Está en la página 1de 6

El enigma

de
Sivina Ocampo
Fa b i o , u n c o m p a ñ e r o d e c o l e g i o , s o l í a v e n i r a c a s a a
estudiar piano después de sus horas de trabajo. En su
casa, no había piano, ni dinero para comprarlo, ni lugar
p a r a p o n e r l o s i l o h u b i e r a n c o m p r a d o . E r a c a s i s i e m p re a l
final de la tarde cuando venía, tomaba un vaso de agua
helada, picoteaba alguna fruta del centro de mesa y se
sentaba al piano. Le pedíamos que atendiera el teléfono,
si estábamos ocupados en algo importante o si teníamos
que salir; así fue como un día, en lugar de estudiar piano,
se puso a hablar por teléfono. Las conversaciones duraban
c a d a v e z m á s t i e m p o y l a s p o s t u r a s d e Fa b i o e r a n c a d a
vez más cómodas. Primero de pie, después sentado en una
silla, después sentado en el suelo, después arrodillado,
después acostado en el piso.
-¿Con quién hablas? -yo le preguntaba, de puro celosa.
-No sé. Una voz de mujer -contestaba, y al ver mi
asombro - no sé quién es, créeme; ni sé cómo se llama. No
la conozco.
-Te f e l i c i t o - l e d i j e - . Pe r d é s e l t i e m p o .
Un mes duraron las misteriosas conversaciones telefónicas
y, un día, antes de irse a su casa, me llamó y me dijo:
-Te n g o q u e p e d i r t e u n f a v o r. L a m u j e r d e l t e l é f o n o m e c i t ó

en una confitería.  Va a e s t a r v e s t i d a d e
blanco, llevará un libro en la mano, una hojita de hiedra
e n l a s o l a p a y u n p e r r o . ¿ I r í a s a v e r c ó m o e s ? ¡ Te n g o
miedo de que sea una gorda o una vieja o una enana!
-¿Y qué tengo que decirle? -pregunté con inquietud.
-Según cómo sea.
-¿Si es gorda o vieja?
- Que estoy tuberculoso o que me muero.
-¿Si es una enana?
- Que soy muy alto para ella -dijo riendo -. O que soy loco.
Po d r í a s p e d i r l e u n a f o t o g r a f í a .
-¿Si es bonita? ¿Acaso conozco tus gustos?
-Si es bonita, le das cita en un cinematógrafo para el día
siguiente y le decís que no pude ir por razones de trabajo.
Primeramente, le pedís una fotografía.
-Tr a t a r é d e c o n s e g u i r l a . D a m e u n a t u y a .
-Muy buena idea -contestó, satisfecho-. Es la única
solución.
Buscó ese día entre sus papeles una fotografía y me la
dio. La guardé en un cajón. Al día siguiente, me vestí de
m a l a g a n a p o r l a t a r d e p a r a s a l i r. N o t e n í a n i n g u n a
c u r i o s i d a d p o r c o n o c e r a l a m u j e r d e l t e l é f o n o . Pe r d e r e l
t i e m p o m e c a u s a h o r r o r ; p e r o m i c a r i ñ o p o r Fa b i o e s t a n
g r a n d e q u e , d i f í c i l m e n t e , l e re h u s o u n c a p r i c h o . C a m i n é
dos cuadras antes de advertir que había olvidado la
f o t o g r a f í a . Vo l v í a c a s a y b u s q u é e n e l c a j ó n . Tu v e q u e
llevarme un sobre lleno de fotografías para buscar en el
c a m i n o l a d e Fa b i o , p u e s h a b í a q u e d a d o m e z c l a d a e n t r e
las otras.
L l e g u é a l a c o n f i t e r í a E l Tr e n M i x t o , f r e n t e a C o n s t i t u c i ó n ,
a la hora convenida. […]. Me detuve en la puerta de
entrada mirando sin ver a la gente que estaba sentada
frente a las mesas.
Fa b i o m e h a b í a d i c h o q u e l a m u j e r e s t a r í a e n l a c u a r t a o
quinta mesa del lado de la entrada, hacia la derecha, con
el perrito llamado Coqueto a sus pies. La busqué y la vi
muy pronto, pero no era rubia, como se había descripto a
s í m i s m a ( s e g ú n Fa b i o m e d i j o ) , s i n o m á s b i e n m o r e n a , c o n
el pelo renegrido.
Me acerqué. Intimidada, tropecé con una silla. Me dijo:
-Siéntese.
Me senté sin decir una palabra.
- E n l o s p r i m e r o s m o m e n t o s , u n o n o s a b e c ó m o e m p e z a r-
me dijo, quitándose los guantes-. Comprendo su turbación,
es natural.
- Fa b i o m e p i d i ó q u e l e d i j e r a q u e n o p u d o v e n i r p o r q u e
está enfermo. Lo lamenta mucho. Le manda estos
jazmines.
Le di el ramo envuelto en papel manteca. Aspiró el
perfume de las flores. -No me gustan los desencuentros
-dijo -. No son de buen augurio. Del primer instante de una
re l a c i ó n , d e p e n d e n t o d o s l o s d e m á s . Po r e s o , e s t a
circunstancia no me parece favorable. -¿Es supersticiosa?

- M u y. M á s d e l o q u e u s t e d p u e d e
s u p o n e r. - N o c r e o q u e e n e s t e c a s o t e n g a q u e s e r l o – e
re s p o n d í . - É s t e o c u a l q u i e r o t r o e s l o m i s m o - m e d i j o .
- Fa b i o q u i s i e r a t e n e r u n a f o t o g r a f í a s u y a . C o m o u n g r a n
f a v o r , s e l a m a n d a a p e d i r.
-Te n g o p o c a s f o t o g r a f í a s b u e n a s . Ta l v e z s e d e s i l u s i o n a r í a
si viera alguna. -Aquí le manda la de él.
S a q u é d e m i b o l s i l l o p o r e r r o r l a f o t o g r a f í a d e Ra i m u n d o
Canino, el librero, y se la di. Ella la tomó y la miró
distraídamente.
-No se puede saber cómo es una persona por una
f o t o g r a f í a , s i n o l a c o n o c e m o s . C u a n d o c o n o z c a a Fa b i o ,
esta fotografía me revelará muchos misterios de su
personalidad que aún no conozco. Sólo conozco su voz,
que me perturba.
A partir de este momento, la fotografía le sirvió de
abanico. -¿Quiere tomar algo? -me preguntó bruscamente-.
¿ Té , u n h e l a d o , u n a t a z a d e c h o c o l a t e ?
- ¿ Yo ? S i e m p r e t o m o t é . E s m i b e b i d a p r e d i l e c t a . [ … ] - A m í
me encanta el té de la tarde -exclamaba de vez en
cuando -. Prefiero quedarme sin comer a cualquier otra
hora del día.
Cuando estábamos por terminar la última tostada, llamó al
m o z o , p a g ó y m e p i d i ó q u e l a l l e v a r a h a s t a l a s a l i d a . Tu v e
la sensación de acompañar a una paralítica, porque no se
desprendía de mi brazo. Me pidió, además, que llamara un
taxi. En cuanto subió al taxi, me dijo antes de despedirse:
- D í g a l e a Fa b i o q u e l o l l a m a ré m a ñ a n a . - ¿ Y l a f o t o g r a f í a ?
-le pregunté. Buscó en su billetera.
-A q u í t e n g o u n a d e l a c é d u l a . Pa r e z c o u n a c r i m i n a l - m e
dijo, dándome la fotografía, al decirme adiós.
C u a n d o v o l v í a c a s a , Fa b i o m e e s p e r a b a . E l re l a t o d e m i
encuentro con Alejandra no lo dejó satisfecho. No me
atreví a decirle que la mujer parecía paralítica y que, en
vez de pelo rubio, tenía pelo negro, pero le di la
fotografía. Durante un buen rato, quedó mirándola,
tapándole primero la boca para verle los ojos y la nariz,
luego tapándole los ojos y la nariz para mirarle sólo la
boca. […]
L o s d í a s p a s a r o n . Fa b i o e s p e r a b a e n e l t e l é f o n o , p e r o
Alejandra no llamaba.
- ¡ Q u é l e h a b r á s d i c h o ! - p r o t e s t a b a Fa b i o .
-Lo que me dijiste, ni más ni menos.
-Es tan raro que no me llame.
- ¿ Po r q u é n o l a l l a m a s v o s ?
-No me dio su número. Si no me llama, no tendré la
o p o r t u n i d a d d e v e r l a n u n c a , n u n c a m á s . ¿ Te d a s c u e n t a ?
Fa b i o l l e g ó a l l o r a r a m a r g a m e n t e .
-A l e j a n d r a v o l v e r á a l l a m a r - y o l e d e c í a a Fa b i o , d e s e a n d o
que no llamara.
Y A l e j a n d r a v o l v i ó a l l a m a r. I n m e d i a t a m e n t e , Fa b i o q u e d ó
en verla y la citó en un cinematógrafo, pero ella no aceptó
y quiso verlo en la confitería de la otra vez. Supuse que
e s a e n t r e v i s t a s e r í a e l f i n d e m i a m i s t a d c o n Fa b i o , p u e s t o
que él se enteraría de la fotografía del librero, que por
error yo le había dado a Alejandra; no fue así. El curso de
los acontecimientos fue inesperado. Cuando volvió de la
c i t a , Fa b i o m e d i j o c o n s t e r n a d o :
-Me mandó una emisaria, pretextando un dolor de cabeza.
Esa mujer me volverá loco.
-¿Quién era la emisaria?
-Una amiga de ella, para desesperarme. Nada más que
para desesperarme. Ahora sí que estoy enamorado.
A l e j a n d r a y Fa b i o t a r d a r o n m u c h o e n e n c o n t r a r s e . S i e m p r e
sucedía algún inconveniente por el que alguno de los dos
no acudía a la cita. Presentían tal vez, un desenlace
trágico.
A l f i n , s e d i e r o n c i t a e n l a c o n f i t e r í a E l Tr e n M i x t o .
A c u d i e r o n t r é m u l o s d e i m p a c i e n c i a y d e a m o r. C o q u e t o
debajo de la mesa, les lamía los pies.
Después de hablar de mil cosas, que por teléfono no se
p u e d e n h a b l a r. A l e j a n d r a , a n t e s d e d e s p e d i r s e , s a c ó
amorosamente de su cartera, la fotografía de Raimundo
Canino, que había encuadrado en un marquito de cuero, y
la besó.
-No me separo de tu fot o -exclamó señalándole la
f o t o g r a f í a . Fa b i o n o s u p o s i re í r o l l o r a r. E n e l p r i m e r
momento, creyó que era una broma.
To d o e s t o m e l o c o n t ó e n e l p a rox i s m o d e l a
desesperación. ¿No la vio más? ¿No pudo soportar ese
engaño, ni esa cara de Raimundo Canino, besada, en una
f o t o g r a f í a , p o r A l e j a n d r a ? ¿ S e p r e g u n t ó Fa b i o s i f u e p o r
distracción o por cinismo que sacó de la cartera esa
fotografía? No me atreví a decirle nada. Quise confesarle
mi error, pero no volví a verlo, porque se había mudado de
casa y no dejó la dirección.
Actividades
1 . ¿ Q u é t i p o d e re l a c i ó n s e e s t a b l e c e e n t r e l o s s i g u i e n t e s
personajes? Unan con una flecha.
Personajes Tipo de relación

Fa b i o – A l e j a n d r a                 Laboral

La narradora –                 Amorosa
Raimundo Canino
La narradora –                 Comerci
Fa b i o al
                  Amistosa

2. Completen las siguientes oraciones:


• Fa b i o n o q u i e r e i r a l a p r i m e r a c i t a c o n A l e j a n d r a ,
porque …………………
• La narradora piensa que Alejandra es paralítica, porque
……………………
• Fa b i o s e d e s e s p e r a e l d í a q u e f i n a l m e n t e s e e n c u e n t r a
con Alejandra, porque   .………………………………………..
3. La narradora piensa que Alejandra es paralítica, pero no
l o e s . Re s p o n d a n .
• ¿ Ti e n e a l g u n a d i s c a p a c i d a d ? ¿ C u á l ? J u s t i f i q u e n c o n u n a
cita textual.
• ¿En qué se basan para pensar esto? Justifiquen con una
cita textual.
4. Busquen en el diccionario la definición de la palabra
« e n i g m a » y re s p o n d a n .
• L o s s e n t i m i e n t o s d e l a n a r r a d o r a h a c i a Fa b i o , ¿ f o r m a n
parte del enigma?
• La discapacidad de Alejandra, ¿es un enigma o no?
• A l e j a n d r a , ¿ s e v e n g ó d e l a a u s e n c i a d e Fa b i o e n l a
primera cita?
5 . ¿ N o l a v i o m á s ? , s e p re g u n t a l a n a r r a d o r a e n e l c u e n t o
de Silvina Ocampo ¿qué habrá pasado entre Alejandra y
Fa b i o d e s p u é s d e e s e e n c u e n t r o ? I m a g i n e n c o m o s i g u e l a
historia y nárrenla en primera persona desde el punto de
v i s t a d e Fa b i o .

También podría gustarte