Está en la página 1de 19

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL – UNINTER

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DOCÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Gabriel Saldanha Lula de Medeiros – RU: 2958546

NATAL/RN
AGOSTO/2023

1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................3
2. ENSAIO PEDAGÓGICO...............................................................................4
2.1 O estágio curricular e a unidade concedente: um breve
diagnóstico..................................................................................................5
2.2 Fundamentação teórica........................................................................8
2.3 Material didático: criação e reflexão...................................................10
2.4 Práxis e relatório de evidências..........................................................14
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................18
REFERÊNCIAS...........................................................................................19

2
1. INTRODUÇÃO

Para a formação acadêmica no curso de licenciatura em História, faz-se


necessário, como previsto em legislação, a realização de algumas horas de
estágios supervisionados em instituições educacionais. No Centro Universitário
Internacional – UNINTER, o licenciando deve concluir 400 horas totais desses
estágios, distribuídas igualmente em 4 grandes áreas: diferentes contextos,
gestão educacional, ensino fundamental e ensino médio.
A atividade tem como principal finalidade a vivência prática das
atividades voltadas para a profissão atrelada ao curso superior em formação.
Nesse caso, como estagiário da disciplina de história em uma escola do ensino
fundamental, devo estar submetido a alguns objetivos: o primeiro, de análise,
compreendendo desde as estruturas físicas e pedagógicas da instituição, bem
como de observação das aulas do professor responsável pela disciplina em
questão; o segundo, de práxis, ou seja, de atuação enquanto docente
ministrando aulas e aplicando atividades para os alunos.
A escola escolhida é uma unidade educacional da prefeitura de Natal,
capital do Rio Grande do Norte, cívico-militar, localizada no bairro do Alecrim
(zona leste). O bairro é, em sua maioria, de classe média baixa e caracteriza-se
por ser uma grande área de comércio popular. A instituição é voltada somente
para o ensino fundamental II, essencialmente no período matutino.
O estágio de docência no ensino fundamental da UNINTER está
estruturado da seguinte maneira: deve-se ter 80h de estudos teóricos, desde a
preparação para as atividades até a produção escrita do presente relatório, e
20h práticas na escola, compreendendo 12h de observação e 8h
desempenhando a docência.
Em virtude dos recursos da instituição, as 20h práticas contaram apenas
com o suporte do material didático, do quadro e do piloto disponibilizados. Não
existem recursos tecnológicos disponíveis para a realização das aulas, a menos
que os professores adquiram de suas próprias economias, como já é o caso de
alguns profissionais. Durante esse período, além das observações e de
conversas com o responsável pela disciplina, foram ministradas revisões para as
turmas do 9º ano na semana que precediam as avaliações, sendo essa a maior
atividade desempenhada pelo estagiário. Em detrimento do calendário escolar

3
com relação às avaliações e da data limite de término das atividades de estágio
para o dia 31 de agosto fixada através do contrato (termo de compromisso),
houve a necessidade de adaptação para a realidade da programação da
instituição, sendo acordado que seria melhor ministrar aulas de revisão ao invés
do cumprimento do plano de aula elaborado previamente e postado no
UNIVIRTUS, já deferido, que seria a respeito da história da Alemanha Nazista,
assunto que compreende o sétimo capítulo do livro didático. Dessa forma,
somente os capítulos 5 e 6 foram ministrados em aulas expositivas, dada a
indisponibilidade de maiores recursos.
Nas páginas a seguir, serão detalhadas as atividades teóricas e práticas
a respeito do Estágio Supervisionado de Docência no Ensino Fundamental.

2. ENSAIO PEDAGÓGICO

O presente estágio tem como objetivo observar e ministrar aulas na


disciplina de história em uma escola municipal de Natal/RN a fim de cumprir as
prerrogativas legais do estágio supervisionado para a conclusão do curso
superior de licenciatura em história. Com isso, a preparação teórica se deu a
partir do livro didático “História, sociedade e cidadania”, de Alfredo Boulos Júnior
(2018), da editora FTD.
Percebe-se que na instituição, as aulas são ministradas na forma da
pedagogia tradicional, semelhante ao ideal desenvolvido e relatado por
Comenius em sua Didática Magna: salas dispostas em fileiras de alunos voltados
para um quadro expositivo, onde o professor, em posição de liderança, dará as
aulas igualmente expositivas, também em virtude da carência de maiores
recursos tecnológicos ou lúdicos, ou mesmo outros materiais necessários para
desenvolvimento de metodologias alternativas. Assim, observou-se um modelo
de “educação bancária”, onde os conceitos são simplesmente transmitidos,
“depositados” para os estudantes, como alegava Paulo Freire.
Tendo em vista a adaptação à realidade institucional e ao calendário de
atividades, as aulas ministradas seguiram o mesmo padrão, expositivo, como
uma revisão para as avaliações realizadas durante a última semana de estágio,
entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro.

4
2.1 Estágio curricular e a unidade concedente: um breve diagnóstico

A escola em questão integra a rede municipal de educação de Natal/RN,


situando-se no bairro do Alecrim, na zona leste da cidade, conhecido por seu
comércio popular. Trata-se de uma população de classe média baixa,
predominantemente.
Nas planilhas de resultados do IDEB e do SAEB de 2021 disponíveis no
site do INEP, a instituição não apresenta notas, constando apenas a sigla “ND”,
ou seja, “nada a declarar”. O site da prefeitura de Natal também não disponibiliza
os resultados do IDEB de 2021, apenas os de 2015 e 2017. Por essa razão,
utilizaremos dados do qEdu, projeto que visa facilitar o acesso a dados
educacionais no Brasil, da Meritt e da Fundação Lemann.
De acordo com o qEdu, a partir dos dados dos questionários do
SAEB/2019 (INEP), a escola onde foi realizado o presente estágio possui 294
alunos matriculados e 15 professores. Apenas 14% dos alunos do 9º ano
apresentam aproveitamento satisfatório em Língua Portuguesa, e 0% em
matemática. Outros dados chamam a atenção, negativamente: somente 7% das
mães dos alunos possuem formação superior, enquanto apenas 26% dos pais
costumam perguntar sobre a vida escolar dos filhos. Por fim, um magro número
de 16% dos estudantes costumam ler livros que não fazem parte do material
didático.
Segundo o qEdu, ainda a partir dos dados do SAEB (INEP), nesse
mesmo ano de 2019, esses eram os percentuais de alunos da rede pública nos
anos finais do ensino fundamental II que tinham aproveitamento satisfatório em
português e matemática no município de Natal/RN, respectivamente: 26% e
10%. No âmbito estadual, os números são de 25% e 10%. No Brasil, ainda
levando em conta os alunos da rede pública dos anos finais do ensino
fundamental II, os números de aproveitamento satisfatório nas disciplinas de
português e matemática são de 36% e 18%, respectivamente. Os dados
coletados mostram resultados muito aquém do esperado e do desejado não só
pela instituição estudada no presente relatório, mas também a níveis municipal,
estadual e nacional, estando a escola em questão com aproveitamento muito
abaixo das médias da cidade de Natal, do estado do RN e do Brasil, como mostra
o gráfico a seguir:

5
SAEB/2019 (INEP): Porcentagem de alunos da rede pública
com bom aproveitamente nas disciplinas de português e
matemática
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Português Matemática

Escola X Natal RN Brasil

Figura 1: Dados coletados do SAEB/IDEB (INEP) da plataforma do qEdu.

Em termos de infraestrutura, apresenta excelente disposição de salas de


aula, de forma que as turmas nunca fiquem com muitos alunos, dada a
possibilidade de divisão. Por exemplo: os 9ºs anos A e B, onde se realizaram as
atividades de estágio, tinham, respectivamente, 14 e 16 alunos. Percebe-se,
também, que dado o predomínio do comércio no bairro, o público da escola é
pequeno se comparado a outras instituições da localidade. Pátio amplo, aberto,
uma quadra realmente de grande extensão, atendendo, inclusive, a práticas de
jogos interescolares. Além disso, conta também com sala de informática bem
equipada, sala de diretoria, cozinha, copa para os funcionários e um amplo
refeitório para os alunos.
Apesar da boa infraestrutura geral, duas observações são importantes:
1) a caixa d’água apresenta rachaduras e já foi condenada por equipes
especializadas, tendo o seu entorno já sido isolado para que ninguém se
aproxime. De acordo com os estudantes, esse problema já persiste há mais de
5 anos. No Google, é possível verificar que existem algumas matérias
jornalísticas acerca dessa questão, como uma forma de cobrar o poder público
para a resolução do caso. Como medida paliativa, a prefeitura disponibilizou uma
caixa d’água de fibra para suprir as necessidades da comunidade; 2) No dia 24
de agosto, houve falta de água na escola, o que impossibilitou inclusive que os

6
estudantes pudessem bebê-la, tendo em vista que os bebedouros são
abastecidos pela água filtrada do sistema encanado.
Nas terças-feiras em que foram realizadas as atividades de estágio, em
virtude do horário “quebrado”, pude frequentar o intervalo dos alunos,
percebendo que de fato a instituição fornece boa merenda, de qualidade, que,
aliás, é a mesma servida para os funcionários e para os docentes. Participei,
algumas vezes, de refeições como essas na “sala dos professores”: os lanches
variavam entre arroz com carne moída, e sopa de arroz com frango, servida com
pães torrados, tudo sempre bem feito e de forma caprichosa, percebendo
inclusive os cuidados de higiene das funcionárias responsáveis pela merenda,
como o uso de tocas. Aos alunos, a comida era servida em pratos e talheres de
alumínios. Não havia uso de plásticos.
Pedagogicamente falando, existem pontos extremamente positivos: há
professores muito bem qualificados, inclusive com doutorado, como é o caso da
própria diretora pedagógica responsável por assinar o termo de compromisso e
a ficha de frequência. Outra docente da instituição também possui tal título,
chegando a ser professora substituta em universidade federal. Contudo,
algumas características chamaram a atenção, negativamente: 1) de acordo com
a diretora, a escola hoje não conta com coordenador pedagógico, o que dificulta
inclusive a supervisão do trabalho dos docentes em sala de aula. Há também
ausência de alguns professores, como o de Ensino Religioso, deixando o horário
de aula vago, e também de Geografia, sendo a vaga preenchida por um aluno
do curso de licenciatura em Geografia da UFRN que tem contrato de estágio com
a prefeitura; 2) a prefeitura disponibilizou tablets para os alunos da rede pública
municipal. No entanto, de acordo com o professor de história, o aparelho deve
ser usado somente em âmbito escolar e a internet instala na escola não é de boa
qualidade, o que acaba dificultando o uso de tal tecnologia, colocando em dúvida
a eficiência dessa medida adotada pela prefeitura; 3) existe, por parte de alguns
profissionais, comportamentos antiéticos. Por exemplo: no dia 15 de agosto,
houve um apagão elétrico em todo o Brasil, fazendo com que a energia da escola
não funcionasse. Durante o intervalo, professores estavam combinando de
colocar os alunos para reclamar sobre a situação a fim de que a diretora
suspendesse as atividades, o que não aconteceu: as salas de aula não contam
com ar-condicionado, funcionando de portas e janelas abertas, ventiladas e com

7
iluminação proveniente da própria “luz do dia”. Não houve nenhum dia em que
deu aula com as luzes elétricas das salas acesas, dadas a não necessidade.
Desse modo, o apagão sofrido naquele dia não impossibilitava, de maneira
alguma, o funcionamento normal das atividades no âmbito das salas de aula.
Outros comportamentos de ética questionável, especialmente do professor de
história responsável pela supervisão do presente estágio, serão descritos na
seção 2.4 do presente relatório.
Os militares aposentados que desempenham papel na escola,
basicamente, são responsáveis por pequenas atividades: conduzir os alunos ao
hasteamento da bandeira todos os dias na quadra durante o primeiro horário,
organizá-los em sala de aula, impedindo a dispersão no pátio em horário de aula.
De acordo com o professor de história, ao ser questionado sobre o papel desses
militares, ele disse não haver função administrativa e que chegava a se
questionar a necessidade desse pessoal dentro do funcionamento da instituição.
No entanto, ressalta que essa aproximação do “ideal” da disciplina militar e do
próprio servidor da Forças Armadas com os alunos pode ser um fator positivo,
de inspiração para alguns dos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade
social.
Por fim, uma observação importante: ao perceber que a maioria
esmagadora dos alunos assistiam aula sem uniforme adequado, fazendo uso de
roupas comuns, questionei o professor de história, que respondeu que a
prefeitura não disponibilizou o uniforme aos alunos da escola esse ano (não há
informações de que o mesmo possa ter acontecido com outras instituições da
rede municipal) e que, por isso, não se pode exigir que o aluno assista aula
somente com “fardamento completo”, já que não tiveram acesso a tal material.

2.2 Fundamentação teórica

A semana compreendida entre 21 e 25 de agosto foi direcionada à


revisão para a avaliação da disciplina de história, realizada na semana seguinte,
no dia 1º de setembro, forçando-nos a abandonar o cronograma inicial de
ministrar aulas a respeito da Alemanha Nazista, tal qual planejado no plano de
aula validado através do UNIVIRTUS, assunto esse que compreende o capítulo

8
7 do livro didático. A avaliação compreendia os capítulos 5 e 6 do livro didático,
sendo este último já revisado pelo professor titular. Então, faz-se necessário a
explicação do porquê não foi cumprido o planejamento inicial e, em seu lugar,
dada uma revisão/aula expositiva a respeito da Primeira Guerra Mundial.
De acordo com Alfredo Boulos Júnior (2018), a Primeira Guerra Mundial
ocorre num contexto de corrida imperialista, ou seja, de rivalidades entre as
potências europeias a fim de ampliar território e mercado. Após a reunificação
da Alemanha e a constituição do Império Alemão, este adota uma política de
alianças como estratégia de defesa, originando, então, a conhecida Tríplice
Aliança, composta também pela Itália e pelo Império Austro-húngaro.
Paralelamente, outras alianças militares também surgiam, como a Tríplice
Entente, formada por Grã-Bretanha, França e Rússia.
O estopim para o início do conflito se deu após o assassinato do herdeiro
do trono austro-húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, por um jovem
militante sérvio, tendo em vista a opressão e a dominação sofrida pelos eslavos.
Com isso, o Império Austro-húngaro acaba por declarar guerra à Sérvia que, por
sua vez, era aliada militar da Rússia. As alianças militares da época acabaram
por provocar uma reação em cadeia, generalizada. Assim, então, tem início o
grande conflito de proporções mundiais, especialmente em território europeu.
Alguns fatos curiosos ocorrem durante os 4 anos de disputa. Em 1915,
a Itália abandona a Tríplice Aliança e junta-se à Tríplice Entente, lutando ao lado
daqueles que, posteriormente, seriam os vencedores. Dois anos depois,
segundo Sheila Fritzpatrick (2017), em 1917, a população russa, insatisfeita com
o despreparo do Exército do czar e com as grandes perdas de homens, além de
uma grave situação de pobreza e de exploração das classes trabalhadoras,
empreende uma revolução que depõe o czar Nicolau II, pondo fim do Império
Russo, e estabelecendo um governo provisório, moderado, que em seguida,
naquele mesmo ano, veio a ser alvo de uma outra revolução, dessa vez liderada
por Lênin e de caráter comunista. Lênin, portanto, organiza a saída da Rússia da
Primeira Guerra Mundial em março de 1918 a partir da assinatura do Tratado de
Brest Litovsk. A debandada da Itália enfraqueceu a Aliança que, por outro lado,
viu os Estados Unidos entrarem no conflito apoiando a Entente.
Ao se aproximar o fim do conflito, o presidente americano Woodrow
Wilson propõe um tratado de paz onde não haveria vencedores ou perdedores,

9
e que cada nação envolvida fosse responsável por seu próprio destino no pós
guerra. No entanto, as potências europeias da Aliança, em clara posição de
vantagem sobre o Império Alemão e o Império Austro-húngaro, não acatam a
proposta do presidente americano, e adotam o Tratado de Versalhes, que impôs
aos perdedores, em especial à Alemanha, uma série de humilhações, como a
limitação no número de homens nas Forças Armadas e as acachapantes
indenizações que deveriam ser pagas aos vencedores à título de reparações
pelos danos da guerra (RIBEIRO JÚNIOR, 2005).
A Primeira Guerra Mundial chega ao fim após quatro anos (1914-1918)
representando uma nova marca sangrenta à história: em virtude do avanço
tecnológico experimentado após a Revolução Industrial, houve o surgimento de
novas armas para conflitos dessa magnitude, como aviões militares, tanques,
canhões e gases, conta-nos Alfredo Boulos Júnior (2018). Segundo ele, o saldo
foi de quase 10 milhões de pessoas mortas e cerca de 20 milhões mutiladas.
Para a construção da fundamentação teórica, de cunho bibliográfico e
qualitativo, foram utilizados livros da biblioteca particular do estagiário, que já é
professor de geografia e escritor de artigos e de um livro que aborda a presente
temática de forma transversal. As obras utilizadas são de autores amplamente
conhecidos, internacional e mundialmente, todos historiadores, garantindo a
qualidade dos resultados trazidos para esta pesquisa, com especial observância
ao respeito aos direitos humanos, tendo em vista que se trata de um tema por
vezes delicado. Destaque para “A Revolução Russa”, de Sheila Fritzpatrick
(2017); “O que é o nazismo?”, de João Ribeiro Júnior (2005); e para o livro
didático “História, sociedade e cidadania”, para o 9º ano, de Alfredo Boulos Júnior
(2018), da editora FTD, sendo este o material didático utilizado pela escola
analisada neste relatório.

2.3 Material didático: criação e reflexão

As aulas na escola estudada consistem basicamente em programas


expositivos, utilizando-se somente do quadro e do material livro didático
fornecido pela prefeitura. Alguns professores, quando muito, compram por
iniciativa própria um projetor para dar aulas com a utilização de slides. Por isso,

10
essa seção se dedicará a analisar o livro didático e alguns slides que serão aqui
apresentados a respeito do tema abordado em sala de aula.
O manual do professor do livro didático “História, sociedade e cidadania”,
para o 9º ano, de Alfredo Boulos Júnior (2018), da editora FTD, aborda algumas
questões importantes, como uma visão ampla a respeito da metodologia da
história: a visão sobre a área do ponto de vista acadêmico, as correntes de
pensamento e os pressupostos teóricos, bem como os objetivos do ensino de
história. Traz uma ideia renovadora a respeito da necessidade do uso de novos
recursos metodológicos em sala de aula a fim de promover a cidadania e a
formação de alunos que possam ser leitores e escritores, sugerindo a utilização
de imagens não só no material físico, mas também o que o autor chamou de
“imagens em movimento” ou “o cinema em sala de aula”. Faz também uma
leitura da Base Nacional Curricular Comum em acordo com aquilo que está posto
no material.

Figura 2: Livro didático utilizado na instituição de ensino. Fonte: issuu.com/EditoraFTD

11
Analisando em especial o capítulo 5, utilizado para dar aula a respeito
da Primeira Guerra Mundial, percebe-se que faz uso de imagens em abundância,
de charges e notas explicativas. Chama-se a atenção para o uso das charges,
em especial de uma imagem de Charles Chaplin parodiando o ditador nazista
Adolf Hitler, numa mistura entre a ficção e a realidade da temática abordada.
Quando discutido a respeito do uso da propaganda durante a ditadura stalinista,
coloca-se uma imagem do ditador soviético Josef Stalin abraçado a uma criança
que lhe entregava flores, pois a propagada política colocava-o como “o amigo
das crianças”. Nota-se, de fato, que existe sempre o cuidado de ilustrar o texto
para auxiliar na compreensão do conteúdo o por parte do leitor.
Utilizando-se do conteúdo apresentado no material acima discutido, foi
produzido um slide temático acerca da Primeira Guerra Mundial, de forma que
suas imagens e seus textos possam trazer melhor entendimento sobre o
assunto.
O slide como recurso didático, se utilizado de forma apropriada,
ultrapassa a barreira do “material pronto” que o livro didático oferece. Por
exemplo: pode-se trazer, nos slides, não só links de vídeos como os próprios
vídeos curtos já anexados a eles, pequenas animações, fazendo uso do conceito
de “imagens em movimento” trazido por Alfredo Boulos Júnior.
A escolha e a disposição dos textos e das imagens por iniciativa própria
do docente permite maior liberdade na hora de preparar o conteúdo e a forma
daquela aula, ainda que seja expositiva. Permite, assim, que saia das amarras
de um material didático já pré estabelecido para a confecção do seu próprio
recurso de trabalho que, posteriormente, pode ser disponibilizado à comunidade
escolar, se assim desejar/permitir, sendo uma outra fonte de estudos para os
alunos.
Dada a carência de meios tecnológicos e materiais na instituição de
ensino concedente, não foi possível a realização de tecnologias alternativas ou
mesmo a confecção de quaisquer outros projetos físicos ou digitais, como jogos.
Caso contrário, o estagiário deveria fazer como fazem alguns funcionários da
instituição e arcar com a preparação desses projetos a partir de suas próprias
economias, tornando-se, neste caso, inviável tal realização.
Vejamos, então, dois prints do slide produzido:

12
Figura 3: Primeira página do Slide.

A página do slide acima foi intencionalmente criada nessas cores, conforme


modelo disposto no Power Point. Por se tratar de uma aula de história, o layout
semelhante a uma manchete jornalística remete a um fato passado, no caso, em
letras garrafais, o título da manchete “PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL”, com um
subtítulo menor.

Figura 4: Slide sobre a contextualização da I Guerra Mundial.

13
O slide acima apresentado não traz textos em excesso para não cansar
a visão daqueles que o assistem, e traz intencionalmente uma charge sobre as
reivindicações de “pão e paz” feitas no contexto da Revolução Russa, em 1918,
ainda durante a Primeira Guerra Mundial, quando os seguidores de Lênin foram
às ruas pedindo a saída da guerra e a priorização das questões sociais internas.
A bandeira vermelha faz alusão à ideologia comunista dos sovietes (termo que,
posteriormente, serviu como base para a criação do nome “soviético”).

2.4 Práxis e relatório de evidências

A atividade de estágio supervisionado de docência no ensino


fundamental ocorreu em 4 semanas, entre os dias 7 e 31 de agosto, em uma
escola pública da rede municipal de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Na rede municipal, os horários de aula contam 1h, fora do padrão
convencional de 50 minutos presente em instituições particulares da cidade.
Foram escolhidas duas turmas de 9º ano, as turmas A e B, cada uma com 16 e
14 alunos, respectivamente. Cada turma tinha apenas 2 horários semanais da
disciplina de história, o que corresponde a 2h por semana. Desse modo, foram
16h em sala de aula e outras 4h de atividades dentro da instituição, como
conversas com as duas diretoras (uma pedagógica e outra administrativa. A
primeira graduada em letras/português, a outra em educação física), breve
leitura do PPP fornecido pela diretora pedagógica, conversas com o titular da
disciplina de história e outros docentes, em especial o estagiário de Geografia,
além de observações quanto a estrutura física da escola, totalizando, dessa
forma, 10 visitas à instituição, onde 12h foram de observação e 8h para ministrar
aula, conforme regulamento da UNINTER.
Na primeira semana, constata-se que a escola possui uma estrutura
física adequada, embora com sérias precariedades, como é o caso de
rachaduras na caixa d’água existentes há mais de 5 anos, inclusive com
cobertura da imprensa local, que pode ser facilmente encontrada via Google. De
cara, a diretora diz que ela deverá ser a responsável pelas assinaturas dos meus
documentos para anexo no UNIVIRTUS, incluindo a ficha de frequência, pois
não há coordenador pedagógico, assim como também não há titulares para as

14
disciplinas de geografia e ensino religioso (esta última não conta sequer com
qualquer estagiário, portanto, o horário fica literalmente vago, dispensando os
alunos para casa).
A estrutura do refeitório e a qualidade da merenda, já destacadas em
seções anteriores, foram verificadas também durante as primeiras visitas,
inclusive tendo o estagiário comido da merenda dos alunos em duas ocasiões
distintas, em 15 e 22 de agosto, na “sala dos professores”.
A apresentação do ambiente escolar e, de modo geral, positiva, embora
algumas coisas chamaram a atenção, como o desuso praticamente completo de
uniforme escolar, pois, segundo o titular de história, a prefeitura não forneceu tal
vestimenta, não havendo possibilidade de cobrar “fardamento completo” para
que os estudantes assistam às aulas.
Entristece-me o seguinte: notória a acomodação e a falta de vontade do
titular de história em dar aulas de qualidade, buscando, na maior parte do tempo,
ficar fora da sala de aula ou mesmo conversando assuntos aleatórios com os
discentes. No primeiro dia em que observei sua atuação, em 8 de agosto, ficou
visível a sua surpresa com a minha presença e também a falta de articulação
prévia para ministrar a aula. Limitou-se a ler um pequeno trecho do livro, durante
alguns minutos, depois disse “podem ficar aí conversando besteira até esperar
tocar o sinal”, muitos minutos antes que o sinal tocasse.
Em alguns momentos, os próprios alunos chegaram a dizer: “o senhor
deveria sair e deixar o estagiário no seu lugar”. Em outra ocasião, um discente
disse: “você não quer fazer nada, fica aí sentado ou então conversando”.
Alguns comportamentos antiéticos do professor foram percebidos e, por
óbvio, devem ser aqui relatados. No primeiro dia com a turma do 9º ano B, ele
parou a aula para questionar, perante toda a classe, se o irmão de um dos jovens
ainda estava preso, ao que este respondeu timidamente: “sim, ele pegou 7 anos
de condenação”. O professor, então, começou a detalhar: “Ele foi meu aluno,
mas não queria nada da vida... Foi preso dirigindo o carro que estavam fazendo
assaltos”. O desconforto do jovem era visível. Em outro momento, na semana
seguinte, na mesma turma, ele questionou em alto e bom som se uma das alunas
ainda namorava um presidiário, ao que ela respondeu que sim, também
timidamente. O professor, constantemente, expõe os alunos a situações

15
notoriamente constrangedoras, inclusive com abraços que julgo serem
inadequados.
Ao fim da primeira experiência de observação das aulas, foi-me dito que
eu “ficasse à vontade” para qualquer coisa, inclusive com relação ao
cumprimento do horário, dando a entender que ele poderia assinar minha ficha
de frequência ainda que eu faltasse algum dia. Porém, a minha ficha foi assinada
pela diretora pedagógica, conforme previamente combinado.
Em todos esses dias, somente o vi utilizar o quadro uma vez, para
escrever um pequeno fragmento que já constava no livro didático. Depois disso,
quando falava algo sobre o conteúdo, era apenas de cabeça ou lendo pouca
coisa. Costuma pedir que os alunos resolvam as questões que o livro apresenta,
enquanto fica fora da sala de aula geralmente conversando com outros
professores. Assim foram todas as aulas que observei do titular da disciplina.
Com relação a minha atuação, havia falado com ele, previamente, para
ficar responsável pelo conteúdo a respeito da Alemanha Nazista, que
corresponde ao sétimo capítulo do livro didático, pois, além de escrever artigos
científicos sobre o assunto, recentemente lancei um livro sobre o Terceiro Reich,
inclusive com um de meus artigos sendo divulgado pelas redes sociais do Museu
do Holocausto. Após a minha argumentação, ele aceitou. Na semana seguinte,
disse que seria melhor dar revisão para a prova, pois a direção havia pedido o
envio da avaliação para impressão.

Figura 5 Aula na turma do 9º ano B em 24 de agosto de 2023.

16
Dessa forma, preparei-me para ministrar o conteúdo a partir dos textos
de referência do material didático.
A revisão do conteúdo foi feita em aulas expositivas, por vezes utilizando
somente o quadro como recurso, dada a carência de meios tecnológicos para os
slides, não sendo possível a todo momento, especialmente no dia 15 de agosto,
quando ocorreu um apagão elétrico em todo o Brasil.

Figura 6: Nota-se a ausência do uso de energia elétrica em sala de aula, limitando o uso de algumas tecnologias.

As turmas dos 9ºs anos são bem comportadas e reduzidas em


quantidade, o que facilita muito o trabalho. As imagens deixam claros alguns
aspectos: o primeiro, a disposição dos discentes em me ouvir. O segundo, a
ausência do uso de energia elétrica em sala. Por fim, nenhum dos presentes
utilizava uniforme escolar, como já relatado anteriormente e constatado através
das imagens.
A última semana, de 28 de agosto a 1º de setembro, não houve grandes
acontecimentos, sendo voltada apenas para a aplicação de provas. As provas
começavam entre 7:30 e 8h, para dar tempo de todos os alunos chegarem. Não
houve qualquer outra atividade nessa semana ou qualquer outra observação
digna de registro.
Evidencia-se, e reflito aqui sobre isso, dois pontos importantes: a falta
de profissionalismo do titular da disciplina e a disponibilidade dos alunos em

17
querer uma aula de qualidade, chegando a cobrá-lo por isso. As imagens
mostram claramente todos prestando atenção na exposição do estagiário, ainda
que sem energia elétrica, sem luz acesa, sem ventilador... O desejo dos alunos
é maior do que a vontade de alguns professores em dar uma aula de qualidade.
Não houve um dia sequer em que o titular chegasse no horário correto, às 7h da
manhã. Finalizo essa experiência tendo como modelo o profissional que NÃO
desejo ser e que penso não agregar em muita coisa para o futuro do Brasil.

3. Considerações finais

A atividade de estágio supervisionado é fundamental para que o


licenciando possa ter vivência prática na área profissional que escolheu, tendo
em a oportunidade de materializar toda a teoria aprendida nos anos de
graduação. Considero essa experiência enriquecedora no sentimento de me
auxiliar a construir melhor um plano de aula, a observar pontos sensíveis da
comunidade escolar como um todo, desde a sua infraestrutura até as carências
sociais do grupo envolvido, além de possibilitar maior proximidade com os
problemas da educação brasileira, a fim de conceber um melhor diagnóstico e
uma visão crítica.
Profissionalmente falando, a conduta do titular da disciplina me faz
pensar sobre o que posso fazer para ser um bom profissional e mudar o futuro
nem que seja de um daqueles alunos através de aulas e de conhecimento
transmitido.
Conclui-se, também, que os problemas que circundam a educação
nacional não dizem respeito apenas a falta de verba pública, mas é, antes de
mais nada, uma problemática estrutural: os dados mostram que os pais não
acompanham a vida escolar de seus filhos de forma adequada. Não existe
cobrança, conversa, comparecimento à reunião de pais e mestres para tomar
ciência do que acontece com os jovens em sala de aula. Apenas 26% dos pais
desta instituição questionam seus filhos sobre o cotidiano escolar, ou seja,
menos de um terço!
Contudo, isso não isenta o poder público na causa dos índices pífios da
escola, como o alarmante 0% de aproveitamento em matemática no SAEB/IDEB

18
de 2019. Percebe-se a ausência da prefeitura e o descaso: caixa d’água sem
reparo há anos, falta professor, falta coordenador... tem tablet, mas não tem
internet para os alunos usarem, enfim. A omissão política dos governantes é
notória. Junta-se isso à falta de comprometimento e de ética de alguns
profissionais, facilmente encontramos parte do diagnóstico que explica esses
índices tão magros.
Todos esses aspectos que somente a vivência prática podem fornecer
acabam por enriquecer a minha formação profissional enquanto licenciando em
história.

REFERÊNCIAS

BOULOS JÚNIOR. Alfredo. História, sociedade e cidadania. 9º ano. Editora


FTD, 2018.

FRITZPATRICK, SHEILA. A Revolução Russa. São Paulo: Todavia, 1ª ed.,


2017.

RIBEIRO JÚNIOR, João. O que é o nazismo? São Paulo: Brasiliense, 2005.

Plataforma qEdu: https://qedu.org.br/municipio/2408102-natal. Acesso em:


25/08/2023, às 12:36.

19

También podría gustarte