Está en la página 1de 7

«Sobre el agua», de Guy de Maupassant

Poecraft / 8 agosto, 2018


Les comparto este relato del autor francés Guy de
Maupassant (1850-1893).
De título original  Sur l’eau,  este relato fue publicado por
p r i m e r a v e z e n 1 8 7 6 d e n t r o d e l a re v i s t a   L e B u l l e t i n
f r a n ç a i s ,   b a j o e l s e u d ó n i m o d e G u y d e Va l m o n t .
Po s t e r i o r m e n t e f o r m ó p a r t e d e l l i b r o d e r e l a t o s   L a M a i s o n
Te l l i e r,   p u b l i c a d o e n 1 8 8 1 .
C o m o n o t a a c l a r a t o r i a , n o c o n f u n d i r e s t e re l a t o c o n l a
novela de viajes que lleva por nombre el mismo título que
este texto, Sur l’eau,   publicada en 1888.
 
                                                                           
«   S O B R E E L A G UA   »

El verano pasado había alquilado una casita de campo a


o r i l l a s d e l S e n a , a v a r i a s l e g u a s d e Pa r í s , e i b a a d o r m i r
allí todas las noches. Al cabo de unos días conocí a uno de
mis vecinos, un hombre de unos treinta a cuarenta años,
que desde luego era el tipo más raro que había visto
nunca. Era un viejo barquero, pero un barquero fanático,
s i e m p r e c e r c a d e l a g u a , s i e m p r e s o b re e l a g u a , s i e m p r e e n
el agua. Debía de haber nacido en un bote, y seguramente
muera en la botadura final.
Una noche, mientras paseábamos a orillas del Sena, le
pedí que me contara algunas anécdotas de su vida
náutica. Entonces el buen hombre se animó, se
t r a n s f i g u r ó , s e v o l v i ó l o c u a z , c a s i p o e t a . Te n í a e n e l
corazón una gran pasión, una pasión devoradora,
irresistible: el río.
- ¡ Ay ! - m e d i j o - , ¡ c u á n t o s re c u e r d o s t e n g o e n e s t e r í o q u e
ve fluir ahí cerca de nosotros! Ustedes, los habitantes de
l a s c a l l e s , n o s a b e n l o q u e e s u n r í o . Pe r o e s c u c h e c ó m o
u n p e s c a d o r p r o n u n c i a e s a p a l a b r a . Pa r a é l e s l a c o s a
misteriosa, profunda, desconocida, el país de los
espejismos y de las fantasmagorías, donde de noche se
ven cosas que no son, donde se oyen ruidos que no se
conocen, donde se tiembla sin saber por qué, como al
cruzar un cementerio: y en efecto es el cementerio más
siniestro, aquél donde no se tiene tumba.
« Pa r a e l p e s c a d o r l a t i e r r a t i e n e l í m i t e s , p e r o e n l a
oscuridad, cuando no hay luna, el río es ilimitado. Un
m a r i n e r o n o e x p e r i m e n t a l o m i s m o p o r e l m a r. É s t e e s a
menudo duro y malo, es verdad, pero grita, aúlla: el mar
abierto es leal; mientras que el río es silencioso y pérfido.
N o r u g e , c o r r e s i e m p re s i n r u i d o , y e l e t e r n o m o v i m i e n t o
del agua que fluye es más espantoso para mí que las altas
olas del Océano.
« C i e r t o s s o ñ a d o r e s p re t e n d e n q u e e l m a r e s c o n d e e n s u
seno inmensos países azulados, donde los ahogados
r u e d a n e n t re l o s g r a n d e s p e c e s , e n m i t a d d e e x t r a ñ o s
bosques y en cuevas de cristal. El río sólo tiene
profundidades negras en cuyo limo nos pudrimos. Sin
embargo, es bello cuando brilla al sol que se levanta y
cuando chapotea suavemente entre sus orillas llenas de
cañas que murmuran.
«Un poeta, hablando del Océano, dijo:
¡Oh, mares, cuántas lúgubres historias conocen!   Mares
profundos, temidos por las madres arrodilladas   Historias
que se cuentan cuando suben las mareas   Y es lo que les
da las voces desesperadas   Que tienen, a la noche, cuando
vienen hacia nosotros.
«Pues bien, creo que las historias cuchicheadas por las
finas cañas, con sus vocecitas tan dulces, deben de ser
aún más siniestras que los dramas tétricos contados por
los aullidos de las olas.
« Pe r o y a q u e m e p r e g u n t a p o r a l g u n o s d e m i s r e c u e r d o s ,
le voy a contar una aventura singular que me ocurrió aquí,
hace unos diez años.
«Vi v í a , c o m o h o y , e n l a c a s a d e l a m a d r e L a f o n , y u n o d e
mis mejores amigos, Louis Bernet, que ahora ha
re n u n c i a d o a l c a n o t a j e , a s u s p o m p a s y a s u d e s a l i ñ o p a r a
entrar en el Consejo de Estado, estaba instalado en el
pueblo de C…, dos leguas más abajo. Cenábamos todos los
días juntos, unas veces en su casa, otras en la mía.
«Una noche, cuando volvía solo y bastante cansado,
arrastrando penosamente mi gran barco, un océano de
d o c e p i e s q u e u t i l i z a b a s i e m p re d e n o c h e , m e p a r é u n o s
segundos para recobrar aliento cerca de la punta de las
cañas, allí, unos doscientos metros antes del puente del
ferrocarril. Hacía un tiempo magnífico; la luna
re s p l a n d e c í a , e l r í o b r i l l a b a , l a n o c h e e r a s u a v e , s i n
viento. Aquella tranquilidad me tentó; pensé que sería
m u y a g r a d a b l e f u m a r u n a p i p a e n a q u e l l u g a r. L a a c c i ó n
siguió al pensamiento; cogí el ancla y la tiré al río.
«El bote, que volvía a bajar con la corriente, corrió su
cadena hasta el final, y se paró; me senté atrás en mi piel
de borrego, tan cómodamente como me fue posible. No se
oía nada, absolutamente nada: tan sólo a veces me
parecía percibir un pequeño chapoteo casi insensible del
agua contra la orilla, y veía unos grupos de cañas más
altas que tomaban aspectos sorprendentes y parecían
agitarse por momentos.
«El río estaba completamente tranquilo; aun así me sentí
emocionado por el silencio extraordinario que me
e n v o l v í a . To d o s l o s a n i m a l e s , r a n a s y s a p o s , e s o s
cantantes nocturnos de las ciénagas, se callaban. De
pronto, a mi derecha, muy cerca de mí, una rana croó. Me
e s t r e m e c í . S e c a l l ó . Ya n o o í n a d a m á s y d e c i d í f u m a r u n
poco para distraerme. Sin embargo, aunque era un
fumador de pipa experimentado, no pude fumar; en cuanto
tomé la segunda bocanada, me mareé y lo dejé. Me puse a
canturrear; el sonido de mi voz me resultaba lamentable;
entonces me tumbé en el fondo del barco y miré el cielo.
Durante unos instantes permanecí tranquilo, pero pronto
l o s l i g e r o s m o v i m i e n t o s d e l a b a r c a m e p re o c u p a r o n . M e
pareció que daba bandazos gigantescos, tocando
sucesivamente una y otra orilla del río; luego creí que un
ser o una fuerza invisible la atraía suavemente al fondo
del agua, levantándola después y dejándola caer de
nuevo. Me estaba tambaleando como en mitad de una
tormenta; oí ruidos a mi alrededor; me puse en pie de un
salto: el agua brillaba; todo estaba tranquilo.
«Entendí que tenía los nervios un poco alterados y decidí
irme. Empecé a tirar de la cadena; el bote se puso en
m o v i m i e n t o , p e r o n o t é u n a r e s i s t e n c i a . Ti r é m á s f u e r t e , e l
ancla no vino; había enganchado algo en el fondo del agua
y no podía subirla; volví a tirar, pero en vano. Entonces,
c o n m i re m o s , h i c e d a r l a v u e l t a a m i b a r c o y l o l l e v é r í o
a r r i b a p a r a c a m b i a r l a p o s i c i ó n d e l a n c l a . Fu e i n ú t i l ,
seguía enganchada; me puse furioso y sacudí la cadena
con rabia. Nada se movió. Me sentí desanimado y me puse
a reflexionar sobre mi situación. No podía pensar en
romper la cadena ni en separarla de la embarcación, ya
que era enorme y estaba clavada en la proa en un trozo de
madera más gordo que mi brazo; pero como el tiempo
seguía estando tan bueno, pensé que, sin duda, no
t a r d a r í a e n e n c o n t r a r a a l g ú n p e s c a d o r q u e m e p re s t a r í a
socorro. Mi desventura me había tranquilizado; me senté y
p u d e p o r f i n f u m a r m e l a p i p a . Te n í a u n a b o t e l l a d e r o n , d e
l a q u e t o m é d o s o t r e s v a s o s , y m e re í d e m i s i t u a c i ó n .
Hacía mucho calor, por lo que en último caso podría pasar
sin demasiados problemas la noche al sereno.
« D e re p e n t e s o n ó u n p e q u e ñ o g o l p e c o n t r a l a b o r d a . M e
s o b re s a l t é , y u n s u d o r f r í o m e h e l ó d e p i e s a c a b e z a .
Aquel ruido venía sin duda de algún trozo de madera
arrastrado por la corriente, pero había bastado para que
me sintiera invadido de nuevo por una extraña agitación
nerviosa. Agarré la cadena y tiré con todo mi cuerpo en un
e s f u e r z o d e s e s p e r a d o . E l a n c l a re s i s t i ó . M e v o l v í a s e n t a r ,
agotado.
«Entretanto, el río se había ido cubriendo poco a poco con
u n a n i e b l a b l a n c a m u y e s p e s a q u e re p t a b a a m u y b a j a
a l t u r a s o b re e l a g u a , d e m o d o q u e a l p o n e r m e d e p i e , y a
no veía ni el río, ni mis pies, ni mi barco, sino que sólo
veía las puntas de las cañas y, más lejos, la llanura
palidísima que formaba la luz de la luna reflejada, con
grandes manchas negras que ascendían en el cielo,
formadas por grupos de álamos de Italia. Estaba como
sepultado hasta la cintura en una sábana de algodón de
una singular blancura, y me venían a la mente imágenes
fantásticas. Me figuraba que intentaban subir a mi barca,
que ya no podía distinguir, y que el río, escondido por
aquella niebla opaca, debía de estar lleno de seres
e x t r a ñ o s q u e n a d a b a n a m i a l re d e d o r. S e n t í a u n m a l e s t a r
horrible, tenía las sienes oprimidas y mi corazón latía
h a s t a c a s i a h o g a r m e . Pe r d í l a c a b e z a y p e n s é e n
escaparme nadando, pero en seguida aquella idea me hizo
estremecer de espanto. Me vi, perdido, yendo a la
aventura en aquella bruma espesa, forcejeando en medio
de las hierbas y de las cañas que no podría evitar,
boqueando de miedo, sin ver la orilla, sin encontrar mi
barco, y me imaginaba que me arrastrarían por los pies
hasta el mismo fondo de esa agua negra.
«Efectivamente, como habría tenido que remontar al
menos quinientos metros la corriente antes de encontrar
un lugar libre de hierba y de juncos donde poder hacer
pie, tenía un noventa por ciento de posibilidades de no
poder orientarme en aquella niebla y de ahogarme, por
muy buen nadador que fuera.
«Intentaba razonar; sentía que tenía la muy firme voluntad
de no tener miedo, pero había en mí otra cosa además de
la voluntad, y esa otra cosa tenía miedo. Me pregunté qué
podía temer; mi yo valiente se burló de mi yo cobarde y
no reparé nunca tan bien como aquel día en la oposición
d e l o s d o s s e re s q u e e s t á n e n n o s o t r o s , e l u n o q u e r i e n d o ,
e l o t r o re s i s t i e n d o , y c a d a c u a l g a n a n d o a r a t o s .
«Aquel pavor tonto e inexplicable seguía creciendo y se
i b a c o n v i r t i e n d o e n t e r r o r. Pe r m a n e c í i n m ó v i l , c o n l o s o j o s
abiertos, el oído al acecho y esperando. ¿Qué? No tenía ni
idea, pero debía de ser terrible. Creo que habría bastado
con que a un pez se le hubiera ocurrido saltar fuera del
agua, como ocurre a menudo, para hacerme caer redondo,
sin conocimiento.
«Sin embargo, gracias a un esfuerzo violento, acabé por
re c o b r a r p o c o a p o c o l a r a z ó n q u e s e m e e s c a p a b a . To m é
de nuevo mi botella de ron y bebí a grandes tragos.
Entonces se me ocurrió una idea y me puse a gritar con
todas mis fuerzas, volviéndome sucesivamente hacia los
cuatro puntos del horizonte. Cuando mi garganta estuvo
totalmente paralizada, me paré a escuchar: un perro
aullaba, muy lejos
«Vo l v í a b e b e r y m e t u m b é c u a n l a r g o s o y e n e l f o n d o d e
m i b a r c o . Pe r m a n e c í a s í q u i z á u n a h o r a , q u i z á d o s , s i n
dormir, con los ojos abiertos, con pesadillas a mi
a l r e d e d o r. N o m e a t r e v í a a l e v a n t a r m e y , s i n e m b a r g o , l o
deseaba vivamente; minuto a minuto lo retrasaba. Me
d e c í a a m í m i s m o “ ¡ Va m o s , e n p i e ! ” , y m e d a b a m i e d o
hacer un solo movimiento. Al final me levanté con infinitas
p re c a u c i o n e s c o m o s i m i v i d a d e p e n d i e r a d e l m e n o r r u i d o
que pudiera hacer, y miré por encima de la cubierta.
«Quedé deslumbrado por el espectáculo más maravilloso,
m á s s o r p r e n d e n t e q u e s e p u e d a v e r. E r a u n a d e e s a s
visiones contadas por los viajeros que vuelven de muy
lejos y a quienes escuchamos sin creerles.
«La niebla que dos horas antes flotaba sobre el agua se
h a b í a re t i r a d o p o c o a p o c o y a c u r r u c a d o e n l a s o r i l l a s . Y ,
al dejar el río completamente libre, había formado sobre
cada orilla una colina ininterrumpida, de una altura de
seis o siete metros, que brillaba bajo la luna con el
soberbio resplandor de la nieve. De este modo no se veía
nada más que el río laminado de fuego entre aquellas dos
montañas blancas ; y arriba, sobre mi cabeza, se extendía,
llena y ancha, una gran luna alumbradora en medio de un
c i e l o a z u l a d o y l e c h o s o . To d o s l o s a n i m a l e s d e l a g u a s e
habían despertado; las ranas croaban furiosamente,
mientras que oía, unas veces a un lado, otras al otro, la
n o t a c o r t a , m o n ó t o n a y t r i s t e , q u e l a n z a a l a s e s t re l l a s l a
voz cobriza de los sapos. Sorprendentemente, ya no tenía
miedo; estaba en medio de un paisaje tan extraordinario
que las singularidades más fuertes no hubieran podido
sorprenderme.
«No sé cuánto tiempo duraría, ya que caí en una cierta
somnolencia. Cuando volví a abrir los ojos, la luna se
había puesto y el cielo estaba lleno de nubes. El agua
chapoteaba lúgubremente, soplaba viento, hacía frío, la
oscuridad era profunda.
«Bebí lo que me quedaba de ron y escuché tiritando el
roce de las cañas y el ruido siniestro del río. Intentaba
ver, pero no pude distinguir mi barco, ni mis propia
manos, que acercaba a mis ojos.
« Po c o a p o c o , s i n e m b a r g o , e l e s p e s o r d e l a o s c u r i d a d
amainó. De pronto creí notar que una sombra se deslizaba
muy cerca de mí; di un grito, una voz contestó; era un
p e s c a d o r. L o l l a m é , s e a c e r c ó y l e c o n t é m i d e s v e n t u r a .
Colocó entonces su barco al lado del mío, y ambos tiramos
de la cadena del ancla. No se movió. Se estaba haciendo
de día, un día sombrío, gris, lluvioso, glacial, uno de esos
d í a s q u e n o s t r a e n t r i s t e z a s y d e s g r a c i a s . Vi o t r a b a r c a , l e
dimos una voz. El hombre que la llevaba unió sus
esfuerzos a los nuestros; entonces, poco a poco, el ancla
cedió. Subía, pero despacio, despacio, y cargada con un
p e s o c o n s i d e r a b l e . Fi n a l m e n t e v i m o s u n a m a s a n e g r a y l a
echamos en la cubierta de mi barca.
«Era el cadáver de una anciana que llevaba al cuello una
piedra de gran tamaño.»
FIN

También podría gustarte