a, so b re la a ctu alid a d d el o p rim id o y la p ro fu n d id a d
d o m in a n te d e l d o m in a d o r, la p o sib ilid ad d e ad ecu arse, d e
a d a p ta rse d el o p rim id o p a ra p o d e r sob rev iv ir... to d o eso lo
a p re n d í a q u í y d e sp u és lo co n firm é e n m is e x p erien cias en
A frica, e n A m érica L atina.
P e ro re c u e rd o m i lu c h a y m i d iálo go y c ó m o m e p e rd ía ...
p o r e jem p lo , c u a n d o les p ro p u se a los sesianos q u e , e n diá­
log o c o n las ju n ta s directivas d el D e p a rta m e n to , c o b ra ra n la
asistencia p re sta d a y d e stin a ra n u n a p a rte d e ese d in e ro a los
clubes y o tra p a rte al D e p a rta m e n to R eg io n al p a ra q u e lo re-
in v irtie ra e n m ás asistencia. Y re c u e rd o q u e u n c o m p a ñ e ro
sesiano, u n líd e r, u n o b re ro d e e n to n c es, se lev an tó y p r o n u n ­
ció u n d iscu rso e n el q u e dijo c o n m u c h a fuerza: “El d o c to
s u p e rin te n d e n te —me llamaban mucho así—es e n e m ig o d el tra­
b ajo y am ig o d el capital. E stá e n c o n tra d e l tra b ajo y a favor
a e i capitiii’’. Y u n o s días d esp u és m e llam ó u n aseso r d el Sesi
y m e dijo q u e yo e ra am ig o d el trab ajo y e n e m ig o d el capital.
N o d e b o d e c ir a q u í q u ié n e ra ese c o m p a ñ e ro . N o es n e c e ­
sario. N ad ie lo p id e. Y si lo p id ie ra n , tam p o c o lo d iría. P ero
b asta n o ta r có m o to m a b a n co n cien cia d e esas cosas, có m o
m e in d a g a b a n ... ¿Q ué h a b rá q u e rid o d e c ir ese aseso r c u a n d o
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 4 7

m e llam ó a su d esp ach o ? Fue u n a relac ió n m u y difícil. ¿Q u é


h a b ía d e trás d e su discurso? ¿H ab ía o n o u n a ideo log ía? ¿Y
q u é es u n a ideología?
T o d o eso m e sirvió m u c h o . P ara q u e te n g a n u n a id e a , es­
crib í los tres p rim e ro s cap ítu lo s d e Pedagogía del oprimido e n
q u in c e días. El c u a rto c ap ítu lo m e dio m ás trab ajo : ta rd é u n
m e s... P ero yo te n ía ta n to ro c e c o n la te m átic a q u e el lib ro
p rá c tic a m e n te salió so lo ... A v eces ten g o g an as d e h a c e r u n a
lec tu ra sui g en eris d e ese lib ro , su b ray an d o las p ág in as e in ­
d ican d o , p o r eje m p lo , q u e tal cosa tien e q u e v er co n las c o n ­
versaciones q u e m an tu v e e n el Sesi e n tal a ñ o ... Me g u sta ría
m a p e a r el c o n te x to d el lib ro y el c o n te x to m ayor, q u e e ra n
mis ex p erien cias, in clu so las q u e tuve aq u í. C osas q u e tod av ía
hoy, d e vez en c u a n d o , su rg e n e n mis reflex io n es. M u ch as
cosas q u e viví e n a q u ella é p o c a las p e rc ib í tie m p o d e sp u é s,
inclu so añ o s d esp u és, c o m o su ced e hoy m ism o , p o r eje m p lo ,
c u a n d o re c u e rd o la ta rd e e n q u e , co n v e rsa n d o co n a lg u ie n
e n m i escrito rio , tuve u n a iluminación re la c io n a d a c o n la r e ­
flex ió n teó rica q u e estoy h a c ie n d o ah o ra. S iem p re d ig o q u e
e n Cartas a Cristina d e d ic o u n a c a rta c o m p le ta al Sesi... C re o
q u e h ag o revisiones h istó ricas y ex p lícito e x a c ta m e n te to d o lo
q u e a p re n d í aq u í, q u e fu e m u ch ísim o .
N o p o d ría n o re sa lta r esta afectividad, q u e m e co n m u e v e
h asta la m é d u la , esta g ra titu d ... P oco im p o rta q u e yo co n -
c u e rd e o d eje d e c o n c o rd a r c o n las p erspectivas p olíticas d e l
Sesi; p o co im p o rta q u e yo n o a c e p te la te n d e n c ia actu al, n o
sólo d el Sesi d e P e m a m b u c o , sin o d e tod o s los Sesis, a la q u e
llam an eq u iv o c ad a m e n te “m o d e rn id a d ”. ¡N ada d e m o d e rn i­
dad! E n rea lid ad es u n a p o s m o d e m id a d m ala, p o rq u e se tra ta
d e tra n sfo rm ar el o rg a n ism o y las re lacio n es afectivas q u e se
d a n d e n tro de é l e n d u re z a b u ro crátic o -em p resarial; es d e ­
cir, se b u sca la eficacia d e la em p resa. C reo q u e se p u e d e s e r
eficaz sin volverse m alo , sin h e r ir al p ró jim o . N o im p o rta la
p o sició n q u e yo te n g a fre n te al Sesi, o q u e el Sesi te n g a fre n te
a m í; lo q u e im p o rta es q u e el Sesi fue im p o rta n te o tuvo u n a
im p o rta n c ia in d iscu tib le e n m i fo rm a c ió n filosófica, e n m i
1 4 8 E l m a e s tro s in re c e ta s

fo rm a c ió n p o lítico-pedagógica. Viabilizó u n a serie d e cosas


a b so lu ta m e n te necesarias p a ra m i fo rm a c ió n co m o e d u c a d o r.
A h o ra m e c o rre sp o n d e, e n este fin d e cu rso d e la fo rm a c ió n
p e rm a n e n te , d ecirles algo q u e esp e ro n o lleve d em a siad o
tie m p o y q u e consiste e n subrayar, p o r u n lad o , la im p o rta n ­
cia de las ex p erien c ias form ativas o fo rm a d o ra s p e rm a n e n te s ,
y, p o r el o tro , su b ray ar algo q u e m u ch as veces olvidam os y
q u e se resu m e e n la frase “C am b iar es difícil, p e ro es p o sib le ”.
C reo q u e esa frase n u n c a fue ta n n ece saria c o m o lo es h oy
en Brasil. H a ce m ás o m en o s u n m es e n tre g u é u n lib ro a la
ed ito rial d o n d e analizo este asu n to . El lib ro se va a llam ar
Pedagogía de la autonomía: saberes necesarios pa ra la práctica edu­
cativa. E n ese lib ro m e o c u p o d e an alizar d e te rm in a d o s sab e­
res q u e c o n sid ero p a rtic u la rm e n te in d isp en sab les p a ra to d o
e d u c a d o r, p o r su p u esto co n los d eb id o s m atices seg ú n sea
el e d u c a d o r p ro g resista o con serv ad o r. Y u n o d e los sab eres
q u e ex p lico es p re cisam e n te este: “C am b iar es difícil, p e ro es
p o sib le”.
Y les d ig o esto p o rq u e , si yo n o estuviera c ie n to p o r cie n to
co n v en cid o del a cie rto d e la ex p resió n “C a m b iar es difícil,
p e ro es p o sib le”, n o estaría a q u í ah o ra . P o r su p u esto , d e sd e
el p u n to d e vista de lo q u e re p re se n ta h u m a n a m e n te p a ra m í
estar c o n u sted es a q u í ah o ra, h a b ría v en id o m ás allá d e cu al­
q u ie r o tra circu n stan cia. P e ro si n o ex istiera este tra sfo n d o
m ayor d e m i v ínculo afectivo co n el o rg an ism o y n o n ece sa ria ­
m e n te co n cad a u n o d e u sted es - p u e d e ser q u e n o los co n o z­
c a -, yo n o te n d ría q u e v en ir aq u í. Y so b re to d o n o d e b e ría ser
d o c e n te si n o estuviera a b so lu tam en te seg u ro d e q u e c am b ia r
es difícil, p e ro es posible.
H ace p o c o tuve u n a g ran aleg ría cu an d o u n a d e las re s p o n ­
sables d e a n sec to r d e esta in stitu ció n m e d ijo q u e su p a d re ,
q u e h oy tie n e 80 años, era c ela d o r d el Sesi e n m i é p o ca. Y
cu an d o esa m u je r le dijo a su p a d re q u e v e n d ría a co n v ersar
co n m ig o , él le dijo: “E scucha lo q u e dice el p ro fe so r P au lo ,
d ile co n c la rid ad lo q u e q u ieres y fíjate q u e , c u a n d o vuelva a
h a b la r, te c o n v en cerá d e lo q u e ya sabes. U n a d e las cara cte ­
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 4 9

rísticas d e P a u lo F reire es q u e, c u a n d o conversas c o n él, insis­


te e n d e ja r claro q u e su in te rlo c u to r ta m b ié n sab e”.
¡Y e n te n d ió lo im p o rta n te q u e h a b ía sido p a ra ella esa
a p re c ia c ió n d e su p ad re! Y yo le dije: “Su p a d re , e n el fo n d o ,
h a h e c h o u n a síntesis teó rica d el p e n sa m ie n to d el e d u c a d o r
P au lo F re ire ”. Q u ie ro d ecir: m i c o m p re n sió n d e l p ro c e so d e
c o n o c e r, la p ro d u c c ió n d e c o n o c im ien to , m is incursiones e n
lo q u e h oy lla m a n c o n stru c tiv ism o ... Yo soy el p a d re del cons­
tructivism o. N o cab e n in g u n a d u d a d e q u e se p u e d e e stu d ia r
co n stru ctiv ism o a q u í y a h o ra e n Brasil sin m e n c io n a rm e ... e
in clu so fu e ra d e este país. Les d iré u n a cosa: le te n g o h o r r o r
a la falsa m o d estia. Si yo n o estuviera a b so lu ta m e n te con ven ­
cid o d e q u e te n ía alg o p a ra d e c ir aq u í, n o h a b ría a ce p ta d o la
invitación. P e ro , h a b ie n d o a c e p ta d o la inv itació n , n o p o d ía
p re s e n ta rm e a q u í m u y o ro n d o y decirles: “T e n d ría n q u e h a ­
b e r in v ita d o a o tr o ”... ¿E n to n ces p a ra q u é viniste? ¡Le te n ­
g o h o r r o r a esas cosas! Si v en g o es p o rq u e cre o q u e p u e d o .
A h o ra b ie n , la m o d e stia n o ra d ic a e n d u d a r d e q u ié n d e b e ­
ría e sta r aq u í; la m o d e stia rad ica e n sa b e r q u e ex isten o tro s
q u e ta m b ié n p o d ría n e sta r aq u í. Eso sí. Y h a sta es posib le q u e
o tro s p u d ie ra n h a c e rlo u n p o c o m e jo r q u e y o ... N o cab e la
m e n o r d u d a . A h o ra, n e g a r q u e yo ta m b ié n p u e d o h a c e rlo m e
p a re c e falso, h ip ó c rita ... Y n o m e g u sta la h ip o cresía. P e ro
p o r eso m ism o a c e p to esta c u estió n d el co n stru ctiv ism o q u e
el s u p e rin te n d e n te m e n c io n ó e n su ch arla , m e refie ro al é n ­
fasis q u e p o n g o e n la circu n stan cia, el sa b e r o la e x p e rie n c ia
d el a lu m n o . Es u n o d e los p rin c ip io s fu n d a m e n ta le s d el cons­
tructivism o, cuyo g ra n líd e r es J e a n P ia g e t
P e ro yo le d ije a esa p e rso n a: “Su p a d re h a ce u n a sín te­
sis d el esfu erzo te ó ric o ”. V ean b ien : c u a n d o e ra jo v e n ese
h o m b re p a rtic ip ó e n alg u n as re u n io n e s c o m o celad o r, n o e n
cursos, p e ro c a p tó e x a c ta m e n te el e sp íritu fu n d a m e n ta l d e
m i p ro p u e sta , q u e es la c a p a c id a d d el su jeto d e p ro d u c ir su
p ro p io c o n o c im ie n to . Y a ñ o s desp u és, tre in ta o c u a re n ta añ o s
m ás ta rd e , cita eso e n u n d iscu rso p ro p io . Y yo ls d e c ía a la
hija: “Fíjese c ó m o esta e x p re sió n d e su p a d re m u e stra, p o r
1 5 0 El m a e s tr o s in re c e ta s

u n lad o , las lim itacio n es y, p o r o tro , las p o sib ilidad es d e la


e d u c a c ió n ”.
P o r lo tan to , la e d u ca c ió n es eso. T al vez u n a d e las m ejo res
m a n e ra s d e c o n c e p tu a r la ed u cació n sea d e c ir q u e , si b ie n
n o lo p u e d e to d o , p u e d e m u ch as cosas. Es d e cir q u e n u e stro
p ro b le m a , co m o e d u ca d o re s y e d u cad o ras, es p re g u n ta rn o s
si es p o sib le viabilizar aq u ello q u e m u ch as veces n o p a re ce
posible.
V uelvo e n to n c e s a insistir e n la m ism a frase: “C am b iar es
difícil, p e ro es p o sib le”. Y q u ie ro m e n c io n a r d o s o tres reglas,
so b re to d o e n relac ió n c o n p o r q u é m e p a re ce im p o sib le la
im p o sib ilid ad d el cam bio.
E n p rim e r lu g a r d iría q u e sólo la p o sib ilid ad d e d e c ir q u e
es im p o sib le vuelve p o sib le lo im posible. In te n ta ré ex p licar­
lo ... q u e d ó d e m asiad o ab stracto . Q u ie ro d e c ir lo siguiente:
sólo a q u e l s irq u e , a través d e su larg a ex p e rie n c ia e n el m u n ­
d o , se to m ó capaz de significar el m u n d o es capaz de cam b iar
el m u n d o y es incap az d e n o cam b iar. Y ese ser es, exac­
ta m e n te , la m u je r y el h o m b re . Dos seres vivos h em o s
sido, h a sta a h o ra , c o m p e te n te s p a ra llevar a cab o esa
tarea. P o r eso, an tes q u e te n e r u n a h isto ria, n o so tro s
h ace m o s n u e stra h isto ria. N osotros c o n ta m o s la h isto ria
d e los leo n es. Los leo n es tie n e n h isto ria p e ro n o h isto ri­
cidad. Los leo n es n o sab en q u e h a c e n histo ria. L a h isto ria
d e los leo n es n o la c u e n ta n los leones: la co n tam o s n o so tro s.
P o r eso tam p o c o p u e d e h ab la rse d e la ética d e los leo n es. N o
co n sta, e n la h isto ria d e la h u m a n id a d , q u e los leo n es africa­
n o s h ay an asesin ad o a dos leo n es c o m p a ñ ero s d e o tro g ru p o
fam iliar y q u e , al lleg ar la n o c h e , hayan id o a d a r el p ésam e a
la fam ilia d e los leo n es m u erto s, etc. ¡Esas p o rq u e ría s sólo las
h acem o s ios h o m b re s y las m ujeres! Sólo los seres q u e eticizan
el m u n d o so n capaces d e ro m p e r c o n la ética. Sólo los se­
res cap aces d e cosas bellas, d e g ran d es gestos, so n capaces d e
cosas feísim as. E n to n ces, la eticización d el m u n d o e n g e n d ra
d e sp rec io p o r la ética. Y al m ism o tie m p o q u e e n g e n d ra d es­
p re c io p o r la ética n o s exige q u e lu c h em o s a favor d e la ética.
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 5 1

¡Y eso es lo q u e nos está faltan d o hoy! N o sólo eso, p e ro es


u n a d e las tantas cosas q u e faltan en el Brasil actual. ¡La rigu­
ro sid ad ética, q u e d eb e ser u n a d e n u estras luchas! L a d e m o ­
cratización de la falta d e ética e n n u e stro país es ta n g ra n d e
q u e ya n ad ie la to m a e n serio. T odos los días vem os u n n uevo
escándalo e n la vida p ú b lica y la vida privada d e este país. P ero
n o to d o lo q u e se dice e n este país p u e d e q u e d a r e n la n ad a.
¡Pero es escandaloso lo q u e o c u rre e n este país! ¡Ya n o hay
límites! En cierto m o m e n to d e la co n trav en ció n a la ética se
instala p o r fu erza la im p u n id ad . Q u iero decir, la im p u n id a d es
n ecesaria p a ra q u e el d esp recio p o r la ética avance. ¡La im p u ­
n id a d existente e n Brasil es increíble! Y c u a n ta más im p u n id a d
se tien e, m e n o s se resp eta la ética. Si los sinvergüenzas fu e ra n
castigados, n o h a b ría tan to s co m o hay. U n a d e las cosas q u e
m ás se d e m o cratizaro n e n Brasil es la sin v erg ü en cería. ¡Hay
h a m b re d e vergüenza! ¡La sin v erg ü en cería se h a generalizado!
E n to n c e s, e n u n m o m e n to co m o este, ex iste c ie rta te n d e n ­
cia id eo ló g ica a d e c ir q u e “la re a lid a d es así”, q u e “la re a lid a d
es esto q u e vem os”. Se h a b la d e d e se m p le o , p o r ejem p lo , n o
sólo e n Brasil sin o e n el resto d e l m u n d o . ¡El m u n d o c ie rra
el siglo y e l m ilen io c o n u n a c a n tid a d a stro n ó m ic a d e d e ­
sem pleados! Y o ím o s d e cir, p o r to d a resp u esta, q u e “así es la
re a lid a d ”. ¡Y n o es así! La re a lid a d n o es esta. N in g u n a rea­
lid ad es p o rq u e tie n e q u e ser. L a re a lid a d p u e d e y d e b e ser
m u tab le, tra n sfo rm ab le . P ero , p a ra ju stific a r los in te re ses q u e
o b stacu lizan el cam b io , es n e ce sario d e c ir q u e “la re a lid a d es
así”. El discu rso d e la im p o sib ilid ad es, p o r lo ta n to , u n dis­
curso id e o ló g ico y rea c c io n ario . P ara c o n fro n ta r el discu rso
ideo ló g ico d e la im p o sib ilid ad d e c am b ia r d e b em o s h a c e r el
discurso, ta m b ié n id eo ló g ico , d e la p o sib ilid a d d e c am b iar.
P e ro fu n d a d o in clu so e n la v e rd a d c ie n tífica d e q u e es posi­
ble c am b iar. Yo n o a c ep to , yo rec h az o d e p la n o la afirm a c ió n
p ro fu n d a m e n te p esim ista d e q u e n o es p o sib le cam b iar. Es
m ás, c re o q u e el d iscu rso d e la im p o sib ilid ad d e c am b io d el
m u n d o -y e n esto ra d ic a lo trág ico d e ese d is c u rs o - n o es u n
d iscurso co n stata b le.
1 5 2 B m a e s tro s in re c e ta s

L a im p o sib ilid ad de cam b iar n o es u n a obviedad. P o r ejem ­


plo, u n a ob v ied ad d e los sábados es ser a n te rio re s a los d o ­
m ingos. Si la im p o sib ilid ad d el cam bio fu e ra ta n obvia co m o
el h e c h o d e q u e los sábados p re c e d e n a los d o m in g o s, les co n ­
fieso q u e n o te n d ría el m e n o r in terés e n seg u ir vivo. Q u ie ro
d ecir, si el h e c h o d e ser h o m b re o ser m u je r m e im p u sie ra
co m o obvio q u e c am b iar es im posible, p re fe riría n o ser h o m ­
b re n i ser m u jer; p re fe riría n o c o n tin u a r e n e l m u n d o . M e
g u sta ser h u m a n o p o rq u e vivo oscilando e n tre la p o sib ilid a d
d e c am b iar y la d ificultad d e cam biar. Vivir la d ialéctica d e
p o d e r y n o p o d e r satisface m i p resen c ia e n el m u n d o , la p re ­
sen cia d e u n ser q u e es al m ism o tiem p o - y p o rq u e e s - o b jeto
d e la h isto ria, y q u e recién cu an d o se re c o n o c e o b je to d e la
h isto ria p u e d e e m p e zar a ser sujeto d e la h isto ria. Esa posibi­
lid a d d e s u p e ra r la co n d ició n d e o b jeto y a lcan zar la c o n d i­
ció n d e su jeto h a c e d o r y re h a c e d o r d el m u n d o es la q u e m e
alim e n ta a mis 75 años. Les confieso q u e n o te n d r ía el m e n o r
in te ré s - n in g ú n in te ré s - e n c o n tin u a r e n el m u n d o si co n ­
tin u a r e n el m u n d o significara n o p o d e r escrib ir so b re eso.
¿Q ué sería yo en tonces? U n a so m b ra e n el m u n d o .
P e ro d e sd e el m o m en to en q u e soy h a c e d o r d e l discu rso
d e la posib ilidad , el h e c h o m ism o de h a c e r el d iscu rso ya es
p ru e b a d e im posibilidad. P o r lo tan to yo n o p o d ría ser, y p o r
eso n o som os d eterm in ad o s; la g ra n d iferen cia es esta: som os
co n d icio n ad o s. Los sujetos co n d icio n a d o s s u p e ra n al p o d e r
c o n d ic io n a n te , e n tan to los sujetos d e te rm in a d o s se esclavi­
zan al p o d e r d e te rm in a n te . Es d e c ir q u e el cam b io sólo sería
im p o sib le p a ra los anim ales, p a ra los seres q u e n o so n cap a­
ces d e, alcan zan d o la co n cien cia del m u n d o , a lcan z ar la c o n ­
cien cia d e sí m ism os. Esos seres ni siq u iera p u e d e n h a b la r d e
cam b io o d e no-cam bio p o rq u e n o tie n e n u n len g u aje q u e les
p e rm ita e x p re sa r eso. C am b iar es posible d esd e el m o m e n to
e n q u e inv en tam o s el len g u aje y la p ro d u c c ió n social d e l le n ­
guaje. Es e v id en te q u e el cam bio está so m etid o a m ú ltip les
dificultades. N o cabe la m e n o r d u d a d e eso. El c am b io n o es
arb itrario : u n o n o cam b ia p o rq u e q u ie re y n o sie m p re cam ­
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 5 3

b ia e n la d ire c c ió n so ñ ad a. P e ro d e b em o s sab e r
q u e el cam b io n o es individual sin o social c o n
u n a d im e n s ió n individual. ¡Pero el cam b io es
posible!
P a ra te rm in a r -fin a lm e n te h a b lé q u in c e m in u to s
d e m is nostalgias y añ o ran zas, p e ro n o m e a rr e p ie n to -, d iré
q u e el p a p e l d e la e d u ca c ió n es m uy im p o rta n te . A lg u n a vez
se p e n só q u e la e d u ca c ió n lo p o d ía to d o y a lg u n a vez se p e n só
q u e la e d u c a c ió n n o p o d ía n a d a. C reo q u e el g ra n valo r d e
la e d u c a c ió n ra d ic a e n q u e , si b ie n n o lo tie n e to d o , p u e d e
m u c h a s cosas. Y n u e stra ta re a c o m o e d u c a d o re s n o es o tra
q u e re fle x io n a r so b re lo posible. P o rq u e lo p o sib le ta m b ié n
está c o n d ic io n a d o histó rica, social e id e o ló g ic am e n te. Lo q u e
h o y es p o sib le e n R ecife, p o r ejem p lo , n o n e c e sa ria m e n te es
p o sib le e n C a r u a r u ... y viceversa. Al fin d e cu en tas es necesa­
rio d e sc u b rir los c o n d ic io n a m ien to s h istóricos, sociales, p o lí­
ticos, etc., d o n d e se d a n o n o se d a n las p o sib ilidad es. Y diag­
n o stic a r esas p o sib ilid ad es es la e n o rm e ta re a d el e d u c a d o r y
la e d u c a d o ra j u n t o a o tro s p ro fesio n ales.
P o r eso q u ie ro d ejarles el a lm a lle n a d e esp eran za. Sin es­
p e ra n z a n o p o d e m o s siq u iera e m p e z a r a p e n s a r la e d u ca ció n .
Las m a trices d e la e sp e ran z a so n las d e la educabilidad d el ser,
d e l s e r h u m a n o . N o es p o sib le ser in co n clu so s y co n scien tes
d e esa in c o n c lu sió n , co m o lo som os n o so tro s, y n o buscar.
L a e d u c a c ió n es ese m o v im ien to d e b ú sq u e d a , esa b ú s q u e d a
p e rm a n e n te .
C re o q u e los cursos, los e n c u e n tro s d e fo rm a c ió n d o n d e se
e stu d ia n p ro b le m a s c o m o este so n e n c u e n tro s fu n d a m e n ta ­
les q u e n o s a y u d an a seg u ir e n fre n ta n d o obstáculos. Sin em ­
b a rg o , n o d e b e m o s p e rm itir q u e se n o s ag o te la esp eran za,
q u e la lu c h a acab e. Y d esd e ese lu g a r p ro fu n d o d o n d e a rrai­
g an m is co n v iccio n es p ed ag ó g icas y políticas les digo: a mis
75 añ o s ten g o , n o d e sd e el p u n to d e vista físico sino d esd e
u n a p ersp ec tiv a m o ra l e in te le ctu a l, m ás fu erza p a ra lu c h a r
q u e c u a n d o te n ía 25: p re c isa m e n te c u a n d o estab a a q u í m is­
m o , e n el Sesi, co T n en zan d o ... Yo n o a c e p to q u e mi e sp e ran ­
1 5 4 E l m a e s tro s in re c e ta s

za desap arezca. Yo lu ch o , p e le o todos los días. H oy - to d o lo


in d ic a - soy m ás jo v e n e n ciertos aspectos q u e c u a n d o te n ía
40 años. C u a n d o yo te n ía 40 años, o 35 p a ra el caso, o 30, era
p ro fe so r a q u í en la un iv ersid ad y d ab a clases vestido c o n traje
y co rb a ta . Ni u n a sola vez m e p re se n té co n este a tu e n d o q u e
m e ven p u e sto a q u í ah o ra. Q u iero d e cir q u e hoy, a mis 75
añ o s, soy m ás m o d e rn o p a ra vestirm e q u e c u a n d o te n ía 30.
¡Soy m ás jo v e n a h o ra , a los 75, q u e a los 40! Y d e n tr o d e diez
a ñ o s e sp e ro ser todavía m ás jo v e n d e lo q u e soy a h o ra ...
Eso es lo q u e d e b em o s conservar, lo q u e d e b em o s res­
g u a rd a r. ¡A p esar d e todo! ¡A p e sa r de los fracasos! D eb em o s
e n te n d e r q u e los fracasos y el su frim ien to son p a rte d e la
b ú s q u e d a d e eficacia. N o hay eficacia q u e n o tro p ie c e co n
m o m e n to s d e fracaso. Y d eb em o s trab ajar p a ra c o n v ertir el
fracaso e n éxito.

D iá lo g o c o n lo s p a r t ic ip a n te s

L a c u e s t ió n d e la e s c r it u r a y la le c tu r a
Q u e n o s guste o n o n o s guste leer está re la c io n a d o c o n la p ro ­
p ia e x p e rie n c ia in telectu al. N o ten g o n in g u n a d u d a d e q u e
la escu ela n o es la ú n ic a resp o n sab le, p e ro u n a d e sus tareas
p rim o rd ia le s d e b e ría ser estim u lar el gusto p o r la le c tu ra e n
los alu m n o s. Y n o siem p re lo hace. P o r o tra p a rte B rasil - n o
sólo Brasil, p e ro m e referiré a n u e stro c a s o - h a vivido u n a ex­
p e rie n c ia b asta n te d ram ática. Brasil inten sificó la co m u n ica ­
c ió n visual a través d e la televisión e n vez d e ay u d ar a q u ien e s
n o te n ía n e x p erie n c ia d e lectu ra a s u p e ra r esa d ificu ltad . Es
d e c ir q u e la televisión llegó al país cu an d o la g e n te tod av ía n o
c o n o c ía la lectu ra. N osotros tsn e m o s u n a c u ltu ra p re p o n d e -
ra n te m e n te o ral e n cierto s lugares, m ien tras q u e e n o tro s hay
u n a c u ltu ra o ra l... n o p re p o n d e ra n te , p e ro o ral al fin. P ara
q u e te n g a n u n a id ea, e n 1968, céleb re a ñ o d e la sublevación
d e la ju v e n tu d e n el m u n d o , yo estab a ex iliad o e n C hile y
la U n esco m e llam ó a París. Viajé allí e n ju n i o d e 1968, es
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 5 5

d e c ir u n m es d esp u és d e l estallido, q u e fu e e n m ayo. L leg u é


a París e n ju n io . El lev an tam ien to e stu d ia n til e n P arís y e n
el resto d el m u n d o h a b ía sido e n m ayo - y tod av ía c o n tin u a ­
b a - y yo c o m p ré (e n tre folletos y libros) v ein ticin co trab ajo s
q u e h a b la b a n d e l fe n ó m e n o o c u rrid o u n m es atrás. ¡Esa es la
e x p e rie n c ia d e u n a c u ltu ra gráfica! Las ex p erie n c ia s q u e tuvi­
m os aq u í, e n esta fan tástica c iu d ad d e R ecife an tes d el g o lp e,
todavía n o fu e ro n escritas. P o r ejem p lo , ¿cu án to s lib ro s fu n ­
d am en tales ten em o s so b re el M CP4 e n Brasil, e n P e m a m b u c o
p a ra s e r m ás precisos? N o llegan a tres, tal vez ni siq u iera a
dos. T e n em o s a lg u n o s artícu lo s y ensayos: yo m ism o esc rib í
u n o ... U n a de las cartas del lib ro Cartas a Cristina es so b re
el M C P... P ues b ie n , e n París, e n ju n io d e ese a ñ o , c o m p ré
v einticinco p u b licacio n es sobre los a co n tec im ien to s d e m ayo.
Estam os e n 1997 y n o co n tam o s n i siq u iera c o n tres lib ro s
sobre u n a d e las cosas m ás im p o rta n te s q u e tie n e la c u ltu ra
p o p u la r d e este país, q u e es y fue el MCP. N o c a b e n d u d a s d e
q u e el M CP fu e u n a p ro p u e sta rev o lu cio n aria , co n siste n te,
fu erte, d e te rm in a n te ... ¡Y n o hay n a d a esc rito so b re eso! Ni
siq u iera n o so tro s, q u e lo fu n d a m o s ... N os vam os a m o rir, ya
se m u rie ro n a lg u n o s, y ...
A hí está G e rm a n o C o elh o , p o r e jem p lo . L e m a n d é u n
m en saje d ic ie n d o q u e esp e ro q u e se le pase p ro n to esa m a n ía
d e ser p re fe c to ... Eso n o im plica u n a falta d e re s p e to h a c ia
él n i h acia el h e c h o d e ser p re fecto , p e ro c re o q u e to d o s es­
p eram o s q u e G e rm a n o C o elh o se e n c ie rre e n su b ib lio te c a y

4 S ig la c o r r e s p o n d ie n te a l M o v im ie n to d e C u ltu r a P o p u la r c r e a d o e n

R e c if e e l 1 3 d e m a y o d e 1 9 6 0 p o r M ig u e l A r r a e s , e n to n c e s a lc a ld e d e

la c a p ita l p e m a m b u c a n a . F u e e n e s e m o v im ie n to d o n d e P a u lo r e a liz ó

la p r im e r a e x p e r ie n c ia d e a p lic a c ió n d e lo q u e m á s ta r d e s e c o n o c e r la

c o m o e l ‘ m é t o d o P a u lo F re ir e ’ . P a u lo F r e ir e f o r m ó p a r t e d e l C o n s e jo

d e D ir e c c ió n d e l M C P , e x tin to , c o m o o tr o s m o v im ie n to s p o lí t ic o -

e d u c a tiv o s , p o r e l g o b ie r n o m ilita r p o c o d e s p u é s d e l g o lp e d e m a r z o

d e 1 9 6 4 . [A M A F ]
1 5 6 El m a e s tro s in re c e ta s

e s c r ib a ,5 d u r a n te u n a ñ o , so b re su e x p e r ie n c ia p o lític o -
p e d a g ó g ic a . Y q u e lleg u e a ser p refec to tam b ién , p e ro q u e
an tes d ig a q u é fu e el MCP. Q u e P aulo Rosas e scrib a so b re el
M CP, q u e A n ita Paes B arreto, u n a de las in telectu ales m ás se­
rias n o sólo d e Recife sino de to d o este p a ís ... ¡que A n ita tam ­
b ié n escriba! Yo estoy b u scan d o e n San P ab lo g e n te in te re sa ­
d a e n g ra b a r m em o ria s... ¡N osotros n o te n e m o s m em o ria! Y
u n a d e las características d e n u e stra c u ltu ra es p re c isa m e n te
la m e m o ria m ás oral, q u e n o se graba.
P a ra q u e te n g a n u n a id e a d e la o ra lid a d d e n u e stra c u ltu ra,
p ie n se n q u e yo soy c o n sid erad o , e n tre los in telectu ales brasi­
leños, co m o u n esc rito r d e best-sellers. ¿U stedes sab e n cuál es la
can tid a d de ejem p lares d e u n a ed ició n n o rm al, d igam os del
lib ro d e u n jo v e n escrito r q u e recién com ienza, e n San Pablo?
T res m il ejem p lares. ¡Q uiere d e cir q u e u n su jeto q u e v en d e
tres m il ejem p lares e n u n añ o en San P ab lo es c o n sid era d o
u n g ra n v e n d e d o r d e libros! Brasil n o c o m p ra n i v en d e n i lee
m u ch o s libros.
O tro a rg u m e n to p a ra n o leer es q u e los salarios d e los
m aestros y las m aestras, e n este país, so n p o r c o m p le to invia-
bles. ¡Hay q u e g a n ar lo q u e ganam os nosotros! Y m e incluyo
e n eso. Yo soy u n intelectu al, u n d o c e n te a típ ico e n Brasil,
p o rq u e h ag o otras cosas: v en d o libros, escribo, salgo, doy co n ­
feren cias e n Brasil y fu e ra del p a ís... Y eso ta m b ié n significa
d in e ro . ¿¡Pero im ag ín en se si u n su jeto q u e g a n a 400 o 500
reales va a a n d a r co m p ra n d o libros!? ¡Y cu an to s m e n o s libros
c o m p ra, m en o s le gusta leer! ¡Y su d efe n sa es n o lee r, si b ie n
se piensa!

5 A te n t o a lo s in s is te n te s p e d id o s d e P a u lo y a s u s p r o p io s d e s e o s ,

G e r m a n o C o e lh o p u b lic ó u n lib r o e x te n s o y b e llí s im o , M C P : história do


M ovim ento de Cultura Popular, R e c ife , e d ic ió n d e l a u to r , 2 0 1 2 . P o r in ­

v ita c ió n d e G e r m a n o e s c r ib í u n te x t o p a r a e s e v o lu m e n t it u la d o “ P a u lo

F r e ir e e n te n d e u q u e h o m e n s e m u lh e r e s p o d e m m u d a r o m u n d o ” ,

p p . x x v - x x v iii. [A M A F ]
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 5 7

M iren, la cu estió n d e q u e los d o c en tes lea n es u n a c u estió n


d e p o lítica c u ltu ra l e n este país, y m uy co m p leja, m uy grave,
q u e exige algo m ás q u e criticar a los d o c en tes. Lo id e al se ría
q u e to d o s p u d ié ra m o s le e r cu alq u ie r cosa, p e ro n o sie m p re
es posible.
P e ro si u ste d [se d irig e al s u p e rin te n d e n te d e l Sesi d e P er-
n a m b u c o ] m e p re g u n ta si soy c o m p le ta m e n te pesim ista, le
digo q u e n o lo soy. C reo q u e la d o cen cia e n este país tie n e , a
veces, alg o d e m agia. P o r ejem p lo , ¿cóm o se ex p lica q u e u n
h o m b re co m o u s te d haya d e d ic ad o su vida e n te ra a esto? Si
u ste d h u b ie ra o rie n ta d o h acia o tra cosa su in te lig en c ia y su
h a b ilid a d p a ra vivir y m an ejarse e n el m u n d o co n serie d a d ,
n o ten g o d u d a s d e q u e h a b ría g a n ad o m u c h o m ás d in e ro .
Y sin e m b a rg o u s te d se q u e d ó a h í y a h í c o n tin ú a ... y e sp e ro
q u e n o a b a n d o n e ... Es m i caso tam b ién , y es el caso d e to d o s
n o so tro s. Q u ie ro d e c ir q u e hay a lg o ... N o le voy a d e c ir q u e
es u n a vocación, q u e es u n sacerd o cio , p o rq u e creo q u e n o
lo es. M e p a re c e q u e eso d el sacerd o cio es u n a ch ic an a p a ra
q u e n o h ag am o s h u e lg a . P e ro e n v erd ad este país le d e b e m u ­
ch ísim o a las a sí llam ad as “m aestras legas” q u e c o m p ra n , c o n
los 15 reales q u e g a n a n p o r m es - a veces g a n a n u n p o q u ito
m á s- las tizas q u e el m u n icip io , q u e el E stad o n o provee. Yo
cre o q u e n o so tro s, al fin alizar cad a e n c u e n tro p ed ag ó g ico ,
te n d ría m o s q u e r e n d ir h o m e n a je a las m aestras y los m aes­
tros d e este país, n o a los acad ém ico s sin o so b re to d o a los
q u e atraviesan la situ ac ió n m ás d u ra co n sus salarios m ín i­
m os. .. ¡Ya h a b rá n visto q u e h a sta hay u n a p ro p u e s ta d e u n
p a ra ib a n o d e salario s d iferen tes! ¡Q ué cosa h o rrib le! M e se n tí
p ro fu n d a m e n te o fe n d id o , ayer, c u a n d o m e e n te ré d e los dos
salario s... El salario m ás “sin v erg ü en za” es p a ra el e m p le a d o
p ú b lico , el d o c e n te ...

L ím it e s y p o s ib ilid a d e s d e la e d u c a c ió n
C u a n d o re fle x io n o so b re los lím ites d e la e d u c a c ió n y las
p o sib ilid ad es d e la e d u c a c ió n d e b o c u id a rm e d e n o e x ag e ­
r a r los asp ecto s p ositivos y n o e x a g e ra r los asp ecto s n e g a ti­
1 5 8 E m a e s tr o s in re c e ta s

vos. O , e n o tras p alab ras, n o e x ag e ra r la im p o sib ilid a d y n o


e x a g e ra r la p o sib ilid ad . Es d ecir, la e d u c a c ió n n o lo p u e d e
to d o p e ro p u e d e algo, y la so cied ad d e b e ría p e n sa rlo co n se­
rie d a d . C re o q u e la so cied ad civil y to d o s n o so tro s ten e m o s
q u e lu c h a r. L u c h a r p o r la serie d a d d e la e scu ela p ú b lica,
p o r eje m p lo . N o m e in te re sa lu c h a r c o n tra la e scu e la priva­
d a, cuya h isto ria e n Brasil tie n e u n a p re se n c ia fu n d a m e n ­
tal e im p o rta n te , sino lu c h a r p o r q u e el E stad o c u m p la co n
su d e b e r d e o fre c e r u n a escu e la seria, u n a escu ela e n
¡C gSL c a n tid a d y u n a escu ela e n calid ad . El E stad o n o p u e-
lfr"npj d e lle g a r a q u í y d ecir: “U sted n o p u e d e h a c e r u n a es-
| \P<
m cu ela; ese es m i d e b e r y m i d e re c h o ”. ¡No! Al c o n tra ­
rio , el E stad o d e b e ría c o la b o ra r c o n los o rg an ism o s
p riv ad o s q u e h a c e n su a p o rte , c o n las escu elas privadas
q u e h a c e n su a p o rte , p e ro sin d e ja r d e c u m p lir su d e b e r,
q u e es o fre c e r u n a escu ela seria, u n a escu e la d em o c rá tic a,
u n a e sc u ela a b ie rta d o n d e el e d u c a n d o e x p e rim e n te la p o ­
sib ilid ad q u e o frece la e d u ca c ió n y re c o n o zc a los lím ites d e
su e d u c a c ió n .
Esa es u n a d e las razo n es de m i lu c h a co m o e d u c a d o r b ra ­
sileño. F ue u n a d e las razones d e m i lu c h a -y, re p ito , a p re n d í
m u c h o e n esa lu c h a - cu an d o d irig í lo q u e e n aq u ella ép o ­
ca se llam ab a División d e E d u cació n y C u ltu ra d el Sesi. A quí
a p re n d í la n ece sid a d d e form ació n in te rn a d e los ed u ca d o ­
res, el resp e to p o r la lib e rta d d e los ed u ca n d o s, p o r el creci­
m ie n to d e los ed u can d o s. ¡Pero es u n a lib e rtad q u e sólo se
re fre n d a c u a n d o asu m e sus p ro p io s límites! ¡No hay lib ertad
sin límites!
C reo q u e a veces exageram os n u e stra id ea d e los n iñ o s ca-
ren ciad o s. Es co m o si estuviéram os empapados d e sen tim ien to s
u e cu lp a, co m o si n o s sintiéram os resp o n sab les p o r la p re se n ­
cia d e esos n iñ o s e n las calles. T a m b ién som os resp o n sab les,
es e v id en te, p o rq u e n o ten em o s el coraje d e p e le a r p a ra q u e
esas cosas n o o c u rran . P e ro n o p o d em o s c ae r e n soluciones
p u ra m e n te p atern alistas. T e n d ríam o s q u e e stu d ia r esta p ro ­
b le m á tic a a fo n d o .
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 5 9

C reo q u e lo m e jo r q u e p o d e m o s h a c e r es n o c a e r e n lo q u e
p o d ríam o s llam ar o p tim ism o p ed ag ó g ico , seg ú n el cu al la p e ­
d ag o g ía to d o lo p u e d e , p e ro tam p o co e n el p esim ism o p e d a ­
gógico, seg ú n el cual la p e d ag o g ía n a d a p u e d e . C reo q u e los
añ o s sesen ta e n Brasil - y n o sólo a q u í sin o e n to d a A m érica
L a tin a - rev elaro n algo d e la p rim e ra p o sib ilid ad , la p rim e ra
ten d e n c ia , q u e e ra a d m itir q u e la e d u cació n p o d ía casi to d o ;
p e ro e n los añ o s se te n ta caím os e n el p esim ism o p ed ag ó g i­
co, y a p a rtir d e los añ o s o c h e n ta y n o v en ta c re o q u e se e stá
b u scan d o a nivel m u n d ia l u n a co m p re n sió n m ás crítica, m ás
radical d e la p rá c tic a ed u cativ a q u e d e sn u d e las d ificu ltad es y
las posib ilidad es d e la ed u cac ió n .

P a la b r a g e n e r a d o r a y c o n s tr u c tiv is m o
C reo q u e hay lib e rta d y hay equívocos. E n Brasil, p o r ejem ­
p lo , h ay q u ien es d ic e n - a u n q u e hoy se d ice c ad a vez m e n o s -
q u e d esp u és d e E m ilia F e rre iro , P aulo F reire ya fue. C reo , e n
p rim e r lug ar, q u e esa afirm ació n carece d e fu n d a m e n to cien ­
tífico y filosófico. N ad ie y a fue, to d o el m u n d o está sien d o .
E n to n ces, esta es u n a a firm ació n in c o m p e te n te . Y h asta m e
d a p e n a el q u e la hizo. C reo q u e es u n e rro r. E m ilia F e rre iro
es, sin d u d a alg u n a , u n a d e las m ayores investigadoras actu a­
les e n el cam p o d e la p sico lin g ú ística y la sociolingüística. N o
cab e la m e n o r d u d a d e eso. R e c u erd o u n a c o n v ersació n q u e
tuvim os en San P a b lo y d esp u és, n o h ace m u c h o , e n los Esta­
dos U n id o s. Y r e c u e rd o q u e ella m e dijo: “P a u lo , u n a d e las
g ra n d e s d ificu ltad es q u e te n e m o s es có m o e n fre n ta r la m iti-
ficación d e la in v estig ació n. Q u ie ro decir, e n el fo n d o yo soy
u n a in v estig ad o ra”. Y a veces p re te n d e n q u e ella sea d ife re n te
de algo de lo q u e , a q u ié n se le o c u rriría d iscu tirlo , es d ife re n ­
te. P e ro yo d iría, inclu so , q u e a Em ilia le falta - a u n q u e h oy ya
se a p ro x im a - p re c is a m e n te algo q u e a m í n o m e so b ra p o r­
q u e lo ten g o e n la m e d id a c o rrecta, q u e es la c o m p re n sió n
d e la politicidad d e la e d u c a c ió n del len g u aje. Q u ie ro d ecir, la
p re o c u p a c ió n p e d a g ó g ic a ja m á s ap arec e n e u tr a e n mí, ja m á s
a p arec e en s í L a e d u c a c ió n es siem p re u n m o m e n to p o lítico.
1 6 0 B m a e s tr o s in re c e ta s

A h o ra b ie n , e n seg u n d o lugar, e n tre los p rin c ip io s q u e dis­


c u tía tre in ta o c u a re n ta años atrás, u n o es este resp e to fu n d a ­
m e n ta l al q u e tam b ién alu d e E m ilia - a l q u e n o p o d ía e lu d ir-,
este resp e to q u e la escuela e n g e n eral y los e d u c a d o re s e n
p a rtic u la r d e b e n te n e r p o r las co n d icio n es cu ltu rales, p o r la
id e n tid a d cu ltu ral d e los ed u can d o s. E n los añ o s c in c u e n ta
escrib í u n tex to q u e m i actual m u jer, N ita, q u e es h isto riad o ra
d e la ed u cació n , co n sid era fu n d a m e n tal. Ese tex to a n u n c ia b a
lo q u e v e n d ría d esp u és -s i yo m e h u b ie ra m u e rto n o h a b ría
v en id o , claro, p e ro co m o n o m e m o rí, v in o - y c o n tó c o n la
co lab o ra ció n del e q u ip o p e m a m b u c a n o q u e p artic ip ó e n el
C o n g reso N acional d e E d u cació n de A dultos e n la d é c a d a d e
1950. El tex to fu e d iscutido a q u í y se titu lab a “E d u c ació n e n
los m o c am b o s”. Es u n trabajo d e tres páginas e n el cual a n u n ­
ciaba, e n síntesis, n o sólo la alfabetización sino u n a c o m p re n ­
sión fu n d a m e n ta l q u e después ap arece am p lia d a e n Pedagogía
del oprimido. Y es in te re san te o bservar ta m b ié n q u e ese tex to
so b re la ed u cació n en los m ocam bos está carg ad ísim o d e m i
e x p e rie n c ia e n el Sesi... N o te n ía có m o n o estarlo.
A h o ra b ien , se dice q u e yo h ab lab a d e p a la b ra g e n e ra d o ­
ra y q u e la p a la b ra n o p o d ía ser g e n e ra d o ra , q u e te n ía q u e
ser la o ra c ió n ... P o r supuesto, c u an d o yo h a b la b a d e p a la b ra
g e n e ra d o ra en los años c in cu en ta, e n los añ o s c u a re n ta , cual­
q u ie ra q u e haya vivido en a q u ella é p o ca y haya visto a lg u n a
e x p e rie n c ia d e este tipo re c o rd a rá q u e p a rtía m o s de l discurso
lingüístico, d e l len g u aje del alfab etizan d o y n o d el len g u a je
d el ed u ca d o r: o tro d e los p rin cip io s fu n d a m e n ta le s d e l cons­
tructivism o. P o r esa razón, en to n ces, seg ú n m i p ro p u e sta
te n d ría m o s q u e h a b e r investigado lo q u e yo d e n o m in a b a “el
u niverso lexical d e los alfab etizan d o s”. E n ese un iv erso selec-
d c n á c a m o s palabras d e las q u e lu eg o p a rtía m o s h a c ia la ex­
p e rien c ia . Q u iero decir, en el fo n d o lo q u e yo p ro p o n ía e ra
u n análisis d el discurso p o p u la r y después, d u ra n te el análisis,
la a p re h e n s ió n d e d eterm in ad as p alab ras q u e e ra n claves - e n
el discurso, n o e n sí m ism as- p ara, e n el p ro ceso d e síntesis,
lleg ar n u e v a m e n te al discurso global. Esto n o va e n c o n tra del
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 6 1

constructivism o; p o r el co n trario , así o p e ra el p e n sa m ie n to


hum ano.
C reo q u e e l co n stru ctiv ism o es la te o ría d e u n in d iv id u o
q u e tie n e m é to d o , q u e tie n e técn ic a, q u e se sirve d e té c n i­
cas, d e m é to d o s. El co n stru ctiv ism o es u n a c o n c e p c ió n d e
la p rá c tic a e d u c a tiv a ... y ta m b ié n p o lítica. A u n q u e n o to d o s
los c o n stru ctiv istas se a n ta n p o lítico s co m o yo. N o p u e d o
se r e d u c a d o r si n o soy p o lítico . Lo cu al n o q u ie re d e c ir q u e
n e c e s a ria m e n te hay a q u e ser d e l p a rtid o A, B, C o D p a ra
s e r e d u c a d o r. N o es e so lo q u e q u ie ro d e cir. M e re fie ro al
s e r p o lític o .
¿Pero q u é p ro p o n ía yo en to n ces? P ro p o n ía q u e h u b ie ra u n
p e río d o X , q u e in clu so se a d m itía e n la época, d e tres sesio­
n e s d e d e b a te , c o n cod ificacio nes -a s í las llam ab a y o - h e ch as
p o r ese g ra n a rtista b ra sile ñ o de P e m a m b u c o q u e es F rancis­
co B re n n a n d . T uve u n a con versació n p ro m o v id a p o r A rian o
S uassuna, e n su casa, c o n u n g ru p o de artistas, e n tre ellos
B re n n a n d . Y les d ije q u e , p a ra c o m e n z a r el p ro ce so d e alfa­
b etizació n , e ra fu n d a m e n ta l d e b a tir c o n los alfab etizan d o s la
c o m p re n s ió n d e l fe n ó m e n o cu ltu ral. U n d e b ate inicial, n a d a
m u y p ro fu n d o . Y ellos m e p re g u n ta ro n p o r q u é e ra im p o r­
ta n te p a ra m í in c lu ir al a lfab etizan d o e n u n d e b a te so b re la
c u ltu ra . Y yo r e s p o n d í lo siguiente: c u a n d o u sted d e b a te co n
los g ru p o s d e alfab e tizan d o s q u é es la c u ltu ra e n ta n to crea­
ció n y p ro d u c c ió n h u m a n a , e n el fo n d o u sted está h a cien ­
d o c u ltu ra , p u e sto q u e n o sólo co m o e sp e ctad o r d el m u n d o
sin o c o m o in te rv e n cio n ista - c o n su c ap acid ad de in terv e n ir
e n el m u n d o - es cap az d e c a m b iar el m u n d o . Eso es lo q u e
d e fin e al h o m b re y a la m u je r. In te rv in ie n d o e n el m u n d o
n o s volvem os cap aces d e h a c e r algo m ás q u e a d a p ta m o s a él.
L a c u ltu ra es el re su lta d o d e la in te rv e n c ió n de la m u je r y el
h o m b re e n u n m u n d o q u e ellos n o h iciero n . E n to n ces, cu ltu ­
r a es ta n to u n a sin fo n ía d e B eeth o v en co m o los m u ñ eco s de
M estre V italin o , c u ltu ra es ta n to lo q u e co m p u so Tchaikovski
c o m o este m ic ró fo n o q u e está aq u í, d e la n te d e m í, e n tan to
e x p re sió n tecn o ló g ica.
1 6 2 B m a e s tr o s in re c e ta s

Yo q u e ría lo g ra r q u e el h o m b re y la m u je r co m u n es se des­
c u b rie ra n co m o individuos capaces d e h a c e r cu ltu ra, a u n q u e
fu e ra n an alfab eto s. ¿Y por qué y para qué? D esde el m o m e n to
e n q u e el alfab etizan d o - y lo h e d e m o s tra d o - p e rc ib e q u e
ex cav and o u n ag u jero e n el suelo y e n c o n tra n d o ag u a y h a­
c ie n d o el p o zo h ace cu ltu ra, d esd e el m o m e n to e n q u e d es­
c u b re q u e p u e d e cam b iar u n m u n d o y u n a n a tu ralez a q u e él
n o hizo, ¿p o r q u é n o p o d ría cam b iar el m u n d o d e la cu ltu ra,
q u e es el m u n d o d e la política, q u e es u n m u n d o q u e él hizo
o q u e le lev a n taro n encim a?
Y a h í es d o n d e , p o r ejem p lo , ya n o ten g o n a d a q u e ver con
E m ilia. Q u ie ro d ecir, las p reo cu p acio n e s d e E m ilia ja m á s la
llevaron a d iscu tir esto. Lo q u e E m ilia hizo y c o n tin ú a ha­
c ie n d o es investigar la p ro d u c c ió n del len g u aje. ¡Y es u n a
c o n trib u c ió n ex trao rd in aria! Mi p re o c u p ac ió n e ra otra: n o
se su straía al m o m e n to p e ro lo so brepasaba. Lo q u e yo q u e­
ría e ra c o m b a tir la id eo lo g ía fatalista q u e dice q u e Dios o el
d e stin o so n resp o n sab les p o r la esp an to sa vida d el ex p lo tad o
y el d o m in a d o . Yo q u e ría q u e el cam p esin o e x p o lia d o p erci­
b ie ra p o r fin q u e su m iseria n o se explica in v o can d o a Dios
o al d e stin o o al h ad o , sino q u e son las relacio n es sociales
d e p ro d u c c ió n las q u e ex p lican su vida. Y q u e p e rc ib ie ra la
in stru m e n ta lid a d científica, q u e e ra la siguiente: si yo p u e d o
cam b ia r u n m u n d o q u e n o hice, ¿por q u é n o cam b io el m u n ­
d o q u e hago? ¿Por q u é n o voto d iferen te? ¿Por q u é n o pien so
d iferen te? ¿Por q u é n o lu ch o diferente?
Esa e ra m i p reo c u p ació n . ¡Eso es alfabetizar p a ra mí! La
alfab etización q u e se q u e d a e n el bla ble bli blo bliu. B u en o ,
tam p o c o d iría q u e n o vale n a d a ... C reo q u e h asta sería in­
ju s to d e c ir q u e q u ie n se q u e d a e n el bla ble bli blo blu n o vale
n ad a. H asta eso tien e alg ú n valor. P o rq u e es posib le q u e , des­
p u és d e u n p rim e r m o m e n to m ecán ico d e bla ble bli, el tip o se
ilu m in e y la e d u c a d o ra o el e d u c a d o r q u e están todavía e n la
fase a n te rio r, m ágica, in g e n u a d e la alfabetización d e sc u b ra n
q u e lo m ás im p o rta n te es cam b iar el m u n d o , n o h a c e r el bla
ble bli blo blu. E n otras palabras, el bla ble bli blo blu tie n e sen tid o
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 6 3

c u an d o trab aja a favor d e la rad icalid ad d el cam bio d e l m u n ­


do. Así m e con vierto e n u n h o m b re m ejo r, n o c u a n d o m e
ad ap to . N o m e h ag o h o m b re ad a p tá n d o m e a la m iseria, e n el
p le n o se n tid o d e la p alab ra , sino lu c h a n d o c o n tra la m iseria.
¡P u ed o inclu so m o rir e n la m iseria, p e ro d esp u és d e h a b e r
p e le a d o c o n tra ella! ¡De eso se trata!
U stedes n o están obligados a p e n s a r co m o yo, p e ro están
obligados a resp etarm e. Yo resp eto al su jeto q u e m e dice
m uy seriam en te: “P au lo , te confieso q u e n o es u n a av iv ad a...
p e ro yo p re fie ro a c o m o d a rm e ”. Rezo p o r él, le te n g o lástim a,
p e ro n o p u e d o o d iarlo . ¡Porque soy u n d em ó c rata! Q u iero
d ecir, yo c re c í a p re n d ie n d o q u e d o n d e m ás se a p re n d e es e n
la d iferen cia. Yo n o a p re n d o e n la igualdad. El o tro es igual
a mí, p ien sa igual q u e yo, le gusta la carn e d e c e rd o co m o a
m í... ¡No! ¡T iene q u e g u starle a lg u n a o tra cosa! ¡Yo soy e n la
diferencia!
P ero yo q u e ría d ecirle al cam pesino: “M ire, u ste d tie n e
to d o el d e re c h o d e d iscu tir esto, tie n e to d o el d e re c h o d e
d e cir q u e es el P ap á d e l C ielo el q u e q u iere q u e u ste d viva
e n estas co n d icio n es. P e ro yo te n g o to d o el d e re c h o d e d e ­
cirle q u e n o es así”. Dios, q u e es el su m u m d e la p a te rn id a d ,
d e la h e rm a n d a d , d e la sab id u ría, d e la id o n e id a d , d e la vir­
tu d ... ¡no p u e d e d isc rim in ar a n ad ie! ¿C óm o es p o sib le q u e
Dios p e rm ita q u e los hijos d e P au lo F reire estu d ie n y to q u e n
a B e eth o v en e n el v iolín m ien tras los hijos d e o tro se m u e re n
d e h am b re? ¿Y d ic e n q u e Dios h ace eso p a ra p o n e r a p ru e b a
el a m o r d e sus fieles? ¿D ó n d e se h a visto u n Dios así? ¡Esa cla­
se d e Dios n o d e b e ría existir! P ero d eb em o s re sp e ta r al in d i­
viduo q u e c ree e n esa clase de Dios. P o r lo ta n to , m i d e b e r de
p ed ag o g o , d e p o lítico , es in stru m e n ta r. U sted p u e d e a c e p ta r
o n o el in s tru m e n to q u e le estoy o fre cien d o , ¡pero n ecesita
sab er q u e eso n o es verdad! Si insiste, el p ro b le m a es suyo. A
m í n o m e c o m p e te c a p tu ra rlo , n o m e c o m p ete m a tarlo , n o
m e c o m p e te d e sp e d irlo p o r el h e c h o d e q u e u ste d c re a q u e
Dios lo p o n e a p ru e b a p a ra ver si u ste d lo q u ie re a u n q u e lo
d eje sin co m er. C reo q u e n o es así.
1 6 4 0 m a e s tro s in re c e ta s

E n to n ces, m i p reo c u p ac ió n es esa. V ean q u e el p rim e r m o ­


m e n to d e ex p erie n cia d e alfabetización q u e p ro p o n ía era
ex ac ta m en te este, el del d eb ate sobre el fe n ó m e n o cu ltu ral.
P ara q u e a p a rtir d e la c o m p re n sió n crítica d e lo q u e es cul­
tu ra se p e rc ib iera q u e la h isto ria n o es d e te rm in a c ió n : la his­
to ria es posibilidad. El fu tu ro n o es algo d ad o d e a n te m a n o ,
el fu tu ro n o es in ex o rab le. El fu tu ro es p ro b lem ático . Y yo,
in m erso co m o estoy e n la futuridad y la presentificación, d e b o
tra b aja r ese fu tu ro q u e viene, q u e h a b rá d e ven ir. Y ese fu tu ­
ro q u e h a b rá d e v en ir es la posibilidad, o n o , d e h a c e r reali­
d a d el sueño de m u n d o q u e ten g o hoy. ¿Cuál es m i sueño d e
m u n d o ? U n a sociedad m en o s fea q u e esta, u n a so cied ad e n
la q u e h o m b res y m u jeres p u e d a n am a r co n m ay o r facilidad.
Mi su eñ o d e m u n d o es u n su eñ o d o n d e n o hay tre in ta y tres
m illones de brasileños q u e m u e re n d e h a m b re ... N i tam p o co
analistas políticos d ic ien d o q u e “la realid ad es esa”... N o, ¡la
re a lid a d n o es esa! ¡La rea lid ad está sien d o así p o rq u e las m i­
n o rías q u e d e te n ta n el p o d e r q u ie ren q u e siga así! ¡Y n o so tro s
ten em o s la o bligación d e d ecir q u e eso n o es verdad!
O sea, co m o alfab etizad o r lo q u e yo q u e rría e n v e rd a d ... Y
n u n c a lo o culté. Ni c u a n d o fui p reso y m e e n c e rra ro n e n u n
calabozo de 1,70 p o r 0,60 m etros, de m i ta m a ñ o - n o p o d ía
d a rm e v uelta p o rq u e las p ared es e ra n ásperas, d e c e m e n to -,
n i c u a n d o m e m e tie ro n e n u n lu g ar co m o ese. Jam á s re n u n ­
cié a lo q u e pensaba, jam ás ab d iq u é. H asta m e r e ía .... U n
d ía dije p a ra mis a d en tro s, acostado, Dios sabe cóm o: e n esta
celd a n o cabe A riano Suassuna n i n in g u n o d e m is am igos,
sólo P au lo R osas... H asta a m í m e hacía gracia, a v eces... C reo
q u e p o r eso n o estoy m u e rto . ¡H abía q u e te n e r h u m o r p a ra
a g u a n ta r aquello!
P ues b ie n , sigo sie n d o el m ism o. C ieo q u e, al c o n tra rio ,
h oy soy m u c h o más radical qu e cu an d o estaba e n el Sesi. P ero
p rim e ro d efinam os q u é es ser radical. Ser rad ical n o es salir a
la calle a tira r tiro s... N o, eso n o es radicalism o, ¡eso es locu ­
ra, lo c u ra total! N o, yo n o soy n in g ú n loco d e atar. D igo q u e
soy rad ical e n el sen tid o e n q u e M arx d efin e la rad icalid a d .
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 6 5

M arx d e c ía m ás o m en o s esto: n o m e pasa inad v ertid o n a d a


q u e se d ig a del h o m b re y d e la m ujer. Ser radical es ir a la raíz
d e las cosas. Y la raíz d e las cosas es el in teré s h u m a n o . Y e n
este s e n tid o yo soy radical. ¡Pero sectario y m io p e n u n c a , d e
n in g u n a m an era! Yo resp e to la d iferen cia, resp eto el d e re c h o
d el su jeto a ser d iferen te.
C u a n d o p ro p u se ese d e b a te so b re la cu ltura, B ra n n a d
p in tó o c h o o diez cu ad ro s co n figuras m uy lindas, q u e lu e­
go tran sfo rm am o s e n diapositivas. E n los d eb ates so b re la así
lla m a d a “d eco d ificació n ” - q u e e n el fo n d o e ra u n a le c tu ra
d el m u n d o seg ú n la rep re se n ta c ió n del código q u e yo h a b ía
p ro p u e s to - , lo q u e salía n o e ra n p alab ras gen erad o ras, lo q u e
salía e ra la frase, e ra el discurso co m p leto del cam p esin o . F u e
a p a rtir d e ese discurso q u e c ap té m ed ia d o cen a, diez, d o c e
p alab ras fu n d a m e n tale s p ara, co lo cán d o las en el c e n tro d e
o tro d e b a te , re to m a r u n a vez m ás el discurso global.
Al fin d e cu en tas e ra u n a estrateg ia d e análisis, d e síntesis.
Existe m u c h a g e n te , a la q u e tam b ié n d eb em o s resp etar, in ­
te le c tu a lm e n te irresp o n sab le. N o im p o rta q u e hayan p asad o
p o r la un iv ersid ad . El h e c h o es q u e n o a p re n d ie ro n casi n a d a
d e l m u n d o y p ie n san q u e so n genios y to d o el tiem p o h a c e n
afirm acio n es ridiculas. Y yo, co m o p ro fe so r universitario, soy
m uy e x ig en te y rig u ro so c o n el d e re c h o a la crítica q u e tie n e n
m is alu m n o s. P e ro c u a n d o a lg u n o d e ellos critica a u n p ro ­
feso r e n u n sem in a rio le p id o ex p licaciones p ro fu n d as d e su
crítica. Q u e n o m e v en gan co n eso d e que: “¡Ah! F u lan o d e
T al dijo u n a lo c u ra ”. Yo p re g u n to p rim e ro : ¿qué es u n a lo cu ­
ra? ¿Q ué caracteriza a u n a locu ra? ¿Q ué es u n discurso loco?
Si el a lu m n o n o lo sabe ex p licar, tie n e p ro h ib id o en u n ciarlo .
Así n o se p u e d e : hay q u e a su m ir la responsabilidad.
P e ro d e u n d e b a te p a ra lleg ar a captar, a c o m p re n d e r q u é
es c u ltu ra , salía u n discurso, u n a o ralid ad , u n a co m p re n sió n
o ral d e l m u n d o . La p a la b ra q u e se utilizó p o r p rim e ra vez
fu e “lad rillo ”. L a co d ificación e ra u n h o m b re tra b ajan d o e n
la c o n stru c c ió n d e Brasilia c o n u n ladrillo. Y c u an d o volvía
a d e b a tirse la p a la b ra g e n e ra d o ra “lad rillo ” n u n c a a p arec ía
1 6 6 El m a e s tr o s in re c e ta s

sola -la d rillo -; siem p re ap arecía, com o ap areció y co m o apa­


re c e rá n u e v am en te, d e n tro d e frases, d e n tro d e u n discurso
global. P e ro e n el análisis de ese discurso g lobal la p a la b ra era
c ap tad a d esp u és d e h a b e r ap arecid o e n varios discursos en
los q u e te n ía sen tid o . Y a h í em pezam os a an alizarla n o d esde
u n análisis gram atical sino textual, silábico.
A h o ra b ien , e n el fo n d o , a u n q u e n o lo h u b ie ra d ic h o ex­
p líc itam en te , yo le exigía tan to a la frase co m o a la p alabra.
E ra tan e x ig en te c o n la frase co m o lo es Em ilia. Lo q u e n o es
posib le, sin em b arg o , n i p a ra Em ilia n i p a ra m í, es escap ar al
c o n o c im ien to d e la p a lab ra y al co n o cim ien to d e l análisis de
la p alab ra. Yo decía, ya en aqu ella época, q u e la alfabeti-
^ zación es u n acto cread o r. ¿Q ué es eso, en to n ces? Eso
significa q u e el alfabetizando se alfabetiza c o n ayuda
d el alfab etizad o r, p e ro el alfab etizad o r n o es el q u e arm a
la alfabetización del alfabetizando. El alfab etizan d o d e b e
ser el su jeto d e p ro d u c c ió n d e su grafía, co m o es sujeto de
p ro d u c c ió n d e su oralid ad .
C reo q u e lo m e jo r q u e p o d em o s h a c e r h oy es lo q u e hace
BB -Educar. Inclu so les sugiero q u e e n tre n e n c o n tacto con
B B -E ducar p o rq u e quizás p u e d a n h a cer convenios in tere san ­
tes. E n la actu alid ad BB-Educar h ace u n trab ajo e n to d o Bra­
sil. N o q u ie ro m e n c io n a r la can tid ad d e círculos d e c u ltu ra
q u e tie n e n hoy e n Brasil p a ra n o equivocarm e, p e ro hay u n a
c an tid a d e n o rm e d e alfabetizandos e n Brasil q u e sig u en a
P au lo F reire. P ero ¿qué es lo q u e hacen? H a c e n P au lo F reire
y E m ilia F e rreiro . Es d e cir q u e son realistas, n o m e m a taro n
n i tam p o c o ex p u lsaro n a Emilia; d esc u b rie ro n q u e am b o s so­
m os necesarios. E n to n ces, creo q u e eso es p re c isa m e n te lo
q u e hay q u e h ace r.
P ero , am igos y am igas m íos, c u an d o m e in v itaro n a v en ir
a q u í dije: “E n d e te rm in a d o m o m en to d e la conversación, ter­
m in o ”. Y esta es o tra cosa q u e q u e ría d ecirles q u e a p re n d í
e n mis tiem p o s pasados e n el Sesi. Es algo q u e m e p are ce
fo rm id ab le y es el g usto p o r la lib ertad , el n o p e rm itir jam ás
q u e la lib e rta d se d e fo rm e en licenciosidad. Es la lib e rtad q u e
C a m b ia r e s d ifíc il, p e ro e s p o s ib le 1 6 7

se asum e co m o lim itada, q u e c o n o c e ... N o d iré q u e “c o n o c e


su lu g a r” p o rq u e es u n a frase reaccio n aria y preju icio sa. P e ro
yo a p re n d í q u e la lib e rtad es algo form id ab le y q u e d e b em o s
usarla. E n cu alq u ie r p a rte del m u n d o se p u e d e e sc u c h ar eso.
Sin em b arg o , c u an d o llega u n m o m e n to d e te rm in a d o
digo: “Q u erid o s, si se tra ta ra d e seguir c h a rla n d o y to m a n d o
cerveza, a g u an tab a. P ero com o n o es así, co m o es u n a c o n ­
v ersación más seria, d estin ad a a llegar a u n a reflex ió n , ya m e
can sé”. H ace p o c o visité a u n am igo m ío , q u e tam b ié n fu e
s u p e rin te n d e n te d e esta Casa, A n to n io C arvalho, q u e es u n
p o q u ito m ayor q u e yo. C u an d o bajé del au to m e dijo: “P au lo ,
estás m u ch o m ás viejo q u e yo”. Y le dije: “Estoy de a c u e rd o ”.
D espués, m ie n tras conversábam os, m e dijo: “Paulo, e sto d e la
vejez va e n serio ”. Y u n a d e las cosas q u e m e p asan hoy es lo si­
g u ien te: sien to u n po co d e cansancio a la h o ra d e reflex io n ar.
M ientras h ab lo , m e analizo m u ch o . Es u n ejercicio b a sta n te
difícil, p e ro co n se g u í h a c e r la e x p erien cia d e tra n sfo rm ar m i
discurso e n o b je to crítico d e m i reflex ió n m ie n tras hab lo . P o r
eso a veces m e p ercib o e n co n trad icció n c o n m ig o m ism o y
o tras veces n o.
P e ro q u ie ro d ecirles q u e m e sen tí m uy c o n te n to d e vol­
v er aq u í. Este e n c u e n tro m e h a gu stad o m u ch ísim o . Q u ie ro
a g ra d e c e r sin c e ra m e n te al s u p e rin te n d e n te d el Sesi, A n to n io
C arlos B rito M aciel. C reo q u e a c e rtó ... A certó n o p o rq u e yo
tuv iera algo m isterio so p a ra decir; acertó p o rq u e a ce p tó m i
n ecesid ad afectiva de venir. Y le ag radezco e n o rm e m e n te p o r
eso.
Les dejo u n g ra n abrazo. Y hasta - ¿ p o r q u é n o ? - alg u n a
o tra o p o rtu n id a d .
A lf a b e t i z a c ió n e n c ie n c ia s

( T r a n s c r ip c ió n o r ig in a l d e u n d i á l o g o q u e m a n t u v i e r o n P a u lo

F r e ir e y A d r i a n o N o g u e r a , q u i e n a c e r c ó e l d o c u m e n t o c o n

s u s c o r r e s p o n d i e n t e s n o t a s a la o r g a n iz a d o r a . ]

pa u l o f r e ir e : U stedes están e m e rg ie n d o aquí, e n


este n o ro e ste p a ra n a e n se , a través del p ro y ecto Alfabetiza­
ció n y C iencias. P o r lo q u e escuché y discutí c o n A rguello,
co n A dáo, Sebastiani, A d rian o y ja c ó 6 tam b ién p o d ría
m os d e n o m in a rlo A lfabetización e n C iencias. Se tr a t
d e tem as y e n fo q u es fam iliares d e n u estro “clu b d e la
rú c u la ”.7 Q u iero rea lzar algunos aspectos y, e n el tran s­
cu rso d e la reflex ió n , p ro fu n d iz a r otros.
U n p rim e r asp ecto sería sin d udas u n c ierto espíritu. Ese
e sp íritu al q u e m e re fie ro es u n sueño posible. E n c u e n tro e n
los p la n teo s q u e h a c e n u stedes -y en las d eclaracio n es d e los
estu d ian tes c o m p ro m e tid o s con esta p ro p u e s ta - ciertas p re ­
misas de u n su e ñ o o u n a u to p ía. Mi c o m en tario e n to n ces se
o rie n ta a d iscu tir los ru m b o s h acia d o n d e tie n d e a explayarse
ese sueño.

6 P a u lo F r e ir e a lu d e a to s c o n s u lto r e s d e /e n e l p r o y e c t o d e G r a d u a c ió n

e n E d u c a c ió n y C ie n c ia s , C a m p u s d e G o io - E r é , U n iv e r s id a d d e M a r in -

g á P R ) . E l g r u p o e s ta b a c o m p u e s to p o r lo s d o c to r e s C a r lo s A r g u e llo

( fís ic o ) , A d á o C a r d o s o ( b ió lo g o ) , E d u a r d o S e b a s tia n i ( m a te m á tic o ) y

A d r ia n o N o g u e ir a ( N ú c le o N im e c / U n ic a m p , p o s d o c to r a d o e n F ilo s o ­

fía d e la C ie n c ia ) . L a U n iv e r s id a d d e M a r in g á e s tu v o r e p r e s e n ta d a p o r

e l c o o r d in a d o r d e l c a m p u s , M a n o e l J a c ó G . G im e n e z , y la S e c r e ta r ia

E s ta d u a l d e E d u c a c ió n , p o r e l s u p e r in te n d e n te J o á o M á n fio y la r e p r e ­

s e n ta n te d e l N ú c le o R e g io n a l S te ia A lv im .

7 P a u lo s e r e fie r e a l e s p ír itu d e tr a b a jo g r u p a l, q u e s e r á e x p lic ita d o e n e l

tr a n s c u r s o d e la r e fle x ió n .
1 7 0 El m a e s tr o sin re c e ta s

Se tra ta d e u n su eñ o colectivo. N o es algo q u e está en la


cabeza d e A rguello, n i u n voluntarism o d e Jacó , lle n o d e b u e ­
nas in te n c io n e s apoyadas p o r la S ecretaría a través d e M ánfio,
ni tam p o c o se red u c e a u n estu d io q u e A d rian o viene co n s­
tru y en d o , reg istra n d o y d iscu tien d o co n n o so tro s e n su pos­
d o c to ra d o . Es algo colectivo, n o es u n proyecto p ilo to aislado.
Mi c o m e n ta rio , e n to n ces, p re te n d e enfatizar los in g red ie n tes
históricos q u e h a ce n posible ese su eñ o . Y recalco la sensibili­
d a d c o n q u e u sted es re o rd e n a n esos in g re d ie n te s históricos;
p ro y ectán d o lo s, c o n c re ta n d o eso q u e “está en el a ire ”. El m é­
rito es p e rc ib ir y co n creta r, e n u n a invención in n o v a d o ra, u n
c o n ju n to d e posibilidades.
O tro asp ecto a d estacar es el siguiente: u n a realizació n co­
lectiva d e este p o rte , d esd e u n com ienzo y p a ra p o d e r sobrevi­
vir, n a ce p e le a n d o . Y ese p a rto co n trad ice u n a trad ició n hasta
a h o ra h e g e m ó n ic a e n n u e stra cu ltu ra. Al su rg ir d e esta m a­
n e ra , este p ro y ecto co m p arte u n a p ro p u e sta q u e rea c o m o d a
n u e stra tra d ic ió n acad ém ica y científica. C om o n o es e n g añ o ­
sa y b u sca ser fiel a lo posible histórico q u e u sted es h a n e n ­
c o n tra d o , esa realizació n h u ele a suelo, nace d e c o lo r verde,
se o x ig en a e n este clim a y se afina co m o el c an to d e los pája­
ros; vale d ecir, es u n proyecto q u e n o sólo resp o n d e
„ a la n ecesid ad del “an im al h u m a n o ” sino q u e, al
h acerlo , m aterializa u n proyecto-vida q u e se ex p an ­
d e - d e s d e esta re g ió n - com o proyecto d e n ació n . N o
se s u p e rp o n e al p royecto local: se d esarro lla a p a rtir d e él.
No es un trasplante n i un implante sino una siembra. Realizarlo,
n o lo d u d e n , es g a ran tía de pelea. P elea b u e n a , d e calidad.
P o r lo q u e leí y p o r los c o m en tario s del g ru p o y los co o rd in a ­
d ores, c o n tra rre sta los trasplantes académ icos d e l proyecto
co lo n ial ib é rico q u e se h a n h e ch o e n nueoL'o país. ¿Q ué d e ­
bem o s d estacar en to n c es en esta propuesta?
E n el ám b ito d e la form ació n científica - q u e es el objetivo
d el p ro y e c to - destaco o tro aspecto, p ro p ia m e n te ep istem o ­
lógico. Y b a sá n d o m e e n eso, creo, p u e d o a b a n d o n a r la o p ­
ció n vertical a u to rita ria h eg em ó n ica e n tre n o so tros. Yo d e ­
A lfa b e tiz a c ió n e n c ie n c ia s 1 7 1

n o m in a ría “e p istem o lo g ía d e la m e n te cu rio sa” a este asp ecto


co n trah e g em ó n ico , p u e sto q u e se constituye a través d e la
curiosidad. ¿A q u é m e refiero? M e refiero a la fo rm a c ió n d e
hábitos in telectu ales co m p atib les co n la m e n te cu rio sa q u e
co n fo rm an u n estad o d e alerta, q u e en el fo n d o n o es o tra
cosa q u e el ejercicio d e la curiosidad.
La fo rm a ció n q u e u sted es bu scan en este p ro y ecto , d e l q u e
Arguelles y ja c ó 8 son socios, es la fo rm ació n d e la m e n te epis­
tem o ló g icam en te curiosa. Vale d e c ir q u e la A lfabetización e n
Ciencias a p u esta a la fo rm a ció n d e p e rc ep c io n e s c ie n to p o r
cien to activas e n tre , p o r u n a p a rte , el fe n ó m e n o q u e n os e n ­
vuelve p o r e n te ro y, p o r la o tra, el esp íritu crítico q u e p re te n ­
dem os m a n te n e r y q u e exige cie rta clase d e d istan c ia m ie n to .
Es u n a A lfabetización d e la visión científica d e l m u n d o .9 P o r
lo tan to , el o b jeto q u e se p re te n d e c o n o c e r es la p ro p ia p ers­
pectiva científica. Al objetivar ese o bjeto - p o r favor, a c e p te n
la re d u n d a n c ia - m e distan cio d e él y, al m ism o tie m p o , o rie n ­
to m i curiosidad. Mi m e n te va cam b ian d o la c alid ad d e los
en fo q u es y los tratam ien to s. ¿Y q u é sería eso? L a cu rio sid ad ,
en el sen tid o ep istem o ló g ico , es la ad ec u a ció n e n tre m e n te y
circunstancias; lo q u e p re te n d e esta ad ec u a ció n es c o n o c e r la
razón d e ser d e los fen ó m e n o s y los objetos. Vale d e c ir q u e
busca h isto rizar [fen ó m en o s y objetos] y, al h a c e rlo , q u ie n
así o p e ra [la m e n te , el sujeto] se constituye h istó rica m e n te.
La cu rio sid ad se b u rila, p erfeccio n a, refin a e in s tru m e n ta a sí
misma; deviene, to d a ella, d irecció n y acción al in c id ir so b re
u n objeto. L a c u rio sid ad n o in cid e sólo so b re el o b jeto , co m o

8 P a u lo F r e ir é s e r e fie r e a q u í a u n c o n v e n io e n tr e e l n ú c le o N im e c -

U n ic a m p y la U . E . M a r in g á p a r a la im p le m e n ta c ió n d e u n p r o y e c t o d e

g r a d u a c ió n e n E d u c a c ió n y C ie n c ia s a p o y a d o p o r la C a p e s .

9 S e g ú n la p e r t in e n t e o b s e r v a c ió n d e la p r o fe s o r a D r a . A n a M a r ía A r a ú jo

F re ir é , P a u lo a d o p ta a q u í u n a a c e p c ió n a m p lia d e la a lfa b e tiz a c ió n . N o

la c o n c ib e s ó lo c o m o in ic ia c ió n a l c ó d ig o e s c r ito , s in o c c m o u n p r o c e ­

s o c o g n itiv o e n c u a lq u ie r n iv e l y g r a d o y e n c u a lq u ie r c ie n c ia .
1 7 2 E l m a e s tr o s in re c e ta s

si lo aislara, sino tam b ién sobre las relacio n es d el o b jeto y


so b re su p ro p ia relació n co n el objeto.
Así s u p e ra el nivel d el m e ro “yo creo q u e ”; vale d ecir, n o se
satisface c o n explicaciones d e la rea lid ad q u e n o sean fru to
d e e sta r alerta. U n ind icio d e b u e n a form a ció n [en alfabe­
tización e n ciencias] sería este: la m e n te se in s tru m e n ta a sí
m ism a, d ev ien e cu rio sid ad e n acto. P ienso q u e esta curiosi­
d a d epistem o ló g ica es u n a cu alid ad sin la cual n o se h a b ría
p o d id o h a ce r ciencia.

a n : A p a rtir d e eso, p ro feso r Paulo, ¿p o dríam o s afir­


m a r q u e la ciencia y la co n cien cia m a n tie n e n interfases
p e rm a n e n te m e n te ?

p f : Exacto. D esde esta perspectiva, el científico tam b ié n se


h ace e d u ca d o r. Se refin a com o científico y m ien tras ta n to
p erfeccio n a la n atu raleza com unicativo-educativa d e sus m o­
vim ientos p a ra e n te n d e r el m u n d o . E n el fo n d o , lid ia co n su
p ro p ia curiosidad. Se perfeccio n a, am p lía su cap acid ad d e in­
dag ar, y cad a vez co n m ayor agudeza.
Y cre o q u e A d rian o viene avanzando so b re esto y p o d rá
a le rta m o s so b re aspectos fu n d am en tales. Es im p o rta n te , p o r
ejem p lo , q u e a p re n d am o s a re c o n o c e r el lu g a r y la relevancia
d e la em o cio n alid ad . Sé q u e A d rian o tie n e c o n ta cto c o n el
biólogo c h ilen o H u m b e rto M atu ra n a y q u e co n o ce su o b ra,
y a veces m e p id e q u e p reste a te n ció n a la em o c io n a lid ad
d e n u e stra id o n e id a d p a ra objetivar; vale d ecir, p a ra histori-
zarnos. T a m b ién alu d e a veces a los estudios d e M arilen a,10
q u e p ro fu n d iz a n d o e n Spinoza, nos p e rm ite avanzar e n la
co m p ren sió n . El m ied o, la sensibilidad, los afectos y las p a ­

1 0 P a u lo F re ir e a lu d e a q u í a u n a p a r te d e la r e fle x ió n p r o d u c id a p o r

la f iló s o fa M a r ile n a C h a u f, e s tu d ia d a e n e s ta r e la c ió n o r ie n ta d o r -

o r ie n ta n d o . E s a c o n tr ib u c ió n s e r á c ita d a y s itu a d a e n e l d e s a r r o llo d e l

P r o y e c to A m b ié n c ia .
A lfa b e tiz a c ió n e n c ie n c ia s 1 7 3

siones q u e afectan a la m e n te curiosa la vuelven ep istem o ló ­


g icam en te activa o, p o r el co n trario , p u e d e n castrarla según
sea su m o d o d e convivencia con lo em ocional. P o r lo tan to ,
el d e sa rro llo d e la m e n te ep istem o ló g icam en te c u rio sa se
o rie n ta a desenvolver em o cio n al y racio n alm en te la ca- 'y,
p a cid ad d e in d a g ar. T o d o eso im plica u n tra ta m ie n to y \
u n c u id ad o im p o rta n te s e n la ed u cació n científica, q u e ij/
es so b re to d o u n a fo rm a e x p erim en tal d e lid iar co n
am bas [em o ció n / racio n alid ad ] sin jerarq u izarlas.
P ero existe la p a ra d o ja d e q u e la fo rm ació n de la curiosi­
d a d ep istem o ló g ica e n la m e n te h u m a n a se d e tien e . A nivel
em o cio n al y racio n al, la científica y el científico lid ian co n
la sig u ien te p arad o ja: su cu rio sid ad sabe q u e el p u n to d e lle­
g ad a n o existe. E stab lecen hipótesis p a ra b u scar y e n c o n tra r
p e ro , e n m e d io d e sus hallazgos, d escu b ren cosas q u e n o
b u scab an n i tam p o c o h a b ía n supuesto. Y eso p ro d u c e cierta
in c o m p le tu d , p o rq u e realizan u n c o n ju n to d e actividades en
las q u e d a n to d o d e sí e n busca de referencias n o definitivas.

a n : ¿Me p e rm ite h a c e r u n a co m p aració n , Paulo? Su reflex ió n


e n este m o m e n to d estaca el trabajo d e h a c e r p ro g resa r re­
feren cias q u e e ra n provisorias y que, avanzando o p o r causa
m ism a d el h e c h o d e avanzar, re p o n e n lo provisorio e n o tra
e ta p a ... m ás crítica.

pf : Exacto. Y yo d iría q u e esa característica d e la relació n en ­


tre la cu rio sid ad y el m u n d o req u iere u n im p o rta n te cu id ad o
p o r p a rte d e la cien tífica o el científico. E n esta b ú sq u ed a,
q u e e n el fo n d o es ten sió n bajo c o n tro l, se co n stru y en in d a­
gaciones ansiosas d e acercarse a lo real; p e ro , estan d o al tan to
d e esa in c o m p le tu d d e la q u e hablam os, el cien tífico d eb e
cu id arse y to m a r descansos. Yo d iría ... q u e la p o sib ilidad de
q u e el cien tífico o la cien tífica se eq u iv o q u en es b ienvenida.
E n tié n d a n m e b ie n , c o n sid e ro el e rro r co m o u n a especie de
descanso. U n a m a n e ra d e re to m a r el trab ajo en u n p la n o m e­
j o r in s tru m e n ta d o fre n te a la ansiedad. S ab ien d o q u e e rra r es
1 7 4 E l m a e s tro s in re c e ta s

h u m a n o e inevitable, la científica “resp ira h o n d o ”, h a ce u n a


pausa, rec o n sid e ra sus p ro ced im ien to s co n tolera n cia h u m il­
d e y h asta cariñosa. Sin ese cuidado, q u e e n el fo n d o es d e
n a tu ralez a em o cio n al, la criatu ra se ag o ta y, p o r ser tan estre­
san te, su activ idad p ie rd e ag udeza crítica. P e rm ítan m e co n ta r
u n a ru tin a d e trabajo.
Yo escrib í m u ch o . Mi m a n e ra de escribir es escrib ir nom ás;
vale d e c ir q u e escribo a m a n o y después p id o q u e alg u ien
lo tip ee. E sta fu e u n a d e las razones q u e m e llevaron a ap ar­
tarm e d e l p u esto d e secretario de E d u cació n d e la p refecta
E ru n d in a. Yo q u e ría o rganizar-registrar reflexiones.
C u a n d o estoy e n San Pablo escribo todas las m añ an as. A
eso d e las 10 e n tra n u e stra secretaria en m i e sc rito rio ... Ya
tien e in stru ccio n es al re sp e cto ... Me in te rru m p e , n o im p o rta
c u án e n tre te n id o esté, y m e acerca u n p lato d e rúcu la. A hí
in te rru m p o u n o s q u in ce m inutos, m uchas veces ansioso p o r
re to m a r lo q u e estaba h acien d o . R etom o y p e rc ib o q u e esa
p au sa recarg ó las baterías. P erciban, q u erid o s am igos y am i­
gas, q u e c o n tin ú o el trab ajo m a n te n ie n d o u n cu id ad o . A eso
d e las 11.15, u n a h o ra después, se ren u ev a el m ism o cu id ad o .
Ya es m o m e n to de u n a co p ita d e la b u e n a cachaza q u e “sua­
viza” el o rg an ism o p a ra u n a h o ra más de trab ajo in ten so . Así
m e e n tre te n g o hasta q u e m e llam an a alm orzar. S on cuida­
dos, d iría yo, p a ra n o estresar el o rganism o m ás d e la cu en ta.
S o n cu id ad o s q u e tie n d e n a dosificar la an sied ad y suavizar
la ru d e z a ex ig en te d e la ex p erien cia intelectu al. Y así h e p ro ­
d u cid o , y d e b o a d m itir q u e p ro d u je b astante. A h í m e sitúo.
C o n esa c o n d u c ta m e voy e n tre g a n d o p o r e n te ro al trab ajo
sin n in g u n a violencia p a ra m i organism o. Más o m en o s co n
ese ritm o trabajam os, co n la reg u larid ad posible, e n el e q u ip o
d el “clu b d e la rú c u la ”: A rguello, el biólogo A dáo, S eb atian o y
A d rian o . Esa c o n cep ció n del trab ajo a veces viaja a través del
n ú c le o c o o rd in a d o p o r A rguello y se p ractica e n proyectos
co m o el q u e a q u í c o o rd in a Jacó .
C o m en taré u n ú ltim o aspecto, q u e tal vez suscite u n a re ­
flex ió n m ás co m p a rtid a y coloquial. ¿Q ué o tro asp ecto es p o ­
A lfa b e tiz a c ió n e n c ie n c ia s 1 7 5

sible d estacar e n esta co n ce p ció n del cien tífico -ed ucad o r? Se


trata, p ie n so yo, d e lid iar resp etu o sam en te co n la resp u esta.
¿A q u é m e refiero? Q u iero p ro fu n d iz a r e n la d im e n sió n b e ­
n éfica d e l e rro r. N osotros sabem os q u e la resp u esta o b te n id a
a través d e la ex p erim e n tac ió n n o siem p re es su ficien te o sa­
tisfactoria. M uchas veces el fru to de n u e stro e m p e ñ o in te le c ­
tu al n o está a la a ltu ra d e la ex ig en cia d e las p re g u n ta s. Es
n ecesario en to n c es q u e el científico e d u c a d o r sep a lid ia r c o n
la a n sied ad . N o castrarla, p e ro sí am an sarla. Es e n eso, e n ese
ejercicio, q u e el científico e d u c a d o r in v en ta la rig u ro sid a d
n ecesaria. Vale d ecir, el rig o r cien tífico -in telectu al n o ra d ic a
e n h a b e r h a llad o “a” o “b ” o “c” sino e n dproceso que comparte el
hallazgo. O , co m o d ecía el físico [A rg u ello ], d e sp ie rta m ás in ­
terés la ciencia viva - p o r ser p ro c e su a l- q u e la cie n cia m u e rta ,
q u e so n sus p ro d u c to s d e ella.
Y e n este ju e g o n o s aco stu m b ram o s a u n a d im e n sió n im ­
p o rta n tísim a d e la c u rio sid ad epistem ológica; vale d e c ir q u e
“n os a co stu m b ram o s” a ser y h a c e r la crítica d el m u n d o le­
y én d o lo . C u a n to m ás “se aco stu m b ra” la c u rio sid ad a q u e las
lectu ras d el m u n d o sean relectu ras d e lectu ras a n te rio re s,
m ás crítica será esa curiosidad. ¿Q ué es lo q u e ag u d iza la
cap acid ad in d a g a d o ra d e la curiosidad? Yo d iría q u e es este
ap ren d iz aje. A p ren d e m o s a co n stitu ir la rig u ro sid a d c o n la
q u e leem o s el m u n d o re h a c ie n d o lectu ras an te rio re s. E sta
cu alid a d d e a p ren d izaje es la leal c o m p a ñ e ra , d iría yo, d e la
cu rio sid ad ep item o ló g ica a la q u e m e re fe rí an tes. P ienso q u e
esto es deseab le e n proyectos co m o E d u cació n y C iencias o
A lfabetización e n Ciencias. Y d e allí surge algo q u e u sted es
p ro fu n d iz a rá n c o m o in tu ició n . S u rg en accion es éticas, n o
sólo d e los h u m a n o s e n tre sí, sin o tam b ié n d e los h u m a n o s
e n relac ió n co n los anim ales, las p lan tas y los paisajes. Q u ie ro
d e cir lo siguiente: las accion es éticas e n tre h u m a n o s su rg e n y
p e rm e a n n u e stra h u m a n id a d al h acerse. N o ten e m o s n o tic ia
d e q u e u n a n im al - u n a n im al n o h u m a n o - haya a ctu ad o e n
c o n tra d e su in stin to , m ovido p o r la so lid arid ad o m ovido p o r
la in d ig n ació n ; h a sta la m am á p ájaro es instintiva c u a n d o se
1 7 6 B m a e s tro s in re c e ta s

arriesg a p o r su cría. P e ro sí ten em o s n o ticia de q u e el an im al


h u m a n o p u e d e a c tu a r e n co n tra d e su in stin to m ov id o p o r
la so lid arid ad , p o r la te rn u ra , p o r la sed d e ju s tic ia o p o r el
p reju icio , q u e te rm in a e n ren co r.

a n : Si e n tie n d o b ien , Paulo, y a p a rtir d e lo q u e e n tie n d o ... el


énfasis e n la calidad d e l ap ren d izaje n o s lleva a a p r e n d e r u n a
ética q u e trascien d e lo “m e ram en te h u m a n o ”; q u ie ro decir:
ten e m o s q u e a p re n d e r u n a ética d e la salud d e la vida e n su
e x p re sió n m ás am p lia ... R ecu erd o q u e ayer, d u ra n te el viaje,
P aulo, u sted c o rrelac io n ab a el anim al h u m a n o c o n el an im al
an im al y señ alab a u n aspecto q u e p o d ría ser u n a m eta; d e ­
cía q u e es posible p a ra el h o m b re ser el lob o d e l h o m b re ,
p e ro q u e p a ra u n lob o es im posible ser el h o m b re d e l lob o . Si
c o m p re n d í b ien , señ alab a u n a d irecció n ética a p a rtir d e u n a
c o m p re n sió n más vasta de la v id a ...

pf : V ida d e la q u e form am o s p a rte y sin la cu al es im po-


, sible el episo d io d e l an im al h u m a n o . P ien so q u e vam os
i' ru m b o a u n a ética tam b ién n a tu ral. Y e n c u a n to a eso,
y; n u e stra ciencia tien e elem en to s p a ra o frecer. P ien so q u e
vam os ru m b o a u n a ética e n la cual - y a p a rtir d e la c u a l-
co n stitu irem o s p o stu ras tan in teg rad o ras d e la sa lu d d e la
vida, d e ese árb o l, p o r citar u n ejem p lo cercan o , q u e inclu so
n u e stra id e n tid a d m ás p e rso n al se v erá a fecta d a p o r el d e ­
sarro llo d el árbol.
P o s f a c io

O lgair G om es García

Ya su ced ió e n la ocasión e n q u e P au lo F reire m e in ­


vitó a fo rm a r p a rte d e su e q u ip o c u a n d o asum ió co m o titu la r
d e la S ecre taría d e E d u cació n del M u nicipio d e San P ab lo , y
vuelve a su c e d e r ah o ra: la invitación d e su m u jer, N ita, p a ra
q u e escrib a este posfacio m e conm ovió y m e asustó. C o m o
lecto ra, a d m ira d o ra y estu d io sa q u e c o n sta n te m e n te está
a p re n d ie n d o y re c re a n d o la fig u ra d e F reire en m i p rá c tica d e
e d u c a d o ra , d e p ro n to , e inclu so p o r to d o eso, a q u í estoy, co n
g ra n atrev im ien to , c o n clu y en d o este lib ro c o n m em o rativ o d e
lo q u e h oy sería n sus 80 años.
Voy a e m p e z a r co n el re c u e rd o d e u n m o m en to e n q u e ,
d e sp u és d e le e r u n a d e las Cartas a quien pretende enseñar, dis­
cu tíam o s j u n to co n p ro feso ras y p ro fe so res d e s e c u n d a ria lo
q u e el tex to n o s provocaba: u n a p ro fe so ra co m e n tó q u e, p a ra
ser e d u c a d o r o e d u c a d o ra d e l m o d o e n q u e allí se lo veía,
ten íam o s q u e “s e r u n o s san to s”. P o d em o s d e c ir q u e h a sta e n ­
ton ces n o h a b ía p asad o n a d a e x cep cio n al y q u e to d o seg u ía
su cu rso n o rm al, previsible. P e ro m ie n tra s tan to , ese c o m e n ­
tario h a b ía to c ad o u n a c u estió n fu n d a m e n tal; nos detuvim os
e n ella, y la explayam os e n los sig u ien tes en cu en tro s, e n u n
clim a d e d iscu sió n q u e a veces se a ca lo rab a b astante y g e n e ­
ra b a in c o m o d id ad e s, iro n ía , ag resio n es, in q u ietu d ; p e ro tam ­
b ié n u n clim a d e e sp eran za, su e ñ o , belleza, b ien estar, c o n ­
suelo. T o d o esto p o rq u e h a b ía m o s e lu d id o la difícil cu estió n
d e a su m ir y re c o n o c e r n u e stro c a rá c te r d e inconclusos y, p o r
o tra p a rte , la p e rm a n e n te n e ce sid a d d e b u scar coherencia e n
n u e stra s acciones.
1 7 8 El m a e s tr o s in re c e ta s

Si m e d ia n te el d iscu rso se vuelve h a sta fácil e x p lic a r y co ­


m u n ic a r la re la c ió n e n tr e ese c a rá c te r d e in co n clu so s y la
c o h e re n c ia -re la c ió n p re se n te e n casi todos los textos de Pau­
lo F re ire -, c u a n d o se la lleva al cam p o d e la p rá c tica d o c en te
c o m ien za a d ev elar la in m en sa fosa en q u e yacen n u estras
c o n trad icc io n es. Y d e h e ch o , p recisam en te e n ese p u n to , o
asum im os la ta re a d e c o m p a rtir y d a r testim o n io d e su teo ría
acerca d e la e d u cació n , co n n u estro m o d o d e c o n stitu im o s
co m o ed u ca d o ra s y ed u cad o res, o b ien u n o d ecid e n a d a más
fo rm a r p a rte del g ru p o q u e ap en as lo g ra re p e tir y tran scrib ir
esas frases ricas d e sen tid o y significado p e ro q u e lam en tab le ­
m e n te te rm in a p o r h a c e r m al uso d e ellas, al n o su p e ra r la
p rim e ra im p re sió n d e belleza q u e n o s d eslu m b ra.
El h e c h o d e ser fre ire a n o va m u c h o m ás allá d el gusto y la
ad m ira ció n q u e p o r él se siente, significa, a n te to d o , re c o n o ­
cer y h acerse carg o del alto g rad o de exigencia p re se n te e n su
o p c ió n p o r la docen cia. Y e n este sen tid o , las exigencias p a ra
la d o c en c ia sie m p re son m uy claras, tra n sp a re n tes y rigurosas
e n to d o lo q u e él escribió y dijo. P o r su p u esto , n o es n ecesario
“ser u n sa n to ” p a ra ser u n b u e n profesor; sí es n ecesario ser
sencillo, h u m ild e (sin ser in g e n u o ), to le ra n te , p a cien te , cu ­
rioso, solidario, crítico, creativo, atrevido. A dem ás d e esto, si
ad m itim o s q u e som os inconclusos, u n a vía p re ferib le a d ecir
“h ace falta ser u n san to ” tal vez sea em p ezar a in d a g a r có m o
som os y estam os sien d o co m o personas; y en eso n o hay cabi­
d a p a ra escapism os in g e n u o s o lam éntelas.
P ienso q u e u n a d e las cosas q u e p o d em o s a p re n d e r con
P aulo F reire consiste e n a p reciar la dim ensió n d e lo inconcluso-
coherente y, p o r e n tre las exigencias y saberes q u e n o s d estin a,
v alem o s d e la reflex ió n y el análisis p e rm a n e n te d e n u e stra
p ráctica c.e e d u ca d o ra s y ed u cad o re s e n la b ú sq u e d a de a p ro ­
p ia m o s p o co a p o co d e los saberes q u e re a lm e n te nos consti­
tu irá n co m o p ro feso ras y pro feso res co n scien tes y críticos d e
n u e stro q u e h a c e r co tid ian o .
L a o p o rtu n a p u b licació n d e este lib ro q u e, sin d u d a algu­
na, es resu lta d o d el lab o rio so e m p e ñ o d e N ita, resu lta u n a
P o s fa c io 1 7 9

d u lce caricia p a ra q u ie n e s c ree n posible u n a e d u c a c ió n q u e


n o esté al servicio de la op resió n , d e la d iscrim in ació n o d e la
dom esticació n . E n ese sen tid o , cab ría d esta ca r las delicias y
las bellezas q u e n o s a g u a rd a n c u an d o n o s d ejam o s llevar p o r
la le c tu ra d e sus textos q u e in te g ra n estas p ág in as, a veces casi
colm ados d e u n a carga d e g e n u in a e m o ció n . S on cartas, re ­
flexiones, entrevistas q u e , acaso p o r el d e sp o ja m ie n to y la flui­
d ez co n q u e se v an rev elan d o el se n tir y el p e n sa r, n os sitú an
a n te u n h o m b re a q u ie n -s e g ú n él m ism o dijo in c o n ta b les
v eces- le g u stab a ser h o m b re , ser p e rso n a. Sí, u n e d u c a d o r a
q u ie n le g u sta b a ser p e rso n a, ju n to c o n las p erso n as y c o m o
perso n a.
Tal vez ese sea u n enclave e n q u e todos cu an to s q u ie re n a
las personas y ser perso n as se e n c u e n tra n en y con Paulo F reire.
Y tam b ién el enclave d o n d e surge la in sp iració n p a ra q u e el
e d u c a d o r-su je to d e su p rá c tic a se fo rm e d ía a d ía , así c o m o
el deseo d e volver a crearlo , c o n stan tem en te, e n la diversidad
de co n tex to s d e la acción e d u cad o ra .
P o r su p u esto , el e stim u lan te e n c u e n tro co n su m o d o d e
p e n sa r y c o n te m p la r la vida d esd e el á n g u lo d e la e d u ca c ió n
nos vuelve e d u ca d o re s y ed u ca d o ra s d ife re n te s, p e ro n o ex­
cepcionales. H ace d e la reflex ió n so b re la p rá c tic a la p ie d ra
d e to q u e p a ra a p r e n d e r a ser e d u ca d o r, y así p o stu la e n la cu­
rio sid ad , e n ese m o d o d e ser q u e d esp lieg a su cu rio sid ad a n te
el m u n d o y las cosas d e l m u n d o y d e la vida, la p o sib ilid ad
de co n o c e r, c o m p re n d e r, e n te n d e r, c ritica r y tran sfo rm ar.
E n tre ta n to , sin tra z a m o s d e a n te m a n o u n c am in o , b o sq u e ­
j a p a ra n o so tro s u n a d im e n sió n q u e n os im p u lse a la acció n
co n scien te y crítica, a s u p e ra r u n a c u rio sid ad p u ra m e n te in­
g en u a, q u e d e n o m in a “c u rio sid ad ep iste m o ló g ic a ”.
H oy e n día, la pedagogía de los sueños posibles se revela e n
m u ch o s espacios y n o se co nstituye tan sólo c o m o p ro b a b ili­
dad. Se p re se n ta c o m o u n a ex p resió n visible d e l m o v im ien to
dialéctico in c lu id o e n ella m ism a, y se p o n e d e m an ifiesto d e
m o d o s m uy creativos y atrevidos, q u e se van h a c ie n d o y re h a ­
cien d o , al d evelarse y ab rirse d e p a r e n p a r, m u y al g usto d e
1 8 0 El m a e s tra s in re c e ta s

P au lo F reire, lo q u e está cu b ierto d e equívocos, co n tra d icc io ­


n es y m al uso del p o d er.
L a escu ela p ú b lica es u n b u e n ejem plo: e n ella p o d em o s
v er có m o c o b ra c u e rp o el su eñ o fre irea n o . N o fu e ro n en
vano la invitación y la p ro p u e sta públicas q u e F reire h izo a
la r e d educativa m u n icip al de San Pablo p a ra q u e se invo­
lu c ra ra n e n u n m o vim iento y lo g raran “cam b iarle la c ara a
la escu ela”. H asta ese en to n ces estaba b astan te g en eralizad a
la a ctitu d q u e c o n sid erab a a la escuela u n esp acio d o n d e se
o frecía ed u cació n d e m ala calidad a n iñ o s y jó v e n e s p o b re s
co m o si se les estuviese h acien d o u n “favor”. Sin em b a rg o , ese
significado p atern alista, prejuicioso y d iscrim in ato rio se vio
ree m p laz a d o g ra d u a lm en te p o r o b ra d e proyectos d e fo rm a ­
ció n p e rm a n e n te p a ra los e d u cad o res y las e d u cad o ras, y se
co n so lid ó o tro q u e restituye la acep ció n d e la escu ela pú b lica
co m o u n d e re c h o del h o m b re y, p o r e n d e , co m o u n espacio
vital d ig n o y resp etu o so , d o n d e se a p re n d e y se e n se ñ a e n la
convivencia d e u n o s co n los otros, ya sean n iñ o s, jó v e n e s o
ad u ltos.
P o d em o s d e c ir q u e hoy en d ía la escuela d e los su eñ o s de
P au lo F reire es u n a co n q u ista y u n a c o n stru cció n d e m u ch o s
e d u ca n d o s y ed u cad o res. P o r lo m en o s eso es lo q u e co n tes­
tó u n m u c h a ch o c u an d o le co n su ltaro n co n q u é h a b ría q u e
c o m p le ta r la escu ela d o n d e estu d ia b a p a ra q u e se volviera la
escu ela de sus sueños: “P ero si ya es la escu ela de m is su eñ o s”.
T al vez se ex p resó así p o rq u e en sus p ro p ias vivencias n o vio
q u e la escu ela se p re se n ta b a co m o algo p e n o so y triste. Es m ás
q u e p ro b a b le q u e la escuela alegre y h e rm o sa de P au lo F reire
se p arezca m u c h o a la d e ese m u ch ach o ; p o r eso, el su eñ o es
p osible y necesario . Y m ás todavía: al rea firm a r la im p o rta n c ia
d el su eñ o co m o fo rm a d e sacar d e la in e rcia a la escuela, Frei­
ré la h ace in g resar defin itiv am en te e n el m o v im ien to m ism o
d e la vida, resig n ificán d o la y h u m a n iz á n d o la a c a d a paso.
Así, al c o n clu ir m i p articip ació n e n este lib ro , lo q u e de
h e c h o m e in cita (y m e incitó antes) es la c e rtid u m b re d e q u e
la pedagogía de los sueños posibles se tra ta d e u n p ro y ecto q u e tal
P o s fa c io 1 8 1

vez p o c o a p o c o - e n m i p rá c tica d e e d u c a d o ra y e n la d e ta n ­
tos o tro s e d u c a d o re s y e d u cad o ras, m u ch o s e n el a n o n im a to ,
a p a rtir d e P au lo F reire y con él m uy vivo e n tre n o s o tro s - deja
d e ser s u e ñ o y se vuelve algo co n creto . Al ex h ib irse e n el pla­
n o d e las p lasm a cio n es efectivas, d a d o q u e tien e las caracte­
rísticas d e u n p ro c e so , va a lla n a n d o el c am in o h a cia nuevas
d im e n sio n es e n q u e su p ed ag o g ía d e los su eñ o s posibles re ­
sulte c o n siste n te y v igorosa co m o altern ativ a factib le, p a ra así
lo g ra r u n a so cie d a d ju s ta y co n m en o s d esig u ald ad .
F u e n t e s d e lo s t e x t o s

D IÁ L O G O S Y C O N F E R E N C IA S
D E P A U L O F R E IR E

D e r e c h o s h u m a n o s y e d u c a c ió n lib e r a d o r a . C o n f e ­
r e n c ia r e a liz a d a e l 2 d e ju n io d e 1 9 8 8 , e n e l C ic lo d e

C o n fe r e n c ia s s o b r e D e r e c h o s H u m a n o s , p o r in v ita ­

c i ó n d e l a C o m i s i ó n d e J u s t i c i a y P a z d e la A r c h i d i ó -

c e s i s d e S a n P a b l o , e n l a F a c u l t a d d e D e r e c h o d e la

U S P , L a r g o d e S a o F r a n c is c o .

E d u c a r a l e d u c a d o r U n d iá lo g o c r ít ic o c o n P a u lo
F r e ir e . P u b l i c a d o b a j o e l t í t u l o “ A R e s p o n s e ” , e n
P a u lo F r e ir e , J a m e s W . F r a s e r , D o n a ld o M a c e d o ,

T a n y a M c K in n o n y W illia m T . S t o k e s ( e d s .) , M e n to -
rín g th e M e n to r: A C ritic a l D ia lo g u e w ith P a u lo Freire,
N u e v a Y o r k , P e te r L a n g , 1 9 9 7 ( C o u n t e r p o in t s , 6 0 ) .

T r a d u c c i ó n d e É lc i o F e m a n d e s .

U n a c o n v e r s a c ió n c o n a lu m n o s . P u b l i c a d o o r i g i n a ­
r ia m e n t e e n la r e v is t a L in ha d ’Á g u a , n ° 6 , t r a n s c r ip to

p o r C r is t in a C h ia p p in i M o r a e s L e ite .

L a a lf a b e t iz a c ió n d e s d e la p e r s p e c t iv a d e la
e d u c a c ió n p o p u la r . C o n f e r e n c i a p r o n u n c i a d a e n e l
I S e m in á r io E s ta d u a l s o b r e C id a d a n ia e A lf a b e t iz a d o ,

M a c e ió , 1 7 d e n o v ie m b r e d e 1 9 9 0 , c o o r d i n a d o p o r la

U n iv e r s id a d F e d e r a l d e A la g o a s .
1 8 4 El m a e s tr o s in re c e ta s

A lf a b e t iz a c ió n : le c t u r a d e l m u n d o , le c t u r a d e la
p a la b r a . S a l v o p e q u e ñ a s a n o t a c i o n e s y m o d i f i c a c i o ­
n e s , e s te t e x t o , e d ita d o p o r C lé o T o le d o , f u e p u b li­

c a d o d o s v e c e s : F r e ir e , P ., C a m p o s , M . D ’ O ., L e itu ra
d a p a la v ra ... le itu ra d o m u n d o , C o r r e o d e la U n e s c o ,

v . 1 9 , n ° 2 , p p . 4 - 9 , f e b r e r o d e 1 9 9 1 ; F r e ir e , P . , C a m ­

p o s , M . D ’O ., A lfa b e tiz a g a o : le itu ra d o m u n d o , le itu ra


d a p a la vra (m im e o ) , C u a d e r n o s d e F o r m a g á o , S a n

P a b lo , S e c r e ta r ia M u n ic ip a l d e E d u c a g á o ( C O - D O T -

C B 1 S a .), 1 9 9 1 .

D e b a te s o b r e la p o s m o d e r n id a d . M a n u s c r i t o
e n v ia d o p o r fa x a Z a h a r o m N a i n , c o o r d i n a d o r d e la

C o n f e r e n c i a C o m m u n i c a t i o n a n d D e v e l o p m e n t in a

P o s t m o d e r n E ra : R e - e v a lu a tin g th e F r e ire a n L e g a c y ,

U n i v e r s i t i s a i n s M a la y s ia , 6 - 9 d e d i c i e m b r e d e 1 9 9 3 .

C a m b ia r e s d if íc il, p e r o e s p o s ib le . C o n f e r e n c i a
p r o n u n c ia d a e n u n e v e n to o r g a n iz a d o p o r e l S e r v ic io

S o c i a l d e la I n d u s t r i a ( S e s i) , R e c i f e ( P e r n a m b u c o ) ,

fe b r e r o d e 1 9 9 7 , y p u b lic a d a lu e g o (e n u n a v e r s ió n

a b r e v ia d a ) p o r la C o n f e d e r a c ió n N a c io n a l d e la I n d u s ­

t r ia (C N I) y e l S e s i, e n h o m e n a je a P a u lo F r e ir e t r a s s u

m u e rte .

A lf a b e t iz a c ió n e n c ie n c ia s . P u b l i c a d o b a j o e l t í t u l o
“ S u b je t iv id a d e , c o n h e c im e n t o e a m b ie n te , e le m e n t o s

p a ra u rn a p ro p o s ta e m E d u c a g á o e C ié n c ia s ” , e n

A d r ia n o N o g u e ir a , A m b ié n c ia : d ire c io n a n d o a visa o
d o e d u c a d o r p ara o III m ilénio, T a u b a té , C a b ra l E d ito ra

U n iv e r s i t á r i a , 2 0 0 0 , p p . 1 1 - 1 8 .
R e f e r e n c i a s b ib li o g r á f ic a s

Coelho, Germano, M C P : h is tó ria d o M o v im e n to d e C u l­


tu ra P o p u la r, Recite, edición de autor, 2012.

Faure, Edgar, A p re n d re á é tre , París, Fayard - Unesco,


1972.

Fraser, J a m e s W. y otros, M e n to rín g th e M e n to r: A


C rftic a l D ia lo g u e w ith P au lo F reire, Nueva York, Peter
Lang, 1997.

Freire, Ana Maria Araújo, A n a lfa b e tism o n o B ra sil: da


id e o lo g ía d a in te rd ig á o d o c o rp o á id e o lo g ía n a cio n a lis­
ta, o u d e c o m o d e ix a r se m le r e e sc re v e r d e sd e a s C a ­
ta rin a s (P araguagu), Filipas, M adalenas, A nas, G ene-
b ra s, A p o ló n ia s e G racias a té os S everinos, 2a edición
revisada y aum entada, San Pablo, Cortez, 1995.

Freire, Paulo, Á s o m b ra d e sta m a n g u e ira , San Pablo,


Olho D’Água, 1995 [ed. cast.: A la s o m b ra d e e ste
á rb o l, Barcelona, El Roure, 1997].
— , C a rta s a C ris tin a , Río d e Janeiro, Paz e Terra, 1994

[ed. cast.: C a rta s a C ristina . R e fle xion e s s o b re m i vida


y m i tra b a jo , México, Siglo XXI, 1996].
— , C a rta s á G u in é -B is s a u : re g is tro s d e urna e xp e rié n -

c e e m p ro c e s s o , Río d e Janeiro, Paz e Terra, 1977


[ed. cas.t: C a rta s a G u in e a -B is sa u : A p u n te s d e una
e x p e rie n c ia p e d a g ó g ic a en p ro c e s o , México, Siglo
XXI, 2007],
1 8 6 E l m a e s tr o sin re c e ta s

— , C u ltu ra l a c tio n fo r fre e d o m , Cambridge, Harvard


Educational Review, 1970 [ed. cast.: A c c ió n c u ltu ra l
p a ra ¡a lib e rta d , Buenos Aires, Tierras Nuevas, 1974],
— , La im p o rta n c ia d eI a c to d e le e r, C aracas, Laborato­
rio Educativo, 1983.
— , P e d a go g ía d a a utonom ía. S aberes n e ce ssá río s á
p rá tic a e d u c a tiv a , San Pablo, Paz e Terra, 1996 [ed.
cast.: P e d a go g ía d e la auto no m ía . S a b e re s n e ce sa -
río s p a ra la p rá c tic a e d u ca tiva , Buenos Aires, Siglo
XXI, 2008, ed. rev.].
— , P e d a go g ía da esperanga. Un re e n c o n tró co m a
P ed a go g ía d o o p rim id o , Río d e Janeiro, Paz e Terra,
1992 [ed. cast.: P edagogía d e la esperanza. Un
re e n c u e n tro c o n la P ed a go g ía d e l o p rim id o , Buenos
Aires, Siglo XXI, 2008, ed. rev.].
— , P ed a go g ía d a in d ign a ga o . C a rta s p e d a g ó g ic a s e
o u tro s e s c rito s , San Paulo, Editora Unesp, 2000 [ed.
cast.: P e d a go g ía d e la in d ig n a c ió n . C a rta s p e d a g ó ­
g ic a s en u n m u n d o re vu e lto , Buenos Aires, Siglo XXI,
2012 ].
— , P e d a go g ía d o o p rim id o , Río d e Janeiro, Paz e Terra,
1974 [ed. cast.: P edagogía d e l o p rim id o , Buenos
Aires, Siglo XXI, 2015, 4a ed. corregida y revisada].
— , P ro fe sso ra , s im ; tía, n a o : c a rta s a q u e m o usa e n s i-
nar, San Pablo, Olho D’Água, 1993 [ed. cast.: C a rta s
a q u ie n p re te n d e e nseñar, Buenos Aires, Siglo XXI,
2008, ed. rev.].

Freire, Paulo y Márcio D'OIne Cam pos, L e itu ra da p a la -


v ra ... le itu ra d o m u n d o , Correo de la Unesco, v. 19,
n° 2, pp. 4-9, febrero de 1991.

— , A lfa b e tiz a g á o : le itu ra d o m u n do , le itu ra d a p a la vra


(mimeo), C uadernos de Fcrmagáo, San Pablo, S e ­
cretaria Municipal de Educagáo (CO-DOT-CB 1 Sa.),
1991.
R e fe re n c ia s b ib lio g rá fic a s 1 8 7

Freire, Paulo y Donaldo M acedo, L ite ra c y : R e a d in g th e


W o rd a n d W oríd, South Hardley, M assachusetts,
Bergin & Garvey, 1987 [ed. cast.: A lfa b e tiz a c ió n :
le c tu ra d e la p a la b ra y le c tu ra d e la re a lid a d , B arce­
lona, Paidós, 1989; ed. port.: A lfa b e tiz a g a o : le itu ra
d o m u n d o , le itu ra d a p a la b ra , Río d e Janeiro, Paz e
Terra, 1990].

Freire, Paulo e Ira Shor, M e d o e o usa d ia . O c o tid ia n o


d o p ro fe s s o r, San Pablo, Paz e Terra, 1986 [ed.
cast.: M ie d o y o sa d ía : La c o tid ia n e id a d d e l d o c e n te
q u e s e a rrie sg a a p ra c tic a r una p e d a g o g ía tra n s fo r­
m a d o ra , Buenos Aires, Siglo XXI, 2014].

Nogueira, Adriano, A m b ié n c ia : d ire c io n a n d o a visá o d o


e d u c a d o r p a ra o III m ilé n io , Taubaté, Cabral Editora
Universitária, 2000.
® BIBLIOTECA DIGITAL DE PEDAGOGÍA

Le recordamos al lector que estos archivos digitales han sido prestados de forma completamente
gratuita, sin obligación alguna de aportar de su parte ningún monto económico por el uso total de estos
materiales. Tenga en cuenta que los préstamos de la Biblioteca son exclusivamente para fines
educativos, bajo esta condición, le pedimos a usted de manera reflexiva y participativa, ayude a la
comunidad a seguir con este proyecto, mostrando en su totalidad la decencia correcta de borrar el
documento una vez que este ha sido leído.
ADVERTENCIA
NOTAS FINALES
Si te percatas de algún usuario irracional que dentro de la comunidad manifieste acciones inexplicables
como; el ciberbullying, la publicación de contenidos inapropiados no relacionados con la educación, la
comercialización de los materiales de la Biblioteca, la falsificación cómo alteración de nuestros
administradores y seguidores, la venta y compra de objetos y sustancias ilícitas así como de toda
persona que eternamente presuma de no ser humano, no dudes inmediatamente de informar a los
fundadores de la comunidad “Pedagogium Didáctica” sobre lo sucedido y generado por el
robot inconsciente, para que este sea expulsado permanentemente de nuestra comunidad de lectores.

“A TODA LA COMUNIDAD DE
pedagogiayeducacion@hotmail.com
LECTORES QUE NOS SIGUEN CON EL
AFÁN DE ACTUALIZARSE Y
http://pedagogiayeducacion.wix.com/didacticus
h  MEJORAR SU LABOR DÍA A DÍA, LES
DAMOS LAS GRACIAS POR SER
Pedagogium Didáctica (FACEBOOK) PARTE DE NUESTRA ACTIVIDAD
Pedagogium Didáctica (ISSUU) COTIDIANA Y A TOD@S L@S
Pedagogium Didáctica (TWITTER) AMANTES DEL HÁBITO DE LA
LECTURA LES DESEAMOS ÉXITO Y
YouTube (MULTIMEDIA) UN FELIZ AÑO CULTURAL”.

También podría gustarte