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Biogeografia II
2012
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EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Aloizio Mercadante Guilherme Victor Nippes Pereira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Biomas do Brasil e do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Perturbações, proteção e legislação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Atividades de Aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Geografia - Biogeografia II
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a), é com muita satis- do mundo. Nessa caracterização, também se-
fação que estamos aqui para oferecê-lo(a) a rão considerados os principais problemas am-
oportunidade de conhecer uma parte do fas- bientais que esses grandes ecossistemas en-
cinante mundo da Biogeografia. Assim, neste frentam. A unidade II apresenta uma discussão
caderno didático de Biogeografia II, você fará sobre perturbações ambientais, proteção e
contato com dois temas que se destacam en- legislação ambiental. Ao longo de todo o tex-
tre os mais importantes e emblemáticos desta to, serão apresentadas algumas sugestões de
disciplina: os biomas do Brasil e do mundo e as vídeos, sites e dicas que subsidiarão o estudo
noções de legislação e preservação dos ecos- da disciplina. Ao final de cada unidade, tem-se
sistemas. O papel da disciplina Biogeografia II um resumo e serão apresentadas algumas ati-
nos conteúdos de Geografia nas escolas e nas vidades que vão ajudá-los a praticar e reforçar
análises ambientais é de extrema relevância, o conteúdo estudado.
pois esses assuntos representam a maioria do Todos os tópicos apresentados neste ca-
conteúdo a ser trabalhado no ensino básico derno são importantes, por isso leia-no com
e constituem a base conceitual indispensável atenção, faça todas as atividades propostas e
para os diagnósticos ambientais. Nesse con- desenvolva estudos individuais e compartilha-
texto, o estudo dos biomas, seus impactos e a dos com colegas, professores e tutores. Enfim,
legislação ambiental que assegura a proteção aproveite cada um desses momentos da me-
dos recursos naturais é algo imprescindível lhor forma possível, a fim de aprender o máxi-
para o futuro professor de Geografia. Além do mo em cada situação. Bom trabalho e que este
mais, o estudo desses temas oferece toda a caderno possa contribuir positivamente na
base conceitual e legal indispensável aos tra- sua formação.
balhos ligados à consultoria ambiental.
Os conteúdos estão distribuídos em duas Bons Estudos!
unidades. Na unidade I é abordado o conceito
de bioma e, posteriormente, destaca-se uma Ronaldo Alves Belém
ampla caracterização dos biomas brasileiros e Aureliane Aparecida de Araújo
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Geografia - Biogeografia II
Unidade 1
Biomas do Brasil e do mundo
1.1 Introdução
O estudo dos biomas é um dos mais im- regional com condições geoclimáticas simila- Glossário
portantes tópicos da Geografia, uma vez que res (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
esse conteúdo apresenta a caracterização dos ca, 2004). Para o Instituto Estadual de Floresta Fitofisionomia: É um
termo associado à apa-
grandes complexos vegetacionais do globo (2006), o bioma equivale ao domínio e define- rência assumida pela
terrestre dentro de uma perspectiva que con- -se como um espaço geográfico caracterizado vegetação. Refere-se às
sidera as paisagens vegetais como o reflexo pela presença de uma tipologia vegetal pre- características morfo-
das interações entre os diversos componentes dominante sobre as demais. Para alguns au- lógicas da comunidade
do Sistema Terra. Nesta unidade, serão estu- tores como Coutinho (2006), o termo bioma vegetal, por isso o
termo fitofisionomia
dados todos os biomas do Brasil e do mundo pode estar associado a uma única fitofisiono- é considerado como
através de uma abordagem em que esses do- mia. Entretanto, esse autor reconhece que a sinônimo de formação
mínios vegetacionais retratam interações en- maioria dos grandes biomas brasileiros possui ou tipologia vegetal.
tre solo, clima, rochas e relevo. Além da carac- vários tipos vegetacionais. Constata-se que a Vegetação de alto
terização de cada bioma, a unidade também denominação empregada pelo IBGE(2004) é porte, densa e com três
estratos são exemplos
apresentará alguns dos principais impactos a mais adequada e que se deve evitar o em- de características
ambientais que afetam esses domínios. prego do termo bioma como sinônimo de fi- fisionômicas de uma
A palavra bioma deriva do grego tofisionomia. Neste contexto, a Mata Seca ou vegetação.
“bio”(vida) e “oma”(grupo). Assim, o bioma Floresta Estacional Decidual, a Caatinga Arbus-
define-se como um conjunto de tipos vege- tiva ou as Veredas são exemplos de fitofisiono-
tacionais contíguos e identificáveis em escala mias.
11
UAB/Unimontes - 8º Período
Glossário Encontrada entre as latitudes 10° Norte consenso geral em torno dessa questão. Sabe-
até 10° Sul, as Florestas Tropicais estão asso- -se que a gênese da distribuição dessas flores-
Epífitas: As epífitas são
ciadas a um clima equatorial quente e úmido tas possui uma íntima relação com a dinâmi-
plantas que se utilizam
de outras plantas como com índices pluviométricos que podem alcan- ca das placas tectônicas e com as mudanças
suporte para se de- çar 2.000 mm anuais. As plantas dominantes climáticas pleistocênicas (ocorridas há 18.000
senvolverem. Diversas são árvores de grande porte que formam um anos).
espécies de bromélias dossel fechado que dificulta a passagem da De acordo com Puig (2008), no Final da Era
realizam o epifitismo.
luz solar, impedindo a proliferação de espécies Paleozóica (a cerca de 245 milhões de anos), os
Lianas: As lianas são
cipós ou trepadeiras herbáceas e arbustivas. Essas árvores podem continentes já estavam unidos, formando o
que germinam no solo, alcançar 40 metros de altura e a presença de Supercontinente de Pangéia que apresentava
mas que precisam das epífitas e lianas é muito forte (BROWN & LO- uma cobertura florestal diversificada bastante
árvores como suporte MOLINO, 2006). expressiva. Quando esse continente se abriu,
para alcançarem a luz
A origem da distribuição das Florestas cada fragmento levou consigo um pouco das
do sol.
Tropicais úmidas tem gerado muita polêmica floras existentes que em cada continente passa-
12 no meio científico e até hoje não existe um ram a evoluir independentemente (PUIG, 2008).
Geografia - Biogeografia II
As florestas tropicais úmidas formam um firme que se caracteriza por apresentar árvo- Glossário
bioma diversificado com diferentes fitofisiono- res de grande porte com uma variedade imen- Hot Spot: O termo
mias florestais, mas o tipo vegetacional predo- sa de lianas e epífitas. HotSpot foi criado em
minante é a Floresta Ombrófila Densa de Terra 1988 pelo ecólogo in-
glês Norman Myers que
destacou as 10 áreas
com pelo menos 1500
1.2.2 As Savanas espécies endêmicas e
que tenham perdido
mais de ¾ de sua vege-
A Savana é um bioma que se encontra no Para Dajoz (2006), as Savanas podem ser tação original. Poste-
entorno das florestas tropicais e que ocorre herbáceas com gramíneas de até 80 cm ou riormente, um grupo
principalmente na África, América do Sul e no arbustivas com árvores esparsas. A Savana de cientistas ampliou
o número de Hotspots
sul da Ásia. A sua característica mais marcante herbácea é muito representativa na África e para 34. Os atuais
se refere à presença de uma vegetação aberta caracteriza-se pelo predomínio das gramí- Hotspots ocupam cerca
com dois estratos bem definidos: um arbóreo neas sobre os arbustos e árvores. Na América de 2,5% das terras
e um herbáceo-arbustivo. O imenso tapete do Sul, as Savanas Herbáceas formam os lha- emersas e são áreas
graminoso pontilhado por árvores e arbustos nos da Venezuela (DAJOZ, 2006). As Savanas ameaçadas e conside-
radas prioritárias para a
espaçados fazem das savanas um habitat pre- Arbustivas, por outro lado, possuem muitas conservação.
ferencial para espécies animais de grande por-
te (Figura 3).
Nesse sentido, as Savanas africanas com
suas girafas, leões, rinocerontes e elefantes se
tornaram conhecidas no mundo todo. No en-
tanto, as savanas do Brasil, conhecidas como
Cerrados, também apresentam uma riqueza
faunística e florística de destaque, haja vista
que esse bioma é um dos dois únicos Hotspots
brasileiros.
De acordo com Brown & Lomolino (2006),
as Savanas tropicais são biomas dominados
por uma fitomassa quase contínua de gramí-
neas e árvores ou arbustos resistentes ao fogo.
Em relação à localização, as Savanas ocorrem
em latitudes intertropicais que se encontram ▲
entre 25° N e 25° S e são caracterizadas por árvores com até 15 metros de altura e uma Figura 3: A Savana
uma notável sazonalidade de precipitações, casca espessa contendo muita cortiça resis- africana no Kênia
com uma ou duas estações chuvosas, segui- tente ao fogo. Na Savana Arbustiva africana com seus grandes
mamíferos pastando
das por intensas secas (BROWN & LOMOLINO, se destacam árvores como o Baobá e a Acácia, nas gramíneas do
2006). Essas precipitações apresentam índices enquanto na Austrália os Eucaliptos são abun- estrato herbáceo.
que variam entre 500 e 1600 mm anuais. dantes (DAJOZ, 2006). Fonte: Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.
com/_HeBJ_edeczo> Aces-
so em 17 de Abril de 2012.
1.2.3 As Florestas Temperadas Decíduas
13
UAB/Unimontes - 8º Período
Sabe-se que essas regiões são as mais restamentos com espécies em sua área de
industrializadas do planeta e que passaram ocorrência desde o século XVI. As suas árvores
por um processo de ocupação muito antigo, apresentam uma altura média de 20 metros e
sobretudo, na Europa Ocidental e na China, as folhas são finas. Essas folhas caem no ou-
o que explica esse quadro de devastação en- tono iniciando o período em que a vegetação
contrado nessas áreas onde deveriam ocorrer entra em estado latente (TROPPMAIR, 2004).
Florestas Temperadas Decíduas. As poucas De acordo com Brown & Lomolino (2006),
manchas ainda preservadas hoje ocorrem em as Florestas decíduas temperadas são também
unidades de conservação, como o parque que denominadas como florestas decíduas verdes
preserva a famosa Floresta de Sherwood na de verão, haja vista que têm um ritmo anual
Inglaterra ou a Floresta Negra na Alemanha. caracterizado pela presença de árvores que
Na figura 4 destaca-se uma trilha no interior perdem as folhas no frio do inverno. O porte e
da Reserva Natural da Floresta Sherwood In- a densidade da cobertura vegetal e a compo-
glaterra. Todos os anos a área abriga festivais sição do sub-bosque variam muito, dependen-
que celebram as lendas de Robin Hood: o fa- do do clima local, tipo de solo e a frequência
moso fora da lei que, de acordo com estórias dos incêndios (BROWN & LOMOLINO, 2006).
seculares, morava no interior da floresta. Entre as espécies arbóreas desse bioma
Para Troppmair (2004), em algumas áre- merecem destaque a Faia (Fagus silvata), a Bé-
as, essa formação vegetação é praticamente tula (Carpinus betulus), o Carvalho (Quercus ro-
artificial, uma vez que vêm ocorrendo reflo- bus) e a Tília (Tilia cordata) ( TROPPMAIR, 2004).
14
Geografia - Biogeografia II
◄ Figura 6: O Deserto
do Saara no Norte da
África: a aridez intensa
é um obstáculo ao
desenvolvimento da
vegetação que ocorre
apenas nos oásis.
Fonte:http:<//www.
dicasdiarias.com/deserto-
-do-saara> Acessso em 10
de Março de 2012.
15
UAB/Unimontes - 8º Período
1.2.6 A Tundra
A Tundra é um bioma que ocorre nos Para Brown e Lomolino (2006), a Tundra
polos e suas adjacências. Os rigores do clima é um bioma sem árvores, encontrado entre a
Figura 8: A Tundra polar fazem com que a vegetação da Tundra Floresta boreal e a calota polar. Esse domínio
com suas gramíneas tenha uma duração de dois a três meses. Essa apresenta condições ambientais mais estres-
e musgos representa curta duração está associada ao período em santes do que a realidade encontrada nas
importante fonte de
alimento para animais que os polos apresentam temperaturas um florestas boreais, e a aridez é tão intensa que
como os Alces no pouco mais elevadas, possibilitando o desen- muitas vezes a precipitação é menor do que
período de verão. volvimento de gramíneas, musgos e líquens. nos desertos quentes.
Fonte: <http://geografia- Os musgos e gramíneas da Tundra constituem De acordo com Troppmair (2004), a co-
ensinomedio.blogspot. importante fonte de alimento para a fauna bertura vegetal da Tundra está intimamente
com > Acesso em 10 de
Março de 2012. herbívora que ocupa os círculos polares nas ligada às condições climáticas polares marca-
▼ épocas favoráveis (Figura 8). das por invernos rigorosos e verões curtos e
secos. Nesse sentido, a Tundra possui uma ve-
getação de curta duração que se desenvolve
exatamente nos dois ou três meses mais quen-
tes do verão. Em relação aos aspectos pedoló-
gicos, a Tundra apresenta um solo conhecido
como Permafrost. Os horizontes superiores do
Permafrost permanecem congelados durante
grande parte do ano, formando uma camada
impermeável responsável por encharcamen-
tos durante o derretimento da neve (TROPP-
MAIR, 2004).
De acordo com Brown & Lomolino (2006),
o Permafrost é uma camada congelada e im-
permeável que se encontra a uma profundida-
de de aproximadamente um metro no verão.
Por isso, a diversidade biológica da Tundra é
muito modesta e chega a ser inferior à maioria
de outros biomas terrestres (BROWN & LOMO-
LINO, 2006).
16
◄ Figura 9: A Pradaria
da Dakota do Sul, nos
Estados Unidos, é uma
pastagem natural para
animais como o Bisão.
Fonte: <www.viajeaqui.
abril.com.br> Acesso em
10 de Março de 2012.
17
UAB/Unimontes - 8º Período
◄ Figura 13: Na
figura notam-se
os principais tipos
vegetacionais do bioma
Floresta Amazônica
representados em
degraus a partir
da margem do Rio
Amazonas.
A Floresta de Igapó é aquela que permanece sempre alagada ao longo do ano. Em outras pa- Figura 14: Floresta de
lavras, o Igapó é uma mata pantanosa, aberta, baixa e pobre. A Floresta de Várzea se alaga apenas Várzea na margem do
em determinadas épocas do ano e em relação ao porte, é bem mais desenvolvida do que a Mata Rio Negro, Amazonas.
de Igapó. No entanto, as Florestas de Várzeas próximas aos rios barrentos (bacia do Solimões) são Fonte: Belém, 2010.
▼
mais ricas e desenvolvidas do que as florestas
da bacia do Rio Negro que se assentam sobre
solos muitos arenosos e distróficos (Figura 14).
A Floresta de Terra Firme, por outro lado,
não apresenta acúmulo da água na superfície
em nenhuma época do ano. É a formação flo-
restal mais exuberante e de maior porte em
toda a Amazônia (RIZZINI, 1997).
Ainda em relação às formações florestais
o bioma Floresta Amazônica também possui
outra fitofisionomia muito peculiar, a Campina-
rama. Essa formação vegetal ocorre nas áreas
mais chuvosas do extremo Norte do Brasil, ou
seja, nas bacias dos rios Negro e Branco onde os
índices pluviométricos podem chegar a 4.000
mm anuais (RIZZINI, 1997). Para Ferri (1980), a
Campinarama é uma fitofisionomia florestal
aberta e perenifólia que está associada aos so-
los pobres, arenosos e extremamente lixiviados
pelas constantes chuvas que ocorrem na região.
19
UAB/Unimontes - 8º Período
A expressão savana se refere a uma vegetação com árvores e arbustos esparsos e distribu-
ídos sobre um estrato de gramíneas, sem a formação de dossel contínuo. Nesse sentido, as for-
maçães savânicas se referem a fitofisionomias abertas, tais como o Cerrado Típico, o Palmeiral, a
◄ Figura 16:Formações
Savanicas do bioma
Cerrado
Fonte: < http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira
>.Acesso em 07 de Maio
de 2012.
Para o IBGE (2004), O bioma Mata Atlân- tremamente devastado em função do proces-
tica constitui o conjunto de formações flores- so de ocupação do território brasileiro iniciado
tais que cobriam quase toda a costa brasileira na faixa litorânea brasileira a partir 1530 com
no início do século XVI. Originalmente, esse ciclo do Pau-Brasil. Do século XVI até hoje, a
bioma ocupava inteiramente três estados - Es- Mata Atlântica sofreu todos os impactos das
pírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina - atividades econômicas vinculadas a esse pro-
e 98% do Paraná, além de parte de outras 11 cesso de ocupação. Assim, o bioma perdeu
unidades da federação. praticamente tudo da sua cobertura vegeta-
O bioma Mata Atlântica é um domínio ex- cional original.
23
UAB/Unimontes - 8º Período
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Geografia - Biogeografia II
De acordo com o site da Empresa Brasi- des econômicas que vêm sendo implantadas
leira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, o nos planaltos do entorno da planície pantanei-
Pantanal não é único, mas, sim, um conjunto ra.
de pantanais com características próprias de A agricultura mecanizada desenvolvi-
solo, vegetação e clima. Estudos efetuados da nessas áreas tem favorecido a intensifica-
pela Embrapa Pantanal identificaram 11 pan- ção dos processos erosivos que assoreiam os
tanais: Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, rios do Pantanal, além de contaminarem suas
Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, águas com agrotóxicos. Para Branco (1988), o
Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Mur- turismo ecológico planejado tem se destacado
tinho. Nesses onze pantanais foram identifica- como uma atividade econômica que contribui
dos quase duas mil espécies de plantas com para a preservação do Pantanal. Além do mais,
potencial para forrageiras, produção de mel, essa vertente do turismo tem favorecido o au-
frutíferas e madeireiras. mento da sensibilização da população local no
Nas três últimas décadas toda a riqueza sentido de proteger o Pantanal e evitar a ex-
do Pantanal tem sido ameaçada pelas ativida- ploração predatória.
25
UAB/Unimontes - 8º Período
1.3.6 O Manguezal
O Manguezal ou Mangue é um bioma ecológica da biota marinha, uma vez que es-
encontrado na transição entre o ambiente ma- ses ambientes funcionam como verdadeiros
rinho e o terrestre e que, de acordo com Tro- berçários de espécies de peixes e crustáceos.
ppmair (2004), é o único domínio intertropical Entretanto, os Mangues não têm sido valori-
Glossário com características vegetacionais homogê- zados, haja vista o ataque indiscriminado que
Pneumatóforas: São neas. As plantas do Manguezal possuem um esses ecossistemas vêm sofrendo das pessoas
raízes que apresentam sistema radicular complexo formado por raí- que transformaram essas áreas em depósitos
lenticelas ou estruturas zes respiratórias e raízes escora que compõem de lixo e esgoto, além dos desmatamentos e
que auxiliam na respi- um emaranhado que contribui em muito para aterros realizados com fins imobiliários (TRO-
ração da planta.
a fixação de sedimentos do litoral (TROPP- PPMAIR, 2004).
MAIR, 2004). Os Manguezais possuem outra caracterís-
Os Mangues também possuem uma tica peculiar: a presença de espécies halófilas
importância muito grande para a dinâmica que se adaptaram ao ambiente salobro típico
Figura 24: As raízes ► do contato continente/oceano. Para Viadana
aéreas das plantas (2010), esse aspecto dos manguezais constitui
do Mangue é uma
uma adaptação equilibrada entre a vegeta-
adaptação ao ambiente
salobro criado pela ção e as marés com sua salinidade e pequena
constante subida das quantidade de oxigênio dissolvido (Figura 24).
marés. Essa salinidade explica a presença de
Fonte:< http://www. plantas com raízes respiratórias (pneumatófo-
brasilescola.com/brasil/ ras) constituídas de delgadas estruturas que
mangues> Acesso em 10
de Março de 2012. não mergulham por completo no solo enchar-
Figura 25: Os Campos cado e lamacento do Mangue. Devido a essa
Naturais no do característica, Ab’Saber (2009) define os Man-
Rio Grande do Sul gues como helobiomas de água salobra em
destacando o tapete função da constante invasão de águas salinas
herbáceo, os capões e durante a maré alta.
as matas ciliares.
Fonte:< http://mochileiro.
tur.br/biomapampa.htm>
Acesso em 10 de Março
de 2012.
1.3.7 Os Campos Naturais
▼
Os Campos Naturais constituem o bioma
herbáceo do Rio Grande do Sul. O domínio das
pradarias brasileiras é mais complexo do que o
nome possa significar. Para Ab’Saber (2009), os
campos naturais Sul-Riograndenses também
podem ser denominados de pradarias mistas
que se assentam sobre as coxilhas (colinas) on-
duladas do sudoeste do Rio Grande do Sul.
De acordo com Fernandes (1998), todo o
território do Rio Grande do Sul deveria ser re-
vestido por florestas subtropicais, haja vista
que a região possui índices pluviométricos ca-
pazes de proporcionar esse tipo de vegetação,
mas o componente edáfico do sudoeste do
estado não é favorável ao desenvolvimento de
formações florestais devido ao fato de os solos
serem bastante arenosos. Esse autor também
ressalta que os Campos Naturais do Sul não
são formados apenas por um imenso tapete
de gramíneas. Essas pradarias são marcadas
por outras formações vegetais que pontuam
os campos quebrando a monotonia herbácea.
Assim, nos campos também existem as formações palustres (de brejos), as matas galeria que
margeiam os rios e nas áreas de nascentes ocorrem Capões (Figura 25) (FERNANDES, 1998).
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Geografia - Biogeografia II
Os Campos Naturais do Rio Grande do sul dos solos e a presença de areia é tão grande Dicas
são conhecidos regionalmente como pampas que alguns autores têm considerado que a O mapa dos biomas
gaúchos e apresentam diversos tipos de gra- área está sendo desertificada. Em Alegrete, brasileiros é mais bem
míneas em que se destacam as espécies dos por exemplo, existe o famoso “Deserto de São compreendido quando
gêneros Paspalum, Andropogon, Aristida e Bri- João” ou Saara dos Pampas”. estudado a partir da
za (FERNANDES ,1998). De acordo com Suertegaray (2000), o comparação entre um
mapa do caderno didá-
Deve-se ressaltar que, ao longo do pro- emprego do termo desertificação não é apro- tico e outro mapa a ser
cesso de ocupação do sul do Brasil, essa ve- priado para os processos que ocorrem no feito pelo acadêmico.
getação foi alterada através da pecuária e da sudoeste do Rio Grande do Sul, pois a região Nesse caso, o acadê-
agricultura mecanizada. Como os solos dos não apresenta índices pluviométricos baixos. mico deve procurar
pampas gaúchos são muitos arenosos e susce- Neste caso, mesmo que esses “areais” assu- refazer um mapa de
biomas de um livro
tíveis à erosão, essas atividades intensificaram mam feições desérticas, o emprego do termo qualquer, dando ênfase
o processo de arenização de uma imensa área desertificação não é correto. Por outro lado, o às cores e à legenda.
localizada entre os municípios de Itaqui, Ale- emprego do termo desertificação ao Nordeste Depois, procure asso-
grete e Quaraí, desencadeando uma série de Brasileiro ou ao Sahel africano é adequado em ciar os biomas às cida-
impactos socioambientais na região (SUERTE- função das condições climáticas dessas regi- des importantes que se
localizam no domínio
GARAY, 2000). Em algumas áreas a degradação ões (SUERTGARAY, 2000). em questão. Associe
também os nomes dos
biomas aos números de
Referências
cada unidade. Por fim,
use cores fortes.
ALMEIDA-CORTEZ, J. [et al.]. Caatinga. São Paulo: Editora Harbra, 2007, 64p.
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UAB/Unimontes - 8º Período
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S. B. (Orgs). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro :Bertrand
Brasil, 2000 Cap.5, p. 249-287.
TYLER, G; MILLER, JR. Ciência Ambiental. São Paulo. Cengage learning, 2008. 501p.
28
Geografia - Biogeografia II
Unidade 2
Perturbações, proteção e
legislação ambiental
2.1. Introdução
A relação entre o homem e o seu ambien- se preocuparem com a terrível situação que
te tem variado ao longo do tempo e entre re- assola a todos. Aquecimento global, desertifi-
giões e culturas. Entretanto, mesmo diante de cação, desmatamento, poluição atmosférica,
diferentes comportamentos e visões de mun- violência urbana, miséria, corrupção, fome e
do, o homem contemporâneo tem tido cada muitos problemas de nosso tempo não as in-
vez mais certeza de que a Terra se encontra comodam. Muitos nem pensam na existência
em uma situação crítica em função da manei- dos mesmos e outros nem sabem que suas
ra pela qual as sociedades humanas têm-se re- ações são parte de um ou outro problema. Al-
lacionado com o planeta. Assim, os efeitos da guns sabem de tudo, não temem, mas não se
apropriação predatória dos recursos naturais preocupam e nem fazem nada para mudar a
nunca foram tão visíveis como na atualidade. realidade. O certo é que todos devem tomar
De acordo com Brito & Câmara (1998), esses uma atitude concreta no sentido de combater
efeitos estão relacionados principalmente ao os mecanismos que ameaçam a vida em seu
fato de os modelos de desenvolvimento das sentido pleno.
civilizações até nossos dias terem sido projeta- Diante do quadro apresentado, qual é o
dos pelo homem para acumular riquezas ma- papel da Biogeografia nessa crise? A Biogeo-
teriais, bens e serviços. grafia é um ramo do conhecimento que cami-
Nesse contexto, o mundo atual se vê nha lado a lado com outras disciplinas dentro
diante de uma grave crise socioambiental de uma perspectiva interdisciplinar e holística
marcada por vários problemas ambientais que considera os problemas ambientais como Figura 26: A Terra vista
que ameaçam o futuro da humanidade. Esses parte de um todo formado por diversos com- do espaço mostra a
problemas têm provocado sérios transtornos ponentes integrados. complexidade de um
no funcionamento do planeta, o que coloca Essa perspectiva de enfrentamento dos sistema formado pela
em xeque o destino de todas as suas formas problemas ambientais é considerada como Atmostera, Hidrosfera,
Listosfera e Biosfera.
de vida e, em especial, o futuro dos seres hu- visão sistêmica que considera o planeta Terra
Fonte: <http://
manos. como um grande sistema formado por diver- pt.wikipedia.org/wiki/
Mesmo diante dessa ameaça premente, sos subsistemas ou componentes integrados Terra> Acesso em 10 de
por pura alienação ou por estarem alijadas e em equilíbrio. Assim, quando um compo- Fev. de 2012.
dos mecanismos de instrução, muitas pessoas nente é alterado, tem-se um reflexo em todo ▼
se encontram totalmente adormecidas, sem o sistema.
29
UAB/Unimontes - 8º Período
30
Geografia - Biogeografia II
31
UAB/Unimontes - 8º Período
Cassino no Rio Grande do Sul, corroboram com sos hídricos e o ser humano ( GUERRA e GUER-
da ideia segundo a qual as perturbações antró- RA, 2001).
picas podem ser entendidas como impactos Para Sánchez (2008), o impacto ambien-
ambientais. Entretanto, existe uma definição tal se refere a um problema causado por uma
própria para impacto ambiental, uma vez que ação humana que esteja associada à supressão
esse termo é muito usado nos meios de comu- de elementos do ambientes (como a retirada
nicação e quase sempre é erroneamente asso- da vegetação ou as escavações), à inserção de
ciado a algo que na verdade não é o impacto e, certos elementos no ambiente (como as espé-
sim, a sua causa. No Brasil, a definição legal de cies exóticas ou a urbanização) ou à introdu-
Figura 29: Esta foto da
zona rural de Buritizeiro,
impacto ambiental encontra-se na resolução ção de fatores que estão além do suporte do
norte de Minas, retrata do Conselho Nacional de Meio Ambiente Nº 1 ambiente. O referido autor ainda ressalta que
uma voçoroca que que fala que o impacto ambiental se refere a o impacto ambiental não se refere à ação hu-
pode ser considerada “qualquer alteração física, química e biológica mana em si. O impacto é o resultado ou conse-
como impacto no meio ambiente, causada por qualquer for- quência de uma ação antrópica (Figura 29) As
ambiental resultante da
retirada da vegetação e
ma de matéria ou energia resultantes das ativi- rodovias e as hidroelétricas, por exemplo, não
ao pisoteio do gado em dades humanas (BRASIL, 1986). De acordo com são impactos ambientais e, sim, ações antró-
área inclinadas. as ideias de Moreira (1985), impacto ambiental picas que causam impactos ambientais (SÁN-
Fonte: Belém, 2009. é toda alteração no meio ambiente provocada CHEZ, 2008).
▼ pela ações antrópicas A degradação ambiental é outro termo
controverso cujo significado também é de
grande importância para as ciências ambien-
tais. A legislação que dispõe sobre a política
nacional de meio ambiente no Brasil estabele-
ce que a degradação ambiental é a “alteração
adversa das características do meio ambiente”
(BRASIL, 1981). Guerra & Guerra (2001) entende
a degradação ambiental como um problema
socioambiental complexo causado pela ação
predatória dos seres humanos e que se carac-
teriza pela desestabilização ambiental de so-
los, recursos hídricos, fauna e flora (figura 30).
Para Miller Jr. (2007), a degradação am-
biental ocorre quando o homem interfere no
meio ambiente de tal maneira em que se ex-
cede a taxa de reposição de um recurso cujas
provisões disponíveis começam a escassear. A
perda expressiva de solo pela erosão, a supres-
De acordo com Guerra & Guerra (2001), são de grandes extensões da vegetação natu-
o impacto ambiental pode ser definido como ral e a redução da fauna através da destruição
uma série de alterações ambientais capazes de de habitats são exemplos de degradação am-
comprometer a flora, a fauna, o solo, os recur- biental (MILLER Jr, 2007).
Figura 30: A coloração ►
e o excesso de lixo
(garrafas pet) dentro
da água configura uma
situação de degradação
ambiental na foz do
Rio Vieiras em Montes
Claros, norte de Minas.
Fonte: Belém, 2001.
32
Geografia - Biogeografia II
Para Sánchez (2008), a degradação é algo ressalta que a degradação pode ocorrer em
amplo que pode ser entendido como o con- todo e qualquer tipo de ambiente, ou seja, nos
junto de mudanças adversas dos processos ou ambientes construídos ou nos ambientes na-
funções ambientais. Também pode ser concei- turais. Por fim, o autor destaca que a expres-
tuada como todas as alterações na qualidade são área degradada resume uma situação em
ambiental que se caracterizam com impactos que solo, vegetação e recursos hídricos estão
ambientais negativos. Sánchez (2008) ainda alterados e desequilibrados.
As leis que compõem o corpo jurídico gãos públicos não colocaram a maioria de nos-
voltado para o meio ambiente no Brasil se sas áreas protegidas em condições de cumprir
destacam como uma das melhores legislações a sua principal função: manter a integridade
ambientais do mundo. É notório que aconte- dos ecossistemas e preservar a biodiversidade.
ceu um grande avanço da perspectiva legal do Na maioria dos casos, unidades de conserva-
ambientalismo no Brasil nas últimas décadas, ção imensas foram criadas no papel, mas ain-
o que se reflete na participação do poder pú- da não dispõem de uma infra-estrutura capaz
blico, sociedade civil e empresários no envol- de proteger as suas riquezas naturais, o que
vimento das questões ambientais. No entan- facilita a atuação de madeireiros, caçadores e
to, o país ainda se vê diante de uma série de pescadores em suas áreas.
problemas ambientais ligados ao não cumpri- Ressalta-se também que no Brasil existe
mento da legislação vigente. uma cultura do levar vantagem em tudo que
Nesse sentido, não é pela ausência de leis leva pessoas movidas pela ganância do lucro
que alguns problemas ambientais se tornaram fácil a cometerem crimes ambientais. Certas
frequentes no Brasil e, sim, por uma série de de que a impunidade e as brechas da lei vão
fatores que favoreceram a perpetuação das favorecê-las, essas pessoas representam os
ações criminosas sobre o meio ambiente. As- mais perigosos agentes destruidores do meio
sim, os mecanismos que burlam as leis acarre- ambiente, uma vez que possuem poder eco-
tam impactos sobre os ecossistemas e desen- nômico e político capaz de facilitar a isenção
cadeiam uma série de problemas para a vida de suas responsabilidades perante a prática de
das pessoas no campo e nas cidades. crimes cometidos contra o patrimônio natural.
Entre os diversos fatores que dificultam a A pobreza e a miséria extrema vivenciadas
aplicabilidade da legislação ambiental e que pelas populações do campo e das periferias das
favorecem os impactos ambientais, destacam- grandes cidades também são fatores respon-
-se a falta de aparato técnico e infra-estrutura sáveis de forma direta ou indireta pela geração
dos órgãos gestores, a carência de uma cultura de impactos ambientais. A carência de recursos
de legalidade associada à ganância de pessoas financeiros capazes de assegurarem a aquisição
ligadas a certos setores produtivos e, por fim, dos elementos essenciais para a manutenção
as próprias mazelas sociais do povo brasileiro. de uma família leva muitos trabalhadores ru-
A falta de infra-estrutura física e a carên- rais a cometerem crimes ambientais, visando
cia de profissionais para atuar na fiscalização atenuar os efeitos da pobreza extrema. Nesse
de empreendimentos que possam causar im- contexto, destacam-se práticas como a caça
pactos ambientais representam um dos prin- predatória para comércio, a captura de animais
cipais desafios dos órgãos gestores do meio para serem repassados aos traficantes da fauna
ambiente no Brasil. Áreas imensas, como a Flo- silvestre, a extração de fósseis dos sítios paleon-
resta Amazônica, por exemplo, não dispõem tológicos e o carvoejamento.
de um corpo técnico com número suficiente Deve-se ressaltar que a prática da caça pra
de pessoas para fiscalizar e punir infratores. saciar a fome não é crime, mas o que têm ocor-
Quando se analisa a situação das unidades de rido em regiões mais pobres do interior do Bra-
33
conservação também se constata que os ór- sil é caça de animais silvestres por encomenda.
UAB/Unimontes - 8º Período
Glossário Nesse tipo de crime ambiental, o caçador abate O problema do carvoejamento clandes-
Fósseis: Formas de animais cuja carne possui valor comercial (tatus, tino praticado por populações pobres mos-
vida petrificadas nas veados, pacas, etc) e vende para atravessadores tra uma das faces mais cruéis deste problema
rochas sedimentares. que repassam o animal abatido para os inte- ambiental que afeta as áreas Cerrado do Brasil.
Neste caso, grande par- ressados. Outro tipo de crime ambiental rela- Como mostra Martino (2011), alguns proprietá-
te das estruturas das cionado à fauna se refere à captura de animais rios realizam todo o processo para a obtenção
plantas e animais fica
preservada na rocha. exóticos para serem vendidos no exterior, o que de licenças ambientais para produzir carvão
Paleontologia: Ciência configura o crime de biopirataria. nativo, mas essas pessoas não produzem o
que estuda os fósseis. A extração de fósseis de animais e plantas carvão nativo de fato. Na verdade, elas ven-
Sítios paleontológi- pré-históricas é uma prática muito comum no dem o direito de produzir para outras pessoas
cos: Áreas com quan- nordeste do Brasil. As populações rurais apro- que possuem carvão ilegal produzido a partir
tidades expressivas de
fósseis. A Chapada do veitam a falta de fiscalização em dos sítios pale- da vegetação nativa em terrenos de peque-
Araripe no nordeste do ontológicos e retiram essas riquezas para serem nos lavradores. Desta maneira, o carvão clan-
Brasil apresenta muitos vendidas a preços irrisórios. Os compradores destino é “esquentado” com documentação
sítios paleontológi- revendem as peças por preços altíssimos para falsa(figura 31).
cos em que já foram colecionadores e museus no exterior.
encontrados diversos
dinossauros fossiliza-
dos.
Figura 31: Carvoeira ►
clandestina no Norte de
Minas.
Fonte: Fonte: <http://wwo.
uai.com.br/UAI > Acesso
em 8 de Maio de 2012.
34
Geografia - Biogeografia II
35
como objetivo:
UAB/Unimontes - 8º Período
Em seu artigo 6º, a lei também institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISEMA) que é
composto por todos os órgãos e entidades das unidades da federação responsáveis pela prote-
ção e melhoria da qualidade ambiental no país (BRASIL, 1981).
No artigo 9º, a lei define os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente:
A Lei 9433 de Janeiro de 1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos que regulamenta todas as ações e processos que
envolvem as águas brasileiras, conforme o inciso XIX do artigo 21 da Constituição Federal.
Para saber mais Em seu artigo 1º a lei 9433 estabelece que a Política Nacional de Recursos Hídricos possui os
a cobrança pelo uso da
seguintes fundamentos:
água no Brasil
A cobrança pelo uso da I – A água é um bem de domínio público.
água é um instrumento
usado para estimular o uso
II – A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
racional da água em áreas III – Em situações de escassez o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo.
que enfrentam proble- IV – A gestão dos recursos hídricos deve proporcionar o uso múltiplo das águas.
mas sérios relacionados
à poluição dos recursos
V – A bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implantação da política nacional de
hídricos. Existe um vídeo recursos hídricos.
disponível na internet que VI – A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
mostra uma entrevista
com Patrick Thomas,
poder público, dos usuários e das comunidades (BRASIL,1997).
gerente da Agência Na-
cional de Água – ANA que O último tópico dos fundamentos da lei comprova a sua base democrática, uma vez que
traz informações e dados
muito importantes sobre
também estabelece a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Esses comitês são conheci-
a cobrança pelo uso da dos como os “parlamentos das águas”, pois são órgãos que contam com diversos segmentos da
água. Basta acessar o link: sociedade e todos participam da discussão sobre os destinos da bacia. Assim, os comitês contam
http://www.youtube.com/
watch?v=n7kiJcQuXE0&no
com usuários (empresários, pescadores, agricultores, etc), representantes dos governos federal,
redirect=1 estadual e municipal. Entre as principais atribuições dos comitês destacam-se: cadastrar os usuá-
rios, cobrar pelo uso da água e a pesquisa sobre a bacia (BRASIL, 1997).
Essa lei que foi criada sob forte influência da legislação francesa representa um grande
avanço no tocante à política voltada para os recursos hídricos no Brasil, mas alguns de seus prin-
cipais instrumentos, como a cobrança pelo uso da água, ainda não está funcionando em todas as
bacias.
A Lei 9605 de fevereiro de 1998 que dispõe sobre os crimes ambientais e sansões penais
relacionadas às atividades danosas ao meio ambiente é uma lei de grande importância para a
questão ambiental brasileira, uma vez que promoveu uma redução significativa no número de
condutas lesivas ao meio ambiente. Em seu artigo 2º a Lei de Crimes Ambientais estabelece que:
36
Geografia - Biogeografia II
“Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes ambientais nesta lei incide
nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administra-
dor, o membro do conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário
de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem (BRASIL, 1998).”
No presente artigo fica claro que a culpabilidade do crime ambiental não se restringe ao in-
frator enquanto pessoa física. Assim, a lei e suas penalidades incidem também sobre as autorida-
des responsáveis por órgãos técnicos ou pessoas jurídicas que tinham conhecimento da conduta
criminosa e deixaram de impedi-la.
O artigo 29 da seção I da Lei de Crimes Ambientais estabelece quais são as condutas consi-
deradas como crime cometido contra a fauna e sua respectiva pena:
“I - Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obti-
da.
II – Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro animal.
III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, uti-
liza ou transporta ovos, lavas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a
devida licença, permissão ou autorização da autoridade competente (BRASIL, 1998).”
Durante muito tempo a prática de crimes ambientais contra a fauna foi muito comum em
todo o território nacional. Com a criação desta lei houve uma drástica redução de algumas des-
sas condutas criminosas que eram praticadas livremente. Nesse contexto, a caça predatória na
zona rural e a venda de animais da fauna silvestre em feiras eram práticas muitos comuns antes
da Lei de Crimes Ambientais.
No tocante aos crimes cometidos contra a flora, a lei estabelece que são consideradas como
crime ambiental as seguintes condutas:
A lei de crimes ambientais impõe severas penas para quem suprimir a vegetação de Áreas
de Preservação Permanente sem autorização de autoridade competente e também para quem
danificar formações vegetais de Unidades de Conservação.
Os artigos 45 e 46 tratam dos crimes ambientais relacionados à produção de carvão vegetal
de origem nativa. Assim, pode se submeter às penalidades da lei quem:
“Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do poder públi-
co, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em
desacordo com as determinações legais. Pena: um a dois anos e multa (BRASIL, 1998)”.
Constata-se que a Lei de Crimes Ambientais é muito clara no que diz respeito às restrições
e penalidades referentes às práticas que promovem desequilíbrios ambientais. E não restam dú-
vidas de que a propagação de sua existência através de campanhas realizadas pelos órgãos am-
bientais promoveu uma redução significativa de algumas atividades danosas ao meio ambiente.
No entanto, é necessário que o poder público se mobilize no sentido de se adequar aos novos
tempos melhorando sua infra-estrutura de modo que todas as condutas lesivas ao meio ambien-
te sejam banidas por completo, assegurando, assim, um futuro mais equilibrado e sustentável.
37
UAB/Unimontes - 8º Período
A Lei 9985 de Julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e esta-
belece toda base jurídica para a criação e gestão de áreas protegidas no Brasil. É considerada por
muitos especialistas como uma das principais leis ambientais do país por instituir todas as diretri-
zes necessárias para a criação e gestão dos espaços destinados à preservação da biodiversidade.
Figura 33: A Gruta O Artigo 2º desta lei define Unidade de Conservação como:
do Janelão é um
dos principais
atrativos do Parque “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com carac-
Nacional Cavernas terísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de con-
do Peruaçu, uma servação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
importante unidade adequadas de proteção (BRASIL, 2000)”.
de conservação de
proteção integral do
Norte de Minas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação em seu Artigo 7º define duas categorias
Fonte:Arquivo pessoal, para as unidades de conservação do Brasil: as unidades de proteção integral e as unidades de
Belém, 2006. uso sustentável. As unidades de proteção integral têm como objetivo básico preservar a natu-
▼ reza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos
previstos nessa Lei. As unidades de uso susten-
tável, por outro lado, visam compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentá-
vel de parcela dos seus recursos naturais (BRA-
SIL, 2000).
No grupo das unidades de conservação
de uso indireto, proteção integral, estão os
Parques Nacionais (Figura 33), as Reservas Bio-
lógicas, as Estações Ecológicas e as Reservas
Ecológicas. No grupo das unidades de conser-
vação de uso direto estão as Florestas Nacio-
nais (FLONAS), as Reservas Extrativistas, as Áre-
as de Proteção Ambiental (APAS) e as Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
É importante ressaltar que o próprio
SNUC instituiu um mecanismo voltado para a
arrecadação de recursos destinados à regulari-
zação fundiária e à estruturação das unidades
Para saber mais de conservação. Esse mecanismo é a compen-
sação ambiental que estabelece que todo empreendimento que cause impactos ambientais ne-
O Sistema Nacional de gativos e não mitigáveis destine no mínimo 0,5 % dos custos de implantação do empreendi-
Unidades de Conser-
vação mento para a solução dos problemas relacionados à não regularização fundiária das unidades de
Ao acessar o site do conservação (BELÉM, 2008).
Ministério do Meio Am- Nessa perspectiva questiona-se até que ponto vale a pena permitir a aprovação de determi-
biente é possível obter nado empreendimento, sabendo que os recursos obtidos pela compensação não pagam os da-
Informações detalha- nos ao meio ambiente, uma vez que é muito difícil estipular valor para o patrimônio ambiental.
das sobre o Sistema
Nacional de Unidades
de Conservação, dando
ênfase à importância, 2.5.2.6 O Novo Código Florestal Brasileiro
criação, gestão e uso
das áreas protegidas. O
site também disponi- O período compreendido entre o segundo semestre de 2011 e o início do ano de 2012 foi
biliza diversas publica-
ções sobre as unidades
marcado por uma das discussões ambientais mais polêmicas da história do Brasil: os debates so-
de conservação e bre a aprovação do novo código florestal brasileiro.
biomas do Brasil. O Código Florestal regulamenta a maneira como as terras podem ser exploradas estabele-
http://www.mma.gov. cendo onde a vegetação nativa deve ser mantida e onde ela pode ser suprimida. O código até
br/ então vigente no território brasileiro foi criado pela Lei 4771 de 1965. Mesmo sendo uma legis-
lação muita antiga, esse código apresentou conquistas muito importantes para preservação da
biodiversidade brasileira e que deveriam ser mantidas. Por outro lado, outras questões deveriam
ser mudadas.
38
Geografia - Biogeografia II
O Brasil passou por profundas transformações socioeconômicas nos últimos quarentas Dica
anos. Hoje, o país figura entre as maiores potências econômicas do planeta. Nesse sentido, tor- Os problemas ambien-
na-se indispensável que se crie um debate voltado para possíveis mudanças nas leis que não se tais são sempre muito
adéquem à essa nova realidade. Entretanto, ressalta-se que toda legislação voltada para o meio valorizados pela mídia.
ambiente deve ter um embasamento científico. E o que se vê na mudança do código é que exis- Procure acompanhar as
te um distanciamento das bases científicas necessárias para essas alterações. Ao contrário, perce- discussões envolvendo
as questões ambientais
be-se que essas mudanças atendem, principalmente, a interesses políticos. assistindo aos jornais e
As principais mudanças estão relacionadas às áreas de Reserva Legal, o tamanho das Áreas lendo revistas, jornais e
de Proteção Permanente (APPs) (Figura 34) e nas normas para punição dos proprietários que co- sites da Internet. Ana-
meteram crimes ambientais até julho de 2008. Conforme o artigo 2º da Lei 4771 de 1965, consi- lise vários pontos de
dera-se como área de Preservação Permanente as seguintes situações: vista e ao final reflita
sobre o tema cons-
truindo sua própria
1. Ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, desde o seu nível mais alto em faixa mar- opinião. As discussões
ginal cuja largura mínima seja: envolvendo a aprova-
ção do Novo Código
a. De 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) metros de largura. Florestal, por exemplo,
foi muito comentada
b. De 50m (cinquenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinquen- na mídia.
ta metros) de largura.
c. De 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200m (du-
Para saber mais
zentos metros) de largura.
d. De 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600m O Novo Código Flores-
(seiscentos metros) de largura. tal Brasileiro
A WWF é uma das
e. De 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m organizações não
(seiscentos metros) de largura. governamentais de
maior credibilidade
2. Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais. no mundo. Em seu
3. Nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja site é possível obter
informações muito
a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinquenta metros) de largura. interessantes sobre o
4. No topo de morros, montes, montanhas e serras. Novo Código Florestal
5. Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na li- brasileiro. Além disso,
nha de maior declive ( BRASIL, 1965). o site disponibiliza um
vídeo que mostra a
força do agronegócio
no Brasil e o que está
por trás das mudanças
do Código Florestal.
http://www.wwf.org.
br/natureza_brasileira/
39
UAB/Unimontes - 8º Período
Glossário Como se percebe no artigo 2º da lei, o texto antigo determinava que devem ser preserva-
Reserva Legal: É uma dos 30 metros da cada margem dos rios com até 10 metros de largura. O novo texto prevê uma
área localizada no in- redução das APPs para 15 metros nos rios com até 10 metros de largura. O novo código tam-
terior de uma proprie- bém permite alguns tipos de cultivo (como maçã e café) nas áreas de APPs. Em relação à pecu-
dade rural e tem como ária, essa atividade fica permitida em encostas de até 45 graus de declividade, o que até então
objetivo preservar não era permitido.
parte do ambiente
natural da região. O ta- Em relação às Reservas Legais, o artigo 16 da Lei 4771 estabelece que a vegetação nativa
manho da reserva legal pode ser suprimida, desde que não estejam em APPs ou que não estejam submetidas a uma le-
vai depender do bioma gislação específica. Neste caso, a vegetação deve fazer parte de uma reserva legal que deverá
em que a propriedade corresponder no mínimo:
esteja inserida.
Área de Preservação
Permanente (APP): I - A oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Ama-
São áreas que devem zônia legal.
ser protegidas por II – A trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de Cerrado localizada na
contribuírem para a Amazônia legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma
manutenção da quali- de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja aver-
dade dos recursos hí-
dricos, a paisagem e a bada nos termos do § 7º deste artigo.
estabilidade geológica. III – A vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de
As matas ciliares e as vegetação nativa localizada nas demais regiões do país.
matas de encostas de IV – A vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qual-
morros são exemplos quer região do país( BRASIL, 1965).
de áreas de proteção
permanente.
Conforme o artigo 16 da legislação antiga, as Reservas Legais na Amazônia correspondem
a 80% das propriedades. No Cerrado da Amazônia Legal o percentual é de 35%. Em todos os
outros casos a Reserva Legal corresponde a 20% da propriedade. De acordo com texto aprovado
Glossário
no senado em dezembro de 2011, as Reservas Legais corresponderão a 50% das propriedades lo-
Amazônia Legal: De calizadas em Estados que apresentam mais de 65% do território ocupado por unidades de Con-
acordo com Meirelle
servação.
Filho (2006), o conceito
de Amazônia Legal foi Um dos trechos mais polêmicos do novo código diz respeito ao tipo de propriedade que
criado na Constituição pode converter multas com reflorestamento. O texto antigo determinava que apenas os peque-
de 1953. Esse concei- nos proprietários podiam converter multas ambientais com reflorestamento. O novo texto es-
to estabelece que a tabelece que os grandes proprietários também podem fazer esse tipo de conversão, desde que
Amazônia deve incluir,
as autuações tenham sido feitas até julho de 2008. Além disso, o novo código também assegura
além dos 6 estados da
Região Norte, a faixa que todas as propriedades rurais podem manter atividades agrossilvopastoris em APPs, desde
do estado Mato Grosso que as mesmas já estejam consolidadas até 2008.
ao norte do paralelo Por fim, o Novo Código Florestal brasileiro mostra claramente o quanto determinados gru-
16° S, o atual estado de pos econômicos e políticos são organizados e fortes na luta pela defesa de seus interesses. Ao
Tocantins e a região a
mesmo tempo, mostra a fragilidade da democracia brasileira, uma vez que a grande maioria da
oeste do meridiano 44°
do Maranhão. população não possui representatividade real no Congresso Nacional.
Por tudo isso, a aprovação desse novo código vai desencadear um aumento vertiginoso do
desmatamento no Brasil e as consequências ambientais desse processo serão imensuráveis. Ao
se chegar a essa conclusão e ao se colocar a discussão envolvendo o Novo Código Florestal, os
interesses políticos e falta de representatividade da grande maioria no Congresso Nacional não
se almeja defender um ambientalismo radical em que a natureza fique intocada. Muito pelo con-
trário, o que se busca aqui é um uso racional dos recursos naturais e que as mudanças das nor-
mas referentes ao seu uso sejam benéficas para a maioria.
Em virtude das ideias aqui apresentadas, conclui-se que é necessário que todos busquem o
diálogo, sem preconceitos e com os pés no chão, de modo que se possa construir uma legislação
conciliadora voltada para a geração de emprego e renda, sem comprometer o meio ambiente e
visando à construção de uma sociedade realmente sustentável.
40
Geografia - Biogeografia II
Referências
BELEM, R.A. Zoneamento ambiental e os desafios da implementação do Parque Estadual
Mata Seca, Município de Manga, Norte de Minas Gerais. 2008, 185f. Dissertação (Mestrado
em Geografia – Análise Ambiental) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
BRASIL. Lei da Política Nacional de Meio Ambiente. Lei nº 6938, de 31 de Agosto de 1981. Con-
gresso Nacional, 1981.
DREW, D. Processos interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
206p.
FONSECA, G.; PRADO, D. M. Discussão sobre o conceito de Meio Ambiente natural, Antrópi-
co e de Mosaico e sua apropriação didática no ensino de Ecologia e Educação Ambiental
no baixo Vale do Ribeira/SP. Revista Didática Sistêmica, Rio Grande, v. 8, Jul./Dez. 2008.
MELO, N.S. Os limites imanentes ao conceito de Meio Ambiente como bem de uso comum
do povo. 2007, 102f. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade de Caxias do Sul, Caxias do
Sul, 2007.
MILLER JR, G.T. Ciência Ambiental. São Paulo: Cencage-Learning, 2007, 501 p.
WICANDER, R.; MONROE,J. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage – Learning, 2009.
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Geografia - Biogeografia II
Resumo
Unidade I
Unidade II
• A Terra se encontra em uma situação crítica em função da maneira pela qual as sociedades
humanas têm-se relacionado com o planeta. Essa situação tem gerado uma verdadeira crise
ambiental.
• A Terra é um complexo e grandioso sistema formado por um conjunto de subsistemas in-
tegrados. Todas as grandes perturbações ambientais da atualidade resultaram de interven-
ções antrópicas sobre uma ou outra parte do sistema.
• O meio ambiente é um complexo formado por elementos e fatores físicos, químicos, bioló-
gicos e sociais que interagem entre si com reflexos recíprocos sobre os seres vivos.
• As perturbações são modificações naturais que podem contribuir para a manutenção do
equilíbrio dos ecossistemas. A queda de árvores provocada por raios, os incêndios naturais,
os ataques de insetos ou de fungos são exemplos de perturbações.
• A degradação pode ser entendida como o conjunto de mudanças adversas dos processos
ou funções ambientais. Também pode ser conceituada como todas as alterações na quali-
dade ambiental que se caracterizam com impactos ambientais negativos.
• O impacto ambiental pode ser definido como uma série de alterações ambientais capazes
de comprometer a flora, a fauna, o solo, os recursos hídricos e o ser humano.
• A legislação ambiental brasileira se destaca com uma das melhores do mundo. Por isso,
aconteceu um grande avanço da perspectiva legal do ambientalismo no Brasil nas últimas
décadas.
43
UAB/Unimontes - 8º Período
• Os principais marcos da legislação ambiental brasileira são os seguintes: a Lei da Política Na-
cional de Meio Ambiente, a Constituição Brasileira de 1988, a Lei de Recursos Hídricos, a Lei
dos Crimes Ambientais, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a Lei 4771
de 1965 que recentemente foi reformulada e aprovada como o Novo Código Florestal Bra-
sileiro.
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Geografia - Biogeografia II
Referências
Básicas
BRASIL. Lei do Código Florestal Brasileiro. Lei nº 4771 de 15 de Setembro de 1965. Congresso
Nacional, 1965.
BRASIL. Lei da Política Nacional de Meio Ambiente. Lei nº 6938, de 31 de Agosto de 1981. Con-
gresso Nacional, 1981.
BRASIL. Lei dos Recursos Hídricos do Brasil. Lei nº 9433, de Janeiro de 1997. Congresso Nacio-
nal, 1997.
BRASIL. Lei de Crimes Ambientais. Lei nº 9605, de 12 de Fevereiro de 1998. Congresso Nacional,
1998.
DREW, D. Processos interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
206p.
FONSECA, G.; PRADO, D. M. Discussão sobre o conceito de Meio Ambiente natural, Antrópi-
co e de Mosaico e sua apropriação didática no ensino de Ecologia e Educação Ambiental
no baixo Vale do Ribeira/SP. Revista Didática Sistêmica, Rio Grande, v. 8, Jul./Dez. 2008.
MARTINO, N. Cortina de Fumaça. Revista Horizonte Geográfico, São Paulo, Edição 137, N°27,
p.20-31, Setembro/Outubro, ano 24, 2011.
MILLER JR, G.T. Ciência Ambiental. São Paulo: Cencage-Learning, 2007, 501 p.
SILVA, J.A. Direito Ambiental Constitucional. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
Complementares
BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo. Moderna, 1988, 88p.
CHAGAS, et al.Proteção do bioma dos Cerrados e de seus subsistemas úmidos. Belo Horizon-
te: FEAM, 1997
LEPSCH,I. F. Formação e conservação dos Solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002. 177p.
MARTINO, N. Cortina de Fumaça. Revista Horizonte Geográfico, São Paulo, Edição 137, N°27,
p.20-31, Setembro/Outubro, ano 24, 2011.
MEIRELLES FILHO, J. O livro de Ouro da Amazônia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, 442p.
MELO, N.S. Os limites imanentes ao conceito de Meio Ambiente como bem de uso comum do
povo. 2007, 102f. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade de Caxias do Sul, Caxias do
Sul, 2007.
WICANDER, R.; MONROE,J. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
Bibliografia complementar
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Geografia - Biogeografia II
Globo Repórter: Brasil Desconhecido. Produção: Globo Marcas - DVD. Tempo: 200 Minu-
tos. O documentário constitui-se de quatro partes: o Deserto do Jalapão, a Serra do Aracá, o Par-
que do Tumucumaque e o Vale do Peruaçu. É um vídeo ótimo, pois o trabalho consegue aliar be-
líssimas imagens com uma boa base de conhecimento científico. São abordados vários aspectos
do quadro ambiental das quatro áreas retratadas. Merece destaque as belíssimas imagens sobre
a fauna, flora e os rios da Amazônia e do Jalapão. Em relação à Biogeografia, destacam-se as par-
tes que abordam a vegetação e a fauna das Serras do Tumucumaque e Aracá com suas formas
de relevo esculpidas sobre as rochas do Escudo das Guianas. No documentário sobre o Vale do
Peruaçu destacam-se os principais aspectos ambientais do carste do Peruaçu, Norte de Minas.
Globo Repórter: Brasil Florestas. Produção: Globo Marcas - DVD. Tempo: 200 Minutos. O
documentário constitui-se de quatro partes: Amazônia Selvagem, Serra do Cachimbo, Ilha do
Noé e Mata Atlântica. É um dos melhores vídeos já produzidos sobre as florestas tropicais brasi-
lerias. As imagens surpreendentes e o texto embasado e objetivo fazem deste documentário um
ótimo complemento para os assuntos abordados nesta unidade.
Cerrado – O pai das Águas. Produção: Opará vídeo. Um dos mais didáticos documentários
já feitos sobre os cerrados brasileiros. A participação do grande Professor Ivo das Chagas faz com
que o trabalho assuma um caráter cientifico todo especial. As imagens filmadas em várias partes
do Brasil também merecem destaque.
Unidade 2
A saúde do Planeta - Existe uma crise? Produção: BBC. Tempo: 50 minutos. Nessa fasci-
nante produção da BBC, David Attenborough pesquisa a fundo a questão mais importante do
século XXI: o futuro da vida na Terra. Ao lado de especialistas do mundo inteiro, realizou-se um
estudo sobre o impacto que os seres humanos estão produzindo na natureza e questiona-se se
existe possibilidade de mudar essa realidade. É um documentário excelente para se refletir sobre
o papel do homem frente às perturbações antrópicas causadas pelo uso irracional dos recursos
naturais da Terra.
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UAB/Unimontes - 8º Período
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Atividades de
Aprendizagem – AA
1) Diante do exposto nesta Unidade, defina o conceito de bioma.
3)O que você entendeu sobre os processos responsáveis pela aridez dos Desertos?
10)Quais as principais leis ambientais do Brasil? O que dificulta a aplicação dessas leis?