Las vistas cinematográficas

GEORGES MÉLIÈS

Los temas compuestos o escenas de género

E n esta c a t e g o r í a p u e d e n situarse t o d o s los t e m a s , del t i p o q u e

s e a n , en los q u e la a c c i ó n se p r e p a r a c o m o en el t e a t r o , y es
i n t e r p r e t a d a p o r u n o s a c t o r e s ante e l t o m a v i s t a s . L a s v a r i e d a d e s
d e este t i p o d e v i s t a s s o n i n n u m e r a b l e s , d e s d e las e s c e n a s c ó m i c a s ,
b u f a s , b u r l e s c a s , hasta los d r a m a s m á s t é t r i c o s , p a s a n d o p o r las
c o m i d a s , las e s c e n a s d e c o s t u m b r e s c a m p e s i n a s , las i m á g e n e s
l l a m a d a s d e p e r s e c u c i ó n , las p a y a s a d a s , las a c r o b a c i a s ; los n ú m e -
ros de d a n z a s g r a c i o s a s , artísticas o e x c é n t r i c a s ; los ballets, las
ó p e r a s , las o b r a s d e t e a t r o , las i m á g e n e s r e l i g i o s a s , los t e m a s
e s c a b r o s o s , las p o s e s p l á s t i c a s , las escenas de g u e r r a , los n o t i c i a -
r i o s , las r e p r o d u c c i o n e s d e s u c e s o s , d e a c c i d e n t e s , d e c a t á s t r o f e s ;
los c r í m e n e s , los a t e n t a d o s , etc., y t o d o l o q u e p u e d a i m a g i n a r s e .
E n esta m a t e r i a , e l c a m p o del c i n e m a t ó g r a f o y a n o c o n o c e límites;
c u a n t o s t e m a s p u e d e o f r e c e r l a i m a g i n a c i ó n s o n b u e n o s p a r a él, y
se a p o d e r a de ellos. S o n e s p e c i a l m e n t e esta r a m a y la s i g u i e n t e las
q u e a s e g u r a n l a i n m o r t a l i d a d del c i n e m a t ó g r a f o , p o r q u e los t e m a s
p r o c e d e n t e s de la i m a g i n a c i ó n s o n i n f i n i t o s e i n a g o t a b l e s .

Las vistas llamadas de transformación

P a s o a la c a t e g o r í a de las v i s t a s c i n e m a t o g r á f i c a s d e n o m i n a d a s
p o r los e x h i b i d o r e s «vistas d e t r a n s f o r m a c i ó n » , n o m b r e q u e y o

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considero incorrecto. E s p e r o que se me permita decir aquí,
a u n q u e s ó l o sea c o m o c r e a d o r d e esta r a m a e s p e c i a l , q u e e l
n o m b r e de vistas fantásticas serían m u c h o más exacto. P u e s si bien
un cierto n ú m e r o de estas vistas s u p o n e n , en e f e c t o , u n o s c a m -
b i o s , unas m e t a m o r f o s i s , unas transformaciones, t a m b i é n hay un
g r a n n ú m e r o de ellas en las q u e no existe n i n g u n a t r a n s f o r m a c i ó n ,
s i n o u n o s t r u c o s de la m a q u i n a r i a teatral, de la puesta en escena,
de las ilusiones ó p t i c a s , y toda una serie de p r o c e d i m i e n t o s c u y o
c o n j u n t o s ó l o p u e d e l l e v a r el n o m b r e de trucaje, n o m b r e p o c o
a c a d é m i c o p e r o q u e no tiene e q u i v a l e n t e en el l e n g u a j e habitual.
En c u a l q u i e r c a s o , el c a m p o de esta c a t e g o r í a es, sin l u g a r a
d u d a s , el más a m p l i o de t o d o s , p u e s lo e n g l o b a t o d o , desde las
vistas al aire libre (sin p r e p a r a r o t r u c a d a s , a u n q u e t o m a d a s al na-
tural), hasta las c o m p o s i c i o n e s teatrales más i m p o r t a n t e s , p a s a n d o
p o r todas las ilusiones q u e p u e d e n p r o d u c i r la p r e s t i d i g i t a c i ó n ,
la ó p t i c a y el trucaje f o t o g r á f i c o s , la d e c o r a c i ó n y la m a q u i n a r i a
teatral, los j u e g o s de luz, los e f e c t o s f u n d i d o s (dissolving views,
c o m o los han l l a m a d o los ingleses) y t o d o el arsenal de c o m p o s i -
ciones fantasistas y p o r t e n t o s a s capaces de e n l o q u e c e r a los más
intrépidos. Sin la m e n o r intención de rebajar las d o s p r i m e r a s
c a t e g o r í a s , a h o r a me referiré e x c l u s i v a m e n t e a las d o s últimas, p o r
la sencillísima razón de q u e ahí me e n c o n t r a r é t o t a l m e n t e en mi
e l e m e n t o y p o d r é , p o r tanto, disertar s o b r e ellas c o n el m á x i m o
c o n o c i m i e n t o de causa. D e s d e el día, y ya han p a s a d o diez a ñ o s ,
en q u e i n n u m e r a b l e s editores de vistas c i n e m a t o g r á f i c a s se lanza-
ron a la c o n f e c c i ó n de las i m á g e n e s al aire libre y de temas
c ó m i c o s , excelentes, b u e n o s o m a l o s , yo dejé de l a d o los m á s
sencillos y creé la especialidad de los temas interesantes p o r su
d i f i c u l t a d de e j e c u c i ó n , a los cuales me he d e d i c a d o e x c l u s i v a -
mente.
E l arte c i n e m a t o g r á f i c o o f r e c e tal v a r i e d a d d e i n v e s t i g a c i o n e s ,
e x i g e una cantidad tan e n o r m e de t r a b a j o s de t o d o t i p o , y reclama
una atención tan permanente, q u e no d u d o s i n c e r a m e n t e en p r o c l a -
m a r l o el más a t r a c t i v o y el más interesante de t o d o s los artes, p u e s
prácticamente los utiliza t o d o s . A r t e d r a m á t i c o , d i b u j o , p i n t u r a ,
escultura, arquitectura, m e c á n i c a , t r a b a j o s manuales d e t o d o t i p o ,
l o d o se utiliza en d o s i s iguales en esta e x t r a o r d i n a r i a p r o f e s i ó n ; y
l a s o r p r e s a d e q u i e n e s , p o r c a s u a l i d a d , han t e n i d o o c a s i ó n d e
asistir a una parte de n u e s t r o s trabajos, s i e m p r e me p r o d u c e una
d i v e r s i ó n y un placer e x t r e m o s .
S i e m p r e p r o n u n c i a n , i n v a r i a b l e m e n t e , l a m i s m a frase: « ¡ R e a l -

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m e n t e e s e x t r a o r d i n a r i o ! ¡ J a m á s h u b i e r a i m a g i n a d o q u e hiciera
falta t a n t o e s p a c i o , tanto material y tanto t r a b a j o para c o n s e g u i r
esas vistas! N o tenía l a m e n o r idea d e c ó m o s e p o d í a hacer.»
¡ A y ! , d e s p u é s t a m p o c o saben m u c h o m á s , p u e s e s n e c e s a r i o
haber p u e s t o , c o m o se d i c e , las m a n o s en la masa, y d u r a n t e
m u c h o t i e m p o , para c o n o c e r a f o n d o las i n n u m e r a b l e s d i f i c u l t a d e s
a s u p e r a r en un o f i c i o q u e consiste en realizarlo t o d o , i n c l u s o lo
q u e parece i m p o s i b l e , y en d a r la apariencia de la realidad a los
s u e ñ o s m á s q u i m é r i c o s , a las i n v e n c i o n e s más i n v e r o s í m i l e s de la
i m a g i n a c i ó n . E n s u m a , diría q u e hay q u e realizar p r á c t i c a m e n t e l o
i m p o s i b l e , p u e s t o q u e se f o t o g r a f í a y se hace v e r .

El estudio de pose

Para el g é n e r o especial a q u e n o s r e f e r i m o s , ha s i d o p r e c i s o
crear un e s t u d i o p r e p a r a d o ad hoc. En d o s p a l a b r a s , es la c o m b i n a -
ción del e s t u d i o f o t o g r á f i c o (en unas p r o p o r c i o n e s g i g a n t e s ) c o n
el e s c e n a r i o teatral. La c o n s t r u c c i ó n es de h i e r r o encristalado; en
un e x t r e m o se encuentran la cabina del a p a r a t o t o m a v i s t a s y el
o p e r a d o r , mientras q u e en la otra e x t r e m i d a d se e n c u e n t r a un
suelo c o n s t r u i d o e x a c t a m e n t e c o m o el de un e s c e n a r i o de teatro,
d i v i d i d o al i g u a l q u e él en t r a m p a s , trampillas y escotillones. No
p u e d e n faltar a cada l a d o del e s c e n a r i o los b a s t i d o r e s , c o n a l m a c é n
de d e c o r a d o s , y detrás, los c a m e r i n o s para los artistas y para la
figuración. El e s c e n a r i o i n c l u y e un f o s o con el j u e g o de t r a m p a s y
de t a p o n e s n e c e s a r i o s para h a c e r aparecer o d e s a p a r e c e r las d i v i n i -
dades i n f e r n a l e s de las c o m e d i a s de m a g i a ; unas calles falsas en las
q u e se h u n d e n los d e c o r a d o s en los c a m b i o s a la v i s t a , y un telar
situado e n c i m a c o n los t a m b o r e s y t o r n o s de m a n o n e c e s a r i o s
para las o p e r a c i o n e s q u e e x i g e n f u e r z a (personajes o c a r r o s v o l a -
d o r e s , v u e l o s o b l i c u o s para los á n g e l e s , las hadas o las n a d a d o r a s ,
etc.). U n o s t a m b o r e s e s p e c i a l e s s i r v e n p a r a l a c o l o c a c i ó n d e
telones panorámicos; unos proyectores eléctricos sirven para
i l u m i n a r y para r e f o r z a r las a p a r i c i o n e s . En r e s u m e n , se trata en
p e q u e ñ o — de una i m a g e n bastante fiel del teatro de c o m e d i a s de
m a g i a . E l e s c e n a r i o tiene u n o s diez m e t r o s d e a n c h u r a , más tres
m e t r o s de b a s t i d o r e s en el p a t i o y en el jardín. La l o n g i t u d del
c o n j u n t o , d e s d e el p r o s c e n i o hasta la c á m a r a , es de diecisiete
metros. Y en el exterior, u n o s hangares de hierro para la construc-
ción de los a c c e s o r i o s de c a r p i n t e r í a , practicables, etc., y u n a serie
de almacenes para los materiales de c o n s t r u c c i ó n , los a c c e s o r i o s y
los trajes.

Composición y preparación de las escenas

L a c o m p o s i c i ó n d e una escena, d e una o b r a , d r a m a , c o m e d i a

de m a g i a , c o m e d i a o escena artística, e x i g e n a t u r a l m e n t e la c o n -
fección de un g u i ó n s a c a d o de la i m a g i n a c i ó n ; d e s p u é s la b ú s q u e -
da de los e f e c t o s q u e s o r p r e n d e r á n al p ú b l i c o ; la p r e p a r a c i ó n de
los c r o q u i s y m a q u e t a s de los d e c o r a d o s y de los t r a j e s ; la
i n v e n c i ó n de la a t r a c c i ó n principal sin la cual n i n g u n a i m a g e n
tiene p o s i b i l i d a d de é x i t o . C u a n d o se trata de f a n t a s í a s o de
c o m e d i a s de m a g i a , la i n v e n c i ó n , la c o m b i n a c i ó n , los c r o q u i s de
los t r u c o s y el e s t u d i o p r e v i o de su c o n s t r u c c i ó n e x i g e n un
c u i d a d o m u y e s p e c i a l . L a p u e s t a e n e s c e n a t a m b i é n d e b e ser
p r e p a r a d a de a n t e m a n o , así c o m o los m o v i m i e n t o s de la figura-
ción y el e m p l a z a m i e n t o del p e r s o n a l . Es un t r a b a j o totalmente
idéntico al de la p r e p a r a c i ó n de una o b r a de teatro, con la
d i f e r e n c i a d e q u e e l p r o p i o a u t o r d e b e saberlo c o m b i n a r t o d o
s o b r e el papel y ser, p o r tanto, a u t o r , d i r e c t o r , d i b u j a n t e y c o n
f r e c u e n c i a a c t o r , si q u i e r e o b t e n e r un c o n j u n t o q u e se s o s t e n g a .
El i n v e n t o r de la escena d e b e t a m b i é n dirigirla, p u e s es absoluta-
m e n t e i m p o s i b l e q u e salga bien si se entremezclan diez p e r s o n a s
diferentes. E n p r i m e r l u g a r , e s i m p r e s c i n d i b l e saber l o q u e s e
q u i e r e y dar m a s c a d o s a t o d o s los papeles q u e d e b e r á n d e s e m p e -
ñar. N o hay q u e o l v i d a r q u e los e n s a y o s n o d u r a r á n tres meses
c o m o en un teatro, s i n o t o d o lo m á s un c u a r t o de h o r a . Si se
p i e r d e el t i e m p o , la luz se va y... a d i ó s la f o t o g r a f í a . T o d o d e b e
estar p r e v i s t o , en especial los p e l i g r o s a e v i t a r en el m o m e n t o de
la realización; en las escenas c o n a r g u m e n t o , s o n m u c h í s i m o s .

Los decorados

L o s d e c o r a d o s se realizan a partir de la m a q u e t a a d o p t a d a ; se
c o n s t r u y e n de m a d e r a y tela en un taller c o n t i g u o al e s t u d i o de
p o s e y se pintan c o n c o l a , i g u a l que la d e c o r a c i ó n teatral; s ó l o q u e
para la pintura se utilizan e x c l u s i v a m e n t e t o n o s g r i s e s , p a s a n d o
p o r todas las g a m a s del g r i s intermedias entre el n e g r o y el b l a n c o
p u r o . E s o les hace parecerse a u n o s d e c o r a d o s f ú n e b r e s de un

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e f e c t o e x t r a ñ í s i m o para q u i e n los c o n t e m p l a p o r v e z p r i m e r a . L o s
d e c o r a d o s d e c o l o r dan u n resultado h o r r i b l e . E l azul s e c o n v i e r t e
en b l a n c o ; los r o j o s , los v e r d e s y los amarillos en n e g r o s , c o s a q u e
p r o v o c a u n a d e s t r u c c i ó n total del e f e c t o . E s n e c e s a r i o , p o r t a n t o ,
pintar los d e c o r a d o s igual q u e los telones d e f o n d o d e los f o t ó g r a -
f o s . L a p i n t u r a e s e x t r e m a d a m e n t e c u i d a d a , c o s a q u e n o precisa e l
d e c o r a d o teatral. El a c a b a d o , la exactitud de la p e r s p e c t i v a , el
trompe-l'oeil h á b i l m e n t e r e a l i z a d o y u n i e n d o la p i n t u r a a l o s
o b j e t o s reales c o m o en los p a n o r a m a s , t o d o e l l o es n e c e s a r i o para
dar la apariencia de v e r d a d a unas c o s a s t o t a l m e n t e ficticias y q u e
e l a p a r a t o t o m a v i s t a s f o t o g r a f i a r á c o n una p r e c i s i ó n a b s o l u t a .
T o d o l o q u e esté mal h e c h o será f i e l m e n t e r e p r o d u c i d o p o r e l
t o m a v i s t a s , así q u e hay q u e e s t a r a t e n t o s y t r a b a j a r c o n u n
c u i d a d o m e t i c u l o s o . N o s é d e otra m a n e r a d e hacerlo. E n las
c u e s t i o n e s materiales, el c i n e m a t ó g r a f o debe trabajar m e j o r q u e el
teatro, y no aceptar lo c o n v e n c i o n a l .

Los actores y la figuración

C o n t r a r i a m e n t e a lo q u e suele creerse, es m u y difícil e n c o n t r a r

u n o s b u e n o s artistas para e l c i n e m a t ó g r a f o . D e t e r m i n a d o a c t o r ,
excelente en el teatro, i n c l u s o una figura, no v a l e a b s o l u t a m e n t e
nada e n u n a escena c i n e m a t o g r á f i c a . C o n f r e c u e n c i a los m i m o s
p r o f e s i o n a l e s son m a l o s p o r q u e representan l a p a n t o m i m a c o n
u n o s p r i n c i p i o s c o n v e n c i o n a l e s , y los m i s m o s de ballet tienen una
i n t e r p r e t a c i ó n especial q u e s e r e c o n o c e i n m e d i a t a m e n t e . E s t o s
artistas, m u y s u p e r i o r e s e n s u especialidad, q u e d a n d e s c o n c e r t a d o s
en c u a n t o t o c a n el c i n e m a t ó g r a f o . E s t o se d e b e a q u e la m í m i c a
c i n e m a t o g r á f i c a e x i g e t o d o un e s t u d i o y unas cualidades especia-
les. A q u í ya no hay un p ú b l i c o al cual el a c t o r p u e d a d i r i g i r s e ,
bien v e r b a l m e n t e , bien m i m a n d o . E l ú n i c o e s p e c t a d o r e s e l
t o m a v i s t a s , y nada tan m a l o c o m o estar p e n d i e n t e y p r e o c u p a r s e
de él c u a n d o se interpreta, cosa q u e les sucede i n v a r i a b l e m e n t e al
p r i n c i p i o a los actores a c o s t u m b r a d o s al e s c e n a r i o y no al c i n e m a -
t ó g r a f o . E s p r e c i s o q u e e l actor s e i m a g i n e q u e d e b e hacerse
entender, sin dejar de p e r m a n e c e r m u d o para los s o r d o s q u e le
c o n t e m p l a n . E s p r e c i s o q u e s u interpretación sea s o b r i a , m u y
e x p r e s i v a : escasos g e s t o s , p e r o m u y p r e c i s o s y m u y claros. E s
indispensable u n p e r f e c t o j u e g o d e f i s o n o m í a , unas actitudes m u y
precisas. H e v i s t o n u m e r o s a s escenas interpretadas p o r actores

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c o n o c i d o s ; n o eran b u e n o s p o r q u e e n e l c i n e m a t ó g r a f o les faltaba
el p r i n c i p a l e l e m e n t o de su éxito: la p a l a b r a . A c o s t u m b r a d o s a una
buen d i c c i ó n , en el teatro sólo utilizaban la g e s t i c u l a c i ó n c o m o
a c c e s o r i o de la p a l a b r a , m i e n t r a s q u e en el c i n e m a t ó g r a f o la
palabra no es nada y la g e s t i c u l a c i ó n lo es t o d o . No o b s t a n t e ,
u n o s c u a n t o s han h e c h o unas b u e n a s e s c e n a s . G a l i p a u x , p o r
e j e m p l o . ¿ P o r qué? P o r q u e e n sus m o n ó l o g o s está a c o s t u m b r a d o
al m o n o m i m o y está d o t a d o de una fisonomía e x t r e m a d a m e n t e
e x p r e s i v a . S a b e hacerse entender sin hablar, y su g e s t i c u l a c i ó n ,
incluso v o l u n t a r i a m e n t e e x a g e r a d a , c o s a necesaria en la p a n t o m i -
ma y s o b r e t o d o en la p a n t o m i m a c i n e m a t o g r á f i c a , s i e m p r e es de
la m a y o r p r e c i s i ó n . El g e s t o más a j u s t a d o de un a c t o r , c u a n d o
a c o m p a ñ a la palabra, no es en a b s o l u t o c o m p r e n s i b l e c u a n d o hace
m i m o . Si en el teatro decís: « T e n g o sed», está c l a r o q u e no os
llevaréis el p u l g a r c o n el p u ñ o c e r r a d o a la b o c a para s i m u l a r una
botella. E s totalmente inútil, p o r q u e t o d o e l m u n d o h a o í d o q u e
teníais sed. P e r o , en la p a n t o m i m a , es e v i d e n t e q u e os v e r é i s
o b l i g a d o s a hacer ese g e s t o .
T o d o e s o p a r e c e m u y sencillo, ¿ v e r d a d ? P u e s b i e n , n u e v e
veces de cada diez ni se le o c u r r i r á a a l g u i e n q u e no esté a c o s t u m -
b r a d o a l m i m o . N a d a s e i m p r o v i s a , t o d o s e a p r e n d e . T a m b i é n hay
q u e tener e n cuenta l o q u e r e c o g e e l a p a r a t o t o m a v i s t a s . E n una
f o t o g r a f í a los p e r s o n a j e s se encuentran situados u n o s s o b r e o t r o s ,
y hay q u e prestar g r a n atención a destacar s i e m p r e en p r i m e r
t é r m i n o los p e r s o n a j e s principales y m o d e r a r el í m p e t u de los
p e r s o n a j e s s e c u n d a r i o s , s i e m p r e p r o p e n s o s a gesticular mal. E s t o
tiene el e f e c t o de p r o d u c i r en la f o t o g r a f í a un b a t i b u r r i l l o de
p e r s o n a s q u e se m u e v e n . El p ú b l i c o ya no sabe a cuál m i r a r y no
entiende nada de la acción. L a s fases deben ser s u c e s i v a s y no
simultáneas. De ahí la necesidad para los actores de estar atentos y
de actuar o r d e n a d a m e n t e , en el m o m e n t o e x a c t o en q u e se necesi-
t a s u a p o r t a c i ó n . E s otra cosa q u e s i e m p r e m e h a c o s t a d o m u c h o
t r a b a j o hacer e n t e n d e r a los artistas, s i e m p r e p r o p e n s o s a llamar la
a t e n c i ó n y hacerse n o t a r , c o n g r a n d a ñ o p a r a la a c c i ó n y el
c o n j u n t o ; g e n e r a l m e n t e tienen una e x c e s i v a buena v o l u n t a d . Y
c u á n t o s m i r a m i e n t o s hay q u e utilizar para m o d e r a r esta e x c e s i v a
b u e n a v o l u n t a d sin lastimarla. P o r m u y e x t r a ñ o q u e p a r e z c a , cada
u n o de los artistas de la c o m p a ñ í a bastante n u m e r o s a q u e utilizo
ha s i d o e l e g i d o entre v e i n t e o treinta q u e p r o b é s u c e s i v a m e n t e sin
o b t e n e r d e ellos l o q u e necesitaba, a u n q u e t o d o s f u e s e n excelentes
artistas en los teatros de París d o n d e actúan.

393
 N o t o d o s tienen las cualidades necesarias y , d e s g r a c i a d a m e n t e ,
l a b u e n a v o l u n t a d n o s i r v e p a r a s u s t i t u i r l a s . L o s q u e tienen
m a d e r a lo e n t i e n d e n r á p i d o , los o t r o s n u n c a . E s p e c i a l m e n t e en el
caso de las artistas f e m e n i n a s , son m u y escasas las q u e actúan
bien. M u c h a s s o n bonitas, inteligentes, c o n una excelente presen-
cia, l l e v a n b i e n c u a l q u i e r t i p o d e r o p a ; p e r o c u a n d o s e v e n
o b l i g a d a s a m i m a r una escena a l g o difícil, ¡ay!, ¡tres veces ay!
Q u i e n n o h a v i s t o los s u d o r e s que i n v a d e n entonces a l q u e d i r i g e
la escena, no ha v i s t o nada. Me a p r e s u r o a añadir que, a f o r t u n a d a -
mente, existen e x c e p c i o n e s q u e actúan c o n m u c h a gracia e inteli-
gencia. Conclusión: f o r m a r una buena compañía cinematográfica
es una c o s a l a r g a y d i f í c i l . S ó l o q u i e n e s no sienten la m e n o r
p r e o c u p a c i ó n p o r el arte se c o n t e n t a n c o n los p r i m e r o s q u e llegan
para c o m p o n e r una escena c o n f u s a y sin interés.

Los trucos

E n esta c h a r l a , q u e y a s e p r o l o n g a m u c h o , e s i m p o s i b l e
explicar en detalle la realización de los t r u c o s c i n e m a t o g r á f i c o s ;
para ello haría falta una o b r a especial; y a d e m á s s ó l o la práctica
p o d r í a hacer a c a b a r de e n t e n d e r los p o r m e n o r e s de los p r o c e d i -
mientos utilizados, que suponen unas dificultades increíbles.
P u e d o decir sin jactancia, p u e s t o d o s los p r o f e s i o n a l e s están de
a c u e r d o e n r e c o n o c e r l o , q u e y o h e sido quien h a ido d e s c u b r i e n d o
t o d o s los p r o c e d i m i e n t o s l l a m a d o s «misteriosos» del c i n e m a t ó g r a -
f o . T o d o s los editores de i m á g e n e s c o m p u e s t a s han s e g u i d o más o
m e n o s el c a m i n o t r a z a d o , y u n o de ellos, el jefe de la m a y o r
p r o d u c t o r a c i n e m a t o g r á f i c a del m u n d o (desde el p u n t o de vista de
la p r o d u c c i ó n barata), me l l e g ó a decir:

Gracias a usted el cine ha podido mantenerse y alcanzar un

éxito sin precedentes. Al aplicar la fotografía animada al teatro,
es decir, a unos temas infinitamente variables, usted ha impedi-
do su ruina, cosa que habría sucedido rápidamente con los
temas al aire libre que se parecen fatalmente entre sí y que muy
pronto habrían cansado al público.

R e c o n o z c o sin f a l s o s p u d o r e s q u e esta g l o r i a , si es q u e lo es,

es la q u e me p r o d u c e m a y o r felicidad. ¿ Q u i e r e n saber c ó m o se me
o c u r r i ó p o r v e z p r i m e r a aplicar e l t r u c o a l c i n e m a t ó g r a f o ? E s m u y
sencillo, palabra d e h o n o r . C i e r t o día q u e y o estaba f o t o g r a f i a n d o

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de m a n e r a prosaica la Plaza de la Ó p e r a , un b l o q u e o del a p a r a t o
t o m a v i s t a s q u e utilizaba al p r i n c i p i o (aparato r u d i m e n t a r i o , en el
cual la película se r o m p í a o se atascaba c o n f r e c u e n c i a y se n e g a b a
a c o r r e r ) p r o d u j o un e f e c t o i n e s p e r a d o ; necesité un m i n u t o para
desatascar la película y v o l v e r a p o n e r el a p a r a t o en m a r c h a .
D u r a n t e este m i n u t o , está claro que los transeúntes, los a u t o b u s e s ,
los c o c h e s h a b í a n c a m b i a d o d e l u g a r . A l p r o y e c t a r l a c i n t a ,
p e g a d a en el p u n t o en q u e se había p r o d u c i d o la r u p t u r a , o b s e r v é
de p r o n t o que un autobús Madeleine-Bastille se convertía en
c o c h e f ú n e b r e y los h o m b r e s en mujeres.
H a b í a d e s c u b i e r t o el t r u c o p o r s u s t i t u c i ó n , l l a m a d o truco de
parada, y d o s días d e s p u é s realizaba las primeras m e t a m o r f o s i s de
h o m b r e s en m u j e r e s y las p r i m e r a s d e s a p a r i c i o n e s repentinas, q u e
tanto é x i t o t u v i e r o n al c o m i e n z o . G r a c i a s a este t r u c o sencillísimo
realicé las p r i m e r a s c o m e d i a s de m a g i a : Le Manoir du Diable, El
diablo en el convento, La Cenicienta1, etc. Un t r u c o lleva a o t r o ; ante
e l é x i t o del n u e v o g é n e r o , cavilé para e n c o n t r a r n u e v o s p r o c e d i -
m i e n t o s e i m a g i n é s u c e s i v a m e n t e los c a m b i o s de d e c o r a d o s f u n d i -
d o s , o b t e n i d o s mediante u n d i s p o s i t i v o especial del a p a r a t o f o t o -
g r á f i c o , las a p a r i c i o n e s , d e s a p a r i c i o n e s , m e t a m o r f o s i s o b t e n i d a s
p o r s u p e r p o s i c i ó n s o b r e f o n d o s n e g r o s o partes r e s e r v a d a s en los
d e c o r a d o s , d e s p u é s las s u p e r p o s i c i o n e s s o b r e f o n d o s b l a n c o s y a
i m p r e s i o n a d o s (cosa q u e t o d o s c o n s i d e r a b a n i m p o s i b l e , antes de
haberla v i s t o ) y q u e se o b t i e n e n c o n la a y u d a de un s u b t e r f u g i o
q u e n o p u e d o e x p l i c a r , p u e s los i m i t a d o r e s t o d a v í a n o han
a c a b a d o de d e s c u b r i r el secreto. D e s p u é s v i n i e r o n los t r u c o s de
cabezas c o r t a d a s , d e d e s d o b l a m i e n t o d e p e r s o n a j e s , d e escenas
interpretadas p o r u n ú n i c o p e r s o n a j e q u e , d e s d o b l á n d o s e , acaba
p o r representar él s o l o hasta diez p e r s o n a j e s semejantes, inter-
p r e t a n d o l a c o m e d i a los u n o s c o n los o t r o s . E n f i n , u t i l i z a n d o
u n o s c o n o c i m i e n t o s especiales d e i l u s i o n i s m o , q u e m e habían
d a d o v e i n t i c i n c o años de práctica en el T h é â t r e R o b e r t - H o u d i n ,
i n t r o d u j e en el c i n e m a t ó g r a f o los t r u c o s de m a q u i n a r i a , de mecá-
nica, de óptica, de p r e s t i d i g i t a c i ó n , etc. C o n t o d o s estos p r o c e d i -
m i e n t o s m e z c l a d o s entre sí y utilizados c o n m a ñ a , no v a c i l o en
a f i r m a r q u e actualmente es p o s i b l e realizar c o n el c i n e m a t ó g r a f o
las cosas más i m p o s i b l e s y más i n v e r o s í m i l e s .

1
El p r i m e r título es un espectáculo de ilusionismo que representó p o r v e z primera en
« L ' O r c h e s t r e » de París e! 2 de septiembre de 1890. L o s otros dos son ya vistas cinemato-
gráficas rodadas en 1899 y c u y o s títulos originales son: Le Diable au Couvent y Cendrillon.

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 E n c u a l q u i e r caso, e l t r u c o a p l i c a d o d e m a n e r a inteligente
p e r m i t e hacer v i s i b l e l o s o b r e n a t u r a l , l o i m a g i n a r i o , i n c l u s o l o
i m p o s i b l e , y realizar unas escenas realmente artísticas q u e son un
a u t é n t i c o r e g a l o para los q u e saben e n t e n d e r q u e todas las ramas
del arte c o n t r i b u y e n a su e l a b o r a c i ó n .

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