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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Análise Estrutural e Dimensionamento de Galpões Usuais de


Pré-moldados de Concreto

Carolina Alvares Camillo

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust Carvalho

São Carlos

2010
Trabalho de Conclusão de Curso 2010 Carolina Alvares Camillo

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Aos meus pais, com muito


amor e carinho. Sou grata
pela educação que me
deram e por serem meu
maior orgulho e exemplo
de vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade de cursar uma faculdade, por me ajudar em todos os


momentos da minha vida, por ser minha fortaleza e por ter colocado em meu caminho
pessoas tão maravilhosas.

Ao meu pai Luiz Carlos, o meu maior exemplo, orgulho e fonte de inspiração.
Obrigada por todos os conselhos, pela dedicação e por ser o melhor pai do mundo. Espero
um dia poder retribuir de alguma maneira tudo que fez por mim e ainda faz, sendo pelo
menos uma engenheira igual a você.

A minha mãe, Ana Maria, por todas as orações e por toda força, por acreditar em
mim quando nem eu mesma acreditei que fosse capaz de chegar onde cheguei. Por ser
exemplo, de mãe e mulher. Qualquer agradecimento aqui seria pouco a você.

Ao meu namorado Henrique pela paciência, pelas ótimas idéias neste trabalho, pela
ajuda e pelo exemplo de profissional. Enfim, por ter sido tão compreensivo nestes últimos
meses e por existir na minha vida. Obrigada do fundo do meu coração.

Aos meus avós por todas as orações e apoio.

Aos meus amigos de turma da Civil 06, pela oportunidade da convivência com cada
um, pelos momentos de descontração e por terem me acompanhado nesta caminhada. Com
certeza, levarei cada um de vocês em meu coração aonde quer que eu esteja. Em especial
aos meus “amigos irmãos”, aqueles com quem eu contei os cinco anos que estive aqui e
com quem eu sei que poderei contar sempre, enfim ao meu apoio necessário: Luiz Eduardo,
Luís Augusto, Matheus, Fernando e Tiago.

Aos meus amigos de Atibaia que tornavam meus finais de semana muito mais
divertidos e que me ajudaram em todos os momentos em que mais precisei. Agradeço a
vocês: Érica, Elise, Hugo, Rafinha, Shiroto, Daniel e Lucas.

A Universidade Federal de São Carlos, em especial aos docentes do DECiv pela


formação acadêmica, pelo conhecimento e pela paciência. Enfim, por toda ajuda dentro e
fora das salas de aula.

Aos integrantes do laboratório NETPre pelos três anos de trabalhos realizados,


conversas jogadas fora e muitos ensaios. Especialmente, ao Altibano e a Olívia, os amigos
que ganhei.

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Ao Professor Marcelo de Araújo Ferreira pela oportunidade de conhecer o pré-
moldado e pelos trabalhos realizados no NETPre. E, por ter aceitado participar da banca
deste trabalho.

Ao Professor Roberto Chust Carvalho, por ter aceitado me orientar. Agradeço por ser
um exemplo de professor, por todas as nossas conversas onde aprendi muito mais sobre
cálculo e projeto e por todo o seu conhecimento que me fez querer ir além. Obrigada pela
atenção e pela paciência demonstradas ao longo desse ano em que me orientou.

Ao Eng°. M.Sc. Andreilton Santos pela ótima dissert ação concluída sobre galpões
atirantados, que serviu em grande parte de inspiração e exemplo para este trabalho.
Agradeço ainda por ter aceitado participar da banca de defesa e pela ajuda.

A empresa Leonardi Construção Industrializada pela oportunidade de estágio


realizado na área de cálculo, que me fez enxergar melhor o projeto e o produto pré-
fabricado. Em especial ao Eng° Marcelo Cuadrado Mar in que me supervisionou durante todo
este ano, pelos conselhos dados neste trabalho. Agradeço também a todos os integrantes
do departamento de Engenharia.

A todos aqueles não mencionados aqui, mas que de algum modo contribuíram para
a conclusão deste trabalho, o meu eterno agradecimento.

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RESUMO

Atualmente, existem no Brasil muitas fábricas de pré-moldados de concreto que


atuam na construção e montagem das estruturas denominadas galpões. Muitos são os
sistemas estruturais existentes no Brasil, que se diferenciam entre si em questões de
cálculo, fabricação e montagem das peças no canteiro. Embora se perceba que se trata de
uma tipologia cada vez mais utilizada pelas fábricas, percebe-se que existe ainda uma falta
de bibliografia que trate do assunto, tanto em termos de análise como de cálculo estrutural.
Por este motivo, o presente trabalho tem como objetivo estudar as várias tipologias de
galpões pré-moldados de concreto existentes no Brasil e assim procurar aquela que,
atualmente, é a mais utilizada. Além disso, buscam-se diretrizes de projeto para auxiliar
engenheiros e projetistas a entender melhor o funcionamento dos mesmos. O trabalho
procura ainda reunir as considerações a respeito da análise estrutural e dimensionamento
desta edificação, considerando a tipologia estrutural definida a partir das análises anteriores.
Primeiramente, o trabalho traz uma pesquisa feita em algumas empresas pré-moldadas e
em livros específicos a respeito dos principais elementos constituintes deste tipo de
edificação. Posteriormente, são feitas considerações de análise estrutural e
dimensionamento dos mesmos, bem como os tipos de ligações entre elementos
consideradas. Por fim, é realizado um exemplo onde se procura explicar o passo a passo
para a análise estrutural para este determinado tipo de edificação, considerando a tipologia
escolhida (pilares engastados na fundação e vigas de cobertura articuladas nos pilares de
apoio) e a análise plana do pórtico que representa o esquema estrutural da tipologia
escolhida. Além da análise, em termos de estado limite último (ELU) e estado limite de
serviço (ELS), é realizado o dimensionamento de alguns elementos em específico, que
estão presentes no pórtico ou de alguma maneira influenciam no mesmo. Elementos estes
que são compostos por armaduras passivas e ativas (protensão), que é o caso das vigas I
de cobertura e terças, ou somente por armaduras passivas, que é o caso dos pilares.

Palavras-chave: Galpões, concreto pré-moldado, análise estrutural, pórtico plano.

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ABSTRACT

Nowadays, there are many precast concrete factories in Brazil that works with
construction and erection of structures called sheds. There are many structural systems that
exist in Brazil, which differ among themselves on issues of calculation, manufacture and
assembly of parts at the worksite. Although it is an increasingly type used by factories, it is
noticed that there is still a lack of literature that deals with this issue in terms of structural
analysis and calculation. For this reason, this work aims to study the various types of precast
concrete sheds in Brazil and also search for the one which is mostly used nowadays.
Besides, seek for design guidelines to help engineers and designers to have a better
understanding of their operation. The work also pursuit to meet the considerations regarding
the structural analysis and design of this building, considering the structural typology defined
from the previous analysis. Firstly, the work presents a survey performed in some precast
companies and in specific books about the main elements of this type of building. Afterwards,
considerations are made from structural analysis and dimensioning as well as the types of
connections between the considered elements. At last, an example is performed where it is
explained step by step the structural analysis for this particular type of building, considering
the type chosen (cantilever columns in the foundation and roof trusses hinged on the support
columns) and analysis of the frame that represents the structural scheme of the chosen type.
Besides the analysis in terms of Ultimate Limit State and Serviceability Limit State, it is
conducted a design of some specific elements that are present in the sway frame or in any
way influencing the same. These elements are composed of passive and active
reinforcement (prestress) that is the case of roof I-beams and concrete ribs, or only by
passive reinforcement, which is the case of the columns.

Keywords: Sheds, precast concrete, structural analysis, plane frame.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Galpões pré-moldados de concreto armado e protendido e esquema estrtural


empregado (ISAIA, 2000)............................................................................................. 10

Figura 2: Treliça triangular (MORENO JÚNIOR, 1992) ........................................................ 13

Figura 3: Sistema estrutural com parede portante (EL DEBS, 2000). .................................. 14

Figura 4: Seções transversais de Telha W ........................................................................... 15

Figura 5: Telha trapezoidal Isolaika (Fonte: http://www.izolaikatelhas.com.br) ..................... 16

Figura 6: Telha Ondulada Isolaika (Fonte: http://www.izolaikatelhas.com.br)....................... 16

Figura 7: Telha termo-acústica Eternit ................................................................................. 17

Figura 8: Calço para terças T............................................................................................... 18

Figura 9: Posicionamento da terça em relação a direção vertical (RODRIGUES &


CARVALHO, 2009) ...................................................................................................... 18

Figura 10: Terça seção “I”protendida (Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br) .......... 19

Figura 11: Terça protendida seção “T” (Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br) ........ 19

Figura 12: Terça protendida seção “T” armada (Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br)


..................................................................................................................................... 20

Figura 13: Seções usuais de vigas ...................................................................................... 21

Figura 14: Corte longitudinal da pista (situação após a utilização do macaco hidráulico)..... 22

Figura 15: Seções de vigas retangulares (Fonte: http://www.lax.ind.br) ............................... 23

Figura 16: Detalhe da viga I de ponte rolante (Fonte: http://cibe.com.br/) ............................ 23

Figura 17: Viga calha seção U ............................................................................................. 24

Figura 18: Catálogo de vigas calha da empresa Matra ........................................................ 25

Figura 19: Seções de viga calha “I” (Fonte: http://www.lax.ind.br)........................................ 26

Figura 20: Seções de viga “I” de cobertura (Fonte: http://www.lax.ind.br) ............................ 27

Figura 21: Exemplo de ligação viga-pilar com comportamento semi-rígido. ......................... 30

Figura 22: Exemplo de pórtico com trave inclinada e tirante (RODRIGUES, 2009) .............. 31

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Figura 23: Detalhe da ligação pilar x trave de galpões pré-moldados de concreto armado
(RODRIGUES et al., 2009) .......................................................................................... 31

Figura 24: Diferença nos diagramas de momento fletor do pórtico com ligação rígida e semi-
rígida (RODRIGUES et al., 2009)................................................................................. 32

Figura 25: Conceito de deformabilidade de uma Ligação (EL DEBS, 2000) ........................ 33

Figura 26: Curvas Representativas de rigidez de uma ligação (MIOTTO, 2002) .................. 34

Figura 27: Ligações entre os elementos estruturais (SANTOS, 2010). ................................ 35

Figura 28: Princípio de transferência de força cortante por ação de pino (QUEIROS, 2007).
..................................................................................................................................... 36

Figura 29: Ligação viga-pilar através de consolo misulado e reto (QUEIROS, 2007). .......... 37

Figura 30: Exemplos de ligação viga-viga no pórtico principal (SANTOS, 2010).................. 37

Figura 31: Definições básicas do vento ............................................................................... 40

Figura 32: Mapa das Isopletas (Fonte: GALVANOFER, 2010)............................................. 41

Figura 33: Pórtico analisado (SANTOS et al., 2009) ............................................................ 50

Figura 34: Momento fletor que atua na seção localizada no meio do elemento estrutural
(Fonte: MELGES, 2009) ............................................................................................... 54

Figura 35: Galpão estudado no exemplo em 3D .................................................................. 58

Figura 36: Detalhe da Ligação Viga de fechamento-pilar e viga calha ................................. 59

Figura 37: Detalhe da ligação Viga I-pilar ............................................................................ 59

Figura 38: Ligação viga-pilar com dente gerber. .................................................................. 60

Figura 39: Ranhuras da base do pilar e saída do tubo de água pluvial ................................ 60

Figura 40: Inserção dos dados geométricos no programa Visual Ventos ............................. 61

Figura 41: Mapa das isopletas ............................................................................................. 62

Figura 42: Cálculo do fator topográfico ................................................................................ 63

Figura 43: Cálculo do Fator de Rugosidade (S2) ................................................................. 64

Figura 44: Cálculo do Fator Estatístico ................................................................................ 65

Figura 45: Coeficientes de pressão externa nas paredes .................................................... 66

Figura 46: Coeficientes de pressão externa no telhado ....................................................... 67


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Figura 47: Coeficientes de pressão interna .......................................................................... 68

Figura 48: Combinação entre os coeficientes de pressão .................................................... 69

Figura 49: Ação devida ao vento nas paredes e no telhado do galpão ................................ 70

Figura 50: Seção da Terça Protendida ................................................................................ 71

Figura 51: Peso próprio da terça protendida ........................................................................ 71

Figura 52: Ação do vento na terça ....................................................................................... 72

Figura 53: Peso próprio da cobertura metálica na terça ....................................................... 73

Figura 54: Sobrecarga permanente atuante na terça ........................................................... 73

Figura 55: Carga acidental no meio do vão.......................................................................... 74

Figura 56: Carga acidental na extremidade da terça ............................................................ 74

Figura 57: Determinação da tensão na seção a 13,25 cm do apoio ..................................... 99

Figura 58: Pórtico intermediário modelado no STRAP (medidas em mm).......................... 102

Figura 59: Peso próprio dos elementos (carga em tf/m)..................................................... 102

Figura 60: Carregamento de cobertura metálica (carga em tf) ........................................... 103

Figura 61: Sobrecarga permanente (carga em tf) .............................................................. 103

Figura 62: Sobrecarga acidental na cumeeira e no meio da viga (carga em tf) .................. 104

Figura 63: Vento com coeficiente de pressão interna de -0,20........................................... 105

Figura 64: Vento com coeficiente de pressão interna de 0,00 ............................................ 105

Figura 65: Estimativa do número de cabos no tempo infinito ............................................. 108

Figura 66: Estimativa do numero de cabos no tempo zero ................................................ 108

Figura 67: Perda por deformação por ancoragem.............................................................. 109

Figura 68: Perda por relaxação da armadura ..................................................................... 109

Figura 69: Perda por deformação imediata do concreto..................................................... 110

Figura 70: Perda por fluência ............................................................................................. 111

Figura 71: Perda por retração do concreto......................................................................... 112

Figura 72: Perda por relaxação da armadura ..................................................................... 113

Figura 73: Simultaneidade das perdas ............................................................................... 114


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Figura 74: Verificação das tensões em serviço .................................................................. 116

Figura 75: Cálculo de flechas............................................................................................. 121

Figura 76: Isolamento de cabos ......................................................................................... 122

Figura 77: Deslocamentos máximos do pórtico.................................................................. 126

Figura 78: Diagrama de momento fletor (tf.m) ................................................................... 128

Figura 79: Diagrama de força normal (tf) ........................................................................... 128

Figura 80: Cálculo da armadura necessária para o pilar 30cmX50cm ............................... 129

Figura 81: Arranjo da armadura do pilar............................................................................. 129

Figura 82: Ábaco adimensional A-4 ................................................................................... 131

Figura 83: Verificação da armadura longitudinal quando o momento é positivo ................. 132

Figura 84: Verificação da armadura longitudinal quando o momento é negativo................ 133

Figura 85: Treliça de Mörsch ............................................................................................. 135

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sistemas estruturais com elementos de eixo reto .................................................. 8

Tabela 2: Elementos compostos por trechos de eixo reto ou curvo ..................................... 11

Tabela 3: Valores Máximos admissíveis para telhas W ....................................................... 15

Tabela 4: Categorias de terreno segundo a NBR 6123:1988 ............................................... 42

Tabela 5: Classes de edificação para determinação do S2 segundo a NBR 6123:1988 ....... 42

Tabela 6: Parâmetros meteorológicos ................................................................................. 43

Tabela 7: Valores mínimos do fator estatístico S3 ................................................................ 43

Tabela 8: Coeficientes de pressão e forma para edifícios de planta retangular (Fonte: NBR
6123: 1988) .................................................................................................................. 45

Tabela 9: Coeficientes de pressão e forma para edifícios em telhado duas águas (Fonte:
NBR 6123: 1988) ......................................................................................................... 46

Tabela 10: Seqüência de intervalos entre as etapas, ações atuantes, seções e perdas
consideradas................................................................................................................ 74

Tabela 11: Cargas e ações atuantes na terça ...................................................................... 75

Tabela 12: Características geométricas ............................................................................... 76

Tabela 13: Coeficientes de fluência em cada fase ............................................................... 82

Tabela 14: Planilha para cálculo da fluência e retração do concreto .................................... 84

Tabela 15: Tabela de Vasconcelos (apud Inforsato [2009]). ................................................ 89

Tabela 16: Planilha para cálculo de armadura ..................................................................... 91

Tabela 17: Resumo de Flechas Finais após atuação das ações .......................................... 95

Tabela 18: Seqüência de intervalos entre as etapas, ações atuantes, seções e perdas
consideradas.............................................................................................................. 106

Tabela 19: Momentos devido aos carregamentos.............................................................. 106

Tabela 20: Características geométricas ............................................................................. 107

Tabela 21: Coeficientes de fluência em cada fase ............................................................. 111

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Tabela 22: Planilha para cálculo da fluência e retração do concreto .................................. 112

Tabela 23: Coeficientes γf .................................................................................................. 127

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

1.1 Justificativa ............................................................................................... 2

1.2 Objetivos ................................................................................................... 2

1.3 Método ....................................................................................................... 3

1.4 Estrutura do texto ..................................................................................... 4

2. TIPOLOGOGIAS DE GALPÕES PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO ............... 6

2.1 DEFINIÇÕES .............................................................................................. 6

2.2 TIPOLOGIAS DE GALPÕES ..................................................................... 7

2.2.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS DE ESQUELETO ....................................... 7

2.2.1.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS COM ELEMENTOS DE EIXO RETO ... 8

2.2.1.2 ELEMENTOS COMPOSTOS POR TRECHOS DE EIXO RETO OU


CURVO 10

2.2.2 ELEMENTOS COM ABERTURA ENTRE OS BANZOS ........................ 12

2.2.3 sistemas estruturais de paredes portantes ............................................ 13

2.3 Elementos pré-fabricados de concreto usados em galpões ............... 14

2.3.1 Elementos de cobertura ........................................................................ 14

2.3.1.1 Telhas W: ....................................................................................... 14

2.3.1.2 Telhas de Metálicas ........................................................................ 15

2.3.1.3 Telhas termo-acúticas .................................................................... 16

2.3.2 Terças ................................................................................................... 17

2.3.3 Vigas ..................................................................................................... 20

2.3.4 Pilares ................................................................................................... 27

3. LIGAÇÕES ENTRE ELEMENTOS ................................................................... 29

3.1 Ligações em estruturas pré-fabricadas de concreto............................ 29

3.1.1 Ligações em galpões pré-moldados...................................................... 34


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3.1.1.1 Ligações viga-pilar com transferência de esforços horizontais ....... 36

3.1.1.2 Ligações viga-viga .......................................................................... 37

4. AÇÕES NA ESTRUTURA ................................................................................ 38

4.1 Ações permanentes ................................................................................ 38

4.2 Ações variáveis ....................................................................................... 38

4.2.1 Ação do vento ....................................................................................... 39

4.2.1.1 Cálculo dos esforços solicitantes devidos ao vento ........................ 40

4.2.1.1.1 Coeficientes de pressão .......................................................... 43

5. MODELO DE CÁLCULO ESTRUTURAL......................................................... 48

5.1 Modelagem da estrutura......................................................................... 48

5.2 Análise estrutural de galpões ................................................................ 49

5.2.1 Tipos de análise estrutural .................................................................... 51

5.2.1.1 Análise Linear ................................................................................. 51

5.2.1.2 Análise Linear com redistribuição ................................................... 52

5.2.1.3 Análise Plástica .............................................................................. 52

5.2.1.4 Análise não-linear ........................................................................... 53

5.2.1.4.1 Não-linearidade Geométrica .................................................... 53

5.2.1.4.2 Não-linearidade Física ............................................................. 56

6. EXEMPLO NUMÉRICO.................................................................................... 57

6.1 Descrição da estrutura exemplo ............................................................ 57

6.2 Cálculo das ações atuantes na estrutura EXEMPLO ........................... 61

6.2.1 Forças devidas ao vento ....................................................................... 61

6.2.2 Ações atuantes nas terças .................................................................... 70

6.2.2.1 Peso Próprio................................................................................... 70

6.2.2.2 Vento nas terças............................................................................. 71

6.2.2.3 Peso próprio da cobertura metálica ................................................ 72

6.2.2.4 Sobrecarga Permanente................................................................. 73


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6.2.2.5 Carga acidental na terça................................................................. 73

6.2.3 Dimensionamento da terça protendida .................................................. 74

6.2.3.1 Fases ............................................................................................. 74

6.2.3.2 Cargas e Ações .............................................................................. 75

6.2.3.3 Características geométricas ........................................................... 75

6.2.3.4 Tipo de protensão........................................................................... 76

6.2.3.5 Tensão inicial nos cabos ................................................................ 77

6.2.3.6 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando a


fissuração 77

6.2.3.7 Estimativa do número de cabos no tempo zero (verificação de


ruptura simplificada) ................................................................................................. 78

6.2.3.8 Cálculo das perdas de protensão ................................................... 79

6.2.3.9 Verificação das tensões.................................................................. 86

6.2.3.9.1 Estado limite de formação de fissuras ..................................... 86

6.2.3.9.2 Estado limite de descompressão ............................................. 87

6.2.3.9.3 Estado limite de último (Cálculo de Ap no tempo infinito)......... 88

6.2.3.9.4 Armadura passiva superior ...................................................... 90

6.2.3.10 Estimativa das flechas .................................................................. 91

6.2.3.11 Armadura de Cisalhamento .......................................................... 96

6.2.4 Ações atuantes nos pórticos ............................................................... 101

6.2.4.1 Pórtico Intermediário .................................................................... 101

6.2.5 Dimensionamento da viga i protendida ............................................... 106

6.2.5.1 Fases ........................................................................................... 106

6.2.5.2 Cargas e Ações ............................................................................ 106

6.2.5.3 Características geométricas ......................................................... 107

6.2.5.4 Tipo de protensão......................................................................... 107

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6.2.5.5 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando a
fissuração 107

6.2.5.6 Estimativa do número de cabos no tempo zero (verificação de


ruptura simplificada) ............................................................................................... 108

6.2.5.7 Cálculo das perdas de protensão ................................................. 109

6.2.5.8 Verificação das tensões................................................................ 114

6.2.5.8.1 Estado limite de último (Cálculo de Ap no tempo infinito)....... 116

6.2.5.8.2 Armadura passiva superior .................................................... 118

6.2.5.9 Estimativa das flechas .................................................................. 118

6.2.5.10 Comprimento de transferência da armadura ativa ...................... 122

6.2.5.11 Armadura de Cisalhamento ........................................................ 123

6.2.6 Dimensionamento do pilar 30x50 ........................................................ 125

6.2.6.1 Verificação no ELS ....................................................................... 125

6.2.6.2 Cálculo da armadura longitudinal no ELU ..................................... 126

6.2.6.3 Escalonamento da armadura ........................................................ 133

6.2.6.4 Armadura de Cisalhamento .......................................................... 136

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 138

8. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 140

9. APÊNDICE A ................................................................................................. 145

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1. INTRODUÇÃO
Quando o assunto é pré-moldados de concreto pode-se dizer que as edificações
térreas com grandes dimensões em planta e destinadas a usos múltiplos, comumente
conhecidas como galpões, representam uma grande parcela desta categoria no Brasil.
Porém, ao contrário do que as estatísticas mostram, apesar de ser uma edificação muito
utilizada, a bibliografia referente ao assunto é extremamente escassa. Sente-se falta,
portanto, de uma bibliografia específica que demonstre exatamente as diretrizes necessárias
para uma correta análise e posterior dimensionamento de um galpão pré-moldado.

Inicialmente, é preciso dizer que tais edificações, apesar de parecerem mais simples
e possuírem um número de elementos inferior a um edifício de múltiplos pavimentos,
existem considerações de cálculo específicas para elas. O cálculo das forças devidas ao
vento, por exemplo, demanda uma atenção e considerações muito mais específicas para
galpões. Desta forma, fica claro que tal ação nos galpões não deve ser desprezada e muito
menos ser colocada em segundo plano em uma análise estrutural.

Uma vez que a ação do vento está calculada, e corretamente aplicada em tal
estrutura, é necessário verificar quais os esforços internos gerados nos elementos
considerando as diversas combinações de ações. Além disso, por se tratar de uma estrutura
de concreto, deve ser considerado o efeito da fissuração dos elementos estruturais da
mesma, bem como os resultados de tal efeito nos esforços e no comportamento das
ligações. Ainda com respeito a efeitos de 2ª ordem, é necessário avaliar o efeito da não-
linearidade geométrica na estrutura, bem como os métodos ou parâmetros mais apropriados
para serem aplicados.

Diante de todas as indagações expostas acima entende-se a necessidade de um


trabalho que explore todos os itens citados de modo a desenvolver um estudo que
apresente os métodos de análise e dimensionamento de edificações de um pavimento.
Lembrando que tal estudo deve abordar de forma correta todas as normas prescritas, bem
como servir de referência para calculistas e projetistas implicando assim em melhorias de
projeto e melhor aproveitamento dos elementos.

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1.1 JUSTIFICATIVA

O principal motivo para o estudo da análise de galpões em concreto pré-moldado


está no fato de ser no setor de pré-fabricados de concreto, possivelmente, o sistema
construtivo mais utilizado no Brasil. Ao se fazer uma busca na internet com as palavras-
chave: “pré-moldados de concreto”, a grande maioria de respostas se dá em empresas
especializadas neste tipo de sistema estrutural. Contrastante a esta realidade,
curiosamente, pouquíssimas são as publicações didáticas em português que tratam o tema.
Em pesquisa bibliográfica inicial feita sobre tal assunto, os principais livros da área tratam
deste em poucas páginas, apesar de se saber que as publicações em estruturas de aço
existem em maior abundância e que muitas destas podem ser utilizadas para o presente
trabalho. É preciso dizer também que, embora na análise estrutural exista bastante
similaridade entre as estruturas metálicas e de concreto armado, na parte de
dimensionamento e em alguns aspectos das ligações, os procedimentos de verificação e
cálculo são muito diferentes. Assim, fica claro que o fato de se criar um texto na área pode
ajudar estudantes e projetistas no desenvolvimento de projetos na área.

O principal interesse no assunto está até na atividade já desenvolvida pela aluna em


uma empresa de pré-moldados na sua cidade de residência. Durante o estágio realizado a
aluna teve contato com os procedimentos de análise, cálculo, detalhamento, fabricação e
montagem de, principalmente, estruturas de pórticos. Provavelmente, a aluna prosseguirá
em suas atividades profissionais após a conclusão do curso na mesma área e talvez na
mesma empresa. Sair da escola já com um conhecimento específico pode ser uma
vantagem a aluna, visto que o mercado hoje está cada vez mais competitivo e sair com um
diferencial poderá ajudá-la em seu futuro profissional. Além disso, a área de pré-moldados é
muito pouco abordada em outras instituições e o fato da aluna estar interessada em estudar
este tipo de sistema estrutural já a torna diferenciada.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo principal do presente trabalho é indicar uma metodologia para o


desenvolvimento do projeto (concepção e dimensionamento) de galpões pré-moldados de
concreto.

Mais especificamente, pretende-se:

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• Fazer um levantamento bibliográfico dos sistemas construtivos aplicados na


construção de galpões de concreto e das ligações existentes entre os elementos;
• Fazer uma análise crítica dos procedimentos que podem ser empregados e quais as
especificações normativas existentes para este tipo de estrutura;
• Resolver, a partir dos resultados obtidos no item anterior, um exemplo de um galpão
usual de concreto pré-moldado analisando-o estruturalmente e dimensionando-o;
• Permitir a aluna desenvolver um trabalho técnico já em nível profissional.

1.3 MÉTODO

Inicialmente, faz-se uma análise a respeito de todas as tipologias que, atualmente,


são empregadas na construção de galpões pré-moldados de concreto. Para isso é feita uma
pesquisa bibliográfica de modo a avaliar as características de cada elemento empregado
bem como as ligações típicas entre os elementos, as vantagens que o emprego destes traz
para a montagem e considerações de distribuição de esforços. Tal pesquisa também é feita
em função do que as empresas de pré-fabricados têm adotado hoje como solução
construtiva quando o assunto é edifício de um pavimento com grandes vãos e altura
considerável, ou seja, acima de 10m.

Apresenta-se, então, um estudo a respeito das ações atuantes em galpões com


ênfase especial na consideração do vento uma vez que em tal tipo de edificação a ação do
vento se torna bastante significante. É feito então um estudo a respeito das combinações
entre ações nos Estados Limite último e de serviço, além das considerações e métodos que
são levados em conta para uma análise linear e uma não linear, onde se faz necessária
verificação da não-linearidade física e geométrica.

Apresenta-se, então um exemplo de análise estrutural e dimensionamento de alguns


elementos de um galpão, no qual são calculadas as ações atuantes e a ação do vento,
considerada de acordo com a NBR 6123:1988 e utiliza-se o programa Visual Ventos,
desenvolvido por Pravia & Chiarello em 2008, para determinar a mesma quando o vento
atua no pórtico.

Para a análise estrutural dos pórticos utiliza-se o programa STRAP® e faz-se um


estudo detalhado a respeito das considerações dos efeitos de 2ª ordem que devem ser
considerados em galpões. O dimensionamento dos elementos é feito a partir de planilhas
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desenvolvidas em Excel que possuem como base recomendações dadas pelas normas
brasileiras NBR 6118:2004 e NBR 9062:2006. Na resolução do galpão são apresentados
além de planilhas, diagramas e figuras para melhor entendimento dos leitores. As peças,
então, são devidamente detalhadas de acordo com o que as normas recomendam.

Em virtude de pesquisas anteriormente realizadas, observou-se que a grande


maioria das empresas associadas à ABCIC (Associação Brasileira da Construção
Industrializada de Concreto) opta por um sistema estrutural composto por vigas e terças
protendidas e pilares em concreto armado, o que fez com que a escolha do sistema
convergisse para esta tipologia no trabalho apresentado. Portanto, o galpão escolhido para
ser objeto de estudo possui cobertura em duas águas, altura de 12 m, vão de 15 m sendo a
distância entre pórticos de 10 m. Os pilares são feitos em concreto armado, as vigas e
terças em concreto protendido, no fechamento lateral optou-se pela utilização de alvenaria
convencional e para as telhas utilizou-se as do tipo de aço galvalume.

Após a finalização do estudo é realizada uma análise crítica do que é adotado hoje e
do que pode ser melhorado futuramente para que projetistas e calculistas tenham seus
trabalhos facilitados, visando não só facilidade de detalhamento e montagem, como também
a correta contemplação de todas as normas referentes ao assunto.

1.4 ESTRUTURA DO TEXTO

O Capitulo 2 apresenta um estudo a respeito das tipologias de galpões de concreto


pré-moldado, onde procurou-se pesquisar nos livros específicos da área os sistemas
estruturais adotados e na internet procurou-se pesquisar as peças pré-fabricadas
comumente utilizadas nestas edificações.

O Capítulo 3 trata de um assunto importante para as estruturas pré-moldadas de


concreto, que são as ligações entre os elementos. Portanto, é feita uma revisão bibliográfica
onde busca-se compreender os diversos comportamentos que as ligações podem assumir.

No Capítulo 4 é feito um estudo a respeito de todas as ações presentes na estrutura


citadas nas normas especificas, de modo especial a ação do vento, que é uma das mais
importantes em galpões.

As considerações a respeito da modelagem e análise estrutural são apresentadas no


Capítulo 5.

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O Capítulo 6 traz um pórtico de um galpão com cobertura em duas águas, onde se


procurou realizar um passo a passo de como modelá-lo de analisá-lo estruturalmente e
como são feitos os dimensionamentos de elementos no mesmo.

Por fim, o Capitulo 7 traz as considerações finais do trabalhando com as dificuldades


encontradas na confecção de um estudo relacionado a análise e dimensionamento de
galpões. Nos itens seguintes foram apresentadas as referências bibliográficas e os anexos e
apêndices citados no texto.

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2. TIPOLOGOGIAS DE GALPÕES
PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO

Neste capítulo é feita uma revisão bibliográfica a respeito das tipologias de galpões
pré-moldados de concreto para que se verifique aqueles que são apresentados na
bibliografia existente e aqueles que realmente são mais empregados no Brasil para as
diversas finalidades. Os parâmetros utilizados serão o vão, o porte da edificação, o tipo dos
elementos (protendidos ou não) e, finalmente, o sistema estrutural utilizado.

2.1 DEFINIÇÕES

Elliott (2005) define concreto pré-moldado como sendo aquele preparado, moldado e
curado em um local que não seja seu destino final. A distância entre o elemento pré-
moldado e o canteiro pode ser de apenas alguns metros, quando se quer evitar custos altos
devido ao transporte ou tal distância pode superar muitos quilômetros, quando há um
elevado valor acrescentado aos materiais, porém o custo do transporte é baixo.

No Brasil, porém, a NBR 9062:2006 distingue as duas definições feitas acima como
sendo elementos pré-moldados e elementos pré-fabricados. A diferença entre tais
elementos é que os primeiros são executados em condições menos rigorosas de controle de
qualidade, e por isso, necessitam que sua peças sejam inspecionadas individualmente ou
por lotes. Já os elementos pré-fabricados são aqueles produzidos em usina ou instalações
analogamente adequadas aos recursos para produção e que disponham de pessoal,
organização de laboratório e demais instalações permanentes para o controle de qualidade,
devidamente inspecionadas.

Ainda segundo Elliott (2005), o que difere realmente o concreto pré-moldado daquele
moldado in-loco é o comportamento em relação aos efeitos internos (variação volumétrica) e
externos (carregamento existente) do mesmo quando está submetido a esforços de tração e
compressão. Isso porque, na realidade o concreto pré-moldado é, por definição, apenas

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uma peça que deverá ser ligada a outros elementos de modo a formar uma estrutura
completa.

A aplicação do pré-moldado pode ser feita em diversos ramos da construção civil,


seja em edifícios, pontes, passarelas, galpões, casas ou em conjunto com algum outro
material. Porém, será discutida aqui a aplicação do pré-moldado em edifícios de um
pavimento, comumente chamados galpões.

De acordo com Moreno Júnior (1992), galpões são edificações térreas com grandes
dimensões em planta e destinadas a usos múltiplos: industrial, comercial ou agrícola. O fato
de ser uma edificação térrea, com uma função bem específica, permite a padronização de
alguns elementos e facilita, desta forma, a modulação dos mesmos. Isso justifica a grande
utilização de tais edificações em grande escala na indústria de pré-moldados do Brasil.

De acordo com Soares (1998), no Brasil os galpões de elementos pré-fabricados de


concreto, com sistema estrutural de pórticos para telhado de duas águas, têm sido
amplamente aplicados, apresentando muito boa funcionalidade e competitividade
econômica.

2.2 TIPOLOGIAS DE GALPÕES

Pode-se dizer que para que haja um bom entendimento das construções lineares em
esqueleto, as tipologias dos pórticos, assim como o estudo de suas diferentes soluções
tornam-se imprescindíveis.

De acordo com El Debs (2000) os edifícios de um pavimento, mais conhecidos como


galpões, podem ser classificados de acordo com o sistema estrutural, que poderá ser do tipo
esqueleto ou parede portante. Os sistemas estão detalhados a seguir.

2.2.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS DE ESQUELETO

De acordo com Moreno Júnior (1992), tal sistema predomina sobre os demais e é
basicamente constituído por um esqueleto resistente no qual são fixados elementos de
cobertura e de fechamento lateral.

Tal esqueleto é composto por elementos portantes principais (pórticos) e elementos


secundários (terças) que servem como apoio da cobertura longitudinal. Na direção
longitudinal utiliza-se, ainda, nas laterais dos galpões as chamadas vigas calha que
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contribuem para o travamento nesta direção além de serem responsáveis pelo escoamento
das águas pluviais. Tais elementos por possuírem rigidez superior a das terças podem
fornecer contraventamento dos pilares nesta direção.

2.2.1.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS COM ELEMENTOS DE EIXO RETO

Segundo El Debs (2000) o sistema constituído por elementos de eixos retos são
vantajosos no sentido de facilitar as etapas de produção das peças e também por permitir a
aplicação natural de protensão com aderência inicial, o que na verdade caracteriza seu
emprego para pré-moldados de fábrica. Os sistemas estruturais mais comuns estão
representados na Tabela 1, onde são explicadas suas principais características e a
classificação dos mesmos segundo El Debs (2000).

Tabela 1: Sistemas estruturais com elementos de eixo reto


Classificação Modelo Estrutural Características

É uma das formas mais


a) Pilares
utilizadas por facilidades na
engastados na
montagem e nas ligações. A
fundação e viga
estabilidade global é garantida
articulada nos
pelos pilares engastados na
pilares
fundação.

Tal solução é adotada quando


os momentos fletores nos
pilares atingem números
b) Pilares significativos. Tal modelo é
engastados na utilizado quando os pilares
fundação e viga são altos ou quando há
engastada nos presença de pontes rolantes.
pilares A estabilidade global é
garantida pela ligação viga-
pilar se comportar como
engaste.

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São empregados em
construções pré-moldadas
c) Pilares
leve, onde a cobertura é
articulados na
inclinada e há presença de
fundação e dois
tirante no topo dos pilares.
elementos de
Para garantir a estabilidade
cobertura
global adota-se, normalmente,
articulados
contraventamento na direção
perpendicular aos pórticos.

É menos empregada que a


alternativa c, devido à ligação
d) Com ligação engastada entre pilar e
rígida entre os elemento de cobertura. Os
pilares e os dois pilares podem ser engastados
elementos de ou articulados na fundação. A
cobertura estabilidade global é garantida
da mesma maneira que a
emprega na situação c.

Verificou-se por pesquisa feita em sites de empresas aquelas de menor porte dão
preferência a galpões atirantados, por serem contituidos por peças em concreto armado
tonando assim, sua produção mais viável economicamente. Já as empresas de maior porte
caracterizam-se por produzir galpões maiores cujos vãos e altura superam, por muitas
vezes os 20 metros, sendo assim as mesmas optam pelo sistema estrutural composto por
pilares armados e vigas e terças protendidas.

Isaia (2002) apresenta ainda três tipologias mais simples de galpões mostradas na
Figura 1.

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i = 20% i=5a Engaste ou Engaste ou


Braço Rótula Viga 20% Apoio Apoio
Engaste Engaste

Pé-Direito

Pé-Direito
Tirante
Pilar Pilar

Vão Vão Engaste


Engaste Engaste Engaste
Braços Bipartidos Viga Única - Inércia Constante
Viga i = 5 a 20 Apoio
% Apoio

Pé-Direito
Pilar
Engaste Engaste
Vão
Viga Única - Inércia Variável

Sistemas Estruturais Típicos

Figura 1: Galpões pré-moldados de concreto armado e protendido e esquema estrtural


empregado (ISAIA, 2000).

Observando a Figura 1, pode-se classificar os galpões como: pórtico com uma rótula,
pórtico com dois pilares e uma viga inclinada com inércia constante e ligação rígida e,
finalmente, o pórtico com dois pilares e uma viga inclinada com inércia variável e ligação
rotulada.

2.2.1.2 ELEMENTOS COMPOSTOS POR TRECHOS DE EIXO RETO OU CURVO

Segundo El Debs (2000), tais sistemas são apropriados para produção das peças no
canteiro, o emprego da pré-tração nos elementos que compõem tais sistemas é
praticamente inviável, porém a distribuição dos esforços solicitantes é melhor quando
comparados ao sistema anterior. O emprego de elementos com eixo curvo, formando arcos,
refere-se apenas à cobertura. Tal sistema possibilita redução da flexão, ocasionando uma
significativa redução do consumo de materiais e, assim, do peso dos elementos. A forma
básica dos elementos estruturais com elementos de eixo reto ou curvo são detalhados na
Tabela 2.

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Tabela 2: Elementos compostos por trechos de eixo reto ou curvo


Classificação Modelo Estrutural Características

As articulações deste
sistema são dispostas
a) Elementos próximas a região de
engastados momento fletor nulo, é
na fundação e conhecido como
duas sistema lambda. O
articulações tirante é usado para
na trave que a estrutura
empregada seja mais
leve.

A moldagem dos
elementos é feita no
local e na posição
b) Elementos
horizontal. Além da
em forma de
forma U, os elementos
U
podem ser na forma
de TT quando se
quiser balanços.

c) Elementos Ideal para galpões


em forma de altos e estreitos de um
L ou T só vão.

O emprego de
d) Com um elementos curvos na
elemento cobertura pode
articulado resultar na diminuição
nos pilares de até 50% no peso
da estrutura.

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e) com dois O uso do tirante neste


elementos caso e no caso d é
articulados obrigatório. São ideais
nos pilares e para vãos acima de 30
entre si metros.

Tal sistema, apesar de


f) com um ser uma alternativa,
elemento não é muito utilizado,
engastado porque é necessário
nos pilares executar uma ligação
viga-pilar rígida.

2.2.2 ELEMENTOS COM ABERTURA ENTRE OS BANZOS

Soares (1998) cita ainda um sistema estrutural composto por elementos com
aberturas entre os banzos. São vistos sob a forma de treliça, vigas Vierendel ou vigas
armadas. A característica principal destas formas de seção transversal é a redução do
consumo de materiais, e conseqüentemente, do peso dos elementos.

Segundo Moreno Júnior (1992), a utilização dos elementos treliçados justifica-se


pelas suas propriedades como elemento pré-moldado. As vigas em treliça podem servir para
vencer grandes vãos ou suportar grandes cargas e serem de 2 a 3 vezes mais leves que
aquelas em que se adota seção de alma cheia para os mesmos fins. Tal característica
incide numa economia significativa tanto de material como no processo construtivo.

A Figura 2, mostra um exemplo de treliça triangular que pode vencer vão de até 30
metros quando executadas em uma única peça, para o caso de maiores vãos a mesma
pode ser subdividida em peças menores.

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Figura 2: Treliça triangular (MORENO JÚNIOR, 1992)

Tal sistema estrutural não é muito encontrado no Brasil pela dificuldade em executar
tais peças, além disso, não é recomendado para concreto pré-fabricado uma vez que as
peças nem sempre são iguais e as fôrmas não podem ser reaproveitadas.

2.2.3 SISTEMAS ESTRUTURAIS DE PAREDES PORTANTES

A característica principal de tal sistema é que as paredes não servem só como


fechamento lateral, mas também como apoio para cobertura. Somente as paredes externas
são portantes, caso as dimensões em planta forem muito grandes a estrutura interna é feita
em esqueleto. Atualmente, a estrutura externa é feita em parede portante e a interna em
estrutura metálica. A aplicação de tal sistema resulta num melhor aproveitamento dos
materiais. Nestes sistemas as paredes podem ser engastadas na fundação e os elementos
de cobertura apoiados sobre elas. A estabilidade da estrutura é garantida pela parede
engastada na fundação. Uma outra possibilidade para estabilidade é contar com a cobertura
para transferiras ações laterais na direção da ação, com a ação diafragma. A Figura 3,
mostra um exemplo do sistema estrutural de parede portante.

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Figura 3: Sistema estrutural com parede portante (EL DEBS, 2000).

2.3 ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO USADOS EM GALPÕES

Como visto anteriormente neste capítulo, os galpões pré-moldados de concreto são


compostos na maioria das vezes por elementos retos, sendo pilares, vigas e terças. Em
relação a seções transversais das vigas e terças existem muitos formatos e as mesmas
podem ser ainda protendidas ou simplesmente armadas. São apresentadas agora os
elementos presentes nos galpões pré-moldados.

2.3.1 ELEMENTOS DE COBERTURA

A cobertura dos galpões pré-moldados pode ser feita em concreto pré-moldado


utilizando as chamadas telhas W ou em elementos metálicos como as telhas metálicas ou
ainda telhas termo-acústicas.

2.3.1.1 Telhas W:

O escoamento de água no caso da utilização de telha W é garantido pela contra-


flecha da mesma, uma vez que tal elemento é protendido, porém além de tais telhas
possuírem um peso muito elevado o seu uso não é bem aceito porque não há como
obedecer as dimensões mínimas de cobrimentos das armaduras. Segundo o site da
empresa Cassol pré-fabricados a sobrecarga admissível é de 0,30 kN/m² (30 kgf/m²) para
carga acidental e de 0,20 kN/m² (20 kgf/m²) para instalações suspensas. O catálogo da
empresa traz algumas tabelas com os valores máximos admissíveis de telha W da mesma e

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pode ser visto na Tabela 3, na Figura 4 pode-se observar as seções transversais das telhas
mencionadas na Tabela 3.

Tabela 3: Valores Máximos admissíveis para telhas W


(Fonte: http://www.galpoesprefabricados.com.br)
Peso próprio Comprimento
Tipo Vão (m) Balanço (m)
(kgf/m²) (m)
W34 15,00 120 4,0 18,00
W53 20,00 150 5,0 21,00
W53E 25,00 180 6,0 25,00

Figura 4: Seções transversais de Telha W


(Fonte: http://www.galpoesprefabricados.com.br)

2.3.1.2 Telhas de Metálicas

A cobertura feita com telhas metálicas de aço galvalume é uma das mais utilizadas,
atualmente. Isso porque é leve e, portanto, não causa ações de elevada intensidade nos
pilares, caso das telhas W. Galvalume é o nome dado para a chapa de aço revestida com
uma camada de liga Al-Zn. Este produto mantém a resistência estrutural do aço-base e
confere alta resistência à corrosão atmosférica, elevada refletividade ao calor, o que gera
maior conforto térmico e resistência à oxidação em temperaturas elevadas.

A empresa Izolaika fornece catálogos de telhas em aço galvalume em duas


espessuras, sendo elas 4,3 e 5 mm. Além disso, as telhas possuem seções transversais:
trapezoidais ou ondulares. As seções transversais, bem como o peso próprio das telhas
podem ser vistas nas Figura 5 e Figura 6.

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Figura 5: Telha trapezoidal Isolaika (Fonte: http://www.izolaikatelhas.com.br)

Figura 6: Telha Ondulada Isolaika (Fonte: http://www.izolaikatelhas.com.br)

2.3.1.3 Telhas termo-acúticas

A telha termo-acústica é utilizada onde se deseja conforto térmico e acústico aliado


às características das telhas metálicas. Também é uma solução para lugares onde existe
uma grande concentração de umidade de ar, para evitar o gotejamento que ocorre com a

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condensação da umidade interna quando em contato com as coberturas aquecidas pela


ação do sol.

A telha termo-acústica da Eternit, por exemplo, é fabricada no sistema "sanduíche"


(telha + isolante + telha) e utiliza o EPS (poliestireno expandido) como isolante. O produto é
cortado no mesmo perfil das telhas.

A telha termo-acústica pode ser fabricada ainda com poliuretano, tais telhas
possuem chapas de aço galvanizadas na parte externa e miolo em espuma de poliuretano,
rígida ou semi-rígida. Pelo seu baixo peso e à auto-aderência durante a espumação, o
poliuretano proporciona grande resistência estrutural por um peso baixo por metro quadrado
de telhado. A Figura 7 mostra o esquema de uma telha termo-acustica feita com espuma de
poliuretano da Eternit.

Figura 7: Telha termo-acústica Eternit


(Fonte: http://www.eternit.com.br/userfiles/CATALOGO_META_TEC_18-03.pdf?)

2.3.2 TERÇAS

As terças são elementos que podem ser fabricados em concreto armado, protendido
ou em perfis de chapas metálicas. Apóiam-se em vigas de cobertura através de calços em
locais específicos para formar a cobertura de edificações industriais. A Figura 8 mostra o
calço no qual a terça se apóia.

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Figura 8: Calço para terças T

Quando feitas em concreto pré-fabricado podem possuir duas seções transversais a


T ou a I, sendo as primeiras as mais utilizadas pela maioria das empresas de concreto pré-
fabricado. As terças são responsáveis por suportar não só o peso de elementos de
cobertura (telhas, forros e luminárias) como também suportar cargas advindas de ações
variáveis (peso de pessoas com equipamentos e ação do vento).

Segundo Rodrigues & Carvalho (2009) as terças são posicionadas na direção vertical
para evitar a flexão obliqua (situação a direita da Figura 9) ao invés da situação mais
adequada para o posicionamento da telha (situação a esquerda da Figura 9).

Telha
Telha _
y

Terça
Direção horizontal
Terça
s

Figura 9: Posicionamento da terça em relação a direção vertical (RODRIGUES &


CARVALHO, 2009)

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Em pesquisa realizada no site da empresa Matra pôde-se verificar algumas


variedades nas seções de terças e as mesmas podem ser vistas nas Figura 10, Figura 11,
Figura 12.

Figura 10: Terça seção “I”protendida (Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br)

Figura 11: Terça protendida seção “T” (Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br)

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Figura 12: Terça protendida seção “T” armada (Fonte:


http://www.matrapremoldados.com.br)

2.3.3 VIGAS

Segundo as definições da NBR 6118:2004 as vigas são elementos lineares, ou seja,


elementos cujo comprimento longitudinal supera pelo menos três vezes a seção transversal
o que permite que sejam classificadas como elementos de barra. Pode-se dizer ainda que
nas vigas a flexão é preponderante. As vigas podem possuir variadas seções transversais,
como retangular, “T”, “I” etc. Tais elementos são aplicados em diferentes partes de uma
edificação, tais como: fundação (vigas baldrame), mezaninos, calhas, apoio de pontes
rolante, cobertura de galpões industriais e em pavimentos de edifícios. A Figura 13 indica
algumas seções transversais de vigas pré-fabricadas.

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Figura 13: Seções usuais de vigas

Em relação aos elementos pré-fabricados de concreto, as vigas podem divididas


considerando dois métodos diferentes de cálculo e detalhamento de sua armadura. O
primeiro consiste na aplicação de armadura passiva (elementos em concreto armado).
Deste modo, para que ocorra a mobilização da armadura, o concreto precisa se deformar.
Já o segundo método consiste na aplicação de armadura ativa, composta não mais por
barras de aço, mas sim por cordoalhas, cordas ou fios de aço de protensão, que recebem
uma tensão de tração antes da aderência com o concreto do elemento estrutural.

O processo de protensão em vigas pode ainda ser dividido em pós-tração e pré-


tração, porém em pré-fabricados de concreto a protensão utilizada é a segunda. Na pré-
tração, as cordoalhas, dispostas já dentro das formas das vigas, recebem uma tensão de
tração antes do preenchimento de concreto. Todo este processo é realizado em um local
específico, denominado pista de protensão e pode ser visto na Figura 14. A NBR 6118:2004
tem a seguinte definição para elementos protendidos com aderência inicial (pré-tração): “...o
pré-alongamento da armadura ativa é feito utilizando-se apoios independentes do elementos
estrutural, antes do lançamento do concreto, sendo a ligação da armadura de protensão
com os referidos apoios desfeita após o endurecimento do concreto; a ancoragem no
concreto realiza-se só por aderência.”

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Figura 14: Corte longitudinal da pista (situação após a utilização do macaco


hidráulico).

Nas pistas de protensão, que têm de 100 a 200 metros de comprimento, as


cordoalhas são ancoradas de um lado da cabeceira e no outro lado recebem o macaco
hidráulico (ancoragem viva), responsável por promover o estiramento dos mesmos, com
uma força especificada pelos calculistas e de acordo com o material utilizado. Por fim, de
acordo com o tempo de cura do concreto (aquisição da resistência especificada em cálculo),
os cabos são cortados. Na Figura 14 tem-se um exemplo esquemático de uma viga disposta
em uma pista de protensão, juntamente com a armadura ativa paralela ao elemento
estrutural (característica da pré-tração).

Ao se utilizar a pré-tração para a confecção de vigas de concreto pré-fabricadas,


muitos processos são racionalizados. É um método cada vez mais difundido nas indústrias
de pré-fabricados. Permite, no caso das vigas, a confecção de inúmeros elementos ao
mesmo tempo, uma vez que toda a pista pode ser preenchida e os elementos cortados de
acordo com a necessidade do projeto e planejamento de produção. Este fato fica ainda mais
consolidado quando se tem uma obra com um grande número de repetições de vigas com
mesma seção transversal e quantidade de armadura. Por acabar concentrada nas fábricas e
não mais no próprio canteiro, esta etapa construtiva está promovendo a confecção de
elementos estruturais cada vez mais controlados, com aplicação racionalizada de materiais
e mão-de-obra, com um processo de confecção e cura do concreto apropriados, trazendo
assim qualidade no produto final.

As vigas podem ser classificadas ainda de acordo com a sua utilização em galpões,
onde poderão ser de ponte rolante, vigas calha, vigas de cobertura, vigas de transição, vigas
de apoios de laje e vigas de travamento. As mais comuns são melhor definidas a seguir.

Vigas retangulares: podem ser utilizadas para apoio de lajes alveolares e alvenaria,
sendo fabricadas em concreto armado ou protendido dependendo do vão e carregamentos
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que as mesmas devem suportar. O catálogo da empresa Lax Sistemas Construtivos mostra
algumas seções de vigas retangulares que podem ser verificados na Figura 15.

Figura 15: Seções de vigas retangulares (Fonte: http://www.lax.ind.br)

Vigas de ponte rolante: servem para fixação do rolamento da mesma e podem ser
feitas em concreto armado (seções T, I ou retangular) ou protendido (seções retangulares
ou I). A Figura 16 mostra o detalhe de fixação do trilho da ponte rolante na viga protendida
de seção I.

Figura 16: Detalhe da viga I de ponte rolante (Fonte: http://cibe.com.br/)

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Vigas calha: servem para escoamento da água pluvial, como travamento na direção
perpendicular aos pórticos de um galpão e ainda como apoio de telha W (usadas em
coberturas) ou outros tipos de cobertura. Podem ser armadas (seção transversal U ou J) ou
protendidas (seção U). A Figura 17 mostra uma viga calha seção U, a mesma pode
apresentar altura variável de acordo com o fabricante, porém as mais comuns são as de 40,
50 e 60 centímetros de altura. As vigas calha seção J podem apresentar alturas de 125 e
150 centímetros de altura, porém isso pode variar de acordo com cada fabricante. A Figura
18 mostra o catalogo da empresa Matra com as seções variáveis de vigas calha que a
mesma fabrica.

Figura 17: Viga calha seção U

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Figura 18: Catálogo de vigas calha da empresa Matra


(Fonte: http://www.matrapremoldados.com.br)

A empresa Lax sistemas construtivos possui ainda uma tipologia de vigas calha cuja
seção transversal é do tipo “I”, as características de tais vigas podem ser vistas na Figura 19
que detalha as informações das seções das vigas de tal empresa.

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Figura 19: Seções de viga calha “I” (Fonte: http://www.lax.ind.br)

Vigas de cobertura: São utilizadas para sustentar a cobertura e transmitir os esforços


para os pilares dos galpões. A seção mais comum para tal tipo de viga é a do tipo “I”, o
catálogo da empresa Lax fornece algumas seções de vigas I e a Figura 20 mostra tais
dimensões.

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Figura 20: Seções de viga “I” de cobertura (Fonte: http://www.lax.ind.br)

Vigas de pórtico: servem de apoio para terças e estão localizadas nos pórticos de
fachada, por possuírem vãos menores e carregamentos também tais vigas são armadas e a
seção das mesmas é do tipo T.

2.3.4 PILARES

O item 14.4.1.2 da NBR 6118 define o pilar como sendo um elemento, geralmente
vertical que recebe ações predominantemente de compressão. O pilar pode estar submetido
compressão normal composta ou oblíqua. São elementos de grande importância uma vez
que recebem as cargas provenientes das vigas e lajes e as conduzem para a fundação.

Em galpões pré-moldados de concreto os pilares estão submetidos a grandes


esforços de momento que muitas vezes superam o esforço de compressão. Isso porque,
tais elementos recebem uma ação de vento muito grande e não há vigas de travamento nem
pavimentos intermediários para distribuir melhor tal ação, por este motivo os pilares de

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edificações deste gênero possuem seus diagramas de momento semelhantes ao de uma


viga em balanço, quando engastados na base e articulados no topo. Desta forma, os pilares
são dimensionados como vigas neste tipo de edificação.

Os pilares podem possuir seção transversal quadrada ou retangular. Podem ser


classificados de acordo com sua aplicação nos galpões. Deste modo tem-se:

Pilar de fechamento: aqueles localizados nas fachadas da estrutura de galpões, a fim


de proporcionar vãos menores de fechamento. Devem ser dimensionados para receber de
esforços de vento provenientes a 0°, tendo na maior ia das vezes, seções maiores que os
demais pilares do galpão.

Pilares de pórtico: São os pilares principais dos galpões, aqueles que sustentam as
vigas de cobertura responsáveis por transmitir aos mesmos as cargas provenientes da
cobertura (telhas e terças). Por serem pilares mais travados, devido às vigas de cobertura,
tais pilares podem apresentar esforços menores do que aqueles de fechamento e por isso
podem apresentar seções mais esbeltas.

Pilares de ponte rolante: São pilares pré-dimensionados para receber vigas que
sustentam as pontes rolantes, os pilares deste tipo podem receber tanto vigas de ponte
rolante como vigas de cobertura.

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3. LIGAÇÕES ENTRE ELEMENTOS

No capitulo a seguir é feita uma breve revisão bibliográfica a respeito das


considerações sobre ligações entre elementos pré-moldados de concreto. Posteriormente, é
feito um estudo sobre as considerações específicas para ligações de galpões pré-moldados.

3.1 LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO

Pode-se dizer que as pesquisas acadêmicas não têm acompanhado a expansão da


indústria de pré-moldados, isso pôde ser comprovado por Elliott (1997), que cita o fraco
desempenho do setor com relação à pesquisa quando comparado ao setor de metálicas,
onde o número de pesquisadores é 30 vezes maior que no segmento de pré-moldado. De
acordo com Souza (2006), as primeiras pesquisas realizadas no Brasil que consideravam o
efeito da deformabilidade das ligações entre elementos pré-moldados de concreto tiveram
início em meados dos anos 90, onde se destacam estudos realizados por FERREIRA
(1993), SOARES (1998) e FERREIRA (1999).

Segundo El Debs (2000) as ligações entre os elementos pré-moldados não se


comportam da maneira usual considerada na análise estrutural, isso porque tais ligações
são idealizadas de modo que permitam ou impeçam o deslocamento relativo entre os
elementos. Pode-se dizer que as ligações entre os elementos pré-moldados podem
apresentar certa deformação quando solicitadas, a consideração das ligações com este
efeito recebem o nome na literatura técnica de ligações semi-rígidas.

A ligação entre os elementos pré-moldados é uma região onde existe elevada


concentração de tensões, por isso torna-se imprescindível o estudo da mesma. O grande
problema é que uma mesma ligação pode ser considerada como articulada, rígida ou semi-
rígida dependendo do projetista. Sabe-se, contudo, que o mau dimensionamento destas
pode acarretar aumentos significativos de esforços nos elementos ou até mesmo colapso na
estrutura.

Ferreira (1999) revela que o termo “ligações semi-rígidas” foi utilizado inicialmente no
estudo de estruturas metálicas, na década de 30, sendo incorporado posteriormente ao
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estudo das estruturas pré-moldadas. Esta notação, a princípio, está relacionada com a
rigidez à flexão da ligação, ou a sua relação inversa, a deformabilidade à flexão, também
denominada flexibilidade. Este conceito já vem sendo utilizado na análise estrutural de
pórticos com nós semi-rígidos, aplicada ao caso de estruturas metálicas.

Ferreira (1999) conta ainda que, no caso das ligações em estruturas de concreto pré-
moldado, o conceito da rigidez, ou da deformabilidade da ligação está relacionado também
com outros esforços que não a flexão, como é o caso da deformabilidade ao cisalhamento,
que é um importante parâmetro no estudo das ligações com almofadas de elastômero e
chumbador, e da deformabilidade à compressão em almofadas de elastômero.

Segundo Amaral (2007), as ligações entre elementos pré-moldados de concreto se


comportam de um modo mais realista como sendo ligações deformáveis, cujo
comportamento é diferente para cada forma ou mecanismo de ligação. Esse comportamento
intermediário das ligações, seja com maior ou com menor deformabilidade, denomina-se
semi-rígido. A Figura 21 mostra o exemplo de uma ligação viga-pilar com comportamento
semi-rígido.

Figura 21: Exemplo de ligação viga-pilar com comportamento semi-rígido.

A partir do momento que a geometria dos elementos de pórtico já está definida,


torna-se possível o cálculo dos esforços solicitantes em cada uma das seções. A Figura 22

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e Figura 23 mostram um pórtico com trave inclinada e tirante e a ligação típica entre pilar e
trave, respectivamente.

Figura 22: Exemplo de pórtico com trave inclinada e tirante (RODRIGUES, 2009)

Figura 23: Detalhe da ligação pilar x trave de galpões pré-moldados de concreto


armado (RODRIGUES et al., 2009)

Na Figura 24 observa-se a diferença de comportamento de um galpão de duas


águas com ligação contínua (moldado no local) e outro pré-fabricado de ligação semi-rígida,
quando se trata do diagrama do momento fletor.

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ligação semi-rígida
pórtico com ligação rígida pórtico com ligação semi-rígida

Diagrama de Momento Diagrama de Momento

1
Ma 2
Ma

Figura 24: Diferença nos diagramas de momento fletor do pórtico com ligação rígida e
semi-rígida (RODRIGUES et al., 2009).

Rodrigues et al. (2009) explicam que a consideração do movimento relativo entre a


trave do pórtico e o pilar faz com que haja diferença na distribuição de momentos no pórtico
(em módulo M a2 ≤ M a1 ) e também na deformação do pórtico. Assim, é comum considerar

como uma mola a ligação entre os dois elementos com rigidez (ou deformabilidade)
equivalente a da ligação.

Ferreira (1999) abordou o assunto de ligações de forma analítica estudando a


deformabilidade das ligações típicas viga-pilar de elementos pré-moldados. Duas foram as
ligações estudadas: uma com almofada de elastômero e chumbador e outra resistente à
flexão com chapas soldadas. Foi apresentado, então, um desenvolvimento para o cálculo da
deformabilidade à flexão da ligação.

Ainda segundo o mesmo autor, foram realizados dois ensaios de flexão alternada em
um protótipo com ligações soldadas e um protótipo monolítico, o qual serviu de referência
para avaliar a rigidez da ligação. A partir dos resultados experimentais, demonstrou-se que,
através da utilização de procedimentos analíticos para a determinação das
deformabilidades, pode-se obter uma boa estimativa para os valores experimentais,
constituindo-se assim em uma alternativa viável e em uma ferramenta de grande potencial a
ser explorado para o projeto das ligações de concreto pré-moldado.

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El Debs (2000) define que a deformabilidade de uma ligação é o deslocamento


relativo entre os elementos que compõem a mesma. Tal deslocamento é causado por um
esforço unitário atuante na direção deste deslocamento. Deste modo, a deformabilidade ao
momento fletor em uma ligação viga-pilar está associada à rotação da viga em relação à
forma indeformada do nó como mostra a Figura 25.

Figura 25: Conceito de deformabilidade de uma Ligação (EL DEBS, 2000)

Algebricamente a deformabilidade ao momento fletor pode ser definida na Equação


1:

λϴ = Equação 1


A Equação 1 equivale, por definição, ao inverso da rigidez, indicada na Equação 2.


K= Equação 2


Onde:

λϴ é a deformabilidade à flexão
ϕ é a rotação relativa na ligação
M é o momento atuante na ligação
K é a rigidez da ligação à flexão

De acordo com Amaral (2007), uma maneira bastante representativa do


comportamento de deformação das ligações é a relação momento-rotação. Cada ligação
através de seus mecanismos típicos tem uma curva característica que representa sua
deformabilidade frente a um momento solicitante que atua na ligação. A Figura 26
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exemplifica três curvas características: ligações perfeitamente rígidas, perfeitamente


articuladas e uma ligação semi-rígida.

Figura 26: Curvas Representativas de rigidez de uma ligação (MIOTTO, 2002)

Sendo assim, a partir do momento que os projetistas tomam conhecimento das


curvas momento–rotação das ligações, ou ainda, das aproximações dos parâmetros que
definem tais curvas é possível que os mesmos levem em consideração o comportamento
das ligações semi-rígidas.

3.1.1 LIGAÇÕES EM GALPÕES PRÉ-MOLDADOS

Segundo Queiros (2007) as ligações constituem-se em um dos tópicos mais


importantes em relação às estruturas pré-moldadas para galpões. Isso porque elas fazem a
interligação racional entre os elementos pré-moldados para compor um sistema estrutural
capaz de resistir a todas as forças atuantes, incluindo ações indiretas provenientes da
retração, fluência, movimentos térmicos, fogo, entre outros.

Para que seja possível desenvolver uma correta consideração a respeito das
ligações em projetos estruturais, faz-se necessário o conhecimento do fluxo de tensões ao
longo da estrutura quando a mesma está submetida a ações, além disso, deve-se

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compreender como as ligações interagem com os elementos dentro do sistema estrutural


como um todo. (QUEIROS, 2007).

De acordo com Santos (2010), as considerações a respeito das ligações entre os


elementos de galpões devem ser feitas de duas maneiras: a primeira analisando e
dimensionando as mesmas e a segunda, analisando sua influência no comportamento
global da estrutura. As ligações mais comuns em galpões pré-moldados de concreto podem
ser vistas na Figura 27.

Figura 27: Ligações entre os elementos estruturais (SANTOS, 2010).

A seguir são apresentadas algumas ligações típicas entre elementos pré-moldados


de concreto.

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3.1.1.1 Ligações viga-pilar com transferência de esforços horizontais

Pode-se dizer que para galpões pré-moldados de concreto a transferência das ações
horizontais entre os elementos é, normalmente, feita por ligações que utilizam chumbadores
nos quais se tem uma ação de pino, tal ação pode ser vista no esquema da Figura 28.

Figura 28: Princípio de transferência de força cortante por ação de pino (QUEIROS,
2007).

Pode-se dizer que o chumbador é solicitado por cisalhamento na junta de interface,


sendo apoiado por tensões de contato ao longo do trecho do chumbador que está inserido
no concreto, sendo que este estado de solicitações gera deformações por flexão no
chumbador. No Estado Limite Último (ELU) o concreto é esmagado numa região próxima à
interface e aparecem rótulas plásticas no chumbador próximo à interface da ligação.

A resistência às tensões de cisalhamento depende do diâmetro do chumbador e da


resistência do concreto. Quando a distância entre dois elementos de concreto é muito
grande, a resistência a tais tensões diminui consideravelmente. Ou seja, quanto maior for
esta distância, maior será a deformabilidade por cisalhamento da barra do chumbador,
diminuindo, desta forma, a capacidade da ligação de restrição aos movimentos. De acordo
com SANTOS (2010), em geral, tais ligações não transmitem momento fletor, ou seja, trata-
se de uma ligação articulada.

As ligações de vigas feitas em pontos intermediários do pilar são normalmente


realizadas com consolos retos ou misulados, nos quais são deixados chumbadores que se
encaixam nos orifícios das vigas, tal como pode ser observado na Figura 29.

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Figura 29: Ligação viga-pilar através de consolo misulado e reto (QUEIROS, 2007).

3.1.1.2 Ligações viga-viga

Santos (2010) cita que a ligação viga-viga pode ser realizada com chapa metálica e
parafusos. Normalmente, a fixação das chapas é feita nas faces laterais das vigas. Como
tal ligação é muito flexível ela, geralmente, é considerada como sendo uma ligação
articulada. A região da ligação entre vigas possui intensa concentração de compressão e,
portanto, deve ser devidamente verificada e armada, de modo a resistir aos esforços
internos. A Figura 30 mostra exemplos de ligações entre vigas pré-fabricadas de concreto.

Figura 30: Exemplos de ligação viga-viga no pórtico principal (SANTOS, 2010).

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4. AÇÕES NA ESTRUTURA
Segundo a NBR 8681:2003, ações são causas que provocam esforços ou
deformações nas estruturas. Na prática, as forças e as deformações impostas pelas ações
são consideradas como se fossem as próprias ações. As deformações impostas são por
vezes designadas por ações indiretas e as forças, por ações diretas.

O capítulo a seguir trata das ações que atuam nos galpões e estas podem ser
classificadas em: permanente e variáveis.

4.1 AÇÕES PERMANENTES

De acordo com a NBR 8681:2003 as ações permanentes podem ser definidas como:

a) Ações permanentes diretas: os pesos próprios dos elementos da construção,


incluindo-se o peso próprio da estrutura e de todos os elementos construtivos permanentes,
os pesos dos equipamentos fixos e os empuxos devidos ao peso próprio de terras não
removíveis e de outras ações permanentes sobre elas aplicadas;

b) Ações permanentes indiretas: a protensão, os recalques de apoio e a retração dos


materiais.

4.2 AÇÕES VARIÁVEIS

A NBR 8681:2003 define ação variável como sendo: as cargas acidentais das
construções, bem como efeitos, tais como forças de frenação, de impacto e centrífugas, os
efeitos do vento, das variações de temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e, em
geral, as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas.

De acordo com a probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as ações


variáveis são classificadas em:

a) Ações variáveis normais: ações variáveis com probabilidade de ocorrência


suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente consideradas no projeto das
estruturas de um dado tipo de construção;

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b) Ações variáveis especiais: nas estruturas em que devam ser consideradas certas
ações especiais, como ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou de intensidade
especiais, elas também devem ser admitidas como ações variáveis. As combinações de
ações em que comparecem ações especiais devem ser especificamente definidas para as
situações especiais consideradas.

Dentre as ações variáveis aquela que é a mais significante nos galpões é a ação do
vento e, portanto, o cálculo e considerações da mesma são detalhados no item 4.2.1.

4.2.1 AÇÃO DO VENTO

Segundo Carvalho & Pinheiro (2009) vento pode ser considerado como o
deslocamento de ar decorrente das diferenças de temperatura e pressões atmosféricas. A
massa de ar quando atinge certa velocidade e encontra uma superfície de uma estrutura
inerte, produz sobre a mesma uma pressão, como pode ser demonstrado pelo Teorema de
Bernoulli.

O vento tem um caráter aleatório por depender de uma série de fenômenos


meteorológicos, porém trata-se de um fator importante a ser considerado pelo projetista. O
mesmo deverá, portanto, adotar a direção do vento que seja mais desfavorável para a
estrutura.

O vento não é um problema em construções baixas e pesadas com paredes grossas,


porém o mesmo passa a ser importante em estruturas esbeltas. As considerações para
determinação das forças devidas ao vento são feitas de acordo com a NBR 6123:1988
“Forças devidas ao vento em edificações”.

A NBR 6118:2004 cita que os esforços devidos à ação de vento devem sempre ser
levados em consideração, devendo estes serem determinados pelas recomendações da
NBR 6123:1988 (Forças devidas ao vento em edificações).

Ainda segundo Carvalho & Pinheiro antes de determinar a força aplicada pelo vento
nas edificações é preciso definir algumas nomenclaturas utilizadas pela NBR 6123:1988, na
Figura 31 tais nomenclaturas são demonstradas.

Barlavento: Em relação à edificação, é a região de onde sopra o vento.

Sotavento: Em relação à edificação, é a região oposta àquela de onde sopra o vento.

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Figura 31: Definições básicas do vento

Sucção: Pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de referência (sinal negativo)

Sobrepressão: Pressão efetiva acima da pressão atmosférica de referência (sinal


positivo)

4.2.1.1 Cálculo dos esforços solicitantes devidos ao vento

É apresentado a seguir o processo de cálculo dos esforços solicitantes devidos à


ação de vento, tomando como referência os procedimentos indicados pela NBR 6123:1988.

As forças estáticas devidas ao vento são determinadas do seguinte modo:

a) A velocidade básica do vento, Vo, adequada ao local onde a estrutura será


construída, é determinada de acordo com o local onde a edificação está localizada, tal
velocidade pode ser retirada de um mapa de isopletas do Brasil que apresenta a velocidade
básica com intervalos de 5 m/s;

b) a velocidade básica do vento é multiplicada pelos fatores S1, S2 e S3 para ser


obtida a velocidade característica do vento, Vk, para a parte da edificação. A Equação 3
mostra a forma como é calculada tal velocidade:

V = V
xS xS xS Equação 3
Em que:

V0 = velocidade básica do vento;

S1 = fator que depende da topografia do terreno (fator topográfico);

S2 = fator de rugosidade do terreno;

S3 = fator estatístico.
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c) a velocidade característica do vento permite determinar a pressão dinâmica pela


Equação 4:
q = V  x 0,613 Equação 4

Sendo (unidades SI): q em N/m² e Vk em m/s.

A velocidade característica, como dito anteriormente, depende da velocidade básica


do vento e de alguns fatores adimensionais. Tal velocidade pode ser considerada de acordo
com o mapa das isopletas do Brasil que pode ser visualizado na Figura 32.

Figura 32: Mapa das Isopletas (Fonte: GALVANOFER, 2010)

O valor do fator topográfico, S1, depende das características do terreno e com isso,
têm-se:
a) Terreno plano ou quase plano adota-se o valor de S1 = 1,0;
b) Taludes e morros: dimensiona-se de acordo com o item 5.2 da NBR 6123:1988;
c) Vales protegidos adota-se o valor de S1 = 0,9.
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O fator S2 pode ser determinado de acordo com a definição da rugosidade do terreno


(categoria) e de uma classificação da estrutura em classes que depende das dimensões da
edificação. A Tabela 4, baseada nas informações da NBR 6123:1988, mostra as categorias
definidas de acordo com a mesma.

Tabela 4: Categorias de terreno segundo a NBR 6123:1988


Categoria Descrição do ambiente
I Mar calmo, lagos, rios, pântanos
Zonas costeiras planas, campos de aviação, pântanos com vegetação
II
rala, pradarias e charnecas, fazendas sem sebes ou muro.
Granjas e casas de campo, fazendas com sebes e/ou muros, subúrbios
III
com casas baixas e esparsas com obstáculos de até 3,0 m.
Parques e bosques com muitas árvores, cidades pequenas, subúrbios
IV densamente construídos, áreas industriais plena ou parcialmente
desenvolvidas com obstáculos de cota média de 10,0 m.
Florestas com árvores altas, centros de grandes cidades, com cota de
V
topo média igual ou superior a 25,0m.

As classes são definidas, como mencionado, de acordo com as dimensões das


edificações.

Tabela 5: Classes de edificação para determinação do S2 segundo a NBR 6123:1988


Classe Descrição
Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não
A
exceda os 20 m.
Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical da
B
superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.
Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical da
C
superfície frontal exceda 50 m.

O cálculo de S2 usado para o cálculo da velocidade do vento pode ser efetuado pela
Equação 5:

 
 = .  . 
 Equação 5

Onde z é a altura total da edificação e os parâmetros b, Fr e p são obtidos da Tabela


6.

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Tabela 6: Parâmetros meteorológicos


Classes
Categoria zg (m) Parâmetro
A B C
b 1,10 1,11 1,12
I 250
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II 300 Fr 1,00 0,98 0,95
P 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III 350
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V 500
p 0,15 0,16 0,175

O fator estatístico S3 depende do grau de segurança requerido e da vida útil da


edificação. Os valores mínimos que podem ser adotados segundo a NBR 6123:1988 estão
representados na Tabela 7.

Tabela 7: Valores mínimos do fator estatístico S3


Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou
1 possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva 1,10
(hospitais, quartéis de bombeiros, centrais de comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e
2 1,00
indústria com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação
3 0,95
(depósitos, silos, construções rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3 durante a
5 0,83
construção.

4.2.1.1.1 Coeficientes de pressão

Pode-se dizer que a força do vento depende da diferença de pressão nas faces
opostas da parte da edificação em estudo, os coeficientes de pressão são dados para
superfícies externas e superfícies internas. A pressão efetiva atuante em uma edificação
pode ser entendida como a diferença entre os coeficientes de pressão externa e interna
multiplicados pela pressão dinâmica como mostra a Equação 6.

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∆ = c" − c$ %q Equação 6

Onde:

cpe = coeficiente de pressão externa


cpi = coeficiente de pressão interna
q = pressão dinâmica

O cálculo da força global do vento em uma edificação é feito a partir da soma vetorial
das forças que nela atuam. A componente da força global na direção do vento é chamada
de força de arrasto e pode ser obtida pela Equação 7.

F' = C' )*+ Equação 7

Onde:

Ca = coeficiente de arrasto
Ae = área frontal efetiva

A NBR 6123:1988 apresenta na forma de tabelas alguns valores de coeficientes de


pressão e forma, externos e internos, para diversos tipos de edificação. Zonas com altas
sucções aparecem junto às arestas de paredes e de telhados. Tais valores de coeficientes
podem ser vistos nas Tabela 8 e Tabela 9, para edifícios de planta regular e telhados duas
águas, respectivamente.

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Tabela 8:: Coeficientes de pressão e forma para edifícios de planta retangular (Fonte:
NBR 6123: 1988)

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Tabela 9:: Coeficientes de pressão e forma para edifícios em telhado duas águas
(Fonte: NBR 6123: 1988)

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Para edificações cujas paredes internas são permeáveis, a pressão interna pode ser
considerada uniforme. Neste caso, devem ser adotados os seguintes valores, segundo a
NBR 6123:1988, para o coeficiente de pressão interna.

a) duas faces opostas igualmente permeáveis; as outras duas impermeáveis:

- Vento perpendicular a uma face permeável Cpi= +0,2

- Vento perpendicular a uma face impermeável Cpi= -0,3

b) Quatro faces igualmente permeáveis Cpi = -0,3 ou 0, deve-se considerar o valor


mais nocivo.

c) Abertura dominante em uma face; as outras faces de igual permeabilidade

- Seguir as recomendações do item 6.2.5 da norma de forças devido a ação do


vento.

Nenhuma das faces poderá ter índice de permeabilidade maior que 30%, para poder
usar as considerações acima expostas.

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5. MODELO DE CÁLCULO
ESTRUTURAL

O item 14.2.1 da NBR 6118:2004 define que o objetivo da análise estrutural é


determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificações
de estados limites últimos e de serviço. A análise estrutural permite estabelecer as
distribuições de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou
em toda a estrutura.

É necessário, portanto, que a análise realizada seja feita com um modelo estrutural o
mais realista possível, para que permita, desta maneira representar corretamente o
comportamento da estrutura e o caminho que as ações percorreram até chegar as
fundações.

Segundo Carvalho & Figueiredo (2007) o cálculo, ou dimensionamento, de uma


estrutura deve garantir que ela suporte, de maneira segura, estável e sem deformações
excessivas todas as solicitações a que está submetida durante sua execução e utilização.
Portanto, o objetivo do dimensionamento é impedir a ruína da estrutura ou de parte dela.
Salienta-se, entretanto, que ruína não é somente o perigo de ruptura, mas também a
situações em que a edificação não apresente um perfeito estado para utilização, devido a
deformações excessivas ou fissuras inaceitáveis, por exemplo.

O capítulo a seguir mostra as considerações a respeito da análise estrutural e do


dimensionamento de galpões pré-moldados de concreto.

5.1 MODELAGEM DA ESTRUTURA

Os galpões podem ser modelados com elementos lineares que, de acordo com
Santos (2010), também são conhecidos como barras, ou seja, possuem uma de suas
dimensões bem maior que as demais. Tais elemento podem ser analisados conforme as
seguintes hipóteses:
• Manutenção da seção plana após deformação;
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• Representação dos elementos por seus eixos longitudinais;


• Comprimento limitado pelos centros de apoios ou pelo cruzamento com o eixo de
outro elemento estrutural.

5.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DE GALPÕES

Silva et al. (2005) estudaram o dimensionamento e análise de um galpão para fins


agroindustriais. O objetivo era sistematizar e automatizar os procedimentos de cálculo de
um galpão constituído com cobertura de duas águas, composto por sucessivos pórticos
planos. O pórtico-tipo era constituído de vigas e pilares de alma cheia, sendo os pilares
rotulados nas fundações.

Ainda segundo os autores, utilizou-se o programa SAP-2000® para a análise


estrutural e rotinas de cálculo feitas em linguagem DELPHI® para dimensionamento da
estrutura. Os resultados obtidos são ainda parciais, pois o programa desenvolvido para o
dimensionamento ainda apresenta limitações, porém já é um grande avanço para o estudo
de galpões pré-moldados voltados para uso agro-industrial.

Moreno Júnior (1992) apresentou metodologias de projeto, concepção e


dimensionamento para galpões pré-moldados em concreto. Primeiramente, foi feita uma
revisão para apresentação dos sistemas estruturais existentes, e posteriormente, foi feito um
exemplo de galpão com cobertura “tipo shed”, onde se considerou todas as etapas de
concepção, fabricação e montagem. Por fim, os elementos foram devidamente detalhados e
foram então apresentados consumo de concreto e aço por metro quadrado de área coberta
do galpão.

Santos et al. (2009) realizaram um estudo sobre a importância de se considerar a


alteração no fechamento lateral, no dimensionamento dos galpões de concreto pré-moldado,
constituídos por pórticos atirantados. Sabe-se que a consideração do vento em estruturas
baixas e pesadas, ou seja, com paredes de grande espessura não é de grande importância.
Porém, tal fato mudou nos últimos anos quando a tendência foi a disseminação de
construções cada vez mais leves e esbeltas. A Figura 33 mostra o pórtico analisado pelos
autores.

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Figura 33: Pórtico analisado (SANTOS et al., 2009)

Foram estudados pelos autores dois modelos. O primeiro modelo, que havia sido
projetado para receber fechamento lateral e permaneceu aberto, foi dimensionado para
momento fletor positivo e negativo em todos os pontos. Na realidade, porém, só apresentou
momento fletor positivo na base do pilar e no meio da viga, e momento negativo na ligação
viga-pilar. De acordo com os resultados encontrados, o momento na base do pilar aumentou
por volta de 35 %; na ligação viga-pilar, 46 %; e no meio da viga, 111 %. A tração no tirante
aumentou cerca de 30 %.

Analisando o segundo modelo, que foi projetado para ser aberto nas laterais, mas foi
fechado durante sua construção, as mudanças são bem mais significativas. Na base do pilar
o momento positivo diminuiu, entretanto surgiu um momento fletor negativo não previsto de -
96,2 kN.m. Na ligação viga-pilar o momento negativo diminuiu, mas surgiu um momento
positivo não previsto de 54,4 kN.m. Da mesma forma, no meio da viga, o momento positivo
diminuiu, mas surgiu um momento negativo de -16,5 kN.m. (SANTOS et. al., 2009)

Bezerra & Texeira (2005) apresentaram um trabalho que através do estudo de um


pórtico pré-moldado atirantado com 15m de vão e 6m de pé-direito, puderam mostrar os
resultados da análise estrutural quando eram considerados a fissuração do concreto e seus
efeitos na deformação e esforços nos pórticos. Para isso foi elaborado um modelo de
elementos finitos e o processamento foi feito em etapas, sendo que em cada etapa eram
ajustadas as características geométricas da seção transversal, tipo duplo T, com armadura
simétrica e submetida à flexão normal composta.

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Como resultados os autores observaram que o momento negativo na ligação viga-


pilar apresentou redução de 30%, e o momento positivo apresentou acréscimo de 20%, com
relação aos resultados obtidos na análise da estrutura não fissurada. Como conseqüência,
observou-se acréscimo de deslocamentos, porém de valor pequeno, da ordem de 15% do
valor obtido com o pórtico não fissurado. O procedimento utilizado apresentou resultados
coerentes e acredita-se que possa ser utilizado em situações reais devido à sua
simplicidade.

Santos et al. (2009) realizaram um estudo a respeito da consideração dos efeitos de


2ª ordem nos galpões pré-moldados de concreto com pórticos atirantados. Foram utilizados
sete modelos diferentes de pórticos, variando-se dimensões e carregamento. Três fatores
foram observados nas análises: vão, tipo de ligação viga-pilar e tipo de carregamento.

Os resultados obtidos, segundo Santos et al. (2009), mostraram que quanto maior o
vão mais estável se torna a estrutura, além disso, as estruturas de vigas com seção T de
altura constante mostraram-se menos susceptíveis aos esforços de segunda ordem, quando
comparadas às de vigas com seção I, mesmo as seções dos pilares mantendo-se iguais.
Com relação às combinações, é interessante registrar que aquelas sem vento apresentaram
resultados mais adversos quanto aos efeitos de segunda ordem, o que permitiu deduzir que
a ação variável de ponte rolante é a mais desfavorável quanto à estabilidade global. O
procedimento utilizado apresentou resultados coerentes e indicou que, para os casos
analisados, a instabilidade global deve ser considerada no projeto estrutural de galpões.

5.2.1 TIPOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL

Para situação de projeto existem alguns tipos principais de análise estrutural que se
diferem pelo comportamento admitido para os materiais constituintes da estrutura. Em todos
os modelos de análise estrutural explicados a seguir, admite‐se que os deslocamentos são
pequenos.

5.2.1.1 Análise Linear

Na análise linear admite-se, segundo a NBR 6118:2004, que o comportamento dos


materiais seja elástico-linear. Em análises globais as características geométricas podem ser
determinadas pela seção bruta de concreto dos elementos estruturais. O módulo de

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elasticidade, em principio, deve ser o secante (Ecs) que deve ser calculado segundo a
Equação 8:
-./ = 0,852560023456 Equação 8
Onde:

Ecs = módulo de elasticidade secante


fck = Resistência característica do concreto à compressão

Os resultados de uma análise linear são, normalmente, empregados para a


verificação de estados limite de serviço (ELS). Tal análise pode ser utilizada para
verificações de estado limite último, contanto que a ductilidade dos elementos estruturais
seja garantida.

5.2.1.2 Análise Linear com redistribuição

De acordo com a NBR 6118:2004, os efeitos das ações, em tal análise, são
redistribuídos na estrutura, para as combinações de carregamento do ELU. Nesse caso as
condições de equilíbrio e de ductilidade devem ser obrigatoriamente satisfeitas. Todos os
esforços internos são recalculados para garantir o equilíbrio de cada elemento e da estrutura
como um todo. As verificações de combinações de carregamentos de ELS ou de fadiga
podem ser baseadas na análise linear sem redistribuição. De uma maneira geral é desejável
que não haja redistribuição de esforços em serviço.

5.2.1.3 Análise Plástica

A NBR 6118 cita ainda que quando as não linearidades puderem ser consideradas a
análise estrutural é considerada plástica, admitindo-se materiais de comportamento rígido-
plástico perfeito ou elasto-plástico perfeito.

A análise plástica de estruturas reticuladas não pode ser considerada quando:

a) se consideram os efeitos de segunda ordem global;

b) não houver ductilidade para que as configurações adotadas sejam atingidas.

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5.2.1.4 Análise não-linear

Em tal análise é considerado o comportamento não-linear dos materiais. Para que tal
análise seja feita de maneira correta toda a geometria da estrutura e também a armadura
precisam ser conhecidas, justamente pelo fato de que o comportamento depende de como
tal estrutura foi armada.

Condições de equilíbrio, de compatibilidade e de ductilidade devem ser


necessariamente satisfeitas. Análises não-lineares podem ser adotadas tanto para
verificações de estado limite último como para verificações de estado limite de serviço.

De acordo com Santos (2010) é comum a subdivisão da não‐linearidade em:

Não-linearidade física (NLF): Considera o comportamento não-linear entre tensões e


deformações do material;

Não linearidade geométrica (NLG): Refere-se à relação não-linear entre deformações


e deslocamentos e o equilíbrio na posição formada.

5.2.1.4.1 Não-linearidade Geométrica

Segundo Marin (2009) a não-linearidade geométrica da estrutura ocorre porque a


relação entre esforços e deslocamentos não é linear. Ela ganha maior importância quando
os deslocamentos excessivos podem comprometer a estabilidade da estrutura.

Santos (2010) revela que dependendo das alterações ocorridas na geometria pode
ocorrer acréscimo significativo dos esforços, levando até mesmo à instabilidade da
estrutura. Quando o comportamento não‐linear ocasionar a perda da estabilidade, o uso de
uma análise linear (análise de 1ª ordem) gera resultados contra a segurança.

Ao se iniciar um estudo sobre estabilidade global de edifícios, primeiramente deve-se


fazer uma breve definição a respeito de como se caracterizam os efeitos de primeira e
segunda ordem. Segundo Melges (2009) para calcular o momento fletor que atua na seção
transversal indicada na Figura 34, existem duas possibilidades:

Considerar o equilíbrio na posição inicial da estrutura. Neste caso, consideram-se


apenas os efeitos de 1ª ordem (ou seja, toma-se a posição inicial da estrutura para calcular
o valor do momento fletor que atua em uma determinada seção transversal);

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Considerar o equilíbrio na posição deformada da estrutura. Neste caso, consideram-


se também os efeitos de 2ª ordem (ou seja, considera-se a deformação da estrutura para
calcular o valor do momento fletor em uma determinada seção transversal).

a) Equilíbrio na posição inicial b) Equilíbrio após a deformação

Figura 34: Momento fletor que atua na seção localizada no meio do elemento
estrutural (Fonte: MELGES, 2009)

Não é difícil perceber que na situação em que a estrutura encontra-se em equilíbrio


na sua posição inicial, o valor do momento depende somente de valores referentes à força N
e a excentricidade e1. Já a situação em que a estrutura se deforma o momento depende não
só da força N e excentricidade e1, como também da excentricidade adicional (e2), que é
resultado da deformação da estrutura devido ao momento M2.

Ainda segundo Melges (2009) as ações horizontais (vento, desaprumo) geram


deslocamentos horizontais. Esses deslocamentos, quando associados às ações verticais
vão gerar os efeitos de 2a ordem global. Quando o aumento nos esforços decorrentes dos
efeitos de 2a ordem global for inferior a 10%, esses efeitos podem ser desprezados. Para
melhorar o comportamento da estrutura com relação às ações horizontais, como o vento,
por exemplo, outros elementos estruturais podem ser associados aos pórticos, visando dar
maior rigidez à estrutura. Os principais são as paredes estruturais e os núcleos rígidos,
estes, em geral, situados no contorno da abertura para os elevadores.
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As lajes, com rigidez praticamente infinita no plano horizontal, dão travamento ao


conjunto, promovendo a distribuição dos esforços entre os elementos estruturais, de modo
proporcional à rigidez de cada um. Estas possuem rigidez praticamente infinita no plano
horizontal e dão travamento ao conjunto, promovendo a distribuição dos esforços entre os
elementos estruturais, de modo proporcional à rigidez de cada um.

A quantificação dos esforços de segunda ordem, resultante da análise da estrutura


de galpões pode ser feita por dois métodos conhecidos como parâmetro de instabilidade α o
método aproximado P-∆, que é baseado em análises iterativas. A seguir serão descritos tais
métodos mais detalhadamente.

• Parâmetro α

De acordo com Carvalho & Pinheiro (2009), uma estrutura poderá ser considerada
como sendo de nós fixos se seu parâmetro de instabilidade α, dado pela Equação 9, for
menos que α1, definido a seguir:

<
α = H9:9 . ;(> Equação 9
? @? )

α1 = 0,2 + 0,1. n se n ≤ 3

α1 = 0,6 se n ≥ 4

Onde:

n = número de andares acima da fundação ou de um nível pouco deslocável do


subsolo;
Htot = altura total da estrutura;
Nk = somatória de todas as cargas verticais atuantes na estrutura, com seu valor
característico;
Ec.Ic = somatória das rigidezes de todos os pilares na direção considerada, no caso
de pórticos permite-se considerar produto de rigidez Ec.Ic de um pilar equivalente de seção
constante.

• Processo P-∆

Segundo Andolfato & Camacho (2004) o efeito P- ∆ refere-se especificamente ao


efeito da não-linearidade geométrica de uma grande tensão de compressão ou tração sobre
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o comportamento da flexão transversal e da cortante. A análise da estrutura através de tal


efeito é iterativa, uma análise preliminar é realizada para estimar as forças axiais ao longo
da estrutura. As equações de equilíbrio são então reformuladas e novamente resolvidas,
levando estas novas forças axiais em consideração.

A segunda análise pode produzir diferentes forças axiais nos elementos se a rigidez
modificada causar uma redistribuição de força. Iterações adicionais, reformulando e
resolvendo as equações de equilíbrio podem ser necessárias, até que as forças axiais e a
deflexão estrutural convirjam, ou seja, até que eles não mudem significativamente de uma
iteração para outra.

5.2.1.4.2 Não-linearidade Física

O item 15.7.3 da NBR 6118:2004 descreve as considerações aproximadas da não


linearidade física, porém o mesmo cita que tais aproximações só podem ser feitas para
edificações de no mínimo quatro pavimentos.

De acordo com Santos (2010) a NLF pode ser feita de maneira rigorosa sob a forma
de análise matricial. Este processo demanda grande tempo de processamento e geralmente
é utilizado em situações mais complexas. Uma maneira menos precisa, entretanto mais
simples, é introduzir na análise linear um coeficiente redutor da inércia bruta da seção
transversal dos elementos estruturais. Em seus estudos o autor chegou em um coeficiente
redutor de 0,5, tanto para vigas como para pilares dos pórticos que compõem o galpão.

Oliveira (2004) apresentou um método aproximado para consideração de não-


linearidade física em pilares de concreto armado. O método consistiu em apresentar ábacos
momento x normal x rigidez secante de diversas seções transversais de pilares com
armaduras dispostas de diferentes maneiras.

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6. EXEMPLO NUMÉRICO

Neste capítulo é realizado um exemplo numérico a fim de demonstrar as


considerações necessárias para análise estrutural e dimensionamento de galpões pré-
moldados de concreto. Primeiramente, é escolhido um pórtico representante para que sejam
calculadas as ações atuantes nos elementos que compõe o mesmo, e posteriormente são
feitos os cálculos e dimensionamento dos mesmos.

6.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA EXEMPLO

Como pôde-se perceber no Capítulo 2, os sistemas estruturas compostos por


elementos de eixo reto são os mais utilizados por empresas de médio e grande porte. Por tal
motivo optou-se por realizar um exemplo numérico com as características de tal sistema
estrutural. O galpão que foi escolhido como objeto de estudo é composto por vigas e terças
protendidas e pilares em concreto armado. Possui cobertura em duas águas, altura de 12 m,
vão de 15,00 m sendo a distância entre pórticos de 10 m. No fechamento lateral optou-se
pela utilização de alvenaria convencional e para as telhas utilizou-se as do tipo de aço
galvalume. Optou-se em tal exemplo por dimensionar a viga I de cobertura, os pilares do
pórtico e as terças, pois são os elementos mais comuns na estrutura e cada um possui uma
característica.

O galpão estudado pode ser visto na Figura 35.

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Figura 35: Galpão estudado no exemplo em 3D

A planta e os cortes da estrutura podem ser vistos no Apêndice A. O eixo 3 é o


analisado e dimensionado e pode ser verificado também no Apêndice A.

A Figura 36 mostra um detalhe da ligação entre o pilar e a viga de fechamento onde


se faz uma espécie de berço para apoiá-la no pilar. A Figura mostra ainda o detalhe da viga
calha apoiando no pilar.

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Figura 36: Detalhe da Ligação Viga de fechamento-pilar e viga calha

A Figura 37 mostra o detalhe da ligação Viga I-pilar feita com chumbadores não
paralelos.

Figura 37: Detalhe da ligação Viga I-pilar

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A Figura 38 mostra a ligação viga portão-pilar é feita com chumbador e a mesma


possui consolo reto e dente gerber.

Figura 38: Ligação viga-pilar com dente gerber.

A Figura 39 mostra as ranhuras do pilar e a saída do tubo de água pluvial.

Figura 39: Ranhuras da base do pilar e saída do tubo de água pluvial

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6.2 CÁLCULO DAS AÇÕES ATUANTES NA ESTRUTURA EXEMPLO

6.2.1 FORÇAS DEVIDAS AO VENTO

Para o cálculo do vento foi utilizado um programa livre desenvolvido pela Universidade
de Passo Fundo pelo Professor Zacarias M. Chamberlain Pravia. O objetivo principal do
programa Visual Ventos é determinar as Forças Devidas ao Vento em edifícios de planta
retangular e cobertura duas águas de acordo com as prescrições da NBR 6123:1988. Os
dados de entrada do programa são as características geométricas da edificação e as
características do terreno, além disso, deve-se fornecer o tamanho das aberturas para o
cálculo da velocidade e coeficientes de pressão externa e interna, tal como é descrito na
NBR 6123:1988 e detalhado anteriormente no Capitulo 4.
Na primeira tela do programa, mostrada na Figura 40, são fornecidas as
características geométricas. A altura (h) considerada começa no meio do bloco de fundação
até o eixo da viga de cobertura, uma vez que como visto no item 5.1 do Capítulo 5 a
modelagem deve ser feita de acordo com os eixos longitudinais dos elementos.

Figura 40: Inserção dos dados geométricos no programa Visual Ventos

A segunda tela mostrada na Figura 41 fornece o mapa das isopletas do Brasil onde
pode-se escolher a velocidade básica da região onde a edificação está localizada. Definiu-

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se que a edificação localiza-se na cidade de Atibaia no estado de São Paulo onde pelo
mapa das isopletas pôde-se analisar a velocidade básica do vento.

Figura 41: Mapa das isopletas

A Figura 42 representa a tela do programa onde é escolhido o fator topográfico S1


como foi decidido que o galpão se encontra em terreno plano o valor do mesmo é unitário.

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Figura 42: Cálculo do fator topográfico

Em seguida, é feito o cálculo do fator de rugosidade como pode ser visto na Figura
43. A categoria do terreno e a classe que representam o galpão estudado estão destacados.

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Figura 43: Cálculo do Fator de Rugosidade (S2)

O fator estatístico escolhido foi para uma edificação industrial com baixo fator de
ocupação e o valor do mesmo pode ser verificado na Figura 44.

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Figura 44: Cálculo do Fator Estatístico

O cálculo dos coeficientes de pressão externa nas paredes do galpão para vento
incidindo a 0° e a 90° são calculados de acordo com o que foi exposto no Capítulo 4 e pode
ser visto na Figura 45.

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Figura 45: Coeficientes de pressão externa nas paredes

O coeficiente de pressão externa no telhado também é calculado automaticamente


pelo programa tomando como base a NBR 6123:1988. Os coeficientes de pressão externa
nos ventos a 0° e a 90° podem ser visualizados na F igura 46.

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Figura 46: Coeficientes de pressão externa no telhado

O coeficiente de pressão interna depende da abertura existente na edificação.


Considerou-se que a edificação é estanque por não possuir aberturas efetivas e nem janelas
com riscos de serem rompidas. Desta maneira, podem ser determinados os coeficientes de
pressão interna conforme mostrado na Figura 47.

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Figura 47: Coeficientes de pressão interna

É feita então a combinação entre os coeficientes de pressão externa e interna entre


os ventos a 0° e 90° tais combinações podem ser vis ualizadas na Figura 48.

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Figura 48: Combinação entre os coeficientes de pressão

A ação do vento é calculada de acordo com a NBR 6123:1988 e é expressa em kN/m,


conforme mostrado na Figura 49.

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Figura 49: Ação devida ao vento nas paredes e no telhado do galpão

6.2.2 AÇÕES ATUANTES NAS TERÇAS

Considerou-se como análise para este trabalho somente as terças com maior área
de influência. As ações atuantes nas mesmas foram igualadas para todas as outras de
forma a facilitar o dimensionamento do elemento. As ações atuantes consideradas nas
terças foram: peso próprio, peso próprio da cobertura metálica, sobrecarga permanente,
carga acidental do vento atuante e de um homem com equipamentos.

6.2.2.1 Peso Próprio

A seção adotada para as terças da cobertura possui altura de 30 cm as medidas


principais podem ser visualizadas na Figura 50. As terças possuem comprimento de 10
metros que equivale ao vão entre pórticos da estrutura.

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Figura 50: Seção da Terça Protendida

A área da terça vale 262,00 cm² sendo a mesma constituída por concreto cujo peso
especifico γc é igual a 25 kN/m³. O peso próprio da terça pode ser calculado multiplicando a
área da mesma pelo peso especifico do concreto onde se obtém pela Equação 10 o
seguinte resultado:
K ,L

BBC+çE = ÁGHI 2 J5 =

M
2 25 = 0,65 OP/R Equação 10

Portanto, o peso próprio atuante da terça é distribuído da maneira como mostra a


Figura 51.

Figura 51: Peso próprio da terça protendida

6.2.2.2 Vento nas terças

De acordo com a Figura 49 a maior ação do vento na cobertura é de sucção e vale


5,34 kN/m atuando sobre as vigas de cobertura. Para o cálculo do vento atuante nas terças
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dividiu-se a ação do vento pelo vão entre os pórticos para descobrir a ação distribuída pela
área, de acordo com a Equação 11:

L,V
)S+TCU =

= 0,534 OP/R² Equação 11

A largura de influência das terças vale 2,90 m que é o espaçamento entre as terças
intermediárias, portanto a ação do vento atuante na terça é obtida pelo produto da largura
de influência e a ação do vento por área, de acordo com a Equação 12. A Figura 52 mostra
a distribuição da ação do vento na terça.

YHZ[\ ZI/ [HGçI/ = 0,534 2 2,90 = 1,55 OP/R Equação 12

Figura 52: Ação do vento na terça

6.2.2.3 Peso próprio da cobertura metálica

A telha é do tipo Galvalume com espessura de 5 mm de acordo com catálogo


consultado o peso depende da espessura da telha como é mostrado na tabela abaixo.

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A largura de influência é de 2,90 m, portanto o valor do peso da cobertura de telha


metálica atuando na terça é aquele exposto na Equação 13 e mostrado na Figura 53.

BB.\HG[^GI = 2,90 2 0,05 = 0,145 OP/R Equação 13

Figura 53: Peso próprio da cobertura metálica na terça

6.2.2.4 Sobrecarga Permanente

Como sobrecargas permanentes são consideradas, por exemplo, luminárias ou


equipamentos que podem ser pendurados nas terças. Para isso considera-se uma carga de
15 kgf/m².

A largura de influência é de 2,90 m, portanto o valor da sobrecarga permanente


atuante na terça é calculado de acordo com a Equação 14 e mostrado na Figura 54.

BB.\HG[^GI = 2,90 2 0,15 = 0,435OP/R Equação 14

Figura 54: Sobrecarga permanente atuante na terça

6.2.2.5 Carga acidental na terça

Segundo Bellei (2000), pode-se dizer que em coberturas metálicas deve ser
consideradas uma carga acidental de um homem com equipamentos para montagem e
manutenção, portanto considera-se uma carga concentrada de 100 kg. A localização de tal
carga para efeito de momento fletor é com o homem localizado no meio do vão e para efeito
de cisalhamento escolhe-se colocar a carga diretamente sobre o apoio, tal como mostrado
nas Figura 55 e Figura 56.

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Figura 55: Carga acidental no meio do vão

Figura 56: Carga acidental na extremidade da terça

6.2.3 DIMENSIONAMENTO DA TERÇA PROTENDIDA

6.2.3.1 Fases

Para o cálculo da terça devem ser consideradas as seqüências dos intervalos entre
as fases de carregamentos descritas na Tabela 10.

Tabela 10: Seqüência de intervalos entre as etapas, ações atuantes, seções e perdas
consideradas.

Fase Tempo Ação Perdas

Deformação por ancoragem, Relaxação da


1 t0 = 1, t = 15 p + g1 armadura, Deformação imediata do concreto,
Retração e Fluência.

2 t0 = 15, t = 30 p + g1 + g2 Retração, Fluência e Relaxação da armadura

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3 t0 = 30, t = 45 p + g1 + g2 + g3 Retração, Fluência e Relaxação da armadura

4 t0 = 30, t = ∞ p + g1 + g2 + g3 + q Retração, Fluência e Relaxação da armadura

6.2.3.2 Cargas e Ações

A Tabela 11 mostra os valores das cargas e ações atuantes nas terças de acordo
com o calculado anteriormente no Item 6.2.2.

Tabela 11: Cargas e ações atuantes na terça

Descrição Intensidade Vão (m) Momento (kN.m) Md (kN.m)

g1 – PP 0,65 kN/m 10 8,125 10,56

g2 – Telha 0,15 kN/m 10 1,875 2,34

g3 – SC perm. 0,435 kN/m 10 5,44 7,60

q1 – Homem 1 kN ---- 2,50 3,50

q2 - Vento 1,55 kN/m 10 -19,40 -27,16

6.2.3.3 Características geométricas

As características geométricas da seção foram obtidas com o auxilio do software de


desenho Autocad® e podem ser verificadas na Tabela 12.

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Tabela 12: Características geométricas

Área 0,0262 m²

ycg 0,1881 m

Inércia 2x10-4 m4

yi 0,1881 m

ys 0,1119 m

Wi 1,06x10-3 m³

Ws 1,79x10-3 m³

6.2.3.4 Tipo de protensão

O tipo de protensão dada na peça é escolhida de acordo com a classe de


agressividade em que a mesma se encontra e pode ser vista no item 13.3 da NBR
6118:2004. Para a terça em questão a classe de agressividade é do tipo CAA II,
classificando a protensão, portanto, como sendo a do tipo limitada. Tal protensão deve
atender em serviço o estado de formação de fissuras para a combinação freqüente (Ψ1)
onde a tração não deve ultrapassar o valor de 0,7fct,m (obtido na Equação 15) e o estado de
descompressão para a combinação quase permanente (Ψ2) onde a tensão deve ser superior
ou igual a 0. Portanto, para a protensão limitada as tensões dos dois estado limite de serviço
analisados devem seguir os valores abaixo.

ELS – F: Combinação frequente (Ψ1)

Os valores de Ψ1 para o homem e para o vento são, respectivamente, 0,4 e 0,3 e


podem ser vistos na Tabela 6 da NBR 8681:2003.

_ ≥ 0,7 4.[ObTc ≥ 0,7 2 0,3 2 34.O  ≥ 0,7 2 0,3 2 √40 = −2,46 fBI
d d
Equação 15

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ELS – D: Combinação quase permanente (Ψ2)

Os valores de Ψ2 para o homem e para o vento são, respectivamente, 0,3 e 0.

_ ≥0 Equação 16

6.2.3.5 Tensão inicial nos cabos

Considerando a utilização do aço CP190RB, de acordo com Inforsato (2009), têm-se


os seguintes limites de tensão, indicados na Equação 17, a serem aplicados pelo macaco
nas cordoalhas.

0,77. 4C6 = 0,77.1900 = 1463 fBI


_b ≤
0,85. 4g6 = 0,85.1710 = 1453fBI Equação 17

Desta forma, a máxima tensão a ser aplicada é de 1453 MPa, ou 145,3 kN/cm2.

6.2.3.6 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando a fissuração

Nesta etapa é feita uma estimativa do número de cabos pelo estado limite de
fissuração adotando-se uma perda de 20% no tempo infinito. Portanto, o valor da tensão no
tempo infinito pode ser calculado de acordo com a Equação 18. É feito uma verificação para
os dois ELS onde se obtêm um número de área de cabos estimado para cada um.

_,Chi = _b 20,80 = 145,3 2 0,8 = 116,24 OP/.R² Equação 18

a) Estado limite de formação de fissuras

jk nk nqr s nqM s nqd tr u nv


_b = + − − ≥ − 45C6,bTc Equação 19
l op op op

Com Np = σp x Ap, tem-se:

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116,242* 116,242* 2 0,1531 8,125 + 1,875 + 5,44 0,42 2,5


_b = + − − ≥ − 2456
0,0262 1,06210x 1,06210x 1,06210x

∴ * ≥ 0,61 .R²

b) Estado limite de descompressão

jk nk nqr s nqM s nqd tM u nv


_b = l
+ op
− op
− op
≥ 0 Equação 20

116,242* 116,242* 2 0,1531 8,125 + 1,875 + 5,44 0,32 2,5


_b = + − − ≥ 0
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

∴ * ≥ 0,71 .R²

Portanto, a armadura inferior utilizada será um cordoalha de 12,7mm cuja área


aproximada vale 1,01 cm².

6.2.3.7 Estimativa do número de cabos no tempo zero (verificação de ruptura


simplificada)

Neste item deve-se estimar se haverá ou não a necessidade de armadura ativa na


parte superior da peça. Neste item, procura-se verificar a tensão na borda superior da peça,
no ato da protensão, ou seja, somente com a ação Mg1 atuando. De acordo com NBR
6118:2004, a tensão limite de tração neste caso não deve ser superior a 1,2. 45C,z , com fckj
especificado, de 25 MPa, deste modo o valor limite vale 3078 MPa. Como a estimativa é
feita no tempo zero, deve se adotar um valor para perda inicial e, portanto, o valor adotado é
de 2,5%.

A tensão inicial no tempo zero é obtida segundo a Equação 21.

_,Ch
= _b 20,975 = 145,3 2 0,975 = 141, 67 OP/.R² Equação 21

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Calcula-se então a tensão na área da armadura superior pela equação da tensão na


fibra superior, de acordo com a Equação 22:

}k,~€ u l }k,~€ u lk u +k }k,~€ u lk‚ }k,~€ u lk‚ u +k‚ nqr


_{| = l
+

+
l
+

+

≥ − 1,2 45Cz Equação 22

V ,Kƒu ,
V ,Kƒu ,
u
, L V ,Kƒu lk‚ V ,Kƒu lk‚ u
,
‡ ‡, L
_{| = + …† + + + ≥ − 3078

,
K ,ƒ„u

,
K ,ƒ„u
…† ,ƒ„u
…†

∴ *ˆ ≥ −0,06 .R²

Como o valor é negativo considera-se que não há necessidade de armadura ativa


superior na terça.

6.2.3.8 Cálculo das perdas de protensão

a) Cálculo das perdas de protensão iniciais

De acordo com Inforsato (2009), as perdas iniciais podem ser divididas como se
indica a seguir.

Deformação por ancoragem: tal perda foi calculada considerando uma pista de 150
m de comprimento e uma acomodação da cunha do macaco de 0,6 cm. O cálculo da
mesma pode ser visto na Equação 23;

∆Š u ‹k
,

K u u

∆_ET5U = = = 0,80 OP/.R² Equação 23
ΠL

Relaxação da armadura: a perda é dada pela Equação 24;


Para o cálculo da perda por relaxação da armadura deve-se descontar a perda
ocorrida pela ancoragem, portanto:
_b = 145,3 − 0,8 = 144,50 OP/.R

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∆_ŽG = ([, [0 ). ∆_ Equação 24

Assim:

CxC€
, L
([, [
) = 

.   , para t=1 Equação 25


V ,Kƒ

144,5
‘= = 0,76
190

Para cordoalha de baixa relaxação e com 76% da resistência a tração, obtém-se por
interpolação da tabela 8.3 da NBR 6118:2004 o valor de 

x0
, L
(1,0) = 3,6. V ,Kƒ = 1,772 Equação 26

Portanto, a perda por relaxação da armadura vale:

∆_ = 1,772.144,50 = 2,56 OP/.R²

Perda por deformação imediata do concreto:


Segundo Inforsato (2009), como se tem o sistema de pré-tração com
aderência inicial, a tensão que atua na deformação imediata do concreto nesta fase
é o valor inicial (σp) descontadas as duas perdas calculadas anteriormente, isso
porque se considera que no momento do corte dos cabos é que a tensão é
transferida para a peça. O valor da perda no cabo inferior é dada pela Equação 27
(deve-se lembrar que, neste caso, os valores obtidos para os cabos superiores não
devem ser levados em consideração, uma vez que não foram aplicados):

_b = 145,3 − 0,8 − 2,56 = 141,94 OP/.R²

∆_5’,bTc = “ . _5,Us’,bTc Equação 27

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Com:

P f − f’
_5,Us’,bTc = +” – . H
* •
-
“ =
-5b

Sendo Ep o módulo de elasticidade do aço de protensão e Eci o módulo de


elasticidade do concreto considerando fcj.

Considerando-se:

P = * 2 _b,bTc = 1,01 2 141,94 = 143,36OP

f = * 2 _b,bTc 2 H = 21,95 OP. R

Substituindo os valores encontrados de Np e Mp na Equação 27, tem-se:

V,K  ,„Lx‡, L
_5,Us’,bTc = +  . 0,1531 = 16054,80 OP/.R²

,
K u
…

2210L
“ = = 7,14
28000

∆_5’,bTc = 7,14 2 1,605 = 11,46 OP/.R²

A tensão final considerando as perdas de primeira fase é de 130,48 kN/cm² o que


implica em uma perda inicial de 10,2%.

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b) Cálculo das perdas de protensão diferidas no tempo

Para se determinar os coeficientes de fluência e retração (utilizados no cálculo das


perdas por fluência e retração do concreto) é utilizada uma planilha feita por Inforsato
(2009), indicada ainda neste capítulo, em programa Excel.

As características da seção pré-moldada são:


• Cimento do tipo ARI;
• Área: 262 cm2;
• Perímetro em contato com o ar: 99,70 cm.

A temperatura média foi tomada como 30ºC, umidade relativa do ar de 80% e slump
do concreto de 9 cm. O tempo infinito foi tomado com 10000 dias.

Perda por fluência:

A Tabela 13 indica os valores do coeficiente de fluência considerando a atuação de


cada carregamento.

Tabela 13: Coeficientes de fluência em cada fase

Ação t0 Coeficiente φ Retração

Protensão (p) 1 3,288 - 2,21 x 10-4

PP viga (g1) 1 3,288 - 2,21 x 10-4

Telha (g2) 15 1,918 - 1,66 x 10-4

SC perm. (g3) 30 1,571 - 1,42 x 10-4

Acidental (q) 45 1,380 - 1,25 x 10-4

Perda de protensão 45 1,380 - 1,25 x 10-4

A perda por fluência é calculada de acordo com a Equação 28:

j nk x nqr nqp .+k nv. +k


∆_,5,bTc = “ 2 — lk +  ˜
 2H ™ 2š − ∑bh ˜
. šb −  ˜
. šœ Equação 28

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Sendo:

P = * 2 _b,bTc = 1,01 2 130,48 = 131,78 OP

f = * 2 _b,bTc 2 H = 20,18 OP. R

- 200000
“ = = = 5,65
-5b 56002√40

Sendo Ep o módulo de elasticidade do aço de protensão e Eci o módulo de


elasticidade do concreto considerando fck.

No caso da perda por fluência são calculados dois valores uma vez que existem dois
carregamentos acidentais (o do homem e o vento) e como cada um possui um coeficiente
Ψ2, será escolhido o valor de perda que for maior entre os dois.
Substituindo os valores na Equação 28, temos:

Considerando o homem como carga acidental:

∆_,5,bTc =
 ,ƒ‡ 
, ‡x ‡, L ,‡ƒLu
, L L,VVu
, L
5,652 —
,
K +  u
…  20,1531™ 23,288 − u
… . 1,918 − u
… . 1,571 −
0,3.2,520,15312
0,3.2,5 0,15312210− .1,38=20,77 OP/.R²
10−4.1,38=20,77

Considerando o vento como carga acidental:

131,78 20,18 − 8,125 1,87520,1531


∆_,5,bTc = 5,652 žŸ + ” – 20,1531  23,288 − . 1,918
0,0262 2210 xV 2210xV
5,4420,1531 19,4020,1531
− . 1,571 + 0. . 1,38¡ = 21,22 OP/.R²
2210 xV 2210xV

Perda por retração do concreto:

A Tabela 14 mostra a planilha desenvolvida por Inforsato (2009) para o cálculo do


coeficiente de fluência. O método para o cálculo do coeficiente de fluência pode ser visto
no Anexo A da dissertação de Inforsato (2009).

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Tabela 14: Planilha para cálculo da fluência e retração do concreto


Fonte: INFORSATO, 2009

Autor: Thiago Bindilatti Inforsato


Dados
Area da seção de concreto Ac 262 cm²

Perimetro da seção em contato com o ar (Uar) 99,7 cm


Ambiente e material
Umida relativa do ar (U) 80 %
Temperatua média (T) 30 graus C
Abtimento do concreto (slump) 9 cm
Tipo do cimento utilizado 3 1 CPIII e IV 2 CPI e II 3 CPV-ARI
Idade do concreto
no inicio do periodo considerado (t0) 1
no final do periodo considerado (t) 10000
Resultados
Coeficiente de fluência Ф(t,t0) 3,288
Retração do concreto εcs(t,t0) -2,21E-04

A perda por retração do concreto é calculada de acordo com a Equação 29:

∆_,{ = ¢([, [
)2- = −2,21210xV 2 2210V = −4,42 OP/.R² Equação 29

Perda por relaxação da armadura:

A variação na tensão do cabo representante devido a esta perda é dada pela


Equação 30:

∆σ¤ = σ
. χ(t, t
) Equação 30
Com:

§([, [
) = −ln [1 − ([i , [
)]

Com:

([i , [
) = 2,50. 

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}k 
,V‡
‘ = „
= „

= 0,69

Considerando _ com todas as perdas anteriormente calculadas.

Para a cordoalha de baixa relaxação e com 69% da resistência a tração, na Tabela


8.3 da NBR 6118:2004 pode-se determinar o valor de Ψ1000 = 2,38. Portanto, a perda por
relaxação da armadura vale:

([i , [
) = 2,50.2,38 = 5,95

5,95
§([, [
) = − ln Ÿ1 −   = 6,13 2 10x
100

∆_ = 130,48 2 6,13 2 10x = 8,00 OP/.R²

Simultaneidade das perdas:

De acordo com Inforsato (2009), a consideração da simultaneidade das perdas


definidas anteriormente pode ser feita de acordo com a Equação 31, na qual o numerador
representa as três perdas definidas anteriormente.

¬­ (C,C€ )‹k x®k }­,k€¯q °(C,C€ )x}­k€ ±(C,C€ )


∆_ ([, [
) = Equação 31
±k s ±­ ®k ²³k

Com:

§,bTc = 1 + §([i , [
)bTc = 1 + 6,13210x = 1,06

§5 = 1 + 0,5. š([, [
) = 1 + 0,5 2 3,288 = 2,644

*5
´bTc = 1 + H . = 4,07
•5

*
µ = = 3,85210x
*5

O valor de αp já foi mostrado e definido anteriormente.


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Com isso, tem-se:

∆_Ž ([, [0 ) = −25,96 OP/.R²

Portanto chega-se a uma perda de 28,07% para os cabos da borda inferior,


comparado com a tensão inicial σp.

6.2.3.9 Verificação das tensões

Seguindo a seqüência descrita por Inforsato (2009), após os cálculos das perdas de
protensão no tempo infinito, é possível fazer as verificações das tensões, lembrando que o
tipo de protensão aplicada neste exemplo é a protensão limitada.

Deve-se lembrar que devido ao tipo de protensão, as seguintes condições devem ser
analisadas:
• Estado limite de formação de fissuras (Ψ1 = 0,4 (Homem) e 0,3 (Vento));
• Estado limite de descompressão (Ψ2 = 0,3 (Homem) e 0,0 (Vento)).

As verificações agora devem ser feitas admitindo as perdas reais calculadas no Item
6.2.3.8. São avaliadas as tensões nas bordas superior e inferior da terça, considerando
momento máximo e mínimo, onde um ocorre com o vento atuando e outro com a carga
acidental do homem.

6.2.3.9.1 Estado limite de formação de fissuras

Como dito anteriormente os limites de tensão para o ELS-F são:

- 2456 kN/cm² < σ < 28000 kN/cm²

Sendo:

P = * 2 _b,bTc = 1,01 2 145,3 2 (1 − 0,2807) = 105,56 OP

f = * 2 _b,bTc 2 H = 16,16 OP. R

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Borda Inferior

Situação de momento máximo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,4 2 2,5
_b = + − − = 3765 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

Situação de momento mínimo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,4 2 19,40
_b = + − + = 10181 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210x 1,06210x

Borda Superior

Situação de momento máximo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,4 2 2,5
_b = − + + = 4185 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

Situação de momento mínimo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,4 2 19,40
_b = − + − = 369,21 OP/R²
0,0262 1,06210x 1,06210x 1,06210x

6.2.3.9.2 Estado limite de descompressão

Como dito anteriormente os limites de tensão para o ELS-D são:

0 kN/cm² < σ < 28000 kN/cm²

Sendo:

P = * 2 _b,bTc = 1,01 2 145,3 2 (1 − 0,2807) = 105,56 OP

f = * 2 _b,bTc 2 H = 16,16 OP. R

Borda Inferior

Situação de momento máximo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,3 2 2,5
_b = + − − = 4001,85 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

Situação de momento mínimo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0 2 19,40
_b = + − + = 4707,23 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

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Borda Superior

Situação de momento máximo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0,3 2 2,5
_b = − + + = 4045,13 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

Situação de momento mínimo


105,56 16,16 8,125 + 1,875 + 5,44 0 2 19,40
_b = − + − = 3625,50 OP/R²
0,0262 1,06210 x 1,06210 x 1,06210x

Para as perdas calculadas as tensões estão dentro dos limites estabelecidos em


serviço, é necessário, entretanto calcular a armadura longitudinal no estado limite último.

6.2.3.9.3 Estado limite de último (Cálculo de Ap no tempo infinito)

De acordo com Carvalho e Figueiredo (2007), foram utilizados os seguintes


coeficientes para as ações, considerando estado limite último:
• 1,3 para as ações decorrentes do peso dos elementos pré-moldados;
• 1,4 para ações permanentes;
• 1,25 para as ações decorrentes de elementos metálicos;
• 1,5 para a ação variável principal.

Assim, tem-se que, considerando a pior situação:

f¶ = 1,3. (8,125) + 1,4. (5,44) + 1,25. (1,875) + 1,5.2,5

f¶ = 24,27 OP. R

Utilizando-se dos parâmetros adimensionais, descritos em Carvalho e Figueiredo


(2007), determina-se o valor de KMD para esta situação. Para tal, considera-se,
inicialmente, a linha neutra atuando na mesa, com fck=40MPa. A Equação 32 mostra o
cálculo do parâmetro KMD:

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n¹ KV,KL
·f¸ = = = 0,0576

, .
,KLM .V

¼ ,V
Equação 32
º» .¶ M .c­¹

Através das tabelas disposta em Carvalho e Figueiredo (2007), determina-se o valor


de kx, kz e εs

.kx = 0,0878

Kz = 0,9649

εs = 10,0 ‰

Através da seguinte relação determina-se se a linha neutra (x) realmente está


somente atuando na mesa:

2 = Ou . ¾ = 0,0878.0,265 = 0,023R = 2,30 .R < 5.R -/[á ZI RH/I ¾I [HGçI Á·!

Sendo a tensão final no cabo de 104,51 kN/cm2 (1045,10 MPa), pode-se utilizar a
publicação de Vasconcelos apud Inforsato (2009) na determinação da parcela de ε do aço
de protensão. A tabela publicada por Vasconcelos (Tabela 15) indica o pré-alongamento na
armadura ativa de acordo com a tensão atuante no cabo.

Tabela 15: Tabela de Vasconcelos (apud Inforsato [2009]).

Procedendo-se a uma interpolação linear entre os valores de tensão de 1025 Mpa e


1314 MPa para o aço CP190, tem-se que:

εp = 5,36‰

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Assim, tem-se que o pré-alongamento final é de:

εp,final = εp + εs

εp,final = 15,36‰

Agora, com o valor de εp,final na mesma Tabela 15, tem-se que:

σsd = 1508,44 MPa = 150,84 kN/cm2

Calcula-se, então a armadura de protensão necessária para o ELU.

f¾ 24,27
*Ž = = = 0,72 .R2
(·Ã). ¾. _/ 0,9649.0,265. 150,84¼1,15

Como para a verificação no Estado limite de descompressão e fissuração já havia


sido necessária uma armadura de 1,01 cm², a verificação para o ELU está atendida uma vez
que o valor encontrado é menor que 1,01 cm². Sendo assim, encerra-se o dimensionamento
da armadura longitudinal atendendo todas as verificações recomendadas.

6.2.3.9.4 Armadura passiva superior

Para o cálculo da armadura negativa deve ser levada em consideração a


combinação de momentos cuja ação variável é o vento atuando na terça uma vez que ele
por si só, gera um momento negativo na mesma. Sendo assim, o valor de Md é:

f¶ = 1,3. (8,125) + 1,4. (5,44) + 1,25. (1,875) − 1,5.19,40 = −8,60 OP. R

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Utilizando uma planilha (Tabela 16) desenvolvida com base na teoria de Carvalho e
Figueiredo (2007), temos a armadura negativa necessária para combater o momento
solicitante.

Tabela 16: Planilha para cálculo de armadura

Valor do momento atuante (kN.m): 6,0714


Momento de cálculo (kN.m): 8,5000
Valor da largura da viga (m): 0,0500
Valor da altura útil - d (m): 0,2820
Resistência do concreto (kN/m2): 40000,0000
KMD 0,0748
KX 0,1154
KZ 0,9539
Área de aço (cm2): 0,7268

Armadura mínima necessária é, segundo a Equação 33:

*{,zbT = *5 20,204 = 0,026220,204 = 0,534 .R² Equação 33

A armadura negativa necessária é maior que a mínina, portanto, utilizam-se 3 barras


de 8 mm, pois a do meio servirá como porta-estribo.

6.2.3.10 Estimativa das flechas

De acordo com Inforsato (2009), para a estimativa das flechas deve-se determinar o
momento de fissuração da peça para duas situações: a primeira é com a ação do peso
próprio e a protensão, após ocorrida as perdas imediatas; a segunda é no tempo infinito,
onde já decorreram todas as perdas devido a protensão. Primeiramente calcula-se o
momento de fissuração (Mr) logo após as perdas imediatas, através da Equação 34:

jk
f = “. 45C + l
 . Äb + f Equação 34

Onde:

α = 1,2 para seções T;

Fct é a resistência a tração do concreto, dada pela Equação 35:


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d 6j
45C = 45C,z = 0,3. ;456,Å  = 0,3. √25 = 2565 zM
d
Equação 35

Np é a normal de protensão, dada pela Equação 36:

P = * . _b = 1,01.130,48 = 131,78 OP Equação 36

Mp é o momento de protensão, dada pela Equação 37:

f = P . H = 131,78.0,1532R = 20,18 OP. R Equação 37

Assim:

131,78
f = ”1,2.2565 + – . 1,06. 10x + 20,18 = 28,77 OP. R
0,0262

Como se tem Mg1 = 8,125 kN.m, menor que o momento de fissuração, a peça não
fissura.

A seguir calcula-se o momento de fissuração da peça no tempo infinito, através da


Equação 38, de acordo com Inforsato (2009):

jk
f = “. 45C . Äb,5Uz + . Äb + f Equação 38
l

Sendo:

Np = Ap.σpi,inf = 1,01.104,51 = 105,56 kN

d
45C = 45C,z = 0,3. ;456  = 0,3. 340 = 3509 OP/R
d

f = P . H = 105,56.0,3834R = 16,16 OP. R

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Assim, tem-se que:

105,56
f = 1,5.3509.1,06. 10x + . 1,06. 10x + 16,16 = 24,92 OP. R
0,0262

No tempo infinito tem-se o seguinte momento de cálculo, com a combinação quase


permanente de ações, dada pela Equação 39:

f¶ = f’ + f’ + f’ + f’V + 0,4. fœ = 16,44 OP. R Equação 39

Pode-se notar então que, novamente, o momento é menor que o momento de


fissuração.

Desta maneira, as flechas serão calculadas a partir da flecha imediata e da


consideração da fluência do concreto.

• Flecha devido ao peso próprio (g1), Equação 40:

L..Œ 
I’ = = 1,7,78 RR Equação 40
‡V.‹­ .˜

Com -5 = 0,85.5600. √25 = 23800 fBI (^[ÆÇIçã\ ¾H 45Å )

• Flecha devido ao peso da telha (g2):

5. Ž. Æ V
I’ = = 3,37 RR
384. -5 . •

Entretanto, com t=15 dias, o concreto tem a seguinte resistência β1.fck, dada pela
Equação 41:

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¼
É = H2Ž ž/ Ÿ1 − 28¼[%

 ¡ = 0,929

.\R / = 0,20 .\Z.GH[\ ¾H .RHZ[\ ÊBY − *‘• Equação 41

Assim -5 = 0,85.5600. √0,929.40 = 29016 fBI (^[ÆÇIçã\ ¾H 456 )

• Flecha devido a sobrecarga permanente (g3), Equação 42:

L..Œ 
I’ = ‡V.‹ = 9,41 RR Equação 42
­ .˜

Com -5 = 0,85.5600. √40 = 30104 fBI (^[ÆÇIçã\ ¾H 456 )

• Flecha devido a carga acidental (q):

). Æ 
Iœ = = 3,46 RR
48. -5 . •

• Contra-flecha devido à protensão:

Tal valor é determinado a partir das relações indicadas por Inforsato (2009).
Primeiramente, calcula o valor da tensão considerando as perdas iniciais:

_b = 130,47OP/.R²

Com isso tem-se que:

Np = 131,78 kN

Mp = Np.e = 131,78.0,1531m = 20,18 kN.m

Assim, pela Equação 43 tem-se:

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nk .ΠM 
, ‡.
M
I = ‡.‹ = ‡.„,
.
Ë ..
… = −43,45 RR Equação 43
­ .˜

• Flecha devido à perda da protensão

De acordo com Inforsato (2009), pode-se considerar que as perdas diferidas também
promovem uma flecha na peça (ou uma perda da contra-flecha). Esta é dada pela Equação
44:

∆nk .ŒM
∆I = Equação 44
‡.‹­ .˜

∆f = f,Ch
− f,Chi

Com:

Mp,t=∞=105,55.1,01.0,1531 = 16,16 kN.m

Mp,t=0 =131,78.0,1531 = 20,18 kN.m

(20,18 − 16,16). 10


∆I = = 8,34 RR
8.30,1. 10K . 2. 10xV

Desta maneira, foram já definidas todas as flechas imediatas referentes a cada


processo de carregamento da viga da ponte em questão. Como não há fissuração no
elemento, além da flecha imediata, deve-se considerar também a fluência do concreto. Esta
já foi calculada e determinada para cada etapa de carregamento no item destinado ao
cálculo das perdas. Desta maneira, será realizada a montagem de uma tabela (Tabela 17)
considerando os valores de flecha imediata, coeficientes de fluência e valores de flecha final
para o elemento.

Tabela 17: Resumo de Flechas Finais após atuação das ações

Ação Coef. 1+φ Flecha Soma


Protensão 4,288 -186,30 -186,30
g1 (PP) 4,288 76,24 -110,06
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g2 2,918 9,83 -100,23


g3 2,571 24,19 -76,03
g4 (Acid.) 2,38 8,23 -67,80
Perda de Pro. 2,38 19,84 -47,96

Com limite de flecha de l/250 = 1000/250 = 4 cm.

Conclui-se que apesar de não haver especificado em normas o limite de contra-


flecha, ao adotar-se o mesmo limite que o da flecha a terça não passaria. Porém, o aspecto
visual não fica tão comprometido e tal contra flecha pode até ser vantajosa para o
escoamento da água pluvial. Portanto, o ideal seria necessário equilibrar tal contra-flecha
com armadura ativa superior ou diminuindo a força de protensão, o que não foi feito neste
exemplo.

6.2.3.11 Armadura de Cisalhamento

a) Comprimento de transferência da armadura ativa

O cálculo do comprimento necessário para transferir, por aderência, a totalidade da


força de protensão ao fio, no interior da massa de concreto, deve considerar que no ato da
protensão a liberação da mesma não é gradual e o valor deste comprimento é dado pela
Equação 45, de acordo com o indicado em Inforsato (2009).

,L.∅.}kp
ƺC = Equação 45
K.cÍk¹

Sendo

4º¶ = ´ . ´ . 45C¶ = 1,2.1.0,12825 = 0,1539 OP/.R

´ = 1,2 (cordoalhas de três a sete fios)

´ = 1,0 (situação de boa aderência)

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d

, . √LM
45C¶ = ,V
= 0,12825 OP/.R (momento logo após a protensão, com fcj)

ƺC = 104,7 ≅ 105 .R

b) Determinação da máxima força cortante de cálculo

De acordo com as recomendações da NBR 6118:2004, item 17.4.1.2.1, para o


cálculo da armadura transversal no trecho junto ao apoio, no caso de apoio direto (carga e
reação em faces opostas, comprimindo-as), a força cortante oriunda de carga distribuída
pode ser considerada no trecho entre o apoio e a seção situada a distância de d/2 da face
de apoio, constante e igual à desta seção, ou seja, neste caso, a 13,25 cm da face. A força
cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤2d do eixo teórico do
apoio pode, nesse trecho de comprimento a, ser reduzida multiplicando-a por a/(2d).
Considerando que o homem esteja a 13,25 cm do apoio e que o d seja 26,5 cm, o método
de redução da força se aplica. Através das seguintes combinações e auxílio do programa
FTool (Martha, 2008), determinou-se a força cortante:

p1 =1,3.0,65 kN/m → Vc1 = 4,16 kN

p2 =1,25.0,145 kN/m → Vc2 = 0,88 kN

p3 =1,4.0,435 kN/m → Vc3 = 2,94 kN

p4 =1,5.1 kN → Vc4 = 0,85 kN

Assim:

Vsd = 8,36 kN

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c) Verificação do esmagamento da biela

Na verificação da biela, a força cortante de cálculo deve ser comparada com o valor
de VRd,2, que representa a força resistente das diagonais comprimidas, de acordo com
Carvalho e Figueiredo (2007) e indicada na Equação 46.

YÐ,¶ = 0,27. “Ñ . 45¶ . Ò . ¾ Equação 46


Com:

456 40
“Ñ = 1 − =1− = 0,84
250 250

YÐ,¶ = 0,27.0,84. 40000¼1,4 . 0,065.0,265 = 111,62 OP

Como Vsd < VR,d2 não há perigo de esmagamento da biela.

d) Cálculo da armadura de cisalhamento

A parcela de força cortante absorvida pela armadura (Vsw) pode ser considerada
juntamente com a atuação da força de protensão (promove um alívio na força). A força de
protensão pode ser considerada no auxílio, com o desconto a partir do valor de Vc, dado
pela Equação 47.


Y5 = Y5
. ”1 + – Equação 47
n¹,ÓÔÕ

Com:

Y5
= 0,6. 45C¶ . Ò . ¾ = 0,6.1754.0,065.0,265 = 18,13 OP

0,7.0,3. 456 
45C¶ = = 1754 OP/R
1,4

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O valor de M0 é dado a partir da tensão dos cabos a 13,25 cm do apoio (no tempo
infinito), dado pela relação linear indicada na Figura 57.

Figura 57: Determinação da tensão na seção a 13,25 cm do apoio

Com a determinação do valor de x (16,30 kN/cm2), pode-se calcular o valor de Np∞ e


Mp, a partir da área de aço Ap e a excentricidade dos cabos ep.

Np∞ = 16,30.1,01 = 16,50 kN

Mp = 16,50.0,1531m = 2,53 kN.m

Assim, a partir da Equação 48 determina-se o valor de M0.

Òp
f
= J . P,i + Jc . P’sœ %. + J . f Equação 48
l

Assim, tem-se que:

1,06. 10x
f
= (0,9.16,50 + 0). + 0,9.2,53 = 2,90 OP. R
0,0262

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O valor de Msd,Max é dado a partir da utilização do programa FTool (Martha, 2008),


com a observação do momento devido as ações permanentes e móveis na seção a 13,25
cm do apoio.

Msd,Max = 1,22 kN.m (os coeficientes das ações permanentes já foram considerados
na análise)

Assim, tem-se que o valor de Vc é:

2,90
Y5 = 18,13. ”1 + – = 61,22 OP < 2. Y5

1,22

Como Vc é maior que 2Vco adota-se o valor para o mesmo de Vco.

A expressão 5.41 indica o cálculo para a determinação do espaçamento entre os


estribos (s), considerando a utilização de barras de Ø5,5mm com um ramo.

*{Ò
Y{Ò = ” – . 0,9. ¾. 4gÒ¶
/

Sendo

Y{Ò = Y{¶ − Y5 = 8,36 − 61,22 = −52,86 OP

Segundo Inforsato (2009), o sinal negativo significa que apenas o concreto é


suficiente para resistir aos esforços de cisalhamento e, portanto, a armadura transversal
será apenas construtiva, obedecendo aos valores mínimos indicados pela norma.

Para garantir ductilidade à ruína por cisalhamento a armadura transversal deve ser
suficiente para suportar o esforço de tração resistido pelo concreto na alma, antes da
formação de fissuras de cisalhamento.

Segundo o item 17.4.1.1.1 da NBR 6118:2004, a armadura transversal mínima deve


ser constituída por estribos, com taxa geométrica:

*{Ò 0,2 45C,z


µ{Ò = ≥
Ò . /HZ“. / 4gÒ6

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d
0,2 .0,3. ;456  0,2 .3,509
*{Ò ≥ . Ò . /. /HZ“ = . 6,5.100. /HZ90 = 0,91 .R²/R
4gÒ6 500

Adota-se uma barra de ϕ 5,5 mm a cada 30 cm.

6.2.4 AÇOES ATUANTES NOS PÓRTICOS

Decidiu-se que seria analisado o pórtico intermediário da edificação eixo 3 (Apêndice


A – Planta de locação dos pilares), por ser a que mais se repete e por possuir peças
freqüentemente utilizadas no setor de pré-fabricados que são eles: terças T protendidas,
vigas I protendidas e pilares armados. Depois de realizar a revisão bibliográfica no Capitulo
2, percebeu-se que tal sistema é muito difundido hoje em dia quando o assunto é galpões
altos e esbeltos e quando os mesmos são baixos predomina-se a utilização de galpões
atirantados. Os itens a seguir mostram as modelagens do pórtico estudado com as
respectivas considerações de ações presentes no mesmo.

6.2.4.1 Pórtico Intermediário

O pórtico intermediário é composto por três pilares sendo eles com dimensão 30X50
cm e duas vigas I com seção 30X40 cm. A Figura 58 mostra o pórtico intermediário
modelado no programa STRAP®, sendo que a modelagem foi feita considerando o eixo dos
elementos que compõem o pórtico. Para consideração do consolo são modelados
elementos com rigidez grande chamados de offset que são responsáveis por definir o
momento causado devido à excentricidade do carregamento da viga em relação ao pilar. A
ligação viga-pilar será considerada como sendo articulada conforme já discutido
anteriormente.

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Figura 58: Pórtico intermediário modelado no STRAP (medidas em mm)

A Figura 59 mostra o carregamento do peso próprio dos elementos que são


calculados automaticamente pelo programa, sendo que foram adicionados ainda cargas
concentrada devido ao peso próprio das vigas calha e das terças.

Figura 59: Peso próprio dos elementos (carga em tf/m)

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A Figura 60 mostra o carregamento devido a cobertura metálica, como o mesmo é


distribuído para as terças e vigas-calha eles chegam como carregamentos concentrados nas
vigas I de cobertura. O mesmo ocorre com a sobrecarga permanente como pode ser visto
na Figura 61.

Figura 60: Carregamento de cobertura metálica (carga em tf)

Figura 61: Sobrecarga permanente (carga em tf)

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Como consideração de sobrecarga acidental, considerou-se uma pessoa com


equipamentos (100 kg) posicionada ora no meio, ora na extremidade e ora na cumeeira da
viga I, como pode ser visto na Figura 62.

Figura 62: Sobrecarga acidental na cumeeira e no meio da viga (carga em tf)

Na consideração do vento foram utilizados os resultados obtidos pelo programa


Visual Ventos com coeficientes de pressão interna 0 e -0,2 que foram os que resultaram em
maiores valores de ações de vento nas vigas e nos pilares, respectivamente. Na cabeça do
pilar foi considerado um momento resultante do vento atuando na viga calha que possui
1,25 m. As Figura 63 e Figura 64 mostram os ventos lançados no programa STRAP® para
análise estrutural.

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Figura 63: Vento com coeficiente de pressão interna de -0,20

Figura 64: Vento com coeficiente de pressão interna de 0,00

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6.2.5 DIMENSIONAMENTO DA VIGA I PROTENDIDA

Para o dimensionamento da viga I foi desenvolvida uma planilha em Excel para


facilitar os cálculos, uma vez que as considerações são semelhantes àquelas apresentadas
no cálculo da terça.

6.2.5.1 Fases

Para o cálculo da viga devem ser consideradas as seqüências dos intervalos entre
as fases de carregamentos descritas na Tabela 18.

Tabela 18: Seqüência de intervalos entre as etapas, ações atuantes, seções e perdas
consideradas.

Fase Tempo Ação Perdas

Deformação por ancoragem, Relaxação da


1 t0 = 1, t = 15 p + g1 armadura, Deformação imediata do concreto,
Retração e Fluência.

2 t0 = 15, t = 30 p + g1 + g2 Retração, Fluência e Relaxação da armadura

3 t0 = 30, t = 45 p + g1 + g2 + g3 Retração, Fluência e Relaxação da armadura

4 t0 = 30, t = ∞ p + g1 + g2 + g3 + q Retração, Fluência e Relaxação da armadura

6.2.5.2 Cargas e Ações

O módulo de entrada da planilha possui um campo para preencher os momentos que


existem devido a cada ação e podem ser vistos na Tabela 19, deve-se ressaltar que por
simplificação os carregamentos de peso próprio da terça e da cobertura metálica foram
considerados em conjunto. Os valores de momento foram obtidos com auxilio do programa
STRAP.

Tabela 19: Momentos devido aos carregamentos


Momento
Descrição (kN.m)
g1 (Peso próprio) 65,7
g2 (Telha) 71,7
g3 (Sob. Permanente) 39,4
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q1 (Acidental máxima) 3,6


q2 (Acidental mínima) -139,3

6.2.5.3 Características geométricas

As características geométricas da seção foram obtidas, novamente, com o auxilio do


software de desenho Autocad® e podem ser verificadas na Tabela 20.

Tabela 20: Características geométricas


Altura 0,4
(m)
Área
0,096375
(m2)
yi (m) 0,204007
ys (m) 0,195993
Inércia 0,001518
(m4)
Wi (m3) 0,00744
3
Ws (m ) 0,00775

6.2.5.4 Tipo de protensão

O tipo de protensão dada na peça é escolhido de acordo com a classe de


agressividade em que a mesma se encontra e pode ser vista no item 13.3 da NBR
6118:2004. E pode-se considerar a mesma que aquela adotada para a terça.

6.2.5.5 Estimativa do número de cabos no tempo infinito considerando a fissuração

A planilha desenvolvida calcula a estimativa do numero de cabos, de acordo com as


mesmas considerações analisadas na terça e pode ser visto na Figura 65:

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Figura 65: Estimativa do número de cabos no tempo infinito

6.2.5.6 Estimativa do número de cabos no tempo zero (verificação de ruptura


simplificada)

Neste item deve-se estimar se haverá ou não a necessidade de armadura ativa na


parte superior da peça. Procura-se verificar a tensão na borda superior da peça, no ato da
protensão, ou seja, somente com a ação Mg1 atuando. A Figura 66 mostra a planilha que
calcula a área necessária para combater a tração no tempo zero.

Figura 66: Estimativa do numero de cabos no tempo zero

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Pela planilha a armadura necessária é menor que zero, portanto não é necessário o
uso de armadura ativa na parte superior da viga.

6.2.5.7 Cálculo das perdas de protensão

a) Cálculo das perdas de protensão iniciais

De acordo com Inforsato (2009), as perdas iniciais podem ser divididas como se
indica a seguir. As mesmas foram calculadas com auxílio da planilha desenvolvida.

Deformação por ancoragem: tal perda foi calculada considerando uma pista de 150
m de comprimento e uma acomodação da cunha do macaco de 0,6 cm. O cálculo da
mesma pode ser visto na Figura 67;

Pista 150,0 m
∆l 0,60 cm
Ecord 2,00E+04 kN/cm2

2
∆σanco 0,80 kN/cm
Figura 67: Perda por deformação por ancoragem

Relaxação da armadura:

Pela Figura 68, pode-se observar o valor da perda por relaxação da armadura.

σp 144,50 kN/cm2
R 0,76
ψ1000 3,1 %
ψ(t,t0) 1,772 %

∆σrela 2,56 kN/cm2


Figura 68: Perda por relaxação da armadura

Perda por deformação imediata do concreto:

Pela Figura 69, pode-se observar o valor da perda por relaxação da armadura.

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Figura 69: Perda por deformação imediata do concreto.

Portanto, no tempo zero a perda resultou em uma tensão de 128,06 kN/cm² na borda
inferior, o que equivale a uma perda de 11,86%.

c) Cálculo das perdas de protensão diferidas no tempo

Para se determinar os coeficientes de fluência e retração (utilizados no cálculo das


perdas por fluência e retração do concreto) é utilizada uma planilha feita por Inforsato
(2009), indicada ainda neste capítulo, em programa Excel.

As características da seção pré-moldada são:


• Cimento do tipo ARI;
• Área: 963 cm2;
• Perímetro em contato com o ar: 152,70 cm.

A temperatura média foi tomada como 30ºC, umidade relativa do ar de 80% e slump
do concreto de 9 cm. O tempo infinito foi tomado com 10000 dias.

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Perda por fluência:

A Tabela 21 indica os valores do coeficiente de fluência considerando a atuação de


cada carregamento.

Tabela 21: Coeficientes de fluência em cada fase

Ação t0 Coeficiente φ Retração

Protensão (p) 1 2,961 - 1,94 x 10-4

PP viga (g1) 1 2,961 - 1,94 x 10-4

Telha (g2) 15 1,881 - 1,94 x 10-4

SC perm. (g3) 30 1,607 - 1,94 x 10-4

Acidental (q) 45 1,451 - 1,94 x 10-4

Perda de protensão 45 1,451 - 1,94 x 10-4

A perda por fluência é calculada de acordo com a planilha desenvolvida e a mesma


pode ser vista na Figura 70:

Figura 70: Perda por fluência

Perda por retração do concreto:

A Tabela 22 mostra a planilha desenvolvida por Inforsato (2009) para o cálculo do


coeficiente de fluência. O método para o cálculo do coeficiente de fluência pode ser visto
no Anexo A da dissertação de Inforsato (2009).

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Tabela 22: Planilha para cálculo da fluência e retração do concreto


Fonte: INFORSATO, 2009

Autor: Thiago Bindilatti Inforsato


Dados
Area da seção de concreto Ac 963 cm²

Perimetro da seção em contato com o ar (Uar) 152,7 cm


Ambiente e material
Umida relativa do ar (U) 80 %
Temperatua média (T) 30 graus C
Abtimento do concreto (slump) 9 cm
Tipo do cimento utilizado 3 1 CPIII e IV 2 CPI e II 3 CPV-ARI
Idade do concreto
no inicio do periodo considerado (t0) 1
no final do periodo considerado (t) 10000
Resultados
Coeficiente de fluência Ф(t,t0) 2,961
Retração do concreto εcs(t,t0) -1,94E-04

A perda por retração do concreto é calculada de acordo com a planilha e a mesma


pode ser vista na Figura 71:

Figura 71: Perda por retração do concreto

Perda por relaxação da armadura:

A variação na tensão do cabo representante devido a esta perda é dada pela Figura
72:

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3) Relaxação da armadura
σp,r)
(∆σ

Rinf 0,68
Rsup ***

Cordoalhas inferiores
ψ1000 2,26 %
ψ(∞,1) 5,65 %

Cordoalhas inferiores
χ(∞,1) 5,82E-02

Cordoalhas inferiores
∆σp,r 7,45 kN/cm2

Figura 72: Perda por relaxação da armadura

Simultaneidade das perdas:

A simultaneidade das perdas também foi calculada pela planilha de acordo com o
que foi feito no cálculo da terça e pode ser vista na Figura 73.

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Figura 73: Simultaneidade das perdas

Portanto, chega-se a uma perda de 26,61% para os cabos da borda inferior,


comparado com a tensão inicial σp.

6.2.5.8 Verificação das tensões

A verificação das tensões nos estados limite de serviço, também foram planilhadas e
podem ser vistas na Figura 74.

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Figura 74: Verificação das tensões em serviço

Portanto, como pode ser visto as tensões nas fibras, superior e inferior, nos casos
dos estados limite de serviço estão dentro dos limites estabelecidos.

6.2.5.8.1 Estado limite de último (Cálculo de Ap no tempo infinito)

De acordo com Carvalho e Figueiredo (2007), foram utilizados os seguintes


coeficientes para as ações, considerando estado limite último:
• 1,3 para as ações decorrentes do peso dos elementos pré-moldados;
• 1,4 para ações permanentes;
• 1,25 para as ações decorrentes de elementos metálicos;
• 1,5 para a ação variável principal.

Assim, tem-se que, considerando a pior situação:

f¶ = 1,3. (129,8) + 1,4. (41,3) + 1,25. (13,6) + 1,5.3,6

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f¶ = 249,00 OP. R

Utilizando-se dos parâmetros adimensionais, descritos em Carvalho e Figueiredo


(2007), determina-se o valor de KMD para esta situação. Para tal, considera-se,
inicialmente, a linha neutra atuando na mesa, com fck=40MPa. A Equação 49 mostra o
cálculo do parâmetro KMD:

n¹ V„
·f¸ = = = 0,2371

,
.
,LM .V

¼ ,V
º» .¶ M .c­¹
Equação 49

Através das tabelas disposta em Carvalho e Figueiredo (2007), determina-se o valor


de kx, kz e εs

.kx = 0,4189

Kz = 0,8324

εs = 4,73 ‰

Através da seguinte relação determina-se se a linha neutra (x) realmente está


somente atuando na mesa:

2 = Ou . ¾ = 0,8324.0,35 = 0,146R = 14,6 .R < 15.R -/[á ZI RH/I ¾I ֐×I Á·!

Sendo a tensão final no cabo de 106,64 kN/cm2 (1066,40 MPa), pode-se calcular,
segundo Carvalho (2009), o pré-alongamento εp pela Lei de Hooke. Portanto:

_,i 1066,40
¢ = = = 5,33 ‰
- 2210L

Assim, tem-se que o pré-alongamento final é de:

εp,final = εp + εs

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εp,final = 4,73 + 5,33 = 10,06 ‰

Agora, com o valor de εp,final na Tabela 15, tem-se que:

σsd = 1486,24 MPa = 148,624 kN/cm2

Calcula-se, então a armadura de protensão necessária para o ELU.

f¾ 249
*Ž = = = 6,61 .R2
(·Ã). ¾. _/ 0,8324.0,35. 148,62¼1,15

Como para a verificação no Estado limite de descompressão e fissuração já havia


sido necessária uma armadura de 7,07 cm², a verificação para o ELU está atendida uma vez
que o valor encontrado é menor que 7,07 cm².

6.2.5.8.2 Armadura passiva superior

Para o cálculo da armadura negativa deve ser levada em consideração a


combinação de momentos cuja ação variável é o vento atuando na terça uma vez que ele
por si só, pode gerar um momento negativo na mesma. Sendo assim, o valor de Md é:

f¶ = 1,3. (129,8) + 1,4. (41,3) + 1,25. (13,6) + 1,5.139,3 = 34,61 OP. R

Como não há momento negativo sendo aplicado na viga quando tais ações atuam,
opta-se por utilizar 4 porta-estribos de 8mm.

6.2.5.9 Estimativa das flechas

A estimativa de flechas também foi feita de acordo com a planilha Excel e os cálculos
da mesma podem ser vistos na Figura 75.

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Figura 75: Cálculo de flechas

Como o limite para a flecha em vigas estabelecido pela NBR 6118:2004 é L/250, a
flecha final da mesma está dentro do limite, pois a viga possui 15 metros e, portanto, a
flecha limite é de 6 cm.

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6.2.5.10 Comprimento de transferência da armadura ativa

Como a armadura calculada para o ELS-F é menor que aquela calculada para o ELU
pode-se substituir essa diferença de armadura equivalente por armadura frouxa, finalizando
assim o dimensionamento da armadura longitudinal, ou seja, isolando-se os cabos. A
planilha desenvolvida verifica se a tensão no tempo zero supera ou não os limites
estabelecidos e a mesma pode ser visualizada na Figura 76.

Figura 76: Isolamento de cabos

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Nota-se pela planilha que é necessário o isolamento de 5 cabos de cada lado e os


mesmos devem ser isolados por 1,95 m por análise do Ftool, onde o Mg1 vale 42,84 kN.m.

6.2.5.11 Armadura de Cisalhamento

a) Comprimento de transferência da armadura ativa

ƺC = 102,7 ≅ 103 .R

b) Determinação da máxima força cortante de cálculo

Como mostrado no cálculo da terça, as cortantes foram retiradas diretamente do


Ftool a uma distância d/2 de 17,5 cm.

Vc1 = 22,23 kN

Vc2 = 31,3 kN

Vc3 = 18,76 kN

p4 =1,5.1 kN → Vc4 = 0,85 kN

Assim:

Vsd = 73,14 kN

c) Verificação do esmagamento da biela

456 40
“Ñ = 1 − =1− = 0,84
250 250

YÐ,¶ = 0,27.0,84. 40000¼1,4 . 0,17.0,35 = 540 OP

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Como Vsd < VR,d2 não há perigo de esmagamento da biela.

d) Cálculo da armadura de cisalhamento

Y5
= 0,6. 45C¶ . Ò . ¾ = 0,6.1754.0,17.0,35 = 62,62 OP

0,7.0,3. 456 
45C¶ = = 1754 OP/R
1,4

O valor de M0 é dado a partir da tensão dos cabos a 17,5 cm do apoio (no tempo
infinito) e vale 18,17 kN/cm².

Np∞ = 18,17.7,07 = 128,50 kN

Mp = 128,50.0,154 = 19,78 kN.m

Assim, tem-se que:

0,0074
f
= (0,9.128,50 + 0). + 0,9.19,78 = 26,70 OP. R
0,0964

O valor de Msd,Max é dado a partir da utilização do programa FTool (Martha, 2008),


com a observação do momento devido as ações permanentes e móveis na seção a 17,50
cm do apoio.

Msd,Max = 12,75 kN.m (os coeficientes das ações permanentes já foram considerados
na análise)

Assim, tem-se que o valor de Vc é:

26,70
Y5 = 62,62. ”1 + – = 193,75 OP < 2. Y5

12,75

Como Vc é maior que 2Vco adota-se o valor para o mesmo de Vco.

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Sendo:

Y{Ò = Y{¶ − Y5 = 62,62 − 540 = −477,38 OP

Adota-se, portanto, armadura mínima de cisalhamento devido pois Vsw é negativo


provando que o concreto por si só suporta as tensões de cisalhamento.

*{Ò 0,2 45C,z


µ{Ò = ≥
Ò . /HZ“. / 4gÒ6

d
0,2 .0,3. ;456  0,2 .3,509
*{Ò ≥ . Ò . /. /HZ“ = . 17.100. /HZ90 = 2 .R²/R
4gÒ6 500

Adota-se ϕ 6,30 mm a cada 30 cm.

6.2.6 DIMENSIONAMENTO DO PILAR 30X50

Primeiramente, é necessário verificar a seção para o Estado limite de serviço,


verificar se a deslocabilidade do mesmo está fora do limite estabelecido. No caso da
verificação para o ELS foi utilizado a análise linear que como dito anteriormente é a mais
adequada para o mesmo, porém deve-se considerar os efeitos de fissuração, razão pela
qual foi utilizada por simplificação o coeficiente redutor da inércia de 0,5, calculado por
SANTOS (2010). Posteriormente, é feito o dimensionamento do pilar de modo que o mesmo
atenda o ELU por meio de uma análise não-linear, considerando o efeito de não linearidade
física (fissuração) e geométrica (P-∆).

6.2.6.1 Verificação no ELS

Foi utilizada a combinação de serviço freqüente onde considerou-se que a carga do


vento é a principal (multiplicado por Ψ1) e o homem com equipamentos é a secundária
(multiplicado por Ψ2). Tal combinação foi feita variando os ventos e a localização do homem
na viga (cumeeira, meio e extremidade) e a mesma pode ser vista na Equação 50.

¾{+ = ÊIG×I/ ŽHGRIZ[H/ + 0,32YHZ[\ + 0,32Ø\RHR Equação 50


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Com todos os pilares de seção 30cmx50cm o deslocamento foi maior que o


estabelecido pela norma, que para edificações como galpões permite um deslocamento no
topo de até H/600 o que resulta em um deslocamento máximo de 1,82 cm uma vez que a
altura considerada na modelagem foi de 10,88 m (10,18 m do piso até o meio da viga e mais
0,8 m até o meio do bloco). Portanto, decidiu-se aumentar a seção do pilar central para um
de seção de 30cmX60cm. Reprocessando a estrutura obteve-se os seguintes
4
deslocamentos máximos em metros (multiplicados por 10 ) mostrados na Figura 77.

Figura 77: Deslocamentos máximos do pórtico

Observando a Figura 77 o deslocamento no topo dos pilares foi de 1,67 cm o que é


menor que o limite, portanto os pilares podem ser avaliados no ELU.

6.2.6.2 Cálculo da armadura longitudinal no ELU

Para o cálculo da armadura no ELU foi feita uma análise não-linear onde foi
considerada a fissuração da peça com o coeficiente redutor de inércia e os efeitos da não
linearidade geométrica, onde se utilizou o método iterativo P-∆, já explicado no Capítulo 5.
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As combinações utilizadas foram as normais considerando o esgotamento da


capacidade resistente dos elementos em concreto armado. Consultando-se a NBR
6118:2004, obtiveram-se os coeficientes de majoração de carga.

¶ = J’ 2’6 + Jœ 2 œ 6 Equação 51
Onde:

Fgk = ações permanente diretas

Fqk=ações variáveis diretas.

A Tabela 23 mostra os coeficientes γ utilizados para multiplicar cada uma das ações.

Tabela 23: Coeficientes γf

Ação γ

Permanente 1,4

Variável 1,4

O programa utilizado (STRAP®) para análise estrutural do pórtico permite que se


calcule automaticamente o P-∆ e as combinações de ação são feitas dentro dele desde que
o usuário as defina. Uma vez definida as ações e atribuídas às características geométricas
do pórtico, pôde-se processá-lo a fim de se obter o diagrama de momento fletor e normal. O
programa calcula ainda a envoltória de esforços, porém na maioria dos casos o
carregamento que gera o maior esforço normal não é aquele que gera o maior momento
fletor, por isso é necessário avaliar qual dessas forças causa uma maior necessidade de
armadura para a peça. Observando-se a magnitude dos esforços percebeu-se que o
momento fletor é o fator determinante da armadura em caso de pilares de galpões pré-
moldados e, portanto, o mesmo deve ser armado para combatê-lo. A Figura 78 mostra o
digrama de momento fletor que causou a maior necessidade de armadura e a Figura 79
mostra a normal atuante na mesma combinação.

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Figura 78: Diagrama de momento fletor (tf.m)

Figura 79: Diagrama de força normal (tf)

Observando os dois diagramas é possível avaliar que o maior momento fletor é de


229 kN.m com uma normal de 123 kN atuando no mesmo. Como o valor do momento foi de
229 kN.m e o diagrama de momento fletor é parabólico, calcula-se a armadura do pilar
considerando que o mesmo se comporta como uma viga em balanço. O cálculo é feito de
acordo com Carvalho & Figueiredo (2007) e conclui-se que para combater tal momento são
necessárias 4 barras de 20 mm de cada lado (Figura 80), pois os esforços ocorrem de
maneira simétrica no pilar. Por isso, o arranjo de armadura foi feito de acordo com tal
estimativa (Figura 81). Deve-se lembrar que para colocar o arranjo de armadura o

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espaçamento horizontal entre as barras teve que


que ser verificado de acordo com o item
18.3.2.2 da NBR 6118:2004 e o mesmo deve ser o maior valor entre os descritos a seguir:
• 200 mm;
• Diâmetro da barra;
barra
• 1,2 vezes a dimensão máxima característica do agregado graúdo.

Figura 80:: Cálculo da armadura necessária para o pilar 30cmX50cm

Figura 81: Arranjo da armadura do pilar

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Porém, o cálculo do pilar como viga ignora a existência da normal atuante no


mesmo, o que pode mudar os valores de armadura encontrados, desta forma utiliza-se outro
método para o cálculo da armadura do pilar apresentado por Carvalho & Pinheiro (2009). O
método consiste, basicamente, em ábacos adimensionais que possuem como dado de
entrada o esforço normal, momento, área de concreto e resistência do aço e do concreto e
fornece como resultado a taxa de armadura necessária para combater os esforços.

Calculando-se a relação d’/h temos o valor de:


¶ˆ
,
VL‡
= = 0,0916 ≈ 0,10 Equação 52
Ù
,L

De acordo com Carvalho & Pinheiro (2009) o ábaco para tal relação é o A-4,
considerando a armadura simétrica e pode ser visto na Figura 82.

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Figura 82: Ábaco adimensional A-4

Para chegar ao valor da taxa de armadura necessária é necessário calcular os


adimensionais µ e ν,, de acordo com as Equa
Equações a seguir:

Û=
j¹ 
  0,03 Equação 53
º.Ù.c­¹
,.
,L.V

¼ ,V

n¹ „
Ü   0,11 Equação 54
l­ .Ù.c­¹
,.
,L.V

¼ ,V

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Pelo ábaco a taxa de armadura necessária é de 25%, portanto o valor de As é


definido pela seguinte Equação:

Ý.l­ .c­¹
,L.
,.
,L.V

¼ ,V
*{  cÞ¹
= L
¼ = 24,64 .R² Equação 55
, L

Como a armadura é simétrica são necessários 12,32 cm² de cada lado, ou seja, o
arranjo também será de 4 barras de 20 mm, porém a seção analisada pelo ábaco é a do tipo
cheia o que não mostra a realidade uma vez que o pilar aqui calculado possui um furo para
a passagem de um tubo de água pluvial, por tal motivo utilizou-se o programa Obliqua,
desenvolvido pelo Centro de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná. A seção
de concreto não é simétrica, razão pela qual deve ser verificado o momento a esquerda e a
direita.

Figura 83: Verificação da armadura longitudinal quando o momento é positivo

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Figura 84: Verificação da armadura longitudinal quando o momento é negativo

Conforme se observa na Figura 83 e na Figura 84 o momento positivo fica mais perto


do limite do gráfico, isso porque o mesmo atua na região onde a seção de concreto é menor.

A armadura está dentro dos limites estabelecidos pela NBR 6118:2004, pois a
armadura é superior a 4% da área da seção do pilar e inferior a 8% da mesma.

6.2.6.3 Escalonamento da armadura

Por não ser economicamente viável levar todas as barras até o topo, verifica-se o
valor de momento onde apenas duas barras resistam ao momento fletor atuante na face do
pilar, escolhe-se manter duas barras da face por 6 metros para aproveitar uma barra de 12m
e cortá-la ao meio, porém deve-se verificar o comprimento de ancoragem necessário e
também o momento fletor em tal ponto. Considerando que no STRAP o pilar foi modelado
desde a metade do bloco até a metade da viga I, deve-se considerar ainda uma soma de 40
cm, no comprimento do pilar, onde se localiza realmente o final dele. O cálculo da

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ancoragem da armadura é feito de acordo com a soma de lb com o deslocamento do


diagrama do momento fletor.

Primeiramente, é feito o cálculo da ancoragem:


a) Comprimento básico de ancoragem:
Segundo o item 9.4.2.4 da NBR 6118:2004 o comprimento básico de ancoragem
deve ancorar a força-limite As . fyd e pode ser calculado da seguinte maneira:

∅ cÞ¹
ƺ  V
2 c͹
Equação 56

Sendo fbd obtido a partir da Equação 57:

dM

, ;c­ß
4º¶ = ´ . ´ . ´ . ,V
Equação 57

Onde:

η1 = 2,25 para barras de alta aderência (CA-50)

η2 = 1,00 situações de boa aderência

η3 = 1,00 para barras menores que 32mm

fck = 40 MPa

Portanto, lb vale:

20 500
ƺ = 2 = 110 RR = 11 .R
4 1,1523,95

Deve-se, então, verificar o comprimento de ancoragem mínimo:

ƺ,zbT ≥ 0,3 ƺ

ƺ,zbT ≥ 10∅

ƺ,zbT ≥ 100 RR

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Das situações impostas acima o maior comprimento de ancoragem resulta em 200


mm que é maior que o calculado e, portanto, torna-se o comprimento de ancoragem
adotado de 20 cm.

b) Deslocamento do diagrama de momentos fletores:

Para o cálculo do deslocamento do diagrama pode-se utilizar a expressão de acordo


com o modelo I de cálculo, representado pela Equação 58:

с¹,Óԁ
IŒ  ¾. Ÿ. 2 (1 + .\[ ∝) − .\[ ∝  ≥ 0,5¾ Equação 58
с¹,ÓÔÕ x Ñ­ %

Porém, como Vsd,Max é menor que Vc o cálculo não se aplica, razão pela qual decidiu-
se fazer o cálculo do máximo al a partir da treliça de Mörsch, considerando que o menor
ângulo que a biela pode ter é o de 30°. A Figura 85 mostra a treliça de Mörsch considerada
para o cálculo de al.

Figura 85: Treliça de Mörsch

Utilizando a analogia de Mörsch al é calculado segundo a Equação 59:

IŒ = cot 30° 2 ¾ = 1,7320,458 = 0,80 R = 80 .R Equação 59

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Ou seja, a barra longitudinal deve possuir um comprimento de ancoragem de lb (20


cm) somado com al (80 cm), ou seja 100 cm. Como a barra cortada possui 6 metros e,
sendo 1 metro de ancoragem, verificando-se o momento atuante no ponto, verifica-se que a
partir de tal ponto 2 barras são suficientes para combater o momento fletor atuante, e
portanto decide-se levar 2 barras em cada lado até 6 metros e as outras 2 até o topo do
pilar.

6.2.6.4 Armadura de Cisalhamento

A armadura de cisalhamento foi calculada como sendo para uma viga e verificada
para as recomendações da norma quando se trata de um pilar.

a) Determinação da máxima força cortante de cálculo

A cortante é retirada diretamente do programa STRAP.

Vsd = 58 kN

b) Verificação do esmagamento da biela

456 40
“Ñ  1 − =1− = 0,84
250 250

YÐ,¶ = 0,27.0,84. 40000¼1,4 . 0,3.0,458 = 890,35 OP

Como Vsd < VR,d2 não há perigo de esmagamento da biela.

c) Cálculo da armadura de cisalhamento

Y5
= 0,6. 45C¶ . Ò . ¾ = 0,6.1754.0,3.0,458 = 144,60 OP

0,7.0,3. 456 
45C¶ = = 1754 OP/R
1,4

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Y{Ò  Y{¶ − Y5  58 − 144,6 = −86,60 OP

Adota-se, portanto, armadura mínima de cisalhamento devido ao valor ser negativo.

*{Ò 0,2 45C,z


µ{Ò = ≥
Ò . /HZ“. / 4gÒ6

d
0,2 .0,3. ;456  0,2 .3,509
*{Ò ≥ . Ò . /. /HZ“ = . 30.100. /HZ90 = 4,2 .R²/R
4gÒ6 500

Adota-se ϕ 6,30 mm a cada 15 cm.

d) Recomendações para estribos em pilares

O item 18.4.3 da NBR 6118:2004 recomenda que os estribos possuam bitolas e


espaçamentos conforme o que é explicitado abaixo:

Bitola

∅C ≥ 5RR \^ ∅Œ /4

Espaçamento

7 .R ≤ C ≤ 20 .R \^ Ä \^ 12∅Œ (ŽIGI Ê*50)

O recomendado pela NBR está inferior ao calculado para uma viga, portanto
mantém-se ϕ 6,30 mm a cada 15 cm.

As peças calculadas neste capítulo foram devidamente detalhadas e podem ser


vistas no Apêndice A.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho percebeu-se que a análise estrutural de galpões compostos
por elementos pré-fabricados apresenta muitas especificidades, uma vez que podem ser
feitos muitos arranjos estruturais onde se variam a altura, a distância entre pórticos, as
peças pré-fabricadas e as ligações entre as mesmas. Portanto, percebeu-se que apesar de
parecer simples, o cálculo de galpões pré-moldados é trabalhoso, pois exige muita atenção
aos detalhes de peças.

Destaca-se ainda que o trabalho tem como objetivo aprofundar os conhecimentos


nas tipologias de galpões pré-fabricados, as ações atuantes nos mesmos e como é feito o
dimensionamento de peças que compõem o pórtico analisado.

No caso da análise e dimensionamento das terças, percebeu-se que a mesma


possui uma contra-flecha superior ao valor definido pela NBR 6118:2004. Porém, em tal
norma não há uma especificação a respeito de limites de contra-flecha e por isso o valor foi
comparado com o limite de L/250 para flechas, que leva em consideração o aspecto visual
dos elementos. Para combater a contra-flecha poderia ter sido adotada uma armadura ativa
na fibra superior (com cordoalhas de menores diâmetros ou mesmo fios), porém não foi uma
opção do exemplo resolvido neste trabalho. Além disso, a contra-flecha não superou em
excesso o valor de 4 cm (limite de flecha) e a montagem da telha, que seria o único
agravante em caso de contra-flecha excessiva, não será prejudicada, uma vez que a mesma
é do tipo metálica simples e, portanto, mais flexível na hora da montagem e posicionamento
nos elementos estruturais.

Em relação a viga I protendida acredita-se que a mesma esteja com muita armadura
ativa inferior e que o fato de ter sido necessário isolar 5 cabos fez com que a seção não
fosse aproveitada na sua melhor maneira. Além disso, isolar cabos é muito trabalhoso para
fábricas e perde-se um tempo grande para fazê-lo na pista de protensão. Por isso, julga-se
que o ideal para o exemplo resolvido seria aumentar a seção da viga I para que se pudesse
aproveitar melhor o elemento (otimizar a relação seção de concreto / quantidade de
amadura ativa).

Em relação à análise dos pilares, é importante ressaltar primeiramente que ainda


existem muitos assuntos não abordados neste trabalho, como é o caso da fissuração

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(consideração da não-linearidade física do amterial). Adotou-se aqui um coeficiente redutor


da inércia de 0,5, com base em alguns trabalhos aqui consultados. A NBR 6118:2004 não é
clara quando o assunto são galpões e edificações de um pavimento, quanto à consideração
simplificada da não-linearidade física. O que se pode perceber, após a análise de alguns
trabalhos, é que existem algumas maneiras de se calcular tal coeficiente redutor por
determinados trechos dos pilares (diferentes relações entre momento fletor e esforço
normal), seja por uma metodologia simplificada (Branson) ou mais refinada, que é o caso do
Momento-Curvatura.

No início da análise estrutural do pórtico em questão, o pilar central tinha uma


dimensão de 30x50 cm. Ao longo da análise, foi necessário alterar a seção do mesmo para
30x60 cm, devido exclusivamente ao estado limite de serviço (ELS), uma vez que a
armadura necessária para combater o estado limite último (ELU) resultou em um valor
normal, relativamente baixo para a seção em questão. Tal fato é curioso, uma vez que a
norma antiga sequer fazia referência à verificação de peças em serviço e limites de
deslocamentos em topos de pilares (L/600).

Constatou-se no exemplo resolvido que o sistema estrutural escolhido não é o


melhor no que diz respeito à absorção e distribuição do efeito do vento, uma vez que as
ligações viga-pilar foram consideradas como sendo articuladas. Julga-se, portanto, que seria
ideal uma ligação ali atuando como semi-rígida (alteração do método construtivo), para que
a viga I de cobertura ajudasse na estabilidade do galpão, ou seja, não depender
exclusivamente do engaste dos pilares na fundação.

Apesar de tratar de assuntos conhecidos pela aluna, sentiu-se uma dificuldade muito
grande para organização das tipologias e considerações de cálculo para galpões, uma vez
que a literatura no assunto é muito escassa.

Percebeu-se, no entanto, que não é possível e nem recomendável a normatização


de processos de cálculo para galpões pré-fabricados, porque existem muitas situações de
projetos que mudam constantemente. Torna-se necessária a verificação constante das
situações de projeto, de modo a se alcançar a melhor economia sem haver a prejuízos para
a segurança da estrutura.

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9. APÊNDICE A
O Apêndice A mostra as plantas de locação de pilares e cobertura do galpão
estudado no exemplo numérico, bem como seus cortes e elevações. O apêndice mostra
ainda os detalhamentos das peças calculadas no Capítulo 6.

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