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Biogeografia II

Ronaldo Alves Belém


Aureliane Aparecida de Araújo
Ronaldo Alves Belém
Aureliane Aparecida de Araújo

Biogeografia II

Montes Claros/MG - 2012


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

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2012
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Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto

Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva

Chefe do Departamento de Artes


Maristela Cardoso Freitas
Autores
Professor Ms. Ronaldo Alves Belém
Possui Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais
e Mestrado em Geografia – Análise Ambiental pela Universidade Federal de Minas Gerais.
É doutorando em Geografia pela UFMG e professor do Departamento de Geociências da
Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência em Geografia Física, com ênfase
em Geomorfologia, Biogeografia e Análise Ambiental, atuando nos seguintes temas: biomas
Cerrado e Caatinga no Norte de Minas, Geomorfologia do Norte de Minas, Meio Ambiente e
Unidades de Conservação.

Professora Aureliane Aparecida de Araújo


Possui Lecenciatura plena em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros -
UNIMONTES  e Pós-Graduação em Geografia e Meio Ambiente pela Unimontes. É professora
do curso de Geografia da Universidade de Uberaba (Uniube) em Montes Claros onde atua
com as disciplinas Meio Ambiente, Geomorfologia, Regionalização e Representações
Cartográficas.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Biomas do Brasil e do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Os biomas do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Os Biomas Do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Perturbações, proteção e legislação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.2 O Sistema Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.3 Meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.4 Perturbação, degradação ambiental e impactos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.5 Proteção e legislação ambiental brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Referências Básicas e Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Atividades de Aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Geografia - Biogeografia II

Apresentação
Caro (a) acadêmico (a), é com muita satis- do mundo. Nessa caracterização, também se-
fação que estamos aqui para oferecê-lo(a) a rão considerados os principais problemas am-
oportunidade de conhecer uma parte do fas- bientais que esses grandes ecossistemas en-
cinante mundo da Biogeografia. Assim, neste frentam. A unidade II apresenta uma discussão
caderno didático de Biogeografia II, você fará sobre perturbações ambientais, proteção e
contato com dois temas que se destacam en- legislação ambiental. Ao longo de todo o tex-
tre os mais importantes e emblemáticos desta to, serão apresentadas algumas sugestões de
disciplina: os biomas do Brasil e do mundo e as vídeos, sites e dicas que subsidiarão o estudo
noções de legislação e preservação dos ecos- da disciplina. Ao final de cada unidade, tem-se
sistemas. O papel da disciplina Biogeografia II um resumo e serão apresentadas algumas ati-
nos conteúdos de Geografia nas escolas e nas vidades que vão ajudá-los a praticar e reforçar
análises ambientais é de extrema relevância, o conteúdo estudado.
pois esses assuntos representam a maioria do Todos os tópicos apresentados neste ca-
conteúdo a ser trabalhado no ensino básico derno são importantes, por isso leia-no com
e constituem a base conceitual indispensável atenção, faça todas as atividades propostas e
para os diagnósticos ambientais. Nesse con- desenvolva estudos individuais e compartilha-
texto, o estudo dos biomas, seus impactos e a dos com colegas, professores e tutores. Enfim,
legislação ambiental que assegura a proteção aproveite cada um desses momentos da me-
dos recursos naturais é algo imprescindível lhor forma possível, a fim de aprender o máxi-
para o futuro professor de Geografia. Além do mo em cada situação. Bom trabalho e que este
mais, o estudo desses temas oferece toda a caderno possa contribuir positivamente na
base conceitual e legal indispensável aos tra- sua formação.
balhos ligados à consultoria ambiental.
Os conteúdos estão distribuídos em duas Bons Estudos!
unidades. Na unidade I é abordado o conceito
de bioma e, posteriormente, destaca-se uma Ronaldo Alves Belém
ampla caracterização dos biomas brasileiros e Aureliane Aparecida de Araújo

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Geografia - Biogeografia II

Unidade 1
Biomas do Brasil e do mundo

1.1 Introdução
O estudo dos biomas é um dos mais im- regional com condições geoclimáticas simila- Glossário
portantes tópicos da Geografia, uma vez que res (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
esse conteúdo apresenta a caracterização dos ca, 2004). Para o Instituto Estadual de Floresta Fitofisionomia: É um
termo associado à apa-
grandes complexos vegetacionais do globo (2006), o bioma equivale ao domínio e define- rência assumida pela
terrestre dentro de uma perspectiva que con- -se como um espaço geográfico caracterizado vegetação. Refere-se às
sidera as paisagens vegetais como o reflexo pela presença de uma tipologia vegetal pre- características morfo-
das interações entre os diversos componentes dominante sobre as demais. Para alguns au- lógicas da comunidade
do Sistema Terra. Nesta unidade, serão estu- tores como Coutinho (2006), o termo bioma vegetal, por isso o
termo fitofisionomia
dados todos os biomas do Brasil e do mundo pode estar associado a uma única fitofisiono- é considerado como
através de uma abordagem em que esses do- mia. Entretanto, esse autor reconhece que a sinônimo de formação
mínios vegetacionais retratam interações en- maioria dos grandes biomas brasileiros possui ou tipologia vegetal.
tre solo, clima, rochas e relevo. Além da carac- vários tipos vegetacionais. Constata-se que a Vegetação de alto
terização de cada bioma, a unidade também denominação empregada pelo IBGE(2004) é porte, densa e com três
estratos são exemplos
apresentará alguns dos principais impactos a mais adequada e que se deve evitar o em- de características
ambientais que afetam esses domínios. prego do termo bioma como sinônimo de fi- fisionômicas de uma
A palavra bioma deriva do grego tofisionomia. Neste contexto, a Mata Seca ou vegetação.
“bio”(vida) e “oma”(grupo). Assim, o bioma Floresta Estacional Decidual, a Caatinga Arbus-
define-se como um conjunto de tipos vege- tiva ou as Veredas são exemplos de fitofisiono-
tacionais contíguos e identificáveis em escala mias.

1.2 Os biomas do mundo


Em relação à classificação e mapeamento
dos biomas do mundo, não existe consenso
entre os pesquisadores, de modo que podem
ser encontrados diversos mapeamentos apre-
sentando nomes e quantidades de biomas
que variam de um trabalho para outro. Neste
caderno didático procurou-se fazer uma adap-
tação da classificação mais usada e que consi-
dera a existência de nove biomas no mundo
conforme a figura 1:
Figura 1: Os biomas do mundo representados ►
por números.
Fonte: LOPES & FERREIRA, 2004/Adaptado por Belém,
(2011)

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UAB/Unimontes - 8º Período

Dicas 1.2.1 As Florestas Tropicais


Para uma melhor com-
preensão das caracte-
rísticas fisionômicas As Florestas Tropicais representam o mais mínio das formações densas é uma realidade
dos biomas é interes- importante banco genético do planeta e sua encontrada na maioria das Florestas Tropicais
sante que o acadêmico cobertura original se estende por toda faixa do globo devido às altas médias pluviométri-
faça contato com o
maior número possível
intertropical abrangendo uma área que vai da cas presentes nas baixas latitudes. Entre os
de imagens relaciona- América do Sul e Central até o Sudeste Asiá- países que apresentam as maiores áreas reves-
das ao tema que está tico, passando pela região Centro-Ocidental tidas pela Floresta Tropical destacam-se o Bra-
sendo estudado. africana. Entretanto, grande parte desse bio- sil, o Peru, a Venezuela, o Congo, o Gabão e a
Assim, aconselha-se o ma já foi devastado em função das ações an- Indonésia.
uso da internet para
pesquisas sobre fotos
trópicas que se intensificam devido às pres- Para Tyller e Miller (2008), as imensas ár-
correspondentes a sões demográficas, à expansão urbana e as vores da Floresta Tropical Úmida formam um
cada bioma estudado. crescentes necessidades por novos recursos topo (dossel) denso e fechado que dificulta a
Quanto mais imagens naturais. passagem da luz até o chão, fazendo com que
forem analisadas, De acordo com Brown e Lomolino (2006), a vegetação presente no nível do solo seja es-
melhor será o entendi-
mento do bioma. Entre
as florestas tropicais úmidas são as mais ricas cassa e as poucas plantas que se desenvolvem
no site do Google, digi- e mais produtivas dos biomas terrestres, pois nessa porção da floresta apresentem folhas
te o nome do bioma e abrigam cerca de 50% das espécies do plane- grandes para capturar a mínima quantidade
em seguida clique em ta. Essa imensa biodiversidade se reflete na de luz. Na figura 2 pode-se observar uma pai-
imagens. Depois, basta existência de várias formações florestais ora sagem da Amazônia brasileira com seu aspec-
abrir as fotos esco-
lhidas. Acesse: www.
densas, ora mais abertas. No entanto, o predo- to denso, típico das Florestas Tropicais.
google.com.br

Figura 2: Nessas duas ►


fotos percebe-se o
dossel fechado da
Floresta Amazônica
brasileira em
duas unidades de
conservação: a Reserva
do Tupé e a Reserva
Adolfo Ducke em
Manaus.
Fonte: Arquivo pessoal,
Belém, 2010.

Glossário Encontrada entre as latitudes 10° Norte consenso geral em torno dessa questão. Sabe-
até 10° Sul, as Florestas Tropicais estão asso- -se que a gênese da distribuição dessas flores-
Epífitas: As epífitas são
ciadas a um clima equatorial quente e úmido tas possui uma íntima relação com a dinâmi-
plantas que se utilizam
de outras plantas como com índices pluviométricos que podem alcan- ca das placas tectônicas e com as mudanças
suporte para se de- çar 2.000 mm anuais. As plantas dominantes climáticas pleistocênicas (ocorridas há 18.000
senvolverem. Diversas são árvores de grande porte que formam um anos).
espécies de bromélias dossel fechado que dificulta a passagem da De acordo com Puig (2008), no Final da Era
realizam o epifitismo.
luz solar, impedindo a proliferação de espécies Paleozóica (a cerca de 245 milhões de anos), os
Lianas: As lianas são
cipós ou trepadeiras herbáceas e arbustivas. Essas árvores podem continentes já estavam unidos, formando o
que germinam no solo, alcançar 40 metros de altura e a presença de Supercontinente de Pangéia que apresentava
mas que precisam das epífitas e lianas é muito forte (BROWN & LO- uma cobertura florestal diversificada bastante
árvores como suporte MOLINO, 2006). expressiva. Quando esse continente se abriu,
para alcançarem a luz
A origem da distribuição das Florestas cada fragmento levou consigo um pouco das
do sol.
Tropicais úmidas tem gerado muita polêmica floras existentes que em cada continente passa-
12 no meio científico e até hoje não existe um ram a evoluir independentemente (PUIG, 2008).
Geografia - Biogeografia II

As florestas tropicais úmidas formam um firme que se caracteriza por apresentar árvo- Glossário
bioma diversificado com diferentes fitofisiono- res de grande porte com uma variedade imen- Hot Spot: O termo
mias florestais, mas o tipo vegetacional predo- sa de lianas e epífitas. HotSpot foi criado em
minante é a Floresta Ombrófila Densa de Terra 1988 pelo ecólogo in-
glês Norman Myers que
destacou as 10 áreas
com pelo menos 1500
1.2.2 As Savanas espécies endêmicas e
que tenham perdido
mais de ¾ de sua vege-
A Savana é um bioma que se encontra no Para Dajoz (2006), as Savanas podem ser tação original. Poste-
entorno das florestas tropicais e que ocorre herbáceas com gramíneas de até 80 cm ou riormente, um grupo
principalmente na África, América do Sul e no arbustivas com árvores esparsas. A Savana de cientistas ampliou
o número de Hotspots
sul da Ásia. A sua característica mais marcante herbácea é muito representativa na África e para 34. Os atuais
se refere à presença de uma vegetação aberta caracteriza-se pelo predomínio das gramí- Hotspots ocupam cerca
com dois estratos bem definidos: um arbóreo neas sobre os arbustos e árvores. Na América de 2,5% das terras
e um herbáceo-arbustivo. O imenso tapete do Sul, as Savanas Herbáceas formam os lha- emersas e são áreas
graminoso pontilhado por árvores e arbustos nos da Venezuela (DAJOZ, 2006). As Savanas ameaçadas e conside-
radas prioritárias para a
espaçados fazem das savanas um habitat pre- Arbustivas, por outro lado, possuem muitas conservação.
ferencial para espécies animais de grande por-
te (Figura 3).
Nesse sentido, as Savanas africanas com
suas girafas, leões, rinocerontes e elefantes se
tornaram conhecidas no mundo todo. No en-
tanto, as savanas do Brasil, conhecidas como
Cerrados, também apresentam uma riqueza
faunística e florística de destaque, haja vista
que esse bioma é um dos dois únicos Hotspots
brasileiros.
De acordo com Brown & Lomolino (2006),
as Savanas tropicais são biomas dominados
por uma fitomassa quase contínua de gramí-
neas e árvores ou arbustos resistentes ao fogo.
Em relação à localização, as Savanas ocorrem
em latitudes intertropicais que se encontram ▲
entre 25° N e 25° S e são caracterizadas por árvores com até 15 metros de altura e uma Figura 3: A Savana
uma notável sazonalidade de precipitações, casca espessa contendo muita cortiça resis- africana no Kênia
com uma ou duas estações chuvosas, segui- tente ao fogo. Na Savana Arbustiva africana com seus grandes
mamíferos pastando
das por intensas secas (BROWN & LOMOLINO, se destacam árvores como o Baobá e a Acácia, nas gramíneas do
2006). Essas precipitações apresentam índices enquanto na Austrália os Eucaliptos são abun- estrato herbáceo.
que variam entre 500 e 1600 mm anuais. dantes (DAJOZ, 2006). Fonte: Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.
com/_HeBJ_edeczo> Aces-
so em 17 de Abril de 2012.
1.2.3 As Florestas Temperadas Decíduas

As Florestas Temperadas Decíduas consti-


tuem o bioma mais devastado do planeta, pois
grande parte da sua cobertura original se en-
contrava nas regiões que hoje são as mais in-
dustrializadas, populosas e antigas do mundo.
Assim, esse bioma cobria a maioria dos terri-
tórios dos Estados Unidos, Europa Ocidental e
China.
Figura 4: A Floresta de Sherwood é um dos ►
últimos remanescentes da Floresta Temperada
decídua na Europa e está localizada no Condado
de Nottingham, Centro-Norte da Inglaterra.
Fonte: Disponível em:<http://viagem.uol.com.
br/>Acesso em 10 de Março de 2012.

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UAB/Unimontes - 8º Período

Sabe-se que essas regiões são as mais restamentos com espécies em sua área de
industrializadas do planeta e que passaram ocorrência desde o século XVI. As suas árvores
por um processo de ocupação muito antigo, apresentam uma altura média de 20 metros e
sobretudo, na Europa Ocidental e na China, as folhas são finas. Essas folhas caem no ou-
o que explica esse quadro de devastação en- tono iniciando o período em que a vegetação
contrado nessas áreas onde deveriam ocorrer entra em estado latente (TROPPMAIR, 2004).
Florestas Temperadas Decíduas. As poucas De acordo com Brown & Lomolino (2006),
manchas ainda preservadas hoje ocorrem em as Florestas decíduas temperadas são também
unidades de conservação, como o parque que denominadas como florestas decíduas verdes
preserva a famosa Floresta de Sherwood na de verão, haja vista que têm um ritmo anual
Inglaterra ou a Floresta Negra na Alemanha. caracterizado pela presença de árvores que
Na figura 4 destaca-se uma trilha no interior perdem as folhas no frio do inverno. O porte e
da Reserva Natural da Floresta Sherwood In- a densidade da cobertura vegetal e a compo-
glaterra. Todos os anos a área abriga festivais sição do sub-bosque variam muito, dependen-
que celebram as lendas de Robin Hood: o fa- do do clima local, tipo de solo e a frequência
moso fora da lei que, de acordo com estórias dos incêndios (BROWN & LOMOLINO, 2006).
seculares, morava no interior da floresta. Entre as espécies arbóreas desse bioma
Para Troppmair (2004), em algumas áre- merecem destaque a Faia (Fagus silvata), a Bé-
as, essa formação vegetação é praticamente tula (Carpinus betulus), o Carvalho (Quercus ro-
artificial, uma vez que vêm ocorrendo reflo- bus) e a Tília (Tilia cordata) ( TROPPMAIR, 2004).

1.2.4 A Floresta Boreal

A Floresta Boreal ou Taiga é um bioma


que apresenta um dos mais altos índices de
preservação entre todos os grandes ecossiste-
mas terrestres, no entanto, constitui uma im-
portante fonte de matéria-prima para as indús-
trias moveleira e de celulose em países como
Canadá, Noruega, Suécia e Rússia. Sua ocorrên-
cia compreende uma ampla faixa que cruza o
norte da América do Norte, Europa e Ásia. Essa
faixa se encontra aproximadamente entre as
latitudes 55° e 75° graus e marcam as regiões
de clima tipicamente frio com vegetação ho-
mogênea caracterizada pelo predomínio de
pinheiro, faias e abetos (BROWN & LOMOLINO,
2006).
Para Dajoz (2006), a Taiga ocupa cerca de
31% das florestas do globo e seu clima é mar-
cado por quatro meses em que a temperatura
média é superior a 10° C, o que permite o es-
▲ tabelecimento desse bioma. As espécies arbóreas adaptadas ao frio constituem um conjunto de
Figura 5: As espécies coníferas, tais como o Pinheiro, o Abeto, o Espruce e o Lariço, todas misturadas a outros indivídu-
em forma de cone da
Taiga canadense é a os arbóreos como a Bétula e o Salgueiro.
característica mais As espécies coníferas da Taiga são geralmente marcadas pela presença de folhas aciculadas
marcante das Florestas (em forma de agulha), cobertas por uma resina que suporta o frio intenso e a aridez do inverno
Boreais. quando a neve é abundante (TYLLER e MILLER , 2008).
Fonte:<http://blogdo- De acordo com Brown e Lomolino (2006), a Taiga também ocorre em regiões de maiores
meioambienteconsciente.
blogspot.com> Acesso em altitudes, como, por exemplo, ao sul das cordilheiras do oeste dos Estados Unidos na direção me-
10 de Março de 2012. ridional do México. Os solos da área de ocorrência das Florestas Boreais são geralmente ácidos
que, combinados com as temperaturas relativamente baixas, criam condições estressantes que
limitam a diversidade de espécies arbóreas.
Para Troppmair (2004), a acidez dos solos está associada à decomposição dos acículos que
caem na superfície formando uma espessa camada de matéria orgânica rica em ácidos, fato que,
associado aos longos invernos de baixa atividade bacteriana, contribui para a intensa podzolisa-
ção e redução do pH.

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Geografia - Biogeografia II

1.2.5 Os Desertos Glossário


Podzolisação: Proces-
so que consiste essen-
As áreas desérticas são ecossistemas frágeis marcados por condições geoclimáticas bastan- cialmente na trans-
te adversas que exigem adaptações específicas das escassas formas de vida desses biomas. Os ferência de materiais
índices pluviométricos nos desertos são extremamente baixos e não ultrapassam 250 mm anu- como matéria orgânica
ou óxido de ferro e de
ais. Como se observa na figura 6 a escassez vegetacional nessas áreas é muito grande devido à alumínio do Horizonte
aridez. A para o Horizonte B.

◄ Figura 6: O Deserto
do Saara no Norte da
África: a aridez intensa
é um obstáculo ao
desenvolvimento da
vegetação que ocorre
apenas nos oásis.
Fonte:http:<//www.
dicasdiarias.com/deserto-
-do-saara> Acessso em 10
de Março de 2012.

No entanto, deve-se ressaltar que os que pressiona a superfície, dificultando a as-


desertos podem ocorrer em áreas tropicais, censão de massas de ar que formam as chu-
subtropicais ou temperadas. Assim, existem vas. Além da pressão atmosférica, a aridez dos
desertos considerados como quentes e os de- desertos também pode estar associada às cor-
sertos frios. Os desertos quentes apresentam rentes marinhas frias e ao relevo.
Figura 7: O ar
médias térmicas relativamente altas ao longo Para Tyller e Miller (2008), os desertos es- descendente exerce
do ano. Nesse sentido, essas áreas possuem tão associados às baixas precipitações e po- pressão sobre os
uma amplitude térmica anual geralmente pe- dem ser encontrados nas zonas tropical, tem- desertos dificultando
quena (diferença entre o mês mais frio e o mês perada e polar. Nesse sentido, as regiões frias as convecções e a
mais quente). e áridas da Patagônia e da Antártida também formação de chuvas.
Fonte: Coelho, 1992/ Adap-
Em relação à amplitude térmica diária, os devem ser consideradas como desérticas. Con- tado por Belém 2011.
desertos quentes apresentam variações térmi- clui-se que o que faz uma área ser considera- ▼
cas muito elevadas ao longo das 24 horas do
dia. À tarde, as temperaturas podem chegar a
45 °C e à noite, as temperaturas chegam a va-
lores próximos de zero 0º C. No tocante à ori-
gem da aridez dos desertos, sabe-se que en-
tre as principais causas da carência de chuvas
nessas áreas se destaca o fato de a maioria dos
desertos se encontrarem próximos à faixa sub-
tropical e por essa razão sofrerem os efeitos da
pressão vertical dos ventos secos vindos dos
trópicos.
Conforme a figura 7, esses desertos se
encontram em uma área de alta pressão at-
mosférica (áreas anticiclonais), ou seja, eles
ocorrem em uma grande faixa do globo que
é marcada pela constante descida de ar seco

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UAB/Unimontes - 8º Período

da como desértica é a escassez pluviométrica Presença de espinhos, tubérculos nas raízes e


e não as temperaturas. Assim, existem deser- caules esponjosos são exemplos de situações
tos frios e quentes, mas ambos não possuem adaptativas nas regiões desérticas.
uma precipitação anual superior a 250 mm. Nas regiões menos áridas, a vegetação se
Para Brown & Lomolino (2006), a evaporação caracteriza por apresentar pequenos arbus-
nos climas desérticos é tão intensa que muitas tos, algumas vezes intercalados com cactáceas
espécies têm adaptações especiais para ab- (BROWN & LOMOLINO, 2006).
sorver, armazenar e impedir a perda de água.

1.2.6 A Tundra

A Tundra é um bioma que ocorre nos Para Brown e Lomolino (2006), a Tundra
polos e suas adjacências. Os rigores do clima é um bioma sem árvores, encontrado entre a
Figura 8: A Tundra polar fazem com que a vegetação da Tundra Floresta boreal e a calota polar. Esse domínio
com suas gramíneas tenha uma duração de dois a três meses. Essa apresenta condições ambientais mais estres-
e musgos representa curta duração está associada ao período em santes do que a realidade encontrada nas
importante fonte de
alimento para animais que os polos apresentam temperaturas um florestas boreais, e a aridez é tão intensa que
como os Alces no pouco mais elevadas, possibilitando o desen- muitas vezes a precipitação é menor do que
período de verão. volvimento de gramíneas, musgos e líquens. nos desertos quentes.
Fonte: <http://geografia- Os musgos e gramíneas da Tundra constituem De acordo com Troppmair (2004), a co-
ensinomedio.blogspot. importante fonte de alimento para a fauna bertura vegetal da Tundra está intimamente
com > Acesso em 10 de
Março de 2012. herbívora que ocupa os círculos polares nas ligada às condições climáticas polares marca-
▼ épocas favoráveis (Figura 8). das por invernos rigorosos e verões curtos e
secos. Nesse sentido, a Tundra possui uma ve-
getação de curta duração que se desenvolve
exatamente nos dois ou três meses mais quen-
tes do verão. Em relação aos aspectos pedoló-
gicos, a Tundra apresenta um solo conhecido
como Permafrost. Os horizontes superiores do
Permafrost permanecem congelados durante
grande parte do ano, formando uma camada
impermeável responsável por encharcamen-
tos durante o derretimento da neve (TROPP-
MAIR, 2004).
De acordo com Brown & Lomolino (2006),
o Permafrost é uma camada congelada e im-
permeável que se encontra a uma profundida-
de de aproximadamente um metro no verão.
Por isso, a diversidade biológica da Tundra é
muito modesta e chega a ser inferior à maioria
de outros biomas terrestres (BROWN & LOMO-
LINO, 2006).

1.2.7 As Pradarias e Estepes

A Pradaria é um bioma encontrado nas ocupação que desencadeou sérios problemas


faixas temperada e subtropical e que se ca- ambientais, tais como a salinização e a deser-
racteriza por apresentar um predomínio ab- tificação.
soluto de espécies herbáceas. Sua ocorrência De acordo com Brown & Lomolino (2006),
está associada às condições climáticas e pedo- a Pradaria é o domínio herbáceo que se en-
lógicas das extensas planícies do meio-oeste contra entre os desertos e as florestas tempe-
dos Estados Unidos, dos pampas argentinos e radas e que ocupa uma faixa localizada entre
uruguaios e de grande parte da região central as latitudes 30° e 60°. Como pode ser observa-
da Rússia. Os solos de alta fertilidade natural do na figura 9, a vegetação possui apenas um
que geralmente ocorrem nessas áreas subme- estrato e é dominada por gramíneas e outras
teram as pradarias a um intenso processo de plantas herbáceas.

16
◄ Figura 9: A Pradaria
da Dakota do Sul, nos
Estados Unidos, é uma
pastagem natural para
animais como o Bisão.
Fonte: <www.viajeaqui.
abril.com.br> Acesso em
10 de Março de 2012.

Essa vegetação rasteira passa a impres- agrícolas para essas áreas.


são de que a biomassa da pradaria é pequena, Em relação à Estepe, deve-se ressaltar
o que não é verdade, uma vez que a rede de que esse ecossistema se refere a uma prada-
raízes das plantas perenes constitui um gran- ria marcada pelo predomínio de gramíneas e
de volume de biomassa (BROW & LOMOLINO, pequenos arbustos, mas que ocorre em áreas
2006). Quanto aos aspectos pedológicos, es- com índices pluviométricos mais baixos, che-
ses autores destacam que os prados tempe- gando às condições de semi-aridez. Essa situ-
rados tendem a ter solos de alta acumulação ação pode ser constatada no entorno do Mar
de matéria orgânica e significativa fertilidade de Aral no Cazaquistão ou no norte da Mon-
natural, o que tem atraído diversas atividades gólia.

1.2.8 Os biomas Semi-Áridos


Os biomas Semi-Áridos apresentam uma
larga distribuição na superfície terrestre e são
geralmente encontrados no entorno das re-
giões desérticas ao longo das zonas tropical,
subtropical e temperada. Apresentam índices
pluviométricos que variam entre 300 e 750
mm ao longo do ano e que refletem a existên-
cia de formações vegetais marcadas pela pre-
sença de espécies xerófilas como cactáceas e
bromélias entremeadas por arbustos e peque-
nas árvores. Em algumas regiões da Ásia Cen-
tral o bioma Semi-Árido se faz presente atra-
vés de grandes pradarias secas denominadas
como Estepes.
Alguns autores definem as Estepes como
um bioma que pode ser considerado como
sinônimo de pradaria, enquanto que outros vos ocorrem na região do Sahel africano (Figu- ▲
associam as Estepes a todas as formações ra 10) e no Nordeste do Brasil, onde as forma- Figura 10: Vegetação
semi-áridas. Nesse sentido, Dajoz (2006), esta- ções semi-áridas compõem o bioma Caatinga. Semi-Árida no Sahel do
Senegal, África.
belece que o bioma Semi-Árido ou Estepe seja Por fim, deve-se ressaltar que as forma-
Fonte:<http://oceanworld.
um domínio que se distingue das Savanas por ções semi-áridas têm sido submetidas a um tamu.edu/resources>
apresentar uma cobertura herbácea descontí- processo de ocupação humana que, nas últi- Acesso em 12 de Março
nua marcada pela presença de plantas lenho- mas décadas, desencadeou a desertificação de 2012.
sas espinhosas. Assim, esse bioma apresenta de expressivas áreas. Na região do Sahel afri-
fitofisionomias herbáceas ou herbáceo-lenho- cano, por exemplo, a desertificação tem feito
sas com árvores espinhentas e suculentas (DA- com que a área do deserto do Saara seja ex-
JOZ, 2006). pandida pelas bordas. Da mesma forma, gran-
Ainda em relação às ideias de Dajoz des áreas do sertão semi-árido brasileiro tam-
(2006), os domínios Semi-Áridos mais expressi- bém têm sofrido os efeitos da desertificação.

17
UAB/Unimontes - 8º Período

1.2.9 Altas Montanhas

O bioma Altas Montanhas se refere ao


conjunto de ecossistemas que se localiza nas
altitudes mais elevadas das grandes cordilhei-
ras montanhosas do globo. São formações ve-
getais que, devido aos efeitos da altitude e da
pressão atmosférica, apresentam característi-
cas únicas e especiais (Figura 11).
De acordo com Dajoz (2006), o ar rarefeito
das grandes altitudes afeta significativamente
a radiação solar, a temperatura e a umidade
relativa, fazendo com que o desenvolvimento
da vegetação seja totalmente influenciado por
esses fatores. Assim, à medida que a altitude
aumenta, vão se sucedendo várias zonas de
vegetação cujos limites altitudinais variam de
acordo com as regiões (DAJOZ, 2006). No en-
tanto, as variações com suas respectivas carac-
terísticas variam de uma montanha para outra.
Nessa perspectiva, Troppmair (2004) con-

Figura 11: Cordilheira sidera para a Cordilheira dos Andes a existência de quatro ambientes que variam em função da
dos Andes na América altitude: a Terra quente com floresta até 1.100 metros de altitude, a Terra Temperada com flo-
do Sul: a vegetação se resta aberta entre 1.100 e 2.200 metros, a Terra Fria entre 2.200 e 3.300 metros com pequenas
altera à medida que a árvores e coníferas e a Terra Gelada em altitudes superiores a 3.300 metros. Na Terra Gelada a
altitude aumenta. Nos vegetação arbórea desaparece, dando lugar às gramíneas e às camadas de neve.
topos se destacam as
“neves eternas”. Os tipos vegetacionais encontrados nas grandes altitudes são fortemente influenciados
Fonte:<http://www. pela temperatura e pela pressão atmosférica formando um gradiente fitofisionômico caracteri-
culturamix.com/ zado pelo aumento da biomassa vegetal de cima para baixo. Nessa perspectiva, praticamente
turismo>Acesso em 10 de todas as grandes cordilheiras montanhosas não apresentam vegetação em seus topos, mas ape-
Março de 2012.
nas rocha e neve devido aos rigores climáticos que caracterizam essas áreas.

Figura 12: Mapa de


1.3 Os Biomas Do Brasil
biomas do IBGE.
Fonte: Disponível em: O Brasil possui uma grande extensão territorial que se reflete na diversidade de biomas com
<http://www.ibge.gov.br> suas respectivas fitofisionomias associadas às mais variadas condições geológicas, geomorfoló-
Acesso em: 20 fev. 2012. gicas e edáficas. Em relação ao mapeamento dos biomas brasileiros existe muita polêmica no

tocante à diferenciação entre os mapas de biomas e os mapas da vegetação brasileira.
O mapa da vegetação é constituído de fitofisiono-
mias ou formações vegetais, enquanto o mapa de bio-
mas é formado por várias fitofisionomias agrupadas for-
mando grandes conjuntos. Esse problema se origina no
tratamento simplista que muitos autores de livros didáti-
cos conferem aos biomas brasileiros. Ao se referirem ao
bioma Cerrado, por exemplo, esses livros tratam apenas
de uma ou duas formações vegetais presentes nesse do-
mínio extremamente complexo e diversificado.
Também existe muita controvérsia em torno do nú-
mero de biomas brasileiros. A maioria dos autores reco-
nhece a presença de sete biomas no território brasileiro:
Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica,
Campos Naturais, Pantanal e Mangue. No último mape-
amento dos biomas brasileiros feito pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2004 o bioma
Mangue não foi individualizado, mas esse trabalho é o
mais importante registro cartográfico sobre os biomas
brasileiros, sendo muito usado no ensino básico e supe-
18 rior (Figura 12).
Geografia - Biogeografia II

1.3.1 A Floresta Amazônica Dica


Na hora de estudar
os biomas brasilei-
A Floresta Amazônica é o maior bioma Grosso (54%), além de parte de Maranhão ros, sempre associe
brasileiro em extensão e ocupa quase metade (34%) e Tocantins (9%). o bioma à noção de
do território nacional, ou seja, cerca de 49,29% No meio acadêmico se discute muito so- conjunto ou de um
todo formado por
de todo o país (IBGE, 2004). Sendo também a bre a diversidade vegetacional da Amazônia. partes. Essas partes são
mais expressiva reserva de diversidade bio- Por outro lado, entre as pessoas comuns ou no as diversas fitofisio-
lógica do mundo, a Floresta Amazônica tam- âmbito do ensino básico, percebe-se uma no- nomias submetidas
bém ocupa 2/5 da América do Sul e 5% da su- ção de Amazônia formada por uma massa ve- às mesmas condições
perfície terrestre (IBGE, 2004). Além do mais, getacional constituída de árvores do mesmo geoclimáticas. Exem-
plo: o bioma Cerrado
sua área de aproximadamente 6,5 milhões de tamanho sem nenhuma diversidade ambien- em Minas Gerais possui
quilômetros quadrados, abriga a maior rede tal ou fitofisionômica. fitofisionomias como o
hidrográfica do planeta, o que constitui uma Mas o bioma Amazônico, na verdade, com- Cerrado Típico, o Cam-
das maiores reservas de água doce do mundo. preende um verdadeiro mosaico de formações po Cerrado, o Campo
Para o IBGE (2004), esse bioma imenso em ta- vegetais condicionadas por fatores edáficos, Rupestre, A Mata Ciliar
e a Mata Seca.
manho e riquezas naturais ocupa a totalidade geomorfológicos e climáticos. Para Rizzini
de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, (1997), na Amazônia existem três tipos florestais
Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de básicos: a Floresta de Igapó, a Floresta de Vár-
Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato zea e a Floresta de Terra Firme ( figura 13).

◄ Figura 13: Na
figura notam-se
os principais tipos
vegetacionais do bioma
Floresta Amazônica
representados em
degraus a partir
da margem do Rio
Amazonas.

A Floresta de Igapó é aquela que permanece sempre alagada ao longo do ano. Em outras pa- Figura 14: Floresta de
lavras, o Igapó é uma mata pantanosa, aberta, baixa e pobre. A Floresta de Várzea se alaga apenas Várzea na margem do
em determinadas épocas do ano e em relação ao porte, é bem mais desenvolvida do que a Mata Rio Negro, Amazonas.
de Igapó. No entanto, as Florestas de Várzeas próximas aos rios barrentos (bacia do Solimões) são Fonte: Belém, 2010.

mais ricas e desenvolvidas do que as florestas
da bacia do Rio Negro que se assentam sobre
solos muitos arenosos e distróficos (Figura 14).
A Floresta de Terra Firme, por outro lado,
não apresenta acúmulo da água na superfície
em nenhuma época do ano. É a formação flo-
restal mais exuberante e de maior porte em
toda a Amazônia (RIZZINI, 1997).
Ainda em relação às formações florestais
o bioma Floresta Amazônica também possui
outra fitofisionomia muito peculiar, a Campina-
rama. Essa formação vegetal ocorre nas áreas
mais chuvosas do extremo Norte do Brasil, ou
seja, nas bacias dos rios Negro e Branco onde os
índices pluviométricos podem chegar a 4.000
mm anuais (RIZZINI, 1997). Para Ferri (1980), a
Campinarama é uma fitofisionomia florestal
aberta e perenifólia que está associada aos so-
los pobres, arenosos e extremamente lixiviados
pelas constantes chuvas que ocorrem na região.
19
UAB/Unimontes - 8º Período

Glossário A Amazônia também apresenta formações campestres, principalmente no estado de Rorai-


Solos distróficos: ma, representadas pelas disjunções do bioma Cerrado incrustadas no bioma Floresta Amazônica.
São solos com baixa Essas formações são localmente conhecidas como Campos do Rio Branco que ora caracterizam-
fertilidade natural, -se como um Campo Limpo ora como um Campo Cerrado com árvores espaçadas.
ao contrário dos Por fim, quando o assunto é Amazônia muito se discute sobre a fertilidade dos solos que
solos eutróficos que sustentam sua exuberante floresta. Nessa perspectiva, Lepsch (2002), constata que os primeiros
apresentam muitos
nutrientes minerais exploradores do norte do Brasil acreditavam que a grandiosa floresta amazônica estava associa-
e consequentemen- da a solos naturalmente muito férteis. Entretanto, sabe-se que a grande maioria dos solos ama-
te, maior fertilidade zônicos é pobre em nutrientes e que a maior parte dos elementos minerais necessários às plan-
natural. tas são oriundos da própria floresta (LEPSCH, 2002).
Disjunções: São
repetições em escala
menor de outro tipo
de vegetação que se 1.3.2 O Cerrado
insere no contexto
do tipo vegetacional
dominante em uma O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em área, apenas superado pela Floresta
região. Exemplo: Amazônica. Trata-se de um complexo vegetacional com cerca de 2,0 Milhões de km², o que re-
o Campo Limpo
típico do bioma presenta cerca de 23% do território nacional (FERRI, 1980; RIBEIRO e WALTER, 2008). Localizado
Cerrado ocorre como basicamente no Brasil central, esse bioma abrange como área contínua os estados de Goiás, To-
disjunções ou ilhas cantins e o Distrito Federal, além de parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso,
no bioma Floresta Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo (RIBEIRO & WALTER, 2008).
Amazônica. O bioma Cerrado ainda ocorre como disjunções vegetacionais nos estados do Amapá, Ama-
Solos lixiviados: São
solos que perde- zonas, Pará e Roraima. Para Chagas et al. (1997), o bioma Cerrado é um complexo vegetacional
ram grande parte formado por várias fitofisionomias em que se destaca o Cerrado Típico, que, do ponto de vista
dos seus nutrientes fisionômico, caracteriza-se por apresentar uma estrutura definida pela presença de dois estratos:
através do transporte um arbóreo-arbustivo e outro herbáceo.
realizado pela água A padronização da nomenclatura vegetacional é uma tarefa muito difícil, pois diversos au-
que circula vertical-
mente ao longo dos tores usam critérios e escalas distintas. De acordo com a terminologia usada por Ribeiro & Walter
horizontes. (2008),  o  bioma Cerrado possui 10 tipos fitofisionômicos distribuídos em três grupos vegetacio-
nais: as formações florestais: Mata Ciliar, Mata Seca ou Floresta Estacional Decidual e o Cerradão;
as formações savânicas: Cerrado sentido restrito ou Cerrado Típico, Campo Cerrado, Palmeiral e
Vereda; e as campestres: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre.
No tocante à fisionomia, as formações florestais são aquelas que apresentam o predomínio
de espécies arbóreas e onde há a formação de dossel contínuo ou descontínuo. Nesse grupo se
inserem as Matas Ciliares, as Matas de Galeria, a Mata Seca e o Cerradão (figura 15)
Figura 15: Formações ►
florestais do bioma
Cerrado
Fonte: < http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira
>.Acesso em 07 de Maio
de 2012.

A expressão savana se refere a uma vegetação com árvores e arbustos esparsos e distribu-
ídos sobre um estrato de gramíneas, sem a formação de dossel contínuo. Nesse sentido, as for-
maçães savânicas se referem a fitofisionomias abertas, tais como o Cerrado Típico, o Palmeiral, a

20 Vereda, o Cerrado Rupestre e o Cerrado Denso (figura 16).


Geografia - Biogeografia II

◄ Figura 16:Formações
Savanicas do bioma
Cerrado
Fonte: < http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira
>.Acesso em 07 de Maio
de 2012.

Figura 17: Campo


limpo no topo da
Serra Espinhaço em
Botumirim, Norte
de Minas. Esse
ambiente é conhecido
regionalmente
como Campinas de
O termo campo se refere às áreas com predomínio de herbáceas e algumas arbustivas. Por- Botumirim.
tanto, as formações campestres são constituídas de fitofisionomias em que a presença de árvo- Fonte: Belém, 2005
res é extremamente escassa e onde a vegetação rasteira é predominante(figura 17). ▼
O Cerrado típico ou Cerrado Senso Res-
trito é a mais importante formação vegetal do
Bioma Cerrado. É uma fitofisionomia que ocor-
re em solos arenosos, geralmente ácidos e de-
ficientes de matéria orgânica e macronutrien-
tes como o cálcio, magnésio, fósforo e potássio
(BELÉM, 1997). De acordo com Ferri (1980), o
Cerrado típico é uma vegetação com dois es-
tratos bem definidos: um arbóreo-arbustivo e
outro herbáceo. Conforme a figura 18, as árvo-
res e os arbustos geralmente apresentam cau-
les e galhos tortuosos, cascas grossas, folhas
coriáceas (cerosas) ou pilosas (com pêlos). O
estrato arbóreo do Cerrado típico varia de 3 a 8
metros de altura. De acordo com Belém (1997),
entre as espécies arbóreas predominantes nes-
ta formação, destacam-se Caryocar brasilien-
se (pequizeiro), Eugenia Dysentérica (Cagaita),
Stryphnodendron adstringens (Barbatimão), Hy-
menaea stigonocarpa (Jatobá), entre outras.
A Mata Seca ou Floresta Estacional Deci-
dual pode se definida como a vegetação que
se caracteriza por apresentar um longo perío-
do biologicamente seco, apresentando o es-
trato arbóreo predominantemente caducifólio,
com mais de 50% dos indivíduos desprovidos
de folhagem na época desfavorável (IBGE,
1996) (figura 19). O Cerradão é uma formação
florestal associada a solos profundos, areno-
sos, de média a baixa fertilidade. Entretanto, a
fertilidade do Cerradão é superior à encontra-
da nas áreas de Cerrado Típico. De acordo com
Ribeiro& Walter (2008), do ponto de vista fisio-
nômico, o Cerradão é uma floresta com florísti-
ca similar a um Cerrado Típico.
Figura 18: Cerrado Típico em Buritizeiro, Norte ►
de Minas Gerais. Notam-se os três estratos bem
definidos.
Fonte: Belém, 2009.
21
UAB/Unimontes - 8º Período

O Campo Cerrado é uma formação savâ-


nica que ocorre nos solos pedregosos e cas-
calhentos das áreas em declive (BRANDÃO,
2000). Ocorre geralmente nas vertentes de
colinas convexas e é muito raro nas áreas pla-
nas. A vereda é uma fitofisionomia savânica
que ocorre nas depressões alagadas presen-
tes no topo ou no sopé das escarpas das cha-
padas areníticas. Os solos são mal drenados,
arenosos e com matéria orgânica (Neossolos
hidromórficos) (figura 20). O Campo Rupestre
é uma fitofisionomia que ocorre geralmente
em altitudes superiores a 900 metros e que se
caracteriza pela presença de um estrato herbá-
ceo-arbustivo, com presença eventual de arvo-
retas pouco desenvolvidas (RIBEIRO e WALTER,
▲ 2008).
Figura 19: Mata Seca de A Mata Ciliar é uma formação florestal
afloramentos calcários que acompanha os rios de médio e grande
fotografada no mês de
setembro no Parque porte da região do Cerrado (BRANDÃO, 2000).
Estadual da Lapa Trata-se de uma vegetação que exerce um pa-
Grande, Montes Claros, pel extremamente importante na dinâmica
Norte de Minas. Nota- ecológica existente na relação entre os rios,
se que os indivíduos
arbóreos estão o lençol freático e os solos das margens. De
totalmente desprovidos acordo com Brandão (2000), o Campo Sujo é
de folhagem no constituído por um campo graminoso, no qual
período seco. aparecem algumas arvoretas e arbustos muito
Fonte:Arquivo pessoal, ▲ afastados entre si. O Palmeiral é uma fitofisio-
Belém, 2010. Figura 20: Vereda no município de Buritizeiro,
Norte de Minas Gerais. As Veredas são ecossistemas
nomia savânica que ocorre em solos bem dre-
Dicas protegidos por lei em função da sua importância nados das áreas mais elevadas, mas que tam-
Aproveite as viagens para o contexto socioeconômico e ambiental do bém pode ocorrer em depressões alagadas
que você for fazer para bioma Cerrado. (RIBEIRO & WALTER, 2008).
compreender melhor Fonte: Arquivo pessoal, Belém, 1996.
as características das fi-
sionomias dos biomas.
Acompanhado de uma 1.3.3 A Caatinga
mapa rodoviário e um
mapa com os biomas
preste atenção na mu- A Caatinga é um bioma exclusivamente De acordo com Ferri (1980), não podemos
dança nas paisagens brasileiro que possui uma área de 844.000 Mil supor que a Caatinga seja uma vegetação uni-
à medida que os tipos km², o que representa cerca de 11% do territó- forme e homogênea. Ao contrário, a Caatinga
vegetacionais forem
aparecendo.
rio nacional (FERRI, 1980). Localizado no domí- é um substantivo que precisa ser qualificado
nio semi-árido, esse bioma abrange os estados pela adição de adjetivos que definirão os di-
do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, versos tipos de Caatinga (FERRI, 1980).
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Para Prado (2005), a Caatinga pode ser
Gerais. A Caatinga se destaca no cenário na- definida como um conjunto de formações
cional por ser o bioma menos conhecido e o que podem ser caracterizadas como florestas
menos protegido. Nesse sentido, está entre os arbóreas ou arbustivas, compreendendo prin-
mais ameaçados, uma vez que a intensidade cipalmente árvores e arbustos baixos, muitos
da pressão antrópica sobre a região é direta- dos quais apresentam espinhos e algumas
mente proporcional à presença de pesquisas e características xerofíticas. Compreende um
unidades de conservação. mosaico vegetacional bastante diversificado
Ao se analisar a etimologia da palavra Caa- e formado por fisionomias muito variadas. As-
tinga, de origem tupi, nota-se que o seu signifi- sim, a Caatinga possui formações que variam
cado é Mata Branca. O motivo para esta denomi- de florestas altas e secas com até 15-20 metros
nação reside no fato de apresentar-se a caatinga de altura, a caatinga arbórea típica de solos
verde somente no inverno, época das chuvas de mais férteis (a verdadeira caatinga dos índios
curta duração. E esse aspecto esbranquiçado é Tupi), até afloramentos de rochas com arbus-
o mais duradouro, pois a estiagem persiste por tos baixos esparsos e espalhados, com cactos
muito mais tempo (FERRI, 1980). e bromeliáceas nas fendas (PRADO, 2005).
22
Depois de discutir a evolução dos termos ção às causas da consolidação de um regime
usados para a definição das diversas tipolo- semi-árido no domínio da Caatinga. A região
gias da Caatinga, Prado (2005) considera a também gera polêmica ao se encontrar em
Caatinga como um domínio formado por oito uma posição próxima ao equador e manter-se
Figura 21: Caatinga
fisionomias distintas: Floresta de caatinga alta, seca na maioria dos meses do ano. Nesse sen- arbustiva aberta em
Floresta de caatinga média, Floresta de caatin- tido, o sertão semi-árido constitui uma grande Cabaceiras, Paraíba. No
ga baixa, Caatinga arbórea aberta, Caatinga anomalia climática da zona intertropical. Mas município mais seco
arbustiva, Caatinga arbustiva aberta, Floresta o certo é que a escassez de chuvas do semi- do Brasil a Caatinga
de caatinga de galeria e Floresta de caatinga -árido nordestino não está associada apenas à se manifesta com a
presença marcante de
média. barreira imposta pelo Planalto da Borborema cactáceas da espécie
Entre todas essas fitofisionomias de Caa- às massas de ar úmidas oriundas do Atlântico. Pilosocereus gounellei,
tinga, a Floresta de caatinga alta e a caatinga A realidade é mais complexa e resulta da o Xique- Xique.
arbustiva aberta são as mais representativas combinação de diversos fatores, tais como a Fonte: Arquivo pessoal,
no sentido de apresentar os aspectos mais localização da região e a distância da mesma Belém, 2011

marcantes do bioma. A Floresta de caatinga
alta, com todo o seu caráter esbranquiçado e
despido de folhas no período seco, certamen-
te era a formação vegetal que os indígenas ob-
servaram ao criar o nome Caatinga. No tocan-
te à localização, esse tipo vegetacional ocorre
no Piauí, na Bahia e no Norte de Minas Gerais.
A Caatinga arbustiva aberta se destaca
por apresentar um estrato arbustivo marcado
pela presença maciça de cactáceas da espécie
Pilosocereus gounellei (Xique-Xique) e estrato
arbóreo com arvores espaçadas e de peque-
no porte. Essa fitofisionomia ocorre principal-
mente no Seridó do Rio Grande do Norte, no
Cariri paraibano e nas áreas mais secas do Nor-
te de Minas Gerais (Figura 21).
Ainda de acordo as ideias de Prado em relação à influência da massa polar atlân-
(2005), a província das caatingas pertence ao tica (mPa), a ação de sistemas atmosféricos
Arco do Pleistoceno cuja origem deve estar complexos sobre a área e as mudanças de
associada a mudanças climáticas que ocorre- temperatura dos oceanos Pacífico e Atlântico
ram durante o Pleistoceno Superior há cerca em determinadas épocas do ano (ALMEIDA-
de 18.000 anos atrás, quando a extensão das -CORTEZ et al., 2007).
geleiras da última glaciação atingiu seu limite Recentemente, tem-se discutido também
máximo fazendo com que grande parte do va- a influência do Deserto de Kalahari sobre a
por d’água da atmosfera se concentrasse nos semi-aridez nordestina (JATOBÁ & LINS, 2008).
polos na forma de neve. Assim, os trópicos fi- Para esse autor o clima do nordeste também
caram mais secos e as florestas úmidas recua- está associado a ventos secos que se deslocam
ram, deixando apenas os refúgios úmidos cer- do sudeste africano em direção ao Brasil em
cados por florestas secas, caatingas e savanas determinadas épocas do ano, reduzindo ainda
(PUIG, 2008). mais a pluviosidade da Depressão Sertaneja.
Existem muitas controvérsias em rela-

1.3. 4 A Mata Atlântica

Para o IBGE (2004), O bioma Mata Atlân- tremamente devastado em função do proces-
tica constitui o conjunto de formações flores- so de ocupação do território brasileiro iniciado
tais que cobriam quase toda a costa brasileira na faixa litorânea brasileira a partir 1530 com
no início do século XVI. Originalmente, esse ciclo do Pau-Brasil. Do século XVI até hoje, a
bioma ocupava inteiramente três estados - Es- Mata Atlântica sofreu todos os impactos das
pírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina - atividades econômicas vinculadas a esse pro-
e 98% do Paraná, além de parte de outras 11 cesso de ocupação. Assim, o bioma perdeu
unidades da federação. praticamente tudo da sua cobertura vegeta-
O bioma Mata Atlântica é um domínio ex- cional original.

23
UAB/Unimontes - 8º Período

metros e é uma formação que ocorre no Mar


de Morros dos estados de Minas Gerais e Es-
pírito Santo e também nas áreas mais baixas
próximas ao litoral do Nordeste ( Figura 22).
As árvores dessa fitofisionomia não ultrapas-
sam os 25 metros e se encontram em uma
região com uma estação seca de 4 a 5 meses,
por isso são florestas subcaducifólias. A Flo-
resta Riparia está associada aos cursos de rios
e córregos. Correspondem às matas ciliares
que ocorrem na Caatinga e no Cerrado. A Flo-
resta de Araucária é uma comunidade florestal
mista em que indivíduos da espécie Araucária
angustifólia (Pinheiro do Paraná) se associam a
outras espécies das demais fitofisionomias do
Bioma Mata Atlântica (RIZZINI, 1997).
Para o IBGE (2004), o bioma Mata Atlân-
tica constitui um mosaico formado por cinco
fitofisionomias: a Floresta Ombrófila densa, a
Floresta Ombrófila mista, a Floresta Ombrófila
▲ Assim, dos 1,3 Milhões de Km² de área, aberta, a Floresta Semi-Decidual e a Floresta
Figura 22: Floresta que cobriam grande parte da faixa litorânea Decidual. A Floresta Ombrófila densa ocor-
Pluvial baixo-montana e boa parte de Minas Gerais, só restaram cer- re do Rio Grande do Norte até o Rio Grande
em Itacaré, Bahia. ca de 5%. A Mata Atlântica possui diversas fi- do Sul. A Floresta Ombrófila aberta ocorre
Fonte:Belém, 2008 em uma faixa que vai da Paraíba a Alagoas e
tofisionomias ainda preservadas em manchas
espalhadas por vários estados brasileiros, tais também no leste de Minas Gerais. A Floresta
como Floresta Tropical perenifólia, a Floresta Ombrófila Mista aparece em São Paulo e na
Subtropical, a Floresta Tropical Semi-Decidual Região Sul (Araucárias). As Florestas Semideci-
e a Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca. duais ou subcaducifólias são encontradas prin-
Para Ferri (1980), o bioma Mata Atlântica cipalmente nas regiões centro-leste de Minas
pode ser definido como um conjunto de Flo- Gerais, ao passo que as Florestas Estacionais
restas Latifoliadas Higrófilas costeiras bastante Deciduais ocorrem como manchas na Bahia e
semelhantes aos tipos fisionômicos da Flores- no Nordeste de Minas Gerais.
ta Amazônica. De acordo com Rizzini (1997), Para Troppmair (2004), a Mata Atlântica é
a Mata Atlântica apresenta quatro formações o mais devastado dos biomas brasileiros e sua
florestais distintas: a Floresta Pluvial Montana, biodiversidade chega a ser maior do que a da
a Floresta Pluvial baixo-montana, a Floresta de Amazônia. Essa intensa diversidade biológica
Araucária e a Floresta Pluvial ripária. se explica pela existência de diferentes am-
A Floresta Pluvial Montana reveste os re- bientes proporcionados pela extensão latitu-
levos com altitudes entre 800 e 1.500 metros. dinal e as diferenças de altitude encontradas
É a fitofisionomia mais densa e alta do bioma dentro do domínio. Essa biodiversidade, as-
Mata Atlântica, podendo apresentar árvores sociada ao grau de endemismo e ao fato de a
de até 40 metros de altura. A Floresta Pluvial Mata Atlântica ter perdido mais de 90% da co-
baixo-montana encontra-se entre 300 e 800 bertura original, faz com esse bioma seja um
dos dois Hots spots brasileiros.

Para Saber mais


A lei da Mata Atlântica e as Matas Secas do Norte de Minas Gerais
Todos sabem que o bioma Mata Atlântica é um domínio extremamente devastado em função do processo
de ocupação do território brasileiro iniciado na faixa litorânea brasileira a partir de 1530 com ciclo do Pau-
-Brasil. Do século XVI até hoje, a Mata Atlântica sofreu todos os impactos das atividades econômicas vin-
culadas a esse processo de ocupação. Assim, o bioma perdeu praticamente tudo da sua cobertura vege-
tacional original : dos 1,3 Milhões de Km2 de área, que cobriam grande parte da faixa litorânea e boa parte
de Minas Gerais, só restaram cerca de 5%. O bioma Mata Atlântica possui diversas fitofisionomias ainda
preservadas em manchas. Uma dessas fitofisionomias é a Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca, que
possui uma afinidade florística muito grande com as fitofisionomias da Mata Atlântica mais próximas do
litoral. Como a Mata Seca está presente em outros biomas, todos os seus remanescentes espalhados pelo
Brasil a fora foram incluídos na Lei Federal 11.428 de 22 de dezembro de 2006 ou Lei da Mata Atlântica. Nesse
contexto, até as Matas Secas do bioma Cerrado encontradas no estado de Tocantins têm que seguir as de-
terminações da Lei Federal 11.428, o que tem gerado muita polêmica, sobretudo, no Norte de Minas, onde
um grande número de agricultores, pecuaristas e donos de carvoeiras não concordam com essa legislação.

24
Geografia - Biogeografia II

1.3.5 O Pantanal Dicas


Procure associar cada
bioma a uma ou mais
O Bioma Pantanal é um complexo vegeta- ca do Brasil e que apresenta uma importância cidades de referência.
cional associado a uma imensa planície fluvial ecológica que transcende os limites do país. Desta forma torna-se
com uma área de 220 km2 distribuídos pelos A importância ecológica do Pantanal possível ter uma noção
da localização dos
estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso reside-se principalmente no fato da sua área biomas até mesmo em
(IBGE, 2004). O termo “Complexo do Pantanal” constituir um imenso ecossistema natural em um mapa rodoviário
está associado ao fato da área apresentar uma perfeito equilíbrio com os regimes de cheias e ou de regiões do IBGE.
complexidade de tipos vegetacionais condi- vazantes que marcam o clima regional (BRAN- Por exemplo, associe
cionados por diversas condições ambientais CO,1988). Para esse autor, os rios do Pantanal Manaus ou Belém ao
bioma Floresta Ama-
(FERRI, 1980). são os grandes transportadores e fornece- zônica. Salvador ao
Para Ferri (1980), o Pantanal apresenta dores dos nutrientes que garantem o cresci- bioma Mata Atlânti-
vários tipos de vegetação sendo que as prin- mento da vegetação e a incrível produção de ca. Brasília ao bioma
cipais fitofisionomias são o Campo Limpo, o peixes, jacarés e aves aquáticas que povoam Cerrado. Petrolina ou
Campo Cerrado, o Cerrado Típico, a Florestas a região. Assim, os rios que cortam o Pantanal Fortaleza ao bioma
Caatinga.
Subcaducifólia que acompanha a margem dos inundam periodicamente imensas planícies,
rios e as Florestas Estacionais de afloramentos fertilizando os solos e garantindo a sobrevi-
calcários. vência da vegetação que assegura o alimento Glossário
De acordo com Fernandes (1998), o Panta- da fauna (Figura 23) (BRANCO, 1988).
Higrófila: Termo
nal é uma das áreas de maior riqueza biológi-
associado às plantas
adaptadas a ambientes
muito úmidos.

◄ Figura 23: A Planície


Pantaneira no início do
período de estiagem:
os rios abaixaram,
os campos foram
fertilizados e as lagoas
ficaram povoadas de
peixes. Essa é a perfeita
dinâmica ecológica
do Pantanal Mato-
Grossense.
Fonte:<http://www.pas-
seiweb.com> Acesso em
12 de Março de 2012.

De acordo com o site da Empresa Brasi- des econômicas que vêm sendo implantadas
leira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, o nos planaltos do entorno da planície pantanei-
Pantanal não é único, mas, sim, um conjunto ra.
de pantanais com características próprias de A agricultura mecanizada desenvolvi-
solo, vegetação e clima. Estudos efetuados da nessas áreas tem favorecido a intensifica-
pela Embrapa Pantanal identificaram 11 pan- ção dos processos erosivos que assoreiam os
tanais: Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, rios do Pantanal, além de contaminarem suas
Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, águas com agrotóxicos. Para Branco (1988), o
Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Mur- turismo ecológico planejado tem se destacado
tinho. Nesses onze pantanais foram identifica- como uma atividade econômica que contribui
dos quase duas mil espécies de plantas com para a preservação do Pantanal. Além do mais,
potencial para forrageiras, produção de mel, essa vertente do turismo tem favorecido o au-
frutíferas e madeireiras. mento da sensibilização da população local no
Nas três últimas décadas toda a riqueza sentido de proteger o Pantanal e evitar a ex-
do Pantanal tem sido ameaçada pelas ativida- ploração predatória.

25
UAB/Unimontes - 8º Período

1.3.6 O Manguezal

O Manguezal ou Mangue é um bioma ecológica da biota marinha, uma vez que es-
encontrado na transição entre o ambiente ma- ses ambientes funcionam como verdadeiros
rinho e o terrestre e que, de acordo com Tro- berçários de espécies de peixes e crustáceos.
ppmair (2004), é o único domínio intertropical Entretanto, os Mangues não têm sido valori-
Glossário com características vegetacionais homogê- zados, haja vista o ataque indiscriminado que
Pneumatóforas: São neas. As plantas do Manguezal possuem um esses ecossistemas vêm sofrendo das pessoas
raízes que apresentam sistema radicular complexo formado por raí- que transformaram essas áreas em depósitos
lenticelas ou estruturas zes respiratórias e raízes escora que compõem de lixo e esgoto, além dos desmatamentos e
que auxiliam na respi- um emaranhado que contribui em muito para aterros realizados com fins imobiliários (TRO-
ração da planta.
a fixação de sedimentos do litoral (TROPP- PPMAIR, 2004).
MAIR, 2004). Os Manguezais possuem outra caracterís-
Os Mangues também possuem uma tica peculiar: a presença de espécies halófilas
importância muito grande para a dinâmica que se adaptaram ao ambiente salobro típico
Figura 24: As raízes ► do contato continente/oceano. Para Viadana
aéreas das plantas (2010), esse aspecto dos manguezais constitui
do Mangue é uma
uma adaptação equilibrada entre a vegeta-
adaptação ao ambiente
salobro criado pela ção e as marés com sua salinidade e pequena
constante subida das quantidade de oxigênio dissolvido (Figura 24).
marés. Essa salinidade explica a presença de
Fonte:< http://www. plantas com raízes respiratórias (pneumatófo-
brasilescola.com/brasil/ ras) constituídas de delgadas estruturas que
mangues> Acesso em 10
de Março de 2012. não mergulham por completo no solo enchar-
Figura 25: Os Campos cado e lamacento do Mangue. Devido a essa
Naturais no do característica, Ab’Saber (2009) define os Man-
Rio Grande do Sul gues como helobiomas de água salobra em
destacando o tapete função da constante invasão de águas salinas
herbáceo, os capões e durante a maré alta.
as matas ciliares.
Fonte:< http://mochileiro.
tur.br/biomapampa.htm>
Acesso em 10 de Março
de 2012.
1.3.7 Os Campos Naturais

Os Campos Naturais constituem o bioma
herbáceo do Rio Grande do Sul. O domínio das
pradarias brasileiras é mais complexo do que o
nome possa significar. Para Ab’Saber (2009), os
campos naturais Sul-Riograndenses também
podem ser denominados de pradarias mistas
que se assentam sobre as coxilhas (colinas) on-
duladas do sudoeste do Rio Grande do Sul.
De acordo com Fernandes (1998), todo o
território do Rio Grande do Sul deveria ser re-
vestido por florestas subtropicais, haja vista
que a região possui índices pluviométricos ca-
pazes de proporcionar esse tipo de vegetação,
mas o componente edáfico do sudoeste do
estado não é favorável ao desenvolvimento de
formações florestais devido ao fato de os solos
serem bastante arenosos. Esse autor também
ressalta que os Campos Naturais do Sul não
são formados apenas por um imenso tapete
de gramíneas. Essas pradarias são marcadas
por outras formações vegetais que pontuam
os campos quebrando a monotonia herbácea.
Assim, nos campos também existem as formações palustres (de brejos), as matas galeria que
margeiam os rios e nas áreas de nascentes ocorrem Capões (Figura 25) (FERNANDES, 1998).

26
Geografia - Biogeografia II

Os Campos Naturais do Rio Grande do sul dos solos e a presença de areia é tão grande Dicas
são conhecidos regionalmente como pampas que alguns autores têm considerado que a O mapa dos biomas
gaúchos e apresentam diversos tipos de gra- área está sendo desertificada. Em Alegrete, brasileiros é mais bem
míneas em que se destacam as espécies dos por exemplo, existe o famoso “Deserto de São compreendido quando
gêneros Paspalum, Andropogon, Aristida e Bri- João” ou Saara dos Pampas”. estudado a partir da
za (FERNANDES ,1998). De acordo com Suertegaray (2000), o comparação entre um
mapa do caderno didá-
Deve-se ressaltar que, ao longo do pro- emprego do termo desertificação não é apro- tico e outro mapa a ser
cesso de ocupação do sul do Brasil, essa ve- priado para os processos que ocorrem no feito pelo acadêmico.
getação foi alterada através da pecuária e da sudoeste do Rio Grande do Sul, pois a região Nesse caso, o acadê-
agricultura mecanizada. Como os solos dos não apresenta índices pluviométricos baixos. mico deve procurar
pampas gaúchos são muitos arenosos e susce- Neste caso, mesmo que esses “areais” assu- refazer um mapa de
biomas de um livro
tíveis à erosão, essas atividades intensificaram mam feições desérticas, o emprego do termo qualquer, dando ênfase
o processo de arenização de uma imensa área desertificação não é correto. Por outro lado, o às cores e à legenda.
localizada entre os municípios de Itaqui, Ale- emprego do termo desertificação ao Nordeste Depois, procure asso-
grete e Quaraí, desencadeando uma série de Brasileiro ou ao Sahel africano é adequado em ciar os biomas às cida-
impactos socioambientais na região (SUERTE- função das condições climáticas dessas regi- des importantes que se
localizam no domínio
GARAY, 2000). Em algumas áreas a degradação ões (SUERTGARAY, 2000). em questão. Associe
também os nomes dos
biomas aos números de

Referências
cada unidade. Por fim,
use cores fortes.

ADAS, M; ADAS, S. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses e desafios socioes-


paciais. São Paulo: Editora Moderna, 1998,595p.

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UAB/Unimontes - 8º Período

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VIADANA, A. G. Um estudo de Biogeografia fitofisionômica – Ilha Comprida/SP. Rio Claro: A.


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28
Geografia - Biogeografia II

Unidade 2
Perturbações, proteção e
legislação ambiental

2.1. Introdução
A relação entre o homem e o seu ambien- se preocuparem com a terrível situação que
te tem variado ao longo do tempo e entre re- assola a todos. Aquecimento global, desertifi-
giões e culturas. Entretanto, mesmo diante de cação, desmatamento, poluição atmosférica,
diferentes comportamentos e  visões de mun- violência urbana, miséria, corrupção, fome e
do,  o homem  contemporâneo tem tido cada muitos problemas de nosso tempo não as in-
vez mais certeza de que  a  Terra se encontra comodam. Muitos nem pensam na existência
em uma situação crítica  em função da manei- dos mesmos e outros nem sabem que suas
ra pela qual as sociedades humanas têm-se re- ações são parte de um ou outro problema. Al-
lacionado com o planeta. Assim, os efeitos da guns sabem de tudo, não temem, mas não se
apropriação predatória  dos recursos naturais  preocupam e nem fazem nada para mudar a
nunca foram tão visíveis como na atualidade. realidade. O certo é que todos devem tomar
De acordo com Brito  & Câmara (1998), esses uma atitude concreta no sentido de combater
efeitos estão relacionados principalmente  ao os mecanismos que ameaçam a vida em seu
fato de os  modelos de desenvolvimento das sentido pleno.
civilizações até nossos dias terem sido projeta- Diante do quadro apresentado, qual é o
dos pelo homem para acumular riquezas ma- papel da Biogeografia nessa crise? A Biogeo-
teriais, bens e serviços. grafia é um ramo do conhecimento que cami-
Nesse contexto, o mundo atual se vê nha lado a lado com outras disciplinas dentro
diante de uma grave crise socioambiental de uma perspectiva interdisciplinar e holística
marcada por vários problemas ambientais que considera os problemas ambientais como Figura 26: A Terra vista
que ameaçam o futuro da humanidade. Esses parte de um todo formado por diversos com- do espaço mostra a
problemas têm provocado sérios transtornos ponentes integrados. complexidade de um
no funcionamento do planeta, o que coloca Essa perspectiva de enfrentamento dos sistema formado pela
em xeque o destino de todas as suas formas problemas ambientais é considerada como Atmostera, Hidrosfera,
Listosfera e Biosfera.
de vida e, em especial, o futuro dos seres hu- visão sistêmica que considera o planeta Terra
Fonte: <http://
manos. como um grande sistema formado por diver- pt.wikipedia.org/wiki/
Mesmo diante dessa ameaça premente, sos subsistemas ou componentes integrados Terra> Acesso em 10 de
por pura alienação ou por estarem alijadas e em equilíbrio. Assim, quando um compo- Fev. de 2012.
dos mecanismos de instrução, muitas pessoas nente é alterado, tem-se um reflexo em todo ▼
se encontram totalmente adormecidas, sem o sistema.

2.2 O Sistema Terra


A Terra é um complexo e grandioso sistema formado por um con-
junto de subsistemas integrados (Figura 26). Todas as grandes pertur-
bações ambientais da atualidade resultaram de intervenções antrópicas
sobre uma ou outra parte do sistema e que acabaram se refletindo no
todo.
Existem diversos pontos de vista relacionados à noção que consi-
dera o Planeta como um Sistema. Casseti (1995) afirma que, embora a

29
UAB/Unimontes - 8º Período

Terra possa ser considerada um enorme siste-


ma, encontra-se representada por três subsis-
temas integrados: o atmosférico, o continen-
tal ou litosférico e o aquático ou hidrosférico
(figura 27). Na zona de interação dessas três
unidades ocorre a vida (subsistema biosférico
Figura 27: Os diversos ►
incluindo o homem). Portanto, refere-se a um
componentes do
sistema Terra em conjunto de ecossistemas em equilíbrio dinâ-
interação. mico, em que qualquer intervenção num pon-
Fonte: Drew, 1998. to do sistema repercute no conjunto.
A intervenção dos referidos subsistemas
não pode, portanto, ser entendida de forma
dissociada, uma vez que implicaria a ruptu-
ra das relações processuais como um todo,
proporcionando uma abordagem metafísica
(ROSS, 2001). Assim, todo o conjunto pertence
a um sistema, cujas ações e reações estão con-
dicionadas pela matéria e pelas fontes ener-
géticas (internas e externas). Wicander & Monroe (2009) comparam o sistema Terra a um auto-
móvel, ou seja, um sistema de componentes interconectados que interagem e afetam de várias
maneiras uns aos outros. Como o homem faz parte deste sistema, as suas ações são suficientes
para produzir alterações com efeitos de grande amplitude (WICANDER & MONROE, 2009).
Para Ross (2001), o homem se faz presente nesse sistema de relações, exercendo grande
pressão sobre o meio e influenciando o movimento circular das substâncias da Terra e gerando
muitas perturbações ambientais. Para Drew (1998), a intervenção humana pode afetar de forma
significativa os sistemas que envolvem os seres vivos (ecossistemas), uma vez que esses são os
mais vulneráveis às ações antrópicas.
Nesse contexto, o uso racional dos recursos naturais exerce um papel de fundamental im-
portância no processo de busca por uma sociedade sustentável e, ao mesmo tempo, consolida o
caminho a ser buscado no sentido de reverter a crise ambiental da atualidade.

2.3 Meio ambiente


O vocábulo meio ambiente tem sido mui- versos elementos, tais como, rochas, solos luz,
to usado pelos meios de comunicação na atu- água, plantas, animais, o homem, entre outros.
alidade para designar uma grande variedade Assim, toda a vida do planeta se hospeda na
de situações causando, assim, certa confusão natureza ou que se pode chamar de meio am-
no tocante à apreensão do verdadeiro signifi- biente (MELO, 2007). Nessa perspectiva, esse
cado dos termos. Constata-se, portanto, que autor vai além e conceitua meio ambiente
se criou um esvaziamento do conceito científi- como o espaço onde estão presentes as con-
co e legal de meio ambiente (FONSECA e PRA- dições necessárias para que a vida se desen-
DO, 2008). volva, ou seja, o meio ambiente corresponde
Sabe-se que o termo meio ambiente é à biosfera. Nessa mesma linha de raciocínio,
muito comum na Biogeografia e em diversas Oliveira (1982) considera o meio ambiente
ciências afins, mas a terminologia empregada como um conjunto de componentes bióticos,
nas ciências ambientais com um todo é muito abióticos e bióticos-abióticos. Os elementos
ampla e alguns conceitos não possuem consen- abióticos correspondem às rochas, ao relevo e
so entre os profissionais, fazendo com que cer- ao clima, enquanto os bióticos dizem respeito
tas definições sejam permeadas por significa- à flora e fauna, incluindo o homem. O biótico-
dos imbuídos de senso comum. Nesse sentido, -abiótico corresponde aos solos, um compo-
faz-se necessário uma breve revisão sobre esses nente intermediário importantíssimo para a
conceitos para facilitar a compreensão da ter- vida (OLIVEIRA, 1982).
minologia que será usada nesse caderno. Para Miller Jr. (2007), o meio ambiente é
De acordo com Melo (2007), o meio am- algo extremamente complexo cujo funciona-
biente consiste em algo que está ao redor de mento afeta todas as formas de vida do pla-
um centro e que o mesmo é formado por di- neta. Com base nas ideias de Sánchez (2008),

30
Geografia - Biogeografia II

o conceito de meio ambiente é muito amplo, elementos artificiais resultantes da apropria-


pois pode incluir tanto a natureza com a socie- ção da natureza pelo homem. De acordo com
dade. Além do mais, esse conceito também é Silva (2000), o meio ambiente é o produto da
maleável, haja vista que pode ser reduzido ou integração entre os elementos naturais, artifi-
ampliado em função das necessidades especí- ciais e culturais e que proporciona o desenvol-
ficas ou dos interesses envolvidos (SÁNCHEZ, vimento da vida em suas diferentes formas.
2008). Existem conceitos mais restritos como o De acordo com a legislação brasileira,
de Guerra & Guerra (2001), que fala que o am- meio ambiente é algo mais amplo e que se
biente está intimamente ligado ao meio físico define como o “ conjunto de condições, leis,
ou natural e que se constitui de rochas, relevo, influências e interações de ordem física, quí-
solos, rios, climas e os tipos vegetacionais. mica e biológica, que permite, abriga e rege
Para Fonseca e Prado (2008), o ambiente a vida em todas as suas formas”(BRASIL, 1981).
natural é aquele que conserva a fisionomia e a Para Troppmair (2004), o meio ambiente é um
dinâmica de funcionamento próximas da situ- complexo formado por elementos e fatores fí-
ação original e que apresenta poucos indícios sicos, químicos, biológicos e sociais que intera-
das ações antrópicas. O ambiente antrópico, gem entre si com reflexos recíprocos sobre os
por outro lado, diz respeito ao conjunto de seres vivos.

2.4 Perturbação, degradação


ambiental e impactos ambientais
No âmbito das geociências, o conceito de
perturbação muitas vezes é entendido como
toda e qualquer alteração negativa no meio
ambiente, ou seja, a perturbação é conside-
rada como sinônimo de impacto ambiental,
o que não é verdade. O termo perturbação
se refere a um conjunto de processos que de-
sencadeiam modificações naturais em um
ecossistema. Para Dajoz (2006), a perturba-
ção pode ser definida como um conjunto de
eventos capazes de modificar uma população,
um ecossistema ou uma paisagem. A queda
de árvores provocada por raios, os incêndios
naturais, os ataques de insetos ou de fungos
são exemplos de perturbações que podem
produzir modificações naturais em um ecos-
sistema e contribuir para a manutenção de seu
equilíbrio (DAJOZ, 2006). Conforme a figura
28, esse autor destaca que os diversos estratos
(andares) de uma floresta tropical, por exem-
plo, atestam a existência de árvores com ida- dinâmico de sucessão ecológica que pode ser ▲
des e tamanhos distintos, o que comprova que marcado por modificações. Nesse contexto, Figura 28: A evolução
de um ecossistema
aconteceu alguma perturbação suficiente para Viana & Rocha (2009) ressaltam que as modi-
florestal com diversos
produzir uma clareira que teve que ser coloni- ficações são causadas por perturbações ou estratos após sofrer
zada por espécies pioneiras até que o ecossis- desastres naturais que retardam o processo uma perturbação
tema alcance novamente o equilíbrio. sucessional. provocada por queda
Ressalta-se que todos os mecanismos No âmbito das ciências ambientais tam- de raio. A clareira
aberta em A foi
naturais que se inserem nesse processo de bém é muito comum o emprego dos termos
colonizada por espécies
busca pelo equilíbrio fazem parte do que se perturbações antrópicas. Essas palavras, sim, pioneiras e secundárias
denomina como sucessão ecológica. O equi- podem ser associadas aos impactos ambientais até chegar no Climax
líbrio pode ser chamado de clímax ou o último negativos provocados pelas ações antrópicas. representado pela letra
estágio da sucessão (DAJOZ, 2006). Portanto, Rosa e Cordazzo (2007), em seus estudos sobre D.
os ecossistemas estão em constante busca as consequências das transformações que vêm
por estabilidade e equilíbrio em um processo ocorrendo na vegetação das dunas da Praia do

31
UAB/Unimontes - 8º Período

Cassino no Rio Grande do Sul, corroboram com sos hídricos e o ser humano ( GUERRA e GUER-
da ideia segundo a qual as perturbações antró- RA, 2001).
picas podem ser entendidas como impactos Para Sánchez (2008), o impacto ambien-
ambientais. Entretanto, existe uma definição tal se refere a um problema causado por uma
própria para impacto ambiental, uma vez que ação humana que esteja associada à supressão
esse termo é muito usado nos meios de comu- de elementos do ambientes (como a retirada
nicação e quase sempre é erroneamente asso- da vegetação ou as escavações), à inserção de
ciado a algo que na verdade não é o impacto e, certos elementos no ambiente (como as espé-
sim, a sua causa. No Brasil, a definição legal de cies exóticas ou a urbanização) ou à introdu-
Figura 29: Esta foto da
zona rural de Buritizeiro,
impacto ambiental encontra-se na resolução ção de fatores que estão além do suporte do
norte de Minas, retrata do Conselho Nacional de Meio Ambiente Nº 1 ambiente. O referido autor ainda ressalta que
uma voçoroca que que fala que o impacto ambiental se refere a o impacto ambiental não se refere à ação hu-
pode ser considerada “qualquer alteração física, química e biológica mana em si. O impacto é o resultado ou conse-
como impacto no meio ambiente, causada por qualquer for- quência de uma ação antrópica (Figura 29) As
ambiental resultante da
retirada da vegetação e
ma de matéria ou energia resultantes das ativi- rodovias e as hidroelétricas, por exemplo, não
ao pisoteio do gado em dades humanas (BRASIL, 1986). De acordo com são impactos ambientais e, sim, ações antró-
área inclinadas. as ideias de Moreira (1985), impacto ambiental picas que causam impactos ambientais (SÁN-
Fonte: Belém, 2009. é toda alteração no meio ambiente provocada CHEZ, 2008).
▼ pela ações antrópicas A degradação ambiental é outro termo
controverso cujo significado também é de
grande importância para as ciências ambien-
tais. A legislação que dispõe sobre a política
nacional de meio ambiente no Brasil estabele-
ce que a degradação ambiental é a “alteração
adversa das características do meio ambiente”
(BRASIL, 1981). Guerra & Guerra (2001) entende
a degradação ambiental como um problema
socioambiental complexo causado pela ação
predatória dos seres humanos e que se carac-
teriza pela desestabilização ambiental de so-
los, recursos hídricos, fauna e flora (figura 30).
Para Miller Jr. (2007), a degradação am-
biental ocorre quando o homem interfere no
meio ambiente de tal maneira em que se ex-
cede a taxa de reposição de um recurso cujas
provisões disponíveis começam a escassear. A
perda expressiva de solo pela erosão, a supres-
De acordo com Guerra & Guerra (2001), são de grandes extensões da vegetação natu-
o impacto ambiental pode ser definido como ral e a redução da fauna através da destruição
uma série de alterações ambientais capazes de de habitats são exemplos de degradação am-
comprometer a flora, a fauna, o solo, os recur- biental (MILLER Jr, 2007).
Figura 30: A coloração ►
e o excesso de lixo
(garrafas pet) dentro
da água configura uma
situação de degradação
ambiental na foz do
Rio Vieiras em Montes
Claros, norte de Minas.
Fonte: Belém, 2001.

32
Geografia - Biogeografia II

Para Sánchez (2008), a degradação é algo ressalta que a degradação pode ocorrer em
amplo que pode ser entendido como o con- todo e qualquer tipo de ambiente, ou seja, nos
junto de mudanças adversas dos processos ou ambientes construídos ou nos ambientes na-
funções ambientais. Também pode ser concei- turais. Por fim, o autor destaca que a expres-
tuada como todas as alterações na qualidade são área degradada resume uma situação em
ambiental que se caracterizam com impactos que solo, vegetação e recursos hídricos estão
ambientais negativos. Sánchez (2008) ainda alterados e desequilibrados.

2.5 Proteção e legislação


ambiental brasileira
2.5.1 Legislação ambiental e Meio Ambiente no Brasil

As leis que compõem o corpo jurídico gãos públicos não colocaram a maioria de nos-
voltado para o meio ambiente no Brasil se sas áreas protegidas em condições de cumprir
destacam como uma das melhores legislações a sua principal função: manter a integridade
ambientais do mundo. É notório que aconte- dos ecossistemas e preservar a biodiversidade.
ceu um grande avanço da perspectiva legal do Na maioria dos casos, unidades de conserva-
ambientalismo no Brasil nas últimas décadas, ção imensas foram criadas no papel, mas ain-
o que se reflete na participação do poder pú- da não dispõem de uma infra-estrutura capaz
blico, sociedade civil e empresários no envol- de proteger as suas riquezas naturais, o que
vimento das questões ambientais. No entan- facilita a atuação de madeireiros, caçadores e
to, o país ainda se vê diante de uma série de pescadores em suas áreas.
problemas ambientais ligados ao não cumpri- Ressalta-se também que no Brasil existe
mento da legislação vigente. uma cultura do levar vantagem em tudo que
Nesse sentido, não é pela ausência de leis leva pessoas movidas pela ganância do lucro
que alguns problemas ambientais se tornaram fácil a cometerem crimes ambientais. Certas
frequentes no Brasil e, sim, por uma série de de que a impunidade e as brechas da lei vão
fatores que favoreceram a perpetuação das favorecê-las, essas pessoas representam os
ações criminosas sobre o meio ambiente. As- mais perigosos agentes destruidores do meio
sim, os mecanismos que burlam as leis acarre- ambiente, uma vez que possuem poder eco-
tam impactos sobre os ecossistemas e desen- nômico e político capaz de facilitar a isenção
cadeiam uma série de problemas para a vida de suas responsabilidades perante a prática de
das pessoas no campo e nas cidades. crimes cometidos contra o patrimônio natural.
Entre os diversos fatores que dificultam a A pobreza e a miséria extrema vivenciadas
aplicabilidade da legislação ambiental e que pelas populações do campo e das periferias das
favorecem os impactos ambientais, destacam- grandes cidades também são fatores respon-
-se a falta de aparato técnico e infra-estrutura sáveis de forma direta ou indireta pela geração
dos órgãos gestores, a carência de uma cultura de impactos ambientais. A carência de recursos
de legalidade associada à ganância de pessoas financeiros capazes de assegurarem a aquisição
ligadas a certos setores produtivos e, por fim, dos elementos essenciais para a manutenção
as próprias mazelas sociais do povo brasileiro. de uma família leva muitos trabalhadores ru-
A falta de infra-estrutura física e a carên- rais a cometerem crimes ambientais, visando
cia de profissionais para atuar na fiscalização atenuar os efeitos da pobreza extrema. Nesse
de empreendimentos que possam causar im- contexto, destacam-se práticas como a caça
pactos ambientais representam um dos prin- predatória para comércio, a captura de animais
cipais desafios dos órgãos gestores do meio para serem repassados aos traficantes da fauna
ambiente no Brasil. Áreas imensas, como a Flo- silvestre, a extração de fósseis dos sítios paleon-
resta Amazônica, por exemplo, não dispõem tológicos e o carvoejamento.
de um corpo técnico com número suficiente Deve-se ressaltar que a prática da caça pra
de pessoas para fiscalizar e punir infratores. saciar a fome não é crime, mas o que têm ocor-
Quando se analisa a situação das unidades de rido em regiões mais pobres do interior do Bra-

33
conservação também se constata que os ór- sil é caça de animais silvestres por encomenda.
UAB/Unimontes - 8º Período

Glossário Nesse tipo de crime ambiental, o caçador abate O problema do carvoejamento clandes-
Fósseis: Formas de animais cuja carne possui valor comercial (tatus, tino praticado por populações pobres mos-
vida petrificadas nas veados, pacas, etc) e vende para atravessadores tra uma das faces mais cruéis deste problema
rochas sedimentares. que repassam o animal abatido para os inte- ambiental que afeta as áreas Cerrado do Brasil.
Neste caso, grande par- ressados. Outro tipo de crime ambiental rela- Como mostra Martino (2011), alguns proprietá-
te das estruturas das cionado à fauna se refere à captura de animais rios realizam todo o processo para a obtenção
plantas e animais fica
preservada na rocha. exóticos para serem vendidos no exterior, o que de licenças ambientais para produzir carvão
Paleontologia: Ciência configura o crime de biopirataria. nativo, mas essas pessoas não produzem o
que estuda os fósseis. A extração de fósseis de animais e plantas carvão nativo de fato. Na verdade, elas ven-
Sítios paleontológi- pré-históricas é uma prática muito comum no dem o direito de produzir para outras pessoas
cos: Áreas com quan- nordeste do Brasil. As populações rurais apro- que possuem carvão ilegal produzido a partir
tidades expressivas de
fósseis. A Chapada do veitam a falta de fiscalização em dos sítios pale- da vegetação nativa em terrenos de peque-
Araripe no nordeste do ontológicos e retiram essas riquezas para serem nos lavradores. Desta maneira, o carvão clan-
Brasil apresenta muitos vendidas a preços irrisórios. Os compradores destino é “esquentado” com documentação
sítios paleontológi- revendem as peças por preços altíssimos para falsa(figura 31).
cos em que já foram colecionadores e museus no exterior.
encontrados diversos
dinossauros fossiliza-
dos.
Figura 31: Carvoeira ►
clandestina no Norte de
Minas.
Fonte: Fonte: <http://wwo.
uai.com.br/UAI > Acesso
em 8 de Maio de 2012.

Figura 32: Lagoa


marginal do Rio
Francisco localizada
no interior do Parque
Estadual Mata Seca
em Manga, Norte de
Minas. As comunidades
tradicionais conhecidas
como “vazanteiros”
plantam e pescam nas
margens de lagoas Nessa perspectiva de análise, que consi- são indiciadas como infratoras por desenvol-
como essa, o que é dera a relação entre populações carentes e a verem práticas associadas aos saberes tradi-
proibido pela lei. natureza, não se pode perder de vista os con- cionais em áreas de unidades de conservação
Fonte: Belém, 2008. flitos envolvendo comunidades tradicionais e de proteção permanente como os parques
▼ poder público. Nesse contexto, muitas pessoas nacionais e estaduais (Figura 32). Assim, mui-
tas comunidades tradicionais são impedidas
de dar continuidade às suas práticas seculares
como a agricultura de vazante ou a coleta de
frutos.
Para Belém (2008), esse problema está
relacionado ao fato de as unidades de conser-
vação terem sido implantadas, sem levar em
conta os interesses das comunidades tradicio-
nais. Nesse sentido, o grande desafio dos ins-
trumentos legais voltados para a proteção da
biodiversidade consiste em estabelecer meios
capazes de compatibilizar a preservação dos
ecossistemas e a exploração de seus recursos
naturais por populações tradicionais (CAMAR-
GOS, 2005). Esse problema se agrava quando
as unidades de conservação estão inseridas
em regiões cujas populações são muito caren-
tes e que dependem dos recursos naturais.

34
Geografia - Biogeografia II

2.5.2 As principais leis de proteção ambiental do Brasil

Como foi discutido anteriormente, o tre qualidade de vida da sociedade e o meio


Brasil possui uma legislação ambiental mui- ambiente: a Lei 6938 que dispõe sobre a polí-
to complexa que contempla as mais diversas tica Nacional de Meio Ambiente, os Títulos III
questões relacionadas ao meio ambiente, (Capítulo II) e XIII (CapítuloVI) da Constituição
seu funcionamento e os possíveis problemas Brasileira de 1988; a Lei 9433 de 1997 que esta-
que possam afetá-lo em função das ações belece a política nacional de recursos hídricos;
antrópicas. a Lei 9605 de 1998 que dispõe sobre os crimes
Dentro desse corpo jurídico extremamen- ambientais; a Lei do Sistema Nacional de Uni-
te amplo se destacam seis parâmetros legais dades de Conservação (SNUC) de 2000 que es-
que podem ser apontados como os principais tabelece as normas para criação e gestão das
marcos da legislação ambiental brasileira e unidades de conservação; e a Lei 4771 de 1965
que evidenciam o aumento da preocupação que recentemente foi reformulada e aprovada
com as questões voltadas para a relação en- como o Novo Código Florestal Brasileiro.
Dica
2.5.2.1 A constituição federal A maioria das leis
vigentes no Brasil está
disponível na internet.
Assim, essas leis po-
Os Títulos III (Capítulo II) e XIII (Capítulo VI) da Constituição Federal de 1988 são de grande dem ser consultadas na
importância para evolução da questão ambiental do Brasil, porque estabeleceram as bases le- íntegra de modo que o
gais que direcionaram a criação de várias legislações específicas, ampliando o arcabouço jurídico estudo fique mais apro-
voltado para a preservação dos recursos naturais brasileiros. fundado. Grande parte
da legislação brasileira
O artigo 20 do Capítulo II da Constituição Federal estabelece que todas as fontes de água
pode ser consultada
são bens da União (Inciso III). Já o inciso XIX do artigo 21 determina que “cabe à União instituir o no seguinte endereço:
sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direito http://www4.planalto.
de seu uso” (BRASIL, 1988). gov.br/legislacao
Percebe-se que esses dois incisos da Constituição foram as referências legais para a criação
da atual política nacional de recursos hídricos instituída na Lei 9433 de 1997.
O capítulo VI do título XIII também foi de fundamental importância para outras legislações.
O artigo 225 deste capítulo destaca que “todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” (BRASIL, 1988).
Para assegurar esse direito cabe ao poder público conduzir uma série de ações voltadas
para a preservação do meio ambiente. Entre essas ações recomendadas pelo artigo 225 da
Constituição Federal destacam-se:

1. Preservar e restaurar os processos ecológicos.


2. Definir os espaços a serem protegidos.
3. Exigir estudo de impactos ambientais dos empreendedores.
4. Promover a educação ambiental ( BRASIL, 1988).

Ainda em relação ao artigo 225, constata-se no parágrafo 4 que a Constituição define de


uma forma muito clara quais são os biomas que merecem um tratamento especial no tocante à
preservação ambiental. Assim, a carta magna brasileira estabelece que a Floresta Amazônica, a
Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira são os únicos biomas que se enquadram na condi-
ção de Patrimônio Nacional e que merecem uma legislação específica voltada para a preserva-
ção e controle do uso de seus recursos naturais.
Nesse contexto, esse artigo da Constituição tem gerado uma discussão muito polêmica na
sociedade e no Congresso Nacional envolvendo a possibilidade de incluir o Cerrado no rol dos
biomas considerados como Patrimônio Nacional, o que asseguraria a criação de uma legislação
específica e uma maior proteção para esse ecossistema extremamente ameaçado.

2.5.2.2 A Lei da Política Nacional de Meio Ambiente


A Lei 6938 estabelece os princípios gerais da atuação do estado perante as questões am-
bientais, pois dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos, formu-
lação e aplicação. Em seu artigo 2º essa lei ressalta que a Política Nacional de Meio Ambiente tem

35
como objetivo:
UAB/Unimontes - 8º Período

“a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propicia a vida visando as-


segurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e a proteção da dignidade da vida humana (BRASIL, 1981)”.

Em seu artigo 6º, a lei também institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISEMA) que é
composto por todos os órgãos e entidades das unidades da federação responsáveis pela prote-
ção e melhoria da qualidade ambiental no país (BRASIL, 1981).
No artigo 9º, a lei define os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente:

Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental


O zoneamento ambiental.
A avaliação de impactos ambientais.
O licenciamento ambiental.
O incentivo à produção de equipamentos voltados para a qualidade ambiental.
A criação de unidades de conservação.
A criação do sistema nacional de informações ambientais.
O cadastro técnico federal de atividades de defesa ambiental.
As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessá-
rias à preservação ou correção da degradação ambiental (BRASIL, 1981).

2.5.2.3 A Lei de Recursos Hídricos do Brasil

A Lei 9433 de Janeiro de 1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos que regulamenta todas as ações e processos que
envolvem as águas brasileiras, conforme o inciso XIX do artigo 21 da Constituição Federal.
Para saber mais Em seu artigo 1º a lei 9433 estabelece que a Política Nacional de Recursos Hídricos possui os
a cobrança pelo uso da
seguintes fundamentos:
água no Brasil
A cobrança pelo uso da I – A água é um bem de domínio público.
água é um instrumento
usado para estimular o uso
II – A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
racional da água em áreas III – Em situações de escassez o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo.
que enfrentam proble- IV – A gestão dos recursos hídricos deve proporcionar o uso múltiplo das águas.
mas sérios relacionados
à poluição dos recursos
V – A bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implantação da política nacional de
hídricos. Existe um vídeo recursos hídricos.
disponível na internet que VI – A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
mostra uma entrevista
com Patrick Thomas,
poder público, dos usuários e das comunidades (BRASIL,1997).
gerente da Agência Na-
cional de Água – ANA que O último tópico dos fundamentos da lei comprova a sua base democrática, uma vez que
traz informações e dados
muito importantes sobre
também estabelece a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Esses comitês são conheci-
a cobrança pelo uso da dos como os “parlamentos das águas”, pois são órgãos que contam com diversos segmentos da
água. Basta acessar o link: sociedade e todos participam da discussão sobre os destinos da bacia. Assim, os comitês contam
http://www.youtube.com/
watch?v=n7kiJcQuXE0&no
com usuários (empresários, pescadores, agricultores, etc), representantes dos governos federal,
redirect=1 estadual e municipal. Entre as principais atribuições dos comitês destacam-se: cadastrar os usuá-
rios, cobrar pelo uso da água e a pesquisa sobre a bacia (BRASIL, 1997).
Essa lei que foi criada sob forte influência da legislação francesa representa um grande
avanço no tocante à política voltada para os recursos hídricos no Brasil, mas alguns de seus prin-
cipais instrumentos, como a cobrança pelo uso da água, ainda não está funcionando em todas as
bacias.

2.5.2.4 A lei de crimes ambientais

A Lei 9605 de fevereiro de 1998 que dispõe sobre os crimes ambientais e sansões penais
relacionadas às atividades danosas ao meio ambiente é uma lei de grande importância para a
questão ambiental brasileira, uma vez que promoveu uma redução significativa no número de
condutas lesivas ao meio ambiente. Em seu artigo 2º a Lei de Crimes Ambientais estabelece que:

36
Geografia - Biogeografia II

“Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes ambientais nesta lei incide
nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administra-
dor, o membro do conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário
de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem (BRASIL, 1998).”

No presente artigo fica claro que a culpabilidade do crime ambiental não se restringe ao in-
frator enquanto pessoa física. Assim, a lei e suas penalidades incidem também sobre as autorida-
des responsáveis por órgãos técnicos ou pessoas jurídicas que tinham conhecimento da conduta
criminosa e deixaram de impedi-la.
O artigo 29 da seção I da Lei de Crimes Ambientais estabelece quais são as condutas consi-
deradas como crime cometido contra a fauna e sua respectiva pena:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,nativos ou em rota


migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente ou em
desacordo com a obtida. A pena estabelece detenção de seis meses a um ano e pagamento de
multa (BRASIL, 1998).”

Também incorre nas mesmas penas:

“I - Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obti-
da.
II – Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro animal.
III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, uti-
liza ou transporta ovos, lavas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a
devida licença, permissão ou autorização da autoridade competente (BRASIL, 1998).”

Durante muito tempo a prática de crimes ambientais contra a fauna foi muito comum em
todo o território nacional. Com a criação desta lei houve uma drástica redução de algumas des-
sas condutas criminosas que eram praticadas livremente. Nesse contexto, a caça predatória na
zona rural e a venda de animais da fauna silvestre em feiras eram práticas muitos comuns antes
da Lei de Crimes Ambientais.
No tocante aos crimes cometidos contra a flora, a lei estabelece que são consideradas como
crime ambiental as seguintes condutas:

“Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em


formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena – detenção de um a três
anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (BRASIL, 1998).”

A lei de crimes ambientais impõe severas penas para quem suprimir a vegetação de Áreas
de Preservação Permanente sem autorização de autoridade competente e também para quem
danificar formações vegetais de Unidades de Conservação.
Os artigos 45 e 46 tratam dos crimes ambientais relacionados à produção de carvão vegetal
de origem nativa. Assim, pode se submeter às penalidades da lei quem:

“Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do poder públi-
co, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em
desacordo com as determinações legais. Pena: um a dois anos e multa (BRASIL, 1998)”.

Constata-se que a Lei de Crimes Ambientais é muito clara no que diz respeito às restrições
e penalidades referentes às práticas que promovem desequilíbrios ambientais. E não restam dú-
vidas de que a propagação de sua existência através de campanhas realizadas pelos órgãos am-
bientais promoveu uma redução significativa de algumas atividades danosas ao meio ambiente.
No entanto, é necessário que o poder público se mobilize no sentido de se adequar aos novos
tempos melhorando sua infra-estrutura de modo que todas as condutas lesivas ao meio ambien-
te sejam banidas por completo, assegurando, assim, um futuro mais equilibrado e sustentável.

37
UAB/Unimontes - 8º Período

2.5.2.5 A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC)

A Lei 9985 de Julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e esta-
belece toda base jurídica para a criação e gestão de áreas protegidas no Brasil. É considerada por
muitos especialistas como uma das principais leis ambientais do país por instituir todas as diretri-
zes necessárias para a criação e gestão dos espaços destinados à preservação da biodiversidade.

Figura 33: A Gruta O Artigo 2º desta lei define Unidade de Conservação como:
do Janelão é um
dos principais
atrativos do Parque “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com  carac-
Nacional Cavernas terísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder  Público, com objetivos de con-
do Peruaçu, uma servação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
importante unidade adequadas de proteção (BRASIL, 2000)”.
de conservação de
proteção integral do
Norte de Minas.  O Sistema Nacional de Unidades de Conservação em seu Artigo  7º define duas categorias
Fonte:Arquivo pessoal, para as unidades de conservação do Brasil: as unidades de proteção integral e as unidades de
Belém, 2006. uso sustentável. As unidades de proteção integral têm como objetivo básico  preservar a natu-
▼ reza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos
previstos nessa Lei. As unidades de uso susten-
tável, por outro lado, visam compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentá-
vel de parcela dos seus recursos naturais (BRA-
SIL, 2000). 
No grupo das unidades de conservação
de uso indireto, proteção integral, estão os
Parques Nacionais (Figura 33), as Reservas Bio-
lógicas, as Estações Ecológicas e as Reservas
Ecológicas. No grupo das unidades de conser-
vação de uso direto estão as Florestas Nacio-
nais (FLONAS), as Reservas Extrativistas, as Áre-
as de Proteção Ambiental (APAS) e as Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
É importante ressaltar que  o próprio
SNUC instituiu um mecanismo voltado para a
arrecadação de recursos destinados à regulari-
zação fundiária e à estruturação das unidades
Para saber mais de conservação. Esse mecanismo é a compen-
sação ambiental que estabelece que todo empreendimento que cause impactos ambientais ne-
O Sistema Nacional de gativos e não mitigáveis destine no mínimo 0,5 % dos custos  de implantação do empreendi-
Unidades de Conser-
vação mento para a solução dos problemas relacionados à não regularização fundiária das unidades de
Ao acessar o site do conservação (BELÉM, 2008).
Ministério do Meio Am- Nessa perspectiva questiona-se até que ponto vale a pena permitir a aprovação de determi-
biente é possível obter nado empreendimento, sabendo que os recursos obtidos pela compensação não pagam os da-
Informações detalha- nos ao meio ambiente, uma vez que é muito difícil estipular valor para o patrimônio ambiental.
das sobre o Sistema
Nacional de Unidades
de Conservação, dando
ênfase à importância, 2.5.2.6 O Novo Código Florestal Brasileiro
criação, gestão e uso
das áreas protegidas. O
site também disponi- O período compreendido entre o segundo semestre de 2011 e o início do ano de 2012 foi
biliza diversas publica-
ções sobre as unidades
marcado por uma das discussões ambientais mais polêmicas da história do Brasil: os debates so-
de conservação e bre a aprovação do novo código florestal brasileiro.
biomas do Brasil. O Código Florestal regulamenta a maneira como as terras podem ser exploradas estabele-
http://www.mma.gov. cendo onde a vegetação nativa deve ser mantida e onde ela pode ser suprimida. O código até
br/ então vigente no território brasileiro foi criado pela Lei 4771 de 1965. Mesmo sendo uma legis-
lação muita antiga, esse código apresentou conquistas muito importantes para preservação da
biodiversidade brasileira e que deveriam ser mantidas. Por outro lado, outras questões deveriam
ser mudadas.
38
Geografia - Biogeografia II

O Brasil passou por profundas transformações socioeconômicas nos últimos quarentas Dica
anos. Hoje, o país figura entre as maiores potências econômicas do planeta. Nesse sentido, tor- Os problemas ambien-
na-se indispensável que se crie um debate voltado para possíveis mudanças nas leis que não se tais são sempre muito
adéquem à essa nova realidade. Entretanto, ressalta-se que toda legislação voltada para o meio valorizados pela mídia.
ambiente deve ter um embasamento científico. E o que se vê na mudança do código é que exis- Procure acompanhar as
te um distanciamento das bases científicas necessárias para essas alterações. Ao contrário, perce- discussões envolvendo
as questões ambientais
be-se que essas mudanças atendem, principalmente, a interesses políticos. assistindo aos jornais e
As principais mudanças estão relacionadas às áreas de Reserva Legal, o tamanho das Áreas lendo revistas, jornais e
de Proteção Permanente (APPs) (Figura 34) e nas normas para punição dos proprietários que co- sites da Internet. Ana-
meteram crimes ambientais até julho de 2008. Conforme o artigo 2º da Lei 4771 de 1965, consi- lise vários pontos de
dera-se como área de Preservação Permanente as seguintes situações: vista e ao final reflita
sobre o tema cons-
truindo sua própria
1. Ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, desde o seu nível mais alto em faixa mar- opinião. As discussões
ginal cuja largura mínima seja: envolvendo a aprova-
ção do Novo Código
a. De 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) metros de largura. Florestal, por exemplo,
foi muito comentada
b. De 50m (cinquenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinquen- na mídia.
ta metros) de largura.
c. De 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200m (du-
Para saber mais
zentos metros) de largura.
d. De 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600m O Novo Código Flores-
(seiscentos metros) de largura. tal Brasileiro
A WWF é uma das
e. De 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m organizações não
(seiscentos metros) de largura. governamentais de
maior credibilidade
2. Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais. no mundo. Em seu
3. Nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja site é possível obter
informações muito
a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinquenta metros) de largura. interessantes sobre o
4. No topo de morros, montes, montanhas e serras. Novo Código Florestal
5. Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na li- brasileiro. Além disso,
nha de maior declive ( BRASIL, 1965). o site disponibiliza um
vídeo que mostra a
força do agronegócio
no Brasil e o que está
por trás das mudanças
do Código Florestal.
http://www.wwf.org.
br/natureza_brasileira/

◄ Figura 34: Área de


Proteção Permanente
na região do Povoado
de Abóboras, zona
rural do município de
Montes Claros, norte
de Minas. Essas APPs
correspondentes às
matas ciliares serão
reduzidas com o novo
Código Florestal.
Fonte: Belém, 2005.

39
UAB/Unimontes - 8º Período

Glossário Como se percebe no artigo 2º da lei, o texto antigo determinava que devem ser preserva-
Reserva Legal: É uma dos 30 metros da cada margem dos rios com até 10 metros de largura. O novo texto prevê uma
área localizada no in- redução das APPs para 15 metros nos rios com até 10 metros de largura. O novo código tam-
terior de uma proprie- bém permite alguns tipos de cultivo (como maçã e café) nas áreas de APPs. Em relação à pecu-
dade rural e tem como ária, essa atividade fica permitida em encostas de até 45 graus de declividade, o que até então
objetivo preservar não era permitido.
parte do ambiente
natural da região. O ta- Em relação às Reservas Legais, o artigo 16 da Lei 4771 estabelece que a vegetação nativa
manho da reserva legal pode ser suprimida, desde que não estejam em APPs ou que não estejam submetidas a uma le-
vai depender do bioma gislação específica. Neste caso, a vegetação deve fazer parte de uma reserva legal que deverá
em que a propriedade corresponder no mínimo:
esteja inserida.
Área de Preservação
Permanente (APP): I - A oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Ama-
São áreas que devem zônia legal.
ser protegidas por II – A trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de Cerrado localizada na
contribuírem para a Amazônia legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma
manutenção da quali- de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja aver-
dade dos recursos hí-
dricos, a paisagem e a bada nos termos do § 7º deste artigo.
estabilidade geológica. III – A vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de
As matas ciliares e as vegetação nativa localizada nas demais regiões do país.
matas de encostas de IV – A vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qual-
morros são exemplos quer região do país( BRASIL, 1965).
de áreas de proteção
permanente.
Conforme o artigo 16 da legislação antiga, as Reservas Legais na Amazônia correspondem
a 80% das propriedades. No Cerrado da Amazônia Legal o percentual é de 35%. Em todos os
outros casos a Reserva Legal corresponde a 20% da propriedade. De acordo com texto aprovado
Glossário
no senado em dezembro de 2011, as Reservas Legais corresponderão a 50% das propriedades lo-
Amazônia Legal: De calizadas em Estados que apresentam mais de 65% do território ocupado por unidades de Con-
acordo com Meirelle
servação.
Filho (2006), o conceito
de Amazônia Legal foi Um dos trechos mais polêmicos do novo código diz respeito ao tipo de propriedade que
criado na Constituição pode converter multas com reflorestamento. O texto antigo determinava que apenas os peque-
de 1953. Esse concei- nos proprietários podiam converter multas ambientais com reflorestamento. O novo texto es-
to estabelece que a tabelece que os grandes proprietários também podem fazer esse tipo de conversão, desde que
Amazônia deve incluir,
as autuações tenham sido feitas até julho de 2008. Além disso, o novo código também assegura
além dos 6 estados da
Região Norte, a faixa que todas as propriedades rurais podem manter atividades agrossilvopastoris em APPs, desde
do estado Mato Grosso que as mesmas já estejam consolidadas até 2008.
ao norte do paralelo Por fim, o Novo Código Florestal brasileiro mostra claramente o quanto determinados gru-
16° S, o atual estado de pos econômicos e políticos são organizados e fortes na luta pela defesa de seus interesses. Ao
Tocantins e a região a
mesmo tempo, mostra a fragilidade da democracia brasileira, uma vez que a grande maioria da
oeste do meridiano 44°
do Maranhão. população não possui representatividade real no Congresso Nacional.
Por tudo isso, a aprovação desse novo código vai desencadear um aumento vertiginoso do
desmatamento no Brasil e as consequências ambientais desse processo serão imensuráveis. Ao
se chegar a essa conclusão e ao se colocar a discussão envolvendo o Novo Código Florestal, os
interesses políticos e falta de representatividade da grande maioria no Congresso Nacional não
se almeja defender um ambientalismo radical em que a natureza fique intocada. Muito pelo con-
trário, o que se busca aqui é um uso racional dos recursos naturais e que as mudanças das nor-
mas referentes ao seu uso sejam benéficas para a maioria.
Em virtude das ideias aqui apresentadas, conclui-se que é necessário que todos busquem o
diálogo, sem preconceitos e com os pés no chão, de modo que se possa construir uma legislação
conciliadora voltada para a geração de emprego e renda, sem comprometer o meio ambiente e
visando à construção de uma sociedade realmente sustentável.

40
Geografia - Biogeografia II

Referências
BELEM, R.A. Zoneamento ambiental e os desafios da implementação do Parque Estadual
Mata Seca, Município de Manga, Norte de Minas Gerais. 2008, 185f. Dissertação (Mestrado
em Geografia – Análise Ambiental) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

BRASIL. Lei da Política Nacional de Meio Ambiente. Lei nº 6938, de 31 de Agosto de 1981. Con-
gresso Nacional, 1981.

BRASIL. Constituição ( 1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.Brasília: Sena-


do Federal, Centro Gráfico, 1988. 292p.

BRITO, F. A.; CAMARA, J. D. Democratização e Gestão Ambiental – Em busca do desenvolvimento sus-


tentável. Petrópoles: Vozes, 1998. 332p.

CAMARGOS, M. N. Desafios da implementação do zoneamento ambiental: preservação dos


manguezais e exploração de seus recursos naturais por população tradicional. Santos, 7p. 2005.
Disponível em: <www.ibap.org/10,bap/teses/marcelocamargos_tese.doc>>. Acesso em 07 mar.
2012.

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DAJOZ, R. Princípios de Ecologia. 7. ed. São Paulo: Artmed, 2006, 520p.

DREW, D. Processos interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
206p.

FONSECA, G.; PRADO, D. M. Discussão sobre o conceito de Meio Ambiente natural, Antrópi-
co e de Mosaico e sua apropriação didática no ensino de Ecologia e Educação Ambiental
no baixo Vale do Ribeira/SP. Revista Didática Sistêmica, Rio Grande, v. 8, Jul./Dez. 2008.

GUERRA, A. J. T.; GUERRA, A. T. Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro, Ber-


trand Brasil, 2001.

MELO, N.S. Os limites imanentes ao conceito de Meio Ambiente como bem de uso comum
do povo. 2007, 102f. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade de Caxias do Sul, Caxias do
Sul, 2007.

MILLER JR, G.T. Ciência Ambiental. São Paulo: Cencage-Learning, 2007, 501 p.

MOREIRA, I.V.D. Avaliação de Impacto Ambiental (Produção técnica da Fundação de Enge-


nharia do Meio Ambiente). Rio de Janeiro: Feema, 1985.

ROSA, L. S. ; CORDAZZO, C.V. Perturbações Antrópicas na vegetação das dunas da Praia do


Cassino (RS). Cadernos de Ecologia Aquática. V.2, N° 2, Ago/Dez, 2007, p. 1-12.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento: São Paulo, Editora Contexto, 2001.

SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impactos Ambientais – Conceitos e Métodos. São Paulo: Oficina


de textos, 2008, 495p.

TROPPMAIR, H. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Claro: Divisa, 2004. 206p.

VIANA, F. M. F.; ROCHA, C. H. B. Impactos Ambientais em Unidades de Conservação (Material


didático produzido para o programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFJF). Juiz de Fora:
UFJF, 2009, 25p.

WICANDER, R.; MONROE,J. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage – Learning, 2009.

41
Geografia - Biogeografia II

Resumo
Unidade I

Nesta Unidade você aprendeu que:


• O conceito de bioma está associado à ideia de conjunto e que os grandes biomas brasileiros
são formados por diversos tipos vegetacionais submetidos às mesmas condições geoam-
bientais.
• O bioma Florestas Tropicais é maior banco de biodiversidade do planeta.
• O bioma Floresta Temperada decídua é o mais devastado do planeta em função do proces-
so de ocupação história que ocorreu em sua área.
• A Taiga possui grandes áreas preservadas e representa importante fonte de matéria-prima
para a indústria de celulose e de móveis.
• A Pradaria e a Estepe são biomas herbáceos que se diferenciam pelas condições climáticas.
• Os Desertos podem ser frios ou quentes, mas todos são marcados por baixíssimos índices
pluviométricos.
• A Mata Atlântica e o Cerrado são os dois únicos Hotspots brasileiros, devido ao número de
espécies endêmicas que neles existem e à devastação que esses biomas sofreram.
• A Floresta Amazônica é o maior de todos os biomas brasileiros em área e um dos mais ricos
em biodiversidade.
• O bioma Caatinga possui rara biodiversidade e é o único bioma genuinamente brasileiro,
mas é o menos preservado através de unidades de conservação.
• O Pantanal Mato-Grossense é um complexo vegetacional que se encontra sobre uma imen-
sa planície fluvial.
• O bioma Manguezal é constituído por espécies adaptadas a ambientes salobros submetidos
aos avanços e recuos das marés.
• Os Campos Naturais é um bioma herbáceo que vem sofrendo os impactos ambientais de
atividades econômicas não planejadas.

Unidade II

Nesta Unidade você aprendeu que:

• A  Terra se encontra em uma situação crítica  em função da maneira pela qual as sociedades
humanas têm-se relacionado com o planeta. Essa situação tem gerado uma verdadeira crise
ambiental.
• A Terra é um complexo e grandioso sistema formado por um conjunto de subsistemas in-
tegrados. Todas as grandes perturbações ambientais da atualidade resultaram de interven-
ções antrópicas sobre uma ou outra parte do sistema.
• O meio ambiente é um complexo formado por elementos e fatores físicos, químicos, bioló-
gicos e sociais que interagem entre si com reflexos recíprocos sobre os seres vivos.
• As perturbações são modificações naturais que podem contribuir para a manutenção do
equilíbrio dos ecossistemas. A queda de árvores provocada por raios, os incêndios naturais,
os ataques de insetos ou de fungos são exemplos de perturbações.
• A degradação pode ser entendida como o conjunto de mudanças adversas dos processos
ou funções ambientais. Também pode ser conceituada como todas as alterações na quali-
dade ambiental que se caracterizam com impactos ambientais negativos.
• O impacto ambiental pode ser definido como uma série de alterações ambientais capazes
de comprometer a flora, a fauna, o solo, os recursos hídricos e o ser humano.
• A legislação ambiental brasileira se destaca com uma das melhores do mundo. Por isso,
aconteceu um grande avanço da perspectiva legal do ambientalismo no Brasil nas últimas
décadas.
43
UAB/Unimontes - 8º Período

• Os principais marcos da legislação ambiental brasileira são os seguintes: a Lei da Política Na-
cional de Meio Ambiente, a Constituição Brasileira de 1988, a Lei de Recursos Hídricos, a Lei
dos Crimes Ambientais, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a Lei 4771
de 1965 que recentemente foi reformulada e aprovada como o Novo Código Florestal Bra-
sileiro.

44
Geografia - Biogeografia II

Referências
Básicas

BELEM, R.A. Zoneamento ambiental e os desafios da implementação do Parque Estadual


Mata Seca, Município de Manga, Norte de Minas Gerais. 2008, 185f. Dissertação (Mestrado
em Geografia – Análise Ambiental) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

BRASIL. Lei do Código Florestal Brasileiro. Lei nº 4771 de 15 de Setembro de 1965. Congresso
Nacional, 1965.

BRASIL. Lei da Política Nacional de Meio Ambiente. Lei nº 6938, de 31 de Agosto de 1981. Con-
gresso Nacional, 1981.

BRASIL. Constituição ( 1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.Brasília: Senado


Federal, Centro Gráfico, 1988. 292p.

BRASIL. Lei dos Recursos Hídricos do Brasil. Lei nº 9433, de Janeiro de 1997. Congresso Nacio-
nal, 1997.

BRASIL. Lei de Crimes Ambientais. Lei nº 9605, de 12 de Fevereiro de 1998. Congresso Nacional,
1998.

BRASIL. Lei do Sistema de Unidade de Conservação da Natureza, Lei nº 9985, 18 de julho de


2000. Congresso Nacional, 2000.

BRITO, F. A.; CAMARA, J. D. Democratização e Gestão Ambiental – Em busca do desenvolvimento sus-


tentável. Petrópoles: Vozes, 1998. 332p.

CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: Editora Contexto, 1995.

DAJOZ, R. Princípios de Ecologia. 7. ed. São Paulo: Artmed, 2006, 520p.

DREW, D. Processos interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
206p.

FONSECA, G.; PRADO, D. M. Discussão sobre o conceito de Meio Ambiente natural, Antrópi-
co e de Mosaico e sua apropriação didática no ensino de Ecologia e Educação Ambiental
no baixo Vale do Ribeira/SP. Revista Didática Sistêmica, Rio Grande, v. 8, Jul./Dez. 2008.

GUERRA, A. J. T.; GUERRA, A. T. Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro, Ber-


trand Brasil, 2001.

MARTINO, N. Cortina de Fumaça. Revista Horizonte Geográfico, São Paulo, Edição 137, N°27,
p.20-31, Setembro/Outubro, ano 24, 2011.

MILLER JR, G.T. Ciência Ambiental. São Paulo: Cencage-Learning, 2007, 501 p.

MOREIRA, I.V.D. Avaliação de Impacto Ambiental (Produção técnica da Fundação de Enge-


nharia do Meio Ambiente). Rio de Janeiro: Feema, 1985.

OLIVEIRA, M. C. Discussões sobre o conceito de Meio Ambiente. Revista do Instituto Geológi-


co, São Paulo, V 3, Nº2,p. 53-60, Jul/Dez, 1982.

VIANA, F. M. F.; ROCHA, C. H. B. Impactos Ambientais em Unidades de Conservação (Material


didático produzido para o programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFJF). Juiz de Fora:
UFJF, 2009, 25p.

SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impactos Ambientais – Conceitos e Métodos. São Paulo: Oficina


de textos, 2008, 495p.
45
UAB/Unimontes - 8º Período

SILVA, J.A. Direito Ambiental Constitucional. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

TROPPMAIR, H. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Claro: Divisa, 2004. 206p.

Complementares

AB’ SABER, A. N. Ecossistemas do Brasil. São Paulo: Metalivros, 2009, 299p.

BELÉM, R. A. Distribuição e caracterização fitogeográfica do pequizeiro (Caryocar brasilien-


se) Montes Claros - MG. 2002. 65f. Monografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1997.

BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo. Moderna, 1988, 88p.

CHAGAS, et al.Proteção do bioma dos Cerrados e de seus subsistemas úmidos. Belo Horizon-
te: FEAM, 1997

CAMARGOS, M. N. Desafios da implementação do zoneamento ambiental: preservação dos


manguezais e exploração de seus recursos naturais por população tradicional. Santos, 7p. 2005.
Disponível em: <www.ibap.org/10,bap/teses/marcelocamargos_tese.doc>>. Acesso em 07 mar.
2012.

FERRI, M. G. Vegetação brasileira. São Paulo: Edusp/Itatiaia, 1980. 157p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Recursos naturais e meio am-


biente: uma visão do Brasil. Rio de Janeiro, 1996. 208p.

JATOBÁ, L; LINS, R.C. Introdução à Geomorfologia. Recife: Bagaço, 2008. 244p.

LEPSCH,I. F. Formação e conservação dos Solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002. 177p.

MARTINO, N. Cortina de Fumaça. Revista Horizonte Geográfico, São Paulo, Edição 137, N°27,
p.20-31, Setembro/Outubro, ano 24, 2011.

MEIRELLES FILHO, J. O livro de Ouro da Amazônia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, 442p.

MELO, N.S. Os limites imanentes ao conceito de Meio Ambiente como bem de uso comum do
povo. 2007, 102f. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade de Caxias do Sul, Caxias do
Sul, 2007.

ROSA, L. S. ; CORDAZZO, C.V. Perturbações Antrópicas na vegetação das dunas da Praia do


Cassino (RS). Cadernos de Ecologia Aquática. V.2, N° 2, Ago/Dez, 2007, p. 1-12.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento: São Paulo, Editora Contexto, 2001.

WICANDER, R.; MONROE,J. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage – Learning, 2009.

Bibliografia complementar

VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE


Unidade 1

Planeta Terra: Montanhas. Produção: BBC. Tempo: 50 minutos.O documentário constitui-


-se de três partes: De polo a polo, Montanhas e as Águas Doces. A parte que retrata as monta-
nhas mostra toda a exuberância da fauna e dos aspectos biogeográficos e geomorfológicos dos
grandes dobramentos da Terra. É um trabalho muito didático que se torna ainda mais interessan-
te devido às belíssimas imagens da fauna que vive em perfeita harmonia com as adversidades
das montanhas.

46
Geografia - Biogeografia II

Globo Repórter: Brasil Desconhecido. Produção: Globo Marcas - DVD. Tempo: 200 Minu-
tos. O documentário constitui-se de quatro partes: o Deserto do Jalapão, a Serra do Aracá, o Par-
que do Tumucumaque e o Vale do Peruaçu. É um vídeo ótimo, pois o trabalho consegue aliar be-
líssimas imagens com uma boa base de conhecimento científico. São abordados vários aspectos
do quadro ambiental das quatro áreas retratadas. Merece destaque as belíssimas imagens sobre
a fauna, flora e os rios da Amazônia e do Jalapão. Em relação à Biogeografia, destacam-se as par-
tes que abordam a vegetação e a fauna das Serras do Tumucumaque e Aracá com suas formas
de relevo esculpidas sobre as rochas do Escudo das Guianas. No documentário sobre o Vale do
Peruaçu destacam-se os principais aspectos ambientais do carste do Peruaçu, Norte de Minas.

Globo Repórter: Brasil Florestas. Produção: Globo Marcas - DVD. Tempo: 200 Minutos. O
documentário constitui-se de quatro partes: Amazônia Selvagem, Serra do Cachimbo, Ilha do
Noé e Mata Atlântica. É um dos melhores vídeos já produzidos sobre as florestas tropicais brasi-
lerias. As imagens surpreendentes e o texto embasado e objetivo fazem deste documentário um
ótimo complemento para os assuntos abordados nesta unidade.

Enciclopédia Vida Selvagem – África Selvagem. Produção da Altaya vídeos/Larrouse. 55


Minutos. Documentário feito na década de 1990 e talvez um dos melhores vídeos já feitos sobre
a Savana Africana. Imagens perfeitas e um texto muito didático fazem desse trabalho um com-
plemento ideal para aos assuntos abordados nessa unidade. O problema é que está fora de catá-
logo e só pode ser encontrado em sebos.

Pantanal. Produção: Roberto Werneck produções cinematográficas Ltda.Tempo: 25 Mi-


nutos. É um documentário que retrata a Planície do Pantanal através de belas imagens da flora
e fauna da região. Também são abordados os aspectos que caracterizam o regime de cheias e
vazantes dos rios e lagoas do Pantanal. Esses regimes de cheias e vazantes são de grande im-
portância ecológica, pois os rios do Pantanal são os grandes transportadores e fornecedores dos
nutrientes que garantem o crescimento da vegetação e a incrível produção de peixes, jacarés e
aves aquáticas que povoam a região.

Cerrado – O pai das Águas. Produção: Opará vídeo. Um dos mais didáticos documentários
já feitos sobre os cerrados brasileiros. A participação do grande Professor Ivo das Chagas faz com
que o trabalho assuma um caráter cientifico todo especial. As imagens filmadas em várias partes
do Brasil também merecem destaque.

Biomas Brasileiros. Produção: Roberto Werneck produções cinematográficas Ltda.Tempo:


25 Minutos. É um documentário que retrata
de uma maneira muito objetiva os principais biomas brasileiros. É recomendado pela quali-
dade das imagens, porque o texto deixa a desejar.

Unidade 2

A saúde do Planeta - Existe uma crise? Produção: BBC. Tempo: 50 minutos. Nessa fasci-
nante produção da BBC, David Attenborough pesquisa a fundo a questão mais importante do
século XXI: o futuro da vida na Terra. Ao lado de especialistas do mundo inteiro, realizou-se um
estudo sobre o impacto que os seres humanos estão produzindo na natureza e questiona-se se
existe possibilidade de mudar essa realidade. É um documentário excelente para se refletir sobre
o papel do homem frente às perturbações antrópicas causadas pelo uso irracional dos recursos
naturais da Terra.

Consumo: Qual é o limite? / Ciclus. Produção: Engenho da Imagem. Tempo: 35 minu-


tos. Esse documentário é constituído de dois trabalhos que abordam os valores que norteiam
as ações antrópicas que têm produzido uma série de problemas ambientais nas cidades e no
campo. O primeiro trabalho trata do consumismo e da produção de lixo: mostram-se imagens
e textos ideais para se repensar o nosso papel diante da problemática ambiental gerada pelo
consumo no mundo contemporâneo. O segundo trabalho, o documentário Ciclus, aborda a im-
portância da preservação dos recursos hídricos para as gerações futuras.

47
UAB/Unimontes - 8º Período

Uma verdade inconveniente. Produção: Paramount Classics/UIP. Tempo: 140 minutos. O


famoso documentário feito pelo ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, continua sendo
uma referência nos debates sobre as perturbações provocadas pelas ações antrópicas nos recur-
sos Naturais. Embora o autor dê uma ênfase no Aquecimento Global, o documentário/palestra
mostra muitas cenas, imagens e vídeos ilustrativos que abordam o aquecimento global dentro
do contexto da questão ambiental e socioeconômica do planeta como um todo.

48
Atividades de
Aprendizagem – AA
1) Diante do exposto nesta Unidade, defina o conceito de bioma.

2)Quais as diferenças existentes entre a Taiga e a Floresta Temperada Decídua? Explique.

3)O que você entendeu sobre os processos responsáveis pela aridez dos Desertos?

4) Quais as causas da devastação da Mata Atlântica?

5)Quais as principais características do Cerrado? Qual é a importância socioeconômica desse


bioma?

6)Por que o mundo contemporâneo se encontra em uma grande crise ambiental?

7)Explique por que o planeta Terra é considerado como um grande sistema?

8)O que é meio ambiente?

9)Quais as diferenças existentes entre perturbação ambiental e impacto ambiental?

10)Quais as principais leis ambientais do Brasil? O que dificulta a aplicação dessas leis?

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