Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Estudos Antropológicos
Estudos Antropológicos
DISTÂNCIA
Prática Pedagógica
Interdisciplinar: Estudos
Antropológicos e
Sociológicos
CÍNTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MEDEIROS
1
Prática Pedagógica
Interdisciplinar: Estudos
Antropológicos e
Sociológicos
CÍNTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MEDEIROS
1
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita
do Editor
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
1
Prática Pedagógica
Interdisciplinar: Estudos
Antropológicos e
Sociológicos
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
2
3
LEGENDA DE
Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:
FIQUE ATENTO
São os conceitos, definições ou afirmações importantes
aos quais você precisa ficar atento.
VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.
FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.
GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
4
SUMÁRIO UNIDADE 1
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: PESPECTIVA HISTÓRICA
1.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................8
1.2 Principais áreas da Antropologia e da Sociologia .................................................................................................8
1.3 Antropologia - Principais teóricos clássicos ............................................................................................................10
1.4 Sociologia - Principais teóricos clássicos ....................................................................................................................11
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................14
UNIDADE 2
CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO E SOCIOLÓGICO COMO BASE PARA
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
2.1 Introdução ......................................................................................................................................................................................17
2.2 A organização da sociedade .............................................................................................................................................17
2.3 Organnizações modernas ..................................................................................................................................................18
2.4 Trabalho e vida econômica .............................................................................................................................................20
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................24
UNIDADE 3
A CULTURA NA PESPECTIVA SOCI0OLÓGICA E ANTROPOLÓGICA
3.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................27
3.2 A gênese das noções de cultura ....................................................................................................................................27
3.3 Socialização ..................................................................................................................................................................................28
3.4 Mídia e comunicação de massa ....................................................................................................................................29
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................32
UNIDADE 4
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DAS
RELAÇÕES SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES
4.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................35
4.2 Cultura organizacional X Cultura administrativa .............................................................................................35
4.3 Paradigmas da cultura ........................................................................................................................................................36
4.4Método etnográfico ................................................................................................................................................................38
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................40
UNIDADE 5
O OLHAR SOCIOANTROPOLÓGICO SOBRE OS PROBLEMAS SOCIAIS
5.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................43
5.2 Multiculturalismo e diversidade ...................................................................................................................................43
5.3 Pobreza e exclusão social ..................................................................................................................................................45
5.4 Raça e etnicidade ....................................................................................................................................................................46
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................50
UNIDADE 6
DEBATES CONTEPORÂNEOS
6.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................53
6.2 Neoliberalismo e globalização ........................................................................................................................................53
6.3 Direitos, cidadania e movimentos sociais ...............................................................................................................57
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................61
5
UNIDADE 1
Nesta unidade, serão apresentadas as perspectivas teóricas da Antropologia e da
Sociologia e sua constituição como campo de conhecimento, bem como seus
CONFIRA NO LIVRO
UNIDADE 2
Depois de conhecer as perspectivas teóricas da Antropologia e da Sociologia, você
verá um pouco sobre a organização da sociedade, as organizações modernas e a
relação trabalho e vida econômica.
UNIDADE 3
Nesta unidade serão apresentadas as noções de cultura, o conceito de socialização e
a mídia e comunicação de massa como influenciadores de estilo de vida.
UNIDADE 4
Nesta unidade, serão apresentados as contribuições da Antropologia e da Sociologia
para a compreensão das relações sociais nas organizações. Serão foco de discussão a
cultura organizacional e a pesquisa da cultura na vertente sociológica, antropológica
e em Administração.
UNIDADE 5
Nesta unidade, serão apresentados conceitos que contribuem para a compreensão
dos problemas sociais contemporâneos: multiculturalismo, diversidade, pobreza,
exclusão social, raça e etnicidade.
UNIDADE 6
Nesta unidade serão apresentados três temas que são alvo de debates
contemporâneos: Neoliberalismo e Globalização, Direitos, cidadania e movimentos
sociais.
6
01
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: UNIDADE
PERSPECTIVA HISTÓRICA
7
1.1 INTRODUÇÃO
As ciências sociais constituem uma área de conhecimento relevante para a compre-
ensão da sociedade e das relações humanas. Particularmente, a Antropologia e a Socio-
logia, a despeito de suas diferenças, têm em comum teorias que buscam explicar a vida
cotidiana, portanto, sua aplicabilidade se expande para além do senso comum, potenciali-
zando intervenções das pessoas para melhorar a vida em sociedade. O estudo das pessoas
na sociedade, ou como parte da estrutura da sociedade, pode levar à compreensão de pro-
blemas como a violência, o preconceito, os conflitos sociais, o futebol, entre outros. Além
disso, a Antropologia e a Sociologia oferecem conhecimento que auxilia outros campos de
conhecimento, como a informática, a arquitetura, a administração, entre outros.
O campo de conhecimento formado pela Antropologia e a Sociologia não é recente,
apresentando uma trajetória histórica com a presença de teóricos clássicos, como Augus-
to Comte, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx, Franz Boaz, Margarete Mead, Bronislaw
Malinowski, para mencionar alguns. O estudo das teorias antropológicas e sociológicas
tem o potencial de estimular o questionamento sobre o contexto social e suas problemá-
ticas. No cotidiano da vida em sociedade, as pessoas se deparam com fenômenos natu-
ralizados, sem exercer o estranhamento sobre eles, ou seja, aceitam-se esses fenômenos
como eles se apresentam.
Consumo, produção, música, economia, organizações, entre outros, são fenômenos
sobre os quais exige-se o pensar, exige-se o refletir sobre o posicionamento que se tem a
respeito deles, e, assim, rever a visão de mundo adotada para lidar com os problemas do
cotidiano. As teorias sociológicas e antropológicas constituem-se em conhecimento que
permite às pessoas compreender, interpretar, analisar e resolver problemas sociais pre-
sentes no cotidiano de suas vidas. Dessa maneira, tais teorias permitem desenvolver uma
postura caraterística de um cidadão crítico e uma cidadã crítica, habilitando-os ao pleno
exercício da cidadania.
Nesta unidade, iniciamos apresentando o percurso da trajetória da Antropologia e
da Sociologia para, em seguida, considerando os diversos limites deste material, apresen-
tar os principais teóricos clássicos, de modo a estimular o estudo de outros teóricos que
contribuíram para a constituição do campo.
Aprender a pensar sociologicamente – olhando – em
outras palavras, de forma mais ampla – significa cul-
tivar a imaginação. Estudar sociologia não pode ser
apenas um processo rotineiro de adquirir conheci-
mento. Um sociólogo é alguém que é capaz de se
libertar da imediatidade das circunstâncias pessoais
e apresentar as coisas num contexto mais amplo (GI-
DDENS, 2005, p. 24).
8
tão, a ciência que estuda o homem, sua evolução biológica, cultural e social. Foi no Século
XIX que a Antropologia alcançou o status de disciplina científica, no entanto, suas origens
datam de séculos anteriores, quando das descobertas de outros povos (DAMATTA, 1997)
Tomando a categorização de Laplantine (1991) a Antropologia desenvolveu-se em
quatro campos:
FIQUE ATENTO
Só pode ser considerada como antropológica uma abordagem integrativa que objetice levar
em consideração as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade.
9
garantir seus próprios interesses. Os interesses divergentes indicam potencial para o
surgimento de conflitos e tensões entre grupos dominantes e desfavorecidos dentro da
sociedade.
3. Interacionismo simbólico - A sociedade é produzida pelas interações face a face nos
contextos da vida cotidiana e suas instituições. As interações envolvem símbolos e seus
significados, os quais são compartilhados para dar sentido aos que as pessoas dizem e
fazem.
FIQUE ATENTO
A Sociologia e a Antropologia nos permitem compreender o mundo social a partir de outros
pontos de vista que não o nosso. Essas duas ciências não têm um corpo de ideias que todos
aceitam como válidas e universais, pois elas dizem respeito às nossas vidas e ao nosso com-
portamento, tarefa que exige esforço e reflexão.
10
1.4 SOCIOLOGIA – PRINCIPAIS TEÓRICOS CLÁSSICOS
Os principais teóricos clássicos da Sociologia, conforme apontado por Giddens (2005),
são Augusto Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Abaixo estão descritos os
pontos centrais de suas teorias.
Augusto Comte (1758 – 1857) - Auguste Marie François Xavier Comte, francês, filó-
sofo e matemático, fundou o Positivismo e é considerado o pai da Sociologia. Comte en-
tendia que a sociologia deveria aplicar métodos científicos rigorosos da ciência positiva,
os mesmos usados no estudo do mundo físico, para entender a sociedade, visto que para
ele a sociedade se conforma com leis invariáveis. Uma abordagem positivista da sociologia
pretende produzir conhecimento sobre a sociedade com base em evidências empíricas
obtidas de forma metodológica (observação, comparação e experimentação).
Karl Marx (1818-1883) é uma das figuras mais influentes da história da humanidade.
A maior parte da sua obra concentra-se em temas econômicos, mas sempre conectados
com as instituições sociais. O ponto de vista de Marx estava fundado no que ele chama-
va de concepção materialista da história. O materialismo histórico está centrado na ideia
de que as formas da sociedade aumentam e diminuem à medida que avançam e impe-
dem o desenvolvimento do poder produtivo do homem. O processo histórico, para Marx,
é necessário para uma série de modos de produção caracterizados pela luta de classes. A
análise econômica de Marx sobre o capitalismo baseia-se em sua teoria do valor do traba-
lho e inclui a análise do lucro capitalista como a extração da mais-valia do proletariado. A
análise da história e da economia se reúne na previsão de Marx sobre o inevitável colapso
econômico do capitalismo, que seria, em um futuro, substituído por uma sociedade mais
humana.
FIQUE ATENTO
MAIS-VALIA – conceito empregado por Karl Marx para explicar a diferença entre o valor final
da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho,
que é a base do lucro no sistema capitalista.
Émile Durkheim (1859 – 1917), assim como Comte, entendia que a vida social deve
ser estudada com a objetividade das ciências naturais. A obra de Durkheim abrange um
amplo espectro de tópicos (instituições sociais, solidariedade, anomia, mudança social, en-
tre outros). Para Durkheim, a Sociologia deveria se preocupar com os fatos sociais, que são
maneiras de agir, de pensar e de sentir que obriga os indivíduos a se adaptar às regras da
sociedade onde vivem. Porém, um fato social não é qualquer acontecimento. Um fato so-
cial apresenta três características: Coercitividade (característica relacionada com o poder,
ou a força com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos
que a integram, obrigando esses indivíduos a segui-los); Exterioridade (quando o indivíduo
nasce, a sociedade já está organizada com suas leis, seus padrões, etc.); Generalidade (os
fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo
um grupo, ou sociedade).
Max Weber (1864-1920) tinha amplo conhecimento relacionado à economia, direito,
filosofia, história e sociologia. Os estudos empíricos de Weber apontaram características
11
básicas das sociedades industriais modernas. Weber achava que a sociologia deveria se
concentrar na ação social e não nas estruturas, pois as motivações e ideias humanas eram
as forças que levariam à mudança social, pois os indivíduos têm a habilidade de agir livre-
mente e moldar o futuro. Ao contrário de Durkheim e Marx, Weber não acreditava que as
estruturas sociais existiam independentemente dos indivíduos. As ideias de Weber, apesar
de controversas, representaram uma inovação sobre o modo de pensar a sociedade.
Anthony Giddens oferece uma comparação entre as ideias de Weber e Marx:
VAMOS PENSAR?
Procure compreender as diferenças entre Marx e Weber sobre: o desenvolvimento, o poder, a
mudança social, impacto global do Ocidente no mundo. Com quais dessas ideias você pode-
ria concordar analisando o contexto contemporâneo?
12
em muitas decisões que tomamos no nível da vida cotidiana incidem riscos. O autor não
defende que o mundo contemporâneo tenha maiores riscos que épocas anteriores, mas,
sim, mostra que há uma natureza dos riscos com os quais nos defrontamos (BECK, 1992).
Manuel Castells e a economia em rede - o argumento é que a sociedade da infor-
mação se caracteriza por uma economia em rede proporcionada pelo avanço tecnológico.
A tecnologia da informação, para Castells, é o meio de capacitação local e de renovação co-
munitária , representando uma mudança qualitativa na experiência humana (CASTELLS,
2003)
Cada vez mais, a nova ordem social, a sociedade em
rede, parece uma ordem social para a maior parte
das pessoas. Ou seja, uma sequência automática e
aleatória de eventos, derivada da lógica incontrolável
dos mercados, tecnologia, ordem geográfica ou de-
terminação biológica (CASTELLS, 1999, p. 505).
Anthony Giddens e a reflexividade social – o autor desenvolve o conceito de reflexivi-
dade social para se referir à necessidade de pensarmos e refletir a respeito da nossa vida e
das circunstâncias que lhe são comuns. Esse conceito é uma referência ao fato de que as
práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas conforme as descobertas
sucessivas acerca dessas práticas (GIDDENS, 1991).
O Suicídio: Para Emile Durkheim, o suicídio, antes que o problema psicológico, é um fato
social. A obra publicada em 1877 traz o relato de sua pesquisa sobre os índices de suicídio
na Europa, mostrando como padrões sociais podem ser detectados em ações individuais.
Mesmo recebendo muitas críticas, o estudo de Durkheim sobre o suicídio é um clássico para
a compreensão da sociedade.
13
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A Antropologia e a Sociologia são ciências sociais cujas abordagens são distintas.
a) Antropologia Social
b) Arqueologia
c) Antropologia Biológica
d) Antropologia Pré-histórica
e) Antropologia Humana
14
a) Funcionalismo
b) Interpretativismo
c) Marxismo
d) Simbolismo
e) Nenhuma das alternativas
a) Franz Boas argumenta que não existem diferenças culturais, pois todas as culturas são
essencialmente iguais;
b) Bronislaw Malinowski confrontou a crença de que diferentes grupos étnicos eram mais
avançados que outros;
c) Margarete Mead concentrou-se nos estudos sobre o comportamento e a mudança
cultural
d) Margarete Mead e Bronislaw Malinowski concentraram no estudo de povos não
alfabetizados
e) Todas as respostas acima estão corretas.
a) Augusto Comte argumenta que o conhecimento universal deve ser aplicado no estudo
da sociedade.
b) Karl Marx explica o capitalismo com base em sua teoria do valor do trabalho
c) Para Karl Marx, o capitalismo impede o poder produtivo do homem
d) Durkheim defende que a Sociologia não deveria se preocupar com os fatos sociais
e) Nenhuma das alternativas acima está correta
15
02
CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO UNIDADE
E SOCIOLÓGICO COMO BASE PARA
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
16
2.1 INTRODUÇÃO
Depois de conhecer as ideias centrais da Sociologia e Antropologia, pode-se enten-
der a sua importância como ciências e como elas contribuem para o entendimento da
sociedade, de suas relações e de seus fenômenos, como, por exemplo, as organizações e
instituições que a compõem.
A sociedade se organiza ou se estrutura em grupos e organizações que buscam al-
cançar seus objetivos. Esses grupos têm acesso a diferentes tipos e quantidade de recur-
sos, gerando, então, as desigualdades, pois alguns grupos têm maior acesso aos recursos
disponíveis que, por sua vez, podem ser escassos.
As organizações tornaram-se cada vez mais importante para as pessoas, pois elas
estão presentes em todos os momentos da vida do homem, desde o seu nascimento até
sua morte. O funcionamento das organizações baseia-se no papel que elas assumem no
sistema social.
Muitos aspectos do mundo social estão mudando ao longo do tempo. O trabalho e a
vida econômica também vêm sofrendo grandes transformações, como o fim de algumas
carreiras e o surgimento de novas, e, também, o modo como as corporações se movimen-
tam pelo mundo fazendo alianças para competir em um mercado cada vez mais comple-
xo.
Nesta Unidade 2, serão tratados temas relacionados com o modo como a socieda-
de se organiza e a relação entre trabalho e vida econômica. Você poderá compreender as
estruturas sociais e seu funcionamento, bem como os problemas que decorrem do modo
como a sociedade está organizada.
17
manter a regulamentação e controle), e categorias sociais (compostas por grupos com
caraterísticas semelhantes, como sexo, idade, etc.).
VAMOS PENSAR?
O conceito de estrutura social como a representação das posições de indivíduos e grupos em
dada sociedade pode não retratar os desvios ocultos. Muitas variáveis não são identificáveis
nesse conceito, por exemplo, gênero. Os homens e as mulheres recebem tratamento diferen-
ciado no ambiente de trabalho por causa do seu sexo, o que é identificável na estrutura social,
porém, o tempo ou as horas trabalhadas podem ser mascarados. Portanto, uma análise da
estrutura social deve levar em conta uma multiplicidade de variáveis e sub-variáveis além de
combinar os vários aspectos da vida social, o que consiste em um desafio a ser superado.
Nessa perspectiva, Giddens (2009) argumenta que a ação social pode ocorrer dentro
de uma determinada estrutura social preexistente, que se transforma através das ações
dos atores que, por sua vez, agem de acordo com as regras e normas do sistema social vi-
gente, reproduzindo e transformando as estruturas sociais.
18
também está em contato ou depende de outras organizações. Imagine ainda a decisão de
comprar um bem ou serviço no comércio eletrônico ou na loja física: essa decisão ilustra
como as mudanças afetam os modos de vida em sociedade.
No entanto, as organizações não influenciam nossas vidas de forma totalmente be-
néfica, muitas vezes, as organizações têm a capacidade de submeter as pessoas a regras,
ordens e normas sobre as quais temos pouca influência. As organizações foram objeto de
estudo de vários teóricos, mas foi Max Weber quem desenvolveu a primeira interpretação
sistemática sobre as organizações modernas (GIDDENS, 2005).
Max Weber descreveu o funcionamento das organizações modernas na coordena-
ção das atividades dos seres humanos, ou dos bens que essas produzem, de uma maneira
estável, através do tempo e do espaço. Para Weber, as organizações de larga escala ten-
dem a ser burocráticas por natureza, pois o seu desenvolvimento depende do controle
das informações, do registro dos processos, das regras claras e ainda, o poder de decisões
concentra-se no topo, ou seja, elas tendem a ser hierárquicas. Na análise weberiana, os
conflitos e as conexões entre as organizações modernas e a democracia poderiam trazer
consequências para a vida social.
Para Weber, a ideia de burocracia está ligada ao conceito de autoridade, a qual se
manifesta em três formas, a depender das bases da sociedade ou de sua legitimidade:
Os sistemas burocráticos estão cada vez mais sendo desafiados por outras formas
de organização. As organizações, atualmente, buscam se reestruturar com o objetivo de
tornarem-se menos burocráticas e mais flexíveis, usufruindo das novas tecnologias da in-
formação, pois muitas tarefas podem ser executadas e concluídas eletronicamente.
Um dos debates contemporâneos acerca das organizações é justamente sobre a
transição de sistemas burocráticos para organizações flexíveis. Se para alguns a tendência
de desburocratizar é uma certeza nas organizações, para os críticos, algumas formas são
19
apenas parcialmente e aparentemente flexíveis, como, por exemplo, redes de empresas
formadas para agilizar e minimizar custos de produção. Nesse sentido, os críticos apontam
para uma McDonaldização da sociedade, ou seja, a sociedade será cada vez mais raciona-
lizada (GIDDENS, 2005).
GLOSSÁRIO
• “Emprego” é o termo para se referir a uma relação contratual estabelecida entre duas
partes: o empregador e o empregado.
• “Profissão” é uma vocação que requer conhecimento de alguma área específica ou for-
mação em um curso técnico, superior, ou de pós graduação.
• “Ocupação” é o cargo exercido.
20
• Variedade – o ambiente de trabalho é diferente do ambiente doméstico;
• Estrutura temporal – o trabalho regular é o elemento estruturador do tempo do in-
divíduo;
• Contatos sociais – oportunidade para criação de laços com outras pessoas e para
participação em outras atividades;
• Identidade pessoal – o trabalho oferece uma identidade social ao indivíduo, que é
reconhecido pelo que faz.
21
com o fim de retê-lo no local de trabalho;
6. a posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do emprega-
dor ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho (MINISTÉRIO DA ECO-
NOMIA, 2020, online)
O setor de vestuário é um dos que mais utilizam trabalho escravo em sua cadeia de
operações, um setor em que a imagem é vinculada ao glamour, à beleza e há uma forte
valorização do exótico e do novo. A despeito disso, trata-se de uma indústria cujos basti-
dores escondem mazelas, como assédio, discriminação e a exploração criminosa de tra-
balhadores, com a utilização de trabalho escravo. A mão de obra escrava é utilizada, nesse
setor, em sua cadeia de produção, por parte dos fornecedores terceirizados, diferentemen-
te das marcas e conceitos que são cuidadosamente criados e aperfeiçoados. A indústria
paga valores ínfimos por peça produzida, o que é possível em virtude dos fornecedores
obrigarem os trabalhadores a jornadas extenuantes a fim de produzirem muito recebendo
uma remuneração mínima para sobrevivência (OLIVEIRA, 2016).
22
BUSQUE POR MAIS
Agência e estrutura: Neste link, você tem acesso a um vídeo de sociologia ani-
mada sobre Anthony Giddens e a Teoria da Estruturação. Essa teoria traz signifi-
cativa contribuição para a compreensão da sociedade contemporânea. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3lRrxDj. Acesso em: 20 mar. 2020.
23
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Conflito
b) Marxista
c) Interacionista
d) Funcionalista
e) Nenhuma das anteriores
a) Papel
b) Estilo de Vida
c) Status
d) Estratificação
e) Nenhuma das anteriores
a) Igrejas e o indivíduo
b) Famílias e igrejas
c) Empresas e o indivíduo
d) O indivíduo e a sociedade
e) Nenhuma das respostas está correta.
24
6. Sobre a influência das organizações modernas nas nossas vidas, é correto afirmar que:
25
03
A CULTURA NA PERSPECTIVA UNIDADE
SOCIOLÓGICA E ANTROPOLÓGICA
26
3.1 INTRODUÇÃO
Cultura é um dos principais conceitos estudados em Antropologia e Sociologia. Usu-
almente, o termo cultura é utilizado como referência à arte, à literatura, à música, à pintura,
no entanto, no âmbito da Sociologia e Antropologia, a cultura refere-se aos modos de vida
dos membros de uma sociedade ou de grupos que compõem uma sociedade. O estudo
de cultura é igualmente importante para outras disciplinas, como a Administração, que
tem como objeto de estudo a gestão das organizações.
Os diferentes tipos de sociedade carregam diferenças culturais. Cultura e socieda-
de não significam a mesma coisa, porém, não estão dissociadas uma da outra. Nenhuma
sociedade poderia existir sem uma cultura e nenhuma cultura poderia existir sem uma
sociedade.
Nesta unidade, serão apresentados conceitos e ideias relevantes para a compreen-
são da cultura, e, consequentemente, para o entendimento das organizações, grupos e
sociedades.
Na Sociologia, o termo cultura está associado aos aspectos da vida humana que são
aprendidos ao longo da vida, e não herdados. Tais aspectos são compartilhados por mem-
bros de uma sociedade, favorecendo a cooperação e a comunicação. A cultura de uma
sociedade compreende tantos aspetos intangíveis (valores, crenças e normas), como tan-
27
gíveis (objetos) (GIDDENS, 2005).
Valores de uma sociedade são as definições do que é considerado importante, váli-
do e desejável. Normas são regras de comportamento, o que é permitido ou proibido em
uma dada sociedade. Crenças são as convicções do que seja verdadeiro. Valores, normas e
crenças trabalham em conjunto para determinar a forma como os membros de uma so-
ciedade devem se comportar dentro de seus limites (GIDDENS, 2005). Por exemplo, uma
sociedade que valoriza o conhecimento encoraja os estudantes a se dedicarem aos estu-
dos e apoia os pais para que isso aconteça.
Os valores e normas não variam entre as culturas, mas dentro de uma sociedade ou
grupo, os valores podem ser contraditórios: enquanto alguns membros valorizam confor-
to material e sucesso, outros valorizam uma vida tranquila e a simplicidade. Na socieda-
de contemporânea, é comum nos depararmos com valores culturais em conflito em uma
mesma sociedade. É difícil imaginar, por exemplo, que exista uma única cultura em uma
mesma sociedade.
VAMOS PENSAR?
Cada sociedade tem uma única cultura? O Brasil tem uma cultura?
3.3 SOCIALIZAÇÃO
O processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou organização aprendem
o modo de vida, os valores, as crenças e as normas é chamado de socialização. Nesse pro-
cesso, diferentes gerações estão conectadas, pois o conhecimento produzido sobre aquela
sociedade é transmitido a cada geração, pelas interações sociais e também pelos agentes
de socialização, que são as instituições, como a família, escola, etc.
FIQUE ATENTO
A socialização difere de um processo de doutrinação.
28
gerentes sem levar em consideração suas opiniões pessoais. Na perspectiva funcionalista,
os papeis sociais são fixos e relativamente imutáveis em uma sociedade. Os indivíduos
aprendem as expectativas quanto ao papel social que devem desempenhar e internalizam
os comportamentos que devem adotar.
No entanto, conforme Giddens (2005), os indivíduos não são sujeitos passivos espe-
rando para serem instruídos ou programados. Os indivíduos passam a entender e a assumir
os papeis sociais por meio de um processo progressivo de interação social. Por exemplo, as
empresas em geral estabelecem um treinamento de integração para novos funcionários
para que esses possam aprender sobre a dinâmica da empresa, porém, esse aprendizado
ocorre progressivamente com outras interações.
No decorrer da socialização, o indivíduo desenvolve um sentido de identidade. De
modo geral, a identidade é a compreensão que o indivíduo tem sobre quem ele é e sobre o
que é significativo para ele. As principais fontes de identidade incluem gênero, orientação
sexual, nacionalidade, etnicidade, classe social. A identidade social envolve uma dimensão
coletiva, pois refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, ou seja, são
atributos que posicionam o indivíduo em relação a outros indivíduos que compartilham
os mesmos atributos (exemplos: mãe, professor, engenheiro, et). As identidades sociais po-
dem ser múltiplas, ou seja, um indivíduo pode ser pai, médico e católico, pois a identidade
social reflete as diferentes dimensões da vida do indivíduo. Já a identidade pessoal refere-
-se ao processo negociação constante do indivíduo com o mundo exterior que ajuda a criar
e a moldar seu sentido sobre si mesmo. A identidade pessoal compreende a resposta para
si mesmo sobre quem o indivíduo e qual sua relação com o mundo (GIDDENS, 2005).
GLOSSÁRIO
Valores são ideias abstratas que definem as escolhas do indivíduo ao tomar decisões no dia
a dia. Normas definem o que é permitido e o que é proibido.
29
GLOSSÁRIO
O termo “mídia de massa” refere-se ao tipo de mídia que atinge audiências de massa, ou
seja, grandes volumes de pessoas.
30
Uma diferença relevante entre a internet e as mídias convencionais é a comunica-
ção direta entre os usuários, o que possibilita a organização de movimentos sociais como
ativismo ecológico, movimentos antiglobalização e de valorização de minorias culturais e
sociais (CASTELLS, 2003).
As redes sociais online (RSO) tornaram-se parte integrante da vida social, levando a
questionamentos sobre o que é real ou não quando se trata do mundo virtual.
As mudanças nas interações sociais decorrentes das possibilidades de acesso à in-
ternet são expressivas, dentre elas, destaca-se o crescimento do número de usuários de
redes sociais online, o que potencializa aplicações diversas, como o marketing digital ou
o marketing online como ferramenta para fortalecer uma marca, divulgar produtos e ou
serviços, além de estreitar o relacionamento com consumidores.
Esse crescimento vertiginoso implica na produção de interações e relacionamentos
no chamado ciberespaço cada vez mais ricos e complexos. Sendo as redes sociais online
um espaço de interações sociais sem a necessidade da presença física das pessoas, essas
atraem diversos interessados, como o mundo corporativo que se dirige para as potenciali-
dades relacionadas ao consumo de bens e serviços. O fato é que a utilização generalizada
das redes sociais online amplia seu potencial para aplicações, tanto para trazer benefícios
bem como prejuízos ou danos.
Why humans run the world: No Ted Talk com Yuval Noah Harari, a palestrante
argumenta que o homem domina o mundo porque é o único animal capaz de
cooperar em sistemas de larga escala de forma flexível e por ser capaz de acre-
ditar em histórias criadas pela imaginação. Disponível em: https://bit.ly/3fF7LXS.
Acesso em: 20 mar. 2020.
31
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Sobre o conceito de cultura, é correto afirmar:
3. O conceito de cultura como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem
como membro de uma sociedade” foi formulado por:
a) Malinowski
b) Geertz
c) Tylor
d) Franz Boas
e) Nenhuma das alternativas está correta
a) Normas
b) Regras
c) Leis
d) Valores
e) Nenhuma das respostas está correta
32
6. O processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou organização aprendem
como lidar com os problemas internos e externos é denominado:
a) Cultura
b) Transmissão
c) Socialização
d) Ideologia
e) Nenhuma das respostas
a) Família
b) Escola
c) Empresa
d) Igreja
e) Todas as respostas estão corretas
33
04
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: UNIDADE
CONTRIBUIÇÕES PARA A
COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES
SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES
34
4.1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior apresentamos as noções de cultura e suas origens na Sociolo-
gia e na Antropologia. O estudo da cultura permite a compreensão das diversas facetas da
vida social, portanto, os pesquisadores da Administração, que tem como foco o estudo das
organizações e o indivíduo, também se interessou sobre esse conceito e fez uma transpo-
sição para seu campo de estudo, considerando que as organizações (empresas, ONGs, etc)
são minissociedades.
Essa transposição do conceito de cultura pela Administração não se desenvolveu
sem críticas. Nesta unidade, apresentamos o conceito de cultura organizacional e o con-
ceito de cultura administrativa. Em seguida, apresentamos os três paradigmas da cultura
organizacional e finalizamos com as diferenças metodológicas na pesquisa em cultura nos
campos da Administração e da Antropologia.
FIQUE ATENTO
A cultura organizacional pode ser entendida a partir de duas perspectivas: como uma variá-
vel e como contexto. Essas diferentes visões influenciam na gestão das organizações.
Barbosa (1996) questiona o uso do termo cultura organizacional e traz uma nova
perspectiva em que, no âmbito da administração e dos negócios, o termo adequado seria
cultura administrativa. Para a autora, o conceito de cultura organizacional é utilizado de
forma mecânica no campo da administração, não dando conta das várias temáticas que
a questão cultural traz para as organizações. Ao propor o termo cultura administrativa em
substituição ao termo cultura organizacional, a autora justifica que o conceito não se res-
tringe a um único tipo de instituição moderna, e, além disso, não traz as marcas evidentes
da antropologia, contemplando somente a sociologia na tarefa de gerir recursos humanos
e materiais.
35
Cultura administrativa como o conjunto de lógicas
e valores contextualizados de forma recorrente na
maneira de administrar de diferentes sociedades.
Esses valores não são necessariamente intrínsecos
à tarefa de gerir recursos humanos e materiais. São
as mesmas regras de interpretação da realidade que
instruem a vida social como um todo, apenas hierar-
quizadas e relacionadas, em alguns casos, de manei-
ra distinta ou não, no interior das instituições encar-
regadas de gerir (BARBOSA, 1996, p. 19).
Barbosa (2003) alerta sobre o fato de que, mesmo a visão da cultura sendo apresen-
tada como o resultado das ações e do pensamento da organização, dificilmente envolve
toda a organização. Na maioria das vezes, quando se fala em cultura organizacional, está
se falando dos valores que o segmento gerencial considera ideais para a organização e não
dos valores que existem subjacentes junto aos demais segmentos.
36
considera que o desempenho organizacional viria de uma cultura consensual, pois haveria
então um maior comprometimento dos membros e, consequentemente, maior produtivi-
dade.
As perspectivas da diferenciação e a integração consideram que o consenso existe
apenas entre grupos (diferenciação) e em questões específicas (fragmentação). Como a
integração é metaforizada como um holograma, a diferenciação seria a metáfora das ilhas
de clareza e a fragmentação seria a metáfora da selva, do desconhecido.
A integração retrata a cultura sob três aspectos principais: (a) consistência entre as
manifestações culturais; (b) consenso entre os membros e (c) manutenção do foco sobre
o líder como o criador da cultura. A impressão de consistência emerge nessa perspectiva,
pois a cultura é compreendida apenas pelas manifestações que são comuns, como, por
exemplo, a consistência entre valores e objetivos e os rituais realizados para reforçá-la. O
segundo aspecto, o consenso, é evidenciado quando membros de diversos níveis organi-
zacionais compartilham o mesmo ponto de vista. Quanto às manifestações culturais, elas
refletem os valores pessoais do líder, que acabam sendo compartilhados pelos liderados
(CASAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
A diferenciação considera haver interpretações inconsistentes nas manifestações
culturais, embora haja, também, consenso entre um grupo ou subculturas. Em uma mes-
ma organização, subculturas diferentes emergem em níveis de status, gênero, classe ou
ocupação, podendo coexistirem em harmonia, entrarem em conflito ou, simplesmente,
serem indiferentes umas às outras. A ênfase é que o consenso não é extensivo a toda orga-
nização, visto que ele ocorre dentro das fronteiras de uma subcultura. Nessa perspectiva,
as características da cultura organizacional fundamentam-se em três aspectos: (a) incon-
sistência (os valores, crenças, normas e práticas são inconsistentes entre si); (b) consenso
subcultural (não resulta em consenso organizacional) e (c) limitação da existência de am-
biguidade entre as fronteiras subculturais. O que é único em uma determinada cultura
organizacional, portanto, é o conjunto particular de diferentes subculturas dentro dos limi-
tes de uma organização / diferentes subculturas no interior de uma organização (CASAVE-
CHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
A fragmentação, ao contrário das outras perspectivas, não nega, limita ou exclui a
ambiguidade, mas aceita a sua existência, destacando a falta de clareza quanto ao que seja
consistente ou inconsistente. As manifestações culturais são inconsistentes, ambíguas; o
consenso, quando existe, é transitório e sobre uma questão específica.
A ambiguidade é vista como normal; o consenso e dissenso coexistem em um pa-
drão que flutua constantemente, dependendo dos eventos e das decisões tomadas em
áreas específicas. Ao contrário da unidade e da clareza dos conflitos, a fragmentação dirige
seu foco para o que não está claro, explorando ironias e paradoxos, tensões e conflitos (CA-
SAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
VAMOS PENSAR?
É possível obter o consenso em todas as manifestações culturais em uma organização? Como
seria?
37
As três perspectivas combinadas oferecem à cultura organizacional uma variedade
de insights que cada abordagem única não oferece, pois os pontos obscuros de cada abor-
dagem são superados, ou seja, enquanto a perspectiva de integração ignora os conflitos
e as ambiguidades da cultura, as abordagens de diferenciação e fragmentação tendem a
ignorar o que a maioria dos indivíduos compartilha.
38
abordagem microscópica, o que nos permite interpretar o universo simbólico de uma or-
ganização (MASCARENHAS, 2002).
Barbosa (2003, p. 105) tece críticas quanto à apropriação da etnografia em estudos
sobre o comportamento do consumidor, alegando que “pesquisar consumo e fazer marke-
ting é trabalhar com a cultura material de uma sociedade sob a forma de mercadorias e
serviços, e estudar como ela se insere no interior de um determinado estilo de vida e ideo-
logia”. Para a antropóloga, os esforços das pesquisas em administração devem centrar-se
na busca “pelas concepções que estruturam a vida das pessoas e como elas afetam o con-
sumo de diferentes produtos e serviços” (BARBOSA, 2003, p. 105). O que não é considerado
pelos pesquisadores do comportamento do consumidor.
A crítica é que “pesquisa-se o que se consome e não aquilo que nos leva a consumir
o que consumimos” (BARBOSA, 2003, p. 105)
A aplicação do método etnográfico deve ser feita com muitos cuidados, por exemplo,
o etnógrafo não pode simplesmente estar presente em uma comunidade sem explicar e
justificar sua presença, devendo obter a aceitação do grupo (GIDDENS, 2005), o que seria
muito difícil acontecer em determinadas áreas de uma organização, pelo sigilo requerido
quanto aos processos que desenvolve. A pesquisa etnográfica apresenta dilemas éticos
ao investigador, aos quais os pesquisadores devem ter sensibilidade para tratar de forma
adequada.
Cinema e cultura: Diversos filmes comerciais têm como pano de fundo o am-
biente organizacional e suas culturas. O filme “O Diabo veste Prada” enfatiza
uma parte da organização, ou seja, não generalize essa caracterização para
toda a organização. As diferenças de valores dos funcionários, a cultura da orga-
nização que é caracterizada por uma vertente capitalista. Disponível em: https://
bit.ly/2PqEOqu. Acesso em: 20 mar. 2020.
39
FIXANDO O CONTEÚDO
1. O conceito de cultura organizacional proposto por Schein (1984) considera:
a) O método etnográfico
b) O processo de aprendizagem do grupo
c) A estrutura da sociedade familiar
d) Os aspectos biológicos do homem
e) Nenhuma das respostas acima
2. A antropóloga Livia Barbosa critica o uso do termo cultura organizacional e propõe uma
nova nomenclatura:
a) Cultura de trabalho
b) Cultura administrativa
c) Cultura de negócios
d) Cultura do trabalho
e) Todas as respostas acima
4. Quanto aos paradigmas da cultura organizacional propostos por Martin (1992), é correto
afirmar que:
5. Os três paradigmas para a análise da cultura devem ser estudados de forma complementar,
pois, assim, é possível:
40
c) Melhorar o desempenho organizacional
d) Fazer intervenções na organização
e) Nenhuma das anteriores
41
05
O OLHAR SOCIOANTROPOLÓGICO UNIDADE
SOBRE OS PROBLEMAS SOCIAIS
42
5.1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos abordar questões sociais contemporâneas que permitem
compreender fenômenos presentes em noticiários, mídia e que vemos no nosso cotidiano
e muitas vezes não nos alertamos para a importância de refletirmos sobre as condições
pelas quais eles emergem.
Fala-se muito atualmente em multiculturalismo e diversidade, nos desafios da con-
vivência com as diferenças e com as consequências da intolerância com o outro. Ao co-
nhecer os conceitos principais que envolvem a temática multiculturalismo e diversidade,
podemos ampliar nossa compreensão do outro, do eu e do nós.
A pobreza e a exclusão social são problemas sociais de alta complexidade. Quando as
pessoas estão em situação de pobreza, elas não têm suas necessidades humanas básicas
satisfeitas, o que interfere nas suas relações com diversos sistemas sociais, como o sistema
de consumo (mercado), sistema de saúde, educação, trabalho, e até mesmo interfere nos
laços sociais. Quanto maior for sua situação de privação, mais profunda será o estado de
exclusão social da pessoa.
Atualmente, os noticiários e redes sociais abordam amplamente situações de racis-
mo, preconceito e discriminação que geram violência, desigualdade e exclusão.
Não iremos esgotar as discussões sobre esses tópicos, dada a natureza e o objetivo
do curso, porém, são questões relevantes para estimular o interesse em estudos mais apro-
fundados sobre as temáticas e, assim, refletir e imaginar condições para que esses proble-
mas sejam minimizados ou aniquilados.
43
com a expulsão em massa de outras populações étnicas. A limpeza étnica implica a reloca-
ção forçada de populações étnicas através da violência, ameaças e terrorismo (GIDDENS,
2005).
Diversidade significa variedade, diferença e multiplicidade. Por isso, onde há diver-
sidade existem diferenças, as quais, por sua vez, não são marcas dos indivíduos, mas, sim,
são constituídas socialmente, e se estabelecem como forma de exclusão. Em sentido lato,
a palavra diversidade origina-se do latim diversitate, que significa qualidade daquilo que é
diverso, diferença, dessemelhança, variação, variedade, ausência de acordo ou de entendi-
mento; desacordo, divergência.
Não se deve contrapor igualdade a diferença. De fato, a igualdade não está oposta
à diferença, e sim à desigualdade, e diferença não se opõem à igualdade, e sim à padroni-
zação, à produção em série, à uniformidade, a sempre o “mesmo”, à mesmice (CANDAU,
2005) .
Nkomo e Cox Jr. (1999) sugerem iniciar o estudo do termo reconstruindo o próprio
conceito, uma vez que o termo está incompleto e leva à questão sobre a qual diversidade
se está referindo: raça, gênero, etnia, valores, cultura, idade, religião, sexo e várias outras,
lembrando que as conceituações de diversidade variam desde as mais restritas, relaciona-
das a gênero, raça e etnia, até as mais amplas, ou seja, as que consideram todas as diferen-
ças entre as pessoas. Isso porque, segundo os autores, existe certa confusão sobre o que
constitui o termo diversidade, portanto, é necessário especificar sobre qual diversidade se
está tratando.
Em sentido restrito, o conceito de diversidade considera o indivíduo, destacando as
diferenças de identidades de cada um, e em uma visão mais ampla, o foco passa a ser os
diferentes grupos sociais, os quais apresentam diferenças em vários aspectos: cultura, ida-
de, origem, personalidade, formação educacional, entre outros atributos que vão além de
raça, gênero e etnia (NKOMO; COX JR., 1999)
Na visão de Thomas (1991, p. 334-335) “ [...] diversidade inclui todos, não é algo que seja
definido por raça ou gênero. Estende-se à idade, história pessoal e corporativa, formação
educacional, função e personalidade”. Inclui ainda estilos de vida, preferência sexual, tem-
po de serviço, origem geográfica, status de privilégio ou de não privilégio, administração
ou não administração.
Loden e Rosener (1991) também tratam a diversidade de forma bem abrangente,
porém com destaque para duas dimensões distintas: a primária e a secundária. As dimen-
sões primárias (diferenças humanas inatas, imutáveis) se referem a aspectos, tais como:
idade, etnia, gênero, habilidades e qualidades físicas, raça e orientação sexual. As dimen-
sões secundárias são as diferenças que adquirimos ao longo da vida e, portanto podem
ser modificadas e, até mesmo descartadas, como, por exemplo, a localização geográfica;
renda; experiência familiar; status dos pais; crenças religiosas; estado civil; experiência no
trabalho; e background educacional.
A concepção de Triandis (1996) considera a diversidade como algo construído pela
sociedade, afirmando ainda que, dependendo da cultura, algumas características podem
ter significados diferentes, ou seja, o que é visto como diverso em uma cultura pode não
ser em outras culturas cujas relações de poder são distintas.
Jackson e Ruderman (1996) classificam a diversidade em três domínios: a) diversi-
dade demográfica: gênero, etnia, idade; b) diversidade psicológica: valores, crenças e co-
nhecimento; e c) diversidade organizacional: tempo de casa, ocupação e nível hierárquico.
Considerando a visão desses autores, pode-se dizer que existe certa semelhança e proximi-
44
dade com as dimensões de diversidade propostas por Loden e Rosener (1991).
Loden e Rosener (1991) identificam cinco grupos de atributos: “1) Atributos demográ-
ficos (idade, raça, etnia, gênero, orientação sexual, algumas características físicas, religião e
educação); 2) Conhecimentos, habilidades e capacidades relativos à tarefa; 3) Valores, cren-
ças e atitudes; 4) Personalidade e estilos cognitivos e comportamentais; 5) Status no grupo
de trabalho da organização (nível hierárquico, especialidade ocupacional, departamento
funcional e tempo de casa)” (MCGRATH; BERDAHL; ARROW, 1995 , p. 23)
O conceito de diversidade está relacionado com identidades. Nkomo e Cox Jr. (1999,
p. 333) definem “diversidade como um misto de pessoas com identidades grupais diferen-
tes dentro do mesmo sistema social”, no qual coexistem grupos de maioria e de minoria,
sendo os grupos de maioria aqueles em que os membros historicamente obtiveram van-
tagens em termos de recursos econômicos e de poder em relação aos de minoria. Esse
conceito, segundo os autores, baseia-se na teoria da identidade social, a qual aponta que
as pessoas classificam a si mesmas e aos outros em grupos sociais, o que repercute nas
relações pessoais. Hall (1991) enfatiza a multidimensionalidade da diversidade, afirmando
que os indivíduos possuem várias identidades e, dificilmente, os membros de um grupo
são distintos em uma única dimensão. nesse sistema
Nkomo e Cox Jr. (1999, p. 335) citam que as definições mais restritas interpretam a
“diversidade apenas no sentido de gênero, etnia e raça, referindo-se às pessoas pertencen-
tes apenas a um gênero específico ou grupo minoritário de raça-etnia (mulheres brancas
e minorias raciais)”. Ainda do ponto de vista desses autores, a diversidade é descrita como
força de trabalho total, devendo ser diferenciada dos conceitos de ação afirmativa, pes-
quisa de gênero, raça-etnia, não devendo ser entendida como apenas um nome para os
membros de grupos de minoria.
A diversidade é um conceito multidimensional que inclui todos os indivíduos den-
tro de um sistema, levando em consideração suas diferenças e semelhanças, ou seja, um
aglomerado de pessoas com suas singularidades, relacionando-se com outros grupos de
pessoas também com suas particularidades, em que coexistem diferentes crenças, valo-
res, experiências, conhecimentos, habilidades, atitudes, personalidade, cultura, formação
educacional, nacionalidade, idade, preferência sexual, raça, etnia, gênero, deficiência, loca-
lização geográfica, nível hierárquico, ocupação, tempo de serviço, função, renda, religião,
origem demográfica, estado civil, modos de ser, pensar e agir diversos.
FIQUE ATENTO
Multiculturalismo não significa o mesmo que diversidade, embora sejam conceitos relacio-
nados. Procure entender as diferenças entre os termos.
45
quer pessoa que se enquadre no padrão universal de pobreza, independentemente do
lugar que vive, será considerado incluído na situação de pobreza (GIDDENS, 2005).
A segunda abordagem, o conceito de pobreza relativa, relaciona a pobreza ao pa-
drão de vida de uma sociedade específica, ou seja, a pobreza é definida culturalmente, não
seguindo um padrão universal. Assim, esse conceito considera que as necessidades huma-
nas são diferentes conforme as sociedades, ou seja, coisas essenciais em uma sociedade
podem ser indiferentes para outras (GIDDENS, 2005).
Medir a pobreza é uma tarefa complexa. A maioria dos governos coloca medições
oficiais da pobreza, normalmente, são utilizados critérios objetivos, como a renda. No en-
tanto, medir a pobreza exclusivamente pela renda pode subestimar a real dimensão das
privações de famílias de baixa renda. Pete Townsend empreendeu estudos no Reino Unido,
na década de 1980, sobre as medidas de pobreza incluindo informações sobre estilos de
vida, condições de vida, hábitos de alimentação, atividades sociais, etc. Essas informações
revelaram discrepâncias significativas entre os números oficiais de pobreza e a quantidade
de pessoas que viviam na pobreza severa (GIDDENS, 2005).
Uma das abordagens explicativas da pobreza é aquela que enfatiza os processos
sociais mais amplos como geradores das condições de pobreza. As forças estruturais da
sociedade (classe, gênero, etnicidade, posição ocupacional, educação formal, etc) influen-
ciam na distribuição de recursos. Nesse ponto de vista, a pobreza é uma consequência das
situações restritivas do indivíduo, e não sua causa. A situação de pobreza deixa a pessoa
em desvantagem, podendo levar ao processo de exclusão social.
A exclusão social pode assumir diferentes formas: em termos econômicos, políticos
e sociais. A exclusão econômica se refere à economia, no que diz respeito à produção e ao
consumo. Em comunidades que apresentam alta concentração de privação material, as
taxas de desemprego são mais altas e as oportunidades ocupacionais são limitadas. Além
disso, a exclusão econômica se dá também pela privação em termos de padrões de con-
sumo. A exclusão política se refere à falta de recursos e oportunidades para a participação
política dos indivíduos. E, por fim, a exclusão social pode ser sentida na vida social e comu-
nitária. Indivíduos privados de instalações comunitárias adequadas também encontram
limitações para a participação cívica e social (GIDDENS, 2005).
46
políticas dos diferentes movimentos sociais. É preciso lembrar que a categorização é um
processo que hierarquiza raças, atribuindo o status de superioridade ou inferioridade para
cada categoria.
Quanto à etnicidade, Hall (1999, p. 67) traz um conceito de etnia, definindo-a “pelas
características culturais – língua, religião, costumes, tradição, sentimento de ‘lugar’- que
são partilhadas por um povo”. Esse conceito implica que a identidade étnica se reconfigura
ao longo do processo histórico, não sendo a etnia algo dado e definitivo. O autor entende
ainda que o conceito é de natureza situacional, ou seja, o termo etnia e a etnicidade refe-
re-se aos grupos diferenciados do ponto de vista de raça, religião, nacionalidade, origem,
língua, folclore ou qualquer outra característica (KREUTZ, 1999)
Etnicidade refere-se às práticas e às visões culturais de determinada comunidade de
pessoas que as distinguem de outras. As diferenças étnicas são aprendidas, sendo um fe-
nômeno social, ou seja, é produzido e reproduzido ao longo do tempo e, com o processo de
socialização, estilos de vida, normas e crenças são assimilados pelos membros (GIDDENS,
2005).
FIQUE ATENTO
Grupos minoritários: A noção de grupos minoritários na sociologia é mais do que uma distin-
ção numérica, pois os membros de um grupo minoritário são aqueles que estão em desvan-
tagem se comparados com a população majoritária e possuem um sendo de solidariedade
de grupo.
Na discussão sobre raça, etnicidade e migração, alguns conceitos são relevantes: ra-
cismo, preconceito e discriminação.
O Racismo é uma organização da sociedade que produz desigualdade, não sendo
um fenômeno individual, mas, sim, estrutural. Para compreender o racismo, precisamos
lançar nosso olhar para a sociedade com a compreensão de que raça é um conceito social-
mente construído no imaginário social, e não uma diferença biológica (CAMPOS, 1999)
Preconceito diz respeito a ideias preconcebidas anteriormente ao conhecimento da
realidade que, frequentemente, estão embasadas em estereótipos, em características fi-
xas e inflexíveis de um grupo de pessoas. Os estereótipos são internalizados nas interpreta-
ções cultuais e, mesmo quando se trata de desvios grosseiros da realidade, são difíceis de
serem quebrados.
A discriminação compreende a ação em relação a outras pessoas com base nas ideias
preconcebidas, isto é, refere-se ao comportamento concreto em relação a um grupo ou in-
divíduo. O preconceito pode ser o gerador da discriminação e da desigualdade que exclui
a pessoa de determinadas posições de trabalho nas empresas, de determinados círculos
sociais, entre outras formas de exclusão. Porém, preconceito e discriminação podem existir
separadamente, ou seja, as pessoas podem ter atitudes preconceituosas involuntárias e a
discriminação não deriva necessariamente do preconceito (GIDDENS, 2005).
O racismo é o preconceito baseado em distinções físicas socialmente significativas.
A ideia de racismo institucional sugere que o racismo está incrustado nas estruturas da so-
ciedade de modo sistemática. Nessa perspectiva, as instituições políticas, sociais, de saúde
e educacional promovem políticas favoráveis a determinados grupos sociais, discriminan-
do outros.
47
VAMOS PENSAR?
O que faz o racismo prosperar? O que é o racismo moderno?
Kreutz (1999, p. 14) sugere uma abordagem tridimensional (ideologias, práticas e es-
truturas) para estudar o racismo, pois essa permite entender: “1) o formato contemporâ-
neo que o racismo vem assumindo; 2) alguns dos problemas relacionados com sua defini-
ção conceitual; 3) o estatuto ontológico da noção de raça; 4) parte dos dilemas enfrentados
pela luta antirracista”. A dimensão ideológica considera as referências mandatórias ainda
existentes e a persistência do racismo não pode ser distanciada do modo como ele se re-
produz nas estruturas sociais e reforçam as práticas discriminatórias em virtude dos pre-
conceitos.
Outro termo envolvido na discussão desta unidade é estigma. Goffman define estig-
ma como uma característica ou atributo do indivíduo que “o torna diferente de outros que
se encontram numa categoria em que pudesse ser – incluído, sendo, até de uma espécie
menos desejável – num caso extremo, uma pessoa completamente má, perigosa ou fraca”
(GOFFMAN, 1975, p. 12).
Goffman ressalta que tal característica é um estigma quando, principalmente, tem
um efeito de descrédito “e constitui uma discrepância específica entre a identidade social
virtual e a identidade social real”.
De modo mais específico, Goffman (1975, p. 12) explica o conceito de estigma sob a
visão de um processo socialmente construído, pelo que “a sociedade estabelece os meios
de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para
os membros de cada uma dessas categorias”. Isso porque, como o autor observa, somente
são tidos como atributos indesejáveis aqueles que não estão de acordo com os estereóti-
pos criados para determinado tipo de pessoa.
Para Goffman (1975, p. 5), as preconcepções das pessoas normais, como se refere
àqueles que estigmatizam, “transformam-se em expectativas normativas, em exigências
apresentadas de modo rigoroso”; porém, no cotidiano, tais preconcepções são ignoradas
até que surja uma evidência de que o estranho tem um atributo que o torna uma pes-
soa “estragada e diminuída”. O conceito de estigma é aplicado a todos os casos em que
um atributo observável deprecia o sujeito em seu contexto social, uma vez que os demais
membros da sociedade o identificam como menos desejável, diferente, mau, perigoso, in-
ferior ou fraco.
Com base nessa definição, é possível conclui, a respeito do indivíduo:
Assim, deixamos de considerá-lo criatura comum e
total, reduzindo-o a uma pessoa estragada e diminu-
ída. Tal característica é um estigma, especialmente
quando o seu efeito de descrédito é muito grande –
algumas vezes ele também é considerado um defei-
to, uma fraqueza, uma desvantagem [...],(GOFFMAN,
1975, p. 6).
48
O estigma é, portanto, um traço profundamente depreciativo que, por não corres-
ponder aos padrões estabelecidos pela sociedade, desvaloriza, rejeita e diminui o indivíduo
automaticamente identificado por uma marca. A pessoa estigmatizada “pode-se impor
a atenção e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para
outros atributos seus” (GOFFMAN, 1975, p. 7).
Melo (2000, p. 20) observa que o estigma é uma marca que a sociedade imputa ao
estigmatizado, limitando e delimitando a sua capacidade de ação, e “quanto mais visível
for a marca, menos possibilidade tem o sujeito de tentar romper ou ocultá-la nas suas
inter-relações, pois, já identificada, dificilmente poderá reverter a imagem formada ante-
riormente pelo padrão social”. O estigmatizado, por não conseguir relativizar essas dife-
renças, aceita a rejeição imposta pela sociedade e, ao negligenciar suas qualidades e seus
atributos pessoais, reforça a representação social de “incapaz” e “prejudicial” às relações de
convivência social. Nesse sentido, para os sujeitos denominados como portadores de um
estigma, como afirma, “a sociedade reduz suas oportunidades, esforços e movimentos,
não lhes atribui valor, impõe-lhes a perda da identidade social de seres individualizados e
determina uma imagem deteriorada dentro do modelo que convém à sociedade” (MELO,
2000, p. 19)
GLOSSÁRIO
Apartheid – sistema de segregação racial forçada na África do Sul que classificava os sul-a-
fricanos em 4 categorias: branco, de cor, asiáticos e negros. A segregação era imposta a todos
os níveis.
How racista are you? Jane Elliot’s Blue Eyes/ Brown Eyes: Assista ao documen-
tário da socióloga americana Jane Elliot sobre racismo e discriminação social. De-
pois de assistir o documentário, reflita sobre as situações parecidas com as quais
você se deparou ao longo da sua vida. Disponível em: https://bit.ly/3rusTWJ. Acesso
em: 10 mar. 2021.
Crash – no limite: Neste filme, várias histórias ambientadas em Los Angeles con-
duzem o desenvolvimento de um enredo dramático. Assista ao filme e reflita sobre
os conceitos de diversidade, racismo, preconceitos, fundamentalismo, violência ur-
bana, entre outros. Disponível em: https://bit.ly/3ssmv2E. Acesso em: 10 mar. 2021.
49
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Multiculturalismo é um termo bastante comum na contemporaneidade. Sobre o seu
significado, é correto afirmar que:
a) Multiculturalismo
b) Etnocentrismo
c) Relativismo cultural
d) Limpeza étnica
e) Nenhuma das alternativas acima
a) Diversidade étnica
b) Limpeza étnica
c) Assimilação cultural
d) Relativismo cultural
e) Nenhuma das respostas
50
c) Em comunidades que apresentam alta concentração de privação material não ocorre a
exclusão econômica
d) A pobreza é uma atribuição social
e) Nenhuma das respostas
a) Raça
b) Etnia
c) socialização
d) Diversidade
e) todas as alternativas estão corretas
a) estigma
b) estereótipo
c) racismo
d) etnia
e) Nenhuma das alternativas
51
06
DEBATES CONTEMPORÂNEOS UNIDADE
52
6.1 INTRODUÇÃO
Na última unidade, serão abordados temas relevantes que fazem parte do debate
contemporâneo de questões sociais, como a globalização e suas consequências, e os di-
reitos humanos, cidadania e movimentos sociais. O debate contemporâneo sobre tais te-
máticas é permeado de controvérsias, no entanto, todas essas questões têm em comum o
desafio das incertezas do futuro.
A primeira temática é sobre o Neoliberalismo e a Globalização, dois termos que mar-
cam a contemporaneidade. O Neoliberalismo é uma corrente fundada sobre o liberalismo
e baseia-se nas políticas econômicas capitalistas e no afastamento do Estado da economia
ou o Estado mínimo. A globalização é o sustentáculo do capitalismo e, como tal, é o pro-
cesso ideal para que políticas neoliberais floresçam e, “assim, o mercado irrompe livre de
quaisquer barreiras nacionais, submetendo a sociedade global à suas leis” (IANNI, 1998, p.
29).
A segunda temática é um tema que reúne direito, cidadania e movimentos sociais,
em uma tentativa de mostrar como esses conceitos estão interligados. Cidadania significa
ter garantia quanto a todos os direitos civis, políticos e sociais, de modo a viver plenamen-
te. A história da conquista dos direitos humanos é de luta, recuo e perdas, porém, temos
hoje a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento de extrema relevância
social e humana e que deve ser de conhecimento de todo cidadão.
53
vios, como o caso da formação de cartéis.
Em termos históricos, o neoliberalismo ganhou maior expressão depois da Segun-
da Guerra Mundial, na Europa e na América do Norte, constituindo uma reação contra o
Estado intervencionista e de bem-estar social. No Brasil, as ideias neoliberais chegaram na
década de 1990, com o governo de Fernando Collor, que lançou o plano econômico com o
objetivo controlar a inflação, tendo início das privatizações, quando várias empresas esta-
tais foram negociadas.
GLOSSÁRIO
Consenso de Washington foi um encontro ocorrido em Nova Iorque, programado por econo-
mistas de instituições financeiras como Fundo Monetário Internacional, FMI e o Banco Mun-
dial, no qual buscava avaliar as reformas econômicas na América Latina
Figura 2: Neoliberalismo
Fonte: EMIR SADER (2016)
54
No entanto, a globalização é criada pela atuação de fatores que, em conjunto, con-
tribuem para que ela aconteça. Giddens (2005) cita alguns fatores que impeliram a glo-
balização. O primeiro é a explosão das comunicações globais, o que foi propiciado pelos
avanços das tecnologias de informação e comunicação. Os recursos que surgiram nesse
campo, incluindo a internet, possibilitaram a integração de indivíduos de diferentes partes
do mundo, e cada vez mais as pessoas estão se conectando por meio das tecnologias e
sistemas de comunicação cada vez mais sofisticados. Veja-se como exemplo os telefones
pessoais móveis, o celular, e a variedade de funções que ele tem na vida do indivíduo.
O segundo fator é a integração da economia global, hoje dominada pela atividade
virtual e intangível, cujos produtos têm sua base na informação, como o caso de softwares,
mídias, redes sociais e serviços baseados na internet. No contexto da economia do conhe-
cimento, há um grande contingente de consumidores tecnologicamente aptos e ávidos
por produtos que possam integrar seu cotidiano, seja no âmbito do trabalho, entreteni-
mento e da vida pessoal. A economia global opera através de redes que cruzam fronteiras
e exige dos negócios estruturas ágeis, flexíveis e com pouca hierarquia para se manterem
competitivas. As práticas de produção e os modelos organizacionais também se modifica-
ram, incluindo acordos, parcerias e alianças e a participação em redes globais de distribui-
ção (CASTELLS, 1999).
Desde que a globalização foi impulsionada, ainda no século XX, podem se observar
inúmeras forças influentes, que Giddens (2005) aponta como as mudanças políticas (que-
da do comunismo, crescimento dos mecanismos regionais e internacionais de governo,
como as Nações Unidas e a União Europeia), e o surgimento de organizações não governa-
mentais (ONGs), que são organizações independentes que trabalham ao lado dos organis-
mos de governo nas tomadas de decisões políticas.
A tecnologia da informação, além de expandir a possiblidade de contato entre as
pessoas de diferentes partes do mundo, facilitou também o fluxo de informações sobre
as pessoas, sobre acontecimentos marcantes no mundo, deixando os indivíduos cada vez
mais conscientes de sua interconectividade em um mundo em constantes transforma-
ções. Giddens (2005) aponta para duas dimensões importantes sobre a mudança para
uma perspectiva global: (1) o senso de comunidade global – os indivíduos se percebem
como parte de uma comunidade global, pensando nos problemas comuns, seja eles rela-
cionados a injustiças sociais ou desastres naturais; e (2) senso de identidade – as mudanças
políticas em nível regional e global enfraqueceram a ligação das pessoas com os estados
em que vivem.
As corporações transnacionais é um dos fatores econômicos que levaram ao fenô-
meno da globalização. Essas companhias, orientadas para os mercados globais e lucros
globais, produzem bens ou serviços comerciais em mais de um país, transpondo as fron-
teiras nacionais. Cada vez mais as corporações obtêm maiores recursos para atender seus
interesses, e, nesse sentido, elas utilizam-se de diversos mecanismos, como fusões, joint-
-ventures, alianças organizacionais, de modo a aumentar sua competitividade, reduzir cus-
tos e aumentar lucros.
Giddens (2005) classifica as tendências sobre o conceito de globalização em três
grupos de pensadores: céticos, hiperglobalizadores e transformacionistas. Para os céticos,
a economia mundial não está integrada a ponto de dizer que existe uma economia globa-
lizada; o que existe são blocos comerciais; os governos e mercados são as forças dirigentes
da globalização e o argumento final é de que a internacionalização depende da aprovação
e do suporte do governo.
55
Diferentemente dos céticos, os hiperglobalizadores sustentam que a globalização é
um fenômeno real e suas consequências podem ser sentidas em quase todos os lugares.
Para essa tendência, as forças dirigentes da globalização são o capitalismo e a tecnologia,
e o argumento resumido é o fim do Estado-Nação.
E os transformacionistas se posicionam no meio, vendo a globalização como uma
força fundamental agindo por trás do amplo espectro de mudanças que estão hoje mol-
dando as sociedades modernas; as forças combinadas na modernidade dirigem a globali-
zação e o argumento resumido é que a globalização está transformando o governamental
e as políticas mundiais.
As consequências da globalização afetam todos os aspectos do mundo social. Nesse
contexto, é importante conhecer o conceito de risco produzido. Segundo Giddens (2005),
as sociedades humanas sempre foram ameaçadas por riscos externos, porém, hoje, as so-
ciedades confrontam-se com riscos produzidos, isto é, riscos criados pelo impacto do nos-
so próprio conhecimento e da tecnologia sobre o mundo natural. São exemplos os riscos
ambientais, riscos ecológicos, riscos à saúde.
VAMOS PENSAR?
A globalização está progredindo cada vez mais rapidamente, porém, tem sido marcada por
uma profunda disparidade entre os países mais ricos e mais pobres. Muitos dos países que
mais necessitam dos benefícios econômicos da globalização estão em perigo de serem mar-
ginalizados.
Giddens (2005) aponta para a necessidade de uma governança global, pois no con-
texto da globalização, as estruturas e governos estão despreparados para gerenciar um
mundo cheios de riscos, desigualdades e desafios que extrapolam as fronteiras nacionais.
Segundo o autor, governos individuais não conseguem solução para problemas que se
tornaram mundiais. A exemplo disso estão as epidemias, como o caso do coronavírus, em
2020. Acontecimentos como esses desfiam governos e exigem repostas de abrangência
internacional.
Santos (2000), geógrafo brasileiro, apresenta três abordagens conceituais sobre a
globalização, em seu livro “Por uma outra globalização”: globalização como uma fábula
(enfatiza as contradições existentes no processo de globalização, o que não permite afir-
mar que a globalização exista, de fato); globalização como perversidade (enfatiza a violên-
cia do dinheiro e da informação na busca da mais-valia universal, o aprofundamento da
desigualdade); globalização como outra possibilidade (como poderia ser uma globalização
a serviço da cidadania, o que é necessário e possível).
FIQUE ATENTO
Há necessidade de novas formas de governo global que possam enfrentar os problemas glo-
bais de uma forma global.
56
6.3 DIREITOS, CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
Figura 3: Cidadania
Fonte: Elaborado pelo autor(2020)
57
direitos civis. De modo sintético, os direitos civis são garantidores da vida em sociedade,
ao passo que os direitos políticos garantem a participação do indivíduo no governo na
sociedade. No entanto, a garantia, de fato, dos direitos à educação, saúde, aposentadoria,
trabalho e remuneração justa depende da existência de uma eficiente máquina adminis-
trativa, pois, do contrário, apesar de ter os direitos sociais, pode não se alcançar os objetivos
de bem-estar. Na análise de Marshall (1967), destacam-se as instituições que garantiriam
o acesso à cidadania: as instituições civis (tribunais); as instituições políticas (partidos polí-
ticos, parlamento); e as instituições sociais.
Considerando que há um hiato quanto à existência e garantia dos direitos do cida-
dão, pode-se pensar que a cidadania pode ser formal, ou seja, aquela que está prevista nas
leis e nas cartas magnas, e pode ser real, ou seja, aquela que vivemos no dia a dia e que
mostra não haver igualdade fundamental. A cidadania formal é importante, pois as leis são
necessárias para determinar os direitos do cidadão. Porém, igualmente importante é seria
que a cidadania fosse vivida em sua totalidade no nosso dia a dia, igualmente por todos os
cidadãos.
Os direitos universais do cidadão foram conquistados com muita luta. Desde o sé-
culo XVIII, movimentos em defesa dos direitos humanos se ergueram para a aplicação
dos direitos dos cidadãos. O conceito de movimentos sociais, até o século XX, referia-se às
ações de trabalhadores em sindicatos, mas, ao longo do tempo, pesquisadores desenvol-
veram teorias buscando explicar os novos movimentos sociais, que surgiram para reivin-
dicar mudanças sociais que melhorassem a vida de grupos e indivíduos. Os movimentos
sociais são ações coletivas com o fim de transformação social, com objetivos e valores em
comum, e uma organização que possibilite alcançar os objetivos; são protagonistas de pro-
cessos coletivos de protesto contra situações estabelecidas que afetam os interesses de
determinado grupo (JESUS; PANDOLFI, 2016).
Os movimentos sociais caracterizam-se pela proposição de inovações e de traçar
novos rumos da mudança social., portanto, esses movimentos ampliam e consolidam a
esfera pública, portanto, a ausência desses movimentos é um obstáculo à democracia.
Foi a partir da década de 1960 que a temática dos movimentos sociais ganhou es-
paço na teorização e na prática, quando a sociedade passou considerar os movimentos
sociais como fenômenos históricos concretos. Em termos teóricos, Gohn afirma que os
movimentos sociais constituem em “uma área clássica de estudo da sociologia e da polí-
tica, tendo lugar de destaque nas ciências sociais” (GOHN, 1997, p. 329). No entanto, a difi-
culdade de teorizar sobre os movimentos sociais é justificada pela não existência de um
único conceito do que seja seu significado, mas, sim, são diversos conceitos que variam de
acordo com o tempo e com o espaço, histórico e cultural, existentes em cada sociedade,
pois os movimentos “transitam, fluem e acontecem em espaços não-consolidados das
estruturas e organizações sociais.” (GOHN, 1997, p. 12)
O fato é que, historicamente, a mobilização da sociedade civil foi a responsável pela
conquista de direitos civis e políticos. Para Miranda (2009, p. 230):
58
Essa ruptura com o autoritarismo tem vários desafios, os quais destacam-se:
• a superação da perspectiva de que direitos sejam
apenas garantias inscritas na lei e nas instituições;
• a reestruturação do Estado brasileiro, com a
transformação de sua tradição de patrimonialis-
mo e clientelismo;
• a revisão do papel do cidadão, que cada vez mais
se torna um mero consumidor, afastado de preo-
cupações políticas e dos problemas coletivos;
• a inadequação dos órgãos encarregados da se-
gurança pública e da justiça para o cumprimento
de sua função;
• o fim da divisão em classes no que se refere a ga-
rantia dos direitos civis: os de primeira classe (dou-
tores); os de segunda classe (os cidadãos simples)
– que estão sujeitos aos rigores e aos benefícios
da lei; e os de terceira classe (os “elementos”), ou
ignoram seus direitos ou os têm sistematicamen-
te desrespeitados por outros cidadãos, pelos go-
vernos e pela polícia (MIRANDA, 2009, p. 230).
Miranda (2009) lista que a organização dos movimentos sociais no Brasil, no início
do século XXI, estão ligados aos seguintes eixos:
59
BUSQUE POR MAIS
Declaração Universal dos Direitos Humanos: No link abaixo, você poderá acessar
o website das Nações Unidas Brasil e ler um dos documentos mais traduzidos do
mundo e que inspirou a elaboração e constituições de muitos estados e democra-
cias. Disponível em: https://uni.cf/3rzzi2U. Acesso em: 10 mar. 2021.
60
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Sobre o Neoliberalismo, marque a alternativa correta:
2. Marque a alternativa correta que descreve um dos fatores que NÃO impulsionaram a
globalização:
4. Milton Santos apresenta três metáforas para explicar a globalização. Marque a alternativa
que descreve corretamente as metáforas:
61
b) Os hiperglobalizadores sustentam que a globalização não existe
c) Os transformacionistas argumentam que a globalização não é capaz de atingir governos
poderosos da economia mundial
d) Todas as tendências de pensadores consideram que a sociedade é globalizada
e) Todas as alternativas estão corretas
8. Os movimentos sociais não são recentes na sociedade contemporânea e cada vez mais
têm ganhado importância. Sobre os movimentos sociais, é correto afirmar que:
62
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 C
UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 B
UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 A
63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, L. Marketing etnográfico: colocando a etnografia no seu devido lugar. Revista
de Administração de Empresas, [S. l.], v. 43, n. 3, p. 100-105, 2003.
BECK, U. Risk Society: Towards a New Modernity. [S. l.]: Sage Publications Ltd, 1992. 272 p.
CRAIG, G. et al. Contemporary slavery in the UK, Overview and key issues. New York: Joseph
Rowntree Foundation, 2007.
ELWERT, G. B. International Encyclopedia of the Social and Behavioral Sciences. [S. l.]: [s. n.],
2015.
64
GIDDENS, A. A constituição da sociedade. São Paulo : Martins Fontes, 2009.
HALL, S.. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 3. ed. Rio de Janeiro : DP&A, 1999
.
HASHIZUME, M. Tragédia em Bangladesh simboliza depotismo do lucro. Reporter Brasil,
2013. Disponível em: https://bit.ly/30iLDMx. Acesso em: 10 fev. 2020.
IANNI, O. Globalização e Neoliberalismo. São Paulo em Perspectiva, [S. l.], v. 12, n. 2, 1998.
Disponível em: https://bit.ly/3hkqWGN. Acesso em: 08 fev. 2020.
KREUTZ, L. Identidade étnica e processo escolar. Cadernos de Pesquisa, [S. l.], v. 107, 1999.
MARTIN, J. Cultures in organizations: three perspectives. New York : Oxford University Press,
1992.
MARTIN, J.; FROST, P. The organizational culture war games: a struggle for intellectual
dominance. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. W. Handbook of organizational studies.
London: Sage, 1996. p. 599-621.
65
MCGRATH, J. E.; BERDAHL, J. L.; ARROW, H. Traits, expectations, culture and clout: The
dynamics of diversity in work groups. In: JACKSON, S. E.; RUDERMAN., M. N. Diversity in work
teams: Research paradigms for changing workplace. Washington: American Psychological
Association, 1995. p. 17-45.
MELO, Z. M. D. Estigmas: espaço para exclusão social. Revista SyposiuM, Pernambuco, p. 18-
22, Dezembro 2000. Disponível em: https://bit.ly/2PuW3a8. Acesso em: 21 mar. 2021.
NKOMO, S. M.; COX JR., T. Diversidade e identidade nas organizações. In: CLEGG, S. R.;
HARDY, C.; NORD, W. R. Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas
questões em estudos organizacionais. 1. ed. São Paulo : Atlas, v. 1, 1999. p. 334-336.
R. ROOSEVELT, T. Beyond Race and Gender: Unleashing the Power of Your Total Workforce
by Managing Diversity. New York: AMACOM, 1991. 334-335 p.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São
Paulo: Record, 2000.
SCHEIN, E. H. oming to a New Awereness of Organizational Culture. 2. ed. [S. l.]: Sloan
Management Review, 1984. 25 p.
TYLOR, E. B. A ciência da cultura. In: Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2009. 67-99 p.
66
graduacaoead.faculdadeunica.com.br
67